Monografia Krishna Jesus

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Associação Cultural Nova Acrópole Concurso Anual de Monografias A universalidade das religiões. Tomo 1 – Jesus Cristo e Krishna

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A universalidade das religiões.Tomo 1 – Jesus Cristo e Krishna

Megaron Molossi

Vários historiadores vêm afirmando que as guerras religiosas sãoas mais sangrentas e proporcionalmente as que mais matam ou mataram no decorrer da historia da humanidade.Desde seus mais arcaicos registros, as civilizações e povos se duelaram, incentivados pela intolerância religiosa, tanto no Ocidente como no Oriente.Se contássemos as milhares de pessoas perseguidas e mortas durante toda a historia esse numero provavelmente passaria de milhões. Quantos foram, por exemplo, perseguidos e mortos durante a fase do cristianismo primitivo? Qual o numero de pessoas que perderam suas vidas nas batalhas das Cruzadas, incluindo crianças, mulheres e idosos? Qual o numero de ‘pagãos’que foram perseguidos, torturados e queimados durante a Santa Inquisição? È de conhecimento público quantos templários ou calvinistas foram assassinados por serem considerados hereges? Em muitos países europeus as minorias religiosas foram e estão sendo ate hoje perseguidas, em nome da religião. Entretanto a pergunta a ser feita é : Será que todos esses conflitos tem algum sentido lógico? Eles seriam razoavelmente aceitáveis, se nas escrituras e nos livros sagrados de todas essas mais variadas formas religiosas, assim o justificassem. Porem, o que torna isso muito estranho a ate interessante é que todas as doutrinas espirituais, excluídos os aspectos culturais e de seu tempo, trazem em sua essência não apenas o mesmo conhecimento, mas ate as mesmas lendas. Uma sabedoria transcendental que tem seu inicio perdido nos confins da historia humana.Não existe, inclusive, um motivo claro e consistente, no contexto atual, em querer que uma religião viva e se desenvolva isolada de todas as outras. È lógico que cada religião tem agregado em si e em sua doutrina, aspectos culturais inerentes acada povo, e não teria muito sentido também, a tentativa de

criação de um sistema religioso que abranjesse formatos universais. Pessoas com anseios e afinidades diferentes, exigem métodos e sistemas religiosos diferentes, que em essência contemo mesmo ensinamento.Entretanto, uma intercomunicação e troca, entre as diversas doutrinas, seria de um enriquecimento e de uma beneficiação enorme para todas elas. Infelizmente para os cristãos e para os seguidores de outras religiões semíticas, que foram moldados espiritualmente com base em conceitos restritivos, essa troca setorna muitas vezes um grande desafio. Todo bom religioso crê quea elaboração da doutrina e da vida sacramental da instituição que ele segue tenha sido baseada pelas ações de um poder superior, e isto é claramente um ponto positivo. Porem, o grandeproblema é este mesmo religioso negar, muitas vezes veementemente, que todos as outras doutrinas religiosas não o são. E a grande maioria afirma que não o são, baseados normalmente em um mero conceito intelectual, que nem eles mesmo sabem explicar donde surgiu. Porque Deus então restringiria a sua revelação a apenas um povo e em uma determinada época? Por acaso os grandes eruditos e estudiosos do Antigo Testamento Bíblico, nunca ouviram falar que a estória do dilúvio, é de conhecimento de tantos outros povos e culturas? Nunca souberam eles, que nos Vedas dos Hindus existem lendas muito parecidas com as do Gênese? Estórias como o de Adima e Heva que se tornaram tão numerosos e maus que o Ser Supremo mandou uma grande inundação para matá-los. Porem também mandou que Vadasuata construísse um barco para levar a sua família e um casal de cada espécie existente. Estórias como a do Zend-Avesta,o livro sagrado do Zoroastrismo, onde se conta que o Ser Eterno criou o céu e a terra, o sol a lua, as estrelas, tudo em seis períodos. O homem teria aparecido por último sendo que o descanso teria sido posto no sétimo dia.Nunca souberam por acaso os ortodoxos judeus que nas lendas assírias, conta-se a estória do Rei Sargão I, que igualmente como Moises, teria sido salvo, colocado em um cesto e deixado norio, à deriva? Porque será que os cristãos que todo dia 25 de Dezembro comemoram o nascimento de seu mestre, nunca foram informados que foi nesta mesma data que nasceu Mitra, o deus dosPersas, Salvitri, o deus-sol do rito védico e o Horus egípcio. Nunca os protestantes evangélicos, que tanto gastam seu tempo decorando passagens da Santa Bíblia, e fazendo grandes pregaçõesem nome do grande mestre Jesus, O Cristo, tomaram conhecimento

que este possui uma biografia de grande similaridade quando comparada com as lendas da vida de Krishna? Sem me estender muito nessa pequena introdução dou-me o atrevimento de parafrasear Platão, afirmando que a ignorância é o maior de todos os males.

