UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ / UNIDADE JATOBÁ TCCG-GRADUAÇÃO EM MEDICINA...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ / UNIDADE JATOBÁ TCCG- GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA CLÍNICA CIRÚRGICA E REPRODUÇÃO DE BOVINOS Acadêmico: Eduardo Siqueira Martins Orientadora: Profa. Cecília Nunes Moreira Sandrini Jataí 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ / UNIDADE JATOBÁ

TCCG- GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

CLÍNICA CIRÚRGICA E REPRODUÇÃO DE BOVINOS

Acadêmico: Eduardo Siqueira Martins Orientadora: Profa. Cecília Nunes Moreira Sandrini

Jataí 2007

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EDUARDO SIQUEIRA MARTINS

CLÍNICA CIRÚRGICA E REPRODUÇÃO DE BOVINOS

Trabalho de conclusão de curso de Graduação em Medicina Veterinária apresentado para obtenção do título de Médico Veterinário junto à Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí Orientadora: Profa. Dra. Cecília Nunes Moreira Sandrini Supervisor: Médico Veterinário Leandro Bonifácio da Silva

Jataí 2007

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EDUARDO SIQUEIRA MARTINS

Trabalho de conclusão de curso de graduação em Medicina Veterinária defendida

e aprovada em 23 de novembro de 2007, pela seguinte banca examinadora:

____________________________________________

Profa. Dra. Cecília Nunes Moreira Sandrini Presidente da Banca

____________________________________________

Prof. Msc. Henrique Trevizoli Ferraz

Membro da banca

____________________________________________

Médico Veterinário Valdir Chiogna Junior

Membro da banca

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Dedico este trabalho aos meus pais;

Tiburcio Siqueira Gama Neto e Cacilda Martins Neves

Gama, pessoas que sempre me incentivaram e

ensinaram com paciência, compreensão e amor, me

mostrando sempre o valor do estudo, da honestidade e

do respeito pelos próximos; à minha irmã Paula

Siqueira Martins, por ter me mostrado a importância

em se dedicar a seus ideais e pelo que me ensinou

durante toda minha vida, sendo minha amiga e

conselheira.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado a oportunidade de poder estudar,

por ter me dado uma família honesta, responsável e amigos verdadeiros.

Aos meus pais, pessoas que eu sempre amarei e admirarei por terem

me criado com carinho e respeito, sempre preocupados com meu bem estar e

conforto e sempre se esforçando para que eu pudesse me dedicar

exclusivamente aos meus estudos.

Aos meus irmãos Paula Siqueira Martins, Fernando Siqueira Martins e

a minha prima Fernanda Martins Neves, que para mim sempre foi e será uma

irmã. Pessoas que sempre me ajudaram, com alegria e disposição, sempre

suportando e rindo do meu jeito.

A Gracielle Teles Pádua, que esteve ao meu lado nos últimos anos,

sempre apoiando minhas decisões, compreendendo minhas manias e me

ajudando em tudo que eu precisasse.

Aos meus avós e minha família, que sempre me acolheram com alegria

e satisfação. Pessoas que eu admiro e respeito.

Aos meus irmãos de republica: Werik (Agrônomo), Felipe (Nanico), Luiz

Fabiano (Bianno), Arthur (IG), Ricardo (Carrerinha), Murilo (Piriguete) e Maicol

(Lumbriga); pela amizade e paciência que sempre tiveram comigo, por terem me

acolhido, tornando nos últimos anos minha segunda família. Pessoas que sempre

considerarei como meus irmãos.

Ao amigo Daniel Rezende, pessoa que conheço a vários anos, que

para mim sempre foi um amigo para todas as horas, e que admiro pela sua

amizade, confiança e seu humor.

Ao Médico Veterinário Leandro Bonifácio da Silva, que supervisionou

meu estágio, transmitindo muitos conhecimentos e se tornado um verdadeiro

amigo no decorrer do estágio.

Aos amigos Bruno Najjar, Daniel Afonso, Fernando Baraldi, Renatinho,

Valdir, Felipe (Valdomiro), Candango, Arnaldo Jr., Vinícius, Leandro, Wladimir,

Diego (Cowboy) e outros mais.

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Aos meus amigos e colegas de sala, pessoas que apesar das muitas

brigas e desentendimentos, aprendi a gostar e sei que sentirei falta no futuro,

especialmente Heriton (Tigrão), Janderson (Bié), Danilo (Pudim), Thiago, Keyla,

Cínara, Ana Luiza, Alliny e Talita.

Aos professores da Universidade, pelos ensinamentos e empenho em

melhorar o curso de Medicina Veterinária, especialmente a Cecília, Rogério,

Fabiano, Alana, Filipe e Vera Banys.

Aos proprietários e funcionários da Vetmaster, pessoas que me

acolheram e transmitiram muitos conhecimentos, e que considero verdadeiros

amigos, especialmente João Paulo, Gabriel, Uander, Luciano e Maxuel.

Aos funcionários e colaboradores da Universidade Federal de Goiás,

Campus Jataí, por proporcionarem condições para o nosso estudo na

Universidade.

Aos animais, que são o verdadeiro motivo de nossas vidas, aqueles

que escolhemos para conviver diariamente, e que merecem todo respeito e

consideração.

O meu muito obrigado.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Atividades realizadas por especialidade veterinária, durante o

estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30

de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa

Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO.....

TABELA 2 Procedimentos realizados na área de clínica cirúrgica, durante

o estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30

de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa

Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO......

TABELA 3 Atividades realizadas nas especialidades de Reprodução

animal e obstetrícia, segundo a espécie animal, durante o

estágio supervisionado curricular realizado no período de 30

de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa

Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO......

TABELA 4 Atividades desenvolvidas nas especialidades nutrição e

sanidade animal, durante o estágio supervisionado curricular

realizado no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro

de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município

de Pontalina – GO.......................................................................

TABELA 5 Atividades desenvolvidas na especialidade clinica médica

animal, durante o estágio supervisionado curricular realizado

no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na

empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina

– GO............................................................................................

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Locais para incisão na parede abdominal e no útero em cesarianas nos bovinos........................................................... 8

FIGURA 2 Cesariana em uma matriz nelore - Matriz em trabalho de parto no momento de exame clínico....................................... 12

FIGURA 3 Cesariana em uma matriz nelore - Matriz em trabalho de parto no momento de exame clínico....................................... 12

FIGURA 4 Cesariana em uma matriz nelore - Contenção física da matriz....................................................................................... 13

FIGURA 5 Cesariana em uma matriz nelore – Matriz em decúbito lateral direito com tricotomia da região paramamária, para realização da incisão............................................................... 14

FIGURA 6 Cesariana em matriz nelore. Incisão Paramamária................ 15 FIGURA 7 Cesariana em matriz nelore. Exposição de parte do útero..... 15 FIGURA 8 Cesariana em uma matriz nelore - Local da incisão após a

dermorrafia.............................................................................. 16 FIGURA 9 Cesariana em uma matriz nelore - Local da incisão após

aplicação de SPORLAN spray®.............................................. 17 FIGURA 10 Cesariana em uma matriz nelore - Matriz e bezerra após a

realização da cirurgia.............................................................. 18 FIGURA 11 Interação entre o sistema nervoso central e o sistema

endócrino para manutenção da atividade reprodutiva............ 22 FIGURA 12 Desenvolvimento folicular e produção de hormônios pelos

ovários .................................................................................... 24 FIGURA 13 Ondas de crescimento folicular............................................... 26 FIGURA 14 Folículo fotografado no momento da ovulação...................... 27 FIGURA 15 Escore de condição corporal. Escala de 1 a 5...................... 29 FIGURA 16 Efeito do ECC na taxa de gestação ao longo da estação de

monta....................................................................................... 30 FIGURA 17 Alguns medicamentos utilizados na sincronização do ciclo

estral. Croniben®.................................................................... 38 FIGURA 18 Alguns medicamentos utilizados na sincronização do ciclo

estral. Cronibest®.................................................................... 38 FIGURA 19 Alguns medicamentos utilizados na sincronização do ciclo

estral. Folligon®...................................................................... 38

FIGURA 20 Diferentes dispositivos intravaginais de progesterona............ 39 FIGURA 21 Dispositivo Intravaginal sendo colocado no aplicador............. 40 FIGURA 22 Momento em que o dispositivo é colocado no fundo do saco

vaginal. - Dispositivo sendo colocado..................................... 41 FIGURA 23 Momento em que o dispositivo é colocado no fundo do saco

vaginal. Aplicador sendo inserido na vagina........................... 41 FIGURA 24 Retirada do dispositivo intravaginal de progesterona............. 42

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO.................................................. 2 3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.............................. 3 4 CESARIANA.............................................................................................. 7 4.1 Revisão de literatura................................................................................. 7 4.2 Relato de caso.......................................................................................... 12 4.2.1 Pré-operatório........................................................................................... 13 4.2.2 Trans-operatório........................................................................................ 14 4.2.3 Pós-operatório........................................................................................... 16 4.2.4 Evolução do quadro.................................................................................. 18 4.3 Discussão e conclusão............................................................................. 18

5 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO EM VACAS LEITEIRAS................................................................................................ 21

5.1 Introdução................................................................................................. 21 5.2 Revisão de literatura................................................................................. 22 5.2.1 Fisiologia reprodutiva............................................................................... 22 5.2.2 Ciclo estral em bovinos............................................................................. 25 5.2.3 Dinâmica folicular...................................................................................... 25 5.2.4 Nutrição - escore de condição corporal (ECC)......................................... 28 5.2.5 Inseminação artificial (IA).......................................................................... 30 5.2.6 Inseminação artificial em tempo fixo (IATF).............................................. 31 5.2.7 Principais fármacos utilizados no controle do ciclo estral......................... 32 5.3 Relato de caso.......................................................................................... 35 5.3.1 Anamnese................................................................................................. 36 5.3.2 Diagnóstico de gestação........................................................................... 37 5.3.3 Recomendações ao proprietário................................................................ 37 5.3.4 Tratamento................................................................................................ 38 5.3.5 Inseminação artificial após a sincronização do cio................................... 42 5.3.6 Diagnóstico de gestação após a IATF...................................................... 43 5.4 Discussão e conclusão............................................................................. 43 6 CONCLUSÃO............................................................................................ 46 7 REFERÊNCIAS......................................................................................... 47

1 INTRODUÇÃO

Lojas de produtos agropecuários, com corpo técnico qualificado, têm se

mostrado como excelentes locais para realização de estágio, tanto curricular

quanto extracurricular, uma vez que permitem ao estagiário entender de forma

prática qual o campo de atuação do médico veterinário nesta área.

