DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT 10ª REGIÃO PROFESSOR LAURO ESCOBAR

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DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT 10ª REGIÃO PROFESSOR LAURO ESCOBAR Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1 1 AULA 04 FATOS JURÍDICOS (Primeira Parte) Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula: Fato jurídico (1ª parte): Fato e ato jurídico. Prescrição e decadência. Subitens: Fato Jurídico. Ato Jurídico. Conceito. Classificação. Aquisição. Resguardo. Modificação. Extinção de Direitos. Fato Natural. Prescrição e Decadência. Caros Amigos e Alunos. Como vimos, uma relação jurídica é formada por três elementos: a) Elemento Subjetivo: são as pessoas envolvidas; os sujeitos de direito e suas relações. O sujeito ativo é o titular do direito oriundo da relação. O sujeito passivo é aquele sobre o qual recai um dever decorrente da obrigação assumida pela relação e que deve respeitar o direito do sujeito ativo. b) Elemento Objetivo: é o objeto do direito; o bem jurídico pretendido pelo sujeito ativo. Divide-se em objeto imediato, que é a prestação (a obrigação de dar, fazer ou não fazer) e objeto mediato (o bem em si: móvel ou imóvel, divisível ou indivisivel, fungível ou infungível, etc.). c) Elemento Imaterial: é o vínculo que se estabelece entre os sujeitos e os bens. Este é o FATO JURÍRICO. É o fato propulsor idôneo à produção de consequências jurídicas. Será o ponto desta e da próxima aula. Vejamos. Toda relação jurídica possui um ciclo vital: nasce, se desenvolve, pode ser conservada, modificada ou transferida e se extingue. Há sempre um fato que antecede o surgimento de um direito subjetivo. Fato, portanto, é um evento, um acontecimento. O tema “Fatos, Atos e Negócios Jurídicos” deve ser visto bem devagar. Por isso, o desmembramos em duas aulas. Esta primeira é introdutória. Costumo fazer isso também nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte teórica. Os alunos, de uma forma geral, não gostam muito dessa primeira parte do tema. Mas ela é imprescindível. Por isso vou tentar torná-la mais agradável... Falaremos hoje sobre alguns conceitos, classificações, e, principalmente da prescrição e da decadência. Na realidade este será o ponto central da aula. Depois, na próxima aula, passaremos para uma parte mais dinâmica, onde veremos o Negócio Jurídico e seus elementos constitutivos, além da ineficácia (nulidade e anulabilidade) do Negócio Jurídico.

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AULA 04

FATOS JURÍDICOS (Primeira Parte)

���Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula: Fato

jurídico (1ª parte): Fato e ato jurídico. Prescrição e decadência.

Subitens: Fato Jurídico. Ato Jurídico. Conceito. Classificação. Aquisição. Resguardo. Modificação. Extinção de Direitos. Fato Natural. Prescrição e Decadência.

Caros Amigos e Alunos.

Como vimos, uma relação jurídica é formada por três elementos:

a) Elemento Subjetivo: são as pessoas envolvidas; os sujeitos de direito e suas relações. O sujeito ativo é o titular do direito oriundo da relação. O sujeito passivo é aquele sobre o qual recai um dever decorrente da obrigação assumida pela relação e que deve respeitar o direito do sujeito ativo.

b) Elemento Objetivo: é o objeto do direito; o bem jurídico pretendido pelo sujeito ativo. Divide-se em objeto imediato, que é a prestação (a obrigação de dar, fazer ou não fazer) e objeto mediato (o bem em si: móvel ou imóvel, divisível ou indivisivel, fungível ou infungível, etc.).

c) Elemento Imaterial: é o vínculo que se estabelece entre os sujeitos e os bens. Este é o FATO JURÍRICO. É o fato propulsor idôneo à produção de consequências jurídicas. Será o ponto desta e da próxima aula. Vejamos.

Toda relação jurídica possui um ciclo vital: nasce, se desenvolve, pode ser conservada, modificada ou transferida e se extingue. Há sempre um fato que antecede o surgimento de um direito subjetivo.

���Fato, portanto, é um evento, um acontecimento.

O tema “Fatos, Atos e Negócios Jurídicos” deve ser visto bem devagar. Por isso, o desmembramos em duas aulas. Esta primeira é introdutória. Costumo fazer isso também nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte teórica. Os alunos, de uma forma geral, não gostam muito dessa primeira parte do tema. Mas ela é imprescindível. Por isso vou tentar torná-la mais agradável... Falaremos hoje sobre alguns conceitos, classificações, e, principalmente da prescrição e da decadência. Na realidade este será o ponto central da aula. Depois, na próxima aula, passaremos para uma parte mais dinâmica, onde veremos o Negócio Jurídico e seus elementos constitutivos, além da ineficácia (nulidade e anulabilidade) do Negócio Jurídico.

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Comecemos, então. Podemos afirmar que Fato é um acontecimento. No entanto, os fatos

podem ser classificados. Há fatos que não interessam ao Direito. A doutrina os chama de “fatos comuns, ou meramente materiais ou ajurídicos”. São os acontecimentos naturais ou as condutas humanas, cuja ocorrência não traz o potencial de repercutir na ordem jurídica. Exemplo: quando uma pessoa passeia por um jardim, está praticando um fato comum, que não sofre a incidência do direito. Porém, se essa pessoa que está passeando comprar um saco de pipocas, alugar uma bicicleta ou pisar sobre o gramado, causando danos à vegetação ou mesmo alimentar os animais em um zoológico (condutas consideradas como proibidas), tais fatos passarão a interessar ao direito, causado repercussões.

Portanto, para que um acontecimento seja considerado como fato jurídico é necessário que esse acontecimento, de alguma forma, cause algum reflexo no âmbito do direito. Seja este reflexo lícito ou ilícito. Observem a seguinte classificação:

• Fato Comum Ação humana ou fato da natureza que não interessa ao Direito (por isso, não será objeto do nosso estudo).

• Fato Jurídico (em sentido amplo – lato sensu) Acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos e relevância jurídica. Exemplo: um contrato de locação é um fato jurídico (na verdade ele é mais do que isso; é um negócio jurídico), pois tanto o locador, como o locatário assumem compromissos e ficam vinculados um ao outro. Deste vínculo surgem efeitos, ou seja, reflexos no campo do direito (direitos e deveres para ambas as partes). Vamos agora conceituar os fatos jurídicos:

���Acontecimentos previstos em norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas.

Para efeito de memorização dos elementos do fato jurídico, costumo usar a expressão A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos. Vejamos:

Aquisição de Direitos → É a conjunção dos direitos com seu titular. Ocorre a aquisição de um direito com a sua incorporação ao patrimônio e à personalidade do titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se subordina a seu titular. Ex.: quando eu acho um livro abandonado (e não perdido) ou quando eu compro um automóvel de um amigo, eu me torno proprietário destes bens; adquiri direitos sobre eles. Os direitos podem ser adquiridos de forma:

a) Originária o direito nasce no momento em que o titular se apossa ou se apropria de um bem de maneira direta, sem a participação de outra pessoa; não há existência objetiva anterior ou mesmo que a tivesse, não há uma transmissão pelo seu titular. Ex.: pescar um peixe em alto-mar, achar uma coisa abandonada, usucapir um terreno, etc.

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b) Derivada ocorre quando há uma transmissão do direito de propriedade, existindo uma relação jurídica entre o anterior e o atual titular. Ex.: quando eu vendo um carro ou uma casa a propriedade do bem passa de uma pessoa para outra, daí ser considerada como derivada; outro exemplo é a aquisição de direitos pelos herdeiros. Lembrando que o direito é adquirido com todas as qualidades e defeitos do título anterior.

A aquisição ainda se classifica em:

c) Gratuita quando não há uma contraprestação na aquisição. Ex.: uma pessoa adquire um bem por uma doação; neste caso não há uma contraprestação nesta doação; o mesmo pode ocorrer quando se recebe um bem por herança.

d) Onerosa quando há uma contraprestação na aquisição. Ex.: a pessoa adquire o bem por meio de uma compra e venda → se por um lado recebeu o bem, por outro lado pagou por este bem, havendo, portanto uma contraprestação na aquisição; o mesmo ocorre em uma troca ou na locação.

Resguardo de Direitos (proteção ou defesa) → São atos praticados pela pessoa que servem para proteger os seus direitos. Ou seja, o titular de um direito deve praticar atos conservatórios, preventivos (garantindo o direito contra futura violação) ou repressivos (são os que visam restaurar eventual direito violado). Costuma-se dizer que não pode haver direito subjetivo sem a correspondente proteção. Ex.: direito de retenção: uma pessoa possui um bem (que não é seu, mas está de boa-fé nesta posse, ou seja, acredita que a coisa é sua) e realiza neste bem benfeitorias necessárias (conserto dos alicerces ou do telhado da casa) ou úteis (construção de garagem); posteriormente o real proprietário move uma ação contra o possuidor de boa-fé e ganha a ação; o possuidor deve ir embora; mas realizou benfeitorias, devendo ser indenizado; se a outra parte não a indenizar, ela pode reter o bem até que seja indenizada pelas benfeitorias (art. 1.219, CC). Outros exemplos: arresto que é a apreensão judicial de coisa litigiosa ou de bens para a segurança da dívida; sequestro que é o depósito judicial da coisa litigiosa para garantia do direito; protesto, etc. Há, também, a defesa preventiva:

a) Extrajudicial são hipóteses de defesa de direitos sem ser necessário ingressar em juízo: quando se estabelece uma cláusula penal em um contrato (trata-se da multa contratual) o que se quer na verdade é estabelecer uma garantia para o cumprimento deste contrato. Outros exemplos: o sinal (também chamado de arras) que é um adiantamento da quantia que será paga também para garantir o cumprimento da obrigação; a fiança, que serve para garantir o pagamento da dívida (se o devedor principal não pagar a dívida, o credor pode acionar o fiador), etc.

b) Judicial são as ações judiciais para proteção de direitos. Recorre-se à autoridade judicial competente para restabelecer um direito já violado ou para proteger um direito ameaçado. Lembrando que para a propositura de uma ação judicial é necessário ter um interesse legítimo (econômico ou moral). Ex.: Mandado de Segurança (que visa proteger um direito líquido e

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certo); Interdito Proibitório (que é uma ação possessória, que visa proteger uma pessoa de eventuais ameaças a sua posse), etc.

Lembrem-se do brocardo: “A todo Direito corresponde uma Ação que o assegura”. Se houver ameaça ou violação a um direito subjetivo, este será protegido por meio de uma ação judicial (art. 5°, XXXV, CF/88 “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”). Imaginem o seguinte exemplo: sabemos que “todo cidadão tem o direito de ir, vir e permanecer”. Esse é um Direito que temos; dizemos que este é um direito material. Agora... e se uma autoridade policial diz que você está preso em flagrante, sem ter um motivo plausível para esta prisão? É o famoso “teje preso”. O que você faria?? Com certeza você entraria com um Habeas Corpus!!! Ora, o Habeas Corpus é uma Ação. Assim, nós temos um Direito (no caso o direito de locomoção, de ir, vir e permanecer)! Violado este Direito, surge a Ação (no caso o Habeas Corpus)! Prevê o art. 5°, LXVIII, CF/88: “conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”.

O mesmo pode ocorrer com uma propriedade. Eu comprei um sítio. Paguei por ele. Tenho a escritura e o registro. Portanto é meu, eu tenho direito de propriedade. Mas alguém invadiu a minha propriedade. O que eu posso fazer? Com certeza entrarei com uma ação... no caso Ação de Reintegração de Posse. Portanto, voltando e reforçando a ideia... “a todo direito corresponde uma ação”.

Ação é o meio que o titular do direito dispõe para obter a atuação do Poder Judiciário, no sentido de solucionar litígios relativos a interesses jurídicos (art. 3° do Código de Processo Civil → “Para propor ou contestar uma ação é necessário ter legítimo interesse econômico ou moral” – neste sentido a Súmula 409 do Supremo Tribunal Federal).

Sabemos que no Brasil nós não podemos fazer “justiça pelas próprias mãos”, sob pena até de cometermos um crime (exercício arbitrário das próprias razões – art. 345, Código Penal). Se uma pessoa me deve seis meses de aluguel eu não posso ir até sua casa, lhe dar uns ‘tabefes’ e exigir o pagamento devido ou simplesmente colocá-la no ‘olho da rua’. Não! O correto é ingressar com uma ação de despejo por falta de pagamento e requerer também o pagamento dos aluguéis atrasados. No entanto, admite-se, excepcionalmente, a autodefesa ou autotutela de um direito, como no caso da legítima defesa da posse (art. 1.210, §1°, CC), do penhor legal, etc.

Modificação de Direitos (transformação) →→→ Os direitos podem sofrer modificações em seu conteúdo (objeto) ou em seus titulares, sem que haja alteração em sua substância. A modificação do direito pode:

a) Objetiva: atinge a qualidade ou quantidade do objeto ou o conteúdo da relação jurídica. Ex.: o credor de uma saca de feijão aceita o equivalente em dinheiro; uma pessoa está devendo uma quantia em dinheiro e o credor aceita um terreno em substituição.

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b) Subjetiva: substituição de uma das pessoas (sujeito ativo ou passivo) envolvidas na obrigação, podendo ser inter vivos (contrato) ou causa mortis. Ex.: testamento – morrendo o titular de um direito este se transmite aos seus sucessores. Outros exemplos: desapropriação, venda de um bem, etc. Alguns autores afirmam que a transmissão dos direitos seria um quinto elemento do Fato Jurídico. Devemos lembrar que há direitos que não comportam modificação em seu sujeito por serem personalíssimos (também chamados de intuitu personae).

Extinção de Direitos →→→ quando sobrevém uma causa que elimina os seus elementos essenciais. Notem que o perecimento deve ser total. Se for parcial, o direito persiste sobre o remanescente desta parte. Se a extinção puder ser atribuída a alguém, este será o responsável pelos prejuízos, devendo ressarci-los. Vejamos os principais exemplos de extinção dos direitos (entre outros):

• Perecimento do objeto (ex.: anel que cai em um rio profundo e é levado pela correnteza) ou perda das qualidades essenciais do objeto (ex.: campo de plantação invadido pelo mar).

• Renúncia: quando o titular de um direito, dele se despoja, sem transferi-lo a quem quer que seja; ele abre mão de um direito que teria (ex.: renúncia à herança).

• Abandono (ou derrelição): intenção do titular de se desfazer da coisa não querendo ser mais seu dono (ex.: jogar um par de sapatos velho no lixo).

• Alienação: que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, de forma onerosa (compra e venda) ou gratuita (doação).

• Falecimento do titular, sendo direito personalíssimo, e por isso, intransferível.

• Confusão: numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e devedor. • Prescrição ou decadência: analisaremos nesta aula de forma mais

pormenorizada.

Com isso encerramos esta parte bem introdutória sobre os elementos do fato jurídico.

Vejamos agora a CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS. O quadro abaixo nos dará uma visão geral sobre o tema, sendo de extrema importância.

FATO

A) COMUM →→→ acontecimento sem repercussão no Direito.

B) JURÍDICO →→→ acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos (A.R.M.E.).

I. FATO JURÍDICO NATURAL (Fato Jurídico em Sentido Estrito ou Stricto Sensu) → não há manifestação da vontade humana. Divide-se:

1. Ordinários: são os que normalmente acontecem (previsíveis), produzindo efeitos jurídicos relevantes: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC), decurso de tempo (como a prescrição e a decadência), etc.

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2. Extraordinários: são os chamados “caso fortuito” ou “força maior” (imprevisíveis); mesmo assim têm importância ao direito, por excluírem, como regra, a responsabilidade: desabamento de prédios em virtude de um terremoto, incêndio de uma fábrica em razão de um raio, naufrágio de um navio em virtude de um maremoto, etc.

II. FATO JURÍDICO HUMANO (ou simplesmente ATO) →→→ é o acontecimento que conta com a participação humana. Abrange tanto os atos lícitos como os ilícitos. Veremos este tema na próxima aula, de forma mais detalhada. Por enquanto, é importante que se saiba:

1) ATO LÍCITO (também chamado de ato jurídico em sentido amplo ou ato jurídico voluntário):

a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu): há a participação humana, mas os efeitos são os impostos pela lei e não pelas partes interessadas (ex.: reconhecimento de filho, fixação de domicílio, abandono, ocupação). Não há regulamentação da autonomia privada.

b) Negócio Jurídico: há a participação humana e os efeitos desta participação são ditados pela própria manifestação de vontade; os efeitos são os desejados pelas partes (ex.: contrato, testamento, etc.). Há, portanto, autonomia privada; autorregulação de interesses particulares.

2) ATO ILÍCITO (ou Involuntário): é o praticado em desacordo com a ordem jurídica (arts. 186 e 187, CC). Na realidade, muitas vezes a conduta é voluntária e consciente, havendo a transgressão a um dever jurídico. Entretanto, os efeitos da prática deste ato é que são involuntários. A consequência da prática do ato ilícito é o surgimento do dever de reparar o dano causado. Pode atuar nas seguintes áreas do Direito:

a) Penal: violação de um dever tipificado como crime, pressupondo um prejuízo causado à sociedade; desrespeitado, compromete-se a ordem social (norma de ordem pública); a sanção é pessoal, ou seja, é a pessoa do infrator imputável que irá responder pela conduta (não se transmite a responsabilidade a terceiros).

b) Administrativo: violação de um dever que se tem para com a administração; a sanção também é pessoal.

c) Civil: violação de um dever contratual ou legal, pressupondo um dano a terceiro; a sanção é patrimonial, ou seja, atinge o patrimônio do lesante (como regra).

��� Atenção ��� Não é raro cair algumas questões sobre a classificação acima. E isso pode causar certa confusão. Querem um exemplo? Duas indagações iniciais (respondam sem olhar a classificação): O ato ilícito é um ato jurídico? O ato ilícito é um fato jurídico? ..... Resposta: observando a classificação acima iremos concluir que o ato ilícito é um fato jurídico (humano), porém não é um

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ato jurídico!!! Portanto a memorização deste quadro é de grande valia... Continuemos.

O primeiro item do quadro que iremos analisar é o Fato Jurídico Natural. A doutrina também o chama de fato jurídico em sentido estrito ou fato jurídico stricto sensu. São expressões sinônimas, mas que costumam cair e confundem...

���Fato Natural é o acontecimento que ocorre independentemente da vontade humana, mas mesmo assim pode produzir efeitos jurídicos, criando, modificando ou extinguindo direitos. Podem ser divididos ou classificados em:

1. Ordinários São aqueles que normalmente ocorrem; são previsíveis. Pergunto: o que há de mais certo em nossa vida? – A morte! Ela ocorrerá independente de nossa vontade! E trará uma série de consequências jurídicas. Se por um lado a morte extingue a personalidade de uma pessoa, por outro lado cria inúmeros direitos e obrigações para os sucessores do falecido. Portanto a morte é o exemplo clássico de fato natural. Lógico que estou falando da morte por causas naturais (costumo brincar: “a morte morrida”). Pois um homicídio (brincando ainda: “a morte matada”) é crime, e, portanto, ato ilícito. Outros exemplos de fato jurídico natural ordinário: o nascimento (início da personalidade), a maioridade (cessação da incapacidade), o decurso de tempo que juridicamente se apresente sob a forma de prazo (intervalo de dois termos), a usucapião (matéria que pertence ao Direito das Coisas), além da prescrição e da decadência, etc. Estes últimos temas são importantíssimos e serão analisados de forma autônoma, ainda nesta aula.

2. Extraordinários são causas ligadas ao caso fortuito ou à força maior, onde se configura uma imprevisibilidade e inevitabilidade do evento, além da ausência de culpa pelo ocorrido. Não há uma unanimidade dos autores para se conceituar e diferenciar tais institutos. Para alguns, caso fortuito seria um evento da natureza, imprevisível e inevitável (ex.: uma tempestade, um terremoto, um tsunami, etc.). Já força maior é o que decorre de uma atuação humana imprevisível e inevitável interferindo no ato (ex.: uma greve). Para outros o conceito é exatamente o inverso. Para outros ainda, o caso fortuito decorre de uma causa desconhecida (ex.: explosão de uma caldeira em uma usina) e na força maior conhece-se a causa, que é fato da natureza (ex.: raio que provoca um incêndio). Outros autores tratam ambos os termos como sinônimos. Sílvio Venosa assim leciona: “caso fortuito e força maior são situações invencíveis, que refogem às forças humanas, ou às forças do devedor, impedindo e impossibilitando o cumprimento da obrigação”. Geralmente costuma cair nas provas (especialmente em Direito Civil) as expressões “caso fortuito” ou “força maior” e não a situação propriamente dita. E quando cai a situação (ex.: um terremoto), basta o aluno saber classificá-la o fato como “fato jurídico natural (ou fato jurídico em sentido estrito – stricto sensu) extraordinário”.

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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA COMO FATO JURÍDICO

As obrigações jurídicas não são eternas. Se eu empresto determinada quantia em dinheiro a uma pessoa eu não posso ficar cobrando esta dívida a vida inteira. Eu tenho um prazo determinado para exigir o cumprimento da obrigação; se não cobrar dentro deste prazo não poderei mais fazê-lo. Assim, para que haja uma tranquilidade na ordem jurídica, fundada na necessidade de estabilidade social, da certeza do direito e de que as relações jurídicas não se prorrogam indefinidamente, surgiram os institutos da prescrição e da decadência (embora alguns direitos sejam imprescritíveis, como o direito de reconhecimento de paternidade, direito ao nome, direito aos alimentos, etc.).

Assim, o decurso do tempo, aliado a inércia do titular do direito, faz com que a situação de afronta ao direito prevaleça sobre o próprio direito. Ex.: o credor de uma dívida em dinheiro, que não recebeu o que lhe é devido, tem o direito de ajuizar uma ação para cobrar esta dívida. Mas se ele deixa de ajuizar a ação cabível, após certo tempo, perde o direito de fazê-lo, consolidando-se uma situação contrária a seus interesses, mas que ocorreu por sua própria culpa; por sua desídia. Há um brocardo em latim, muito conhecido, que diz: dormientibus non succurrit jus (o direito não socorre aos que dormem).

