IMPASSES OA ENERGIA NUCLEOELéTRICA - OSTI.GOV
-
Upload
khangminh22 -
Category
Documents
-
view
4 -
download
0
Transcript of IMPASSES OA ENERGIA NUCLEOELéTRICA - OSTI.GOV
4IMPASSES OA ENERGIA NUCLEOELéTRICA
NO BRASIL NA DÉCADA DE 80".
Oi»scrtaç3o de Mestrado apresentadaao Programa de Mestrado emSociologia Política, da UFSC, paraobtençfto do Grau de Mestre emSociologia.
Maria Dorothea Post Darci la
Florianópol s, novembro de 1989.
"IMPASSES DA ENERGIA NUCLEOELETRICA
NO BRASIL IMA DÉCADA DE OO •" .
Maria Dorothea Poet Dareila
Esta dissertação foi julgada e aprovadaem sua forma final pelo Orientador eMembros da Banca Exaeinadora, compostapelos Professores i
Prof. Dr. Eduardo José Viola - Orientador
Prof. Dr. Ary r nineiIa
Prof. Dr. Christian Buy Caubet
Florianópolis, 14 de dezembro de 1989.
"Kcine Mau* kaeme auf die Idee Hau»efallenzu bauen. r1en»chen bauen Atomwaffan". (undAtomkraftwerke).
"Nanhum rato ttria a idéia de construirratoeira», Pessoa» constróem bomba»atômica»", (e reatorc» atômico»).
(de um muro da Alemanha Ocidentei)
E*te trabalho é dedicado ao movimentoantinuelear no Bratil e no mundo, pelatenacidade na luta e pela perspectiva de umfuturo, de um Planeta melhor.
AGRADECIMENTOS
Ao olhar para trás tinto que nesse» vinte e dois últimosmeses a caminhada só foi possível devido i compreensão ecolaboraçio de muitas pessoas, seja em Florianópolis,Brasília, Rio de Janeiro e Angra dos Reis.
Mencionar todas seria impossível, mas gostaria de citaralgumas, dirigindo meus agradecimentos
à Profa. II se Scherer-Narren e ao Prof. Ary César Minei Ia,componentes da banca do projeto de dissertaçio, pelasoportunas e válidas anotações em relaçio ao mesmo, emagosto/BB;. i Prof. Maria Ignêz PauliIo, pelas importantes observaçõesquando da apresentação de parte da pesquisa aos alunos doMestrado, em agosto/89i
a todos os entrevistados, que me cederam tempo eensinamentos valiosos». ao Diretor do Museu de Antropologia da Universidade Federalde Santa Catarina, Prof. Luiz Carlos Halfpap, pelacompreensão e apoio ininterrupto;
aos funcionários do Museu de Antropologia, meus colegas detrabalho, pelo crédito depositado na pesquisa e peloconstante estímulo e confiança;
à Heloísa Tartarotti, assessora do Senado Federal, pelointeresse demonstrado e material a mim encaminhado;
a meus amigos, irmãos e cunhados que, próximos ou nadistância, náo pouparam palavras e atos de apoio, me fazendosempre de novo acreditar que valia a pena o caminhar;
a Gerardus Post, meu pai, pelo material trazido da Europa.A Elisabeth Geriinger minha mSe, pela cuidadosa correçio etambém pela vibraçlo. A ambos devo o início da caminhada, hámuitos anos atrás;
è Marianne Kutassy da Silva, pela carinhosa e fundamentalacolhida em Niterói no mès de maio/89, de onde eu levantavav6o para as entrevistas e pesquisas nas cidades do Rio deJaneiro c Angra dos Reis;
a Thomas Post e Vera Lúcia da Silva, pelo competentetrabalho que pode ser observado na apresentação final dadissertação;
ao Prof. Eduardo Viola, por ter aceito a orientaçio destetrabalho t por ter trilhado junto comigo nesta tarefa que lheexigiu tempo e dedicaçio;
è Ivandina Darei Ia, pelo respeito a minha opçfo e pelaforça ininterrupta a mim dirigida;
a Roía dos Passos, sem a qual este trabalho nfo seriapossível .
A Wilson, Clarissa e Joio Augusto reservo meu especialagradecimento, pelo que encerra a convivência com umapesquisadora e sua tarefa de pesquisar. Houve aqui um casoexemplar de incentivo, actitsçlo, compreensão, apoio, torcidae paciência.
i v
SUHiBI 0
LISTA DE QUADROS. FIGURA E MAPA viii
LISTA DAS PRINCIPAIS SIGLAS E ABREVIATURAS i>
RESUMO * * i
INTRODUÇiO 001
CAPÍTULO I - "ENERGIA NUCLEAR ? NIO, OBRIGADO".
1. O Universo - A Terra - O Hone» 008
2. Ciência 014
3. Tecnologia 082
4. Crescimento x desenvolvimento 038
5. Energia 0335.1. Crise de energia elétrica ? 0455.2. Conservaçio de energia elétrica 0526. Energia Nuclear 0576.1. A opçio energética 065
Notas e referências bibliográficas 076
CAPÍTULO II - ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A HISTÓRIA E ASITUAÇIO DOS REATORES NUCLEARES NO MUNDO.
1. Da radioatividade natural á artificial.
Do reator è bomba 088
S. Mas. o que é um reator nuclear ? 099
3. Reatores no mundo. 105
Notas e referências bibliográfica» ,t, , 188
CAPÍTULO III - ALGUNS ELEMENTOS DA HISTÓRIA DA ENERGIANUCLEOELÉTRICA NO BRASIL ANTERIOR ADÉCADA DE 80.
1. Breve histórico da energia nucleoelétrica no Brasil(1850-1974) 140
2. De 1975 a 1979 - O deslanchamento do Programa NuclearBrasilei ro.
2.1. 1975 1542.1.1. Alemanha 1562.1.2. O Acordo Brasil - Alemanha 1582.2. 1976 e 1977. 1692.3. 197B e 1979 173
Notas e referências bibliográficas 176
CAPITULO IV - IMPASSES DA ENERGIA NUCLEOELÉTRICA NO
BRASIL NA DÉCADA DE 80 181
1. 1980 - A Nuclebrés continua forte 183
2. 1981 - Os atrasos nas usinas Angra 1, 2 e 3
persistem 187
3. 1982 - Entra em cena o FM» 192
4. 1983 - A força da Nuclebrés sofre erosSo.Crescem as manifestaçftes que questionam
"o nuclear" 194
5. 1984 - Cuidado : Angra 1 a 100% de potência 198
6. 1985 - 0 início da atuação da "Nova República*
no nuclear 200
7. 1986 - A manutenção do Programa Nuclear Brasileiro. .. 205
8. 1987 - 0 declínio acentuado da Nuclebrás 213
9. 19B8 - Ano da criaçio do Conselho Superior dePolítica Nuclear e da primeira perícia
civil em Angra 1 220
10. 19B8 - E o plano de emergência para a populaçio ? ... 237
11. Usinas do ciclo do combustível nuclear 24611.1. NUCLEP 24711.2. Complexo Hínero - Industrial do Planalto de
Poços de Caldas . 25011.3. Complexo Industrial de Resende 25111.3.1. Usina de Conversfo 25111.3.2. Usina de Enriquecimento Isotópico (NUCLEI). ..... 25211.3.3. Fábrica de Elementos Combustíveis. 25311.4. Usina de Reprocessamento. ., 25412. Nuclebras x CNEN + Personagens * mandos e
desmandos no setor nucIeoelétr•co do Brasil 254
v i
13. Depósitos de rejeitos radioativos 262
14. Plano d* emergência. 268
15. Pesquisas de opinito pública e plebiscito nuclear. .. 275
16. As perspectivas para Angra na década de 90 281
Notas e referências bibliográficas 291
ALGUMAS CONCLUSÕES E REFLEXÕES SOBRE A UTILIZAÇÃODE ENERGIAS RENOVÁVEIS 296
APÊNDICE
Introdução a Cronologia 306
Cronologia 1974 - 1989 309
Quadro I 400
Quadro II , 401
Quadro III 402
Quadro IV 403
Quadro V 404
Quadro VI 405
Quadro VII 406
Quadro VIM 407
Quadro IX 408
Ouadro X. 409
Mapa No. 1 410
BIBLIOGRAFIA 411
v t t
LISTUE QUADROS. FIGURA E MAPA
Constantes no texto :
Quadro No.1
Quadro No.2
Quadro No.3
Ouadro No.4
Quadro No.5
Quadro No. 6
Quadro No.7
Figura No. 1
Constantes no
Quadro I
Ouadro I I
Quadro I 11
Ouadro IV
Quadro V
Ouadro VI
Quadro VII
Ouadro VIII
Ouadro IX
Ouadro X
Mapa No, 1
- Evolução do consumo elétrico dos setoresindustrial e residencial - 1980/85 (Gwh).
- Energia elétrica e PIB - 1980/85.
- Reatores no mundo (1980-1988).
- Estimativa do uso de nucleoeletricidadeno mundo de 1987 a 3005 C%).
- Angra 2 - Cronograma para entrada em-funcionamento.
- Angra 3 - Cronograma para entrada emfuncionamento.
- População das cidades de Angra dos Reis,Itaguaí, Mangaratiba, Parati, Resende eRio Claro em 1970, 1980 e 1989.
- Diagrama funcional de central nuclearcom reator a água pressurtzada (PWR).
Apêndice :
- Reatores nucleares no mundo - (1980).
- Reatores nucleares no mundo - (01.01.81).
- Reatores nucleares no mundo - (1983).
* Reatores nucleares no mundo - (1983).
- Reatores nucleares no mundo - (1985).
- Reatores nucleares no mundo - (1985).
- Reatores nucleares no mundo - (1986).
- Reatores nucleares no mundo - (1987).
- Reatores nucleares no mundo - (1988).
- Síntese da apreciaçlo dos quesitosrespondidos na visita ao reator Angra 1•m ie.ii.ee.
- Usina nuclear de Angra * Localização.
V I I I
LISTA DAS PRINCIPAIS StCLâS E ABREVIATURAS
ABOIB - Associação Brasileira para o Desenvolvimento dasIndustrias de Base
ALERJ - Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
AIE - Área Interdisei piinar de Energia da COPPE/UFRJ
AIEA - Agência Internacional de Energia Atômica
CNO - Construtora Norberto Odebrecht
CNEA - Comistio Nacional de Energia Atômica (Argentina)
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear
COPPE/UFRJ - Coordenação dos Programas de Pós-Graduaçio emEngenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
CNAAA - Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto
CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
CBTN - Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear
C5N - Conselho de Segurança Nacional
CNPq - Conselho Nacional de Pesquisas (atualmente i ConselhoNacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)
CSPN - Conselho Superior de Política Nuclear
CB - Correto Braziliense
DOU - Diário Oficial ó» Uniio
DC * Diário Catarinense
EA IA - Estudo de Avaliação do Impacto Ambiental
ES6 - Escola Superior de Guerra
ESP - 0 Estado de Slo Paulo
FEC - Fábrica de Elemento» Combustíveis
FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia c Meio Ambiente daSecretaria de Estado do Meio Ambiente do RJ
FSP - Folha de Slo Paulo
i %
FMI - Fundo Monetário Internacional
GH * 6azeta Mercantil
GW - Gigawatt (1.000 UM)
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBOPE - Instituto Brasileiro de Opiniio Pública e EstatísticaLtda.
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPEN - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (USP)
INB - Indústrias Nucleares do Brasil S.Jt.
IRD - Instituto de Radioproteçio e Dosimetria
ISS - Imposto Sobre Serviços
IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano
IAEA - International Atomic Energy Agency (AIEA)
IOEAG - Initiative Oesterreichischer Atomkraftwerksgegner
JT - Jornal da Tarde
JB - Jornal do Brasil
JM - Jornal Maré
J8f - Jornal de Brasília
JC - Jornal do Comércio
kW - quilowatt (1.000 watts)
kWh - quilowatt/hora
KWU - Kraftwcrk Union (Alemanha)
MME - Ministério das Minas e Energia
MVT - Jornal Movimento
MINTER - Ministério do Interior
MRE - Ministério das Relações Exttriores
MW ou MWe - megawatt (1.000 kW)
NUCLEP - Nuclebré» Equipamentos Ptsados S, A.
x
OG - O Globo
OE - 0 Estado
OIEA - Organ »%iro Internacional de Energia Atômica (AIEA)
PNEN - Programa Nacional de Energia Nuclear
PNB - Programa Nuclear Brasileiro
PNP * Programa Nuclear Paralelo
PIB - Produto Interno Bruto
RFA - República Federal da Alemanha
RIMA - Relatório de Impacto do Meio Ambiente
RS - Revi sta Senhor
SEST - Secretaria Especial de Controle das Empresas Estatais
SADEN - Secretaria de Assessoramento da Defesa Nacional
SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
5BF - Sociedade Brasileira de Física
SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente
5APE - Sociedade Angrense de Proteção Ecológica
TMI - Three Mile Island
TNP - Tratado de Nio-Proliferaç&o
TI - Tribuna da Imprensa
TFR - Tribunal Federal de Recursos
TW - Terwatt (1.000 CW)
URENCO - Uranium Enrichment Consortium
W - watt (unidade de medida de potência no SistemaIntenac íonal )
Wh - watt/hora (unidade de medida de energia)
x i
RESUMO
A geração de energia elétrica a partir de usinasnucleares é desnecessária no Brasil. A opção tecnológica,procedente de países industrializados, situados no hemisférionorte, concretizada a partir do início da década de 70,significou uma decisão poIítico-ideoIógica, de caráterautoritário e estratégico, e não técnico-científica ou mesmoética. Teve início com a compra de Angra 1 e foiintensificada em 1975, com a assinatura do Acordo NuclearBrasiI-Alemanha, encerrando dupla dependência í a dosreatores nucleares e a do combustível. Para o governofederal, interessado na transferência e domínio datecnologia, era secundária a produção de energia elétrica,ainda que essa fosse a justificativa dada ao país, já que suaoferta era superior a demanda. Para além disso, a históriados reatores nucleares de potência no mundo parte da&pesquisas para rrmamento nuclear, a partir de 1948. De 1956em diante, ano em que o primeiro reator comercial entrou emfuncionamento, houve um aumento considerável da quantidade dereatores em operação no mundo, sendo que a média de 1980 a19BB é de 21 a 22 reatores/ano. Concern;tantemente pode serpercebida a diminuição do número de reatores em construção, auma média de 16 reatores/ano no mesmo período. Cm 1979, noBrasil, entra em cena o Programa Nuclear Paralelo, nãosujeito a inspeções internacionais e sob o controle exclusivodas Forças Armadas e da Comissão Nacional de Energia Nuclear,cujo fortalecimento durante toda a década de 80 é notório.Por sua vez, o Programa Nuclear Brasileiro perde, na décadade 80, a vitalidade que podia ser observada na décadaanterior, incorrendo em erros técnicos acentuados eapresentando um quadro de extrema gravidade principalmente noque diz respeito ao plano de emergência para a população deAngra dos Reis e cidades circunvizinhas, e aos rejeit tradioativos, que continuam sem destino definitivo e semsolução. Concluí-se que não é possível prosseguir com umapolítica energética que subsidia energia elétrica - a maisbarata do mundo - preponderantemente ao setor industrial, ainiciativa privada nacional e transnational. Nesse quadro nãopode e não deve haver lugar para a energia termonuclear,onerosa aos cofres públicos, perigosa a população, ao meioambiente, ao Planeta como um todo. Entra aí a premência daconservação de energia elétrica, sua melhor utilização, oaumento da eficiência e a negação do desperdício. Anecessidade de questionar e modificar o estilo de vida econsequentemente o consumo, de seguir por rumos que enveredempelas energias renováveis, efetivadas desccntralizadamentepor sociedades desenvolvidas e democráticas.
x i t
ABSTRACT
The production of electrical energy by nuclear reactorsis unnecessary in Brazil. This technological option, whichwas concrete by the beginning of the 1970's, had its originsin the industrialized countries of the northern hemisphere.It signified a political ideological decision of anauthoritarian and strategic nature, and not a technical-scientific or ethical one. It began with the purchase ofAngra 1 and was intensified in 1975, with the signing of theBrazilian-German Nuclar Agreement, establishing a doubledependency: that of the nuclear reactors and that ofcombustion. The federal governnent was interested in thetransference and connand of technology, the production ofelectrical energy being secondary. Even though it «as usedas a justification for the country, the offer of electricalenergy was already greater than the denand. Besides this,the history of the powerful nuclear reactors in the worldcones fro» those of research on nuclear armament beginningin 1942. After 1956, the year in which the first commercialreactor began to function, there was a considerable increasein the number of reactors in operation in the world. Between1980 and 1986 the average increase was between 21 and 22 peryear. Concomitantly, a reduction in the number of reactorsin construction could be perceived, an average of 16reactors per year for the sane period. In 1979, the ParallelNuclear Program entered the scene. It was not subject tointernational inspections and was under exclusive control ofthe Armed Forces and the National Commission of NuclearEnergy, whose growing strength during the entire decade ofthe 1980 s is notorious. At the sane time, the BrazilianNuclear Program lost in the 1980's the vitality that couldbe observe, for the previous decade. It incurred accentuatedtechnical errors and presented an extremely serioussituation principally with regards to the emergency plan forthe population of Angra dos Reis and neighboring cities andfor the disposal of radioactive residues, which continuewithout a solution or definitive place. It is concluded thatit is not possible to proceed with a energy policy thatsubsidizes electrical energy - the least expensive in theworld - preponderantly to the industrial sector, for theprivate national and transnational initiative. In thissituation there is no room for thermonuclear energy, onerousto the public coffers and dangirous to the population, tothe natural environment and to the entire Planet. Attentionshould be given to the priorty of conservation of electricalenergy, its best utilization, an increase of its efficiencyand a negation of its waste. He must question and modify ourlife style and consequently consumption, following in thedirection of renewable energies, effectively descentralizedby developed and democratic societies.
xiii
INTRODUÇIO
Hé certamente temas mais agradáveis de serem pesquisados
do oue a energia nucleoelétrlea no Brasil. Seria até salutar
e conveniente que o tema fosse inexistente no país, porque
ele se caracteriza num problema, nas creio seja tarefa das
ciências sociais realizar também essas pesquisas, concatenar
idéias e informacOes, devolver à sociedade trabalhos e
resultados que de uma forma ou de outra tenham utilidade,
contribuir para a soluçlo do problema. Trata-se de um tema
atuai, que está correlacionado diretamente com poder e
dinheiro, nas que também pode influir para a reavaliação do
estilo de vida e de civilização.
Através do livro "Energia e classes sociais no Brasil"
de Antonio Carlos Bôa Nova me aproximei do tema ENERGIA e a
possibilidade de trabalhar esse assunto vasto, denso, que
requer urgentes transformações neste país, como categoria de
a n á M s e sociológica. A seguir, a leitura de "Estado nuclear
no Brasil", escrito por Carlos Augusto Glrottl, me levou è
decislo em torno do tema de pesquisa : ENERGIA N U C L E A R .
A princípio decidi enveredar na política nuclear
brasileira como um todo, abarcando num dos capítulos a
energia termonuclear, hoje vejo que o tempo nlo me permitiria
a empreitada, mas o acertado alerta partiu do orientador.
Tencionei entlo fazer uma crítica è política energética
brasileira e à utllfzaçto da energia nuclear, que eu
considerava totalmente desnecessária, isso se deu em meados
002
de 19B7. Hoje, fins de 1989, a crítica se •ctrrou.
Quatro capítulos compõe • dissertação, sendo o primeiro
una reflexão sobre o significado da utilizado da energia
nuclear no planeta, sobre a atual "civilização" e política
energética, é nele que procuro elaborar a crítica da opçlo
tecnológica para geraçlo de eletricidade no Brasil, diante do
potencial hídrico disponível, da possibilidade de usufruto de
outras energias renováveis, da necessidade de conservaçlo e
Melhor utllizaç8o da energia elétrica no país.
O segundo capítulo tenta relatar resumidamente o início
da era da radioatividade artificiai e oferecer uma vislo da
situado da nuci eoeletr id dade no mundo. Os quadros relativos
às usinas nucleares de potência nos diferentes países slo
encontrados no Apêndice e procuram oferecer dados em parte
analisados no texto.
O capítulo terceiro, relatando um brtyt histórico da
energia nucieoelétrica no Brasil, quer ter o sentido de uma
introdudo/preparado ao quarto capítulo. A década de 70
principalmente vai oferecer dados importantes para a
compreensão dos fatos desta década. Entra aí o Acordo Nuclear
Brasii-Aiemanna, assinado em 1975, que tem repercussões
durante toda a década de 80.
O capftuto quarto centra-se no relato e interpretação
dos fatos ocorridos nesta década, qut transformados em
constantes problemas e Ininterruptos impasses, expOe a um
patamar oem precedentes a incompetência da nucleocracia
brasileira.
003
A P Ó S as conciusOes e algumas reflexões sobre as energias
renovável», que slo exatamente as que se contrapOe ès nlo-
renováveis, dentre elas a nuclear, apresento um Apêndice,
formado, além dos quadros Já citados, pela Cronologia 1S74--
1989. E B sua introdução faço esclarecimentos quanto è
obtençio de dados, que igualmente slo válidos para o trabalho
todo. Gostaria de sugerir, quando da leitura dos capítulos
ill e IV, o acompanhamento concomitante dos dados contidos na
Cronologia, que complementa informações do texto.
A pesquisa teve Infciú em Brasília, onde residi de
fevereiro a novembro de 1988. Cm contato com as bibliotecas
da câmara dos Deputados, Senado Federai, HUE, une, com uma
das assessoras do Senado Federal - Heloísa Tartarotti - , com
a secretaria das CPI's do Senado Federal, o PRODASEN
(Processamento de Oados do Senado Federai), pude coletar
documentos, dados, bibliografia, material da Imprensa
escrita, necessários è elaborado da dlssertaçSo. é de se
ressaltar que todo o material coletado e trabalhado é de
acesso público. Nlo procurei me enfronnar em documentos
•igiiosos, que nlo estlo disponíveis ou melhor, que ainda nlo
o estlo. isso exigiria uma outra pesquisa.
Findas as leituras - a grande maioria delas - , fui ao
Rio de Janeiro e Angra dos Reis em maio/89, para a pesquisa
fle campo. No Rio de Janeiro entrevistei Tanla Melheiro» -
Jornalista da FSP, Anselmo S a n e s Páschoa - professor da PUC,
doutor em Física Nuclear, Carlos Mine - deputado estadual
peit coiigaçlo P T / P V , Ricardo Arnt - jornalista do Jfl, Lutz
004
pinguei 11 Rosa - diretor e professor da COPPE/UFRJ» doutor em
Física Nuclear. Procurei a biblioteca de Furnas centrals
Elétricas e o Centro de Informações da GNEN.
Em Angra dos Reis realizei pesquisa nos arquivos do
jornal Maré e entrevistei uma de suas diretoras, a jornalista
Dailzftnia Lima Melo. Tive oportunidade, com autorlzaçlo da
Assessoria de Comunicado Social de Furnas / RJ, de visitar a
CNAAA. onde conheci o Edifício da Administrado, do
Turbogerador, a sala de controle de Angra 1, o Centro de
informações, as vilas residenciais de Praia Brava e
Mambucaba, o Centro de Treinamento, o Laboratório de
Radioecologia e o simulador de Angra 2. Na C N A A A pude
entrevistar Rubens Pinto Pinheiro, do Centro de Treinamento e
Alofsio Mendes dos Santos Filho, químico nuclear do
Laboratório de Radioecologia.
Fundada em 1502, Angra dos Reis é quase tio antiga
quanto a Inclusão destas terras aos domínios de Portugal.
Passou a ser cidade em 1834. Ali vivem os Guaranl-Nhandeva,
único agrupamento indígena do Estado do Rio de Janeiro,
Instalados no sertlo do Bracuí. A M se situa, na Ilha Grande,
o instituto Penal Cindido Mendes, considerado presídio de
segurança máxima.
Quando da pesquisa nos arquivos do Jornal Maré,
constatei que a cidade nlo foge aos problemas existentes no
país hoje : pesca predatória, degradaçlo ambiental, água
contaminada, enchentes, constantes deslizamentos de terra na
única via de acesso, crescente poluiçlo das praias e égua do
005
Mtr, violência contra a mulher, falta de é9ua, saneamento
básico e escolas, etc. Por outro lado, neste me saio município
carente estlo instaladas usinas nucleares de altíssimos
custos, com os quais o país sequer tem condiçBes de arcar.
Essas instalações até o momento apresentaram pouquíssimos
resultados concretos. verifica-se, pois. um contundente
contraste entre os dois quadros apresentados.
Em algumas edíçDes do Jornal Maré podem ser lidas
propagandas da Nuclebrás e de Furnas e matérias que informam
sobre o repasse de verbas de ambas ao município, o que nao
deixa de ser, no segundo caso, um reconhecimento de que
apesar do vultuoso capital investido na CNAAA, n9o houve uma
influência proporcional sobre a economia de Angra dos Reis.
Ao contrário, houve degradação.
Em Florianópolis realizei entrevistas com Carlos Alberto
Brezolln - Diretor do Departamento de Planejamento da CELESC
e com Paulo Roberto Cavalcanti Souza - Diretor do
Departamento de Planejamento da ElETROSUL.
Optei por realizar entrevistas qualitativas, sendo que
as realizadas no Rio de Janeiro e em Florianópolis tiveram
roteiros preparados anteriormente. Para as de Angra dos Reis
isso nSo foi possível, uma vez que surgiram quando da própria
estada.
Trechos das entrevistas estlo presentes nos capítulos i,
•i e iv, selecionados de acordo com o desenrolar do texto.
O estudo dos "impasses da energia nucleoelétrlea no
Brasil na década de 80" se desenvolve até 31 de outubro de
006
1989. sendo que nlo é a n a l i s a d o o P r o g r a m a Nuclear P a r a l e l o
(ainda que a s e p a r a d o da energia nuclear pacífica e o PNP
nem sempre possa ser e f e t i v a d a , h a v e n d o , por c o n s e g u i n t e ,
alguma a b o r d a g e m a r e s p e i t o ) , o a r m a m e n t o n u c l e a r , o a d o e n t e
de G o i â n i a , a u t i l i z a ç ã o da t e c n o l o g i a nuclear na m e d i c i n a ,
indústria, a g r i c u l t u r a (ou ainda em o u t r o s s e t o r e s ) , a f u s l o
a f r i o .
Todo t r a b a l h o , assim como todo p e s q u i s a d o r p r e c i s a m ser
c o n t e x t u a l i z a d o s : estfto inseridos num d e t e r m i n a d o t e m p o ,
espaço, c u l t u r a , classe s o c i a l . Essa c o n t e x t u a l t 2 a ç ã o
oeii: ~s o trabaino, o a n d o - i n e um viés p a r t i c u l a r , s i n g u l a r .
Para f i n a l i z a r , pode parecer c o n t r a d i t ó r i a a u t i l i z a ç ã o
do computador para a a p r e s e n t a ç ã o ftnai da dissertaçfto, m a s
certamente ele nlo consumiu m a i s energia elétrica q u a n t o
utilizaria uma m á q u i n a de e s c r e v e r . Além d i s s o , fazer uso
dessa t e c n o l o g i a p r o p o r c i o n o u e c o n o m i a de energia interior,
Ja que tive a p o s s i b i l i d a d e de realizar correções até o
último m o m e n t o .
C A P I T U L O I
" E N E R G I A NUCLEAR ? N l O . O B B I 6 A D Q " .
" T i v e m o s que abandonar a t r a n q ü i l a q u i e t u d e de já ter
d e c i f r a d o o m u n d o " .
IIya Pr tgogi ne
1. 0 U N I V E R S O - A TERRA - 0 H O M E M .
O c a m i n h o t r i l h a d o para a c o m p r e e n s ã o e o c o n h e c i m e n t o
sobre o u n i v e r s o desde A r i s t ó t e l e s , p a s s a n d o por P t o l o m e u ,
C o p é r n i c o , G a l i l e u , K e p l e r , N e w t o n , Kant e E i n s t e i n (para
citar a p e n a s a l g u n s ) , desde a G r é c i a até e s t e final de
s é c u l o , foi á r d u o , longo e p r o f í c u o em c o n j e c t u r a s e
af i r m a ç ò e s .
As d e s c o b e r t a s sfto c o n s t a n t e s e t e m - s e h o j e a c e r t e z a de
que o c o n h e c i m e n t o a c u m u l a d o sobre o u n i v e r s o é m u i t o m a i o r
do que em q u a l q u e r outra é p o c a , e m b o r a as t e o r i a s a i n d a
p e r s i s t a m s e n d o p a r c i a i s e p o v o a d a s de i n c e r t e z a s .
0 d e s e j o de saber cada vez m a i s s o b r e o u n i v e r s o tem se
d e p a r a d o com o s limites da p e s q u i s a c i e n t í f i c a , no c a s o , c o m
a falta de p o s s i b i l i d a d e de c o m p r o v a ç l o e m p í r i c a , a l é m de se
p e r p e t u a r e m q u e s t õ e s que p o d e r i a m ser c o n s i d e r a d a s s i m p l e s ,
caso nao se t r a t a s s e m do u n i v e r s o , tais como s t e r á h a v i d o um
começo no c o s m o s , no e s p a ç o e no tempo? H a v e r á um fim?
S u p õ e - s e que o universo tinha t a m a n h o z e r o e t e m p e r a t u r a
0 0 9
i n f i n i t e m e n t e q u e n t e q u a n d o da g r a n d e e x p l o s & o ( t e o r i a do Big
B a n g ) . A p r o x i m a d a m e n t e 1 0 0 s e g u n d o s a p ó s a g r a n d e e x p l o s ã o , a
t e m p e r a t u r a t e r i a c a í d o p a r a 1 b i l h ã o de g r a u s .
H o u v e a l g o a n t e s do Big B a n g , q u e não se p o d e
d e t e r m i n a r . E ' a c e i t á v e l , p o i s , q u e o t e m p o t e n h a c o m e ç a d o
n e s t e p r i m e i r o i n s t a n t e , a p a r t i r d o qual h o u v e c o n s t a n t e
e x p a n s ã o e d i m i n u i ç ã o da t e m p e r a t u r a .
Em 1 9 2 9 , E d w i n H u b b l e f o r m u l o u o que v i r i a a s i g n i f i c a r
uma d a s g r a n d e s r e v o l u ç õ e s i n t e l e c t u a i s : a a s s e r t i v a de que
o u n i v e r s o p e r m a n e c e e m e x p a n s ã o . Tal d e s c o b e r t a h a v i a sido
p r e v i s t a e m 1 9 2 2 por A l e x a n d e r F r i e d m a n n .
A d i s t â n c i a , p o i s , e n t r e as g a l á x i a s a u m e n t a
c o n s t a n t e m e n t e . 0 i n f i n i t o é, a s s i m , c a d a vez m a i s i n f i n i t o .
E m e s m o que o u n i v e r s o t e n h a um fim, tal não se d a r á
antes de 1 0 0 b i l h õ e s de a n o s , uma vez q u e e l e já vem se
e x p a n d i n d o há p e l o m e n o s e s t e m e s m o t e m p o .
C á l c u l o s d ã o c o n t a da e x i s t ê n c i a de c e n t e n a s de m i l h a r e s
de m i l h õ e s de g a l á x i a s , que p o d e m ser v i s t a s a t r a v é s de
m o d e r n o s t e l e s c ó p i o s , a i n d a que o t a m a n h o do u n i v e r s o
o b s e r v á v e l s e j a de um s e t i l h ã o de q u i l ô m e t r o s . Não se s a b e o
que e s t á a c o n t e c e n d o r.um t e m p o d i s t a n t e do u n i v e r s o , já q u e a
luz que se o b s e r v a em g a l á x i a s d i s t a n t e s d e i x o u - a s há m i l h õ e s
de a n o s , A e s t r e l a m a i s p r ó x i m a , c h a m a d a P r ó x i m a C e n t a u r i ,
e&tá d i s t a n t e c e r c a de q u a t r o a n o s - l u z ou a p r o x i m a d a m e n t e 37
m i l h õ e s de q u i l ô m e t r o s .
E ' até p o s s í v e l a e x i s t ê n c i a de um n ú m e r o i n f i n i t o de
uni v e r s o s . . .
010
O Sol, estrela de 2a. ou 3a. geraçio, formada há cerca
de 5 bilhões de anos atrás, é o centro deste sistema solar em
torno do qual giram, pela ordem de afastamento, os planetas
Mercúrio, Vènus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano,
Netuno e PlutSo. Destes nove planetas, apenas um detém
possibilidades de vida tal como nós a conhecemos.
Inicialmente a Terra era muito quente e sem atmosfera.
Se resfriou gradativãmente e adquiriu uma atmosfera a partir
da emissão de gases das rochas. Nao havia oxigênio. Os
primeiros dois bilhões de anos da existência do planeta, pelo
seu calor, nSo possibilitaram o desenvolvimento de qualquer
organismo complexo. Nos outros três bilhões de anos,
aproximadamente, iniciou-se um lento processo de evolução. A
atmosfera foi se modificando e garantindo o desenvolvimento
de formas mais elevadas de vida, dando lugar por fim, à
espécie humana.
Mas, qual a posiçío que a Terra ocupa no universo? Em
que direção a Via Láctea se expande? Oual a significancia
deste planeta na vastidio do cosmos? Por que < e nao somente
o que) aconteceu a grande explosfio?
0 universo nao é estático, como também n&o é imutável.
Há teorias, há incertezas, inclusive a incerteza se há teoria
que dê conta do universo.(1)
Possui o planeta Terra uma rara singularidade : o
confronto dos três estados físicos (sólido, líquido, g a s o s o ) ,
uma correta gravidade e rotaçio, as condições químicas e
D11
físicas ideais para consubstanciar a «ida, que para seu
estágio atual de evolução necessitou de cerca de 5 bilhões de
anos.(?)
Inúmeros estudos se debruçam sobre essa evoluçfto,
datando-a e narrando-a. Hoje, ela está ameaçada. 0 planeta
agoniza. Oue estudos podem prever o futuro? Descobertas
ctentíficas podem explicar o passado e o presente, ainda que
parcialmente. Descobertas científicas podem também destruir a
Humanidade, o seu futuro.
Cinco mil anos de história documentadaO) possibilitam
avaliar o esforço do Homem em descobrir, conhecer, avançar,
progredir e se beneficiar dos recursos naturais, do
equilíbrio e da harmonia quase sempre presentes neste período
no Planeta(4>. As mais diversas épocas e culturas oferecem
aprendizados quanto á relação Homem-Natureza.
Mas é no século XIX, com o advento da Revoluçfto
industrial, que o Homem mais e mais se posiciona como
dominador da natureza e inicia um processo de destruiçio do
que há de mais vital para a vida ; o ar, o solo, a água.
0 Homo Saoiens(5) marca profundamente a sua presença no
planeta. A partir de sua açio existem já há alguns anos
riscos de longo prazo e em escala planetária, a partir
inclusive de uma utílízaçlo insensata dos recursos
terrestres, A crise se fez global, culminando com a
possibilidade do extermínio da espécie como um todo.
0 que levou muitos milhfte» de anos para evoluir, pode em
P O U C O S anos ser massacrado, aniquilado.
0 1 ?
A d e g r a d a ç ã o a m b i e n t a l , s o c i a l , e c o n ô m i c a , p o l í t i c a ,
c u l t u r a l faz c o m que se d i s c u t a e a v a l i e n e c e s s a r i a m e n t e a
n o ç ã o d e c i ê n c i a , de d e s e n v o l v i m e n t o , d e c r e s c i m e n t o , de
p r o g r e s s o , de t e c n o l o g i a , de c i v i l i z a ç ã o .
Final da d é c a d a de 8 0 . F i n a l d o s é c u l o X X .
B u s c a - s e i n t e n s a m e n t e c o n h e c i m e n t o s s o b r e o p a s s a d o e a
c o m p r e e n s ã o do p r e s e n t e . E q u a n t o ao f u t u r o ? F a l a r d e um
m u n d o -futuro s i g n i f i c a r e c o n h e c e r l i m i t e s p l a n e t á r i o s e a
n e c e s s i d a d e de r e d e f i n i ç õ e s no que diz r e s p e i t o a p r o d u ç ã o ,
ao c o n s u m o , ao e s t i l o de v i d a .
A p o p u l a ç ã o da T e r r a a t i n g i u , s e g u n d o a O N U , 5,2 b i l h õ e s
de s e r e s h u m a n o s , m a i s da m e t a d e v i v e n d o d e forr?a m i s e r á v e l .
J. B A U O R I L L A R D ( 6 ) a f i r m o u que a a n á l i s e d o s o b j e t o s de
c o n s u m o l e v a r a m - n o a i n t e r r o g a r a e s f e r a da p r o d u ç ã o ,
a c a b a n d o por se p e r g u n t a r se e s t a não f a b r i c a v a m a i s a i g n o s
do q u e m e r c a d o r i a s . P a r a e l e , é a t r a v é s d o s o b j e t o s que as
d e s s e s f a v o r e c i d a s r e a t u a l i z a m p e r p e t u a m e n t e s e u s
p r i v i l é g i o s c u l t u r a i s .
M a i o r i a d e p a u p e r a d a e m i n o r i a p r i v i l e g i a d a . . . e s s e s
s e r e s , a par ou não d o s p r o b l e m a s c o n s t a n t e s na b i o s f e r a ( 7 ) ,
se e n c o n t r a m numa e n c r u z i l h a d a que a p o r t a a l g u n s a s p e c t o s e
possibiI i d a d e s ,
A p r i m e i r a p o s s i b i l i d a d e , a ser e n c a r a d a c o m o
n e c e s s á r i o r e a l i s m o , é o p o d e r i o a r m a m e n t i s t a n u c l e a r ( a f o r a
o c o n v e n c i o n a l e as a r m a s q u í m i c a s ) , s u f i c i e n t e p a r a e l i m i n a r
» e s p é c i e h u m a n a , a v i d a da s u p e r f í c i e do p l a n e t a . 0 t.-óprio
013
planeta(B).
A. K0ESTLERÍ9) declarou que se o pedissem para mencionar
a data mais importante da história e da pré-história da
espécie humana, responderia • 6 de agosto de 1945, porque até
essa data o homem conviveu com a perspectiva de sua morte
como indivíduo. A partir da bomba de Hiroshima, a humanidade
tem de conviver com a perspectiva de sua extinçSo como
espécie.
0 segundo aspecto que nSo é uma possibilidade e sim um
fato, diz respeito ao aumento vertiginoso da população, que
pode atingir B bilhões em uma ou duas gerações, o que requer
um urgente planejamento populacional. A qualidade de vida em
detrimento da quantidade,
0 terceiro aspecto é o dos grandes desequilíbrios
biológicos e químicos, bem como, as variações dialéticas
provocadas pelas atividades humanas. Dentre os primeiros
deve-se chamar a atençfo para a destruição da camada de
ozônio estratosférica que filtra uma parte do componente
ultravioleta da radiaçio solar, bem como do aumento da
temperatura na superfície da Terra, causado por gás carbônico
e conhecido como "efeito estufa".
0 quarto fato sao os desperdícios energéticos, o quinto
o da perda do patrimônio genético, havendo ainda ostros mats
(10 ), Iigados entre si,
Obviamente o homem desenvolveu formas positivas de
expressão, como a linguagem, a ciência, a arte. Fez
descobertas imprescindíveis para o seu bem estar. Galgou
014
degraus fundamentais em direção a um maior conhecimento da
psique humana. Buscou compreender o exterior a si e seu
interior.
Embora essa c a m i n h a d a continue em voga, empreendida por
um número cada vez maior de pessoas, a realidade d e n o t a que o
crescimento nSo teve limites, sofreu de falta de lógica, se
abalou por interesses d i t a d o s pelo capital, pelo lucro, pelo
poder, pela ambição e g a n â n c i a . 0 chamado d e s e n v o l v i m e n t o se
perdeu na desordem e projetou infelicidade, m i s é r i a ,
desigualdade. T r a n s f o r m o u o oi fcos num habitat enfermo,
militarizado e p a t r i a r c a l . Transformou seus habitantes em
espectadores de sua própria ação, quase sem forças de se
sobrepujarem ao atual estado de coisas ou ainda vivendo uma
expectativa de vida c o n s u m i s t a e predatória praticada por uma
parcela menor da p o p u l a ç ã o , que insiste disparadamente no ter
(e a produtividade i n d u s t r i a l ) , irrelevando o ser (e a
convivencial i d a d e X 1 1 ) .
Enquanto a realidade apresenta incríveis p o t e n c i a l i d a d e s
voltadas para o benefício da população, deixa transparecer
também a evidência da amplitude e global idade da c r i s e .
2. CIÊNCIA
"En ei momento de Ia historia en que Ia racionalidadcientífica alcanzar su pleno desarrollo en una formaindustrial y social, de esta misma racionalidad surge tambíénIa amenaza dei cao», Ia posibilidad de un desorden total dei
está ausente Ia razón".
Patrick L a g a d e c d S )
015
Aceitando-se que a ntissio do conhecimento é a resolução
de enigmas e a revelação de mistérios (desde as partículas
até a conquista do espaço), é de se perguntar qual o
conhecimento capaz de abarcar a «ida, de conceber a noção de
vida em sua plenitude.
0 papel da ciência na sociedade modificou-se
profundamente desde o século XVII. 0 conhecimento científico,
a partir do século XVII até o século XX, encetou progressos
extraordinários, sendo que durante o século XX, a ciência
tornou-se uma pesada instituição subvencionada e alimentada
pela sociedade, controlada pelos poderes «conômicos e
estatats.
Concomitante à constante renovação do conhecimento
científico, ao progresso do conhecimento desde o começo deste
século, há um progresso de incertezas, sendo que reconhecê-
las também constitui um progresso. O conhecimento científico
nio é, pois, passível dê ser definitivamente verificado. Ele
é prov i sóri o.
O corte entre ciência e filosofia a partir do século
XVII, com a dissolução formulada por Descartes entre o eu
pensante e a coisa material, arrancou da ciência sua
capacidade auto-reflexiva, separou o sujeito do objeto
pesquisado, eliminou o observador da observação.
Porém, a partir do século XIX a ciência clássica
(determinista) entra cm crise, a noçlo de progresso é
Questionada, a noção de conhecimento é avaliada. lnicia*se um
movimento de auto-interrogação da ciência. A ciência da
016
ciência ( e p i s t e m o l o g i a ) . Entrar em c r i s e , e n t r e t a n t o , nao
significa deixar de e x i s t i r , e a c i ê n c i a c l á s s i c a ainda reina
hoje e l i m i n a n d o o é t i c o , a r e s p o n s a b i l i d a d e , o sujeito do
c o n h e c i m e n t o .
Mas a c r i s e e n g e n d r o u algumas a f i r m a ç õ e s :
a) o d e s e n v o l v i m e n t o das d i s c i p l i n a s c i e n t í f i c a s causou a
fragmentação do saber. Os c o n h e c i m e n t o s e s p e c i a l i z a d o s
desmembram 0 C o n h e c i m e n t o - A Ciência, aqui vistos nao como
uma única v e r d a d e , mas como finalidade de aliviar a m i s é r i a
da existência humana, como diria B e r t o l d Brecht, ou como
ligação ao destino do homem, como d i r i a IIya Prigogine,
destróem o c o n h e c i m e n t o - s a b e d o r i a . Ocorre a
i n c o m u n i c a b i I i d a d e entre as d i s c i p l i n a s , que e s f o r ç o s
i nterdisei pi inares não c o n s e g u e m s u p e r a r . Seria necessária a
t r a n s d i s c i p l i n a r i e d a d e já que a h i p e r e s p e c i a i i z a ç ã o reduziu o
saber c i e n t í f i c o a migalhasi
b) a separação entre as c i ê n c i a s da n a t u r e z a e as ciências do
homem, as s o c i a i s , é nociva. As c i ê n c i a s naturais não tem
consciência que as implicações c e r e b r a l , cultural, social,
histórica c o - d e t e r m i n a m sempre o o b j e t o de c o n h e c i m e n t o . As
ciências h u m a n a s nfto tem c o n s c i ê n c i a das determinações
físicas, q u í m i c a s , b i o l ó g i c a s dos f e n ô m e n o s humanosi
c) o progresso c i e n t í f i c o produz tantas p o t e n c i a l i d a d e s
benéficas quanto m o r t a i s , ou seja, a ciência progride como
conhecimento, mas sua» c o n s e q ü ê n c i a s podem ser mortais»
d> ocorre um p r o g r e s s o c r e s c e n t e dos poderes da ciência; bem
como uma impotência c r e s c e n t e dos c i e n t i s t a s na sociedade cm
017
relação aos próprios poderes da ciência, esmigalhados ao
nível da investigação, mas reconcentrados ao nível dos
poderes econômico e políticos
e) é impossível separar o conceito de ciência do de
tecnologia, do de indústria, do de sociedade. A civilização
ocidental evolui e se transforma neste circuito;
f) se faz imprescindível que toda a ciência se interrogue
sobre as suas estruturas ideológicas e seu enraizamento
sóc i o-cuItura I;
g) o problema do controle da atividade científica tornou-se
crucial e supõe um controle dos cidadãos sobre o Estado, que
os controla, e uma recuperação do controle da ciência pelos
cientistas. Cientistas conscientes da transformação e não
linearidade da ciênciai cientistas sabedores que a ciência
elucidativa, enriquecedora, conquistadora, tríunfante
antepõe o planeta a problemas mais graves que se referem ao
conhecimento que produz, à ação que determina, a sociedade
que transforma, ao Estado que se apropria do conhecimento e
que tem o poder de subjugar o homem;
h) a modificação da relação entre ciência e sociedade, com o
passar dos séculos, e que apresenta o outro lado do
progresso, qual seja degradação, dispersão, desorganização,
desordem, entropia*
•> necessidade de conjugar duas visões ; uma feita de ordem e
harmonia e a outra de desordens e lutas. A relação
complexidade - diversidade, vida - morte, antagonismo
compiementariedade, adaptação - destruição, ambiente -
018
sociedade passa a fazer parte do novo.
A ciência nova já emergiu, trazendo em seu seio a
mudança de paradigma. 0 paradigma de complexidade que rompe
com o conhecimento atomizado, parcelado e redutor,
reivindicando o direito a reflexftos que busca um modo de
pensamento capaz de respeitar a muitidimensionalidade, a
riqueza, o mistério do realt Q»e acredita que a fronteira que
separa o homo sapiens dos outros seres vivos nao é natural e
sim cultural (há na biosfera, por exemplo, 2 milhões de
espécies de insetos, 1 milhão de espécies de plantas, 50.000
espécies de peixes, 8.700 espécies de aves); que acredita que
os autos (individual) e o o i fcos (habitat) se complementam e
sao vitalmente necessários um ao outro; que entende que
quanto mais o homem controla a natureza e subjuga a biosfera,
mais e mais controlado pela natureza se encontra e mais
subjugado pela biosfera vivei que reintroduz o sujeito no
objeto da pesquisa.
A mudança de paradigma comanda simultaneamente um
princípio de complexidade, uma restauraçlo/renovaçSo da idéia
de natureza, uma ciência de tipo novo, uma tomada de
consciência e uma práxis, rompendo com as visões
simp|ificadoras que isolavam os seres do seu ambiente ou
reduziam os seres ao seu amb i ente. (13)
0 exercício de redefinir o que é ciência, para o que e
quem está sendo utilizada cresce no meio científico,
sionado pela própria transformação do conhecimento
019
(e o questionamento do seu estatuto, de sua racionalidade, de
seu desenvolvimento), bem como por acontecimentos e
evidências que poderiam ser explicitadas como "externas",
como 1) a crescente dominação do homem pelo hornemi 2) a
crescente exploração da natureza pelo homem com a conseqüente
degradação daquela ej 3 ) os múltiplos movimentos sociais, que
trazem em seu bojo um potencial de questionamento sobre as
formas do pensar tradicional, como por exemplo os movimentos
democráticos, socialistas, estudantis, feministas,
pacifistas, anti-nucleares, de minorias étnicas e culturais,
religiosos, eco Iogistas.(14)
Os problemas que afligem o planeta, os seus ecossistemas
terrestres e marítimos, os seres vivos e o homem são
crescentes e se por um lado foram engendrados pela ciência ->
tecnologia -> indústria -> sociedade, numa cosmovisão
ocidental, devem igualmente retornar ao circuito para que
lhes seja proposta a solução. Nas o primeiro passo, por
certo, seria dado por cientistas que, ao controlarem a
ciência, fariam dela uma ciência ética, necessariamente
voltada para o bem estar e sobretudo para a paz,
Esta seria a ciência que sacudiria os valores ocidentais
e que unindo-se ft sabedoria, se tornaria a ciência da
essência(15)» que fundindo o intelecto com a intuição, a
razão e a emoção, a informação e o significado, as
descobertas e as mudanças, a autonomia e o relacionamento com
0 mundo chegaria a uma ciência nio totalitária, na qual há
diálogo entre as culturas ocidental e orientaI.(16 )
oaoPensar a ciência a partir da global idade é também saber
inferir valores justos à evolução da vida no planeta e aos
tempos biológicos» que segundo E. TlEZZI são importantes para
medir o passado e o futuro, são inversamente p r o p o r c i o n a i s
aos tempos t e c n o l ó g i c o s e econômicos, e seguem ritmos
diferentes aos tempos históricos. A c r e d i t a , assim, ser
necessária uma ciência jovem que propugne o equilíbrio do
homem com o ambiente, com seus semelhantes e consigo m e s m o .
Propugna uma nova cultura do desenvoivintento.(17)
Como a ciência tem reforçado a tendência ao parcelamento
da realidade, não conduzindo a uma visão e c r í t i c a global do
que ocorre, o ÍIVÍHIÇH ihj cirncia apenas se dará a partir de um
enfoque t o t a l i z a n t e . A ciência deve ser capaz de analisar o
ambiente como uma totalidade dinâmica e em permanente
transformação. Para L. V I T A L E C 1 B ) , a nova ciência analisará o
homem como parte indissolúvel do ambiente, h a v e n d o ret ação
entre história da natureza e história da h u m a n i d a d e .
Para E. M0RIN, essa nova ciência também pode ter
conhecida como cco-bio-socio-Iogia, incorporando ainda os
domínios da física e da antropologia. 0 que o estimula é a
preocupação de ocultar o menos possível a c o m p l e x i d a d e do
real.(19)
A nova ciência pode ter muitos nomes, m a s significa uma
nova visão da realidade que se baseia na compreensão e
«aplicação da realidade, consciente do "estado de inter-r*iação - interdependência essencial de todos os fenômenosf i s c o s , b i o l ó g i c o s , psicológicos, sociais e c u l t u r a i s , Essavisão transcende as atuais fronteiras d i s e i p I i n a r e s econceituais e será explorada no âmbito de novas instituiçôes.N*o existe, no presente momento, uma estrutura bem
021
estabelecida» conceituai ou institucional, que acomode aformulação do novo paradigma, mas as linhas m e s t r a s de talestrutura já estão sendo formuladas por m u i t o s indivíduos,comunidades e organizações que estio d e s e n v o l v e n d o novasformas de pensamentos e que se estabelecem de acordo comnovos princípi os.(20)
0 questionamento que envolveu o c o n h e c i m e n t o , o saber
científico, não deixou incólume as ciências sociais, fazendo
reconhecer que o pensamento social (predominantemente
patriarcal) também estava adquirindo os vícios da
especialização, além do que sofria da fragmentação
cultura/sociedade - ambiente e de competência sequer para
responder a razão da profunda crise que afeta a Pachamama
(Mãe Terra) e consequentemente a vida de todos os seus
habitantes. Entretanto, do interior do próprio saber
científico das ciências sociais efervesceu a crítica à
conquista da natureza, cresceu a consciência da necessidade
de mudança radical do que, porque, para que e de como
pesquisar. E a consciência da necessidade de introdução da
dimensão ecológica/biológica nas ciências sociais para a sua
transformação.
Consciência, transformação se efetivam através da razão,
que é um conceito básico de toda ciência social, -no dizer de
A, GUERREIRO R A M O S O D . Este autor traz uma contribuição
fundamental para o entendimento de como uma ciência social
alternativa poderia tomar o lugar da ciência social
estabelecida, trabalhando o conceito de r a c i o n a l i d a d e .
A ciência social estabelecida se fundamenta numa
racionalidade instrumental, funcional, característica do
t'&tema de mercado, que solapa qualificações éticas üa vida
0 2 2
humana e que e n t e n d e o indivíduo como d o m i n a d o e c o m o a g e n t e ,
já a c i ê n c i a social a l t e r n a t i v a se c a l c a n u m c o n c e i t o de
r a c i o n a l i d a d e m a i s sadio» d e n o m i n a d a s u b s t a n t i v a . N e s t e c a s o ,
o indivíduo é o g e r a d o r da r a c i o n a l i d a d e . N e s t e c a s o há a
e m a n c i p a ç ã o do h o m e m e o d e s e n v o l v i m e n t o d e suas
p o t e n c i a l i d a d e s de a u t o - r e f I e x i o , bem como a p r e o c u p a ç ã o em
como p r a t i c a r a razão no mundo social e na bios-fera.
A r a z S o c o m o dever dos seres r a c i o n a i s ( 2 2 ) , c o m o
p r a t i c a , como f e r t i l i z a n t e da nova c i ê n c i a , q u e , j u s t a m e n t e é
um i n s t r u m e n t o de r e c o n s t r u ç ã o social é o q u e q u e r e m o s
circundar n e s t e i n s t a n t e , situando i g u a l m e n t e a i n t e r l i g a ç ã o
entre c i ê n c i a e p o l í t i c a , entre ciência e t e c n o l o g i a .
E " o p o d e r que determina o uso da c i ê n c i a e, por
c o n s e g u i n t e , da t e c n o l o g i a . A m u d a n ç a p o l í t i c a é q u e p o d e
possibilitar q u e a c o m u n i d a d e c i e n t í f i c a se d e d i q u e a r e a i s
p r o b l e m a s , ès n e c e s s i d a d e s da p o p u l a ç ã o e à c o n s e r v a ç ã o dos
recursos n a t u r a i s .
3. T E C N O L O G I A
E n q u a n t o que para J. BAUTISTA VIDAL ( 5 3 ) a t e c n o l o g i a é
resultado de um v a s t o p r o c e s s o de n a t u r e z a s o c i a l , c u l t u r a l ,
política, no qual está imbutida a c o m p o n e n t e t é c n i c a e
e v e n t u a l m e n t e a c o n t r i b u i ç ã o c i e n t í f i c a , a p e s a r de e n t e n d e r
<*«(> a c i ê n c i a e a t e c n o l o g i a têm uma p e r m a n e n t e c o r r e l a ç ã o de
causa e e f e i t o , E, MOR IN a d v e r t e ser impossível isolar o
conceito de t e c n o l o g i a a r g u m e n t a n d o que o " d e s e n v o l v i m e n t o do
c o n h e c i m e n t o c i e n t í f i c o é inseparável de uma t e c n o l o g i a , ela
023
mesma ligada a uma s o c i e d a d e , a uma e i v i I i z a ç ã o " ( 2 4 > . 0 autor
dá um e x e m p l o d e s s a c o n e x ã o ao citar que na época g a l i l é i c a
se observava o u n i v e r s o com lunetasi h o j e t e l e s c ó p i o s e
r a d i o t e l e s c ó p t o s , a l é m dos satélites de p e s q u i s a , m o d i f i c a m o
campo real, a i a r g a n d o - o . No f u t u r o , e s t a ç õ e s e s p a c i a i s
certamente i n s c r e v e r ã o n o v o s c a r a c t e r e s no c o n h e c i m e n t o sobre
o i nf i n i to.
P r o p o r - s e ao q u e s t i o n a m e n t o da t e c n o l o g i a não é s i n ô n i m o
de recusá-la ou a b a n d o n á - l a . E ' muito m a r s incorrer num
exercício de r e d e f i n i - l a , se Iecioná-I a, reapropriá-I a,
adequá-la às n e c e s s i d a d e s a t u a i s . S i g n i f i c a p r o j e ç ã o do
futuro e não incursão ao passado. D e n o t a investigação
histórica do seu papel em b e n e f í c i o da h u m a n i d a d e , do
pianeta.
A t e c n o l o g i a é um instrumento de poder, um instrumento
político de d o m í n i o que visa e x p a n s ã o e e x p l o r a ç ã o e que
perpassa o m o d e l o de d e s e n v o l v i m e n t o / c r e s c i m e n t o no qual se
está inserido.
Não tendo sido f o r j a d a para a c r i s e , mas sendo uma de
suas principais c a u s a s , dela adveio o "sistema de o r g a n i z a ç ã o
política e social b a s e a d o na p r e d o m i n â n c i a dos t é c n i c o s "- a
tecnocracia, i r r e v e r e n t e com o p a t r i m ô n i o c o m u m da
humanidade, com a m e l h o r u t i l i z a ç ã o dos recursos r e n o v á v e i s e
ftao renováveis, com o bem estar do homem e dos seres vivos em
geral .
Ameaçando o e q u i l í b r i o do planeta, ir relevou a vida,
trouxe a ilusão do p r o g r e s s o , se despiu de quaisquer v a l o r e s ,
024
se investiu de m e g a l o m a n i a e colocou em risco a s o b r e v i v ê n c i a
de gerações futuras.
Encrustada na elite e m p r e s a r i a l , p o l í t i c a , intelectual e
militar, a tecnologia segue seu rumo p r e d a t ó r i o , imediatista
e extremamente conveniente para alguns p o u c o s . Como se isso
não bastasse, segue a lógica do lucro, da m e c a n i z a ç ã o
avassaladora, da c o m p u t a d o r i z a ç ã o c r e s c e n t e e sobretudo :
serve para a guerra. Para a sua preparação infinita.
Pensar a tecnologia implica em indagar a que ela está
servindo. E a quem. Ameaçando o e q u i l í b r i o , deveria conhecer
como restaura-1 o; tendo uma atitude de ruptura com o ambiente
e os ecossistemas, deveria saber como resgatar a u n i d a d e ;
instalando a hierarquisação e c e n t r a l i z a ç ã o de f u n ç õ e s ,
deveria incorrer em caminho oposto* a l i e n a n d o o homem do
trabalho, da produção, deveria ser capaz de resgatar o auto-
desenvolvimento p e s s o a l .
