Apostila Estrutura e Analise das Demonstracoes Financeiras - PROFESSOR
Analise Ambiental - Monografia Metais Pesados
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Monografia: Metais Pesados – Análise
Ambiental – Estudo Dirigido ao Curso de
Biomedicina
Monografia apresentado da matéria
Análise Ambiental, da Faculdade de
Biomedicina do Centro Universitário
Nossa Senhora do Patrocínio
Área de Concentração: Análise Ambiental
Orientadora: Dra. Valéria Aranha
Autores: Cesar Machado
Eduardo Egisto
Letícia Singulani
Mariana Zanata
Itu
2011
CEUNSP
Itu
Centro Universitário
Nossa Senhora do Patrocínio
Faculdade de Saúde e Ciências da Vida
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 2
Autores
Cesar Machado – RGM 80000 – nº 09
Eduardo Egisto – RGM 82653 – nº 13
Letícia Singulani – RGM 84109 – nº 44
Mariana Zanata – RGM 82031 – nº 33
1º Semestre de Biomedicina – Turma 40111 Matutino
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 3
Prefácio
Os metais pesados são elementos químicos
altamente reativos e bio-acumulativos, ou seja,
acumulam-se com o tempo no organismo que é
incapaz de eliminá-los. Quimicamente, os metais
pesados são definidos como um grupo de
elementos situados entre o cobre e o chumbo na
tabela periódica tendo pesos atômicos ente 63,546
e 200,590 e gravidade específica superior a 4,0.
Muitos metais são essenciais para o crescimento de
todos os tipos de organismos, desde as bactérias
até mesmo o ser humano, mas eles são requeridos
em baixas concentrações caso contrários, podem
danificar sistemas biológicos. Incluem-se aí metais
como o cobalto, cobre, manganês, molibdênio,
vanádio, estrôncio, e zinco, para a realização de
funções vitais no organismo. Porém níveis
excessivos desses elementos podem ser
extremamente tóxicos.
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 4
Abstract
Heavy metals are highly reactive chemicals and bio-
accumulative, accumulate over time in the body that
is unable to eliminate them. Chemically, heavy
metals are defined as a group of components
between the copper and lead in the periodic table
with atomic weights being 63.546 and 200.590 and
specific gravity greater than 4.0. Many metals are
essential for growth of all types of organisms, from
bacteria to humans even, but they are required at
low concentrations might otherwise damage
biological systems. These include metals such as
cobalt, copper, manganese, molybdenum,
vanadium, strontium, and zinc, to perform vital
functions in the body. But excessive levels of these
elements can be extremely toxic.
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 5
SUMARIO
Autores ............................................................................. pg. 02
Prefácio ............................................................................ pg. 03
Abstract ............................................................................ pg. 04
Sumário ............................................................................ pg. 05
Metais Pesados – I Parte
Introdução ........................................................................ pg. 06
Metais Pesados – II Parte
1º Metal – Mercúrio .......................................................... pg. 13
2º Metal – Níquel .............................................................. pg. 16
3º Metal – Arsênico .......................................................... pg. 21
Metais Pesados – III Parte
Bibliografia ....................................................................... pg. 24
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 6
Metais Pesados – I Parte
Introdução
Nosso mundo hoje vive a pleno vapor, a palavra de ordem para grandes
empresários no ramo industrial é produzir e produzir, e com isso temos cada vez
mais produtos a nossa disposição, cada vez mais modernos. Mais o que
estamos vendo e sentindo, é que o nosso meio ambiente é a uma das vitimas
dessa produção em grandes escalas, que diretamente é poluído em todos seus
meios, no solo, na água e ar.
Hoje não podemos dizer que existe um lugar em especifico que não
esteja contaminado por algum poluente, seja um gás, um metal, hoje o que os
pesquisadores e cientistas dizem é, em que nível esta poluído o lugar ou
ambiente especifico, e um dos poluentes mais agressivos ao meio ambiente são
os metais pesados principalmente por que eles não são sintetizados nem
destruídos pelo homem, e ele tem a característica acumulativa nos seres vivos,
nós precisamos de alguns desses metais para o nosso crescimento, mas quando
há um descontrole nessas quantidades eles sem duvida nenhuma são um
veneno para nosso organismo.
Nós aprendemos a utilizar os metais há muito tempo atrás, há cerca de
2.000a.C., o chumbo por exemplo é o subproduto da fusão da prata.
Os metais podem ser classificados em:
1. Elementos essenciais: sódio, potássio, cálcio, ferro, zinco, cobre,
níquel e magnésio;
2. Micro-contaminantes ambientais: arsênico, chumbo, cádmio,
mercúrio, alumínio, titânio, estanho e tungstênio;
3. Elementos essenciais e simultaneamente micro-contaminantes:
cromo, zinco, ferro, cobalto, manganês e níquel.
