Os Desafios do Poder Judiciário na Tutela do Direito Ambiental

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I Jornada Latino-Americana de Direito e Meio Ambiente - 121 - Novembro/2012 Florianópolis/SC - Brasil OS DESAFIOS DO PODER JUDICIÁRIO NA TUTELA DO DIREITO AMBIENTAL Eleandro Gonzaga Vieira 53 Hilbert Reis 54 Resumo: Este trabalho tem o intuito de promover uma análise dos desafios a serem enfrentados pelo poder judiciário na tutela do meio ambiente. Há a inclusão dos principais aspectos históricos, a fim de compreender o contexto evolutivo que a importância da tutela referente à biodiversidade tem assumido nos últimos tempos. Mencionar-se-á os instrumentos utilizados pelo judiciário com vistas a auxiliar no livramento de tais empecilhos, que resguarda este direito fundamental consagrado por nossa Carta Magna de 1988. É mister, ainda, apresentar algumas conceituações importantes sobre o assunto, porque é perceptível como a falta de informação é um dos motivos que condiciona o conformismo em relação aos problemas ambientais. Não se pode olvidar de comentar alguns dos mais importantes princípios que tutelam as questões ambientais. Palavras-chave: Poder judiciário; Tutela do meio ambiente; Direito fundamental; Carta Magna de 1988; Princípios. 53 Eleandro Gonzaga Vieira é graduando pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), bolsista de iniciação científica e pesquisador PIPES/UFOP. 54 Hilbert Reis é acadêmico da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), coordenador discente do Projeto Parlamento Jovem do Núcleo de Direito Humanos da UFOP e Câmara Municipal de Ouro Preto. Pesquisador bolsista PIP/UFOP, desenvolve iniciação científica.

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OS DESAFIOS DO PODER JUDICIÁRIO NA TUTELA DO DIREITO

AMBIENTAL

Eleandro Gonzaga Vieira53

Hilbert Reis54

Resumo: Este trabalho tem o intuito de promover uma análise dos desafios a serem

enfrentados pelo poder judiciário na tutela do meio ambiente. Há a inclusão dos

principais aspectos históricos, a fim de compreender o contexto evolutivo que a

importância da tutela referente à biodiversidade tem assumido nos últimos tempos.

Mencionar-se-á os instrumentos utilizados pelo judiciário com vistas a auxiliar no

livramento de tais empecilhos, que resguarda este direito fundamental consagrado

por nossa Carta Magna de 1988. É mister, ainda, apresentar algumas conceituações

importantes sobre o assunto, porque é perceptível como a falta de informação é um dos

motivos que condiciona o conformismo em relação aos problemas ambientais. Não se pode

olvidar de comentar alguns dos mais importantes princípios que tutelam as questões

ambientais.

Palavras-chave: Poder judiciário; Tutela do meio ambiente; Direito fundamental;

Carta Magna de 1988; Princípios.

53

Eleandro Gonzaga Vieira é graduando pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), bolsista de iniciação científica e

pesquisador PIPES/UFOP.

54Hilbert Reis é acadêmico da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), coordenador discente do Projeto Parlamento

Jovem do Núcleo de Direito Humanos da UFOP e Câmara Municipal de Ouro Preto. Pesquisador bolsista PIP/UFOP,

desenvolve iniciação científica.

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1 INTRODUÇÃO

Desde os tempos remotos o homem agride a natureza, com menor ou maior

intensidade, promovendo diversas alterações no meio em que vive; contudo, isso se

dava devido a sua necessidade de busca por alimentos, água, matéria-prima e

outros recursos indispensáveis à sua sobrevivência. O homem não se atinha as

questões que diziam respeito à proteção e conservação do meio natural. Alheio a

preocupação de preservar os recursos naturais, os consideravam ilimitados e

inesgotáveis.

Outrassim, a revolução industrial e a concepção da escassez dos recursos

naturais, onde se percebe a falta de alimentos, carência de energia motriz,

exiguidade de água potável, levou o homem a ater ao que se passa denominar

“questão ambiental”.

Contudo, as mudanças que o meio social, cultural e natural sofreram, e

continuam sofrendo, grandes e significativas, trouxeram, exacerbadamente, a

problemática ambiental ao século XXI.

O pretendido neste trabalho é demonstrar que a preocupação referente às

questões ambientais nos dias atuais se reveste em um tema de extrema

importância. A relevância ao fato é fruto do descaso em relação ao meio ambiente

que acarretou e ainda continua acarretando danos e alterações ambientais, na

maioria das vezes irreversíveis e/ou irreparáveis, em especial, sobre o clima e a

vegetação.

É mister destacar a consagração da importância jurídica da preservação

ambiental, isso em consonância com o art. 225 da Carta Maior (...) “impondo-se ao

Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações” e, ainda, com a Lei da Política Nacional do Meio

Ambiente, Lei n. 6.938/81, que influenciou e orientou a Carta Maior de 1988.

