IMPASSES OA ENERGIA NUCLEOELéTRICA - OSTI.GOV

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4 IMPASSES OA ENERGIA NUCLEOELéTRICA NO BRASIL NA DÉCADA DE 80". Oi»scrtaç3o de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em Sociologia Política, da UFSC, para obtençfto do Grau de Mestre em Sociologia. Maria Dorothea Post Darci la Florianópol s, novembro de 1989.

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4IMPASSES OA ENERGIA NUCLEOELéTRICA

NO BRASIL NA DÉCADA DE 80".

Oi»scrtaç3o de Mestrado apresentadaao Programa de Mestrado emSociologia Política, da UFSC, paraobtençfto do Grau de Mestre emSociologia.

Maria Dorothea Post Darci la

Florianópol s, novembro de 1989.

"IMPASSES DA ENERGIA NUCLEOELETRICA

NO BRASIL IMA DÉCADA DE OO •" .

Maria Dorothea Poet Dareila

Esta dissertação foi julgada e aprovadaem sua forma final pelo Orientador eMembros da Banca Exaeinadora, compostapelos Professores i

Prof. Dr. Eduardo José Viola - Orientador

Prof. Dr. Ary r nineiIa

Prof. Dr. Christian Buy Caubet

Florianópolis, 14 de dezembro de 1989.

"Kcine Mau* kaeme auf die Idee Hau»efallenzu bauen. r1en»chen bauen Atomwaffan". (undAtomkraftwerke).

"Nanhum rato ttria a idéia de construirratoeira», Pessoa» constróem bomba»atômica»", (e reatorc» atômico»).

(de um muro da Alemanha Ocidentei)

E*te trabalho é dedicado ao movimentoantinuelear no Bratil e no mundo, pelatenacidade na luta e pela perspectiva de umfuturo, de um Planeta melhor.

AGRADECIMENTOS

Ao olhar para trás tinto que nesse» vinte e dois últimosmeses a caminhada só foi possível devido i compreensão ecolaboraçio de muitas pessoas, seja em Florianópolis,Brasília, Rio de Janeiro e Angra dos Reis.

Mencionar todas seria impossível, mas gostaria de citaralgumas, dirigindo meus agradecimentos

à Profa. II se Scherer-Narren e ao Prof. Ary César Minei Ia,componentes da banca do projeto de dissertaçio, pelasoportunas e válidas anotações em relaçio ao mesmo, emagosto/BB;. i Prof. Maria Ignêz PauliIo, pelas importantes observaçõesquando da apresentação de parte da pesquisa aos alunos doMestrado, em agosto/89i

a todos os entrevistados, que me cederam tempo eensinamentos valiosos». ao Diretor do Museu de Antropologia da Universidade Federalde Santa Catarina, Prof. Luiz Carlos Halfpap, pelacompreensão e apoio ininterrupto;

aos funcionários do Museu de Antropologia, meus colegas detrabalho, pelo crédito depositado na pesquisa e peloconstante estímulo e confiança;

à Heloísa Tartarotti, assessora do Senado Federal, pelointeresse demonstrado e material a mim encaminhado;

a meus amigos, irmãos e cunhados que, próximos ou nadistância, náo pouparam palavras e atos de apoio, me fazendosempre de novo acreditar que valia a pena o caminhar;

a Gerardus Post, meu pai, pelo material trazido da Europa.A Elisabeth Geriinger minha mSe, pela cuidadosa correçio etambém pela vibraçlo. A ambos devo o início da caminhada, hámuitos anos atrás;

è Marianne Kutassy da Silva, pela carinhosa e fundamentalacolhida em Niterói no mès de maio/89, de onde eu levantavav6o para as entrevistas e pesquisas nas cidades do Rio deJaneiro c Angra dos Reis;

a Thomas Post e Vera Lúcia da Silva, pelo competentetrabalho que pode ser observado na apresentação final dadissertação;

ao Prof. Eduardo Viola, por ter aceito a orientaçio destetrabalho t por ter trilhado junto comigo nesta tarefa que lheexigiu tempo e dedicaçio;

è Ivandina Darei Ia, pelo respeito a minha opçfo e pelaforça ininterrupta a mim dirigida;

a Roía dos Passos, sem a qual este trabalho nfo seriapossível .

A Wilson, Clarissa e Joio Augusto reservo meu especialagradecimento, pelo que encerra a convivência com umapesquisadora e sua tarefa de pesquisar. Houve aqui um casoexemplar de incentivo, actitsçlo, compreensão, apoio, torcidae paciência.

i v

SUHiBI 0

LISTA DE QUADROS. FIGURA E MAPA viii

LISTA DAS PRINCIPAIS SIGLAS E ABREVIATURAS i>

RESUMO * * i

INTRODUÇiO 001

CAPÍTULO I - "ENERGIA NUCLEAR ? NIO, OBRIGADO".

1. O Universo - A Terra - O Hone» 008

2. Ciência 014

3. Tecnologia 082

4. Crescimento x desenvolvimento 038

5. Energia 0335.1. Crise de energia elétrica ? 0455.2. Conservaçio de energia elétrica 0526. Energia Nuclear 0576.1. A opçio energética 065

Notas e referências bibliográficas 076

CAPÍTULO II - ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A HISTÓRIA E ASITUAÇIO DOS REATORES NUCLEARES NO MUNDO.

1. Da radioatividade natural á artificial.

Do reator è bomba 088

S. Mas. o que é um reator nuclear ? 099

3. Reatores no mundo. 105

Notas e referências bibliográfica» ,t, , 188

CAPÍTULO III - ALGUNS ELEMENTOS DA HISTÓRIA DA ENERGIANUCLEOELÉTRICA NO BRASIL ANTERIOR ADÉCADA DE 80.

1. Breve histórico da energia nucleoelétrica no Brasil(1850-1974) 140

2. De 1975 a 1979 - O deslanchamento do Programa NuclearBrasilei ro.

2.1. 1975 1542.1.1. Alemanha 1562.1.2. O Acordo Brasil - Alemanha 1582.2. 1976 e 1977. 1692.3. 197B e 1979 173

Notas e referências bibliográficas 176

CAPITULO IV - IMPASSES DA ENERGIA NUCLEOELÉTRICA NO

BRASIL NA DÉCADA DE 80 181

1. 1980 - A Nuclebrés continua forte 183

2. 1981 - Os atrasos nas usinas Angra 1, 2 e 3

persistem 187

3. 1982 - Entra em cena o FM» 192

4. 1983 - A força da Nuclebrés sofre erosSo.Crescem as manifestaçftes que questionam

"o nuclear" 194

5. 1984 - Cuidado : Angra 1 a 100% de potência 198

6. 1985 - 0 início da atuação da "Nova República*

no nuclear 200

7. 1986 - A manutenção do Programa Nuclear Brasileiro. .. 205

8. 1987 - 0 declínio acentuado da Nuclebrás 213

9. 19B8 - Ano da criaçio do Conselho Superior dePolítica Nuclear e da primeira perícia

civil em Angra 1 220

10. 19B8 - E o plano de emergência para a populaçio ? ... 237

11. Usinas do ciclo do combustível nuclear 24611.1. NUCLEP 24711.2. Complexo Hínero - Industrial do Planalto de

Poços de Caldas . 25011.3. Complexo Industrial de Resende 25111.3.1. Usina de Conversfo 25111.3.2. Usina de Enriquecimento Isotópico (NUCLEI). ..... 25211.3.3. Fábrica de Elementos Combustíveis. 25311.4. Usina de Reprocessamento. ., 25412. Nuclebras x CNEN + Personagens * mandos e

desmandos no setor nucIeoelétr•co do Brasil 254

v i

13. Depósitos de rejeitos radioativos 262

14. Plano d* emergência. 268

15. Pesquisas de opinito pública e plebiscito nuclear. .. 275

16. As perspectivas para Angra na década de 90 281

Notas e referências bibliográficas 291

ALGUMAS CONCLUSÕES E REFLEXÕES SOBRE A UTILIZAÇÃODE ENERGIAS RENOVÁVEIS 296

APÊNDICE

Introdução a Cronologia 306

Cronologia 1974 - 1989 309

Quadro I 400

Quadro II , 401

Quadro III 402

Quadro IV 403

Quadro V 404

Quadro VI 405

Quadro VII 406

Quadro VIM 407

Quadro IX 408

Ouadro X. 409

Mapa No. 1 410

BIBLIOGRAFIA 411

v t t

LISTUE QUADROS. FIGURA E MAPA

Constantes no texto :

Quadro No.1

Quadro No.2

Quadro No.3

Ouadro No.4

Quadro No.5

Quadro No. 6

Quadro No.7

Figura No. 1

Constantes no

Quadro I

Ouadro I I

Quadro I 11

Ouadro IV

Quadro V

Ouadro VI

Quadro VII

Ouadro VIII

Ouadro IX

Ouadro X

Mapa No, 1

- Evolução do consumo elétrico dos setoresindustrial e residencial - 1980/85 (Gwh).

- Energia elétrica e PIB - 1980/85.

- Reatores no mundo (1980-1988).

- Estimativa do uso de nucleoeletricidadeno mundo de 1987 a 3005 C%).

- Angra 2 - Cronograma para entrada em-funcionamento.

- Angra 3 - Cronograma para entrada emfuncionamento.

- População das cidades de Angra dos Reis,Itaguaí, Mangaratiba, Parati, Resende eRio Claro em 1970, 1980 e 1989.

- Diagrama funcional de central nuclearcom reator a água pressurtzada (PWR).

Apêndice :

- Reatores nucleares no mundo - (1980).

- Reatores nucleares no mundo - (01.01.81).

- Reatores nucleares no mundo - (1983).

* Reatores nucleares no mundo - (1983).

- Reatores nucleares no mundo - (1985).

- Reatores nucleares no mundo - (1985).

- Reatores nucleares no mundo - (1986).

- Reatores nucleares no mundo - (1987).

- Reatores nucleares no mundo - (1988).

- Síntese da apreciaçlo dos quesitosrespondidos na visita ao reator Angra 1•m ie.ii.ee.

- Usina nuclear de Angra * Localização.

V I I I

LISTA DAS PRINCIPAIS StCLâS E ABREVIATURAS

ABOIB - Associação Brasileira para o Desenvolvimento dasIndustrias de Base

ALERJ - Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

AIE - Área Interdisei piinar de Energia da COPPE/UFRJ

AIEA - Agência Internacional de Energia Atômica

CNO - Construtora Norberto Odebrecht

CNEA - Comistio Nacional de Energia Atômica (Argentina)

CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear

COPPE/UFRJ - Coordenação dos Programas de Pós-Graduaçio emEngenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

CNAAA - Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto

CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

CBTN - Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear

C5N - Conselho de Segurança Nacional

CNPq - Conselho Nacional de Pesquisas (atualmente i ConselhoNacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)

CSPN - Conselho Superior de Política Nuclear

CB - Correto Braziliense

DOU - Diário Oficial ó» Uniio

DC * Diário Catarinense

EA IA - Estudo de Avaliação do Impacto Ambiental

ES6 - Escola Superior de Guerra

ESP - 0 Estado de Slo Paulo

FEC - Fábrica de Elemento» Combustíveis

FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia c Meio Ambiente daSecretaria de Estado do Meio Ambiente do RJ

FSP - Folha de Slo Paulo

i %

FMI - Fundo Monetário Internacional

GH * 6azeta Mercantil

GW - Gigawatt (1.000 UM)

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBOPE - Instituto Brasileiro de Opiniio Pública e EstatísticaLtda.

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPEN - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (USP)

INB - Indústrias Nucleares do Brasil S.Jt.

IRD - Instituto de Radioproteçio e Dosimetria

ISS - Imposto Sobre Serviços

IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano

IAEA - International Atomic Energy Agency (AIEA)

IOEAG - Initiative Oesterreichischer Atomkraftwerksgegner

JT - Jornal da Tarde

JB - Jornal do Brasil

JM - Jornal Maré

J8f - Jornal de Brasília

JC - Jornal do Comércio

kW - quilowatt (1.000 watts)

kWh - quilowatt/hora

KWU - Kraftwcrk Union (Alemanha)

MME - Ministério das Minas e Energia

MVT - Jornal Movimento

MINTER - Ministério do Interior

MRE - Ministério das Relações Exttriores

MW ou MWe - megawatt (1.000 kW)

NUCLEP - Nuclebré» Equipamentos Ptsados S, A.

x

OG - O Globo

OE - 0 Estado

OIEA - Organ »%iro Internacional de Energia Atômica (AIEA)

PNEN - Programa Nacional de Energia Nuclear

PNB - Programa Nuclear Brasileiro

PNP * Programa Nuclear Paralelo

PIB - Produto Interno Bruto

RFA - República Federal da Alemanha

RIMA - Relatório de Impacto do Meio Ambiente

RS - Revi sta Senhor

SEST - Secretaria Especial de Controle das Empresas Estatais

SADEN - Secretaria de Assessoramento da Defesa Nacional

SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

5BF - Sociedade Brasileira de Física

SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente

5APE - Sociedade Angrense de Proteção Ecológica

TMI - Three Mile Island

TNP - Tratado de Nio-Proliferaç&o

TI - Tribuna da Imprensa

TFR - Tribunal Federal de Recursos

TW - Terwatt (1.000 CW)

URENCO - Uranium Enrichment Consortium

W - watt (unidade de medida de potência no SistemaIntenac íonal )

Wh - watt/hora (unidade de medida de energia)

x i

RESUMO

A geração de energia elétrica a partir de usinasnucleares é desnecessária no Brasil. A opção tecnológica,procedente de países industrializados, situados no hemisférionorte, concretizada a partir do início da década de 70,significou uma decisão poIítico-ideoIógica, de caráterautoritário e estratégico, e não técnico-científica ou mesmoética. Teve início com a compra de Angra 1 e foiintensificada em 1975, com a assinatura do Acordo NuclearBrasiI-Alemanha, encerrando dupla dependência í a dosreatores nucleares e a do combustível. Para o governofederal, interessado na transferência e domínio datecnologia, era secundária a produção de energia elétrica,ainda que essa fosse a justificativa dada ao país, já que suaoferta era superior a demanda. Para além disso, a históriados reatores nucleares de potência no mundo parte da&pesquisas para rrmamento nuclear, a partir de 1948. De 1956em diante, ano em que o primeiro reator comercial entrou emfuncionamento, houve um aumento considerável da quantidade dereatores em operação no mundo, sendo que a média de 1980 a19BB é de 21 a 22 reatores/ano. Concern;tantemente pode serpercebida a diminuição do número de reatores em construção, auma média de 16 reatores/ano no mesmo período. Cm 1979, noBrasil, entra em cena o Programa Nuclear Paralelo, nãosujeito a inspeções internacionais e sob o controle exclusivodas Forças Armadas e da Comissão Nacional de Energia Nuclear,cujo fortalecimento durante toda a década de 80 é notório.Por sua vez, o Programa Nuclear Brasileiro perde, na décadade 80, a vitalidade que podia ser observada na décadaanterior, incorrendo em erros técnicos acentuados eapresentando um quadro de extrema gravidade principalmente noque diz respeito ao plano de emergência para a população deAngra dos Reis e cidades circunvizinhas, e aos rejeit tradioativos, que continuam sem destino definitivo e semsolução. Concluí-se que não é possível prosseguir com umapolítica energética que subsidia energia elétrica - a maisbarata do mundo - preponderantemente ao setor industrial, ainiciativa privada nacional e transnational. Nesse quadro nãopode e não deve haver lugar para a energia termonuclear,onerosa aos cofres públicos, perigosa a população, ao meioambiente, ao Planeta como um todo. Entra aí a premência daconservação de energia elétrica, sua melhor utilização, oaumento da eficiência e a negação do desperdício. Anecessidade de questionar e modificar o estilo de vida econsequentemente o consumo, de seguir por rumos que enveredempelas energias renováveis, efetivadas desccntralizadamentepor sociedades desenvolvidas e democráticas.

x i t

ABSTRACT

The production of electrical energy by nuclear reactorsis unnecessary in Brazil. This technological option, whichwas concrete by the beginning of the 1970's, had its originsin the industrialized countries of the northern hemisphere.It signified a political ideological decision of anauthoritarian and strategic nature, and not a technical-scientific or ethical one. It began with the purchase ofAngra 1 and was intensified in 1975, with the signing of theBrazilian-German Nuclar Agreement, establishing a doubledependency: that of the nuclear reactors and that ofcombustion. The federal governnent was interested in thetransference and connand of technology, the production ofelectrical energy being secondary. Even though it «as usedas a justification for the country, the offer of electricalenergy was already greater than the denand. Besides this,the history of the powerful nuclear reactors in the worldcones fro» those of research on nuclear armament beginningin 1942. After 1956, the year in which the first commercialreactor began to function, there was a considerable increasein the number of reactors in operation in the world. Between1980 and 1986 the average increase was between 21 and 22 peryear. Concomitantly, a reduction in the number of reactorsin construction could be perceived, an average of 16reactors per year for the sane period. In 1979, the ParallelNuclear Program entered the scene. It was not subject tointernational inspections and was under exclusive control ofthe Armed Forces and the National Commission of NuclearEnergy, whose growing strength during the entire decade ofthe 1980 s is notorious. At the sane time, the BrazilianNuclear Program lost in the 1980's the vitality that couldbe observe, for the previous decade. It incurred accentuatedtechnical errors and presented an extremely serioussituation principally with regards to the emergency plan forthe population of Angra dos Reis and neighboring cities andfor the disposal of radioactive residues, which continuewithout a solution or definitive place. It is concluded thatit is not possible to proceed with a energy policy thatsubsidizes electrical energy - the least expensive in theworld - preponderantly to the industrial sector, for theprivate national and transnational initiative. In thissituation there is no room for thermonuclear energy, onerousto the public coffers and dangirous to the population, tothe natural environment and to the entire Planet. Attentionshould be given to the priorty of conservation of electricalenergy, its best utilization, an increase of its efficiencyand a negation of its waste. He must question and modify ourlife style and consequently consumption, following in thedirection of renewable energies, effectively descentralizedby developed and democratic societies.

xiii

INTRODUÇIO

Hé certamente temas mais agradáveis de serem pesquisados

do oue a energia nucleoelétrlea no Brasil. Seria até salutar

e conveniente que o tema fosse inexistente no país, porque

ele se caracteriza num problema, nas creio seja tarefa das

ciências sociais realizar também essas pesquisas, concatenar

idéias e informacOes, devolver à sociedade trabalhos e

resultados que de uma forma ou de outra tenham utilidade,

contribuir para a soluçlo do problema. Trata-se de um tema

atuai, que está correlacionado diretamente com poder e

dinheiro, nas que também pode influir para a reavaliação do

estilo de vida e de civilização.

Através do livro "Energia e classes sociais no Brasil"

de Antonio Carlos Bôa Nova me aproximei do tema ENERGIA e a

possibilidade de trabalhar esse assunto vasto, denso, que

requer urgentes transformações neste país, como categoria de

a n á M s e sociológica. A seguir, a leitura de "Estado nuclear

no Brasil", escrito por Carlos Augusto Glrottl, me levou è

decislo em torno do tema de pesquisa : ENERGIA N U C L E A R .

A princípio decidi enveredar na política nuclear

brasileira como um todo, abarcando num dos capítulos a

energia termonuclear, hoje vejo que o tempo nlo me permitiria

a empreitada, mas o acertado alerta partiu do orientador.

Tencionei entlo fazer uma crítica è política energética

brasileira e à utllfzaçto da energia nuclear, que eu

considerava totalmente desnecessária, isso se deu em meados

002

de 19B7. Hoje, fins de 1989, a crítica se •ctrrou.

Quatro capítulos compõe • dissertação, sendo o primeiro

una reflexão sobre o significado da utilizado da energia

nuclear no planeta, sobre a atual "civilização" e política

energética, é nele que procuro elaborar a crítica da opçlo

tecnológica para geraçlo de eletricidade no Brasil, diante do

potencial hídrico disponível, da possibilidade de usufruto de

outras energias renováveis, da necessidade de conservaçlo e

Melhor utllizaç8o da energia elétrica no país.

O segundo capítulo tenta relatar resumidamente o início

da era da radioatividade artificiai e oferecer uma vislo da

situado da nuci eoeletr id dade no mundo. Os quadros relativos

às usinas nucleares de potência nos diferentes países slo

encontrados no Apêndice e procuram oferecer dados em parte

analisados no texto.

O capítulo terceiro, relatando um brtyt histórico da

energia nucieoelétrica no Brasil, quer ter o sentido de uma

introdudo/preparado ao quarto capítulo. A década de 70

principalmente vai oferecer dados importantes para a

compreensão dos fatos desta década. Entra aí o Acordo Nuclear

Brasii-Aiemanna, assinado em 1975, que tem repercussões

durante toda a década de 80.

O capftuto quarto centra-se no relato e interpretação

dos fatos ocorridos nesta década, qut transformados em

constantes problemas e Ininterruptos impasses, expOe a um

patamar oem precedentes a incompetência da nucleocracia

brasileira.

003

A P Ó S as conciusOes e algumas reflexões sobre as energias

renovável», que slo exatamente as que se contrapOe ès nlo-

renováveis, dentre elas a nuclear, apresento um Apêndice,

formado, além dos quadros Já citados, pela Cronologia 1S74--

1989. E B sua introdução faço esclarecimentos quanto è

obtençio de dados, que igualmente slo válidos para o trabalho

todo. Gostaria de sugerir, quando da leitura dos capítulos

ill e IV, o acompanhamento concomitante dos dados contidos na

Cronologia, que complementa informações do texto.

A pesquisa teve Infciú em Brasília, onde residi de

fevereiro a novembro de 1988. Cm contato com as bibliotecas

da câmara dos Deputados, Senado Federai, HUE, une, com uma

das assessoras do Senado Federal - Heloísa Tartarotti - , com

a secretaria das CPI's do Senado Federal, o PRODASEN

(Processamento de Oados do Senado Federai), pude coletar

documentos, dados, bibliografia, material da Imprensa

escrita, necessários è elaborado da dlssertaçSo. é de se

ressaltar que todo o material coletado e trabalhado é de

acesso público. Nlo procurei me enfronnar em documentos

•igiiosos, que nlo estlo disponíveis ou melhor, que ainda nlo

o estlo. isso exigiria uma outra pesquisa.

Findas as leituras - a grande maioria delas - , fui ao

Rio de Janeiro e Angra dos Reis em maio/89, para a pesquisa

fle campo. No Rio de Janeiro entrevistei Tanla Melheiro» -

Jornalista da FSP, Anselmo S a n e s Páschoa - professor da PUC,

doutor em Física Nuclear, Carlos Mine - deputado estadual

peit coiigaçlo P T / P V , Ricardo Arnt - jornalista do Jfl, Lutz

004

pinguei 11 Rosa - diretor e professor da COPPE/UFRJ» doutor em

Física Nuclear. Procurei a biblioteca de Furnas centrals

Elétricas e o Centro de Informações da GNEN.

Em Angra dos Reis realizei pesquisa nos arquivos do

jornal Maré e entrevistei uma de suas diretoras, a jornalista

Dailzftnia Lima Melo. Tive oportunidade, com autorlzaçlo da

Assessoria de Comunicado Social de Furnas / RJ, de visitar a

CNAAA. onde conheci o Edifício da Administrado, do

Turbogerador, a sala de controle de Angra 1, o Centro de

informações, as vilas residenciais de Praia Brava e

Mambucaba, o Centro de Treinamento, o Laboratório de

Radioecologia e o simulador de Angra 2. Na C N A A A pude

entrevistar Rubens Pinto Pinheiro, do Centro de Treinamento e

Alofsio Mendes dos Santos Filho, químico nuclear do

Laboratório de Radioecologia.

Fundada em 1502, Angra dos Reis é quase tio antiga

quanto a Inclusão destas terras aos domínios de Portugal.

Passou a ser cidade em 1834. Ali vivem os Guaranl-Nhandeva,

único agrupamento indígena do Estado do Rio de Janeiro,

Instalados no sertlo do Bracuí. A M se situa, na Ilha Grande,

o instituto Penal Cindido Mendes, considerado presídio de

segurança máxima.

Quando da pesquisa nos arquivos do Jornal Maré,

constatei que a cidade nlo foge aos problemas existentes no

país hoje : pesca predatória, degradaçlo ambiental, água

contaminada, enchentes, constantes deslizamentos de terra na

única via de acesso, crescente poluiçlo das praias e égua do

005

Mtr, violência contra a mulher, falta de é9ua, saneamento

básico e escolas, etc. Por outro lado, neste me saio município

carente estlo instaladas usinas nucleares de altíssimos

custos, com os quais o país sequer tem condiçBes de arcar.

Essas instalações até o momento apresentaram pouquíssimos

resultados concretos. verifica-se, pois. um contundente

contraste entre os dois quadros apresentados.

Em algumas edíçDes do Jornal Maré podem ser lidas

propagandas da Nuclebrás e de Furnas e matérias que informam

sobre o repasse de verbas de ambas ao município, o que nao

deixa de ser, no segundo caso, um reconhecimento de que

apesar do vultuoso capital investido na CNAAA, n9o houve uma

influência proporcional sobre a economia de Angra dos Reis.

Ao contrário, houve degradação.

Em Florianópolis realizei entrevistas com Carlos Alberto

Brezolln - Diretor do Departamento de Planejamento da CELESC

e com Paulo Roberto Cavalcanti Souza - Diretor do

Departamento de Planejamento da ElETROSUL.

Optei por realizar entrevistas qualitativas, sendo que

as realizadas no Rio de Janeiro e em Florianópolis tiveram

roteiros preparados anteriormente. Para as de Angra dos Reis

isso nSo foi possível, uma vez que surgiram quando da própria

estada.

Trechos das entrevistas estlo presentes nos capítulos i,

•i e iv, selecionados de acordo com o desenrolar do texto.

O estudo dos "impasses da energia nucleoelétrlea no

Brasil na década de 80" se desenvolve até 31 de outubro de

006

1989. sendo que nlo é a n a l i s a d o o P r o g r a m a Nuclear P a r a l e l o

(ainda que a s e p a r a d o da energia nuclear pacífica e o PNP

nem sempre possa ser e f e t i v a d a , h a v e n d o , por c o n s e g u i n t e ,

alguma a b o r d a g e m a r e s p e i t o ) , o a r m a m e n t o n u c l e a r , o a d o e n t e

de G o i â n i a , a u t i l i z a ç ã o da t e c n o l o g i a nuclear na m e d i c i n a ,

indústria, a g r i c u l t u r a (ou ainda em o u t r o s s e t o r e s ) , a f u s l o

a f r i o .

Todo t r a b a l h o , assim como todo p e s q u i s a d o r p r e c i s a m ser

c o n t e x t u a l i z a d o s : estfto inseridos num d e t e r m i n a d o t e m p o ,

espaço, c u l t u r a , classe s o c i a l . Essa c o n t e x t u a l t 2 a ç ã o

oeii: ~s o trabaino, o a n d o - i n e um viés p a r t i c u l a r , s i n g u l a r .

Para f i n a l i z a r , pode parecer c o n t r a d i t ó r i a a u t i l i z a ç ã o

do computador para a a p r e s e n t a ç ã o ftnai da dissertaçfto, m a s

certamente ele nlo consumiu m a i s energia elétrica q u a n t o

utilizaria uma m á q u i n a de e s c r e v e r . Além d i s s o , fazer uso

dessa t e c n o l o g i a p r o p o r c i o n o u e c o n o m i a de energia interior,

Ja que tive a p o s s i b i l i d a d e de realizar correções até o

último m o m e n t o .

"Não existe poder nuclearc i v i l " .

Paul V i r i I i o

C A P I T U L O I

" E N E R G I A NUCLEAR ? N l O . O B B I 6 A D Q " .

" T i v e m o s que abandonar a t r a n q ü i l a q u i e t u d e de já ter

d e c i f r a d o o m u n d o " .

IIya Pr tgogi ne

1. 0 U N I V E R S O - A TERRA - 0 H O M E M .

O c a m i n h o t r i l h a d o para a c o m p r e e n s ã o e o c o n h e c i m e n t o

sobre o u n i v e r s o desde A r i s t ó t e l e s , p a s s a n d o por P t o l o m e u ,

C o p é r n i c o , G a l i l e u , K e p l e r , N e w t o n , Kant e E i n s t e i n (para

citar a p e n a s a l g u n s ) , desde a G r é c i a até e s t e final de

s é c u l o , foi á r d u o , longo e p r o f í c u o em c o n j e c t u r a s e

af i r m a ç ò e s .

As d e s c o b e r t a s sfto c o n s t a n t e s e t e m - s e h o j e a c e r t e z a de

que o c o n h e c i m e n t o a c u m u l a d o sobre o u n i v e r s o é m u i t o m a i o r

do que em q u a l q u e r outra é p o c a , e m b o r a as t e o r i a s a i n d a

p e r s i s t a m s e n d o p a r c i a i s e p o v o a d a s de i n c e r t e z a s .

0 d e s e j o de saber cada vez m a i s s o b r e o u n i v e r s o tem se

d e p a r a d o com o s limites da p e s q u i s a c i e n t í f i c a , no c a s o , c o m

a falta de p o s s i b i l i d a d e de c o m p r o v a ç l o e m p í r i c a , a l é m de se

p e r p e t u a r e m q u e s t õ e s que p o d e r i a m ser c o n s i d e r a d a s s i m p l e s ,

caso nao se t r a t a s s e m do u n i v e r s o , tais como s t e r á h a v i d o um

começo no c o s m o s , no e s p a ç o e no tempo? H a v e r á um fim?

S u p õ e - s e que o universo tinha t a m a n h o z e r o e t e m p e r a t u r a

0 0 9

i n f i n i t e m e n t e q u e n t e q u a n d o da g r a n d e e x p l o s & o ( t e o r i a do Big

B a n g ) . A p r o x i m a d a m e n t e 1 0 0 s e g u n d o s a p ó s a g r a n d e e x p l o s ã o , a

t e m p e r a t u r a t e r i a c a í d o p a r a 1 b i l h ã o de g r a u s .

H o u v e a l g o a n t e s do Big B a n g , q u e não se p o d e

d e t e r m i n a r . E ' a c e i t á v e l , p o i s , q u e o t e m p o t e n h a c o m e ç a d o

n e s t e p r i m e i r o i n s t a n t e , a p a r t i r d o qual h o u v e c o n s t a n t e

e x p a n s ã o e d i m i n u i ç ã o da t e m p e r a t u r a .

Em 1 9 2 9 , E d w i n H u b b l e f o r m u l o u o que v i r i a a s i g n i f i c a r

uma d a s g r a n d e s r e v o l u ç õ e s i n t e l e c t u a i s : a a s s e r t i v a de que

o u n i v e r s o p e r m a n e c e e m e x p a n s ã o . Tal d e s c o b e r t a h a v i a sido

p r e v i s t a e m 1 9 2 2 por A l e x a n d e r F r i e d m a n n .

A d i s t â n c i a , p o i s , e n t r e as g a l á x i a s a u m e n t a

c o n s t a n t e m e n t e . 0 i n f i n i t o é, a s s i m , c a d a vez m a i s i n f i n i t o .

E m e s m o que o u n i v e r s o t e n h a um fim, tal não se d a r á

antes de 1 0 0 b i l h õ e s de a n o s , uma vez q u e e l e já vem se

e x p a n d i n d o há p e l o m e n o s e s t e m e s m o t e m p o .

C á l c u l o s d ã o c o n t a da e x i s t ê n c i a de c e n t e n a s de m i l h a r e s

de m i l h õ e s de g a l á x i a s , que p o d e m ser v i s t a s a t r a v é s de

m o d e r n o s t e l e s c ó p i o s , a i n d a que o t a m a n h o do u n i v e r s o

o b s e r v á v e l s e j a de um s e t i l h ã o de q u i l ô m e t r o s . Não se s a b e o

que e s t á a c o n t e c e n d o r.um t e m p o d i s t a n t e do u n i v e r s o , já q u e a

luz que se o b s e r v a em g a l á x i a s d i s t a n t e s d e i x o u - a s há m i l h õ e s

de a n o s , A e s t r e l a m a i s p r ó x i m a , c h a m a d a P r ó x i m a C e n t a u r i ,

e&tá d i s t a n t e c e r c a de q u a t r o a n o s - l u z ou a p r o x i m a d a m e n t e 37

m i l h õ e s de q u i l ô m e t r o s .

E ' até p o s s í v e l a e x i s t ê n c i a de um n ú m e r o i n f i n i t o de

uni v e r s o s . . .

010

O Sol, estrela de 2a. ou 3a. geraçio, formada há cerca

de 5 bilhões de anos atrás, é o centro deste sistema solar em

torno do qual giram, pela ordem de afastamento, os planetas

Mercúrio, Vènus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano,

Netuno e PlutSo. Destes nove planetas, apenas um detém

possibilidades de vida tal como nós a conhecemos.

Inicialmente a Terra era muito quente e sem atmosfera.

Se resfriou gradativãmente e adquiriu uma atmosfera a partir

da emissão de gases das rochas. Nao havia oxigênio. Os

primeiros dois bilhões de anos da existência do planeta, pelo

seu calor, nSo possibilitaram o desenvolvimento de qualquer

organismo complexo. Nos outros três bilhões de anos,

aproximadamente, iniciou-se um lento processo de evolução. A

atmosfera foi se modificando e garantindo o desenvolvimento

de formas mais elevadas de vida, dando lugar por fim, à

espécie humana.

Mas, qual a posiçío que a Terra ocupa no universo? Em

que direção a Via Láctea se expande? Oual a significancia

deste planeta na vastidio do cosmos? Por que < e nao somente

o que) aconteceu a grande explosfio?

0 universo nao é estático, como também n&o é imutável.

Há teorias, há incertezas, inclusive a incerteza se há teoria

que dê conta do universo.(1)

Possui o planeta Terra uma rara singularidade : o

confronto dos três estados físicos (sólido, líquido, g a s o s o ) ,

uma correta gravidade e rotaçio, as condições químicas e

D11

físicas ideais para consubstanciar a «ida, que para seu

estágio atual de evolução necessitou de cerca de 5 bilhões de

anos.(?)

Inúmeros estudos se debruçam sobre essa evoluçfto,

datando-a e narrando-a. Hoje, ela está ameaçada. 0 planeta

agoniza. Oue estudos podem prever o futuro? Descobertas

ctentíficas podem explicar o passado e o presente, ainda que

parcialmente. Descobertas científicas podem também destruir a

Humanidade, o seu futuro.

Cinco mil anos de história documentadaO) possibilitam

avaliar o esforço do Homem em descobrir, conhecer, avançar,

progredir e se beneficiar dos recursos naturais, do

equilíbrio e da harmonia quase sempre presentes neste período

no Planeta(4>. As mais diversas épocas e culturas oferecem

aprendizados quanto á relação Homem-Natureza.

Mas é no século XIX, com o advento da Revoluçfto

industrial, que o Homem mais e mais se posiciona como

dominador da natureza e inicia um processo de destruiçio do

que há de mais vital para a vida ; o ar, o solo, a água.

0 Homo Saoiens(5) marca profundamente a sua presença no

planeta. A partir de sua açio existem já há alguns anos

riscos de longo prazo e em escala planetária, a partir

inclusive de uma utílízaçlo insensata dos recursos

terrestres, A crise se fez global, culminando com a

possibilidade do extermínio da espécie como um todo.

0 que levou muitos milhfte» de anos para evoluir, pode em

P O U C O S anos ser massacrado, aniquilado.

0 1 ?

A d e g r a d a ç ã o a m b i e n t a l , s o c i a l , e c o n ô m i c a , p o l í t i c a ,

c u l t u r a l faz c o m que se d i s c u t a e a v a l i e n e c e s s a r i a m e n t e a

n o ç ã o d e c i ê n c i a , de d e s e n v o l v i m e n t o , d e c r e s c i m e n t o , de

p r o g r e s s o , de t e c n o l o g i a , de c i v i l i z a ç ã o .

Final da d é c a d a de 8 0 . F i n a l d o s é c u l o X X .

B u s c a - s e i n t e n s a m e n t e c o n h e c i m e n t o s s o b r e o p a s s a d o e a

c o m p r e e n s ã o do p r e s e n t e . E q u a n t o ao f u t u r o ? F a l a r d e um

m u n d o -futuro s i g n i f i c a r e c o n h e c e r l i m i t e s p l a n e t á r i o s e a

n e c e s s i d a d e de r e d e f i n i ç õ e s no que diz r e s p e i t o a p r o d u ç ã o ,

ao c o n s u m o , ao e s t i l o de v i d a .

A p o p u l a ç ã o da T e r r a a t i n g i u , s e g u n d o a O N U , 5,2 b i l h õ e s

de s e r e s h u m a n o s , m a i s da m e t a d e v i v e n d o d e forr?a m i s e r á v e l .

J. B A U O R I L L A R D ( 6 ) a f i r m o u que a a n á l i s e d o s o b j e t o s de

c o n s u m o l e v a r a m - n o a i n t e r r o g a r a e s f e r a da p r o d u ç ã o ,

a c a b a n d o por se p e r g u n t a r se e s t a não f a b r i c a v a m a i s a i g n o s

do q u e m e r c a d o r i a s . P a r a e l e , é a t r a v é s d o s o b j e t o s que as

d e s s e s f a v o r e c i d a s r e a t u a l i z a m p e r p e t u a m e n t e s e u s

p r i v i l é g i o s c u l t u r a i s .

M a i o r i a d e p a u p e r a d a e m i n o r i a p r i v i l e g i a d a . . . e s s e s

s e r e s , a par ou não d o s p r o b l e m a s c o n s t a n t e s na b i o s f e r a ( 7 ) ,

se e n c o n t r a m numa e n c r u z i l h a d a que a p o r t a a l g u n s a s p e c t o s e

possibiI i d a d e s ,

A p r i m e i r a p o s s i b i l i d a d e , a ser e n c a r a d a c o m o

n e c e s s á r i o r e a l i s m o , é o p o d e r i o a r m a m e n t i s t a n u c l e a r ( a f o r a

o c o n v e n c i o n a l e as a r m a s q u í m i c a s ) , s u f i c i e n t e p a r a e l i m i n a r

» e s p é c i e h u m a n a , a v i d a da s u p e r f í c i e do p l a n e t a . 0 t.-óprio

013

planeta(B).

A. K0ESTLERÍ9) declarou que se o pedissem para mencionar

a data mais importante da história e da pré-história da

espécie humana, responderia • 6 de agosto de 1945, porque até

essa data o homem conviveu com a perspectiva de sua morte

como indivíduo. A partir da bomba de Hiroshima, a humanidade

tem de conviver com a perspectiva de sua extinçSo como

espécie.

0 segundo aspecto que nSo é uma possibilidade e sim um

fato, diz respeito ao aumento vertiginoso da população, que

pode atingir B bilhões em uma ou duas gerações, o que requer

um urgente planejamento populacional. A qualidade de vida em

detrimento da quantidade,

0 terceiro aspecto é o dos grandes desequilíbrios

biológicos e químicos, bem como, as variações dialéticas

provocadas pelas atividades humanas. Dentre os primeiros

deve-se chamar a atençfo para a destruição da camada de

ozônio estratosférica que filtra uma parte do componente

ultravioleta da radiaçio solar, bem como do aumento da

temperatura na superfície da Terra, causado por gás carbônico

e conhecido como "efeito estufa".

0 quarto fato sao os desperdícios energéticos, o quinto

o da perda do patrimônio genético, havendo ainda ostros mats

(10 ), Iigados entre si,

Obviamente o homem desenvolveu formas positivas de

expressão, como a linguagem, a ciência, a arte. Fez

descobertas imprescindíveis para o seu bem estar. Galgou

014

degraus fundamentais em direção a um maior conhecimento da

psique humana. Buscou compreender o exterior a si e seu

interior.

Embora essa c a m i n h a d a continue em voga, empreendida por

um número cada vez maior de pessoas, a realidade d e n o t a que o

crescimento nSo teve limites, sofreu de falta de lógica, se

abalou por interesses d i t a d o s pelo capital, pelo lucro, pelo

poder, pela ambição e g a n â n c i a . 0 chamado d e s e n v o l v i m e n t o se

perdeu na desordem e projetou infelicidade, m i s é r i a ,

desigualdade. T r a n s f o r m o u o oi fcos num habitat enfermo,

militarizado e p a t r i a r c a l . Transformou seus habitantes em

espectadores de sua própria ação, quase sem forças de se

sobrepujarem ao atual estado de coisas ou ainda vivendo uma

expectativa de vida c o n s u m i s t a e predatória praticada por uma

parcela menor da p o p u l a ç ã o , que insiste disparadamente no ter

(e a produtividade i n d u s t r i a l ) , irrelevando o ser (e a

convivencial i d a d e X 1 1 ) .

Enquanto a realidade apresenta incríveis p o t e n c i a l i d a d e s

voltadas para o benefício da população, deixa transparecer

também a evidência da amplitude e global idade da c r i s e .

2. CIÊNCIA

"En ei momento de Ia historia en que Ia racionalidadcientífica alcanzar su pleno desarrollo en una formaindustrial y social, de esta misma racionalidad surge tambíénIa amenaza dei cao», Ia posibilidad de un desorden total dei

está ausente Ia razón".

Patrick L a g a d e c d S )

015

Aceitando-se que a ntissio do conhecimento é a resolução

de enigmas e a revelação de mistérios (desde as partículas

até a conquista do espaço), é de se perguntar qual o

conhecimento capaz de abarcar a «ida, de conceber a noção de

vida em sua plenitude.

0 papel da ciência na sociedade modificou-se

profundamente desde o século XVII. 0 conhecimento científico,

a partir do século XVII até o século XX, encetou progressos

extraordinários, sendo que durante o século XX, a ciência

tornou-se uma pesada instituição subvencionada e alimentada

pela sociedade, controlada pelos poderes «conômicos e

estatats.

Concomitante à constante renovação do conhecimento

científico, ao progresso do conhecimento desde o começo deste

século, há um progresso de incertezas, sendo que reconhecê-

las também constitui um progresso. O conhecimento científico

nio é, pois, passível dê ser definitivamente verificado. Ele

é prov i sóri o.

O corte entre ciência e filosofia a partir do século

XVII, com a dissolução formulada por Descartes entre o eu

pensante e a coisa material, arrancou da ciência sua

capacidade auto-reflexiva, separou o sujeito do objeto

pesquisado, eliminou o observador da observação.

Porém, a partir do século XIX a ciência clássica

(determinista) entra cm crise, a noçlo de progresso é

Questionada, a noção de conhecimento é avaliada. lnicia*se um

movimento de auto-interrogação da ciência. A ciência da

016

ciência ( e p i s t e m o l o g i a ) . Entrar em c r i s e , e n t r e t a n t o , nao

significa deixar de e x i s t i r , e a c i ê n c i a c l á s s i c a ainda reina

hoje e l i m i n a n d o o é t i c o , a r e s p o n s a b i l i d a d e , o sujeito do

c o n h e c i m e n t o .

Mas a c r i s e e n g e n d r o u algumas a f i r m a ç õ e s :

a) o d e s e n v o l v i m e n t o das d i s c i p l i n a s c i e n t í f i c a s causou a

fragmentação do saber. Os c o n h e c i m e n t o s e s p e c i a l i z a d o s

desmembram 0 C o n h e c i m e n t o - A Ciência, aqui vistos nao como

uma única v e r d a d e , mas como finalidade de aliviar a m i s é r i a

da existência humana, como diria B e r t o l d Brecht, ou como

ligação ao destino do homem, como d i r i a IIya Prigogine,

destróem o c o n h e c i m e n t o - s a b e d o r i a . Ocorre a

i n c o m u n i c a b i I i d a d e entre as d i s c i p l i n a s , que e s f o r ç o s

i nterdisei pi inares não c o n s e g u e m s u p e r a r . Seria necessária a

t r a n s d i s c i p l i n a r i e d a d e já que a h i p e r e s p e c i a i i z a ç ã o reduziu o

saber c i e n t í f i c o a migalhasi

b) a separação entre as c i ê n c i a s da n a t u r e z a e as ciências do

homem, as s o c i a i s , é nociva. As c i ê n c i a s naturais não tem

consciência que as implicações c e r e b r a l , cultural, social,

histórica c o - d e t e r m i n a m sempre o o b j e t o de c o n h e c i m e n t o . As

ciências h u m a n a s nfto tem c o n s c i ê n c i a das determinações

físicas, q u í m i c a s , b i o l ó g i c a s dos f e n ô m e n o s humanosi

c) o progresso c i e n t í f i c o produz tantas p o t e n c i a l i d a d e s

benéficas quanto m o r t a i s , ou seja, a ciência progride como

conhecimento, mas sua» c o n s e q ü ê n c i a s podem ser mortais»

d> ocorre um p r o g r e s s o c r e s c e n t e dos poderes da ciência; bem

como uma impotência c r e s c e n t e dos c i e n t i s t a s na sociedade cm

017

relação aos próprios poderes da ciência, esmigalhados ao

nível da investigação, mas reconcentrados ao nível dos

poderes econômico e políticos

e) é impossível separar o conceito de ciência do de

tecnologia, do de indústria, do de sociedade. A civilização

ocidental evolui e se transforma neste circuito;

f) se faz imprescindível que toda a ciência se interrogue

sobre as suas estruturas ideológicas e seu enraizamento

sóc i o-cuItura I;

g) o problema do controle da atividade científica tornou-se

crucial e supõe um controle dos cidadãos sobre o Estado, que

os controla, e uma recuperação do controle da ciência pelos

cientistas. Cientistas conscientes da transformação e não

linearidade da ciênciai cientistas sabedores que a ciência

elucidativa, enriquecedora, conquistadora, tríunfante

antepõe o planeta a problemas mais graves que se referem ao

conhecimento que produz, à ação que determina, a sociedade

que transforma, ao Estado que se apropria do conhecimento e

que tem o poder de subjugar o homem;

h) a modificação da relação entre ciência e sociedade, com o

passar dos séculos, e que apresenta o outro lado do

progresso, qual seja degradação, dispersão, desorganização,

desordem, entropia*

•> necessidade de conjugar duas visões ; uma feita de ordem e

harmonia e a outra de desordens e lutas. A relação

complexidade - diversidade, vida - morte, antagonismo

compiementariedade, adaptação - destruição, ambiente -

018

sociedade passa a fazer parte do novo.

A ciência nova já emergiu, trazendo em seu seio a

mudança de paradigma. 0 paradigma de complexidade que rompe

com o conhecimento atomizado, parcelado e redutor,

reivindicando o direito a reflexftos que busca um modo de

pensamento capaz de respeitar a muitidimensionalidade, a

riqueza, o mistério do realt Q»e acredita que a fronteira que

separa o homo sapiens dos outros seres vivos nao é natural e

sim cultural (há na biosfera, por exemplo, 2 milhões de

espécies de insetos, 1 milhão de espécies de plantas, 50.000

espécies de peixes, 8.700 espécies de aves); que acredita que

os autos (individual) e o o i fcos (habitat) se complementam e

sao vitalmente necessários um ao outro; que entende que

quanto mais o homem controla a natureza e subjuga a biosfera,

mais e mais controlado pela natureza se encontra e mais

subjugado pela biosfera vivei que reintroduz o sujeito no

objeto da pesquisa.

A mudança de paradigma comanda simultaneamente um

princípio de complexidade, uma restauraçlo/renovaçSo da idéia

de natureza, uma ciência de tipo novo, uma tomada de

consciência e uma práxis, rompendo com as visões

simp|ificadoras que isolavam os seres do seu ambiente ou

reduziam os seres ao seu amb i ente. (13)

0 exercício de redefinir o que é ciência, para o que e

quem está sendo utilizada cresce no meio científico,

sionado pela própria transformação do conhecimento

019

(e o questionamento do seu estatuto, de sua racionalidade, de

seu desenvolvimento), bem como por acontecimentos e

evidências que poderiam ser explicitadas como "externas",

como 1) a crescente dominação do homem pelo hornemi 2) a

crescente exploração da natureza pelo homem com a conseqüente

degradação daquela ej 3 ) os múltiplos movimentos sociais, que

trazem em seu bojo um potencial de questionamento sobre as

formas do pensar tradicional, como por exemplo os movimentos

democráticos, socialistas, estudantis, feministas,

pacifistas, anti-nucleares, de minorias étnicas e culturais,

religiosos, eco Iogistas.(14)

Os problemas que afligem o planeta, os seus ecossistemas

terrestres e marítimos, os seres vivos e o homem são

crescentes e se por um lado foram engendrados pela ciência ->

tecnologia -> indústria -> sociedade, numa cosmovisão

ocidental, devem igualmente retornar ao circuito para que

lhes seja proposta a solução. Nas o primeiro passo, por

certo, seria dado por cientistas que, ao controlarem a

ciência, fariam dela uma ciência ética, necessariamente

voltada para o bem estar e sobretudo para a paz,

Esta seria a ciência que sacudiria os valores ocidentais

e que unindo-se ft sabedoria, se tornaria a ciência da

essência(15)» que fundindo o intelecto com a intuição, a

razão e a emoção, a informação e o significado, as

descobertas e as mudanças, a autonomia e o relacionamento com

0 mundo chegaria a uma ciência nio totalitária, na qual há

diálogo entre as culturas ocidental e orientaI.(16 )

oaoPensar a ciência a partir da global idade é também saber

inferir valores justos à evolução da vida no planeta e aos

tempos biológicos» que segundo E. TlEZZI são importantes para

medir o passado e o futuro, são inversamente p r o p o r c i o n a i s

aos tempos t e c n o l ó g i c o s e econômicos, e seguem ritmos

diferentes aos tempos históricos. A c r e d i t a , assim, ser

necessária uma ciência jovem que propugne o equilíbrio do

homem com o ambiente, com seus semelhantes e consigo m e s m o .

Propugna uma nova cultura do desenvoivintento.(17)

Como a ciência tem reforçado a tendência ao parcelamento

da realidade, não conduzindo a uma visão e c r í t i c a global do

que ocorre, o ÍIVÍHIÇH ihj cirncia apenas se dará a partir de um

enfoque t o t a l i z a n t e . A ciência deve ser capaz de analisar o

ambiente como uma totalidade dinâmica e em permanente

transformação. Para L. V I T A L E C 1 B ) , a nova ciência analisará o

homem como parte indissolúvel do ambiente, h a v e n d o ret ação

entre história da natureza e história da h u m a n i d a d e .

Para E. M0RIN, essa nova ciência também pode ter

conhecida como cco-bio-socio-Iogia, incorporando ainda os

domínios da física e da antropologia. 0 que o estimula é a

preocupação de ocultar o menos possível a c o m p l e x i d a d e do

real.(19)

A nova ciência pode ter muitos nomes, m a s significa uma

nova visão da realidade que se baseia na compreensão e

«aplicação da realidade, consciente do "estado de inter-r*iação - interdependência essencial de todos os fenômenosf i s c o s , b i o l ó g i c o s , psicológicos, sociais e c u l t u r a i s , Essavisão transcende as atuais fronteiras d i s e i p I i n a r e s econceituais e será explorada no âmbito de novas instituiçôes.N*o existe, no presente momento, uma estrutura bem

021

estabelecida» conceituai ou institucional, que acomode aformulação do novo paradigma, mas as linhas m e s t r a s de talestrutura já estão sendo formuladas por m u i t o s indivíduos,comunidades e organizações que estio d e s e n v o l v e n d o novasformas de pensamentos e que se estabelecem de acordo comnovos princípi os.(20)

0 questionamento que envolveu o c o n h e c i m e n t o , o saber

científico, não deixou incólume as ciências sociais, fazendo

reconhecer que o pensamento social (predominantemente

patriarcal) também estava adquirindo os vícios da

especialização, além do que sofria da fragmentação

cultura/sociedade - ambiente e de competência sequer para

responder a razão da profunda crise que afeta a Pachamama

(Mãe Terra) e consequentemente a vida de todos os seus

habitantes. Entretanto, do interior do próprio saber

científico das ciências sociais efervesceu a crítica à

conquista da natureza, cresceu a consciência da necessidade

de mudança radical do que, porque, para que e de como

pesquisar. E a consciência da necessidade de introdução da

dimensão ecológica/biológica nas ciências sociais para a sua

transformação.