A tecnologia por si não poderia tomar tal a t i t u d e . As
decisões tecnológicas são d e c i s õ e s p o l í t i c a s e essas d e v e r i a m
estar incluídas no e x e r c í c i o da c i d a d a n i a , porque dizem
respeito a todos os c i d a d ã o s .
Usamos e usufruímos da tecnologia ou acabamos sendo
usados por ela? Temos clareza de suas implicações ou a c a b a m o s
Por nos adequar ao caos que uma parte das invenções impõe 7
Prevalece o conforto provisório e fugaz em d e t r i m e n t o da
mudança de atitude"?
Pensar a tecnologia implica em se arvorar na tarefa de
indagar sobre sua substância, seus riscos « a c i d e n t e s dela
025
provenientes. Seu produto» enfim.
E' necessário conhecer o enigma da tecnologia e
trabalhar sobre ele, pois "... chega de ilusões a respeito da
tecnologia. Não controlamos o que produzimos. Saber como
fazer não significa que saibamos o que estamos fazendo".(25)
Compreender que a função da tecnologia nao é meramente
técnica, que sua escolha corresponde a opção por um conjunto
de vetores correspondentes a padrões de consumo da sociedade,
a formas de utilização da força de trabalho, a perfis de
investimento, a modos de exploração das matérias-primas,
recursos naturais e energéticos, à estrutura do sistema
educacional e da pesquisa científica no contexto de um
determinado estilo de desenvolvimento(26) é, por certo,
compreender que não podemos depositar vida e liberdade em
mãos de uma elite subserviente ao poder e a ambição,
incompetente e sem qualquer apreço pelo povo. Que não podemos
permitir sermos modelados e subjugados cada vez mais pela
tecnologia. Essa mesma tecnologia já ultrapassou a
possibilidade de explicação no seu todo.
Quais as certezas qu€ temos sobre os rumos que estão
sendo tomados, alheios ao nosso conhecimento e a nossa
vontade? A certeza é a de que o domínio do homem pela
ferramenta foi substituído pelo domínio da ferramenta sobre o
homem.(27)
Exemplo disso pode ser encontrado na medicina, nos
transportes(SB), na indústria química, etc,, com centenas de
•nvençôes se multiplicando anualmente.
026
Enquanto que não se pode d u v i d a r do valor de a l g u m a s
invenções t e c n o l ó g i c a s , g r a n d e p a r t e d e t a s está a s e r v i ç o dos
m i l i t a r e s , da guerra e da m o r t e , ( 2 9 )
Se c o m p r e e n d e m o s que o h o m e m e o a m b i e n t e não p o d e m ser
s u b j u g a d o s , d o m i n a d o s , a l i e n a d o s p e l a t e c n o l o g i a e que
c u l t u r a l m e n t e não é possível r e g r e s s a r a t e m p o s p r é -
t e c n o l ó g i c o s , c o m p r e e n d e m o s que e x i s t e uma v a l o r a ç ã o para sua
invenção e sua u t i l i z a ç ã o , bem c o m o a a c e i t a b i l i d a d e do risco
que ela carrega c o n s i g o .
Vivemos em m e i o ao g r a n d e r i s c o t e c n o l ó g i c o , f a z e m o s
parte da " c i v i l i z a ç ã o do r i s c o " , p r e d a d o r a por e x c e l ê n c i a ,
que quanto m a i s avança e p r o g r i d e , t a n t o m a i s e r o s i o n a a
capacidade de e x p l i c a ç ã o s o b r e e l a .
A liberdade do c i d a d ã o leva a eleger a d i r e ç ã o do
progresso, os riscos t e c n o l ó g i c o s q u e quer e n f r e n t a r . A
indústria m o d e r n a cria c o n s t a n t e m e n t e novos r i s c o s sem a
permtssão dos c i d a d ã o s , que s e q u e r têm c o n h e c i m e n t o da
fragilidade e f a l i b i l i d a d e que o s i s t e m a h o m e m - m á q u i n a
engendra.
Não é racional l a n ç a r - s e em i n o v a ç õ e s sem c o n s i d e r a r
seriamente os riscos i m p l í c i t o s . Não é razoável p r e t e n d e r
despojar o cidadão de sua c a p a c i d a d e de juízo, Há que ser
reforçada a aptidão das s o c i e d a d e s para e l e g e r livres,
voluntárias e r e s p o n s á v e i s , sua f o r m a de d e s e n v o l v i m e n t o , seu
estilo de vida e suas t e c n o I o g i a s . ( 3 0 )
A variável t e c n o l ó g i c a persegui ria o e q u i l í b r i o entre
cinco d i m e n s õ e s ! ( 3 1 )
0 ? 7
a ) e c o n ô m i c a : p r e f e r ê n c i a por t é c n i c a s i n t e n s i v a s em m ã u - d e -
obra e pouco intensivas em ca p i t a l j
b) e c o l ó g i c a : p r e f e r ê n c i a pela u t i l i z a ç ã o de r e c u r s o s
r e n o v á v e i s e danos m í n i m o s ao ambientei
c ) s ó c i o - c u I t u r a l • t e c n o l o g i a para s a t i s f a ç ã o d a s
ne c e s s i d a d e s da p o p u l a ç ã o , p o s t u l a n d o d i v i s ã o igualitária de
renda;
d ) p o l í t i c a £ s e l e ç ã o de t e c n o l o g i a p a r a e s t í m u l o do
d e s e n v o l v i m e n t o a u t ô n o m o *
r ) t é c n i c a ' u t i l i z a ç ã o de t é c n i c a s que e s t i m u l e m a
i n d e p e n d ê n c i a e o d e s e n v o l v i m e n t o c i e n t í f i c o e t é c n i c o .
D e c i d i n d o o que p r o d u z e c o n t r o l a n d o a p r o d u ç ã o , o homem
se i r : e r e na d i s c u s s ã o d e m o c r á t i c a e c o n t r a r i a o a x i o m a
o c i d e n t a l p r o f u n d a m e n t e a r r a i g a d o do c r e s c i m e n t o m a t e r i a l
i l i m i t a d o , q u a n t i t a t i v o . A i d é i a é a r e d e f i n i ç ã o da
t e c n o l o g i a , bem como da c i ê n c i a . 0 e s f o r ç o é na d i r e ç ã o da
c r i a t i v i d a d e e da i m a g i n a ç ã o p e r m a n e c e n d o a r e c o n s t r u ç ã o
t o t a l da s o c i e d a d e , t e n d o como p a n o de f u n d o a r e a l i d a d e
p r e s e n t e .
0 d e s e n v o l v i m e n t o de t e c n o l o g i a s m a i s e m a i s c o m p l e x a s ,
i n t e n s i v a s em m a t é r i a , e n e r g i a e c a p i t a l , p e r t u r b a a
s o c i e d a d e , os s e r e s v i v o s em g e r a l , o a m b i e n t e . F o m e n t a
9 ' a n d e s i n s t i t u i ç õ e s b u r o c r á t i c a s q u e v i s a m l u c r o , g o v e r n o s
c e n t r a l i z a d o r e s e p o I i c i a I e s c o s , q u e v i s a m p o d e r e que ao
•nvé& de c o n t r o l a r e f i c a z m e n t e a a t i v i d a d e p r o d u t i v a , a
P r o t e g e m , Fomentam também uma p o p u l a ç ã o a l h e i a ás d e c i s õ e s de
«"»• e l i t e t e c n o c r á t i c a e p o l í t i c a .
ERRATA
cn se xe Leia-se
)ü'J> fast-breeder
141 suacorapetência
144 MéxicoTendc
!4*- •:;• para essas quais afigurava-se
1 M por muitospaíses
!M .- Acordoanravós de
1 "71- prestar serviçosà
1H4 foi publicado pelo JBr na mesma
data, personas non gratas
IB" cometido eguívicos
1**-' CNAAA, empreendimanto
Filsar: Enqenhabria
n Real (PA)
fast-breeder
sua competência
México. Tende
e para essas afiguravs-se
por muitos países
o Acordo através de
prestar serviços ã
foi publicado pelo JBr na
mesma data, especificande
personas non gratas
cometido equívocos
CNAAA, empreendimento
Filsan Engenharia
Lagoa Real (BA)
0B8
Rever o sentido de prosperidade, da qualidade de vida,
duvidar da eficiência do sistema social que é imposto e em
grande parte assimilado, erosionar essa profunda desordem na
qual nos encontramos e vivemos é responsabilidade dos
cidadãos atuantes e conscientes da necessidade de rechaçar
energicamente o atual modelo de desenvolvimento e de
desencadear um real desenvolvimento das potencialidades
humanas.
4. CRESCIMENTO x DESENVOLVIMENTO
0 "modelo" de crescimento econômico imposto após a
Revolução Industrial, traz em seu bojo um processo de
dominaçio da máquina sobre o homem e deste sobre a natureza,
a ilusão da infinitude dos recursos naturais, a partir do que
se instalou um sistema com aspectos sedutores que esconde a
destruição do ambiente.
A imposição incorre também sobre um maior consumo, que
oferece muitas vezes apenas um conforto questionável, já que
engendra incertezas em relação w possibilidade de futuro.
Engendra desequilíbrio e devastação.
0 crescimento infinito calca-se na lógica do consumo
infinito sustentado pelo desperdício em larga escala, pela
obsolescência planejada, pela exploração irresponsável dos
recursos naturais e ainda na aceleração do desejo de ascensão
social e econômica de milhões de p e s s o a s O S ) , que permitem
lhes seja impingida uma falsa noção de prosperidade e
Progresso,
OSS
No entanto, o discurso do progresso é falacioso porque
expurga a qualidade, a -felicidade, o desenvolvimento total do
ser humano, em consonância com a biosfera que o cerca. Além
disso, objetiva claramente uma parcela da população que tem
resolvidas suas necessidades materiais, ainda que nem tanto
as imateriais, cavando um fosso mais e mais acentuado entre
aqueles que lutam desesperadamente para não morrer de fome e
aqueles que vivem sobejamente.
0 crescimento econômico não elucidou dúvidas
existenciais, mais caminha fazendo de conta que não há
desigualdade nem injustiça social.
Abaixo pontuaremos algumas diferenciações entre
crescimento e desenvolvimento :
Crescimento econômico Desenvolvimento
- consumo acentuado - consumo qualificado
- envelhecimento premeditado - bens de consumo duráveisdos bens de consumo
* criação de necessidadesfictícias
- utilização predatória dosrecursos naturais
- dependência de recursosexternos
• latifúndios improdutivos,monoculturas extensivas,desmatamento
" dependência tecnológica
urbanização crescente
aumento vertiginoso daPopulação
- produção de necessidades reais
- utilização racionaldos recursos naturais
- independência do capitalinternacional
agricultura biodin&mica paraprodução de alimentos, em1a. instância, refloresta-mento
- independência tecnológica
- urbanização decrescente
- planejamento populacional
0 3 0
- mi I itarização da s o c i e d a d e - d e s m i l i t a r i z a ç ã o da s o c i e d a d e
- aumento de e m p r e g o s sem - a u m e n t o de t r a b a l h o c r i a t i v osubstânc i a
- maior u t i l i z a ç ã o de f o n t e s - t e n d ê n c i a à u t i l i z a ç ã o dee n e r g é t i c a s não r e n o v á v e i s f o n t e s e n e r g é t i c a s r e n o v á v e i s
Esses p o u c o s a s p e c t o s e v i d e n c i a m , por e x e m p l o , que o
B r a s i l , e n v e r e d a por um c a m i n h o de c r e s c i m e n t o , m a s e s t a n d o
ainda num p a t a m a r de p a t s s u b d e s e n v o l v i d o . E n ã o é livre pelo
fato de c a r r e g a r o peso de 40 a 50 m i l h õ e s de b r a s i l e i r o s na
m a i s completa m i s é r i a e por possuir uma d í v i d a e x t e r n a de US$
118,870 b i l h õ e s ( 3 3 ) , que deveria ser s u s p e n s a .
"Visto de um m o d o g l o b a l , o país d e p e n d e n t e , t e n d o o
consumo como p a d r ã o de f e l i c i d a d e e p r e s t í g i o , é m o v i d o por
m a c i ç a p r o p a g a n d a , sem a l t e r n a t i v a s , q u e e m b o t a a
s e n s i b i l i d a d e geral e impede, em toda p a r t e , a f o r m a ç ã o de
uma c o n s c i ê n c i a c r í t i c a sobre a r e a I i d a d e " . ( 3 4 )
Mas o que poderia ser m a i s u r g e n t e • criar m a t s e m a i s
e m p r e g o s , a i n d a que seja i n d i f e r e n t e o que se p r o d u z a e para
quem se p r o d u z a , o b j e t i v a n d o d i m i n u i r a m i s é r i a , ou
qualificar de imediato a p r o d u ç ã o , c o l o c a n d o - a a s e r v i ç o da
c o l e t i v i d a d e e n a l t e c e n d o a t a r e f a da r e c o n s t r u ç ã o da
sociedade ?
Para L. PIN6UELLI ROSA ( 3 5 ) , o Brasil c r e s c e e c o n ô m i c a ,
demográfica e u r b a n a m e n t e , p D d e n d o - s e m u d a r o perfil de
crescimento, o que não é simples por e n v o l v e r n e c e s s a r i a m e n t e
*»pecto& p o l í t i c o s e c u l t u r a i s a r r a i g a d o s nas c a b e ç a s das
P*fc&oa&, q u e & e h a b i t u a m em a m b i c i o n a r p a d r õ e s de vida e a
031
m a n t ê - l o s . E ' possível r e d u z i r o consumo t a m b é m no Brasil e
p r o v a v e l m e n t e justiça social se dê c o m b i n a n d o r e d i s t r i b u i ç a o
com c r e s c i m e n t o e c r e s c i m e n t o com r e d i s t r i b u i ç l o . Has é
preciso as p e s s o a s v i v e r e m , terem um e m p r e g o (ainda que
f a b r i c a n d o o b j e t o s d e s n e c e s s á r i o s e inúteis) e acima de tudo
pararem de comer na lata de lixo.
A m i s é r i a deve acabar i m e d i a t a m e n t e , m a s é n e c e s s á r i o
redefinir os rumos da p r o d u ç ã o e inserir g r a d a t i v ã m e n t e no
c r e s c i m e n t o , valores que o t r a n s f i g u r e m em d e s e n v o l v i m e n t o ,
que e n v o l v e a noção do limite à economia e o f e r e c e uma nova
s o c i e d a d e , na qual tão imprescindível q u a n t o se a l i m e n t a r ,
habitar, se e d u c a r , cuidar da saúde, etc, seja ser livre, ser
c r i a t i v o , ter identidade, e x e c u t a r o e x e r c í c i o da c i d a d a n i a e
assim por d i a n t e .
J. GALTUNG (36) p r o p õ e que partir das n e c e s s i d a d e s
f u n d a m e n t a i s constitui e l e m e n t o indispensável para os e s t u d o s
de d e s e n v o l v i m e n t o . M e s m o p o r q u e uma s o c i e d a d e só pode ser
d e s e n v o l v i d a , quando os seres h u m a n o s são d e s e n v o l v i d o s » o
que implica em a t e n d i m e n t o de n e c e s s i d a d e s m a t e r i a i s e nao-
m a t e r i a i s , f i s i o l ó g i c a s e p s í q u i c a s . A s a t i s f a ç ã o de a l g u m a s
n e c e s s i d a d e s não pode, e n t r e t a n t o , o b s t a c u l i z a r a s a t i s f a ç ã o
de o u t r a s . Os indivíduos d e v e r i a m a u t o - d e f i n i r suas
prioridades ( 3 7 ) , mesmo p o r q u e há as e s p e c i f i c i d a d e s de cada
sociedade. (3B)
A noção de d e s e n v o l v i m e n t o exige m u i t o m a i s do que
crescimento e c o n ô m i c o r á p i d o . Exige avanço c o n t í n u o ,
Prosperidade repartida e o e n r a i z a m e n t o da a t i v i d a d e
035
criativa, para que o processo alcance auto-sustentaçfto. (39)
0 Brasil, maior economia do 3o. mundo, Ba. economia do
mundo, país com riquezas naturais incomensuráveís, com uma
imensa potencialidade, é um país que cavou sua dependência
externa e sua crise a partir de decisões políticas tomadas
desde o Brasil Império. As riquezas são e estão mal
distribuídas, imensos recursos são desviados para o
supérfluo enquanto que recursos insuficientes são destinados
para atender às necessidades da população. Nesse contexto,
encontra-se um atraso político e social suficientemente
profundo para gerar inconformismo.
E' necessária a reversão do processo concentrador de
renda, bem como o estabelecimento de uma política de
desenvolvimento (40) que envolva o ser humano como um todo, o
ambiente e todos os seres humanos.
Há inúmeras questões que podem ser abordadas para a
análise do modus wiwendi da sociedade (principalmente da
urbana, industrializada, consumista), mas foi preciso optar
por uma... 0 desenvolvimento requer ENERGIA. Já o crescimento
econômico sem fim requer energia sem fim. 0 modelo energético
das sociedades industrializadas, sustentado em larga escala
sobre recursos naturais não-renováveis, entra aqui como
categor ia de anali se.
0 3 3
5. E N E R G I A
"As p o l í t i c a s de e n e r g i a que serão a p l i c a d a s nospróximos dez anos d e c i d i r ã o a r e s p e i t o da m a r g e m de l i b e r d a d eque poderá usufruir uma s o c i e d a d e no ano 2 0 0 0 . Uma p o l í t i c ade baixo consumo de e n e r g i a permite uma grande v a r i e d a d e dem o d o s de vida e de c u l t u r a . A t é c n i c a m o d e r n a pode sere c o n ô m i c a em t e r m o s de e n e r g i a e assim deixa o c a m i n h o a b e r t opara d i f e r e n t e s o p ç õ e s p o l í t i c a s . Se, ao c o n t r á r i o d i s t o , umasociedade p r o n u n c i a a favor de um forte c o n s u m o de e n e r g i a ,e i a se verá e n t ã o o b r i g a t o r i a m e n t e d o m i n a d a . e m suae s t r u t u r a , pela t e c n o c r a c i a ; e, seja num r e g i m e c a p i t a l i s t aou s o c i a l i s t a , isto se t o r n a r á i n t o l e r á v e l . "
I van I I Iich (41 )
Sendo a e n e r g i a (do grego e n e r g i a , do latim e n e r g i a ) a
m u s importante fonte de s o b r e v i v ê n c i a do h o m e m e do
a m b i e n t e , a própria p o s s i b i l i d a d e de realização de t r a b a l h o ;
tendo e n e r g i a se t o r n a d o o c o n c e i t o - c h a v e da f í s i c a no século
xix e fazendo p a r t e de toda a história s o c i a l ; e s t a n d o a
energia r e l a c i o n a d a com t o d a s as a t i v i d a d e s p r o d u t i v a s , sendo
um componente do s i s t e m a e c o n ô m i c o e s o c i a l , não é de
estranhar que seja o b j e t o de reflexão da s o c i o l o g i a .
A questão e n e r g é t i c a se articula e s t r e i t a m e n t e com a
questão do m o d e l o de c r e s c i m e n t o , sendo possível a t r a v é s
daquela questionar o p a r a d i g m a d e s t e . Q u e s t i o n a r a f i n i t u d e
dos recursos m a t e r i a i s , a d e t e r i o r a ç ã o do a m b i e n t e e a
«nsustentabiI idade da s o c i e d a d e de c o n s u m o . ( 4 2 )
"A energia é a c h a v e para entender estas i n t e r a ç õ e s : um
t>stema baseado em e n e r g i a s n ã o - r e n o v ó v e i s c a t a l i s a uma s é r i e
ov reações em cadeia que levam, i n e v i t a v e l m e n t e , à d e s t r u i ç ã o
°o meio a m b i e n t e , à e x a u s t ã o dos r e c u r s o s n a t u r a i s e, em
034
última análise, ã crise econômica". (43)
O 1o. princípio da Termodinâmica (J. P. Joule), também
pode ser considerado como a lei da conservação da massa e da
energia, tratando apenas do balanço geral da energia.
O 2o. princípio da Termodinâmica (Sadi Carnot), porém,
explica existir uma tendência no universo para a "forma
calor" da energia, que é uma forma de "degradação" da
energia. Introduz o conceito de entropia e seu constante
aumento no universo, no sistema solar, até sua "morte
Térmica* .
T a m b é m o p l a n e t a c a m i n h a d e uma e n t r o p i a m e n o r p a r a uma
e n t r o p i a m a i o r . E i s um d o s d a d o s p a r a a r e v i s ã o da c r e n ç a no
p r o g r e s s o i l i m i t a d o ! n ã o h á r e c u r s o s n a t u r a i s , n ã o há
ener g i a s u f i c i e n t e p a r a a i m p r u d ê n c i a , o d e s p e r d í c i o . A
e n t r o p i a , a s s i m , se t r a n s f o r m o u e m a r g u m e n t o p o l í t i c o e em
alerta d a s g e r a ç õ e s a t u a i s p a r a c o m as f u t u r a s . S e a e n t r o p i a
já é um f e n ô m e n o f í s i c o i r r e v e r s í v e l , por q u e i n s i s t i r na
u t i l i z a ç ã o de m a i s e m a i s e n e r g i a m a t e r i a l ? ( 4 4 ) C o m o d i s s e
t. P R I G O G I N E , os f e n ô m e n o s d e c r e s c i m e n t o da e n t r o p i a
d e l i m i t a m n o s s o p o d e r . ( 4 5 ) A d e m a i s e n e r g i a p a r a q u e e p a r a
quem ?
A e s p o l i a ç ã o a m b i e n t a l e e n e r g é t i c a se d e u g r a d a t i v a e
i n c e s s a n t e m e n t e , s e n d o q u e na A m é r i c a L a t i n a , a h i s t ó r i a do
•mb i e n t e se d i v i d e em c i n c o f a s e s , s e g u n d o L. V I T A L E i
"• +a&e - o m e i o n a t u r a l a n t e s da a p a r i ç ã o do h o m e m ;
«•• *a&e - 3 era da i n t e g r a ç ã o do h o m e m ( p o v o s c a ç a d o r e s ,
P e c a d o r e s e c o l e t o r e s ) a n a t u r e z a *
D35
3a. fase - início da alteração dos e c o s s i s t e m a s
I atinoamericanos e do processo de controle de energia. As
cidades possuíam unidade indissolúvel com o campo, não tinham
alto grau de consumo energético e nem eram um conglomerado
importador de energia.
Essa fase começa com a revolução dos povos agricultores
e metalúrgicos que alcança sua culminação nas culturas maia,
inca e asteca.
4a. fase - inicia com a colonização espanhola e se estende
até a industrialização. 0 extermínio de grande parte da
população indígena afetou seriamente os e c o s s i s t e m a s , porque
esses povos haviam conseguido uma substancial integração com
Ü ambiente. Enquanto as cidades indígenas tinham -Fluxos
energéticos próprios, as cidades dos colonizadores não os
tinham, acarretando dependência de energia externa.
Ba. fase - a partir de 1 9 3 0 , a sociedade índustriaI-urbana
desencadeou a crise ambiental na América-Lattna. Deu-se
tnício a um elevadíssimo consumo de energia.
No modelo atual de civilização e de progresso, a
qualidade de vida está associada ao consumo de e n e r g i a ( 4 6 ) ,
•sto é, mais energia é igual a mais a l i m e n t a ç ã o , m o r a d i a ,
saúde, lazer, felicidade, bem estar, Essa noção precisa ser
'«•lat i v liada e esclarecida.
Um modelo c»viIizatório "energívoro" vinha se
ro*unaizando cada vez mais intensamente desde as primeiras
0 3 6
d é c a d a s d e s t e s é c u l o no m u n d o t o d o . No Brasil a -fase da
i n d u s t r i a l i z a ç ã o se d e s e n v o l v e u ainda m a i s v e e m e n t e e
r a p i d a m e n t e d u r a n t e o g o v e r n o de J u s c e l i n o K u b i t s c h e k , na
década de 5 0 - f a s e d e s e n v o l v i m e n t i s t a - , p r i n c i p a l m e n t e no
que diz r e s p e i t o à i n d ú s t r i a a u t o m o b i l í s t i c a . 0 B r a s i l
p r e t e n d i a i g u a l d a d e c o m os p a í s e s já i n d u s t r i a l i z a d o s . E essa
p r o p u l s ã o da i n d u s t r i a l i z a ç ã o se d a r i a com c r e s c i m e n t o de
oferta de e n e r g i a , a p a r t i r do p e t r ó l e o e da
h i d r e l e t r ic i d a d e .
0 c o n s u m o de d e r i v a d o s de p e t r ó l e o , que no B r a s i l só
começou em 1 9 1 8 , c r e s c e u d é c a d a a d é c a d a . N o s a n o s 3 0 o
petróleo era t o d o i m p o r t a d o e em 1 9 3 9 se fez a p r i m e i r a
d e s c o b e r t a c o m e r c i a l de p e t r ó l e o no Brasil em L o b a t o , no
R e c ô n c a v o B a i a n o . Em 1 9 5 3 foi c r i a d a a P e t r o b r á s , s e n d o q u e a
produção nacional de p e t r ó l e o a u m e n t o u de 2 0 . 0 0 0 t o n e l a d a s em
1950 para 4,5 m i l h õ e s de t o n e l a d a s em 1 9 6 4 .
A partir de 1 9 6 8 , no e n t a n t o , a p o l í t i c a de
a u t o s u f i c i ê n c i a p e t r o l í f e r a foi s u b t i t u í d a pelo a j u s t a m e n t o
do setor e n e r g é t i c o as c o n d i ç õ e s v i g e n t e s no m e r c a d o
i n t e r n a c i o n a l , A o p ç ã o do r e g i m e m i l i t a r foi : do a b a n d o n o
c r e s c e n t e ( a i n d a q u e nSo t o t a l ) da e x p l o r a ç ã o de p e t r ó l e o em
território nacional ao c r e s c e n t e a u m e n t o da d e p e n d ê n c i a
•«terna, uma vez que o m e r c a d o i n t e r n a c i o n a l o f e r e c i a
Petróleo a b u n d a n t e e b a r a t o . P a r a l e l a m e n t e a d í v i d a e x t e r n a
D^a&iieira inchava e t o m a v a p r o p o r ç õ e s i n u s i t a d a s .
Não a p e n a s o g o v e r n o e o e m p r e s a r i a d o b r a s i l e i r o , m a s
*»m os de t o d o s os p a í s e s i n d u s t r i a l i z a d o s , e n v e r e d a d o s pelo
037
caminho suicida da crescente utilização deste recurso nSo-
renovável, estava absolutamente convencido do sucesso da
marcha do "milagre" econômico, cujo "carro-chefe" era a
indústria automobilística.
Talvez o "sucesso" estivesse de fato garantido não fosse
a criação da OPEP (Organização dos Países Produtores de
Petróleo) em 1960. Esses países que detinham em 1971 cerca da
metade da produção mundial de petróleo, deflagraram em 1973
uma crise energética declarando que a "era" do petróleo
abundante e barato havia chegado ao fim. (47) A OPEP passou
então a fixar cs preços do petróleo.
Mas, e o Brasil ? Nesse ano de 1973, o país importava
80% do petróleo consumido e em 1978» esse número aumentava
para 82,4%. "As elevadas importações do combustível fóssil e
B decisão de mantê-los como base do modelo energético foram
•t principais causas dos prolongados desequilíbrios do nosso
balanço de pagamentos." (48)
A conseqüência à atitude da OPEP deveria ser a
inauguração de uma nova ordem econômica mundial, menos
predadora e poluidora e que considerasse as potencialidades
energéticas renováveis de cada país e região.
0 que ocorreu, contrariamente, foi a "adaptação" de cada
pais à nova situação e o prosseguimento do estilo de vida já
•ntfto vigente e que tem no "progresso" ilimitado sua meta
"»• i o r ,
fcntre 1978 e 1 9 8 3 , o c o n s u m o do ó l e o c o m b u s t í v e l e da
ina foi r e d u z i d o d r a s t i c a m e n t e no B r a s i l , c r e s c e n d o o da
0 3 8
eletricidade, do carvio e do álcool.
Mas se a crise energética brasileira estava concentrada
no campo dos combustíveis automotivos, era oportunidade de
procurar outros caminhos. N&o obstante, a política de
transportes persistiu incentivando a estrutura rodoviária
(49) em detrimento da -ferroviária (50) e da hidrovia,
insistiu nos transportes individuais em detrimento dos
coletivos.
Nesse sentido -foi criado o Programa Nacional do álcool
(Próalcool) já em 1973 com a finalidade de promover a
substituição de combustíveis derivados do petróleo, que
somente em 1977 teve um aumento significativo na produção do
álcool, por falta de interesse dos usineiros (até 1975 era
alto o preço do açúcar).Mas "a Secretaria de TecnologiaIndustrial, já em meados de 1975, havia dominado soluções quelevariam o Brasil a uma rápida auto-suficiência emcombustíveis líquidos renováveis, adequados a substituiçãodo» derivados de petróleo que vinham tendo utilizados namovimentação da frota automotora nacional. As soluçõespropostas não foram, entretanto, implementadas nas dimensõesadequadas e surgiram, em seu lugar, "pacotes" de gigantescosprojetos, sem qualquer relação direta com a crise energéticabrasileira, como o programa nuclear, a construção das grandesusinas hidrelétricas, entre outros, todos de difíciljustificação. Criou-se assim forte componente adicional paraengrossar a dívida externa". (51)
L. PINGUELLI ROSA, em seu depoimento, afirma que o
álcool resolveu, na época da crise do petróleo, o problema
dos automóveis particulares, o que nío chegava a ser uma
prioridade. Mas foi efetivo, funcionou e agora se tornou um
Problema, pelo fato das opções nao terem sido bem
• Ministradas, ficando o país com excesso de gasolina e falta
•• »lcool
0 3 9
P a r a o r e g i m e m i l i t a r o c h o q u e do p e t r ó l e o s e r v i u c o m o
a r g u m e n t o p a r a i n t e n s i f i c a r o i n v e s t i m e n t o no s e t o r e l é t r i c o ,
a p e s a r do p a í s n&o ter s i d o i m p o r t a d o r de p e t r ó l e o p a r a
q e r a ç ã o de e n e r g i a e l é t r i c a , c o m o o c o r r i a e m v á r i o s o u t r o s
pai s e s .
No início da d é c a d a de 70» e n t ã o , o g o v e r n o d e c i d i u por
g i g a n t e s c o s p r o j e t o s p a r a p r o d u ç ã o d e e n e r g i a e l é t r i c a , c o m
e m p r é s t i m o s e x t e r n o s ( 5 2 ) , c o m o p o r e x e m p l o :
- UHE ttaipu ( r e g i ã o s u l ) . A I t a i p u B i n a c i o n a l , c r i a d a p e l o
t r a t a d o c e l e b r a d o e n t r e os g o v e r n o s d o B r a s i l e do P a r a g u a i
e m 2 6 . 0 4 . 7 3 , foi d e f i n i t i v a m e n t e i n s t a l a d a em 1 7 . 0 5 . 7 4 e t e v e
& u a s o b r a s i n i c i a d a s e m 1 9 7 5 . A c r i a ç ã o da e m p r e s a r e s u l t o u
de um p r o c e s s o de n e g o c i a ç ã o e n t r e a m b o s o s p a í s e s i n i c i a d o
e m 2 2 , 0 B . B B . E m d e z e m b r o de 1 9 8 3 , c o n f o r m e a p r e v i s ã o , fDt
c o l o c a d a em o p e r a ç ã o e x p e r i m e n t a l a 1 a . d a s 1B u n i d a d e s . Em
final de 1 9 8 6 g e r a v a 2 . 8 0 0 M W . E m a g o s t o de 1 9 8 9 e n t r o u e m
o p e r a ç ã o a 1 5 a . m á q u i n a , p a s s a n d o s u a p o t ê n c i a i n s t a l a d a a
1 0 . 5 0 0 MW, já se t r a t a n d o e n t ã o da m a i o r u s i n a h i d r e l é t r i c a
do m u n d o . C o m m a i s t r ê s m á q u i n a s , a t é m a i o de 1 9 9 1 , I t a i p u -
" f o n t e das p e d r a s " - terá 1 2 6 0 0 MW de p o t ê n c i a i n s t a l a d a , a
um c u s t o de c e r c a de U S t 15 b i l h õ e s . A r e a i n u n d a d a .' 1 . 4 6 0
fcfflSi h a v e n d o d e s a p r o p r i a ç ã o de m a i s d e 7 . 2 0 0 p r o p r i e d a d e s ,
na» m a r g e n s b r a s i l e i r a e p a r a g u a i a .
A t r a n s m i s s ã o da e n e r g i a se dá p a r a a r e g i ã o J U I , S ã o
P a u l o , Rio de J a n e i r o , M i n a s G e r a i s , E s p í r i t o S a n t o e
UHE T u c u r u í ( r e g i ã o n o r t e ) . i r e a i n u n d a d a s 2 . 4 3 0 k m 2 .
0 4 0
Potência p r o j e t a d a : 7.2B0 MW (em duas f a s e s ) . S u a s obras
4oram iniciadas em 1975 e a conclusão da h i d r e l é t r i c a se deu
pm 1 9 8 4 . A potência instalada em agosto de 1987 chegava a
2.64 0 MW. Tucuruí - "líquido -frio*, e ' a m a i o r usina
hidrelétrica inteiramente b r a s i l e i r a .
Não supre as n e c e s s i d a d e s energéticas do N o r d e s t e , por
estar d e s t i n a d a a canalizar energia e l é t r i c a para as
m u l t i n a c i o n a i s de alumínio, a preços abaixo do c u s t o .
Foram inundadas nove reservas indígenas e 1 7 . 3 1 9 pessoas
nbandonaram as t e r r a s .
UHE S o b r a d i n h o (região n o r d e s t e ) . Área inundada : 4.214
kmc1. A d e c i s ã o de construir Sobradinho foi t o m a d a em 1972. Em
junho de 1973 foram iniciadas as obras para a f o r m a ç ã o do
reservatório. 0 represamento total se deu em d e z e m b r o de
1977, sendo a barragem inaugurada em m a r ç o de 1978 e
começando a produzir energia em março de 1 9 7 9 . Deslocou,
segundo dados o f i c i a i s , uma população de 6 0 . 0 0 0 p e s s o a s .
Acordo Nuclear B r a s i I - A I e m a n h a (região s u d e s t e ) . C o n s t r u ç ã o
de B usinas n u c l e a r e s de 1.300 MW cada, p e r f a z e n d o 10.400 MW
•té 1990.
A política e n e r g é t i c a brasileira fomentou a
• noustriai izaçâo e expandiu o PIB. C o n c o m i t a n t e m e n t e
•carretou sérios problemas e c o n ô m i c o s , s o c i a i s , a m b i e n t a i s ,
cultura,& e p o l í t i c o s .
A ELETROBRÁS - C e n t r a i s Elétricas B r a s i l e i r a s , criada em
Wüt - passou a centralizar toda a produção de energia
M r ' c a ' tendo também o domínio p.obre o p l a n e j a m e n t o e os
0 4 1
d a d o s . 0 p l a n e j a m e n t o , r e a l i z a d o s o b r e a o f e r t a e n ã o s o b r e a
d e m a n d a e os v u l t u o s o s i n v e s t i m e n t o s r e a l i z a d o s p a r a as
h i d r e l é t r i c a s h á m u i t o s ã o q u e s t i o n a d o s . A f i n a l , as p r o j e ç õ e s
da d e m a n d a r e a l i z a d a s p e l o g o v e r n o f o r a m f a n t a s i o s a s ,
tentando j u s t i f i c a r os g r a n d e s p r o j e t o s ; a d e s i g u a l d a d e
social c o n t i n u o u a f l o r a n d o c o m i n t e n s i d a d e c a d a v e z m a i o r , o
c r e s c i m e n t o i n d u s t r i a l c o n t i n u o u o c o r r e n d o , m a s a p o p u l a ç ã o
e c o n o m i c a m e n t e a t i v a c r e s c i a m e n o s q u e o n e c e s s á r i o ,
m a r g i n a l i z a n d o do p r o c e s s o p r o d u t i v o um n ú m e r o c a d a v e z m a i o r
dp p e s s o a s ; o ê x o d o rural c o n t i n u o u a u m e n t a n d o e o i n c h a ç o
dan c i d a d e s se t o r n o u u m a r e a l i d a d e c a d a v e z m a i s g r i t a n t e .
O n d e e s t a v a , p o i s , o d e s e n v o l v i m e n t o t ã o e n a l t e c i d o
pelas a u t o r i d a d e s b r a s i l e i r a s ? 0 q u e p r o d u z i a a i n d ú s t r i a ?
f para q u e m p r o d u z i a ?
P r o d u z i a , por e x e m p l o , a g u e r r a . D e 1 9 6 4 a 1 9 B 4 , o p a í s
havia m o n t a d o um c o m p l e x o m i l i t a r , i n d u s t r i a l e i n s t i t u c i o n a l
(composto por m a i s de 3 5 0 e m p r e s a s e s t a t a i s e p r i v a d a s
n a c i o n a i s e m u l t i n a c i o n a i s -, d a s q u a i s 5 0 p r o d u z i a m m a t e r i a l
bélico d i r e t a m e n t e ) q u e m o v i m e n t a v a e m t o r n o d e U S $ 1 0
bilhões por a n o e q u e e x p o r t a v a o m a i o r q u i n h ã o d e sua
p r o d u ç ã o . ( 5 3 )
N o s p r i m e i r o s a n o s d a d é c a d a de 8 0 , c o m o s u r g i m e n t o da
cri»? e c o n ô m i c a , o p a í s se viu d i a n t e d o s r e s u l t a d o s d e sua
P»l«tica e n e r g é t i c a : h a v i a e x c e s s o de e n e r g i a e l é t r i c a . De
wm lado, as p r e v i s õ e s e o b r a s g o v e r n a m e n t a i s a u m e n t a v a m a
Dltflil óf> e l e t r i c i d a d e ; de o u t r o h a v i a a e s t a b i l i z a ç ã o e até
• Queda da d e m a n d a de e l e t r i c i d a d e .
0 4 9
Essa d i f e r e n ç a foi v e n d i d a m u i t o a b a i x o do p r e ç o de
custo, ao setor industrial da r e g i ã o c e n t r o - s u l
( e s p e c i a l m e n t e Sâo P a u l o ) . A p o l í t i c a n a c i o n a l de
e t e t r o t e r m i a , a t r a v é s do c h a m a d o p r o g r a m a E n e r g i a G a r a n t i d a
por Tempo D e t e r m i n a d o , por i n i c i a t i v a do g o v e r n o F i g u e i r e d o ,
passou a s u b s i d i a r a u t i l i z a ç ã o de e l e t r i c i d a d e na p r o d u ç ã o
de c a l o r .
0 que e s t a v a s o b r a n d o tinha que ser v e n d i d o , m a s o
governo d i m i n u i u d e m a i s o p r e ç o para f a c i l i t a r a v i d a das
indústrias. " E ' a t r a d i ç ã o b r a s i l e i r a : o g o v e r n o
s u b s i d i a n d o , d a n d o de p r e s e n t e dos r e c u r s o s p ú b l i c o s para as
e m p r e s a s , que a i n d a r e c l a m a m do g o v e r n o . . . " ( 5 4 )
D p r o g r a m a e s t á s e n d o d e s a t i v a d o , m a s r e f l e t e a l g u n s
aspectos :
1 D . ) a i m p r u d ê n c i a de se fazer p l a n e j a m e n t o s e n e r g é t i c o s
•obre a o f e r t a e não s o b r e a d e m a n d a ;
2o.) o d e s p e r d í c i o de uma e n e r g i a c o n s i d e r a d a " n o b r e " ( e
cara) para a p r o d u ç ã o de calor»
3o.) a r e l e v â n c i a , por p a r t e do g o v e r n o , de um s e t o r que já
vinha o c u p a n d o o p r i m e i r o lugar no c o n s u m o de e n e r g i a
elétrica no p a í s .
Senão v e j a m o s uma c o m p a r a ç ã o e n t r e o c o n s u m o do setor
industrial e do r e s i d e n c i a l no Q u a d r o N o . 1 , a t i t u l o de
lift cação í
043
Q u a d r o N o . 1
f í P l u c ã o do consumo e l é t r i c o d_p_S setores industr ia l er r f H r t p n r . a l - 1980/85 (GWh).
ANO CONSUMO TOTAL > INDUSTRIAL ! RESIDENCIAL !
19801981198?198319841985
120.748124.017131.333143.390159.144174.487
66.66268.07970.83375.53687.18997.923
156,86!•54,89!153,93!152,67!!54,7Bi156,12!
__ + + _.
23.26325.05227.07129.73630.92632.635
•19,26•20,20•20,61•20,73•19,43•18,70
— +Ponte : B a l a n ç o E n e r g é t i c o N a c i o n a l - M M E / 1 9 B 6 .
A B i n d ú s t r i a s c o n s o m e m , p o r t a n t o , m a i s da m e t a d e da
pnergia e l é t r i c a p r o d u z i d a no p a í s . E, ao t o m a r m o s a
"Evolução do setorial do c o n s u m o total - E l e t r i c i d a d e " do
Balanço E n e r g é t i c o N a c i o n a l / 8 6 , a r r o l a d a de 1 9 7 0 a 1 9 8 5 ,
ver i f i c a r e m o s q u e a p e n a s no ano de 1971 o c o n s u m o industrial
não u l t r a p a s s o u a fa i x a d o s 5 0 % do c o n s u m o t o t a l , f i c a n d o
então em 4 9 , 7 3 % .
0 B a l a n ç o E n e r g é t i c o Nacional - M M E / 8 7 , d i v u l g o u d a d o s
que alteram em pe q u e n a e s c a l a a q u e l e s m e n c i o n a d o s no B a l a n ç o
Energético N a c i o n a l - M M E / B 6 , a c r e s c e n t a n d o os do ano de
1986, cujo c o n s u m o total se e l e v o u a 1 8 7 . 3 3 3 G W L , t e n d o o
setor industrial a b s o r v i d o 1 0 5 . 9 5 4 G WL, ( 5 6 , 5 5 % ) e o
residencial 3 5 . 7 6 9 GWL ( 1 9 , 0 9 % ) .
0 que isto quer s i g n i f i c a r que não o c r e s c i m e n t o do
Parque industrial n a c i o n a l ? E não era essa a p r e t e n s ã o do
<"" P r n o b r a s i l e i r o para a c o n s e c u ç ã o do maior c r e s c i m e n t o
econômico e do s u b s e q u e n t e d e s e n v o l v i m e n t o da N a ç ã o ?
044
Vejamos, pois, como se deu a evolução consumo total de
energia elétrica e PIB.
Quadro No.2
Energia Elétrica e PIB - 19BO/B5
Ano < Cons.Energia ! % Crescimento ! PIB > % Crescimentoi Elétr. TWh ' Anual ! * ! Anual
1980 > 12D,3 f 10,2 ! 208,1' 9,11981 ! 123,7 ! 2,8 ! 201,2* -3,3198? * 131,5 ' 6,3 ! 203,0! 0,919B3 • 140,4 » 6,8 ! 197,91 -2,51984 • 157,2 ) 11,9 • 209,2» 5,71985 i 172,3 ! 9,6 ! 226,6» 8,3
+ • + +
* (10E9 U5$ (85))Fonte : Plano Nacional de Ene r g i a E l é t r i c a 1 9 8 7 / 2 0 1 0MME/19B7.
A média anuai de c r e s c i m e n t o de e n e r g i a e l é t r i c a de 1 9B0
a 1985 foi de 7,93%, sendo q u e a do PIB foi de 3 , 0 3 % , s e g u n d o
dados da E I e t r o b r ó s . ( 5 5 )
Isto quer significar q u e não exi s t e n e c e s s a r i a m e n t e uma
correlação idêntica e n t r e a taxa de c r e s c i m e n t o do m e r c a d o de
energia elétrica e a do PIB, o que quer s i g n i f i c a r i g u a l m e n t e
que é falacioso o dis c u r s o do gover n o ao querer j u s t i f i c a r
crescentes investimentos no setor e l é t r i c o para o
desenvolvimento" de toda a p o p u l a ç ã o .
Apesar da p a r t i c i p a ç ã o da e n e r g i a e l é t r i c a no c o n s u m o
energético ter aum e n t a d o i n c e s s a n t e m e n t e de 1 970 a 1985
*P«i.sando dç 1 9 , 4 % para 3 7 , 0 % r e s p e c t i v a m e n t e ) , sua
di t\rituição não se dá e q u i t a t i v ã m e n t e . 0 maior c o n s u m o de
•'«Mrecidade é urbano, industrial e se dá na região S u d e s t e .
0 4 5
Há, e n t ã o , u m a v i o l e n t a c o n c e n t r a ç ã o d e r e c u r s o s f i n a n c e i r o s
e c o n c o m i t a n t e m e n t e u m a v i o l e n t a e x c l u s ã o d e g r a n d e p a r c e l a
da p o p u l a ç ã o n o s i s t e m a .
5 . 1 . C r i s e d e e n e r g i a e l é t r i c a ?
0 p o t e n c i a l h i d r e l é t r i c o b r a s i l e i r o e s t á i n v e n t a r i a d o
em 7 2 , 7 2 2 M W a n o e e s t i m a d o e m m a i s 3 3 . 9 8 3 M W a n o , t o t a l i z a n d o
1 0 E . 7 0 5 M W a n o ( P l a n o 2 0 1 0 ) .
A p o t ê n c i a i n s t a l a d a e m 3 1 . 1 2 . B B a t i n g i a 4 5 , 7 1 0 M W ,
sondo o p a r q u e g e r a d o r d e e n e r g i a e l é t r i c a c o n s t i t u í d o , e m
19BB por : ( P l a n o 2 0 1 0 , p . 5 5 )
- h i d r e l e t r i c i d a d e - 9 3 , 8 %
- t e r m e l e t r i c i d a d e - 6 , 2 % , a s s i m s u b d i v i d i d a :
a ) ó l e o c o m b u s t í v e l e ó l e o d i e s e i - 3 , 9 %
b ) c a r v ã o m i n e r a l - 2 , 2 %
c ) u r â n i o - 0 , 1 %
0 p l a n e j a m e n t o c e n t r a l i z a d o d a E L E T R O B R A S c o n t i n u o u
impondo m a i s p r o j e t o s h i d r e l é t r i c o s , i n f e l i z m e n t e
e q u i v o c a d o s , p a r a u m a d e m a n d a q u e c o n t i n u a a b a i x o d a o f e r t a .
Ofc e x e m p l o s de B a l b i n a e do C o m p l e x o H i d r e l é t r i c o d e A l t a m í r a
' • u & t r a m e m p a r t e o r u m o da p o l í t i c a e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a ,
»• r e c o r r e s e g u i d a m e n t e ao c a p i t a ! i n t e r n a c i o n a l .
b n i b . n a ( r e g i ã o n o r t e ) ( 5 B ) - p o t ê n c i a 2 5 0 MW. L o c a l i z a d a
• p r o * i m a d a m e n t e 1 4 6 km a n o r d e s t e de M a n a u s , e n t r o u e m
0 4 6
o p e r a ç ã o no ano de 1 9 B B . F o r m o u um lago de 2 . 3 6 0 k m ? ( 5 7 ) ,
t o m a n d o uma área de 311 k m ? d e p r o p r i e d a d e da e t n i a H a i m i r i -
A t r o a r ».
As f a l h a s e m b u t i d a s no p r o j e t o , a p o u c a p r o d u ç ã o de
e n e r g i a e seu a l t í s s i m o c u s t o f i z e r a m c o m q u e B a l b i n a g e r a s s e
uma das m a i s c a r a s e n e r g i a s d o m u n d o . Em 1 9 8 8 c a d a q u i l o w a t t
de c a p a c i d a d e i n s t a l a d a já e s t a v a c u s t a n d o m a i s de U S $
3 . 0 0 0 . ( 5 8 )
C o m p l e x o H i d r e l é t r i c o d e A l t a m i r a ( r e g i ã o n o r t e ) -
h i d r e l é t r i c a s p l a n e j a d a s p e l a E L E T R O N O R T E : C a r a r a ô ,
B a b a q u a r a , I p i x u n a , J a n n a , K o k r a i m o r o ( no R i o X i n g u ) , J u r u á
(a 250 km da foz do R i o X i n g u ) e Iriri (no R i o I r i r i ,
p r i n c i p a l a f l u e n t e do R i o X i n g u ) . As p r i m e i r a s h i d r e l é t r i c a s
que s e r i a m c o n s t r u í d a s s a o B a b a q u a r a e C a r a r a ô , s e n d o q u e a
p r i m e i r a a l a g a r i a uma á r e a d e 6 . 5 0 0 k m ? ( 5 , 5 v e z e s o lago
formado por I t a i p u ) , a l c a n ç a r i a uma p o t ê n c i a de 6 , 0 0 0 MW
(menos da m e t a d e da p o t ê n c i a d e I t a i p u ) e c u s t a r i a USf 6
b i l h õ e s . C a r a r a ô f o r m a r i a u m l a g o d e 1 . 5 0 0 k m 2 , a t i n g i r i a
1 1 . 0 0 0 MW d e p o t ê n c i a e seu c u s t o a t i n g i r i a USt 4,6 b i l h õ e s .
0 C o m p l e x o a m e a ç a s e t e p o v o s i n d í g e n a s • J u r u n a , A r a r a »
K a r a r a ó , X i k r i n , A s u r i n í , A r a w e t é , P a r a k a n ã , a l g u n s
c o n t a t a d o s " a m e n o s de c i n c o a n o s , e que t e r i a m s e u s
t e r r i t ó r i o s parcial ou t o t a l m e n t e s u b m e r s o s .
As d u a s b a r r a g e n s do R i o Iriri a f e t a r i a m d i r e t a m e n t e os
x > P Ü ( a - C u r v a » a e os p o v o s i n d í g e n a s a i n d a d e s c o n h e c i d o s q u e
tam a r e g i ã o do A l t o I r i r i ,
0 4 7
As h i d r e l é t r i c a s p l a n e j a d a s p a r a o R i o X i n g u a t i n g i r i a m
o s c i n c o g r u p o s da R e s e r v a I n d í g e n a K a y a p ó , a s s i m c o m o os
povos do P a r q u e Indígena do X i n g u .
Oual a r a z ã o para m e n c i o n a r o C o m p l e x o H i d r e l é t r i c o dD
Xingu ? Em p r i m e i r o lugar a e x p l o r a ç ã o da A m a z ô n i a
p r i v i l e g i a r i a , m a i s uma v e z , um s i s t e m a p r o d u t i v o e x p o r t a d o r }
em s e g u n d o lugar se c a l c a n u m a d e c i s ã o p o l í t i c a e n ã o
t é c n i c a , q u e d e s c o n s i d e r a os p o v o s i n d í g e n a s e a n o ç ã o de
"impacto a m b i e n t a l " , a p r e s e n t a n d o n o v a m e n t e ao país uma
r e s o l u ç ã o , não f o m e n t a n d o o d e b a t e , não p o s s i b i l i t a n d o o
acesso aos e s t u d o s r e a l i z a d o s ,
0 d e b a t e foi p r o v o c a d o p e t o s índios b r a s i l e i r o s , c u j o s
r e p r e s e n t a n t e s , r e u n i d o s e m A l t a m i r a / P a no 1 o . E n c o n t r o d a s
Nações I n d í g e n a s do X i n g u e m f e v e r e i r o de B 9 ( 5 9 ) , e l a b o r a r a m
a " D e c l a r a ç ã o I n d í g e n a de A l t a m i r a " , cuja í n t e g r a é :
"As N a ç õ e s i n d í g e n a s do X i n g u , j u n t o c o m p a r e n t e s demuitas r e g i õ e s do Brasil e do m u n d o , a f i r m a m que é p r e c i s orespeitar a n o s s a M a e N a t u r e z a .
A c o n s e l h a m o s não d e s t r u í r e m as f l o r e s t a s , os r i o s , q u efcão n o s s o s i r m ã o s .
D e c i d i m o s que não q u e r e m o s a c o n s t r u ç ã o d a s b a r r a g e n s noRio Xingu e em o u t r o s r i o s da A m a z ô n i a , p o i s a m e a ç a m asnações i n d í g e n a s e os r i b e i r i n h o s .
D u r a n t e m u i t o tempo o h o m e m b r a n c o a g r e d i u n o s s op e n s a m e n t o e o e s p í r i t o d o s n o s s o s a n t i g o s . N o s s o st e r r i t ó r i o s são os s í t i o s s a g r a d o s do n o s s o p o v o , m o r a d a donosso c r i a d o r , que não p o d e m ser v i o l a d o s .
Neste e n c o n t r o dos p o v o s i n d í g e n a s do X i n g u d e c i d i m o s*>9iar as a ç õ e s do g o v e r n o para impedir m a t s d e s t r u i ç ã o ,juntar f o r ç a s com o C o n g r e s s o N a c i o n a l e c o m o p o v ob r a & i i e i r o , p a r a j u n t o s p r o t e g e r m o s essa i m p o r t a n t e r e g i ã o do"•«ndo, n o s s o s t e r r i t ó r i o s " .
Com a r e p e r c u s s ã o nacional e i n t e r n a c i o n a l , o g o v e r n o
b r * & i l e i r o teve de r e t r o c e d e r em suas d e c i s õ e s . E s o b r e isso
0 4 8
tala C. M I N C ( B O ) : "No c a s o d e B a b a q u a r a , u m a g r a n d e r e p r e s ana A m a z ô n i a , n ó s há a n o s d e f e n d e m o s q u e e l a p o d i a serd i v i d i d a e m t r ê s ou q u a t r o r e p a r t i ç õ e s de q u e d a m e n o r e s , c o mmenor i m p a c t o a m b i e n t a l , s e m i n u n d a r t e r r a d e í n d i o . Ed u r a n t e m u i t o s a n o s , a s d i r e ç õ e s d a E L E T R O N O R T E e daE L E T B O B R À S n o s d i s s e r a m q u e isso e r a i m p o s s í v e l , q u e a o b r atinha q u e ser de e s c a l a , e l a t i n h a q u e ter e c o n o m i a s dea g l o m e r a ç ã o , de e s c a l a , e se e l a n ã o t i v e s s e uma e s c a l am o n s t r u o s a , n ã o ia ser r e n t á v e l , p o r q u e ia e n c a r e c e r oq u i l o w a t t , e t c . E d e p o i s da p r e s s ã o n a c i o n a l , da p r e s s ã oi n t e r n a c i o n a l , do E n c o n t r o d e A l t a m i r a , a f i n a l d e c o n t a s osenhor M á r i o B h e r i n g , p r e s i d e n t e da E L E T R O B R á S , d i s s e q u e vais u s p e n d e r a c o n s t r u ç ã o de B a b a q u a r a e q u e vai c o n s t r u i r t r ê sou q u a t r o u s i n a s c o m r e p a r t i ç õ e s de q u e d a m e n o r , q u e ée x a t a m e n t e o q u e a g e n t e d e f e n d e há a n o s e a n o s e e l e ssempre d i s s e r a m q u e e r a i m p o s s í v e l . E n t ã o vai ver q u e e l e sd i z i a m q u e isso e r a i m p o s s í v e l p o r q u e n ã o a v a l i a v a m ou n ã oq u a n t i f i c a v a m a r e s i s t ê n c a, a c o n s c i ê n c i a da p o p u l a ç ã o t a n t onacional q u a n t o i n t e r n a c i o n a l " .
E e n q u a n t o o g o v e r n o faz a n u n c i a r c o m g r a n d i l o q ü ê n c i a o
a u m e n t o da o f e r t a de e n e r g i a e l é t r t c a , i n s i s t e i g u a l m e n t e na
crise de f o r n e c i m e n t o q u e e s t a r i a se a v i z i n h a n d o a p a s s o s
largos. A e x p e c t a t i v a m a n i f e s t a d a p e l o p r e s i d e n t e da
E L E T R O B R Á S , e ' d e q u e o p a í s v i v e r á u m a c r i s e na g e r a ç ã o de
e n e r g i a e l é t r i c a e m 1 9 9 2 , c a s o n ã o s e j a m e f e t i v a d o s o s
i n v e s t i m e n t o s n e c e s s á r i o s p a r a a c r e s c e n t a r a n u a l m e n t e 3 . 0 0 0
HW à p o t ê n c i a e l é t r i c a já i n s t a l a d a . Os i n v e s t i m e n t o s m í n i m o s
seriam da o r d e m d e U S $ 6 b i l h õ e s por a n o p a r a e v i t a r o
c o l a p s o , s e n d o q u e em 1 9 8 8 a e s t a t a l i n v e s t i u o m o n t a n t e de
USt 5,5 b i I h õ e s .
0 o r ç a m e n t o d e 1 9 8 9 d a r i a p r i o r i d a d e a b s c l u t a a o s
' " v e & t i m e n t o s da E L E T R O B R á S , p o d e n d o s u p e r a r U S $ 3 b i l h õ e s
(FSf1, P 7 . 0 9 . 8 8 ) , m a s o M i n i s t é r i o do P l a n e j a m e n t o , e x i g i n d o
«ma r e d u ç ã o de g a s t o s d e 5 5 % em t o d o s o s m i n i s t é r i o s , r e d u 2 i u
'• o r ç a m e n t o d e s t e a n o p a r a u m a q u a n t i a em t o r n o de U S $ 5
, a n t e c i p a n d o o r i s c o de r a c i o n a m e n t o de e n e r g i a em
0 4 9
todo o país de 1993 para 1991 (FSP, 1 3 . 1 1 . 8 9 ) . Para N e w t o n
Cardoso, G o v e r n a d o r do E s t a d o de Minas G e r a i s , o m o n t a n t e de
US$ 3 b i l h õ e s s i g n i f i c a v a o recurso m í n i m o f r e n t e à g r a n d e
necessidade do setor e n e r g é t i c o , cuja crise se a p r o x i m a v a
(FSP, 1 3 . 1 1 . B B ) . ( 6 1 )
L. PINGUELLI ROSA em seu d e p o i m e n t o , c o n s i d e r a que há o
risco da crise, mas que risco não quer dizer c e r t e z a .
