íCOLLECÇÃO DE POESIAS MODERNAS - Forgotten Books
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LE IA POÉT ICA
íCOLLECÇÃO DE POESIAS MODERNAS
D'
AUCT OB E S P ORT UG UE ZE S.
«DÉBIL PnnLumo nnum'
rms'
rn.
INVOCAÇÃO .
Vão o s anuo s d e scend o e já no e s tio
O s d e sgo sto s me vão levand o ao rio
Do negro e sque c imento e e te rno s omno »
Camõe s . C. X . EST . 9.ª
0'
Lisboa, o p atria minha
O'
mansão d a fo rmo sura ;O
'
c id ad e a quemnatura
Legou sc eptro d e rainha
De ti saudozo e cap tivo
Sempre tri ste a susp irar,Hoje empunho aminh a lyra,Anc iozo em te offe rtar
.As cançõe s que a dôr me insp ira.
on conu cçxo p onen s noum as .
Aut ente dos patrios latas
J a d o is lus tro s se e scoaram,
Mas inda não me olvidâram
Teus encantos s ingulare s
Nes te sólo abrand órOnd e vive e reina amor,Vive um anjo , aminhaBella,Vive a e s tre lla que me guia,Tudo e sque c i só po r d ia,
Só a patrianemumdia.
Quand o os mortae s emre tiro
O d e scanço ao s olho s d ão ,
Lizia d o meu coração ,
P or ti veland o eu susp iro
Veze s mil emvão me d e i to
No meu tris te e pobre le i to ;Fend e a no ite o gailo atte nto ,Mai s um d ia ao mund o aponta,E da patria o pensamento ,De Marc izio o somno af ronta!
P re sta po is , o Lixia amena,Doc e auxílio ao filho teu;
Ced e -me canto s d o céu,
Minha Tagid e camêna :
Abrilhanta ó patriaminha
A voz da dôr que d e tinha ;
Mod ifi ca o meu p enar,Suavisa aminha lyra,Para sonoro entoar
As cançõe s que amórme insp ira.Ri o d e J ane iro , 2 d e Agosto d e im a
Gu mmo Conama n: Am ma PORTUGAL.
m u rom an.
21na M 301 3 8165 .
Éno ite o as tro saud oso
Rompe a cus to um plumbeo céu,.
Alvacento , humido véu ;
Trax pe rd ida a côr d e prata ,
Nas aguas não se re trata,
Não be ija no campo a flor,Não traz co rtejo d e e s tre llas ,Não (alla d e amor As bella ,
Não (alla aos bomm d e amor
Me iga lua, os teus segred os
ºnd e os d e ixas te ficar !
lh s praias d'
alémd o mar ?
R i ni te-m tua ain da,
N e ssa terra tão banhada
Por teu límp ido clarão ?
Fo i na tem d os ve rd ore s ,
Na patr ia do s meus amore s , ,
Patria do meu co ração ?
Oh ! que d e ixas - te 0
Nos montes d e P ortugal,
Lá ond e nasc e o tomilho ,
Ond e ha fonte s d e cr'
s tal;
Lá ond e veccia a rosa ,
Onde a le ve maripo sa
Se e s pane ja luz do so l,
Lá ond e Deus conc edà'a.
me em no ites d e pri mera,Se escutas se e rouxino l.
—ou con e cção nnronalAS'
uonnnNAs .
Tu vens , ó lua , tu de ixas
T alvez ha pouco o pa iz,
Ond e d o bo sque as mad e ixas
J a tem um llóre o matiz ;Amas - te d o ar a d oçura,
Do azul—c éu a formo sura,Das aguas o susp irar ;
Como has d e agora, entre gelo s
Dard ejar teus rai o s be llo s ,Fumo e nevoa aqui amar ?
Quem viu as margens d o Lima ,Do Mond e go o s
“
salgue irae s ,
Quem and ou p o r T ejo ac ima
P o r c ima d o s seus cris tae s ,
Quem fo i ao meu patrio bo iro
Sobre fina are ia d e o i ro
R aio s d e p rata e sparzir,
Não pod e amar outra te rra,
Nem s ob o c éu d'
Inglate rra
Doce s surriso s surt ir .
Das c idad e s a p rinceza
T ens aqui ; mas Deus igual
Não quiz dar- lhe e ssa lind eza
Do teu e meu Portugal ;
Aqui , a indus tria e as arte s
Além, d e to das as parte s ,
A natureza s em véu ;
Aqui, o iro e p ed rarias ,
R uas mil, mil arcarias
Além, a terra e o céu:
10 LIMA POÉTICA
Vas tas s erras d e tijolo ,E statuas , p raças s em fim
Be talham, cobrem o sólo ,Mas não me encantam a mim
Na minha patria uma ald e ia
Po r no ite s d e lua che ia
É tão bella e tão
Amo as cas inhas d a s e rra
Co'
a lua d a minha te rra,Nas te rras d o meu paiz.
Eu e tu, cas ta d e idad e ,
Pad e cemo s igual d or,
T emos a me sma saudad e ,Sentimo s o me smo amor :
Em Po rtugal o te u ro s to
De raio e luz é c ompo s to ,
Aqui , tris te e sem clarão
Eu la s into - me contente ,Aqui , lembrança pungente
Faz—me negro o coração .
Ei - a, po is , ó as tro amigo ?
Voltemos ao s puro s céus ,Leva—me , ó lua, c omtigo
Pre so n'
um raio d o s teus ;
Voltemo s ambo s , voltemo s ,Que nem eu nem tu pod emos
Aqui se r quae s Deus nos fe z ;
T e rás brilho , eu te re i vida,
Eu ja livre , e tu d e sp idaDas nuvens d o c éu inglez .
Lond re s ,—1847 .
J o ão na Lux o s Sun s Can u t o - BRANCO.
o u cou ncção nl . l eas t“ l oum as . li
0BUÇACO.
offereriha ao meu m igo
ma—hraripnlo
Feliz da te rra, o s monge s não mald igâ'
s :
Do que emDeus confiounão e scameças !
A. H. Hanna no Caem :
J áquas i aband onad o ex i ste o templo ,O s pobres monge s seus e xpulso s foram;
É e rmo o sanctuario t
J anelle não re s soam sacros hymno s ,Hymno s d o coração , que emSoledad e
Os frad es entoavam !
Obra d o s tempo s credulo s fo i e s sa ;Fo i mod e s to padrão da no s sa crença ,
Singela e verdad e ira,
Que o s homens d es te se culo corrup to ,Não pod em tole rar, em s eus furo re s
De blaspheme igno ranc ia !
Não sabemgove rnar e s se s ingrato :Senão anniquiland o a mage s tade
Do s cantic o s solemne s !
Em povos ond e impe ra a le i d e Christo ,
Tyranno s vis jamais re inar poderamA le i d e Christo os veda !
11 LIZIA POÉTICA
D'
um golpe tão brutal c omo inaud ita
Umlegad o d'
amo r d a Sanc ta IgrejaO s ímp io s d e rrubaram!
Louco s ! que as s imluc tae s c o'
o Sancte impe rio,Com o pod e r d e umDeus , que bad e punir—s o s ,
Vingand o injus ta ail'ronta !Es te povo humilhad o ind a re sp ira
Nobre altive z ao re co rd ar a c rença
Do s seus
Umd ia aco rd araao som d o s hvmnos ,Dos mys tico s cantar
es que a alma cuie i am
Pe rante o Sôr E te rno !
Então , ai d os tyranne s d e spre s ive is
“'
a Sanc ta le i re ss urgira d e pre ssa
A dºc e libe rd ad e !
R ode o po vo ad orar se uDe us p ie do s o .
ºs monges camarão os sac ro s hymnos.Se raMiz o
Tai. b i insp iração
Que eu do Céu. re c ebi :
Votos são da alinha alma.
Praze r que conc ebi .
De sejo s não me illudam,
Que se cumpram Senho r !
Terna end c ixa d'
e spe ranca
V os d e rija e d'
amo r .
No c imo d'
alta se rra
Cerc ada d'
e sp e s sura ,
Fui assentar-me sombraTrenzido de ni s i-um.
en con e cção nn r om s uonm as . 13
Salve salve oh Buçaco , .
Oh que rida s o idão ;
Teu recinto sagrad oChama aDeus a attenção .
Bemlonge ali d o mundo ,,Conve rsava comigo ;Ao meu Deus implorava ,
O p e rdão e umabrigo .
Co'
a vis tapo s ta ao largo ,,
Ne s se immenso ho risonte ,Que a _
s erra senho rea
Com tão altiva fronte ,
Que uma imagem s imelha
Do infini to e spanto so ,
Que só Deus comprehende
Contemplava saud o so
Eu es tava emd elirio ,Delírio d e amargura,Chorava que mai s pode
Faze r- s e na tris tura
A habi tação d e paz,
Lugar d e penitenc ia,
Eu vi a ond e o Senhor
E xe rc ia a clemenc ia i
Ali aindameus olho s contemplaram
Ummonge ,'
que po r louco lhe consentemVe stir bure l sagrado !
Indaum frad e avi ste i , que a sós coms igo ,Pro strad o ante o s altare s , fe rvoro so ,
o u con e cção na me sma MODERNAS. 17
A TEMPESTADE .
Q a ntonio f elic iano hr Qi c otilijo .
Alma ailinada pe las harpas d e anjosR e i das cançõe s ente nd eras meu hymno !
Sibila o vento os torre õe s de nuvens
Pe sa no s denso s are s :
Ruge ao largo a proce lla, e encurva as ond as
Pe la e xtensão d o s mare s :
A immensa vaga ao longe s em c orrend o ,
Em s eu te rror envolta ;
E , d entre as s ombras , rap idas c entelhas
A temp e s tade sólta .
Do sol, no o c caso , um raio d e rrad e iro ,
Que , ap enas fulge , mo rre ,E scapa a nuvem, que , apre ssada e e spe ssa,
Para apagal—o corre .
Tal nos affaga em sonho s a e spe rança,
Ao d e sp ontar d o d ia,
Mas , no ac ordar, lá vema consc ienc ia
Dize r que e lla mentia.
As ondas nvº
gro- azue s se congloboram;
Se rras to rnad as são ,
Contra as quae s outras s e rras , que se arque am.
Bate r, partir—s e vão .
Oh tempe stad e — cu te saud o ! ohnume ,Da nature za açoute !
Tuguias o s bulcõe s , d o mar princeza ;E é teu ve s tido no ite !
18 LIZIA POÉTICA
Quand o no p inhe iral, entre o granizo ,Ao susurrar das ramas ,
Vibrand o sus to s , pavo rosa rugeS,
E as solação d e rramas ,
Quem p e rlie r comtigo , então , ousara
Da glo ria e p od e rio ;
Tu que faze s geme r p end id o o ced ro ,
Turbar—se o claro ri o
Quemme d e ra s e r tu, p or balançar-me
Das nuvens no s cas tello s ,
E vêr d o s fe rros meus , em fim, quebrad os
O s rebat id o s elo s !
En d o s voleõe s , c om raios accendera
Amo rte c id as fraguas :
Do robus to carvalho e s obre antigo
Acurvaria as fronte s ;
Com furacõe s , o s areae s da Lybia
Co nve rte ria em monte s
Pelo fulgor d a lua, lá d o no rte
No po lo me assentam,
E vira prolongar- se o ge lo e terno ,
Que o tempo amontoara.
Aiii eu solitario , eu re i da morte ,Erguera me u c lamor,
E d iss e ra : se u li vre , e tenho impe rio
Aqui , sou e u senho r !
Quem se po d e rá e rgue . como e stas vagas ,
Em turbilhõe s ince rto s ;
E c o rre r, e c o rre r troand o ao longe
Nos liquid o s d e se rto s !
Mas entre membros d e lod oso barro
A mente pre sa
lªrgue- se em vão ao s cé us ;—pre cip itada.
Rap id o , embaixo as .
LIZIA 903 81“
Um d ia acord arão d e ss e s de lirios ,
Que tão grato s lhe s e ram.
E eu, que vé io na vida,. e já não sonho ,Nem glo ria , nem ventura ;
Eu, que esgote i tão c ed o , até as fezes ,
O calix da amargura ;
Eu, vagabund o e pobre , e aos pé s micad o
De quanto ha vil no mund o ,
Morre r sentindo ins p iraçõe s d e banha,Do co ração no fundo ,.
Sem achar sobre a te rra uma harmonia
De alma, que a minha entenda ;
Porque s eguir, curvad o ante a d e sgraça,
Bata e spinhosa send a
To rre o oceano me !—Qual d obre soaFragor d a tempe s tad e ;
P salmo d e mo rto s , que re tumba ao longe
Grito d a e ternidad e
Pensamento infe rnal!— Fugir cobard eAnte o d es t ino iro so
Lançar-me , envolto emmald içõe s celes tes ,No abysmo to rmentos o ?
Nunca !—Deus paz—me aqui para ap i tar-me
Nas lagrimas da terra ;
Guardare i minha e s tanc ia atribulada,
Commeu d e sejo em gue rra .
O fi el guard ad or te rá s eu premio ,O seu re pouso , em fun ;
E atalaiar o s o l d'
um d ia e xtremo
Vira outro ape x mim.
Herdare i o mo rre r ! Como é suaveBenção d e pae que rid o ,
Se riao d e spe rtar ; vêr meu cadave r,
ve: o grilhão partid o ..
ou con e cção ne r e s su e nonene as . 21
Um consolo , entre tanto , re s ta ainda
Ao pobre velad o r :
Deus lhe d e ixou, nas trevas d a ex is tenc ia,
Do c e amisad e e amor .
Tud o o mais é s e pulchro , branqueado
Po r embus te ira mão
Tudo o mais Vão s p razere s , que só trazemRemo rso ao c oração .
Passare i minha no ite a luz tão me iga,Até o amanhe c e r ;
Até que suba a patria d o repous o ,Ond e não ha mo rre r.
Ane x armne Hencuna no .
POR BEM
OU AS P BGAS DE CINTRA.
»Gavião , gavião branco
Vae fe rid o e vae voand o
Mas não d iz quem n'
o fe riu,
Gavião , gavião branco !
O gavião é c allad o ,
V ai fe rid o e vai voando ;
As s im fôra a negra p ega
Que had e sempre andar pairando .
A p ega é negra e palre ira,
O que s abe vae contand o .
Muito pai ra, paira a pega
Que s emp re had e e s tar pairand o.
LIZIA POÉTICA
Mas que r Deus que o s chocalhe iro s
Guard em as veze s , falland o ,
O s egre d o d o s s isud o s
Que elle s não guardam calland o .
Era uma pega no paço
Que el- re i tomara caçand o
Trazem- na as damas mimo sa
Com a e s tar sempre afagando .
Nos paço s e ra d e Cintra
Ond e e s tava e l- re i po isando
A rainha e suas damas
No jard im andam folgand o .
Entre assucenas e rosas
Entre o s go ivos tr ebe lhand o
Umas regavam as flore s .
Outras as vão apanhando
E aminha p ega c om ellas
Somme . sempre palreand o .
V inha el- re i atraz d e tod os
ComDona Mécia falland o .
Era a mais formosa d ama
Que andava naque lle band o
Quer- lhe a pega a Dona Méc ia.
No hombre lhe vae p o i sand o .
Pare c ia a ma d a pega
Que o s and ava e sp re i ta
Colhera el- re i umamsn
A DonaMéc ia a ia dandu
LIZIA POÉTICA
Da pega meche rique ira,De bem que fez, malpensando ,
No s reaes paço s d e Cintra
Amemo ria e s tá durand o .
E e is - aqui, s enho ra, a h is to ria
Da pega que ahi ve s pairand o ,
Da ro sa que tem no bico .
Da le ttra que a e s ta ce rcand o .
A pega é negra e palre ira,
O que sabe vae c ontand o
Mas que r Deus que o s choc alhe iro s
Guard em s egred o falland o .
O gavião , e s s e é outro ;
V ae fe rid o e vae vo and o
Mas não d iz quemn'
o fe riu,
Gavião , gavi ão branc o .
Lisboa 22 d e J ulho d e 1846.
J o Ão BAP TISTA ne Au re umGans en .
AO ME U AMIGO L. A . RIBE IRO DE SA'
.
Do s regatos eu vejo as aguas puras ,Que d o Téjo acc re scentam a co rrente ;
Tambem d o ve rd e bo sque as e sp e s suras ,Ond e , outr
'
ora folgue i , moço e c ontente .
Co'
a vella d esfraldada, d e sd enho sa
Vejo e bate], vogand o mansamente ,P o is , que , no rio o vento p re guiçoso ,
Embe rço d'
anil d o rme brandamente .
E is -me aqui pensativo , e contris tado
Do Tejo abe ira, as ombra d'
um salgue iro ,
ou c on ec ção ne p o em s nonenrtAS 25
E sem ventura , p obre , malfadad o
Carp ind o , tri s te , o mal tão ve rdad e iro .
Nemmeus cuidad o s tem nenhum d e scanço ,Meu pranto pe las aguas é
Se acaso ao vas to mar o s olho s lanço ,Lá o vejo , como eu, sempre agitad o .
No s ellevad o s negro s alcantis
Que d e scubro nas aguas re tratad o s ,Do lind o s ol o s luc id o s rubi s
P erd id o s quas i vão jad e sbo tad o sP o is que nas auras leve s e subtis
Vóa a tard e em aromas p e rfumad o s ,
Do flórid o ve rgel n'
e s s e matiz
A'
s lindas ro sas e jasmins tirad o s .
Tão tris te , c omo o p roprio p ensamento ,
Vem a no i te s eumanto d e sd obrand o
De e s trellas recamad o o fi rmamento
Em lumino so s fo co s s c intilland o
Geme a noc turna briza, e seu lamento
Nas quebrad as da se rra p e rpas sand o ,
P e rd id o pouco a p ouco o s eu alento
Lanas ondas acaba murmurand o .
Era calada e tris te a natureza !
Ouvi d e branda lyra o s sonsInc erto inda e scute i , fe z-me
D'
harmonia e rammimo s sono ro so s ,
Que iam as minhas p rendas abrandand o ,
Te que meu c oração com d oc e encanto ,
Vencendo maguas , conhe ceu, folgand o ;
Insp irad o cantor, que era o teu canto .
Lisboa 10d'
abrild e 1848 .
Am e s a r o ne Souza .
ou con e cção ne rons u s m an s a s . 29
LU IZ DE GAM OBS.
O s d e sgostos me vão levando ao rioDo negro es e c imento, e e terno somnoMas tu me a que cumpra, o grão rainhaDas muzas , e o
'
o que que ro anação minha
Camõe s . Lo s . C. Bar rx .
Que po e ta que não e ra
Da linda Ignez o canto r !
Quemmai s d o qu'
elle d iss e ra
D'
e s se fe ro Adamas to r !
Era um as tro fulgurante,
E ra um po e ta gigante ;
T inha mais alma que o Dante ,(lu tava commais amór !
No pe ito, cobert o d'
Lhe batia um co ração ,
Que nem o s cantos d o Tass o
Sonharammaio r paixão !
Era canto r e soldado ,
Era um vate enamo rad o ,
Fo i um poe ta insp irado
Como o s d'
hoje janão são !
Bemno s canto s se lhe marca
O signal d o s eu p enar ;
Nasce ra como Petrard a,
J a fadado para amar !
Ved e bem o sentimento ,Comque da sei ta s ao vento
Quei xas mi l d o seu tormento ,Tristezas d o seu trovar !
m a r-em m
A sorte fêl—o p o e ta
Das c inza s d a p obre Igne z
O mund o foi p rophe ta
Da de s tmn p o rtugue s :
P o e ta da d e sventum,
P revm a so rte fuetm'
a .
E sc reve u com mão s egura
Deus . que de u ao s p ortngneze£
D alem- mar a s re giíse s ,
Que no s livrou d o s re ve ze s .
Deu- no s o re i d as m cõe s ;
f omo s o p o vo e sc olhid o ,O no s so nome temida ,
Hoj e só é
Pe lo s canto s d e Camõe s .
Fo i- se—lhe a v ida em d e sgasta
Ao que a patria ass im
Que be llems nas legou .
Pungido d e ace rhas dare s ,
Pe la T éj o . seus amore s ,Foi o re i d o s nov
Fo i a Cvsne que exp irou !
Coma Ovid i o , d e s terrada
Lána gmta d e Macau,
Se tem o p ranto enrugad a
P e la mão d o pb ! J au.
D'
e s c rava , to rnou- s e amiga .
E no pe i to , SÓ coms igo
Supo rtou c rue l cas tigo .
Mas nunca se mostrou mãu !
an con e cção ne me su s mane s uas .
Debruçad os sobre o s cantos ,Da no ssa fama pad rão ,Bem juntas verte ram p ranto sSobre a nos sa e s cravid ão !
Mas a vil tutella
D'
e s sas has te s d e
Não pôd e cho rar sobr'
ella,
Morrem—lhe o coração
Que poe ta ! e que soldad o
Que trovad or tão le al !
De tod os abandonada,
Só achou umhosp ital!
Mas a fama po r tugue za
N'
e s te se c'
lo d e to rpeza
Só tempo r toda a grandezaA Camõe s po r pe d e s tal!
Alli vivem as viol etas ,lá d o povo , já do re i ,Alli vivem as memorias ,Alcançadas pela le i ;
E'
pharal d e no ssa fama,Alli vive 0 Cas tro , e o Gama,Em ve rsos alli proclama
Triumphas da nassmgre i !
A Camõe s pormonumentaSó re s ta um livro , não mais ;B
'
oquelle genio po rtanto
Não temos outras s ignae s ;Mas que importa, se amemoriaDa canto r da no s sa gloria
Alcançou maior victoria
Nos s eus cantas calassae s !
Lurs Aucus r o K avua ne PM W.
3d LIZIA ran ma
0 ME U PASSADO .
ª s tem ªmigo El. 3 . br O . Silva J unior .
Mas qual lia co ração d e donzellaQue re sponda a um susp iro d
'
amar,Quando vibra nas co rdas sonorasDo alaúd e do pobre canto r.
A. Ranm a.
Houve tempo que emmima ventura
Só no amor e no amor e xi stia,
Não julgando que o amor de d onzeliaE ra iguala e xis tencía d e um d ia.
Eu ame i com loucura e mulhe r,Seus so rrisos ame iEarnarder,Consagre i
- lhe tributo s e incenso s ;
Almejand a d e gºzo e d'
amór.
E eu voe i p elos campo s da vida,E da morte e d o sangue eu zombava,Da e xistencia e d os homens d e screndo '
Po r aquella a quem tanto adorava.
Meus p razer—'
s fo ram sonhos d'um d ia,
Meu po rvir um porvir d'
amargura ;se perfidia perii d ía e traição
Açautavamminh'
alma tão pura
Que illusão e c egue ira e loucura
Da po eta não e ra o p ensar,
Que c egue ira não e ra a da bard o
Qu'
re r o amór da mulher alcançar..
o u con e cção me p o s su e naneam s . 3 3
E eu sulque i a balanço das ondas,
Das paixõe s eu lute i c'
a imp el,Eu bebi , no d elirio d o s go zos ,
O s remorsos d '
euvolta c'
o fel.
A nud ez da sc ienc ia d ebald e
Seus arcanas tão frias valvia,
Meus intentos achava frus tradas ,Minha negra d e sgraça só via.
Eramja as p rimíc ias d o bard oPor aquella a quem tanto ad o rava,
Ind iif'
rença e d e sd em pela amar
Que d'
ardar o s eu pei to inilammava.
«De vingança e furo r abrasada
Eu zombe i da innocenc ia e da amar
Confundi a inno c enc ia c'
c crime ,
Sem allivio s entir minha dô r .
E venc ida e ralad o d'
angus tías
Minha lyra anc io so quebre i,iE quebrada e d e s fe ita em p e d aço s
.Furias a ao mar a arroje i .C
E eumald isse os encanto s d o mundo ,
Da mulher eu mald i sse o amar,
E meus olho s d a te rra afastad os
S'
ele varamao meu Creadôz.
;Porto J unho—lm .
A. M. B.:
at LIZIA POÉTICA
e ne r J OAO o hummm .
O'
tempara ! ó mares !
No tempo em que o cas telhana
Louca, atrevid o , e ufano
Quiz Po rtugal d ominar
E que bem a seu p e ze r,
V iu malograr a s eu plano
De Lisboa conquis tar
Que d e fend ia a c idade
Com valo r, e hero ic id ad e
Nobre infante D . J oão ,
A quemmais tard e a nação
J urou [i da lealdad e ,
E fezZre i por ele ição :
Um homemd e santa vida,E virtud e conhe c ida,
EmLisboa appare ceu,
Ond e muitas p rovas d eu
P'
ra sua mis s ão se r tida
Coma insp iração d o céu ;
E como viu vac illante
O valor d o nobre infante
Trac tau d e lh'
a d e sp e rtar
Eil- o que o vae pro curar,
E com re spe ito bas tante
As s im começa a fallar
ou con e cção ne POESIASnaum “ . 87
De sse s pe rro s traiço e iras
Virente s louras colheu !
E pelo povo elegido
Dominau semp re temido
No sólio d e s ta nação
Como o d isse o Ermitã o ,
Que tinha d os céus ouvid o
Tão iíel revelação .
S. J oão da
M. J . na Se a Ro sa J UNIOR .
A'
LUA DA MINHA T ERRA .
Cas ta d ensa, e quasr noite ,
De ixa ja tua mansão ,V em pas sear n
'
e s te s céus ;'
Sparge aqui o teu clarão ,
O teumanta car da neve,
De sd obro n'
e s te torrão .
Em tod a a te rra não achas
Quem te haja amar igual,
Quem tanto te ad ore , a d eusa,
Quem te d e maior s ignal
D'
e s tremad o amar não ha
Que o teu e meuP ortugal.
LE IA POB ICA
Nenhum céu te acolhe amante .
Commais te rnura e pure za,
Nem umvéu, nem uma nuvem,
Te co ns ente a nature za !
É que um Deus amigo ord ena
Brilho aqui tua belleza.
Quantos segred os encobre s ;
Quanto s susp iro s d'
amór ,
Quantas lagr imas enxugas
A'
quelle te rno amador,
Que e spe ra só d e teus rai os
Líni tivo sua dor !
rs que arrancas meus segred os ,
Comtigo os d e ve s guardar,Volta amanhã, que inda queroMai s se gre d o s re velar,
Mas não d igas a Marilia
Que me vis te s a chorar .
Ante s que fujas , a d eusa,Minha saud ad e d es terra ;Mas tu já foge s d o valle ,
A pouco s passos da se rra
E cá me fica a saudad e
Da lua da minha te rra.
J . R . T . I .
o u con e cçã o ne no e su s MODERNAS.
PlN'
l'
ilS.
O iça acabale s tangid o s
Em te rras d e Po rtugal,
Aquellas roucas trombe tas
Dão para a guerra a Signal.
Aos tape s altos do monteVe io e s cute i- o o zagal;De scara, vac illa e pasma
Co'
o rumor, que vae na val.
P ela be ira d o s caminho s ,D
'
entre a s ombra do ameal,
Vem a mãe , a a i caram,
Como as ro sas da ro sa].
Tocam gue rra as trombe tas ,T o campor o rd em real,
Já s e apre s ta a gente alegre ,
Que ao re i o povo e le al.
V oo à frente d e s eus te rço s ,Nua a e spada colo ssal,
Vae , fallando ao povo , ao s nobre s .
Af ranso—ouanr o , o immo rtal.
Émurzella o seu gine te ,E
'
d e raça oriental,
Os jaeze s , que a recamam,
Reluzem, como o cris tal.
ou cou ncçâo nn p onsu s monnnm s . 43
As s im rompe e l- re i co'
a e spada
As ho rdas vis d'
Ismael.
P end e rasgada a band e ira
Do marroquino c ruel,
Rasgada, qualbranca ve lla
Do d e scos id o baixe i .
Juma o d e spojo a Tarifa !
Não são jo ias d e o irOpe l;
Que amatis thas n'
e s ta ad aga ,
Que rubi s n'
e s te broquel
São d e Ibama -os albornozes ,
D'
o iro fino e seu cairel,
Mas um re i dos Luso s
Nã o ous a NADA do infie l,
Fe ia vista ! que de rro ta
Vae no campo granad il,
Quem d issera que em tal damno .
Houve mais brio , que ard il!
Brig, s im ; que um dos d e Alfons'
õ
E ra, só, para d e zmil,
T inha fé no pei to e braço ,
Mais rijas que o alcantil.
Que d errota Alli p raguejaNa agonia um adail;
Aqui trota a egua, as soltas .
Egua nõbre d o Genil!
LIZIA POÉTICA
Alli gemem voze s , tris tes ,
Como o s sons d e um anaiil;
Aqui pe rd e a côr e a vida
Ro s to d e te z varonil.
Que é d a tua gloria e fama,O
'
o rgulho so Boabd il?
Vêl- as d e i tadas po r te rra
Quae s secas folhas d'
um t il!
Re i d e Marroco s s obe rbo ,
Que é d o teu campo gentil?
Me io e mo rto e me io
Como um band o mulhe ril.
Que mas um gue rre iro
Inda fe re a turba vil,
Lava as mão s no sangue mo iro ,Como n
'
agua d e um gomil.
Luz- lhe no s o lho s a fur ia,
Qual c entelha d e fuzil
Mancham- lbe p intas d e purpura
Sua armadura d e annil.
E ra o lobo , ard end o em sed e ,
Que , aos uivo s , sae d o covi l,
Que , faminto , ins opa as garras
Nas ovelhas , n'
um red il.
Alvaro P i re s Sobrad o
Clama, ao ve l- o , o re i gentil;
E'
po rtuguez ! quanto s pe rros
Matasle R e spond e . » Mil. »
P into vens « Se t enho p into
Fo i d o sangue
o c co rre cção na ronsu s nonnnm s . 47
Toma , po is , d e rum o o nome
Po r acção tão varonil.
No e scud o das tuas armas
Lavra « mur o c o'
umburil;
J unta - lhe c inco c re scente s
Sobre campo côr d e annil.
ANTONIO Panama DA CUNHA.
SANTA MAR IA DE ALMACAV E .
Filha e mãe , qual é s , não vasDe ixar filhos sem abrigo .
J . nn Lxx o s .
Santa Virgem sempre casta ,Chamou—te Mãe o Senhor ;
Po r teu s e r, qualiris , fo s te
Na te rra allianca d'
amo r.
Deus em t i quiz humanar - se ,
Cobrir o manto da dôr .
Deus por t i fi rmou a crença,
lncarnand o no teu s e io ,
Que a mulhe r é mais que humana
Firmou a crença em que eu cre io ,
Que só pod e amar quem ama
Com fervor clemente enle io .
As tro que em throno d'
e s trellas
Ao lado brilhas d e Deus !
LIZIA POÉTICA
Os olhos volve mate rno s ,
Mys t ica p omba d o s céus
E o p ranto enxuga ve rtid o
Na o rphandad e , ao s filho s teus .
Embo ra a vid a lhe roubem,
Po rtugal n'
outra não crê,
Porque o So l c om s eus fulgore s
Mai s puro que tu não é ;
E na mo rte , além da vida,Pharol d a vida em ti vê.
A teus p é s no templo outr'
o ra
D'
Almacave o povo e o re i
Acatar jurou as quinas
De Maria o nome e a le i ,
Que as sentou no régio soli o
Do bom s e rvo Affons o a gre i .
N'
Almacave o re i e o p ovo
Ao p é da Cruz fo i jurar
De Maria a Virgindad eDefend e u po r te rra e mar
Sangue fie l o Evangelho
Contra a vil raça d'
Agar.
Virgem Mãe , s e bem fadas te
Crença tão d oc e ao nas ce r,
Não d e ixes o ra quebrar- se
Mvste rio que vae prend e r,
P'
ra remir a humanid ad e ,
Ao PAB e ao FlLHO teu se r.
Não d e ixe s , não , que e s te re ino ,
O teu re ino inda é chris tão :T vmbre fo i d e portuguexe s
on con e cção na p onsu s MODERNAS. 59
Sempre amar a Conce ição ;
Ma ron em Côrte s chamou- a
Saura MARIA a nação !
Maior ! no mundo outro te rmo
Que inda mais d iga não ha
Só pod e a Igreja invocam»:Po rque ass im, qual fo i, s e rá,
Dogma santo concebid o ,Filha e le ita d e judã !
Alçar a fronte não venha
Sc ep tic ismo hediond o , aud az
Sobre e sta te rra d e crente s
Do infe rno a liga d e sfaz,
Contra teus filho s creada
P'
ra servi r a Satanaz !
Co imbra 1848 .
J MARCELINO Ma ro s .
O BURR IZO .
Acabo d e te ver ; e sqha to rmento ,S'
infe rno ha ne ste mund o , elle me fe rve
No s e io , que a teu grad o torturaste .
Ouviste o s labio s meus p ed ir tremend oUm re fle xo d o amo r, que me juravas ;E surriste d e gozo ao e scutar
-me !
Surri s te d e p iedade aor ver d e roja,Abatido a teus pés , meu pe i to exangue
LUZIA ” ETICA
E so rris te d'
e scarneo ; po rque vias
N'
e lsas palavras que so lte i gemend o ,
Vergar me u co ração tão novo aindaCurvar- se ao jugo teu falto d
'
e sp'
rança.
Engana- te , mulhe r : o fogo e vivo ;
Vivo meu co ração pulsa no se io ,
Aond e um sangue d e vinte anuos gira
Ante mim o provir se d e senrola
Che io d e vida, d'
espe ranças che io ;
Somente ao pó d'
e sque c imenlo d a no
He i te u nome ind iffe rente arreme s sad o ,Eu que humilde junto a ti cabia,
Que submisso id olatrava o imperi oDo te u tingid o amo r, d
'
uns o lho s me igo s ,Das palavras que so frego e scutava,
Ergo—me ago ra, para d ize r- te em face ;
Mulhe r ! e s sa ad e ição , que consumia
No : sonho s meus a minha vida inte ira,
Ge lou sob um surriso d e teus labios .
Pode ria od iar—te , s e o od io
Não fôra uma paixão ; e d'
o ra avante
Po r ti no pe ito meu paixõe s não cabemDe sprezo tambemnão , que e lle manchàra
incauto affe cto , que po r longo temp o
Meu po bre co ração d omou inte iro .
Mulhe r, s onho infe rnal, e is de rribad o
O templo d'
lllusõe s , que tu c rearas :
E is po r te rra o teu culto ; e is abatid o
alta r d o meu amo r, surri - te embo ra ;
Que o vento , qu'
o ra geme , e aço i ta o s vidros ,
Mais abalo me faz, que teus surri sos .
E com tudo , mulhe r, eu ad o re i - teCom força, com paixão , com culto ard ente ;
o c corr e cção na p onsu s mam as . 53
MEUSSONHOSDE AMOR.
Com lísonge iro s mui pouco folgava
Mo s trava- se humano ao s que e ramme ão s ,O s grand i o s o s e vão s d e spre sava
Dro o o BRANDÃO . (Cane . d e Re send e . )
Mulher fad a illusão ou sombra ou sonho ,Do ce fague ira emanação d o s c éus
Ditoso ge rmen d e virtude e encanto s
Anjo d e cand id e z d'
amor e mimo s
Que n'
ummago s o rris o imbebe s n'
alma
Prazer dulcís s imo , arroubad o s go zo s ;
Que n'
ummágic o s om da voz cano raRoubad o às c i tharas d o coro angélico
D'
e ssa voz d ivinal sublime e therea
Q'
enleva as almas , o s s entid o s prend e
Em d oce encanto , requintad o s ex tase s ,
Do rouco bard o ao co ração c onduze s
Mui grato allivio a me rencorias penas
Que os se io s d'
alma lhe negrejam s empre .
Do triste bard o que fôra ,
Oh ! que fôra d o cantor
Se na romagem d a vid a
Não ouvis se um s omd'
amor ?
S'
um anjo todo canduraVind o da e therea mansão ,
Não coasse no seu p e ito
Phrase s d e tema ad e ição ?
5 5 Ltzu man ca
Se n'
e s te e xílio em que vive ,Cercad o d e povo immenso
Mas d e p ovo vil e rud e
A'
p e rfidi a só prop enso ;
Não achas s e um pe i to amante ,
Uma alma cand i da e pura
Que na te rra lh'
outo rgasse
Doc e s horas d e ventura
Que d os homens a vile za
A hyp roc ri s ia e traição ;
Que e spe s inham le is sagradas
E o s dic tame s da razão ;
Q'
a inte re s s e s me rcenario s
Vend em brio s e pudôr ;Que na fe ira vão ufanos
Suas infamias e xpôr ;
Que be ijam a te rra vil
Em que p isa seu senhor
Oh ! que se ria d'
e lle minha e strella
Senão baixas se s tu d o ceu te rra
P'
ra com tuas virtud e s graças tantas ,
Do bard o tris te mente e sc ure c e re s
A torpe imagem d e tão fe io s c rime s
Para na amarga vida um d oce encanto
Dare s no teu amôr a quem te p re za?
Ah ! vem d e ixa e s te mund o enganad or.
Que só reque r to rpeza fing imento
Que não sabe ad o rar d ize r— virtud e ,
Esse s vis o ppre s sôre s que se far-
tem
Que bebam sôf'
re go s em minas taças
Do s coraçõe s part id os largo p ranto .
o c co rr e cção na POESIASnonm as . 55
D'
aqui bem longe lan'
um bo sque umbroso ,Se remo s ambo s sós e no s so amo r.
Co rre rão no s so s d ias immaturo s
Tão reple c to s d'
incanto s tão s e reno s
Como d'
um brand o rio a nivea limpha
Ou como da ave o vôo que fend e as nuvens .
E quand o em tard e e stiva o re i d o s as tro s
Fôr no pego ex tinguir o s fulvo s raios
Em to rno iremo s d a flo re sta amiga
Ouvi r d o s plume o s vate s terno s cantos
Canto s que infiltramn'
alma dôce balsamo
Quand o saud o so s s e d e sp e d emme igo s
Do sol d o irad o , que lhe s aquece o s lares .
Então d as brandas cord as d'
aurea lyra,
Das d oc e s cordas q'
atinar co s tumas
P elo suave arfar d o cas to p e ito
De sprend e re i tambemmui te rnos carme s
Que ao vate insp iras n'
um gentil sorriso
N'
um furt ivo volve r d os olho s garcos
N'
ummavio so som da voz fague ira
N'
umlige iro roçar das niveas mão s
Q'
involuntar ias s e procuram sempre .
Oh ! quanto não é d o ce e s te vive r ,
Viver assim p '
ra amor , amor fruindo !
Afugentar da vida o s to rvo s male s
Angustias negras d e crue is pe zare s
Que p e ito s ralam as sas s inam gozo s !
Depo is ao collo teu d'
encanto s che io
Amigo braço c ingire i c ontente ;
E assimunid o s enlevado s ambo s
A'
fonte iremo s que susurra amóre s ,
No s so s rosto s rever sorrind o me igos
Ao argenteo fulgºr da clara lua.
56 LIZIA POÉTICA
Salve ! meu as tro saud o so ,
Rad iôs o ,Virgem d e mago c ond ão ;Salve ! oh lua tão formo sa
Dad ivo sa
Cas ta d eusa d a aHe ição .
Como plác id a caminhasE acarinhas
Teu e xe rc ito d'
e strellas
Que te s eguem p re s suro sas
L'
fano sas
Sc intilland o luze s bellas
Em teu carro d e cri stal
Divinal
Gove rnas a no i te umbro sa ;
Oh ! é s tu d e idad e augus ta
Tão venus ta
Q'
amór guias carinho sa .
Como é d oc e ja tua luz ,
Que re luz
Ne s ta fonte d os amºre s !
Tua face côr d e prata
Se re trata
Che ia d e nive o s fulgore s .
Em teu coche reco stada
Fe s tejadaVae s plác ida teu caminho ;Não me negue s grata amante
Rutilante
Em te u affave l carinho .
Dã—me umriso fe i ticeiro
Mui fogue iro
eu cou ncçi o nnPOESIASmam as . 57
Da—me o s d oce s gózos teus ;Da—me o s be ijo s susp irados
Arroubado s ,
Da-me as d elic ias d os céus .
Manda ameus braço s
Carlinda airo sa ,
T e ce mimo sa
Mui te rno s laço s
Q'
o no s so amôr ,D
'
encanto s che io
Com d oc e calc io
E te rno s prendam
Comme igo ard ôr ;
Q'
em no ss o s p e ito s ,
A amor atfe ito s
As ninphas bellas
E tu com ellas
A amar app rendam.
d e ago sto d e 1848 .
Aur eum Panama Co s rA JUMM.
UM RE I DE E SPANHA .
Lã ne s sas remo tas e ras
A'
velha Idanha ha chegad o ,Me io morto d e fad iga,Um cavalle iro e s fo rçad o ;
Não p od end o alem pas sar,
Alli parou de cancad o .
32 3
Do im. w inni e m .
D'
alli a po uc a s m ai s
T inha-s e ao som» entrega-h s
l as ac o rda d e re pente
E pro c ura algu m ao lad o ;
Era um velho i ene-rand o
Que . em sonhos repre sentado .
Apparec êra a o cave i le im
Que so se hana julgam) .
Era as s im que junto d '
elle .
Em uma pe d ra se ntad o .
Nobre anc i ão ma li tava
Nos de se rtos d o pass ad o
Pe rgunta—lhe o cavalle iro
Se ha muito alli ha che gad o .
Ha pouco , re spond e o velho .
E d ormias s ocegad o ,
Po r certo não era o somno
Do remo rs o ou d o pec cad o :
Nos meus velho s pard ie iro s
Eu t'
o tl'
reço gazalhad o .
Acc e i to d e boa mente .
Rcspe itavel anc ião ,
Meu c o rc e l'
s ta fatigad o
E tambem meu c o ração
Que ha tre s d ias só saudad e s
Os meus alimento s são .
Tomam caminho d a casa .
Entramno grand e po rtão ,
tiO LIZIA POÉTICA
E d os grand e s succ ed eu
No thrana d'
antiga He spanha,
Em que R e ssuintho morreu.
Na cathed ral d e Toled o
P o rQuiric io fo i ungid o ;Mau grad o s eu, fo i manarcha ;
Que tem o ra p refe rid o
Uma ce lla n'
ummo s te iro ,Do mund o to d o e sque c id o .
Gove rnou quazi d o is lus tro s ,
Do s povo s s emp re ad orad o ;Conhe c id o , já na guerra
Como intrep ida soldad o ,J á na p az c omo p ae terno
P elo Filho d e svelad o .
Mas qaazi sempre a virtud e
Na te rra s offre d e zar :
Mão p erve rsa e traiçoe i ra
A vid a lhe quer tirar,
P rop inand o- lhe veneno
Só com se d e d e re inar .
Toma a p e çonha o s obe rano ,
Começa d e pad e c e r
E ram seus d ias contad o s ,'
Stava a p onto d e mo rre r ;
Mas o céu inda o guardava
P'
ra no claustro vive r .
E p ela humild e cugulla
Tro ca a purpura re al
P obre cellan'
ummo s te iro
Mais qu'
um scep tro quanto val
ou COLLECÇÃO m: POESIAS naom a s .
P'
ra quem vê no mund o engano s
Só no céu glo ria immortal !
Se te armas d e p enitencia,Da mai s aus te ro viver,De s te re i ago ramonge
Fo i s euunico prazer ;
Ao cabo d elle s finou—se ,Fo i - se na campa e scond er .
Láno convento d'
Arlança
Fo i seu c o rpo s epultad o ;
E pas sad o s muito s s'
culo s ,
E'
que então fo i trasladad o
P'
ra Toled o , ond e inda agora
O s eunome é celebrad o .
J á sabe s , o cavalle iro ,
Pelo que enfim te conte i ,
Que n'
e s tas velhas ruinas
J anasceu d'
Hespanha um re i ;
Quemas habita e um
Mas s e são minhas não
J . R. T . M.
IBGDIBIBQNLE INX »
P'
ra que gentilborbole ta
Buscas a luz que te mata?
Não ouves louquinha? foge
Que e ssa chamma te maltrata
Foge , mas ah ! que é tard e ,Já toumanto se queimou;
61
62 LIZIA POETICA
Tua vida, teu encanto
Tud o , tud o s e tinou.
O teu brilho a lind inha
Que invejaàs flôre s cauzou,Dissip ou
—se n'
ummomento
Tudo o fogo e vapo rou.
d e J ane iro 1 d e Se tembro d e 1858 .
J OAQUIM Fe nnnma DA SILVA Gumaníins .
A ROGAT IVA AMOROSA»
ODE ANACREONTICA.
Brand o Zephiro que sabe s
Das alvas p raias d o mar,
Que d e le s te o s alto s montes
Vae s embreve atrave ssar.
Se és amante , és compass ivo ,De ti e spe ro o favór
Que me leve s sobre as azas
Um susp iro ao meu amór .
No Alto Do iro acharásAminha nimpha ad orada,De todas amai s gentil,De todas a mais amada.
Nem tu tens comque enganar - te ,
Se me que re s s e rvi r led o ,
E'
a que vire s mai s linda
Nas frescas margens da Thed o .
Esbelta, airosa, bemfe ita,
Sua alma e toda candura :
ou cor re cção na POESIAS uonmuvas . 63
Sirva- te , ó Zephiro amave l
E sta lige ira p intura .
D'
o iro não tem o s cabello s ,
Que elle s tem d a no ite a cor,Mas tem as face s d e ro sas ,
Das ro sas tem o pudôr .
E'
trigue ira,mas fo rmo sa,Um céu re sume no ros to ,
Uns ond e encantad o
Me senti mo rre r d e gas to
Me igo s , cas tanhas ; em fim
Conhec erãs J ulia bella,
Vend o que não tinhas visto
Olho s como o s olho s d ella,
J . P . B . na CARVALHO .
ª e ro—,c om
A E LLA !
Amor ! amor ! que és tu? se acaso exi ste s ,Se és mais que sombra vã, s e é s mais que umnomeSe é s mais que fantazia, ou mais que um sonho ,Da—me seque r uma hora d e ventura,Uma hora, genio ouDeus , s e p od e s tanto .
(Gonçacvns DIAS.
Enlêvo doce , que minh'
alma p rendas ,
Ouve canção que te envia um tri ste !
s e me fasc inam teus encantos ;
Se p or ti se acalenta aminha vida ;
Se é s imau que me attrahe com summa força ;Se a mellifluo s transp o rte s tume e levas ;Se , da _
funda chaga que p or ti se nutre ,
LIZIA POÉTICA
Que nos olho s , incend id o , vem pend e r - se
Se é s na te rra a minha d ivind ad e ;
Se curªm concentra em ti a meu de zejo .
E , se sente s , como d ize s , em tu'
alma
[ac end e r - se po r mim, d'
amo r a c ham a.
P'
ra que te faze s e squiva,
P'
ra que me foge s , ingrata?
Não te d oe s da tris te dôr
Que po r t i , d'
amar me mata ? !
Oh ! não d e ixes , d oc e encanto de minh'
alma.
Que se apague a tenuis s imo lampejoQue d
'
e spe rance me luz ;Oh ! aviventa c om te u surrir d ivina
A alma tris te d o bardo
Que , reple c ta d'
amar, po r ti ance ia !
V em, oh ! vem, ó minha amada
No meu s e io re clinar - te ;
Segue a voz d a natureza,
De ixa teubard o escutar- te .
Vem, oh ! vem ! se p ied osa,
Minha d ôr d eve tacar—te ,
De ixa que , ebrio d e gozo ,
Po ssa teu bardo abraçar - te .
Vem, oh ! vem ! se c ompass iva,
V emno meu c ollo s entar—te ,E d
'
amar n'
um d o c e arroubo
De ixa ao bard o teu be ijar- te
Rio d e J ane iro 9 d e Se tembro d e 1858 .
J OAQUIM Ac c us r o na Canna paura .
um POÉTICA
Era Elvi ra conhec ida
Por a formosura rara
Era d'
alto nascimento
Da « na d o rei M ans o
Era a mais linda d o a-ella.
Nm M anor d e Gusmão
Pod ia homlu'ear c om elda
Das ca stas d amas d e Drama
&a a mú pmu am w »
lim bastard o ao l ara.
M -mwnllo tro s luir- «allan»
F. m a mulns tlf liv-xmas
E m'
l'
rums e spumante
mfnd estrnttm numas .
P'
ra qnc wnr ph numillugtraen
*D ipnvo'md o n'mm r
V ivo it: 'BonmllmÍ(l i lian
LIZIA POI TIGAÉ.
Elvira, a gentil Elvira,
Que e x tremo sa ama R ibe iro ,Não d e sprend e um só momento
Os olho s d o cavalle iro
Ella sente quanto e sta,
Seu coração pre s ioue iro !
Do campo o s mantene dore s , .
Dão s ignal d e combater ,
E d e p re sto o s cavalle iro s
Começam d'
arrame te r :
Bezoam tão fe ras golpe s ,.
Que tud o fazem treme rL
Catina, que no c omeço
Se p o rtãra c om vallór
Vo lta c o s tas ao c ontrar ioComa fraca lidaddr ;
E as barre iras que r galgar
Sem honra, sem pandanon
Mas lámesmo , d e. Gonçallo r
O glad io o vae alcançar
E a cabe ca d o rebelVê—se n
'
arena rolar
E ao vencedor o s arauto s
Começam d e proclamar .
E Gonçallo lança em taramDe pod e rio um o lhar ;
Da s élla ao me io da lid e ,
D'
um só pulo vem parar
Fazend o ao s mai s vallentes
De tal d estreza pasmar
o ur o rrncçâa na POESIAS l acu nas . 69
E o re i vend o tald estre za
E tal p rova d e vallór
AGonçallo d irigiu
Um surriso aprovador
E tod o o povo applaud iu
0 vallente li dadôr.
Por d e s - haras d'
alta no i te
Emum dairad o sallão
De sobe rbo e nobre alcãçar
De vallente cas te llão ,
Um band olim d e d ilhava
Elvira comnivea mão .
Comvoz tema e mavioso
E s ta canção d e scantava
Em quanto que o bandolim
Mui ac ord e d e d ilhava ;
E o som s e rep e rcutia
P elo salão razoava.
Cavalle iro d e ixa as lid e s,
Ond e s empre é s vence dor ,A vã gloria d o s combate s
Troca pelo meumeu amôr?
D'
Elvira brand o s susp iro s
V em , cavalle i ro , e scutar
D'
Elvira que toda a vida
E xtremo sa t'
had e amar !
Serás tu p o is ind itf'
rente
Da d onzella ao fi d o
Que re rás que emminhas face sFama damorte o pallor?
ou corre cção na ve r su s me sm as . 7!
Cavalle iro tu d e c e rto
P or mui feliz te d arias
E que Elvira te ad o ras s e
O rgulhoso anhe llarias ;
Que d e seu tão puro amar
Sap tisfe i to ficarias .
IV .
O sol as ve igas innunda
Com s eus d oi rad o s fulgôre s
E jad e Burgo s na p raça
Se avis tammantene dore s
De s eus fogo s o s gine tes
Are premir o s ard ore s .
Vê- se d e todas as parte s
cavalle iro s afiluirem ,
Que vêem apre ssurad o s
Para ao to rne io ass istirem
Tod o s que rem com Gonçallo
As suas fo rças me d iram.
Mas ainda n'
e ste d ia
Gonçallo a tod o s venceu ;
E o bravo Martim d e Lara
Té d os seus golpe s mo rreu
E um cavallo d'
alta preço
El- re i Affons o lhe d eu.
E Gonçallo ao re i pe diu
D'
Elvira lhe d e s se a mão ,
Q'
ella roubad o lhe tinha
Seu amante coração
E e l- re i lhe premi ttiu
Tão d esejada união .
73 m m
Sap ti s t'
e i ta o ca valle iro
A Elvira entã o d irigiu
Os se us p ro te s to s d e amar ,E a d onze lla se sa rria
E córou c omo a romã
Que o so l ha pouca abriu.
E c orad a e ra t ao be lla
Que mais Gonçallo a ad o rou ,
E pas sad o s pouc o s dias ,
Contente se d e s po sou
E com ella p'
ra Lisboa
Mui saptisfe ito voltou.
M. 1 . na Sa va . Ro s a
G R E DO .
Eu cre io naminha patria .
Que importa que os homens mald igam d es crente s
A terra que os vira tão linda nasc er ,
Se apatria das Quinas , não mo rre que alembra
No mar e no globo d'
outr'
o ra o pud er !
