Monografia
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
CURSO SUPERIOR DE TURISMO
OS DESAFIOS DA SENSIBILIZAÇÃO ECOLÓGICA
ATRAVÉS DAS PRÁTICAS TURÍSTICAS EM PORTO ALEGRE
Sidnei Orestes Pfau
Orientadora: Profª. Marutschka Martini Moesch
AGRADECIMENTOS
À professora e orientadora Marutschka Martini Moesch, pela presença e dedicação;
Aos meus pais, incentivadores de todo instante.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................4
1 O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO E SUA DETERMINAÇÃO À POTENCIALIDADE DOS RECURSOS NATURAIS...............7
1.1 HISTÓRICO DO TURISMO ECONOMICISTA E O (DES) ENCONTRO COM ANATUREZA..........................................................................................................7
2 PORTO ALEGRE E SUAS POTENCIALIDADES NATURAIS COMO ATRATIVIDADE TURÍSTICA...........................27
2.1 CONCEPÇÃO DO MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO: A PESQUISA QUALITATIVA....27 2.2 A DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ANÁLISE — OS ATRATIVOS TURÍSTICOS
NATURAIS DA CIDADE DE PORTO ALEGRE......................................................32
3 O ESPAÇO URBANO COMO CENÁRIO DO TURISMO SUSTENTÁVEL.. 54 3.1 A DIFÍCIL TAREFA DE DESENVOLVER O TURISMO SUSTENTÁVEL NAS
LOCALIDADES URBANAS..................................................................................54 3.2 OS DESAFIOS DE SENSIBILIZAÇÃO ECOLÓGICA ATRAVÉS DASPRÁTICAS
TURÍSTICAS EM PORTO ALEGRE......................................................................67
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................86
ANEXOS.............................................88
INTRODUÇÃO
O tema escolhido para este trabalho aborda uma questão que
julgo ser de extrema importância para os novos rumos do turismo.
Utilizar os atrativos naturais de uma grande cidade, como Porto
Alegre, para propiciar aos moradores/turistas uma vivência maior
com essas paisagens, é um grande desafio para todos profissionais da
área.
Buscar nessa vivência uma forma de reconhecimento da
importância de aspectos ambientais, e da necessidade de preservação
desses espaços, se torna uma tarefa que julgamos necessária.
A atual inserção do turismo nas nossas vidas, torna desta
atividade uma possível fonte, e ferramenta, de iniciação a um novo
rumo para a natureza do planeta. A inter-relação que existe entre
turismo e natureza deve ser muito mais que as atuais formas que
utilizam esses ambientes apenas para buscar retorno econômico.
No primeiro capítulo tecerei um histórico das primeiras
manifestações turísticas do homem, da inconsciente necessidade de
viajar presente até hoje em todos nós, e da busca do homem pela
natureza através das viagens; e assim como, das primeiras
apropriações de espaços naturais pela atividade turística.
Os atrativos naturais, da cidade de Porto Alegre, serão
descritos no segundo capítulo, no qual farei uma pequena análise
acerca das possibilidades de aproveitamento desses para atividades
turísticas brandas. Este capítulo inicia com a concepção do método
utilizado para a realização do presente trabalho.
Neste trabalho utilizo a metodologia de pesquisa
qualitativa. Esta apresenta um método que valoriza as observações e
intuições do pesquisador. Esta opção metodológica também permite
uma maior liberdade teórico-metodológica para realizar as
pesquisas.
No último capítulo, abordo a questão da dificuldade de se
desenvolver um turismo sustentável em ambientes urbanos, assim como
aspectos que versam sobre a sensibilização ecológica de turistas e
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moradores através das atividades turísticas, desenvolvidas nos
ambientes naturais da cidade. Trato também, de algumas ações que já
vem sendo realizadas nesse sentido.
O referencial teórico, que utilizei neste trabalho foi
enriquecido com leituras de alguns autores como Krippendorf,
Swarbrooke, Ruschmann, Molina, Morin, principalmente. Estes
autores propõem um desenvolvimento pensado de forma global, daí a
compatibilidade de linhas de pensamento.
Com este trabalho, buscamos analisar a utilização
sustentável de ambientes naturais para atividades turísticas
responsáveis, que busquem educar o homem, sensibilizando-o para
aspectos conservacionistas, em termos ambientais. Demonstrar que
atrativos naturais podem ser ótimos meios para buscar essa
sensibilização, é o nosso principal objetivo.
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1 O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO E SUA DETERMINAÇÃO À
POTENCIALIDADE DOS RECURSOS NATURAIS
1.1 HISTÓRICO DO TURISMO ECONOMICISTA E O (DES) ENCONTRO
COM A NATUREZA
A fascinação pelo desconhecido sempre levou o homem a
superar muitos dos seus limites, criar novas tecnologias, assimilar
novas culturas e muitas vezes criar seu próprio universo. Esse
aspecto da natureza humana determinou a contínua superação do homem
em relação às inúmeras barreiras naturais. E foi este sentimento que
de uma maneira ou de outra levou a humanidade a deslocar-se.
Na busca de entender o que é turismo, nos deteremos um
pouco nas primeiras designações dessa palavra, traçando um pequeno
histórico do fenômeno turístico mundial.
Segundo Barretto (1995:47) a palavra “tour" surgiu na
Inglaterra no século XVII, derivada da língua francesa (pois durante
o tempo em que o país esteve dominado pela França à Corte inglesa
passou a falar francês). Essa palavra começou a ser utilizada para
designar as viagens realizadas por jovens economicamente
favorecidos, que buscavam um complemento aos seus estudos. Essas
viagens eram feitas apenas por jovens rapazes, acompanhados
geralmente de um professor particular, com o propósito de que
adquirissem experiência de vida para atuar, geralmente, em cargos de
comando.
Essa primeira designação de turismo se presumia sempre em
uma viagem necessariamente com volta, assim como o seu termo
equivalente em latim “tornare”. E assim, essas primeiras viagens se
diferenciavam das primordiais migrações realizadas por alguns
povos nômades antigos.
Segundo Moesch (1999), na Roma imperial existiam viagens
voltadas para o prazer e para a cultura, e não apenas para assistir
espetáculos sangrentos como, por exemplo, as lutas de gladiadores.
Nesta mesma época a utilização de termas já havia deixado de ser
apenas para fins terapêuticos, passaram a ser muito freqüentadas
para lazer. Para Barretto (1995:45):
“Os romanos teriam sido os primeiros a viajava porprazer. Informações obtidas através de pinturas (...),
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azulejos, placas, vasos, mapas, demonstram que osromanos iam à praia e aos spas, buscando, nas primeiras,divertimento (há registros pictóricos de moças usandobiquíni, jogando bola na praia), e nos segundos, cura”.
As sociedades romana e grega sempre apreciaram muito o
ócio: “... Nos primórdios destas civilizações o ócio, enquanto Tempo de prazer,
existia e era cultuado pelos privilegiados cidadãos gregos e romanos” (Moesch,
1999:25).
O tempo ocioso ocupado por estas sociedades nem sempre era
muito proveitoso, pois:
"... Efetivamente, o ócio predominou nesta civilização, masseus resultados não produziram uma sociedade feliz,porque as bases das distrações foram à busca deexcitações, para tirar os cidadãos de seus aborrecimentos,chegava aos extremos de obscenidade, do exibicionismo eda crueldade” (Moesch, 1999:24).
Ao contrário dessas civilizações, na idade média, as
sociedades não contemplavam o ócio, admiravam muito a virtude do
trabalho e, viam este como uma obrigação moral. Esta situação de
trabalho como virtude se deve a um clima de religiosidade imposta
pelas cidades medievais, onde a catedral dominava a praça e o perfil
da cidade, a cidade inteira era o cenário das procissões medievais
segundo a autora.
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Esse período medieval foi marcado por inúmeras
peregrinações e procissões religiosas algumas destas eram
organizadas e percorriam longas distâncias. Nesta época as viagens
eram muito pouco prazerosas, a ponto de pagarem para outra pessoa
cumprir suas promessas. Nesta época existiam muitos viajantes,
porém, não podemos denominá-los de turistas, pois os motivos dessas
viagens são claramente distintos do que poderíamos chamar de
turismo.
Não podemos negar a eterna existência de atividades
recreativas e de lazer, inclusive nesta época onde pouco isto foi
presenciado.
Na época do renascimento, o homem passou a utilizar seu
tempo não apenas para o trabalho, buscou um maior equilíbrio entre o
trabalho e tempo livre. Nesta mesma época começaram a surgir os
primeiros hotéis (na Itália) para abrigar os serviçais das classes
altas, segundo Boullón (1995:25). Porém ainda não existia a
concepção de se viajar por prazer.
Nesta mesma época começaram existir na Itália as
primeiras casas de campo, para as classes mais favorecidas que
buscavam um maior contato com a natureza pudessem contemplá-la. Ao
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mesmo tempo em que começam a surgir os primeiros castelos na França;
esses serviam para que a Corte e alguns burgueses buscassem uma nova
forma de recreação não-urbana.
É neste período renascentista que começa a surgir as
primeiras manifestações que sugerimos como viagens turísticas,
segundo Moesch (1999:34):
"No renascimento mesmo mantendo os sistemasrecreacionais urbanos incrementam-se, e registram asprimeiras manifestações acerca das viagens turísticas”.Na modernidade, com o advento das carruagens surgeum certo atrativo urbano: o ‘sair de casa’, as atividadesurbanas continuam existindo (teatros, museus, as galeriasde arte). Porém começam a surgir com muita força umatendência de lazer ao ar livre”.
Nas cidades essa tendência se traduziu no projeto de
inúmeras praças bem arborizadas e com uma atenção redobrada ao
paisagismo. Também surgiram largos com jardins e passeios, assim
como o jardim zoológico, reforçando a idéia de que esta sociedade
buscava de alguma forma um maior contato com a natureza.
A grande prova disso são as casas de campo que se
proliferaram em toda Europa e EUA, surgiram como a melhor opção de se
entregar ao ócio, jogando e divertindo-se. Porém, esta opção de
lazer não era destinada para todas as pessoas, somente os mais ricos
podiam fazer. Foi então que surgiu na Inglaterra o primeiro jardim de
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diversões, este empreendimento privado destinava-se àqueles que
quisessem passar um dia ao ar livre, ao estilo dos mais privilegiados
economicamente, como se fosse um jardim de uma casa de campo.
O romantismo do século XVIII desperta na sociedade um
forte sentimento de admiração à natureza. Segundo Barretto
(1995:50):
"O século XVIII também marcou a etapa do chamadoturismo ‘romântico’, quando as pessoas começaram agostar de ar, montanhas, natureza. Antes movimentoromântico, ninguém olhava o para os Alpes como algobelo; pelo contrário, há descrições como ‘horrível’,‘provoca senso de horror’ e outras."
Muitas pessoas saíam das cidades em busca de paisagens
agradáveis e, como poucos dispunham de casas de campo, passavam
apenas o dia, assim surgiu o picnic . Tanto que em 1759, com o surgimento
do primeiro Jardim Zoológico, prova-se a necessidade de se manter
antigos troféus de caçadores vivos segundo Moesch (1999:37).
Nesta época, as mesmas pessoas que saíam das cidades em
busca de maior contato com a natureza também lotavam os parques,
buscando basicamente sair da rotina urbana. Começaram nesta mesma
época, as grandes navegações e algumas viagens científicas.
"O final do século XVIII e todo o século XIX estarámarcado pela nova motivação: ou o prazer do descanso e
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da contemplação das paisagens da montanha. Este tipode turismo de contemplação da natureza terá cada vezmais adeptos como resultado da deteria de exação daqualidade dos grandes centros urbano-industriais”(Barretto; 1995:51).
Com a revolução industrial a sociedade passa por um
retrocesso no quesito qualidade de vida. O progresso pela máquina
traz inúmeros prejuízos ao meio ambiente. A população em geral quase
não possuía tempo ocioso.
Os ricos começam mais a procurar atividades culturais em
locais fechados como: restaurantes, cafés, museus, galerias de
arte, teatros. Além de possuidores de grande poder aquisitivo, a
classe alta dispunha também de tempo livre, entre estes se
popularizou os esportes, que passaram a fazer parte da oferta
turística de alguns destinos.
Para trazer novidades aos seus visitantes, muitos centros
de lazer passaram a se aperfeiçoar. Um bom exemplo disso é o
balneário de Puy (a três horas de Paris), que em 1884 se transformou
no primeiro e complexo turístico bem estruturado, aos moldes do que
temos hoje, porém com a tecnologia da época, segundo Boullón
(1995:46). Neste período em toda Europa começou um interesse
crescente por turismo de praia, tornando-o cada vez mais
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massificado, foi quando turismo encontrou as praias do
mediterrâneo.
Antes disso, ainda no ano de 1841 foi organizada a
primeira viagem coletiva por terra, e segundo Cárdenas (1981:10):
“Em 1841, teve lugar um congresso a contra o alcoolismoem Leicester e Loughborough, organizado por Cook, parao qual teve que alugar um trem. Resolvidas as questõescom a companhia ferroviária, custeou os gastos. O tremsaiu em 5 de julho com 570 passageiros, ida de volta, aum custo muito baixo por passageiro. Esta foi a primeiraviagem coletiva organizada. Depois dessa experiência,Cook continuou organizando viagens em trens especiaispara congressos, convenções e similares. A exposição emHyde Park, em 1851, lhe proporcionou 165.000 clientes.Com estas atividades, nasceu a primeira agência deviagens.”
A revolução industrial estava deixando o mundo eufórico;
euforia essa, causada pelos inúmeros avanços tecnológicos, que
promoveram as primeiras exposições mundiais. Estes mesmos avanços,
principalmente em comunicação e transportes, assim como as férias
remuneradas, fizeram com que o turismo passasse a se massificar,
principalmente após as duas grandes guerras.
Alguns autores acreditam que o começo do turismo foi na
Grécia no século VIII a.C., quando muitas pessoas viajavam a cada
quatro anos para assistir aos jogos olímpicos, segundo De la Torre
(1991:12). Existe ainda, segundo algumas pesquisas arqueológicas
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(Leakey, 1985) também citadas no livro de Barretto (1995:44) uma
forma de viagem ainda mais antiga, cujos viajantes retornavam ao seu
local de habitação; essas eram realizadas por antigas civilizações
que viviam nos Pirineus franceses, povos esses que viajavam até o mar
e retornavam, isso há 13.000 anos.
Mas como saberemos de fato quando começou o fenômeno
turístico, se nem ao menos sabemos sua definição? O que podemos então
definir de turismo, se nem ao menos sabemos qual é de fato o seu
inicio?
Para podermos responder essa pergunta vamos delinear
algumas definições de turismo, definindo melhor o seu início e
adotar, nesta pesquisa, a definição mais convincente e abrangente,
dando ênfase às questões de planejamento, que são muito mais
abrangentes do que outras questões mais técnicas como, por exemplo,
as ciências exatas aplicadas ao turismo, pois estas últimas, buscam
geralmente abranger o turismo pela sua quantidade e não pela total
complexidade, que é de fato o fenômeno.
Para Beni (2001:34) temos três tipos de definições: a
econômica, a técnica e a holística. A primeira dessas só aceita as
implicações econômicas ou empresariais do turismo, ignorando um dos
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aspectos mais fundamentais em importantes dentro do fenômeno
turístico: os turistas e todas as suas atitudes sobre a comunidade do
núcleo receptor.
As definições econômicas geralmente entram em uma grande
controvérsia: atividade terciária, ou fenômeno econômico e social,
ou ainda atividade social e econômica. Ainda segundo Beni (2001:35),
esta controvérsia prossegue, porém afirma:
“... que o que ocorre, na realidade, é uma agregação devalores aos diferenciais turísticos naturais e culturais, enão uma transformação tangível e concreta na matéria-prima original. O produto turístico final para a venda epós-venda é de natureza compósita e agregada. Processode agregação de valores inicia-se na aquisição dosatrativos turísticos, continua nos meios de transporte,hospedagem, alimentação, de serviços de recreação eentretenimento, e termina na fruição do roteiro”.
As definições técnicas de turismo que buscam,
primeiramente, definir turista, e para a partir daí, por dedução,
definirem turismo em geral. Também, segundo Beni, são bastante
controversas, principalmente em três elementos da definição de
turista: o objetivo e duração da viagem e distância viajada. Para a
OMT (Organização Mundial de Turismo), turistas são, segundo citado
na obra de Barretto (1995:25):
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“Visitante temporário, proveniente de um país estrangeiro, que
permanece no país mais de 24 horas e menos de três meses, por qualquer razão,
exceção feita ao trabalho” (De la Torre, 1992:19).
Muitos órgãos internacionais e organizações
governamentais buscam essa definição para conseguir definir o
tamanho do fenômeno turístico em nível mundial, por isso a grande
necessidade desses conceitos. Para a OMT (Organização Mundial de
Turismo) é aceita a seguinte definição de turismo, citado na obra de
Barretto (1995:12):
“Soma de relações e de serviços resultantes de um câmbio de
residência temporária involuntário motivado por razões alheias a negócios ou
profissionais” (De la Torre, 1992:19).
Para este mesmo autor, existe ainda uma outra definição de
turismo, mais completa, também citada no livro de Barretto
(1995:13):
“O turismo é um fenômeno social que consiste nodeslocamento voluntária e temporário de indivíduos ougrupos de pessoas que, fundamentalmente em pormotivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saemdo seu local de residência habitual para outro, no qualnão exercem nenhuma atividade lucrativa nemremunerada, gerando múltiplas inter-relações deimportância social, econômica, e cultural” (De laTorre, 1992:19).