Consciência, transformação se efetivam através da razão,

que é um conceito básico de toda ciência social, -no dizer de

A, GUERREIRO R A M O S O D . Este autor traz uma contribuição

fundamental para o entendimento de como uma ciência social

alternativa poderia tomar o lugar da ciência social

estabelecida, trabalhando o conceito de r a c i o n a l i d a d e .

A ciência social estabelecida se fundamenta numa

racionalidade instrumental, funcional, característica do

t'&tema de mercado, que solapa qualificações éticas üa vida

0 2 2

humana e que e n t e n d e o indivíduo como d o m i n a d o e c o m o a g e n t e ,

já a c i ê n c i a social a l t e r n a t i v a se c a l c a n u m c o n c e i t o de

r a c i o n a l i d a d e m a i s sadio» d e n o m i n a d a s u b s t a n t i v a . N e s t e c a s o ,

o indivíduo é o g e r a d o r da r a c i o n a l i d a d e . N e s t e c a s o há a

e m a n c i p a ç ã o do h o m e m e o d e s e n v o l v i m e n t o d e suas

p o t e n c i a l i d a d e s de a u t o - r e f I e x i o , bem como a p r e o c u p a ç ã o em

como p r a t i c a r a razão no mundo social e na bios-fera.

A r a z S o c o m o dever dos seres r a c i o n a i s ( 2 2 ) , c o m o

p r a t i c a , como f e r t i l i z a n t e da nova c i ê n c i a , q u e , j u s t a m e n t e é

um i n s t r u m e n t o de r e c o n s t r u ç ã o social é o q u e q u e r e m o s

circundar n e s t e i n s t a n t e , situando i g u a l m e n t e a i n t e r l i g a ç ã o

entre c i ê n c i a e p o l í t i c a , entre ciência e t e c n o l o g i a .

E " o p o d e r que determina o uso da c i ê n c i a e, por

c o n s e g u i n t e , da t e c n o l o g i a . A m u d a n ç a p o l í t i c a é q u e p o d e

possibilitar q u e a c o m u n i d a d e c i e n t í f i c a se d e d i q u e a r e a i s

p r o b l e m a s , ès n e c e s s i d a d e s da p o p u l a ç ã o e à c o n s e r v a ç ã o dos

recursos n a t u r a i s .

3. T E C N O L O G I A

E n q u a n t o que para J. BAUTISTA VIDAL ( 5 3 ) a t e c n o l o g i a é

resultado de um v a s t o p r o c e s s o de n a t u r e z a s o c i a l , c u l t u r a l ,

política, no qual está imbutida a c o m p o n e n t e t é c n i c a e

e v e n t u a l m e n t e a c o n t r i b u i ç ã o c i e n t í f i c a , a p e s a r de e n t e n d e r

<*«(> a c i ê n c i a e a t e c n o l o g i a têm uma p e r m a n e n t e c o r r e l a ç ã o de

causa e e f e i t o , E, MOR IN a d v e r t e ser impossível isolar o

conceito de t e c n o l o g i a a r g u m e n t a n d o que o " d e s e n v o l v i m e n t o do

c o n h e c i m e n t o c i e n t í f i c o é inseparável de uma t e c n o l o g i a , ela

023

mesma ligada a uma s o c i e d a d e , a uma e i v i I i z a ç ã o " ( 2 4 > . 0 autor

dá um e x e m p l o d e s s a c o n e x ã o ao citar que na época g a l i l é i c a

se observava o u n i v e r s o com lunetasi h o j e t e l e s c ó p i o s e

r a d i o t e l e s c ó p t o s , a l é m dos satélites de p e s q u i s a , m o d i f i c a m o

campo real, a i a r g a n d o - o . No f u t u r o , e s t a ç õ e s e s p a c i a i s

certamente i n s c r e v e r ã o n o v o s c a r a c t e r e s no c o n h e c i m e n t o sobre

o i nf i n i to.

P r o p o r - s e ao q u e s t i o n a m e n t o da t e c n o l o g i a não é s i n ô n i m o

de recusá-la ou a b a n d o n á - l a . E ' muito m a r s incorrer num

exercício de r e d e f i n i - l a , se Iecioná-I a, reapropriá-I a,

adequá-la às n e c e s s i d a d e s a t u a i s . S i g n i f i c a p r o j e ç ã o do

futuro e não incursão ao passado. D e n o t a investigação

histórica do seu papel em b e n e f í c i o da h u m a n i d a d e , do

pianeta.

A t e c n o l o g i a é um instrumento de poder, um instrumento

político de d o m í n i o que visa e x p a n s ã o e e x p l o r a ç ã o e que

perpassa o m o d e l o de d e s e n v o l v i m e n t o / c r e s c i m e n t o no qual se

está inserido.

Não tendo sido f o r j a d a para a c r i s e , mas sendo uma de

suas principais c a u s a s , dela adveio o "sistema de o r g a n i z a ç ã o

política e social b a s e a d o na p r e d o m i n â n c i a dos t é c n i c o s "- a

tecnocracia, i r r e v e r e n t e com o p a t r i m ô n i o c o m u m da

humanidade, com a m e l h o r u t i l i z a ç ã o dos recursos r e n o v á v e i s e

ftao renováveis, com o bem estar do homem e dos seres vivos em

geral .

Ameaçando o e q u i l í b r i o do planeta, ir relevou a vida,

trouxe a ilusão do p r o g r e s s o , se despiu de quaisquer v a l o r e s ,

024

se investiu de m e g a l o m a n i a e colocou em risco a s o b r e v i v ê n c i a

de gerações futuras.

Encrustada na elite e m p r e s a r i a l , p o l í t i c a , intelectual e

militar, a tecnologia segue seu rumo p r e d a t ó r i o , imediatista

e extremamente conveniente para alguns p o u c o s . Como se isso

não bastasse, segue a lógica do lucro, da m e c a n i z a ç ã o

avassaladora, da c o m p u t a d o r i z a ç ã o c r e s c e n t e e sobretudo :

serve para a guerra. Para a sua preparação infinita.

Pensar a tecnologia implica em indagar a que ela está

servindo. E a quem. Ameaçando o e q u i l í b r i o , deveria conhecer

como restaura-1 o; tendo uma atitude de ruptura com o ambiente

e os ecossistemas, deveria saber como resgatar a u n i d a d e ;

instalando a hierarquisação e c e n t r a l i z a ç ã o de f u n ç õ e s ,

deveria incorrer em caminho oposto* a l i e n a n d o o homem do

trabalho, da produção, deveria ser capaz de resgatar o auto-

desenvolvimento p e s s o a l .

A tecnologia por si não poderia tomar tal a t i t u d e . As

decisões tecnológicas são d e c i s õ e s p o l í t i c a s e essas d e v e r i a m

estar incluídas no e x e r c í c i o da c i d a d a n i a , porque dizem

respeito a todos os c i d a d ã o s .

Usamos e usufruímos da tecnologia ou acabamos sendo

usados por ela? Temos clareza de suas implicações ou a c a b a m o s

Por nos adequar ao caos que uma parte das invenções impõe 7

Prevalece o conforto provisório e fugaz em d e t r i m e n t o da

mudança de atitude"?

Pensar a tecnologia implica em se arvorar na tarefa de

indagar sobre sua substância, seus riscos « a c i d e n t e s dela

025

provenientes. Seu produto» enfim.

E' necessário conhecer o enigma da tecnologia e

trabalhar sobre ele, pois "... chega de ilusões a respeito da

tecnologia. Não controlamos o que produzimos. Saber como

fazer não significa que saibamos o que estamos fazendo".(25)

Compreender que a função da tecnologia nao é meramente

técnica, que sua escolha corresponde a opção por um conjunto

de vetores correspondentes a padrões de consumo da sociedade,

a formas de utilização da força de trabalho, a perfis de

investimento, a modos de exploração das matérias-primas,

recursos naturais e energéticos, à estrutura do sistema

educacional e da pesquisa científica no contexto de um

determinado estilo de desenvolvimento(26) é, por certo,

compreender que não podemos depositar vida e liberdade em

mãos de uma elite subserviente ao poder e a ambição,

incompetente e sem qualquer apreço pelo povo. Que não podemos

permitir sermos modelados e subjugados cada vez mais pela

tecnologia. Essa mesma tecnologia já ultrapassou a

possibilidade de explicação no seu todo.

Quais as certezas qu€ temos sobre os rumos que estão

sendo tomados, alheios ao nosso conhecimento e a nossa

vontade? A certeza é a de que o domínio do homem pela

ferramenta foi substituído pelo domínio da ferramenta sobre o

homem.(27)

Exemplo disso pode ser encontrado na medicina, nos

transportes(SB), na indústria química, etc,, com centenas de

•nvençôes se multiplicando anualmente.

026

Enquanto que não se pode d u v i d a r do valor de a l g u m a s

invenções t e c n o l ó g i c a s , g r a n d e p a r t e d e t a s está a s e r v i ç o dos

m i l i t a r e s , da guerra e da m o r t e , ( 2 9 )

Se c o m p r e e n d e m o s que o h o m e m e o a m b i e n t e não p o d e m ser

s u b j u g a d o s , d o m i n a d o s , a l i e n a d o s p e l a t e c n o l o g i a e que

c u l t u r a l m e n t e não é possível r e g r e s s a r a t e m p o s p r é -

t e c n o l ó g i c o s , c o m p r e e n d e m o s que e x i s t e uma v a l o r a ç ã o para sua

invenção e sua u t i l i z a ç ã o , bem c o m o a a c e i t a b i l i d a d e do risco

que ela carrega c o n s i g o .

Vivemos em m e i o ao g r a n d e r i s c o t e c n o l ó g i c o , f a z e m o s

parte da " c i v i l i z a ç ã o do r i s c o " , p r e d a d o r a por e x c e l ê n c i a ,

que quanto m a i s avança e p r o g r i d e , t a n t o m a i s e r o s i o n a a

capacidade de e x p l i c a ç ã o s o b r e e l a .

A liberdade do c i d a d ã o leva a eleger a d i r e ç ã o do

progresso, os riscos t e c n o l ó g i c o s q u e quer e n f r e n t a r . A

indústria m o d e r n a cria c o n s t a n t e m e n t e novos r i s c o s sem a

permtssão dos c i d a d ã o s , que s e q u e r têm c o n h e c i m e n t o da

fragilidade e f a l i b i l i d a d e que o s i s t e m a h o m e m - m á q u i n a

engendra.

Não é racional l a n ç a r - s e em i n o v a ç õ e s sem c o n s i d e r a r

seriamente os riscos i m p l í c i t o s . Não é razoável p r e t e n d e r

despojar o cidadão de sua c a p a c i d a d e de juízo, Há que ser

reforçada a aptidão das s o c i e d a d e s para e l e g e r livres,

voluntárias e r e s p o n s á v e i s , sua f o r m a de d e s e n v o l v i m e n t o , seu

estilo de vida e suas t e c n o I o g i a s . ( 3 0 )

A variável t e c n o l ó g i c a persegui ria o e q u i l í b r i o entre

cinco d i m e n s õ e s ! ( 3 1 )

0 ? 7

a ) e c o n ô m i c a : p r e f e r ê n c i a por t é c n i c a s i n t e n s i v a s em m ã u - d e -

obra e pouco intensivas em ca p i t a l j

b) e c o l ó g i c a : p r e f e r ê n c i a pela u t i l i z a ç ã o de r e c u r s o s

r e n o v á v e i s e danos m í n i m o s ao ambientei

c ) s ó c i o - c u I t u r a l • t e c n o l o g i a para s a t i s f a ç ã o d a s

ne c e s s i d a d e s da p o p u l a ç ã o , p o s t u l a n d o d i v i s ã o igualitária de

renda;

d ) p o l í t i c a £ s e l e ç ã o de t e c n o l o g i a p a r a e s t í m u l o do

d e s e n v o l v i m e n t o a u t ô n o m o *

r ) t é c n i c a ' u t i l i z a ç ã o de t é c n i c a s que e s t i m u l e m a

i n d e p e n d ê n c i a e o d e s e n v o l v i m e n t o c i e n t í f i c o e t é c n i c o .

D e c i d i n d o o que p r o d u z e c o n t r o l a n d o a p r o d u ç ã o , o homem

se i r : e r e na d i s c u s s ã o d e m o c r á t i c a e c o n t r a r i a o a x i o m a

o c i d e n t a l p r o f u n d a m e n t e a r r a i g a d o do c r e s c i m e n t o m a t e r i a l

i l i m i t a d o , q u a n t i t a t i v o . A i d é i a é a r e d e f i n i ç ã o da

t e c n o l o g i a , bem como da c i ê n c i a . 0 e s f o r ç o é na d i r e ç ã o da

c r i a t i v i d a d e e da i m a g i n a ç ã o p e r m a n e c e n d o a r e c o n s t r u ç ã o

t o t a l da s o c i e d a d e , t e n d o como p a n o de f u n d o a r e a l i d a d e

p r e s e n t e .

0 d e s e n v o l v i m e n t o de t e c n o l o g i a s m a i s e m a i s c o m p l e x a s ,

i n t e n s i v a s em m a t é r i a , e n e r g i a e c a p i t a l , p e r t u r b a a

s o c i e d a d e , os s e r e s v i v o s em g e r a l , o a m b i e n t e . F o m e n t a

9 ' a n d e s i n s t i t u i ç õ e s b u r o c r á t i c a s q u e v i s a m l u c r o , g o v e r n o s

c e n t r a l i z a d o r e s e p o I i c i a I e s c o s , q u e v i s a m p o d e r e que ao

•nvé& de c o n t r o l a r e f i c a z m e n t e a a t i v i d a d e p r o d u t i v a , a

P r o t e g e m , Fomentam também uma p o p u l a ç ã o a l h e i a ás d e c i s õ e s de

«"»• e l i t e t e c n o c r á t i c a e p o l í t i c a .

ERRATA

cn se xe Leia-se

)ü'J> fast-breeder

141 suacorapetência

144 MéxicoTendc

!4*- •:;• para essas quais afigurava-se

1 M por muitospaíses

!M .- Acordoanravós de

1 "71- prestar serviçosà

1H4 foi publicado pelo JBr na mesma

data, personas non gratas

IB" cometido eguívicos

1**-' CNAAA, empreendimanto

Filsar: Enqenhabria

n Real (PA)

fast-breeder

sua competência

México. Tende

e para essas afiguravs-se

por muitos países

o Acordo através de

prestar serviços ã

foi publicado pelo JBr na

mesma data, especificande

personas non gratas

cometido equívocos

CNAAA, empreendimento

Filsan Engenharia

Lagoa Real (BA)

0B8

Rever o sentido de prosperidade, da qualidade de vida,

duvidar da eficiência do sistema social que é imposto e em

grande parte assimilado, erosionar essa profunda desordem na

qual nos encontramos e vivemos é responsabilidade dos

cidadãos atuantes e conscientes da necessidade de rechaçar

energicamente o atual modelo de desenvolvimento e de

desencadear um real desenvolvimento das potencialidades

humanas.

4. CRESCIMENTO x DESENVOLVIMENTO

0 "modelo" de crescimento econômico imposto após a

Revolução Industrial, traz em seu bojo um processo de

dominaçio da máquina sobre o homem e deste sobre a natureza,

a ilusão da infinitude dos recursos naturais, a partir do que

se instalou um sistema com aspectos sedutores que esconde a

destruição do ambiente.

A imposição incorre também sobre um maior consumo, que

oferece muitas vezes apenas um conforto questionável, já que

engendra incertezas em relação w possibilidade de futuro.

Engendra desequilíbrio e devastação.

0 crescimento infinito calca-se na lógica do consumo

infinito sustentado pelo desperdício em larga escala, pela

obsolescência planejada, pela exploração irresponsável dos

recursos naturais e ainda na aceleração do desejo de ascensão

social e econômica de milhões de p e s s o a s O S ) , que permitem

lhes seja impingida uma falsa noção de prosperidade e

Progresso,

OSS

No entanto, o discurso do progresso é falacioso porque

expurga a qualidade, a -felicidade, o desenvolvimento total do

ser humano, em consonância com a biosfera que o cerca. Além

disso, objetiva claramente uma parcela da população que tem

resolvidas suas necessidades materiais, ainda que nem tanto

as imateriais, cavando um fosso mais e mais acentuado entre

aqueles que lutam desesperadamente para não morrer de fome e

aqueles que vivem sobejamente.

0 crescimento econômico não elucidou dúvidas

existenciais, mais caminha fazendo de conta que não há

desigualdade nem injustiça social.

Abaixo pontuaremos algumas diferenciações entre

crescimento e desenvolvimento :

Crescimento econômico Desenvolvimento

- consumo acentuado - consumo qualificado

- envelhecimento premeditado - bens de consumo duráveisdos bens de consumo

* criação de necessidadesfictícias

- utilização predatória dosrecursos naturais

- dependência de recursosexternos

• latifúndios improdutivos,monoculturas extensivas,desmatamento

" dependência tecnológica

urbanização crescente

aumento vertiginoso daPopulação

- produção de necessidades reais

- utilização racionaldos recursos naturais

- independência do capitalinternacional

agricultura biodin&mica paraprodução de alimentos, em1a. instância, refloresta-mento

- independência tecnológica

- urbanização decrescente

- planejamento populacional

0 3 0

- mi I itarização da s o c i e d a d e - d e s m i l i t a r i z a ç ã o da s o c i e d a d e

- aumento de e m p r e g o s sem - a u m e n t o de t r a b a l h o c r i a t i v osubstânc i a

- maior u t i l i z a ç ã o de f o n t e s - t e n d ê n c i a à u t i l i z a ç ã o dee n e r g é t i c a s não r e n o v á v e i s f o n t e s e n e r g é t i c a s r e n o v á v e i s

Esses p o u c o s a s p e c t o s e v i d e n c i a m , por e x e m p l o , que o

B r a s i l , e n v e r e d a por um c a m i n h o de c r e s c i m e n t o , m a s e s t a n d o

ainda num p a t a m a r de p a t s s u b d e s e n v o l v i d o . E n ã o é livre pelo

fato de c a r r e g a r o peso de 40 a 50 m i l h õ e s de b r a s i l e i r o s na

m a i s completa m i s é r i a e por possuir uma d í v i d a e x t e r n a de US$

118,870 b i l h õ e s ( 3 3 ) , que deveria ser s u s p e n s a .

"Visto de um m o d o g l o b a l , o país d e p e n d e n t e , t e n d o o

consumo como p a d r ã o de f e l i c i d a d e e p r e s t í g i o , é m o v i d o por

m a c i ç a p r o p a g a n d a , sem a l t e r n a t i v a s , q u e e m b o t a a

s e n s i b i l i d a d e geral e impede, em toda p a r t e , a f o r m a ç ã o de

uma c o n s c i ê n c i a c r í t i c a sobre a r e a I i d a d e " . ( 3 4 )

Mas o que poderia ser m a i s u r g e n t e • criar m a t s e m a i s

e m p r e g o s , a i n d a que seja i n d i f e r e n t e o que se p r o d u z a e para

quem se p r o d u z a , o b j e t i v a n d o d i m i n u i r a m i s é r i a , ou

qualificar de imediato a p r o d u ç ã o , c o l o c a n d o - a a s e r v i ç o da

c o l e t i v i d a d e e n a l t e c e n d o a t a r e f a da r e c o n s t r u ç ã o da

sociedade ?

Para L. PIN6UELLI ROSA ( 3 5 ) , o Brasil c r e s c e e c o n ô m i c a ,

demográfica e u r b a n a m e n t e , p D d e n d o - s e m u d a r o perfil de

crescimento, o que não é simples por e n v o l v e r n e c e s s a r i a m e n t e

*»pecto& p o l í t i c o s e c u l t u r a i s a r r a i g a d o s nas c a b e ç a s das

P*fc&oa&, q u e & e h a b i t u a m em a m b i c i o n a r p a d r õ e s de vida e a

031

m a n t ê - l o s . E ' possível r e d u z i r o consumo t a m b é m no Brasil e

p r o v a v e l m e n t e justiça social se dê c o m b i n a n d o r e d i s t r i b u i ç a o

com c r e s c i m e n t o e c r e s c i m e n t o com r e d i s t r i b u i ç l o . Has é

preciso as p e s s o a s v i v e r e m , terem um e m p r e g o (ainda que

f a b r i c a n d o o b j e t o s d e s n e c e s s á r i o s e inúteis) e acima de tudo

pararem de comer na lata de lixo.

A m i s é r i a deve acabar i m e d i a t a m e n t e , m a s é n e c e s s á r i o

redefinir os rumos da p r o d u ç ã o e inserir g r a d a t i v ã m e n t e no

c r e s c i m e n t o , valores que o t r a n s f i g u r e m em d e s e n v o l v i m e n t o ,

que e n v o l v e a noção do limite à economia e o f e r e c e uma nova

s o c i e d a d e , na qual tão imprescindível q u a n t o se a l i m e n t a r ,

habitar, se e d u c a r , cuidar da saúde, etc, seja ser livre, ser

c r i a t i v o , ter identidade, e x e c u t a r o e x e r c í c i o da c i d a d a n i a e

assim por d i a n t e .

J. GALTUNG (36) p r o p õ e que partir das n e c e s s i d a d e s

f u n d a m e n t a i s constitui e l e m e n t o indispensável para os e s t u d o s

de d e s e n v o l v i m e n t o . M e s m o p o r q u e uma s o c i e d a d e só pode ser

d e s e n v o l v i d a , quando os seres h u m a n o s são d e s e n v o l v i d o s » o

que implica em a t e n d i m e n t o de n e c e s s i d a d e s m a t e r i a i s e nao-

m a t e r i a i s , f i s i o l ó g i c a s e p s í q u i c a s . A s a t i s f a ç ã o de a l g u m a s

n e c e s s i d a d e s não pode, e n t r e t a n t o , o b s t a c u l i z a r a s a t i s f a ç ã o

de o u t r a s . Os indivíduos d e v e r i a m a u t o - d e f i n i r suas

prioridades ( 3 7 ) , mesmo p o r q u e há as e s p e c i f i c i d a d e s de cada

sociedade. (3B)

A noção de d e s e n v o l v i m e n t o exige m u i t o m a i s do que

crescimento e c o n ô m i c o r á p i d o . Exige avanço c o n t í n u o ,

Prosperidade repartida e o e n r a i z a m e n t o da a t i v i d a d e

035

criativa, para que o processo alcance auto-sustentaçfto. (39)

0 Brasil, maior economia do 3o. mundo, Ba. economia do

mundo, país com riquezas naturais incomensuráveís, com uma

imensa potencialidade, é um país que cavou sua dependência

externa e sua crise a partir de decisões políticas tomadas

desde o Brasil Império. As riquezas são e estão mal

distribuídas, imensos recursos são desviados para o

supérfluo enquanto que recursos insuficientes são destinados

para atender às necessidades da população. Nesse contexto,

encontra-se um atraso político e social suficientemente

profundo para gerar inconformismo.

E' necessária a reversão do processo concentrador de

renda, bem como o estabelecimento de uma política de

desenvolvimento (40) que envolva o ser humano como um todo, o

ambiente e todos os seres humanos.

Há inúmeras questões que podem ser abordadas para a

análise do modus wiwendi da sociedade (principalmente da

urbana, industrializada, consumista), mas foi preciso optar

por uma... 0 desenvolvimento requer ENERGIA. Já o crescimento

econômico sem fim requer energia sem fim. 0 modelo energético

das sociedades industrializadas, sustentado em larga escala

sobre recursos naturais não-renováveis, entra aqui como

categor ia de anali se.

0 3 3

5. E N E R G I A

"As p o l í t i c a s de e n e r g i a que serão a p l i c a d a s nospróximos dez anos d e c i d i r ã o a r e s p e i t o da m a r g e m de l i b e r d a d eque poderá usufruir uma s o c i e d a d e no ano 2 0 0 0 . Uma p o l í t i c ade baixo consumo de e n e r g i a permite uma grande v a r i e d a d e dem o d o s de vida e de c u l t u r a . A t é c n i c a m o d e r n a pode sere c o n ô m i c a em t e r m o s de e n e r g i a e assim deixa o c a m i n h o a b e r t opara d i f e r e n t e s o p ç õ e s p o l í t i c a s . Se, ao c o n t r á r i o d i s t o , umasociedade p r o n u n c i a a favor de um forte c o n s u m o de e n e r g i a ,e i a se verá e n t ã o o b r i g a t o r i a m e n t e d o m i n a d a . e m suae s t r u t u r a , pela t e c n o c r a c i a ; e, seja num r e g i m e c a p i t a l i s t aou s o c i a l i s t a , isto se t o r n a r á i n t o l e r á v e l . "

I van I I Iich (41 )

Sendo a e n e r g i a (do grego e n e r g i a , do latim e n e r g i a ) a

m u s importante fonte de s o b r e v i v ê n c i a do h o m e m e do

a m b i e n t e , a própria p o s s i b i l i d a d e de realização de t r a b a l h o ;

tendo e n e r g i a se t o r n a d o o c o n c e i t o - c h a v e da f í s i c a no século

xix e fazendo p a r t e de toda a história s o c i a l ; e s t a n d o a

energia r e l a c i o n a d a com t o d a s as a t i v i d a d e s p r o d u t i v a s , sendo

um componente do s i s t e m a e c o n ô m i c o e s o c i a l , não é de

estranhar que seja o b j e t o de reflexão da s o c i o l o g i a .

A questão e n e r g é t i c a se articula e s t r e i t a m e n t e com a

questão do m o d e l o de c r e s c i m e n t o , sendo possível a t r a v é s

daquela questionar o p a r a d i g m a d e s t e . Q u e s t i o n a r a f i n i t u d e

dos recursos m a t e r i a i s , a d e t e r i o r a ç ã o do a m b i e n t e e a

«nsustentabiI idade da s o c i e d a d e de c o n s u m o . ( 4 2 )

"A energia é a c h a v e para entender estas i n t e r a ç õ e s : um

t>stema baseado em e n e r g i a s n ã o - r e n o v ó v e i s c a t a l i s a uma s é r i e

ov reações em cadeia que levam, i n e v i t a v e l m e n t e , à d e s t r u i ç ã o

°o meio a m b i e n t e , à e x a u s t ã o dos r e c u r s o s n a t u r a i s e, em

034

última análise, ã crise econômica". (43)

O 1o. princípio da Termodinâmica (J. P. Joule), também

pode ser considerado como a lei da conservação da massa e da

energia, tratando apenas do balanço geral da energia.

O 2o. princípio da Termodinâmica (Sadi Carnot), porém,

explica existir uma tendência no universo para a "forma

calor" da energia, que é uma forma de "degradação" da

energia. Introduz o conceito de entropia e seu constante

aumento no universo, no sistema solar, até sua "morte

Térmica* .

T a m b é m o p l a n e t a c a m i n h a d e uma e n t r o p i a m e n o r p a r a uma

e n t r o p i a m a i o r . E i s um d o s d a d o s p a r a a r e v i s ã o da c r e n ç a no

p r o g r e s s o i l i m i t a d o ! n ã o h á r e c u r s o s n a t u r a i s , n ã o há

ener g i a s u f i c i e n t e p a r a a i m p r u d ê n c i a , o d e s p e r d í c i o . A

e n t r o p i a , a s s i m , se t r a n s f o r m o u e m a r g u m e n t o p o l í t i c o e em

alerta d a s g e r a ç õ e s a t u a i s p a r a c o m as f u t u r a s . S e a e n t r o p i a

já é um f e n ô m e n o f í s i c o i r r e v e r s í v e l , por q u e i n s i s t i r na

u t i l i z a ç ã o de m a i s e m a i s e n e r g i a m a t e r i a l ? ( 4 4 ) C o m o d i s s e

t. P R I G O G I N E , os f e n ô m e n o s d e c r e s c i m e n t o da e n t r o p i a

d e l i m i t a m n o s s o p o d e r . ( 4 5 ) A d e m a i s e n e r g i a p a r a q u e e p a r a

quem ?

A e s p o l i a ç ã o a m b i e n t a l e e n e r g é t i c a se d e u g r a d a t i v a e

i n c e s s a n t e m e n t e , s e n d o q u e na A m é r i c a L a t i n a , a h i s t ó r i a do

•mb i e n t e se d i v i d e em c i n c o f a s e s , s e g u n d o L. V I T A L E i

"• +a&e - o m e i o n a t u r a l a n t e s da a p a r i ç ã o do h o m e m ;

«•• *a&e - 3 era da i n t e g r a ç ã o do h o m e m ( p o v o s c a ç a d o r e s ,

P e c a d o r e s e c o l e t o r e s ) a n a t u r e z a *

D35

3a. fase - início da alteração dos e c o s s i s t e m a s

I atinoamericanos e do processo de controle de energia. As

cidades possuíam unidade indissolúvel com o campo, não tinham

alto grau de consumo energético e nem eram um conglomerado

importador de energia.

Essa fase começa com a revolução dos povos agricultores

e metalúrgicos que alcança sua culminação nas culturas maia,

inca e asteca.

4a. fase - inicia com a colonização espanhola e se estende

até a industrialização. 0 extermínio de grande parte da

população indígena afetou seriamente os e c o s s i s t e m a s , porque

esses povos haviam conseguido uma substancial integração com

Ü ambiente. Enquanto as cidades indígenas tinham -Fluxos

energéticos próprios, as cidades dos colonizadores não os

tinham, acarretando dependência de energia externa.

Ba. fase - a partir de 1 9 3 0 , a sociedade índustriaI-urbana

desencadeou a crise ambiental na América-Lattna. Deu-se

tnício a um elevadíssimo consumo de energia.

No modelo atual de civilização e de progresso, a

qualidade de vida está associada ao consumo de e n e r g i a ( 4 6 ) ,

•sto é, mais energia é igual a mais a l i m e n t a ç ã o , m o r a d i a ,

saúde, lazer, felicidade, bem estar, Essa noção precisa ser

'«•lat i v liada e esclarecida.

Um modelo c»viIizatório "energívoro" vinha se

ro*unaizando cada vez mais intensamente desde as primeiras

0 3 6

d é c a d a s d e s t e s é c u l o no m u n d o t o d o . No Brasil a -fase da

i n d u s t r i a l i z a ç ã o se d e s e n v o l v e u ainda m a i s v e e m e n t e e

r a p i d a m e n t e d u r a n t e o g o v e r n o de J u s c e l i n o K u b i t s c h e k , na

década de 5 0 - f a s e d e s e n v o l v i m e n t i s t a - , p r i n c i p a l m e n t e no

que diz r e s p e i t o à i n d ú s t r i a a u t o m o b i l í s t i c a . 0 B r a s i l

p r e t e n d i a i g u a l d a d e c o m os p a í s e s já i n d u s t r i a l i z a d o s . E essa

p r o p u l s ã o da i n d u s t r i a l i z a ç ã o se d a r i a com c r e s c i m e n t o de

oferta de e n e r g i a , a p a r t i r do p e t r ó l e o e da

h i d r e l e t r ic i d a d e .

0 c o n s u m o de d e r i v a d o s de p e t r ó l e o , que no B r a s i l só

começou em 1 9 1 8 , c r e s c e u d é c a d a a d é c a d a . N o s a n o s 3 0 o

petróleo era t o d o i m p o r t a d o e em 1 9 3 9 se fez a p r i m e i r a

d e s c o b e r t a c o m e r c i a l de p e t r ó l e o no Brasil em L o b a t o , no

R e c ô n c a v o B a i a n o . Em 1 9 5 3 foi c r i a d a a P e t r o b r á s , s e n d o q u e a

produção nacional de p e t r ó l e o a u m e n t o u de 2 0 . 0 0 0 t o n e l a d a s em

1950 para 4,5 m i l h õ e s de t o n e l a d a s em 1 9 6 4 .

A partir de 1 9 6 8 , no e n t a n t o , a p o l í t i c a de

a u t o s u f i c i ê n c i a p e t r o l í f e r a foi s u b t i t u í d a pelo a j u s t a m e n t o

do setor e n e r g é t i c o as c o n d i ç õ e s v i g e n t e s no m e r c a d o

i n t e r n a c i o n a l , A o p ç ã o do r e g i m e m i l i t a r foi : do a b a n d o n o

c r e s c e n t e ( a i n d a q u e nSo t o t a l ) da e x p l o r a ç ã o de p e t r ó l e o em

território nacional ao c r e s c e n t e a u m e n t o da d e p e n d ê n c i a

•«terna, uma vez que o m e r c a d o i n t e r n a c i o n a l o f e r e c i a

Petróleo a b u n d a n t e e b a r a t o . P a r a l e l a m e n t e a d í v i d a e x t e r n a

D^a&iieira inchava e t o m a v a p r o p o r ç õ e s i n u s i t a d a s .

Não a p e n a s o g o v e r n o e o e m p r e s a r i a d o b r a s i l e i r o , m a s

*»m os de t o d o s os p a í s e s i n d u s t r i a l i z a d o s , e n v e r e d a d o s pelo

037

caminho suicida da crescente utilização deste recurso nSo-

renovável, estava absolutamente convencido do sucesso da

marcha do "milagre" econômico, cujo "carro-chefe" era a

indústria automobilística.

Talvez o "sucesso" estivesse de fato garantido não fosse

a criação da OPEP (Organização dos Países Produtores de

Petróleo) em 1960. Esses países que detinham em 1971 cerca da

metade da produção mundial de petróleo, deflagraram em 1973

uma crise energética declarando que a "era" do petróleo

abundante e barato havia chegado ao fim. (47) A OPEP passou

então a fixar cs preços do petróleo.

Mas, e o Brasil ? Nesse ano de 1973, o país importava

80% do petróleo consumido e em 1978» esse número aumentava

para 82,4%. "As elevadas importações do combustível fóssil e

B decisão de mantê-los como base do modelo energético foram

•t principais causas dos prolongados desequilíbrios do nosso

balanço de pagamentos." (48)

A conseqüência à atitude da OPEP deveria ser a

inauguração de uma nova ordem econômica mundial, menos

predadora e poluidora e que considerasse as potencialidades

energéticas renováveis de cada país e região.

0 que ocorreu, contrariamente, foi a "adaptação" de cada

pais à nova situação e o prosseguimento do estilo de vida já

•ntfto vigente e que tem no "progresso" ilimitado sua meta

"»• i o r ,

fcntre 1978 e 1 9 8 3 , o c o n s u m o do ó l e o c o m b u s t í v e l e da

ina foi r e d u z i d o d r a s t i c a m e n t e no B r a s i l , c r e s c e n d o o da

0 3 8

eletricidade, do carvio e do álcool.

Mas se a crise energética brasileira estava concentrada

no campo dos combustíveis automotivos, era oportunidade de

procurar outros caminhos. N&o obstante, a política de

transportes persistiu incentivando a estrutura rodoviária

(49) em detrimento da -ferroviária (50) e da hidrovia,

insistiu nos transportes individuais em detrimento dos

coletivos.

Nesse sentido -foi criado o Programa Nacional do álcool

(Próalcool) já em 1973 com a finalidade de promover a

substituição de combustíveis derivados do petróleo, que

somente em 1977 teve um aumento significativo na produção do

álcool, por falta de interesse dos usineiros (até 1975 era

alto o preço do açúcar).Mas "a Secretaria de TecnologiaIndustrial, já em meados de 1975, havia dominado soluções quelevariam o Brasil a uma rápida auto-suficiência emcombustíveis líquidos renováveis, adequados a substituiçãodo» derivados de petróleo que vinham tendo utilizados namovimentação da frota automotora nacional. As soluçõespropostas não foram, entretanto, implementadas nas dimensõesadequadas e surgiram, em seu lugar, "pacotes" de gigantescosprojetos, sem qualquer relação direta com a crise energéticabrasileira, como o programa nuclear, a construção das grandesusinas hidrelétricas, entre outros, todos de difíciljustificação. Criou-se assim forte componente adicional paraengrossar a dívida externa". (51)

L. PINGUELLI ROSA, em seu depoimento, afirma que o

álcool resolveu, na época da crise do petróleo, o problema

dos automóveis particulares, o que nío chegava a ser uma

prioridade. Mas foi efetivo, funcionou e agora se tornou um

Problema, pelo fato das opções nao terem sido bem

• Ministradas, ficando o país com excesso de gasolina e falta

•• »lcool

0 3 9

P a r a o r e g i m e m i l i t a r o c h o q u e do p e t r ó l e o s e r v i u c o m o

a r g u m e n t o p a r a i n t e n s i f i c a r o i n v e s t i m e n t o no s e t o r e l é t r i c o ,

a p e s a r do p a í s n&o ter s i d o i m p o r t a d o r de p e t r ó l e o p a r a

q e r a ç ã o de e n e r g i a e l é t r i c a , c o m o o c o r r i a e m v á r i o s o u t r o s

pai s e s .

No início da d é c a d a de 70» e n t ã o , o g o v e r n o d e c i d i u por

g i g a n t e s c o s p r o j e t o s p a r a p r o d u ç ã o d e e n e r g i a e l é t r i c a , c o m

e m p r é s t i m o s e x t e r n o s ( 5 2 ) , c o m o p o r e x e m p l o :

- UHE ttaipu ( r e g i ã o s u l ) . A I t a i p u B i n a c i o n a l , c r i a d a p e l o

t r a t a d o c e l e b r a d o e n t r e os g o v e r n o s d o B r a s i l e do P a r a g u a i

e m 2 6 . 0 4 . 7 3 , foi d e f i n i t i v a m e n t e i n s t a l a d a em 1 7 . 0 5 . 7 4 e t e v e

& u a s o b r a s i n i c i a d a s e m 1 9 7 5 . A c r i a ç ã o da e m p r e s a r e s u l t o u

de um p r o c e s s o de n e g o c i a ç ã o e n t r e a m b o s o s p a í s e s i n i c i a d o

e m 2 2 , 0 B . B B . E m d e z e m b r o de 1 9 8 3 , c o n f o r m e a p r e v i s ã o , fDt

c o l o c a d a em o p e r a ç ã o e x p e r i m e n t a l a 1 a . d a s 1B u n i d a d e s . Em

final de 1 9 8 6 g e r a v a 2 . 8 0 0 M W . E m a g o s t o de 1 9 8 9 e n t r o u e m

o p e r a ç ã o a 1 5 a . m á q u i n a , p a s s a n d o s u a p o t ê n c i a i n s t a l a d a a

1 0 . 5 0 0 MW, já se t r a t a n d o e n t ã o da m a i o r u s i n a h i d r e l é t r i c a

do m u n d o . C o m m a i s t r ê s m á q u i n a s , a t é m a i o de 1 9 9 1 , I t a i p u -

" f o n t e das p e d r a s " - terá 1 2 6 0 0 MW de p o t ê n c i a i n s t a l a d a , a

um c u s t o de c e r c a de U S t 15 b i l h õ e s . A r e a i n u n d a d a .' 1 . 4 6 0

fcfflSi h a v e n d o d e s a p r o p r i a ç ã o de m a i s d e 7 . 2 0 0 p r o p r i e d a d e s ,

na» m a r g e n s b r a s i l e i r a e p a r a g u a i a .

A t r a n s m i s s ã o da e n e r g i a se dá p a r a a r e g i ã o J U I , S ã o

P a u l o , Rio de J a n e i r o , M i n a s G e r a i s , E s p í r i t o S a n t o e

UHE T u c u r u í ( r e g i ã o n o r t e ) . i r e a i n u n d a d a s 2 . 4 3 0 k m 2 .

0 4 0

Potência p r o j e t a d a : 7.2B0 MW (em duas f a s e s ) . S u a s obras

4oram iniciadas em 1975 e a conclusão da h i d r e l é t r i c a se deu

pm 1 9 8 4 . A potência instalada em agosto de 1987 chegava a

2.64 0 MW. Tucuruí - "líquido -frio*, e ' a m a i o r usina

hidrelétrica inteiramente b r a s i l e i r a .

Não supre as n e c e s s i d a d e s energéticas do N o r d e s t e , por

estar d e s t i n a d a a canalizar energia e l é t r i c a para as

m u l t i n a c i o n a i s de alumínio, a preços abaixo do c u s t o .

Foram inundadas nove reservas indígenas e 1 7 . 3 1 9 pessoas

nbandonaram as t e r r a s .

UHE S o b r a d i n h o (região n o r d e s t e ) . Área inundada : 4.214

kmc1. A d e c i s ã o de construir Sobradinho foi t o m a d a em 1972. Em

junho de 1973 foram iniciadas as obras para a f o r m a ç ã o do

reservatório. 0 represamento total se deu em d e z e m b r o de

1977, sendo a barragem inaugurada em m a r ç o de 1978 e

começando a produzir energia em março de 1 9 7 9 . Deslocou,

segundo dados o f i c i a i s , uma população de 6 0 . 0 0 0 p e s s o a s .

Acordo Nuclear B r a s i I - A I e m a n h a (região s u d e s t e ) . C o n s t r u ç ã o

de B usinas n u c l e a r e s de 1.300 MW cada, p e r f a z e n d o 10.400 MW

•té 1990.

A política e n e r g é t i c a brasileira fomentou a

• noustriai izaçâo e expandiu o PIB. C o n c o m i t a n t e m e n t e

•carretou sérios problemas e c o n ô m i c o s , s o c i a i s , a m b i e n t a i s ,

cultura,& e p o l í t i c o s .

A ELETROBRÁS - C e n t r a i s Elétricas B r a s i l e i r a s , criada em

Wüt - passou a centralizar toda a produção de energia

M r ' c a ' tendo também o domínio p.obre o p l a n e j a m e n t o e os

0 4 1

d a d o s . 0 p l a n e j a m e n t o , r e a l i z a d o s o b r e a o f e r t a e n ã o s o b r e a

d e m a n d a e os v u l t u o s o s i n v e s t i m e n t o s r e a l i z a d o s p a r a as

h i d r e l é t r i c a s h á m u i t o s ã o q u e s t i o n a d o s . A f i n a l , as p r o j e ç õ e s

da d e m a n d a r e a l i z a d a s p e l o g o v e r n o f o r a m f a n t a s i o s a s ,

tentando j u s t i f i c a r os g r a n d e s p r o j e t o s ; a d e s i g u a l d a d e

social c o n t i n u o u a f l o r a n d o c o m i n t e n s i d a d e c a d a v e z m a i o r , o

c r e s c i m e n t o i n d u s t r i a l c o n t i n u o u o c o r r e n d o , m a s a p o p u l a ç ã o

e c o n o m i c a m e n t e a t i v a c r e s c i a m e n o s q u e o n e c e s s á r i o ,

m a r g i n a l i z a n d o do p r o c e s s o p r o d u t i v o um n ú m e r o c a d a v e z m a i o r

dp p e s s o a s ; o ê x o d o rural c o n t i n u o u a u m e n t a n d o e o i n c h a ç o

dan c i d a d e s se t o r n o u u m a r e a l i d a d e c a d a v e z m a i s g r i t a n t e .

O n d e e s t a v a , p o i s , o d e s e n v o l v i m e n t o t ã o e n a l t e c i d o

pelas a u t o r i d a d e s b r a s i l e i r a s ? 0 q u e p r o d u z i a a i n d ú s t r i a ?

f para q u e m p r o d u z i a ?

P r o d u z i a , por e x e m p l o , a g u e r r a . D e 1 9 6 4 a 1 9 B 4 , o p a í s

havia m o n t a d o um c o m p l e x o m i l i t a r , i n d u s t r i a l e i n s t i t u c i o n a l

(composto por m a i s de 3 5 0 e m p r e s a s e s t a t a i s e p r i v a d a s

n a c i o n a i s e m u l t i n a c i o n a i s -, d a s q u a i s 5 0 p r o d u z i a m m a t e r i a l

bélico d i r e t a m e n t e ) q u e m o v i m e n t a v a e m t o r n o d e U S $ 1 0

bilhões por a n o e q u e e x p o r t a v a o m a i o r q u i n h ã o d e sua

p r o d u ç ã o . ( 5 3 )

N o s p r i m e i r o s a n o s d a d é c a d a de 8 0 , c o m o s u r g i m e n t o da

cri»? e c o n ô m i c a , o p a í s se viu d i a n t e d o s r e s u l t a d o s d e sua

P»l«tica e n e r g é t i c a : h a v i a e x c e s s o de e n e r g i a e l é t r i c a . De

wm lado, as p r e v i s õ e s e o b r a s g o v e r n a m e n t a i s a u m e n t a v a m a

Dltflil óf> e l e t r i c i d a d e ; de o u t r o h a v i a a e s t a b i l i z a ç ã o e até

• Queda da d e m a n d a de e l e t r i c i d a d e .

0 4 9

Essa d i f e r e n ç a foi v e n d i d a m u i t o a b a i x o do p r e ç o de

custo, ao setor industrial da r e g i ã o c e n t r o - s u l

( e s p e c i a l m e n t e Sâo P a u l o ) . A p o l í t i c a n a c i o n a l de

e t e t r o t e r m i a , a t r a v é s do c h a m a d o p r o g r a m a E n e r g i a G a r a n t i d a

por Tempo D e t e r m i n a d o , por i n i c i a t i v a do g o v e r n o F i g u e i r e d o ,

passou a s u b s i d i a r a u t i l i z a ç ã o de e l e t r i c i d a d e na p r o d u ç ã o

de c a l o r .

0 que e s t a v a s o b r a n d o tinha que ser v e n d i d o , m a s o

governo d i m i n u i u d e m a i s o p r e ç o para f a c i l i t a r a v i d a das

indústrias. " E ' a t r a d i ç ã o b r a s i l e i r a : o g o v e r n o

s u b s i d i a n d o , d a n d o de p r e s e n t e dos r e c u r s o s p ú b l i c o s para as

e m p r e s a s , que a i n d a r e c l a m a m do g o v e r n o . . . " ( 5 4 )

D p r o g r a m a e s t á s e n d o d e s a t i v a d o , m a s r e f l e t e a l g u n s

aspectos :

1 D . ) a i m p r u d ê n c i a de se fazer p l a n e j a m e n t o s e n e r g é t i c o s

•obre a o f e r t a e não s o b r e a d e m a n d a ;

2o.) o d e s p e r d í c i o de uma e n e r g i a c o n s i d e r a d a " n o b r e " ( e

cara) para a p r o d u ç ã o de calor»

3o.) a r e l e v â n c i a , por p a r t e do g o v e r n o , de um s e t o r que já

vinha o c u p a n d o o p r i m e i r o lugar no c o n s u m o de e n e r g i a

elétrica no p a í s .

Senão v e j a m o s uma c o m p a r a ç ã o e n t r e o c o n s u m o do setor

industrial e do r e s i d e n c i a l no Q u a d r o N o . 1 , a t i t u l o de

lift cação í

043

Q u a d r o N o . 1

f í P l u c ã o do consumo e l é t r i c o d_p_S setores industr ia l er r f H r t p n r . a l - 1980/85 (GWh).

ANO CONSUMO TOTAL > INDUSTRIAL ! RESIDENCIAL !

19801981198?198319841985

120.748124.017131.333143.390159.144174.487

66.66268.07970.83375.53687.18997.923

156,86!•54,89!153,93!152,67!!54,7Bi156,12!

__ + + _.

23.26325.05227.07129.73630.92632.635

•19,26•20,20•20,61•20,73•19,43•18,70

— +Ponte : B a l a n ç o E n e r g é t i c o N a c i o n a l - M M E / 1 9 B 6 .

A B i n d ú s t r i a s c o n s o m e m , p o r t a n t o , m a i s da m e t a d e da

pnergia e l é t r i c a p r o d u z i d a no p a í s . E, ao t o m a r m o s a

"Evolução do setorial do c o n s u m o total - E l e t r i c i d a d e " do

Balanço E n e r g é t i c o N a c i o n a l / 8 6 , a r r o l a d a de 1 9 7 0 a 1 9 8 5 ,

ver i f i c a r e m o s q u e a p e n a s no ano de 1971 o c o n s u m o industrial

não u l t r a p a s s o u a fa i x a d o s 5 0 % do c o n s u m o t o t a l , f i c a n d o

então em 4 9 , 7 3 % .

0 B a l a n ç o E n e r g é t i c o Nacional - M M E / 8 7 , d i v u l g o u d a d o s

que alteram em pe q u e n a e s c a l a a q u e l e s m e n c i o n a d o s no B a l a n ç o

Energético N a c i o n a l - M M E / B 6 , a c r e s c e n t a n d o os do ano de

1986, cujo c o n s u m o total se e l e v o u a 1 8 7 . 3 3 3 G W L , t e n d o o

setor industrial a b s o r v i d o 1 0 5 . 9 5 4 G WL, ( 5 6 , 5 5 % ) e o

residencial 3 5 . 7 6 9 GWL ( 1 9 , 0 9 % ) .

0 que isto quer s i g n i f i c a r que não o c r e s c i m e n t o do

Parque industrial n a c i o n a l ? E não era essa a p r e t e n s ã o do

<"" P r n o b r a s i l e i r o para a c o n s e c u ç ã o do maior c r e s c i m e n t o

econômico e do s u b s e q u e n t e d e s e n v o l v i m e n t o da N a ç ã o ?

044

Vejamos, pois, como se deu a evolução consumo total de

energia elétrica e PIB.

Quadro No.2

Energia Elétrica e PIB - 19BO/B5

Ano < Cons.Energia ! % Crescimento ! PIB > % Crescimentoi Elétr. TWh ' Anual ! * ! Anual

1980 > 12D,3 f 10,2 ! 208,1' 9,11981 ! 123,7 ! 2,8 ! 201,2* -3,3198? * 131,5 ' 6,3 ! 203,0! 0,919B3 • 140,4 » 6,8 ! 197,91 -2,51984 • 157,2 ) 11,9 • 209,2» 5,71985 i 172,3 ! 9,6 ! 226,6» 8,3

+ • + +

* (10E9 U5$ (85))Fonte : Plano Nacional de Ene r g i a E l é t r i c a 1 9 8 7 / 2 0 1 0MME/19B7.

A média anuai de c r e s c i m e n t o de e n e r g i a e l é t r i c a de 1 9B0

a 1985 foi de 7,93%, sendo q u e a do PIB foi de 3 , 0 3 % , s e g u n d o

dados da E I e t r o b r ó s . ( 5 5 )

Isto quer significar q u e não exi s t e n e c e s s a r i a m e n t e uma

correlação idêntica e n t r e a taxa de c r e s c i m e n t o do m e r c a d o de

energia elétrica e a do PIB, o que quer s i g n i f i c a r i g u a l m e n t e

que é falacioso o dis c u r s o do gover n o ao querer j u s t i f i c a r

crescentes investimentos no setor e l é t r i c o para o

desenvolvimento" de toda a p o p u l a ç ã o .

Apesar da p a r t i c i p a ç ã o da e n e r g i a e l é t r i c a no c o n s u m o

energético ter aum e n t a d o i n c e s s a n t e m e n t e de 1 970 a 1985

*P«i.sando dç 1 9 , 4 % para 3 7 , 0 % r e s p e c t i v a m e n t e ) , sua

di t\rituição não se dá e q u i t a t i v ã m e n t e . 0 maior c o n s u m o de

•'«Mrecidade é urbano, industrial e se dá na região S u d e s t e .

0 4 5

Há, e n t ã o , u m a v i o l e n t a c o n c e n t r a ç ã o d e r e c u r s o s f i n a n c e i r o s

e c o n c o m i t a n t e m e n t e u m a v i o l e n t a e x c l u s ã o d e g r a n d e p a r c e l a

da p o p u l a ç ã o n o s i s t e m a .

5 . 1 . C r i s e d e e n e r g i a e l é t r i c a ?

0 p o t e n c i a l h i d r e l é t r i c o b r a s i l e i r o e s t á i n v e n t a r i a d o

em 7 2 , 7 2 2 M W a n o e e s t i m a d o e m m a i s 3 3 . 9 8 3 M W a n o , t o t a l i z a n d o

1 0 E . 7 0 5 M W a n o ( P l a n o 2 0 1 0 ) .