O fundamento dessa proteção a situações consolidadas no tempo (embora contrárias ao direito de alguém) é a paz social, impedindo que essa pudesse ser conturbada a qualquer tempo por quem se julgasse prejudicado em algum direito seu. Se a pessoa não cuidou de defender seu direito a tempo, praticamente “renunciou” a este direito, aceitando inerte a afronta que lhe era feita. Não se trata de um instituto justo. Nem é esta a preocupação. O que se busca é uma questão de segurança jurídica, de tranquilidade. Ninguém se veria seguro em seus direitos, se a qualquer tempo pudesse vê-los na contingência de serem contestados por fatos ocorridos há muito tempo.

Elementos comuns da prescrição e decadência. Ambas são causas extintivas decorrentes do não exercício de um direito em determinado prazo. Requisito: inércia do titular de um direito e decurso de tempo para o exercício desse direito.

��� Atenção ��� O tema prescrição e decadência é comum a todas as matérias do Direito. O Direito Penal, Administrativo, Tributário, Comercial, Trabalhista.... todas elas tratam do assunto. Lógico que cada matéria possui as suas peculiaridades. Vamos dar o enfoque apenas sob a ótica do Direito Civil. Se cair uma questão sobre esse tema, observem bem em sua prova, qual ramo do Direito está sendo abordado. Reforço: o que vamos falar aqui se refere ao Direito Civil (embora algumas coisas possam ser aproveitadas pelas outras matérias).

Curiosidade (já vi isso cair isto em alguns concursos recentes) O Código Civil anterior não mencionava a expressão decadência. Para ele tudo era prescrição. Ele possuía um artigo que dizia: “Prescreve... ” e elencava uma série de situações. Era a doutrina que analisando item por item daquela

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relação dizia o que era prescrição e o que era decadência. Mas mesmo assim, não havia um consenso sobre todos os temas. Resumindo: era uma bagunça... Hoje a matéria está bem fácil. O Código diz exatamente o que é prescrição e o que é decadência. Ele conceitua ambos os institutos. E menciona as situações e os prazos de um e outro caso. Além disso, ainda existem alguns “macetes de concurso” que facilitam a diferenciação. Vou mencioná-los mais adiante.

I. PRESCRIÇÃO (arts. 189/206, CC)

���Direito Subjetivo é a faculdade que o ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Representa a estrutura da relação poder-dever, em que o poder de uma das partes corresponde ao dever da outra. A infração deste dever resulta (nas relações jurídicas patrimoniais) um dano para o titular do direito subjetivo. Por isso, todo direito subjetivo deve (ou deveria) ser protegido por uma ação. No momento em que este direito é violado surge o poder de se exigir do devedor uma ação ou omissão, que permite a composição do dano ocorrido. A doutrina chama este direito de exigir de pretensão.

Pretensão é a expressão utilizada para caracterizar o poder de exigir de outrem, coercitivamente, o cumprimento de um dever. A pretensão é deduzida em juízo por meio de uma ação. Violado um direito nasce para o seu titular a pretensão. A partir daí surge a possibilidade de se fazer valer em juízo este direito violado e também se inicia a contagem do prazo prescricional. Portanto, o prazo prescricional só se inicia no momento em que o direito é violado. Havendo violação ao direito e o titular deste permanecer inerte, a consequência será a perda da pretensão.

Concluindo Prescrição é a perda da pretensão em virtude da inércia do titular de um direito subjetivo violado durante certo prazo previsto em lei. Trata-se de uma sanção aplicada a pessoa que foi negligente, não exigindo seu direito em momento adequado. A prescrição se opera tanto em relação às pessoas naturais (físicas), como em relação às pessoas jurídicas.

���Requisitos da Prescrição: a) violação de um direito e nascimento da pretensão (possibilidade de se ingressar com uma ação); b) inércia do titular do direito violado; c) continuidade desta inércia durante prazo fixado em lei; d) inexistência de impedimentos ou causas suspensivas ou interruptivas do prazo.

Embora esta expressão seja técnica, precisamos mencioná-la, pois muitos concursos a exigem. Trata-se da actio nata. Isto é, não pode correr a prescrição enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada pela violação do direito.

���Vamos agora dar um exemplo completo. Digamos que eu tenha emprestado certa quantia em dinheiro a uma pessoa, estabelecendo prazo de

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06 (seis) meses para que a importância seja devolvida. A partir deste momento surge meu direito ao crédito. Vencido o prazo estabelecido, a pessoa não me devolveu o dinheiro. A partir deste momento (ou seja, da data em que a dívida deveria ser paga e não o foi), houve a violação ao meu direito de crédito. Neste momento “nasce” a pretensão (actio nata), que é a possibilidade de se exigir judicialmente o direito que foi violado. A partir daí eu já posso ingressar com uma ação pleiteando meu direito. Mas nada é eterno... eu tenho um prazo estabelecido na lei para fazer valer meu direito. E no momento em que eu posso ingressar com a ação, surge, também, um prazo para que faça isso. Devo, então, exercer o direito dentro do prazo, pois nesse momento também inicia a contagem do prazo prescricional. Se eu entrar com a ação dentro do prazo, eu exerci meu direito. Mas... e se eu não ingressar com a ação dentro do prazo? – Ora, o meu direito (pretensão) prescreveu... Eu não posso mais entrar com a ação. Na realidade eu até “posso” entrar com a ação... mas esta ação está fadada ao fracasso, pois basta que a outra parte alegue (e mesmo que não alegue o juiz poderá reconhecer de ofício) que a ação será extinta! E eu ainda deverei suportar todos os encargos processuais da ação (custas, honorários advocatícios de ambas as partes, etc.). Portanto o melhor é não entrar com a demanda. Com a prescrição eu perdi o instrumento jurídico para fazer valer meu direito. Agora eu pergunto... e se o devedor pagar espontaneamente a dívida que estava prescrita? O pagamento valeu? E o devedor, percebendo que a dívida estava prescrita, pode se arrepender do pagamento que fez e pedir a devolução do dinheiro? Resposta: de fato, a dívida estava prescrita, mas a pessoa que pagou não pode mais pedir de volta o dinheiro. Se ela pagar espontaneamente a dívida prescrita, este pagamento valeu! E por que? –Porque o direito material (que é o meu direito ao crédito, que nasceu no dia em que eu fiz o empréstimo) ainda existia. Ele não foi extinto pela prescrição. A pessoa ainda estava me devendo. A prescrição atingiu apenas a pretensão; com a prescrição eu perdi o instrumento judicial para cobrar a dívida (ou seja, o direito de ação). E não o direito ao crédito. Com a prescrição perde-se apenas o direito à pretensão (não havendo mais a ação para exercer o direito em juízo). Mas o direito em si (o direito ao crédito) ainda se mantém intacto (embora sem proteção jurídica). Portanto a pessoa pagou algo que existia, valendo este pagamento, mesmo que a ação esteja prescrita, não se podendo pedir a devolução da quantia paga.

Aliás, dívida prescrita é um excelente exemplo de obrigação natural, isto é, de uma obrigação sem proteção judicial, pois não pode ser exigida pelo credor e o devedor só paga se quiser; mas, pagando, não pode pedir a restituição do valor desembolsado. O art. 882, CC assim prevê: “Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível” (lembrando que repetir, em sentido jurídico, significa pedir de volta).

Vamos recordar. A prescrição não serve para proteger o lesante. Trata-se de uma punição ao próprio lesado por sua inércia. Baseia-se no interesse social de pacificação das demandas. Ela extingue a pretensão. Extinta a pretensão perde-se o direito de ajuizar a ação, ou seja, perde-se o direito de resolver a pendência judicialmente. Todavia, o direito em si (o direito material,

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o direito propriamente dito) permanece incólume, só que sem proteção jurídica para solucioná-lo.

DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A PRESCRIÇÃO

Vejamos cada item do Código Civil de forma pormenorizada:

Exceção (art. 190, CC)

Determina o Código Civil: “A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão” (art. 190, CC). Inicialmente cabe um esclarecimento quanto a esta frase, em especial àqueles que não têm formação jurídica. A expressão “exceção” possui basicamente dois sentidos. De uma forma geral significa aquilo que foge à regra; que não se inclui em determinada situação; dá uma ideia de ressalva, de reserva, de exclusão. No entanto, na técnica jurídica o vocábulo significa uma outra coisa: ele indica uma forma de defesa realizada por uma das partes (em geral o réu) em um processo para opor-se a um direito do adversário. O autor deduz uma pretensão (exigindo do réu o cumprimento de um dever jurídico). E o réu pode se defender por meio de uma exceção. Muitas vezes esta defesa é indireta, pois o réu, sem negar categoricamente o fato alegado pelo autor, alega um outro fato ou direito com o objetivo de elidir ou paralisar a ação proposta. Exemplos: o autor ingressa com uma ação (deduzindo uma pretensão – cobrando uma dívida) e o réu alega como defesa que já foi processado, sendo que a ação foi julgada improcedente por aquele mesmo fato (neste caso falamos em exceção de coisa julgada); ou alega que já há uma ação pendente sobre o mesmo assunto (exceção de litispendência); ou que aquele juízo é incompetente para apreciar este tipo de questionamentos (exceção de incompetência); ou que ele não é parte legítima no processo (exceção de ilegitimidade processual); etc.

Outro exemplo: “A” possui um crédito contra “B”, mas este se encontra prescrito. Portanto “A” não pode exigir de “B” o pagamento da dívida. Ocorre que “B” ingressou contra “A” uma ação cobrando este por outra dívida. Pergunta-se: “A” pode se defender alegando a compensação desta dívida com a outra da qual é credor, mas se encontra prescrita? Resposta: Não! Ora, se está prescrita a pretensão (o crédito de “A” contra “B”), prescrita também está a defesa (exceção), que no caso se daria com a compensação. Assim, se o direito não pode ser alegado como modalidade de ataque (pretensão), também não poderá ser invocado como meio de defesa (exceção: no caso a compensação).

Resumindo: o que o art. 190, CC quer dizer é que o prazo dado para a manifestação do contradireito (que é a exceção ou a defesa) é exatamente o mesmo que a lei estipula para que o titular da ação exerça sua pretensão. Por isso costuma-se dizer que “a exceção (defesa) nasce com o exercício da pretensão”.

Renúncia (art. 191, CC)

Renúncia é um ato unilateral, produzindo efeitos sem necessidade da manifestação de vontade da outra parte. Uma dívida está prescrita. O credor não tem mais como cobrar a dívida judicialmente. Mesmo assim o devedor

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pode renunciar a esta prescrição. Dispõe a lei que esta renúncia pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar. Apesar de pequeno, este dispositivo é muito importante, cai muito nas provas e exames, além de trazer diversas consequências jurídicas. Vamos por partes.

Inicialmente nosso Código não admite a renúncia prévia ou antecipada. Ou seja, o devedor não pode renunciar à prescrição antes dela ocorrer, até porque, não se pode renunciar a algo que ainda não temos. Ex.: Digamos que eu seja um credor. O devedor não pagou o que deve. Eu tenho um prazo para entrar com a ação. Mas eu não entrei com a ação no prazo legal. Portanto ocorreu a prescrição. Mas, mesmo prescrita a dívida, o devedor pode pagar o que deve. E se ele assim proceder (pagando a dívida após o prazo prescricional) estará renunciando à prescrição. Portanto a renúncia é um ato do devedor. No entanto o devedor somente pode renunciar à prescrição após a consumação desta. Enquanto o prazo prescricional estiver fluindo, o devedor não pode renunciar ela. Isto para não destruir a sua eficácia prática. Se assim não fosse o credor poderia inserir uma cláusula abusiva em um contrato. Ex.: o credor insere no contrato uma cláusula em que o devedor renuncia (isto é desiste do direito de alegar) de forma antecipada, eventual e futura prescrição. A lei proíbe esta conduta. Caso contrário qualquer credor poderia colocar uma cláusula no contrato de que o seu direito permaneceria válido e eficaz até o momento que ele, credor, desejasse e eventualmente ingressasse com a ação judicial. Ou seja, poderia propor a ação quando quisesse.

Outra coisa: não pode haver renúncia à prescrição quando esta for em prejuízo de terceiros. Ex.: A deve a B e C determinada quantia (duas dívidas autônomas). Em relação a B a dívida está prescrita. Resta então A pagar C. No entanto A renuncia a prescrição em relação a B e paga sua dívida em relação a ele. A seguir alega que não tem mais dinheiro para pagar C. Ora, a dívida estava prescrita. B não tinha mais como cobrar a dívida. E A ao pagar B, renunciou à prescrição, mas prejudicou os direitos de C. Portanto esta conduta não é permitida. Trata-se de uma evidente fraude contra credores, sendo que C pode anular a renúncia e pedir a entrega do dinheiro para si.

A renúncia pode ser classificada em:

a) Expressa: o prescribente (pessoa a quem a prescrição aproveitaria) abre mão do direito de forma explícita (ex.: por escrito), afirmando que não deseja dele se utilizar.

b) Tácita: a pessoa pratica atos incompatíveis com a prescrição. O exemplo clássico é o próprio pagamento de uma dívida já prescrita. Se eu pago uma dívida que já estava prescrita, eu estou renunciando tacitamente à prescrição. Outro exemplo é o requerimento que o devedor faz de “parcelamento do débito”.

Alegação (art. 193, CC)

A prescrição pode ser alegada em qualquer fase do processo, mesmo em grau de recurso pela parte a que aproveita, ou seja, pela parte interessada

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com a sua declaração. Uma ação geralmente é interposta perante um Juiz singular (primeira instância), seguindo um trâmite processual. A prescrição pode ser alegada em qualquer momento deste trâmite: na contestação, na audiência de oitiva de testemunhas, nos debates, no julgamento, etc. Após a sentença do Juiz, as partes podem recorrer da decisão. O processo então será encaminhado para um Tribunal, que é o órgão de segunda instância. Também no Tribunal a prescrição pode ser arguida.

��� Atenção ��� A doutrina aponta que não é cabível a alegação de prescrição na fase de liquidação em processo de execução, nem em fase de liquidação da sentença. Ou seja, o processo, propriamente dito já acabou. Agora somente estamos executando o que ficou anteriormente decidido. Portanto não teria cabimento alegar a prescrição no momento de se executar o que já foi exaustivamente debatido. Também se tem entendido que embora o art. 193 diga que a prescrição possa ser alegada “em qualquer grau de jurisdição”, ela não poderia ser alegada, pela primeira vez, perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), pois estes Tribunais são considerados como instâncias especiais e extraordinárias. Eles somente poderiam conhecer de recursos nos quais tenha havido prévio debate da matéria em outras instâncias (chamamos isso de pré-questionamento).

Efeitos Essenciais da Prescrição

• Um contrato não pode conter cláusula declarando que um direito é imprescritível. Só a lei pode fazê-lo e mesmo assim em circunstâncias muito especiais, conforme veremos.

• Os prazos prescricionais não podem ser alterados pelos particulares, ainda que haja um acordo de vontades entre eles (art. 192, CC), seja para reduzi-los, aumentá-los ou mesmo suprimi-los. Não existe prazo prescricional convencional. É a lei que determina quais são os prazos prescricionais, impedindo que eles sejam alterados.

• Prescrevendo o principal, prescrevem todos os acessórios.

• Antes de consumada é irrenunciável: não se pode renunciar a prescrição que ainda não ocorreu.

• Os relativamente incapazes (art. 4°, CC) e as pessoas jurídicas têm direito a ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente (art. 195, CC). Ex.: um rapaz com 16 anos que está sob tutela, possui um crédito. Seu representante legal sabe disso e não ingressa com a ação para cobrar a dívida. Com o tempo ocorre a prescrição. Em relação à dívida nada mais pode ser feito. Ela está prescrita. Mas posteriormente o rapaz poderá acionar o seu tutor em razão de sua não-alegação do direito. Trata-se de mais uma forma de se proteger e preservar o patrimônio de incapazes ou das empresas. Entende a doutrina que a responsabilidade é subjetiva (é necessária a prova do dolo ou da negligência do agente).

• Suspensa a prescrição em favor de um credor solidário, somente se suspenderá a prescrição em favor dos demais se a obrigação for indivisível. Ex.: Antônio se comprometeu a entregar um cavalo de raça

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para Bernardo e Carlos de forma solidária. Assim, eles são credores solidários de um bem indivisível (o cavalo). Se por algum motivo o prazo prescricional for suspenso em relação a Bernardo, este prazo, por força de lei (art. 201, CC), também ficará suspenso em relação a Carlos, pois a obrigação além de solidária é indivisível. No entanto, se a obrigação for divisível (dinheiro) a prescrição somente ficará suspensa em relação a Bernardo, correndo normalmente em relação ao outro credor.

���Cuidado��� Os efeitos citados acima têm uma grande incidência em concursos públicos!!!

Pessoas a quem aproveita

A prescrição pode ser alegada e aproveita tanto às pessoas físicas como às jurídicas. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu sucessor (art. 196, CC), a título universal (herança) ou singular (legado). Ex.: Antônio tem um direito de ação em face de Bernardo. Digamos que o prazo prescricional é de dez anos. Passados sete anos Antônio não ingressou com a ação e faleceu. Neste caso Carlos, herdeiro de Antônio, disporá apenas do prazo faltante para exercer a pretensão (ou seja, três anos). O prazo não parou em razão da morte de Antônio. Ou seja, a morte não interrompe e nem suspende o prazo prescricional, que continua a fluir normalmente contra os sucessores.

No entanto... (como não podia deixar de ser...) há uma exceção a essa regra: na hipótese em que o sucessor é absolutamente incapaz. Neste caso a prescrição não corre (fica impedida ou suspensa, como veremos adiante). Aproveitando o exemplo acima: Antônio faleceu e Carlos, seu único filho, tem 12 anos de idade. Neste caso a morte de Antônio fará com que o prazo prescricional fique paralisado (suspenso) e somente se reiniciará quando Carlos completar 16 anos (pois passa a ser relativamente incapaz).

Finalmente em relação a este tópico: prescrevendo o direito principal, prescrevem também os acessórios. Exemplo: se a dívida principal prescreveu, com ela prescreveu também a multa contratual (trata-se da aplicação da regra, que aqui também se aplica, de que “os acessórios acompanham o principal").

Declaração de Ofício (ex officio)

���Indagação Importante: um Juiz, no curso de uma ação judicial, pode reconhecer a prescrição, mesmo que a outra parte não tenha alegado, ou seja, mesmo que não tenha sido provocado para decidir a respeito? Ex.: digamos que uma eventual pretensão já esteja prescrita. Eu tenho ciência deste fato, mas, assumindo o risco, ingresso com a ação judicial mesmo assim... A outra parte não alega a prescrição (dizemos na gíria que ela “engoliu barriga” ou “comeu bola”). O Juiz percebe que ocorreu a prescrição. Pergunto: pode o Juiz reconhecer a prescrição sem que a mesma tenha sido alegada (chamamos isso de declaração ex officio)?

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A lei era taxativa no sentido de que o Juiz não podia suprir de ofício a alegação de prescrição, salvo se favorecesse a pessoa absolutamente incapaz. Era o que dispunha o art. 194, CC. No entanto a Lei n° 11.280 de 16 de fevereiro de 2006 revogou o art. 194, CC e alterou o §5° do art. 219, CPC. Ou seja, atualmente o Juiz “deve” reconhecer a prescrição de uma ação, independentemente de requerimento da outra parte, em qualquer situação (e não somente para favorecer absolutamente incapaz, como anteriormente). Estabelece atualmente o art. 219, §5°, CPC: “O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição”.

Colocamos o verbo deve entre aspas, pois há quem defenda que apesar do imperativo “pronunciará”, trata-se apenas uma faculdade do juiz reconhecer a prescrição de ofício e não de uma obrigação, uma vez que o próprio Código Civil admite a renúncia da prescrição.

Requisitos para se reconhecer a Prescrição:

• pretensão a ser exercida (a pretensão nasce com a violação de um direito).

• inércia do titular desta pretensão (não exercício do direito).

• continuidade dessa inércia durante certo lapso de tempo fixado em lei.

• ausência de algum fato ou ato a que a lei confira eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva de curso prescricional, conforme veremos logo adiante.

Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrição

Como vimos, violado o direito subjetivo surge a pretensão. E a partir daí começa a correr o prazo prescricional para se ingressar com a ação adequada. No entanto a lei prevê situações em que o prazo sequer inicia seu fluxo, ainda que já surgida a pretensão (são as causas impeditivas) ou que suspendem o curso da prescrição já iniciada (são as causas suspensivas) ou mesmo fazem com que o prazo seja reiniciado (são as causas interruptivas).

���A relação das hipóteses impeditivas, suspensivas e interruptivas é taxativa. Ou seja, as causas estão expressamente previstas na lei, não se podendo fazer uma “interpretação extensiva”. Estas causas só podem ser estabelecidas por lei (trata-se de norma de ordem pública). Vejamos cada uma das situações previstas no Código Civil.

1) CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS (arts. 197, 198 e 199, CC)

A diferença entre impedimento e suspensão do prazo prescricional é sutil. Ambas possuem o mesmo regime jurídico. Porém se diferenciam:

Causas impeditivas são circunstâncias que impedem que o curso prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa individual ou familiar (atendendo a razões de confiança, amizade, parentesco e de ordem moral). A contagem do prazo não se inicia enquanto durar a impossibilidade jurídica do impedimento. Ou seja, se o prazo ainda não começou a fluir a causa ou obstáculo impede que ele comece.

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Causas suspensivas são circunstâncias que paralisam temporariamente o curso prescricional, sem prejuízo do tempo já decorrido. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, o prazo prescricional volta a correr de onde parou, aproveitando-se e computando-se o prazo já decorrido antes do fato.

Resumindo: nas impeditivas o prazo nem começou a contar; na suspensiva o prazo começou a fluir, mas parou, voltando a contagem quando cessar o motivo da “parada”.

Impedimento do Prazo Prescricional ANOS

IMPEDIMENTO 1º 2º 3º 4º 5º

O prazo somente começa a fluir após a cessação da circunstância que impede que o curso prescricional se inicie

Suspensão do Prazo Prescricional Ano Ano

1º 2º 3º Prazo 4º 5º

Fluxo de prazo prescricional de 05 anos, onde já decorreram 03 anos.

Suspenso Cessada a suspensão, o prazo retoma seu fluxo pelo saldo (no caso são mais 02 anos).