“O Deus de Hermes, Pitágoras, Orfeu, Sócrates, Moises e Jesus é um único e mesmo Deus e falou a todos. Cleanto de Lycos era inspirado como Davi e a lenda de Krishna é tão bela como o evangelho de S.Mateus”“Esta bem averiguado hoje pelas pessoas instruídas que os sábios egípcios não adoravam nem os cães, nem os gatos, nem os legumes. O dogma secreto dos iniciados era precisamente o de Moises e o de Orfeu. Um só Deus universal, imutável como a lei, fecundo como a vida, revelado em toda a natureza, pensando em todas as inteligências, amando em todos os corações, causa e princípio do ente e dos entes, semconfundir-se com eles, invisível, inconcebível, porem existindo com certeza porque nadapoderia existir sem ele”“Sob o título que Michelet já lançou à publicidade, podia-se fazer um belíssimo livro. Seria uma concordância da Bíblia, dos Puranas, dos Vedas, dos livros de Hermes, dos hinos de Homero, das máximas de Confúcio, do Alcorão de Maomé e até dos Eddas dosEscandinavos” (Eliphas Levi)

Jesus e Krishna Se por acaso se perguntasse a um religioso qual foi o personagemnascido de uma virgem, sob fecundação do espírito, que teve que fugir sob ameaça de um governante que posteriormente mandou assassinar todas as crianças recém nascidas. Personagem este querealizou muitos milagres e curas, e entre outras coisas foi ao final da sua existência assassinado e posteriormente ressuscitou, essa pergunta com certeza teria no mínimo duas repostas. Um ocidental provavelmente diria que este personagem fora Jesus de Nazaré, ou Jesus Cristo, e um cristão com certeza apostaria todas suas fichas e todos seus bens nessa resposta, seseus conceitos morais o permitissem apostar. Porem se essa pergunta fosse feita a um hinduísta, esse poderia ainda ir mais alem e arriscar sua vida respondendo que este personagem sem sombra de duvida, fora Krishna.Esta monografia aqui apresentada, trata exatamente dessa semelhança que existe entre esses dois grandes Avatares, tanto nas suas biografias como nos seus ensinamentos. Suas estórias

estão muito entrelaçadas, mais do grande parte dos cristãos ou hinduístas possam imaginar. Entretanto, este estudo de nenhuma maneira pretende ser inovador, pois já foram feitos muitos outros estudos e interpretações deste mesmo tema. Porem, ele nunca deixa de impressionar, mesmo o mais sereno dos religiosos. Ele também não teve a intenção inicial de tentar interpretar, noseu aspecto mais profundo e esotérico, as passagens tanto bíblicas como os ensinamentos e lendas de Krishna. Ate porque isso implicaria mais do que um estudo comparativo e uma analise meramente intelectual, mas sim de uma ‘visão superior’ e mais profunda da religião. Porem em algumas passagens, existem interpretações nesse sentido, que são na verdade conceitos básicos, que não comprometeram nem mascararam o objetivo deste trabalho.

A BiografiaO primeiro ponto de similaridade que encontramos ao estudarmos as biografias de Jesus e Krishna antecede o próprio nascimento dos dois personagens. Pelo estudo do Antigo Testamento bíblico edos livros sagrados hinduístas como o Vedangas e o Vedanta, podemos perceber que tanto Jesus como o avatar hindu tinham sua vinda messiânica predita com bastante antecedência. No livro bíblico de Isaias, alem da profecia da vinda de um messias,nota-se que o autor profetiza, no capitulo 53, inclusive, algumas passagens da vida do futuro enviado.Um ponto interessante é que tanto nas tradições cristas como hinduístas, acredita-se que a vinda messiânica de um mestre tem como objetivo de restaurar e iniciar uma nova era. Em Isaias encontramos:Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai no ermo veredaa nosso Deus. Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados. (Isaias 40;3,4) Já no Bhagavad Gita Krishna, Krishna por ele mesmo, explica sua vinda."Sempre que houver declínio da retidão e a injustiça triunfar, ó Barta (Arjuna), então EuMe manifestarei para proteger o Bem, destruir o Mal e para restabelecer a Justiça. Eu Me manifesto de tempos em tempos." (B.Gita, IV, 7, 8)

O nascimento O nascimento de Jesus e Krishna apresentam similaridades que porsi só, são suficientes para chamar a atenção de qualquer estudante religioso. Nos dois casos, eles são concebidos pelo ‘espírito’ sendo que na bibliografia crista, este é chamado de Espírito Santo e em livros que contam a estória de Krishna é chamado de Espírito dos mundos. Outro ponto relevante é que nas duas narrações é exposto claramente que as duas concebedoras são virgens, nunca tendo jamais coabitado. Uma interpretação que se pode fazer nesse sentido é que a virgindade representa alem logicamente da pureza, um sinal de que a partir desse ponto nascera uma nova humanidade, gerada não da vontade da carne, nem do homem, mas deDeus. Na narração crista encontramos:Eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel(Mateus 1;23)Descera sobre ti o espírito santo, e o poder do altíssimo te envolvera com sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado filho de Deus. (Lucas 1;35)Na biografia de Krishna por Edouard Schuré:“E então, tendo sido fecunda pelo Espírito dos mundos, ela perdeu o conhecimento, e em um alheamento da terra, em uma felicidade sem limites, concebe o filho divino” “Virgem e mãe, nos te saudamos.Um ser nascerá de ti, que será o salvador do mundo”(Schuré – pág. 59 e 60)Existem pelo menos outros dois pontos importantes na comparação da concepção dos dois personagens. O primeiro é que tanto Maria,mãe de Jesus, como Devaqui, mãe do salvador hindu, recebem a noticia de conceberão um filho quando estão adormecidas. Elas recebem as boas novas através dos sonhos que tiveram. Essa similaridade de certa forma é bem interessante já que são muitasas doutrinas e ensinamentos religiosos, alguns tão antigos que não podem ser datados, que vem no sonho, uma forma de comunicação entre a humanidade e o mundo divino. O segundo e ultimo ponto a ser colocado é que nas duas narrações, o nome da futura criança já esta predeterminada e é revelada junto com a noticia da concepção.