Esses estabelecimentos permitem que o aluno se relacione com

proprietários rurais, conhecendo suas reais dúvidas e necessidades, além de

permitir que o estagiário contribua para resolução de tais problemas.

O local para realização do estágio curricular foi escolhido pelo fato de

ser uma empresa conceituada, com profissionais competentes, com uma alta

casuística em atendimento de grandes animais, principalmente bovinos leiteiros e

também de pequenos animais.

Além do conhecimento adquirido na Universidade, o estudante de

medicina veterinária muitas vezes se depara com situações em que é necessário

um conhecimento mais prático para resolução de um problema, fato que muitas

vezes é crucial para o sucesso do profissional.

O estágio curricular permite ao aluno adquirir conhecimentos teóricos e

práticos de médicos veterinários experientes, contribuindo assim para a formação

de um bom profissional.

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2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio curricular supervisionado foi realizado na empresa Comercial

Vetmaster Ltda, localizada no seguinte endereço: Avenida Comercial, nº. 1260,

Centro, município de Pontalina – GO, no período de 30 de julho de 2007 a 11 do

outubro de 2007, sob a supervisão do Médico Veterinário Leandro Bonifácio da

Silva, perfazendo um total de 400 horas.

Esta é uma empresa privada existente há 5 anos, constituída pelos

Médicos Veterinários Leandro Bonifácio da Silva e Maxuel Martins Ribeiro, um

gerente, dois balconistas, duas funcionárias de caixa, um técnico agrícola e dois

carregadores.

A empresa possui área de loja veterinária, consultório para pequenos

animais, fábrica de rações concentradas e suplementos minerais formulados em

parceria com a Nutron – Nutrição Animal, pet shop com banho e tosa de

pequenos animais, laboratório para realização de exames de brucelose e

depósitos de rações e sais minerais.

Realiza serviços a campo envolvendo assistência técnica à

propriedades rurais, controle zootécnico, manejo nutricional e sanitário de

rebanhos, programa de controle estratégico de endoparasitas e ectoparasitas,

manejo reprodutivo e atendimento clínico e cirúrgico.

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3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante as 400 horas de estágio curricular supervisionado

acompanhou-se a rotina de trabalho da empresa Comercial Vetmaster Ltda, onde

foram realizadas várias atividades nos mais distintos campos da Medicina

Veterinária, indo de simples orientações técnicas, como no manejo nutricional de

rebanhos até intervenções clínicas e cirúrgicas, podendo ser observadas na

Tabela 1.

TABELA 1 Atividades realizadas por especialidade veterinária, durante o estágio

curricular supervisionado, realizado no período de 30 de julho de

2007 à 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster

Ltda, no município de Pontalina – GO.

Área de atuação

Espécies

Bovina Eqüina Canina Felina Total %

Clinica cirúrgica 27 1 12 — 40 7,02

Reprodução e obstetrícia 307 1 — — 308 54,03

Nutrição 14 — — — 14 2,45

Clínica médica 51 1 24 2 78 13,7

Sanidade 130 — — — 130 22,8

Total 529 3 36 2 570 100

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

Na área de clínica cirúrgica foram realizados diversos procedimentos,

durante o estágio curricular supervisionado, podendo ser observados de acordo

com a espécie na tabela 2.

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TABELA 2 Procedimentos realizados na área de clínica cirúrgica, durante o

estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30 de julho

de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster

Ltda, no município de Pontalina – GO.

Procedimento Espécies

Bovina Eqüina Canina Total % Casqueamento curativo 12 — — 12 30 Sutura de teto 3 — — 3 7,5 Glossoplástia 1 — — 1 2,5 Enucleação 1 — — 1 2,5 Cesariana 3 — 2 5 12,5 Castração de machos — 1 6 7 17,5 Obstrução uretral 1 — — 1 2,5 Abertura do esfíncter do teto 3 — — 3 7,5 Ovariosalpingehisterectomia — — 2 2 5 Sutura de reto e vulva 1 — — 1 2,5 Desmotomia patelar 1 — — 1 2,5 Remoção de teto extra-numerário 1 — — 1 2,5 Evisceração — — 2 2 5 Total 27 1 12 40 100

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

Foram realizadas várias atividades nas especialidades de Reprodução

Animal e Obstretrícia, durante o estágio supervisionado curricular. Como pode ser

observado na Tabela 3.

TABELA 3 Atividades realizadas nas especialidades de Reprodução animal e

Obstetrícia, segundo a espécie animal, durante o estágio

supervisionado curricular realizado no período de 30 de julho de 2007

a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no

município de Pontalina – GO.

Procedimentos Espécies

Bovina Canina Total % Prolapso Cérvico-vaginal 1 — 1 0,31 Prolapso uterino 10 — 10 3,25 Diagnóstico de gestação 240 — 240 78,15 Parto distócico 5 — 5 1,63 Inseminação Artificial em Tempo Fixo 47 — 47 15,30 Cesariana 3 2 5 1,63 Total 306 2 308 100 Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

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As atividades desenvolvidas nas áreas de nutrição e sanidade animal,

foram agrupadas na Tabela 4, de acordo com as espécies, foram realizadas

principalmente atividades na área de sanidade, como a coleta de material,

realização de exame de brucelose e tuberculose e envio de amostras para

laboratórios.

TABELA 4 Atividades desenvolvidas nas especialidades nutrição e sanidade

animal, durante o estágio supervisionado curricular realizado no

período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa

Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO.

Procedimentos Espécies

Bovina Eqüina Suína Total %

Palestras — — 2 2 1,39 Manejo nutricional 10 — — 10 6,94 Coleta de amostras de silagem 2 — — 2 1,39 Coleta de sangue para exames 73 2 — 75 52,08 Exames de Brucelose e Tuberculose 55 — — 55 38,20 Total 140 2 2 144 100 Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

Na área da Clinica Médica foram feitos diversos procedimentos

diagnósticos, consultas e tratamentos, atendendo principalmente bovinos e cães.

Na Tabela 5 pode-se observar as atividades realizadas.

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TABELA 5 Atividades desenvolvidas na especialidade clinica médica animal,

durante o estágio supervisionado curricular realizado no período de 30

de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial

Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO.

Área de atuação Espécies

Bovina Eqüina Canina Felina Total % Intoxicação por abamectina 1 — — — 1 1,28 Otite 2 — 1 — 3 3,84 Carbúnculo Sintomático 8 — — — 8 10,30 Botulismo 1 — — — 1 1,28 Abdome Agudo — 1 — — 1 1,28 Retenção de placenta 6 — — — 6 7,70 Hipocalcemia 4 — 5 — 9 11,53 Babesiose 7 — 3 — 10 12,82 Erliquiose — — 2 — 2 2,56 Traqueobronquite Infecciosa — — 2 — 2 2,56 Intoxicação por micotoxina 3 — — — 3 3,84 Parvovirose — — 3 — 3 3,84 Cinomose — — 3 — 3 3,84 Consultas 10 0 5 2 17 21,80 Timpanismo/indigestão 9 — — — 9 11,53 Total 51 1 24 2 78 100 Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

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4 CESARIANA

4.1 REVISÃO DE LITERATURA

Segundo TONIOLLO & VICENTE (1993), o termo cesárea se origina da

expressão latina caesa matris útero, que significa corte do útero materno. A

cesariana trata-se de uma laparohisterotomia com finalidade de retirar um ou mais

fetos, vivos ou mortos, de fêmeas uníparas ou multíparas na época do parto,

podendo ser conservativa ou total (histerectomia).

Para TURNER & MCILWRAITH (2002), a cesariana é indicada para os

diversos tipos de distocia, incluindo aquelas causadas por tamanho

desproporcional relativo do feto, quando há deformidade da pelve materna,

monstros fetais, endurecimento da cérvix, má-posição fetal, hidropsia do âmnio e

do alantóide, torção uterina e também quando há fetos enfisematosos.

A distocia pode ser devido a causas fetais, maternas ou mecânicas. A

fetal resulta de anormalidades na apresentação ou posição do feto e de

irregularidades de postura da cabeça ou membros; podendo ser devido a um

relativo ou absoluto excesso de tamanho do feto, as monstruosidades fetais, ou a

presença de gêmeos. A materna ocorre por inércia uterina primária (incapacidade

do útero em se contrair suficientemente para expulsar o feto), ou secundária

(exaustão da musculatura uterina por excesso de contração), ou seja, depende da

capacidade de contração do útero, bem como de dilatação suficiente do cérvix. As

causas mecânicas são geralmente devido à desproporção feto-pélvica, torções

uterinas, estenose de cérvix e vagina ou devido a anomalias congênitas (HAFEZ,

1995). Segundo SMITH (1994) em fêmeas bovinas, a incidência de distocia oscila

de 3 a 25% dos partos.

A cesariana é, geralmente, um procedimento de emergência, pois a

distocia prolongada coloca em risco as vidas da mãe e/ou do feto (BOJRAB,

1996). Sendo que a vaca que tenha sofrido um longo período de manipulação

fetal ou tentativas de fetotomia, estando sistemicamente comprometida, não é

uma candidata para a cesariana (TURNER & MCILWRAITH, 2002).

Diferentes formas de abordagem foram desenvolvidas para a secção

cesariana, como a abordagem pelo flanco ou paralombar esquerda (Figura 1),

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sendo esta a incisão padrão para um feto não contaminado viável ou

recentemente morto, em que a vaca é capaz de suportar a cirurgia enquanto

estiver em estação. Em algumas situações, a laparotomia pelo flanco direito fica

indicada quando existe uma distensão acentuada do rúmen ou quando o exame

clínico indica que a remoção pelo lado direito seria mais conveniente. Nos casos

de rotina, a incisão pelo flanco esquerdo é a mais indicada, pois este

procedimento evita maiores problemas com os intestinos, como por exemplo, a

dificuldade que se tem para localizar e expor o útero, uma vez que as alças

intestinais se localizam em menor quantidade neste lado, havendo uma menor

probabilidade dessas alças se exteriorizarem, evitando com isso uma maior

contaminação, tanto dos intestinos como do peritônio do animal (TURNER &

MCILWRAITH, 2002).

