íCOLLECÇÃO DE POESIAS MODERNAS - Forgotten Books

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LE IA POÉT ICA

íCOLLECÇÃO DE POESIAS MODERNAS

D'

AUCT OB E S P ORT UG UE ZE S.

«DÉBIL PnnLumo nnum'

rms'

rn.

INVOCAÇÃO .

Vão o s anuo s d e scend o e já no e s tio

O s d e sgo sto s me vão levand o ao rio

Do negro e sque c imento e e te rno s omno »

Camõe s . C. X . EST . 9.ª

0'

Lisboa, o p atria minha

O'

mansão d a fo rmo sura ;O

'

c id ad e a quemnatura

Legou sc eptro d e rainha

De ti saudozo e cap tivo

Sempre tri ste a susp irar,Hoje empunho aminh a lyra,Anc iozo em te offe rtar

.As cançõe s que a dôr me insp ira.

on conu cçxo p onen s noum as .

Aut ente dos patrios latas

J a d o is lus tro s se e scoaram,

Mas inda não me olvidâram

Teus encantos s ingulare s

Nes te sólo abrand órOnd e vive e reina amor,Vive um anjo , aminhaBella,Vive a e s tre lla que me guia,Tudo e sque c i só po r d ia,

Só a patrianemumdia.

Quand o os mortae s emre tiro

O d e scanço ao s olho s d ão ,

Lizia d o meu coração ,

P or ti veland o eu susp iro

Veze s mil emvão me d e i to

No meu tris te e pobre le i to ;Fend e a no ite o gailo atte nto ,Mai s um d ia ao mund o aponta,E da patria o pensamento ,De Marc izio o somno af ronta!

P re sta po is , o Lixia amena,Doc e auxílio ao filho teu;

Ced e -me canto s d o céu,

Minha Tagid e camêna :

Abrilhanta ó patriaminha

A voz da dôr que d e tinha ;

Mod ifi ca o meu p enar,Suavisa aminha lyra,Para sonoro entoar

As cançõe s que amórme insp ira.Ri o d e J ane iro , 2 d e Agosto d e im a

Gu mmo Conama n: Am ma PORTUGAL.

m u rom an.

21na M 301 3 8165 .

Éno ite o as tro saud oso

Rompe a cus to um plumbeo céu,.

Alvacento , humido véu ;

Trax pe rd ida a côr d e prata ,

Nas aguas não se re trata,

Não be ija no campo a flor,Não traz co rtejo d e e s tre llas ,Não (alla d e amor As bella ,

Não (alla aos bomm d e amor

Me iga lua, os teus segred os

ºnd e os d e ixas te ficar !

lh s praias d'

alémd o mar ?

R i ni te-m tua ain da,

N e ssa terra tão banhada

Por teu límp ido clarão ?

Fo i na tem d os ve rd ore s ,

Na patr ia do s meus amore s , ,

Patria do meu co ração ?

Oh ! que d e ixas - te 0

Nos montes d e P ortugal,

Lá ond e nasc e o tomilho ,

Ond e ha fonte s d e cr'

s tal;

Lá ond e veccia a rosa ,

Onde a le ve maripo sa

Se e s pane ja luz do so l,

Lá ond e Deus conc edà'a.

me em no ites d e pri mera,Se escutas se e rouxino l.

—ou con e cção nnronalAS'

uonnnNAs .

Tu vens , ó lua , tu de ixas

T alvez ha pouco o pa iz,

Ond e d o bo sque as mad e ixas

J a tem um llóre o matiz ;Amas - te d o ar a d oçura,

Do azul—c éu a formo sura,Das aguas o susp irar ;

Como has d e agora, entre gelo s

Dard ejar teus rai o s be llo s ,Fumo e nevoa aqui amar ?

Quem viu as margens d o Lima ,Do Mond e go o s

salgue irae s ,

Quem and ou p o r T ejo ac ima

P o r c ima d o s seus cris tae s ,

Quem fo i ao meu patrio bo iro

Sobre fina are ia d e o i ro

R aio s d e p rata e sparzir,

Não pod e amar outra te rra,

Nem s ob o c éu d'

Inglate rra

Doce s surriso s surt ir .

Das c idad e s a p rinceza

T ens aqui ; mas Deus igual

Não quiz dar- lhe e ssa lind eza

Do teu e meu Portugal ;

Aqui , a indus tria e as arte s

Além, d e to das as parte s ,

A natureza s em véu ;

Aqui, o iro e p ed rarias ,

R uas mil, mil arcarias

Além, a terra e o céu:

10 LIMA POÉTICA

Vas tas s erras d e tijolo ,E statuas , p raças s em fim

Be talham, cobrem o sólo ,Mas não me encantam a mim

Na minha patria uma ald e ia

Po r no ite s d e lua che ia

É tão bella e tão

Amo as cas inhas d a s e rra

Co'

a lua d a minha te rra,Nas te rras d o meu paiz.

Eu e tu, cas ta d e idad e ,

Pad e cemo s igual d or,

T emos a me sma saudad e ,Sentimo s o me smo amor :

Em Po rtugal o te u ro s to

De raio e luz é c ompo s to ,

Aqui , tris te e sem clarão

Eu la s into - me contente ,Aqui , lembrança pungente

Faz—me negro o coração .

Ei - a, po is , ó as tro amigo ?

Voltemos ao s puro s céus ,Leva—me , ó lua, c omtigo

Pre so n'

um raio d o s teus ;

Voltemo s ambo s , voltemo s ,Que nem eu nem tu pod emos

Aqui se r quae s Deus nos fe z ;

T e rás brilho , eu te re i vida,

Eu ja livre , e tu d e sp idaDas nuvens d o c éu inglez .

Lond re s ,—1847 .

J o ão na Lux o s Sun s Can u t o - BRANCO.

o u cou ncção nl . l eas t“ l oum as . li

0BUÇACO.

offereriha ao meu m igo

ma—hraripnlo

Feliz da te rra, o s monge s não mald igâ'

s :

Do que emDeus confiounão e scameças !

A. H. Hanna no Caem :

J áquas i aband onad o ex i ste o templo ,O s pobres monge s seus e xpulso s foram;

É e rmo o sanctuario t

J anelle não re s soam sacros hymno s ,Hymno s d o coração , que emSoledad e

Os frad es entoavam !

Obra d o s tempo s credulo s fo i e s sa ;Fo i mod e s to padrão da no s sa crença ,

Singela e verdad e ira,

Que o s homens d es te se culo corrup to ,Não pod em tole rar, em s eus furo re s

De blaspheme igno ranc ia !

Não sabemgove rnar e s se s ingrato :Senão anniquiland o a mage s tade

Do s cantic o s solemne s !

Em povos ond e impe ra a le i d e Christo ,

Tyranno s vis jamais re inar poderamA le i d e Christo os veda !

11 LIZIA POÉTICA

D'

um golpe tão brutal c omo inaud ita

Umlegad o d'

amo r d a Sanc ta IgrejaO s ímp io s d e rrubaram!

Louco s ! que as s imluc tae s c o'

o Sancte impe rio,Com o pod e r d e umDeus , que bad e punir—s o s ,

Vingand o injus ta ail'ronta !Es te povo humilhad o ind a re sp ira

Nobre altive z ao re co rd ar a c rença

Do s seus

Umd ia aco rd araao som d o s hvmnos ,Dos mys tico s cantar

es que a alma cuie i am

Pe rante o Sôr E te rno !

Então , ai d os tyranne s d e spre s ive is

“'

a Sanc ta le i re ss urgira d e pre ssa

A dºc e libe rd ad e !

R ode o po vo ad orar se uDe us p ie do s o .

ºs monges camarão os sac ro s hymnos.Se raMiz o

Tai. b i insp iração

Que eu do Céu. re c ebi :

Votos são da alinha alma.

Praze r que conc ebi .

De sejo s não me illudam,

Que se cumpram Senho r !

Terna end c ixa d'

e spe ranca

V os d e rija e d'

amo r .

No c imo d'

alta se rra

Cerc ada d'

e sp e s sura ,

Fui assentar-me sombraTrenzido de ni s i-um.

en con e cção nn r om s uonm as . 13

Salve salve oh Buçaco , .

Oh que rida s o idão ;

Teu recinto sagrad oChama aDeus a attenção .

Bemlonge ali d o mundo ,,Conve rsava comigo ;Ao meu Deus implorava ,

O p e rdão e umabrigo .

Co'

a vis tapo s ta ao largo ,,

Ne s se immenso ho risonte ,Que a _

s erra senho rea

Com tão altiva fronte ,

Que uma imagem s imelha

Do infini to e spanto so ,

Que só Deus comprehende

Contemplava saud o so

Eu es tava emd elirio ,Delírio d e amargura,Chorava que mai s pode

Faze r- s e na tris tura

A habi tação d e paz,

Lugar d e penitenc ia,

Eu vi a ond e o Senhor

E xe rc ia a clemenc ia i

Ali aindameus olho s contemplaram

Ummonge ,'

que po r louco lhe consentemVe stir bure l sagrado !

Indaum frad e avi ste i , que a sós coms igo ,Pro strad o ante o s altare s , fe rvoro so ,

o u con e cção na me sma MODERNAS. 17

A TEMPESTADE .

Q a ntonio f elic iano hr Qi c otilijo .

Alma ailinada pe las harpas d e anjosR e i das cançõe s ente nd eras meu hymno !

Sibila o vento os torre õe s de nuvens

Pe sa no s denso s are s :

Ruge ao largo a proce lla, e encurva as ond as

Pe la e xtensão d o s mare s :

A immensa vaga ao longe s em c orrend o ,

Em s eu te rror envolta ;

E , d entre as s ombras , rap idas c entelhas

A temp e s tade sólta .

Do sol, no o c caso , um raio d e rrad e iro ,

Que , ap enas fulge , mo rre ,E scapa a nuvem, que , apre ssada e e spe ssa,

Para apagal—o corre .

Tal nos affaga em sonho s a e spe rança,

Ao d e sp ontar d o d ia,

Mas , no ac ordar, lá vema consc ienc ia

Dize r que e lla mentia.

As ondas nvº

gro- azue s se congloboram;

Se rras to rnad as são ,

Contra as quae s outras s e rras , que se arque am.

Bate r, partir—s e vão .

Oh tempe stad e — cu te saud o ! ohnume ,Da nature za açoute !

Tuguias o s bulcõe s , d o mar princeza ;E é teu ve s tido no ite !

18 LIZIA POÉTICA

Quand o no p inhe iral, entre o granizo ,Ao susurrar das ramas ,

Vibrand o sus to s , pavo rosa rugeS,

E as solação d e rramas ,

Quem p e rlie r comtigo , então , ousara

Da glo ria e p od e rio ;

Tu que faze s geme r p end id o o ced ro ,

Turbar—se o claro ri o

Quemme d e ra s e r tu, p or balançar-me

Das nuvens no s cas tello s ,

E vêr d o s fe rros meus , em fim, quebrad os

O s rebat id o s elo s !

En d o s voleõe s , c om raios accendera

Amo rte c id as fraguas :

Do robus to carvalho e s obre antigo

Acurvaria as fronte s ;

Com furacõe s , o s areae s da Lybia

Co nve rte ria em monte s

Pelo fulgor d a lua, lá d o no rte

No po lo me assentam,

E vira prolongar- se o ge lo e terno ,

Que o tempo amontoara.

Aiii eu solitario , eu re i da morte ,Erguera me u c lamor,

E d iss e ra : se u li vre , e tenho impe rio

Aqui , sou e u senho r !

Quem se po d e rá e rgue . como e stas vagas ,

Em turbilhõe s ince rto s ;

E c o rre r, e c o rre r troand o ao longe

Nos liquid o s d e se rto s !

Mas entre membros d e lod oso barro

A mente pre sa

lªrgue- se em vão ao s cé us ;—pre cip itada.

Rap id o , embaixo as .

LIZIA 903 81“

Um d ia acord arão d e ss e s de lirios ,

Que tão grato s lhe s e ram.

E eu, que vé io na vida,. e já não sonho ,Nem glo ria , nem ventura ;

Eu, que esgote i tão c ed o , até as fezes ,

O calix da amargura ;

Eu, vagabund o e pobre , e aos pé s micad o

De quanto ha vil no mund o ,

Morre r sentindo ins p iraçõe s d e banha,Do co ração no fundo ,.

Sem achar sobre a te rra uma harmonia

De alma, que a minha entenda ;

Porque s eguir, curvad o ante a d e sgraça,

Bata e spinhosa send a

To rre o oceano me !—Qual d obre soaFragor d a tempe s tad e ;

P salmo d e mo rto s , que re tumba ao longe

Grito d a e ternidad e

Pensamento infe rnal!— Fugir cobard eAnte o d es t ino iro so

Lançar-me , envolto emmald içõe s celes tes ,No abysmo to rmentos o ?

Nunca !—Deus paz—me aqui para ap i tar-me

Nas lagrimas da terra ;

Guardare i minha e s tanc ia atribulada,

Commeu d e sejo em gue rra .

O fi el guard ad or te rá s eu premio ,O seu re pouso , em fun ;

E atalaiar o s o l d'

um d ia e xtremo

Vira outro ape x mim.

Herdare i o mo rre r ! Como é suaveBenção d e pae que rid o ,

Se riao d e spe rtar ; vêr meu cadave r,

ve: o grilhão partid o ..

ou con e cção ne r e s su e nonene as . 21

Um consolo , entre tanto , re s ta ainda

Ao pobre velad o r :

Deus lhe d e ixou, nas trevas d a ex is tenc ia,

Do c e amisad e e amor .

Tud o o mais é s e pulchro , branqueado

Po r embus te ira mão

Tudo o mais Vão s p razere s , que só trazemRemo rso ao c oração .

Passare i minha no ite a luz tão me iga,Até o amanhe c e r ;

Até que suba a patria d o repous o ,Ond e não ha mo rre r.

Ane x armne Hencuna no .

POR BEM

OU AS P BGAS DE CINTRA.

»Gavião , gavião branco

Vae fe rid o e vae voand o

Mas não d iz quem n'

o fe riu,

Gavião , gavião branco !

O gavião é c allad o ,

V ai fe rid o e vai voando ;

As s im fôra a negra p ega

Que had e sempre andar pairando .

A p ega é negra e palre ira,

O que s abe vae contand o .

Muito pai ra, paira a pega

Que s emp re had e e s tar pairand o.

LIZIA POÉTICA

Mas que r Deus que o s chocalhe iro s

Guard em as veze s , falland o ,

O s egre d o d o s s isud o s

Que elle s não guardam calland o .

Era uma pega no paço

Que el- re i tomara caçand o

Trazem- na as damas mimo sa

Com a e s tar sempre afagando .

Nos paço s e ra d e Cintra

Ond e e s tava e l- re i po isando

A rainha e suas damas

No jard im andam folgand o .

Entre assucenas e rosas

Entre o s go ivos tr ebe lhand o

Umas regavam as flore s .

Outras as vão apanhando

E aminha p ega c om ellas

Somme . sempre palreand o .

V inha el- re i atraz d e tod os

ComDona Mécia falland o .

Era a mais formosa d ama

Que andava naque lle band o

Quer- lhe a pega a Dona Méc ia.

No hombre lhe vae p o i sand o .

Pare c ia a ma d a pega

Que o s and ava e sp re i ta

Colhera el- re i umamsn

A DonaMéc ia a ia dandu

LIZIA POÉTICA

Da pega meche rique ira,De bem que fez, malpensando ,

No s reaes paço s d e Cintra

Amemo ria e s tá durand o .

E e is - aqui, s enho ra, a h is to ria

Da pega que ahi ve s pairand o ,

Da ro sa que tem no bico .

Da le ttra que a e s ta ce rcand o .

A pega é negra e palre ira,

O que sabe vae c ontand o

Mas que r Deus que o s choc alhe iro s

Guard em s egred o falland o .

O gavião , e s s e é outro ;

V ae fe rid o e vae vo and o

Mas não d iz quemn'

o fe riu,

Gavião , gavi ão branc o .

Lisboa 22 d e J ulho d e 1846.

J o Ão BAP TISTA ne Au re umGans en .

AO ME U AMIGO L. A . RIBE IRO DE SA'

.

Do s regatos eu vejo as aguas puras ,Que d o Téjo acc re scentam a co rrente ;

Tambem d o ve rd e bo sque as e sp e s suras ,Ond e , outr

'

ora folgue i , moço e c ontente .

Co'

a vella d esfraldada, d e sd enho sa

Vejo e bate], vogand o mansamente ,P o is , que , no rio o vento p re guiçoso ,

Embe rço d'

anil d o rme brandamente .

E is -me aqui pensativo , e contris tado

Do Tejo abe ira, as ombra d'

um salgue iro ,

ou c on ec ção ne p o em s nonenrtAS 25

E sem ventura , p obre , malfadad o

Carp ind o , tri s te , o mal tão ve rdad e iro .

Nemmeus cuidad o s tem nenhum d e scanço ,Meu pranto pe las aguas é

Se acaso ao vas to mar o s olho s lanço ,Lá o vejo , como eu, sempre agitad o .

No s ellevad o s negro s alcantis

Que d e scubro nas aguas re tratad o s ,Do lind o s ol o s luc id o s rubi s

P erd id o s quas i vão jad e sbo tad o sP o is que nas auras leve s e subtis

Vóa a tard e em aromas p e rfumad o s ,

Do flórid o ve rgel n'

e s s e matiz

A'

s lindas ro sas e jasmins tirad o s .

Tão tris te , c omo o p roprio p ensamento ,

Vem a no i te s eumanto d e sd obrand o

De e s trellas recamad o o fi rmamento

Em lumino so s fo co s s c intilland o

Geme a noc turna briza, e seu lamento

Nas quebrad as da se rra p e rpas sand o ,

P e rd id o pouco a p ouco o s eu alento

Lanas ondas acaba murmurand o .

Era calada e tris te a natureza !

Ouvi d e branda lyra o s sonsInc erto inda e scute i , fe z-me

D'

harmonia e rammimo s sono ro so s ,

Que iam as minhas p rendas abrandand o ,

Te que meu c oração com d oc e encanto ,

Vencendo maguas , conhe ceu, folgand o ;

Insp irad o cantor, que era o teu canto .

Lisboa 10d'

abrild e 1848 .

Am e s a r o ne Souza .

ou con e cção ne rons u s m an s a s . 29

LU IZ DE GAM OBS.

O s d e sgostos me vão levando ao rioDo negro es e c imento, e e terno somnoMas tu me a que cumpra, o grão rainhaDas muzas , e o

'

o que que ro anação minha

Camõe s . Lo s . C. Bar rx .

Que po e ta que não e ra

Da linda Ignez o canto r !

Quemmai s d o qu'

elle d iss e ra

D'

e s se fe ro Adamas to r !

Era um as tro fulgurante,

E ra um po e ta gigante ;

T inha mais alma que o Dante ,(lu tava commais amór !

No pe ito, cobert o d'

Lhe batia um co ração ,

Que nem o s cantos d o Tass o

Sonharammaio r paixão !

Era canto r e soldado ,

Era um vate enamo rad o ,

Fo i um poe ta insp irado

Como o s d'

hoje janão são !

Bemno s canto s se lhe marca

O signal d o s eu p enar ;

Nasce ra como Petrard a,

J a fadado para amar !

Ved e bem o sentimento ,Comque da sei ta s ao vento

Quei xas mi l d o seu tormento ,Tristezas d o seu trovar !

m a r-em m

A sorte fêl—o p o e ta

Das c inza s d a p obre Igne z

O mund o foi p rophe ta

Da de s tmn p o rtugue s :

P o e ta da d e sventum,

P revm a so rte fuetm'

a .

E sc reve u com mão s egura

Deus . que de u ao s p ortngneze£

D alem- mar a s re giíse s ,

Que no s livrou d o s re ve ze s .

Deu- no s o re i d as m cõe s ;

f omo s o p o vo e sc olhid o ,O no s so nome temida ,

Hoj e só é

Pe lo s canto s d e Camõe s .

Fo i- se—lhe a v ida em d e sgasta

Ao que a patria ass im

Que be llems nas legou .

Pungido d e ace rhas dare s ,

Pe la T éj o . seus amore s ,Foi o re i d o s nov

Fo i a Cvsne que exp irou !

Coma Ovid i o , d e s terrada

Lána gmta d e Macau,

Se tem o p ranto enrugad a

P e la mão d o pb ! J au.

D'

e s c rava , to rnou- s e amiga .

E no pe i to , SÓ coms igo

Supo rtou c rue l cas tigo .

Mas nunca se mostrou mãu !

an con e cção ne me su s mane s uas .

Debruçad os sobre o s cantos ,Da no ssa fama pad rão ,Bem juntas verte ram p ranto sSobre a nos sa e s cravid ão !

Mas a vil tutella

D'

e s sas has te s d e

Não pôd e cho rar sobr'

ella,

Morrem—lhe o coração

Que poe ta ! e que soldad o

Que trovad or tão le al !

De tod os abandonada,

Só achou umhosp ital!

Mas a fama po r tugue za

N'

e s te se c'

lo d e to rpeza

Só tempo r toda a grandezaA Camõe s po r pe d e s tal!

Alli vivem as viol etas ,lá d o povo , já do re i ,Alli vivem as memorias ,Alcançadas pela le i ;

E'

pharal d e no ssa fama,Alli vive 0 Cas tro , e o Gama,Em ve rsos alli proclama

Triumphas da nassmgre i !

A Camõe s pormonumentaSó re s ta um livro , não mais ;B

'

oquelle genio po rtanto

Não temos outras s ignae s ;Mas que importa, se amemoriaDa canto r da no s sa gloria

Alcançou maior victoria

Nos s eus cantas calassae s !

Lurs Aucus r o K avua ne PM W.

3d LIZIA ran ma

0 ME U PASSADO .

ª s tem ªmigo El. 3 . br O . Silva J unior .

Mas qual lia co ração d e donzellaQue re sponda a um susp iro d

'

amar,Quando vibra nas co rdas sonorasDo alaúd e do pobre canto r.

A. Ranm a.

Houve tempo que emmima ventura

Só no amor e no amor e xi stia,

Não julgando que o amor de d onzeliaE ra iguala e xis tencía d e um d ia.

Eu ame i com loucura e mulhe r,Seus so rrisos ame iEarnarder,Consagre i

- lhe tributo s e incenso s ;

Almejand a d e gºzo e d'

amór.

E eu voe i p elos campo s da vida,E da morte e d o sangue eu zombava,Da e xistencia e d os homens d e screndo '

Po r aquella a quem tanto adorava.

Meus p razer—'

s fo ram sonhos d'um d ia,

Meu po rvir um porvir d'

amargura ;se perfidia perii d ía e traição

Açautavamminh'

alma tão pura

Que illusão e c egue ira e loucura

Da po eta não e ra o p ensar,

Que c egue ira não e ra a da bard o

Qu'

re r o amór da mulher alcançar..

o u con e cção me p o s su e naneam s . 3 3

E eu sulque i a balanço das ondas,

Das paixõe s eu lute i c'

a imp el,Eu bebi , no d elirio d o s go zos ,

O s remorsos d '

euvolta c'

o fel.

A nud ez da sc ienc ia d ebald e

Seus arcanas tão frias valvia,

Meus intentos achava frus tradas ,Minha negra d e sgraça só via.

Eramja as p rimíc ias d o bard oPor aquella a quem tanto ad o rava,

Ind iif'

rença e d e sd em pela amar

Que d'

ardar o s eu pei to inilammava.

«De vingança e furo r abrasada

Eu zombe i da innocenc ia e da amar

Confundi a inno c enc ia c'

c crime ,

Sem allivio s entir minha dô r .

E venc ida e ralad o d'

angus tías

Minha lyra anc io so quebre i,iE quebrada e d e s fe ita em p e d aço s

.Furias a ao mar a arroje i .C

E eumald isse os encanto s d o mundo ,

Da mulher eu mald i sse o amar,

E meus olho s d a te rra afastad os

S'

ele varamao meu Creadôz.

;Porto J unho—lm .

A. M. B.:

at LIZIA POÉTICA

e ne r J OAO o hummm .

O'

tempara ! ó mares !

No tempo em que o cas telhana

Louca, atrevid o , e ufano

Quiz Po rtugal d ominar

E que bem a seu p e ze r,

V iu malograr a s eu plano

De Lisboa conquis tar

Que d e fend ia a c idade

Com valo r, e hero ic id ad e

Nobre infante D . J oão ,

A quemmais tard e a nação

J urou [i da lealdad e ,

E fezZre i por ele ição :

Um homemd e santa vida,E virtud e conhe c ida,

EmLisboa appare ceu,

Ond e muitas p rovas d eu

P'

ra sua mis s ão se r tida

Coma insp iração d o céu ;

E como viu vac illante

O valor d o nobre infante

Trac tau d e lh'

a d e sp e rtar

Eil- o que o vae pro curar,

E com re spe ito bas tante

As s im começa a fallar

ou con e cção ne POESIASnaum “ . 87

De sse s pe rro s traiço e iras

Virente s louras colheu !

E pelo povo elegido

Dominau semp re temido

No sólio d e s ta nação

Como o d isse o Ermitã o ,

Que tinha d os céus ouvid o

Tão iíel revelação .

S. J oão da

M. J . na Se a Ro sa J UNIOR .

A'

LUA DA MINHA T ERRA .

Cas ta d ensa, e quasr noite ,

De ixa ja tua mansão ,V em pas sear n

'

e s te s céus ;'

Sparge aqui o teu clarão ,

O teumanta car da neve,

De sd obro n'

e s te torrão .

Em tod a a te rra não achas

Quem te haja amar igual,

Quem tanto te ad ore , a d eusa,

Quem te d e maior s ignal

D'

e s tremad o amar não ha

Que o teu e meuP ortugal.

LE IA POB ICA

Nenhum céu te acolhe amante .

Commais te rnura e pure za,

Nem umvéu, nem uma nuvem,

Te co ns ente a nature za !

É que um Deus amigo ord ena

Brilho aqui tua belleza.

Quantos segred os encobre s ;

Quanto s susp iro s d'

amór ,

Quantas lagr imas enxugas

A'

quelle te rno amador,

Que e spe ra só d e teus rai os

Líni tivo sua dor !

rs que arrancas meus segred os ,

Comtigo os d e ve s guardar,Volta amanhã, que inda queroMai s se gre d o s re velar,

Mas não d igas a Marilia

Que me vis te s a chorar .

Ante s que fujas , a d eusa,Minha saud ad e d es terra ;Mas tu já foge s d o valle ,

A pouco s passos da se rra

E cá me fica a saudad e

Da lua da minha te rra.

J . R . T . I .

o u con e cçã o ne no e su s MODERNAS.

PlN'

l'

ilS.

O iça acabale s tangid o s

Em te rras d e Po rtugal,

Aquellas roucas trombe tas

Dão para a guerra a Signal.

Aos tape s altos do monteVe io e s cute i- o o zagal;De scara, vac illa e pasma

Co'

o rumor, que vae na val.

P ela be ira d o s caminho s ,D

'

entre a s ombra do ameal,

Vem a mãe , a a i caram,

Como as ro sas da ro sa].

Tocam gue rra as trombe tas ,T o campor o rd em real,

Já s e apre s ta a gente alegre ,

Que ao re i o povo e le al.

V oo à frente d e s eus te rço s ,Nua a e spada colo ssal,

Vae , fallando ao povo , ao s nobre s .

Af ranso—ouanr o , o immo rtal.

Émurzella o seu gine te ,E

'

d e raça oriental,

Os jaeze s , que a recamam,

Reluzem, como o cris tal.

ou cou ncçâo nn p onsu s monnnm s . 43

As s im rompe e l- re i co'

a e spada

As ho rdas vis d'

Ismael.

P end e rasgada a band e ira

Do marroquino c ruel,

Rasgada, qualbranca ve lla

Do d e scos id o baixe i .

Juma o d e spojo a Tarifa !

Não são jo ias d e o irOpe l;

Que amatis thas n'

e s ta ad aga ,

Que rubi s n'

e s te broquel

São d e Ibama -os albornozes ,

D'

o iro fino e seu cairel,

Mas um re i dos Luso s

Nã o ous a NADA do infie l,

Fe ia vista ! que de rro ta

Vae no campo granad il,

Quem d issera que em tal damno .

Houve mais brio , que ard il!

Brig, s im ; que um dos d e Alfons'

õ

E ra, só, para d e zmil,

T inha fé no pei to e braço ,

Mais rijas que o alcantil.

Que d errota Alli p raguejaNa agonia um adail;

Aqui trota a egua, as soltas .

Egua nõbre d o Genil!

LIZIA POÉTICA

Alli gemem voze s , tris tes ,

Como o s sons d e um anaiil;

Aqui pe rd e a côr e a vida

Ro s to d e te z varonil.

Que é d a tua gloria e fama,O

'

o rgulho so Boabd il?

Vêl- as d e i tadas po r te rra

Quae s secas folhas d'

um t il!

Re i d e Marroco s s obe rbo ,

Que é d o teu campo gentil?

Me io e mo rto e me io

Como um band o mulhe ril.

Que mas um gue rre iro

Inda fe re a turba vil,

Lava as mão s no sangue mo iro ,Como n

'

agua d e um gomil.

Luz- lhe no s o lho s a fur ia,

Qual c entelha d e fuzil

Mancham- lbe p intas d e purpura

Sua armadura d e annil.

E ra o lobo , ard end o em sed e ,

Que , aos uivo s , sae d o covi l,

Que , faminto , ins opa as garras

Nas ovelhas , n'

um red il.

Alvaro P i re s Sobrad o

Clama, ao ve l- o , o re i gentil;

E'

po rtuguez ! quanto s pe rros

Matasle R e spond e . » Mil. »

P into vens « Se t enho p into

Fo i d o sangue

o c co rre cção na ronsu s nonnnm s . 47

Toma , po is , d e rum o o nome

Po r acção tão varonil.

No e scud o das tuas armas

Lavra « mur o c o'

umburil;

J unta - lhe c inco c re scente s

Sobre campo côr d e annil.

ANTONIO Panama DA CUNHA.

SANTA MAR IA DE ALMACAV E .

Filha e mãe , qual é s , não vasDe ixar filhos sem abrigo .

J . nn Lxx o s .

Santa Virgem sempre casta ,Chamou—te Mãe o Senhor ;

Po r teu s e r, qualiris , fo s te

Na te rra allianca d'

amo r.

Deus em t i quiz humanar - se ,

Cobrir o manto da dôr .

Deus por t i fi rmou a crença,

lncarnand o no teu s e io ,

Que a mulhe r é mais que humana

Firmou a crença em que eu cre io ,

Que só pod e amar quem ama

Com fervor clemente enle io .

As tro que em throno d'

e s trellas

Ao lado brilhas d e Deus !

LIZIA POÉTICA

Os olhos volve mate rno s ,

Mys t ica p omba d o s céus

E o p ranto enxuga ve rtid o

Na o rphandad e , ao s filho s teus .

Embo ra a vid a lhe roubem,

Po rtugal n'

outra não crê,

Porque o So l c om s eus fulgore s

Mai s puro que tu não é ;

E na mo rte , além da vida,Pharol d a vida em ti vê.

A teus p é s no templo outr'

o ra

D'

Almacave o povo e o re i

Acatar jurou as quinas

De Maria o nome e a le i ,

Que as sentou no régio soli o

Do bom s e rvo Affons o a gre i .

N'

Almacave o re i e o p ovo

Ao p é da Cruz fo i jurar

De Maria a Virgindad eDefend e u po r te rra e mar

Sangue fie l o Evangelho

Contra a vil raça d'

Agar.

Virgem Mãe , s e bem fadas te

Crença tão d oc e ao nas ce r,

Não d e ixes o ra quebrar- se

Mvste rio que vae prend e r,

P'

ra remir a humanid ad e ,

Ao PAB e ao FlLHO teu se r.

Não d e ixe s , não , que e s te re ino ,

O teu re ino inda é chris tão :T vmbre fo i d e portuguexe s

on con e cção na p onsu s MODERNAS. 59

Sempre amar a Conce ição ;

Ma ron em Côrte s chamou- a

Saura MARIA a nação !

Maior ! no mundo outro te rmo

Que inda mais d iga não ha

Só pod e a Igreja invocam»:Po rque ass im, qual fo i, s e rá,

Dogma santo concebid o ,Filha e le ita d e judã !

Alçar a fronte não venha

Sc ep tic ismo hediond o , aud az

Sobre e sta te rra d e crente s

Do infe rno a liga d e sfaz,

Contra teus filho s creada

P'

ra servi r a Satanaz !

Co imbra 1848 .

J MARCELINO Ma ro s .

O BURR IZO .

Acabo d e te ver ; e sqha to rmento ,S'

infe rno ha ne ste mund o , elle me fe rve

No s e io , que a teu grad o torturaste .

Ouviste o s labio s meus p ed ir tremend oUm re fle xo d o amo r, que me juravas ;E surriste d e gozo ao e scutar

-me !

Surri s te d e p iedade aor ver d e roja,Abatido a teus pés , meu pe i to exangue

LUZIA ” ETICA

E so rris te d'

e scarneo ; po rque vias

N'

e lsas palavras que so lte i gemend o ,

Vergar me u co ração tão novo aindaCurvar- se ao jugo teu falto d

'

e sp'

rança.

Engana- te , mulhe r : o fogo e vivo ;

Vivo meu co ração pulsa no se io ,

Aond e um sangue d e vinte anuos gira

Ante mim o provir se d e senrola

Che io d e vida, d'

espe ranças che io ;

Somente ao pó d'

e sque c imenlo d a no

He i te u nome ind iffe rente arreme s sad o ,Eu que humilde junto a ti cabia,

Que submisso id olatrava o imperi oDo te u tingid o amo r, d

'

uns o lho s me igo s ,Das palavras que so frego e scutava,

Ergo—me ago ra, para d ize r- te em face ;

Mulhe r ! e s sa ad e ição , que consumia

No : sonho s meus a minha vida inte ira,

Ge lou sob um surriso d e teus labios .

Pode ria od iar—te , s e o od io

Não fôra uma paixão ; e d'

o ra avante

Po r ti no pe ito meu paixõe s não cabemDe sprezo tambemnão , que e lle manchàra

incauto affe cto , que po r longo temp o

Meu po bre co ração d omou inte iro .

Mulhe r, s onho infe rnal, e is de rribad o

O templo d'

lllusõe s , que tu c rearas :

E is po r te rra o teu culto ; e is abatid o

alta r d o meu amo r, surri - te embo ra ;

Que o vento , qu'

o ra geme , e aço i ta o s vidros ,

Mais abalo me faz, que teus surri sos .

E com tudo , mulhe r, eu ad o re i - teCom força, com paixão , com culto ard ente ;

o c corr e cção na p onsu s mam as . 53

MEUSSONHOSDE AMOR.

Com lísonge iro s mui pouco folgava

Mo s trava- se humano ao s que e ramme ão s ,O s grand i o s o s e vão s d e spre sava

Dro o o BRANDÃO . (Cane . d e Re send e . )

Mulher fad a illusão ou sombra ou sonho ,Do ce fague ira emanação d o s c éus

Ditoso ge rmen d e virtude e encanto s

Anjo d e cand id e z d'

amor e mimo s

Que n'

ummago s o rris o imbebe s n'

alma

Prazer dulcís s imo , arroubad o s go zo s ;

Que n'

ummágic o s om da voz cano raRoubad o às c i tharas d o coro angélico

D'

e ssa voz d ivinal sublime e therea

Q'

enleva as almas , o s s entid o s prend e

Em d oce encanto , requintad o s ex tase s ,

Do rouco bard o ao co ração c onduze s

Mui grato allivio a me rencorias penas

Que os se io s d'

alma lhe negrejam s empre .

Do triste bard o que fôra ,

Oh ! que fôra d o cantor

Se na romagem d a vid a

Não ouvis se um s omd'

amor ?

S'

um anjo todo canduraVind o da e therea mansão ,

Não coasse no seu p e ito

Phrase s d e tema ad e ição ?

5 5 Ltzu man ca

Se n'

e s te e xílio em que vive ,Cercad o d e povo immenso

Mas d e p ovo vil e rud e

A'

p e rfidi a só prop enso ;

Não achas s e um pe i to amante ,

Uma alma cand i da e pura

Que na te rra lh'

outo rgasse

Doc e s horas d e ventura

Que d os homens a vile za

A hyp roc ri s ia e traição ;

Que e spe s inham le is sagradas

E o s dic tame s da razão ;

Q'

a inte re s s e s me rcenario s

Vend em brio s e pudôr ;Que na fe ira vão ufanos

Suas infamias e xpôr ;

Que be ijam a te rra vil

Em que p isa seu senhor

Oh ! que se ria d'

e lle minha e strella

Senão baixas se s tu d o ceu te rra

P'

ra com tuas virtud e s graças tantas ,

Do bard o tris te mente e sc ure c e re s

A torpe imagem d e tão fe io s c rime s

Para na amarga vida um d oce encanto

Dare s no teu amôr a quem te p re za?

Ah ! vem d e ixa e s te mund o enganad or.

Que só reque r to rpeza fing imento

Que não sabe ad o rar d ize r— virtud e ,

Esse s vis o ppre s sôre s que se far-

tem

Que bebam sôf'

re go s em minas taças

Do s coraçõe s part id os largo p ranto .

o c co rr e cção na POESIASnonm as . 55

D'

aqui bem longe lan'

um bo sque umbroso ,Se remo s ambo s sós e no s so amo r.

Co rre rão no s so s d ias immaturo s

Tão reple c to s d'

incanto s tão s e reno s

Como d'

um brand o rio a nivea limpha

Ou como da ave o vôo que fend e as nuvens .

E quand o em tard e e stiva o re i d o s as tro s

Fôr no pego ex tinguir o s fulvo s raios

Em to rno iremo s d a flo re sta amiga

Ouvi r d o s plume o s vate s terno s cantos

Canto s que infiltramn'

alma dôce balsamo

Quand o saud o so s s e d e sp e d emme igo s

Do sol d o irad o , que lhe s aquece o s lares .

Então d as brandas cord as d'

aurea lyra,

Das d oc e s cordas q'

atinar co s tumas

P elo suave arfar d o cas to p e ito

De sprend e re i tambemmui te rnos carme s

Que ao vate insp iras n'

um gentil sorriso

N'

um furt ivo volve r d os olho s garcos

N'

ummavio so som da voz fague ira

N'

umlige iro roçar das niveas mão s

Q'

involuntar ias s e procuram sempre .

Oh ! quanto não é d o ce e s te vive r ,

Viver assim p '

ra amor , amor fruindo !

Afugentar da vida o s to rvo s male s

Angustias negras d e crue is pe zare s

Que p e ito s ralam as sas s inam gozo s !

Depo is ao collo teu d'

encanto s che io

Amigo braço c ingire i c ontente ;

E assimunid o s enlevado s ambo s

A'

fonte iremo s que susurra amóre s ,

No s so s rosto s rever sorrind o me igos

Ao argenteo fulgºr da clara lua.

56 LIZIA POÉTICA

Salve ! meu as tro saud o so ,

Rad iôs o ,Virgem d e mago c ond ão ;Salve ! oh lua tão formo sa

Dad ivo sa

Cas ta d eusa d a aHe ição .

Como plác id a caminhasE acarinhas

Teu e xe rc ito d'

e strellas

Que te s eguem p re s suro sas

L'

fano sas

Sc intilland o luze s bellas

Em teu carro d e cri stal

Divinal

Gove rnas a no i te umbro sa ;

Oh ! é s tu d e idad e augus ta

Tão venus ta

Q'

amór guias carinho sa .

Como é d oc e ja tua luz ,

Que re luz

Ne s ta fonte d os amºre s !

Tua face côr d e prata

Se re trata

Che ia d e nive o s fulgore s .

Em teu coche reco stada

Fe s tejadaVae s plác ida teu caminho ;Não me negue s grata amante

Rutilante

Em te u affave l carinho .

Dã—me umriso fe i ticeiro

Mui fogue iro

eu cou ncçi o nnPOESIASmam as . 57

Da—me o s d oce s gózos teus ;Da—me o s be ijo s susp irados

Arroubado s ,

Da-me as d elic ias d os céus .

Manda ameus braço s

Carlinda airo sa ,

T e ce mimo sa

Mui te rno s laço s

Q'

o no s so amôr ,D

'

encanto s che io

Com d oc e calc io

E te rno s prendam

Comme igo ard ôr ;

Q'

em no ss o s p e ito s ,

A amor atfe ito s

As ninphas bellas

E tu com ellas

A amar app rendam.

d e ago sto d e 1848 .

Aur eum Panama Co s rA JUMM.

UM RE I DE E SPANHA .

Lã ne s sas remo tas e ras

A'

velha Idanha ha chegad o ,Me io morto d e fad iga,Um cavalle iro e s fo rçad o ;

Não p od end o alem pas sar,

Alli parou de cancad o .

32 3

Do im. w inni e m .

D'

alli a po uc a s m ai s

T inha-s e ao som» entrega-h s

l as ac o rda d e re pente

E pro c ura algu m ao lad o ;

Era um velho i ene-rand o

Que . em sonhos repre sentado .

Apparec êra a o cave i le im

Que so se hana julgam) .

Era as s im que junto d '

elle .

Em uma pe d ra se ntad o .

Nobre anc i ão ma li tava

Nos de se rtos d o pass ad o

Pe rgunta—lhe o cavalle iro

Se ha muito alli ha che gad o .

Ha pouco , re spond e o velho .

E d ormias s ocegad o ,

Po r certo não era o somno

Do remo rs o ou d o pec cad o :

Nos meus velho s pard ie iro s

Eu t'

o tl'

reço gazalhad o .

Acc e i to d e boa mente .

Rcspe itavel anc ião ,

Meu c o rc e l'

s ta fatigad o

E tambem meu c o ração

Que ha tre s d ias só saudad e s

Os meus alimento s são .

Tomam caminho d a casa .

Entramno grand e po rtão ,

tiO LIZIA POÉTICA

E d os grand e s succ ed eu

No thrana d'

antiga He spanha,

Em que R e ssuintho morreu.

Na cathed ral d e Toled o

P o rQuiric io fo i ungid o ;Mau grad o s eu, fo i manarcha ;

Que tem o ra p refe rid o

Uma ce lla n'

ummo s te iro ,Do mund o to d o e sque c id o .

Gove rnou quazi d o is lus tro s ,

Do s povo s s emp re ad orad o ;Conhe c id o , já na guerra

Como intrep ida soldad o ,J á na p az c omo p ae terno

P elo Filho d e svelad o .

Mas qaazi sempre a virtud e

Na te rra s offre d e zar :

Mão p erve rsa e traiçoe i ra

A vid a lhe quer tirar,

P rop inand o- lhe veneno

Só com se d e d e re inar .

Toma a p e çonha o s obe rano ,

Começa d e pad e c e r

E ram seus d ias contad o s ,'

Stava a p onto d e mo rre r ;

Mas o céu inda o guardava

P'

ra no claustro vive r .

E p ela humild e cugulla

Tro ca a purpura re al

P obre cellan'

ummo s te iro

Mais qu'

um scep tro quanto val

ou COLLECÇÃO m: POESIAS naom a s .

P'

ra quem vê no mund o engano s

Só no céu glo ria immortal !

Se te armas d e p enitencia,Da mai s aus te ro viver,De s te re i ago ramonge

Fo i s euunico prazer ;

Ao cabo d elle s finou—se ,Fo i - se na campa e scond er .

Láno convento d'

Arlança

Fo i seu c o rpo s epultad o ;

E pas sad o s muito s s'

culo s ,

E'

que então fo i trasladad o

P'

ra Toled o , ond e inda agora

O s eunome é celebrad o .

J á sabe s , o cavalle iro ,

Pelo que enfim te conte i ,

Que n'

e s tas velhas ruinas

J anasceu d'

Hespanha um re i ;

Quemas habita e um

Mas s e são minhas não

J . R. T . M.

IBGDIBIBQNLE INX »

P'

ra que gentilborbole ta

Buscas a luz que te mata?

Não ouves louquinha? foge

Que e ssa chamma te maltrata

Foge , mas ah ! que é tard e ,Já toumanto se queimou;

61

62 LIZIA POETICA

Tua vida, teu encanto

Tud o , tud o s e tinou.

O teu brilho a lind inha

Que invejaàs flôre s cauzou,Dissip ou

—se n'

ummomento

Tudo o fogo e vapo rou.

d e J ane iro 1 d e Se tembro d e 1858 .

J OAQUIM Fe nnnma DA SILVA Gumaníins .

A ROGAT IVA AMOROSA»

ODE ANACREONTICA.

Brand o Zephiro que sabe s

Das alvas p raias d o mar,

Que d e le s te o s alto s montes

Vae s embreve atrave ssar.

Se és amante , és compass ivo ,De ti e spe ro o favór

Que me leve s sobre as azas

Um susp iro ao meu amór .

No Alto Do iro acharásAminha nimpha ad orada,De todas amai s gentil,De todas a mais amada.

Nem tu tens comque enganar - te ,

Se me que re s s e rvi r led o ,

E'

a que vire s mai s linda

Nas frescas margens da Thed o .

Esbelta, airosa, bemfe ita,

Sua alma e toda candura :

ou cor re cção na POESIAS uonmuvas . 63

Sirva- te , ó Zephiro amave l

E sta lige ira p intura .

D'

o iro não tem o s cabello s ,

Que elle s tem d a no ite a cor,Mas tem as face s d e ro sas ,

Das ro sas tem o pudôr .

E'

trigue ira,mas fo rmo sa,Um céu re sume no ros to ,

Uns ond e encantad o

Me senti mo rre r d e gas to

Me igo s , cas tanhas ; em fim

Conhec erãs J ulia bella,

Vend o que não tinhas visto

Olho s como o s olho s d ella,

J . P . B . na CARVALHO .

ª e ro—,c om

A E LLA !

Amor ! amor ! que és tu? se acaso exi ste s ,Se és mais que sombra vã, s e é s mais que umnomeSe é s mais que fantazia, ou mais que um sonho ,Da—me seque r uma hora d e ventura,Uma hora, genio ouDeus , s e p od e s tanto .

(Gonçacvns DIAS.

Enlêvo doce , que minh'

alma p rendas ,

Ouve canção que te envia um tri ste !

s e me fasc inam teus encantos ;

Se p or ti se acalenta aminha vida ;

Se é s imau que me attrahe com summa força ;Se a mellifluo s transp o rte s tume e levas ;Se , da _

funda chaga que p or ti se nutre ,

LIZIA POÉTICA

Que nos olho s , incend id o , vem pend e r - se

Se é s na te rra a minha d ivind ad e ;

Se curªm concentra em ti a meu de zejo .

E , se sente s , como d ize s , em tu'

alma

[ac end e r - se po r mim, d'

amo r a c ham a.

P'

ra que te faze s e squiva,

P'

ra que me foge s , ingrata?

Não te d oe s da tris te dôr

Que po r t i , d'

amar me mata ? !

Oh ! não d e ixes , d oc e encanto de minh'

alma.

Que se apague a tenuis s imo lampejoQue d

'

e spe rance me luz ;Oh ! aviventa c om te u surrir d ivina

A alma tris te d o bardo

Que , reple c ta d'

amar, po r ti ance ia !

V em, oh ! vem, ó minha amada

No meu s e io re clinar - te ;

Segue a voz d a natureza,

De ixa teubard o escutar- te .

Vem, oh ! vem ! se p ied osa,

Minha d ôr d eve tacar—te ,

De ixa que , ebrio d e gozo ,

Po ssa teu bardo abraçar - te .

Vem, oh ! vem ! se c ompass iva,

V emno meu c ollo s entar—te ,E d

'

amar n'

um d o c e arroubo

De ixa ao bard o teu be ijar- te

Rio d e J ane iro 9 d e Se tembro d e 1858 .

J OAQUIM Ac c us r o na Canna paura .

um POÉTICA

Era Elvi ra conhec ida

Por a formosura rara

Era d'

alto nascimento

Da « na d o rei M ans o

Era a mais linda d o a-ella.

Nm M anor d e Gusmão

Pod ia homlu'ear c om elda

Das ca stas d amas d e Drama

&a a mú pmu am w »

lim bastard o ao l ara.

M -mwnllo tro s luir- «allan»

F. m a mulns tlf liv-xmas

E m'

l'

rums e spumante

mfnd estrnttm numas .

P'

ra qnc wnr ph numillugtraen

*D ipnvo'md o n'mm r

V ivo it: 'BonmllmÍ(l i lian

LIZIA POI TIGAÉ.

Elvira, a gentil Elvira,

Que e x tremo sa ama R ibe iro ,Não d e sprend e um só momento

Os olho s d o cavalle iro

Ella sente quanto e sta,

Seu coração pre s ioue iro !

Do campo o s mantene dore s , .

Dão s ignal d e combater ,

E d e p re sto o s cavalle iro s

Começam d'

arrame te r :

Bezoam tão fe ras golpe s ,.

Que tud o fazem treme rL

Catina, que no c omeço

Se p o rtãra c om vallór

Vo lta c o s tas ao c ontrar ioComa fraca lidaddr ;

E as barre iras que r galgar

Sem honra, sem pandanon

Mas lámesmo , d e. Gonçallo r

O glad io o vae alcançar

E a cabe ca d o rebelVê—se n

'

arena rolar

E ao vencedor o s arauto s

Começam d e proclamar .

E Gonçallo lança em taramDe pod e rio um o lhar ;

Da s élla ao me io da lid e ,

D'

um só pulo vem parar

Fazend o ao s mai s vallentes

De tal d estreza pasmar

o ur o rrncçâa na POESIAS l acu nas . 69

E o re i vend o tald estre za

E tal p rova d e vallór

AGonçallo d irigiu

Um surriso aprovador

E tod o o povo applaud iu

0 vallente li dadôr.

Por d e s - haras d'

alta no i te

Emum dairad o sallão

De sobe rbo e nobre alcãçar

De vallente cas te llão ,

Um band olim d e d ilhava

Elvira comnivea mão .

Comvoz tema e mavioso

E s ta canção d e scantava

Em quanto que o bandolim

Mui ac ord e d e d ilhava ;

E o som s e rep e rcutia

P elo salão razoava.

Cavalle iro d e ixa as lid e s,

Ond e s empre é s vence dor ,A vã gloria d o s combate s

Troca pelo meumeu amôr?

D'

Elvira brand o s susp iro s

V em , cavalle i ro , e scutar

D'

Elvira que toda a vida

E xtremo sa t'

had e amar !

Serás tu p o is ind itf'

rente

Da d onzella ao fi d o

Que re rás que emminhas face sFama damorte o pallor?

ou corre cção na ve r su s me sm as . 7!

Cavalle iro tu d e c e rto

P or mui feliz te d arias

E que Elvira te ad o ras s e

O rgulhoso anhe llarias ;

Que d e seu tão puro amar

Sap tisfe i to ficarias .

IV .

O sol as ve igas innunda

Com s eus d oi rad o s fulgôre s

E jad e Burgo s na p raça

Se avis tammantene dore s

De s eus fogo s o s gine tes

Are premir o s ard ore s .

Vê- se d e todas as parte s

cavalle iro s afiluirem ,

Que vêem apre ssurad o s

Para ao to rne io ass istirem

Tod o s que rem com Gonçallo

As suas fo rças me d iram.

Mas ainda n'

e ste d ia

Gonçallo a tod o s venceu ;

E o bravo Martim d e Lara

Té d os seus golpe s mo rreu

E um cavallo d'

alta preço

El- re i Affons o lhe d eu.

E Gonçallo ao re i pe diu

D'

Elvira lhe d e s se a mão ,

Q'

ella roubad o lhe tinha

Seu amante coração

E e l- re i lhe premi ttiu

Tão d esejada união .

73 m m

Sap ti s t'

e i ta o ca valle iro

A Elvira entã o d irigiu

Os se us p ro te s to s d e amar ,E a d onze lla se sa rria

E córou c omo a romã

Que o so l ha pouca abriu.

E c orad a e ra t ao be lla

Que mais Gonçallo a ad o rou ,

E pas sad o s pouc o s dias ,

Contente se d e s po sou

E com ella p'

ra Lisboa

Mui saptisfe ito voltou.

M. 1 . na Sa va . Ro s a

G R E DO .

Eu cre io naminha patria .

Que importa que os homens mald igam d es crente s

A terra que os vira tão linda nasc er ,

Se apatria das Quinas , não mo rre que alembra

No mar e no globo d'

outr'

o ra o pud er !