A FugaSeguindo com a analise biográfica vemos que tanto o avatar cristão como o hindu foram perseguidos e ameaçados de morte pelos Reis que em cada caso governavam. Segundo a Bíblia, o rei

Herodes envia 3 reis magos para verificar exatamente onde esta omenino Jesus. Porem, são por divina advertência prevenidos em sonho para que não voltem à presença de Herodes. Então novamenteem sonho aparece a Jose um anjo e diz:Toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá ate que eu avise; porque Herodes há de procurar o menino para matar. (Mt 2:13)Similar à tradição crista, segundo a lenda de Krishna, Devaqui, recebe ordens para fugir, já que a criança é procurada para ser morta pelo Rei Cansa. Teu irmão Cansa procura-te para te fazer morrer, com o fruto tenro que trazes em teus flancos. È preciso fugir-lhe. Os nossos irmãos te guiarão até os pastores que habitam no sopé do Monte Meru, sob os cedros odorantes, no ar puro do Himavant.( Schuré pag60)

A Matança dos InocentesApós o episodio da fuga dos dois personagens, procede a um evento que talvez seja deva ser considerado o mais interessante do ponto de vista da similaridade das estórias. Tanto o rei Herodes, como o rei Cansa ficam muito enfurecidos por terem falhado em sua missão de encontrar e matar os meninos, que segundo profecias seriam os ‘salvadores’ de todo o povo.Assim, o rei Herodes, manda matar todos os meninos com menos de dois anos, na tentativa de assegurar a morte do futuro redentor.Em um capitulo intitulado pela própria bíblia de ‘ A matança dos inocentes’, assim nos relata Mateus:Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes grandemente e mandou matar todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos magos. (Mateus 2;16)Nas tradição hindu, esse episodio é narrado com diferenças de alguns detalhes apenas. O rei Cansa ordena para seus soldados que percorram toda a cidade e matem todos os recém nascidos. È incrível como duas estórias que estão separadas por um espaço de tempo de milênios, tenham uma similaridade tamanha como esta.Nem o cético mais audaz poderia criar conceitos que caminhassem para um explicação de ‘mera coincidência’. De fato, é propicio citar, que o tema da perseguição é um aspecto que encontramos nas tradições de outros personagens considerados messiânicos. Uma explicação um tanto quanto esotérica seria o fato de que o nascimento de uma força tão potente, consequentemente invocaria o surgimento de forças no sentido oposto. E ate o menos religioso dos homens concorda que o nascimento de Jesus, por exemplo, é um dos fatos mais marcantes da historia. Ou seja,

pela leis dos opostos, esse evento mundial, teve como conseqüência a criação seria de forças, tanto a favor como contra este acontecimento.Na lenda hindu conta-se:Ele estava tão irado por ter sido enganado, e ao mesmo tempo temia tanto pela sua vida, que jurou matar todos os meninos nascidos em Madura naquela noite. Imediatamente, ordenou que os soldados procurassem em todas as casas de Madura ematassem todos os meninos que encontrassem. Logo as mães de todo o reino estavam em pânico, tentando salvar dos soldados seus bebes e filhos. (As aventuras do Jovem Krishna pág. 28)Em outra narrativa conta-se:Percebendo que Krishna tinha escapado da morte, seu tio Cansa ordenou a uma mulher de nome Putana, que percorresse todo o reino, matando todas as crianças que haviam nascido naquele mês.(lenda diversa)

A transfiguraçãoEntrando no tema da transfiguração, é preciso dizer que este tembagagem suficiente para poder gerar um vasto estudo comparativo,não apenas nas transfigurações de Cristo e Krishna, mas de outros muitos personagens que pela historia da humanidade deixaram sua marca. Começando pela transfiguração de Jesus, O Cristo, temos no primeiro evangelho bíblico do Novo Testamento:

“Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, emparticular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; e seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.”“Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis vindo da nuvem, uma voz que dizia; Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi. Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo.” ( Mateus17;1-2 e 5-6) (1)Antes de efetivamente comparar este episodio com o do Avatar Hindu, fica interresante e propicio mencionar que o que aconteceu com Jesus e aos três discípulos, é similar ao que já havia acontecido com Moises no Antigo Testamento, quando este, guiando o povo hebreu pelo deserto, também foi chamado a subir um alto monte. Não por coincidência, logicamente, Moises recebe uma mensagem dada também através de uma nuvem. Um ponto muito interressante que deve ser colocado é que em todos os relatos aspessoas que efetivamente estão presentes são de numero bem limitado. Jesus, não levou os 12 discípulos ao monte. Não foi toda a multidão que sempre estava presente nas pregações do