No caso de um feto morto ou enfisematoso, a abordagem ventral deve

ser empregada. A incisão paramediana ventral requer que a vaca esteja em

decúbito dorsal. Uma alternativa é a abordagem oblíqua ventrolateral que poderá

ser realizada com o animal em decúbito lateral. Ambas as técnicas reduzem a

contaminação do peritônio, que poderá ocorrer durante a remoção do feto

enfisematoso contaminado e seus debris associados (TURNER & MCILWRAITH,

2002).

FIGURA 1 – Locais para incisão na parede abdominal e no útero em cesarianas nos bovinos.

Fonte: www.mcguido.vet.br

Incisão uterina

Ultima costela

Incisão abdominal

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SILVA et al. (2000) afirmaram que a contenção do animal em decúbito

é preferível, já que facilita a exteriorização do útero e reduz o risco do animal cair

durante a operação.

Quanto à contenção química, os tranqüilizantes, apesar de passarem

pela barreira placentária, aparentemente não apresentam risco imediato para o

feto, desde que usados com cautela. É conveniente, quando necessário, usá-los

em doses menores (MASSONE, 2003).

O risco de uma cesariana aumenta quando ocorrem alterações

fisiológicas que interferem na reposta do paciente e do feto em relação ao

anestésico ou ainda diante de técnicas que podem ser consideradas cômodas

para a fêmea, mas desconfortáveis para o feto, aumentando o risco de morbidade

ou mortalidade do mesmo (MASSONE, 1988).

Segundo SLATTER (1998), não existe um protocolo anestésico que

seja, isoladamente, melhor que os demais. O cirurgião deve considerar o estado

fisiológico do paciente e do feto.

No entanto, TONIOLLO & VICENTE (2003) consideram que qualquer

droga anestésica, independente da forma de administração, atravessa com

rapidez a barreira placentária, atingindo o feto que ainda possui atividade

microssomal hepática deficiente. Os autores ainda afirmam que a resposta da

fêmea ao efeito anestésico pode-se alterar em função de seu estado fisiológico, e

que devem ser utilizadas drogas que possibilitem rápido retorno anestésico para

facilitar a amamentação.

Segundo FIALHO (1985) as vacas deixam de se alimentarem horas

antes do parto, e em casos de distocias, este tempo muitas vezes ultrapassa 24

horas, esgotando as reservas de glicogênio e diminuindo a capacidade

desintoxicante do fígado.

A cesariana da vaca é efetivada com o animal sob analgesia local. Se a

abordagem é pelo flanco, poderá ser feito um bloqueio paravertebral, em L

invertido ou então linear. A imobilização do animal com cordas, com ou sem

sedação, é uma medida suplementar de restrição das vacas quando se faz a

abordagem ventral (TURNER & MCILWRAITH, 2002).

A incisão paramediana ventral para a cesariana é situada na metade

do caminho entre a linha mediana e a veia subcutânea abdominal estendendo-se

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na direção caudal do umbigo até a glândula mamária (TURNER & MCILWRAITH,

2002).

Após a pele, secciona-se a fáscia do músculo obliquo abdominal

externo com o bisturi, com posterior divulsão com os dedos dos músculos obliquo

abdominal externo, obliquo interno do abdome e transverso abdominal, seguindo-

se então a secção do peritônio (GETTY, 1981).

Na cavidade peritoneal, o cirurgião manipula a porção do corno uterino

que contém o feto e tenta exteriorizar uma região para a histerotomia. A incisão

uterina é normalmente feita no corno uterino próximo ao local onde é identificado

um dos membros do feto. Sendo que esta incisão deve ser longa o bastante para

permitir a remoção do feto sem que se dilacere ou se amplie à incisão uterina

(TURNER & MCILWRAITH, 2002).

Segundo SOUZA (1977) deve-se incindir 20 a 25 cm no corno

gravídico longitudinalmente em sua face convexa, sendo a incisão extra-

abdominal para evitar a contaminação da cavidade com membranas e líquidos

fetais. Garantindo que a incisão uterina seja corretamente fechada com suturas

invertidas (Shimieden e Cushing, por exemplo) e é essencial que não haja

pedaços de placenta deixadas nas suturas. A reposição do útero na sua posição

normal no abdômen antes de fechar a incisão abdominal é realizada sem grandes

técnicas (SACCAB et al., 2005).

Segundo TURNER & MCILWRAITH (2002), os nós e a sutura quando

expostos tendem a desenvolver aderências entre o útero e os órgãos vicerais,

sendo assim deve-se observar para que ocorra a mínima exposição possível do

fio, evitando maiores danos à vida reprodutiva do animal, após a cesariana e

consequentemente evitando o descarte desnecessário de animais, pois de acordo

com SILVA et al. (2004) os problemas reprodutivos estão entre as principais

causas de descartes em fêmeas bovinas.

Para evitar a aderência do útero com a parede abdominal ou rumem, é

aconselhável a aplicação única, por via intra-abdominal, de uma dose de

corticosteróide diluído em 100 ml de água destilada ou soro fisiológico

(GRUNERT & BIRGEL, 1989).

Em relação aos fios utilizados nas suturas, MAGALHÃES (1993)

afirmou que a escolha do fio absorvível é feita quando a manutenção da

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resistência não é importante ou quando a presença de processo infeccioso torna

indesejável o uso de material inabsorvível.

TOGNINI & GOLDENBERG (1998) aprovam o uso de fios absorvíveis

na síntese da parede abdominal, tais como, o categute simples e cromado; e os

não-absorvíveis como a poliamida monafilamentar, seda, algodão, aço inoxidável,

polipropileno, poliéster, entre outros. Entretanto, a opção pela utilização do fio de

algodão é baseada no risco potencial de deiscência de ferida, em virtude da

natureza físico-química dos fios absorvíveis.

Segundo DIOGO-FILHO et al. (2004), a nitrofurazona utilizada na

cavidade atua na cicatrização, diminuindo o tecido de granulação, não diminuindo

a incidência de aderências entre as alças intestinais e o peritônio parietal, porém

diminuindo a intensidade das aderências e consequentemente a gravidade

destas.

Porém a nitrofurazona pertence ao grupo de compostos denominados

nitrofuranos, sendo que no Brasil foram estabelecidos para estes compostos

limites de tolerância zero, assim sua utilização é proibida em animais produtores

de alimentos (SOUZA et al., 2001).

Após a retirada deve-se limpar a boca e focinho dos fetos, eliminando o

muco e líquido fetal. Se necessário pode-se também segurar os fetos, levantando-

os pelos membros posteriores, para ajudar a drenar o fluído ou usar aparelho

para sucção. A respiração deverá ser estimulada esfregando e pressionando

levemente a região torácica do feto (SACCAB et al., 2005).

Para estimular a respiração do recém-nascido podem ser usados

fármacos broncodilatadores como aminofilina, que tem ação curta, porém potente,

produzindo vasodilatação coronariana e estimulando a diurese (SPINOSA et al.,

2002).

No pós-operatório, segundo SPINOSA et al. (2002), o uso de

glicocorticóide deve ser feito buscando um efeito antiinflamatório e prevenindo um

possível choque séptico, porém, VIANA (2000) cita que estes fármacos podem

causar efeitos indesejáveis, retardando a cicatrização e podendo reduzir a

produção de leite.

É indicado o uso de penicilina, um antibiótico beta-lactâmico, para o

tratamento de infecções causadas principalmente por bactérias gram positivas,

12

porém com uma pequena atuação sobre gram negativas, que atua impedindo a

síntese da parede bacteriana, estrutura responsável pelas funções de proteção,

sustentação e manutenção da forma da bactéria (SPINOSA et al. 2002).

Segundo SILVA et al. (2000) as principais complicações pós-

operatórias observadas em animais submetidos à cesariana são: retenção de

envoltórios fetais, metrite clínica, retenção associada à metrite, deiscência de

ferida, peritonite e edema.

4.2 RELATO DE CASO:

Foi solicitado por um cliente a presença de um Médico Veterinário para o

atendimento de uma fêmea bovina, nelore PO, de aproximadamente 400 kg e 36

meses de idade, que se apresentava com distocia (Figura 2 e 3). À anamnese foi

informado que a matriz entrou em trabalho de parto há aproximadamente seis

horas. A novilha apresentava boa condição corporal, estava alerta e em estação.

Sendo conduzida até o brete para inspeção. Ao exame percebeu-se um dos

membros do feto pronunciado pela vagina que, à palpação, confirmou-se como

torácico e como agravante pode-se identificar um outro feto. A matriz apresentava

a via fetal dilatada. Tentou-se concluir o parto através de manobra obstétrica,

porém pelo tamanho de um dos fetos ser desproporcional à entrada pélvica, o

procedimento não resultou sucesso.

FIGURA 2 e FIGURA 3 – Cesariana em uma matriz nelore - Matriz em trabalho de parto no momento de exame clínico.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

2 3

13

Analisou-se então, o estado geral do animal, avaliando-se o

comprometimento da novilha, estado geral e mucosas. Como o animal estava

alerta e sem sinais agravantes ao procedimento cirúrgico, decidiu-se recorrer à

realização de uma cesariana, procedendo-se da seguinte forma:

4.2.1 Pré-operatório:

A matriz não foi tranqüilizada apesar de estar alerta uma vez que o uso

de tranqüilizantes poderia causar efeitos adversos aos fetos, foi contida em

decúbito lateral direito com uso de cordas (Figura 4).

Então foi realizada a limpeza da região paramamária que foi a opção

da abordagem cirúrgica, com água e sabão, em seguida foi feita a tricotomia

paramamária e antissepsia de toda região com solução de iodo 2,6% (Figura 5).

Infiltrou-se anestésico local em L invertido e na linha de incisão, com cloridrato de

FIGURA 4 – Cesariana em uma matriz nelore - Contenção física da matriz. Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

14

lidocaína 2g + epinefrina 0,002g (Anestésico L Pearson) na dose de 1mg/kg (20

ml).

4.2.2 Trans-operatório:

Realizou-se uma incisão longitudinal da pele de aproximadamente 30

cm de comprimento com o bisturi, bem como da fáscia do músculo oblíquo

abdominal externo (Figura 6). Os músculos oblíquo abdominal externo, oblíquo

interno do abdome e transverso abdominal foram divulsionados com as mãos.