Que impo rta que âlho s bastard os inge item
Por o iro d e e stranhas o nome d os pae s ,
Se os nome s d e Gama, d e Castro e Albuquerque
Co'
a fama não caem no olvid o jamais !
Cada grão que e svazias da ampulhe ta
Da vida, o Po rtugal, é p'
ra o s e scravos
Umse c'
lo d e tormento s !
o e con e cção na p o s su a traum as . 78
Os covard e s quiseram, qualPolonia,
Que hoje me smo o teuDeus , crença e futuro ,Te roubassem os fortes .
Mas não temas , o patria, que as lanças
Que jáviste s a teus filho s brandi r,Se um passad o tão bello te d e ram,Inda te hão - d e fadar um
E se amão d o Ete rno ha marcado
A teus d ias o te rmo fatal,Nã o lamente s a sorte , que todos
Hão - de triste s chorar a teu
Nenhum po vo a libe rdad e
Amar tão sancto e xc ed eu
Bem pouco s hão—d e jactar- se
D'
um genio audaz como o teu.
E is ao longe
Fulgurando
V em raiand o
Alva e strella.
Mos tra me iga
Lind o ro sto ,
Que d e go sto
Embriaga.
Serafacho d e luz que vemmo strar—te
O caminho da gloria ja trilhad o ?
É o anjo d e Alfama a ver s e as Quinas
Contra o mand o d e Deus já. e stão quebradas .
Ao s pé s d a id olatria, ou vil prejurio ?
E centelha d o céu, 6 patria amada,
A callar—se nas fibras de teus filhos ;
LIZIA nom en
Que temSanto Chembim
E subir apóz d a morte
Do justo ao fe rtil jard im.
Mas ai d e mim! que o sod'
rer ,
Até me fez d e slembrar,Do almejad o praze rD
'
acara patria voltar ;
Fruir seus gozo s d ivinas
Ante s da vida findar .
Vêr inda o solo formo so ;VêrmeuDo iro encantador ;Ver a es tanc ia vêr o prado
Ond e folgue i comardºr,Vêr alfim o que da vida
Ao pro scrip to trovado r !
Não po s so ,meuDeus , não posso
Ne s te d e s terro
Oh levac -me por piedade
Ao paiz d o meunasce r ;Ao s e io d o s meus penate s ,E morrer !
R io d e J ane iro 26 d e agosto d e 1868
J OAQUIM Fannnma na SILVA Comu n s .
ou con e cção nnp o s su e no onan s . 71
A CO IMB R A
9 6%
Ad eus Co imbra saud osa ,
Que eu ame i com tanto amºr !Fica empaz ! ah sê d ito sa
Que eume vou comminha dºr !
Nas aguas d o teuMond ego
Fica fo rmo sa amirar - te
O Mond ego é teu amante
Que vem triste o s p é s be ijar—te
Mas que surri quand o a aurora
Vem d a s om a a d e sp e rtar- te .
N'
um bello thrana d e flôre s
Ve io umanj o aqui sentar—te !Ve io aqui brilhante sorte ,Vida d 'encantºs fadar—teVe io dize r- te Sé grand e
Te rás nome em tod a a parte
Fo ste grande ! A'
s luzas quinas
Des te um forte baluarte !
Vi e ram re i s d e Castella
Teu aux ilia a supplicar- te
Ve io o meiro aqui rend idoO duro alfange entregar
—te
E se as lo iras da vic to ria
Soube ramtão bem c'
roar- te
E xemplo s d e lealdad e
Quempóde , Co imbra, d ar
E steve aqui Martim d e Fre i tas
No seu castello a guardar—te
LIZIA POÉTICA.
E he i d e eupar tir, 6c idad e ,
Que ama c om tanto amºr !
Quemna tris te soledad e
Consolará é minha
A'
minha patr ia re co rd as
M il trophe o s quazi e squec id os ;
Monarcbas d'
antigas e ras
No campo nunca venc id o s ,
Aqui d e scançam Não vemos
Hoje s eus 'fe i tos se guid o s !
B'
ourique o nobre so ldad o
Aqui do rme um somno e terna !
Seu braço , te rro r d o s mo iros ,Te rro r d o s fi lho s d o Ave rno .
Caiu ao s op ro d a mo rte
Como a folha cae d'
inverna?
A'
tua c'
roa d e lo iros
Tujuntaste me igas floresTão be lla, tu não ced erasO se r patria d o s amôre s
Des te liçõe s d e te rnura,
Nunca ens inas te traid ore s !
De Po rtugalnas c idad e s .
Co imbra, tu tens a palma.
Ao d e ixar—te emmim eu s into
Amorre r d o pe ito a calma !
o h Que pungente saudad e
que imar—me os se ios d'
alma !
o a con e cção na p o s su e m am as . 79
Ad eus po is , sultana airosa !
No teu cox im d e ve rd or
Fica em paz ! ah ! se d ito saQue eume ,vou comminha dôr !
FRANCISCO J OSÉ Panama PALHA.
AO NASCIMENT O DA V IRGEM .
Em teus se ios , ó te rra, acolha a Virgem,
R e c ebe o d om fe cund o ,Dá- lhe apaz a saud e , da
—lhe a vida
Ao angustiad o mund o .
Vege ta, terebintho , e a flôr mimo saDe sabrocha louçã,
Quando hoje d e rramar s eus mil fulgôre s
A placidamanhã ;
E com ella d'
ourara refulgente
As face s brilhem puras ,Quand o alegre annune iar ao mund o inte iro
O pharol das alturas .
Co rre suave , ó jord ão , be ijand o amenasDe J e ricó as ro sas ,
Que inbalsamam d a brisa abençoada
As aras vagarosas
Erga o ced ro a cerviz até scandel- a
Nas regiõe s d o gelo ;Sorvamnuvens alli s eu cas ta aroma
No cume d o Carmelo .
LIZIA POÉTICA
De rre teu—se a neve d o inverno tris te ;E d o Be rme a a fralda
De póz gelad o manto e fo i tingir - se
De carmim e e sme ralda .
Parabens , Ismael, que já tens hymno sRe so aramnos céus
Mo s tra ao benigna sol teu rosto me igo
Susp irand o po r Deus !
O anjo que vem quebrar grilhõe s ad o ra ,Ado ra no ite e d ia,
Que a negra escravidão em pó d esfe ita
Lã jaz ca'
a tyrannia .
Surge , surge d'
ahi que ja se enchugamOs camp os da vic to ria ;
V em cobrir - te , ó Sião , co'
a d ôc e aureola
D'
esplend or e de gloria .
Conve rte ago ra a dôr em puro s gozos ;E em fes tivas cançõe s
Que entenda o mund o só , tamanha d i ta
Annunc ia as naçõe s .
J . Mana Luvo Man o s .
s . G O NÇALO n*ama na n'
r n.
(No Alban d o meu amigo A. P . d a Cunha .)
S. Gonçalo d'
Amarante ,
Cazamente iro das velhas ,Porque não cazae s as moças ,
Que malvos fi ze ram e llas“
!
Slo o con e cção as p ausa s MODERNAS.
Sejamas velhas beatas
Que rczem com santid ad e ;
São d e mais , ha—as d e s obra
Na vo s sa santa irmand ad e .
Rezar- vo s - e i , ó meu santo ,
T re s pad re s- no s so s cantad os ,
Se por cada umme d e re s
T re s e sbelto s namorad o s .
Ire i d es calça ouvi r mis sa
No d ia d o vo s so nome ,S
'
eu alcançar boa paga
De s te amºr que me c ons ome .
Nem todas as velhas juntas
Levarão tanto s bent inho s
Como encobe rto s n'
es t'
alma
Levare i te rnos carinho s .
S. Gonçalo d'
Amarante
Brincalhão e galhofe iro ,
Faze i - vo s ante s d as moçasDevo to cazamente iro .
Qu'
en vo s prome tto p o r tod as ,
(Ficand o a no s so c ontento )Muita c rença na virtud e ,
Muita fé no cazamento .
R ezar- vo s—c i , ó meu santoT re s pad re s—no sso s cantad o s ,Se por cada umme d e re s
Tre s esbe lto s namorad o s .
LIZIA POÉTICA
Prome ssas que fazemmoças ,T em tal c ond ão e ve rdad e ,
Que o santo d e ixou as ve lhas ,
Fo i p'
r'
as po r
E a d atar de s ta prome ssa,Fe i ta ao bom d o S. Gonçalo ,
Não ha uma só d onze lla
Que p os sa d e ixar d e ama!- o .
Que a todas o bom d o santo
Deu alma p'
ra s e is amore s ,
A qual de lle s o mais fals o ,
Em seus d ons e seus favo res !
Sejam as velhas beatas
Que rezem com s antid ad e
São d e mais , ha- as d e sobra
Na vos sa benta irmand ad e .
S. Gonçalo d'
Amarante
Um d o s meus tre s namo rad o s
Irá re s e r - vos po r mim
O s pad re s—no s so s cantad o s .
E só s e d irá, ment ind o ,D
'
um santo tão galhofe iro ,
Qu'
inda é , como e ra d'
antes
Das ve lhas cazamente iro !
LUIS Ac c usr o X AVIER DE PALIIa IaIsI .
Sl LIZIA POÉTICA
E o meu sc ismar d'
amôr,
Os meus sonhos d e ventura
Quebrou-m'
os a des ventura,
O s embates d o ranco r
Ne s te e rgas t'
lo d'
amargura .
E e lla ! a minha doc e amad a,
Quem lh'
o pranto enxugarâ
Quem das mãos a livrará
D'
e ssa récova esfaimad a
Quemna dor lhe valerá?
Tud o , tud o me roubaram !
Meu amar e libe rdad e ,As rique zas , a amisad e ,
E meu nome , que infamaram,
Tam ementas , sem p ie dad e
Como é funebre , horro ro sa,Da c rime a tr is te mansão !
N'
um ce pa te rrea grilhão ,
Ao lad o bilha asque ros a,
E ins trumento s da o ppre ssão !
Frias , humid as pare d e s ,
Em quadrad o bem e s tre ito ,
Esmagam, gelammeu pe i to ;E vós , fe lize s , nem ved e s
Qual o meu tam negra le ito !
T em a po rta chave d ura,
C omo e d ura a cond icção
De quem geme n'
atllicção
I o d o entregue d es ventura
N'
es ta lugubre pris ão .
num cç ao m rum as m .
Dão por unico alimento ,Ameu p e ito defasa d o ,
Oh ! que e stad o tama uento,
Que fune sto que é menàd o !
E nem apenas um s om,
Um somme igo , embora fals o ,P or que s igo , em vão, no encalço .
Me d e slembra ao coração
Que é ja p erto o cad aàlro !
Onde estão os meus amigos
De quand o éra ve rúmos o ?
De quand o livre , po d'
ro so ,
O s roubava d o s pu igus ,
d e lahéu afronta» ?
Nemum sóme re sta agora !
Aos sím i os d emo rad o
P or quem sooeo rri outr'
úra,
Por quem éra venerad o !
Amigos na de sventura ?
R i o os ha !—o d e sgraçado
Geme só, abandonad o .
A amizad e ao
Os meus olho s lacrimos os
Sinto já amorteád os ;Tr istes , languid o ; gemi da ,
Sons ingratos , d oloros os ,
Só conduza ama is ouvi d o s..
LIZIA POÉTICA
Deus ! Deus ! tend e c ompaixão“
D'
umpe ito p'
la d or pungid o ;
De quem tanto haja so tl'
rid o ,
E no s braço s da oppre ssâo
Largo pranto tem vertid o !
d e J ane iro , 10d e Se tembro de 1858 .
A man o Pu m a na (Dosu J e s u .
O CAST E LLO D E LAM E GO .
victo riosaDel voraz tiempo la cerviz alzara.
Casmo .
Salve , salve , cas tello mo irisco ,Ond e as aras s
'
e rgueram d'
Alah ;Camartello profano re spe ite
Torreão secular, oxalá !
És colosso em dureza, que os tempo s
Não pud eram té hoje alluir,Eloquente pad rão d
'
alto s fe ito s
Que o pas sado transmi tte ao po rvir.
As id ad e s'
íinaram, já velhas ,Que os c imento s te viramlançar,E tuvive s a glo ria curvad oDos califas d
'
Hespanha, d'
Omar.
ou con e cção na ro s sras uonanm s . 87
Sitios cemd o s d e Christo has so il'
rid o
Em d efensa mesqui ta gentil,lntomave is teus muro s jáviramO d iadema quebrad o a re is mil.
Nas ame ias outr'
o ra re inava
O cre scente c o'
a le i d o ko rão ;Renegand o Mafoma hoje d e ixasOnd ear d os d e Christo o p end ão !
Salve , salve , castello mo irisco
Ond e as aras s'
ergue ram d'
Alah ;
Camartello pro fano re spe i te
Torreão se cular, oxalá !
J Mancs LLrNO Mu r o s .
0 D E SE NG ANO .
Quemme d era fugir, fugir p'
ra sempre
Do s turbilhõe s d o mund o ;Ir lamentar d o s homens no re tiro
O ego ismo immund o !
E scond er no d e s e rto meus que ixume s
E pod e r susp irar,
Me igo s ve rso s então na lyra d'
o iro
So s inho d e scante r
Da n atura fruir me igo s encantos
E se r então fe liz !
Mas o d e stino cruel e a sorte dura,Adve rsa talnão quiz.
88 " I IA vom-
rca
He id e ao fluxo e re flux o de s te mund o
Humild e avassalar-me
A'
mesquinha , a torpeza, ao ego ismo
Dos homens amoldar—me .
Tuas luze s , sc ienc ia teu progress o ,
Oh seculo vaid oso
Sã o fumo e são nada, são menti ra
Do fraco e d'
orgulhos o .
O sopro infecta das paixões mund anasP e s tilento , fatal,
De s troe no c oração o brio , a honra
Qual outro vend eval !
Abri - vos tri ste s campas d os finad o s ,Espectros appare oe i
V ind e conso lar - m'
emho ra aziaga ,
Dize r tambem chore i
Dize i—me se a mançãa d o vo sso e xilioÉmancão d e to rpe za ;
Se varõe s e mulhe re s são p re venid os
Sem honra e sem fi rmeza .
Dize i -me se enganar sem pond unór
É garbo , é galardão ;
Dize i -me se no s homens gira sangue ,Ou felno c o ração !
Espectros ! se no mund o em que habitae s
É d óc e a so le d ad e ,Avi da d e ixare i p e l
'
outra vida
Sem d ôr e s em saudad e .
R io d e J ane iro , 1 d e Se tembro d e 1858 .
h a n no Ac s c sr o na Su r'
Amta Vasconclu o s .
e ucon e cção nt vom Mona rcas .
ALCACEBKIBIB.
Da lyra sobre as cordas mal tempr 'adasCo rre i , lagrimas minhas , sas inae - lhe
Uns tri s te s s ons d e dôr, um tris te canto
Ao luc to , ao s ais da patria consagrad o !
Engrinald em—me alyra aquelle s i'
o x'
os
Melind ro sos amares , d e sbo tados
P elo so lafri cano ; es sas saudad e s
Que d os quente s are ae s aqui vieram
A nutri r—s e de fé ! no se io ro toDe Po rtugal ai vind e , vinde
Geme r naminha voz, altivos bri o sDo valór portuguez, e que inda agora
Nos não ouçam carp ir d e s eu triumpho
Os filho s d o p rophe ta ! não , s egred o !
Seja em s egredo amagna ; ao meno s fiqueMe ia ve rgonha occulta d
'
entro d'
alma !
Mais baixo minha voz ! mais baixo ; e triste s
Corre i , lagrimas minhas , d eslaçae - vos
Da lyra sobre as co rdas mal temp'
radas
Oh malhaja e s sa te rra africanaTanto sangue sed enta a beber ;
Oh ! mal haja e ssa le i mahometana ,
Sobre a le i d o chris tão vencer .
0h ! mal haja d o alfange a pancadaO d iadema d
'
um re i a esmagar ;
0h! mal haja quemfaz e ssa e spadaNessas mãos tão valentes quebrar.
una rom
Oh !mal haja quemle va e ssa e sp'
rança
Lá tão longe , tão longe embo tão ;
Quem lad e ixa que àponta d e lança
Mo iro s po s sam calcar - lhe o pend ão .
Oh !mal haja e s se d ia, malhaja
Em que lano to rrad o are al
Mão d e mairo s , que as quinas ultraja,O te u sce p tre ente rrou, Po rtugal!
O teu se e ptro , teus nobre s , teu povo ,
Qual não ha ne s se mund o , não se i ,E s sa glo ria d
'
e xfo rço tão no vo ,
E s se e xfo rco , e com e lle o teu re i !
Oh mal haja a vil te rra africanaTanto sangue s ed enta a bebe r,
Oh ! malhaja e s sa le i mahome tana
Sobre a le i da chr is tão a vence r .
Lá lá solta ao vento as brancas ve llas
A po rtuguesa fro ta ; o Tejo ahi ficaV iuva para sempre ! o re i mancebo
Surri - lhe n'
e s se ad eus , po rque lhe fe rve
Lá d entro a arder d a gue rra , e a mal guiad o
De seu zelo chris tão ! o te u surriso
Manc ebo , had e trocar- s e em tantas lagrimas
Do s filho s que cá d e ixas , tantas , tantas
Que um mar ond e faze r mais vas to e fund o
Que e s se que vae s sulcar , que es se d e sangue
Que lã ve rás c o rre r d e teus vas sallo sSobre te rra 1a a fro ta
lá carta le ve as aguas balo içadas
Po r fre sca via ção ; nos barc os fulgem
um t em
Malfadad o , não quise ste»
Ouvir aviso s d o céu;
Ai que já, quand o nasces te
As galas d esp ind o , veste
Po r teu pae h o povo teu
Um tris te houve peste :
No re ino que Deus te d eu !
Houve pe s te ! e ne s se d iaEmque ao thmne ias subirA
”rainha p red izia
V oz d e sabia que a alegria
De tal d ia ha d e fugir ;
Que o mudasse lhe ped iFo i d ebald e o seu pedi r .
A”Ind ia mand ar intentas
Pae s uma armada no mar,Mas furia das to rmenta s ,
De no s so damno s ed entas ,Ante s de fe rro largar,
V em c'
o as ond as to rbulentas,
Vem toda a armada acabar .
D'
uma vez às e scondid as ,J á.fo s te mo irama ve r ;
Quantas e sp'
mnças flo ridas .
la d o viço d e sp edi das
Não fize s te s e s treme c e r ,
Quantas lagrimas sentidasNo s não fize ste s verter.
Bem no s cus tou ne s tas te rras .
To rnar- te a ver outra vez
Que d a patria te d e sterras
Po r fartar po r e ssas guerras .
ou co rre cção na Pansras MODERNAS. 93
Do co ração altivez ;
E sque c ias e s tas
Mai s audaz, que po rtuguez !
Emfim voltas te , e ago ra
Tomas d e novo a parti r,
E nem s e quer te d emora
Tod o um povo que d e sco ra
00 o s re ce io s d e po rvir :
Nemn'
e sse Céu te apavo ra
Igneu come ta a fulgir !
Nem e s se aviso aband e i ra,
Que fo s te benze r Sé ,
Voltada n'
has tea, ago ire ira
Talvez d o mal, que não que ira
Que não p o s sa e rguer—s e em p é,
Temend o se r p ris ione ira
Dos inimigos d a fé !
Tud o embald e ! amor e sanha !
De sprezas o mal e o s bens !
Té da voz que te acompanha
Do reme iro , aces s o ou manha,Cantand o s orte o s vaivens
Hontem fos te s re i d e He spanha,
Hoje um cas tello não tens .
E levas a e spad a
Levas o e scud o re al,
E s sa e spada tão fallad a,
Po r mo iros tão receada
De D. Affonso immortal;
Se a d e ixas invergonhada
Ai d e ti d e Portugal
95 LlZ lA PORT!“
Ai d e ti , ai tão chorad o
Moço re i Sebas tião ,
Malfad ad o . d e sejad o ,De cui dad o s tão cuidad o
Tae s cuidad os ond e vão ?
Ond e le vas malfadada ,
De P o rtugala pend ão
E is a c o s ta e is tud o salta
No que imad o torrão ; ao lãrgo a fro ta
Ç'
a a d e rrad e ira eSp'
rança jánavega,T riumphar ou morre r, e tud o agora
Quanto vo s re s ta já ; que emporta?sempre
Do valo r p o rtugue z fo i e s s e o mo te .
At ante , o fe rro empunha , a fronte e rgui da
De t assa a planta ousad a o s e io virgem
Do africano s e rtã o ! Tud o e ra tris te
Ao part ir lá d a patria ; é tud o agora
Como em d ia d e fes ta , que os sold ad os
Le vam alli s eu re i , le vam d e Chris ta
A Cruz s obre o es tand arte , a vante , gue rra
lmp rud enc ia ! s e rá d '
um re i tão moço ,Mas em fim p o rtugue z ! oh! já que vind e sP o rtugucze s s e reis : àgue rra , avante
J á no s p laino s ard ente s , na serra
J a re s oa o mo ir is co anafi l,J a d e spe rta a mo irama c
'
o a guerra
J a s o ldad o s lhe bro tam a mil.
ou con e cção na p o s su e mont an a.
la d e sobre as me squitas vose ia,Com a lei d o p ro phe ta na mão,Sace rd o te , que a gue rra s eme ia
Dand o o infe rno ou c eu no alko rão .
Tud o c o rre , s e apre s ta, se e spanta
Nas c idad e s , no campo a bradar,Tud o c orre , e a mo irama é já tanta
Que não ha quem n'
a p o s sa contar .
Diz amãe a seu fi lho meu filho
E ia gue rra lávem o s chris tão s ,
Ante s mo rte , que e s cravo , que o brilho
V e r d a patria apagado em tae s mão s .
E ia àgue rra, po r nós , po rMafoma
Eia gue rra, que a gue rra s eduz.
Mo ira c ola a chr is tão não se d oma,O c re sce nte não ve rga ante a cruz.
E nos plaino s ard ente s , na se rra
J á re soa o mo irisco anafil,J a d e spe rta amo irama d o a gue rra
J as oldad o s lhe bro tamamil.
Oh ! ved e , vede além e ss e s d o is campo s !
Aqui o p o rtuguez quas i s umid o
Nas rubidas are ias chamejand o
C'
os reflexo s d o além o mo iro
Alegand o a e xtenção ! é tud o negro ,
Tud o negro d e gente ! ap enas fulgem
De quand o em quand o as laminas pulid asDo curvo alfange c inta
Ad o rmec ido ago ra e i—lo d e spe rto
95
96 LIZIA POÉT ICA
Da trombe ta ao gue rra, àguerra,
P orAlah ! po r Jc lus ! o s c o rpos bradam !Lá se move d
'
aqui s obre as are ias
O p equeno are ial, c omo um ribe iro
Ao longe embora, nunca
O brio po rtuguez contou file iras ,
São pouc o s , mas valente s d'
alli surge
Como immenso gigante a immensa turba
D'
infi e is agarenos vem às ondas
Enove ladós , tumid o s , e tanto s
Como quand o a p ro c e lla, o d o rs o bate ,
Rasga, arrip ia d o s iracund os mare s !
E i—lo s d e face a face o s campo s ambo s ,E i - lo s , tigre e le ão , que n
'
um lampejoSe me d em, se d ec id em, s e re talham
Enfe ixad o s d epo is ! s omem- se quas i
Entre o sanguine a pó que o s pé s levantam
De mil cavallo s rap id o s voand o ,
E o negro fumo , que vomita o bronze .
VIII.
A e spad a bri lhava, no alfange batia,
Es tallam mil raio s d o fe rre o arcabuz
Nas ondas amairo Maluco mo rria,
De negra pe çonha, vic to ria da c ruz.
Vic toria começa, já quas i a cantar- se ,
Vão ro tas os mo iro s , vão quas i a fugir,
De morto s o campo c omeça a alas trar - se
Aqui moribund o se encontra um Emir .
Mais longe , ma is p e rto fe rvia a peleja,E is quas i repo isa, e is fe rve outra vez,
E o mo iro aos milhare s morrend o braveja,Braveja, e não vence o pendão p ortuguez.
ou co rre cção na m m norm as . 97
Não vence , mas te ima, são tanto s ! são tantos
Quem ha que não venha partim o cancar ?
J a cançam o s d o s mo iros os canto s ,Signal d e vic toria, já se ouvem cantar !
Victo ria ! que'
d igo ? vic toria d e mo iro s !
Vic toria que e smaga tal, sc ep tro real? !Victoria que murcha na frente e ss es lo iros.
Na frente orgulhosa d o meu Portugal?
Ai s im! que o alfange na e spada batia,
Es tallammil raio s d o fe rreo arcabuzE o mo iro nas andas, morrendo , venceu
Cantava o crescente ,vic toria da cruz !
Cantava ; que tafica nes'
se s campos ,Ne sse Alcacerkibir aquella c
º
rôa
Tão pejad a d e lo iro s ! lã re svalaDa frente d o mancebo , que não sabe ,
Que não pôd e sustel—a e ra o d iad ema
P orAffonso ganhad o , emmal d e moiro s
Na camp ina d e Ourique ! inda e ra o me smo
Do prime iro J oão , emmal d e He spanha !E ra o me smo d e quem tremia o mund o ,E a fe ra Adamastór vinha raiar—seDeante d elle , outr
'
ora, voz d o Gama !
Ficou laente rrado ! o re i quem sabe ?
Tud o morto ou captívo , p ouc o s volvem
Adar novas d o caso o re i ! silencio
Viva na trad icção , d e ixe—se ao povoGº
a amemoria vingar tão negra ati'
ronta !
98 Lll lA POÉTICA
Não pod e c rel—o mo rte , sem que um d ia
Ind a vinha raspar c'
a a fort e e spada
Da band e ira da patria a e te rna
Em quanto ne s sas are ias
Mo rre da patria o fulgór,
De seus fe itos a cantar,
Amorte sente nas ve ias ;Sente Camões no ho sp i tal,D
'
He spanha ao som das cad e ias
A mo rte d e P o rtugal!
Sente , e sentiu que lhe co rre
De membro emmembro tambem,
Mas só sente o fe l que temPo r e s se que la s e e sco rre
Ne s sa batalha fatal,
E ouvind o que a patria
Lámorre com Portugal !
J o ão na Lu as Se rr a s Casrm o c o .
(No album d'
uma joven.)
Linda ro sa, os teus encanto s
Não o s que ro para mim ;
Amo o cand id o « jasmim,
Os s inge las Amar antho s ;
Teus e sp inho s causam p ranto s ,« jasmim » só tem cand ura,
ln arm . roman.
Bus ca—te aBella vaid o sa
Para ornar—lhe o nivea s eia ;De te ver não s ente enle io
Minha amada carinhosa ;De que tu é mais fermasa,Mais fragrante seu od er;Da açucena ama o candôr ;
Ama o lind o amor- perfe ita,E nõo quer no casta p e ito
Mais que o me u ard ente amor.
Corre a nimpba pressurosa
A gozar ummimo teu,E d
'
umbe ijo que te d eu
V em ferida vem que ixos a,D
'
Eella a bo ca é lind a rosa
Mui fague ira, temprimore s ;Nos farpõe s ence rras dare s ,
Blla éme iga, da venturas
Tumaltratas , d ás tris turas ,Ella é rosa d o s amore s .
Rio d e J ane iro 14 d e Se tembro d e 1858 .
Artr ouro Panama na Co rra Junin.
w cont rª.-cela na rom s no rm as .
AMINHA ADELIA.
B e ª
V i d'
Ad elia o s grato s olhos ;Vi s eus olho s
Sobre o s meus gentis errarem
Vi seus labio s se entr'
abirem
E surrirem
Com d oçura até c egarem.
Vi da ro sa a côr no ro sto ,
Um compo s to
De belleza e compaixão ;Vi na te rra, e ante mim,
Che rubim
Da vida cons olação .
Vi—lbe o se io d ivinal,Virginal
Tão altivo e se ductór
Vi d o pe ito d es te rrar,
Exalar,
Brand o susp iro d'
amot .
Vi - a linda, como e lindoO fulgór d e sacro lume ;
V i - a tema, c omo te rno
Da triste rala o que ixume .
Vi—a leda, como ledo
O cord e irinbo a folgar ;Vi—a bella, como bello
Da philomella a cantar.
i ai sms r om s/l
Vi - a me iga, como é meiga
Casta imagem d'
uma virgem;Vi - a pura, como é pura
Do Senhor supe rna o rigem.
Túes qual anjo , d onzella,Imaculada e fo rmo sa ;És o s onho da minh
'
alma,Aminha e strella d i to sa.
Se tão me igo , e tão pura, a teupe ito
lnno cente , acce itar meu amar,
No s teus braço s , d elic ias e te rnas
Gozara teu cons tante amadôr.
Valve o s teus olho s , Adelia,
Valve - o s ao meu co ração ,
Ce d e amante ao meu d ezejo ,Far- me - as feliz então .
R io d e J ane iro . J ulho d e 1858 .
Manara. GONÇALVES na Ro za .
Lind a ro sa, como pód es
Aqui so s inha vive r ?
Tão so s inha entre finados
Não te faz e s tremecer
101! uma rom a .
Talvez amasse s constante ,E , em paga d e ss e amar,So il
'
re sse s uma indifiºrença
Ou d'
um d e spreza o rigor'
P orém(till!) se és d e sd ito sa,Se sail
'
re teu co ração ,
Não fujas , rosa, não fujas ,,Não d e ixe s a so lidão .
Mas d ize , d ize , qual é .
A causa d o teu penar ;
P o rque safi'
re s , linda ro sa,.
Po rque é o teu peze r?
Dize po is tod os os d ias
Me ve rás ao lad o teu,V ir mi s turar, linda ro sa,C
'
o teu pranto ,, o pranto
Mas não quero
O teu segre d o sabe r ;
Po is ha s egre d os que d evemA
'
fr ia campad e sce r.
Guimarãe s . 1848 .
J. . M. Param e
O P OBRE SINHO
Meu senho r d ê—me uma esmolaPr
'
a matar a minha fome ,Pr
'
a valer a minha mãe ,
Que ha tantos d ias não come.
106 e ra ram os .
O velho pae a geme r,Os irmão s inbo s chorand o ,Fo i o paine l que elle viu
E a p obre mãe e xp irando .
Rio d e J ane iro 28 d e Agos to d e 18 i 8 .
J ac rur o Auc us r o ns SANT'
ANNA VASCONCELLOS
A MOR T E DE CHR IST O .
Folga, Abrahão , na campa ad o rme c ida ,
Folga Isac e J acob !A prome s sa d e Deus é já cumprida
E as p re d icçõe s d e _J ab.
Emp re s ta—me , David , a tua lyra,Os sons d ivinas teus
Que ro cantar o genio , que me inspi ra .
Do filha d o meu Deus .
Embo ra o s tris te s a is d e J e remias
Eu tenha d e entoar ,
Ou o s ho rro re s s ac ro s d e
Eu que ro a Deus cantar .
Embo ra fugire i , e rrante , s anha
D'
outra nova Saúl,Fare i s oar aminha voz tamanha
d o no rte ao sul,
E com le ttre s d e fogo , aos pe ito s duros ,Tremendas , vou gravar
As mvs ticas palavras sobre o s muro s
De tod o o Balthasar.
LlZlA POETlCA
O emblema do Red emptorAs ho s te s levouàguerra
E e spalhou por toda a terra
Do s novo s crentes e ardôr.
Caducas naçõe s antigasTyrannas d e e scravo s mil,Scep tro s , cr
'
oas inimigas ,De pagão s a raça vil,
Ce d e tud o ao santo brad oQue um pobre cruc ifi cad o ,Filho humild e d e Be thlem,
Soltou nas anc ias damorte
Emfrente d o Senhor forte
Da forte J e rusalem.
E quazi ja d o i s mil annosDo temp o c orrend o vão ,Renovada entre o s humanos
E te rnamente a Panaõ ;E aind a vae ate rrand o
T yranno s , que vão ficand o ,
O brad o d o Salvador,
Té que um a umjá quebradas
Os ferro s s ejam trocad o s
Só em algemas d e amar
O tempo é chegad o emque lá n'
outras e ras
Fo i e s se tremendo d elic ta e spantoso ,
Que Herod e s a Chris to sagrado e bondoso
Mand ou ao supplic io só p roprio d e fe ras .
Saud emo s a d ia tremend o e fatal,
Que o filho d o E te rno po r nos so s pe ca d o s
Sati'
renmilultrage s po r nós , re sgatad os
Ç'
a o sangue d'
ummartyr, divino , immortal.
ou cou s cçâo ns POESIAS norm as .
Saud emos o d ia em que a voz da verdad e
Sagrada e altiva encarou os tyrauno s
Dc humild e patib'
le pregando aos homens
A le i sacrosanta da fraternidade .
Curvemo s a fronte nas p ed ras d o altar,
Ho sanna a Chris to , mortae s , entoemo s,Seunome sagrad o , chri stão s , adoremos
Na flôr das campinas , nas ondas do mar.
Artrar uo Farma nn Sm a PIMENTEL
9 9 %
trans mis sº
ra «Abªlªr/
9)
Mulher ou anjo que impo rta?
Mulhe r ouanjo he ide amarte ;Mulhe r, sou teu, serás minha,Se é s anjo euqfrero adorar- te !
Em teus olho s cdr da no ite
Umastro d o céu fulgura,
Como uma e strella que fulge
Nas trevas da no ite e scura.
Tu surge s sempre emmeus sonhosCrusad o s o s braço s ,
Tão me iga como n'
um lago
Tremúlaumraio da lua
Se intento nas cordas d'
o iro
Erguer um canto na lyraTu surge s o bard o cala
Tu surris v tc elle susp ira
Amar é sempre na vidaO eculeo d o pad ecer !
Não calar emsegre d t
As dares d o coração ?
Não é buscar ventura
E nunca encontra- la, não í
Amar ou anjo oumulhe rNão é o mesmo to rmento ?
Não é rojar, d ebruçado ,Aos pé s da cruz semalento
Eu he ide amar- te ! qu importa
Sejas da te rra ou do ceu?Eºs um segredo
Não posso rasgar- te o véu
Sim! sou teu !mysterio d'
almaSou teu na vida e na morte ,Sou teu no mud o s ilenc io ,Sou teuno vivo transporte .
Teu como a lyra é da bardo
Ou é d o martyria a palma !Como a lua é d o s ilencio !
Como o silenc io é da alma !
E sou teu como no s camp o s
Da primavera a tlarinba,Ob sou teu como eu quize ra
Que tufosses sempre minha !
112 LISlA ronr rca .
Se o s bymno s queres presados
Louva n'
e lles a mentira ;Do s grand e s pelas e stradas
Roja a fronte , roja a lyra.
Dã culto ao crime , a traição ,Nas aras da hypocri s is ;
Das perfid ias faz brazão ,
Do s maus canta apologia.
Mas do bardo o d iva canta
Não s e vend e ao po tentado ;
Seu land e sacro santa
A'
virtud e é'
só vo tado .
Seu engenho tão d ito sa
D'
o iro a troco não p rofana ;
Pulve ris e fe rvoroso
A lisonja to rp e , insana.
Da bard o as labios d ivinos
Não p rofe rem sons forçad os ;
Puro s , livre s são seus bymnos ,
Quaes da águia os'
vôo s remontados .
Cala, bard o , a dóc e lyra,
Ninguem ouve a teu cantar ;
Cantos que a virtud e insp ira
Não sabem o s vis prezar
R iade J ane iro , 18 de Se tembro d e 1848 .
ANTONIO a na na Cai u Im .
ou con e cção “ p o s sa s norm as . 113
avaria s SONS na Burma uma .
Chorózos ve rsos meus d e sentoadas,Sem arte , s em belleza e sembrandura,
De sculpa tendes se valais tão uco ,
Que não pode cantar comme od taUmpe ito d e geme r cancado e rouco .
Des s e s , Tomo Somrra ª º
J ónio , De rbrano , e J ozina,Aqui te nd e s minha lyra,
Ond e a s ombra d o d e sgo s toSe te sons Marc izio t ira .
Sm s s ons subt is , reaes
Err rnnz cordas , nada mai s .
Singela c omo o seu bard o
Não tem galas nem temflóre s ,Traja sons que humilde te ço ,Sons que , e xprimem são s amares .
Aureas sons que o s pe i tos fendemBas almª que a amar se rend em.
J anio e De rbrano , - o s Srs . J oão'
Gerald o Carne iro e Be rnard o Guilhe rme Carne i ro , i lhas d o Sr.
Bernard o Gonçalve s Carne iro e da Sra. . D. Maria d aConce ição Muniz Carne iro ; J os ino , o Sr. Dr . emMed ic ina J ozé J o aquim Monte iro d os Santos ; a rogod os quaes unicamente . c ons id e rand o - o s como meus ve rdade iro s amigos publica o s meus mal apontoad os vers os ,se é que c om tal nome me re cem s er chrismadas e ssastristes linhas que tenho rabis cad o ne ste valle d e lágrimas .
“ ªl idas por e s te s Snrs . as c inc o publicaçõe s d e CORDAS
na mas ja publicadas na Lrs ra Pom-
rca , e tendo eus ido inte rrogad o ace rca d o nume ro d as c o rd as e d os sonsd a minha lyra, fo i—lhes por mim d ada em re spo sta a
p res ente c ompos ição .
114 um a p o e t i sa
Lud lbr io da De sventura,
Imagem s ou d a Aillicçãa,
Vinga—me o c éu da- me a lyra,Ecc o d o meu c o ração .
E cco d e minha tris tura,
Re frige rio n'
amargura !
E saud ozo e humi ld e , á patria
Hymne s d e amôr legare i ,Amar d os c éus e da te rra
Po is outro canto não se i .
Caridad e ! E is a canção ,
Do meu leal coração .
Se r s inc e ro , uze r ve rdad e ,
Meus flo rente s d ias turva ;Segue o bard o as le is d ivinas ,
A'
lizonja não s e curva !
Honra e mundo vã mentira,
Não refórmo a minha lyra
P or vós d o e rmo tirada
Curtind o semp re amargar,Se hoje appare ce surrind o !
Surrizo s são d e pudór .
Co i tad a da minha lyra,Na s olid ão quem a vira !
Ouvind o o canto d o s c isne s
Que a patria minha hoje dá,Re catad a tri s te lyra,Pobrezinba ! a que
Co itada da minha lyra,Na s olidão quem a vira !
uma roam
Do somd e prima e terce ira,P end e aminha d evoção
A'
patria que me sustenta,
A'
nna zunrna mans ão .
Culta plaga d e Cabral,
Filha d o meuPortugal
Luze s bard o s no Brazil,
De po rtuguez co ração ,
Dai um s om da vo ssa lyra
A'
brazile ira mansão .
Graça ao solo ho sp i tale ira
Do d e svaltd o e strange iro !
Ne s ta mad ras ta d e luze s ,
Crús e sp inho s he i colhid o ,Mas quemme d iz que na patria
Fara melho rGraças po is d e gratidão
A'
brazile iramansão !
Filtram segunda e te rce ira,
Doc e s carinho s , te rnura,
Casta AMOR que d o céu ve io ,
Sem o qual não ha ventura !
T e rno som que o p e ito fend e !
Da bard o que a Amar se rend e
Mas , jus to s céus ! d e que s e rve
Que amôr santo emmim s e accenda,
Se o meu co rpo não d epara
Alma santa que me entenda? !O
'
lyra muda d e tom,
Exhala o se timo som
o u corre cção m: p o s su e no rm as . 117
Bas—tre z co rd as todas juntasO mai s p ia som d imana,Diz p rinc eza das virtud es,
Camp ana sobe rana.
Caridad e diva e pura,
De que o homemmenos cura
Caridad e ! caridad e !
Date que o c éume d o ou,Po rque te e sparja no mund oQue s emp re malme pagou
1, Porque não te e leva ard ente
Só a Deus Omnipo tente ?
Mas Vós , Senhor, Ord enais ,Vo ssas le is seguir eu que roDai -me a Vo ss a p iedad e ,
Que da te rra nada e sp ero
Lizonja, engano , ego i smo ,E is as regras d e s te abysmo
Se te sons d e sprend e humild e
Das trez co rdas o cantor,
Singelas d izem te rnura
Unidas fallam d e amôr .
Aure as sons que só compr'
end em
As almas que a amor s e rend em.
E saud ozo e grato , a patria
Hymno s d e amôr legare i ,
Amor d o s céus e da terra
Pai s outro canto não sei .
Caridade ! E is a canção
Do meu leal coração.
118 uma ras t rea .
J ónio , Dcrbrano , e J azina,
De sulpai a minha lyraCompass iva d o seu bard o ,Geme com elle e susp ira !
Dai -me constanc ia, ó meuDeus !
Indulgenc ia, bardos meus !
d e J ane iro 1848 .
Cazmrno Conama nn Amm a Ponrucu .
E N LE V O S.
mrr açaõ na s ramocrmc ra s no sn. roaõ nnLe tras .
O Te xºe e i d o a o m e u p r e sta d o am i g o
M . G . PEREIRABRAGA.
T od o s s eus d ons lhe paz o céu no p e ito .
FBLrN '
r o,ELvs ro .
V em. meu anjo , no c ollo meu p o isar .
Entre nive as jasmins , purpureas ro sas ,O tão alvo re c ém,
tão lind o nãca r
Das fac e s tuas . E rgue o s me igo s o lho s ;
Que d ivi sas , meu anjo ?
O lind o azul d a e spbe ra é teu re flexo
Veja o s raio s d o so l são teus olhare s :
T eu angélica s e io — e'
teu asylaDa natureza o s garbo s são teus mimo s
Vejo o mund o : é teu s ervo .
ou anem i a nr: ro r sru [arm as .
Com a d esventura a lutar !
Se no fimd'
acerbas magnas“
D'
amôr ardend o nas fraguas
Só nas nas aguas
P os so as penas sepultar !
Não s oubard o —um dôce cantoNão peças aminha dôr
P e d e da no ite o encanto
Ou d'
uma e s trella o fulgor
P ed e avirgem quando chora,P e d e abrisa—ped e aurora,
P ed e a tudo quanto ad ora,
A tudo que sente amor !
Mas a n afolha tris te
Que o vento roja no chãoQue não vive , mas e x is te
Nas asas d o turbilhão !
Não peças virgemformo sa,Não que iras , alma d itosa,Uma no ta doloro saNo s hymuos d o coração .
Aucuszo Elmo
9 66
A ROLA .
Linda rôla gemedora
Que susp iras no ite e d ia,Troca os cantos d e tristeza
Pelos carmes d'
alegria.
uma ranm a
Deixa a serra gigante sca
E mais o bo sque frond o sa,V embrincar entre as florinhas
Ne s te prad o d e le ito so .
Mas se o fadaria da rola
E'
no bo sque susp irar,
E o c ond ão que De us me d eu
E'
d'
um anjo sempre amar,
Ai para que d igo , ob! rola,
Que venhas brincar no prada,Se o cond ão que Deus no s deu
J ánão pod e se r quebrad o !
J onc e Gua mium: Lou ra
ª ª ª
SIM NAO !
Eliza, e scuta ummomento ,Atte nd e—me e sta paixão
Me ia alegre , me ia tris te ,
Ouvi - lhe murmurar Não !
Nemao meno s te ns p iedad e ,Nem s e que r tens d e d e mim?
Oh ! falla que me dás mo rte
Falla já, d ize -me Sim?
Olha que a vida que le vo ,
E'
po r tua d evoção ;
E se fos se amar -me - ie is !
Surt ind o re spond eu Não
um com
brilha tanto ,
Como brilha a nivea e strella,
Quand o a lua pura e bella
E scond e a face formosa.
Por um ri sa t e da s eu
Dar - lhe -ia a sceptm da céu !Se eu fo s se o Omnipotente
Mas s ou pobre trovad or,
Dou- lhe aminha harpa d'
amôr .
A MAR IPOSA .
Não temes a morte ?" Não tunes , co itada,
Parece d es ejas a vida findar .
Ai triste p rocuras a luz que te mata,
Qual nas vae s ineauta s egnind a a p arar !
O brilho Erne s to , que sabe attrahir—te ,E
'
brilho d e mo rte , na luz vae s
Mas c omo fug ir Quem foge ao d e stino ? !'
E'
s emp re tão grato d e le ites'
O fad o as s im o mal semme aguda,E o bem d e spm amos , só por não luzir .
“
Gentilmarip osa, não vas tão as inha
A chamma bus cand o que te hade que imarO brilho d e sp re za da lm que te mata ,
.Não que iras a vida tão ced o findar.
J OAQUII Vrum Bom - o na va ra .
o u con e cção vamu s norm as . 128
ALJ IJB AR
(14 d e ag o s t o d e
DomFe rnando o malfadada
Nos seus zelos a lidar
Não vê pobre de scui dad o
O seu re ino definhar ;
E lá d e ixa a tr is te vida
Acabada em Santarem,
De ixand o a filha querida,
Que d e seu amôr só tem!
Leonor mulhe r mald o sa,Depo is da filha cazar,Indamais que r p re s surosaA
'
strarrhos o re ino dar !
Quer o pend ão luzitana
Ao hispano subje itarTambem que r p or nossa damno
Nos so s brios humilhar .
De scontent'
o povo geme
Des se pod e r mulheril ;E perd er seus fóro s teme ,
Seus receios são a mil !
De talmodo recrescend o
Em toda o povo leal.
Que d e sgos toso'
stavenda
O não ter cura seumal.
LlZlA POÉTICA
Uma“ trança lhe nascia,
o atac am a lhe d iz,
Que teh o bem lhe viria
Do nobre Me s tre d'
Aviz.
P elas ruas d e Lisboa
Ia solto vae o p end ão ,
E bradand o a ar atroa
O castelhano pregão .
Mas já lhe t ira a firmeza
Outro mais alto bradar ;Não s eja
'
s tranba princeza
Quemno s fiqu'
a gove rnar
Nosso s foras não quebremo s !
P ortugal, real! ! real !
Po r d e fensor só que remos
Dom J oão d o Portugal!
Ohrad o po rtuguezqu'
o Téjo acelama,Lavae po r e s sas te rras a corre r ;
Alegre pe lo povo se d e rrama,
Qu'
eulevad o d'
amor n'
ac tiva chamma
Seus brio s levantad os japmcM a,
Quem saiba a nobre terra d efend e r !
Não teme o nobre povo luzitana
Ir d e Cas tella as iras affrontar !
Tal povo d e s eu mal repara o damno,E contente nas le is encontra ufano
P od e r oppór um re i , ao re i tyranno
Que por es tranha mâo nos quer vexar !
V erdes m m pu hn do ,
Coma d'
ank em ai
Real lreal ! vm b -
ad enda,
Dom J oão tamha n sandando
Como re i de Portasgnl.
Corn ouvil- os se m e ia
O moço , nobre emJ atod o o p ovo a rod ei ,
Que no castello s e apd a,Em salto breve e gent il.
Tem as carte s de c idi das
T odas as que stõe s renhi das ,Que lhe p o d em importar .
E'
d o th'
rana de sbordada
A formo sa Beatriz,Cam e stranho re i casada
Se r rainha p roclamada
Da le i d o re ino d e sd iz !
D'
Igne z os filho s queri das
Vem o th'
rana di sputar ;
Os d ire it o s tem p e rd id os,Como rebe ld e s são t id os
J á não p od em vir re inar !
DomNuno fer-o bramand aDa raiva c om to do o fel,
As disputas acabando ,
O novo re i vae saudand o
m n POBI IGA
As c idad e s e villas vemque imando,Sed ento no s so sangue quer bebe r
O s e strago s d a gue rra não poupando
Cuida que só as s im pod e vencer.
T eme ro sa a d onzella, tris te chora,T emend o que s eu bemlhe vão roubar ;
De sconfortada a p obre mãe d e s cora,
Seu filho entre mil pranto s a be ijar !
No cas tello d'
Abrante s p reparad o
E sta já o monarcha p ortuguez ;E com esfo rço nobre e d ilatad o
Prudente precavê qualque r reve r.
Seus te rço s valo ro so s e xe rc ita
Do s brio s e xalçand o o nobre ardor,
No trabalho ao trabalho o p ovo e xc ita,
Qu'
exemplos lhe quer dar do s eu valo r.
E com tão nobre re i ninguem já temeR oubad o s e pe rd id os ver seus lare s !
Alegre vem cantand o o alfageme
De Santarem guiand o os populares !
Com tal re i tão p ortuguez
Não tomemo s um revez ;
Nós lá vamo s para a guerra
Defend e r a no ssa terra .
Em no s so p e ito leal
Seja d a guerra o s ignal,P e lo nobre cavallei ro
Nos so re i J oão prime iro !
[.ISIA rom .
Por Castella e São Thiago !
Por São J orge e Portugal !
J a repe tem e ste brado ,
D'
ambos os lados es trago
Fazendo crue damnado !
combate mais recre sce !
Das hispanhas o Primaz,Fere com valor audaz ;
Mat'
o Pere ira renegado
De sta te rra d e sertad o !
Combatend o os namorados ,La comnobre esforço vão !E d e Castella o pendão ,
De rica s e da te c id o ,
E'
po r e lles já vencid o .
Por cump rir seujuramentoDe Castella o re i matar,Ou d e lh
'
as armas tocar,Morre o moço , pagembello ,Dom Vasc o Martins d e Mell,
Victoria já ganhando ,Portugal n
'
Aljubarrota !O imigo re i d e rro ta,
Que de vergonha corrid o ,Se vae da te rra fugido .
0monarcha castelhano
De ixa tendas e p endão !
Derrubad o o seu leão,
Portugaljá libe rtado ,Comvalor o tem d omado.
ou con e cção nl ve rsus mona rcas .
Bradam todos d e contentes
Portugal ! real, real !
Fo i nos so re i natural
Quem os extranhos vencendo ,
Fo i no ssos foros mantendo .
O seu re ino concertand o ,
Com altivo pensamento
Dom J oão”s tame d itand o
Ir as te rras augmentand o ;E no mar d
'
além cuidand o ,
Vê cumprid o o seu intento .
J á cortando a branca vága,
Vae luso pod er levad o
E na mauritana plage ,Do cre scente a luz apaga,
Que tremend o os raio s traga
De ste sol inop inad o !
Ceuta já fica rend ida,Pelo valor lus itano !
Em nossa po ss e mantida,O moire a ve pe rd id a,E ssa c
'
róa tão lns id e
Do seu re ino mauritane .
Dom J oão vive c ontente ,
J á d as guerras d e scançado ;
E pro cura d iligente ,
Como monarcha p rud ente ,
Que ninguem quebrar lh'
intente
O seu sceptro sublimMo
m a m a.
As sabias le is dictand o,
Os ca t ello s repannh ,
Os vassallos aug- a tad o ,
De valor exemplo s dundo ,Seu amôr mais lhe re cre ree .
Quer mlcar o mar nnd ooo ,
Que presente o novo mund o ,Ond e o Ganges co rre fund o ,
Que virá surrir jucund o
A seu neto venturoso !
Nobre re i o caval eiro !
Que r o seu povo d itosa,
Quer tambemvel—o guerreiro
Por esforço verdad e iro ,
Ser d e tod os o p rime r-io
O seu re ino tão formoso !
VII.
Essa luz que ass im fulgia
A brilhar em Portugal,Lá se apaga ne s te d ia
Nas pompas d'
um funeral.
No templo da vic to ria
Sempre gravad a ficou
Bo bom re i amemoria,
Que seu povo libertou.
E la tem J oão p rime iro ,A servir - lhe d e mortalha,No jazigo d e rrad e iro ,O convento da Batalha.
Ar ens Pu ro
136 mm t em
Mas choras e choro ,
Não he i—d e eu chorar ?
De scoras d e scoro
Porque ? p or te amar ;Mais amo , mais temo ,Mais fino e o ex tremo
Mais a ferve r !
Sim, s im, que bate r !
P o is bate p o rque ama,
e na chamma
Não cança d'
ard e r .
Não cança, bemvejo ,Não canca, bem
'
se i ;
Mas paga- te um be ijo
Com elle eu pague i .
Pagaste ! quem paga
O mar que me ale gaD
'
um c ru duvidar ?
Pagas te ! e ste amar
De te rna loucura,
Só louca te rnura
M'
o p od e pagar.
Po i s bem se re i
Tão d o ida p or mim
Quanto eu na voz rouca
T'
o p eço ?—po is s im.
,Oh ! s im mas não chores,Nemmai s te d e sc ores
Com t eu duvidar.
Que s e eu não chorar
Com te rna loucura
A louca te rnura
Te he id e eu pagar .
J 030 na Lamo s Smxas Cmm o
o u con e cção nnPOESIAS uonamva s .