Obstante os desafios que se reveste no jogo de interesses, essencialmente,

econômico e da carência de investimentos em políticas educativas, atentes ao

trabalho de preservação e respeito à biodiversidade, ressalta-se a criação das bases

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jurídicas ambientais. A inserção do poder judiciário, enquanto instrumento que visa a

expressão do papel de defesa deste “novíssimo” bem jurídico “selecionado”. A

importância se reveste na tutela do Estado em nome da coletividade, sem dúvidas,

consiste na mais acertada forma de resguardar o que constitui o direito fundamental

com a máxima expressão assecuratória da vida das presentes e futuras gerações.

2 O CAMINHO DA PREOCUPAÇÃO MUNDIAL EM BUSCA DO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A preocupação ambiental marcou as grandes conferências mundiais,

principalmente a partir da década de 1970. A concepção de desenvolvimento

sustentável, que se traduz em um conceito sistêmico de desenvolvimento global

incorporativo dos aspectos de desenvolvimento ambiental, remonta a expressão de

desejo conceitual dos estudiosos que orientavam com vistas a manifestar as

preocupações com as questões naturais, sem que com isso ocasionasse prejuízos

ao desenvolvimento da geração atual no quesito social, econômico e de realização

humana e cultural. A expressão [desenvolvimento sustentável] foi utilizada pela

primeira vez em 1987, no relatório elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento, tornando-se cerne da expressão ambiental nos fins do

século XX e início do século XXI.

A partir da década de 1970, a ciência coloca a relação sociedade versus

natureza na pauta mundial de discussões. Assim, diversos problemas sociais se

tornaram problemas ambientais e vice versa. Questões como corrida armamentista,

agrotóxicos, produção alimentar e outros temas podem ser abordados com enfoque

ambiental tanto quanto social.

A Conferência de Estocolmo, realizada entre os dias 5 a 16 de junho de 1972,

foi a primeira grande atitude mundial na tentativa de melhorar as relações entre

homem e meio ambiental. Realizada em Estocolmo, capital da Suécia, representou

uma importante interação político-científico, sendo que a sociedade científica, que já

detectava graves problemas futuros em razão das agressões ao meio,

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essencialmente, decorrente da poluição e outras atividades industriais, puderam

chamar a atenção da política mundial para a questão.

Vinte anos depois da primeira expressão de preocupação com a degradação

do meio ambiente – 1992 – líderes políticos de cento e oitenta países reuniram no

Rio de Janeiro, no que se denominou a Cúpula da Terra ou Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e o desenvolvimento (CNUMAD). A Conferência do

Rio ou, também, Rio-92, constituiu uma das mais importantes reuniões mundiais na

busca dos meios de conciliar o desenvolvimento sócio-econômico com a

conservação e proteção dos ecossistemas da Terra. Dela resultou a consagração do

termo “desenvolvimento sustentável”, Convenção da Biodiversidade e a Agenda 21,

programa de ação que viabiliza o novo padrão de desenvolvimento ambientalmente

racional, com vinte e um pontos a serem cumpridos pelos Estados soberanos.

Dez anos após a Rio-92, ocorreu a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento

Sustentável. O evento foi um fórum de discussão das Nações Unidas, realizados

entre 26 de agosto e 4 de setembro de 2002, em Johanesburgo, África do Sul. Teve

como um dos objetivo a discussão de soluções já propostas na Agenda 21, para que

pudesse ser aplicada de forma coerente não só pelo governo, mas também pelos

cidadãos, realizando uma agenda 21 local, e implementando o que fora discutido em

1992.

O ano de 2012 foi caracterizado pelo mais recente espaço de discussão da

renovação do compromisso pela defesa do desenvolvimento sustentável.

Novamente o Rio de Janeiro foi palco das discussões em torno das questões

ambientais, cujo período se estendeu do dia 13 a 22 de junho de 2012. Considerado

o maior evento de debate a cerca das questões ambientais, a que se intitulou

Rio+20, discutiu-se a tendência de utilização dos recursos naturais pelas nações e

suas implicações na vida das gerações vindouras.

3 A TEMÁTICA AMBIENTAL NO BRASIL

O Brasil traz no quesito histórico, a questão urbana como o principal problema

sócio ambiental do país. A rápida urbanização brasileira no final do século XX, levou

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o Estado a preocupou-se em investir em infraestrutura de transporte, comunicações

e energia, deixando em segundo plano os investimentos com saneamento básico e

habitação. Assim, surgem os mais diversos problemas sociais, concomitantes aos

problemas ambientais, associados à falta de infraestrutura sanitária adequada para

a população urbana, principalmente para os habitantes das periferias das cidades.