Que impo rta que âlho s bastard os inge item

Por o iro d e e stranhas o nome d os pae s ,

Se os nome s d e Gama, d e Castro e Albuquerque

Co'

a fama não caem no olvid o jamais !

Cada grão que e svazias da ampulhe ta

Da vida, o Po rtugal, é p'

ra o s e scravos

Umse c'

lo d e tormento s !

o e con e cção na p o s su a traum as . 78

Os covard e s quiseram, qualPolonia,

Que hoje me smo o teuDeus , crença e futuro ,Te roubassem os fortes .

Mas não temas , o patria, que as lanças

Que jáviste s a teus filho s brandi r,Se um passad o tão bello te d e ram,Inda te hão - d e fadar um

E se amão d o Ete rno ha marcado

A teus d ias o te rmo fatal,Nã o lamente s a sorte , que todos

Hão - de triste s chorar a teu

Nenhum po vo a libe rdad e

Amar tão sancto e xc ed eu

Bem pouco s hão—d e jactar- se

D'

um genio audaz como o teu.

E is ao longe

Fulgurando

V em raiand o

Alva e strella.

Mos tra me iga

Lind o ro sto ,

Que d e go sto

Embriaga.

Serafacho d e luz que vemmo strar—te

O caminho da gloria ja trilhad o ?

É o anjo d e Alfama a ver s e as Quinas

Contra o mand o d e Deus já. e stão quebradas .

Ao s pé s d a id olatria, ou vil prejurio ?

E centelha d o céu, 6 patria amada,

A callar—se nas fibras de teus filhos ;

LIZIA nom en

Que temSanto Chembim

E subir apóz d a morte

Do justo ao fe rtil jard im.

Mas ai d e mim! que o sod'

rer ,

Até me fez d e slembrar,Do almejad o praze rD

'

acara patria voltar ;

Fruir seus gozo s d ivinas

Ante s da vida findar .

Vêr inda o solo formo so ;VêrmeuDo iro encantador ;Ver a es tanc ia vêr o prado

Ond e folgue i comardºr,Vêr alfim o que da vida

Ao pro scrip to trovado r !

Não po s so ,meuDeus , não posso

Ne s te d e s terro

Oh levac -me por piedade

Ao paiz d o meunasce r ;Ao s e io d o s meus penate s ,E morrer !

R io d e J ane iro 26 d e agosto d e 1868

J OAQUIM Fannnma na SILVA Comu n s .

ou con e cção nnp o s su e no onan s . 71

A CO IMB R A

9 6%

Ad eus Co imbra saud osa ,

Que eu ame i com tanto amºr !Fica empaz ! ah sê d ito sa

Que eume vou comminha dºr !

Nas aguas d o teuMond ego

Fica fo rmo sa amirar - te

O Mond ego é teu amante

Que vem triste o s p é s be ijar—te

Mas que surri quand o a aurora

Vem d a s om a a d e sp e rtar- te .

N'

um bello thrana d e flôre s

Ve io umanj o aqui sentar—te !Ve io aqui brilhante sorte ,Vida d 'encantºs fadar—teVe io dize r- te Sé grand e

Te rás nome em tod a a parte

Fo ste grande ! A'

s luzas quinas

Des te um forte baluarte !

Vi e ram re i s d e Castella

Teu aux ilia a supplicar- te

Ve io o meiro aqui rend idoO duro alfange entregar

—te

E se as lo iras da vic to ria

Soube ramtão bem c'

roar- te

E xemplo s d e lealdad e

Quempóde , Co imbra, d ar

E steve aqui Martim d e Fre i tas

No seu castello a guardar—te

LIZIA POÉTICA.

E he i d e eupar tir, 6c idad e ,

Que ama c om tanto amºr !

Quemna tris te soledad e

Consolará é minha

A'

minha patr ia re co rd as

M il trophe o s quazi e squec id os ;

Monarcbas d'

antigas e ras

No campo nunca venc id o s ,

Aqui d e scançam Não vemos

Hoje s eus 'fe i tos se guid o s !

B'

ourique o nobre so ldad o

Aqui do rme um somno e terna !

Seu braço , te rro r d o s mo iros ,Te rro r d o s fi lho s d o Ave rno .

Caiu ao s op ro d a mo rte

Como a folha cae d'

inverna?

A'

tua c'

roa d e lo iros

Tujuntaste me igas floresTão be lla, tu não ced erasO se r patria d o s amôre s

Des te liçõe s d e te rnura,

Nunca ens inas te traid ore s !

De Po rtugalnas c idad e s .

Co imbra, tu tens a palma.

Ao d e ixar—te emmim eu s into

Amorre r d o pe ito a calma !

o h Que pungente saudad e

que imar—me os se ios d'

alma !

o a con e cção na p o s su e m am as . 79

Ad eus po is , sultana airosa !

No teu cox im d e ve rd or

Fica em paz ! ah ! se d ito saQue eume ,vou comminha dôr !

FRANCISCO J OSÉ Panama PALHA.

AO NASCIMENT O DA V IRGEM .

Em teus se ios , ó te rra, acolha a Virgem,

R e c ebe o d om fe cund o ,Dá- lhe apaz a saud e , da

—lhe a vida

Ao angustiad o mund o .

Vege ta, terebintho , e a flôr mimo saDe sabrocha louçã,

Quando hoje d e rramar s eus mil fulgôre s

A placidamanhã ;

E com ella d'

ourara refulgente

As face s brilhem puras ,Quand o alegre annune iar ao mund o inte iro

O pharol das alturas .

Co rre suave , ó jord ão , be ijand o amenasDe J e ricó as ro sas ,

Que inbalsamam d a brisa abençoada

As aras vagarosas

Erga o ced ro a cerviz até scandel- a

Nas regiõe s d o gelo ;Sorvamnuvens alli s eu cas ta aroma

No cume d o Carmelo .

LIZIA POÉTICA

De rre teu—se a neve d o inverno tris te ;E d o Be rme a a fralda

De póz gelad o manto e fo i tingir - se

De carmim e e sme ralda .

Parabens , Ismael, que já tens hymno sRe so aramnos céus

Mo s tra ao benigna sol teu rosto me igo

Susp irand o po r Deus !

O anjo que vem quebrar grilhõe s ad o ra ,Ado ra no ite e d ia,

Que a negra escravidão em pó d esfe ita

Lã jaz ca'

a tyrannia .

Surge , surge d'

ahi que ja se enchugamOs camp os da vic to ria ;

V em cobrir - te , ó Sião , co'

a d ôc e aureola

D'

esplend or e de gloria .

Conve rte ago ra a dôr em puro s gozos ;E em fes tivas cançõe s

Que entenda o mund o só , tamanha d i ta

Annunc ia as naçõe s .

J . Mana Luvo Man o s .

s . G O NÇALO n*ama na n'

r n.

(No Alban d o meu amigo A. P . d a Cunha .)

S. Gonçalo d'

Amarante ,

Cazamente iro das velhas ,Porque não cazae s as moças ,

Que malvos fi ze ram e llas“

!

Slo o con e cção as p ausa s MODERNAS.

Sejamas velhas beatas

Que rczem com santid ad e ;

São d e mais , ha—as d e s obra

Na vo s sa santa irmand ad e .

Rezar- vo s - e i , ó meu santo ,

T re s pad re s- no s so s cantad os ,

Se por cada umme d e re s

T re s e sbelto s namorad o s .

Ire i d es calça ouvi r mis sa

No d ia d o vo s so nome ,S

'

eu alcançar boa paga

De s te amºr que me c ons ome .

Nem todas as velhas juntas

Levarão tanto s bent inho s

Como encobe rto s n'

es t'

alma

Levare i te rnos carinho s .

S. Gonçalo d'

Amarante

Brincalhão e galhofe iro ,

Faze i - vo s ante s d as moçasDevo to cazamente iro .

Qu'

en vo s prome tto p o r tod as ,

(Ficand o a no s so c ontento )Muita c rença na virtud e ,

Muita fé no cazamento .

R ezar- vo s—c i , ó meu santoT re s pad re s—no sso s cantad o s ,Se por cada umme d e re s

Tre s esbe lto s namorad o s .

LIZIA POÉTICA

Prome ssas que fazemmoças ,T em tal c ond ão e ve rdad e ,

Que o santo d e ixou as ve lhas ,

Fo i p'

r'

as po r

E a d atar de s ta prome ssa,Fe i ta ao bom d o S. Gonçalo ,

Não ha uma só d onze lla

Que p os sa d e ixar d e ama!- o .

Que a todas o bom d o santo

Deu alma p'

ra s e is amore s ,

A qual de lle s o mais fals o ,

Em seus d ons e seus favo res !

Sejam as velhas beatas

Que rezem com s antid ad e

São d e mais , ha- as d e sobra

Na vos sa benta irmand ad e .

S. Gonçalo d'

Amarante

Um d o s meus tre s namo rad o s

Irá re s e r - vos po r mim

O s pad re s—no s so s cantad o s .

E só s e d irá, ment ind o ,D

'

um santo tão galhofe iro ,

Qu'

inda é , como e ra d'

antes

Das ve lhas cazamente iro !

LUIS Ac c usr o X AVIER DE PALIIa IaIsI .

Sl LIZIA POÉTICA

E o meu sc ismar d'

amôr,

Os meus sonhos d e ventura

Quebrou-m'

os a des ventura,

O s embates d o ranco r

Ne s te e rgas t'

lo d'

amargura .

E e lla ! a minha doc e amad a,

Quem lh'

o pranto enxugarâ

Quem das mãos a livrará

D'

e ssa récova esfaimad a

Quemna dor lhe valerá?

Tud o , tud o me roubaram !

Meu amar e libe rdad e ,As rique zas , a amisad e ,

E meu nome , que infamaram,

Tam ementas , sem p ie dad e

Como é funebre , horro ro sa,Da c rime a tr is te mansão !

N'

um ce pa te rrea grilhão ,

Ao lad o bilha asque ros a,

E ins trumento s da o ppre ssão !

Frias , humid as pare d e s ,

Em quadrad o bem e s tre ito ,

Esmagam, gelammeu pe i to ;E vós , fe lize s , nem ved e s

Qual o meu tam negra le ito !

T em a po rta chave d ura,

C omo e d ura a cond icção

De quem geme n'

atllicção

I o d o entregue d es ventura

N'

es ta lugubre pris ão .

num cç ao m rum as m .

Dão por unico alimento ,Ameu p e ito defasa d o ,

Oh ! que e stad o tama uento,

Que fune sto que é menàd o !

E nem apenas um s om,

Um somme igo , embora fals o ,P or que s igo , em vão, no encalço .

Me d e slembra ao coração

Que é ja p erto o cad aàlro !

Onde estão os meus amigos

De quand o éra ve rúmos o ?

De quand o livre , po d'

ro so ,

O s roubava d o s pu igus ,

d e lahéu afronta» ?

Nemum sóme re sta agora !

Aos sím i os d emo rad o

P or quem sooeo rri outr'

úra,

Por quem éra venerad o !

Amigos na de sventura ?

R i o os ha !—o d e sgraçado

Geme só, abandonad o .

A amizad e ao

Os meus olho s lacrimos os

Sinto já amorteád os ;Tr istes , languid o ; gemi da ,

Sons ingratos , d oloros os ,

Só conduza ama is ouvi d o s..

LIZIA POÉTICA

Deus ! Deus ! tend e c ompaixão“

D'

umpe ito p'

la d or pungid o ;

De quem tanto haja so tl'

rid o ,

E no s braço s da oppre ssâo

Largo pranto tem vertid o !

d e J ane iro , 10d e Se tembro de 1858 .

A man o Pu m a na (Dosu J e s u .

O CAST E LLO D E LAM E GO .

victo riosaDel voraz tiempo la cerviz alzara.

Casmo .

Salve , salve , cas tello mo irisco ,Ond e as aras s

'

e rgueram d'

Alah ;Camartello profano re spe ite

Torreão secular, oxalá !

És colosso em dureza, que os tempo s

Não pud eram té hoje alluir,Eloquente pad rão d

'

alto s fe ito s

Que o pas sado transmi tte ao po rvir.

As id ad e s'

íinaram, já velhas ,Que os c imento s te viramlançar,E tuvive s a glo ria curvad oDos califas d

'

Hespanha, d'

Omar.

ou con e cção na ro s sras uonanm s . 87

Sitios cemd o s d e Christo has so il'

rid o

Em d efensa mesqui ta gentil,lntomave is teus muro s jáviramO d iadema quebrad o a re is mil.

Nas ame ias outr'

o ra re inava

O cre scente c o'

a le i d o ko rão ;Renegand o Mafoma hoje d e ixasOnd ear d os d e Christo o p end ão !

Salve , salve , castello mo irisco

Ond e as aras s'

ergue ram d'

Alah ;

Camartello pro fano re spe i te

Torreão se cular, oxalá !

J Mancs LLrNO Mu r o s .

0 D E SE NG ANO .

Quemme d era fugir, fugir p'

ra sempre

Do s turbilhõe s d o mund o ;Ir lamentar d o s homens no re tiro

O ego ismo immund o !

E scond er no d e s e rto meus que ixume s

E pod e r susp irar,

Me igo s ve rso s então na lyra d'

o iro

So s inho d e scante r

Da n atura fruir me igo s encantos

E se r então fe liz !

Mas o d e stino cruel e a sorte dura,Adve rsa talnão quiz.

88 " I IA vom-

rca

He id e ao fluxo e re flux o de s te mund o

Humild e avassalar-me

A'

mesquinha , a torpeza, ao ego ismo

Dos homens amoldar—me .

Tuas luze s , sc ienc ia teu progress o ,

Oh seculo vaid oso

Sã o fumo e são nada, são menti ra

Do fraco e d'

orgulhos o .

O sopro infecta das paixões mund anasP e s tilento , fatal,

De s troe no c oração o brio , a honra

Qual outro vend eval !

Abri - vos tri ste s campas d os finad o s ,Espectros appare oe i

V ind e conso lar - m'

emho ra aziaga ,

Dize r tambem chore i

Dize i—me se a mançãa d o vo sso e xilioÉmancão d e to rpe za ;

Se varõe s e mulhe re s são p re venid os

Sem honra e sem fi rmeza .

Dize i -me se enganar sem pond unór

É garbo , é galardão ;

Dize i -me se no s homens gira sangue ,Ou felno c o ração !

Espectros ! se no mund o em que habitae s

É d óc e a so le d ad e ,Avi da d e ixare i p e l

'

outra vida

Sem d ôr e s em saudad e .

R io d e J ane iro , 1 d e Se tembro d e 1858 .

h a n no Ac s c sr o na Su r'

Amta Vasconclu o s .

e ucon e cção nt vom Mona rcas .

ALCACEBKIBIB.

Da lyra sobre as cordas mal tempr 'adasCo rre i , lagrimas minhas , sas inae - lhe

Uns tri s te s s ons d e dôr, um tris te canto

Ao luc to , ao s ais da patria consagrad o !

Engrinald em—me alyra aquelle s i'

o x'

os

Melind ro sos amares , d e sbo tados

P elo so lafri cano ; es sas saudad e s

Que d os quente s are ae s aqui vieram

A nutri r—s e de fé ! no se io ro toDe Po rtugal ai vind e , vinde

Geme r naminha voz, altivos bri o sDo valór portuguez, e que inda agora

Nos não ouçam carp ir d e s eu triumpho

Os filho s d o p rophe ta ! não , s egred o !

Seja em s egredo amagna ; ao meno s fiqueMe ia ve rgonha occulta d

'

entro d'

alma !

Mais baixo minha voz ! mais baixo ; e triste s

Corre i , lagrimas minhas , d eslaçae - vos

Da lyra sobre as co rdas mal temp'

radas

Oh malhaja e s sa te rra africanaTanto sangue sed enta a beber ;

Oh ! mal haja e ssa le i mahometana ,

Sobre a le i d o chris tão vencer .

0h ! mal haja d o alfange a pancadaO d iadema d

'

um re i a esmagar ;

0h! mal haja quemfaz e ssa e spadaNessas mãos tão valentes quebrar.

una rom

Oh !mal haja quemle va e ssa e sp'

rança

Lá tão longe , tão longe embo tão ;

Quem lad e ixa que àponta d e lança

Mo iro s po s sam calcar - lhe o pend ão .

Oh !mal haja e s se d ia, malhaja

Em que lano to rrad o are al

Mão d e mairo s , que as quinas ultraja,O te u sce p tre ente rrou, Po rtugal!

O teu se e ptro , teus nobre s , teu povo ,

Qual não ha ne s se mund o , não se i ,E s sa glo ria d

'

e xfo rço tão no vo ,

E s se e xfo rco , e com e lle o teu re i !

Oh mal haja a vil te rra africanaTanto sangue s ed enta a bebe r,

Oh ! malhaja e s sa le i mahome tana

Sobre a le i da chr is tão a vence r .

Lá lá solta ao vento as brancas ve llas

A po rtuguesa fro ta ; o Tejo ahi ficaV iuva para sempre ! o re i mancebo

Surri - lhe n'

e s se ad eus , po rque lhe fe rve

Lá d entro a arder d a gue rra , e a mal guiad o

De seu zelo chris tão ! o te u surriso

Manc ebo , had e trocar- s e em tantas lagrimas

Do s filho s que cá d e ixas , tantas , tantas

Que um mar ond e faze r mais vas to e fund o

Que e s se que vae s sulcar , que es se d e sangue

Que lã ve rás c o rre r d e teus vas sallo sSobre te rra 1a a fro ta

lá carta le ve as aguas balo içadas

Po r fre sca via ção ; nos barc os fulgem

um t em

Malfadad o , não quise ste»

Ouvir aviso s d o céu;

Ai que já, quand o nasces te

As galas d esp ind o , veste

Po r teu pae h o povo teu

Um tris te houve peste :

No re ino que Deus te d eu !

Houve pe s te ! e ne s se d iaEmque ao thmne ias subirA

”rainha p red izia

V oz d e sabia que a alegria

De tal d ia ha d e fugir ;

Que o mudasse lhe ped iFo i d ebald e o seu pedi r .

A”Ind ia mand ar intentas

Pae s uma armada no mar,Mas furia das to rmenta s ,

De no s so damno s ed entas ,Ante s de fe rro largar,

V em c'

o as ond as to rbulentas,

Vem toda a armada acabar .

D'

uma vez às e scondid as ,J á.fo s te mo irama ve r ;

Quantas e sp'

mnças flo ridas .

la d o viço d e sp edi das

Não fize s te s e s treme c e r ,

Quantas lagrimas sentidasNo s não fize ste s verter.

Bem no s cus tou ne s tas te rras .

To rnar- te a ver outra vez

Que d a patria te d e sterras

Po r fartar po r e ssas guerras .

ou co rre cção na Pansras MODERNAS. 93

Do co ração altivez ;

E sque c ias e s tas

Mai s audaz, que po rtuguez !

Emfim voltas te , e ago ra

Tomas d e novo a parti r,

E nem s e quer te d emora

Tod o um povo que d e sco ra

00 o s re ce io s d e po rvir :

Nemn'

e sse Céu te apavo ra

Igneu come ta a fulgir !

Nem e s se aviso aband e i ra,

Que fo s te benze r Sé ,

Voltada n'

has tea, ago ire ira

Talvez d o mal, que não que ira

Que não p o s sa e rguer—s e em p é,

Temend o se r p ris ione ira

Dos inimigos d a fé !

Tud o embald e ! amor e sanha !

De sprezas o mal e o s bens !

Té da voz que te acompanha

Do reme iro , aces s o ou manha,Cantand o s orte o s vaivens

Hontem fos te s re i d e He spanha,

Hoje um cas tello não tens .

E levas a e spad a

Levas o e scud o re al,

E s sa e spada tão fallad a,

Po r mo iros tão receada

De D. Affonso immortal;

Se a d e ixas invergonhada

Ai d e ti d e Portugal

95 LlZ lA PORT!“

Ai d e ti , ai tão chorad o

Moço re i Sebas tião ,

Malfad ad o . d e sejad o ,De cui dad o s tão cuidad o

Tae s cuidad os ond e vão ?

Ond e le vas malfadada ,

De P o rtugala pend ão

E is a c o s ta e is tud o salta

No que imad o torrão ; ao lãrgo a fro ta

Ç'

a a d e rrad e ira eSp'

rança jánavega,T riumphar ou morre r, e tud o agora

Quanto vo s re s ta já ; que emporta?sempre

Do valo r p o rtugue z fo i e s s e o mo te .

At ante , o fe rro empunha , a fronte e rgui da

De t assa a planta ousad a o s e io virgem

Do africano s e rtã o ! Tud o e ra tris te

Ao part ir lá d a patria ; é tud o agora

Como em d ia d e fes ta , que os sold ad os

Le vam alli s eu re i , le vam d e Chris ta

A Cruz s obre o es tand arte , a vante , gue rra

lmp rud enc ia ! s e rá d '

um re i tão moço ,Mas em fim p o rtugue z ! oh! já que vind e sP o rtugucze s s e reis : àgue rra , avante

J á no s p laino s ard ente s , na serra

J a re s oa o mo ir is co anafi l,J a d e spe rta a mo irama c

'

o a guerra

J a s o ldad o s lhe bro tam a mil.

ou con e cção na p o s su e mont an a.

la d e sobre as me squitas vose ia,Com a lei d o p ro phe ta na mão,Sace rd o te , que a gue rra s eme ia

Dand o o infe rno ou c eu no alko rão .

Tud o c o rre , s e apre s ta, se e spanta

Nas c idad e s , no campo a bradar,Tud o c orre , e a mo irama é já tanta

Que não ha quem n'

a p o s sa contar .

Diz amãe a seu fi lho meu filho

E ia gue rra lávem o s chris tão s ,

Ante s mo rte , que e s cravo , que o brilho

V e r d a patria apagado em tae s mão s .

E ia àgue rra, po r nós , po rMafoma

Eia gue rra, que a gue rra s eduz.

Mo ira c ola a chr is tão não se d oma,O c re sce nte não ve rga ante a cruz.

E nos plaino s ard ente s , na se rra

J á re soa o mo irisco anafil,J a d e spe rta amo irama d o a gue rra

J as oldad o s lhe bro tamamil.

Oh ! ved e , vede além e ss e s d o is campo s !

Aqui o p o rtuguez quas i s umid o

Nas rubidas are ias chamejand o

C'

os reflexo s d o além o mo iro

Alegand o a e xtenção ! é tud o negro ,

Tud o negro d e gente ! ap enas fulgem

De quand o em quand o as laminas pulid asDo curvo alfange c inta

Ad o rmec ido ago ra e i—lo d e spe rto

95

96 LIZIA POÉT ICA

Da trombe ta ao gue rra, àguerra,

P orAlah ! po r Jc lus ! o s c o rpos bradam !Lá se move d

'

aqui s obre as are ias

O p equeno are ial, c omo um ribe iro

Ao longe embora, nunca

O brio po rtuguez contou file iras ,

São pouc o s , mas valente s d'

alli surge

Como immenso gigante a immensa turba

D'

infi e is agarenos vem às ondas

Enove ladós , tumid o s , e tanto s

Como quand o a p ro c e lla, o d o rs o bate ,

Rasga, arrip ia d o s iracund os mare s !

E i—lo s d e face a face o s campo s ambo s ,E i - lo s , tigre e le ão , que n

'

um lampejoSe me d em, se d ec id em, s e re talham

Enfe ixad o s d epo is ! s omem- se quas i

Entre o sanguine a pó que o s pé s levantam

De mil cavallo s rap id o s voand o ,

E o negro fumo , que vomita o bronze .

VIII.

A e spad a bri lhava, no alfange batia,

Es tallam mil raio s d o fe rre o arcabuz

Nas ondas amairo Maluco mo rria,

De negra pe çonha, vic to ria da c ruz.

Vic toria começa, já quas i a cantar- se ,

Vão ro tas os mo iro s , vão quas i a fugir,

De morto s o campo c omeça a alas trar - se

Aqui moribund o se encontra um Emir .

Mais longe , ma is p e rto fe rvia a peleja,E is quas i repo isa, e is fe rve outra vez,

E o mo iro aos milhare s morrend o braveja,Braveja, e não vence o pendão p ortuguez.

ou co rre cção na m m norm as . 97

Não vence , mas te ima, são tanto s ! são tantos

Quem ha que não venha partim o cancar ?

J a cançam o s d o s mo iros os canto s ,Signal d e vic toria, já se ouvem cantar !

Victo ria ! que'

d igo ? vic toria d e mo iro s !

Vic toria que e smaga tal, sc ep tro real? !Victoria que murcha na frente e ss es lo iros.

Na frente orgulhosa d o meu Portugal?

Ai s im! que o alfange na e spada batia,

Es tallammil raio s d o fe rreo arcabuzE o mo iro nas andas, morrendo , venceu

Cantava o crescente ,vic toria da cruz !

Cantava ; que tafica nes'

se s campos ,Ne sse Alcacerkibir aquella c

º

rôa

Tão pejad a d e lo iro s ! lã re svalaDa frente d o mancebo , que não sabe ,

Que não pôd e sustel—a e ra o d iad ema

P orAffonso ganhad o , emmal d e moiro s

Na camp ina d e Ourique ! inda e ra o me smo

Do prime iro J oão , emmal d e He spanha !E ra o me smo d e quem tremia o mund o ,E a fe ra Adamastór vinha raiar—seDeante d elle , outr

'

ora, voz d o Gama !

Ficou laente rrado ! o re i quem sabe ?

Tud o morto ou captívo , p ouc o s volvem

Adar novas d o caso o re i ! silencio

Viva na trad icção , d e ixe—se ao povoGº

a amemoria vingar tão negra ati'

ronta !

98 Lll lA POÉTICA

Não pod e c rel—o mo rte , sem que um d ia

Ind a vinha raspar c'

a a fort e e spada

Da band e ira da patria a e te rna

Em quanto ne s sas are ias

Mo rre da patria o fulgór,

De seus fe itos a cantar,

Amorte sente nas ve ias ;Sente Camões no ho sp i tal,D

'

He spanha ao som das cad e ias

A mo rte d e P o rtugal!

Sente , e sentiu que lhe co rre

De membro emmembro tambem,

Mas só sente o fe l que temPo r e s se que la s e e sco rre

Ne s sa batalha fatal,

E ouvind o que a patria

Lámorre com Portugal !

J o ão na Lu as Se rr a s Casrm o c o .

(No album d'

uma joven.)

Linda ro sa, os teus encanto s

Não o s que ro para mim ;

Amo o cand id o « jasmim,

Os s inge las Amar antho s ;

Teus e sp inho s causam p ranto s ,« jasmim » só tem cand ura,

ln arm . roman.

Bus ca—te aBella vaid o sa

Para ornar—lhe o nivea s eia ;De te ver não s ente enle io

Minha amada carinhosa ;De que tu é mais fermasa,Mais fragrante seu od er;Da açucena ama o candôr ;

Ama o lind o amor- perfe ita,E nõo quer no casta p e ito

Mais que o me u ard ente amor.

Corre a nimpba pressurosa

A gozar ummimo teu,E d

'

umbe ijo que te d eu

V em ferida vem que ixos a,D

'

Eella a bo ca é lind a rosa

Mui fague ira, temprimore s ;Nos farpõe s ence rras dare s ,

Blla éme iga, da venturas

Tumaltratas , d ás tris turas ,Ella é rosa d o s amore s .

Rio d e J ane iro 14 d e Se tembro d e 1858 .

Artr ouro Panama na Co rra Junin.

w cont rª.-cela na rom s no rm as .

AMINHA ADELIA.

B e ª

V i d'

Ad elia o s grato s olhos ;Vi s eus olho s

Sobre o s meus gentis errarem

Vi seus labio s se entr'

abirem

E surrirem

Com d oçura até c egarem.

Vi da ro sa a côr no ro sto ,

Um compo s to

De belleza e compaixão ;Vi na te rra, e ante mim,

Che rubim

Da vida cons olação .

Vi—lbe o se io d ivinal,Virginal

Tão altivo e se ductór

Vi d o pe ito d es te rrar,

Exalar,

Brand o susp iro d'

amot .

Vi - a linda, como e lindoO fulgór d e sacro lume ;

V i - a tema, c omo te rno

Da triste rala o que ixume .

Vi—a leda, como ledo

O cord e irinbo a folgar ;Vi—a bella, como bello

Da philomella a cantar.

i ai sms r om s/l

Vi - a me iga, como é meiga

Casta imagem d'

uma virgem;Vi - a pura, como é pura

Do Senhor supe rna o rigem.

Túes qual anjo , d onzella,Imaculada e fo rmo sa ;És o s onho da minh

'

alma,Aminha e strella d i to sa.

Se tão me igo , e tão pura, a teupe ito

lnno cente , acce itar meu amar,

No s teus braço s , d elic ias e te rnas

Gozara teu cons tante amadôr.

Valve o s teus olho s , Adelia,

Valve - o s ao meu co ração ,

Ce d e amante ao meu d ezejo ,Far- me - as feliz então .

R io d e J ane iro . J ulho d e 1858 .

Manara. GONÇALVES na Ro za .

Lind a ro sa, como pód es

Aqui so s inha vive r ?

Tão so s inha entre finados

Não te faz e s tremecer

101! uma rom a .

Talvez amasse s constante ,E , em paga d e ss e amar,So il

'

re sse s uma indifiºrença

Ou d'

um d e spreza o rigor'

P orém(till!) se és d e sd ito sa,Se sail

'

re teu co ração ,

Não fujas , rosa, não fujas ,,Não d e ixe s a so lidão .

Mas d ize , d ize , qual é .

A causa d o teu penar ;

P o rque safi'

re s , linda ro sa,.

Po rque é o teu peze r?

Dize po is tod os os d ias

Me ve rás ao lad o teu,V ir mi s turar, linda ro sa,C

'

o teu pranto ,, o pranto

Mas não quero

O teu segre d o sabe r ;

Po is ha s egre d os que d evemA

'

fr ia campad e sce r.

Guimarãe s . 1848 .

J. . M. Param e

O P OBRE SINHO

Meu senho r d ê—me uma esmolaPr

'

a matar a minha fome ,Pr

'

a valer a minha mãe ,

Que ha tantos d ias não come.

106 e ra ram os .

O velho pae a geme r,Os irmão s inbo s chorand o ,Fo i o paine l que elle viu

E a p obre mãe e xp irando .

Rio d e J ane iro 28 d e Agos to d e 18 i 8 .

J ac rur o Auc us r o ns SANT'

ANNA VASCONCELLOS

A MOR T E DE CHR IST O .

Folga, Abrahão , na campa ad o rme c ida ,

Folga Isac e J acob !A prome s sa d e Deus é já cumprida

E as p re d icçõe s d e _J ab.

Emp re s ta—me , David , a tua lyra,Os sons d ivinas teus

Que ro cantar o genio , que me inspi ra .

Do filha d o meu Deus .

Embo ra o s tris te s a is d e J e remias

Eu tenha d e entoar ,

Ou o s ho rro re s s ac ro s d e

Eu que ro a Deus cantar .

Embo ra fugire i , e rrante , s anha

D'

outra nova Saúl,Fare i s oar aminha voz tamanha

d o no rte ao sul,

E com le ttre s d e fogo , aos pe ito s duros ,Tremendas , vou gravar

As mvs ticas palavras sobre o s muro s

De tod o o Balthasar.

LlZlA POETlCA

O emblema do Red emptorAs ho s te s levouàguerra

E e spalhou por toda a terra

Do s novo s crentes e ardôr.

Caducas naçõe s antigasTyrannas d e e scravo s mil,Scep tro s , cr

'

oas inimigas ,De pagão s a raça vil,

Ce d e tud o ao santo brad oQue um pobre cruc ifi cad o ,Filho humild e d e Be thlem,

Soltou nas anc ias damorte

Emfrente d o Senhor forte

Da forte J e rusalem.

E quazi ja d o i s mil annosDo temp o c orrend o vão ,Renovada entre o s humanos

E te rnamente a Panaõ ;E aind a vae ate rrand o

T yranno s , que vão ficand o ,

O brad o d o Salvador,

Té que um a umjá quebradas

Os ferro s s ejam trocad o s

Só em algemas d e amar

O tempo é chegad o emque lá n'

outras e ras

Fo i e s se tremendo d elic ta e spantoso ,

Que Herod e s a Chris to sagrado e bondoso

Mand ou ao supplic io só p roprio d e fe ras .

Saud emo s a d ia tremend o e fatal,

Que o filho d o E te rno po r nos so s pe ca d o s

Sati'

renmilultrage s po r nós , re sgatad os

Ç'

a o sangue d'

ummartyr, divino , immortal.

ou cou s cçâo ns POESIAS norm as .

Saud emos o d ia em que a voz da verdad e

Sagrada e altiva encarou os tyrauno s

Dc humild e patib'

le pregando aos homens

A le i sacrosanta da fraternidade .

Curvemo s a fronte nas p ed ras d o altar,

Ho sanna a Chris to , mortae s , entoemo s,Seunome sagrad o , chri stão s , adoremos

Na flôr das campinas , nas ondas do mar.

Artrar uo Farma nn Sm a PIMENTEL

9 9 %

trans mis sº

ra «Abªlªr/

9)

Mulher ou anjo que impo rta?

Mulhe r ouanjo he ide amarte ;Mulhe r, sou teu, serás minha,Se é s anjo euqfrero adorar- te !

Em teus olho s cdr da no ite

Umastro d o céu fulgura,

Como uma e strella que fulge

Nas trevas da no ite e scura.

Tu surge s sempre emmeus sonhosCrusad o s o s braço s ,

Tão me iga como n'

um lago

Tremúlaumraio da lua

Se intento nas cordas d'

o iro

Erguer um canto na lyraTu surge s o bard o cala

Tu surris v tc elle susp ira

Amar é sempre na vidaO eculeo d o pad ecer !

Não calar emsegre d t

As dares d o coração ?

Não é buscar ventura

E nunca encontra- la, não í

Amar ou anjo oumulhe rNão é o mesmo to rmento ?

Não é rojar, d ebruçado ,Aos pé s da cruz semalento

Eu he ide amar- te ! qu importa

Sejas da te rra ou do ceu?Eºs um segredo

Não posso rasgar- te o véu

Sim! sou teu !mysterio d'

almaSou teu na vida e na morte ,Sou teu no mud o s ilenc io ,Sou teuno vivo transporte .

Teu como a lyra é da bardo

Ou é d o martyria a palma !Como a lua é d o s ilencio !

Como o silenc io é da alma !

E sou teu como no s camp o s

Da primavera a tlarinba,Ob sou teu como eu quize ra

Que tufosses sempre minha !

112 LISlA ronr rca .

Se o s bymno s queres presados

Louva n'

e lles a mentira ;Do s grand e s pelas e stradas

Roja a fronte , roja a lyra.

Dã culto ao crime , a traição ,Nas aras da hypocri s is ;

Das perfid ias faz brazão ,

Do s maus canta apologia.

Mas do bardo o d iva canta

Não s e vend e ao po tentado ;

Seu land e sacro santa

A'

virtud e é'

só vo tado .

Seu engenho tão d ito sa

D'

o iro a troco não p rofana ;

Pulve ris e fe rvoroso

A lisonja to rp e , insana.

Da bard o as labios d ivinos

Não p rofe rem sons forçad os ;

Puro s , livre s são seus bymnos ,

Quaes da águia os'

vôo s remontados .

Cala, bard o , a dóc e lyra,

Ninguem ouve a teu cantar ;

Cantos que a virtud e insp ira

Não sabem o s vis prezar

R iade J ane iro , 18 de Se tembro d e 1848 .

ANTONIO a na na Cai u Im .

ou con e cção “ p o s sa s norm as . 113

avaria s SONS na Burma uma .

Chorózos ve rsos meus d e sentoadas,Sem arte , s em belleza e sembrandura,

De sculpa tendes se valais tão uco ,

Que não pode cantar comme od taUmpe ito d e geme r cancado e rouco .

Des s e s , Tomo Somrra ª º

J ónio , De rbrano , e J ozina,Aqui te nd e s minha lyra,

Ond e a s ombra d o d e sgo s toSe te sons Marc izio t ira .

Sm s s ons subt is , reaes

Err rnnz cordas , nada mai s .

Singela c omo o seu bard o

Não tem galas nem temflóre s ,Traja sons que humilde te ço ,Sons que , e xprimem são s amares .

Aureas sons que o s pe i tos fendemBas almª que a amar se rend em.

J anio e De rbrano , - o s Srs . J oão'

Gerald o Carne iro e Be rnard o Guilhe rme Carne i ro , i lhas d o Sr.

Bernard o Gonçalve s Carne iro e da Sra. . D. Maria d aConce ição Muniz Carne iro ; J os ino , o Sr. Dr . emMed ic ina J ozé J o aquim Monte iro d os Santos ; a rogod os quaes unicamente . c ons id e rand o - o s como meus ve rdade iro s amigos publica o s meus mal apontoad os vers os ,se é que c om tal nome me re cem s er chrismadas e ssastristes linhas que tenho rabis cad o ne ste valle d e lágrimas .

“ ªl idas por e s te s Snrs . as c inc o publicaçõe s d e CORDAS

na mas ja publicadas na Lrs ra Pom-

rca , e tendo eus ido inte rrogad o ace rca d o nume ro d as c o rd as e d os sonsd a minha lyra, fo i—lhes por mim d ada em re spo sta a

p res ente c ompos ição .

114 um a p o e t i sa

Lud lbr io da De sventura,

Imagem s ou d a Aillicçãa,

Vinga—me o c éu da- me a lyra,Ecc o d o meu c o ração .

E cco d e minha tris tura,

Re frige rio n'

amargura !

E saud ozo e humi ld e , á patria

Hymne s d e amôr legare i ,Amar d os c éus e da te rra

Po is outro canto não se i .

Caridad e ! E is a canção ,

Do meu leal coração .

Se r s inc e ro , uze r ve rdad e ,

Meus flo rente s d ias turva ;Segue o bard o as le is d ivinas ,

A'

lizonja não s e curva !

Honra e mundo vã mentira,

Não refórmo a minha lyra

P or vós d o e rmo tirada

Curtind o semp re amargar,Se hoje appare ce surrind o !

Surrizo s são d e pudór .

Co i tad a da minha lyra,Na s olid ão quem a vira !

Ouvind o o canto d o s c isne s

Que a patria minha hoje dá,Re catad a tri s te lyra,Pobrezinba ! a que

Co itada da minha lyra,Na s olidão quem a vira !

uma roam

Do somd e prima e terce ira,P end e aminha d evoção

A'

patria que me sustenta,

A'

nna zunrna mans ão .

Culta plaga d e Cabral,

Filha d o meuPortugal

Luze s bard o s no Brazil,

De po rtuguez co ração ,

Dai um s om da vo ssa lyra

A'

brazile ira mansão .

Graça ao solo ho sp i tale ira

Do d e svaltd o e strange iro !

Ne s ta mad ras ta d e luze s ,

Crús e sp inho s he i colhid o ,Mas quemme d iz que na patria

Fara melho rGraças po is d e gratidão

A'

brazile iramansão !

Filtram segunda e te rce ira,

Doc e s carinho s , te rnura,

Casta AMOR que d o céu ve io ,

Sem o qual não ha ventura !

T e rno som que o p e ito fend e !

Da bard o que a Amar se rend e

Mas , jus to s céus ! d e que s e rve

Que amôr santo emmim s e accenda,

Se o meu co rpo não d epara

Alma santa que me entenda? !O

'

lyra muda d e tom,

Exhala o se timo som

o u corre cção m: p o s su e no rm as . 117

Bas—tre z co rd as todas juntasO mai s p ia som d imana,Diz p rinc eza das virtud es,

Camp ana sobe rana.

Caridad e diva e pura,

De que o homemmenos cura

Caridad e ! caridad e !

Date que o c éume d o ou,Po rque te e sparja no mund oQue s emp re malme pagou

1, Porque não te e leva ard ente

Só a Deus Omnipo tente ?

Mas Vós , Senhor, Ord enais ,Vo ssas le is seguir eu que roDai -me a Vo ss a p iedad e ,

Que da te rra nada e sp ero

Lizonja, engano , ego i smo ,E is as regras d e s te abysmo

Se te sons d e sprend e humild e

Das trez co rdas o cantor,

Singelas d izem te rnura

Unidas fallam d e amôr .

Aure as sons que só compr'

end em

As almas que a amor s e rend em.

E saud ozo e grato , a patria

Hymno s d e amôr legare i ,

Amor d o s céus e da terra

Pai s outro canto não sei .

Caridade ! E is a canção

Do meu leal coração.

118 uma ras t rea .

J ónio , Dcrbrano , e J azina,

De sulpai a minha lyraCompass iva d o seu bard o ,Geme com elle e susp ira !

Dai -me constanc ia, ó meuDeus !

Indulgenc ia, bardos meus !

d e J ane iro 1848 .

Cazmrno Conama nn Amm a Ponrucu .

E N LE V O S.

mrr açaõ na s ramocrmc ra s no sn. roaõ nnLe tras .

O Te xºe e i d o a o m e u p r e sta d o am i g o

M . G . PEREIRABRAGA.

T od o s s eus d ons lhe paz o céu no p e ito .

FBLrN '

r o,ELvs ro .

V em. meu anjo , no c ollo meu p o isar .

Entre nive as jasmins , purpureas ro sas ,O tão alvo re c ém,

tão lind o nãca r

Das fac e s tuas . E rgue o s me igo s o lho s ;

Que d ivi sas , meu anjo ?

O lind o azul d a e spbe ra é teu re flexo

Veja o s raio s d o so l são teus olhare s :

T eu angélica s e io — e'

teu asylaDa natureza o s garbo s são teus mimo s

Vejo o mund o : é teu s ervo .

ou anem i a nr: ro r sru [arm as .

Com a d esventura a lutar !

Se no fimd'

acerbas magnas“

D'

amôr ardend o nas fraguas

Só nas nas aguas

P os so as penas sepultar !

Não s oubard o —um dôce cantoNão peças aminha dôr

P e d e da no ite o encanto

Ou d'

uma e s trella o fulgor

P ed e avirgem quando chora,P e d e abrisa—ped e aurora,

P ed e a tudo quanto ad ora,

A tudo que sente amor !

Mas a n afolha tris te

Que o vento roja no chãoQue não vive , mas e x is te

Nas asas d o turbilhão !

Não peças virgemformo sa,Não que iras , alma d itosa,Uma no ta doloro saNo s hymuos d o coração .

Aucuszo Elmo

9 66

A ROLA .

Linda rôla gemedora

Que susp iras no ite e d ia,Troca os cantos d e tristeza

Pelos carmes d'

alegria.

uma ranm a

Deixa a serra gigante sca

E mais o bo sque frond o sa,V embrincar entre as florinhas

Ne s te prad o d e le ito so .

Mas se o fadaria da rola

E'

no bo sque susp irar,

E o c ond ão que De us me d eu

E'

d'

um anjo sempre amar,

Ai para que d igo , ob! rola,

Que venhas brincar no prada,Se o cond ão que Deus no s deu

J ánão pod e se r quebrad o !

J onc e Gua mium: Lou ra

ª ª ª

SIM NAO !

Eliza, e scuta ummomento ,Atte nd e—me e sta paixão

Me ia alegre , me ia tris te ,

Ouvi - lhe murmurar Não !

Nemao meno s te ns p iedad e ,Nem s e que r tens d e d e mim?

Oh ! falla que me dás mo rte

Falla já, d ize -me Sim?

Olha que a vida que le vo ,

E'

po r tua d evoção ;

E se fos se amar -me - ie is !

Surt ind o re spond eu Não

um com

brilha tanto ,

Como brilha a nivea e strella,

Quand o a lua pura e bella

E scond e a face formosa.

Por um ri sa t e da s eu

Dar - lhe -ia a sceptm da céu !Se eu fo s se o Omnipotente

Mas s ou pobre trovad or,

Dou- lhe aminha harpa d'

amôr .

A MAR IPOSA .

Não temes a morte ?" Não tunes , co itada,

Parece d es ejas a vida findar .

Ai triste p rocuras a luz que te mata,

Qual nas vae s ineauta s egnind a a p arar !

O brilho Erne s to , que sabe attrahir—te ,E

'

brilho d e mo rte , na luz vae s

Mas c omo fug ir Quem foge ao d e stino ? !'

E'

s emp re tão grato d e le ites'

O fad o as s im o mal semme aguda,E o bem d e spm amos , só por não luzir .

Gentilmarip osa, não vas tão as inha

A chamma bus cand o que te hade que imarO brilho d e sp re za da lm que te mata ,

.Não que iras a vida tão ced o findar.

J OAQUII Vrum Bom - o na va ra .

o u con e cção vamu s norm as . 128

ALJ IJB AR

(14 d e ag o s t o d e

DomFe rnando o malfadada

Nos seus zelos a lidar

Não vê pobre de scui dad o

O seu re ino definhar ;

E lá d e ixa a tr is te vida

Acabada em Santarem,

De ixand o a filha querida,

Que d e seu amôr só tem!

Leonor mulhe r mald o sa,Depo is da filha cazar,Indamais que r p re s surosaA

'

strarrhos o re ino dar !

Quer o pend ão luzitana

Ao hispano subje itarTambem que r p or nossa damno

Nos so s brios humilhar .

De scontent'

o povo geme

Des se pod e r mulheril ;E perd er seus fóro s teme ,

Seus receios são a mil !

De talmodo recrescend o

Em toda o povo leal.

Que d e sgos toso'

stavenda

O não ter cura seumal.

LlZlA POÉTICA

Uma“ trança lhe nascia,

o atac am a lhe d iz,

Que teh o bem lhe viria

Do nobre Me s tre d'

Aviz.

P elas ruas d e Lisboa

Ia solto vae o p end ão ,

E bradand o a ar atroa

O castelhano pregão .

Mas já lhe t ira a firmeza

Outro mais alto bradar ;Não s eja

'

s tranba princeza

Quemno s fiqu'

a gove rnar

Nosso s foras não quebremo s !

P ortugal, real! ! real !

Po r d e fensor só que remos

Dom J oão d o Portugal!

Ohrad o po rtuguezqu'

o Téjo acelama,Lavae po r e s sas te rras a corre r ;

Alegre pe lo povo se d e rrama,

Qu'

eulevad o d'

amor n'

ac tiva chamma

Seus brio s levantad os japmcM a,

Quem saiba a nobre terra d efend e r !

Não teme o nobre povo luzitana

Ir d e Cas tella as iras affrontar !

Tal povo d e s eu mal repara o damno,E contente nas le is encontra ufano

P od e r oppór um re i , ao re i tyranno

Que por es tranha mâo nos quer vexar !

V erdes m m pu hn do ,

Coma d'

ank em ai

Real lreal ! vm b -

ad enda,

Dom J oão tamha n sandando

Como re i de Portasgnl.

Corn ouvil- os se m e ia

O moço , nobre emJ atod o o p ovo a rod ei ,

Que no castello s e apd a,Em salto breve e gent il.

Tem as carte s de c idi das

T odas as que stõe s renhi das ,Que lhe p o d em importar .

E'

d o th'

rana de sbordada

A formo sa Beatriz,Cam e stranho re i casada

Se r rainha p roclamada

Da le i d o re ino d e sd iz !

D'

Igne z os filho s queri das

Vem o th'

rana di sputar ;

Os d ire it o s tem p e rd id os,Como rebe ld e s são t id os

J á não p od em vir re inar !

DomNuno fer-o bramand aDa raiva c om to do o fel,

As disputas acabando ,

O novo re i vae saudand o

m n POBI IGA

As c idad e s e villas vemque imando,Sed ento no s so sangue quer bebe r

O s e strago s d a gue rra não poupando

Cuida que só as s im pod e vencer.

T eme ro sa a d onzella, tris te chora,T emend o que s eu bemlhe vão roubar ;

De sconfortada a p obre mãe d e s cora,

Seu filho entre mil pranto s a be ijar !

No cas tello d'

Abrante s p reparad o

E sta já o monarcha p ortuguez ;E com esfo rço nobre e d ilatad o

Prudente precavê qualque r reve r.

Seus te rço s valo ro so s e xe rc ita

Do s brio s e xalçand o o nobre ardor,

No trabalho ao trabalho o p ovo e xc ita,

Qu'

exemplos lhe quer dar do s eu valo r.

E com tão nobre re i ninguem já temeR oubad o s e pe rd id os ver seus lare s !

Alegre vem cantand o o alfageme

De Santarem guiand o os populares !

Com tal re i tão p ortuguez

Não tomemo s um revez ;

Nós lá vamo s para a guerra

Defend e r a no ssa terra .

Em no s so p e ito leal

Seja d a guerra o s ignal,P e lo nobre cavallei ro

Nos so re i J oão prime iro !

[.ISIA rom .

Por Castella e São Thiago !

Por São J orge e Portugal !

J a repe tem e ste brado ,

D'

ambos os lados es trago

Fazendo crue damnado !

combate mais recre sce !

Das hispanhas o Primaz,Fere com valor audaz ;

Mat'

o Pere ira renegado

De sta te rra d e sertad o !

Combatend o os namorados ,La comnobre esforço vão !E d e Castella o pendão ,

De rica s e da te c id o ,

E'

po r e lles já vencid o .

Por cump rir seujuramentoDe Castella o re i matar,Ou d e lh

'

as armas tocar,Morre o moço , pagembello ,Dom Vasc o Martins d e Mell,

Victoria já ganhando ,Portugal n

'

Aljubarrota !O imigo re i d e rro ta,

Que de vergonha corrid o ,Se vae da te rra fugido .

0monarcha castelhano

De ixa tendas e p endão !

Derrubad o o seu leão,

Portugaljá libe rtado ,Comvalor o tem d omado.

ou con e cção nl ve rsus mona rcas .

Bradam todos d e contentes

Portugal ! real, real !

Fo i nos so re i natural

Quem os extranhos vencendo ,

Fo i no ssos foros mantendo .

O seu re ino concertand o ,

Com altivo pensamento

Dom J oão”s tame d itand o

Ir as te rras augmentand o ;E no mar d

'

além cuidand o ,

Vê cumprid o o seu intento .

J á cortando a branca vága,

Vae luso pod er levad o

E na mauritana plage ,Do cre scente a luz apaga,

Que tremend o os raio s traga

De ste sol inop inad o !

Ceuta já fica rend ida,Pelo valor lus itano !

Em nossa po ss e mantida,O moire a ve pe rd id a,E ssa c

'

róa tão lns id e

Do seu re ino mauritane .

Dom J oão vive c ontente ,

J á d as guerras d e scançado ;

E pro cura d iligente ,

Como monarcha p rud ente ,

Que ninguem quebrar lh'

intente

O seu sceptro sublimMo

m a m a.

As sabias le is dictand o,

Os ca t ello s repannh ,

Os vassallos aug- a tad o ,

De valor exemplo s dundo ,Seu amôr mais lhe re cre ree .

Quer mlcar o mar nnd ooo ,

Que presente o novo mund o ,Ond e o Ganges co rre fund o ,

Que virá surrir jucund o

A seu neto venturoso !

Nobre re i o caval eiro !

Que r o seu povo d itosa,

Quer tambemvel—o guerreiro

Por esforço verdad e iro ,

Ser d e tod os o p rime r-io

O seu re ino tão formoso !

VII.

Essa luz que ass im fulgia

A brilhar em Portugal,Lá se apaga ne s te d ia

Nas pompas d'

um funeral.

No templo da vic to ria

Sempre gravad a ficou

Bo bom re i amemoria,

Que seu povo libertou.

E la tem J oão p rime iro ,A servir - lhe d e mortalha,No jazigo d e rrad e iro ,O convento da Batalha.

Ar ens Pu ro

136 mm t em

Mas choras e choro ,

Não he i—d e eu chorar ?

De scoras d e scoro

Porque ? p or te amar ;Mais amo , mais temo ,Mais fino e o ex tremo

Mais a ferve r !

Sim, s im, que bate r !

P o is bate p o rque ama,

e na chamma

Não cança d'

ard e r .

Não cança, bemvejo ,Não canca, bem

'

se i ;

Mas paga- te um be ijo

Com elle eu pague i .

Pagaste ! quem paga

O mar que me ale gaD

'

um c ru duvidar ?

Pagas te ! e ste amar

De te rna loucura,

Só louca te rnura

M'

o p od e pagar.

Po i s bem se re i

Tão d o ida p or mim

Quanto eu na voz rouca

T'

o p eço ?—po is s im.

,Oh ! s im mas não chores,Nemmai s te d e sc ores

Com t eu duvidar.

Que s e eu não chorar

Com te rna loucura

A louca te rnura

Te he id e eu pagar .

J 030 na Lamo s Smxas Cmm o

o u con e cção nnPOESIAS uonamva s .