DELIRIOMMM .
Eu fé não juro
131
Nas palavr as d'
alguem—bo sped e vago
P or ond e o vário temporalme e sgarra.
Hom ero .
J á não tenho no mund o uma vida
Engastada ameus d ias d e d ôr ;
J ánão tenho alma d'
enjo a quem d iga
É'
s , oh virgem, meu cand id o amôr .
J á não tenho d onzella fe rmo sa
Que mi tigue meu tris te penar ;J á não tenho, nas p o rtas da vida,
Quem as maguas me—venha ad oçar.
J á não tenho uma virgem que s inta
De minh'
alma o s arquejos d'
amôr ;Oh ! no mund o mulhe r já não ha
Que mereça que a ad ore um cantór .
E squec i quem amor me jurou,
Quem jurou dar a vida pormim ;Eram juras mentidas quebraram
Como quebra o mui tenro alfenim.
E ra amór, como todos , fallal ,Sómorand o nos labio s traidóre s ;
Eramvo tos que o s euro s levavamExtinguindo falsarios penhôre s.
ou con e cção na POESIASmene ame . m
2 5 D E J ULHO .
BATALHA no CAMPO DE OURIQUE .
I.
O sol d e julho que imavaCom seus raios a vibrar,
O ce ife iro d e scançava
De cancad o d e ce ifar .
Nes sas te rras transtaganas
V em s obe rbas p ene trar
E ssas ho s te s mauritanas
No s sos campos a talar.
J a re soa p elo s are s
O cord ovez analil,
Corre spond e a s eus vibrare s
A trombe ta granad i l.
A re lva, que o vento c re s ta,
Calcand o vem o co rc el,
Foge toda a gente me staDo grão pod e r d e Ismael.
V emna frente caminhando
Cord ove zAbenelkar,Ame leh vem guiand o
Mauritanos d'
alem-mar.
De Se vilha manda a gente
O alcaid e Bone fa,
E d e Silve s , re i po tente ,
Bem d e p e rto o s egue ja.
145 LIR A POÉTICA
De todo s o s s eus segui do
V em alegre a caminhar ,
Com s eu p ovo tão luzid o
Vac a mo iro s p rocurar .
De ixa o Lena, que rod e ia,
Como mimo so caire l,Le iria, que se re cre ia
No s viço s d o seu ve rge l.
Santarem, a namorad a
Seu rio s emp re a be ijar,Vê com zelos d e enfad ada
O seu T ejo vad ear .
No s plaino s d'
além T ejoCaminhand o a bom s eguir ,
Cump re Affons o o seu d e zejo
V ac na frente a d irigir.
Sobe rbo cavallo baio
Cavalga o moço gent il,
E'
d e rija malha o sai o ,
Armadura côr d'
anil.
T raz na mão lança po te nte ,De Chris to gravad a a c ruz
Leva no e scud o fulgente ,
Que brilhante lhe re luz .
Gomo d o i s fe ro s gigante s
Flv-nt”
a frente o s c amp o s'
sã o ,
T remulammanhas c re s cente s
Ante o c ruzad o p end ão .
mo LIZIA vo e r rca
Zs e arne o d o s que cho ram o ímp io e xulta,
ântre o s g rito s , que forem, (lilacc ram
Ilo marujo ins e ns íve l, (a lojad o ,A alma all
'
e i ta ao s ho rro re s d a mo rte !
Manc e bo , que as s im brada—lhe umvelho
lle no s .—as ah ! d o mas tro àp onta
Avança, intt'e p id o , e apara o raio ,
Que ve rte s obre nós o iro so !
Cala- te . ins ensato —o joven d iz—lhe
Tens quase um s e culo . e
De ixar nas aguas um d e s pe jo inut il,l
'
mc adave r mirrad o , que sus tentas
C om lagrimas talvez Que te ns co'
iªada.
E com o s Santo s snnlo s . que atofmenh'
s
C om e s sa vo z ronquenha . que não [a s sa
D o meu be liche ante s u m ampla taça
D e inilaurad a e en eja animad o ra,
5 .
Que b e ne r e prive e ra: d ar trem a a fome
Rind o—s e . as sim ch i le n. nad am.
Rubr
o lie Ins a n a en. i as : (vapº
r.,
P once (Serr a s Tz amam 1 5 12 3 5 3 .
Rage cal .: t em? -“ma d e
4 Amo rte :Í f-x tra p ilmn.
Que as r a r—re d o s (.em
Clomenzuz .
"s t e -rw emita
E liª(fl'
lf' Il r ui h :; N t
h o rnnvrzm amam. : varre u“ : “ d as .
“Dimm: put a na er
e s (uv -n' !
D'
PSp it' iu» “ ir:-:x (.nº nllm' nm .,
At . (m: n na ho ra um a
Iv.m urmura:
ou con ec çã o na POESIASmonannas . 15 1
Surge o jovenCo
'
o s fato s ensopad o s cána p roa
A a rir bemqual d emonio led o
Com o range r d o s d ente s , e to rturas
Das almas c ond emnadas
J á partida
Em d o is pedaço s vaga a nau sem leme ,Sem que o mar so rveu- lhe s
A carga inte ira—não — la vejoO mancebo que ri s ozinho - r em p é
Ao mas tro que e stalou ind a enco s tad o !
Fe rvem-lhe as ond as , ruge- lhe a pro cella
Aps pé s; em tºrno , e o manc ebo a rir
Bei d antor—ltas das submis sas vagas
. Q Q Q Q O Q O Q Q Q O Q Q Q Q Q Q Q Q
Não ronca a temp e s tad e as s im furio sa
Anegra ce rração romp eu- a o raio .
J á o claro- azul d o céu alveja e scassoNo remo to ho risonte . E svae i—se ao longe
O ronc o d o trovão levand o amorte
A outro s infelize s !
Serena o bo re as .
Alluem- se o s alcanti s rasam- se as aguas ,
Como se a mão d e Deus —já bem vingada
Por s obre as ond as prepas sas s e plac ida.
E o joven inda ri ri d e s e sp'
rad o
E encara a s olidão , e as fac e s lividas
D'
algum cadave r :engas tad o ainda
Nas amarras , e ma's tro s d e rro tad o s .
Claro e s tá o c éu ! Veleja manso e mansoO pedaço da nau, livre bo rrasca.
De sponta ao longe a tlamula d'
umbrigue
182 um r on-
rm
lim rumo ao s re s to s , que avultam,negro s ,
Ch em rod a d o mancebo , e rguid o cutr'
e lle s
O O O O O O O O O O O O O O O O O
Mais o mais s e ave s inha o brigue v'
ie iro ,
Quando o homemd o naufragio as s ime xclama
Amo rte re sp eitou o vi! lud ibrio ,
Que s e u d e ail'
routa s d e s te mund o aee rbo
Zu ri p'
ra c scaruec eu—me os riso s !Abri - lhe amigo s braço s— d es pre sou—me ,E fo i iras e e var na pobre víc tima,
Quo d e ixa na te rra amare s na te rra !
Annae s ! que são amare s ! ob que tumulto
De tetrieas lembrançasme atormenta !Ola! eu! vive r ! p
'
ra que p'
ra gª d'
çlla !
A curtir vis traiçõe s tt oh ! nunca l'
nunra '
e s s e s —o o o . o o o o o o o o o C o .
Ao m at am—meça, e embre ve os m to s
lh des tmada nau vagam so zinhos .
V illa Re al— julho d e ISna.
Cu ru .» Ca rm o Bu s c o .
tha“ M inus o s pan o s. M line em
tem“ M «ma s baniu» ins h a i l-thai :
Chup a. sumo ,—emanam m as—i bm :
LIS“ nom e s .
Não ves em teunome , s e a Grec ia lucrava
Nas le is d e Lyeurgo s e r livre e c re sce r,
Depo is , a tua sombra, rojur- s e d e e sc rava,
Rojar—se . rojar—se , sumir—se , mo rre r ? !
Se Roma e levaste as grimpas e rguidas
Do s euCap ito lio por livre s e cre r,
Não vis to es sas grimpas d e po is abatidas ,
E Roma, em teunome , eap t iva morrer ? !
Não fo s te invocada por labio s hispanos ,
D'
Ame riea o sang ue e o o iro a beber,Não vis te es se povo curvar
—s e ao s tyranno sRàvoz libeniad e no s fe rro s mo rre r ? !
na Irlandanão ouve s o longo gemid o ,
« e ntend o em teunome , guaendo a treme r ,
No imper io d os livre s a um p ovo sumid o .
l'
mp ovo d e es t—luvas d e es cravo a mo rre r
Nas (“
valias qne vi s te ? que vcs inda agora !
D e ban—lo d '
abmres (« vie s te esqm r
Tzu Ro l—esti m o .mae d iz que xr ad o ra
M ew sana—amarra p a ti amorr er ?:
RW a nem re na: m i br—timIle d ia. «d e Tri a l c ons tante ram
Shaw Errada d a v e z d uv i dªm.W-s Iªrama r euni ram1 m m ? !
F .a vEMmJ “m.: ut i—s rs .—a sQue mMelina! m inuta .! "
nin anv i s a-mm .
Laªi?—libe r ta m —1 un: now - i ma emma
unila nns mas uniam—au num
ou cor re cção nn p o s su anons as As .
Aqui , olha ago ra, d o Tejo as are iasCom s angue ens opadas , e o p ovo a d ize r
Que é s tu libe rd ad e ! se ao som das cad e ias ,Se em rio s d e sangue no s faze s morrer
E tu libe rdad e , s em sangue e sem ferros
Bem po d e s , bem sabe s , no mund o surr ir,
Mas casam- te o nome ao s nome s o s e rro s
D'
apos tolo s falso s , não pod e s flo rir !
Não p od e s , que a turba, que o s pas so s te segue ,
C'
c fel d o s partid os se d enta a rugir,
De scrê d a tua força, só c rê s e p e rs egue ,E smaga—te o s louro s , não pod e s florir.
Esmaga o s altare s , o s thronos e smaga,As le is , o s co s tume s , que r tud o alluir,E sp inhos s eme ia, d c pranto o s alaga,Comp onto s te rega, não p od e s ilo rir.
Aos od ios incens a, p roc lama vinganças ,Suppo em—s e re inand o n
'
um p ovo a fugi r,De rriba o pas sad o , s emfé , sem e sp
'
ranças ,
Invoca o te u nome , não po de s florir .
Do s laço s mais santo s faz brinco e ssa turba
Paixõe s ou int'
re s se s no p e i to a nutrir,
Apaz d as famílias d e sp reza, p e rturba,
Aos ais embalada não pod e s florir .
Bem vês que faminta, ard end o em cubica
Do povo a agonia vae lenta me d ir ;
Bem vês como a raiva se accend e , s e atiçaCo
'
a vis ta d o o iro ; não pod e s florir.
186 um ror rrca .
E como ! se as mas po r ti consagrad as ,Aos idolo s falso s as vês pro s tituir !
Se emmal da jus tiça ve s fronte s c 'roadasDe c
'
roas alhe ias ; não pod e s ilo rir !
E como ! se aos grito s , vo r « libe rd ad e ! »
Te algemam, te insultam, teu ro sto a cusp ir !
Ter crime s po r threna quem pode ? quem ba- d e ?
Não, s abes , não queres , não pod e s flo ri r .
E nãmque o'
s u- m p or uuvens ui d ad o ,
Meus cantos qui s e ra sagrar—te d'
amor.
Meupe ito que e livr e. mais livres temkyn nas
Que alt ivo s oubra'ncanta—te e. louvar.
“
Mas como ?s e err ante . teus olhos d ivinos
Que fo i . que não s abe s e r hoj e o que fora .
Que e sque ce ess es mapas d'
hero ie o valor .
Que esque re laquand o dane spanha oppressoraSeu jugo tro cava n
'
um throno d'
amar .
S'
um thre na que (E bravo s alçavnm ça'
lança
Que o pei to varava d e e s tranhem .
S'
um thro no fundad o nas le is . e na rs p'
muça
D'
um jugo suave . d'
um jugo d'
umor .
I us hoje"bem sabe s . la andas fug i d a
Teunomi- rá anda casad o m pavor
Se um d ia vo lve r-a s nas an i am id a
Dr tantu «muda-k'
que « 1a auvlr !
on cont racção nn p o s sa s MODERNAS. 159
A J UL IA .
(INVOCAÇAO .)
Oh meuanjo que mandad oPorbeus fo s te p
'
ra meu guia,
Amparai-me bondad o so ,No s meus tranco s d
'
agonia .
Ninguemmais que tu sabias
De meus praze re s a o rigem ;
Sabias d e meus amôre s
Com, J ulia, s inge la virgem.
Sabias d o s juramento sQue seus labio s p ro fe riamSabias que só a e lla
Meus atfe c to s se volviam.
Tume smo me contemplas te
Quand o p lac id o d o rmia ;Ouvi s te emmeus d oce s sonho .»
Que s eu nome rep e tia .
Vi ste -me c om e lla a sós
No s meus braço s re clinad a
D'
e lla ouvi s te tu é s meu,
Eu s ou tua muito amada .
Me igas cançõe s , que na lyra,Emseu louvor d e seante i ,
Bemmo s traramquão s inc e ro
E ra o amor que lhe vo te i .
Li l lA POÉTICA
Ve io aqui sobe rba RomaA quebrar sua altive z ;
Que com fe rro e fogo a d oma
Viriato , o montanhez
Ao braço d o luzi tano
Ve rga e cae aud az romanoEm sangue banhad a a te :
Aind a as c inzas d o imp e rio
R epe tem no cemite rio
m n o o P onmcm !
Hoje ainda o s mo iros trememDE G IRALDO summv ou
De raiva convulso s tremem
Re co rdand o o s eu:,valor !
EmOurique Affons o talha
Com sua e spad a a mo rtalha
Do s d e sc rente s d o Se nho r ;
Ao s om d os hymno s d a gue rra
J o ã o Se gund o os ente rra
EmArzila e Azamor !
E spanha, vai do sa Espanha
Gemend o curva a c e rviz,
Que quase a c'
roa lhe ap anha
Dom J o ão , — Me stre dº
Aviz.
P ortugal, bem fe z teu p c“
Quand o em s eu e sfo rço novo
Dom J oão p o r seu re i quiz,
Fo i então que a E spanha e scrava:
T remend o s e us olho s crava
Na p atr ia d'
E g as Muniz!
Am nnno '
r a—Vn m ma!R epe te d o mundo a voz ;
Ao longe o ec co s e pe rd e
ou cou zcçâo na p oxsn s uonm as .
Ond e os ge lo s vivem sós !
E ra a e spad a fo rmidave l
De DomNuno o Cond e stavel,
O sol d o s no sso s avós
T od o s os lo iro s da gloria,
Das batalhas a vic to ria,
T ud o então e ra p or nós
Ond e vão e s sas gale ras
Cortando as ond as d o mar ? !
Ond e vão , que novas e ras
Portugal ha- d e marcar ? !
Nas ondas que não conhe c em
Que nunca ad ormecem
Que tentam ellas buscar ? !
Oh ! quemé e sse valente
Que olhand o p'
ra o Oriente
Vae o caminho a apontar ? !
Oh quem é , como se chama
E sse gue rre iro da c ruz
E'
p ortuguez, e o Gama
Que apatria dá nova luz !
Labrada Não temo a mort e
Que a vid a confio ; s orteP or meu re i , e por J esus !
Da patria o nome não find e ;
Que Mos sambique , e Me lind e
Na sua histo ria eu já pu;
Oh! V asco , teu alto fe i to
E'
grand e , mas tem rival
Que o s brio s ard em no pe i to
D'
Albuque rque e d e Cabral !
Tambememterra estrange ira
166: M W”
P regaram no s sa band e ira
Semme d o d o vendaval;
De scobriram, c onquis taram
Como tu tambem bradaram
P or J e sus e Po rtugal!
Se o braço d o s po rtugueze s
Era como o d e Sansão ,
T ão fo rte c omo o s arneze s
Tambem era o co ração !
Nemvi s p rome s sas , nemme tia,Nem o iro dad o em segred o
Lhe s comprava; uma traição , .
Que la s ta e d iss o timbra.O cas te llo d e Co imbra
A lançar e s se p regão !
Mas não fo i s omente a gue rra
Quem tanto nome lhe d eu ;Qu
”impo rtam co isas da te rra
Aquemas te ve d o céu
O o iro trocar- s e em ro sas
Nessas e ras milagro sas
Uma rainha me r'
c eu? !
Virtud e na monarchiaMe igo amo r, d oc e po e s ia,Tud o Deus no s conc e d eu
Oh ! que um te rno e cons tante
Fo i e s se d a p obre Ignez !
Que o d iga o c e dro gigante
Que a e scuto u tanta ve z,
Quand o tris te e pensativaV inha ao bo sque fugitiva
Quebrar da no ite a mud ez !
166 m mnom e s .
Aco rda, que o temp o c orre ,
Que o d ormir não é vive r !
Uma nação tambemmorreTambem tumba had e te r !Patria, patria, ouve e s te canto
De umfi lho que te que r tanto
Qualnenhum te pod e qu'
re r
E rgue- te d e s se teu le ito
Que inda tens d entro no p e ito
Um coração a bate r !
Se o s lo iro s murcharam tanto
Que , se p rec izem regar,
T od o o meu s angue o meupranto ;Aqui te venho o il
'
e rtar
Eu darei a minha vida
Po r não ve r mais abatidaAminha te rra sem par !
Oh d e ixa d e ser esp ec tro ,
Toma d e novo o teu scep tro
E tornar-ás a re inar !
Lisboa27 d e julho d e 1818 .
Pau crsco J o s s Pmm s Pau ra .
AO AUTOR DOS VERSOSANTECEDENTES.
Se eu fôra d as bellas o ente mais caro ,Em teu p e ito amavel quize ra habi tarT eus ve rso s tão me igo s ouvira com go s to ,Se eu fôramulhe r c apaz d e te amar .
Se eu fôra d'
Eneas igualno cantor,
As trovas , que faze s , quizera imitar,Se eu fôra uma c
'
róa te c ida no s c éus
Na fronte d ivina t'
hi ria ponzar.
Se eu fo s se pas to ra d e um p obre rebanho ,P o r um d e te us ve rs o s qui t e t a- o trocar ;
Se eu fôra sobe rana d e to d o o unive rs o ,
Pas tora comt igo vivera d'
amar .
Se eu fôra poe t isa, se Su m. sublime ,No s verso s que faze s , quize ra es tudar ;
Se eu fôra d ivina, s e e sp o sa d e umDeus
Quize ra c omDeus po r ti p e rjurar .
Mas eu não s ou c'
rôa, nembella, nemSu u ,
Nemrica sobe rana capaz d e te amar
Sou fraca mulhe r, que , vi rgem d'
amóre s ,Amand o o s teus ve rs o s começo a p ensar .
LIZIAPOBI'
ICA
AO AUTOR DA PARODIA
Se eu fôra da auro ra a e strella formosa,Só para teus olho s qui zera brilhar
Bebera em teus labio s milbe ijo s d e fogoSe eu fôra uma aura librada no ar .
Se eu fôra d a fama a d eusa pod'
rosa,
Ao s e vo s teus canto s fize ra chegar ;
Se eu fôra um auspíc io d e mago porvir
Amer, honra, e gloria te havia fadar .
Se eu fôra d os prad os cord e iro innoc ente ,
Submis so , teus p és biria buscar
Se eu fôra uma p omba, s ens ivelfague ira
Quizera em teus laço s cahir, e sp irar.
Se eu fôra da ro sa bo tão sem e sp inho s ,
Quize ra em teu se io abrir, e murchar ;Se eu fôra d e Sapho a lyra immortal,Somente aos teus verso s a viras sagrar.
Mas eunão s ou'
s tre lla, nem fama, nemflôr,Nem lyranemaura librada no ar ;
Sou triste mulhe r, que a um vate raivo so
Afuria emque ard e p e rtend e calmar.
ou cou ncçiio nn p onsu suonm u . 17!
MAIS OU TR A PARODIA .
POR OUTRO PARODIANTE .
Se eu fôramonarcha no throno d'
AJgod re s
O sce p tro d o s Lus o s t'
hiria
Se eu fôra o'
Nume, que sus tem—lhe o sólio ,
De jo ias , e d'
o iro te biria c'
roar
Do Marte d'
Agrella s e a e spad a c ingira,
A'
s plantas submi s so t'
a hiria curvar ;
Se e u fôra agio ta s e Romão ou Roma
O alcaçar, que habi tas , d e no tas bo rd ar
P rop ic ia ao Belfas t, s'
eu fo ra uma onda
A are ia, que p i sas , quize ra hir be ijar ;Se o anjo d o s Re is a d ic tar P ro to c olos
T eu nome emGramid e quizera—o lembrar
Se o Centro patusco das quatro cabeças ,As tre s, po r teu go sto , biria co rtar ;Se a lyra allinada d e R e cta Pronunc iaNo coro das graças te biria cantar
Mas eu não souMarte Nep tuno ouMonarcba
Nemlyra, nemanjo no s céus a brilhar .Sou tris te pascac io , que vive n
'
um ermo
No s fad os d e Lys ia pasmad o a s c ismar !
(Anonimo .)
A e u P on'
r rca até ao prezente não temquer id o
pu iear nas suas paginas p o e s i as em s entid o olitic o al
gun. Para não fi car rmcomple ta a c olle cção e_paro d ias
que hoje publica vae tambem e s ta—s ennx cnp çao .
LIZIA POÉTICA
UM P E R J UR IO INV OLUNTAR IO .
« 1,Quem viu um olhar s e ºuro , um ge sto brand o ,Uma suave e ange li ca e xc e enc ia ,
Que t ive s se contra ella
Camõe s Luzu nas , C.
J ure i que eu não have ria
P or amôr me c ap tivar ;
Nada eu via que pod e sse
Faze r-me a jura quebrar.
Mas na terra havia um Name ,
Que não julgue i d eparar ;Um só move r d e s eus o lho s ,
Fez minha jura quebrar !
Anjo s d o Céu —não tente is
Meu juramento imitar ;Ha no Brazil quem vos pod e
Fazer a jura quebrar !
Se Virginia ao p roprio CéuPod e faze r p e rjmar
gComo havia o fraco humano
Sua jura não quebrar ? !
R io d e J ane iro—1848 .
Gu mmo Com u ns Amxma Portman .
LIZJA POÉTICA
MAIS UMA PARODIA .
Se eu fôss e d e Thebe s o vate affamad o ,Na lyra quize ra teus d o te s cantar ;Se bri sa fague ira brincand o no s ares
T eus labio s virginio s quize ra be ijar .
Se eu fôs se d o s as tro s o as tro mais fúlgid oMeus raio s po r ti anhelara trocar ;
Se e s trella d e prata no s céus a luzir ,
Quizera comtigo na te rra habitar.
Se eu fôs se uma fad a d e mago condão ,T eu pe i to , no imo , quize ra to car ;
Se eu fôs s e o d e Papho s vendad o fre che iro
Amor em teu se ioóquize ra infi ltrar .
Se eu fosse d o mund o Ad onai soberano
Meu p ovo a teus p és eu fize ra curvar ;
Se e ffluvio balsâmico eu fôra d o s Deus e s
As auras que sorve s quize ra inc ensar .
Mas eu não s ou vate nem brisa nemDeus ,Nem fada nemas tro no s c éus a brilhar ;Sou pobre manc ebo e x ilado no mund o
Q'
uns olhos que matamnão p od e olvidar.
Rio d e J ane iro , 13 d e novembro 1848 .
m omo Panama na Cos ra Juntar.
Se eu fôra poe ta que canto s sublime sDa lyra tiras se para te louvarSe ria impassíve l ao zo ilo mordaz
A”furia d o mund o , as vagas d o mar .
Se eu fôra flo rinhamimo sagentil
O teu pe ito linda quize ra infe itar ;
Quizera em teu collo d e nivea brancura
Meu brilho s ingelo faze r re alçar.
Se eu fôra pasto r que o gado guardasse ,
T eus d ote s na ftauta faria e choar ,
Po r valle s por monte s po r se rras po r prados ,Por ve igas por lagos por p raias d o mar.
Se eu fôra umanj inho baixad o d os céusViria invizivel te '
us labios be ijar ,E tod o embebido no s gozo s d
'
amór
Semque me sentis se s te havia abraçar .
Mas não sou poe ta , nem sou tlór s ingela ,
Nem anjo que po ssa teus labio s be ijarPastor eu não sou ; sou tri ste que vago
Oppre sso d'
angustias errante a chorar.
Rio de J ane iro 15 d e novembro de 1848 .
J os ouur Fantasma na SILVA Gumm ms .
LIZIAPºm
P AR OD IA .
Se eu fôra volcão que amor accende ss e
Quizera emteu p e i to as chammas sumir ;Se eufôra e strellinha que me iga brilhas se
Quize ra emmeu brilho teus olhos fingir.
Se eu fôra da no ite o as tro d'
amór ,
Quizera n'
umraio teu rosto e sculp ir
Se eu fôra d o dia o astro fulgente ,
Quizera em sorr'
mo s a luz d esparzir.
Se eu fôra d o campo arrôio amôro so
Quizera teus ais emmeu se io sentir ;Se eu fôra na te rra pombinha infeliz ,
Quizera emteu collo tristezas carp ir.
Se eu fôra qual é s , d onzella gentil
Quizera um ins tante teu corpo c ingi r ,Se eufôra poe ta , na lyra cantaraO mund o que ence rras n
'
umao teu sorrir .
Mas eu não sou astro , nempomba ouvolcão
Nem se i no alaúd e cançõe s d e sferir ;Mas s into que em le da, fague ira te rnura
Um throno emmeu p e i to , tu tens a fruir.
Rio d e J ane iro 17 d e novembro d e 1868 .
Artr omo na SILVA Manzano .
LJSJA POÉTICA.
Da minha bella
Conta as caric ias ,
Que n'
alma accend em
T e rnas d e lic ias .
Conta o s anhelos ,
As tid as juras ,Que ao p e ito levam
Aureas venturas .
E se o s olho s tam fermosos ,Carinho so s ,
No s teus , led o s , s e fi taram,
Subtrahind o ao coração ,
Exp re s são
Que s eus labi o s occultaram?
S'
a face , nivea ro sada,
Tam be ijad a,Sobre o c ollo d e scahiu
Se d'
amór te rno susp iro ,—Ou d eliro
Veloz d 'alma lhe fugiu?Se uma lagrima furtiva,
E xp re s si va
De saud o so e grato amo r,
P ela fac e d e slisou
E a fe chou
N'
alvo s e io incantad or ?
Ou s e em s onhos d e ventura,
Com d oçura
O meu nome pronunc ia ;Se terna phras e amo ro sa,
Carinhosa,
Comenle io balbuc ia
ou corre cção m: p o s suanonman s . 1119
Querida ave s inha, tam bella, tamlinda,De sprend e o biquinho , tamme igo , formo so ,Ao vate refe re n
'
um hymno saudoso
Os mago s incauto s da joven Carlinda.
A voz tamcano ra, tam meiga, c ele s te,Do s labio s vi rgine o s o ri so d
'
amºr,O arfar d e s eu c ollo d e nive o candor,
Os vo to s s inc e ro s que d'
e lla trouxe s te
Ah ! c onta- m'
o s , c onta, gentilave s inha,
Fague iras no tic ias da cand ida amada,V em le da po isar - te nalyra d o i rada,
As p enas ad oça que eun'
alma jatinha.
R io , 1848 .
ANTONIO Panama na Cos 'rA J UMIL
A CEIFEIRA .
Ha quem d iga po r inveja
Qu'
é s fe ia p or se r tri gue ira ;
Dizem as d amas da córte ,
De ixal- as d izer - ceife ira.
Quize ra que ellas te vissemFe i ta s enhora fe s te ira ,Que me d i s se s sem d epo is ,Se e ras ou não fe i tice ira !
Que vissem comque requebro s
T e vais ame rcar na fe ira
Que vi ssem como innocente
Vais depo is pular na e ira.
182 Lllu POETICÁ.
E LI -A
Sonhe i - a e ard endo anc io so
Ame i o sonho saudoso ,Ame i ince rta visão
Nutri sua alma d a minha
De i—lhe quanto amor eu t inha
Quanto tinha o c oração .
De i - Ihe tud o o que eu sentia
Cui d e i ver- lhe a phantas ia
No seu subi to rubo r
Um iris que a e sp'
rança córa
Ou como as rozas da aurora
A aurora d'
umvivo amor.
J ulgue i—lhe o e sp irito ouzad oUm the zo iro re catad o
Cobe rto d'
um casto véu
Cuid e i vêl- a emme igo laço
Dar—me a te rra n'
um abraço
E n'
umbe ijo d ar—me o céu.
De i—lhe o vas to sent imento
Que e ra o meumaio r tormento
De i - lhe o s o il'
re r e o p enar ;
De i—lhe o que fôra e o que e ra
E te r mais ind a quizera
Para mais inda lhe dar .
imagine i - a innocente
Vibrar toda ao s opro ard ente
Da mais ard ente p aixão ;Como entre lavas c read o
V ibra o lyrio , d ebruçad oNa cratera d
'
umvolcão .
ou con e cção na:p o s su auonxmu s . 183
Cre c i o sonho era bello !
Forme i - o d o meu d e sve lloDo meu ail
'
cc to o c ompuz ;Cultive i - o c omo as llores
Ve s ti - o tod o d e amore sCingi
—o tod o d e luz .
E ra e lla que eu amava
Que eu não via e que buscava
Que eu busc ava semp re emvão !
Busque i busque i po r meu damno ;
Cuid e i achal- a ; e ra engano
Cuid e i vel- a ; e ra illusão .
Vivi d '
e sp'
ranças um d ia !
Cuid e i vive r ! Na ironia
A minha e sp'
rança e xp irou
Qual no alaud e e sque c id o
Susp ira e mo rre o gemi d o
D'
uma corda que e stallou.
Quem advi nha quemp ensa
Que tortura ac e rba immensa
Asp ire i no s vo tos meus !
Combate o c c ti lto e me donho
O que eu pas s e i p o r um sonho
Ninguem o sabe sóDeus !
De seje i p o r ella a gloriaD
'
Home ro e Dante a memoria.
P o r e lla só inveje i ;Martyr fui po r me rec el- aQuiz , luc te i , soHri po r ella
Mas ond e achal- aNao s e i !
Lisboa, 8 d e ago sto d e 1848 .
J ost na Sa va K un i s L nt .
184 LJZIA POI TJGA
0 SALGU E IRO
O'
Salgue iro , que a sombra na vargem
Commys te rio me sabe s guardar ;Como tu s oli tari o namargem
Do s ribe iro s me apraz re clinar .
Se d o zephiro me iga ince rte za
Tua palida folha tremer
Corre ao p e i to uma d oce tris te za
Que d ele i ta bemmai s que o p raze r.
Ama o prad o a amena fre scura
Do regato que o segue a chorar ;
Sobre o s d ons tu d e rramas verdura
Para onvi l- o s melhor suspi rar.
Tua folha s e treme e vac illa ,
P inta vago s re ce i o s d e amor
Com brandura se languida osc illa
De quemgeme p inta a viva dôr .
Cre sça o myrto , iloreça emCythe ra ,Venha o s ris o s com graças ornar ;P re zo mais tuas folhas ; quize ra
Ver- te s empre meus ais e scutar .
J anão pod e a e spe rança ad oçar-me
De ve s empre o meu pe ito soâ'
rer
Mas embo ra ! Não que ro curar—meD
'
e s te mal, que me causa p raze r.
Da p risão em que vivo dito so
O'
Salgue iro , duplica o rigor ;
Amo Aqui n'
e s te abrigo mimosa
E'
mais viva a te rnura d o amór.
Aqui fo i que o susp iro prime iro
E lla ouviu d o me u pe ito sair ;Seja aqui ond e 0 ai d e rrad e iroDo meu pe ito se apre s se fugir.
J os i Manu nn Som.
Lone .
186 Lll lb POÉTICA
E o v non ouviu seu canto ,
Que d'
ama lhe d e spontou
P o r entre nuve s d e p ranto
E mo s trou- lhe emaure o manto
Virgemreal um encanto !
Virgem real! E e lle
Ousou s im; p o is não lhe gira
Um sangue d o s mai s fi e is
Não tem po r sc e p tro uma LyraNão tem no céu que o insp ira
Um d iad ema d e saphira ,
Que vale mais que o d o s
E que alaúd e e que cºrôa
Que d eu lus tre ao s eu paiz
E que voz inda re sos
P e lo s paço s d e Lisboa
A d onze lla ouviu- a amou- a
A d onze lla EraBeatriz.
Largo temp o ai , só nos olhos
T rocavam s eu puro amôr
Suifocad o entre re fo lho s
Como 0l i0 entre os abrolhos
Como entre negro s e sc olhe s
Concha d e exp lend id o alvor .
Que importa que fo sse um sonho
Se e ra um refle xo d o céu
E ra- o s im, bemn'
o supponho ,
Mas o acord ar fo i me d onho
Sumiu—se o p orvir risonhoDe acerbo choro n
'
umvéu
ou con e cção o s p e r sa s uonnans s . 187
De Sabo ia vemmensagem
Que a Be atriz implo ra a mão ;
Que pode o amor d e um pagem
.Apaz d e ducallinhagem
Que pod e d'
alma a linguagem
Ond e só falla a ambição
Ella a triste chora e p e d e
Que ord enavaum re i e um pac
Sua aiii ição não s e exc ede
Mas emfim pro stra- se e
Parte abord o daSinai
Partiu e s sa agonia ,
Que o moço alli sentia
Quemha quemn'
a avalia
Se a não Ninguem.
Se acaso a pouco e p ouco
Não viufugir- lhe e louco
Soltand o um brad o rouc o
Que ummar d e foi contém
'
Não d is se ai pobre ai triste !
Que um p e i to não re sis te
A'
d ôr , com que o fe ris te ,
Meus a tanta dôr !
Que eu s into n'
e sta alma
P end e r semvida a calma
Qualpend e a folha a palma
C0'
o vento abrasad or.
Sam a Garw ura no Mor r is Swan era a d enominação da nau, emque seguida de uma frota lus trose se parti ua infanta paraSaboia.
e sobre a vaga
Que o céu c o'
a eSpuma alega
Na immensa , e the rea plage.
Se vae p erd end o a
O triste fi ca abso rto ,
De svaira e semi—mo rtoSonhou s eguil
- a ao po rto
Cruzand o o a vao .
Mas duro d e sengano !
Nas o rlas d o oc e ano ,
Soprand o , o sul tyranno ,Lh
'
a e scond e ao s olho s s eus
Ao s olho s , que elle fi ta
E o s braço s e rgue e agi ta
E clama em voz aillic ta
Clamar só ousa m aus !
III.
Ad eus ! a de sgraça
No s fe re e mald iz
E ha quem d e sfaça
Po rvir tão
ficas comigo ,E até no jazigo
Se rás meu abrigo
Se rás ó Beatriz ?
Ad eus ! ne ss es d ias
E no ite s gentis
Tubemme di zias
Que as trovas que eu fiz
Revi am doçura
E tanta d emo ranão tinha dura !
Fo i certo Beatriz !
LIGIA POÉTICA.
E'
d ia. J á se d isfruc ta
Cintra que ao s valles surri
Ai ne s ta musgo sa gruta
De i tad o na lagêa bruta
Um cadave r jaz alli !
E'
formoso émoço ainda.
Barbas Traja dó.
N'
e s sa fronte nobre e linda
T em um s ignal que só find a
Da campa no e scuro pó.
Signal que a TURBAmesquinha
Não sabe po rque o não lê
N'
e s te s ignal se advinha
Que uma alma alli se continha
Alma que AMA E ESPERA n cat .
Negra enlaçad a mad e ixa
T em sobre o p e ito na mão ;N
'
e st'
outra temuma cude iro
Emque a sua e xtrema que ixa
Vazara no co ração .
Dizia em c ima : SAUDADE !Dizia : Bnã '
rurz , no
Da trova a suavidad e ,
Do moço a belleza a id ad e
E ra talvez Be rnard im
To rre d a Cunha d e ago s to 1848 .
Anr omo Panama na CUNHA.
192 LIZIAnom e s
Oh ! d o mendi go ha d e ouvir
O seu lúgubre carp ir ,Ha d e as p enas re d emir
D'
e s sa alma tam d efinhada .
Po r p ied ad e anjo d o céu
Dai e smola ao d e sd ito so ,
Q'
o vo s so r ic o mantéo
Cobre um pe ito carid o so ;De vo s so s conto s a mil
Bas ta ap enas um s e i til
P'
ra ti rar- me d'
e ste vil
Negro fad o las timo so .
Passa a be lla e nemo pobre
Vê , nem ouve o s eu p ed id o ;
Ella e moça , rica e nobre
E lle é ve lho d e svallid o ;
E se acas o o vê p enar
Vira o ro sto amurmurar
Melho r fôras trabalhar
Ob p obre d esens o ifrid o .
Do mend igo tam c o itad o
T remula a voz mal s e ouvia
Ao seubordão arrimad o
A s e cca mão e stend ia ;
Na p enúria ass im gastavaA vid a que ja p e savaN
'
e ssa fronte que ve rgava
A'
miseria que s offria.
E no vórtic e d as d ôre sQue s eu p e ito repas savamJ á mal s offrend o o s rigo re s
Do info rtunio emque o d e ixavam
LIN K PM M .
Vi uma bóca mimosa ,
Com ld tio s de mbmm .
Purp'
ra e bello conto a rosa.
.
que dizia: de b en
l e igo s—bsando s sons de amor .
Umsato m umTambem ri c—g re com po d er ,
Mil prazeresWad e ,
Dos bens da vida o—primór
Emmudece não mais cantas ,Desd ito so trovad or !
Não merece taes de scontos
Quem da vida a tre s amantesRoubou com traição e dôr
de Janeiro 18 d e julho d e 1868 .
J o s é na SILVA MM A a nnina .
cançã o no en xuto .
No no t o d o d r ama o r lg h aú
O ALCAIDE “ DE FARO .
Triste s horas d'
um capt ivo
As polias da nature za
Tão hm m —mo d e vêr .
Nã o an vê owNec e s sa i re s—N M
ou conm çã õm: POESIASMODERNAS.
Nem o amanhece r d'
aurora ,
O raiar e o pôr d o so l;
O cantar d o ro ixinol;
A fro ixa luz d o luar ,
O sc intillar das e s trellas
Não tem olho s para vel- as
Tem olhos p ara chorar .
(p auza arrum a m.)
Cap tiva ! Nome fune sto
D'
oppre s são e d e to rmento ;
Que diz não pense s não falle s
Suii'
oca teu s entimento ;Vive alegre com teus male s
R enega d o re i—da patria
Renega d o
(AMARGAMBNTE J
Comtanto que não rene gues
De teu barbaro snnuon!Embo ra s ejas e scravoDa sua fe rrea vontad e ;
Embo ra das culto ao crimeE ve tuperio a verdad e ;
(susp znnu- sn s s nrmo .l
Meu Deus ! meuDeus !
Ha dôr profunda ha miseria ,Ha crue is trato s d e morte
Mas não ha'
morrer que valhaD
'
um pobre captivo a sorte .
Sem crime sapeca ferros
195
198 a ma rem
Era um só que rer em tod o s
Em tod os um pensamento
Vive r mo rre r pe la patriaCommum no br e sentimento !Fo s se a vida que pe rigava
D'
e sforçad o cavalle iro
Só d'
um pac se guro arrimo
J á no quarte l d e rrad e iro ;
Ou d e Cas te llão antigo
P or mil fe i to s e xce llente ;Unico abrigo no mund o ,De seu iilhinho innoc ente ;
Os tris te s que pac , que orfã o ,
T inham alivio commum:
E ra então patria d e tod o s
A patria d e cada um.
Se d a pe leja to rnavaDeno dad o carnpeão
As armas fe i tas pe daço s
Illibad o o co ração ;
Transpond o monte s e valle sAnd and o d e te rra em terra
P ousand o no p ovoad o
Ou na cabana da s erra ;
A tod o s e ra bemvind o
R e sp e i to s lhe tributavam
O p roprio filho da casa
Melho r não agasalhavam.
De spovoavam—s e ano i te
As c asas da vi s inhança ;E d epo is , ao lar s entado s ;
(Antiga , s ingela usança ,
ou con e cção mrPOESIASnons ens e . 199
Que as familias c ongregava
Em s erão pat riarchal ;
Ond e moços aprend iam
Prec e itos d e sãmo ral);
O cavalle iro c ontava
Do s trabalhos que passara
Dos combate s mal ferid o s
Das vic torias que alcançãra.
P or tod o s attentamenteE ra ouvida a narração ;
Inte ress e tomavam tod osNa historia d o camp eão .
5
Ou fo ssemgue rra felize s
Ou d e sventurada empreza
Ass imlagrimas corriam
De p raze r ou d e tris teza.
O co ração palp i tava
Por vic to rias e reveze s
Venc id o s ou vence d o resTod os e ram portuguezes .
E que vemo s hoje ?
(Se é que c ego s não andamos
Cortand o na arvore da patria
Seus bellos troncos e ramos ! )
Se rá o fogo da guerra
Intenso como elle n “
Só brio d e valor nobre
Ou vilambi ção covard e
LIZ IA POÉTICA
Esse flagello tremendo
Dond e mo ço filho sae ,
Emvez d'
he róe qual se julgaAs sass ino d e seu pas
Ond e o venc id o o que vence
Acabada a c rua lid a
A cad a ins tante re ce ia
T eme p ela propria vid a
E scutand o voz que fe re
Que d iz to rmento sem(int !
V oz do crims fratricida
Que lhe trovej'
az Caim!
Demo ra ; suspend e o go lp e
Fe ri s tes ? Treme Não vês ,
Que e s se pe ito que varas te ,E ra um pe i to portuguez !
Oh que s c ena luctuo sa !
De sventurada p orii a .
Nem umsó clarão d e fe s ta ,
Só mil toque s d e agonia !
Ai ! minha patria que ridaMinha campa d es ejada ;Berço que me d e ste vida.
Fo s te Que te re s ta?
Elevad o s coruc'heus ;
Monumento s que no s fallen»
De teus passados tropheus t
IBIZIA POÉTICA
Tenho ouvid o os sons que ixosos
De s naufrago s d e sd ito so s
No s momento s ho rroroso s !
Sem d e med o vac illar.
Mas d'
Ella umris o s em graça
a taça
Damai s c ruenta de sgraça ,Me faz vive r a chorar
Ante s quero ouvir d o norte
Os tufõ e s da brisa forteAnte s no le ito damorte
Da vida a meta to car !
Mas d epo is d e ssas tormentasP e rd em as vagas c inzentas
O c ond ão d e to rbulentas
E vêemme igas brincarP o r isso tenho e sp e rança
Que uma cele s te mudança
Ha d e faze r a bonança
No s labios d'
ella raiar.
E calou seu triste accento
Largand o as velas ao vento ,
Do Tejo em liquid o argentoFo i o barco a re svallar.
Co itad o d o p e scad or
Fel—o po eta o
Tambem s into o me smo ard or !
Tambem s e i , o que é amar
J onc e Gua nmen LOBATO P tne s .
ou con e cção na rºlam MODERNAS. 203
Me iga rola da florestaPorque e stas a susp irar
Que ro ser teu confid ente
Quero teus males chorar.
Não me respond e s lind inha?
Mão quere s mai s modular
O teu canto d e tris teza ,
Que tanto gosto escutar?
Se p or ventura tu soffre s
Insana chaga d'
ewor ,
Tambem eu , como tu, s into
D'
e s se fogo tod o o ard er .
Confia po is teus s egred os
Aquem sente teu sentir
Aquemd e seja comas tuas
Tris te s que ixas c onfundir.
Mas a rolinha amo ro sa
N'
outro raminho po i sou
Ululou que ixo sa nema
Na flore sta se embrenhou.
E'
fad o d a tris te rola
Carp ir a sós sua dôr !
P or i sso vai - te ave sinha
Deus te livre d'
impio açôr !
d e J ane iro 3 d e novembro d e 1848 .
J OAQUIM Fennema na SILVA' Gumanaens .
uzu rom
BOAS NOVAS.
Ad ieu le s vo ix d e no tre enfanceAd ieu Pun h o d e no s beaux joursLa vi e e s t un meme s ilenc eOule co eur app e lle toujours !
DE LAMARTIX É.
Bo rbo le ta toda branca
Que vens junto a mim po isar
Do id inha que tens po r fad o
Andar sempre a d o id ejarVens hoje brincar comigoBoas - novas me vens dar?
Bo rbole ta não. ,
te enganes
N'
e s sa tua d evoção
Boas - novas que me trazes
Para mim talvez não são ;
Que e u nunca tive venturas
Em c o isas d o co ração .
Que eununca tive na te rra
Quemme d es se o s eu amor ,
Quem s'
int'
re s sass e no s canto s
Do mancebo trovad o r ;
Quemme limpas se d o ro s to
O s p rantos que ge ra a d ôr .
Que eu nunca tive na te rra
Quemme d is se sse —folgai ;
Quem ap e rtand o—me ao p e i to
Só po r mim s oltas se um a i ;
Quemme d i s se s se commimo
Deixae o pranto trovai
uau t em .
Borbole ta innoc encia!»
Que vie s te sem pensar
J ulgando que boas - novas
Me vinhas as pe ito dar ;Melhor fôra não vie s e s
J unto a mim lek p oi sar .
Que no pe i to me do rmiamAs lembranças d o meu mal
Que namente me so rria
Um arrobo d ivinal
Que tu vies te co i tada !
Se pultar n'
umvendaval.
Bo rboleta toda branca
Que vens junto a mim po isar
Não cre ias que boas - novas
Me po s sas ao pe ito dar
Que eubem se i que a minha s ina
Se não pod e jámudar !
Lmz Aueusro X avm ne Famema .
não am am NÃO G o s as'
re .
Mortal—se nunca e scutas te ,
Por no ite s d e me igo alvor
Da brisa que re sp iras te
P ela p laga o e s trid or ;
E o brand o murmúrio d'
agua
No p e ito caland o a fragua ,
Cantando cançõe s d e magnaCantand o canções d
'
amór t
oucon e cção ne ve rsu s uonenru s .
E uns olhos sobre teus olhos
Fogo d 'alma a d erramarQual pharoljunto aos abrolhosNas tempe s tades d o mar ;E qual da noi te no manto
Es se astro que fulge tanto ,
Uma lagrima d e p ranto
No s olho s a de spontar
Se infeliz jamai s ouviste
Quand o as sombras mudas são
Quand o a no ite ass im e tri ste
Susp irar um coração ,
Susp irar que me igo e sp ira ,
Qual som que vago d elira
Quand o as co rdas d e uma lyraR oça tris te a viração
*Se jamais junto ao teu pe itoOutro p e ito e stremec eu ;
Nemprovaste o mago efi'
e ito
De o sentir junto d o teu ;Nem n
'
umpallid o s emblante
Devisas te em curto instante
Um sus p iro d elirante ;
Que no labio e s treme ceu;
Se d e um halito fague iro
Como o mel d'
alvo jasmimNão p rovaste umtrago inte iroSobre uns labio s d e carmim;Se entre as sombras d e umd e sejoNão gozas te um terno be ijo ,C
'
o amôr casand o o pejoN
'
umas face s d e ce tim;
2a m eu:-
nu .
Então mo rtal nunc a vi s te
A natureza s em véu
Arbus to fi nado e tri s te
A'
sombra d'
um mauso léu.
Que Deus e que tu ad o ras ?
Que ventura e a que imp lo ras .
Tu que , na c io ,tud o ignoras
Das harmonias do céu ?
ANTONIO Fuente ne Sm a Pa r em .
Aminh'
alma e ra tri ste e tris te os olhos
Brguia para o s céus ,
A'
s es trellas ped indo , ame iga lua
Um só olhar d o s ano s .
É ouvi a flauta a modular ao longe
Suave me lod ia
E ped i—lhe palavras como as sua s
Palavras de poe s ia.
Das flôre s asp ire i o grato aroma
Que o ar embalsamava
E p e d i- lhe um pe rfume c omo aque llo
Que o seu se io e xhalava .
E da no ite senti a fres ca bri sa
Brincar» mo nos c abe llo s
E p e d i- lhe umbe ijo , como o s be ij os
D'
aquelle s labio s be llo s .
Neme s tre llas , nem flauta nem flore s
Nem a bri sa e scutoumeu p e d id o
E a minh'
alma gemeu soli taria
E na lyra coho onum gemid o .
J ulho d e 1845 .
J o se Mama no Casar. Brum
0 um rom ca .
Em seu p e i to tem gravad o
Tua imagem tão fo rmo sa
Não olvida o lho s qu'
enc e rram
E xpre s são tão amo ro sa.
Po rém ai ! que o d e sgraçad o
Vivend o só d'
e s pe rança
Vae curtind o ac e rbas d ores
Po r um Bem que não alcança !
Tu lhe appare ce s em s onho s
Ce d end o ao s rogo s s eus
Mas e sómente sonhand oQu
'
elle goza os favore s teus .
Vend o - se p o i s , d ominad o
P'
lo mai s intens o ardor
Manda humild e suppli ca t—te
Allivi o p'
r'
a sua dôr .
Diz-me p o is Lilia gentil
Se tens d'
elle compaixão ;
Falla falla p o r p ie dad e
Dize — Lilia —Sur , OU Não ?
Rio d e J ane iro , d e d ezembro d e 1848 .
J OAQUIM AUGUSTO na CUNHA Poe'
r o .
ou con e cção ne POESIASmeneam e . 211
AN HE LO .
OFFERECIDO A'
ILL.mª SNR .
ª D. I. M. S. M.
Se a lyra tive sse d e ve lho d e The io sCurvad o me viras teus mimo s cantar
A Musa tu feras d o bard o d ito so ,
Di to so p o r te r teu cele s te insp irar.
Na lyra d o irad a só tro vas d 'amôrComme igo s enlevo s o viras vibrar
Ouviras s eu canto d e mago fe itiço ,Sentiras d o bardo tam d oce gozar .
Camara—te o garbe d onoso gentil
O riso fague iro em teus labio s brincar ,
O aroma fragrante d o s lind o s cabellos ,Tens olhos tambellos luzindo amatar.
Cantàra—te as fallas s onoras d ivinas
Do collo tam alvo dulcís s imo arfar ,
Das fac e s mimo sas tam puras ce céns
Tamlindas que a bri sa vemle da be ijar.
Mas que p ôd e um trovador
Sem laúd e sono ro so
Sem linda Musa que insp ireDoce canto harmonioso ?
No alaúd e d e spre sad oDe sfer ir comme igo ard o r
Que pôd e me squinho bard o
Se ap enas ve d e samôr ?
2“ LIl IA POÉTICA
São cobertas as pare d e sD
'
aureas red e s
Sobre panne s d e se t im;O pavimento é juncado
De bro cad o
Com laivo s d e carmezim.
Vejo em c ima d o s tape te s
T re s bofe te s
De finís s imo cbarão
São d e nacar guarne c idos
Imbutid o s
De mad re—p e rola são .
De rramambrand o s o d oresAlvas flore s
Em seus vaso s d e c o ral;
De marfimjunto a uma jarraA guitarra
P end e ao mo d o o riental.
Em c aço ilas d e alabas tro
Como um as tro
Entre as nuvens d o rme luz
O fumo , que ve rte o lume ,
Co'
o pe rfume
Do nard o e ambar s eduz.
P e las co rtinas d e smaia
Na cabaia
Do s ol e vivo fulgor ;
De smaiad o vem sumir- s e
V emfund ir—se
Na phantas tica d e scer.
oU COLLECÇAõne p oe sras sronemvã s . 215
No aromatico ambiente
Vaga a mente
Sonha louca e cega e vãa
Embriaga—m'
a um d e sejoMas que vejo
Sobre e s te fre ixo d ivan
A'
clarid ad e lasc iva
Semi - viva
Se re clina com d esd em
Uma o dalisca fo rmo sa
Como a ro sa
No s jard ins d o vas to harem.
Um CAFE TAN fluctuant e
Elegante
De d amasc o côr d e céu
Com arabe s co s d e p rata ,
Se d e sata
Lhe d e scãe qual solto veu.
E revelia outro ve stido ,
Que é c ingid o
P or d o is fio s d e rubis
De gaze branca d e s e da
Que arremed a
Da auro ra o s manto s subtis .
De azeviche longo s , bello s
O s cabe llo s
V em- lhe no c ollo po isar ,
V em be ijar- lhe o niveo se io
N'
um anc e io
Palpitante a so luçar.
