UNIDADE VII PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS DE EXEGESE

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UNIDADE VII – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE EXEGESE EXEGESE EXEGESE X X ESTUDO BÍBLICO ESTUDO BÍBLICO INDUTIVO INDUTIVO

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UNIDADE VII – PRINCÍPIOS

FUNDAMENTAIS DE EXEGESEEXEGESEEXEGESE

XXESTUDO BÍBLICO ESTUDO BÍBLICO

INDUTIVOINDUTIVO

O QUE É EXEGESE PARA O INTÉRPRETE?

• A exegese é para o intérprete uma forma de estudo bíblico que requer maior disciplina, instrumentação, atenção e compromisso com a verdade histórica do texto.

O PRESSUPOSTO FUNDAMENTAL

• O Significado próprio de um texto é aquele que o seu autor original tinha em mente e que o os seus destinatários imediatos compreenderam.

AS DIFERENÇAS• O estudo indutivo comum tem caráter mais devocional.

• O estudo indutivo focaliza o texto na língua do intérprete.

• A exegese é mais técnica, constituindo-se num esforço mais detalhista, rigoroso e árduo.

• A exegese em maior ou menor grau, focaliza os textos originais.

Nem tudo na exegese deriva da Bíblia, mas às vezes de fontes extra-bíblicas (pesquisa histórica secular).

OS PASSOS BÁSICOS1) PRINCÍPIOS DA ANÁLISE HISTÓRICO-

CULTURAL E CONTEXTUAL DE UM TEXTO BÍBLICO.

2) PRINCÍPIOS DA ANÁLISE LÉXICO-SINTÁTICA DE UM TEXTO BÍBLICO.

3) PRINCÍPIOS DA ANÁLISE TEOLÓGICA DE UM TEXTO BÍBLICO.

• PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DAS ESPÉCIES LITERÁRIAS ESPECIAIS

• PRINCÍPIOS DE ANALÍSE HISTÓRICO-CRÍTICA E ESTRUTURAL.

1) PRINCÍPIOS DA ANÁLISE HISTÓRICO- CULTURAL E

CONTEXTUAL• “ O que isto significava para o próprio autor e

seus leitores?” Precisamos encarar o texto, realisticamente, como um documento que não foi escrito para nossa época de modo imediato. É certo que o texto fala a nós também, mas falou antes de tudo a um povo, numa língua, num contexto sócio-político, econômico, religioso, geográfico e cultural diferente do nosso.

Sua linguagem, portanto, precisa ser visualizada ou decodificada dentro dos padrões da época de seus autores e primeiros leitores, antes de poder se transculturar ( se transformar, se adaptar, se conformar, traduzir-se, etc.) Num significado verdadeiro, coerente e objetivo para seus leitores atuais. Em outros termos, retomando a pergunta feita acima, enquanto não pudermos responder, não poderemos responder de modo legítimo,nem renvidicar a validade de nossa interpretação.

• Assim sendo, o primeiro passo exegético que precisamos dar é a ANÁLISE HISTÓRICA, isto é, o pano de fundo, dos bastidores culturais, religiosos, geográficos e históricos disponíveis na Bíblia e nas fontes seculares de consulta histórica. Sua premissa é que só podemos detectar o significado exato de um texto abordando todos os dados históricos que envolveram seu autor e leitores primários.

AS LINHAS GERAIS DE ESTUDO1)Determinar o ambiente geral histórico e

cultural do escritor e sua audiência. Destacar as circunstâncias históricas

gerais. Que eventos religiosos, políticos, sociais, econômicos e/ou culturais dominavam o cenário. Qual era a tendência, preocupação, dilema, euforia, crise, prosperidade, etc. Daqueles dias. Qual o era o clima espiritual presente, e que fatores históricos o influenciavam e/ou configuravam?

•Lamentações – colapso nervoso ou angústia aguda do profeta?