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Esta última definição busca salientar a importância e a,
de fato existência, desta que é uma das principais características
dos turistas atuais: que é a busca do contato real com a cultura e os
habitantes legítimos dos locais visitados. Este último conceito
contém uma visão bem mais global do que o turismo e, segundo Beni, se
enquadraria nas definições holísticas de turismo, pois estas buscam
a abranger a essência total do assunto.
Uma dessas definições, bastante interessante e
abrangente, do que é turismo é citado no livro de Beni (p.36),
elaborado por Jafar Jafari:
"É o estudo do homem longe de seu local de residência,da indústria que satisfaz suas necessidades, e dosimpactos que ambos, ele e a indústria, geram sobre osambientes físico, econômico e sóciocultural da áreareceptora”.
Existe ainda uma outra definição, elaborada pelo
professores suíços Hunziker e Krapf (W. Hunziker e K. Krapf,
Algemeine Frendenverkehrslehre, Zurique, 1942), citada por Beni
(2001:36), esta também busca abranger a totalidade do fenômeno
turístico e é reconhecida por várias organizações internacionais:
“A soma dos fenômenos e das relações resultantes daviagem e da permanência de não-residentes, na medidaem que não são levam à residência permanente e nãoestá relacionada a nenhuma atividade remuneratória”.
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Em todas as definições de turismo parece haver consenso,
no que se refere às motivações para as viagens: não visam o lucro.
Segundo Barretto (1995:12):
"A visita ao local não visa o lucro, portanto as motivações devem
obedecer a razões espirituais ou vitais, mais próprias e íntimas”.
Existem de fato muitas definições de turismo e de
turistas, assim como inúmeras são as motivações de suas viagens.
Beni (2001:37) tem conceituado turismo como:
“... um elaborado processo de decisão sobre o que visitar,onde, como e a que preço. Neste processo interveminúmeros fatores de realização pessoal e social, denatureza motivacional, econômica, cultural, ecológica ecientífica que ditam a escolha dos destinos, apermanência, os meios de transporte e o alojamento, bemcomo o objetivo da viagem em si para a fruição tantomaterial como subjetiva dos conteúdos de sonhos,desejos, de imaginação que objetiva, de enriquecimentoexistencial histórico-humanístico, profissional, e deexpansão de negócios”.
Dentro desta definição, turismo pode ser entendido como
um bem a ser consumido, portanto um produto, com características e
singularidades únicas. Assim como são únicas as motivações de cada
turista ao viajar.
Mas afinal o que é produto turístico? O que de fato o
turista consome? Beni (2001:40) define produto turístico como parte
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integrante da superestrutura do SISTUR (Sistema de Turismo), como
sendo uma oferta original e diferencial (atrativos turísticos), que
podem ser naturais, culturais e/ou artificiais, mais a oferta
agregada (serviços), que são os transportes, a intermediação de
serviços, agências de viagens e Operadoras Turísticas, assim como
equipamentos receptivos de alojamentos hoteleiro, extra-hoteleiro
e complementares de recreação, alimentação e promoção. Esse
conjunto de ofertas (original e diferencial + agregada) forma o
produto Turístico.
Mas o que de fato leva alguém a pagar caro, para sair de sua
residência em busca do desconhecido? Até a mais planejada das
viagens corre o risco de haver algum tipo de imprevisto. Mesmo assim,
a necessidade humana de conhecimento e de fruição faz com que milhões
de pessoas busquem, anualmente, no ato de viajar, algo a mais para
suas vidas, ou então, apenas distração e entretenimento para seu
tempo livre.
As motivações que levam uma pessoa a se tornar turista são
extremamente subjetivas, segundo Beni (2001:163):
“O preço que o consumidor está disposto a pagardepende não só dos serviços físicos que ele espera obter,como também da felicidade pessoal um da série
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insatisfações um tangíveis, que são quase sempre ‘benslivres’.”
As primeiras motivações, exceção feita aos antigos povos
nômades, eram basicamente religiosas, de aventura e aprendizagem,
segundo Barretto (1995:64) foi somente no final do século XIX que as
motivações passaram a ser de lazer e, só a partir da segunda metade do
século passado é que o turismo começou a tomar as proporções que
conhecemos hoje.
Verificando um pouco o comportamento humano desde os
primórdios da humanidade, parece evidente a necessidade humana de
partir em busca do desconhecido, de novos lugares. Tanto que a partir
da revolução industrial surgem as viagens motivadas por
necessidades de evasão e de descanso, justamente quando começam a se
massificar, como conseqüência da concentração urbana e da alienação
do trabalho.
Para Barretto (1995:67) além das motivações (causas
subjetivas), existem alguns fatores racionais que levam o turista a
optar por determinado destino, para Arrillaga, citado pela autora:
"Esses fatores podem ser, também de acordo com Arrillaga, originários
do turista, da infra-estrutura turística ou externos a ambos".
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Esses fatores objetivos, que não levam em consideração os
atrativos naturais do destino, são segundo Beni (2001:159), a oferta
turística:
“... o conjunto de equipamentos, bens e serviços dealojamento, de alimentação, de recreação e lazer, decaráter artístico, cultural, social ou de outros tipos, capazde atrair e assentar numa determinada região, duranteum período determinado de tempo, um público visitante”.
A mídia turística e a publicidade tentam fazer com que o
homem procure achar esses aspectos de infra-estrutura e serviços,
mais importantes do que o atrativo natural e, oferecem pacotes
turísticos para grandes complexos turísticos, que muito pouco, ou
nada tem de recursos naturais locais (natureza e cultura). O homem
atual busca na natureza a verdadeira satisfação que nenhuma
tecnologia consegue proporcionar, para Beni (2001:55), porém, nem
sempre o homem consegue ir até a mãe natureza:
“A publicidade o apanha e ele vai, por exemplo, parabalneários massificados, rápidos e alienados como umajaula dourada e confortável da qual saiu. No entanto,tem-se observado nesses últimos anos um notávelfenômeno: a necessidade de buscar novas alternativas nouso do tempo livre, como escalar, dormir ao relento, darcaminhadas, banhos de cachoeira, descoberta de novoslugares e outras atividades consideradas saudáveis — ochamado turismo ecológico”.
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Todo destino turístico apresenta alguns aspectos
diferenciais que tornam cada produto turístico único. Um desses
diferenciais são os recursos humanos, outros diferenciais são os
atrativos naturais, segundo Beni (2001:159):
"Como é evidente, os valores que a natureza oferece semnecessidade da interferência do homem (sol, praias,montanhas, paisagens) são as fontes de atração quesustentam os deslocamentos de pessoas com finalidadesespecificamente turísticas”.
E o que são atrativos turísticos? Esses ícones que formam,
no imaginário do turista, uma imensurável força de atração que faz
com que viagem, muitas vezes, milhares de quilômetros. Para Beni
(2001:57) atrativos turísticos são:
“... elementos passíveis de provocar deslocamentos de pessoas, e que
integram o marco geográfico-ecológico-cultural de um lugar, podendo, por sua
origem, ser subdivididos em naturais e culturais”.
Portanto, um dos pressupostos básicos para o
desenvolvimento de turismo é que exista recurso natural de interesse
turístico. Para o autor Pierre Defert, citado no livro de Beni
(2001:162) os atrativos turísticos primários ou a oferta original
são classificados em quatro grupos, que formam o diferencial
turístico do destino:
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"Hidromo (do grego hýdor: água) – É constituído portodos os elementos hídricos e pelágicos sobre todas assuas formas, todos os seus aspectos, toda a suaabrangência, incluindo a neve e o gelo, as águas mineraise termais.
Fitomo (do grego phytón: vegetal, árvore) – Compreendetudo de que o turismo se serve na flora (florestas,bosques, prados, matas) e todas as superfícies naturaisrecobertas de vegetação relação voluntária do homem.
Litomo (do grego líthos: pedra) – Abarca todos osatrativos decorrentes de processos geológicosprovenientes de vulcanismo, de tectonismo, de processossedimentares ou erosivos tais como montanhas, picos,cordilheiras, vulcões, cavernas, ravinas, cânions,cachoeiras, cataratas, lagos, mares, golfos, istmos,planícies e outros.
Antropomo (do grego ánthropos: homem) – Refere-se àsatividades tanto antigas quanto modernas do homem,englobando os valores por ele criados. A história, areligião, as cerimônias, as tradições, o folclore, a cultura,os monumentos históricos, os sítios arqueológicos, oslugares de peregrinação e outros.”
Verificamos que a gama de atrativos turísticos naturais é
muito grande. Esses atrativos podem ser transformados em recursos
turísticos. Porém o que são de fato recursos turísticos naturais?
Buscamos uma definição de Beni (2001:58):
"... são aqueles elementos da natureza com determinada atração, que
motivam as pessoas a sair de seus domicílios e permanecer fora deles um certo
tempo”.
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Os atrativos naturais são, sem dúvida, a principal mola
propulsora e uma das principais, senão a principal motivação, da
maior parte das viagens turísticas. O interesse nesse tipo de
turismo (contemplação de paisagens da natureza) começou no século
XVIII, segundo Barretto (1995:50), na etapa do chamado turismo
“romântico”.
Definimos então um aspecto fundamental do turismo: os
atrativos naturais. Porém esses atrativos são apenas requisitos
para se desenvolver um turismo. Necessitam antes de tudo de uma
infra-estrutura básica turística. Para Tulik (1996:27):
“Os recursos naturais básicos constituem elementosprimários da oferta e, embora presente em todos oslugares, só podem ser considerados como os turísticosquando explorados para tal fim. Antes disso, integram aoferta potencial”.
A tendência contemporânea do mercado turístico, passou a
ser de um turismo cada vez mais em contato com o ambiente natural, de
preferência mais puro possível, quanto menos contato teve com o
homem melhor. Cada vez mais o homem busca o contato com seu eu mais
íntimo, e nada melhor para isso do que a própria natureza selvagem,
que foi durante milhares de anos o único habitat possível dos
ancestrais humanos. Para Moesch (1999:20):
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“... Herdeiros de ambos, nomadismo e sedentarismo, asociedade contemporânea é sedentária, mas leva em seuinconsciente profundo e uma recordação obscura de umaetapa da humanidade que durou milênios: a etapanômade, móvel, de aventura e medo; mas de intensaComunicação com a natureza”.
Atualmente um dos grandes nichos de mercado turístico
passou a ser o turismo de aventura. O Ecoturismo passou a ser um
produto turístico com grande aceitação no mercado. Os turistas
atuais buscam cada vez mais conhecer culturas novas, buscam sempre
conhecer locais com belezas naturais ainda pouco conhecidas, mesmo
para maior parte dos habitantes do país visitado. Para Tulik
(1996:32), essas modalidades de turismo são dirigidas:
“... para uma demanda específica tem sua procuraapoiada em recursos naturais primários e poucoexplorados; o ecológico e aventura, que parece à primeiravista confundisse com o simples e rústico, nem sempresignificam turismo a baixo custo, muito embora nãoofereça alojamentos e serviços sofisticados ou, mesmo, deconforto médio (...) A atração predominante são oselementos paisagísticos, isolados ou em conjunto, porém,e principalmente, diferenciados do usual.”
Diante de tal afirmação torna-se evidente a oportunidade
de se abordar alguns temas diferentes esse tipo de turismo. Não se
trata de um turismo pouco rentável economicamente, mas sim, de um
turismo que também, se bem estruturado e planejado, poderá trazer
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inúmeros benefícios, tanto econômicos quanto sociais, para a região
receptora.
Não podemos simplesmente ter os recursos naturais e,
contarmos com a sorte de serem descobertos por algum viajante
aventureiro. Para que os recursos naturais se tornem atrativos
turísticos, é necessária a criação de algumas facilidades. Para Beni
(2001:126), podemos afirmar que essas facilidades são:
“... a infra-estrutura de acesso com seus componentesviários e de transportes e a infra-estrutura urbana, ouseja, aquela que reúne as condições básicas de é de que ahabilidade e apoio aos equipamentos e serviçosturísticos”.
Porém todos os recursos naturais utilizados, para esse
tipo de turismo principalmente, poderão se tornar escassos, pois
todos os produtos turísticos estão sujeitos ao fator multiplicador
de demanda. Esse efeito, para Swarbrooke (2000:40) é provocado pela
indicação do destino à amigos, colegas e parentes, que por sua vez
falam para amigos, colegas e parentes, e assim por diante. Segundo o
autor:
“... se cem pessoas comprarem e desfrutar a de um produto de eco
turismo neste ano, e contarem aos amigos, esse número poderia aumentar em
vários milhares em três anos”.
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Muitos locais, que contam com diversos recursos naturais
e, uma infra-estrutura básica, que consegue suprir as necessidades
dos seus moradores podem, de um ano para outro, se tornar um destino
turístico muito requisitado. Portanto, qualquer plano de
desenvolvimento turístico deve estar estreitamente unido à
consciência ecológica e turística da população e, principalmente
dos turistas, tanto que para Beni (2001:55):
"Devemos proclamar que o Ecoturismo não é apenas turismo
tradicional em áreas naturais. É atividade que tem de estar indissoluvelmente ligada
ao trabalho de educação ambiental”.
Faz-se então necessária a ação pública de planejar a
ocupação turística de um determinado local. Este planejamento deve
buscar suas bases nos conceitos de turismo sustentável, pois esta
ocupação turística poderá trazer, além de retorno econômico, muitas
situações indesejáveis para o poder público e, principalmente, para
toda a comunidade envolvida nesta nova atividade econômica.
Os benefícios econômicos e os sociais que o turismo
proporciona são indiscutíveis, se o planejamento for embasado nos
princípios da sustentabilidade. Empregos e aumento na qualidade de
vida, assim como efeito multiplicador econômico, estão entre os
30
benefícios que o turismo traz. Para Barretto (1995:74), efeito
multiplicador é:
“A relação entre o dinheiro que entra por conceito de turismo e sua
repercussão final do Produto Interno Bruto”.
Perto dos grandes centros urbanos devem estar
concentrados os esforços em preservar os recursos naturais ali
existentes, embora que, a mentalidade da população está aos poucos
mudando, em relação ao meio ambiente, o impacto causado por uma
grande quantidade de pessoas, em um ambiente ainda pouco explorado
pelo homem, poderá ser irreversível, principalmente para a fauna.
Para Tulik (1996:33):
“Da mesma forma, vem se transformando em atraçõescertos a recursos naturais situadas sem áreas próximasaos centros urbanos que, no passado, eram utilizadospara o lazer da população e que, hoje, aparece incluídosem roteiros dos ecológicos. Isso mostra mudanças dementalidade quanto ao uso do tempo livre e, por outrolado, permanência de antigos atrativos que ganharamuma nova conotação”.
A sociedade atual está cada vez mais buscando ocupar seu
tempo livre dentro de suas residências, pois a violência presente
nos grandes centros e inibe o turismo urbano. Essa ocupação do tempo
ocioso, dentro das residências, também se deve ao fato das inúmeras
31
tecnologias/facilidades domésticas encontradas atualmente. Pela
Internet pode se fazer quase tudo.
Muito no aumento do lazer doméstico, em detrimento ao
turismo se deve à falta de qualidade dos produtos ainda hoje
oferecidos, a principal causa desse problema é a falta de
planejamento a regulamentação das atividades turísticas, assim
como, a falta de recursos humanos qualificados. Outro fator
agravante, para o fato do aumento do lazer doméstico, é que ainda
hoje, principalmente em países em desenvolvimento, existe
exploração do turista, e não do turismo.
Atualmente podemos viajar virtualmente, comer aqui no
Brasil uma comida tailandesa, por exemplo. Obviamente que essa
comida não será idêntica àquela encontrada na Tailândia. Algum vinho
típico da França, por exemplo, poderemos encontrar facilmente
idêntico ao encontrado por lá. Mesmo com todas as facilidades e
comodismos da vida urbana moderna, o homem ainda busca romper com o
fatídico cotidiano diário em busca de novos “mundos”. Talvez o mundo
mais estranho para o homem urbano ainda seja a natureza, pois ele
pouco ou nenhum contato teve com esta.
32
A cultura televisiva tenta preencher um espaço que antes
pertencia aos parques e áreas de recreação e lazer ao ar livre. Outra
ocupação para esse espaço, na consciência das pessoas, está sendo
preenchido pela religião; podemos observar isso na proliferação de
inúmeras igrejas, das mais diversas religiões, dos grandes centros
urbanos. Porém nada conseguirá a dar ao homem a satisfação do contato
com a natureza. Para a Beni (2001:55):
“O homem moderno deste final de século, mergulhado emuma cultura que não pertence, que tem acesso a meios decomunicação tecnicamente perfeito dos mais que nãosabem comunicar-se consigo mesmo e com os outros, queno verão se refresca com ar-condicionado e no inverno sebronzeia com raios contra violetas, possuem uma menteque resiste a essa nova escravidão e anseia pela liberdadeantiga e seu domínio da natureza. O que sente, narealidade, é um desejo de fuga das cadeias diárias”.
Porém como trabalhar com essa questão: uma multidão de
turistas determinados a pagar preços cada vez mais elevados para
conhecer locais cada vez mais escassos. É mais ou menos neste ponto
que entra a questão e da sustentabilidade no planejamento público do
turismo. Por sustentável define-se que, segundo Swarbrooke
(2000:3):
“... desenvolvimento que satisfaz nossas necessidades hoje, sem
comprometer a capacidade das pessoas satisfazerem as suas no futuro”.