216 LIZIA POÉTICA
Que faus to sa s ingelleza
Que lind e za
N'
e s se toucad o não
Se a sultana mais d ile c ta
Do p re phe ta
Seu n u oce as s im trará.
O rn p o c x e d e ve ludo
Baixe tud o
Combo rla d'
o iro no fim,
Sobre as mad e i xas d e scobre
J o ia nobre
De d iamante s um jasmim.
Mas não e , não e tão pura
Tão segura
Das jo ias a ni tid ez
Como a luz d o s olhos d'
ella
218 1.1e p o e r rc x
Eu sou soldad o e d e Move rte ao camp o
Altivo c o rro e scuto a vo z da glo ria ;
Mas d epo is da pe leja , tris te encaro
E strago s da vic to ria !
Deploro a vãa ce gue ira a furia brava
Que a banhar—se no sangue a gente obriga ;Abo rreço st canhão o fe rro infe s to ,
E a falsa honra inimiga !
Sim Marilia outra glo ria não pre tend o
Que d e teu puro amo r se não d e rive
Triumphar d e teu pe ito só d es ejoOutra ambição não tive .
Em te u se io fi rmar me u thro no intento
Abafar em teus braço s te rna chamma
Longe d'
intrigas e raivosa invejaGozarmais jus ta fama.
Lisboa, 1 d e fevere iro d e 1835 .
J os i Ba s s ano Tra vass o s Vamu .
A NLW'
EMSINBA .
:Cuanalto vuela n i mente !
D. ne R i vas .
th do vias e a ve—s h i n!O &am pranb d
'
m a
Vhs mille r no emm e ?
e U con e cção ne p o e s ia s MODERNAS. 219
O favonio mal bafeja
A tua cauda engraçad a ,
Como vas ufana e be lla
Nuvems inha p ratead a.
Irás vêr o s aure o s facho sD
'
algum as tro d e slumbrante ?
Ond e vás ó nuvems inhaCom teu requébro galante
a
Se rás be rço d'
alguma aguia
D'
e s sas rainhas d o vento
Se rás ummanto que offusque
Arrojad o p ensamento ?
E'
s uma nuvem é s ! e no teu collo
Quemme d era voar na immens idad e
Levand o o d o ce archanjo que eu ad o ro
E a lyra namo radaAmeu p e ito casada.
Eu então— ouviria d o TejoOs cad ente s murmurio s suave s
Sentiria o p e rfume das flere sE o s sonoro s go rge i o s das ave s .
Sentiria das vagas altivas
O s e s talle s na p enha frago sa
E o rugir d o le ão re i d as feras
No s d es e rto s da Lybia areno sa.
Ouviria o s que ixume s d o bard o
Que d e scanta no c imo da s erra ,
E ouviria o s gemid o s pungente s ,E o rufar dos tambore s na guerra !
t rau m a.
E o que me dm , d o mundo
Os encanto s e pavore s ?
O d o ce cam e
O
Estallo s da vaga
Fere s leõesOs que ixumes
E e rufar dos atambores ?
T inha um anjo para encantosT inha os encanto s d e verso ,
T inha por lei te uma nuvem,
E po r casa o universo !
E o que me dava d o mundo ,D
'
e s te mundo tão perve rso !
Ond e irás oh ! nuvems inha
Navegand o pelo es paço ?
Oh ! que e d'
aurora o pranto
Vas colhe r no teu regaço
J onc e Gm uenue Lou r o Plu s.
m msn roe'rrca .
Se Barba—roxa um tro pe ço
A meus triumphe s só é ;Se crusa o Me d i te rrane o
Na sua ousada gallé ;
Se na Sic ilia se emNap ole s
O povo e smaga co'
o pe
Se altivo Tuni s me usurpa
Só para ao till'co agradar
He iod e remil- a que impo rta
Do s seus muro s e c olar ?
Se não tem fome tem sed e
Mand e i—lhe as aguas co rtar
—Mal—pe c cad o ! grand e emPre sa
V o ssa gente não n'
a fe z
Flammengo s que la mandas te s
Não Não Nemn'
ummez.
E'
fe ito , que só
A he spanho e s —A um po rtuguez !
DomLuiz ! s e ha quem se aifo i te
Vamos que fôra um pe ãoDe ra- lhe eu para o s eu e s cud o
Dera—lhe illus tre brasão .
E vo s sa lisura infante
Vou pagar d ou- vo s Milão .
—Dom Carlo s ! não que ro pagas
SouDom Luiz Dem n'
o se i .
Que ro me d e rs e s ta empre sa
Para a gente d o meu re i .
T enho fi dalgo s—Mandat os »
—O turc o aqui vo s trare i .
Não ha duvida s e und o re fe re J ac intho Fre ire d eAnd rad e , que o impe ra o r Carlo s V ofl
'
e re ceu então , o
ducado d e Milão ao infante D. Luiz, seucunhado , a quemtractava com particular cortezia.
e U con e cção ne p o e su s mone e e ã s . 223
II.
Vae DomLuiz a galo pe
No s eu cavallo andaluz
No broque l d e p rata fina
Que ao s raio s d o s ol reluz ,
Sobre asQUINAS d e d iamante s
Leva p o r t imbre uma c ruz.
Vae p o r entre as brancas tend a'
s
D'
e s s e lus tro so arraial
Brancas , c omo as ave s marinhas
Que po i sam n'
um areal
V ae bus cand o , entre o s mai s terço s
O te rço d e P o rtugal.
V el- o n'
um c ombro flo rid o
Ond e e s tão e s se s p endõe s
Lá se d e scobrem ao longe
Sobre as armas o s brasõe s
Gou rnmo s e ve n en o s
Ane o ena s e o s Le õe s .
Me tte a passo o nobre infante
Sofrea o co rse lvelo z
E co'
o s sonho s d'
e s ta empre sa
Cuidand o que vae a sós
Come ça a d ize r comsigoA d ize r emme ia- voz :
Oh ! quem po d era se r bruxo
Para agora ad ivinhar
Deus me perd o e áminh alma
Se com i s to eu fui pe ccar !
Mas a qual d o s meus fi dalgo s
Não s e i a qualhe i—d e honrar !
Eram es ses o s emblemas d os fi dalgo s mais princ is, que acompanharam o infante nesta jornada d e
nuls .
LlZlA POÉT ICA
Ha- d e se r acaso a Tavo ra
Que e cap itão d'
uma ve z
Ila- d e ser a o me do
Nunca lh'
o vi sobre a te z ;
Ao meu Castro ao meu Abrante s
Que a vale r , é p o rtugue z?
Quem se rámai s p ara o fe ito ?
Quem commai s so rte nasceu?
Quem a Deus apatr ia ao povo ,
Mais s e rviços já rend eu?
Quemao re i quem a mim proprio
0 d eve Sou eu.
Tu —Eu. Tu He i tor Be rnarde s
Emque emp re sa me o ccupai s ?
Do meu valor d o meu zelo
Infante , vc s não lembrai s ?
Sou soldad o e vo s s o se rvo :
Infante que me o rd enais
P o is s e rás tu Do meu braço
requer , meu s enhor ?
guas co rtar d e Tunis
tens primor?
Ve re is . Ve re i . Vou cortal- as
Ou eu me não chame He itor.
Traze i -me aqui o e s tribe iro
Meu gine te o ri ental;
Venham cond e s e marqueze sO co rtejo imp e rialVamo s vêr se s e d esp ica
O brio d e Portugal.
e u rormca
Sobre o pened o e scabro so
Umvulto alli e s ta d e p éA
'
sua lança inco s tad o
Como quem n'
e lla tem fé
De itand o o s olhos a'
l'
nnis
Se fôra o E
Gentil fe ito He ito r Be rnard e s !
Lhe brada o impe rad o r .
T oma—o no s braço s o infante
—Vence s te te ns p rimo r .
—D'
ml s ó com POI no r ano
Fóra d e s i to rna He i to r .
boa palawa
Se acas o vo s agrado u
P ond e - m'
a vós d e appe llid o
Que eu senho r po r elle d ou.
Faze is—me ame rcê Curvae—vo s .
A vo s so s pé s aqui e s tou.
—B e ito r Bo zano ! e s te nomePor tal acção no s p o re i .
Dou- vo s brazão n'
anna s NOV AS
— Se Bl. - BE ! o c rzzn , o m ann .
Quand o He i to r voltou ao re ino
App rovou- lh'
o logo cl- re i .
Praias da Povoa d e Varzim se tembro d e 183 .
Ax r o x ro Pentium DA CUNHA.
ou con e cçã o ne p oe su s mene am e . 227
DUAS HORAS BM NIGTHBROY «
Fo rmo sa Nic the roy mansão d ivina !
Que tão grata ao s vivente s que te go zam
Das ventura e p razer ! e ao ente triste
Que a s ombra d e teus ramo s curte as magnasDo pas sad o saud o s o tu lhe ad oças
Os s eus duro s p e zare s c ommil caric ias
Offe re c end o—lhe , grata ao s olho s tri s te s
De teus c ofre s a mil, rico s the so iro s ;J ámo s trand o - lhe ao s olho s lacrimo sos
O fo rmo s o lis tão d e lympha claraQue tuas alvas p raias mansa rega
Ond e o s raio s d o sol s e imp rimem terno s
Ond e a lua re trata o lind o ro s to .
Emteu se io lhe o ffe re ce s lind o s bo sque s
Mudo s Só s e e scuta
O murmurio d o zephiro , ou das aves
O canto fe s tival, em que s e e leva
Do me igo Sabia, cantor d'
amo re s ,O harmonico s om louvand o a selva.
Tamanha s ensação me e o ou n'
alma
Tod o e s te e sp e c taculo sublime
Que alçand o minha voz d ebil e fraca ,Minhas que ixas , meus ais e meus gemido s
Em cançõe s d errame i , lanc e i ao longe ;
E teus e cho s meus male s rep e tind o
No s monte s e scarpad o s s e aco lhe ram !
Eu te sand o mansão porD eus fadad a !
Quempudera gozar n'
e s te teu solo
228 m m r on -
rea .
Amesquinha e xis tenc ia em paz amena !
Da cons o rte fo rmo sa ao p e ito unid o
No be rço d'
alma paz , d'
alma alegria
Vêr c ontente entre amor c o rre r s eus d ias
Sorvend o da te rnura o s d oc e s mimo s ;R ec ebe r mil caric ias d o s filhinho s
Que , o amor e a natura lhe outo rgas sem ;Vêl- os brincar jogar jogo s d
'
infanc ia
P o r entre os bo sque s ou d a p raia ao longo ,
Causand o mil re c e io s amãe te rna
Que após o tr ilho d'
e lle s vae lige ira
Seus pas so s vigiar ; mas e is que volta
Com s eus olho s maguad o s p or s e r baldo
Tal fadiga tomar e d'
improvis o
V êl—o s sahir d'
immaranhad o bo sque
Com o praze r infantilno ro s to imp re s so ;
Ella então d e s te rrand o vão s re c e io s
Ao s e io mate rnal, ligal- o s torna.
Não po sso ! p o rémle vo , impre ss o n'
alma
Os gozo s que frui no teu imp e rio
Dand o livre e spansão as minhas magoas
E vós amíõsos tronco s que e scutas te s
As s entidas cançõe s d e me us p e zare s
Guardai c omvo s e o minha s o rte c rua
A ninguem reve lai meu tris te fad o ;P o is c omo o meu c ondão é vive r tris te
T emo que umamão p'
ra mim s e e s tend a
Que me que ira abrigar d ar um confo rto
A e s ta tris te vid a que só e spe ra
Re pouso a sua d ôr , na campa fria !
Ad eus ad eus ! talve z que s eja e s teO ad eus d e rrad e iro ;
Ennamo rad o lugar , que ao d e sd ito so
E'
grato e lizonge iro .
LIZIA PORT ICA
Serás'
e s tre lla d o s cé us
Sobre e s te prado ca ida ,
Ou a s ombra d'
uma nymphaPe los bo sque s e scondi da ,
Se rás um anjo uma fada
O fanal d a minha vida ?
T eu risa não da te rra !
T eu olhar é lad o c éu !T e u c o llo são fres cas ro sas
Cobe rtas d e branco véu !
Não pod e um tod o tão lind o
O mund o chamar - lhe seu
P are ce s uma llôrinha
Arrojad a pe lo vento
Não me fujas lind a vi rgem
Que le vas meu p ensamento ;De ixa e chaar na tua alma
Daminha harpa um tris te accento
E seus cas tas negro s olho s
No s meus olho s s e cravaram
E seus labio s d e c armim
A meus labio s s e c asaram
P or mil o s culas ard ente s
Mil abraço s s e tro caram
E ra ella E e is accórd o
Tud o fo i uma illusão !Mas no meu p e i to inda rolam
Rubras lavas d'
um vulcão !
Ai ! que o s s onho s d o p o e ta
Fenem tanto o c o ração". V
J ane e GUILHERME Lag ro P lans .
ou c oe re cçaõne p ansu s mam as . 231
NO ALBUM D'UMA SE NHORA .
E'
teu nome um talisman s egura
Contra enojo tri ste za ou p ezar ,
Ond e as somas d ivina Luiza
Ave negra não pod e po isar .
Que fo rmo sura e bondad e
Graça d onaire e franque za
E sparziu a nature za
Commão larga sobre ti .
Feliz eu que pud e um d ia
Pas sar ri sonho a teu lad o
Po rémnão bem d e sgraçad o !
Vou part ir p obre d e mi !
E a trava me squinha
Do bard o igno rad o ,
Se rá mais d i tosa ,
P o is fi ca a teu lad o ;
Por e lla o s eu nome
Se ra rec ord ad o .
Bueno s -Ayre s 1845 .
FRANCISCO Mama Bonn/i t o .
o s e u rum o .
Deux jour n'
attend ant lus mais appd lant encareIl red i ra sa plainte ; e a tro is ieme auro reLai ssant tombe r san aile , ilmourra de d ouleur .
MuLe vove .)
O seu tumulo s ingela"
o tem p e d ra netirÍé tre iro ;'
tem uma c ruz e rguida
Debaixo d '
aquelle olme iro .
em m
Dae lugar , nações ahsqm ,
Dae - nos a nos sa luga ;
Vai abrir da oriente as partas
O eap i tãa d'
além-m r .
Bsn h i to audaz , que id am
Fo i prec isa anassa fama ,
Para c on n e tte l- o un Gu n ,
B umCamões para o cantar !
Quem o pod e ir hoje e rguer ?
E ra Salónmed i tand o !
E ra Ajax a combatte r lNão cança o braço possante
Ganha ummund o ; marcha avanteE vai d epo is como Athlantc
O me smo mund o meter .
Ape zar d e salp icad o
P e lo sangoentamatiz
T raz a saia arregaçada
Transbo rdand o d e rubis ;Ao seu re i leva contente
E stas llóre s d o o riente ,
Arrancadas ao c rescente
Da c'
róa d as Camoris ,
Quand o juba sacud iaO leão acc id ental
Goa arfava Adhem tremia
No seu le ito d e chris tal.
N'
ump sto he rae generºsoDo teubraço glorio so
"
seu ;
Chamas te um re i ventmos o ;Fize ste umpovo immºrtd
os con e cção ne p onen s noum as .
Só—de pe na papa altiva
Do teu nobre galeão
Soltas abrisa lasc iva
O p ortugue z pavilhão ;
É'
s monarcha d'
e s se s mare sE , s enhor d os Ind ios lare s,Tomas pos se d o s palmare sDo Sabayo e d o Hydhalcão .
Entre as d obras da band e ira
P end ente d o mas tareu
lnvolta a figura inte ira
Como emnovo regia veu
Os cas tellas conste llad o s
Revistas como s oldad o s
P ela casta p erfilado s
Pés no mar , frentes no céu !
Cáe o Naire subjugad o
Comassombro d o s rivae s ,A p rime ira ve z pros trad o
Sobre a terra d e seus pae s
Não o imped e fo rça ou traçaPõe o p é na altiva raça
Sobre as ped ras d e Mombaça
Entre as ferros d os Caimacs .
No elephante apris ionad o ,
Sobre um thrana d e marfim,
Ao seu re i manda apre ssad o
O Malayo ouCamorimDe Cambaya nos pavez
'
et? m
Cravf a lança e ,muitas ve zesDo Cale cut nos amenas
Mede as parcas de Cochim.
Aas teus gnerre iro s ôe is
Não encontra : em " a pro cura ;
Nãa lhe s davam a e s tatura
Nemas lnd icas Babe is .
Mas o s Bace ladas novas
Não pod emfi car ali ;Vence s povos sobre povosAte d ize re s : aqui !
No espaço não te c onstrange
Dias às pros trad as phalange s
P o r campa o le ito d o Gange s
Por laisa as se rras d'
Blhi !
'
l'
n deste p or Deus ao s venc id o s
Do teu glad io a fe rrea cruz
Se e lle s ind agam tranzid o s
D'
ond e vens ? quem te conduz?
Logo a replica te o cc o rre
Só o so lmeu be rço co rre
Minha patria nasc e e mo rre
Ond e mo rre e nas ce a luz !
D'
e sse s occe ano s athle ta
Vence s te até no louvo rP oud e a penna d o po e ta
Mais que a ferro d o e sculp tor ;
Emvão , p o rque o Athos d omeAle xandre s e c onsome ;Mas Camõe s gravou s eunomNa face d o Adamas to r.
lo se na SILVA Manne s Lm J uare z .
LIZIA POÉTICA
Formoso Generalife
T eus jard ins eu venho vêrDa minha raça no e squife
P'
ra vingar-me eu vou vive r !
Minha Alhambra namo radaA minha serra Nevada
Tud o tud o eu he i d e te r !
De linda sultana ai ro sa
No s labio s d a côr d a ro sa
He i d e e sgo tar o p raze r !
Nem o iro nemj o ias finasHão d e nunca alli faltar !
Come llas c em c oneubinas
He i d e eume smo ir enfe itar !
He i d e c ingil—as c o
'
as braço s
No s mais las c ivo s abraço s
Sent ind o - lhe o pe ito'
a arfar !
He i d e acc end e r meus d e s ejo sE mata!—o s commilbe ijo sE s cutand o - as susp i rar !
Nunca mai s a fria no i te
No d e se rto he i d e s entir !
Nunca mais que fo i aço i te
Fo i uma s ina cump rir !
Sobre um co x im d e bro cad o
Eu sonhare i sonegad o
Suave s canto s a ouvir !
Em vez d o s p ranto s d'
outr'
o ra
Eu ve re i alli ago ra
Me igo s labio s a surrir !
Nuncamai s a solard ente
Minha fronte ha d e que imar !
Que da patria o ceu clemente
Seus fi lho s não quer matar !
250 LIZIA POÉTICA
Roje o chris tão d e sleal !Eunão po s so te r p iedad e
Que a suffo cou a saudad e
D'
e s s e meu be rço natal !
Ai ! meus paes choraram tanto ,
Qualninguem inda cho rou !
Fo i tão c ontinua o s eu pranto
Que o sepulchro lhe s cavou !
Eu seu filho Abence rragem!
He i d e ter to da a coragem
P'
ra matar quem os matou !
Arrastaram- me ao d e se rto !
Sou leão ! E vejo pe rtoA pre za , que me insultou !
Meu cavallo , tu não cances !
Galopa a bomgalop ar t
Talve z na patria d es cance s
Ao cahir d'
e s te luar !
Galopa , que a no ite e sp ira ,
Que fel amargo da ira
Sinta as entranhas queimar !
Meu cavallo aminha te rra !
Que me chama a voz d a gue rra
E não po s so mais e sp'
rar !
Oh ! Treme i , gente s da He spauha !
Aqui vae o vo s so algoz !
No sangue , que as ruas banha ,'
Vou t ingir me u albe rnoz !
vel- o - he is to d o ve rmelho
R e tratand o c omo ve lho
As sombras d e meus avós !Do meu cavallo no d o rso
Eu s e re i c omo o remorso
Corrend o p or entre vós
Fu ncrsco J osé Panama PALHA.
252 LIZIAPORT!“
A N OIT E .
Amo o s ilenc io da no ite
O azul e scuro d o ceu
As d ensas nuvem a rantes ,
E seupranto que verteu
Entã o a te rra s e calla
E o mar bravia ce de u
E o negro mo cho agaure iraSeu canto emmud eceu .
Amo o s ilenc io dano i te ,
Quand o suave instrumento ,
N'
es t'
ho ra faz olvidar
Agro passad o tormento
Quand o leve sussurrando
Fre sca aragem brand a vento
Apresm'
ad o no s traz
Algumnovo pensamento .
Amo o s ilenc io da no ite
Quand o em lua p rate ada
Moduland o amenas verso s
Os d irijo minha amad a
E quand o tod os d ormind o
Só eu vejo d i spe rtadaA minha so rte cruel,
Minha so rte malfadad a .
Ama o s ilene io da no i te ,
Lembrand o antiga paixâo ,
Sonhand o as sanho s d e amor
Que gomnmeu coração
ou co rr e cção ne p ansu s uonn nas . 2l3.
Oh ! então s into e lamento
Só ficar re co rdação
De ssa agora javolvidaMe iga terna s ensação .
Amo o s ilencio da no ite
Quand o c ontempla a d ormir
O somno d e um inno c ente
Que d o rme sem o sentir
Que só ideas fague iras
Em sonho s lhe po dem,vir ,E que d os males da vida
Não sentiu o seu pungir .
Amo o s ilenc io da no ite
Quand o d onzella fo rmosa ,
Me iga tri s te e pensativa
Na voz languid a e mimosa
Solta gemid o s ao s céus
Aguardand o mui saud osa
Por seu bem que em longos terras
Passa vida tão penosa.
Amo o s ilenc io da no i te ,or,
Contempla o immenso pode r,Seu grand e e infinito amºr
Então ufano quize ra
Se r sublime Trovad o r
M e d ieàra ameu Deus
Doces cantos d e primor .
E jáque a lyra não vibroCam s onora melod ia
Cantare i como cantou
Poe ta d'
altamagia
LIIIA nom e s .
Como é be llo e s te s ilenc io
Da te rra tod o harmonia
Que ao s céus a mente arrebata
Che ia d e me iga po e s ia !
J ane iro , 22 d e outubro d e 1858 .
J o s e DA Sa va Mau Em e nta .
DUAS ESTR ELLAS.
No céu re camad o d e luze s semfim
T enho uma luzinha que um anjo me d euLibrada no e spaço d i stante d e mim
Ha outra , que é d e lle tam triste , como eu.
Nas ho ras mais tard as das no ite s d'
e s tio ,
Eu vi as luzinhas ouvi - as fallar ;
D'
anil entre as aguas d o patriameu rio
Seu fogo mil ve ze s lhe s vi re tratar.
De no i te , nas fragas lascadas d o s mare s ,Senti a tam ente na rocha bramir ;Fite i o s meus o lho s n'
um c éu d e safi ras
E a e s trella eu vi d e lle p'
ra mim a s orrir .
Seu fo go d ivina que as s imm'
insp irava ,
Por veze s brilhante no s c éus fulgurou ;
Mas nuvemmald i ta que o s are s toldava
P'
ra s emp re ameus olho s s eu fogo oc cultou.
Vague i d epo is d is so no s campo s sós inho ,
Nemmais vi a e s tre lla que anjo me d eu ;Sente i - me nas rochas and e i sob
Fugiu-me d o s olho s pe rd ida no céu.
Pe rd i ne s ta vid a vive r insp irad o
Find au—me d e rate c e le ste co nd ão ,O mund o brad au—me com bafo ge llad a
Na te rra que habi tas e tud o illusão .
J . Acom.
256 m m vam u
J á rompem gallo s s e u cantar ; rep icam
Led o p raze r os bronze s que balo içam
No s to rreõe s da Sé ; já lavra ac ce s o
Confus o vaguear , trºpe l d e po vo
Fe rvend o pe las praças refe rvend o
Nas ermas ruas . Me ia—no ite ! a mis sa
V embre ve me ia - no ite ah que e streme ce
O nobre D. Gun nur. Lá se e rgue ,— e lindo
;Que lind o , que não é !— c omo lhe as sombram
A lisa face imbe rbe as annelladas
Mad e ixas d e azeviche , —em que o barre te
Dobrad a e carmezim tinha co s tume
De realçar a graça ago ra nuas
R e voltas po r suamão c onvu lsa ard ente .
Que rico e seu calar ve lud o e p rata
V elud o negro o se u g ibão ; são negras
As mangas e d e annil,— d os véus mais puros
Que empre s ta umpura ceu ao lago amênoDo s lírios na e s taçã o : d e annil as calças
Mo s trand o ai rosas formas que o s scopros
De Phi d ias ou Canova a cus to o us aram
No jaspe d ebuxar , que mo rrem pe rd em—seEm p re to bon eguim ;— lavrad o c into
A bempolida e spada lhe sus tenta
Que pend e a re luzi r na saia e scuro
Como o longo co ris co a sulcar fe rvid o
Os told es d a p ro ce lla ;—e raio a e spad a
J á fo i a vidas mil —gravou infamia !
Na face a eamp iões ,—que havend o jo i as 3
N'
ellas e D. Gum m quem semp re vem ;
D. Guannnl , tod o amor que modulava
De BRAGA no s saraos earp id os hymnos
No te rno bando que se casaram
Com trovas namo radas que o mancebo
ou corre cçaõne r oe s ras no onan s
Ousava sole trar no s labio s tremulas
A D. ELV IRA ne GUSMÃO que o be rço
T ive ra nas He spanhas em Sevilha
Sevilha amui louçã , ai D. E lvira
A vida lhe dairou ; amaram- se ambas
E como se ad oravam!—zmas que abrolho sP or entre e s sas boninas rebentavam
Que e sp inho s , que remorso e que ciume s !
; ELLA nos braço s d e FERNÃO d e um e spo so !
Zêlos zelo s Fenuaõ fôra a castella
Ficara ELV IRA só.—Na Sé quem
Se fallar- lhe podera ah ! pod e .—Arrojos
Quemnão comme tte ? Pód e . Occulta avis o
Rec ebe D. Guar a ra . Irã se p e c ca
Peccas se embora ! ha d e ir . Pec cas se embora
Emno ite d e natal Punge a remorso
No pe ito Me ia no ite E is que re p icam
Garrid o s s ino s outra vez. J cobre
O ro sto com sombre iro e já se e scond eEmhumild e gabão ; benzeu- se , e parte .
Vac mansa a no ite ; a lua emp rata alvís sima
Banhand o a vas tid ão d'
e ss e ho rizonte
D'
e ssa varzea subtil emque as papo ilas
São d'
o iro a fulgurar , nas tard e s ho ras
Nas ho ras mortas d o vive r , pairava
Qualpomba d e marfim co'
as azas nítidas ,
Saud ad e s a cho ve r ; a verte r branda
Álvas'
p'e r
'
las d e luz s obre a c idad e .
Disc orre Braga inte ira: as e vão rancho s
D'
alli d'
aqui , d'
além. Sorvend o as turbasNas rend ilhadas fauce s d e granito
Campea a cathe d ral; nas largas fre stas
De variegada cór—borbulha incerto
eso e ra rom c s
A'
carm a nos ums ? ! vae ce rto , e ahi dentro
&Que impo rta quem lá jaz ? Que valemmo rto s
;,Que impo rta quem lá jaz? Entram—BLW !
Lhe grita me iga voz— Ee vm l— e a louca ,
O louc o D. G r anma: lhe cáe p ro s trad o
A rir , a e rgue ram- u mbo s
Pallaram mui to e mui to : o que d iz iam
N inguem pod e sabe r . Allim,— eu juro ,
O moço lhe bradau , eu juro Be r n a
P o r e ss a chamma que ali vela acc e sa
E pallida e c onvulsa a luz da alampada
Crep ita e morre . Deus , Deus meu !—De E nna
O rosto sem rubo r , vae ace itar- s e
No pe ito d o d onzél;—Er.vma !— e c erra- a
Nos braços D . Ge ae nm , aque tens ? ;,que teme s
;,Que temo ? ;. P o is não trevas que e stam
O no s so amor ? ; Que e u juro , E nna ,
P or e s s e mo rto que ali d o rme Oh ! cala- te !
Po r D. Lau m ea que c e ifou oh ! cala - te !
Po r D. Lom a ço , pro fano !—E trava
Do braço a D . Gr a rnm mão fe rrea e to rpe ,
Que vem d a e s cur id ão z— p rofano !— e e scoa - se - lhe
P o r entre o s d ente s , a range r—p ro fano !
151.v d e sma iou. lntenta o moço
Intenta d efend e r- se ; a e sp ada ai tri ste !
O e s pe c tro lh'
a arranc ou ! forceja em bald e
Que rija e rud e mãoo p rend e o puls o
Lhe quebra e d e s pedaça e mud o e lobrega
De roja pe la e rás ta o le va , e le va—o
V .
V inha a gente da m s s a no c arr o ,
V inha a rir a c orre r , a folgar ,
E is que pára e s tremec e e recua
Que viu co isa d e muito pasmar .
ou corre cção ne p o e s ras aroneanas . za:
E s tend ida no me io da te rra
V iu ao baço clarão d o luar
Ummanc ebo com cem cutiladas
Que mataram ali mal p e sar !
Como fi o s d e“
roxo s co rae s
T em o sangue ainda mo rno , a manar
P e las galas , que tinha ve s tidas
P e las galas d e cus to s em par .
Fai—se a gente chegand o e chegand o
Fo i - lhe o lívid o ge s to amirar
E J e sus ! D. GUALDIM ! clamam tod o sQuem cuidam de as s im te encontrar !
Fo i aSé n'
uma tumba levad o ;V ão a crasta para o s epultar ;
Na e s p e ru no s ne rs D. ELVIRA
Foramqueda e s em vida topar !
J áno céu d espontava o s olnad o
Vinte pad re s o s vão ente rrarN
'
umas campas irmãs bem chegadas
Que só mo rto s s e pod emamar .
J á lá vinha d o c ima d o s monte s
Vinha o e scuro d a no ite a c e rrarOh que vulto me d onho e sombrio
P e la cras ta que vem d e vagar !
Sobre a campa d o s d o is malfad ad o s
V êl—o triste e varad o a fi car
Ora ri , ora geme ara cho ra ,
Só não pod e ped ir , nemre se r.
Da côr alva gos to mui to ,
Ne ve fo i and e eu ard i ;
Eu ad oro a rmarena ,
J á po r ella enlouque c i ;
Eu gos to da bocca br eve ,
Que só 11'
um be ijo abrangi ;Gas to d e tud o que é lind o ,
De tud o bello que eu vi .
Anori .
SE U S DOTBS .
Em seus labio s um surriso
E'
a luz d o paraizo ;E o c o rar da face lind aE
'
d e sabrochar da ro sa.
Que a manhã c o'
a sua vindaDebruçou n
'
has tea mimo saPara inveja das mai s flôres .
Gu am .
Que cantaras trovad or ,
Se bem soube ras cantar
Se bem soube ras travar ,
Que fize ras trovado r
Cantara qualque r beldade
Que tive s se uma alma pura
Po i s que d o céu e figura
Pureza n'
uma d ei dad e .
ou corre cção ne POESIASnonenaas . 253
Que cantaras trovador ,
Se bem soube ras travar—Eu quizera so cantarDo bello e pura a fulgo r .
Prepara já trovad or
Alaud e harmoni o so
Que ro cante s pre ssuro sa
D'
uma beldad e o primo r.
D'
ELLA , tam pura e lind aCanta d o p e ito a brandura ;
Canta tambem a te rnura
Que temno s olho s infinda !
Canta—lhe o surrir d ivino
Que surriso s e scure c eP o i s veze s temque pare ce
Um surriso matutino .
Canta seu p orte gentil,
Sua face tammimosa ,
Côr de neve e côr d e ro sa
Demons trand o graças mil.
Canta a collo mui airo sa
Da virgemmai s casta pura
J unta a tanta formo sura
Um co ração e xtremoso .
Canta o s d o te s d e
E s se s não po d e s cantar ,
Nem s'
elle s pod em juntar
Que d'
e s se s tem ella a palma !
Canta mais ó trovado r ,Virtud e que n'
ella mora :
Que cantare i eu agora
Se fo ste s vós seu cantor
m mm
In a cante i fmna rram
Ou um de lirio de amor ,
Id e - vo s pois , unem ,
Se en cante i sua be lleza .
lanc em Aus na'ra na CUNHA Palm .
AWMP'r'a gb ria d e s cantar d
'
es te alma dia ,
Qui sera po ssuir eburne a lyra ;
Quize ra em som cad ente , alçand o o cal a
Meu canto d id'und ir po r tod o all e ,
Ee tavel proela- aad o o h ço ly—o
Que hoje vae ligas—te — ó par di e s e !
Ped ira as hençães do cea
Para ti , é par amar e i ,P ed irav lhe que a vmtu a
Te surris se m alv a .
E da consorte formo sa ,
A quem surri me iga e strella
N'
es te d ia emqu'
e lla de ixa
De virgem, doce capella ;
Camara a parte gentilAs virtud es sublimadas ,A pureza d e su
'
alma
As graças d ivinizadas .
Mas ai quanto arroubado u dilata
Meu intima d e sejo ! quandõ apenas ,Qual triste flôr que nem aroma e xhala
Só po s so inscreve r em trova humild e
Afartunad o par , teu nome egr egio !
de J ane iro 2 d e d ezembro d e 1848 .
J oaaunr Aucusra na Canna Poar o .
o u cont racção na POESIAS uonnnm s . 239
Diz jus tiça amór e gloria
E d irá tambemvic to ria
Um d ia em bocca leal
Quand o Deus quize r d e novo
Faze r- lha co'
as mão s d o povo
Um e te rno pe d es tal.
Mas em quanto ess a ho ra tarda
Que ro - a na lyra sagrar
E da terra que lb'
a guarda
Os d e sejo s 1amandar ;Lá ond e o canto d o nome
Ira que o tome
Como e s ta no co ração ,
Que d'
aqui nem d'
aco fino
O punhal d 'umassas sino
P od erá raspai - o não .
I oaõ na Lus os Smn s CASTBLDO
A O N D A .
O Do rme . A face tumid aNão lb
'
a lace ra o tufã o ;
Ap enas axaragembumida
Be ijar- lhe vem o cachão ;
céu, que refle c te e puro ,
E'
d'
um azul tão seguro
Qual saphira d e Ce ilão ;Nã o n
'
o tolda a nevoa baça
Que pouco a pouco , ameaçaHórrid o e negro bulcâo .
Dorme e quebra a onda clara
Nas raias que lhe traçara
D'
umDans mm mo amão .
ou con e cção as no s s a s s enan as .
A S R O SA S .
La vir inolla e s imile a la ro saCbe
'
a e l iard in su la nativa sp inaMentre so a , e secura , sr ripo sa.
ARIOSTO ORLANDO .
Gos to das ro sas sem che iro
Debruçadas na ro se ira ;
Embo tã o e todas brancas
Que é a côr mais verdad e ira .
Mas nunca pud e apanhal- a
A ro sa d o s meus amóre s ,No cante iro emque ella vive
Tambem vivem outras flóres .
And ou-me a ro sa e scond ida
Emquanto em bo tão vivia
Quand o eu quiz ir lá colhe l- a
Fo i tard e murchad o havia.
P o is e ra bem linda a ro sa 1Até fo i me smo p e ccad o
lr c olhe r ante s d e temp o
Um fruc to nâo sasonad o
Ali po s ta na ro se ira
Cubica fazia ella
Mas ir co lhe l—a é malfe ito
De viam ter pena d'
ella.
Eu po r mim bastante tive !Era melho r que e lla abrisse
E'
ve rdad e que em cre scend o ,
Perd ia tanta me iguice !
o o con e cção nr Po s su a uonn u s . 267
P o rémnem o fad o
Nemmão oppre sso ra
No s pod e roubar
Umbem qu'
é p enhora
De Deus Cread o r .
Carlinda attend e
T eu tris te cantor !
Sejamo s unid o sNa patria d e Deus !
Rec ebe o s meus vo to s
Meus vo to s só tens
Nasc id o s d e amor
Que te rno te envia
T eu tris te cantor !
J ane iro 9 d e d e zembro d e 1868 .
J o s i: na Se a Mau Fal am“ .
A U M B E IJ O .
HontemLilia d eu-me umbe llºCom que inda and o hoje a s c ismar ,Nem s e fez d a côr d a ro sa
Nem tratou d e d isfarçar !
Porque fo i que o dar umbe ij oNão a fe z a côr mudar
—Era frio , me smo frioComo a neve a conge lar
E c om tud o umbe ijo d'
e lla
Pod e o mundo incend iar !
Po rque fo i que o que
Não sabia
268 me ra POÉTICA.
- Den-m'
o e d i ss e—s cam" . UI am o
Semno s labio s me roçar ,
Não toque i no s se us d e rosa
Por não ter p'
ra que tocar;
Como fo i que a tal ins tanc ia
Pód e umbe ijo "e sp
- S'
tava immens o gente a verá-nosViram bem o be ijo dar ;Ninguem vi u nem fo i p
'
ra es sa
D'
e s se be ijo cr it ic ar.
Po rque fo i que umbe ij o dad o
Não d eu causa amurmurar
Tanta d i ta enlevo tanto
Ninguemmai s pod e go sar ,E com tud o ao dar- me o be ijoNem s ent i o pe i to arfar
Porque fo i que um céu de gase s
Não me soube
- Ah , já se i , e qne a fo rmosa
De ra o be ijo grac ejarOu talvez que o
'
spe rd içára
Emquemnão sabia
Louca id ea o pe ito ard ia
Mas o be ijo era d o mar ! !
Povoa de Varzim 15 de novembro d e 1847.
D. J oAõ n'
Aznvano .
LlZIA POÉTICA.
Novo anno sê bemvind o
Que nas ce s te s d e sparzind o
Almo rid ente fulgor
Oxalá no teu c o rre r ,
Eu a d imane o praze r
No s tranc e s da minha dôr !
J ane iro Lª d e J ane iro d e 1849 .
J o s onm Anens r o na CUNHA Pont o .
UMA NO ITE DE NATAL .
(Na Ig r ej a . d e 8 .
Natus e st J e sus .
1.
O'
Templo sacro santa ! insp irae -me
Em novo s carme s , suave—grato incensoPara d o Mund o ao nad o Red empto r
Bymnos d e glo ria , em sublime s ve rs o s
Pulsand o a lyra ufano offe re cer !
Mai s um canto p ie d o so agora entôe
Quemmaguas d e Christão no pe ito sente ,
E que ante ti , Deus tão pod ero so ,
Curvad o humild e implora d e seus e rro s
A venia tua , ó Lume aivini tente ,
De princ ip io uno e trino egregia prole !
ll .
Tange tange ó a mpanario ,O teu tange r fe s tival,
Que é hoje d ia sagradoDia d o Santo Natal.
ou cont ração bnronsu s uons ax a s .
Como c orrempre s suro sas
Velho s moços e meninosAo teu Templo sacro santa
Entoando d oce s hymno s .
Como brilhante s se adornamMoças bellas e garridas
Para no Templo rezarem
As rezas d'
alma nasc idas .
Ne s te re c into sagrad o
J a voze s harmonio sas
Doce s soammavio sas
Em um cantico inspirado .
E'
um p salmo repe tid o
Po r cem boccas fervo ro sas
Comoff'
rendas p ied osas
A s euDeus Homemnascido .
A e s se Deus encarnado
Conc ebid o emNazare th ;Prome ttid o nos sa Fé
Por no sso Deus mui sagrado .
O mys te rio abracemo s
Damelhor das prophec ie s
J á é nad o o grão Me ss ias
Hymno s d e glo ria entoemos .
Tange , tange ó campanarioO teu tanger fe s tival
Que e hoje d ia sagrad o ,Dia do Santo Natal.
E a pal ( by- nos m , :p s e aos Cens s'
ele vava
t fú M p m m ,
l io dc lane iro , Zõ d e dm bro d e im .
J o s i na SILV A Mau fu l l—A.
QUERIA nas QU' m o i n s?
(cançao )
He i d e cantar- lb'
a d ebaixoda sua ge llozia .
De sejava minha amada
Te r d e fad a o p od e rio ,
P'
ra d ito so possuir
Do teu p e ito o s enho rio ;
A ti , a quema canção
Agora saud oso envio ..
m u rom
Que ria da id ad e me d ia
A so rte d e mene stre l
Que pagavam ho spedagem
Com tangere s d'
infi el
Dar d epo is d'
es ta canção
Roubar- te um be ão d e me l.
Eu quize ra mas qu'
importa
O que re r d'
um d e sgraçad o
Se não sou nem Lamartine
Nem Virgilio afl'o rtunad oGarre tt Dirceo ou Camõe s ,Nemmene s trelnamorado .
R io d e J ane iro 1847 .
Cm o rmo Hmnlouxs Land s .
É íàãàâ .
São seus labio s côr da ro sa
Me iga voz harmonio sa
Sáe d o s labio s d e carmim
São as transas côr da amo ra
Seu olhar é como a auro ra
Suas fac e s d e se tim.
T em a boomme iga e breve ,T em a tez da côr da neve
T em no s olhos mago ardo r ;Fulgem humid o s os dentes ,
E realçam transparente s
Dos labios na rosca ear.
c ou ncçaõnnPOESIASnonaauas'
Quand o fi to o s olho s n'
ella ,
Sinto o pe ito , que me anhe lla
Como as vagas d'
alto mar ;
Quand o emmim s eus olhos fi ta
Sinto n'
alma que se agita
Do céu um raio pas sar.
Para fartar meu d e sejoDeporia um cas to be ijoNo s s eus labio s virginae s ,
E se em troca fôr pe d ida
Sim dare i a minha vida
P o r umbe ijo e nada mais .
ANTONIO Farma nnSERPA P IMENT EL.
UM SEGBEDO.
Dize—me que s egred o te revela
Tua harpa harmonio sa ,
Quand o a no i te d e rrama sobre a te rraSua luzmys te rio sa?
Dize - me d e teu pe ito po rque soltas
Um susp iro d e amór
Se d a alma o p ensamento te d escobre
E sp erança ou temor ?
Ou po rque sente s d a harpa pelascordas
Lagrimas re svalar ;
O u s e e s sas melancolicas cad e iras
Cantos para chorar
ª'
“ rm n m .
Occultas te rn n ente ?
li z não , canta e chora
Qne o ni o d e ves d inr
De tris tm oc prm r.
FRANCISCO na (Jesu Ns x m s .
A FANIB ZA .
Semp re amor ! De lír io s sommNunca em paz o co ração ! ?
Ai ! d e mim ! quão po uco vale s
Insana d ebil razão !
Debald e vem ens inar—me gPo r me u to rmento fatal
Que aminha be lla repo isa
No s braço s d'
outro mo rtal
Debald e gritas é crime
Ad o rar Fanirza be lla
Não te e s cuto e crimino so
Que ro s e r ; mas pensar n'
ella.
Culpe embo ra meus e x tremo s
Seve ra voz da ve rdad e ;
Po rém tu ah ! tuPanitza
De meus erro s tem p iedad e .
278 sum m a
a n u s-Im o
e m .
- o sa.
x o ” u m a“
w â ' m o m m nns n mn - a u m ,
Se
h m Es .! s so .
Se d e m im d'
Esmyrna a lyn houve ss e
Banque sabio vilsron e tm a r- ss ,
Que se evd os mw oa- J avn an n ond oa ,
De sabio Uli ssesmonhs tmte Achílle s ;Se d e bard o d e l i nhas d ivo canto
Dad o me houve ss e da p oe s ia o Anjo ,
Dúlia canção vibrára n'
aum lyra
Que perennalâze s se e ste almo d ia ,
q ne audu de sfraldaste as brancas velas
A'
mente tua navegand o ufana
Pelo tumid o mar das sabias le ttras .
P ilo to e xímio conduzis te a salvo
Vmce nd o es co lhe s áspe ro s baixi o snic o baixe ! que enc e rrava quanto s
Do irad os sonho s fo rmulad o havias
E ard ente s vo to s d e e x tremo so Pac ,
Da carinhosa Mãe vehemente s pre ces .
Após fad igas d '
accurad o e stud o
Colhes te alfim ambic ionado premio
N'
alta sc ienc ia d o Britanno Nelson
De verd ejante myrthe a fronte enramas .
Surriramme igo s d o sabe r o s geni o s
P'
ra quem se us cofre s d onairoso abriu
Das cas tas Musas franquea d o os templo s.
ou co rr e cçã o na POESIASm o r enas . 279
E ia ! p ro segue ail'
oute n'
amp ine strada
Q'
ante teus olho s s e d e sdobra immensa
P renhe d e gloria , d e thes ouros rica .
O trilho segue d e p re claro Ignac io
Imi ta s eu valor , sabe r e x tremo .
As d e lic ias faz d'
umP ae
Que te vo ta ard ente amôr ,Sê gloria da te rna Mãe
Que t'
ad o ra com fe rvor.
J ane i ro , 4d e d e zembro d e l8ã8 .
ANTONJO Panama na Coan Ju m.
Seu Thio o lllm. Sur. Cap itão d e Fragata J oaquim
J o sé Ignac io .
V E R SO S T R IST E S.
Elvira que re s uns verso s
Que sejam terno s s entid o s
Que re tratemmeus gemid os ,
Que e xpre s semmeu puro amór?Se e lles são para o s cantare s
V ou travar d a minha lyraE ve rás como susp iraO pe i to d o trovad o r.
282 m u roun d s.
Alguem ha que a cus to s of re
Da mulher o jugo humano ;Dizem s e r duro e tyrannoQue a alma pro s tra varonil!
Mas teujugo me ennobrec e ,Cada vez s eu mais d ito s o ;Não pod e se r d e shonro s o
Teu ro s to amar tão
E se eu s eguro e s tive sse
Que pormim amôr tu s ente s
P ro te s to s mil vehemente s
Me ouvire s p ronunc iar.
Como então me iga e scutaras
O s ais d a me lanco lia ;
Como então te rna po e s ia
Tu quize re s insp irar !
Mas s e não cantas meus ve rso s ,P or evi tar a tris te za
De spre zas da nature za
T e rna voz a voz d'
amor !
Eram teus , mas não o s que iras
Nem os le ias linda Elvira ;
P o is que o s sons daminha lyra
São t riste s echo s d e d ôr !
Lisboa 18ã8 .
J o s é Os o rno nnCas 'rno Caran . Au nouna our .
282 LIZIA POÉTICA
E qual louca maripo sa
Que namo ra tod a a flôr ?Mas re se rva a mai s fo rmo sa
P'
ra be ijar commai s arder ;Be ijo o s e io que palp i te
Amo a alma que se agita
Mas e scolho a favo ri ta
P'
ra lhe d ar o meu amor .
Faço—a rainha , e s enhora
D'
e s te ard ente c oração ;
Amo - a tanto , quanto ad ora
O P rophe te o Alco rão ;E baixo a fronte orgulho sa
Sob o s seus labio s d e ro sa
Quand o o s d e sce rra vaid o sa
Como a ro sa d o J apão !
Que m imp orta a Europa a
Não temco isas como cá
O surgir d o Sol aqui
E'
d iffe rente d o d e lá ;
La não e struge o bulcão
Nem ha uivo s d e Leão
Nem o arabe , no chão
P re s ta a fronte po r Alla?
Se lac re sce a larange ira
Pe las enco s tas d o val;
Aqui , vic eja a palme iraSobre as ondas d
'
e real
Mal aqui romp e a manhã
Sae o arabe d o K an
P rend e c inta o yataganO trabuco e o punhal!
ou coc rz sçxo na ve r su s manau s . 283
E se no s are s se atêa
lgnea chama e rouco s om
Sae fervente co'
a aréa
Nas golfadas d o Simnau ;Roja o corpo , e vaga ince rto
Sobre as ondas do d e se rto
A co rre r emle i to abe rtoComo as aguas d e Ced ron
Mas s e das garras d o p'
rigo
Eu me e scape com valo r ;
E a vi s ta d o inimigo
V em trazer—me outro maio r ;Então parto a toda a brida
Como um raio na c o rrida
Embebend o em cada f'
rida
O meu se d ento furo r .
Venha aqui o viajanteContar fe ito s la d o Cid
Que se me ponha ad iante
A d isputar-me o Dge rid ;
Que lhe po sso aqui mo strar
N'
um só golpe que he i d e dar
A cabeça a rebollar
De cepad a n'
e s sa lid e .
Traz embraza a fronte ard ente
Quando nasc e aqui o s ol;Fe rve o sangue d o o rienteNo matutino arrebol
Ergue a fronte sobe rana
A Naka que já se ufanaDe mirar a caravana
Serpeando aridamolle .
28 11 EDTA POWE RRoe d mveja aos p o tentad o s
Meunico manto d'
Emir ;E meus cofre s entulhad o s
Do o iro puro d e Ophir ,
E scameço do s pale iro s
Se manto quize the so iro sRui ganhal
—o s entre lo iro sCo
'
o s golp es que eu se i brand ir
Sou senhor e sobe rano
Do s d e se rto s té Sahara
SouArabe e Musulmano
Das tribus d e força rara
Sou d as orlas d o o riente
Sou Emir d a fo rte genteSou da raça mais valente
D'
e s ta plaga não avara .
Lisboa, 1848 .
UM AN J O .
Eu jáfui anjo ! J á tive
Azas brancas d e satim !
Cingia—me então a fronte
Alva c'
roa d e jasmim !E ra pequena innoc ente
Surria tudo contente
Tud o p'
ramim e ra BEM
Vind o a noi te ajo e lhavaEnguia as mão s e re sava
Bor.alma d e minhamãe !
A nn a . .
Em POÉTICA
Mu d e no i te ,— â me sma ho ra
Vei o un anjo e sem demora
Dire ito ao cé ume levou !
Era umso , e não hrincímos
Nem sur nemno s falámos
Em quanto o anjo vo ou !
15t o 0611 era
Quasi morta a sua
Só vi a V irgem Maria
Cho rand o junto da cruz !
Em vez d e e scolhe r aque lla
Lembrou—me logo a donzella
su m ame i !
E mais lige i ro que o vento
Me d e sc e u o pensamento
Para a te rra que d e ix e i !
o n b o o o o ç o o o o o o o o
Logo que o meu pensamento
Lige i ro tem d e sceu
Caíram—me as m s brancas
Ache i -me fora d o ceu
De sd e então tenho cho rad o
Po rque me ve io o pe ca d o
As alvas roupas manchar ;
Po rque em ca s t igo a minh'
alma'
ão pod e co lhe r palma
Que o cé u ao jus to ha d e dar !
FRANCISCO J o s i; Pmm s PALI A.
um PORTE L.
Myste rios ! A cada ente
Deu Deus a cump rir no mund o
Se u condão
Murmura a vaga cad ente
Da lua brilha jo cund o
O clarão .
A ro sa 0mphyro ad ora
As rolas pas sam a vid a
A geme r ,
As brisas amam a auro ra ;
E minha s ina d e s crida
E'
so ifre r.
Aur omo a uu nnSERPA P la nur a .
J A NAO QUE RO SER P OETA .
J á d e ixe i d e s e r p oe ta
J ánão vibro a lyra d '
o iro
Lvra que um anjo me d eu
E ra tod o o meu the s o iro !
Do que serve o s e r po eta
T e r c o ração para amor
Se a bri sa da d e sventura
Da e sp e rança myrrha a flôr ?
J á não amo d o c repusculo
O mys terio so véu
Quand o a no i te cobre a terra,
Quand o a lua sóbe ao céu.
LIZIA POÉTICA
Mas a minha fé mai s viva
A que temmais duração
Aque tenho por se gura
N e s te mund o d'
illusão
E'
n'
um ro s to que no s olhos
De ixa lêr o co ração !
LUIZ AUGUSTO X AV IER nx PALHEIR II .
O RAMO DE ALE CRIM .
Triste imagem d e minh'
alma
P obre ramo d e ale crim,
Para d ar—te a uma ingrata
V ou roubar—te ao teu jard im.
Vae s d e i xar o tronco amigoQue te deu vida e amparo ,Como eu por ella d e ixara
Tudo tud o o que me e chat o .
Váe s roçar as mãos formo sas
Os d o ce s labio s que eu amo
Quemme d e ra s e r d ito soComo tu o pobre ramo !
Mas no ramo bem d ep re ssa
Bem d epre s sa vi meu fad o
A ingrata d e ixou call—o
Pobre ramo abandonado
ou coc cncçaõ DE r ousu s uonn m s Q M
Ao s pé s d'
ella jaz o ramoMurcho e tr is te sobre o chão ;
Murcho e tris te ao s pés d a ingrata
J az também meu co ração .