Não corre a prescrição:

• Entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal. Observem que dependendo do momento em que a dívida venceu pode ser hipótese de impedimento ou de suspensão do prazo. Ex.: uma mulher empresta determinada quantia a seu namorado. Quando esta dívida vence, eles já estão casados (não importando qual o regime de bens adotado pelo casal) e o marido não paga a dívida. O prazo prescricional sequer se iniciou, pois não corre prescrição na constância do casamento. É hipótese de impedimento. Se eles se separarem a mulher teria (ao menos em tese) o direito de cobrar aquela dívida. No entanto se a dívida venceu antes do casamento, o prazo prescricional já se iniciou. Após isso, sem que haja o pagamento da dívida, credora e devedor se casam. Neste momento o prazo fica suspenso. Se eles se separarem o prazo prescricional volta a fluir pelo tempo que ainda resta.

• Entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar. Ex.: vamos imaginar que haja um conflito de interesses entre um menor e seus pais (ou avós). Seria um absurdo se exigir que o menor ingressasse com uma ação judicial contra seus ascendentes para preservar seus direitos, sob pena de prescrição. Portanto, aguarda-se a extinção do poder familiar (18 anos), quando então a pessoa, sentindo-se lesada, poderá acionar seus ascendentes.

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• Entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante a tutela ou curatela. É a mesma justificativa em relação ao menor e seus pais. Protege-se, assim, o interesse do incapaz quanto à falta de zelo de seus representantes legais (tutores e curadores).

• Contra os absolutamente incapazes (art. 3°, CC). Ex.: vamos imaginar que uma pessoa que é credora de outra, faleça. O de cujus (falecido) deixou um filho que tem oito anos de idade. Essa criança nem ao menos sabe de seus direitos e que têm créditos a receber. Por isso, para protegê-la, o CC determina que não corre prescrição contra ela, pois é absolutamente incapaz. Aguarda-se, assim, que complete 16 anos (e seja relativamente incapaz); somente a partir daí o fluxo do prazo prescricional terá início. No entanto a prescrição pode correr “a favor” dos absolutamente incapazes. Ex.: quando o incapaz é o devedor e o credor não o aciona no tempo certo; neste caso opera-se a prescrição, pois ela foi favorável ao incapaz.

Resumindo a) prescrição contra absolutamente incapazes →→→ não corre. b) prescrição contra relativamente incapazes →→→ corre normalmente. c) prescrição a favor de incapazes (absoluta ou relativamente) →→→ corre normalmente.

• Contra os ausentes do Brasil em serviço público da União, dos Estados e Municípios.

• Contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

• Pendendo condição suspensiva: acompanhem o desenvolvimento lógico neste exemplo: eu lhe darei um carro se você passar no concurso (condição suspensiva). Enquanto você não passar no concurso, isto é, enquanto a condição não for realizada, você não adquire o direito. Se não houve a aquisição do direito, ainda não há uma ação para proteger o direito. E se não há uma ação que se possa exercitar, o prazo prescricional não se inicia.

• Não estando vencido o prazo. Trata-se do mesmo princípio do item anterior. Se o prazo de uma dívida ainda não venceu, ainda não se pode exigir o seu pagamento. E se ainda não se pode exigi-lo o prazo prescricional também não pode ter início.

• Pendendo ação de evicção, suspende-se também a prescrição em andamento. Evicção é a perda da propriedade para terceiro em virtude de ato jurídico anterior e de sentença judicial. Exemplo: há um litígio para se saber quem é o proprietário de um imóvel. Enquanto não resolvido este litígio definitivamente, o prazo prescricional não pode ter início. Mais uma vez trata-se do princípio da actio nata (a prescrição não corre enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada).

• Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva (art. 200, CC). Ex.: foi instaurado um processo criminal em que A é acusado de matar B. A alega que não matou (negativa de autoria). Neste caso a

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decisão criminal irá influir no Direito Civil. Em regra há independência entre as esferas criminal, civil e administrativa (art. 935, CC). Mas em algumas situações (ex.: a existência ou não do fato delituoso e a negativa de autoria), a decisão criminal faz coisa julgada no cível. Portanto, deve-se aguardar o desfecho do processo criminal. Somente depois que a questão for resolvida no Juízo Criminal (decisão final com trânsito em julgado), apontando a autoria e a materialidade do delito é que se inicia o prazo prescricional. No nosso exemplo: aguarda-se a sentença criminal. Se A for condenado criminalmente, a partir desta condenação inicia-se o prazo de prescrição para que os familiares de B ingressem com eventual ação de reparação de danos pela prática do ato ilícito no Juízo Cível.

Vejamos agora um exemplo prático em relação aos efeitos da suspensão da prescrição: imaginem um direito qualquer, cujo prazo prescricional previsto na lei seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a ação judicial adequada. Após esse período (três anos), surge uma causa suspensiva da prescrição. A partir deste momento o prazo fica paralisado, suspenso. Durante o período em que o prazo esteve parado, ele não é computado. Posteriormente a circunstância que fez com que o prazo fosse suspenso, deixou de existir. O prazo volta a correr. O credor tem direito de ingressar com a ação de cobrança. Mas só pelo prazo que resta. No exemplo dado só restam dois anos. Ou seja: cinco anos (prazo inicial) menos três anos (prazo que já havia ocorrido), é igual a dois anos (o que ainda resta). Assim, é esse o prazo que resta para se ingressar com a ação, antes do prazo fatal da prescrição. O prazo volta a correr contado da data em que havia parado. Vejamos o quadro abaixo para entender melhor o tema:

Observação Importante

Vamos reforçar e aprofundar um tema já visto, mas que é muito importante, referente ao art. 201, CC: “Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível”.

Se uma obrigação tiver credores solidários (ou seja, qualquer credor pode exigir do devedor a prestação por inteiro), mas o objeto é divisível (ex.: dinheiro) e ocorreu uma causa de suspensão de prescrição para apenas um dos credores, a prescrição ficará suspensa apenas em relação este credor (ou seja, em relação aos demais credores o prazo continua a correr normalmente). Exemplo: três pessoas são credoras de uma quarta de uma importância em dinheiro. Um dos credores se tornou absolutamente incapaz. Neste caso a prescrição somente não corre contra o incapaz, correndo normalmente contra os demais, pois a obrigação de entregar dinheiro é divisível.

Por outro lado, se a obrigação solidária for indivisível, uma vez suspensa a prescrição em favor de um dos credores, tal suspensão aproveitará (será estendida) aos demais. Exemplo: dois credores, sendo que um tem 13 anos (absolutamente incapaz) têm direito de receber um cavalo puro-sangue reprodutor (obrigação indivisível). Neste caso o prazo prescricional somente

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começará a fluir para todos quando o incapaz completar 16 anos (pois a partir daí ele deixa de ser absolutamente incapaz).

Resumindo:

Suspensa a prescrição para um dos credores solidários:

a) Obrigação divisível →→→ não aproveita aos demais, correndo normalmente para eles.

b) Obrigação indivisível →→→ aproveita aos demais, não correndo a prescrição.

2) CAUSAS INTERRUPTIVAS (art. 202 a 204, CC)

São circunstâncias que impedem o fluxo normal do prazo prescricional, inutilizando o tempo já decorrido, de modo que o prazo recomeça a correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o período já decorrido é inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomeça do zero. Exemplo: o prazo prescricional é de cinco anos. Após três anos de fluência de prazo foi o mesmo interrompido. Este prazo recomeça do zero. A parte tem mais cinco anos para entrar com a ação apropriada. O efeito é instantâneo: o prazo recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

��� Suspensão X Interrupção ���

A grande diferença ente suspensão e interrupção da prescrição é que na suspensão o prazo é temporariamente paralisado, de forma que superado o fato suspensivo, a prescrição continua a correr computando-se o tempo que já tinha decorrido (recomeça a correr pelo tempo faltante). Já na interrupção a causa interruptiva faz com que o prazo já iniciado seja desconsiderado, começando a ser contado de novo desde o início.

Outra coisa: Na interrupção, como regra, exige-se um comportamento ativo, uma provocação do credor (ex.: a notificação). Já na suspensão exige-se apenas a ocorrência de um fato previsto na lei; ocorrido este, o prazo prescricional é suspenso de forma automática.

Interrompem a prescrição:

• Despacho do Juiz, mesmo incompetente, que determinar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. Aqui é necessário fazer uma conexão com o art. 219 do Código de Processo Civil: “A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por Juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição”. Notem que há um certo conflito entre o texto do Código Civil (que menciona o despacho do Juiz) e o texto do Código de Processo Civil (que menciona a citação em si). A doutrina vem tentando harmonizar os dois dispositivos, prevalecendo a tese de que a interrupção se dá com a citação, porém, com efeitos retroativos à data da propositura da ação, desde que obedecidos os prazos fixados na lei processual.

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• Protesto judicial (trata-se de uma ação judicial, na verdade uma medida cautelar prevista no CPC) ou protesto cambial (ou seja, o protesto extrajudicial de um título de crédito como o protesto de um cheque, de uma nota promissória ou de uma duplicata). Ambas as situações se destinam a prevenir responsabilidade, ressalvar e conservar direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal. Tais providências refletem um comportamento ativo do credor, demonstrando a sua intenção de agir, de ver seu crédito pago, constituindo o devedor em mora e interrompendo a prescrição.

• A apresentação do título de crédito em juízo de inventário, ou em concurso de devedores. A habilitação do credor em inventário, na falência ou nos autos de insolvência civil, constitui comportamento que também demonstra a intenção do credor em interromper a prescrição.

• Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Ex.: interpelação judicial, notificação judicial, ações cautelares de uma forma geral, etc.

• Qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito do devedor. Ex.: pagamento de uma parcela do débito, pedido de prorrogação de prazo para pagamento da dívida, etc. (nesta hipótese não há uma atividade do credor, mas sim do devedor).

��� Atenção ��� No Direito Civil (art. 202, CC) a interrupção da prescrição só pode ocorrer uma vez. Tal restrição é benéfica, evitando inúmeras interrupções abusivas, a má-fé e o adiamento da solução das pendências.

Exemplo prático de uma hipótese de interrupção do prazo de prescrição: imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo prescricional seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a ação judicial. Após esse prazo, surge uma causa interruptiva da prescrição (ex.: credor ingressa com uma notificação ou protesta um título de crédito). Neste caso o prazo “zera”, ou seja, volta à estaca zero. O prazo reinicia o seu curso. A pessoa tinha cinco anos para exercer o direito. Passaram-se três e não exerceu. Com a interrupção devolve-se o prazo de cinco anos para ingressar com a ação principal. Observem o quadro abaixo:

Interrupção do Prazo Prescricional Ano Ano

1º 2º 3º 1º 2º 3º 4º 5º

Fluxo de um prazo prescricional de 05 anos, onde já decorreram 03 anos.

Prazo

Interrompido

Interrompido, o prazo fluirá por mais 05 anos; inicia-se novamente, mas por apenas uma vez mais.

Quem pode promover a interrupção da prescrição?

Nos termos do art. 203, CC, a interrupção da prescrição poderá ser promovida por qualquer pessoa que tenha um interesse jurídico. Portanto têm legitimidade para o ato:

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• o próprio titular do direito em via de prescrição. • quem legalmente o represente. • terceiro que tenha legítimo interesse (ex.: credores, fiadores ou herdeiros do credor).

Reflexos da interrupção da prescrição (art. 204, CC).

Em princípio a interrupção da prescrição beneficia apenas quem a promove. Assim, em regra, no caso de pluralidade de credores, o fato de um credor promover a interrupção, tal fato beneficiará apenas quem alegou a interrupção e não será estendido aos demais credores. Da mesma forma, como regra, se houver a pluralidade de devedores e o credor interrompeu a prescrição em relação a apenas um deles, este fato prejudicial não será estendido aos demais devedores. No entanto há exceções:

• Se for obrigação solidária (passiva ou ativa) a interrupção efetuada contra um devedor atingirá (prejudicando) os demais; e a interrupção aberta por um dos credores atingirá (beneficiando) os demais. Isto porque na solidariedade os vários credores são considerados com um só credor e, da mesma forma, todos os devedores são considerados como um só devedor.

• A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudicará os outros herdeiros, a menos quando se tratar de obrigação indivisível (ex.: entrega de um cavalo). Isto porque a solidariedade não se transmite aos herdeiros, salvo se a obrigação for indivisível.

• Finalmente, se um credor interrompe a prescrição contra o devedor de uma obrigação principal (ex.: locação), interrompe-se, também, eventual prazo prescricional contra o devedor da obrigação acessória (ex.: fiança). Lembrem-se mais uma vez da regra: “o acessório segue o principal”.

PRAZOS PRESCRICIONAIS

O prazo da prescrição é o espaço de tempo que decorre entre seu termo inicial e final. O art. 205, CC optou por um critério simplificado de 10 anos para o prazo prescricional geral, tanto para as ações pessoais como para as reais, salvo quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Assim, para sabermos em quanto tempo prescreve uma determinada ação, devemos proceder da seguinte forma: primeiramente verificamos se a ação que desejamos propor está prevista em algum dos parágrafos do art. 206, CC. Se encontrarmos a situação prevista em algum dispositivo, o prazo é o nele determinado expressamente. Porém, se analisamos todas as situações legais e não encontramos a ação que desejamos propor aplica-se a regra geral de 10 anos do art. 205, CC. Assim, temos duas espécies de prazo:

Ordinário (ou comum): 10 (dez) anos em ações pessoais (ex.: uma ação de cobrança que envolve duas pessoas: credor e devedor) ou reais (ex.: uma ação que envolve posse, propriedade, hipoteca, etc.), alusivas ao patrimônio do titular da pretensão. Art. 205, CC: “A prescrição corre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor”.

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Especial: são prazos mais exíguos (de um a cinco anos), pois há uma presunção de que é conveniente reduzir o prazo geral para possibilitar o exercício de certos direitos de forma a evitar que acontecimentos do passado remoto possam ainda ser questionados. Estão previstos no art. 206 e todos os seus parágrafos do CC. A diferença dos prazos repousa em uma valoração feita pelo legislador, bem como em condições pessoais do titulares das pretensões. Não se discute se eles são longos ou curtos; são fixados pela lei, que é a única fonte deles em nosso sistema.

Destacamos como mais importantes (há maior incidência em concursos públicos):

a) 02 (dois) anos: pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. Observação Importante: É interessante deixar claro que o direito aos alimentos é imprescritível (a fome reclama urgência!). O direito não cessa pelo seu não exercício. A qualquer tempo, surgindo a necessidade, eles poderão ser pleiteados. O que se opera é a prescrição em relação aos valores dos alimentos vencidos, ou seja, as prestações alimentares fixadas judicialmente e não pagos e nem exigidas no prazo acima. Lembrando, também, que o não pagamento da pensão alimentícia fixada em sentença judicial pode gerar a prisão do devedor inadimplente. Esta prisão, autorizada pela atual Constituição Federal, está plenamente justificada em face do bem jurídico protegido, que no caso é a sobrevivência digna de seres humanos incapazes de prover seu próprio sustento.

b) 03 (três) anos: pretensão de reparação civil por ato ilícito; pretensão para haver o pagamento de títulos de crédito, a contar do vencimento (ressalvadas as disposições de lei especial); pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos.

c) 05 (cinco) anos: pretensão dos profissionais liberais em geral (médicos, advogados, contadores, etc.), pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão do serviço.

Citamos agora todos os prazos prescricionais:

Prescrevem em 01 (um) ano:

a) a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;

b) a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:

- para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;

- quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;

c) a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;

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d) a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;

e) a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.

Prescreve em 02 (dois) anos:

- a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.

Prescrevem em 03 (três) anos:

a) a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;

b) a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;

c) a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;

d) a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;

e) a pretensão de reparação civil;

f) a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;

g) a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:

- para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;

- para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;

- para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;

h) a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;

i) a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.

Prescreve em 04 (quatro) anos:

- a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.

Prescrevem em 5 (cinco) anos:

a) a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;

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b) a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;

c) a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.

AÇÕES IMPRESCRITÍVEIS

A prescritibilidade é a regra. No entanto, há exceções. São imprescritíveis as ações que versem sobre:

• os direitos que protegem a personalidade, como a vida, a honra, o nome, a liberdade, a intimidade, a própria imagem, as obras literárias, artísticas ou científicas, etc.

• o estado da pessoa, como filiação (ex.: investigação de paternidade), condição conjugal (separação judicial, divórcio), interdição dos incapazes, cidadania, etc. Uma pergunta que sempre me fazem é a seguinte: um filho nascido fora de um casamento pode mover ação de investigação de paternidade a qualquer momento? Não há prescrição para isso? Quanto a este tema há uma Súmula do Supremo Tribunal Federal a respeito (n° 149): “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança”. Portanto não há prazo par mover ação de investigação de paternidade. No entanto, a ação de petição de herança prescreve. Como vimos os prazos prescricionais especiais estão previstos no art. 206, CC. A petição de herança não está prevista naquele rol. Logo cai na regra geral do art. 205, CC, cujo prazo é de 10 anos.

• o direito de família no que concerne à questão inerente à pensão alimentícia, vida conjugal, regime de bens, etc.

• ações referentes aos bens públicos de qualquer natureza. Lembrem-se que não pode haver usucapião referente aos bens públicos, conforme o art. 102, CC. Súmula 340 STF: “Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”. Usucapião não deixa de ser uma espécie de prescrição. Alguns autores inclusive a chamam de prescrição aquisitiva.

• ação para anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou do contrato (art. 1.167, CC).

II. DECADÊNCIA (arts. 207/211, CC)

Como vimos mais acima, direito subjetivo é a faculdade que o ordenamento reconhece a alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Entretanto existem alguns direitos subjetivos que não fazem nascer pretensões, pois são destituídos dos respectivos deveres. Eles são chamados de potestativos.

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���Direito Potestativo é o poder que o agente tem de influir na esfera jurídica de outrem, constituindo, modificando ou extinguindo direitos, sem que este possa fazer qualquer coisa, senão sujeitar-se a sua vontade. Ex.: aceitar ou renunciar à herança. Ninguém pode me obrigar a aceitar uma herança; eu aceito se eu quiser. E a minha conduta em não aceitar a herança pode refletir em outras pessoas (nos meus filhos que não terão direito a estes bens, nos outros herdeiros que poderão acrescer o seu quinhão, etc.). Mas estas outras pessoas (lado passivo da relação jurídica) limitam-se apenas em se sujeitar ao exercício da minha vontade. Não há um dever da minha parte. Não havendo dever não se pode falar em descumprimento. E, consequentemente, não há pretensão. Outros exemplos: aceitar ou não a proposta de um contrato de locação ou de oferta de emprego; possibilidade do patrão em demitir um funcionário, etc.

O tempo limita o exercício dos direitos potestativos pela inércia do respectivo titular. Caducidade (em sentido amplo) significa extinção de direitos de uma forma geral. Já a expressão decadência é usada em sentido estrito, consubstanciando na perda dos direitos potestativos, posto que foi ultrapassado um prazo que a lei estabeleceu para o seu exercício.

Decadência é a perda do direito material (potestativo) ou do direito propriamente dito (e não do direito subjetivo, como na prescrição), que se torna inoperante, não podendo ser fundamento de qualquer alegação em juízo, nem ser invocado, ainda que por via de exceção (defesa).

Como falei acima, o Código Civil atual apresenta mais uma inovação quanto ao tema, disciplinando, expressamente, a decadência nos artigos 207 a 211. Com a decadência, extingue-se próprio direito existente pelo seu não exercício no prazo estabelecido, de modo que nada mais resta. Em concursos é muito comum o uso da expressão: “decadência é a perda de um direito potestativo”, como vimos acima.

O Código Civil estabelece prazos para que a pessoa exerça o seu direito potestativo. Não se exercendo este direito dentro de determinado prazo, por não haver neste direito uma prestação, ela jamais poderá fazê-lo; tem-se a extinção do próprio direito.

Se alguém paga um débito cujo prazo eventualmente já havia sido atingido pela decadência, essa pessoa tem direito à restituição da importância paga, porque não mais existia o direito àquele crédito. Lembrem-se que se alguém pagar algo que estava prescrito não pode pedir de volta o que pagou. O pagamento valeu. Por quê? Porque o direito material ainda existia. Mas se alguém paga algo em que ocorreu a decadência, pode pedir o dinheiro de volta, pois pagou algo que não existe mais, sob o ponto de vista jurídico. Não há mais o direito material. Costumamos dizer que ainda existe a dívida sob o ponto de vista moral; moralmente a pessoa ainda estaria devendo. Mas juridicamente a dívida não mais existe, pois a decadência atingiu o próprio direito; a dívida em si.

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��� Decadência X Prescrição ���

Entre muitas outras diferenças (elaboramos um quadro comparativo mais adiante), a doutrina costuma enfatizar o seguinte:

Na decadência o prazo começa a fluir no momento em que nasce o direito; surge, simultaneamente direito e termo inicial. Já o prazo prescricional só se inicia quando o direito é violado; quando ocorre a lesão ao direito subjetivo. Além disso, os prazos prescricionais resultam exclusivamente da lei; já na decadência, como veremos, os prazos podem ser legais ou convencionais.

Enquanto a prescrição atinge a pretensão (direito subjetivo), a decadência atinge o próprio direito, o direito material (direito potestativo).

��� Atenção ��� Direito de Ação X Direito Material

Para ficar bem claro que na prescrição perde-se o direito à pretensão e na decadência perde-se o direito material, costumo sempre diferenciar o que é um direito material e o que é um direito de ação. Já falamos sobre isso. Vamos reforçar... Vou inicialmente usar um exemplo do Direito Penal. A nossa Constituição Federal estabelece uma série de Direitos e Garantias. Um deles é o direito de locomoção; o direito de ir, vir e permanecer (art. 5°, inciso LXVIII). Logo o direito de locomoção é um direito propriamente dito, é um direito material. Se uma autoridade viola esse direito, ou seja, determina a prisão da pessoa de forma ilegal, o que esta pessoa deve fazer?? Ingressar com uma ação!!! Qual o nome desta ação? – Habeas Corpus. O Habeas Corpus é, então, uma ação. Portanto: Direito Material → o direito de locomoção; a liberdade. Direito de Ação → Habeas Corpus. Outro exemplo, agora no Direito Civil: eu empresto determinada quantia de dinheiro a um conhecido. Qual é o meu direito? De receber de volta o dinheiro que eu emprestei (direito ao crédito). Este é o meu direito material; o meu direito propriamente dito. Se a pessoa não me paga o que está devendo, está violando meu direito material. O não pagamento da dívida faz “nascer” o meu direito à pretensão. Ou seja, o meu direito de cobrar judicialmente o que ele me deve. Portanto: Direito Material → o de receber o que eu emprestei; Direito de Ação → a ação de cobrança que devo propor.