33
Qualquer que seja a definição do que é turismo sustentável
deve, para Swarbrooke, englobar o meio ambiente, as pessoas e os
sistemas econômicos:
"Turismo sustentável significa turismo que éeconomicamente viável, mas não destrói os recursos dosquais o turismo no futuro dependerá, principalmente omeio ambiente físico e o tecido social da comunidadelocal”.
O autor comenta que, muitas empresas que trabalham com
turismo estão, atualmente buscando serem rotuladas de “empresas
ecológicas". Essa preocupação nem sempre é por convicção. Muitas
empresas buscam esse rótulo para poder vender mais. Afinal
atualmente está na moda ser ecologicamente correto. Essa falsa
preocupação ambiental está mais voltada para a convicção do cliente,
do que da própria empresa. Segundo Barretto (1995:56):
“Na década de 1970 começou, no primeiro mundo, apreocupação com o meio ambiente. Os americanos forampragmáticos: é preciso cuidar dos recursos naturais porque, caso contrário, eles deixam de dar lucro. Em outraspartes combateu se a ‘poluição por turismo’ e hoje oturismo é uma das atividades que mais preserva o meioambiente.”.
Acreditamos não ser este o melhor objetivo para se
preservar os recursos naturais. Esse tipo de atitude, a preservação,
deve partir de uma consciência própria, e não da imposição dos
34
consumidores (mercado). E a melhor maneira de se preservar ambientes
naturais é sem dúvida trabalhar com a comunidade local, a fim de
conscientizá-la de que os recursos disponíveis atualmente poderão
não estar mais disponíveis no futuro. Murphy (1995) citado no livro
de Swarbrooke (2000:06) afirma:
“... nós não herdamos a Terra de nossos antepassados, mas a tomamos
emprestada de nossos filhos”.
E é dentro deste panorama, de prisão urbana e tentativa de
libertação desta pelo homem, de inconsciente satisfação que a
natureza causa, é que passaremos a estudar alguns atrativos naturais
de Porto Alegre. Principalmente qual a consciência da população em
relação às possibilidades de utilização destes para o turismo.
35
2 PORTO ALEGRE E SUAS POTENCIALIDADES NATURAIS COMO
ATRATIVIDADE TURÍSTICA
2.1 CONCEPÇÃO DO MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO: A PESQUISA
QUALITATIVA
Optamos neste trabalho pela pesquisa qualitativa, por ser
um referencial metodológico não baseado em dados quantitativos
(estatísticos), mas em uma análise mais ampla e profunda dos
processos sociais.
Esse tipo de pesquisa se baseia especialmente na teoria
crítica. Possui dois tipos de enfoque para compreender e analisar a
realidade, Triviños (1987:117):
Enfoque crítico-participativo com visão histórico-
estrutural: trata da dialética segundo a realidade
social buscando transformá-la, em processos
contextuais e dinâmicos complexos, para isso partimos
da necessidade de conhecer a realidade, seja através de
percepções, reflexão e/ou intuição.
Enfoque subjetivista-compreensivista: privilegia os
aspectos consciênciais, subjetivo dos atores
(percepções, processos de conscientização, de
compreensão do contexto cultural, da realidade a-
histórica, de relevância dos fenômenos pelos
significados que eles têm para o sujeito).
A pesquisa qualitativa surge como alternativa frente ao
positivismo quantitativo, pois segundo Triviños (1987) este último
método de pesquisa, geralmente trata muito superficialmente os
assuntos pesquisados e, geralmente terminam onde de fato deveriam
começar a pesquisa.
O surgimento desta metodologia de pesquisa se dá pelas
práticas desenvolvidas pelos antropólogos e, em seguida pelos
sociólogos. No momento em que:
“Os pesquisadores percebem rapidamente que muitasinformações não podem ser quantificadas e precisavamser interpretadas de forma muito mais ampla quecircunscrita ao simples dado objetivo” (Triviños,1987:117).
37
Existe uma certa dificuldade para definirmos a pesquisa
qualitativa, segundo Triviños (1987), isso não significa que não
sejamos capazes de caracteriza-la através de peculiaridades
essenciais que justifiquem sua existência. Duas características
norteiam a pesquisa qualitativa: sua tendência definida de natureza
desveificadora dos fenômenos; e a rejeição da neutralidade do saber
científico.
As bases teóricas que orientam o investigador nesse tipo
de pesquisa, assim como a dificuldade de delimitar a abrangência do
enfoque, sua genialidade e especificidade são as principais
dificuldades quando buscamos definir a pesquisa qualitativa.
As principais características da pesquisa qualitativa é
que esta tem um ambiente natural como fonte direta dos dados, e o
pesquisador, como instrumento chave. Nesse tipo de enfoque os
pesquisadores estão preocupados com o processo e não apenas com os
resultados e os produtos, além de analisar em seus dados
indutivamente.
Uma das possibilidades de uma pesquisa qualitativa é o
estudo de caso, cujo objeto é uma unidade que se analisa
profundamente. A natureza e a abrangência do que se irá estudar,
38
assim como a complexidade desse estudo, que está diretamente ligada
aos suportes teóricos que servem de orientação em um trabalho de
investigação, serão as principais características desse
referencial metodológico. No estudo de caso qualitativo, a
complexidade do exame aumenta à medida que se aprofunda no assunto.
Triviños (1987:170) esclarece que:
“A dimensão subjetiva deste enfoque, cujas verdades sebaseiam em critérios internos e externos, favorece aflexibilidade da análise dos dados. Isso permite apassagem constante entre informações que são reunidase que, em seguida, são interpretadas, para olevantamento de novas hipóteses e nova busca de dados”.
Nesse tipo de analise, o estudo de caso, a complexidade do
exame aumenta na medida que se aprofunda no assunto. Por se tratar de
um método que deixa de lado a superficialidade, adotamos este para
nortear nossa pesquisa. Por esses motivos acreditamos ser a melhor
opção metodológica a adotarmos no nosso trabalho.
Além do mais, o turismo é bem mais estas conceituações
reducionistas, pelo seu campo do saber não ser criteriosamente
delimitado, como na maioria das ciências. Segundo Moesch (1999:56):
“É um fenômeno, com conseqüências culturais, sociais,políticas, comunicacionais, que deve, também, serestudado, principalmente por ter-se convertido em direito,desejo de todos os cidadãos de qualquer classe social e dequalquer sociedade, seja ela rica ou pobre”.
39
A partir daí temos clareza da importância de estudarmos
este fenômeno, para isso utilizar uma metodologia apropriada é
fundamental. Para este estudo, a pesquisa qualitativa dispõe dos
pressupostos necessários:
“Antes de analisar a questão do saber turístico, naatualidade, é preciso abandonar as analises cartesianasdo pensamento cientifico, esquematicamente revistas,examinando suas possibilidades de superação”(Moesch, 1999:56).
A pesquisa qualitativa parte de paradigmas dedutivos, ao
invés de indutivos como é prática comum nas pesquisas quantitativas
de cunho positivista. Isso permite que possamos formular e
reformular hipóteses à medida que realizamos a pesquisa.
“A pesquisa qualitativa, como veremos, rege-se por critérios diferentes
dos manejados pelo positivismo, para alcançar produtos com validade científica”
(Triviños, 1987:123).
Por termos definido a pesquisa qualitativa, e desta o
estudo de caso, como sendo nossa metodologia de trabalho, devemos
ressaltar que o pesquisador tem ampla liberdade teórico-
metodológica para realizar seu estudo. Este por sua vez deve estar
dentro das exigências de um trabalho científico, apresentando uma
estrutura coerente consistente.
40
Neste trabalho os principais objetivos são:
Conhecer nosso objeto de estudo: Porto Alegre,
enfocando a descrição de seus ambientes naturais e
aspectos relevantes ao tema.
Delimitar aspectos relevantes sobre a utilização deste
patrimônio natural para o turismo, assim como para a
educação ambiental.
Analisar a paisagem natural do município de Porto
Alegre como potencial turístico.
Apresentar as possibilidades, e a real necessidade de
promovermos Porto Alegre para seus habitantes.
Em nossa pesquisa levantamos a seguinte questão de
investigação:
Como a utilização dos recursos naturais de Porto Alegre
poderá gerar a defesa do meio ambiente natural pela
41
população, através do desenvolvimento de um turismo
local.
A escolha de Porto Alegre se dá pelo fato de que existe um
grande, e rico, patrimônio natural, que não é de conhecimento de
grande parte da população da cidade. Acreditamos que o turismo pode
contribuir de forma inteligente para a preservação desses locais.
É a partir dessas questões que iniciamos o processo de
descrição da cidade de Porto Alegre, por esta se tratar do nosso
objeto de estudo. Para isso a coleta de dados se dará por pesquisa
bibliográfica, analise paisagística da cidade e interpretação
pessoal dos dados coletados.
2.2 A DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ANÁLISE — OS ATRATIVOS
TURÍSTICOS NATURAIS DA CIDADE DE PORTO ALEGRE
Porto Alegre apresenta hoje uma qualidade de vida de fazer
inveja a qualquer grande metrópole mundial. O panorama atual
apresenta excelentes condições para que se desenvolva o turismo nos
ambientes naturais da cidade.
Possui 395 praças (3.050.508 m2 ), 11 parques (5.415.808
m2 ), produzindo um índice de área verde de fazer inveja a muitas das
grandes cidades mundiais: 13,62 m2 /hab (apenas praças e parque,
42
inclusive o parque Saint-Hilaire). Além de uma arborização urbana
bem acentuada (arvores em vias públicas): cerca de 1.000.000 de
indivíduos (Fonte SMAM/PMPA, 1998).
Esta situação privilegiada em termos ambientais, que
existe hoje na cidade, em grande parte se deve por ter sido
implantada nesta capital a primeira secretaria municipal de meio
ambiente do Brasil. Também foi em Porto Alegre que surgiram as
primeiras ONGs (organizações não-governamentais) de defesa do meio
de um ambiente.
A cidade possui hoje 5060 ha, equivalente à 11% da sua área
total, protegidos por unidades de conservação, tamanha a
preservação dos recursos naturais presente nesta metrópole. Essas
unidades de conservação são as seguintes: Parque Estadual Delta do
Jacuí, Parque Municipal Saint-Hilaire, Reserva Biológica do Lami,
Reserva Ecológica do Morro Santana, Parque do Morro do Osso e o
Jardim Botânico.
Diante deste imenso potencial turístico em áreas
naturais, que são as Unidades de Conservação de Porto Alegre, faz-se
necessário, então, definir o que são estes espaços e descreve-los.
43
Primeiramente devemos ter clareza do que é Unidade de
Conservação. Entendemos como sendo:
"... áreas naturais legalmente protegidas que contémexemplos de variedade biológica representativa dosbiomas (...) são porções do território nacional, inclusive aságuas territoriais, com características naturais de valorrelevante” (Atlas Ambiental de Porto Alegre,1998:79).
Os espaços compreendidos pelas unidades de conservação
incluem recursos naturais importantes, devem ser utilizados de
forma que mantenham o patrimônio ambiental preservado. Esta é uma
atitude eficiente para a proteção dos recursos naturais. A
necessidade de se preservar espaços que contenham um patrimônio
natural significativo é indiscutível, tamanha a degradação
ambiental apresentada hoje em nível mundial. Acredita-se que hoje
apenas 15% (1,5 milhões) das espécies de todos os tipos de organismos
foram estudadas cientificamente. Existem estimativas de que a cada
dia 74 espécies desapareçam em nosso planeta (Atlas Ambiental de
Porto Alegre, 1998:79).
Diante desta situação, as idéias de preservação ambiental
se alteraram, passando de uma visão de apenas preservar as mostras
representativas dos ecossistemas, para preservar a biodiversidade
44
enquanto um todo. Segundo o Atlas Ambiental de Porto Alegre, os
principais argumentos que sustentam essa mudança de visão são:
Os benefícios econômicos diretos da utilização de
recursos alimentares, farmacêuticos e industriais
advindos de seres vivos;
A importância das espécies na manutenção dos grandes
ciclos ambientais da Terra, como os ciclos da água, dos
nutrientes e do clima;
Os valores estéticos da paisagem, que possibilitam a
admiração das diferentes formas de vida;
E os valores éticos, que alertam para o valor
intrínseco ao fato de cada espécie continuar existindo
no planeta.
No Brasil existem dois tipos de unidades de conservação
(UC): as unidades de proteção integral ou de uso indireto — aquelas
que há uma restrição total contra a exploração ou o detrimento direto
dos benefícios (reservas biológicas, estações ecológicas, reservas
ecológicas e parques nacionais, estaduais e municipais); as
unidades de uso sustentável ou de uso direto — são permitidos, de
forma planejada e regulamentada, o aproveitamento econômico direto
45
e a exploração dos recursos (áreas de proteção ambiental, florestas
nacionais, estaduais ou municipais e reservas extrativistas).
Outra forma existente de se preservar áreas com recursos
naturais são as reservas particulares de proteção natural (RPPN),
são propriedades particulares de relevante importância natural
(aspectos paisagísticos e/ou biodiversidade).
Diante deste panorama, e definição, de alguns aspectos
básicos de unidades de conservação ambiental, sua função ecológica e
social, além é claro, de seu importantíssimo aspecto paisagístico,
dos quais turistas e moradores devem se beneficiar, passamos a
descrever cada uma destas unidades existentes no município de Porto
Alegre.
Acreditamos que estas reservas oferecem, de forma
apropriada, o objeto da necessidade de grande parte das pessoas que
vivem em grandes cidades: a natureza preservada. Essas pessoas
buscam o que deixamos para traz na corrida pelo desenvolvimento.
A maior das Unidades de Conservação existente em Porto
Alegre é o Parque Estadual Delta do Jacuí, que abrange uma área de
4.423 ha, protegendo matas ciliares, banhados e campos inundáveis. O
46
parque é permanentemente preservado, devido aos seus excepcionais
atributos naturais.
Dentre os componentes da paisagem que formam o Delta do
Jacuí o elemento determinante é o componente líquido, destaca-se
também a predominância do verde e sua diversidade formando um
ecossistema constituído por um mosaico de matas, banhados e campos
inundáveis.
Destacamos, portanto, o potencial hídrico existente no
Parque Estadual Delta do Jacuí, do qual poderemos vir a desenvolver
um turismo náutico, voltado para esportes aquáticos, e contato com a
natureza. A partir do momento que desenvolvermos esta atividade, de
forma mais intensa, a grande atenção deve se voltar, para que estas
atividades ocorram de forma não impactante ao meio, e que a atividade
turística sirva para aproximar os cidadãos à esta parte pouco
conhecida da cidade.
A diversidade faunística também é um elemento marcante da
paisagem Parque Estadual do Delta do Jacuí, sendo povoado por uma
grande diversidade de espécies da fauna silvestre, inclusive
algumas ameaçadas de extinção, como é o caso do jacaré-de-papo-
amarelo, que pode ser encontrado em algumas áreas do parque.
47
Alguns marcos se destacam na paisagem do Parque: sob a
forma vegetal estão as grandes figueiras e os coqueiros; sob a forma
de espaços naturais destacam-se pela singularidade: o Saco do
Quilombo, a Ilha do Cipriano e o Canal Feliz. Neste local não podemos
de forma alguma excluir a presença humana presente de forma marcante
no Parque, principalmente pelas degradações já realizadas em sua
área:
“Neste cenário aparece o homem, às vezes como queintegrado no concerto natural, outras como acidentedestoando num conjunto perfeito, mas nunca até hojepredominando sobre a natureza, como faz na cidade ouno campo” (Parque Estadual Delta do Jacuí:Plano Básico, Porto Alegre, 1979:36).
A além de preservada fauna o Parque Estadual Delta do
Jacuí também possui uma vegetação bastante representativa do
ecossistema característico. A vegetação arbustiva predomina na
paisagem; sobre os diques marginais, a vegetação florestal se
constitui em matas ciliares; em algumas partes mais elevadas do
terreno aparece uma vegetação de maior porte (figueiras e
ingazeiros). Outro tipo de vegetação bastante comum é o juncal,
também ocorrem macrofilos aquáticos nas margens das ilhas, além de
algumas espécies herbáceas de pequeno porte. Em algumas ilhas a
influência humana modificou algumas paisagens com a introdução de
48
algumas espécies exóticas, além de alguns campos alterados por terem
sido utilizados como lavoura.
Podemos aqui, abrir um espaço para citar a atividade
humana, que nesta área sempre esteve diretamente ligada à natureza e
à utilização dessas como subsistência, atividades como a pesca, a
agricultura e o extrativismo, formava no passado o perfil econômico
da região. Atualmente a degradação ambiental trouxe suas
conseqüências para as populações locais, que não podem mais realizar
essas atividades. As más condições de vida caracterizam grande parte
da população, fixada dentro dos limites do Parque Estadual do Delta
do Jacuí. A atividade turística poderá começar a despertar a
consciência ambiental dessas pessoas, pois surgindo como uma nova
atividade econômica, fará com que a comunidade perceba que só
existem turistas se o meio ambiente estiver bem preservado, e para
isso é necessária a mobilização de todos.
O Parque é a maior área de conservação da Região
Metropolitana, aproximadamente 25% da sua área esta situada em Porto
Alegre, seu principal objetivo é a preservação de seus ecossistemas
contra qualquer alteração que possas vir a modifica-los. Destina-se
a fins científicos, culturais, educativos e recreativos; destinado
49
ao uso popular, cabendo às autoridades a sua preservação e
manutenção (Atlas Ambiental de Porto Alegre).
