Analise do risco de credito bancario WEB COLHEITA1

61
MATERIAL INICIAL PARA TCC: ANALISE DO RISCO DE CREDITO BANCÁRIO Crédito é um termo que traduz confiança, e deriva da expressão “crer”, acreditar em algo, ou alguém. O crédito, sob o aspecto financeiro, significa dispor a um tomador, recursos financeiros para fazer frente a despesas ou investimentos, financiar a compra de bens, etc.. Seguindo a seqüência de nossa jornada de educação financeira básica, com o tempo, aqueles primeiros “bancos” ou casas de crédito, verificaram que, nem todos os clientes que haviam depositado seus metais preciosos como ouro e prata, faziam o resgate ou retirada ao mesmo tempo. As pessoas, por segurança, mantinham os seus valores depositados nestes primeiros bancos, até por serem mais seguros e confiáveis. Ao mesmo tempo, já haviam pessoas, como os mercadores e os primeiros empreendedores no ramo da tecelagem, que necessitavam de recursos para expandir os seus negócios. Os bancos então passaram a emprestar os valores depositados, em troca de uma remuneração pelo uso do dinheiro, durante o tempo em que o mesmo fosse utilizado. Nasce a expressão mais conhecida do “juro”, que é a remuneração paga pelo uso do dinheiro no tempo. Os primeiros bancos emprestavam para comerciantes, exigindo garantias. Também emprestavam a reis e imperadores, financiando suas guerras e seu luxo. Hoje o crédito tem que ser responsável: empréstimos e financiamentos concedidos devem gerar consumo consciente, empregos, e suas ações não podem prejudicar a natureza. O microcrédito popular, disponibilizado aos clientes com limite calculado pelo banco, tem como objetivo possibilitar a melhoria das condições sociais e financeiras do cliente, que deve ser consciente de que o crédito deve ser honrado, pois o banco está confiando a ele recursos de terceiros, e espera que o cliente efetue o pagamento nas datas aprazadas. Http://www.bb.com.br

Transcript of Analise do risco de credito bancario WEB COLHEITA1

MATERIAL INICIAL PARA TCC:

ANALISE DO RISCO DE CREDITO BANCÁRIO

Crédito é um termo que traduz confiança, e deriva da expressão “crer”, acreditar em

algo, ou alguém. O crédito, sob o aspecto financeiro, significa dispor a um tomador,

recursos financeiros para fazer frente a despesas ou investimentos, financiar a compra

de bens, etc..

Seguindo a seqüência de nossa jornada de educação financeira básica, com o tempo,

aqueles primeiros “bancos” ou casas de crédito, verificaram que, nem todos os clientes

que haviam depositado seus metais preciosos como ouro e prata, faziam o resgate ou

retirada ao mesmo tempo. As pessoas, por segurança, mantinham os seus valores

depositados nestes primeiros bancos, até por serem mais seguros e confiáveis. 

Ao mesmo tempo, já haviam pessoas, como os mercadores e os primeiros empreendedores no

ramo da tecelagem, que necessitavam de recursos para expandir os seus negócios. Os

bancos então passaram a emprestar os valores depositados, em troca de uma remuneração

pelo uso do dinheiro, durante o tempo em que o mesmo fosse utilizado. Nasce a

expressão mais conhecida do “juro”, que é a remuneração paga pelo uso do dinheiro no

tempo.

Os primeiros bancos emprestavam para comerciantes, exigindo garantias. Também

emprestavam a reis e imperadores, financiando suas guerras e seu luxo. 

Hoje o crédito tem que ser responsável: empréstimos e financiamentos concedidos devem

gerar consumo consciente, empregos, e suas ações não podem prejudicar a natureza. 

O microcrédito popular, disponibilizado aos clientes com limite calculado pelo banco,

tem como objetivo possibilitar a melhoria das condições sociais e financeiras do

cliente, que deve ser consciente de que o crédito deve ser honrado, pois o banco está

confiando a ele recursos de terceiros, e espera que o cliente efetue o pagamento nas

datas aprazadas.

Http://www.bb.com.br

O que é microcrédito?

O microcrédito é uma alternativa de crédito para os empreendedores do setor formal e

informal, que não têm acesso ao sistema formal de crédito (sistema bancário

tradicional) e desejam montar, ampliar ou melhorar seu negócio.

A liberação de um microcrédito é baseada principalmente na análise sócio-econômica do

empreendedor, onde é avaliada a intenção e a potencialidade do cliente, análise esta

feita pelo agente de crédito.

Podemos dizer que no crédito tradicional o cliente vai até a agência, e no

microcrédito o banco vai ao cliente (através do agente de crédito).

Normalmente as instituições que operam com microcrédito, como ong’s, oscip’s e bancos

do povo, emprestam dinheiro para negócios já existentes com mais de seis meses de

existência.

Empresta-se para capital de giro, aquisição de ativo fixo e para reformas ou

ampliações do negócio.

Origem do microcrédito

A primeira manifestação de microcrédito da qual se tem notícia ocorreu no sul da

alemanha em 1846. Denominada associação do pão, ela foi criada pelo pastor raiffeinsen

que, após um rigoroso inverno, deixou os fazendeiros locais endividados e na

dependência de agiotas. O pastor cedeu-lhes farinha de trigo para que, com a

fabricação e comercialização do pão, pudessem obter capital de giro. Com o passar do

tempo, a associação cresceu e transformou-se numa cooperativa de crédito para a

população pobre.

Em 1900, um jornalista da assembléia legislativa de quebec criou as caísses populaires

que, com ajuda de 12 amigos, reuniu o montante inicial de 26 dólares canadenses para

emprestar aos mais pobres. Atualmente, estão associados às caísses populaires cinco

milhões de pessoas, em 1,329 mil agências.

Nos estados unidos, em 1953, walter krump, presidente de uma metalúrgica de chicago,

criou os “fundos de ajuda” nos departamentos das fábricas, onde cada operário

participante depositava mensalmente us$1,00, destinado a atender aos associados

necessitados. Posteriormente, os fundos de ajuda foram consolidados e transformados no

que foi denominado liga de crédito. Após esta iniciativa, outras se sucederam,

existindo, atualmente, a federação das ligas de crédito, operadas nacionalmente e em

outros países.

Muitas outras manifestações pontuais e isoladas planeta com características de

microcrédito devem ter ocorrido ao redor do planeta. Porém, o grande marco que

desenvolveu, difundiu e serviu de modelo para popularizar o microcrédito foi a

experiência iniciada em 1976 em bangladesh pelo professor muhamad yunus. Observando

que os pequenos empreendedores das aldeias próximas à universidade onde lecionava eram

reféns dos agiotas, pagando juros extorsivos e, mesmo assim, pagando corretamente, o

professor yunus começou a emprestar a essas pessoas pequenas quantias com recursos

pessoais, que depois ampliou, contraindo empréstimos.

A ação prosperou tanto que deu origem, em 1978, ao grameen bank que hoje em dia

empresta um total de 2,4 bilhões de dólares em microcréditos para cerca de 2,3 milhões

de empreendedores de pequeno porte, que vão ampliando as oportunidades de realização

de negócios. Os princípios, a filosofia da atuação e as estratégias para garantir o

retorno dos valores emprestados foram aprimorados na prática durante longos anos de

gestação e atuação do grameen bank. Com adaptações locais, este modelo foi adotado em

diversos países, inclusive no brasil.

Nos anos que antecederam a criação do grameen bank, entre 1974 a 1976, yunus começou

por colocar em marcha o projeto agrícola experimental da “partilha tripardida”, mas,

cedo, ele se apercebe da utopia dessa solução e vira-se para os mais pobres dos

pobres. Com seu próprio dinheiro e a ajuda de seus alunos, o professor yunus iniciou

um trabalho de concessão de empréstimos a uma parcela daquela população pobre,

concedendo us$27,00 por grupo de pessoas.

Ao provar que os pobres são merecedores de crédito, no sentido de confiança e recursos

financeiros, e que pagam seus pequenos empréstimos destinados a atividades

reprodutivas, o professor yunus conseguiu financiamentos e doações junto ao bancos

privados e internacionais para criar o banco grameen.

Com o passar do tempo, obteve ajuda de bancos e instituições privadas, criando, em

1978, o grameen bank e o modelo atual de microcrédito, definido como financiamento aos

micros produtores via grupos solidários que prestam garantia mútua, dispensando a

garantia tradicional dos bancos.

O crédito é evolutivo, podendo iniciar com us$10,00. Porém, a média de empréstimo é de

us$100,00. As mulheres representam 96% dos clientes do banco. Doze milhões de cidadãos

de bangladesh já foram atendidos pelos programas do grameen.

O microcrédito diversificou-se, abrindo linhas de crédito à habitação, produtos de

poupança, seguros de saúde e crédito para a aquisição de equipamentos de energia solar

e telemóveis. Começaram a nascer novas empresas no universo do grameen bank,

vocacionadas para as pescas, a indústria têxtil, as telecomunicações, as energias

renováveis e a internet.

http://microcredito.wordpress.com/o-que-e-microcredito/

HISTÓRIA DO CRÉDITO

Crédito , segundo o professor Mário Henrique Simonsen, é a possibilidade de

concretizar-se o "Escambo" e/ou "troca de produtos/serviços(mercadorias)", que

na economia sem dinheiro, sem a figura do Estado e/ou, da figura institucional

do Banco. Se verifica quando o crédito é explícito (faz partedo bem), seja ele produto/serviço em determinado mercado.

O dinheiro portanto é o crédito, representado de forma concreta

pela moeda, que seria a possibilidade concreta da troca

ou investimento, independente dos insumos desse, que os caracterizam,

dai a necessidade do contador, de introduzir-se o conceito de "partidas

dobradas", nos levantamentos da Contabilidade, de quem inicialmente já

introduziu o "conceito de dinheiro. Com a introdução da moeda,

com curso força do foi Dario, por isso denominado o Grande; sendo o

"Credor", toda pessoa titular de um "crédito" de um "dinheiro" ou

"moeda"(primeiro instrumento da econometria de medidas); ou, o que tem

o haver de outrem uma certa importância em "espécie", ou algo de valor

reconhecido como "soberania - do - povo" ou "soberania - real ou

- imperial". "Não é por acaso que do lado da "coroa", de uma moeda

exista a figura daquele que dá o "Império" ou força à moeda ou "crédito

propriamente dito" e no verso a "cara" ou o "caro", "o dinheiro, com

o valor, da moeda, o que lhe dá a característica de dinheiro, protegido

pela lei(pela "coroa"), o "crédito" possui a "faculdade" de exigir do

devedor o cumprimento da obrigação ou o pagamento da obrigação assumida

pelo crédito; quando então o cumprimento deste, se torna exigível, isto

é, se vencido. é resgatado ou cumprido pelo devedor.

A inflação costuma tirar o valor ou crédito a moeda, reduzindo esse "crédito" tornando

sem valor o dinheiro e sua parte concreta que é a moeda, tornando essa "moeda" uma

"peça" de museu, lembrança dos tempos "áureos", de boa "administração" das finanças em

uma economia, em que era mantido o "crédito", valor ou necessidade moral humana, no

sentido e serviço de facilitar a "troca de mercadorias ou "escambo" propriamente dito"

Crédito é a confiança de atributos positivos (dinheiro, valor moral,

conhecimentos humanos, etc..) de uma pessoa (por outra pessoa ou grupo de

pessoas). Crédito demonstra a confiabilidade que uma pessoa tem por outra, em

um determinado assunto.

Em finanças, crédito é a capacidade prevista que uma pessoa tem de retornar

um investimento (empréstimo, financiamento) sobre ele. Aquele que empresta dinheiro a

um indivíduo ou a uma instituição se chama credor.

Crédito na Idade Média

Na idade média o crédito era considerado ilegal, havia usura do credor, dado a prática de se cobrar juros. Os

pioneiros do comércio e da banca foram os comerciantes ditos "burgueses", dos Países Baixos e da Itália, os dois

polos mais dinâmicos das operações de crédito. Os credores que usavam este tipo de serviços eram os religiosos, os

monarcas europeus, alguns membros da aristocracia, as cidades e os burgueses interessados em aumentar o

capital envolvido nos seus negócios.

Custo do Crédito ao Consumo

O custo do crédito é a quantia adicional, acima do montante emprestado, que o mutuário

tem de pagar. Ela inclui os juros, taxas de arranjo e quaisquer outros encargos.

Alguns custos são obrigatórios, exigidos pelo credor como parte integrante do contrato

de crédito. Outros custos, tais como os de seguro de crédito, podem ser opcionais. O

mutuário escolhe se são ou não incluídos como parte do acordo.

Obtenção de crédito

O crédito sobre uma pessoa é geralmente medido através de seu histórico. É geralmente

obtido através de atos positivos por esta pessoa. Por exemplo, dizemos que um "físico

de nome", com livros publicados e PHD na área, possui "crédito" em assuntos

relacionados a física. Já um empreendedor ou imperador conhecido por gerar lucro ou

bem estar com os diversos investimentos, possui crédito econômico-financeiro, como se

costuma dizer, no estudo da História do Brasil, a moeda ou crédito no Império do

Brasil, era de Ouro!

Tipos de crédito

Há diversos tipos de crédito, dependendo da modalidade a que ele se destina. A divisão

mais comum é a divisão entre crédito à pessoa física ("consumer credit", em inglês) e

à pessoa jurídica ("corporate credit", em inglês).Bibliografia - WINKIPÉDIA

- SIMONSEN, Mário Henrique Gradualismo X Tratamento de Choque APEC Editora, 1970.