O raminho aband onad o
So il'
re mud o e sem dar ais
Tambem eu so il'
ro mas amo
A ingrata cad a ve zmais .
1837 . Ant on o FRE IRE nu SERPA Prunm n .
o MALM E QU E R .
O'
d es te - me um malmequer
No teujard im apanhad o ;
Ce rto o raculo d e amór
Se rá po r e lle e sfolhad o .
Po r tuas folhas me revella
Segred o s que só tu sabe s ,
A ince rte sa d e minha alma
E'
bemnorinha que acabe s .
Tuas mimosas folhinhas
Arranque i com minha mão ,
E d is s e um quano a p rime ira
Que alegroumeu co ração .
R e spond eu-me logo umm ur o
A s egunda d e encantar ;
Ummurr o que d e p raze rFez meu p e ito palp itar.
ou con neçAõ Dl m u s Ironm as'
296
a sse rçã o HUMANA.
A tod os d euMarilia anaturezaVarias fe ições e genio d iilªerente ,E temos tod os sempre mi lprojec tos
Na nossa e s tre i tamente .
Ambição d e sme did a no s inilammaE os varios genio s s emp re emnós atiça
Ninguem ha que a mane ira não e stud e
De fartar a cobiça.
Umo s me io s procura d e se r rico ,Te r explendi da casa e [auta mesaE em seus brasõe s d ez monos e sculpidos
Ems ignald e nobre sa !
Outro que é rico já po r mais aspiraE d e seja se r re i d e nobre gente ;Ver tudo ao mand o seu curvar fronte ,
Serquas i omnipo tente !
E quem ser re i alcança janão s oti'
re
Que hajam limi te s avaidad e sua ;Sacciar seus d e sejo s só entend e
Demand a a s orte a un.
EuMarilia tambem a mui to asp iro ;Ganhar d e sejo um d ivinal the so iroQue empreço e raridad e e ssas e xced e
O rico me tal lo iro !
Po s suir teus encanto s eu quizera ,
Teus cuidados e tua mor te rnura
Despréso da fortuna outros favores
Não quero mais ventura !
J cs i Bm m o Tu vassos Ven n .
A UMA m m .
DEDICADO A0 Sl .
3 . ha 5 .m. .tl.
Genti l infante innocente
Fo i Eu s que d ocemente
Sobre os labios —d e rubis
T e imprimiu com te rnura
Do ce be ijo de candura ?Contas n
'
um ris o a ventura
Que tua vez bemnão d iz.
Sentis - te o seu niveo braço
Unir - te ao se io d'
amor
P ormui te rno e s tre i to laço ,
Commate rno almo fervor ?
Com d oce inno c ente inle io
R epo i sas—te em cas to se io
De me igui ce s d'
amot che io
Tua face d e cand o r
Como brincas , innocente !
Como e s te nd e s a mão—l inhaComo pare c e s contente
P ra quemme igo t'
accarinha?'
l'
ua vida é só folgar
De e ollo cm collo a pular ;T od os te vemafagar
Gonc amui tcnra ponbinha.
um vem
O Pºllllh .
Buge o d é sp o ta fe ro z ;
E o innocente e ond emna
A so fh'
e r barbara pena
Quand o ,;inte rna , aguda voz
Sentiu : fê l—o s oc cumbirSeu cas tigo
—no po rvi r.
Góra a tímida d onze lla ,E o rubor , que a face M ammaE
'
clarão d'
acc e sa chamma ;E
'
amór , que o p e i to anhella ;Váe ced e r : e a re s is tir ,
Dá—lhe fo rças — o p o rvir.
J á o animo lh'
abate
T eme p e la p ro pria vida
Sold ad o , que a vê pe rd ida
Emho rn'
sono combate ;
E is , seu valor faz surgir
A d eshonra no porvi r.
Co rre a vida sem ventura
Seu negro tio sustém
Que d olo ro so vae—vem
Na lo isa da se pultura
E s tá p ro x imo a partir ;A e spe rança no po rvir.
Contenha embora o pas sad o
A mais te rna d ivind ad e ,Do co ração a saudad e ;
Não pôd e se r comparad o
"ou corre cção na s ensu s mam as . ª“
A um só raio d'
espe rance
Vida e luz do coração ;Incerto , me iga illusão
P eso , na vi tal balança
Astro d e vivo luzir
Que só encerra o porvir !
J unho d e 1848 .
J o s emar DA COSTA Casca e s .
anc onnAçõ rzs DA P ENINSULA.
V E TERANO .
Eu sempre que fallo das no ssas façanhas ,Me s into orgulho so d e s e r Portugue z ;
Que são ellas tantas tão grand e s tamanhas
Que nunca que eu saiba ninguem inda as fez.
Bem se i que ellas perd em d o muito que valem
Em s e rem contadas , d e scrip tas p or mimMas como ellas foram bem pouco s as sabemNão he i d e d e ixe i—.as morreremass im.
Vac nellas a honra vae nellas o nomeDe no s sos brio so s , valente s avós
Se a terra d e hamuito s eus o sso s consome
Do que elle s fize ram lembremo - no s nós .
Lembremo s , que o s lo iro s por elles ganhados
São d elle s , são no s sos , são d e s ta nação ;
Nem ha quempossa trazer d e sherdado s
De co isas que a fama d eixou tradicção .
LE IA ron-
rms .
Chronica das velhas antigas memorias
O tempo mal pod e faze i—as mo rre r ,
Que foram se lladas ao som das Vic to rias ,
De quem sempre soube na lncta vencer .
Ve t'rano na honra ve t'
rano na gue rra
Umvelho soldad o contou-me e sta acção :
Que em versos traduzo po r honra da te rra
Que re ina que vive no meu coração .
I.
Contar o conto seguid o
Não se i eu se o conta re i
Que ne s tas co isas d e guerra
Emque por veze s me ache i
De sfigura—se a ve rd ad e
Sem tenção e semmaldad e .
Contar finuras d as salas
R e pe tir caso s d e amor ,
Contad o s ainda d e le ve
Não lhe s d oumaior valor
Que não ha honras p e rd idas
Nemnisso p'
rigam as vidas .
Falland o d os camaradas
E'
como falle r d'
E l- rei ;
Que foram todos valente s
E portugue zes d e le i ;
O s d e hoje são d 'outra raçaMelhor fôranão te r p raça.
Ve t'rano fiz as campanhasDa gue rra Peninsular
As c icatrize s d o velho
Dão - lhe d ire ito a ralhar
Qu'
inda agora se não d era
T eraqui outra Albuera !
ou corre cção nu r oxsu s no rm as . 303
E eu jure i vingar- lhe amorteComo s e fôra d e irmão
Para m'
ir nas avançadas
P edi ao meu cap i tã o
Alcance i . Que elle sabia
Qual a dôr que me do ia.
A outro d ia houve ataque
Como não me lembra ver
Mais renhid o pelo s no s so s
Mais tenaz em d efend e r !
N'
aquelle troar profund o
Par'
e ia acabar—se o mund o
Só a mimme não lembravaMai s que a pe rda que so ii
'
ri ;
Atire i—me aos parapei tos
Tão cego que nada vi :
Se eunão tinha ali vontad e
Que não fosse a da amisad e .
Sóme lembraram as bellas
Dep o is d o fogo acabar ,
T inha ja duas no corpoSem d e talme recordarSe as p od era ter sentido
De sejand o havermorrid o !
Francezes que lá ficaramA
'
conta d'
aquella acção
Se chorou alguempor elles
Só se fo i Napoleão .
Para não te remamóresBastavamser invasore s !
m rs p on te s .
Quem dera o seu sangue po r vêr resgatad o
O solo Opprimid o d o s eu Portugal ! !
Vinguemos - lhe todo s o fad o inhumano
R ezando p or alma d o pobre ve t'
rano .
Lurz Ao cus 'r o X avrsn nu PALurzmll .
SE EU NA TERRA ACHASSE UM ANJ O .
RESPOSTA A A. DE MELLO (s . LOURENÇO .)
Achares
Não acharas
Quemo sabe Deus talvez !
Alva e sp'
rança
Tud o alcança
Não a pe rcas uma vez !
Por pharol
Qual arrebolQue o pensar te vae abrindo ;
A branca estrella
Que entre as trevas'
stã luzindo !
Inda que avejasSempre ment ida
N'
umleve sonhoT e passa a vida !
ou cou ncçaõ na p os sa s nor raaas 30?
Se por ventura
R eal te fôr ,
T e rás na te rra
Um céu d'
amor
L. A . me smo na Sa'
.
BEL-LE I A SEM AMOR .
DEDICADO A'
ILL.ulla SR .
ª
ill.
Carlinda quere s ouvir
A revelação d o amór
Repara mas sem punirO teume squinho cantor
Linda es quallinda ro sa,
Iguãlas uma De idad e
No mundo não ha beldad e
A'
tua s emparidad e
A”tua tão p rimoro sa.
Uma paixão lisa e pura
Gas to s tempo s jaroubaram,
Uma fe s em ser p erjuraSó o s antigos mostraram.
To das nos labio s cand o rAlfe c tammago sorrir ,Castas queremd iliund ir
Almo s gosos sem sentir
Bemcontrarios ao amór.
INDICE .
aANc rs c o JOSÉ PERE IRAA
'
mo rte d e meu
Co imbra
Canto d oMo iro
Minha Patria
A um ro x inol
Um anjo
RANCISCO MAM A BORDALLO .
No album d'
uma Senhora
Ac rN'
ruo AUGUs r o ne SANT'
ANNA VASCONCELLOS0 d e sengano o
O P obre s inho
J oÃo n'
Azr—zvl—zuo .
Fani rza
Umbe ij o ,
Ac om .
Duas e s trellas
Do que eu gos to
BAP T ISTA n'
AuamnA GARRETT .
Fºr bem i s s r —D s r
na LEMOS SE IX AS CASTELLO Ba
Alca ce r K ebir
Lua d e Lond re s
A Libe rdad e
Não cho re s
Ao s eu nome
OAQUm AUGUSTO DA CUNHA Ponr o .
Anno novo
LISIA POÉT ICA
CºLLECÇM)DEMESESMODERNAS
AUCTORES PORTUGUEZEB.
PUBLICADA
P OB
T OMO QUARTO .
R IO DE J ANE IR O .
fazer - lhe s ameno r apo logia emno sso abono
s e rvem Só e s tas e s cas sas linhas d e pre venirao s amante s da LISIAPOETICA que c ontinua
mo s a sua public ação c om o me smo ard o r
e patrio tismo que s empre lhe vo tamo s .
Rio , 6 d e jane i ro d e 1849 .
LlSlAPºETlCA
GOi .-LBGÇAO DE POE SIAS MODERNAS
DºAUCTOBES P ORTUGUEZES.
” co m m u n i s“ .
IPCDIBIH! (Bªlbo
Minha Patria , não morre ste
Tu d o rme s p'
ra d e scançar ;
E ssa luz que ao mund o deste
Had e d e novo brilhar.
As naçõe s temno i te e d ia
O me smo s ol te alumia
T ens d'
um Deus a sympathieQue por e smero te fez ;De tuas pas sadas glorias
Conta-me o Do iro as memorias ,Conta-me o Sad o as vis to rias
Do meu s olo Po rtuguez.
Bemfad ou—te a natureza
Oh te rra d e P o rtugal!
Ninguem t'
exce d e embelleza
Na Europa não tens rival :
Teus brio s tuas façanhas
Tro ixe ram raças e s tranhas
P elo s valle s e montanhas
Do no sso p ingue torrão ;
Teus filho s fo ram temid os
Foram d e Deus o s mais qu ridosA um e um e scolhid o s
P'
ra aquelle solo christão .
Von. Iv.
5 8 6
G igante , no duro pe ito
Milnaçõe s fize s te e rgue r ;T eu braço forte e ra fe ito
Pª
ra outro s mund o s sus te r
No oc eano d ebruçado
Teu braço viramalçado
Co rrer livre e des cançad o
O pano ao mund o d o sol.
Viram—te lue ida fronte
Como d e chammas ummonte
Bri lhar po r tod o o ho rizonte
Qualum im enso pharol.
Do Mondego as aguas puras ,
Murmurand o mansamente
Contam—me nossas venturas
Havidas sobre o cre s cente :
Ainda ha pouc o o meu T ejoCho rou comigo ; e com pejo
Me revelou seu d e sejo
A'
s pe rguntas que lhe fiz ;
E d e meus pranto s cançado ,Pare cewme te r soltad o
D'
outro s tempo s re cordad o ,
Umnome Mart imMoniz !
Inda ha pouco o vas to oc eano
Ond e meus prantos ve rti
Altivo , raivo so ufano ,
Não fo i sonho Eu bem ouvi !
Murmurou d os cavos fundos
Inda uns hymno s moribund os
Aquem juntounovos mund os
A'
minha te rra natal;Ouvi o nome d o Gama,Do vate que mais m
'
intlamma
Ard en-me no p e ito a chamma
D'
umfilho d e Portugal !
a l l e
Minha patria , não morre ste
Tu d orme s p'
ra d e scançar
E ssa luz que ao mund o des te
Had e d e novo brilhar.
As naçõe s temno i te e d ia.
O me smo sol te alumia ,
Tens d'
umDeus a s ympathieQue p or e smero te fez.
De tuas passadas glorias
Conta-me o Do iro as memo rias ,Conta-me o Sad o as victo rias
Do meu solo Portuguez.
J ane iro , l d e jane iro d e 1849.I . Arom.
E sta p oes ia é a quarta producção d o Sr. J Abo imquepublicâmo s nas paginas da LISIA Po r c ; a prime irae com o titulo d e—No Bou J ESUs acha- s e a pag . 167d o te rce iro volume ; porém s emo nome d o aucto r , emconsêquenc ia d e o o riginal d
'
ond e fo i e xtrahida o nãoconter tambem.
As outras duas DUAS Esm nnAs e Do QUI: EU
e ósr o—acham- se . a pag. 254 e 253 d o mesmo volume .
Soubemo s commuito prazer que o Sr. Abo immand ouimprimir a conecção :com le ta das suas poesias sob o titulo d e LIVRO DA HA ALMA.
UNS oLnoS.
AO ILL.mo SR .
ªntonio art eira ba cros ta ã ubim.
Eu vi uns olho s mui lindos
Mas onde o s vi não d ire i ;
P orém confe sso que ao vel- os
D'
Aonio a d i ta inveje i .
Busque i por ve ze s o go sto
D'
um volve r d'
elle s gozar
Era emvão po r qu'
e sse s olhos
C'
o s meus não pud e encontrar.
Mas alfim, s emp re tentand o
Sobre o s meus o s vi pairar
Quand o um cravo d e sfolhava
Talvezme smo sem pensar.
.E vi oh c éus esse s olhos
Brilhar combrand o fulgor
E os seus raios abrazaramE ste meu pe ito d
'
amôr .
V i que p'
ra ti tão sómenteE sse s olhos se volviam
Não quizmai s ver e sses olhos
Por que me não pe rtenciam.
Rio de J ane iro M d e jane iro d e 1849.
J OAQUIM FERRE IRA DAv AGUIIIARZES.
9 15 4:
Ao meu lind o Portugal
Do mundo lind o ro sa]
Patria minha tão saud o sa
Dú- lhe sorte venturo sa ,
Dú- lhe vidamui d i to sa ,Da- lhe encanto s gozo s mil
Dá—lhe os bens que já não gozaDa- lhe aspe c to senhori l.
Que aminha te rra ainda sejaQuer na paz ou na peleja ,Nação fo rte resp e itada ,
Que sulque o Tejo , ufanada
Qual outr'
ora , forte armadaE que no s m a i s lo ng iquo s p ovos ,
Como em época afamada
Mand e le is co s tume s novos .
Tambempeço p'
raminh'
alma
Fermosa Virgemq' a palmaVença ao meu ard ente amar
Que em seus olhos comfulgor
Se e sp elho d'
alma o cando rE que tenha um cas io p ei to
Ond e imbaba c om fervor
Meu affe c ta tão pe rfe i to .
Alma cand id a semvéu
Como os anjo s lad o céuComo linda , branca rosa ,
Q'e sta vida d e sd i to sa
To rne d oce , venturo sa ;
Que bem saiba comp rehend er
De minh'
alma carinho sa
Seus enlevos seu querer.
9 19 6
Nesta hora mys te riosa
Vela o sabio inve s tigandoP elo s e tfe ito s as causas
A causa prima buscand o .
E eu ve io sem ter p rinc ip ios
P re c i sas noçõe s gerae s !
E pre tend o ao som da lyraSer ouvido dos mortae s
Sim minhamusa não temas
Que a luz da razão nos guia
Temo s clara intelligencia ,Naturalphilo sophia.
Temo s e ssa faculdad e
A que chamamrac ioc ini o
E das Filhas da Memoria
Havemos o patrocínio .
E rgamo s d e st'
artc p oís
De sobre a te rra o pensar ;
Que a terra gozar em trevas
Não vale a pena o velar.
Sendo o chaos confuso , informeSó d evia produzir
E ife i to informe , e confuzo ;
Segundo o humano sentir :
Mas eu vejo que e sta Fabrica ,E s te immenso Machinismo
Tem ordemmaravilhosa
Que assombra o mesmo atheismo
Dotada d'
entendimellto
Damate ria ind ep ende nte
Im ortal se re conhece
Com razão sumc iente :
Elia n e , Deus Semp i te rno
Que so is umDe us p ie do solndulgente e não sem ;
Po r e ss enc ia hond ad o so :
Que d o mor-td que m em
V o s res p e ita e re conhece ,
Que ama o seu s imil lante .
Com cuj o mal s e entristes se
E que d'
alhe ia fa u na
Não sente a meno r inveja
Vós have is comp ade ce r ,
Os e rro s lhe d e sculpand o ;
Tanto mais se ne s te mund o
T e ve um fad o mi s e rand o
P orém que s ino se tange
De qual te rre se d esp rend e
E s te som s agrad o a Deus .
Que minha lv ra suspend e?
E'
d a torre d e São Bento ,
Des se famo s o Mos te iro ,
Ond e ame ia no i te em ponto ,Se louva ao Deus M
b ºõ e
Santos varões imagino
Sahindo dos dormi torios
Para as Aras da clausura
Fazend o genullexorios
E entraremno sanh ario
Com s ilenc io se pulchral,
Cruzadas as mãos no p e i to
Na forma d o ritual
Dado o s inal re sp ec tivo
Emanthyphona começam
Hymnos prec e s voto s graças
Que ao s alto s ceus end eres sam
E atravez das gelo sias
Se e scapa o santo stridor ,
Que sagrada insp iração
lnfund e no trovador.
Elle s oram, como euum
Ao Sento Deus d o Sião ;
Que a mis e ricordia e stende
De ge ração emgeração .
A'
quello que só d'
onvil- o
Os ahysmo s s'
estremec em;Os jus to s tod o s s e pro stram;As trevas d e sappare cem:
Aquelle d e quem eSpe ro
Ete rna paz e d e scanço ;
Que ventura cá na temla(b ento não alcanço .
(June d e no ite o louvo r ;
Não mais na lyra s'
e scutem
Harpeje s d'
umm d or .
Rio d e Jane iro 12 d e jnlho d e 1867.
n'
Ouvr
F inda V irgem'
d o Amnonas ,
N seuue teu'
l'
rovad or !
e h ! quamme d era nes t'
hrn ,
a vossa voz d e cand or .
O uvir aM a dns be llas
ep e t ir-me o s en amar !
Rio Jane irº. 12 d e iane iro d e rs ss .
J os s na Sun I an Plu m a.
Oh ! que d dr angus tiad a
Lacerada
Em s eupe ito s'
infiltrou
Que se Deus lhe não valera
Suppozera
Que no sonho se tinou.
Mago sopro d e Senhor
Nesta dd r
Sancta reza lhe insp irou
Que rezand o—a p ied osoVenturo so
Logo logo melhorou.
E es ta reza que d o pe i to
Satisfe ito
Murmurand o re ve lava
Era reza contris tada
E ens inada
Por seu hemque tanto amava .
Era trovamui saud osa
Fervorosa
Gravad a emlettres d'
o iro
Que pud ibundadonzella
Pura e bella
Lhe oll'
erton como the so iro .
E o thesoiro era prenda
Com legenda
Ne ste sonho re velada ,
E ra trova virginal,
Sem igual
Por seu amar insp irada .
9 28 e
O'
Deus d e minh'
alma ,
O'
d oce cand or ,
Dos jus tos a palmaer De mund o Senho r ,Uni o meu fado ,
latão d e sgraçad o ,
Ao lado sc ismad o
Do meuTrovado r !
Jane iro 18 d e janeiro d e 1859.
Jos é na Sa va Mu s F'n-n m .
um DE REFRIGÉRIG.
Quem pod e livrar- se por venturaDo s laços que amar arma brand amente
Canoas , Lm nas , C. 3 .
º
V emsentar- te Virginia àgrata sombra
Da coma e xcelsa da gentilmangue ira :Bepousa o c orp o teuna fres ca re lva
Re spira a d oce brisa lizonge ira
R epara calm aqui me o il'
e rta oc culta
Allivio ao estivo sol que nos sepulta .
Se as graças que ced eu a namAo patrio ninho meu aqui se de ssem
Se os trihutos , que paga o clam'
l'
ejo
A'
luzitana cdi -te aqui viessem
Qual Eva,quand o emgraça,“ d iria ;I
'
m paraizo eterno hahi tarias !
9 304
Olha o cacho gentil da banane ira
Ond e a vis ta se enle va ao vel- o lo iro ;
Do irad o -azul fe rre te gaturamo
Alegre vembe ijar—lhe os pomo s d'
o iro
Namoram sua flor os he ija—llore sDo seu ne c tar mos trand o - se amadºre s .
Re para no granivo ro c olle iro
Que o ve rso seu re c ita ameno e d ino ;Como attento se mo s tra c ompas s ivo
Em onvil- o o c anario matutino !
Quem sabe se o tris tinho em sua cad e ira
De alguma ho rrenda ingratid ão se que i xa
Olha o ninho suspenso no jambe iroOnd e e s te sabia so r o so impe ra;Attend e com que d o c e melod ia
Dive rte o caro bem que amor lhe d era !
Ella me iga re sp ond e ao s seus amôre s
Só tu, Virginia , é s fi rme em teus rigore s .
Que praze r , minha bella que ventura
Não d e vem no s sas almas te r unid as !
A s no ssas almas s im, que n'
um so vulto
Pare çam só d e um ventre p ro duzidas
A le i da sorte ass im no s é pre scriptaCumpramo s quanto a jus ta le i nos d ie ta .
Ne s te mund o Virginia amor é tud o ;
Ninguem d i to so vi ve em s o led ad e !
Não core s nem surrias , que não
&m amor d eparar fe lic idad e !
A le i da Red empção amor p res c reve
Amºr a to d o s fe re ou tard e ou breve .
D s l -6
Ao ver- se só encara o Deus po tente
A côrte augusta e santa que lhe ass is te ;
Mod e lou—se d epo is fo rmand o ao homem
De on- lhe o paraizo e via- o tris te !
Alegre só to rnal- o po d eria
Um anjo sem o qual é no ite o d ia !
Mas o anjo e ssa luz que anima ao homemAmulhe r po r quem elle all
'
ronta tud o
E'
alma errante que requer um corp o
Um corpo varonil umforte e scud o :
Sem e lle é nau s emleme , as ond as dada
Sem e lla o triste humano é gelo é nada !
Lá namargemd a lymp ida corrente
Que e s ta salsa camp ina vae banhand oAttend e ó be lla como alegre canta
O p e scad o r as red e s conce rtand o
Alegre canta por que temao lad o
Um anjo que na te rra lhe fo i dad o !Crês tu que ass im contara
Não Vi rginia ; maguas só lhe ouvire sR epara em sua e sp o sa como te rna
R isonha e scuta as amo ro sas lyrasve como o tfrend e o p e i to a s eu filhinho
E o choro lhe afugenta a tal carinho'
!
Imita , Virginia , imita o quad ro
Que a sã natura aqui te offe rta ingente
Marc izio amar- te mui to e se r amad o
Que e x iste d e mais puro e d e innocente
No s braço s meus a quem te ad o ra unida
Oh Que d o ce Que d oce vida
d e Jane iro 21 d e jane iro .
Cazumno Conana D'
ALME IDA Ponrue s a .
A onmx a s a uno s a .
? o rque havia banharminha fronte
E s sa e strella que as arte s conduz
Se mal ia a d o irar-me o ho ris onte
Surgemnuvens e toldam-me a luz
Uma glo ri a que e u tive ond e é hoje ?
Umas palmas , que eu t ive ond e e s tão
Murcham palmas a glo ria já foge
E só re s ta a lembrança d'
então
A lembrança que e te rna se aninha
Aqui d e ntro que e te rna ha d e s e r !
A lembrança d a e s trella que eu tinha
A saudad e d e ago ra a não te r !
E que longa que amarga saudad e ,
Me não tem lá guardad a o p orvir
Se da patria em c rue l o rpband ad e
De e s trange iro s o pão lôr pe d ir !
Negro pão talvez po ssa encontre i- o
Enge ita d a d a te rra natal !
Mas o c éu ond e he i d e ir p rocura!- o
E s te c éu só d o meu P o rtugal
Se no e x ilio alva e s trella d as arte s
Lame pod e inda be lla bro tar
Que me impo rta ? ! he i d e 1a ne s sas parte s
H e i d e a terra da patria avis tar
Que me imp ortam d e e xtranho s o s lo iro s?
Que me impo rta e s sa gloria d'
além?
T em acaso e strange iro s the so i ro s
Co rnque paguem a p atria a ninguem
9 36%
Não tem não ; que inda o pranto ve rtid o
c s nas praias do Tejo com dôrE
'
mais bello que o riso tingid o
Que lapo ssa empre s tar—me uma flôr !
lima ao: Se tambemne ssas terras
Houver te rra que as talvez !
Mas que as haja que cubramas se rras
Não as quer coração po rtuguez !
Oh ! Que não ! Que d as rosas d'
outr'
o ra
Inda as folhas que o tempo se ccon
Ind a as guard o c omigo , inda ago ra
Po r nenhumas nenhuma as d ou!
Mas ai ! foge—me a e sp'
rança: Ai ! que foge !E se res ta a lembrança d
'
entã o !
Uma glo ri a , que eu tive , ond e é hoje ?l as palmas . que eu tive , ond e es tão
? !
Lisboa , 1858 .
Jo ão na [.a- o s Se i x as Ca s rm o Bu s c o .
% BQ Q
Eº
s , mulhe r , um c ompo sto d o infe rno
E d o abysmo e d o mar e das furias
Das a morte é s remóra ou s e re ia
Com teus labio s d e calvas mellurias .
Se d e amar a mulhe r são o s p remio s
E s tas f'
ridas que tenho que p enso
Não have r melho r fôra nas c id o
Ao que n'
e s te unive rso é infens o .
Chor e i muito d ep o is mas embald e
O meu fad o a p o bre za e c egue ira ;
Chore i mui to e d ep o i s a razão
Amo s trou- te na luz ve rdad e ira.
E tu rias sonhava s em quanto
M inha pallida fac e o rvalhava ,
Cada riso d'
uns labi o s mentid o s
A minha alma o tfend ida e smagava.
Mas li ceu- me no p e ito uma f'
rid a
No s pulmõe s que teus are s re sp iram
Mas encanto s que outr'
o ra cuid e i
Nem o cuid e s p'
ra sempre fugiram.
Eu pod ia e o universo sabêl- o
E u p od ia , e teu nome s oltar
Eu pod ia—que ao ouv ir um talnome
V ia o mund o e as ave s parar .
Mas não eu e spe ro o futuro
Que já vejo no horis onte raiar ;
O s teus labio s d o vic io apod rid o s
E teu co rp o d e verme manjar .
9 406
Nemmais busque s mulhe r ard illo sa
O meu pe ito já c inza atear ,
Qu'
e s se s fogo s que outr'
ora acend es te
Não o s pod es crue l renovar.
d e Jane iro 1864.
Cama ra o Hn nronns Laç os .
O “ M TA .
No alto d e umme nte p o r selvas bo rd ad o
V i via um velhinho bem an os havia
Passava o se u temp o lavrand o o se u camp o
E amad o po r tod o s a tod o s se rvia .
Se havia d i sputas na ald e ia vis inha
Co rrend o iam to d o s ao branco e rmi tão
E o bomd o ve lhinho com fallas p rud ente s
Calmava a contend a p regand o união .
Se a tenra d onze lla temia o s fe itiço s
Qu'
arte iro lhe armava lad ino amad o r
Lá se ia ao e rmi ta pe d ir- lhe cons e lho
E o velho a safava d o s laço s d e amor .
Se o bello manc ebo cho ro so contava
As penas d e amor qu'
alllic to curt ia
O ve lho d izia—lhe his to rias ant igas
E o tri s te ald eão contente surria .
g liºe
A T UA AU SENCIA .
AFERNANDESA. FERRAZ.
Ausenc ia d o ce veneno
Que róe s o meu co ração ;
Ausenc ia c omo é d orid o
Emmeu p e i to o teu c ondão !
Ausenc ia , po rque me roubas
O p raze r d a quie taçãoPo rque d o c e d ôr pungida
Me callou no c o ração ?
Das -me c rue l a saudad e
Em vez da s anta alegria
Toma- me o p raze r ventura
Em que outr'
o ra vivia
Váe - te vae—te que é s tão fe ia
Como um nome em campa fr ia
V e s te s roupas d e tri s tura
D'
amarga me lanco lia.
E d e c ont inuo amemo ria
Como algoz , imp io cruento
Lembra c ruel o passado
P elo c rús e paramento ,
Sem que re r põe - se a lembrar
E princ ip ia o to rmento .
Ou qual tigre ou qualacor
De nunca o sangue se dento .
Se fo s se em paga d o tad o
Do cond ão d e trovad o r
Se tive ra um p e i to ao meno s
Que acce itasse o meu amôr
ª q ã õ
Camara em trovas bem fe itas
0c ommeço d'
e s se ardor .
Mas perd oa são s omeno s
Que a ami sad e é d o Senho r .
Nad a tenho ap enas tris te
Mand o - te o meu p ensamento
P o s to que tenha p or c e rto
Rasgarem—no azas d o vento
Que nem che gues a e s cutar-mc
O meu s inc e ro lamento ;
Sinto—o po is que vão abe rto
Do meu pe ito o meu to rmento .
Anjo quand o vagáe s
Entre harmonias s ilve s tre s
Manda um ai manda um susp iro
N'
e s sas ilórinhas camp e s tre s .
Mand a a e s sa so le dad e
O que sos inho , p ensare s ;
Na bri sa que lámurmura
Alegrias e p e zare s .
Saud ad e s tris te s saud ad e s ,
Quand o o cé u c ontemp lare s
No canto d as ave s inhas
Ou quand o a fonte e scuta re s .
Na luamand a a c andura
Da tua alma s inge lla ;
Nas memo rias d o pas sad o
Aquella ingrata— d
'
aquella
Que eu n'
e s ta t r is te aus enc ia
Ouvire i vi ração
ª mº) -a
Quem d e ra , menina que o alvo brac inho
O vis se as s im s emp re tã o puro , ne vad o
Mão s inhas tã o bre ves d e cas tas acçõe s
Qualo ra te vejo no te u bap tisad o .
Menina quem d era que a planta tão bre ve
P ous ar nunca houves s e n'
ummonte e s calvad o
Conte nte brinw ses no valle das llore s
Qualbrincas contente no teu bap tisad o .
Quem d e ra, mas entre o s humano s
Ha pranto s , ha dóre s ha um d esgraçad o
E sp inho s , saudad e s p ro c e llas e mare s
Mas nada , eu t'
o juro no teu bap tis ad o .
P onta d'
Aréa 3 1 d e d e zembro d e 18 -08 .
CHE I CBIS O HENR IQCES LAaos .
MEM OR IAS D 'E LLA .
É s tu só quem na l_r ra me ac o rd as
Aure o s sonhos d'
amor já pas sad o
D'
es se amor que me fe z venturos o
E que ago rame faz d e sgraçad o .
V em te u nome soar ne s ta lvra
E lla geme , c ontris ta , e susp ira
E d e po is quand o d ig o u m rn n ro
Elle a tris te nas c o rd as e xp ira .
E d epo is eu po r t i tão s aud o so
Fire as co rd as e d igo iu s n u
V o lvo o s o lho s ao c éu e que
Po tro nuvens sumir - se uma e stre lla :
Emtard e amena a viração fague ira
Quand o a teu lad o as p é talas mimo sas
V em afagar ;
Tu surrind o—lhe altiva é s como a VirgemQue busca entre d esd ens o arcano d
'
alma
Diss imular.
Entre as tlôre s do p rado é s tuformo saComo rubi cus to so que s
'
e x trema
No vivid o fulgor.
P r inceza da flo re s ta eu te saud o ;
Po s sas grata acce ita r tributo humilde
De meus hymno s d'
amór.
Quand o no o ccaso ao pas so d errad e iro
Do Sol o s raio s ultimo s t'
enviam
Saud o so ad eus ;
quad ro d a innoc enc ia emti contemplo
Na tua p e rfe ição obra admiravel
Da mão d e Deus .
Após curto vive r na e s tiva quad ra
T eu languid o bo tão d e clinaàte rra
Curvad o temp e s tad e ;Inda as s im tens encanto s murcha e sêcca
De ixas le ve p e rfume e após instante s
Só p e rp e tua saudad e .
Ao surrir d amanhã como abre lêd o
Teu calix rubicund o !
Emblema d o pud o r e re ou- te o E terno
Não tens rivalno mund o .
Co imbraA. A. Cam arao
9 5 1 %
O mar em rugid os
P agou-me o s gemid os
O s p ranto s ve rti dos
Nas vagas d'
azul:
Z ombou d e meus zelo s
Cuspiu-me o s cabe llos
Co'
os liquid o s geb s
Batid os d o sul.
A guerra se ate ia
Dep o is e s eme ia
Na vi lla e n'
ald e ia
Da mor te o volcão
O pae c ontra o filho
Se arvo re em caud ilho
P eleja sem brilho
Irmão contra irmão !
Ate ia—se a gue rra
Be tumba na sem
O gri to que aterra
Que abriga chamou
Em nuvens , a prumo
De sangue e de h o
l'
uh'
alma semm e
Bo iand o , vagou.
Mas d'
entre o pe rigo ,
Sonhand o c omtigo ,
P e d ia um abrigo
A'
rixa tenaz ,
E vi , d a vo ragem
Surgir tua imagem
Com alva roupagem
Qual anjo d e paz.
9 52 45
f o i sonho que importa
Se as s imme conforta
Abris te—me a po rta
Ao s gozo s d o c éu ;Abri s te - m
'
a e ntremos
O mund o d e ixemo s ,Oc culto s fiquemos
N'
ummís tico veu.
Lisboa. Julho , 1847.
AN '
r omo Panama CUNHA.
N 'U'
M ALBU M .
Quand o o Senhor envia
O trovad or ao mund o
Faz d evo rar a e s sa alma
Fe l amargo so e immund o
P orque lhe d iz Po e ta
Vae conhecer a te rra ;
Prova d o s seus d e le i te s ;
Prova d o malque enc e rra.
D'
e sse s e d'
e ste e sgo ta
As taças muitas ve ze s
Embo ra d e uma e d'
outra
Ache s no fund o fe ze s :
E quand o bem soube re s
Que tud o é sonho vão ;Que é nada a dôr e o go so ,
Solta o teuhymne então .
5 5 5 45
As santas harmonias
De cantico innoc ente
Sabe - as o alvo r d o d ia
Quando romp e d o oriente ;
Murmura- as o regato
Vibra- as o rouxinol;
V em no zumbir d o ins e c to
No prad o ao pôr d o s ol;
Vivem no puro affe cto
Da filial p iedad e
No s s onho s e e sp e ranças
Da juvenil idad e .
E s ta p o e s ia é tua
Eu já a ouvi e ame i ;
Mas hoj e nema entend o ,
Nem rep e til- a se i .
Ass im meu nome só
E sc reve re i aqui
Somvão inte lligive l
Apenas para ti ,
E xtinc to cand elabro
Do templo d o Senhor ,
Que po r algumas ho ras
Deu luz teve calo r ,
Lenda d a sepultura ,
Que falla em gloria e vida
E ence rra o ssad a infec ta
Dos verme s c orro ida
9 58 %
O pagem as s im cantava.
Do Bo spho ro a onda brava
N'
area partir- se vem.
O pagem seu canto finda
Que chega ali a mais linda
Das od ali scas d o harem.
E'
Sara a i s rae lita ,
Que d izem a favo ri ta
Agora se r d o sultão ;
E'
Sara , d e lind o s e io
A mai s fo rmosa que ve io
Das onzes tribus de Abr'
hão .
Seu ro s to luz como um as tro
O collo tem d e alalns tro ,
Das tranças é ne gra a côr ;
Seus me igo s braços luzente s
São duas magas s e rp ente s
No collo d o grão- senhor .
Seus olho s são c omo a auro ra
Que brilha a um tempo e que cho ra
Nas folhas que a ro sa tem ;Da auro ra sómente o p ejoNão tem que p o r cada be lj f)
A louca re spond e cem
E em vez d o s canto s d o pagem
Que s ons d e be ij o s que a aragemTrazia junto d o harem!Que s ons d
'
amor murmurava !
Do Bo sphoro a onda brava
N'
arêa partir—se vem.
5 59 6
Sac ia torpe s d e sejo sO
'
turc o , que d'
e s se s be ij o s
Comprad o s não que ro eu ;
Sac ia que eunão trocara
Aminha lyra po r SaraCom tod o o d ominio teu.
Sac ia que a libe rdad e
Não tro co po r vêrme tad e
Do mund o be ijar -me o s pé s ;
Que eu amo e rrar p elas vagas
E vagabund o nas plagas
Se r livre qual tu não és .
Que eu amo a voz d o d e sertoAs vagas d o mar inse rto
Da tempe stad e o fragor ;
Que eu amo as fac e s da ro sa
Da virgemmais amo ro saT ingirem- s e d e pud o r.
Que eu amo em ve z de te rnura
Comprada na boc ca impura
De impura vil co rte sã ,
B'
amor furtar o s egre d o
A'
virgem que o d iz ame doVe rme lha como a romã .
Que eu amo s entir o pe i to
Bate r em gozo s d e sfe i to
Se ape rto vi rgine amão
Que eu amo o tempo tão curto
De umbe ijo co lhid o a furto
N'
uns labio s que castos são .
Lisboa 1848 .
ANTONIO Fne rna mr SERPA s mn .
M o d o - v
AO MAB .
Tu gome s tubramas d e no i te e d e dia
Qualgeme n'
aus enc ia fie lamad o r ;
Debald e p roc uras venc e r a barre ira
Que ao le i to em que babitas te paz o Senho r !
Debald e ! E d ebald e procurammeus ai s
A'
bri sa d a tard e p o d e rem- se unir ;
lmmens a barre ira c om e lla abraçad o s ,
V encél- a c om e lla c om e lla a fugir .
Mas bem como as ondas se partem batend o
D'
encontro ao roched o que tentam venc e r ;
Ass im emmeu p e ito meus ais tão sentid os
Lá mo rrem cançad o s d e tanto bater !
S'
ins tante s te vejo soc ego gozare s
Co rtar tuas aguas a lua tão be lla !
Depo is eu te vej o mai s fo rte rugirLançar d e teu s e io ho rrivelp ro cella.
Tambem s e meu p e i to ins tantes momento s ,Ad
'
ec ta so c ego , s o c ego mo s trar ;E
'
p'
ra commais fo rça crue is amarguras
Pe zare s to rmento s s o fl'
re r a voltar.
Que fad o ! que s ina ! que sorte no s ligaTu geme s c ons tante baldado gemer !Cons tante eu gemo semque umae sp erançaMe venha risonha risonha appar
'
c er !
Povoa d e Varzim 3 1 d'
agosto d e 1848 .
J. M. Pinnnmo .
9 65 %
O pobre velho raladoNão pôd e com tal paixão
E morreu, legend a a fi lha
No seu le ito a mald icção .
Não vem bem a quemmal faça ,Começa aqui a de sgraça.
Nisto benzemn—se todo sPara ouvirem o final
Que reza por talmane ira
Que até ouvil- o faz mal
São lenúranças d o c astigo
Que o crime trouxe eoms igo .
Não percãe s nunca amemoriaDe sta mui fi elhistoria.
Passaram—se an os e an o s
Semninguemfalle r em tal;Vee senão quand o uma no ite
(Fo i na no i te d e Natal)T od o s n
'
ald e ia a que ixar- se
D'
algumnovo horrive lmal
Padre ! Filho ! E spºrã o Santo !
Para longe a tentação
.Ouviu- se uma voz ao longe
Como as do s vivo s não são !
Ap rendam todo s aprendam
Ne sta terrivel licção .
Era aquella ruim filha
Que vinha sem se saber
Todas as noi tes , trindade:
9: 6l
Novo s male s comme tter !
Creança que ella apanhava
Nuncamai s vinha a viver !
Diziam tod o s na te rra
Mas nunca ninguem viu
Que andava s emp re surrind o
Desd e o d ia emque fugiu :
Que em camas fe itas por gente
Nuncamais e lla d ormiu.
Pe las e iras e montados
Corria sem d ire cção
Ouvia s empre surrind o
O ribombo d o trovão :
Até s e e sque ceu a tris te
Benze r- se como chris tão
Diziam to d o s auma
Se é ve rdad e não n'
o se i
Que mala no i te baixava
Quebrand o p o r toda a le i ,Vinha a cavallo no d emoContente que não d ire i .
Cre atura que ella achasse
Ficava semmais faltar
Pas sava po r pé d o s Santos
Sem se benze r nem rezar.
T omou- se fe ia , tão fe ia
Que e ra me smo d e pasmar !
Uns d iziamque e ra d o ida
P o r i s so não que ria a paz !
Mas alguem d a sua ald e ia
Mais d o que o s outros sagaz
Logo d isse , que e ramarte s
Do maldoso satanaz !
san- 66 6
Para que não volte àterra
E s sa te rrive lvisão !
Dis se o Bispo e xorc ismand o
Logo após d'
uma oração .
E d e itand o a agua-benta
Fo i - se Sé em p roc issão .
De sd e então n'
aquella ald e ia
Viveu tud o sempre embem.
Nunca ame da rapariga
Appareceu amai s ninguem.
As creanc inhas d a te rra
J áme do d'
ella não tem.
Só a casa emque vivia
Uma no ite ard eu po r s i ,Semninguem lhe d e itar fogo
Ficou c inzas logo ali !
Não me d igamque é mentiraFo i ummilagre que eu vi .
O Senhor que pode tudo
Talmilagre p ermittiu
Inda e viva mui ta gente
Que em c inzas a casa viu.
P od e is te r i sto po r c erto
Nunca a bocca me mentiu.
Olhem o s fi lho smaldo so s
Que não re spe i tam seus pae s
Os cas tigo s que Deus manda
Por e s se s e rro s fatae s t
Apprendam tod o s os filhos
A re spe itaremos pãe s .
9 67 -6
Contar-vos um conto commais singe lleu
Ninguem a sabe !- o por ce rto o fará.
Agora se a velha fingindo franqueza
Por nós o contarmos , d e nós se rira
Não p osso d izel- o ; nem e ssa c e rteza ;
Depo is d'
ellamorta ninguemno s dará.
Lurz Ao e o s ro X avrnn na Pam raur.
O MILAGRE .
AOMEU AMIGO J. G . C.
Euvi teu rosto rasgado
Emsangue todo banhado
Co'
a pallid ez da agonia ;
V i - te abe rta em cada f'
rida
Uma porta para a vida
Que fugir p'
ra sempre q'
ria.
Eu vi teu corpo vergando
Debaixo d o pe lo infando
Da dura fo ice damo rte ;V i - te a cabeça pend ida
Como a flôr que de sp rendida
Fo i d o tronco p elo no rte .
Vi teus olhos d e svairad os
Sem luz , s em tino —co itados !Fitar—se nos olhos meus
Como a buscar o abrigoDo coração d e umamigo
Para d e ixar umadeus !
D GS Q
E o empa todo p isad oDe mil golpe s mac e rad o
Como o Chri s to no Calvario
E os poros tod o s suand o
De negro sangue ens opando
O negro tris te sud ario .
V i—te ass im sem e spe rança !
V i - te as s im d e atroz vingança
Bouco s sons n'
alma bradaram
Vingança sobre o s traid ore sSobre os vis que em seus furore s
Nobre víctima immolaram!
E o pulso que mal
E a vida que se e xtinguia
No e ste rtor na ancie d ad e
No line da tua sorte
Eu vi o de do damorte
Apontand o a e te rnidad e
Mas um anjo d e amor e d e ternuraUm anjo d e pureza e fo rmo sura
Os teus d ias velleva
E ra um anjo da guard a que d e ixaraO s espaço s d o ceu ond e habi tam
E só a ti guardava.
Oh ! não has d e morre r ' Deus é p ie d o so
Pro s trou- se ante o seu throno anjo formo soPo r ti po r te salvar !
Santas prece s comfé ao c éumand ava
Co'
as lagrimas d e amor que ali chorava
llegava os pés do altar.
5 706
ªo ªr . iii . o'
ã bo im.
Qual viage iro p e rd ido
Que choupana i solada,
Humild emente p e rgunta
P or ond e vae a es trad a
Ire i a ummene s trel
Que tem a lyra d ouradaN
'
um campezino arrebil
Ond e bebe o d oce mel
T ens uns s ons tão saudoso s ,
Tão d e ternurae amet
Que o met que bebe s e grego ,Ou surriso s d o Senhor;
E quand o homem gigante
Indajoven trovad orR ecord e s a nossa te rra
Portugal qual
Tens uma lyra tão d oceCujos sons vão imi tarP o r entre as folhas a brisa;
Entre a hervinha d e sli sar
Do ce regato a corrente
Fez o arrabil chiar
Porque inveja tud o aquilioQue lhe falta docemente .
Mas poe ta s e re cordas
UmLemos umPalme irim
Ayre s , Dias , Magalhãe sE teu joven s e raphimPor qu
'
então na tua lyraB ord ad a d
'
um cherubim
Não fallas te s no Evaris to ,
Se quando canta
O meu particularamigo o Sr. Evaristo Bas to .
3 - 71 1
De talforma eu escute iDa tua lyra os seus sonsQue minha alma ex tas iou—seCom tão d o ce s sensaçõe s :—S'ella tem tanto po d e r ?S
'
ella falla ao s coraçõe s
Tange p o e ta e ssa lyraParaminha alma geme r .
d e Jane iro 29 d e jane iro d e 1849.
Con curs o M um Laços .
CANTO no 3 5 30.
Nasc i no ric o Oriente
Crec i -me entre as ve rd e s palmas
Para amor.Amór me pºr no Occ id enteFez-me d 'alma duas almas
Para a dôr.
Ai dôr ! Po is he is de ir a J ava
Estrellas e vem rumo
De lá vem
Dize i - lhe qualme eu consumo ;Dizei -me s e eu lhe lembrava
Lã tambem.
Tambemvós ondas , e vento s
Po is sabe is aminha terra
Lã chegas ;
Não lhe conte is meus tormento s ;Mas o amôr , que me d esterra
Lhe contáe .
% 7lj ª
Que sentia não s e i — quand o volvi - osPara ti 6meu anjo
J á não e s tavas lá, e entre o s myrte sTu ias teme ro sa
Volvend o olho s atraz qual o mo tivo
Como fique i não s e i !
Depo i s vi- te mai s ve ze s Que ventura
Não t ive em c onhe c e r- te
N'
e ssa id ad e infant il mulhe r— d onzella,Emque a nít ida lua
T emmagico pod e r e d o ce e ffe ito
Na vo s sa cand ida alma.
Quand o qualque rmanc ebo que tu vias
Logo c rias co itada,
Amante p ro te c to r d'
e s sa inno cenc ia,
E d a tua fraqueza
Emque a s ingella flôr a ingenua alma
T raduz—lhe muito s nuns ,
Emque agora alegre e ago ra tris te
A”vis ta d o mancebo
Um lirio ias colhend o e na co rrente
O lançavas d o rio :
D e quand o em quando o s o lho s volve ríe is
Entre tri s te e alegre ;
Em que às horas mo rtas , mão na face
Os olho s nas e s trellas
Levavas a fallar , inquirir d'
e lle s
Se o mancebo que vis te
De teus cand id e s s onho s d oce abje c toE
'
o jovenque anhellas .
Eu vi - te ass im en vi—te — fui d ito so
Qu'
e s se manc ebo eu em
Mas inda que bem jo ven eu sabiaSe r a p rime ira faze
Tua emque a d onzella qual implume
O nino co rre e
Mas eumais nada vi que em ti umanjo !Tuas virgineas roupas
Minhamão não toc ou nem leve o d ed o ;
Emquanto eubem sabia
Que só pudo r as tuas armas e ram,
E qu'
ind efl'
e za fo s te .
Que d i toso não fui —Entre o s esp inhosDe s te c ruel p re sente ,
O passad o me traze s tão s aud o s o ,
Que o s e sp inhos crue is
Que o meu corpo fe rem s e d esviam
E durmo em ti sonhando !
A E LLA .
P or entre as ro sas damanhã da vi da
Vario s hymnos d '
amo r ento e i
E fo i ella que no d e lirio d o s sonhos
A meu p e ito d e fogo encos te i .
Ella vinha encos tar- se ameu se io
Ameu pe ito batend o d e amor ;
Quanto é bello d izia eu então
N'
e s ta idad e ser um trovad or .
aª
a—"
i ô e z
E tão bella e tão moça e tão linda
Eu d izia comigo a chorar :
E n'
ummund o d'
enganos , traição
P ara a chamma que me had e abrazar?
Se p od e s s e que não trovad or
Só namente ; no p e i to uma fragua
Para amar-me só bas tammeus o lhos ,Minha lyra saudad e acre magoa .
Quanto é tris te alembrar o passad o
Do bom ou mau que já se finou :
Não goze i c omo ella caric ias ,
Minha face uma mãe não be ijou.
Crua morte roubou-me o amparo ,
Doce amparo d'
amigo e d e amor
E meus d ias to rnaram- se negro s
Mas eu sempre louvand o o Senho r.
Depo is só n'
e s te mar d a e x is tenc iaMil angus tias da vid a passe i :
P e regrino no mund o uma vez
P e regrino no mund o te ache i .
Encontre i—te no valle ou na serra
Na d eve sa no campo ouno mar ?
P o r entre as ro sas damanhã d a vida
P or mim vi—te lige ira passar .
Sim e u vi - te mas nunca te eu vira
De sd e então minha lyra empunhe i ;Minha i d e ia toda amo r e saudad e
Nas saudo sas cançõe s d errame i .
9 82 .
Sabe s menino ? O que é ?
Quemme d e ra os annos te us !
E tuquiçámeu louquinho
Quize ras o s anuos meus !
O'
que s im! — Não o s d e sej esQue são anno s d e paixõe sDe poze res , agonias
De tris tezas , pe rd ições .
Inno cente da-me umbe ij o
Na minha fronte enrugad a
P od e s e r que a minha infanc ia
N'
e lle venha re tratada.
As s im — abaixas teus olhos
De p e ijo , d e cas tidad e ,
E brincas c om as mão s inhas
Mãos inhas d e virgind ad e .
E'
ve rdad e ! e a linda nuvem
Branquinha n'
um céuazul
Vi sta po r nós lãmui altaTão garrida e tão taful?
Olhemo s menino olhemos
Para o lind o azuld o céu :
[nda a J á a não vejo !A teu p eze r e a meu.
P o is menino aquello nuvem
Simelha- s e ao s d ias teus
A teus riso s e brinque do s
A'
innocencia um ad eus .
' 83 422
Mas que fare i para vel-« a
La p or aque llas alturas ?
Re za a Deus que e lle é Senho rMai s d o s rio s e e sp e s suras .
Sim menino e lle ouvira
L'
un hymne d os labio s teusAs s im p rouve ra que ouvi s s e
Aque llo d o s labio s meus .
EPI'
I'
APlllO.
Gentil bo tão s inho d e be ij o s d e amo r,Che io d e grinaldas ao mund o surgi s te
O s anjo s surrirem murchou- se uma flôr
Quand o d o ar ince rto da vida fugi s te .
A II)! AM IG O .