DELIRIOMMM .

Eu fé não juro

131

Nas palavr as d'

alguem—bo sped e vago

P or ond e o vário temporalme e sgarra.

Hom ero .

J á não tenho no mund o uma vida

Engastada ameus d ias d e d ôr ;

J ánão tenho alma d'

enjo a quem d iga

É'

s , oh virgem, meu cand id o amôr .

J á não tenho d onzella fe rmo sa

Que mi tigue meu tris te penar ;J á não tenho, nas p o rtas da vida,

Quem as maguas me—venha ad oçar.

J á não tenho uma virgem que s inta

De minh'

alma o s arquejos d'

amôr ;Oh ! no mund o mulhe r já não ha

Que mereça que a ad ore um cantór .

E squec i quem amor me jurou,

Quem jurou dar a vida pormim ;Eram juras mentidas quebraram

Como quebra o mui tenro alfenim.

E ra amór, como todos , fallal ,Sómorand o nos labio s traidóre s ;

Eramvo tos que o s euro s levavamExtinguindo falsarios penhôre s.

ou con e cção na POESIASmene ame . m

2 5 D E J ULHO .

BATALHA no CAMPO DE OURIQUE .

I.

O sol d e julho que imavaCom seus raios a vibrar,

O ce ife iro d e scançava

De cancad o d e ce ifar .

Nes sas te rras transtaganas

V em s obe rbas p ene trar

E ssas ho s te s mauritanas

No s sos campos a talar.

J a re soa p elo s are s

O cord ovez analil,

Corre spond e a s eus vibrare s

A trombe ta granad i l.

A re lva, que o vento c re s ta,

Calcand o vem o co rc el,

Foge toda a gente me staDo grão pod e r d e Ismael.

V emna frente caminhando

Cord ove zAbenelkar,Ame leh vem guiand o

Mauritanos d'

alem-mar.

De Se vilha manda a gente

O alcaid e Bone fa,

E d e Silve s , re i po tente ,

Bem d e p e rto o s egue ja.

145 LIR A POÉTICA

De todo s o s s eus segui do

V em alegre a caminhar ,

Com s eu p ovo tão luzid o

Vac a mo iro s p rocurar .

De ixa o Lena, que rod e ia,

Como mimo so caire l,Le iria, que se re cre ia

No s viço s d o seu ve rge l.

Santarem, a namorad a

Seu rio s emp re a be ijar,Vê com zelos d e enfad ada

O seu T ejo vad ear .

No s plaino s d'

além T ejoCaminhand o a bom s eguir ,

Cump re Affons o o seu d e zejo

V ac na frente a d irigir.

Sobe rbo cavallo baio

Cavalga o moço gent il,

E'

d e rija malha o sai o ,

Armadura côr d'

anil.

T raz na mão lança po te nte ,De Chris to gravad a a c ruz

Leva no e scud o fulgente ,

Que brilhante lhe re luz .

Gomo d o i s fe ro s gigante s

Flv-nt”

a frente o s c amp o s'

sã o ,

T remulammanhas c re s cente s

Ante o c ruzad o p end ão .

mo LIZIA vo e r rca

Zs e arne o d o s que cho ram o ímp io e xulta,

ântre o s g rito s , que forem, (lilacc ram

Ilo marujo ins e ns íve l, (a lojad o ,A alma all

'

e i ta ao s ho rro re s d a mo rte !

Manc e bo , que as s im brada—lhe umvelho

lle no s .—as ah ! d o mas tro àp onta

Avança, intt'e p id o , e apara o raio ,

Que ve rte s obre nós o iro so !

Cala- te . ins ensato —o joven d iz—lhe

Tens quase um s e culo . e

De ixar nas aguas um d e s pe jo inut il,l

'

mc adave r mirrad o , que sus tentas

C om lagrimas talvez Que te ns co'

iªada.

E com o s Santo s snnlo s . que atofmenh'

s

C om e s sa vo z ronquenha . que não [a s sa

D o meu be liche ante s u m ampla taça

D e inilaurad a e en eja animad o ra,

5 .

Que b e ne r e prive e ra: d ar trem a a fome

Rind o—s e . as sim ch i le n. nad am.

Rubr

o lie Ins a n a en. i as : (vapº

r.,

P once (Serr a s Tz amam 1 5 12 3 5 3 .

Rage cal .: t em? -“ma d e

4 Amo rte :Í f-x tra p ilmn.

Que as r a r—re d o s (.em

Clomenzuz .

"s t e -rw emita

E liª(fl'

lf' Il r ui h :; N t

h o rnnvrzm amam. : varre u“ : “ d as .

“Dimm: put a na er

e s (uv -n' !

D'

PSp it' iu» “ ir:-:x (.nº nllm' nm .,

At . (m: n na ho ra um a

Iv.m urmura:

ou con ec çã o na POESIASmonannas . 15 1

Surge o jovenCo

'

o s fato s ensopad o s cána p roa

A a rir bemqual d emonio led o

Com o range r d o s d ente s , e to rturas

Das almas c ond emnadas

J á partida

Em d o is pedaço s vaga a nau sem leme ,Sem que o mar so rveu- lhe s

A carga inte ira—não — la vejoO mancebo que ri s ozinho - r em p é

Ao mas tro que e stalou ind a enco s tad o !

Fe rvem-lhe as ond as , ruge- lhe a pro cella

Aps pé s; em tºrno , e o manc ebo a rir

Bei d antor—ltas das submis sas vagas

. Q Q Q Q O Q O Q Q Q O Q Q Q Q Q Q Q Q

Não ronca a temp e s tad e as s im furio sa

Anegra ce rração romp eu- a o raio .

J á o claro- azul d o céu alveja e scassoNo remo to ho risonte . E svae i—se ao longe

O ronc o d o trovão levand o amorte

A outro s infelize s !

Serena o bo re as .

Alluem- se o s alcanti s rasam- se as aguas ,

Como se a mão d e Deus —já bem vingada

Por s obre as ond as prepas sas s e plac ida.

E o joven inda ri ri d e s e sp'

rad o

E encara a s olidão , e as fac e s lividas

D'

algum cadave r :engas tad o ainda

Nas amarras , e ma's tro s d e rro tad o s .

Claro e s tá o c éu ! Veleja manso e mansoO pedaço da nau, livre bo rrasca.

De sponta ao longe a tlamula d'

umbrigue

182 um r on-

rm

lim rumo ao s re s to s , que avultam,negro s ,

Ch em rod a d o mancebo , e rguid o cutr'

e lle s

O O O O O O O O O O O O O O O O O

Mais o mais s e ave s inha o brigue v'

ie iro ,

Quando o homemd o naufragio as s ime xclama

Amo rte re sp eitou o vi! lud ibrio ,

Que s e u d e ail'

routa s d e s te mund o aee rbo

Zu ri p'

ra c scaruec eu—me os riso s !Abri - lhe amigo s braço s— d es pre sou—me ,E fo i iras e e var na pobre víc tima,

Quo d e ixa na te rra amare s na te rra !

Annae s ! que são amare s ! ob que tumulto

De tetrieas lembrançasme atormenta !Ola! eu! vive r ! p

'

ra que p'

ra gª d'

çlla !

A curtir vis traiçõe s tt oh ! nunca l'

nunra '

e s s e s —o o o . o o o o o o o o o C o .

Ao m at am—meça, e embre ve os m to s

lh des tmada nau vagam so zinhos .

V illa Re al— julho d e ISna.

Cu ru .» Ca rm o Bu s c o .

tha“ M inus o s pan o s. M line em

tem“ M «ma s baniu» ins h a i l-thai :

Chup a. sumo ,—emanam m as—i bm :

LIS“ nom e s .

Não ves em teunome , s e a Grec ia lucrava

Nas le is d e Lyeurgo s e r livre e c re sce r,

Depo is , a tua sombra, rojur- s e d e e sc rava,

Rojar—se . rojar—se , sumir—se , mo rre r ? !

Se Roma e levaste as grimpas e rguidas

Do s euCap ito lio por livre s e cre r,

Não vis to es sas grimpas d e po is abatidas ,

E Roma, em teunome , eap t iva morrer ? !

Não fo s te invocada por labio s hispanos ,

D'

Ame riea o sang ue e o o iro a beber,Não vis te es se povo curvar

—s e ao s tyranno sRàvoz libeniad e no s fe rro s mo rre r ? !

na Irlandanão ouve s o longo gemid o ,

« e ntend o em teunome , guaendo a treme r ,

No imper io d os livre s a um p ovo sumid o .

l'

mp ovo d e es t—luvas d e es cravo a mo rre r

Nas (“

valias qne vi s te ? que vcs inda agora !

D e ban—lo d '

abmres (« vie s te esqm r

Tzu Ro l—esti m o .mae d iz que xr ad o ra

M ew sana—amarra p a ti amorr er ?:

RW a nem re na: m i br—timIle d ia. «d e Tri a l c ons tante ram

Shaw Errada d a v e z d uv i dªm.W-s Iªrama r euni ram1 m m ? !

F .a vEMmJ “m.: ut i—s rs .—a sQue mMelina! m inuta .! "

nin anv i s a-mm .

Laªi?—libe r ta m —1 un: now - i ma emma

unila nns mas uniam—au num

ou cor re cção nn p o s su anons as As .

Aqui , olha ago ra, d o Tejo as are iasCom s angue ens opadas , e o p ovo a d ize r

Que é s tu libe rd ad e ! se ao som das cad e ias ,Se em rio s d e sangue no s faze s morrer

E tu libe rdad e , s em sangue e sem ferros

Bem po d e s , bem sabe s , no mund o surr ir,

Mas casam- te o nome ao s nome s o s e rro s

D'

apos tolo s falso s , não pod e s flo rir !

Não p od e s , que a turba, que o s pas so s te segue ,

C'

c fel d o s partid os se d enta a rugir,

De scrê d a tua força, só c rê s e p e rs egue ,E smaga—te o s louro s , não pod e s florir.

Esmaga o s altare s , o s thronos e smaga,As le is , o s co s tume s , que r tud o alluir,E sp inhos s eme ia, d c pranto o s alaga,Comp onto s te rega, não p od e s ilo rir.

Aos od ios incens a, p roc lama vinganças ,Suppo em—s e re inand o n

'

um p ovo a fugi r,De rriba o pas sad o , s emfé , sem e sp

'

ranças ,

Invoca o te u nome , não po de s florir .

Do s laço s mais santo s faz brinco e ssa turba

Paixõe s ou int'

re s se s no p e i to a nutrir,

Apaz d as famílias d e sp reza, p e rturba,

Aos ais embalada não pod e s florir .

Bem vês que faminta, ard end o em cubica

Do povo a agonia vae lenta me d ir ;

Bem vês como a raiva se accend e , s e atiçaCo

'

a vis ta d o o iro ; não pod e s florir.

186 um ror rrca .

E como ! se as mas po r ti consagrad as ,Aos idolo s falso s as vês pro s tituir !

Se emmal da jus tiça ve s fronte s c 'roadasDe c

'

roas alhe ias ; não pod e s ilo rir !

E como ! se aos grito s , vo r « libe rd ad e ! »

Te algemam, te insultam, teu ro sto a cusp ir !

Ter crime s po r threna quem pode ? quem ba- d e ?

Não, s abes , não queres , não pod e s flo ri r .

E nãmque o'

s u- m p or uuvens ui d ad o ,

Meus cantos qui s e ra sagrar—te d'

amor.

Meupe ito que e livr e. mais livres temkyn nas

Que alt ivo s oubra'ncanta—te e. louvar.

Mas como ?s e err ante . teus olhos d ivinos

Que fo i . que não s abe s e r hoj e o que fora .

Que e sque ce ess es mapas d'

hero ie o valor .

Que esque re laquand o dane spanha oppressoraSeu jugo tro cava n

'

um throno d'

amar .

S'

um thre na que (E bravo s alçavnm ça'

lança

Que o pei to varava d e e s tranhem .

S'

um thro no fundad o nas le is . e na rs p'

muça

D'

um jugo suave . d'

um jugo d'

umor .

I us hoje"bem sabe s . la andas fug i d a

Teunomi- rá anda casad o m pavor

Se um d ia vo lve r-a s nas an i am id a

Dr tantu «muda-k'

que « 1a auvlr !

on cont racção nn p o s sa s MODERNAS. 159

A J UL IA .

(INVOCAÇAO .)

Oh meuanjo que mandad oPorbeus fo s te p

'

ra meu guia,

Amparai-me bondad o so ,No s meus tranco s d

'

agonia .

Ninguemmais que tu sabias

De meus praze re s a o rigem ;

Sabias d e meus amôre s

Com, J ulia, s inge la virgem.

Sabias d o s juramento sQue seus labio s p ro fe riamSabias que só a e lla

Meus atfe c to s se volviam.

Tume smo me contemplas te

Quand o p lac id o d o rmia ;Ouvi s te emmeus d oce s sonho .»

Que s eu nome rep e tia .

Vi ste -me c om e lla a sós

No s meus braço s re clinad a

D'

e lla ouvi s te tu é s meu,

Eu s ou tua muito amada .

Me igas cançõe s , que na lyra,Emseu louvor d e seante i ,

Bemmo s traramquão s inc e ro

E ra o amor que lhe vo te i .

Li l lA POÉTICA

Ve io aqui sobe rba RomaA quebrar sua altive z ;

Que com fe rro e fogo a d oma

Viriato , o montanhez

Ao braço d o luzi tano

Ve rga e cae aud az romanoEm sangue banhad a a te :

Aind a as c inzas d o imp e rio

R epe tem no cemite rio

m n o o P onmcm !

Hoje ainda o s mo iros trememDE G IRALDO summv ou

De raiva convulso s tremem

Re co rdand o o s eu:,valor !

EmOurique Affons o talha

Com sua e spad a a mo rtalha

Do s d e sc rente s d o Se nho r ;

Ao s om d os hymno s d a gue rra

J o ã o Se gund o os ente rra

EmArzila e Azamor !

E spanha, vai do sa Espanha

Gemend o curva a c e rviz,

Que quase a c'

roa lhe ap anha

Dom J o ão , — Me stre dº

Aviz.

P ortugal, bem fe z teu p c“

Quand o em s eu e sfo rço novo

Dom J oão p o r seu re i quiz,

Fo i então que a E spanha e scrava:

T remend o s e us olho s crava

Na p atr ia d'

E g as Muniz!

Am nnno '

r a—Vn m ma!R epe te d o mundo a voz ;

Ao longe o ec co s e pe rd e

ou cou zcçâo na p oxsn s uonm as .

Ond e os ge lo s vivem sós !

E ra a e spad a fo rmidave l

De DomNuno o Cond e stavel,

O sol d o s no sso s avós

T od o s os lo iro s da gloria,

Das batalhas a vic to ria,

T ud o então e ra p or nós

Ond e vão e s sas gale ras

Cortando as ond as d o mar ? !

Ond e vão , que novas e ras

Portugal ha- d e marcar ? !

Nas ondas que não conhe c em

Que nunca ad ormecem

Que tentam ellas buscar ? !

Oh ! quemé e sse valente

Que olhand o p'

ra o Oriente

Vae o caminho a apontar ? !

Oh quem é , como se chama

E sse gue rre iro da c ruz

E'

p ortuguez, e o Gama

Que apatria dá nova luz !

Labrada Não temo a mort e

Que a vid a confio ; s orteP or meu re i , e por J esus !

Da patria o nome não find e ;

Que Mos sambique , e Me lind e

Na sua histo ria eu já pu;

Oh! V asco , teu alto fe i to

E'

grand e , mas tem rival

Que o s brio s ard em no pe i to

D'

Albuque rque e d e Cabral !

Tambememterra estrange ira

166: M W”

P regaram no s sa band e ira

Semme d o d o vendaval;

De scobriram, c onquis taram

Como tu tambem bradaram

P or J e sus e Po rtugal!

Se o braço d o s po rtugueze s

Era como o d e Sansão ,

T ão fo rte c omo o s arneze s

Tambem era o co ração !

Nemvi s p rome s sas , nemme tia,Nem o iro dad o em segred o

Lhe s comprava; uma traição , .

Que la s ta e d iss o timbra.O cas te llo d e Co imbra

A lançar e s se p regão !

Mas não fo i s omente a gue rra

Quem tanto nome lhe d eu ;Qu

”impo rtam co isas da te rra

Aquemas te ve d o céu

O o iro trocar- s e em ro sas

Nessas e ras milagro sas

Uma rainha me r'

c eu? !

Virtud e na monarchiaMe igo amo r, d oc e po e s ia,Tud o Deus no s conc e d eu

Oh ! que um te rno e cons tante

Fo i e s se d a p obre Ignez !

Que o d iga o c e dro gigante

Que a e scuto u tanta ve z,

Quand o tris te e pensativaV inha ao bo sque fugitiva

Quebrar da no ite a mud ez !

166 m mnom e s .

Aco rda, que o temp o c orre ,

Que o d ormir não é vive r !

Uma nação tambemmorreTambem tumba had e te r !Patria, patria, ouve e s te canto

De umfi lho que te que r tanto

Qualnenhum te pod e qu'

re r

E rgue- te d e s se teu le ito

Que inda tens d entro no p e ito

Um coração a bate r !

Se o s lo iro s murcharam tanto

Que , se p rec izem regar,

T od o o meu s angue o meupranto ;Aqui te venho o il

'

e rtar

Eu darei a minha vida

Po r não ve r mais abatidaAminha te rra sem par !

Oh d e ixa d e ser esp ec tro ,

Toma d e novo o teu scep tro

E tornar-ás a re inar !

Lisboa27 d e julho d e 1818 .

Pau crsco J o s s Pmm s Pau ra .

AO AUTOR DOS VERSOSANTECEDENTES.

Se eu fôra d as bellas o ente mais caro ,Em teu p e ito amavel quize ra habi tarT eus ve rso s tão me igo s ouvira com go s to ,Se eu fôramulhe r c apaz d e te amar .

Se eu fôra d'

Eneas igualno cantor,

As trovas , que faze s , quizera imitar,Se eu fôra uma c

'

róa te c ida no s c éus

Na fronte d ivina t'

hi ria ponzar.

Se eu fo s se pas to ra d e um p obre rebanho ,P o r um d e te us ve rs o s qui t e t a- o trocar ;

Se eu fôra sobe rana d e to d o o unive rs o ,

Pas tora comt igo vivera d'

amar .

Se eu fôra poe t isa, se Su m. sublime ,No s verso s que faze s , quize ra es tudar ;

Se eu fôra d ivina, s e e sp o sa d e umDeus

Quize ra c omDeus po r ti p e rjurar .

Mas eu não s ou c'

rôa, nembella, nemSu u ,

Nemrica sobe rana capaz d e te amar

Sou fraca mulhe r, que , vi rgem d'

amóre s ,Amand o o s teus ve rs o s começo a p ensar .

LIZIAPOBI'

ICA

AO AUTOR DA PARODIA

Se eu fôra da auro ra a e strella formosa,Só para teus olho s qui zera brilhar

Bebera em teus labio s milbe ijo s d e fogoSe eu fôra uma aura librada no ar .

Se eu fôra d a fama a d eusa pod'

rosa,

Ao s e vo s teus canto s fize ra chegar ;

Se eu fôra um auspíc io d e mago porvir

Amer, honra, e gloria te havia fadar .

Se eu fôra d os prad os cord e iro innoc ente ,

Submis so , teus p és biria buscar

Se eu fôra uma p omba, s ens ivelfague ira

Quizera em teus laço s cahir, e sp irar.

Se eu fôra da ro sa bo tão sem e sp inho s ,

Quize ra em teu se io abrir, e murchar ;Se eu fôra d e Sapho a lyra immortal,Somente aos teus verso s a viras sagrar.

Mas eunão s ou'

s tre lla, nem fama, nemflôr,Nem lyranemaura librada no ar ;

Sou triste mulhe r, que a um vate raivo so

Afuria emque ard e p e rtend e calmar.

ou cou ncçiio nn p onsu suonm u . 17!

MAIS OU TR A PARODIA .

POR OUTRO PARODIANTE .

Se eu fôramonarcha no throno d'

AJgod re s

O sce p tro d o s Lus o s t'

hiria

Se eu fôra o'

Nume, que sus tem—lhe o sólio ,

De jo ias , e d'

o iro te biria c'

roar

Do Marte d'

Agrella s e a e spad a c ingira,

A'

s plantas submi s so t'

a hiria curvar ;

Se e u fôra agio ta s e Romão ou Roma

O alcaçar, que habi tas , d e no tas bo rd ar

P rop ic ia ao Belfas t, s'

eu fo ra uma onda

A are ia, que p i sas , quize ra hir be ijar ;Se o anjo d o s Re is a d ic tar P ro to c olos

T eu nome emGramid e quizera—o lembrar

Se o Centro patusco das quatro cabeças ,As tre s, po r teu go sto , biria co rtar ;Se a lyra allinada d e R e cta Pronunc iaNo coro das graças te biria cantar

Mas eu não souMarte Nep tuno ouMonarcba

Nemlyra, nemanjo no s céus a brilhar .Sou tris te pascac io , que vive n

'

um ermo

No s fad os d e Lys ia pasmad o a s c ismar !

(Anonimo .)

A e u P on'

r rca até ao prezente não temquer id o

pu iear nas suas paginas p o e s i as em s entid o olitic o al

gun. Para não fi car rmcomple ta a c olle cção e_paro d ias

que hoje publica vae tambem e s ta—s ennx cnp çao .

LIZIA POÉTICA

UM P E R J UR IO INV OLUNTAR IO .

« 1,Quem viu um olhar s e ºuro , um ge sto brand o ,Uma suave e ange li ca e xc e enc ia ,

Que t ive s se contra ella

Camõe s Luzu nas , C.

J ure i que eu não have ria

P or amôr me c ap tivar ;

Nada eu via que pod e sse

Faze r-me a jura quebrar.

Mas na terra havia um Name ,

Que não julgue i d eparar ;Um só move r d e s eus o lho s ,

Fez minha jura quebrar !

Anjo s d o Céu —não tente is

Meu juramento imitar ;Ha no Brazil quem vos pod e

Fazer a jura quebrar !

Se Virginia ao p roprio CéuPod e faze r p e rjmar

gComo havia o fraco humano

Sua jura não quebrar ? !

R io d e J ane iro—1848 .

Gu mmo Com u ns Amxma Portman .

LIZJA POÉTICA

MAIS UMA PARODIA .

Se eu fôss e d e Thebe s o vate affamad o ,Na lyra quize ra teus d o te s cantar ;Se bri sa fague ira brincand o no s ares

T eus labio s virginio s quize ra be ijar .

Se eu fôs se d o s as tro s o as tro mais fúlgid oMeus raio s po r ti anhelara trocar ;

Se e s trella d e prata no s céus a luzir ,

Quizera comtigo na te rra habitar.

Se eu fôs se uma fad a d e mago condão ,T eu pe i to , no imo , quize ra to car ;

Se eu fôs s e o d e Papho s vendad o fre che iro

Amor em teu se ioóquize ra infi ltrar .

Se eu fosse d o mund o Ad onai soberano

Meu p ovo a teus p és eu fize ra curvar ;

Se e ffluvio balsâmico eu fôra d o s Deus e s

As auras que sorve s quize ra inc ensar .

Mas eu não s ou vate nem brisa nemDeus ,Nem fada nemas tro no s c éus a brilhar ;Sou pobre manc ebo e x ilado no mund o

Q'

uns olhos que matamnão p od e olvidar.

Rio d e J ane iro , 13 d e novembro 1848 .

m omo Panama na Cos ra Juntar.

Se eu fôra poe ta que canto s sublime sDa lyra tiras se para te louvarSe ria impassíve l ao zo ilo mordaz

A”furia d o mund o , as vagas d o mar .

Se eu fôra flo rinhamimo sagentil

O teu pe ito linda quize ra infe itar ;

Quizera em teu collo d e nivea brancura

Meu brilho s ingelo faze r re alçar.

Se eu fôra pasto r que o gado guardasse ,

T eus d ote s na ftauta faria e choar ,

Po r valle s por monte s po r se rras po r prados ,Por ve igas por lagos por p raias d o mar.

Se eu fôra umanj inho baixad o d os céusViria invizivel te '

us labios be ijar ,E tod o embebido no s gozo s d

'

amór

Semque me sentis se s te havia abraçar .

Mas não sou poe ta , nem sou tlór s ingela ,

Nem anjo que po ssa teus labio s be ijarPastor eu não sou ; sou tri ste que vago

Oppre sso d'

angustias errante a chorar.

Rio de J ane iro 15 d e novembro de 1848 .

J os ouur Fantasma na SILVA Gumm ms .

LIZIAPºm

P AR OD IA .

Se eu fôra volcão que amor accende ss e

Quizera emteu p e i to as chammas sumir ;Se eufôra e strellinha que me iga brilhas se

Quize ra emmeu brilho teus olhos fingir.

Se eu fôra da no ite o as tro d'

amór ,

Quizera n'

umraio teu rosto e sculp ir

Se eu fôra d o dia o astro fulgente ,

Quizera em sorr'

mo s a luz d esparzir.

Se eu fôra d o campo arrôio amôro so

Quizera teus ais emmeu se io sentir ;Se eu fôra na te rra pombinha infeliz ,

Quizera emteu collo tristezas carp ir.

Se eu fôra qual é s , d onzella gentil

Quizera um ins tante teu corpo c ingi r ,Se eufôra poe ta , na lyra cantaraO mund o que ence rras n

'

umao teu sorrir .

Mas eu não sou astro , nempomba ouvolcão

Nem se i no alaúd e cançõe s d e sferir ;Mas s into que em le da, fague ira te rnura

Um throno emmeu p e i to , tu tens a fruir.

Rio d e J ane iro 17 d e novembro d e 1868 .

Artr omo na SILVA Manzano .

LJSJA POÉTICA.

Da minha bella

Conta as caric ias ,

Que n'

alma accend em

T e rnas d e lic ias .

Conta o s anhelos ,

As tid as juras ,Que ao p e ito levam

Aureas venturas .

E se o s olho s tam fermosos ,Carinho so s ,

No s teus , led o s , s e fi taram,

Subtrahind o ao coração ,

Exp re s são

Que s eus labi o s occultaram?

S'

a face , nivea ro sada,

Tam be ijad a,Sobre o c ollo d e scahiu

Se d'

amór te rno susp iro ,—Ou d eliro

Veloz d 'alma lhe fugiu?Se uma lagrima furtiva,

E xp re s si va

De saud o so e grato amo r,

P ela fac e d e slisou

E a fe chou

N'

alvo s e io incantad or ?

Ou s e em s onhos d e ventura,

Com d oçura

O meu nome pronunc ia ;Se terna phras e amo ro sa,

Carinhosa,

Comenle io balbuc ia

ou corre cção m: p o s suanonman s . 1119

Querida ave s inha, tam bella, tamlinda,De sprend e o biquinho , tamme igo , formo so ,Ao vate refe re n

'

um hymno saudoso

Os mago s incauto s da joven Carlinda.

A voz tamcano ra, tam meiga, c ele s te,Do s labio s vi rgine o s o ri so d

'

amºr,O arfar d e s eu c ollo d e nive o candor,

Os vo to s s inc e ro s que d'

e lla trouxe s te

Ah ! c onta- m'

o s , c onta, gentilave s inha,

Fague iras no tic ias da cand ida amada,V em le da po isar - te nalyra d o i rada,

As p enas ad oça que eun'

alma jatinha.

R io , 1848 .

ANTONIO Panama na Cos 'rA J UMIL

A CEIFEIRA .

Ha quem d iga po r inveja

Qu'

é s fe ia p or se r tri gue ira ;

Dizem as d amas da córte ,

De ixal- as d izer - ceife ira.

Quize ra que ellas te vissemFe i ta s enhora fe s te ira ,Que me d i s se s sem d epo is ,Se e ras ou não fe i tice ira !

Que vissem comque requebro s

T e vais ame rcar na fe ira

Que vi ssem como innocente

Vais depo is pular na e ira.

182 Lllu POETICÁ.

E LI -A

Sonhe i - a e ard endo anc io so

Ame i o sonho saudoso ,Ame i ince rta visão

Nutri sua alma d a minha

De i—lhe quanto amor eu t inha

Quanto tinha o c oração .

De i - Ihe tud o o que eu sentia

Cui d e i ver- lhe a phantas ia

No seu subi to rubo r

Um iris que a e sp'

rança córa

Ou como as rozas da aurora

A aurora d'

umvivo amor.

J ulgue i—lhe o e sp irito ouzad oUm the zo iro re catad o

Cobe rto d'

um casto véu

Cuid e i vêl- a emme igo laço

Dar—me a te rra n'

um abraço

E n'

umbe ijo d ar—me o céu.

De i—lhe o vas to sent imento

Que e ra o meumaio r tormento

De i - lhe o s o il'

re r e o p enar ;

De i—lhe o que fôra e o que e ra

E te r mais ind a quizera

Para mais inda lhe dar .

imagine i - a innocente

Vibrar toda ao s opro ard ente

Da mais ard ente p aixão ;Como entre lavas c read o

V ibra o lyrio , d ebruçad oNa cratera d

'

umvolcão .

ou con e cção na:p o s su auonxmu s . 183

Cre c i o sonho era bello !

Forme i - o d o meu d e sve lloDo meu ail

'

cc to o c ompuz ;Cultive i - o c omo as llores

Ve s ti - o tod o d e amore sCingi

—o tod o d e luz .

E ra e lla que eu amava

Que eu não via e que buscava

Que eu busc ava semp re emvão !

Busque i busque i po r meu damno ;

Cuid e i achal- a ; e ra engano

Cuid e i vel- a ; e ra illusão .

Vivi d '

e sp'

ranças um d ia !

Cuid e i vive r ! Na ironia

A minha e sp'

rança e xp irou

Qual no alaud e e sque c id o

Susp ira e mo rre o gemi d o

D'

uma corda que e stallou.

Quem advi nha quemp ensa

Que tortura ac e rba immensa

Asp ire i no s vo tos meus !

Combate o c c ti lto e me donho

O que eu pas s e i p o r um sonho

Ninguem o sabe sóDeus !

De seje i p o r ella a gloriaD

'

Home ro e Dante a memoria.

P o r e lla só inveje i ;Martyr fui po r me rec el- aQuiz , luc te i , soHri po r ella

Mas ond e achal- aNao s e i !

Lisboa, 8 d e ago sto d e 1848 .

J ost na Sa va K un i s L nt .

184 LJZIA POI TJGA

0 SALGU E IRO

O'

Salgue iro , que a sombra na vargem

Commys te rio me sabe s guardar ;Como tu s oli tari o namargem

Do s ribe iro s me apraz re clinar .

Se d o zephiro me iga ince rte za

Tua palida folha tremer

Corre ao p e i to uma d oce tris te za

Que d ele i ta bemmai s que o p raze r.

Ama o prad o a amena fre scura

Do regato que o segue a chorar ;

Sobre o s d ons tu d e rramas verdura

Para onvi l- o s melhor suspi rar.

Tua folha s e treme e vac illa ,

P inta vago s re ce i o s d e amor

Com brandura se languida osc illa

De quemgeme p inta a viva dôr .

Cre sça o myrto , iloreça emCythe ra ,Venha o s ris o s com graças ornar ;P re zo mais tuas folhas ; quize ra

Ver- te s empre meus ais e scutar .

J anão pod e a e spe rança ad oçar-me

De ve s empre o meu pe ito soâ'

rer

Mas embo ra ! Não que ro curar—meD

'

e s te mal, que me causa p raze r.

Da p risão em que vivo dito so

O'

Salgue iro , duplica o rigor ;

Amo Aqui n'

e s te abrigo mimosa

E'

mais viva a te rnura d o amór.

Aqui fo i que o susp iro prime iro

E lla ouviu d o me u pe ito sair ;Seja aqui ond e 0 ai d e rrad e iroDo meu pe ito se apre s se fugir.

J os i Manu nn Som.

Lone .

186 Lll lb POÉTICA

E o v non ouviu seu canto ,

Que d'

ama lhe d e spontou

P o r entre nuve s d e p ranto

E mo s trou- lhe emaure o manto

Virgemreal um encanto !

Virgem real! E e lle

Ousou s im; p o is não lhe gira

Um sangue d o s mai s fi e is

Não tem po r sc e p tro uma LyraNão tem no céu que o insp ira

Um d iad ema d e saphira ,

Que vale mais que o d o s

E que alaúd e e que cºrôa

Que d eu lus tre ao s eu paiz

E que voz inda re sos

P e lo s paço s d e Lisboa

A d onze lla ouviu- a amou- a

A d onze lla EraBeatriz.

Largo temp o ai , só nos olhos

T rocavam s eu puro amôr

Suifocad o entre re fo lho s

Como 0l i0 entre os abrolhos

Como entre negro s e sc olhe s

Concha d e exp lend id o alvor .

Que importa que fo sse um sonho

Se e ra um refle xo d o céu

E ra- o s im, bemn'

o supponho ,

Mas o acord ar fo i me d onho

Sumiu—se o p orvir risonhoDe acerbo choro n

'

umvéu

ou con e cção o s p e r sa s uonnans s . 187

De Sabo ia vemmensagem

Que a Be atriz implo ra a mão ;

Que pode o amor d e um pagem

.Apaz d e ducallinhagem

Que pod e d'

alma a linguagem

Ond e só falla a ambição

Ella a triste chora e p e d e

Que ord enavaum re i e um pac

Sua aiii ição não s e exc ede

Mas emfim pro stra- se e

Parte abord o daSinai

Partiu e s sa agonia ,

Que o moço alli sentia

Quemha quemn'

a avalia

Se a não Ninguem.

Se acaso a pouco e p ouco

Não viufugir- lhe e louco

Soltand o um brad o rouc o

Que ummar d e foi contém

'

Não d is se ai pobre ai triste !

Que um p e i to não re sis te

A'

d ôr , com que o fe ris te ,

Meus a tanta dôr !

Que eu s into n'

e sta alma

P end e r semvida a calma

Qualpend e a folha a palma

C0'

o vento abrasad or.

Sam a Garw ura no Mor r is Swan era a d enominação da nau, emque seguida de uma frota lus trose se parti ua infanta paraSaboia.

e sobre a vaga

Que o céu c o'

a eSpuma alega

Na immensa , e the rea plage.

Se vae p erd end o a

O triste fi ca abso rto ,

De svaira e semi—mo rtoSonhou s eguil

- a ao po rto

Cruzand o o a vao .

Mas duro d e sengano !

Nas o rlas d o oc e ano ,

Soprand o , o sul tyranno ,Lh

'

a e scond e ao s olho s s eus

Ao s olho s , que elle fi ta

E o s braço s e rgue e agi ta

E clama em voz aillic ta

Clamar só ousa m aus !

III.

Ad eus ! a de sgraça

No s fe re e mald iz

E ha quem d e sfaça

Po rvir tão

ficas comigo ,E até no jazigo

Se rás meu abrigo

Se rás ó Beatriz ?

Ad eus ! ne ss es d ias

E no ite s gentis

Tubemme di zias

Que as trovas que eu fiz

Revi am doçura

E tanta d emo ranão tinha dura !

Fo i certo Beatriz !

LIGIA POÉTICA.

E'

d ia. J á se d isfruc ta

Cintra que ao s valles surri

Ai ne s ta musgo sa gruta

De i tad o na lagêa bruta

Um cadave r jaz alli !

E'

formoso émoço ainda.

Barbas Traja dó.

N'

e s sa fronte nobre e linda

T em um s ignal que só find a

Da campa no e scuro pó.

Signal que a TURBAmesquinha

Não sabe po rque o não lê

N'

e s te s ignal se advinha

Que uma alma alli se continha

Alma que AMA E ESPERA n cat .

Negra enlaçad a mad e ixa

T em sobre o p e ito na mão ;N

'

e st'

outra temuma cude iro

Emque a sua e xtrema que ixa

Vazara no co ração .

Dizia em c ima : SAUDADE !Dizia : Bnã '

rurz , no

Da trova a suavidad e ,

Do moço a belleza a id ad e

E ra talvez Be rnard im

To rre d a Cunha d e ago s to 1848 .

Anr omo Panama na CUNHA.

192 LIZIAnom e s

Oh ! d o mendi go ha d e ouvir

O seu lúgubre carp ir ,Ha d e as p enas re d emir

D'

e s sa alma tam d efinhada .

Po r p ied ad e anjo d o céu

Dai e smola ao d e sd ito so ,

Q'

o vo s so r ic o mantéo

Cobre um pe ito carid o so ;De vo s so s conto s a mil

Bas ta ap enas um s e i til

P'

ra ti rar- me d'

e ste vil

Negro fad o las timo so .

Passa a be lla e nemo pobre

Vê , nem ouve o s eu p ed id o ;

Ella e moça , rica e nobre

E lle é ve lho d e svallid o ;

E se acas o o vê p enar

Vira o ro sto amurmurar

Melho r fôras trabalhar

Ob p obre d esens o ifrid o .

Do mend igo tam c o itad o

T remula a voz mal s e ouvia

Ao seubordão arrimad o

A s e cca mão e stend ia ;

Na p enúria ass im gastavaA vid a que ja p e savaN

'

e ssa fronte que ve rgava

A'

miseria que s offria.

E no vórtic e d as d ôre sQue s eu p e ito repas savamJ á mal s offrend o o s rigo re s

Do info rtunio emque o d e ixavam

LIN K PM M .

Vi uma bóca mimosa ,

Com ld tio s de mbmm .

Purp'

ra e bello conto a rosa.

.

que dizia: de b en

l e igo s—bsando s sons de amor .

Umsato m umTambem ri c—g re com po d er ,

Mil prazeresWad e ,

Dos bens da vida o—primór

Emmudece não mais cantas ,Desd ito so trovad or !

Não merece taes de scontos

Quem da vida a tre s amantesRoubou com traição e dôr

de Janeiro 18 d e julho d e 1868 .

J o s é na SILVA MM A a nnina .

cançã o no en xuto .

No no t o d o d r ama o r lg h aú

O ALCAIDE “ DE FARO .

Triste s horas d'

um capt ivo

As polias da nature za

Tão hm m —mo d e vêr .

Nã o an vê owNec e s sa i re s—N M

ou conm çã õm: POESIASMODERNAS.

Nem o amanhece r d'

aurora ,

O raiar e o pôr d o so l;

O cantar d o ro ixinol;

A fro ixa luz d o luar ,

O sc intillar das e s trellas

Não tem olho s para vel- as

Tem olhos p ara chorar .

(p auza arrum a m.)

Cap tiva ! Nome fune sto

D'

oppre s são e d e to rmento ;

Que diz não pense s não falle s

Suii'

oca teu s entimento ;Vive alegre com teus male s

R enega d o re i—da patria

Renega d o

(AMARGAMBNTE J

Comtanto que não rene gues

De teu barbaro snnuon!Embo ra s ejas e scravoDa sua fe rrea vontad e ;

Embo ra das culto ao crimeE ve tuperio a verdad e ;

(susp znnu- sn s s nrmo .l

Meu Deus ! meuDeus !

Ha dôr profunda ha miseria ,Ha crue is trato s d e morte

Mas não ha'

morrer que valhaD

'

um pobre captivo a sorte .

Sem crime sapeca ferros

195

198 a ma rem

Era um só que rer em tod o s

Em tod os um pensamento

Vive r mo rre r pe la patriaCommum no br e sentimento !Fo s se a vida que pe rigava

D'

e sforçad o cavalle iro

Só d'

um pac se guro arrimo

J á no quarte l d e rrad e iro ;

Ou d e Cas te llão antigo

P or mil fe i to s e xce llente ;Unico abrigo no mund o ,De seu iilhinho innoc ente ;

Os tris te s que pac , que orfã o ,

T inham alivio commum:

E ra então patria d e tod o s

A patria d e cada um.

Se d a pe leja to rnavaDeno dad o carnpeão

As armas fe i tas pe daço s

Illibad o o co ração ;

Transpond o monte s e valle sAnd and o d e te rra em terra

P ousand o no p ovoad o

Ou na cabana da s erra ;

A tod o s e ra bemvind o

R e sp e i to s lhe tributavam

O p roprio filho da casa

Melho r não agasalhavam.

De spovoavam—s e ano i te

As c asas da vi s inhança ;E d epo is , ao lar s entado s ;

(Antiga , s ingela usança ,

ou con e cção mrPOESIASnons ens e . 199

Que as familias c ongregava

Em s erão pat riarchal ;

Ond e moços aprend iam

Prec e itos d e sãmo ral);

O cavalle iro c ontava

Do s trabalhos que passara

Dos combate s mal ferid o s

Das vic torias que alcançãra.

P or tod o s attentamenteE ra ouvida a narração ;

Inte ress e tomavam tod osNa historia d o camp eão .

5

Ou fo ssemgue rra felize s

Ou d e sventurada empreza

Ass imlagrimas corriam

De p raze r ou d e tris teza.

O co ração palp i tava

Por vic to rias e reveze s

Venc id o s ou vence d o resTod os e ram portuguezes .

E que vemo s hoje ?

(Se é que c ego s não andamos

Cortand o na arvore da patria

Seus bellos troncos e ramos ! )

Se rá o fogo da guerra

Intenso como elle n “

Só brio d e valor nobre

Ou vilambi ção covard e

LIZ IA POÉTICA

Esse flagello tremendo

Dond e mo ço filho sae ,

Emvez d'

he róe qual se julgaAs sass ino d e seu pas

Ond e o venc id o o que vence

Acabada a c rua lid a

A cad a ins tante re ce ia

T eme p ela propria vid a

E scutand o voz que fe re

Que d iz to rmento sem(int !

V oz do crims fratricida

Que lhe trovej'

az Caim!

Demo ra ; suspend e o go lp e

Fe ri s tes ? Treme Não vês ,

Que e s se pe ito que varas te ,E ra um pe i to portuguez !

Oh que s c ena luctuo sa !

De sventurada p orii a .

Nem umsó clarão d e fe s ta ,

Só mil toque s d e agonia !

Ai ! minha patria que ridaMinha campa d es ejada ;Berço que me d e ste vida.

Fo s te Que te re s ta?

Elevad o s coruc'heus ;

Monumento s que no s fallen»

De teus passados tropheus t

IBIZIA POÉTICA

Tenho ouvid o os sons que ixosos

De s naufrago s d e sd ito so s

No s momento s ho rroroso s !

Sem d e med o vac illar.

Mas d'

Ella umris o s em graça

a taça

Damai s c ruenta de sgraça ,Me faz vive r a chorar

Ante s quero ouvir d o norte

Os tufõ e s da brisa forteAnte s no le ito damorte

Da vida a meta to car !

Mas d epo is d e ssas tormentasP e rd em as vagas c inzentas

O c ond ão d e to rbulentas

E vêemme igas brincarP o r isso tenho e sp e rança

Que uma cele s te mudança

Ha d e faze r a bonança

No s labios d'

ella raiar.

E calou seu triste accento

Largand o as velas ao vento ,

Do Tejo em liquid o argentoFo i o barco a re svallar.

Co itad o d o p e scad or

Fel—o po eta o

Tambem s into o me smo ard or !

Tambem s e i , o que é amar

J onc e Gua nmen LOBATO P tne s .

ou con e cção na rºlam MODERNAS. 203

Me iga rola da florestaPorque e stas a susp irar

Que ro ser teu confid ente

Quero teus males chorar.

Não me respond e s lind inha?

Mão quere s mai s modular

O teu canto d e tris teza ,

Que tanto gosto escutar?

Se p or ventura tu soffre s

Insana chaga d'

ewor ,

Tambem eu , como tu, s into

D'

e s se fogo tod o o ard er .

Confia po is teus s egred os

Aquem sente teu sentir

Aquemd e seja comas tuas

Tris te s que ixas c onfundir.

Mas a rolinha amo ro sa

N'

outro raminho po i sou

Ululou que ixo sa nema

Na flore sta se embrenhou.

E'

fad o d a tris te rola

Carp ir a sós sua dôr !

P or i sso vai - te ave sinha

Deus te livre d'

impio açôr !

d e J ane iro 3 d e novembro d e 1848 .

J OAQUIM Fennema na SILVA' Gumanaens .

uzu rom

BOAS NOVAS.

Ad ieu le s vo ix d e no tre enfanceAd ieu Pun h o d e no s beaux joursLa vi e e s t un meme s ilenc eOule co eur app e lle toujours !

DE LAMARTIX É.

Bo rbo le ta toda branca

Que vens junto a mim po isar

Do id inha que tens po r fad o

Andar sempre a d o id ejarVens hoje brincar comigoBoas - novas me vens dar?

Bo rbole ta não. ,

te enganes

N'

e s sa tua d evoção

Boas - novas que me trazes

Para mim talvez não são ;

Que e u nunca tive venturas

Em c o isas d o co ração .

Que eununca tive na te rra

Quemme d es se o s eu amor ,

Quem s'

int'

re s sass e no s canto s

Do mancebo trovad o r ;

Quemme limpas se d o ro s to

O s p rantos que ge ra a d ôr .

Que eu nunca tive na te rra

Quemme d is se sse —folgai ;

Quem ap e rtand o—me ao p e i to

Só po r mim s oltas se um a i ;

Quemme d i s se s se commimo

Deixae o pranto trovai

uau t em .

Borbole ta innoc encia!»

Que vie s te sem pensar

J ulgando que boas - novas

Me vinhas as pe ito dar ;Melhor fôra não vie s e s

J unto a mim lek p oi sar .

Que no pe i to me do rmiamAs lembranças d o meu mal

Que namente me so rria

Um arrobo d ivinal

Que tu vies te co i tada !

Se pultar n'

umvendaval.

Bo rboleta toda branca

Que vens junto a mim po isar

Não cre ias que boas - novas

Me po s sas ao pe ito dar

Que eubem se i que a minha s ina

Se não pod e jámudar !

Lmz Aueusro X avm ne Famema .

não am am NÃO G o s as'

re .

Mortal—se nunca e scutas te ,

Por no ite s d e me igo alvor

Da brisa que re sp iras te

P ela p laga o e s trid or ;

E o brand o murmúrio d'

agua

No p e ito caland o a fragua ,

Cantando cançõe s d e magnaCantand o canções d

'

amór t

oucon e cção ne ve rsu s uonenru s .

E uns olhos sobre teus olhos

Fogo d 'alma a d erramarQual pharoljunto aos abrolhosNas tempe s tades d o mar ;E qual da noi te no manto

Es se astro que fulge tanto ,

Uma lagrima d e p ranto

No s olho s a de spontar

Se infeliz jamai s ouviste

Quand o as sombras mudas são

Quand o a no ite ass im e tri ste

Susp irar um coração ,

Susp irar que me igo e sp ira ,

Qual som que vago d elira

Quand o as co rdas d e uma lyraR oça tris te a viração

*Se jamais junto ao teu pe itoOutro p e ito e stremec eu ;

Nemprovaste o mago efi'

e ito

De o sentir junto d o teu ;Nem n

'

umpallid o s emblante

Devisas te em curto instante

Um sus p iro d elirante ;

Que no labio e s treme ceu;

Se d e um halito fague iro

Como o mel d'

alvo jasmimNão p rovaste umtrago inte iroSobre uns labio s d e carmim;Se entre as sombras d e umd e sejoNão gozas te um terno be ijo ,C

'

o amôr casand o o pejoN

'

umas face s d e ce tim;

2a m eu:-

nu .

Então mo rtal nunc a vi s te

A natureza s em véu

Arbus to fi nado e tri s te

A'

sombra d'

um mauso léu.

Que Deus e que tu ad o ras ?

Que ventura e a que imp lo ras .

Tu que , na c io ,tud o ignoras

Das harmonias do céu ?

ANTONIO Fuente ne Sm a Pa r em .

Aminh'

alma e ra tri ste e tris te os olhos

Brguia para o s céus ,

A'

s es trellas ped indo , ame iga lua

Um só olhar d o s ano s .

É ouvi a flauta a modular ao longe

Suave me lod ia

E ped i—lhe palavras como as sua s

Palavras de poe s ia.

Das flôre s asp ire i o grato aroma

Que o ar embalsamava

E p e d i- lhe um pe rfume c omo aque llo

Que o seu se io e xhalava .

E da no ite senti a fres ca bri sa

Brincar» mo nos c abe llo s

E p e d i- lhe umbe ijo , como o s be ij os

D'

aquelle s labio s be llo s .

Neme s tre llas , nem flauta nem flore s

Nem a bri sa e scutoumeu p e d id o

E a minh'

alma gemeu soli taria

E na lyra coho onum gemid o .

J ulho d e 1845 .

J o se Mama no Casar. Brum

0 um rom ca .

Em seu p e i to tem gravad o

Tua imagem tão fo rmo sa

Não olvida o lho s qu'

enc e rram

E xpre s são tão amo ro sa.

Po rém ai ! que o d e sgraçad o

Vivend o só d'

e s pe rança

Vae curtind o ac e rbas d ores

Po r um Bem que não alcança !

Tu lhe appare ce s em s onho s

Ce d end o ao s rogo s s eus

Mas e sómente sonhand oQu

'

elle goza os favore s teus .

Vend o - se p o i s , d ominad o

P'

lo mai s intens o ardor

Manda humild e suppli ca t—te

Allivi o p'

r'

a sua dôr .

Diz-me p o is Lilia gentil

Se tens d'

elle compaixão ;

Falla falla p o r p ie dad e

Dize — Lilia —Sur , OU Não ?

Rio d e J ane iro , d e d ezembro d e 1848 .

J OAQUIM AUGUSTO na CUNHA Poe'

r o .

ou con e cção ne POESIASmeneam e . 211

AN HE LO .

OFFERECIDO A'

ILL.mª SNR .

ª D. I. M. S. M.

Se a lyra tive sse d e ve lho d e The io sCurvad o me viras teus mimo s cantar

A Musa tu feras d o bard o d ito so ,

Di to so p o r te r teu cele s te insp irar.

Na lyra d o irad a só tro vas d 'amôrComme igo s enlevo s o viras vibrar

Ouviras s eu canto d e mago fe itiço ,Sentiras d o bardo tam d oce gozar .

Camara—te o garbe d onoso gentil

O riso fague iro em teus labio s brincar ,

O aroma fragrante d o s lind o s cabellos ,Tens olhos tambellos luzindo amatar.

Cantàra—te as fallas s onoras d ivinas

Do collo tam alvo dulcís s imo arfar ,

Das fac e s mimo sas tam puras ce céns

Tamlindas que a bri sa vemle da be ijar.

Mas que p ôd e um trovador

Sem laúd e sono ro so

Sem linda Musa que insp ireDoce canto harmonioso ?

No alaúd e d e spre sad oDe sfer ir comme igo ard o r

Que pôd e me squinho bard o

Se ap enas ve d e samôr ?

2“ LIl IA POÉTICA

São cobertas as pare d e sD

'

aureas red e s

Sobre panne s d e se t im;O pavimento é juncado

De bro cad o

Com laivo s d e carmezim.

Vejo em c ima d o s tape te s

T re s bofe te s

De finís s imo cbarão

São d e nacar guarne c idos

Imbutid o s

De mad re—p e rola são .

De rramambrand o s o d oresAlvas flore s

Em seus vaso s d e c o ral;

De marfimjunto a uma jarraA guitarra

P end e ao mo d o o riental.

Em c aço ilas d e alabas tro

Como um as tro

Entre as nuvens d o rme luz

O fumo , que ve rte o lume ,

Co'

o pe rfume

Do nard o e ambar s eduz.

P e las co rtinas d e smaia

Na cabaia

Do s ol e vivo fulgor ;

De smaiad o vem sumir- s e

V emfund ir—se

Na phantas tica d e scer.

oU COLLECÇAõne p oe sras sronemvã s . 215

No aromatico ambiente

Vaga a mente

Sonha louca e cega e vãa

Embriaga—m'

a um d e sejoMas que vejo

Sobre e s te fre ixo d ivan

A'

clarid ad e lasc iva

Semi - viva

Se re clina com d esd em

Uma o dalisca fo rmo sa

Como a ro sa

No s jard ins d o vas to harem.

Um CAFE TAN fluctuant e

Elegante

De d amasc o côr d e céu

Com arabe s co s d e p rata ,

Se d e sata

Lhe d e scãe qual solto veu.

E revelia outro ve stido ,

Que é c ingid o

P or d o is fio s d e rubis

De gaze branca d e s e da

Que arremed a

Da auro ra o s manto s subtis .

De azeviche longo s , bello s

O s cabe llo s

V em- lhe no c ollo po isar ,

V em be ijar- lhe o niveo se io

N'

um anc e io

Palpitante a so luçar.