Incidiu-se o peritônio com uma tesoura romba-romba, protegendo as vísceras

com o dorso da mão. O útero foi tracionado e exteriorizado parcialmente (Figura

7), reconhecendo a posição de um dos fetos e fazendo a incisão uterina sobre um

dos membros posteriores deste para facilitar a retirada. Os membros posteriores

foram exteriorizados e o feto tracionado para fora da cavidade. Este primeiro feto

já estava morto e era macho, então continuou-se o procedimento, e o segundo

FIGURA 5 – Cesariana em uma matriz nelore – Matriz em decúbito lateral direito com tricotomia da região paramamária, para realização da incisão.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

15

feto foi retirado com um pouco mais de dificuldade devido ao seu tamanho e a

posição em que se encontrava no útero, sendo tracionado pelos membros

anteriores. Após sua retirada foi feita uma massagem torácica sendo necessário

que levantasse a bezerra pelos membros posteriores para eliminação de líquidos

e limpeza de suas narinas, como a bezerra apresentava dificuldade para respirar

foi necessária à aplicação endovenosa de cinco ml de aminofilina 24 mg/ml (4

mg/kg).

Em seguida foi feita a limpeza e lavagem do útero com nitrofurazona

2% (Riocin®), esse procedimento foi realizado devido a ausência de outro

medicamento na propriedade, sendo, portanto a única opção no momento. A

histerorrafia foi realizada com fio orgânico absorvível categute nº. 3, optando-se

por padrão Shimieden para aproximação das bordas da ferida cirúrgica no útero.

A sutura de inversão de bordas foi a de Cushing, utilizando também fio orgânico

absorvível categute nº3.

Retornou-se o útero à cavidade cobrindo-o com o omento.

À musculatura e o peritônio foram suturados com fio orgânico

absorvível categute nº. 3, padrão X, a fáscia do músculo oblíquo abdominal

externo foi suturada com fio inabsorvível de algodão-000, padrão simples

separado.

A dermorrafia foi feita com fio inabsorvível de algodão-000, padrão

simples separado (Figura 8).

FIGURA 6 e 7 – Cesariana em matriz nelore. 6 – Incisão Paramamária. 7 – Exposição de parte do útero.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

7

7 6

16

4.2.3 Pós-operatório:

Fez-se curativo com spray a base de Spinosad 0,4 g + clorexidina

digluconato 0,08 g + éter dimetil (DME) 30 g + excipiente q.s.p. 100 g

(SPORLAN®, Elanco), sendo recomendado repetir o procedimento a cada 24

horas, até a completa cicatrização da ferida cirúrgica. Para os pontos de pele foi

recomendada a retirada após 15 dias.

FIGURA 8 – Cesariana em uma matriz nelore - Local da incisão após a dermorrafia.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

17

Como antibioticoterapia foi utilizada solução a base de benzil penicilina

G benzatina 10.000.000 UI + benzil penicilina G procaína 10.000.000 +

diidroestreptomicina (sulfato) 20 g + veículo q.s.p. 100 ml (Penfort PPU®, Ouro

Fino), na dose de 25.000 UI/kg da benzil penicilina G benzatina, em intervalos de

48 horas até completar cinco aplicações.

Foi usado como antiinflamatório uma aplicação intramuscular de

suspensão de Fenilpropionato de dexametasona 2 mg + fosfato-sódico de

dexametasona 1 mg + veiculo q.s.p. 1ml (Dexaforce®), na dose de 10 mg/animal.

FIGURA 9 – Cesariana em uma matriz nelore -Local da incisão após aplicação de SPORLAN spray.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

18

4.2.4 Evolução do quadro

A cirurgia foi bem sucedida e proporcionou uma perfeita recuperação

da vaca e da bezerra (Figura 10), visto que a intervenção foi feita na hora correta,

sem que tenha ocorrido manipulação excessiva por pessoas inabilitadas,

contribuindo-se assim para recuperação do animal.

4.4 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

A opção pela cirurgia fundamentou-se nas recomendações de

TURNER & MCILWRAITH (2002), devido à impossibilidade de extrair o feto pelas

vias fetais normais, uma vez que seu tamanho era desproporcional quanto à

entrada pélvica materna.

Outro fato que contribuiu para a opção cirúrgica foi o diagnóstico de

uma gestação gemelar, o que segundo HAFEZ (1995) apresenta em gado de

FIGURA 10 – Cesariana em uma matriz nelore - Matriz e bezerra após a realização da cirurgia.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

19

corte uma proporção de nascimento, em média, menor do que 1%, sendo assim

necessário a rápida retirada dos fetos, uma vez que a matriz já estava em

trabalho de parto há aproximadamente seis horas.

Grande parte dos animais submetidos a cesariana estão em estado

toxêmico, e as toxemias causam degenerações nos órgãos parenquimatosos,

particularmente no fígado e miocárdio, por isso deve-se ter precaução na

administração de fármacos anestésicos não-voláteis em animais intoxicados ou

debilitados, recomendando-se nesses casos bloqueio anestésico regional e

epidural.

Quanto à técnica cirúrgica adotada, a utilização da abordagem

paramediana ventral com o animal colocado em decúbito lateral direito obteve

bom resultado, apesar de discordar de TURNER & MCILWRAITH (2002), porém,

segundo nosso aprendizado e a experiência do médico veterinário responsável,

esse tipo de técnica tem trazido excelentes resultados. Outro fator que levou a

escolha da abordagem foi que a matriz estava bastante ativa, o que dificultaria a

utilização de outra abordagem.

Deve-se dar preferência à parte dorsal do corno uterino (face convexa

do corno gravídico), pois a incisão em outro local pode até facilitar a retirada do

feto, mas a cicatriz da incisão causa um local de “surdez uterina”, impossibilitando

a nidação do embrião, comprometendo a fertilidade futura da vaca.

O padrão de sutura adotado no procedimento cirúrgico foi correto, com

dois planos de sutura no útero (Shimieden e Cushing) possibilitando uma síntese

segura (SACCAB et al., 2005) e com pouco contato com orgãos viscerais

minimizando-se assim a ocorrência de aderências e comprometendo a fertilidade

da matriz (TURNER & MCILWRAITH, 2002),

De acordo com GRUNERT & BIRGEL (1989), para evitar a aderência

do útero com a parede abdominal ou rumem, é aconselhável a aplicação única,

por via intra-abdominal, de uma dose de corticosteróide diluído em 100 ml de

água destilada estéril ou soro fisiológico. Este procedimento não foi utilizado no

caso.

O tipo de fio de sutura escolhido (absorvível) para a histerorrafia e a

musculatura foi correto, de acordo com TURNER & MCILWRAITH (2002), uma

20

vez que o útero estava pouco contaminado, causando menor impacto reprodutivo

na paciente e permitindo uma boa cicatrização da região muscular divulsionada.

A sutura da fáscia do músculo oblíquo abdominal externo e a

dermorrafia foram corretamente feitas com fio de algodão nº. 000 com padrão

simples separado, garantindo resistência e segurança, por este ser fio pouco

cortante.

O uso de nitrofurazona 2% está de acordo com DIOGO-FILHO (2004),

pois além de possuir atividade antimicrobiana, ela atua reduzindo a intensidade e

gravidade das aderências, porém, segundo a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária, no Brasil, a Portaria Ministerial nº. 448, de 10 de setembro de 1998,

proíbe a fabricação, importação, comercialização e o emprego de preparação

farmacêutica de uso veterinário, contendo nitrofurazona, para o uso em animais

destinados ao consumo humano.

O glicocorticóide parenteral foi usado buscando efeito anti-inflamatório

e prevenindo um possível choque séptico, procedimento respaldado por

SPINOSA et al. (2002).

A antibioticoterapia foi realizada para combater e prevenir

complicações por meio de infecções, devido a provável contaminação do campo

cirúrgico e do próprio líquido uterino.

21

5. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO EM VACAS LEITEIRAS

5.1 INTRODUÇÃO

A atual situação econômica da pecuária mundial exige dos produtores

máxima eficiência para garantia de satisfatório retorno econômico. Desta forma,

elevados índices de produção, associados à alta eficiência reprodutiva, devem ser

metas que norteiam os técnicos e criadores a alcançarem maior produtividade

(BARUSELLI et al., 2004).

Para melhorar a eficiência reprodutiva é importante ressaltar que o

nível de manejo da propriedade é fator imprescindível, uma vez que as

características reprodutivas são de baixa herdabilidade, e consequentemente são

muito mais influenciadas pelo meio ambiente (BARUSELLI et al., 2004).

A inseminação artificial (IA) é a tecnologia reprodutiva mais

amplamente difundida em rebanhos de todo o mundo. Sua importância na

pecuária leiteira pode ser avaliada pelo fato de que pesquisadores atribuem

metade de todo ganho em produção de leite dos últimos 50 anos, apenas ao seu

uso (DURÃES et al., 2001).

Para obtenção de elevados índices reprodutivos com o uso da IA é

necessário compreender as limitações do emprego desta biotecnologia. Em todo

mundo existem relatos que indicam baixa taxa de serviço em bovinos,

principalmente devido a comprometimentos na eficiência de detecção de cio

(BARUSELLI et al., 2004).

Desta forma programas que visam empregar a inseminação artificial

em tempo fixo (IATF), sem a necessidade de detecção de estro colaboram para o

aumento do emprego desta biotecnologia e consequentemente para o aumento

na eficiência reprodutiva, garantindo assim um maior retorno econômico

(BARUSELLI et al., 2004).

A sincronização da ovulação através da utilização de hormônios ou por

meios físicos permite a manipulação do ciclo estral. Essa biotécnica possibilita

concentrar o momento da inseminação e, por conseguinte, a parição em épocas

desejáveis. Um programa de sincronização de estros eficiente deve proporcionar

um alto percentual de animais manifestando estro em um curto período de tempo,

22

com fertilidade similar a um processo fisiológico, pois o sistema produtivo

depende zootécnica e economicamente de altos percentuais de terneiros

nascidos e desmamados (MORAES, 1994).