Desenvolvimento HistóricoConsiderando a proíbição de certos valores em vigor no cristianismo, apenas aos

hebreus era, na Idade Média, permitido subvencionar créditos sob forma de dinheiro;

mesmo dentro da comunidade religiosa existia a proibição de financiamento. 

Os senhores medievais financiavam os custos das guerras e jurídicos através de

financiamentos; o consequente reembolso era efetuado com as entradas fiscais dos novos

territórios conquistados. 

Outra forma de financiamento usual nesta época era a colocação à disposição dos

agricultores das sementes para o seu trabalho na terra, sendo o mesmo financiamente

liquidado posteriormente com parte da colheita. 

Os caixeiros viajantes recebiam, já na Idade Média, contra o depósito a prazo por

parte de um banqueiro; com as chamadas Cartas de Crédito iam retirando a quantia

necessária para as suas despesas durante a viagem; diminuindo assim o perigo de roubo.

Uma relação de confiança na altura só possível pelas relações parentescas entre os

primeiros banqueiros. 

No final do Sec. XVII a proíbição de crédito foi abolida oficialmente no cristianismo

o que deu um grande impulso ao mercado de créditos junto da população; no entanto

muito antes, com as trocas comerciais nas grandes cidades como Veneza, Génova,

Hamburgo, Amsterdão e Londres, o sistema de financiamento de trocas comerciais já

tinha ganho a forma que conhecemos hoje. 

Dada a impossibilidade de manter por toda a parte sucursais e filiais, um relatório

recíproco e estreito de confiança entre os bancos teve desde sempre uma importância

específica como garante da troca de informações sobre os clientes. Relações desde tipo

persistem até aos dias de hoje na correspondência das entidades credoras.

Desenvolvimento no Sec. XIX

No início do Sec. XIX foram fundados vários bancos sob a forma de sociedades de

capitais, no intuito de responder à crescente necessidade do financiamento na circuito

económico; e com a incapacidade de resposta por parte dos banqueiros privados. Em

França foram as ideias socialistas à volta de Saint-Simon que conduziram à criação de

sociedades bancárias. 

Na época da industrialização foi também o financiamento por parte de terceiros que

permitiu a sobrevivência aos pequenos estabelecimentos artesanais. Numa tentetiva de

protecção desses estabelecimentos surgiram as associações cooperativas de crédito, ou

banco do povo. No caso particular da agricultura foi Friederich Wilhelm Raiffeisen o

fundador de uma sociedade de crédito. Foi assim que nasceram os bancos Raiffeisen. 

Desde 1952 as caixas de poupança concedem os créditos considerando o reembolso mensal

calculado numa taxa fixa.

Após 1950

Nos anos da reconstrução europeia a importãncia dos negócios de crédito, com clientes

privados, aumentou de forma significativa. O valor do crédito concedido era

estabelecida consoante a disponibilidade do cliente em pagar as mensalidades. Afim de

supervisionar a solvencia do cliente, os mutuantes anunciam o crédito concedido e

recebem por seu lado a informção se o cliente tomar outros créditos noutros bancos. 

A proposito: crédito deriva da palavra latina (creder) “Crer” e a palavra creditum “a

confiança inpirada ao fazer o empréstimo”

http://www.cash-kredit.ch/pt/geschichte-des-kredits.html

A vulgarização e “democratização” do crédito ocorreu durante a Revolução Industrial, com o aparecimento da

classe operária, que usufruía de um emprego mais ou menos estável e vivia do respectivo salário. A previsibilidade

dos rendimentos do trabalho permitiu, por um lado, que estes pudessem ser antecipados e, por outro, a

massificação de certos hábitos de consumo. Em paralelo, o próprio contexto económico propiciou esta mudança. O

despontar da indústria e, consequentemente, da produção em série de bens também os tornou mais acessíveis.

Estamos, portanto, perante fenómenos que se desenvolveram de modo interdependente: a industrialização e

produção de novos bens de consumo, a geração de riqueza e o incremento de actividades associadas, como a

concessão de crédito.

Na realidade portuguesa, a contratação de crédito popularizou-se mais tarde e de

forma mais abrupta, colidindo com valores tradicionais contraditórios e bem enraizados

na sociedade. Assim, podemos apontar quatro grandes factores que potenciaram o aumento

do crédito concedido em Portugal nos últimos anos:

-   o baixo nível de endividamento das famílias no início da década de 90;

-   alterações da lei que permitiram, por exemplo, a privatização da banca e,

consequentemente, o aumento da concorrência.Tal tornou-se mais evidente a partir da

adesão de Portugal à, então, Comunidade Económica Europeia, em 1986;

-   o processo de adesão à União Económica e Monetária e a entrada na zona euro

implicaram uma redução drástica da taxa de inflação e das taxas de juro;

-   a mudança dos padrões culturais: o crédito perdeu, progressivamente, a

conotação negativa.

A partir de meados dos anos 90, registou-se um acelerado ritmo de crescimento do crédito em Portugal. 

O recurso ao crédito se tornou cada vez mais habitual. Uma das principais razões

deve-se, numa primeira fase, à descida acentuada das taxas de juro e, numa segunda, à

sua manutenção em níveis baixos. Isso justifica que a taxa de endividamento dos

portugueses tenha passado de 38%, em 1995, para 129%, em 2007. Só o crédito à

habitação, pelos avultados montantes que envolve, representou quase 80% da dívida

total dos portugueses em 2008.

A taxa de endividamento dos particulares (ou rácio de endividamento), tão citada

nos meios de comunicação social, compara o montante total do crédito ainda em dívida

com os rendimentos das famílias. Porém, uma taxa de endividamento elevada não implica

necessariamente insolvência ou sobreendividamento. Por exemplo, a família Teixeira

contratou um crédito à habitação no ano passado. Atualmente, o capital em dívida é de

€ 100 000, para um rendimento anual de € 25 000 (sem nenhum outro empréstimo). Neste

caso, a taxa de endividamento ronda, grosso modo, os 400% (€ 100 000 + € 25 000).

Poderia deduzir-se, erradamente, que esta família não tem capacidade financeira para

suportar a dívida. Mas não é bem assim. Para calcular o peso das dívidas sobre o

rendimento familiar deve-se recorrer à taxa de esforço, que relaciona as prestações

mensais de todas as dívidas com os rendimentos mensais líquidos. Se estes forem de

€ 1800 e a família suportar € 600 de encargos mensais com crédito, a taxa de esforço é

de apenas 33% (€ 600-^- € 1800).

Como as pessoas estão a chegar aqui:

historia do credito

surgimento do credito

a história do crédito

historia do credito à habitação em portugal

http://www.comofazer.org/empresas-e-financas/a-historia-do-credito/

A HISTORIA DA REVOLUÇÃO DO CRÉDITO NO BRASIL

Da necessidade de agilizar a concessão de crédito, que levava até 10 dias, as modernas

consultas de 2 segundos ao SCPC, foram 50 anos de conquistas para varejo e consumidor.

Não é fácil completar meio século de vida. Ainda mais cheio de realizações,

aprimoramento e comprometimento ético com uma rede de empresários, comerciantes,

bancos e, principalmente, com o consumidor. Mas a evolução do Serviço Central de

Proteção ao Crédito (SCPC), ao longo dos últimos 50 anos, vai ainda muito além disso.

Ela tem o peso da responsabilidade de quem revolucionou a história do crédito no País.

Do processo inicial, com as informações registradas em fichas

armazenadas em gigantescos armários aos mais modernos mainframesda IBM até chegar

às atuais plataformas AS/400, o caminho foi longo. O SCPC foi criado em uma

reunião no dia 14 de julho de 1955 pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP),

em uma época de turbulências políticas e eleitorais e de grandes dificuldades

para o varejo conceder crédito ao consumidor.

Os comerciantes dependiam de informantes – nome dos funcionários contratados para

verificar se as informações prestadas pelo interessado em conseguir o

parcelamento estavam corretas – para validar a operação. O processo todo podia

durar de sete a dez dias. 

As informações eram trocadas na praça – daí o nome sujo na praça – e quem tinha

uma dívida, quando saldava, precisava fazer uma declaração de que havia quitado a

pendência. Só que nem sempre era possível para os comerciantes fazerem o

cruzamento completo das informações. 

MOVIMENTO

Foi aí que um grupo de empresários percebeu a necessidade de se facilitar e agilizar a

troca dos dados sobre os consumidores. Começou a surgir um movimento para que uma

entidade concentrasse todos os dados de crédito do comércio. Em abril de 1955, o

proprietário da "Casas Minerva Roupas Ltda.", Vicente Botacini, associado da ACSP,

pediu à entidade que se responsabilizasse pela centralização de todos os dados do

comércio. 

O então presidente, Emílio Lang Júnior, convocou os lojistas para tratar do assunto e,

em 14 de julho, o primeiro serviço de proteção ao crédito foi criado. "A discussão

envolveu os principais dirigentes lojistas da cidade e até de outros estados. Mas foi

São Paulo que tomou a iniciativa de buscar uma solução que evitasse que o comerciante

tivesse prejuízo", conta José Carlos Pinto dos Santos, de 72 anos, que acompanhou toda

a criação do SCPC e ficou à sua frente durante 45 anos.

EVOLUÇÃO

Desde então o sistema passou por várias alterações. As consultas, que no início

demoravam até três dias, ficaram cada vez mais rápidas. E, dos dez minutos antes da

informatização – por causa do manuseio das fichas por atendentes – foram para dois ou

três minutos com a implantação dos primeiros terminais. 

O processo de informatização teve início em 1977 e durou seis anos. Na época, a

tecnologia era acessível a poucos, pois só existiam os grandes computadores e esses

eram muito caros. Todas as informações constantes nas fichas foram transferidas para

os terminais. "Quando acabamos a transferência dos dados, reunimos as fichas e levamos

ao clube de campo da entidade, no Horto Florestal, para queimar tudo", lembra Nelson

Castilho, superintendente de informática da ACSP.

Com a informatização completa, surge uma nova etapa. A associação começou a estudar

uma forma de interligar as informações dos consumidores não apenas de São Paulo, mas

de todo País. E assim nasceu a Rede de Informação e de Proteção ao Crédito (RIPC), que

uniu os dados de alguns estados. Depois veio a Rede Nacional de Informações Comerciais

(Renic), que passa a cobrir todo o território nacional justamente no ano do

cinqüentenário do SCPC. 

Para manter a infra-estrutura de tecnologia da entidade, Castilho afirma que a ACSP

investiu cerca de US$ 1 milhão, em média, entre 2002 e 2005. "Nossa intenção agora é a

informatização total da Associação Comercial, ou seja, cada funcionário terá o seu

computador e o sistema ficará totalmente integrado", diz. 

Só para se ter uma idéia da imensidade do banco de dados do SCPC, considerado o maior

da América Latina, até março de 2005, foram processadas 79 milhões de consultas. Em um

único mês, mais de 38 milhões foram realizadas por associados. "Nosso recorde de

consultas aconteceu no dia 5 de janeiro de 1985, quando foram feitas 4,5 milhões de

chamadas. A média diária é de 2 milhões", comenta o superintendente.

http://www.dcomercio.com.br/especiais/outros/50anos/pg3.htm

Análise de Crédito 

Análise de Crédito é o momento no qual o agente cedente irá avaliar o

potencial de retorno do tomador do crédito, bem como, os riscos inerentes à

concessão. Tal procedimento é realizado, também, com o objetivo de ser

possível identificar os clientes que futuramente poderão não honrar com suas

obrigações, acarretando uma situação de risco de caixa à organização.

Através da Análise de Crédito será possível identificar se o cliente possui

idoneidade e capacidade financeira suficiente para amortizar a dívida que se

pretende contrair.

Conceito

A análise de crédito é um processo organizado para analisar dados, de maneira

a possibilitar o levantamento das questões certas acerca do tomador do

crédito. "Este processo cobre uma estrutura mais ampla do que simplesmente

analisar o crédito de um cliente e dados financeiros para a tomada de decisão

com propósitos creditícios" (BLATT, 1999, p. 93).

Segundo Santos (2000), o processo de análise e concessão de crédito recorre ao

uso de duas técnicas: a técnica subjetiva e a técnica objetiva ou estatística.

A primeira diz respeito à técnica baseada no julgamento humano e a segunda é

baseada em processos estatísticos.

Em relação à primeira técnica, Schrickel observa que: "a análise de crédito

envolve a habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de

incertezas e constantes mutações e informações incompletas". (SCHRICKEL, 2000,

p. 27). Ou seja, grande parte da análise de crédito é realizada através do

julgamento do agente de crédito, baseada principalmente na habilidade e

experiência do mesmo.

Santos (2006) ainda explica que esta técnica baseia-se na experiência

adquirida, disponibilidade de informações e sensibilidade de cada analista

quanto a aprovação do crédito.

A análise subjetiva do tomador do crédito é importante, visto que através da

experiência do agente de crédito é possível identificar fatores de caráter,

capacidade, capital e condições de pagamento. Porém, essa análise não pode ser

realizada de maneira aleatória, é preciso estar embasada em conceitos técnicos

que irão guiar a tomada de decisão.

Algumas empresas de pequeno porte não dispõem de capacidade financeira para

manter um analista de crédito, por isso tem surgido empresas que podem dar um

suporte a esses empreendedores, visando a diminuição das perdas financeiras

com a inadimplência. Todos os processos descritos abaixo, são feitos por essas

empresas e em seus relatórios com os resultados da análise de crédito também

estão incluídos as consultas no SPC/SERASA.

Processo de análise de crédito para pessoa física

O processo de análise de crédito para pessoa física visa a identificar os

riscos para a organização que está concedendo o crédito, evidenciar conclusões

quanto à capacidade de repagamento do tomador e fazer recomendações sobre o

melhor tipo de empréstimo a ser concedido.