Os efeitos tóxicos dos metais sempre foram considerados como eventos
de curto prazo, agudos e evidentes, como anúria e diarréia sanguinolenta,
decorrentes da ingestão de mercúrio. Atualmente, ocorrências a médio e longo
prazo são observadas, e as relações causa-efeito são pouco evidentes e quase
sempre subclínicas. Geralmente esses efeitos são difíceis de serem distinguidos
e perdem em especificidade, pois podem ser provocados por outras substâncias
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 7
tóxicas ou por interações entre esses agentes químicos. A manifestação dos
efeitos tóxicos está associada à dose e pode distribuir-se por todo o organismo,
afetando vários órgãos, alterando os processos bioquímicos, organelas e
membranas celulares.
Acredita-se que pessoas idosas e crianças sejam mais susceptíveis às
substâncias tóxicas. As principais fontes de exposição aos metais tóxicos são os
alimentos, observando-se um elevado índice de absorção gastrointestinal.
Em adição aos critérios de prevenção usados em saúde ocupacional e de
monitorização ambiental, a biomonitorização tem sido utilizada como indicador
biológico de exposição, e toda substância ou seu produto de biotransformação,
ou qualquer alteração bioquímica observada nos fluídos biológicos, tecidos ou ar
exalado, mostra a intensidade da exposição e/ou a intensidade dos seus efeitos.
Recentemente, tem sido noticiado na mídia escrita e falada a
contaminação de adultos, crianças, lotes e vivendas residenciais, com metais
pesados, principalmente por chumbo e mercúrio. Contudo, a maioria da
população não tem informações precisas sobre os riscos e as conseqüências da
contaminação por esses metais para a saúde humana.
Dos 2,9 milhões de toneladas de resíduos industriais perigosos gerados
anualmente no Brasil, somente 600 mil toneladas recebem tratamento
adequado, conforme estimativa da Associação Brasileira de Empresas de
Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais (ABETRE). Os
78% restantes são depositados indevidamente em lixões, sem qualquer tipo de
tratamento.
Arsênico (As)
O arsênico é um metal de ocorrência natural, sólido, cristalino, de cor
cinza-prateada. Exposto ao ar perde o brilho e torna-se um sólido amorfo de cor
preta. Esse metal é utilizado como agente de fusão para metais pesados, em
processos de soldagens e na produção de cristais de silício e germânio. O
arsênico é usado na fabricação de munição, ligas e placas de chumbo de
baterias elétricas. Na forma de arsenito é usado como herbicida e como
arsenato, é usado nos inseticidas.
No homem produz efeitos nos sistemas respiratório, cardiovascular,
nervoso e hematopoiético. No sistema respiratório ocorre irritação com danos
nas mucosas nasais, laringe e brônquios. Exposições prolongadas podem
provocar perfuração do septo nasal e rouquidão característica e, a longo prazo,
insuficiência pulmonar, traqueobronquite e tosse crônica.
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No sistema cardiovascular são observadas lesões vasculares periféricas
e alterações no eletrocardiograma. No sistema nervoso, as alterações
observadas são sensoriais e polineuropatias, e no sistema hematopoiético
observa-se leucopenia, efeitos cutâneos e hepáticos. Tem sido observada
também a relação carcinogênica do arsênico com o câncer de pele e brônquios.
Chumbo (Pb)
Há mais de 4.000 anos o chumbo é utilizado sob várias formas,
principalmente por ser uma fonte de prata. Antigamente, as minas de prata eram
de galena (minério de chumbo), um metal dúctil, maleável, de cor prateada ou
cinza-azulada, resistente à corrosão. Os principais usos estão relacionados às
indústrias extrativa, petrolífera, de baterias, tintas e corantes, cerâmica, cabos,
tubulações e munições.
O chumbo pode ser incorporado ao cristal na fabricação de copos, jarras
e outros utensílios, favorecendo o seu brilho e durabilidade. Assim, pode ser
incorporado aos alimentos durante o processo de industrialização ou no preparo
doméstico.
Compostos de chumbo são absorvidos por via respiratória e cutânea. Os
chumbos tetraetila e tetrametila também são absorvidos através da pele intacta,
por serem lipossolúveis. O sistema nervoso, a medula óssea e os rins são
considerados órgãos críticos para o chumbo, que interfere nos processos
genéticos ou cromossômicos e produz alterações na estabilidade da cromatina
em cobaias, inibindo reparo de DNA e agindo como promotor do câncer.
A relação chumbo - síndrome associada ao sistema nervoso central
depende do tempo e da especificidade das manifestações. Destaca-se a
síndrome encéfalo-polineurítica (alterações sensoriais, perceptuais, e
psicomotoras), síndrome astênica (fadiga, dor de cabeça, insônia, distúrbios
durante o sono e dores musculares), síndrome hematológica (anemia
hipocrômica moderada e aumento de pontuações basófilas nos eritrócitos),
síndrome renal (nefropatia não específica, proteinúria, aminoacidúria,
uricacidúria, diminuição da depuração da uréia e do ácido úrico), síndrome do
trato gastrointestinal (cólicas, anorexia, desconforto gástrico, constipação ou
diarréia), síndrome cardiovascular (miocardite crônica, alterações no
eletrocardiograma, hipotonia ou hipertonia, palidez facial ou retinal,
arteriosclerose precoce com alterações cerebrovasculares e hipertensão) e
síndrome hepática (interferência de biotransformação).