5.2 REVISÃO DE LITERATURA

5.2.1 Fisiologia da reprodução

Ao longo do tempo, o controle da reprodução dos mamíferos deixou de

ser considerado como regulado apenas pelo sistema nervoso central (SNC),

passando a ser visto como uma função controlada por dois sistemas separados: o

sistema nervoso central e o sistema endócrino (Figura 11) (HAFEZ, 1995).

FIGURA 11 – Interação entre o sistema nervoso central e o sistema endócrino para manutenção da atividade reprodutiva.

Fonte: BARUSELLI et al., 2004.

23

a) Hipotálamo

O hipotálamo localiza-se na base do cérebro (região do terceiro

ventrículo) estendendo-se do quiasma óptico aos corpos mamilares e é

responsável pela síntese endógena de GnRH (hormônio liberador de

gonadotrofina). As células responsáveis pela produção e secreção desse

hormônio ficam dispersas nas áreas periventriculares, preópticas e mediais do

hipotálamo. O GnRH é secretado pelas extremidades dos axônios, que fazem

sinapses com os capilares na eminência média desta mesma glândula (DUKES,

1996).

O sangue flui para o sistema porta-hipotálamo-hipofisário, o qual

começa e termina em capilares sem a passagem pelo coração. Desta forma o

GnRH produzido no hipotálamo é transportado até a hipófise para estimular a

produção hormonal dos gonadotrofos (BARUSELLI, et al., 2004).

b) Hipófise

A hipófise é composta de três partes: um lobo anterior denominado

adeno-hipófise, um lado intermediário chamado pars intermedia e um lobo

posterior chamado neuro-hipófise. A adeno-hipófise produz dois hormônios

protéicos que são importantes para o controle da reprodução, denominados

gonadotrofinas: o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante

(LH), e um terceiro hormônio denominado prolactina (CUNNINGHAM, 1999).

O FSH e o LH são secretados em padrões pulsáteis para atuarem nos

ovários, estimulados pela secreção do GnRH. O FSH é o hormônio responsável

pelo crescimento dos pequenos folículos, enquanto o LH atua no crescimento final

do folículo dominante e na ovulação. De acordo com a freqüência e amplitude dos

pulsos de GnRH, ocorre a secreção de LH ou FSH. O GnRH secretado em maior

freqüência e menor amplitude leva à secreção de LH e em menor freqüência e

maior amplitude, de FSH (DUKES, 1996).

Vacas em anestro apresentam liberação de FSH, porém os folículos

dominantes falham em ovular, pois não crescem o suficiente (devido a menor

pulsatilidade de LH) e consequentemente, não produzem suficiente estradiol para

estimular pico de LH e ovulação (VASCONCELOS et al., 2004).

24

c) Ovários

O ovário desempenha funções exócrinas (liberação de oócitos) e

endócrinas (esteroidogênese), apresentando estruturas na sua superfície

(folículos e corpo lúteo) que permite classificar a fase do ciclo estral em que o

animal se encontra (HAFEZ, 2004).

Os ovários são dois orgãos simétricos localizados na cavidade

abdominal e responsáveis pela gametogênese e pelo controle endócrino das

funções reprodutivas (BARUSELLI et al., 2004).

O estabelecimento da atividade cíclica ovariana na puberdade é

importante para a formação e liberação dos gametas, assim como para a

ocorrência da maturidade sexual (DUKES, 1996).

Durante a fase de maturação dos folículos verifica-se o aumento na

produção de estrógeno, que age no SNC, estimulando o comportamento de cio e,

no útero, vagina, vulva e oviduto provoca alterações importantes para o transporte

e maturação de gametas (Figura 12). Após a ovulação forma-se o corpo lúteo,

que é responsável pela produção de progesterona, hormônio responsável pelo

preparo do endométrio uterino para a futura gestação, e pela manutenção da

mesma por um determinado período (BARUSELLI et al., 2004).

FIGURA 12 - Desenvolvimento folicular e produção de hormônios pelos ovários. Fonte: BARUSELLI et al., 2004.

25

c) Útero

O útero é o órgão que recebe o embrião e oferece condições de

desenvolvimento e manutenção do feto até o parto. É o órgão responsável pela

produção de PGF2α, a qual regula a duração do ciclo estral pelo seu efeito

luteolítico (BARUSELLI et al., 2004).

A função principal do útero é a gestacional, ou seja, garantir o

desenvolvimento completo de um novo indivíduo (concepto) até a sua parição

(PALHANO et al., 2003).

5.2.2 Ciclo estral em bovinos

Mudanças morfológicas, endócrinas e secretórias, ocorrem nos ovários

e no restante da genitália tubular da vaca durante o ciclo estral. O conhecimento

dessas mudanças é essencial na detecção do cio, na sincronização de cio, na

superovulação e, consequentemente, na inseminação artificial (HAFEZ, 2OO4).

O ciclo estral em bovinos apresenta duração média de 21 dias, variando

de 17 a 25 dias (GONÇALVES et al., 2001), ou 18 a 24 dias (DUKES, 1996). O

ciclo é regido por interações e antagonismos endocrinológicos de hormônios

secretados pelo hipotálamo, hipófise, gônadas e útero. O ciclo folicular pode ser

dividido em duas fases, fase folicular ou estrogênica, que se estende do proestro

ao estro culminando na ovulação, e a fase luteínica ou progesterônica, que é o

período de atividade do corpo lúteo, compreendendo o metaestro e o diestro e

terminando na luteólise (BARUSELLI, 2004).

PALHANO et al. (2003) relatam que devemos considerar como início do

ciclo estral, o momento da ovulação.

5.2.3 Dinâmica folicular

O crescimento dos folículos ovarianos em bovinos ocorre em um

padrão denominado ondas de crescimento folicular (Figura 13), onde em um ciclo

26

estral há normalmente a emergência de duas ou três ondas de crescimento

folicular e esporadicamente uma ou quatro ondas (GINTHER et al., 1996).

Animais com três ondas de crescimento folicular durante o ciclo estral

apresentam maior fertilidade que animais de duas ondas de crescimento folicular,

melhorando a qualidade do oócito e, consequentemente a taxa de concepção

(TOWNSON et al. 2002), isso ocorre devido ao menor tempo de crescimento do

folículo ovulatório (BARUSELLI et al., 2004).

O aumento das concentrações plasmáticas de FSH constitui o estímulo

necessário para o recrutamento e emergência da onda folicular (ADAMS et al.

1992). Em espécies monovulatórias, apenas um folículo é selecionado dentre os

recrutados para continuar a crescer e diferenciar-se em folículo ovulatório (Figura

14), enquanto os demais têm como destino a atresia (BURANITI Jr. 2007). O

folículo selecionado é conhecido como folículo dominante e suprime ativamente o

crescimento dos subordinados pela secreção de estradiol e inibina (FORTUNE,

1994; citado por BURANITI JR., 2007).

O crescimento de folículos com diâmetro inferiores a 4,0 mm depende

do FSH, mas os folículos antrais maiores (de 7,0 a 9,0 mm) transferem suas

necessidades gonadotróficas para o LH (HAFEZ, 1995).

Figura 13 – Ondas de crescimento folicular. Fonte: BARUSELLI et al., 2004.

27

O folículo dominante da primeira onda regride em função do alto nível

plasmático de progesterona (P4), a qual não permite o pico pré-ovulatório de LH e

consequentemente a ovulação do mesmo (PALHANO et al., 2003).

Após a ovulação ocorre a formação do CL no local em que estava

presente o folículo ovulatório. O corpo lúteo passa a secretar P4, gradualmente,

até atingir a fase de platô. A P4 interfere diretamente na dinâmica folicular do ciclo

estral, no reconhecimento materno da gestação e no seu estabelecimento

(BINELLI et al, 2002).

Caso o concepto esteja presente no útero entre os dias 14 e 17 após a

ovulação, e ocorra secreção adequada de interferon tau (γ) (proteína secretada

pelo trofoderma do concepto responsável pelo reconhecimento materno da

gestação), não ocorrerá à liberação de PGF2α e a P4 continuará a ser secretada

para a manutenção da gestação (HAFEZ, 1995). Caso exista comprometimento

na produção de interferon ou ausência do feto nesse período, ocorrerá a liberação

de PGF2α com conseqüente luteólise e queda dos níveis plasmáticos de P4,

proporcionando condições favoráveis para o crescimento folicular e ovulação

(BARUSELLI, 2007).

Após o parto, ocorre a imediata liberação do FSH (dois a sete dias)

seguida da emergência da primeira onda de crescimento folicular. No entanto, os

primeiros folículos dominantes não têm capacidade ovulatória devido ao nível

FIGURA 14 – Folículo fotografado no momento da ovulação.

Fonte: Oklahoma State University.

28

limitante de LH, tornando-se folículos atrésicos e frequentemente são confundidos

com cistos (ARTHUR et al. 1989, citado por KOZICKI, 1998).

CUNNINGHAM (1999) cita que alguns fatores externos têm influência

nos ciclos reprodutivos das fêmeas. Durante a amamentação, os fatores

inibidores da síntese da prolactina, que incluem a dopamina e o peptídeo

associado ao GnRH, precisam ser suprimidos para a síntese de prolactina,

diminuindo a síntese e liberação de gonadotrofinas, o que resulta na supressão

lactacional da atividade ovariana.

Depois de restabelecidos os estoques de LH na hipófise anterior, a

interação entre a vaca e o bezerro passa a ser um dos fatores mais importantes

no anestro pós-parto, devido ao seu efeito negativo sobre a liberação de LH,

afetando a maturação final e a ovulação do folículo dominante. De acordo com o

aumento do período pós-parto, os efeitos da amamentação, tornam-se menos

intensos e os animais começam a ciclar (BARUSELLI et al. 2004).

A amamentação não é o único fator responsável pelo anestro pós-

parto, a olfação, visão, audição e tato entre a vaca e o bezerro também

contribuem para esse efeito (BARUSELLI et al. 2007).

5.2.4 Nutrição – Escore de condição corporal

A baixa nutrição é a principal causa da reduzida fertilidade de vacas

criadas em áreas tropicais e subtropicais (BÓ et al., 2003 citado por BARUSELLI

et al., 2004).

A ovulação tem sido associada com o retorno do equilíbrio alimentar do

animal frente ao balanço energético negativo. Há, contudo, animais que ovulam

mesmo nestas condições. O anestro pós-parto pode ser causado pelo simples

fato de alimentação deficiente, principalmente quanto pobre em energia

(KOZICKI, 1998).