Dependendo do regime h i d r o l ó g i c o , das c h u v a s , o Brasil poderá
ter problemas a partir de 1 9 9 0 , porque há obras que a t r a s a r a m
no passado e que não f i c a r ã o p r o n t a s . Há n e c e s s i d a d e de serem
feitas algumas obras para compensar esse a t r a s o , E a r g u m e n t a
que "...há uma parte que é j u s t i f i c a t i v a para a m e g a l o m a n i abrasileira e há outra parte que é real. P o r q u e o Brasil é umpaís grande, cresce a p o p u l a ç ã o , d e s e j a - s e d e s e n v o l v ê - l oeconomicamente e a e n e r g i a e l é t r i c a tem um papel nisso t u d o .(....) ...em 1 9 8 8 , ano p a s s a d o , o m e r c a d o real de e n e r g i aelétrica foi bem menor de que a p r e v i s ã o do Plano daELETROBRáS, o Plano 2 0 1 0 . P o r t a n t o há hoje uma queda domercado por causa da c r i s e . Não é uma queda b o a , p o r q u e é umaqueda dentro de uma crise t^ue está trazendo m u i t o s m a l e s :população d e s e m p r e g a d a , s a l á r i o s r e b a i x a d o s , p r i n c i p a l m e n t enas classes de renda m e n o r , m u i t o p r e j u d i c a d a s . M a s há essaqueda. Então eu acho m u i t a s vezes que p r o c u r a m e x a g e r a r ademanda prevista para poder justificar g r a n d e s o b r a s . Isso éreal. Por outro lado, não vamos criar o oposto e pensar quese pode paralisar as o b r a s , não ter m a i s e n e r g i a e l é t r i c aexpandi ndo" .
0 alerta para o r a c i o n a m e n t o , a c r i s e do setor e l é t r i c o
pode servir para a l g u m a s consi derações/1 e m b r a n ç a s '•
1) a dívida do setor e l é t r i c o ronda os US$ 24 b i l h õ e s , cerca
"e 2 0 % da d í v i d a e x t e r n a b r a s i l e i r a , segundo Jutahy
Magalhães, Senador da R e p ú b l i c a (FSP, 2 3 . 0 5 . 8 8 ) .
A conta e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a é de US$ 30 b i l h õ e s <JB,
A dívida externa da América Latina é de US$ 420 b i l h õ e s ,
0 5 0
tendo o setor e n e r g é t i c o a c u m u l a d o 1/5 d e s s e total <FSP,
1 3 . 1 1 . 8 8 ) .
Em r e s u m o , a e s t a t a l E L E T R O B R á S a c u m u l o u uma d í v i d a q u e
ultrapassa US$ SO b i l h õ e s . C o m o o g o v e r n o r e s o l v e r á o
problema ? A t r a v é s de t a r i f a s p a g a s pelo c o n s u m i d o r ?
?) a p o s s i b i l i d a d e de p r i v a t i z a ç ã o g r a d a t i v a do setor de
energia e l é t r i c a no país» d e f e n d i d a , por e x e m p l o , p e l o
p r e s i d e n t e da E L E T R O N O R T E , Miguel R o d r i g u e s N u n e s (FSP,
1 S . 0 6 . 8 8 ) e pelo B a n c o N a c i o n a l de D e s e n v o l v i m e n t o E c o n ô m i c o
e Social - B N D E S (JB, 0 7 . 0 9 . 8 8 ) .
3 ) o pedido de e m p r é s t i m o de US$ 500 m i l h õ e s f e i t o em 1987 ao
Banco M u n d i a l , para g e r a ç ã o , t r a n s m i s s ã o e d i s t r i b u i ç ã o d e
energia e l é t r i c a . Em s e t e m b r o de BB o B I R D adiou o e m p r é s t i m o
para d e z e m b r o do m e s m o a n o , sendo o m a i o r e n t r a v e a
construção da u s i n a n u c l e a r Angra 3j em a b r i l / 8 9 o B I R D
sustou o e m p r é s t i m o ; em m a i o o B I R D c o m u n i c o u ao g o v e r n o
brasileiro a i n t e n ç ã o de submeter ao F u n d o M o n e t á r i o
internacional - FMI -, a l i b e r a ç ã o de e m p r é s t i m o de US$ 1
bilhão para o setor e l é t r i c o , em s u b s t i t u i ç ã o ao de US$ 5 0 0
mi Ihões.
4> o s u b s í d i o do g o v e r n o b r a s i l e i r o às i n d ú s t r i a s intensivas
em e n e r g i a , g r a n d e parte d e l a s de capital e s t r a n g e i r o , como
*'•• de p r o d u ç ã o do aço, de a l u m í n i o ( A l c o a / A I u m a r - M a r a n h ã o ,
't>rá& / AI u n o r t e - P a r á $ P r o g r a m a G r a n d e C a r a j á s ) , em
051
detrimento do consumo a ser canalizado para a viabilização do
crescimento econômico do país.
5) os preços reais das tarifas de eletricidade, que entrando
em queda a partir de 1981, comprometeram a capacidade de
investimentos do setor. Até 1985, o decréscimo dos preços
atingiu 22%. <FSP, 01.01.89)
De acordo com Paulo Roberto Cavalcanti S0UZA(62> o custo
do kW instalado está hoje orçado em : US$ 1.500
hidrelétrico - e US$ 3.0DO a 5.000 - nuclear. 0 MWh : US$
10,17 - hidrelétrico -, US$ 35,45 - térmico e U5$ 60,70
nuclear,
6 ) a n e c e s s i d a d e de c o n s e r v a ç ã o e r a c i o n a l i z a ç ã o de e n e r g i a
elétrica. A q u a l i d a d e do c o n s u m o .
7) a n e c e s s i d a d e de p l a n e j a m e n t o c o n j u n t o com a c o m u n i d a d e
científica e a s o c i e d a d e c i v i l . 0 d e b a t e p ú b l i c o para a
tomada das d e c i s õ e s t e c n o l ó g i c a s .
8 ) a d i s c u s s ã o sobre g e r a ç ã o de e n e r g i a termo e n u c l e o e l é -
trica no p a í s .
9) a urgência de a r e j a m e n t o , de a l t e r a ç õ e s s i g n i f i c a t i v a s na
política e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a , a t e n t a n d o para as f o n t e s de
e n t > f 9 * a r e n o v á v e l s .
0 e n f r o n h a m e n t o n o s i t e n s s e x t o e s é t i m o s e d a r á a
k | ' Q i i i r . A i n d a n e s t e p r i m e i r o c a p í t u l o s e r ã o t e c i d a s a l g u m a s
ton;, i flerações a r e s p e i t o d o o i t a v o i t e m , c u j o d e s e n v o l v i m e n t o
* •
052
continuará se dando nos capítulos II, III,
IV. E, no que diz respeito às e n e r g i a s renováveis, o tema
será abarcado de forma breve nas C o n c l u s õ e s .
b.2. Conservação de Energia Elétrica.
Nos anos 70 as únicas e s t i m a t i v a s possíveis relativas ao
consumo e n e r g é t i c o davam conta de que 1/4 da energia era
consumida por 4 % da população de mais alta renda enquanto 2/3
da população consumia apenas 3 0 % da e n e r g i a . ( 6 3 )
Os níveis de consumo de energia da grande maioria da
população c o n t i n u a m a ser reduzidos nos anos 8 0 . A energia
plétrtca não é exceção neste quadro.
A expansão da geração de energia elétrica tem atendido
sobremaneira, como já foi visto, o setor industrial e este
ten se esmerado em produzir bens de consumo de utilidade e
qualidade cada vez mais duvidosa, além de atender ao
conforto total somente de uma parcela mínima da p o p u l a ç ã o .
Além de estar evidenciada a desigualdade social no consumo,
está patente a inadequação dos padrões de consumo.
Segundo R. CERQUEIRA LEITE, o Brasil p e r m a n e c e , com
exceção da Noruega e Suécia, como aquele em que a
eletricidade corresponde ao percentual mais elevado do
consumo global de energia (FSP, 0 1 , 0 1 , 8 9 ) . Mat, ao mesmo
tempo em que o governo instiga indiretamente um consumo cada
ve' mais elevado de eletricidade, o que para ele seria um
'ndicador de crescimento econômico, insiste na necessidade de
conservação e racionalização.
• •
0 5 3
C o n s e r v a r e n e r g i a é um p r o c e d i m e n t o c o r r e t o , é a v a n ç a r
no d i s c u r s o p r o d u ç ã o - c o n s u m o ,qua I i f i c a n d o - o . é se a n t e p o r
ao d e s p e r d í c i o . M a s não s i g n i f i c a a d e n t r a r na d i s c u s s ã o
d e s e n v o l v i m e n t o v e r s u s e n e r g i a e m e n o s a i n d a na r a z ã o do
aumento i n f i n i t o de e n e r g i a material no m u n d o .
0 h e m i s f é r i o n o r t e c o n s o m e m u i t o m a i s e n e r g i a do que o
hemisfério s u l , (os EUA c o n s o m e m s e t e n t a v e z e s m a i s e n e r g i a
do qut os p a í s e s a f r i c a n o s , sete v e z e s m a i s do q u e o B r a s i l ,
o dobro da E u r o p a ( 6 4 > ) e p o s s u i , por c e r t o , um e l e v a d o p a d r ã o
de vida, a i n d a que não seja g e n e r a l i z a d o , se c o m p a r a d o c o m o
nível de vida de g r a n d e parte da p o p u l a ç ã o b r a s i l e i r a .
E n t r e t a n t o , a u m e n t o do P r o d u t o N a c i o n a l B r u t o , de
Energia e do ritmo de c r e s c i m e n t o s i g n i f i c a d e s e n v o l v i m e n t o
qua Ii tati vo?
J. G O L D E M B E R G , o b s e r v a que " e x a t a m e n t e dez a n o s b a s t a r a mpara que os e c o n o m i s t a s m u d a s s e m a idéia s e c u l a r de q u e od e s e n v o l v i m e n t o e c o n ô m i c o d e m a n d a v a c o n s u m o c r e s c e n t e deenergia. A t u a l m e n t e os g o v e r n a n t e s c o m e ç a m a r e p l a n e j a r apolítica e n e r g é t i c a de seus p a í s e s , d e s d e que se c o n f i r m o uque os dois f a t o r e s - d e s e n v o l v i m e n t o e e n e r g i a - não e s t ã on e c e s s a r i a m e n t e v i n c u l a d o s " . Essa t e s e foi por e l e a p r o v a d a
no 13o. C o n g r e s s o da C o n f e r ê n c i a Mundial de E n e r g i a , o c o r r i d o
de 05 a 1 1 . 1 0 , 8 6 em C a n n e s / F r a n c a . De « c o r d o com o a u t o r , o
crescimento e c o n ô m i c o nos p a í s e s i n d u s t r i a i s , d e s e n v o l v i d o s ,
continuou e o c o n s u m o de e n e r g i a se e s t a b i I i z o u . ( F S P ,
15.10.86)
Os p a í s e s i n d u s t r i a l i z a d o s têm c o n s e g u i d o d i m i n u i r o
r>tmo do c o n s u m o a t r a v é s da c o n s e r v a ç ã o , por um lado, m a s
também a t r a v é s da t r a n s f e r ê n c i a , para os p a í s e s sub-
° « l v i dos ou em d e s e n v o l v i m e n t o , das i n d ú s t r i a s
054
f ' ? C t r l c ' t v intensive. A F r a n ç a , por e x e m p l o a u m e n t o u o P I B
- de 1973 a 1984 - em 2 B % , e n q u a n t o o c o n s u m o de e n e r g i a
primária c r e s c e u apenas 4 , 7 % . ( 6 5 )
A d i v i s ã o internacional de t r a b a l h o d e c r e t o u , p o i s , que
caberia aos países s u b d e s e n v o l v i d o s as a t i v i d a d e s i n d u s t r i a i s
"brutas", c o n s u m i d o r a s i n t e n s i v a s de e n e r g i a , de m a t é r i a s -
primas e de mão de o b r a b a r a t a ( 6 6 ) , r e f o r ç a n d o as
c a r a c t e r í s t i c a s c o m u n s d e s s e s países : a d e p e n d ê n c i a , a
d e s a r t i c u l a ç ã o interna e n t r e os d i v e r s o s s e t o r e s
t a q n c u l t u r a , i n d ú s t r i a , e n e r g i a ) , as d e s i g u a l d a d e s e n t r e
grupos s o c i a i s e r e g i õ e s g e o g r á f i c a s e a má a d m i n i s t r a ç ã o dos
e c o s s i s t e m a s a m e a ç a n d o os r e c u r s o s n a t u r a i s . ( 6 7 )
No Brasil e s p e c i f i c a m e n t e , o g o v e r n o f e d e r a i , a t r a v é s do
MME e MIC, criou o P r o g r a m a Nacional de C o n s e r v a ç ã o de
fcnergia - P r o c e l , a t r a v é s da P o r t a r i a N o . 1 8 7 7 / 8 5 , de
3 0 . 1 2 . 8 5 , "com o o b j e t i v o de d e s e n v o l v e r p r o j e t o s e a p l i c a rmedidas visando à m e l h o r u t i l i z a ç ã o de e n e r g i a no P a í s . 0Programa fornecerá o r i e n t a ç ã o no sentido de r a c i o n a l i z a r ouso de e n e r g i a , de forma a obter maior e f i c i ê n c i a ,e s p e c i a l m e n t e nas m e d i d a s r e l a t i v a s ao uso final de e n e r g i ae l é t r í c a . " ( 6 8 )
0 PROCEL tem e f e t i v a d o s e m i n á r i o s , e s c l a r e c i m e n t o s ,
cursos, c a m p a n h a s e d e c l a r o u 1988 como o Ano da C o n s e r v a ç ã o
0e Energia E l é t r i c a , com o d e s e n v o l v i m e n t o de um c a l e n d á r i o
<** cerca de 60 e v e n t o s os m a i s d i v e r s i f i c a d o s n a q u e l e
ano.(69)
As m e t a s de c o n s e r v a ç ã o da PROCEL, r e v i s t a s a n u a l m e n t e
055
A n 0 Total (GWh)
19BB19901995
aooo20052010
Fonte :
2.490,86. 3 6 7 , 1
1 9 . 5 6 3 , 03 8 . 7 4 7 , 46 1 . 2 8 8 , 98 4 . 0 6 5 , 5
Bo I e t i m N o
Em a r t i g o e n t i t u l a d o "0 u s o r a c i o n a l de e n e r g i a " ( F S P ,
P 1 . 0 5 . 8 9 ) , o s e c r e t á r i o e x e c u t i v o do P R O C E L , M a r c o s J o s é
MARQUES d i s t i n g u e c o n s e r v a ç ã o e r a c i o n a m e n t o d e e n e r g i a ,
d e f e n d e n d o a p r i m e i r a c o m o a -forma m a i s e c o n ô m i c a de abrir
espaços p a r a o c r e s c i m e n t o do p a í s (e p r e s e r v a ç ã o do m e i o
a m b i e n t e ) . Não d e f e n d e o r a c i o n a m e n t o .
Aqui se v o l t a ao q u e s t i o n a m e n t o • a c r i s e de e n e r g i a
e l é t r i c a é real no p a í s ?
Para J. G O L D E M B E R G , se faz n e c e s s á r i o a u m e n t a r a
efi c i ê n c i a do atual s i s t e m a e n e r g é t i c o , o q u e é
e c o n o m i c a m e n t e a t r a t i v o e t e c n i c a m e n t e p o s s í v e l ( F S P ,
2 6 . 0 6 . 8 8 ) , r e o r i e n t a n d o a p r e o c u p a ç ã o e n e r g é t i c a da usi n a
para a f á b r i c a . Ao invés de g a s t a r U S $ 3 b i l h õ e s para a
cons t r u ç ã o de n o v a s h i d r e l é t r i c a s , o Br a s i l c o n s e g u i r i a o
mesmo r e s u l t a d o i n v e s t i n d o U S $ 5 0 0 m i l h õ e s em c o n s e r v a ç ã o de
• " e r g o na i n d ú s t r i a ( F S P , 2 9 . 0 3 . 8 9 ) .
De a c o r d o c o m e s s e a u t o r , a d e m a n d a de e n e r g i a e l é t r i c a
tem c r e s c i d o m e n o s q u e no p a s s a d o e p o d e ser a i n d a m a i s
«•oderada ( F S P , 0 9 . 0 9 . 8 8 ) .
E^sa& e o u t r a s o p i n i õ e s e m b a s a m s u a s c r í t i c a s ao
lecaute", ao c o l a p s o de e n e r g i a e l é t r i c a a n u n c i a d o p e l o
056
governo. Argumenta que a ameaça do blecaute é uma grande
chantagem do governo (FSP, 2 8 . 1 0 . 8 8 ) , que o governo está
fazendo terrorismo ao prever blecautes na próxima década,
pois com um programa sério de conservação, o risco da -falta
de energia pode ser adiado por dez anos (FSP, 0 1 . 0 1 . 8 9 ) e que
o blecaute é de planejamento (JB, 1 8 . 0 7 . 8 6 ) .
Oe qualquer forma, a crise de energia existe. E ' a crise
não só do uso da energia, mas a de suas c o n s e q ü ê n c i a s . E é
ainda J, GOLDEMBERG que fala em nova crise de energia, o
pleito estufa, discutida no simpósio da Fundação
Internacional para a Sobrevivência e o Desenvolvimento da
Humanidade em 1988 na URSS (FSP, 8 6 . 0 6 . 8 8 ) .
A presença da energia em todas as funções de consumo e
em todas as atividades produtivas requer amplo debate público
para a decisão quanto a estratégias de d e s e n v o l v i m e n t o ,
tecnologia, opções energéticas, A sociedade civil deve ter
participação nas d e c i s õ e s , após o acesso aos estudos
desenvolvidos e deve ter meios institucionais para vetar a
implementação dos p r o j e t o s , se for o caso. 0 planejamento
energético requer estudos e cálculos e s p e c i a l i z a d o s ,
vinculados estreitamente com a realidade e apoiados em
aspectos (70) tais como :
desenvolvimento urbano e industrial
desenvolvimento rural e agrícola
viabilidade técnica de fontes e formas de energia
crescimento demográfico
•mpacto da exploração e uso da energia sobre o meio»mb tente
D57
- análise de b a l a n ç o s e n e r g é t i c o s
- sistema de t r a n s p o r t e s , e t c .
Necessita igualmente de um grupo mu 11i d i s e i p I i n a r que
envolva d i s c i p l i n a s como Sociologia, D e m o g r a f i a , Urbanismo e
Transportes, A g r o n o m i a e Abastecimento, F í s i c a Aplicada,
Engenharia E n e r g é t i c a , Engenharia I n d u s t r i a l , Economia,
teologia e P r o t e ç ã o A m b i e n t a l . ( 7 1 )
As " a l t e r a ç õ e s na política e n e r g é t i c a brasileira
dependem de m u d a n ç a s e s t r u t u r a i s na vida p o l í t i c a , econômica
r social do país. A opção existe e é vi á v e l ; d e n t r o , é claro,
Ov uma nova lógica de d e s e n v o f v i m e n t o " , ( 7 2 )
Um d e s e n v o l v i m e n t o que atenderia às necessidades
materiais, (materiais e c u l t u r a i s da p o p u l a ç ã o , sem imposição
de tecnologias c r i a d a s em países i n d u s t r i a l i z a d o s e que não
•tendem a essas n e c e s s i d a d e s .
Um d e s e n v o l v i m e n t o que depende também do repensar de
nosso estilo de vida (o que inclui a d e s i g u a l d a d e s o c i a l ) , da
reel assificação de nosso c o n s u m o e da c o n s e r v a ç ã o energética
tm cada casa, a partir de cada pessoa.
6. ENERGIA NUCLEAR
0 dia em que nossa descuidada s o c i e d a d e de consumo,por descuido, inconsciência ou irre s p o n s a b i l i d a d e , conseguirrealmente pestear o planeta com radiação intensa, a Terra• H a r a imprestável para as formas s u p e r i o r e s de vida,•obrarão b a c t é r i a s e vírus . Teremos r e t r o c e d i d o uns S bilhões°* »nt>r. na história e v o l u t i v a " .
José Lutzenberger (73)
D58
A c o m p l e x i d a d e do U n i v e r s o e toda a e v o l u ç ã o ocorrida
desde b i l h õ e s de anos permeia a g r a n d i o s i d a d e do significado
VIDA.
A T e r r a , único planeta deste s i s t e m a solar que
desenvolveu condições de abrigar a própria e v o l u ç ã o e a
diversificar e qualificar a vida, a g o n i z a . C a m i n h a para o
desequilíbrio climático e b i o l ó g i c o ; c a m i n h a , num ritmo
acelerado, para um contexto que poderá não m a i s gerar vida.
Se encaminha para a possibilidade de e x t i n ç ã o .
A causa ? A ação d e s m e n s u r a d a m e n t e prejudicial e
inconseqüente ante todo o ciclo de vida e da b i o s f e r a .
Mas é o século XX que inscreve com maior nitidez esse
perigo iminente : a d e s c o b e r t a , na d é c a d a de 3 0 , da
radioatividade a r t i f i c i a l .
Na verdade, as c o n s e q ü ê n c i a s dessa d e s c o b e r t a , os usos
efetuados a partir dela, os e n c a m i n h a m e n t o s d a d o s é que
forjaram, em grande parte, o perigo já e x i s t e n t e , mas que
•penas oferece a ilusão, aos mais incautos, de g r a d a t i v ã m e n t e
se 3 V I Z I n h a r .
A preparação e a p e r f e i ç o a m e n t o infinito da g u e r r a , em
detrimento do d e s e n v o l v i m e n t o , é real no m u n d o . A d e g r a d a ç ã o
também.
A ameaça existente possui um marco referencial que está
M t u a d o cronologicamente no tempo i 1945, com o b o m b a r d e i o de
H'roshima e Nagasaki. Infelizmente esse m a r c o não é
icoi ele traduz a e f e m e r i d a d e .
0 5 9
E n q u a n t o não se adentra no h i s t ó r i c o da e n e r g i a nuclear
no mundo (e no B r a s i l ) , objeto de r e f l e x ã o dos c a p í t u l o s II e
III, r e t r o c e d e r e m o s n o v a m e n t e ao ano de 1973 - e ao 1o.
choque do p e t r ó l e o nele inserido - na t e n t a t i v a de t r i l h a r o
caminho da o p ç ã o e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a , no que diz r e s p e i t o à
e l e t r i c i d a d e e, m a i s e s p e c i f i c a m e n t e à e n e r g i a
n u c l e o e l é t r t e a .
O g o v e r n o m i l i t a r b r a s i l e i r o * sequiDso por investir
d e c i s i v a m e n t e na e n e r g i a n u c l e a r , a p r o v e i t o u a c o n j u n t u r a
energética mundial para implantar uma t e c n o l o g i a s o f i s t i c a d a ,
de j u s t i f i c a ç ã o impossível ante as a l t e r n a t i v a s e n e r g é t i c a s
viáveis, c o n s o l i d a d a p e l o s p a í s e s i n d u s t r i a l i z a d o s s i t u a d o s
no h e m i s f é r i o n o r t e .
A i n s i s t ê n c i a no m o d e l o intensivo em e n e r g i a no m u n d o ,
mesmo após 1 9 7 3 , denota a imposição do m o d e l o de c r e s c i m e n t o
econômico e do c o n s u m o que o p e t r ó l e o , e logo a seguir
o nuclear, impõe. O nuclear impõe m a i s ; a i d e o l o g i a do poder
fortemente c a l c a d a n» s e g u r a n ç a n a c i o n a l . Se r e v e s t e , p o i s ,
de caráter e s t r a t é g i c o .
S e g u n d o A r n a l d o R o d r i g u e s B A R O A L H O , p r e s i d e n t e da
Eletrobrás de 3 0 , 0 5 . 7 8 a 1 5 . 0 3 . 7 9 em d e p o i m e n t o a CPI sobre o
Acordo Nuclear do Brasil com a RFA em 1 1 . 1 0 . 7 8 ( 7 4 ) , era
necessário p r e p a r a r o país para que não o c o r r e s s e a m e s m a
crise (como o c o r r e u com o p e t r ó l e o ) na área da e n e r g i a
elétrica. Era f u n d a m e n t a l pensar na energia nuclear a n t e s que
b Potencial h i d r á u l i c o nacional se e x a u r i s s e . Em sua o p i n i ã o ,
0 6 0
por o r d e m de i m p o r t â n c i a , se i n s c r e v i a p r i m e i r a m e n t e a
e n e r g i a n u c l e a r e d e p o i s a h i d r e l é t r i c a .
A u r e l i a n o C H A V E S , e n t ã o p r e s i d e n t e do C N E , n u m a c l a r a
defesa a u t i l i z a ç ã o da e n e r g i a n u c I e o e I é t r i c a , a f i r m a v a , e m
1975, e x i s t i r uma c r i s e de e n e r g i a no B r a s i l , o q u e t r a d u z i a
a n e c e s s i d a d e da a d o ç ã o da t e c n o l o g i a m a i s a p r o p r i a d a p a r a
que h o u v e s s e i g u a l d a d e com os p a í s e s a l t a m e n t e
• ndustr i a i i z a d o s . ( 7 5 )
A t e c n o l o g i a m a i s a p r o p r i a d a , s e g u n d o o g o v e r n o m i l i t a r ,
era a n u c l e a r . E x a t a m e n t e no m o m e n t o em q u e o p a í s d e v e r i a
intensificar p e s q u i s a s e m e n e r g i a s a l t e r n a t i v a s , f o i , ao
c o n t r á r i o , i n t e n s i f i c a d a a d e p e n d ê n c i a t e c n o l ó g i c a , c o m a
importação de um p a c o t e t e c n o l ó g i c o a s s e n t a d o n u m m o d e l o
e n e r g é t i c o d e s e n v o l v i d o a partir de p a í s e s q u e v i v i a m uma
r e a l i d a d e a n t a g ô n i c a à b r a s i l e i r a ( h i p e r d e s e n v o I v i d o s , c o m
alto c o n s u m o e n e r g é t i c o , de c l i m a t e m p e r a d o ) . Foi
intensificada a d o m i n a ç ã o n o r t e - s u l , a c e n t r a l i z a ç ã o d a s
decisões g o v e r n a m e n t a i s na á r e a e n e r g é t i c a , a o p ç ã o por o u t r o
m o n o p ó l i o que não o p e t r o l í f e r o , a p e r m a n ê n c i a numa f o n t e
e n e r g é t i c a i g u a l m e n t e n ã o - r e n o v á v e I , o a u m e n t o do
e n d i v i d a m e n t o e x t e r n o , a m a i o r c o n c e n t r a ç ã o do p o d e r
e c o n ô m i c o . M a s a t e c n o l o g i a c o n s i d e r a d a m a i s a p r o p r i a d a p e l o
regime, não era s e n ã o a q u e l a que i n v o c a r i a um c o n t r o l e , uma
t e c n o c r a t i z a ç ã o , uma b u r o c r a c i a , uma c e n t r a l i z a ç ã o e
a u t o r i t a r i s m o a i n d a m a i o r e s s o b r e a s o c i e d a d e .
E, se em 196 7 a C N E N já h a v i a f e i t o um a c o r d o c o m a
tietrobrás para a c o n s t r u ç ã o da p r i m e i r a u n i d a d e n u c l e a r d e
0 6 1
potência» c h e g a n d o o p r e s i d e n t e C o s t a e S i l v a a a u t o r i z a r a
c o n s t r u ç ã o de A n g r a 1 e m 1 9 7 0 , o c h o q u e do p e t r ó l e o s e r v i u
como e n c o m e n d a para a j u s t i f i c a ç ã o da n e c e s s i d a d e de m a i s
projetos de impacto no p a í s .
M e s m o já t e n d o a u t o r i z a d o a c o n s t r u ç ã o de I t a i p u e
Tucuruí, a u t o r i z o u t a m b é m a c o n s t r u ç ã o da s e g u n d a u n i d a d e
nuclear em A n g r a d o s R e i s / R J .
A t e n d ê n c i a à e n e r g i a n u c I e o e I é t r i c a n o s p a í s e s
i n d u s t r i a l i z a d o s já e s t a v a a f i r m a d a , s e n d o q u e de 1 9 7 0 a
1973, a d e m a n d a m u n d i a l de r e a t o r e s h a v i a t r i p l i c a d o . ( 7 6 )
E m b o r a logo a s e g u i r os a m b i c i o s o s p r o g r a m a s n u c l e a r e s
ameaçassem a sofrer d e s a c e l e r a ç ã o nos p r ó p r i o s p a í s e s
i n d u s t r i a l i z a d o s (por e x e m p l o : EUA, A l e m a n h a ) , d e v i d o a
ascendência d o s m o v i m e n t o s a n t i n u c l e a r e s e a e s t a g a n a ç ã o do
consumo, no B r a s i l , em 1 9 7 5 , era a s s i n a d o o A c o r d o N u c l e a r
B r a s i I - A l e m a n h a . I d e a l i z a d o e e n c a m i n h a d o m u i t o r e s t r i t a m e n t e
pelo g o v e r n o f e d e r a l , c r i t i c a d o v e e m e n t e m e n t e p e l a c o m u n i d a d e
científica e d e s c o n h e c i d o da g r a n d e m a i o r i a da p o p u l a ç ã o
b r a s i l e i r a . E s t a , por sua v e z , não n e c e s s i t a n d o de u m a
tecnologia tão a v a n ç a d a (e a l h e i a à r e a l i d a d e do p a í s ) , m a s
antes de t e c n o l o g i a s q u e a t e n d e s s e m às suas n e c e s s i d a d e s
» • t a i 5 ,
S h i g e a k i U e k i e n t ã o M i n i s t r o d a s M i n a s e E n e r g i a ,
f i r m a v a q u e a d e c i s ã o d e c o n s t r u i r u s i n a s n u c l e a r e s
lj| qni { i c a v a u m a a l t e r n a t i v a e n e r g é t i c a v á l i d a e c o e r e n t e p a r a
fc«b&tituição g r a d a t f v a d o p e t r ó I e o . ( 7 7 ) S e m e l h a n t e
" " A c i o n a m e n t o d e f e n d i a o e x - p r e s i d e n t e d a E L E T R O B R A S , e n t ã o
0 6 2
G o v e r n a d o r do E s t a d o da B a h i a , A n t o n i o C a r l o s M a g a l h ã e s ao
afirmar ser a e n e r g i a n u c l e a r a ú n i c a p o s s i b i l i d a d e p r á t i c a
que se v i s l u m b r a v a , s e n d o e s s a a a l t e r n a t i v a p a r a o p e t r ó l e o
e não para a e n e r g i a h i d r á u I i c a . ( 7 8 )
S h i g e a k i Ueki a t u a l m e n t e a i n d a d e f e n d e q u e *a
v i a b i l i d a d e ou não d a e n e r g i a n u c l e a r d e v e ser e x a m i n a d a no
contexto " e n e r g i a n u c l e a r v e r s u s p e t r ó l e o * ( F S P , 0 5 . 0 7 . B B ) ,
a r g u m e n t o que r e f l e t i a e r e f l e t e a o p i n i ã o do g o v e r n o federal
quanto a q u e s t ã o . P a r a e l e "... n e n h u m s i s t e m a e l é t r i c o p o d e
se basear e x c l u s i v a m e n t e na f o r ç a das á g u a s " . s e n d o q u e a
c o m p I e m e n t a ç ã o n u c l e a r e r a n e c e s s á r i a para que o p a r q u e
industrial não t i v e s s e p r o b l e m a s de s u p r i m e n t o de e n e r g i a
e l é t r í c a , ( 7 9 )
No m e s m o ano em que A n t o n i o C a r l o s M a g a l h ã e s p r e s t a v a o
seu d e p o i m e n t o à C P I , a c a p a c i d a d e de e n e r g i a e l é t r i c a
instalada no p a í s ( e n t r e e m p r e s a s c o n c e s s i o n á r i a s e
a u t o p r o d u t o r e s ) era d e 2 5 . 2 2 9 MW, sendo 8 1 , 5 7 5 MW h i d r á u l i c o s
e 3.654 t é r m i c o s (a ó l e o ou a c a r v ã o ) . ( 8 0 )
A p r e o c u p a ç ã o v e r b a l i z a d a pelo g o v e r n o em r e l a ç ã o à
energia h i d r e l é t r i c a era de q u e a d e m a n d a c r e s c i a d e m a s i a d o ,
sem que o p o t e n c i a l h í d r i c o p u d e s s e a c o m p a n h a r e s s e
cresc tmento.
0 g o v e r n o a t r o p e l o u e i n t e r p r e t o u os f a t o s v i n d o u r o s por
a n t e c i p a ç ã o : a d e m a n d a não c r e s c e r i a c o n f o r m e suas
e s t a t í s t i c a s e o p o t e n c i a l i n v e n t a r i a d o a u m e n t a r i a
* o b r e m a n e i r a .
Assim, o m o d e l o e n e r g é t i c o i n t e n s i v o em p e t r ó l e o (no
0 6 3
Brasil u t i l i z a d o n o s t r a n s p o r t e s e n u m a ín-ftma p a r c e l a p a r a
p r o d u ç ã o de e n e r g i a e l é t r i c a ) , e s p e l h o d e u m a c i v i l i z a ç ã o
p r e d a t ó r i a por e x c e l ê n c i a , tem um a l i a d o na e n e r g i a
n u c I e o e I é t r i c a , i n t e n s i v a em c a p i t a l , e m e n e r g i a e e m
m a t e r i a l e q u e se p r e s t a t a n t o para f i n s p a c í f i c o s c o m o p a r a
fins mi Ii t a r e s .
0 g o v e r n o p r e v i a o e s g o t a m e n t o do p o t e n c i a l h i d r á u l i c o
para a p r i m e i r a d é c a d a d o s é c u l o X X I , b e m c o m o um a u m e n t o
anual d e 1 1 % no c o n s u m o d e e n e r g i a e l é t r i c a . S o b r e a r g u m e n t o s
como e s s e s i m p l a n t o u D P r o g r a m a N u c l e a r B r a s i l e i r o .
Na é p o c a do a c o r d o , o p o t e n c i a l h i d r e l é t r i c o e s t a v a
e s t i m a d o e m 1 0 5 . 0 0 0 MW, m a s p o u c o s a n o s b a s t a r a m p a r a q u e
esse n ú m e r o p a s s a s s e p a r a 2 1 3 . 0 0 0 MW, H o j e a p r o x i m a d a m e n t e
7 0 % do p o t e n c i a l h i d r e l é t r i c o b r a s i l e i r o a i n d a p o d e ser
a p r o v e i t a d o .
C o n f o r m e M a u r í c i o S C H U L M A N , p r e s i d e n t e da E L E T R O B R á S de
1 5 , 0 3 . 7 9 a 1 8 . 0 9 , 8 0 , e m d e p o i m e n t o à CPI d o A c o r d o N u c l e a r ,
em 1 4 . 0 8 . 7 9 , o g o v e r n o só p r o c u r a p e s q u i s a r o p o t e n c i a l
h í d r i c o em f a c e d a s n e c e s s i d a d e s de e n t e n d i m e n t o d o m e r c a d o e
na m e d i d a em q u e s u a u t i l i z a ç ã o se t o r n e e c o n o m i c a m e n t e
• • é v e l . ( 8 1 )
0 g o v e r n o a n s i a v a por m a i s e n e r g i a e l é t r i c a , n ã o
e x a t a m e n t e d a q u e l a a d v ' n d a "da f o r ç a d a s á g u a s " , m a s s i m
daquela a d v i n d a do u r â n i o . E p a r a t a n t o se e s f o r ç o u
s o b r e m a n e i r a , s e n d o q u e as r e s e r v a s d e u r â n i o no p a í s
" a b a r a m de 1 1 . 0 4 0 e m 1 9 7 5 p a r a 3 D 1 . 4 9 0 e m 1 9 8 6 ( u n i d a d e t
U 3 0 B H B 2 ) , u m a vez q u e o PNB n e c e s s i t a r i a d e m u i t o
064
combustível p a r a as s u a s u s i n a s .
Por o u t r o lado. o P l a n o 9 5 , e l a b o r a d o em 1 9 7 9 (p. 3 )
afirmava :
"Foi p r e v i s t o a i n d a q u e d e v e r á haver um c e r t o a c r é s c i m odo c o n s u m o de e n e r g i a e l é t r i c a para s u b s t i t u i ç ã o dederivados de p e t r ó l e o , d e v i d o às l i m i t a ç õ e s de sua o f e r t a , eque se m a n t e n h a o a t u a l d i n a m i s m o do m e r c a d o e l é t r i c oi n d u s t r i a l . A s s i m , e s t i m a - s e q u e , de 1 9 7 9 a 1 9 8 5 , osrequisitos d e e n e r g i a e l é t r i c a do país c r e s ç a m à t a x a m é d i ade 1 2 , 7 % a o a n o " .
Em 1 9 8 6 , p o r é m , a n o da e l a b o r a ç ã o do B a l a n ç o E n e r g é t i c o
Nacional - MME / 8 5 , o s d a d o s c o n s i d e r a v a m q u e a e v o l u ç ã o do
consumo t o t a l de e l e t r i c i d a d e de 1 9 7 4 / 7 9 h a v i a c r e s c i d o
1 r?, 1 %, e n q u a n t o que de 1 9 7 9 / 8 4 o índice havia d e c r e s c i d o para
7,9%. C o n s t a t a v a - s e aí uma d i f e r e n ç a para m e n o s , de 4 , 8 % .
A M e m ó r i a da E l e t r i c i d a d e f o r n e c i a a i n d a o u t r o índice
curioso : " N o s seis p r i m e i r o s a n o s da d é c a d a de 1 9 8 0 , a taxa
média de c r e s c i m e n t o anual r e d u z i u - s e um p o u c o , s i t u a n d o - s e
em torno d e 6 % " . ( 8 3 )
E e n q u a n t o P a u l o N o g u e i r a B A T I S T A , e x - p r e s i d e n t e da
N U C L E B R á S , a l e r t a v a p a r a a i n e x i s t ê n c i a de a l t e r n a t i v a s
econômico e t e c n i c a m e n t e v á l i d a s , f a z e n d o c o m q u e não se
pudesse r e c u s a r a o p ç ã o n u c l e a r , o que s e r i a o m e s m o q u e
rejeitar a c o n t i n u a ç ã o do p r o g r e s s o e c o n ô m i c o e social do
pais e a r g u m e n t a n d o a n e c e s s i d a d e de cerca de 1 0 . 0 0 0 MW
nucleares a t é 1 9 9 0 ( 8 4 ) , O s c a r S A I L A , e x - d i r e t o r do C N P q < B 5 ) ,
"itormava, e m 1 9 7 9 , q u e não h a v i a i n v e s t i m e n t o s e i n t e r e s s e
no d e s e n v o l v i m e n t o de e n e r g i a s a l t e r n a t i v a s nos ú l t i m o s 25
anos ,
Os d a d o s i l u s t r a m , e m p a r t e , que a opção t e c n o l ó g i c a do
0 6 5
governo foi p o I í 1 1 c a - 1 d e o I ó g i c a e não t é c n i c o - c l e n t í f i c a . A
opção e n g e n d r o u o " p a c o t e t e c n o l ó g i c o * , o c h a m a d o " n e g ó c i o do
século" como se verá, n ã o sem a n t e s a b o r d a r m a i s
e s p e c i f i c a m e n t e as o p ç õ e s t e c n o l ó g i c a s para e n e r g i a e l é t r i c a
no pa í s .
6.1. A o p ç ã o e n e r g é t i c a .
A u t i l i z a ç ã o de uma d e t e r m i n a d a t e c n o l o g i a não é
meramente t é c n i c a ou m e s m o p o l í t i c a , m a s e n v e r e d a por uma
questão é t i c a . A c o n s e c u ç ã o da m e l h o r opção e não de q u a l q u e r
so Iução.
Na t e n t a t i v a de a p r o f u n d a r e s s a d i s c u s s ã o , f a r e m o s uma
análise de e s c o l h a s t e c n o l ó g i c a s na s e g u i n t e o r d e m :
1. e n e r g i a nuclear x e n e r g i a s a l t e r n a t i v a s
2 . urânio natural x u r â n i o e n r i q u e c i d o ,
1. Energia N u c l e a r x E n e r g i a s A l t e r n a t i v a s
P a r t i n d o do p r e s s u p o s t o de que não há n e c e s s i d a d e de
energia nuclear no p a í s ( 8 B ) , p e r f i l a r e m o s a l g u n s itens para
melhor a n á l i s e desse p o s i c i o n a m e n t o :
1.1. A e n e r g i a n u c l e a r e s t á c a l c a d a s o b r e a p r e m i s s a da
t r a n s i t o r i e d a d e , tanto q u a n t o o p e t r ó l e o . 0 u r â n i o é uma
fonte n ã o - r e n o v á v e l (e p o r t a n t o l i m i t a d a ) de e n e r g i a . A opção
nuclear está a m e a ç a d a d e v i d o a e s c a s s e z de seu c o m b u s t í v e l .
As e n e r g i a s a l t e r n a t i v a s advém de f o n t e s r e n o v á v e i s ,
como os r e c u r s o s h í d r i c o s , e n e r g i a solar d i r e t a ( e n e r g i a
térmica, c o n v e r s ã o t e r m e l é t r i c a , c o n v e r s ã o iotovoItaica,
066
captação espacial), energia solar indireta (eólica, ondas do
mar, marés, térmica dos oceanos, biomassa, hidrogênio),
energia geotérmica, energia termonuclear por fusão.
1.2. A necessidade da revisão da utilização da energia
elétrica e de sua demanda, exercício a ser feito pela
sociedade como um todo. Energia para que e para quem, como já
foi visto.
1.3. Energia hidrelétrica.
Um país de dimensões continentais como o Brasil,
necessita viabilizar a produção e geração de energia elétrica
de forma descentralizada. É contraproducente que a existência
de um monopólio da energia hidrelétrica, inviabilize a
utilização de pequenos cursos ou quedas dágua.
A. PASCH0A<87) afirma que a infraestrutura
hiperdimensionada da ELETROBRÍS não apoia pequenos
desenvolvimentos energéticos. Considera lamentável que todo o
prui:r r.:.u i l r r.ri;»v:*"> I Í ; J r ' r • l/OBRÁ!! rifni fiiTirnTw ;i wt t I i / ;JI; fm dP
pequenas h i d r o e l é t r i c a s e que o n õ o - a p r o v e i t a m e n t o de
Pequenas q u e d a s d á g u a se dá m i l h a r e s de vezes pelo país
•fora.
De a c o r d o com C a r l o s A l b e r t o B R E Z O M N ( B B ) a CE L E S C
(Centrais E l é t r i c a s de S a n t a C a t a r i n a ) , r e c o n h e c e n d o q u e não
P O S S U Í r e c u r s o s para a c o n s t r u ç ã o de u s i n a s h i d r e l é t r i c a s ,
'ftcentiva a in i c i a t i v a p r i v a d a para t a n t o , sendo que no
Estado e x i s t e uma e s t i m a t i v a na f a i x a de 1000 m i c r o e
067
pequenas usinas instaladas, cuja localização é d e s c o n h e c i d a .
A CELESC par>sa, p o i s , a ter uma política de d e s c e n t r a l i z a ç ã o
energética.
L. PINGUELLI ROSA e R. SCHAEFFER<89> a r g u m e n t a m , em
relação a p e q u e n a h i d r e l é t r i c a ; necessita m u i t o m e n o s
capitals o intervalo de tempo entre a decisão da c o n s t r u ç ã o e
a operação é m a i s reduzido; os impactos a m b i e n t a i s são
menores (ainda q u e nem sempre seja a s s i m ) .
É primordial o p l a n e j a m e n t o de h i d r e l é t r i c a s que gerem
apenas hidroeI e t r i c i d a d e e não efeitos sociais per v e r s o s ( 9 0 ) ,
impactos ambientais i r r e c u p e r á v e i s .
Aqui entra igualmente a questão da t r a n s m i s s ã o de
energia elétrica a longas d i s t â n c i a s , assunto sobre o qual
existem d i v e r g ê n c i a s : J. VIDAL entende que a c r e s c e n t e
centralização obrigou a instalação de linhas de t r a n s m i s s ã o a
longas d i s t â n c i a s , o que necessita investimentos imensos e
ocasiona perdas p o n d e r á v e i s no transportei J. G O L D E M B E R G é de
opinião que a t r a n s m i s s ã o a longas d i s t â n c i a s pode ser
conseguida, mas somente ao custo de pesados i n v e s t i m e n t o s ; L.
PINGUELLI ROSA considera possível essa t r a n s m i s s ã o , com
eficiência e c o n s e r v a ç ã o e a custos não tão e l e v a d o s ^ R.
CEROUEIRA LEITE apoia o fomento de tecnologias de t r a n s m i s s ã o
mie reduzam os c u s t o s e perdas ou que o norte seja e x p a n d i d o
industrialmente) J, LUTZENBERGER crê ser inviável e
dispendiosa a tramitação de energia elétrica a longas
d'&tancias. C. B R E Z O L I N , considera que o 3o, consumo de Santa
Catarina de 1988 foram as perdas e os d e s v i o s de energia,
068
sendo que as perdas se dão quando do transporte. Entende que
sobre os transportes a longas distâncias há longas teorias,
mas na prática a opção é caríssima.
Segundo o Plano 2010 (p. 1 0 8 ) , a ELETROBRAS informa que
"o transporte de blocos de potência desde a Amazônia até o
Sudeste e o Nordeste» envolvendo distancias de 2000 a 2400
Km, é viável com tecnologia hoje existente em operação no
País, isto é, corrente contínua de 600 kV". Mas, de acordo
com C. BREZOLIN (em entrevista), o Brasil não tem domínio de
corrente contínua.
Há potencial disponível no país, a questão é como está
sendo e como será utilizado. E já que a posição é a favor da
descentralização, ela também é contra transmissão a longas
di stânc i as.
Não é possível evidentemente deixar de considerar
inclusive os interesses econômicos na construçSo das
hidrelétricas, como os dos grupos de empresas que se
beneficiam com os investimentos do setor elétrico (os
chamados "bar rageiros" e que pressionam para que altos
investimentos continuem lubrificando o setor) e aqueles do
capital financeiro internacional.
As hidrelétricas, não há dúvida, possuem importante
Papel na conjuntura energética brasileira, mas também é
preciso procurar, incentivar e trilhar por outras fontes de
energia.
069
1.4. Tecnologias, a p r o p r i a d a s .
Um país deve priorizar a geração de energia própria, de
acordo com sua realidade. As suas tecnologias devem ter um
desenvolvimento c u l t u r a l , histórico e social, devem ter
correlação direta com a geografia, os recursos naturais e o
clima. Tal enfoque reorientaria as pesquisas efetuadas nas
universidades, mesmo porque, "o uso de receitas tecnológicas
exógenas, (....>, bloqueia de modo eficiente o florescimento
de tecnologias e n d ó g e n a s . Desse m o d o , ocorrem a atrofia do
trabalho criador e a estagnação das U n i v e r s i d a d e s e dos
centros de produção tecnológica I ocais".(91 )
As pesquisas científicas reorientariam a tecnologia
utilizada que, por sua vez, forçaria a revisão da produção
industrial e que fomentaria uma sociedade mais sadia. Utopia?
'0 imenso potencial energético brasileiro para tornar-serealidade, em benefício da Nação, necessita de umdesenvolvimento tecnológico autônomo, mesmo porque não seencontram, em evolução, tecnologias adequadas as nossascircunstancias, em qualquer outra parte. Ou nós asdesenvolvemos dentro das nossas pujantes c a r a c t e r í s t i c a s ouelas não surgirão e s p o n t a n e a m e n t e . " ( 9 8 )
Segundo J. VlOAL, R. CERQUEIRA LEITE, J. CARVALHO, J.
GOLOEMBERG, L, PlNGUELLI ROSA, uma excelente fonte energética
a ser largamente utilizada no Brasil é a biomassc..
E, ao contrário de que se poderia supor, as energias
alternativas teriam ainda um significado importante no que
diz respeito à criação de mais e m p r e g o s .
07D
1.5. C u s t o s
A e n e r g i a n u c l e a r é d i s p a r a d a m e n t e a m a i s o n e r o s a
e n e r g i a já c o l o c a d a no m e r c a d o c o n s u m i d o r .
E. T I E Z Z I a p r e s e n t a uma t a b e l a que i n f o r m a o c u s t o de
c o n s t r u ç ã o de d i f e r e n t e s u s i n a s t e r m e l é t r i c a s , s e g u n d o
e s t i m a t i v a s o f i c i a i s d o s E U A . ( 9 3 ) 0 c u s t o m a i s e l e v a d o f i c a a
cargo d a s u s i n a s n u c l e a r e s , s e g u i d a s p e l a s de c a r v ã o , de ó l e o
e de gás m e t a n o . A d i f e r e n ç a e n t r e o c u s t o da p r i m e i r a e o da
última u l t r a p a s s a a c a s a d o s 6 0 % .
Para a l é m da c o n s t r u ç ã o da usina n u c l e a r , t e m - s e a i n d a o
alto c o n s u m o e n e r g é t i c o (que p e r d u r a r á d u r a n t e t o d o seu
f u n c i o n a m e n t o ) ; o a u m e n t o do p r e ç o do c o m b u s t í v e l (o c u s t o de
todo o c i c l o do u r ã n i o ) | o c u s t o q u a n d o da d e s a t i v a ç ã o do
reator, b e m c o m o a q u e l e r e l a c i o n a d o com D a r m a z e n a m e n t o d o s
r e j e i t o s de m é d i a e a l t a r a d i o a t i v i d a d e .
"A s o l u ç ã o para s u p e r a r as c r i s e s a m b i e n t a l , e n e r g é t i c ae e c o n ô m i c a é a u t i l i z a ç ã o de f o n t e s a l t e r n a t i v a s er e n o v á v e i s de e n e r g i a q u e , além de f a v o r e c e r e m um m o d e l o ded e s e n v o l v i m e n t o d e s c e n t r a l i z a d o , não s u j e i t o à e s c a s s e zimprevista e à i n f l a ç ã o , levarão a uma s o c i e d a d ec i e n t i f i c a m e n t e m o d e r n a e a v a n ç a d a , s a l v a g u a r d a n d o o m e i oa m b i e n t e . " ( 9 4 )
0 kW n u c l e a r no B r a s i l é cerca de c i n c o v e z e s m a i s c a r o
Que o h i d r e l é t r i c o . 0 q u e dizer e n t ã o do kW g e r a d o por
t e c n o l o g i a s b r a n d a s s o b r e f o n t e s e n e r g é t i c a s t a m b é m
r e n o v á v e i s ?
A h u m a n i d a d e não possui poder para s u p r i m i r a e n t r o p i a
e n e r g é t i c a g r a d u a l do p l a n e t a , mas tem o d e v e r de e s t a n c a r a
o p o a m b i e n t a i e social p r e s e n t e s .
Os f e n ô m e n o s de c r e s c i m e n t o da e n t r o p i a d e l i m i t a m o
D 7 1
p o d e r d a s p e s s o a s . ( 9 5 )
2, U r â n i o N a t u r a l x U r â n i o E n r i q u e c i d o .
A n t e s d o r e g i m e m i l i t a r i m p l a n t a d o e m 1 9 6 4 , o s g o v e r n o s
e s t a m p a v a m p r e f e r ê n c i a p e l a e n e r g i a o b t i d a d o u r â n i o n a t u r a l ,
c u j a s p e s q u i s a s , c e n t r a l i z a d a s e s p e c i a l m e n t e n o G r u p o d e
T ó r i o < M G ) , o b j e t i v a v a m u s i n a s n u c l e a r e s a á g u a p e s a d a . A p ó s
1 9 6 4 , a p r e f e r ê n c i a p e l o u r â n i o n a t u r a l foi a b a n d o n a d a e m
d e t r i m e n t o d o u r â n i o e n r i q u e c i d o .
J a i r M E L L 0 O 6 ) , e x - c h e f e d o G r u p o T ó r i o e a t u a l
i n t e g r a n t e d o C o n s e l h o N a c i o n a l d e P o l í t i c a N u c l e a r r e l a t a
q u e e m 1 9 6 2 a C N E N o b j e t i v a v a c o n s t r u i r a p r i m e i r a c e n t r a l
n u c l e a r q u e s e c h a m a v a C e n t r a l N u c l e a r d a R e g i ã o C e n t r o S u l e
c u j o c o m b u s t í v e l s e r i a o u r â n i o n a t u r a l . E n t r e t a n t o , o G r u p o
de T ó r i o foi d e s a t i v a d o p o r o r d e m d a C N E N , s e m q u a l q u e r r a z ã o
e x p l í c i t a , I 0 9 0 a p ó s a s s u m i r s u a p r e s i d ê n c i a H e r v á s i o
G u i m a r ã e s d e C A R V A L H O ( e m d e z e m b r o / 6 9 ) , q u e s e m p r e f o r a
c o n t r á r i o a r e a t o r e s d e u r â n i o n a t u r a l e f a v o r á v e l a o u r â n i o
e n r i q u e c i d o .
E m 1 9 6 9 o g o v e r n o a u t o r i z o u a c o n s t r u ç ã o d a p r i m e i r a
u s i n a n u c l e a r e m A n g r a d o s R e i s . A l i n h a e s c o l h i d a foi a d o
u r â n i o e n r i q u e c i d o , m a s s u a i n s t a l a ç ã o se d e u n o s i s t e m a
l u r n - ftgy ( c h a v e s na m ã o ) . N ã o h a v e r i a t r a n s f e r ê n c i a d e
t e c n o l o g i a .
A p a r t i r d e 1 9 7 2 o g o v e r n o m a n t e r i a c o n t a t o s
p r e l i m i n a r e s c o m e s p e c i a l i s t a s a l e m ã e s p a r a u m p r o v á v e l
a c o r d o b i l a t e r a l ( a p e n a s a A l e m a n h a , d e n t r e v á r i o s p a í s e s
0 7 ?
c o n t a t a d o s , s e d i s p u n h a a t r a n s f e r i r t e c n o l o g i a , i n c l u s i v e d e
e n r i q u e c i m e n t o d e u r â n i o ) .
E n t e n d e n d o q u e o d e s e n v o l v i m e n t o d a e n e r g i a n u c l e a r e s t á
e s t r e i t a m e n t e l i g a d o a a t i v i d a d e s p o l í t i c a s ; q u e " n ã o e x i s t e
p o d e r n u c l e a r c i t i I " ( 9 7 ) , s o m e n t e m i l i t a r ; q u e a i n d ú s t r i a
n u c l e a r e s t á i n t e r l i g a d a à i n d ú s t r i a b é l i c a , é q u e a v a l i a m o s
q u e a e s c o l h a e n e r g é t i c o - t e c n o I ó g i c a f e i t a p e l o r e g i m e
m i l i t a r e r a f a v o r á v e l a o c r e s c i m e n t o d o p o d e r m i l i t a r , n ã o
s e n d o p o r t a n t o u m a e s c o l h a p a r a o b e n e f í c i o c i v i l , d a
s o c i e d a d e c o m o u m t o d o . M e s m o p o r q u e , s e o " d e s e j o " m i l i t a r
e r a o b t e n ç ã o d e m a i s e n e r g i a e l é t r i c a p r o d u z i d a e m u s i n a s
n u c l e a r e s , m a i s r a c i o n a l s e r i a a u t i l i z a ç ã o d o u r â n i o
n a t u r a l .
C o m o o p e t r ó l e o e s t a v a e m b a i x a , c o m o o p o t e n c i a l
h i d r e l é t r i c o e r a p o u c o e x p r e s s i v o n a a v a l i a ç ã o d o E s t a d o
( m i l i t a r e s , t e c n o c r a t a s e b u r o c r a t a s ) , d a s m u l t i n a c i o n a i s e
do I o b b v n u c l e a r b r a s i l e i r o , o g o v e r n o i m p i n g i u u m p r o g r a m a
n u c l e a r a o p a í s .
A i m p o r t â n c i a m i l i t a r d a t e c n o l o g i a , p o i s , f o i d e c i s i v a
p a r a a a s s i n a t u r a d o A c o r d o N u c l e a r B r a s i I - A l e m a n h a , n o a n o
d e 1 9 7 5 . A l i e l a f i c o u c r i s t a l i z a d a ,
0 q u e p a r a o g o v e r n o s i g n i f i c o u a u t o n o m i a t e c n o l ó g i c a ,
P ' r a a N a ç ã o s i g n i f i c a v a q u e s t ã o d e s e g u r a n ç a n a c i o n a l , o
* 9 r a v a m e n t o d a c r i s e e c o n ô m i c a , o s a c r i f í c i o d e u m a e c o n o m i a
Já d e p a u p e r a d a p a r a a c o m p r a d e r e a t o r e s n u c l e a r e s q u e
a ' i v i a r i a m a c r i s e d a i n d ú s t r i a n u c l e a r c i v i l a l e m ã ( m e s m o
p o r q u e a c r i s e n ã o a t i n g e a i n d ú s t r i a n u c l e a r m i l i t a r ) , o
0 7 3
inchamento da d i v i d a e x t e r n a , a d u p l a d e p e n d ê n c i a : a d o s
r e a t o r e s e a do u r ê r i o e n r i q u e c i d o , a i m p o s s i b i l i d a d e de
t r a n s f e r ê n c i a t e c n o l ó g i c a , a i m p o r t a ç ã o de uma t e c n o l o g i a
s o f i s t i c a d a sim, m a s já e n t ã o o b s o l e t a .