ESPÉCIES DE DECADÊNCIA

O objeto da decadência é o direito que por determinação legal ou convencional (vontade humana unilateral ou bilateral), está subordinado à condição de exercício em certo espaço de tempo, sob pena de extinção. A decadência pode ser classificada em:

A) Decadência Legal

Ocorre quando o prazo estiver previsto em lei. As hipóteses de decadência por determinação legal são as previstas expressamente no Código Civil e em leis especiais.

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Exemplos: prazo para alegar defeito oculto em algum produto que adquiriu; prazo para anular um negócio jurídico por ter algum defeito relativo ao consentimento (erro, dolo, coação, etc. – art. 178, CC). Segundo o art. 209, CC a decadência resultante de prazo legal não pode ser renunciada pelas partes (nem antes e nem depois de consumada), sob pena de nulidade absoluta. Isto porque as hipóteses legalmente previstas versam sobre questões de ordem pública, não cabendo às partes afastar sua incidência legal.

B) Decadência Convencional

Ocorre quando sua previsão decorrer de uma cláusula pactuada pelas partes em um contrato (autonomia privada). A contrario sensu (entendimento doutrinário) do art. 209, CC que proíbe a renúncia da decadência fixada em lei, pode-se concluir que é possível a renúncia à decadência convencional.

Exemplo clássico: oferta, em uma loja de eletrodomésticos, de venda válida somente por alguns dias (a chamada “liquidação total”; ou “queima de estoques”, etc.). Exercido o direito afasta-se a decadência, uma vez que esta se dá quando o direito não é exercido. Assim, se você não aproveitar a oferta dentro do prazo marcado, não poderá mais ir à loja para “aproveitar a oferta”. Como a oferta não existe mais, também o direito a ela se extinguiu. Outros exemplos: as partes podem convencionar no contrato um determinado prazo para que um direito seja exercido; não o sendo neste prazo, ocorre a decadência convencional. As partes podem estabelecer no contrato prazo para o exercício do direito de arrependimento. Testador deixa determinados bens a uma pessoa (legado) estabelecendo um prazo para que o beneficiário venha solicitar a sua entrega. Loja de sapatos que estabelece um prazo de 30 dias para a troca de mercadoria vendidas em liquidação. Uma revendedora de automóveis pode conceder a chamada “garantia estendida”.

Arguição

Pelo art. 210, CC o Juiz deve (trata-se de um dever e não mera faculdade) conhecer e decretar a decadência legal, mesmo que não haja provocação das partes, no momento em que a detectar. Falamos que neste caso o Juiz pode agir ex officio. Este direito é irrenunciável (diferentemente da prescrição, em que se pode renunciar, embora somente após a sua consumação). Na decadência legal há um interesse social em se ver extinto o direito pelo seu não exercício no prazo previsto em lei. Por analogia entende-se que a decadência pode ser arguida em qualquer estado da causa e em qualquer instância.

Em que pese a revogação do art. 194, CC (referente à prescrição), se o prazo decadencial foi estipulado pelas partes (convencional), o Juiz não pode reconhecer a decadência de ofício. Isto porque foram os próprios contratantes (e não a lei) que estabeleceram o prazo decadencial para o exercício do direito. Portanto somente eles é que teriam o direito de alegá-la, em qualquer fase do processo ou grau de jurisdição. Tal regra de extrai do art. 211, CC.

Resumindo a) Prescrição: Juiz “deve” reconhecer de ofício (art. 219, §5°, CPC). b) Decadência legal: Juiz deve reconhecer de ofício (art. 210, CC).

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c) Decadência convencional: Juiz não pode reconhecer de ofício; somente declara a decadência convencional, se provocado pelo interessado; d) A parte interessada pode alegar a prescrição e a decadência em qualquer

grau de jurisdição (arts. 193 e 211, CC).

Efeitos

O efeito da decadência é a extinção do próprio direito em decorrência de inércia do titular para o seu exercício. O efeito tempo é devastador: extingue o direito, extinguindo, indiretamente, a ação.

Como regra, não se aplicam à decadência todas aquelas normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição (art. 207, CC). Portanto o prazo decadencial corre contra todos (efeito erga omnes). Nem mesmo aquelas pessoas contra as quais não corre a prescrição ficam livres de seu efeito. A única exceção é a hipótese do art. 208, combinado com o art. 198, I, ambos do CC, pois o prazo decadencial não corre contra os absolutamente incapazes (embora possa correr “a favor”). Concluindo, salvo a hipótese mencionada pela lei, a decadência somente pode ser obstada pelo efetivo exercício do direito, dentro do lapso de tempo prefixado.

A exemplo da prescrição, os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas também têm direito de ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que deram causa à decadência ou não a alegaram oportunamente (art. 208, combinado com o art. 195, ambos do CC).

Prazos

Como vimos, atualmente os prazos prescricionais estão expressamente discriminados nos artigos 205 e 206, CC. Logo, todos os demais prazos estabelecidos pelo Código são decadenciais. Citamos alguns, de forma exemplificativa:

• 03 dias – sendo a coisa móvel, inexistindo prazo estipulado para exercer o direito de preempção (preferência), após a data em que o comprador tiver notificado o vendedor (art. 516, CC).

• 30 dias – contados da tradição da coisa para o exercício do direito de propor a ação em que o comprador pretende o abatimento do preço da coisa móvel recebida com vício redibitório ou rescindir o contrato e reaver o preço pago, mais perdas e danos (art. 445, CC) ação estimatória.

• 60 dias – para exercer o direito de preempção, inexistindo prazo estipulado, se a coisa for imóvel, após a data em que o comprador tiver notificado o vendedor (art. 516, 2ª parte, CC).

• 90 dias – para o consumidor obter o abatimento do preço de bem imóvel recebido com vício.

• 120 dias – prazo para impetrar Mandado de Segurança, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da Lei n° 12.016/09).

• 180 dias – para o condômino, a quem não se deu conhecimento da venda, haver para si a parte vendida a estranhos, depositando o valor correspondente ao preço; direito de preferência, se a coisa for móvel,

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reavendo o vendedor o bem para si (art. 513, parágrafo único, CC); para anular casamento do menor quando não autorizado por seu representante legal, contados do dia em que cessou a incapacidade (se a iniciativa for do incapaz), a partir do casamento (se a proposta for do representante legal) ou morte do incapaz (se a atitude for tomada pelos seus herdeiros necessários) – art. 1.555 e §1°, CC; para a anulação de casamento, contados da data da celebração, de incapaz de consentir (art. 1.560, I, CC); para invalidar casamento de menor de 16 anos, contados para o menor do dia em que perfez essa idade e da data do matrimônio para seus representantes legais (art. 1.560, §2°, CC).

• 01 ano – para obter a redibição ou abatimento no preço, se for imóvel, contado da entrega efetiva (art. 445, CC); para pleitear revogação de doação, contado da data do conhecimento do doador do fato que a autorizar (art. 559, CC).

• ano e dia – para desfazer janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio (art. 1.302, CC).

• 02 anos – para mover ação rescisória (art. 495, CPC); para anular negócio jurídico, não havendo prazo, contados da data da conclusão do ato (art. 179, CC); para exercer o direito de preferência se a coisa for imóvel (art. 513, parágrafo único, CC); anulação de casamento se incompetente a autoridade celebrante (art. 1.560, II, CC); para pleitear anulação de ato praticado pelo consorte sem a outorga do outro, contado do término da sociedade conjugal (art. 1.649, CC).

• 03 anos – para o vendedor de coisa imóvel recobrá-la, se reservou a si tal direito, mediante devolução do preço e reembolso das despesas do comprador (art. 505, CC); exercer direito de intentar ação de anulação de casamento, contado da data da celebração, em razão de erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge (art. 1.560, III, CC).

• 04 anos – para pleitear anulação de negócio jurídico contado: no caso de coação, do dia em que ela cessar; no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; no de ato de incapazes, no dia em que cessar a incapacidade (art. 178, I, II e III, CC); para intentar ação de anulação de casamento, contado da data da celebração por ter havido coação (art. 1.560, IV, CC).

• 05 anos – impugnar a validade de testamento, contado da data de seu registro.

• Um exemplo que não está no Código Civil é o do art. 26 do Código de Defesa do Consumidor, ou seja, o direito do consumidor de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação, que caduca em: a) 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos não-duráveis; b) 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos duráveis.

Meus amigos

Como vimos, é importantíssima a distinção e o conhecimento dos institutos da prescrição e decadência. No entanto, alguns vocábulos de outras

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matérias também podem ser usados pelo examinador para tentar confundir o candidato. Portanto, mesmo estes não estando no programa de Direito Civil, acho interessante a sua menção e uma breve explicação. Assim:

Preclusão: é a perda de uma faculdade ou de um direito processual, por não ter sido exercido no momento correto. Garante-se o avanço da relação processual e obsta-se o seu recuo para fases anteriores. Todo processo tem um rito a ser seguido. Em cada fase do processo a lei faculta às partes praticarem determinados atos. Caso assim não procedam, perdem a oportunidade, ocorrendo a preclusão. Ex.: as partes têm um prazo para arrolar testemunhas no processo; o Juiz as notifica para tanto e elas nada requerem – houve a preclusão temporal. Outro exemplo: o Juiz condenou uma das partes e a intimou para recorrer da decisão. No entanto o condenado perdeu o prazo para recorrer da decisão. Ocorreu a preclusão e ele não pode mais recorrer. Portanto a preclusão impede que a questão seja renovada, dentro do mesmo processo (art. 183, CPC). Ultrapassado o momento adequado para praticar o ato, o Juiz não irá reabrir mais este prazo... o processo segue adiante...

Perempção: é o ato ou efeito de perimir; de extinguir algo. Juridicamente é usado em três situações. No Processo Civil é a perda do direito de ação pelo autor que foi contumaz (ou seja, que reiterou o erro), dando causa a três arquivamentos sucessivos (art. 268, parágrafo único do CPC), impedindo que a mesma ação seja proposta uma quarta vez. No Processo Penal ela também é uma sanção processual, mas somente existe nas ações penais privadas (ou seja, que se iniciam por meio de uma queixa-crime do ofendido – e não por meio de denúncia oferecida pelo Ministério Público). O art. 60 do CPP, estabelece as hipóteses de perempção (ex.: quando o querelante – é o autor da ação; o ofendido – deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos). Já a terceira situação diz respeito ao Direito Civil, mais especificamente à hipoteca. Neste caso perempção é o nome que se dá a extinção da hipoteca após o transcurso do prazo de trinta anos (art. 1.485, CC).

Preempção: este é outro termo que serve para confundir o aluno em concursos. Observem que é só trocar uma letra “e” pelo “r” e perempção se transforma em preempção. Preempção significa... prelação... Bem... e o que é prelação? É o direito de preferência. Assim, preempção, prelação e preferência são expressões sinônimas. Exemplo prático: Se eu sou locador (proprietário) de um imóvel e desejo vender este imóvel, preciso dar o direito de preferência ao locatário (inquilino) para que ele diga se quer ou não comprá-lo. O mesmo pode ocorrer em um condomínio. Três pessoas são “donas” de um barco. Um dos coproprietários deseja vendar sua parte. Ele precisa dar o direito de preferência aos demais condôminos.

Caros Alunos. O quadrinho que veremos adiante é de suma importância. É a síntese das diferenças entre prescrição e decadência. Recorra a ele sempre que estiver com alguma dúvida.

Distinções entre Prescrição e Decadência

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PRESCRIÇÃO

Conceito: perda da pretensão em virtude da inércia do titular de um direito subjetivo violado, durante determinado espaço de tempo previsto em lei.

DECADÊNCIA

Conceito: perda do direito material (direito potestativo) pela inércia de seu titular que deixou escoar o prazo legal ou convencional.

1. Extingue a pretensão, pela inércia do agente. Não atinge o direito material, que permanece intacto.

1. Extingue o direito material pela falta de exercício dentro do prazo. Indiretamente atinge a ação e demais pretensões.

2. Prazos estabelecidos somente pela lei. Não podem ser suprimidos, nem alterados pela vontade das partes. Não existe prazo prescricional convencional.

2. Os prazos podem ser convencionais (estabelecidos pelas partes) ou legais (estabelecidos pela lei).

3. Atualmente “deve” ser declarada de ofício pelo Juiz, mesmo nas ações patrimoniais. O art. 194, CC foi revogado e há disposição legal expressa no art. 219, §5°, CPC.

3. Na decadência decorrente de prazo legal o Juiz deve declará-la de oficio (art. 210, CC). A convencional não pode ser reconhecida de ofício (art. 211, CC).

4. A parte pode não alegá-la; é renunciável. A renúncia pode ser expressa ou tácita. A renúncia só valerá depois da consumação da prescrição e não pode ser feita em prejuízo de terceiros.

4. A decadência decorrente de prazo legal não pode ser renunciada pelas partes: nem antes e nem depois de consumada (art. 209, CC). A convencional pode ser renunciada.

5. Não corre contra determinadas pessoas. O prazo pode ser impedido, suspenso ou interrompido. Ex.: cônjuges, poder familiar, tutela, curatela, absolutamente incapazes, etc.

5. Em rega corre contra todos (efeito erga omnes). Não se suspende e nem se interrompe. Exceção → não corre contra os absolutamente incapazes (art. 208, c.c. art. 198, I, ambos do CC).

6. Causas de impedimento ou suspensão → arts. 197, 198, 199 e 200, CC. Causas de interrupção → art. 202 CC. As causas estão expressamente previstas em lei, não se admitindo analogia.

6. Não se admite suspensão ou interrupção em favor daqueles contra os quais não corre prescrição. Só pode ser obstada pelo exercício efetivo do direito ou da ação.

7. Regra Geral → Prazo de 10 anos (art. 205, CC). Prazos Especiais → 01, 02, 03, 04 e 05 anos (conforme previsão do art. 206 e seus parágrafos, CC).

7. Não há regra geral para os prazos. Eles podem ser de dias, meses e anos. Previstos em dispositivos esparsos pelo Código e em Leis Especiais.

Dica de Concurso Num caso concreto, para saber se o prazo é prescricional ou decadencial (o examinador pode pedir isso – é muito comum, inclusive), procure inicialmente identificar se este prazo está previsto no art. 205 (prazo geral) ou no art. 206 (prazos especiais), do Código Civil. Caso identifique o prazo nestes artigos, será o mesmo prescricional. Já os prazos decadenciais estão previstos em dispositivos espalhados pelo Código Civil e em leis especiais. Após isso, verifique a contagem de prazos. Se for em dias, meses ou ano e dia, o prazo é decadencial. Se o prazo for em anos (01, 02, 03, 04 05 ou 10) poderá ser de prescrição ou de decadência.

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Na próxima aula daremos continuidade ao Capítulo sobre os Fatos Jurídicos, abordando o Negócio Jurídico, sua classificação e elementos constitutivos, bem como seus defeitos e consequências.

Vamos agora ao nosso resumo da aula.

RESUMO DA AULA FATOS E ATOS JURÍDICOS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

I. FATO COMUM. Ação humana ou fato da natureza sem repercussão na órbita do Direito.

II. FATO JURÍDICO. Acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos, possuindo relevância jurídica. A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos. Alguns autores acrescentam também a Transmissão de Direitos.

A) Aquisição de Direitos quando incorpora ao patrimônio ou à personalidade de seu titular. B) Resguardo de Direitos atos praticados judicial ou extrajudicialmente para protegê-los, defendê-los. C) Modificação de Direitos transformação de seu conteúdo ou de seu titular, sem alteração de sua essência. D) Extinção dos Direitos perecimento da coisa, alienação, prescrição e decadência.

III. CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS A) Fato Jurídico Natural (fato jurídico em sentido estrito ou stricto sensu) → provenientes de fenômenos naturais, mas que produzem efeitos jurídicos (veremos melhor abaixo, no item IV):

1) Ordinários. 2) Extraordinários.

B) Fato Jurídico Humano (Ato) → veremos melhor na próxima aula: 1) Ato Lícito (Ato Jurídico em Sentido Amplo (lato sensu) ou Voluntário), englobando: a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu): efeitos decorrentes da lei. b) Negócio Jurídico: efeitos decorrentes da vontade das partes.

2) Ato Ilícito (ou Involuntário) – transgressão de um dever jurídico: a) Penal →→→ sanção pessoal. b) Administrativo →→→ sanção pessoal.

→→→ c) Civil →→→ sanção patrimonial →→→ dever de reparar o dano causado (é a que nos interessa mais de perto).

IV. FATO JURÍDICO NATURAL ou FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO (STRICTO SENSU)

A) Ordinários → são os que normalmente ocorrem (previsíveis), produzindo efeitos jurídicos relevantes: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC), decurso de tempo (prescrição e decadência, usucapião), etc.

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B) Extraordinários → chamados de caso fortuito ou da força maior (ex.: terremoto). Possuem importância ao Direito, pois excluem, como regra, a responsabilidade. Elementos: imprevisibilidade, inevitabilidade e ausência de culpa.

V. PRESCRIÇÃO (arts. 189 a 206, CC)

A) Pretensão. Todo direito subjetivo deve ser protegido por uma ação. No momento em que o direito é violado surge uma pretensão (actio nata).

B) Conceito: prescrição é a perda da pretensão em virtude da inércia do titular de um direito violado, durante determinado espaço de tempo previsto em lei. Atinge as pessoas naturais e as jurídicas. A exceção (forma de defesa) prescreve no mesmo prazo que a pretensão.

C) Requisitos → ação judicial exercitável (pois houve a violação de um direito, nascendo, com isso, a pretensão) e inércia do titular da ação por um espaço de tempo previsto na lei.

D) Renúncia: o devedor pode renunciar à prescrição (ex.: devedor paga uma dívida prescrita). Mas isto somente pode se dar depois que a prescrição se consumar (é proibida a renúncia antecipada), não sendo admitida se for em prejuízo de terceiros. A renúncia pode ser expressa (por escrito) ou tácita (prática de aos incompatíveis).

E) Alegação: em qualquer fase do processo; primeira ou segunda instância, pela parte a quem aproveita.

F) Declaração ex officio (ou seja, sem que a outra parte tenha alegado): Como o art. 194, CC foi revogado, atualmente o Juiz “pode” declarar a prescrição de uma ação, sem que tenha sido provocado (art. 219, §5°, CPC).

G) Efeitos Essenciais 1) Somente a lei pode delimitar os prazos prescricionais. Não podem ser

alterados pelas partes, mesmo que haja acordo de vontades entre elas. Com o principal prescrevem os acessórios.

2) Os relativamente incapazes (art. 4°, CC) e as pessoas jurídicas têm direito a ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente (responsabilidade subjetiva).

3) A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor (a título universal ou singular). Exceção → se o seu sucessor for absolutamente incapaz o prazo não se inicia enquanto não superada a incapacidade.

H) Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas → vejam as hipóteses nos arts. 197, 198, 199, 200 e 202 do CC.

1) Causas Impeditivas – são circunstâncias que impedem que o curso prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa, atendendo a razões de confiança, amizade ou ordem moral.

2) Causas Suspensivas – são circunstâncias que paralisam temporariamente o curso prescricional. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, extinta a circunstância que provocou a suspensão, o prazo prescricional continua a correr de onde parou, computando-se o prazo já decorrido antes do fato. Quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a

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prescrição antes da respectiva decisão definitiva. Suspensa a prescrição em favor de um credor solidário, não se suspenderá a prescrição em favor dos demais. Exceção → na hipótese de obrigação indivisível a suspensão promovida por um credor se estende aos demais.

3) Interruptivas – são circunstâncias que inutilizam o prazo prescricional iniciado, de modo que o prazo recomeça a correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o período já decorrido é inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomeça do zero. No Direito Civil só se admite uma interrupção, que pode ser levada a cabo por qualquer interessado. A interrupção da prescrição operada por um credor não aproveita aos outros; a interrupção da prescrição operada contra um co-devedor não prejudica os demais. Exceção → solidariedade ativa e passiva.

I) Prazos Prescricionais – Espaço de tempo compreendido entre o termo inicial e final.

1) Prazo Geral (ou ordinário) → 10 (dez) anos = art. 205, CC. 2) Prazos Especiais → Prazos mais exíguos (01, 02, 03, 04 e 05 anos).

Relação completa: art. 206 e seus parágrafos do CC. Prazos de maior incidência em concursos: a) 02 (dois) anos – pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem; b) 03 (três) anos – pretensão de reparação civil por ato ilícito; pretensão para haver o pagamento de títulos de crédito, a contar do vencimento (ressalvadas as disposições de lei especial); pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; c) 05 (cinco) anos – pretensão dos profissionais liberais em geral (médicos, advogados, contadores, etc.), pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão do serviço.

VI. DECADÊNCIA (arts. 207 a 211, CC)

1) Conceito: perda do direito material (direito potestativo, direito propriamente dito ou direito em si) pela inércia do titular que deixou escoar o prazo previsto em lei ou o prazo voluntariamente fixado para seu exercício. O objeto da decadência é o direito que, por determinação legal ou convencional, está subordinada à condição de exercício em certo espaço de tempo. Enquanto a prescrição atinge a pretensão, a decadência atinge o próprio direito.

2) Espécies: a) Legal: o prazo é o previsto na lei (Código Civil e Leis Especiais). Ex.: 04

(quatro) anos para se pleitear a anulação de um negócio jurídico contado, no caso de coação do dia em que ela cessar; em caso de erro, dolo, estado de perigo, lesão e fraude contra credores do dia em que se realizou o negócio jurídico; no de ato de incapazes, no dia em que cessar a incapacidade (art. 178, I, II e III, CC). O seu prazo não pode ser renunciado pelas partes (nem antes e nem depois de consumada a decadência), sob pena de nulidade absoluta (norma de ordem pública: art. 209, CC).

b) Convencional: cláusula pactuada pelas partes em um contrato. Ex.: prazo estipulado pelas partes para o exercício de um direito estabelecido no contrato (cláusula de arrependimento); testador deixa determinados bens a uma pessoa (legado) estabelecendo prazo para que o beneficiário venha solicitar a entrega, etc.

3) Efeitos: a) extinção imediata do direito e, de forma indireta, também a ação; b) a legal é irrenunciável; a convencional pode ser renunciada, a teor do art.