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 9
Cádmio (Cd)
O cádmio é encontrado na natureza quase sempre junto com o zinco, em
proporções que variam de 1:100 a 1:1000, na maioria dos minérios e solos. É um
metal que pode ser dissolvido por soluções ácidas e pelo nitrato de amônio.
Quando queimado ou aquecido, produz o óxido de cádmio, pó branco e amorfo
ou na forma de cristais de cor vermelha ou marrom. É obtido como subproduto
da refinação do zinco e de outros minérios, como chumbo-zinco e cobre-
chumbo-zinco.
A galvanoplastia (processo eletrolítico que consiste em recobrir um metal
com outro) é um dos processos industriais que mais utiliza o cádmio (entre 45 a
60% da quantidade produzida por ano). O homem expõe-se ocupacionalmente
na fabricação de ligas, varetas para soldagens, baterias Ni-Cd, varetas de
reatores, fabricação de tubos para TV, pigmentos, esmaltes e tinturas têxteis,
fotografia, litografia e pirotecnia, estabilizador plástico, fabricação de
semicondutores, células solares, contadores de cintilação, retificadores e lasers.
O cádmio existente na atmosfera é precipitado e depositado no solo agrícola na
relação aproximada de 3 g/hectares/ano. Rejeitos não-ferrosos e artigos que
contêm cádmio contribuem significativamente para a poluição ambiental. Outras
formas de contaminação do solo são através dos resíduos da fabricação de
cimento, da queima de combustíveis fósseis e lixo urbano e de sedimentos de
esgotos.
Na agricultura, uma fonte direta de contaminação pelo cádmio é a
utilização de fertilizantes fosfatados. Sabe-se que a captação de cádmio pelas
plantas é maior quanto menor o pH do solo. Nesse aspecto, as chuvas ácidas
representam um fator determinante no aumento da concentração do metal nos
produtos agrícolas.
A água é outra fonte de contaminação e deve ser considerada não
somente pelo seu consumo como água potável, mas também pelo seu uso na
fabricação de bebidas e no preparo de alimentos. Sabe-se que a água potável
possui baixos teores de cádmio (cerca de 1 mg/L), o que é representativo para
cada localidade.
O cádmio é um elemento de vida biológica longa (10 a 30 anos) e de
lenta excreção pelo organismo humano. O órgão alvo primário nas exposições
ao cádmio em longo prazo é o rim. Os efeitos tóxicos provocados por ele
compreendem principalmente distúrbios gastrointestinais, após a ingestão do
agente químico. A inalação de doses elevadas produz intoxicação aguda,
caracterizada por pneumonite e edema pulmonar.
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 10
Mercúrio (Hg)
A progressiva utilização do mercúrio para fins industriais e o emprego de
compostos mercuriais durante décadas na agricultura resultaram no aumento
significativo da contaminação ambiental, especialmente da água e dos
alimentos.
Uma das razões que contribuem para o agravamento dessa
contaminação é a característica singular do Ciclo do Mercúrio no meio ambiente.
A biotransformação por bactérias do mercúrio inorgânico a metilmercúrio é o
processo responsável pelos elevados níveis do metal no ambiente.
O mercúrio é um líquido inodoro e de coloração prateada. Os compostos
mercúricos apresentam uma ampla variedade de cores. Nos processos de
extração, o mercúrio é liberado no ambiente principalmente a partir do sulfeto de
mercúrio.
O mercúrio e seus compostos são encontrados na produção de cloro e
soda cáustica (eletrólise), em equipamentos elétricos e eletrônicos (baterias,
retificadores, relés, interruptores etc.), aparelhos de controle (termômetros,
barômetros, esfingnomanômetros), tintas (pigmentos), amálgamas dentárias,
fungicidas (preservação de madeira, papel, plásticos etc.), lâmpadas de
mercúrio, laboratórios químicos, preparações farmacêuticas, detonadores, óleos
lubrificantes, catalisadores e na extração de ouro.
O trato respiratório é a via mais importante de introdução do mercúrio.
Esse metal demonstra afinidade por tecidos como células da pele, cabelo,
glândulas sudoríparas, glândulas salivares, tireóide, trato gastrointestinal, fígado,
pulmões, pâncreas, rins, testículos, próstata e cérebro.
A exposição a elevadas concentrações desse metal pode provocar febre,
calafrios, dispnéia e cefaléia, durante algumas horas. Sintomas adicionais
envolvem diarréia, cãibras abdominais e diminuição da visão. Casos severos
progridem para edema pulmonar, dispnéia e cianose. As complicações incluem
enfisema, pneumomediastino e morte; raramente ocorre falência renal aguda.
Pode ser destacado também o envolvimento da cavidade oral (gengivite,
salivação e estomatite), tremor e alterações psicológicas. A síndrome é
caracterizada pelo eretismo (insônia, perda de apetite, perda da memória,
timidez excessiva, instabilidade emocional). Além desses sintomas, pode ocorrer
disfunção renal.
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 11
Cromo (Cr)
O cromo é obtido do minério cromita, metal de cor cinza que reage com
os ácidos clorídricos e sulfúricos. Além dos compostos bivalentes, trivalentes e
hexavalentes, o cromo metálico e ligas também são encontrados no ambiente de
trabalho. Entre as inúmeras atividades industriais, destacam-se: galvanoplastia,
soldagens, produção de ligas ferro-cromo, curtume, produção de cromatos,
dicromatos, pigmentos e vernizes.
