UNIDADE 01 CODIFICACAO E PERSONALIDADE JURIDICA

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Direito Civil I – Parte Geral Profa. Ms. Advo. Ana Flávia Loyola Unidade 01

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Direito Civil I – Parte GeralProfa. Ms. Advo. Ana Flávia

Loyola

Unidade 01

Direito Civil I – Parte Geral

DIREITO CIVIL

A Codificação; O Código Civil Brasileiro; Lei de Introdução ao Código Civil *

O Código Civil BrasileiroO Código Civil de 1916 continha 1.807

artigos e era antecedido pela Lei de Introdução ao Código Civil.

Os Códigos francês (1804) e alemão (1896) exerceram influência em sua elaboração, tendo sido adotadas várias de suas concepções.

Continha uma Parte Geral, da qual constavam conceitos, categorias e princípios básicos, aplicáveis a todos os livros da Parte Especial, e que produziam reflexos em todo o ordenamento jurídico.

Elogiado pela clareza e precisão dos conceitos, bem como por sua brevidade e técnica jurídica, o referido Código refletia as concepções predominantes em fins do século XIX e no início do Século XX, em grande parte ultrapassadas.

Muitas leis trouxeram modificações ao Código Civil de 1916:

Lei n. 4.121/62: Estatuto da Mulher Casada

Lei n. 6.515/77: Lei do Divórcio

Leis n. 8.971/94 e 9.278/96: que reconheceram direitos aos companheiros e conviventes

Constituição Federal de 1988: trouxe importantes inovações ao direito de família, no tocante à filiação, bem como ao direito das coisas, ao reconhecer a função social da propriedade.

Lei n. 6.015/73: Lei dos Registros Públicos

Leis de Locação

Código de Defesa do Consumidor

Código de Águas e Código de Minas

Outros diplomas revogaram vários dispositivos e capítulos do Código Civil, em uma tentativa de atualizar a nossa legislação civil, até que se ultimasse sua reforma.

Em 2001, o Congresso Nacional aprovou o novo Código Civil Brasileiro – Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, elaborado por uma comissão de juristas e sob a supervisão de Miguel Reale. Contém 2.046 artigos e divide-se em:

Parte Geral: PessoasBensFatos Jurídicos

Parte Especial: Direito das ObrigaçõesDireito de EmpresaDireito das CoisasDireito de FamíliaDireito das Sucessões

Livro Complementar das Disposições Finas e Transitórias

Lei de Introdução ao Código Civil *

O Decreto-Lei n. 4.657/42.

Trata-se de legislação anexa ao Código civil, mas autônoma, dele não fazendo parte.

Caráter universal: aplica-se a todos os ramos do direito.

Acompanha o Código Civil simplesmente porque se trata do diploma considerado de maior importância.

Tem por FUNÇÕES regulamentar: a)o início da obrigatoriedade da lei (art. 1º); b)o tempo de obrigatoriedade da lei (art. 2º);c)a eficácia global da ordem jurídica, não admitindo a ignorância da lei vigente(art. 3º); d)os mecanismos de integração das normas, quando houver lacunas (art. 4º); e)os critérios de hermenêutica jurídica (art. 5º); f)o direito intertemporal, para assegurar a estabilidade do ordenamento jurídico ao preservar as situações consolidadas (art. 6º); g)o direito internacional privado brasileiro (arts. 7º a 17);h)os atos civis praticados, no estrangeiro, pelas autoridades consulares brasileiras. (arts.18 e 19);

Direito Civil I – Parte Geral

PESSOAS

Conceito Jurídico de PessoaConceito de Pessoa Natural Divisão das PessoaA Pessoa como Sujeito de DireitosTeoria da Relação JurídicaCaracterísticas da Relação Jurídica

PARTE GERAL

LIVRO IDAS PESSOAS

TÍTULO IDAS PESSOAS NATURAIS

CAPÍTULO IDA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE

Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o discernimento para a prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;

III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

IV - os pródigos.

Parágrafo único - A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único - Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.

Parágrafo único - A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

Art. 9º Serão registrados em registro público:

I - os nascimentos, casamentos e óbitos;

II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;  

III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;

IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:

I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;

II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;

III - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 29.07.09, para viger 90 dias após a data da sua publicação no D.O.U. de 04.08.09).

DAS PESSOAS

PESSOA NATURAL: É todo “ser humano”, sujeito de direitos e obrigações.