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209, CC, a contrario senso; c) não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem e interrompem a prescrição. Exceção: não corre o prazo decadencial contra absolutamente incapazes. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas também têm ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que deram causa à decadência ou não a alegaram oportunamente.

4) Arguição: em qualquer momento processual. Decadência legal: o Juiz deve reconhecer de ofício (art. 210, CC). Decadência convencional: estipulada pelas partes; somente o beneficiado pode alegá-la; o Juiz não suprir a alegação e reconhecê-la de oficio (art. 211, CC), pois foram os próprios contratantes que estabeleceram o prazo para o exercício do direito.

BIBLIOGRAFIA-BASE

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:

DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Ed. Saraiva.

GOMES, Orlando – Direito Civil. Ed Forense.

GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Ed. Saraiva

MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil – Ed. Saraiva.

NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Ed. Revista dos Tribunais.

PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Ed. Forense.

RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Ed. Saraiva.

SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Ed. Freitas Bastos.

SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico – Ed. Forense.

EXERCÍCIOS

As questões adiante seguem o padrão que a CESPE/UnB costuma usar, julgando as assertivas e colocando CERTO ou ERRADO.

QUESTÃO 01 (CESPE/UnB – Analista Processual – Ministério Público do Estado do Piauí – 2012 – acrescentei outras semelhantes) No que concerne a prescrição e decadência, julgue o item subsecutivo.

a) Violado o direito, nasce para o seu titular a pretensão, que se extingue com a prescrição, nos prazos determinados pela parte especial do Código Civil.

b) O casamento, a aquisição de um bem imóvel, um homicídio e um terremoto são exemplos de atos jurídicos.

c) Os atos jurídicos voluntários independem da vontade do homem, porém, não são a ele estranhos, uma vez que atingem as relações jurídicas, e, como é o homem o seu sujeito, a ele interessam.

d) O decurso de tempo constitui ato jurídico em sentido estrito.

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e) A derrelição tipifica exemplo de negócio jurídico lícito.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. Estabelece o art. 189, CC que, “violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que se aludem os arts. 205 e 206”. Ocorre que tais dispositivos estão inseridos na Parte Geral do Código Civil e não da Parte Especial, que se inicia no art. 233.

b) Errado. Ato jurídico é aquele que conta com a participação do ser humano. O casamento e a aquisição de bem imóvel são exemplos clássicos. O homicídio é considerado como ato em sentido amplo, mas não um ato jurídico, uma vez que é um ato ilícito. O terremoto é um fato jurídico (e não ato jurídico), onde não há manifestação da vontade humana.

c) Errado. Se o ato jurídico é voluntário (ato lícito), depende da participação (vontade) humana para a sua prática. Ocorre que estes atos podem ser divididos em ato jurídico em sentido estrito, onde há a participação humana, mas os efeitos são os impostos pela lei e não pelas partes interessadas (ex.: reconhecimento de filho, fixação de domicílio) e negócio jurídico, onde há a participação humana e os efeitos desta participação são os desejados pelas partes (ex.: contrato, testamento, etc.). O ato voluntário se contrapõe com o ato involuntário ou ato ilícito.

d) Errado. O decurso de tempo (ex.: prescrição e decadência) é exemplo de fato jurídico natural (ou fato jurídico em sentido estrito) ordinário.

e) Errado. Derrelição significa abandono de um bem pelo seu dono, com a intenção se não mais ter-lhe a propriedade (daí ser considerado res derelictae). Ele é um ato humano, porém não é negócio jurídico, pois não contém conteúdo negocial; há a participação humana, mas os efeitos são os impostos pela lei e não pelos interessados.

QUESTÃO 02 (CESPE/UnB – STM – Analista Judiciário – 2007) A respeito da prescrição e decadência, julgue os seguintes itens.

a) O efeito da decadência é a extinção do direito, que se torna inoperante, não podendo ser fundamento de qualquer alegação em juízo, nem ser invocado, ainda que por via de exceção.

b) A prescrição extintiva atinge o direito subjetivo do lesado, mas preserva a ação em sentido material.

COMENTÁRIOS:

a) Certo. A decadência consiste na extinção do direito potestativo pela falta de exercício dentro do prazo prefixado. O direito fica inoperante, não podendo ser alegado em juízo quer por ação, quer por exceção (defesa).

b) Errado. A prescrição consiste na perda da pretensão, atingindo o direito subjetivo do lesado, com isso atinge também no direito de ação, ou seja, de exigir coercitivamente o cumprimento da prestação violada.

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QUESTÃO 03 (CESPE/UnB – Analista e Técnico Judiciário – TRT/17a Região/ES – 2009) A respeito da prescrição e decadência, julgue os seguintes itens.

a) A prescrição iniciada contra uma pessoa sempre continua a correr contra o sucessor absolutamente incapaz.

b) O juiz não poderá pronunciar de ofício a prescrição sobre direitos patrimoniais.

c) Se a prescrição for suspensa em favor de um dos credores solidários, só aproveitará aos demais se a obrigação for indivisível.

d) Todo ato jurídico se origina de uma emissão de vontade, mas nem toda declaração de vontade constitui um negócio jurídico.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor (art. 196, CC), salvo se este for absolutamente incapaz. Nesta hipótese o prazo não se inicia enquanto não superada a incapacidade (art. 198, I, CC).

b) Errado. Com a revogação do art. 194, CC, atualmente o juiz pode reconhecer de ofício a prescrição sobre direitos patrimoniais.

c) Certo. As causas suspensivas da prescrição são as que, temporariamente, paralisam o seu curso; superado o fato suspensivo, a prescrição continua a correr, computado o tempo decorrido antes dele. A prescrição é um instituto pessoal, logo esta não se suspende se a obrigação, ainda que solidária entre todos os devedores, seja divisível. No entanto, sendo a obrigação indivisível e solidários seus credores, suspensa em favor de um deles, os demais dela se aproveitam (art. 201, CC).

d) Certo. Trata-se de doutrina. Todo ato jurídico é um fato voluntário, lícito, necessitando de uma declaração de vontade. Esta, portanto, é o elemento distintivo do ato jurídico dos demais fatos voluntários. Em todo ato jurídico há uma emissão de vontade. No entanto, nem toda manifestação de vontade pode ser considerada como negócio jurídico. Há declarações de vontade que têm em vista realizar uma finalidade jurídica, e outras não. Somente as primeiras compõem um negócio jurídico.

QUESTÃO 04 (CESPE/UnB – Procurador Federal – 2006) Acerca dos fatos jurídicos, julgue o item que se segue.

a) Para que exista a prescrição, é necessária a existência de pretensão a ser exercida, a inércia continuada do titular pelo prazo fixado em lei, e a ausência de causas que impeçam o transcurso do lapso temporal. A reunião desses requisitos faz nascer a prescrição, mas não causa de imediato a extinção da pretensão, uma vez que esta será aniquilada somente quando o devedor alegar judicialmente prescrição.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. A primeira parte da afirmação está correta. Trata-se dos requisitos para se declarar a prescrição: pretensão a ser exercida, inércia do

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titular do direito, prazo fixado em lei, ausência de causas que impeçam o transcurso do lapso temporal e requerimento do devedor. No entanto a segunda parte está errada, pois com a revogação do art. 194, CC, não é mais necessária a alegação do devedor. Se o credor ingressar com a ação de cobrança, mesmo que o devedor não alegue a prescrição, pode o Juiz reconhecê-la de ofício.

QUESTÃO 05 (CESPE/UnB – TJ/TO – Juiz de Direito – 2008) Acerca da prescrição e da decadência, julgue os itens a seguir:

a) O titular do direito patrimonial, desde que maior e capaz, poderá renunciar ao direito de invocar a prescrição, de forma expressa ou tácita, mesmo antes de decorrido o prazo estabelecido por lei.

b) Os direitos acessórios prescrevem quando há também a prescrição dos principais, e o Juiz, ao decidir sobre a ocorrência dessa prescrição, deverá extinguir o processo sem resolução de mérito.

c) O Juiz, de ofício, poderá reconhecer a prescrição de direitos ainda que seja favorecida pessoa maior e capaz. Entretanto, se a decadência for convencional, ela poderá ser alegada pela parte interessada, mas não poderá ser declarada de ofício pelo Juiz.

d) Se a prescrição for suspensa em favor de um dos credores solidários, contra os outros credores, o prazo prescricional fluirá normalmente, salvo quando a obrigação for indivisível.

e) A alteração dos prazos por acordo entre as partes pode ser admissível na decadência, porém não o é na prescrição.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. O art. 191, CC somente permite a renúncia ao direito de invocar a prescrição se esta for feita sem prejuízo de terceiros e somente depois (e nunca antes, como na afirmação) que a prescrição se consumar.

b) Errado. A primeira parte da questão está correta, pois prescrevendo o direito principal, prescrevem também os acessórios. Trata-se da aplicação da regra de que “os acessórios acompanham o principal”. A segunda parte da afirmativa é que está errada. Mas para resolvê-la o aluno tem que conhecer outra matéria (observe que o concurso em questão é da Magistratura). O art. 269, IV, do Código de Processo Civil determina que haverá resolução de mérito quando o Juiz pronuncia (decide sobre) a decadência ou a prescrição.

c) Certo. Como o art. 194, CC foi revogado, o Juiz pode reconhecer a prescrição de ofício. No entanto, na decadência convencional (pactuada pelas partes) o Juiz não pode suprir a alegação, segundo o que determina o art. 211, CC.

d) Certo. Prevê o art. 201, CC que se for suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveita aos outros se a obrigação for indivisível.

e) Certo. Os prazos prescricionais não podem ser alterados em hipótese alguma. Todos eles são estabelecidos pela lei, tratando-se de norma de ordem

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pública (art. 192, CC). Já o prazo decadencial pode ser estabelecido pela lei ou pela vontade das partes (art. 210 e 211, CC). A decadência resultante de prazo legal não pode ser renunciada pela partes, nem antes nem depois de consumada, sob pena de nulidade, devendo o juiz de ofício conhecer da decadência (art. 209, 210, CC). De modo diverso, os prazos decadenciais decorrentes de convenção das partes, são suscetíveis de renúncia, por dizerem respeito a direitos disponíveis, visto que se as partes podem estabelecê-los, podem também abrir mão deles e alterá-los.

QUESTÃO 06 (CESPE/UnB – STM – Analista Judiciário – 2011) No que se refere ao Novo Código Civil, julgue o item a seguir.

a) Uma das causas que interrompem a prescrição é o despacho do juiz que ordena a citação, ainda que esse juiz seja incompetente.

COMENTÁRIOS:

a) Certo. As hipóteses de interrupção da prescrição estão previstas no art. 202, CC. Uma delas refere-se ao despacho do juiz, mesmo que incompetente, que ordenar a citação.

QUESTÃO 07 (CESPE/UnB – Procurador do Estado de Roraima – 2004) Julgue os itens a seguir.

a) Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

b) A prescrição corre em 10 (dez) anos, salvo se a lei ou as partes interessadas houverem fixado prazo menor.

COMENTÁRIOS:

a) Certo. É o que estabelece o art. 200, CC.

b) Errado. O prazo prescricional ordinário, realmente é de 10 anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor (art. 205, CC). No entanto os prazos prescricionais não podem ser alterados por acordo das partes (art. 192, CC).

QUESTÃO 08 (CESPE/UnB – Tribunal de Contas da União – Auditor de Controle Externo – 2011) Julgue o item seguinte, a respeito da disciplina do Direito Civil.

a) As normas que estipulam os prazos prescricionais são dispositivas e, por isso, podem ser livremente alteradas pela manifestação de vontade das partes interessadas.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. As normas que estipulam os prazos prescricionais são impositivas, sendo que o art. 192, CC estabelece que tais prazos não podem ser alterados por acordo das partes.

QUESTÃO 09 (CESPE/UnB – TRE/ES – Analista Judiciário – 2011) A respeito de prescrição, julgue o item subsequente.

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a) Se, na constância do casamento, o marido causar dano material a sua esposa, ou vice-versa, a prescrição da pretensão de reparação civil por parte do cônjuge prejudicado somente começará a correr após o término da sociedade conjugal.

COMENTÁRIOS:

a) Certo. Segundo o art. 197, I, CC, não corre prescrição entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal.

QUESTÃO 10 (CESPE/UnB – Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Distrito Federal – 2012) Com relação aos institutos da prescrição e da decadência, julgue o próximo item.

a) Admite-se a renúncia tácita da prescrição, mas a alteração de seus prazos depende de acordo expresso das partes envolvidas.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. Admite-se a renúncia tácita da prescrição (art. 191, CC). No entanto, os prazos prescricionais, por serem de ordem pública, não podem ser alterados pela vontade das partes (art. 192, CC).

QUESTÃO 11 (CESPE/UnB – AGU – Advogado da União – 2012) A respeito da prescrição, julgue os itens seguintes.

a) O devedor capaz que pagar dívida prescrita pode reaver o valor pago se alegar, na justiça, a ocorrência de pagamento indevido ao credor, estando o direito de reaver esse valor fundado no argumento de que o credor que receba o que lhe não seja devido enriquece às custas do devedor.

COMENTÁRIOS:

a) Errado. Se o devedor pagar uma dívida prescrita não poderá reaver o valor que pagou. Isto porque a dívida prescrita é exemplo de obrigação natural (sem proteção judicial). Prevê o art. 882, CC “Não se pode repetir (pedir de volta) o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível”.

QUESTÃO 12 (CESPE/UnB – Advocacia Geral da União – Procurador – 2006) Julgue os itens a seguir

a) O despacho do juiz que ordenar a citação, mesmo quando este for incompetente para tanto, interrompe a prescrição, se o interessado promovê-la no prazo e na forma da lei processual.

b) O atual Código Civil prevê o princípio da unicidade da interrupção e da suspensão da prescrição.

COMENTÁRIOS:

a) Certo. O art. 202, I, CC prevê que ocorre a interrupção da prescrição por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.

b) Errado. No caso da interrupção está correto, pois prevê o art. 202, caput, CC, que a interrupção da prescrição somente ocorrerá uma única vez.

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No entanto isso não se aplica à suspensão da prescrição, que pode ocorrer tantas vezes quantas forem incidentes as suas causas.

EXERCÍCIOS DE BANCAS VARIADAS

01) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) o fato jurídico pode ser dividido em sentido estrito (ou natural) e humano.

b) o fato jurídico em stricto sensu (em sentido estrito ou natural) é o acontecimento que independente da vontade humana, mas que pode acarretar efeitos na ordem jurídica, criando, modificando ou extinguindo direitos.

c) o ato jurídico stricto sensu (em sentido estrito) é o que surge como mero pressuposto de efeito jurídico, preordenado pela lei.

d) o contrato é exemplo de negócio jurídico bilateral; já o testamento é exemplo de negócio jurídico unilateral.

e) ato ilícito é o praticado contra disposição de lei podendo ter efeitos na ordem civil, penal ou administrativa, sendo um fato jurídico natural.

Comentários:

Trata-se de uma questão de cunho puramente doutrinário. No entanto é bem didática, pois as quatro primeiras afirmações estão corretas. Inicialmente é conveniente rever o quadro sinótico fornecido em aula para situar melhor o Fato Jurídico, que é o gênero de tudo quanto se discute na questão, ajudando a compreensão do tema. Fato é qualquer alteração no mundo exterior. Ele pode ser classificado em: a) fato comum, que é uma situação que não causa repercussão no “mundo do direito” ou b) fato jurídico, que acarreta efeitos jurídicos (criando, modificando ou extinguindo direitos). O fato jurídico, por sua vez, se divide em fato jurídico natural ou fato jurídico humano. Portanto a letra “a” está correta. Fato jurídico natural (ou stricto sensu – sentido estrito) é todo acontecimento natural (que independe da vontade do homem) e que produz efeitos na órbita jurídica (letra “b” correta). Mas se o fato for provocado pela ação humana, passará a ser qualificado como fato jurídico humano (ou simplesmente ato). O ato jurídico, por sua vez se divide em sentido estrito e negócio jurídico. O ato jurídico em sentido estrito é aquele em que, praticado o ato, os efeitos são impostos pela lei (portanto a letra “c” está correta). A letra “d” também está correta, pois o negócio jurídico é aquele cujos efeitos são desejados pelas partes, sendo que um contrato é seu exemplo típico. Bilateral que dizer que há manifestação de vontade nos dois polos (ativo e passivo). Já no testamento só há a manifestação de uma vontade, por isso ele é classificado como negócio jurídico unilateral. Finalmente, o ato ilícito é aquele praticado contra disposição de lei podendo ter efeitos na ordem civil, penal ou administrativa. Mas ele não é um fato jurídico natural. E é exatamente isso que tornou a alternativa errada. Gabarito: “E”.

02) (OAB/SP – 2007) O reconhecimento de paternidade e a fixação de domicílio são exemplos de qual dos conceitos a seguir?

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a) direito natural. b) negócio jurídico. c) fato não-jurídico. d) fato natural. e) ato jurídico stricto sensu.

Comentários:

O reconhecimento de um filho e a fixação do domicílio são Fatos Jurídicos. Estes se dividem; dentro da desta divisão os mesmos se situam entre os atos jurídicos stricto sensu (sentido estrito o fato natural), pois os efeitos decorrentes da prática deste ato são os previstos na lei. Gabarito: “E”.

03) (CESPE - OAB/SP – 2008) São exemplos de fatos jurídicos stricto sensu:

a) a declaração, o testamento, a residência. b) o nascimento, a morte, a aluvião. c) o contrato, o testamento, a aluvião. d) a descoberta de tesouro, a dívida de jogo e o nascimento. e) o nascimento, a morte e o reconhecimento de um filho.

Comentários:

Fato Jurídico stricto sensu (sentido estrito) ou Fato Natural é o acontecimento que ocorre independentemente da vontade humana, mas mesmo assim produz efeitos jurídicos, criando, modificando ou extinguindo direitos. Pode ser dividido em: a) ordinário – é o que ocorre normalmente, produzindo efeitos jurídicos: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC), etc. ou b) extraordinário – trata-se do caso fortuito ou da força maior; mesmo assim tem importância ao direito, por excluírem, como regra, a responsabilidade. Reparem que nas outras alternativas sempre há um exemplo de uma conduta praticada pelo ser humano (declaração, testamento, fixação da residência, contrato, descoberta de tesouro, dívida de jogo e reconhecimento de filho). Gabarito: “B”.

04) (FCC – Auditor Fiscal de Rendas – ICMS/SP – 2006) Segundo o Código Civil:

a) aplicam-se aos atos jurídicos lícitos, quando couber, as disposições referentes aos negócios jurídicos.

b) todas as regras referentes aos negócios jurídicos aplicam-se aos atos jurídicos lícitos.

c) atos jurídicos e negócios jurídicos são expressões sinônimas.

d) em nenhuma hipótese se aplicam aos atos jurídicos as regras pertinentes aos negócios jurídicos.

e) todas as regras pertinentes aos negócios jurídicos aplicam-se aos atos ilícitos.

Comentários:

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Esta questão é típica de examinador que gosta de elaborar questões retiradas do texto exato da lei. Inicialmente vamos dar uma visão geral do nosso Código Civil. Ele é dividido em duas partes: Geral e Especial. Cada uma delas é dividida em Livros, Títulos, Capítulos, Seções, etc. A Parte Geral possui três Livros. O Livro I se refere às Pessoas (naturais e jurídicas). O Livro II se refere aos Bens. Já o Livro III se refere aos Fatos Jurídicos. De forma resumida, podemos dizer que o Fato Jurídico é o gênero, sendo que ele possui duas espécies: Fato Jurídico Natural e Fato Jurídico Humano (que é o Ato). Este, por sua vez, se subdivide em Ato Jurídico e Ato Ilícito. O Negócio Jurídico é espécie do Ato Jurídico. Como dissemos, este assunto está previsto no Livro III, que é dividido em diversos Títulos. O Título I (artigos de 104 a 184) se refere ao Negócio Jurídico: seus elementos constitutivos essenciais e secundários, seus defeitos, casos de invalidade, etc. (estes temas serão todos abordados na próxima aula). O Título II trata dos Atos Jurídicos Lícitos, que possui apenas um dispositivo, o art. 185, sendo que este prevê que “aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior” (ou seja, aplicam-se, no que couber, as disposições do Negócio Jurídico). Por esse motivo a alternativa “a” está correta e as demais estão erradas. Apenas para continuar a divisão do Código: O Título III se refere aos Atos Ilícitos (que também serão abordados em uma aula específica); o Título IV se refere à Prescrição e Decadência e finalmente o Título V se refere à Prova. Após isso, entramos na parte Especial, que é dividida em cinco Livros: Livro I: Direito das Obrigações; Livro II: Direito de Empresa (ligado ao Direito Comercial); Livro III: Direito das Coisas; Livro IV: Direito de Família; Livro V: Direito das Sucessões. Finalmente o Código possui um Livro Complementar: disposições finais e transitórias. Gabarito: “A”.

05) A passagem do tempo pode determinar uma série de efeitos jurídicos, sendo um dos elementos determinantes para a prescrição ou a decadência de direitos. Sobre esses institutos jurídicos, assinale a opção INCORRETA.

a) o Código Civil em vigor deixou claro o entendimento doutrinário no sentido de que a prescrição atinge a pretensão.

b) a decadência atinge direitos materiais, propriamente ditos, não-dotados de pretensão.

c) a prescrição é renunciável, expressa ou tacitamente; já a decadência fixada em lei é irrenunciável não.

d) suspenso um prazo prescricional o mesmo recomeça a contar por inteiro desde o seu início.

e) o Código Civil permite a decadência convencional.

Comentários:

Prescrição é a perda do direito à pretensão, pela inércia do seu titular, isto é extingue-se a possibilidade de se exigir um direito, em juízo ou fora dele. Trata-se de um meio de defesa com base no decurso de tempo, pela inação do titular do direito e baseada no princípio do interesse social de pacificação das demandas. Já a decadência extingue o próprio direito existente, pelo não

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exercício do mesmo no prazo estabelecido, atingindo indiretamente a pretensão. Quando ocorre a suspensão de um prazo prescricional este prazo fica paralisado; superado o fato que deu ensejo à suspensão, o prazo reinicia a contagem, de onde havia parado. Computa-se o prazo decorrido antes do fato. Já na interrupção, o prazo reinicia a contagem desde o início. A letra “a” está correta. O art. 189, CC prevê que violado um direito, nasce para o seu titular a pretensão; mas esta se extingue pela prescrição. Portanto a prescrição atinge a pretensão, enquanto a decadência atinge o direito material, o direito propriamente dito (potestativo), não dotado de pretensão (letra “b” correta). A letra “c” também está correta, pois pode-se renunciar ao prazo de prescrição (ex.: pagando uma dívida prescrita), mas não se pode renunciar ao prazo decadencial previsto em lei (art. 209, CC), pois neste caso se trata de uma norma de ordem pública (embora possam existir prazos decadenciais fixados pelas partes em um contrato). A letra “e” está correta, pois a decadência pode ser legal (os prazos são previstos em lei) ou convencional (prazos estipulados pelas partes em um contrato). Gabarito: “D”.