A absorção de cromo por via cutânea depende do tipo de composto, de
sua concentração e do tempo de contato. O cromo absorvido permanece por
longo tempo retido na junção dermo-epidérmica e no estrato superior da
mesoderme.
A maior parte do cromo é eliminada através da urina, sendo excretada
após as primeiras horas de exposição. Os compostos de cromo produzem
efeitos cutâneos, nasais, bronco-pulmonares, renais, gastrointestinais e
carcinogênicos. Os cutâneos são caracterizados por irritação no dorso das mãos
e dos dedos, podendo transformar-se em úlceras. As lesões nasais iniciam-se
com um quadro irritativo inflamatório, supuração e formação crostosa. Em níveis
bronco-pulmonares e gastrointestinais produzem irritação bronquial, alteração da
função respiratória e úlceras gastroduodenais.
Manganês (Mn)
O manganês é um metal cinza semelhante ao ferro, porém mais duro e
quebradiço. Os óxidos, carbonatos e silicatos de manganês são os mais
abundantes na natureza e caracterizam-se por serem insolúveis na água. O
composto ciclopentadienila-tricarbonila de manganês é bem solúvel na gasolina,
óleo e álcool etílico, sendo geralmente utilizado como agente anti-detonante em
substituição ao chumbo tetraetila.
Entre as principais aplicações industriais do manganês, destacam-se a
fabricação de fósforos de segurança, pilhas secas, ligas não-ferrosas (com cobre
e níquel), esmalte porcelanizado, fertilizantes, fungicidas, rações, eletrodos para
solda, magnetos, catalisadores, vidros, tintas, cerâmicas, materiais elétricos e
produtos farmacêuticos (cloreto, óxido e sulfato de manganês). As exposições
mais significativas ocorrem através dos fumos e poeiras de manganês.
O trato respiratório é a principal via de introdução e absorção desse metal nas
exposições ocupacionais. No sangue, esse metal encontra-se nos eritrócitos, 20-
25 vezes maior que no plasma.
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 12
Os sintomas dos danos provocados pelo manganês no SNC podem ser
divididos em três estágios: 1º: subclínico (astenia, distúrbios do sono, dores
musculares, excitabilidade mental e movimentos desajeitados); 2º: início da fase
clínica (transtorno da marcha, dificuldade na fala, reflexos exagerados e tremor),
e 3º: clínico (psicose maníaco-depressiva e a clássica síndrome que lembra o
Parkinsonismo). Além dos efeitos neurotóxicos, há maior incidência de bronquite
aguda, asma brônquica e pneumonia.
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 13
Metais Pesados – II Parte
1º Metal – Mercúrio
Número Atômico: 80 – Símbolo: Hg
Um dos metais pesados mais impactantes para o meio ambiente e para a
nossa saúde é o Mercúrio (Hg). O mercúrio tem uma característica única, o ciclo
do mercúrio, neste ciclo o mercúrio que é lançado no meio ambiente decorrente
da mineração e queima de combustíveis fósseis, ao cair em um curso de água,
por exemplo, uma parte se torna volátil evapora, e cai em seguida por meio da
chuva ácida, e a parte restante é consumida pelas plantas aquáticas e pelos
peixes, com isso as bactérias fazem a transformação de Mercúrio metálico em
Mercúrio Orgânico que altamente tóxico.
Esquema do Ciclo de Intoxicação do Mercúrio
Mercúrio orgânico entra na cadeia alimentar e sua concentração aumenta
conforme o nível trófico da espécie, se tornando cada vez mais tóxico, e com
isso causam mais danos a saúde nos níveis mais altos nos seres humanos por
exemplo.
Já o mercúrio volátil em seu estado de vapor, por ser estável na
atmosfera ele pode afetar áreas remotas do planeta levando essas áreas à
Mercúrio Liquido
•Pele
•Homem Intoxicado
Ar, Água e Solo
•Fauna e Flora
•Homem Intoxicado
Vapor de Mercúrio
•Pulmões
•Homem Intoxicado
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 14
degradação do meio ambiente, já foram constatadas medidas altíssimas de
mercúrio na Antártica.
Problemas causados pelo mercúrio ao Homem
Uma vez no organismo o mercúrio cai na circulação sanguínea, sendo
oxidado formam compostos solúveis que se combinam com proteínas e sais dos
tecidos esses compostos solúveis são absorvidos pelas mucosas, os vapores
por via respiratória e os insolúveis pela pele e pelas glândulas sebáceas. Com
isso o mercúrio interfere metabolismo celular incapacitando o processo
enzimático celular, e se espalhando pelo organismo e se acumulando em órgão
de suma importância como rins, fígados ele provoca então a desintegração dos
tecidos com formação de proteínas mercuriais, o mercúrio enfim para o
organismo é um veneno protoplasmático.