216 LIZIA POÉTICA

Que faus to sa s ingelleza

Que lind e za

N'

e s se toucad o não

Se a sultana mais d ile c ta

Do p re phe ta

Seu n u oce as s im trará.

O rn p o c x e d e ve ludo

Baixe tud o

Combo rla d'

o iro no fim,

Sobre as mad e i xas d e scobre

J o ia nobre

De d iamante s um jasmim.

Mas não e , não e tão pura

Tão segura

Das jo ias a ni tid ez

Como a luz d o s olhos d'

ella

218 1.1e p o e r rc x

Eu sou soldad o e d e Move rte ao camp o

Altivo c o rro e scuto a vo z da glo ria ;

Mas d epo is da pe leja , tris te encaro

E strago s da vic to ria !

Deploro a vãa ce gue ira a furia brava

Que a banhar—se no sangue a gente obriga ;Abo rreço st canhão o fe rro infe s to ,

E a falsa honra inimiga !

Sim Marilia outra glo ria não pre tend o

Que d e teu puro amo r se não d e rive

Triumphar d e teu pe ito só d es ejoOutra ambição não tive .

Em te u se io fi rmar me u thro no intento

Abafar em teus braço s te rna chamma

Longe d'

intrigas e raivosa invejaGozarmais jus ta fama.

Lisboa, 1 d e fevere iro d e 1835 .

J os i Ba s s ano Tra vass o s Vamu .

A NLW'

EMSINBA .

:Cuanalto vuela n i mente !

D. ne R i vas .

th do vias e a ve—s h i n!O &am pranb d

'

m a

Vhs mille r no emm e ?

e U con e cção ne p o e s ia s MODERNAS. 219

O favonio mal bafeja

A tua cauda engraçad a ,

Como vas ufana e be lla

Nuvems inha p ratead a.

Irás vêr o s aure o s facho sD

'

algum as tro d e slumbrante ?

Ond e vás ó nuvems inhaCom teu requébro galante

a

Se rás be rço d'

alguma aguia

D'

e s sas rainhas d o vento

Se rás ummanto que offusque

Arrojad o p ensamento ?

E'

s uma nuvem é s ! e no teu collo

Quemme d era voar na immens idad e

Levand o o d o ce archanjo que eu ad o ro

E a lyra namo radaAmeu p e ito casada.

Eu então— ouviria d o TejoOs cad ente s murmurio s suave s

Sentiria o p e rfume das flere sE o s sonoro s go rge i o s das ave s .

Sentiria das vagas altivas

O s e s talle s na p enha frago sa

E o rugir d o le ão re i d as feras

No s d es e rto s da Lybia areno sa.

Ouviria o s que ixume s d o bard o

Que d e scanta no c imo da s erra ,

E ouviria o s gemid o s pungente s ,E o rufar dos tambore s na guerra !

t rau m a.

E o que me dm , d o mundo

Os encanto s e pavore s ?

O d o ce cam e

O

Estallo s da vaga

Fere s leõesOs que ixumes

E e rufar dos atambores ?

T inha um anjo para encantosT inha os encanto s d e verso ,

T inha por lei te uma nuvem,

E po r casa o universo !

E o que me dava d o mundo ,D

'

e s te mundo tão perve rso !

Ond e irás oh ! nuvems inha

Navegand o pelo es paço ?

Oh ! que e d'

aurora o pranto

Vas colhe r no teu regaço

J onc e Gm uenue Lou r o Plu s.

m msn roe'rrca .

Se Barba—roxa um tro pe ço

A meus triumphe s só é ;Se crusa o Me d i te rrane o

Na sua ousada gallé ;

Se na Sic ilia se emNap ole s

O povo e smaga co'

o pe

Se altivo Tuni s me usurpa

Só para ao till'co agradar

He iod e remil- a que impo rta

Do s seus muro s e c olar ?

Se não tem fome tem sed e

Mand e i—lhe as aguas co rtar

—Mal—pe c cad o ! grand e emPre sa

V o ssa gente não n'

a fe z

Flammengo s que la mandas te s

Não Não Nemn'

ummez.

E'

fe ito , que só

A he spanho e s —A um po rtuguez !

DomLuiz ! s e ha quem se aifo i te

Vamos que fôra um pe ãoDe ra- lhe eu para o s eu e s cud o

Dera—lhe illus tre brasão .

E vo s sa lisura infante

Vou pagar d ou- vo s Milão .

—Dom Carlo s ! não que ro pagas

SouDom Luiz Dem n'

o se i .

Que ro me d e rs e s ta empre sa

Para a gente d o meu re i .

T enho fi dalgo s—Mandat os »

—O turc o aqui vo s trare i .

Não ha duvida s e und o re fe re J ac intho Fre ire d eAnd rad e , que o impe ra o r Carlo s V ofl

'

e re ceu então , o

ducado d e Milão ao infante D. Luiz, seucunhado , a quemtractava com particular cortezia.

e U con e cção ne p o e su s mone e e ã s . 223

II.

Vae DomLuiz a galo pe

No s eu cavallo andaluz

No broque l d e p rata fina

Que ao s raio s d o s ol reluz ,

Sobre asQUINAS d e d iamante s

Leva p o r t imbre uma c ruz.

Vae p o r entre as brancas tend a'

s

D'

e s s e lus tro so arraial

Brancas , c omo as ave s marinhas

Que po i sam n'

um areal

V ae bus cand o , entre o s mai s terço s

O te rço d e P o rtugal.

V el- o n'

um c ombro flo rid o

Ond e e s tão e s se s p endõe s

Lá se d e scobrem ao longe

Sobre as armas o s brasõe s

Gou rnmo s e ve n en o s

Ane o ena s e o s Le õe s .

Me tte a passo o nobre infante

Sofrea o co rse lvelo z

E co'

o s sonho s d'

e s ta empre sa

Cuidand o que vae a sós

Come ça a d ize r comsigoA d ize r emme ia- voz :

Oh ! quem po d era se r bruxo

Para agora ad ivinhar

Deus me perd o e áminh alma

Se com i s to eu fui pe ccar !

Mas a qual d o s meus fi dalgo s

Não s e i a qualhe i—d e honrar !

Eram es ses o s emblemas d os fi dalgo s mais princ is, que acompanharam o infante nesta jornada d e

nuls .

LlZlA POÉT ICA

Ha- d e se r acaso a Tavo ra

Que e cap itão d'

uma ve z

Ila- d e ser a o me do

Nunca lh'

o vi sobre a te z ;

Ao meu Castro ao meu Abrante s

Que a vale r , é p o rtugue z?

Quem se rámai s p ara o fe ito ?

Quem commai s so rte nasceu?

Quem a Deus apatr ia ao povo ,

Mais s e rviços já rend eu?

Quemao re i quem a mim proprio

0 d eve Sou eu.

Tu —Eu. Tu He i tor Be rnarde s

Emque emp re sa me o ccupai s ?

Do meu valor d o meu zelo

Infante , vc s não lembrai s ?

Sou soldad o e vo s s o se rvo :

Infante que me o rd enais

P o is s e rás tu Do meu braço

requer , meu s enhor ?

guas co rtar d e Tunis

tens primor?

Ve re is . Ve re i . Vou cortal- as

Ou eu me não chame He itor.

Traze i -me aqui o e s tribe iro

Meu gine te o ri ental;

Venham cond e s e marqueze sO co rtejo imp e rialVamo s vêr se s e d esp ica

O brio d e Portugal.

e u rormca

Sobre o pened o e scabro so

Umvulto alli e s ta d e p éA

'

sua lança inco s tad o

Como quem n'

e lla tem fé

De itand o o s olhos a'

l'

nnis

Se fôra o E

Gentil fe ito He ito r Be rnard e s !

Lhe brada o impe rad o r .

T oma—o no s braço s o infante

—Vence s te te ns p rimo r .

—D'

ml s ó com POI no r ano

Fóra d e s i to rna He i to r .

boa palawa

Se acas o vo s agrado u

P ond e - m'

a vós d e appe llid o

Que eu senho r po r elle d ou.

Faze is—me ame rcê Curvae—vo s .

A vo s so s pé s aqui e s tou.

—B e ito r Bo zano ! e s te nomePor tal acção no s p o re i .

Dou- vo s brazão n'

anna s NOV AS

— Se Bl. - BE ! o c rzzn , o m ann .

Quand o He i to r voltou ao re ino

App rovou- lh'

o logo cl- re i .

Praias da Povoa d e Varzim se tembro d e 183 .

Ax r o x ro Pentium DA CUNHA.

ou con e cçã o ne p oe su s mene am e . 227

DUAS HORAS BM NIGTHBROY «

Fo rmo sa Nic the roy mansão d ivina !

Que tão grata ao s vivente s que te go zam

Das ventura e p razer ! e ao ente triste

Que a s ombra d e teus ramo s curte as magnasDo pas sad o saud o s o tu lhe ad oças

Os s eus duro s p e zare s c ommil caric ias

Offe re c end o—lhe , grata ao s olho s tri s te s

De teus c ofre s a mil, rico s the so iro s ;J ámo s trand o - lhe ao s olho s lacrimo sos

O fo rmo s o lis tão d e lympha claraQue tuas alvas p raias mansa rega

Ond e o s raio s d o sol s e imp rimem terno s

Ond e a lua re trata o lind o ro s to .

Emteu se io lhe o ffe re ce s lind o s bo sque s

Mudo s Só s e e scuta

O murmurio d o zephiro , ou das aves

O canto fe s tival, em que s e e leva

Do me igo Sabia, cantor d'

amo re s ,O harmonico s om louvand o a selva.

Tamanha s ensação me e o ou n'

alma

Tod o e s te e sp e c taculo sublime

Que alçand o minha voz d ebil e fraca ,Minhas que ixas , meus ais e meus gemido s

Em cançõe s d errame i , lanc e i ao longe ;

E teus e cho s meus male s rep e tind o

No s monte s e scarpad o s s e aco lhe ram !

Eu te sand o mansão porD eus fadad a !

Quempudera gozar n'

e s te teu solo

228 m m r on -

rea .

Amesquinha e xis tenc ia em paz amena !

Da cons o rte fo rmo sa ao p e ito unid o

No be rço d'

alma paz , d'

alma alegria

Vêr c ontente entre amor c o rre r s eus d ias

Sorvend o da te rnura o s d oc e s mimo s ;R ec ebe r mil caric ias d o s filhinho s

Que , o amor e a natura lhe outo rgas sem ;Vêl- os brincar jogar jogo s d

'

infanc ia

P o r entre os bo sque s ou d a p raia ao longo ,

Causand o mil re c e io s amãe te rna

Que após o tr ilho d'

e lle s vae lige ira

Seus pas so s vigiar ; mas e is que volta

Com s eus olho s maguad o s p or s e r baldo

Tal fadiga tomar e d'

improvis o

V êl—o s sahir d'

immaranhad o bo sque

Com o praze r infantilno ro s to imp re s so ;

Ella então d e s te rrand o vão s re c e io s

Ao s e io mate rnal, ligal- o s torna.

Não po sso ! p o rémle vo , impre ss o n'

alma

Os gozo s que frui no teu imp e rio

Dand o livre e spansão as minhas magoas

E vós amíõsos tronco s que e scutas te s

As s entidas cançõe s d e me us p e zare s

Guardai c omvo s e o minha s o rte c rua

A ninguem reve lai meu tris te fad o ;P o is c omo o meu c ondão é vive r tris te

T emo que umamão p'

ra mim s e e s tend a

Que me que ira abrigar d ar um confo rto

A e s ta tris te vid a que só e spe ra

Re pouso a sua d ôr , na campa fria !

Ad eus ad eus ! talve z que s eja e s teO ad eus d e rrad e iro ;

Ennamo rad o lugar , que ao d e sd ito so

E'

grato e lizonge iro .

LIZIA PORT ICA

Serás'

e s tre lla d o s cé us

Sobre e s te prado ca ida ,

Ou a s ombra d'

uma nymphaPe los bo sque s e scondi da ,

Se rás um anjo uma fada

O fanal d a minha vida ?

T eu risa não da te rra !

T eu olhar é lad o c éu !T e u c o llo são fres cas ro sas

Cobe rtas d e branco véu !

Não pod e um tod o tão lind o

O mund o chamar - lhe seu

P are ce s uma llôrinha

Arrojad a pe lo vento

Não me fujas lind a vi rgem

Que le vas meu p ensamento ;De ixa e chaar na tua alma

Daminha harpa um tris te accento

E seus cas tas negro s olho s

No s meus olho s s e cravaram

E seus labio s d e c armim

A meus labio s s e c asaram

P or mil o s culas ard ente s

Mil abraço s s e tro caram

E ra ella E e is accórd o

Tud o fo i uma illusão !Mas no meu p e i to inda rolam

Rubras lavas d'

um vulcão !

Ai ! que o s s onho s d o p o e ta

Fenem tanto o c o ração". V

J ane e GUILHERME Lag ro P lans .

ou c oe re cçaõne p ansu s mam as . 231

NO ALBUM D'UMA SE NHORA .

E'

teu nome um talisman s egura

Contra enojo tri ste za ou p ezar ,

Ond e as somas d ivina Luiza

Ave negra não pod e po isar .

Que fo rmo sura e bondad e

Graça d onaire e franque za

E sparziu a nature za

Commão larga sobre ti .

Feliz eu que pud e um d ia

Pas sar ri sonho a teu lad o

Po rémnão bem d e sgraçad o !

Vou part ir p obre d e mi !

E a trava me squinha

Do bard o igno rad o ,

Se rá mais d i tosa ,

P o is fi ca a teu lad o ;

Por e lla o s eu nome

Se ra rec ord ad o .

Bueno s -Ayre s 1845 .

FRANCISCO Mama Bonn/i t o .

o s e u rum o .

Deux jour n'

attend ant lus mais appd lant encareIl red i ra sa plainte ; e a tro is ieme auro reLai ssant tombe r san aile , ilmourra de d ouleur .

MuLe vove .)

O seu tumulo s ingela"

o tem p e d ra netirÍé tre iro ;'

tem uma c ruz e rguida

Debaixo d '

aquelle olme iro .

em m

Dae lugar , nações ahsqm ,

Dae - nos a nos sa luga ;

Vai abrir da oriente as partas

O eap i tãa d'

além-m r .

Bsn h i to audaz , que id am

Fo i prec isa anassa fama ,

Para c on n e tte l- o un Gu n ,

B umCamões para o cantar !

Quem o pod e ir hoje e rguer ?

E ra Salónmed i tand o !

E ra Ajax a combatte r lNão cança o braço possante

Ganha ummund o ; marcha avanteE vai d epo is como Athlantc

O me smo mund o meter .

Ape zar d e salp icad o

P e lo sangoentamatiz

T raz a saia arregaçada

Transbo rdand o d e rubis ;Ao seu re i leva contente

E stas llóre s d o o riente ,

Arrancadas ao c rescente

Da c'

róa d as Camoris ,

Quand o juba sacud iaO leão acc id ental

Goa arfava Adhem tremia

No seu le ito d e chris tal.

N'

ump sto he rae generºsoDo teubraço glorio so

"

seu ;

Chamas te um re i ventmos o ;Fize ste umpovo immºrtd

os con e cção ne p onen s noum as .

Só—de pe na papa altiva

Do teu nobre galeão

Soltas abrisa lasc iva

O p ortugue z pavilhão ;

É'

s monarcha d'

e s se s mare sE , s enhor d os Ind ios lare s,Tomas pos se d o s palmare sDo Sabayo e d o Hydhalcão .

Entre as d obras da band e ira

P end ente d o mas tareu

lnvolta a figura inte ira

Como emnovo regia veu

Os cas tellas conste llad o s

Revistas como s oldad o s

P ela casta p erfilado s

Pés no mar , frentes no céu !

Cáe o Naire subjugad o

Comassombro d o s rivae s ,A p rime ira ve z pros trad o

Sobre a terra d e seus pae s

Não o imped e fo rça ou traçaPõe o p é na altiva raça

Sobre as ped ras d e Mombaça

Entre as ferros d os Caimacs .

No elephante apris ionad o ,

Sobre um thrana d e marfim,

Ao seu re i manda apre ssad o

O Malayo ouCamorimDe Cambaya nos pavez

'

et? m

Cravf a lança e ,muitas ve zesDo Cale cut nos amenas

Mede as parcas de Cochim.

Aas teus gnerre iro s ôe is

Não encontra : em " a pro cura ;

Nãa lhe s davam a e s tatura

Nemas lnd icas Babe is .

Mas o s Bace ladas novas

Não pod emfi car ali ;Vence s povos sobre povosAte d ize re s : aqui !

No espaço não te c onstrange

Dias às pros trad as phalange s

P o r campa o le ito d o Gange s

Por laisa as se rras d'

Blhi !

'

l'

n deste p or Deus ao s venc id o s

Do teu glad io a fe rrea cruz

Se e lle s ind agam tranzid o s

D'

ond e vens ? quem te conduz?

Logo a replica te o cc o rre

Só o so lmeu be rço co rre

Minha patria nasc e e mo rre

Ond e mo rre e nas ce a luz !

D'

e sse s occe ano s athle ta

Vence s te até no louvo rP oud e a penna d o po e ta

Mais que a ferro d o e sculp tor ;

Emvão , p o rque o Athos d omeAle xandre s e c onsome ;Mas Camõe s gravou s eunomNa face d o Adamas to r.

lo se na SILVA Manne s Lm J uare z .

LIZIA POÉTICA

Formoso Generalife

T eus jard ins eu venho vêrDa minha raça no e squife

P'

ra vingar-me eu vou vive r !

Minha Alhambra namo radaA minha serra Nevada

Tud o tud o eu he i d e te r !

De linda sultana ai ro sa

No s labio s d a côr d a ro sa

He i d e e sgo tar o p raze r !

Nem o iro nemj o ias finasHão d e nunca alli faltar !

Come llas c em c oneubinas

He i d e eume smo ir enfe itar !

He i d e c ingil—as c o

'

as braço s

No s mais las c ivo s abraço s

Sent ind o - lhe o pe ito'

a arfar !

He i d e acc end e r meus d e s ejo sE mata!—o s commilbe ijo sE s cutand o - as susp i rar !

Nunca mai s a fria no i te

No d e se rto he i d e s entir !

Nunca mais que fo i aço i te

Fo i uma s ina cump rir !

Sobre um co x im d e bro cad o

Eu sonhare i sonegad o

Suave s canto s a ouvir !

Em vez d o s p ranto s d'

outr'

o ra

Eu ve re i alli ago ra

Me igo s labio s a surrir !

Nuncamai s a solard ente

Minha fronte ha d e que imar !

Que da patria o ceu clemente

Seus fi lho s não quer matar !

250 LIZIA POÉTICA

Roje o chris tão d e sleal !Eunão po s so te r p iedad e

Que a suffo cou a saudad e

D'

e s s e meu be rço natal !

Ai ! meus paes choraram tanto ,

Qualninguem inda cho rou !

Fo i tão c ontinua o s eu pranto

Que o sepulchro lhe s cavou !

Eu seu filho Abence rragem!

He i d e ter to da a coragem

P'

ra matar quem os matou !

Arrastaram- me ao d e se rto !

Sou leão ! E vejo pe rtoA pre za , que me insultou !

Meu cavallo , tu não cances !

Galopa a bomgalop ar t

Talve z na patria d es cance s

Ao cahir d'

e s te luar !

Galopa , que a no ite e sp ira ,

Que fel amargo da ira

Sinta as entranhas queimar !

Meu cavallo aminha te rra !

Que me chama a voz d a gue rra

E não po s so mais e sp'

rar !

Oh ! Treme i , gente s da He spauha !

Aqui vae o vo s so algoz !

No sangue , que as ruas banha ,'

Vou t ingir me u albe rnoz !

vel- o - he is to d o ve rmelho

R e tratand o c omo ve lho

As sombras d e meus avós !Do meu cavallo no d o rso

Eu s e re i c omo o remorso

Corrend o p or entre vós

Fu ncrsco J osé Panama PALHA.

252 LIZIAPORT!“

A N OIT E .

Amo o s ilenc io da no ite

O azul e scuro d o ceu

As d ensas nuvem a rantes ,

E seupranto que verteu

Entã o a te rra s e calla

E o mar bravia ce de u

E o negro mo cho agaure iraSeu canto emmud eceu .

Amo o s ilenc io dano i te ,

Quand o suave instrumento ,

N'

es t'

ho ra faz olvidar

Agro passad o tormento

Quand o leve sussurrando

Fre sca aragem brand a vento

Apresm'

ad o no s traz

Algumnovo pensamento .

Amo o s ilenc io da no ite

Quand o em lua p rate ada

Moduland o amenas verso s

Os d irijo minha amad a

E quand o tod os d ormind o

Só eu vejo d i spe rtadaA minha so rte cruel,

Minha so rte malfadad a .

Ama o s ilene io da no i te ,

Lembrand o antiga paixâo ,

Sonhand o as sanho s d e amor

Que gomnmeu coração

ou co rr e cção ne p ansu s uonn nas . 2l3.

Oh ! então s into e lamento

Só ficar re co rdação

De ssa agora javolvidaMe iga terna s ensação .

Amo o s ilencio da no ite

Quand o c ontempla a d ormir

O somno d e um inno c ente

Que d o rme sem o sentir

Que só ideas fague iras

Em sonho s lhe po dem,vir ,E que d os males da vida

Não sentiu o seu pungir .

Amo o s ilenc io da no ite

Quand o d onzella fo rmosa ,

Me iga tri s te e pensativa

Na voz languid a e mimosa

Solta gemid o s ao s céus

Aguardand o mui saud osa

Por seu bem que em longos terras

Passa vida tão penosa.

Amo o s ilenc io da no i te ,or,

Contempla o immenso pode r,Seu grand e e infinito amºr

Então ufano quize ra

Se r sublime Trovad o r

M e d ieàra ameu Deus

Doces cantos d e primor .

E jáque a lyra não vibroCam s onora melod ia

Cantare i como cantou

Poe ta d'

altamagia

LIIIA nom e s .

Como é be llo e s te s ilenc io

Da te rra tod o harmonia

Que ao s céus a mente arrebata

Che ia d e me iga po e s ia !

J ane iro , 22 d e outubro d e 1858 .

J o s e DA Sa va Mau Em e nta .

DUAS ESTR ELLAS.

No céu re camad o d e luze s semfim

T enho uma luzinha que um anjo me d euLibrada no e spaço d i stante d e mim

Ha outra , que é d e lle tam triste , como eu.

Nas ho ras mais tard as das no ite s d'

e s tio ,

Eu vi as luzinhas ouvi - as fallar ;

D'

anil entre as aguas d o patriameu rio

Seu fogo mil ve ze s lhe s vi re tratar.

De no i te , nas fragas lascadas d o s mare s ,Senti a tam ente na rocha bramir ;Fite i o s meus o lho s n'

um c éu d e safi ras

E a e s trella eu vi d e lle p'

ra mim a s orrir .

Seu fo go d ivina que as s imm'

insp irava ,

Por veze s brilhante no s c éus fulgurou ;

Mas nuvemmald i ta que o s are s toldava

P'

ra s emp re ameus olho s s eu fogo oc cultou.

Vague i d epo is d is so no s campo s sós inho ,

Nemmais vi a e s tre lla que anjo me d eu ;Sente i - me nas rochas and e i sob

Fugiu-me d o s olho s pe rd ida no céu.

Pe rd i ne s ta vid a vive r insp irad o

Find au—me d e rate c e le ste co nd ão ,O mund o brad au—me com bafo ge llad a

Na te rra que habi tas e tud o illusão .

J . Acom.

256 m m vam u

J á rompem gallo s s e u cantar ; rep icam

Led o p raze r os bronze s que balo içam

No s to rreõe s da Sé ; já lavra ac ce s o

Confus o vaguear , trºpe l d e po vo

Fe rvend o pe las praças refe rvend o

Nas ermas ruas . Me ia—no ite ! a mis sa

V embre ve me ia - no ite ah que e streme ce

O nobre D. Gun nur. Lá se e rgue ,— e lindo

;Que lind o , que não é !— c omo lhe as sombram

A lisa face imbe rbe as annelladas

Mad e ixas d e azeviche , —em que o barre te

Dobrad a e carmezim tinha co s tume

De realçar a graça ago ra nuas

R e voltas po r suamão c onvu lsa ard ente .

Que rico e seu calar ve lud o e p rata

V elud o negro o se u g ibão ; são negras

As mangas e d e annil,— d os véus mais puros

Que empre s ta umpura ceu ao lago amênoDo s lírios na e s taçã o : d e annil as calças

Mo s trand o ai rosas formas que o s scopros

De Phi d ias ou Canova a cus to o us aram

No jaspe d ebuxar , que mo rrem pe rd em—seEm p re to bon eguim ;— lavrad o c into

A bempolida e spada lhe sus tenta

Que pend e a re luzi r na saia e scuro

Como o longo co ris co a sulcar fe rvid o

Os told es d a p ro ce lla ;—e raio a e spad a

J á fo i a vidas mil —gravou infamia !

Na face a eamp iões ,—que havend o jo i as 3

N'

ellas e D. Gum m quem semp re vem ;

D. Guannnl , tod o amor que modulava

De BRAGA no s saraos earp id os hymnos

No te rno bando que se casaram

Com trovas namo radas que o mancebo

ou corre cçaõne r oe s ras no onan s

Ousava sole trar no s labio s tremulas

A D. ELV IRA ne GUSMÃO que o be rço

T ive ra nas He spanhas em Sevilha

Sevilha amui louçã , ai D. E lvira

A vida lhe dairou ; amaram- se ambas

E como se ad oravam!—zmas que abrolho sP or entre e s sas boninas rebentavam

Que e sp inho s , que remorso e que ciume s !

; ELLA nos braço s d e FERNÃO d e um e spo so !

Zêlos zelo s Fenuaõ fôra a castella

Ficara ELV IRA só.—Na Sé quem

Se fallar- lhe podera ah ! pod e .—Arrojos

Quemnão comme tte ? Pód e . Occulta avis o

Rec ebe D. Guar a ra . Irã se p e c ca

Peccas se embora ! ha d e ir . Pec cas se embora

Emno ite d e natal Punge a remorso

No pe ito Me ia no ite E is que re p icam

Garrid o s s ino s outra vez. J cobre

O ro sto com sombre iro e já se e scond eEmhumild e gabão ; benzeu- se , e parte .

Vac mansa a no ite ; a lua emp rata alvís sima

Banhand o a vas tid ão d'

e ss e ho rizonte

D'

e ssa varzea subtil emque as papo ilas

São d'

o iro a fulgurar , nas tard e s ho ras

Nas ho ras mortas d o vive r , pairava

Qualpomba d e marfim co'

as azas nítidas ,

Saud ad e s a cho ve r ; a verte r branda

Álvas'

p'e r

'

las d e luz s obre a c idad e .

Disc orre Braga inte ira: as e vão rancho s

D'

alli d'

aqui , d'

além. Sorvend o as turbasNas rend ilhadas fauce s d e granito

Campea a cathe d ral; nas largas fre stas

De variegada cór—borbulha incerto

eso e ra rom c s

A'

carm a nos ums ? ! vae ce rto , e ahi dentro

&Que impo rta quem lá jaz ? Que valemmo rto s

;,Que impo rta quem lá jaz? Entram—BLW !

Lhe grita me iga voz— Ee vm l— e a louca ,

O louc o D. G r anma: lhe cáe p ro s trad o

A rir , a e rgue ram- u mbo s

Pallaram mui to e mui to : o que d iz iam

N inguem pod e sabe r . Allim,— eu juro ,

O moço lhe bradau , eu juro Be r n a

P o r e ss a chamma que ali vela acc e sa

E pallida e c onvulsa a luz da alampada

Crep ita e morre . Deus , Deus meu !—De E nna

O rosto sem rubo r , vae ace itar- s e

No pe ito d o d onzél;—Er.vma !— e c erra- a

Nos braços D . Ge ae nm , aque tens ? ;,que teme s

;,Que temo ? ;. P o is não trevas que e stam

O no s so amor ? ; Que e u juro , E nna ,

P or e s s e mo rto que ali d o rme Oh ! cala- te !

Po r D. Lau m ea que c e ifou oh ! cala - te !

Po r D. Lom a ço , pro fano !—E trava

Do braço a D . Gr a rnm mão fe rrea e to rpe ,

Que vem d a e s cur id ão z— p rofano !— e e scoa - se - lhe

P o r entre o s d ente s , a range r—p ro fano !

151.v d e sma iou. lntenta o moço

Intenta d efend e r- se ; a e sp ada ai tri ste !

O e s pe c tro lh'

a arranc ou ! forceja em bald e

Que rija e rud e mãoo p rend e o puls o

Lhe quebra e d e s pedaça e mud o e lobrega

De roja pe la e rás ta o le va , e le va—o

V .

V inha a gente da m s s a no c arr o ,

V inha a rir a c orre r , a folgar ,

E is que pára e s tremec e e recua

Que viu co isa d e muito pasmar .

ou corre cção ne p o e s ras aroneanas . za:

E s tend ida no me io da te rra

V iu ao baço clarão d o luar

Ummanc ebo com cem cutiladas

Que mataram ali mal p e sar !

Como fi o s d e“

roxo s co rae s

T em o sangue ainda mo rno , a manar

P e las galas , que tinha ve s tidas

P e las galas d e cus to s em par .

Fai—se a gente chegand o e chegand o

Fo i - lhe o lívid o ge s to amirar

E J e sus ! D. GUALDIM ! clamam tod o sQuem cuidam de as s im te encontrar !

Fo i aSé n'

uma tumba levad o ;V ão a crasta para o s epultar ;

Na e s p e ru no s ne rs D. ELVIRA

Foramqueda e s em vida topar !

J áno céu d espontava o s olnad o

Vinte pad re s o s vão ente rrarN

'

umas campas irmãs bem chegadas

Que só mo rto s s e pod emamar .

J á lá vinha d o c ima d o s monte s

Vinha o e scuro d a no ite a c e rrarOh que vulto me d onho e sombrio

P e la cras ta que vem d e vagar !

Sobre a campa d o s d o is malfad ad o s

V êl—o triste e varad o a fi car

Ora ri , ora geme ara cho ra ,

Só não pod e ped ir , nemre se r.

Da côr alva gos to mui to ,

Ne ve fo i and e eu ard i ;

Eu ad oro a rmarena ,

J á po r ella enlouque c i ;

Eu gos to da bocca br eve ,

Que só 11'

um be ijo abrangi ;Gas to d e tud o que é lind o ,

De tud o bello que eu vi .

Anori .

SE U S DOTBS .

Em seus labio s um surriso

E'

a luz d o paraizo ;E o c o rar da face lind aE

'

d e sabrochar da ro sa.

Que a manhã c o'

a sua vindaDebruçou n

'

has tea mimo saPara inveja das mai s flôres .

Gu am .

Que cantaras trovad or ,

Se bem soube ras cantar

Se bem soube ras travar ,

Que fize ras trovado r

Cantara qualque r beldade

Que tive s se uma alma pura

Po i s que d o céu e figura

Pureza n'

uma d ei dad e .

ou corre cção ne POESIASnonenaas . 253

Que cantaras trovador ,

Se bem soube ras travar—Eu quizera so cantarDo bello e pura a fulgo r .

Prepara já trovad or

Alaud e harmoni o so

Que ro cante s pre ssuro sa

D'

uma beldad e o primo r.

D'

ELLA , tam pura e lind aCanta d o p e ito a brandura ;

Canta tambem a te rnura

Que temno s olho s infinda !

Canta—lhe o surrir d ivino

Que surriso s e scure c eP o i s veze s temque pare ce

Um surriso matutino .

Canta seu p orte gentil,

Sua face tammimosa ,

Côr de neve e côr d e ro sa

Demons trand o graças mil.

Canta a collo mui airo sa

Da virgemmai s casta pura

J unta a tanta formo sura

Um co ração e xtremoso .

Canta o s d o te s d e

E s se s não po d e s cantar ,

Nem s'

elle s pod em juntar

Que d'

e s se s tem ella a palma !

Canta mais ó trovado r ,Virtud e que n'

ella mora :

Que cantare i eu agora

Se fo ste s vós seu cantor

m mm

In a cante i fmna rram

Ou um de lirio de amor ,

Id e - vo s pois , unem ,

Se en cante i sua be lleza .

lanc em Aus na'ra na CUNHA Palm .

AWMP'r'a gb ria d e s cantar d

'

es te alma dia ,

Qui sera po ssuir eburne a lyra ;

Quize ra em som cad ente , alçand o o cal a

Meu canto d id'und ir po r tod o all e ,

Ee tavel proela- aad o o h ço ly—o

Que hoje vae ligas—te — ó par di e s e !

Ped ira as hençães do cea

Para ti , é par amar e i ,P ed irav lhe que a vmtu a

Te surris se m alv a .

E da consorte formo sa ,

A quem surri me iga e strella

N'

es te d ia emqu'

e lla de ixa

De virgem, doce capella ;

Camara a parte gentilAs virtud es sublimadas ,A pureza d e su

'

alma

As graças d ivinizadas .

Mas ai quanto arroubado u dilata

Meu intima d e sejo ! quandõ apenas ,Qual triste flôr que nem aroma e xhala

Só po s so inscreve r em trova humild e

Afartunad o par , teu nome egr egio !

de J ane iro 2 d e d ezembro d e 1848 .

J oaaunr Aucusra na Canna Poar o .

o u cont racção na POESIAS uonnnm s . 239

Diz jus tiça amór e gloria

E d irá tambemvic to ria

Um d ia em bocca leal

Quand o Deus quize r d e novo

Faze r- lha co'

as mão s d o povo

Um e te rno pe d es tal.

Mas em quanto ess a ho ra tarda

Que ro - a na lyra sagrar

E da terra que lb'

a guarda

Os d e sejo s 1amandar ;Lá ond e o canto d o nome

Ira que o tome

Como e s ta no co ração ,

Que d'

aqui nem d'

aco fino

O punhal d 'umassas sino

P od erá raspai - o não .

I oaõ na Lus os Smn s CASTBLDO

A O N D A .

O Do rme . A face tumid aNão lb

'

a lace ra o tufã o ;

Ap enas axaragembumida

Be ijar- lhe vem o cachão ;

céu, que refle c te e puro ,

E'

d'

um azul tão seguro

Qual saphira d e Ce ilão ;Nã o n

'

o tolda a nevoa baça

Que pouco a pouco , ameaçaHórrid o e negro bulcâo .

Dorme e quebra a onda clara

Nas raias que lhe traçara

D'

umDans mm mo amão .

ou con e cção as no s s a s s enan as .

A S R O SA S .

La vir inolla e s imile a la ro saCbe

'

a e l iard in su la nativa sp inaMentre so a , e secura , sr ripo sa.

ARIOSTO ORLANDO .

Gos to das ro sas sem che iro

Debruçadas na ro se ira ;

Embo tã o e todas brancas

Que é a côr mais verdad e ira .

Mas nunca pud e apanhal- a

A ro sa d o s meus amóre s ,No cante iro emque ella vive

Tambem vivem outras flóres .

And ou-me a ro sa e scond ida

Emquanto em bo tão vivia

Quand o eu quiz ir lá colhe l- a

Fo i tard e murchad o havia.

P o is e ra bem linda a ro sa 1Até fo i me smo p e ccad o

lr c olhe r ante s d e temp o

Um fruc to nâo sasonad o

Ali po s ta na ro se ira

Cubica fazia ella

Mas ir co lhe l—a é malfe ito

De viam ter pena d'

ella.

Eu po r mim bastante tive !Era melho r que e lla abrisse

E'

ve rdad e que em cre scend o ,

Perd ia tanta me iguice !

o o con e cção nr Po s su a uonn u s . 267

P o rémnem o fad o

Nemmão oppre sso ra

No s pod e roubar

Umbem qu'

é p enhora

De Deus Cread o r .

Carlinda attend e

T eu tris te cantor !

Sejamo s unid o sNa patria d e Deus !

Rec ebe o s meus vo to s

Meus vo to s só tens

Nasc id o s d e amor

Que te rno te envia

T eu tris te cantor !

J ane iro 9 d e d e zembro d e 1868 .

J o s i: na Se a Mau Fal am“ .

A U M B E IJ O .

HontemLilia d eu-me umbe llºCom que inda and o hoje a s c ismar ,Nem s e fez d a côr d a ro sa

Nem tratou d e d isfarçar !

Porque fo i que o dar umbe ij oNão a fe z a côr mudar

—Era frio , me smo frioComo a neve a conge lar

E c om tud o umbe ijo d'

e lla

Pod e o mundo incend iar !

Po rque fo i que o que

Não sabia

268 me ra POÉTICA.

- Den-m'

o e d i ss e—s cam" . UI am o

Semno s labio s me roçar ,

Não toque i no s se us d e rosa

Por não ter p'

ra que tocar;

Como fo i que a tal ins tanc ia

Pód e umbe ijo "e sp

- S'

tava immens o gente a verá-nosViram bem o be ijo dar ;Ninguem vi u nem fo i p

'

ra es sa

D'

e s se be ijo cr it ic ar.

Po rque fo i que umbe ij o dad o

Não d eu causa amurmurar

Tanta d i ta enlevo tanto

Ninguemmai s pod e go sar ,E com tud o ao dar- me o be ijoNem s ent i o pe i to arfar

Porque fo i que um céu de gase s

Não me soube

- Ah , já se i , e qne a fo rmosa

De ra o be ijo grac ejarOu talvez que o

'

spe rd içára

Emquemnão sabia

Louca id ea o pe ito ard ia

Mas o be ijo era d o mar ! !

Povoa de Varzim 15 de novembro d e 1847.

D. J oAõ n'

Aznvano .

LlZIA POÉTICA.

Novo anno sê bemvind o

Que nas ce s te s d e sparzind o

Almo rid ente fulgor

Oxalá no teu c o rre r ,

Eu a d imane o praze r

No s tranc e s da minha dôr !

J ane iro Lª d e J ane iro d e 1849 .

J o s onm Anens r o na CUNHA Pont o .

UMA NO ITE DE NATAL .

(Na Ig r ej a . d e 8 .

Natus e st J e sus .

1.

O'

Templo sacro santa ! insp irae -me

Em novo s carme s , suave—grato incensoPara d o Mund o ao nad o Red empto r

Bymnos d e glo ria , em sublime s ve rs o s

Pulsand o a lyra ufano offe re cer !

Mai s um canto p ie d o so agora entôe

Quemmaguas d e Christão no pe ito sente ,

E que ante ti , Deus tão pod ero so ,

Curvad o humild e implora d e seus e rro s

A venia tua , ó Lume aivini tente ,

De princ ip io uno e trino egregia prole !

ll .

Tange tange ó a mpanario ,O teu tange r fe s tival,

Que é hoje d ia sagradoDia d o Santo Natal.

ou cont ração bnronsu s uons ax a s .

Como c orrempre s suro sas

Velho s moços e meninosAo teu Templo sacro santa

Entoando d oce s hymno s .

Como brilhante s se adornamMoças bellas e garridas

Para no Templo rezarem

As rezas d'

alma nasc idas .

Ne s te re c into sagrad o

J a voze s harmonio sas

Doce s soammavio sas

Em um cantico inspirado .

E'

um p salmo repe tid o

Po r cem boccas fervo ro sas

Comoff'

rendas p ied osas

A s euDeus Homemnascido .

A e s se Deus encarnado

Conc ebid o emNazare th ;Prome ttid o nos sa Fé

Por no sso Deus mui sagrado .

O mys te rio abracemo s

Damelhor das prophec ie s

J á é nad o o grão Me ss ias

Hymno s d e glo ria entoemos .

Tange , tange ó campanarioO teu tanger fe s tival

Que e hoje d ia sagrad o ,Dia do Santo Natal.

E a pal ( by- nos m , :p s e aos Cens s'

ele vava

t fú M p m m ,

l io dc lane iro , Zõ d e dm bro d e im .

J o s i na SILV A Mau fu l l—A.

QUERIA nas QU' m o i n s?

(cançao )

He i d e cantar- lb'

a d ebaixoda sua ge llozia .

De sejava minha amada

Te r d e fad a o p od e rio ,

P'

ra d ito so possuir

Do teu p e ito o s enho rio ;

A ti , a quema canção

Agora saud oso envio ..

m u rom

Que ria da id ad e me d ia

A so rte d e mene stre l

Que pagavam ho spedagem

Com tangere s d'

infi el

Dar d epo is d'

es ta canção

Roubar- te um be ão d e me l.

Eu quize ra mas qu'

importa

O que re r d'

um d e sgraçad o

Se não sou nem Lamartine

Nem Virgilio afl'o rtunad oGarre tt Dirceo ou Camõe s ,Nemmene s trelnamorado .

R io d e J ane iro 1847 .

Cm o rmo Hmnlouxs Land s .

É íàãàâ .

São seus labio s côr da ro sa

Me iga voz harmonio sa

Sáe d o s labio s d e carmim

São as transas côr da amo ra

Seu olhar é como a auro ra

Suas fac e s d e se tim.

T em a boomme iga e breve ,T em a tez da côr da neve

T em no s olhos mago ardo r ;Fulgem humid o s os dentes ,

E realçam transparente s

Dos labios na rosca ear.

c ou ncçaõnnPOESIASnonaauas'

Quand o fi to o s olho s n'

ella ,

Sinto o pe ito , que me anhe lla

Como as vagas d'

alto mar ;

Quand o emmim s eus olhos fi ta

Sinto n'

alma que se agita

Do céu um raio pas sar.

Para fartar meu d e sejoDeporia um cas to be ijoNo s s eus labio s virginae s ,

E se em troca fôr pe d ida

Sim dare i a minha vida

P o r umbe ijo e nada mais .

ANTONIO Farma nnSERPA P IMENT EL.

UM SEGBEDO.

Dize—me que s egred o te revela

Tua harpa harmonio sa ,

Quand o a no i te d e rrama sobre a te rraSua luzmys te rio sa?

Dize - me d e teu pe ito po rque soltas

Um susp iro d e amór

Se d a alma o p ensamento te d escobre

E sp erança ou temor ?

Ou po rque sente s d a harpa pelascordas

Lagrimas re svalar ;

O u s e e s sas melancolicas cad e iras

Cantos para chorar

ª'

“ rm n m .

Occultas te rn n ente ?

li z não , canta e chora

Qne o ni o d e ves d inr

De tris tm oc prm r.

FRANCISCO na (Jesu Ns x m s .

A FANIB ZA .

Semp re amor ! De lír io s sommNunca em paz o co ração ! ?

Ai ! d e mim ! quão po uco vale s

Insana d ebil razão !

Debald e vem ens inar—me gPo r me u to rmento fatal

Que aminha be lla repo isa

No s braço s d'

outro mo rtal

Debald e gritas é crime

Ad o rar Fanirza be lla

Não te e s cuto e crimino so

Que ro s e r ; mas pensar n'

ella.

Culpe embo ra meus e x tremo s

Seve ra voz da ve rdad e ;

Po rém tu ah ! tuPanitza

De meus erro s tem p iedad e .

278 sum m a

a n u s-Im o

e m .

- o sa.

x o ” u m a“

w â ' m o m m nns n mn - a u m ,

Se

h m Es .! s so .

Se d e m im d'

Esmyrna a lyn houve ss e

Banque sabio vilsron e tm a r- ss ,

Que se evd os mw oa- J avn an n ond oa ,

De sabio Uli ssesmonhs tmte Achílle s ;Se d e bard o d e l i nhas d ivo canto

Dad o me houve ss e da p oe s ia o Anjo ,

Dúlia canção vibrára n'

aum lyra

Que perennalâze s se e ste almo d ia ,

q ne audu de sfraldaste as brancas velas

A'

mente tua navegand o ufana

Pelo tumid o mar das sabias le ttras .

P ilo to e xímio conduzis te a salvo

Vmce nd o es co lhe s áspe ro s baixi o snic o baixe ! que enc e rrava quanto s

Do irad os sonho s fo rmulad o havias

E ard ente s vo to s d e e x tremo so Pac ,

Da carinhosa Mãe vehemente s pre ces .

Após fad igas d '

accurad o e stud o

Colhes te alfim ambic ionado premio

N'

alta sc ienc ia d o Britanno Nelson

De verd ejante myrthe a fronte enramas .

Surriramme igo s d o sabe r o s geni o s

P'

ra quem se us cofre s d onairoso abriu

Das cas tas Musas franquea d o os templo s.

ou co rr e cçã o na POESIASm o r enas . 279

E ia ! p ro segue ail'

oute n'

amp ine strada

Q'

ante teus olho s s e d e sdobra immensa

P renhe d e gloria , d e thes ouros rica .

O trilho segue d e p re claro Ignac io

Imi ta s eu valor , sabe r e x tremo .

As d e lic ias faz d'

umP ae

Que te vo ta ard ente amôr ,Sê gloria da te rna Mãe

Que t'

ad o ra com fe rvor.

J ane i ro , 4d e d e zembro d e l8ã8 .

ANTONJO Panama na Coan Ju m.

Seu Thio o lllm. Sur. Cap itão d e Fragata J oaquim

J o sé Ignac io .

V E R SO S T R IST E S.

Elvira que re s uns verso s

Que sejam terno s s entid o s

Que re tratemmeus gemid os ,

Que e xpre s semmeu puro amór?Se e lles são para o s cantare s

V ou travar d a minha lyraE ve rás como susp iraO pe i to d o trovad o r.

282 m u roun d s.

Alguem ha que a cus to s of re

Da mulher o jugo humano ;Dizem s e r duro e tyrannoQue a alma pro s tra varonil!

Mas teujugo me ennobrec e ,Cada vez s eu mais d ito s o ;Não pod e se r d e shonro s o

Teu ro s to amar tão

E se eu s eguro e s tive sse

Que pormim amôr tu s ente s

P ro te s to s mil vehemente s

Me ouvire s p ronunc iar.

Como então me iga e scutaras

O s ais d a me lanco lia ;

Como então te rna po e s ia

Tu quize re s insp irar !

Mas s e não cantas meus ve rso s ,P or evi tar a tris te za

De spre zas da nature za

T e rna voz a voz d'

amor !

Eram teus , mas não o s que iras

Nem os le ias linda Elvira ;

P o is que o s sons daminha lyra

São t riste s echo s d e d ôr !

Lisboa 18ã8 .

J o s é Os o rno nnCas 'rno Caran . Au nouna our .

282 LIZIA POÉTICA

E qual louca maripo sa

Que namo ra tod a a flôr ?Mas re se rva a mai s fo rmo sa

P'

ra be ijar commai s arder ;Be ijo o s e io que palp i te

Amo a alma que se agita

Mas e scolho a favo ri ta

P'

ra lhe d ar o meu amor .

Faço—a rainha , e s enhora

D'

e s te ard ente c oração ;

Amo - a tanto , quanto ad ora

O P rophe te o Alco rão ;E baixo a fronte orgulho sa

Sob o s seus labio s d e ro sa

Quand o o s d e sce rra vaid o sa

Como a ro sa d o J apão !

Que m imp orta a Europa a

Não temco isas como cá

O surgir d o Sol aqui

E'

d iffe rente d o d e lá ;

La não e struge o bulcão

Nem ha uivo s d e Leão

Nem o arabe , no chão

P re s ta a fronte po r Alla?

Se lac re sce a larange ira

Pe las enco s tas d o val;

Aqui , vic eja a palme iraSobre as ondas d

'

e real

Mal aqui romp e a manhã

Sae o arabe d o K an

P rend e c inta o yataganO trabuco e o punhal!

ou coc rz sçxo na ve r su s manau s . 283

E se no s are s se atêa

lgnea chama e rouco s om

Sae fervente co'

a aréa

Nas golfadas d o Simnau ;Roja o corpo , e vaga ince rto

Sobre as ondas do d e se rto

A co rre r emle i to abe rtoComo as aguas d e Ced ron

Mas s e das garras d o p'

rigo

Eu me e scape com valo r ;

E a vi s ta d o inimigo

V em trazer—me outro maio r ;Então parto a toda a brida

Como um raio na c o rrida

Embebend o em cada f'

rida

O meu se d ento furo r .

Venha aqui o viajanteContar fe ito s la d o Cid

Que se me ponha ad iante

A d isputar-me o Dge rid ;

Que lhe po sso aqui mo strar

N'

um só golpe que he i d e dar

A cabeça a rebollar

De cepad a n'

e s sa lid e .

Traz embraza a fronte ard ente

Quando nasc e aqui o s ol;Fe rve o sangue d o o rienteNo matutino arrebol

Ergue a fronte sobe rana

A Naka que já se ufanaDe mirar a caravana

Serpeando aridamolle .

28 11 EDTA POWE RRoe d mveja aos p o tentad o s

Meunico manto d'

Emir ;E meus cofre s entulhad o s

Do o iro puro d e Ophir ,

E scameço do s pale iro s

Se manto quize the so iro sRui ganhal

—o s entre lo iro sCo

'

o s golp es que eu se i brand ir

Sou senhor e sobe rano

Do s d e se rto s té Sahara

SouArabe e Musulmano

Das tribus d e força rara

Sou d as orlas d o o riente

Sou Emir d a fo rte genteSou da raça mais valente

D'

e s ta plaga não avara .

Lisboa, 1848 .

UM AN J O .

Eu jáfui anjo ! J á tive

Azas brancas d e satim !

Cingia—me então a fronte

Alva c'

roa d e jasmim !E ra pequena innoc ente

Surria tudo contente

Tud o p'

ramim e ra BEM

Vind o a noi te ajo e lhavaEnguia as mão s e re sava

Bor.alma d e minhamãe !

A nn a . .

Em POÉTICA

Mu d e no i te ,— â me sma ho ra

Vei o un anjo e sem demora

Dire ito ao cé ume levou !

Era umso , e não hrincímos

Nem sur nemno s falámos

Em quanto o anjo vo ou !

15t o 0611 era

Quasi morta a sua

Só vi a V irgem Maria

Cho rand o junto da cruz !

Em vez d e e scolhe r aque lla

Lembrou—me logo a donzella

su m ame i !

E mais lige i ro que o vento

Me d e sc e u o pensamento

Para a te rra que d e ix e i !

o n b o o o o ç o o o o o o o o

Logo que o meu pensamento

Lige i ro tem d e sceu

Caíram—me as m s brancas

Ache i -me fora d o ceu

De sd e então tenho cho rad o

Po rque me ve io o pe ca d o

As alvas roupas manchar ;

Po rque em ca s t igo a minh'

alma'

ão pod e co lhe r palma

Que o cé u ao jus to ha d e dar !

FRANCISCO J o s i; Pmm s PALI A.

um PORTE L.

Myste rios ! A cada ente

Deu Deus a cump rir no mund o

Se u condão

Murmura a vaga cad ente

Da lua brilha jo cund o

O clarão .

A ro sa 0mphyro ad ora

As rolas pas sam a vid a

A geme r ,

As brisas amam a auro ra ;

E minha s ina d e s crida

E'

so ifre r.

Aur omo a uu nnSERPA P la nur a .

J A NAO QUE RO SER P OETA .

J á d e ixe i d e s e r p oe ta

J ánão vibro a lyra d '

o iro

Lvra que um anjo me d eu

E ra tod o o meu the s o iro !

Do que serve o s e r po eta

T e r c o ração para amor

Se a bri sa da d e sventura

Da e sp e rança myrrha a flôr ?

J á não amo d o c repusculo

O mys terio so véu

Quand o a no i te cobre a terra,

Quand o a lua sóbe ao céu.

LIZIA POÉTICA

Mas a minha fé mai s viva

A que temmais duração

Aque tenho por se gura

N e s te mund o d'

illusão

E'

n'

um ro s to que no s olhos

De ixa lêr o co ração !

LUIZ AUGUSTO X AV IER nx PALHEIR II .

O RAMO DE ALE CRIM .

Triste imagem d e minh'

alma

P obre ramo d e ale crim,

Para d ar—te a uma ingrata

V ou roubar—te ao teu jard im.

Vae s d e i xar o tronco amigoQue te deu vida e amparo ,Como eu por ella d e ixara

Tudo tud o o que me e chat o .

Váe s roçar as mãos formo sas

Os d o ce s labio s que eu amo

Quemme d e ra s e r d ito soComo tu o pobre ramo !

Mas no ramo bem d ep re ssa

Bem d epre s sa vi meu fad o

A ingrata d e ixou call—o

Pobre ramo abandonado

ou coc cncçaõ DE r ousu s uonn m s Q M

Ao s pé s d'

ella jaz o ramoMurcho e tr is te sobre o chão ;

Murcho e tris te ao s pés d a ingrata

J az também meu co ração .