A p o t ê n c i a i n s t a l a d a e m 3 1 . 1 2 . B B a t i n g i a 4 5 , 7 1 0 M W ,

sondo o p a r q u e g e r a d o r d e e n e r g i a e l é t r i c a c o n s t i t u í d o , e m

19BB por : ( P l a n o 2 0 1 0 , p . 5 5 )

- h i d r e l e t r i c i d a d e - 9 3 , 8 %

- t e r m e l e t r i c i d a d e - 6 , 2 % , a s s i m s u b d i v i d i d a :

a ) ó l e o c o m b u s t í v e l e ó l e o d i e s e i - 3 , 9 %

b ) c a r v ã o m i n e r a l - 2 , 2 %

c ) u r â n i o - 0 , 1 %

0 p l a n e j a m e n t o c e n t r a l i z a d o d a E L E T R O B R A S c o n t i n u o u

impondo m a i s p r o j e t o s h i d r e l é t r i c o s , i n f e l i z m e n t e

e q u i v o c a d o s , p a r a u m a d e m a n d a q u e c o n t i n u a a b a i x o d a o f e r t a .

Ofc e x e m p l o s de B a l b i n a e do C o m p l e x o H i d r e l é t r i c o d e A l t a m í r a

' • u & t r a m e m p a r t e o r u m o da p o l í t i c a e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a ,

»• r e c o r r e s e g u i d a m e n t e ao c a p i t a ! i n t e r n a c i o n a l .

b n i b . n a ( r e g i ã o n o r t e ) ( 5 B ) - p o t ê n c i a 2 5 0 MW. L o c a l i z a d a

• p r o * i m a d a m e n t e 1 4 6 km a n o r d e s t e de M a n a u s , e n t r o u e m

0 4 6

o p e r a ç ã o no ano de 1 9 B B . F o r m o u um lago de 2 . 3 6 0 k m ? ( 5 7 ) ,

t o m a n d o uma área de 311 k m ? d e p r o p r i e d a d e da e t n i a H a i m i r i -

A t r o a r ».

As f a l h a s e m b u t i d a s no p r o j e t o , a p o u c a p r o d u ç ã o de

e n e r g i a e seu a l t í s s i m o c u s t o f i z e r a m c o m q u e B a l b i n a g e r a s s e

uma das m a i s c a r a s e n e r g i a s d o m u n d o . Em 1 9 8 8 c a d a q u i l o w a t t

de c a p a c i d a d e i n s t a l a d a já e s t a v a c u s t a n d o m a i s de U S $

3 . 0 0 0 . ( 5 8 )

C o m p l e x o H i d r e l é t r i c o d e A l t a m i r a ( r e g i ã o n o r t e ) -

h i d r e l é t r i c a s p l a n e j a d a s p e l a E L E T R O N O R T E : C a r a r a ô ,

B a b a q u a r a , I p i x u n a , J a n n a , K o k r a i m o r o ( no R i o X i n g u ) , J u r u á

(a 250 km da foz do R i o X i n g u ) e Iriri (no R i o I r i r i ,

p r i n c i p a l a f l u e n t e do R i o X i n g u ) . As p r i m e i r a s h i d r e l é t r i c a s

que s e r i a m c o n s t r u í d a s s a o B a b a q u a r a e C a r a r a ô , s e n d o q u e a

p r i m e i r a a l a g a r i a uma á r e a d e 6 . 5 0 0 k m ? ( 5 , 5 v e z e s o lago

formado por I t a i p u ) , a l c a n ç a r i a uma p o t ê n c i a de 6 , 0 0 0 MW

(menos da m e t a d e da p o t ê n c i a d e I t a i p u ) e c u s t a r i a USf 6

b i l h õ e s . C a r a r a ô f o r m a r i a u m l a g o d e 1 . 5 0 0 k m 2 , a t i n g i r i a

1 1 . 0 0 0 MW d e p o t ê n c i a e seu c u s t o a t i n g i r i a USt 4,6 b i l h õ e s .

0 C o m p l e x o a m e a ç a s e t e p o v o s i n d í g e n a s • J u r u n a , A r a r a »

K a r a r a ó , X i k r i n , A s u r i n í , A r a w e t é , P a r a k a n ã , a l g u n s

c o n t a t a d o s " a m e n o s de c i n c o a n o s , e que t e r i a m s e u s

t e r r i t ó r i o s parcial ou t o t a l m e n t e s u b m e r s o s .

As d u a s b a r r a g e n s do R i o Iriri a f e t a r i a m d i r e t a m e n t e os

x > P Ü ( a - C u r v a » a e os p o v o s i n d í g e n a s a i n d a d e s c o n h e c i d o s q u e

tam a r e g i ã o do A l t o I r i r i ,

0 4 7

As h i d r e l é t r i c a s p l a n e j a d a s p a r a o R i o X i n g u a t i n g i r i a m

o s c i n c o g r u p o s da R e s e r v a I n d í g e n a K a y a p ó , a s s i m c o m o os

povos do P a r q u e Indígena do X i n g u .

Oual a r a z ã o para m e n c i o n a r o C o m p l e x o H i d r e l é t r i c o dD

Xingu ? Em p r i m e i r o lugar a e x p l o r a ç ã o da A m a z ô n i a

p r i v i l e g i a r i a , m a i s uma v e z , um s i s t e m a p r o d u t i v o e x p o r t a d o r }

em s e g u n d o lugar se c a l c a n u m a d e c i s ã o p o l í t i c a e n ã o

t é c n i c a , q u e d e s c o n s i d e r a os p o v o s i n d í g e n a s e a n o ç ã o de

"impacto a m b i e n t a l " , a p r e s e n t a n d o n o v a m e n t e ao país uma

r e s o l u ç ã o , não f o m e n t a n d o o d e b a t e , não p o s s i b i l i t a n d o o

acesso aos e s t u d o s r e a l i z a d o s ,

0 d e b a t e foi p r o v o c a d o p e t o s índios b r a s i l e i r o s , c u j o s

r e p r e s e n t a n t e s , r e u n i d o s e m A l t a m i r a / P a no 1 o . E n c o n t r o d a s

Nações I n d í g e n a s do X i n g u e m f e v e r e i r o de B 9 ( 5 9 ) , e l a b o r a r a m

a " D e c l a r a ç ã o I n d í g e n a de A l t a m i r a " , cuja í n t e g r a é :

"As N a ç õ e s i n d í g e n a s do X i n g u , j u n t o c o m p a r e n t e s demuitas r e g i õ e s do Brasil e do m u n d o , a f i r m a m que é p r e c i s orespeitar a n o s s a M a e N a t u r e z a .

A c o n s e l h a m o s não d e s t r u í r e m as f l o r e s t a s , os r i o s , q u efcão n o s s o s i r m ã o s .

D e c i d i m o s que não q u e r e m o s a c o n s t r u ç ã o d a s b a r r a g e n s noRio Xingu e em o u t r o s r i o s da A m a z ô n i a , p o i s a m e a ç a m asnações i n d í g e n a s e os r i b e i r i n h o s .

D u r a n t e m u i t o tempo o h o m e m b r a n c o a g r e d i u n o s s op e n s a m e n t o e o e s p í r i t o d o s n o s s o s a n t i g o s . N o s s o st e r r i t ó r i o s são os s í t i o s s a g r a d o s do n o s s o p o v o , m o r a d a donosso c r i a d o r , que não p o d e m ser v i o l a d o s .

Neste e n c o n t r o dos p o v o s i n d í g e n a s do X i n g u d e c i d i m o s*>9iar as a ç õ e s do g o v e r n o para impedir m a t s d e s t r u i ç ã o ,juntar f o r ç a s com o C o n g r e s s o N a c i o n a l e c o m o p o v ob r a & i i e i r o , p a r a j u n t o s p r o t e g e r m o s essa i m p o r t a n t e r e g i ã o do"•«ndo, n o s s o s t e r r i t ó r i o s " .

Com a r e p e r c u s s ã o nacional e i n t e r n a c i o n a l , o g o v e r n o

b r * & i l e i r o teve de r e t r o c e d e r em suas d e c i s õ e s . E s o b r e isso

0 4 8

tala C. M I N C ( B O ) : "No c a s o d e B a b a q u a r a , u m a g r a n d e r e p r e s ana A m a z ô n i a , n ó s há a n o s d e f e n d e m o s q u e e l a p o d i a serd i v i d i d a e m t r ê s ou q u a t r o r e p a r t i ç õ e s de q u e d a m e n o r e s , c o mmenor i m p a c t o a m b i e n t a l , s e m i n u n d a r t e r r a d e í n d i o . Ed u r a n t e m u i t o s a n o s , a s d i r e ç õ e s d a E L E T R O N O R T E e daE L E T B O B R À S n o s d i s s e r a m q u e isso e r a i m p o s s í v e l , q u e a o b r atinha q u e ser de e s c a l a , e l a t i n h a q u e ter e c o n o m i a s dea g l o m e r a ç ã o , de e s c a l a , e se e l a n ã o t i v e s s e uma e s c a l am o n s t r u o s a , n ã o ia ser r e n t á v e l , p o r q u e ia e n c a r e c e r oq u i l o w a t t , e t c . E d e p o i s da p r e s s ã o n a c i o n a l , da p r e s s ã oi n t e r n a c i o n a l , do E n c o n t r o d e A l t a m i r a , a f i n a l d e c o n t a s osenhor M á r i o B h e r i n g , p r e s i d e n t e da E L E T R O B R á S , d i s s e q u e vais u s p e n d e r a c o n s t r u ç ã o de B a b a q u a r a e q u e vai c o n s t r u i r t r ê sou q u a t r o u s i n a s c o m r e p a r t i ç õ e s de q u e d a m e n o r , q u e ée x a t a m e n t e o q u e a g e n t e d e f e n d e há a n o s e a n o s e e l e ssempre d i s s e r a m q u e e r a i m p o s s í v e l . E n t ã o vai ver q u e e l e sd i z i a m q u e isso e r a i m p o s s í v e l p o r q u e n ã o a v a l i a v a m ou n ã oq u a n t i f i c a v a m a r e s i s t ê n c a, a c o n s c i ê n c i a da p o p u l a ç ã o t a n t onacional q u a n t o i n t e r n a c i o n a l " .

E e n q u a n t o o g o v e r n o faz a n u n c i a r c o m g r a n d i l o q ü ê n c i a o

a u m e n t o da o f e r t a de e n e r g i a e l é t r t c a , i n s i s t e i g u a l m e n t e na

crise de f o r n e c i m e n t o q u e e s t a r i a se a v i z i n h a n d o a p a s s o s

largos. A e x p e c t a t i v a m a n i f e s t a d a p e l o p r e s i d e n t e da

E L E T R O B R Á S , e ' d e q u e o p a í s v i v e r á u m a c r i s e na g e r a ç ã o de

e n e r g i a e l é t r i c a e m 1 9 9 2 , c a s o n ã o s e j a m e f e t i v a d o s o s

i n v e s t i m e n t o s n e c e s s á r i o s p a r a a c r e s c e n t a r a n u a l m e n t e 3 . 0 0 0

HW à p o t ê n c i a e l é t r i c a já i n s t a l a d a . Os i n v e s t i m e n t o s m í n i m o s

seriam da o r d e m d e U S $ 6 b i l h õ e s por a n o p a r a e v i t a r o

c o l a p s o , s e n d o q u e em 1 9 8 8 a e s t a t a l i n v e s t i u o m o n t a n t e de

USt 5,5 b i I h õ e s .

0 o r ç a m e n t o d e 1 9 8 9 d a r i a p r i o r i d a d e a b s c l u t a a o s

' " v e & t i m e n t o s da E L E T R O B R á S , p o d e n d o s u p e r a r U S $ 3 b i l h õ e s

(FSf1, P 7 . 0 9 . 8 8 ) , m a s o M i n i s t é r i o do P l a n e j a m e n t o , e x i g i n d o

«ma r e d u ç ã o de g a s t o s d e 5 5 % em t o d o s o s m i n i s t é r i o s , r e d u 2 i u

'• o r ç a m e n t o d e s t e a n o p a r a u m a q u a n t i a em t o r n o de U S $ 5

, a n t e c i p a n d o o r i s c o de r a c i o n a m e n t o de e n e r g i a em

0 4 9

todo o país de 1993 para 1991 (FSP, 1 3 . 1 1 . 8 9 ) . Para N e w t o n

Cardoso, G o v e r n a d o r do E s t a d o de Minas G e r a i s , o m o n t a n t e de

US$ 3 b i l h õ e s s i g n i f i c a v a o recurso m í n i m o f r e n t e à g r a n d e

necessidade do setor e n e r g é t i c o , cuja crise se a p r o x i m a v a

(FSP, 1 3 . 1 1 . B B ) . ( 6 1 )

L. PINGUELLI ROSA em seu d e p o i m e n t o , c o n s i d e r a que há o

risco da crise, mas que risco não quer dizer c e r t e z a .

Dependendo do regime h i d r o l ó g i c o , das c h u v a s , o Brasil poderá

ter problemas a partir de 1 9 9 0 , porque há obras que a t r a s a r a m

no passado e que não f i c a r ã o p r o n t a s . Há n e c e s s i d a d e de serem

feitas algumas obras para compensar esse a t r a s o , E a r g u m e n t a

que "...há uma parte que é j u s t i f i c a t i v a para a m e g a l o m a n i abrasileira e há outra parte que é real. P o r q u e o Brasil é umpaís grande, cresce a p o p u l a ç ã o , d e s e j a - s e d e s e n v o l v ê - l oeconomicamente e a e n e r g i a e l é t r i c a tem um papel nisso t u d o .(....) ...em 1 9 8 8 , ano p a s s a d o , o m e r c a d o real de e n e r g i aelétrica foi bem menor de que a p r e v i s ã o do Plano daELETROBRáS, o Plano 2 0 1 0 . P o r t a n t o há hoje uma queda domercado por causa da c r i s e . Não é uma queda b o a , p o r q u e é umaqueda dentro de uma crise t^ue está trazendo m u i t o s m a l e s :população d e s e m p r e g a d a , s a l á r i o s r e b a i x a d o s , p r i n c i p a l m e n t enas classes de renda m e n o r , m u i t o p r e j u d i c a d a s . M a s há essaqueda. Então eu acho m u i t a s vezes que p r o c u r a m e x a g e r a r ademanda prevista para poder justificar g r a n d e s o b r a s . Isso éreal. Por outro lado, não vamos criar o oposto e pensar quese pode paralisar as o b r a s , não ter m a i s e n e r g i a e l é t r i c aexpandi ndo" .

0 alerta para o r a c i o n a m e n t o , a c r i s e do setor e l é t r i c o

pode servir para a l g u m a s consi derações/1 e m b r a n ç a s '•

1) a dívida do setor e l é t r i c o ronda os US$ 24 b i l h õ e s , cerca

"e 2 0 % da d í v i d a e x t e r n a b r a s i l e i r a , segundo Jutahy

Magalhães, Senador da R e p ú b l i c a (FSP, 2 3 . 0 5 . 8 8 ) .

A conta e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a é de US$ 30 b i l h õ e s <JB,

A dívida externa da América Latina é de US$ 420 b i l h õ e s ,

0 5 0

tendo o setor e n e r g é t i c o a c u m u l a d o 1/5 d e s s e total <FSP,

1 3 . 1 1 . 8 8 ) .

Em r e s u m o , a e s t a t a l E L E T R O B R á S a c u m u l o u uma d í v i d a q u e

ultrapassa US$ SO b i l h õ e s . C o m o o g o v e r n o r e s o l v e r á o

problema ? A t r a v é s de t a r i f a s p a g a s pelo c o n s u m i d o r ?

?) a p o s s i b i l i d a d e de p r i v a t i z a ç ã o g r a d a t i v a do setor de

energia e l é t r i c a no país» d e f e n d i d a , por e x e m p l o , p e l o

p r e s i d e n t e da E L E T R O N O R T E , Miguel R o d r i g u e s N u n e s (FSP,

1 S . 0 6 . 8 8 ) e pelo B a n c o N a c i o n a l de D e s e n v o l v i m e n t o E c o n ô m i c o

e Social - B N D E S (JB, 0 7 . 0 9 . 8 8 ) .

3 ) o pedido de e m p r é s t i m o de US$ 500 m i l h õ e s f e i t o em 1987 ao

Banco M u n d i a l , para g e r a ç ã o , t r a n s m i s s ã o e d i s t r i b u i ç ã o d e

energia e l é t r i c a . Em s e t e m b r o de BB o B I R D adiou o e m p r é s t i m o

para d e z e m b r o do m e s m o a n o , sendo o m a i o r e n t r a v e a

construção da u s i n a n u c l e a r Angra 3j em a b r i l / 8 9 o B I R D

sustou o e m p r é s t i m o ; em m a i o o B I R D c o m u n i c o u ao g o v e r n o

brasileiro a i n t e n ç ã o de submeter ao F u n d o M o n e t á r i o

internacional - FMI -, a l i b e r a ç ã o de e m p r é s t i m o de US$ 1

bilhão para o setor e l é t r i c o , em s u b s t i t u i ç ã o ao de US$ 5 0 0

mi Ihões.

4> o s u b s í d i o do g o v e r n o b r a s i l e i r o às i n d ú s t r i a s intensivas

em e n e r g i a , g r a n d e parte d e l a s de capital e s t r a n g e i r o , como

*'•• de p r o d u ç ã o do aço, de a l u m í n i o ( A l c o a / A I u m a r - M a r a n h ã o ,

't>rá& / AI u n o r t e - P a r á $ P r o g r a m a G r a n d e C a r a j á s ) , em

051

detrimento do consumo a ser canalizado para a viabilização do

crescimento econômico do país.

5) os preços reais das tarifas de eletricidade, que entrando

em queda a partir de 1981, comprometeram a capacidade de

investimentos do setor. Até 1985, o decréscimo dos preços

atingiu 22%. <FSP, 01.01.89)

De acordo com Paulo Roberto Cavalcanti S0UZA(62> o custo

do kW instalado está hoje orçado em : US$ 1.500

hidrelétrico - e US$ 3.0DO a 5.000 - nuclear. 0 MWh : US$

10,17 - hidrelétrico -, US$ 35,45 - térmico e U5$ 60,70

nuclear,

6 ) a n e c e s s i d a d e de c o n s e r v a ç ã o e r a c i o n a l i z a ç ã o de e n e r g i a

elétrica. A q u a l i d a d e do c o n s u m o .

7) a n e c e s s i d a d e de p l a n e j a m e n t o c o n j u n t o com a c o m u n i d a d e

científica e a s o c i e d a d e c i v i l . 0 d e b a t e p ú b l i c o para a

tomada das d e c i s õ e s t e c n o l ó g i c a s .

8 ) a d i s c u s s ã o sobre g e r a ç ã o de e n e r g i a termo e n u c l e o e l é -

trica no p a í s .

9) a urgência de a r e j a m e n t o , de a l t e r a ç õ e s s i g n i f i c a t i v a s na

política e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a , a t e n t a n d o para as f o n t e s de

e n t > f 9 * a r e n o v á v e l s .

0 e n f r o n h a m e n t o n o s i t e n s s e x t o e s é t i m o s e d a r á a

k | ' Q i i i r . A i n d a n e s t e p r i m e i r o c a p í t u l o s e r ã o t e c i d a s a l g u m a s

ton;, i flerações a r e s p e i t o d o o i t a v o i t e m , c u j o d e s e n v o l v i m e n t o

* •

052

continuará se dando nos capítulos II, III,

IV. E, no que diz respeito às e n e r g i a s renováveis, o tema

será abarcado de forma breve nas C o n c l u s õ e s .

b.2. Conservação de Energia Elétrica.

Nos anos 70 as únicas e s t i m a t i v a s possíveis relativas ao

consumo e n e r g é t i c o davam conta de que 1/4 da energia era

consumida por 4 % da população de mais alta renda enquanto 2/3

da população consumia apenas 3 0 % da e n e r g i a . ( 6 3 )

Os níveis de consumo de energia da grande maioria da

população c o n t i n u a m a ser reduzidos nos anos 8 0 . A energia

plétrtca não é exceção neste quadro.

A expansão da geração de energia elétrica tem atendido

sobremaneira, como já foi visto, o setor industrial e este

ten se esmerado em produzir bens de consumo de utilidade e

qualidade cada vez mais duvidosa, além de atender ao

conforto total somente de uma parcela mínima da p o p u l a ç ã o .

Além de estar evidenciada a desigualdade social no consumo,

está patente a inadequação dos padrões de consumo.

Segundo R. CERQUEIRA LEITE, o Brasil p e r m a n e c e , com

exceção da Noruega e Suécia, como aquele em que a

eletricidade corresponde ao percentual mais elevado do

consumo global de energia (FSP, 0 1 , 0 1 , 8 9 ) . Mat, ao mesmo

tempo em que o governo instiga indiretamente um consumo cada

ve' mais elevado de eletricidade, o que para ele seria um

'ndicador de crescimento econômico, insiste na necessidade de

conservação e racionalização.

• •

0 5 3

C o n s e r v a r e n e r g i a é um p r o c e d i m e n t o c o r r e t o , é a v a n ç a r

no d i s c u r s o p r o d u ç ã o - c o n s u m o ,qua I i f i c a n d o - o . é se a n t e p o r

ao d e s p e r d í c i o . M a s não s i g n i f i c a a d e n t r a r na d i s c u s s ã o

d e s e n v o l v i m e n t o v e r s u s e n e r g i a e m e n o s a i n d a na r a z ã o do

aumento i n f i n i t o de e n e r g i a material no m u n d o .

0 h e m i s f é r i o n o r t e c o n s o m e m u i t o m a i s e n e r g i a do que o

hemisfério s u l , (os EUA c o n s o m e m s e t e n t a v e z e s m a i s e n e r g i a

do qut os p a í s e s a f r i c a n o s , sete v e z e s m a i s do q u e o B r a s i l ,

o dobro da E u r o p a ( 6 4 > ) e p o s s u i , por c e r t o , um e l e v a d o p a d r ã o

de vida, a i n d a que não seja g e n e r a l i z a d o , se c o m p a r a d o c o m o

nível de vida de g r a n d e parte da p o p u l a ç ã o b r a s i l e i r a .

E n t r e t a n t o , a u m e n t o do P r o d u t o N a c i o n a l B r u t o , de

Energia e do ritmo de c r e s c i m e n t o s i g n i f i c a d e s e n v o l v i m e n t o

qua Ii tati vo?

J. G O L D E M B E R G , o b s e r v a que " e x a t a m e n t e dez a n o s b a s t a r a mpara que os e c o n o m i s t a s m u d a s s e m a idéia s e c u l a r de q u e od e s e n v o l v i m e n t o e c o n ô m i c o d e m a n d a v a c o n s u m o c r e s c e n t e deenergia. A t u a l m e n t e os g o v e r n a n t e s c o m e ç a m a r e p l a n e j a r apolítica e n e r g é t i c a de seus p a í s e s , d e s d e que se c o n f i r m o uque os dois f a t o r e s - d e s e n v o l v i m e n t o e e n e r g i a - não e s t ã on e c e s s a r i a m e n t e v i n c u l a d o s " . Essa t e s e foi por e l e a p r o v a d a

no 13o. C o n g r e s s o da C o n f e r ê n c i a Mundial de E n e r g i a , o c o r r i d o

de 05 a 1 1 . 1 0 , 8 6 em C a n n e s / F r a n c a . De « c o r d o com o a u t o r , o

crescimento e c o n ô m i c o nos p a í s e s i n d u s t r i a i s , d e s e n v o l v i d o s ,

continuou e o c o n s u m o de e n e r g i a se e s t a b i I i z o u . ( F S P ,

15.10.86)

Os p a í s e s i n d u s t r i a l i z a d o s têm c o n s e g u i d o d i m i n u i r o

r>tmo do c o n s u m o a t r a v é s da c o n s e r v a ç ã o , por um lado, m a s

também a t r a v é s da t r a n s f e r ê n c i a , para os p a í s e s sub-

° « l v i dos ou em d e s e n v o l v i m e n t o , das i n d ú s t r i a s

054

f ' ? C t r l c ' t v intensive. A F r a n ç a , por e x e m p l o a u m e n t o u o P I B

- de 1973 a 1984 - em 2 B % , e n q u a n t o o c o n s u m o de e n e r g i a

primária c r e s c e u apenas 4 , 7 % . ( 6 5 )

A d i v i s ã o internacional de t r a b a l h o d e c r e t o u , p o i s , que

caberia aos países s u b d e s e n v o l v i d o s as a t i v i d a d e s i n d u s t r i a i s

"brutas", c o n s u m i d o r a s i n t e n s i v a s de e n e r g i a , de m a t é r i a s -

primas e de mão de o b r a b a r a t a ( 6 6 ) , r e f o r ç a n d o as

c a r a c t e r í s t i c a s c o m u n s d e s s e s países : a d e p e n d ê n c i a , a

d e s a r t i c u l a ç ã o interna e n t r e os d i v e r s o s s e t o r e s

t a q n c u l t u r a , i n d ú s t r i a , e n e r g i a ) , as d e s i g u a l d a d e s e n t r e

grupos s o c i a i s e r e g i õ e s g e o g r á f i c a s e a má a d m i n i s t r a ç ã o dos

e c o s s i s t e m a s a m e a ç a n d o os r e c u r s o s n a t u r a i s . ( 6 7 )

No Brasil e s p e c i f i c a m e n t e , o g o v e r n o f e d e r a i , a t r a v é s do

MME e MIC, criou o P r o g r a m a Nacional de C o n s e r v a ç ã o de

fcnergia - P r o c e l , a t r a v é s da P o r t a r i a N o . 1 8 7 7 / 8 5 , de

3 0 . 1 2 . 8 5 , "com o o b j e t i v o de d e s e n v o l v e r p r o j e t o s e a p l i c a rmedidas visando à m e l h o r u t i l i z a ç ã o de e n e r g i a no P a í s . 0Programa fornecerá o r i e n t a ç ã o no sentido de r a c i o n a l i z a r ouso de e n e r g i a , de forma a obter maior e f i c i ê n c i a ,e s p e c i a l m e n t e nas m e d i d a s r e l a t i v a s ao uso final de e n e r g i ae l é t r í c a . " ( 6 8 )

0 PROCEL tem e f e t i v a d o s e m i n á r i o s , e s c l a r e c i m e n t o s ,

cursos, c a m p a n h a s e d e c l a r o u 1988 como o Ano da C o n s e r v a ç ã o

0e Energia E l é t r i c a , com o d e s e n v o l v i m e n t o de um c a l e n d á r i o

<** cerca de 60 e v e n t o s os m a i s d i v e r s i f i c a d o s n a q u e l e

ano.(69)

As m e t a s de c o n s e r v a ç ã o da PROCEL, r e v i s t a s a n u a l m e n t e

055

A n 0 Total (GWh)

19BB19901995

aooo20052010

Fonte :

2.490,86. 3 6 7 , 1

1 9 . 5 6 3 , 03 8 . 7 4 7 , 46 1 . 2 8 8 , 98 4 . 0 6 5 , 5

Bo I e t i m N o

Em a r t i g o e n t i t u l a d o "0 u s o r a c i o n a l de e n e r g i a " ( F S P ,

P 1 . 0 5 . 8 9 ) , o s e c r e t á r i o e x e c u t i v o do P R O C E L , M a r c o s J o s é

MARQUES d i s t i n g u e c o n s e r v a ç ã o e r a c i o n a m e n t o d e e n e r g i a ,

d e f e n d e n d o a p r i m e i r a c o m o a -forma m a i s e c o n ô m i c a de abrir

espaços p a r a o c r e s c i m e n t o do p a í s (e p r e s e r v a ç ã o do m e i o

a m b i e n t e ) . Não d e f e n d e o r a c i o n a m e n t o .

Aqui se v o l t a ao q u e s t i o n a m e n t o • a c r i s e de e n e r g i a

e l é t r i c a é real no p a í s ?

Para J. G O L D E M B E R G , se faz n e c e s s á r i o a u m e n t a r a

efi c i ê n c i a do atual s i s t e m a e n e r g é t i c o , o q u e é

e c o n o m i c a m e n t e a t r a t i v o e t e c n i c a m e n t e p o s s í v e l ( F S P ,

2 6 . 0 6 . 8 8 ) , r e o r i e n t a n d o a p r e o c u p a ç ã o e n e r g é t i c a da usi n a

para a f á b r i c a . Ao invés de g a s t a r U S $ 3 b i l h õ e s para a

cons t r u ç ã o de n o v a s h i d r e l é t r i c a s , o Br a s i l c o n s e g u i r i a o

mesmo r e s u l t a d o i n v e s t i n d o U S $ 5 0 0 m i l h õ e s em c o n s e r v a ç ã o de

• " e r g o na i n d ú s t r i a ( F S P , 2 9 . 0 3 . 8 9 ) .

De a c o r d o c o m e s s e a u t o r , a d e m a n d a de e n e r g i a e l é t r i c a

tem c r e s c i d o m e n o s q u e no p a s s a d o e p o d e ser a i n d a m a i s

«•oderada ( F S P , 0 9 . 0 9 . 8 8 ) .

E^sa& e o u t r a s o p i n i õ e s e m b a s a m s u a s c r í t i c a s ao

lecaute", ao c o l a p s o de e n e r g i a e l é t r i c a a n u n c i a d o p e l o

056

governo. Argumenta que a ameaça do blecaute é uma grande

chantagem do governo (FSP, 2 8 . 1 0 . 8 8 ) , que o governo está

fazendo terrorismo ao prever blecautes na próxima década,

pois com um programa sério de conservação, o risco da -falta

de energia pode ser adiado por dez anos (FSP, 0 1 . 0 1 . 8 9 ) e que

o blecaute é de planejamento (JB, 1 8 . 0 7 . 8 6 ) .

Oe qualquer forma, a crise de energia existe. E ' a crise

não só do uso da energia, mas a de suas c o n s e q ü ê n c i a s . E é

ainda J, GOLDEMBERG que fala em nova crise de energia, o

pleito estufa, discutida no simpósio da Fundação

Internacional para a Sobrevivência e o Desenvolvimento da

Humanidade em 1988 na URSS (FSP, 8 6 . 0 6 . 8 8 ) .

A presença da energia em todas as funções de consumo e

em todas as atividades produtivas requer amplo debate público

para a decisão quanto a estratégias de d e s e n v o l v i m e n t o ,

tecnologia, opções energéticas, A sociedade civil deve ter

participação nas d e c i s õ e s , após o acesso aos estudos

desenvolvidos e deve ter meios institucionais para vetar a

implementação dos p r o j e t o s , se for o caso. 0 planejamento

energético requer estudos e cálculos e s p e c i a l i z a d o s ,

vinculados estreitamente com a realidade e apoiados em

aspectos (70) tais como :

desenvolvimento urbano e industrial

desenvolvimento rural e agrícola

viabilidade técnica de fontes e formas de energia

crescimento demográfico

•mpacto da exploração e uso da energia sobre o meio»mb tente

D57

- análise de b a l a n ç o s e n e r g é t i c o s

- sistema de t r a n s p o r t e s , e t c .

Necessita igualmente de um grupo mu 11i d i s e i p I i n a r que

envolva d i s c i p l i n a s como Sociologia, D e m o g r a f i a , Urbanismo e

Transportes, A g r o n o m i a e Abastecimento, F í s i c a Aplicada,

Engenharia E n e r g é t i c a , Engenharia I n d u s t r i a l , Economia,

teologia e P r o t e ç ã o A m b i e n t a l . ( 7 1 )

As " a l t e r a ç õ e s na política e n e r g é t i c a brasileira

dependem de m u d a n ç a s e s t r u t u r a i s na vida p o l í t i c a , econômica

r social do país. A opção existe e é vi á v e l ; d e n t r o , é claro,

Ov uma nova lógica de d e s e n v o f v i m e n t o " , ( 7 2 )

Um d e s e n v o l v i m e n t o que atenderia às necessidades

materiais, (materiais e c u l t u r a i s da p o p u l a ç ã o , sem imposição

de tecnologias c r i a d a s em países i n d u s t r i a l i z a d o s e que não

•tendem a essas n e c e s s i d a d e s .

Um d e s e n v o l v i m e n t o que depende também do repensar de

nosso estilo de vida (o que inclui a d e s i g u a l d a d e s o c i a l ) , da

reel assificação de nosso c o n s u m o e da c o n s e r v a ç ã o energética

tm cada casa, a partir de cada pessoa.

6. ENERGIA NUCLEAR

0 dia em que nossa descuidada s o c i e d a d e de consumo,por descuido, inconsciência ou irre s p o n s a b i l i d a d e , conseguirrealmente pestear o planeta com radiação intensa, a Terra• H a r a imprestável para as formas s u p e r i o r e s de vida,•obrarão b a c t é r i a s e vírus . Teremos r e t r o c e d i d o uns S bilhões°* »nt>r. na história e v o l u t i v a " .

José Lutzenberger (73)

D58

A c o m p l e x i d a d e do U n i v e r s o e toda a e v o l u ç ã o ocorrida

desde b i l h õ e s de anos permeia a g r a n d i o s i d a d e do significado

VIDA.

A T e r r a , único planeta deste s i s t e m a solar que

desenvolveu condições de abrigar a própria e v o l u ç ã o e a

diversificar e qualificar a vida, a g o n i z a . C a m i n h a para o

desequilíbrio climático e b i o l ó g i c o ; c a m i n h a , num ritmo

acelerado, para um contexto que poderá não m a i s gerar vida.

Se encaminha para a possibilidade de e x t i n ç ã o .

A causa ? A ação d e s m e n s u r a d a m e n t e prejudicial e

inconseqüente ante todo o ciclo de vida e da b i o s f e r a .

Mas é o século XX que inscreve com maior nitidez esse

perigo iminente : a d e s c o b e r t a , na d é c a d a de 3 0 , da

radioatividade a r t i f i c i a l .

Na verdade, as c o n s e q ü ê n c i a s dessa d e s c o b e r t a , os usos

efetuados a partir dela, os e n c a m i n h a m e n t o s d a d o s é que

forjaram, em grande parte, o perigo já e x i s t e n t e , mas que

•penas oferece a ilusão, aos mais incautos, de g r a d a t i v ã m e n t e

se 3 V I Z I n h a r .

A preparação e a p e r f e i ç o a m e n t o infinito da g u e r r a , em

detrimento do d e s e n v o l v i m e n t o , é real no m u n d o . A d e g r a d a ç ã o

também.

A ameaça existente possui um marco referencial que está

M t u a d o cronologicamente no tempo i 1945, com o b o m b a r d e i o de

H'roshima e Nagasaki. Infelizmente esse m a r c o não é

icoi ele traduz a e f e m e r i d a d e .

0 5 9

E n q u a n t o não se adentra no h i s t ó r i c o da e n e r g i a nuclear

no mundo (e no B r a s i l ) , objeto de r e f l e x ã o dos c a p í t u l o s II e

III, r e t r o c e d e r e m o s n o v a m e n t e ao ano de 1973 - e ao 1o.

choque do p e t r ó l e o nele inserido - na t e n t a t i v a de t r i l h a r o

caminho da o p ç ã o e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a , no que diz r e s p e i t o à

e l e t r i c i d a d e e, m a i s e s p e c i f i c a m e n t e à e n e r g i a

n u c l e o e l é t r t e a .

O g o v e r n o m i l i t a r b r a s i l e i r o * sequiDso por investir

d e c i s i v a m e n t e na e n e r g i a n u c l e a r , a p r o v e i t o u a c o n j u n t u r a

energética mundial para implantar uma t e c n o l o g i a s o f i s t i c a d a ,

de j u s t i f i c a ç ã o impossível ante as a l t e r n a t i v a s e n e r g é t i c a s

viáveis, c o n s o l i d a d a p e l o s p a í s e s i n d u s t r i a l i z a d o s s i t u a d o s

no h e m i s f é r i o n o r t e .

A i n s i s t ê n c i a no m o d e l o intensivo em e n e r g i a no m u n d o ,

mesmo após 1 9 7 3 , denota a imposição do m o d e l o de c r e s c i m e n t o

econômico e do c o n s u m o que o p e t r ó l e o , e logo a seguir

o nuclear, impõe. O nuclear impõe m a i s ; a i d e o l o g i a do poder

fortemente c a l c a d a n» s e g u r a n ç a n a c i o n a l . Se r e v e s t e , p o i s ,

de caráter e s t r a t é g i c o .

S e g u n d o A r n a l d o R o d r i g u e s B A R O A L H O , p r e s i d e n t e da

Eletrobrás de 3 0 , 0 5 . 7 8 a 1 5 . 0 3 . 7 9 em d e p o i m e n t o a CPI sobre o

Acordo Nuclear do Brasil com a RFA em 1 1 . 1 0 . 7 8 ( 7 4 ) , era

necessário p r e p a r a r o país para que não o c o r r e s s e a m e s m a

crise (como o c o r r e u com o p e t r ó l e o ) na área da e n e r g i a

elétrica. Era f u n d a m e n t a l pensar na energia nuclear a n t e s que

b Potencial h i d r á u l i c o nacional se e x a u r i s s e . Em sua o p i n i ã o ,

0 6 0

por o r d e m de i m p o r t â n c i a , se i n s c r e v i a p r i m e i r a m e n t e a

e n e r g i a n u c l e a r e d e p o i s a h i d r e l é t r i c a .

A u r e l i a n o C H A V E S , e n t ã o p r e s i d e n t e do C N E , n u m a c l a r a

defesa a u t i l i z a ç ã o da e n e r g i a n u c I e o e I é t r i c a , a f i r m a v a , e m

1975, e x i s t i r uma c r i s e de e n e r g i a no B r a s i l , o q u e t r a d u z i a

a n e c e s s i d a d e da a d o ç ã o da t e c n o l o g i a m a i s a p r o p r i a d a p a r a

que h o u v e s s e i g u a l d a d e com os p a í s e s a l t a m e n t e

• ndustr i a i i z a d o s . ( 7 5 )

A t e c n o l o g i a m a i s a p r o p r i a d a , s e g u n d o o g o v e r n o m i l i t a r ,

era a n u c l e a r . E x a t a m e n t e no m o m e n t o em q u e o p a í s d e v e r i a

intensificar p e s q u i s a s e m e n e r g i a s a l t e r n a t i v a s , f o i , ao

c o n t r á r i o , i n t e n s i f i c a d a a d e p e n d ê n c i a t e c n o l ó g i c a , c o m a

importação de um p a c o t e t e c n o l ó g i c o a s s e n t a d o n u m m o d e l o

e n e r g é t i c o d e s e n v o l v i d o a partir de p a í s e s q u e v i v i a m uma

r e a l i d a d e a n t a g ô n i c a à b r a s i l e i r a ( h i p e r d e s e n v o I v i d o s , c o m

alto c o n s u m o e n e r g é t i c o , de c l i m a t e m p e r a d o ) . Foi

intensificada a d o m i n a ç ã o n o r t e - s u l , a c e n t r a l i z a ç ã o d a s

decisões g o v e r n a m e n t a i s na á r e a e n e r g é t i c a , a o p ç ã o por o u t r o

m o n o p ó l i o que não o p e t r o l í f e r o , a p e r m a n ê n c i a numa f o n t e

e n e r g é t i c a i g u a l m e n t e n ã o - r e n o v á v e I , o a u m e n t o do

e n d i v i d a m e n t o e x t e r n o , a m a i o r c o n c e n t r a ç ã o do p o d e r

e c o n ô m i c o . M a s a t e c n o l o g i a c o n s i d e r a d a m a i s a p r o p r i a d a p e l o

regime, não era s e n ã o a q u e l a que i n v o c a r i a um c o n t r o l e , uma

t e c n o c r a t i z a ç ã o , uma b u r o c r a c i a , uma c e n t r a l i z a ç ã o e

a u t o r i t a r i s m o a i n d a m a i o r e s s o b r e a s o c i e d a d e .

E, se em 196 7 a C N E N já h a v i a f e i t o um a c o r d o c o m a

tietrobrás para a c o n s t r u ç ã o da p r i m e i r a u n i d a d e n u c l e a r d e

0 6 1

potência» c h e g a n d o o p r e s i d e n t e C o s t a e S i l v a a a u t o r i z a r a

c o n s t r u ç ã o de A n g r a 1 e m 1 9 7 0 , o c h o q u e do p e t r ó l e o s e r v i u

como e n c o m e n d a para a j u s t i f i c a ç ã o da n e c e s s i d a d e de m a i s

projetos de impacto no p a í s .

M e s m o já t e n d o a u t o r i z a d o a c o n s t r u ç ã o de I t a i p u e

Tucuruí, a u t o r i z o u t a m b é m a c o n s t r u ç ã o da s e g u n d a u n i d a d e

nuclear em A n g r a d o s R e i s / R J .

A t e n d ê n c i a à e n e r g i a n u c I e o e I é t r i c a n o s p a í s e s

i n d u s t r i a l i z a d o s já e s t a v a a f i r m a d a , s e n d o q u e de 1 9 7 0 a

1973, a d e m a n d a m u n d i a l de r e a t o r e s h a v i a t r i p l i c a d o . ( 7 6 )

E m b o r a logo a s e g u i r os a m b i c i o s o s p r o g r a m a s n u c l e a r e s

ameaçassem a sofrer d e s a c e l e r a ç ã o nos p r ó p r i o s p a í s e s

i n d u s t r i a l i z a d o s (por e x e m p l o : EUA, A l e m a n h a ) , d e v i d o a

ascendência d o s m o v i m e n t o s a n t i n u c l e a r e s e a e s t a g a n a ç ã o do

consumo, no B r a s i l , em 1 9 7 5 , era a s s i n a d o o A c o r d o N u c l e a r

B r a s i I - A l e m a n h a . I d e a l i z a d o e e n c a m i n h a d o m u i t o r e s t r i t a m e n t e

pelo g o v e r n o f e d e r a l , c r i t i c a d o v e e m e n t e m e n t e p e l a c o m u n i d a d e

científica e d e s c o n h e c i d o da g r a n d e m a i o r i a da p o p u l a ç ã o

b r a s i l e i r a . E s t a , por sua v e z , não n e c e s s i t a n d o de u m a

tecnologia tão a v a n ç a d a (e a l h e i a à r e a l i d a d e do p a í s ) , m a s

antes de t e c n o l o g i a s q u e a t e n d e s s e m às suas n e c e s s i d a d e s

» • t a i 5 ,

S h i g e a k i U e k i e n t ã o M i n i s t r o d a s M i n a s e E n e r g i a ,

f i r m a v a q u e a d e c i s ã o d e c o n s t r u i r u s i n a s n u c l e a r e s

lj| qni { i c a v a u m a a l t e r n a t i v a e n e r g é t i c a v á l i d a e c o e r e n t e p a r a

fc«b&tituição g r a d a t f v a d o p e t r ó I e o . ( 7 7 ) S e m e l h a n t e

" " A c i o n a m e n t o d e f e n d i a o e x - p r e s i d e n t e d a E L E T R O B R A S , e n t ã o

0 6 2

G o v e r n a d o r do E s t a d o da B a h i a , A n t o n i o C a r l o s M a g a l h ã e s ao

afirmar ser a e n e r g i a n u c l e a r a ú n i c a p o s s i b i l i d a d e p r á t i c a

que se v i s l u m b r a v a , s e n d o e s s a a a l t e r n a t i v a p a r a o p e t r ó l e o

e não para a e n e r g i a h i d r á u I i c a . ( 7 8 )

S h i g e a k i Ueki a t u a l m e n t e a i n d a d e f e n d e q u e *a

v i a b i l i d a d e ou não d a e n e r g i a n u c l e a r d e v e ser e x a m i n a d a no

contexto " e n e r g i a n u c l e a r v e r s u s p e t r ó l e o * ( F S P , 0 5 . 0 7 . B B ) ,

a r g u m e n t o que r e f l e t i a e r e f l e t e a o p i n i ã o do g o v e r n o federal

quanto a q u e s t ã o . P a r a e l e "... n e n h u m s i s t e m a e l é t r i c o p o d e

se basear e x c l u s i v a m e n t e na f o r ç a das á g u a s " . s e n d o q u e a

c o m p I e m e n t a ç ã o n u c l e a r e r a n e c e s s á r i a para que o p a r q u e

industrial não t i v e s s e p r o b l e m a s de s u p r i m e n t o de e n e r g i a

e l é t r í c a , ( 7 9 )

No m e s m o ano em que A n t o n i o C a r l o s M a g a l h ã e s p r e s t a v a o

seu d e p o i m e n t o à C P I , a c a p a c i d a d e de e n e r g i a e l é t r i c a

instalada no p a í s ( e n t r e e m p r e s a s c o n c e s s i o n á r i a s e

a u t o p r o d u t o r e s ) era d e 2 5 . 2 2 9 MW, sendo 8 1 , 5 7 5 MW h i d r á u l i c o s

e 3.654 t é r m i c o s (a ó l e o ou a c a r v ã o ) . ( 8 0 )

A p r e o c u p a ç ã o v e r b a l i z a d a pelo g o v e r n o em r e l a ç ã o à

energia h i d r e l é t r i c a era de q u e a d e m a n d a c r e s c i a d e m a s i a d o ,

sem que o p o t e n c i a l h í d r i c o p u d e s s e a c o m p a n h a r e s s e

cresc tmento.

0 g o v e r n o a t r o p e l o u e i n t e r p r e t o u os f a t o s v i n d o u r o s por

a n t e c i p a ç ã o : a d e m a n d a não c r e s c e r i a c o n f o r m e suas

e s t a t í s t i c a s e o p o t e n c i a l i n v e n t a r i a d o a u m e n t a r i a

* o b r e m a n e i r a .

Assim, o m o d e l o e n e r g é t i c o i n t e n s i v o em p e t r ó l e o (no

0 6 3

Brasil u t i l i z a d o n o s t r a n s p o r t e s e n u m a ín-ftma p a r c e l a p a r a

p r o d u ç ã o de e n e r g i a e l é t r i c a ) , e s p e l h o d e u m a c i v i l i z a ç ã o

p r e d a t ó r i a por e x c e l ê n c i a , tem um a l i a d o na e n e r g i a

n u c I e o e I é t r i c a , i n t e n s i v a em c a p i t a l , e m e n e r g i a e e m

m a t e r i a l e q u e se p r e s t a t a n t o para f i n s p a c í f i c o s c o m o p a r a

fins mi Ii t a r e s .

0 g o v e r n o p r e v i a o e s g o t a m e n t o do p o t e n c i a l h i d r á u l i c o

para a p r i m e i r a d é c a d a d o s é c u l o X X I , b e m c o m o um a u m e n t o

anual d e 1 1 % no c o n s u m o d e e n e r g i a e l é t r i c a . S o b r e a r g u m e n t o s

como e s s e s i m p l a n t o u D P r o g r a m a N u c l e a r B r a s i l e i r o .

Na é p o c a do a c o r d o , o p o t e n c i a l h i d r e l é t r i c o e s t a v a

e s t i m a d o e m 1 0 5 . 0 0 0 MW, m a s p o u c o s a n o s b a s t a r a m p a r a q u e

esse n ú m e r o p a s s a s s e p a r a 2 1 3 . 0 0 0 MW, H o j e a p r o x i m a d a m e n t e

7 0 % do p o t e n c i a l h i d r e l é t r i c o b r a s i l e i r o a i n d a p o d e ser

a p r o v e i t a d o .

C o n f o r m e M a u r í c i o S C H U L M A N , p r e s i d e n t e da E L E T R O B R á S de

1 5 , 0 3 . 7 9 a 1 8 . 0 9 , 8 0 , e m d e p o i m e n t o à CPI d o A c o r d o N u c l e a r ,

em 1 4 . 0 8 . 7 9 , o g o v e r n o só p r o c u r a p e s q u i s a r o p o t e n c i a l

h í d r i c o em f a c e d a s n e c e s s i d a d e s de e n t e n d i m e n t o d o m e r c a d o e

na m e d i d a em q u e s u a u t i l i z a ç ã o se t o r n e e c o n o m i c a m e n t e

• • é v e l . ( 8 1 )

0 g o v e r n o a n s i a v a por m a i s e n e r g i a e l é t r i c a , n ã o

e x a t a m e n t e d a q u e l a a d v ' n d a "da f o r ç a d a s á g u a s " , m a s s i m

daquela a d v i n d a do u r â n i o . E p a r a t a n t o se e s f o r ç o u

s o b r e m a n e i r a , s e n d o q u e as r e s e r v a s d e u r â n i o no p a í s

" a b a r a m de 1 1 . 0 4 0 e m 1 9 7 5 p a r a 3 D 1 . 4 9 0 e m 1 9 8 6 ( u n i d a d e t

U 3 0 B H B 2 ) , u m a vez q u e o PNB n e c e s s i t a r i a d e m u i t o

064

combustível p a r a as s u a s u s i n a s .

Por o u t r o lado. o P l a n o 9 5 , e l a b o r a d o em 1 9 7 9 (p. 3 )

afirmava :

"Foi p r e v i s t o a i n d a q u e d e v e r á haver um c e r t o a c r é s c i m odo c o n s u m o de e n e r g i a e l é t r i c a para s u b s t i t u i ç ã o dederivados de p e t r ó l e o , d e v i d o às l i m i t a ç õ e s de sua o f e r t a , eque se m a n t e n h a o a t u a l d i n a m i s m o do m e r c a d o e l é t r i c oi n d u s t r i a l . A s s i m , e s t i m a - s e q u e , de 1 9 7 9 a 1 9 8 5 , osrequisitos d e e n e r g i a e l é t r i c a do país c r e s ç a m à t a x a m é d i ade 1 2 , 7 % a o a n o " .

Em 1 9 8 6 , p o r é m , a n o da e l a b o r a ç ã o do B a l a n ç o E n e r g é t i c o

Nacional - MME / 8 5 , o s d a d o s c o n s i d e r a v a m q u e a e v o l u ç ã o do

consumo t o t a l de e l e t r i c i d a d e de 1 9 7 4 / 7 9 h a v i a c r e s c i d o

1 r?, 1 %, e n q u a n t o que de 1 9 7 9 / 8 4 o índice havia d e c r e s c i d o para

7,9%. C o n s t a t a v a - s e aí uma d i f e r e n ç a para m e n o s , de 4 , 8 % .

A M e m ó r i a da E l e t r i c i d a d e f o r n e c i a a i n d a o u t r o índice

curioso : " N o s seis p r i m e i r o s a n o s da d é c a d a de 1 9 8 0 , a taxa

média de c r e s c i m e n t o anual r e d u z i u - s e um p o u c o , s i t u a n d o - s e

em torno d e 6 % " . ( 8 3 )

E e n q u a n t o P a u l o N o g u e i r a B A T I S T A , e x - p r e s i d e n t e da

N U C L E B R á S , a l e r t a v a p a r a a i n e x i s t ê n c i a de a l t e r n a t i v a s

econômico e t e c n i c a m e n t e v á l i d a s , f a z e n d o c o m q u e não se

pudesse r e c u s a r a o p ç ã o n u c l e a r , o que s e r i a o m e s m o q u e

rejeitar a c o n t i n u a ç ã o do p r o g r e s s o e c o n ô m i c o e social do

pais e a r g u m e n t a n d o a n e c e s s i d a d e de cerca de 1 0 . 0 0 0 MW

nucleares a t é 1 9 9 0 ( 8 4 ) , O s c a r S A I L A , e x - d i r e t o r do C N P q < B 5 ) ,

"itormava, e m 1 9 7 9 , q u e não h a v i a i n v e s t i m e n t o s e i n t e r e s s e

no d e s e n v o l v i m e n t o de e n e r g i a s a l t e r n a t i v a s nos ú l t i m o s 25

anos ,

Os d a d o s i l u s t r a m , e m p a r t e , que a opção t e c n o l ó g i c a do

0 6 5

governo foi p o I í 1 1 c a - 1 d e o I ó g i c a e não t é c n i c o - c l e n t í f i c a . A

opção e n g e n d r o u o " p a c o t e t e c n o l ó g i c o * , o c h a m a d o " n e g ó c i o do

século" como se verá, n ã o sem a n t e s a b o r d a r m a i s

e s p e c i f i c a m e n t e as o p ç õ e s t e c n o l ó g i c a s para e n e r g i a e l é t r i c a

no pa í s .

6.1. A o p ç ã o e n e r g é t i c a .

A u t i l i z a ç ã o de uma d e t e r m i n a d a t e c n o l o g i a não é

meramente t é c n i c a ou m e s m o p o l í t i c a , m a s e n v e r e d a por uma

questão é t i c a . A c o n s e c u ç ã o da m e l h o r opção e não de q u a l q u e r

so Iução.