Desde a elaboração do Plano Básico do Parque, realizado em
1979, esta destacada, além da função de proteger a biodiversidade, o
potencial turístico/recreativo oferecido pelo Parque:
“Um dos objetivos do Parque Estadual Delta do Jacuí épropiciar lazer à comunidade, em especial de Porto Alegree das cidades de sua região metropolitana. As suascaracterísticas — área deltaica, alagada e entrecortadade canais navegáveis — e sua meta principal —preservação do ambiente natural — não só permitem aatividades convencionais, como sugerem a programaçãode um sistema de lazer, incluindo a recreação, o esporte eo turismo, voltado para a presença da água e danatureza” (Parque Estadual Delta do Jacuí:Plano Básico, Porto Alegre, 1979:36).
Destacamos, portanto, um grande potencial turístico,
ainda pouco conhecido como tal, pela população da cidade. Desde o
Plano Básico do Parque esse potencial já era apresentado, porém
somente a poucos anos começou a ser implantado pelo Escritório de
Turismo de Porto Alegre, como veremos no próximo capítulo.
Outra importante área de preservação ambiental na cidade
de Porto Alegre é a Reserva Biológica do Lami. Possui uma área de 77
hectares, com projeto de ampliação de mais 102 hectares, esta
50
situada na beira do lago Guaíba, no bairro Lami. Reserva biológica
significa, segundo o Atlas ambiental de Porto Alegre (1998:89):
“... uma unidade de proteção integral, é essencialmentenão perturbada por atividades humanas, quecompreende e espécies da flora ou fauna ameaçadas deextinção ou importantes para desenvolvimento científico”.
A Reserva Biológica do Lami (RBL) é uma unidade de
conservação municipal, cujo principal objetivo é proteção de
amostras do ambiente natural, podendo ser utilizados para a
realização de pesquisas, monitoramento ambiental e educação
científica.
Este espaço torna-se, portanto, atualmente inviável para
o desenvolvimento do turismo ecológico, porém apresenta uma grande
possibilidade: a utilização deste potencial para que se desenvolva
um turismo segmentado à pesquisadores, que precisem da natureza para
realizar suas pesquisas.
A Reserva possuí exemplares raros, ameaçados de extinção,
de fauna e flora, como é o caso da éfedra — vegetal primitivo, sem
folhas e frutos, de grande importância cientifica, além do bugio-
ruivo, da lontra, e do jacaré-de-papo-amarelo.
51
A Reserva Biológica do Lami esta situada nas terras
baixas, formadas por terraços lacustres e cordões arenosos se
alteram com zonas mais deprimidas. Nesses locais se encontram os
banhados, que são ecologicamente fundamentais, pois atuam como
filtros biológicos naturais depurando a poluição e regulando as
cheias, sendo ainda uma grande fonte de alimentação para diversas
espécies da fauna.
A Reserva Biológica do Lami apresenta grande variedade de
ambientes, portanto as formações vegetais também são bastante
diversificadas. Podemos encontrar florestas (inclui as matas
ciliares e de restinga, apresentam cobertura contínua e altura que
varia de 5 a 10 m); banhados arbustivos (ocorrem os sarandis e as
taboas, além de árvores com altura de até 5 m, além de macrófitos
aquáticos); campos arenosos (distribuição esparsa de musgos e
gramíneas); banhados herbáceos (áreas úmidas com predominância
gramínea inferiores a 2 m, também apresenta macrófitos aquáticos);
juncais (linha divisória entre ecossistemas aquáticos e terrestres
que apresenta basicamente juncos) e restingas (apresenta algumas
espécies de cactáceas).
Devido à dinâmica desses ambientes, a Reserva Biológica
do Lami (Atlas Ambiental de Porto Alegre, 1998:89):
52
“... possui uma grande diversidade de fauna e flora. Essesaspectos tornam bastante didáticas as atividades deeducação ambiental e favorecem o desenvolvimento depesquisas científicas”.
Acreditamos ser necessário salientar a importância
científica que possui a Reserva Biológica do Lami, pois esta se
constitui em uma importante fonte de informações para pesquisas
evolutivas, fitogeográficas, botânicas, conservacionistas e
farmacológicas, principalmente pela existência de éfedra (Ephedra
tweediana ), que é um vegetal primitivo e muito raro, que possui
inúmeras aplicações farmacológicas.
Embora não possa ser utilizada de forma muito
representativa diretamente para a atividade turística, a reserva
possui um papel fundamental em termos ecológicos para a cidade e,
ainda por cima, ajuda a criar a paisagem geral do município
propiciando mais uma área preservada de rara beleza:
“A visitação pública em Reservas Biológicas é proibida,somente é permitida a estudiosos e pesquisadores. ASMAM, reconhecendo a importância da educaçãoambiental incluir o conhecimento desta Reserva, construiua Casa Verde e abre, durante dois turnos por semana,visitas orientadas a colegiais e grupos comunitáriosorganizados” (Folder Roteiros Ecológicos:Porto Alegre Turismo/ Secretaria Municipaldo Meio Ambiente).
53
Outra dessas áreas que ajudam a configurar a paisagem da
cidade é a Reserva Ecológica do Morro Santana, que mesmo sendo o
ponto culminante do município, e este fator propicie um valor
mercadológico elevado no mercado turístico, não possui utilização
turística apropriada à sua beleza.
Com 311 metros de altitude, a Reserva Ecológica do Morro
Santana, conta com uma área 350 hectares, está localizada no
prolongamento mais a noroeste da Crista de Porto Alegre. Esta área
surgiu devido à necessidade de manter os ecossistemas naturais
importantes, regulando o uso (admissível) dessas áreas, dentro das
premissas da conservação ambiental. Cabe salientarmos que a
atividade turística, elaborada dentro das premissas do turismo
sustentável, ajuda a preservar ambientes desse tipo, pois a natureza
é o motivador da maioria das viagens ecoturísticas.
O Morro Santana apresenta uma área total com cerca de 1000
hectares, desses, 600 pertencem à UFRGS (Universidade Federal do Rio
Grande do Sul). Na sua encosta sul do Morro, uma área com mais de 300
hectares, forma uma das maiores áreas de mata nativa do município. Os
diversos danos causados ao meio ambiente natural da Reserva
Ecológica do Morro Santana (queimadas e extração de madeiras), se
devem à proximidade com meio urbano, por este mesmo motivo, devemos
54
hoje evidenciar e colaborar para a preservação deste patrimônio
natural, com o qual toda população ainda poderá se beneficiar
através do turismo.
Entre as formações florestais e as campestres, podemos
encontrar mais de 200 espécies vegetais. Apresenta algumas espécies
de destacada importância, como o tanheiro, a canela-preta, a canela-
sebo e a maria-preta. Devido à ação antrópica existe uma
predominância da maria-mole, que não possui grande importância
econômica, sendo poupada das retiradas de madeira do local. As
formações campestres ocupam cerca de um terço da área da reserva,
apresentando também grande diversidade biológica.
A importância ecológica do Morro Santana é indiscutível,
assim como o seu potencial turístico. Não podemos deixar de
conciliar a utilização racional desse para o turismo, como forma de
despertar o sentimento de propriedade desse patrimônio natural da
cidade, na sociedade. Esse tipo de reconhecimento propiciaria uma
nova dimensão de preservação, o de preservar o que é nosso.
Outra importante é unidade de conservação do município é o
Parque do Morro do Osso, que possui 27 hectares, com previsão de
expansão para 114 hectares. A área total do morro do Osso perfaz 220
55
hectares de área natural. Faz parte da crista de Porto Alegre, se
situa à margem do Guaíba, esta cercado de um tecido urbano, composto
por quatro bairros, adjacentes ao morro.
Esta situação, de proximidade com áreas urbanas, trouxe
diversas perdas ambientais consideráveis ao local, porém
acreditamos que por esse mesmo motivo a população vizinha ao Morro do
Osso, ajude atualmente de forma participativa na preservação deste.
Possui 143 metros de onde é possível apreciar uma
exuberante vista da orla do Guaíba, a enseada de Ipanema e a Ponta
Grossa. Conta com uma grande biodiversidade, sendo, portanto, um
importante reduto biológico. Aproximadamente 60% da cobertura
vegetal do Morro do Osso se apresenta sob a forma de florestas, o
restante se apresenta como formação herbáceo-arbustiva, perfazendo
ate o momento, cerca de 360 espécies vegetais catalogadas em sua
área.
As florestas se apresentam sob duas formas: baixa e alta,
a primeira mais presente no topo e nas encostas superiores do morro
seus vegetais crescem em torno de 8 a 12 metros, é mais resistente a
radiação solar, à seca e aos fortes ventos. A floresta alta ocupa
mais as bases do morro e, por isso corre maior risco, por estar mais
56
próxima aos bairros; seus exemplares crescem de 12 a 18 metros,
principalmente, pelas condições de relevo da área e a profundidade
do solo, que consegue reter maior quantidade de água, mantendo
assim, a vegetação mais exuberante.
Na formação vegetal florestal destacam-se algumas
espécies de grande porte (na floresta alta) como a figueira-
purgante, a canela-ferrugem, o tanheiro, e a corticeira-da-serra e
algumas de menor porte (floresta baixa) como a capororoca, a
aroeira-brava, o cambará, o branquilho e o camboim. O Morro do Osso
possui uma considerável quantidade de espécies arbóreas sob
possível ameaça de extinção, dentre essas espécies podemos destaca a
corticeira-da-serra e as figueira-branca e figueira-de-folha-
miúda. Também é possível encontrar no parque algumas espécies raras,
como o sobraji, a caroba, o pau-de-malho, o pau-gambá e também os
únicos exemplares do município de Eugenia florida. Portanto:
"Essas matas, além de sua raridade em importância paisagística,
abrigam uma fauna significativa, principalmente aves, pequenos mamíferos, répteis
e anfíbios” (Atlas Ambiental de Porto Alegre 1998:80).
Constata-se que este local é particularmente especial em
termos de espécies nativas, em vias de extinção. Esse local poderá
57
propiciar um centro de iniciação à natureza, para os moradores dos
bairros circunvizinhos que, por estarem mais próximos, poderiam
ajudar de forma mais efetiva na conservação deste local, inclusive
ajudando a administrá-lo.
A riqueza faunística apresentada nos campos pedregosos,
típicos das áreas de topo ou com orientação norte, se apresenta em
mais de 200 espécies. Nesses campos podemos presenciar matacões, que
além de sua função ambiental, apresentam aspecto paisagístico muito
relevante. Formações desse tipo (matacões) de grande porte podem ser
encontradas no interior da mata na encosta sul.
Outro tipo de formação vegetal presente no morro são as
capoeiras e vassourais, são formações arbustivas, que se
desenvolvem em locais onde ocorreu ação humana, como por exemplo,
desmatamento, ou então, em áreas transitórias de campo para mata.
São de extrema importância ambiental, pois:
“Tanto as capoeiras como os vassourais dão condições para a
expansão da mata e a reocupação de ambientes anteriormente desmatados"
(Atlas Ambiental de Porto Alegre, 1998:80).
Essa área de preservação (Morro do Osso), constitui uma
área de apurada beleza paisagística e também de valor arqueológico.
58
Além disso, conta com um importantíssimo aliado, a comunidade, pois
foi devido às reivindicações desta, que está sendo implantado no
local um parque municipal cujo principal objetivo:
"... é propiciar o contato e integração da população com uma área e
promover a proteção de locais de elevada importância ambiental” (Atlas
Ambiental de Porto Alegre, 1998:80).
A participação da comunidade demonstra claramente que
existe nesta, mesmo que inconscientemente, a idéia de apropriação
deste bem. Através dessa atitude comprova-se que a comunidade
percebe não só a importância de preservação deste espaço, mas
também, a concepção de que este local lhes pertence, assim como a
todos os cidadãos de Porto Alegre. Este é um dos passos fundamentais
para desenvolvermos um turismo mais responsável.
Outra importante é unidade de conservação da cidade de
Porto Alegre é o Jardim Botânico. Também conta com excepcional
beleza paisagística, assim como todos os anteriores. Destaca-se,
portanto, como mais um recurso turístico natural do município. Este
espaço natural da cidade esta dotado de equipamentos básicos e bem
estruturados, para receber turistas. Esse aspecto é fundamental
59
para a prática da atividade e, torna desde já, o Jardim Botânico de
Porto Alegre, apto a ser incluído em roteiros turísticos.
Inaugurado em 1958, o Jardim Botânico do Porto Alegre,
conta hoje com uma área de 43 hectares. Sob atual administração da
Fundação Zoobotânica do Estado do Rio Grande do Sul, que é uma
entidade:
“... cujas finalidades são as de manter e administrar aáreas destinadas a preservação da flora, fauna e demaisrecursos naturais, nem como desenvolver pesquisasrelativas ao meio ambiente natural” (Atlas Ambientalde Porto Alegre, 1998:80).
Atualmente o jardim botânico conta com um acervo bastante
amplo, sendo em sua maior parte formado por espécies nativas do
estado. Atualmente seu Arboretum conta, segundo o Atlas Ambiental de
Porto Alegre (1998:80):
"... com 678 espécies, predominantemente lenhosas, dasquais 53% em São espécies silvestres do Rio Grande doSul. Possui, ainda, 530 espécies em coleções especiais,constituídos, principalmente, pelas famílias bromeliáceas,cactáceas, gesneriáceas, iridáceas e liliáceas, sendo que o68% dessas espécies são representantes da flora doEstado e do sul do Brasil”.
O Jardim Botânico é uma unidade de conservação, cujo
principal objetivo é contribuir para o equilíbrio do meio ambiente
regional, assim como, a dispor em visar ao público a possibilidade de
60
um contato com a natureza, despertando assim, sua consciência
ecológica. Outra utilização para essas unidades é a de fornecer:
"... meios para que sejam realizadas em comparaçõesentre áreas de ocupação desordenada e que guardamcaracterísticas naturais. Nessas áreas são oferecidascondições para o desenvolvimento de pesquisas científicase experimentos” (Atlas Ambiental de PortoAlegre, 1998:80).
Além dessas Unidades de Conservação, Porto Alegre possui
ainda uma cadeia de morros graníticos na região sul do município.
Essas formações também podem ser utilizadas para ao turismo,
ajudando assim, na preservação destes. O conjunto de morros do
município faz com que se formem cristas, que emolduram a paisagem da
cidade, muito embora pouco se possa presenciar dessas formações nas
áreas de maior concentração urbana. Mesmo sendo formada basicamente
por morros, a cidade praticamente desconhece a beleza cênica
propiciada por estas formações, pois pouco se pode visualizar da
presença destes. Segundo Castrogiovanni (1998:121):
“Não podemos deixar de valorizar o conjunto de morros que
constituem os sítios e a situação urbana, embora as edificações dificultem as
possíveis investigações visuais”.
A Crista de Porto Alegre é a maior dessas, possui 22 km de
extensão e 6 km de largura máxima, alinhada na direção nordeste é
61
cortada pelas selas do Arroio Cavalhada e do Arroio Dilúvio. AS
altitudes variam de 150 m no Morro do Osso, a oeste, a 311 m do Morro
Santana, a leste. Situa-se na região central do município e:
“... compartimenta o relevo em três regiões: (a) a dasterras baixas do norte; (b) a das terras altas da regiãocentral; e (c) a das terras baixas com morros isolados dosul. No século XX serviu como limitador da expansão dacidade no sentido meridional, demarcando fisicamente olimite entre a região norte, urbanizada, e a região sul,com características rurais” (Atlas Ambiental dePorto Alegre, 1998:29).
A Crista da Matriz possui uma orientação leste-oeste, sua
largura não ultrapassa 4 km e extensão de 13 km, com altitude máxima
de 134 metros no Morro Alto Petrópolis.
A ultima dessas formações existentes em Porto Alegre é a
Crista Primavera, paralela à Crista de Porto Alegre, possui apenas 7
km de extensão, e sua altura máxima é de 148 metros. Inicia-se no
Morro Santa Tereza e estende-se até o Morro Santo Antônio (Atlas
Ambiental de Porto Alegre, 1998:29).
Ainda descrevendo as terras altas do município de Porto
Alegre, é válido mencionar a existência de um platô, na divisa com
município de Viamão. Constituído de colinas de topo convexo com
altitude média de 140 m, é nesta região que nasce grande parte dos
arroios que compõem a rede de drenagem do município. Esse platô
62
confere ao local uma beleza única que é inconcebivelmente
desconhecida da grande maioria dos porto-alegrenses.
As terras altas do município, que se constituem de morros,
cristas e colinas, possuí ainda alguns morros que surgem isolados
das terras baixas, formadas por terraços lacustres na região sul do
município. O Morro São Pedro (289 m), da Extrema (214 m), Tapera (252
m) e das Abertas (173 m) são os principais representantes desses.
Esses morros também possuem na sua encosta sul uma cobertura vegetal
bastante preservada e de grande porte, além de vertentes, que formam
inclusive pequenas quedas d'água. Na região do Morro da Extrema os
campos com matacões de granito predominam na paisagem, as formas nas
quais estes se apresentam configuram uma singular beleza
paisagística para o local.
Além de configurarem a paisagem do município, os morros
apresentam um papel fundamental para a preservação da
biodiversidade, tanto que, as maiores áreas com coberturas vegetais
nativas se encontram nestes, assim como alguns remanescentes da
fauna silvestre. Este fato se deve principalmente ao relevo e
íngreme que limitou a expansão urbana, não a eliminando totalmente,
outro fator que contribuiu para conservação destes foi a existência
de leis ambientais que protegem ambientes como estes.