29

Os escores de condição corporal (ECC) (Figura 15) indicam, com

elevada acurácia, o nível de armazenamento de energia do animal, o que está

diretamente relacionado com o reinício da atividade ovariana pós-parto

(BARUSELLI et al. 2004).

Segundo VASCONCELOS et al. (2006) animais com melhor ECC

tiveram maior taxa de sincronização. O ECC teve efeito linear sobre a taxa de

concepção, mostrando melhora na taxa de concepção proporcional ao aumento

no ECC (Figura 16).

FIGURA 15 – Escore de Condição Corporal. Escala de 1 a 5.

30

FIGURA 16 – Efeito do ECC na taxa de gestação ao longo da estação de monta. Fonte: VASCONCELOS et al. (2006).

5.2.5 Inseminação artificial

A inseminação artificial consiste na deposição mecânica do sêmen

coletado de um reprodutor no aparelho reprodutivo da fêmea com intuito de

fertilização do óvulo (PALHANO et al., 2003).

Segundo GOFERT (2005), a inseminação artificial (IA) é a tecnologia

mais importante para a propagação de genética superior em rebanhos bovinos

uma vez que possibilita o uso de touros comprovadamente melhoradores, além

de diminuir os custos (pois não tem que manter touros na fazenda), e reduzir a

propagação de doenças no rebanho, desde que higienizada de forma correta,

entre outras vantagens.

As principais vantagens da IA, são os controles eficientes da qualidade

do sêmen, da escrituração e registros de todos os eventos reprodutivos

(TEIXEIRA & ARAÚJO, 1998). Outras vantagens são a padronização do rebanho,

a ordenação do trabalho na fazenda e principalmente à obtenção de animais com

maior potencial de produção e reprodução (BARUSELLI, 2004).

No entanto, embora o progresso genético tenha alcançado os índices

médios de produtividade, ainda são considerados baixos (menos de 50%), se

comparados com a eficiência dos rebanhos de países desenvolvidos. As

diferenças verificadas são reflexos da alimentação inadequada, condições

31

sanitárias deficientes e dificuldade para a detecção do cio por parte dos

observadores (TEIXEIRA & ARAÚJO, 1998).

Um dos grandes problemas da IA é a falha na detecção do cio. A perda

de um cio retarda em 21 dias a IA e, consequentemente, aumenta o intervalo

entre partos, diminuindo o número de bezerros nascidos e a produção de leite. Ao

observarem esses efeitos negativos, muitos fazendeiros interromperam os

programas de inseminação artificial. Assim, a utilização de programas de

inseminação artificial em tempo fixo (IATF), sem a necessidade de detecção de

cio, colabora para o aumento da eficiência e da praticidade no emprego dessa

importante técnica para o melhoramento genético (BARUSELLI, 2004).

5.2.6 Inseminação artificial em tempo fixo (IATF)

A IATF é uma técnica que visa tornar o uso da IA mais eficiente. A

técnica melhora os índices reprodutivos por eliminar a necessidade de detecção

de cios neste tratamento e proporcionar concepção em fêmeas em anestro, o que

possibilita a redução do intervalo entre partos, o aumento no numero de vacas

prenhes e, consequentemente, o aumento na produção de bezerro, carne e/ou

leite (GOFERT, 2005).

Segundo BARUSELLI et al. (2004), as vantagens da IATF são:

- Elimina a necessidade da observação do cio;

- Evita inseminações de vacas fora do momento correto, diminuindo o desperdício

de sêmen, material e mão de obra;

- Possibilita altas taxas de prenhez no inicio da estação de monta;

- Diminui o intervalo entre partos, aumentando a taxa de concepção;

- Possibilita concentrar as inseminações em um curto período;

- Concentra o retorno ao cio em fêmeas que não se tornaram gestantes na IATF;

-Diminui o investimento com touros;

-Concentra a mão-de-obra, diminuindo o número de horas extras com

inseminadores.

Outro benefício é a programação de partos para épocas estratégicas

diminuindo os custos de produção (MIRANDA & ANDRADE, 2004).

32

Atualmente o custo do protocolo de IATF varia de R$15,00 a R$45,00,

dependendo dos fármacos utilizados, mostrando uma boa relação entre custo e

beneficio, pois o aumento do intervalo entre partos, ao longo dos anos, causa

uma redução na vida produtiva da vaca e consequentemente causando uma

inconstância na produção.

5.2.7 Principais fármacos utilizados no controle do ciclo estral

a) PGF2α

A PGF2α foi descoberta no início da década de 70 como um potente

agente luteolítico. A partir de então, estas substâncias e seus análogos têm sido

os agentes farmacológicos mais utilizados nos tratamentos para sincronização do

estro em fêmeas bovinas. O sucesso da sincronização do estro com PGF2α

depende da presença de um CL, já que a ação da luteolisina é provocar a

regressão morfológica e funcional desta estrutura e a queda dos níveis

endógenos de progesterona. Após a luteólise, o estro e a ovulação são

distribuídos ao longo de seis dias e são influenciados não apenas pela

responsividade do corpo lúteo, mas também pelo estágio de desenvolvimento do

folículo dominante (BARUSELLI et al., 2004).

VASCONCELOS et al. (2004) afirmam que obtém-se grande taxa de

regressão do corpo lúteo quando a PGF2α é injetada por via intramuscular entre

os dias 6 e 17 do ciclo estral. No entanto, a PGF2α controla somente a regressão

do corpo lúteo não alterando o crescimento folicular.

b) Progesterona e progestágenos

Segundo VASCONCELOS et al. (2004), as progestinas são divididas

em P4 (fonte natural) e progestágenos (fonte sintética). No subgrupo P4,

podemos citar os dispositivos intravaginais, e no subgrupo progestágenos, os

implantes subcutâneos de norgestomet e o acetato de melengestrol, este último

administrado por via oral.

Desde a década de 50 os progestágenos vêm sendo utilizados na

sincronização de estros e sua função é simular uma fase lútea, permitindo

33

regressão do CL e, consequentemente, concentrando o estro em um curto

período de tempo. No entanto, o período ideal de exposição ao progestágeno

para se obter ótima fertilidade não deve ultrapassar sete a nove dias (FARIAS et

al., 2004).

O tratamento com P4, quando longo (14 a 21 dias), é efetivo para

sincronizar o estro, porém a fertilidade dessa ovulação é reduzida por induzir a

ovulação de folículos persistentes, com conseqüente envelhecimento do oócito,

que provoca baixa fertilidade. Sendo assim, deve-se associar o tratamento a

estrógenos para sincronização da nova onda de crescimento folicular e à PGF2α

como agente luteolítico (BARUSELLI et al. 2004).

c) Estradiol

O tratamento com estradiol, na presença de P4, induz a supressão do

FSH circulante e consequentemente a atresia de todos os folículos dependentes

de FSH, que recrutará os folículos de uma nova onda folicular após três a cinco

dias, dependendo do tipo de estradiol (BÓ et al., 2004).

A aplicação de 1,0 a 2,0 mg de benzoato de estradiol no momento da

colocação dos dispositivos de progesterona, provoca a atresia nos folículos

dominantes e sincroniza a emergência da nova onda folicular. Porém, como o

benzoato de estradiol possui uma vida média curta, os dispositivos poderão

permanecer por um período de sete a oito dias. Portanto, o benzoato de estradiol

não parece ser tão eficaz quanto o valerato de estradiol (possui uma vida média

muito longa), para provocar a regressão luteínica, de modo que uma aplicação de

PGF2α se faz necessária no momento em que os dispositivos são retirados

(MADUREIRA, 2000).

O estrógeno pode agir como um agente sincronizador da ovulação,

induzindo um pico de LH através de feedback positivo ao GnRH e

consequentemente liberação de LH (MOREIRA, 2002).

Os estrógenos são capazes de induzir a luteólise pela sua capacidade

de estimular a secreção endógena de PGF2α (BARUSELLI et al. 2004).

Segundo CUNNINGHAM (1999), o estrogênio diminui a amplitude de

pulso e a progesterona diminui a freqüência de pulso da secreção de

gonadotrofina. Isto significa que durante a fase folicular a freqüência de pulso

34

aumenta por causa da ausência de progesterona, e a amplitude diminui por causa

da presença de estrogênio. Esta combinação de freqüência de pulso aumentada e

amplitude de pulso diminuída é importante para a maturação da fase de

crescimento final do folículo ovulatório.

A administração de 1 mg de benzoato de estradiol, 24 horas após a

retirada dos dispositivos de progesterona, antecipa e sincroniza eficientemente a

ovulação, além de diminuir o diâmetro máximo do folículo ovulatório (HAFEZ,

2004).

MADUREIRA (2000) afirma que a aplicação de 0,5 a 1,0 mg de

benzoato de estradiol 24 horas após a retirada dos implantes sincroniza o estro e

a ovulação, aumentando inclusive a porcentagem de fêmeas bovinas que ovulam

após o tratamento.

d) Gonadotrofina coriônica eqüina – eCG

O eCG é um fármaco de meia vida longa (até 3 dias), produzido nos

cálices endometriais da égua prenhe que se liga aos receptores foliculares de

FSH e de LH e aos receptores de LH do corpo lúteo. O eCG cria condições de

crescimento e de ovulação e seu uso tem-se mostrado compensador em

rebanhos com baixa taxa de ciclicidade, em animais recém paridos e em animais

com condição corporal comprometida (BARUSELLI et al. 2004).

De acordo com HAFEZ (2004), o crescimento de folículos ovarianos

em fêmeas anéstricas (acíclicas) pode ser estimulado com FSH de origem

hipofisária ou gonadotrofina coriônica eqüina. O FSH e o LH têm meia-vida

biológica mais curta que o eCG. Assim, múltiplas injeções de FSH e LH são

necessárias para estimular a quantidade de crescimento folicular e a ovulação

que iria resultar de uma única injeção de eCG.

Além do FSH, uma grande dose de GnRH provoca a ovulação de um

folículo maduro pela liberação de LH e FSH endógenos. Também deve-se notar

que bovinos e ovinos exibem cio em resposta à injeção de gonadotrofina apenas

após prévia exposição a níveis elevados de progesterona ou progestágeno

sintético.