A análise ocorrerá conforme as necessidades do solicitante e dentro de um

nível de risco aceitável, a partir de documentação apresentada e análise da

mesma, objetivando a maximização dos resultados da instituição, segundo

Schrickel (2000).

Este processo é extremamente importante para a análise de crédito efetuada em

organizações de concessão de microcrédito, principalmente devido à

simplificação e desburocratização desta modalidade, conforme explicado

anteriormente.

Além disso, a análise subjetiva de crédito não é um exercício que visa ao

cumprimento de disposições normativas, mas sim tem por objetivo chegar a uma

decisão clara sobre a concessão ou não do crédito ao solicitante, acrescenta

Santos (2006).

Porém, o processo de análise subjetiva, como o próprio nome diz, não é uma

ciência exata, podendo existir inúmeras soluções para cada situação de

concessão, sendo certo que a análise pode fazer emergir opções durante o

processo decisório, complementa Blatt (1999).

É preciso dizer, ainda, que a análise de crédito é um processo organizado a

fim de reunir e montar todos os fatos que conduzem ao problema, determinar as

questões e suposições relevantes para a tomada de decisão, analisar e avaliar

os fatos levantados e desenvolver uma decisão a partir das alternativas

funcionais e aceitáveis.

Schrickel (2000) complementa que a análise será mais consistente quanto mais

presentes e valiosas forem as quantificações dos riscos identificados e

praticidade, bem como a viabilidade das conclusões chegadas.

Portanto, o processo de análise de crédito para pessoa física baseia-se na

qualidade das informações obtidas e nas decisões decorrentes. Essas decisões

devem ser práticas e viáveis dentro de um modelo funcional adaptado à

realidade da organização.

Além disso, em qualquer situação de análise de crédito, há três etapas

distintas a percorrer, conforme Schrickel (2000):

Análise Retrospectiva: avaliação do desempenho histórico do tomador potencial,

analisando os riscos inerentes ao mesmo e como foram contornados. Este

processo visa a identificar fatores na atual condição do tomador que possam

dificultar o pagamento da divida;

Análise de Tendências: projeção da condição futura do tomador do crédito, a

fim de avaliar o nível de endividamento suportável e o quão oneroso será o

crédito que se espera obter; e

Capacidade Creditícia: a partir do grau de risco que o tomador apresenta e a

projeção do seu nível de endividamento futuro, avaliar a capacidade creditícia

do tomador, ou seja, qual a quantia de capital que ele poderá obter junto ao

credor.

Para que ocorra uma análise minuciosa de risco da operação de concessão de

crédito à pessoa física, é preciso passar por algumas fases distintas durante

o processo. Santos (2006) define seis fases para este processo, conforme

quadro a seguir:

Análise Cadastral;

Análise de Idoneidade;

Análise Financeira;

Análise de Relacionamento;

Análise Patrimonial; e

Análise de Sensibilidade.

Análise cadastral

A análise cadastral refere-se a processo de análise dos dados de identificação

dos clientes. Conforme Blatt (1999) evidencia, o sucesso da concessão do

crédito depende de informações confiáveis a respeito do cliente. Santos (2006)

complementa, dizendo que:

"O levantamento e a análise das informações básicas de crédito são requisitos

fundamentais para a determinação do valor do crédito, prazo de amortização,

taxas de juros e, se necessário reforço ou vinculação de novas garantias."

(SANTOS, 2006, p. 47).

Segundo o Manual de Normas e Instruções do Banco Central do Brasil (2006), as

instituições de crédito, micro crédito e bancos tradicionais só devem conceder

empréstimos (crédito) a tomadores se possuírem adequadas e não restritivas

informações cadastrais. Schrickel (2000) reafirma todos estes fatos, dizendo

que as instituições de crédito devem munir-se de elementos informativos

essenciais e indispensáveis sobre o potencial tomador do crédito, antes de

manter qualquer tipo de relacionamento concreto ou formalizar alguma operação

de crédito.

Porém, todas as instituições de crédito devem atentar para o sigilo das

informações coletadas pelos agentes de crédito. Schrickel (2000) sugere que as

informações e documentação pessoal devem ser mantidas arquivadas sobre

minucioso controle. Tal atenção é necessária para que ocorra sigilo das

informações e para que melhor lhe permita o controle, manuseio e atualização

dos dados.

Os dados que deverão ser identificados para análise, segundo Santos (2006),

deverão ser os seguintes:

Escolaridade;

Estado Civil;

Idade;

Idoneidade;

Moradia (se própria ou alugada e tempo de residência);

Número de dependentes;

Renda (principal e complementar);

Situação legal dos documentos; e

Tempo no atual emprego ou atividade exercida.

Santos (2006) ainda defende que no processo de análise de crédito deve-se

considerar todas as informações relacionadas com a situação financeira do

cliente, pois a análise conjunta dos dados irá fornecer informações mais

precisas para a tomada de decisão. Para Schrickel (2000), o agente de crédito

deve atentar para a seguinte documentação legal:

Certidão de Casamento, se casado (a);

Cédula de Identidade (RG);

Cartão de Identificação do Contribuinte (CPF);

Declaração de Bens (anexo da declaração do Imposto de Renda), conforme Lei

8.009/1990 – Lei de Impenhorabilidade do Bem de Família;

Comprovante de rendimentos;

Comprovante de residência;

Procurações (se houver);

Cartões de Instituições Financeiras (originais); e

Ficha Cadastral preenchida e assinada.

Por fim, Blatt (1999) explica que a ficha cadastral é um resumo da vida do

cliente, por meio da qual o credor tem a possibilidade de obter um

conhecimento inicial sobre o mesmo. Ele ainda define como “[...] um conjunto

de informações financeiras e não financeiras que subsidiam o processo

decisório de crédito, auxiliando na avaliação [...] do cliente. (BLATT, 1999,

p. 78).

Análise de idoneidade

Já a análise de idoneidade consiste no levantamento e análise de informações

relacionadas à idoneidade do cliente com o mercado de crédito. Segundo Santos

(2006), esta análise baseia-se na coleta de informações sobre o solicitante do

crédito junto às empresas especializadas no gerenciamento de risco de crédito.

Empresas como Serasa, Boa Vista Serviços (SCPC), EQUIFAX e SPC (Serviço de

Proteção ao Crédito) são exemplos de organizações que podem fornecer

informações úteis sobre a situação de crédito do cliente.

Para Santos (2006), a análise da idoneidade deve ser um das primeiras

informações averiguadas, pois caso o cliente não possua informações negativas

as demais informações poderão ser coletadas e analisadas para a análise do

risco total.

A idoneidade do cliente pode ainda ser classificada em quatro categorias,

conforme Santos (2006):

Sem Restritivos: quando não há informações negativas sobre o cliente no

mercado de crédito;

Alertas: quando há registros antigos no mercado de crédito, já solucionados,

que não impedem a concessão de novos créditos. Apenas ocorre a exigência de

uma análise mais criteriosa por parte do agente de crédito;

Restritivos: indicam que o cliente possui informações desabonadoras no mercado

de crédito. São exemplos: registros de atrasos, renegociações e geração de

prejuízos a credores. Podem ser classificadas como de caráter subjetivo (de

uso interno de instituições do mercado de crédito) ou de caráter objetivo,

tais como protestos, registros de cheques sem fundo, ações de busca e

apreensão, dentre outros; e

Impeditivos: são apontamentos que impedem que pessoas físicas atuem como

tomadores de crédito, a exemplo de bloqueios de bens, impedimentos no Sistema

Financeiro da Habitação (SFH), proibições legais de concessão de crédito,

dentre outros.

Análise financeira

Em relação à análise financeira, Blatt (1999) explica que a mesma é primordial

para a determinação das forças e fraquezas financeiras do cliente, a partir

das informações das demonstrações financeiras do mesmo. A análise da renda

total do cliente e posterior análise de compatibilidade com os créditos

pretendidos é uma fase de vital importância no processo de análise dos riscos

de crédito.

Para Black; Morgan (apud Santos, 2006), deve ser dada atenção especial à

análise da renda, pois consideram existir relação direta entre a renda e a

taxa de inadimplência de pessoas físicas. Santos (2006) ainda diz que é de

suma importância determinar o valor exato da renda e a sua regularidade, bem

como a probabilidade de continuar sendo recebida. Desta maneira é possível

identificar fatores que poderão vir a prejudicar o futuro pagamento da dívida

contraída.

Autores como Santos (2006), Blatt (1999) e Schrickel (2000) definem os

Demonstrativos de Pagamento, Declaração de Imposto de Renda e Extratos

Bancários como as melhores fontes de informações sobre a renda do cliente.

Os Demonstrativos de Pagamento, fornecidos pelos empregadores dos solicitantes

de crédito, constituem-se na fonte mais utilizada pelas instituições de

concessão de crédito. A Declaração do Imposto de Renda é uma fonte alternativa

de dados que possibilita um melhor cálculo sobre a renda média mensal do

solicitante, segundo Santos (2006).

No caso de pessoas físicas autônomas ou profissionais que trabalhem em

atividades sazonais, o agente de crédito deve tomar especial cuidado com

discrepâncias na renda média mensal do cliente. Para Santos (2006), nessa

situação, a comprovação da renda é de extrema dificuldade e por isso o agente

de crédito deve se basear em cálculos aproximados a partir de demonstrativos

bancários, tais como extratos de contas bancárias.

É sugerido, por Santos (2006), a construção de um Balanço Patrimonial adaptado

do solicitante do crédito, por parte do agente de crédito. Tal instrumento

visa a uma melhor visualização dos ativos e passivos a fim de determinar a

situação financeira e capacidade de pagamento do cliente.

Os ativos representam os bens, tanto financeiros como patrimoniais, dos

clientes. São colocados em ordem de liquidez, iniciando pelos ativos que

melhor possam ser convertidos em receita imediata, representados por valores

em conta corrente, salário e outros, até os ativos menos líquidos, como por

exemplo, veículos e imóveis. Os passivos representam todos os compromissos que

o cliente assumiu com o mercado de crédito ou para a compra de bens e

serviços. São organizados de maneira a iniciar pelos de maior solvência

(imediata) até os de maior prazo de pagamento.

Segundo Santos (2006), quanto maior for o saldo do ativo total em relação ao

passivo total, maior será a capacidade de o cliente honrar as dívidas

adquiridas. Neste caso, o patrimônio líquido, calculado pela diferença entre o

total dos ativos e o total dos passivos, será um excelente indicador da

riqueza do cliente e, por conseguinte, da capacidade de pagamento do mesmo.

Análise de relacionamento

A análise de relacionamento baseia-se principalmente na análise realizada

sobre as informações extraídas do histórico do relacionamento do cliente com o

credor e o mercado de crédito. Quando o cliente já é conhecido da instituição

de concessão de crédito, é possível extrair informações de créditos adquiridos

anteriormente, taxas de juros aplicadas, freqüência de utilização,

pontualidade na amortização, dentre outros.

Santos (2006) acredita que essa análise de relacionamento auxilia na análise

da idoneidade do cliente e pode garantir uma decisão mais favorável ou não à

concessão do crédito. Contudo, aponta a dificuldade dos agentes de crédito de

conseguirem informações precisas junto a outras instituições de crédito devido

à necessidade de manter sigilo sobre as operações com que trabalham. Conhecer

o patrimônio dos clientes é importante no processo de análise de crédito,

principalmente para que seja possível vinculá-lo em contratos de crédito

sempre que for verificada a existência de algum risco maior.

Análise patrimonial

A análise patrimonial é frequentemente utilizada para a avaliação das

garantias que os clientes podem oferecer para vincularem ao contrato de

concessão, segundo Santos (2006). O autor define garantia como a vinculação de

um bem que assegure a liquidação do crédito caso o tomador não honre suas

dívidas.

Entretanto, Blatt (1999) defende que a concessão do crédito não pode estar

atrelada ao bem disposto como garantia, pois assim a organização estaria

comprando um bem que não é de interesse.

Santos (2006) complementa dizendo que a finalidade da garantia é evitar que

fatores imprevisíveis impossibilitem a quitação do crédito adquirido pelo

solicitante. O Banco Central estabelece que as instituições financeiras que

trabalham com a concessão de crédito devem exigir dos solicitantes garantias

suficientes para garantir o retorno do capital utilizado na operação.

Porém, fica a cargo da instituição de concessão de crédito definir quais

garantias serão aceitas, bem como a real necessidade das mesmas para a

realização da operação de crédito. Além disso, Santos (2006) diz que as

garantias reais (bens) devem ser corretamente analisadas para se verificar a

possibilidade de solvência das mesmas, assim como seu valor de mercado real e

a existência de ações legais que impeçam que sejam utilizadas.

Análise de sensibilidade

A análise de sensibilidade é uma fase extremamente importante no processo de

análise da concessão de um crédito. Nesta fase, o agente de crédito ou

analista financeiro irá monitorar a situação macroeconômica a fim de prever

situações que poderão aumentar o nível de risco da operação.

Santos (2006) cita como exemplo o monitoramento das taxas de juros. O aumento

das mesmas pode desencadear a redução do nível de atividade econômica ou até

levar à recessão, reduzindo a capacidade de geração e retenção de fluxos de

caixa, comprometendo a capacidade real de pagamento dos compromissos

financeiros das mesmas.

É importante que os analistas de crédito monitorem o mercado e a economia em

geral a fim de prever possíveis situações de desequilibro na economia. O

objectivo é evitar o cenário de incumprimento dos pagamentos nas suas

carteiras de crédito. Blatt (1999) explica que uma correta avaliação do

mercado pode ajudar a definir quais taxas serão praticadas, quais prazos de

pagamento são mais favoráveis e em quais situações o devedor poderá se tornar

incumpridor.