O raminho aband onad o

So il'

re mud o e sem dar ais

Tambem eu so il'

ro mas amo

A ingrata cad a ve zmais .

1837 . Ant on o FRE IRE nu SERPA Prunm n .

o MALM E QU E R .

O'

d es te - me um malmequer

No teujard im apanhad o ;

Ce rto o raculo d e amór

Se rá po r e lle e sfolhad o .

Po r tuas folhas me revella

Segred o s que só tu sabe s ,

A ince rte sa d e minha alma

E'

bemnorinha que acabe s .

Tuas mimosas folhinhas

Arranque i com minha mão ,

E d is s e um quano a p rime ira

Que alegroumeu co ração .

R e spond eu-me logo umm ur o

A s egunda d e encantar ;

Ummurr o que d e p raze rFez meu p e ito palp itar.

ou con neçAõ Dl m u s Ironm as'

296

a sse rçã o HUMANA.

A tod os d euMarilia anaturezaVarias fe ições e genio d iilªerente ,E temos tod os sempre mi lprojec tos

Na nossa e s tre i tamente .

Ambição d e sme did a no s inilammaE os varios genio s s emp re emnós atiça

Ninguem ha que a mane ira não e stud e

De fartar a cobiça.

Umo s me io s procura d e se r rico ,Te r explendi da casa e [auta mesaE em seus brasõe s d ez monos e sculpidos

Ems ignald e nobre sa !

Outro que é rico já po r mais aspiraE d e seja se r re i d e nobre gente ;Ver tudo ao mand o seu curvar fronte ,

Serquas i omnipo tente !

E quem ser re i alcança janão s oti'

re

Que hajam limi te s avaidad e sua ;Sacciar seus d e sejo s só entend e

Demand a a s orte a un.

EuMarilia tambem a mui to asp iro ;Ganhar d e sejo um d ivinal the so iroQue empreço e raridad e e ssas e xced e

O rico me tal lo iro !

Po s suir teus encanto s eu quizera ,

Teus cuidados e tua mor te rnura

Despréso da fortuna outros favores

Não quero mais ventura !

J cs i Bm m o Tu vassos Ven n .

A UMA m m .

DEDICADO A0 Sl .

3 . ha 5 .m. .tl.

Genti l infante innocente

Fo i Eu s que d ocemente

Sobre os labios —d e rubis

T e imprimiu com te rnura

Do ce be ijo de candura ?Contas n

'

um ris o a ventura

Que tua vez bemnão d iz.

Sentis - te o seu niveo braço

Unir - te ao se io d'

amor

P ormui te rno e s tre i to laço ,

Commate rno almo fervor ?

Com d oce inno c ente inle io

R epo i sas—te em cas to se io

De me igui ce s d'

amot che io

Tua face d e cand o r

Como brincas , innocente !

Como e s te nd e s a mão—l inhaComo pare c e s contente

P ra quemme igo t'

accarinha?'

l'

ua vida é só folgar

De e ollo cm collo a pular ;T od os te vemafagar

Gonc amui tcnra ponbinha.

um vem

O Pºllllh .

Buge o d é sp o ta fe ro z ;

E o innocente e ond emna

A so fh'

e r barbara pena

Quand o ,;inte rna , aguda voz

Sentiu : fê l—o s oc cumbirSeu cas tigo

—no po rvi r.

Góra a tímida d onze lla ,E o rubor , que a face M ammaE

'

clarão d'

acc e sa chamma ;E

'

amór , que o p e i to anhella ;Váe ced e r : e a re s is tir ,

Dá—lhe fo rças — o p o rvir.

J á o animo lh'

abate

T eme p e la p ro pria vida

Sold ad o , que a vê pe rd ida

Emho rn'

sono combate ;

E is , seu valor faz surgir

A d eshonra no porvi r.

Co rre a vida sem ventura

Seu negro tio sustém

Que d olo ro so vae—vem

Na lo isa da se pultura

E s tá p ro x imo a partir ;A e spe rança no po rvir.

Contenha embora o pas sad o

A mais te rna d ivind ad e ,Do co ração a saudad e ;

Não pôd e se r comparad o

"ou corre cção na s ensu s mam as . ª“

A um só raio d'

espe rance

Vida e luz do coração ;Incerto , me iga illusão

P eso , na vi tal balança

Astro d e vivo luzir

Que só encerra o porvir !

J unho d e 1848 .

J o s emar DA COSTA Casca e s .

anc onnAçõ rzs DA P ENINSULA.

V E TERANO .

Eu sempre que fallo das no ssas façanhas ,Me s into orgulho so d e s e r Portugue z ;

Que são ellas tantas tão grand e s tamanhas

Que nunca que eu saiba ninguem inda as fez.

Bem se i que ellas perd em d o muito que valem

Em s e rem contadas , d e scrip tas p or mimMas como ellas foram bem pouco s as sabemNão he i d e d e ixe i—.as morreremass im.

Vac nellas a honra vae nellas o nomeDe no s sos brio so s , valente s avós

Se a terra d e hamuito s eus o sso s consome

Do que elle s fize ram lembremo - no s nós .

Lembremo s , que o s lo iro s por elles ganhados

São d elle s , são no s sos , são d e s ta nação ;

Nem ha quempossa trazer d e sherdado s

De co isas que a fama d eixou tradicção .

LE IA ron-

rms .

Chronica das velhas antigas memorias

O tempo mal pod e faze i—as mo rre r ,

Que foram se lladas ao som das Vic to rias ,

De quem sempre soube na lncta vencer .

Ve t'rano na honra ve t'

rano na gue rra

Umvelho soldad o contou-me e sta acção :

Que em versos traduzo po r honra da te rra

Que re ina que vive no meu coração .

I.

Contar o conto seguid o

Não se i eu se o conta re i

Que ne s tas co isas d e guerra

Emque por veze s me ache i

De sfigura—se a ve rd ad e

Sem tenção e semmaldad e .

Contar finuras d as salas

R e pe tir caso s d e amor ,

Contad o s ainda d e le ve

Não lhe s d oumaior valor

Que não ha honras p e rd idas

Nemnisso p'

rigam as vidas .

Falland o d os camaradas

E'

como falle r d'

E l- rei ;

Que foram todos valente s

E portugue zes d e le i ;

O s d e hoje são d 'outra raçaMelhor fôranão te r p raça.

Ve t'rano fiz as campanhasDa gue rra Peninsular

As c icatrize s d o velho

Dão - lhe d ire ito a ralhar

Qu'

inda agora se não d era

T eraqui outra Albuera !

ou corre cção nu r oxsu s no rm as . 303

E eu jure i vingar- lhe amorteComo s e fôra d e irmão

Para m'

ir nas avançadas

P edi ao meu cap i tã o

Alcance i . Que elle sabia

Qual a dôr que me do ia.

A outro d ia houve ataque

Como não me lembra ver

Mais renhid o pelo s no s so s

Mais tenaz em d efend e r !

N'

aquelle troar profund o

Par'

e ia acabar—se o mund o

Só a mimme não lembravaMai s que a pe rda que so ii

'

ri ;

Atire i—me aos parapei tos

Tão cego que nada vi :

Se eunão tinha ali vontad e

Que não fosse a da amisad e .

Sóme lembraram as bellas

Dep o is d o fogo acabar ,

T inha ja duas no corpoSem d e talme recordarSe as p od era ter sentido

De sejand o havermorrid o !

Francezes que lá ficaramA

'

conta d'

aquella acção

Se chorou alguempor elles

Só se fo i Napoleão .

Para não te remamóresBastavamser invasore s !

m rs p on te s .

Quem dera o seu sangue po r vêr resgatad o

O solo Opprimid o d o s eu Portugal ! !

Vinguemos - lhe todo s o fad o inhumano

R ezando p or alma d o pobre ve t'

rano .

Lurz Ao cus 'r o X avrsn nu PALurzmll .

SE EU NA TERRA ACHASSE UM ANJ O .

RESPOSTA A A. DE MELLO (s . LOURENÇO .)

Achares

Não acharas

Quemo sabe Deus talvez !

Alva e sp'

rança

Tud o alcança

Não a pe rcas uma vez !

Por pharol

Qual arrebolQue o pensar te vae abrindo ;

A branca estrella

Que entre as trevas'

stã luzindo !

Inda que avejasSempre ment ida

N'

umleve sonhoT e passa a vida !

ou cou ncçaõ na p os sa s nor raaas 30?

Se por ventura

R eal te fôr ,

T e rás na te rra

Um céu d'

amor

L. A . me smo na Sa'

.

BEL-LE I A SEM AMOR .

DEDICADO A'

ILL.ulla SR .

ª

ill.

Carlinda quere s ouvir

A revelação d o amór

Repara mas sem punirO teume squinho cantor

Linda es quallinda ro sa,

Iguãlas uma De idad e

No mundo não ha beldad e

A'

tua s emparidad e

A”tua tão p rimoro sa.

Uma paixão lisa e pura

Gas to s tempo s jaroubaram,

Uma fe s em ser p erjuraSó o s antigos mostraram.

To das nos labio s cand o rAlfe c tammago sorrir ,Castas queremd iliund ir

Almo s gosos sem sentir

Bemcontrarios ao amór.

INDICE .

aANc rs c o JOSÉ PERE IRAA

'

mo rte d e meu

Co imbra

Canto d oMo iro

Minha Patria

A um ro x inol

Um anjo

RANCISCO MAM A BORDALLO .

No album d'

uma Senhora

Ac rN'

ruo AUGUs r o ne SANT'

ANNA VASCONCELLOS0 d e sengano o

O P obre s inho

J oÃo n'

Azr—zvl—zuo .

Fani rza

Umbe ij o ,

Ac om .

Duas e s trellas

Do que eu gos to

BAP T ISTA n'

AuamnA GARRETT .

Fºr bem i s s r —D s r

na LEMOS SE IX AS CASTELLO Ba

Alca ce r K ebir

Lua d e Lond re s

A Libe rdad e

Não cho re s

Ao s eu nome

OAQUm AUGUSTO DA CUNHA Ponr o .

Anno novo

LISIA POÉT ICA

CºLLECÇM)DEMESESMODERNAS

AUCTORES PORTUGUEZEB.

PUBLICADA

P OB

T OMO QUARTO .

R IO DE J ANE IR O .

fazer - lhe s ameno r apo logia emno sso abono

s e rvem Só e s tas e s cas sas linhas d e pre venirao s amante s da LISIAPOETICA que c ontinua

mo s a sua public ação c om o me smo ard o r

e patrio tismo que s empre lhe vo tamo s .

Rio , 6 d e jane i ro d e 1849 .

LlSlAPºETlCA

GOi .-LBGÇAO DE POE SIAS MODERNAS

DºAUCTOBES P ORTUGUEZES.

” co m m u n i s“ .

IPCDIBIH! (Bªlbo

Minha Patria , não morre ste

Tu d o rme s p'

ra d e scançar ;

E ssa luz que ao mund o deste

Had e d e novo brilhar.

As naçõe s temno i te e d ia

O me smo s ol te alumia

T ens d'

um Deus a sympathieQue por e smero te fez ;De tuas pas sadas glorias

Conta-me o Do iro as memorias ,Conta-me o Sad o as vis to rias

Do meu s olo Po rtuguez.

Bemfad ou—te a natureza

Oh te rra d e P o rtugal!

Ninguem t'

exce d e embelleza

Na Europa não tens rival :

Teus brio s tuas façanhas

Tro ixe ram raças e s tranhas

P elo s valle s e montanhas

Do no sso p ingue torrão ;

Teus filho s fo ram temid os

Foram d e Deus o s mais qu ridosA um e um e scolhid o s

P'

ra aquelle solo christão .

Von. Iv.

5 8 6

G igante , no duro pe ito

Milnaçõe s fize s te e rgue r ;T eu braço forte e ra fe ito

ra outro s mund o s sus te r

No oc eano d ebruçado

Teu braço viramalçado

Co rrer livre e des cançad o

O pano ao mund o d o sol.

Viram—te lue ida fronte

Como d e chammas ummonte

Bri lhar po r tod o o ho rizonte

Qualum im enso pharol.

Do Mondego as aguas puras ,

Murmurand o mansamente

Contam—me nossas venturas

Havidas sobre o cre s cente :

Ainda ha pouc o o meu T ejoCho rou comigo ; e com pejo

Me revelou seu d e sejo

A'

s pe rguntas que lhe fiz ;

E d e meus pranto s cançado ,Pare cewme te r soltad o

D'

outro s tempo s re cordad o ,

Umnome Mart imMoniz !

Inda ha pouco o vas to oc eano

Ond e meus prantos ve rti

Altivo , raivo so ufano ,

Não fo i sonho Eu bem ouvi !

Murmurou d os cavos fundos

Inda uns hymno s moribund os

Aquem juntounovos mund os

A'

minha te rra natal;Ouvi o nome d o Gama,Do vate que mais m

'

intlamma

Ard en-me no p e ito a chamma

D'

umfilho d e Portugal !

a l l e

Minha patria , não morre ste

Tu d orme s p'

ra d e scançar

E ssa luz que ao mund o des te

Had e d e novo brilhar.

As naçõe s temno i te e d ia.

O me smo sol te alumia ,

Tens d'

umDeus a s ympathieQue p or e smero te fez.

De tuas passadas glorias

Conta-me o Do iro as memo rias ,Conta-me o Sad o as victo rias

Do meu solo Portuguez.

J ane iro , l d e jane iro d e 1849.I . Arom.

E sta p oes ia é a quarta producção d o Sr. J Abo imquepublicâmo s nas paginas da LISIA Po r c ; a prime irae com o titulo d e—No Bou J ESUs acha- s e a pag . 167d o te rce iro volume ; porém s emo nome d o aucto r , emconsêquenc ia d e o o riginal d

'

ond e fo i e xtrahida o nãoconter tambem.

As outras duas DUAS Esm nnAs e Do QUI: EU

e ósr o—acham- se . a pag. 254 e 253 d o mesmo volume .

Soubemo s commuito prazer que o Sr. Abo immand ouimprimir a conecção :com le ta das suas poesias sob o titulo d e LIVRO DA HA ALMA.

UNS oLnoS.

AO ILL.mo SR .

ªntonio art eira ba cros ta ã ubim.

Eu vi uns olho s mui lindos

Mas onde o s vi não d ire i ;

P orém confe sso que ao vel- os

D'

Aonio a d i ta inveje i .

Busque i por ve ze s o go sto

D'

um volve r d'

elle s gozar

Era emvão po r qu'

e sse s olhos

C'

o s meus não pud e encontrar.

Mas alfim, s emp re tentand o

Sobre o s meus o s vi pairar

Quand o um cravo d e sfolhava

Talvezme smo sem pensar.

.E vi oh c éus esse s olhos

Brilhar combrand o fulgor

E os seus raios abrazaramE ste meu pe ito d

'

amôr .

V i que p'

ra ti tão sómenteE sse s olhos se volviam

Não quizmai s ver e sses olhos

Por que me não pe rtenciam.

Rio de J ane iro M d e jane iro d e 1849.

J OAQUIM FERRE IRA DAv AGUIIIARZES.

9 15 4:

Ao meu lind o Portugal

Do mundo lind o ro sa]

Patria minha tão saud o sa

Dú- lhe sorte venturo sa ,

Dú- lhe vidamui d i to sa ,Da- lhe encanto s gozo s mil

Dá—lhe os bens que já não gozaDa- lhe aspe c to senhori l.

Que aminha te rra ainda sejaQuer na paz ou na peleja ,Nação fo rte resp e itada ,

Que sulque o Tejo , ufanada

Qual outr'

ora , forte armadaE que no s m a i s lo ng iquo s p ovos ,

Como em época afamada

Mand e le is co s tume s novos .

Tambempeço p'

raminh'

alma

Fermosa Virgemq' a palmaVença ao meu ard ente amar

Que em seus olhos comfulgor

Se e sp elho d'

alma o cando rE que tenha um cas io p ei to

Ond e imbaba c om fervor

Meu affe c ta tão pe rfe i to .

Alma cand id a semvéu

Como os anjo s lad o céuComo linda , branca rosa ,

Q'e sta vida d e sd i to sa

To rne d oce , venturo sa ;

Que bem saiba comp rehend er

De minh'

alma carinho sa

Seus enlevos seu querer.

9 19 6

Nesta hora mys te riosa

Vela o sabio inve s tigandoP elo s e tfe ito s as causas

A causa prima buscand o .

E eu ve io sem ter p rinc ip ios

P re c i sas noçõe s gerae s !

E pre tend o ao som da lyraSer ouvido dos mortae s

Sim minhamusa não temas

Que a luz da razão nos guia

Temo s clara intelligencia ,Naturalphilo sophia.

Temo s e ssa faculdad e

A que chamamrac ioc ini o

E das Filhas da Memoria

Havemos o patrocínio .

E rgamo s d e st'

artc p oís

De sobre a te rra o pensar ;

Que a terra gozar em trevas

Não vale a pena o velar.

Sendo o chaos confuso , informeSó d evia produzir

E ife i to informe , e confuzo ;

Segundo o humano sentir :

Mas eu vejo que e sta Fabrica ,E s te immenso Machinismo

Tem ordemmaravilhosa

Que assombra o mesmo atheismo

Dotada d'

entendimellto

Damate ria ind ep ende nte

Im ortal se re conhece

Com razão sumc iente :

Elia n e , Deus Semp i te rno

Que so is umDe us p ie do solndulgente e não sem ;

Po r e ss enc ia hond ad o so :

Que d o mor-td que m em

V o s res p e ita e re conhece ,

Que ama o seu s imil lante .

Com cuj o mal s e entristes se

E que d'

alhe ia fa u na

Não sente a meno r inveja

Vós have is comp ade ce r ,

Os e rro s lhe d e sculpand o ;

Tanto mais se ne s te mund o

T e ve um fad o mi s e rand o

P orém que s ino se tange

De qual te rre se d esp rend e

E s te som s agrad o a Deus .

Que minha lv ra suspend e?

E'

d a torre d e São Bento ,

Des se famo s o Mos te iro ,

Ond e ame ia no i te em ponto ,Se louva ao Deus M

b ºõ e

Santos varões imagino

Sahindo dos dormi torios

Para as Aras da clausura

Fazend o genullexorios

E entraremno sanh ario

Com s ilenc io se pulchral,

Cruzadas as mãos no p e i to

Na forma d o ritual

Dado o s inal re sp ec tivo

Emanthyphona começam

Hymnos prec e s voto s graças

Que ao s alto s ceus end eres sam

E atravez das gelo sias

Se e scapa o santo stridor ,

Que sagrada insp iração

lnfund e no trovador.

Elle s oram, como euum

Ao Sento Deus d o Sião ;

Que a mis e ricordia e stende

De ge ração emgeração .

A'

quello que só d'

onvil- o

Os ahysmo s s'

estremec em;Os jus to s tod o s s e pro stram;As trevas d e sappare cem:

Aquelle d e quem eSpe ro

Ete rna paz e d e scanço ;

Que ventura cá na temla(b ento não alcanço .

(June d e no ite o louvo r ;

Não mais na lyra s'

e scutem

Harpeje s d'

umm d or .

Rio d e Jane iro 12 d e jnlho d e 1867.

n'

Ouvr

F inda V irgem'

d o Amnonas ,

N seuue teu'

l'

rovad or !

e h ! quamme d era nes t'

hrn ,

a vossa voz d e cand or .

O uvir aM a dns be llas

ep e t ir-me o s en amar !

Rio Jane irº. 12 d e iane iro d e rs ss .

J os s na Sun I an Plu m a.

Oh ! que d dr angus tiad a

Lacerada

Em s eupe ito s'

infiltrou

Que se Deus lhe não valera

Suppozera

Que no sonho se tinou.

Mago sopro d e Senhor

Nesta dd r

Sancta reza lhe insp irou

Que rezand o—a p ied osoVenturo so

Logo logo melhorou.

E es ta reza que d o pe i to

Satisfe ito

Murmurand o re ve lava

Era reza contris tada

E ens inada

Por seu hemque tanto amava .

Era trovamui saud osa

Fervorosa

Gravad a emlettres d'

o iro

Que pud ibundadonzella

Pura e bella

Lhe oll'

erton como the so iro .

E o thesoiro era prenda

Com legenda

Ne ste sonho re velada ,

E ra trova virginal,

Sem igual

Por seu amar insp irada .

9 28 e

O'

Deus d e minh'

alma ,

O'

d oce cand or ,

Dos jus tos a palmaer De mund o Senho r ,Uni o meu fado ,

latão d e sgraçad o ,

Ao lado sc ismad o

Do meuTrovado r !

Jane iro 18 d e janeiro d e 1859.

Jos é na Sa va Mu s F'n-n m .

um DE REFRIGÉRIG.

Quem pod e livrar- se por venturaDo s laços que amar arma brand amente

Canoas , Lm nas , C. 3 .

º

V emsentar- te Virginia àgrata sombra

Da coma e xcelsa da gentilmangue ira :Bepousa o c orp o teuna fres ca re lva

Re spira a d oce brisa lizonge ira

R epara calm aqui me o il'

e rta oc culta

Allivio ao estivo sol que nos sepulta .

Se as graças que ced eu a namAo patrio ninho meu aqui se de ssem

Se os trihutos , que paga o clam'

l'

ejo

A'

luzitana cdi -te aqui viessem

Qual Eva,quand o emgraça,“ d iria ;I

'

m paraizo eterno hahi tarias !

9 304

Olha o cacho gentil da banane ira

Ond e a vis ta se enle va ao vel- o lo iro ;

Do irad o -azul fe rre te gaturamo

Alegre vembe ijar—lhe os pomo s d'

o iro

Namoram sua flor os he ija—llore sDo seu ne c tar mos trand o - se amadºre s .

Re para no granivo ro c olle iro

Que o ve rso seu re c ita ameno e d ino ;Como attento se mo s tra c ompas s ivo

Em onvil- o o c anario matutino !

Quem sabe se o tris tinho em sua cad e ira

De alguma ho rrenda ingratid ão se que i xa

Olha o ninho suspenso no jambe iroOnd e e s te sabia so r o so impe ra;Attend e com que d o c e melod ia

Dive rte o caro bem que amor lhe d era !

Ella me iga re sp ond e ao s seus amôre s

Só tu, Virginia , é s fi rme em teus rigore s .

Que praze r , minha bella que ventura

Não d e vem no s sas almas te r unid as !

A s no ssas almas s im, que n'

um so vulto

Pare çam só d e um ventre p ro duzidas

A le i da sorte ass im no s é pre scriptaCumpramo s quanto a jus ta le i nos d ie ta .

Ne s te mund o Virginia amor é tud o ;

Ninguem d i to so vi ve em s o led ad e !

Não core s nem surrias , que não

&m amor d eparar fe lic idad e !

A le i da Red empção amor p res c reve

Amºr a to d o s fe re ou tard e ou breve .

D s l -6

Ao ver- se só encara o Deus po tente

A côrte augusta e santa que lhe ass is te ;

Mod e lou—se d epo is fo rmand o ao homem

De on- lhe o paraizo e via- o tris te !

Alegre só to rnal- o po d eria

Um anjo sem o qual é no ite o d ia !

Mas o anjo e ssa luz que anima ao homemAmulhe r po r quem elle all

'

ronta tud o

E'

alma errante que requer um corp o

Um corpo varonil umforte e scud o :

Sem e lle é nau s emleme , as ond as dada

Sem e lla o triste humano é gelo é nada !

Lá namargemd a lymp ida corrente

Que e s ta salsa camp ina vae banhand oAttend e ó be lla como alegre canta

O p e scad o r as red e s conce rtand o

Alegre canta por que temao lad o

Um anjo que na te rra lhe fo i dad o !Crês tu que ass im contara

Não Vi rginia ; maguas só lhe ouvire sR epara em sua e sp o sa como te rna

R isonha e scuta as amo ro sas lyrasve como o tfrend e o p e i to a s eu filhinho

E o choro lhe afugenta a tal carinho'

!

Imita , Virginia , imita o quad ro

Que a sã natura aqui te offe rta ingente

Marc izio amar- te mui to e se r amad o

Que e x iste d e mais puro e d e innocente

No s braço s meus a quem te ad o ra unida

Oh Que d o ce Que d oce vida

d e Jane iro 21 d e jane iro .

Cazumno Conana D'

ALME IDA Ponrue s a .

A onmx a s a uno s a .

? o rque havia banharminha fronte

E s sa e strella que as arte s conduz

Se mal ia a d o irar-me o ho ris onte

Surgemnuvens e toldam-me a luz

Uma glo ri a que e u tive ond e é hoje ?

Umas palmas , que eu t ive ond e e s tão

Murcham palmas a glo ria já foge

E só re s ta a lembrança d'

então

A lembrança que e te rna se aninha

Aqui d e ntro que e te rna ha d e s e r !

A lembrança d a e s trella que eu tinha

A saudad e d e ago ra a não te r !

E que longa que amarga saudad e ,

Me não tem lá guardad a o p orvir

Se da patria em c rue l o rpband ad e

De e s trange iro s o pão lôr pe d ir !

Negro pão talvez po ssa encontre i- o

Enge ita d a d a te rra natal !

Mas o c éu ond e he i d e ir p rocura!- o

E s te c éu só d o meu P o rtugal

Se no e x ilio alva e s trella d as arte s

Lame pod e inda be lla bro tar

Que me impo rta ? ! he i d e 1a ne s sas parte s

H e i d e a terra da patria avis tar

Que me imp ortam d e e xtranho s o s lo iro s?

Que me impo rta e s sa gloria d'

além?

T em acaso e strange iro s the so i ro s

Co rnque paguem a p atria a ninguem

9 36%

Não tem não ; que inda o pranto ve rtid o

c s nas praias do Tejo com dôrE

'

mais bello que o riso tingid o

Que lapo ssa empre s tar—me uma flôr !

lima ao: Se tambemne ssas terras

Houver te rra que as talvez !

Mas que as haja que cubramas se rras

Não as quer coração po rtuguez !

Oh ! Que não ! Que d as rosas d'

outr'

o ra

Inda as folhas que o tempo se ccon

Ind a as guard o c omigo , inda ago ra

Po r nenhumas nenhuma as d ou!

Mas ai ! foge—me a e sp'

rança: Ai ! que foge !E se res ta a lembrança d

'

entã o !

Uma glo ri a , que eu tive , ond e é hoje ?l as palmas . que eu tive , ond e es tão

? !

Lisboa , 1858 .

Jo ão na [.a- o s Se i x as Ca s rm o Bu s c o .

% BQ Q

s , mulhe r , um c ompo sto d o infe rno

E d o abysmo e d o mar e das furias

Das a morte é s remóra ou s e re ia

Com teus labio s d e calvas mellurias .

Se d e amar a mulhe r são o s p remio s

E s tas f'

ridas que tenho que p enso

Não have r melho r fôra nas c id o

Ao que n'

e s te unive rso é infens o .

Chor e i muito d ep o is mas embald e

O meu fad o a p o bre za e c egue ira ;

Chore i mui to e d ep o i s a razão

Amo s trou- te na luz ve rdad e ira.

E tu rias sonhava s em quanto

M inha pallida fac e o rvalhava ,

Cada riso d'

uns labi o s mentid o s

A minha alma o tfend ida e smagava.

Mas li ceu- me no p e ito uma f'

rid a

No s pulmõe s que teus are s re sp iram

Mas encanto s que outr'

o ra cuid e i

Nem o cuid e s p'

ra sempre fugiram.

Eu pod ia e o universo sabêl- o

E u p od ia , e teu nome s oltar

Eu pod ia—que ao ouv ir um talnome

V ia o mund o e as ave s parar .

Mas não eu e spe ro o futuro

Que já vejo no horis onte raiar ;

O s teus labio s d o vic io apod rid o s

E teu co rp o d e verme manjar .

9 406

Nemmais busque s mulhe r ard illo sa

O meu pe ito já c inza atear ,

Qu'

e s se s fogo s que outr'

ora acend es te

Não o s pod es crue l renovar.

d e Jane iro 1864.

Cama ra o Hn nronns Laç os .

O “ M TA .

No alto d e umme nte p o r selvas bo rd ad o

V i via um velhinho bem an os havia

Passava o se u temp o lavrand o o se u camp o

E amad o po r tod o s a tod o s se rvia .

Se havia d i sputas na ald e ia vis inha

Co rrend o iam to d o s ao branco e rmi tão

E o bomd o ve lhinho com fallas p rud ente s

Calmava a contend a p regand o união .

Se a tenra d onze lla temia o s fe itiço s

Qu'

arte iro lhe armava lad ino amad o r

Lá se ia ao e rmi ta pe d ir- lhe cons e lho

E o velho a safava d o s laço s d e amor .

Se o bello manc ebo cho ro so contava

As penas d e amor qu'

alllic to curt ia

O ve lho d izia—lhe his to rias ant igas

E o tri s te ald eão contente surria .

g liºe

A T UA AU SENCIA .

AFERNANDESA. FERRAZ.

Ausenc ia d o ce veneno

Que róe s o meu co ração ;

Ausenc ia c omo é d orid o

Emmeu p e i to o teu c ondão !

Ausenc ia , po rque me roubas

O p raze r d a quie taçãoPo rque d o c e d ôr pungida

Me callou no c o ração ?

Das -me c rue l a saudad e

Em vez da s anta alegria

Toma- me o p raze r ventura

Em que outr'

o ra vivia

Váe - te vae—te que é s tão fe ia

Como um nome em campa fr ia

V e s te s roupas d e tri s tura

D'

amarga me lanco lia.

E d e c ont inuo amemo ria

Como algoz , imp io cruento

Lembra c ruel o passado

P elo c rús e paramento ,

Sem que re r põe - se a lembrar

E princ ip ia o to rmento .

Ou qual tigre ou qualacor

De nunca o sangue se dento .

Se fo s se em paga d o tad o

Do cond ão d e trovad o r

Se tive ra um p e i to ao meno s

Que acce itasse o meu amôr

ª q ã õ

Camara em trovas bem fe itas

0c ommeço d'

e s se ardor .

Mas perd oa são s omeno s

Que a ami sad e é d o Senho r .

Nad a tenho ap enas tris te

Mand o - te o meu p ensamento

P o s to que tenha p or c e rto

Rasgarem—no azas d o vento

Que nem che gues a e s cutar-mc

O meu s inc e ro lamento ;

Sinto—o po is que vão abe rto

Do meu pe ito o meu to rmento .

Anjo quand o vagáe s

Entre harmonias s ilve s tre s

Manda um ai manda um susp iro

N'

e s sas ilórinhas camp e s tre s .

Mand a a e s sa so le dad e

O que sos inho , p ensare s ;

Na bri sa que lámurmura

Alegrias e p e zare s .

Saud ad e s tris te s saud ad e s ,

Quand o o cé u c ontemp lare s

No canto d as ave s inhas

Ou quand o a fonte e scuta re s .

Na luamand a a c andura

Da tua alma s inge lla ;

Nas memo rias d o pas sad o

Aquella ingrata— d

'

aquella

Que eu n'

e s ta t r is te aus enc ia

Ouvire i vi ração

ª mº) -a

Quem d e ra , menina que o alvo brac inho

O vis se as s im s emp re tã o puro , ne vad o

Mão s inhas tã o bre ves d e cas tas acçõe s

Qualo ra te vejo no te u bap tisad o .

Menina quem d era que a planta tão bre ve

P ous ar nunca houves s e n'

ummonte e s calvad o

Conte nte brinw ses no valle das llore s

Qualbrincas contente no teu bap tisad o .

Quem d e ra, mas entre o s humano s

Ha pranto s , ha dóre s ha um d esgraçad o

E sp inho s , saudad e s p ro c e llas e mare s

Mas nada , eu t'

o juro no teu bap tis ad o .

P onta d'

Aréa 3 1 d e d e zembro d e 18 -08 .

CHE I CBIS O HENR IQCES LAaos .

MEM OR IAS D 'E LLA .

É s tu só quem na l_r ra me ac o rd as

Aure o s sonhos d'

amor já pas sad o

D'

es se amor que me fe z venturos o

E que ago rame faz d e sgraçad o .

V em te u nome soar ne s ta lvra

E lla geme , c ontris ta , e susp ira

E d e po is quand o d ig o u m rn n ro

Elle a tris te nas c o rd as e xp ira .

E d epo is eu po r t i tão s aud o so

Fire as co rd as e d igo iu s n u

V o lvo o s o lho s ao c éu e que

Po tro nuvens sumir - se uma e stre lla :

Emtard e amena a viração fague ira

Quand o a teu lad o as p é talas mimo sas

V em afagar ;

Tu surrind o—lhe altiva é s como a VirgemQue busca entre d esd ens o arcano d

'

alma

Diss imular.

Entre as tlôre s do p rado é s tuformo saComo rubi cus to so que s

'

e x trema

No vivid o fulgor.

P r inceza da flo re s ta eu te saud o ;

Po s sas grata acce ita r tributo humilde

De meus hymno s d'

amór.

Quand o no o ccaso ao pas so d errad e iro

Do Sol o s raio s ultimo s t'

enviam

Saud o so ad eus ;

quad ro d a innoc enc ia emti contemplo

Na tua p e rfe ição obra admiravel

Da mão d e Deus .

Após curto vive r na e s tiva quad ra

T eu languid o bo tão d e clinaàte rra

Curvad o temp e s tad e ;Inda as s im tens encanto s murcha e sêcca

De ixas le ve p e rfume e após instante s

Só p e rp e tua saudad e .

Ao surrir d amanhã como abre lêd o

Teu calix rubicund o !

Emblema d o pud o r e re ou- te o E terno

Não tens rivalno mund o .

Co imbraA. A. Cam arao

9 5 1 %

O mar em rugid os

P agou-me o s gemid os

O s p ranto s ve rti dos

Nas vagas d'

azul:

Z ombou d e meus zelo s

Cuspiu-me o s cabe llos

Co'

os liquid o s geb s

Batid os d o sul.

A guerra se ate ia

Dep o is e s eme ia

Na vi lla e n'

ald e ia

Da mor te o volcão

O pae c ontra o filho

Se arvo re em caud ilho

P eleja sem brilho

Irmão contra irmão !

Ate ia—se a gue rra

Be tumba na sem

O gri to que aterra

Que abriga chamou

Em nuvens , a prumo

De sangue e de h o

l'

uh'

alma semm e

Bo iand o , vagou.

Mas d'

entre o pe rigo ,

Sonhand o c omtigo ,

P e d ia um abrigo

A'

rixa tenaz ,

E vi , d a vo ragem

Surgir tua imagem

Com alva roupagem

Qual anjo d e paz.

9 52 45

f o i sonho que importa

Se as s imme conforta

Abris te—me a po rta

Ao s gozo s d o c éu ;Abri s te - m

'

a e ntremos

O mund o d e ixemo s ,Oc culto s fiquemos

N'

ummís tico veu.

Lisboa. Julho , 1847.

AN '

r omo Panama CUNHA.

N 'U'

M ALBU M .

Quand o o Senhor envia

O trovad or ao mund o

Faz d evo rar a e s sa alma

Fe l amargo so e immund o

P orque lhe d iz Po e ta

Vae conhecer a te rra ;

Prova d o s seus d e le i te s ;

Prova d o malque enc e rra.

D'

e sse s e d'

e ste e sgo ta

As taças muitas ve ze s

Embo ra d e uma e d'

outra

Ache s no fund o fe ze s :

E quand o bem soube re s

Que tud o é sonho vão ;Que é nada a dôr e o go so ,

Solta o teuhymne então .

5 5 5 45

As santas harmonias

De cantico innoc ente

Sabe - as o alvo r d o d ia

Quando romp e d o oriente ;

Murmura- as o regato

Vibra- as o rouxinol;

V em no zumbir d o ins e c to

No prad o ao pôr d o s ol;

Vivem no puro affe cto

Da filial p iedad e

No s s onho s e e sp e ranças

Da juvenil idad e .

E s ta p o e s ia é tua

Eu já a ouvi e ame i ;

Mas hoj e nema entend o ,

Nem rep e til- a se i .

Ass im meu nome só

E sc reve re i aqui

Somvão inte lligive l

Apenas para ti ,

E xtinc to cand elabro

Do templo d o Senhor ,

Que po r algumas ho ras

Deu luz teve calo r ,

Lenda d a sepultura ,

Que falla em gloria e vida

E ence rra o ssad a infec ta

Dos verme s c orro ida

9 58 %

O pagem as s im cantava.

Do Bo spho ro a onda brava

N'

area partir- se vem.

O pagem seu canto finda

Que chega ali a mais linda

Das od ali scas d o harem.

E'

Sara a i s rae lita ,

Que d izem a favo ri ta

Agora se r d o sultão ;

E'

Sara , d e lind o s e io

A mai s fo rmosa que ve io

Das onzes tribus de Abr'

hão .

Seu ro s to luz como um as tro

O collo tem d e alalns tro ,

Das tranças é ne gra a côr ;

Seus me igo s braços luzente s

São duas magas s e rp ente s

No collo d o grão- senhor .

Seus olho s são c omo a auro ra

Que brilha a um tempo e que cho ra

Nas folhas que a ro sa tem ;Da auro ra sómente o p ejoNão tem que p o r cada be lj f)

A louca re spond e cem

E em vez d o s canto s d o pagem

Que s ons d e be ij o s que a aragemTrazia junto d o harem!Que s ons d

'

amor murmurava !

Do Bo sphoro a onda brava

N'

arêa partir—se vem.

5 59 6

Sac ia torpe s d e sejo sO

'

turc o , que d'

e s se s be ij o s

Comprad o s não que ro eu ;

Sac ia que eunão trocara

Aminha lyra po r SaraCom tod o o d ominio teu.

Sac ia que a libe rdad e

Não tro co po r vêrme tad e

Do mund o be ijar -me o s pé s ;

Que eu amo e rrar p elas vagas

E vagabund o nas plagas

Se r livre qual tu não és .

Que eu amo a voz d o d e sertoAs vagas d o mar inse rto

Da tempe stad e o fragor ;

Que eu amo as fac e s da ro sa

Da virgemmais amo ro saT ingirem- s e d e pud o r.

Que eu amo em ve z de te rnura

Comprada na boc ca impura

De impura vil co rte sã ,

B'

amor furtar o s egre d o

A'

virgem que o d iz ame doVe rme lha como a romã .

Que eu amo s entir o pe i to

Bate r em gozo s d e sfe i to

Se ape rto vi rgine amão

Que eu amo o tempo tão curto

De umbe ijo co lhid o a furto

N'

uns labio s que castos são .

Lisboa 1848 .

ANTONIO Fne rna mr SERPA s mn .

M o d o - v

AO MAB .

Tu gome s tubramas d e no i te e d e dia

Qualgeme n'

aus enc ia fie lamad o r ;

Debald e p roc uras venc e r a barre ira

Que ao le i to em que babitas te paz o Senho r !

Debald e ! E d ebald e procurammeus ai s

A'

bri sa d a tard e p o d e rem- se unir ;

lmmens a barre ira c om e lla abraçad o s ,

V encél- a c om e lla c om e lla a fugir .

Mas bem como as ondas se partem batend o

D'

encontro ao roched o que tentam venc e r ;

Ass im emmeu p e ito meus ais tão sentid os

Lá mo rrem cançad o s d e tanto bater !

S'

ins tante s te vejo soc ego gozare s

Co rtar tuas aguas a lua tão be lla !

Depo is eu te vej o mai s fo rte rugirLançar d e teu s e io ho rrivelp ro cella.

Tambem s e meu p e i to ins tantes momento s ,Ad

'

ec ta so c ego , s o c ego mo s trar ;E

'

p'

ra commais fo rça crue is amarguras

Pe zare s to rmento s s o fl'

re r a voltar.

Que fad o ! que s ina ! que sorte no s ligaTu geme s c ons tante baldado gemer !Cons tante eu gemo semque umae sp erançaMe venha risonha risonha appar

'

c er !

Povoa d e Varzim 3 1 d'

agosto d e 1848 .

J. M. Pinnnmo .

9 65 %

O pobre velho raladoNão pôd e com tal paixão

E morreu, legend a a fi lha

No seu le ito a mald icção .

Não vem bem a quemmal faça ,Começa aqui a de sgraça.

Nisto benzemn—se todo sPara ouvirem o final

Que reza por talmane ira

Que até ouvil- o faz mal

São lenúranças d o c astigo

Que o crime trouxe eoms igo .

Não percãe s nunca amemoriaDe sta mui fi elhistoria.

Passaram—se an os e an o s

Semninguemfalle r em tal;Vee senão quand o uma no ite

(Fo i na no i te d e Natal)T od o s n

'

ald e ia a que ixar- se

D'

algumnovo horrive lmal

Padre ! Filho ! E spºrã o Santo !

Para longe a tentação

.Ouviu- se uma voz ao longe

Como as do s vivo s não são !

Ap rendam todo s aprendam

Ne sta terrivel licção .

Era aquella ruim filha

Que vinha sem se saber

Todas as noi tes , trindade:

9: 6l

Novo s male s comme tter !

Creança que ella apanhava

Nuncamai s vinha a viver !

Diziam tod o s na te rra

Mas nunca ninguem viu

Que andava s emp re surrind o

Desd e o d ia emque fugiu :

Que em camas fe itas por gente

Nuncamais e lla d ormiu.

Pe las e iras e montados

Corria sem d ire cção

Ouvia s empre surrind o

O ribombo d o trovão :

Até s e e sque ceu a tris te

Benze r- se como chris tão

Diziam to d o s auma

Se é ve rdad e não n'

o se i

Que mala no i te baixava

Quebrand o p o r toda a le i ,Vinha a cavallo no d emoContente que não d ire i .

Cre atura que ella achasse

Ficava semmais faltar

Pas sava po r pé d o s Santos

Sem se benze r nem rezar.

T omou- se fe ia , tão fe ia

Que e ra me smo d e pasmar !

Uns d iziamque e ra d o ida

P o r i s so não que ria a paz !

Mas alguem d a sua ald e ia

Mais d o que o s outros sagaz

Logo d isse , que e ramarte s

Do maldoso satanaz !

san- 66 6

Para que não volte àterra

E s sa te rrive lvisão !

Dis se o Bispo e xorc ismand o

Logo após d'

uma oração .

E d e itand o a agua-benta

Fo i - se Sé em p roc issão .

De sd e então n'

aquella ald e ia

Viveu tud o sempre embem.

Nunca ame da rapariga

Appareceu amai s ninguem.

As creanc inhas d a te rra

J áme do d'

ella não tem.

Só a casa emque vivia

Uma no ite ard eu po r s i ,Semninguem lhe d e itar fogo

Ficou c inzas logo ali !

Não me d igamque é mentiraFo i ummilagre que eu vi .

O Senhor que pode tudo

Talmilagre p ermittiu

Inda e viva mui ta gente

Que em c inzas a casa viu.

P od e is te r i sto po r c erto

Nunca a bocca me mentiu.

Olhem o s fi lho smaldo so s

Que não re spe i tam seus pae s

Os cas tigo s que Deus manda

Por e s se s e rro s fatae s t

Apprendam tod o s os filhos

A re spe itaremos pãe s .

9 67 -6

Contar-vos um conto commais singe lleu

Ninguem a sabe !- o por ce rto o fará.

Agora se a velha fingindo franqueza

Por nós o contarmos , d e nós se rira

Não p osso d izel- o ; nem e ssa c e rteza ;

Depo is d'

ellamorta ninguemno s dará.

Lurz Ao e o s ro X avrnn na Pam raur.

O MILAGRE .

AOMEU AMIGO J. G . C.

Euvi teu rosto rasgado

Emsangue todo banhado

Co'

a pallid ez da agonia ;

V i - te abe rta em cada f'

rida

Uma porta para a vida

Que fugir p'

ra sempre q'

ria.

Eu vi teu corpo vergando

Debaixo d o pe lo infando

Da dura fo ice damo rte ;V i - te a cabeça pend ida

Como a flôr que de sp rendida

Fo i d o tronco p elo no rte .

Vi teus olhos d e svairad os

Sem luz , s em tino —co itados !Fitar—se nos olhos meus

Como a buscar o abrigoDo coração d e umamigo

Para d e ixar umadeus !

D GS Q

E o empa todo p isad oDe mil golpe s mac e rad o

Como o Chri s to no Calvario

E os poros tod o s suand o

De negro sangue ens opando

O negro tris te sud ario .

V i—te ass im sem e spe rança !

V i - te as s im d e atroz vingança

Bouco s sons n'

alma bradaram

Vingança sobre o s traid ore sSobre os vis que em seus furore s

Nobre víctima immolaram!

E o pulso que mal

E a vida que se e xtinguia

No e ste rtor na ancie d ad e

No line da tua sorte

Eu vi o de do damorte

Apontand o a e te rnidad e

Mas um anjo d e amor e d e ternuraUm anjo d e pureza e fo rmo sura

Os teus d ias velleva

E ra um anjo da guard a que d e ixaraO s espaço s d o ceu ond e habi tam

E só a ti guardava.

Oh ! não has d e morre r ' Deus é p ie d o so

Pro s trou- se ante o seu throno anjo formo soPo r ti po r te salvar !

Santas prece s comfé ao c éumand ava

Co'

as lagrimas d e amor que ali chorava

llegava os pés do altar.

5 706

ªo ªr . iii . o'

ã bo im.

Qual viage iro p e rd ido

Que choupana i solada,

Humild emente p e rgunta

P or ond e vae a es trad a

Ire i a ummene s trel

Que tem a lyra d ouradaN

'

um campezino arrebil

Ond e bebe o d oce mel

T ens uns s ons tão saudoso s ,

Tão d e ternurae amet

Que o met que bebe s e grego ,Ou surriso s d o Senhor;

E quand o homem gigante

Indajoven trovad orR ecord e s a nossa te rra

Portugal qual

Tens uma lyra tão d oceCujos sons vão imi tarP o r entre as folhas a brisa;

Entre a hervinha d e sli sar

Do ce regato a corrente

Fez o arrabil chiar

Porque inveja tud o aquilioQue lhe falta docemente .

Mas poe ta s e re cordas

UmLemos umPalme irim

Ayre s , Dias , Magalhãe sE teu joven s e raphimPor qu

'

então na tua lyraB ord ad a d

'

um cherubim

Não fallas te s no Evaris to ,

Se quando canta

O meu particularamigo o Sr. Evaristo Bas to .

3 - 71 1

De talforma eu escute iDa tua lyra os seus sonsQue minha alma ex tas iou—seCom tão d o ce s sensaçõe s :—S'ella tem tanto po d e r ?S

'

ella falla ao s coraçõe s

Tange p o e ta e ssa lyraParaminha alma geme r .

d e Jane iro 29 d e jane iro d e 1849.

Con curs o M um Laços .

CANTO no 3 5 30.

Nasc i no ric o Oriente

Crec i -me entre as ve rd e s palmas

Para amor.Amór me pºr no Occ id enteFez-me d 'alma duas almas

Para a dôr.

Ai dôr ! Po is he is de ir a J ava

Estrellas e vem rumo

De lá vem

Dize i - lhe qualme eu consumo ;Dizei -me s e eu lhe lembrava

Lã tambem.

Tambemvós ondas , e vento s

Po is sabe is aminha terra

Lã chegas ;

Não lhe conte is meus tormento s ;Mas o amôr , que me d esterra

Lhe contáe .

% 7lj ª

Que sentia não s e i — quand o volvi - osPara ti 6meu anjo

J á não e s tavas lá, e entre o s myrte sTu ias teme ro sa

Volvend o olho s atraz qual o mo tivo

Como fique i não s e i !

Depo i s vi- te mai s ve ze s Que ventura

Não t ive em c onhe c e r- te

N'

e ssa id ad e infant il mulhe r— d onzella,Emque a nít ida lua

T emmagico pod e r e d o ce e ffe ito

Na vo s sa cand ida alma.

Quand o qualque rmanc ebo que tu vias

Logo c rias co itada,

Amante p ro te c to r d'

e s sa inno cenc ia,

E d a tua fraqueza

Emque a s ingella flôr a ingenua alma

T raduz—lhe muito s nuns ,

Emque agora alegre e ago ra tris te

A”vis ta d o mancebo

Um lirio ias colhend o e na co rrente

O lançavas d o rio :

D e quand o em quando o s o lho s volve ríe is

Entre tri s te e alegre ;

Em que às horas mo rtas , mão na face

Os olho s nas e s trellas

Levavas a fallar , inquirir d'

e lle s

Se o mancebo que vis te

De teus cand id e s s onho s d oce abje c toE

'

o jovenque anhellas .

Eu vi - te ass im en vi—te — fui d ito so

Qu'

e s se manc ebo eu em

Mas inda que bem jo ven eu sabiaSe r a p rime ira faze

Tua emque a d onzella qual implume

O nino co rre e

Mas eumais nada vi que em ti umanjo !Tuas virgineas roupas

Minhamão não toc ou nem leve o d ed o ;

Emquanto eubem sabia

Que só pudo r as tuas armas e ram,

E qu'

ind efl'

e za fo s te .

Que d i toso não fui —Entre o s esp inhosDe s te c ruel p re sente ,

O passad o me traze s tão s aud o s o ,

Que o s e sp inhos crue is

Que o meu corpo fe rem s e d esviam

E durmo em ti sonhando !

A E LLA .

P or entre as ro sas damanhã da vi da

Vario s hymnos d '

amo r ento e i

E fo i ella que no d e lirio d o s sonhos

A meu p e ito d e fogo encos te i .

Ella vinha encos tar- se ameu se io

Ameu pe ito batend o d e amor ;

Quanto é bello d izia eu então

N'

e s ta idad e ser um trovad or .

a—"

i ô e z

E tão bella e tão moça e tão linda

Eu d izia comigo a chorar :

E n'

ummund o d'

enganos , traição

P ara a chamma que me had e abrazar?

Se p od e s s e que não trovad or

Só namente ; no p e i to uma fragua

Para amar-me só bas tammeus o lhos ,Minha lyra saudad e acre magoa .

Quanto é tris te alembrar o passad o

Do bom ou mau que já se finou :

Não goze i c omo ella caric ias ,

Minha face uma mãe não be ijou.

Crua morte roubou-me o amparo ,

Doce amparo d'

amigo e d e amor

E meus d ias to rnaram- se negro s

Mas eu sempre louvand o o Senho r.

Depo is só n'

e s te mar d a e x is tenc iaMil angus tias da vid a passe i :

P e regrino no mund o uma vez

P e regrino no mund o te ache i .

Encontre i—te no valle ou na serra

Na d eve sa no campo ouno mar ?

P o r entre as ro sas damanhã d a vida

P or mim vi—te lige ira passar .

Sim e u vi - te mas nunca te eu vira

De sd e então minha lyra empunhe i ;Minha i d e ia toda amo r e saudad e

Nas saudo sas cançõe s d errame i .

9 82 .

Sabe s menino ? O que é ?

Quemme d e ra os annos te us !

E tuquiçámeu louquinho

Quize ras o s anuos meus !

O'

que s im! — Não o s d e sej esQue são anno s d e paixõe sDe poze res , agonias

De tris tezas , pe rd ições .

Inno cente da-me umbe ij o

Na minha fronte enrugad a

P od e s e r que a minha infanc ia

N'

e lle venha re tratada.

As s im — abaixas teus olhos

De p e ijo , d e cas tidad e ,

E brincas c om as mão s inhas

Mãos inhas d e virgind ad e .

E'

ve rdad e ! e a linda nuvem

Branquinha n'

um céuazul

Vi sta po r nós lãmui altaTão garrida e tão taful?

Olhemo s menino olhemos

Para o lind o azuld o céu :

[nda a J á a não vejo !A teu p eze r e a meu.

P o is menino aquello nuvem

Simelha- s e ao s d ias teus

A teus riso s e brinque do s

A'

innocencia um ad eus .

' 83 422

Mas que fare i para vel-« a

La p or aque llas alturas ?

Re za a Deus que e lle é Senho rMai s d o s rio s e e sp e s suras .

Sim menino e lle ouvira

L'

un hymne d os labio s teusAs s im p rouve ra que ouvi s s e

Aque llo d o s labio s meus .

EPI'

I'

APlllO.

Gentil bo tão s inho d e be ij o s d e amo r,Che io d e grinaldas ao mund o surgi s te

O s anjo s surrirem murchou- se uma flôr

Quand o d o ar ince rto da vida fugi s te .

A II)! AM IG O .