Em 1 9 7 9 , L. P I N G U E L M R 0 S A Í 9 B ) , a n t e a CPI do A c o r d o
e n f a t i z a v a as p r e m i s s a s d i s c u t í v e i s do A c o r d o N u c l e a r , q u e
somava B r e a t o r e s de 1 . 3 0 0 MW c a d a , uma f á b r i c a de
c o m p o n e n t e s p e s a d o s p a r a r e a t o r e s e as i n s t a l a ç õ e s do c i c l o
do c o m b u s t í v e l n u c l e a r ( p r o s p e c ç ã o e m i n e r a ç ã o do u r ã m o ,
b e n e f i c i a m e n t o , c o n v e r s ã o a g á s , e n r i q u e c i m e n t o , f a b r i c a ç ã o
de e l e m e n t o s c o m b u s t í v e i s e r e p r o c e s s a m e n t o do c o m b u s t í v e l
i r r a d i a d o ) , q u a i s s e r i a m :
a) s u p e r e s t i m a ç ã o da d e m a n d a de e n e r g i a e l é t r i c a e a
s u b e s t i m a ç ã o d o s r e c u r s o s e x i s t e n t e s ( h í d r i c o s e c a r b o n í f e r o s )j
b) l e v a n t a m e n t o e r r ô n e o do p o t e n c i a l h i d r e l é t r i c o b r a s i l e i r o
e dos c u s t o s d a s c e n t r a i s n u c l e a r e s ;
c) e s c o l h a i n a d e q u a d a de t e c n o l o g i a ( u r â n i o e n r i q u e c i d o ) »
d) a v a l i a ç ã o e r r a d a da p o s s i b i l i d a d e e f e t i v a de t r a n s f e r ê n c i a
de t e c n o l o g i a p e l o A c o r d o ;
e) c o n c e p ç ã o e q u i v o c a d a da e s t r a t é g i a p a r a a t i n g i r m a i o r
i n d e p e n d ê n c i a n a c i o n a l no s e t o r de e n e r g i a *
*) visão d e s l u m b r a d a d o s m é r i t o s da e n e r g i a n u c l e a r e a
t u b e s t i m a ç ã o d o s r i s c o s p e l o g o v e r n o f e d e r a l .
P a s s a d o » d e z a n o s L. P I N G U E L L I ROSA d i z ( 9 9 ) que o que a n t e s
era a p e n a s c r í t i c a â o p ç ã o t e c n o l ó g i c a do u r â n i o e n r i q u e c i d o ,
fassou a ser c r í t i c a à p o l í t i c a n u c l e a r em st, com os r i s c o s
C u * t o a , r e j e i t o s i n e r e n t e s .
0 7 4
A s u p o s t a " a u t o n o m i a t e c n o l ó g i c a " , q u e p r a t i c a m e n t e do
nada p a s s a r i a a f a b r i c a r r e a t o r e s de 1 3 0 0 MW, c o m e ç a r i a
r a p i d a m e n t e a dar m o s t r a s de s u a s d e s v a n t a g e n s , Ai e s t á a
década de BO para c o m p r o v á - l o . E dai se p o d e r c o n c l u i r q u e se
trata de uma t e c n o l o g i a não é t i c a ; q u e s u g e r e m a i s d e m a n d a e
c o n s u b s t a n c i a m a i s e n t r o p i a (o c a l o r q u e v a z a p a r a o a m b i e n t e
é 2 5 % m a i o r do q u e o d a s u s i n a s a c a r v ã o da m e s m a p o t ê n c i a , é
três v e z e s m a i o r do q u e a p r o d u ç ã o d e e l e t r i c i d a d e a p a r t i r
das t u r b i n a s ) ; q u e é a l h e i a à r e a l i d a d e e às n e c e s s i d a d e s do
país; na qual e s t ã o e m b u t i d o s c u s t o s e r i s c o s a l t í s s i m o s ;
mi I i t a r i z a d a , p e r i g o s a , m a i s s u j e i t a a p r e s s õ e s e x t e r n a s , é
s o b r e t u d o , uma t e c n o l o g i a i n e r e n t e m e n t e a u t o r i t á r i a . Daí o
valor p o l í t i c o d o s m o v i m e n t o s a n t i - n u c l e a r e s .
Em se c o n s i d e r a n d o os c r i t é r i o s para uma t e c n o l o g i a
a I t e r n a t i v a ( 1 0 0 ) , p o r t a n t o , o p r o g r a m a n u c l e a r está
t o t a l m e n t e d e s a j u s t a d o •
a) não a t e n d e ao c r i t é r i o e f i c i ê n c i a e c o n ô m i c a , já q u e é
anti-econômi c o ;
b) não a t e n d e ao c r i t é r i o e s c a l a , v i s t o q u e sua d i m e n s ã o é
d e s c o m u n a l ;
O não a t e n d e ao c r i t é r i o s i m p l i c i d a d e ;
d) a t e n d e ao c r i t é r i o d e n s i d a d e de c a p i t a l , m a s não de
trabalho, uma vez que é o p r o g r a m a d e c a p i t a l m a i s i n t e n s i v o
com o menor n ú m e r o de e m p r e g a d o s ;
e> demanda r e c u r s o s i n f i n i t o s ;
*) não é a u t ó c t o n e ?
9) agride o a m b i e n t e (há d e s c a r g a de e l e m e n t o s r a d i o a t i v o s
075
para o ambiente e há o problema para centenas de milhares de
anos» que é o dos rejeitos radioativos).
Findo o primeiro capítulo, seguiremos num mapeamento do
histórico da energia nuclear, bem como num posicionamento de
diversos países em termos de energia nucleoeIétrica, mas não
sem antes citar E. TIEZZI : (101)
"Sobre a natureza do homem, eu digo que uma outra 'fonte
energética' que está se consumindo velozmente é a capacidade
psicológica que o homem tem de resistir à agressão de um
mundo governado por leis exclusivamente econômicas e
tecnológicas"
076
N O T A S E R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S
(1) As i n f o r m a ç õ e s a d v é m do livro de S t e p h e n W. H A W K I N G .Uma b r e v e h i s t ó r i a do t e m p o . Do B i g - B a n g aos b u r a c o s n e g r o s .RJ, R o c c o , 1 9 8 8 .
A d i s c u s s ã o é por d e m a i s p r o l o n g a d a e a p a i x o n a n t e , comsuas inúmeras t e o r i a s , d e s c o b e r t a s , d a d o s , não sendo o b j e t i v oa p r o f u n d á - l a nesta o p o r t u n i d a d e .
Ver também p o s i ç ã o do f í s i c o e a s t r ô n o m o Gary S t e i g m a nna m a t é r i a " C o s m ó l o g o fala sobre o lado o c u l t o do u n i v e r s o "(FSP, 18 a g o . 1 9 8 9 ) .
(2) Essa r e f l e x ã o é feita por José A. L U T Z E N B E R G E R . P e s a d e l oa t ô m i c o . SP, Ched, 1 9 8 0 .
(3) Ver Arnold T O Y N B E E . A h u m a n i d a d e e a m ã e - t e r r a . Umahistória n a r r a t i v a do m u n d o . RJ, Z a h a r , 1 9 7 9 .
S e g u n d o R o b e r t J. B R A I D W O O D ( H o m e n s p r é - h i s t ó r i c o s .B r a s í l i a , U n B , 1 9 8 5 . ) , m a i s de 9 9 % da h i s t ó r i a h u m a n a é p r é -h i s t ó r i a . A idade do ser h u m a n o é c e r t a m e n t e bem superior aum m i l h ã o de a n o s , s e n d o que se e s c r e v e h i s t ó r i a há 5.000anos. Não o b s t a n t e , n o v a s e v i d ê n c i a s c o n t i n u a m e n t e m o d i f i c a mo quadro de p e s q u i s a s da a r q u e o l o g i a .
(4) R e f e r i m o - n o s aqui às c o n d i ç õ e s g e o m o r f o Iógicas ec l i m á t i c a s do P l a n e t a T e r r a , q u e , à e x c e ç ã o de t e r r e m o t o s ,d i l ú v i o s , m a r e m o t o s , v u l c õ e s e a s s i m por d i a n t e , têm semantido r a z o a v e l m e n t e c o n s t a n t e s , no que diz respeito àc n t i n u i d a d e da vida.
A h a r m o n i a não se r e f e r e , o u t r o s s i m , à h i s t ó r i a s o c i a l ,política e e c o n ô m i c a , que c a b a l m e n t e se m o s t r o u violenta es a n g u i n á r i a . A h i s t ó r i a da d o m i n a ç ã o do h o m e m p e l o h o m e m .
(5) E s t e é um c o n c e i t o que n e c e s s i t a ser r e v i s t o , p o i ssignifica "ser r a c i o n a l " e há c e n t e n a s , m i l h a r e s de m o t i v o sque levam n e c e s s a r i a m e n t e à r e f l e x ã o se 9 h u m a n i d a d econseguiu e f e t i v a m e n t e e v o l u i r r a c i o n a l m e n t e ,i n t e l i g e n t e m e n t e .
Para Arthur K O E S T L E R ( J a n o . S P . M e l h o r a m e n t o s , 1 9 8 1 ) nãohá o m í n i m o indício de que o h o m e m t e n h a sequer iniciado oProcesso de se tornar r a z o á v e l . Seu livro parte da incômodahipótese de que o H o m o S a p i e n s p o d e ser uma e s p é c i ebiológica a n ô m a l a , um f r a c a s s o da e v o l u ç ã o .
De q u a l q u e r forma, o U n i v e r s o e x i s t i r i a e e v o l u i r i a damesma f o r m a com ou sem a p r e s e n ç a do h o m e m .
0 m e s m o já não se pode a f i r m a r e m r e l a ç ã o ao p l a n e t aTerra, no qual o h o m e m tem uma i n s e r ç ã o tão d e f i n i t i v a queP Ô S em risco a vida, g e r a ç õ e s f u t u r a s e a sua p r ó p r i ae » i s t é n c i a .
Será o h o m e m o c e n t r o do U n i v e r s o ">A a n á l i s e d e s t e t r a b a l h o não p r e t e n d e ser
Q n t r o p o c e n t r i s t a , ainda que seja o p e n s a m e n t o h u m a n o quede&dobra e interpreta a r e a l i d a d e .
077
O n d e f i c a r i a o s i g n i f i c a d o d e t o d o s o s s e r e s v i v o s ,V i d a , s e o h o m e m f o s s e a m e d i d a d o U n i v e r s o ?
da
(B) I D É I A S C o n t e m p o r â n e a si t i c a , 1 9 8 9 . p . 8 3 .
E n t r e v i s t a s do Le M o n d e . S P ,
(7) 0 t e r m o B i o s f e r a , s e g u n d o T o y n b e e , foi c r i a d o p e l o p a d r e ,f i l ó s o f o e c i e n t i s t a f r a n c ê s P i e r r e T e i l h a r d d e C h a r d i n epode s e r e n c o n t r a d o n o I i v r o M u n d o . H o m e m e D e u s . S P ,C u l t r i x , 1 9 7 8 . p . 4 7 ( q u e p o s s u i v á r i o s t e x t o s s e l e c i o n a d o s d eT e i l h a r d d e C h a r d i n , t r a d u z i d o s , a n o t a d o s e c o m e n t a d o s p orJosé L u i z A r c h a n j o ) .
S e u r . i g n i f i c a d o : " . . . ú n i c o h a b i t a t j a m a i s v i á v e l d et o d a s a s e s p é c i e s d e s e r e s v i v o s q u e c o n h e c e m o s , a h u m a n i d a d ei n c l u s i v e . (....> A b i o s f e r a n ã o é t ã o a n t i g a q u a n t o op l a n e t a q u e o r a e n v o l v e . (....) . . . c o m e ç o u a e x i s t i r m u i t ot e m p o d e p o i s da c r o s t a d o p l a n e t a h a v e r r e s f r i a d os u f i c i e n t e m e n t e p a r a q u e p a r t e s d e s e u s c o m p o n e n t e s ,o r t g i n a r i a m e n t e g a s o s o s , s e l i q ü e f i z e s s e m ou s o l i d i f i c a s s e m " .( T o y n b e e , o p . c i t . p . 5 2 - 3 ) .
" . . . p o r B i o s f e r a e n t e n d e - s e a z o n a d a v i d a n ã o -r e f l e x i v a , q u e se s i t u a e n t r e as e s f e r a s d o i n o r g â n i c o( l i t o s f e r a , h i d r o s f e r a . . . ) e a e s f e r a p s í q u i c a ( n o o s f e r a ) .(,...) A r e a l i d a d e d a B i o s f e r a n o s c o n v e n c e d e q u e , a c i m a d o sv i v o s h á u m a V i d a . ( . . . . ) A B i o s f e r a n ã o é um i m e n s ou n i v e r s a l , c o m p o s t o de s e r e s v i v o s , m a s a p r ó p r i ade s u b s t â n c i a o r g â n i c a ' q u e h o j e r e v e s t e a ' t e r r a . "A r c h a n j o, p . 5 4 ) ,
o r g a n i s m o' p e I í e u I a( n o t a d e
(8) V er o s l i v r o s d e : - C o r n e l i u s C A S T O R I A D I S . D i a n t e d ag u e r r a . S P , B r a s i l t e n s e , 1 9 8 2 , c o n s i d e r a n d o - s en e c e s s a r i a m e n t e a d i s t i n ç ã o q u e o a u t o r f a z e n t r e o s E U A e aU R S S , t e n d e n d o a f a v o r d o p r i m e i r o .
- E d w a r d T H O M P S O N e t a l i i .E x t e r m í n i o e g u e r r a f r i a . S P , B r a s i l i e n s e , 1 9 8 5 .
- A n t o n i o C e l s o A l v e s P E R E I R A . O si m p é r i o s n u c l e a r e s e s e u s r e f é n s . R e l a ç õ e s i n t e r n a c i o n a i sc o n t e m p o r â n e a s . R J , G r a a l , 1 9 8 4 .
- J o s é G O L D E M B E R G , A q u e s t ã o donucI e a r . S P , B r a s i l i e n s e ,
- H a m i l c a r H E R R E R A . A g r a n d eR j , p a z e T e r r a , 1 9 8 2
- R i c a r d o A R N T ( o r g . ) . Q.iftmo P O B r a s i l S P . B r a s i l i e n s e , 1 9 B 5 ,
<9> O p . c i t . p . 1 5 .
<1 C ) E s s e s e m e o a s p e c t o s f o r a m e n u m e r a d o s p o r E n z o T I E Z Z l ,I g m p o s h i s t ó r i c o s , t e m p o s b i o l ó g i c o s . A t e r r a ou a m o r t e : o sp r o b l e m a s d a n e v a e c o l o g i a . S P , N o b e l , 1 9 8 8 . p . 6 .
'1 1 ; D i f e r e n ç a s e n t r e o ser e o t e r , n u m a d e f e s a p e l oP r i m e i r o f o r a m t e o r i z a d a s por E r i c h FROriM, p s i c a n a l i s t a e' ' • ó s o f o , 0 t e r m o c o n v i v e n c i a I i d a d e é d e a u t o r i a de Iva n' L L I C H .
0 7 8
<12) L A G A D E C , P a t r i c k . La c i v i l i z a c i ó n del n e s g o , M a d r i d ,M a p f r e , 1 9 B 3 . p. 1 7 9 .
(13) Para a e l a b o r a ç ã o d e s t e s p r i m e i r o s p a r á g r a f o s sobrec i ê n c i a , v a l e m o - n o s dos p e n s a m e n t o s e i n f o r m a ç õ e s de EdgarMORIN, c o n s t a n t e s nos l i v r o s '. - C i ê n c i a com c o n s c i ê n c i a .Lisboa. E u r o p a - A m é r i c a , 1 9 8 2 . p . 2 3 - 6 7 .
-0 m é t o d o I I . A vida davida. L i s b o a , E u r o p a - A m é r i c a , 1 9 8 0 . p. 1 3 - 9 4 .
A p r o f u n d a d a a n á l i s e s o b r e o c o n h e c i m e n t o , o autorc o n t i n u a fazendo na obra : 0 m é t o d o III. 0 c o n h e c i m e n t o doc o n h e c i m e n t o / 1 , L i s b o a , E u r o p a - A m é r i c a , 1 9 8 6 .
Antes do p r e f á c i o de sua obra : 0 p a r a d i g m a p e r d i d o : an a t u r e z a h u m a n a . L i s b o a , E u r o p a - A m é r i c a , 1 9 7 3 , e s c r i t a antesmesmo de 0 m é t o d o (I, II, I I I ) , Edgar Mor i n c h a m a atençãopara a l g u m a s " i d a d e s " :
U n i v e r s o - 7 b i l h õ e s de anosT e r r a - 5 b i I h õ e s de anosVida - 2 , 5 bV e r t e b r a d o s - 6 0 0 mRépte i s - 3 0 0 mM a m í f e r o s - 200 mA n t r o p ó i d e s - 10 mi
Ihões de a n o sIhões de a n o sIhões de anosIhões de anosh õ e s de anos
H o m i n í d e o s - 4 m i l h õ e s de anosh o m o S a p i e n s - 1 0 0 . 0 0 0 a 5 0 . 0 0 0 anosC i d a d e - Estado - 1 0 . 0 0 0 a n o sFi I osof ia - 2.500 a n o sC i ê n c i a do H o m e m - 0, o que retrata seu d e s c r é d i t o em
relação à c i ê n c i a c l á s s i c a d e s e n v o l v i d a pelo h o m e m hásécuI os .
Essa noção de rei a t i v i z a ç ã o do p r o g r e s s o c i e n t í f i c o ,d e f e n d i d a por T h o m a s Kuhn e Paul F e y e r a b e n d , bem como porEdgar M o r i n , não se c o a d u n a com a dos c i e n t i s t a s p o s i t i v i s t a sque a f i r m a m existir o p r o g r e s s o c i e n t í f i c o i n e x o r á v e l .
<14) A o r g a n i z a ç ã o c r e s c e n t e dos m o v i m e n t o s sociais ep o p u l a r e s faz-se notar nas m a i s d i v e r s a s p a r t e s do m u n d o .Para citar a p e n a s e x e m p l o s m a i s r e c e n t e s , p o d e r i a m sera r r o l a d o s :* e s t u d a n t i s : a o r g a n i z a ç ã o c r e s c e n t e d o s e s t u d a n t e sc h i n e s e s a partir de 1 9 8 4 , c u l m i n a n d o com o m a s s a c r e naPraça da Paz C e l e s t i a l em m a i o - j u n h o / 8 9 .* f e m i n i s t a s , p a c i f i s t a s , a n t i - n u c I e a r e s : o m o v i m e n t o emG r e e n h a m Common ( I n g l a t e r r a ) em p r o t e s t o ao a s s e n t a m e n t o dosmísseis C r u i s e , em forma de um a c a m p a m e n t o i n i t e r r u p t o dem u l h e r e s para a paz, teve início em 1981 e p e r d e u ímpeto em*inal de 1 9 8 7 , quando EUA e URSS a s s i n a r a m a c o r d o sobremísseis de m é d i o e c u r t o a l c a n c e . Para tanto ver o livro deLynne S E G A L . Is the f u t u r e female. ? L o n d o n , V i r a g o P r e s s ,1987. p. 1 6 2 - 2 0 3 . E t a m b é m F S P , 06 d e z . 8 7 , p. A - 1 8 .* de m i n o r i a s é t n i c a s e c u l t u r a i s '• m a n i f e s t a ç õ e s de m i l h a r e s°e h a b i t a n t e s da G e ó r g i a , A r m ê n i a , U z b e q u i s t ã o só em 1989,&âo um relato a u t ê n t i c o de q u e a q u e s t ã o nacional v e r s u sautonomia está se f o r t a l e c e n d o na U R S S .
079
* e c o l o g i s t a s ; um " t e r m ô m e t r o " q u e a v a l i e a a s c e n s ã o d a sp r e o c u p a ç õ e s e p r o p o s t a s v e r d e s p o d e ser e n c o n t r a d o nosa r t i g o s " V e r d e s m u d a m o v e r m e l h o do L e s t e e u r o p e u " ( F S P , 02jun. 8 9 , p. A - 1 2 ) , " V e r d e s q u e r e m f o r m a r p a r t i d o n a c i o n a l nosEUA" (FSP, 18 jun. 8 9 , p. A - 2 0 ) , " V e r d e s são fiel da b a l a n ç ano P a r l a m e n t o E u r o p e u " (FSP, 2D j u n . 8 9 , p. A - 1 0 ) . E s t eú l t i m o a r t i g o informa que os v e r d e s t i v e r a m um g r a n d ed e s e m p e n h o p r i n c i p a l m e n t e na B é l g i c a , na F r a n ç a , naI n g l a t e r r a , na H o l a n d a e na I r l a n d a .
Para e n t e n d i m e n t o do m o v i m e n t o e c o l ó g i c o no B r a s i l , verde E d u a r d o V I O L A , 0 m o v i m e n t o e c o l ó g i c o no Brasil ( 1 9 7 4 - 1 9 8 6 ): do a m b i e n t a l i s m o à e c o p o l í t i c a . In : P á D U A , J o s é A u g u s t o(firg ) . E c o I o Q i a e p o l í t i c a no B r a s i l . RJ, E s p a ç o e Tempo :IUPERJ, 1 9 8 7 . p. 6 3 - 1 0 9 .
( 1 5 ) A c i ê n c i a somada à s a b e d o r i a , à fé é d e f e n d i d a porRoger G A R A U D Y . Aoelo aos > i v o s _ R J , N o v a F r o n t e i r a , 1 9 3 1 .
( 1 6 ) Tal p o s t u r a é d e f e n d i d a por M a r i l y n F E R G U S O N em seulivro A c o n s p i r a ç ã o a o u a r i a n a . RJ, R e c o r d , 1 9 8 0 .
( 1 7 ) Ibidem, p. 1 9 5 - 6 , 1 3 .
( 1 8 ) V I T A L E , L u í s . H a c i a una h i s t o r i a dei a m b i e n t e en A m e r i c aL a t i n a . De Ias c u l t u r a s a b o r í g e n e s a la c r i s i s e c o l ó g i c aa c t u a l . M é x i c o , N u e v a I m a g e n , 1 9 8 3 . p . 13 e s g t e s .
( 1 9 ) IDÉIAS C o n t e m p o r â n e a s . E n t r e v i s t a s do Le M o n d e . p. 3 5 .
( 2 0 ) C A P R A , F r i t j o f . O p o n t o de m u t a ç ã o . S P , C u l t r í x , 1 9 B B .P. 2 5 9 .
( 2 1 ) G U E R R E I R O R A M O S , A l b e r t o . A n o v a c i ê n c i a daso r a a n i r a ç õ e s . Uma r e c o n c e i t u a ç ã o da r i q u e z a das n a ç õ e s . RJ,FGV, 1 9 8 1 .
A d i s c u s s ã o sobre a r a c i o n a l i d a d e e x i g i r i a , por si só,um t r a b a l h o em s e p a r a d o , d e v i d o a sua c o m p l e x i d a d e . 0 p r ó p r i oautor m e n c i o n a p o s t u r a s s o b r e a q u e s t ã o c o m o a de W e b e r ,M a n n h e i m , e s t u d i o s o s da E s c o l a de F r a n k f u r t ( c o m o H o r k h e i m e r ,A d o r n o , H a b e r m a s ) , K a n t , H e g e l , M a r x , F i c h t e , V o e g e l i n , e t c .
( 2 2 ) Na v e r d a d e , a i r r a c i o n a l i d a d e é que t e m d a d o p r o v a s desua f o r ç a . A a t u a ç ã o do h o m e m na b i o s f e r a foi b e m e n f o c a d aPelos f i l m e s " K O Y A A N I S Q A T S I " E " P O W A A S Q A T S I " (o que emv o c a b u l á r i o hopi quer s i g n i f i c a r vida em d e s o r d e m e vidae n f e i t i ç a d a , r e s p e c t i v a m e n t e ) .
( ? 3 ) V I D A L , J.W. B a u t i s t a , De e s t a d o servi I a n a ç ã o s o b e r a n a .C i v i l i z a ç ã o S o l i d á r i a dos T r ó p i c o s . P e t r ó p o l i s / B r a s í l i a ,Vozes, / U n B , 1 9 8 7 . p. 7 1 .
C i e n e t a com c o n s c i ê n c i a , p. 44
080
( 2 5 ) V I R I M O , Paul & L O T R I N G E R , S y l v e r e . G u e r r a o u r ami I t t a r i z a ç ã o do c o t i d i a n o . S P , B r a s i l t e n s e , 1 9 8 4 . p . 6 5 .
( 2 6 ) V I D A L , J.W. B a u t i s t a . O P . c i t , p . 5 5 .
( 2 7 ) I L L I C H , I v a n . A c o n v i n e n c i a l i d a d e . L i s b o a , E u r o p aA m é r i c a , 1 9 7 6 . p . 2 3 .
( 2 8 ) Ver de J e a n - P i e r r e D U P U Y , I n t r o d u ç ã o à c r í t i c a dap e o l p a i a p o l í t i c a . RJ, C i v i l i z a ç ã o B r a s i l e i r a , 1 9 8 0 .
R e l a t o p o r m e n o r i z a d o e c a n d e n t e , a i n d a q u e i r r e a l , s o b r ec o m o o s i s t e m a s o c i a l a t u a s o b r e o b e m e s t a r d o i n d i v í d u o ea i n d a c o m o a m e d i c i n a e os t r a n s p o r t e s p o d e m p r o p o r c i o n a rm e l h o r e s c o n d i ç õ e s de v i d a p o d e ser lido no l i v r o d e E r n e s tC A L L E N B A C H , E c o t o p i a . Z a r a g o z a , T r a z o , 1 9 8 0 .
( 2 9 ) 0 B r a s i l e s t á c l a s s i f i c a d o c o m o 5 o . e x p o r t a d o r dea r m a m e n t o s do m u n d o . C o n t i n u a m e n t e l a n ç a no m e r c a d o p r o d u t o sde a l t a q u a l i d a d e , a b s o r v i d o s p e l o m e r c a d o n a c i o n a l ei r t e r n a c i o n a I .
A i n d ú s t r i a de a r m a m e n t o s é a 2 a . do m u n d o , v i n d o logoapós a do p e t r ó l e o .
O s g a s t o s m i l i t a r e s m u n d i a i s de 8 h o r a s ( U S $ E5B0m i l h õ e s ) e r r a d i c a r i a m a m a l á r i a d o s 2 0 0 m i l h õ e s d e p o r t a d o r e sda d o e n ç a no m u n d o . O s g a s t o s de 7 m e s e s s e r i a m s u f i c i e n t e spara p a g a r a b a s t e c i m e n t o d e é g u a p o t á v e l e a t e n ç ã o s a n i t á r i aa d e q u a d a p a r a 2 b i l h õ e s de p e s s o a s , i^ue c a r e c e m d e s s e se l e m e n t o s b á s i c o s p a r a a s a ú d e . Ver M Y E R S , N o r m a n ( c o o r d . ) .El a t l a s o a i a de Ia o e s t i o n dei p l a n e t a . M a d r i d . H . BI u m e ,1 9 8 7 . p . 2 4 6 - 7 .
< 3 0 ) L A G A D E C , P a t r i c k . O p . c i t . p. 1 S 0 .
( 3 1 ) S A C H S , I g n a c y . E e o d e s a r r o l l o ; d e s a r r o l l o sin6 n f M é x i c o . El c o l é g i o , 1 9 8 2 , p, 6 4 .
(32) o n í v e l de v i d a d i f e r e a c e n t u a d a m e n t e do 1 o . ao 3 o .M u n d o , o n d e v i v e a m a i o r m a s s a de m i s e r á v e i s d o p l a n e t a , semc o n d i ç õ e s s e q u e r de ter s a t i s f e i t a s s u a s n e c e s s i d a d e s m a i sb á s i c a s de s o b r e v i v ê n c i a .
(33) A q u a n t i a é r e f e r e n t s a 3 1 . 1 2 . 8 8 ( F S P , 19 m a i o . 8 9 ) .S e q u n d o H a z e l H E N D E R S O N (La p o l í t i c a de Ia e d a d s o l a r .A l t e r n a t i v a s a Ia e c o n o m i a . M é x i c o , F o n d o de C u l t u r aE c o n ô m i c a , 1 9 8 5 . p. 6 5 . ) , o B r a s i l se viu o b r i g a d o a p a g a r
081
US$ 1 b i l h ã o de j u r o s , c a l c u l a d o s s o b r e U S $ 22 b i l h õ e s ded í v i d a e x t e r n a , no ano de I 9 6 0 .De a c o r d o c o m J.W. B a u t i s t a VIDAL (Op. c i t . p . 5 6 ) , a d í v i d ae x t e r n a b r a s i l e i r a c r e s c e u a p r o x i m a d a m e n t e U S $ 6 D b i l h õ e s ,e n t r e 1 9 7 3 e 1 9 B 3 .
( 3 4 ) V I D A L , J.W. B a u t i s t a . Op. c i t . P . B1 .
( 3 5 ) R O S A , Luiz Pinguei li. P o l í t i c a e n e r g é t i c a . Rio deJ a n e i r o , C O P P E / U F R J , 1 1 . 0 5 . 8 9 . E n t r e v i s t a .
( 3 6 ) G A L T U N G , J o h a n . El d e s a r r o l l o en Ia p e r s p e c t i v a de Iasn e c e s i d a d e s •fundamentales. In • C o m e r c a r a v i v i r . M é x i c o ,F o i I O S . P. 3 5 .
(37) Papel p r e p o n d e r a n t e na i n f l u ê n c i a da " c r i a ç ã o den e c e s s i d a d e s " e x e r c e a p u b l i c i d a d e . A e s s e r e s p e i t o ver oItvro de E v e r a r d o P. G u i m a r ã e s R O C H A . M a o i a e c a p i t a l i s m o . Ume s t u d o a n t r o p o l ó g i c o da p u b l i c i d a d e , SP, B r a s i l i e n s e , 1 9 8 5 .
0 a u t o r , como e s c r e v e R o b e r t o Da M a t t a no p r e f á c i o ,sugere ser a p u b l i c i d a d e um i n s t r u m e n t o que p e r m i t e r e -h u m a n i r a r o p r o d u t o i n d u s t r i a l i z a d o , a t u a n d o como umam e d i a ç ã o p r o f u n d a e n t r e o u n i v e r s o s e l v a g e m da p r o d u ç ã o e om u n d o do c o n s u m o .
(38) é inaceitável se p r e t e n d e r a u n i v e r s a l i z a ç ã o dosv a l o r e s , m o r m e n t e os o c i d e n t a i s . As n e c e s s i d a d e s sãop a r t i e u I a r i z a d a s e tem o r i g e m c u l t u r a l , p o l í t i c a e a m b i e n t a l .Não há lugar para o e t n o c e n t r i s m o .
D e v e - s e levar em c o n t a o c o l o n i s m o e n g e n d r a d o , pore x e m p l o , p e l o s p o r t u g u e s e s e e s p a n h ó i s ( s é c . X V I ) , h o l a n d e s e s(séc. X V I I ) , ingleses ( s é c . X V I I I ) , b e m como o i m p e r i a l i s m odaí p r o v e n i e n t e nas t e r r a s c o l o n i z a d a s .
0 B r a s i l , o c u p a d o a p r i n c í p i o por p o r t u g u e s e s e em9rande e s c a l a , no s é c u l o XX, por i t a l i a n o s , a l e m ã e s ,j a p o n e s e s , s i r i o - I i b a n e s e s , p o t e n e s e s , e t c , a c e n t u a hoje umap o l í t i c a de c o l o n i a l i s m o interno m o r m e n t e c o m os p o v o si n d í g e n a s , t e n t a n d o obstacuI arizar o a t e n d i m e n t o de suasn e c e s s i d a d e s e s p e c í f i c a s e v i t a i s , c o m o o s o l o , o s u b s o l o , av e g e t a ç ã o , a á g u a , e t c . E s s a s c u l t u r a s não d e s n a t u r a l i z a m oa m b i e n t e e não q u e r e m m a i s do que s e u s d i r e i t o sh i s t o r i c a m e n t e a d q u i r i d o s : a v i d a , a t e r r a .
(39) V I D A L , J.W. B a u t i s t a , Op. c í t . p. 1 2 4 .
( 4 0 ) D o r a v a n t e os t e r m o s c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o ed e s e n v o l v i m e n t o q u e r e m s i g n i f i c a r a d i f e r e n ç a e s c u l p i d a no
08?
(41) ILLICH Apud SEVi, Oswaldo. Obras na Volta Grande doXingu - um trauma histórico provável? In : SANTOS, LeinadAver de 0. e ANDRADE, Lúcia H. M. de (Org.). As hidrelétricasAn Xingu e os P O M O S indígenas. SP, Comissão Pró-índio, 19B8.
p. 41.
(42) BÕA NOVA, Antonio Carlos.Rrasil. SP, Loyola, 19B5.
Energia e classes socia i s
( 4 3 ) T I E Z Z I , E n z o . Op. c i t . p. 1 3 .
(44) E s t a m o s a falar da ene r g i a material e não da di m e n s ã oespiritual da e n e r g i a , da p o s s i b i l i d a d e de d e s e n v o l v i m e n t o daenergia interior q u e o homem p o s s u i , m a i s i n t e n s i f i c a d a eacentuada na -Filosofia o r i e n t a l , p o r é m d i s p e r s a d a nacDsmovisão o c i d e n t a l .
(45) Ibidem, P . 5 6 .
(46) Na a p o s t i l a Pos i t i vo ( 1 o . Grau - 7a . s é r t e - 1o.Bimestre de 1989) no conteúdo de G e o g r a f i a , pode-se le r : "Atransformação dos recursos enerqét icos em energ ia representauma garan t i a de desenvolvimento e bem-estar da população", (og r i f o é nosso) .
J . - M . CHEVALIERi Rupturas de un
p.
( C r i s i s p e t r o l í f e r a , c r i s i ssistema econômico. Madr id , H.
e sgtes) a c r i s e p e t r o l í f e r a nio data deOr iente Médio e sim se d e l i n e i a desde
de 80% do p e t r ó l e o quepor e l e mais caro do que pelo pe t ró leo
US$ 2 ,15 o b a r r i lNeste mesmo período a Europa e o Japão
a US$ S o b a r r i l ,países produtores
preço do b a r r i l
( 4 7 ) Paran u c l e a r . InBlume, 1 9 8 1 . p. 1411973 , da G u e r r a do1970, quando os EUA produz iam c e r c aconsumiam, pagandoimportado (US$ 3 , 5 o b a r r i l ,r e s p e c t i v ã m e n t e ) .importavam todo o p e t r ó l e o que consumiam
Em 1 3 7 1 , a t r a v é s do Xá do I r ã , osreclamavam um aumento de preços e e l e v a r a m ode p e t r ó l e o p a r a US$ 3 , 5 .
Mas a e r a do p e t r ó l e o c a r o e escasso também v i r i a aconhecer seu p r i m e i r o " c h o q u e " . E n t r e dezembro de 1978 ej a n e i r o de 1 9 8 1 , os preços v o l t a r a m a s u b i r , a t i n g i n d o e n t r e1981 e 1983 v a l o r e s da ordem de USÍ 36 por b a r r i l . Es te&<9undo aumento de preços c a r a c t e r i z o u o chamado "segundochoque do p e t r ó l e o " . Ver de Joaquim CARVALHO, o l i v r o Q
tio p l a n e j a m e n t o e n e r g é t i c o P o r t o A l e g r e , T c h ê ! ,1987. 1 6 .
( 4 B ) V IDAL, J . W. B » u t * s t a . Op. c i t . p. 5 0 .
083
(49> Segundo J. N. Bautista VIDAL, a estrutura rodoviária depaíses como a Alemanha, a França, os EUA, Japão e URSSaet imita-se a 18%, 2B%, 25%, 20%, 4%, respectivamente. NoBrasil eta representa mais de 8 0 % . (p. 174)
(50) Inúmeras ferrovias foram desativadas em todo o país. Aexceção foi a construção da Norte-Sul, cujo primeiro trechofoi inaugurado em 1989.
(51) VIDAL, J. W. Bautista. Op. cit. p. 5 1 - 2 .
(5?) 0 Brasil passou a recorrer aos Bancos Multilateral* deDesenvolvimento ptra financiamento do setor elétrico noinício da década de 60. Do Banco Mundial emprestou - de 1949até 1988 - cerca de US$ 3,5 bilhões para o setor energético.E do Banco I nteramericano de Desenvolvimento emprestou quaseUSS 2 bilhões desde 1961.
(53)Pol it
Verca,
A guerras.d., vol
é nossa. In :M . p. 357-6D.
Retrato do Brasil. SP,
(54) Segundo Luiz PINGUELLI ROSA, em entrevista já citada.Conforme o Plano 2010, da ELETR08RAS, a Energia
Garantida por tempo Determinado seria fornecida a preçoscerca de cinco vezes menores que os normais, a indústriasdispostas a substituir derivados de petróleo por eletricidadee seu fornecimento seria garantido até o final de 1986.
As projeções de mercado, porém. prevêem que parte daenergia fornecida pela EGTO passará a ser fornecidapermanentemente a preços normais, incorporando ao mercadotradicional um montante de 4,8 TWh, dos quais 4 TWh na regiãoSudeste, a partir de 19B7.
(55) Em artigo intitulado "A estagnação e o mito do Brasilgrande" <FSP, 20 jul. 8 9 ) , Ricardo DEGENSZEJN afirma que noPeríodo janeiro-março de 1989, o PIB registrou queda de2,36%, devendo o país encerrar o ano com uma taxa média anualde crescimento inferior à de 2,04%, No período 1980/88 aconseqüência foi um PIB per capita com queda de 0,16%.
<56) Ver ESP, 31 jul. 88 e FSP, 03 ago. 8 8 .
(57) é importante ressaltar a relação área inundada/potência0a& unidades de produção de enerqia hidrelétrica <UHE). As"sinas do Centro-Sul têm capacidade para 2.230 kW por
inundado. Itaipu fornece 9.333 kW por km2. (FSP, 09 ago.
084
aprofundamento do tema é essencial a obra Asnau e os Donos indígenas, acima citada.
(59) Ver FSP dos dias 11, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26 e 2B*e». 89.
Política Nuclear. Rio de Janeiro,(6D) MINC, Carlos.Assembléia Legislativa, 10.05.B9. Entrevista
(61) Em 1988 e 1989 ocrise do setor elétricodeverá entrar em colapso a partir de 1991 na região(FSP, 30.05.89)} o sistema elétrico de Santa Catarina
governo tem intensificado o alerta à: o fornecimento de energia elétrica
Sudestenoestá
em 199310 . 8 8 ) ;0 2 . 8 9 ) ,
limiar da capacidade (OE, 0 8 . 0 6 . 8 8 ) ; risco de colapsoU B r , 0 1 . 0 9 . 8 8 ) ; "Vai faltar luz no verão" (JB, 14,"Energia do Nordeste poderá ser racionada" (FSP, 19,etc.
Para Joelmir BETING (FSP, 0 9 . 0 8 . 8 9 ) , "0 déficit deenergia não é "lobby" orquestrado de eIetrocratas comfornecedores de máquinas e serviços. Já é uma fatalidade.l >
Ao dramatizar o colapso que se aproxima, a Eletrobrásnão está fazendo "lobby". Ela está apenas nos dando umainformação" .
(62) Em entrevista concedida ã autora em 17.10.89.0 consumidor brasileiro está pagando US$ 32 pelo
megawatt/hora de energia, enquanto seu custo é de US$ 47(FSP, 2 2 . 0 8 . 8 9 ) . Até o final do governo Sarney a tarifaequivalente a um megawatt/hora deverá chegar a US$ 54 para oconsumidor. (FSP, 1 9 . 0 6 . 8 9 ) .
Oe janeiro a outubro/88, para uma inflação que alcançava532,34%, as tarifas de energia elétrica atingiam um aumentode 738,01%. De janeiro a outubro/89 as tarifas foramreajustadas em 6 8 5 % contra uma inflação de 758,79%,
<63) Cf. ROSA, Luiz Pinguei li ( o r g , ) , Eneroi»M
crise. , g g , ,Metropol is , Vozes, 1984. p. 177. ( t r a t a - s e de um t raba lhocole t ivo da A(E/COPPE/UFRJ).
( 6 4 ) D a d o s r e p a s s a d o s p o r L u i z P I N G U E L L I R O S A , e m e n t r e v i s t aJá c i t a d a .
(B5) CARVALHO, Joaquim. 0p. Cit. p. 48.
< B 6 ) R O S A , L u i z P i n g u e l l i . E n e r g i a e c r i s e . p . 6 6 .
085
(67) AIE/COPPE. A tfitroia e o dtitnwo I v t reentoi quaisdesafios ? quais métodos ? Síntese e c o n c l u s õ e s . RJ, MarcoZero / UFRJ, 1986. p. 6. Essa publicação é resultado de umareflenão comum a partir de estudos de caso realizados naTailândia, Chile» Nordeste do Brasil. Senegal, Dakar» M e x i c o ,República Popular da China e índia, empreendidos através depesquisas de dez centros de estudo localizados na Africa,á&ia e América Latina, afora um instituto europeu.
(68) ELETROBRiS. Boletim do PROCEL, 1 (1) : 1, ago. 1989.
(59) 0 Seminário de Conservação de Energia Elétrica emPrédios Públicos, realizado em Brasília nos dias 16 e17.03.BB definiu a economia de 1 0 % de energia elétrica emprédios públicos para 1988.
0 sucesso dessa met* depende, em parte, do funcionalismopúblico, cuja indiferença pelo patrimônio público e coletivonão pode ser generalizada, mas é acentuada. Em julho/88, osprédios da administração direta da União, em Brasília,consumiram 26,6 milhões de kWh. Já no Banco Central houve umaredução de 3 D % no consumo de julho/88; comparado ao de julhodo ano anterior (JBr, 1 4 . 0 8 . 8 8 ) .
Em abril de 198B foi defendida dissertação de mestradona AIE/COPPE/UFRJ por Louise Land Bittencourt Lomardo,intitulada "Consumo de Energia nos Grandes Prédios Comerciais: estudos de caso", que conclui pela possibilidade deconservação de até 3 0 % . A tese, orientada por Luiz Pinguei liRosa. recebeu prêmio da Light.
(70) CARVALHO, Joaquim & GOLDEMBERG, José. Economia epolítica da energia. RJ. J. Olympio / UERJ, 1980. p. 28.
(71) idem. Ibidem, p. 28
(72) ROSA, Luiz Pinguei II & SCHAEFFER, Roberto, Propostasalternativas à política energética brasileira. In : SANTOS,L e m a d Ayer de 0, e ANDRADE, Lúcia M. M. de ( O r g , ) . A i
étricas do Xino.ii B O S P O V O S indíoena&. p 59
Op, cit, p. 27
'74) A Questão nucI ear. Atas e Depoimentos. Brasília, Senado'ederal, 1984, vol V ) , Tomo I. p. 159.
o Brasil e o problema da energia nuclear. Boletim34 (247)5 50, out, /dez. 1975.
086
(76) PRINGLE, Peter & SPIGELMAN, James. Los baron»».Barcelona, Planeta, 1984. p. 228.
(77) Em depoimento prestado na data de 18.04.79 à CPI doAcordo Nuclear. A qutstão nuclear. Atas e depoimentos,erasrlia, Senado Federal, 1983, vol VI, tomo III. p. 279.
(78) Em depoimento prestado na data de 31.10.78 à mesma CPI.â ouestao nuclear. Atas e depoimentos. Brasília, SenadoFederal, 1984, vol VI, tomo II. p. 93.
(79) A o u e s t a o n u c l e a r , vol V I , t o m o I I I . p . 3 1 9 e 3 0 3 .
(80) E L E T R O B R Á S . P l a n o d e A t e n d i m e n t o a o s R e q u i s i t o s d efn g r o i a E l é t r i c a a t é 1 9 9 5 s . l . , 1 9 7 9 . p. 4.
(81) A o u e s t ã o n u c l e a r . B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 4 , v o l .VI, t o m o V . p. 4 9 .
(85) E L E T R O B R Á S . B a l a n ç o E n e r g é t i c o N a c i o n a l - 1 9 8 7 . p . 7 4 .
(83) P A N O R A M A d o S e t o r de E n e r g i a E l é t r i c a no B r a s i l . R J ,Centro de M e m ó r i a da E l e t r i c i d a d e no B r a s i l , 1 9 8 8 . p. 2 3 1 .
<84) A Políti ca Nu c l e a r do B r a s i I . RJ, N u c l e b r á s , 1 9 7 7 . p.77.
(85) Em d e p o i m e n t o prestado â CPI do Acordo em 2 0 , 0 9 . 7 9 . AQugRffo n u c l e a r , B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 4 , v o l . V I ,tomo V. p. 1 7 2 .
(86) Ser c o n t r a a energia nuclear no país nao é s i n ô n i m o denio ser favorável ao d e s e n v o l v i m e n t o da t e c n o l o g i a nuclearPara áreas que a nec e s s i t e m e util i z e m com c o m p e t ê n c i a er * * p o n s a b i I i d a d e , como é o caso da m e d i c i n a , p. ex.
( 8 7 ) PiSCHOA, A n s e l m o S. Pol it iea N u c l e a r . Rio de J a n e i r o ,pUC, 0 9 . 0 5 . 8 9 . E n t r e v i s t a .
(88) Em e n t r e v i s t a c o n c e d i d a à autora em 1 5 . 0 9 . 8 9 .
087
(B9> P r o p o s t a s a l t e r n a t i v a s à p o l í t i c a e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a ,In i As h i d r e l é t r i c a s do X i n g u e os P O V O S i n d í g e n a s , p. 6 0 .
( 9 0 ) Ver SI GAUD, L y g i a . I m p l i c a ç õ e s s o c i a i s na p o l í t i c a dosetor e l é t r i c o . I n ; SANTOS, L e m a d Ayer de 0 . e ANORADE.Lúcia M. H . de ( O r g . ) . As h i d r e l é t r i c a s do X ingu e os P O V O S
^ j t i a e n a s . p. 1 0 3 - 1 0 .. E f e i t o s s o c i a i s de g r a n d e s p r o j e t o s h i d r e l é t r i c o s : as
b a r r a g e n s de S o b r a d i n h o e M a c h a d i n h o . In : I m p a c t o s denrgnfig& p r n i e t o s h i d r e l é t r i c o s e n u c l e a r e s . R J / S P , AIE-COPPE/Marco Z e r o ( c o - e d i ç ã o som C N P q ) , 1 9 8 B . p . 8 3 - 1 6 6 .
WERNER, D e n n i s ( c o o r d . ) . As e n c h e n t e s do V a l e do I t a i a i .f i b T r r a o e n s e suas c o n s e q ü ê n c i a s s o c i a i s . Fool i s . UFSC/PP6CS- Cadernos de C i ê n c i a s S o c i a i s , 7 ( 1 ) , 1 9 8 7 .
( 9 1 ) VIOAL, J . W. B a u t i s t a . Op. c i t . p. 1 2 0 .
(9?) Idem. I b i d e m , p. 2 9 7 .
( 9 3 ) T I E Z Z I , E n z o . O p . c i t . p . 9 3 .
( 9 4 ) I d e m . I b i d e m , p . 9 2 .
( 9 5 ) P R I G O G I N E , l l y a . I d é i a s c o n t e m p o r â n e a s . E n t r e v i s t a s doLe M o n d e , p . 5 6 .
( 9 6 ) Em d e p o i m e n t o p r e s t a d o à C P I do A c o r d o , em 1 0 . 1 0 , 7 9 , AQuestão n u c l e a r , B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 4 , v o l . V t ,tomo V. p. 3 4 B - 8 4 .
<97) V I R I L I O , P a u l . 0 p . c i t . p . 1 3 4 .
* 9 B ) A o u e & t a o n u c l e a r . B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 4 , v o l .VI, t o m o IV. p . 4 3 9 .
O 9 ) Em entrevista p r e s t a d a à autora, acima m e n c i o n a d a ,
M 0 0 ) COELHO, Maria Célia Nunes & COTA, Raymundo G a r c i a .fcdPS oroiptn &. tecnologia * ouestSo ambientai ; Garaiás, e
:/ ax3._n u p I e a r_ &. I . , 1 9 8 4 . p . 1 B - 2 1 .
TlEZZI, Enzo. 0p. cit. p, 195.
'Ob durch die Bombe Oderdurch das Atomkraftwerk indie Welt gesetzt, die lebens-gefaehrliche Radíoaktivitaetist immer die gleiche".
Rosa MuelIer
CAPÍTULO II
ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A HISTÓRIA E A SITUACIODOS REATORES NUCLEARES NO MUNDO.
1 DA RADIOATIVIDADE NATURAL A ARTIFICIAL.DO REATOR A BOMOA.
"... na indústria nuclear o desempenho dos reatores nãoimporta tanto quanto a possibilidade que a mesma fornece demanter e fortalecer um determinado esquema de poder. Esta é arazão pela qual o Estado e a indústria nuclear estão sempreunidos (....) em sua tendenciosa propaganda sobre a segurança(,...) e desempenho dos reatores nucleares".
Rodrigo Antônio de Paiva D u a r t e d )
A radioatividade natural presente na Terra, expõe o ser
humano a várias fontes de radiação,
A descoberta do fenômeno da radiação natural se deu em
1B9B por Henri Becquerel, que observou a emissão contínua e
espontânea de radiaçSe* invisíveis do urânio. No mesmo ano o
casal Pierre e Marie Curie descobriram ser o tórío um
elemento radioativo,
Um ano antes, porém, Wilhelm Conrad Roentgen havia
descoberto o "raio x"(2> (radiação eletromagnética),
A radioatividade natural possui três componentes ; 1)
radiação cósmica, 2) radiação interna (inalação e ingestão de
r d í d e o s naturais) e 3) radiação externa (decorrente de
ídeos existentes nas rochas, no solo e nos outros
da T e r r a ) . Sua aplicação pode ser efetuada na
C|èr»cia, em áreas como pesquisa na física, na química, na
0 9 0
a r q u e o l o g i a , na a s t r o f í s i c a , e t c .
Em 1B99 foram i d e n t i f i c a d a s , p e l o f í s i c o R u t h e f o r d , d o i s
tipos d i s t i n t o s de r a d i a ç ã o e m i t i d a s por e l e m e n t o s n a t u r a i s :
os raios alfa, de n a t u r e z a e l é t r i c a p o s i t i v a e os r a i o s b e t a ,
de n a t u r e z a e l é t r i c a n e g a t i v a . Ainda no m e s m o a n o , o f í s i c o
Paul Ulrich Villard d e s c o b r i a um t e r c e i r o t i p o de r a d i a ç ã o :
os raios gama, d e s p r o v i d o s de carga e l é t r i c a .
T a i s r a d i a ç õ e s p o s s u e m e f e i t o s g e n é t i c o s e s o m á t i c o s ,
sendo q u a l q u e r dose p o t e n c i a l m e n t e m u t o g è n i c a . P e q u e n a s
d o s e s O ) p o d e m p r o v o c a r c â n c e r . O u a i s q u e r d o s e s d e v e m ser
ev itadas.
Em 1 9 0 5 , Albert E i n s t e i n (então com 26 a n o s ) a f i r m a v a
que a d e s t r u i ç ã o da m a t é r i a libera e n e r g i a .
Na década de 3 0 , c o m p r o v o u - s e que o á t o m o , ao c o n t r á r i o
de seu s i g n i f i c a d o original qual seja I N D I V I S Í V E L , e r a , ao
contrário, d i v i s í v e l .
Em 1 9 3 4 , p o i s , o casal F. J o l i o t e I. C u r i e ( f i l h a de
Marie C u r i e ) r e a l i z o u a d e s c o b e r t a da r a d i o a t i v i d a d e
artificial, e m p r e e d e n d o em j a n e i r o , pela p r i m e i r a v e z , a
experiência de o b t e n ç ã o de n ú c l e o » r a d i o a t i v o s a r t i f i c i a i s .
Também em j a n e i r o de 1 9 3 4 , E n r i c o Fermi i n i c i a v a , c o m um
grupo de p e s q u i s a d o r e s , uma série de p e s q u i s a s c o m o o b j e t i v o
o* produzir isótopos r a d i o a t i v o s u t i l i z a n d o n e u t r o n s c o m o
Projéteis (o n é u t r o n h a v i a s i d o d e s c o b e r t o em 1931 por
tbaòwíck ) ,
Em 1939, Lisa N e i t n e r e seu s o b r i n h o 0. F r i s c h
e & t a b e l e c e r a m a h i p ó t e s e da fisslo n u c l e a r , m a s já cm 1939
091
Otto Hahn havia realizado a descoberta da reação nuclear.
Da hipótese a realidade foi um passo e já na década de
40, o poder oculto no átomo saiu das especulações científicas
P começou a afetar as vidas dos seres do mundo todo e a vida
do mundo como um todo.
Poucos ano' depois» em 02.12.42, o reator Chicago Pile-
1 experimentou pela primeira vez a fissão nuclear.(4) A
primeira reaçSo nuclear em cadeia no mundo. Esse havia sido o
propósito do Projeto Urânio (1941), parte do Projeto
Manhattan (Manhattan Engineer District Project - 1 9 4 0 ) ,
criado pelo presidente Roosevelt e cujo objetivo maior e
preponderante era a bomba atômica. Roosevelt estava
convencido da importância da bomba para a paz mundial.
No palco ainda se encenava a Secunda Guerra Mundial e se
propagava o receio da expansão do Reich de Hitler.
Sob a responsabilidade de Enrico Fermi, italiano, e a
colaboração de físicos ingleses, canadenses e franceses, além
dos americanos, foi possível registrar a primeira exploslo
nuclear no mundo. A 16 de julho de 1945 em Alamogordo /Novo
México (EUA) era detonada a primeira bomba at'mica da
História do planeta.
Se detonava também a distância crescente entre a
descoberta científica da fisslo nuclear e as possibilidades
pratica* benignas de sua aplicação.
Entretanto, meses antes d» prova de Alamogordo, se
•"'«unhava a derrota a Alemanha nazista, sendo que muitos
C |entist»s perderam o entusiasmo inicial da criação da bomba
0 9 ?
e C h i c a g o acabou se t r a n s f o r m a n d o no n ú c l e o de r e s i s t ê n c i a à
u t i l i z a ç ã o da ar.-wa c o n t r a o J a p ã o .
Os m i l i t a r e s d e s c o n s i d e r a r a m as o p i n i C e s d o s c i e n t i s t a s ,
c ..vencidos de que se p o d e r i a t e s t a r o a r t e f a t o em lugar
inabitado, sem a n e c e s s i d a d e de m a t a r p e s s o a s , m a s , a 6 de
agosto de 1945 l a n ç a r a m a b o m b a d e u r â n i o s o b r e H i r o s h i m a e a
9 de a g o s t o de 1 9 4 5 , a b o m b a d e p l u t ô n i o s o b r e N a g a s a k i . ( 5 )
0 lapao se r e n d e u . O s E U A h a v i a m d a d o p r o v a de sua
supremacia. A h u m a n i d a d e e s t a v a a t ô n i t a . E, "se há c e m mil
anos, o homo s a p i e n s era uma p r o m e s s a ; a p a r t i r de H i r o s h i m a ,
entretanto, é um e n i g m a " . ( B >
E s t a v a m d e m o n s t r a d o s os e f e i t o s da d e s c o b e r t a da
radioatividade a r t i f i c i a l , p o i s " c o m o ê x i t o do P r o j e t o
M a n h a t t a n , d e c o n s t r u ç ã o d a s b o m b a s a t ô m i c a s , s u r g i u um m u n d o
inteiramente n o v o . E s t a v a p a r a a c o n t e c e r um a u m e n t o sem
precedentes de n í v e i s de r a d i o a t i v i d a d e p r o d u z i d a p e l o
homem, ,, " ( 7 )
0 m o n o p ó l i o do p o d e r i o m i l i t a r EUA d u r o u de 1 9 4 5 a 1 9 4 9 ,
Quando a U R S S d e t o n o u sua p r i m e i r a b o m b a .
A I n g l a t e r r a , t e r c e i r o p a í s a e x p l o d i r a b o m b a n u c l e a r ,
•m 1955, nSo q u e r i a p e r d e r o p r e s t í g i o , nem d e i x a r de ser
Potência.
0 g o v e r n o dos EUA, a p ó s a p r i m e i r a e x p l o s i o r u s s a em
1949, s e n t i n d o m i n a d a sua p o s i ç f o de n a ç í o m a i s p o d e r o s a ,
8"piiou as p e s q u i s a s n u c l e a r e s , c o r o a n d o - a s com a c r i a ç í o da
bomba H ( 8 ) , c u j o p r i m e i r o t e s t e se deu em n o v e m b r o de 1 9 5 2 ,
a t r a v é & de uma e x p l o s ã o 5 0 0 v e z e s m a i o r que H i r o s h i m a .
093
No ano seguinte também a URSS experimentava sua bomba H
e em 1957 a Inglaterra o f a z i a . ( 9 )
Exatamente no ano de 1953 o então presidente norte-
americano Eisenhower, anunciava o programa "Átomos para a
Paz", numa tentativa de desvincular a energia nuclear militar
da pacífica ante o mundo, visto que já grandes grupos às
capital transnacional ent e ndiam ser possível a obtenção de
eletricidade barata gerada através de reatores n u c l e a r e s .
Apenas um ano depois era criada a Agência Internacional
de Energia Atômica ( O N U ) , com sede em Viena/Áustria,
destinada a dar ampla cobertura à construção de usinas
nucleares no mundo, a apagar a imagem béttca da utilização do
átomo.
Em 1955, 9 Manifesto Russel - Einstein (Bertr^nd Russel
e Albert E i n s t e i n ) clamava todos os cientistas de todas as
nações do mundo à união, para encontrar uma saída a situação
em que as descobertas nucleares haviam colocado a humanidade,
No mesmo ano cientistas de setenta e três nações
orientais e ocidentais se reuniram em Genebra para a
"Primeira Conferência Internacional para Colaboração
Pacífica", inaugurando o que seria uma cadeia de c o n f e r ê n c i a s
internacionais sobre a utilização pacífica da energia
nuclear.