35

e) Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH)

O acetato de buserelina é um análogo sintético do GnRH, sendo um

decapeptídeo composto de 10 aminoácidos.

Vários dos hormônios hipotalâmicos foram sintetizados e

comercializados para utilização clínica. O papel do hipotálamo na reprodução

envolve os efeitos acionantes dos hormônios esteróides sobre o comportamento

sexual e simultaneamente o controle da secreção das gonadotrofinas hipofisárias.

O hipotálamo pode controlar o comportamento sexual de várias maneiras: fixação

dos esteróides sexuais e elaboração de baixa ação da motivação sexual, controle

direto da atividade sexual e satisfação sexual (HAFEZ, 2004).

O GnRH tem sido utilizado para diminuir a variação no tempo de

ovulação após o tratamento com prostaglandinas, viabilizando a IATF em bovinos.

A aplicação de GnRH causa ovulação do folículo dominante presente no

momento do tratamento, desde que não esteja na fase de crescimento e sim no

início da fase após a divergência, e possibilitar o aparecimento de uma nova onda

de crescimento folicular 2 a 3 dias após o tratamento com GnRH (MOREIRA,

2002).

O tratamento com GnRH em dias desconhecidos do ciclo estral

promove a ovulação do folículo dominante presente no momento do tratamento e

uma nova onda de crescimento folicular emerge após 1 a 2 dias (BARUSELLI,

2004)

A administração de GnRH ou estradiol pode induzir um pico de LH,

mas a ovulação seguida da formação de um CL com vida normal pode não

ocorrer a menos que este pico de LH tenha sido precedido por uma fase lútea

normal ou por algum tratamento com progestágeno durante um período mínimo

de 7 dias. Tratamentos envolvendo única ou múltiplas aplicações de GnRH

associados a implantes de progesterona, com ou sem a remoção temporária da

amamentação, podem ser usados para induzir a ovulação em vacas lactantes

(MOREIRA, 2002).

36

5.3 RELATO DE CASO

Foi solicitada a presença do médico veterinário em uma propriedade de

gado leiteiro para realizar o diagnóstico de gestação em 87 animais que estavam

em lactação e em 20 animais não-lactantes. A maioria dos animais era da raça

holandesa preto e branco e tinham produção média de 16 kg de leite/dia segundo

o proprietário.

5.3.1 Anamnese

O proprietário relatou que havia abandonado o uso de IA,

principalmente devido à ausência de mão-de-obra qualificada na região, além do

fato de não possuir rufião, fato que dificultava a detecção de cio.

Havia apenas dois touros na propriedade, um touro reprodutor para as

vacas lactantes e um para as não-lactantes, fato que veio a sobrecarregar o

reprodutor e consequentemente, a reduzir os índices reprodutivos na propriedade.

Diante dos fatos o proprietário concluiu que seria necessária a

realização de diagnóstico de gestação em todo o rebanho lactante da

propriedade.

Segundo o proprietário, todo o rebanho era vacinado há alguns anos

contra doenças reprodutivas, como Rinotraqueite Infecciosa Bovina (IBR),

Diarréia Viral Bovina (BVD), Leptospirose e Brucelose, seguindo rigorosamente o

calendário de vacinação.

A maioria dos animais apresentavam ECC adequado, entre três e

quatro na escala de um a cinco.

Os animais se alimentavam de silagem de milho de boa qualidade,

juntamente com concentrado, que continha 22% de proteína, sendo fornecido em

média 1 kg de concentrado para 3 kg de leite produzido, para as vacas com ECC

igual ou maior que 3, e 1 kg de concentrado para 2,5 kg de leite para as vacas

com ECC inferior a 3.

O concentrado era feito na propriedade e fornecido no momento da

ordenha, devido a problemas relacionados à mão-de-obra.

37

Na propriedade, além da produção de leite, havia também a produção

de grãos (milho, soja e sorgo) e confinamento de animais para corte. Na produção

de leite havia três funcionários, dois responsáveis pela ordenha e manejo dos

animais e um responsável pelo fornecimento de volumoso para os animais, tanto

as vacas em lactação quanto os animais do confinamento.

Os funcionários responsáveis pela ordenha e manejo, também eram

responsáveis pelo fornecimento de leite, volumoso e concentrado para todos os

bezerros, e concentrado para as vacas no momento da ordenha.

Portanto, fica evidente a sobrecarga de trabalho dos funcionários,

dificultando o desempenho dos mesmos nas atividades de observação do cio das

vacas e na IA, visto que tinham necessidade de executar outras atividades

primordiais.

5.3.2 Diagnóstico de gestação

O diagnóstico de gestação foi realizado através da palpação transretal,

sendo os animais contidos em um brete.

Após a realização do diagnóstico de gestação, foi possível confirmar a

suspeita do proprietário, já que das 107 vacas palpadas, haviam somente 52

fêmeas gestantes, e todas com período pós parto acima de 60 dias.

5.3.3 Recomendação ao proprietário

Para solução do problema, o médico veterinário recomendou ao

proprietário que fosse feita a sincronização de ovulação das vacas que não

estavam prenhas, possibilitando que todas fossem inseminadas ao mesmo

tempo.

Com o uso dessa técnica, as matrizes poderiam ser inseminadas ao

mesmo momento sem a necessidade de observação de cio, além de que aquelas

que não emprenhassem na primeira IATF, poderiam apresentar o ciclo estral

regular, retornando ao cio em aproximadamente 21 dias após a IA.

O médico veterinário alertou o proprietário quanto ao quadro de

funcionários, ou seja, deveria contratar no mínimo um inseminador treinado no

momento da IATF, e um funcionário para observação e IA nas matrizes que

retornassem ao cio após os 21 dias.

38

O proprietário autorizou a realização de todos os procedimentos para

realização da IATF e, por indicação do médico veterinário, contratou os serviços

de um técnico agropecuário para IA, visto que este tinha experiência e trabalhava

frequentemente como inseminador em rebanhos submetidos a protocolos de

sincronização de estro.

5.3.4 Tratamento

Os animais foram selecionados de acordo com o escore de condição

corporal (ECC), priorizando animais com ECC entre três e quatro, numa escala de

um a cinco. Assim foram descartados 13 animais que apresentavam ECC inferior

a três e dois animais devido a problemas nos cascos.

Foi realizado então o exame ginecológico e palpação retal dos 40

animais que haviam sido selecionados para IATF, avaliando-se os ovários, útero e

vagina.

Para o protocolo de sincronização o médico veterinário fez uso dos

seguintes hormônios (Figuras 17, 18, 19 e 20): progesterona, por meio de um

dispositivo intravaginal (Cronipres®, Dispositivo Intravaginal Indutor/Sincronizador

do Ciclo Estral em Bovinos à Base de Progesterona, para três usos – Biogenesis

Brasil); Benzoato de Estradiol (Cronibest®, Biogenesis Brasil); D-Cloprostenol

(Croniben®, Biogenesis Brasil); eCG (Foligon®, Intervet Brasil).

Os animais selecionados foram agrupados em dois lotes (lote 1 e lote

2) de 20 animais, objetivando dois usos dos dispositivos intravaginais de

FIGURAS 17, 18 e 19 – Alguns medicamentos utilizados na sincronização do ciclo estral. 17 – Croniben. 18 – Cronibest. 19 – Folligon.

Fonte: www.reivet.com.br

17 18 19

39

progesterona, sendo que no dia da retirada do dispositivo do lote 1, esses seriam

colocados no lote 2.

Quanto aos dispositivos intravaginais (Figura 20), os mesmos

apresentavam em sua composição 1,0 g de progesterona, além de vir

acompanhado de três anéis complementares, os quais continham 100 mg de

progesterona cada.

Apesar de o dispositivo intravaginal ser utilizado na maioria dos casos

por três vezes, optou-se em utilizá-los por duas vezes. No primeiro uso com um

anel de progesterona (lote 1) e no segundo uso com os outros dois anéis (lote 2).

Convém lembrar que durante o tratamento os animais foram mantidos

separados do reprodutor, sendo que só voltariam para junto do mesmo após a

segunda inseminação artificial.

Na realização da IATF, foram realizados os seguintes passos:

primeiramente foi higienizada as vulvas das matrizes com papel toalha, retirando

as fezes do local.

FIGURA 20 – Diferentes dispositivos intravaginais de progesterona. Fonte: BARUSELLI et al., 2004.

40

Em seguida introduziu-se o dispositivo intravaginal dentro do aplicador

(tubo laranja) (Figura 21) e do lado contrario do dispositivo, foi colocado o

expulsor (êmbolo preto).

Introduziu-se o aplicador na vagina, até o fundo do saco vaginal

(Figuras 22 e 23). Uma vez comprovada a correta localização deste, puxava-se o

aplicador (parte laranja), mantendo o expulsor (êmbolo preto) firme até que o

dispositivo fosse liberado no interior da vagina, esse é um detalhe importante,

uma vez que vários profissionais ao invés de puxar o aplicador, empurram o

êmbolo, sendo esse um procedimento incorreto, pois aplicador já esta no fundo

do saco vaginal.

FIGURA 21 – Dispositivo Intravaginal sendo colocado no aplicador.

Fonte: BARUSELLI et al, 2004.

41

Uma vez comprovada a correta fixação do dispositivo intravaginal,

aplicou-se 2 mg de benzoato de estradiol por via intramuscular profunda.

Após a introdução na vagina da matriz o aplicador e o expulsor eram

desinfectados com solução iodada a 5% (Biocid®, Pfizer Divisão de Saúde Animal

Ltda), o aplicador era deixado imerso na solução por aproximadamente 3 minutos.

Após oito dias da introdução do dispositivo intravaginal, o mesmo foi

retirado por meio do cordão extrator (Figura 24) e lavado em água corrente, para

colocação dos outros dois anéis de progesterona no dispositivo.

FIGURAS 22 e 23 – Momento em que o dispositivo é colocado no fundo do saco vaginal. 22 - Dispositivo sendo colocado. 23 - Aplicador sendo inserido na vagina.

Fonte: BARUSELLI et al., 2004.

reto

reto

22 23

42

Na retirada dos dispositivos aplicou-se por via intramuscular 400 UI de

eCG e 0,15 mg de D-cloprostenol (PGF2α). Após 24 horas aplicou-se por via

intramuscular 1 mg de benzoato de estradiol.