Método credit scoring de análise de crédito

A aplicação de modelos de credit scoring e outras ferramentas para análises de

crédito se iniciaram na década de 1930, em companhias seguradoras, conforme

Blatt (1999). Porém, seu desenvolvimento em instituições financeiras deu-se a

partir da década de 1960, conforme Vasconcellos (2002).

Este modelo proporciona uma vantagem competitiva para a organização, porém,

apenas após a estabilização da economia brasileira, em 1994, é que começou a

ser difundido no Brasil.

O termo credit scoring é utilizado para descrever métodos estatísticos

adotados para classificar candidatos à obtenção de um crédito em grupos de

risco. Segundo Blatt (1999) a partir do histórico de concessões de crédito

efetuadas por uma instituição de crédito é possível, através de técnicas

estatísticas, identificar as variáveis sócio-econômicas que influenciam na

capacidade do cliente em pagar o crédito, ou seja, na qualidade do crédito da

pessoa física.

O método de credit scoring é baseado na classificação de candidatos a crédito

em grupos de acordo com seus prováveis comportamentos de pagamento.

Vasconcellos (2002) informa que a probabilidade de um candidato gerar ou não

um risco a organização deve ser estimada com base nas informações que o

tomador fornecer na data do pedido de concessão, e a estimativa servirá como

fundamento para a decisão de aprovação ou não do crédito.

Santos (2006) complementa, explicando que o modelo, baseado em informações do

passado recente da carteira de crédito, gera notas (scores) para novos

candidatos ao crédito que representam a expectativa de que os clientes paguem

suas dividas sem se tornarem inadimplentes.

Assim, conforme Zerbini (2000), o modelo de credit scoring é uma ferramenta

valiosa para decisões de aprovação ou não de pedidos de crédito, obedecendo à

hipótese de que o público alvo da carteira de crédito, após a implementação do

modelo, se mantenha o mesmo que no passado recente sobre o qual todo o

procedimento estatístico se baseia.

A partir de uma equação gerada através de variáveis referentes ao candidato à

operação de crédito, os analistas de credit scoring geram uma pontuação que

representa o risco de inadimplência, ou seja, o escore que resultante da

equação de credit scoring pode ser interpretado como probabilidade de

inadimplência.

Conforme ressalta Saunders (2000), o escore pode ser utilizado para

classificação de créditos como adimplentes ou inadimplentes, bons ou maus,

desejáveis ou não, de acordo com a pontuação obtida por cada crédito. Esta

classificação, por sua vez, pode orientar a decisão do analista em relação à

concessão ou não do crédito solicitado.

Assim, a idéia essencial dos modelos de credit scoring é identificar certos

fatores-chave que influenciam na adimplência ou inadimplência dos clientes,

permitindo a classificação dos mesmos em grupos distintos e, como

conseqüência, a decisão sobre a aceitação ou não do crédito em análise.

A diferenciação desse modelo em relação aos modelos subjetivos de análise de

crédito se dá pelo fato da seleção dos fatores-chave e seus respectivos pesos

ser realizada através de processos estatísticos. Além disso, a pontuação

gerada para cada cliente, a partir da equação do modelo credit scoring,

fornece indicadores quantitativos das chances de inadimplência desse cliente,

conforme Blatt (1999).

Os modelos de credit scoring podem ser aplicados tanto à análise de crédito de

pessoas físicas quanto a empresas. Quando aplicados a pessoas físicas, eles

utilizam informações cadastrais e sócio-econômicas dos clientes de acordo com

Vasconcellos (2002).

Blatt (1999) ressalta que a metodologia básica para o desenvolvimento de um

modelo de credit scoring não difere entre aplicações para pessoa física ou

jurídica, sendo que as seguintes etapas devem ser cumpridas para o seu

desenvolvimento:

Planejamento e definições: mercados e produtos de crédito para os quais serão

desenvolvidos o sistema, finalidades de uso, tipos de clientes, conceito de

inadimplência a ser adotado e horizonte de previsão do modelo;

Identificação das variáveis potenciais: caracterização do proponente ao

crédito, caracterização da operação, seleção das variáveis significativas para

o modelo e análise das restrições a serem consideradas em relação às

variáveis;

Planejamento amostral e coleta de dados: seleção e dimensionamento da amostra,

coleta dos dados e montagem da base de dados;

Determinação da fórmula de escoragem através de técnicas estatísticas, como

por exemplo, a análise discriminante ou regressão logística; e

Determinação do ponto de corte, a partir do qual o cliente é classificado como

adimplente ou bom pagador; em outras palavras, é o ponto a partir do qual a

instituição financeira pode aprovar a liberação do crédito.

Segundo Chaia (2003), os modelos de credit scoring propriamente ditos são

ferramentas que dão suporte à tomada de decisão sobre a concessão de crédito

para novas aplicações ou novos clientes.

Chaia (2003) faz o seguinte resumo das principais vantagens dos modelos credit

scoring:

Consistência: são modelos bem elaborados, que utilizam a experiência da

instituição, e servem para administrar objetivamente os créditos dos clientes

já existentes e dos novos solicitantes;

Facilidade: os modelos credit scoring tendem a ser simples e de fácil

interpretação, com instalação relativamente fácil. As metodologias utilizadas

para construção de tais modelos são comuns e bem entendidas, assim como as

abordagens de avaliação dos mesmos;

Melhor organização da informação de crédito: a sistematização e organização

das informações contribuem para a melhoria do processo de concessão de

crédito;

Redução de metodologia subjetiva: o uso de método quantitativo com regras

claras e bem definidas contribui para a diminuição do subjetivismo na

avaliação do risco de crédito; e

Maior eficiência do processo: o uso de modelos credit scoring na concessão de

crédito direciona os esforços dos analistas, trazendo redução de tempo e maior

eficiência a este processo.

Chaia (2003) também demonstra as principais desvantagens dos modelos de credit

scoring:

Custo de desenvolvimento: desenvolver um sistema credit scoring pode acarretar

custos, não somente com o sistema em si, mas também com o suporte necessário

para sua construção, como por exemplo, profissionais capacitados,

equipamentos, coleta de informações necessárias ao desenvolvimento do modelo,

dentre outros;

Excesso de confiança nos modelos: algumas estatísticas podem superestimar a

eficácia dos modelos, fazendo com que usuários, principalmente aqueles menos

experientes, considerem tais modelos perfeitos, não criticando seus

resultados;

Falta de dados oportunos: se o modelo necessita de dados que não foram

informados, pode haver problemas na sua utilização na instituição, gerando

resultados diferentes dos esperados. Além da falta de algumas informações

necessárias, faz-se necessário analisar também a qualidade e fidedignidade das

informações disponíveis, uma vez que elas representam o insumo principal dos

modelos de credit scoring; e

Interpretação equivocada dos escores: o uso inadequado do sistema devido à

falta de treinamento e aprendizagem de como utilizar suas informações pode

ocasionar problemas sérios à instituição.

Verifica-se, portanto, que os modelos de credit scoring podem trazer

significativos benefícios à instituição quando adequadamente desenvolvidos e

utilizados. No entanto, eles também possuem limitações que precisam ser bem

avaliadas antes do desenvolvimento e implementação de um modelo dessa

natureza.

www.winkipedia.com

RISCO DE CRÉDITO

O risco de crédito é algo que está presente no quotidiano de qualquer empresa, seja

uma empresa da área financeira, seja uma empresa de serviços, comercial ou industrial.

No entanto, tendo em conta o negócio ou a área de actividade em que se inserem, as

empresas procedem a análises mais ou menos cuidadas do risco de crédito dos seus

clientes. Desde o estabelecimento comercial de venda ao público que habitualmente não

procede a qualquer análise, até às instituições financeiras que procedem a análises

bastante exaustivas, existe uma infinidade de casos.

O que é risco de credito?

A concessão de crédito traduz-se na disponibilização de um valor presente mediante uma

promessa de pagamento desse mesmo valor no futuro, que pressupõe a confiança na

solvabilidade do devedor, isto é, de que o mesmo irá honrar os seus compromissos nas

datas acordadas previamente. Por outras palavras, o risco de crédito é o risco de

perda em que se incorre quando há incapacidade de uma contrapartida numa operação de

concessão de crédito. Este risco está intimamente relacionado com factores internos e

externos à empresa que podem prejudicar o pagamento do montante de crédito concedido,

como iremos ver adiante.

Para determinar o risco de crédito de um cliente com maior ou menor exactidão, pode

proceder-se a avaliações do risco. Estas avaliações podem ser mais ou menos detalhadas

e cuidadas de acordo com a actividade em questão e o peso do crédito concedido no

total da facturação da empresa.

Passo 1: definição do tipo de crédito

O risco de crédito dos clientes varia, consoante o tipo de cliente, o tipo de produtos

e serviços oferecidos, o montante em causa e o tipo de entidade que concede o crédito.

Em termos gerais, há três tipos de crédito: o que é concedido por empresas comerciais,

nas vendas ao público e a empresas, e o que é concedido por instituições financeiras a

particulares e a empresas.

Venda ao público

Em pequenas e médias empresas, o risco de crédito é avaliado com base na confiança que

se gera entre o cliente e a empresa e o historial de crédito do cliente. A análise da

capacidade de pagamento da dívida é muito superficial, consequentemente, o risco de

crédito é agravado.

Nas empresas de maior dimensão, são criadas linhas de crédito especiais, normalmente

em parceria com instituições financeiras ou com entidades especializadas na concessão

de crédito. Neste caso, é a entidade responsável pelo crédito que avalia o risco do

cliente, pedindo-lhe uma série de informações (nomeadamente a última declaração de irs

e um documento comprovativo de uma morada fixa, entre outros dados pessoais e

profissionais) para elaborar uma ficha de crédito (cuja estrutura é descrita abaixo),

que servirá de base para a análise.

Em qualquer um dos casos anteriores, os prazos médios de pagamento são, normalmente,

reduzidos.

Venda a empresas

Neste caso, a avaliação do risco de crédito tem, à partida, um maior número de

indicadores - demonstrações financeiras, historial de crédito da empresa, informações

recolhidas pelos próprios vendedores junto do cliente, notícias publicadas pela

imprensa de negócios, etc. -, mas os montantes envolvidos também são superiores. Os

prazos médios de pagamento são mais alargados do que os praticados na venda a crédito

a particulares; estes prazos são reduzidos nos casos em que o risco de crédito é maior

e, normalmente, para encomendas de menor montante.

Crédito concedido por instituições financeiras

As instituições financeiras fazem uma análise exaustiva para avaliarem o risco de

crédito dos clientes, quer sejam empresas, quer sejam particulares, e têm produtos de

crédito diferenciados para cada um destes segmentos de clientes. Para os particulares

têm, por exemplo, linhas de crédito à habitação, de crédito pessoal, etc.; e para

empresas têm linhas de crédito para aquisição de equipamento, produtos de

financiamento à exploração e de apoio ao investimento, entre muitos outros.

No caso da concessão de crédito a particulares, o risco de crédito é avaliado com base

numa ficha de crédito. Quando se trata de clientes com um risco de crédito mais

elevado, devido, por exemplo, ao baixo nível de rendimentos, esse risco é reduzido

pela existência de um (ou mais) fiador(es) ou de outras garantias de pagamento, por

exemplo, bens que estejam no nome do titular.

Quando o cliente é uma empresa, e dado que os montantes de crédito são normalmente

superiores aos dos particulares, a análise do risco de crédito é ainda mais

aprofundada. A instituição de crédito avalia o risco de crédito também com base numa

ficha de crédito, mas concebida especialmente para empresas, que inclui informações

relevantes como as demonstrações financeiras, os rácios financeiros, o historial de

crédito, etc.

Passo 2: como elaborar uma ficha de crédito

A classificação e avaliação do risco de crédito de um cliente é normalmente resumida

numa ficha de crédito, que contém as informações que permitirão elaborar a emissão de

um parecer sobre uma operação de crédito. Estas informações estão normalmente

incluídas nos seguintes parâmetros de avaliação:

Carácter do cliente: é normalmente o primeiro factor de selecção dos clientes. Revela

a intenção/capacidade dele pagar ou não os compromissos assumidos. O indicador mais

óbvio da probabilidade do cliente vir a pagar as suas dívidas é se pagou pontualmente

no passado. A pontualidade do cliente no pagamento das suas obrigações é um factor

relevante para apurar o seu carácter, podendo ser identificada através do recurso a

registos internos do banco ou informações comerciais e bancárias. Pode haver casos em

que o atraso no pagamento não signifique que o indivíduo ou empresa não tivessem a

intenção de saldar as suas dívidas. Muitas vezes a pessoa que toma o empréstimo ou

financiamento não tem simplesmente a habilidade necessária para gerir o seu negócio ou

as suas finanças, endividando-se excessivamente.

Capacidade de gestão: é a capacidade do tomador de crédito para gerir o seu negócio, a

fim de gerar lucro e pagar as suas obrigações, honrando os seus compromissos. Dito por

outras palavras, capacidade significa o potencial do cliente para saldar os créditos

recebidos. Na capacidade dever-se-á ter em conta não só a capacidade de pagamento mas

também a competência, a competitividade e os aspectos técnicos do negócio a ser

financiado, o valor, a origem, a previsão de recebimento dos valores, entre outros

factores.

Valor do património: está relacionada com a saúde financeira do cliente no que diz

respeito ao seu património líquido disponível para saldar as suas obrigações. Também é

importante neste factor a origem dos recursos disponíveis do cliente. Muitas vezes, um

critério importante para avaliar este factor é a dimensão do capital social da

empresa, ou seja, a dimensão dos capitais que os sócios ou accionistas investiram na

empresa.