63
Esses espaços naturais, os morros devem ser mais bem
aproveitados, dentro de suas possibilidades para conciliar a
preservação com práticas turísticas. Esse tipo de comunhão poderá
facilitar o desenvolvimento de percepções ambientais de forma mais
abrangente e eficaz.
O atual estado de conservação do ambiente natural dos
morros do município foi descrito no Atlas Ambiental de Porto Alegre
(1998:83):
“Consideradas as áreas de matas e campos nativosremanescentes, os morros foram classificados de acordocom um gradiente de conservação. Sete deles apresentamcobertura vegetal nativa entre 90-100% da área total(morros São Pedro, Santana, Tapera, Agudo, Extrema, daPonta Grossa, do Sabiá); 14 entre 70-90%; 11, entre 50-70%; e 12, entre 0-50%. Área total de mata nativa eexistente nesses 44 morros é de cerca de 4500 há(aproximadamente 10% do território do município),destacando-se os morros São Pedro, Santana, Taquara,Extrema e Tiririca, com áreas de mata superiores a 400ha. Além disso, existem doze morros em que a matanativa ocupa mais de 50% da área total”.
Com isso, podemos concluir, que os morros do município
detém uma excelente porção de mata nativa, o que incita à
preservação. Embora, muitas vezes, o meio ambiente dessas áreas
continue sendo destruído, principalmente, pelas ocupações
irregulares (Atlas Ambiental de Porto Alegre, 1998:83):
64
“Contudo, em grande parte dos morros tem-se verificadoimpactos negativos da organização, principalmente apartir da década de 70, como no caso das cavasocasionadas pelas pedreiras e da ocupação urbanairregular (...), que acabam muitas vezes por oferecer riscosà segurança da população”.
Além da necessidade de preservação desses locais, o
conjunto de terras altas do município de Porto Alegre (morros,
cristas e colinas) configura um potencial turístico pouco
aproveitado, e muitas vezes até mesmo ignorado. No mercado
turístico, segundo Castrogiovanni (1998), existe uma tendência de
se capitalizar o fator altitude. Os morros de Porto Alegre não
possuem nenhum tipo de infra-estrutura turística. Além de não serem
preservados de forma sustentável, não tem sido utilizados para o
turismo, nem para qualquer outra forma de recreação da população:
“Embora o fator altitude tenda a ser capitalizado comouma das grandes possibilidades para a apreensão dasbelezas, os morros de Porto Alegre encontram-sedesprovidos de condições de acesso, segurança eequipamentos. Enquanto algumas cidades constroemtorres para observação, nossos morros estão sendoinvadidos, com destruição do rico patrimônio natural”(Castrogiovanni, 1998:122).
Outro aspecto importante que faz de Porto Alegre a capital
nacional da ecologia é a cobertura vegetal que esta metrópole
apresenta. A origem e a diversidade da flora de Porto Alegre são
bastante peculiares, pois englobam espécies de ecossistemas muito
65
distantes. Segundo o Atlas Ambiental de Porto Alegre (1998:47), um
mosaico das formações vegetais que se formaram em Porto Alegre é
representativa de grande parte do Rio Grande do Sul, que é por sua
vez, limitador de distribuição meridional ou setentrional de várias
espécies de diferentes ecossistemas.
Atualmente, somente as áreas de maior dificuldade de
ocupação humana (encostas íngremes dos morros que graníticos, áreas
baixas sujeitas a inundações do Delta do Jacuí, e a porção sul do
município) são as que encontram a maior quantidade de área de
vegetação natural. Essas áreas mantêm remanescentes da diversidade
de flora e fauna do município.
Todo o contexto de degradação ambiental apresentado na
cidade outrora passou a ser o das ações preservacionistas da
atualidade, assim como no futuro, acreditamos que o turismo trará a
verdadeira consciência ecológica para a população. A qualidade de
vida dos moradores esta sendo priorizada pelo poder publico, e os
próprios moradores de áreas urbanizadas começam a perceber a
importância de conjuntos verdes perto do local de suas residências.
Não podemos deixar de citar a grande ocorrência de massas
verdes em muitos bairros urbanizados, relativamente próximos ao
66
centro da cidade, principalmente nos parques e praças, e também
existente em muitas ruas, onde árvores de grande porte produzem
verdadeiros túneis verdes.
Segundo o último levantamento, que buscou mapear as
vegetações naturais do município Porto Alegre, citado no Atlas
Ambiental de Porto Alegre (1998:53), mostrou que existem atualmente
oito tipos de formações vegetais na cidade, sendo quatro formações
florestais nativas, dois tipos de campos savanóides e dois tipos de
formações pioneiras das áreas úmidas.
Portanto, a cidade apresenta visualmente em relação à sua
cobertura vegetal a mesma variedade constatada quanto ao relevo e a
presença da água. Tal descrição foi feita por uma equipe da
Secretaria Municipal de Planejamento no ano de 1975, quando essa
Secretaria buscava elaborar um plano de preservação do ambiente
natural da cidade. Este plano (Plano de Preservação do Ambiente
Natural de Porto Alegre, 1975:92) descreve o aspecto paisagístico da
flora de Porto Alegre da seguinte maneira:
“Na área continental é significativa a variedade deespécies e de volumes vegetais em sua interdependênciacom a topografia, o solo, os cursos d'água, a insolação.Os nossos morros, quando em suas condições naturais,apresentam-se desprovidos de vegetação de porte emseus topos, enquanto em suas encostas encontramos
67
muitas vezes extensas manchas de mato, maissignificativas na encosta sul (...). Já os esporões rochososencontrados principalmente às margens do Guaíba,devido certamente a proximidade da água e à sua poucaaltura, apresentou-se totalmente cobertos por vegetaçãode porte em matos fechados”.
Neste mesmo estudo já se constatava que as agressões
ambientais em Porto Alegre tomavam rumos indesejáveis e
incompatíveis com a crescente consciência governamental em relação
aos aspectos ambientais. Alertava também que os patrimônios
naturais da cidade poderiam perder suas características originais
antes mesmo de serem descobertos pelos porto-alegrenses.
Esse tipo de situação, o desconhecimento dos habitantes
em relação aos ambientes naturais da própria cidade, trouxe a toma
uma preocupação que podemos, através do turismo, buscar algum tipo
de solução. Porto Alegre merece contar com a colaboração de seus
habitantes para preservar um patrimônio que é de todos nós. Integrar
estes ambientes à vida das pessoas, buscando assim, uma maior
consciência ambiental, para logo depois passarmos a promover uma
maior consciência turística.
Mesmo após diversos atentados à natureza na região do
município, podemos encontrar ainda, muitas espécies tipicamente
selvagens em Porto Alegres. Esta abordagem, assim como as anteriores
68
servem para delinear os aspectos paisagísticos da cidade e mostrar
qual o prisma de conservação encontrado nesses ambientes, pois a
fauna é a primeira a sofre com as agressões ambientais.
Todos os animais que compõem a fauna de Porto Alegre são
compartilhados com outras regiões do estado e dos países vizinhos.
Algumas pesquisas científicas indicam que Porto Alegre possuía uma
fauna muito mais rica que a atual e, alguns fatores determinaram para
que esse número de espécies diminuísse de forma significativa: a
história natural passada, ou seja, eventos e geológicos; o ambiente
atual, ou seja, o clima, vegetação e relevo; e a ação, voluntária ou
involuntária, do homem, modificando a cobertura vegetal,
destruindo os habitats, caçando e introduzindo novas espécies
(gado, pomba, pardal, rato, gato, cães e lebres). Sem dúvida, a ação
do homem foi a mais devastadora das ações que vieram a modificar a
fauna do município (Atlas Ambiental de Porto Alegre, 1998:59).
A grande maioria das espécies nativas remanescentes
encontro abrigo em refúgios naturais como em encostas de morros,
banhados, restingas nas margens do Guaíba e em algumas áreas de
preservação.
“O que resta de fauna nativa poderá sobreviver se foremgarantidas a preservação das áreas com matas e
69
banhados naturais e a implantação de mais parquesurbanos — abrigos de muitas espécies de aves — como oFarroupilha, o Marinha do Brasil e o Saint-Hilaire”(Atlas Ambiental de Porto Alegre, 1998:59).
Um dos exemplares mais expressivos da fauna de Porto
Alegre é o bugio ruivo. Este exemplar de primata é encontrado da
região sul do município. Por ser um animal selvagem necessita de
áreas relativamente grandes para que possam sobreviver; essas áreas
devem manter características de vegetação nativa para que isso
ocorra. Esses macacos ocorrem principalmente no Morro São Pedro e no
Morro da Extrema, assim como um de algumas partes do bairro Lami e da
Reserva Biológica do Lami.
Outro animal selvagem que encontrado na área do município
é o jacaré-do-papo-amarelo. Encontrado principalmente na região do
Parque Estadual Delta do Jacuí e em algumas áreas rurais do bairro
Lami, Belém-Velho e Cantagalo, onde seu principal predador é o
homem, que além de caçá-lo, destrói seu habitat.
Embora muitas espécies nativas da fauna de Porto Alegre
não sejam mais encontradas facilmente hoje, devido às antigas
agressões ambientais, podemos contar com diversos representes
significativo. Essa condição esboça um ambiente favorável ao
desenvolvimento turístico em áreas naturais.
70
Fez-se necessária à descrição da cidade, sua fauna,
flora, aspectos paisagísticos gerais e características singulares
em termos ambientais. Isso nos permite contar com maior conhecimento
da realidade. A realidade encontrada nos trará o embasamento
necessário para nossas reflexões sobre as possibilidades de
utilização destes na qualidade de atrativos turísticos,
propiciando a todos, turistas e autóctones, o despertar de uma
consciência ambiental.
O panorama global da cidade de Porto Alegre, seu prisma de
conservação ambiental, as medidas administrativas do município em
relação ao meio ambiente, assim como, cada vez mais presente, a
percepção do ecologicamente correto, cria o ambiente necessário
para começarmos a vivenciar de forma mais efetiva estes espaços.
Devemos torná-los mais próximos da população, sem comprometer
jamais, suas características naturais.
Assim, no terceiro capítulo, analisaremos a Política
Municipal de Turismo, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, com a
intenção de verificar o papel das atividades turísticas, no caso de
estudo — Roteiros Ecológicos — realizados nos anos de 2000 e 2001,
como instrumento metodológico de educação e preservação ambiental.
71
3 O ESPAÇO URBANO COMO CENÁRIO DO TURISMO SUSTENTÁVEL
3.1 A DIFÍCIL TAREFA DE DESENVOLVER O TURISMO SUSTENTÁVEL
NAS LOCALIDADES URBANAS
Férias compreende necessariamente descanso e ruptura do
cotidiano. Deve ser por este fato que as pessoas buscam viajar, para
que possam se sentir verdadeiramente prontas, para poder realizar
suas férias. A usual concepção de férias e descanso mais uma vez
ganha a batalha, e vão os turistas em busca de um novo lugar e, sem
sentirem nenhuma culpa, transformam-no, na maioria das vezes em um
novo pólo turístico massificado/degradado.
A expansão demográfica mundial, que prevê 10 bilhões de
habitantes no planeta no ano de 2050, provocará um aumento
exponencial por ambientes cada vez mais escasso, como é o caso das
paisagens naturais preservadas.
A crise ecológica mundial ignora toda e qualquer
fronteira nacional. Os problemas ambientais se dividem entre os
países industrializados onde inicia-se pela contaminação das
águas, envenenamento dos solos, urbanização maciça de regiões
ecologicamente frágeis, chuvas ácidas, depósitos de detritos
nocivos. Nos países não industrializados são verificados processos
como desertificação, desmatamento, erosão e sanilização dos solos,
inundações, assoreamento e morte de rios, urbanização
irresponsável, criando gigantescos conglomerados urbanos
envenenados por diversos gases tóxicos, que causam inúmeros
problemas de saúde.
O agravamento desses problemas ambientais, em nível
global, faz com que cresça a preocupação com os aspectos ambientais
do planeta. Primeiramente, apenas algumas entidades específicas
preocuparam-se com os perigos da degradação ambiental. Porém, em
1992 a conferência do Rio, desenvolveu programas de pesquisas e de
ação internacionais, para conciliar a necessidade de proteção
ecológica e as necessidades desenvolvimento econômico do terceiro
mundo, propondo a idéia de desenvolvimento sustentável.
Um dos conjuntos de ações lançados pela conferência do Rio
92 é a Agenda 21. Voltada para a sociedade civil apresenta ações
74
concretas para viabilizar a melhoria das condições de vida das
populações dos centros urbanos, sugerindo um desenvolvimento que
contemple questões sociais e ambientais.
Porém, a idéia de desenvolvimento sustentável proposta
pela Rio 92, depara-se diretamente com o problema cultural e
ecológico.
"É apenas um começo. A deteriorização da biosferacontinua, a desertificação e desmatamento tropical seaceleram, a diversidade biológica decresce. A degradaçãocontinua avançando mais rápido que a regradação”(Morin, 1995:74).
A qualidade de vida dos grandes centros urbanos está cada
vez mais deteriorada. O ser humano busca, então, sair das cidades em
busca de algum ambiente natural ainda preservado. E para isso,
viaja. Não podemos negar que atualmente, o turismo está cada vez mais
presente na nossa vida. A sociedade atual não se pergunta mais "por
que viajamos?". A sociedade do trabalho criou um homem estressado,
que necessita das férias, e que sem estas, não poderia mais suportar
a rotina diária que vive.
Krippendorf (2000) afirma, que as cidades não criam um
ambiente propício e saudável aos seus habitantes. Cada vez há mais
subúrbios e menos áreas verdes, assim como são cada vez menos
75
agradável e acolhedor nossos lares; não consideramos estes locais
onde se possa viver o lazer. Por isso cada vez mais os moradores dos
grandes centros viajam com mais freqüência nos finais de semana do
que os habitantes de pequenas cidades. Muitas vezes constatamos que,
em apenas um ano, muitos moradores de grandes metrópoles, viajam
mais que muitas vezes, moradores de pequenas cidades, viajam a vida
inteira.
Diante desse cenário: a cidade como um lugar de ambientes
degradados, associados com problemas de saúde, surge um grande e
novo desafio urbano, que é o de criar espaços urbanos, que não
reproduzam os estilos de vida de hoje, segundo o pesquisador
espanhol Ramon Folch (Atlas Ambiental de Porto Alegre, 1998:194).
A atual falta de conhecimento das opções existentes em
suas cidades, a má qualidade de vida das grandes cidades e também, o
fato dos turistas não conhecerem as conseqüências em cadeia, que
cada viagem que realizam acarreta no núcleo receptor,
ambientalmente e socialmente. Esse aspecto negativo faz com que
surja a visão de turista indesejável.
A construção de não-lugares (Las Vegas, Cancún, Las
Leñas) aproveitam-se de recursos naturais locais, instalando-se
76
nestes, grandes empreendimentos de corporações transnacionais,
criando-se espaços totalmente artificiais. Os planejadores
turísticos criadores desses espaços, acreditam que dessa forma,
eliminam o incômodo da pobreza e o maléfico choque cultural entre
turistas e autóctones.
Grande parte do mercado turístico internacional se
enquadra nesse tipo de prática. Com isso cria-se uma lacuna, que em
pouco tempo tende a atrair grandes fluxos de turistas cansados dos
não-lugares, exigentes em relação à diversidade cultural e natural.
O ecoturismo, ou turismo sustentável, representa uma
importante modalidade de turismo com imenso potencial no Brasil e
também, em Porto Alegre. Esse tipo de turismo busca romper com as
relações artificiais, proporcionadas pelos não-lugares, busca um
contato com a realidade.
“Trata-se, portanto, da renovação do turismo, cuja clientela busca a
calma, as aventuras e o conhecimento mais profundo das regiões visitadas”
(Ruschmann, 1997:21).
Dentre as dez metas para o turismo, citadas pela Embratur
(Empresa Brasileira de Turismo) em sua Política Nacional de Turismo
— Diretrizes e Programas (1996 – 1999) apenas uma está diretamente
77
relacionada com a proteção ambiental, as outras nove priorizam
aspectos econômicos. Nesta meta, o turismo:
“... alicerçado nas potencialidades naturais do maior paístropical do mundo, pode cooperar de maneirasubstantiva como instrumento de desenvolvimentoregional sustentável, tendo como resultados a proteçãoao meio-ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.”
Neste mesmo documento a Embratur (1996 – 1999:9) cita como
seu objetivo geral:
"Contextualizar o ecoturismo como fator de desenvolvimento
sustentável e produto âncora do turismo nacional, ainda que qualitativo e não-
quantitativo”.
Para em Embratur (1996 – 1999:9), o ecoturismo surge como
com um dos mais inteligentes instrumentos, para a viabilização
econômica, dos recursos naturais de forma correta, proporcionando
uma fonte de recursos, que poderá proporcionar uma vida melhor para
os brasileiros, assim como assegurar a futuras gerações, acesso aos
legados da natureza. E para isso a Embratur pretende fomentar a
formação e capacitação de pessoal, para as atividades de ecoturismo.