Quem amigo não ama alembrar - se
D'
e s s e palmo d e te rra que r id o
Quem de infanc ia não p re sa ínte rnar—s e
N e s se tempo que o tempo ha sumi d o
Quem a mãe ou um pae e sque c e r ,
Quem atl'
e c to s pas sad o calcar ,
Quem amigo não que r lámo rrer
Ou d as auras da patria gozar
Na lare ira ou na salla d o irad a
Quem não ama c ontar as pro e zas?
De ment iras que s eja p ejadaD
'
outras te rras amo r , aspe re zas .
Mas a pa tria infe liz mis e rand a
T em o canc ro ro e d or ingle z ;
Se rá críve l que fo i d e s s a banda
Que a bebid a d o i rada íSs o te z ?
Não te pasmc s ao vel- o e sque c e r
Qu'
é d'
mgrato tão wi i a acção
Quanto a mim d'
e lla vivo a geme r
Sem risc aI- a d o meu c o ração .
9 86 4:
Como bro ta uma flôr na minh'
alma
Senti hoje um affe c to bro tar
Como um as tro que brilha na c alma
Tinha eu vi s to um p o e ta brilhar.
De i - lhe a mão ap e rtand o c om e lla
Laço novo d e nova atfe ição .
Mas fo i só para mim a cante lla
Que eu não le io no seu c o ração .
Só lhe vejo na lue id a fronteGenio e glor ia transc rip to p o r Deus
Vejo a aguia surgir no ho risonteEm s eus VÓt 'S p e rd ida no s
Vejo um cand id o amôr vap oro so
Sobre o s véus em s eu p e i to a ferver ,
Vejo—o as ve ze s cho rar grac io s oVejo - o as ve ze s ,urr ind o
Nobre e franco fingir- s e não sabe
Gene ro so não sabe mentir
Alma livre na te rra não cabe
Livre e sp irito voa ao
Ne sse s antro s c onfuso s medonhos
A que o nome d e mund o se d eu
Como eu tive tem e lle altos sonho s
So ifre já canta geme como eu.
R e tempe ro a minh'
alma , e re cebo
Da sua alma a fre scura melho r ,V i - lhe o s annas e ame i o mancebo
V i - lhe o s canto s e ame i o cantor.
Li sboa, 1848 .
Jo s i: DA SILVA MENDES LEAL Jrmon.
9 87 %
AO M E SM O .
Ni
um valle formad o p or s erras altivas
Nas ce s te no mund o , ce rcad o d'
umor ,
O s ol d e Castella p ouzou- te na frm te
O s ol d e Cas te lla fadou—te cantor .
Na ria que p as sa se rena e lige ira
Bilbau a fe rmo sa te v ira nadar
E a agua tão íra ca , tâo pm , tâo linda .
N o p e i to nâo p od e tenfogo ahm dn .
Cre s c e s te e na vi da passas se Sos inho
So s inho tão moço nasce u- te o s oâre r ;
Tu fo s te uma rôla no tronco lasmd oCarp ind o que i xume s sos inha a gemer .
Amo r da tua alma nas face s e s crip to
De ix ou s oh'
r imento mas d e u—te c ondão
Sentis te , geme s te fi cou- te uma lvra
V ibrand o afinada por t eu c oração .
Amor d eu—te a lyra tu des te—lhe os canto s
Deu- te o sol o e s tro n'
um raio d o s s eus
E'
nolme teu pe ito é livre minima ,A lyra e dap atria , d o amor ., e d e Deus .
E canta e susp ira não manche s teus canto s ;
P oe ta , nao quebres teu nobre c ond ão
O bard o and a ac ima d o s grand e s da La ra
Não cump re s eus fad o s d e rojo no chão .
N'
um valle formad o p or se rras altivas
Nas ceste no mund o c e rcad o d'
amor
O sol lle Cas te lla p ous ou- te na front e
O s o ld e ªCas tella fad ou- te cant or .
Lisboa. 1848 . Arrow .
D SS Q
o QU E É p o ns x a a
Olha Elvira o que é poes ia?
Dizer - to não sabe re i ,
Eu s into—a no s se i os d'
alma
Mas contar- ta é que eunão se i
A pod er d ize- la ao s outro s
P o r meu malnunca chegue i .
()lha bem e s sa p e rgunta
Que tume fize s te amim,
E s se surris o innoc ente
De teus labio s d e carmim;T em po e s ia como a ro sa
Quand o s'
enlaça ao jasmim.
Quando vae s co rre r no s campo s ,
Quand o foge s entre flo re s ,
Quand o colhe s uma d ellas
Que é a flo r d o s teus amore s ;Ha p o e s ia quand o miras
A surrir c ontente as core s .
Quand o a perd e s na corrente ,
Quand o a vês pobre murchar,
Quand o a miras tris temente ,
Semjá p o d e l—a apanhar;Ha po e s ia quand o choras
Ne ss e tcu s ingella amar .
Quand o contas teus segred os
A tua irmã pequenina,
Quand o vae s em teus fo lguedos
A cortar—lhe uma bonina;
na po e s ia quand o a levas
A lêr - lhe da flo r a s ina .
Debalde busque i na terra
Encontrar atTe c to igual
Divague i d e s e rra em se rra
Fui ao s abysmos d o Val
P ed i as negra to rrente s
Que se d e spenham fervente s
Tudo embald e po rmeumal!P e d i às brisas d
'
aurora
P e d i fonte que cho ra
A tud o o meu id eal.
Baldad o que a crua so rte
Zombava d o meu ard or ,
Libe i j la taça damorte
O veneno s o amargor
Cada canto que eu soltava
E ra libra que rasgava
Um grito d a minha d o r
T emp e s tad e s em bonança
E ra a vida s em e sp e rança
Vinte anuo s s em amor.
Vinte anuo s que tormento !Tanto s d e s ejo s em vão !
Tanta luz no pensamento
Tanta d o r no c o ração
V êr lyra immaculadaAo s pés d o s ímp io s calcada
vel—a na p raça embald ão
Vêr as tnrhas a s o rrir- lhe
E frenet icas cusp ir- lhe
Com d e spre zo s d e villão
Na vida negro aband ono
No p e ito chammas a ard e r
A no ite negar-me o s omno
Não ter no s d ias praze r
9 91 4 :
Será vida Não é vida
Ve rgar a fronte abatidaPara lagrimas ve rte r
E'
s e r fi lho da d esgraça
E o fe l emnegra taça
Até as fezes bebe r
E não te r um p e i to brandoE não te r um d oce olhar !
Uns labio s surrind o quand o
E ulhe jurass e d 'amarNão achar se que r um ente
A quem d i s se sse : innoc ente
E u que ro—te id olatrar ;
Tu é s o s onho dourado
É s a e s tre lla d o meu fado
Que e u andava a pro curar .
Ache i—te aliim! s e rás minha!
Minha só po r d oce le i ,Da minha alma é s tu rainha
Da tua alma sou eu re i
Gozemo s junto s cantemo s
As me smas maguas choremo s
Tambem tens magnas bem se i
Mas que ro vive r comtigo
T ens meu p e ito po r abrigo
E d ize ao s d ias co rre i !
Li sboa , 1858 .
As suurçaõ JUntou.
a i?? -e
N ÃO p o s s o '
Pod e re i e po r que não
De sterrar d o pensamento
Id e ia que m'
aniquila ,
Que só me causa to rmento
He i—d e pod e r lute embo ra
Contra a vo z d o co ração
Que d e c ontinuo me brada,— Olha que não pod e s não !
Po s so po is la s ton che io
De vive r só d'
e spe rança
J áme faz enlouquec er
Uma tão fo rte e squivança .
Ingrata ! pensa talvez
Que sóme bas tam s eus beno s
Para apagar o ardór
D'
e s te vulcão d e d e sejos ?
Não que ro vou já rasgarAs trovas ond e a cante i ;
Vou raspar d'
e s te meu p e i to
O amór que lhe vo te i .
Mas , oh ! não talvez que mud eTalvez abrand e o rigo r
Talvez alfim a c ommova
O p ranto d aminha dôr.
Mas nada é impo s sívelVou rllcal—a da memo ria ;
Vou rasgar véuqu'
cncobria
Uma exis tencia illuso ria !
9 94 9
Quem ante s fora nasc id o
Po rtugue z d'
aque lla e ra !
Brad o unisono echnava
De re sp e i to universal,
Sabi d o d'
e s tranhas boc cas
Em favo r de Po rtugal.
D'
um breve espaço de
Ponto no globo z—mais nad a
Mas um ponto que era pe lo
Junto d 'es trella d o irada .
Era luz d o céu brilhante ,
Luz , que d'
ella s e span ia ;
Farol d e barbara p ovos
De cultos m eio e guia !
Quanto s que mão ins o lente
Hoje so bre nos es tend em
Submi samente pe d i ram
P rote cção , que o ra nos vendem !
Demos—Ihe fo rça e grand eza
Que não t inham que pe rd emo s .
Em troca , d ão—no s insulto s
Contrario s que já venc emo s
E sc ravo s que libe rtámo s
Amigo s que d e fend emo s !
O ra vemo s um sud ario
Tinto d e s angue innocente
Ouvimo s gri to s d a patria
Oppre s sa tris te , gemente ;Te rna mãe que d ilac e ram
Golp e s d'
uma ingrata mão ;Mão d e fi lho ! golpe e xtremo
Que não e rra o coração .
sas
Ri co s nobre s , e plebeus
O venc id o e o vence d o r ,
São tud o algoze s da patria
V ic timad o em seu furo r !
Afas tae d e nós O'
Deus
O s raio s da vo s sa ira
Uma só vis ta d'
aifec to
Sobre a nação que d e lira
Uma só go tta d'
o rvalho
Da vos sa Graça Divina ;
Uma só po r p iedad e
Sobre e sta nação mo fina !
Do cabo s c reas te o mund o
Das tre vas a luz d o d ia
Conve rte i gue rras em paz ,
Tri s tezas em alegria .
Dias d e sangue e d'
horro r
Afas tae d'
e lla Senho r !
J o ao om na COSTA Cascu s .
O CANT ICO DOS ANJ OS.
Sonoro s alaud e s
Po r no s sas mão s tangi d os
Levae mais alto o s sons
Melhor s e rão ouvid o s !
Oh arvo r'
d e David
Ufana—te o rgulho sa
Creas te sobre a c ima
V e rgonteamui formo sa
Não vês como e lla s e e rgueA tão subid a altura ,
Que mai s que o s tronco s fo rte sCom tal subir fulgura
5 96 6 :
Uma flôr que só cre-ou
A tão alto a elevou ,
Que no céu d esabmxou
0h altiva Israel
Eleva- te louçã ;
Luzi r vi s te a mai s ai"
Es trella da manhã !
O E sp i rito Santo
P o r arre bol trazi a
O c eu que a engas tava
Com talbrilhar mo rria !
Raio s que d'
ali partiram
Mal que na terra luziram
Para o c éu. se conve rgiram !
Sono ro s alaud e s
Po r no s sas mão s tangid o s
Leváe ma i s alto o s sons
Me lhor serão ouv id o s !
Brilhante s aure o las
Que sobre a fronte e rguemo s
As ve s te s vapo ros as
Em que no s invo lvemo s !
Nem br ilham nemalvejamAo pé d o teu fulgor :
Tal entre as ve rd e s fo lhas
Brilha a cand ida flor !
Co roa- te a gloria !
Ves te - te a pureza !
É'
s alva entre alvuras ,
E bella entre a h'
loza
Oh fonte mais clara
Da graça d o Deus !
Ave fo rmo sa
Rainha do s céus !
L. A. R iu mo DI Sa'
.
3 99 6
T u já fo s te a mai s guerre iraDentre as naçõe s a prime ira ,Conqui s tad o ra entre mil
E hoje as fe rreas e spadasAhi jazem embainhad as'
Stas entregue ao o c io vil
Se o s valente s Romano s
T ive ram grand e s trophéus
Se d'
altivo s E spartano s
Subiram glo rias ao s céus ,
Tu o rgulho sa valente
Des te a le i ao mund o , a gente ;
T umandas te mil d onzei s ,E rojaram abatidas
As me squi tas p reve rtidas
Do s mo iro s d o s infie is !
Nas raias d o o c c id ente
Altiva o mund o a o lhar ,
J az uma te rra p o tente
N”outro tempo a p elejar .
Hoj e abatida pensand oDas fad igas rep o isand o ,
E d e um valo r s em igual
Baixe i batid o d o s vento s ,
Navega c om pas so s lentos .
E s sa te rra e Po rtugal!
Nem já me smo libe rdad eT e d e ixaram P o rtugal!
Murchou as le is d a ve rdad e
P roc ello se vendaval!
Sop raram furios o s vento s
Mi rrand o - te o s s entimentos !
De ram- te fe rre e s grilhõe s !
E não sabe s fementid o
Que um povo só é sumido
Quand o não tem convicçõe s !
b i OO -a
Minha patria tu valente
Fo s te s até ao Bras il!
EmAfrica fo s te po tente ,
De s cobris te te rras mil!
EmAs ia tu command as te ,
Tua band e ira arvo ras te
Com d eno d o e c om ard o r ;
Tu c onquis tas te s imp e rio s
Cingis te o s d o is hemisfe rio s
E hoje não tens valo r ?
Sobre a agua d iamantina
Mand as te e squad ra veloz ,
No s c amp o s da Pale stina
Brad ou gue rra a tua ve z .
E a gente d a me irama
Inda teme a tua fama
Fo i p o r t i fo rte nação !
Que as suas gallas d e sp iram
Que fo rçadas suc cumbiram
As c renças d e alco rão !
E hoje nem já brio saR e sp e itas as tuas cãs !
Aviltad a ind e e oro sa
As advertenc ias são vãs ,
Não ouve s o s sons gue rre iro s
Do s p ovo s te us companhe iro s?
Não te lembras meu paiz,
Que tuas glo rias antigas ,A mil ho s te s inimigas
Aba i xaram a c e rviz ?
Da tua c'
roa d e lo iro s
T ens mi l e mil trad icçõe s ;P or e s sas te rras d e me iro s
Arvo ras te milp endõe s ;
9 102 —5
E d e um valo r s em igual;Baixe l batid o d o s vento s ,
Nave ga c om pas so s lento s .
E ss a te rra e Po rtugal !
R io d e Jane iro 7 d e feve re iro d e 18 59 .
J acmrno Aue us r o nnSanr'
s nx s Va s c o x c s u o s .
nnc onna ço e s .
NO ALBUM DO SR .
j eremias ilíc it a ha (Enche .
V ou contaro te ó minha amad aEm que nutre e meu amor ,
Quand o o tão c rue l t iger
De t i me faz s eparar ;O xalá tu que iras d ar
- me
P o r tão amante lembrança
Novo raio d'
e spe rança
Que me alente o d e sejar .
Quand o d e i—te o c oração
Consagre i—te o meu p ensar ,
P o r isso não se i falle r
Senão c omtigo , e que rid a
Mas—quand o longe d e ti
Conve rso c o'
a tua imagem
Re cord o alguma p as sagem
Com que m'
encantas vida.
9 103 4:
O ra te vejo mui t e rna ,T eus o lho s p
'
ra mim volve r
E eu tris te , s em pod e r
No s meus braço s t'
enlaçar ;
Mas , fi tand o minha vi sta
No s te us o lho s se duc to re s
Quantas ideas d'
emo re s
lntend emo s sem fallar !
Outra vez já no meu collo ,
Do c emente reco s tada
Tu pare c e s contris tada
D'
uma id ea d e temor ;
Eu que rend o ver—te alegre
A furto busco be ijar - te
Para p od e r ac o rdar- te
N'
um casto gozo d'
amor .
Quand o ás ve ze s abso rto
No meu tri s te me d itar
Se me s into d e sp e rtar
Po r tua voz to d a amôr
Me iga d izend o—que tens ?
Foge o p ezar d'
imp rovi so
P o is d e sp rend e s um surriso
Comque acalmas minha dôr .
E quand o nós e s cutamo s
O co ração que mais bate
So ifre o teu maio r embate
T em o meu forte pulsar
E d e po is , sem d e c id irmos
Qual temmais fo rte bate r ,
Nós no s sentimo s p rend e r
N'
um te rno d oce abraçar !
a i ºft ª
Mas , e h ! que nad a m'
enc anta
Como qnand e , a so s , se ntad os .
Alto s gomos não sonhad as
Nos teus labios vo u s orve r !
Sinto a vida d i latar- se
Em tã o suave s momentos ;E tão grate s pensame nto s
Fazem tris te o me u vive r
O lha às veze s , minha amad a
R ec e io tanta ventura ,
P o is temo que a so rte d ura
Ou alguma ingrat id ão
V enha roubar—me o p raze r ,
Que na vid ame renco ria
Qual e spe rança illus o ria
Me acalenta o c o ração .
J á ves , p o is ó minha e s tre llaQue d e t i cuid e sómente ;
E que id ea mai s veheme nte
P o s so te r d o no s s o amôr ,
Do que lembrar o s ins tante s
Em que tu Lilia que rid a
Ad o c as a tri s te vid a
De teu smge llo canto r
Bio d e Jane iro , 16 d e fe ve re iro d e 18 59 .
J o aeum AUGUSTO DA Conus Ponr e .
Q GWQQ
9 107 e
Em que envo lve s e mys te rie
De meus d elirio s d e amo r ?
E he i d e eu oh meuDeus
So tl'
re r para s empre e s ta d er
Oh meuDeus , meu Deus , não po s so
P e sa-me muito e sta cruz ;E
'
mui to negro e ste c éo
Sem uma e s trella d e luz.
E ella ! s empre emmeus sonho s
lncons tante e vapo ro sa ;
A surgir no pensamento
P o r entre nuvens d e rosa.
E e lla d'
alma ummys te rio !
Um canto d e trovad o r !
Mas oh ! mys te rio que mata
Em anc ias d e tanta d er !
Uma só ve z que me toquem
Suas roupas côr d e neve ,
Um anne ld e s eus cabellos ,
Umbe ijo na planta breve ;
E nad amais p ara o tris te ,
Nada mais que e s ta inc e rte za,
E ella s empre ummys te rio ,Ummys te rie d e belleza.
P o e ta quebra e s sa lyra,Te u amo r phantasia;
Alma i rmã da tua alma,s e no céu tem sympathia.
R io d e Jane ire 28 d e feve re iro d e 18 i 9 .
As su nção Je inen.
a o .
9 108 425
16 DE J ANE IR O .
Emme igo s transpo rte s pe d iaminha alma
P ed ia e s se d ia que eu fo s s e ao rosal
Faze r remalhe te s colhe r uma ro sa ,
Que p rend a d'
uns anne s saudas s e umnatal.
Oh ! s im que faz anne s quemhoje quize raCingir commeus braço s te r junte d e mimStoulonge e não p o s so d
'
abraços ce real- a
Seu pobre e só tenho o meu parco jard im.
Crue i s ventanias , o s golos d e inverno
Varre ram-me as flore s semmaguas , sem dó ,As ro sas ma rcharam d es troço s da gue rra »
De tantas que eu tinha ficou uma só.
O il'erta s ingella ! só e s ta mandara
Se fôramai s viva mais bella d o que e ;As folhas são raras o aroma p erd eu—se ,E a selva não ve s te d e musgo s e p é .
De sp ida d'
encanto s a triste vege ta
Ae crúd e sabrigo da fria e s tação
De sfolhe - se embo ra que eumando outra prend a,
Eumand o o s d e s ejo s d o meu coração .
Torre s Novas 1848 .
Am en o s mn Bonare Us s Cºn mi g o .
9 1106
Um d ia boc ca da ue i t
C obria o ar plumbe o véu
Ind o p ros trar—me ante a virgem
Não vi es trellas no c éu'
Stavam as nuvens sombrias
As vaga em e scarce'
u.
ti rasnavam ave s noc turnas
Cruzavam raios no ar
Não vinha a lua fo rmo sa
N'
uns labio s be lle s pairar
Nemminha es tre lla fague ira
Nas aguas s e re tratar .
Não t inha o as tro do d ia
Com seus raio s d e rubim
la findar a e x is tenc ia
Qu'
en viver não q'
ria ass im;Oppoz
- s e a tal um só nome
Es s e nome e raAbo im.
R io d e Janeiro ,”d e feve re iro d e 185 9 .
J ac rs r uo Auous r o nnSANT 'ANNA E V s sc ox cnu e s .
O ALBUM DE UMA SENHORA .
Nas brancas folhas d o livre
Os pouco s ve rso s que tem
Recato mo s tram da d ona
Que não nos pod e a ninguem.
ssa- i ll a
Não ped e—não ped e
—bem se i que não p e de .
Que o s anjo s não p ed em o s echo s da lyraOs anjo s insp irammysterie s d ivinosDe vate no pe ito que canta e Susp ira.
Qual canto s inis tro d'
uma ave agoure ira
Po r entre a ramagem d e ve rd e ac ipre s te
O canto d o vate po r entre uma e sp'
rança
D'
ace rba incerteza s e punge e s e ve ste .
P or i s so tão alvas tão lindas tão puras
As brancas folhinhas não quere s manchar
Com tinta tão negra d os canto s mais negro s
Do s vate s que magnas se sabem cantar .
E guardas mime se tão puro livrinho
lzente d e tintas d e tão negra cór
E'
s anjo e s e que re s d o s vate s umcanto
Não p ed e s insp iras ao s vate s amor .
Lisboa , 18158 . Am ame Jo sé na Souza ALMADA.
[umª d)QVEBQ
N O ALB U M D O M E U A I IG O
ªntonio Zte s i .t i—n e ira.
Quala es trella mais garbosa
Que fo rmosa
E rad io sa ,
Sc intilla n'
um céu d'
anil
Demonstrand o em seu fulgor ,O p rimo r
D'
as tre brilhante , gentil;
, l iºe
Tambem tu virgemmimosa
Dona iro sa
Grac io sa
T eus olhos fazes brilhar ,
Se m'
e s re lva tão vivace s
E loquaces
N'
ummui grave , dece o lhar ..
Qualnas flore s se de s inlaça
T e rna graça
Que se abraça .
Nas suas folhas mimo sas
P'
ra mostrar no seu abrir
O surri:
Qu inda as tornamais fo rmo sas
T ambem tu maio r be lleza ,
Mais lind eza
E gentileza,
Em t i faze s re fulgir ,
Se rap ire te d e candura
te rnura
De sprend e s mago surrir.
Qual o d e sconte sagrad o
Que , vibrad o
E ente ad o
P elo s Anjo s d o SenhorDentre d
'
alma vae coar—s e ,
Infiltrar- se
Qual s infi ltra a vozd'
amer
Tambem tu tens harmonia
Me lod ia
Que extas ia ,
llá c :
A'
P AT R I A .
E t quelque s châtiments que me gard c la tembeSi c e euple e s t puni s
'
ilpleure s'
il succombe,J '
oub trai me s re ve rs enapp renant le s s iensE t l
'
he rreur d e s e s maux finira tous le s miens .
Cs s rmn nr. Lav re zve FARIA.
1.
Sobre a altiva Siam endure c ida
O pre phe ta mis e rrimo carp ia ;
E via ao longe a'
no i te ennegre c ida
Que d a c idad e santa o s d ias tri s te s
De sombras s epulchrae s enlutaria .
E o s muro s torread o s ,T rc sd obrad a armadura d e gigante s
Contra quem baqueavam d e rro tad o s
O s ímp e to s p o s sante s
De barbaro s s old ad o s
V ia ao longe p ro s trarem- s e p or te rra
Ao clango r d e trombe tas d i sco rdante s
Bradand o mo rte e gue rra .
Nova Siam oh ! patria invile c id a
Sobre tuas ruinas fo lgare i
E na lousame squinha a par d o nome
Divinas mald içõe s ins culp ire i .
Ii .
P e r se rvir s empre o vinc itric e ó vinta.
FILICAJ A.
Tu que n'
Africa adusta outr'
o ra alças te
Das quinas o p end ão
E que d'
As ia as palme iras ens inas te
T eu nome e teu brazão
Que— rainha da te rra d e s prend e s te
Sobre a terra o teu manto re luzente
Que nas virgine as lymphe s o tingis teE smaltand o—o d as parcas d
'
Oriente ;
Em crep e fun e ral
E envolta nelle ó patria te rojas te
Pelo s musgos da ped ra sepulchral
E no e lmo d e Affonso te rra e s tranha
Esmo las te d es crid a ajuda ímp i aE d o Tamisa e led o acarre tas te
Na purpnra real, que te cobr ia
E as hispanas phalange s o rgulho so s
C'
o fe rro zombad o r na s igna rota
De teus brazõe s he rdad os — apagaram
As vivas tradicções d'
Aljuharrota !
Ill
Estend e , escrava um crepe luc tuo so
Nas arrendadas face s d o mo imento
Ond e vague ia o e spec tro mage s to so
Do teu re i po pular
E com o vago s trid e r com o teu lamento
Não d e ixe s e spand ir—se a voz marmo rea
Que das ave s d o s tumulos surgind o
As ogivas transpõe , ainda carp ind o
As funebre s cançõe s d a tua gloria.
Ouve e scuta no s trancos d'
agonia
Sob o led o em que jaze s mo ribundaO tro vejar ro d quenho d e milve ze s
Amald ição pro funda
Que das cavadas tumbas ond e jazem
Os sangrentos sudar ios levantand o
O s he roe s que por ti sangue ve rte ram
Te vão na ho ra e xtrema arremeçando .
D i lô ã
Da po r tugueza gente
De mulsumano sangue ainda regad a
De gloria inda virente
Na sampa que ence rrar d a patria o nome
P ied o so d epo re i
E sobe rbas nações , que no s ultragem
Altivo bradare i
P ortugal aqui jaz é campa e s tre itaP
'
ra tão cre sc ida gloria ;
Se o p ro s trad o T itão já não teme is
Ao meno s re spe i tae suamemo ria
V ós , e scravo s d'
eutão , agora re i s !
Lisboa 18t8 . Lu me Ce n tro .
O TE J O .
Dai-me ago ra um s om alto e sublimad oUm e s t ilo grand iloquo e co rrente
P o rque d e vo s sas aguas Phebe o rd ene
Que não tenham inveja às d e H ippoc rene .
(Camõe s — LUs . ÇANT . BST . Tv .)
Como é lind o e s o cegad o
O meu T ejo d e chris talNo c o rre r enamo rad oOh Tejo não tens r ival !Com teus brand o s murmurio s ,É
'
s o gigante d o s rio s ,
A c o rºa d e Po rtugal !
Lind o Tejo fe it ice iro ,
Em tuas ondas d e anil
V em p o r no i te s d e Jane iroA lua brincar gentil:
E apoz e lla vem puland o
Tuas ondas fe s tejand o
Es trellas amil e mil.
ª iw a
Pa tric T ejo n'
outras e ras
T i nhas throno e fo s te re i
De que é s hoj e e d o que e ras
P or ve rgonha calare i !
Patrie T ejo sou teu filhoInda vivo d o teu brilho
Tuas magnas não d ire i .
Corre s pobre ,mas invejoO teu d oc e susp irar ;
Doc e s aguas d e meu Tejo
Co rre i mansas sem parar
É'
s menarche em cap t ive ire
Mas inda ha muito rome iro ,
Que te venha fe s tejar .
Sabe Deus s e inda algum d ia
A'
terra d o teuCamõe s ,
Baixará fo rmo so guia
A quebrar- te e ss e s grilhõe s !
De ixarás d e se r e sp e c tro
Out ra vez te rás o sce ptre
Re inarás no s co rações .
Lindo Tejo , quemme deraComo fo s te ver- te já
O meu p e ito anc e ia e spe ra
Ver- te livre corre r ca
Oh meu Tejo ne sse d iaFindaraminha agonia
O meu pranto acabara.
Como é s lind o ! que nobreza
Tens ne sse sussurro teu !
Come banha c om franqueza
E s ta te rra em que nasceu !
Como é grand e e mage s to so ,
Quando alçand o e collo annose
Quermostrar o po de r seu
J i nas ceu pan nenti r .
Tamba—ve d am ,
Ob tm d as hn nge in s ,
Lin d- fada. M a d er- rir !
Eu prr ãro as mansas ag'
uas ,
Do meu Tejo a tud o e mais ;
Quu d o e p e i te a—e maguasV i ncente-d o , e suspirando ,
(Ju- m be ijes , abafu d o
Os erbos dm tri st es ais .
Fo i amão do Se r Ela no
Quem formem ass im te fez ?
Deu- te o wnd ão de se r temo
Quando ao s outro s a aridez ?
Embo ra de sconhec ido ,
Tenho orgulho em te r nasc id o
Como tu tão po rtuguez.
Só te falta a libe rdad e ,
Me igo Tejo me u amo rMas não quiz a Divindad e
Dar—te mai s e sse primo r :Se t
'
a desse e h minha te rra
Be llezas , que o Tejo ence rraSão tuas não tem p intor !
Cento e lind o e socegad o ,
O meuTejo de chris tal:No co rre r enamorad o
Não lhe conheço rival:
Com seus brand os murmurio s
E'
o gigante d os rio s
A corôa de Po rtugal.
Lisboa, i sto.
[eu Avs vsro X AVIER na Pau nnu.
9 122 6
Deus é forte , é d os fo rtes o ferª—e .
Be i d os re is mais fo rmo so que o sol
Nas procellas da vi da e d a mo rte .
E'
dos trisks pe rpe tua pharol.
Amo a De us p rque as are ias
Que e s palin i rad o o tufã o
830 p rovas d e p ro vas che ias
D) auc lo r d a c r iação ;
Amo a De us p o rque o c onhezo
No e s tamp izlo d o tro vão
Po rque o n io no c abeço
Se u nome e s c re ve no c hão
Po rque o re pe tem o s mares
E d o s Ind ic e s palmare s
O tigre s em c o ração .
Deus é jus to a virtud e prome taDA—lhe as glo rias da glo ria e te rnal,E nos se io s d e abysmo incend e ia
Amaldad e entre o s anj o s d o mal.
Amo a Deus p o rque d'
aure ra
A ro xamimo sa côr.
E os alvo s p ranto s que cho ra
Dizem-me ao s o lho s amo r
Diz- m'
a a c onchinha d o ri o
Diz-m'
a a e s tação d o calor
Os gello s d o inve rno frio
De ºutono o s prantos e a florDa risonha primave ra
Diz-me o tronc o d iz-me a fera
Ama aDeus , ama ao Senho r .
Deus é bom e seus co fre s d e graça
Abre dôr que d o p e ito o chamou
Deus e bem e do p obre ad e sgraça
Nunca falta C a fé pão faltou.
9 123 4:
Amo a Deus po rque e lle vid a
Da vida d e todo o s e r
Porque a luzno s céus nasc ida
Fezn'
e sta alma conve rte rAmo a Deus p o r seus favoresPorque é Deus per ne lle vêr
Tanto amo r ao s pe ccad o res
Que po r e lle s quizmo rre rAmo a Deus porque no pe i toDiz-me intima voz que e e tfe ito
Deve a causa amar e cre r .
Gloria a Deus entr e o s fumos d e incenso ,
Entre o s grates perfume s da flôr
Glo ria a Deus p orque é bom, porque e immenso
G lo ria a De us entre o s cantos d'
amºr.
Lisbo a 1848 .
Jo i o nr Lu o : Sun s Cas r ru o Bnanco
N 'U'
M ALBUM .
V em d izer—me o s teus segredºs
Que eu vou contente e scutar
Vemcontar-me o s teus folgued o s
Eu tambemque ro folgar .
Vemmo s trar-me as tuas flóre s
Quero ver—lhe as lindas córe s
Que ro sabe r teus amares
Que eu tambemos quero amar.
sr.—124 4:
Vemvazar—me d entro d'
alms
A tua cas ta isenção
Daome a fre sca e pura calma
Que vive em teu co ração
Dti -me teu riso c ontente
Dâ—me o que te u pe i to senteDa-me a tua alma innoc ente
Que eu te d ouuma canção .
E hade se r to da insp irada
P e lo s anj o s d o Senho rEm pe rfumes embalada
A minha canção d'
amor
Had e se r como d'
auro ra
O pranto que a no i te chora
Sobre a ro sa que d e sce ra
Pela força d o calo r.
Vem c ontar-me o s teus segred os
Vae le var—me ao te u jard imVemmo s trar- me o s te us fo lgued os
Tambem o s que ro p'
ra mim:
Que ro ver as tuas flore s
E mirar- lhe as lindas odre s
E sabe r d o s téus amóre s
Apanhar um te ujasmim.
Quand o eu e ra p equenino
Tinha o meu ve rd e rosal
Hia le r o meu d e s tino
Sobre um lago d e Christa!
De s fo lhava então a rosa
E a linda fo lha lus tro sa
T inha—se c omo vaid osa
Eu p naeame d e ixarmal.
p íf i a
A fo rça ced endo aarte
Da gue rra no duro embateEntre o frago r d e combate
G igante tremula só
Que d e s ce p tre s s e partiram
Que d e c'
roas s e fund iram
Que d e re is tri s te s s e viramSemd e ad ema real
T inham p ovo s p o r fi ançaT inham s cep tre s por he rança
Mas a morte d eu—lhe França
No braço d'
umgene ral.
Surge d as margens d o Sena
0he roe que vence em JennaQue d e s temid o cond emns
De falso s re is o s brazõe s
J á tem a c'
roa c omprad a
Co'
a p onta da sua e s pad a :
Para a faze r re spe itada
Sobe ijam—lhe o s milcanhõe s .
Mas e lle que as s imvencera
Que tod a a Europa temêra
Ainda não ap rend era
A custa d o p rop rio mal
E stre lla que lhe luzira
Brilhar no c éu e lle vira
Mas a que da não previra
Da saí c'
re a real.
Des te rrad o em Santa He llena
As aguas chora d o Sena ;
Lembram—lhe o s campos d e JennaDe França lembra o pendão
La mo rr e ; mas o s pened os
De Santa Be iem o s roc he do s .
Inda hoje sentemme do sSô d
'
ouv ir— NWLm: At G CSTO X c vm nn PALI I IK II .
o BU ÇACO .
Salve flores ta sagrad a
Nobremente re clinada
Pela enc o s ta mage s tosa
Salve bello altivo monte
Em cuja mys t ica fronte
Po i sa a nuvem vapo ro s a .
<ialve montanha g ig-
inte
Que no o ce ano d e d iamante
T e e s tas s obe rbamirand o ;
Salve huçnc o fo rmo s o
Que p o r sc e p tro p od e ro so
Es tás a c ruz empunhando .
Salve re tiro tino santo
Sobre o te u vi rente manto
Venho pro fugo ac o lhe r-me
N'
e ssas aguas sac iar-me
No s are s puri ii car-me
Sob as c ruze s abate r-me .
lm
a o sm a s
DA ILL.“ SR.
D'
alma rebentamve rsos ,Ve rso s que vao luzir vot iva o il'rendaDa grat idão nas aras .
Bacana.
Se me hom a d o tado i Natureza
D'
um e s tro não vulgar entre o s humanos ;Se tambemd e riqueza
Bu tive ra the souro s s obe rano s ;
Ve r ias MARCIA fo rmosaComo che io d e alegria
Eu cantara
E fe s tt'járaA gloria que re co rda c s tc aimo d ia.
Mas , nem riqueza nem e s tro possuind o
Como he i d e celebrar
O d ia que tão be llo t emabrindo“!
Como po d e re i mo s trar
Os enlevo s que n'
alma vou s entind o ,
P'
lo mo tivo faus to so
De ver , que o teuNatalbrilha d itosa?
Mas se não p o sso brindar- te
Com p rimo r no s annos teus
Procurare i d e cantar—te
N'
es tes humi lde s toscos ve rsos meus
Pelo céu foste d otada
De milgraças e primo re s
E hoje o s tentas alegre“
Os seus divin o favore s .
i a e
Que sentia não se i quand o volvi—os
Para t i o meu anjo1a não e s tavas lã , e entre o s myrte s
'
l'
n ias teme rosa
Vo lvend o o lho s atraz qual o motivªComo fique i não se i !
De po is vi- te mai s vezes Que venturi
Não t ive em conhec e r- te
N'
es sa idad e infant il mulhe r— d onzella ,Em que a nítida lua
T emmag ico pod e r e d oc e e ffe ito
Na vo s sa cand id a alma .
Quand o qualque r mancebo que tu vias
Logo c rias c o itad a.
Amante p ro tec to r d'
e s sa innoc enc ia,
E da tua fraqueza
Emque a s inge lla Gór á ingenua alma
T raduz—lhe muito s QUES,Em que ago ra ale gre e ago ra tris te
A'
vis ta d o manc ebo
Cm lirio ias c o lhend o e na co rrente
O lançavas d o rio
De quand o em quand o o s o lho s vo lve rie i<
Entre tris te e alegre ;
Em que as ho ras mo rtas mão na face
O s o lho s nas e s tre llas
Levavas a fallar , inquiri r d'
e llas
Se o mancebo que vis te
De teus cand id o s sonho s doc e abje c to
E'
o jo venque anhellas .
Eu vi - te ass im , e u vi - te — fui d ito s o
Qu'
e ss e manc ebo eu e ra
Mas inda que bem joveu eu sabia
Se r a p r ime ira faze
Tua emque a d onze lla qual implume
—E
O nino co rre e apanha
Mas eumai s nada vi que em ti um anjo !Tuas virgineas roupasWhamão não to cou , nem leve o d ed o ;
Em quanto eu bem sabia
Que só pud or as tuas armas eram,
E qu'
ind eífe za fo s te .
Que d ito so não Entre o s esp inho s
De s te c ruel pre sente ,
O passad o me traze s tão saud o so ,Que o s e sp inho s c rue i s
Que o meu corpo fe rem se d esviam
E durmo em ti sonhand o !
R io d e Jane iro ,Cne numno HENRIQUESLac ôs .
A E LLA.
P or entre as ro sas damanhã da vida
Vario s hymne s d 'amor entoe i ,E fo i ella que no d elir io d o s sonho s
Ameu pe ito d e fogo enco s te i .
E lla vinha enco star- se ameu se ioAmeu p e i to batend o d e amor ;
Quanto é bello d izia eu então
N'
e sta idad e ser um trovador .
, i —“ Q
E tão be lla e tão rr rr a e t'
u lind a
En d iziammigo a r r. r r
E num muud o d e
Pm a chamma nr ª e w had em .
Se que não trovad or
Só namente ; no pe i to uma fragua
Para amar-me só bas tam meus o lhos ,
Minha lvra saudad e ac re mag oa .
Quanto é triste alembrar o pas sad o
Do bom ou mã e que já se finou :
Nã o goze i como e lla caric ias ,
Minha fac e uma mãe não be ijou.
Crua mo rte roubou—me o amparo ,
Doc e amparo d'
amigo e d e amo r
E meus d ias to rnaram- se negro s
Mas eu sempre louvand o o Senho r.
De po is só n'
e s te mar d a e x is tenc ia
Mil angus tias da vid a pas se i :
P e regr ino no mund o uma ve z
P e regr ino no mund o te ache i .
Encontre i - te no valle ou na s erra
Na d e ve sa , no campo ou no mar ?
P o r entre as ro sas d amanhã d a vida
P o r mim vi - te lige ira passar .
Sim eu vi—te mas nunca te eu vira
De sd e então minha lyra empunhe iMinha id e ia toda amo r e saud ad e
Nas saud o sas cauçõe s d e rrame i .
9 138 6
TODOS u m NA SUA TERRA
ӈ o mm amigo 3 . Bant iq o .
Tod o s te emna sua te rra
Palac io s jard ins ald e ia
Todo s um anjo (1amo r
Que sua ausenc ia p rante ia .
Tod os te em na sua te rra
Pae ,mãe irmão ou irmã
Ou pasto ra d e pé nú
Ou fo rmo sa cas te llã .
Todo s tccmna sua te rra
O le ite na meninice ,
Umbo rd ão s eguro amparo
Da c r ua inc e rta velhic e .
Tod o s te emna sua te rra
No p o rvir faguc ira so rte
Um abraço a d e sp e d ida
Urna lagrima na mo rte .
Tod o s te emna sua te rra
Um amigo um pro te c to r
As palavras d'
amisad e ,
Santo s c ons e lho s d e amo r .
Tod o s te em na ina te rra
A formo sa d e spo sad a
Que durante a sua ausenc ia
Vê - se em lagrimas banhada .
T od os te emna sua te rra“
Maravilhas e rique zas
Uma e x is tenc ia se rena
E mil d ivinas grand e zas .
Tod o s te em na sua te rra
Brilhante e s tre lla no s céus
Tod o s d e ixamp endurad o s
Uma ilôr, a vida ao s s eus .
Meno s eu que nad a tenho
Meno s eu o d e sgraçad o
Pelo s da te rra mald ic to
P elo s c éus aband onad o .
R io d e Jane i ro , 1856.
Cus aumno HENRIQUES LAe ô i .
A UMA LAV RADE IR
V i—tc na fe ira vend end o
As frui tas d o teu p omar
V i tambem o s que te viam
Olho s d e ti não t irar .
E ras linda como a ro sa,Como a ro sa virginal
Tris te qual a viole ta
Com teu ro s to ange lical.
Teus cabellos s ob o lenço
Em profusão s'
c sparziam
Sobre as azue s roup inhas
Mai s elle s transpare c iam.
à? » Q
Mas que fare i para vêl- a
Lá por aquellas alturas ?
Re za a Deus que elle e Senhor
Mais d o s rio s e e spe ssuras .
Sim menino e lle ouvirá
Umhymno d o s labio s teus
Ass im prouve ra que ouvis se
Aquello d o s labio s meus .
Rio d e Jane iro , 1846.
Cus aunrno Hs nnrorms Li aôA.
Sob o titulo d e Os Me us Amons s e SAUDADES na Mr
NHA TERRA e s tá publicand o o Sr . Che rubino Henrique s
Lagóa 2 vo lume s d as suas p o e s ias .
De s ejand o to rnar conhe c idas o mais que no s fo r po ss ivc l e s tas duas obras —prime iros ensaio s po e tic o s d e
s e u auc to r quand o cursava os e s tud o s acad emico siremo s public and o nas paginas da Lrsra algumas dassuas p o e s ias que mai s no s agrad arem.
m ama5 0 é a vag a se r e na
Que na praia se de sk.Sem o murmmi udas folhas
Emba lad a pe ia bre u.
Nem a tris tura q
Cand id a no .:e «f as t , ;
Que r: to a ['n se re tra ta
Na s branc as az uas d o ric .
Nem e d a lvra um gemid
Que uma co rd a lh'
e s talou,
Nemme izo suff ise d'
anje
Que da te rra se apartou.
E'
qual ond a eneape llada
Negra raivo sa e spumand o .
No e sco lho d a d e sgraça
Semp re em furia red obrand o .
tu amo r que ard e no p e i to
C omo as chammas d'
umvo lcão
Um amo r que o s d ias conta
Pe las d ôre s d o c oração .
Mas que na vida ouna mo rte
Seja no céu ou no infe rno ,
Revivirá sempre o me smo
Abrazad o , mas e te rno .
Jane iro 29 d e d e zembro d e 1848 .
As sunp çaõ JUNIOR .
Se a no i te vae pura,
E_
o rio murmura
Lasc ivo e procura
Nas margens a flôr ;
Se acce so em d e s ejo
As brisas invejoQue , em languid o be ijo ,T e po isam no s eu
No véu que me acena ,
Qualmão d e as suc ena ,
Que surge , s erena
Do límp id o c éu ;
Eu d igo : o s pe rfume s
Da brisa o s que ixume s
A no ite co'
o s lume s ,Cc
'
o s plaino s d'
annil
E a luz , que fluc tua
Na face d a lua ,
Não valem a tua
Que inda é mais gentil.
Se a brava tormenta
Que em farias rebenta
Co'
as garras s e d enta
Se afe rra ao parce l,
Se as nuvens são d ensas
E as trevas intensas ,
E , em vagas immensas ,Me bo ia o bai xel
Sem tino e conse lho ,
No p inho já velho
Se d obro o jo elhoOrando ao meuDeus ;
a i i ã —e
Ob que raça!- as no s labios
Chega!- as ao coração
Va te r n'
e lle s o meu pranto
f o i minhamud a e xpressão !
Eubem quize ra guard ar
E ssas flore s , sempre viçosas
V ia n'
e llas teus encantos
Po is são como tu mimosas .
Mas ob d dr : te re i embre ve
De vêr seubrilho find ar !
Po is a na: tem curta vida
Brilha , p'
ra logo murchar .
Mas se o s seus lind os primore s
A ti ouze i c omparar
Diz-me : tambem teu amôr
T e rá d'
e llas o d urar
d e Jane iro 20d e março d e 1859.
Jo s emar AUGUSTO DA CUNHA Pont o .
Le s d ieux ótaient tombc'
s
Ce s iecle d ont l'
é cume entraiuait dans sa cours eLe s le s re foulê ve rs sa sours e
R e cula n'
un pas d evant to i .
(Lavu nn x e Mann . Pour .)ODE .
J á não vive o c anto r d o christianismo !
O'
harpas d e Sião , cho rae—lhe a morte .
E ra bom e ra grand e c omo um se culo ;
Sus tentou, novo Atlante ummund o novo ;cumprida amissão fo i re clinar - se
Gigante ! n'
umsepulchro .
a d ãº-a
A humanidad e , abso rta ainda se lembra
De ouvir um d ia cantic o s sublime s
E ras tu quem c antavas junto as ruínasDe Memphis d e Granada e d e Cartago .
Evo cavas d a campa augus tas s ombras
Que a tua vo z surgiram
Nas margens d o Jord ão , mais nobre s canto s
De sprend e s te , qual tuba d o s archanjo s .
Não e ram s ombras vãs , as que evocas te ;E ra o pro prio c ad ave r d e Me s s ias
Que d e novo na cruz s e e le va ao s are s
Nas ruinas d o s impe rio s .
G igante c olo s sal entre d o is s e culo s
Tu arrojas te um d e lle s ao s epulchro ;E o outro que á tua voz surgira
linear : d o p o rvir ousad o , as s ombras
Mais fe liz que Mo i s é s tu vis to a auro ra
Do s p rome ttid o s tempo s .
Ora d o rme na camp Os alaúd e s
Em tri s te s s ons p rante arão teus mane s .
Do s se culo s vind ouro s a memo ria
E vo cará teu nome d'
entre as c inzas .
E e u vou humild e , entre laçar um go ivo
Na e'
róa d o teu tumulo .
Lisboa, 1848
Ax r omo a mn nn SERPA Pu nu n.
rl
% íal â ã
A IRMA DA CAR IDADE .
Come p ray wi th me , my saraph—love !My angel—lord come p ray with me .
(THOMAZ -MOORE .)
Quem é e s tamulhe r tão linda e jovenTão tri s te e tão se ve ra em tal idad e
P o rque d e luto e do ve s tid o s traja ?
Cumpre umvo to — E'
Irmã d a Caridad e .
Um joven ad orava tal qual e lla
Mui fo rmo s o , gentil, te rno e c onstante ;
Mas s eus d ias emfim e ram c ontad o s ,
P'
r'
o Cre ad o r partiu , d e ixou o amanti
E ne ste mund o só , aband onada
Sem te r nem p ro te c to r nem alegria
Sem d e svelada mãe , que a consolas se
As tris tezas d a te rra a sós carp ia.
P e lo amante a Deus p edi a a tris te ,
P e la mãe p e lo pao que já não tinha
E d e po i s d e re sar re s as tão santas
Carp ir na s e pultura a tri s te vinha .
Um d ia que e lla as s im a Deus o rava,
R e co s tada na campa d amãe qu'
rida;
(lançad a d e cho rar nas s epulturas ,
R eco s tada íi cou ad o rme c ida
Julgou então ouvir da mãe as vo ze s
Que a s eguir vida santa a aconse lhava ;So cco rre r infe lize s dar cons olo
Ao mortal ind igente amãe mandava.
b i o _r e
CAH OES E A PATRIA.
Elo meu amigo p alha .
Patria ao menosJuntos mo rremo s e e xp irou e o
'
patria .
(Gu am Cu õzs .)
Peregrino , sé bem vind o ,
Quem teus pass o s encaminha?
A saudad e linda virgem!
Saudad es da patriaminha !
D'
ond e vens De longos terras .
Tua familla ? Mo rreu.
E uma lagrima ao rome iro
Do s o lho s s e d e sp rend eu.
T ris te s o rte a d o pro scr ipto
A vagar em te rra e s tranha !
E d entro d'
alma a saud ad e !
E que saudad e tamanha !
Mas d iz—mc , qual é teunome
Sou Camõe s ! iw— d is s e a geme r .
E que p rocuras ago ra ?
Um abrigo p'
ramorre r !
Aclias te - o p o is , bard o luzo !
Vem abraça- te c omigo !
V em que junto s morre remo s
Que a Patriamo rre c omt igo !
Li sboa, 1858 .
AUGUSTO EMILIO Zu m a .
a 15 5
GEMIDOS.
Que me importa o mimo so fre scôrDa formo sa bonina d o prad o ?
Que me impo rta o alegre trinad o
Da ave s inha tão che io d'
amor ?
Que me imp orta da rola o gemid o
Tão p e renne d'
incanto e saud ad e
Que me imp orta o rimans o , e s ol'
dada
Lá d o arro io s e a paz he i p erd id o?
Que me imp orta o murmurio da fonte ?
Que me importa o rugid o da vaga ?
Que me impo rta a fre scura da plaga?
Que me importa a verdura d o monte ?
Que me importa co'
a furia d o vento
Ou c o'
o sopro da brisa mimo sa
Que me impo rta a torrente e spumosa?
Que me importa da vid a o alento
Que me importa d o mund o a grand eza
Suas p ompas s eumand o e splendor ;Se o meu p e i to é vas io d
'
amot
Se aminha alma só s ente tri s teza ?
Que me importa ventura passada
Se p'
ramimpara sempre é pe rd ida ?
Que o s to rmento s me fujam c o'
a vid a
Só d e sejo tão tri s te e p e sada.
Lisboa, 18238 .
JOAQUIM e ua BOTELHO DACOSTA.
9 136 45
NºALBUMWM JULIA.
“mha J ulia eu não se u velho ,
Mas po s so dar- te um c onselho
Que te d eve aprove i tarNão caras em se r es po sa
Que é seguir amar ipo sa
Que na luz se vae que imar !
Embo ra rainha be lla
Embo ra fulgente e s trella
Chame á no iva e u m ovw !
A no iva não é rainha
E'
cap t iva pobres inha
Es crava po is tem senho r !
Sc ep tro e c'
roa vão quebrar- se
Vac o p e i to ali murchar- se ,
V ac matar - se o co ração !
Le d o s surriso s d'
outr'
o ra
Mc igo o lhar não pod e ago ra
Dar a outrem Is s o não !
Ra inha e só a d onze lla ;
E ssa s im Em torno d e lla
Vem o s vas sallo s vive r !
De ixal—o s pôd e e sque c id o s
Ou e sc olhe r p'
ra valid o s
Aque llo s que bemquize r !
Mas i r r'
na SEMPRE ligar - se ;
Ir em vid a s epulta r- se
Sem d a sua alma te r dó
Minha Julia e u não sou velho
Mas po sso d ar- te o conse lho
Que ante s que iras vive r s o !
Lisbo a. 18 58 . FRANCISCO Jo s i: PERE IRA PALHA .
a i ãS -a
Eu s e i o s d oc e s s egre d o s
Que so s inho s manso s , que d o s
Umao outro murmuravam
Se i valo re s fabulo so s
D'
aquelle s s ins tão med ro s o s
Que d o s labio s te e scapavam ;
Se i o que viam as ilôre s
Ond e o s teus e s eus amore s
las , Igne z , o ccultar
Se i o surriso lague iro
Que d es te ao filho p rime iro
No seu p rime iro bradar ;
E quand o àsombra d o ced ro
Tu c arp ias d e te u Ped ro
A cruel s e paração
Eu ame i e u ad ivinho
Qual agud o , d o c e e sp inho
T e rasgava o co ração .
Lind a Ignez , anjo cele s teQue outro c rime não tive s te
Do s teus amôre s além ;P o rque o teu algoz tão c ego
Nas margens d e s te Mond ego
Não viveumoço tambem?