PESSOA NATURAL é o ser humano considerado como sujeito de diretos e deveres (CC, art. 1º). Para ser pessoa, basta existir. Para ser considerado PESSOA NATURAL basta que o homem exista, sem exigir qualquer adjetivação quanto à raça, sexo, credo etc.

Todo homem é dotado de personalidade, isto é, tem CAPACIDADE para figurar numa relação jurídica, tem aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações.

PERSONALIDADE: aptidão genérica reconhecida a toda e qualquer pessoa para que possa titularizar relações jurídicas e reclamar a proteção jurídica dedicada pelos direitos da personalidade (FARIAS, ROSENVALD, 2006, p. 97).

Personalidade jurídica é a aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações.

É o atributo necessário para ser sujeito de direito.

A personalidade está vinculada a existência do indivíduo e não a sua consciência ou vontade. Uma criança muito pequena e um louco são considerados pessoas. Entre as pessoas não há que se falar em diferença na atribuição de direitos civis, por maior que seja a debilidade ou a incapacidade de determinada pessoa, todo ser humano é uma pessoa de direitos.

PERSONALIDADE

A personalidade jurídica é conceito criado para pôr em movimento o próprio aparelho jurídico.

Conceitualmente, trata-se da aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica.

Tanto a pessoa física ou natural (ente de existência visível), bem como a pessoa jurídica (ente de existência ideal), são dotadas de personalidade jurídica.

A noção de personalidade é fundamental para o funcionamento do aparato jurídico.

Toda pessoa é dotada de PERSONALIDADE, isto é, tem capacidade para figurar em uma relação jurídica. Toda pessoa (não os animais ou seres inanimados) tem aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações (personalidade).

CAPACIDADE é a medida da personalidade. A que todos possuem (art. 1º) é a capacidade de direito (de aquisição ou de gozo de direitos). Mas nem todos possuem a capacidade de fato (de exercício do direito), que é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil, também chamada de “capacidade de ação”.

CAPACIDADE DE DIREITO: é própria de todo ser humano, que a adquire assim que nasce (começa a respirar) e só a perde quando morre; Em face do ordenamento jurídico brasileiro a personalidade se adquire com o nascimento com vida, ressalvados os direitos do nascituro desde a concepção.

CAPACIDADE DE FATO: nem todos a possuem; é a aptidão para exercer, pessoalmente, os atos da vida civil (capacidade de ação). Só se adquire a Capacidade de Fato com a plenitude da consciência e da vontade.

Pode a pessoa ter a CAPACIDADE DE DIREITO, mas não ter CAPACIDADE DE FATO?

ESTUDO DE CASO

EXEMPLO?

Os recém nascidos e os loucos têm somente a capacidade de direito, pois esta capacidade é adquirida assim que a pessoa nasce. Eles podem , por exemplo exercer o direito de herdar. Mas não têm capacidade de fato, ou seja, não podem exercer o direito de propor qualquer ação em defesa da herança recebida, precisam ser representados pelos pais ou curadores.

PODE!

A pessoa tem a CAPACIDADE DE DIREITO, mas pode não ter a CAPACIDADE DE FATO.

CAPACIDADE PLENA: é quando a pessoa tem as duas espécies de capacidade (de direito e de fato).

CAPACIDADE LIMITADA: Quando a pessoa possui somente a capacidade de direito; ela é denominada INCAPAZ, e necessita de outra pessoa que a substitua, auxilie e complete a sua vontade.

ESTUDO DE CASO: Aquisição da Personalidade Jurídica

Quando se inicia a personalidade?

ESTUDO DE CASO: Aquisição da Personalidade Jurídica

O seu surgimento ocorre a partir do nascimento com vida (Artigo 2º, CC).

No instante em que principia o funcionamento do aparelho cárdio-respiratório, clinicamente auferível pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno, tornando-se sujeito de direitos, mesmo que venha falecer minutos depois.

Estudo de Caso: Aquisição da Personalidade Jurídica

Resolução n. 1/88 do Conselho Nacional de Saúde dispõe que o nascimento com vida é a expulsão ou extração completa do produto da concepção quando, após a separação, respire e tenha batimentos cardíacos, tendo ou não cortado o cordão, seja ou não desprendida a placenta.

Em uma perspectiva constitucional de respeito à dignidade da pessoa humana, não importa que o feto tenha ou não forma humana ou tempo mínimo de sobrevida.