06) (182° Concurso Magistratura de São Paulo – 2009) Prescrição e decadência a) extinguem o direito de ação. b) extinguem, respectivamente, o direito potestativo e a pretensão. c) extinguem, respectivamente, a pretensão e o direito potestativo. d) extinguem a pretensão. Comentários:

A prescrição ”consiste na perda da pretensão, e esta se traduz no poder jurídico conferido ao credor de coercitivamente exigir o cumprimento da prestação violada”. A prescrição ataca, portanto, a pretensão que nasce quando o direito material é violado. No momento em que tal violação ocorre nasce ao seu titular o poder jurídico (a pretensão) de exigir a reparação correspondente. É o que estabelece o art. 189, CC. A decadência, consiste na extinção do direito potestativo pela falta de exercício dentro do prazo prefixado. Esse prazo pode ser estabelecido pela lei (art. 210, CC) ou pelas partes (art. 211, CC). Na primeira hipótese (prazo decadencial legal), seu vencimento poderá ser alegado de ofício. Se convencionado (prazo decadencial convencional), a parte beneficiada pelo vencimento do prazo poderá requerer a decadência em qualquer grau de jurisdição. Gabarito: “C”.

07) (ESAF – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC – Analista de Comércio Exterior – 2012) Em relação à prescrição e decadência, são corretas as afirmações abaixo, EXCETO:

a) a prescrição representa a interferência do tempo nas relações jurídicas, pela qual desaparece o direito de alguém pleitear o reconhecimento de um direito subjetivo violado. b) são causas que interrompem a prescrição: o despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; o protesto cambial; a apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; qualquer ato

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judicial que constitua em mora o devedor; qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. c) são requisitos da prescrição e da decadência a inércia do titular de um direito e o decurso do tempo para o exercício desse mesmo direito. d) a decadência representa também a interferência do tempo nas relações jurídicas, dirige-se, porém, não aos direitos subjetivos, mas aos direitos potestativos. e) a decadência é a extinção de um direito pelo seu não exercício, no prazo assinalado por lei ou convenção. Extingue, portanto, a ação atribuída a um direito.

Comentários:

A questão trata de temas previstos em lei e também de conceitos doutrinários. A letra “a” está doutrinariamente correta: a prescrição atinge a pretensão, ou seja, o direito de pleitear o reconhecimento de um direito subjetivo violado. A letra “b” está correta nos termos do art. 202, CC. A letra “c” está correta. Prescrição e decadência são causas extintivas decorrentes do não exercício de um direito durante determinado prazo. Inércia e decurso de tempo são seus elementos comuns. A letra “d” está doutrinariamente correta. A letra “e” está errada, pois afirma que a decadência extingue uma ação atribuída a um direito. Na realidade ocorre o inverso: ela extingue o direito, atingindo indiretamente a ação. Gabarito: “E”.

08) Assinale a alternativa CORRETA:

a) a prescrição é matéria de ordem pública e não pode ser renunciada pelas partes.

b) os prazos de prescrição podem ser alterados, mas somente se houver acordo expresso das partes neste sentido.

c) o Juiz pode reconhecer de ofício a prescrição, em qualquer hipótese.

d) a prescrição poderá ser interrompida quantas vezes surgirem as condições de interrupção descritas no Código Civil.

Comentários:

Tendo em vista que a prescrição pode ser renunciada pelas partes (desde que já consumada e inexistindo prejuízo à direito de terceiro), o Juiz, não podia reconhecê-la de ofício, ou seja, sem ser provocado pela parte interessada. A exceção ficava por conta da hipótese de se reconhecer algum benefício ao absolutamente incapaz. Esta era a única hipótese permitida. No entanto o art. 194, CC foi revogado, permitindo atualmente ao Juiz reconhecer a prescrição de ofício em qualquer hipótese. A alternativa afirma que o Juiz pode reconhecer a prescrição se favorecer absolutamente incapazes. Não está errada. Mas cuidado. Reforçando: atualmente o Juiz pode reconhecer a prescrição de ofício em qualquer situação. A letra “a” está errada. Entendo que aqui também tem uma “pegadinha”. De fato a prescrição é matéria de ordem pública. Porém as partes podem renunciar a prescrição. Como?? Resposta: Pagando uma dívida prescrita, você está renunciando a prescrição. A letra “b” também está errada, pois os prazos prescricionais são fixos, previstos nos

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artigos 205 (regra geral – 10 anos) e 206 (hipóteses especiais) do CC; eles não podem ser alterados pela vontade das partes (art. 192, CC). Resumindo: a prescrição é matéria de ordem pública e as partes não podem alterar os prazos previstos na lei. No entanto, elas podem renunciar a prescrição. A prescrição não pode ser interrompida quantas vezes se quiser como afirma a letra “d” (antigamente podia; esta foi outra modificação introduzida pelo atual Código e que já se encontra em vigor). O art. 202, CC determina que a interrupção da prescrição somente pode ocorrer uma vez. Gabarito: “C”.

09) (OAB/RS – 2006) Quanto à matéria de prescrição e decadência, assinale a assertiva CORRETA.

a) os novos prazos prescricionais instituídos pelo Código Civil de 2002 têm aplicação imediata, sem a incidência de regra de transição relativamente aos prazos do Código de 1916.

b) os prazos prescricionais podem ser alterados pelas partes, tendo-se em vista o princípio da autonomia da vontade.

c) aplicam-se à decadência, via de regra, as normas que impedem suspendem e interrompem a prescrição.

d) a interrupção da prescrição somente pode ser usada uma vez pelo particular.

Comentários:

De fato o art. 202, CC determina que a prescrição somente poderá ser interrompida uma única vez. A letra “a” está errada, pois, em relação aos prazos, de uma forma geral, a sua aplicação é imediata. No entanto, em casos muito especiais, o atual Código possui uma regra de transição estabelecida no art. 2.028: “serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada”. Assim, digamos que o prazo para se exercer um direito pela lei anterior era de 20 anos. Já se passaram 15 anos. O atual Código reduziu para 10 anos. Logo o prazo já teria sido ultrapassado e a pessoa teria perdido o direito. No entanto esta regra especial permite que, neste caso específico, ainda se aplique o Código anterior. A letra “b” está errada, pois determina o art. 192, CC que os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. A letra “c” está errada, pois o art. 207, CC dispõe exatamente o contrário: “salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição”. Gabarito: “D”.

10) Não corre a prescrição entre:

a) os cônjuges, ainda que divorciados ou separados judicialmente; contra os que se acharem servindo no exército nacional; em favor do mandante, contra o mandatário.

b) os cônjuges, apenas na constância da sociedade conjugal; contra os ausentes do Brasil, quando em serviço público; se pendente ação de evicção.

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c) os tutelado e tutor, enquanto durar a tutela; contra os índios; se pendente ação declaratória negativa ou constitutiva de direitos.

d) os ascendentes e descendentes durante o poder familiar; entre o credor pignoratício e o depositante; contra os incapazes, seja a incapacidade absoluta ou relativa.

Comentários:

Questão um pouco difícil, pois devemos analisar com atenção os artigos 197, 198 e 199 do CC, que trazem nove situações que impedem (o prazo não começa a correr) ou que suspendem o curso (o prazo teve início e ficou paralisado temporariamente) da prescrição. Confiram as hipóteses previstas na lei com as opções mencionadas neste teste. Observem que estas hipóteses não devem ser confundidas com as do art. 202, CC, que tratam da interrupção da prescrição (quando o prazo transcorrido é inutilizado, reiniciando-se seu cômputo). Não é isso que a questão quer. Na letra “a” está errada a afirmativa “em favor do mandante, contra o mandatário” (não há esta previsão na lei); além disso, a prescrição continua a correr se houve o rompimento da sociedade conjugal (separação judicial ou divórcio). Na letra “c” o Código Civil não fala expressamente do índio e, além disso, não menciona a frase “se pendente ação declaratória de direitos”. Na letra “d” está errada a frase “credor pignoratício e depositante” (não há esta previsão legal) e também a incapacidade relativa (ou seja, só não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes). Gabarito: “B”.

11) (Analista Judiciário – TRF 1a Região – 2006 – FCC) Em conformidade com o Código Civil brasileiro, a prescrição:

a) não correrá entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar, mas correrá normalmente entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal.

b) iniciada contra uma pessoa não continua a correr contra o seu sucessor, em razão da característica da pessoalidade inerente ao instituto.

c) pode ser renunciada de forma expressa ou tácita e a renúncia só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar.

d) da pretensão dos auxiliares da justiça, serventuários judiciais e peritos pela percepção de emolumentos, custas e honorários ocorre em 05 (cinco) anos.

e) da pretensão para haver prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano com capitalização ou sem ele, ocorre em 02 (dois) anos.

Comentários:

O art. 191, CC é expresso no sentido de que somente depois de consumada a prescrição (e desde que não haja prejuízo de terceiros) é que poderá haver a renúncia (expressa ou tácita) por parte do interessado. Isso é importante, pois caso contrário algum credor mal intencionado poderia impor ao devedor, no momento da elaboração do contrato, que ele renunciasse futura e eventual prescrição. Portanto, somente o titular pode renunciar à prescrição e mesmo

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assim, somente depois da consumação do tempo previsto na lei. É conveniente deixar claro que na renúncia expressa a pessoa abre mão e forma explícita, por escrito; já na tácita a pessoa pratica atos incompatíveis com a prescrição, tais como pagar a dívida ou efetivar uma transação (acordo) extrajudicial. A letra “a” está errada no tocante à segunda afirmação. De fato a prescrição não corre entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (art. 197, II, CC). No entanto também não corre entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal (art. 197, II, CC). A letra “b” está errada, pois o art. 196, CC determina que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor (ex.: herdeiro). Observem que a lei diz “continua a correr”, ou seja, a morte da pessoa não é hipótese de suspensão ou interrupção do prazo prescricional, que continua a fluir normalmente. Lembrando que há uma exceção: quando o sucessor for absolutamente incapaz. Nesta hipótese o prazo prescricional não se inicia enquanto não superada a incapacidade (art. 198, I, CC). As alternativas “d” e “e” se referem a hipóteses de prazos de prescrição e também estão erradas. A pretensão dos auxiliares da justiça, serventuários judiciais e peritos pela percepção de emolumentos, custas e honorários prescreve em 01 (um) ano, conforme o art. 206, §1°, III, CC. A pretensão para haver prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano com capitalização ou sem ele, ocorre em 03 (três) anos, conforme o art. 206, §3°, III, CC. Gabarito: “C”.

12) (ESAF – CGU – Analista de Finanças e Controle – Correição – 2012) Segundo o Código Civil, é causa que impede ou suspende a prescrição: a) protesto cambial. b) despacho do juiz que ordena a citação. c) a existência de ausentes do País em serviço público da União. d) ato que importe reconhecimento do direito pelo devedor. e) ato judicial que constitua em mora o devedor.

Comentários:

Os arts. 197, 198 e 199, CC estabelecem hipóteses de suspensão ou impedimento do fluxo prescricional. A única alternativa correta está inserida no art. 198, II, CC (não corre a prescrição contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios). As demais são hipóteses de interrupção da prescrição (art. 202, CC). Gabarito: “C”.

13) (Magistratura - São Paulo – Concurso 171) Fatos Jurídicos são acontecimentos em virtude dos quais começam, se modificam, ou se extinguem as relações jurídicas. Assim sendo, para que os fatos produzam efeitos na ordem jurídica é preciso que:

a) simplesmente aconteça um fato.

b) aconteça um fato para o qual a ordem jurídica tenha estabelecido consequências jurídicas.

c) somente ocorra somente um acontecimento natural involuntário.

d) o fato decorra somente de uma atividade voluntária lícita do homem.

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e) o fato decorra somente de uma atividade ilícita do homem.

Comentários:

Trata-se do conceito exato de Fato Jurídico. As demais não estão exatas. A letra “a” trata do Fato Comum (que não traz repercussão no Direito). A letra “c” trata apenas do Fato Jurídico Natural (ou em Sentido Estrito); a letra “d” trata do Ato Jurídico; e a letra “e” do Ato Ilícito, sendo que todas elas são espécies do Fato Jurídico. Gabarito: “B”.

14) Se o quantum da pensão alimentícia for fixado judicialmente, a pretensão para cobrar as prestações não pagas:

a) prescreverá em cinco anos. b) será imprescritível. c) prescreverá em dois anos. d) decairá em três anos. e) decairá em dois anos.

Comentários:

Não devemos confundir o direito aos alimentos, que é irrenunciável e imprescritível, com o direito à cobrança das prestações alimentares, vencidas e não pagas (ou seja, quando o alimentante já foi condenado ao pagamento e não pagou). A pretensão de cobrança das prestações alimentares prescreve (e não decai) em 02 (dois) anos, conforme previsão expressa do art. 206, §2°, CC. Gabarito: “C”.

15) São imprescritíveis as pretensões que versam sobre:

a) os bens públicos, o estado da pessoa e a cobrança de prestações alimentares vencidas.

b) a ação para anular inscrição do nome empresarial feita com violação de lei ou do contrato.

c) o estado da pessoa, os direitos da personalidade e a cobrança de prestações vencidas de rendas vitalícias.

d) o direito a alimentos e a ação de reparação civil em razão de contrafação.

Comentários:

O nome empresarial identifica o empresário e a sociedade no exercício de suas atividades, constituindo em legítimo direito da personalidade. Devido a sua importância, o art. 1.167, CC, possibilita que o prejudicado possa, a qualquer tempo, ingressar com uma ação (por isso o prazo é considerado imprescritível) para anular inscrição feita na Junta Comercial. A letra “a” apenas está errada a frase “cobrança de prestações alimentares vencidas” (lembrando: o direito aos alimentos é imprescritível; no entanto as prestações vencidas prescrevem em dois anos). Na letra “c” está errada a frase “cobrança de prestações vencidas de rendas vitalícias”. E a letra “d” ação de reparação civil em razão de contrafação (contrafação significa reprodução fraudulenta, falsificação), pois o

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art. 206, §3o, inciso V, CC prevê o prazo prescricional de 03 três anos para se promover ação de reparação civil. Gabarito: “B”.

16) É FALSO afirmar a respeito da decadência:

a) o prazo decadencial, como regra, não pode ser suspenso ou interrompido. b) a decadência sempre pode ser conhecida de ofício pelo Juiz. c) o prazo decadencial pode ser legal ou convencional. d) pode haver renúncia à decadência. e) a decadência pode ser alegada em qualquer fase do processo, mesmo que tenha havido recurso.

Comentários:

Questão capciosa. Como vimos, a Decadência é a perda do direito em si (do direito material ou do direito propriamente dito), pela falta de seu exercício, no prazo previsto em lei ou pelas partes. Classifica-se, portanto, em convencional, que pode ser renunciada pelas partes, e, portanto, não pode ser reconhecida ex officio pelo Juiz ou legal que, por ser irrenunciável, pode ser reconhecida de ofício (ou seja, sem que o Juiz seja provocado para tanto), conforme disposição expressa do art. 210, CC. Observe que o art. 211, CC determina que se a decadência for convencional o Juiz não pode suprir a alegação. Assim o que está errado na questão é a afirmação “a decadência sempre pode ser conhecida de ofício”, da alternativa “b”. Como vimos, nem sempre pode (como no caso da decadência convencional). Cuidado com a letra “d”. Ela é genérica, afirmando que pode haver renúncia à decadência. Poder, pode. Mas, como vimos, a regra é que não pode. Notem que o art. 209, CC considera irrenunciável apenas os prazos da decadência estabelecidos em lei e não os prazos estabelecidos pelas partes (convencionais). No entanto a doutrina estabelece que a renúncia à decadência de um prazo convencional é plenamente possível e cita um bom exemplo disso: em um pacto de retrovenda (art. 505 e seguintes do CC) ficou estabelecido o prazo (convencional) de decadência do direito de resgate de um ano a partir da efetiva compra e venda. Passado algum tempo, pode-se renunciar a este prazo inicialmente de um ano, sendo o mesmo prorrogado para até três anos (que é o limite máximo estabelecido em lei). Seria uma forma de se renunciar a um prazo decadencial convencional. Em relação ao momento em que a mesma pode ser alegada, estabelece o art. 211, CC que "a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição..." esta fase engloba a expressão qualquer fase do processo, mesmo que tenha havido recurso (letra “e”) O processo, neste caso estaria em outro grau de jurisdição, ou seja, houve recurso. Gabarito: “B”.

17) (Analista Judiciário – TRT 13ª Região/PB – 2005 – FCC) No que tange a decadência, considere as alternativas abaixo:

I. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, podendo o Juiz suprir, de ofício, a alegação.

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II. É anulável a renúncia à decadência fixada em lei, por ser matéria de ordem pública.

III. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem ou interrompem a prescrição.

Está CORRETO somente o que se afirma em:

a) I. b) II. c) I e II. d) III. e) I e III.

Comentários:

Somente está correta a afirmativa III. A assertiva I está errada, pois o art. 211, CC prevê que se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. A assertiva II está errada, pois o art. 209 determina que é nula (e não anulável) a renúncia à decadência fixada em lei. A afirmativa III está correta nos termos do art. 207, CC. Gabarito: “D”.

18) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) o direito à integridade física compreende a proteção jurídica ao corpo humano, quer em sua totalidade, quer em relação a tecidos, órgãos e partes do corpo humano suscetíveis de separação e individualização.

b) o indivíduo é livre para deliberar sobre a concessão ou não de material para fins de exame de DNA. A negativa, entretanto, gerará presunção absoluta da veracidade do fato que se pretendia provar.

c) não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para elidir a presunção legal de paternidade.

d) cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.

Comentários:

A questão mistura vários conceitos de diferentes pontos do Direito Civil. Exige um conhecimento mais profundo do Direito Civil, como um todo. Mas a questão foi selecionada pelo interesse que geralmente causa ao aluno. A recusa à perícia médica ordenada pelo Juiz, pode suprir, a prova que se pretendia obter com o exame, por força do contido no art. 232, CC. Todavia, essa presunção gerada não é absoluta, mas sim relativa (presunção juris tantum, ou seja, que admite prova em contrário). Se em uma ação de investigação de paternidade o suposto pai não quiser fazer o exame de DNA o Juiz pode considerá-lo culpado. Mas isso não quer dizer que já está condenado. Não há uma presunção absoluta. O Juiz vai analisar todas as provas carreadas aos autos para formar a sua convicção. Mas a recusa ao fazer o exame pode levar o Juiz a condená-lo. A letra “a” está correta; se tiver alguma dúvida retorne a aula sobre as Pessoas Físicas. Quanto à letra “c”, se

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uma mulher for considerada adúltera em um processo de separação, provavelmente será também considerada culpada pela separação judicial. Mas isso não implica, automaticamente, mesmo que confessado pela mulher, que o marido não seja o pai dos filhos havidos na constância da sociedade conjugal. Para tanto é necessário um processo especial com esta finalidade (ação negatória de paternidade). A alternativa “d” está correta. Os filhos nascidos na constância do casamento presumem-se que são dos cônjuges. Mas é uma presunção relativa (juris tantum) que pode ser contestada pelo pai em alguns casos especiais (ex.: o marido estava acometido por doença que lhe impedia de ter filhos - era estéril). Gabarito: “B”.

19) Sobre a prescrição podemos afirmar, EXCETO:

a) não correrá prescrição contra os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.

b) a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor.

c) as ações pessoais prescrevem, ordinariamente, em 20 (vinte) anos, as reais em 10 (dez) anos, entre presentes, e entre ausentes em 15 (quinze), contados da data em que poderiam ter sido propostas.

d) não correrá a prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar.

e) não correrá prescrição contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios.

Comentários:

Lembrem-se que o examinador deseja que seja assinalada a alternativa incorreta. E a letra “c” está errada, pois os prazos que nela estão previstos eram do Código Civil anterior, já revogado. Como vimos, o atual Código prevê em seu art. 205, que a prescrição ocorre em 10 (dez) anos (prazo geral), salvo quando a lei haja fixado um prazo menor (01, 02, 03, 04 e 05 anos – prazos especiais, previstos no art. 206). Portanto não há mais prazos de 20 ou 15 anos de prescrição. O prazo máximo previsto no CC é de 10 (dez) anos. As demais alternativas estão corretas. Conferindo: letra “a” → art. 198, inciso I do CC; letra “b” → art. 202, caput e inciso V do CC; letra “d” → art. 197, inciso II do CC; letra “e” → art. 198, inciso II do CC. Gabarito: “C”.

20) (Analista Judiciário – TRT 4a Região/RS – 2006) De acordo com o Código Civil brasileiro, em regra, ato judicial que constitua em mora o devedor:

a) interromperá a decadência. b) suspenderá a decadência. c) impedirá a prescrição. d) suspenderá a prescrição. e) interromperá a prescrição.

Comentários:

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Art. 202, inciso V, CC. Gabarito: “E”.

21) Fixados os alimentos a favor do filho menor impúbere, com 10 anos de idade, o alimentante passou a pagar apenas 2/3 do valor fixado na sentença para a pensão alimentícia. Essa prática perdurou por seis anos. A inadimplência veio a motivar uma ação de execução de sentença pela representante da criança. Em fase de embargos, o alimentante aduziu prescrição das prestações vencidas há dois anos. Em impugnação aos embargos, deverá ser arguido que:

a) a prestação de alimentos é imprescritível. b) a prescrição não corre contra menores até 18 anos completos. c) a prescrição não corre contra menores impúberes. d) a prescrição é do direito a alimentos em si e não atinge prestações vencidas. e) a prescrição não corre enquanto o menor estiver estudando, isto até no máximo, 24 anos.