Oh ! s e o re i c ruento vira
No s ve rd e s anuo s a lyraEmque as azas vem c re s tar
E s te s ro sne s e s tas fonte s
E s tas vagas e s te s monte s
E s te sol es te luar ;
9 15 9 6
E ste s lind o s pomo s d e ouroP end ente s como um the soura
Da frond o sa larange i ra ;
E sta lympha chris talinaA tua imagem d ivina
Reproduzind o fague i ra
E sta relva aljofarada
C'
o roc io da alvorada ,
Como lagrimas d e amóre s
E stas nuvens brancas lizas
E ste susp irar d as bri sas
E ste balsamo d as flóre s ;
E s ta Co imbra tão ri sonha
Que ad ormec ida ahi sonha
Re cos tada no seumonte
Um sonho tod o me iguice
Que no aco rdar não d e sdi sse
E sse magic o hori sonte ;
E sse lis trão re splend ente
Da be lla are ia luzente
Sobre que chora o salgue iro
E s se barco tão airoso
Que se d eslisa formo so
C'
o d escante d o barque iro
E ste s alamo s e rguid o s
E s te amor , e s te s gemido s
Que aqui geme o roux inol;E sta ve rd ura d os monte s ;
E ste azuld os horizonte s ;
E s te me igo pôr d o s ol;
9 1606
Oh'
se o re i uos verd e s aunos
Se emhahss e eutre os am nos
Mas d e Affonso : temp'
ra é dura
De u—lhe le ite a gue rra impura
Nunca teve coração ;
Izabel santa que (alle ;
O bomDiniz que não calleQue o d igam saum d
'
Irmão .
Cho ra . cho ra , Ignez fo rmosa ,
A so rte fo i rigo rosa
Negro c ond ão que tomas te'
E ud e s fo ram tuas dôre s
lIas valem bem os amore s
Que ne s tas margens gozas te .
Eu venho , Igne zmalfad ad a
Ne s ta fonte aband onad a
Memo rias tuas chamar .
Que ve ze s n'
um paraizo
O te u magico surrisoConve rteu e s te lugar !
Que ro bebe r ne s tas aguas
Ignez , tuas d oc es magnas
De teu sangue as trad içõe s
E a façanha crua , negra
D'
e ss e s d o is homens d e ped ra
Que te mataram vilõe s .
5 165 6
Enrolad o ao nome adus to
Do po e ta grande augusto
Do p oe ta p ortuguez ,
Ficou qual e ra no tronc o
Qualmusgo em s e ixo bronc o
O teu nome linda Ignez.
Fic ou teu nome e seu nome ;E po r mais que Phebo ass ome
Cento s d'
anno s no horizonte ;
P od em ce d ro s arrancar- se ,
P od e e sta fonte s eccar - se
P od e aplanar—s e e s te monte ;
Nas temp estad e s d o mund o
P od em c'
roas ir ao fund o ,
E mo rre r no olvid o e scuro ;Mas a c
'
roa d o p o e ta
E'
como a vo z d o p rophe ta
Rasga as trevas d o futuro .
E tu é s Igne z fo rmo sa
A p e rolamai s mimo sa
D'
e ssa c'
roa d e tro feu
O'
Camõe s tu me p e rd oa
Se e sta lyra humild e entoaUm assump to que é só teu.
Co imbra outubro d e 1848 .
Jos i: FREIRE na Saara PIMENTEL.
BO ALB“ DE J . m m .
D»: m ami -r ph i t:A se io ce dro s
O ç-ze w se nb m m
A ) gé 'h m e jm rm f
Se a p lanta não mm mmSe na te rra se e ousume
Ind a have ra quem amuseCom vi e s s em) em se u jard im
?.
Que d iráme iga and o rinha
Em fac e d o rum inal?
Quae s o s sons da lvra minha
Fe s t iva saudand o o so l
São sempre tr is te s o s canto s
&liad o s com o s me us p rantos
Nem p r o s pobre se ncanto s
Lhe re luz d'
um
Que pod e na pra ia nua
E rma Co nchlnha do mar
De spontand o ao p é da lua
Que e s tre lla p od e bri lhar ?
T em no ro s to mil be llezas
Inc e rtas bri ncammce zasMas mo rrem s e nas d eve zas
Surge pallid o o
De que pre sta n'
alto monte
Ras te i ra grama d o val?
Que figura junto a fonteUmriacho d e chris tal?
9 166 6 .
Em tua honra, faus to d ia,
Quiz co lhe r mimosas flore s
Nos ve rge i s d a po e s ia
Que , venc endo nos od ôre s
A jasmins , cravos e ro sas ,Tambem fossemmai s viçosas
Po is d ellas q'
ria fo rmar
Uma grinald a brilhante ,E c om ella end e osar,
Linda Aum , o te u semblante ,Para as s im pod e r mo s trar- te
Se affe ição s e i d e d icar—te .
Mas baldo fo i meu d e sejoDo meu jard im d e ss e cad o ,
Não tire i um só harpejoDino d e ser consagrad o
Ao annunc io fe s tival,
Que rutila em teu Natal.
E c omo não c ons egui
De s cantar commelod ia
As emoçõe s que s enti,in to alli rmo . be lla Anhaia,
Que , o que me falta cantar,Mc sobra no d e s ejar .
d e Jane iro 21 d e junho d e 1858 .
J OAQUIMAUGUSTO na CUNHA PORTO .
9 167 6
RECITADOS NO THEAT RO DE LISBOA
PELO ACTOR BRAZ MARTINS
POR OCCASIÃO DO SEU DEBL'
T .
Ond e e s tou? Que sou e u? Que e standarte s
V enho ousad o aqui d entro abraçar ?
E is—te emfim cap itolio d as arte s ? !
E i s—me emfim as tuas p ortas a entrar !
Ai d e scrid o não s e i se inda c re io
Que já p izammeus pé s e s te chão ,
Se e ra o s onho baldad o que ve io !
Se e ra o sonho d o meu co ração !
Quando a mente ind a tenra tentava
Ir d o mund o c orrend o—me o véu,
J á ao longe lá longe eu cuidava
Que fulgia uma e s trella no c éu.
Era a e s tre lla d as arte s e attento
Namorava- lhe o d o c e fulgor
Mas tão longe' d epo is vinha o vento
E c o'
as azas toldava- lhe a côr !
E co'
as azas d e nuvens enchia
A e stre lla e o meu c o ração
Até que ella d e novo luzia
Commais puro mais lindo clarão .
As s im fui no s meus cas to s amores ,As s im fui semp re a e s trella a s eguir ,
Ora longe ora p erto e d e flóre s
Cria então alas trad o o p orvir !
9 168 6
Que d e encantos lá quand o o meu as tro
Me apontava o theatre , a d ize r ,
Alli fallam- s e os ve rso s d a Cas tro"
Vo lt e alli G ilVicente a viver !
G il V icente , o actor e o po e ta ,
Mo liere , o poe ta e o ac to r !
E'
o re ino d e Talma é ame ta
lb antigo e mod ernoze sc rip tor .
Alli surgem da Grec ia e d e Roma
O s gigante s d o genio e são r e is
Alli Schille r te rri vel as s oma
Cald e ron e Dumas ladão le i s
E'
é aqui oh ! bemhajas
Me iga e s trella das Se emvão
Fo r a e sp'
rança d'
e s t'
ho ra se a ultrajas ,Vac c o
'
a e s p'
rança d a vida a illusão
A p rime i ra , a me lho r a mai s be lla ,
E que vae para mais não voltar !
Oh não s eja d ebald e , alva e s trella
Que eu te vis se no céu d e spontar !
Oh não s ej a nem vós cujo braçoFo i ao s genio s um genio talvez
Não d e ixe is d e svalid o o meu pas so ,
O p rime iro . que eu sou portuguez !
Is to valha po rmim que mai s parte s
Nem e u pºs so nem s e i
E abre tu ,_
têap i tolio d as arte s ,Abre as portas que e u vou vou entrar !
Lisboa , jane iro d e 1859 .
Jo ã o na Lemo s SE IX AS Ca s r eu o Ban co
9 171 4:
Em que pela vez prime ira ,T ive crença verdad e ira
Na Santa Le i d e Je sus .
Nascem—me d entro d'
almaUmmais fo rte e puro amor
Que a tod o s levava a palma
Que t inhamaior valor .
E ram canto s d eco rad o s
Do s alto s fe ito s marcad o s
Com o cunho p o rtuguez ;
E ram as Quinas e rguidas
Nas are s tas d enegridas
De Ceylão Ormuz e Fez!
De novo volte i avid a ;
Saud e i o luso p end ão
N'
uma lagrima nasc ida
Do fund o d o c c ração !
Chore i o tempo perd id o
N'
e s se amor e s treme c id o
Que me fôra tão crue l;Cho re i ant igo s d elic to s
Como outr'
o ra e s se s p ro scripto s
Sobre a te rra d'
Israel!
Cho re i o te r—me e squecid o
De tud o o que Deus mand ou
Que fo s se no mund o t id o
Como Elle o ens inou!
Chore i sobre a Libe rdad e ,
Que no s braço s d a beldade
P or pouco que não morreu;Cho re i tud o , chore i tanto
Que pud e como meu pranto
q o àmmmw .
9 172 6
De sd e então a minha terra
Fo i só tud o para mim:
As c renças que O pe i to enca ra
Dep o r—lh
'
as ao s pé s eu vim.
Nuncamai s a minha lyra
Se ad orno u da vã ma rtin
D'
um fals o mentid o amo r :
Ergui—me d e pé — alti vo
Depuz fe rro s d e ca p t ivo
P or honra d e trovad o r .
Sou um po e ta—so ldad o
Não se i a mis são mentir ;N
'
e s te canto maguad o
Dis se tud o s em fing i
Pºe ta d a lib e rd ad e
Fiz d'
e s ta no va d e id ad e
A d ama d o meu p ensar
P ros tre i—me ao s p iªs da d o nze lla
He i d e e . m e lla p o r e lla
Amznlza te rra cantar
II::I d . um . que as rud e s faltas
De s o ldad o as puz aqui
Ment iras que são das salas .
Nunca e u as trad uzi .
Não as s e i — nem que soube ra
N'
e s te s ve rs o s as puzera
Que tod o s ve rdad e sãoNão tem logar a mentira
T raduzind o aqui na lyraAs voze s d o c o ração !
Lisboa 1849.
LUIZ AUOUSTO X avtaa ne Pa euamm .
LM
U t. —G
E n s i no mund o sem tem: sa l u
F, J a i ro « me Is as tro s eam vo o aim
A in-
um h m : a: an ºs
N ªt )! ALBL'
H .
« (na ta na el c ie c lo a [a t enta)Ie la rob ô , c ejand o—me imCo n em amar ,
-
ça so l-ªd ão! Fra c tal:
Be rna rd es tris t e s d e mi p . eu pe rd id o . ,
D. 11. J . c x ra zu .
Em pé s o rr ind o a s vagas d a d e sgraça
E que imad as meus labio s pe la taça
Do negro so ffrimento
Eu vivo , vim aqui ne s te d e s te rro
Aband onad o e tr is te so bre um se rro
Cho rand o e s emalento
Murchada toda a flôr d entro d o p e ito
Aa llluaõe s quebradas e d e s fe i to
0me u aonbo p r ime iro !
E semrumo , na te rra e s em d e s tino
A'
be ira d o se pulchro e rguend o umhymno .
Meu hymne d e rrad e iro .
9 175 6
Nem d ia me surri nem eu lhe canto
Mas quand o a no i te d e sd obrando o manto
De trevas me c ircunda
Eu go s to d e ir vagar s ilenc ioso
P elas praias ao grito las timo so
Da vaga gemebunda.
E s into e s into ard e r em fogo a mente
E o co ração cap tivo e te rnamente
Mais livre susp irar!
E minh'
alma em d e sejo s abrazadaUmp e i to ancêa ou alma a quem casad a
Aos céus se ale vantar !
Mas o negro s ilenc io me re spond e
E no raio d a lua que s'
e s cond e
V ema tris te za agora?
A lyra e mud a mas o p ranto em fi o
(lavando p elas face s fund o rio
A vid ame d e vora
Mas é bem d oce o pranto ao d e sgraçado
Como a florinha d o s inge llo prad o
As p e r'
las d a manhã
Como abraço mate rno ou cas to be ij o
Casad o s em a s ombra d'
um d e s ejo
No s e io d e uma irmã !
E'
bem d o ce o chorar Eu que pad eço
Que na c ruz abraçad o a campa d eco
Co rtad o d e mil d ere s ;
Eu que all'
ronto d o s homens a maldad e
Sinto O punhal rasgar-me da saudad e
E morro ao s rigore s
AUGUSTO Emmo Zanon .
9 176 4 :
c om:m:. DA 'S s r:em '
r s m a s
DAMA
Eu tenho um c e rto cap ri xo
Que te não posso o c cultar ,Go s te i das tuas loucuras
O que me dás s e eu te amar?
EU
Não tenho gallas d o iradas
Que já te po s sa offe r'
ce r ;
Nem ha throno s n'
e s te mund o
Que te po d e s sem vale r ;
Mas p o r amo r d o s teus olho s
Ire i fe ras combate r !
DAMA
Não que ro d as tuas gallas
Nemque ro um s c e p tro impunhar ,
Nem que c ombatas as fe ras
O que me dás s'
e u te amar ?
Se mil vidas eu tive ra
T o d as te d e ra em p enho r
He i d e ad o rar- te p ro s trad o
Como s e ad ora o Senho r ;
Dar - tc milbe ijo s po r d iaEmp aga d o teu amo r
DAMA
Não que ro só do s teus be ij os
Que me p od em enganar ,
G o s te i d as tuas loucuras
0que me dás s e eu te amar?
9 178 6
BAI A
Da tua c'
roa não que ro ,
No cé u ja tenho lugar ,R e spond e mancebo louco
O que me dás se eu te amar?
Dou—te incenso , d ou—te myrrha ,
Como a Deus d e ram o s magos ,Dou- te mil e mil c aric ias
Dou—te mui te rno s nd agos
E tud o p'
ra qu'
e s ta vida'
l'
ns e rvas a d oc e s trago s !
DAMA
Mancebo agora que s e i
O que pod e s ofl'
e rtar ,
He i d e s e r tua e só tua
Toda a vida te he i d e amar !
Ri o d e Jane iro 6 d e março d e 1849.
JACINTHO AUGUSTO na:SANT 'ANNA z Vasc onm noa.
V I J PB
Be las ! s emblable au s igne a s e s d e rni e rs momentsAlo rs que je s outIre , j e chante !
n'
m mc ouur .
Apoz quas i um lustro fe ito
De vive r longe d e t i ;
Sempre a saudad e no p e i to ,
Que sem e speranças vivi'
9 179 45
Ap oz e s t'
alma oprimida
A vive r no d e salento
Como a semente perd ida
Entre as fIsgas d o mo imento .
Que s e a flôr ao céu levanta
Doc e brisa a não bafeja
Que s e a ve rga s obre a planta
O negro s e pulchro be ija !
Depo is d o sangue e spumand o
Vêr d o negro c oração ;
Pouco a pouco d e smaiand o
Sem um ai d e compaixão .
V i—te a final qual tu e ras
E nem s e que r na mudança ,
Qual na mente aond e impe ras
Vivia a tua lembrança.
V i—te e semque tume vis se s
De teu ro s to o s lind o s traço s
Quiz entre loucas me iguice s
Ir morrer sobre o s teus braço s .
Quiz pela voz d o p e rd ão
Mo s trar- te aminha inno cenc ia
Junto d o teu coração
Acabar e sta ex i s tenc ia.
Mas um pod e r me sustinha
Que me emprantos sutl'
o cava
Que a negra d e sgraça minha
Aos olhos me ap re sentava .
9 180 e
Que na razão me d izia
Não pod es vive r d'
amor
Apagou- se a luz ao d ia
Nas tre vas vive co'
a dôr .
Ai s im vivere i carp ind o
Ne sta lyra a d e sventuraTé que os ais se vão sumind o
Nas lage s d a se pultura .
Mas ao menos nunca mai s
Me to rnem a appare c e r
Aque llas vivo s s ignae s
Que eud e sejara e sque cer .
Lisboa, d e junho d e 1868 . Brunno .
BCDUIQ!) N IKON »
Tu é s c omo a ro sa que vive no p rado
No fragil tronquinho d e ve rd e ro sal
Tu é s c omo a rola que vôo no campo
E canta e s'
e sc ond e na enco s ta d o val.
Tu é s c omo a brisa que vem sobre a relva
Cantar d o s amo re s s inge lla canção .
Tu é s c omo a e s p'
rança que luz emmeu p e i to
E c re sc e e da vida ao meu c o ração .
Tu é s como um sonho que eu tenho s onhad o
Que eu s into e que eu guard o bem d entro d e mim,
Um sonho inno cente que eu conto callad o
De no i te as e strellas d o s camp os sem fim.
Tu é s a saud ad e que eu tenho s entid o
Da vida que o s anjo s lavivem no c éu
Tu é s uma e s tre lla que vive s o s inha
Em vasto horizonte , que vejo só euLisboa, 18b8 . RAIMUNDO A. na BULI ÃO PATo .
E «pras : sempr e o mmc-Ln
Slurmuzi '
, o alma da vi rzem
Os be ij os , que são pe d id o s
P im -o s na face vontad e
E'
o amo r a d ilatar - se
No pe rfume da amisad e !
Mas o s be ij o s que são d ad o s
II'
vista d e mui ta gente
De smc recemno apre ço
E arre fe cem d e rep ente .
E d izem tambem, que ha be ij o s
Que d ad o s mais d e uma vez :
Entume c cm no s s entid os'
I'
o rrente s d e langui d ez.
Eu cá po rmim — nada se i
Mas acho que e s te s são
Mys te rie s que não s 'e xplicamSe gre d o s d o c o ração
Não s e i nemme smo s e o bt o
Re volta as ve ze s p ousand o
Mi s ti c a ve z lá d o céu
Que a bo cca não d iz , fallando !
li s e ine xac to julgaremO s be ijo s que d e sc revi ;Mo s trem- Ine as Damas o e rro
Dando -me umbe ijo ami '
9 183 6
Que os be ij o s que p or'
hi vão
P e rd id o s que nem eu se i !
Nem se que r um be ijo sóDos que s e pe rd emache i .
Lisboa, 1848 .
ANTONIO Jo s i: nu SOUSA ALI ADA.
unc o nnA çà o .
I mus t we ep but the se te ars are cruel.
SHAK ESPEAR MAennTu.
E ra uma linda no i te e ra d'
aquellas
Que o céuno s conc e d eu para punir—nos .
C'
o pungir d a saudad e
Quand o d epo is d e negro s d is sabore s
Um refle xo d e amena fe lic idad e
Ind e c iso ficou entre o s ho rrore s
Da pungente cruel realidad e .
E ra então nessa no i te o fi rmamentoTape te re camad o
Ond e rutilas pe r'
las c ento a c ento
Iammorre r no occaso d esejad oA lua d is c orria lentamente
E a meu lad o folgavas innocente
E junto d e meu p e ito eu te all'agavaE ao pallid o fulgor d a lua e rrante
T euangelico ro s to s e animava .
z lãft c
Então a as tão be lla
Que vêr em t i julgue i o anjo puro
Que em sonho s ad ejaudnme surría ,
Quand o minha alma a te rra de sp re s amlo
Em pm d e anreas visõe s se d e s prend ia .
Lembra- te ainda aque lle id o so tronc o
Onde a airosa ca be ça re c os tavas
E aque lle ramo branc o
Que emballad o d os ze phy rus lige iro s
Sobre a re lva te r ia d e folhag em
Alfombras que p isavas?
Como a teus pé s as cand id as boninas
Os anjos d e sfolhavam?
E d o fresc or da languida bafagem
Tuas eburneas fac e s animavam
Cad ente murmurava ao lo nge a vaga
Que mans inho na praia fa rolando
Po isar bum'
d o be ijo
Na are ia que luz ia
E d ep o is p reg uiço sa d e s li zand o
Entre as ondas que vinham se e sc ond ia.
E das harpas ae re as mansas br isas
Que nas s ombrias ramas d is co rr iam
Saudand o no ss o amo r
Me lanco licas no tas d es fe riam
E em s eu temo susp iro a agre s te flôr ,
Mile s senc ia s balsamicas soltava
E as auras que bebiaa perfumava .
Quanto é d o c e animar e xtinc to s d ias
Que d e amo r infantil s e alimentaram
Evo caI- o s d a no i te umbro sa e longa
Emque quas i no alvo r s e sepultavam
E d a saud ad e branda
Bafejand o com o s halito s ce le s te s
D'
e spe rança d e lirar , brad ar c io so
Fo lge—d e novo .
—Dias que mo rre s te
a i Sõ a
Da ro xa saud ad e as fo lhas mimosas
Não que iras Elyse alli de rramar ,
Que a par dos encanto s— da me iga saud ad e
Se occultam veneno s que pod emmatar .
Esquec e- te Elysa , que a lyra fune s ta
Não ha d e impo rtuna sent ida geme r
Que a amarga memo ria— d o s tempo s que foramNo fund o d o pe ito eu juro e sc ond e r .
Lisbo a, 1858 .
Lam a Ce n tro .
OS OLHOS NAO M BW .
Não se i s e ac re d ite — s e vá duvid and o
Que o s o lho s não mentem não mentem se i eu.
Mas língua d a te rra na te rra falland o
Não po d em d ize r-me tae s c o isas d o c éu.
O s o lho s não mentem que são a voz d'
alma ,
Singe llo— o que s ente no s o lho s o d iz
Ou s onhe venturas go zand o'
d a calma
Ou gema saud ad e s cho rand o infe liz.
Se um d ia pro curam guardar um segred o
Co itado s d o s olho s que tentammentir
Que logo em cas tigo que logo d e med o ,Rebento d o s o lho s o p ranto a cahir.
5 187 -6
Os o lho s não mentem e tempo p e rd id o
Po r mais que o rep itam, não mentem, s e r
Mas línguas da te rra só fallam tingid o
T entand o d izer—me tae s c o isas d o céu.
Lisboa 1848 .
FRANCISCO Jo s é Panama PALBA.
NO ALBUM D'UMA MENINA .
Tu que re s d e d o re s
D'
amo re s
Singello cantar ,
Flore s d'
amo re s
Não tenho p ara d ar .
No pe ito guard ad o
Calad o
Um canto s e i e u
D'
e sp inho s e dôre s
Que flo res d'
emore s
J á não tenho eu.
E tu que é s a ro sa
Pe rmasa.
No mund o a vive r ;
Não que iras meus cantos
De p rantos
De tanto soffi er .
m iºl º
Só tuaqui sole tras te
Ne staminh'
alma s ingella.
B'
s minha flôr , meu go rge io
É s tu 56, só minha es trella.
Ant on o Pmm s
IN C E R T E Z AS.
Vem allivio me renco rio
No s meus olho s bo rbulhar
P od es vir , ninguem te vê
P'
ra se ri r d o meu cho rar .
E e lla que o não p re s inta
Que não saiba o meu p enar ;Se vis se pranto d iria
—Tu cho ras p'
ra m'
enganar !
Ingrata que não calcula
Quanto so il'
ro emmeu amar ,Po is nem c re no p ranto meu
Nem s e fia emmeu jurar
Se ao meno s eu conseguis se
Denso porvir d e svendar
E se a e spe rança vie ss e
Meu amor aca lentar ;
Oh ! então ainda s oll'
rera
Po r mai s tempo o meu penar
Abafara o s meus gemid o s
Sull'
ocara o meu cho rar .
Canna .
9 192 6
Mas vi ve r s empre enle iad o
No mai s c rue lduvidar
E'
que re r a tragos lentos
O fe l da mo rte libarJane iro 1849.
J o s emar Anc usr o na CUNHA Ponr o .
A F ILIIIN IIA .
Quand o teus olho s erguend o
O s fi tas tris tinha no céu,
E ao sacbrac io da tua alma
So ltas as pregas d o véu,
E u amo ver- te no s labio s
Os surris o s d a candura
ADeus p ed ind o e rogand o
P o r quemgeme s em ve ntura .
P e la mãe que ad o ra a fi lha
São d e fogo as p re c e s tuas ,
O s anj o s p e d em po r anjo sSão c ommuus as penas suas .
A e s se Deus que em teu ro s to
P oz o cunho d a be lleza,
P e d e - lhe que m'
aparte d'
alma
E s ta nuvem d e tris teza .
Tu o ras po r quem a sorte
Fez no mund o malfadad a,lnno c ente o ra p o r mim
Que tambem s ou d e sgraçad o .
Jane iro d e março d e 1849 .
Assump ção Jumon.
b lºâ e
De variadas flo res fragranc ia rara
Co'
ameno aroma o s ares eui als em va
De límp id a c o rrente fonte clara
No mimo so ve rge l s e rpente ava.
Do formo so bate l e n tão sahindo ,
P e lo ce le s t e gula c ond uzid o
A Alabas trino te rs plo fui subind o
Que es tá d e mirto e ro sas guarne c i d o .
Subi no temp lo entre i e d e slumbrad o :
Meus o lho s fo ram c om tamanha luz ,
Uma d onze lla vi que , re co s taddsOs braço s temno pe d e s talda c ruz.
Alvo é o ro s to , o s traje s são nevad o:
Ebanico s und ivago s cabe llo s ;
Temna bo c ca surr iso s engraçad os
São d e claro e xplend o r o s o lho s be lle s .
E xta tico fzque i mud o , e pasmad o
Ao ver d e vi rgem tal tanta be lleza ,
Meu p ens ame nto t o d o d'
cnle vad o
E sque c eu id a (.
ªu e natureza .
Mas d e -le s t e vo z a melo d ia
Alegre , a me us s ent i d o s me tornou
T rovad o r e s cute i que me d izia
Tua c ons tanc ia 0 cá.; já premiou.
Issa virgem q ue vês me iga e fo rmo sa
Que tanto lhe p e d is te em teus cantare s
Semp re inno c ente , be lla e carinho sa ,
Amor te j ll l'
íli'â s obre o s altare s .
a i Qã -e
Olhe i então e vi o s olhos d ella
Que che io s de brandura emmim p ensava
Comaque llame iguice que re vela
Que d o anjo as palavras c onfi rmava.
E rguend o- se d e po is visão c e le s te !
A'
s aras uma c'
roa fo i buscar ,
E d is se : bem ganhal- a tu soube s te
Trovador que tão bem sabe s trovar .
Aguard e i d e j oe lho s d e lirante
Be ijar amão que a c'
roa me c ingra :
Mas d e tod o ce gou-me a luz brilhante
Que d o s formo s o s o lhos e spargia .
De re pente d o véu fui d e svend ad o
E ssa fo rmo sa luz já não
Anjo , ve rge l e templo consagrad oTudo tudo d a vis ta me fugia .
Brgui- me então d o s omno d e spe rtad o ,
Com tris te s p enas a lidar fique i ,
Ne s sa margem d o T ejo d e sgraçad o
A pe d i r a ventura , que sonhe i .
Lisboa 1848 .
Am i s Pun o na Souza .
a lgô e
A N'”V EM .
Pelo s ol ainda afl'
agad a
P equena nuvem d o irad a
Va i ad ejand o apre ssad aLanas camp inas d o ar ;
D'
ond e vens ó nuvem pura
Co'
Viração que murmura
Damontanha na ve rdura
Na face argente a d o mar?
Nas azas d o me io d ia
V ens tu acaso s ombria
P e rd e r—te emme lanco lia
No s camp o s d e Po rtugal?
Vens d o T ejo vêr as flºre s ?Ou vens matar—te d
'
amóre s
Ao reve r as tuas côre s
No Mond ego d e c ris tal?
Tu que o s braço s vap o ro so s ,
Bm branc o s flo c o s mimo sas
E s tend e s tão amo ro s o s
Lá p ara o s e ptentrião ;
V ã is no s ge lo s d e brilhante s
Em cave rna d e d i amante s
V êr uns olho s sc intillantes
Que p rend em teu c o ração
Va i s matar uma saud ad e
Entre a neve em s ole dad e
Ou vais travar amisad e
C'
uma e s tre lla glac ial?
9 199 4
Ou no polo d iamantino
Vai s ve rte r—te d 'o iro linoLá no brilho purpurine
D'
uma auro ra bore al?
Quanto invejo ó nuvem leve
Tuas azas côr d e ne ve
E o be ijo , que o c éu te d e ve
D'
es sas roupas d e marfim !
Quanto invejo o s vôo s teusP e lo s caminho s d o s c éus ,
E o me igo surrir d e Deus
N'
e s s e raio carme zim
Lã d o e spaço no s re tiro s
Ond e faze s o s teus giro s
Não out e s tu o s susp iro s
Que te envia o trovad o r ?
Ou tu lá u'
e s sas alturas
Não te d o emmaguas d uras
Nem allec to s , uem t e rnuras
Nada move o teu amo r ?
0h ! se àte rra tu baixand o
Me c onduzi s se s vo and o
No s e io mac io e brand o
A'
s e the re as regiões !
Ou s e ao menos c'
um gemido
Da p obre lyra sabid oA um ente e s treme c id o
Dess e s as minhas canções !
Mas'
tu roças o hor is onte
Ao norte le vas a fronte
Vã is jã mui longe d o monte
Em que te vi d es p ontar ;
a iºõ a
WEB QQÚQQQA
'
sombra d e itad o d e anno samangue ira
O céu contempland o c e d i ao d ormir .
Das co i sas qu'
eu vi lembrança fogue ira
Na lyra d e scanto c om tris te surrir .
Do id inhas corriam lige i ras voavam
Mil ave s d o céu e ao longe no ar
Mil anjo s d e sc iam, d e s ciam chegavam
E em to rno ao meu le i to vi eram cantar .
Da brisa d o s montes a pura fraganc ia
Nas face s d e slisa lige ira a c orrer
E um hymne ente ad o d e longe d i s tanc iaDo s céus aos duvid o s me ve io mo rre r .
E o hymno d iziamilco i sas tão puras
Que a lyra d o bard o mal pôd e tange r ,Dizia- me patria cantava venturas
Soava—me n'
alma , causava prazer.
Ao longe no valle d e llóre s matizad o
Fague iro entoava—me um le d o pas to r
Fo rmo sas end e ixe s qu'
ao p e i to maguad o
Lembravam amao
'
s e atria e amo r.p
Lembravam- me"ãinfanc ia a vida tão pura
O s d ias qu'
outr'
o ra passe i no paiz ,
Do s pae s carinhosos ame iga d oçuraDiziam-me n
'
alma que sou infeliz.
Lembravam—me o s s ino s d e ald e ia tocaE o d e c il rebanho no p rad o a pas tar ,E a tenra i rmãs inha qu
'
outr'
o ra emballandoSurrind o me olhava no seu accord e r .
Vo r . IV.
ao » 206 6
Lembravam- me as no ite s d e lua tão bellas ,
As tard e s e s tivas a auro ra a raiar ,
Me u c éu tão brilhante bo rdad o d'
e strellas
A pura ave s inha na s e lva a cantar .
Lembravam—me a amante , s eu collo de neve
E o be ijo qu'
outr'
o ra nrimc iro s o rvi ,Com p ejo outo rgad o po r bo cca tão breveTão d o c e o d ivino qu
'
eu quas i morri .
De p o is ac c ordad o
Fique i d ew raçad o
Cho re i meu fad o
Meu p ranto c o rreu ;
E o s onho tão q'
rid o ,
Fo i s onho ment id o
De p e i to nas c id o
No p e i to mo rreu!
R io d e Janei ro , 21 d e fe ve re iro d e 18á9.
J ACINTIIO Ancns r o nnSANI'
ANX A nVASCONCELLOS '
J e parc ours l immenso e tendue ,li t j e d i s
— Nulie part le bonhcur ne m'
a ttend .
Lau s an ne. Man. PORT .)
E'
no ite ! ummanto bo rd ado
To d o d e sóe s re c amad o
Se d e s enro la no c éu
Sumiu—s e o as tro lo d ia ,
Bebe r la n'
alma a po e s ia
Ao ce rrar do immens o véu
9 208 1 !
66não mo rre o sacro lenho
Ond e o s o lhos meus eu tenho
Ond e a minha e s p'
rança puz ;
Pos sa emquanto t ive r vida
Re spe itada ver ,— e e rguid a
Es ta a nta , humild e c ruz !
8 . Franci sco d e Co imbra 2 d e fere re ino d e
a c rse o Jos i Pu lulu
x o ALBUM DE MEU AMIGO O SR .
ANTONIO AGOSTINHO NUNES LIMA.
Quemme d e ra a voz mimo sa
Que , quanto hoje é famo sa
ºutr'
o ra fo i d e sd i to sa
De Carnõe s , d ivo , s em par ;
Quemme d e ri'
a d o c e lvra
Em cujo canto re s p ira
As emoçõe s que s entira
T o rquato , no s eu azar .
Oh ! s e tae s d ons alcançam
Ve rias c omo e u cantaraComo tambem d emons tram
D'
e s ta minh'
alma o s entir ;
P o is que o abraço d'
amisad c
Que te d e i c omanx ie d ad e
Fez mais c rue la saud ad e
No meu p e i to re surgir !
9 209 Q
Fez-me te r sonho d ito sa
No qualvi quad ro formo so
Po r mim passar p re ssuro so
Qualaguia , que o ar co rtou
Mal o p osso d e sc re ve r ,
Que minhamente a fe rve r
Apenas pôd e abrange r
O painelque d ivisou.
V i e ss e Pe rto gigante
Be rço d o he ro e navegante
Que , audaz e triumpbante
Lusas quinas fez teme r
V i - lb'
o s mimo s s e d uc to re s
V i—lh'
o s fruc to s e as llôre s ,
V i n'
um relance o s primo re s
Da te rra d o meu nasc e r !
V i a seus pes mage s to so ,
O meu Do iro tão famo s o
E spreguiçar- s e alte ro so
P o r campo s p raias s emfim
V i -me na patr ia mansão ,
Conchegand o ao sp raçâo
Os p enho re s d'
uma ail'
e ição
Qu'
inda não mo rreu emmim !
Ai ! que visão tão formo sa
Se d e s lizou p re s suro sa
N'
e ss a p atria fabulo sa ,
Que n'
um e xtas is fo rme i !
Oh ! que quad ro d'
e ncantar
Fui ameus pae s abraçar ;Be ijo s frate rno s fui darNas irmãs que s empre ame i
O Infante D. Henrique .
g ºma
Has a i ! que tanta ventura
Se ra d i c a e'
n amargu ra
No m e :. o d e tri s tura
De me u c rue l d es pe rtar !
Fugiu- me to d o o e ncanto
Mas fic ou saud o so pranto ,
Que o tempo que pôd e tanto
Não tem p o d e r p'
r'
o se ccar !
Tu bem p od e s c omp rehend e r ,P o is tens o ra igual s olfrc r ,
O quanto cus ta vive r
Saud ad e s s empre a curtir
P o r i s s o bem tris te llór
V em no te uAlbum d e pór ,
Quem não temna sua d dr
Outra llôr d e mais luzir !
de Jane iro , 8 d e abr il d e 18 59 .
J o aoum Auc vs r o na CUNHA Pont o .
Alªlbít'
lli SÉCCA.
AO MEU AMIGO A. LIMA.
As fi lhas que o s ol d o irava
Vão ca ind o p e l.) c hão
A'
vo z d o p . !llid o o utomno
Cho rand o o s bo sque s e s tâo ;
As ave s inhas mimo sas
Calam tr iste s rece iasaa
ap ºiº-a
V em comigo s er a fonte
Que murmura entre s e ix inho s
Ond e nas horas d a s e s ta
V ão banhar—se o s pas sarinho s ;
A fontinha que entre ro sas
Entre boninas che i ro sas
De sc e alegre ao ve rd e p rad o
Como a zagala d o monte
Que julga tºpar na fonteO pas to r s eu namo rad o .
Ai d e mim —que e secar a lente !
Em vez d'
aguas c ris talinas
Ago ra juncam s eu le i to
Se c cas folhas purpurinas ;
Ond e e s tão o s pas sar inho s
Que suspend iam s eus ninho s
Entre as folhas d o s salgue iro s?
Em ve z das ave s d'
outr'
o ra
No s s e c c o s tronco s ago ra
Piammo cho s ago i re i ro s
Mo rta e s tás ó linda fonteMe iga fi lha d o o u
'
e lro !
Quem me (le r:: o uvi r ago ra
T eu murmura r fe i t i c e iro !
Quemme d e r .. cb . rar tanto
Que po d e s s e o tri s te p ranto
Enche r d e no vo o teu le ito
Scceas as fonte s e s tâo
E cancad o o c o ração
De c arp ir d entro d o p e i to !
Ad eus po is 6 fonte mo rta
Que eu me vou c omminha d ôr !
Bebi tod o o mel da vida
Só me re s ta o amargor ;
9 213 43 5
As folhas que o vento e spalha
Sejam a tris te mortalha
Da fontinha que ame i tanto ;
E p o s samno me z d as (lere s
As boninas d e mil od re s
Re camar - lhe o tris te manto !
Talve z o ge lad o inverno
Que s em d ó tud o arrebataVenha d ar- te gene ros o
A c o rrente c ôr d e p rata
Talve z o pas to r cancado
Venha no julho abrazada
Sac iar a sed e ard ente ;
E talvez que as aves inhas
V enham d as matas vis inhas
Me rgulhar- se na c o rrente .
Mas eunão mais vo ltare i
Ver- te , 6fªnte renasc ida
P o is s into d entro d o pe i to
Se ccar- s e a fonte d a vida ;
Se cca nas mão s tenho a taça
Da tri s te vid a que passa
Sem d e ixar uma saud ad e !
E quand o tris te mo rre r
Nemum susp iro he i- d e te r
Nas horas d a soledad e !
Lisboa 18 58 .
H . O'
Nnu . l emon.
D Z IK Q
M INH A TERRA.
Pe las margens d'
e sme ralda ,
P e las aguas d e c rystalT em c o usas minha te rra ,
A minha te rra naml!
Pare c em c onto s d e fadas ,
Nunca vi lind e za igual.
Tud o alli falla d'
emo re s
Quanto o s o lho s po d em ver .
Até ha c o nto s d e (lare s
Que fazem go s to s abe r ;
Quem me d e ra te rra minha
Que o s to rnas s e s a d ize r .
E s obre a v ia formo sa
Ne s sa fo nte d'
As e nal
Nas tuas margens d e ro sa
E u d e ixa r i a o me u mal
O me u mal to d o saud ad e s ,
Saudad e s d o meu natal.
Po rque e nf i o , ó te rra qu'
r id a
O te u d e lira nte ::môr ,
Allagand o a n mha vid a
Dava - me i iço e fre s cor ,
Dava- me n'
a lma um surri s o
P ara abri r na vi d a a llôr .
Mas a p atria d a minha alma ,
He i d e longe d e lla e s tar?
Que r a so r te e c ontra a so rte
Que reme d io s e ha d e d ar?
Se t ive ra ind a uma e sp'
rança
De em teu re gaço acabar !
2166
AO m m e o
AUGUSTO CARLOS MACHAD O.
Ei s que allim vae s meu amic o
Te rras da pa tr ia re ve r ,
P raza ao c éu mand ar bo nança
A'
s ondas que vae s fend e r .
Mas , oh ! não vim sem le var
Signald e minha afe ição
N e s ta tro va que é singe lla ,
Mas fi lha d o c oração .
Oxalá no s braço s te rno s
De tua familia cara ,
Ache s a d i ta que a s o rte
Paramimfaz tão avara .
E , po ssa s nas margens lind as
Do no s s o Do iro fo rmo so ,
Frui r encanto s d a vid a
Se r n'
e llas s empre d i to sa .
Mas no enlêvo d a ventura
Não o lvid e s a ad'
e ição
De quem te d iz te rno — ad eus
Com fallas d o c o ração !
R io d e Jane iro 17 d e abrild e 1849 .
J o aoum Auc c s r o DA CUNHA P onr o .
g ºma
BLLA .
I t iene mas d e vaporosàsombraDe ine fable vi s ion que d e muje r.
Zonnnma .
De sprend e—s e a p oes ia
Em to rrente s de harmoniaPara cantarmeu amo r !Nas c ordas da minha lyraA mão inc er ta de si ira
Umhymne de trovad or !
Um hymne —só para e lla ,Que em cada no ta revella
Mys te rie s d e coraçãoQue s eja tod o te rnuraT o d o me iguic e e d oçura
T e d e s ince ra paixão !
Não pod emvoze s d a te rra
Dize r tud o quanto ence rra
Aqui d entro e p e ito meu !
Mas comigo ha d e juntar- s e ,
na d e ao meu canto casar- s e
A ve z d os anjos no céu
D'
aquella face fo rmo sa
Como umbo tão d'
alva rosa
Quemnão ama a pallid ez? !
Quemnão enc ontra po e s ia
N'
aquella me lancolia
Que temgravada na tez
9 919 6
So s seus cahe llc s e scuros .
Y e s olho s mgre s tão mms
Quem se não ha d e pre ud e r? !
Quem em tro ca d'
um surriso
D'
e s s e anio d o pan'
nn
E o se d e ixa ai m rre r? !
Quand o a vejo pensat i va
Eu não se i c omo se viva
Sem pensa r n'
e lla tambem
Se a vis s e ch- ar um d ia
Ai ! eu não se i que alegria
Pud e s se goza r ninguem !
Eu não conhe ço no p rad o
De fresc as no res bo rdad o
Mais lind a e s ingella nbr !
Eu não c onhe ço d onze lla
Que se compare com e lla
Quem as s im me falle d'
amor
E rgue i—vo s d a sep ultura
P o e tas d a d e sventura
E rgue i- vos , Tas s o e Camõe s ;
E d ize i d e po i s d e vê—la
Se houve jama is uma e s tre lla
Como es ta d'
nnsp i raçõe s
Não hom e !— Na minha vida
Não te s eja e u e s c o nd ida
De nuvens n'
um tris te véu !
O'
me u as tro s c intillante ,
Brilha tu s empre constante
Que s e mo rros , mo rre o céu!
5 2206
T r ibune que med i ta» as
No s traço s d'
e ss e paine l
No me io d as c res pas vagas
Na p rôa d o teu baixe l?
P ensavas na cara e spo sa
Na vaga que vem saud os a
Be ijar teu be rço gent il?
Não , não , o Grac c o , o g igante .
T eu pe ito não bate amante ,
Não é teu sonho infantil.
Saudad e amo r , e sp e rança ,
Não movem teu c o raçã o
Que as c inzas clamam vingança ,
As c inzas d e teu irmão .
No me io da tempe s tad e
Só p ensas na libe rd ad e ,
se p ensas ne patrio amor .
Um riso ae labio te assoma
Que além s e d ivis a Roma
O'
Roma e is teu d efenso r.
Co rnelia ahi tens o teuâlho
Que he rd ou teu genio e valo r
Na frente re luz- lhe e brilho
O brilho d o patr ia amor .
Lá vemnas azas d o vento
Soltar o s eu p ensamento
EmRoma ainda uma vez.
Chega e Roma abso rta ,
Da ve lha Roma jámorta
J ulga ouvir a impavid ez.
De entre e c ivilpugilato
Que voz e s tranha brad ou?
Da campa d e Cinc inato
Fo i gri to vale que aco rd ou?
sai
Ou fo i d e Romulo e brado
Tro and o'
eontra o senad o
Ou fo i d o s d euse s a voz ?
Fo i Caio Gracc e , Romano s
Que jura gue rra ao s tyranne sAs c inzas d e se us avós .
E surgiu c omo umathle ta
De foro calcand e pó
T e rrivel c omo a trombe ta
Ne s muro s d e Je ricó.
Do p ovo acc end e o s furo re s
E as iras d o s senad ore s
Brad and o , p rovoca Emvão ,
Que mand a o Deus da ve rdad e
Que p e reça a libe rdad e
Na patria d e Sc ip ião .
E fo i a ve z d e rrad e ira
Que a velha R oma e scutou
A voz tremenda agoure i ra
Que em libe rdad e iallou.
De vil s enad o a vic to ria
Fo i brilho d e falsa glo ria
Que a patria lança no pó ;
Que aond e acaba a virtude
Surge a patria um ataúd e
É a glo ria um nome s e .
Virtud e s d e e sfo rço antigoV irtud e s d e patria amo r '
,
V ão acabar- s e comtigo ,
O'
Gracce as mão s d o lie to r.
De lic to r O'
R oma . o t e ria .
P o up ou- te Grac c e e s s a injuri a
T ão negro p e rante o mªu.
A mancha d e parr ic id a
P oupe u—t
'
a que d e i xa a v id a
(To fe rro que amã e lhe d eu .
E s s e d om que o fi lho acc e lta
De amo r da patria provem
E Roma e sc rava e suge i ta
V ene ra o fi lho e a mãe
V ene ra—o s nas c inzas frias
E fo i d e Ne ro nos d ias
V ingança ás c inzas clamar
E ind a o p o bre , inda o kara
As c inzas d e Ca io Grac c e
V ingança vai d emand ar .
Li s bºa 18 59 .
ANTONIO Fau na nr: Swa p i Pmm r r n.
SOFFRE R ' M ORRE R
Sou pobre trovad o r não tenho lvra
Apenas so lte malfadad o s cantos ,
Que o s p rop rio s é che s c omd e sd em rep e tem.
Eu sou qual tris te , so litaria rela
A quem e céu ne goumimo so s carme s
Que ma sabe carp ir s e o e spo so p erd e .
Teuges to encantad or , teus o lho s , tudo?,Oh ! tud o que a cruel nada lhe e sque ce
Para matar d e amor quemd e amor mo rre .
Mas na surge no c éu a re ixa auro ra
A ilór levanta a fronte e o sol s e d igna
O seu p ranto enxugar Dito sa planta,
Tod o o d ia e varas , e céu'
s tá pure .
Que vida vais vive r ! Abi quanto invejoA tua s o rte , o ilór , o quanto d era
Para teu fad o te r ter igual sorte !
Para mim as no ites são longas e ternas
E se o d ia ra iou, as d eusas nuvens
A cada passo emno i te me transformam.
Para mimnão ha calo r que o p ranto enxague
Nemsurriso gentil; no i te s sem d ias
Seme sp'
rança se que r e is o meu fad e .
Anjo fasc inad or que me has p e rd ido
Quand o s em compaixão me vez mo rrend oPe rdoa , se me que ixo se murmuro .
De via abençoar amão que o fe rro
No p e ito me c ravou o s meus susp iro s
A teus p és suii'
ocar morre r s o rrindo .
Mas não p o sso , ai d e mim! não t inha a fo rça .
De duro e sc ravo que no c irco outr'
ora
Mo ribund o sarria ao p ovo insane .
Eunão te peço amôr , que o não me reço ;Mas quero compaixão que ro p ied ad e ;
Não me que iras amar ; mas d e ixa ao menos .
Que d e longe te ad o re ao meno s po ssa
V ive r morre r po r ti , e se algumd ia
Te d ignare s surrir volve r teus olho s ,
Um ins tante se que r no s meus mal—o s , ,
P o r pago me d are i . Vive , que vivoDa tua vida só ; folga que folga ;
ª ººõ e
Sonha t onturas que eu não p o s so dar- te
E d e ixa que a teus p é s suspire um tris te !
Lisboa 1848 .
Hu mour: O'
Ns i LL.
AOS ANUOS DO MEU AMIGO
o sn. J OAQU IM AUGUST O na CUNHA r onT o .
De s ponte u teu d ia augus to
Que vem grato d e sparzir ;Sobre a te rra alma alegriaSobre t i me igo surr ir ;
Que te vem traze r a palma
Que vem rad ar- te o p orvir .
o xalá que em longa vi da
G entil o vejas brilhar ;E venha quand o renasça
Ve rd e s laure is t 'e il'e rtarc om e lle s , tua fronte ,
Me ige VATE end e e sat
P ons o c éu em ti d e rrama
Se u amor tod o d ivino ;
E nutre a d óc e e spe rança
Que t'
o lharamui benino ;nue a pureza d e tu
'
alma
D'
elle te faz se rmui d ino .
ª vaga e spumo sa vai .
Ao meno s uma bande ira
Na vos s a popa altane ira
Bravo s nante s , e rva
E il- a ahi d e leme blª h
O p ilo to em alta voz ,
E il- a ahi é immaculada
É a d e no s s o s avo s
O'
lho e ve jo alvo tec id oD
'
outra cor não po lluid e
Sobre as auras a treme r ;No me io as Quinas gravadas
Tinha e em le tras d o iradas
mais não pud e ler.
Oh nemmai s que ler havia
P'
ra um po rtugue z fie l;
Que tud o em s i re sumia
A band e ira d o ba ixe l
De us e Patria e i s tudo d ito
Lind o ba ixe l se bemd ito
Pas sa o teu nobre pend ão
P e las br isas sacud id o ,
De spe rtar o ad o rme c id o
He ro ismo da nação .
Che io d e brilho navega
Combate d is s ipa aud az
A treva , que a mui tos cega .
E a tod o s mise re s faz :
Se gue a carre ira enc e tada
E da no s sa terra untada
Á o rpha d is pe rsa greyV ic t ima da tyranninTalve z pos sas d ar um d ia
Libe rdad e , patria , e le i .
15 d e fe ve re i ro d e 1849. J . D'
A.
Ve r. . IV.
9 229 1 :
A E ST RE LLA .
veo , virgem e ssa e strella
Que ince ssante ano i te velaSobre a abobada d e c éu
Tão luzente clara e pura ,
Emblema d a fo rmo suraDa fo rmo sura sem véu !
Quand o abe ira d o Mond ego
Que em tão plac id o soc ego
A teus p és vé s d isco rre r
Sob a ve ia crys talina
A tua effigie d ivina
Te põe s so s inha a reve r
Lapor traz da bella image
Entre as folhas da ramage ,Não vês a e s tre lla a luzir
Gravada no c éu brilhante
Como um prego d e d iamante
Os teus olho s a ferir?
Quand o , alta no ite no e s tio ,
Saud o sa d e ixas o rio
E e le ito vens d emandar
Ao c e rrar tua janellaNão vês a pallid a e s trella
Bem d efronte a sc intille r?
Não a ves d epo i s em sonho s
Entre d elirios risonho s ,
A d ize r—te ainda ad eus ?
Quand o acord e s na alvo rad a
Não a vês inda pre gada
No azul—claro d o s céus
?32 -5
V i t e tu, virgem no mund o
R evolve—te no profund o
Ahysmo da so c ie dad e :Brilha das flore s além
Amo - te mui to ; po rém
Que ro mais alibe rdad e .
E quand o ó virgem fo rmosa ,
De sbo tar a côr mimo sa
De ssas face s d e c armim;
Quand o d o mundo o d esgos toAnnuvear o teu ros to ;
Oh ! lembra—te então d e mim.
He i d e ape rtar—te emmeus braços
Não s e rão amantes laço s ;
Mas se rão Não vês a e s trella?
Ella não murcha . Em teu ros to
Que impo rta lavro o d esgo s to
Se tua alma e sempre be lla !
É tua alma que eu ad o ro ,
É tua alma que e u d e plo re
É tua alma , que e u e spe ro
É a e s trella imagem d ella ;É ass im que eu vejo a e s tre lla
É po r tal que a e s tre lla que ro .
Lisboa 1858.
J os t a nn nz Saara P IMENTBL.
eirª s!“
9 236 4 :
SOMBRA.
Sombra ! sombra ! que me fazes
Tud o no mundo m o s tar ;
Auro ra d a minha vid a ,
Allivio d o meu penar ,E s tre lla d o s meus amore s
No ho risonte a raiar !
Sombra que vens tão fague ira
R e co rdar- me d o d eve r ;Sombra que o trilho da honra
Nuncame d e ixas pe rd er ;Sombra que as le is d a vi rtud e
Não me d e ixas e squec er ;
Sombra que em d ias d e p'
rigo
Me trazes almo valor ;
Que emmomento aziago s
Me conse rvas vivo ard o r
Que no s e sc o lho s d a v ida
Me so pras brisas d e amo r
Sombra e s tre lla , luz , phantasma !
Quem que r que s ejas m'
o d iz
Não que iras que d e sconheça
Quemme faz vive r feliz ;Tão longe d o s meus amigos
Tão longe d o meu paiz !
Centelha d e fogo santo !
Que em to rno a mim a pairar ,
Não me d e i xas p elo s víc io s
Do mundo contaminar ;
Tu tens umnome po r certo
h ão m'
o que iras occultar !
9 25 7 —5
Eº
s fada? é s anjo ? ou e s tre lla?Que ro sabe r teu condão ,
É'
s entidad e real?
Ou só é s pura illusão
Tu que p rop ic ia m'
entornas ,
Delic ias no coração !
Vojo - te airo sa a surrir—meDa manhã no arrebol
Mais tri s te mais carinho sa
A'
tard inha ao pôr d o s ol;
Na hora das d ensas trevas
Brilhand o como umpharol
Vejo—te tris te chorand oQuand o no mund o obro mal;lrada se me me rgulho
Do s víc io s no lodaçal ;
Se volvo ao brio avirtud e
N'
um d elirio sem igual!