Quem amigo não ama alembrar - se

D'

e s s e palmo d e te rra que r id o

Quem de infanc ia não p re sa ínte rnar—s e

N e s se tempo que o tempo ha sumi d o

Quem a mãe ou um pae e sque c e r ,

Quem atl'

e c to s pas sad o calcar ,

Quem amigo não que r lámo rrer

Ou d as auras da patria gozar

Na lare ira ou na salla d o irad a

Quem não ama c ontar as pro e zas?

De ment iras que s eja p ejadaD

'

outras te rras amo r , aspe re zas .

Mas a pa tria infe liz mis e rand a

T em o canc ro ro e d or ingle z ;

Se rá críve l que fo i d e s s a banda

Que a bebid a d o i rada íSs o te z ?

Não te pasmc s ao vel- o e sque c e r

Qu'

é d'

mgrato tão wi i a acção

Quanto a mim d'

e lla vivo a geme r

Sem risc aI- a d o meu c o ração .

9 86 4:

Como bro ta uma flôr na minh'

alma

Senti hoje um affe c to bro tar

Como um as tro que brilha na c alma

Tinha eu vi s to um p o e ta brilhar.

De i - lhe a mão ap e rtand o c om e lla

Laço novo d e nova atfe ição .

Mas fo i só para mim a cante lla

Que eu não le io no seu c o ração .

Só lhe vejo na lue id a fronteGenio e glor ia transc rip to p o r Deus

Vejo a aguia surgir no ho risonteEm s eus VÓt 'S p e rd ida no s

Vejo um cand id o amôr vap oro so

Sobre o s véus em s eu p e i to a ferver ,

Vejo—o as ve ze s cho rar grac io s oVejo - o as ve ze s ,urr ind o

Nobre e franco fingir- s e não sabe

Gene ro so não sabe mentir

Alma livre na te rra não cabe

Livre e sp irito voa ao

Ne sse s antro s c onfuso s medonhos

A que o nome d e mund o se d eu

Como eu tive tem e lle altos sonho s

So ifre já canta geme como eu.

R e tempe ro a minh'

alma , e re cebo

Da sua alma a fre scura melho r ,V i - lhe o s annas e ame i o mancebo

V i - lhe o s canto s e ame i o cantor.

Li sboa, 1848 .

Jo s i: DA SILVA MENDES LEAL Jrmon.

9 87 %

AO M E SM O .

Ni

um valle formad o p or s erras altivas

Nas ce s te no mund o , ce rcad o d'

umor ,

O s ol d e Castella p ouzou- te na frm te

O s ol d e Cas te lla fadou—te cantor .

Na ria que p as sa se rena e lige ira

Bilbau a fe rmo sa te v ira nadar

E a agua tão íra ca , tâo pm , tâo linda .

N o p e i to nâo p od e tenfogo ahm dn .

Cre s c e s te e na vi da passas se Sos inho

So s inho tão moço nasce u- te o s oâre r ;

Tu fo s te uma rôla no tronco lasmd oCarp ind o que i xume s sos inha a gemer .

Amo r da tua alma nas face s e s crip to

De ix ou s oh'

r imento mas d e u—te c ondão

Sentis te , geme s te fi cou- te uma lvra

V ibrand o afinada por t eu c oração .

Amor d eu—te a lyra tu des te—lhe os canto s

Deu- te o sol o e s tro n'

um raio d o s s eus

E'

nolme teu pe ito é livre minima ,A lyra e dap atria , d o amor ., e d e Deus .

E canta e susp ira não manche s teus canto s ;

P oe ta , nao quebres teu nobre c ond ão

O bard o and a ac ima d o s grand e s da La ra

Não cump re s eus fad o s d e rojo no chão .

N'

um valle formad o p or se rras altivas

Nas ceste no mund o c e rcad o d'

amor

O sol lle Cas te lla p ous ou- te na front e

O s o ld e ªCas tella fad ou- te cant or .

Lisboa. 1848 . Arrow .

D SS Q

o QU E É p o ns x a a

Olha Elvira o que é poes ia?

Dizer - to não sabe re i ,

Eu s into—a no s se i os d'

alma

Mas contar- ta é que eunão se i

A pod er d ize- la ao s outro s

P o r meu malnunca chegue i .

()lha bem e s sa p e rgunta

Que tume fize s te amim,

E s se surris o innoc ente

De teus labio s d e carmim;T em po e s ia como a ro sa

Quand o s'

enlaça ao jasmim.

Quando vae s co rre r no s campo s ,

Quand o foge s entre flo re s ,

Quand o colhe s uma d ellas

Que é a flo r d o s teus amore s ;Ha p o e s ia quand o miras

A surrir c ontente as core s .

Quand o a perd e s na corrente ,

Quand o a vês pobre murchar,

Quand o a miras tris temente ,

Semjá p o d e l—a apanhar;Ha po e s ia quand o choras

Ne ss e tcu s ingella amar .

Quand o contas teus segred os

A tua irmã pequenina,

Quand o vae s em teus fo lguedos

A cortar—lhe uma bonina;

na po e s ia quand o a levas

A lêr - lhe da flo r a s ina .

Debalde busque i na terra

Encontrar atTe c to igual

Divague i d e s e rra em se rra

Fui ao s abysmos d o Val

P ed i as negra to rrente s

Que se d e spenham fervente s

Tudo embald e po rmeumal!P e d i às brisas d

'

aurora

P e d i fonte que cho ra

A tud o o meu id eal.

Baldad o que a crua so rte

Zombava d o meu ard or ,

Libe i j la taça damorte

O veneno s o amargor

Cada canto que eu soltava

E ra libra que rasgava

Um grito d a minha d o r

T emp e s tad e s em bonança

E ra a vida s em e sp e rança

Vinte anuo s s em amor.

Vinte anuo s que tormento !Tanto s d e s ejo s em vão !

Tanta luz no pensamento

Tanta d o r no c o ração

V êr lyra immaculadaAo s pés d o s ímp io s calcada

vel—a na p raça embald ão

Vêr as tnrhas a s o rrir- lhe

E frenet icas cusp ir- lhe

Com d e spre zo s d e villão

Na vida negro aband ono

No p e ito chammas a ard e r

A no ite negar-me o s omno

Não ter no s d ias praze r

9 91 4 :

Será vida Não é vida

Ve rgar a fronte abatidaPara lagrimas ve rte r

E'

s e r fi lho da d esgraça

E o fe l emnegra taça

Até as fezes bebe r

E não te r um p e i to brandoE não te r um d oce olhar !

Uns labio s surrind o quand o

E ulhe jurass e d 'amarNão achar se que r um ente

A quem d i s se sse : innoc ente

E u que ro—te id olatrar ;

Tu é s o s onho dourado

É s a e s tre lla d o meu fado

Que e u andava a pro curar .

Ache i—te aliim! s e rás minha!

Minha só po r d oce le i ,Da minha alma é s tu rainha

Da tua alma sou eu re i

Gozemo s junto s cantemo s

As me smas maguas choremo s

Tambem tens magnas bem se i

Mas que ro vive r comtigo

T ens meu p e ito po r abrigo

E d ize ao s d ias co rre i !

Li sboa , 1858 .

As suurçaõ JUntou.

a i?? -e

N ÃO p o s s o '

Pod e re i e po r que não

De sterrar d o pensamento

Id e ia que m'

aniquila ,

Que só me causa to rmento

He i—d e pod e r lute embo ra

Contra a vo z d o co ração

Que d e c ontinuo me brada,— Olha que não pod e s não !

Po s so po is la s ton che io

De vive r só d'

e spe rança

J áme faz enlouquec er

Uma tão fo rte e squivança .

Ingrata ! pensa talvez

Que sóme bas tam s eus beno s

Para apagar o ardór

D'

e s te vulcão d e d e sejos ?

Não que ro vou já rasgarAs trovas ond e a cante i ;

Vou raspar d'

e s te meu p e i to

O amór que lhe vo te i .

Mas , oh ! não talvez que mud eTalvez abrand e o rigo r

Talvez alfim a c ommova

O p ranto d aminha dôr.

Mas nada é impo s sívelVou rllcal—a da memo ria ;

Vou rasgar véuqu'

cncobria

Uma exis tencia illuso ria !

9 94 9

Quem ante s fora nasc id o

Po rtugue z d'

aque lla e ra !

Brad o unisono echnava

De re sp e i to universal,

Sabi d o d'

e s tranhas boc cas

Em favo r de Po rtugal.

D'

um breve espaço de

Ponto no globo z—mais nad a

Mas um ponto que era pe lo

Junto d 'es trella d o irada .

Era luz d o céu brilhante ,

Luz , que d'

ella s e span ia ;

Farol d e barbara p ovos

De cultos m eio e guia !

Quanto s que mão ins o lente

Hoje so bre nos es tend em

Submi samente pe d i ram

P rote cção , que o ra nos vendem !

Demos—Ihe fo rça e grand eza

Que não t inham que pe rd emo s .

Em troca , d ão—no s insulto s

Contrario s que já venc emo s

E sc ravo s que libe rtámo s

Amigo s que d e fend emo s !

O ra vemo s um sud ario

Tinto d e s angue innocente

Ouvimo s gri to s d a patria

Oppre s sa tris te , gemente ;Te rna mãe que d ilac e ram

Golp e s d'

uma ingrata mão ;Mão d e fi lho ! golpe e xtremo

Que não e rra o coração .

sas

Ri co s nobre s , e plebeus

O venc id o e o vence d o r ,

São tud o algoze s da patria

V ic timad o em seu furo r !

Afas tae d e nós O'

Deus

O s raio s da vo s sa ira

Uma só vis ta d'

aifec to

Sobre a nação que d e lira

Uma só go tta d'

o rvalho

Da vos sa Graça Divina ;

Uma só po r p iedad e

Sobre e sta nação mo fina !

Do cabo s c reas te o mund o

Das tre vas a luz d o d ia

Conve rte i gue rras em paz ,

Tri s tezas em alegria .

Dias d e sangue e d'

horro r

Afas tae d'

e lla Senho r !

J o ao om na COSTA Cascu s .

O CANT ICO DOS ANJ OS.

Sonoro s alaud e s

Po r no s sas mão s tangi d os

Levae mais alto o s sons

Melhor s e rão ouvid o s !

Oh arvo r'

d e David

Ufana—te o rgulho sa

Creas te sobre a c ima

V e rgonteamui formo sa

Não vês como e lla s e e rgueA tão subid a altura ,

Que mai s que o s tronco s fo rte sCom tal subir fulgura

5 96 6 :

Uma flôr que só cre-ou

A tão alto a elevou ,

Que no céu d esabmxou

0h altiva Israel

Eleva- te louçã ;

Luzi r vi s te a mai s ai"

Es trella da manhã !

O E sp i rito Santo

P o r arre bol trazi a

O c eu que a engas tava

Com talbrilhar mo rria !

Raio s que d'

ali partiram

Mal que na terra luziram

Para o c éu. se conve rgiram !

Sono ro s alaud e s

Po r no s sas mão s tangid o s

Leváe ma i s alto o s sons

Me lhor serão ouv id o s !

Brilhante s aure o las

Que sobre a fronte e rguemo s

As ve s te s vapo ros as

Em que no s invo lvemo s !

Nem br ilham nemalvejamAo pé d o teu fulgor :

Tal entre as ve rd e s fo lhas

Brilha a cand ida flor !

Co roa- te a gloria !

Ves te - te a pureza !

É'

s alva entre alvuras ,

E bella entre a h'

loza

Oh fonte mais clara

Da graça d o Deus !

Ave fo rmo sa

Rainha do s céus !

L. A. R iu mo DI Sa'

.

3 99 6

T u já fo s te a mai s guerre iraDentre as naçõe s a prime ira ,Conqui s tad o ra entre mil

E hoje as fe rreas e spadasAhi jazem embainhad as'

Stas entregue ao o c io vil

Se o s valente s Romano s

T ive ram grand e s trophéus

Se d'

altivo s E spartano s

Subiram glo rias ao s céus ,

Tu o rgulho sa valente

Des te a le i ao mund o , a gente ;

T umandas te mil d onzei s ,E rojaram abatidas

As me squi tas p reve rtidas

Do s mo iro s d o s infie is !

Nas raias d o o c c id ente

Altiva o mund o a o lhar ,

J az uma te rra p o tente

N”outro tempo a p elejar .

Hoj e abatida pensand oDas fad igas rep o isand o ,

E d e um valo r s em igual

Baixe i batid o d o s vento s ,

Navega c om pas so s lentos .

E s sa te rra e Po rtugal!

Nem já me smo libe rdad eT e d e ixaram P o rtugal!

Murchou as le is d a ve rdad e

P roc ello se vendaval!

Sop raram furios o s vento s

Mi rrand o - te o s s entimentos !

De ram- te fe rre e s grilhõe s !

E não sabe s fementid o

Que um povo só é sumido

Quand o não tem convicçõe s !

b i OO -a

Minha patria tu valente

Fo s te s até ao Bras il!

EmAfrica fo s te po tente ,

De s cobris te te rras mil!

EmAs ia tu command as te ,

Tua band e ira arvo ras te

Com d eno d o e c om ard o r ;

Tu c onquis tas te s imp e rio s

Cingis te o s d o is hemisfe rio s

E hoje não tens valo r ?

Sobre a agua d iamantina

Mand as te e squad ra veloz ,

No s c amp o s da Pale stina

Brad ou gue rra a tua ve z .

E a gente d a me irama

Inda teme a tua fama

Fo i p o r t i fo rte nação !

Que as suas gallas d e sp iram

Que fo rçadas suc cumbiram

As c renças d e alco rão !

E hoje nem já brio saR e sp e itas as tuas cãs !

Aviltad a ind e e oro sa

As advertenc ias são vãs ,

Não ouve s o s sons gue rre iro s

Do s p ovo s te us companhe iro s?

Não te lembras meu paiz,

Que tuas glo rias antigas ,A mil ho s te s inimigas

Aba i xaram a c e rviz ?

Da tua c'

roa d e lo iro s

T ens mi l e mil trad icçõe s ;P or e s sas te rras d e me iro s

Arvo ras te milp endõe s ;

9 102 —5

E d e um valo r s em igual;Baixe l batid o d o s vento s ,

Nave ga c om pas so s lento s .

E ss a te rra e Po rtugal !

R io d e Jane iro 7 d e feve re iro d e 18 59 .

J acmrno Aue us r o nnSanr'

s nx s Va s c o x c s u o s .

nnc onna ço e s .

NO ALBUM DO SR .

j eremias ilíc it a ha (Enche .

V ou contaro te ó minha amad aEm que nutre e meu amor ,

Quand o o tão c rue l t iger

De t i me faz s eparar ;O xalá tu que iras d ar

- me

P o r tão amante lembrança

Novo raio d'

e spe rança

Que me alente o d e sejar .

Quand o d e i—te o c oração

Consagre i—te o meu p ensar ,

P o r isso não se i falle r

Senão c omtigo , e que rid a

Mas—quand o longe d e ti

Conve rso c o'

a tua imagem

Re cord o alguma p as sagem

Com que m'

encantas vida.

9 103 4:

O ra te vejo mui t e rna ,T eus o lho s p

'

ra mim volve r

E eu tris te , s em pod e r

No s meus braço s t'

enlaçar ;

Mas , fi tand o minha vi sta

No s te us o lho s se duc to re s

Quantas ideas d'

emo re s

lntend emo s sem fallar !

Outra vez já no meu collo ,

Do c emente reco s tada

Tu pare c e s contris tada

D'

uma id ea d e temor ;

Eu que rend o ver—te alegre

A furto busco be ijar - te

Para p od e r ac o rdar- te

N'

um casto gozo d'

amor .

Quand o ás ve ze s abso rto

No meu tri s te me d itar

Se me s into d e sp e rtar

Po r tua voz to d a amôr

Me iga d izend o—que tens ?

Foge o p ezar d'

imp rovi so

P o is d e sp rend e s um surriso

Comque acalmas minha dôr .

E quand o nós e s cutamo s

O co ração que mais bate

So ifre o teu maio r embate

T em o meu forte pulsar

E d e po is , sem d e c id irmos

Qual temmais fo rte bate r ,

Nós no s sentimo s p rend e r

N'

um te rno d oce abraçar !

a i ºft ª

Mas , e h ! que nad a m'

enc anta

Como qnand e , a so s , se ntad os .

Alto s gomos não sonhad as

Nos teus labios vo u s orve r !

Sinto a vida d i latar- se

Em tã o suave s momentos ;E tão grate s pensame nto s

Fazem tris te o me u vive r

O lha às veze s , minha amad a

R ec e io tanta ventura ,

P o is temo que a so rte d ura

Ou alguma ingrat id ão

V enha roubar—me o p raze r ,

Que na vid ame renco ria

Qual e spe rança illus o ria

Me acalenta o c o ração .

J á ves , p o is ó minha e s tre llaQue d e t i cuid e sómente ;

E que id ea mai s veheme nte

P o s so te r d o no s s o amôr ,

Do que lembrar o s ins tante s

Em que tu Lilia que rid a

Ad o c as a tri s te vid a

De teu smge llo canto r

Bio d e Jane iro , 16 d e fe ve re iro d e 18 59 .

J o aeum AUGUSTO DA Conus Ponr e .

Q GWQQ

9 107 e

Em que envo lve s e mys te rie

De meus d elirio s d e amo r ?

E he i d e eu oh meuDeus

So tl'

re r para s empre e s ta d er

Oh meuDeus , meu Deus , não po s so

P e sa-me muito e sta cruz ;E

'

mui to negro e ste c éo

Sem uma e s trella d e luz.

E ella ! s empre emmeus sonho s

lncons tante e vapo ro sa ;

A surgir no pensamento

P o r entre nuvens d e rosa.

E e lla d'

alma ummys te rio !

Um canto d e trovad o r !

Mas oh ! mys te rio que mata

Em anc ias d e tanta d er !

Uma só ve z que me toquem

Suas roupas côr d e neve ,

Um anne ld e s eus cabellos ,

Umbe ijo na planta breve ;

E nad amais p ara o tris te ,

Nada mais que e s ta inc e rte za,

E ella s empre ummys te rio ,Ummys te rie d e belleza.

P o e ta quebra e s sa lyra,Te u amo r phantasia;

Alma i rmã da tua alma,s e no céu tem sympathia.

R io d e Jane ire 28 d e feve re iro d e 18 i 9 .

As su nção Je inen.

a o .

9 108 425

16 DE J ANE IR O .

Emme igo s transpo rte s pe d iaminha alma

P ed ia e s se d ia que eu fo s s e ao rosal

Faze r remalhe te s colhe r uma ro sa ,

Que p rend a d'

uns anne s saudas s e umnatal.

Oh ! s im que faz anne s quemhoje quize raCingir commeus braço s te r junte d e mimStoulonge e não p o s so d

'

abraços ce real- a

Seu pobre e só tenho o meu parco jard im.

Crue i s ventanias , o s golos d e inverno

Varre ram-me as flore s semmaguas , sem dó ,As ro sas ma rcharam d es troço s da gue rra »

De tantas que eu tinha ficou uma só.

O il'erta s ingella ! só e s ta mandara

Se fôramai s viva mais bella d o que e ;As folhas são raras o aroma p erd eu—se ,E a selva não ve s te d e musgo s e p é .

De sp ida d'

encanto s a triste vege ta

Ae crúd e sabrigo da fria e s tação

De sfolhe - se embo ra que eumando outra prend a,

Eumand o o s d e s ejo s d o meu coração .

Torre s Novas 1848 .

Am en o s mn Bonare Us s Cºn mi g o .

9 1106

Um d ia boc ca da ue i t

C obria o ar plumbe o véu

Ind o p ros trar—me ante a virgem

Não vi es trellas no c éu'

Stavam as nuvens sombrias

As vaga em e scarce'

u.

ti rasnavam ave s noc turnas

Cruzavam raios no ar

Não vinha a lua fo rmo sa

N'

uns labio s be lle s pairar

Nemminha es tre lla fague ira

Nas aguas s e re tratar .

Não t inha o as tro do d ia

Com seus raio s d e rubim

la findar a e x is tenc ia

Qu'

en viver não q'

ria ass im;Oppoz

- s e a tal um só nome

Es s e nome e raAbo im.

R io d e Janeiro ,”d e feve re iro d e 185 9 .

J ac rs r uo Auous r o nnSANT 'ANNA E V s sc ox cnu e s .

O ALBUM DE UMA SENHORA .

Nas brancas folhas d o livre

Os pouco s ve rso s que tem

Recato mo s tram da d ona

Que não nos pod e a ninguem.

ssa- i ll a

Não ped e—não ped e

—bem se i que não p e de .

Que o s anjo s não p ed em o s echo s da lyraOs anjo s insp irammysterie s d ivinosDe vate no pe ito que canta e Susp ira.

Qual canto s inis tro d'

uma ave agoure ira

Po r entre a ramagem d e ve rd e ac ipre s te

O canto d o vate po r entre uma e sp'

rança

D'

ace rba incerteza s e punge e s e ve ste .

P or i s so tão alvas tão lindas tão puras

As brancas folhinhas não quere s manchar

Com tinta tão negra d os canto s mais negro s

Do s vate s que magnas se sabem cantar .

E guardas mime se tão puro livrinho

lzente d e tintas d e tão negra cór

E'

s anjo e s e que re s d o s vate s umcanto

Não p ed e s insp iras ao s vate s amor .

Lisboa , 18158 . Am ame Jo sé na Souza ALMADA.

[umª d)QVEBQ

N O ALB U M D O M E U A I IG O

ªntonio Zte s i .t i—n e ira.

Quala es trella mais garbosa

Que fo rmosa

E rad io sa ,

Sc intilla n'

um céu d'

anil

Demonstrand o em seu fulgor ,O p rimo r

D'

as tre brilhante , gentil;

, l iºe

Tambem tu virgemmimosa

Dona iro sa

Grac io sa

T eus olhos fazes brilhar ,

Se m'

e s re lva tão vivace s

E loquaces

N'

ummui grave , dece o lhar ..

Qualnas flore s se de s inlaça

T e rna graça

Que se abraça .

Nas suas folhas mimo sas

P'

ra mostrar no seu abrir

O surri:

Qu inda as tornamais fo rmo sas

T ambem tu maio r be lleza ,

Mais lind eza

E gentileza,

Em t i faze s re fulgir ,

Se rap ire te d e candura

te rnura

De sprend e s mago surrir.

Qual o d e sconte sagrad o

Que , vibrad o

E ente ad o

P elo s Anjo s d o SenhorDentre d

'

alma vae coar—s e ,

Infiltrar- se

Qual s infi ltra a vozd'

amer

Tambem tu tens harmonia

Me lod ia

Que extas ia ,

llá c :

A'

P AT R I A .

E t quelque s châtiments que me gard c la tembeSi c e euple e s t puni s

'

ilpleure s'

il succombe,J '

oub trai me s re ve rs enapp renant le s s iensE t l

'

he rreur d e s e s maux finira tous le s miens .

Cs s rmn nr. Lav re zve FARIA.

1.

Sobre a altiva Siam endure c ida

O pre phe ta mis e rrimo carp ia ;

E via ao longe a'

no i te ennegre c ida

Que d a c idad e santa o s d ias tri s te s

De sombras s epulchrae s enlutaria .

E o s muro s torread o s ,T rc sd obrad a armadura d e gigante s

Contra quem baqueavam d e rro tad o s

O s ímp e to s p o s sante s

De barbaro s s old ad o s

V ia ao longe p ro s trarem- s e p or te rra

Ao clango r d e trombe tas d i sco rdante s

Bradand o mo rte e gue rra .

Nova Siam oh ! patria invile c id a

Sobre tuas ruinas fo lgare i

E na lousame squinha a par d o nome

Divinas mald içõe s ins culp ire i .

Ii .

P e r se rvir s empre o vinc itric e ó vinta.

FILICAJ A.

Tu que n'

Africa adusta outr'

o ra alças te

Das quinas o p end ão

E que d'

As ia as palme iras ens inas te

T eu nome e teu brazão

Que— rainha da te rra d e s prend e s te

Sobre a terra o teu manto re luzente

Que nas virgine as lymphe s o tingis teE smaltand o—o d as parcas d

'

Oriente ;

Em crep e fun e ral

E envolta nelle ó patria te rojas te

Pelo s musgos da ped ra sepulchral

E no e lmo d e Affonso te rra e s tranha

Esmo las te d es crid a ajuda ímp i aE d o Tamisa e led o acarre tas te

Na purpnra real, que te cobr ia

E as hispanas phalange s o rgulho so s

C'

o fe rro zombad o r na s igna rota

De teus brazõe s he rdad os — apagaram

As vivas tradicções d'

Aljuharrota !

Ill

Estend e , escrava um crepe luc tuo so

Nas arrendadas face s d o mo imento

Ond e vague ia o e spec tro mage s to so

Do teu re i po pular

E com o vago s trid e r com o teu lamento

Não d e ixe s e spand ir—se a voz marmo rea

Que das ave s d o s tumulos surgind o

As ogivas transpõe , ainda carp ind o

As funebre s cançõe s d a tua gloria.

Ouve e scuta no s trancos d'

agonia

Sob o led o em que jaze s mo ribundaO tro vejar ro d quenho d e milve ze s

Amald ição pro funda

Que das cavadas tumbas ond e jazem

Os sangrentos sudar ios levantand o

O s he roe s que por ti sangue ve rte ram

Te vão na ho ra e xtrema arremeçando .

D i lô ã

Da po r tugueza gente

De mulsumano sangue ainda regad a

De gloria inda virente

Na sampa que ence rrar d a patria o nome

P ied o so d epo re i

E sobe rbas nações , que no s ultragem

Altivo bradare i

P ortugal aqui jaz é campa e s tre itaP

'

ra tão cre sc ida gloria ;

Se o p ro s trad o T itão já não teme is

Ao meno s re spe i tae suamemo ria

V ós , e scravo s d'

eutão , agora re i s !

Lisboa 18t8 . Lu me Ce n tro .

O TE J O .

Dai-me ago ra um s om alto e sublimad oUm e s t ilo grand iloquo e co rrente

P o rque d e vo s sas aguas Phebe o rd ene

Que não tenham inveja às d e H ippoc rene .

(Camõe s — LUs . ÇANT . BST . Tv .)

Como é lind o e s o cegad o

O meu T ejo d e chris talNo c o rre r enamo rad oOh Tejo não tens r ival !Com teus brand o s murmurio s ,É

'

s o gigante d o s rio s ,

A c o rºa d e Po rtugal !

Lind o Tejo fe it ice iro ,

Em tuas ondas d e anil

V em p o r no i te s d e Jane iroA lua brincar gentil:

E apoz e lla vem puland o

Tuas ondas fe s tejand o

Es trellas amil e mil.

ª iw a

Pa tric T ejo n'

outras e ras

T i nhas throno e fo s te re i

De que é s hoj e e d o que e ras

P or ve rgonha calare i !

Patrie T ejo sou teu filhoInda vivo d o teu brilho

Tuas magnas não d ire i .

Corre s pobre ,mas invejoO teu d oc e susp irar ;

Doc e s aguas d e meu Tejo

Co rre i mansas sem parar

É'

s menarche em cap t ive ire

Mas inda ha muito rome iro ,

Que te venha fe s tejar .

Sabe Deus s e inda algum d ia

A'

terra d o teuCamõe s ,

Baixará fo rmo so guia

A quebrar- te e ss e s grilhõe s !

De ixarás d e se r e sp e c tro

Out ra vez te rás o sce ptre

Re inarás no s co rações .

Lindo Tejo , quemme deraComo fo s te ver- te já

O meu p e ito anc e ia e spe ra

Ver- te livre corre r ca

Oh meu Tejo ne sse d iaFindaraminha agonia

O meu pranto acabara.

Como é s lind o ! que nobreza

Tens ne sse sussurro teu !

Come banha c om franqueza

E s ta te rra em que nasceu !

Como é grand e e mage s to so ,

Quando alçand o e collo annose

Quermostrar o po de r seu

J i nas ceu pan nenti r .

Tamba—ve d am ,

Ob tm d as hn nge in s ,

Lin d- fada. M a d er- rir !

Eu prr ãro as mansas ag'

uas ,

Do meu Tejo a tud o e mais ;

Quu d o e p e i te a—e maguasV i ncente-d o , e suspirando ,

(Ju- m be ijes , abafu d o

Os erbos dm tri st es ais .

Fo i amão do Se r Ela no

Quem formem ass im te fez ?

Deu- te o wnd ão de se r temo

Quando ao s outro s a aridez ?

Embo ra de sconhec ido ,

Tenho orgulho em te r nasc id o

Como tu tão po rtuguez.

Só te falta a libe rdad e ,

Me igo Tejo me u amo rMas não quiz a Divindad e

Dar—te mai s e sse primo r :Se t

'

a desse e h minha te rra

Be llezas , que o Tejo ence rraSão tuas não tem p intor !

Cento e lind o e socegad o ,

O meuTejo de chris tal:No co rre r enamorad o

Não lhe conheço rival:

Com seus brand os murmurio s

E'

o gigante d os rio s

A corôa de Po rtugal.

Lisboa, i sto.

[eu Avs vsro X AVIER na Pau nnu.

9 122 6

Deus é forte , é d os fo rtes o ferª—e .

Be i d os re is mais fo rmo so que o sol

Nas procellas da vi da e d a mo rte .

E'

dos trisks pe rpe tua pharol.

Amo a De us p rque as are ias

Que e s palin i rad o o tufã o

830 p rovas d e p ro vas che ias

D) auc lo r d a c r iação ;

Amo a De us p o rque o c onhezo

No e s tamp izlo d o tro vão

Po rque o n io no c abeço

Se u nome e s c re ve no c hão

Po rque o re pe tem o s mares

E d o s Ind ic e s palmare s

O tigre s em c o ração .

Deus é jus to a virtud e prome taDA—lhe as glo rias da glo ria e te rnal,E nos se io s d e abysmo incend e ia

Amaldad e entre o s anj o s d o mal.

Amo a Deus p o rque d'

aure ra

A ro xamimo sa côr.

E os alvo s p ranto s que cho ra

Dizem-me ao s o lho s amo r

Diz- m'

a a c onchinha d o ri o

Diz-m'

a a e s tação d o calor

Os gello s d o inve rno frio

De ºutono o s prantos e a florDa risonha primave ra

Diz-me o tronc o d iz-me a fera

Ama aDeus , ama ao Senho r .

Deus é bom e seus co fre s d e graça

Abre dôr que d o p e ito o chamou

Deus e bem e do p obre ad e sgraça

Nunca falta C a fé pão faltou.

9 123 4:

Amo a Deus po rque e lle vid a

Da vida d e todo o s e r

Porque a luzno s céus nasc ida

Fezn'

e sta alma conve rte rAmo a Deus p o r seus favoresPorque é Deus per ne lle vêr

Tanto amo r ao s pe ccad o res

Que po r e lle s quizmo rre rAmo a Deus porque no pe i toDiz-me intima voz que e e tfe ito

Deve a causa amar e cre r .

Gloria a Deus entr e o s fumos d e incenso ,

Entre o s grates perfume s da flôr

Glo ria a Deus p orque é bom, porque e immenso

G lo ria a De us entre o s cantos d'

amºr.

Lisbo a 1848 .

Jo i o nr Lu o : Sun s Cas r ru o Bnanco

N 'U'

M ALBUM .

V em d izer—me o s teus segredºs

Que eu vou contente e scutar

Vemcontar-me o s teus folgued o s

Eu tambemque ro folgar .

Vemmo s trar-me as tuas flóre s

Quero ver—lhe as lindas córe s

Que ro sabe r teus amares

Que eu tambemos quero amar.

sr.—124 4:

Vemvazar—me d entro d'

alms

A tua cas ta isenção

Daome a fre sca e pura calma

Que vive em teu co ração

Dti -me teu riso c ontente

Dâ—me o que te u pe i to senteDa-me a tua alma innoc ente

Que eu te d ouuma canção .

E hade se r to da insp irada

P e lo s anj o s d o Senho rEm pe rfumes embalada

A minha canção d'

amor

Had e se r como d'

auro ra

O pranto que a no i te chora

Sobre a ro sa que d e sce ra

Pela força d o calo r.

Vem c ontar-me o s teus segred os

Vae le var—me ao te u jard imVemmo s trar- me o s te us fo lgued os

Tambem o s que ro p'

ra mim:

Que ro ver as tuas flore s

E mirar- lhe as lindas odre s

E sabe r d o s téus amóre s

Apanhar um te ujasmim.

Quand o eu e ra p equenino

Tinha o meu ve rd e rosal

Hia le r o meu d e s tino

Sobre um lago d e Christa!

De s fo lhava então a rosa

E a linda fo lha lus tro sa

T inha—se c omo vaid osa

Eu p naeame d e ixarmal.

p íf i a

A fo rça ced endo aarte

Da gue rra no duro embateEntre o frago r d e combate

G igante tremula só

Que d e s ce p tre s s e partiram

Que d e c'

roas s e fund iram

Que d e re is tri s te s s e viramSemd e ad ema real

T inham p ovo s p o r fi ançaT inham s cep tre s por he rança

Mas a morte d eu—lhe França

No braço d'

umgene ral.

Surge d as margens d o Sena

0he roe que vence em JennaQue d e s temid o cond emns

De falso s re is o s brazõe s

J á tem a c'

roa c omprad a

Co'

a p onta da sua e s pad a :

Para a faze r re spe itada

Sobe ijam—lhe o s milcanhõe s .

Mas e lle que as s imvencera

Que tod a a Europa temêra

Ainda não ap rend era

A custa d o p rop rio mal

E stre lla que lhe luzira

Brilhar no c éu e lle vira

Mas a que da não previra

Da saí c'

re a real.

Des te rrad o em Santa He llena

As aguas chora d o Sena ;

Lembram—lhe o s campos d e JennaDe França lembra o pendão

La mo rr e ; mas o s pened os

De Santa Be iem o s roc he do s .

Inda hoje sentemme do sSô d

'

ouv ir— NWLm: At G CSTO X c vm nn PALI I IK II .

o BU ÇACO .

Salve flores ta sagrad a

Nobremente re clinada

Pela enc o s ta mage s tosa

Salve bello altivo monte

Em cuja mys t ica fronte

Po i sa a nuvem vapo ro s a .

<ialve montanha g ig-

inte

Que no o ce ano d e d iamante

T e e s tas s obe rbamirand o ;

Salve huçnc o fo rmo s o

Que p o r sc e p tro p od e ro so

Es tás a c ruz empunhando .

Salve re tiro tino santo

Sobre o te u vi rente manto

Venho pro fugo ac o lhe r-me

N'

e ssas aguas sac iar-me

No s are s puri ii car-me

Sob as c ruze s abate r-me .

lm

a o sm a s

DA ILL.“ SR.

D'

alma rebentamve rsos ,Ve rso s que vao luzir vot iva o il'rendaDa grat idão nas aras .

Bacana.

Se me hom a d o tado i Natureza

D'

um e s tro não vulgar entre o s humanos ;Se tambemd e riqueza

Bu tive ra the souro s s obe rano s ;

Ve r ias MARCIA fo rmosaComo che io d e alegria

Eu cantara

E fe s tt'járaA gloria que re co rda c s tc aimo d ia.

Mas , nem riqueza nem e s tro possuind o

Como he i d e celebrar

O d ia que tão be llo t emabrindo“!

Como po d e re i mo s trar

Os enlevo s que n'

alma vou s entind o ,

P'

lo mo tivo faus to so

De ver , que o teuNatalbrilha d itosa?

Mas se não p o sso brindar- te

Com p rimo r no s annos teus

Procurare i d e cantar—te

N'

es tes humi lde s toscos ve rsos meus

Pelo céu foste d otada

De milgraças e primo re s

E hoje o s tentas alegre“

Os seus divin o favore s .

i a e

Que sentia não se i quand o volvi—os

Para t i o meu anjo1a não e s tavas lã , e entre o s myrte s

'

l'

n ias teme rosa

Vo lvend o o lho s atraz qual o motivªComo fique i não se i !

De po is vi- te mai s vezes Que venturi

Não t ive em conhec e r- te

N'

es sa idad e infant il mulhe r— d onzella ,Em que a nítida lua

T emmag ico pod e r e d oc e e ffe ito

Na vo s sa cand id a alma .

Quand o qualque r mancebo que tu vias

Logo c rias c o itad a.

Amante p ro tec to r d'

e s sa innoc enc ia,

E da tua fraqueza

Emque a s inge lla Gór á ingenua alma

T raduz—lhe muito s QUES,Em que ago ra ale gre e ago ra tris te

A'

vis ta d o manc ebo

Cm lirio ias c o lhend o e na co rrente

O lançavas d o rio

De quand o em quand o o s o lho s vo lve rie i<

Entre tris te e alegre ;

Em que as ho ras mo rtas mão na face

O s o lho s nas e s tre llas

Levavas a fallar , inquiri r d'

e llas

Se o mancebo que vis te

De teus cand id o s sonho s doc e abje c to

E'

o jo venque anhellas .

Eu vi - te ass im , e u vi - te — fui d ito s o

Qu'

e ss e manc ebo eu e ra

Mas inda que bem joveu eu sabia

Se r a p r ime ira faze

Tua emque a d onze lla qual implume

—E

O nino co rre e apanha

Mas eumai s nada vi que em ti um anjo !Tuas virgineas roupasWhamão não to cou , nem leve o d ed o ;

Em quanto eu bem sabia

Que só pud or as tuas armas eram,

E qu'

ind eífe za fo s te .

Que d ito so não Entre o s esp inho s

De s te c ruel pre sente ,

O passad o me traze s tão saud o so ,Que o s e sp inho s c rue i s

Que o meu corpo fe rem se d esviam

E durmo em ti sonhand o !

R io d e Jane iro ,Cne numno HENRIQUESLac ôs .

A E LLA.

P or entre as ro sas damanhã da vida

Vario s hymne s d 'amor entoe i ,E fo i ella que no d elir io d o s sonho s

Ameu pe ito d e fogo enco s te i .

E lla vinha enco star- se ameu se ioAmeu p e i to batend o d e amor ;

Quanto é bello d izia eu então

N'

e sta idad e ser um trovador .

, i —“ Q

E tão be lla e tão rr rr a e t'

u lind a

En d iziammigo a r r. r r

E num muud o d e

Pm a chamma nr ª e w had em .

Se que não trovad or

Só namente ; no pe i to uma fragua

Para amar-me só bas tam meus o lhos ,

Minha lvra saudad e ac re mag oa .

Quanto é triste alembrar o pas sad o

Do bom ou mã e que já se finou :

Nã o goze i como e lla caric ias ,

Minha fac e uma mãe não be ijou.

Crua mo rte roubou—me o amparo ,

Doc e amparo d'

amigo e d e amo r

E meus d ias to rnaram- se negro s

Mas eu sempre louvand o o Senho r.

De po is só n'

e s te mar d a e x is tenc ia

Mil angus tias da vid a pas se i :

P e regr ino no mund o uma ve z

P e regr ino no mund o te ache i .

Encontre i - te no valle ou na s erra

Na d e ve sa , no campo ou no mar ?

P o r entre as ro sas d amanhã d a vida

P o r mim vi - te lige ira passar .

Sim eu vi—te mas nunca te eu vira

De sd e então minha lyra empunhe iMinha id e ia toda amo r e saud ad e

Nas saud o sas cauçõe s d e rrame i .

9 138 6

TODOS u m NA SUA TERRA

ӈ o mm amigo 3 . Bant iq o .

Tod o s te emna sua te rra

Palac io s jard ins ald e ia

Todo s um anjo (1amo r

Que sua ausenc ia p rante ia .

Tod os te em na sua te rra

Pae ,mãe irmão ou irmã

Ou pasto ra d e pé nú

Ou fo rmo sa cas te llã .

Todo s tccmna sua te rra

O le ite na meninice ,

Umbo rd ão s eguro amparo

Da c r ua inc e rta velhic e .

Tod o s te emna sua te rra

No p o rvir faguc ira so rte

Um abraço a d e sp e d ida

Urna lagrima na mo rte .

Tod o s te emna sua te rra

Um amigo um pro te c to r

As palavras d'

amisad e ,

Santo s c ons e lho s d e amo r .

Tod o s te em na ina te rra

A formo sa d e spo sad a

Que durante a sua ausenc ia

Vê - se em lagrimas banhada .

T od os te emna sua te rra“

Maravilhas e rique zas

Uma e x is tenc ia se rena

E mil d ivinas grand e zas .

Tod o s te em na sua te rra

Brilhante e s tre lla no s céus

Tod o s d e ixamp endurad o s

Uma ilôr, a vida ao s s eus .

Meno s eu que nad a tenho

Meno s eu o d e sgraçad o

Pelo s da te rra mald ic to

P elo s c éus aband onad o .

R io d e Jane i ro , 1856.

Cus aumno HENRIQUES LAe ô i .

A UMA LAV RADE IR

V i—tc na fe ira vend end o

As frui tas d o teu p omar

V i tambem o s que te viam

Olho s d e ti não t irar .

E ras linda como a ro sa,Como a ro sa virginal

Tris te qual a viole ta

Com teu ro s to ange lical.

Teus cabellos s ob o lenço

Em profusão s'

c sparziam

Sobre as azue s roup inhas

Mai s elle s transpare c iam.

à? » Q

Mas que fare i para vêl- a

Lá por aquellas alturas ?

Re za a Deus que elle e Senhor

Mais d o s rio s e e spe ssuras .

Sim menino e lle ouvirá

Umhymno d o s labio s teus

Ass im prouve ra que ouvis se

Aquello d o s labio s meus .

Rio d e Jane iro , 1846.

Cus aunrno Hs nnrorms Li aôA.

Sob o titulo d e Os Me us Amons s e SAUDADES na Mr

NHA TERRA e s tá publicand o o Sr . Che rubino Henrique s

Lagóa 2 vo lume s d as suas p o e s ias .

De s ejand o to rnar conhe c idas o mais que no s fo r po ss ivc l e s tas duas obras —prime iros ensaio s po e tic o s d e

s e u auc to r quand o cursava os e s tud o s acad emico siremo s public and o nas paginas da Lrsra algumas dassuas p o e s ias que mai s no s agrad arem.

m ama5 0 é a vag a se r e na

Que na praia se de sk.Sem o murmmi udas folhas

Emba lad a pe ia bre u.

Nem a tris tura q

Cand id a no .:e «f as t , ;

Que r: to a ['n se re tra ta

Na s branc as az uas d o ric .

Nem e d a lvra um gemid

Que uma co rd a lh'

e s talou,

Nemme izo suff ise d'

anje

Que da te rra se apartou.

E'

qual ond a eneape llada

Negra raivo sa e spumand o .

No e sco lho d a d e sgraça

Semp re em furia red obrand o .

tu amo r que ard e no p e i to

C omo as chammas d'

umvo lcão

Um amo r que o s d ias conta

Pe las d ôre s d o c oração .

Mas que na vida ouna mo rte

Seja no céu ou no infe rno ,

Revivirá sempre o me smo

Abrazad o , mas e te rno .

Jane iro 29 d e d e zembro d e 1848 .

As sunp çaõ JUNIOR .

Se a no i te vae pura,

E_

o rio murmura

Lasc ivo e procura

Nas margens a flôr ;

Se acce so em d e s ejo

As brisas invejoQue , em languid o be ijo ,T e po isam no s eu

No véu que me acena ,

Qualmão d e as suc ena ,

Que surge , s erena

Do límp id o c éu ;

Eu d igo : o s pe rfume s

Da brisa o s que ixume s

A no ite co'

o s lume s ,Cc

'

o s plaino s d'

annil

E a luz , que fluc tua

Na face d a lua ,

Não valem a tua

Que inda é mais gentil.

Se a brava tormenta

Que em farias rebenta

Co'

as garras s e d enta

Se afe rra ao parce l,

Se as nuvens são d ensas

E as trevas intensas ,

E , em vagas immensas ,Me bo ia o bai xel

Sem tino e conse lho ,

No p inho já velho

Se d obro o jo elhoOrando ao meuDeus ;

a i i ã —e

Ob que raça!- as no s labios

Chega!- as ao coração

Va te r n'

e lle s o meu pranto

f o i minhamud a e xpressão !

Eubem quize ra guard ar

E ssas flore s , sempre viçosas

V ia n'

e llas teus encantos

Po is são como tu mimosas .

Mas ob d dr : te re i embre ve

De vêr seubrilho find ar !

Po is a na: tem curta vida

Brilha , p'

ra logo murchar .

Mas se o s seus lind os primore s

A ti ouze i c omparar

Diz-me : tambem teu amôr

T e rá d'

e llas o d urar

d e Jane iro 20d e março d e 1859.

Jo s emar AUGUSTO DA CUNHA Pont o .

Le s d ieux ótaient tombc'

s

Ce s iecle d ont l'

é cume entraiuait dans sa cours eLe s le s re foulê ve rs sa sours e

R e cula n'

un pas d evant to i .

(Lavu nn x e Mann . Pour .)ODE .

J á não vive o c anto r d o christianismo !

O'

harpas d e Sião , cho rae—lhe a morte .

E ra bom e ra grand e c omo um se culo ;

Sus tentou, novo Atlante ummund o novo ;cumprida amissão fo i re clinar - se

Gigante ! n'

umsepulchro .

a d ãº-a

A humanidad e , abso rta ainda se lembra

De ouvir um d ia cantic o s sublime s

E ras tu quem c antavas junto as ruínasDe Memphis d e Granada e d e Cartago .

Evo cavas d a campa augus tas s ombras

Que a tua vo z surgiram

Nas margens d o Jord ão , mais nobre s canto s

De sprend e s te , qual tuba d o s archanjo s .

Não e ram s ombras vãs , as que evocas te ;E ra o pro prio c ad ave r d e Me s s ias

Que d e novo na cruz s e e le va ao s are s

Nas ruinas d o s impe rio s .

G igante c olo s sal entre d o is s e culo s

Tu arrojas te um d e lle s ao s epulchro ;E o outro que á tua voz surgira

linear : d o p o rvir ousad o , as s ombras

Mais fe liz que Mo i s é s tu vis to a auro ra

Do s p rome ttid o s tempo s .

Ora d o rme na camp Os alaúd e s

Em tri s te s s ons p rante arão teus mane s .

Do s se culo s vind ouro s a memo ria

E vo cará teu nome d'

entre as c inzas .

E e u vou humild e , entre laçar um go ivo

Na e'

róa d o teu tumulo .

Lisboa, 1848

Ax r omo a mn nn SERPA Pu nu n.

rl

% íal â ã

A IRMA DA CAR IDADE .

Come p ray wi th me , my saraph—love !My angel—lord come p ray with me .

(THOMAZ -MOORE .)

Quem é e s tamulhe r tão linda e jovenTão tri s te e tão se ve ra em tal idad e

P o rque d e luto e do ve s tid o s traja ?

Cumpre umvo to — E'

Irmã d a Caridad e .

Um joven ad orava tal qual e lla

Mui fo rmo s o , gentil, te rno e c onstante ;

Mas s eus d ias emfim e ram c ontad o s ,

P'

r'

o Cre ad o r partiu , d e ixou o amanti

E ne ste mund o só , aband onada

Sem te r nem p ro te c to r nem alegria

Sem d e svelada mãe , que a consolas se

As tris tezas d a te rra a sós carp ia.

P e lo amante a Deus p edi a a tris te ,

P e la mãe p e lo pao que já não tinha

E d e po i s d e re sar re s as tão santas

Carp ir na s e pultura a tri s te vinha .

Um d ia que e lla as s im a Deus o rava,

R e co s tada na campa d amãe qu'

rida;

(lançad a d e cho rar nas s epulturas ,

R eco s tada íi cou ad o rme c ida

Julgou então ouvir da mãe as vo ze s

Que a s eguir vida santa a aconse lhava ;So cco rre r infe lize s dar cons olo

Ao mortal ind igente amãe mandava.

b i o _r e

CAH OES E A PATRIA.

Elo meu amigo p alha .

Patria ao menosJuntos mo rremo s e e xp irou e o

'

patria .

(Gu am Cu õzs .)

Peregrino , sé bem vind o ,

Quem teus pass o s encaminha?

A saudad e linda virgem!

Saudad es da patriaminha !

D'

ond e vens De longos terras .

Tua familla ? Mo rreu.

E uma lagrima ao rome iro

Do s o lho s s e d e sp rend eu.

T ris te s o rte a d o pro scr ipto

A vagar em te rra e s tranha !

E d entro d'

alma a saud ad e !

E que saudad e tamanha !

Mas d iz—mc , qual é teunome

Sou Camõe s ! iw— d is s e a geme r .

E que p rocuras ago ra ?

Um abrigo p'

ramorre r !

Aclias te - o p o is , bard o luzo !

Vem abraça- te c omigo !

V em que junto s morre remo s

Que a Patriamo rre c omt igo !

Li sboa, 1858 .

AUGUSTO EMILIO Zu m a .

a 15 5

GEMIDOS.

Que me importa o mimo so fre scôrDa formo sa bonina d o prad o ?

Que me impo rta o alegre trinad o

Da ave s inha tão che io d'

amor ?

Que me imp orta da rola o gemid o

Tão p e renne d'

incanto e saud ad e

Que me imp orta o rimans o , e s ol'

dada

Lá d o arro io s e a paz he i p erd id o?

Que me imp orta o murmurio da fonte ?

Que me importa o rugid o da vaga ?

Que me impo rta a fre scura da plaga?

Que me importa a verdura d o monte ?

Que me importa co'

a furia d o vento

Ou c o'

o sopro da brisa mimo sa

Que me impo rta a torrente e spumosa?

Que me importa da vid a o alento

Que me importa d o mund o a grand eza

Suas p ompas s eumand o e splendor ;Se o meu p e i to é vas io d

'

amot

Se aminha alma só s ente tri s teza ?

Que me importa ventura passada

Se p'

ramimpara sempre é pe rd ida ?

Que o s to rmento s me fujam c o'

a vid a

Só d e sejo tão tri s te e p e sada.

Lisboa, 18238 .

JOAQUIM e ua BOTELHO DACOSTA.

9 136 45

NºALBUMWM JULIA.

“mha J ulia eu não se u velho ,

Mas po s so dar- te um c onselho

Que te d eve aprove i tarNão caras em se r es po sa

Que é seguir amar ipo sa

Que na luz se vae que imar !

Embo ra rainha be lla

Embo ra fulgente e s trella

Chame á no iva e u m ovw !

A no iva não é rainha

E'

cap t iva pobres inha

Es crava po is tem senho r !

Sc ep tro e c'

roa vão quebrar- se

Vac o p e i to ali murchar- se ,

V ac matar - se o co ração !

Le d o s surriso s d'

outr'

o ra

Mc igo o lhar não pod e ago ra

Dar a outrem Is s o não !

Ra inha e só a d onze lla ;

E ssa s im Em torno d e lla

Vem o s vas sallo s vive r !

De ixal—o s pôd e e sque c id o s

Ou e sc olhe r p'

ra valid o s

Aque llo s que bemquize r !

Mas i r r'

na SEMPRE ligar - se ;

Ir em vid a s epulta r- se

Sem d a sua alma te r dó

Minha Julia e u não sou velho

Mas po sso d ar- te o conse lho

Que ante s que iras vive r s o !

Lisbo a. 18 58 . FRANCISCO Jo s i: PERE IRA PALHA .

a i ãS -a

Eu s e i o s d oc e s s egre d o s

Que so s inho s manso s , que d o s

Umao outro murmuravam

Se i valo re s fabulo so s

D'

aquelle s s ins tão med ro s o s

Que d o s labio s te e scapavam ;

Se i o que viam as ilôre s

Ond e o s teus e s eus amore s

las , Igne z , o ccultar

Se i o surriso lague iro

Que d es te ao filho p rime iro

No seu p rime iro bradar ;

E quand o àsombra d o ced ro

Tu c arp ias d e te u Ped ro

A cruel s e paração

Eu ame i e u ad ivinho

Qual agud o , d o c e e sp inho

T e rasgava o co ração .

Lind a Ignez , anjo cele s teQue outro c rime não tive s te

Do s teus amôre s além ;P o rque o teu algoz tão c ego

Nas margens d e s te Mond ego

Não viveumoço tambem?