Na t e n t a t i v a de a p r o f u n d a r e s s a d i s c u s s ã o , f a r e m o s uma

análise de e s c o l h a s t e c n o l ó g i c a s na s e g u i n t e o r d e m :

1. e n e r g i a nuclear x e n e r g i a s a l t e r n a t i v a s

2 . urânio natural x u r â n i o e n r i q u e c i d o ,

1. Energia N u c l e a r x E n e r g i a s A l t e r n a t i v a s

P a r t i n d o do p r e s s u p o s t o de que não há n e c e s s i d a d e de

energia nuclear no p a í s ( 8 B ) , p e r f i l a r e m o s a l g u n s itens para

melhor a n á l i s e desse p o s i c i o n a m e n t o :

1.1. A e n e r g i a n u c l e a r e s t á c a l c a d a s o b r e a p r e m i s s a da

t r a n s i t o r i e d a d e , tanto q u a n t o o p e t r ó l e o . 0 u r â n i o é uma

fonte n ã o - r e n o v á v e l (e p o r t a n t o l i m i t a d a ) de e n e r g i a . A opção

nuclear está a m e a ç a d a d e v i d o a e s c a s s e z de seu c o m b u s t í v e l .

As e n e r g i a s a l t e r n a t i v a s advém de f o n t e s r e n o v á v e i s ,

como os r e c u r s o s h í d r i c o s , e n e r g i a solar d i r e t a ( e n e r g i a

térmica, c o n v e r s ã o t e r m e l é t r i c a , c o n v e r s ã o iotovoItaica,

066

captação espacial), energia solar indireta (eólica, ondas do

mar, marés, térmica dos oceanos, biomassa, hidrogênio),

energia geotérmica, energia termonuclear por fusão.

1.2. A necessidade da revisão da utilização da energia

elétrica e de sua demanda, exercício a ser feito pela

sociedade como um todo. Energia para que e para quem, como já

foi visto.

1.3. Energia hidrelétrica.

Um país de dimensões continentais como o Brasil,

necessita viabilizar a produção e geração de energia elétrica

de forma descentralizada. É contraproducente que a existência

de um monopólio da energia hidrelétrica, inviabilize a

utilização de pequenos cursos ou quedas dágua.

A. PASCH0A<87) afirma que a infraestrutura

hiperdimensionada da ELETROBRÍS não apoia pequenos

desenvolvimentos energéticos. Considera lamentável que todo o

prui:r r.:.u i l r r.ri;»v:*"> I Í ; J r ' r • l/OBRÁ!! rifni fiiTirnTw ;i wt t I i / ;JI; fm dP

pequenas h i d r o e l é t r i c a s e que o n õ o - a p r o v e i t a m e n t o de

Pequenas q u e d a s d á g u a se dá m i l h a r e s de vezes pelo país

•fora.

De a c o r d o com C a r l o s A l b e r t o B R E Z O M N ( B B ) a CE L E S C

(Centrais E l é t r i c a s de S a n t a C a t a r i n a ) , r e c o n h e c e n d o q u e não

P O S S U Í r e c u r s o s para a c o n s t r u ç ã o de u s i n a s h i d r e l é t r i c a s ,

'ftcentiva a in i c i a t i v a p r i v a d a para t a n t o , sendo que no

Estado e x i s t e uma e s t i m a t i v a na f a i x a de 1000 m i c r o e

067

pequenas usinas instaladas, cuja localização é d e s c o n h e c i d a .

A CELESC par>sa, p o i s , a ter uma política de d e s c e n t r a l i z a ç ã o

energética.

L. PINGUELLI ROSA e R. SCHAEFFER<89> a r g u m e n t a m , em

relação a p e q u e n a h i d r e l é t r i c a ; necessita m u i t o m e n o s

capitals o intervalo de tempo entre a decisão da c o n s t r u ç ã o e

a operação é m a i s reduzido; os impactos a m b i e n t a i s são

menores (ainda q u e nem sempre seja a s s i m ) .

É primordial o p l a n e j a m e n t o de h i d r e l é t r i c a s que gerem

apenas hidroeI e t r i c i d a d e e não efeitos sociais per v e r s o s ( 9 0 ) ,

impactos ambientais i r r e c u p e r á v e i s .

Aqui entra igualmente a questão da t r a n s m i s s ã o de

energia elétrica a longas d i s t â n c i a s , assunto sobre o qual

existem d i v e r g ê n c i a s : J. VIDAL entende que a c r e s c e n t e

centralização obrigou a instalação de linhas de t r a n s m i s s ã o a

longas d i s t â n c i a s , o que necessita investimentos imensos e

ocasiona perdas p o n d e r á v e i s no transportei J. G O L D E M B E R G é de

opinião que a t r a n s m i s s ã o a longas d i s t â n c i a s pode ser

conseguida, mas somente ao custo de pesados i n v e s t i m e n t o s ; L.

PINGUELLI ROSA considera possível essa t r a n s m i s s ã o , com

eficiência e c o n s e r v a ç ã o e a custos não tão e l e v a d o s ^ R.

CEROUEIRA LEITE apoia o fomento de tecnologias de t r a n s m i s s ã o

mie reduzam os c u s t o s e perdas ou que o norte seja e x p a n d i d o

industrialmente) J, LUTZENBERGER crê ser inviável e

dispendiosa a tramitação de energia elétrica a longas

d'&tancias. C. B R E Z O L I N , considera que o 3o, consumo de Santa

Catarina de 1988 foram as perdas e os d e s v i o s de energia,

068

sendo que as perdas se dão quando do transporte. Entende que

sobre os transportes a longas distâncias há longas teorias,

mas na prática a opção é caríssima.

Segundo o Plano 2010 (p. 1 0 8 ) , a ELETROBRAS informa que

"o transporte de blocos de potência desde a Amazônia até o

Sudeste e o Nordeste» envolvendo distancias de 2000 a 2400

Km, é viável com tecnologia hoje existente em operação no

País, isto é, corrente contínua de 600 kV". Mas, de acordo

com C. BREZOLIN (em entrevista), o Brasil não tem domínio de

corrente contínua.

Há potencial disponível no país, a questão é como está

sendo e como será utilizado. E já que a posição é a favor da

descentralização, ela também é contra transmissão a longas

di stânc i as.

Não é possível evidentemente deixar de considerar

inclusive os interesses econômicos na construçSo das

hidrelétricas, como os dos grupos de empresas que se

beneficiam com os investimentos do setor elétrico (os

chamados "bar rageiros" e que pressionam para que altos

investimentos continuem lubrificando o setor) e aqueles do

capital financeiro internacional.

As hidrelétricas, não há dúvida, possuem importante

Papel na conjuntura energética brasileira, mas também é

preciso procurar, incentivar e trilhar por outras fontes de

energia.

069

1.4. Tecnologias, a p r o p r i a d a s .

Um país deve priorizar a geração de energia própria, de

acordo com sua realidade. As suas tecnologias devem ter um

desenvolvimento c u l t u r a l , histórico e social, devem ter

correlação direta com a geografia, os recursos naturais e o

clima. Tal enfoque reorientaria as pesquisas efetuadas nas

universidades, mesmo porque, "o uso de receitas tecnológicas

exógenas, (....>, bloqueia de modo eficiente o florescimento

de tecnologias e n d ó g e n a s . Desse m o d o , ocorrem a atrofia do

trabalho criador e a estagnação das U n i v e r s i d a d e s e dos

centros de produção tecnológica I ocais".(91 )

As pesquisas científicas reorientariam a tecnologia

utilizada que, por sua vez, forçaria a revisão da produção

industrial e que fomentaria uma sociedade mais sadia. Utopia?

'0 imenso potencial energético brasileiro para tornar-serealidade, em benefício da Nação, necessita de umdesenvolvimento tecnológico autônomo, mesmo porque não seencontram, em evolução, tecnologias adequadas as nossascircunstancias, em qualquer outra parte. Ou nós asdesenvolvemos dentro das nossas pujantes c a r a c t e r í s t i c a s ouelas não surgirão e s p o n t a n e a m e n t e . " ( 9 8 )

Segundo J. VlOAL, R. CERQUEIRA LEITE, J. CARVALHO, J.

GOLOEMBERG, L, PlNGUELLI ROSA, uma excelente fonte energética

a ser largamente utilizada no Brasil é a biomassc..

E, ao contrário de que se poderia supor, as energias

alternativas teriam ainda um significado importante no que

diz respeito à criação de mais e m p r e g o s .

07D

1.5. C u s t o s

A e n e r g i a n u c l e a r é d i s p a r a d a m e n t e a m a i s o n e r o s a

e n e r g i a já c o l o c a d a no m e r c a d o c o n s u m i d o r .

E. T I E Z Z I a p r e s e n t a uma t a b e l a que i n f o r m a o c u s t o de

c o n s t r u ç ã o de d i f e r e n t e s u s i n a s t e r m e l é t r i c a s , s e g u n d o

e s t i m a t i v a s o f i c i a i s d o s E U A . ( 9 3 ) 0 c u s t o m a i s e l e v a d o f i c a a

cargo d a s u s i n a s n u c l e a r e s , s e g u i d a s p e l a s de c a r v ã o , de ó l e o

e de gás m e t a n o . A d i f e r e n ç a e n t r e o c u s t o da p r i m e i r a e o da

última u l t r a p a s s a a c a s a d o s 6 0 % .

Para a l é m da c o n s t r u ç ã o da usina n u c l e a r , t e m - s e a i n d a o

alto c o n s u m o e n e r g é t i c o (que p e r d u r a r á d u r a n t e t o d o seu

f u n c i o n a m e n t o ) ; o a u m e n t o do p r e ç o do c o m b u s t í v e l (o c u s t o de

todo o c i c l o do u r ã n i o ) | o c u s t o q u a n d o da d e s a t i v a ç ã o do

reator, b e m c o m o a q u e l e r e l a c i o n a d o com D a r m a z e n a m e n t o d o s

r e j e i t o s de m é d i a e a l t a r a d i o a t i v i d a d e .

"A s o l u ç ã o para s u p e r a r as c r i s e s a m b i e n t a l , e n e r g é t i c ae e c o n ô m i c a é a u t i l i z a ç ã o de f o n t e s a l t e r n a t i v a s er e n o v á v e i s de e n e r g i a q u e , além de f a v o r e c e r e m um m o d e l o ded e s e n v o l v i m e n t o d e s c e n t r a l i z a d o , não s u j e i t o à e s c a s s e zimprevista e à i n f l a ç ã o , levarão a uma s o c i e d a d ec i e n t i f i c a m e n t e m o d e r n a e a v a n ç a d a , s a l v a g u a r d a n d o o m e i oa m b i e n t e . " ( 9 4 )

0 kW n u c l e a r no B r a s i l é cerca de c i n c o v e z e s m a i s c a r o

Que o h i d r e l é t r i c o . 0 q u e dizer e n t ã o do kW g e r a d o por

t e c n o l o g i a s b r a n d a s s o b r e f o n t e s e n e r g é t i c a s t a m b é m

r e n o v á v e i s ?

A h u m a n i d a d e não possui poder para s u p r i m i r a e n t r o p i a

e n e r g é t i c a g r a d u a l do p l a n e t a , mas tem o d e v e r de e s t a n c a r a

o p o a m b i e n t a i e social p r e s e n t e s .

Os f e n ô m e n o s de c r e s c i m e n t o da e n t r o p i a d e l i m i t a m o

D 7 1

p o d e r d a s p e s s o a s . ( 9 5 )

2, U r â n i o N a t u r a l x U r â n i o E n r i q u e c i d o .

A n t e s d o r e g i m e m i l i t a r i m p l a n t a d o e m 1 9 6 4 , o s g o v e r n o s

e s t a m p a v a m p r e f e r ê n c i a p e l a e n e r g i a o b t i d a d o u r â n i o n a t u r a l ,

c u j a s p e s q u i s a s , c e n t r a l i z a d a s e s p e c i a l m e n t e n o G r u p o d e

T ó r i o < M G ) , o b j e t i v a v a m u s i n a s n u c l e a r e s a á g u a p e s a d a . A p ó s

1 9 6 4 , a p r e f e r ê n c i a p e l o u r â n i o n a t u r a l foi a b a n d o n a d a e m

d e t r i m e n t o d o u r â n i o e n r i q u e c i d o .

J a i r M E L L 0 O 6 ) , e x - c h e f e d o G r u p o T ó r i o e a t u a l

i n t e g r a n t e d o C o n s e l h o N a c i o n a l d e P o l í t i c a N u c l e a r r e l a t a

q u e e m 1 9 6 2 a C N E N o b j e t i v a v a c o n s t r u i r a p r i m e i r a c e n t r a l

n u c l e a r q u e s e c h a m a v a C e n t r a l N u c l e a r d a R e g i ã o C e n t r o S u l e

c u j o c o m b u s t í v e l s e r i a o u r â n i o n a t u r a l . E n t r e t a n t o , o G r u p o

de T ó r i o foi d e s a t i v a d o p o r o r d e m d a C N E N , s e m q u a l q u e r r a z ã o

e x p l í c i t a , I 0 9 0 a p ó s a s s u m i r s u a p r e s i d ê n c i a H e r v á s i o

G u i m a r ã e s d e C A R V A L H O ( e m d e z e m b r o / 6 9 ) , q u e s e m p r e f o r a

c o n t r á r i o a r e a t o r e s d e u r â n i o n a t u r a l e f a v o r á v e l a o u r â n i o

e n r i q u e c i d o .

E m 1 9 6 9 o g o v e r n o a u t o r i z o u a c o n s t r u ç ã o d a p r i m e i r a

u s i n a n u c l e a r e m A n g r a d o s R e i s . A l i n h a e s c o l h i d a foi a d o

u r â n i o e n r i q u e c i d o , m a s s u a i n s t a l a ç ã o se d e u n o s i s t e m a

l u r n - ftgy ( c h a v e s na m ã o ) . N ã o h a v e r i a t r a n s f e r ê n c i a d e

t e c n o l o g i a .

A p a r t i r d e 1 9 7 2 o g o v e r n o m a n t e r i a c o n t a t o s

p r e l i m i n a r e s c o m e s p e c i a l i s t a s a l e m ã e s p a r a u m p r o v á v e l

a c o r d o b i l a t e r a l ( a p e n a s a A l e m a n h a , d e n t r e v á r i o s p a í s e s

0 7 ?

c o n t a t a d o s , s e d i s p u n h a a t r a n s f e r i r t e c n o l o g i a , i n c l u s i v e d e

e n r i q u e c i m e n t o d e u r â n i o ) .

E n t e n d e n d o q u e o d e s e n v o l v i m e n t o d a e n e r g i a n u c l e a r e s t á

e s t r e i t a m e n t e l i g a d o a a t i v i d a d e s p o l í t i c a s ; q u e " n ã o e x i s t e

p o d e r n u c l e a r c i t i I " ( 9 7 ) , s o m e n t e m i l i t a r ; q u e a i n d ú s t r i a

n u c l e a r e s t á i n t e r l i g a d a à i n d ú s t r i a b é l i c a , é q u e a v a l i a m o s

q u e a e s c o l h a e n e r g é t i c o - t e c n o I ó g i c a f e i t a p e l o r e g i m e

m i l i t a r e r a f a v o r á v e l a o c r e s c i m e n t o d o p o d e r m i l i t a r , n ã o

s e n d o p o r t a n t o u m a e s c o l h a p a r a o b e n e f í c i o c i v i l , d a

s o c i e d a d e c o m o u m t o d o . M e s m o p o r q u e , s e o " d e s e j o " m i l i t a r

e r a o b t e n ç ã o d e m a i s e n e r g i a e l é t r i c a p r o d u z i d a e m u s i n a s

n u c l e a r e s , m a i s r a c i o n a l s e r i a a u t i l i z a ç ã o d o u r â n i o

n a t u r a l .

C o m o o p e t r ó l e o e s t a v a e m b a i x a , c o m o o p o t e n c i a l

h i d r e l é t r i c o e r a p o u c o e x p r e s s i v o n a a v a l i a ç ã o d o E s t a d o

( m i l i t a r e s , t e c n o c r a t a s e b u r o c r a t a s ) , d a s m u l t i n a c i o n a i s e

do I o b b v n u c l e a r b r a s i l e i r o , o g o v e r n o i m p i n g i u u m p r o g r a m a

n u c l e a r a o p a í s .

A i m p o r t â n c i a m i l i t a r d a t e c n o l o g i a , p o i s , f o i d e c i s i v a

p a r a a a s s i n a t u r a d o A c o r d o N u c l e a r B r a s i I - A l e m a n h a , n o a n o

d e 1 9 7 5 . A l i e l a f i c o u c r i s t a l i z a d a ,

0 q u e p a r a o g o v e r n o s i g n i f i c o u a u t o n o m i a t e c n o l ó g i c a ,

P ' r a a N a ç ã o s i g n i f i c a v a q u e s t ã o d e s e g u r a n ç a n a c i o n a l , o

* 9 r a v a m e n t o d a c r i s e e c o n ô m i c a , o s a c r i f í c i o d e u m a e c o n o m i a

Já d e p a u p e r a d a p a r a a c o m p r a d e r e a t o r e s n u c l e a r e s q u e

a ' i v i a r i a m a c r i s e d a i n d ú s t r i a n u c l e a r c i v i l a l e m ã ( m e s m o

p o r q u e a c r i s e n ã o a t i n g e a i n d ú s t r i a n u c l e a r m i l i t a r ) , o

0 7 3

inchamento da d i v i d a e x t e r n a , a d u p l a d e p e n d ê n c i a : a d o s

r e a t o r e s e a do u r ê r i o e n r i q u e c i d o , a i m p o s s i b i l i d a d e de

t r a n s f e r ê n c i a t e c n o l ó g i c a , a i m p o r t a ç ã o de uma t e c n o l o g i a

s o f i s t i c a d a sim, m a s já e n t ã o o b s o l e t a .

Em 1 9 7 9 , L. P I N G U E L M R 0 S A Í 9 B ) , a n t e a CPI do A c o r d o

e n f a t i z a v a as p r e m i s s a s d i s c u t í v e i s do A c o r d o N u c l e a r , q u e

somava B r e a t o r e s de 1 . 3 0 0 MW c a d a , uma f á b r i c a de

c o m p o n e n t e s p e s a d o s p a r a r e a t o r e s e as i n s t a l a ç õ e s do c i c l o

do c o m b u s t í v e l n u c l e a r ( p r o s p e c ç ã o e m i n e r a ç ã o do u r ã m o ,

b e n e f i c i a m e n t o , c o n v e r s ã o a g á s , e n r i q u e c i m e n t o , f a b r i c a ç ã o

de e l e m e n t o s c o m b u s t í v e i s e r e p r o c e s s a m e n t o do c o m b u s t í v e l

i r r a d i a d o ) , q u a i s s e r i a m :

a) s u p e r e s t i m a ç ã o da d e m a n d a de e n e r g i a e l é t r i c a e a

s u b e s t i m a ç ã o d o s r e c u r s o s e x i s t e n t e s ( h í d r i c o s e c a r b o n í f e r o s )j

b) l e v a n t a m e n t o e r r ô n e o do p o t e n c i a l h i d r e l é t r i c o b r a s i l e i r o

e dos c u s t o s d a s c e n t r a i s n u c l e a r e s ;

c) e s c o l h a i n a d e q u a d a de t e c n o l o g i a ( u r â n i o e n r i q u e c i d o ) »

d) a v a l i a ç ã o e r r a d a da p o s s i b i l i d a d e e f e t i v a de t r a n s f e r ê n c i a

de t e c n o l o g i a p e l o A c o r d o ;

e) c o n c e p ç ã o e q u i v o c a d a da e s t r a t é g i a p a r a a t i n g i r m a i o r

i n d e p e n d ê n c i a n a c i o n a l no s e t o r de e n e r g i a *

*) visão d e s l u m b r a d a d o s m é r i t o s da e n e r g i a n u c l e a r e a

t u b e s t i m a ç ã o d o s r i s c o s p e l o g o v e r n o f e d e r a l .

P a s s a d o » d e z a n o s L. P I N G U E L L I ROSA d i z ( 9 9 ) que o que a n t e s

era a p e n a s c r í t i c a â o p ç ã o t e c n o l ó g i c a do u r â n i o e n r i q u e c i d o ,

fassou a ser c r í t i c a à p o l í t i c a n u c l e a r em st, com os r i s c o s

C u * t o a , r e j e i t o s i n e r e n t e s .

0 7 4

A s u p o s t a " a u t o n o m i a t e c n o l ó g i c a " , q u e p r a t i c a m e n t e do

nada p a s s a r i a a f a b r i c a r r e a t o r e s de 1 3 0 0 MW, c o m e ç a r i a

r a p i d a m e n t e a dar m o s t r a s de s u a s d e s v a n t a g e n s , Ai e s t á a

década de BO para c o m p r o v á - l o . E dai se p o d e r c o n c l u i r q u e se

trata de uma t e c n o l o g i a não é t i c a ; q u e s u g e r e m a i s d e m a n d a e

c o n s u b s t a n c i a m a i s e n t r o p i a (o c a l o r q u e v a z a p a r a o a m b i e n t e

é 2 5 % m a i o r do q u e o d a s u s i n a s a c a r v ã o da m e s m a p o t ê n c i a , é

três v e z e s m a i o r do q u e a p r o d u ç ã o d e e l e t r i c i d a d e a p a r t i r

das t u r b i n a s ) ; q u e é a l h e i a à r e a l i d a d e e às n e c e s s i d a d e s do

país; na qual e s t ã o e m b u t i d o s c u s t o s e r i s c o s a l t í s s i m o s ;

mi I i t a r i z a d a , p e r i g o s a , m a i s s u j e i t a a p r e s s õ e s e x t e r n a s , é

s o b r e t u d o , uma t e c n o l o g i a i n e r e n t e m e n t e a u t o r i t á r i a . Daí o

valor p o l í t i c o d o s m o v i m e n t o s a n t i - n u c l e a r e s .

Em se c o n s i d e r a n d o os c r i t é r i o s para uma t e c n o l o g i a

a I t e r n a t i v a ( 1 0 0 ) , p o r t a n t o , o p r o g r a m a n u c l e a r está

t o t a l m e n t e d e s a j u s t a d o •

a) não a t e n d e ao c r i t é r i o e f i c i ê n c i a e c o n ô m i c a , já q u e é

anti-econômi c o ;

b) não a t e n d e ao c r i t é r i o e s c a l a , v i s t o q u e sua d i m e n s ã o é

d e s c o m u n a l ;

O não a t e n d e ao c r i t é r i o s i m p l i c i d a d e ;

d) a t e n d e ao c r i t é r i o d e n s i d a d e de c a p i t a l , m a s não de

trabalho, uma vez que é o p r o g r a m a d e c a p i t a l m a i s i n t e n s i v o

com o menor n ú m e r o de e m p r e g a d o s ;

e> demanda r e c u r s o s i n f i n i t o s ;

*) não é a u t ó c t o n e ?

9) agride o a m b i e n t e (há d e s c a r g a de e l e m e n t o s r a d i o a t i v o s

075

para o ambiente e há o problema para centenas de milhares de

anos» que é o dos rejeitos radioativos).

Findo o primeiro capítulo, seguiremos num mapeamento do

histórico da energia nuclear, bem como num posicionamento de

diversos países em termos de energia nucleoeIétrica, mas não

sem antes citar E. TIEZZI : (101)

"Sobre a natureza do homem, eu digo que uma outra 'fonte

energética' que está se consumindo velozmente é a capacidade

psicológica que o homem tem de resistir à agressão de um

mundo governado por leis exclusivamente econômicas e

tecnológicas"

076

N O T A S E R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

(1) As i n f o r m a ç õ e s a d v é m do livro de S t e p h e n W. H A W K I N G .Uma b r e v e h i s t ó r i a do t e m p o . Do B i g - B a n g aos b u r a c o s n e g r o s .RJ, R o c c o , 1 9 8 8 .

A d i s c u s s ã o é por d e m a i s p r o l o n g a d a e a p a i x o n a n t e , comsuas inúmeras t e o r i a s , d e s c o b e r t a s , d a d o s , não sendo o b j e t i v oa p r o f u n d á - l a nesta o p o r t u n i d a d e .

Ver também p o s i ç ã o do f í s i c o e a s t r ô n o m o Gary S t e i g m a nna m a t é r i a " C o s m ó l o g o fala sobre o lado o c u l t o do u n i v e r s o "(FSP, 18 a g o . 1 9 8 9 ) .

(2) Essa r e f l e x ã o é feita por José A. L U T Z E N B E R G E R . P e s a d e l oa t ô m i c o . SP, Ched, 1 9 8 0 .

(3) Ver Arnold T O Y N B E E . A h u m a n i d a d e e a m ã e - t e r r a . Umahistória n a r r a t i v a do m u n d o . RJ, Z a h a r , 1 9 7 9 .

S e g u n d o R o b e r t J. B R A I D W O O D ( H o m e n s p r é - h i s t ó r i c o s .B r a s í l i a , U n B , 1 9 8 5 . ) , m a i s de 9 9 % da h i s t ó r i a h u m a n a é p r é -h i s t ó r i a . A idade do ser h u m a n o é c e r t a m e n t e bem superior aum m i l h ã o de a n o s , s e n d o que se e s c r e v e h i s t ó r i a há 5.000anos. Não o b s t a n t e , n o v a s e v i d ê n c i a s c o n t i n u a m e n t e m o d i f i c a mo quadro de p e s q u i s a s da a r q u e o l o g i a .

(4) R e f e r i m o - n o s aqui às c o n d i ç õ e s g e o m o r f o Iógicas ec l i m á t i c a s do P l a n e t a T e r r a , q u e , à e x c e ç ã o de t e r r e m o t o s ,d i l ú v i o s , m a r e m o t o s , v u l c õ e s e a s s i m por d i a n t e , têm semantido r a z o a v e l m e n t e c o n s t a n t e s , no que diz respeito àc n t i n u i d a d e da vida.

A h a r m o n i a não se r e f e r e , o u t r o s s i m , à h i s t ó r i a s o c i a l ,política e e c o n ô m i c a , que c a b a l m e n t e se m o s t r o u violenta es a n g u i n á r i a . A h i s t ó r i a da d o m i n a ç ã o do h o m e m p e l o h o m e m .

(5) E s t e é um c o n c e i t o que n e c e s s i t a ser r e v i s t o , p o i ssignifica "ser r a c i o n a l " e há c e n t e n a s , m i l h a r e s de m o t i v o sque levam n e c e s s a r i a m e n t e à r e f l e x ã o se 9 h u m a n i d a d econseguiu e f e t i v a m e n t e e v o l u i r r a c i o n a l m e n t e ,i n t e l i g e n t e m e n t e .

Para Arthur K O E S T L E R ( J a n o . S P . M e l h o r a m e n t o s , 1 9 8 1 ) nãohá o m í n i m o indício de que o h o m e m t e n h a sequer iniciado oProcesso de se tornar r a z o á v e l . Seu livro parte da incômodahipótese de que o H o m o S a p i e n s p o d e ser uma e s p é c i ebiológica a n ô m a l a , um f r a c a s s o da e v o l u ç ã o .

De q u a l q u e r forma, o U n i v e r s o e x i s t i r i a e e v o l u i r i a damesma f o r m a com ou sem a p r e s e n ç a do h o m e m .

0 m e s m o já não se pode a f i r m a r e m r e l a ç ã o ao p l a n e t aTerra, no qual o h o m e m tem uma i n s e r ç ã o tão d e f i n i t i v a queP Ô S em risco a vida, g e r a ç õ e s f u t u r a s e a sua p r ó p r i ae » i s t é n c i a .

Será o h o m e m o c e n t r o do U n i v e r s o ">A a n á l i s e d e s t e t r a b a l h o não p r e t e n d e ser

Q n t r o p o c e n t r i s t a , ainda que seja o p e n s a m e n t o h u m a n o quede&dobra e interpreta a r e a l i d a d e .

077

O n d e f i c a r i a o s i g n i f i c a d o d e t o d o s o s s e r e s v i v o s ,V i d a , s e o h o m e m f o s s e a m e d i d a d o U n i v e r s o ?

da

(B) I D É I A S C o n t e m p o r â n e a si t i c a , 1 9 8 9 . p . 8 3 .

E n t r e v i s t a s do Le M o n d e . S P ,

(7) 0 t e r m o B i o s f e r a , s e g u n d o T o y n b e e , foi c r i a d o p e l o p a d r e ,f i l ó s o f o e c i e n t i s t a f r a n c ê s P i e r r e T e i l h a r d d e C h a r d i n epode s e r e n c o n t r a d o n o I i v r o M u n d o . H o m e m e D e u s . S P ,C u l t r i x , 1 9 7 8 . p . 4 7 ( q u e p o s s u i v á r i o s t e x t o s s e l e c i o n a d o s d eT e i l h a r d d e C h a r d i n , t r a d u z i d o s , a n o t a d o s e c o m e n t a d o s p orJosé L u i z A r c h a n j o ) .

S e u r . i g n i f i c a d o : " . . . ú n i c o h a b i t a t j a m a i s v i á v e l d et o d a s a s e s p é c i e s d e s e r e s v i v o s q u e c o n h e c e m o s , a h u m a n i d a d ei n c l u s i v e . (....> A b i o s f e r a n ã o é t ã o a n t i g a q u a n t o op l a n e t a q u e o r a e n v o l v e . (....) . . . c o m e ç o u a e x i s t i r m u i t ot e m p o d e p o i s da c r o s t a d o p l a n e t a h a v e r r e s f r i a d os u f i c i e n t e m e n t e p a r a q u e p a r t e s d e s e u s c o m p o n e n t e s ,o r t g i n a r i a m e n t e g a s o s o s , s e l i q ü e f i z e s s e m ou s o l i d i f i c a s s e m " .( T o y n b e e , o p . c i t . p . 5 2 - 3 ) .

" . . . p o r B i o s f e r a e n t e n d e - s e a z o n a d a v i d a n ã o -r e f l e x i v a , q u e se s i t u a e n t r e as e s f e r a s d o i n o r g â n i c o( l i t o s f e r a , h i d r o s f e r a . . . ) e a e s f e r a p s í q u i c a ( n o o s f e r a ) .(,...) A r e a l i d a d e d a B i o s f e r a n o s c o n v e n c e d e q u e , a c i m a d o sv i v o s h á u m a V i d a . ( . . . . ) A B i o s f e r a n ã o é um i m e n s ou n i v e r s a l , c o m p o s t o de s e r e s v i v o s , m a s a p r ó p r i ade s u b s t â n c i a o r g â n i c a ' q u e h o j e r e v e s t e a ' t e r r a . "A r c h a n j o, p . 5 4 ) ,

o r g a n i s m o' p e I í e u I a( n o t a d e

(8) V er o s l i v r o s d e : - C o r n e l i u s C A S T O R I A D I S . D i a n t e d ag u e r r a . S P , B r a s i l t e n s e , 1 9 8 2 , c o n s i d e r a n d o - s en e c e s s a r i a m e n t e a d i s t i n ç ã o q u e o a u t o r f a z e n t r e o s E U A e aU R S S , t e n d e n d o a f a v o r d o p r i m e i r o .

- E d w a r d T H O M P S O N e t a l i i .E x t e r m í n i o e g u e r r a f r i a . S P , B r a s i l i e n s e , 1 9 8 5 .

- A n t o n i o C e l s o A l v e s P E R E I R A . O si m p é r i o s n u c l e a r e s e s e u s r e f é n s . R e l a ç õ e s i n t e r n a c i o n a i sc o n t e m p o r â n e a s . R J , G r a a l , 1 9 8 4 .

- J o s é G O L D E M B E R G , A q u e s t ã o donucI e a r . S P , B r a s i l i e n s e ,

- H a m i l c a r H E R R E R A . A g r a n d eR j , p a z e T e r r a , 1 9 8 2

- R i c a r d o A R N T ( o r g . ) . Q.iftmo P O B r a s i l S P . B r a s i l i e n s e , 1 9 B 5 ,

<9> O p . c i t . p . 1 5 .

<1 C ) E s s e s e m e o a s p e c t o s f o r a m e n u m e r a d o s p o r E n z o T I E Z Z l ,I g m p o s h i s t ó r i c o s , t e m p o s b i o l ó g i c o s . A t e r r a ou a m o r t e : o sp r o b l e m a s d a n e v a e c o l o g i a . S P , N o b e l , 1 9 8 8 . p . 6 .

'1 1 ; D i f e r e n ç a s e n t r e o ser e o t e r , n u m a d e f e s a p e l oP r i m e i r o f o r a m t e o r i z a d a s por E r i c h FROriM, p s i c a n a l i s t a e' ' • ó s o f o , 0 t e r m o c o n v i v e n c i a I i d a d e é d e a u t o r i a de Iva n' L L I C H .

0 7 8

<12) L A G A D E C , P a t r i c k . La c i v i l i z a c i ó n del n e s g o , M a d r i d ,M a p f r e , 1 9 B 3 . p. 1 7 9 .

(13) Para a e l a b o r a ç ã o d e s t e s p r i m e i r o s p a r á g r a f o s sobrec i ê n c i a , v a l e m o - n o s dos p e n s a m e n t o s e i n f o r m a ç õ e s de EdgarMORIN, c o n s t a n t e s nos l i v r o s '. - C i ê n c i a com c o n s c i ê n c i a .Lisboa. E u r o p a - A m é r i c a , 1 9 8 2 . p . 2 3 - 6 7 .

-0 m é t o d o I I . A vida davida. L i s b o a , E u r o p a - A m é r i c a , 1 9 8 0 . p. 1 3 - 9 4 .

A p r o f u n d a d a a n á l i s e s o b r e o c o n h e c i m e n t o , o autorc o n t i n u a fazendo na obra : 0 m é t o d o III. 0 c o n h e c i m e n t o doc o n h e c i m e n t o / 1 , L i s b o a , E u r o p a - A m é r i c a , 1 9 8 6 .

Antes do p r e f á c i o de sua obra : 0 p a r a d i g m a p e r d i d o : an a t u r e z a h u m a n a . L i s b o a , E u r o p a - A m é r i c a , 1 9 7 3 , e s c r i t a antesmesmo de 0 m é t o d o (I, II, I I I ) , Edgar Mor i n c h a m a atençãopara a l g u m a s " i d a d e s " :

U n i v e r s o - 7 b i l h õ e s de anosT e r r a - 5 b i I h õ e s de anosVida - 2 , 5 bV e r t e b r a d o s - 6 0 0 mRépte i s - 3 0 0 mM a m í f e r o s - 200 mA n t r o p ó i d e s - 10 mi

Ihões de a n o sIhões de a n o sIhões de anosIhões de anosh õ e s de anos

H o m i n í d e o s - 4 m i l h õ e s de anosh o m o S a p i e n s - 1 0 0 . 0 0 0 a 5 0 . 0 0 0 anosC i d a d e - Estado - 1 0 . 0 0 0 a n o sFi I osof ia - 2.500 a n o sC i ê n c i a do H o m e m - 0, o que retrata seu d e s c r é d i t o em

relação à c i ê n c i a c l á s s i c a d e s e n v o l v i d a pelo h o m e m hásécuI os .

Essa noção de rei a t i v i z a ç ã o do p r o g r e s s o c i e n t í f i c o ,d e f e n d i d a por T h o m a s Kuhn e Paul F e y e r a b e n d , bem como porEdgar M o r i n , não se c o a d u n a com a dos c i e n t i s t a s p o s i t i v i s t a sque a f i r m a m existir o p r o g r e s s o c i e n t í f i c o i n e x o r á v e l .

<14) A o r g a n i z a ç ã o c r e s c e n t e dos m o v i m e n t o s sociais ep o p u l a r e s faz-se notar nas m a i s d i v e r s a s p a r t e s do m u n d o .Para citar a p e n a s e x e m p l o s m a i s r e c e n t e s , p o d e r i a m sera r r o l a d o s :* e s t u d a n t i s : a o r g a n i z a ç ã o c r e s c e n t e d o s e s t u d a n t e sc h i n e s e s a partir de 1 9 8 4 , c u l m i n a n d o com o m a s s a c r e naPraça da Paz C e l e s t i a l em m a i o - j u n h o / 8 9 .* f e m i n i s t a s , p a c i f i s t a s , a n t i - n u c I e a r e s : o m o v i m e n t o emG r e e n h a m Common ( I n g l a t e r r a ) em p r o t e s t o ao a s s e n t a m e n t o dosmísseis C r u i s e , em forma de um a c a m p a m e n t o i n i t e r r u p t o dem u l h e r e s para a paz, teve início em 1981 e p e r d e u ímpeto em*inal de 1 9 8 7 , quando EUA e URSS a s s i n a r a m a c o r d o sobremísseis de m é d i o e c u r t o a l c a n c e . Para tanto ver o livro deLynne S E G A L . Is the f u t u r e female. ? L o n d o n , V i r a g o P r e s s ,1987. p. 1 6 2 - 2 0 3 . E t a m b é m F S P , 06 d e z . 8 7 , p. A - 1 8 .* de m i n o r i a s é t n i c a s e c u l t u r a i s '• m a n i f e s t a ç õ e s de m i l h a r e s°e h a b i t a n t e s da G e ó r g i a , A r m ê n i a , U z b e q u i s t ã o só em 1989,&âo um relato a u t ê n t i c o de q u e a q u e s t ã o nacional v e r s u sautonomia está se f o r t a l e c e n d o na U R S S .

079

* e c o l o g i s t a s ; um " t e r m ô m e t r o " q u e a v a l i e a a s c e n s ã o d a sp r e o c u p a ç õ e s e p r o p o s t a s v e r d e s p o d e ser e n c o n t r a d o nosa r t i g o s " V e r d e s m u d a m o v e r m e l h o do L e s t e e u r o p e u " ( F S P , 02jun. 8 9 , p. A - 1 2 ) , " V e r d e s q u e r e m f o r m a r p a r t i d o n a c i o n a l nosEUA" (FSP, 18 jun. 8 9 , p. A - 2 0 ) , " V e r d e s são fiel da b a l a n ç ano P a r l a m e n t o E u r o p e u " (FSP, 2D j u n . 8 9 , p. A - 1 0 ) . E s t eú l t i m o a r t i g o informa que os v e r d e s t i v e r a m um g r a n d ed e s e m p e n h o p r i n c i p a l m e n t e na B é l g i c a , na F r a n ç a , naI n g l a t e r r a , na H o l a n d a e na I r l a n d a .

Para e n t e n d i m e n t o do m o v i m e n t o e c o l ó g i c o no B r a s i l , verde E d u a r d o V I O L A , 0 m o v i m e n t o e c o l ó g i c o no Brasil ( 1 9 7 4 - 1 9 8 6 ): do a m b i e n t a l i s m o à e c o p o l í t i c a . In : P á D U A , J o s é A u g u s t o(firg ) . E c o I o Q i a e p o l í t i c a no B r a s i l . RJ, E s p a ç o e Tempo :IUPERJ, 1 9 8 7 . p. 6 3 - 1 0 9 .

( 1 5 ) A c i ê n c i a somada à s a b e d o r i a , à fé é d e f e n d i d a porRoger G A R A U D Y . Aoelo aos > i v o s _ R J , N o v a F r o n t e i r a , 1 9 3 1 .

( 1 6 ) Tal p o s t u r a é d e f e n d i d a por M a r i l y n F E R G U S O N em seulivro A c o n s p i r a ç ã o a o u a r i a n a . RJ, R e c o r d , 1 9 8 0 .

( 1 7 ) Ibidem, p. 1 9 5 - 6 , 1 3 .

( 1 8 ) V I T A L E , L u í s . H a c i a una h i s t o r i a dei a m b i e n t e en A m e r i c aL a t i n a . De Ias c u l t u r a s a b o r í g e n e s a la c r i s i s e c o l ó g i c aa c t u a l . M é x i c o , N u e v a I m a g e n , 1 9 8 3 . p . 13 e s g t e s .

( 1 9 ) IDÉIAS C o n t e m p o r â n e a s . E n t r e v i s t a s do Le M o n d e . p. 3 5 .

( 2 0 ) C A P R A , F r i t j o f . O p o n t o de m u t a ç ã o . S P , C u l t r í x , 1 9 B B .P. 2 5 9 .

( 2 1 ) G U E R R E I R O R A M O S , A l b e r t o . A n o v a c i ê n c i a daso r a a n i r a ç õ e s . Uma r e c o n c e i t u a ç ã o da r i q u e z a das n a ç õ e s . RJ,FGV, 1 9 8 1 .

A d i s c u s s ã o sobre a r a c i o n a l i d a d e e x i g i r i a , por si só,um t r a b a l h o em s e p a r a d o , d e v i d o a sua c o m p l e x i d a d e . 0 p r ó p r i oautor m e n c i o n a p o s t u r a s s o b r e a q u e s t ã o c o m o a de W e b e r ,M a n n h e i m , e s t u d i o s o s da E s c o l a de F r a n k f u r t ( c o m o H o r k h e i m e r ,A d o r n o , H a b e r m a s ) , K a n t , H e g e l , M a r x , F i c h t e , V o e g e l i n , e t c .

( 2 2 ) Na v e r d a d e , a i r r a c i o n a l i d a d e é que t e m d a d o p r o v a s desua f o r ç a . A a t u a ç ã o do h o m e m na b i o s f e r a foi b e m e n f o c a d aPelos f i l m e s " K O Y A A N I S Q A T S I " E " P O W A A S Q A T S I " (o que emv o c a b u l á r i o hopi quer s i g n i f i c a r vida em d e s o r d e m e vidae n f e i t i ç a d a , r e s p e c t i v a m e n t e ) .

( ? 3 ) V I D A L , J.W. B a u t i s t a , De e s t a d o servi I a n a ç ã o s o b e r a n a .C i v i l i z a ç ã o S o l i d á r i a dos T r ó p i c o s . P e t r ó p o l i s / B r a s í l i a ,Vozes, / U n B , 1 9 8 7 . p. 7 1 .

C i e n e t a com c o n s c i ê n c i a , p. 44

080

( 2 5 ) V I R I M O , Paul & L O T R I N G E R , S y l v e r e . G u e r r a o u r ami I t t a r i z a ç ã o do c o t i d i a n o . S P , B r a s i l t e n s e , 1 9 8 4 . p . 6 5 .

( 2 6 ) V I D A L , J.W. B a u t i s t a . O P . c i t , p . 5 5 .

( 2 7 ) I L L I C H , I v a n . A c o n v i n e n c i a l i d a d e . L i s b o a , E u r o p aA m é r i c a , 1 9 7 6 . p . 2 3 .

( 2 8 ) Ver de J e a n - P i e r r e D U P U Y , I n t r o d u ç ã o à c r í t i c a dap e o l p a i a p o l í t i c a . RJ, C i v i l i z a ç ã o B r a s i l e i r a , 1 9 8 0 .

R e l a t o p o r m e n o r i z a d o e c a n d e n t e , a i n d a q u e i r r e a l , s o b r ec o m o o s i s t e m a s o c i a l a t u a s o b r e o b e m e s t a r d o i n d i v í d u o ea i n d a c o m o a m e d i c i n a e os t r a n s p o r t e s p o d e m p r o p o r c i o n a rm e l h o r e s c o n d i ç õ e s de v i d a p o d e ser lido no l i v r o d e E r n e s tC A L L E N B A C H , E c o t o p i a . Z a r a g o z a , T r a z o , 1 9 8 0 .

( 2 9 ) 0 B r a s i l e s t á c l a s s i f i c a d o c o m o 5 o . e x p o r t a d o r dea r m a m e n t o s do m u n d o . C o n t i n u a m e n t e l a n ç a no m e r c a d o p r o d u t o sde a l t a q u a l i d a d e , a b s o r v i d o s p e l o m e r c a d o n a c i o n a l ei r t e r n a c i o n a I .

A i n d ú s t r i a de a r m a m e n t o s é a 2 a . do m u n d o , v i n d o logoapós a do p e t r ó l e o .

O s g a s t o s m i l i t a r e s m u n d i a i s de 8 h o r a s ( U S $ E5B0m i l h õ e s ) e r r a d i c a r i a m a m a l á r i a d o s 2 0 0 m i l h õ e s d e p o r t a d o r e sda d o e n ç a no m u n d o . O s g a s t o s de 7 m e s e s s e r i a m s u f i c i e n t e spara p a g a r a b a s t e c i m e n t o d e é g u a p o t á v e l e a t e n ç ã o s a n i t á r i aa d e q u a d a p a r a 2 b i l h õ e s de p e s s o a s , i^ue c a r e c e m d e s s e se l e m e n t o s b á s i c o s p a r a a s a ú d e . Ver M Y E R S , N o r m a n ( c o o r d . ) .El a t l a s o a i a de Ia o e s t i o n dei p l a n e t a . M a d r i d . H . BI u m e ,1 9 8 7 . p . 2 4 6 - 7 .

< 3 0 ) L A G A D E C , P a t r i c k . O p . c i t . p. 1 S 0 .

( 3 1 ) S A C H S , I g n a c y . E e o d e s a r r o l l o ; d e s a r r o l l o sin6 n f M é x i c o . El c o l é g i o , 1 9 8 2 , p, 6 4 .

(32) o n í v e l de v i d a d i f e r e a c e n t u a d a m e n t e do 1 o . ao 3 o .M u n d o , o n d e v i v e a m a i o r m a s s a de m i s e r á v e i s d o p l a n e t a , semc o n d i ç õ e s s e q u e r de ter s a t i s f e i t a s s u a s n e c e s s i d a d e s m a i sb á s i c a s de s o b r e v i v ê n c i a .

(33) A q u a n t i a é r e f e r e n t s a 3 1 . 1 2 . 8 8 ( F S P , 19 m a i o . 8 9 ) .S e q u n d o H a z e l H E N D E R S O N (La p o l í t i c a de Ia e d a d s o l a r .A l t e r n a t i v a s a Ia e c o n o m i a . M é x i c o , F o n d o de C u l t u r aE c o n ô m i c a , 1 9 8 5 . p. 6 5 . ) , o B r a s i l se viu o b r i g a d o a p a g a r

081

US$ 1 b i l h ã o de j u r o s , c a l c u l a d o s s o b r e U S $ 22 b i l h õ e s ded í v i d a e x t e r n a , no ano de I 9 6 0 .De a c o r d o c o m J.W. B a u t i s t a VIDAL (Op. c i t . p . 5 6 ) , a d í v i d ae x t e r n a b r a s i l e i r a c r e s c e u a p r o x i m a d a m e n t e U S $ 6 D b i l h õ e s ,e n t r e 1 9 7 3 e 1 9 B 3 .

( 3 4 ) V I D A L , J.W. B a u t i s t a . Op. c i t . P . B1 .

( 3 5 ) R O S A , Luiz Pinguei li. P o l í t i c a e n e r g é t i c a . Rio deJ a n e i r o , C O P P E / U F R J , 1 1 . 0 5 . 8 9 . E n t r e v i s t a .

( 3 6 ) G A L T U N G , J o h a n . El d e s a r r o l l o en Ia p e r s p e c t i v a de Iasn e c e s i d a d e s •fundamentales. In • C o m e r c a r a v i v i r . M é x i c o ,F o i I O S . P. 3 5 .

(37) Papel p r e p o n d e r a n t e na i n f l u ê n c i a da " c r i a ç ã o den e c e s s i d a d e s " e x e r c e a p u b l i c i d a d e . A e s s e r e s p e i t o ver oItvro de E v e r a r d o P. G u i m a r ã e s R O C H A . M a o i a e c a p i t a l i s m o . Ume s t u d o a n t r o p o l ó g i c o da p u b l i c i d a d e , SP, B r a s i l i e n s e , 1 9 8 5 .

0 a u t o r , como e s c r e v e R o b e r t o Da M a t t a no p r e f á c i o ,sugere ser a p u b l i c i d a d e um i n s t r u m e n t o que p e r m i t e r e -h u m a n i r a r o p r o d u t o i n d u s t r i a l i z a d o , a t u a n d o como umam e d i a ç ã o p r o f u n d a e n t r e o u n i v e r s o s e l v a g e m da p r o d u ç ã o e om u n d o do c o n s u m o .

(38) é inaceitável se p r e t e n d e r a u n i v e r s a l i z a ç ã o dosv a l o r e s , m o r m e n t e os o c i d e n t a i s . As n e c e s s i d a d e s sãop a r t i e u I a r i z a d a s e tem o r i g e m c u l t u r a l , p o l í t i c a e a m b i e n t a l .Não há lugar para o e t n o c e n t r i s m o .

D e v e - s e levar em c o n t a o c o l o n i s m o e n g e n d r a d o , pore x e m p l o , p e l o s p o r t u g u e s e s e e s p a n h ó i s ( s é c . X V I ) , h o l a n d e s e s(séc. X V I I ) , ingleses ( s é c . X V I I I ) , b e m como o i m p e r i a l i s m odaí p r o v e n i e n t e nas t e r r a s c o l o n i z a d a s .

0 B r a s i l , o c u p a d o a p r i n c í p i o por p o r t u g u e s e s e em9rande e s c a l a , no s é c u l o XX, por i t a l i a n o s , a l e m ã e s ,j a p o n e s e s , s i r i o - I i b a n e s e s , p o t e n e s e s , e t c , a c e n t u a hoje umap o l í t i c a de c o l o n i a l i s m o interno m o r m e n t e c o m os p o v o si n d í g e n a s , t e n t a n d o obstacuI arizar o a t e n d i m e n t o de suasn e c e s s i d a d e s e s p e c í f i c a s e v i t a i s , c o m o o s o l o , o s u b s o l o , av e g e t a ç ã o , a á g u a , e t c . E s s a s c u l t u r a s não d e s n a t u r a l i z a m oa m b i e n t e e não q u e r e m m a i s do que s e u s d i r e i t o sh i s t o r i c a m e n t e a d q u i r i d o s : a v i d a , a t e r r a .

(39) V I D A L , J.W. B a u t i s t a , Op. c í t . p. 1 2 4 .

( 4 0 ) D o r a v a n t e os t e r m o s c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o ed e s e n v o l v i m e n t o q u e r e m s i g n i f i c a r a d i f e r e n ç a e s c u l p i d a no

08?

(41) ILLICH Apud SEVi, Oswaldo. Obras na Volta Grande doXingu - um trauma histórico provável? In : SANTOS, LeinadAver de 0. e ANDRADE, Lúcia H. M. de (Org.). As hidrelétricasAn Xingu e os P O M O S indígenas. SP, Comissão Pró-índio, 19B8.

p. 41.

(42) BÕA NOVA, Antonio Carlos.Rrasil. SP, Loyola, 19B5.

Energia e classes socia i s

( 4 3 ) T I E Z Z I , E n z o . Op. c i t . p. 1 3 .

(44) E s t a m o s a falar da ene r g i a material e não da di m e n s ã oespiritual da e n e r g i a , da p o s s i b i l i d a d e de d e s e n v o l v i m e n t o daenergia interior q u e o homem p o s s u i , m a i s i n t e n s i f i c a d a eacentuada na -Filosofia o r i e n t a l , p o r é m d i s p e r s a d a nacDsmovisão o c i d e n t a l .

(45) Ibidem, P . 5 6 .

(46) Na a p o s t i l a Pos i t i vo ( 1 o . Grau - 7a . s é r t e - 1o.Bimestre de 1989) no conteúdo de G e o g r a f i a , pode-se le r : "Atransformação dos recursos enerqét icos em energ ia representauma garan t i a de desenvolvimento e bem-estar da população", (og r i f o é nosso) .

J . - M . CHEVALIERi Rupturas de un

p.

( C r i s i s p e t r o l í f e r a , c r i s i ssistema econômico. Madr id , H.

e sgtes) a c r i s e p e t r o l í f e r a nio data deOr iente Médio e sim se d e l i n e i a desde

de 80% do p e t r ó l e o quepor e l e mais caro do que pelo pe t ró leo

US$ 2 ,15 o b a r r i lNeste mesmo período a Europa e o Japão

a US$ S o b a r r i l ,países produtores

preço do b a r r i l

( 4 7 ) Paran u c l e a r . InBlume, 1 9 8 1 . p. 1411973 , da G u e r r a do1970, quando os EUA produz iam c e r c aconsumiam, pagandoimportado (US$ 3 , 5 o b a r r i l ,r e s p e c t i v ã m e n t e ) .importavam todo o p e t r ó l e o que consumiam

Em 1 3 7 1 , a t r a v é s do Xá do I r ã , osreclamavam um aumento de preços e e l e v a r a m ode p e t r ó l e o p a r a US$ 3 , 5 .