Sintomas da Intoxicação por Mercúrio
Intoxicação Aguda:
1. Aspecto cinza escuro na boca e faringe;
2. Dor intensa;
3. Vômitos (podem ser até sanguinolentos);
4. Sangramento nas gengivas;
5. Sabor metálico na boca;
6. Ardência no aparelho digestivo;
7. Diarréia grave ou sanguinolenta;
8. Inflamação na boca (estomatite);
9. Queda dos dentes e ou dentes frouxos;
10. Glossite;
11. Tumefação da mucosa da gengiva;
12. Nefrose nos rins;
13. Problemas hepáticos graves;
14. Pode causar morte rápida (1 ou 2 dias).
Intoxicação Crônica:
1. Transtornos digestivos;
2. Transtornos nervosos;
3. Caquexia;
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 15
4. Estomatite;
5. Salivação;
6. Mau hálito;
7. Inapetência;
8. Anemia;
9. Hipertensão;
10. Afrouxamento dos dentes;
11. Problemas no sistema nervoso central;
12. Transtornos renais leves;
13. Possibilidade de alteração cromossômica.
(fonte http://www.areaseg.com/toxicos/mercurio.html)
Em questão de controle do mercúrio foi feita A Primeira Reunião do
comitê de Negociação Intergovernamental do dia 7 há 11 de junho de 2010
nesse comitê foi estipulada uma data 2013, nesse ano todos os países membros
das Nações Unidas devem estabelecer compromissos para o controle, e
proteção do meio ambiente, ecossistemas e a saúde da população contra os
riscos dos agentes tóxicos do mercúrio.
“Como resultado do encontro, foi proposta uma estrutura de documento
mandatório abordando os seguintes tópicos: objetivo, estrutura geral,
capacitação e assistências técnicas e financeiras, demanda e suprimento de
mercúrio, comércio internacional, resíduos e remediação de sites contaminados,
armazenamento ambientalmente seguro, emissões atmosféricas,
conscientização e intercâmbio técnico-científico, procedimentos
complementares.
O mandato do INC estabelece um calendário de reuniões anuais até 2013, e
mais uma, em 2014, para consolidação da proposta. A próxima reunião deverá
ocorrer em janeiro de 2011, Chiba, no Japão, em alusão ao conhecido incidente
de Minamata, ocorrido entre 1956 e 1968, quando centenas de pessoas de uma
área costeira foram contaminadas pelo mercúrio despejado nas águas da
região.”
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 16
2º Metal – Níquel
Número Atômico: 28 – Símbolo: Ni
Este metal tem papel fisiológico (exemplo as hidrogenases das bactérias,
como as uréases presentes nas plantas que contêm níquel no local ativo e
precisam dele para exercer sua ação), como nefasto (toxicidade, carcinogenese
e teratogenese) no organismo.
A questão é que, uma substância pode ser tóxica, mas segura desde que
a sua manipulação seja correta e a exposição dentro dos níveis seguros.
Exemplo, disso é a gasolina, a amônia, o Níquel.
Toxicidade nos Humanos
Em pequenas quantidades o Níquel é necessário ao organismo do
Homem e dos outros animais. Não é um composto tóxico cumulativo, mas,
quando as quantidades ultrapassam as requeridas este se torna prejudicial.
O Homem está exposto ao Níquel através do ar que respira, da água
ingerida, do fumo dos cigarros, alimentos como cocos, alguns frutos secos,
nabos, chocolate, gorduras e flocos de aveia que têm altos níveis de níquel em
sua constituição.
As quantidades ingeridas, diariamente, são cerca do triplo das que
necessitamos, mas são níveis seguros. Mesmo em casos, devido à dieta
adotada, em que os valores atingem os 100-300µg/dia, não surgem graves
problemas de toxicidade. Os próprios utensílios de cozinha e alguns detergentes
libertam Níquel contribuindo, significativamente, para a sua ingestão diária. Outra
fonte de Níquel é o cigarro, que se acumula diretamente a nível pulmonar (2-
23μg Níquel/dia podem resultar de se fumar 40 cigarros num dia). O Níquel
proveniente desta via pode levar a irritação respiratória e, mesmo a pneumonias.
Mas no fundo, são as pessoas que estão expostas a elevados níveis
deste composto, durante mais de quatro horas, que podem vir a ter
conseqüências graves devido a uma elevada toxicidade, quer a nível pulmonar
quer a nível gastrointestinal. O Níquel e seus compostos são, primordialmente,
absorvidos pelo trato respiratório, detendo-se neste, e em pequena extensão
pelo trato gastrointestinal, de acordo com a dissolução e receptação celular.
Estes problemas de toxicidade surgem porque o Homem como os outros
animais, não tem enzimas que utilizam o Níquel. Quase todos os casos de
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 17
toxicidade aguda causada pelo Níquel em humanos resultam da exposição aos
Carbonetos, Sulfatos e Óxidos de Níquel.
Os efeitos iniciais envolvem dores de cabeça, vertigens, náuseas,
vômitos, insônias irritação do trato respiratório e, posteriormente, sintomas
pulmonares semelhantes a uma pneumonia viral. As lesões pulmonares
patológicas incluem, hemorragias, edemas e desarranjo celular. O fígado, rins,
glândula adrenal, baço e o cérebro também são afetados.