Ainda em 1955 outro acontecimento erz registrado : o
'ançamento ao mar do primeiro submarino a propulsão nuclear,
0 Nautilus, pertencente à Marinha dos EUA.
Os reatores, nascidos em meio a mais estrita segurança
0 9 4
militar d u r a n t e a Se g u n d a G u e r r a Mundial s e r i a m m a i s e m a i s
d e s e n v o l v i d o s . As razões? Os m i l i t a r e s t i n h a m p r e s s a em
aumentar o arsenal nuclear e a t r a v é s d os r e a t o r e s o b t i n h a m um
importante s u b p r o d u t o í o p l u t ô n i o , um t r a n s u r â m c o de vida
longa.(10)
0 reator Pile - 1, c o n s t r u í d o e m a b s o l u t o s i g i l o , t i n h a
frrnecido a "mat é r i a - p r i m a " para as p r i m e i r a s b o m b a s
nucleares n o r t e - a m e r i c a n a s . A seguir e s s e reator foi
utilizado como m o d e l o dos r e a t o r e s H a n f o r d , p r o d u t o r e s de
piutônio p a r a a bomba j o g a d a sobre N a g a s a k i . Na URS S o
plutônio da p r i m e i r a b o m b a saiu de um reator p r ó x i m o a
Sverdlosk, nos Ur a i s M e r i d i o n a i s , Já a I n g l a t e r r a c o n s e g u i u o
plutônío n e c e s s á r i o para sua bomba a t r a v é s do reator de
W m d s c a l e .
" i p r e c i s o r e s s a l t a r que a c o n s t r u ç ã o do reatorestabeleceu um vínculo e n t r e a in d ú s t r i a n u c l e a r , desde osseus p r i m ó r d i o » , e os m i l i t a r e s , (,.,,) ... o br a ç o m i l i t a r ,tem sido um g r a n d e peso p a r a o setor n u c l e a r , A r e l a ç i o e n t r eat i n d ú s t r i a s e as f o r ç a s a r m a d a s vem imbuindo oscontroladores de en e r g i a n u c l e a r de uma n e c e s s i d a d e p a r a n ó i c ade sigilo... (....)
Os p r i m e i r o s r e a t o r e s , c o n s t r u í d o s na F r a n ç a , nosEstado» U n i d o s , na Un i ã o S o v i é t i c a e na Grã - B r e t a n h a ,destinavam-se e x c l u s i v a m e n t e a fins mi I i t a r e s . " ( 1 1 )
A e x c e ç ã o fica por co n t a de p a í s e s c o m o o J a p ã o , a Suí ç a
e o Canadá, que são p o t e n c i a i s n u c l e a r e s c i v i s , sem pr o g r a m a
nuclear m i l i t a r , ( 1 2 ) 0 C a n a d á foi o p r i m e i r o país a se
concentrar em p r o g r a m a s n u c l e a r e s c i v i s . A S u í ç a é o país
*ue possui o ma i s amplo e e l a b o r a d o s i s t e m a de a b r i g o s a n t i -
nucieares do m u n d o , a partir de lei a p r o v a d a em 1 9 6 2 . ( 1 3 )
Se de um lado o ávido d e s e j o dos m i l i t a r e s em aumentar o
* r*enai n u c l e a r fazia e n g r o s s a r o n ú m e r o de reatores em
0 9 5
alguns p a í s e s , de outro, g r a n d e s g r u p o s i n d u s t r i a i s de
capita' p r i v a d o , d e s e j o s o s por e m p r e g a r a e n e r g i a n u c l e a r
para o b t e n ç ã o de e l e t r i c i d a d e e s o b r e t u d o lucro, l a n ç a r a m - s e
e i m i s e u i r a m - s e no d e s e n v o l v i m e n t o desse c a m p o . U n s e n c o b r i a m
D S d esejos de o u t r o s , é o e x e m p l o é Calder Halt ( I n g l a t e r r a ) ,
o primeiro reator nuclear do m u n d o a p r o d u z i r e n e r g i a
elétrica em escala comercial a partir de 17 de o u t u b r o de
1956. 0 p l u t ô n i o , no e n t a n t o , tinha d e s t i n o m i l i t a r .
Se d e p o i s de a l g u n s anos de d e s e n v o l v i m e n t o
e x c l u s i v a m e n t e m i l i t a r p a s s o u - s e à fase c o m e r c i a l da e n e r g i a
nuclear, não quer significar que a e n e r g i a n u c l e a r comercial
tenha se i n d e p e n d i z a d o do p r o g r a m a m i l i t a r . Os c r e s c e n t e s
progressos da e n e r g i a nuclear eram d e v i d o s às suas a p l i c a ç õ e s
mi I i tares.
D u r a n t e as décadas de 50 e 60 d e u - s e a e u f o r i a das
empresas p r i v a d a s na instalação de mais e m a i o r e s u s i n a s
nucleares. Em 1 9 6 5 , por e x e m p l o , a General E t e t r i c havia
apresentado no m e r c a d o um m o d e l o de reator de B O O MW e um ano
depois um de 1.100 MW. Em m e a d o s de 1965 o a u m e n t o dos
pedidos de c e n t r a i s n u c l e a r e s no» EUA se a c e n t u o u
notavelmente,
Não o b s t a n t e , até o final da década de 6 0 se c o m p u t a v a m
importantes a c i d e n t e s em usinas no Canadá ( p r i m e i r o país a
ter um a c i d e n t e sério em 1 9 5 S , com a e x p l o s ã o de um reator de
P'ftquisa em Chalk R i v e r ) , Inglaterra, EUA e S u í ç a em
praticamente t o d o s os m o d e l o » de reatores em f u n c i o n a m e n t o .
Tais p r o b l e m a » fizeram com que o m a i s i m p o r t a n t e
096
protagonista dos rumos da c i v i l i z a ç ã o - a p o p u l a ç ã o , até
então c o m p l e t a m e n t e ignorada nas d e c i s õ e s dos "barões
nucleares", desse m o s t r a s de sua insatisfação, p r e o c u p a ç ã o e
desconfiança ante as c e n t r a i s n u c l e a r e s e a r a d i o a t i v i d a d e em
si, ante a d e s f a ç a t e z e a insensatez da d e s m e s u r a d a imposição
do nuclear. E os m o d e l o s de reatores que m a i s oposição
suscitaram foram os reatores de água leve, que a c a b a r a m por
dominar o m e r c a d o n u c l e a r . Era o início da década de 7 0 .
Pequena parcela da população c o m e ç a v a a expressar
preocupação com a sua segurança, o que dizia respeito
diretamente à segurança das centrais n u c l e a r e s .
Nos EUA não havia um foro para que o público expressasse
suas opiniões em relação a energia n u c l e a r . Só no início de
1957 se c o n s t r u í r a m e se deram licenças para que 60 reatores
gerassem energia elétrica, antes m e s m o do governo levar a
cabo uma completa valoração de sua segurança.(14>
NSo podendo participar das d e c i s õ e s , o público duvidava
dos e n c a m i n h a m e n t o s da indústria n u c l e a r , para a qual os
movimentos a n t i - n u c I e a r e s (alguns e s p e c i f i c a m e n t e contra a
energia n u c I e o e l é t r i c a ) era um verdadeiro incômodo, visto que
mais segurança implicava em m a i s gastos e c o n s e q u e n t e m e n t e em
menos lucros. Tais m o v i m e n t o s queriam também provas de que a
energia nuclear era realmente necessária e, nesse sentido, o
choque do petróleo em 1973, foi um importante aliado para os
*eus d e f e n s o r e s .
A indústria nuclear apostava no interminável aumento do
consumo de energia elétrica, mas não contava com uma crise
Q97
econômica.
* A mediados de tos 70, tos pI anificadores energéticosconfiaban en que Ia dramática cuadruplicación del precio delpetróleo redundaria en benifício de Ia energia nuclear,haciéndola más competitiva economicamente. Estabanequivocados. Por ei contrario, Io que se produjo fue unarecesión econômica en todo ei mundo desarrolI ado, deprimiendoduramente Ia activioad industrial* inctuyendo Ia demanda decombustibles y de electricidad. Además, ei aumento dei preciodei petróleo Ilevó consigo incrementos similares en ei preciode otros combustibles y de Ia electricidad. Como resultado,Ia gente empeió a buscar formas de reducir ei consumo detodos los combustibles y de electricidad, dismrnuyendo eidespi M a r r o y aumentando Ia eficiência. La consecuencia fueque Ia demanda de electrtcidad no se incremento como lospi anifícadores habían esperado. A finales de los 70, Ia majorparte de Ias empresas productâras de electricidad posetan unacapacidad de geracion sustancialmente superior a Ianecesitada."(15)
A recessão havia diminuído o consumo de energia elétrica,
mas não havia diminuído os problemas relativos à segurança
dos reatores nucleares. Não havendo segurança suficiente, a
decisão de persistir na geração de eletricidade através de
tal fonte era meramente política, não técnica e menos ainda
ética.
Aí se apresentavam não só os problemas presentes da
contaminação radioativa, mas igualmente os futuros e dentre
eles o mais grave s o dos rejeitos de alta radioatividade.
Como empregar uma tecnologia antes mesmo de encontrar
uma solução para o armazenamento dos resíduos fetais?<16>
E é exatamente aí que se infiltra na discussão a
•ceitabifidade ou não da tecnologia e do risco, E essa
(antecedida pela informação) deve ser coletiva,
anterior ao questionamento da segurança, há o
Questionamento da tecnologia, a necessidade ou não das
'nstaiações (reatores), o seu produto (energta elétrica
038
através da fissão ou f u s ã o ) e seu significado ( a
c e n t r a l i z a ç ã o , o a u t o r i t a r i s m o , os i n t e r e s s e s e c o n ô m i c o s
i n e r e n t e s ) .
Em d e z e m b r o de 1S74 havia 149 reatores em funcionamento
n0 m u n d o ( 1 7 ) , o que m o s t r a v a , de certa f o r m a , um quadro de
"progresso" e " s u c e s s o " da energia nuclear. E n t r e t a n t o , nos
EUA, as e n c o m e n d a s de novos reatores d i m i n u í r a m : de 41
encomendas r e a l i z a d a s em 1973 (passando para 26 em 1 9 7 4 , 4 em
1975, 3 em 1976, 4 em 1 9 7 7 ) passava-se para 2 em 1 9 7 8 . E se
antes de 1 9 7 8 o declínio m o s t r a v a - s e a c e n t u a d o , de 1978 a
1981 não haveria nenhuma encomenda de novas centrais
nucIeares.(18 )
Os c u s t o s c r e s c e n t e s , os m o v i m e n t o s a n t i - n u c I e a r e s , a
estagnação (ou m e s m o d i m i n u i ç ã o ) do c o n s u m o , a limitação de
suprimento do combustível nuclear, os riscos da energia
nuclear foram a l g u n s dos m o t i v o s . "En 1 9 7 0 , por ejemplo, unacentral nuclear podia c o n s t r u i r s e en los E s t a d o s Unidos conun gasto de d o s c i e n t o s dólares por cada kilovatio deelectricidad que p r o d u c í a . Al final dei d e c ê n i o , Ia cifra erade mil d ó l a r e s y no m o s t r a b a inclinación a d í s m i n u i r , Elaumento c r e c í a con más velocidad que ei índice dem f l a c i ó n " , ( 1 9 )
Mas h o u v e ainda um outro motivo c h a m a d o Three Mile
Island, o p r i m e i r o dos acidentes largamente c o n h e c i d o s
(março/79) em reatores n u c l e a r e s que sobressaltou a opinião
Pública e m a r c o u p r o f u n d a m e n t e a h i s t ó r i a da energia
nucleoelétrica no m u n d o . Em 1986 Chernobyl teria efeitos
a m d a mais ai a r m a n t e s . ( 2 0 )
Há, p o r t a n t o , razões de pessimismo com o uso da energia
nuclear (poluição ambientai dos r e a t o r e s , riscos de
099
acidentes, problemas com a localização de reatores,
existência de alternativas mais seguras e mais econômicas,
problemas com a transferência de tecnologia - principalmente
no que diz respeito aos países subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento, preocupação política com soluções altamente
centralizadoras>(21), mas há razões para otimismo ante a
crescente clareza da população quanto aos riscos da energia
nuclear.
É irracional lançar-se em inovações sem considerar
seriamente os riscos implícitos, ou contar em demasia com o
futuro para resolver as incapacidades técnicas do presente.
Não é razoável pretender despojar o cidadão de sua capacidade
de juízo. Há que ser reforçada a aptidão das sociedades para
eleger livres, voluntárias e responsáveis, sua forma de
desenvolvimento, seu estilo de vida e suas tecnoIogias.(22)
2. MAS, O QUE é Uri REATOR NUCLEAR ?
Uma central nuclear é uma central térmica, onde é
esquentada águ» ( c a l o r ) , que se converte em vapor e que gera
energia elétrica através de um equipamento elétrico
convencional, A fonte de calor provêm da fissão dos núcleos
d°& átomos de urânio.
Esse sistema eqüivale ás usinas termoeIétricas a carvão,
oieo combustível ou gás, com exceção do reator nuclear em
100
Entretanto, trata-se de uma termoelétrica peculiar, por
configurar uma tecnologia intensiva em energia(?3), em
material, em custos, em contaminacao(?4), apesar da radiação
ser a contaminação mais discreta de que se tem conhecimento.
Os reatores (subdivididos em reatores de
pesquisa/investigação e os de potência) podem ser
classificados em :
1) reatores de água leve (LWR - Light Water Reactor), que se
subdiv idem em :
* PWR (Pressurized Water Reactor) - reator a água
pressurizada (ver Figura No. 1 ) . Protótipo : Zion 1 - EUA,
* h, (Boiling Water Reactor) - reator a água fervente.
Protótipo ; Browns Ferry 1 - EUA.
Ambos utilizam urânio enriquecido como combustível e
água corrente para refrigeração.
101
Figura No.1
Diagrama funcional tic central nuclear com reator
a ao.ua o r e s s u r i z a d a ( P W R ) .
2 Gerador dt Vapor3 Bomba da Anstacifnania4 6rupoTurbo-6andor
5 Sapandor da Umidade 8 Bomba da Apua da AHmafNaçSo
10 Bomba da Água da Rafrigataç*
2) reatores a água pesada (PHWR - Pressurized heavy Water
Reactor ou simplesmente HWR - Heavy Water R e a c t o r ) .
* CANDU - (CANadian Deuterium U r a n i u m ) , especialmente
desenvolvido pelo Canadá. Protótipo : Pickering 1 - Canadá.
Combustível : urânio natural.
* reatores geradores de vapor, de água pesada (S6MWR - Steam
Generating Heavy Water R e a c t o r ) , que reúnem características
103
do CftNDU - BLW (de água leve fervente) e do BWR. 0 protótipo
Mmfrith - Inglaterra, começou a funcionar em 1967.
Combustível : urânio enriquecido.
Há também os HWLWR (Heavy Water Moderated, Boiling Light
Water Cooled Reactor).
3) reatores refrigerados a gás
* reatores Magnox. Protótipo • Dungeness A - Inglaterra.
Combustível : urânio natural.
* reatores avançados refrigerados a gás (AGR - Advanced Gas -
Cooled Reactor), considerados a segunda geração de reatores
de potência refrigerados a gás. 0 primeiro AGR foi Hinlkey
Point B - Inglaterra. Combustível • urânio enriquecido.
* reatores de alta temperatura refrigerados a gás (HTGR
High Temperature Gas Reactor ) . Protótipo : Fort St. Vrain -
EUA. Combustível : urânio enriquecido.
* há também os GCR (Gas Cooled, Graphite-Moderated Reactor).
4) reatores regeneradores ÍFBR - Fast Breeder).
SSo os superconversores rápidos, O primeiro reator que
alimentou um equipamento gerador de eletricidade 'foi um
fast-breeder. a 20 de dezembro de 1951, chamado Reator Rápido
Experimental 1 - EUA. Há uma nova geração de reatores
fegeneradores, cujos protótipos foram o soviético BN - 350, o
•rances Phenix e o britânico Prototype Fast Reactor, que
alcançaram critica Iidade em 197?. Combustível s urânio
103
e n r i q u e c i d o e p I u t à n i o . < 2 5 )
Os p r i n c i p a i s m o d e r a d o r e s u t i l i z a d o s n o s r e a t o r e s são
água c o m u m ( c o n h e c i d a c o m o água l e v e ) , água p e s a d a e g r a f i t e ,
sendo que o s ú l t i m o s p e r m i t e m a u t i l i z a ç ã o de u r â n i o natural
como c o m b u s t í v e l . A p e n a s os f a s t - b r e e d e r n ã o n e c e s s i t a m do
m o d e r a d o r .
0 c i c l o do u r â n i o é uma das a t i v i d a d e s m a i s d a n o s a s ao
ambiente : uma t o n e l a d a de m i n é r i o p r o d u z u s u a l m e n t e um kilo
de u r â n i o p u r o e 999 kg de r e j e i t o s , e m a n a n d o r a d i o a t i v i d a d e
por ar, á g u a s de r i o s , lagos, m a r e s e lençóis
s u b t e r r â n e o s . ( 2 6 ) Há que se r e s s a l t a r ser a fase de
r e p r o c e s s a m e n t o a m a i s p e r i g o s a do c i c l o n u c l e a r , a l é m do
que, j u n t a m e n t e com a do e n r i q u e c i m e n t o do u r â n i o , estar
sujeita a u s o s m i l i t a r e s .
Os r e a t o r e s são p o t e n t e s p r o d u t o r e s de c a l o r e d e s p e j a m
água q u e n t e n o s rios e m a r e s , numa p r o p o r ç ã o de 2 0 0 0 MW de
calor para c a d a 1.000 MW de e l e t r i c i d a d e (W. P A T T E R S O N E A.
M O B E R G ) , 3 7 8 2 MW de calor para c a d a 1.300 MW de e l e t r i c i d a d e
<L. P I N G U E L L I R O S A ) , De q u a l q u e r f o r m a , a i n d a que haja
divergência q u a n t o ã p r o d u ç ã o e x a t a de c a l o r , não há
divergência q u e e s t e vai i n s c r e v e n d o c o n s e q ü ê n c i a s n e g a t i v a s
P r i n c i p a l m e n t e no m e i o a q u á t i c o para onde a m a i o r p a r t e do
calor p r o d u z i d o é d e s v i a d o .
S e g u n d o M, B 0 L E A Í 2 7 ) , o s i s t e m a a t m o s f é r i c o p e r m a n e c e
ltlaii c r í t i c o que o a q u á t i c o , já que a c o n t a m i n a ç ã o r a d i o a t i v a
uma central e m i t e ao m e i o a q u á t i c o é m u i t o b a i x a .
1D4
J. CARVALH0(28>, por sua vez, e n t e n d e que gases
radioativos, produtos da fissão, tais como kriptônio 85 e o
xenônio 133, além do trítio, não podem ser retidos pelos
sistemas de filtragem e são lançados na atmosfera pelas
chaminés das c e n t r a i s nucleares.
Mas os impactos da indústria nuclear não se resumem aos
ambientais. Eles são também políticos, e c o n ô m i c o s , sociais e
culturais, m o r m e n t e pela ligação de seus campos de
atividade : e l e t r i c i d a d e (civil) e armamento ( m i l i t a r ) .
C. GALVAN ressalta que o próprio d e s e n v o l v i m e n t o
h i stórico-sociai da tecnologia nuclear está estritamente
fígado com as atividades políticas, sendo que "... a
vinculação e n t r e a indústria 'pacífica' e seu possível uso
militar faz com que o Estado permaneça estritamente
articulado com a indústria privada em todos os m o m e n t o s do
ciclo do c o m b u s t í v e l " . ( S 9 ) Nesse cenário : "As empresas de
energia elétrica constituem apenas um c a p í t u l o , e nem sempre
o mais importante, nas decis&es sobre os rumos desta
tecnologia,"(30)
Os custos são debitados socialmente. Para se obter o
custo global do kW/h nio podem ser a v a l i a d o s apenas os
investimentos (e e m p r é s t i m o s ) , as despesas de operação e o
custo do c o m b u s t í v e l , mas devem ser a c r e s c e n t a d o s os custos
00 armazenamento e guarda milenar dos rejeitos radioativos,
bem como os custos referentes à desativação das centrais após
0 período médio de atividade (25 a 30 a n o s ) . Devem ser
tomados igualmente os riscos dos trabalhadores, o stress das
105
populações circunvizinhas e os planos de evacuação.
0 cidadão paga por uma energia altamente infIacionária e
pOr uma tecnologia por demais complexa. Paga pelo medo e para
ter em seu país reatores nucleares, considerados alvos certos
tm caso de guerra. Paga por uma segurança cada vez mais
intensamente exigida pela comunidade científica e os
movimentos anti-nucIeares, pouco prevista, entretanto, nos
projetos originais. Paga pelo crescente aumento de
radioatividade, pela crescente possibilidade de
contaminação.(31>
3. REATORES NO MUNDO.
De 1942, ano em que se deu D início do funcionamento do
primeiro reator nuclear do mundo, até 1989, o número de
reatores em operação não parou de crescer, apesar dos
inúmeros problemas por eles apresentados e dos acidentes de
Three Mile Island e Chernobyl.
Se em 1974 funcionavam ao todo 149 reatores de potência
no mundo, bastaram quinze anos para essa quantidade quase
tr ip|icar.
Em 1978 funcionavam cerca de 2DD usinas nucleares em 34
Países, estando então em construção 350 novas usinas,(32)
Vedamos como se deu a evolução 5(33)
Segundo L, P R A D 0 O 4 ) , em julho/BD havia 228 reatores em
351 e m construção e 274 planejados e/ou
106
encomendados.
Em fins de 1980, as usinas em operação somavam 232 e as
em construção 293.(35)
Dos reatores em operação, 1D7 eram PWR e 60 BWR, os
ttpos mais utilizados.
Pode-se observar diferença de quantidade de reatores e
potências de uma fonte para outra. Enquar.to em operação havia
232, 254 e 259 usinas, conforme M, LOUREIRO, Revista
Atomwirtschaft (vide Quadro | do Apêndice) e W. PATTERSON
(vide Quadro II do Apêndice), respectivamente, em construção
havia 293, 234 e 249. No que se refere aos reatores em
operação a diferença entre a menor e a maior quantidade fica
em 27 reatores. Em relação àqueles em construção a diferença
aumenta, ficando em 59 reatores.
Além desse dado, é necessário que se retativize o número
de reatores em construção, visto que nos Quadro I e II, 0
Brasil, por exemplo, figura como albergando a construção de
três unidades, o que não corresponde à realidade, já que
apenas Angra 1 e 2 estavam sendo construídas.(36)
107
Quadro No. 3
R e a t o r e s no Mundo (1980 - 1 9 B B )
Ano ' Cm o p e r a ç ã oi No. > MW
! Em construção! No. ! MW
> E n c o m e n d a d o s! N o . ! MW
1980'1980!19B3!1983119B5!1986!19B7!1988!
217.465239.972212.289 *193.854141.942123.663101.64384.871
96**87****
10991**
94.55B**
8 6 . 1 0 3 *****
101.319****
Fonte : ver quadros I a IX do Apêndice.* - únicos totais em potência bruta.** - não consta.
C o m p a r a n d o O B quadros I e IV, percebe-se que dois países
que c o n s t a v a m na lista "em c o n s t r u ç ã o " em 1 9 8 0 , d e i x a r a m de
constar em 1 9 8 3 • Áustria e Irã (além de se verificar que
três países que c o n s t a v a m do rol " e n c o m e n d a s " em 1 9 8 0 , também
não c o n s t a m no em "em c o n s t r u ç ã o " de 1 9 8 3 , ou seja, as
encomendas de B a n g l a d e s h , Egito e Luxemburgo não foram
efetivas em três a n o s ) . Já no quadro III ( 1 9 8 3 ) Áustria e IrS
constam com uma e duas usinas em construção, r e s p e c t i v a m e n t e .
No caso da Áustria p a r t i c u l a r m e n t e , a informação nem m e s m o
procedia em 1 9 8 0 .
Quanto ao B r a s i l , uma usina figura como o p e r a n d o em 1983
(quadros III e I V ) , T r a t a - s e de Angra 1, cuja primeira
cr 111cal idade havia se dado em 13.03.82 e a primeira
sincronização ao sistema elétrico em 0 1 . 0 4 . 8 5 . 0 início da
operação comercial se daria apenas a 1 7 , 0 1 . 8 5 . Em ambos os
Quadros a p e n a s uma usina figura "em c o n s t r u ç ã o " : Angra 5.
108
E t e t i v ã m e n t e , a c o n s t r u ç ã o de Angra 3 não h a v i a i n i c i a d o .
0 único novo p a í s incluído em 1 9 8 3 é a C h i n a .
Embora tenha a u m e n t a d o a q u a n t i d a d e total de u s i n a s em
operação no m u n d o de 1 9 B 0 a 1 9 8 3 , o m e s m o não o c o r r e u com as
usinas em c o n s t r u ç ã o e as e n c o m e n d a d a s .
Ao final de 1984 havia 345 r e a t o r e s ( t o t a l i z a n d o 2 1 9 . 6 8 3
KW) em o p e r a ç ã o , em 26 p a í s e s , c o n t r i b u i n d o com c e r c a de 1 3 %
na produção m u n d i a l de e l e t r i c i d a d e . ( 3 7 )
S e g u n d o G. H £ R M E S ( 3 8 ) f u n c i o n a v a m em 1984 3 2 2 u s i n a s ,
estando 190 em c o n s t r u ç ã o .
No q u a d r o V, r e l a t i v o a 1985, r e a p a r e c e m Á u s t r i a , Egito
e Irã, tendo sido a c r e s c e n t a d o s Iraque, Israel, Líbia,
Tailândia e T u r q u i a como p a í s e s que p a s s a r a m a ter usina (s)
planej ada (s ) .
No ano de 1986 o p e r a v a m no m u n d o 374 r e a t o r e s , estando
em c o n s t r u ç ã o o u t r o s 1 5 7 . ( 3 9 )
De a c o r d o com o Plano 2 0 1 0 (p. 7 5 ) o p e r a v a m em m a i o de
1986, 3 5 9 r e a t o r e s , e s t a n d o 154 em c o n s t r u ç ã o .
C h a m a a a t e n ç ã o a a u s ê n c i a das F i l i p i n a s no q u a d r o VII,
País que c o n s t a com um reator em c o n s t r u ç ã o nos quadros
anteriores, que foi c o n c l u í d o em 1 9 8 5 , S e g u n d o a FSP,
07.08.87, a W e s t i n g h o u s e c o n s t r u í r a a u s i n a ( B a t a a n ) ao pé do
vulcão N a t i b , ao preço de US$ 2,2 b i l h õ e s . A p r e s i d e n t a
torazón Aquino d e c l a r o u não pretender c o l o c a r o reator em
operação ( e r g u i d o d u r a n t e o governo de F e r d i n a n d o M a r c o s , que
<>cou no poder de 1965 a 1 9 8 6 ) . Está em d i s c u s s ã o , para a
"ova c o n s t i t u i ç ã o , um país Itvre de e n e r g i a n u c l e a r .
109
Dos 3? países constantes do quadro VIII, a índia deve
s er destacada, por sua condição de pais subdesenvolvido e seu
enfronhamento no programa nuclear. Em 1985, 4 usinas estavam
planejadas, sendo que dois anos apôs, essa quantidade já
constava no item "em construção"
Ainda em 1987, havia 422 usir.as operando, 128 em
construção, 60 encomendadas e 165 anuladas, segando o jornal
El País» de 11.09.88 (os dados provêm do Comissariado de
Energia Atômica da França).
As informações sobre quantidade e potência de reatores
no mundo aqui levantadas dizem respeito aos reatores
nucleares de potência (gerando energia elétrica
comercialmente). Os reatores de pesquisa em operação em
31.12.87, eram em número de 326, distribuídos por 55
países.(40)
Se analisarmos os reatores em operação de 1980 a 198B,
tendo por base os quadro* I e IX, veremos que a quantidade
aumentou em 175 (média de 21 a 22 novos reatores/ano). Caso
verificarmos a quantidade dos reatores em construção no mesmo
período, veremos que esse número decresceu em 129,
Pode-se, assim, afirmar estar a indústria eIetronucI ear
Passando por uma crise no mundo? Não, se considerarmos o
número crescente de reatores em operação. Se, no entanto,
considerarmos o número de reatores em construção, a resposta
* Positiva, ainda que não de forma significativa.
Segundo dados da AIEAÍ41), o consumo de eletricidade
aumentará no mundo, bem como a porcentagem do suprimento de
ia nuclear.
110
Quadro No. 4
Estimativa do uso de nucleoeletricidadeno mundo de 19B7 a 2005 < % ) *
Grupos de Pai ses 1987 2005
América do N o r t e 6 , 1Europa O c i d e n t a l 1 0 , Bp a c í f i c o I n d u s t r i a l i z a d o 8 , 7Europa O r i e n t a i 2 , 9ásta 1»3América L a t i n a 0 , 3Á f r i c a e O r i e n t e Médio 0 , 3
Tota l no mundo 4 , 7
7 , 213,016,0
7 , 12 , 61 , 30,2
eeeeeee
7 , 413,016,0
7 , 4
2 ,91,60,7
* *
* * x
6,8 e 6,8
* - os d a d o s r e f e r e n t e s a 1 9 8 7 são r e a i s ,** - e s t i m a t i v a b a i x a e e l e v a d a , r e s p e c t i v a m e n t e .*** - A u s t r á l i a , J a p ã o e N o v a Z e l â n d i a .
Fonte : IAEA. E n e r g y , E l e t r i c i t y and N u c l e a r P o w e rE s t i m a t e s for t h e P e r i o d up to 2 0 0 5 , j u l . / B B . p . 2 4 - 5 .
C r e s c e r a r e a l m e n t e a p o r c e n t a g e m de e n e r g i a
n u c l e o e l é t r i c a no m u n d o ou e s t a é uma e s t i m a t i v a de um ó r g ã o
c o n d i c i o n a d o a o s i n t e r e s s e s do Iobby n u c l e a r ? ( 4 2 >
A, M O B E R G c r ê na m o r t e n a t u r a l da i n d ú s t r i a
n u c l e o e I é t r i c a a p a r t i r de 1 9 9 0 , c o n v e n c i d a q u e as a t i v i d a d e s
a n t i n u c I e a r e s p o s s u e m , d e n t r e os v á r i o s o b s t á c u l o s q u e c o n t r a
ela o p e r a m , um d o s m a i o r e s p e s o s ,
É j u s t a m e n t e a luta a n t i - n u c l e a r a de m a i o r c o n t e s t a ç ã o
s s o c i e d a d e t e c n o c r a t i z a d a , a o m o d e l o de c r e s c i m e n t o
e c o n ô m i c o , à d o m i n a ç ã o s o c i a l , a o E s t a d o a u t o r i t á r i o e seu
aparelho de p r o d u ç ã o de e n e r g i a .
E o q u e fazer q u a n d o os m o v i m e n t o s n ã o c o n s e g u e m s u s t a r
0 o b j e t i v o do E s t a d o q u e e n v e r e d a m a i s e m a i s na c o n s t r u ç ã o
111
centrais nucleares '(43) Não se pode desconsiderar que os
mentos antinucleares oferecem ao Estado a certeza da
eitt&tência de oposição aos programas nucleares em geral; que
a vontade do Estado não é monopolítica (dele espocam
cientistas e técnicos que acabam por questionar uma opção e
se colocar contra o mesmo); que a mobilização se dá na
tentativa de fiscalização dos atos nucleares do Estado; que é
possível forçar o Estado a enveredar por outras soluções
energéticas (aquelas provenientes de fontes renováveis, por
exemplo); a possibilidade do Estado se isolar numa posição
centralizadora, totalitária e opressora, no sentido de que o
movimento poderá minar o apoio da população aos atos do
Lstado e que ela está atenta ao que esse mesmo Estado está
decidindo e engendrando. 0 saldo de muito esforço é o avanço
da consciência política e a influência nas decisões com
conhecimento de causa.(44)
Concernitantemente a quantidade de rejeitos radioativos
aumenta, sem que no mundo se saiba como solucionar definitiva
e satisfatoriamente esse problema, apesar de afirmações em
contrério.
0 mundo possui 429 reatores em operação, capacitados
Par* gerar 310,81? MW, enquanto "Um modestíssimo reator de 40
M W d ú niiffi ; t n n u p l u f n r i r i i ituv.tantv p u r a t r r : . tiitirtt»;i•. r . n u m -,i ili
M'roxima".(45)
Esse total se encontra assim dividido : 534 reatores
P w R» BB BWR, 31 GCR, 13 AGR, 26 PHWR, 27 LWGR, 7 FDR, 3 HTGR
'' tioi & de outros tipos.
1 1 2
"La p r o l i f e r a e i ó n de Ia e n e r g i a n u c l e a r M a m a d a p a c í f i c a
ha I levado a que m u c h o s p a í s e s t e n g a n a h o r a la c a p a c i d a d de
produzir sus p r ó p r i a s b o m b a s n u c \ e a r e s . " ( 4 6 )
O u e m e s t á e n c a r r e g a d o de f i s c a l i z a r os r e j e i t o s ? Q u e m e
como se f i s c a l i z a r á os que f i s c a l i z a m ?
No i n t u i t o de avançar a l é m da q u a n t i d a d e de u s i n a s no*
mundo, o p t a m o s por a p r o f u n d a r o e s t u d o sobre sete p a í s e s ,
visando t r a z e r à baila c o m p o n e n t e s para a v a l i a ç ã o da
utilização da energia n u c I e o e I é t r i c a e os r i s c o s a ela
inerentes,
a ) Áustr i a
Em 0 5 , 1 1 , 7 8 os a u s t r í a c o s v o t a r a m no r e f e r e n d o que
selaria o d e s t i n o da única usina n u c l e a r , que c o m e ç o u a ser
construída no país em 1 9 7 2 . S i t u a d a às m a r g e n s do rio
Danúbio, a i n d a não havia e n t r a d o em f u n c i o n a m e n t o (tipo BWR -
700 M W ) .
A a f l u ê n c i a às urnas foi de 6 5 % , sendo que 1 . 6 0 6 . 3 0 8
pessoas ( p e r f a z e n d o 5 0 , 4 7 % ) d i s s e r a m não ao f u n c i o n a m e n t o da
usina T u r n e f e l d 1, situada em Z w e n t e n d o r f .
A n t e s do r e f e r e n d o , porém, inúmeros m a n i f e s t o » ,
P u b l i c a ç õ e s , m a n i f e s t a ç õ e s , i n i c i a t i v a s (que c o m e ç a r a m
igualmente em 1 9 7 2 ) o r g a n i z a d a s por v á r i a s e n t i d a d e s a n t i -
"ucfeares a u s t r í a c a s , a l e r t a v a m sobre as i n f o r m a ç õ e s da
indústria n u c l e a r e indagavam sobre os p l a n o s de e v a c u a ç ã o da
I a ç ã o .
A i n d ú s t r i a nuclear, em sua p r o p a g a n d a , a f i r m a v a se
113
tratar de e n e r g i a limpa e s e g u r a , lembrava que o reator não
era uma bomba e que e s t a v a s o l u c i o n a d o o p r o b l e m a dos
rejeitos. L e v a n t a v a também o a r g u m e n t o de que a e n e r g i a era
necessária para o c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o e q u e sem ele h a v e r i a
desemprego.
Após 1 9 7 8 , porém, não -foram v o t a d a s leis q u e v i e s s e m ao
encontro da d e c i s ã o p o p u l a r , o que p e r m i t i u ao Iobbv nuclear
não desmontar o reator ou m e s m o m o d i f i c a r suas i n s t a l a ç õ e s ,
transformando-o em uma t e r m o e l é t r í c a c o n v e n c i o n a l . A usina
foi c o n s e r v a d a , na e s p e r a n ç a de que um novo r e f e r e n d o
contrariasse a decisão a n t e r i o r .
Por outro lado, os a t i v i s t a s a n t t - n u c I e a r e s se
empenharam para que h o u v e s s e r e c o n h e c i m e n t o e m a n u t e n ç ã o do
que fora d e c i d i d o , p o i s , 10 anos após o r e f e r e n d o , as
instalações ainda eram c o n s e r v a d a s a p r e ç o s a l t í s s i m o s .
As e n t i d a d e s a n t i - n u c I e a r e s se p e r g u n t a v a m q u a n d o e n f i m
lurnefeld 1 seria liquidada ou o que iria a c o n t e c e r com a
usina, q u e r e n d o a a b s o l u t a g a r a n t i a de que j a m a i s g e r a s s e
eletricidade através da reação nuctear em c a d e i a .
P e r g u n t a d o s a respeito das i n s t a l a ç õ e s , os m o r a d o r e s de
Zwentendorf d e c i d i r a m pelo " P l a n o R o g n e r " , que t e n c i o n a fazer
na localidade um museu da e l e t r i c i d a d e , tendo a usina como
ponto central (trata-se da única usina nuclear no m u n d o que
recebe v i s i t a s no interior de seu n ú c l e o ) . Em 1 9 8 5 , o
prefeito de Z w e n t e n d o r f sugeriu que a usina f o s s e u t i l i z a d a
p<*ra instalar uma indústria e l e t r ô n i c a .
Mas do outro lado ainda e s p r e i t a a i n d ú s t r i a n u c l e a r ,
114
esperançosa de colocar a usina em funcionamento, ainda que
Chernobyl tenha diminuído essa esperança.(47)
b) Canadá
Possuía em 1988, 1B reatores em operação (12.185 MW) e 4
em construção (3.524 M W ) , sendo de 1 5 , 1 % o suprimento de'
energia nuclear no país.
Foi o primeiro país a optar por programas nucleares
C I V I S e a ter um acidente sério em dezembro de 1 9 5 2 , em Chalk
River - Ontario, t-.nni .1 rxpln-.fm ijp um reator de pesquisa, no
qual houve sobreaquecimento e perda de água pesada, por erro
de operação de um técnico. Em maio/58 Chalk River sofreu seu
segundo acidente.
Repassou a tecnologia dos reatores CANDU para a índia,
que não se ateve às intenções pacíficas c a n a d e n s e s ,
explodindo sua primeira bomba nuclear em 1974.
O França
Com 55 reatores em operação (52.588 MW) e 9 em
construção (12,245 M W ) , o país ostenta, no que se refere à
energia, o título de país mais nuclearizado do mundo,
suprindo 6 9 , B % na geração de eietricídade.(48) Possui um
reator a cada 11.000 Km2 : a maior densidade de reatores
nucleares no mundo (FSP, 0 4 . 1 1 . 8 8 ) ,
Seu primeiro e modesto programa nuclear data de 1969,
tendo suscitado reações na população, principalmente na
Ai&écra (região ameaçada pelo projeto) e no meio científico.
115
Has essas reações p e r m a n e c e m isoladas.
Antes de 1969, B reatores iniciaram seu
funcionamento,sendo que o primeiro reator de potência francês
foi Marcoule G? ( 1 9 5 9 ) , de 43 HW.
Na década de 70 a política c e n t r a l i z a d a do tout
gtectriaue. tout nucléaire impôs a energia nuclear em grande
escala à população, sendo que de 1975 a 1 9 8 5 , 33 c e n t r a i s PWR
foram então instaladas, sendo vitoriosa a E l e c t r i c i t é de
France iqu^ propôs os reatores a água leve) e não o
Commissariat à I'Energie Atomique (que optava pelos G C R ) .
Em 1975 um a b a i x o - a s s i n a d o de 4000 c i e n t i s t a s q u e s t i o n a ,
critica o programa eletronucI ear . Há também t e n t a t i v a s de
repassar m a i o r e s informações ao público.
Em 17.10.69 um erro na c o l o c a ç ã o do c o m b u s t í v e l , resulta
numa fusãu parcial do coração do reator de Saint - Laurent
CGM, 3 0 . 0 4 . 8 6 ) , sendo que em 1966, 1967 e 1968 outras usinas
já haviam sofrido a v a r i a s .
Outros acidentes se seguiram: Veurey ( 1 9 7 1 ) , Bugey
(1971), La Hague ( 1 9 7 1 ) , Annecy (1972 e 1 9 7 3 ) , Veurey ( 1 9 7 3 ) ,
La Hague (1973 - com c o n t a m i n a ç ã o de 35 t r a b a l h a d o r e s ) ,
tadarache ( 1 9 7 3 ) , G r e n o b l e ( 1 9 7 4 ) , Saint Laurent ( 1 9 7 4 )
Saclay ( 1 9 7 4 ) , M a l v é s i e ( 1 9 7 4 ) , Béziers ( 1 9 7 5 ) , F e s s e n h e i m
{1975).(49)
Em maio de 1986, um acidente na maior usina de
'©processamento de lixo nuclear do mundo, situada em La
haoue, deixa 5 t r a b a l h a d o r e s c o n t a m i n a d o s por radiação (FSP,
**.05.BB).
1 1 6
N ã o e x i s t e m m e c a n i s m o s legais p a r a c o n t e s t a r a
c o n s t r u ç ã o de c e n t r a i s n u c l e a r e s , m a s toda a i n d ú s t r i a
nuclear r e c e b e e n o r m e s s u b s í d i o s do g o v e r n o . ( 5 0 )
Em 1 9 8 7 o p a í s p o s s u í a um e x c e s s o de c a p a c i d a d e i n s t a l a d a
mas a i n d a a s s i m f o r a m m a n t i d a s e m c o n s t r u ç ã o as d e m a i s
c e n t r a i s , p a r a p r e s e r v a ç ã o dos c o n h e c i m e n t o s t é c n i c o s e o
parque p r o d u t o r i n s t a t a d o . ( 5 1 )
d) I ngI a t e r r a
Com 40 u n i d a d e s o p e r a n d o , a I n g l a t e r r a g e r a 1 1 . 9 2 1 MW,
isto p o r q u e os r e a t o r e s são p e q u e n o s . D u a s u s i n a s e s t ã o em
c o n s t r u ç ã o , o que a c r e s c e n t a r á 1.833 MW. Em f i n s de 1 9 8 7 , as
centrais d a v a m c o n t a de 1 7 , 5 % do total de e l e t r i c i d a d e g e r a d o
no p a í s .
0 g o v e r n o p l a n e j a v a c o n s t r u i r o p r i m e i r o r e a t o r de água
leve ( P W R ) , S t z e w e l l B, com c a p a c i d a d e de 1 1 8 8 MW, q u e foi
alvo de f o r t e o p o s i ç ã o por p a r t e da p o p u l a ç ã o . H a v i a até a
p o s s i b i l i d a d e de que sua c o n s t r u ç ã o não se c o n c r e t i z a s s e ,
apesar de que h o u v e s s e sido a p r o v a d o t e c n i c a m e n t e .
S o b r e e s s e a s p e c t o c o m e n t a G. C A N A L I : ( 5 2 )
" E m b o r a se t e n h a dito que a p a r t i c i p a ç ã o do p ú b l i c o nãodeveria e x i m i r os e s c a l d e s c o m p e t e n t e s da r e s p o n s a b i l i d a d ePela t o m a d a de d e c i s õ e s , q u a n t o m a i s formal o p r o c e d i m e n t omenor o grau de l i b e r d a d e para o e x e r c í c i o d e c i s ó r i od i s c r i c i o n á r i o . 0 m e l h o r e x e m p l o d i s t o vem e x a t a m e n t e doReino U n i d o , o n d e r e c e n t e m e n t e um d e m o r a d o i n q u é r i t o p ú b l i c otobre a a m p l i a ç ã o da U s i n a N u c l e a r S i z e w e f l c o l o c o u emtvidência não a p e n a s o a l t o grau de c o m p l e x i d a d e do p r o c e s s ocomo t a m b é m as d i f i c u l d a d e s para a t o m a d a de d e c i s ã o f i n a l .<0 i n q u é r i t o i n i c i a l m e n t e v i s a v a a d i s c u s s ã o em t o r n o de uma"í>ina n u m dado local, m a s a c a b o u se t r a n s f o r m a n d o numa°'&cussao sobre a c o n v e n i ê n c i a da m u d a n ç a de r e a t o r e snucleares até e n t ã o u t i l i z a d a n a q u e l e p a í s , e até m e s m o daconveniência da u t i l i z a ç ã o da e n e r g i a n u c l e a r c o m o f o n t e de
117
energia e l é t r i c a . O p r o c e s s o d u r o u q u a c r o a n o s e c u s t o u SOmi ihões de I i b r a s ) " .
N ã o o b s t a n t e , s e g u n d o a A I E A , foi d a d o i n í c i o à
c o n s t r u ç ã o de S i z e w e l l B em 1 9 8 B .
Foi O p r i m e i r o p a í s a g e r a r e n e r g i a n u c l e a r
c o m e r c i a l m e n t e a t r a v é s da u s i n a de C a l d e r H a l l 1, a p a r t i r de
1 7 . 2 0 . 5 6 , um r e a t o r G C R d e 6 0 MW.
M a s já e m 1 9 5 7 , um i n c ê n c i o no W i n d s c a l e P i l e 1» um
reator p a r a p r o d u ç ã o de p l u t ô n i o l o c a l i z a d o na c o s t a i n g l e s a ,
junto ao m a r da I r l a n d a , q u e se m a n t e v e i n c o n t r o I á v e I por 42
ho r a s , l i b e r o u o m a i o r e s c a p a m e n t o de g a s e s r a d i o a t i v o s já
r e g i s t r a d o . 0 p a í s e s t a v a a p o n t o de ser v í t i m a de uma
c a t á s t r o f e n u c l e a r . Por cau .a d e W i n d s c a l e D mar da I r l a n d a é
o m a i s r a d i o a t i v o do m u n d o .
0 i n c ê n d i o p r o v o c o u m a i s de 2 6 0 c a s o s de c â n c e r na
tireóide e n t r e a p o p u l a ç ã o da r e g i ã o N o r o e s t e do p a í s , com
pelo m e n o s t r e z e m o r t e s . ( F S P , 0 7 . 0 1 . 8 6 ) .
Em 1 9 6 3 os t r a b a l h a d o r e s e m W i n d s c a l e -foram c o n t a m i n a d o s
além do l i m i t e p o s s í v e l e e m 1 9 7 0 , um s o b r e a q u e c i n t e n t o
obrigou à p a r a l i s a ç ã o do r e a t o r . E m 1 9 7 3 , 3 5 t r a b a l h a d o r e s
foram c o n t a m i n a d o s d e v i d o a um v a z a m e n t o a c i d e n t a l de
r a d i o a t i v i d a d e da u s i n a de r e p r o c e s s a m e n t o de W i n d s c a l e , que
em 1 9 7 5 s o f r e u seu t e r c e i r o v a z a m e n t o s u b s t a n c i a l de
r a d i o a t i v i d a d e a p ó s 1 9 7 0 ,
Em 1 9 8 1 W i n d s c a l e foi r e b a t i z a d a com o n o m e de
Seiiaf ,eld.
11B
c) Suécia
O primeiro reator de potência da Suécia - Oskarshamn
1/BWR/46O MW - entrou em funcionamento em 1971.
Em 1988 operavam 1? reatores, gerando 9.696 MW, o que
representava 45,3% do total de eletricidade do país.
No dia 23.03.80, em plebiscito popular, os suecos
aprovaram (com 58% dos votos) a continuação do seu programa
nuclear até atingir 12 reatores (completado entre 8 4 / 8 5 ) .
Votaram também a favor do abandono da tecnologia até o ano
2010. Dos eleitores, 4 0 % rejeitaram a opção nuclear.(53)
A Suécia é, conforme A. MOBERG, um dos países em que a
indústria eIetronucI ear tem conseguido mais êxitos ; não
houve cancelamentos, não houve avarias, a não ser em setembro
de 1974, quando em Ringhals três bombas do circuito de
refrigeração primária entraram em pane, tendo o reator
operado com 3 0 % de sua capacidade durante 3 meses.
0 acidente que repercutiu intensamente sobre a Suécia
foi o de Chernobyl, devido à contaminação radioativa que
acarretou impactos na vida dos suecos.
Em agosto de 1986 avaliava-se que cerca de 100,000 renas
estariam contaminadas devido a Chernobyl, devendo ser
abatidas e enterradas até 1991, prejudicando 15.000 lepôes
(grupo étnico do norte da S u é c i a ) , qve tradicionalmente vivem
de seu pastoreio. (FSP, 1 8 . 0 8 . 8 6 ) .
* > EUA
Desde a primeira reação nuclear (1942), os EUA tem
í
120
confusas;
- os incidentes que ocorreram em c e n t r a i s similares antes de
Tttl não eram do conhecimento dos o p e r a d o r e s ;
- o funcionamento geral da central não era satisfatório,
havendo meia centena de alarmes soando permanentemente na
sala de controles
- a sala de controle nac permitia fazer frente a um acidente:
uma centena de alarmes s i m u l t â n e o s , indicadores-chave
colocados em lugares que não eram visíveis, indicações
ambíguas, etiquetas por toda parte encobrindo indicadores
luminosos às vezes importantes, p. ex., concedendo poucas
probabilidades de controlar e f i c a z m e n t e uma falha
sign i f icat i va.
A 07.08.79 "um escape de radioatividade de uma usina
nuclear secreta, localizada perto de Erwin, no Tenessee,
contamina cerca de mil pessoas com um volume cinco vezes
maior do que elas normalmente receberiam em um ano" (GM,
30.04.BB).
Em 1980, a Comissão de R e g u l a m e n t a ç ã o Nuclear dos EUA
ordenou o fechamento de 24 das 67 centrais nucleares em
operação no país, para teste de um importante sistema de
segurança, que falhou no reator no.3 da usina Brown's Ferry,
no Alabama (J8, 0 9 . 0 7 . 8 0 ) , o que não foi sufictente para
evitar os acidentes posteriores na usinas de i
Sequoyah 1 - Tenessee (11.02.81)* G |nna - Nova York ( 2 5 . 0 1 . 8 2 )
Salem 1 - Nova Jersey <BB e 2 5 . 0 2 . 8 3 )Sequoyah 1 - Tenessee ( 1 9 . 0 4 . 8 4 )
• toledo - Ohio (09.06.B5)G o r e - Oklahoma (06.01.BB)
121
Em 19BB, técnicos descobriram rachaduras na parede
interna da usina Savannah River, cujos r e a t o r e s são o
principal produtor de trítio para as bombas H do F x é r c i t o
(FSP, 1 7 . 1 2 . 8 8 ) .
Seriam esses os únicos acidentes o c o r r i d o s ? Q u a n t a s
anormalidades sequer chegam ao conhecimento p ú b l i c o ?
No final dos anos 70 houve em todo o m u n d o um a c i d e n t e
com combustível nuclear a cada dez semanas. Em 1978 h o u v e 97
nos EUA, dos quais 27 importantes.(58)
Após C h e r n o b y l , a usina de Shoreham - Nova York, pronta
para entrar em f u n c i o n a m e n t o , -foi d e f i n i t i v a m e n t e fechada
(FSP, 2 1 . 1 0 , 8 8 ) .
A usina Rancho Seco ( S a c r a m e n t o / C a l i f ó r n i a ) é a 1a.
central que começa a ser desativada por decisão p o p u l a r ,
segundo 5 3 , 4 % dos e l e i t o r e s . A usina opera há 15 anos e sua
desativação deverá custar P O município cerca de US$ 300
milhões. (fSP, 0 9 . 0 6 . 8 9 )
9) URSS
A primeira central nuclear de potência do país foi
Sibéria 1 (100 MW) em T r o i t s k , que entrou em f u n c i o n a m e n t o no
ano de 1 9 5 8 .
Com 56 reatores em operação (33.823 M W ) e 26 em
construção (21.230 M W ) , a energia nuclear cobre 1 1 % do total
Ot> eletricidade gerada no p a í s .
Possui a herança do mais grave acidente da h i s t ó r i a da
ria nuclear para produção de energia eIétricaí 59 ) ,
122
ocorrido no reator Chernobyl 4, em 2 6 . 0 4 . 8 6 , localizado na
República S o c i a l i s t a S o v i é t i c a da U c r â n i a , que liberou
material radioativo de tal m a n e i r a que r e s í d u o s foram
encontrados tanto nos EUA como no J a p ã o . ( 6 0 )
A AIEA reconheceu que :
" La causa principal dei a c c i d e n t e fue Ia flagrante
m f r a c c i ó n por parte del personal de e x p l o t a c t ó n de normas Y
procedimientos de e x p l o t a c i ó n f i r m e m e n t e e s t a b I e c i d o s , Io que
puso ai reactor en un e s t a d o de i n s t a b i I i d a d . " ( 6 1 )
Vejamos alguns a c o n t e c i m e n t o s e c o n s e q ü ê n c i a s r e l a t i v o s
ao acidente:
- Prejuízos diretos de C h e r n o b y l : US$ 2,9 b i l h õ e s (0G,
2 1 . 0 7 . 8 6 ) .
- Seqüência de seis f a l h a s h u m a n a s c a u s o u o a c i d e n t e de
Chernobyl, segundo o r e l a t ó r i o o f i c i a l . M o r t o s : 31,
Gravemente feridos ; m a i s de 2 0 0 . E v a c u a d o s ; 135.000
pessoas, (FSP, 2 2 . 0 8 . 8 6 )
* Nos próximos 50 anos m o r r e r ã o e n t r e 2.500 e 7 5 . 0 0 0 pessoas
de câncer c o n t r a í d o pela r a d i o a t i v i d a d e , s e g u n d o Robert
Gale, m é d i c o dos EUA. <JB, 2 5 . 0 4 . 8 7 )
* Pela segunda vez os lepões terão que s a c r i f i c a r m i l h a r e s de
renas c o n t a m i n a d a s por r a d i o a t i v i d a d e (desta vez serão
8. 000).(FSP, 1 6 . 1 2 . 8 7 ) .
Há necessidade de policiar a área e v a c u a d a , devido ao
desaparecimento de o b j e t o s v a l i o s o s de igrejas e c a s a s ,
C U J O nível de r a d i a ç ã o ainda e x c e d e o limite suportável
Pelo corpo h u m a n o . (FSP, 1 7 . 0 4 . 8 8 ) ,
123
- 160 c i e n t i s t a s s o v i é t i c o s e de o u t r o s 23 p a í s e s e s t i m a m que
o a c i d e n t e causará 3 0 . 0 0 0 m o r t e s por cancêr nos p r ó x i m o s 50
anos. As vítimas da e v a c u a ç ã o s o f r e m com a d i s t â n c i a e o "se
d e s f a z e r " da antiga m o r a d a . (FSP, 1 2 . 0 5 . B B )
- " Grupo de risco" que poderá ter p r o b l e m a s de saúde d e v i d o
à radiação já totaliza 6 0 0 . 0 0 0 p e s s o a s . (FSP, 0 6 . 0 9 . 8 8 )
- 0 governo soviético iniciou a d e m o l i ç ã o total da c i d a d e de
C h e r n o b y l , que tem m a i s de 8 0 0 anos e onde v i v i a m 10.ODD
pessoas na época do a c i d e n t e . A c o n t a m i n a ç ã o r a d i o a t i v a
impede o r e s t a b e l e c i m e n t o de vida normal na c i d a d e . (FSP,
0 9 . 1 0 . 8 8 ) .
- Cerca de 2 0 0 . 0 0 0 m u l h e r e s da Europa Ocidental d e c i d i r a m
fazer aborto desde o a c i d e n t e , pelo temor de que as r a d i a ç õ e s
pudessem deformar os f e t o s . ( F S P , 2 7 . 1 0 . 8 8 ) .
- A Central Nuclear Chernobyl voltou ao seu ritmo normal de
atividades (com e x c e ç ã o , e v i d e n t e m e n t e , do reator n o . 4 ) . Na
Noruega e na S u é c i a m a i s de 4 0 0 . 0 0 0 renas c o n t a m i n a d a s foram
m o r t a s . (FSP, 3 0 . 0 1 . 8 9 ) .
- Autoridades s o v i é t i c a s d e t e r m i n a r a m o d e s l o c a m e n t o da
população de cinco p o v o a d o s da Ucrânia para o u t r a s regiões do
país em razão do alto nível de r a d i a ç ã o . A m é d i a anual de
câncer entre a p o p u l a ç ã o do distrito de N a r o d i c h s k , a 50 km
de C h e r n o b y l , dobrou desde 1986 (FSP, 0 5 . 0 3 . B 9 ) .
Em 1 9 8 7 , a AIEA, da qual a URSS é m e m b r o , c o n v o c o u uma
conferência internacional com a presença de c i e n t i s t a s
''"viéticos e concluiu que "a e n e r g i a nuclear no seu e s t a d o
"tual é uma fonte de e n e r g i a aceitável e b e n é f i c a " . ( 6 2 )
M a s d e s s a a f i r m a ç ã o não c o m p a c t u a r i a o c i e n t i s t a n u c l e a r
soviético V a l e r y A l e k s c e v i c h L e g a s o v , um d o s i n v e s t i g a d o r e s
a p o n t a d o s em 1 9 8 6 p a r a e x a m i n a r as c a u s a s do d e s a s t r e de
C h e r n o b y l , que se s u i c i d o u em 2 7 . 0 4 . B B . L e g a s o v e s c r e v e um
t e s t a m e n t o f i n a l , no qual diz que l a m e n t a v e l m e n t e a
h u m a n i d a d e tem h o j e m u i t o s l i v r o s e e s c r i t o s s o b r e C h e r n o b y l ,
não t e n d o , e n t r e t a n t o , a n a l i s a d o t o d a s as s u a s l i ç õ e s . Na
verdade não as t e m a p r e n d i d o e c o m p r e e n d i d e .