Mas a e r a do p e t r ó l e o c a r o e escasso também v i r i a aconhecer seu p r i m e i r o " c h o q u e " . E n t r e dezembro de 1978 ej a n e i r o de 1 9 8 1 , os preços v o l t a r a m a s u b i r , a t i n g i n d o e n t r e1981 e 1983 v a l o r e s da ordem de USÍ 36 por b a r r i l . Es te&<9undo aumento de preços c a r a c t e r i z o u o chamado "segundochoque do p e t r ó l e o " . Ver de Joaquim CARVALHO, o l i v r o Q

tio p l a n e j a m e n t o e n e r g é t i c o P o r t o A l e g r e , T c h ê ! ,1987. 1 6 .

( 4 B ) V IDAL, J . W. B » u t * s t a . Op. c i t . p. 5 0 .

083

(49> Segundo J. N. Bautista VIDAL, a estrutura rodoviária depaíses como a Alemanha, a França, os EUA, Japão e URSSaet imita-se a 18%, 2B%, 25%, 20%, 4%, respectivamente. NoBrasil eta representa mais de 8 0 % . (p. 174)

(50) Inúmeras ferrovias foram desativadas em todo o país. Aexceção foi a construção da Norte-Sul, cujo primeiro trechofoi inaugurado em 1989.

(51) VIDAL, J. W. Bautista. Op. cit. p. 5 1 - 2 .

(5?) 0 Brasil passou a recorrer aos Bancos Multilateral* deDesenvolvimento ptra financiamento do setor elétrico noinício da década de 60. Do Banco Mundial emprestou - de 1949até 1988 - cerca de US$ 3,5 bilhões para o setor energético.E do Banco I nteramericano de Desenvolvimento emprestou quaseUSS 2 bilhões desde 1961.

(53)Pol it

Verca,

A guerras.d., vol

é nossa. In :M . p. 357-6D.

Retrato do Brasil. SP,

(54) Segundo Luiz PINGUELLI ROSA, em entrevista já citada.Conforme o Plano 2010, da ELETR08RAS, a Energia

Garantida por tempo Determinado seria fornecida a preçoscerca de cinco vezes menores que os normais, a indústriasdispostas a substituir derivados de petróleo por eletricidadee seu fornecimento seria garantido até o final de 1986.

As projeções de mercado, porém. prevêem que parte daenergia fornecida pela EGTO passará a ser fornecidapermanentemente a preços normais, incorporando ao mercadotradicional um montante de 4,8 TWh, dos quais 4 TWh na regiãoSudeste, a partir de 19B7.

(55) Em artigo intitulado "A estagnação e o mito do Brasilgrande" <FSP, 20 jul. 8 9 ) , Ricardo DEGENSZEJN afirma que noPeríodo janeiro-março de 1989, o PIB registrou queda de2,36%, devendo o país encerrar o ano com uma taxa média anualde crescimento inferior à de 2,04%, No período 1980/88 aconseqüência foi um PIB per capita com queda de 0,16%.

<56) Ver ESP, 31 jul. 88 e FSP, 03 ago. 8 8 .

(57) é importante ressaltar a relação área inundada/potência0a& unidades de produção de enerqia hidrelétrica <UHE). As"sinas do Centro-Sul têm capacidade para 2.230 kW por

inundado. Itaipu fornece 9.333 kW por km2. (FSP, 09 ago.

084

aprofundamento do tema é essencial a obra Asnau e os Donos indígenas, acima citada.

(59) Ver FSP dos dias 11, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26 e 2B*e». 89.

Política Nuclear. Rio de Janeiro,(6D) MINC, Carlos.Assembléia Legislativa, 10.05.B9. Entrevista

(61) Em 1988 e 1989 ocrise do setor elétricodeverá entrar em colapso a partir de 1991 na região(FSP, 30.05.89)} o sistema elétrico de Santa Catarina

governo tem intensificado o alerta à: o fornecimento de energia elétrica

Sudestenoestá

em 199310 . 8 8 ) ;0 2 . 8 9 ) ,

limiar da capacidade (OE, 0 8 . 0 6 . 8 8 ) ; risco de colapsoU B r , 0 1 . 0 9 . 8 8 ) ; "Vai faltar luz no verão" (JB, 14,"Energia do Nordeste poderá ser racionada" (FSP, 19,etc.

Para Joelmir BETING (FSP, 0 9 . 0 8 . 8 9 ) , "0 déficit deenergia não é "lobby" orquestrado de eIetrocratas comfornecedores de máquinas e serviços. Já é uma fatalidade.l >

Ao dramatizar o colapso que se aproxima, a Eletrobrásnão está fazendo "lobby". Ela está apenas nos dando umainformação" .

(62) Em entrevista concedida ã autora em 17.10.89.0 consumidor brasileiro está pagando US$ 32 pelo

megawatt/hora de energia, enquanto seu custo é de US$ 47(FSP, 2 2 . 0 8 . 8 9 ) . Até o final do governo Sarney a tarifaequivalente a um megawatt/hora deverá chegar a US$ 54 para oconsumidor. (FSP, 1 9 . 0 6 . 8 9 ) .

Oe janeiro a outubro/88, para uma inflação que alcançava532,34%, as tarifas de energia elétrica atingiam um aumentode 738,01%. De janeiro a outubro/89 as tarifas foramreajustadas em 6 8 5 % contra uma inflação de 758,79%,

<63) Cf. ROSA, Luiz Pinguei li ( o r g , ) , Eneroi»M

crise. , g g , ,Metropol is , Vozes, 1984. p. 177. ( t r a t a - s e de um t raba lhocole t ivo da A(E/COPPE/UFRJ).

( 6 4 ) D a d o s r e p a s s a d o s p o r L u i z P I N G U E L L I R O S A , e m e n t r e v i s t aJá c i t a d a .

(B5) CARVALHO, Joaquim. 0p. Cit. p. 48.

< B 6 ) R O S A , L u i z P i n g u e l l i . E n e r g i a e c r i s e . p . 6 6 .

085

(67) AIE/COPPE. A tfitroia e o dtitnwo I v t reentoi quaisdesafios ? quais métodos ? Síntese e c o n c l u s õ e s . RJ, MarcoZero / UFRJ, 1986. p. 6. Essa publicação é resultado de umareflenão comum a partir de estudos de caso realizados naTailândia, Chile» Nordeste do Brasil. Senegal, Dakar» M e x i c o ,República Popular da China e índia, empreendidos através depesquisas de dez centros de estudo localizados na Africa,á&ia e América Latina, afora um instituto europeu.

(68) ELETROBRiS. Boletim do PROCEL, 1 (1) : 1, ago. 1989.

(59) 0 Seminário de Conservação de Energia Elétrica emPrédios Públicos, realizado em Brasília nos dias 16 e17.03.BB definiu a economia de 1 0 % de energia elétrica emprédios públicos para 1988.

0 sucesso dessa met* depende, em parte, do funcionalismopúblico, cuja indiferença pelo patrimônio público e coletivonão pode ser generalizada, mas é acentuada. Em julho/88, osprédios da administração direta da União, em Brasília,consumiram 26,6 milhões de kWh. Já no Banco Central houve umaredução de 3 D % no consumo de julho/88; comparado ao de julhodo ano anterior (JBr, 1 4 . 0 8 . 8 8 ) .

Em abril de 198B foi defendida dissertação de mestradona AIE/COPPE/UFRJ por Louise Land Bittencourt Lomardo,intitulada "Consumo de Energia nos Grandes Prédios Comerciais: estudos de caso", que conclui pela possibilidade deconservação de até 3 0 % . A tese, orientada por Luiz Pinguei liRosa. recebeu prêmio da Light.

(70) CARVALHO, Joaquim & GOLDEMBERG, José. Economia epolítica da energia. RJ. J. Olympio / UERJ, 1980. p. 28.

(71) idem. Ibidem, p. 28

(72) ROSA, Luiz Pinguei II & SCHAEFFER, Roberto, Propostasalternativas à política energética brasileira. In : SANTOS,L e m a d Ayer de 0, e ANDRADE, Lúcia M. M. de ( O r g , ) . A i

étricas do Xino.ii B O S P O V O S indíoena&. p 59

Op, cit, p. 27

'74) A Questão nucI ear. Atas e Depoimentos. Brasília, Senado'ederal, 1984, vol V ) , Tomo I. p. 159.

o Brasil e o problema da energia nuclear. Boletim34 (247)5 50, out, /dez. 1975.

086

(76) PRINGLE, Peter & SPIGELMAN, James. Los baron»».Barcelona, Planeta, 1984. p. 228.

(77) Em depoimento prestado na data de 18.04.79 à CPI doAcordo Nuclear. A qutstão nuclear. Atas e depoimentos,erasrlia, Senado Federal, 1983, vol VI, tomo III. p. 279.

(78) Em depoimento prestado na data de 31.10.78 à mesma CPI.â ouestao nuclear. Atas e depoimentos. Brasília, SenadoFederal, 1984, vol VI, tomo II. p. 93.

(79) A o u e s t a o n u c l e a r , vol V I , t o m o I I I . p . 3 1 9 e 3 0 3 .

(80) E L E T R O B R Á S . P l a n o d e A t e n d i m e n t o a o s R e q u i s i t o s d efn g r o i a E l é t r i c a a t é 1 9 9 5 s . l . , 1 9 7 9 . p. 4.

(81) A o u e s t ã o n u c l e a r . B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 4 , v o l .VI, t o m o V . p. 4 9 .

(85) E L E T R O B R Á S . B a l a n ç o E n e r g é t i c o N a c i o n a l - 1 9 8 7 . p . 7 4 .

(83) P A N O R A M A d o S e t o r de E n e r g i a E l é t r i c a no B r a s i l . R J ,Centro de M e m ó r i a da E l e t r i c i d a d e no B r a s i l , 1 9 8 8 . p. 2 3 1 .

<84) A Políti ca Nu c l e a r do B r a s i I . RJ, N u c l e b r á s , 1 9 7 7 . p.77.

(85) Em d e p o i m e n t o prestado â CPI do Acordo em 2 0 , 0 9 . 7 9 . AQugRffo n u c l e a r , B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 4 , v o l . V I ,tomo V. p. 1 7 2 .

(86) Ser c o n t r a a energia nuclear no país nao é s i n ô n i m o denio ser favorável ao d e s e n v o l v i m e n t o da t e c n o l o g i a nuclearPara áreas que a nec e s s i t e m e util i z e m com c o m p e t ê n c i a er * * p o n s a b i I i d a d e , como é o caso da m e d i c i n a , p. ex.

( 8 7 ) PiSCHOA, A n s e l m o S. Pol it iea N u c l e a r . Rio de J a n e i r o ,pUC, 0 9 . 0 5 . 8 9 . E n t r e v i s t a .

(88) Em e n t r e v i s t a c o n c e d i d a à autora em 1 5 . 0 9 . 8 9 .

087

(B9> P r o p o s t a s a l t e r n a t i v a s à p o l í t i c a e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a ,In i As h i d r e l é t r i c a s do X i n g u e os P O V O S i n d í g e n a s , p. 6 0 .

( 9 0 ) Ver SI GAUD, L y g i a . I m p l i c a ç õ e s s o c i a i s na p o l í t i c a dosetor e l é t r i c o . I n ; SANTOS, L e m a d Ayer de 0 . e ANORADE.Lúcia M. H . de ( O r g . ) . As h i d r e l é t r i c a s do X ingu e os P O V O S

^ j t i a e n a s . p. 1 0 3 - 1 0 .. E f e i t o s s o c i a i s de g r a n d e s p r o j e t o s h i d r e l é t r i c o s : as

b a r r a g e n s de S o b r a d i n h o e M a c h a d i n h o . In : I m p a c t o s denrgnfig& p r n i e t o s h i d r e l é t r i c o s e n u c l e a r e s . R J / S P , AIE-COPPE/Marco Z e r o ( c o - e d i ç ã o som C N P q ) , 1 9 8 B . p . 8 3 - 1 6 6 .

WERNER, D e n n i s ( c o o r d . ) . As e n c h e n t e s do V a l e do I t a i a i .f i b T r r a o e n s e suas c o n s e q ü ê n c i a s s o c i a i s . Fool i s . UFSC/PP6CS- Cadernos de C i ê n c i a s S o c i a i s , 7 ( 1 ) , 1 9 8 7 .

( 9 1 ) VIOAL, J . W. B a u t i s t a . Op. c i t . p. 1 2 0 .

(9?) Idem. I b i d e m , p. 2 9 7 .

( 9 3 ) T I E Z Z I , E n z o . O p . c i t . p . 9 3 .

( 9 4 ) I d e m . I b i d e m , p . 9 2 .

( 9 5 ) P R I G O G I N E , l l y a . I d é i a s c o n t e m p o r â n e a s . E n t r e v i s t a s doLe M o n d e , p . 5 6 .

( 9 6 ) Em d e p o i m e n t o p r e s t a d o à C P I do A c o r d o , em 1 0 . 1 0 , 7 9 , AQuestão n u c l e a r , B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 4 , v o l . V t ,tomo V. p. 3 4 B - 8 4 .

<97) V I R I L I O , P a u l . 0 p . c i t . p . 1 3 4 .

* 9 B ) A o u e & t a o n u c l e a r . B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 4 , v o l .VI, t o m o IV. p . 4 3 9 .

O 9 ) Em entrevista p r e s t a d a à autora, acima m e n c i o n a d a ,

M 0 0 ) COELHO, Maria Célia Nunes & COTA, Raymundo G a r c i a .fcdPS oroiptn &. tecnologia * ouestSo ambientai ; Garaiás, e

:/ ax3._n u p I e a r_ &. I . , 1 9 8 4 . p . 1 B - 2 1 .

TlEZZI, Enzo. 0p. cit. p, 195.

'Ob durch die Bombe Oderdurch das Atomkraftwerk indie Welt gesetzt, die lebens-gefaehrliche Radíoaktivitaetist immer die gleiche".

Rosa MuelIer

CAPÍTULO II

ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A HISTÓRIA E A SITUACIODOS REATORES NUCLEARES NO MUNDO.

1 DA RADIOATIVIDADE NATURAL A ARTIFICIAL.DO REATOR A BOMOA.

"... na indústria nuclear o desempenho dos reatores nãoimporta tanto quanto a possibilidade que a mesma fornece demanter e fortalecer um determinado esquema de poder. Esta é arazão pela qual o Estado e a indústria nuclear estão sempreunidos (....) em sua tendenciosa propaganda sobre a segurança(,...) e desempenho dos reatores nucleares".

Rodrigo Antônio de Paiva D u a r t e d )

A radioatividade natural presente na Terra, expõe o ser

humano a várias fontes de radiação,

A descoberta do fenômeno da radiação natural se deu em

1B9B por Henri Becquerel, que observou a emissão contínua e

espontânea de radiaçSe* invisíveis do urânio. No mesmo ano o

casal Pierre e Marie Curie descobriram ser o tórío um

elemento radioativo,

Um ano antes, porém, Wilhelm Conrad Roentgen havia

descoberto o "raio x"(2> (radiação eletromagnética),

A radioatividade natural possui três componentes ; 1)

radiação cósmica, 2) radiação interna (inalação e ingestão de

r d í d e o s naturais) e 3) radiação externa (decorrente de

ídeos existentes nas rochas, no solo e nos outros

da T e r r a ) . Sua aplicação pode ser efetuada na

C|èr»cia, em áreas como pesquisa na física, na química, na

0 9 0

a r q u e o l o g i a , na a s t r o f í s i c a , e t c .

Em 1B99 foram i d e n t i f i c a d a s , p e l o f í s i c o R u t h e f o r d , d o i s

tipos d i s t i n t o s de r a d i a ç ã o e m i t i d a s por e l e m e n t o s n a t u r a i s :

os raios alfa, de n a t u r e z a e l é t r i c a p o s i t i v a e os r a i o s b e t a ,

de n a t u r e z a e l é t r i c a n e g a t i v a . Ainda no m e s m o a n o , o f í s i c o

Paul Ulrich Villard d e s c o b r i a um t e r c e i r o t i p o de r a d i a ç ã o :

os raios gama, d e s p r o v i d o s de carga e l é t r i c a .

T a i s r a d i a ç õ e s p o s s u e m e f e i t o s g e n é t i c o s e s o m á t i c o s ,

sendo q u a l q u e r dose p o t e n c i a l m e n t e m u t o g è n i c a . P e q u e n a s

d o s e s O ) p o d e m p r o v o c a r c â n c e r . O u a i s q u e r d o s e s d e v e m ser

ev itadas.

Em 1 9 0 5 , Albert E i n s t e i n (então com 26 a n o s ) a f i r m a v a

que a d e s t r u i ç ã o da m a t é r i a libera e n e r g i a .

Na década de 3 0 , c o m p r o v o u - s e que o á t o m o , ao c o n t r á r i o

de seu s i g n i f i c a d o original qual seja I N D I V I S Í V E L , e r a , ao

contrário, d i v i s í v e l .

Em 1 9 3 4 , p o i s , o casal F. J o l i o t e I. C u r i e ( f i l h a de

Marie C u r i e ) r e a l i z o u a d e s c o b e r t a da r a d i o a t i v i d a d e

artificial, e m p r e e d e n d o em j a n e i r o , pela p r i m e i r a v e z , a

experiência de o b t e n ç ã o de n ú c l e o » r a d i o a t i v o s a r t i f i c i a i s .

Também em j a n e i r o de 1 9 3 4 , E n r i c o Fermi i n i c i a v a , c o m um

grupo de p e s q u i s a d o r e s , uma série de p e s q u i s a s c o m o o b j e t i v o

o* produzir isótopos r a d i o a t i v o s u t i l i z a n d o n e u t r o n s c o m o

Projéteis (o n é u t r o n h a v i a s i d o d e s c o b e r t o em 1931 por

tbaòwíck ) ,

Em 1939, Lisa N e i t n e r e seu s o b r i n h o 0. F r i s c h

e & t a b e l e c e r a m a h i p ó t e s e da fisslo n u c l e a r , m a s já cm 1939

091

Otto Hahn havia realizado a descoberta da reação nuclear.

Da hipótese a realidade foi um passo e já na década de

40, o poder oculto no átomo saiu das especulações científicas

P começou a afetar as vidas dos seres do mundo todo e a vida

do mundo como um todo.

Poucos ano' depois» em 02.12.42, o reator Chicago Pile-

1 experimentou pela primeira vez a fissão nuclear.(4) A

primeira reaçSo nuclear em cadeia no mundo. Esse havia sido o

propósito do Projeto Urânio (1941), parte do Projeto

Manhattan (Manhattan Engineer District Project - 1 9 4 0 ) ,

criado pelo presidente Roosevelt e cujo objetivo maior e

preponderante era a bomba atômica. Roosevelt estava

convencido da importância da bomba para a paz mundial.

No palco ainda se encenava a Secunda Guerra Mundial e se

propagava o receio da expansão do Reich de Hitler.

Sob a responsabilidade de Enrico Fermi, italiano, e a

colaboração de físicos ingleses, canadenses e franceses, além

dos americanos, foi possível registrar a primeira exploslo

nuclear no mundo. A 16 de julho de 1945 em Alamogordo /Novo

México (EUA) era detonada a primeira bomba at'mica da

História do planeta.

Se detonava também a distância crescente entre a

descoberta científica da fisslo nuclear e as possibilidades

pratica* benignas de sua aplicação.

Entretanto, meses antes d» prova de Alamogordo, se

•"'«unhava a derrota a Alemanha nazista, sendo que muitos

C |entist»s perderam o entusiasmo inicial da criação da bomba

0 9 ?

e C h i c a g o acabou se t r a n s f o r m a n d o no n ú c l e o de r e s i s t ê n c i a à

u t i l i z a ç ã o da ar.-wa c o n t r a o J a p ã o .

Os m i l i t a r e s d e s c o n s i d e r a r a m as o p i n i C e s d o s c i e n t i s t a s ,

c ..vencidos de que se p o d e r i a t e s t a r o a r t e f a t o em lugar

inabitado, sem a n e c e s s i d a d e de m a t a r p e s s o a s , m a s , a 6 de

agosto de 1945 l a n ç a r a m a b o m b a d e u r â n i o s o b r e H i r o s h i m a e a

9 de a g o s t o de 1 9 4 5 , a b o m b a d e p l u t ô n i o s o b r e N a g a s a k i . ( 5 )

0 lapao se r e n d e u . O s E U A h a v i a m d a d o p r o v a de sua

supremacia. A h u m a n i d a d e e s t a v a a t ô n i t a . E, "se há c e m mil

anos, o homo s a p i e n s era uma p r o m e s s a ; a p a r t i r de H i r o s h i m a ,

entretanto, é um e n i g m a " . ( B >

E s t a v a m d e m o n s t r a d o s os e f e i t o s da d e s c o b e r t a da

radioatividade a r t i f i c i a l , p o i s " c o m o ê x i t o do P r o j e t o

M a n h a t t a n , d e c o n s t r u ç ã o d a s b o m b a s a t ô m i c a s , s u r g i u um m u n d o

inteiramente n o v o . E s t a v a p a r a a c o n t e c e r um a u m e n t o sem

precedentes de n í v e i s de r a d i o a t i v i d a d e p r o d u z i d a p e l o

homem, ,, " ( 7 )

0 m o n o p ó l i o do p o d e r i o m i l i t a r EUA d u r o u de 1 9 4 5 a 1 9 4 9 ,

Quando a U R S S d e t o n o u sua p r i m e i r a b o m b a .

A I n g l a t e r r a , t e r c e i r o p a í s a e x p l o d i r a b o m b a n u c l e a r ,

•m 1955, nSo q u e r i a p e r d e r o p r e s t í g i o , nem d e i x a r de ser

Potência.

0 g o v e r n o dos EUA, a p ó s a p r i m e i r a e x p l o s i o r u s s a em

1949, s e n t i n d o m i n a d a sua p o s i ç f o de n a ç í o m a i s p o d e r o s a ,

8"piiou as p e s q u i s a s n u c l e a r e s , c o r o a n d o - a s com a c r i a ç í o da

bomba H ( 8 ) , c u j o p r i m e i r o t e s t e se deu em n o v e m b r o de 1 9 5 2 ,

a t r a v é & de uma e x p l o s ã o 5 0 0 v e z e s m a i o r que H i r o s h i m a .

093

No ano seguinte também a URSS experimentava sua bomba H

e em 1957 a Inglaterra o f a z i a . ( 9 )

Exatamente no ano de 1953 o então presidente norte-

americano Eisenhower, anunciava o programa "Átomos para a

Paz", numa tentativa de desvincular a energia nuclear militar

da pacífica ante o mundo, visto que já grandes grupos às

capital transnacional ent e ndiam ser possível a obtenção de

eletricidade barata gerada através de reatores n u c l e a r e s .

Apenas um ano depois era criada a Agência Internacional

de Energia Atômica ( O N U ) , com sede em Viena/Áustria,

destinada a dar ampla cobertura à construção de usinas

nucleares no mundo, a apagar a imagem béttca da utilização do

átomo.

Em 1955, 9 Manifesto Russel - Einstein (Bertr^nd Russel

e Albert E i n s t e i n ) clamava todos os cientistas de todas as

nações do mundo à união, para encontrar uma saída a situação

em que as descobertas nucleares haviam colocado a humanidade,

No mesmo ano cientistas de setenta e três nações

orientais e ocidentais se reuniram em Genebra para a

"Primeira Conferência Internacional para Colaboração

Pacífica", inaugurando o que seria uma cadeia de c o n f e r ê n c i a s

internacionais sobre a utilização pacífica da energia

nuclear.

Ainda em 1955 outro acontecimento erz registrado : o

'ançamento ao mar do primeiro submarino a propulsão nuclear,

0 Nautilus, pertencente à Marinha dos EUA.

Os reatores, nascidos em meio a mais estrita segurança

0 9 4

militar d u r a n t e a Se g u n d a G u e r r a Mundial s e r i a m m a i s e m a i s

d e s e n v o l v i d o s . As razões? Os m i l i t a r e s t i n h a m p r e s s a em

aumentar o arsenal nuclear e a t r a v é s d os r e a t o r e s o b t i n h a m um

importante s u b p r o d u t o í o p l u t ô n i o , um t r a n s u r â m c o de vida

longa.(10)

0 reator Pile - 1, c o n s t r u í d o e m a b s o l u t o s i g i l o , t i n h a

frrnecido a "mat é r i a - p r i m a " para as p r i m e i r a s b o m b a s

nucleares n o r t e - a m e r i c a n a s . A seguir e s s e reator foi

utilizado como m o d e l o dos r e a t o r e s H a n f o r d , p r o d u t o r e s de

piutônio p a r a a bomba j o g a d a sobre N a g a s a k i . Na URS S o

plutônio da p r i m e i r a b o m b a saiu de um reator p r ó x i m o a

Sverdlosk, nos Ur a i s M e r i d i o n a i s , Já a I n g l a t e r r a c o n s e g u i u o

plutônío n e c e s s á r i o para sua bomba a t r a v é s do reator de

W m d s c a l e .

" i p r e c i s o r e s s a l t a r que a c o n s t r u ç ã o do reatorestabeleceu um vínculo e n t r e a in d ú s t r i a n u c l e a r , desde osseus p r i m ó r d i o » , e os m i l i t a r e s , (,.,,) ... o br a ç o m i l i t a r ,tem sido um g r a n d e peso p a r a o setor n u c l e a r , A r e l a ç i o e n t r eat i n d ú s t r i a s e as f o r ç a s a r m a d a s vem imbuindo oscontroladores de en e r g i a n u c l e a r de uma n e c e s s i d a d e p a r a n ó i c ade sigilo... (....)

Os p r i m e i r o s r e a t o r e s , c o n s t r u í d o s na F r a n ç a , nosEstado» U n i d o s , na Un i ã o S o v i é t i c a e na Grã - B r e t a n h a ,destinavam-se e x c l u s i v a m e n t e a fins mi I i t a r e s . " ( 1 1 )

A e x c e ç ã o fica por co n t a de p a í s e s c o m o o J a p ã o , a Suí ç a

e o Canadá, que são p o t e n c i a i s n u c l e a r e s c i v i s , sem pr o g r a m a

nuclear m i l i t a r , ( 1 2 ) 0 C a n a d á foi o p r i m e i r o país a se

concentrar em p r o g r a m a s n u c l e a r e s c i v i s . A S u í ç a é o país

*ue possui o ma i s amplo e e l a b o r a d o s i s t e m a de a b r i g o s a n t i -

nucieares do m u n d o , a partir de lei a p r o v a d a em 1 9 6 2 . ( 1 3 )

Se de um lado o ávido d e s e j o dos m i l i t a r e s em aumentar o

* r*enai n u c l e a r fazia e n g r o s s a r o n ú m e r o de reatores em

0 9 5

alguns p a í s e s , de outro, g r a n d e s g r u p o s i n d u s t r i a i s de

capita' p r i v a d o , d e s e j o s o s por e m p r e g a r a e n e r g i a n u c l e a r

para o b t e n ç ã o de e l e t r i c i d a d e e s o b r e t u d o lucro, l a n ç a r a m - s e

e i m i s e u i r a m - s e no d e s e n v o l v i m e n t o desse c a m p o . U n s e n c o b r i a m

D S d esejos de o u t r o s , é o e x e m p l o é Calder Halt ( I n g l a t e r r a ) ,

o primeiro reator nuclear do m u n d o a p r o d u z i r e n e r g i a

elétrica em escala comercial a partir de 17 de o u t u b r o de

1956. 0 p l u t ô n i o , no e n t a n t o , tinha d e s t i n o m i l i t a r .

Se d e p o i s de a l g u n s anos de d e s e n v o l v i m e n t o

e x c l u s i v a m e n t e m i l i t a r p a s s o u - s e à fase c o m e r c i a l da e n e r g i a

nuclear, não quer significar que a e n e r g i a n u c l e a r comercial

tenha se i n d e p e n d i z a d o do p r o g r a m a m i l i t a r . Os c r e s c e n t e s

progressos da e n e r g i a nuclear eram d e v i d o s às suas a p l i c a ç õ e s

mi I i tares.

D u r a n t e as décadas de 50 e 60 d e u - s e a e u f o r i a das

empresas p r i v a d a s na instalação de mais e m a i o r e s u s i n a s

nucleares. Em 1 9 6 5 , por e x e m p l o , a General E t e t r i c havia

apresentado no m e r c a d o um m o d e l o de reator de B O O MW e um ano

depois um de 1.100 MW. Em m e a d o s de 1965 o a u m e n t o dos

pedidos de c e n t r a i s n u c l e a r e s no» EUA se a c e n t u o u

notavelmente,

Não o b s t a n t e , até o final da década de 6 0 se c o m p u t a v a m

importantes a c i d e n t e s em usinas no Canadá ( p r i m e i r o país a

ter um a c i d e n t e sério em 1 9 5 S , com a e x p l o s ã o de um reator de

P'ftquisa em Chalk R i v e r ) , Inglaterra, EUA e S u í ç a em

praticamente t o d o s os m o d e l o » de reatores em f u n c i o n a m e n t o .

Tais p r o b l e m a » fizeram com que o m a i s i m p o r t a n t e

096

protagonista dos rumos da c i v i l i z a ç ã o - a p o p u l a ç ã o , até

então c o m p l e t a m e n t e ignorada nas d e c i s õ e s dos "barões

nucleares", desse m o s t r a s de sua insatisfação, p r e o c u p a ç ã o e

desconfiança ante as c e n t r a i s n u c l e a r e s e a r a d i o a t i v i d a d e em

si, ante a d e s f a ç a t e z e a insensatez da d e s m e s u r a d a imposição

do nuclear. E os m o d e l o s de reatores que m a i s oposição

suscitaram foram os reatores de água leve, que a c a b a r a m por

dominar o m e r c a d o n u c l e a r . Era o início da década de 7 0 .

Pequena parcela da população c o m e ç a v a a expressar

preocupação com a sua segurança, o que dizia respeito

diretamente à segurança das centrais n u c l e a r e s .

Nos EUA não havia um foro para que o público expressasse

suas opiniões em relação a energia n u c l e a r . Só no início de

1957 se c o n s t r u í r a m e se deram licenças para que 60 reatores

gerassem energia elétrica, antes m e s m o do governo levar a

cabo uma completa valoração de sua segurança.(14>

NSo podendo participar das d e c i s õ e s , o público duvidava

dos e n c a m i n h a m e n t o s da indústria n u c l e a r , para a qual os

movimentos a n t i - n u c I e a r e s (alguns e s p e c i f i c a m e n t e contra a

energia n u c I e o e l é t r i c a ) era um verdadeiro incômodo, visto que

mais segurança implicava em m a i s gastos e c o n s e q u e n t e m e n t e em

menos lucros. Tais m o v i m e n t o s queriam também provas de que a

energia nuclear era realmente necessária e, nesse sentido, o

choque do petróleo em 1973, foi um importante aliado para os

*eus d e f e n s o r e s .

A indústria nuclear apostava no interminável aumento do

consumo de energia elétrica, mas não contava com uma crise

Q97

econômica.

* A mediados de tos 70, tos pI anificadores energéticosconfiaban en que Ia dramática cuadruplicación del precio delpetróleo redundaria en benifício de Ia energia nuclear,haciéndola más competitiva economicamente. Estabanequivocados. Por ei contrario, Io que se produjo fue unarecesión econômica en todo ei mundo desarrolI ado, deprimiendoduramente Ia activioad industrial* inctuyendo Ia demanda decombustibles y de electricidad. Además, ei aumento dei preciodei petróleo Ilevó consigo incrementos similares en ei preciode otros combustibles y de Ia electricidad. Como resultado,Ia gente empeió a buscar formas de reducir ei consumo detodos los combustibles y de electricidad, dismrnuyendo eidespi M a r r o y aumentando Ia eficiência. La consecuencia fueque Ia demanda de electrtcidad no se incremento como lospi anifícadores habían esperado. A finales de los 70, Ia majorparte de Ias empresas productâras de electricidad posetan unacapacidad de geracion sustancialmente superior a Ianecesitada."(15)

A recessão havia diminuído o consumo de energia elétrica,

mas não havia diminuído os problemas relativos à segurança

dos reatores nucleares. Não havendo segurança suficiente, a

decisão de persistir na geração de eletricidade através de

tal fonte era meramente política, não técnica e menos ainda

ética.

Aí se apresentavam não só os problemas presentes da

contaminação radioativa, mas igualmente os futuros e dentre

eles o mais grave s o dos rejeitos de alta radioatividade.

Como empregar uma tecnologia antes mesmo de encontrar

uma solução para o armazenamento dos resíduos fetais?<16>

E é exatamente aí que se infiltra na discussão a

•ceitabifidade ou não da tecnologia e do risco, E essa

(antecedida pela informação) deve ser coletiva,

anterior ao questionamento da segurança, há o

Questionamento da tecnologia, a necessidade ou não das

'nstaiações (reatores), o seu produto (energta elétrica

038

através da fissão ou f u s ã o ) e seu significado ( a

c e n t r a l i z a ç ã o , o a u t o r i t a r i s m o , os i n t e r e s s e s e c o n ô m i c o s

i n e r e n t e s ) .

Em d e z e m b r o de 1S74 havia 149 reatores em funcionamento

n0 m u n d o ( 1 7 ) , o que m o s t r a v a , de certa f o r m a , um quadro de

"progresso" e " s u c e s s o " da energia nuclear. E n t r e t a n t o , nos

EUA, as e n c o m e n d a s de novos reatores d i m i n u í r a m : de 41

encomendas r e a l i z a d a s em 1973 (passando para 26 em 1 9 7 4 , 4 em

1975, 3 em 1976, 4 em 1 9 7 7 ) passava-se para 2 em 1 9 7 8 . E se

antes de 1 9 7 8 o declínio m o s t r a v a - s e a c e n t u a d o , de 1978 a

1981 não haveria nenhuma encomenda de novas centrais

nucIeares.(18 )

Os c u s t o s c r e s c e n t e s , os m o v i m e n t o s a n t i - n u c I e a r e s , a

estagnação (ou m e s m o d i m i n u i ç ã o ) do c o n s u m o , a limitação de

suprimento do combustível nuclear, os riscos da energia

nuclear foram a l g u n s dos m o t i v o s . "En 1 9 7 0 , por ejemplo, unacentral nuclear podia c o n s t r u i r s e en los E s t a d o s Unidos conun gasto de d o s c i e n t o s dólares por cada kilovatio deelectricidad que p r o d u c í a . Al final dei d e c ê n i o , Ia cifra erade mil d ó l a r e s y no m o s t r a b a inclinación a d í s m i n u i r , Elaumento c r e c í a con más velocidad que ei índice dem f l a c i ó n " , ( 1 9 )

Mas h o u v e ainda um outro motivo c h a m a d o Three Mile

Island, o p r i m e i r o dos acidentes largamente c o n h e c i d o s

(março/79) em reatores n u c l e a r e s que sobressaltou a opinião

Pública e m a r c o u p r o f u n d a m e n t e a h i s t ó r i a da energia

nucleoelétrica no m u n d o . Em 1986 Chernobyl teria efeitos

a m d a mais ai a r m a n t e s . ( 2 0 )

Há, p o r t a n t o , razões de pessimismo com o uso da energia

nuclear (poluição ambientai dos r e a t o r e s , riscos de

099

acidentes, problemas com a localização de reatores,

existência de alternativas mais seguras e mais econômicas,

problemas com a transferência de tecnologia - principalmente

no que diz respeito aos países subdesenvolvidos ou em

desenvolvimento, preocupação política com soluções altamente

centralizadoras>(21), mas há razões para otimismo ante a

crescente clareza da população quanto aos riscos da energia

nuclear.

É irracional lançar-se em inovações sem considerar

seriamente os riscos implícitos, ou contar em demasia com o

futuro para resolver as incapacidades técnicas do presente.

Não é razoável pretender despojar o cidadão de sua capacidade

de juízo. Há que ser reforçada a aptidão das sociedades para

eleger livres, voluntárias e responsáveis, sua forma de

desenvolvimento, seu estilo de vida e suas tecnoIogias.(22)

2. MAS, O QUE é Uri REATOR NUCLEAR ?

Uma central nuclear é uma central térmica, onde é

esquentada águ» ( c a l o r ) , que se converte em vapor e que gera

energia elétrica através de um equipamento elétrico

convencional, A fonte de calor provêm da fissão dos núcleos

d°& átomos de urânio.

Esse sistema eqüivale ás usinas termoeIétricas a carvão,

oieo combustível ou gás, com exceção do reator nuclear em

100

Entretanto, trata-se de uma termoelétrica peculiar, por

configurar uma tecnologia intensiva em energia(?3), em

material, em custos, em contaminacao(?4), apesar da radiação

ser a contaminação mais discreta de que se tem conhecimento.

Os reatores (subdivididos em reatores de

pesquisa/investigação e os de potência) podem ser

classificados em :

1) reatores de água leve (LWR - Light Water Reactor), que se

subdiv idem em :

* PWR (Pressurized Water Reactor) - reator a água

pressurizada (ver Figura No. 1 ) . Protótipo : Zion 1 - EUA,

* h, (Boiling Water Reactor) - reator a água fervente.

Protótipo ; Browns Ferry 1 - EUA.

Ambos utilizam urânio enriquecido como combustível e

água corrente para refrigeração.

101

Figura No.1

Diagrama funcional tic central nuclear com reator

a ao.ua o r e s s u r i z a d a ( P W R ) .

2 Gerador dt Vapor3 Bomba da Anstacifnania4 6rupoTurbo-6andor

5 Sapandor da Umidade 8 Bomba da Apua da AHmafNaçSo

10 Bomba da Água da Rafrigataç*

2) reatores a água pesada (PHWR - Pressurized heavy Water

Reactor ou simplesmente HWR - Heavy Water R e a c t o r ) .

* CANDU - (CANadian Deuterium U r a n i u m ) , especialmente

desenvolvido pelo Canadá. Protótipo : Pickering 1 - Canadá.

Combustível : urânio natural.

* reatores geradores de vapor, de água pesada (S6MWR - Steam

Generating Heavy Water R e a c t o r ) , que reúnem características

103

do CftNDU - BLW (de água leve fervente) e do BWR. 0 protótipo

Mmfrith - Inglaterra, começou a funcionar em 1967.

Combustível : urânio enriquecido.

Há também os HWLWR (Heavy Water Moderated, Boiling Light

Water Cooled Reactor).

3) reatores refrigerados a gás

* reatores Magnox. Protótipo • Dungeness A - Inglaterra.

Combustível : urânio natural.

* reatores avançados refrigerados a gás (AGR - Advanced Gas -

Cooled Reactor), considerados a segunda geração de reatores

de potência refrigerados a gás. 0 primeiro AGR foi Hinlkey

Point B - Inglaterra. Combustível • urânio enriquecido.

* reatores de alta temperatura refrigerados a gás (HTGR

High Temperature Gas Reactor ) . Protótipo : Fort St. Vrain -

EUA. Combustível : urânio enriquecido.

* há também os GCR (Gas Cooled, Graphite-Moderated Reactor).

4) reatores regeneradores ÍFBR - Fast Breeder).

SSo os superconversores rápidos, O primeiro reator que

alimentou um equipamento gerador de eletricidade 'foi um

fast-breeder. a 20 de dezembro de 1951, chamado Reator Rápido

Experimental 1 - EUA. Há uma nova geração de reatores

fegeneradores, cujos protótipos foram o soviético BN - 350, o

•rances Phenix e o britânico Prototype Fast Reactor, que

alcançaram critica Iidade em 197?. Combustível s urânio

103

e n r i q u e c i d o e p I u t à n i o . < 2 5 )

Os p r i n c i p a i s m o d e r a d o r e s u t i l i z a d o s n o s r e a t o r e s são

água c o m u m ( c o n h e c i d a c o m o água l e v e ) , água p e s a d a e g r a f i t e ,

sendo que o s ú l t i m o s p e r m i t e m a u t i l i z a ç ã o de u r â n i o natural

como c o m b u s t í v e l . A p e n a s os f a s t - b r e e d e r n ã o n e c e s s i t a m do

m o d e r a d o r .

0 c i c l o do u r â n i o é uma das a t i v i d a d e s m a i s d a n o s a s ao

ambiente : uma t o n e l a d a de m i n é r i o p r o d u z u s u a l m e n t e um kilo

de u r â n i o p u r o e 999 kg de r e j e i t o s , e m a n a n d o r a d i o a t i v i d a d e

por ar, á g u a s de r i o s , lagos, m a r e s e lençóis

s u b t e r r â n e o s . ( 2 6 ) Há que se r e s s a l t a r ser a fase de

r e p r o c e s s a m e n t o a m a i s p e r i g o s a do c i c l o n u c l e a r , a l é m do

que, j u n t a m e n t e com a do e n r i q u e c i m e n t o do u r â n i o , estar

sujeita a u s o s m i l i t a r e s .

Os r e a t o r e s são p o t e n t e s p r o d u t o r e s de c a l o r e d e s p e j a m

água q u e n t e n o s rios e m a r e s , numa p r o p o r ç ã o de 2 0 0 0 MW de

calor para c a d a 1.000 MW de e l e t r i c i d a d e (W. P A T T E R S O N E A.

M O B E R G ) , 3 7 8 2 MW de calor para c a d a 1.300 MW de e l e t r i c i d a d e

<L. P I N G U E L L I R O S A ) , De q u a l q u e r f o r m a , a i n d a que haja

divergência q u a n t o ã p r o d u ç ã o e x a t a de c a l o r , não há

divergência q u e e s t e vai i n s c r e v e n d o c o n s e q ü ê n c i a s n e g a t i v a s

P r i n c i p a l m e n t e no m e i o a q u á t i c o para onde a m a i o r p a r t e do

calor p r o d u z i d o é d e s v i a d o .

S e g u n d o M, B 0 L E A Í 2 7 ) , o s i s t e m a a t m o s f é r i c o p e r m a n e c e

ltlaii c r í t i c o que o a q u á t i c o , já que a c o n t a m i n a ç ã o r a d i o a t i v a

uma central e m i t e ao m e i o a q u á t i c o é m u i t o b a i x a .

1D4

J. CARVALH0(28>, por sua vez, e n t e n d e que gases

radioativos, produtos da fissão, tais como kriptônio 85 e o

xenônio 133, além do trítio, não podem ser retidos pelos

sistemas de filtragem e são lançados na atmosfera pelas

chaminés das c e n t r a i s nucleares.

Mas os impactos da indústria nuclear não se resumem aos

ambientais. Eles são também políticos, e c o n ô m i c o s , sociais e

culturais, m o r m e n t e pela ligação de seus campos de

atividade : e l e t r i c i d a d e (civil) e armamento ( m i l i t a r ) .

C. GALVAN ressalta que o próprio d e s e n v o l v i m e n t o

h i stórico-sociai da tecnologia nuclear está estritamente

fígado com as atividades políticas, sendo que "... a

vinculação e n t r e a indústria 'pacífica' e seu possível uso

militar faz com que o Estado permaneça estritamente

articulado com a indústria privada em todos os m o m e n t o s do

ciclo do c o m b u s t í v e l " . ( S 9 ) Nesse cenário : "As empresas de

energia elétrica constituem apenas um c a p í t u l o , e nem sempre

o mais importante, nas decis&es sobre os rumos desta

tecnologia,"(30)

Os custos são debitados socialmente. Para se obter o

custo global do kW/h nio podem ser a v a l i a d o s apenas os

investimentos (e e m p r é s t i m o s ) , as despesas de operação e o

custo do c o m b u s t í v e l , mas devem ser a c r e s c e n t a d o s os custos

00 armazenamento e guarda milenar dos rejeitos radioativos,

bem como os custos referentes à desativação das centrais após

0 período médio de atividade (25 a 30 a n o s ) . Devem ser

tomados igualmente os riscos dos trabalhadores, o stress das

105

populações circunvizinhas e os planos de evacuação.

0 cidadão paga por uma energia altamente infIacionária e

pOr uma tecnologia por demais complexa. Paga pelo medo e para

ter em seu país reatores nucleares, considerados alvos certos

tm caso de guerra. Paga por uma segurança cada vez mais

intensamente exigida pela comunidade científica e os

movimentos anti-nucIeares, pouco prevista, entretanto, nos

projetos originais. Paga pelo crescente aumento de

radioatividade, pela crescente possibilidade de

contaminação.(31>

3. REATORES NO MUNDO.

De 1942, ano em que se deu D início do funcionamento do

primeiro reator nuclear do mundo, até 1989, o número de

reatores em operação não parou de crescer, apesar dos

inúmeros problemas por eles apresentados e dos acidentes de

Three Mile Island e Chernobyl.

Se em 1974 funcionavam ao todo 149 reatores de potência

no mundo, bastaram quinze anos para essa quantidade quase

tr ip|icar.

Em 1978 funcionavam cerca de 2DD usinas nucleares em 34

Países, estando então em construção 350 novas usinas,(32)

Vedamos como se deu a evolução 5(33)

Segundo L, P R A D 0 O 4 ) , em julho/BD havia 228 reatores em

351 e m construção e 274 planejados e/ou

106

encomendados.

Em fins de 1980, as usinas em operação somavam 232 e as

em construção 293.(35)

Dos reatores em operação, 1D7 eram PWR e 60 BWR, os

ttpos mais utilizados.

Pode-se observar diferença de quantidade de reatores e

potências de uma fonte para outra. Enquar.to em operação havia

232, 254 e 259 usinas, conforme M, LOUREIRO, Revista

Atomwirtschaft (vide Quadro | do Apêndice) e W. PATTERSON

(vide Quadro II do Apêndice), respectivamente, em construção

havia 293, 234 e 249. No que se refere aos reatores em

operação a diferença entre a menor e a maior quantidade fica

em 27 reatores. Em relação àqueles em construção a diferença

aumenta, ficando em 59 reatores.

Além desse dado, é necessário que se retativize o número

de reatores em construção, visto que nos Quadro I e II, 0

Brasil, por exemplo, figura como albergando a construção de

três unidades, o que não corresponde à realidade, já que

apenas Angra 1 e 2 estavam sendo construídas.(36)

107

Quadro No. 3

R e a t o r e s no Mundo (1980 - 1 9 B B )

Ano ' Cm o p e r a ç ã oi No. > MW

! Em construção! No. ! MW

> E n c o m e n d a d o s! N o . ! MW

1980'1980!19B3!1983119B5!1986!19B7!1988!

217.465239.972212.289 *193.854141.942123.663101.64384.871

96**87****

10991**

94.55B**

8 6 . 1 0 3 *****

101.319****

Fonte : ver quadros I a IX do Apêndice.* - únicos totais em potência bruta.** - não consta.

C o m p a r a n d o O B quadros I e IV, percebe-se que dois países

que c o n s t a v a m na lista "em c o n s t r u ç ã o " em 1 9 8 0 , d e i x a r a m de

constar em 1 9 8 3 • Áustria e Irã (além de se verificar que

três países que c o n s t a v a m do rol " e n c o m e n d a s " em 1 9 8 0 , também

não c o n s t a m no em "em c o n s t r u ç ã o " de 1 9 8 3 , ou seja, as

encomendas de B a n g l a d e s h , Egito e Luxemburgo não foram

efetivas em três a n o s ) . Já no quadro III ( 1 9 8 3 ) Áustria e IrS

constam com uma e duas usinas em construção, r e s p e c t i v a m e n t e .

No caso da Áustria p a r t i c u l a r m e n t e , a informação nem m e s m o

procedia em 1 9 8 0 .

Quanto ao B r a s i l , uma usina figura como o p e r a n d o em 1983

(quadros III e I V ) , T r a t a - s e de Angra 1, cuja primeira

cr 111cal idade havia se dado em 13.03.82 e a primeira

sincronização ao sistema elétrico em 0 1 . 0 4 . 8 5 . 0 início da

operação comercial se daria apenas a 1 7 , 0 1 . 8 5 . Em ambos os

Quadros a p e n a s uma usina figura "em c o n s t r u ç ã o " : Angra 5.

108

E t e t i v ã m e n t e , a c o n s t r u ç ã o de Angra 3 não h a v i a i n i c i a d o .

0 único novo p a í s incluído em 1 9 8 3 é a C h i n a .

Embora tenha a u m e n t a d o a q u a n t i d a d e total de u s i n a s em

operação no m u n d o de 1 9 B 0 a 1 9 8 3 , o m e s m o não o c o r r e u com as

usinas em c o n s t r u ç ã o e as e n c o m e n d a d a s .

Ao final de 1984 havia 345 r e a t o r e s ( t o t a l i z a n d o 2 1 9 . 6 8 3

KW) em o p e r a ç ã o , em 26 p a í s e s , c o n t r i b u i n d o com c e r c a de 1 3 %

na produção m u n d i a l de e l e t r i c i d a d e . ( 3 7 )

S e g u n d o G. H £ R M E S ( 3 8 ) f u n c i o n a v a m em 1984 3 2 2 u s i n a s ,

estando 190 em c o n s t r u ç ã o .

No q u a d r o V, r e l a t i v o a 1985, r e a p a r e c e m Á u s t r i a , Egito

e Irã, tendo sido a c r e s c e n t a d o s Iraque, Israel, Líbia,

Tailândia e T u r q u i a como p a í s e s que p a s s a r a m a ter usina (s)

planej ada (s ) .

No ano de 1986 o p e r a v a m no m u n d o 374 r e a t o r e s , estando

em c o n s t r u ç ã o o u t r o s 1 5 7 . ( 3 9 )

De a c o r d o com o Plano 2 0 1 0 (p. 7 5 ) o p e r a v a m em m a i o de

1986, 3 5 9 r e a t o r e s , e s t a n d o 154 em c o n s t r u ç ã o .

C h a m a a a t e n ç ã o a a u s ê n c i a das F i l i p i n a s no q u a d r o VII,

País que c o n s t a com um reator em c o n s t r u ç ã o nos quadros

anteriores, que foi c o n c l u í d o em 1 9 8 5 , S e g u n d o a FSP,

07.08.87, a W e s t i n g h o u s e c o n s t r u í r a a u s i n a ( B a t a a n ) ao pé do

vulcão N a t i b , ao preço de US$ 2,2 b i l h õ e s . A p r e s i d e n t a

torazón Aquino d e c l a r o u não pretender c o l o c a r o reator em

operação ( e r g u i d o d u r a n t e o governo de F e r d i n a n d o M a r c o s , que

<>cou no poder de 1965 a 1 9 8 6 ) . Está em d i s c u s s ã o , para a

"ova c o n s t i t u i ç ã o , um país Itvre de e n e r g i a n u c l e a r .

109

Dos 3? países constantes do quadro VIII, a índia deve

s er destacada, por sua condição de pais subdesenvolvido e seu

enfronhamento no programa nuclear. Em 1985, 4 usinas estavam

planejadas, sendo que dois anos apôs, essa quantidade já

constava no item "em construção"

Ainda em 1987, havia 422 usir.as operando, 128 em

construção, 60 encomendadas e 165 anuladas, segando o jornal

El País» de 11.09.88 (os dados provêm do Comissariado de

Energia Atômica da França).

As informações sobre quantidade e potência de reatores

no mundo aqui levantadas dizem respeito aos reatores

nucleares de potência (gerando energia elétrica

comercialmente). Os reatores de pesquisa em operação em

31.12.87, eram em número de 326, distribuídos por 55

países.(40)

Se analisarmos os reatores em operação de 1980 a 198B,

tendo por base os quadro* I e IX, veremos que a quantidade

aumentou em 175 (média de 21 a 22 novos reatores/ano). Caso

verificarmos a quantidade dos reatores em construção no mesmo

período, veremos que esse número decresceu em 129,

Pode-se, assim, afirmar estar a indústria eIetronucI ear

Passando por uma crise no mundo? Não, se considerarmos o

número crescente de reatores em operação. Se, no entanto,

considerarmos o número de reatores em construção, a resposta

* Positiva, ainda que não de forma significativa.

Segundo dados da AIEAÍ41), o consumo de eletricidade

aumentará no mundo, bem como a porcentagem do suprimento de

ia nuclear.