Garantias de crédito: são uma forma de segurança de pagamento do crédito que foi

solicitado. São normalmente activos complementares que o tomador do crédito apresenta

como garantias. Estas têm de ser muito bem seleccionadas e têm regularmente de

representar valores iguais ou superiores aos montantes emprestados, para que no caso

de insolvência o activo seja utilizado para pagar a operação de crédito. Para a

avaliação das garantias reais dever-se-ão ter em conta a liquidez, a depreciabilidade,

a capacidade de comercialização, a localização, os custos de manutenção e as despesas

de venda do bem.

Envolvente contextual: factores económicos e sectoriais que podem aumentar ou diminuir

o risco do cliente. Normalmente, são compostos pela política governamental, a

conjuntura internacional, a concorrência, factores regionais e eventos naturais.

Passo 3: métodos para avaliar o risco de crédito

A avaliação do risco de crédito é reflexo da multiplicidade, qualidade e origem das

informações disponíveis para o analista do crédito. A análise e administração do risco

baseiam-se no processamento das informações sobre o proponente de crédito.

Há vários métodos de análise e avaliação do risco de crédito. Eis os mais comuns.

Método de análise da ficha de crédito

É o método mais simples de avaliação do risco de crédito. Consiste na atribuição de

valores aos parâmetros anteriores - e aos inúmeros factores que cada um destes inclui

- para emitir um parecer sobre determinada operação de concessão de crédito. A cada

factor emite-se um valor subjectivo - "positivo" ou "negativo". Se, no final, o número

de factores com classificações positivas for superior ao dos negativos, então o

parecer tenderá a ser favorável à concessão de crédito.

São vários os factores a ter em conta na análise de crédito. Os indicadores incluídos

nos parâmetros "carácter do cliente" e "capacidade de gestão" (atrás referidos) são

dos mais importantes pois dão-nos uma ideia muito concreta do provável comportamento

do cliente. Analisando o seu passado, iremos prever o seu comportamento futuro,

procurando só conceder crédito a quem demonstre maiores e melhores hipóteses para

honrar os seus compromissos.

É possível representar o risco de crédito de um cliente por meio de equações como as

seguintes:

Risco de crédito = carácter do cliente + capacidade de gestão + valor do património +

garantias de crédito + envolvente contextual

Carácter do cliente = pontualidade no pagamento das dívidas + factores restritivos

(informações negativas dadas por um banco de quem é cliente, por exemplo) +

identificação (idade, estado civil, fontes de rendimento, se vive em casa própria, há

quanto tempo mudou de residência, se tem emprego fixo, etc.)

Capacidade de gestão = análise das demonstrações financeiras + cálculo dos rácios de

liquidez, de solvabilidade e de rendibilidade (ver glossário)

Valor do património = comprovação do valor das existências em armazém (no caso de ser

uma empresa) ou comprovação do valor patrimonial dos bens (se for um particular) +

valor de mercado (só se o cliente for uma empresa; é o valor a que o capital da

empresa seria vendido em determinado momento)

Garantias de crédito = liquidez (capacidade de o cliente pagar as suas dívidas) +

valor de mercado (quando o cliente é uma empresa) + correcta formalização do contrato

(as cláusulas do contrato podem exigir determinadas garantias de pagamento das

dívidas, por exemplo, a existência de um fiador ou avalista)

Envolvente contextual = é uma análise puramente qualitativa das condições do mercado

que a empresa não pode controlar, mas que influenciam o risco de crédito.

Método do credit scoring

É um tipo de análise utilizado para a avaliação da qualidade de crédito de clientes,

sejam pessoas físicas ou jurídicas. Através da ponderação de vários factores - idade,

profissão, renda, actividade profissional, património, tipo de residência, etc. -,

classifica os clientes em duas categorias:

Bons pagadores - os que, potencialmente, têm condições para honrar as obrigações o

empréstimo obtido.

Maus pagadores - os que, potencialmente, não reúnem as condições para cumprir as

obrigações do crédito.

Este tipo de análise é muito utilizado para a avaliação de crédito de compradores de

bens duráveis (por exemplo, automóveis), clientes de crédito pessoal e para atribuir

limite de crédito aos clientes.

Este sistema dependerá da qualidade dos dados recolhidos e da inteligência do seu

inter-relacionamento. Para a construção de um sistema de credit scoring é preciso

processar uma quantidade de dados muito significativa, o que nem todas as empresas,

nomeadamente as de pequena e média dimensão, conseguirão fazer. Há empresas,

nomeadamente financeiras, que procedem habitualmente a análises estatísticas para

avaliar o risco. Estas análises facilitam, por um lado, a compreensão e exploração do

risco do cliente, por outro lado, criam estimativas precisas das probabilidades dos

créditos serem pagos definindo um critério que visa a maximização das receitas e a

minimização das perdas, fornecendo uma base estatística satisfatória para comprovação

das decisões.

De referir ainda que esta análise poderá ser efectuada sobre uma base histórica (exame

de casos passados de créditos problemáticos para dela extrair variáveis) ou sobre

dados correntes (construção aleatória).

Método do risk rating

Trata-se de uma metodologia que avalia uma série de factores, atribuindo uma nota a

cada um deles e, posteriormente, uma nota final ao conjunto destes factores

analisados. Com base nesta nota final é atribuído um risk rating, ou seja, uma

classificação para o risco, que determina o valor (risco de crédito) que a instituição

financeira dará ao tomador do crédito.

Podem ser utilizadas escalas de 1 a 10, de 1 a 4, de a a e, combinações de letras e

números, etc. O ideal é que o sistema seja eficiente e permita prever quais seriam os

créditos com maior probabilidade de incumprimento.

A grande vantagem deste tipo de análise é de que dá acesso às decisões de crédito por

pessoas que não sejam especialistas na matéria da avaliação de riscos e créditos. Para

além disso, permite uma utilização por empresas que trabalham com produtos de crédito

em massa (por exemplo, empresas financeiras, empresas de cartão de crédito e bancos de

investimento, entre outros) e que precisam de velocidade para o processamento de

grandes quantidades de propostas num intervalo mínimo de tempo.

Passo 4: como elaborar uma proposta de crédito

Uma vez avaliado o risco e emitido um parecer favorável em relação à concessão de

crédito, deve ser elaborada uma proposta de crédito. Esta inclui:

A definição da forma como a operação foi realizada;

O nome de quem autorizou a operação;

Os dados pessoais do tomador do crédito e do avalista (caso exista);

A descrição da operação: valor, prazo, forma de pagamento, garantias, etc.;

As conclusões das análises realizadas, nomeadamente a descrição dos resultados das

pesquisas realizadas para a emissão do parecer.

A proposta de crédito deverá ser elaborada tendo sempre em conta a política de

crédito, que norteia as tomadas de decisão em relação ao crédito. Nela deve estar

definida o tipo de crédito que a empresa deve conceder aos seus clientes bem como os

resultados que se pretendem alcançar com estas operações. 

Para ser bem sucedida, a política de crédito deverá ter em atenção os seguintes

aspectos:

Legislação e normas legais: as empresas devem estar atentas à legislação vigente para

que não incorram em riscos desnecessários.

Posicionamento estratégico da empresa: definição do público alvo (pessoas físicas e/ou

jurídicas), da área geográfica de actuação, quais os produtos que vai operar

(leasing, por exemplo) e em que mercados vai actuar.

Resultados que a empresa deseja atingir: quanto é que a empresa espera ter como

resultado? Quais os objectivos de negócio? Pessoas com objectivos mais agressivos

tendem a adoptar uma política de crédito com mais disposição para a tomada de risco.

Assim, podemos concluir que o nível de exposição ao risco mais o resultado ou retorno

esperado é o que irá determinar a política de crédito.

Poderes de decisão: definição de quem e como será feita a concessão de crédito.

Glossário

Ficha de crédito - é um documento que contém as informações que permitirão emitir um

parecer sobre a operação de crédito. Serve de ponto de partida para uma análise de

crédito mais aprofundada. Deve ser um instrumento objectivo e útil e de preenchimento

rápido e simples. Pode ou não incluir uma proposta de crédito mas tem que ter em conta

as necessidades específicas da empresa/instituição.

Tomador do crédito - a pessoa ou entidade que contrai a dívida e que assume a

obrigação de a pagar, mediante as condições acordadas previamente com a entidade que

concedeu o financiamento.

Rácios de liquidez - são indicadores financeiros que dão uma ideia da capacidade de

uma empresa satisfazer os seus compromissos de curto prazo. O rácio mais utilizado é o

rácio de liquidez geral, calculado pela divisão entre o activo circulante e o passivo

de funcionamento.

Rácios de solvabilidade - são indicadores da extensão em que a empresa se financiou

com capitais próprios ou alheios, que permitem avaliar o grau de insolvência a longo

prazo em que a empresa incorre. O rácio mais comum é: rácio de solvabilidade = activo

total / passivo total.

Rácios de rendibilidade - indicam o grau de eficiência com que a empresa utilizou os

recursos à sua disposição. Os três principais rácios utilizados são: rácio de

rendibilidade das vendas = resultados líquidos/vendas; rácio de rendibilidade dos

capitais próprios = resultado líquido/capitais próprios; rendibilidade do investimento

= resultado líquido/activo

Bibliografia

SILVA, JOSÉ PEREIRA DA; GESTÃO E ANÁLISE DE RISCO DE CRÉDITO; EDITORA ATLAS, 1998.

BERNI, MAURO TADEU; OPERAÇÃO E CONCESSÃO DE CRÉDITO: OS PARÂMETROS PARA A DECISÃO DE CRÉDITO; EDITORA ATLAS,

1997.

BREALEY, RICHARD; MYERS, STEWART; PRINCÍPIOS DE FINANÇAS EMPRESARIAIS, MCGRAW HILL.

Http://www.pmelink.pt/article/pmelink_public/ec/0,1655,1005_5331-3_41098--

view_429,00.html

Empresas investem em análise de risco de crédito

Por rodrigo petry

Para manter o ritmo de crescimento do crédito sem elevar os índices de inadimplência,

as empresas vêm evoluindo nas práticas de análise de risco da concessão dos

empréstimos aos clientes. O presidente da associação nacional das empresas de

recuperação de crédito (aserc), josé roberto roque, destaca que o setor avançou de uma

análise simples de concessão de crédito para um levantamento do perfil da

inadimplência. "queremos, hoje, saber o tempo de amadurecimento da dívida e o padrão

do consumo. Para saber as razões da inadimplência", afirmou.

De acordo com o diretor de crédito e cobrança da casas bahia, paulo santos, a

varejista já desenvolve um modelo de "rating" para a concessão de crédito com base no

comportamento de compra dos clientes. "estamos falando da reinvenção dos processos,

avançando não só para a classificação de carteira, mas para a análise de um cpf

específico", disse.

Santos destacou que a empresa busca, na recuperação do crédito, principalmente manter

o cliente ativo. "ou somos mais agressivos (na renegociação), tiramos um pouco do

nosso ganho, para trazer o dinheiro, ou perdemos 100% (da dívida)", disse,

acrescentando que, em algumas épocas do ano, quase 90% dos clientes fazem a compra de

um novo bem após quitar outro.

O superintendente de cobranças do hsbc, wagner montemurro, diz que os níveis de

inadimplência estão subindo, mas "ainda estão sob controle". "o endividamento médio

está subindo, mas estamos controlando para não piorar", disse. Ele ressaltou que a

empresa investe em mecanismos de análise de risco, em parceria com serasa e scpc,

antes da concessão do crédito.

Segundo o superintendente de cobranças da cetelem, marcelo ferreira, a empresa percebe

um aumento da inadimplência, mas isso vem sendo gerado principalmente pelo descontrole

das finanças pessoais. "por isso, sempre buscamos oferecer um novo acordo ou um

desconto na renegociação da dívida", disse. Os executivos participaram hoje do quinto

congresso anual de recuperação de crédito, promovido pela aserc.

Http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/

68037_empresas+investem+em+analise+de+risco+de+credito

A Importância da Analise

A concessão de crédito é uma das principais componentes da actividade das instituições de

crédito e de algumas sociedades financeiras, sendo fundamental que as entidades analisem as

propostas, adoptando procedimentos que lhes permitam, eficaz e eficientemente, aferir o risco

das operações e a melhor forma de o colmatar.

Este curso pretende proporcionar aos participantes uma visão sobre o risco de crédito associado

a particulares e a empresas, fornecendo conceitos e meios práticos para equacionar,

quantificar, comparar, adequar e saber como reduzir o risco nas diversas operações de crédito.

Durante a acção de formação serão trabalhados os aspectos essenciais a observar na preparação,

análise e tratamento da informação para decisão de crédito.

Esta abordagem, sob orientação prática, permitirá desenvolver capacidades para proceder a

interpretações mais fundamentadas neste domínio, permitindo equacionar alternativas e efectuar

os ajustes adequados.

Análise de crédito é o momento no qual o agente cedente irá avaliar o potencial de

retorno do tomador do crédito, bem como, os riscos inerentes à concessão. Tal

procedimento é realizado, também, com o objetivo de ser possível identificar os

clientes que futuramente poderão não honrar com suas obrigações, acarretando uma

situação de risco de caixa à organização.

Através da análise de crédito será possível identificar se o cliente possui idoneidade

e capacidade financeira suficiente para amortizar a dívida que se pretende contrair.

Conceito

A análise de crédito é um processo organizado para analisar dados, de maneira a

possibilitar o levantamento das questões certas acerca do tomador do crédito. "este

processo cobre uma estrutura mais ampla do que simplesmente analisar o crédito de

um cliente e dados financeiros para a tomada de decisão com propósitos creditícios"

(blatt, 1999, p. 93).