E s c r e v e : " A f t e r I had b e e n to C h e r n o b y l I r e a c h e d asingle c o n c l u s i o n . T h e a c c i d e n t at C h e r n o b y l w a s thea p o t h e o s i s and t h e h i g h e s t point of all that w a s w r o n g in them a n a g e m e n t o-f our c o u n t r y ' s e c o n o m y and had b e e n so for manyd e c a d e s . T h e b l a m e for the e v e n t s at C h e r n o b y l is not ofcourse an a b s t r a c t c o n c e p t . T h e r e are real g u i l t y p a r t i e s . Weknow now t h a t the s y s t e m of s a f e g u a r d s s u r r o u n d i n g theoperation of t h e r e a c t o r w a s d e f e c t i v e and t h a t s c i e n t i s t sknow this and had put f o r w a r d r e c o m m e n d a t i o n s for theremedying of t h e s e d e f e c t s " . ( 6 3 )
I n d e p e n d e n t e m e n t e de qual p a í s se t r a t a r , os a c i d e n t e s
ocorridos d e n o t a m q u e s u a s c a u s a s em g r a n d e p a r t e f o r a m as
falhas h u m a n a s , a n e g l i g ê n c i a , a i r r e s p o n s a b i l i d a d e , a m á fé
das a u t o r i d a d e s . P o d e - s e a c r e s c e n t a r q u e , p ó s - a c i d e n t e , a
atitude g e n e r a l i z a d a é a f a l t a de i n f o r m a ç õ e s ou m e s m o a
veiculação de i n f o r m a ç õ e s c o n t r a d i t ó r i a s à p o p u l a ç ã o » a f a l t a
de a t i t u d e s que a l i v i a s s e m o o c o r r i d o , no s e n t i d o de e v i t a r
acidentes» a f a l t a de um d i s c u r s o g o v e r n a m e n t a l c o e r e n t e » o
descaso d a s a u t o r i d a d e s ou a a t i t u d e de " s a l v a r a p a r ê n c i a s " ,
na t e n t a t i v a de e s c o n d e r seu p r ó p r i o d e s p r e p a r o ante
ü t u a ç õ e s i n u s i t a d a s e p e r i g o s a s , a i m p o t ê n c i a e f a l t a de
recursos s u f i c i e n t e s das a u t o r i d a d e s , a falta de d i a g n ó s t i c o s
Precisos e t c .
1 8 5
A p ó s o a c i d e n t e de C h e r n o b y l , c o n s i d e r a d o improvável
pelas a u t o r i d a d e s , C h i n a , A l e m a n h a O c i d e n t a l ( 6 4 ) t F r a n ç a ,
Japão, P o l ô n i a , I n g l a t e r r a , EUA e U R S S m a n t i v e r a m e
r e a f i r m a r a m s u a s p o l í t i c a s p r ó - n u c l e a r e s . ( 6 5 )
A u s t r á l i a , G r é c i a , I r l a n d a , I s l â n d a , L u x e m b u r g o , N o v a
Z e l â n d i a , N o r u e g a , P o r t u g a l , T u r q u i a , D i n a m a r c a , Á u s t r i a e
F i l i p i n a s o p t a r a m pela r e n u n c i a à e n e r g i a n u c I e o e l é t r i c a ,
e n q u a n t o q u e F i n l â n d i a , H o l a n d a , I t á l i a , I u g o s l á v i a e S u í ç a
r e e x a m i r a r i a m a s e g u r a n ç a n u c l e a r e o s a r g u m e n t o s
a n t i n u c I e a r e s , e n t e n d e n d o q u e p r i m e i r a m e n t e d e v e r i a h a v e r uma
solução s a t i s f a t ó r i a ao p r o b l e m a d o s r e j e i t o s n u c l e a r e s .
D u r a n t e 1 9 8 8 dez r e a t o r e s f o r a m c a n c e l a d o s ou s u s p e n s o s .
São e l e s í C i r e n e , M o n t a l t o di C a s t r o 1 e 2 ( I t á l i a ) ,
B e l i e f o n t e 1 e 2 , C o m a n c h e Peak 2, S e a b r o o k 2 , W a t t s Bar 2
(EUA) e C h e r n o b y l 5 e 6 ( U R S S ) .
Em a g o s t o de 1 9 8 6 , um m i l h ã o e d u z e n t o s mil i t a l i a n o s já
haviam s u b s c r i t o um a b a i x o - a s s i n a d o q u e r e q u e r i a ao g o v e r n o
um r e f e r e n d o c o n t r a a i m p l a n t a ç ã o de n o v a s u s i n a s n u c l e a r e s
no país ( F S P , 8 1 . 0 8 . 8 6 ) . r e f e r e n d o e s s e q u e se c o n c r e t i z o u em
1987, no qual v o t a r a m 8 0 % d o s i t a l i a n o s , e q u e se d e c i d i u
pelo N i O a e n e r g i a n u c l e a r no p a í s e p e l a n ã o p a r t i c i p a ç ã o na
c o n s t r u ç ã o de u s i n a s no e x t e r i o r ( 0 6 , 1 0 . 1 1 . 8 7 ) .
A H o l a n d a optou pelo c o n g e l a m e n t o d o s p l a n o s de
d e s e n v o l v i m e n t o da e n e r g i a n u c l e a r . S e g u n d o A. M O B E R G , a
energia n u c l e a r n a q u e l e p a í s t e m s i d o o b j e t o de m u i t a
(1'£»cussão e foi tema c e n t r a l de um d e b a t e n a c i o n a l s o b r e
energia que d u r o u três a n o s .
1 2 6
Na I u g o s l á v i a ) por p r e s s ã o da p o p u l a ç ã o , o g o v e r n o
retirou p l a n o s para m a i s c e n t r a i s e na T c h e c o s I o v á q u i a c r e s c e
a p o s i ç ã o c o n t r a novos r e a t o r e s .
A r e n ú n c i a ao nuclear na D i n a m a r c a t a m b é m o c o r r e u após o
f o r t a l e c i m e n t o do m o v i m e n t o a n t i - n u c I e a r . Em s u b s t i t u i ç ã o , o
país t r i l h o u pelo e m p r e g o racional e a l t e r n a t i v o da
e n e r g i a .
A A u s t r á l i a , a G r é c i a , o O r i e n t e M é d i o e v á r i o s p a í s e s
do leste e u r o p e u p o s s u e m p r o g r a m a s a t i v o s em e n e r g i a solar
e/ou o u t r a s e n e r g i a s r e n o v á v e i s .
E s s a s m ú l t i p l a s p o s i ç õ e s ( B S ) vem a d e m o n s t r a r não só o
peso dos m o v i m e n t o s a n t t - n u c I e a r e s nas d e c i s õ e s
g o v e r n a m e n t a i s , m a s r e f o r ç a r a n e c e s s i d a d e do c o n s e n s o
internacional c o n t r a a u t i l i z a ç ã o da e n e r g i a n u c I e o e l é t r t c a ,
uma vez que seus p e r i g o s não p o s s u e m f r o n t e i r a s .
N e s s e s e n t i d o é r e l e v a n t e a p r e o c u p a ç ã o do G r u p o A r c o
íris do P a r l a m e n t o E u r o p e u , que d e f e n d e a r e n ú n c i a c o m p l e t a
da e n e r g i a n u c l e a r até 3 1 . 1 2 . 9 2 . A f i r m a que com a r e a l i z a ç ã o
do m e r c a d o interno da C o m u n i d a d e E u r o p é i a a partir de
0 1 , 0 1 , 9 3 , o a b a n d o n o da e n e r g i a n u c l e a r teria m a i s d i f í c i l ,
uma vez que e x i s t e o p e r i g o de que a c o r r e n t e e l é t r i c a g e r a d a
por r e a t o r e s seja i g u a l m e n t e d e c l a r a d a como m e r c a d o r i a ,
vendida por p a í s e s nucI e a r i z a d o s para p a í s e s não
"ucI ear i z a d o s .
"É c e r t o que, no dia em que a c o n t e c e r em a l g u m lugar do
mundo o p r i m e i r o a c i d e n t e total em uma usina n u c l e a r , s e r ã o
127
imediatamente fechadas todas as d e m a i s u s i n a s . N e n h u m a
população continuará a a c e i t a r viver junto a um e n g e n h o
d e s s e s . . . " ( 6 7 )
Chernobyl - um " s a r c ó f a g o r a d i o a t i v o " por séculos - não
significou esse marco e a p r e v i s ã o não se m a t e r i a l i z o u . Mas a
oposição ao nuclear p e r s i s t e c r e s c e n d o .
A h u m a n i d a d e está d i a n t e de um risco n ã o - v o l u n t á r i o ,
exposta è combinação h o m e m - m á q u i n a que possui uma interface
desconhecida e que encerra sua total v u l n e r a b i l i d a d e .
A usina mais segura, não há d ú v i d a , é aquela que sequer
foi pi a n e j a d a .
Desse p o s i c i o n a m e n t o p o s s i v e l m e n t e c o n c o r d a r i a Jean-Marc
LEVY-LEBLOND, físico, que a f i r m a ter medo das c e n t r a i s
nucleares por não entender como p o d e m f u n c i o n a r . "Diante desistemas complexos e g i g a n t e s c o s , integrando t o n e l a d a s deconcreto, m i r í a d e s de m i n ú s c u l o s t r a n s i s t o r e s , q u i l ô m e t r o s detubulações, escoando f l u x o s de e l e t r i c i d a d e , vapor edinheiro, b a s e a d o s no t r a b a l h o de m i l h a r e s de o p e r á r i o s eengenheiros, nas d e c i s õ e s de c e n t e n a s de p o l í t i c o s etecnocratas, sofro de v e r t i g e m . Não entendo porque funcionaporque não entendo c o m o " . ( 6 8 )
1 2 B
N O T A S E R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S
< 1 ) I n d ú s t r i a n u c l e a r e s o c i e d a d e d e m o c r á t i c a . In. : E c o l o q i af ç u I t u r a . B e l o H o r i z o n t e , I m p r e n s a O f i c i a l , 1 9 8 3 . p . 1 3 7 .
(? ) N a l í n g u a a l e m ã , a p r ó p r i a r a d i o g r a f i a p o s s u i o n o m e d eseu d e s c o b r i d o r : R o e n t g e n a u f n a h m e .
( 3 ) A s p r i n c i p a i s u n i d a d e s d e r a d i a ç ã o , u t i l i z a d a s p a r ai n d i c a r q u a n t i t a t i v a m e n t e o s e f e i t o s d a s r a d i a ç õ e s s o b r e am a t é r i a , s e g u n d o S A F F I O T I , s ã o :a) c u r i e ( c ) - é a a t i v i d a d e d e u m a f o n t e e m i s s o r a q u e s o f r e3,7 x 1 0 ( 1 0 ) d e s i n t e g r a ç õ e s p o r s e g u n d o .b ) r u t h e f o r d ( r d ) - é a a t i v i d a d e d e u m a f o n t e r a d i o a t i v a q u ee m i t e 1 0 ( 6 ) r a d i a ç õ e s p o r s e g u n d o .c ) r o e n t g e n ( r ) - s e b a s e i a no e f e i t o t o n i z a n t e p r o v o c a d op e l a s r a d i a ç õ e s e m á t o m o s d e m o l é c u l a s d o ar a t m o s f é r i c o .d ) r a d - r a d i a t i o n a b s o r v e u d o s e = d o s e a b s o r v i d a d er a d i a ç ã o . É a d o s e d e r a d i a ç ã o n a q u a l há u m a a b s o r ç ã o d ee n e r g i a d e 1 0 0 e r g s p o r g r a m a d e m a t é r i a .e ) R B E - r e l a t i v e b i o l o g i c a l e f f e c t i v e n e s s = e f i c i ê n c i ab i o l ó g i c a r e l a t i v a . C a p a z d e c o n j u g a r a e n e r g i a a b s o r v i d a eos e f e i t o s b i o l ó g i c o s p r o d u z i d o s p e l o s d i f e r e n t e s t i p o s d er a d i a ç ã o .f) R e m - R o e n t g e n e q u i v a l e n t m a n . E s t a u n i d a d e c o m p a t i b i l i z aa e n e r g i a i o n i z a n t e a b s o r v i d a p e l o o r g a n i s m o h u m a n o e an a t u r e z a d a r a d i a ç ã o i n c i d e n t e , o u s e j a , o s s e u s e f e i t o ss o b r e o s t e c i d o s .
( 4 ) F i s s ã o N u c l e a r - o s á t o m o s p e s a d o s c o m o u r â n i o e p l u t õ n i ose d i v i d e m q u a n d o a t i n g i d o s p o r u m n e u t r o n , u m a p a r t í c u l as u b a t ô m i c a . A o s e p a r t i r , o n ú c l e o d e s s e e l e m e n t o l i b e r ae n e r g i a p a r a a t i v a r u m a b o m b a n u c l e a r o u u m r e a t o r n u c l e a r ,p. e x .
( 5 ) A n u a l m e n t e e m H i r o s h i m a s e r e a l i z a m c o n c e n t r a ç õ e s noP a r q u e d a P a z , p a r a l e m b r a r a e x p l o s ã o d a p r i m e i r a b o m b aa t ô m i c a u t i l i z a d a c o n t r a s e r e s h u m a n o s . E m 1 9 8 6 , d o i sP a r e n t e s d e v í t i m a s d a b o m b a c o l o c a r a m n u m m e m o r i a l u m a l i s t a<*? 4 . 9 4 1 p e s s o a s q u e m o r r e r a m e m 1 9 8 5 v i t i m a d a s p e l ar a d i a ç ã o . M a i s d e 1 4 0 . 0 0 0 n o m e s já f o r a m a f i x a d o s n om o n u m e n t o , A b o m b a d e H i r o s h i m a f e z m a i s d e 1 1 0 . 0 0 0 v í t i m a s• a t a i s e m m e n o s d e d e z m i n u t o s , e n q u a n t o q u e e m N a g a s a k i abo m b a m a t o u m a i s d e 6 0 , 0 0 0 p e s s o a s . ( F S P , 0 7 . 0 8 . 8 6 ) .
M u i t o s e t e m e s c r i t o s o b r e H i r o s h i m a d e s d e 1 9 4 5 , V e r , p ,••'*• '• * L I F T O N , R o b e r t J a y . 0 q u e se p o d e a p r e n d e r c o mH e A c o n e x ã o H i r o s h i m a . In! 0 F u t u r o d a
e n s a i o s p a r a u m a e r a n u c l e a r . S P , T r a j e t ó r i au'tural, 1989. p. 51-77.
1 2 9
* I B U S E , M a s u j i . C h u v a n e g r a . S P , M a r c o Z e r o . 1 9 8 8 .Q u a n t o a o s c i e n t i s t a s , c e r t a m e n t e c o m p r e e n d e r a m s u a
c o n t r i b u i ç ã o n a t r a g é d i a . " E s s a p o s i ç ã o foi p r i m e i r om a n i f e s t a d a p e l o p r ó p r i o R o b e r t o O p p e n h e i m e r , c o o r d e n a d o rc i e n t í f i c o d o l a b o r a t ó r i o d e L o s A l a m o s , l o g o a p ó s r e c e b e r u mr e l a t o s o b r e o q u e a c o n t e c e r a c o m H i r o s h i m a s o b a b o m b a . E l ed e c l a r o u q u e , n a q u e l e m o m e n t o , " o s f í s i c o s c o n h e c e r a m op e c a d o " ". ( F S P , 2 2 . 0 7 . B 9 )
I s i d o r I s a a c R a b i ( P r ê m i o N o b e l d e F í s i c a e m 1 9 4 4 ) , u mdos c r i a d o r e s d a b o m b a a t ô m i c a n o r t e - a m e r i c a n a , m o r r e u e m1 f . D 1 . B 8 . A b o m b a a t ô m i c a h a v i a m a r c a d o s u a v i d a , b e m c o m o ados o u t r o s m e m b r o s d o P r o j e t o M a n h a t t a n , q u e , a p ó s a e x p l o s ã ode 1B d e j u l h o , se s e n t i r a m s a t i s f e i t o s m a s a t e r r o r i z a d o s ea c i m a d e t u d o e n v e r g o n h a d o s . C o m o f i m d a g u e r r a R a b i p a s s o ua t r a b a l h a r a f a v o r d e u m a u t i l i z a ç ã o e x c l u s i v a m e n t e p a c í f i c ada e n e r g i a n u c l e a r . ( F S P , 1 3 . 0 1 . 8 8 )
< 6 ) G I R O T T I , C a r l o s A . 0 p . c i t . p . 2 2 7 .
( 7 ) H A W K E S , N i g e l e t a l i i . C h e r n o b y l : o f i m d o s o n h on u c l e a r . R J , J o s é O l y m p i o , 1 9 8 6 . p . 2 1 .
( 8 ) A b o m b a H d i f e r e d a b o m b a A ( f i s s ã o n u c l e a r , a u r â n i o o up l u t ô n i o ) e " o p e r a p e l a e n o r m e l i b e r a ç ã o d e e n e r g i a q u a n d oda f u s ã o d e n ú c l e o s d e d e u t é r i o ( o h i d r o g ê n i o d a á g u ap e s a d a ) . P a r a q u e i s s o p o s s a o c o r r e r é p r e c i s o u m at e m p e r a t u r a d e u m m i l h ã o d e g r a u s , s ó o b t i d a c o m u m a b o m b a d ef i s s ã o . D e s t a f o r m a , t e n d o u m p o d e r d e s t r u t i v o t é r m i c o em e c â n i c o m u i t o m a i o r , a r a d i o a t i v i d a d e d a b o m b a H ée q u i v a l e n t e à d a b o m b a A q u e é a s u a " e s p o l e t a " ". ( M E N E Z E S ,L u í s C a r l o s d e . A s a r m a s n u c l e a r e s n o B r a s i l . S o e i ai i s m o &D e m o c r a ç f a f 1 ( 2 ) ; 9 2 , a b r . / j u n 1 9 8 9 . )
O p p e n h e i m e r e R a b i s e p o s i c i o n a r a m c o n t r á r i o s àf a b r i c a ç ã o d a b o m b a M .
( 9 ) A p a r t i r d e e n t ã o v á r i o s p a í s e s c o m e ç a r a m a t e s t a r s e u sa r t e f a t o s n u c l e a r e s , i n c l u i n d o a í n d i a ( p r i m e i r o p a í ss u b d e s e n v o l v i d o a p o s s u i r a b o m b a ) , C h i n a , F r a n ç a , e t c .
O s t e s t e s c o n t i n u a m a a u m e n t a r a r a d i a ç ã o n a a t m o s f e r a e*e há m a i s d e c i n q ü e n t a a n o s o s r a d i o b i ó I o g o s v ê me s t a b e l e c e n d o p a d r f t e s d e s e g u r a n ç a p a r a a r a d i a ç ã o , h á t a m b é muma t e n d ê n c i a d e r e s t r i n g i - l o s c a d a v e z m a i s ( H A W K E S , N i g e let a i i i . 0 p . c i t . p . 2 4 ) .
V e r t a m b é m o a r t i g o d e A n s e l m o S . P Á S C H O A . N u c l e a r a n d2l£!LLc a n a l y t i c a l t e c h n i q u e s in e n v i r o n m e n t a l s t u d i e s ina Q " T h * m e n c a . P U C / R J , s . d . , no q u a l o a u t o r a n a l i s a n aA é do Sul a r a d i o a t i v i d a d e n a t u r a l , b e m c o m o a q u e l a
d o s t e s t e s n u c l e a r e s . ( N e s t e c o n t i n e n t e n e n h u m p a í sr e a l i z a t e s t e s n u c l e a r e s ) .
1 3 0
( 1 0 ) A m e i a - v i d a ( p e r í o d o d e s e m i t r a n s f o r m a ç ã o n e c e s s á r i op a r a q u e m e t a d e d o s á t o m o s d e u m i s ó t o p o r a d i o a t i v o s o f r ad e s i n t e g r a ç ã o ) d o p l u t ô n i o é d e 8 4 . 4 0 0 a n o s . I s s o s i g n i f i c aq u e s ã o n e c e s s á r i a s d e z m e i a s - v i d a s ( o u 8 4 4 . 0 0 0 a n o s ) p a r aq u e a q u a n t i d a d e i n i c i a l f i q u e r e d u z i d a a u m m i l é s i m o e v i n t em e i a s - v í d a s ( o u 4 B B . 0 0 0 a n o s ) p a r a q u e r e s t e u m m i l i o n é s i m od a q u a n t i d a d e i n i c i a l . E s s a q u a n t i d a d e , e n t r e t a n t o , a i n d a és u f i c i e n t e p a r a a r r u i n a r a v i d a . 0 p l u t ô n i o é u m n o v o t i p o d eá t o m o , p r o d u t o d a t e c n o l o g i a h u m a n a .
( 1 1 ) H A W K E S , N i g e l e t a l i i . 0 p . c i t . P . 3 4 - 5 .
( 1 2 ) P Á S C H O A , A n s e l m o S . Q u e s t ã o n u c l e a r b r a s i l e i r ad e s e n v o l v i m e n t o s r e c e n t e s . B o l e t i m I n f o r m a t i v o d a S B F1 Q ( 3 > : 4 8 . o u t . 1 9 B B .
( 1 3 ) P a r a m a i o r a d e n t r a m e n t o n o a s s u n t o v e r o l i v r o d eR i c h a r d O R M E R O D , A b r i g o s n u c l e a r e s . L i s b o a , C e t o p , 1 9 8 3 , q u ed e f e n d e a p o s i ç ã o d e q u e c o n s t r u i r e p r o c u r a r a b r i g o s c o n t r ao s e f e i t o s d a s a r m a s é u m a m e d i d a s e c u n d á r i a . A m e d i d ap r i m á r i a c o n c e n t r a - s e e m p r e s s i o n a r o s p o d e r e s v i g e n t e s p e l od e s a r m a m e n t o t o t a l .
C e r t o é q u e a h u m a n i d a d e e s t á n a s m ã o s d e u mr e d u z i d í s s i m o n ú m e r o d e p e s s o a s e d e c o m p u t a d o r e s , q u e p o s s u io p o d e r d e s o l t a r o " g ê n i o d o m a l " d a l â m p a d a d e A l a d i m , c o m ov e m a c o m p r o v a r , e m p a r t e , o m i n ú s c u l o a r t i g o : U m o f i c i a lc o m a f u n ç ã o d e a p e r t a r o b o t ã o . Ç m F o c o . 6 ( 6 1 ) : 2 7 , j a n ,1 9 8 8 .
( 1 4 ) S H R A D E R - F R E C H E T T E , K . S . E n e r g i a n u c l e a r w b i e n e s t a rp ú b l i c g , M a d r i d , A l i a n z a , 1 9 8 3 . p . 1 5 .
( 1 5 ) P A T T E R S O N , W a l t e r C . L a e n e r g i a n u c l e a r . M a d r i d , H .BI u m e , 1 9 8 2 . P. 2 7 3 .
( 1 6 ) A d i s c u s s ã o s o b r e o s r e j e i t o s d e b a i x a , m é d i a e a l t ar a d i o a t i v i d a d e ) p r o v e n i e n t e s d e r e a t o r e s n u c l e a r e s , s e r áa p r o f u n d a d a n o c a p í t u l o IV.
< 1 7 ) P A T T E R S O N , W a l t e r C . O p . c i t . P . 2 B 1 .
< 1 8 ) L E I O , M a n o e l L u i z . E n e r g i a N u c l e a r , e n e r g i a e l é t r i c a eP o l í t i c a e n e r g é t i c a . E n e r g i a F o n t e s A l t e r n a t i v a s . 3 ( 1 7 ) : 7 ,n o v / d e z . 1 9 8 1 .
1 3 1
( 1 9 ) P R I N G L E , P e t e r & S P I G E L M A N , J a m e s . L o s b a r o n e sC l e a r e s . B a r c e l o n a , P l a n e t a , 1 9 8 4 . p . 2 8 3 .
( 2 0 ) T h r e e M i l e I s l a n d e C h e r n o b y l s e r ã o a b o r d a d o s no i t e mR e a t o r e s n o M u n d o ,
si a n dd e s t e
J o s éB a . e d
e C h e r n o b yc a p í t u l o .
0 a u e. P. 2 5 .
I s e r a o a b o r
é e n e r a i a
dad
nu
OS no
ear .( 2 1 ) G O L D E M B E R G , J o s é . O q u e é e n e r g i a n u c l e a r . S P ,B r a s i I l e n s e , 1 9 B 6 ,
( 2 2 ) L A G A D E C , P a t r i c k . O p . c i t . p . 1 9 0 .P a r a a p r o f u n d a m e n t o d a h i s t ó r i a d a d e s c o b e r t a da
r a d i o a t i v i d a d e n a t u r a l e da a r t i f i c i a l . b e m c o m o m a i o rc o m p r e e n s ã o d o i m b r i c a m e n t o e n t r e o u s o m i l i t a r e p a c í f i c o d ae n e r g i a n u c l e a r ver :* S A F F I O T I , W a l d e m a r . F u n d a m e n t o s d e e n e r g i a n u c l e a r .P e t r ó p o l i s , V o z e s , 1 9 8 2 .* H A W K E S , N t g e l et a l i i . I b i d e m .* P A T T E R S O N , W a l t e r C . l e i d e m .* S H R A D E R - F R E C M E T T E , K. S. I b i d e m .* C U N H A , R i c a r d o L i s b o a d a . E n e r g i a n u c l e a r e e c o l o g i a .
B o l e t i m d a F E E M A . 6 ( 2 ) : 4 1 - 6 , s e t . 1 9 8 0 .* L E I O , M a n o e l L u i z . I b i d e m .* L O U R E I R O , M a r c o s D a n t a s . E n e r a i a n u c l e a r . R J , B l o c h / M M E /
M E C , 1 9 8 0 .* F R E I R E - M A I A , A d e m a r . G u e r r a e paz c o m e n e r o i a n u c l e a r . S P ,
á t i c a , 1 9 8 4 .* P R I N G L E , P e t e r & S P I G E L M A N , J a m e s . I b i d e m .* C R O A L L , S t e p h e n & S E M P L E R , K a i a n d e r s . I b i d e m .* G O L D E M B E R G , J o s é . 0 a u e é e n e r o i a n u c l e a r .* H O Y L E , F r e d . E n e r g i a o c x t m c i ó n ? En d e f e n s a d e Ia e n e r g i a
n u c l e a r , M a d r i d , A l i a n z a , 1 9 8 1 .* K A K ü , M i c h i o & T R A I N E R , J e n n i f e r < o r g . ) . La e n e r o i a
n u c l e a r A r g u m e n t o s en f a v o r e en c o n t r a d e Ia m á sc o n t r o v e r t i d a d e las t e c n o l o g ' i a s a c t u a t e s . B u e n o s A i r e s ,G e d i s a , 1 9 8 6 .
* G A L V A N , G e s a r e G i u s e p p e , E x p a n s ã o n u c l e a r a l e m ã : E s t a d o ,c a p i t a l . m e r c a d o m u n d i a l . F l o r i a n ó p o l i s / R e c i f e , U F S C /C e n t r o J o s u é d e C a s t r o , 1 9 8 8 .
<23> " U m s i m p l e s e x e r c í c i o de a r i t m é t i c a n o s p e r m i t ec o n s t a t a r q u e , ao c a b o de 2 5 a n o s , a e n e r g i a p r o d u z i d a p e l a sc e n t r a i s n u c l e a r e s é p r a t i c a m e n t e igual à e n e r g i a c o n s u m i d a"a i m p l a n t a ç ã o d e s s a s c e n t r a i s " . C A R V A L H O , J o a q u i m &G O L D E M B E R G , J o s é . E c o n o m i a e p o l í t i c a da e n e r o i a . p . 5 7 .
Ver t a m b é m D U A R T E , R o d r i g o A n t o n i o d e P a i v a . O p . c i t . p .135.
1^4) um a r g u m e n t o e m v o g a h o j e , d i r e t a m e n t e r e l a c i o n a d o aoe f e i t o e s t u f a " é o d e q u e as u s i n a s n u c l e a r e s n ã o c o n t r i b u e m
1 3 2
d i r e t a m e n t e p a r a a c o n t a m i n a ç ã o a t m o s f é r i c a , n o q u e d i zr e s p e i t o a o a u m e n t o d e d i ó x i d o d e c a r b o n o . N a c o m p a r a ç ã oc a r w ã o - e n e r g i a n u c l e a r , P O I S , a ú l t i m a l e v a r i a v a n t a g e m .P o d e r í a m o s e n u m e r a r t r ê s d i f e r e n t e s p o s i ç õ e s q u a n t o àq u e s t ã o :1 a . ) n ã o a o c a r v ã o e s i m à e n e r g i a n u c l e a r . T a l p o s t u r a foic l a r a m e n t e d e f e n d i d a n o R e l a t ó r i o d o G r u p o d e E s t u d o s d aP o l i t t c a d e E n e r g i a N u c l e a r e n t i t u l a d o E n e r g i a N u c I e a r .flvffrt5es e P o ç õ e s ; v i s ã o g e r a l , d a F u n d a ç ã o F o r d , p u b l i c a d oem 1 9 7 7 , A a n á l i s e r e a l i z a d a a p o n t a q u e a e n e r g i a n u c l e a ra p r e s e n t a c u s t o s m e n o r e s d o q u e o c a r v ã o q u a n t o à s a ú d e ; q u eseu i m p a c t o a m b i e n t a l é m e n o s p r e j u d i c i a l q u e o d o c a r v ã o ;q u e a m i n e r a ç ã o d o c a r v ã o t e m u m e f e i t o m a i s p e r t u r b a d o rs o b r e a t e r r a d o q u e o u r â n i o , s e n d o q u e s e u s d e s p e j o s á c i d o sp o l u e m a t e r r a ; q u e a c o m b u s t ã o d o c a r v ã o p r o v o c a c h u v a sá c i d a s e m a i o r p r o d u ç ã o t é r m i c a . C o n c l u i p e l a i m p o r t â n c i a e ms u b s t i t u i r o c a r v ã o p e l a e n e r g i a n u c l e a r , j á q u e e s t ã oc o n v e n c i d o s d o a r m a z e n a m e n t o p e r m a n e n t e e s e g u r o d o s r e s í d u o sn u c I e a r e s .
E m d e p o i m e n t o n a C P I d o A c o r d o N u c l e a r ( v o l . V I , t o m oIV, p , 3 0 5 ) H e r v á s l o G u i m a r ã e s d e C a r v a l h o ( e x - p r e s i d e n t e d aC N E N ) n o d i a 3 0 . 0 5 . 7 9 , a f i r m a v a q u e u m a u s i n a d e c a r v ã op r o d u z , n o m í n i m o , o d o b r o d a r a d i o a t i v i d a d e d e u m a u s i n an u c l e a r , q u e n o r m a l m e n t e p r o d u z 4 0 0 v e z e s m a i sr a d i o a t i v i d a d e .
E s s a p o s i ç ã o se f o r t a l e c e à m e d i d a q u e o " e f e i t o e s t u f a "i r r a d i a c a d a v e z m a i s i n t e n s a m e n t e s u a s c o n s e q ü ê n c i a si m e d i a t a s n o m u n d o .
2 a , ) s i m a o c a r v ã o e n ã o à e n e r g i a n u c l e a r .V i n c e T A Y L O R , e m s e u a r t i g o " V i v i r s i n e n e r g i a n u c l e a r "
( p u b l i c a d o n o l i v r o o r g a n i z a d o p o r M i c h i o K a k u e J e n n i f e rT r a i n e r ) , d e f e n d e a n ã o u t i l i z a ç ã o d e e n e r g i a n u c I e o e I é t r i c a ,a p o n t a n d o a a l t e r n a t i v a c a r b o n í f e r a p a r a p r o d u ç ã o d e e n e r g i ae l é t r i c a . A f i r m a q u e o c a r v ã o p r o d u z c i n c o v e z e s m a i se l e t r i c i d a d e q u e o p e t r ó l e o o u a e n e r g i a n u c l e a r , a c r e d i t a n d of i r m e m e n t e n a r e d u ç ã o d a c o n t a m i n a ç ã o e d a p o l u i ç ã o , a t r a v é sda i n s t a l a ç ã o d e e q u i p a m e n t o s p r ó p r i o s .
J o h n G O F M A N , i g u a l m e n t e c o n t r á r i o à e n e r g i a n u c l e a r ,e n t e n d e e x i s t i r e m e x c e l e n t e s p r o c e s s o s d e p u r i f i c a ç ã o ed i s p o s i t i v o s a n t i - p o I u i ç ã o n o q u e s e r e f e r e a o s c o m b u s t í v e i s .Mas n i s s o n ã o h o u v e i n v e s t i m e n t o s . S e r e c u s a a a c e i t a r ai m p o s i ç ã o d a a l t e r n a t i v a " e n e r g i a n u c l e a r l i m p a ouc o m b u s t í v e i s c l á s s i c o s p o l u e n t e s " .
R o g é r i o C é s a r d e C E R Q U E I R A L E I T E e m a r t i g o" C a r v ã o , a g r a n d e e s p e r a n ç a n e g r a n a e n e r g2 8 . 0 2 , 8 8 ) , i n f o r m a q u e a s r e s e r v a s c o n f i r m a d a s( c e r c a d e 6 0 0 b i l h õ e s d e t o n e l a d a s ) s ã o s u p e r i o r e sr e s e r v a s m e d i d a s e i n f e r i d a s d e p e t r ó l e o , g á su r â n i o , h a v e n d o , p o r o u t r o l a d o , o p r o b l e m a d o sp r o d u ç ã o d e e l e t r i c i d a d e a p a r t i r d o c a r v ã o ,' • m i t e s d e p o l u i ç ã o a c e i t á v e i s é a t u a l m e n t ed i s p e n d i o s a q u a n t o a a l t e r n a t i v a n u c l e a r c o r r e n t e ,r e a t o r e s a á g u a p r e s s u r t z a d a , o u e q u i v a l e n t e '
inti tia"
ulado(FSP,
do carà somanaturcusto
dentro( ), ou
ais.
se
vãodas
e"A
dostãoja.
n
1 3 3
3a.) não ao c a r v ã o e à e n e r g i a n u c l e a r .Esse p o s i c i o n a m e n t o é d e f e n d i d o por En z o T I E Z Z I e Hazel
HENDERSON. T a m b é m por Jan BEYEA (ver a r t i g o " I d é i a sS e c u n d á r i a s " . no livro de M i c h i o Kaku e J e n n i f e r T r a i n e r ) eAmory L 0 V I N 5 & L. Hunter L O V I N S (ver a r t i g o " C o n c i l i a d o r a ssendas e n e r g é t i c a s " , do m e s m o l i v r o ) .
(25) Para m a i o r i n f o r m a ç ã o s o b r e t i p o s de r e a t o r e s ver* PATTERSON, Walter. Op. cit. p. 35-96.* SAFFIOTl, Waldemar. O P . cit. p. 130-4.* LOUREIRO, Marcos Dantas. 0p. cit. p. 25 e sgtes.* PLANO 2010 do MME/ELETROBRiS. p. 74-6.* HAWKES, Nigel et alii. Op. cit. p. 3B-9.
(26) MOBERG, Asa. e n e r g i a nuclear en c r i s i s Antes vs.I., s.d. p. 4.
(27) B O L E A , M a r i a T e r e s acentrales n u c l e a r e s . M a d r i d ,
Estevan.CIFCA, 1978. p
Impacto a m b i e n t a l de91
(28) C A R V A L H O , J o a q u i m . Os E f e i t o s da e n e r g i a n u c l e a r s o b r e omeio a m b i e n t e . R u m o s do De r,enw» I v ntu-uTu. 4 ( 2 1 ) : 7,jan./fev. 1 9 8 0 .
(29) GALVAN, C e s a r e G i u s e p p e . A d i f u s ã o da i n d ú s t r i a n u c l e a r .C o n s i d e r a ç õ e s p r e l i m i n a r e s a o s p r o g r a m a s l a t i n o - a m e r i c a n o s .Revista de E c o n o m i a P o l í t i c a . 3 ( 4 ) : 1 1 3 , o u t . / d e z . 1 9 8 3 ,
(30) G A L V A N , C e s a r e G i u s e p p e .Estado, c a p i t a l , m e r c a d o m u n d i a l
E x p a n s ã o n u c l e a r a l e m ãP. 9.
(31) A r a d i o a t i v i d a d e a t m o s f é r i c a a u m e n t a , c o m o já foimen c i o n a d o , d e v i d o aos t e s t e s n u c l e a r e s e f e t i v a d o s pordiversos p a í s e s .
Por sua v e z , as us i n a s n u c l e a r e s t a m b é m c o n t r i b u e m p a r aesse a u m e n t o . " E n t r e t a n t o , à m e d i d a que e v o l u e m as p e s q u i s a ssobre os e f e i t o s d a s r a d i a ç õ e s n o s o r g a n i s m o s v i v o s , há umatendência em se d i m i n u i r a d o s e p e r m i t i d a de e x p o s i ç ã o docorpo h u m a n o . A s s i m , a t u a l m e n t e , a dose de t o l e r â n c i a e s t áfixada em 5 rem por ano para os t r a b a l h a d o r e s de c e n t r a i snucleares c o m 8 h o r a s de a t i v i d a d e d i á r i a ( m é d i a de 3 m i l i r e mPor h o r a ) e d e 0,5 rem por anoV | 2 i n h a n ç a s d a s u s i n a s n u c l e a r e s " ,
E em c a s o s de a c i d e n t e s ?tolerância ?
para os habitantes(SAFFIOTl, P. 155-B).Quais seriam as doses
das
de
1 3 4
( 3 9 ) H E R M F . S , G a b r i e l . O P r o g r a m a N u c l e a r B r a s i l e i r o .B r a s í l i a . S e n a d o F e d e r a l , 1 9 7 9 . ( d i s c u r s o p r o n u n c i a d o n as e s s ã o d o d i a 0 9 . 0 8 . 7 9 ) . p . 1 7 .
( 3 3 ) A p r e s e n t a m o s d a d o s c o l e t a d o s e m d i f e r e n t e s f o n t e s , a f i mde q u e se p o s s a v e r i f i c a r a d i v e r g ê n c i a d e i n f o r m a ç õ e s .
( 3 4 ) P R A D O , L u i z C i n t a d o . T h r e e M i l e I s l a n d , o p i n i ã o p ú b l i c ae p r o g r a m a s n u c l e a r e s . D i o e s t o E c o n ô m i c o . 3 7 ( 2 7 4 ) i 6 B ,s e t . / o u t . 1 9 B D .
(35) L O U R E I R O , M a r c o s D a n t a s . O p . c i t .
( 3 6 ) S o m e n t e n o f i n a l d e 1 9 8 1 f o r a m i n i c i a d o s o s t r a b a l h o s d ed e s m o n t e d a r o c h a p a r a a s f u n d a ç õ e s , c f . A L V E S , R e x N a z a r é .P o l í t i c a N a c i o n a l d e E n e r g i a N u c l e a r . M M E / C N E N . ( C o n f e r ê n c i ap r o f e r i d a na E S G a 2 9 d e j u l h o d e 1 9 8 3 ) . p . 4 8 - 9 .
( 3 7 ) O I E A . L a c o o p e r a c i ó n t é c n i c a ai s e r v i c i o d e i p r o o r e s oi u s t r i a , j ul . / B 5 . p . 9 .
( 3 8 ; H E R M E S , G a b r i e l , O P r o g r a m a N u c l e a r B r a s i l e i r o .B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 6 . ( d i s c u r s o p r o n u n c i a d o n as e s s ã o d e 2 2 . 0 4 . 8 6 ) . P . 3 .
( 3 9 ) A L V E S , R e x N a z a r é . P r o g r a m a N u c l e a r B r a s i l e i r o .A p r e s e n t a d o e m 0 6 , 0 5 . 8 7 a S u b c o m i s s ã o d o s D i r e i t o s P o l í t i c o s ,d o s D i r e i t o s C o l e t i v o s e G a r a n t i a s d a C o m i s s ã o d a S o b e r a n i a edos D i r e i t o s e G a r a n t i a s d o H o m e m e d a M u l h e r n a A s s e m b l é i aN a c i o n a l C o n s t i t u i n t e , p , 6 ,
0 t o t a l f o r n e c i d o p o r R e x N a z a r é d i 2 r e s p e i t o a o a n o d e1 9 8 5 , s e g u n d o a A I E A .
V e r G O L D E M B E R G , J o s é . E n e r g i a N u c l e a r , s i m o u n i o ? R J ,J o s é O I y m p i o . p . 1 1 9 .
<40) IAEA N e w s F e a t u r e s , n o . 1, 1 5 . 0 4 . 8 8 . P. B.
^41) Os p a í s e s - m e m b r o s da AIEA são 1 1 3 , m a s os d a d o s sereferem a 199 p a í s e s e á r e a s .
( 4 2 ) R i c a r d o A r n t , e m e n t r e v i s t a g r a v a d a p e l a a u t o r a e m1 1 . 0 5 , 8 9 no R i o d e J a n e i r o , r e l a t a q u e , c o n v i d a d o p a r aP a r t i c i p a r d e u m a r e u n i ã o d a A I E A e m V i e n a / Á u s t r i a , p e r c e b e u
d e l a p a r t i c i p a r a m p e s s o a s n o r m a i s , " b a n a i s , n e m
1 3 5
f a s c i s t a s , n e m d e e s q u e r d a (....) q u e e s t ã o m e x e n d o c o m ae n e r g i a n u c l e a r e q u e -ficam c o m p l e t a m e n t e o f e n d i d a s a o v o c êd i z e r p a r a e l a s q u e e l a s e s t ã o t r a b a l h a n d o p a r a u m b r a ç om i l i t a r . . . (....) N ã o t e m s e n t i d o , é p r e c i s o p e r c e b e r i s s o .r' p r e c i s o e n t e n d e r q u e t e m n o m u n d o p r o g r a m a s n u c l e a r e sp a c í f i c o s se e x p a n d i n d o . V á r i o s p a í s e s g e r a m u m a q u a n t i d a d ede e n e r g i a e n o r m e " .
( 4 3 ) O u q u e s e e n v e r e d a m a i s e m a i s n a f a b r i c a ç ã o d e a r m a sa t ô m i c a s e c o n s e q u e n t e m e n t e r e a l 1 2 a t e s t e s n u c l e a r e s ?
A a s s o c i a ç ã o e c o l o g i s t a i n t e r n a c i o n a l G r e e n p e a c e , p a r ac i t a r a p e n a s u m e x e m p l o , t r a b a l h a d e s d e s u a f u n d a ç ã o e m 1 9 7 2por u m m u n d o n ã o n u c l e a r . S e u s p r i m e i r o s t r a b a l h o s em a n i f e s t a ç õ e s f o r a m c o n t r a o s t e s t e s n u c l e a r e s .
P a r a a p r o f u n d a m e n t o n o a s s u n t o v e r o l i v r o d e F e r n a n d oG A B E I R A . G r e e n p e a c e . v e r d e g u e r r i l h a d a p a z . S P , C l u b e d ol i v r o , 1 9 8 8 .
( 4 4 ) F u n d a m e n t a l p a r a m e l h o r a n á l i s e d o s m o v i m e n t o s a n t i -n u c l e a r e s é o l i v r o de* A l a t n T O U R A I N E . L a o r o p h é t i e e n t i -re IJ r I é a i r e . P a r i s , S e u i I , 1 9 8 0 .
E s c r i t o e m p a r c e r i a c o m F r a n c o i s D u b e t , M i c h e l W i e v i o r k ae Z & u z s a H e g e d u s , p e s q u i s a e a n a l i s a d o i s m o v i m e n t o s a n t i -n u c l e a r e s d i s t i n t o s n a F r a n ç a ( u m e m P a r i s e o u t r o e mM a l v i l l e ) n a d é c a d a d e 7 0 .
O s a u t o r e s e n t e n d e m o m o v i m e n t o a n t i - n u c l e a r c o m o u m aluta p e l a d i r e ç ã o d a h 1 s t o r i c 1 d a d e , c o n t r a a " s o c i e d a d e d op í u t ó n i o " , a f a l s a m o d e r n i z a ç ã o e a t e c n o c r a c i a .
O s e c o l o g i s t a s c o n t e s t a m q u e a i n d ú s t r i a n u c l e a r s e j auma s o l u ç ã o e s t r i t a m e n t e t é c n i c a , n e u t r a e p r o g r e s s i s t a eq u e r e m m o s t r a r q u e i m p o n d o o n u c l e a r s e i m p õ e u m t i p o d es o c i e d a d e q u e é n ã o a p e n a s u m a c o n t i n u i d a d e d a s o c i e d a d ea t u a l , f u n d a m e n t a d a s o b r e c r i t é r i o s d o c r e s c i m e n t o e d oc o n s u m o , m a s q u e se t o r n a , p o r c a u s a d a s p r ó p r i a s c o n d i ç õ e sda e n e r g i a n u c l e r , c a d a v e z m a i s c e n t r a l i z a d a e c o n t r o l a d alp. 4 2 ) ,
E x e m p l o d i s s o f o i a m a n i f e s t a ç ã o a n t t - n u c l e a r d e 6 0 , 0 0 0p e s s o a s e m M a l v i l l e ( e m 3 1 , 0 7 . 7 7 ) , n a q u a l h o u v e u m ai n t e r v e n ç ã o d i r e t a d a p o l í c i a , r e s u l t a n d o n a m o r t e d e u m">i I i t a n t e ,
< 4 5 ) C R O A L L , S t e p h e n & S E M P L E R , K a i a n d e r s . 0 p . c i t . P. 9 0 .
í«6> M O B E R G , A s a . 0 p . c i t . p . 1 9 .
( 4 7 ) S e g u n d o A . M O B E R G , d u a s s e m a n a s a p ó s C h e r n o b y l foio f i c i a l m e n t e d e c l a r a d o q u e o r e a t o r e s t a v a p r o n t o p a r a s e rd e s m a n t e l a d o , c o n ver t e n d o - s e a s s i m n a p r i m e i r a v í t i m a d o sa f e i t o s p o l í t i c o s d o a c i d e n t e .
1 3 6
N a G a z e t a M e r c a n t i l d e 1 8 . 0 5 . 8 6 l i a - s e q u e a u s i n aa u s t r í a c a s e r i a d e f i n i t i v a m e n t e d e s a t i v a d a , c o m o c o n s e q ü ê n c i ado a c i d e n t e d e C h e r n o b y l .
M a s , p a s s a d o s m a i s d e d o i s a n o s d e s d e C h e r n o b y l , au s i n a de Z w e n t e n d o r f c o n t i n u a a i n d a a ser c o n s e r v a d a c o m ot a l . P a r a q u e ? ( B u e r g e r i n i t i a t i v e g e g e n A t o m g e f a h r e n .I n f o r m a t i o n d e s Z e n t r a l v e r b a n d e s , a n o 3 , m a r . / B B . ) .
A c o r r e l a ç ã o d e f o r ç a s e n t r e e n t i d a d e s a n t i - n u c I e a r e s ei n d ú s t r i a n u c l e a r p e n d e u d e s d e 1 9 7 ? p a r a e s s a ú l t i m a . Ao p o s i ç ã o à e n e r g i a n u c l e a r g a n h o u p o r a p e r t a d a m a r g e m , n ã osent i n ú m e r a s d i f i c u l d a d e s . V e r B u e r g e r i n i 11 at i ve g e g e nA t o m g e f a h r e n . I n f o r m a t i o n d e s Z e n t r a I v e r b a n d e s( V i e n a / â u s t r i a ) . P u b l i c a ç ã o i n i c i a d a e m 1 9 7 5 . 0 l e m a d e s s ae n t i d a d e a n t i - n u c l e a r é : " E s g i b t k e i n e ' f r i e d l i c h e 'R a d i o a k t i v i t a e t " ( N ã o e x i s t e r a d i o a t i v i d a d e " p a c í f i c a " ) .
( 4 B ) H o j e e s s e p e r c e n t u a l a t i n g e 7 1 % , s e g u n d o J o e l m i r Beti.ig.( F S P , 0 9 . 0 4 . 8 9 ) .
( 4 9 ) D e a c o r d o c o m a " L i s t a d e A c i d e n t e s e m U s i n a s N u c l e a r e s "(de 1 9 5 ? a 1 9 7 5 ) d a d o s e x t r a í d o s d e L e s A m i s d e la T e r r e ep u b l i c a d o s p o r K u r t R u d o l f M I R O W . A l o u c u r a n u c l e a r . ( O se n g a n o s do A c o r d o B r a s i I - A I e m a n h a ) . R J , C i v i l i z a ç ã oB r a s i l e i r a , 1 9 7 9 . p . 2 6 2 - 7 D .
N a l i s t a g e m "A i n d ú s t r i a n u c l e a r já c o n h e c e u e m t o d o om u n d o 2 2 a c i d e n t e s g r a v e s " ( G M , 3 0 . 0 4 . B B ) , a F r a n ç a n ã or e a p a r e c e ,
( 5 0 ) P a r a m a i o r en-f r o n h a m e n t o na c r í t i c a à p o l í t i c a n u c l e a rf r a n c e s a v e r La n u c I e a r t z a c i ó n dei m u n d o . B a r c e l o n a .A n a g r a m a , 1 9 B 1 . ( t r a t a - s e d e u m p a n f l e t o a n ô n i m o p u b l i c a d opor " L e s E d i t i o n s d e L ' A s s o m m o i r " e m 1 9 8 0 ) .
( 5 1 ) P l a n o 2 0 1 0 , p, 8 8 .
( 5 ? ) C A N A L I , G i l b e r t o V a l e n t e . A q u e s t ã o a m b i e n t a l noP l a n e j a m e n t o de u s i n a s h i d r e l é t r i c a s . F l o r i a n ó p o l i s ,E L E T R O S U L , j u n . 1 9 8 7 . p . 2 6 .
( 5 3 ) V e r o a r t i g o "0 p l e b i s c i t o n u c l e a r na S u é c i a " , d e J o s éG o l d e m b e r g , p u b l i c a d o e m 0 4 . 0 5 . 8 0 n o j o r n a l 0 E s t a d o d e S ã oP a u l o .
S H R A D E R - F R E C H E T T E , K. S. 0p, c i t . P. 71 e 6 7 .
( 5 5 ) L i s t a de A c i d e n t e s em U s i n a s N u c l e a r e s " , a c i m a
1 3 7
c i t a d a , os EUA a p a r e c e m 48 v e z e s .Na l i s t a g e m "A i n d ú s t r i a n u c l e a r já c o n h e c e u e m t o d o o
mundo 2 2 a c i d m t e s g r a v e s " , a c i m a c i t a d a , q u e r e l a t aa c i d e n t e s de 1 9 5 2 a 1 9 B 6 , os EUA a p a r e c e m 15 v e z e s .
Em 1 9 7 4 , o g o v e r n o -Federal a p r e s e n t o u e s t u d o s o b r e as e g u r a n ç a d o s r e a t o r e s d i r i g i d o por N o r m a n R a s s m u s s e n ,c o n h e c i d o c o m o W A S H 1 4 0 D , q u e foi c r i t i c a d o c o m v e e m ê n c i a . E m1979 a C o m i s s ã o N u c l e a r R e g u l a d o r a dos EUA r e p u d i o u o e s t u d ode R a s s m u s s e n f o r m a l m e n t e .
( 5 6 ) L A G A D E C , P a t r i c k . O p . c i t . p . 2 7 .
(57) Idem, i b i d e m , p. 1 0 4 .
(58) O R M E R O D , R i c h a r d . O p . c i t . p . 2 0 .A A IEA m a n t e v e e m s e g r e d o m a i s de 2 5 0 a c i d e n t e s
o c o r r i d o s d e s d e 1 9 7 7 em u s i n a s n u c l e a r e s em d i v e r s o s p a í s e s .CJB, 1 8 . 0 4 . 8 7 ) .
(59) S e g u n d o Hazel H E N D E R S O N , o d i s s i d e n t e s o v i é t i c o Z h o r e sMedvedev d e s c r e v e a d e s a s t r o s a e x p l o s ã o de r e j e i t o s n u c l e a r e sem K y s h t y m / U R S S em 1 9 5 7 , h a v e n d o m o r t o s e f e r i d o s e f i c a n d od e s t r u í d a t o d a uma r e g i ã o , (p. 1 3 1 ) .
0 a c i d e n t e o c o r r i d o n u m a f á b r i c a de a r m a s n u c l e a r e snunca foi r e c o n h e c i d o o f i c i a l m e n t e . S a b e - s e q u e um rio t e v eseu c u r s o m o d i f i c a d o e q u e 3 4 p e q u e n o s p o v o a d o s da r e g i ã od e s a p a r e c e r a m d o s m a p a s e d i t a d o s p e l o g o v e r n o s o v i é t i c o , n o sanos 6 0 . (GM, 3 0 . 0 4 . 8 6 ; .
S o m e n t e em 2 5 . 0 8 . 8 9 o P r a v d a p u b l i c o u um a r t i g or e c o n h e c e n d o a e x p l o s ã o no d.a 2 9 . 0 9 . 5 7 ( F S P , 2 6 . 0 8 . 8 9 ) .
(60) P Á S C H O A , A n s e l m o 5. P a r e c e r (da v i s i t a p e r i c i a l f e i t a aCNAAA em 1 8 . 1 1 . 8 8 ) . p. 9.
<61) O I A E . Un ano d e s p u é s de C h e r n o b i l . V i e n a , j u l . / 8 7 . P. 5.
(62) N U C L E B R Í S / K W U . 0 oue a c o n t e c e u r e a l m e n t e em T e h e r n o b v l ">1 9 8 7 . p. 1.
E s s e d o c u m e n t o e n u m e r a e r r o s c r a s s o s no r e a t o r r u s s o ,'"formando que tal s i t u a ç ã o s e r i a i m p o s s í v e l no B r a s i l .
<63) T h e G u a r d i a n , 1 9 . 0 6 . 8 8 (o a r t i g o o r i g i n a l foi p u b l i c a d o"o P r a v d a e m 2 0 . 0 5 . 8 8 ) .
I n f o r m a ç õ e s s o b r e a e n e r g i a nuc I eoel étr i ca na A l e m a n h a
serão levantadas no capítuloAcordo Nuclear Brasi I-A Iemanha.
I I I
138
q u a n d o d a a b o r d a g e m d o
(6 5 ) E m o u t u b r o de 1 9 8 6 F r e d e r i c o F u e l l g r a f e s c r e v i a q u e e mde? a n o s o J a p ã o i n i c i a r i a a d e s a t i v a ç ã o de s u a s 2 3 u s i n a sn u c l e a r e s ( J B , 0 5 . 1 0 . 8 6 ) . E n t r e t a n t o o q u a d r o VII ( 1 9 8 6 ) d áco n t a q u e o p a í s já p o s s u í a 3 5 u s i n a s e m o p e r a ç ã o , 1D ernc o n s t r u ç ã o e 7 p l a n e j a d a s . E m 1 9 8 B - q u a d r oo p e r a v a 3 B u s i n a s e a u m e n t a r a p a r a 1 2 o n ú m e r oc o n s t r u ç ã o .
N ã o o b s t a n t e , e m 1 9 8 8 m a n i f e s t a n t e s p a c i fm a i o r m a n i f e s t a ç ã o a n t i - n u c l e a r da h i s t ó r i a d o J a p ã o , c o n t r aos p l a n o s do g o v e r n o de c o n s t r u i r n o v a s u s i n a s n u c l e a r e s .(FSP, 2 5 . 0 4 . 8 8 ) .
IX - o p a i sd e r e a t o r e s e m
s t a s f i z e r a m a
(6 6 ) V e r N O S S O F u t u r o C o m u m . R J , F G V , 1 9 8 8 . p . 2 D 7 - 1 4 e G R U P OArco I r i s del P E . E n e r g i a a t ô m i c a : es p o s i b l e su a b a n d o n oi n m e d i a t o ! Un p r o g r a m a q u e m a r c a ei c a m i n o . B r u s e l a s , e n e r o1 9 B 9 . p . 1 9 - 2 0 .
( 6 7 ) L U T Z E N B E R G E R , J o s é A. 0 p . c i t . p . 30
(68) "A e f i c á c i a da f a l h a " , F S P , 1 0 . 0 8 . 8 6
"ElIo
a&cen&o en potencial denuclear no hace, por otra
parte, más que reforzar Iaopo&ición a Io nuclear".
J. - M. ChevaIier
C A P Í T U L O I I I
A L G U N S E L E M E N T O S DA H I S T Ó R I A DA E N E R G I A N Ü C L E O E L Ê T R 1 C AN O B R A S I L A N T E R I O R À D É C A D A D E B O
"... o ú n i c o d e s t i n o r a z o á v e l p a r a a s u s i n a s n u c l e a r e s , n ã osó n o b r a s i l , m a s e m t o d o o m u n d o , é a s u a d e s a t i v a ç ã o . E mn o s s o P a í s , e s p e c i a l m e n t e , n ã o há u m a r a z ã o p l a u s í v e l s e q u e rp a r a s u a c o n s t r u ç ã o " .
F e r n a n d o C u n h a ( 1 )
1. B R E V E H I S T Ó R I C O O A E N E R G I A N U C l E O E L É T R I CA N O B R A S I L ( 1 9 5 0 -1 9 7 4 ) .
0 m a r c o d a p o l í t i c a n u c l e o e l é t r i c a n o p a í s o c o r r e n o
g o v e r n o d e E u r i c o G a s p a r D u t r a c o m a c r i a ç ã o d o C N P q ,
i m p l a n t a d o n o g o v e r n o G e t ú l i o V a r g a s e m 1 9 5 1 ( L e i n o . 1 3 1 0 ,
de 1 5 . 0 1 . 5 * 1 ) , c u j o p r i m e i r o p r e s i d e n t e foi o A l m i r a n t e á l v a r o
A l b e r t o d a M o t a e S i l v a , q u e p e r m a n e c e u n o c a r g o a t é 1 9 5 5 .
F i c a , j á a p a r t i r d a í , d e n o t a d o o i n t e r e s s e d o s m i l i t a r e s n a
e n e r g i a n u c l e a r , t e n d o o C N P q s i g n i f i c a d o a c e n t r a l i z a ç ã o d a s
p e s q u i s a s e a t i v i d a d e s n u c l e a r e s no p a í s .
E m 1 9 5 ? o B r a s i l a s s i n a u m s e g u n d o a c o r d o c o m o s E U A (o
p r i m e i r o d a t a d e 1 9 4 5 ) p a r a e x p o r t a ç ã o d e m o n a z i t a e o x i d o d e
t ó r i o q u e , r e s u l t a n d o e m f r a c a s s o p a r a o p a í s , p e r m a n e c e c o m o
a l e m b r a n ç a q u e a m a r g a v a o s n a c i o n a l i s t a s " ( o s E U A
m o s t r a v a m - s e s o b r e m a n e i r a i n t e r e s s a d o s n o s m i n e r a i s
e s t r a t é g i c o s b r a s i l e i r o s - e x p r e s s ã o i n t r o d u z i d a p e l o p r ó p r i o
A l m i r a n t e Á l v a r o A l b e r t o - , u m a v e z q u e a t r a n s f e r ê n c i a d e
t e c n o l o g i a p a r a o B r a s i l e s t a v a p r o i b i d a ) .