•Cantares – Alegoria de um relacionamento divino ou descrição literal do relacionamento de dois amantes ( relação conjugal).

Estar cônscio das circunstâncias e normas culturais que acrescentam significado a determinadas ações.

• Corbã – o que era? Para entendermos a crítica de Jesus, precisamos saber o que ele representava no costume judaico e como pode ter sido utilizado maliciosamente pelos fariseus.

• Cenáculo da Ceia – ordens claras e sigilo (Mc 14:12-14). Homem carregando cântaro?...

Isto não era comum naqueles dias! Era sinal para os discípulos?

• Juízes, filisteus, amorreus, amalequitas, babilônios, Sumo Sacerdote, fariseus, saduceus, escribas, profetas, publicanos, etc. – que figuras históricas eram estas? A compreensão do seu papel histórico é importante para a compreensão dos textos que a eles se referem.

Discernir o nível de compromisso espiritual da audiência. Qual era o clima espiritual ou religioso presente.

• Oséias – excesso de inocência, tinha complexo de resgatador ou representava a relação Deus/Israel?

• Isaías – ao andar nu no meio do povo estava tendo um acesso de loucura, exibindo sensualmente o corpo ou simbolizava a nudez espiritual de Israel?

2) Determinar o objetivo que o autor tinha ao escrever o livro, mediante a verificação de:

Quem foi o autor? Qual seu perfil pessoal e sue papel social, religioso, político ou cultural? Qual era o seu ambiente e experiência espirituais? Para quem ele estava escrevendo (crentes, apóstatas, crentes em vias de apostatar, judeus, gentios, etc.)? Qual foi a finalidade (intenção) do autor ao escrever este livro especial? Quando escreveu? Que evidências há disso?

Observar as evidências internas (do texto) e as externas (pesquisa histórico-literária e cultural) que aludem à passagem.

• Hebreus – não podemos saber quem ele era, mas sabemos perfeitamente o seu propósito, o público que queria atingir e porque o queria atingir.

Notar as declarações explícitas ou repetição de frases.

• Gêneses – “Estas são as gerações de...” ( 10 vezes) – tem a ver com o propósito do livro?

• Reis e Crônicas – “ fez o que era mau ou reto) diante do Senhor...” tem a ver com a ideia de que Israel só prosperará ou continuará existindo enquanto fiel ao Senhor.

• Lucas 1:1-4; At. 1:1; Jo 20:31, aludem ao propósito que o autor tinha quando escreveram.

• Judas – nos versos 3 e 4, percebe-se a urgência que tomava conta do espírito do autor, pois este menciona que intentara falar de salvação comum as cristãos, porém, mudou para o tema do perigo da proliferação

dos falsos mestres e falsos crentes, visto que era mais urgente em razão das circunstâncias envolvidas. Observar as exortações, as advertências, o ensino, pois fluem e dão pista do propósito do autor.•1ª Coríntios – pelas exortações, ensino, recomendações do apóstolo só podemos crer que o propósito dele era estancar o fluxo de carnalidade presente naquela comunidade.

• Hebreus – pelo conteúdo vemos que o foco do autor é demonstrar aos judeus a superioridade da Nova Aliança estabelecida em Cristo Jesus.

Observar os problemas omitidos ou os focalizados.

• Ester – Deus não é mencionado no texto. Mas, ele está presente? O que pode provar que sim ou que não?

• Romanos - a questão da justiça de Deus presente na obra de Jesus é o foco do livro. É o tema recorrente em toda a carta.

3) Entender como a passagem se enquadra em seu contexto imediato.

Apontar os principais blocos de materiais históricos e culturais no livro, e mostrar como se ajustam num todo coerente.

Determinar a perspectiva que o autor tencionava comunicar – numenológica (ótica divina – falando como porta-voz da divindade) ou fenomenológica (ótica humana – apenas documentando ou descrevendo um fato como relator, jornalista ou historiador).