Desde então, fez-se necessário a criação de organismos estruturais

administrativos estaduais e municipais, além de fazer cumprir os “nascentes”

dispositivos jurídicos, trazendo o judiciário e lhe atribuindo o importante papel de

proteção da biodiversidade. Aparecem as primeiras legislações cujo objetivo é

disciplinar as relações sociais enfatizando as questões ambientais. A Lei n. 6.938/81

(Lei da política Nacional do Meio Ambiente) e a Constituição da República de 1988,

buscaram imprimir comandos aos entes federados a fim de acompanhar e adaptar-

se às transformações sociais e administrativas das regiões em que estiverem

inseridos.

A Lei n. 6.938/81, traz em seu art. 3o, a concepção de meio ambiente

enquanto conjunto de condições propícias e favoráveis a manutenção da vida em

todas as suas formas. Destacando o fato da mencionada legislação

infraconstitucional ter sido recepcionada pela Constituição de 1988, percebe-se a

importância que o meio ambiente assume ao ter suas nuances disciplinadas

positivamente, passando-se a tutela do poder judiciário.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, traz diversos

dispositivos que explicitam referências ao meio ambiente. Destacaremos, pois, a

passagem do Caput do art. 225, segundo o qual “Todos têm direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à

sadia qualidade de vida”.

4 OS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS PELO PODER JUDICIÁRIO NA

TUTELA DO MEIO AMBIENTE

As degradações e as poluições ambientais ganham dimensões preocupantes

e alarmantes, e tornam-se fenômenos cada vez mais diversificados, complexos e de

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difícil enfrentamento. O grau de complexidade das questões ambientais, pode ser

melhor dimensionado quando se atenta para o fato de que são aspectos

conjunturais e estruturais que deram origem e contribuem para o agravamento da

degradação ambiental, quais sejam: a explosão demográfica, a industrialização, a

urbanização acelerada e desordenada, a economia capitalista alicerçada na

privatização dos lucros e na socialização dos prejuízos.

Hoje, tem-se a correta percepção de que as questões ambientais estão

intrincadas com as questões econômicas e sociais, e que a efetividade da proteção

ambiental depende do tratamento globalizado e conjunto de todas elas.

Os desafios a serem enfrentados pelo poder judiciário na proteção do meio

ambiente é, peculiarmente, um problema de “natureza capitalista”, caracterizada

pelo jogo de interesses dos particulares que veem na violação das normas jurídicas

uma forma de ascensão econômico-social, em prejuízo da coletividade.

A saída não nos parece residir no abarrotamento da edição de atos

normativos. É ilógico imaginar que tutela do meio ambiente consista unicamente na

criação de leis. Ademais, a importância da fiscalização, cuja reflexo consente no

“fazer cumprir” a lei, por meio de diversos mecanismo que se extremam até a

inclusão da sanção, pode-se ir além, remetendo a questão, que, embora não pareça

ser um papel a ser desempenhado pelo poder judiciário, sua participação enquanto

expressão da proteção do meio ambiente é primordial: auxiliar na promoção da

educação ambiental dos indivíduos, a fim de edificar mecanismos com vistas a se ter

meios de viver de forma digna e humanamente, com harmonia em relação aos

meios naturais, sociais, culturais e ambientais

5 OS TRATADOS INTERNACIONAIS ENQUANTO SUPORTE DO PODER

JUDICIÁRIO NAS QUESTÕES AMBIENTAIS

A preocupação concernente ao meio ambiente, fez com que muitos países se

reunissem na elaboração de tratados que versassem de limiares a serem seguidos

pelas nações em seu plano interno, constituindo uma forma de auxílio da tutela

ambiental.

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O poder judiciário brasileiro conta com o aporte dos tratados internacionais,

que formalmente adentraram o ordenamento jurídico interno, na diluição de

questões jurídicas de direito ambiental.

Em que pese o direito ambiental ser uma formação recente, está incluso na

legislação nacional dispositivos “importados” do âmbito externo por meio de tratados

internacionais. Respalda-se tal assertiva no art. 5, § 2º, da Constituição da

República, segundo o qual “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não

excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos

tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”,

devendo o texto normativo presente nos tratados internacionais estarem em simetria

com o que dispõe os demais dispositivos constitucionais que tutelam o meio

ambiente.

Ademais, é importante destacar que “o Brasil está sempre na vanguarda das

discussões ambientais. Há muitos juristas e ambientalistas preocupados com o meio

ambiente. Essa questão não é uma preocupação apenas de um país, mas do

mundo.” (SIRVINSKAS, 2005, p.22)

6 OS PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL COMO MECANISMO DE DEFESA

DO MEIO AMBIENTE

O ordenamento jurídico brasileiro, por tudo que fora supracitado, tem se

preocupado e se fundamentado em vários princípios, cujo objetivo é permitir o

desenvolvimento racional e ambientalmente equilibrado.