1 4 1
Um ano d e p o i s , e m 1 9 5 3 , o A l m i r a n t e á l v a r o A l b e r t o
m a n t é m c o n t a t o s c o m a A l e m a n h a e em 1 9 5 4 a d q u i r e , n a q u e l e
p a í s , t r ê s u I t r a c e n t r í-f u g a s n e c e s s á r i a s p a r a o q u e o g o v e r n o
e n t e n d e de " p r o g r a m a n a c i o n a l i n d e p e n d e n t e " . A e n t r e g a é
ve t a d a p e l o s EUA a t é a r e c u p e r a ç ã o da s o b e r a n i a p e l a
A l e m a n h a , o q u e se dá em 1 9 5 4 m e s m o . As u I t r a c e n t r í f u g a s
c h e g a m ao B r a s i l em 1 9 5 6 . S e u d e s t i n o : U S P . No e n t a n t o , as
"choco I a t e i r a s " ( c o m o e r a m c h a m a d a s ) s u m i r a m , s e n d o
p o s t e r i o r m e n t e e n c o n t r a d a s n a s i n s t a l a ç õ e s da M a r i n h a . ( 2 )
Em 1 9 5 5 i n i c i a a f a s e n u c l e a r p r o p r i a m e n t e d i t a , c o m a
c r i a ç ã o de v á r i o s i n s t 1 1 u t o s , ( 3 ) D e 1 9 5 6 a 1 9 6 0 se deu a
c r i a ç ã o d o s p r i m e i r o s c u r s o s de p ó s - g r a d u a ç ã o em E n g e n h a r i a
N u c l e a r no pai s.< 4 )
0 g o v e r n o J u s c e l i n o K u b i t s c h e k se p o s i c i o n a
f a v o r a v e l m e n t e à e n t r a d a do B r a s i l na p r o d u ç ã o de
e l e t r i c i d a d e a p a r t i r de u s i n a s n u c l e a r e s e em 1 0 . 1 0 . 5 6 é
criada a C N E N , a t r a v é s do D e c r e t o n o . 4 0 . 1 1 0 , d i r e t a m e n t e
s u b o r d i n a d a à P r e s i d ê n c i a da R e p ú b l i c a e c u j o p r i m e i r o
p r e s i d e n t e foi o A l m i r a n t e O t a c í l i o C u n h a .
A i n s t a l a ç ã o do p r i m e i r o r e a t o r e x p e r i m e n t a l do B r a s i l
se e f e t i v a e m 1 9 5 7 , na U S P . Um ano d e p o i s , JK a n u n c i a a
c o n s t r u ç ã o de uma u s i n a de 10 MW em A r e a l - R J , c o m
f u n c i o n a m e n t o p r e v i s t o p a r a 1 9 6 0 . ( 5 )
De a c o r d o c o m K. M I R O W ( 6 ) , no final d o s a n o s 50 JK t o m a
a d e c i s ã o de c o n s t r u i r um r e a t o r de 1 5 0 a S 0 0 MW, de u r â n i o
p n r i q u e c i d o .
0 Projeto M a m b u c a b a , a p r o v a d o pelo D e c r e t o no. 4 5 . 5 7 4 ,
1 4 2
de 3 1 . 1 2 . 5 9 , v i s a v a a c o n s t r u ç ã o d e u m r e a t o r na r e g i ã o
C e n t r o - S u l ( n a b a c i a d o R i o M a m b u c a b a - B a í a d e A n g r a d o s
R e i s / R J ) , a u r â n i o n a t u r a l , a r r e f e c i d o a g r a f i t e , c o m
t e c n o l o g i a f r a n c e s a . Foi a b a n d o n a d o p o s t e r i o r m e n t e .
E m 2 2 . 0 7 . 6 0 , p e l a Lei n o . 3 . 7 B 2 é c r i a d o o M M E , p a s s a n d o
a C N E N a s u a c o m p e t ê n c i a .
J â n i o Q u a d r o s o p t a p e l o s r e a t o r e s a u r â n i o n a t u r a l ,
s e n d o q u e a c o n s t r u ç ã o d e u m U M d o i s r e a t o r e s e x p e r i m e n t a i s
p a r a g e r a ç ã o d e e n e r g i a e l é t r i c a n o N o r d e s t e , d a r i a i n í c i o a
nucI e a r i z a ç ã o d o p a í s ( o s r e a t o r e s s e g u i r i a m o m o d e l o G C R
4 r a n c e s ) .
N o g o v e r n o J o ã o G o u l a r t , a C N E N , t r a n s f o r m a d a e m
a u t a r q u i a f e d e r a l ( L e i n o . 4 . 1 1 8 , d e 2 7 . 0 B . 6 2 ) , é n o v a m e n t e
s u b o r d i n a d a à P r e s i d ê n c i a d a R e p ú b l i c a .
E m 3 1 , 1 2 . 6 3 é a n u n c i a d a a c o n s t r u ç ã o d a p r i m e i r a c e n t r a l
n u c l e a r a u r â n i o n a t u r a l , p e r s i s t i n d o o m o d e l o f r a n c ê s .
T é c n i c o s b r a s i l e i r o s f o r a m e n v i a d o s à F r a n ç a p a r a t r e i n a m e n t o
e e n g e n h e i r o s n u c l e a r e s f r a n c e s e s v i e r a m a o B r a s i l p a r a a
p r e p a r a ç ã o d a c o n s t r u ç ã o d o r e a t o r . ( 7 ) N e s s a o p o r t u n i d a d e foi
e n f a t i z a d a a c o m p e t ê n c i a da C N E N n o d e s e n v o l v i m e n t o d e
t e c n o l o g i a s b á s i c a s d e s t i n a d a s à c a p a c i t a ç ã o d a i n d ú s t r i a
n a c i o n a l n o q u e se r e f e r e à p r o j e ç ã o e c o n s t r u ç ã o d e u s i n a s
n u c l e a r e s . ( 8 )
T a m b é m e m 1 9 6 3 f i c a c o n c l u í d a a c o n s t r u ç ã o d o r e a t o r d e
P e s q u i s a t i p o A r g o n a u t a ( U S P ) , c o m 9 3 % d e c o m p o n e n t e s
n a c i o n a i s , i n i c i a d o n o g o v e r n o JK, b e m c o m o s ã o i n i c i a d o s o s
t r a b a l h o s d o G r u p o d e T ó r i o ( B e l o H o r i z o n t e ) .
I 1 4 3
C o m o g o l p e m i l i t a r d e 1 9 6 4 , f i n d a a é p o c a d o
n a c i o n a l i s m o a u t o n o m i s t a n a p o l í t i c a n u c l e a r b r a s i l e i r a ,
i n i c i a n d o - s e , a p a r t i r d a i , a d a i m p o r t a ç ã o t e c n o l ó g i c a e
p r o g r a m a ç ã o m o d e s t a . ( 9 ) 0 g o l p e , s e g u n d o C . G I R O T T l , a f e t a a
p o l í t i c a n u c l e a r e m a n d a m e n t o e o s p l a n o s d e J o ã o G o u l a r t < ã o
c a n c e I a d o s .
E m 1 9 6 7 , a i n d a n o g o v e r n o G a s t e i I o B r a n c o , a C N E N é
n o v a m e n t e t r a n s f e r i d a a o M M E .
E n t r e 1 9 6 7 e 1 9 6 9 , o e n t ã o M i n i s t r o d a s M i n a s e E n e r g i a ,
J o s é C o s t a C a v a l c a n t i , e m p r e e n d e c o n t a t o s ( e v i a g e n s d e
o b s e r v a ç ã o ) c o m E U A , C a n a d á , I n g l a t e r r a , F r a n ç a , A l e m a n h a e
Á u s t r i a . D e s t e s p a í s e s , o ú n i c o p r o p e n s o a u m a c o r d o d e
c o o p e r a ç ã o c o m p l e t a é a A l e m a n h a , s e n d o q u e e m 1 9 6 8 , o B r a s i l
r e c e b e a v i s i t a d e W i l l y B r a n d t ( e n t ã o M i n i s t r o d a s R e l a ç õ e s
E s t r a n g e i r a s d a R F A e P r i m e i r o M i n i s t r o d a q u e l e p a í s e n t r e
1 9 6 9 e 1 9 7 4 ) .
E m 0 3 . 1 0 . 6 7 , o p r e s i d e n t e C o s t a e S i l v a a p r o v a o
r e l a t ó r i o d o G r u p o d e T r a b a l h o E s p e c i a l ( G T E ) , i n t e g r a d o p o r
r e p r e s e n t a n t e s d o M M E , C N E N , E l e t r o b r á s e S G - C S N , q u e c o n c l u i
p e l a i n s t a l a ç ã o d o p r i m e i r o r e a t o r n u c l e a r d e p o t ê n c i a n o
P a í s , a s e r i n s t a l a d o n a r e g i ã o C e n t r o - S u l , c o m c a p a c i d a d e
p r e v i s t a d e 5 0 0 M W . E i s a l g u n s d o s t ó p i c o s d o r e l a t ó r i o ;
" a ) a c o m p I e m e n t a ç ã o t é r m i c a d a e n e r g i a h i d r á u l i c a n a R e g i ã o
C e n t r o - S u l ( R C S - a t u a l m e n t e R e g i ã o S u d e s t e ) d e v e r á i n i c i a -
* & , e m r i t m o a c e l e r a d o , a p a r t i r d e 1 9 7 7 ;
b ) é i m p e r a t i v o q u e a t e c n o l o g i a b r a s i l e i r a e s t e j a p r e p a r a d a
P a r a p a r t i c i p a r d e u m p r o g r a m a n u c l e a r e m l a r g a e s c a l a , q u e
1 4 4
&e i n i c i a r á na d é c a d a d e 1 9 8 0 ;
c ) a d a t a p r e v i s t a p a r a a o p e r a ç ã o c o m e r c i a l d a p r i m e i r a
c e n t r a l n u c l e a r na R C S d e v e r á ser 1 9 7 5 / 1 9 7 6 ;
d ) o t e m p o e n t r e e s t a d a t a e o i n í c i o d o p r o g r a m a n u c l e a r e m
larga e s c a l a , na d é c a d a de 8 0 , é um i n t e r v a l o d e t e m p o m í n i m o
p a r a o b t e r a e x p e r i ê n c i a t é c n i c a e o p e r a c i o n a l n e c e s s á r i a ao
P r o g r a m a de E n e r g i a N u c l e a r B r a s i I e i r o " . ( 1 0 >
N o m e s m o a n o , a C N E N fez um a c o r d o c o m a E l e t r o b r á s ( q u e
e n t r o u e m v i g o r e m 5 0 , 0 6 . 6 8 ) , v i s a n d o a c o o p e r a ç ã o e n t r e a s
d u a s e n t i d a d e s n o s s e g u i n t e s c a m p o s d e i n t e r e s s e :
" a ) p l a n e j a m e n t o e a n t e p r o j e t o d e C e n t r a i s N u c l e a r e s *b ) c o n s t r u ç ã o de C e n t r a i s N u c l e a r e s ;c ) o p e r a ç ã o e m a n u t e n ç ã o d a s C e n t r a i s N u c l e a r e s ;d) p r o b l e m a do c o m b u s t í v e l ;c ) t e c n o l o g i a n u c l e a r , p r o j e t o e c o n s t r u ç ã o d e p r o t ó t i p o s ;4) f o r m a ç ã o e a p e r f e i ç o a m e n t o d e p e s s o a I . * ( 1 1 )
E m 1 4 . 0 3 . 6 7 é c o n c l u í d o o T r a t a d o p a r a P r o s c r i ç à o d a s
A r m a s N u c l e a r e s na A m é r i c a L a t i n a ( T r a t a d o d e T l a t e l o l c o ) , na
c i d a d e do M é x i c o T e n d o p a r t i c i p a d o c o m d e s t a q u e na e l a b o r a ç ã o
do T r a t a d o d e T l a t e l o l c o , o B r a s i l , j u n t a m e n t e c o m t o d o s o s
p a í s e s d e l í n g u a e s p a n h o l a ( e x c e t o C u b a ) , H a t t i , J a m a i c a e
T r i n i d a d - T o b a g o , a s s i n o u o d o c u m e n t o (a G u i a n a , a s s i m c o m o
C u b a , n ã o o f i r m o u ) .
Já o T r a t a d o de N ã o - P r o I i f e r a ç ã o d e A r m a s N u c l e a r e s
( T N P / O N U ) e n t r o u em v i g o r em 0 5 . 0 3 . 7 0 , s e n d o q u e o B r a s i l
n e g o u - s e a s u b s c r e v ê - l o por c o n s i d e r á - l o i n s t r u m e n t o j u r í d i c o
v o l t a d o p a r a o s i n t e r e s s e s d a s p o t ê n c i a s n u c l e a r e s ,
M a s , r e t o r n a n d o ao M i n i s t r o C o s t a C a v a l c a n t i e à
P f o p e n s 5 o à e s c o l h a da A l e m a n h a c o m o p a r c e i r o n u m f u t u r o
«•tordo, é n e c e s s á r i o r e s s a l t a r q u e e m 1 5 . 0 7 , 6 9 , p e l o D e c r e t o -
Lei n o . 6 8 1 , o B r a s i l a s s i n a o p r i m e i r o A c o r d o d e C o o p e r a ç ã o
com a A I e m a n h a . ( 1 9 )
" F o i , p o r t a n t o , no G o v e r n o do P r e s i d e n t e C o s t a e S i l v a ,
que se f i r m a r a m a s b a s e s s o b r e a s q u a i s se c o n s t i t u i r i a t o d o
o e n t e n d i m e n t o q u e r e s u l t o u no A c o r d o N u c l e a r d o B r a s i l c o m a
R e p ú b l i c a F e d e r a l d a A l e m a n h a . " ( 1 3 )
De 1 9 5 8 a 1 9 6 5 a C N E N r e a l i z o u e s t u d o s p a r a a
l o c a l i z a ç ã o d e u m a c e n t r a l n u c l e a r n o l i t o r a l d o E s t a d o d o
Rio de J a n e i r o , s e n d o q u e e m a b r i l / 6 9 F u r n a s ( c r i a d a e m
? 8 . 0 2 . 5 7 > i n i c i o u e s t u d o s p a r a a e s c o l h a da l o c a l i z a ç ã o da
usina d e 5 0 0 M W , a p r o v a d a p e l o g o v e r n o f e d e r a l e m 1 S 6 7 . E m
1970 a e s c o l h a r e c a i s o b r e a p r a i a de I t a o r n a . C o u b e a o
p r e s i d e n t e E r n e s t o G. M e d r e i , e m sua m e n s a g e m a o C o n g r e s s o
N a c i o n a l , a f i r m a r q u e e m 1 9 7 0 s e r i a m d a d o s o s p a s s o s i n i c i a i s
para a c o n s t r u ç ã o d a p r i m e i r a c e n t r a l n u c I e o e I é t r i c a d e
p o t ê n c i a , n o m u n i c í p i o d e A n g r a d o s R e i s / R J ( q u e e m 1 9 6 9
havia s i d o t r a n s f o r m a d o e m m u n i c í p i o de s e g u r a n ç a n a c i o n a l ) .
• e s c o l h a h a v i a r e c a í d o s o b r e um r e a t o r P W R , u m a o p ç ã o
t e c n o l ó g i c a r e c e n t e , q u e já a p r e s e n t a v a i n ú m e r o s
p r o b l e m a s . ( 1 4 )
0 p r i m e i r o r e a t o r d e p o t ê n c i a b r a s i l e i r o s e r i a
c o n s t r u í d o a p a r t i r d a t e c n o l o g i a m u n d i a l m a i s a v a n ç a d a d o
m o m e n t o , t r a z e n d o c o n s i g o d u p l a d e p e n d ê n c i a : a t e c n o l o g i a d o
Próprio r e a t o r e a do u r â n i o e n r i q u e c i d o , A e s c o l h a m a r c a v a
" t o n a da C N E N , f a v o r á v e l a o s r e a t o r e s P W R .
Na é p o c a o g o v e r n o a r g u m e n t a v a q u e os P W R e r a m o s
r * a t o r e & m a i s u s a d o s i n t e r n a c i o n a l m e n t e , M a s , a t é 1 9 6 9 , d o s
146
78 reatores c o m e r c i a i s em f u n e i o n a m e n t o ( 1 5 ) , a p e n a s 13 eram
PWR (15 BWR, 31 GCR, e t c ) , 5 s i t u a d o s nos EUA, país que
originara tal t e c n o l o g i a .
Quanto à potência :
* PWR - desses r e a t o r e s a maior p o t ê n c i a era a de HANDDAM
NECK ( E U A ) , que entrara em f u n c i o n a m e n t o em 1967 e que gerava
600 MW de p o t ê n c i a . Já a potência m é d i a dos 13 PWR estava
estabelecida em 306 MW.
« BWR - maior potência : OYSTER C R E E D ( E U A ) - 6 7 D MW e NINE
PILE PONT 1 (EUA) - 640 MW, ambos de 1 9 6 9 .
* GCR - maior potência : C H I N O N 3 ( F r a n ç a ) - 500 MW e ST.
LAURENT 1 ( F r a n ç a ) - 500 MW, de 1966 e 1969 r e s p e c t i v a m e n t e .
Assim, quando em 1970 foram d i s t r i b u í d a s as
especificações de p r o j e t o s e e q u i p a m e n t o s da c h a m a d a Central
Nuclear de Angra dos Reis e em 1 9 7 1 , quando da licitação
internacional saiu v e n c e d o r a a W e s t i n g h o u s e Electric
Corporation (com p a r t i c i p a ç ã o no m e r c a d o e l é t r i c o b r a s i l e i r o
antes da usina n u c l e a r ) , o Brasil a c a b a v a .e adquirir o
reator PWR m a i s potente do m u n d o . H a v i a m ficado para trás os
reatores de urânio natural e o " e s t i g m a " que c a r r e g a v a m
consigo : o de país s u b d e s e n v o l v i d o .
Vejamos as e m p r e s a s p a r t i c i p a n t e s e as p o t ê n c i a s de
comparação quando das p r o p o s t a s :(16)
» Westinghouse (EUA) - 660 MW
* The Nuclear Power Group ( I n g l a t e r r a ) - 466 MW
* General Electric (EUA) - 524 MW
* SIEMENS ( R F A ) - 524 MW
* *SEA ( S u é c i a ) - 529 MW
147
O reator seria c o m p r a d o a t r a v é s do sistema turn- Ice v. Ao
Brasil c a b e r i a o p e r á - l a . Uma d e c i s ã o cara e p r o b l e m á t i c a , q u e
fa? lembrar a a f i r m a ç ã o de C. GIROTTI : "A o l h o s v i s t o s , o
importante era dispor de um reator de p o t ê n c i a , e o c o m o ,
c o n s t i t u í a um a s s u n t o s e c u n d a r i o r * í 1 7 >
A p r e s e n ç a do CSN no GTE c o l a b o r a na a-firmativa que
grandes o b r a s t e c n o l ó g i c a s são " q u e s t ã o de s e g u r a n ç a
n a c i o n a l " , m e r e c e n d o a t e n ç ã o de caráter e s t r a t é g i c o . C o m a
incursão na era nuclear para geração de e l e t r i c i d a d e ,
copiando países do h e m i s f é r i o norte, i n d u s t r i a l i z a d o s , o
Brasil, por outro lado, se alia aos p a í s e s c a p i t a l i s t a s
o c i d e n t a i s , na t e n t a t i v a de e m p r e e n d e r a c o n s t r u ç ã o de uma
nação h o m o g ê n e a , " d e s e n v o l v i d a " , uma p o t ê n c i a e c o n ô m i c a e
militar. Aqui já não e s t a v a s u b l i n h a d a tão somente a
importância de grande q u a n t i d a d e de e n e r g i a e l é t r i c a
(necessária, sem d ú v i d a , para um m o d e l o de c r e s c i m e n t o
e c o n ô m i c o ) , m a s o f o r t a l e c i m e n t o de um g o v e r n o m i l i t a r que
sonhava com uma s o b e r a n i a n a c i o n a l , e m p r e e n d e d o r a , na
verdade, de um "modelo de d e s e n v o l v i m e n t o " d e p e n d e n t e e
o e p r e d a d o r .
P&ra além d i s s o , p e r s i s t i a e se i n t e n s i f i c a v a o p r o b l e m a
fleopolítico. 0 Brasil a l m e j a v a a s o b e r a n i a c o n t i n e n t a l , m a s
''»»i a um país à frente no d e s e n v o l v i m e n t o da e n e r g i a n u c l e a r ,
c ructal nesse projeto p o l í t i c o ; a A r g e n t i n a , que em 1 9 5 0
ftavia c r i a d o a sua C o m i s s ã o Nacional de E n e r g i a A t ô m i c a
(CNEA>, responsável pela c o o r d e n a ç ã o do p r i m e i r o reator de
potència da América Latina (Atucha 1, a urânio n a t u r a l ) ,
1 4 8
i n a u g u r a d o e m 1 9 7 1 .
N o B r a s i l , e s b o ç a v a - s e o i n í c i o d e um p r o g r a m a n u c l e a r
para g e r a ç ã o d e e n e r g i a e l é t r i c a q u e , s e g u n d o P a u l o R o b e r t o
C a v a l c a n t i S O U Z A ( e m e n t r e v i s t a ) . n u n c a foi b e m a c e i t o no
setor e l é t r i c o , h a v e n d o r e s i s t ê n c i a e m a c e i t á - l o p o r q u e se
t r a t a v a d e u m p r o g r a m a a n t i - e c o n ó m i c o , s e n d o c o s t u m e i r o
a v a l i a r a q u e s t ã o e n e r g é t i c a p e l o m é r i t o e c o n ô m i c o . E r a u m a
o p ç í o m u i t o c a r a . A n g r a 1 p a r t i u d o s e t o r e l é t r i c o c o m o
a p r e n d i z a d o . O b j e t i v a v a - s e a g e r a ç ã o d e e n e r g i a , m a s
s o b r e t u d o a a b s o r ç ã o d e t e c n o l o g i a n u c l e a r . " M a s m a i s t a r d e
nós f o m o s v e n d o q u e a c o i s a ia m a i s a l é m . N ó s e s t á v a m o s
m o n t a n d o u m a i n d ú s t r i a p e s a d a n o B r a s i l . A e n e r g i a e r a u m
s u b p r o d u t o m e n o r . " A f i n a l i d a d e m a i o r a p o i a v a - s e n a
c a p a c i t a ç ã o d o B r a s i l i n d u s t r i a l .
V e j a m o s , p o i s , c o m o o g o v e r n o e s t a v a p r e p a r a n d o e s s e
c a m i n h o . E m t o r n o do a n o de 1 9 6 1 , a C N E N i n i c i o u a r e a l i z a ç ã o
de c o n s u l t a s ao e m p r e s a r i a d o n a c i o n a l , o b j e t i v a n d o a
a v a l i a ç ã o da c a p a c i d a d e d a i n d ú s t r i a e i e t r o m e c ã n i c a .
E m 1 9 7 3 , a C B T N c o n t r a t a o s s e r v i ç o s d a B e c h t e l O v e r s e a s
C o r p o r a t i o n , e m p r e s a d e e n g e n h a r i a n o r t e - a m e r i c a n a , n o
s e n t i d o d e e s t u d a r a p o s s i b i l i d a d e d a i n d ú s t r i a n a c i o n a l e m
c o n t r i b u i r p a r a u m p r o g r a m a n u c l e a r . E s s a e m p r e s a , j u n t a n d o -
*e à M o n t o r b r a s i l e i r a , i n i c i o u o l e v a n t a m e n t o . P a r a t a n t o
•oram i n s p e c i o n a d a s 7 9 i n d ú s t r i a s e a n a l i s a d a a c a p a c i d a d e de
p r o d u ç ã o / f a b r i c a ç ã o de 1 4 6 4 c o m p o n e n t e s p a r a a c o n s t r u ç ã o de
u & m a s rio 1 0 0 0 M W no p a í s .
No a r t i g o " I n d ú s t r i a n a c i o n a l p o d e p r o d u z i r 7 4 % d e u s i n a
1 4 S
n u c l e a r " ( J B , 0 4 . 1 1 . 7 4 ) , a C B T N i n f o r m a q u e e s t a p o r c e n t a g e m
era r e f e r e n t e ao a n o d e 1 9 7 4 , a f i r m a n d o q u e " e m t r ê s a c i n c o
a n o s a i n d ú s t r i a n a c i o n a l e s t a r á c a p a c i t a d a a p r o d u z i r B 6 %
d o s c o m p o n e n t e s p a r a e s s e t i p o d e u s i n a " .
D e q u a l q u e r f o r m a , d a s 7 9 e m p r e s a s i n v e s t i g a d a s , a p e n a s
22 c o n s t a v a m c o m o h a b i l i t a d a s no r e l a t ó r i o d a B e c h t e l e p a r a
e s s a s q u a i s a f i g u r a v a - s e l u c r a t i v o i n v e s t i r no
a p e r f e i ç o a m e n t o da p r o d u ç ã o p a r a o p r o g r a m a n u c l e a r q u e se
av i z i n h a v a .
P a r a a c o m p r a de A n g r a 1 foi f i r m a d o u m f i n a n c i a m e n t o
com o E x i m b a n k - E x p o r t I m p o r t B a n k ( E U A ) e m m o e d a
e s t r a n g e i r a e c o m a E l e t r o b r á s , e m m o e d a n a c i o n a l .
E m 1 7 . 0 4 . 7 2 foi a s s i n a d o o c o n t r a t o c o m a W e s t i n g h o u s e ,
à q u a l , j u n t a m e n t e c o m a E B E - E m p r e s a B r a s i l e i r a de
E n g e n h a r i a S , A , , c a b e r i a a m o n t a g e m e I e t r o m e c â n i c a d a
c e n t r a l .
O u t r a s e m p r e s a s a b r a n g i d a s no c o n t r a t o e n t r e F u r n a s e
W e s t i n g h o u s e f o r a m ; G I B B S & H I L L ( E U A ) , c o m o s u b c o n t r a t a d a
da W e s t i n g h o u s e , P R O M O N E n g e n h a r i a do B r a s i l , c o m o
ftubcontratada d a G I B B S & H I L L ( a m b a s r e s p o n s á v e i s p e l o
P r o j e t o da u s m a ) | D ' A P P O L O N I A , c o m o s u b c o n t r a t a d a da G I B B S &
HILL p a r a s e r v i ç o s d e c o n s u l t o r i a t é c n i c a .
E s t a v a m e x c l u í d o s d o c e n á r i o da W e s t i n g h o u s e e E B E t r ê s
• à p e c t o s ; o u r â n i o e n r i q u e c i d o ( a p ó s p r o i b i ç ã o do
* ° f n e c i m e n t o de c o m b u s t í v e l n u c l e a r p e l o g o v e r n o n o r t e -
i e n c a n o ) , o v a s o de c o n t e n ç ã o do e d i f í c i o d o r e a t o r e as
obras C I V I S .
1 5 0
P a r a a p r i m e i r a c a r g a d e c o m b u s t í v e l , o c o n c e n t r a d o d e
u r â n i o n a t u r a l s a i r i a d a Á f r i c a d o S u l , a c o n v e r s ã o e m
h e x a f l u o r e t o d e u r â n i o s e d a r i a n a I n g l a t e r r a e o s e u
e n r i q u e c i m e n t o s e c o n c r e t i z a r i a n o s E U A .
0 e n v o l t ó r i o d e c o n t e n ç ã o d e a ç o f o i c o n t r a t a d o a t r a v é s
de um c o n s ó r c i o e n t r e a s f i r m a s C h i c a g o B r i d g e I n t e r n a c i o n a l
( E U A ) , C o n f a b ( B r ) e C h i c a g o B r i d g e C o n s t r u ç õ e s L t d a ( B r ) ,
c o m c o n t r o l e d e q u a l i d a d e d a W e s t i n g h o u s e . A C o n f a b
I n d u s t r i a l h a v i a c o n s e g u i d o g r a u A n o e s t u d o d a B e c h t e l
e n c o m e n d a d o p e l a C B T N e t r a n s f o r m a v a - s e , a s s i m , e m p i o n e i r a
na c o n s t r u ç ã o d e e q u i p a m e n t o s p a r a u s i n a s n u c l e a r e s n o
B r a s i l . " A n t e s m e s m o d e p a r t i c i p a r d a c o n c o r r ê n c i a d a u s i n a
de A n g r a d o s R e i s , e s s a e m p r e s a já r e a l i z a v a e s t u d o s p a r a s e
c o l o c a r e m c o n d i ç õ e s p a r a a f a b r i c a ç ã o d o v a s o d e c o n t e n ç ã o " ,
q u e p o s s u i 3 2 m d e d i â m e t r o e 6 8 m d e a l t u r a ( J B , 0 4 . 1 1 . 7 4 ) ,
À C N O c o u b e o c o n t r a t o d a s o b r a s c i v i s , a p ó s
c o n c o r r ê n c i a n a c i o n a l , a s s i n a d o e m 2 6 . 0 9 . 7 2 . S e , p o r u m l a d o ,
a e m p r e s a e r a c o n s i d e r a d a a m a i s q u a l i f i c a d a p a r a a
c o n s t r u ç ã o d e A n g r a 1 , p o r o u t r o , P a u l o R o b e r t o C a v a l c a n t i
S O U Z A ( e m e n t r e v i s t a ) i n f o r m a q u e a c o n s t r u ç ã o d a u s i n a
n u c l e a r f o i e n t r e g u e " a u m a e m p r e s a q u e n ã o t i n h a n e n h u m a
e x p e r i ê n c i a e m c o n s t r u ç ã o d e u s i n a s , q u e d i r á n u c l e a r e s , q u e
na é p o c a e r a u m p e s o p e q u e n o e h o j e é u m a d a s p o t ê n c i a s d o
B r a s i l " , N ã o h a v i a s e q u e r u m a e m p r e s a q u e s o u b e s s e c o n s t r u i r
u * > n a s n u c l e a r e s n o p a í s .
0 c o n t r a t o e n t r e F u r n a s e a C N O r e c e b e u n o v e a d i t i v o s d e
1 9 7 ? a 1 9 7 6 , a t r a v é s d o s q u a i s f o r a m a c r e s c e n t a d o s
1 5 1
e q u i p a m e n t o s , a r r o l a d a s n o v a s c o n d i ç õ e s p a r a r e e m b o l s o d e
d e s p e s a s c o m p e s s o a l e g a s t o s c o r r e l a t o s , a l t e r a d a s
s i s t e m á t i c a s d e a d i a n t a m e n t o s , e n t r e o u t r o s , e m b e n e f i c i o d a
c o n s t r u t o r a . S u a i n e x p e r i ê n c i a , i n c a p a c i d a d e t é c n i c a e
f i n a n c e i r a , p o r e x e m p l o , a p o n t a r a m p a r a a n e c e s s i d a d e d a
c o n t r a t a ç ã o d a L o g o s E n g e n h a r i a , p a r a a c o m p a n h a m e n t o d o s
t r a b a l h o s d a c o n s t r u ç ã o , a c a r r e t a n d o c u s t o s d e s n e c e s s á r i o s à
us t n a .
0 r e v e s t i m e n t o d e a ç o d a p i s c i n a d e c o m b u s t í v e l foi
c o n t r a t a d o c o m a A n s a l d o M e c c a n i c o N u c l e a r e s ( I t á l i a ) e
T e c h i n t ( B r ) .
P a r a s e r v i ç o s t é c n i c o s d e c o n s u l t o r i a e m e n g e n h a r i a e
c o n s t r u ç ã o , g a r a n t i a d e q u a l i d a d e , i n s p e ç ã o d e e q u i p a m e n t o s ,
t r e i n a m e n t o e p r e p a r a ç ã o d e p e s s o a l p a r a o p e r a ç ã o d e A n g r a 1,
F u r n a s a s s i n o u c o n t r a t o s c o m a E B A S C O C o r p o r a t i o n ( E U A ) ,
D a m e s & M o o r e ( E U A ) , T e c n o s o l o E n g e n h a r i a e T e c n o l o g i a de
S o l o s e M a t e r i a i s S . A . ( B r ) , D ' A p p o l o n i a C o n s u l t i n g a n d
S u p e r v i s i n g E n g i n e e r i n g ( E U A ) , L a b o r a t ó r i o s H i d r á u l i c o s
S a t u r n i n o B r i t o ( B r ) , P r o m o n E n g e n h a r i a S . A . ( B r ) , N U S
C o r p o r a t i o n ( E U A ) , S h a m s t o n N u c l e a r A s s o c i a t e s ( E U A ) e W e s t o n
G e o p h y s i c a l R e s e a r c h ( E U A ) . F o r a m t a m b é m c o n t r a t a d a s a
B e c h t e l , p a r a c o n s u l t o r i a e m c o n s t r u ç ã o d e u s i n a n u c l e a r e a
J. A. J o n e s ( E U A ) p a r a c o n s u l t o r i a à C N O .
A s s i m , s e d e u m l a d o há u m a p a r a t o da i n i c i a t i v a p r i v a d a
Que se o r g a n i z a p a r a a c o n s t r u ç ã o da p r i m e i r a u s i n a
t e r m o n u c l e a r no p a í s , d o s p o d e r e s c o n s t i t u í d o s só e n t r a e m
cena o e x e c u t i v o f e d e r a l .
1 5 2
D a s d e c i s õ e s , n e g o c i a ç õ e s , a r t i c u l a ç õ e s s ã o a l i j a d a s a
c o m u n i d a d e c i e n t í f i c a e a s o c i e d a d e c i v i l . E o q u e f a l a r d a
p o p u l a ç ã o d e A n g r a d o s R e i s , P a r a t i , R i o C l a r o e M a n g a r a t i b a ?
De c i d a d ã o s , q u e t e r i a m q u e s e r , p a s s a m a e x p e c t a d o r e s
d e s • n f o r m a d o s . A u s i n a e s t a v a s e n d o l e v a n t a d a a u m a d i s t â n c i a
de 1 5 km, e m l i n h a r e t a , d e 5 D k m , p o r e s t r a d a , d e A n g r a d o s
R e i s , n u m e m p r e e n d i m e n t o t o t a l m e n t e a p a r t a d o d a r e a l i d a d e
l o c a l . ( 1 8 )
A r r o l a r e m o s , a s e g u i r , a l g u m a s c a r a c t e r í s t i c a s e
i n f o r m a ç õ e s b á s i c a s r e l a t i v a s a C N A A A . A n g r a 1 .
* T i p o d e r e a t o r : P W R
* P o t ê n c i a b r u t a : 6 5 7 M W
* P o t ê n c i a l í q u i d a : 6 2 6 M W
* L o c a l i z a ç ã o ; P r a i a d e I t a o r n a , m u n i c í p i o d e A n g r a d o s
R e i s / R J , a 1 3 0 k m d o R i o d e J a n e i r o , 2 2 0 k m d e S ã o P a u l o e
350 k m d e B e l o H o r i z o n t e .
* C o m b u s t í v e l : u r â n i o e n r i q u e c i d o a 3 %
* M o d e r a d o r : á g u a l e v e ( d o m a r )
* I n í c i o d a s o b r a s C I V I S p e l a C N O : 0 1 . 1 0 . 7 2
* C o n s t r u ç ã o '• 6 e d i f í c i o s ( d o r e a t o r , d a s e g u r a n ç a , d o
c o m b u s t í v e l , d o t u r b o g e r a d o r , a u x i l i a r n o r t e e sul P d a
admini s t r a ç ã o )
* C u s t o : U S $ 3 0 4 m i l h õ e s ( j u n h o / 7 2 ) ( 1 9 )
* I n í c i o d e O p e r a ç ã o : 1 9 7 7 ( 1 o . c r o n o g r & m a )
* C o n c e s s ã o d a l i c e n ç a d e c o n s t r u ç ã o d e f i n i t i v a d a u s i n a p e t a
E n q u a n t o s e e f e t i v a v a a c o n s t r u ç ã o d e A n g r a 1 ( n ã o s e m
1 5 3
e n o r m e s d i f i c u l d a d e s , i n c l u s i v e de a c e s s o ao l o c a l ) , f a t o r e s
e x t e r n o s c o n t r i b u í a m d e c i s i v a m e n t e p a r a o c u r s o d o s
a c o n t e c i m e n t o s n u c l e a r e s d o p a i s , s e n d o q u e o a n o de 1 9 7 4
p o s s u i d e s t a q u e '•
- 0 p r e s i d e n t e E r n e s t o G e i s e l a u t o r i z a a c o n s t r u ç ã o da B a .
u n i d a d e d a C N A A A (a e s t i m a t i v a da E l e t r o b r á s n o P i a n o 90
e l a b o r a d o e m 1 9 7 3 - t o t a l i z a v a 8 u s i n a s n u c l e a r e s d e 1 5 0 0 M W
até 1 9 9 0 } o m e s m o e r a p r e c o n i z a d o p e l o II P N D ) , ( 2 D )
- c r i a ç ã o d o C l u b e de L o n d r e s , q u e a c r e s c e n t o u m e c a n i s m o s
a d i c i o n a i s de c o n t r o l e ao S i s t e m a de S a l v a g u a r d a s da A I E A ,
não a d m i t i n d o e x p o r t a ç ã o de t e c n o l o g i a s e n s í v e l p a r a p a í s e s
em d e s e n v o l v i m e n t o .
- 0 B r a s i l t e n t a n e g o c i a r c o m os EUA a c o m p r a d e 4 c e n t r a i s
n u c l e a r e s e a i n s t a l a ç ã o do c i c l o d o c o m b u s t í v e l , s e n d o
i m p e d i d o p e l o g o v e r n o por e n v o l v e r o e n r i q u e c i m e n t o do u r â n i o
(a W e s t i n g h o u s e é p r o i b i d a de f o r n e c e r u r â n i o e n r i q u e c i d o
para A n g r a 1 ) .
' A t e n t a t i v a de n e g o c i a ç ã o c o m a F r a n ç a , q u e só a d m i t e a
t r a n s f e r ê n c i a da u s i n a de e n r i q u e c i m e n t o s o b a f o r m a de
t u r n - k e v . n ã o p e r m i t i n d o o a c e s s o do B r a s i l à t e c n o l o g i a .
* A a s s i n a t u r a d o P r o t o c o l o de B r a s í l i a , q u e d e s e n v o l v e u a s
n e g o g i a ç õ e s c o m o g o v e r n o da RFA e q u e p r e v i a u m m í n i m o d e 9
c e n t r a i s n u c l e a r e s d e 1 2 0 0 M W ,
" R a t i f i c a ç ã o do T N P por p a r t e da A l e m a n h a .
E x p l o s ã o da p r i m e i r a b o m b a a t ô m i c a da í n d i a .
C r i a ç ã o da N u c l e b r á s ( E m p r e s a s N u c l e a r e s do B r a s i l S . A . ) ,
pfTl s u b s t i t u i ç ã o à C B T N , a t r a v é s da Lei n o . 6 . 1 8 9 , d e
154
16.12.74.
Se o objetivo centrai do governo brasileiro era a
consecução da tecnologia do enriquecimento do urânio e se a
Alemanha era o único país propenso a um acordo de cooperação
completa, era premente a intensificação das negociações
teuto-brasiI e i r a s , o que ficou a cargo da Nuclebrás, q ue,
segundo C. G I R O T T I , se converteria no verdadeiro pivô da
política nuclear brasileira.
0 Protocolo de Brasília havia sido assinado em 0 3 . 1 0 . 7 4 ,
mas já em 15.09.74 Furnas fora notificada pelo MME que as
unidades 2 e 3 da CNAAA seriam adquiridas dentro de um
acordo com a A Iemanha.(21 )
5. De 1975 a 1979 - 0 DESLANCHAMENTO DO PROGRAMA NUCLEAR
BRASILEIRO.
1975
Em decorrência do 1 o , Acordo de Cooperação com a
Alemanha (1969) e do Protocolo de Brasília ( 1 9 7 4 ) , Brasil e
Alemanha assinam, em Bonn, a 27.06.75, o "Acordo sobre
Cooperação nos Usos Pacíficos da Energia Nuclear entre o
Brasil e a RFA" (doravante denominado apenas de Acordo).(22)
Não o b s t a n t e , em junho, antes da assinatura do Acordo, o
^residente Geiset autorizara a construção da 3a. usina da
CNAAA.
1 5 5
O d i s c u r s o o f i c i a l d i f e r e e m r e l a ç ã o à q u a n t i d a d e d e
u s i n a s p a r a D l o c a l '• e n q u a n t o A r n a l d o R o d r i g u e s Q A R B A L H O
a f i r m a v a q u e e m 1 9 7 2 j á se c o g i t a v a m t r ê s u s i n a s e m I t a o r n a ,
J o h n R e g i n a l d o C O T R I M ( e x - p r e s i d e n t e d e F u r n a s ) i n f o r m a v a ( 2 3 )
q u e a P r a i a d e I t a o r n a h a v i a s i d o s e l e c i o n a d a c o m o o b j e t i v o
de s e r c o n s t r u í d a u m a s ó u s i n a , a p e s a r d o e s p a ç o p a r a
e x p a n s ã o .
0 B r a s i l c o n t i n u a v a a i n s i s t i r n o s P W R e e m r e a t o r e s d e
p o t ê n c i a e l e v a d a . E m 1 9 7 5 ( i n c l u s i v e ) f u n c i o n a v a m 6 0 P W R . d e
um t o t a l d e 1 7 ? r e a t o r e s n o m u n d o . ( 2 4 ) N o s E U A o 1 o . P W R
h a v i a c o m e ç a d o a o p e r a r e m 1 9 6 0 ( 1 8 5 M W ) . E m 1 9 7 5 e r a m 3 3
P W R , s e n d o o 3 3 o . o r e a t o r T r o j a n , q u e i n i c i o u o p e r a ç ã o e m
1 9 7 5 e c u j a p o t ê n c i a e r a d e 1 2 1 6 M W . N a A l e m a n h a o 1 o . P W R
c o m e ç a r a a f u n c i o n a r e m 1 9 6 8 ( 3 4 5 M W ) e e m 1 9 7 5 a p e n a s t r ê s
PWR o p e r a v a m n o p a í s , s e n d o o 3 o . B I B L I S A ( 1 9 7 4 ) , d e 1 2 0 4
MW.
A A l e m a n h a e s t a v a e x p o r t a n d o p r o j e t o s d e r e a t o r e s q u e
c o m e ç a r i a m a s e r c o n s t r u í d o s e m s e u p r ó p r i o p a í s e c u j o
r e s u l t a d o a i n d a e r a i m p r e v i s í v e l . 0 B r a s i l , p o r s u a v e z ,
e n c o m e n d a v a n o v a m e n t e o s r e a t o r e s P W R d e m a i o r p o t ê n c i a d o
m u n d o : 1 3 4 5 M W d e p o t ê n c i a b r u t a .
P a r a A u r e l i a n o C H A V E S Í 2 5 ) , b e m c o m o n o R e l a t ó r i o d a C P I
do A c o r d o ( 2 B ) c o n s t a q u e a u s i n a B I B L I S C ( 2 7 ) é a r e f e r ê n c i a
a l e m ã p a r a A n g r a 2 e 3 .
P a r a a N u c I e b r á s / K W L K 2 8 ) , A r n a l d o R o d r i g u e s B A R B A L H O e
fte* N a z a r é A L V E S , a u s i n a d e r e f e r ê n c i a p a r a A n g r a 2 e 3
< jpria Gr af e n r h e i n f e I d , l o c a l i z a d a à m a r g e m d o R i o M e n o , c u j a
1 5 6
c o n s t r u ç ã o f o r a i n i c i a d a e m j a n e i r o d e 1 9 7 5 ( e c o n c l u í d a e m
1 9 8 ? ) . " N a é p o c a , G r a f e n r h e i n f e I d e r a a m a t s n o v a c e n t r a l c o m
r e a t o r P W R e m c o n s t r u ç ã o e r e p r e s e n t a v a , p o r t a n t o , o e s t á g i o
m a i s a v a n ç a d o d a t e c n o l o g i a P W R . A l é m d i s s o , e l a e s t a v a a i n d a
b e m n o i n í c i o d a s u a c o n s t r u ç ã o , p e r m i t i n d o a s s i m a o s
t é c n i c o s b r a s i l e i r o s a c o m p a n h a r t o d a s a s s u a s -fases d e
c o n s t r u ç ã o e c o m i s s i o n a m e n t o , a t é a e n t r a d a e m o p e r a ç ã o
c o m e r c i a l . " ( ? 9 >
A n t e s , p o r é m , d e a r r o l a r o b j e t i v o s e c a r a c t e r í s t i c a s d o
A c o r d o , c o n s i d e r a m o s c o n v e n i e n t e a b r i r u m p a r ê n t e s e p a r a
e x p I t c i t a ç ã o d e d a d o s r e l a t i v o s a o d e s e n v o l v i m e n t o d a e n e r g i a
n u c I e o e I é t r i c a a l e m ã .
?. 1 .1 A l e m a n h a
A p ó s a 5 a . G u e r r a M u n d i a l e a d i v i s ã o d a A l e m a n h a e m
d o i s p a í s e s , a R F A t e m a s p e s q u i s a s n u c l e a r e s s u j e i t a s à
s u p e r v i s ã o d o s a l i a d o s - n o r t e - a m e r i c a n o s , i n g l e s e s e
f r a n c e s e s . D u r a n t e p r a t i c a m e n t e d e z a n o s ( d e 1 9 4 5 a 1 9 5 5 ) o s
a l e m ã e s e n c o n t r a r a m - s e t a m b é m n o c a m p o d a t e c n o l o g i a n u c l e a r
c o m s u a s i n s t a l a ç õ e s d e s t r u í d a s e i m p e d i d o s d e r e t o m a r s u a s
a t i v i d a d e s , s e n d o q u e a p a r t i r d e 1 9 5 5 a p e s q u i s a e o u s o
civil d a t e c n o l o g i a n u c l e a r p a s s a r a m a s e r l i v r e s . ( 3 0 )
E m 1 9 . 0 7 . 5 6 foi f u n d a d o o C e n t r o d e P e s q u i s a A t ô m i c a d e
K a r i & r u h e , p e l o g o v e r n o f e d e r a l , d o t a d o c o m u m d o s p r i m e i r o s
r e a t o r e s d e p e s q u i s a , e n t r e o u t r a s i n s t a l a ç õ e s . D t n t r e a s
a t i v i d a d e s , se d e s e n v o l v i a o p r o c e s s o iet n o z z l e d e
P n r ' P u e c i m e n t o d e u r â n i o .
1 5 7
O E s t a b e l e c i m e n t o d e P e s q u i s a A t ô m i c a d e J u e l i c h ,
i n a u g u r a d o e m 1 9 6 1 , se t o r n a r i a , j u n t a m e n t e c o m o d e
K a r l s r u h e , u m d o s p r i n c i p a i s c e n t r o s d e p e s q u i s a d a A l e m a n h a .
É n e s s e c e n t r o ( e n a s e d e d a K W U ) q u e e m 1 9 7 2 , 6 0 o f i c i a i s d a
E S G d o RJ ( e s p e c i a l i s t a s n u c l e a r e s d a s F o r ç a s A r m a d a s , s e n d o
g r a n d e n ú m e r o p e r t e n c e n t e à M a r i n h a ) p a r t i c i p a m d e u m
p r o g r a m a d e f o r m a ç ã o d e e s p e c i a l i s t a s n u c l e a r e s .
D a d é c a d a d e 6 0 ( é p o c a d o " m i l a g r e a l e m ã o " ) a t é m e a d o s
da d é c a d a d e 7 0 , a A l e m a n h a o b t é m u m l u g a r p r i v i l e g i a d o n o
m e r c a d o a t ô m i c o m u n d i a l , p e r í o d o e m q u e a i n d ú s t r i a n u c l e a r
se d e s e n v o l v e a c e l e r a d a m e n t e , e m e s p e c i a l a c o n j u n ç ã o
S I E M E N S - K W U . 0 p a í s p a s s a a s e r u m d o s p r i n c i p a i s
e x p o r t a d o r e s d e t e c n o l o g i a n u c l e a r .
" A e x p e r i ê n c i a a l e m ã e m t e c n o l o g i a n u c l e a r n ã o é m u i t o
a n t i g a , t e n d o d e c o r r i d o a p e n a s c e r c a d e 1 5 a n o s d e s d e a
p r i m e i r a u s i n a n u c l e a r - V e r s u c h s a t o m - K r a f t w e r k K a h l d e 1 5
M W e - a t é a e n t r a d a e m o p e r a ç ã o d o g r a n d e r e a t o r d e B i b l í s d e
1 . 3 0 0 M W e , ( . . . . ) . E s s e r e a t o r é d o t i p o P W R d e s e n v o l v i d o n o s
EUA p e l a W e s t i n g h o u s e , c u j a t e c n o l o g i a f o i a b s o r v i d a e
i m p l e m e n t a d a p e l a A I e m a n h a " . ( 3 1 ) ( o a u t o r s e r e f e r e a q u i a o
r e a t o r B i b l i s A ) .
E n t r e t a n t o , a A l e m a n h a , n o a p o g e u n u c l e a r , n ã o c o n t a v a
c o m d o i s a s p e c t o s h i s t ó r i c o s e d e c i s i v o s :
a ) a d i m i n u i ç ã o d e e n c o m e n d a s d e u s i n a s n u c l e a r e s e b ) o
f o r t a l e c i m e n t o d o m o v i m e n t o a n t i n u c l e a r a l e m ã o , a i n d a q u e a
' e g i s l a ç ã o a l e m ã , p a r a c o n s t r u ç ã o e o p e r a ç ã o d e u s i n a s
n u c l e a r e s , i n c l u í s s e c u i d a d o s a d i s c u s s ã o c o m a p o p u l a ç ã o d e
1 5 B
t o d a s as q u e s t õ e s r e l a t i v a s à s e g u r a n ç a d o s r e a t o r e s ,
p r o t e ç ã o . a d i o I ó g i c a , p r o t e ç ã o do m e i o a m b i e n t e , e t c .
Em 1 9 8 6 , o p a í s t i n h a u m a c a p a c i d a d e i n s t a l a d a d e 1 8 , 9 4 7
MW (11 P W R , 7 B W R , 2 H T G R e 1 F B R ) ; e m p r e e n d i a a c o n s t r u ç ã o
de m a i s 4 , 0 5 8 MW (3 P W R , 1 F B R ) , t e n d o p l a n e j a d o s 1 2 . 6 2 1 MW
(7 PWR, 1 F B R e d o i s o u t r o s r e a t o r e s ) , p r o d u z i n d o a t r a v é s d a s
u s i n a s n u c l e a r e s , 2 9 , 4 % do total d e e l e t r i c i d a d e no p a í s ,
que, s e g u n d o A. M O B E R G é j u s t a m e n t e o p a í s q u e m a i s i n v e s t e ( p e r
c a p i t a ) e m p e s q u i s a n u c l e a r no m u n d o .
T e n d o um l u g a r p r i v i l e g i a d o no m e r c a d o m u n d i a l ,
c o n s e g u i u r e s u l t a d o s i n t e r e s s a n t e s c o m o I r ã , a Á f r i c a do Sul
e a A r g e n t i n a , e m a c o r d o s f i r m a d o s e m 1 9 7 5 e 1 9 7 6 .
A p e s a r de C h e r n o b y l e da c o n s e q ü e n t e a c e n t u a ç ã o do
m o v i m e n t o a n t i n u c i e a r , m a i s t r ê s u s i n a s e n t r a r a m em
f u n c i o n a m e n t o e m 1 9 8 8 U s a r 2 * - 1 2 7 0 MW, E m s l a n d - 1 2 3 0 MW e
N e c k a r w e s t h e i m 2 - 1 2 2 5 M W ) , h a v e n d o u m a e m c o n s t r u ç ã o
( K a l k a r ) , t r ê s p a r a l i s a d a s ( G r u n d r e m m i n g e n , N i e d e r a i c h b a c h e
L i n g e n ) e u m d e p ó s i t o final para r e j e i t o s r a d i o a t i v o s e m
c o n s t r u ç ã o ( G o r l e b e n ) .
<* Em j u l h o / 8 9 h o u v e u m a c i d e n t e na u s i n a Isar 1, s e n d o
i m e d i a t a m e n t e d e s l i g a d a , n ã o se s a b e n d o s e f e c h a d a
d e f i n i t i v a m e n t e . F S P , 0 6 . 0 8 . 8 9 ) .
?.1.2 0 A c o r d o Br asiI - A I e m a n h a
0 g o v e r n o b r a s i l e i r o , t e n d o e n c o n t r a d o um p a r c e i r o q u e
c o n c o r d a r a e m t r a n s f e r i r a t e c n o l o g i a n u c l e a r , c o m e ç a r i a seu
1 5 9
empenho p e l a c o n q u i s t a da a u t o n o m i a t e c n o l ó g i c a , seu a l v o
m a i o r , a t r a v é s de t r ê s a t a p a s d i s t i n t a s :(3c?)
a) r e p r o d u ç ã o da t e c n o l o g i a , c o m a d a p t a ç ã o
b) r e d u ç ã o da d e p e n d ê n c i a
c) a u t o n o m i a de p r o j e t o e f a b r i c a ç ã o .
0 p a í s q u e r i a se d e s f a z e r da d u p l a d e p e n d ê n c i a , já
citada : a da c o n s t r u ç ã o d o s r e a t o r e s e a do e n r i q u e c i m e n t o
do u r â n i o .
0 q u e foi c h a m a d o de " n e g ó c i o do s é c u l o " , " h i p o t e c a do
século", "a a v e n t u r a do s é c u l o " s i g n i f i c a v a , em v e r d a d e , o
maior c o n t r a t o r e a l i z a d o no setor em todo o m u n d o , uma g r a n d e
vitória da p o l í t i c a de c o m é r c i o e x t e r n o da A l e m a n h a ,
superando os EUA nas e x p o r t a ç õ e s em b l o c o , já que até 1 9 7 5 o
me r c a d o m u n d i a l do r a m o e r a n o r t e - a m e r i c a n o .
0 A c o r d o p r e v i a :
- 8 r e a t o r e s n u c l e a r e s de 1 3 0 0 MW até 1 9 9 0 ( s e n d o que o
c o m p r o m i s s o b r a s i l e i r o g i r a v a em t o r n o da c o m p r a de 4 u s i n a s
i n i c i a l m e n t e , Não o b s t a n t e , a t r a n s f e r ê n c i a de t e c n o l o g i a se
daria t o t a l m e n t e , s e g u n d o os a l e m ã e s , a t r a v é s da c o m p r a d a s
8 u s i n a s ) .
- f á b r i c a d e c o m p o n e n t e s p e s a d o s p a r a r e a t o r e s
~ i n s t a l a ç õ e s d o c i c l o d o c o m b u s t í v e l n u c l e a r
" p r o s p e c ç ã o , m i n e r a ç ã o e b e n e f i c i a m e n t o d o u r â n i o
~ c o n v e r s ã o a g á s ( h e x a f I u o r e t o d e u r â n i o )
* e n r i q u e c i m e n t o d e u r â n i o ( d e 0 , 7 % p a r a 3% d o i s ó t o p o 2 3 5 )
f a b r i c a ç ã o d o e l e m e n t o c o m b u s t í v e l ( b a r r a s d e z i r e a l o y
c o n t e n d o o x i d o d e u r â n i o )
^ p r o c e s s a m e n t o d o c o m b u s t í v e l i r r a d i a d o .
1 6 0
V i g ê n c i a d e 1 5 a n o s , p r o r r o g á v e i s p o r p e r í o d o s d e 5 a n o s ,
d e s d e q u e n ã o h o u v e s s e d e n ú n c i a d e u m a d a s p a r t e s . C u s t o
i n i c i a l , s e g u n d o i n f o r m a ç õ e s o f i c i a i s : c e r c a de U S $ 1 0
bi f h õ e s .
P a r a o e s t a b e l e c i m e n t o de u m a i n f r a e s t r u t u r a n u c l e a r ,
f o r a m e s c o l h i d a s u m a s é r i e de e m p r e s a s a l e m ã s : ( 3 3 )
* KWU - K r a f t w e r k U n i o n A k t i e n g e s e I I s c h a f t - a m a i o r e m p r e s a
alemã d e c o n s t r u ç ã o de c e n t r a i s n u c l e a r e s ( r e s p o n s á v e l p e l a
c o n s t r u ç ã o do c o m p l e x o d e B i b l i s e G r a f e n r h e i n f e I d , p . e x . ) .
É o ó r g ã o d i r e t o r do A c o r d o .
* G H H - G u t e h o f f n u n g s h u e t t e S t e r k r a d e AG - e m p r e s a de
c o n s t r u ç ã o de c o m p o n e n t e s d e c e n t r a i s n u c l e a r e s c o m o
m á q u i n a s , i n s t a l a ç õ e s , e q u i p a m e n t o s , e t c .
* UG - U r a n g e s e I I s c h a f t - e m p r e s a d e e x p l o r a ç ã o d e m i n é r i o d e
u r â n i o .
* G f K - G e s e l l s c h a f t f u e r K e r n f o r s c h u n g - s o c i e d a d e d e
e x p l o r a ç ã o nucI e a r .
* S T E A G - S t e a g K e r n e n e r g i e - m a n u t e n ç ã o , r e v i s ã o e r e p a r a ç ã o
de c e n t r a i s n u c l e a r e s .
* I N T E R A T O M - I n t e r n a t i o n a l e A t o m r e a k t o r b a u . A t i v i d a d e
r e a t o r e s r e p r o d u t o r e s r á p i d o s ( d e n ê u t r o n s ) j e n r i q u e c i m e n t o
tie u r â n i o .