Comentários:

Trata-se de uma questão que foge um pouco dos padrões normais de um concurso. Além disso, trata um pouco do aspecto processual. Por isso ela é interessante. Primeiro vamos recordar o que seja um ‘menor impúbere’. Trata-se de pessoa que possui menos de 16 anos, portanto é o absolutamente incapaz. Já ‘menor púbere’ é o que tem mais de 16 anos, porém menos de 18 anos (é o relativamente incapaz). Vejam que a questão embora seja de Direito Processual Civil, no fundo, trata exclusivamente do Direito Civil. Em outras palavras e exemplificando, a questão expõe o seguinte: um pai foi condenado a pagar R$ 1.200,00 de pensão alimentícia para seu filho de 10 anos de idade. Durante seis anos ele pagou apenas R$ 800,00. Depois desse prazo a mãe do menor (que é a sua representante legal) move uma ação contra o pai. O pai alegou (em uma peça judicial que chamamos de embargos à execução) que o débito já estava prescrito, pois o artigo 206, §2º do CC determina que prescreve em dois anos a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. O que deverá fazer a mãe do menor? Ela deverá “impugnar os embargos”! Alegando o quê? Ela deve alegar que a prescrição não corre contra os menores impúberes, pois eles são absolutamente incapazes (art. 198, inciso I, CC). Devemos recordar que o direito aos alimentos é irrenunciável e imprescritível. Mas o direito à cobrança das prestações alimentares, vencidas e não pagas (ou seja, quando o alimentante já foi condenado ao pagamento e não pagou) prescreve em 02 (dois) anos (art. 206, §2o, CC). Assim se quando venceu a ação o menor já tinha 16 anos, o pai teria razão; as prestações alimentícias estariam prescritas (exceto a dos dois últimos anos, que ainda poderiam ser cobradas). No entanto como se trata de menor, com 10 anos, o prazo prescricional nem ao menos começou a fluir (causa de impedimento). No caso concreto as alternativas “a” e “d” estão erradas (a prestação dos alimentos não é imprescritível; e o que se discute é a prestação em si e não o direito aos alimentos, este sim imprescritível). Se na hipótese, o alimentado fosse maior de idade (18 anos),

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muitas das prestações já estariam prescritas, pois se passaram 06 anos da condenação. As letras “b” e “e” também estão erradas, pois a idade correta é de 16 anos (absolutamente incapaz) e não 18 anos ou 24 anos enquanto estiver estudando. Nestas hipóteses o menor pode até ter o direito aos alimentos, mas o prazo prescricional das prestações está correndo normalmente. Gabarito: “C”.

22) Considerando os preceitos sobre prescrição do Código Civil de 2002, assinale a assertiva CORRETA:

a) a prescrição consiste na extinção do direito material ou subjetivo.

b) os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

c) a prescrição pode correr entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal.

d) o protesto cambial não interrompe a prescrição.

e) qualquer ato que constitua em mora o devedor suspende a prescrição.

Comentários:

O art. 192, CC determina que os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Eles são de ordem pública, cogentes, impositivos. As demais alternativas estão erradas. A prescrição atinge a pretensão e não o direito material ou subjetivo (letra “a” errada – art. 189, CC); a prescrição não corre entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal (letra “c” errada – art. 197, I, CC); o protesto cambial (de um cheque, uma nota promissória, uma duplicata, etc.) é causa de interrupção da prescrição (letra “d” errada – art. 202, III, CC); os atos que constituem em mora o devedor interrompem (e não suspendem) a prescrição (letra “e” errada – art. 202, V, CC). Gabarito: “B”.

23) (OAB/RS 2006) Sobre Prescrição e Decadência, assinale a alternativa CORRETA. a) não tendo sido alegada em primeiro grau, a prescrição não poderá ser invocada pela parte. b) os prazos prescricionais podem ser alterados pelas partes, tendo-se em vista o princípio da autonomia da vontade. c) o benefício da interrupção da prescrição pode ser alegado apenas duas vezes. d) o protesto cambial interrompe a prescrição.

Comentários:

Uma pessoa está me devendo certa quantia em dinheiro e paga a dívida com um cheque. Quando apresento o cheque no banco o mesmo é devolvido por “falta de fundos”. O prazo prescricional para que eu ingresse com a ação de cobrança (execução da dívida) começa a correr. Chamamos de protesto cambial quando eu vou ao cartório de protesto e apresento esse cheque (também pode ser outro título como uma nota promissória, uma duplicata, etc.). Este ato (protesto cambial) interrompe a prescrição, que se reinicia,

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conforme o art. 202, III, CC. A letra “a” está errada, pois o art. 193, CC dispõe que a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. Assim a parte pode alegar perante o Juiz singular (primeiro grau) ou mesmo perante o Tribunal, em grau de recurso (segundo grau). O art. 192, CC proíbe que as partes alterem os prazos prescricionais (letra “b” errada). O art. 202, CC determina que a interrupção da prescrição somente ocorre uma vez (letra “c” errada). Gabarito: “D”.

24) (Magistratura – Paraná) Sobre Prescrição e Decadência, de acordo com disposições expressas do Código Civil, é CORRETO afirmar que:

a) o herdeiro sofre os efeitos da prescrição iniciada contra o autor da herança.

b) o Juiz não pode de ofício conhecer da prescrição de direitos patrimoniais.

c) a prescrição interrompe-se pela citação pessoal feita ao devedor, mesmo que esta seja nula por vício de forma.

d) prescreve em 60 (sessenta) dias, contados da tradição a ação para haver o abatimento do preço de coisa móvel, recebida com vício redibitório.

Comentários:

O art. 196, CC determina que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu sucessor. A letra “b” está errada, pois o art. 194, CC foi revogado e atualmente o Juiz pode reconhecer de ofício (sem ser provocado pela outra parte) a prescrição. A letra “c” está errada, pois o art. 202, inciso I, CC determina que prescrição se interrompe pelo despacho do Juiz que determinar a citação. O Juiz pode até ser incompetente, porém a citação deve ser promovida no prazo e na forma da lei processual. Portanto a citação nula por vício de forma não interrompe a prescrição. Finalmente a letra “d” está errada, pois este prazo é decadencial. Lembrem-se de uma “dica” sobre o tema: os prazos de dias e meses são sempre decadenciais. Já os prazos prescricionais são: 10 anos (geral: art. 205, CC) e 01, 02, 03, 04 e 05 anos (especiais: art. 206, CC). Além do mais, a questão trata de vício redibitório (defeito oculto na coisa), tema que pertence aos contratos. Adiantamos que o prazo decadencial, tanto pelo Código Civil (art. 445, CC), como na Lei n° 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor, art. 18, §1°) é de 30 (trinta) dias, contados da entrega efetiva da coisa, se esta for móvel. Gabarito: “A”.

25) (FCC – TRT/11ª Região/AM – 2005) O curso do prazo prescricional é interrompido:

a) por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor ou se o credor se tornar absoluta ou relativamente incapaz.

b) pelo depósito judicial, sendo a citação válida, ou pelo casamento da credora com o devedor, enquanto durar a sociedade conjugal.

c) pelo protesto cambial ou pelo despacho do Juiz, ainda que incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.

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d) pela citação válida, ainda que ordenada por Juiz incompetente, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual ou se o credor tiver que se ausentar do país em serviço público da União.

e) por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor ou se este for nomeado curador do credor que se tornar absolutamente incapaz.

Comentários:

As hipóteses de interrupção da prescrição estão previstas no art. 202, CC. O protesto cambial (inciso III) e o despacho do Juiz (inciso I) são hipóteses de interrupção da prescrição. A primeira parte da alternativa “a” (por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor) está correta (inciso VI do art. 202, CC). No entanto a segunda parte (se o credor se tornar absoluta ou relativamente incapaz) está errada, pois a incapacidade não é causa de interrupção da prescrição. Observem que a incapacidade absoluta (art. 3°, CC) pode ser causa de suspensão da prescrição (art. 198, I, CC). A letra “b” está totalmente errada, lembrando que durante a sociedade conjugal simplesmente não corre a prescrição, sendo caso de impedimento (art. 197, I, CC) e não de interrupção da prescrição. A primeira parte da letra “d” está correta (inciso I); no entanto a segunda parte diz respeito à suspensão (art. 198, II, CC). O mesmo ocorre com a letra “e”: a primeira parte está correta (art. 202, V, CC) e a segunda parte está errada, pois se trata de impedimento da prescrição (art. 197, III, CC). Gabarito: “C”.

26) Tício e Caio são credores solidários de Antônio. Estando o débito prestes a prescrever, Tício notificou Antônio, por via judicial, visando à interrupção da prescrição. Em seguida, passado o prazo original de prescrição, Caio propôs ação de cobrança contra Antônio. A dívida:

a) está prescrita com relação a ambos. b) está prescrita com relação a Caio, mas não com relação a Tício. c) está prescrita com relação a Tício, mas não com relação a Caio. d) não está prescrita com relação a qualquer dos credores. e) a dívida pode ser considerada como imprescritível.

Comentários:

Em regra, a interrupção da prescrição aproveita somente a quem a promove. Todavia, tratando-se de obrigação solidária ativa (em que todos os credores são considerados como se fossem apenas um credor), a interrupção feita por um dos credores aproveitará a todos, nos termos do art. 204, §1°, CC. Portanto quando Tício notificou Antônio o prazo prescricional foi interrompido em relação aos dois credores (Caio e Tício) e não somente a quem notificou. Gabarito: “D”.

27) (FCC – TRT/ 3a Região – Analista Judiciário – 2005) A prescrição e a decadência não correm:

a) pendendo condição suspensiva ou ação de evicção.

b) contra os ausentes no País em serviço público da União.

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c) enquanto o autor do ato ilícito considerado crime não for definitivamente condenado no juízo criminal.

d) se o prazo para o pagamento da dívida não estiver vencido.

e) contra os absolutamente incapazes.

Comentários:

A questão é aparentemente fácil. Porém possui uma grande ‘pegadinha’. Lembrem que o cabeçalho da questão deseja que se assinale a alternativa em que o prazo da prescrição e da decadência não correm. Notem que todas as hipóteses mencionadas na questão são causas de impedimento do prazo prescricional, conforme o Código Civil. Mas apenas uma das alternativas impede a fluência do prazo prescricional e decadencial, ao mesmo tempo. Confiram que não corre a prescrição: letra “a” → art. 199, I e III; letra “b” → art. 198, II; letra “c” → art. 200; letra “d” → art. 199, II. A letra “e” é a única hipótese em que não corre o prazo prescricional (art. 198, I) e decadencial (art. 208). Gabarito: “E”.

28) (FCC – TRF/4a Região – Analista Judiciário – 2006) De acordo com o Código Civil Brasileiro, prescreve em 05 (cinco) anos a pretensão:

a) relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.

b) de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular.

c) para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias.

d) do beneficiário contra o segurador, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.

e) de obter ressarcimento de enriquecimento sem causa.

Comentários:

Trata-se do previsto no art. 206, §5°, I, CC. O previsto na alternativa “a” prescreve em 04 (quatro) anos (art. 206, §4°, CC). Todas as demais situações previstas nas outras alternativas prescrevem em três anos: letra “c” (art. 206, §3°, II, CC); letra “d” (art. 206, §3°, IX, CC) e letra “e” (art. 206, §3°, IV, CC). Gabarito: “B”.

29) (FCC – TJ/PE – Analista Judiciário – 2007) A prescrição corre normalmente:

a) não estando vencido o prazo. b) entre os cônjuges, na constância do casamento. c) entre os ascendentes e descendentes, quando cessado o poder familiar. d) pendendo ação de evicção. e) pendendo condição suspensiva.

Comentários:

O art. 197, II, CC dispõe que não corre a prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar. Portanto, de forma contrária, a

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prescrição corre normalmente depois de cessado o poder familiar. Nas demais hipóteses, realmente não corre o prazo prescricional: letra “a”: não estando vencido o prazo (art. 199, II, CC); letra “b”: entre os cônjuges na constância do casamento (art. 197, I, CC); letra “d”: pendendo ação de evicção (art. 199, III, CC); letra “e”: pendendo condição suspensiva (art. 199, I, CC). Gabarito: “C”.

30) (FCC – Analista do Ministério Público da União – 2007) A prescrição ocorre em 10 (dez) anos quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Porém prescreverá em 03 (três) anos a pretensão:

a) para haver prestações alimentares a partir da data que se vencerem. b) para a percepção de honorários dos árbitros e peritos. c) relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. d) relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos. e) para o vencedor haver do vencido o que gastou em juízo.

Comentários:

O prazo para a pretensão dos aluguéis prescreve em 03 (três) anos, conforme o art. 206, §3°, I, CC. As prestações alimentares (letra “a”) prescrevem em 02 anos (art. 206, §2°, CC). Os honorários de árbitros e peritos (letra “b”) prescrevem em 01 ano (art. 206, §1°, III, CC). A pretensão em relação à tutela (letra “c”) prescreve em 04 anos (art. 206, §4°, CC). A pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo (letra “e”) prescreve em 05 anos (art. 206, §5°, III, CC). Gabarito: “D”.

31) (Ministério Público do Trabalho – 2008) Complete com a opção CORRETA. Prescreve em .......... a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos.

a) um ano. b) dois anos. c) três anos. d) cinco anos. e) não respondida.

Comentários:

O prazo para a pretensão dos aluguéis prescreve em 03 (três) anos (art. 206, §3°, I, CC). Observem que a letra “e” fornece ao candidato a opção de não responder a questão. Isto porque neste exame, “uma questão errada anula uma certa”. Colocando-se a alternativa “e” o candidato não acerta... porém... também não perde ponto. Gabarito: “C”.

32) (FCC – Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina – 2006) Assinale a alternativa CORRETA de acordo com o Código Civil:

a) o protesto cambial suspende a prescrição.

b) prescreve em 10 (dez) anos a pretensão de reparação civil.

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c) a prescrição corre em 20 (vinte) anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

d) a prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.

e) os prazos de prescrição somente podem ser alterados por acordo das partes.

Comentários:

Questão bem capciosa. A letra “d” realmente está correta, pois o art. 203, CC permite que a prescrição possa ser interrompida por qualquer interessado. Mas o que pode “pegar” nesta questão é a letra “a”. Uma pessoa afoita pode assinalar esta alternativa como sendo a correta. No entanto ela está errada, pois o protesto cambial (ou seja, o protesto de um cheque, de uma nota promissória, de uma duplicata no Cartório de Protestos) é hipótese de interrupção da prescrição (art. 202, III, CC) e não de suspensão da prescrição. A diferença destes institutos reside no fato de que quando ocorre a interrupção a contagem do prazo recomeça do zero, enquanto que na suspensão o prazo volta a ser contado de onde parou, computando-se o prazo já corrido antes da causa de suspensão. A letra “b” está errada, pois a pretensão de reparação civil prescreve em 03 (três) anos (art. 206, §3°, V, CC). A letra “c” está errada, pois a prescrição corre em 10 (dez) anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor (art. 205, CC). Finalmente a letra “e” também está errada, pois o art. 192, CC determina que os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Gabarito: “D”.

33) (Magistratura do Trabalho – Rio de Janeiro – 2004) Assinale a assertiva CORRETA: a) o prazo decadencial pode ser suspenso ou interrompido nos casos previstos em lei.

b) mesmo sendo o prazo fixado em lei, a decadência pode ser renunciada.

c) é vedado o conhecimento de ofício do prazo prescricional.

d) a prescrição admite renúncia expressa antes de consumado o prazo respectivo.

e) os prazos de prescrição podem ser convencionalmente alterados.

Comentários:

Decadência é a perda do direito em si, pela falta de seu exercício em determinado prazo. Este prazo pode ser pactuado pelas partes (decadência convencional – admitindo-se a suspensão e a interrupção) ou determinado pela lei (decadência legal – o prazo neste caso é contínuo, não se suspendendo ou se interrompendo). Observem que o art. 207, CC afirma que “salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição”. Portanto o próprio dispositivo acima prevê a possibilidade do prazo decadencial ser suspenso ou interrompido em casos determinados pela lei (embora ele não diga quais sejam estes casos). A letra “b” está errada, pois o art. 209, CC prescreve que é nula a renúncia à decadência fixada em lei. A letra “c” está errada, pois atualmente o Juiz pode

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declarar a prescrição mesmo sem ser provocado (ou seja, agindo ex officio). A letra “d” está errada, pois pode haver a renúncia da prescrição (de forma expressa ou tácita), mas somente após a consumação (e não antes de consumado o prazo), conforme o art. 191, CC. Finalmente a letra “e” está errada, pois os prazos prescricionais não podem ser alterados pelas partes (art. 192, CC). Gabarito: “A”.

34) (FCC – Magistratura do Trabalho – Mato Grosso do Sul – 2006) Sobre a Prescrição e a Decadência, assinale a alternativa INCORRETA: a) os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. b) a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. c) é nula a renúncia à decadência fixada em lei. d) se a decadência foi convencional a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição. e) o Juiz não pode suprir de ofício a alegação da prescrição.

Comentários:

O art. 194, CC proibia o Juiz de reconhecer a prescrição de ofício (ou seja, sem ser provocado), salvo se favorecesse os absolutamente incapazes. Porém este artigo foi revogado e atualmente o Juiz pode reconhecer de ofício a prescrição em qualquer situação. Por tal motivo a alternativa está errada. A letra “a” está correta, pois de fato o art. 192, CC impede que os prazos prescricionais sejam alterados por acordo das partes. A letra “b” também está correta, pois o art. 196, CC determina que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. A letra “c” também está correta, pois o art. 209, CC prescreve que é nula a renúncia à decadência fixada em lei. Finalmente a letra “d” está correta, pois trata do texto literal do art. 211, CC, ou seja, sendo a decadência convencional, ela pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição (ou seja, pode ser requerida ao Juiz de primeiro grau ou ao Tribunal). Gabarito: “E”.

35) (FCC – TRT/4ª Região – Analista Judiciário – 2006) Assinale a alternativa CORRETA. a) a prescrição iniciada contra uma pessoa não continua a correr contra o seu sucessor. b) a interrupção da prescrição, em regra, poderá ocorrer quantas vezes forem necessárias. c) prescreve em três anos a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos e a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias. d) é defesa, em qualquer hipótese, a renúncia tácita da prescrição, por expressa determinação legal. e) salvo disposição legal em contrário, em regra, aplicam-se à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

Comentários:

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É o que prevê o art. 206, §3°, I e II, CC. A letra “a” está errada, nos termos do art. 196, CC. A letra “b” está errada, pois a interrupção da prescrição só pode ocorrer uma vez (art. 202, caput, CC). A letra “d” está errada: a renúncia tácita (que se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição) é permitida em nosso direito, com base no art. 191, CC, mas só valerá depois que a prescrição se consumar e desde que não prejudique terceiro. A alternativa “e” está errada, pois como regra não se aplicam à decadência normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição (art. 207, CC). Gabarito: “C”.

36) (Controladoria Geral da União – 2006) Assinale a opção CORRETA.

a) a apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores é causa interruptiva da prescrição.

b) as causas impeditivas da prescrição paralisam temporariamente seu curso, logo superado o fato que lhe deu origem, o lapso prescricional continua a correr computado o tempo antes dele.

c) se após o vencimento do débito falecer o credor deixando herdeiros de sete anos de idade, contra ele não correrá a prescrição até que atinja 18 anos, ocasião em que se inicia o curso prescricional.

d) as partes podem restringir o prazo prescricional fixado por lei, mesmo que se trate de direito patrimonial.

e) o prazo decadencial não correrá contra os absoluta e relativamente incapazes.

Comentários:

De fato, a apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores é causa interruptiva da prescrição, nos termos do art. 202, inciso IV, CC. A letra “b” está errada, pois a causa impeditiva impede que o prazo prescricional se inicie; a alternativa forneceu o conceito de causa suspensiva. A letra “c” está errada, pois não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes (art. 198, I, CC). Portanto a prescrição correrá a partir do momento em que o menor completar 16 anos (e não 18 anos como na questão). A letra “d” está errada, pois os prazos prescricionais não podem ser alterados, mesmo que haja acordo das partes (art. 192, CC). Finalmente a letra “e” está errada, pois o prazo decadencial não correrá apenas contra os absolutamente incapazes (art. 208 c.c. 198, I, CC). Gabarito: “A”.

37) (OAB/SP – 2007) Sobre Prescrição de Decadência, assinale a alternativa ERRADA. a) a exceção prescreve no mesmo prazo que a pretensão. b) é permitida por lei (ainda que dentro do lapso) a renúncia à prescrição, feita pelo devedor. c) se, após o vencimento da dívida, credora e devedor se casam, ocorre a suspensão do prazo prescricional. d) protesto cambial interrompe o prazo prescricional. e) não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes.

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Comentários:

A renúncia da prescrição é um ato do devedor. O credor poderia ingressar com uma ação de cobrança, mas não o fez no prazo marcado. Com isso, prescreveu. Mesma prescrita a dívida o devedor pagou o que devia (renunciou à prescrição). Isto é possível, pois o art. 191, CC determina que a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita e somente valerá, sendo feita sem prejuízo de terceiros, depois que ela se consumar. No entanto, é bom que se frise que não se admite a renúncia da prescrição antes de sua consumação (ou dentro do prazo, como expresso na alternativa). Enquanto o prazo prescricional estiver fluindo, o devedor não pode renunciar à prescrição. E é isso o que está errado na alternativa. A letra “a” está correta, pois se trata de texto literal do art. 190, CC. Lembrem-se que a expressão exceção, neste caso, significa “meios de defesa” do réu em face do autor de uma ação judicial. A letra “c” está correta, pois não corre a prescrição durante a constância da sociedade conjugal (art. 197, I, CC). A letra “d” está correta, pois o protesto cambial é causa de interrupção da prescrição (art. 202, III, CC). Finalmente a letra “e” está correta, pois nos termos do art. 198, I, CC não corre prescrição contra os absolutamente incapazes. Gabarito: “B”.

38) (Ministério Público – Minas Gerais – 2006) Sobre a Prescrição é CORRETO afirmar: a) a prescrição suspensa em favor de um dos credores solidários, aproveita aos demais, desde que divisível a obrigação. b) a renúncia à prescrição somente se dá de forma expressa. c) o Juiz poderá suprir de ofício a alegação da prescrição. d) os prazos de prescrição podem ser alterados por acordo das partes. e) a prescrição iniciada contra uma pessoa não pode continuar a correr contra o seu sucessor.