O efeito crônico como rinite, sinusite, perfurações nasais, displasia e
asma surgem mais em trabalhadores de refinarias e de chapas de Níquel por
estarem, diariamente, expostos a elevados níveis. Sintomas nefro tóxicos como,
edema renal e degeneração parenquimatosa também foram revelados em
trabalhadores com exposição industrial ao níquel. Já os efeitos transitórios de
nefro toxicidade surgiram após ingestão de sais de Níquel.
O Níquel também é uma agente sensibilizante causando dermatites de
contato nas pessoas mais sensíveis. O Níquel e seus compostos ainda podem
ser carcinogênicos em concentrações muito superiores às que o organismo
consegue suportar, apesar de ainda não se saber exatamente o porquê.
Também podem surgir problemas de fertilidade e no desenvolvimento do
feto, (más formações a nível ocular, quistos pulmonares, hidronefroses,
deformações nos ossos...).
A exposição iatrogênica ao Níquel resulta de implantes e próteses feitos a
partir do Níquel, de fluidos intravenosos ou de diálise (100μ por tratamento) e
das radiografias de contraste.
Ingestão de Níquel Solúvel
O Níquel é um constituinte solúvel que se encontra em muitos alimentos
(é um dos elementos da água que nós bebemos, nos lavamos, como de alguns
vegetais...). Os teores recomendados na água, por exemplo, são de 0,1 mg de
níquel por 1litro de água (0,1 mg/L).
Atualmente não há nenhum estudo que evidencia que a ingestão de
Níquel é a causa de cancro no Homem ou se isso somente torna as pessoas
mais sensíveis ao Níquel. Alguns sugerem que a condição de alguns indivíduos,
já sensíveis ao Níquel, pode é ser agravada por sua ingestão, mas as
quantidades requeridas para tal têm de ser muito superiores às ingeridas
diariamente, o que é difícil de ocorrer. Se, acidentalmente, ingerirmos
demasiadamente compostos derivados de Níquel solúveis, como Sulfato ou
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 18
Cloreto, pode-se ter um ataque gastrointestinal que pode ser acompanhado de
vômito, diarréia, vertigens, ou falta de respiração, mas não efeitos mortais.
Estes ocorrem mais, como já se referiu, para as pessoas que, contata,
diretamente com este mineral ou seus compostos. Também através de moedas
ou jóias que o tenham em sua constituição; também ao inspirarmos ar que
baixos teores em Níquel ou se trabalharmos em indústrias que processam ou
que usam o níquel.
Toxicidade nos Animais
Os efeitos maléficos do Níquel na saúde do Homem foram analisados em
laboratório. Para os animais o Níquel é um elemento essencial em pequenas
quantidades mas este se torna perigoso quando as doses máximas toleradas
são ultrapassadas, podendo levar ao aparecimento de diferentes tipos de
cancro. Por inalação prolongada de Níquel metálico e Óxido de Níquel surgiram
danos na mucosa e reação inflamatória no trato respiratório em ratos e porcos
da índia. Também ocorreu hiperplasia epitelial e pneumoconiose e reações
inflamatórias progressivas, por vezes, acompanhadas de fibrose após inalação
de óxido de níquel e Cloreto de Níquel.
O Níquel também influenciou diminuindo a produção de prolactina e o
Cloreto de Níquel reduziu a receptação de iodina pela tiróide além de afetar o
sistema das células T.
O destino dos poluentes ambientais, por bioacumulação (processo que
leva ao aumento da concentração química de compostos poluentes, nos
organismos, comparativamente, à sua concentração quando estes se encontram
no meio ambiente, águas ou solos, não poluído) é um aspecto fundamental da
ecotoxicologia.
O Níquel é um elemento que se encontra em diferentes partes da
biosfera. Constitui cerca de 0,008% da crosta terrestre e é o 15º elemento mais
comum, a seguir ao Ferro, Oxigênio, Sílica e Magnésio quando temos em conta
a composição global do planeta Terra. Na atmosfera existe principalmente na
forma de partículas sólidas de aerossóis, em níveis muito baixos, e as espécies
de níquel presente dependem da fonte de contaminação. As fontes da
contaminação ambiental pelo Níquel são, especialmente, as indústrias que, o
usam para produção de diversos materiais, combustão do petróleo, carvão,
incineração de lixo. A concentração de Níquel na atmosfera das áreas
industrializadas é por volta dos 120-170 ng/m3 e de 6-17 ng/m3 nas áreas
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 19
suburbanas. Este é emitido como Óxido, Sulfetos, Silicatos, compostos solúveis
e, em menor extensão na forma metálica.
As altas temperaturas ocorrem reação entre o Níquel e o Oxigênio com
formação de Óxido de Níquel:
Na água não ocorre reação do Níquel com os constituintes desta, sob
condições normais. No entanto, pode reagir com o Cloreto, Brometo e o Iodeto
de acordo com as reações:
Também reage com ácidos ao se dissolver lentamente em ácido sulfúrico diluído
formando soluções juntamente com o hidrogênio:
Com as bases, como OH, geralmente não há reação.