110

Quadro No. 4

Estimativa do uso de nucleoeletricidadeno mundo de 19B7 a 2005 < % ) *

Grupos de Pai ses 1987 2005

América do N o r t e 6 , 1Europa O c i d e n t a l 1 0 , Bp a c í f i c o I n d u s t r i a l i z a d o 8 , 7Europa O r i e n t a i 2 , 9ásta 1»3América L a t i n a 0 , 3Á f r i c a e O r i e n t e Médio 0 , 3

Tota l no mundo 4 , 7

7 , 213,016,0

7 , 12 , 61 , 30,2

eeeeeee

7 , 413,016,0

7 , 4

2 ,91,60,7

* *

* * x

6,8 e 6,8

* - os d a d o s r e f e r e n t e s a 1 9 8 7 são r e a i s ,** - e s t i m a t i v a b a i x a e e l e v a d a , r e s p e c t i v a m e n t e .*** - A u s t r á l i a , J a p ã o e N o v a Z e l â n d i a .

Fonte : IAEA. E n e r g y , E l e t r i c i t y and N u c l e a r P o w e rE s t i m a t e s for t h e P e r i o d up to 2 0 0 5 , j u l . / B B . p . 2 4 - 5 .

C r e s c e r a r e a l m e n t e a p o r c e n t a g e m de e n e r g i a

n u c l e o e l é t r i c a no m u n d o ou e s t a é uma e s t i m a t i v a de um ó r g ã o

c o n d i c i o n a d o a o s i n t e r e s s e s do Iobby n u c l e a r ? ( 4 2 >

A, M O B E R G c r ê na m o r t e n a t u r a l da i n d ú s t r i a

n u c l e o e I é t r i c a a p a r t i r de 1 9 9 0 , c o n v e n c i d a q u e as a t i v i d a d e s

a n t i n u c I e a r e s p o s s u e m , d e n t r e os v á r i o s o b s t á c u l o s q u e c o n t r a

ela o p e r a m , um d o s m a i o r e s p e s o s ,

É j u s t a m e n t e a luta a n t i - n u c l e a r a de m a i o r c o n t e s t a ç ã o

s s o c i e d a d e t e c n o c r a t i z a d a , a o m o d e l o de c r e s c i m e n t o

e c o n ô m i c o , à d o m i n a ç ã o s o c i a l , a o E s t a d o a u t o r i t á r i o e seu

aparelho de p r o d u ç ã o de e n e r g i a .

E o q u e fazer q u a n d o os m o v i m e n t o s n ã o c o n s e g u e m s u s t a r

0 o b j e t i v o do E s t a d o q u e e n v e r e d a m a i s e m a i s na c o n s t r u ç ã o

111

centrais nucleares '(43) Não se pode desconsiderar que os

mentos antinucleares oferecem ao Estado a certeza da

eitt&tência de oposição aos programas nucleares em geral; que

a vontade do Estado não é monopolítica (dele espocam

cientistas e técnicos que acabam por questionar uma opção e

se colocar contra o mesmo); que a mobilização se dá na

tentativa de fiscalização dos atos nucleares do Estado; que é

possível forçar o Estado a enveredar por outras soluções

energéticas (aquelas provenientes de fontes renováveis, por

exemplo); a possibilidade do Estado se isolar numa posição

centralizadora, totalitária e opressora, no sentido de que o

movimento poderá minar o apoio da população aos atos do

Lstado e que ela está atenta ao que esse mesmo Estado está

decidindo e engendrando. 0 saldo de muito esforço é o avanço

da consciência política e a influência nas decisões com

conhecimento de causa.(44)

Concernitantemente a quantidade de rejeitos radioativos

aumenta, sem que no mundo se saiba como solucionar definitiva

e satisfatoriamente esse problema, apesar de afirmações em

contrério.

0 mundo possui 429 reatores em operação, capacitados

Par* gerar 310,81? MW, enquanto "Um modestíssimo reator de 40

M W d ú niiffi ; t n n u p l u f n r i r i i ituv.tantv p u r a t r r : . tiitirtt»;i•. r . n u m -,i ili

M'roxima".(45)

Esse total se encontra assim dividido : 534 reatores

P w R» BB BWR, 31 GCR, 13 AGR, 26 PHWR, 27 LWGR, 7 FDR, 3 HTGR

'' tioi & de outros tipos.

1 1 2

"La p r o l i f e r a e i ó n de Ia e n e r g i a n u c l e a r M a m a d a p a c í f i c a

ha I levado a que m u c h o s p a í s e s t e n g a n a h o r a la c a p a c i d a d de

produzir sus p r ó p r i a s b o m b a s n u c \ e a r e s . " ( 4 6 )

O u e m e s t á e n c a r r e g a d o de f i s c a l i z a r os r e j e i t o s ? Q u e m e

como se f i s c a l i z a r á os que f i s c a l i z a m ?

No i n t u i t o de avançar a l é m da q u a n t i d a d e de u s i n a s no*

mundo, o p t a m o s por a p r o f u n d a r o e s t u d o sobre sete p a í s e s ,

visando t r a z e r à baila c o m p o n e n t e s para a v a l i a ç ã o da

utilização da energia n u c I e o e I é t r i c a e os r i s c o s a ela

inerentes,

a ) Áustr i a

Em 0 5 , 1 1 , 7 8 os a u s t r í a c o s v o t a r a m no r e f e r e n d o que

selaria o d e s t i n o da única usina n u c l e a r , que c o m e ç o u a ser

construída no país em 1 9 7 2 . S i t u a d a às m a r g e n s do rio

Danúbio, a i n d a não havia e n t r a d o em f u n c i o n a m e n t o (tipo BWR -

700 M W ) .

A a f l u ê n c i a às urnas foi de 6 5 % , sendo que 1 . 6 0 6 . 3 0 8

pessoas ( p e r f a z e n d o 5 0 , 4 7 % ) d i s s e r a m não ao f u n c i o n a m e n t o da

usina T u r n e f e l d 1, situada em Z w e n t e n d o r f .

A n t e s do r e f e r e n d o , porém, inúmeros m a n i f e s t o » ,

P u b l i c a ç õ e s , m a n i f e s t a ç õ e s , i n i c i a t i v a s (que c o m e ç a r a m

igualmente em 1 9 7 2 ) o r g a n i z a d a s por v á r i a s e n t i d a d e s a n t i -

"ucfeares a u s t r í a c a s , a l e r t a v a m sobre as i n f o r m a ç õ e s da

indústria n u c l e a r e indagavam sobre os p l a n o s de e v a c u a ç ã o da

I a ç ã o .

A i n d ú s t r i a nuclear, em sua p r o p a g a n d a , a f i r m a v a se

113

tratar de e n e r g i a limpa e s e g u r a , lembrava que o reator não

era uma bomba e que e s t a v a s o l u c i o n a d o o p r o b l e m a dos

rejeitos. L e v a n t a v a também o a r g u m e n t o de que a e n e r g i a era

necessária para o c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o e q u e sem ele h a v e r i a

desemprego.

Após 1 9 7 8 , porém, não -foram v o t a d a s leis q u e v i e s s e m ao

encontro da d e c i s ã o p o p u l a r , o que p e r m i t i u ao Iobbv nuclear

não desmontar o reator ou m e s m o m o d i f i c a r suas i n s t a l a ç õ e s ,

transformando-o em uma t e r m o e l é t r í c a c o n v e n c i o n a l . A usina

foi c o n s e r v a d a , na e s p e r a n ç a de que um novo r e f e r e n d o

contrariasse a decisão a n t e r i o r .

Por outro lado, os a t i v i s t a s a n t t - n u c I e a r e s se

empenharam para que h o u v e s s e r e c o n h e c i m e n t o e m a n u t e n ç ã o do

que fora d e c i d i d o , p o i s , 10 anos após o r e f e r e n d o , as

instalações ainda eram c o n s e r v a d a s a p r e ç o s a l t í s s i m o s .

As e n t i d a d e s a n t i - n u c I e a r e s se p e r g u n t a v a m q u a n d o e n f i m

lurnefeld 1 seria liquidada ou o que iria a c o n t e c e r com a

usina, q u e r e n d o a a b s o l u t a g a r a n t i a de que j a m a i s g e r a s s e

eletricidade através da reação nuctear em c a d e i a .

P e r g u n t a d o s a respeito das i n s t a l a ç õ e s , os m o r a d o r e s de

Zwentendorf d e c i d i r a m pelo " P l a n o R o g n e r " , que t e n c i o n a fazer

na localidade um museu da e l e t r i c i d a d e , tendo a usina como

ponto central (trata-se da única usina nuclear no m u n d o que

recebe v i s i t a s no interior de seu n ú c l e o ) . Em 1 9 8 5 , o

prefeito de Z w e n t e n d o r f sugeriu que a usina f o s s e u t i l i z a d a

p<*ra instalar uma indústria e l e t r ô n i c a .

Mas do outro lado ainda e s p r e i t a a i n d ú s t r i a n u c l e a r ,

114

esperançosa de colocar a usina em funcionamento, ainda que

Chernobyl tenha diminuído essa esperança.(47)

b) Canadá

Possuía em 1988, 1B reatores em operação (12.185 MW) e 4

em construção (3.524 M W ) , sendo de 1 5 , 1 % o suprimento de'

energia nuclear no país.

Foi o primeiro país a optar por programas nucleares

C I V I S e a ter um acidente sério em dezembro de 1 9 5 2 , em Chalk

River - Ontario, t-.nni .1 rxpln-.fm ijp um reator de pesquisa, no

qual houve sobreaquecimento e perda de água pesada, por erro

de operação de um técnico. Em maio/58 Chalk River sofreu seu

segundo acidente.

Repassou a tecnologia dos reatores CANDU para a índia,

que não se ateve às intenções pacíficas c a n a d e n s e s ,

explodindo sua primeira bomba nuclear em 1974.

O França

Com 55 reatores em operação (52.588 MW) e 9 em

construção (12,245 M W ) , o país ostenta, no que se refere à

energia, o título de país mais nuclearizado do mundo,

suprindo 6 9 , B % na geração de eietricídade.(48) Possui um

reator a cada 11.000 Km2 : a maior densidade de reatores

nucleares no mundo (FSP, 0 4 . 1 1 . 8 8 ) ,

Seu primeiro e modesto programa nuclear data de 1969,

tendo suscitado reações na população, principalmente na

Ai&écra (região ameaçada pelo projeto) e no meio científico.

115

Has essas reações p e r m a n e c e m isoladas.

Antes de 1969, B reatores iniciaram seu

funcionamento,sendo que o primeiro reator de potência francês

foi Marcoule G? ( 1 9 5 9 ) , de 43 HW.

Na década de 70 a política c e n t r a l i z a d a do tout

gtectriaue. tout nucléaire impôs a energia nuclear em grande

escala à população, sendo que de 1975 a 1 9 8 5 , 33 c e n t r a i s PWR

foram então instaladas, sendo vitoriosa a E l e c t r i c i t é de

France iqu^ propôs os reatores a água leve) e não o

Commissariat à I'Energie Atomique (que optava pelos G C R ) .

Em 1975 um a b a i x o - a s s i n a d o de 4000 c i e n t i s t a s q u e s t i o n a ,

critica o programa eletronucI ear . Há também t e n t a t i v a s de

repassar m a i o r e s informações ao público.

Em 17.10.69 um erro na c o l o c a ç ã o do c o m b u s t í v e l , resulta

numa fusãu parcial do coração do reator de Saint - Laurent

CGM, 3 0 . 0 4 . 8 6 ) , sendo que em 1966, 1967 e 1968 outras usinas

já haviam sofrido a v a r i a s .

Outros acidentes se seguiram: Veurey ( 1 9 7 1 ) , Bugey

(1971), La Hague ( 1 9 7 1 ) , Annecy (1972 e 1 9 7 3 ) , Veurey ( 1 9 7 3 ) ,

La Hague (1973 - com c o n t a m i n a ç ã o de 35 t r a b a l h a d o r e s ) ,

tadarache ( 1 9 7 3 ) , G r e n o b l e ( 1 9 7 4 ) , Saint Laurent ( 1 9 7 4 )

Saclay ( 1 9 7 4 ) , M a l v é s i e ( 1 9 7 4 ) , Béziers ( 1 9 7 5 ) , F e s s e n h e i m

{1975).(49)

Em maio de 1986, um acidente na maior usina de

'©processamento de lixo nuclear do mundo, situada em La

haoue, deixa 5 t r a b a l h a d o r e s c o n t a m i n a d o s por radiação (FSP,

**.05.BB).

1 1 6

N ã o e x i s t e m m e c a n i s m o s legais p a r a c o n t e s t a r a

c o n s t r u ç ã o de c e n t r a i s n u c l e a r e s , m a s toda a i n d ú s t r i a

nuclear r e c e b e e n o r m e s s u b s í d i o s do g o v e r n o . ( 5 0 )

Em 1 9 8 7 o p a í s p o s s u í a um e x c e s s o de c a p a c i d a d e i n s t a l a d a

mas a i n d a a s s i m f o r a m m a n t i d a s e m c o n s t r u ç ã o as d e m a i s

c e n t r a i s , p a r a p r e s e r v a ç ã o dos c o n h e c i m e n t o s t é c n i c o s e o

parque p r o d u t o r i n s t a t a d o . ( 5 1 )

d) I ngI a t e r r a

Com 40 u n i d a d e s o p e r a n d o , a I n g l a t e r r a g e r a 1 1 . 9 2 1 MW,

isto p o r q u e os r e a t o r e s são p e q u e n o s . D u a s u s i n a s e s t ã o em

c o n s t r u ç ã o , o que a c r e s c e n t a r á 1.833 MW. Em f i n s de 1 9 8 7 , as

centrais d a v a m c o n t a de 1 7 , 5 % do total de e l e t r i c i d a d e g e r a d o

no p a í s .

0 g o v e r n o p l a n e j a v a c o n s t r u i r o p r i m e i r o r e a t o r de água

leve ( P W R ) , S t z e w e l l B, com c a p a c i d a d e de 1 1 8 8 MW, q u e foi

alvo de f o r t e o p o s i ç ã o por p a r t e da p o p u l a ç ã o . H a v i a até a

p o s s i b i l i d a d e de que sua c o n s t r u ç ã o não se c o n c r e t i z a s s e ,

apesar de que h o u v e s s e sido a p r o v a d o t e c n i c a m e n t e .

S o b r e e s s e a s p e c t o c o m e n t a G. C A N A L I : ( 5 2 )

" E m b o r a se t e n h a dito que a p a r t i c i p a ç ã o do p ú b l i c o nãodeveria e x i m i r os e s c a l d e s c o m p e t e n t e s da r e s p o n s a b i l i d a d ePela t o m a d a de d e c i s õ e s , q u a n t o m a i s formal o p r o c e d i m e n t omenor o grau de l i b e r d a d e para o e x e r c í c i o d e c i s ó r i od i s c r i c i o n á r i o . 0 m e l h o r e x e m p l o d i s t o vem e x a t a m e n t e doReino U n i d o , o n d e r e c e n t e m e n t e um d e m o r a d o i n q u é r i t o p ú b l i c otobre a a m p l i a ç ã o da U s i n a N u c l e a r S i z e w e f l c o l o c o u emtvidência não a p e n a s o a l t o grau de c o m p l e x i d a d e do p r o c e s s ocomo t a m b é m as d i f i c u l d a d e s para a t o m a d a de d e c i s ã o f i n a l .<0 i n q u é r i t o i n i c i a l m e n t e v i s a v a a d i s c u s s ã o em t o r n o de uma"í>ina n u m dado local, m a s a c a b o u se t r a n s f o r m a n d o numa°'&cussao sobre a c o n v e n i ê n c i a da m u d a n ç a de r e a t o r e snucleares até e n t ã o u t i l i z a d a n a q u e l e p a í s , e até m e s m o daconveniência da u t i l i z a ç ã o da e n e r g i a n u c l e a r c o m o f o n t e de

117

energia e l é t r i c a . O p r o c e s s o d u r o u q u a c r o a n o s e c u s t o u SOmi ihões de I i b r a s ) " .

N ã o o b s t a n t e , s e g u n d o a A I E A , foi d a d o i n í c i o à

c o n s t r u ç ã o de S i z e w e l l B em 1 9 8 B .

Foi O p r i m e i r o p a í s a g e r a r e n e r g i a n u c l e a r

c o m e r c i a l m e n t e a t r a v é s da u s i n a de C a l d e r H a l l 1, a p a r t i r de

1 7 . 2 0 . 5 6 , um r e a t o r G C R d e 6 0 MW.

M a s já e m 1 9 5 7 , um i n c ê n c i o no W i n d s c a l e P i l e 1» um

reator p a r a p r o d u ç ã o de p l u t ô n i o l o c a l i z a d o na c o s t a i n g l e s a ,

junto ao m a r da I r l a n d a , q u e se m a n t e v e i n c o n t r o I á v e I por 42

ho r a s , l i b e r o u o m a i o r e s c a p a m e n t o de g a s e s r a d i o a t i v o s já

r e g i s t r a d o . 0 p a í s e s t a v a a p o n t o de ser v í t i m a de uma

c a t á s t r o f e n u c l e a r . Por cau .a d e W i n d s c a l e D mar da I r l a n d a é

o m a i s r a d i o a t i v o do m u n d o .

0 i n c ê n d i o p r o v o c o u m a i s de 2 6 0 c a s o s de c â n c e r na

tireóide e n t r e a p o p u l a ç ã o da r e g i ã o N o r o e s t e do p a í s , com

pelo m e n o s t r e z e m o r t e s . ( F S P , 0 7 . 0 1 . 8 6 ) .

Em 1 9 6 3 os t r a b a l h a d o r e s e m W i n d s c a l e -foram c o n t a m i n a d o s

além do l i m i t e p o s s í v e l e e m 1 9 7 0 , um s o b r e a q u e c i n t e n t o

obrigou à p a r a l i s a ç ã o do r e a t o r . E m 1 9 7 3 , 3 5 t r a b a l h a d o r e s

foram c o n t a m i n a d o s d e v i d o a um v a z a m e n t o a c i d e n t a l de

r a d i o a t i v i d a d e da u s i n a de r e p r o c e s s a m e n t o de W i n d s c a l e , que

em 1 9 7 5 s o f r e u seu t e r c e i r o v a z a m e n t o s u b s t a n c i a l de

r a d i o a t i v i d a d e a p ó s 1 9 7 0 ,

Em 1 9 8 1 W i n d s c a l e foi r e b a t i z a d a com o n o m e de

Seiiaf ,eld.

11B

c) Suécia

O primeiro reator de potência da Suécia - Oskarshamn

1/BWR/46O MW - entrou em funcionamento em 1971.

Em 1988 operavam 1? reatores, gerando 9.696 MW, o que

representava 45,3% do total de eletricidade do país.

No dia 23.03.80, em plebiscito popular, os suecos

aprovaram (com 58% dos votos) a continuação do seu programa

nuclear até atingir 12 reatores (completado entre 8 4 / 8 5 ) .

Votaram também a favor do abandono da tecnologia até o ano

2010. Dos eleitores, 4 0 % rejeitaram a opção nuclear.(53)

A Suécia é, conforme A. MOBERG, um dos países em que a

indústria eIetronucI ear tem conseguido mais êxitos ; não

houve cancelamentos, não houve avarias, a não ser em setembro

de 1974, quando em Ringhals três bombas do circuito de

refrigeração primária entraram em pane, tendo o reator

operado com 3 0 % de sua capacidade durante 3 meses.

0 acidente que repercutiu intensamente sobre a Suécia

foi o de Chernobyl, devido à contaminação radioativa que

acarretou impactos na vida dos suecos.

Em agosto de 1986 avaliava-se que cerca de 100,000 renas

estariam contaminadas devido a Chernobyl, devendo ser

abatidas e enterradas até 1991, prejudicando 15.000 lepôes

(grupo étnico do norte da S u é c i a ) , qve tradicionalmente vivem

de seu pastoreio. (FSP, 1 8 . 0 8 . 8 6 ) .

* > EUA

Desde a primeira reação nuclear (1942), os EUA tem

í

120

confusas;

- os incidentes que ocorreram em c e n t r a i s similares antes de

Tttl não eram do conhecimento dos o p e r a d o r e s ;

- o funcionamento geral da central não era satisfatório,

havendo meia centena de alarmes soando permanentemente na

sala de controles

- a sala de controle nac permitia fazer frente a um acidente:

uma centena de alarmes s i m u l t â n e o s , indicadores-chave

colocados em lugares que não eram visíveis, indicações

ambíguas, etiquetas por toda parte encobrindo indicadores

luminosos às vezes importantes, p. ex., concedendo poucas

probabilidades de controlar e f i c a z m e n t e uma falha

sign i f icat i va.

A 07.08.79 "um escape de radioatividade de uma usina

nuclear secreta, localizada perto de Erwin, no Tenessee,

contamina cerca de mil pessoas com um volume cinco vezes

maior do que elas normalmente receberiam em um ano" (GM,

30.04.BB).

Em 1980, a Comissão de R e g u l a m e n t a ç ã o Nuclear dos EUA

ordenou o fechamento de 24 das 67 centrais nucleares em

operação no país, para teste de um importante sistema de

segurança, que falhou no reator no.3 da usina Brown's Ferry,

no Alabama (J8, 0 9 . 0 7 . 8 0 ) , o que não foi sufictente para

evitar os acidentes posteriores na usinas de i

Sequoyah 1 - Tenessee (11.02.81)* G |nna - Nova York ( 2 5 . 0 1 . 8 2 )

Salem 1 - Nova Jersey <BB e 2 5 . 0 2 . 8 3 )Sequoyah 1 - Tenessee ( 1 9 . 0 4 . 8 4 )

• toledo - Ohio (09.06.B5)G o r e - Oklahoma (06.01.BB)

121

Em 19BB, técnicos descobriram rachaduras na parede

interna da usina Savannah River, cujos r e a t o r e s são o

principal produtor de trítio para as bombas H do F x é r c i t o

(FSP, 1 7 . 1 2 . 8 8 ) .

Seriam esses os únicos acidentes o c o r r i d o s ? Q u a n t a s

anormalidades sequer chegam ao conhecimento p ú b l i c o ?

No final dos anos 70 houve em todo o m u n d o um a c i d e n t e

com combustível nuclear a cada dez semanas. Em 1978 h o u v e 97

nos EUA, dos quais 27 importantes.(58)

Após C h e r n o b y l , a usina de Shoreham - Nova York, pronta

para entrar em f u n c i o n a m e n t o , -foi d e f i n i t i v a m e n t e fechada

(FSP, 2 1 . 1 0 , 8 8 ) .

A usina Rancho Seco ( S a c r a m e n t o / C a l i f ó r n i a ) é a 1a.

central que começa a ser desativada por decisão p o p u l a r ,

segundo 5 3 , 4 % dos e l e i t o r e s . A usina opera há 15 anos e sua

desativação deverá custar P O município cerca de US$ 300

milhões. (fSP, 0 9 . 0 6 . 8 9 )

9) URSS

A primeira central nuclear de potência do país foi

Sibéria 1 (100 MW) em T r o i t s k , que entrou em f u n c i o n a m e n t o no

ano de 1 9 5 8 .

Com 56 reatores em operação (33.823 M W ) e 26 em

construção (21.230 M W ) , a energia nuclear cobre 1 1 % do total

Ot> eletricidade gerada no p a í s .

Possui a herança do mais grave acidente da h i s t ó r i a da

ria nuclear para produção de energia eIétricaí 59 ) ,

122

ocorrido no reator Chernobyl 4, em 2 6 . 0 4 . 8 6 , localizado na

República S o c i a l i s t a S o v i é t i c a da U c r â n i a , que liberou

material radioativo de tal m a n e i r a que r e s í d u o s foram

encontrados tanto nos EUA como no J a p ã o . ( 6 0 )

A AIEA reconheceu que :

" La causa principal dei a c c i d e n t e fue Ia flagrante

m f r a c c i ó n por parte del personal de e x p l o t a c t ó n de normas Y

procedimientos de e x p l o t a c i ó n f i r m e m e n t e e s t a b I e c i d o s , Io que

puso ai reactor en un e s t a d o de i n s t a b i I i d a d . " ( 6 1 )

Vejamos alguns a c o n t e c i m e n t o s e c o n s e q ü ê n c i a s r e l a t i v o s

ao acidente:

- Prejuízos diretos de C h e r n o b y l : US$ 2,9 b i l h õ e s (0G,

2 1 . 0 7 . 8 6 ) .

- Seqüência de seis f a l h a s h u m a n a s c a u s o u o a c i d e n t e de

Chernobyl, segundo o r e l a t ó r i o o f i c i a l . M o r t o s : 31,

Gravemente feridos ; m a i s de 2 0 0 . E v a c u a d o s ; 135.000

pessoas, (FSP, 2 2 . 0 8 . 8 6 )

* Nos próximos 50 anos m o r r e r ã o e n t r e 2.500 e 7 5 . 0 0 0 pessoas

de câncer c o n t r a í d o pela r a d i o a t i v i d a d e , s e g u n d o Robert

Gale, m é d i c o dos EUA. <JB, 2 5 . 0 4 . 8 7 )

* Pela segunda vez os lepões terão que s a c r i f i c a r m i l h a r e s de

renas c o n t a m i n a d a s por r a d i o a t i v i d a d e (desta vez serão

8. 000).(FSP, 1 6 . 1 2 . 8 7 ) .

Há necessidade de policiar a área e v a c u a d a , devido ao

desaparecimento de o b j e t o s v a l i o s o s de igrejas e c a s a s ,

C U J O nível de r a d i a ç ã o ainda e x c e d e o limite suportável

Pelo corpo h u m a n o . (FSP, 1 7 . 0 4 . 8 8 ) ,

123

- 160 c i e n t i s t a s s o v i é t i c o s e de o u t r o s 23 p a í s e s e s t i m a m que

o a c i d e n t e causará 3 0 . 0 0 0 m o r t e s por cancêr nos p r ó x i m o s 50

anos. As vítimas da e v a c u a ç ã o s o f r e m com a d i s t â n c i a e o "se

d e s f a z e r " da antiga m o r a d a . (FSP, 1 2 . 0 5 . B B )

- " Grupo de risco" que poderá ter p r o b l e m a s de saúde d e v i d o

à radiação já totaliza 6 0 0 . 0 0 0 p e s s o a s . (FSP, 0 6 . 0 9 . 8 8 )

- 0 governo soviético iniciou a d e m o l i ç ã o total da c i d a d e de

C h e r n o b y l , que tem m a i s de 8 0 0 anos e onde v i v i a m 10.ODD

pessoas na época do a c i d e n t e . A c o n t a m i n a ç ã o r a d i o a t i v a

impede o r e s t a b e l e c i m e n t o de vida normal na c i d a d e . (FSP,

0 9 . 1 0 . 8 8 ) .

- Cerca de 2 0 0 . 0 0 0 m u l h e r e s da Europa Ocidental d e c i d i r a m

fazer aborto desde o a c i d e n t e , pelo temor de que as r a d i a ç õ e s

pudessem deformar os f e t o s . ( F S P , 2 7 . 1 0 . 8 8 ) .

- A Central Nuclear Chernobyl voltou ao seu ritmo normal de

atividades (com e x c e ç ã o , e v i d e n t e m e n t e , do reator n o . 4 ) . Na

Noruega e na S u é c i a m a i s de 4 0 0 . 0 0 0 renas c o n t a m i n a d a s foram

m o r t a s . (FSP, 3 0 . 0 1 . 8 9 ) .

- Autoridades s o v i é t i c a s d e t e r m i n a r a m o d e s l o c a m e n t o da

população de cinco p o v o a d o s da Ucrânia para o u t r a s regiões do

país em razão do alto nível de r a d i a ç ã o . A m é d i a anual de

câncer entre a p o p u l a ç ã o do distrito de N a r o d i c h s k , a 50 km

de C h e r n o b y l , dobrou desde 1986 (FSP, 0 5 . 0 3 . B 9 ) .

Em 1 9 8 7 , a AIEA, da qual a URSS é m e m b r o , c o n v o c o u uma

conferência internacional com a presença de c i e n t i s t a s

''"viéticos e concluiu que "a e n e r g i a nuclear no seu e s t a d o

"tual é uma fonte de e n e r g i a aceitável e b e n é f i c a " . ( 6 2 )

M a s d e s s a a f i r m a ç ã o não c o m p a c t u a r i a o c i e n t i s t a n u c l e a r

soviético V a l e r y A l e k s c e v i c h L e g a s o v , um d o s i n v e s t i g a d o r e s

a p o n t a d o s em 1 9 8 6 p a r a e x a m i n a r as c a u s a s do d e s a s t r e de

C h e r n o b y l , que se s u i c i d o u em 2 7 . 0 4 . B B . L e g a s o v e s c r e v e um

t e s t a m e n t o f i n a l , no qual diz que l a m e n t a v e l m e n t e a

h u m a n i d a d e tem h o j e m u i t o s l i v r o s e e s c r i t o s s o b r e C h e r n o b y l ,

não t e n d o , e n t r e t a n t o , a n a l i s a d o t o d a s as s u a s l i ç õ e s . Na

verdade não as t e m a p r e n d i d o e c o m p r e e n d i d e .

E s c r e v e : " A f t e r I had b e e n to C h e r n o b y l I r e a c h e d asingle c o n c l u s i o n . T h e a c c i d e n t at C h e r n o b y l w a s thea p o t h e o s i s and t h e h i g h e s t point of all that w a s w r o n g in them a n a g e m e n t o-f our c o u n t r y ' s e c o n o m y and had b e e n so for manyd e c a d e s . T h e b l a m e for the e v e n t s at C h e r n o b y l is not ofcourse an a b s t r a c t c o n c e p t . T h e r e are real g u i l t y p a r t i e s . Weknow now t h a t the s y s t e m of s a f e g u a r d s s u r r o u n d i n g theoperation of t h e r e a c t o r w a s d e f e c t i v e and t h a t s c i e n t i s t sknow this and had put f o r w a r d r e c o m m e n d a t i o n s for theremedying of t h e s e d e f e c t s " . ( 6 3 )

I n d e p e n d e n t e m e n t e de qual p a í s se t r a t a r , os a c i d e n t e s

ocorridos d e n o t a m q u e s u a s c a u s a s em g r a n d e p a r t e f o r a m as

falhas h u m a n a s , a n e g l i g ê n c i a , a i r r e s p o n s a b i l i d a d e , a m á fé

das a u t o r i d a d e s . P o d e - s e a c r e s c e n t a r q u e , p ó s - a c i d e n t e , a

atitude g e n e r a l i z a d a é a f a l t a de i n f o r m a ç õ e s ou m e s m o a

veiculação de i n f o r m a ç õ e s c o n t r a d i t ó r i a s à p o p u l a ç ã o » a f a l t a

de a t i t u d e s que a l i v i a s s e m o o c o r r i d o , no s e n t i d o de e v i t a r

acidentes» a f a l t a de um d i s c u r s o g o v e r n a m e n t a l c o e r e n t e » o

descaso d a s a u t o r i d a d e s ou a a t i t u d e de " s a l v a r a p a r ê n c i a s " ,

na t e n t a t i v a de e s c o n d e r seu p r ó p r i o d e s p r e p a r o ante

ü t u a ç õ e s i n u s i t a d a s e p e r i g o s a s , a i m p o t ê n c i a e f a l t a de

recursos s u f i c i e n t e s das a u t o r i d a d e s , a falta de d i a g n ó s t i c o s

Precisos e t c .

1 8 5

A p ó s o a c i d e n t e de C h e r n o b y l , c o n s i d e r a d o improvável

pelas a u t o r i d a d e s , C h i n a , A l e m a n h a O c i d e n t a l ( 6 4 ) t F r a n ç a ,

Japão, P o l ô n i a , I n g l a t e r r a , EUA e U R S S m a n t i v e r a m e

r e a f i r m a r a m s u a s p o l í t i c a s p r ó - n u c l e a r e s . ( 6 5 )

A u s t r á l i a , G r é c i a , I r l a n d a , I s l â n d a , L u x e m b u r g o , N o v a

Z e l â n d i a , N o r u e g a , P o r t u g a l , T u r q u i a , D i n a m a r c a , Á u s t r i a e

F i l i p i n a s o p t a r a m pela r e n u n c i a à e n e r g i a n u c I e o e l é t r i c a ,

e n q u a n t o q u e F i n l â n d i a , H o l a n d a , I t á l i a , I u g o s l á v i a e S u í ç a

r e e x a m i r a r i a m a s e g u r a n ç a n u c l e a r e o s a r g u m e n t o s

a n t i n u c I e a r e s , e n t e n d e n d o q u e p r i m e i r a m e n t e d e v e r i a h a v e r uma

solução s a t i s f a t ó r i a ao p r o b l e m a d o s r e j e i t o s n u c l e a r e s .

D u r a n t e 1 9 8 8 dez r e a t o r e s f o r a m c a n c e l a d o s ou s u s p e n s o s .

São e l e s í C i r e n e , M o n t a l t o di C a s t r o 1 e 2 ( I t á l i a ) ,

B e l i e f o n t e 1 e 2 , C o m a n c h e Peak 2, S e a b r o o k 2 , W a t t s Bar 2

(EUA) e C h e r n o b y l 5 e 6 ( U R S S ) .

Em a g o s t o de 1 9 8 6 , um m i l h ã o e d u z e n t o s mil i t a l i a n o s já

haviam s u b s c r i t o um a b a i x o - a s s i n a d o q u e r e q u e r i a ao g o v e r n o

um r e f e r e n d o c o n t r a a i m p l a n t a ç ã o de n o v a s u s i n a s n u c l e a r e s

no país ( F S P , 8 1 . 0 8 . 8 6 ) . r e f e r e n d o e s s e q u e se c o n c r e t i z o u em

1987, no qual v o t a r a m 8 0 % d o s i t a l i a n o s , e q u e se d e c i d i u

pelo N i O a e n e r g i a n u c l e a r no p a í s e p e l a n ã o p a r t i c i p a ç ã o na

c o n s t r u ç ã o de u s i n a s no e x t e r i o r ( 0 6 , 1 0 . 1 1 . 8 7 ) .

A H o l a n d a optou pelo c o n g e l a m e n t o d o s p l a n o s de

d e s e n v o l v i m e n t o da e n e r g i a n u c l e a r . S e g u n d o A. M O B E R G , a

energia n u c l e a r n a q u e l e p a í s t e m s i d o o b j e t o de m u i t a

(1'£»cussão e foi tema c e n t r a l de um d e b a t e n a c i o n a l s o b r e

energia que d u r o u três a n o s .

1 2 6

Na I u g o s l á v i a ) por p r e s s ã o da p o p u l a ç ã o , o g o v e r n o

retirou p l a n o s para m a i s c e n t r a i s e na T c h e c o s I o v á q u i a c r e s c e

a p o s i ç ã o c o n t r a novos r e a t o r e s .

A r e n ú n c i a ao nuclear na D i n a m a r c a t a m b é m o c o r r e u após o

f o r t a l e c i m e n t o do m o v i m e n t o a n t i - n u c I e a r . Em s u b s t i t u i ç ã o , o

país t r i l h o u pelo e m p r e g o racional e a l t e r n a t i v o da

e n e r g i a .

A A u s t r á l i a , a G r é c i a , o O r i e n t e M é d i o e v á r i o s p a í s e s

do leste e u r o p e u p o s s u e m p r o g r a m a s a t i v o s em e n e r g i a solar

e/ou o u t r a s e n e r g i a s r e n o v á v e i s .

E s s a s m ú l t i p l a s p o s i ç õ e s ( B S ) vem a d e m o n s t r a r não só o

peso dos m o v i m e n t o s a n t t - n u c I e a r e s nas d e c i s õ e s

g o v e r n a m e n t a i s , m a s r e f o r ç a r a n e c e s s i d a d e do c o n s e n s o

internacional c o n t r a a u t i l i z a ç ã o da e n e r g i a n u c I e o e l é t r t c a ,

uma vez que seus p e r i g o s não p o s s u e m f r o n t e i r a s .

N e s s e s e n t i d o é r e l e v a n t e a p r e o c u p a ç ã o do G r u p o A r c o

íris do P a r l a m e n t o E u r o p e u , que d e f e n d e a r e n ú n c i a c o m p l e t a

da e n e r g i a n u c l e a r até 3 1 . 1 2 . 9 2 . A f i r m a que com a r e a l i z a ç ã o

do m e r c a d o interno da C o m u n i d a d e E u r o p é i a a partir de

0 1 , 0 1 , 9 3 , o a b a n d o n o da e n e r g i a n u c l e a r teria m a i s d i f í c i l ,

uma vez que e x i s t e o p e r i g o de que a c o r r e n t e e l é t r i c a g e r a d a

por r e a t o r e s seja i g u a l m e n t e d e c l a r a d a como m e r c a d o r i a ,

vendida por p a í s e s nucI e a r i z a d o s para p a í s e s não

"ucI ear i z a d o s .

"É c e r t o que, no dia em que a c o n t e c e r em a l g u m lugar do

mundo o p r i m e i r o a c i d e n t e total em uma usina n u c l e a r , s e r ã o

127

imediatamente fechadas todas as d e m a i s u s i n a s . N e n h u m a

população continuará a a c e i t a r viver junto a um e n g e n h o

d e s s e s . . . " ( 6 7 )

Chernobyl - um " s a r c ó f a g o r a d i o a t i v o " por séculos - não

significou esse marco e a p r e v i s ã o não se m a t e r i a l i z o u . Mas a

oposição ao nuclear p e r s i s t e c r e s c e n d o .

A h u m a n i d a d e está d i a n t e de um risco n ã o - v o l u n t á r i o ,

exposta è combinação h o m e m - m á q u i n a que possui uma interface

desconhecida e que encerra sua total v u l n e r a b i l i d a d e .

A usina mais segura, não há d ú v i d a , é aquela que sequer

foi pi a n e j a d a .

Desse p o s i c i o n a m e n t o p o s s i v e l m e n t e c o n c o r d a r i a Jean-Marc

LEVY-LEBLOND, físico, que a f i r m a ter medo das c e n t r a i s

nucleares por não entender como p o d e m f u n c i o n a r . "Diante desistemas complexos e g i g a n t e s c o s , integrando t o n e l a d a s deconcreto, m i r í a d e s de m i n ú s c u l o s t r a n s i s t o r e s , q u i l ô m e t r o s detubulações, escoando f l u x o s de e l e t r i c i d a d e , vapor edinheiro, b a s e a d o s no t r a b a l h o de m i l h a r e s de o p e r á r i o s eengenheiros, nas d e c i s õ e s de c e n t e n a s de p o l í t i c o s etecnocratas, sofro de v e r t i g e m . Não entendo porque funcionaporque não entendo c o m o " . ( 6 8 )

1 2 B

N O T A S E R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

< 1 ) I n d ú s t r i a n u c l e a r e s o c i e d a d e d e m o c r á t i c a . In. : E c o l o q i af ç u I t u r a . B e l o H o r i z o n t e , I m p r e n s a O f i c i a l , 1 9 8 3 . p . 1 3 7 .

(? ) N a l í n g u a a l e m ã , a p r ó p r i a r a d i o g r a f i a p o s s u i o n o m e d eseu d e s c o b r i d o r : R o e n t g e n a u f n a h m e .

( 3 ) A s p r i n c i p a i s u n i d a d e s d e r a d i a ç ã o , u t i l i z a d a s p a r ai n d i c a r q u a n t i t a t i v a m e n t e o s e f e i t o s d a s r a d i a ç õ e s s o b r e am a t é r i a , s e g u n d o S A F F I O T I , s ã o :a) c u r i e ( c ) - é a a t i v i d a d e d e u m a f o n t e e m i s s o r a q u e s o f r e3,7 x 1 0 ( 1 0 ) d e s i n t e g r a ç õ e s p o r s e g u n d o .b ) r u t h e f o r d ( r d ) - é a a t i v i d a d e d e u m a f o n t e r a d i o a t i v a q u ee m i t e 1 0 ( 6 ) r a d i a ç õ e s p o r s e g u n d o .c ) r o e n t g e n ( r ) - s e b a s e i a no e f e i t o t o n i z a n t e p r o v o c a d op e l a s r a d i a ç õ e s e m á t o m o s d e m o l é c u l a s d o ar a t m o s f é r i c o .d ) r a d - r a d i a t i o n a b s o r v e u d o s e = d o s e a b s o r v i d a d er a d i a ç ã o . É a d o s e d e r a d i a ç ã o n a q u a l há u m a a b s o r ç ã o d ee n e r g i a d e 1 0 0 e r g s p o r g r a m a d e m a t é r i a .e ) R B E - r e l a t i v e b i o l o g i c a l e f f e c t i v e n e s s = e f i c i ê n c i ab i o l ó g i c a r e l a t i v a . C a p a z d e c o n j u g a r a e n e r g i a a b s o r v i d a eos e f e i t o s b i o l ó g i c o s p r o d u z i d o s p e l o s d i f e r e n t e s t i p o s d er a d i a ç ã o .f) R e m - R o e n t g e n e q u i v a l e n t m a n . E s t a u n i d a d e c o m p a t i b i l i z aa e n e r g i a i o n i z a n t e a b s o r v i d a p e l o o r g a n i s m o h u m a n o e an a t u r e z a d a r a d i a ç ã o i n c i d e n t e , o u s e j a , o s s e u s e f e i t o ss o b r e o s t e c i d o s .

( 4 ) F i s s ã o N u c l e a r - o s á t o m o s p e s a d o s c o m o u r â n i o e p l u t õ n i ose d i v i d e m q u a n d o a t i n g i d o s p o r u m n e u t r o n , u m a p a r t í c u l as u b a t ô m i c a . A o s e p a r t i r , o n ú c l e o d e s s e e l e m e n t o l i b e r ae n e r g i a p a r a a t i v a r u m a b o m b a n u c l e a r o u u m r e a t o r n u c l e a r ,p. e x .

( 5 ) A n u a l m e n t e e m H i r o s h i m a s e r e a l i z a m c o n c e n t r a ç õ e s noP a r q u e d a P a z , p a r a l e m b r a r a e x p l o s ã o d a p r i m e i r a b o m b aa t ô m i c a u t i l i z a d a c o n t r a s e r e s h u m a n o s . E m 1 9 8 6 , d o i sP a r e n t e s d e v í t i m a s d a b o m b a c o l o c a r a m n u m m e m o r i a l u m a l i s t a<*? 4 . 9 4 1 p e s s o a s q u e m o r r e r a m e m 1 9 8 5 v i t i m a d a s p e l ar a d i a ç ã o . M a i s d e 1 4 0 . 0 0 0 n o m e s já f o r a m a f i x a d o s n om o n u m e n t o , A b o m b a d e H i r o s h i m a f e z m a i s d e 1 1 0 . 0 0 0 v í t i m a s• a t a i s e m m e n o s d e d e z m i n u t o s , e n q u a n t o q u e e m N a g a s a k i abo m b a m a t o u m a i s d e 6 0 , 0 0 0 p e s s o a s . ( F S P , 0 7 . 0 8 . 8 6 ) .

M u i t o s e t e m e s c r i t o s o b r e H i r o s h i m a d e s d e 1 9 4 5 , V e r , p ,••'*• '• * L I F T O N , R o b e r t J a y . 0 q u e se p o d e a p r e n d e r c o mH e A c o n e x ã o H i r o s h i m a . In! 0 F u t u r o d a

e n s a i o s p a r a u m a e r a n u c l e a r . S P , T r a j e t ó r i au'tural, 1989. p. 51-77.

1 2 9

* I B U S E , M a s u j i . C h u v a n e g r a . S P , M a r c o Z e r o . 1 9 8 8 .Q u a n t o a o s c i e n t i s t a s , c e r t a m e n t e c o m p r e e n d e r a m s u a

c o n t r i b u i ç ã o n a t r a g é d i a . " E s s a p o s i ç ã o foi p r i m e i r om a n i f e s t a d a p e l o p r ó p r i o R o b e r t o O p p e n h e i m e r , c o o r d e n a d o rc i e n t í f i c o d o l a b o r a t ó r i o d e L o s A l a m o s , l o g o a p ó s r e c e b e r u mr e l a t o s o b r e o q u e a c o n t e c e r a c o m H i r o s h i m a s o b a b o m b a . E l ed e c l a r o u q u e , n a q u e l e m o m e n t o , " o s f í s i c o s c o n h e c e r a m op e c a d o " ". ( F S P , 2 2 . 0 7 . B 9 )

I s i d o r I s a a c R a b i ( P r ê m i o N o b e l d e F í s i c a e m 1 9 4 4 ) , u mdos c r i a d o r e s d a b o m b a a t ô m i c a n o r t e - a m e r i c a n a , m o r r e u e m1 f . D 1 . B 8 . A b o m b a a t ô m i c a h a v i a m a r c a d o s u a v i d a , b e m c o m o ados o u t r o s m e m b r o s d o P r o j e t o M a n h a t t a n , q u e , a p ó s a e x p l o s ã ode 1B d e j u l h o , se s e n t i r a m s a t i s f e i t o s m a s a t e r r o r i z a d o s ea c i m a d e t u d o e n v e r g o n h a d o s . C o m o f i m d a g u e r r a R a b i p a s s o ua t r a b a l h a r a f a v o r d e u m a u t i l i z a ç ã o e x c l u s i v a m e n t e p a c í f i c ada e n e r g i a n u c l e a r . ( F S P , 1 3 . 0 1 . 8 8 )

< 6 ) G I R O T T I , C a r l o s A . 0 p . c i t . p . 2 2 7 .

( 7 ) H A W K E S , N i g e l e t a l i i . C h e r n o b y l : o f i m d o s o n h on u c l e a r . R J , J o s é O l y m p i o , 1 9 8 6 . p . 2 1 .

( 8 ) A b o m b a H d i f e r e d a b o m b a A ( f i s s ã o n u c l e a r , a u r â n i o o up l u t ô n i o ) e " o p e r a p e l a e n o r m e l i b e r a ç ã o d e e n e r g i a q u a n d oda f u s ã o d e n ú c l e o s d e d e u t é r i o ( o h i d r o g ê n i o d a á g u ap e s a d a ) . P a r a q u e i s s o p o s s a o c o r r e r é p r e c i s o u m at e m p e r a t u r a d e u m m i l h ã o d e g r a u s , s ó o b t i d a c o m u m a b o m b a d ef i s s ã o . D e s t a f o r m a , t e n d o u m p o d e r d e s t r u t i v o t é r m i c o em e c â n i c o m u i t o m a i o r , a r a d i o a t i v i d a d e d a b o m b a H ée q u i v a l e n t e à d a b o m b a A q u e é a s u a " e s p o l e t a " ". ( M E N E Z E S ,L u í s C a r l o s d e . A s a r m a s n u c l e a r e s n o B r a s i l . S o e i ai i s m o &D e m o c r a ç f a f 1 ( 2 ) ; 9 2 , a b r . / j u n 1 9 8 9 . )

O p p e n h e i m e r e R a b i s e p o s i c i o n a r a m c o n t r á r i o s àf a b r i c a ç ã o d a b o m b a M .

( 9 ) A p a r t i r d e e n t ã o v á r i o s p a í s e s c o m e ç a r a m a t e s t a r s e u sa r t e f a t o s n u c l e a r e s , i n c l u i n d o a í n d i a ( p r i m e i r o p a í ss u b d e s e n v o l v i d o a p o s s u i r a b o m b a ) , C h i n a , F r a n ç a , e t c .

O s t e s t e s c o n t i n u a m a a u m e n t a r a r a d i a ç ã o n a a t m o s f e r a e*e há m a i s d e c i n q ü e n t a a n o s o s r a d i o b i ó I o g o s v ê me s t a b e l e c e n d o p a d r f t e s d e s e g u r a n ç a p a r a a r a d i a ç ã o , h á t a m b é muma t e n d ê n c i a d e r e s t r i n g i - l o s c a d a v e z m a i s ( H A W K E S , N i g e let a i i i . 0 p . c i t . p . 2 4 ) .

V e r t a m b é m o a r t i g o d e A n s e l m o S . P Á S C H O A . N u c l e a r a n d2l£!LLc a n a l y t i c a l t e c h n i q u e s in e n v i r o n m e n t a l s t u d i e s ina Q " T h * m e n c a . P U C / R J , s . d . , no q u a l o a u t o r a n a l i s a n aA é do Sul a r a d i o a t i v i d a d e n a t u r a l , b e m c o m o a q u e l a

d o s t e s t e s n u c l e a r e s . ( N e s t e c o n t i n e n t e n e n h u m p a í sr e a l i z a t e s t e s n u c l e a r e s ) .

1 3 0

( 1 0 ) A m e i a - v i d a ( p e r í o d o d e s e m i t r a n s f o r m a ç ã o n e c e s s á r i op a r a q u e m e t a d e d o s á t o m o s d e u m i s ó t o p o r a d i o a t i v o s o f r ad e s i n t e g r a ç ã o ) d o p l u t ô n i o é d e 8 4 . 4 0 0 a n o s . I s s o s i g n i f i c aq u e s ã o n e c e s s á r i a s d e z m e i a s - v i d a s ( o u 8 4 4 . 0 0 0 a n o s ) p a r aq u e a q u a n t i d a d e i n i c i a l f i q u e r e d u z i d a a u m m i l é s i m o e v i n t em e i a s - v í d a s ( o u 4 B B . 0 0 0 a n o s ) p a r a q u e r e s t e u m m i l i o n é s i m od a q u a n t i d a d e i n i c i a l . E s s a q u a n t i d a d e , e n t r e t a n t o , a i n d a és u f i c i e n t e p a r a a r r u i n a r a v i d a . 0 p l u t ô n i o é u m n o v o t i p o d eá t o m o , p r o d u t o d a t e c n o l o g i a h u m a n a .

( 1 1 ) H A W K E S , N i g e l e t a l i i . 0 p . c i t . P . 3 4 - 5 .

( 1 2 ) P Á S C H O A , A n s e l m o S . Q u e s t ã o n u c l e a r b r a s i l e i r ad e s e n v o l v i m e n t o s r e c e n t e s . B o l e t i m I n f o r m a t i v o d a S B F1 Q ( 3 > : 4 8 . o u t . 1 9 B B .

( 1 3 ) P a r a m a i o r a d e n t r a m e n t o n o a s s u n t o v e r o l i v r o d eR i c h a r d O R M E R O D , A b r i g o s n u c l e a r e s . L i s b o a , C e t o p , 1 9 8 3 , q u ed e f e n d e a p o s i ç ã o d e q u e c o n s t r u i r e p r o c u r a r a b r i g o s c o n t r ao s e f e i t o s d a s a r m a s é u m a m e d i d a s e c u n d á r i a . A m e d i d ap r i m á r i a c o n c e n t r a - s e e m p r e s s i o n a r o s p o d e r e s v i g e n t e s p e l od e s a r m a m e n t o t o t a l .

C e r t o é q u e a h u m a n i d a d e e s t á n a s m ã o s d e u mr e d u z i d í s s i m o n ú m e r o d e p e s s o a s e d e c o m p u t a d o r e s , q u e p o s s u io p o d e r d e s o l t a r o " g ê n i o d o m a l " d a l â m p a d a d e A l a d i m , c o m ov e m a c o m p r o v a r , e m p a r t e , o m i n ú s c u l o a r t i g o : U m o f i c i a lc o m a f u n ç ã o d e a p e r t a r o b o t ã o . Ç m F o c o . 6 ( 6 1 ) : 2 7 , j a n ,1 9 8 8 .

( 1 4 ) S H R A D E R - F R E C H E T T E , K . S . E n e r g i a n u c l e a r w b i e n e s t a rp ú b l i c g , M a d r i d , A l i a n z a , 1 9 8 3 . p . 1 5 .

( 1 5 ) P A T T E R S O N , W a l t e r C . L a e n e r g i a n u c l e a r . M a d r i d , H .BI u m e , 1 9 8 2 . P. 2 7 3 .

( 1 6 ) A d i s c u s s ã o s o b r e o s r e j e i t o s d e b a i x a , m é d i a e a l t ar a d i o a t i v i d a d e ) p r o v e n i e n t e s d e r e a t o r e s n u c l e a r e s , s e r áa p r o f u n d a d a n o c a p í t u l o IV.

< 1 7 ) P A T T E R S O N , W a l t e r C . O p . c i t . P . 2 B 1 .

< 1 8 ) L E I O , M a n o e l L u i z . E n e r g i a N u c l e a r , e n e r g i a e l é t r i c a eP o l í t i c a e n e r g é t i c a . E n e r g i a F o n t e s A l t e r n a t i v a s . 3 ( 1 7 ) : 7 ,n o v / d e z . 1 9 8 1 .