mestre que presenciou a transfiguração, mas sim apenas 3 dos seguidores é que foram levados, como deixa bem claro Mateus, quando diz que eles foram em particular, a um alto monte. Na mesma linha de pensamento, Moises subiu sozinho ao monte Sinai, sendo advertido inclusive para que não deixasse ninguém do povo subir.Já no relato hindu, extraído do Bhagavad Gita:“Luminoso, radiante, maravilhoso, cheio de graça, e onividente era o seu Semblante.Se mil sois, ao mesmo tempo, brilhassem no firmamento, a luz deles haveria de empalidecer na presença da Gloria que aqueles Semblantes irradiava em todos as direções” (B. Gita. X ; 11-12)A forma em que me viste, ó príncipe! É tal, que a poucos é dado contemplá-la. Os deuses, os arcanjos e os espíritos dos mais altos céus desejam ardentemente vela, mas não podem encarar-Me como tu Me encaraste. (B. Gita X ; 52)Deste relato outras considerações devem ser feitas. Novamente assim como nos dois eventos anteriores citados, este acontecimento é reservado a muito poucos ou apenas a um, como é o caso de Moises e Arjuna, o discípulo de Krishna. No relato do Gita, isto fica bem claro quando o Ser Supremo diz ao príncipe que a forma como ele o tinha visto, é reservada a poucos. Outro aspecto que chama a atenção é o fato que nos dois casos, os discípulos sentem medo e ficam aterrorizados com o que vêem. Mas a questão central dessas comparações fica no fato de que a forma de expressão da divindade é a luz. Tanto no Novo Testamento, como no ‘Bíblia Hindu’, o divino é descrito como se um ou mais sois emanassem de sua figura. No caso de Moises, essa‘luz’ é descrita como a forma de trovão e de fogo. Apesar de mais simples que este fato possa parecer, ele abre uma grande linha de pesquisa.Não é do interesse deste estudo se aprofundar nesse tema, mas pela sua magnificência, faz-se necessário mencionar que todas ascivilizações e povos, de todas as épocas e lugares, tinham como imagem de Deus a Luz. Desde os maias, astecas, egípcios, passando pelos hindus, chineses, caldeus, aborígines ou qualquertribo indígena, por mais inexpressiva que possa ser considerada,tinham como divindades supremas o sol ou o fogo. Não que efetivamente considerassem o sol como um deus, mas sabiam que esta era a melhor imagem que poderiam ter, a da Luz. Segundo referencias de alguns estudiosos a própria palavra Deus se originou de Devv e Divv, que em sânscrito significam sol e luminoso. Nota-se a claramente similaridade para os nomes de Zeus em grego e Deo em latim.

A entrada triunfalNa continuidade deste trabalho, encontramos em todos os quatro evangelhos bíblicos um capitulo intitulado de ‘A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém’. Nessa narração, Jesus, após tercriado fama realizando grande parte de sua obra, operando milagres e curas, é recebido triunfante na cidade de Jerusalém. Ele é acompanhado, alem de seus discípulos, por uma multidão quenão poupam energia em glorificá-lo. Mateus mais uma vez é nosso guia:E a maior parte da multidão estendeu suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de arvores, espalhando-as pela estrada. E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas! (Mateus 21;8 e 9)Krishna, novamente como Jesus, fez parte de um evento bem parecido. Após ter feito varias viagens e enfrentados muitas aventuras das quais saiu triunfante, ele também é recebido em gloria, em uma cidade de nome Madurá. Nas duas narrativas os messias estão acompanhados, além de seus discípulos de grandes multidões. Um ponto muito interessante é que na estória de Krishna, as pessoas que estão presentes jogam várias flores ao mestre, similar aos ramos de arvores que são estendidos para Jesus. Conta a tradição: Efetivamente, krishna, seguido pelos seus discípulos e por um grande número de anacoretas, fazia a sua entrada em Madurá, entre estandartes, no meio de uma multidão compacta de homens, semelhante a um mar agitado pelo vento. Chovia sobreele uma torrente de grinaldas e de flores. Todos o aclamavam. Defronte os templos os brâmanes agrupavam-se sob as bananeiras sagradas para saudarem o filho de Devaqui;(Shure pág 99)

A morte e RessureiçãoTodos os eventos de Jesus relatados anteriormente foram sem duvida de grande importância. Entretanto nenhum evento teve, no decorrer da historia do cristianismo, tomado tanta ênfase quantoo da morte e ressurreição. Este tema foi com toda certeza o maisdebatido, pesquisado e porque não, o mais popularizado durante todo o caminhar desta grande religião ocidental. O próprio apostolo João, dedica a ele grande parte de seu evangelho. E assim, resumidamente, a tradição nos conta que Jesus foi perseguido e morto pelos soldados que serviam ao governo da época, e posteriormente ressuscitou.

Logicamente, este ultimo grande evento do Cristo, não poderia demaneira nenhuma, deixar de ter um correspondente na biografia deKrishna. Apesar de que na última, este evento não tomou uma dimensão tão grande, como no primeiro. Entretanto, assim como notema da trasfiguração, aqui também existe material para uma grande analise. Na biografia de Edouard Schuré, lê-se: Então precipitaram-se sobre ele e acorrentaram-no ao tronco do cedro. Krishna deixa fazer tudo, como adormecido em um sonho. À primeira flecha que o trespassa, o sangue brota-lhe da carne ferida e Krishna exclama; “Vasixta, os filhos do sol são vitoriosos!”. Quando a segunda seta se embebe na sua carne diz; “Que aqueles que me amam entrem comigo na tua luz” À terceira, murmura somente: “Mahadeva” E depois, com o nome de Brahman nos lábios expiraO sol sumira-se. Um grande vento se alevantou, e uma tempestade de neve tombou no Himavant sobre a terra. O céu escureceu, um turbilhão negro varreu as montanhas.E a multidão julgou ter visto o filho de Mahadeva sair de entre as labaredas com um corpo de luz. . ( Scure 107)Primeiramente, há que se mencionar que os dois personagens, desde crianças, foram alvo de perseguição, culminando com a sua prisão por soldados. È interessante notar que este evento de morte já tinha sido predito pelos mestres a seus discípulos. Jesus, inclusive o prediz mais de uma vez, assim como Krishna explica aos seus a importância deste evento se realizar. De fato um ponto muito interessante nos dois eventos, é que assim como Krishna, Cristo ‘deixa- fazer tudo’. Ou seja, ele nãose contrapõem aos soldados em nenhum momento, permanecendo em profunda serenidade , com que ‘adormecido em um sonho’. Disto podemos retirar que todo ocorrido na morte, já era sabido pelos dois personagens. Podemos com segurança acrescentar que na verdade todos os eventos pelos quais os dois passaram, estavam sob domínio total dos mesmos. Confirmamos com as palavras do primeiro evangelho:

Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento maisde doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder? (Mateus 26;53)Outras similaridades podem ser encontradas. Após as expiração deCristo, houveram grandes alterações climáticas, como a retirada do sol e a presença da escuridão. As pessoas, com isso, ficaram possuídas de grande temor. Se permitíssemos atenção aos detalhes poderíamos também fazer uma relação entre as 3 flechas que mataram Krishna com os 3 pregos que foram pregados em Cristo. (2) As passagens falam por si:

Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre a terra.Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas. (Mateus 27;45 e 51)E lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressucitar dentre os mortos no terceiro dia. (Lucas 24;46).

E no ultimo versículo do ultimo capitulo do quarto e ultimo evangelho bíblico canônico assim escrito está: Há, porem, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos (João 21,24).De fato devem existem ‘muitas outras coisas que Jesus fez’, e que segundo alguns historiadores religiosos, podem ser encontradas nos famosos evangelhos cristãos apócrifos.(3) E comcerteza muitas outras similaridades entre as estórias e lendas desses dois grandes Avatares estar aqui incluídas se fossem analisados esses evangelhos. Como é de conhecimento de qualquer cristão, existe no Novo testamento um grande espaço branco na biografia de Jesus, principalmente na sua infância e adolescência. Essa espaço biográfico do mestre, é razoavelmente preenchido, nesses evangelhos e livros que, segundo nos conta a historia moderna, foram renegados pelas instituições que comandaram a caminhada do Cristianismo primitivo. Segundo algumas referencias dos apócrifos, Jesus teria sido, assim como Krishna, criado numa comunidade de pastores e teria também realizado muitas aventuras quando criança. Aventuras que tem também, e não poderia ser diferente, bastante referencias na do outro messias. Porem, não foi do interresse deste pequeno trabalho, se embrenhar na analise desses textos, que alem de suapolemica, somam pilhas e pilhas de livros e seriam destinados a outro estudo que certamente seria mais completo e meticuloso.Quanto à Krishna, suas lendas somam também, com certeza, paginase paginas de muitas outras narrativas. Muitas contam que o mestre, após ter ressuscitado, teria sido procurado pelos seus discípulos e estes não o encontraram, pois este já teria subido para o céu, ou ao nirvana, como dizem os orientais. Também não éde muito trabalho, encontrar estórias de Krishna, contando das muitas curas e milagres que este realizou, inclusive com uma autoridade que incluía a ‘ressurreição de mortos’. Evento este, que não assusta nenhum cristão, já que Jesus também o realizou.

Analise doutrinariaComo foi afirmado na introdução, não tem objetivo este trabalho de interpretar esotericamente os ensinamentos dos mestres. Uma analise doutrinaria completa entre a Bíblia e o Bhagavad Gita com certeza levaria anos e teria muitas paginas. Nessa pequena analise doutrina, então, optou-se por firmar algumas idéias centrais, enfatizando-se que a busca pela verdade esta alem do mero intelectualismo.Em primeiro lugar, e como forma de justificar este trabalho, fica de fato, propicio mencionar que tanto Jesus como Krishna, mencionaram em seus ensinamentos, a importância de examinar as escrituras sagradas. Lê-se uma passagem do evangelho de João:Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. (João 5;39)Assim também no Gita:Portanto, sejam as Escrituras a tua norma na determinação do que deves e não deves fazer. Neste mundo, age sempre de conformidade com as escrituras cujos preceitos conheces. (B. Gita. XVI;24)Antes, entretanto de efetivamente dar entrada nessa pequena analise doutrinaria,deixemos, primeiramente que os próprios avatares se definam. Entre muitas definições e explicações que os mestres dão de si mesmos, existem algumas que merecem ser comentadas. De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andara nas trevas; pelo contrario, terá a luz da vida. (João 8; 12)No livro Sagrado hindu:O Atma (Deus) é a luz das luzes. Ele é o conhecimento, o Conhecedor e o Conhecido. Mora nos corações de todos. (B. Gita XIII;18)Obedecendo à lei dos ciclos, retomaremos o que já havia sido exposto na analise biográfica. Novamente aqui, a divindade é expressa e descrita, com uma referencia clara e explicita da luz, o que entre em acordo com todas as escrituras sagradas. Eu sou a luz do mundo, diz Jesus. Uma analogia de que sendo a divindade luz, ela desfaz as trevas, iluminando e abrindo o