Os compostos de Níquel também estão presentes nos solos nas formas
insolúveis, como também nas solúveis, e provém muitas vezes das chuvas
ácidas. Em solos de argila, os seus teores estão abaixo dos 2ppm ou acima dos
450 ppm, pois são muito ricos neste mineral. Nas próprias rochas e sedimentos,
o Níquel pode existir associado ao Enxofre ou ao Arsênio. O minério de onde se
extrai mais Níquel é o de Ferro-Niquel e o Enxofre-Níquel. Por erosão das
rochas há libertação de quantidades significativas de Níquel para as águas, tanto
nas formas solúveis como nas insolúveis. A concentração de Níquel no fundo
dos oceanos encontra-se por volta dos 0,1-0,5 ppb Ni e nas águas mais
2 Ni(s) + O2(g) → 2NiO(s)
Ni (s) + Cl2 (g) → NiCl2 (s) Amarelo
Ni (s) + Br2 (g) → NiBr2 (s) Amarelo
Ni (s) + I2 (g) → NiI2 (s) Preto
Ni (s) + H2SO4 (aq) → Ni 2+ + SO42- (aq) + H2 (g)
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 20
superficiais por volta dos 15-20 ppb Ni. A água que consumimos tem
aproximadamente 500μg Níquel/litro.
Nos oceanos há assim, aproximadamente oito bilhões de toneladas de
Níquel dissolvido. A toxicidade do Níquel nos invertebrados aquáticos varia,
consideravelmente, de acordo com a espécie e os fatores abióticos como pH,
temperatura, salinidade do meio e a presença de matéria orgânica (tende a
absorver este metal, constituindo carvão e petróleo), e inorgânica presente
influenciam a toxicidade do Níquel.
Sabe-se que altas concentrações deste mineral nos solos podem
danificar plantas e nas águas diminuir o crescimento das algas. Os
microrganismos também podem ser atingidos havendo inibição do seu
crescimento.
Apesar de tudo, o níquel não é considerado um contaminante global, mas
cada vez mais as mudanças ecológicas têm levado ao decréscimo do número e
variedade de espécies que habitam locais perto de fontes de libertação de
níquel. Estudos dos micros sistemas revelam que a adição de níquel nos solos
causa distúrbios no ciclo do nitrogênio.
Embora a acumulação de Níquel no organismo, através de uma
exposição crônica, possa levar a fenômenos como fibrose pulmonar, doenças
cardiovasculares e hepáticas, a complicação mais problemática diz respeito à
sua atividade carcinogênica. Estudos epidemiológicos mostram, claramente, que
compostos de Níquel podem ser carcinogênicos, tendo maior evidência no nível
do pulmão e nasal.
Todos os compostos de Níquel, exceto o Níquel metálico, são
classificados, como carcinogênicos para os humanos. Além disso, o Níquel induz
stress oxidativo que inibe a glutationa, activa Ap1, o NF-kB e outros fatores de
transcrição sensíveis à oxidação. No entanto, este stress não é, provavelmente,
suficiente para produzir mutações.
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 21
3º Metal – Arsênico
Número Atômico: 33 – Símbolo: As
O arsênico é um metal de ocorrência natural, sólido, cristalino, de cor
cinza - prateada. Exposto ao ar perde o brilho e torna-se um sólido amorfo de cor
preta. Esse metal é utilizado como agente de fusão para metais pesados, em
processos de soldagens e na produção de cristais de silício e germânio. O
arsênico é usado na fabricação de munição, ligas e placas de chumbo de
baterias elétricas. Na forma de arsenito é usado como herbicida e como
arsenato, é usado nos inseticidas.
No homem produz efeitos nos sistemas respiratório, cardiovascular,
nervoso e hematopoiético. No sistema respiratório ocorre irritação com danos
nas mucosas nasais, laringe e brônquios. Exposições prolongadas podem
provocar perfuração do septo nasal e rouquidão característica e, em longo prazo,
insuficiência pulmonar, traqueobronquite e tosse crônica.
No sistema cardiovascular são observadas lesões vasculares periféricas
e alterações no eletrocardiograma. No sistema nervoso, as alterações
observadas são sensoriais e polineuropatias, e no sistema hematopoiético
observa-se leucopenia, efeitos cutâneos e hepáticos. Tem sido observada
também a relação do arsênico com o câncer de pele e brônquios.
Por mais de 12 séculos, o arsênico foi extremamente popular como
veneno. Sua popularidade remonta ao século VIII, quando o alquimista árabe
Abu Musa Jabir Ibn Hayyan (721 – 815), conhecido como Geber, descobriu uma
maneira de converter o arsênico puro (que é um metal acinzentado) em óxido de
arsênio1 (As2O3, um pó branco, sem gosto e sem cheiro). Na sua forma de
óxido, o arsênico pode ser facilmente adicionado à comida ou bebida de uma
pessoa sem levantar suspeitas, uma vez que seguiu indetectável até o século
XIX. Como resultado, o arsênico tornou-se popular em diversas classes, desde
ladrões ordinários até reis, rainhas e papas. De fato, o arsênico era tão popular
que foi apelidado de ―pó de herança‖ porque costumava acelerar de forma muito
conveniente a herança de tronos e títulos da nobreza.