• O Dilúvio – é narrado na Bíblia em que perspectiva. Se numenológica – dilúvio universal. Se fenomenológica – dilúvio pode ser universal ou local (a critério do intérprete sem maiores consequências para o contexto bíblico geral.

Distinguir entre detalhes incidentais(secundários) e o núcleo de ensino da passagem.

• Heresias nascem do desrespeito a este princípio.

Indicar a pessoa ou categoria de pessoas para as quais a passagem se destinava.

2) PRINCIPIOS DA ANÁLISE LÉXICO-SINTÁTICA

• Consiste no estudo do significado das palavras do texto, isoladas ou combinadas, especialmente daquelas que representam chaves interpretativas do sentido que o autor original tinha em mente. Tal pesquisa é necessária porque sem ela: (1º) não temos certeza válida de que a nossa interpretação corresponde ao significado que Deus tencionava comunicar;

(2º) não temos bases sólidas para demonstrar que nossas interpretações são mais válidas que as dos grupos heréticos. Ela fundamenta-se na pressa de que embora as palavras possam assumir significados diversos em contextos diversos, ela terá um único significado intencionado pelo autor no seu contexto delimitado.

CONSIDERAÇÕES GRAMATICAIS

a)Fonética ou Fonologia: Estuda os sons e os símbolos a eles ligados na configuração das palavras de uma língua (idioma) específico.

b)Morfologia: Estuda as origens (radicais) e a forma que as palavras assumem ao se associarem a outras estruturas que a elas se ligam na formação dos vocábulos. Estudo etimológico é uma sub-modalidade morfológica.

c) Semântica: Estuda o significado atual das palavras tomadas separadamente, bem como suas mudanças no tempo e no espaço (culturas e regiões geográficas diferentes).

d) Sintaxe: Estuda a coordenação ou a relação que as palavras possuem em conjunto na oração (no texto e contexto específico), ou seja, no encadeamento das ideias.

e) Métrica: Estuda as palavras segundo seu emprego de modo artístico, estilístico ou figurativo ( conotativo/simbólico).

PRINCÍPIOS DA ANÁLISE TEOLÓGICA

• Perguntas fundamentais:a)Como esta passagem se enquadra no padrão total da revelação de Deus?

b)Que dados doutrinários objetivos posso isolar do estudo da passagem?

c)Como aplicar estes dados ao conjunto doutrinário global, em minha vida individual e na vida corporativa da igreja?

Sua premissa é que o autor tinha em mente uma única verdade (ou conjunto de verdades) espiritual ou moral específica para transmitir aos destinatários.

1)Determinar sua própria perspectiva da natureza do relacionamento de Deus com o homem. Isto incide sobre:

a)O agir divino na história.b) Princípios e normas espirituais divinamente instituídas.

c) A graça divinamente revelada e aplicada, bem como a Salvação manifesta e disponível ao homem.

d)Depende do posicionamento pessoal em relação à perspectiva de abordagem teológica das Escrituras. Teríamos, para os mais conservadores, as seguintes opções de abordagem hermenêutica: luterana (ou reformada), dispensacionalistas, teorias pactuais, etc.

2) Apontar as implicações desta perspectiva para a passagem que você está estudando.

a)Como a minha perspectiva interfere na forma como costumeiramente tenho entendido a passagem.

b)Será que estou sendo isento em minhas conclusões ou estou condicionado por meus preconceitos ( isto é, pré/conceitos).

3) Avaliar a extensão do conhecimento teológico disponível às pessoas daquele tempo.

4) Determinar o significado que a passagem possuía para seus primitivos destinatários à luz do conhecimento e perspectivas doutrinárias que tinham.

a) Analisar as afirmações doutrinárias claras ou específicas,tendo por base as análises histórica e léxico-sintática já feitas.

b) Analisar os elementos doutrinários que podemos inferir coerentemente dos detalhes estudados.

c) Averiguar como devemos entender a passagem segundo a ótica comum de seus dias.