* V O E S T - A l p i n e - V e r e i n i g t e O e s t e r r e i c h i s c h e E i s e n u n d
S t a h l w e r k e A l p i n e M o n t a n A k t i e n g e s e I I s c h a f t ( e m p r e s a
a u s t r í a c a ) - f a b r i c a ç ã o de c o m p o n e n t e s p a r a u s i n a s n u c l e a r e s ,
* KEWA - K e r n b r e n n s t o f f - W i e d e r a u f a r b e i t u n g s g e s e I I s c h a f t -
l f 1vest i g a ç & o do r e p r o c e s s a m e n t o d e e l e m e n t o s c o m b u s t í v e i s
1B1
irradi a d o s .
* U H D E - F r i e d r i c h U h d e - p l a n e j a m e n t o e c o n s t r u ç ã o de
i n s t a l a ç õ e s e e q u i p a m e n t o s p a r a a i n d ú s t r i a q u í m i c a e s e t o r e s
a f i n s .
S u b s i d i á r i a s da N u c l e b r á s , f o r m a d a s a p ó s o A c o r d o :
* N U S T E P - C o m p a n h i a de E x p l o r a ç ã o de P a t e n t e s de
E n r i q u e c i m e n t o por Jato C e n t r í f u g o , f o r m a d a pela N u c l e b r á s e
a S T E A G ( s e d e : E s s e n / A I e m a n h a ) . Capital : 5 0 % N u c l e b r á s e
5 0 % S T E A G .
* N U S T E G - C o m p a n h i a para o D e s e n v o l v i m e n t o do
E n r i q u e c i m e n t o por Jato C e n t r í f u g o , f o r m a d a pela N u c l e b r á s e
a S T E A G ( S e d e : E s s e n / A I e m a n h a ) . Capital : 5 0 % N u c l e b r á s e
5 0 % S T E A G . N ã o c h e g o u a ser c o n s t i t u í d a e s e u s o b j e t i v o s
foram a c r e s c e n t a d o s à N U S T E P .
* N U C L E P - N u c l e b r á s E q u i p a m e n t o s P e s a d o s S,A,, em resa
f a b r i c a d o r a d e c o m p o n e n t e s p e s a d o s para u s i n a s n u c l e a r e s ,
c o m p o s t a p e l a N u c l e b r á s (com 7 5 % do c a p i t a l ) e KWU, G H H e
V o e s t - A l p i n e ( 2 5 % do c a p i t a l ) . ( D e c r e t o n o . 7 6 8 0 5 , de
1 6 . 1 2 . 7 5 ) .
* N U C L E I - N u c l e b r á s de E n r i q u e c i m e n t o I s o t ó p i c o S.A., p a r a a
c o n s t r u ç ã o e o p e r a ç ã o de uma usina de d e m o n s t r a ç ã o de
e n r i q u e c i m e n t o de u r â n i o por jato c e n t r í f u g o , f o r m a d a p e l a
N u c l e b r á s ( 7 5 % do c a p i t a l ) , S T E A G ( 1 5 % ) e I N T E R A T O M ( 1 0 % ) .
(decreto n o . 7 B B D 4 , de 1 6 . 1 2 . 7 5 ) .
* N U C L E N - N u c l e b r á s E n g e n h a r i a S.A, C o m p a n h i a para r e a l i z a r
í>erviços de e n g e n h a r i a relacionados, à c e n t r a i s n u c l e a r e s e
outros p r o j e t o s e n e r g é t i c o s , c o m p o s t a pela N u c l e b r á s ( c o m 7 5 %
1 6 2
do c a p i t a l ) e K W U ( 2 5 % ) . ( D e c r e t o n o . 7 6 B D 3 , d e 1 6 . 1 2 . 7 5 ) .
* N U C L A M - U u c l e b r á s A u x i l i a r d e M i n e r a ç ã o S . A . , f o r m a d a p e l a
N u d e b r á s ( 5 1 % ) e UG ( 4 9 % ) q u e o b j e t i v a a p r o s p e c ç ã o ,
p e s q u i s a , d e s e n v o l v i m e n t o e e x p l o r a ç ã o d e d e p ó s i t o s d e
u r â n i o , b e m c o m o a e x t r a ç ã o , b e n e f i c i a m e n t o , p r o c e s s a m e n t o ,
a d e q u a ç ã o p a r a o c o m é r c i o , t r a n s p o r t e e v e n d a a N u c l e b r á s d e
t o d o o u r â n i o n a t u r a l ou s e u s c o m p o n e n t e s . ( D e c r e t o n o . 7 6 B Q 2
de 1 6 . 1 2 . 7 5 ) .
* N U C L E M O N - N u c l e b r á s d e M o n a z i t a e A s s o c i a d o s L t d a . ( 1 D D %
c a p i t a l da N u c l e b r á s ) .
* N U C O N - N u c l e b r á s C o n s t r u t o r a de C e n t r a i s N u c l e a r e s ( c o m
1 0 0 % de c a p i t a l da p r ó p r i a N u c l e b r á s ) . ( D e c r e t o n o . 8 0 2 9 0 , d e
2 9 . 1 0 . 8 0 ) .
P a r a u m a A l e m a n h a c a r e n t e de j a z i d a s p r ó p r i a s d e u r â n i o ,
c o n s c i e n t e d a d i m i n u i ç ã o d o n ú m e r o d e e n c o m e n d a s d e c e n t r a i s
n u c l e a r e s no m u n d o , d o n a d e u m a i n d ú s t r i a n u c l e a r p o d e r o s a e m
d e c r é s c i m o p r o d u t i v o , d e p e n d e n t e d o s E U A no q u e d i z i a
r e s p e i t o ao c o m b u s t í v e l e n r i q u e c i d o e c e n t r o d e um c r e s c e n t e
m o v i m e n t o a n t i n u c l e a r , o A c o r d o p o s s u í a , n a q u e l e m o m e n t o , o
s i g n i f i c a d o d e u m g r a n d e n e g ó c i o .
E r a a é p o c a do a u g e da p r i m e i r a r e a v a l i a ç ã o
i n t e r n a c i o n a l do u s o da e n e r g i a n u c l e a r , b e m c o m o da
c a m p a n h a p e l a n ã o - p r o I i f e r a ç ã o de a r m a s n u c l e a r e s d o g o v e r n o
t e - a m e r í c a n o . ( 3 4 )
0 c o n s ó r c i o c o m o B r a & i l i m p u l s i o n a r i a as e m p r e s a s
, p r o p o r c i o n a r i a a c e s s o ao m i n é r i o d e u r â n i o e
1 6 3
i n c e n t i v a r i a o e n r i q u e c i m e n t o e o r e p r o c e s s a m e n t o d e
c o m b u s t í v e l n u c l e a r f o r a d o p a í s ( i n d ú s t r i a s e a t i v i d a d e s q u e
r e q u e r e m a l t o c o n s u m o d e e n e r g i a e l é t r i c a ) .
E n q u a n t o o A c o r d o s i g n i f i c o u u m d e s a s t r e p o l í t i c c p a r a o
g o v e r n o d o s E U A , q u e p r e s s i o n o u a A l e m a n h a p a r a o s e u
c a n c e l a m e n t o , p a r a o g o v e r n o b r a s i l e i r o r e p r e s e n t a v a a
i n d e p e n d ê n c i a n u c l e a r . 0 B r a s i l v i v i a a e u f o r i a
n u c l e o e l é t r i c a q u e o s p a í s e s i n d u s t r i a l i z a d o s t i n h a m
i n c e n t i v a d o e v i v i d o n a d é c a d a d e 6 D e i n í c i o d a d é c a d a d e
7 0 . A N u c l e b r á s f a l a v a e m 6 3 u s i n a s n u c l e a r e s ( 8 1 . 0 0 0 M W ) a t é
o a n o P 0 0 0 ( J B , 1 0 . 0 9 , 7 5 ) .
0 A c o r d o e a p r o v a d o p e l o C o n g r e s s o N a c i o n a l a t r a v é s d o
D e c . L e g . 8 5 / 7 5 , d e 2 0 . 1 0 . 7 5 , t e n d o a a p r o v a ç ã o s i d o v o t a d a
t a m b é m p e l o M O B , a i n d a q u e a s n e g o c i a ç õ e s m a i s u m a v e z
h o u v e s s e m t r a n s c o r r i d o e m s i g i l o , a l i j a n d o , p o r c o n s e g u i n t e ,
a s o c i e d a d e c i v i l e a c o m u n i d a d e c i e n t í f i c a , a p r i m e i r a a s e
o p o r a o A c o r d o . E s s a o p o s i ç ã o f o i e x p r e s s a s o b r e t u d o a p a r t i r
d o s f í s i c o s , a t r a v é s d a S B F n o E n c o n t r o A n u a l d a S B P C e m B e l o
H o r i z o n t e , n o m ê s d e j u I h o / 7 5 . ( 3 5 )
M e s m o s e n d o r e l e v a n t e a a n á l i s e d e i n ú m e r o s a s p e c t o s
r e l a t i v o s a o A c o r d o , n o s a t e r e m o s a d o i s d e l e s :
3 ) t r a n s f e r ê n c i a d e t e c n o l o g i a
0 g o v e r n o e n t e n d i a q u e a t r a v é s d o A c o r d o e s t a r i a d a d a a
c o n q u i s t a d a a u t o n o m i a t e c n o l ó g i c a : o p a í s t e r i a o d o m í n i o
° a t e c n o l o g i a n u c l e a r , o c i c l o c o m p l e t o d o u r â n i o . 0 q o v e r n o
( M , t a v a c o n v e n c i d o ^ue h a v i a f e i t o a m e l h o r e s c o l h a , q u a n d o
h i l v | 3 a p e n a s u m a ú n i c a p a r a a l c a n ç a r s e u s o b j e t i v o s : a
i
\ 1 6 4
A l e m a n h a . N a q u e l e p a í s , a t r a n s f e r ê n c i a de t e c n o l o g i a d o s
PWR, P. e x . , e s t a v a c a l c a d a nas r e l a ç õ e s e n t r e S I E M E N S e
W e s t i n g h o u s e . "Se a S i e m e n s se t o r n a r a i n d e p e n d e n t e e
c o n c o r r e n t e no m e r c a d o m u n d i a l , q u e m g a r a n t e q u e o m e s m o
possa o c o r r e r c o m a N u c l e b r á s ? " ( 3 6 ) N u m p a í s s e m
b a c k g r o u n d n u c l e a r ?
A t r a n s f e r ê n c i a d e t e c n o l o g i a s e d a r i a a p a r t i r d e
e m p r e s a s , ó r g ã o s g o v e r n a m e n t a i s , c e n t r o s d e p e s q u i s a e g r u p o s
de t r a b a l h o . D e um p a í s " d e s e n v o l v i d o " n u c l e a r m e n t e p a r a um
pais q u e s e q u e r t i n h a uma u s i n a de p o t ê n c i a e m f u n c i o n a m e n t o .
"A t r a n s f e r ê n c i a de k n o w - h o w t e m lugar na f o r m a d e
s o f t w a r e c o m o r e l a t ó r i o s t é c n i c o s , e s p e c i f i c a ç õ e s , d e s e n h o s ,
d e s c r i ç õ e s de p r o c e s s o s , o r d e n s de p r o d u ç ã o , p r o g r a m a s d e
c o m p u t a d o r , m a n u a i s d e c o n t r o l e de q u a l i d a d e , e t c . , p o r t a n t o
como a a s s i m c h a m a d a t r a n s f e r ê n c i a de f o t o c ó p i a " . ( 3 7 )
A o s t é c n i c o s f o r m a d o s c a b e r i a a t a r e f a d e a b s o r v e r e s s a
t e c n o l o g i a , o q u e e x i g i r i a c u s t o s e l e v a d o s e i n i n t e r r u p t o s ,
além do 9\te a a b s o r ç ã o t e r i a q u e ser p e r m a n e n t e , sob p e n a d e
se p e r d e r os e s p e c i a l i s t a s .
A t r a n s f e r ê n c i a de t e c n o l o g i a , s e g u n d o J. C A R V A L H O ,
r e l a c i o n a - s e a p e n a s à f a b r i c a ç ã o e i n s p e ç ã o d e c o m p o n e n t e s e
e q u i p a m e n t o s , n ã o c o n t a n d o a e n g e n h a r i a de p r o j e t o s e n e m os
p r o b l e m a s de m a t e r i a i s ( J B , 1 9 . 1 1 . 8 1 ) . A s s i m , "o p a í s se
t o r n a r i a d e p e n d e n t e da A l e m a n h a na o b t e n ç ã o de l i c e n ç a s de
p r o d u ç ã o e c o m e r c i a l i z a ç ã o de m a t e r i a i s e e q u i p a m e n t o s , a l é m
Ofc>f por um t e m p o n ã o d e t e r m i n a d o , d e p e n d e r t a m b é m da
a & s i s t ê n c i a t é c n i c a a l e m ã " . ( 3 B )
1 6 5
P a r a o s c i e n t i s t a s a a u t o n o m i a n ã o v i r i a a t r a v é s d o
A c o r d o , m a s a t r a v é s d e u m p r o g r a m a m o d e s t o q u e e f e t i v a m e n t e
c o n d u z i s s e o p a í s à t e c n o l o g i a n u c l e a r . A f i n a l , o p a s s o
f u n d a m e n t a l n e s s a d i r e ç ã o h a v i a s i d o d a d o p e l o G r u p o d e
T o r i o .
A d e m a i s , a A l e m a n h a h a v i a c o n q u i s t a d o r a p i d a m e n t e u m
a l t o p a t a m a r n o d e s e n v o l v i m e n t o n u c l e a r . C e r t a m e n t e
c o n t i n u a r i a p e s q u i s a n d o e a l c a n ç a n d o a i n d a o u t r o s . P a s s a r i a ,
p o i s , a e x p o r t a r t e c n o l o g i a o b s o l e t a a o B r a s i l e m c u r t o
e s p a ç o d e t e m p o . p a r a q u e m t a m b é m o s P W R s i g n i f i c a v a m a p e n a s
u m a p r i m e i r a e t a p a n o d e s e n v o l v i m e n t o d a e n e r g i a
n u c l e o e l e t r í c a , s e g u i d o s p e l o s r e a t o r e s s u p e r - r e g e n e r a d o r e s e
d o s r e a t o r e s a f u s ã o .
0 " p a c o t e n u c l e a r " p r e v i a a t r a n s f e r ê n c i a d e t o d o o
c i c l o d o c o m b u s t í v e l n u c l e a r , q u a n d o e s s e n ã o p o s s u i
e c o n o m i c i d a d e c o m p r o v a d a e q u a n t o a a r r i s c a r s u a r e a l i z a ç ã o ,
c o m v i s t a s a t o r n á - l o v i á v e l , é a l g o q u e s e j u s t i f i c a p e l o s
i n t e r e s s e s m i l i t a r e s , e x p l í c i t o s o u i m p I í c i t o s . ( 3 9 ) M a s é
p r e c i s o r e s s a l t a r q u e o t e x t o d o A c o r d o n ã o p r e v i a o
a r m a z e n a m e n t o d o c o m b u s t í v e l i r r a d i a d o , f a s e q u e f a z p a r t e d o
c i c l o c o m p l e t o . E s s a n ã o e r a d e f i n i t i v a m e n t e a p r e o c u p a ç ã o d o
g o v e r n o b r a s i l e i r o d e s d e o r e l a t ó r i o d o G T E e m 19.67 e d o
P r o t o c o l o d e B r a s í l i a e m 1 9 7 4 . T e r i a a A l e m a n h a t é c n i c a s d e
a r m a z e n a m e n t o a c e i t a s c o m o d e f i n i t i v a s p a r a t r a n s f e r i r a o
b r a s i l n a o p o r t u n i d a d e ? < 4 0 )
D e a c o r d o c o m A r n o M A R T I N , d r r e t o r d a K W U , e m d e p o i m e n t o
" r e s t a d o à C P I d o A c o r d o e m 1 9 7 9 , a e s t o c a g e m d e r e s í d u o s
1 6 6
a t ô m i c o s e s t a v a s o l u c i o n a d a n a A l e m a n h a . H e r v á & i o G u i m a r ã e s
d e C A R V A L H O c o n f i r m o u a i n f o r m a ç ã o , d i z e n d o q u e n ã o h a v i a
d ú v i d a q u e o p r o b l e m a t e c n o l ó g i c o d o l i x o n u c l e a r e s t a v a
r e s o l v i d o p o r m u i t o s p a í s e s .
b ) E n r i q u e c i m e n t o d o u r â n i o .
A i n d a n o q u e d i z r e s p e i t o à t r a n s f e r ê n c i a d e t e c n o l o g i a ,
e n t e n d e m o s n e c e s s á r i o a b o r d a r u m a d a s f a s e s m a i s s e n s í v e i s d o
c i c l o : a d o e n r i q u e c i m e n t o d o u r â n i o . c u j a e x p o r t a ç ã o a
l e g i s l a ç ã o n o r t e - a m e r i c a n a , p , e x . , p r o i b i a t a x a t i v a m e n t e .
A s c o n v e r s a ç õ e s e n t r e a l e m ã e s e b r a s i l e i r o s e m t o r n o
d e s s a f a s e e s t a v a m r e l a c i o n a d a s a o p r o c e s s o d e
u l t r a c e n t r i f u g a ç ã o ( 4 1 ) , q u e n ã o p ô d e s e r i n c l u í d o n o A c o r d o
p o r p r e s s ã o d a H o l a n d a . ( 4 2 )
0 B r a s i l i m p o r t o u e n t ã o o p r o c e s s o d o j a t o c e n t r í f u g o ,
ú n i c a t e c n o l o g i a d i s p o n í v e l a s e r i n c l u í d a n a n e g o c i a ç ã o ,
d e s e n v o l v i d o p e l o p r o f e s s o r E r w m W i l l y B E C K E R ( 4 3 ) n o C e n t r o
d e K a r l s r u h e , a t é e n t ã o a p r o v a d o a p e n a s e m e s c a l a
l a b o r a t o r i a l . A t r a v é s d o A c o r d o , o s a l e m ã e s e x p e r i m e n t a r i a m o
p r o c e s s o e m e s c a l a i n d u s t r i a l p e l a p r i m e i r a v e z n o B r a s i l ,
c o m 5 0 % d e r e c u r s o s b r a s i l e i r o s .
0 p r o c e s s o t e t n o z z | e n u n c a t e v e a m e s m a p r i o r i d a d e d e
P e s q u i s a q u e a u I t r a c e n t r i f u g a ç ã o n a A l e m a n h a , s e n d o s u a
" n p l a n t a ç ã o e m e s c a l a i n d u s t r i a l i n v i á v e l e m q u a l q u e r p a i s
e u r o p e u q u e c a r e c e s s e d e a b u n d a n t e s f o n t e s h i d r á u l i c a s p a r a
p r o d u ç ã o d e e n e r g i a e l é t r i c a , m e s m o p o r q u e n e c e s s i t a d e c e r c a
de v t n t e v e z e s m a i s e n e r g i a q u e a u I t r a c e n t r i f u g a ç ã o ,
1 G 7
I g u a l m e n t e o a c o r d o d a A l e m a n h a c o m a Á f r i c a d o S u l s e
f o r m a l i z a v a p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o d e s s e p r o c e s s o d e
e n r i q u e c i m e n t o , j á q u e o p a í s t a m b é m d i s p u n h a d e g r a n d e
r e s e r v a d e u r â n i o . ( 4 4 )
É p o s s í v e l s u b e n t e n d e r , e n t ã o , q u e a A l e m a n h a p r e t e n d i a
n ã o s ó u t i l i z a r r e c u r s o s b r a s i l e i r o s p a r a a c o n t i n u i d a d e d a s
p e s q u i s a s d o j a t o c e n t r í f u g o e s u a p r i m e i r a i n s t a l a ç ã o
i n d u s t r i a l n o m u n d o , c o m o s e v a l e r d a g e r a ç ã o d e e n e r g i a
e l é t r i c a n o B r a s i l , m a i s d i s p o n í v e l e m a i s b a r a t a .
M a s é p r e c i s o n ã o e s q u e c e r q u e c o n c o m i t a n t e à a c e i t a ç ã o
d a i n s t a l a ç ã o d e u m a i n d ú s t r i a e l e t r o - i n t e n s i v a n o p a í s , o
g o v e r n o i n s i s t i a n a a f i r m a ç ã o d e u m c r e s c e n t e c o n s u m o d e
e l e t r i c i d a d e e n a d i f i c u l d a d e d o a t e n d i m e n t o d o m e r c a d o , a l é m
d o q u e l a n ç a v a m ã o d e g r a n d e s p r o j e t o s h i d r e l é t r i c o s e
n u c l e a r e s , p o r si s ó e n e r g í v o r o s .
T r a c e m o s , p o i s u m p a r a l e l o e n t r e a s p o t ê n c i a s b r u t a e
l í q u i d a d a s u s i n a s e n c o m e n d a d a s ;
A n g r a 1 6 5 7 MW 6 2 6 MW
A n g r a 2 e 3 1 3 2 5 MW 1 2 4 5 MW, p a r a
e n t e n d e r , e n t r e o u t r o s , que o p r ó p r i o f u n c i o n a m e n t o da u s i n a
requer a l t o c o n s u m o de e l e t r i c i d a d e d u r a n t e os 2 5 - 3 0 a n o s de
vida ú t i l , sem e s q u e c e r do a l t o c o n s u m o d u r a n t e a c o n s t r u ç ã o
e q u a n d o de sua d e s a t i v a ç ã o ou d e s m o n t e ( t e c n o l o g i a , a l i á s ,
que t a m b é m não c o n s t a no A c o r d o ) , P o d e t a m b é m ser q u e s t i o n a d o
&e há c o r r e l a ç ã o e n t r e p o t ê n c i a e c o n s u m o q u a n t o a o s
r e a t o r e s .
A t r a v é s do A c o r d o t e n t a r i a se c o n s o l i d a r o i m p o s s í v e l . De um
J 1 6 8
l a d o u m p a í s d e s e n v o l v i d o , q u e e x e c u t a r i a o A c o r d o a t r a v é s d e
e m p r e s a s p r i v a d a s ( i n d ú s t r i a s c o m d e p a r t a m e n t o s d e p e s q u i s a ) ,
c o m e x p e r i ê n c i a e m t e r m o e I é t r i c a s a c a r v ã o e p e t r ó l e o ,
c o n s i d e r a n d o a e n e r g i a n u c l e a r e s s e n c i a l . D e o u t r o , u m p a í s
s u b d e s e n v o l v i d o » c o m e n o r m e p o t e n c i a l h í d r i c o e a c o n s e q ü e n t e
d e s n e c e s s i d a d e d a e n e r g i a n u c l e a r , s e m e x p e r i ê n c i a e m
t e r m o e I é t r i c a s a c a r v ã o e a p e t r ó l e o , t e n d o c o m o e x e c u t o r o
g o v e r n o , q u e c o n t a v a c o m p o u c a s i n d ú s t r i a s s e m p e s q u i s a s e
e q u i p a m e n t o s . ( 4 5 >
0 c o n t r o l e d a t e c n o l o g i a , o p o d e r d e d e c i s ã o c a b e r i a à
A l e m a n h a . A o s c r í t i c o s d o p r o g r a m a n u c l e a r c o u b e l a m e n t a r a
s u a m e g a l o m a n i a , i n e f i c i ê n c i a , n ã o j u s t i f i c a ç ã o , n ã o
c o n t r i b u i ç ã o p a r a s o l u ç ã o d a c r i s e e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a ( q u e
n ã o d i z i a r e s p e i t o à e n e r g i a e l é t r i c a ) , o s s e u s c u s t o s m u i t o
s u p e r i o r e s a o s d e i m p l a n t a ç ã o d e u m p r o g r a m a h i d r e l é t r i c o d e
i g u a l p o r t e , a i m p o r t a ç ã o d e t e c n o l o g i a s i n c o n c l u s a s e
i n e f i c i e n t e s , a c o n t r a d i ç ã o a o s i n t e r e s s e s b r a s i l e i r o s n o s
c a m p o s t e c n o l ó g i c o , i n d u s t r i a l , c o m e r c i a l e a f o n t e d e
i n f I a ç ã o . ( 4 6 )
A f i n a l , d o P N B p a r t i c i p a v a u m g r u p o r e s t r i t o e f e c h a d o ,
q u e t r a n s a c i o n a v a s i g i I o s a m e n t e , c o m o q u e , a l i á s , e s t a v a
t o t a l m e n t e d e a c o r d o o S e n a d o r V i r g í l i o T á v o r a , e m s e u
p a r e c e r n o . 4 9 6 / 7 5 d a C o m i s s ã o d e R e l a ç õ e s E x t e r i o r e s d o
S e n a d o F e d e r a l , a p r o v a d o p o r u n a n i m i d a d e e m 1 5 . 1 0 . 7 5 . N e s s e
p a r e c e r c o n s t a , e n t r e o u t r o s , s e r o p r e ç o p a g o p e l o B r a s i l n o
A c o r d o i n c r i v e l m e n t e b a r a t o e s e r o i e t n p z z I e p r a t i c á v e l .
A i n d a e m 1 9 7 5 a m í d i a d i v u l g a r i a q u e e m 1 9 8 3 a s t r ê s
u n i d a d e s d a C N A A A e s t a r i a m o p e r a n d o c o m e r c i a l m e n t e .
i 1 6 9
2 . 2 . 1 9 7 B e 1 9 7 7 .
E m j u l h o d e 1 9 7 6 , F u r n a s c o n c r e t i z a v a a c o m p r a d e A n g r a
2 e 3 à K W U . U m a n o a p ó s , a m b a s a s u s i n a s a c h a v a m - s e e m
e x e c u ç ã o , c a b e n d o à N U C L E N o p r o j e t D b á s i c o e e s t a n d o o
i n v e s t i m e n t o d e A n g r a S c a l c u l a d o e m U S $ 8 5 0 p o r k W
i n s t a l a d o , d e v e n d o a l c a n ç a r u m c u s t o f i n a l d e U S $ 1 , 1 b i l h ã o .
E s t a v a t a m b é m c o n c l u í d a a e n g e n h a r i a d e b a s e p a r a a u s i n a d e
s e p a r a ç ã o i s o t ó p i c a p e l o j a t o c e n t r í f u g o , c o m e n t r a d a e m
o p e r a ç ã o p r e v i s t a p a r a 1 9 8 2 . A p r i m e i r a p r o d u ç ã o s e
d e s t i n a r i a à s p r i m e i r a s r e c a r g a s d e A n g r a 2 e 3 .
C o n c o m i t a n t e m e n t e e s t a v a m e m a n d a m e n t o o s p r o j e t o s d a
F E C ( t é r m t n o d o p r o j e t o b á s i c o , i n í c i o d a e n g e n h a r i a d e
d e t a l h e ) e d a u s i n a d e r e p r o c e s s a m e n t o ( c o m i n í c i o d e
o p e r a ç ã o p r e v i s t o p a r a 1 9 8 3 ) .
A N U C L E P ( I t a g u a í / R J ) ( 4 7 ) e s t a v a e m c o n s t r u ç ã o , c o m
i n í c i o d e f u n c i o n a m e n t o p r e v i s t o p a r a 1 9 7 9 .
E s s a s i n f o r m a ç õ e s f o r a m v e i c u l a d a s p e l a N u c l e b r á s , p o r é m
è d e s e p e r g u n t a r o q u e s i g n i f i c a v a " A n g r a 3 e m e x e c u ç ã o " ,
u m a v e z q u e e m 1 2 . 1 1 . 7 9 a N U C L E N e l a b o r a r a u m d o c u m e n t o
i n t i t u l a d o " E s t u d o d e S í t i o s A l t e r n a t i v o s p a r a C o n s t r u ç ã o d a
U s i n a N u c l e a r A n g r a 3 " , a s s i n a d o p o r s e u d i r e t o r
s u p e r i n t e n d e n t e R o n a l d o A . C . F a b r í c i o e e n v i a d o a o M i n i s t r o
das. M i n a s e E n e r g i a C é s a r C a i s , n a m e s m a d a t a . T a l e s t u d o
a p r e s e n t a c o m p a r a ç õ e s d e c u s t o e n t r e a s d u a s h i p ó t e s e s
c o n s i d e r a d a s m a i s i n d i c a d a s : a p r ó p r i a P r a i a d e I t a o r n a e
p o n t a G r a n d e ( e n t r e a s p r a i a s I t a o r n a e B r a v a ) , c o m d i f e r e n ç a
1 7 0
f a v o r á v e l à s e g u n d a ( l o c a l a p r o v a d o p o s t e r i o r m e n t e ) .
O t z o d o c u m e n t o : " s e f o s s e e s c o l h i d a a a l t e r n a t i v a d e
I t a o r n a , a d a t a m a i s c e d o p a r a i n í c i o d e A n g r a 3 s e r i a o 3 o .
t r i m e s t r e d e 1 9 B 1 e a e n t r a d a e m o p e r a ç ã o e m f i n a l d e 1 9 8 7 ;
s e l o c a l i z a d a e m P o n t a G r a n d e , A n g r a 3 p o d e r i a s e r i n i c i a d a
n o p r i m e i r o t r i m e s t r e d e 1 9 8 1 e c o n c l u í d a n o 1 o . t r i m e s t r e
d e 1 9 8 7 " ( p . 5 ) .
1 9 7 7 é t a m b é m o a n o e m q u e o B r a s i l a s s i n a u m a c o r d o c o m
a U R E N C O p a r a o f o r n e c i m e n t o d e u r â n i o e n r i q u e c i d o p a r a A n g r a
? e 3 , o p o r t u n i d a d e e m q u e o B r a s i I s e c o m p r o m e t e a s u b m e t e r
o p l u t õ n i o a u m s i s t e m a d e a r m a z e n a m e n t o i n t e r n a c i o n a l ,
A i n d a e m 1 9 7 6 h a v i a s e d a d o a a d j u d i c a ç ã o d e A n g r a ? e 3
ã C N O , s e m p r é v i a l i c i t a ç ã o p ú b l i c a . " A c a s a m a t r i z d a
C o n s u l t o r a e s t á n o r r s t a d o d a B a h i a , F o i A n t ô n i o C a r l o s
M a g a l h ã e s , p r e s i d e n t e d a E l e t r o b r á s , q u e m e n t r e g o u ,
p e s s o a l m e n t e , o p e d i d o d e a d j u d i c a ç ã o d i r e t a a o M i n i s t r o d a s
M i n a s e E n e r g i a . A l g u m t e m p o d e p o i s , M a g a l h ã e s e r a d e s i g n a d o
g o v e r n a d o r d o E s t a d o d a B a h i a , Q u a n d o a a d j u d i c a ç ã o à C N O f o i
d e c i d i d a , Â n g e l o C a l m o n d e S á e r a p r e s i d e n t e d o B a n c o d o
B r a s i l ; m a i s t a r d e , f o i n o m e a d o M i n i s t r o d o C o m é r c i o e
I n d ú s t r i a , M a s , a l g u n s a n o s a n t e s , C a l m o n d e S á h a v i a s i d o u m
d o & d i r e t o r e s d a C o n s t r u t o r a N o r b e r t o O d e b r e c h t S . A . , a l é m d e
ser a c i o n i s t a e i r m ã o d e o u t r o d o s d i r i g e n t e s d a
e m p r e s a . n í 4 8 )
E m 1 9 8 1 a c o n t e c e r i a a r e s c i s ã o d o c o n t r a t o c o m a C N O
p a r a A n g r a 3 , p e r m a n e c e n d o a c o n s t r u t o r a c o m A n g r a 2 . E m
1 5 . 1 ? , 8 ? f i c a r i a c o n h e c i d o o r e s u l t a d o d a l i c i t a ç ã o d e A n g r a
I 171
3 , t e n d o s i d o v e n c e d o r a a e m p r e s a A n d r a d e G u t i e r r e z . í
P a r a o s e q u i p a m e n t o s d e A n g r a 2 e 3 f o r a m a s s i n a d o s
c o n t r a t o s c o m a C o n f a b , C o b r a s m a , B a r d e i la ( p a r a a f a b r i c a ç ã o
de c o m p o n e n t e s p e s a d o s ) , T r e n , I b r a v e , A l f a n , F i l s a n ,
S u l z e w e i s s e , C e b e c e T i n t a s I n t e r n a c i o n a i s , t o d a s i n d ú s t r i a s
n a c i o n a i s , a l é m d o p r i n c i p a l c o n t r a t o c o m a K W U . P a r a o s
p r o j e t o s , d e r e s p o n s a b i l i d a d e d a N u c l e n , f o r a m c h a m a d o s a
P r o m o n , E n g i n e , G H - E n g e n h a r i a , C e b e c e U l t r a t e c .
A p e s a r d a p r o x i m i d a d e d a s u s i n a s A n g r a 1 e S , a s
f u n d a ç õ e s d e A n g r a ? d i f e r i r a m b a s i c a m e n t e d a s d e A n g r a 1.
C a u s a ; e x i s t ê n c i a d e m a t a c õ e s n o s u b s o l o , n ã o p r e v i s t o s p e l a
K W U n o p r o j e t o . " F i c o u c o m p r o v a d o q u e o p r o j e t o d a s f u n d a ç õ e s
p a s s o u p o r s u c e s s i v a s a l t e r a ç õ e s d u r a n t e a c o n s t r u ç ã o , a f i m
de a d a p t á - l o à s c o n d i ç õ e s d e s o l o q u e ' s u r p r e e n d e r a m ' a
t o d o s " . ( 4 9 ) A p ó s r e v i s ã o d o p r o j e t o f o i d u p l i c a d o o n ú m e r o d e
e s t a c a s , n e c e s s i t a n d o m u i t a s d e l a s d e r e f o r ç o ( a a l t u r a m é d i a
d a s e s t a c a s é d e 4 0 m ) . F o r a m a p e l i d a d a s d e " p a l a f i t a s
n u c l e a r e s " m a i s c a r a s d o m u n d o , p o r M I R O W .
N ã o s e c o n t a v a c o m e x p e r i ê n c i a b r a s i l e i r a o u m e s m o
i n t e r n a c i o n a l e m t i p o d e s o l o c o m o o d e I t a o r n a , m a s s e
p r o c e d e u a c o n t i n u i d a d e d a c o n s t r u ç ã o d a u s i n a , s e n d o q u e a s
" p a l a f i t a s n u c l e a r e s " n e c e s s i t a r a m d e o u t r a q u a n t i d a d e d e
e m p r e s a s . E n t r a m e m c e n a a F r a n k i ( B é l g i c a ) ; L G A
L a n d e s g e w e r b e a n s t a I t B a y e r n ( A l e m a n h a ) c o n s u l t o r i a
e s p e c i a l i z a d a e m e s t r u t u r a d e s o l o , g e o l o g i a e f u n d a ç õ e s ;
T e c n o s o l o ( B r ) ; F e n g e l , s u b s i d i á r i a d a C N O ) ; C e r v e n g - C i v i l&ar,
( B r ) , e m p r e s a p o s s u i d o r a d a ú n i c a m á q u i n a W i r t h B . 6 n o
0 r a siI » n e c e s s á r i a p a r a a o p e r a ç ã o d e p e r f u r a ç ã o ,
e n t u b a m e n t o , e t c ; a s c o n s t r u t o r a s C a m a r g o C o r r ê a e M e n d e s
j ú n i o r . P a r a a r e v i s ã o d e a n á l i s e d a s e s t a c a s é c o n t r a t a d a a
Q ' A p p o I o n i a / W e i n h o I d. P a r a c o n s u l t o r i a à C N O , c o m o c o n d i ç ã o
, m p o s t a p e l a K W U , é c o n t r a t a d a a H o c h t t e f A G ( A l e m a n h a ) ,
s u b s i d i á r i a d a e m p r e s a B r u c k n e r , e s p e c i a l i z a d a e m f u n d a ç õ e s ,
que p a s s o u a p r e s t a r s e r v i ç o s à N u c o n d e p o i s d e s u a c r i a ç ã o e
d i s p e n s a n d o , a p a r t i r d e e n t ã o , a s s i s t ê n c i a à C N O a t r a v é s d e
seu i n t e r m é d i o .
é p o s s í v e l , p o i s . a t e n t a r q u e u m a d e t e r m i n a d a q u a n t i d a d e
oe e m p r e s a m p r i v a d a s n a c i o n a i s ou i n t e r n a c i o n a i s ,
i n d u s t r i a i s , d e c o n s u l t o r i a , p r o j e t o s , e n g e n h a r i a ,
c o n s t r u ç ã o , e q u i p a m e n t o s , - F i n a n c e i r a s ( n o A c o r d o , p . e x . ,
h o u v e o e n v o l v i m e n t o d e 7 8 b a n c o s ) ou a i n d a i n s t i t u i ç õ e s
p ú b l i c a s , b e n e f i c i a d a s c o m o P N B , f o r m a m u m I o b b v p o d e r o s o .
A p r o p o s t a d a n a c i o n a l i z a ç ã o c r e s c e n t e d o p r o g r a m a
n u c l e a r , q u e a p o n t a v a d e 3 0 % p a r a A n g r a ? e 3 a t é 7 0 % p a r a a s
u s i n a s 8 e 9 ( d e 1 9 7 6 a 1 9 B 4 ) , a c e n a d a p e l o g o v e r n o ,
d e s p e r t a v a i n t e r e s s e d a " i n d ú s t r i a n u c l e a r " n a c i o n a l , q u e
i n v e s t i u r e c u r s o s do B N D E n o a g u a r d o d a s e n c o m e n d a s , U m d o s
r e f l e x o s d e s s e i n t e r e s s e p o d e ser p e r c e b i d o n o c o n s ó r c i o
e n t r e as e m p r e s a s B a r d e i i a , C o b r a s m a e C o n f a b , a b e r t o a
e n t r a d a d e q u a l q u e r o u t r o f o r n e c e d o r , c o m o q u a l a N u c l e b r á s
a s s i n o u u m P r o t o c o l o d e G a r a n t i a d e M e r c a d o p a r a C o m p o n e n t e s
M e c â n i c o s , h o m o l o g a d o p e l o M M E e m 1 7 . 0 9 . 7 6 .
P a r a o c o n t r o l e e g a r a n t i a d e q u a l i d a d e foi c r i a d o um
o r q à o de s u p e r v i s ã o t é c n i c a d e n o m i n a d o I B Q N - I n s t i t u t o
,' 1 7 3
B r a s i l e i r o d e Q u a l i d a d e N u c l e a r , f u n d a d o em I B . 1 0 . 7 8 , p o r
e n t i d a d e s d o g o v e r n o f e d e r a l , d o s e t o r p r i v a d o , c o m o a ABEMI
- A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e E n g e n h a r i a I n d u s t r i a l , a A B D I B , a
ABlNEE - A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e I n d u s * - i a E l e t r ô n i c a e a
ABCE - A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e C o n s u l t o r e s d e e n g e n h a r i a e
a i n d a e n t i d a d e s p ú b l i c a s d a á r e a t é c n i c a d e p e s q u i s a e
t e c n o l o g i a .
0 f a t o c o n c r e t o é q u e a s e n c o m e n d a s d o P N B , n o e n t a n t o ,
não f o r a m c o n c r e t i z a d a s d e v i d o ao s e u d e s a q u e c i m e n t o n a
d é c a d a d e 8 0 .
Q u a n t o a A n g r a 1 , 9 5 % d a s o b r a s c i v i s e s t a v a m p r o n t a s ,
t e n d o F u r n a s e n c a m i n h a d o ã CNEN o R e l a t ó r i o F i n a l d e A n á l i s e
de S e g u r a n ç a .
2.3. 1 9 7 8 e 1 9 7 9 .
E m m e t o à f a l t a d e i n f o r m a ç ã o r e l a t i v a 3 D P N B n o
B r a s i l , é i n s t a l a d a e m 0 4 . 1 0 . 7 B a C P I d o A c o r d o N u c l e a r
B r a s i I - A I e m a n h a , c u j o s t r a b a l h o s d u r a r a m 3 a n o s e 4 m e s e s e
cujo o b j e t i v o c e n t r a l e r a e x a m i n a r / i n v e s t i g a r a c o n c e p ç ã o
do A c o r d o e a e x e c u ç ã o d o P N B . S i g n i f i c o u u m a r e l a t i v a
a b e r t u r a d e i n f o r m a ç õ e s p a r a a s o c i e d a d e c i v i l b r a s i l e i r a ,
bem c o m o u m a p o s s i b i l i d a d e d e d i s c u s s ã o s o b r e o a s s u n t o .
M a s q u a t r o a n o s a p ó s a a s s i n a t u r a d o A c o r d o , o g o v e r n o
01' • ' t a r, d i a n t e d a e x a u s t i v a a c u m u l a ç ã o d e e r r o s e m A n g r a 1,
0a c o n s t a n t e m o d i f i c a ç ã o d o c r o n o g r a m a d e o b r a s d e A n g r a 1,
^ e 3 , d o a u m e n t o a c e l e r a d o d e c u s t o s , d a v e i c u l a ç ã o p e l a
m ' d i a a r e s p e i t o d e u m a 4 a , u s i n a n u c l e a r , d o s n o v o s e s t u d o s
1 7 4
Q u e p r o c l a m a v a m u m s e n s í v e l a u m e n t o d o p o t e n c i a l h í d r i c o d o
p a í s , d o l a n ç a m e n t o d a C a m p a n h a N a c i o n a l c o n t r a I n s t a l a ç ã o
d e U s i n a s A t ô m i c a s n o B r a s i l < I t a n h a é m / S P > , d o o c o r r i d o e m
T M I , d a s u b m i s s ã o à A I E A , e t c , c r i a o P r o g r a m a N u c l e a r
P a r a l e l o , t a m b é m c h a m a d o A u t ô n o m o . L i v r e d e e n f r o n h a m e n t o s
i n t e r n a c i o n a i s , d e o b s t i n a d o s j o r n a l i s t a s , d e i n c o n v e n i e n t e s
c i e n t i s t a s , d e q u a l q u e r p r e s t a ç ã o d e c o n t a s , é o b j e t i v o d o
p r e s i d e n t e J o ã o B a t i s t a F i g u e i r e d o a c o n q u i s t a d o c i c l o d e
e n r i q u e c i m e n t o d o u r â n i o ( a t r a v é s d a u 1 1 r a c e n t r i f u g a ç ã o ) , q u e
t e c n i c a m e n t e a b r e a s p o r t a s p a r a a f a b r i c a ç ã o d o a r t e f a t o
n u c l e a r , a l é m d a f a b r i c a ç ã o d o s u b m a r i n o â p r o p u l s ã o n u c l e a r .
A s p e s q u i s a s f i c a m c e n t r a l i z a d a s n o I P E N , p a r t i c i p a n d o d o P N P
a C N E N e a M a r i n h a (o P N P f o i i n s t i t u í d o e m 1 2 . 0 3 . 7 9 , t r ê s
d i a s a n t e s d o G e n . E r n e s t o G e i s e l r e p a s s a r o p o d e r a o G e n .
F i g u e i r e d o ) ,
S e g u n d o R. P O R T A N O V A , " o p r o g r a m a n u c l e a r b r a s i l e i r op a r a l e l o n ã o c o n s t i t u i u m a s u r p r e s a . A n t e s d i s s o , é , n ar e a l i d a d e , o p r i n c i p a l ( d i r - s e - i a , i n c l u s i v e , o o f i c i a l ) , c o mc l a r o s o b j e t i v o s b é l i c o s e c o m u m d e s e n v o l v i m e n t o q u ec o n t e m p l a a s t r ê s A r m a s , t a n t o e m p r i v i l é g i o s c o m o e mo b r i g a ç õ e s e p e s q u i s a . A s s i m , o p r o g r a m a c i v i l ( p a r a p r o d u ç ã ode e n e r g i a e p e s q u i s a c i e n t í f i c a é q u e é r e a l m e n t e p a r a l e l o ,ou s e c u n d a r i o " , ( 5 D >
E m b o r a n ã o s e j a o b j e t i v o d e s t e t r a b a f h o o a p r o f u n d a m e n t o
do P N P , e n t e n d e m o s c o m o n e c e s s á r i a s u a e v o c a ç ã o , p e l a
i m p o r t â n c i a e g r a v i d a d e d o f a t o e m si e p e l o d e s e n r o l a r d o s
a c o n t e c i m e n t o s n a d é c a d a d e 8 0 ,
Em D6.05.B7, Rex Nazaré ALVES, ao apresentar o Programa
N u c l e a r B r a s i l e i r o à S u b c o m i s s ã o d o s D i r e i t o s P o l í t i c o s , d o s
^ • r e i t o s C o l e t i v o s e G a r a n t i a s d a C o m i s s ã o d a S o b e r a n i a e d o s
D i r e i t o s e G a r a n t i a s d o H o m e m e d a M u l h e r d a A s s e m b l é i a
í 175
nacional Constituinte» faz uma defesa ardorosa do "Programa
Autônomo de Tecnologia Nuclear*» alegando que num quadro de
desigualdade e restrição impostos pelos países
n u c l e a n z a d o s , obstruindo o desenvolvimento independente e
pacífico das Nações emergentes, os Acordos com EUA, França e
Alemanha não permitiram o acesso integral às tecnologias
sensíveis, industrialmente comprovadas, sendo que era mister
o desenvolvimento desse Programa para manutenção da
soberania nacional, para o atendimento dos requisitos da
sociedade brasileira e para a busca de autonomia tecnológica.
0 governo brasileiro opta, pois, por impulsionar as
atividades referentes ao PNP, secundar>zando ou mesmo
protelando aquelas relativas ao PNB, o que poderá ser
verificado na década de 80.
1 7 6
N O T A S E R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S
(1) E n e r g i a N u c l e a r : o c r i m e d o s é c u l o . B r a s í l i a ,C o o r d e n a ç ã o d e P u b l i c a ç õ e s , 1 9 B 0 . p . 2 3 .
(?) P O R T A N O V A , R o g é r i o . P r o g r a m a n u c l e a r b r a s i l e i r o :a l g u n s a s p e c t o s i n t e r n a c i o n a i s * In : C A U B E T , C h r i s t i a n G u y( O r g . ) . O B r a s i l e a d e p e n d ê n c i a e x t e r n a . S P , A c a d ê m i c a ,1 9 8 9 . P. 1 0 4 .
(3) O L I V E I R A , O d e t e M a n a d e . A Q u e s t ã o n u c l e a r^ « • f s i l e i r a . U m iooo d e m a n d o s e d e s m a n d o s M o n o g r a f i a d oP r o g r a m a d e D o u t o r a d o d o C u r s o d e P ó s - G r a d u a ç ã o e m D i r e i t oda U F S C . F l o r i a n ó p o l i s , j u l h o d e 1 9 8 7 . p . 2 .
(4) I n f o r m a ç õ e s p r e s t a d a p o r J a i r M E L L O e m d e p o i m e n t o àCPI do A c o r d o N u c l e a r e m 1 0 . 1 0 . 7 9 . A q u e s t ã o n u c l e a r .B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 4 , v o l . V I . t o m o V . p . 3 4 6 .
(5) A q u e s t ã o n u c l e a r , v o l , I I I . p . 3 8 .
(6) O p . c i t . P. 2 2 .
17> M I R O W , K u r t R. O p . c i t , P. 2 2 .
(B) A q u e s t ã o nucI e a r . v o l . I I I . p . 4 4 .
(9) M E N E Z E S , L u i z C a r l o s ft S I M O N , D a v i d N e i v a . D o i s e r r o sem c a d e i a : a p o l í t i c a n u c l e a r e a e s t r u t u r a o r g a n i z a c i o n a ldo p r o g r a m a n u c l e a r b r a s i l e i r o . In ! E n e r g i a n u c l e a r e mQ u e s t ã o R J , I n s t i t u t o E w a t d o L o d i , 1 9 8 1 . p , 2 6 .
(10) E L E T R O B R A S , C r o n o l o g i a d p s p r i n c i p a i s e v e n t o srei at f v o s a A n g r a 1. R J , 2 5 , 0 8 . 8 7 . p . S.
(11> I d e m , i b i d e m . P . 3 .
d ? ) T r a t a - s e d e ym a c o r d o - b a s e d e i n t e r c â m b i o e c o o p e r a ç ã ot é c n i c o - c i e n t í f i c a e n t r e o s d o i s p a í s e s , p r e p a r a d o p e l oP r o f e s s o r A l f r e d R. B o e t t c h e r , da S S n a z i s t a , P a r a m a i o r e sd e t a l h e s s o b r e a s c o n v e r s a ç õ e s m a n t i d a s e n t r e o B r a s i l ec i e n t i s t a s n a z i s t a s na á r e a n u c l e a r ver G l R O T T I , C a r l o s A.°P. C i t . p . 7 7 - 8 e F U E L L G R A F , F r e d e r i c o . A b o m b a p a c i f i c a .sp. B r a s i I i e n & e , 1 9 8 8 .
* 13) A o u e s t ã o n u c l e a r , v o l . I I I . p t 5 0 ,
(1 V e r P R I N G L E , P e t e r & S P I G E L M A N , J a m e s . 0 p . c i t , P.
<15) V e r P A T T E R S O N , W a l t e r C . O p , c i t . p . 3 2 3 - 3 3 .
1 7 7
M 6 > A Q u e s t ã o n u c l e a r . v o l . IV. p . 2 3 e 2 5 .
( 1 7 ) I b i d e m , P . 5 9 .
( 1 8 > E m 1 9 7 0 , o s m u n c i p i o s c o n t a v a m c o m a s e g u i n t ep o p u I a ç ã o :
A n g r a d o s R e i s - 4 0 . 2 7 6M a n g a r a t i b a - 1 2 . 3 3 8P a r a t i - 1 5 . 9 3 4R i o C l a r o - 1 4 . 2 5 1
( I B G E . C e n s o D e m o g r á f i c o R i o d e J a n e i r o . V I I I R e c e n s e a m e n t oG e r a l 1 9 7 0 . S é r i e R e g i o n a l , v o l . I, t o m o X V I ) .
V e r R O S A , L u i z P i n g u e l l i e t a l i i . I m p a c t o s s ó c i o -a m b i e n t a i s d a C e n t r a l d e A n g r a d o s R e i s . R J , C O P P E / U F R J ,1 9 8 4 .
( 1 9 ) C u s t o d e A n g r a 1 : U S $ 2 b i i h õ e s ( " U s i n a A n g r a 1V o l t a a f u n c i o n a r " , F S P , D 3 . 1 1 . B 8 ) .
( 2 0 ) N a v e r d a d e , e m d e p o i m e n t o à C P I d o A c o r d o n o d i a1 1 , 1 0 . 7 B , o e n t ã o p r e s i d e n t e d a E l e t r o b r á b , A r n a l d o R o d r i g u e sB a r b a i n o , a f i r m a v a q u e j á e m 1 9 7 2 e r a c o g i t a d a a m o n t a g e m d e3 u s i n a s n u c l e a r e s e m I t a o r n a . A Q u e s t ã o n u c I e a r . v o l . V t ,t o m o I .
( ? 1 ) I n f o r m a ç ã o p r e s t a d a p e l o e n t ã o p r e s i d e n t e d e F u r n a s ,L i c i n i o M a r c e l o S e a b r a , e m d e p o i m e n t o à C P I d o A c o r d o n o d i a2 4 . 1 0 . 7 8 . A q u e s t ã o n u c l e a r , v o l . V I , t o m o I t .
( 2 2 ) P a r a a p r o f u n d a m e n t o d o s o b j e t i v o s d o A c o r d o , b e m c o m oc i í t i c a s a e l e d i r i g i d a s v e r A Q u e s t ã o n u c l e a r , v o l . I I I . p .B B - 1 3 B Í G I R O T T I , C a r l o s A . O p . c i t . p . B 3 - 9 4 ; F U E L L G R A F ,F r e d e r i c o . 0 p . c i t , p , 6 1 - 9 6 ; M I R O W , K u r t R . 0 p . c i t . p . 3 8 -4 7 , G A L V A N , C e s a r e G . E x p a n s ã o N u c l e a r a l e m ã . p , 4 2 - 6 1 ;O L I V E I R A , O d e t e M a r i a . O P . c i t . P . 4 5 e s g t e s ; 8 R 0 S S A R D ,P a u l o . O s c u s t o s d o P r o g r a m a N u c l e a r . B r a s í l i a , S e n a d oF e d e r a l , 1 9 8 2 ( d i s c u r s o p r o f e r i d o n a s e s s ã o d e 1 1 . 0 1 . 8 2 ) ;C A R V A L H O , J o a q u i m F. d e . 0 A c o r d o N u c l e a r B r a s i l - A l e m a n h a .tn i 0 B r g s j [ N,uc I e a r . P o r t o A l e g r e , T c h ê ! , 1 9 8 7 .
( 2 3 ) A Q u e s t ã o n u c l e a r , v o l . V I . t o m o I I I . p . 4 4 - 5 .
< ? 4 ) V e r P A T T E R S O N , W a l t e c C . 0 p . c i t . p , 3 2 3 - 3 2 .
( ? 5 ) M E N D O N Ç A , A n t o n i o A u r e l i a n o C h a v e s d e . 0 B r a s i l e oP r o b l e m a d a e n e r g i a n u c l e a r . B o l e t i m G e p o r á f i c o . 3 4 ( 2 4 7 ) ;*S, o u t . / d - í z . 1 9 7 5 .
( 2 6 ) fl q u e s t ã o n u c l e a r , vol M l . p . 1 1 3 .
( ? 7 ) B I B L I S C p o s s u i i g u a l c a p a c i d a d e n o m i n a l e foi" r o j e t a d a n a m e s m a é p o c a . A t é d e z e m b r o / 8 8 o p e r a v a m n aA l e m a n h a 2 3 c e n t r a i s n u c l e a r e s , s e n d o q u e B I B L I S C n ã o c o n s t aO c s & a r e l a ç ã o . D e a c o r d o c o m F U E L L G R A F ( p . 7 2 ) , t r ê s d i a s
1 7 8
antes da a s s i n a t u r a do A c o r d o , um a c i d e n t e p a r a l i s a a u s i n ade Bi bl i s.
(28) N U C L E B R á S / K W U . G r a f e n r h e i n f e I d ; u s i n a de r e f e r ê n c i a« n o r a 3 e A n o r a 3. Rio de J a n e i r o , s e t . / 8 4 .
(39) Idem, ibidem.Em e n t r e v i s t a com o t é c n i c o R u b e n s P i n t o P i n h e i r o do
Centro de T r e i n a m e n t o da CNAAA ( M a m b u c a b a / A n g r a dos R e i s ) ,em data de 1 6 . 0 5 . 8 9 , o m e s m o a f i r m o u d e s c o n h e c e r qual a usinade r e f e r ê n c i a para A n g r a 2 ou 3.
(30) G A L V A N , C e s a r e G. A e x p a n s ã o n u c l e a r a l e m ã , p. 1 4 - 1 6 ,
(31) R O S A , Luiz P i n g u e l l i . 0 p r o b l e m a da s e g u r a n ç a d a scentra's n u c l e a r e s . In: E n e r g i a nuclear e s o c i e d a d e . RJ, Pa?e Terra, 1 9 8 0 . P . 1 2 2 - 3 .
(32) A q u e s t ã o n u c l e a r , v o l . M l . p. 1 3 8 .
i33) O Brasil na era n u c l e a r . A c o r d o Br asi I - A I e m a n h a . s.f.,s.d.
(34) W R O B E L , P a u l o S . A p o l í t i c a n u c l e a r na N o v a R e p ú b l i c a ,P D I ít íca e E s t r a t é g i a . 3 d ) : 1 3 5 , j a n . / m a r . 1 9 8 5 .
(35) Ver P Á S C H O A , A n s e l m o S. R e t r o s p e c t i v a d a s a t i v i d a d e sda SBPC / SBF sobre p o l u i ç ã o n u c l e a r . C i ênc ja e C u l t u r a .32(9) : 1 1 9 7 - 2 0 6 , set. 1 9 8 0 .
(36) G A L V A N , C e s a r e G. A e x p a n s ã o n u c l e a r a l e m ã , p. 4 9 .
<37) F R E W E R apud G A L V A N . Ibidem, p. 5 0 .
(38) C E D I , D E S E P - C U T , N E M I , S i n d i c a t o dos M e t a l ú r g i c o s deSorocaba. De Anora a t r a m a r . 0& m i l i t a r e s a c a m i n h o da b o m b a .SP, 1 9 8 8 . p. 3 4 .
(39) G A L V A N , C e s a r e G, A r e n ú n c i a de T l a t e l o l c o . Ci ê n c i aHoie f 7 ( 3 7 ) : 6 6 , nov, 1 9 8 7 .
(40) A p e r g u n t a não se p r e n d e à é p o c a da a s s i n a t u r a doAcordo, ela é a t u a l , 0 a s s u n t o será a b o r d a d o no c a p í t u l o IV,
(41) 0s p r o c e s s o s de e n r i q u e c i m e n t o m a i s c o n h e c i d o s são,além do da u I t r a c e n t r i f u g a ç a o , o da d i f u s ã o g a s o s a , jatocentr ífugo e Iaser.
( 4?> A l e m a n h a , I n g l a t e r r a e H o l a n d a , c o n s o r c i a d a s a t r a v é s°s URENCO, p o s s u í a m u r â n i o e n r i q u e c i d o a t r a v é s do p r o c e s s o de»• tracentr ifugação,
( 4 3 ) ver o d e p o i m e n t o do Prof, E r w m W. B E C K E R na CPI «o*cordo (A Q u e s t ã o nuclear . v o l . V I , t o m o V. p. 4 1 1 - 8 1 ) ,
: 179
oportunidade em que afirmou ter o Brasil compromisso deexportar urânio enriquecido para a Alemanha até 2 0 % dasreservas que fossem encontradas mediante trabalho comum.
(44) GIROTTI, Carlos A. O P . cit. p. 79-B0.
(45) OLIVEIRA, Odete Maria. Op. cit. P. 5 3 .
(46) VIDAL, J. W. Bautista. Op. cit. p. 172-3.
(47) Ver NUCLEBRáS. NUCLEP. a primeira fábrica de reatores doTgrceiro Mundo. A s s e s s o r o de Comunicação Social, s.l., s.d.
(48) GIROTTI, Carlos A. Op. cit. P. 140.
(49) A questão nuclear, vol IV. p. 162-3»
(50) PORTANOVA, Rogério. Op. c:t. p. 97.