1 3 1

( 1 9 ) P R I N G L E , P e t e r & S P I G E L M A N , J a m e s . L o s b a r o n e sC l e a r e s . B a r c e l o n a , P l a n e t a , 1 9 8 4 . p . 2 8 3 .

( 2 0 ) T h r e e M i l e I s l a n d e C h e r n o b y l s e r ã o a b o r d a d o s no i t e mR e a t o r e s n o M u n d o ,

si a n dd e s t e

J o s éB a . e d

e C h e r n o b yc a p í t u l o .

0 a u e. P. 2 5 .

I s e r a o a b o r

é e n e r a i a

dad

nu

OS no

ear .( 2 1 ) G O L D E M B E R G , J o s é . O q u e é e n e r g i a n u c l e a r . S P ,B r a s i I l e n s e , 1 9 B 6 ,

( 2 2 ) L A G A D E C , P a t r i c k . O p . c i t . p . 1 9 0 .P a r a a p r o f u n d a m e n t o d a h i s t ó r i a d a d e s c o b e r t a da

r a d i o a t i v i d a d e n a t u r a l e da a r t i f i c i a l . b e m c o m o m a i o rc o m p r e e n s ã o d o i m b r i c a m e n t o e n t r e o u s o m i l i t a r e p a c í f i c o d ae n e r g i a n u c l e a r ver :* S A F F I O T I , W a l d e m a r . F u n d a m e n t o s d e e n e r g i a n u c l e a r .P e t r ó p o l i s , V o z e s , 1 9 8 2 .* H A W K E S , N t g e l et a l i i . I b i d e m .* P A T T E R S O N , W a l t e r C . l e i d e m .* S H R A D E R - F R E C M E T T E , K. S. I b i d e m .* C U N H A , R i c a r d o L i s b o a d a . E n e r g i a n u c l e a r e e c o l o g i a .

B o l e t i m d a F E E M A . 6 ( 2 ) : 4 1 - 6 , s e t . 1 9 8 0 .* L E I O , M a n o e l L u i z . I b i d e m .* L O U R E I R O , M a r c o s D a n t a s . E n e r a i a n u c l e a r . R J , B l o c h / M M E /

M E C , 1 9 8 0 .* F R E I R E - M A I A , A d e m a r . G u e r r a e paz c o m e n e r o i a n u c l e a r . S P ,

á t i c a , 1 9 8 4 .* P R I N G L E , P e t e r & S P I G E L M A N , J a m e s . I b i d e m .* C R O A L L , S t e p h e n & S E M P L E R , K a i a n d e r s . I b i d e m .* G O L D E M B E R G , J o s é . 0 a u e é e n e r o i a n u c l e a r .* H O Y L E , F r e d . E n e r g i a o c x t m c i ó n ? En d e f e n s a d e Ia e n e r g i a

n u c l e a r , M a d r i d , A l i a n z a , 1 9 8 1 .* K A K ü , M i c h i o & T R A I N E R , J e n n i f e r < o r g . ) . La e n e r o i a

n u c l e a r A r g u m e n t o s en f a v o r e en c o n t r a d e Ia m á sc o n t r o v e r t i d a d e las t e c n o l o g ' i a s a c t u a t e s . B u e n o s A i r e s ,G e d i s a , 1 9 8 6 .

* G A L V A N , G e s a r e G i u s e p p e , E x p a n s ã o n u c l e a r a l e m ã : E s t a d o ,c a p i t a l . m e r c a d o m u n d i a l . F l o r i a n ó p o l i s / R e c i f e , U F S C /C e n t r o J o s u é d e C a s t r o , 1 9 8 8 .

<23> " U m s i m p l e s e x e r c í c i o de a r i t m é t i c a n o s p e r m i t ec o n s t a t a r q u e , ao c a b o de 2 5 a n o s , a e n e r g i a p r o d u z i d a p e l a sc e n t r a i s n u c l e a r e s é p r a t i c a m e n t e igual à e n e r g i a c o n s u m i d a"a i m p l a n t a ç ã o d e s s a s c e n t r a i s " . C A R V A L H O , J o a q u i m &G O L D E M B E R G , J o s é . E c o n o m i a e p o l í t i c a da e n e r o i a . p . 5 7 .

Ver t a m b é m D U A R T E , R o d r i g o A n t o n i o d e P a i v a . O p . c i t . p .135.

1^4) um a r g u m e n t o e m v o g a h o j e , d i r e t a m e n t e r e l a c i o n a d o aoe f e i t o e s t u f a " é o d e q u e as u s i n a s n u c l e a r e s n ã o c o n t r i b u e m

1 3 2

d i r e t a m e n t e p a r a a c o n t a m i n a ç ã o a t m o s f é r i c a , n o q u e d i zr e s p e i t o a o a u m e n t o d e d i ó x i d o d e c a r b o n o . N a c o m p a r a ç ã oc a r w ã o - e n e r g i a n u c l e a r , P O I S , a ú l t i m a l e v a r i a v a n t a g e m .P o d e r í a m o s e n u m e r a r t r ê s d i f e r e n t e s p o s i ç õ e s q u a n t o àq u e s t ã o :1 a . ) n ã o a o c a r v ã o e s i m à e n e r g i a n u c l e a r . T a l p o s t u r a foic l a r a m e n t e d e f e n d i d a n o R e l a t ó r i o d o G r u p o d e E s t u d o s d aP o l i t t c a d e E n e r g i a N u c l e a r e n t i t u l a d o E n e r g i a N u c I e a r .flvffrt5es e P o ç õ e s ; v i s ã o g e r a l , d a F u n d a ç ã o F o r d , p u b l i c a d oem 1 9 7 7 , A a n á l i s e r e a l i z a d a a p o n t a q u e a e n e r g i a n u c l e a ra p r e s e n t a c u s t o s m e n o r e s d o q u e o c a r v ã o q u a n t o à s a ú d e ; q u eseu i m p a c t o a m b i e n t a l é m e n o s p r e j u d i c i a l q u e o d o c a r v ã o ;q u e a m i n e r a ç ã o d o c a r v ã o t e m u m e f e i t o m a i s p e r t u r b a d o rs o b r e a t e r r a d o q u e o u r â n i o , s e n d o q u e s e u s d e s p e j o s á c i d o sp o l u e m a t e r r a ; q u e a c o m b u s t ã o d o c a r v ã o p r o v o c a c h u v a sá c i d a s e m a i o r p r o d u ç ã o t é r m i c a . C o n c l u i p e l a i m p o r t â n c i a e ms u b s t i t u i r o c a r v ã o p e l a e n e r g i a n u c l e a r , j á q u e e s t ã oc o n v e n c i d o s d o a r m a z e n a m e n t o p e r m a n e n t e e s e g u r o d o s r e s í d u o sn u c I e a r e s .

E m d e p o i m e n t o n a C P I d o A c o r d o N u c l e a r ( v o l . V I , t o m oIV, p , 3 0 5 ) H e r v á s l o G u i m a r ã e s d e C a r v a l h o ( e x - p r e s i d e n t e d aC N E N ) n o d i a 3 0 . 0 5 . 7 9 , a f i r m a v a q u e u m a u s i n a d e c a r v ã op r o d u z , n o m í n i m o , o d o b r o d a r a d i o a t i v i d a d e d e u m a u s i n an u c l e a r , q u e n o r m a l m e n t e p r o d u z 4 0 0 v e z e s m a i sr a d i o a t i v i d a d e .

E s s a p o s i ç ã o se f o r t a l e c e à m e d i d a q u e o " e f e i t o e s t u f a "i r r a d i a c a d a v e z m a i s i n t e n s a m e n t e s u a s c o n s e q ü ê n c i a si m e d i a t a s n o m u n d o .

2 a , ) s i m a o c a r v ã o e n ã o à e n e r g i a n u c l e a r .V i n c e T A Y L O R , e m s e u a r t i g o " V i v i r s i n e n e r g i a n u c l e a r "

( p u b l i c a d o n o l i v r o o r g a n i z a d o p o r M i c h i o K a k u e J e n n i f e rT r a i n e r ) , d e f e n d e a n ã o u t i l i z a ç ã o d e e n e r g i a n u c I e o e I é t r i c a ,a p o n t a n d o a a l t e r n a t i v a c a r b o n í f e r a p a r a p r o d u ç ã o d e e n e r g i ae l é t r i c a . A f i r m a q u e o c a r v ã o p r o d u z c i n c o v e z e s m a i se l e t r i c i d a d e q u e o p e t r ó l e o o u a e n e r g i a n u c l e a r , a c r e d i t a n d of i r m e m e n t e n a r e d u ç ã o d a c o n t a m i n a ç ã o e d a p o l u i ç ã o , a t r a v é sda i n s t a l a ç ã o d e e q u i p a m e n t o s p r ó p r i o s .

J o h n G O F M A N , i g u a l m e n t e c o n t r á r i o à e n e r g i a n u c l e a r ,e n t e n d e e x i s t i r e m e x c e l e n t e s p r o c e s s o s d e p u r i f i c a ç ã o ed i s p o s i t i v o s a n t i - p o I u i ç ã o n o q u e s e r e f e r e a o s c o m b u s t í v e i s .Mas n i s s o n ã o h o u v e i n v e s t i m e n t o s . S e r e c u s a a a c e i t a r ai m p o s i ç ã o d a a l t e r n a t i v a " e n e r g i a n u c l e a r l i m p a ouc o m b u s t í v e i s c l á s s i c o s p o l u e n t e s " .

R o g é r i o C é s a r d e C E R Q U E I R A L E I T E e m a r t i g o" C a r v ã o , a g r a n d e e s p e r a n ç a n e g r a n a e n e r g2 8 . 0 2 , 8 8 ) , i n f o r m a q u e a s r e s e r v a s c o n f i r m a d a s( c e r c a d e 6 0 0 b i l h õ e s d e t o n e l a d a s ) s ã o s u p e r i o r e sr e s e r v a s m e d i d a s e i n f e r i d a s d e p e t r ó l e o , g á su r â n i o , h a v e n d o , p o r o u t r o l a d o , o p r o b l e m a d o sp r o d u ç ã o d e e l e t r i c i d a d e a p a r t i r d o c a r v ã o ,' • m i t e s d e p o l u i ç ã o a c e i t á v e i s é a t u a l m e n t ed i s p e n d i o s a q u a n t o a a l t e r n a t i v a n u c l e a r c o r r e n t e ,r e a t o r e s a á g u a p r e s s u r t z a d a , o u e q u i v a l e n t e '

inti tia"

ulado(FSP,

do carà somanaturcusto

dentro( ), ou

ais.

se

vãodas

e"A

dostãoja.

n

1 3 3

3a.) não ao c a r v ã o e à e n e r g i a n u c l e a r .Esse p o s i c i o n a m e n t o é d e f e n d i d o por En z o T I E Z Z I e Hazel

HENDERSON. T a m b é m por Jan BEYEA (ver a r t i g o " I d é i a sS e c u n d á r i a s " . no livro de M i c h i o Kaku e J e n n i f e r T r a i n e r ) eAmory L 0 V I N 5 & L. Hunter L O V I N S (ver a r t i g o " C o n c i l i a d o r a ssendas e n e r g é t i c a s " , do m e s m o l i v r o ) .

(25) Para m a i o r i n f o r m a ç ã o s o b r e t i p o s de r e a t o r e s ver* PATTERSON, Walter. Op. cit. p. 35-96.* SAFFIOTl, Waldemar. O P . cit. p. 130-4.* LOUREIRO, Marcos Dantas. 0p. cit. p. 25 e sgtes.* PLANO 2010 do MME/ELETROBRiS. p. 74-6.* HAWKES, Nigel et alii. Op. cit. p. 3B-9.

(26) MOBERG, Asa. e n e r g i a nuclear en c r i s i s Antes vs.I., s.d. p. 4.

(27) B O L E A , M a r i a T e r e s acentrales n u c l e a r e s . M a d r i d ,

Estevan.CIFCA, 1978. p

Impacto a m b i e n t a l de91

(28) C A R V A L H O , J o a q u i m . Os E f e i t o s da e n e r g i a n u c l e a r s o b r e omeio a m b i e n t e . R u m o s do De r,enw» I v ntu-uTu. 4 ( 2 1 ) : 7,jan./fev. 1 9 8 0 .

(29) GALVAN, C e s a r e G i u s e p p e . A d i f u s ã o da i n d ú s t r i a n u c l e a r .C o n s i d e r a ç õ e s p r e l i m i n a r e s a o s p r o g r a m a s l a t i n o - a m e r i c a n o s .Revista de E c o n o m i a P o l í t i c a . 3 ( 4 ) : 1 1 3 , o u t . / d e z . 1 9 8 3 ,

(30) G A L V A N , C e s a r e G i u s e p p e .Estado, c a p i t a l , m e r c a d o m u n d i a l

E x p a n s ã o n u c l e a r a l e m ãP. 9.

(31) A r a d i o a t i v i d a d e a t m o s f é r i c a a u m e n t a , c o m o já foimen c i o n a d o , d e v i d o aos t e s t e s n u c l e a r e s e f e t i v a d o s pordiversos p a í s e s .

Por sua v e z , as us i n a s n u c l e a r e s t a m b é m c o n t r i b u e m p a r aesse a u m e n t o . " E n t r e t a n t o , à m e d i d a que e v o l u e m as p e s q u i s a ssobre os e f e i t o s d a s r a d i a ç õ e s n o s o r g a n i s m o s v i v o s , há umatendência em se d i m i n u i r a d o s e p e r m i t i d a de e x p o s i ç ã o docorpo h u m a n o . A s s i m , a t u a l m e n t e , a dose de t o l e r â n c i a e s t áfixada em 5 rem por ano para os t r a b a l h a d o r e s de c e n t r a i snucleares c o m 8 h o r a s de a t i v i d a d e d i á r i a ( m é d i a de 3 m i l i r e mPor h o r a ) e d e 0,5 rem por anoV | 2 i n h a n ç a s d a s u s i n a s n u c l e a r e s " ,

E em c a s o s de a c i d e n t e s ?tolerância ?

para os habitantes(SAFFIOTl, P. 155-B).Quais seriam as doses

das

de

1 3 4

( 3 9 ) H E R M F . S , G a b r i e l . O P r o g r a m a N u c l e a r B r a s i l e i r o .B r a s í l i a . S e n a d o F e d e r a l , 1 9 7 9 . ( d i s c u r s o p r o n u n c i a d o n as e s s ã o d o d i a 0 9 . 0 8 . 7 9 ) . p . 1 7 .

( 3 3 ) A p r e s e n t a m o s d a d o s c o l e t a d o s e m d i f e r e n t e s f o n t e s , a f i mde q u e se p o s s a v e r i f i c a r a d i v e r g ê n c i a d e i n f o r m a ç õ e s .

( 3 4 ) P R A D O , L u i z C i n t a d o . T h r e e M i l e I s l a n d , o p i n i ã o p ú b l i c ae p r o g r a m a s n u c l e a r e s . D i o e s t o E c o n ô m i c o . 3 7 ( 2 7 4 ) i 6 B ,s e t . / o u t . 1 9 B D .

(35) L O U R E I R O , M a r c o s D a n t a s . O p . c i t .

( 3 6 ) S o m e n t e n o f i n a l d e 1 9 8 1 f o r a m i n i c i a d o s o s t r a b a l h o s d ed e s m o n t e d a r o c h a p a r a a s f u n d a ç õ e s , c f . A L V E S , R e x N a z a r é .P o l í t i c a N a c i o n a l d e E n e r g i a N u c l e a r . M M E / C N E N . ( C o n f e r ê n c i ap r o f e r i d a na E S G a 2 9 d e j u l h o d e 1 9 8 3 ) . p . 4 8 - 9 .

( 3 7 ) O I E A . L a c o o p e r a c i ó n t é c n i c a ai s e r v i c i o d e i p r o o r e s oi u s t r i a , j ul . / B 5 . p . 9 .

( 3 8 ; H E R M E S , G a b r i e l , O P r o g r a m a N u c l e a r B r a s i l e i r o .B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 6 . ( d i s c u r s o p r o n u n c i a d o n as e s s ã o d e 2 2 . 0 4 . 8 6 ) . P . 3 .

( 3 9 ) A L V E S , R e x N a z a r é . P r o g r a m a N u c l e a r B r a s i l e i r o .A p r e s e n t a d o e m 0 6 , 0 5 . 8 7 a S u b c o m i s s ã o d o s D i r e i t o s P o l í t i c o s ,d o s D i r e i t o s C o l e t i v o s e G a r a n t i a s d a C o m i s s ã o d a S o b e r a n i a edos D i r e i t o s e G a r a n t i a s d o H o m e m e d a M u l h e r n a A s s e m b l é i aN a c i o n a l C o n s t i t u i n t e , p , 6 ,

0 t o t a l f o r n e c i d o p o r R e x N a z a r é d i 2 r e s p e i t o a o a n o d e1 9 8 5 , s e g u n d o a A I E A .

V e r G O L D E M B E R G , J o s é . E n e r g i a N u c l e a r , s i m o u n i o ? R J ,J o s é O I y m p i o . p . 1 1 9 .

<40) IAEA N e w s F e a t u r e s , n o . 1, 1 5 . 0 4 . 8 8 . P. B.

^41) Os p a í s e s - m e m b r o s da AIEA são 1 1 3 , m a s os d a d o s sereferem a 199 p a í s e s e á r e a s .

( 4 2 ) R i c a r d o A r n t , e m e n t r e v i s t a g r a v a d a p e l a a u t o r a e m1 1 . 0 5 , 8 9 no R i o d e J a n e i r o , r e l a t a q u e , c o n v i d a d o p a r aP a r t i c i p a r d e u m a r e u n i ã o d a A I E A e m V i e n a / Á u s t r i a , p e r c e b e u

d e l a p a r t i c i p a r a m p e s s o a s n o r m a i s , " b a n a i s , n e m

1 3 5

f a s c i s t a s , n e m d e e s q u e r d a (....) q u e e s t ã o m e x e n d o c o m ae n e r g i a n u c l e a r e q u e -ficam c o m p l e t a m e n t e o f e n d i d a s a o v o c êd i z e r p a r a e l a s q u e e l a s e s t ã o t r a b a l h a n d o p a r a u m b r a ç om i l i t a r . . . (....) N ã o t e m s e n t i d o , é p r e c i s o p e r c e b e r i s s o .r' p r e c i s o e n t e n d e r q u e t e m n o m u n d o p r o g r a m a s n u c l e a r e sp a c í f i c o s se e x p a n d i n d o . V á r i o s p a í s e s g e r a m u m a q u a n t i d a d ede e n e r g i a e n o r m e " .

( 4 3 ) O u q u e s e e n v e r e d a m a i s e m a i s n a f a b r i c a ç ã o d e a r m a sa t ô m i c a s e c o n s e q u e n t e m e n t e r e a l 1 2 a t e s t e s n u c l e a r e s ?

A a s s o c i a ç ã o e c o l o g i s t a i n t e r n a c i o n a l G r e e n p e a c e , p a r ac i t a r a p e n a s u m e x e m p l o , t r a b a l h a d e s d e s u a f u n d a ç ã o e m 1 9 7 2por u m m u n d o n ã o n u c l e a r . S e u s p r i m e i r o s t r a b a l h o s em a n i f e s t a ç õ e s f o r a m c o n t r a o s t e s t e s n u c l e a r e s .

P a r a a p r o f u n d a m e n t o n o a s s u n t o v e r o l i v r o d e F e r n a n d oG A B E I R A . G r e e n p e a c e . v e r d e g u e r r i l h a d a p a z . S P , C l u b e d ol i v r o , 1 9 8 8 .

( 4 4 ) F u n d a m e n t a l p a r a m e l h o r a n á l i s e d o s m o v i m e n t o s a n t i -n u c l e a r e s é o l i v r o de* A l a t n T O U R A I N E . L a o r o p h é t i e e n t i -re IJ r I é a i r e . P a r i s , S e u i I , 1 9 8 0 .

E s c r i t o e m p a r c e r i a c o m F r a n c o i s D u b e t , M i c h e l W i e v i o r k ae Z & u z s a H e g e d u s , p e s q u i s a e a n a l i s a d o i s m o v i m e n t o s a n t i -n u c l e a r e s d i s t i n t o s n a F r a n ç a ( u m e m P a r i s e o u t r o e mM a l v i l l e ) n a d é c a d a d e 7 0 .

O s a u t o r e s e n t e n d e m o m o v i m e n t o a n t i - n u c l e a r c o m o u m aluta p e l a d i r e ç ã o d a h 1 s t o r i c 1 d a d e , c o n t r a a " s o c i e d a d e d op í u t ó n i o " , a f a l s a m o d e r n i z a ç ã o e a t e c n o c r a c i a .

O s e c o l o g i s t a s c o n t e s t a m q u e a i n d ú s t r i a n u c l e a r s e j auma s o l u ç ã o e s t r i t a m e n t e t é c n i c a , n e u t r a e p r o g r e s s i s t a eq u e r e m m o s t r a r q u e i m p o n d o o n u c l e a r s e i m p õ e u m t i p o d es o c i e d a d e q u e é n ã o a p e n a s u m a c o n t i n u i d a d e d a s o c i e d a d ea t u a l , f u n d a m e n t a d a s o b r e c r i t é r i o s d o c r e s c i m e n t o e d oc o n s u m o , m a s q u e se t o r n a , p o r c a u s a d a s p r ó p r i a s c o n d i ç õ e sda e n e r g i a n u c l e r , c a d a v e z m a i s c e n t r a l i z a d a e c o n t r o l a d alp. 4 2 ) ,

E x e m p l o d i s s o f o i a m a n i f e s t a ç ã o a n t t - n u c l e a r d e 6 0 , 0 0 0p e s s o a s e m M a l v i l l e ( e m 3 1 , 0 7 . 7 7 ) , n a q u a l h o u v e u m ai n t e r v e n ç ã o d i r e t a d a p o l í c i a , r e s u l t a n d o n a m o r t e d e u m">i I i t a n t e ,

< 4 5 ) C R O A L L , S t e p h e n & S E M P L E R , K a i a n d e r s . 0 p . c i t . P. 9 0 .

í«6> M O B E R G , A s a . 0 p . c i t . p . 1 9 .

( 4 7 ) S e g u n d o A . M O B E R G , d u a s s e m a n a s a p ó s C h e r n o b y l foio f i c i a l m e n t e d e c l a r a d o q u e o r e a t o r e s t a v a p r o n t o p a r a s e rd e s m a n t e l a d o , c o n ver t e n d o - s e a s s i m n a p r i m e i r a v í t i m a d o sa f e i t o s p o l í t i c o s d o a c i d e n t e .

1 3 6

N a G a z e t a M e r c a n t i l d e 1 8 . 0 5 . 8 6 l i a - s e q u e a u s i n aa u s t r í a c a s e r i a d e f i n i t i v a m e n t e d e s a t i v a d a , c o m o c o n s e q ü ê n c i ado a c i d e n t e d e C h e r n o b y l .

M a s , p a s s a d o s m a i s d e d o i s a n o s d e s d e C h e r n o b y l , au s i n a de Z w e n t e n d o r f c o n t i n u a a i n d a a ser c o n s e r v a d a c o m ot a l . P a r a q u e ? ( B u e r g e r i n i t i a t i v e g e g e n A t o m g e f a h r e n .I n f o r m a t i o n d e s Z e n t r a l v e r b a n d e s , a n o 3 , m a r . / B B . ) .

A c o r r e l a ç ã o d e f o r ç a s e n t r e e n t i d a d e s a n t i - n u c I e a r e s ei n d ú s t r i a n u c l e a r p e n d e u d e s d e 1 9 7 ? p a r a e s s a ú l t i m a . Ao p o s i ç ã o à e n e r g i a n u c l e a r g a n h o u p o r a p e r t a d a m a r g e m , n ã osent i n ú m e r a s d i f i c u l d a d e s . V e r B u e r g e r i n i 11 at i ve g e g e nA t o m g e f a h r e n . I n f o r m a t i o n d e s Z e n t r a I v e r b a n d e s( V i e n a / â u s t r i a ) . P u b l i c a ç ã o i n i c i a d a e m 1 9 7 5 . 0 l e m a d e s s ae n t i d a d e a n t i - n u c l e a r é : " E s g i b t k e i n e ' f r i e d l i c h e 'R a d i o a k t i v i t a e t " ( N ã o e x i s t e r a d i o a t i v i d a d e " p a c í f i c a " ) .

( 4 B ) H o j e e s s e p e r c e n t u a l a t i n g e 7 1 % , s e g u n d o J o e l m i r Beti.ig.( F S P , 0 9 . 0 4 . 8 9 ) .

( 4 9 ) D e a c o r d o c o m a " L i s t a d e A c i d e n t e s e m U s i n a s N u c l e a r e s "(de 1 9 5 ? a 1 9 7 5 ) d a d o s e x t r a í d o s d e L e s A m i s d e la T e r r e ep u b l i c a d o s p o r K u r t R u d o l f M I R O W . A l o u c u r a n u c l e a r . ( O se n g a n o s do A c o r d o B r a s i I - A I e m a n h a ) . R J , C i v i l i z a ç ã oB r a s i l e i r a , 1 9 7 9 . p . 2 6 2 - 7 D .

N a l i s t a g e m "A i n d ú s t r i a n u c l e a r já c o n h e c e u e m t o d o om u n d o 2 2 a c i d e n t e s g r a v e s " ( G M , 3 0 . 0 4 . B B ) , a F r a n ç a n ã or e a p a r e c e ,

( 5 0 ) P a r a m a i o r en-f r o n h a m e n t o na c r í t i c a à p o l í t i c a n u c l e a rf r a n c e s a v e r La n u c I e a r t z a c i ó n dei m u n d o . B a r c e l o n a .A n a g r a m a , 1 9 B 1 . ( t r a t a - s e d e u m p a n f l e t o a n ô n i m o p u b l i c a d opor " L e s E d i t i o n s d e L ' A s s o m m o i r " e m 1 9 8 0 ) .

( 5 1 ) P l a n o 2 0 1 0 , p, 8 8 .

( 5 ? ) C A N A L I , G i l b e r t o V a l e n t e . A q u e s t ã o a m b i e n t a l noP l a n e j a m e n t o de u s i n a s h i d r e l é t r i c a s . F l o r i a n ó p o l i s ,E L E T R O S U L , j u n . 1 9 8 7 . p . 2 6 .

( 5 3 ) V e r o a r t i g o "0 p l e b i s c i t o n u c l e a r na S u é c i a " , d e J o s éG o l d e m b e r g , p u b l i c a d o e m 0 4 . 0 5 . 8 0 n o j o r n a l 0 E s t a d o d e S ã oP a u l o .

S H R A D E R - F R E C H E T T E , K. S. 0p, c i t . P. 71 e 6 7 .

( 5 5 ) L i s t a de A c i d e n t e s em U s i n a s N u c l e a r e s " , a c i m a

1 3 7

c i t a d a , os EUA a p a r e c e m 48 v e z e s .Na l i s t a g e m "A i n d ú s t r i a n u c l e a r já c o n h e c e u e m t o d o o

mundo 2 2 a c i d m t e s g r a v e s " , a c i m a c i t a d a , q u e r e l a t aa c i d e n t e s de 1 9 5 2 a 1 9 B 6 , os EUA a p a r e c e m 15 v e z e s .

Em 1 9 7 4 , o g o v e r n o -Federal a p r e s e n t o u e s t u d o s o b r e as e g u r a n ç a d o s r e a t o r e s d i r i g i d o por N o r m a n R a s s m u s s e n ,c o n h e c i d o c o m o W A S H 1 4 0 D , q u e foi c r i t i c a d o c o m v e e m ê n c i a . E m1979 a C o m i s s ã o N u c l e a r R e g u l a d o r a dos EUA r e p u d i o u o e s t u d ode R a s s m u s s e n f o r m a l m e n t e .

( 5 6 ) L A G A D E C , P a t r i c k . O p . c i t . p . 2 7 .

(57) Idem, i b i d e m , p. 1 0 4 .

(58) O R M E R O D , R i c h a r d . O p . c i t . p . 2 0 .A A IEA m a n t e v e e m s e g r e d o m a i s de 2 5 0 a c i d e n t e s

o c o r r i d o s d e s d e 1 9 7 7 em u s i n a s n u c l e a r e s em d i v e r s o s p a í s e s .CJB, 1 8 . 0 4 . 8 7 ) .

(59) S e g u n d o Hazel H E N D E R S O N , o d i s s i d e n t e s o v i é t i c o Z h o r e sMedvedev d e s c r e v e a d e s a s t r o s a e x p l o s ã o de r e j e i t o s n u c l e a r e sem K y s h t y m / U R S S em 1 9 5 7 , h a v e n d o m o r t o s e f e r i d o s e f i c a n d od e s t r u í d a t o d a uma r e g i ã o , (p. 1 3 1 ) .

0 a c i d e n t e o c o r r i d o n u m a f á b r i c a de a r m a s n u c l e a r e snunca foi r e c o n h e c i d o o f i c i a l m e n t e . S a b e - s e q u e um rio t e v eseu c u r s o m o d i f i c a d o e q u e 3 4 p e q u e n o s p o v o a d o s da r e g i ã od e s a p a r e c e r a m d o s m a p a s e d i t a d o s p e l o g o v e r n o s o v i é t i c o , n o sanos 6 0 . (GM, 3 0 . 0 4 . 8 6 ; .

S o m e n t e em 2 5 . 0 8 . 8 9 o P r a v d a p u b l i c o u um a r t i g or e c o n h e c e n d o a e x p l o s ã o no d.a 2 9 . 0 9 . 5 7 ( F S P , 2 6 . 0 8 . 8 9 ) .

(60) P Á S C H O A , A n s e l m o 5. P a r e c e r (da v i s i t a p e r i c i a l f e i t a aCNAAA em 1 8 . 1 1 . 8 8 ) . p. 9.

<61) O I A E . Un ano d e s p u é s de C h e r n o b i l . V i e n a , j u l . / 8 7 . P. 5.

(62) N U C L E B R Í S / K W U . 0 oue a c o n t e c e u r e a l m e n t e em T e h e r n o b v l ">1 9 8 7 . p. 1.

E s s e d o c u m e n t o e n u m e r a e r r o s c r a s s o s no r e a t o r r u s s o ,'"formando que tal s i t u a ç ã o s e r i a i m p o s s í v e l no B r a s i l .

<63) T h e G u a r d i a n , 1 9 . 0 6 . 8 8 (o a r t i g o o r i g i n a l foi p u b l i c a d o"o P r a v d a e m 2 0 . 0 5 . 8 8 ) .

I n f o r m a ç õ e s s o b r e a e n e r g i a nuc I eoel étr i ca na A l e m a n h a

serão levantadas no capítuloAcordo Nuclear Brasi I-A Iemanha.

I I I

138

q u a n d o d a a b o r d a g e m d o

(6 5 ) E m o u t u b r o de 1 9 8 6 F r e d e r i c o F u e l l g r a f e s c r e v i a q u e e mde? a n o s o J a p ã o i n i c i a r i a a d e s a t i v a ç ã o de s u a s 2 3 u s i n a sn u c l e a r e s ( J B , 0 5 . 1 0 . 8 6 ) . E n t r e t a n t o o q u a d r o VII ( 1 9 8 6 ) d áco n t a q u e o p a í s já p o s s u í a 3 5 u s i n a s e m o p e r a ç ã o , 1D ernc o n s t r u ç ã o e 7 p l a n e j a d a s . E m 1 9 8 B - q u a d r oo p e r a v a 3 B u s i n a s e a u m e n t a r a p a r a 1 2 o n ú m e r oc o n s t r u ç ã o .

N ã o o b s t a n t e , e m 1 9 8 8 m a n i f e s t a n t e s p a c i fm a i o r m a n i f e s t a ç ã o a n t i - n u c l e a r da h i s t ó r i a d o J a p ã o , c o n t r aos p l a n o s do g o v e r n o de c o n s t r u i r n o v a s u s i n a s n u c l e a r e s .(FSP, 2 5 . 0 4 . 8 8 ) .

IX - o p a i sd e r e a t o r e s e m

s t a s f i z e r a m a

(6 6 ) V e r N O S S O F u t u r o C o m u m . R J , F G V , 1 9 8 8 . p . 2 D 7 - 1 4 e G R U P OArco I r i s del P E . E n e r g i a a t ô m i c a : es p o s i b l e su a b a n d o n oi n m e d i a t o ! Un p r o g r a m a q u e m a r c a ei c a m i n o . B r u s e l a s , e n e r o1 9 B 9 . p . 1 9 - 2 0 .

( 6 7 ) L U T Z E N B E R G E R , J o s é A. 0 p . c i t . p . 30

(68) "A e f i c á c i a da f a l h a " , F S P , 1 0 . 0 8 . 8 6

"ElIo

a&cen&o en potencial denuclear no hace, por otra

parte, más que reforzar Iaopo&ición a Io nuclear".

J. - M. ChevaIier

C A P Í T U L O I I I

A L G U N S E L E M E N T O S DA H I S T Ó R I A DA E N E R G I A N Ü C L E O E L Ê T R 1 C AN O B R A S I L A N T E R I O R À D É C A D A D E B O

"... o ú n i c o d e s t i n o r a z o á v e l p a r a a s u s i n a s n u c l e a r e s , n ã osó n o b r a s i l , m a s e m t o d o o m u n d o , é a s u a d e s a t i v a ç ã o . E mn o s s o P a í s , e s p e c i a l m e n t e , n ã o há u m a r a z ã o p l a u s í v e l s e q u e rp a r a s u a c o n s t r u ç ã o " .

F e r n a n d o C u n h a ( 1 )

1. B R E V E H I S T Ó R I C O O A E N E R G I A N U C l E O E L É T R I CA N O B R A S I L ( 1 9 5 0 -1 9 7 4 ) .

0 m a r c o d a p o l í t i c a n u c l e o e l é t r i c a n o p a í s o c o r r e n o

g o v e r n o d e E u r i c o G a s p a r D u t r a c o m a c r i a ç ã o d o C N P q ,

i m p l a n t a d o n o g o v e r n o G e t ú l i o V a r g a s e m 1 9 5 1 ( L e i n o . 1 3 1 0 ,

de 1 5 . 0 1 . 5 * 1 ) , c u j o p r i m e i r o p r e s i d e n t e foi o A l m i r a n t e á l v a r o

A l b e r t o d a M o t a e S i l v a , q u e p e r m a n e c e u n o c a r g o a t é 1 9 5 5 .

F i c a , j á a p a r t i r d a í , d e n o t a d o o i n t e r e s s e d o s m i l i t a r e s n a

e n e r g i a n u c l e a r , t e n d o o C N P q s i g n i f i c a d o a c e n t r a l i z a ç ã o d a s

p e s q u i s a s e a t i v i d a d e s n u c l e a r e s no p a í s .

E m 1 9 5 ? o B r a s i l a s s i n a u m s e g u n d o a c o r d o c o m o s E U A (o

p r i m e i r o d a t a d e 1 9 4 5 ) p a r a e x p o r t a ç ã o d e m o n a z i t a e o x i d o d e

t ó r i o q u e , r e s u l t a n d o e m f r a c a s s o p a r a o p a í s , p e r m a n e c e c o m o

a l e m b r a n ç a q u e a m a r g a v a o s n a c i o n a l i s t a s " ( o s E U A

m o s t r a v a m - s e s o b r e m a n e i r a i n t e r e s s a d o s n o s m i n e r a i s

e s t r a t é g i c o s b r a s i l e i r o s - e x p r e s s ã o i n t r o d u z i d a p e l o p r ó p r i o

A l m i r a n t e Á l v a r o A l b e r t o - , u m a v e z q u e a t r a n s f e r ê n c i a d e

t e c n o l o g i a p a r a o B r a s i l e s t a v a p r o i b i d a ) .

1 4 1

Um ano d e p o i s , e m 1 9 5 3 , o A l m i r a n t e á l v a r o A l b e r t o

m a n t é m c o n t a t o s c o m a A l e m a n h a e em 1 9 5 4 a d q u i r e , n a q u e l e

p a í s , t r ê s u I t r a c e n t r í-f u g a s n e c e s s á r i a s p a r a o q u e o g o v e r n o

e n t e n d e de " p r o g r a m a n a c i o n a l i n d e p e n d e n t e " . A e n t r e g a é

ve t a d a p e l o s EUA a t é a r e c u p e r a ç ã o da s o b e r a n i a p e l a

A l e m a n h a , o q u e se dá em 1 9 5 4 m e s m o . As u I t r a c e n t r í f u g a s

c h e g a m ao B r a s i l em 1 9 5 6 . S e u d e s t i n o : U S P . No e n t a n t o , as

"choco I a t e i r a s " ( c o m o e r a m c h a m a d a s ) s u m i r a m , s e n d o

p o s t e r i o r m e n t e e n c o n t r a d a s n a s i n s t a l a ç õ e s da M a r i n h a . ( 2 )

Em 1 9 5 5 i n i c i a a f a s e n u c l e a r p r o p r i a m e n t e d i t a , c o m a

c r i a ç ã o de v á r i o s i n s t 1 1 u t o s , ( 3 ) D e 1 9 5 6 a 1 9 6 0 se deu a

c r i a ç ã o d o s p r i m e i r o s c u r s o s de p ó s - g r a d u a ç ã o em E n g e n h a r i a

N u c l e a r no pai s.< 4 )

0 g o v e r n o J u s c e l i n o K u b i t s c h e k se p o s i c i o n a

f a v o r a v e l m e n t e à e n t r a d a do B r a s i l na p r o d u ç ã o de

e l e t r i c i d a d e a p a r t i r de u s i n a s n u c l e a r e s e em 1 0 . 1 0 . 5 6 é

criada a C N E N , a t r a v é s do D e c r e t o n o . 4 0 . 1 1 0 , d i r e t a m e n t e

s u b o r d i n a d a à P r e s i d ê n c i a da R e p ú b l i c a e c u j o p r i m e i r o

p r e s i d e n t e foi o A l m i r a n t e O t a c í l i o C u n h a .

A i n s t a l a ç ã o do p r i m e i r o r e a t o r e x p e r i m e n t a l do B r a s i l

se e f e t i v a e m 1 9 5 7 , na U S P . Um ano d e p o i s , JK a n u n c i a a

c o n s t r u ç ã o de uma u s i n a de 10 MW em A r e a l - R J , c o m

f u n c i o n a m e n t o p r e v i s t o p a r a 1 9 6 0 . ( 5 )

De a c o r d o c o m K. M I R O W ( 6 ) , no final d o s a n o s 50 JK t o m a

a d e c i s ã o de c o n s t r u i r um r e a t o r de 1 5 0 a S 0 0 MW, de u r â n i o

p n r i q u e c i d o .

0 Projeto M a m b u c a b a , a p r o v a d o pelo D e c r e t o no. 4 5 . 5 7 4 ,

1 4 2

de 3 1 . 1 2 . 5 9 , v i s a v a a c o n s t r u ç ã o d e u m r e a t o r na r e g i ã o

C e n t r o - S u l ( n a b a c i a d o R i o M a m b u c a b a - B a í a d e A n g r a d o s

R e i s / R J ) , a u r â n i o n a t u r a l , a r r e f e c i d o a g r a f i t e , c o m

t e c n o l o g i a f r a n c e s a . Foi a b a n d o n a d o p o s t e r i o r m e n t e .

E m 2 2 . 0 7 . 6 0 , p e l a Lei n o . 3 . 7 B 2 é c r i a d o o M M E , p a s s a n d o

a C N E N a s u a c o m p e t ê n c i a .

J â n i o Q u a d r o s o p t a p e l o s r e a t o r e s a u r â n i o n a t u r a l ,

s e n d o q u e a c o n s t r u ç ã o d e u m U M d o i s r e a t o r e s e x p e r i m e n t a i s

p a r a g e r a ç ã o d e e n e r g i a e l é t r i c a n o N o r d e s t e , d a r i a i n í c i o a

nucI e a r i z a ç ã o d o p a í s ( o s r e a t o r e s s e g u i r i a m o m o d e l o G C R

4 r a n c e s ) .

N o g o v e r n o J o ã o G o u l a r t , a C N E N , t r a n s f o r m a d a e m

a u t a r q u i a f e d e r a l ( L e i n o . 4 . 1 1 8 , d e 2 7 . 0 B . 6 2 ) , é n o v a m e n t e

s u b o r d i n a d a à P r e s i d ê n c i a d a R e p ú b l i c a .

E m 3 1 , 1 2 . 6 3 é a n u n c i a d a a c o n s t r u ç ã o d a p r i m e i r a c e n t r a l

n u c l e a r a u r â n i o n a t u r a l , p e r s i s t i n d o o m o d e l o f r a n c ê s .

T é c n i c o s b r a s i l e i r o s f o r a m e n v i a d o s à F r a n ç a p a r a t r e i n a m e n t o

e e n g e n h e i r o s n u c l e a r e s f r a n c e s e s v i e r a m a o B r a s i l p a r a a

p r e p a r a ç ã o d a c o n s t r u ç ã o d o r e a t o r . ( 7 ) N e s s a o p o r t u n i d a d e foi

e n f a t i z a d a a c o m p e t ê n c i a da C N E N n o d e s e n v o l v i m e n t o d e

t e c n o l o g i a s b á s i c a s d e s t i n a d a s à c a p a c i t a ç ã o d a i n d ú s t r i a

n a c i o n a l n o q u e se r e f e r e à p r o j e ç ã o e c o n s t r u ç ã o d e u s i n a s

n u c l e a r e s . ( 8 )

T a m b é m e m 1 9 6 3 f i c a c o n c l u í d a a c o n s t r u ç ã o d o r e a t o r d e

P e s q u i s a t i p o A r g o n a u t a ( U S P ) , c o m 9 3 % d e c o m p o n e n t e s

n a c i o n a i s , i n i c i a d o n o g o v e r n o JK, b e m c o m o s ã o i n i c i a d o s o s

t r a b a l h o s d o G r u p o d e T ó r i o ( B e l o H o r i z o n t e ) .

I 1 4 3

C o m o g o l p e m i l i t a r d e 1 9 6 4 , f i n d a a é p o c a d o

n a c i o n a l i s m o a u t o n o m i s t a n a p o l í t i c a n u c l e a r b r a s i l e i r a ,

i n i c i a n d o - s e , a p a r t i r d a i , a d a i m p o r t a ç ã o t e c n o l ó g i c a e

p r o g r a m a ç ã o m o d e s t a . ( 9 ) 0 g o l p e , s e g u n d o C . G I R O T T l , a f e t a a

p o l í t i c a n u c l e a r e m a n d a m e n t o e o s p l a n o s d e J o ã o G o u l a r t < ã o

c a n c e I a d o s .

E m 1 9 6 7 , a i n d a n o g o v e r n o G a s t e i I o B r a n c o , a C N E N é

n o v a m e n t e t r a n s f e r i d a a o M M E .

E n t r e 1 9 6 7 e 1 9 6 9 , o e n t ã o M i n i s t r o d a s M i n a s e E n e r g i a ,

J o s é C o s t a C a v a l c a n t i , e m p r e e n d e c o n t a t o s ( e v i a g e n s d e

o b s e r v a ç ã o ) c o m E U A , C a n a d á , I n g l a t e r r a , F r a n ç a , A l e m a n h a e

Á u s t r i a . D e s t e s p a í s e s , o ú n i c o p r o p e n s o a u m a c o r d o d e

c o o p e r a ç ã o c o m p l e t a é a A l e m a n h a , s e n d o q u e e m 1 9 6 8 , o B r a s i l

r e c e b e a v i s i t a d e W i l l y B r a n d t ( e n t ã o M i n i s t r o d a s R e l a ç õ e s

E s t r a n g e i r a s d a R F A e P r i m e i r o M i n i s t r o d a q u e l e p a í s e n t r e

1 9 6 9 e 1 9 7 4 ) .

E m 0 3 . 1 0 . 6 7 , o p r e s i d e n t e C o s t a e S i l v a a p r o v a o

r e l a t ó r i o d o G r u p o d e T r a b a l h o E s p e c i a l ( G T E ) , i n t e g r a d o p o r

r e p r e s e n t a n t e s d o M M E , C N E N , E l e t r o b r á s e S G - C S N , q u e c o n c l u i

p e l a i n s t a l a ç ã o d o p r i m e i r o r e a t o r n u c l e a r d e p o t ê n c i a n o

P a í s , a s e r i n s t a l a d o n a r e g i ã o C e n t r o - S u l , c o m c a p a c i d a d e

p r e v i s t a d e 5 0 0 M W . E i s a l g u n s d o s t ó p i c o s d o r e l a t ó r i o ;

" a ) a c o m p I e m e n t a ç ã o t é r m i c a d a e n e r g i a h i d r á u l i c a n a R e g i ã o

C e n t r o - S u l ( R C S - a t u a l m e n t e R e g i ã o S u d e s t e ) d e v e r á i n i c i a -

* & , e m r i t m o a c e l e r a d o , a p a r t i r d e 1 9 7 7 ;

b ) é i m p e r a t i v o q u e a t e c n o l o g i a b r a s i l e i r a e s t e j a p r e p a r a d a

P a r a p a r t i c i p a r d e u m p r o g r a m a n u c l e a r e m l a r g a e s c a l a , q u e

1 4 4

&e i n i c i a r á na d é c a d a d e 1 9 8 0 ;

c ) a d a t a p r e v i s t a p a r a a o p e r a ç ã o c o m e r c i a l d a p r i m e i r a

c e n t r a l n u c l e a r na R C S d e v e r á ser 1 9 7 5 / 1 9 7 6 ;

d ) o t e m p o e n t r e e s t a d a t a e o i n í c i o d o p r o g r a m a n u c l e a r e m

larga e s c a l a , na d é c a d a de 8 0 , é um i n t e r v a l o d e t e m p o m í n i m o

p a r a o b t e r a e x p e r i ê n c i a t é c n i c a e o p e r a c i o n a l n e c e s s á r i a ao

P r o g r a m a de E n e r g i a N u c l e a r B r a s i I e i r o " . ( 1 0 >

N o m e s m o a n o , a C N E N fez um a c o r d o c o m a E l e t r o b r á s ( q u e

e n t r o u e m v i g o r e m 5 0 , 0 6 . 6 8 ) , v i s a n d o a c o o p e r a ç ã o e n t r e a s

d u a s e n t i d a d e s n o s s e g u i n t e s c a m p o s d e i n t e r e s s e :

" a ) p l a n e j a m e n t o e a n t e p r o j e t o d e C e n t r a i s N u c l e a r e s *b ) c o n s t r u ç ã o de C e n t r a i s N u c l e a r e s ;c ) o p e r a ç ã o e m a n u t e n ç ã o d a s C e n t r a i s N u c l e a r e s ;d) p r o b l e m a do c o m b u s t í v e l ;c ) t e c n o l o g i a n u c l e a r , p r o j e t o e c o n s t r u ç ã o d e p r o t ó t i p o s ;4) f o r m a ç ã o e a p e r f e i ç o a m e n t o d e p e s s o a I . * ( 1 1 )

E m 1 4 . 0 3 . 6 7 é c o n c l u í d o o T r a t a d o p a r a P r o s c r i ç à o d a s

A r m a s N u c l e a r e s na A m é r i c a L a t i n a ( T r a t a d o d e T l a t e l o l c o ) , na

c i d a d e do M é x i c o T e n d o p a r t i c i p a d o c o m d e s t a q u e na e l a b o r a ç ã o

do T r a t a d o d e T l a t e l o l c o , o B r a s i l , j u n t a m e n t e c o m t o d o s o s

p a í s e s d e l í n g u a e s p a n h o l a ( e x c e t o C u b a ) , H a t t i , J a m a i c a e

T r i n i d a d - T o b a g o , a s s i n o u o d o c u m e n t o (a G u i a n a , a s s i m c o m o

C u b a , n ã o o f i r m o u ) .

Já o T r a t a d o de N ã o - P r o I i f e r a ç ã o d e A r m a s N u c l e a r e s

( T N P / O N U ) e n t r o u em v i g o r em 0 5 . 0 3 . 7 0 , s e n d o q u e o B r a s i l

n e g o u - s e a s u b s c r e v ê - l o por c o n s i d e r á - l o i n s t r u m e n t o j u r í d i c o

v o l t a d o p a r a o s i n t e r e s s e s d a s p o t ê n c i a s n u c l e a r e s ,

M a s , r e t o r n a n d o ao M i n i s t r o C o s t a C a v a l c a n t i e à

P f o p e n s 5 o à e s c o l h a da A l e m a n h a c o m o p a r c e i r o n u m f u t u r o

«•tordo, é n e c e s s á r i o r e s s a l t a r q u e e m 1 5 . 0 7 , 6 9 , p e l o D e c r e t o -

Lei n o . 6 8 1 , o B r a s i l a s s i n a o p r i m e i r o A c o r d o d e C o o p e r a ç ã o

com a A I e m a n h a . ( 1 9 )

" F o i , p o r t a n t o , no G o v e r n o do P r e s i d e n t e C o s t a e S i l v a ,

que se f i r m a r a m a s b a s e s s o b r e a s q u a i s se c o n s t i t u i r i a t o d o

o e n t e n d i m e n t o q u e r e s u l t o u no A c o r d o N u c l e a r d o B r a s i l c o m a

R e p ú b l i c a F e d e r a l d a A l e m a n h a . " ( 1 3 )

De 1 9 5 8 a 1 9 6 5 a C N E N r e a l i z o u e s t u d o s p a r a a

l o c a l i z a ç ã o d e u m a c e n t r a l n u c l e a r n o l i t o r a l d o E s t a d o d o

Rio de J a n e i r o , s e n d o q u e e m a b r i l / 6 9 F u r n a s ( c r i a d a e m

? 8 . 0 2 . 5 7 > i n i c i o u e s t u d o s p a r a a e s c o l h a da l o c a l i z a ç ã o da

usina d e 5 0 0 M W , a p r o v a d a p e l o g o v e r n o f e d e r a l e m 1 S 6 7 . E m

1970 a e s c o l h a r e c a i s o b r e a p r a i a de I t a o r n a . C o u b e a o

p r e s i d e n t e E r n e s t o G. M e d r e i , e m sua m e n s a g e m a o C o n g r e s s o

N a c i o n a l , a f i r m a r q u e e m 1 9 7 0 s e r i a m d a d o s o s p a s s o s i n i c i a i s

para a c o n s t r u ç ã o d a p r i m e i r a c e n t r a l n u c I e o e I é t r i c a d e

p o t ê n c i a , n o m u n i c í p i o d e A n g r a d o s R e i s / R J ( q u e e m 1 9 6 9

havia s i d o t r a n s f o r m a d o e m m u n i c í p i o de s e g u r a n ç a n a c i o n a l ) .

• e s c o l h a h a v i a r e c a í d o s o b r e um r e a t o r P W R , u m a o p ç ã o

t e c n o l ó g i c a r e c e n t e , q u e já a p r e s e n t a v a i n ú m e r o s

p r o b l e m a s . ( 1 4 )

0 p r i m e i r o r e a t o r d e p o t ê n c i a b r a s i l e i r o s e r i a

c o n s t r u í d o a p a r t i r d a t e c n o l o g i a m u n d i a l m a i s a v a n ç a d a d o

m o m e n t o , t r a z e n d o c o n s i g o d u p l a d e p e n d ê n c i a : a t e c n o l o g i a d o

Próprio r e a t o r e a do u r â n i o e n r i q u e c i d o , A e s c o l h a m a r c a v a

" t o n a da C N E N , f a v o r á v e l a o s r e a t o r e s P W R .

Na é p o c a o g o v e r n o a r g u m e n t a v a q u e os P W R e r a m o s

r * a t o r e & m a i s u s a d o s i n t e r n a c i o n a l m e n t e , M a s , a t é 1 9 6 9 , d o s

146

78 reatores c o m e r c i a i s em f u n e i o n a m e n t o ( 1 5 ) , a p e n a s 13 eram

PWR (15 BWR, 31 GCR, e t c ) , 5 s i t u a d o s nos EUA, país que

originara tal t e c n o l o g i a .

Quanto à potência :

* PWR - desses r e a t o r e s a maior p o t ê n c i a era a de HANDDAM

NECK ( E U A ) , que entrara em f u n c i o n a m e n t o em 1967 e que gerava

600 MW de p o t ê n c i a . Já a potência m é d i a dos 13 PWR estava

estabelecida em 306 MW.