Esse tipo de abordagem reducionista da problemática
ecológica e também do desenvolvimento econômico, incita os
municípios a se agregarem a esta maravilhosa força de progresso e
78
desenvolvimento. Essa abordagem induz os municípios a crerem que o
crescimento econômico será suficiente para que surjam os
desenvolvimentos morais, sociais e psíquicos, e ignora todos
problemas humanos da identidade, da comunidade e da cultura. Para
Ruschmann (1997:62):
“Apesar dos esforços para seu desenvolvimento em nívelmundial, principalmente nos países com recursos naturaisintocados, questiona-se se o ecoturismo pode realmentecontribuir para a conservação dos ecossistemas dascomunidades receptoras, protegendo-os, apesar davisitação e da construção de equipamentos específicos.”
Portanto acreditamos que se faz necessária a intervenção
por meio de ações planejadas, que poderão conduzir a uma evolução
favorável para todos, inclusive as próprias destinações.
Para a autora, a qualidade de uma destinação vem sendo
avaliada com base na originalidade de suas atrações ambientais, e no
bem-estar que elas proporcionam aos visitantes. Esse turista ávido,
e sua busca por ambientes naturais preservados, levantam uma questão
muito relevante no âmbito do planejamento, estipular o fluxo
aceitável em determinadas áreas naturais sem que se comprometa o
ecossistema, ou seja, a capacidade de carga de determinado ambiente.
Em 1981 a OMT (Organização Mundial de Turismo) definiu a capacidade
de carga, ou saturação como sendo:
79
“... o ponto, a partir do qual, o ambiente físico, econômicoe social será degradado, levando à destruição da imagemturísticas com o conseqüente descontentamento dovisitante e a penalização da qualidade de vida dacomunidade residente.”
Analisando os aspectos econômicos desse tipo de situação
— limitação do acesso de pessoas em determinadas áreas — podemos
dizer, que isso gerará uma demanda maior que a oferta e,
conseqüentemente, aumento nos preços das viagens para os turistas,
tornando novamente o turismo, uma opção para os mais privilegiados
economicamente. Não podemos abrir mão dos recursos naturais, em nome
do poder econômico.
“Uma boa gestão territorial envolve o reconhecimento e o
estabelecimento dos limites que não podem ser ultrapassados em nome do
desenvolvimento” (Ruschmann, 1997:79).
O que a população conhece de Porto Alegre? Qual o grau de
conhecimento dos atrativos da cidade? Como as pessoas agem em
relação ao meio em que vivem?
As pessoas agem de acordo com a percepção que têm do meio
em que vivem e, do grau de respeito e comprometimento com este, está
diretamente ligado às concepções que cada indivíduo faz do meio
ambiente do qual faz parte. Acreditamos que grande parte das
80
pessoas, não tem a mesma capacidade de compreender, que nossas
atitudes de desrespeito em relação ao meio ambiente, serão as
maiores preocupações das futuras gerações.
Devemos despertar nas pessoas a vivência ecológica. A
melhor forma de preservar é conhecer e, para isso, o turismo pode, e
deve ser, uma das opções, pois trará de forma prazerosa esse
conhecimento e reconhecimento para daí então, partir para uma forma
mais complexa e ampla de conhecimento que é a consciência possível.
"Nas grandes cidades — como Porto Alegre, por exemplo—, as atividades turísticas devem receber maior atençãode seus administradores, empresários e instituiçõesacadêmicas, não com o intuito único de oferecer melhoroferta turística ou captar um maior contingente deturistas, mas no de oferecer uma atitude de cidadã, emque está incluído o lazer e a recreação para seus próprioshabitantes. Para tanto, o conhecimento e oreconhecimento dos espaços urbanos torna-seindispensável” (Castrogiovanni, 1998:115).
A educação turística das pessoas deverá surgir,
primeiramente no meio em que vivem, para depois poder ser usado em
outras partes, por exemplo, para onde viajamos. O poder de
sensibilização que o turismo exerce não deve ser desprezado, pois
fornece os subsídios do despertar de um novo turismo, o qual
Krippendorf (2000) chama de turismo emancipado.
81
É um turismo pensado de forma global. No qual os turistas
se perguntam se é de fato necessária a viagem de todo final de semana,
que outrora era tão comum. Pessoas que sentem prazer na sua vida
cotidiana, por dispor de inúmeros recursos oriundos do
desenvolvimento e, mesmo assim achar nas coisas simples que estão à
sua volta, o prazer. Prazer que é tão procurando nas viagens atuais
e, cada vez mais difícil de se ter. Enfim, esse novo preceito de
Turismo, faz com que os turistas busquem nas viagens, mais do que
possa simplesmente ser comprado, buscam conquistas pessoais que
tragam a emancipação do homem.
Esse tipo de turismo propõe um contato mais real com as
pessoas, e não apenas o contato meramente comercial. Mesmo em
pacotes turísticos que buscam esse tipo de contato — os pacotes de
Ecoturismo — não conseguem ter total êxito. O abismo sócio-cultural
existente entre visitantes e visitados, além das distintas
situações em que se dá o contato — o autóctone trabalhando e o turista
se divertindo — favorece a não transposição das barreiras de um mero
tratamento comercial.
Essa questão é pouco abordada em projetos de
desenvolvimento turístico, muito por causa da subjetividade do
tema. Para Swarbrooke (2000:109):
82
“A dimensão social do turismo tem recebido menosatenção no debate do turismo sustentável do que oimpacto ambiental do turismo. Talvez seja assim por queos impactos sócio-culturais do turismo geralmenteocorrem de maneira vagarosa e discreta com o passar dotempo. Eles são também em grande parte invisíveis eintangíveis. Contudo, o impacto social do turismogeralmente é permanente, com pouca ou nenhumaoportunidade de reverter as mudanças uma vezocorridas”.
Essas mudanças, às quais se refere o autor, podem e devem,
ser transformadas em mudanças positivas. Por exemplo, a mudança da
percepção social conjunta, que cada indivíduo é responsável pela
preservação ambiental, e que juntos podemos criar cidades mais
agradáveis e humanas, locais propícios para nossos filhos e netos,
onde seja possível viver.
Muitas vezes os núcleos receptores criam um conflito
social com os turistas, outras vezes, começa a se apropriar da
cultura dos turistas, e outras ainda, faz com que surjam movimentos
anti-turistas. A grande causa desse problema é que os núcleos se
desenvolvem sem consultar os autóctones e de todos os conflitos que
surgem, talvez o problema mais grave seja a perda de identidade
cultural do povo.
83
Diante desses problemas, muitas organizações
internacionais e nacionais que promovem a implantação de planos de
desenvolvimento sustentável, não apenas no âmbito turístico.
Os princípios de sustentabilidade segundo Molina
(1994:100) são:
Respeitar e cuidar a comunidade dos seres vivos;
Melhorar a qualidade de vida humana;
Conservar a vitalidade e diversidade da terra;
Reduzir ao mínimo o esgotamento dos recursos não-
renováveis;
Manter-se dentro da capacidade de carga da Terra;
Modificar as atitudes e praticas pessoais;
Facultar as comunidades que cuidem do seu próprio meio-
ambiente;
Proporcionar um marco nacional para a integração do
desenvolvimento e da conservação;
Forjar uma aliança mundial.
84
Hoje em dia é mais fácil constatar, que diversas
localidades receptoras de turistas não aceitam mais as
conseqüências negativas do tradicional desenvolvimento turístico,
que privilegia os aspectos econômicos sobre qualquer outra
dimensão. Segundo Molina (1994), isso se deve pelo aumento das
preocupações acerca da qualidade ambiental, levando muitos países a
compatibilizar as necessidades de desenvolvimento turístico com a
conservação dos recursos naturais.
Porém, poucos são os países que desenvolvem um plano de
desenvolvimento sustentável, que busque comprometer as outras
áreas relacionadas com o turismo para criar iniciativas
multisetoriais.
Devemos prevenir os impactos ambientais, não apenas
concentrando os esforços em um desenvolvimento sustentável apenas
do patrimônio natural, é preciso que este desenvolvimento abranja
também todos os atrativos e equipamentos turísticos.
Atualmente são comercializados atrativos naturais. O
sol, o mar, o verde das florestas, os animais selvagens, os índios
são postos à venda, como se as operadoras de turismo tivessem posse
desses locais. O mercantilismo consegue destruir as relações
85
humanas, pessoais, as relações gratuitas, além das coisas que se faz
por prazer, como a receptividade ao visitante.
Partindo desse panorama, muitas pessoas consideram o
fenômeno turístico, enfatizando apenas aspectos de caráter
econômico, isso passaria a menosprezar a totalidade deste fenômeno.
Porém acreditamos não ser o aspecto econômico a questão
mais importante do turismo. Esse tipo de ênfase é bastante perigosa e
superficial. Devemos ter clareza, que além dos benefícios
econômicos que o turismo traz para as localidades receptoras, existe
também inúmeros custos, que devem ser considerados em todo e
qualquer plano de desenvolvimento turístico. Esclarecer as
comunidades receptoras, de que além de inúmeras vantagens, o turismo
também traz muitos são inconvenientes e perigos. Faz-se necessário
um maior esclarecimento turístico para a população.
Esses custos aos quais me refiro são, na maioria das
vezes, pagos de maneira desigual entre autóctones e turistas, pois
muitas vezes, o turismo que se desenvolve em países pobres é, de
certa maneira, financiado pelo Estado, que através de incentivos
fiscais e muitas vezes, através de financiamentos diretos a
empreendimentos turísticos, deixa em segundo plano seus
86
compatriotas. Esse tipo de procedimento não está de forma alguma
dentro das premissas de um desenvolvimento turístico sustentável.
Outro perigo, existente na tentativa de se desenvolver
turismo a qualquer preço em alguma região, é o da monocultura
turística, que torna a localidade receptora muito vulnerável às
oscilações do fluxo de turistas. O turismo deve se desenvolver,
então, dentro das bases da economia local, como um suplemento, para a
partir daí, se tornar a base da economia.
A necessidade de priorizar o bem-estar da população foi
apontado pela OMT (Organização Mundial do Turismo, 1999), como uma
das prioridades das ações mais essenciais para um município, que
tenha interesse em desenvolver atividades turísticas.
A questão fundamental, dos planos de desenvolvimento
turístico, dos órgãos governamentais, deve ser a de despertar uma
percepção política de turismo na população, desta forma a população
passaria a ter uma maior interação com o fenômeno turístico. Saber
qual a importância econômica, qual a função de preservação que o
turismo poderá trazer — se bem estruturado for — além da questão de se
preservar a própria cultura e identidade local, sem falar dos
inúmeros benefícios sociais (infra-estrutura, educação, saúde,
87
etc). Diante disso, surge uma das máximas do turismo: “ uma cidade só
poderá ser bem vista pelos turistas, se de fato, for bem quista pela sua população”.
Outro aspecto importante, que deve estar totalmente
presente é, que seja imprescindível a presença de um grupo
multidisciplinar (e que, neste grupo, exista pelo menos um bacharel
em turismo), para desenvolver e implantar um plano de
desenvolvimento turístico. Priorizar o Turismo indica uma decisão
supra-política, que indica qual o verdadeiro interesse dos
governantes de um núcleo, em relação à atividade turística e sua
sustentabilidade.
Esse plano de que falamos, deve ser elaborado dentro dos
pressupostos de sustentabilidade. Daí então a necessidade de se
promover um desenvolvimento turístico sustentável economicamente,
socialmente, culturalmente e ambientalmente.
Quando falamos em desenvolver turismo deve-se ter clareza
dos objetivos do núcleo receptor (estado), das comunidades
envolvidas com o turismo (direta ou indiretamente) e de saber quais
são os objetivos dos turistas para realizar suas viagens.
Obviamente para que possamos desenvolver o turismo em um
determinado local, é necessário que exista algum tipo de atrativo
88
(belezas naturais, festas típicas regionais, eventos, o patrimônio
histórico/cultural, etc.). Dentro desses aspectos Porto Alegre
conta com inúmeros atrativos, que poderão fazer da cidade um grande
destino turístico.
Partindo deste panorama, devemos falar um pouco sobre a
importante função dos governos (em todos os níveis) de propiciar
melhores condições de vida para toda população. As atuais
administrações públicas devem tomar consciência de que os gastos
realizados em infra-estrutura são, na verdade, investimentos em
longo prazo.
Se determinada cidade, que visa o desenvolvimento
turístico, busca sanar os problemas dentro do seu território,
inclusive facilitando e incentivando a mesma atitude por parte das
cidades vizinhas, será muito mais fácil, e viável, o desenvolvimento
planejado do turismo, dentro das bases das sustentabilidade.
Antes de tudo, é necessário que tenhamos clareza da
importância do poder público para desenvolvimento do turismo
sustentável. Os governantes devem tomar algumas medidas
político/administrativas para que seja viável, e seguro, o
desenvolvimento local/regional da atividade turística.
89
E acreditamos que a medida mais importante a ser tomada
por qualquer gestão pública do turismo, deverá ser a de criar uma e
educação para o turismo. Uma dessas medidas deve ser a educação
ambiental, para Ruschmann (1997:75):
“É inegável o compromisso da atividade turística com aconservação de diversidade biológica, ou que odiversidade, considerada o recurso global composto pelavariedade e variabilidade de todas formas de vida noplaneta terra, sejam elas de ocorrência natural odomesticados pelo homem” (IB – USP, 1991b ).
Por educação ambiental, devemos entender, que não somente
os cidadãos e os turistas devem ter consciência da estreita ligação
da existência de vida no planeta, com a necessidade de preservação
ambiental, mas também o poder econômico deve adotar uma postura mais
ética, evitando a atual visão de buscar lucro em curto prazo e a
qualquer preço. Pois, segundo Ruschmann (1997:75):
"... Esta produzirá lucros a curto prazo e de curta duração,ao passo que os investimentos de longo prazo voltadospara minimização dos impactos do turismo sobre o meioambiente gerarão oportunidades e lucratividade por umtempo maior e contribuirão, ainda, para odesenvolvimento do turismo.”
Precisamos muito mais que estipular capacidade de carga,
formar recursos humanos aptos a trabalhar com a natureza, utilizar
técnicas para zoneamento de áreas ambientalmente frágeis;
90
precisamos educar para um novo mundo, onde o homem não busque a
natureza para domina-la, mas sim para formar uma relação que busque a
continuidade de ambos e, traga sua humanização.
Dentro do contexto de se desenvolver Turismo Sustentável
em áreas naturais, é imprescindível que a população local e os
turistas tenham clareza da importância global daquele ecossistema,
do qual estão desfrutando economicamente ou por fruição. Para a OMT
(1983:23) citado por Ruschmann (1997:28), o Estado tem a obrigação,
entre outras coisas, de preparar os cidadãos para o turismo.
3.2 OS DESAFIOS DE SENSIBILIZAÇÃO ECOLÓGICA ATRAVÉS
DASPRÁTICAS TURÍSTICAS EM PORTO ALEGRE
Porto Alegre possui em suas diretrizes e planos de
desenvolvimento, alguns fatores que norteiam suas ações, pois
diversas atitudes da municipalidade de Porto Alegre primam pela
população, e pela preservação de seus ambientes naturais,
proporcionando dentro das possibilidades, um desenvolvimento
sustentável.
Muitos dos atrativos que citamos no capitulo anterior,
aos quais tecemos uma pequena análise acerca de suas potencialidades
91
turísticas, já estão de certa forma presentes em alguns Roteiros
Ecológicos, realizados pelo Escritório de Turismo de Porto Alegre,
em parceria com a Secretária Municipal de Meio Ambiente.
Esses roteiros são especialmente desenvolvidos para
apresentar aos moradores e aos visitantes: “... a Porto Alegre das
diferentes paisagens que foram se delineando, ao longo dos séculos, no dialogo
entre cultura e natureza” (Folder Roteiros Ecológicos: Porto Alegre
Turismo/ Secretaria Municipal do Meio Ambiente).
O grande desafio atual para o Turismo em Porto Alegre se
situa, na condição de conciliar os Roteiros Ecológicos, com a
necessidade de formarmos cidadãos-turistas sensíveis para questões
ambientais, muito mais do que sugere o clichê: “levar apenas fotografias,
deixar somente pegadas”. A necessidade atual esta situada na condição de
inserirmos na população uma atitude sustentável, que pode se
traduzir em ações diárias de preservação ambiental, e não apenas uma
presença e atuação de mero observador por parte dos turistas.
As pessoas, através dessa nova sensibilidade adquirida
passarão a sentir a força conjunta de suas ações em nível global e,
surgindo então essa percepção, poderemos desenvolver um Turismo
92
responsável e, portanto duradouro, que ajudará a preservar e a
educar, a população local e turistas que vivenciam Porto Alegre.
O Turismo apresenta hoje uma indiscutível força de
mudanças de atitudes, ou pelo menos, muitos turistas buscam uma nova
forma de conciliar suas viagens com percepções ambientalmente
corretas e sustentáveis, tanto em termos ecológicos, quanto em
termos sociais. Essa mudança de atitude das pessoas e em relação ao
que consomem turisticamente — o Ecoturismo — sugere novos rumos para
o planejamento dos destinos turísticos.
Conciliando essas tendências atuais, que simplesmente
traduzem o desejo — cada vez mais arduamente buscado pelas pessoas —
de contato com a natureza, aliando a possibilidade de apresentarmos
uma nova Porto Alegre, até então desconhecida para grande parte de
seus habitantes, o Escritório Municipal de Turismo criou os Roteiros
Ecológicos em Porto Alegre.