Sombra ! s e rás tu acaso
Amulher qu'
eu he i - d e amar?
A virgem casta e tão bella
Que me quiz Deus d e s tinar ?
Que minha fada fad ou?
No seu alegre fadar?
Nem é s me iga e strella nemanjo nemluz
Nemas tro ou phantasma , tuvens -me d'
além
Tu és o rellexo d o s vo to s s ince ro s
Que faz por seufilho a mais ternamãe !
R io d e Jane iro , 8 de março d e i 859.
J acmm o Aucvs 'ro nnSANT'ANNA x VASCONCELLOS»
9 238 :
A UM CANABIO .
Plumeo , te rno canto r
Que d obras com graça inlinda
Essa cantiga tão linda
Que d ilatas c om primor ;
Que , no s seus que vais trinando
Vais as almas enleiand oQualme igo laço d e amor ;
Ave s inha tão mimo sa
Que d ize s no teugorgeio !
Exprime s o grato enle io
Que te faz se r venturosaÉ d 'amo r a voz amenaQue d esprend e s tão serena
Tão d oce tão mavio sa?
Ou d enotas a saudad e
De quando solto voavas
E nas camp inas gozavas
Da tão grata libe rdad e
Me igo s arrulhos fruindo ,
E sempre a cantar , fugind o
Do caçad or maldad e
Ou exprime : a triste za
De víve re s tão s eparad o
D'
e ss e bem id olatrad o
A quemfez a natureza
Teu igual na forma e core s ,
Mas que negou—lhe o s favore s
De cantar sua grand eza?
9 2210
Tens por le ito umas folhinhas
E as mãos inha
Po isadas no coração ;
Fechados teus olho s belle s
E os cabe llos
Ao grad o das br isas vão !
Vem fes tejar com seus canto s
Teus encanto s
As ave s inhas d o s céus
O s p rimore s da natureza
Da linde za
Nas faces t'
e s tampou Deus !
Ah ! quemme d era ínnoc ehte ,lnd o lente
Como tu led o surrir !
Ve io matar—me a virtud eDo c iume
O gemebund o pungir !
Do rme infante , e se pod e s s e s
S'
obtive s se s
Do somno não acco rdar
Mas d ispe rtas co itado
Malfad ad o
O mundo vais e s trear !
Ponta d o Caju 26 d e abril d e 1849.
As sump ção J r)-mon.
A LIBERDADE .
Had vve never loved so kiod lyHad we neve r love d so blind yNeve r me t o r ne ve r partedWe bad ne 'er be en brokenhcarte d .
BURNS.
Cá na te rra a liberdade
E como o barco no mar
É como e squiva d onzellaQue não se d e ixa tentar ;E como e strella que fulge
Para d epo is nos d e ixar ;
E nas procellas da vida
Ano s sa e s trella p olar .
Cá na te rra a liberdad e
Ninguemp rezamais d o qu'
eu.
É—me no s sonho s do irad o s
Como a imagem d e P ro theu
É vi rgempura s ingella
Que a luz d o mund o accend eu
É—me no s c antos sentid o s
O condão que Deus me d eu.
Liberdad e ! mago nome ,
Que nas trevas me reluz !
Para mim é s patria e vida,
És pharol d'
e xtrema luz ;
És sonho que a gente sonha,
E s amo r que no s seduz,Es idea que não morre
Emquanto durar a Cruz !
VOL. IV .
ar ?-[tºe
Libe rdad e ! 155 o meu nome.
Ate em co isas d'
amor :
Es o mo d elo que e studa
O manc ebo trovad or,
E s mod e s ta como as vi rgens
Do Sinay e d o Thabor,Es grand e c omo a pro c e lla
Surgind o àvoz d o Senho r .
Libe rdad e ! fo ste a d eusa ,
Do s cap t ivo s d e Sião
Fos te quem pre stas te alentos
Ao mo ribund o Catã o
E po r ti , que nós po e tas ,
Hoje luc tamo s em vão ,
P o r ti , fo rmo sa d e id ad e .
Deusa d o meu c oração .
Como po e ta sou livre ,
Como po e ta s e u re i .
Não conhe ço cá no mundo
Quemme po s sa d ar a le i ;
Tud o o que é Nonne re spe i to ,
Tud o o que é GRANDE cante i ;
Nobre za que nasce d'
alma,
Grand eza como a sonhe i .
Libe rd ad e ! é s como a vara
Do p rophe tico Moysé s ;Ond e chegas illuminas ,
Bainha logo alli é s
Mas inda no mund o ba c ego s
Que negam cair- te ao s pé s ,
Que d izem que é s d eusa falsa
Das que no s roubam as fés !
g ºku-ºa »
f adad o po r Deus p
He r d e cumpr i r a mis são ,
Purifique i-me nas aguªs
De s te mod erno Jo rd ão :Sou livre . Não curvo o co llo
Ante um tingido brazão .
Só d igo o que tenho d entro .
Bemd entro d o c o ração .
Paramim a libe rd ad e
E c omo antiga V e s tal ;
Em sonho s a vejo semp reCom seumimo so Sendai ,
Ac c end end o - me e s te fogo
Com surri so d ivinal
Fazend o d e mim, po e ta,
Da natureza rival.
Da natureza . Que as ave s
São livre s amais não se r .
Que as ond as tambemvão livre s
Nas rochas d'
alémmo rre r .
Que as d o re s and ama so lta
Semninguem as ir prend e r,
Da nature za . Que as nuvens
São livre s no s eu co rre r .
Só p'
ra nós a libe rd ad e
Não é mai s que um pobre som !
Para o s homens , que p rec isam,
De Lycurgo e d e So lon;
Que s'
e squecem, po r me squinho s ,
D'
aquelle sagrad q d om
Que vão lavar—se d o sangue
Nas aguas d o Bohicon
ª ºâõ -e e
He i de aw e , ó libe rd ad e ,
Como não te amouninguem.
He i d e amar- te c omo a e Sp o s a
Ama o filhinho que tem
He i d e amar- te como o Chris to
Na terra amou suamãe ,Como o Chris to ama as c o isas
Da santa Je rusalem.
Se rás s emp re no s meus c antas
A prime ira insp iração
No amor, e na amisad e ,Nas horas da solidão
Ouvire i o s teus c ons elho s ,
Seguire i tua izenção
Se rão meus , teus d ons d ivino s ,
Se rá teu meu coração !
Lisboa, 1858 .
Lurz Ave c s r o X AV IE R m: PALare rnmr.
A M INHA ELV IRA .
V i - te Elvira tão formosa
Grac iosa
Como umjasmim a ilorir
Brilhavas como uma e s trella ,E ras bella
E ras bella a te surrir !
g ºd-G e
V i- to no baile enfad ath í;Co rtejada
Por mais d e um ad orad o r
Sime lhavas a sultana
Que s”ufana
Que s'
ufana d'
esplend or !
As outras bellas te olhavam
InvejavamTua lind eza sem par
Tu'
fug iste d o co rtej o
De i - t'
um be ijo
De i - te um be ijo a de lirar !
V i - te no templo pro strada
Ajoe lhada
Orand o c om d evoção
Segui teus mod o s p rostre i—me
Humilhe i - me
Humi lhe i—me em o ração !
Mas para d ize r a ve rdad e
P ie d ad e
Em tae s momento s não tem
Quem o lhar teus o lhos belle s
E o s cabe llo s
E o s cabello s tão bem
V i - te no s campo s lige ira
E fague ira
Muitas ro sas apanhar
Do riacho n'
alva e scuma
Uma a uma
Uma a uma as d e sfolhar !
ª ºâS -ªã
O V ARE J O DAS -OLIV E IR AS
WOXDRO DANOSSA IGREJA.
Aus s rto t que le s moeurs s e pe rd em.
le s d e fauts d'
un gouve rnement p ara i ss ent au grand j our.
Hummm
P o rque vej o ou tã o c ontente ,
Atrave z d o cas tanhal,
D'
e sta ald ea a boa gente
Com asp ec to fes tival?
Com ve s tid o s d omingue iro s
Lavrado res , pe gure iros ,
V e lhas , moças , filho s , pa i s ,T o d o s alegre s d ançand o ,
Tod o s em coro cantand o
Senho r, bemd ic to sejai s !
e i s a turba parad a .
Ajo e l'
nand o ao p é d a Cruz ;
E il—a ja s eguind o a e s trad a
Quo á no s sa igreja c ond uz
Não s e i , que alli haja
Que alegria se rá e s ta?
V ou pe rgunta!- o ao pas to r
Que anda junto d o r ibe iro ;R e spond e e s te p rasente ir o
E a APANHA d o Senhor .
Não íique i mais ins truíd o
(Io'
a re sp o s ta d o zagal ;
E c o rrend o e sbaforid o
Pe lo atalho do p inhal,
Atrave sso o c emite rio ,
E ap o rta d o pre sbyte ri o ,
2119 e
Sems er vis to h'
e scond i ;
La entram tod o s no
Meu Deus ! que sublime quad ro !
Scena as s im nunca eu vr.
Junto àigreja a turba cantaBreve d e vo ta o ração ;
E a uma tare fa santa
Logo alli pr inc ip io d ão ;
Deligente s , ati'
ano so s
T od o s trabalham go s to sos ;Os homens a varejar,
Das olive iras pend ente s
Fruc to s , que as moças contente s
Vão ao s c e s to s apanhar.
As velhas , d e s eus cabase s
Sob o pe so a succumbir,Ajudadas d os rapaze s ,A aze itona c onduzir
Vão ao lugar d es tinad o ,
o h i ninguem e s tá parado ;
Todos que rem trabalhar ;
Que e s te trabalho , e fad iga
Não falta , entre elle s , quem d iga
Deus ha—d e galard oar.
E com razão , que as sagradas
Arvo re s , que varejae s ,E medram, c om as o ssadas ,
De no s so s fi lho s e p ae s ,
São patrimonio da igreja ;Bemd íc ta, bemd ic to s eja,Amão d o p io cultor
Que as poz em te rreno bento ,
Para darem o alimento
D'
alampada d o Senhor.
9 2506
Cred o ; créd e oh ma s amigo s ,
Que a maio r ventura e
No sso s co stumes antigos ,Oh ! não os d e i xe is pa der ;
Olhar, que a elle s d everam
As vi rtud e s , que tive ram,
G hah qm d lea persegnid os
P o r e s se s mandões d e sc rid o s .
V emac e ita r—se entre vós .
Guardai - o s , rnst ieoe povo s
M ai -o s , puros , fie is :
Vemos a patr ia querida,A taboa de salvação ,Ésó e sta, ó pobre s luze s !
Guardai os ant igos uso s ,
Ou d e ixai s d e se r nação !
Ass im d izia eu, voltand o
So s inho ao tugurio meu ;As s im d izia eu, cho rand o
E e rguend o o s olho s ao Céu
Che io d e nuvens sombrias
E i s tóca as Ave s
De jo elho s cahí— reze 1
P elamãe , que me c reara,P ela familia tão cara,
P ela patria e pe lo re i .
—Feve re iro 1849.
J . n'
A. RANGE L.
3 25 3 45:
&ªwmª ãhmãã â wãããàe
D'
es tas brisas europ e ias
Não me apraz o murmurar,
Que eu sou fi lho das are ias ,Das are ias d e alémmar
Mais amo d e luz c obe rto s
V e r co rre r, corre r, ince rtos ,
Os turbilhõe s no s d e se rto s
Do meu e x te rno Adnar .
Como pallida e s ta lua
E s te solquão frouxo vem!A bri sa que aqui fluctua
Que sopro gelido tem!
Como a no i te aqui é grand e !Nem d o céu a luz s e
Não haumDeus que aqui mand e
Como manda umDeus além!
Além, além, no s paizes ,
Que illumina ard ente céu,Ond e os homens são felize s ,Ond e a vida não temvéu ;
Ond e a brisa d o o riente
Leva o arabe contente
Emballad o d oceme nte
De sd e o berço ao mausoléu.
Como é tri s te se r cap tivoN
'
e stas zonas sepulchrae s
O'
brilho d o sol estivo ,
De meus gentis areaes !
VOL. lv.
, ?Blt e
Debald e pranto s eu vertu
Pelo meu be rço encobe rto !
O'
palmas do meu d eserto ,
Não he i de eu ve rª- vo s jamais?
Quemme d er-a s liha d ad eN
'
es sn
Na minha tlrmr que invd e
Qm é p'n e ae
'le valente ,We b p à m li r i !
Wu me de ra essa batalhaTao sanguenta, tão feroz,
Emque , involto na mortalha.
Namo rtalha d o albe rnoz,Cabe o arabe e — vingança
Con tra os bárbaro s da Fran-ça
Só d e ixa po r sac ra he rança
P or he rd e iros tod o s nos !
Cruze o alfange c om a espada,
Troe o som d o arcabuz,G herber temmão pe sad a,E o corce lve lo z c onduz
Venced or, tigre amargo ,
Venc id o , não tem embargo ,
Que o d e se rto e muito largo ,Ond e o sol envia a luz.
Quand o a are ia ainda e ra involta
No s o rvalho s damanhan,Eu corria are d ea solta
Pelos plainos d'
esse Oran
DE LIR IO .
E rgue a rac e d o chão . homem. que «:a s
Os o lho s tens d e lagrimas tun ad o s
Naminha fac e os fi ta, e n'
e lla es tud a
D'
um lo ngo s o f r imento a longa histo ria .
Ma is nm umque tu, e mais rallad os .
No choque d as paixõe s , meus tenros an os
Tem s ido , tem—bemmais—que os teus . ó bard o !Não tenho pac . nem morre ram
Pe rd i—o s ! Orphi c , pobre , sem arrimo
Ache i - me só no mund o ! Inutil pranto ,
Em s ilenc io , verti nas tenras face s :
E os homens , se e que as lagrimas me viram,
Do pranto , que eu chore i , fizeram riso s !
Biram-e e , po r d e sprezo , tão fe roze s
Que eu e rguia p'
ro céu as mão s , ped ind o ,
Que da te rra p'
ra s i Deus me levas se .
O'
vo to ! se negas te ao o rphâo po bre
limbocad o d e pão , não s e i que magna
Na d os martyrio s pe rt inaz cad e ia'
l'
o lira o c o raçao gcllad o e
Se soube s se s que d ôr ve r linar- se
Um pac , que no s amava—a mãe e xtremo sa ,
Finarem—se p'
ra s emp re , e , cána te rra.
De ve l—o s uma vez, pe rd ida a e sp'
rança "
I'alpar- lhc as frias mão s , d e po r—lhe um be ijo
Das fac e s no c ingir- lhe o s braço s
Ao tronc o s obre o e squife immovel, quêd o
re sponse s ouvir, e ve r das tochas
s ini s tro fulgo r raiar med onho .
Nas tre vas d'
um Ouvir o d obro
g ºa l
Que ped e uma oração p o r alma d e lle sPara s emp re Se so ube s ses
Como abraza a saudad e que ea ti ca
No e s tre ito c o ração d o d e svallid o
P up ilo , que se vê, sem pae s , s o s inho ,So s inho ne ssa casa ond e já viraO pae que Deus levou, sem te r p ie dad e
De mimque ninguemmais t inha na te rra !
Homem ! i s to e que é d ôr ! martyrio é i s to !
Então é que o vive r pe sa d e mo rte !
Então , s im, que o punhal d o suic id a,
Que impo rta que rasgas se a ex trema libra.
Se partid as já s tão as mais s ens ívie s
Da vida, que não mais go sar p od emo s !
Soffri muito , homem que choras !
Chore i muito— e pad ec i
No ite , d ia, ins tante s ,
Ind a ass im não suc cumhí
Eu s eve i a amarga vida
Sobre a lage arre fe c id a
Po r meus pae s p ed ind o aDeus .
No fe rvo r d e s ta o ração ,
Os labio s tinha no chão
O p ensamento no s céus .
C o s olho s inda turvo s d e sse pranto
Em to rrente s ve rtid o , em vão cho rad o ,
Na lo isa se pulchral d'
um pae
Cª
o s olho s inda turvo s o h ! c ego ,
P rouve ra aDeus que eu fo ra vi a pura
Cand id a açucena, que emmimo so
Não pulluid o ve rgelmal d ispontava .
A prime iramulhe r .
9 260 4:
Aii'
rontas d e mulhe r ? ! P e sa- te a vid a
De sejas enc ontrar, na paz d a campa.
Aque lle não martvr io s d'
alma
E s cuta - me .
Paixão , que me ac curvava
Ao s pes d'
uma mulhe r , s e i que já t iveBe ijava d e ras tos e u po r e lla,
Co'
as fac e s s obre e sp inhos , po r ouvi r—lhe
Do s labio s umamjuria , eu le d o fo ra !
lnjurias , vindas d e lla, e ram bemv indas ;
Um d e sp re zo d o s se us e ra um surr is o :
T raição , que d e lla fo s se , e ra um enle vo !
Stup id o eu julgue i que o meu pe rjurio
Impune ficaria !— eu, insensato ,
P e rfid o que e lla mais , p ense i d'
e rgue r- lhe
No fe rreo c o ração um throne ufano ,
Com não ! não e ram !— Do p e i to bem p ro fundas , arrancadas ,Se nti - as s caldar—me as to rvas face s !
Fo i traição p o r tra ição ! Surrind o outr'
o ra .
Infame , e scarnec i E scarne c e u—me !
Que vês tu hoj e emmim não vês que bmw
De pe rto a tard a mo rte , que me teme .
Que não ousa to car- me Vês o s homens ,
Contra mim c o ns p irad re c eberem
Um surriso d o s me us , s emp re d e sp re zo ,
Sempre hypoc ri ta, Se as s im s oli re s se
E rgue ras contra t i teu p rºprio braço
Em rasgo s d e punhal cavand o a mo rte ?
Ah ! frac o que as s im 65 ! alma acanhad a,
Succumbiras s em pejo , d ebíljoven,
Sem nojo d'
o s tentar vulgar fraqueza !
Alma d o bard o e maio r que o mund o !
R o ja a to rmenta embo ra ! e rgam—s e as tunas .
O s homens , as traiçõe s cuspam d e e s c arne o
Na face mac ilenta ao que é
ª ºõl ª
Soffra o poe ta altivo emmud o arranco ,
Que e s trinc e as carne s d o feroz verdugo ,Seja carrasco , s e forço so e tanto ,Mas carrasco d e oh nunca ! nunca
O poe ta e s tremec eu.
E às fac e s abrazadas
Levou as mão s d e scarnad as ,E d e mim as e s cond eu
Eu s enti no coração
Uma d or então chore i
E'
que a Deus eu insulte i
No frene s i d '
amicçãoPuz o s jo elho s no chão ,E na c ruz olhos fi te i .
Beso cruz, e o manc ebo s orri ,V i - o a rir, e a rir se ficou
Quand o junto d a c ruz e u me e rguiFo i em vão que o chame i não fallou
Não fallou, p orque longe ja's ta vaDelle apoz eu avi s te i - o
E ra em vão , que p or e lle chamava,P or tre s ve ze s o lhou, mas não ve io .
Pelas margens d o Douro co rria.
Fo i ao cume d a rocha e parou,
Quand o pe rto d e s i jáme ouvia
Na torrente caud al se lançou .
Mo rre o bard o , que umnome p rof'
rira
Sobre as aguas d o céu re ve lad o .
E s se mund o não d igas , ó lyraV IVA O MUNDO POR ORA ENGANADO .
p oa-to , 18ã9 . CAMILLO CAs r s Lt o BRANCO.
ª ºõºe
CIÚME .
E ra um d ia d e fe sta , e p e lo Douro
De sc iammui tos barco s sôamvoze s
Do barque iro aportand o— ouvem- s e cantos
E mus icas nas aguas varias flâmulas
Arvo ravamno s mas to s d o s navios .
Na d extra margemd o meu patrio rio
Iam rancho s d e gente afe s ta alegre s
De p oe ira cobe rto s seque oso s
Alguns na vend a molhavam a palavra ;
Algum s e d e scuidava e me io tonto ,T ropeçand o aqui além —la cãe—iad orme .
Que novas não dará d a romaria?_ Alémn
'
aquelle rancho a ro chuncbuda,
Amantilha d e cahiu no s hombros
E via e alto p ente o s co rdõe s d'
ouro
—Synonimo burguez n'
e s te meu Porto ,
Que o p e scoço tão ne d io lh'
ad ornava.
Carro s passavam sege s e jumento sE homens a cavallo ; algummenino
O fazia tambemn'
alta bengalla
—Que a tombor -mór s e rvia— d o pas s inho
Os MANE IS , as MARIAS c onve rsavam
Seus antigo s amore s ,— o caminho
Lhe s to rnava mais breve ,— inveja t inhaA
'
quella gente ass im,— o s da c idad e
Não gozam c omo gozam seus amo re s
Entre o s ve rd ore s e o p omar , nas fonte s .
E ra tud o alegria, e na janellaDa casa d
'
ond e via toda a s cena
E s tava mui contente que a meu lad o
Osmeus amo re s tinha — é negra so rte !
a ºôã a
SAUDADE DE lNllAIJMA.
CANTO OFFEBECIDO AO ILLM.º SR .
DA SILV A FE RRE IRA .
A'
grata sombra d e mangue ira annosa,Olvid and o d e minh
'
alma ac e rbas d ere s ,
Eleve ío meu p ensar aNatureza
Que , tão bella s'
o s tentava, e tão r isonha,
Em d e rred o r d e mim, n'
e s se aprazível
De INHAUMA p itore sco sítio .
o h ! s e d ivino p ince l eumanejas se ,Que tão sublime quad ro não traçãra
E , que gratas s ensações eu d es crevera
Se , plec tro mavio so po ssuind o ,Canta s se d e minh
'
alma as tão cele ste s ,
Tão varias impre s sõe s
Mas , s e não pos so
P intar a Natureza, ou d e sc revel—a
C'
o primor que reque r tão nobre assump to ,Po sso ao meno s co lligir emrud e phrase
As s c enas , que , mimosas ,m'
encantaram.
Que fo rmo so painelabrange a vista !
Como o s raio s d o s ol se reve rbe ram
N'
aquelle manso rio , que se e spraía
Be ijand o d 'e ste lad o flua are ia,E que , na Oppo s ta margem, vae sumi r- se
Po r entre a relva fre sca que c ircula
As ve rd ejante s Ilhas , que s e d izemP inhe i ro , Santo Antonio e Caque irada !
VOL. tv .
9 5266 6
E que enlevo , que primo r s'
off'
rec e ao s o lho s ,
Se , mais pe rto os volvend o , se contemplam
As tão mimo sas plantas od o rífe ras !
Aqui , mais longe , alem, n'
aquelle bo sque ,
Galas mil d in'
undiu a Nature za
V ê- se a am a d ecantada d o ce fruc ta,
Pend ente d a fo rmo sa larange ira,
Que , apenas bafejada pela bri saJ á d e madura cãe . Como se o s tenta
Che ia d e tanto garbo e s ta mangue ira
Elevand o a coma altiva sobre as outras
Que , genti l, Oh ! tão gigante ,
De ve d e re s is tir ao so p ro forte
D'
ímpe tuo so tufão , p o is no s eu tronco
Bemmo s tra da Natura a mage s tad e
Que linda correnteza d'
alto s c e d ro s
E , que gentis cyp re s te s s e d ivi sam
Na s ituação d ispe rso s ! Mas , que d oce ,
Suave , embalsamad o grato aroma,V em brandamente o ze phy ro trazend o !
São o d o re s que e xhala a fre sca lima,E a d oc e auri—verd e , linda fruc ta
Qu'
e s tá virgine as te tas imitand o ,
São p e rfume s que , d o s jasmins , rec end em,
E das !lôre s gentis , d as fruc to s lindas
Que , prad o tão ameno fo rmo s e am !
Mas oh ! qu inda não bas tam tae s enlevo s ,
P'
ra to rnarem aprazível e s sa e s tanc ia
Glo ria, p o is , ao amigo d a Natura
Que , quanto d'
e lla achou d e lind o e vario ,
N'
e s s e agradavel s i tio fo i juntand o .
V ê—se ahíraros , lind o s pas sarinho s ,De be llas varias Que contras te
Quemjá livre ad ejou por sobre o s homens,
9 268 «a
" ªº" AmSobre e stas M inas dourad as
Ond e teus Olho s formoso s
Se d e sc errammei gamente
Quando buscam sequio so s
Algum p ensamento ard ente .
Onde o genio tem seus vo os
Em verso s d'
ouro traçad o ,
Ond e lm'monias cele s te sT emo s bal-d o s te hão eau- lo
Com a insp iração que lhe dêste .
So bre es tas fo lhas douradas
Que he i de. eu tão pobre cantar?
N'
e s te meu tr is te alaúd e
Tenho uma co rda vibrar
Que não de som tris te e rud e ?
P od e a ro la pranteand o
Unir seus cantos de dd r
A'
canção do roux inol
Quand o se ins p ira d'
amd r
A saudar led o arrebo l?
P'
ra quem ao mo rmo rio d oc e
Do brand o arro io ad o rmec e
Não é med onha a canção
Da vaga que se enfure c e
Do bramir d o furacão ?
Tu, cujas horas tranquillas
Voam quae s notas lige irasDe fantas tica harmonia,
Que entre e speranças lísongc iras
Nasce e morre cada d ia.
9 269 1
Tu, p'
ra'
quem6d oc e a vidaComo um sonho or iental
Que és fo rmosa entre as fo rmo sasA quemc ingem fre scas rosas
A alva fronte virg inal.
Tu, que a cad a volve r d'
olhos
Fazes c om O p od e r que ence rras
Mo rrer d'
inveja uma Uri ;
Que quand o os labio s d e scerras
Surriemanjos po r ti .
Ouvírãs em sons agre ste s
Lyra a pranto s como agrad aV o tarr te rud e louvor,
Dize r que fo s te fadada
A insp irar ard ente amór .
Que fo s te o anjo que ao DanteEmvi são d
'
amór c ele s te
A Be atriz lhe insp irou ;
Que a Rafaelconc ed e s teBellezas que elle p intou.
Não t'
o d iz a Gór risonha
Quando a allegas no teu se io ,
Não t'
o d iz ave mimo sa
Que em amo ro so gorge io
T e saud a d e fe rmo sa ?
Não t'
o d iz suave brisa
Quand o a facqªvembe ijar- te ,
Não t'
o d iriam o s anjosSe em suas harpas d ivinas
Pod e ssem anjo s cantar - te ?
a º'
n e
Deli rante co rre o vento ,
N'
um lamento
Range o bosque s emces sar,
Os troncos cabem partid os
Devid id o s
De c ontinuo balançar .
Vem ard ida d o ida vaga
Sobre a plaga
Raivo sa, c ega bater ;
Sobe as campo s ; e voltand o
Vae pas sand o
A c rear novo p od e r.
Tu treme s , anjo fo rmo so ,P re s suro so
Teu p e i to s into saltar .
E s tou c omtigo ? Teus braço s
São o s laço s
Que eu não d e s ejo quebrar.
Como é bello luz d o raio
Teu d e smaio'
l'
eu ro s to pallid o ve r.
Oh não temas , meus amore s
É d e llóre sA vida que no s vae s e r .
Ébe llo a luz da to rmenta
Que s'
augmenta'
l'
eu alvo ros to
V e r do c éu o vivo lume
Comc iume
Vaidoso d e te mirar
3 273 -5
E d epo i s ve r tud o e scuro
Qual futuro
Que o infeliz não se duz.
T er olho s em ti pregad os
Esp'
rançad o s
D'
outro fogo , e d'
outra luz.
Meu amar, anjo d ivino
Meu d e s tino
De te ve r se rá ass im
V e r- te bella luz e scassa
E que pas sa
Quand o vas surrir p'
ra
T eus braço s s into , não vejoTeu bafejo
V emmeus labio s refre scar
Que ro luz meu anjo c rid o !
Fui ouvid o
Um raio pa ssou no ar .
O
E ve io s obre teu ro s to
Dar mai s gos to
Ao meu ard ente sentir,E d epo is d e ixounegrume s
Pelo s lume s
De rramad o s no fugir .
De tuas negras pup ilas
Quae s s c intillas
Voand o s o ltas .!lo ar,
Vejo o te rno e do ce fogoPas sar logo
Do raio fugind o a par
9 27ll -as
Deusas nuvens s e ad elgaçam
E já pas sam
P o r e sse s monte s d'
alem
Do raio d e ve z em quand o
Longe brand o
Brilho e scas so ard e tambem.
N50 to assuste s , e s te s braço s
São teus laço s
Somente p'
ra te apertar .
Não te e sque ças da tormenta
Que s e aus enta
Da mad rugada ao raiar
Ad eus , ad eus e cus toso
Mui p eno s o
Triste , e muito ao co ração .
Ad eus ,mira—me bond o sa
Branca ro sa
Do raio ao frouxo c larão
Meu amôr, anjo d ivino
Meu d e s tino
De te olhar se rá ass im
V e r. - te bella luz e s cassa
E que pas sa
Quand o vás surri r p'
ra mim.
Jane iro , 21 d e maio d e 1849.
J o Ão n'
ABom.
ã 277 €
N 'UM ALBUM .
QUEM ME
Quemme d e ra ser o sol,
Que , re i sobre o horisonte ,De sce te rra e be ija a fronteD
'
aquella qu'
eu ouso amar !
Quemme d e ra se r a lua,
Que , fulgind o em no i te amenaMyste riosa luz s e rena
Nas face s lhe vem po isar !
Quemme d e ra se r estrella,A fulgurar sc inti llando ,
Quand o , para o s c éus olhand o ,O meuBem a vê brilhar !
Quemme d era ser a brisa,
Que lasc iva s e lh'
enle ía
N'
aurea trança, quando onde ia
Pe lo ro s to a s e rpear !
Quemme d e ra s e r a flôr,
Qu'
ella prend e ao niveo se io ,
Qu'
ella aii'
aga sem re ce io
Do p ejo a côr lh'avivar !
Quemme d e ra s er a sombra
Do s seus pas so s elegantes !
Ao s seus unirmeus instantes ,Sempre junto d 'ella e star !
Von. Iv.
ª ºSl ã
E ahi , entre o s p as tore s ,
E n'
e s se be rço d e llôre s ,
Ond e e s tá o Red emp to r,E nas fe içõe s da inno c enc ia
Que a Divina P rovid enc iaE scond eu o s eu fulgo r .
Em to rno ao be rço sagrad o
Entoam anjo s umhymno ,Sobre as palhas re clinado
Do rme umDeus n'
e s se menino ;Olhao a Vi rgem p ro s trad a,J unto d
'
Elle ajoe lhada,O lho s c ravad o s no c éu ;
V êd e o e spo so vene rand o
O Salvad or ad o rand o ,
Que d as alturas d e sc eu.
Salve ! Me s s ias da paz,
Nobre fi lho d e David
A e s tre lla, que no s traz,
No s conduziu para T i ;
O teu ro s to é mais brilhante
Do que o sol lá no Levante ;
T ens p o r throno o íi rmamento ;
P e lo pod e r d o teubraço
G irammais mund o s no e spaço
Do que abrange o p ensamento .
No ssas j o ias , no s so s o iro sV imo s d e pôr a T eus p é s ,
No s so s sce p tro s e the so iro s
Tud o aqui p or te rra vês .
Curvae—vo s , grand e s d a te rra,
Ante e s te be rço que ence rra
3 282 -55
O Senhor, o R e i d os céus !
Curvae—vo s , povo s d o mund o .
Ante o mys te rio p rofund o ,Ante o mys te rio d e Deus !
Lisbo a, 18 58 .
Jo s é Manu no CASAL R u zme .
SONHEl-A.
Sonhe i - a ! tenho na mente
O s eu re trato inno c ente
A fallar- me ao co ração .
Sonhe i—a como uma fad a,
Que tem v ivid o encantada
Só .—inha na s o lidão .
Sonhe i—a d'
o lho s p i sad o s ,
Po rque o s p ranto s mago ad o s
Lh'
o s t inham p isad o s as s im
Em tri s te , mas s e rena,
(lomo a gentil açuc ena
Rainha d o s eujard im.
Sonhe i—a tris te — a tris te za
T emno s o lho s d a be lle za
Encanto s qu'
eu não d ire i .
Sonhe i - a linda trigue ira.
(Tomo se p inta a c e ife ira .
Como eu p intal- a não se r.
- 28 5 :
E d e po is , envergonhada ,
De não s e rmais recatad a,Co rava aind a outra vez !
c o rava
Cad a vez e ramais linda ,
Mais que Deus a
Qu'
ria fallar , não pod ia,
Que a ve rgonha lh'
impe d ia
De po d e r usar d a vo z ;
E ra e ntão que se lembrava
De que o mund o a c ensurava
De nos vêr fallar a sós .
Sonhe i—a d epo is rezand o ,Talvez em segred o o rand o
P e la te rra em que nasc eu :
R e zava, que quem vis se
P od e s e r que a confund is se
t em algum anjo d o c éu.
T inha as tranças d e sprend idas ,
Le vemente sacud idas
P o r lige ira v iração .
Do s labio s lhe balouçava
l ima o ração , que re zava
Do fund o d o c o ração .
Vis ta ass im, em tal po s tura,
Cre sc ia- lhe a fo rmosura,
Se e lla pod e ss e c re sc e r .
Não nemn'
um canto
Se pod e tamanho encanto
Com verdad e d e screve r.
a º85 a
Sonhe i, em sonho fague iro ,
Que e ra um amor verdad eiro
Aquella tão casto amo r :
Cos tumado d e sventura,
Só em sonhos a ventura
Vis itou o trovad or
Falle i- lhe tão me igas fallas
Que nunca as d amas d as sallas ,M
'
as pod emouvir ass im
Ella e ra linda inno cente ,
Falle i - lhe como quem sente ,
Falle i - lhe pouco d e mim.
Be ij e i- lhe a mão comre spe ito ,
Arfava- lhe o lind o pe ito ,
Batia—lhe o coração .
Jure i não d igo a jura ;Tenho med o que a ventura
Me não d e ixe a d e scripção !
Sonhe i—a então p ensativa;
Como fi ca a s ens itiva,
Se lhe vão no pé to car
Era tão linda a d onzella,
Que eu fi caria ao pé d'
ella
Aminha a sonhar!
Era tris te , como eu go s to ;E ra linda, como ap o s to
Que não ha outra igual;Send o tantas como as ro sas
As filhas bellas ,mimo sas ,
Das te rras d e Portugal.
3 286 4 :
Sonhe i—1 se ir, - i ment ira .
Cante i—a d e mais na lv ra.
Mo rri po r e lla d e mai s .
Se o sonho fo i ve rdad e ir o ,
Nem o canto é lis onje iro ,Nem as tre vas d es leae s .
Sonhe i º a ! tenho na mente
O se u re trato innocente
A fallar—me ao co ração !
Sonhe i - a c omo uma fada,
Que temvivid o encantada ,
So s inha da so lidão
1858 .
Lc rz Ac o t s r o X avmr
NAO M E cnÉs
Não me e res ? que t r is te vida
E sabe s s e e u c re io em t i !
Po r te ve r quas i p e rd ida
Quem sabe s e me p e rd i !
lºo s te d'
alva a minha e s tre lla
i ra tão negro o meu céu
E na tua fronte be lla
Minha vida a s ina leu !
Pm m .
Minha c rença e minha e s p'
rança
No meu c re r—tc e u re sumi !
Nem o p ensamento alcança
Quanta fé eu tenho em t i !
9 288 6
V ERSOS SIM T IT ULO .
Po is e ssa luz sc intillante
Que brilha no te u s emblante
D'
ond e lhe vem o e rplendór
Não sente s no p e i to a chamma
Que ao s meus susp iros s'
intlamma
E toda reluz d'
amor ?
P o is a ange lica fragancia
Que te s ente s e xhalar?
P o is d ize , a ingenua e legancia
Com que te vês ondular,Como s e balo iça a llôr
Na p rimave ra em verdór
Dize , tantaº
gentile za
Pôd e d al- a a natureza
Quem t'
a d eu s enão amór ?
Vê- te a e s s e e spe lho , que r ida,
Ai ! vê- te po r tua vid a,
E d iz s e ha no c éu e s trella,
Dize s e ha no prad o flôr,
Que Deus fi ze s se tão be lla,Como te fez, meu amôr
Lisboa, 1858 .
Joa o BAPTISTA DEALMEIDAGARRBTT
3 289 6
nnc o nnnçõns DA p nNTNsnLA.
GOMES FREIRE .
(18 DE OUTUBRO DE
De fronte s curvadas , pend õe s abatid os ,
Ac e rquem—se tod o s d e luc to em s ignal
Faz anuo s agora que emp ranto s s entid os
O p ovo cho rava d o meu Po rtugal.
Se tod o s me juram s egre do c onstante ,
De nada que ouvirem c ontar a ninguem;Faz annos talve z n
'
e s te ins tante ,
Que um ve lho s oldad o cho rava tambem
Chorava : que o p ranto nas face s rugo sas ,
Não s end o d e me d o tambem tem logar
Ha co isas na vida p'
ra nós tão p eno sas ,
Que só no s e sque cem d e po is d e chorar .
Ha gente que p ensa que d e ve um s oldad o ,
A sel- o d everas não te r c o ração .
Eu d igo que é falso , que vive enganad o ,
Quemnega no s bravo s tão nobre paixão .
Chegae- vo s vós tod o s . De frontes curvadas
P re s temo s tributo d e vid o ao valor .
Ago ra calad o s ; d e ixae , camarad as ,
Fallar - vo s o s p ranto s na voz d o tambo r .
La rufam na p raça, lá choram sent id os ,
Amo rte , tão tris te ! d o meu Gene ral.
P re s tae - lhe vós tod o s attento s ouvid o s ,
Chorae—lhe d e longe no s eu funeral.
IV.
9 290e
Amim, que entre ballas o vi soce gad o ,
Que po s so jurar- vos que nunca tremeu,Compe te contar
—vo s , fé d e so ldad o ,
O mod o d ist incto po r que Elle morreu .
Hoje , que pouco valemo s ,P ec cado não s e i d e quem ;
Que d as Quinas tão temidas
J á não se lembra ninguem
É bom, falland o d e gue rra,
Contar c o isas d'
e s ta te rra.
Os velho s , p rinc ipalmente ,T em bas tante que contar ;
Que , s em d e sfaze r nos novo s ,De rambem d e que fallar.
Fo i d o tempo . Que a bravura
Hoj e me smo ainda dura.
T od o s nós temo s nas ve ias
O me smo s angue d'
eutão .
Só no s falta have r mo t ivo
Que no s falle ao co ração
É tentar—no s c om re ve ze s ,
Se que rem ve r P o rtugueze s .
Mas d'
is to ninguem d uvida ,
(Po r meno s d e boa fé )
Que são s obejas as p rovasQue no s fi caram d e pé ,De que só c om mui to ge i to
No s c ons e rvam em re s p e ito .
Orgulho s d e p ouco valem,
E me smo nada p'
r'
aqui
3 292 €
Quando as ballas se cruzavam,
Re cre sce r—lhe a impavid ez.Não s e i i s to p o r que s eja,Tod os lhe tinham inveja !
Eram s em conta as medalhas ,To das ganhas em acção ,
Como nem s empre s e viam
Bri lhar nas fardas d'
eutão :
As que ao pe i to lhe p end iam
Nem tod o s lá as me r'
c iam.
P o r i s so invejas , c iume s ,Do s que não pod em vale r,
O levarem s em jus tiçaTão tri s te mo rte a mo rre r.
Quem s'
e s capára d as ballas ,
Morreu d'
intrigas d as sallas .
Fo i d e shonra aquella mo rte !
Fo i villanla s em par ;Nem s e atre ve ram, covard es !
A mandal—o fuzilar :T emiam o s s eus algoze s
Que lh'
e sque c e ssem as voze s? !
Quem viu a mo rte tão p e rto ,Como Gome s—Fre ire a viu,
Não sabe teme r d e co isas
Que tantas veze s s entiu.
Embora frouxo s alard e s ,Fo ram elle s o s c ovard e s .
Soldad os nunca soube ram
Do que na côrte se faz
ª ºgô a
São co isas muito p equenas
As que s e tratamna paz,
P ara a gente curar d e llas
Dand o pezo a bagatellas .
P o r is so não me p e rguntem,
(Que é nego c io que não s e i)Como mataram um homem,
Sem po r i ss o te rem a le i ,
São encargo s d o s j uíze s
Cond emnarem infe lize s .
Cá a mim sóme c omp e te ,Contar—vo s como mo rreu.
Dizer - vo s , por honra no s sa,
Que até ao fim não tremeu,Firme sempre no seu po s to
Nem seque r mo s trou d e sgo s to .
Po is s o tfreu como bem pouco s ,Po d em te r soffrid o as s im.
Se me p e rtenc e tal s o rte !
Deus se condóa d e mim.
P'
ra s e r má aquella gente ,
Nem re sp e itou a patente !
De sp iram- lhe até a farda !
T inhammed o d e cegar,
V end o - lhe aque llas med alhas
Que elle soube ra ganhar
Que ninguem, sem c ovard ia,
Do pe ito lh'
as t iraria !
P o is t irou—lh'
as a jus tiça
Se ha justiça na traição .
Eu po r mun - empre em
(p e tr eme r; bas tante a ma o ,
A quem o us ou, sem respe ito .
l anch ar - lhe as crm do pe ito
Fo i es tranzm sa ntana .
Qu'
eu não s e i d'
a M a gnª .
Que s em remo rsos Gre ase
O que o B'
res fo rd cá nos fez
Era no s so irmão na guem
Mas filho d'
e xtranha te rra.
IV.
P o rmais que que ira não posso
De ixar aqui d e cho rar ;
Faz pena vêr is to tud o
Sem se po d e r emendar ;V êr um so ld ad o valente
Acabar tão tris temente .
Em quanto 0 t ive ram p re so ,Só uma co isa p e d iu ;
E sque cend o- s e d e tud o ,
Só um d e sejo s ent iu ;
d e mo rre r tr iump hand o
Dand o as voze s d o Cºmmand o !
Ate e sse nobre o rgulho
D'
umpo rtuguez co ração ,Lhe negaram o s algoze s
Da no s sa pobre Nação ;
Não mo rre u c omo s oldad o
Morreu na fo rca, c o i tad o !
Fo i - s e d e c o rda ao pe scoço ,
O meu p obre General,
9 296 5
Que lá re sóa na praça
O tris te s om d o c anhão ;
Dizend o a quem não sabia
Que é d e luc to inda e s te d ia.
Soldad o s antigos que viramna gue rra ,
Nasce ram- lhe as barbas , c res tar - s e - lhe a te z;
Falland o d o s bravo s que teve e s ta t e rra ,
Amo rte lamentam d'
umbom P ortugue z .
Lamentam- lhe a mo rte : mas sentemno p e i to ,Orgulho d e te rem na te rra natal,
Seguid o um soldad o , que ás ballas ati'
c i to ,
O nome d e to d o s d e i xou immortal.
Lisboa, 1858 .
Lnrz Ac cus r o X avrnn nn Panama “ :
V ISAO DE E ZE CHIE L
E o nsr rmr o d e Deus d iss e ao prophe ta
Vês o p laino d efronte ?
Não voltarás a face . Em linha re c ta
Vae além; d esce o monte .
E d e sceu o p rophe ta ; e o que lá vira
Contou as ge raçõe s ;
Folga o c éu, geme a te rra, o mund o admi raE pro stram—se as naçõe s !
9 297 6
II.
Lá se e stend e umvalle , abe rto
Entre ro chas a tombar ;Se cco e nú, tris te e d e serto .
Damontanha até ao mar .
E o mar levanta- s e alllic to
Co rre—lhe o funebre grito
P elo s e cho s d o infinito ,
Longe , mais longe , a soar.
E o raio fulge e rebenta ;
E o d e spe d id o vulcão
Sobre as azas da tormenta
T inge d e fulvo clarão
A e spuma da vaga alçada,
Qual, d e chammas e rriçada,Igne a juba afogueadaN
'
umphantas tico leão .
E o prophe te entre as agruras
Pára, s ente , ouve , a treme r,
Os o s so s e as sepulturas
Debaixo d o s pé s range r.
E as o ssadas alvejante s ,Passad o s poucos ins tante s ,
Levantaram- se o sc illante s !
E o Senhor d isse : V emve r.
E o p rophe ta, no transpo rte
D'
um santo e mud o te rro r,
Viu aquelle pó da morte
Tomar vulto , e fórma, e côr.
E o passad o que jazia,Que hamil se culo s d ormia,V iu- o elle , que se e rguia
Ao aceno d o Senhor .
vi viam ». m is .
r ãs am ann-i te mesm o
K m ail-ne pt un e .
B i om as dn pmpria mente
arranca r lin d as profun io s ,
Palm an tu ne s d mmund o s ,Pelo s espaçºs d o s cé us
a Euvi - te na tua glo ria ,
O'
De us d e p ovo fiel;
a O Senho r é s da vic to ria ,
És o Senho r d e Is rae l.
Não mentem as pro phec ias
Salvaras humanos d ias ,Como já salvas te EliasD
'
imp ias mão s d e Jezabel.
Não mente , não , não mente a p rºphec ia
Avisão d o prophe te fo i cumprid a !
Agonisnva o mund o . O filho d o homem,
(tendemnad o ao nasce r, nasc ia a culpa.
li ra terraume x ilio s em e sp'
rança,
Que as c sp'
rançns mirravam- se no be rço .
li ra a vida um supplic io . Alémda vida,
Ince rteza, negrume , o nada, 0 cabos ;
D SOO Q
Duas vid as lhe da po r um só lanc e .
E o tf'
re c e - lhe , rompendo o e sc uro vé u,
N'
um ve rbo o mund o , n'
um susp i ro o c é u .
As vid as ambas que o prophe ta vi ra
Surgir voz do Ete rno , d e ra—as Elle
Para o s fi lho s remir e seus tomai - o s
Deus e homem, sob'
rano fe ito e scravo .
Abd icára emBe thlem d e De us a vida .
E a vid a d e Be thlem d e ixa ao Calvaúo !
Duas vid as se cons omem,
(Ima pó . outra d os c éus :
Mo rre no be rço o De us - HomemNa c ruz mo rr e o Homem- Deus .
No mont e que fez d ivino ,Ja cançad o pe regrino ,
E xhala o so pro mo rtal
Adap tando a humanid adeDe sp e agua e te rni dad e
'Na se p ultura carnal.
Ad o rar o lenho vamo s ;O be rço vamo s saud ar'N
'
um d e lle s a mo rte achamos
P ara u'
outro a vid a achar .
O Chris to . que no s se c co re ,
Sc nasc e n'
um, n'
outro mo rre
Morre em ambo s d'
uma ve z !
Para s e r uni co e xemplo ,
D'
um tugurio fe z um templo ,
D'
ummad e iro ummund o fe z !
Lisboa, 18 58 .
Jo s é na SILVA a ns Luar.
:P 762 4:
mao fiu-um . s t.-a c ena .
r nb. « enim tão tir-me s .
um um uor i ânb tel l !
Tenho º: ““ um fm t—rm
Pn' towar d !”m a s vem :
Te nhoW al minhas .
So m ha . um muzuem í
No s monte s batalhar !
Pas s *rmta summª !Camma i s C inta re c ebi .
Quand o es te s bravo s so ldad o s
N'
um s ntro ç o reuni
fªre qm: c ompre i - as .
(.omp re i- ª
ts todas ass i
As c i c atrize s que ved e s
t em mais trinta rec ebi !
Mas ne s te s monte s .
Só governo eu !
O re i , que governa tud o ,
Nad a aqui po ssue d e seu
Que mas não pod e ,
Ne s tas se lvas tudo émeu ;Hi que mand e , não m
'
impo r ta ,
Mas governo eu ! !
ª 305 'É-r.
Como fo i que tão d e pre s sa t'
olvidas te
D'
e s s es momento s , raro s , mas suave s ,Em que le d o frni grat e s d oçuras ,
T ransfo rmadas ago ra em c rue is dore s
Mulhe r, que fo s te a flôrmais fe i t i c e ira,
Que , da vid a, no J ard im, wi a s orrir—me !
P'
ra que fo i que . s oli c i ta , aco lhe s te
Me unove l co ração , vi rgem d'
amo re s
P'
ra que fo i que , c ar inho sa e bafejas te
Com be li to d'
ame r, s e tão d e pre s sa
Hav ias d e negar- lhe o s teus affagOs
P'
ra m'
o to rnares ago ra em ro tas fibras
Mulhe r, que não s oube s te comp r'
end e r—me
Oh ! tu. não c onhe ce s te o inc end id o
Amo r , que no me u p e i to te sagrara !
Nn e las te a minh'
alma pura, e x treme ,
Com alguma d'
e s sas almas que não sabem,
Nemp od em comp r'
end e r o que amo r s ej a !
No entanto , Mulhe r, ou te ad o ras a
Como inda ad o rar não pud e De us !
E ras meu linal p ensar , ad o rme c end o ;
O mai s q'
rid o anhe lo d e meus s onho s ;
A lembrança p rime i ra ao d e s pe rtar- me
Que me waleu, p o rém. tanto d e s ve lo ,'
I'
aa ta d ed icação , tanta louc ura
Mulhe r, que fo s te a e s tre llamas fo rmo sa,
Que pod e c om s eu brilho d e slumbrar- me ;
Que le s te a linda flôr mais fe i tice ira,
Que me soube p rend e r com s eus encanto s ;
Que fo s te o d oc e anhelo d e meus sonho s ;"ue i o s te ao me smo tempo anj o e d emonio !Di l l" — Que mal te liz? Le ve i - te acaso ,
A d ôr e o d e spraze r ao imo p e i to
Fiz to rturar o s s e io s d e tu'
almaºz
m n .
“ ro s to Su rra RODRIGI'
ESCOBDElR—D .
16 d e i'm
&s s rurr ào t i o a .
O me u id e al.De lír io
Um amo r
A fxihinha
U infante
Minha Elvira
Auf-t sw EMILIO ZALIJAR
Camõ e s e a Patr ia .
N'
umalbum .
Não me e res ?
“ Re s Pu r o DE So rza.
Um s o nho .
t llmLLo C le LLo BRm o .
De lír i o
C a mmo CORRE IA DE ALMEIDI PORTr—el
'
ma ho ra d e re fr ige ri oSus p ir o mensage i ro
Imzlu BINO llmmo tr s Luxor .
A p e rjuraA tua auzenc ia
A F . X . Bap tis ta
Memo r ias d'
Ella
Ao Sr . Abo im.
D . Igne z emCintra .
Saudade s .
Ve r s o sno Pas s e i o Publie o .
INDICE .
inno c enc ia d a minha amada .
Ella .
To do s tem na sua te rra .
Auma lavrade iraNuvem branca .
Ciume .
FELIPPE ANTONIO DE OLIVEIRA.
Harp ejo s d'
um tro vado r .
FRANCISCO JOSE' PEREIRA PALHA.
No album d'uma Julia .
Os Olho s não mentem.
A CruzElla
HENRIQUEO'
NEILLJUNIOR .
Afonte s e e e a . 210
Soffre r -Mo rre r 222
.ÍACINI'HO AUGUSTO DE SANT'
ANNA E VASCON
CEIJIJOS O
O e remi ta .
A minha te rra .
Surpre za .
Delír io p o e ti c o .
O que me dás 3'
e u te amar “?
Um s onho .
SombraI . DE A. RANGEL.
O baix e lO varejo das Oli ve iras .
J O ÃO D'
AROIM.
Po rtugal.A Bullião Pato .
A'
Luz d e Raio .
JOÃO DE LEMOS SEIX AS CASTELLo—BRANCO .
A que ixa s audo s a .
No album d e J . Abo im.
Ve r s o s r e c i tado s no the atro d eLisbo a .
Saudade Pe rdidaJuramento
M. PINHEIRO .
AO mar
Je ro en: AUGUSTO DACUNHAPOIrro .
lllns ão . 5 4
Não po s s e 92Re c o rdaçõ e s . 102Anma jo ven. 111
A uns anne s . 1 5 1
Se rá c omo a flôr O teuamo r? 147
A uns annOS. 161
Inc e r te zas . 19 1
No album d e A. A. Nune sLima 208
AAugus to Carlo s Machado 2 16A um c anar io 25 8O teu r e trac to . 25 1Saudade s d e lnhauma . 265Vo z d e minh'
alma 304
JOAQUIM DACOSTACASCAES.
Po r tugalJ AoumFERREIRADASILVAGUIMARAENS .
Uns Olho sUma dahliaAOS anne s d o meuamigo CunbaPo rtO .