Oh ! s e o re i c ruento vira

No s ve rd e s anuo s a lyraEmque as azas vem c re s tar

E s te s ro sne s e s tas fonte s

E s tas vagas e s te s monte s

E s te sol es te luar ;

9 15 9 6

E ste s lind o s pomo s d e ouroP end ente s como um the soura

Da frond o sa larange i ra ;

E sta lympha chris talinaA tua imagem d ivina

Reproduzind o fague i ra

E sta relva aljofarada

C'

o roc io da alvorada ,

Como lagrimas d e amóre s

E stas nuvens brancas lizas

E ste susp irar d as bri sas

E ste balsamo d as flóre s ;

E s ta Co imbra tão ri sonha

Que ad ormec ida ahi sonha

Re cos tada no seumonte

Um sonho tod o me iguice

Que no aco rdar não d e sdi sse

E sse magic o hori sonte ;

E sse lis trão re splend ente

Da be lla are ia luzente

Sobre que chora o salgue iro

E s se barco tão airoso

Que se d eslisa formo so

C'

o d escante d o barque iro

E ste s alamo s e rguid o s

E s te amor , e s te s gemido s

Que aqui geme o roux inol;E sta ve rd ura d os monte s ;

E ste azuld os horizonte s ;

E s te me igo pôr d o s ol;

9 1606

Oh'

se o re i uos verd e s aunos

Se emhahss e eutre os am nos

Mas d e Affonso : temp'

ra é dura

De u—lhe le ite a gue rra impura

Nunca teve coração ;

Izabel santa que (alle ;

O bomDiniz que não calleQue o d igam saum d

'

Irmão .

Cho ra . cho ra , Ignez fo rmosa ,

A so rte fo i rigo rosa

Negro c ond ão que tomas te'

E ud e s fo ram tuas dôre s

lIas valem bem os amore s

Que ne s tas margens gozas te .

Eu venho , Igne zmalfad ad a

Ne s ta fonte aband onad a

Memo rias tuas chamar .

Que ve ze s n'

um paraizo

O te u magico surrisoConve rteu e s te lugar !

Que ro bebe r ne s tas aguas

Ignez , tuas d oc es magnas

De teu sangue as trad içõe s

E a façanha crua , negra

D'

e ss e s d o is homens d e ped ra

Que te mataram vilõe s .

5 165 6

Enrolad o ao nome adus to

Do po e ta grande augusto

Do p oe ta p ortuguez ,

Ficou qual e ra no tronc o

Qualmusgo em s e ixo bronc o

O teu nome linda Ignez.

Fic ou teu nome e seu nome ;E po r mais que Phebo ass ome

Cento s d'

anno s no horizonte ;

P od em ce d ro s arrancar- se ,

P od e e sta fonte s eccar - se

P od e aplanar—s e e s te monte ;

Nas temp estad e s d o mund o

P od em c'

roas ir ao fund o ,

E mo rre r no olvid o e scuro ;Mas a c

'

roa d o p o e ta

E'

como a vo z d o p rophe ta

Rasga as trevas d o futuro .

E tu é s Igne z fo rmo sa

A p e rolamai s mimo sa

D'

e ssa c'

roa d e tro feu

O'

Camõe s tu me p e rd oa

Se e sta lyra humild e entoaUm assump to que é só teu.

Co imbra outubro d e 1848 .

Jos i: FREIRE na Saara PIMENTEL.

BO ALB“ DE J . m m .

D»: m ami -r ph i t:A se io ce dro s

O ç-ze w se nb m m

A ) gé 'h m e jm rm f

Se a p lanta não mm mmSe na te rra se e ousume

Ind a have ra quem amuseCom vi e s s em) em se u jard im

?.

Que d iráme iga and o rinha

Em fac e d o rum inal?

Quae s o s sons da lvra minha

Fe s t iva saudand o o so l

São sempre tr is te s o s canto s

&liad o s com o s me us p rantos

Nem p r o s pobre se ncanto s

Lhe re luz d'

um

Que pod e na pra ia nua

E rma Co nchlnha do mar

De spontand o ao p é da lua

Que e s tre lla p od e bri lhar ?

T em no ro s to mil be llezas

Inc e rtas bri ncammce zasMas mo rrem s e nas d eve zas

Surge pallid o o

De que pre sta n'

alto monte

Ras te i ra grama d o val?

Que figura junto a fonteUmriacho d e chris tal?

9 166 6 .

Em tua honra, faus to d ia,

Quiz co lhe r mimosas flore s

Nos ve rge i s d a po e s ia

Que , venc endo nos od ôre s

A jasmins , cravos e ro sas ,Tambem fossemmai s viçosas

Po is d ellas q'

ria fo rmar

Uma grinald a brilhante ,E c om ella end e osar,

Linda Aum , o te u semblante ,Para as s im pod e r mo s trar- te

Se affe ição s e i d e d icar—te .

Mas baldo fo i meu d e sejoDo meu jard im d e ss e cad o ,

Não tire i um só harpejoDino d e ser consagrad o

Ao annunc io fe s tival,

Que rutila em teu Natal.

E c omo não c ons egui

De s cantar commelod ia

As emoçõe s que s enti,in to alli rmo . be lla Anhaia,

Que , o que me falta cantar,Mc sobra no d e s ejar .

d e Jane iro 21 d e junho d e 1858 .

J OAQUIMAUGUSTO na CUNHA PORTO .

9 167 6

RECITADOS NO THEAT RO DE LISBOA

PELO ACTOR BRAZ MARTINS

POR OCCASIÃO DO SEU DEBL'

T .

Ond e e s tou? Que sou e u? Que e standarte s

V enho ousad o aqui d entro abraçar ?

E is—te emfim cap itolio d as arte s ? !

E i s—me emfim as tuas p ortas a entrar !

Ai d e scrid o não s e i se inda c re io

Que já p izammeus pé s e s te chão ,

Se e ra o s onho baldad o que ve io !

Se e ra o sonho d o meu co ração !

Quando a mente ind a tenra tentava

Ir d o mund o c orrend o—me o véu,

J á ao longe lá longe eu cuidava

Que fulgia uma e s trella no c éu.

Era a e s tre lla d as arte s e attento

Namorava- lhe o d o c e fulgor

Mas tão longe' d epo is vinha o vento

E c o'

as azas toldava- lhe a côr !

E co'

as azas d e nuvens enchia

A e stre lla e o meu c o ração

Até que ella d e novo luzia

Commais puro mais lindo clarão .

As s im fui no s meus cas to s amores ,As s im fui semp re a e s trella a s eguir ,

Ora longe ora p erto e d e flóre s

Cria então alas trad o o p orvir !

9 168 6

Que d e encantos lá quand o o meu as tro

Me apontava o theatre , a d ize r ,

Alli fallam- s e os ve rso s d a Cas tro"

Vo lt e alli G ilVicente a viver !

G il V icente , o actor e o po e ta ,

Mo liere , o poe ta e o ac to r !

E'

o re ino d e Talma é ame ta

lb antigo e mod ernoze sc rip tor .

Alli surgem da Grec ia e d e Roma

O s gigante s d o genio e são r e is

Alli Schille r te rri vel as s oma

Cald e ron e Dumas ladão le i s

E'

é aqui oh ! bemhajas

Me iga e s trella das Se emvão

Fo r a e sp'

rança d'

e s t'

ho ra se a ultrajas ,Vac c o

'

a e s p'

rança d a vida a illusão

A p rime i ra , a me lho r a mai s be lla ,

E que vae para mais não voltar !

Oh não s eja d ebald e , alva e s trella

Que eu te vis se no céu d e spontar !

Oh não s ej a nem vós cujo braçoFo i ao s genio s um genio talvez

Não d e ixe is d e svalid o o meu pas so ,

O p rime iro . que eu sou portuguez !

Is to valha po rmim que mai s parte s

Nem e u pºs so nem s e i

E abre tu ,_

têap i tolio d as arte s ,Abre as portas que e u vou vou entrar !

Lisboa , jane iro d e 1859 .

Jo ã o na Lemo s SE IX AS Ca s r eu o Ban co

9 171 4:

Em que pela vez prime ira ,T ive crença verdad e ira

Na Santa Le i d e Je sus .

Nascem—me d entro d'

almaUmmais fo rte e puro amor

Que a tod o s levava a palma

Que t inhamaior valor .

E ram canto s d eco rad o s

Do s alto s fe ito s marcad o s

Com o cunho p o rtuguez ;

E ram as Quinas e rguidas

Nas are s tas d enegridas

De Ceylão Ormuz e Fez!

De novo volte i avid a ;

Saud e i o luso p end ão

N'

uma lagrima nasc ida

Do fund o d o c c ração !

Chore i o tempo perd id o

N'

e s se amor e s treme c id o

Que me fôra tão crue l;Cho re i ant igo s d elic to s

Como outr'

o ra e s se s p ro scripto s

Sobre a te rra d'

Israel!

Cho re i o te r—me e squecid o

De tud o o que Deus mand ou

Que fo s se no mund o t id o

Como Elle o ens inou!

Chore i sobre a Libe rdad e ,

Que no s braço s d a beldade

P or pouco que não morreu;Cho re i tud o , chore i tanto

Que pud e como meu pranto

q o àmmmw .

9 172 6

De sd e então a minha terra

Fo i só tud o para mim:

As c renças que O pe i to enca ra

Dep o r—lh

'

as ao s pé s eu vim.

Nuncamai s a minha lyra

Se ad orno u da vã ma rtin

D'

um fals o mentid o amo r :

Ergui—me d e pé — alti vo

Depuz fe rro s d e ca p t ivo

P or honra d e trovad o r .

Sou um po e ta—so ldad o

Não se i a mis são mentir ;N

'

e s te canto maguad o

Dis se tud o s em fing i

Pºe ta d a lib e rd ad e

Fiz d'

e s ta no va d e id ad e

A d ama d o meu p ensar

P ros tre i—me ao s p iªs da d o nze lla

He i d e e . m e lla p o r e lla

Amznlza te rra cantar

II::I d . um . que as rud e s faltas

De s o ldad o as puz aqui

Ment iras que são das salas .

Nunca e u as trad uzi .

Não as s e i — nem que soube ra

N'

e s te s ve rs o s as puzera

Que tod o s ve rdad e sãoNão tem logar a mentira

T raduzind o aqui na lyraAs voze s d o c o ração !

Lisboa 1849.

LUIZ AUOUSTO X avtaa ne Pa euamm .

LM

U t. —G

E n s i no mund o sem tem: sa l u

F, J a i ro « me Is as tro s eam vo o aim

A in-

um h m : a: an ºs

N ªt )! ALBL'

H .

« (na ta na el c ie c lo a [a t enta)Ie la rob ô , c ejand o—me imCo n em amar ,

-

ça so l-ªd ão! Fra c tal:

Be rna rd es tris t e s d e mi p . eu pe rd id o . ,

D. 11. J . c x ra zu .

Em pé s o rr ind o a s vagas d a d e sgraça

E que imad as meus labio s pe la taça

Do negro so ffrimento

Eu vivo , vim aqui ne s te d e s te rro

Aband onad o e tr is te so bre um se rro

Cho rand o e s emalento

Murchada toda a flôr d entro d o p e ito

Aa llluaõe s quebradas e d e s fe i to

0me u aonbo p r ime iro !

E semrumo , na te rra e s em d e s tino

A'

be ira d o se pulchro e rguend o umhymno .

Meu hymne d e rrad e iro .

9 175 6

Nem d ia me surri nem eu lhe canto

Mas quand o a no i te d e sd obrando o manto

De trevas me c ircunda

Eu go s to d e ir vagar s ilenc ioso

P elas praias ao grito las timo so

Da vaga gemebunda.

E s into e s into ard e r em fogo a mente

E o co ração cap tivo e te rnamente

Mais livre susp irar!

E minh'

alma em d e sejo s abrazadaUmp e i to ancêa ou alma a quem casad a

Aos céus se ale vantar !

Mas o negro s ilenc io me re spond e

E no raio d a lua que s'

e s cond e

V ema tris te za agora?

A lyra e mud a mas o p ranto em fi o

(lavando p elas face s fund o rio

A vid ame d e vora

Mas é bem d oce o pranto ao d e sgraçado

Como a florinha d o s inge llo prad o

As p e r'

las d a manhã

Como abraço mate rno ou cas to be ij o

Casad o s em a s ombra d'

um d e s ejo

No s e io d e uma irmã !

E'

bem d o ce o chorar Eu que pad eço

Que na c ruz abraçad o a campa d eco

Co rtad o d e mil d ere s ;

Eu que all'

ronto d o s homens a maldad e

Sinto O punhal rasgar-me da saudad e

E morro ao s rigore s

AUGUSTO Emmo Zanon .

9 176 4 :

c om:m:. DA 'S s r:em '

r s m a s

DAMA

Eu tenho um c e rto cap ri xo

Que te não posso o c cultar ,Go s te i das tuas loucuras

O que me dás s e eu te amar?

EU

Não tenho gallas d o iradas

Que já te po s sa offe r'

ce r ;

Nem ha throno s n'

e s te mund o

Que te po d e s sem vale r ;

Mas p o r amo r d o s teus olho s

Ire i fe ras combate r !

DAMA

Não que ro d as tuas gallas

Nemque ro um s c e p tro impunhar ,

Nem que c ombatas as fe ras

O que me dás s'

e u te amar ?

Se mil vidas eu tive ra

T o d as te d e ra em p enho r

He i d e ad o rar- te p ro s trad o

Como s e ad ora o Senho r ;

Dar - tc milbe ijo s po r d iaEmp aga d o teu amo r

DAMA

Não que ro só do s teus be ij os

Que me p od em enganar ,

G o s te i d as tuas loucuras

0que me dás s e eu te amar?

9 178 6

BAI A

Da tua c'

roa não que ro ,

No cé u ja tenho lugar ,R e spond e mancebo louco

O que me dás se eu te amar?

Dou—te incenso , d ou—te myrrha ,

Como a Deus d e ram o s magos ,Dou- te mil e mil c aric ias

Dou—te mui te rno s nd agos

E tud o p'

ra qu'

e s ta vida'

l'

ns e rvas a d oc e s trago s !

DAMA

Mancebo agora que s e i

O que pod e s ofl'

e rtar ,

He i d e s e r tua e só tua

Toda a vida te he i d e amar !

Ri o d e Jane iro 6 d e março d e 1849.

JACINTHO AUGUSTO na:SANT 'ANNA z Vasc onm noa.

V I J PB

Be las ! s emblable au s igne a s e s d e rni e rs momentsAlo rs que je s outIre , j e chante !

n'

m mc ouur .

Apoz quas i um lustro fe ito

De vive r longe d e t i ;

Sempre a saudad e no p e i to ,

Que sem e speranças vivi'

9 179 45

Ap oz e s t'

alma oprimida

A vive r no d e salento

Como a semente perd ida

Entre as fIsgas d o mo imento .

Que s e a flôr ao céu levanta

Doc e brisa a não bafeja

Que s e a ve rga s obre a planta

O negro s e pulchro be ija !

Depo is d o sangue e spumand o

Vêr d o negro c oração ;

Pouco a pouco d e smaiand o

Sem um ai d e compaixão .

V i—te a final qual tu e ras

E nem s e que r na mudança ,

Qual na mente aond e impe ras

Vivia a tua lembrança.

V i—te e semque tume vis se s

De teu ro s to o s lind o s traço s

Quiz entre loucas me iguice s

Ir morrer sobre o s teus braço s .

Quiz pela voz d o p e rd ão

Mo s trar- te aminha inno cenc ia

Junto d o teu coração

Acabar e sta ex i s tenc ia.

Mas um pod e r me sustinha

Que me emprantos sutl'

o cava

Que a negra d e sgraça minha

Aos olhos me ap re sentava .

9 180 e

Que na razão me d izia

Não pod es vive r d'

amor

Apagou- se a luz ao d ia

Nas tre vas vive co'

a dôr .

Ai s im vivere i carp ind o

Ne sta lyra a d e sventuraTé que os ais se vão sumind o

Nas lage s d a se pultura .

Mas ao menos nunca mai s

Me to rnem a appare c e r

Aque llas vivo s s ignae s

Que eud e sejara e sque cer .

Lisboa, d e junho d e 1868 . Brunno .

BCDUIQ!) N IKON »

Tu é s c omo a ro sa que vive no p rado

No fragil tronquinho d e ve rd e ro sal

Tu é s c omo a rola que vôo no campo

E canta e s'

e sc ond e na enco s ta d o val.

Tu é s c omo a brisa que vem sobre a relva

Cantar d o s amo re s s inge lla canção .

Tu é s c omo a e s p'

rança que luz emmeu p e i to

E c re sc e e da vida ao meu c o ração .

Tu é s como um sonho que eu tenho s onhad o

Que eu s into e que eu guard o bem d entro d e mim,

Um sonho inno cente que eu conto callad o

De no i te as e strellas d o s camp os sem fim.

Tu é s a saud ad e que eu tenho s entid o

Da vida que o s anjo s lavivem no c éu

Tu é s uma e s tre lla que vive s o s inha

Em vasto horizonte , que vejo só euLisboa, 18b8 . RAIMUNDO A. na BULI ÃO PATo .

E «pras : sempr e o mmc-Ln

Slurmuzi '

, o alma da vi rzem

Os be ij os , que são pe d id o s

P im -o s na face vontad e

E'

o amo r a d ilatar - se

No pe rfume da amisad e !

Mas o s be ij o s que são d ad o s

II'

vista d e mui ta gente

De smc recemno apre ço

E arre fe cem d e rep ente .

E d izem tambem, que ha be ij o s

Que d ad o s mais d e uma vez :

Entume c cm no s s entid os'

I'

o rrente s d e langui d ez.

Eu cá po rmim — nada se i

Mas acho que e s te s são

Mys te rie s que não s 'e xplicamSe gre d o s d o c o ração

Não s e i nemme smo s e o bt o

Re volta as ve ze s p ousand o

Mi s ti c a ve z lá d o céu

Que a bo cca não d iz , fallando !

li s e ine xac to julgaremO s be ijo s que d e sc revi ;Mo s trem- Ine as Damas o e rro

Dando -me umbe ijo ami '

9 183 6

Que os be ij o s que p or'

hi vão

P e rd id o s que nem eu se i !

Nem se que r um be ijo sóDos que s e pe rd emache i .

Lisboa, 1848 .

ANTONIO Jo s i: nu SOUSA ALI ADA.

unc o nnA çà o .

I mus t we ep but the se te ars are cruel.

SHAK ESPEAR MAennTu.

E ra uma linda no i te e ra d'

aquellas

Que o céuno s conc e d eu para punir—nos .

C'

o pungir d a saudad e

Quand o d epo is d e negro s d is sabore s

Um refle xo d e amena fe lic idad e

Ind e c iso ficou entre o s ho rrore s

Da pungente cruel realidad e .

E ra então nessa no i te o fi rmamentoTape te re camad o

Ond e rutilas pe r'

las c ento a c ento

Iammorre r no occaso d esejad oA lua d is c orria lentamente

E a meu lad o folgavas innocente

E junto d e meu p e ito eu te all'agavaE ao pallid o fulgor d a lua e rrante

T euangelico ro s to s e animava .

z lãft c

Então a as tão be lla

Que vêr em t i julgue i o anjo puro

Que em sonho s ad ejaudnme surría ,

Quand o minha alma a te rra de sp re s amlo

Em pm d e anreas visõe s se d e s prend ia .

Lembra- te ainda aque lle id o so tronc o

Onde a airosa ca be ça re c os tavas

E aque lle ramo branc o

Que emballad o d os ze phy rus lige iro s

Sobre a re lva te r ia d e folhag em

Alfombras que p isavas?

Como a teus pé s as cand id as boninas

Os anjos d e sfolhavam?

E d o fresc or da languida bafagem

Tuas eburneas fac e s animavam

Cad ente murmurava ao lo nge a vaga

Que mans inho na praia fa rolando

Po isar bum'

d o be ijo

Na are ia que luz ia

E d ep o is p reg uiço sa d e s li zand o

Entre as ondas que vinham se e sc ond ia.

E das harpas ae re as mansas br isas

Que nas s ombrias ramas d is co rr iam

Saudand o no ss o amo r

Me lanco licas no tas d es fe riam

E em s eu temo susp iro a agre s te flôr ,

Mile s senc ia s balsamicas soltava

E as auras que bebiaa perfumava .

Quanto é d o c e animar e xtinc to s d ias

Que d e amo r infantil s e alimentaram

Evo caI- o s d a no i te umbro sa e longa

Emque quas i no alvo r s e sepultavam

E d a saud ad e branda

Bafejand o com o s halito s ce le s te s

D'

e spe rança d e lirar , brad ar c io so

Fo lge—d e novo .

—Dias que mo rre s te

a i Sõ a

Da ro xa saud ad e as fo lhas mimosas

Não que iras Elyse alli de rramar ,

Que a par dos encanto s— da me iga saud ad e

Se occultam veneno s que pod emmatar .

Esquec e- te Elysa , que a lyra fune s ta

Não ha d e impo rtuna sent ida geme r

Que a amarga memo ria— d o s tempo s que foramNo fund o d o pe ito eu juro e sc ond e r .

Lisbo a, 1858 .

Lam a Ce n tro .

OS OLHOS NAO M BW .

Não se i s e ac re d ite — s e vá duvid and o

Que o s o lho s não mentem não mentem se i eu.

Mas língua d a te rra na te rra falland o

Não po d em d ize r-me tae s c o isas d o c éu.

O s o lho s não mentem que são a voz d'

alma ,

Singe llo— o que s ente no s o lho s o d iz

Ou s onhe venturas go zand o'

d a calma

Ou gema saud ad e s cho rand o infe liz.

Se um d ia pro curam guardar um segred o

Co itado s d o s olho s que tentammentir

Que logo em cas tigo que logo d e med o ,Rebento d o s o lho s o p ranto a cahir.

5 187 -6

Os o lho s não mentem e tempo p e rd id o

Po r mais que o rep itam, não mentem, s e r

Mas línguas da te rra só fallam tingid o

T entand o d izer—me tae s c o isas d o céu.

Lisboa 1848 .

FRANCISCO Jo s é Panama PALBA.

NO ALBUM D'UMA MENINA .

Tu que re s d e d o re s

D'

amo re s

Singello cantar ,

Flore s d'

amo re s

Não tenho p ara d ar .

No pe ito guard ad o

Calad o

Um canto s e i e u

D'

e sp inho s e dôre s

Que flo res d'

emore s

J á não tenho eu.

E tu que é s a ro sa

Pe rmasa.

No mund o a vive r ;

Não que iras meus cantos

De p rantos

De tanto soffi er .

m iºl º

Só tuaqui sole tras te

Ne staminh'

alma s ingella.

B'

s minha flôr , meu go rge io

É s tu 56, só minha es trella.

Ant on o Pmm s

IN C E R T E Z AS.

Vem allivio me renco rio

No s meus olho s bo rbulhar

P od es vir , ninguem te vê

P'

ra se ri r d o meu cho rar .

E e lla que o não p re s inta

Que não saiba o meu p enar ;Se vis se pranto d iria

—Tu cho ras p'

ra m'

enganar !

Ingrata que não calcula

Quanto so il'

ro emmeu amar ,Po is nem c re no p ranto meu

Nem s e fia emmeu jurar

Se ao meno s eu conseguis se

Denso porvir d e svendar

E se a e spe rança vie ss e

Meu amor aca lentar ;

Oh ! então ainda s oll'

rera

Po r mai s tempo o meu penar

Abafara o s meus gemid o s

Sull'

ocara o meu cho rar .

Canna .

9 192 6

Mas vi ve r s empre enle iad o

No mai s c rue lduvidar

E'

que re r a tragos lentos

O fe l da mo rte libarJane iro 1849.

J o s emar Anc usr o na CUNHA Ponr o .

A F ILIIIN IIA .

Quand o teus olho s erguend o

O s fi tas tris tinha no céu,

E ao sacbrac io da tua alma

So ltas as pregas d o véu,

E u amo ver- te no s labio s

Os surris o s d a candura

ADeus p ed ind o e rogand o

P o r quemgeme s em ve ntura .

P e la mãe que ad o ra a fi lha

São d e fogo as p re c e s tuas ,

O s anj o s p e d em po r anjo sSão c ommuus as penas suas .

A e s se Deus que em teu ro s to

P oz o cunho d a be lleza,

P e d e - lhe que m'

aparte d'

alma

E s ta nuvem d e tris teza .

Tu o ras po r quem a sorte

Fez no mund o malfadad a,lnno c ente o ra p o r mim

Que tambem s ou d e sgraçad o .

Jane iro d e março d e 1849 .

Assump ção Jumon.

b lºâ e

De variadas flo res fragranc ia rara

Co'

ameno aroma o s ares eui als em va

De límp id a c o rrente fonte clara

No mimo so ve rge l s e rpente ava.

Do formo so bate l e n tão sahindo ,

P e lo ce le s t e gula c ond uzid o

A Alabas trino te rs plo fui subind o

Que es tá d e mirto e ro sas guarne c i d o .

Subi no temp lo entre i e d e slumbrad o :

Meus o lho s fo ram c om tamanha luz ,

Uma d onze lla vi que , re co s taddsOs braço s temno pe d e s talda c ruz.

Alvo é o ro s to , o s traje s são nevad o:

Ebanico s und ivago s cabe llo s ;

Temna bo c ca surr iso s engraçad os

São d e claro e xplend o r o s o lho s be lle s .

E xta tico fzque i mud o , e pasmad o

Ao ver d e vi rgem tal tanta be lleza ,

Meu p ens ame nto t o d o d'

cnle vad o

E sque c eu id a (.

ªu e natureza .

Mas d e -le s t e vo z a melo d ia

Alegre , a me us s ent i d o s me tornou

T rovad o r e s cute i que me d izia

Tua c ons tanc ia 0 cá.; já premiou.

Issa virgem q ue vês me iga e fo rmo sa

Que tanto lhe p e d is te em teus cantare s

Semp re inno c ente , be lla e carinho sa ,

Amor te j ll l'

íli'â s obre o s altare s .

a i Qã -e

Olhe i então e vi o s olhos d ella

Que che io s de brandura emmim p ensava

Comaque llame iguice que re vela

Que d o anjo as palavras c onfi rmava.

E rguend o- se d e po is visão c e le s te !

A'

s aras uma c'

roa fo i buscar ,

E d is se : bem ganhal- a tu soube s te

Trovador que tão bem sabe s trovar .

Aguard e i d e j oe lho s d e lirante

Be ijar amão que a c'

roa me c ingra :

Mas d e tod o ce gou-me a luz brilhante

Que d o s formo s o s o lhos e spargia .

De re pente d o véu fui d e svend ad o

E ssa fo rmo sa luz já não

Anjo , ve rge l e templo consagrad oTudo tudo d a vis ta me fugia .

Brgui- me então d o s omno d e spe rtad o ,

Com tris te s p enas a lidar fique i ,

Ne s sa margem d o T ejo d e sgraçad o

A pe d i r a ventura , que sonhe i .

Lisboa 1848 .

Am i s Pun o na Souza .

a lgô e

A N'”V EM .

Pelo s ol ainda afl'

agad a

P equena nuvem d o irad a

Va i ad ejand o apre ssad aLanas camp inas d o ar ;

D'

ond e vens ó nuvem pura

Co'

Viração que murmura

Damontanha na ve rdura

Na face argente a d o mar?

Nas azas d o me io d ia

V ens tu acaso s ombria

P e rd e r—te emme lanco lia

No s camp o s d e Po rtugal?

Vens d o T ejo vêr as flºre s ?Ou vens matar—te d

'

amóre s

Ao reve r as tuas côre s

No Mond ego d e c ris tal?

Tu que o s braço s vap o ro so s ,

Bm branc o s flo c o s mimo sas

E s tend e s tão amo ro s o s

Lá p ara o s e ptentrião ;

V ã is no s ge lo s d e brilhante s

Em cave rna d e d i amante s

V êr uns olho s sc intillantes

Que p rend em teu c o ração

Va i s matar uma saud ad e

Entre a neve em s ole dad e

Ou vais travar amisad e

C'

uma e s tre lla glac ial?

9 199 4

Ou no polo d iamantino

Vai s ve rte r—te d 'o iro linoLá no brilho purpurine

D'

uma auro ra bore al?

Quanto invejo ó nuvem leve

Tuas azas côr d e ne ve

E o be ijo , que o c éu te d e ve

D'

es sas roupas d e marfim !

Quanto invejo o s vôo s teusP e lo s caminho s d o s c éus ,

E o me igo surrir d e Deus

N'

e s s e raio carme zim

Lã d o e spaço no s re tiro s

Ond e faze s o s teus giro s

Não out e s tu o s susp iro s

Que te envia o trovad o r ?

Ou tu lá u'

e s sas alturas

Não te d o emmaguas d uras

Nem allec to s , uem t e rnuras

Nada move o teu amo r ?

0h ! se àte rra tu baixand o

Me c onduzi s se s vo and o

No s e io mac io e brand o

A'

s e the re as regiões !

Ou s e ao menos c'

um gemido

Da p obre lyra sabid oA um ente e s treme c id o

Dess e s as minhas canções !

Mas'

tu roças o hor is onte

Ao norte le vas a fronte

Vã is jã mui longe d o monte

Em que te vi d es p ontar ;

a iºõ a

WEB QQÚQQQA

'

sombra d e itad o d e anno samangue ira

O céu contempland o c e d i ao d ormir .

Das co i sas qu'

eu vi lembrança fogue ira

Na lyra d e scanto c om tris te surrir .

Do id inhas corriam lige i ras voavam

Mil ave s d o céu e ao longe no ar

Mil anjo s d e sc iam, d e s ciam chegavam

E em to rno ao meu le i to vi eram cantar .

Da brisa d o s montes a pura fraganc ia

Nas face s d e slisa lige ira a c orrer

E um hymne ente ad o d e longe d i s tanc iaDo s céus aos duvid o s me ve io mo rre r .

E o hymno d iziamilco i sas tão puras

Que a lyra d o bard o mal pôd e tange r ,Dizia- me patria cantava venturas

Soava—me n'

alma , causava prazer.

Ao longe no valle d e llóre s matizad o

Fague iro entoava—me um le d o pas to r

Fo rmo sas end e ixe s qu'

ao p e i to maguad o

Lembravam amao

'

s e atria e amo r.p

Lembravam- me"ãinfanc ia a vida tão pura

O s d ias qu'

outr'

o ra passe i no paiz ,

Do s pae s carinhosos ame iga d oçuraDiziam-me n

'

alma que sou infeliz.

Lembravam—me o s s ino s d e ald e ia tocaE o d e c il rebanho no p rad o a pas tar ,E a tenra i rmãs inha qu

'

outr'

o ra emballandoSurrind o me olhava no seu accord e r .

Vo r . IV.

ao » 206 6

Lembravam- me as no ite s d e lua tão bellas ,

As tard e s e s tivas a auro ra a raiar ,

Me u c éu tão brilhante bo rdad o d'

e strellas

A pura ave s inha na s e lva a cantar .

Lembravam—me a amante , s eu collo de neve

E o be ijo qu'

outr'

o ra nrimc iro s o rvi ,Com p ejo outo rgad o po r bo cca tão breveTão d o c e o d ivino qu

'

eu quas i morri .

De p o is ac c ordad o

Fique i d ew raçad o

Cho re i meu fad o

Meu p ranto c o rreu ;

E o s onho tão q'

rid o ,

Fo i s onho ment id o

De p e i to nas c id o

No p e i to mo rreu!

R io d e Janei ro , 21 d e fe ve re iro d e 18á9.

J ACINTIIO Ancns r o nnSANI'

ANX A nVASCONCELLOS '

J e parc ours l immenso e tendue ,li t j e d i s

— Nulie part le bonhcur ne m'

a ttend .

Lau s an ne. Man. PORT .)

E'

no ite ! ummanto bo rd ado

To d o d e sóe s re c amad o

Se d e s enro la no c éu

Sumiu—s e o as tro lo d ia ,

Bebe r la n'

alma a po e s ia

Ao ce rrar do immens o véu

9 208 1 !

66não mo rre o sacro lenho

Ond e o s o lhos meus eu tenho

Ond e a minha e s p'

rança puz ;

Pos sa emquanto t ive r vida

Re spe itada ver ,— e e rguid a

Es ta a nta , humild e c ruz !

8 . Franci sco d e Co imbra 2 d e fere re ino d e

a c rse o Jos i Pu lulu

x o ALBUM DE MEU AMIGO O SR .

ANTONIO AGOSTINHO NUNES LIMA.

Quemme d e ra a voz mimo sa

Que , quanto hoje é famo sa

ºutr'

o ra fo i d e sd i to sa

De Carnõe s , d ivo , s em par ;

Quemme d e ri'

a d o c e lvra

Em cujo canto re s p ira

As emoçõe s que s entira

T o rquato , no s eu azar .

Oh ! s e tae s d ons alcançam

Ve rias c omo e u cantaraComo tambem d emons tram

D'

e s ta minh'

alma o s entir ;

P o is que o abraço d'

amisad c

Que te d e i c omanx ie d ad e

Fez mais c rue la saud ad e

No meu p e i to re surgir !

9 209 Q

Fez-me te r sonho d ito sa

No qualvi quad ro formo so

Po r mim passar p re ssuro so

Qualaguia , que o ar co rtou

Mal o p osso d e sc re ve r ,

Que minhamente a fe rve r

Apenas pôd e abrange r

O painelque d ivisou.

V i e ss e Pe rto gigante

Be rço d o he ro e navegante

Que , audaz e triumpbante

Lusas quinas fez teme r

V i - lb'

o s mimo s s e d uc to re s

V i—lh'

o s fruc to s e as llôre s ,

V i n'

um relance o s primo re s

Da te rra d o meu nasc e r !

V i a seus pes mage s to so ,

O meu Do iro tão famo s o

E spreguiçar- s e alte ro so

P o r campo s p raias s emfim

V i -me na patr ia mansão ,

Conchegand o ao sp raçâo

Os p enho re s d'

uma ail'

e ição

Qu'

inda não mo rreu emmim !

Ai ! que visão tão formo sa

Se d e s lizou p re s suro sa

N'

e ss a p atria fabulo sa ,

Que n'

um e xtas is fo rme i !

Oh ! que quad ro d'

e ncantar

Fui ameus pae s abraçar ;Be ijo s frate rno s fui darNas irmãs que s empre ame i

O Infante D. Henrique .

g ºma

Has a i ! que tanta ventura

Se ra d i c a e'

n amargu ra

No m e :. o d e tri s tura

De me u c rue l d es pe rtar !

Fugiu- me to d o o e ncanto

Mas fic ou saud o so pranto ,

Que o tempo que pôd e tanto

Não tem p o d e r p'

r'

o se ccar !

Tu bem p od e s c omp rehend e r ,P o is tens o ra igual s olfrc r ,

O quanto cus ta vive r

Saud ad e s s empre a curtir

P o r i s s o bem tris te llór

V em no te uAlbum d e pór ,

Quem não temna sua d dr

Outra llôr d e mais luzir !

de Jane iro , 8 d e abr il d e 18 59 .

J o aoum Auc vs r o na CUNHA Pont o .

Alªlbít'

lli SÉCCA.

AO MEU AMIGO A. LIMA.

As fi lhas que o s ol d o irava

Vão ca ind o p e l.) c hão

A'

vo z d o p . !llid o o utomno

Cho rand o o s bo sque s e s tâo ;

As ave s inhas mimo sas

Calam tr iste s rece iasaa

ap ºiº-a

V em comigo s er a fonte

Que murmura entre s e ix inho s

Ond e nas horas d a s e s ta

V ão banhar—se o s pas sarinho s ;

A fontinha que entre ro sas

Entre boninas che i ro sas

De sc e alegre ao ve rd e p rad o

Como a zagala d o monte

Que julga tºpar na fonteO pas to r s eu namo rad o .

Ai d e mim —que e secar a lente !

Em vez d'

aguas c ris talinas

Ago ra juncam s eu le i to

Se c cas folhas purpurinas ;

Ond e e s tão o s pas sar inho s

Que suspend iam s eus ninho s

Entre as folhas d o s salgue iro s?

Em ve z das ave s d'

outr'

o ra

No s s e c c o s tronco s ago ra

Piammo cho s ago i re i ro s

Mo rta e s tás ó linda fonteMe iga fi lha d o o u

'

e lro !

Quem me (le r:: o uvi r ago ra

T eu murmura r fe i t i c e iro !

Quemme d e r .. cb . rar tanto

Que po d e s s e o tri s te p ranto

Enche r d e no vo o teu le ito

Scceas as fonte s e s tâo

E cancad o o c o ração

De c arp ir d entro d o p e i to !

Ad eus po is 6 fonte mo rta

Que eu me vou c omminha d ôr !

Bebi tod o o mel da vida

Só me re s ta o amargor ;

9 213 43 5

As folhas que o vento e spalha

Sejam a tris te mortalha

Da fontinha que ame i tanto ;

E p o s samno me z d as (lere s

As boninas d e mil od re s

Re camar - lhe o tris te manto !

Talve z o ge lad o inverno

Que s em d ó tud o arrebataVenha d ar- te gene ros o

A c o rrente c ôr d e p rata

Talve z o pas to r cancado

Venha no julho abrazada

Sac iar a sed e ard ente ;

E talvez que as aves inhas

V enham d as matas vis inhas

Me rgulhar- se na c o rrente .

Mas eunão mais vo ltare i

Ver- te , 6fªnte renasc ida

P o is s into d entro d o pe i to

Se ccar- s e a fonte d a vida ;

Se cca nas mão s tenho a taça

Da tri s te vid a que passa

Sem d e ixar uma saud ad e !

E quand o tris te mo rre r

Nemum susp iro he i- d e te r

Nas horas d a soledad e !

Lisboa 18 58 .

H . O'

Nnu . l emon.

D Z IK Q

M INH A TERRA.

Pe las margens d'

e sme ralda ,

P e las aguas d e c rystalT em c o usas minha te rra ,

A minha te rra naml!

Pare c em c onto s d e fadas ,

Nunca vi lind e za igual.

Tud o alli falla d'

emo re s

Quanto o s o lho s po d em ver .

Até ha c o nto s d e (lare s

Que fazem go s to s abe r ;

Quem me d e ra te rra minha

Que o s to rnas s e s a d ize r .

E s obre a v ia formo sa

Ne s sa fo nte d'

As e nal

Nas tuas margens d e ro sa

E u d e ixa r i a o me u mal

O me u mal to d o saud ad e s ,

Saudad e s d o meu natal.

Po rque e nf i o , ó te rra qu'

r id a

O te u d e lira nte ::môr ,

Allagand o a n mha vid a

Dava - me i iço e fre s cor ,

Dava- me n'

a lma um surri s o

P ara abri r na vi d a a llôr .

Mas a p atria d a minha alma ,

He i d e longe d e lla e s tar?

Que r a so r te e c ontra a so rte

Que reme d io s e ha d e d ar?

Se t ive ra ind a uma e sp'

rança

De em teu re gaço acabar !

2166

AO m m e o

AUGUSTO CARLOS MACHAD O.

Ei s que allim vae s meu amic o

Te rras da pa tr ia re ve r ,

P raza ao c éu mand ar bo nança

A'

s ondas que vae s fend e r .

Mas , oh ! não vim sem le var

Signald e minha afe ição

N e s ta tro va que é singe lla ,

Mas fi lha d o c oração .

Oxalá no s braço s te rno s

De tua familia cara ,

Ache s a d i ta que a s o rte

Paramimfaz tão avara .

E , po ssa s nas margens lind as

Do no s s o Do iro fo rmo so ,

Frui r encanto s d a vid a

Se r n'

e llas s empre d i to sa .

Mas no enlêvo d a ventura

Não o lvid e s a ad'

e ição

De quem te d iz te rno — ad eus

Com fallas d o c o ração !

R io d e Jane iro 17 d e abrild e 1849 .

J o aoum Auc c s r o DA CUNHA P onr o .

g ºma

BLLA .

I t iene mas d e vaporosàsombraDe ine fable vi s ion que d e muje r.

Zonnnma .

De sprend e—s e a p oes ia

Em to rrente s de harmoniaPara cantarmeu amo r !Nas c ordas da minha lyraA mão inc er ta de si ira

Umhymne de trovad or !

Um hymne —só para e lla ,Que em cada no ta revella

Mys te rie s d e coraçãoQue s eja tod o te rnuraT o d o me iguic e e d oçura

T e d e s ince ra paixão !

Não pod emvoze s d a te rra

Dize r tud o quanto ence rra

Aqui d entro e p e ito meu !

Mas comigo ha d e juntar- s e ,

na d e ao meu canto casar- s e

A ve z d os anjos no céu

D'

aquella face fo rmo sa

Como umbo tão d'

alva rosa

Quemnão ama a pallid ez? !

Quemnão enc ontra po e s ia

N'

aquella me lancolia

Que temgravada na tez

9 919 6

So s seus cahe llc s e scuros .

Y e s olho s mgre s tão mms

Quem se não ha d e pre ud e r? !

Quem em tro ca d'

um surriso

D'

e s s e anio d o pan'

nn

E o se d e ixa ai m rre r? !

Quand o a vejo pensat i va

Eu não se i c omo se viva

Sem pensa r n'

e lla tambem

Se a vis s e ch- ar um d ia

Ai ! eu não se i que alegria

Pud e s se goza r ninguem !

Eu não conhe ço no p rad o

De fresc as no res bo rdad o

Mais lind a e s ingella nbr !

Eu não c onhe ço d onze lla

Que se compare com e lla

Quem as s im me falle d'

amor

E rgue i—vo s d a sep ultura

P o e tas d a d e sventura

E rgue i- vos , Tas s o e Camõe s ;

E d ize i d e po i s d e vê—la

Se houve jama is uma e s tre lla

Como es ta d'

nnsp i raçõe s

Não hom e !— Na minha vida

Não te s eja e u e s c o nd ida

De nuvens n'

um tris te véu !

O'

me u as tro s c intillante ,

Brilha tu s empre constante

Que s e mo rros , mo rre o céu!

5 2206

T r ibune que med i ta» as

No s traço s d'

e ss e paine l

No me io d as c res pas vagas

Na p rôa d o teu baixe l?

P ensavas na cara e spo sa

Na vaga que vem saud os a

Be ijar teu be rço gent il?

Não , não , o Grac c o , o g igante .

T eu pe ito não bate amante ,

Não é teu sonho infantil.

Saudad e amo r , e sp e rança ,

Não movem teu c o raçã o

Que as c inzas clamam vingança ,

As c inzas d e teu irmão .

No me io da tempe s tad e

Só p ensas na libe rd ad e ,

se p ensas ne patrio amor .

Um riso ae labio te assoma

Que além s e d ivis a Roma

O'

Roma e is teu d efenso r.

Co rnelia ahi tens o teuâlho

Que he rd ou teu genio e valo r

Na frente re luz- lhe e brilho

O brilho d o patr ia amor .

Lá vemnas azas d o vento

Soltar o s eu p ensamento

EmRoma ainda uma vez.

Chega e Roma abso rta ,

Da ve lha Roma jámorta

J ulga ouvir a impavid ez.

De entre e c ivilpugilato

Que voz e s tranha brad ou?

Da campa d e Cinc inato

Fo i gri to vale que aco rd ou?

sai

Ou fo i d e Romulo e brado

Tro and o'

eontra o senad o

Ou fo i d o s d euse s a voz ?

Fo i Caio Gracc e , Romano s

Que jura gue rra ao s tyranne sAs c inzas d e se us avós .

E surgiu c omo umathle ta

De foro calcand e pó

T e rrivel c omo a trombe ta

Ne s muro s d e Je ricó.

Do p ovo acc end e o s furo re s

E as iras d o s senad ore s

Brad and o , p rovoca Emvão ,

Que mand a o Deus da ve rdad e

Que p e reça a libe rdad e

Na patria d e Sc ip ião .

E fo i a ve z d e rrad e ira

Que a velha R oma e scutou

A voz tremenda agoure i ra

Que em libe rdad e iallou.

De vil s enad o a vic to ria

Fo i brilho d e falsa glo ria

Que a patria lança no pó ;

Que aond e acaba a virtude

Surge a patria um ataúd e

É a glo ria um nome s e .

Virtud e s d e e sfo rço antigoV irtud e s d e patria amo r '

,

V ão acabar- s e comtigo ,

O'

Gracce as mão s d o lie to r.

De lic to r O'

R oma . o t e ria .

P o up ou- te Grac c e e s s a injuri a

T ão negro p e rante o mªu.

A mancha d e parr ic id a

P oupe u—t

'

a que d e i xa a v id a

(To fe rro que amã e lhe d eu .

E s s e d om que o fi lho acc e lta

De amo r da patria provem

E Roma e sc rava e suge i ta

V ene ra o fi lho e a mãe

V ene ra—o s nas c inzas frias

E fo i d e Ne ro nos d ias

V ingança ás c inzas clamar

E ind a o p o bre , inda o kara

As c inzas d e Ca io Grac c e

V ingança vai d emand ar .

Li s bºa 18 59 .

ANTONIO Fau na nr: Swa p i Pmm r r n.

SOFFRE R ' M ORRE R

Sou pobre trovad o r não tenho lvra

Apenas so lte malfadad o s cantos ,

Que o s p rop rio s é che s c omd e sd em rep e tem.

Eu sou qual tris te , so litaria rela

A quem e céu ne goumimo so s carme s

Que ma sabe carp ir s e o e spo so p erd e .

Teuges to encantad or , teus o lho s , tudo?,Oh ! tud o que a cruel nada lhe e sque ce

Para matar d e amor quemd e amor mo rre .

Mas na surge no c éu a re ixa auro ra

A ilór levanta a fronte e o sol s e d igna

O seu p ranto enxugar Dito sa planta,

Tod o o d ia e varas , e céu'

s tá pure .

Que vida vais vive r ! Abi quanto invejoA tua s o rte , o ilór , o quanto d era

Para teu fad o te r ter igual sorte !

Para mim as no ites são longas e ternas

E se o d ia ra iou, as d eusas nuvens

A cada passo emno i te me transformam.

Para mimnão ha calo r que o p ranto enxague

Nemsurriso gentil; no i te s sem d ias

Seme sp'

rança se que r e is o meu fad e .

Anjo fasc inad or que me has p e rd ido

Quand o s em compaixão me vez mo rrend oPe rdoa , se me que ixo se murmuro .

De via abençoar amão que o fe rro

No p e ito me c ravou o s meus susp iro s

A teus p és suii'

ocar morre r s o rrindo .

Mas não p o sso , ai d e mim! não t inha a fo rça .

De duro e sc ravo que no c irco outr'

ora

Mo ribund o sarria ao p ovo insane .

Eunão te peço amôr , que o não me reço ;Mas quero compaixão que ro p ied ad e ;

Não me que iras amar ; mas d e ixa ao menos .

Que d e longe te ad o re ao meno s po ssa

V ive r morre r po r ti , e se algumd ia

Te d ignare s surrir volve r teus olho s ,

Um ins tante se que r no s meus mal—o s , ,

P o r pago me d are i . Vive , que vivoDa tua vida só ; folga que folga ;

ª ººõ e

Sonha t onturas que eu não p o s so dar- te

E d e ixa que a teus p é s suspire um tris te !

Lisboa 1848 .

Hu mour: O'

Ns i LL.

AOS ANUOS DO MEU AMIGO

o sn. J OAQU IM AUGUST O na CUNHA r onT o .

De s ponte u teu d ia augus to

Que vem grato d e sparzir ;Sobre a te rra alma alegriaSobre t i me igo surr ir ;

Que te vem traze r a palma

Que vem rad ar- te o p orvir .

o xalá que em longa vi da

G entil o vejas brilhar ;E venha quand o renasça

Ve rd e s laure is t 'e il'e rtarc om e lle s , tua fronte ,

Me ige VATE end e e sat

P ons o c éu em ti d e rrama

Se u amor tod o d ivino ;

E nutre a d óc e e spe rança

Que t'

o lharamui benino ;nue a pureza d e tu

'

alma

D'

elle te faz se rmui d ino .

ª vaga e spumo sa vai .

Ao meno s uma bande ira

Na vos s a popa altane ira

Bravo s nante s , e rva

E il- a ahi d e leme blª h

O p ilo to em alta voz ,

E il- a ahi é immaculada

É a d e no s s o s avo s

O'

lho e ve jo alvo tec id oD

'

outra cor não po lluid e

Sobre as auras a treme r ;No me io as Quinas gravadas

Tinha e em le tras d o iradas

mais não pud e ler.

Oh nemmai s que ler havia

P'

ra um po rtugue z fie l;

Que tud o em s i re sumia

A band e ira d o ba ixe l

De us e Patria e i s tudo d ito

Lind o ba ixe l se bemd ito

Pas sa o teu nobre pend ão

P e las br isas sacud id o ,

De spe rtar o ad o rme c id o

He ro ismo da nação .

Che io d e brilho navega

Combate d is s ipa aud az

A treva , que a mui tos cega .

E a tod o s mise re s faz :

Se gue a carre ira enc e tada

E da no s sa terra untada

Á o rpha d is pe rsa greyV ic t ima da tyranninTalve z pos sas d ar um d ia

Libe rdad e , patria , e le i .

15 d e fe ve re i ro d e 1849. J . D'

A.

Ve r. . IV.

9 229 1 :

A E ST RE LLA .

veo , virgem e ssa e strella

Que ince ssante ano i te velaSobre a abobada d e c éu

Tão luzente clara e pura ,

Emblema d a fo rmo suraDa fo rmo sura sem véu !

Quand o abe ira d o Mond ego

Que em tão plac id o soc ego

A teus p és vé s d isco rre r

Sob a ve ia crys talina

A tua effigie d ivina

Te põe s so s inha a reve r

Lapor traz da bella image

Entre as folhas da ramage ,Não vês a e s tre lla a luzir

Gravada no c éu brilhante

Como um prego d e d iamante

Os teus olho s a ferir?

Quand o , alta no ite no e s tio ,

Saud o sa d e ixas o rio

E e le ito vens d emandar

Ao c e rrar tua janellaNão vês a pallid a e s trella

Bem d efronte a sc intille r?

Não a ves d epo i s em sonho s

Entre d elirios risonho s ,

A d ize r—te ainda ad eus ?

Quand o acord e s na alvo rad a

Não a vês inda pre gada

No azul—claro d o s céus

?32 -5

V i t e tu, virgem no mund o

R evolve—te no profund o

Ahysmo da so c ie dad e :Brilha das flore s além

Amo - te mui to ; po rém

Que ro mais alibe rdad e .

E quand o ó virgem fo rmosa ,

De sbo tar a côr mimo sa

De ssas face s d e c armim;

Quand o d o mundo o d esgos toAnnuvear o teu ros to ;

Oh ! lembra—te então d e mim.

He i d e ape rtar—te emmeus braços

Não s e rão amantes laço s ;

Mas se rão Não vês a e s trella?

Ella não murcha . Em teu ros to

Que impo rta lavro o d esgo s to

Se tua alma e sempre be lla !

É tua alma que eu ad o ro ,

É tua alma que e u d e plo re

É tua alma , que e u e spe ro

É a e s trella imagem d ella ;É ass im que eu vejo a e s tre lla

É po r tal que a e s tre lla que ro .

Lisboa 1858.

J os t a nn nz Saara P IMENTBL.

eirª s!“

9 236 4 :

SOMBRA.

Sombra ! sombra ! que me fazes

Tud o no mundo m o s tar ;

Auro ra d a minha vid a ,

Allivio d o meu penar ,E s tre lla d o s meus amore s

No ho risonte a raiar !

Sombra que vens tão fague ira

R e co rdar- me d o d eve r ;Sombra que o trilho da honra

Nuncame d e ixas pe rd er ;Sombra que as le is d a vi rtud e

Não me d e ixas e squec er ;

Sombra que em d ias d e p'

rigo

Me trazes almo valor ;

Que emmomento aziago s

Me conse rvas vivo ard o r

Que no s e sc o lho s d a v ida

Me so pras brisas d e amo r

Sombra e s tre lla , luz , phantasma !

Quem que r que s ejas m'

o d iz

Não que iras que d e sconheça

Quemme faz vive r feliz ;Tão longe d o s meus amigos

Tão longe d o meu paiz !

Centelha d e fogo santo !

Que em to rno a mim a pairar ,

Não me d e i xas p elo s víc io s

Do mundo contaminar ;

Tu tens umnome po r certo

h ão m'

o que iras occultar !

9 25 7 —5

s fada? é s anjo ? ou e s tre lla?Que ro sabe r teu condão ,

É'

s entidad e real?

Ou só é s pura illusão

Tu que p rop ic ia m'

entornas ,

Delic ias no coração !

Vojo - te airo sa a surrir—meDa manhã no arrebol

Mais tri s te mais carinho sa

A'

tard inha ao pôr d o s ol;

Na hora das d ensas trevas

Brilhand o como umpharol

Vejo—te tris te chorand oQuand o no mund o obro mal;lrada se me me rgulho

Do s víc io s no lodaçal ;

Se volvo ao brio avirtud e

N'

um d elirio sem igual!