caminho do aspirante. Já no Gita, encontramos um verso que diz que Deus é a luz das luzes, e o conhecimento que guia também o aspirante pelo caminho.Outro aspecto interessante e que se faz importante aqui mencionar é que quando a divindade descreve o outro mundo, ou seja a morada celestial, encontramos também uma forte referenciaà luz. No ultimo livro da bíblia, o Apocalipse, João recebe de um anjo visões da ‘terra prometida’. Em uma de suas descrições, ele nos coloca que na morada celestial, alem de não haver mais ausência de luz, esta vira da própria divindade. Ele nos coloca portanto, que não haverá mais necessidade da luz do sol nem de lamparinas. Vejamos a passagem:E ali não haverá mais noite e não necessitarão de luz de lâmpada nem da luz do sol, porque o Senhor os alumiará; e reinarão pelos séculos dos séculos (Apocalipse 22.5). No Gita, encontramos uma descrição que, para não dizer igual, é muito similar. Nessa passagem não esta escrito especificamente que a luz vira do Ser Supremo(Deus). Entretanto descrito que a morada não será iluminada pelo sol, lua ou eletricidade, o que da a entender que será também, assim como no relato cristão, iluminada pela divindade."Essa Minha morada suprema não é iluminada pelo sol ou pela lua, nem pelo fogo ou pela eletricidade. Aqueles que a alcançam jamais retornam a este mundo material" (B.Gita, Cap. 15, verso 6). Outra descrição das divindades que encontramos tanto no cristianismo como no hinduísmo diz respeito às suas transcendências. Os mestres sempre enfocaram que suas existências sempre foram e sempre serão, pois são seres são eternamente perduráveis. Novamente usando palavras do Apocalipse, encontramos essa mesmapassagem por 3 vezes:Eu sou o Alfa e o Omega, o Primeiro e o Ultimo, o Principio e o Fim (Apocalipse 1:8 - 21:6 - 22:13)Já no Bhagavad Gita temos:De toda a criação, Eu sou o principio, o meio e o fim. Das ciências, sou a ciência do Espírito e o verbo dos oradores. Das letras eu sou o A; nas palavras a conjunção. Eu souo tempo perdurável e Aquele cuja face se volta para todas as partes.(B. Gita. X; 32 e 33)Um outro ponto muito interessante na comparação dos ensinamentosdos dois mestres é que ambos afirmam que é através do conhecimento da verdade que o homem poderá se purificar e se libertar. Krishna afirma a Arjuna, que não existe outro agente de purificação, maior que a verdade espiritual. Dessa afirmação,é possível fazer um paralelo com muitos outros autores. Se

pegarmos, por exemplo, os ensinamentos do grande Platão, veremosque este afirma que a ignorância é o maior de todos os males. Ouseja, o conhecimento, ou a verdade, é a melhor forma que o homemtem para se livrar de todas suas angustias e sofrimentos. Jesus,não chegou a elaborar um tratado sobre este assunto, porem é possível através de algumas interpretações e ate algumas passagens bíblicas explícitas, defender seguramente que este também recomendava a seus discípulos a busca pela verdade. No Gita: Ainda que tivesses sido o maior pecador dentre os homens, a nave do conhecimento daVerdade te conduzira sem perigo pelo mar dos pecados.Não há no mundo, outro agente de purificação igual à chama da Verdade Espiritual. Quem a conhece, quem a ela se dedica, será purificado das manchas da personalidade e achará o seu Eu Real. (B. Gita IV; 36 e 38)Na bíblia:E conhecereis a verdade e a verdade vos libertara. (João 8; 32)Entretanto, os mestres deixaram bem claro que este conhecimento da verdade não é alcançado através de leituras ou anos e mais anos de estudos dos livros sagrados ou quaisquer outros. Nossa mentalidade moderna leva-nos a crer que o intelectualismo e o raciocínio lógico pó si só, podem promover a evolução do homem. De fato, poderíamos afirmar que ele poderia promover um avanço tecnológico da humanidade, mas não do homem como individuo, com a promoção de todas as suas potencialidades. Para fazer jus a esta teoria, se faz muito propicio analisarmos mais uma vez os ensinamentos bíblicos. De fato, em varia passagens dos evangelhos, Jesus, contesta veementemente uma classe de homens chamados de escribas. Os escribas eram pessoas que tinham como atividade principal o estudo e interpretação doslivros sagrados, naquele contexto, os do Velho Testamento judaico. Ou seja, eram pessoas que dedicavam horas e horas no estudo das escrituras, provavelmente muito mais do que qualquer religioso as estuda hoje. Entretanto, não a compreendiam. Este fato é interessantíssimo, já que comprova que não basta o estudointelectual, meramente, para se chegar a esta verdade espiritual.Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e docominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.( Mateus 23:23)Também no Gita, no capitulo IV, que fala sobre Jnana Yoga, o conhecimento espiritual, lê-se:

O conhecimento da Verdade é dado àquele que vive na força da fé, e domina o eu pessoal e as impressões dos sentidos. Quem atingiu este conhecimento e esta Sabedoria, entra na Paz Suprema, no Nirvana. (B. Gita IV; 39)Nessa explanação, o avatar hindu explica a seu discípulo que a Verdade é alcançada através de ações, como o domínio pessoal, e não menciona estudo categórico dos livros. Ou seja, as escrituras são importantes para orientar o aspirante e indicar acaminho. Porem o caminho em si, para alcançar esta verdade, o real é feito sobretudo de ação. Aqui se faz propício mencionar que a própria palavra religião, deriva etimologicamente do latim‘religare’, que quer dizer religação ou religar-se. Assim, a própria palavra religião é um verbo, uma ação, não podendo o homem realizá-la com passividade. O próprio apostolo João começa seu evangelho com as seguintes palavras :No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. (João 1; 1)E no Gita krishna enfatiza-seSabe que toda a ação tem sua origem em Brama. Brama é a revelação da indivisível Unidade. Por isso, Brama, que tudo penetra, é sempre presente nas tuas ações.Um outro fator muito interessante dentro deste contexto é que não só Cristo como Krishna, mas todos os mestres espirituais sempre mencionaram que este caminho, pela busca da verdade é apertado e difícil. São poucas as pessoas que tem pré-disposiçãopara percorrê-lo. Então disse a seus discípulos: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. (Mateus 9:37)Muitos são os chamados, mas poucos são os escolhidos. (Mateus, 22.14).Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso é o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. ( Mateus 7; 13 14) E nas palavras de Krishna:Poucos são os homens que, no meio dos milhares da raça, tem suficiente discernimentopara desejar chegar à perfeição. E, deste poucos, tão raros são os que a procuram comsucesso, que se acha apenas, ca e lá, alguém que Me conhece em minha natureza essencial.(B. Gita VII; 3)Outro fator que confirma esta linha de pensamento é o fato de que os mestres sempre falaram reservadamente a um grupo de pessoas, ou seja aos seus discípulos. Jesus, tinha dois discursos distintos. Um discurso publico e um que era reservado a seus discípulos e seguidores íntimos.Vejamos alguma passagens.

Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus,mas aqueles não lhes é isso concedido.Por isso lhes falo por parábolas; porque vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem, nem entendem.(Mateus 13;11 e 13)Bem-aventurados, porem, os vossos olhos, porque vêem; e os vossos ouvidos, porque ouvem. 17Pois em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram, e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram. (Mateus 13;16 e 17)Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras. (lucas 26;45)Ou seja, ele jamais revelou seus mistérios mais íntimos à toda amultidão de pessoas que o ouviram. Como encontramos no evangelhode Lucas, para entender as escrituras, não basta analises intelectuais, porem uma revelação divina, que Jesus da apenas aos discípulos.Assim também Krishna, fala em todo o Bhagavad Gita, reservadamente à Arjuna. Ele não discursa para todo o exército dos pandavas, mas somente ao seu líder.A ti o Arjuna cujo coração esta livre de contradição, ensinarei agora a misteriosa ciência suprema, a Ciencia dos reis e o real Segredo, cujo conhecimento te tornará para sempre livre do mal e d desventura.(BAg 9;1)Jesus tambem enfatizava seus discípulos a cuidarem com o que diziam e para quem diziam:Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem. (Mateus 7;6)Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras. (lucas 26;45)E Krishna: Disto não digas nada ao mundano, nem ao ímpio, nem ao que não quer ouvir, nem o que Me maldiz. ( B.Gita 18;67)Mas então deveríamos nos perguntar, como então alcançar essa verdade e ser merecedor desses mistérios. Muitas passagens bíblicas e hinduístas poderiam aqui serem citadas e relacionadas, porem, existem uma que é resume todas as outras, pela sua magnitude.Por isso, vos digo: não andeis ansioso pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. ( Mateus 6; 25,32 e 33)

“Abandona todos os teus deveres, busca-Me para teu abrigo, não te preocupes, pois Eu te livrarei de todos os males."

Porem apesar de todas as dificuldade, os mestres enfatizaram queos Deuses são compassivos e sempre devemos ter fé.Disse-lhes ele: Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passara. Nada vos será impossível.( Mateus 17:20)Mas o ignorante e o descrente não podem achar nem o começo do caminho que à Paz conduz. Sem fé não é possível felicidade e paz neste mundo, nem nos outros (B. Gita. IV;40)Enfim muitas e muitas são as passagens e ensinamentos, da doutrina de Cristo e Krishna, que podem ser relacionados. Porem,se fossemos forçados a escolher apenas uma passagem, a mais belae ao mesmo tempo mais forte recomendação dos mestres, a busca pela perfeição seria talvez, a mais forte concorrente.Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso pai celeste. (Mateus 5.48).Realize ele todas as ações refugiado em mim , e não apenas o seu dever próprio, e por Minha graça alcançará a perfeição, eterna e imutável.(B. Gita. XVIII; 56)

A Complementação Como parte final dessa monografia, me faço cumprir o que foi prometido na sua parte introdutória quando afirmei que o dialogoentre as religiões resultaria em um enriquecimento enorme na interpretação de suas doutrinas. Vejamos primeiramente algumas passagens bíblicas retirados dos evangelhos:Não penseis que vim trazer paz à Terra: não vim trazer paz, mas uma espada.Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai, entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. E assim os piores inimigos de um homem serão os seus próprios parentes. (Mateus 10; 34- 36)Se alguém vem a mim, e não aborrece a seu pai, mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e ainda sua própria vida, não pode ser meu discípulo. (Lucas 14; 26)Aquele que não tem espada, que venda sua capa e compre uma. (Lucas 22:36)Se déssemos a um cristão essas passagens e sugeríssemos que ele as interpretasse ele provavelmente não ficaria muito tranqüilo com nossa sugestão e daria possivelmente respostas que pudessem contornar o desafio proposto. Pois como pode o mestre Jesus, o mesmo que pregou a fraternidade universal, o amor ao próximo e aos inimigos, que perdoou todos os pecadores, incluindo os que omataram e o crucificaram, ter dito passagens como estas? Porem, se este mesmo cristão, tivesse em alguma momento de sua vida lido o Bhagavad Gita, ele com certeza resolveria esse quebra cabeça com um sorriso estampado no rosto, e com muita tranqüilidade. Pois é lógico que estas passagens, interpretadas