Trióxido de Arsênio
Os Bórgia, figuram como o melhor exemplo do uso de arsênico para
alcançar objetivos de poder. Foi uma das mais notáveis famílias da época da
renascença, tornando-se célebres por sua índole corrupta durante o período em
que um deles tornou-se Papa. Sobre a família, como um todo, pesavam
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 22
acusações por diversos crimes, alguns com provas substanciais, como adultério,
roubo, estupro, trapaça e assassinato por envenenamento.
Rodrigo Bórgia, conhecido por suas intrigas, foi eleito Papa em 1492 e adotou o
nome de Alexandre VI. O Papa Alexandre VI teve diversos filhos reconhecidos,
estando Lucrezia e Cesare entre os mais famosos. Cesare, apoiado pelo pai,
tentou tornar-se o soberano da Itália, mas em 1503, o Papa Alexandre morreu
subitamente e diz-se que ele e Cesare beberam, acidentalmente, de uma de
suas próprias garrafas de vinho envenenadas.
Os sintomas do envenenamento por arsênico eram especialmente conve-
nientes porque em muito se assemelhavam aos sintomas do cólera, que era
comum na época. Conforme cresceu o interesse na ciência forense durante o
século XIX, um dos maiores problemas que se apresentavam aos químicos era,
justamente, a identificação de arsênico no corpo, permitindo, então, o julgamento
dos culpados por envenenamento.
Um grande número de cientistas e químicos forenses perseguiu esse
objetivo, incluindo Mathieu Joseph Bonaventure Orfila (1787 — 1853), o ―pai da
toxicologia‖ e Karl Wilhelm Scheele (1742 – 86), um dos descobridores do
oxigênio; entretanto, o primeiro a ter sucesso foi o químico britânico James
Marsh (1794–1846).
Em 1832, Marsh estava empregado no Arsenal Britânico Real e foi con-
vocado a testemunhar como perito no caso de envenenamento cujo suspeito era
um tal George Bodle. Marsh tentou usar um teste tradicional de detecção de
arsênico perante o júri. Nesse teste, sulfeto de hidrogênio gasoso é borbulhado
numa solução contendo fluidos retirados do corpo envenenado. Se houvesse
arsênico nesses fluidos, a solução ficaria amarela.
O teste deu resultado positivo, confirmando o envenenamento por
arsênico, contudo, o júri considerou o réu inocente. De acordo com um obser-
vador, o júri não ficou convencido pelo teste de Marsh porque não puderam ver o
arsênico (a substância metálica cinza). Marsh ficou furioso, não apenas pela
decisão do júri mas porque, tempos mais tarde, o réu confessaria que realmente
havia cometido o envenenamento. Foi por esse motivo que Marsh decidiu criar
um teste ―à prova de leigos‖ para detecção de arsênico que fosse capaz de con-
vencer até mesmo o mais ignorante dos observadores. Essa tarefa tomou-lhe
quatro anos, mas ele teve sucesso.
O teste que Marsh desenvolveu (e que hoje carrega seu nome) é usado ainda
nos dias de hoje para detectar arsênico em amostras tão pequenas quanto 0.02
miligramas.
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 23
O primeiro passo no teste de Marsh é adicionar zinco metálico puro e
ácido sulfúrico à amostra a ser testada. Se arsênico (na forma de óxido de
arsênico) estiver presente na amostra, será reduzido pelo zinco.
O filme de arsênico é, muitas vezes, chamado de ―espelho de arsênico‖ e
seu tamanho é diretamente proporcional à quantidade de arsênico presente na
amostra, o que significa dizer que quanto maior o espelho de arsênico, maior a
quantidade de veneno presente no corpo, permitindo uma determinação
quantitativa.
O teste de Marsh, contudo, não se transformou num sucesso absoluto,
pois, conforme outros peritos passaram a usá-lo, um grande número de proble-
mas começou a ocorrer. Por exemplo, o arsênico pode ocorrer naturalmente
junto às amostras de zinco que contêm impurezas e levar a falso-positivo. Hoje
em dia, contudo, a pureza das substâncias já é suficiente para tornar o teste
confiável.
Ação Biológica
A toxicidade do arsênico depende do seu estado químico. Enquanto o arsênico
metálico e o sulfureto de arsênico são praticamente inertes, o gás AsH3 é
extremamente tóxico. De um modo geral, os compostos de arsênico são
perigosos, principalmente devido aos seus efeitos irritantes na pele. Por
exemplo, o manuseamento de trióxido de arsênico industrial deve ser feito com
luvas e máscaras especiais. A toxicidade destes compostos é principalmente
devida à ingestão e não à inalação embora deva haver cuidados de ventilação
em ambientes industriais que usem compostos de arsênico.
As-III = AsH3
AsIII = As4O6 , H3AsO3 , H2AsO3-
AsV = As4O10 , H3AsO4 , H2AsO4-
Análise Ambiental – Monografia Metais Pesados 24
Bibliografia
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2. SALGADO, P. E. T. Metais em alimentos. In: OGA, S. Fundamentos de
toxicologia. São Paulo, 1996. cap. 5.2, p. 443-460.
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4. ZIMBRES, E. http://www.meioambiente.pro.br