Segundo santos (2000), o processo de análise e concessão de crédito recorre ao uso de

duas técnicas: a técnica subjetiva e a técnica objetiva ou estatística. A primeira diz

respeito à técnica baseada no julgamento humano e a segunda é baseada em processos

estatísticos.

Em relação à primeira técnica, schrickel observa que: "a análise de crédito envolve a

habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e

constantes mutações e informações incompletas". (schrickel, 2000, p. 27). Ou seja,

grande parte da análise de crédito é realizada através do julgamento do agente de

crédito, baseada principalmente na habilidade e experiência do mesmo.

Santos (2006) ainda explica que esta técnica baseia-se na experiência adquirida,

disponibilidade de informações e sensibilidade de cada analista quanto a aprovação do

crédito.

A análise subjetiva do tomador do crédito é importante, visto que através da

experiência do agente de crédito é possível identificar fatores de caráter,

capacidade, capital e condições de pagamento. Porém, essa análise não pode ser

realizada de maneira aleatória, é preciso estar embasada em conceitos técnicos que

irão guiar a tomada de decisão.

Algumas empresas de pequeno porte não dispõem de capacidade financeira para manter um

analista de crédito, por isso tem surgido empresas que podem dar um suporte a esses

empreendedores, visando a diminuição das perdas financeiras com a inadimplência. Todos

os processos descritos abaixo, são feitos por essas empresas e em seus relatórios com

os resultados da análise de crédito também estão incluídos as consultas no spc/serasa.

Processo de análise de crédito para pessoa física

O processo de análise de crédito para pessoa física visa a identificar os riscos para

a organização que está concedendo o crédito, evidenciar conclusões quanto à capacidade

de repagamento do tomador e fazer recomendações sobre o melhor tipo de empréstimo a

ser concedido.

A análise ocorrerá conforme as necessidades do solicitante e dentro de um nível de

risco aceitável, a partir de documentação apresentada e análise da mesma, objetivando

a maximização dos resultados da instituição, segundo schrickel (2000).

Este processo é extremamente importante para a análise de crédito efetuada em

organizações de concessão de microcrédito, principalmente devido à simplificação e

desburocratização desta modalidade, conforme explicado anteriormente.

Além disso, a análise subjetiva de crédito não é um exercício que visa ao cumprimento

de disposições normativas, mas sim tem por objetivo chegar a uma decisão clara sobre a

concessão ou não do crédito ao solicitante, acrescenta santos (2006).

Porém, o processo de análise subjetiva, como o próprio nome diz, não é uma ciência

exata, podendo existir inúmeras soluções para cada situação de concessão, sendo certo

que a análise pode fazer emergir opções durante o processo decisório, complementa

blatt (1999).

É preciso dizer, ainda, que a análise de crédito é um processo organizado a fim de

reunir e montar todos os fatos que conduzem ao problema, determinar as questões e

suposições relevantes para a tomada de decisão, analisar e avaliar os fatos levantados

e desenvolver uma decisão a partir das alternativas funcionais e aceitáveis.

Schrickel (2000) complementa que a análise será mais consistente quanto mais presentes

e valiosas forem as quantificações dos riscos identificados e praticidade, bem como a

viabilidade das conclusões chegadas.

Portanto, o processo de análise de crédito para pessoa física baseia-se na qualidade

das informações obtidas e nas decisões decorrentes. Essas decisões devem ser práticas

e viáveis dentro de um modelo funcional adaptado à realidade da organização.

Além disso, em qualquer situação de análise de crédito, há três etapas distintas a

percorrer, conforme schrickel (2000):

Análise retrospectiva: avaliação do desempenho histórico do tomador potencial,

analisando os riscos inerentes ao mesmo e como foram contornados. Este processo visa a

identificar fatores na atual condição do tomador que possam dificultar o pagamento da

divida;

Análise de tendências: projeção da condição futura do tomador do crédito, a fim de

avaliar o nível de endividamento suportável e o quão oneroso será o crédito que se

espera obter; e

Capacidade creditícia: a partir do grau de risco que o tomador apresenta e a projeção

do seu nível de endividamento futuro, avaliar a capacidade creditícia do tomador, ou

seja, qual a quantia de capital que ele poderá obter junto ao credor.

Para que ocorra uma análise minuciosa de risco da operação de concessão de crédito à

pessoa física, é preciso passar por algumas fases distintas durante o processo. Santos

(2006) define seis fases para este processo, conforme quadro a seguir:

Análise cadastral;

Análise de idoneidade;

Análise financeira;

Análise de relacionamento;

Análise patrimonial; e

Análise de sensibilidade.

Análise cadastral

A análise cadastral refere-se a processo de análise dos dados de identificação dos

clientes. Conforme blatt (1999) evidencia, o sucesso da concessão do crédito depende

de informações confiáveis a respeito do cliente. Santos (2006) complementa, dizendo

que:

"o levantamento e a análise das informações básicas de crédito são requisitos

fundamentais para a determinação do valor do crédito, prazo de amortização, taxas de

juros e, se necessário reforço ou vinculação de novas garantias." (santos, 2006,

p. 47).

Segundo o manual de normas e instruções do banco central do brasil (2006), as

instituições de crédito, micro crédito e bancos tradicionais só devem conceder

empréstimos (crédito) a tomadores se possuírem adequadas e não restritivas informações

cadastrais. Schrickel (2000) reafirma todos estes fatos, dizendo que as instituições

de crédito devem munir-se de elementos informativos essenciais e indispensáveis sobre

o potencial tomador do crédito, antes de manter qualquer tipo de relacionamento

concreto ou formalizar alguma operação de crédito.

Porém, todas as instituições de crédito devem atentar para o sigilo das informações

coletadas pelos agentes de crédito. Schrickel (2000) sugere que as informações e

documentação pessoal devem ser mantidas arquivadas sobre minucioso controle. Tal

atenção é necessária para que ocorra sigilo das informações e para que melhor lhe

permita o controle, manuseio e atualização dos dados.

Os dados que deverão ser identificados para análise, segundo santos (2006), deverão

ser os seguintes:

Escolaridade;

Estado civil;

Idade;

Idoneidade;

Moradia (se própria ou alugada e tempo de residência);

Número de dependentes;

Renda (principal e complementar);

Situação legal dos documentos; e

Tempo no atual emprego ou atividade exercida.

Santos (2006) ainda defende que no processo de análise de crédito deve-se considerar

todas as informações relacionadas com a situação financeira do cliente, pois a análise

conjunta dos dados irá fornecer informações mais precisas para a tomada de decisão.

Para schrickel (2000), o agente de crédito deve atentar para a seguinte documentação

legal:

Certidão de casamento, se casado (a);

Cédula de identidade (rg);

Cartão de identificação do contribuinte (cpf);

Declaração de bens (anexo da declaração do imposto de renda), conforme lei 8.009/1990

– lei de impenhorabilidade do bem de família;

Comprovante de rendimentos;

Comprovante de residência;

Procurações (se houver);

Cartões de instituições financeiras (originais); e

Ficha cadastral preenchida e assinada.

Por fim, blatt (1999) explica que a ficha cadastral é um resumo da vida do cliente,

por meio da qual o credor tem a possibilidade de obter um conhecimento inicial sobre o

mesmo. Ele ainda define como “[...] Um conjunto de informações financeiras e não

financeiras que subsidiam o processo decisório de crédito, auxiliando na avaliação

[...] Do cliente. (blatt, 1999, p. 78).

Análise de idoneidade

Já a análise de idoneidade consiste no levantamento e análise de informações

relacionadas à idoneidade do cliente com o mercado de crédito. Segundo santos (2006),

esta análise baseia-se na coleta de informações sobre o solicitante do crédito junto

às empresas especializadas no gerenciamento de risco de crédito. Empresas como serasa,

boa vista serviços (scpc), equifax e spc (serviço de proteção ao crédito) são exemplos

de organizações que podem fornecer informações úteis sobre a situação de crédito do

cliente.

Para santos (2006), a análise da idoneidade deve ser um das primeiras informações

averiguadas, pois caso o cliente não possua informações negativas as demais

informações poderão ser coletadas e analisadas para a análise do risco total.

A idoneidade do cliente pode ainda ser classificada em quatro categorias, conforme

santos (2006):

Sem restritivos: quando não há informações negativas sobre o cliente no mercado de

crédito;

Alertas: quando há registros antigos no mercado de crédito, já solucionados, que não

impedem a concessão de novos créditos. Apenas ocorre a exigência de uma análise mais

criteriosa por parte do agente de crédito;

Restritivos: indicam que o cliente possui informações desabonadoras no mercado de

crédito. São exemplos: registros de atrasos, renegociações e geração de prejuízos a

credores. Podem ser classificadas como de caráter subjetivo (de uso interno de

instituições do mercado de crédito) ou de caráter objetivo, tais como protestos,

registros de cheques sem fundo, ações de busca e apreensão, dentre outros; e

Impeditivos: são apontamentos que impedem que pessoas físicas atuem como tomadores de

crédito, a exemplo de bloqueios de bens, impedimentos no sistema financeiro da

habitação (sfh), proibições legais de concessão de crédito, dentre outros.

Análise financeira

Em relação à análise financeira, blatt (1999) explica que a mesma é primordial para a

determinação das forças e fraquezas financeiras do cliente, a partir das informações

das demonstrações financeiras do mesmo. A análise da renda total do cliente e

posterior análise de compatibilidade com os créditos pretendidos é uma fase de vital

importância no processo de análise dos riscos de crédito.

Para black; morgan (apud santos, 2006), deve ser dada atenção especial à análise da

renda, pois consideram existir relação direta entre a renda e a taxa de inadimplência

de pessoas físicas. Santos (2006) ainda diz que é de suma importância determinar o

valor exato da renda e a sua regularidade, bem como a probabilidade de continuar sendo

recebida. Desta maneira é possível identificar fatores que poderão vir a prejudicar o

futuro pagamento da dívida contraída.

Autores como santos (2006), blatt (1999) e schrickel (2000) definem os demonstrativos

de pagamento, declaração de imposto de renda e extratos bancários como as melhores

fontes de informações sobre a renda do cliente.

Os demonstrativos de pagamento, fornecidos pelos empregadores dos solicitantes de

crédito, constituem-se na fonte mais utilizada pelas instituições de concessão de

crédito. A declaração do imposto de renda é uma fonte alternativa de dados que

possibilita um melhor cálculo sobre a renda média mensal do solicitante, segundo

santos (2006).

No caso de pessoas físicas autônomas ou profissionais que trabalhem em atividades

sazonais, o agente de crédito deve tomar especial cuidado com discrepâncias na renda

média mensal do cliente. Para santos (2006), nessa situação, a comprovação da renda é

de extrema dificuldade e por isso o agente de crédito deve se basear em cálculos

aproximados a partir de demonstrativos bancários, tais como extratos de contas

bancárias.

É sugerido, por santos (2006), a construção de um balanço patrimonial adaptado do

solicitante do crédito, por parte do agente de crédito. Tal instrumento visa a uma

melhor visualização dos ativos e passivos a fim de determinar a situação financeira e

capacidade de pagamento do cliente.

Os ativos representam os bens, tanto financeiros como patrimoniais, dos clientes. São

colocados em ordem de liquidez, iniciando pelos ativos que melhor possam ser

convertidos em receita imediata, representados por valores em conta corrente, salário

e outros, até os ativos menos líquidos, como por exemplo, veículos e imóveis. Os

passivos representam todos os compromissos que o cliente assumiu com o mercado de

crédito ou para a compra de bens e serviços. São organizados de maneira a iniciar

pelos de maior solvência (imediata) até os de maior prazo de pagamento.

Segundo santos (2006), quanto maior for o saldo do ativo total em relação ao passivo

total, maior será a capacidade de o cliente honrar as dívidas adquiridas. Neste caso,

o patrimônio líquido, calculado pela diferença entre o total dos ativos e o total dos

passivos, será um excelente indicador da riqueza do cliente e, por conseguinte, da

capacidade de pagamento do mesmo.

Análise de relacionamento

A análise de relacionamento baseia-se principalmente na análise realizada sobre as

informações extraídas do histórico do relacionamento do cliente com o credor e o

mercado de crédito. Quando o cliente já é conhecido da instituição de concessão de

crédito, é possível extrair informações de créditos adquiridos anteriormente, taxas de

juros aplicadas, freqüência de utilização, pontualidade na amortização, dentre outros.

Santos (2006) acredita que essa análise de relacionamento auxilia na análise da

idoneidade do cliente e pode garantir uma decisão mais favorável ou não à concessão do

crédito. Contudo, aponta a dificuldade dos agentes de crédito de conseguirem

informações precisas junto a outras instituições de crédito devido à necessidade de

manter sigilo sobre as operações com que trabalham. Conhecer o patrimônio dos clientes

é importante no processo de análise de crédito, principalmente para que seja possível

vinculá-lo em contratos de crédito sempre que for verificada a existência de algum

risco maior.

Análise patrimonial

A análise patrimonial é frequentemente utilizada para a avaliação das garantias que os

clientes podem oferecer para vincularem ao contrato de concessão, segundo santos

(2006). O autor define garantia como a vinculação de um bem que assegure a liquidação

do crédito caso o tomador não honre suas dívidas.

Entretanto, blatt (1999) defende que a concessão do crédito não pode estar atrelada ao

bem disposto como garantia, pois assim a organização estaria comprando um bem que não

é de interesse.