Esses Roteiros se baseiam em atividades sustentáveis, que
são usualmente chamadas de Ecoturismo ou Turismo Ecológico:
"... é a prática dessa atividade em áreas naturais nativas,pouco alteradas ou já recuperadas, que utiliza opatrimônio natural de forma sustentável, incentivandosua conservação, promovendo a formação de uma
93
consciência ambientalista e garantindo o bem-estar daspopulações envolvidas” (Goidanich, 1998).
Todos os autores que prescrevem suas definições desse
tipo de turismo, enfatizam a preservação ambiental,
conscientização dos turistas e satisfação dos autóctones. Segundo
Tonial (1999:90):
“Entendemos por Ecoturismo toda a atividade turísticarealizada em área natural que possui potencialidades,considerando essa prática com a conservação do meioambiente, proporcionando conhecimento, prática deatividades de lazer, bem como a realização de pesquisascientíficas. Importante que nesta relação se proporcionemmelhorias nas condições de vida da localidade, quemantenham o nativo em seu local de origem, sem excluí-los”.
Atualmente, e cada vez mais, as questões ambientais
aparecem em pautas de seminários, congressos e conferências, porém
em Porto Alegre, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente realiza há
18 anos a semana do meio ambiente. Um evento que busca apresentar
todas as ações realizadas pela secretaria no decorrer do ano,
propiciando a população uma programação bastante variada. Dentro
dessa programação estão incluídos diversos Roteiros Ecológicos,
que buscam mostrar à população, além das belezas naturais dos locas
visitados, a necessidade de preserva-los. O trabalho desta
Secretaria pode ser presenciado na qualidade de vida da população,
94
que dispõe de grandes ilhas verdes, qualidade do ar monitorada,
conservação dos recursos naturais da cidade, etc.
Os habitantes de Porto Alegre estão se tornando turistas e
receptores dentro da própria cidade. Proporcionar os benefícios do
turismo — e aumentá-los — torna-se o novo desafio para a
municipalidade de Porto Alegre. Para isso muito já esta sendo feito
pelo Escritório Porto Alegre Turismo e pela Secretaria Municipal do
Meio Ambiente (SMAM), que juntos desenvolveram os Roteiros
Ecológicos, que buscam superar tal desafio, além dos já
anteriormente citados.
Os roteiros buscam apresentar aos turistas, as paisagens
desconhecidas da cidade, fazendo-os estranhar Porto Alegre. Também
aplicam o conceito de turista-cidadão, pois a grande maioria dos
porto-alegrenses não tem conhecimento das belezas naturais da
própria cidade e busca em outras, um contato com ambientes naturais.
Na área do Delta do Jacuí são realizados dois Roteiros
Ecológicos: o da Ilha da Pintada e o do Delta do Jacuí. Em ambos a
visitação ocorre por meio de passeios de barco, percorrendo os
canais e permitindo aos visitantes/turistas, desfrutar de uma das
paisagens onde a natureza se encontra mais preservada no município.
95
No primeiro desses roteiros, o da Ilha da Pintada, os
visitantes são conduzidos através dos canais pelos pescadores
locais, isso demonstra princípios de sustentabilidade nas ações do
planejamento desses roteiros. O outro fato que demonstra isso, é o de
o almoço oferecido nesse roteiro — a base de peixes, incluindo o
famoso peixe-na-taquara —utiliza um prato típico do local, e por
ultimo prestigia a atividade predominante nesta ilha, que é a pesca.
Já no roteiro do Delta do Jacuí, tem uma duração de três
horas, nas quais se visita a algumas das ilhas do Parque Estadual
Delta do Jacuí. O maior mérito deste roteiro é que busca mostrar à
população, e aos turistas, uma Porto Alegre desconhecida, que
apresenta neste local com ecossistema preservado e de extrema
importância.
Um dos roteiros desenvolvidos na região sul do município é
o roteiro Lami e Reserva Biológica. Este roteiro visa apresentar aos
visitantes a única reserva ecológica da capital e, sua fundamental
importância ecológica, pois nela existem animais e plantas
ameaçados de extinção. Busca também mostrar a primeira praia do
Guaíba que dispõe de balneabilidade propícia para o banho, depois de
ter sido recuperada através de um plano de despoluição. Esse passeio
tem duração total de quatro horas, que inclui visita a reserva
96
biológica do Lami, visita a uma propriedade de produção
agroecológica, além de caminhada na praia e café colonial do bairro.
O Parque Jardim Botânico também é aproveitado em um dos
roteiros ecológicos, o roteiro tem duração de quatro horas, que
inclui visitação a este local, que conta com um grande acervo de
espécies nativas, entre outras. A grande virtude deste roteiro é
propiciar aos visitantes atividades de educação ambiental, além é
claro de proporcionar um maior contato com a natureza.
O Roteiro Interparques busca, através de visitas
orientadas, mostrar aos visitantes essas importantes ilhas de vida
natural que possuem fauna e flora exuberantes, além de serem áreas de
lazer. Este roteiro permite aos visitantes uma maior integração com
ambientes naturais, além de tentar integrar a comunidade estes
espaços.
O Morro do Osso, o Morro São Pedro e o Santana formam,
juntamente com os outros morros do município, um importantíssimo
reduto da flora e fauna nativas da cidade. Portanto, como não poderia
deixar de ser, os morros de Porto Alegre também foram contemplados
com roteiros ecológicos.
97
Todos os roteiros dos morros possuem uma duração de quatro
horas, nas quais é possível presenciar toda a riqueza desses
ambientes. São realizados através de trilhas orientadas, e seus
principais méritos são propiciar aos visitantes um contato com a
natureza que, geralmente imaginavam não ser possível dentro de uma
grande cidade. O grau de preservação apresentado nesses locais
incita à processos de conscientização ambiental aos habitantes e
turistas.
Além do roteiro Lami, outros quatro contemplam a zona sul
do município: Roteiro Belém Velho, Roteiro Belém Novo, Roteiro Pôr-
do-Sol e Roteiro Caminhos do Lixo. Todos esses roteiros buscam
induzir o turista a não acreditar que esta dentro de uma grande
metrópole.
Devemos destacar o roteiro Caminhos do Lixo, por este
apresentar um grande papel no âmbito de educação ambiental, tratando
a questão de reciclagem do lixo, poluição e importância das atitudes
diárias de todos nós. Esse mesmo aspecto caracteriza também o
Roteiro Pôr-do-Sol.
Buscando saber qual a satisfação atingida pelo público
nesses Roteiros, buscamos os dados das pesquisas que são realizadas
98
pelo Escritório Municipal Porto Alegre Turismo durante estes, para
que com isso, possamos saber o que os participantes acharam dos
passeios e saber também qual o seu perfil, assim como as suas
impressões positivas e negativas.
Para isso uma avaliação dos dados é de extrema
importância. Os dados pesquisados foram os dos Roteiros Ecológicos
realizados durante as Semanas Comemorativas de 2000 e 2001 (Semana
de Porto Alegre, Semana do Meio Ambiente e Semana da Primavera).
A maior mudança percentual observada, nestes dois anos
pesquisados, foi no quesito acréscimo de participantes, que de um
ano para o outro aumentou em 481 indivíduos participante, ou seja,
15,2 %. Todos os demais dados, referentes aos outros itens da
pesquisa, permaneceram com pouca alteração em relação ao ano
anterior. Vamos nos deter com os dados qualitativos da pesquisa.
O primeiro dos dados relevantes, se refere ao perfil das
pessoas que participaram dos Roteiros. Quase a metade das pessoas
possui nível superior de formação (completo + incompleto), isso
demonstra a relevância e importância que as questões ambientais
representam para pessoas com uma melhor formação intelectual.
99
Outro dado interessante é que a grande maioria das pessoas
que participaram moram em Porto Alegre (aproximadamente 80%). O que
demonstra o grau de interesse dos porto-alegrenses em sua própria
cidade, mesmo diante de uma amostra com pequena representatividade
em termos quantitativos. Hoje, sabemos que o poder de opinião de
grupos mais intelectualizados, influenciam e desencadeiam novos
“consumos” ou novas tendências. Assim, surge uma tendência, ou
demanda latente, na população local sob o tema ambiental. Embora o
grau de ocupação nesses não fosse muito elevado (67%), é bastante
significativa a presença de habitantes da cidade nos Roteiros.
A idade, assim como a profissão dos turistas nos Roteiros
Ecológicos, é bem eclética, com uma ligeira predominância de
aposentados, profissionais liberais e estudantes, assim com ao de
pessoas com mais de 60 anos. Esses dados demonstram uma participação
de pessoas com maior tempo livre disponível, por esse motivo devemos
considerar que o publico potencial desses passeios é bem maior, pois
o perfil dos ecoturistas inclui um bom numero de pessoas que não
dispõe de muito tempo livre, como empresários, por exemplo.
O crescente interesse global por um Turismo realizado em
ambientes naturais preservados, é comprovado pelas pesquisas
100
realizadas durante os Roteiros, conforme anexo. Sendo que os mais
procurados são os que maior contato com a natureza proporcionam.
Outro dado que comprova a atratividade desses ambientes,
é a descomunal diferença presenciada, entre o número de
participantes dos Roteiros Ecológicos sobre o de participantes dos
Roteiros Culturais. Em 2001, por exemplo, o Roteiro Ecológico que
menos participantes obteve contou com 120 pessoas, enquanto o
Roteiro Cultural com maior número de turistas, durante o mesmo
período, obteve 45 participantes.
Em relação à duração dos roteiros, as respostas foram
satisfatórias (excelente + bom) em aproximadamente 90 %, o que
indica que são passeios com um bom nível de atratividade, além de não
serem considerados cansativos nem monótonos, indicando com isso,
maiores possibilidades de se incrementar a atividade nesses locais.
Um dos levantamentos dessas pesquisas, no que diz
respeito à conservação ambiental dos locais visitados, foi que
aproximadamente 70% dos participantes responderam que esses locais
têm um bom nível de conservação (excelente + bom), porém
aproximadamente 23% não acharam satisfatórias as condições de
conservação ambiental desses locais. Esse índice sofreu pouca
101
alteração de um ano para outro (2000/2001), o que indica por um lado,
que não houveram grandes progressos em questões de educação
ambiental, limpeza do local e/ou despoluição. Por outro lado, esses
mesmos dados demonstram que, pela percepção dos participantes,
esses locais não sofreram nenhuma grande degradação de um ano para
outro.
Dentro deste panorama, e com base nos dados coletados no
capitulo anterior, podemos concluir que poucos centros
industrializados podem contar com a quantidade, e a qualidade, de
atrativos naturais, como a cidade de Porto Alegre pode oferecer.
Nos dois anos, em que foram pesquisados os participantes
dos Roteiros Ecológicos, o que mais os agradou, em linhas gerais,
foram: o contato com a natureza, a educação a ambiental, o bom
atendimento, as explicações do guia e a receptividade do grupo.
Esses dados nos permitem concluir que a qualidade apresentada nos
Roteiros Ecológicos condiz com a expectativa dos participantes.
Os aspectos que menos agradaram os participantes foram
justamente questões conflitantes com os aspectos positivos: a
presença do lixo e a falta de conscientização ambiental da população
foram os quesitos que mais foram lembrados, além desses, também foi
102
citada a questão da falta de infra-estrutura básica, o que demonstra
que estas vivências propiciam a sensibilização ecológica, pois este
morador, que muitas vezes pratica atos impactantes ambientalmente,
compara e critica “os outros” moradores da cidade que não preservam a
natureza local. Essas experiências turísticas ambientais são
possíveis caminhos pedagógicos para a preservação, onde teoria e
prática são contestadas.
Uma questão que chamam muita atenção e também é uma das
mais relevantes nessa pesquisa, é que quase 95% dos participantes
aprovaram os roteiros. A avaliação do guia, assim como a recepção dos
passeios obteve aproximadamente o mesmo grau de satisfação. A
avaliação desses dados nos permite concluir que esses passeios
buscam preencher uma lacuna até então existente, o Ecoturismo em
Porto Alegre. É importante ressaltar que a formação dos guias
ecológicos, assim como os roteiros são processos construídos a
partir de concepções de sustentabilidade ecológica, com
profissionais multidisciplinares da SMAM e Escritório Municipal de
Turismo, onde Bacharéis de Truísmo e ambientalistas constróem
possíveis intervenções humanas no espaço natural, inclusive os
folders são representativos dessa preocupação.
103
Outro dado que chama muita atenção é que mais de 80% dos
participantes responderam que realizaria um novamente o mesmo
roteiro, e vale lembrar que esses questionários eram aplicados logo
após a conclusão dos passeios. Isso indica o elevado grau de
atratividade dos roteiros. Obviamente devemos considerar que a
qualidade do serviço oferecido é um aspecto bastante relevante, pois
todos estes fatores indicam uma forte tendência que estes roteiros
deixem de ser em caráter experimental (roteiros piloto) e passem a
ser explorados de forma permanente, durante o ano inteiro, através
de agencias receptivas, mas sob a fiscalização do Poder Público.
Todas as ações da municipalidade de Porto Alegre,
especialmente da Secretaria de Meio Ambiente e do Escritório
Municipal – Porto Alegre Turismo tornam evidentes as prioridades de
seus planos de governo. Através dos Roteiros Ecológicos podemos
perceber a presença de elementos norteadores, como os princípios de
sustentabilidade.
A atual condição de busca da natureza pela sociedade
também pode ser comprovada através das pesquisas. A procura desses
roteiros, assim como a satisfação alcançada por estes, indica uma
mudança de postura dos habitantes em relação à própria cidade. A
busca de uma nova imagem da cidade, para os cidadãos, faz com que se
104
forme um novo vínculo afetivo destes, para com a cidade. Essa
identificação de valores locais cria o ambiente propício para se
valorizá-la. Isso trará maiores possibilidade de conservação e
recuperação de ambientes naturais.
A grande preocupação e também o desfio, dos centros
urbanos para este século: é a de criar cidades onde se possa viver e
nas quais seja possível, inclusive passar as férias. Portanto, as
necessidades dos cidadãos devem ser prioridade, para depois sim,
podermos desenvolver turismo e, salvaguardar os recursos
turísticos naturais, que são a matéria-prima deste. Os cidadãos, por
sua vez, além de suas necessidades básicas, priorizam a natureza,
pois cada vez mais, somente ela pode trazer a satisfação de se sentir
vivo, sensação esta que está cada vez mais perdida dentro do nosso
dia-a-dia monótono e fatídico, tão comum nas grandes cidades.
A percepção ambiental da população se torna, um estudo
fundamental para concebermos qual o grau de indiferença da
população, para com os atrativos naturais da própria cidade. Podemos
através dele, delinear exatamente o que as pessoas acham e idealizam
do meio em que vivem, em um estudo chamado topofilia.
105
Os porto-alegrenses ao não conhecerem a diversidade e
qualidade da paisagem natural de porto Alegre, agem de forma
irresponsável. Perceber que Porto Alegre possui uma paisagem única,
na qual estão muito bem representadas, formas de diversos aspectos
geomorfológicos de diferentes partes do estado, assim como
diferentes ecossistemas encontram na região do município as suas
fronteiras de distribuição, fazendo de Porto Alegre um local único.
Essa singularidade da paisagem do município traz uma
caracterização mercadológica para a formação da imagem de Porto
Alegre. Além da paisagem, outro fator é bastante promissor para a
cidade, o meio ambiente natural preservado em uma grande metrópole.
Indiscutivelmente Porto Alegre possui hoje uma situação
privilegiada em termos ambientais. A cidade possui um excelente
índice verde por habitante, e além disso, conta com inúmeros
recursos naturais disponíveis em excelentes condições de
preservação. Essa situação, aliada com a beleza paisagística da
cidade, emoldurada pelas grandes massas verdes, pelos morros e pela
imensa massa de água, com características singulares como o Guaíba,
propicia o cenário ideal ao desenvolvimento turístico.
106
Enquanto muitas pequenas cidades não sabem mais o que
fazer para inibir o fluxo turístico, que vêm geralmente em busca de
seus atrativos naturais, presenciamos esses mesmos turistas
destruindo os patrimônios naturais de suas cidades de origem, por
puro desconhecimento, ou talvez pela inconcebível idéia de que não é
possível ser turista, ou fazer turismo, dentro da sua própria
cidade.
Este trabalho não tem por objetivo modificar a atual
condição de Porto Alegre como pólo emissor de turistas. Buscamos
sim, minimizar essa situação. Quando vemos, todos finais de semana,
milhares de porto-alegrenses saindo da cidade em busca de ambientes
naturais pouco degradados; muitas vezes dirigindo-se para suas
segundas casas em cidades próximas, ou então durante o verão, quando
vão em massa para o litoral em busca das merecidas férias!
Os moradores da classe média e alta, em geral, saem da
cidade alegando que necessitam descansar. Para isso, como é o caso de
nosso turismo litorâneo de verão, vão para praias abarrotadas
enfrentando congestionamento nas estradas e superlotação onde quer
que estejam.
107
Não desconsideramos nesse trabalho, em hipótese alguma, a
necessidade humana de mudar de ambientes, muito pelo contrário,
buscamos evidenciar a necessidade de bem-estar, de encontro consigo
mesmo, cada vez mais difícil pelo atual sistema adotado por nossa
sociedade, e muitas vezes estas satisfações — que o ser humano busca
ao viajar — só podem ser obtidas em ambientes naturais.
Acreditamos na possibilidade de utilização de grande
parte dos atrativos turísticos naturais de Porto Alegre, para que
possamos desenvolver um turismo responsável para esse imenso
contingente de porto-alegrenses, que buscam de alguma forma os
ambientes naturais para poder fugir da fatídica rotina diária,
enfrentada por todos os habitantes das grandes metrópoles.