Sombra ! s e rás tu acaso

Amulher qu'

eu he i - d e amar?

A virgem casta e tão bella

Que me quiz Deus d e s tinar ?

Que minha fada fad ou?

No seu alegre fadar?

Nem é s me iga e strella nemanjo nemluz

Nemas tro ou phantasma , tuvens -me d'

além

Tu és o rellexo d o s vo to s s ince ro s

Que faz por seufilho a mais ternamãe !

R io d e Jane iro , 8 de março d e i 859.

J acmm o Aucvs 'ro nnSANT'ANNA x VASCONCELLOS»

9 238 :

A UM CANABIO .

Plumeo , te rno canto r

Que d obras com graça inlinda

Essa cantiga tão linda

Que d ilatas c om primor ;

Que , no s seus que vais trinando

Vais as almas enleiand oQualme igo laço d e amor ;

Ave s inha tão mimo sa

Que d ize s no teugorgeio !

Exprime s o grato enle io

Que te faz se r venturosaÉ d 'amo r a voz amenaQue d esprend e s tão serena

Tão d oce tão mavio sa?

Ou d enotas a saudad e

De quando solto voavas

E nas camp inas gozavas

Da tão grata libe rdad e

Me igo s arrulhos fruindo ,

E sempre a cantar , fugind o

Do caçad or maldad e

Ou exprime : a triste za

De víve re s tão s eparad o

D'

e ss e bem id olatrad o

A quemfez a natureza

Teu igual na forma e core s ,

Mas que negou—lhe o s favore s

De cantar sua grand eza?

9 2210

Tens por le ito umas folhinhas

E as mãos inha

Po isadas no coração ;

Fechados teus olho s belle s

E os cabe llos

Ao grad o das br isas vão !

Vem fes tejar com seus canto s

Teus encanto s

As ave s inhas d o s céus

O s p rimore s da natureza

Da linde za

Nas faces t'

e s tampou Deus !

Ah ! quemme d era ínnoc ehte ,lnd o lente

Como tu led o surrir !

Ve io matar—me a virtud eDo c iume

O gemebund o pungir !

Do rme infante , e se pod e s s e s

S'

obtive s se s

Do somno não acco rdar

Mas d ispe rtas co itado

Malfad ad o

O mundo vais e s trear !

Ponta d o Caju 26 d e abril d e 1849.

As sump ção J r)-mon.

A LIBERDADE .

Had vve never loved so kiod lyHad we neve r love d so blind yNeve r me t o r ne ve r partedWe bad ne 'er be en brokenhcarte d .

BURNS.

Cá na te rra a liberdade

E como o barco no mar

É como e squiva d onzellaQue não se d e ixa tentar ;E como e strella que fulge

Para d epo is nos d e ixar ;

E nas procellas da vida

Ano s sa e s trella p olar .

Cá na te rra a liberdad e

Ninguemp rezamais d o qu'

eu.

É—me no s sonho s do irad o s

Como a imagem d e P ro theu

É vi rgempura s ingella

Que a luz d o mund o accend eu

É—me no s c antos sentid o s

O condão que Deus me d eu.

Liberdad e ! mago nome ,

Que nas trevas me reluz !

Para mim é s patria e vida,

És pharol d'

e xtrema luz ;

És sonho que a gente sonha,

E s amo r que no s seduz,Es idea que não morre

Emquanto durar a Cruz !

VOL. IV .

ar ?-[tºe

Libe rdad e ! 155 o meu nome.

Ate em co isas d'

amor :

Es o mo d elo que e studa

O manc ebo trovad or,

E s mod e s ta como as vi rgens

Do Sinay e d o Thabor,Es grand e c omo a pro c e lla

Surgind o àvoz d o Senho r .

Libe rdad e ! fo ste a d eusa ,

Do s cap t ivo s d e Sião

Fos te quem pre stas te alentos

Ao mo ribund o Catã o

E po r ti , que nós po e tas ,

Hoje luc tamo s em vão ,

P o r ti , fo rmo sa d e id ad e .

Deusa d o meu c oração .

Como po e ta sou livre ,

Como po e ta s e u re i .

Não conhe ço cá no mundo

Quemme po s sa d ar a le i ;

Tud o o que é Nonne re spe i to ,

Tud o o que é GRANDE cante i ;

Nobre za que nasce d'

alma,

Grand eza como a sonhe i .

Libe rd ad e ! é s como a vara

Do p rophe tico Moysé s ;Ond e chegas illuminas ,

Bainha logo alli é s

Mas inda no mund o ba c ego s

Que negam cair- te ao s pé s ,

Que d izem que é s d eusa falsa

Das que no s roubam as fés !

g ºku-ºa »

f adad o po r Deus p

He r d e cumpr i r a mis são ,

Purifique i-me nas aguªs

De s te mod erno Jo rd ão :Sou livre . Não curvo o co llo

Ante um tingido brazão .

Só d igo o que tenho d entro .

Bemd entro d o c o ração .

Paramim a libe rd ad e

E c omo antiga V e s tal ;

Em sonho s a vejo semp reCom seumimo so Sendai ,

Ac c end end o - me e s te fogo

Com surri so d ivinal

Fazend o d e mim, po e ta,

Da natureza rival.

Da natureza . Que as ave s

São livre s amais não se r .

Que as ond as tambemvão livre s

Nas rochas d'

alémmo rre r .

Que as d o re s and ama so lta

Semninguem as ir prend e r,

Da nature za . Que as nuvens

São livre s no s eu co rre r .

Só p'

ra nós a libe rd ad e

Não é mai s que um pobre som !

Para o s homens , que p rec isam,

De Lycurgo e d e So lon;

Que s'

e squecem, po r me squinho s ,

D'

aquelle sagrad q d om

Que vão lavar—se d o sangue

Nas aguas d o Bohicon

ª ºâõ -e e

He i de aw e , ó libe rd ad e ,

Como não te amouninguem.

He i d e amar- te c omo a e Sp o s a

Ama o filhinho que tem

He i d e amar- te como o Chris to

Na terra amou suamãe ,Como o Chris to ama as c o isas

Da santa Je rusalem.

Se rás s emp re no s meus c antas

A prime ira insp iração

No amor, e na amisad e ,Nas horas da solidão

Ouvire i o s teus c ons elho s ,

Seguire i tua izenção

Se rão meus , teus d ons d ivino s ,

Se rá teu meu coração !

Lisboa, 1858 .

Lurz Ave c s r o X AV IE R m: PALare rnmr.

A M INHA ELV IRA .

V i - te Elvira tão formosa

Grac iosa

Como umjasmim a ilorir

Brilhavas como uma e s trella ,E ras bella

E ras bella a te surrir !

g ºd-G e

V i- to no baile enfad ath í;Co rtejada

Por mais d e um ad orad o r

Sime lhavas a sultana

Que s”ufana

Que s'

ufana d'

esplend or !

As outras bellas te olhavam

InvejavamTua lind eza sem par

Tu'

fug iste d o co rtej o

De i - t'

um be ijo

De i - te um be ijo a de lirar !

V i - te no templo pro strada

Ajoe lhada

Orand o c om d evoção

Segui teus mod o s p rostre i—me

Humilhe i - me

Humi lhe i—me em o ração !

Mas para d ize r a ve rdad e

P ie d ad e

Em tae s momento s não tem

Quem o lhar teus o lhos belle s

E o s cabe llo s

E o s cabello s tão bem

V i - te no s campo s lige ira

E fague ira

Muitas ro sas apanhar

Do riacho n'

alva e scuma

Uma a uma

Uma a uma as d e sfolhar !

ª ºâS -ªã

O V ARE J O DAS -OLIV E IR AS

WOXDRO DANOSSA IGREJA.

Aus s rto t que le s moeurs s e pe rd em.

le s d e fauts d'

un gouve rnement p ara i ss ent au grand j our.

Hummm

P o rque vej o ou tã o c ontente ,

Atrave z d o cas tanhal,

D'

e sta ald ea a boa gente

Com asp ec to fes tival?

Com ve s tid o s d omingue iro s

Lavrado res , pe gure iros ,

V e lhas , moças , filho s , pa i s ,T o d o s alegre s d ançand o ,

Tod o s em coro cantand o

Senho r, bemd ic to sejai s !

e i s a turba parad a .

Ajo e l'

nand o ao p é d a Cruz ;

E il—a ja s eguind o a e s trad a

Quo á no s sa igreja c ond uz

Não s e i , que alli haja

Que alegria se rá e s ta?

V ou pe rgunta!- o ao pas to r

Que anda junto d o r ibe iro ;R e spond e e s te p rasente ir o

E a APANHA d o Senhor .

Não íique i mais ins truíd o

(Io'

a re sp o s ta d o zagal ;

E c o rrend o e sbaforid o

Pe lo atalho do p inhal,

Atrave sso o c emite rio ,

E ap o rta d o pre sbyte ri o ,

2119 e

Sems er vis to h'

e scond i ;

La entram tod o s no

Meu Deus ! que sublime quad ro !

Scena as s im nunca eu vr.

Junto àigreja a turba cantaBreve d e vo ta o ração ;

E a uma tare fa santa

Logo alli pr inc ip io d ão ;

Deligente s , ati'

ano so s

T od o s trabalham go s to sos ;Os homens a varejar,

Das olive iras pend ente s

Fruc to s , que as moças contente s

Vão ao s c e s to s apanhar.

As velhas , d e s eus cabase s

Sob o pe so a succumbir,Ajudadas d os rapaze s ,A aze itona c onduzir

Vão ao lugar d es tinad o ,

o h i ninguem e s tá parado ;

Todos que rem trabalhar ;

Que e s te trabalho , e fad iga

Não falta , entre elle s , quem d iga

Deus ha—d e galard oar.

E com razão , que as sagradas

Arvo re s , que varejae s ,E medram, c om as o ssadas ,

De no s so s fi lho s e p ae s ,

São patrimonio da igreja ;Bemd íc ta, bemd ic to s eja,Amão d o p io cultor

Que as poz em te rreno bento ,

Para darem o alimento

D'

alampada d o Senhor.

9 2506

Cred o ; créd e oh ma s amigo s ,

Que a maio r ventura e

No sso s co stumes antigos ,Oh ! não os d e i xe is pa der ;

Olhar, que a elle s d everam

As vi rtud e s , que tive ram,

G hah qm d lea persegnid os

P o r e s se s mandões d e sc rid o s .

V emac e ita r—se entre vós .

Guardai - o s , rnst ieoe povo s

M ai -o s , puros , fie is :

Vemos a patr ia querida,A taboa de salvação ,Ésó e sta, ó pobre s luze s !

Guardai os ant igos uso s ,

Ou d e ixai s d e se r nação !

Ass im d izia eu, voltand o

So s inho ao tugurio meu ;As s im d izia eu, cho rand o

E e rguend o o s olho s ao Céu

Che io d e nuvens sombrias

E i s tóca as Ave s

De jo elho s cahí— reze 1

P elamãe , que me c reara,P ela familia tão cara,

P ela patria e pe lo re i .

—Feve re iro 1849.

J . n'

A. RANGE L.

3 25 3 45:

&ªwmª ãhmãã â wãããàe

D'

es tas brisas europ e ias

Não me apraz o murmurar,

Que eu sou fi lho das are ias ,Das are ias d e alémmar

Mais amo d e luz c obe rto s

V e r co rre r, corre r, ince rtos ,

Os turbilhõe s no s d e se rto s

Do meu e x te rno Adnar .

Como pallida e s ta lua

E s te solquão frouxo vem!A bri sa que aqui fluctua

Que sopro gelido tem!

Como a no i te aqui é grand e !Nem d o céu a luz s e

Não haumDeus que aqui mand e

Como manda umDeus além!

Além, além, no s paizes ,

Que illumina ard ente céu,Ond e os homens são felize s ,Ond e a vida não temvéu ;

Ond e a brisa d o o riente

Leva o arabe contente

Emballad o d oceme nte

De sd e o berço ao mausoléu.

Como é tri s te se r cap tivoN

'

e stas zonas sepulchrae s

O'

brilho d o sol estivo ,

De meus gentis areaes !

VOL. lv.

, ?Blt e

Debald e pranto s eu vertu

Pelo meu be rço encobe rto !

O'

palmas do meu d eserto ,

Não he i de eu ve rª- vo s jamais?

Quemme d er-a s liha d ad eN

'

es sn

Na minha tlrmr que invd e

Qm é p'n e ae

'le valente ,We b p à m li r i !

Wu me de ra essa batalhaTao sanguenta, tão feroz,

Emque , involto na mortalha.

Namo rtalha d o albe rnoz,Cabe o arabe e — vingança

Con tra os bárbaro s da Fran-ça

Só d e ixa po r sac ra he rança

P or he rd e iros tod o s nos !

Cruze o alfange c om a espada,

Troe o som d o arcabuz,G herber temmão pe sad a,E o corce lve lo z c onduz

Venced or, tigre amargo ,

Venc id o , não tem embargo ,

Que o d e se rto e muito largo ,Ond e o sol envia a luz.

Quand o a are ia ainda e ra involta

No s o rvalho s damanhan,Eu corria are d ea solta

Pelos plainos d'

esse Oran

DE LIR IO .

E rgue a rac e d o chão . homem. que «:a s

Os o lho s tens d e lagrimas tun ad o s

Naminha fac e os fi ta, e n'

e lla es tud a

D'

um lo ngo s o f r imento a longa histo ria .

Ma is nm umque tu, e mais rallad os .

No choque d as paixõe s , meus tenros an os

Tem s ido , tem—bemmais—que os teus . ó bard o !Não tenho pac . nem morre ram

Pe rd i—o s ! Orphi c , pobre , sem arrimo

Ache i - me só no mund o ! Inutil pranto ,

Em s ilenc io , verti nas tenras face s :

E os homens , se e que as lagrimas me viram,

Do pranto , que eu chore i , fizeram riso s !

Biram-e e , po r d e sprezo , tão fe roze s

Que eu e rguia p'

ro céu as mão s , ped ind o ,

Que da te rra p'

ra s i Deus me levas se .

O'

vo to ! se negas te ao o rphâo po bre

limbocad o d e pão , não s e i que magna

Na d os martyrio s pe rt inaz cad e ia'

l'

o lira o c o raçao gcllad o e

Se soube s se s que d ôr ve r linar- se

Um pac , que no s amava—a mãe e xtremo sa ,

Finarem—se p'

ra s emp re , e , cána te rra.

De ve l—o s uma vez, pe rd ida a e sp'

rança "

I'alpar- lhc as frias mão s , d e po r—lhe um be ijo

Das fac e s no c ingir- lhe o s braço s

Ao tronc o s obre o e squife immovel, quêd o

re sponse s ouvir, e ve r das tochas

s ini s tro fulgo r raiar med onho .

Nas tre vas d'

um Ouvir o d obro

g ºa l

Que ped e uma oração p o r alma d e lle sPara s emp re Se so ube s ses

Como abraza a saudad e que ea ti ca

No e s tre ito c o ração d o d e svallid o

P up ilo , que se vê, sem pae s , s o s inho ,So s inho ne ssa casa ond e já viraO pae que Deus levou, sem te r p ie dad e

De mimque ninguemmais t inha na te rra !

Homem ! i s to e que é d ôr ! martyrio é i s to !

Então é que o vive r pe sa d e mo rte !

Então , s im, que o punhal d o suic id a,

Que impo rta que rasgas se a ex trema libra.

Se partid as já s tão as mais s ens ívie s

Da vida, que não mais go sar p od emo s !

Soffri muito , homem que choras !

Chore i muito— e pad ec i

No ite , d ia, ins tante s ,

Ind a ass im não suc cumhí

Eu s eve i a amarga vida

Sobre a lage arre fe c id a

Po r meus pae s p ed ind o aDeus .

No fe rvo r d e s ta o ração ,

Os labio s tinha no chão

O p ensamento no s céus .

C o s olho s inda turvo s d e sse pranto

Em to rrente s ve rtid o , em vão cho rad o ,

Na lo isa se pulchral d'

um pae

o s olho s inda turvo s o h ! c ego ,

P rouve ra aDeus que eu fo ra vi a pura

Cand id a açucena, que emmimo so

Não pulluid o ve rgelmal d ispontava .

A prime iramulhe r .

9 260 4:

Aii'

rontas d e mulhe r ? ! P e sa- te a vid a

De sejas enc ontrar, na paz d a campa.

Aque lle não martvr io s d'

alma

E s cuta - me .

Paixão , que me ac curvava

Ao s pes d'

uma mulhe r , s e i que já t iveBe ijava d e ras tos e u po r e lla,

Co'

as fac e s s obre e sp inhos , po r ouvi r—lhe

Do s labio s umamjuria , eu le d o fo ra !

lnjurias , vindas d e lla, e ram bemv indas ;

Um d e sp re zo d o s se us e ra um surr is o :

T raição , que d e lla fo s se , e ra um enle vo !

Stup id o eu julgue i que o meu pe rjurio

Impune ficaria !— eu, insensato ,

P e rfid o que e lla mais , p ense i d'

e rgue r- lhe

No fe rreo c o ração um throne ufano ,

Com não ! não e ram !— Do p e i to bem p ro fundas , arrancadas ,Se nti - as s caldar—me as to rvas face s !

Fo i traição p o r tra ição ! Surrind o outr'

o ra .

Infame , e scarnec i E scarne c e u—me !

Que vês tu hoj e emmim não vês que bmw

De pe rto a tard a mo rte , que me teme .

Que não ousa to car- me Vês o s homens ,

Contra mim c o ns p irad re c eberem

Um surriso d o s me us , s emp re d e sp re zo ,

Sempre hypoc ri ta, Se as s im s oli re s se

E rgue ras contra t i teu p rºprio braço

Em rasgo s d e punhal cavand o a mo rte ?

Ah ! frac o que as s im 65 ! alma acanhad a,

Succumbiras s em pejo , d ebíljoven,

Sem nojo d'

o s tentar vulgar fraqueza !

Alma d o bard o e maio r que o mund o !

R o ja a to rmenta embo ra ! e rgam—s e as tunas .

O s homens , as traiçõe s cuspam d e e s c arne o

Na face mac ilenta ao que é

ª ºõl ª

Soffra o poe ta altivo emmud o arranco ,

Que e s trinc e as carne s d o feroz verdugo ,Seja carrasco , s e forço so e tanto ,Mas carrasco d e oh nunca ! nunca

O poe ta e s tremec eu.

E às fac e s abrazadas

Levou as mão s d e scarnad as ,E d e mim as e s cond eu

Eu s enti no coração

Uma d or então chore i

E'

que a Deus eu insulte i

No frene s i d '

amicçãoPuz o s jo elho s no chão ,E na c ruz olhos fi te i .

Beso cruz, e o manc ebo s orri ,V i - o a rir, e a rir se ficou

Quand o junto d a c ruz e u me e rguiFo i em vão que o chame i não fallou

Não fallou, p orque longe ja's ta vaDelle apoz eu avi s te i - o

E ra em vão , que p or e lle chamava,P or tre s ve ze s o lhou, mas não ve io .

Pelas margens d o Douro co rria.

Fo i ao cume d a rocha e parou,

Quand o pe rto d e s i jáme ouvia

Na torrente caud al se lançou .

Mo rre o bard o , que umnome p rof'

rira

Sobre as aguas d o céu re ve lad o .

E s se mund o não d igas , ó lyraV IVA O MUNDO POR ORA ENGANADO .

p oa-to , 18ã9 . CAMILLO CAs r s Lt o BRANCO.

ª ºõºe

CIÚME .

E ra um d ia d e fe sta , e p e lo Douro

De sc iammui tos barco s sôamvoze s

Do barque iro aportand o— ouvem- s e cantos

E mus icas nas aguas varias flâmulas

Arvo ravamno s mas to s d o s navios .

Na d extra margemd o meu patrio rio

Iam rancho s d e gente afe s ta alegre s

De p oe ira cobe rto s seque oso s

Alguns na vend a molhavam a palavra ;

Algum s e d e scuidava e me io tonto ,T ropeçand o aqui além —la cãe—iad orme .

Que novas não dará d a romaria?_ Alémn

'

aquelle rancho a ro chuncbuda,

Amantilha d e cahiu no s hombros

E via e alto p ente o s co rdõe s d'

ouro

—Synonimo burguez n'

e s te meu Porto ,

Que o p e scoço tão ne d io lh'

ad ornava.

Carro s passavam sege s e jumento sE homens a cavallo ; algummenino

O fazia tambemn'

alta bengalla

—Que a tombor -mór s e rvia— d o pas s inho

Os MANE IS , as MARIAS c onve rsavam

Seus antigo s amore s ,— o caminho

Lhe s to rnava mais breve ,— inveja t inhaA

'

quella gente ass im,— o s da c idad e

Não gozam c omo gozam seus amo re s

Entre o s ve rd ore s e o p omar , nas fonte s .

E ra tud o alegria, e na janellaDa casa d

'

ond e via toda a s cena

E s tava mui contente que a meu lad o

Osmeus amo re s tinha — é negra so rte !

a ºôã a

SAUDADE DE lNllAIJMA.

CANTO OFFEBECIDO AO ILLM.º SR .

DA SILV A FE RRE IRA .

A'

grata sombra d e mangue ira annosa,Olvid and o d e minh

'

alma ac e rbas d ere s ,

Eleve ío meu p ensar aNatureza

Que , tão bella s'

o s tentava, e tão r isonha,

Em d e rred o r d e mim, n'

e s se aprazível

De INHAUMA p itore sco sítio .

o h ! s e d ivino p ince l eumanejas se ,Que tão sublime quad ro não traçãra

E , que gratas s ensações eu d es crevera

Se , plec tro mavio so po ssuind o ,Canta s se d e minh

'

alma as tão cele ste s ,

Tão varias impre s sõe s

Mas , s e não pos so

P intar a Natureza, ou d e sc revel—a

C'

o primor que reque r tão nobre assump to ,Po sso ao meno s co lligir emrud e phrase

As s c enas , que , mimosas ,m'

encantaram.

Que fo rmo so painelabrange a vista !

Como o s raio s d o s ol se reve rbe ram

N'

aquelle manso rio , que se e spraía

Be ijand o d 'e ste lad o flua are ia,E que , na Oppo s ta margem, vae sumi r- se

Po r entre a relva fre sca que c ircula

As ve rd ejante s Ilhas , que s e d izemP inhe i ro , Santo Antonio e Caque irada !

VOL. tv .

9 5266 6

E que enlevo , que primo r s'

off'

rec e ao s o lho s ,

Se , mais pe rto os volvend o , se contemplam

As tão mimo sas plantas od o rífe ras !

Aqui , mais longe , alem, n'

aquelle bo sque ,

Galas mil d in'

undiu a Nature za

V ê- se a am a d ecantada d o ce fruc ta,

Pend ente d a fo rmo sa larange ira,

Que , apenas bafejada pela bri saJ á d e madura cãe . Como se o s tenta

Che ia d e tanto garbo e s ta mangue ira

Elevand o a coma altiva sobre as outras

Que , genti l, Oh ! tão gigante ,

De ve d e re s is tir ao so p ro forte

D'

ímpe tuo so tufão , p o is no s eu tronco

Bemmo s tra da Natura a mage s tad e

Que linda correnteza d'

alto s c e d ro s

E , que gentis cyp re s te s s e d ivi sam

Na s ituação d ispe rso s ! Mas , que d oce ,

Suave , embalsamad o grato aroma,V em brandamente o ze phy ro trazend o !

São o d o re s que e xhala a fre sca lima,E a d oc e auri—verd e , linda fruc ta

Qu'

e s tá virgine as te tas imitand o ,

São p e rfume s que , d o s jasmins , rec end em,

E das !lôre s gentis , d as fruc to s lindas

Que , prad o tão ameno fo rmo s e am !

Mas oh ! qu inda não bas tam tae s enlevo s ,

P'

ra to rnarem aprazível e s sa e s tanc ia

Glo ria, p o is , ao amigo d a Natura

Que , quanto d'

e lla achou d e lind o e vario ,

N'

e s s e agradavel s i tio fo i juntand o .

V ê—se ahíraros , lind o s pas sarinho s ,De be llas varias Que contras te

Quemjá livre ad ejou por sobre o s homens,

9 268 «a

" ªº" AmSobre e stas M inas dourad as

Ond e teus Olho s formoso s

Se d e sc errammei gamente

Quando buscam sequio so s

Algum p ensamento ard ente .

Onde o genio tem seus vo os

Em verso s d'

ouro traçad o ,

Ond e lm'monias cele s te sT emo s bal-d o s te hão eau- lo

Com a insp iração que lhe dêste .

So bre es tas fo lhas douradas

Que he i de. eu tão pobre cantar?

N'

e s te meu tr is te alaúd e

Tenho uma co rda vibrar

Que não de som tris te e rud e ?

P od e a ro la pranteand o

Unir seus cantos de dd r

A'

canção do roux inol

Quand o se ins p ira d'

amd r

A saudar led o arrebo l?

P'

ra quem ao mo rmo rio d oc e

Do brand o arro io ad o rmec e

Não é med onha a canção

Da vaga que se enfure c e

Do bramir d o furacão ?

Tu, cujas horas tranquillas

Voam quae s notas lige irasDe fantas tica harmonia,

Que entre e speranças lísongc iras

Nasce e morre cada d ia.

9 269 1

Tu, p'

ra'

quem6d oc e a vidaComo um sonho or iental

Que és fo rmosa entre as fo rmo sasA quemc ingem fre scas rosas

A alva fronte virg inal.

Tu, que a cad a volve r d'

olhos

Fazes c om O p od e r que ence rras

Mo rrer d'

inveja uma Uri ;

Que quand o os labio s d e scerras

Surriemanjos po r ti .

Ouvírãs em sons agre ste s

Lyra a pranto s como agrad aV o tarr te rud e louvor,

Dize r que fo s te fadada

A insp irar ard ente amór .

Que fo s te o anjo que ao DanteEmvi são d

'

amór c ele s te

A Be atriz lhe insp irou ;

Que a Rafaelconc ed e s teBellezas que elle p intou.

Não t'

o d iz a Gór risonha

Quando a allegas no teu se io ,

Não t'

o d iz ave mimo sa

Que em amo ro so gorge io

T e saud a d e fe rmo sa ?

Não t'

o d iz suave brisa

Quand o a facqªvembe ijar- te ,

Não t'

o d iriam o s anjosSe em suas harpas d ivinas

Pod e ssem anjo s cantar - te ?

a º'

n e

Deli rante co rre o vento ,

N'

um lamento

Range o bosque s emces sar,

Os troncos cabem partid os

Devid id o s

De c ontinuo balançar .

Vem ard ida d o ida vaga

Sobre a plaga

Raivo sa, c ega bater ;

Sobe as campo s ; e voltand o

Vae pas sand o

A c rear novo p od e r.

Tu treme s , anjo fo rmo so ,P re s suro so

Teu p e i to s into saltar .

E s tou c omtigo ? Teus braço s

São o s laço s

Que eu não d e s ejo quebrar.

Como é bello luz d o raio

Teu d e smaio'

l'

eu ro s to pallid o ve r.

Oh não temas , meus amore s

É d e llóre sA vida que no s vae s e r .

Ébe llo a luz da to rmenta

Que s'

augmenta'

l'

eu alvo ros to

V e r do c éu o vivo lume

Comc iume

Vaidoso d e te mirar

3 273 -5

E d epo i s ve r tud o e scuro

Qual futuro

Que o infeliz não se duz.

T er olho s em ti pregad os

Esp'

rançad o s

D'

outro fogo , e d'

outra luz.

Meu amar, anjo d ivino

Meu d e s tino

De te ve r se rá ass im

V e r- te bella luz e scassa

E que pas sa

Quand o vas surrir p'

ra

T eus braço s s into , não vejoTeu bafejo

V emmeus labio s refre scar

Que ro luz meu anjo c rid o !

Fui ouvid o

Um raio pa ssou no ar .

O

E ve io s obre teu ro s to

Dar mai s gos to

Ao meu ard ente sentir,E d epo is d e ixounegrume s

Pelo s lume s

De rramad o s no fugir .

De tuas negras pup ilas

Quae s s c intillas

Voand o s o ltas .!lo ar,

Vejo o te rno e do ce fogoPas sar logo

Do raio fugind o a par

9 27ll -as

Deusas nuvens s e ad elgaçam

E já pas sam

P o r e sse s monte s d'

alem

Do raio d e ve z em quand o

Longe brand o

Brilho e scas so ard e tambem.

N50 to assuste s , e s te s braço s

São teus laço s

Somente p'

ra te apertar .

Não te e sque ças da tormenta

Que s e aus enta

Da mad rugada ao raiar

Ad eus , ad eus e cus toso

Mui p eno s o

Triste , e muito ao co ração .

Ad eus ,mira—me bond o sa

Branca ro sa

Do raio ao frouxo c larão

Meu amôr, anjo d ivino

Meu d e s tino

De te olhar se rá ass im

V e r. - te bella luz e s cassa

E que pas sa

Quand o vás surri r p'

ra mim.

Jane iro , 21 d e maio d e 1849.

J o Ão n'

ABom.

ã 277 €

N 'UM ALBUM .

QUEM ME

Quemme d e ra ser o sol,

Que , re i sobre o horisonte ,De sce te rra e be ija a fronteD

'

aquella qu'

eu ouso amar !

Quemme d e ra se r a lua,

Que , fulgind o em no i te amenaMyste riosa luz s e rena

Nas face s lhe vem po isar !

Quemme d e ra se r estrella,A fulgurar sc inti llando ,

Quand o , para o s c éus olhand o ,O meuBem a vê brilhar !

Quemme d era ser a brisa,

Que lasc iva s e lh'

enle ía

N'

aurea trança, quando onde ia

Pe lo ro s to a s e rpear !

Quemme d e ra s e r a flôr,

Qu'

ella prend e ao niveo se io ,

Qu'

ella aii'

aga sem re ce io

Do p ejo a côr lh'avivar !

Quemme d e ra s er a sombra

Do s seus pas so s elegantes !

Ao s seus unirmeus instantes ,Sempre junto d 'ella e star !

Von. Iv.

ª ºSl ã

E ahi , entre o s p as tore s ,

E n'

e s se be rço d e llôre s ,

Ond e e s tá o Red emp to r,E nas fe içõe s da inno c enc ia

Que a Divina P rovid enc iaE scond eu o s eu fulgo r .

Em to rno ao be rço sagrad o

Entoam anjo s umhymno ,Sobre as palhas re clinado

Do rme umDeus n'

e s se menino ;Olhao a Vi rgem p ro s trad a,J unto d

'

Elle ajoe lhada,O lho s c ravad o s no c éu ;

V êd e o e spo so vene rand o

O Salvad or ad o rand o ,

Que d as alturas d e sc eu.

Salve ! Me s s ias da paz,

Nobre fi lho d e David

A e s tre lla, que no s traz,

No s conduziu para T i ;

O teu ro s to é mais brilhante

Do que o sol lá no Levante ;

T ens p o r throno o íi rmamento ;

P e lo pod e r d o teubraço

G irammais mund o s no e spaço

Do que abrange o p ensamento .

No ssas j o ias , no s so s o iro sV imo s d e pôr a T eus p é s ,

No s so s sce p tro s e the so iro s

Tud o aqui p or te rra vês .

Curvae—vo s , grand e s d a te rra,

Ante e s te be rço que ence rra

3 282 -55

O Senhor, o R e i d os céus !

Curvae—vo s , povo s d o mund o .

Ante o mys te rio p rofund o ,Ante o mys te rio d e Deus !

Lisbo a, 18 58 .

Jo s é Manu no CASAL R u zme .

SONHEl-A.

Sonhe i - a ! tenho na mente

O s eu re trato inno c ente

A fallar- me ao co ração .

Sonhe i—a como uma fad a,

Que tem v ivid o encantada

Só .—inha na s o lidão .

Sonhe i—a d'

o lho s p i sad o s ,

Po rque o s p ranto s mago ad o s

Lh'

o s t inham p isad o s as s im

Em tri s te , mas s e rena,

(lomo a gentil açuc ena

Rainha d o s eujard im.

Sonhe i—a tris te — a tris te za

T emno s o lho s d a be lle za

Encanto s qu'

eu não d ire i .

Sonhe i - a linda trigue ira.

(Tomo se p inta a c e ife ira .

Como eu p intal- a não se r.

- 28 5 :

E d e po is , envergonhada ,

De não s e rmais recatad a,Co rava aind a outra vez !

c o rava

Cad a vez e ramais linda ,

Mais que Deus a

Qu'

ria fallar , não pod ia,

Que a ve rgonha lh'

impe d ia

De po d e r usar d a vo z ;

E ra e ntão que se lembrava

De que o mund o a c ensurava

De nos vêr fallar a sós .

Sonhe i—a d epo is rezand o ,Talvez em segred o o rand o

P e la te rra em que nasc eu :

R e zava, que quem vis se

P od e s e r que a confund is se

t em algum anjo d o c éu.

T inha as tranças d e sprend idas ,

Le vemente sacud idas

P o r lige ira v iração .

Do s labio s lhe balouçava

l ima o ração , que re zava

Do fund o d o c o ração .

Vis ta ass im, em tal po s tura,

Cre sc ia- lhe a fo rmosura,

Se e lla pod e ss e c re sc e r .

Não nemn'

um canto

Se pod e tamanho encanto

Com verdad e d e screve r.

a º85 a

Sonhe i, em sonho fague iro ,

Que e ra um amor verdad eiro

Aquella tão casto amo r :

Cos tumado d e sventura,

Só em sonhos a ventura

Vis itou o trovad or

Falle i- lhe tão me igas fallas

Que nunca as d amas d as sallas ,M

'

as pod emouvir ass im

Ella e ra linda inno cente ,

Falle i - lhe como quem sente ,

Falle i - lhe pouco d e mim.

Be ij e i- lhe a mão comre spe ito ,

Arfava- lhe o lind o pe ito ,

Batia—lhe o coração .

Jure i não d igo a jura ;Tenho med o que a ventura

Me não d e ixe a d e scripção !

Sonhe i—a então p ensativa;

Como fi ca a s ens itiva,

Se lhe vão no pé to car

Era tão linda a d onzella,

Que eu fi caria ao pé d'

ella

Aminha a sonhar!

Era tris te , como eu go s to ;E ra linda, como ap o s to

Que não ha outra igual;Send o tantas como as ro sas

As filhas bellas ,mimo sas ,

Das te rras d e Portugal.

3 286 4 :

Sonhe i—1 se ir, - i ment ira .

Cante i—a d e mais na lv ra.

Mo rri po r e lla d e mai s .

Se o sonho fo i ve rdad e ir o ,

Nem o canto é lis onje iro ,Nem as tre vas d es leae s .

Sonhe i º a ! tenho na mente

O se u re trato innocente

A fallar—me ao co ração !

Sonhe i - a c omo uma fada,

Que temvivid o encantada ,

So s inha da so lidão

1858 .

Lc rz Ac o t s r o X avmr

NAO M E cnÉs

Não me e res ? que t r is te vida

E sabe s s e e u c re io em t i !

Po r te ve r quas i p e rd ida

Quem sabe s e me p e rd i !

lºo s te d'

alva a minha e s tre lla

i ra tão negro o meu céu

E na tua fronte be lla

Minha vida a s ina leu !

Pm m .

Minha c rença e minha e s p'

rança

No meu c re r—tc e u re sumi !

Nem o p ensamento alcança

Quanta fé eu tenho em t i !

9 288 6

V ERSOS SIM T IT ULO .

Po is e ssa luz sc intillante

Que brilha no te u s emblante

D'

ond e lhe vem o e rplendór

Não sente s no p e i to a chamma

Que ao s meus susp iros s'

intlamma

E toda reluz d'

amor ?

P o is a ange lica fragancia

Que te s ente s e xhalar?

P o is d ize , a ingenua e legancia

Com que te vês ondular,Como s e balo iça a llôr

Na p rimave ra em verdór

Dize , tantaº

gentile za

Pôd e d al- a a natureza

Quem t'

a d eu s enão amór ?

Vê- te a e s s e e spe lho , que r ida,

Ai ! vê- te po r tua vid a,

E d iz s e ha no c éu e s trella,

Dize s e ha no prad o flôr,

Que Deus fi ze s se tão be lla,Como te fez, meu amôr

Lisboa, 1858 .

Joa o BAPTISTA DEALMEIDAGARRBTT

3 289 6

nnc o nnnçõns DA p nNTNsnLA.

GOMES FREIRE .

(18 DE OUTUBRO DE

De fronte s curvadas , pend õe s abatid os ,

Ac e rquem—se tod o s d e luc to em s ignal

Faz anuo s agora que emp ranto s s entid os

O p ovo cho rava d o meu Po rtugal.

Se tod o s me juram s egre do c onstante ,

De nada que ouvirem c ontar a ninguem;Faz annos talve z n

'

e s te ins tante ,

Que um ve lho s oldad o cho rava tambem

Chorava : que o p ranto nas face s rugo sas ,

Não s end o d e me d o tambem tem logar

Ha co isas na vida p'

ra nós tão p eno sas ,

Que só no s e sque cem d e po is d e chorar .

Ha gente que p ensa que d e ve um s oldad o ,

A sel- o d everas não te r c o ração .

Eu d igo que é falso , que vive enganad o ,

Quemnega no s bravo s tão nobre paixão .

Chegae- vo s vós tod o s . De frontes curvadas

P re s temo s tributo d e vid o ao valor .

Ago ra calad o s ; d e ixae , camarad as ,

Fallar - vo s o s p ranto s na voz d o tambo r .

La rufam na p raça, lá choram sent id os ,

Amo rte , tão tris te ! d o meu Gene ral.

P re s tae - lhe vós tod o s attento s ouvid o s ,

Chorae—lhe d e longe no s eu funeral.

IV.

9 290e

Amim, que entre ballas o vi soce gad o ,

Que po s so jurar- vos que nunca tremeu,Compe te contar

—vo s , fé d e so ldad o ,

O mod o d ist incto po r que Elle morreu .

Hoje , que pouco valemo s ,P ec cado não s e i d e quem ;

Que d as Quinas tão temidas

J á não se lembra ninguem

É bom, falland o d e gue rra,

Contar c o isas d'

e s ta te rra.

Os velho s , p rinc ipalmente ,T em bas tante que contar ;

Que , s em d e sfaze r nos novo s ,De rambem d e que fallar.

Fo i d o tempo . Que a bravura

Hoj e me smo ainda dura.

T od o s nós temo s nas ve ias

O me smo s angue d'

eutão .

Só no s falta have r mo t ivo

Que no s falle ao co ração

É tentar—no s c om re ve ze s ,

Se que rem ve r P o rtugueze s .

Mas d'

is to ninguem d uvida ,

(Po r meno s d e boa fé )

Que são s obejas as p rovasQue no s fi caram d e pé ,De que só c om mui to ge i to

No s c ons e rvam em re s p e ito .

Orgulho s d e p ouco valem,

E me smo nada p'

r'

aqui

3 292 €

Quando as ballas se cruzavam,

Re cre sce r—lhe a impavid ez.Não s e i i s to p o r que s eja,Tod os lhe tinham inveja !

Eram s em conta as medalhas ,To das ganhas em acção ,

Como nem s empre s e viam

Bri lhar nas fardas d'

eutão :

As que ao pe i to lhe p end iam

Nem tod o s lá as me r'

c iam.

P o r i s so invejas , c iume s ,Do s que não pod em vale r,

O levarem s em jus tiçaTão tri s te mo rte a mo rre r.

Quem s'

e s capára d as ballas ,

Morreu d'

intrigas d as sallas .

Fo i d e shonra aquella mo rte !

Fo i villanla s em par ;Nem s e atre ve ram, covard es !

A mandal—o fuzilar :T emiam o s s eus algoze s

Que lh'

e sque c e ssem as voze s? !

Quem viu a mo rte tão p e rto ,Como Gome s—Fre ire a viu,

Não sabe teme r d e co isas

Que tantas veze s s entiu.

Embora frouxo s alard e s ,Fo ram elle s o s c ovard e s .

Soldad os nunca soube ram

Do que na côrte se faz

ª ºgô a

São co isas muito p equenas

As que s e tratamna paz,

P ara a gente curar d e llas

Dand o pezo a bagatellas .

P o r is so não me p e rguntem,

(Que é nego c io que não s e i)Como mataram um homem,

Sem po r i ss o te rem a le i ,

São encargo s d o s j uíze s

Cond emnarem infe lize s .

Cá a mim sóme c omp e te ,Contar—vo s como mo rreu.

Dizer - vo s , por honra no s sa,

Que até ao fim não tremeu,Firme sempre no seu po s to

Nem seque r mo s trou d e sgo s to .

Po is s o tfreu como bem pouco s ,Po d em te r soffrid o as s im.

Se me p e rtenc e tal s o rte !

Deus se condóa d e mim.

P'

ra s e r má aquella gente ,

Nem re sp e itou a patente !

De sp iram- lhe até a farda !

T inhammed o d e cegar,

V end o - lhe aque llas med alhas

Que elle soube ra ganhar

Que ninguem, sem c ovard ia,

Do pe ito lh'

as t iraria !

P o is t irou—lh'

as a jus tiça

Se ha justiça na traição .

Eu po r mun - empre em

(p e tr eme r; bas tante a ma o ,

A quem o us ou, sem respe ito .

l anch ar - lhe as crm do pe ito

Fo i es tranzm sa ntana .

Qu'

eu não s e i d'

a M a gnª .

Que s em remo rsos Gre ase

O que o B'

res fo rd cá nos fez

Era no s so irmão na guem

Mas filho d'

e xtranha te rra.

IV.

P o rmais que que ira não posso

De ixar aqui d e cho rar ;

Faz pena vêr is to tud o

Sem se po d e r emendar ;V êr um so ld ad o valente

Acabar tão tris temente .

Em quanto 0 t ive ram p re so ,Só uma co isa p e d iu ;

E sque cend o- s e d e tud o ,

Só um d e sejo s ent iu ;

d e mo rre r tr iump hand o

Dand o as voze s d o Cºmmand o !

Ate e sse nobre o rgulho

D'

umpo rtuguez co ração ,Lhe negaram o s algoze s

Da no s sa pobre Nação ;

Não mo rre u c omo s oldad o

Morreu na fo rca, c o i tad o !

Fo i - s e d e c o rda ao pe scoço ,

O meu p obre General,

9 296 5

Que lá re sóa na praça

O tris te s om d o c anhão ;

Dizend o a quem não sabia

Que é d e luc to inda e s te d ia.

Soldad o s antigos que viramna gue rra ,

Nasce ram- lhe as barbas , c res tar - s e - lhe a te z;

Falland o d o s bravo s que teve e s ta t e rra ,

Amo rte lamentam d'

umbom P ortugue z .

Lamentam- lhe a mo rte : mas sentemno p e i to ,Orgulho d e te rem na te rra natal,

Seguid o um soldad o , que ás ballas ati'

c i to ,

O nome d e to d o s d e i xou immortal.

Lisboa, 1858 .

Lnrz Ac cus r o X avrnn nn Panama “ :

V ISAO DE E ZE CHIE L

E o nsr rmr o d e Deus d iss e ao prophe ta

Vês o p laino d efronte ?

Não voltarás a face . Em linha re c ta

Vae além; d esce o monte .

E d e sceu o p rophe ta ; e o que lá vira

Contou as ge raçõe s ;

Folga o c éu, geme a te rra, o mund o admi raE pro stram—se as naçõe s !

9 297 6

II.

Lá se e stend e umvalle , abe rto

Entre ro chas a tombar ;Se cco e nú, tris te e d e serto .

Damontanha até ao mar .

E o mar levanta- s e alllic to

Co rre—lhe o funebre grito

P elo s e cho s d o infinito ,

Longe , mais longe , a soar.

E o raio fulge e rebenta ;

E o d e spe d id o vulcão

Sobre as azas da tormenta

T inge d e fulvo clarão

A e spuma da vaga alçada,

Qual, d e chammas e rriçada,Igne a juba afogueadaN

'

umphantas tico leão .

E o prophe te entre as agruras

Pára, s ente , ouve , a treme r,

Os o s so s e as sepulturas

Debaixo d o s pé s range r.

E as o ssadas alvejante s ,Passad o s poucos ins tante s ,

Levantaram- se o sc illante s !

E o Senhor d isse : V emve r.

E o p rophe ta, no transpo rte

D'

um santo e mud o te rro r,

Viu aquelle pó da morte

Tomar vulto , e fórma, e côr.

E o passad o que jazia,Que hamil se culo s d ormia,V iu- o elle , que se e rguia

Ao aceno d o Senhor .

vi viam ». m is .

r ãs am ann-i te mesm o

K m ail-ne pt un e .

B i om as dn pmpria mente

arranca r lin d as profun io s ,

Palm an tu ne s d mmund o s ,Pelo s espaçºs d o s cé us

a Euvi - te na tua glo ria ,

O'

De us d e p ovo fiel;

a O Senho r é s da vic to ria ,

És o Senho r d e Is rae l.

Não mentem as pro phec ias

Salvaras humanos d ias ,Como já salvas te EliasD

'

imp ias mão s d e Jezabel.

Não mente , não , não mente a p rºphec ia

Avisão d o prophe te fo i cumprid a !

Agonisnva o mund o . O filho d o homem,

(tendemnad o ao nasce r, nasc ia a culpa.

li ra terraume x ilio s em e sp'

rança,

Que as c sp'

rançns mirravam- se no be rço .

li ra a vida um supplic io . Alémda vida,

Ince rteza, negrume , o nada, 0 cabos ;

D SOO Q

Duas vid as lhe da po r um só lanc e .

E o tf'

re c e - lhe , rompendo o e sc uro vé u,

N'

um ve rbo o mund o , n'

um susp i ro o c é u .

As vid as ambas que o prophe ta vi ra

Surgir voz do Ete rno , d e ra—as Elle

Para o s fi lho s remir e seus tomai - o s

Deus e homem, sob'

rano fe ito e scravo .

Abd icára emBe thlem d e De us a vida .

E a vid a d e Be thlem d e ixa ao Calvaúo !

Duas vid as se cons omem,

(Ima pó . outra d os c éus :

Mo rre no be rço o De us - HomemNa c ruz mo rr e o Homem- Deus .

No mont e que fez d ivino ,Ja cançad o pe regrino ,

E xhala o so pro mo rtal

Adap tando a humanid adeDe sp e agua e te rni dad e

'Na se p ultura carnal.

Ad o rar o lenho vamo s ;O be rço vamo s saud ar'N

'

um d e lle s a mo rte achamos

P ara u'

outro a vid a achar .

O Chris to . que no s se c co re ,

Sc nasc e n'

um, n'

outro mo rre

Morre em ambo s d'

uma ve z !

Para s e r uni co e xemplo ,

D'

um tugurio fe z um templo ,

D'

ummad e iro ummund o fe z !

Lisboa, 18 58 .

Jo s é na SILVA a ns Luar.

:P 762 4:

mao fiu-um . s t.-a c ena .

r nb. « enim tão tir-me s .

um um uor i ânb tel l !

Tenho º: ““ um fm t—rm

Pn' towar d !”m a s vem :

Te nhoW al minhas .

So m ha . um muzuem í

No s monte s batalhar !

Pas s *rmta summª !Camma i s C inta re c ebi .

Quand o es te s bravo s so ldad o s

N'

um s ntro ç o reuni

fªre qm: c ompre i - as .

(.omp re i- ª

ts todas ass i

As c i c atrize s que ved e s

t em mais trinta rec ebi !

Mas ne s te s monte s .

Só governo eu !

O re i , que governa tud o ,

Nad a aqui po ssue d e seu

Que mas não pod e ,

Ne s tas se lvas tudo émeu ;Hi que mand e , não m

'

impo r ta ,

Mas governo eu ! !

ª 305 'É-r.

Como fo i que tão d e pre s sa t'

olvidas te

D'

e s s es momento s , raro s , mas suave s ,Em que le d o frni grat e s d oçuras ,

T ransfo rmadas ago ra em c rue is dore s

Mulhe r, que fo s te a flôrmais fe i t i c e ira,

Que , da vid a, no J ard im, wi a s orrir—me !

P'

ra que fo i que . s oli c i ta , aco lhe s te

Me unove l co ração , vi rgem d'

amo re s

P'

ra que fo i que , c ar inho sa e bafejas te

Com be li to d'

ame r, s e tão d e pre s sa

Hav ias d e negar- lhe o s teus affagOs

P'

ra m'

o to rnares ago ra em ro tas fibras

Mulhe r, que não s oube s te comp r'

end e r—me

Oh ! tu. não c onhe ce s te o inc end id o

Amo r , que no me u p e i to te sagrara !

Nn e las te a minh'

alma pura, e x treme ,

Com alguma d'

e s sas almas que não sabem,

Nemp od em comp r'

end e r o que amo r s ej a !

No entanto , Mulhe r, ou te ad o ras a

Como inda ad o rar não pud e De us !

E ras meu linal p ensar , ad o rme c end o ;

O mai s q'

rid o anhe lo d e meus s onho s ;

A lembrança p rime i ra ao d e s pe rtar- me

Que me waleu, p o rém. tanto d e s ve lo ,'

I'

aa ta d ed icação , tanta louc ura

Mulhe r, que fo s te a e s tre llamas fo rmo sa,

Que pod e c om s eu brilho d e slumbrar- me ;

Que le s te a linda flôr mais fe i tice ira,

Que me soube p rend e r com s eus encanto s ;

Que fo s te o d oc e anhelo d e meus sonho s ;"ue i o s te ao me smo tempo anj o e d emonio !Di l l" — Que mal te liz? Le ve i - te acaso ,

A d ôr e o d e spraze r ao imo p e i to

Fiz to rturar o s s e io s d e tu'

almaºz

m n .

“ ro s to Su rra RODRIGI'

ESCOBDElR—D .

16 d e i'm

&s s rurr ào t i o a .

O me u id e al.De lír io

Um amo r

A fxihinha

U infante

Minha Elvira

Auf-t sw EMILIO ZALIJAR

Camõ e s e a Patr ia .

N'

umalbum .

Não me e res ?

“ Re s Pu r o DE So rza.

Um s o nho .

t llmLLo C le LLo BRm o .

De lír i o

C a mmo CORRE IA DE ALMEIDI PORTr—el

'

ma ho ra d e re fr ige ri oSus p ir o mensage i ro

Imzlu BINO llmmo tr s Luxor .

A p e rjuraA tua auzenc ia

A F . X . Bap tis ta

Memo r ias d'

Ella

Ao Sr . Abo im.

D . Igne z emCintra .

Saudade s .

Ve r s o sno Pas s e i o Publie o .

INDICE .

inno c enc ia d a minha amada .

Ella .

To do s tem na sua te rra .

Auma lavrade iraNuvem branca .

Ciume .

FELIPPE ANTONIO DE OLIVEIRA.

Harp ejo s d'

um tro vado r .

FRANCISCO JOSE' PEREIRA PALHA.

No album d'uma Julia .

Os Olho s não mentem.

A CruzElla

HENRIQUEO'

NEILLJUNIOR .

Afonte s e e e a . 210

Soffre r -Mo rre r 222

.ÍACINI'HO AUGUSTO DE SANT'

ANNA E VASCON

CEIJIJOS O

O e remi ta .

A minha te rra .

Surpre za .

Delír io p o e ti c o .

O que me dás 3'

e u te amar “?

Um s onho .

SombraI . DE A. RANGEL.

O baix e lO varejo das Oli ve iras .

J O ÃO D'

AROIM.

Po rtugal.A Bullião Pato .

A'

Luz d e Raio .

JOÃO DE LEMOS SEIX AS CASTELLo—BRANCO .

A que ixa s audo s a .

No album d e J . Abo im.

Ve r s o s r e c i tado s no the atro d eLisbo a .

Saudade Pe rdidaJuramento

M. PINHEIRO .

AO mar

Je ro en: AUGUSTO DACUNHAPOIrro .

lllns ão . 5 4

Não po s s e 92Re c o rdaçõ e s . 102Anma jo ven. 111

A uns anne s . 1 5 1

Se rá c omo a flôr O teuamo r? 147

A uns annOS. 161

Inc e r te zas . 19 1

No album d e A. A. Nune sLima 208

AAugus to Carlo s Machado 2 16A um c anar io 25 8O teu r e trac to . 25 1Saudade s d e lnhauma . 265Vo z d e minh'

alma 304

JOAQUIM DACOSTACASCAES.

Po r tugalJ AoumFERREIRADASILVAGUIMARAENS .

Uns Olho sUma dahliaAOS anne s d o meuamigo CunbaPo rtO .