Santos (2006) complementa dizendo que a finalidade da garantia é evitar que fatores

imprevisíveis impossibilitem a quitação do crédito adquirido pelo solicitante. O banco

central estabelece que as instituições financeiras que trabalham com a concessão de

crédito devem exigir dos solicitantes garantias suficientes para garantir o retorno do

capital utilizado na operação.

Porém, fica a cargo da instituição de concessão de crédito definir quais garantias

serão aceitas, bem como a real necessidade das mesmas para a realização da operação de

crédito. Além disso, santos (2006) diz que as garantias reais (bens) devem ser

corretamente analisadas para se verificar a possibilidade de solvência das mesmas,

assim como seu valor de mercado real e a existência de ações legais que impeçam que

sejam utilizadas.

Análise de sensibilidade

A análise de sensibilidade é uma fase extremamente importante no processo de análise

da concessão de um crédito. Nesta fase, o agente de crédito ou analista financeiro irá

monitorar a situação macroeconômica a fim de prever situações que poderão aumentar o

nível de risco da operação.

Santos (2006) cita como exemplo o monitoramento das taxas de juros. O aumento das

mesmas pode desencadear a redução do nível de atividade econômica ou até levar à

recessão, reduzindo a capacidade de geração e retenção de fluxos de caixa,

comprometendo a capacidade real de pagamento dos compromissos financeiros das mesmas.

É importante que os analistas de crédito monitorem o mercado e a economia em geral a

fim de prever possíveis situações de desequilibro na economia. O objectivo é evitar o

cenário de incumprimento dos pagamentos nas suas carteiras de crédito. Blatt (1999)

explica que uma correta avaliação do mercado pode ajudar a definir quais taxas serão

praticadas, quais prazos de pagamento são mais favoráveis e em quais situações o

devedor poderá se tornar incumpridor.

Método credit scoring de análise de crédito

A aplicação de modelos de credit scoring e outras ferramentas para análises de crédito

se iniciaram na década de 1930, em companhias seguradoras, conforme blatt (1999).

Porém, seu desenvolvimento em instituições financeiras deu-se a partir da década de

1960, conforme vasconcellos (2002).

Este modelo proporciona uma vantagem competitiva para a organização, porém, apenas

após a estabilização da economia brasileira, em 1994, é que começou a ser difundido no

brasil.

O termo credit scoring é utilizado para descrever métodos estatísticos adotados para

classificar candidatos à obtenção de um crédito em grupos de risco. Segundo blatt

(1999) a partir do histórico de concessões de crédito efetuadas por uma instituição de

crédito é possível, através de técnicas estatísticas, identificar as variáveis sócio-

econômicas que influenciam na capacidade do cliente em pagar o crédito, ou seja, na

qualidade do crédito da pessoa física.

O método de credit scoring é baseado na classificação de candidatos a crédito em

grupos de acordo com seus prováveis comportamentos de pagamento. Vasconcellos (2002)

informa que a probabilidade de um candidato gerar ou não um risco a organização deve

ser estimada com base nas informações que o tomador fornecer na data do pedido de

concessão, e a estimativa servirá como fundamento para a decisão de aprovação ou não

do crédito.

Santos (2006) complementa, explicando que o modelo, baseado em informações do passado

recente da carteira de crédito, gera notas (scores) para novos candidatos ao crédito

que representam a expectativa de que os clientes paguem suas dividas sem se tornarem

inadimplentes.

Assim, conforme zerbini (2000), o modelo de credit scoring é uma ferramenta valiosa

para decisões de aprovação ou não de pedidos de crédito, obedecendo à hipótese de que

o público alvo da carteira de crédito, após a implementação do modelo, se mantenha o

mesmo que no passado recente sobre o qual todo o procedimento estatístico se baseia.

A partir de uma equação gerada através de variáveis referentes ao candidato à operação

de crédito, os analistas de credit scoring geram uma pontuação que representa o risco

de inadimplência, ou seja, o escore que resultante da equação de credit scoring pode

ser interpretado como probabilidade de inadimplência.

Conforme ressalta saunders (2000), o escore pode ser utilizado para classificação de

créditos como adimplentes ou inadimplentes, bons ou maus, desejáveis ou não, de acordo

com a pontuação obtida por cada crédito. Esta classificação, por sua vez, pode

orientar a decisão do analista em relação à concessão ou não do crédito solicitado.

Assim, a idéia essencial dos modelos de credit scoring é identificar certos fatores-

chave que influenciam na adimplência ou inadimplência dos clientes, permitindo a

classificação dos mesmos em grupos distintos e, como conseqüência, a decisão sobre a

aceitação ou não do crédito em análise.

A diferenciação desse modelo em relação aos modelos subjetivos de análise de crédito

se dá pelo fato da seleção dos fatores-chave e seus respectivos pesos ser realizada

através de processos estatísticos. Além disso, a pontuação gerada para cada cliente, a

partir da equação do modelo credit scoring, fornece indicadores quantitativos das

chances de inadimplência desse cliente, conforme blatt (1999).

Os modelos de credit scoring podem ser aplicados tanto à análise de crédito de pessoas

físicas quanto a empresas. Quando aplicados a pessoas físicas, eles utilizam

informações cadastrais e sócio-econômicas dos clientes de acordo com vasconcellos

(2002).

Blatt (1999) ressalta que a metodologia básica para o desenvolvimento de um modelo de

credit scoring não difere entre aplicações para pessoa física ou jurídica, sendo que

as seguintes etapas devem ser cumpridas para o seu desenvolvimento:

Planejamento e definições: mercados e produtos de crédito para os quais serão

desenvolvidos o sistema, finalidades de uso, tipos de clientes, conceito de

inadimplência a ser adotado e horizonte de previsão do modelo;

Identificação das variáveis potenciais: caracterização do proponente ao crédito,

caracterização da operação, seleção das variáveis significativas para o modelo e

análise das restrições a serem consideradas em relação às variáveis;

Planejamento amostral e coleta de dados: seleção e dimensionamento da amostra, coleta

dos dados e montagem da base de dados;

Determinação da fórmula de escoragem através de técnicas estatísticas, como por

exemplo, a análise discriminante ou regressão logística; e

Determinação do ponto de corte, a partir do qual o cliente é classificado como

adimplente ou bom pagador; em outras palavras, é o ponto a partir do qual a

instituição financeira pode aprovar a liberação do crédito.

Segundo chaia (2003), os modelos de credit scoring propriamente ditos são ferramentas

que dão suporte à tomada de decisão sobre a concessão de crédito para novas aplicações

ou novos clientes.

Chaia (2003) faz o seguinte resumo das principais vantagens dos modelos credit

scoring:

Consistência: são modelos bem elaborados, que utilizam a experiência da instituição, e

servem para administrar objetivamente os créditos dos clientes já existentes e dos

novos solicitantes;

Facilidade: os modelos credit scoring tendem a ser simples e de fácil interpretação,

com instalação relativamente fácil. As metodologias utilizadas para construção de tais

modelos são comuns e bem entendidas, assim como as abordagens de avaliação dos mesmos;

Melhor organização da informação de crédito: a sistematização e organização das

informações contribuem para a melhoria do processo de concessão de crédito;

Redução de metodologia subjetiva: o uso de método quantitativo com regras claras e bem

definidas contribui para a diminuição do subjetivismo na avaliação do risco de

crédito; e

Maior eficiência do processo: o uso de modelos credit scoring na concessão de crédito

direciona os esforços dos analistas, trazendo redução de tempo e maior eficiência a

este processo.

Chaia (2003) também demonstra as principais desvantagens dos modelos de credit

scoring:

Custo de desenvolvimento: desenvolver um sistema credit scoring pode acarretar custos,

não somente com o sistema em si, mas também com o suporte necessário para sua

construção, como por exemplo, profissionais capacitados, equipamentos, coleta de

informações necessárias ao desenvolvimento do modelo, dentre outros;

Excesso de confiança nos modelos: algumas estatísticas podem superestimar a eficácia

dos modelos, fazendo com que usuários, principalmente aqueles menos experientes,

considerem tais modelos perfeitos, não criticando seus resultados;

Falta de dados oportunos: se o modelo necessita de dados que não foram informados,

pode haver problemas na sua utilização na instituição, gerando resultados diferentes

dos esperados. Além da falta de algumas informações necessárias, faz-se necessário

analisar também a qualidade e fidedignidade das informações disponíveis, uma vez que

elas representam o insumo principal dos modelos de credit scoring; e

Interpretação equivocada dos escores: o uso inadequado do sistema devido à falta de

treinamento e aprendizagem de como utilizar suas informações pode ocasionar problemas

sérios à instituição.

Verifica-se, portanto, que os modelos de credit scoring podem trazer significativos

benefícios à instituição quando adequadamente desenvolvidos e utilizados. No entanto,

eles também possuem limitações que precisam ser bem avaliadas antes do desenvolvimento

e implementação de um modelo dessa natureza.

Http://pt.wikipedia.org/wiki/an%c3%a1lise_de_cr%c3%a9dito

Risco de crédito em cooperativas: uma análise com

base no perfil do cooperado

Este trabalho tem como finalidade analisar dentre as operações de crédito,

aquelas que geram maior risco de inadimplência para a cooperativa, com base no

perfil do cooperado, e identificar quais as estratégias podem ser apontadas

para evitar possíveis falhas nas PRÓXIMAS ANÁLISES DE CRÉDITO. O TRABALHO FOI DIVIDIDO

EM TRÊS ETAPAS. A PRIMEIRA ETAPA REFERE-SE AO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL, COM O OBJETIVO DE

DEMONSTRAR COMO NELE ESTÃO INSERIDAS AS COOPERATIVAS DE CRÉDITO. A SEGUNDA ETAPA ABORDA O

SISTEMA DE CRÉDITO COOPERATIVO, APRESENTA DE QUE FORMA ESTÁ ESTRUTURADO E SEU NÍVEL

HIERÁRQUICO. A TERCEIRA ETAPA TRATA DO SISTEMA DE RISCO DE CRÉDITO, NA QUAL SERÃO ANALISADOS

O RISCO, GERENCIAMENTO E OS MODELOS DE AVALIAÇÃO DE CRÉDITO. VERIFICOU-SE QUE OS MODELOS MAIS

ADEQUADOS PARA ANÁLISE DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO SÃO OS MODELOS DE CREDIT SCORING E O CREDIT

BUREAU, NOS QUAIS, ATRAVÉS DE TÉCNICAS ESTATÍSTICAS COMO A ANÁLISE DISCRIMINANTE E REGRESSÃO

LOGÍSTICA, DEMONSTRARAM-SE AS CARACTERÍSTICAS DE CRÉDITOS CONSIDERADOS De maior risco de

inadimplência. A análise se baseou em identificar o “pior cliente”, pois este

gera maior risco de inadimplência e influencia na gestão financeira. Concluiu-

se que as variáveis mais relevantes para identificar o risco de inadimplência

foram a renda mensal bruta e o valor liberado na concessão de crédito, pois a

maior concentração de risco de inadimplência.

Principais aspectos a serem observados em uma avaliação de risco de

crédito de emgp¹Este artigo busca trazer uma descrição dos principais aspectos observados por

instituições financeiras quando da definição do risco de crédito do tomador.Todas as operações que envolvem um certo período de tempo entre a posse do ativo e

seu respectivo pagamento, acabam de uma forma ou outra ocorrendo em condições de

crédito, o que consequentemente, implica na existência de uma relação de confiança

entre as partes envolvidas. Por outro lado, surge também o risco da operação não

acontecer conforme o esperado, seja pelo não pagamento ou pelo pagamento em valor

inferior ao estipulado. Existe, portanto, a necessidade de avaliar a capacidade do

tomador de crédito de honrar os termos contratados e de garantir o pagamento das

obrigações.

Neste sentido os riscos do tomador de crédito são identificados, avaliados e

classificados por meio de modelos e métodos baseados em critérios aceitos pelo

mercado e validados interna e externamente, estes critérios podem contemplar o

credit scoring², avaliação cadastral, apuração de limites de crédito, avaliação do

conglomerado, fluxo de caixa retrospectivo e/ou prospectivo, gestão organizacional

e análise econômico-financeira. Adicionalmente, quando o tomador for uma emgp

existe a necessidade da avaliação de crédito contemplar também fórmulas

estatísticas por setor de atuação da empresa.

Segundo securato et. Al.(2007), os critérios de avaliação de risco de crédito são

norteados pelos chamados "c's do crédito" descritos por weston e brigham, no livro

managerial finance, como sendo: o caráter, as condições, a capacidade, o capital e

o colateral. Adicionalmente silva (2008), inclui o conglomerado, que expressa a

necessidade de um exame conjunto do grupo econômico do qual faz parte a empresa

tomadora do crédito.

A seguir serão listados os aspectos que são considerados de maior relevância em

uma avaliação de risco de crédito de emgp:

1 - capacidade de geração de caixa

É um dos aspectos principais, pois interfere diretamente na capacidade de honrar o

serviço (obrigações) da dívida. A operação da empresa deve gerar caixa suficiente

para pagar impostos, custos e despesas operacionais e honrar a dívida. Esta

análise se mostra especialmente importante quando se tratar de concessão de

crédito de curto prazo.

2 – análise econômico-financeira

A estrutura de capital da empresa deve ser compatível com a atividade-fim da

companhia e do setor onde esta inserida. Em relação ao endividamento, destaca-se

que empresas muito alavancadas devem apresentar resultados estáveis e suficientes,

caso contrário o risco de crédito será muito elevado.

3 - liquidez

Os indicadores de liquidez também estão associadas à capacidade de pagamento.

Empresas com ativos de longo prazo devem apresentar passivos, igualmente, de longa

maturação, caso contrário correm o risco de ter que liquidar ativos por um preço

inferior ao contabilizado ou não conseguir liquidá-los, originando inadimplência.