Os princípios são um conjunto de padrões de conduta presentes de forma

explícita ou implícita no ordenamento jurídico. Conforme pré-leciona Gomes

Canotilho e Maurice Kanto:

os princípios são normas jurídicas impositivas de uma optimização, compatíveis com vários graus de concretização, consoantes os condicionalismos fácticos e jurídicos. Permitem o balanceamento de valores e interesses (não obedecem, como as regras, à ‘lógica de tudo ou nada’), consoante o seu peso e ponderação

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de outros princípios eventualmente conflitantes.” (CANOTILHO, apud MACHADO, 2005, p.53)

Destacaremos, pois, o princípio do desenvolvimento sustentável, cuja

pretensão é a consagração desta denominação no âmbito jurídico. O principio do

desenvolvimento sustentável refere-se à busca da sustentabilidade, isto é, implica

no uso de ações racionais que preservem os processos e sistemas essenciais à vida

e à manutenção do equilíbrio ecológico.

De acordo com Barreira:

Neste âmbito, pode-se inserir, inclusive, a questão da função sócio-ambiental da propriedade, pois que a exploração racional e a preservação dos recursos naturais compõem exatamente a ideia do desenvolvimento sustentável, ou seja, busca do desenvolvimento sem violar a sustentabilidade do meio ambiente. (BARREIRA, 2004, p. 28)

Assim o que se quer de fato e se preconiza nesse ideal é buscar a

coexistência de forma harmônica entre economia e meio ambiente, para as

presentes e as futuras gerações. Com advento de novas tecnologias isso é mais

passível de se alcançar, na verdade isso é meta imprescindível.

Destarte, é importante, ainda, fazer menção ao princípio da informação. Em

se tratando do tema ambiental, a sonegação de informações pode gerar danos

irreparáveis à sociedade, por meio de consequentes prejuízos ao meio ambiente. O

meio natural, além de ser um bem comum, deve ser sadio e protegido por todos,

inclusive pelo Poder Público (art. 225, da Constituição da Republica Federativa do

Brasil). Ademais, pelo inciso IV, do destacável art. 225, o Poder Público, para

garantir o meio ambiente equilibrado e sadio, deve exigir estudo prévio de impacto

ambiental para obras ou atividades causadoras de significativa degradação do meio

ambiente, ao que deverá dar publicidade; ou seja, tornar disponível e público o

estudo e o resultado, o que implica no necessária cumprimento do princípio da

informação.

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O Princípio da Informação Ambiental se assemelha a dar publicidade a um

determinado fato envolvendo questões ambientais, não se pode confundir com a

comunicação, neste caso já ocorreram todos os possíveis danos.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao consagrar o meio ambiente como um direito humano fundamental, a

Constituição de 1988 trouxe ao poder judiciário, enquanto operador do universo

jurídico, desafios a serem enfrentados para o cumprimento de seu dever

assecuratório da tutela do direito ambiental.

Os obstáculos se constituem essencialmente na existência de um jogo, ao

qual está direcionado os interesses de indivíduos que, mediante suas ignorâncias,

desprezam a importância da preservação e do respeito ao meio ambiente. Além do

fator econômico, aponta-se a carência de investimentos em políticas educativas,

atentes ao trabalho de preservação e respeito a biodiversidade. Os resultados

trazem diversas implicações negativas ao poder judiciário, enquanto órgão de tutela

do direito ambiental; motivo pelo qual vislumbramos a necessidade de sua atuação

deste como órgão que auxilie os indivíduos no acesso a educação ambiental.

Entretanto, alguns instrumentos jurídicos podem ser utilizados com vistas ao

livramento de tais empecilhos, cujo aporte obscureça o resguardo a manutenção

íntegra do direito fundamental ao meio ambiente, que está consagrado por nossa

Carta Magna de 1988. Dos instrumentos que se prestam ao auxílio do judiciário,

menciona-se: os tratados internacionais cuja matéria é referente ao direito ambiental

e os princípios jurídicos.

Os tratados internacionais são elaborados por países que comungam de uma

mesma concepção de resguardo da tutela ambiental, facilitando o aproveitamento

em suas disposições de direito interno. Já os princípios jurídicos constituem a base

para a produção das leis, a jurisprudência, a doutrina e os tratados e convenções

internacionais, posto que traduzem os valores mais essenciais da Ciência Jurídica.

É preciso que o Poder Judiciário recorra efetivamente aos instrumentos

jurídicos, garantindo a harmonização da legislação ambiental com a garantia do

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direito humano fundamental, concernente ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Apud in Machado, Paulo Affonso Leme, Direito Ambiental Brasileiro, 13º Edição, São Paulo:

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