A população porto-alegrense, com poucas exceções,
desconhece as belezas da própria cidade. Isso se deve ao fato de que
muitas pessoas acreditam ser imprescindível viajar uma boa
distância para que se possa desfrutar de férias. Muitas vezes
podemos trocar as viagens de fins de semana por passeios na nossa
própria cidade, podemos inclusive, tirar férias na cidade onde
moramos. Para Krippendorf (2000:173), essa possibilidade existe
quando:
108
“Em todos os lugares, em todas as cidades e no interiordelas a milhares de possibilidades de se passar quinzedias (ou mais) de férias maravilhosas, divertidas, cheiasde peripécias enriquecedoras. Descobrir a própria cidade,que em geral os estrangeiros conhecem melhor do quenós”.
Podemos constatar que atualmente o mercado turístico
apresenta-se bastante eclético, porém, a mudança de percepções dos
turistas em relação ao que querem consumir está mudando. Pode-se
perceber que destinos que apresentam uma paisagem natural
preservada estão recebendo, cada vez mais, um número maior de
visitantes. Esses turistas, por sua vez, estão cada vez mais
preocupados com questões ambientais, não apenas em relação à
paisagem que irão consumir, mas também estão começando a se
preocupar com os diversos equipamentos e serviços que consomem,
tanto em suas viagens, como em seu cotidiano.
Esse tipo de preocupação — preservação da natureza — está
cada dia mais presente em nossas vidas, principalmente em grandes
cidades, onde pouco locais apresentam ainda um ecossistema
preservado.
Diante deste grande mercado, ávido por natureza,
desprezar as possibilidades que o Ecoturismo representa, em termos
de possibilidades de sensibilização ambiental, é indiscutível.
109
Promover destinos, cujo ambiente natural oferecido
representa sua principal fonte de recursos financeiros, deveria ser
também, promover a preservação desses ambientes. Afirmamos que
podemos, através de planos de desenvolvimento turístico bem
elaborados, que visem primeiramente salvaguardar os interesses de
sua sociedade, e suas riquezas naturais, promover essa
sensibilização das pessoas.
Acreditamos que o futuro da vida no planeta, está
diretamente ligada à preservação ambiental. Essa preservação só
poderá existir, se a partir de percepções pessoais, possamos agir de
forma local e, com o conjunto de atitudes individuais, podemos
atingir o uma dimensão global de preservação ambiental, através do
turismo.
O Turismo surge então, com força total, como uma
ferramenta que incita à sensibilização das pessoas. Utilizar os
recursos naturais como forma de promover essa sensibilização é
evidente. Devemos então agir.
110
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A humanidade sempre buscou o desconhecido, superar as
fronteiras naturais e superar os próprios limites, tendo a natureza
como cenário e, atualmente, volta a buscar o que perdemos coma
modernidade: o contato com a natureza preservada.
Negar a importância do Turismo em nível mundial é uma
atitude demagógica, pois o ato de viajar está inserido na alma das
pessoas. Desde sempre o homem viaja. Tentar que essas viagens
tornem-se novamente a grande conquista e realização pessoal é um
grande desafio para todos nós.
Assim como ainda hoje existem povos nômades, ainda há
atualmente formas impactantes de turismo, que degradam o meio
ambiente natural e prejudicam, sob todas as formas, o núcleo
receptor. As pessoas ignoram o fato de que aquele local existe, e
continuará existindo, após a sua estada e visita.
As pessoas começam a perceber que as questões ambientais,
não são apenas assuntos meramente restritos à atitudes
politicamente corretas. Não podemos decidir o que será do mundo
amanhã, sem consultarmos as futuras gerações, e como isso não é
possível, partimos do principio que devemos propiciar às futuras
gerações, o que temos hoje à nossa disposição, ou seja, o principio
da sustentabilidade.
O mundo atual esta cada vez mais eclético. Tudo, de uma
forma ou de outra é permitido. A única contravenção seria romper as
amarras existenciais que nos prendem à mediocridade capitalista de
enxergar a vida. Sobrevivemos diante do caos e achamos que tudo esta
bem, enquanto estamos na verdade diante do abismo!
A renovação dos princípios da sociedade, implicará numa
nova forma de pensar e de fazer o turismo. É fato que podemos, devemos
e estamos, mudando a visão de atividade turística, principalmente
quando nos preocupamos não somente nas questões econômicas da
atividade, mas também com as questões ambientais, culturais e
sociais, assim quando pensamos nas futuras gerações, que poderão
112
pagar muito caro por nossa concepção economicista e utilitarista,
contrapondo qualquer sustentabilidade possível.
Esses novos princípios surgem diante da necessidade
humana de libertação do mundo das maquinas e busca da natureza.
Diante dessa crescente demanda por ambientes naturais preservados,
faz-se de extrema importância a utilização do Turismo para podermos
criar possibilidades de preservação desses ambientes, cada vez mais
escassos.
O Turismo fornece grandes possibilidades também no que se
refere à emancipação do homem. Cidades cada vez maiores e menos
humanas, criando um cenário que incita à fuga. Aproveitar recursos
naturais dessas cidades, propiciando atividades turísticas para os
moradores e promover a conscientização ambiental, poderá se tornar a
melhor forma de produzirmos um Turismo responsável. Obviamente que
tal proposição: de utilizar o Turismo para experiências
verdadeiras, que ajudem a formar um indivíduo pleno, só será
possível dentro de um novo parâmetro mundial de bem-estar social.
A manutenção da biodiversidade, assim como a busca de uma
integração do homem com a natureza, além de uma maior participação na
gestão dos ambientes naturais, surgem como forma de protesto à
113
crescente e devastadora onda de globalização. Singularidades fazem
a diferença em Turismo.
Porto Alegre possui diversas paisagens naturais
belíssimas e quase totalmente desconhecidas de seus habitantes. A
utilização desses recursos como forma de produzirmos cidadãos mais
conscientes e participativos surge como um grande desfio para todos.
Em um mundo onde a cada dia dezenas de espécies entram em
extinção, e muitas sem nem mesmo terem sido descobertas pela
ciência, onde presenciamos um descaso com a preservação do nosso
planeta, onde a natureza sempre é deixada atrás de interesses
econômicos, propiciando muito lucro, em curto prazo, para
pouquíssimas pessoas, o Turismo Ecológico, planejado
responsavelmente, pode ser um processo pedagógico para a população
local e visitantes.
A busca pela natureza tornou-se indiscutivelmente, a
maior força representada pala atividade turística mundial.
Utilizar esse contingente de turistas ávidos pelo desfrute da
Natureza abre um importante, e desafiante, compromisso de todos os
profissionais da área: produzir através do turismo uma nova
perspectiva para a preservação do meio ambiente natural.
114
A sociedade pós-industrial compartimentou o sujeito, que
a cada dia que passa, se torna mais estressado, que foge a cada fim de
semana para um ambiente que o faça pensar que ainda esta vivo e faz
parte da natureza.
A ciência ecológica possui atualmente, conhecimentos que
permitem o desenvolvimento permanente das atividades turísticas,
principalmente às que se desenvolvem em ambientes naturais. Inserir
a perspectiva ecológica em todas as etapas do planejamento, se torna
imprescindível para a sustentabilidade do Turismo neste terceiro
Milênio.
115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo . 4.ed. Revisada. São Paulo: SENAC, 2001.
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CÁRDENAS TABARES, Fábio. Comercialización del turismo: determinación y analisis de mercados . 3.ed. México: Trilhas, 1991.
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DE LA TORRE, Francisco. Agencias de viajes y transportación . 4.ed. México: Trilhas, 1990.
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Porto Alegre: Editora da Universidade / UFRGS, 1998.
MOESCH, Marutschka Martini. Construção metodológica dialética: por uma epistemologia do turismo . Dissertação de Mestrado em
Comunicação Social. (PUCRS/FAMECOS), Porto Alegre, 1999.
MOLINA E., Sergio. Turismo y Ecologia . México: Trilhas, 1994.
MORIN, Edgar. Terra-Pátria . Porto Alegre: Sulina, 1995.
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Expedito). Porto Alegre, 1975.
PORTO ALEGRE, Secretaria do Planejamento Municipal. Grupo de Planejamento do Parque Estadual Delta do Jacuí. Parque Estadual
Delta do Jacuí: Plano Básico . Porto Alegre, PLANDEL, 1979.
PORTO ALEGRE, Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Flora e Fauna do Parque Natural do Morro do Osso . Simone Rodrigues Mirapalheto
(Coord. e Org.), Porto Alegre: 2001.
RUSCHMANN, Doris Van de Meene. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente . São Paulo: Papirus, 1999.
SWARBROOKE, John. Turismo sustentável: conceitos e impactoambiental . v.1. (trad. Margarete Dias Pulido). São Paulo: Aleph,2000.
TONIAL, Tânia. Unidades de conservação: limites e possibilidades para o turismo – Parque Estadual Delta do Jacuí . Monografia
apresentada como requisito para graduação no Curso Superior de Turismo. (PUCRS/FAMECOS). Porto Alegre, 1999.
TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo da Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação . São Paulo:
Atlas, 1987.
TULIK, Olga. Recursos naturais e turismo – tendências contemporâneas. In: AUTOR. Turismo em análise . São Paulo: ECA/USP,
1996.
117
ANEXO 1
ROTEIROS ECOLÓGICOS SEMANA DO MEIO AMBIENTE 2000
Pessoas participantes – 629 – 28 roteirosNúmero de fichas de avaliação preenchidas – 605 – 27 roteirosUniverso estudado – 605 pessoas
1- Idade0 a 10 anos 22 3,64%11 a 20 anos 73 12,07%21 a 30 anos 104 17,20%31 a 40 anos 91 15,05%41 a 50 anos 87 14,39%51 a 60 anos 103 17,03%Acima de 60 anos 112 18,52%Não respondeu 13 12,10%TOTAL 605 100%
2 - SexoMasculino 165 27,28%Feminino 407 67,28%Não respondeu 33 5,44%TOTAL 605 100%
3 - Onde mora?Porto Alegre 485 80,17%Rio Grande do Sul 78 12,90%Brasil 07 1,16%Mercosul 02 0,34%Exterior 13 2,14%Não respondeu 20 3,29%TOTAL 605 100%
4 - Escolaridade1º grau completo 86 14,21%1º grau incompleto
76 12,56%
2º grau completo 141 23,30%2º grau 49 8,10%
incompletoSuperior completo 161 26,61%Superior incompleto
89 14,72%
Não respondeu 03 0,50%TOTAL 605 100%
5 - Profissão Liberal 54 8,93%Funcionário Público
81 13,39%
Professor 52 8,60%Estudante 118 19,51%Aposentado 166 27,44%Outros 116 19,18%Não respondeu 18 2,95%TOTAL 605 100%
6 - O que achou do passeio
Ótimo 559 92,40%Razoável 29 4,80%Ruim 02 0,34%Não respondeu 15 2,46%TOTAL 605 100%
7 - O que achou do tempo da duração do passeio
Ótimo 478 79,01%Razoável 102 16,86%Ruim 10 1,66%Não respondeu 15 2,46%TOTAL 605 100%
8 – Como ficou sabendo do passeio
Jornal/Revista/TV/ 306 50,58%
120
RádioFolheteria/Cartaz 70 11,58%Centros de Informações
94 15,54%
Outros 131 21,66%Não respondeu 04 0,64%TOTAL 605 100%
21/06/2000Gerência de Pesquisa e Informações TurísticasPorto Alegre Turismo Escritório Municipal
121
ANEXO 2
ROTEIROS ECOLÓGICOS SEMANA DA PRIMAVERA 2000
Pessoas participantes: 1232 Roteiros: 13
1. Idade
0 a 10 anos 32 3%11 a 20 anos 105 9%21 a 30 anos 211 17%31 a 40 anos 165 13%41 a 50 anos 185 15%51 a 60 anos 200 16%
Acima de 60 anos 222 18%Não respondeu 112 9%
TOTAL 1232 100%
2. Sexo
Masculino 363 29%Feminino 760 62%
Não respondeu 109 9%TOTAL 1232 100%
3. Onde mora?
Porto Alegre 937 76%Rio Grande do Sul 102 8%
Mercosul 28 2%Exterior 0 0%
Não respondeu 165 13%TOTAL 1232 100%
4. Escolaridade
1º grau completo 71 6%1º grau
incompleto127 10%
2º grau completo 230 19%2º grau
incompleto114 9%
Superior completo 349 28%Superiorincompleto
191 16%
Não respondeu 150 12%TOTAL 1232 100%
5. Profissão
Liberal 139 11%FuncionárioPúblico
163 13%
Professor 121 10%Estudante 203 16%Aposentado 340 28%
Outros 221 18%Não respondeu 45 4%
TOTAL 1232 100%
6. O que achou do passeio
Ótimo 835 68%Bom 291 24%
Regular 30 2%Ruim 1 0%
Péssimo 1 0%Não utilizado 11 1%Não respondeu 63 5
TOTAL 1232 100%
7. O que achou do tempo da duração do passeio
Ótimo 668 55%Bom 395 32%
Regular 64 5%Ruim 9 1%
Não utilizado 6 0%Não respondeu 88 7%
123
TOTAL 1232 100%
8. Como ficou sabendo do passeio
Jornal/Revista/TV/Rádio
248 20%
Folheteria/Cartaz 202 16%Centros deInformações
313 25%
Outros 376 31%Não respondeu 93 8%
TOTAL 1232 100%
124
ANEXO 3
DADOS ESTATÍSTICOS
NÚMERO DE TURISTAS ATENDIDOS NOS CENTROS DE INFORMAÇÕES TURÍSTICAS DE PORTO ALEGRE
NÚMERO DE TURISTAS ATENDIDOS NO 1º SEMESTRE DE 2000: 29.465NÚMERO DE TURISTAS ATENDIDOS NO 1º SEMESTRE DE 2001: 27.132NÚMERO DE TURISTAS ATENDIDOS EM 1999: 27.973NÚMERO DE TURISTAS ATENDIDOS EM 2000: 58.798NÚMERO DE TURISTAS ATENDIDOS EM 2001: 48.058
ESTATÍSTICA 2001FORMAS COMO FORAM DADAS AS INFORMAÇÕES
POR TELEFONE 10419 22%PESSOALMENTE 37639 78%TOTAL 48058 100%
TIPO DE INFORMAÇÕES PRESTADAS
INFORMAÇÕES TURÍSTICAS 2102 3%MATERIAL 21975 35%ESTUDOS 2425 4%EVENTOS 7028 11%LAZER 5625 9%HOTEL 5075 8%TOTAL 63180 100%
PROCEDÊNCIA
PORTO ALEGRE 19955 42%RIO GRANDE DO SUL 4094 9%BRASIL 14644 30%MERCOSUL 4244 9%EXTERIOR 3835 8%NÃO RESPONDIDO 1286 3%TOTAL 48058 100%
MOTIVO DA VIAGEM
PASSEIO/TURISMO 16281 34%NEGÓCIOS/TRABALHO 4886 10%TRATAMENTO DE SAÚDE 175 0%VISITA A FAMILIARES 810 2%EVENTOS 2505 5%ESTUDOS 912 2%MORADOR 19955 42%NÃO RESPONDIDO 2534 5%TOTAL 48058 100%
PERMANÊNCIA
DE 1 A 5 DIAS 14991 31%DE 6 A 10 DIAS 3465 7%DE 11 A 15 DIAS 690 1%DE 16 A 20 DIAS 604 1%DE 21 A 25 DIAS 67 0%DE 26 A 30 DIAS 316 1%MAIS DE 31 DIAS 690 1%MORADOR 19955 42%NÃO RESPONDIDO 7280 15%TOTAL 48058 100%
SEMANAS COMEMORATIVAS DE 2001
SEMANA DE PORTO ALEGREDE 17 A 25 DE MARÇO DE 200121 ROTEIROS DIFERENTES55 ROTEIROS NO TOTAL1.381 PARTICIPANTES59% ÍNDICE DE OCUPAÇÃO
126
SEMANA DO MEIO AMBIENTEDE 05 A 15 DE JUNHO DE 200114 ROTEIROS DIFERENTES46 ROTEIROS NO TOTAL1.207 PARTICIPANTES67% ÍNDICE DE OCUPAÇÃO
SEMANA DA PRIMAVERADE 19 A 30 DE SETEMBRO DE 200114 ROTEIROS DIFERENTES36 ROTEIROS NO TOTAL1.050 PARTICIPANTES67,3% ÍNDICE DE OCUPAÇÃO
SEMANAS COMEMORATIVAS 2000TOTAL DE PARTICIPANTES: 3.157TOTAL DE ROTEIROS: 144
SEMANAS COMEMORATIVAS 2001TOTAL DE PARTICIPANTES: 3.638TOTAL DE ROTEIROS: 137
AUMENTO DE 481 PARTICIPANTESAUMENTO DE 15,2%
ROTEIROS DAS SEMANAS COMEMORATIVAS 2001
PARTICIPANTES2 ARTE CEMITERIAL 453 AULA PÚBLICA DA SANTA CASA 302 AULA PÚBLICA MERCADO PÚBLICO 238 BELÉM NOVO 14410 BELÉM VELHO 21810 CAMINHOS DO LIXO 1756 DELTA DO JACUÍ 9779 ILHA DA PINTADA 2067 INTERPARQUES 2198 ITAPUÃ 19310 JARDIM BOTÂNICO 2519 LAMI E RESERVA BIOLÓGICA 195
127