Este item diz respeito também ao bom gerenciamento da necessidade de capital de

giro para financiar as operações da empresa, não raro empresas que apresentam

crescimento exponencial de faturamento encontram dificuldades de gerenciar sua

liquidez, apresentando o que silva (2008) descreve como "efeito tesoura"³.

4 - capacidade de gestão

Avaliar a qualidade da administração da empresa envolve o alinhamento de prazos

financeiros e operacionais, retorno dos investimentos, tempo de mercado, nível

acadêmico e experiência dos gestores. Empresas com ciclos financeiros e

operacionais adequados, investimentos rentáveis e maduras no mercado tendem a

minimizar o risco de crédito.

5 – histórico de pagamentos (caráter)

Este aspecto busca avaliar à intenção do tomador de cumprir com a promessa de

pagamento, é necessário conhecer a evolução da empresa e seu desempenho quanto à

pontualidade no pagamento de suas obrigações. Caso houver alguma restrição

cadastral, estas serão classificadas, quanto ao grau de severidade de acordo com

impacto no risco de crédito, obedecendo-se natureza, condições e finalidade da

operação de crédito.

6 - garantias

Este na verdade é um mitigador do risco de crédito, nesse caso deve-se avaliar a

qualidade das garantias e sua liquidez, para que, no caso da ocorrência de

inadimplência, as mesma possam ser executadas e transformadas em recursos. Em caso

de necessidade de fortalecimento das garantias, é usual a utilização de covenants.

A análise dos aspectos destacados acima é realizada através de modelos matemático-

estatísticos, onde são atribuídos pesos a cada um dos fatores, bem como através de

avaliações qualitativas e quantitativas baseadas na experiência do analista de

crédito, e referenciadas em manuais internos de procedimentos operacionais.

Ao realizar a análise destes aspectos é possível posicionar o tomador de crédito

em um nível de risco, chamado de rating, e a partir deste decidir pelos limites de

crédito a serem disponibilizados ao tomador. Os níveis de classificação do risco

de crédito utilizados pelas instituições financeiras variam entre aa para os de

menor risco até h para tomadores inadimplentes ou sem capacidade de pagamento, e

são aplicados conforme regulamentação legal estabelecida pelo banco central do

brasil, mais especificamente a resolução bacen nº. 3721 de 30.04.2009, que dispõe

sobre a implementação da estrutura de gerenciamento de risco de crédito alinhada

ao acordo de basiléia ii – international convergence of capital measurement and

capital standards, publicado pelo bank for international settlements – bis em de

junho de 2006.

Referências bibliográficas

Silva, josé pereira da. Gestão e análise de risco de crédito. 6. Ed. São paulo:

atlas,2008

Securato, josé roberto, et. Al. Crédito: análise e avaliação do risco. 1. Ed. São

paulo: saint paul editora, 2007.

1- emgp – empresa de médio e grande porte

2 - credit scoring – é um modelo de avaliação do risco desenvolvido por

metodologia estatística, que consiste na atribuição de uma nota de risco (escore)

para um candidato à obtenção de crédito, a partir de informações consideradas

relevantes na definição da sua capacidade de crédito;

3 - efeito tesoura – ocorre quando a necessidade de capital de giro cresce mais

rapidamente do que a empresa consegue financiar com capital próprio, margem de

lucros ou passivo circulante cíclico (não oneroso).

FERNANDO BERTOL DE MOURA

ESTUDANTE DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

PROFISSIONAL DO SETOR BANCÁRIO

REALIZA PESQUISAS SOBRE LIDERANÇA, PROCESSos, qualidade, management, estratégia e gestão de

pessoas.

Análise de risco - com seriedade!

Diante de um cenário de turbulências e incertezas fica cada vez mais evidente a

necessidade de mensuração fidedigna do risco inerente a qualquer empreendimento. Num

passado não muito distante , quando havia crédito abundante, esta avaliação era

negligenciada já que um controle rígido era considerado conservador e avesso às

oportunidades de negocio, a ordem era investir, investir e investir ou emprestar,

emprestar e emprestar no caso de instituições financeiras. 

O resultado deste comportamento apareceu no final de 2008 quando a crise mundial foi

deflagrada, revelando os altos índices de inadimplência causados por avaliações de

risco levianas e, por que não dizer, fraudulentas, levando as economias mundias à

depressão. Esta experiência tem servido de alerta para que o mundo aceite com mais

seriedade a questão da analise séria e profissional dos riscos inerentes aos negócios,

de tal forma que estamos esperando para este ano o lançamento da norma 31000 da iso

que ira padronizar o gerenciamento de risco dos negócios.

Por este motivo resolvi agrupar uma série de informações a respeito do gerenciamento

de risco que tenho encontrado em minhas pesquisas, o foco inicial será especificamente

a conceituação do risco de credito e suas metodologias de avaliação, tendo em vista

que a sua formatação e procedimentos vinculados acabam influenciando todos os setores

da economia que solicitam recursos financeiros às entidades superavitárias.

Risco de crédito pode ser conceituado como o risco de perda em que se incorre quando

há inadimplência de uma contraparte numa operação de crédito. Na maioria das análises,

o risco de crédito do tomador está relacionado a fatores internos e externos, que

podem prejudicar o pagamento do empréstimo contratado junto ao banco.

A avaliação do risco de crédito é reflexo da multiplicidade, qualidade e origem das

informações disponíveis para o analista. A análise e a administração do risco estão

baseadas no processamento das informações sobre o proponente do crédito. Atualmente,

as novas técnicas para mensuração do risco de crédito, aliadas ao avanço dos recursos

tecnológicos, são de suma importância para auxiliar o analista de crédito na tomada de

decisões.

O mercado financeiro já dispõe de diversas ferramentas, baseadas, na grande maioria,

em análises estatísticas para avaliação do risco de crédito, tais como: risk rating ,

credit scoring, behaviour scoring, redes neurais, sistemas especialistas, precificação

de crédito e outras.

Caouette, altman & narayanam (1999, p.118) citam que os modelos de avaliação de risco

de crédito facilitam a compreensão de um fenômeno e, eventualmente, sua exploração:

"por meio dos modelos de crédito procuramos determinar, direta ou indiretamente, as

respostas para as seguintes perguntas: dadas nossa experiência anterior e nossas

premissas quanto ao futuro, qual o valor de um dado empréstimo ou título de renda

fixa? Ou: qual o risco (quantificável) de que os fluxos de caixa prometidos não venham

a ocorrer?"

o objetivo maior dos modelos de mensuração do risco de crédito está em criar

estimativas precisas das probabilidades de os créditos serem pagos, permitindo, por

meio do controle das variáveis utilizadas, a definição de um critério que vise a

maximização das receitas ou a minimização das perdas, fornecendo uma base estatística

satisfatória para comprovação das decisões.

Discriminação das metodologias e ferramentas de avaliação de risco de crédito

risk rating 

o risk rating é uma metodologia de avaliação de crédito que utiliza informações

cadastrais, econômico-financeiras, comportamentais, macroeconômicas e setoriais

referentes aos clientes em modelos estatísticos por meio dos quais os clientes são

agrupados em classes homogêneas de risco.

Para cada uma dessas classes é indicada uma probabilidade de perda, o que permite

cobrar spreads de acordo com as diferentes classes de risco. O risk rating pode

utilizar ainda modelo julgamental, em que a determinação do risco cliente leva em

conta tanto análises quantitativas como qualitativas, apoiadas em visitas às empresas,

análises do grupo econômico e das perspectivas setoriais macroeconômicas.

Este método surgiu entre os bancos americanos por volta da década de 50. No brasil,

foi inicialmente adotada pelos bancos chase manhattan e citibank em meados da década

de 70.

Existem muitas empresas e sistemas espalhados pelo mundo que fazem a classificação de

riscos de empresas e países.

Exemplos: chase, dun & bradstreet, moody's, standard & poors, fitch e duff & phelps.

Credit scoring

o credit scoring é uma ferramenta muito útil para a avaliação da qualidade de crédito

de pessoas físicas e jurídicas. Pela ponderação de diversos fatores o sistema

classifica as pessoas físicas em duas categorias principais: as que, potencialmente,

têm condições para honrar o empréstimo concedido e as que, potencialmente, não reúnem

tal condição. Mediante a inclusão de diversas informações no sistema, ele, em poucos

segundos, dá uma resposta quanto à aprovação ou não do crédito.

Esta metodologia é utilizada no mundo desde o século passado, tendo sido inicialmente

aplicada pelas companhias seguradoras dos estados unidos. Há bastante tempo, o sistema

é utilizado, no brasil, por financeiras, bancos e empresas de cartão de crédito, na

avaliação de crédito dos compradores de bens duráveis (automóveis, eletro-eletrônicos,

etc.), tomadores de crédito pessoal e para atribuir limite de crédito aos clientes.

O sistema divide os potenciais tomadores de crédito em duas categorias: de bons ou

maus pagadores, com base nos quesitos ponderados (idade, profissão, renda, atividade

profissional, patrimônio, tipo de residência, cep, etc.) E toda e qualquer outra

variável que a empresa/instituição que criar o credit scoring, julgar relevante.

Behavior scoring

expressão da língua inglesa que significa "avaliação comportamental". É uma ferramenta

estatística que possibilita prever o desempenho das contas ou contratos existentes,

com metodologia similar ao credit scoring. Suas premissas básicas são o comportamento

passado do cliente e a possibilidade de modificação do relacionamento no futuro.

Dentre as vantagens do modelo de avaliação comportamental destacam-se o aumento de

produtividade e eficiência, com decisões gerenciais mais focadas na melhoria da

qualidade da carteira. É um método confiável para lidar com mudanças. Os prognósticos

de risco mais exatos, obtidos com o uso da ferramenta, possibilitam maximizar os

resultados e gerar um sistema de informações gerenciais consistente.

Classificação do nível de risco de crédito no brasil

no final de 1999 o bacen editou norma que define a classificação de risco das

operações de credito e do valor de provisão para os créditos de liquidação duvidosa,

desde então as instituições financeiras e demais autorizadas a funcionar pelo bacen

padronizaram suas classificações conforme segue:

o banco central do brasil, na forma do art. 9. Da lei n. 4.595, de 31 de dezembro de

1964, torna público que o conselho monetário nacional, em sessão realizada em 21 de

dezembro de 1999, com base no art. 4, incisos xi e xii, da citada lei, r e s o l v e

u:

art. 1. Determinar que as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a

funcionar pelo banco central do brasil devem classificar as operações de crédito, em

ordem crescente de risco, nos seguintes níveis:

i - nível aa;

para a capacidade de pagamento apurada é pouco provável que alterações nas condições

econômicas e financeiras aumentem o risco de inversão;*

ii - nível a;

a capacidade de pagamento é adequada - as variações econômicas e financeiras podem

influir no aumento do risco;*

iii - nível b;

a capacidade de pagamento é suscetível às variações das condições econômicas e

financeiras;*

iv - nível c;

a capacidade de pagamento não está adequadamente protegida em relação às variações nas

condições econômicas e financeiras - capacidade de risco suportável;*

v - nível d;

a capacidade de pagamento depende de que as condições econômicas e financeiras sejam

favoráveis - aumento considerável de risco;*

vi - nível e;

as condições econômicas e financeiras mesmo que favoráveis não influenciarão

positivamente, a curto prazo, na capacidade de pagamento risco acentuado;*

vii - nível f;

a capacidade de pagamento mostra-se totalmente fragilizada - risco elevadíssimo;*

viii - nível g;

conforme nível f;*

ix - nível h.

Conforme nível f;*

art. 2. A classificação da operação no nível de risco correspondente é de

responsabilidade da instituição detentora do crédito e deve ser efetuada com base em

critérios consistentes e verificáveis, amparada por informações internas e externas,

contemplando, pelo menos, os seguintes aspectos:

i - em relação ao devedor e seus garantidores:

a) situação econômico-financeira;

b) grau de endividamento;

c) capacidade de geração de resultados;

d) fluxo de caixa;

e) administração e qualidade de controles;

f) pontualidade e atrasos nos pagamentos;

g) contingências;

h) setor de atividade econômica;

i) limite de crédito;

ii - em relação a operação:

a) natureza e finalidade da transação;

b)características das garantias, particularmente quanto a suficiência e liquidez;

c) valor.

Parágrafo único. A classificação das operações de crédito de titularidade de pessoas

físicas deve levar em conta, também, as situações de renda e de patrimônio bem como

outras informações cadastrais do devedor.

Art. 6. A provisão para fazer face aos créditos de liquidação duvidosa deve ser

constituída mensalmente, não podendo ser inferior ao somatório decorrente da aplicação

dos percentuais a seguir mencionados, sem prejuízo da responsabilidade dos

administradores das instituições pela constituição de provisão em montantes

suficientes para fazer face a perdas prováveis na realização dos créditos:

i - 0,5% (meio por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco

nível a;

ii - 1% (um por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco nível

b;

iii - 3% (três por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco

nível c;

iv - 10% (dez por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco nível

d;

v - 30% (trinta por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco

nível e;

vi - 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco

nível f;

vii - 70% (setenta por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco

nível g;

viii - 100% (cem por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco

nível h.

Este formato possivelmente sofra alterações devido às mudanças de cenário e dos

estudos que vem sendo desenvolvidos para aprimorar as avaliações de risco de crédito,

como dito anteriormente a norma iso 31000 deve ser publicada ainda este ano e caso

traga formatos muito diferentes dos atuais podemos esperar novidades para 2010, quem

sabe até um acordo de basiléia iii.

Fernando moura

Http://www.administradores.com.br/