No dia da retirada dos dispositivos do lote um, após limpeza e

desinfecção dos dispositivos com solução a base de amônia quaternária a 0,5%,

os mesmos foram colocados no lote 2.

5.3.5 Inseminação artificial

Após 30 horas da aplicação de 1 mg de benzoato de estradiol, os

animais foram inseminados, independente da manifestação de estro.

As matrizes foram colocadas em um piquete próximo à casa do

funcionário, visando facilitar a observação de cio após aproximadamente 21 dias

naquelas que não haviam emprenhado na IATF.

FIGURA 24 – retirada do dispositivo intravaginal de progesterona. Fonte: baruselli et al., 2004.

43

Após a segunda IA, as matrizes foram colocadas juntas com o

reprodutor.

Os procedimentos foram semelhantes para o lote 1 e lote 2.

5.3.6 Diagnóstico de gestação após a IA

O diagnóstico de gestação foi realizado 45 dias após a última IA,

obtendo-se um índice de prenhês de 50% na primeira IA, das 40 matrizes

tratadas.

No entanto, a maioria das matrizes que não emprenhou com a primeira

IA, retornou a ciclar após 21 dias, sendo novamente inseminadas e soltas com o

reprodutor para o repasse, fato que contribui para elevar o índice reprodutivo do

rebanho, e consequentemente, minimizar ou mesmo resolver os problemas

apresentados pelo proprietário.

5.4 DISCUSSÃO

Os produtores que desejam se manter na atividade leiteira devem

sempre procurar eficiência para ter rentabilidade. Assim, elevado nível de

produção de leite associado à alta eficiência reprodutiva devem ser sempre metas

que norteiam os criadores para alcançarem alta produtividade e retorno

econômico. Portanto, a otimização da eficiência reprodutiva pode ser um dos

principais fatores que contribuem para melhorar a performance e a lucratividade

do rebanho (VASCONCELOS et al., 2004).

Um dos grandes entraves da pecuária leiteira é o longo intervalo entre

partos, pois para produzir leite é necessário que haja vaca gestante e quanto

maior o número de parições que uma vaca tiver, maior será a produção de leite

na vida útil desta fêmea, porém, alguns autores consideram a persistência de

lactação como um fator mais importante que o intervalo entre parto. Sabendo

disto, a adoção da prática de sincronização de cio feita na propriedade tem um

efeito muito positivo, pois através do uso de hormônios as vacas são induzidas a

sair da condição de anestro (HAFEZ, 2004).

Com isso, para realizar a IATF, o médico veterinário, a princípio,

procurou selecionar os animais que apresentavam ECC igual ou superior a três

44

(escala de um a cinco). Tal conduta é certa segundo PALHANO et al. (2003), que

citam que o ECC em gado leiteiro inferior a três, podem afetar a reprodução de

várias maneiras, tais como redução na liberação de FSH e LH, alterações da

motricidade e das secreções tubáreas da cérvix e da mucosa vaginal, impacto

sobre as secreções endócrinas, tais como modificações no sistema opióide

neuropeptídeo, menor produção de hormônios hipotalâmicos, menor sensitividade

dos ovários aos estímulos gonadotróficos e alterações no metabolismo dos

hormônios.

Porém quando o ECC é maior que quatro ocorre uma queda na taxa de

concepção, devendo também ser levado em conta o balanço energético do

animal, visto que a campo é mais fácil sincronizar a ovulação de uma vaca com

menor ECC e em balanço energético positivo, que uma vaca com maior ECC e

em balanço energético negativo.

Foi realizado o exame ginecológico, objetivando diagnosticar possíveis

infecções uterinas, conduta correta segundo HAFEZ (2004), que relata que a

infecção uterina pode retardar o início da foliculogênese e suprimir a taxa de

crescimento folicular em vacas leiteiras no início do puerpério pela inibição da

liberação de LH. Existe a suspeita de que essa inibição seja devida a endotoxinas

produzidas por bactérias gram negativas no útero pós-parto da vaca.

A escolha da realização de IATF no rebanho foi correta, em vista dos

problemas de mão-de-obra na propriedade, fator que certamente é decisivo para

propriedades com alta produção, porém, todos os animais estavam ciclando e em

bom estado de condição corporal, fato que leva a suspeitar dos reprodutores da

propriedade, visto que estes não foram submetidos a exame andrológico.

BARUSELLI et al. (2004), afirmam que são inquestionáveis as

vantagens que a IATF proporciona, quando realizada de maneira correta, uma

vez que, elimina a necessidade da observação do cio; evita inseminações fora do

momento certo; induz a ovulação e a ciclicidade das vacas em anestro

transicional, permitindo a inseminação destas fêmeas e consequentemente

diminuindo o intervalo parto-concepção; possibilita altas taxas de prenhes;

concentra o retorno do cio em fêmeas que não ser tornaram gestantes na primeira

inseminação em tempo fixo, facilitando a detecção do cio no repasse (17 a 25

dias após a IATF).

45

O médico veterinário optou pelo uso dos dispositivos intravaginais de

progesterona por oito dias, sendo este associado ao benzoato de estradiol, o que

segundo VASCONCELOS et al. (2004), é correto, visto que a progesterona evita

a formação de um folículo persistente, porém, esta deve ser usada entre oito e

dez dias. O dispositivo foi utilizado duas vezes, fator que contribuiu para o

aumento do custo com o protocolo de sincronização, uma vez que segundo

BARUSELLI (2004), a indicação de somente dois usos seria para animais com

produção superior a 25 litros de leite/dia, portanto nos animais desta propriedade

poderia ter sido utilizado os dispositivos intravaginais de progesterona por três

vezes.

Segundo VASCONCELOS (2004), o tratamento com estradiol, na

presença de progesterona, induz a supressão do FSH circulante e

consequentemente a atresia de todos os folículos dependentes de FSH. Esta

atresia folicular é seguida por um pico de FSH, que recrutará os folículos de uma

nova onda folicular após 3 a 5 dias, dependendo do tipo de estradiol. BARUSELLI

et al. (2004), cita que o tratamento com progesterona exógena bloqueia o pico de

LH, evitando a ovulação do folículo dominante em animais tratados com

estrógeno que estejam na fase estrogênica do ciclo estral. O benzoato de

estradiol apresenta meia vida curta, induzindo de forma eficaz a emergência de

uma nova onda de crescimento folicular.

Após a retirada do dispositivo de progesterona, foi administrado D-

cloprostenol, para evitar que os níveis de progesterona permanecessem

elevados, o que bloquearia a ovulação, também foi administrado eCG para

estimular o crescimento folicular.

Com o objetivo de provocar atresia nos folículos dominantes e

sincronizar a emergência da nova onda folicular, recomenda-se a aplicação de

benzoato de estradiol no momento de colocação dos dispositivos. Entretanto, este

hormônio não parece ser tão eficaz para provocar regressão luteínica de modo

que uma aplicação de PGF2α (D-cloprostenol) se faz necessária no momento em

que os dispositivos são retirados (MADUREIRA, 2000).

O eCG foi usado para estimular o crescimento folicular, pois segundo

BARUSELLI et al. (2004), o eCG cria condições de crescimento e de ovulação e

seu uso tem se mostrado compensador em rebanhos com baixa taxa de

46

ciclicidade, em animais recém-paridos (período pós-parto inferior a dois meses) e

em animais com condição corporal comprometida. Como no caso relatado os

animais não eram recém-paridos, apresentavam condição corporal adequada e

crescimento folicular, não era necessário o uso de eCG no protocolo de

sincronização de ovulação.

Após 24 horas da retirada dos dispositivos intravaginais, foi feito outra

aplicação de benzoato de estradiol, com o intuito de sincronizar as ondas

ovulatórias, segundo MADUREIRA (2000), a aplicação de benzoato de estradiol

24 horas após a retirada dos implantes sincroniza o estro e a ovulação,

aumentando inclusive a porcentagem de fêmeas bovinas que ovulam após o

tratamento.

Vários fatores contribuíram para elevar o custo do protocolo de IATF

em até 30%, como o uso do dispositivo intravaginal de progesterona por duas

vezes e o uso inadequado de eCG nos animais.

Segundo BARUSELLI et al. (2004), são inúmeros os protocolos para

sincronizar a ovulação com o objetivo de realizar a IATF. A escolha do protocolo

mais apropriado depende da avaliação técnica das condições dos animais que

serão inseminados. Ainda segundo estes autores, quando a IATF é utilizada

adequadamente, 50% das fêmeas sincronizadas emprenham com apenas uma

IA.

47

6 CONCLUSÃO

O estágio curricular supervisionado nos permite adquirir conhecimentos

nos mais diversos campos da Medicina Veterinária, possibilitando a convivência

com casos clínicos, especialidades farmacológicas e permitindo assim maior

segurança para realização prática do que foi visto na Universidade.

Permite ao aluno interagir com produtores rurais, contribuindo para

resolução de problemas enfrentados na propriedade rural e também aprendendo

com estes produtores que convivem diariamente com seus animais.

Outro fato importante é que ao aluno é permitido vivenciar o dia-a-dia

do Médico Veterinário, observando a importância do conhecimento teórico e

prático para que ao deparar com as mais diversas situações, este tenha as

respostas e indicações corretas para resolução do problema.

O trabalho a campo exige profissionais bem preparados para enfrentar

as adversidades que lhe são impostas, sendo o estágio curricular supervisionado

uma maneira de preparar o futuro profissional a esta realidade.

O papel do médico veterinário vai além do exercício da profissão,

sendo ele um formador de opinião, devendo manter boas relações humanas,

permitindo assim a aplicação da habilidade técnica.

48

7 REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, Programa Nacional de Análises de Resíduos de Medicamentos Veterinários em Alimentos Expostos ao Consumo. Brasília, 2003. 9 p.

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(GPT/BC/UFG)

Martins, Eduardo Siqueira. M386c Clínica cirúrgica e reprodução de bovinos / Eduardo Siqueira Martins.

– Jataí, [s.n], 2007. 51f. : il. ; figs., tabs. Orientador: Prof. Dra. Cecília Nunes Moreira Sandrini

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí, 2007.

1. Reprodução de bovinos. 3. Inseminação artificial. 4. Cesariana. 5.

Gado Nelore. I. Sandrini, Cecília Nunes Moreira. II. Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí. III. Título.

CDU : 619:636.2

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