Comentários:

O art. 194, CC foi revogado e atualmente é possível ao Juiz o reconhecimento da prescrição sem que haja requerimento da outra parte neste sentido. Além disso, ela pode ser alegada e reconhecida em qualquer fase do processo ou grau de jurisdição (art. 193, CC). A letra “a” está errada, pois o Código Civil determina que suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação por indivisível. Exemplo: Antônio se comprometeu a entregar um cavalo de raça (bem indivisível) para Bernardo e Carlos, e forma solidária. Assim, estes são credores solidários de um bem indivisível. Se por algum motivo o prazo prescricional for suspenso em relação a Bernardo, este prazo, por força de lei (art. 201, CC), também ficará suspenso para Carlos, pois a obrigação além de solidária é indivisível. No entanto, se a obrigação for divisível a prescrição somente ficará suspensa em relação a Bernardo, correndo normalmente em relação ao outro credor. A letra “b” está errada, pois a prescrição pode se dar de forma expressa (a parte reconhece por escrito que abre mão da prescrição) ou tácita (quando a pessoa pratica atos incompatíveis com a prescrição), conforme prevê o art. 191, CC. A letra “d” está errada, pois os prazos prescricionais não podem ser alterados

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por acordo das partes (art. 192, CC). E finalmente a letra “e” também está errada, pois a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor (art. 196, CC). Gabarito: “C”.

39) (FCC – TRF/4a Região – Analista Judiciário – 2007) Mário é proprietário de um imóvel urbano que locou a Maria. Esta, por sua vez, ali se estabeleceu com uma hospedaria. Maria não vem efetuando o pagamento dos aluguéis para Mário porque muitos de seus hóspedes não estão efetuando o pagamento da hospedagem. De acordo com o Código Civil a pretensão de Mário relativa à cobrança dos alugueis do prédio urbano, e a de Maria relativa ao pagamento das despesas de hospedagem, prescrevem, respectivamente, em: a) um ano e três anos. b) dois e quatro anos. c) quatro e dois anos. d) três anos e um ano. e) cinco e três anos.

Comentários:

Trata-se de uma questão bem objetiva a respeito dos prazos prescricionais. A pretensão de Mário em receber os aluguéis prescreve em 03 (três) anos, conforme o art. 206, §3°, I, CC. Já a pretensão de Maria em receber os valores relativos às despesas de hospedagem prescreve em 01 (um) ano, conforme o art. 206, §1°, I, CC. Gabarito: “D”.

40) (OAB/SP – 2009) A respeito do fato jurídico, assinale a opção CORRETA. a) a decadência extingue a pretensão e, por via oblíqua, o direito. b) pode haver renúncia à prescrição antes da consumação do respectivo prazo, desde que não haja prejuízo a terceiros. c) ato jurídico em sentido estrito é o que surge como mero pressuposto de efeito jurídico preordenado pela lei sem função e natureza de autorregulamento. d) o negócio jurídico, ato independente da vontade humana, produz efeitos jurídicos, criando, modificando ou extinguindo direitos.

Comentários:

Fatos jurídicos são acontecimentos aos quais o Direito atribui efeitos (aquisição, resguardo, transformação, modificação e extinção das relações jurídicas). Classificam-se em: A. Fato jurídico natural: 1) Ordinário; 2) Extraordinário. B. Fato jurídico humano: 1) Ato jurídico em sentido amplo ou voluntário: a) ato jurídico em sentido estrito – mera realização de vontade gerando consequências jurídicas previstas em lei, sem função e natureza de autorregulamentação (ex.: perdão, reconhecimento de filho, fixação de domicílio, etc.); b) negócio jurídico – autonomia da vontade (ex.: contrato) e 2) ato ilícito ou involuntário: civil, penal e administrativo. A letra “a” está errada, pois ocorre o contrário: a decadência extingue o direito e por via

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oblíqua a pretensão. A letra “b” está errada, pois o art. 191, CC determina que a renúncia só vale depois que a prescrição se consumar e desde que não prejudique terceiros. A letra “d” está errada, pois no negócio jurídico exige-se a manifestação de vontade humana e os seus efeitos dependem desta manifestação. Gabarito: “C”.

41) (OAB/CESPE – 2009.1) Considerando o importante efeito do decurso de tempo tanto na aquisição quanto na extinção de direitos, assinale a opção CORRETA. a) se a decadência for convencional, o juiz não poderá suprir a alegação. b) se a prescrição não estiver consumada, a renúncia à possibilidade de alegá-la deverá ser expressa. c) se as partes resolverem ampliar prazo prescricional, deverão fazê-lo por escrito. d) o juiz só pode conhecer de ofício a prescrição, para favorecer o absolutamente incapaz.

Comentários:

Determina o art. 211, CC que se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. A letra “b” está errada, pois nos termos do art. 191, CC a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, mas só valerá sendo feita depois que a prescrição se consumar e sem prejuízo de terceiros. A letra “c” está errada, pois nos termos do art. 192, CC os prazos de prescrição não podem ser alterados, mesmo que por acordo entre as partes. Finalmente a letra “d” está errada, pois atualmente o Juiz pode declarar a prescrição, independentemente de requerimento da outra parte, em qualquer situação. Observem, mais uma vez, que o art. 194, CC foi revogado. Gabarito: “A”.

42) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Considerando a disciplina do Código Civil sobre as causas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição, assinale a alternativa INCORRETA.

a) não corre a prescrição contra os incapazes de modo geral, os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios e contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas em tempo de guerra.

b) a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, poderá acontecer por despacho do Juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.

c) a suspensão da prescrição, em favor de um dos credores solidários, não aproveita os demais, exceto se a obrigação for indivisível.

d) quando a ação se originar de fato que deva ser apurado em juízo criminal, não ocorrerá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

e) a interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.

Comentários:

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A alternativa incorreta trata do art. 198, CC. O texto legal é bem específico: somente não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes (e não contra os incapazes de uma forma geral como exposto na questão). As demais alternativas estão exatas. Letra “b” (art. 202, I, CC); letra “c” (art. 201, CC); letra “d” (art. 200, CC) e letra “e” (art. 204, §1°, CC). Gabarito: “A”.

43) (FCC – Magistratura do Trabalho/20ª Região/SE – 2012) Constitui causa interruptiva da prescrição a) a morte do titular do direito no curso do prazo prescricional. b) o casamento entre o devedor e o credor da obrigação. c) a cessação da menoridade do titular do direito. d) qualquer ato judicial que constitua o devedor em mora. e) a reapresentação da cambial a protesto. Comentários:

As alternativas “a” e “c” estão erradas pois elas não alteram em nada o fluxo prescricional. A letra “b” está errada, pois é causa de suspensão da prescrição. A letra “d” está correta nos termos do art. 202, V, CC. Cuidado com a letra “e”, pois o art. 202, III fala em “protesto cambial”; ele não se refere à reapresentação do título como na alternativa, daí estar errada. Gabarito: “D”.

44) (ESAF – Fiscal de Rendas – Prefeitura do Rio de Janeiro – ISS/RJ - 2010) A suspensão da prescrição em favor de um dos credores solidários:

a) aproveita a todos os demais credores.

b) só aproveita àquele a que se refere, jamais se estendendo aos demais credores.

c) estende-se aos demais credores, quer seja a obrigação divisível, quer seja indivisível.

d) estende-se aos demais credores, se a obrigação for também indivisível.

e) estende-se aos demais credores, se a obrigação for divisível.

Comentários:

É o que determina o art. 201, CC. Gabarito: “D”.

45) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Sobre a prescrição, assinale a alternativa CORRETA: a) a renúncia da prescrição pelo interessado deve ser expressa, para que seja mantida sua eficácia prática. b) o Juiz não pode suprir de ofício a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz. c) em regra aplicam-se à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. d) o prazo da prescrição ordinária ou comum prevista no Código Civil é de 20 (vinte) anos.

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e) se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em fase recursal, mas o Juiz não pode suprir a alegação.

Comentários:

A alternativa “a” está errada, pois o art. 191, CC prevê que a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar. A alternativa “b” era o texto do art. 194, CC. No entanto este artigo foi revogado pela Lei n° 11.280/06, sendo que atualmente o Juiz pode reconhecer a prescrição de ofício em qualquer hipótese (e não somente quando favorecer absolutamente incapaz). A alternativa “c” está errada, pois o art. 207, CC diz exatamente o oposto. A letra “d” está errada, pois no atual Código Civil o prazo prescricional ordinário é de 10 (dez) anos, conforme o art. 206, caput, CC. A alternativa “E” está correta, pois o Juiz somente pode declarar a decadência convencional se ela for alegada pela parte a quem aproveita, mesmo que seja na fase de recursos (art. 211, CC). Gabarito: “E”.

46) (Magistratura do Trabalho – 15a Região/Campinas – 2008) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) a pessoa jurídica tem ação contra os seus representantes legais que não alegarem a prescrição oportunamente.

b) a interrupção da prescrição poderá ocorrer mais de uma vez, mas somente por meio de protesto judicial.

c) a exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão, cujo prazo não pode ser alterado por acordo das partes.

d) prescreve em 03 (três) anos a pretensão de reparação civil.

e) é nula a renúncia à decadência legal.

Comentários:

Segundo o art. 202, CC a interrupção da prescrição, em qualquer hipótese (inclusive por meio do protesto judicial), somente poderá ocorrer uma vez. A letra “a” está correta, nos termos do art. 195, CC. A letra “c” está correta nos termos dos arts. 190 e 192, CC. A letra “d” está correta, pois a reparação por eventuais danos, morais e/ou materiais, prescreve em três anos, nos termos do art. 206, §3°, inciso V, do CC. A letra “e” está correta nos termos do art. 209, CC. Gabarito: “B”.

47) Considerando as assertivas abaixo:

I. Os negócios jurídicos típicos são apenas aqueles disciplinados pelo Código Civil.

II. Os negócios jurídicos onerosos podem ser comutativos ou aleatórios.

III. O seguro de vida é um negócio jurídico mortis causa.

IV. A fiança não é um negócio jurídico acessório.

Está CORRETO o que se afirma:

a) somente a II.

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b) todas estão corretas. c) somente a I e II. d) somente a III. e) todas estão erradas.

Comentários:

Trata-se de uma questão com grande carga de doutrina. Nesta questão, somente o enunciado II está correto. Os negócios jurídicos onerosos podem ser comutativos (ou seja, quando as prestações de ambas as partes são conhecidas de antemão e guardam entre si uma relação de equivalência) ou aleatórios (pelo menos uma das prestações não é conhecida de antemão, podendo haver uma não equivalência entre elas – ex.: seguro de um carro – eu sei o quanto irei pagar por ele; mas não sei quando ou se o usarei; e se usá-lo, não sei de antemão o valor da indenização). O enunciado I é muito capcioso, pois negócios jurídicos típicos são aqueles que estão tipificados, nominados, previstos e disciplinados na lei de uma forma geral. E não só no Código Civil, como está na questão. Portanto está errado. O enunciado III também está errado, pois o seguro de vida é um negócio jurídico feito inter vivos, sob um termo futuro que é o evento morte (ou seja, ele é realizado em vida, mas para gerar efeitos depois da morte). Finalmente o item IV também está errado: a fiança é um negócio jurídico acessório que garante um negócio principal (ex.: fiança de um contrato de locação residencial). Gabarito: “A”.

48) (Edursan – Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Saneamento Ambiental – Advogado Cível – 2009 – Fundação Universo) O Juiz poderá conhecer de ofício da:

a) prescrição e da decadência legal. b) prescrição apenas se favorecer a pessoa absolutamente incapaz. c) decadência legal o convencional. d) prescrição e da decadência convencional. e) decadência convencional.

Comentários:

O Juiz pode conhecer de ofício a prescrição (revogação do art. 194, CC e alteração do art. 219, §5°, CPC). e a decadência legal (nos termos do art. 210, CC). Gabarito: “A”.

49) (ESAF – Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil – 2009) Assinale a opção CORRETA.

a) a pendência de ação de evicção não é causa suspensiva da prescrição.

b) as causas impeditivas da prescrição são as circunstâncias que impedem que seu curso inicie, por estarem fundadas no status da pessoa individual ou familiar, atendendo razões de confiança, parentesco, amizade e motivos de ordem moral.

c) a prescrição iniciada contra uma pessoa não continua a correr contra o seu sucessor a título universal ou singular.

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d) as partes podem aumentar ou reduzir prazo prescricional.

e) a incapacidade absoluta não impede a prescrição.

Comentários:

A alternativa menciona o conceito técnico e teórico de causa impeditiva do fluxo prescricional. A letra “a” está errada, pois a pendência de ação de evicção (perda da propriedade em virtude de sentença judicial – arts. 447 e seguintes, CC) é causa de suspensão da prescrição (art. 199, III, CC). A letra “c” está errada, pois o art. 196, CC estabelece que a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor (a título universal ou singular). A letra “d” está errada, pois o art. 192, CC estabelece que os prazos de prescrição não podem ser alterados, mesmo por acordo entre as partes. Finalmente a letra “e” também está errada, pois o art. 198, I CC estabelece que não corre prescrição contra os absolutamente incapazes. Gabarito: “B”.

50) (Ministério Público do Estado de São Paulo – 2010) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) o pagamento espontâneo de dívida prescrita não pode ser repetido.

b) tratando-se de obrigação não suscetível de fracionamento, suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, aos demais será estendida.

c) a prescrição e a decadência legal podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. A prescrição pode ser renunciada. A decadência fixada em lei não pode ser objeto de renúncia.

d) o direito a alimentos, como é sabido, é imprescritível. Há previsão na lei civil, porém, estabelecendo que a pretensão para haver prestações alimentares estabelecidas judicialmente prescreve, a partir do vencimento, em cinco anos.

e) a responsabilidade dos assistentes dos relativamente incapazes e dos representantes legais das pessoas jurídicas, que derem causa à prescrição ou não a alegarem oportunamente, não é objetiva.

Comentários:

O direito aos alimentos é imprescritível. Ele não cessa pelo seu não exercício. A qualquer tempo, surgindo a necessidade, os alimentos poderão ser pleiteados. O que se opera é a prescrição em relação aos valores dos alimentos vencidos, ou seja, as prestações alimentares fixadas judicialmente e não pagos e nem exigidas no prazo acima. O que está errado na questão é o prazo. Segundo o art. 206, §2o, CC o prazo é de dois anos a partir da data em que se vencerem. As demais alternativas estão corretas. Letra “a” (uma dívida prescrita não necessita ser paga; mas se o for, não será repetida, ou seja o dinheiro não será devolvido); letra “b” (art. 201, CC), letra “c” (arts. 210, 191 e 211). A letra “e” é bem doutrinária. O art. 195, CC prevê a responsabilidade quando os representantes derem causa à prescrição, assegurando-se, assim, a incolumidade patrimonial dos incapazes. No entanto o dispositivo não estabelece qual o tipo de responsabilidade (objetiva ou subjetiva). A palavra

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fica com a doutrina... Entende a corrente majoritária que, havendo omissão no texto legal, trata-se da responsabilidade subjetiva, necessitando de prova da culpa (em sentido amplo) do agente, abrangendo ou o dolo (intenção) ou a negligência (modalidade de culpa em sentido estrito). Este ponto ficará mais claro com a aula sobre atos ilícitos e responsabilidade civil, que veremos adiante. Gabarito: “D”.

51) (ESAF – Analista Jurídico – Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará – 2006) Constitui causa interruptiva de prescrição a: a) ausência do Brasil por motivo de estar o devedor em serviço público da União, dos Estados e Municípios. b) incapacidade absoluta. c) apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores, o mesmo sucedendo com o processo de falência e de liquidação extrajudicial de bancos, bem como de companhias de seguro, a favor ou contra a massa. d) pendência de condição suspensiva, pois enquanto não realizada, o titular não adquire direito, logo não tem ação. e) pendência de ação de evicção.

Comentários:

A alternativa correta está prevista no art. 202, IV, CC. As demais situações são hipótese de suspensão do prazo prescricional (arts. 197, 198 e 199, CC). Gabarito: “C”.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS

CESPE/UnB

QUESTÃO 01 (CESPE/UnB – Analista Processual – Ministério Público do Estado do Piauí – 2012 – acrescentei outras semelhantes) No que concerne a prescrição e decadência, julgue o item subsecutivo.

a) Violado o direito, nasce para o seu titular a pretensão, que se extingue com a prescrição, nos prazos determinados pela parte especial do Código Civil.

b) O casamento, a aquisição de um bem imóvel, um homicídio e um terremoto são exemplos de atos jurídicos.

c) Os atos jurídicos voluntários independem da vontade do homem, porém, não são a ele estranhos, uma vez que atingem as relações jurídicas, e, como é o homem o seu sujeito, a ele interessam.

d) O decurso de tempo constitui ato jurídico em sentido estrito.

e) A derrelição tipifica exemplo de negócio jurídico lícito.

QUESTÃO 02 (CESPE/UnB – STM – Analista Judiciário – 2007) A respeito da prescrição e decadência, julgue os seguintes itens.

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a) O efeito da decadência é a extinção do direito, que se torna inoperante, não podendo ser fundamento de qualquer alegação em juízo, nem ser invocado, ainda que por via de exceção.

b) A prescrição extintiva atinge o direito subjetivo do lesado, mas preserva a ação em sentido material.

QUESTÃO 03 (CESPE/UnB – Analista e Técnico Judiciário – Área Judiciária – TRT/17a Região/ES – 2009) A respeito da prescrição e decadência, julgue os seguintes itens.

a) A prescrição iniciada contra uma pessoa sempre continua a correr contra o sucessor absolutamente incapaz.

b) O juiz não poderá pronunciar de ofício a prescrição sobre direitos patrimoniais.

c) Se a prescrição for suspensa em favor de um dos credores solidários, só aproveitará aos demais se a obrigação for indivisível.

d) Todo ato jurídico se origina de uma emissão de vontade, mas nem toda declaração de vontade constitui um negócio jurídico.

QUESTÃO 04 (CESPE/UnB – Procurador Federal – 2006) Acerca dos fatos jurídicos, julgue o item que se segue.

a) Para que exista a prescrição, é necessária a existência de pretensão a ser exercida, a inércia continuada do titular pelo prazo fixado em lei, e a ausência de causas que impeçam o transcurso do lapso temporal. A reunião desses requisitos faz nascer a prescrição, mas não causa de imediato a extinção da pretensão, uma vez que esta será aniquilada somente quando o devedor alegar judicialmente prescrição.

QUESTÃO 05 (CESPE/UnB – TJ/TO – Juiz de Direito – 2008) Acerca da prescrição e da decadência, julgue os itens a seguir:

a) O titular do direito patrimonial, desde que maior e capaz, poderá renunciar ao direito de invocar a prescrição, de forma expressa ou tácita, mesmo antes de decorrido o prazo estabelecido por lei.

b) Os direitos acessórios prescrevem quando há também a prescrição dos principais, e o Juiz, ao decidir sobre a ocorrência dessa prescrição, deverá extinguir o processo sem resolução de mérito.

c) O Juiz, de ofício, poderá reconhecer a prescrição de direitos ainda que seja favorecida pessoa maior e capaz. Entretanto, se a decadência for convencional, ela poderá ser alegada pela parte interessada, mas não poderá ser declarada de ofício pelo Juiz.

d) Se a prescrição for suspensa em favor de um dos credores solidários, contra os outros credores, o prazo prescricional fluirá normalmente, salvo quando a obrigação for indivisível.

e) A alteração dos prazos por acordo entre as partes pode ser admissível na decadência, porém não o é na prescrição.

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QUESTÃO 06 (CESPE/UnB – STM – Analista Judiciário – 2011) No que se refere ao Novo Código Civil, julgue o item a seguir.

a) Uma das causas que interrompem a prescrição é o despacho do juiz que ordena a citação, ainda que esse juiz seja incompetente.

QUESTÃO 07 (CESPE/UnB – Procurador do Estado de Roraima – 2004) Julgue os itens a seguir.

a) Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

b) A prescrição corre em 10 (dez) anos, salvo se a lei ou as partes interessadas houverem fixado prazo menor.

QUESTÃO 08 (CESPE/UnB – Tribunal de Contas da União – Auditor de Controle Externo – 2011) Julgue o item seguinte, a respeito da disciplina do Direito Civil.

a) As normas que estipulam os prazos prescricionais são dispositivas e, por isso, podem ser livremente alteradas pela manifestação de vontade das partes interessadas.

QUESTÃO 09 (CESPE/UnB – TRE/ES - Analista Judiciário – 2011) A respeito de prescrição, julgue o item subsequente.

a) Se, na constância do casamento, o marido causar dano material a sua esposa, ou vice-versa, a prescrição da pretensão de reparação civil por parte do cônjuge prejudicado somente começará a correr após o término da sociedade conjugal.

QUESTÃO 10 (CESPE/UnB – Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Distrito Federal – 2012) Com relação aos institutos da prescrição e da decadência, julgue o próximo item.

a) Admite-se a renúncia tácita da prescrição, mas a alteração de seus prazos depende de acordo expresso das partes envolvidas.

QUESTÃO 11 (CESPE/UnB – AGU – Advogado da União – 2012) A respeito da prescrição, julgue os itens seguintes.

a) O devedor capaz que pagar dívida prescrita pode reaver o valor pago se alegar, na justiça, a ocorrência de pagamento indevido ao credor, estando o direito de reaver esse valor fundado no argumento de que o credor que receba o que lhe não seja devido enriquece às custas do devedor.

QUESTÃO 12 (CESPE/UnB – Advocacia Geral da União – Procurador – 2006) Julgue os itens a seguir

a) O despacho do juiz que ordenar a citação, mesmo quando este for incompetente para tanto, interrompe a prescrição, se o interessado promovê-la no prazo e na forma da lei processual.

b) O atual Código Civil prevê o princípio da unicidade da interrupção e da suspensão da prescrição.

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GABARITO “SECO” CESPE/UnB

Questão 01

a) Errado

b) Errado

c) Errado

d) Errado

d) Errado

Questão 02

a) Certo

b) Errado

Questão 03

a) Errado

b) Errado

c) Certo

d) Certo

Questão 04

a) Errado

Questão 05

a) Errado

b) Errado

c) Certo

d) Certo

e) Certo

Questão 06

a) Certo

Questão 07

a) Certo

b) Errado

Questão 08

a) Errado

Questão 09

a) Certo

Questão 10

a) Errado

Questão 11

a) Errado

Questão 12

a) Certo

b) Errado