paralelamente ao Gita, alem da simples interpretação, dão ao cristianismo um crescimento grandioso na sua doutrina.O tema central do livro sagrado hindu é uma batalha. Onde seu personagem principal, Arjuna, tem que batalhar com seus parentes. Seus irmãos são seus próprios inimigos que ele encontra no campo de batalha. Porem, batalhar com os nossos parentes significa, num sentido esotérico, batalhar contra nossos defeitos psicológicos. Falamos que eles são nossos parentes, pois convivemos, e ate conversamos com eles todos os dias. Com certeza, todos temos hábitos e defeitos que nos são mais familiares e que temos mais apego e amor, do que nossos parentes no mundo físico. Ou seja, quando Cristo diz que quem não aborrece seu pai e sua mãe não serve como discípulo, ele quer dizer que o aspirante deve estar disposto a batalhar contra os seus defeitos, pelos quais temos muitas vezes admiração e que ate nos parecem divinos. Quanto ele diz que veio trazer guerra e não a paz, se refere claramente à guerra interior, que muitas vezes é tão ou mais ‘sangrenta’ que as do mundo físico. Guerra que deveríamos travar todos os dias, de instante em instante, sem medo nem angustia.Quão mais clara e grandiosa ficaria a doutrina cristã se fosse beber nas escrituras hindus? Essa é uma pergunta que assustaria a grande parte dos cristãos, e muitos provavelmente, por preconceito e medo, não se interessariam por respondê-la.Porem, pela lei do Eterno Retorno, sabemos que um dia, novamentea humanidade entrará em uma época de ouro. E então as pessoas, livres de todos os preconceitos e dogmas, se maravilharão ao compreender que o mesmo Deus se manifestou muitas e de diferentes maneiras ao longo da historia da humanidade. E então poderemos, talvez, começar a construir definitivamente uma Fraternidade Universal.Enquanto esperamos, vivendo em meio a uma humanidade afundada nomaterialismo científico, termino este trabalho por dizer que ainda podemos nos consolar com o fato de que ainda existam muitos religiosos, mesmo que sejam incompletos. Fiquemos novamente nas palavras de Eliphas Levi:

“A fé assim tem, pois, sua evidencia e é esta uma verdade que é indispensável saber: o homem que não crê é incompleto, falta-lhe o primeiro de todos os sentidos interiores. Amoral, para êle, será necessàriamente restrita e se reduzirá a mui pouca coisa. A moral

pode ser independente desta ou daquela formula dogmática, é independente das prescrições deste ou daquele padre, porem não poderia existir sem o sentimento religioso, porque fora deste sentimento, a dignidade humana torna-se contestável ou arbitrária. Sem Deus, e sem a imortalidade da alma, que é o homem melhor, mais amante, mais fiel? È uma cão que fala; e muitos acharão a moral do lobo mais independente e mais altiva que a do cão.” (Eliphas Levi)

Notas

(1) Por motivo de curiosidade e como prova de que o tema da transfiguração tem muito a ser analisado, existe nos 4 evangelhos uma fato muito interessante. Como Mateus nos relata, Cristo subiu ao monte com Pedro, Tiago e João. Este mesmo relato é encontrado nos evangelhos de Marcos e Lucas, que assim como Mateus não estavam presentes no evento. Já no quarto livro do NovoTestamento, que foi escrito por João e que foi o único do 4 escritores dos evangelhos que estava presente na transfiguração, esse evento não é relatado.

(2) Encontramos no decorrer da biografia do mestre Jesus, como na do próprio avatar hindu, muitas referencias ao numero 3. Nota-se claramente que este numero contem uma força cabalística que se faz presente muitas vezes e sob muitas formas. Foram assim 3 os reis magos que visitaram Jesus. Ele foi tentado 3 vezes pelo diabo e levou 3 discípulos com ele para o monte na transfiguração. Pedro o negou 3 vezes, assim como foram postos 3 pregos na cruz. Alem de ele ter sido crucificado na terceira hora, foram 3 as pessoas crucificadas naquele dia. Morreu com 33 anos começando sua obra aos 30, (o que totaliza uma obra de 3 anos.). E por ultimo, não ressuscitou por acaso noterceiro dia, assim como não foi mera coincidência que tenha, segundo o evangelho de João, se manifestado 3 vezes aos seus discípulos após ressurecto. E não é por acaso, é claro, que todas as autenticas religiões descrevem a divindade sobre 3 aspectos. (Pai, Filho, Espírito Santo no cristianismo. Brahma, Vishnu e Shiva no hinduismo. Osíris, Ísis e Horus para os egípcios. Mitra, Ormuz e Arimam para os persas. Entre outros.)

(3) A palavra ‘apócrifo’, segundo estudiosos, tinha durante a época do cristianismo primitivo o significado etimológico de oculto ou escondido, porem ao longo do tempo tomou o significado de falso ou não inspirado. No caso dos livros cristãos apócrifos, estes somam hoje um total de 112 livros, 52 referentes ao Antigo Testamento e 60 referentes ao Novo Testamento, dentreeles muitos evangelhos como os de Tomé, Maria Madalena e Filipe.

BIBLIOGRAFIA

Bhagavad Gita. São Paulo: Pensamento

Bíblia Sagrada. (Novo Testamento)

DALAL, Clayton Diksha. As Aventuras do Jovem Krishna O Ser Supremo. São Paulo: Madras Editora, 1999.

GRIFFITHS, Bede. Casamento do oriente com o Ocidente: Hinduísmo e Cristianismo. São Paulo: Paulus, 2000.

LEVI, Eliphas. O Grande Arcano. São Paulo: Pensamento.

SCHURÉ, Edouard. O Grandes Iniciados: Krishna. São Paulo: Martin Claret,2003.

http://www.cefetsp.br/edu/eso/guerrairaque/emnomedeus.htmlhttp://www.gopala.com/jesus/ensinamentos.htm#Rendição%20a%20Deushttp://www.spectrumgothic.com.br/ocultismo/livros/apocrifos.htm