« BWR - maior potência : OYSTER C R E E D ( E U A ) - 6 7 D MW e NINE

PILE PONT 1 (EUA) - 640 MW, ambos de 1 9 6 9 .

* GCR - maior potência : C H I N O N 3 ( F r a n ç a ) - 500 MW e ST.

LAURENT 1 ( F r a n ç a ) - 500 MW, de 1966 e 1969 r e s p e c t i v a m e n t e .

Assim, quando em 1970 foram d i s t r i b u í d a s as

especificações de p r o j e t o s e e q u i p a m e n t o s da c h a m a d a Central

Nuclear de Angra dos Reis e em 1 9 7 1 , quando da licitação

internacional saiu v e n c e d o r a a W e s t i n g h o u s e Electric

Corporation (com p a r t i c i p a ç ã o no m e r c a d o e l é t r i c o b r a s i l e i r o

antes da usina n u c l e a r ) , o Brasil a c a b a v a .e adquirir o

reator PWR m a i s potente do m u n d o . H a v i a m ficado para trás os

reatores de urânio natural e o " e s t i g m a " que c a r r e g a v a m

consigo : o de país s u b d e s e n v o l v i d o .

Vejamos as e m p r e s a s p a r t i c i p a n t e s e as p o t ê n c i a s de

comparação quando das p r o p o s t a s :(16)

» Westinghouse (EUA) - 660 MW

* The Nuclear Power Group ( I n g l a t e r r a ) - 466 MW

* General Electric (EUA) - 524 MW

* SIEMENS ( R F A ) - 524 MW

* *SEA ( S u é c i a ) - 529 MW

147

O reator seria c o m p r a d o a t r a v é s do sistema turn- Ice v. Ao

Brasil c a b e r i a o p e r á - l a . Uma d e c i s ã o cara e p r o b l e m á t i c a , q u e

fa? lembrar a a f i r m a ç ã o de C. GIROTTI : "A o l h o s v i s t o s , o

importante era dispor de um reator de p o t ê n c i a , e o c o m o ,

c o n s t i t u í a um a s s u n t o s e c u n d a r i o r * í 1 7 >

A p r e s e n ç a do CSN no GTE c o l a b o r a na a-firmativa que

grandes o b r a s t e c n o l ó g i c a s são " q u e s t ã o de s e g u r a n ç a

n a c i o n a l " , m e r e c e n d o a t e n ç ã o de caráter e s t r a t é g i c o . C o m a

incursão na era nuclear para geração de e l e t r i c i d a d e ,

copiando países do h e m i s f é r i o norte, i n d u s t r i a l i z a d o s , o

Brasil, por outro lado, se alia aos p a í s e s c a p i t a l i s t a s

o c i d e n t a i s , na t e n t a t i v a de e m p r e e n d e r a c o n s t r u ç ã o de uma

nação h o m o g ê n e a , " d e s e n v o l v i d a " , uma p o t ê n c i a e c o n ô m i c a e

militar. Aqui já não e s t a v a s u b l i n h a d a tão somente a

importância de grande q u a n t i d a d e de e n e r g i a e l é t r i c a

(necessária, sem d ú v i d a , para um m o d e l o de c r e s c i m e n t o

e c o n ô m i c o ) , m a s o f o r t a l e c i m e n t o de um g o v e r n o m i l i t a r que

sonhava com uma s o b e r a n i a n a c i o n a l , e m p r e e n d e d o r a , na

verdade, de um "modelo de d e s e n v o l v i m e n t o " d e p e n d e n t e e

o e p r e d a d o r .

P&ra além d i s s o , p e r s i s t i a e se i n t e n s i f i c a v a o p r o b l e m a

fleopolítico. 0 Brasil a l m e j a v a a s o b e r a n i a c o n t i n e n t a l , m a s

''»»i a um país à frente no d e s e n v o l v i m e n t o da e n e r g i a n u c l e a r ,

c ructal nesse projeto p o l í t i c o ; a A r g e n t i n a , que em 1 9 5 0

ftavia c r i a d o a sua C o m i s s ã o Nacional de E n e r g i a A t ô m i c a

(CNEA>, responsável pela c o o r d e n a ç ã o do p r i m e i r o reator de

potència da América Latina (Atucha 1, a urânio n a t u r a l ) ,

1 4 8

i n a u g u r a d o e m 1 9 7 1 .

N o B r a s i l , e s b o ç a v a - s e o i n í c i o d e um p r o g r a m a n u c l e a r

para g e r a ç ã o d e e n e r g i a e l é t r i c a q u e , s e g u n d o P a u l o R o b e r t o

C a v a l c a n t i S O U Z A ( e m e n t r e v i s t a ) . n u n c a foi b e m a c e i t o no

setor e l é t r i c o , h a v e n d o r e s i s t ê n c i a e m a c e i t á - l o p o r q u e se

t r a t a v a d e u m p r o g r a m a a n t i - e c o n ó m i c o , s e n d o c o s t u m e i r o

a v a l i a r a q u e s t ã o e n e r g é t i c a p e l o m é r i t o e c o n ô m i c o . E r a u m a

o p ç í o m u i t o c a r a . A n g r a 1 p a r t i u d o s e t o r e l é t r i c o c o m o

a p r e n d i z a d o . O b j e t i v a v a - s e a g e r a ç ã o d e e n e r g i a , m a s

s o b r e t u d o a a b s o r ç ã o d e t e c n o l o g i a n u c l e a r . " M a s m a i s t a r d e

nós f o m o s v e n d o q u e a c o i s a ia m a i s a l é m . N ó s e s t á v a m o s

m o n t a n d o u m a i n d ú s t r i a p e s a d a n o B r a s i l . A e n e r g i a e r a u m

s u b p r o d u t o m e n o r . " A f i n a l i d a d e m a i o r a p o i a v a - s e n a

c a p a c i t a ç ã o d o B r a s i l i n d u s t r i a l .

V e j a m o s , p o i s , c o m o o g o v e r n o e s t a v a p r e p a r a n d o e s s e

c a m i n h o . E m t o r n o do a n o de 1 9 6 1 , a C N E N i n i c i o u a r e a l i z a ç ã o

de c o n s u l t a s ao e m p r e s a r i a d o n a c i o n a l , o b j e t i v a n d o a

a v a l i a ç ã o da c a p a c i d a d e d a i n d ú s t r i a e i e t r o m e c ã n i c a .

E m 1 9 7 3 , a C B T N c o n t r a t a o s s e r v i ç o s d a B e c h t e l O v e r s e a s

C o r p o r a t i o n , e m p r e s a d e e n g e n h a r i a n o r t e - a m e r i c a n a , n o

s e n t i d o d e e s t u d a r a p o s s i b i l i d a d e d a i n d ú s t r i a n a c i o n a l e m

c o n t r i b u i r p a r a u m p r o g r a m a n u c l e a r . E s s a e m p r e s a , j u n t a n d o -

*e à M o n t o r b r a s i l e i r a , i n i c i o u o l e v a n t a m e n t o . P a r a t a n t o

•oram i n s p e c i o n a d a s 7 9 i n d ú s t r i a s e a n a l i s a d a a c a p a c i d a d e de

p r o d u ç ã o / f a b r i c a ç ã o de 1 4 6 4 c o m p o n e n t e s p a r a a c o n s t r u ç ã o de

u & m a s rio 1 0 0 0 M W no p a í s .

No a r t i g o " I n d ú s t r i a n a c i o n a l p o d e p r o d u z i r 7 4 % d e u s i n a

1 4 S

n u c l e a r " ( J B , 0 4 . 1 1 . 7 4 ) , a C B T N i n f o r m a q u e e s t a p o r c e n t a g e m

era r e f e r e n t e ao a n o d e 1 9 7 4 , a f i r m a n d o q u e " e m t r ê s a c i n c o

a n o s a i n d ú s t r i a n a c i o n a l e s t a r á c a p a c i t a d a a p r o d u z i r B 6 %

d o s c o m p o n e n t e s p a r a e s s e t i p o d e u s i n a " .

D e q u a l q u e r f o r m a , d a s 7 9 e m p r e s a s i n v e s t i g a d a s , a p e n a s

22 c o n s t a v a m c o m o h a b i l i t a d a s no r e l a t ó r i o d a B e c h t e l e p a r a

e s s a s q u a i s a f i g u r a v a - s e l u c r a t i v o i n v e s t i r no

a p e r f e i ç o a m e n t o da p r o d u ç ã o p a r a o p r o g r a m a n u c l e a r q u e se

av i z i n h a v a .

P a r a a c o m p r a de A n g r a 1 foi f i r m a d o u m f i n a n c i a m e n t o

com o E x i m b a n k - E x p o r t I m p o r t B a n k ( E U A ) e m m o e d a

e s t r a n g e i r a e c o m a E l e t r o b r á s , e m m o e d a n a c i o n a l .

E m 1 7 . 0 4 . 7 2 foi a s s i n a d o o c o n t r a t o c o m a W e s t i n g h o u s e ,

à q u a l , j u n t a m e n t e c o m a E B E - E m p r e s a B r a s i l e i r a de

E n g e n h a r i a S , A , , c a b e r i a a m o n t a g e m e I e t r o m e c â n i c a d a

c e n t r a l .

O u t r a s e m p r e s a s a b r a n g i d a s no c o n t r a t o e n t r e F u r n a s e

W e s t i n g h o u s e f o r a m ; G I B B S & H I L L ( E U A ) , c o m o s u b c o n t r a t a d a

da W e s t i n g h o u s e , P R O M O N E n g e n h a r i a do B r a s i l , c o m o

ftubcontratada d a G I B B S & H I L L ( a m b a s r e s p o n s á v e i s p e l o

P r o j e t o da u s m a ) | D ' A P P O L O N I A , c o m o s u b c o n t r a t a d a da G I B B S &

HILL p a r a s e r v i ç o s d e c o n s u l t o r i a t é c n i c a .

E s t a v a m e x c l u í d o s d o c e n á r i o da W e s t i n g h o u s e e E B E t r ê s

• à p e c t o s ; o u r â n i o e n r i q u e c i d o ( a p ó s p r o i b i ç ã o do

* ° f n e c i m e n t o de c o m b u s t í v e l n u c l e a r p e l o g o v e r n o n o r t e -

i e n c a n o ) , o v a s o de c o n t e n ç ã o do e d i f í c i o d o r e a t o r e as

obras C I V I S .

1 5 0

P a r a a p r i m e i r a c a r g a d e c o m b u s t í v e l , o c o n c e n t r a d o d e

u r â n i o n a t u r a l s a i r i a d a Á f r i c a d o S u l , a c o n v e r s ã o e m

h e x a f l u o r e t o d e u r â n i o s e d a r i a n a I n g l a t e r r a e o s e u

e n r i q u e c i m e n t o s e c o n c r e t i z a r i a n o s E U A .

0 e n v o l t ó r i o d e c o n t e n ç ã o d e a ç o f o i c o n t r a t a d o a t r a v é s

de um c o n s ó r c i o e n t r e a s f i r m a s C h i c a g o B r i d g e I n t e r n a c i o n a l

( E U A ) , C o n f a b ( B r ) e C h i c a g o B r i d g e C o n s t r u ç õ e s L t d a ( B r ) ,

c o m c o n t r o l e d e q u a l i d a d e d a W e s t i n g h o u s e . A C o n f a b

I n d u s t r i a l h a v i a c o n s e g u i d o g r a u A n o e s t u d o d a B e c h t e l

e n c o m e n d a d o p e l a C B T N e t r a n s f o r m a v a - s e , a s s i m , e m p i o n e i r a

na c o n s t r u ç ã o d e e q u i p a m e n t o s p a r a u s i n a s n u c l e a r e s n o

B r a s i l . " A n t e s m e s m o d e p a r t i c i p a r d a c o n c o r r ê n c i a d a u s i n a

de A n g r a d o s R e i s , e s s a e m p r e s a já r e a l i z a v a e s t u d o s p a r a s e

c o l o c a r e m c o n d i ç õ e s p a r a a f a b r i c a ç ã o d o v a s o d e c o n t e n ç ã o " ,

q u e p o s s u i 3 2 m d e d i â m e t r o e 6 8 m d e a l t u r a ( J B , 0 4 . 1 1 . 7 4 ) ,

À C N O c o u b e o c o n t r a t o d a s o b r a s c i v i s , a p ó s

c o n c o r r ê n c i a n a c i o n a l , a s s i n a d o e m 2 6 . 0 9 . 7 2 . S e , p o r u m l a d o ,

a e m p r e s a e r a c o n s i d e r a d a a m a i s q u a l i f i c a d a p a r a a

c o n s t r u ç ã o d e A n g r a 1 , p o r o u t r o , P a u l o R o b e r t o C a v a l c a n t i

S O U Z A ( e m e n t r e v i s t a ) i n f o r m a q u e a c o n s t r u ç ã o d a u s i n a

n u c l e a r f o i e n t r e g u e " a u m a e m p r e s a q u e n ã o t i n h a n e n h u m a

e x p e r i ê n c i a e m c o n s t r u ç ã o d e u s i n a s , q u e d i r á n u c l e a r e s , q u e

na é p o c a e r a u m p e s o p e q u e n o e h o j e é u m a d a s p o t ê n c i a s d o

B r a s i l " , N ã o h a v i a s e q u e r u m a e m p r e s a q u e s o u b e s s e c o n s t r u i r

u * > n a s n u c l e a r e s n o p a í s .

0 c o n t r a t o e n t r e F u r n a s e a C N O r e c e b e u n o v e a d i t i v o s d e

1 9 7 ? a 1 9 7 6 , a t r a v é s d o s q u a i s f o r a m a c r e s c e n t a d o s

1 5 1

e q u i p a m e n t o s , a r r o l a d a s n o v a s c o n d i ç õ e s p a r a r e e m b o l s o d e

d e s p e s a s c o m p e s s o a l e g a s t o s c o r r e l a t o s , a l t e r a d a s

s i s t e m á t i c a s d e a d i a n t a m e n t o s , e n t r e o u t r o s , e m b e n e f i c i o d a

c o n s t r u t o r a . S u a i n e x p e r i ê n c i a , i n c a p a c i d a d e t é c n i c a e

f i n a n c e i r a , p o r e x e m p l o , a p o n t a r a m p a r a a n e c e s s i d a d e d a

c o n t r a t a ç ã o d a L o g o s E n g e n h a r i a , p a r a a c o m p a n h a m e n t o d o s

t r a b a l h o s d a c o n s t r u ç ã o , a c a r r e t a n d o c u s t o s d e s n e c e s s á r i o s à

us t n a .

0 r e v e s t i m e n t o d e a ç o d a p i s c i n a d e c o m b u s t í v e l foi

c o n t r a t a d o c o m a A n s a l d o M e c c a n i c o N u c l e a r e s ( I t á l i a ) e

T e c h i n t ( B r ) .

P a r a s e r v i ç o s t é c n i c o s d e c o n s u l t o r i a e m e n g e n h a r i a e

c o n s t r u ç ã o , g a r a n t i a d e q u a l i d a d e , i n s p e ç ã o d e e q u i p a m e n t o s ,

t r e i n a m e n t o e p r e p a r a ç ã o d e p e s s o a l p a r a o p e r a ç ã o d e A n g r a 1,

F u r n a s a s s i n o u c o n t r a t o s c o m a E B A S C O C o r p o r a t i o n ( E U A ) ,

D a m e s & M o o r e ( E U A ) , T e c n o s o l o E n g e n h a r i a e T e c n o l o g i a de

S o l o s e M a t e r i a i s S . A . ( B r ) , D ' A p p o l o n i a C o n s u l t i n g a n d

S u p e r v i s i n g E n g i n e e r i n g ( E U A ) , L a b o r a t ó r i o s H i d r á u l i c o s

S a t u r n i n o B r i t o ( B r ) , P r o m o n E n g e n h a r i a S . A . ( B r ) , N U S

C o r p o r a t i o n ( E U A ) , S h a m s t o n N u c l e a r A s s o c i a t e s ( E U A ) e W e s t o n

G e o p h y s i c a l R e s e a r c h ( E U A ) . F o r a m t a m b é m c o n t r a t a d a s a

B e c h t e l , p a r a c o n s u l t o r i a e m c o n s t r u ç ã o d e u s i n a n u c l e a r e a

J. A. J o n e s ( E U A ) p a r a c o n s u l t o r i a à C N O .

A s s i m , s e d e u m l a d o há u m a p a r a t o da i n i c i a t i v a p r i v a d a

Que se o r g a n i z a p a r a a c o n s t r u ç ã o da p r i m e i r a u s i n a

t e r m o n u c l e a r no p a í s , d o s p o d e r e s c o n s t i t u í d o s só e n t r a e m

cena o e x e c u t i v o f e d e r a l .

1 5 2

D a s d e c i s õ e s , n e g o c i a ç õ e s , a r t i c u l a ç õ e s s ã o a l i j a d a s a

c o m u n i d a d e c i e n t í f i c a e a s o c i e d a d e c i v i l . E o q u e f a l a r d a

p o p u l a ç ã o d e A n g r a d o s R e i s , P a r a t i , R i o C l a r o e M a n g a r a t i b a ?

De c i d a d ã o s , q u e t e r i a m q u e s e r , p a s s a m a e x p e c t a d o r e s

d e s • n f o r m a d o s . A u s i n a e s t a v a s e n d o l e v a n t a d a a u m a d i s t â n c i a

de 1 5 km, e m l i n h a r e t a , d e 5 D k m , p o r e s t r a d a , d e A n g r a d o s

R e i s , n u m e m p r e e n d i m e n t o t o t a l m e n t e a p a r t a d o d a r e a l i d a d e

l o c a l . ( 1 8 )

A r r o l a r e m o s , a s e g u i r , a l g u m a s c a r a c t e r í s t i c a s e

i n f o r m a ç õ e s b á s i c a s r e l a t i v a s a C N A A A . A n g r a 1 .

* T i p o d e r e a t o r : P W R

* P o t ê n c i a b r u t a : 6 5 7 M W

* P o t ê n c i a l í q u i d a : 6 2 6 M W

* L o c a l i z a ç ã o ; P r a i a d e I t a o r n a , m u n i c í p i o d e A n g r a d o s

R e i s / R J , a 1 3 0 k m d o R i o d e J a n e i r o , 2 2 0 k m d e S ã o P a u l o e

350 k m d e B e l o H o r i z o n t e .

* C o m b u s t í v e l : u r â n i o e n r i q u e c i d o a 3 %

* M o d e r a d o r : á g u a l e v e ( d o m a r )

* I n í c i o d a s o b r a s C I V I S p e l a C N O : 0 1 . 1 0 . 7 2

* C o n s t r u ç ã o '• 6 e d i f í c i o s ( d o r e a t o r , d a s e g u r a n ç a , d o

c o m b u s t í v e l , d o t u r b o g e r a d o r , a u x i l i a r n o r t e e sul P d a

admini s t r a ç ã o )

* C u s t o : U S $ 3 0 4 m i l h õ e s ( j u n h o / 7 2 ) ( 1 9 )

* I n í c i o d e O p e r a ç ã o : 1 9 7 7 ( 1 o . c r o n o g r & m a )

* C o n c e s s ã o d a l i c e n ç a d e c o n s t r u ç ã o d e f i n i t i v a d a u s i n a p e t a

E n q u a n t o s e e f e t i v a v a a c o n s t r u ç ã o d e A n g r a 1 ( n ã o s e m

1 5 3

e n o r m e s d i f i c u l d a d e s , i n c l u s i v e de a c e s s o ao l o c a l ) , f a t o r e s

e x t e r n o s c o n t r i b u í a m d e c i s i v a m e n t e p a r a o c u r s o d o s

a c o n t e c i m e n t o s n u c l e a r e s d o p a i s , s e n d o q u e o a n o de 1 9 7 4

p o s s u i d e s t a q u e '•

- 0 p r e s i d e n t e E r n e s t o G e i s e l a u t o r i z a a c o n s t r u ç ã o da B a .

u n i d a d e d a C N A A A (a e s t i m a t i v a da E l e t r o b r á s n o P i a n o 90

e l a b o r a d o e m 1 9 7 3 - t o t a l i z a v a 8 u s i n a s n u c l e a r e s d e 1 5 0 0 M W

até 1 9 9 0 } o m e s m o e r a p r e c o n i z a d o p e l o II P N D ) , ( 2 D )

- c r i a ç ã o d o C l u b e de L o n d r e s , q u e a c r e s c e n t o u m e c a n i s m o s

a d i c i o n a i s de c o n t r o l e ao S i s t e m a de S a l v a g u a r d a s da A I E A ,

não a d m i t i n d o e x p o r t a ç ã o de t e c n o l o g i a s e n s í v e l p a r a p a í s e s

em d e s e n v o l v i m e n t o .

- 0 B r a s i l t e n t a n e g o c i a r c o m os EUA a c o m p r a d e 4 c e n t r a i s

n u c l e a r e s e a i n s t a l a ç ã o do c i c l o d o c o m b u s t í v e l , s e n d o

i m p e d i d o p e l o g o v e r n o por e n v o l v e r o e n r i q u e c i m e n t o do u r â n i o

(a W e s t i n g h o u s e é p r o i b i d a de f o r n e c e r u r â n i o e n r i q u e c i d o

para A n g r a 1 ) .

' A t e n t a t i v a de n e g o c i a ç ã o c o m a F r a n ç a , q u e só a d m i t e a

t r a n s f e r ê n c i a da u s i n a de e n r i q u e c i m e n t o s o b a f o r m a de

t u r n - k e v . n ã o p e r m i t i n d o o a c e s s o do B r a s i l à t e c n o l o g i a .

* A a s s i n a t u r a d o P r o t o c o l o de B r a s í l i a , q u e d e s e n v o l v e u a s

n e g o g i a ç õ e s c o m o g o v e r n o da RFA e q u e p r e v i a u m m í n i m o d e 9

c e n t r a i s n u c l e a r e s d e 1 2 0 0 M W ,

" R a t i f i c a ç ã o do T N P por p a r t e da A l e m a n h a .

E x p l o s ã o da p r i m e i r a b o m b a a t ô m i c a da í n d i a .

C r i a ç ã o da N u c l e b r á s ( E m p r e s a s N u c l e a r e s do B r a s i l S . A . ) ,

pfTl s u b s t i t u i ç ã o à C B T N , a t r a v é s da Lei n o . 6 . 1 8 9 , d e

154

16.12.74.

Se o objetivo centrai do governo brasileiro era a

consecução da tecnologia do enriquecimento do urânio e se a

Alemanha era o único país propenso a um acordo de cooperação

completa, era premente a intensificação das negociações

teuto-brasiI e i r a s , o que ficou a cargo da Nuclebrás, q ue,

segundo C. G I R O T T I , se converteria no verdadeiro pivô da

política nuclear brasileira.

0 Protocolo de Brasília havia sido assinado em 0 3 . 1 0 . 7 4 ,

mas já em 15.09.74 Furnas fora notificada pelo MME que as

unidades 2 e 3 da CNAAA seriam adquiridas dentro de um

acordo com a A Iemanha.(21 )

5. De 1975 a 1979 - 0 DESLANCHAMENTO DO PROGRAMA NUCLEAR

BRASILEIRO.

1975

Em decorrência do 1 o , Acordo de Cooperação com a

Alemanha (1969) e do Protocolo de Brasília ( 1 9 7 4 ) , Brasil e

Alemanha assinam, em Bonn, a 27.06.75, o "Acordo sobre

Cooperação nos Usos Pacíficos da Energia Nuclear entre o

Brasil e a RFA" (doravante denominado apenas de Acordo).(22)

Não o b s t a n t e , em junho, antes da assinatura do Acordo, o

^residente Geiset autorizara a construção da 3a. usina da

CNAAA.

1 5 5

O d i s c u r s o o f i c i a l d i f e r e e m r e l a ç ã o à q u a n t i d a d e d e

u s i n a s p a r a D l o c a l '• e n q u a n t o A r n a l d o R o d r i g u e s Q A R B A L H O

a f i r m a v a q u e e m 1 9 7 2 j á se c o g i t a v a m t r ê s u s i n a s e m I t a o r n a ,

J o h n R e g i n a l d o C O T R I M ( e x - p r e s i d e n t e d e F u r n a s ) i n f o r m a v a ( 2 3 )

q u e a P r a i a d e I t a o r n a h a v i a s i d o s e l e c i o n a d a c o m o o b j e t i v o

de s e r c o n s t r u í d a u m a s ó u s i n a , a p e s a r d o e s p a ç o p a r a

e x p a n s ã o .

0 B r a s i l c o n t i n u a v a a i n s i s t i r n o s P W R e e m r e a t o r e s d e

p o t ê n c i a e l e v a d a . E m 1 9 7 5 ( i n c l u s i v e ) f u n c i o n a v a m 6 0 P W R . d e

um t o t a l d e 1 7 ? r e a t o r e s n o m u n d o . ( 2 4 ) N o s E U A o 1 o . P W R

h a v i a c o m e ç a d o a o p e r a r e m 1 9 6 0 ( 1 8 5 M W ) . E m 1 9 7 5 e r a m 3 3

P W R , s e n d o o 3 3 o . o r e a t o r T r o j a n , q u e i n i c i o u o p e r a ç ã o e m

1 9 7 5 e c u j a p o t ê n c i a e r a d e 1 2 1 6 M W . N a A l e m a n h a o 1 o . P W R

c o m e ç a r a a f u n c i o n a r e m 1 9 6 8 ( 3 4 5 M W ) e e m 1 9 7 5 a p e n a s t r ê s

PWR o p e r a v a m n o p a í s , s e n d o o 3 o . B I B L I S A ( 1 9 7 4 ) , d e 1 2 0 4

MW.

A A l e m a n h a e s t a v a e x p o r t a n d o p r o j e t o s d e r e a t o r e s q u e

c o m e ç a r i a m a s e r c o n s t r u í d o s e m s e u p r ó p r i o p a í s e c u j o

r e s u l t a d o a i n d a e r a i m p r e v i s í v e l . 0 B r a s i l , p o r s u a v e z ,

e n c o m e n d a v a n o v a m e n t e o s r e a t o r e s P W R d e m a i o r p o t ê n c i a d o

m u n d o : 1 3 4 5 M W d e p o t ê n c i a b r u t a .

P a r a A u r e l i a n o C H A V E S Í 2 5 ) , b e m c o m o n o R e l a t ó r i o d a C P I

do A c o r d o ( 2 B ) c o n s t a q u e a u s i n a B I B L I S C ( 2 7 ) é a r e f e r ê n c i a

a l e m ã p a r a A n g r a 2 e 3 .

P a r a a N u c I e b r á s / K W L K 2 8 ) , A r n a l d o R o d r i g u e s B A R B A L H O e

fte* N a z a r é A L V E S , a u s i n a d e r e f e r ê n c i a p a r a A n g r a 2 e 3

< jpria Gr af e n r h e i n f e I d , l o c a l i z a d a à m a r g e m d o R i o M e n o , c u j a

1 5 6

c o n s t r u ç ã o f o r a i n i c i a d a e m j a n e i r o d e 1 9 7 5 ( e c o n c l u í d a e m

1 9 8 ? ) . " N a é p o c a , G r a f e n r h e i n f e I d e r a a m a t s n o v a c e n t r a l c o m

r e a t o r P W R e m c o n s t r u ç ã o e r e p r e s e n t a v a , p o r t a n t o , o e s t á g i o

m a i s a v a n ç a d o d a t e c n o l o g i a P W R . A l é m d i s s o , e l a e s t a v a a i n d a

b e m n o i n í c i o d a s u a c o n s t r u ç ã o , p e r m i t i n d o a s s i m a o s

t é c n i c o s b r a s i l e i r o s a c o m p a n h a r t o d a s a s s u a s -fases d e

c o n s t r u ç ã o e c o m i s s i o n a m e n t o , a t é a e n t r a d a e m o p e r a ç ã o

c o m e r c i a l . " ( ? 9 >

A n t e s , p o r é m , d e a r r o l a r o b j e t i v o s e c a r a c t e r í s t i c a s d o

A c o r d o , c o n s i d e r a m o s c o n v e n i e n t e a b r i r u m p a r ê n t e s e p a r a

e x p I t c i t a ç ã o d e d a d o s r e l a t i v o s a o d e s e n v o l v i m e n t o d a e n e r g i a

n u c I e o e I é t r i c a a l e m ã .

?. 1 .1 A l e m a n h a

A p ó s a 5 a . G u e r r a M u n d i a l e a d i v i s ã o d a A l e m a n h a e m

d o i s p a í s e s , a R F A t e m a s p e s q u i s a s n u c l e a r e s s u j e i t a s à

s u p e r v i s ã o d o s a l i a d o s - n o r t e - a m e r i c a n o s , i n g l e s e s e

f r a n c e s e s . D u r a n t e p r a t i c a m e n t e d e z a n o s ( d e 1 9 4 5 a 1 9 5 5 ) o s

a l e m ã e s e n c o n t r a r a m - s e t a m b é m n o c a m p o d a t e c n o l o g i a n u c l e a r

c o m s u a s i n s t a l a ç õ e s d e s t r u í d a s e i m p e d i d o s d e r e t o m a r s u a s

a t i v i d a d e s , s e n d o q u e a p a r t i r d e 1 9 5 5 a p e s q u i s a e o u s o

civil d a t e c n o l o g i a n u c l e a r p a s s a r a m a s e r l i v r e s . ( 3 0 )

E m 1 9 . 0 7 . 5 6 foi f u n d a d o o C e n t r o d e P e s q u i s a A t ô m i c a d e

K a r i & r u h e , p e l o g o v e r n o f e d e r a l , d o t a d o c o m u m d o s p r i m e i r o s

r e a t o r e s d e p e s q u i s a , e n t r e o u t r a s i n s t a l a ç õ e s . D t n t r e a s

a t i v i d a d e s , se d e s e n v o l v i a o p r o c e s s o iet n o z z l e d e

P n r ' P u e c i m e n t o d e u r â n i o .

1 5 7

O E s t a b e l e c i m e n t o d e P e s q u i s a A t ô m i c a d e J u e l i c h ,

i n a u g u r a d o e m 1 9 6 1 , se t o r n a r i a , j u n t a m e n t e c o m o d e

K a r l s r u h e , u m d o s p r i n c i p a i s c e n t r o s d e p e s q u i s a d a A l e m a n h a .

É n e s s e c e n t r o ( e n a s e d e d a K W U ) q u e e m 1 9 7 2 , 6 0 o f i c i a i s d a

E S G d o RJ ( e s p e c i a l i s t a s n u c l e a r e s d a s F o r ç a s A r m a d a s , s e n d o

g r a n d e n ú m e r o p e r t e n c e n t e à M a r i n h a ) p a r t i c i p a m d e u m

p r o g r a m a d e f o r m a ç ã o d e e s p e c i a l i s t a s n u c l e a r e s .

D a d é c a d a d e 6 0 ( é p o c a d o " m i l a g r e a l e m ã o " ) a t é m e a d o s

da d é c a d a d e 7 0 , a A l e m a n h a o b t é m u m l u g a r p r i v i l e g i a d o n o

m e r c a d o a t ô m i c o m u n d i a l , p e r í o d o e m q u e a i n d ú s t r i a n u c l e a r

se d e s e n v o l v e a c e l e r a d a m e n t e , e m e s p e c i a l a c o n j u n ç ã o

S I E M E N S - K W U . 0 p a í s p a s s a a s e r u m d o s p r i n c i p a i s

e x p o r t a d o r e s d e t e c n o l o g i a n u c l e a r .

" A e x p e r i ê n c i a a l e m ã e m t e c n o l o g i a n u c l e a r n ã o é m u i t o

a n t i g a , t e n d o d e c o r r i d o a p e n a s c e r c a d e 1 5 a n o s d e s d e a

p r i m e i r a u s i n a n u c l e a r - V e r s u c h s a t o m - K r a f t w e r k K a h l d e 1 5

M W e - a t é a e n t r a d a e m o p e r a ç ã o d o g r a n d e r e a t o r d e B i b l í s d e

1 . 3 0 0 M W e , ( . . . . ) . E s s e r e a t o r é d o t i p o P W R d e s e n v o l v i d o n o s

EUA p e l a W e s t i n g h o u s e , c u j a t e c n o l o g i a f o i a b s o r v i d a e

i m p l e m e n t a d a p e l a A I e m a n h a " . ( 3 1 ) ( o a u t o r s e r e f e r e a q u i a o

r e a t o r B i b l i s A ) .

E n t r e t a n t o , a A l e m a n h a , n o a p o g e u n u c l e a r , n ã o c o n t a v a

c o m d o i s a s p e c t o s h i s t ó r i c o s e d e c i s i v o s :

a ) a d i m i n u i ç ã o d e e n c o m e n d a s d e u s i n a s n u c l e a r e s e b ) o

f o r t a l e c i m e n t o d o m o v i m e n t o a n t i n u c l e a r a l e m ã o , a i n d a q u e a

' e g i s l a ç ã o a l e m ã , p a r a c o n s t r u ç ã o e o p e r a ç ã o d e u s i n a s

n u c l e a r e s , i n c l u í s s e c u i d a d o s a d i s c u s s ã o c o m a p o p u l a ç ã o d e

1 5 B

t o d a s as q u e s t õ e s r e l a t i v a s à s e g u r a n ç a d o s r e a t o r e s ,

p r o t e ç ã o . a d i o I ó g i c a , p r o t e ç ã o do m e i o a m b i e n t e , e t c .

Em 1 9 8 6 , o p a í s t i n h a u m a c a p a c i d a d e i n s t a l a d a d e 1 8 , 9 4 7

MW (11 P W R , 7 B W R , 2 H T G R e 1 F B R ) ; e m p r e e n d i a a c o n s t r u ç ã o

de m a i s 4 , 0 5 8 MW (3 P W R , 1 F B R ) , t e n d o p l a n e j a d o s 1 2 . 6 2 1 MW

(7 PWR, 1 F B R e d o i s o u t r o s r e a t o r e s ) , p r o d u z i n d o a t r a v é s d a s

u s i n a s n u c l e a r e s , 2 9 , 4 % do total d e e l e t r i c i d a d e no p a í s ,

que, s e g u n d o A. M O B E R G é j u s t a m e n t e o p a í s q u e m a i s i n v e s t e ( p e r

c a p i t a ) e m p e s q u i s a n u c l e a r no m u n d o .

T e n d o um l u g a r p r i v i l e g i a d o no m e r c a d o m u n d i a l ,

c o n s e g u i u r e s u l t a d o s i n t e r e s s a n t e s c o m o I r ã , a Á f r i c a do Sul

e a A r g e n t i n a , e m a c o r d o s f i r m a d o s e m 1 9 7 5 e 1 9 7 6 .

A p e s a r de C h e r n o b y l e da c o n s e q ü e n t e a c e n t u a ç ã o do

m o v i m e n t o a n t i n u c i e a r , m a i s t r ê s u s i n a s e n t r a r a m em

f u n c i o n a m e n t o e m 1 9 8 8 U s a r 2 * - 1 2 7 0 MW, E m s l a n d - 1 2 3 0 MW e

N e c k a r w e s t h e i m 2 - 1 2 2 5 M W ) , h a v e n d o u m a e m c o n s t r u ç ã o

( K a l k a r ) , t r ê s p a r a l i s a d a s ( G r u n d r e m m i n g e n , N i e d e r a i c h b a c h e

L i n g e n ) e u m d e p ó s i t o final para r e j e i t o s r a d i o a t i v o s e m

c o n s t r u ç ã o ( G o r l e b e n ) .

<* Em j u l h o / 8 9 h o u v e u m a c i d e n t e na u s i n a Isar 1, s e n d o

i m e d i a t a m e n t e d e s l i g a d a , n ã o se s a b e n d o s e f e c h a d a

d e f i n i t i v a m e n t e . F S P , 0 6 . 0 8 . 8 9 ) .

?.1.2 0 A c o r d o Br asiI - A I e m a n h a

0 g o v e r n o b r a s i l e i r o , t e n d o e n c o n t r a d o um p a r c e i r o q u e

c o n c o r d a r a e m t r a n s f e r i r a t e c n o l o g i a n u c l e a r , c o m e ç a r i a seu

1 5 9

empenho p e l a c o n q u i s t a da a u t o n o m i a t e c n o l ó g i c a , seu a l v o

m a i o r , a t r a v é s de t r ê s a t a p a s d i s t i n t a s :(3c?)

a) r e p r o d u ç ã o da t e c n o l o g i a , c o m a d a p t a ç ã o

b) r e d u ç ã o da d e p e n d ê n c i a

c) a u t o n o m i a de p r o j e t o e f a b r i c a ç ã o .

0 p a í s q u e r i a se d e s f a z e r da d u p l a d e p e n d ê n c i a , já

citada : a da c o n s t r u ç ã o d o s r e a t o r e s e a do e n r i q u e c i m e n t o

do u r â n i o .

0 q u e foi c h a m a d o de " n e g ó c i o do s é c u l o " , " h i p o t e c a do

século", "a a v e n t u r a do s é c u l o " s i g n i f i c a v a , em v e r d a d e , o

maior c o n t r a t o r e a l i z a d o no setor em todo o m u n d o , uma g r a n d e

vitória da p o l í t i c a de c o m é r c i o e x t e r n o da A l e m a n h a ,

superando os EUA nas e x p o r t a ç õ e s em b l o c o , já que até 1 9 7 5 o

me r c a d o m u n d i a l do r a m o e r a n o r t e - a m e r i c a n o .

0 A c o r d o p r e v i a :

- 8 r e a t o r e s n u c l e a r e s de 1 3 0 0 MW até 1 9 9 0 ( s e n d o que o

c o m p r o m i s s o b r a s i l e i r o g i r a v a em t o r n o da c o m p r a de 4 u s i n a s

i n i c i a l m e n t e , Não o b s t a n t e , a t r a n s f e r ê n c i a de t e c n o l o g i a se

daria t o t a l m e n t e , s e g u n d o os a l e m ã e s , a t r a v é s da c o m p r a d a s

8 u s i n a s ) .

- f á b r i c a d e c o m p o n e n t e s p e s a d o s p a r a r e a t o r e s

~ i n s t a l a ç õ e s d o c i c l o d o c o m b u s t í v e l n u c l e a r

" p r o s p e c ç ã o , m i n e r a ç ã o e b e n e f i c i a m e n t o d o u r â n i o

~ c o n v e r s ã o a g á s ( h e x a f I u o r e t o d e u r â n i o )

* e n r i q u e c i m e n t o d e u r â n i o ( d e 0 , 7 % p a r a 3% d o i s ó t o p o 2 3 5 )

f a b r i c a ç ã o d o e l e m e n t o c o m b u s t í v e l ( b a r r a s d e z i r e a l o y

c o n t e n d o o x i d o d e u r â n i o )

^ p r o c e s s a m e n t o d o c o m b u s t í v e l i r r a d i a d o .

1 6 0

V i g ê n c i a d e 1 5 a n o s , p r o r r o g á v e i s p o r p e r í o d o s d e 5 a n o s ,

d e s d e q u e n ã o h o u v e s s e d e n ú n c i a d e u m a d a s p a r t e s . C u s t o

i n i c i a l , s e g u n d o i n f o r m a ç õ e s o f i c i a i s : c e r c a de U S $ 1 0

bi f h õ e s .

P a r a o e s t a b e l e c i m e n t o de u m a i n f r a e s t r u t u r a n u c l e a r ,

f o r a m e s c o l h i d a s u m a s é r i e de e m p r e s a s a l e m ã s : ( 3 3 )

* KWU - K r a f t w e r k U n i o n A k t i e n g e s e I I s c h a f t - a m a i o r e m p r e s a

alemã d e c o n s t r u ç ã o de c e n t r a i s n u c l e a r e s ( r e s p o n s á v e l p e l a

c o n s t r u ç ã o do c o m p l e x o d e B i b l i s e G r a f e n r h e i n f e I d , p . e x . ) .

É o ó r g ã o d i r e t o r do A c o r d o .

* G H H - G u t e h o f f n u n g s h u e t t e S t e r k r a d e AG - e m p r e s a de

c o n s t r u ç ã o de c o m p o n e n t e s d e c e n t r a i s n u c l e a r e s c o m o

m á q u i n a s , i n s t a l a ç õ e s , e q u i p a m e n t o s , e t c .

* UG - U r a n g e s e I I s c h a f t - e m p r e s a d e e x p l o r a ç ã o d e m i n é r i o d e

u r â n i o .

* G f K - G e s e l l s c h a f t f u e r K e r n f o r s c h u n g - s o c i e d a d e d e

e x p l o r a ç ã o nucI e a r .

* S T E A G - S t e a g K e r n e n e r g i e - m a n u t e n ç ã o , r e v i s ã o e r e p a r a ç ã o

de c e n t r a i s n u c l e a r e s .

* I N T E R A T O M - I n t e r n a t i o n a l e A t o m r e a k t o r b a u . A t i v i d a d e

r e a t o r e s r e p r o d u t o r e s r á p i d o s ( d e n ê u t r o n s ) j e n r i q u e c i m e n t o

tie u r â n i o .

* V O E S T - A l p i n e - V e r e i n i g t e O e s t e r r e i c h i s c h e E i s e n u n d

S t a h l w e r k e A l p i n e M o n t a n A k t i e n g e s e I I s c h a f t ( e m p r e s a

a u s t r í a c a ) - f a b r i c a ç ã o de c o m p o n e n t e s p a r a u s i n a s n u c l e a r e s ,

* KEWA - K e r n b r e n n s t o f f - W i e d e r a u f a r b e i t u n g s g e s e I I s c h a f t -

l f 1vest i g a ç & o do r e p r o c e s s a m e n t o d e e l e m e n t o s c o m b u s t í v e i s

1B1

irradi a d o s .

* U H D E - F r i e d r i c h U h d e - p l a n e j a m e n t o e c o n s t r u ç ã o de

i n s t a l a ç õ e s e e q u i p a m e n t o s p a r a a i n d ú s t r i a q u í m i c a e s e t o r e s

a f i n s .

S u b s i d i á r i a s da N u c l e b r á s , f o r m a d a s a p ó s o A c o r d o :

* N U S T E P - C o m p a n h i a de E x p l o r a ç ã o de P a t e n t e s de

E n r i q u e c i m e n t o por Jato C e n t r í f u g o , f o r m a d a pela N u c l e b r á s e

a S T E A G ( s e d e : E s s e n / A I e m a n h a ) . Capital : 5 0 % N u c l e b r á s e

5 0 % S T E A G .

* N U S T E G - C o m p a n h i a para o D e s e n v o l v i m e n t o do

E n r i q u e c i m e n t o por Jato C e n t r í f u g o , f o r m a d a pela N u c l e b r á s e

a S T E A G ( S e d e : E s s e n / A I e m a n h a ) . Capital : 5 0 % N u c l e b r á s e

5 0 % S T E A G . N ã o c h e g o u a ser c o n s t i t u í d a e s e u s o b j e t i v o s

foram a c r e s c e n t a d o s à N U S T E P .

* N U C L E P - N u c l e b r á s E q u i p a m e n t o s P e s a d o s S,A,, em resa

f a b r i c a d o r a d e c o m p o n e n t e s p e s a d o s para u s i n a s n u c l e a r e s ,

c o m p o s t a p e l a N u c l e b r á s (com 7 5 % do c a p i t a l ) e KWU, G H H e

V o e s t - A l p i n e ( 2 5 % do c a p i t a l ) . ( D e c r e t o n o . 7 6 8 0 5 , de

1 6 . 1 2 . 7 5 ) .

* N U C L E I - N u c l e b r á s de E n r i q u e c i m e n t o I s o t ó p i c o S.A., p a r a a

c o n s t r u ç ã o e o p e r a ç ã o de uma usina de d e m o n s t r a ç ã o de

e n r i q u e c i m e n t o de u r â n i o por jato c e n t r í f u g o , f o r m a d a p e l a

N u c l e b r á s ( 7 5 % do c a p i t a l ) , S T E A G ( 1 5 % ) e I N T E R A T O M ( 1 0 % ) .

(decreto n o . 7 B B D 4 , de 1 6 . 1 2 . 7 5 ) .

* N U C L E N - N u c l e b r á s E n g e n h a r i a S.A, C o m p a n h i a para r e a l i z a r

í>erviços de e n g e n h a r i a relacionados, à c e n t r a i s n u c l e a r e s e

outros p r o j e t o s e n e r g é t i c o s , c o m p o s t a pela N u c l e b r á s ( c o m 7 5 %

1 6 2

do c a p i t a l ) e K W U ( 2 5 % ) . ( D e c r e t o n o . 7 6 B D 3 , d e 1 6 . 1 2 . 7 5 ) .

* N U C L A M - U u c l e b r á s A u x i l i a r d e M i n e r a ç ã o S . A . , f o r m a d a p e l a

N u d e b r á s ( 5 1 % ) e UG ( 4 9 % ) q u e o b j e t i v a a p r o s p e c ç ã o ,

p e s q u i s a , d e s e n v o l v i m e n t o e e x p l o r a ç ã o d e d e p ó s i t o s d e

u r â n i o , b e m c o m o a e x t r a ç ã o , b e n e f i c i a m e n t o , p r o c e s s a m e n t o ,

a d e q u a ç ã o p a r a o c o m é r c i o , t r a n s p o r t e e v e n d a a N u c l e b r á s d e

t o d o o u r â n i o n a t u r a l ou s e u s c o m p o n e n t e s . ( D e c r e t o n o . 7 6 B Q 2

de 1 6 . 1 2 . 7 5 ) .

* N U C L E M O N - N u c l e b r á s d e M o n a z i t a e A s s o c i a d o s L t d a . ( 1 D D %

c a p i t a l da N u c l e b r á s ) .

* N U C O N - N u c l e b r á s C o n s t r u t o r a de C e n t r a i s N u c l e a r e s ( c o m

1 0 0 % de c a p i t a l da p r ó p r i a N u c l e b r á s ) . ( D e c r e t o n o . 8 0 2 9 0 , d e

2 9 . 1 0 . 8 0 ) .

P a r a u m a A l e m a n h a c a r e n t e de j a z i d a s p r ó p r i a s d e u r â n i o ,

c o n s c i e n t e d a d i m i n u i ç ã o d o n ú m e r o d e e n c o m e n d a s d e c e n t r a i s

n u c l e a r e s no m u n d o , d o n a d e u m a i n d ú s t r i a n u c l e a r p o d e r o s a e m

d e c r é s c i m o p r o d u t i v o , d e p e n d e n t e d o s E U A no q u e d i z i a

r e s p e i t o ao c o m b u s t í v e l e n r i q u e c i d o e c e n t r o d e um c r e s c e n t e

m o v i m e n t o a n t i n u c l e a r , o A c o r d o p o s s u í a , n a q u e l e m o m e n t o , o

s i g n i f i c a d o d e u m g r a n d e n e g ó c i o .

E r a a é p o c a do a u g e da p r i m e i r a r e a v a l i a ç ã o

i n t e r n a c i o n a l do u s o da e n e r g i a n u c l e a r , b e m c o m o da

c a m p a n h a p e l a n ã o - p r o I i f e r a ç ã o de a r m a s n u c l e a r e s d o g o v e r n o

t e - a m e r í c a n o . ( 3 4 )

0 c o n s ó r c i o c o m o B r a & i l i m p u l s i o n a r i a as e m p r e s a s

, p r o p o r c i o n a r i a a c e s s o ao m i n é r i o d e u r â n i o e

1 6 3

i n c e n t i v a r i a o e n r i q u e c i m e n t o e o r e p r o c e s s a m e n t o d e

c o m b u s t í v e l n u c l e a r f o r a d o p a í s ( i n d ú s t r i a s e a t i v i d a d e s q u e

r e q u e r e m a l t o c o n s u m o d e e n e r g i a e l é t r i c a ) .

E n q u a n t o o A c o r d o s i g n i f i c o u u m d e s a s t r e p o l í t i c c p a r a o

g o v e r n o d o s E U A , q u e p r e s s i o n o u a A l e m a n h a p a r a o s e u

c a n c e l a m e n t o , p a r a o g o v e r n o b r a s i l e i r o r e p r e s e n t a v a a

i n d e p e n d ê n c i a n u c l e a r . 0 B r a s i l v i v i a a e u f o r i a

n u c l e o e l é t r i c a q u e o s p a í s e s i n d u s t r i a l i z a d o s t i n h a m

i n c e n t i v a d o e v i v i d o n a d é c a d a d e 6 D e i n í c i o d a d é c a d a d e

7 0 . A N u c l e b r á s f a l a v a e m 6 3 u s i n a s n u c l e a r e s ( 8 1 . 0 0 0 M W ) a t é

o a n o P 0 0 0 ( J B , 1 0 . 0 9 , 7 5 ) .

0 A c o r d o e a p r o v a d o p e l o C o n g r e s s o N a c i o n a l a t r a v é s d o

D e c . L e g . 8 5 / 7 5 , d e 2 0 . 1 0 . 7 5 , t e n d o a a p r o v a ç ã o s i d o v o t a d a

t a m b é m p e l o M O B , a i n d a q u e a s n e g o c i a ç õ e s m a i s u m a v e z

h o u v e s s e m t r a n s c o r r i d o e m s i g i l o , a l i j a n d o , p o r c o n s e g u i n t e ,

a s o c i e d a d e c i v i l e a c o m u n i d a d e c i e n t í f i c a , a p r i m e i r a a s e

o p o r a o A c o r d o . E s s a o p o s i ç ã o f o i e x p r e s s a s o b r e t u d o a p a r t i r

d o s f í s i c o s , a t r a v é s d a S B F n o E n c o n t r o A n u a l d a S B P C e m B e l o

H o r i z o n t e , n o m ê s d e j u I h o / 7 5 . ( 3 5 )

M e s m o s e n d o r e l e v a n t e a a n á l i s e d e i n ú m e r o s a s p e c t o s

r e l a t i v o s a o A c o r d o , n o s a t e r e m o s a d o i s d e l e s :

3 ) t r a n s f e r ê n c i a d e t e c n o l o g i a

0 g o v e r n o e n t e n d i a q u e a t r a v é s d o A c o r d o e s t a r i a d a d a a

c o n q u i s t a d a a u t o n o m i a t e c n o l ó g i c a : o p a í s t e r i a o d o m í n i o

° a t e c n o l o g i a n u c l e a r , o c i c l o c o m p l e t o d o u r â n i o . 0 q o v e r n o

( M , t a v a c o n v e n c i d o ^ue h a v i a f e i t o a m e l h o r e s c o l h a , q u a n d o

h i l v | 3 a p e n a s u m a ú n i c a p a r a a l c a n ç a r s e u s o b j e t i v o s : a

i

\ 1 6 4

A l e m a n h a . N a q u e l e p a í s , a t r a n s f e r ê n c i a de t e c n o l o g i a d o s

PWR, P. e x . , e s t a v a c a l c a d a nas r e l a ç õ e s e n t r e S I E M E N S e

W e s t i n g h o u s e . "Se a S i e m e n s se t o r n a r a i n d e p e n d e n t e e

c o n c o r r e n t e no m e r c a d o m u n d i a l , q u e m g a r a n t e q u e o m e s m o

possa o c o r r e r c o m a N u c l e b r á s ? " ( 3 6 ) N u m p a í s s e m

b a c k g r o u n d n u c l e a r ?

A t r a n s f e r ê n c i a d e t e c n o l o g i a s e d a r i a a p a r t i r d e

e m p r e s a s , ó r g ã o s g o v e r n a m e n t a i s , c e n t r o s d e p e s q u i s a e g r u p o s

de t r a b a l h o . D e um p a í s " d e s e n v o l v i d o " n u c l e a r m e n t e p a r a um

pais q u e s e q u e r t i n h a uma u s i n a de p o t ê n c i a e m f u n c i o n a m e n t o .

"A t r a n s f e r ê n c i a de k n o w - h o w t e m lugar na f o r m a d e

s o f t w a r e c o m o r e l a t ó r i o s t é c n i c o s , e s p e c i f i c a ç õ e s , d e s e n h o s ,

d e s c r i ç õ e s de p r o c e s s o s , o r d e n s de p r o d u ç ã o , p r o g r a m a s d e

c o m p u t a d o r , m a n u a i s d e c o n t r o l e de q u a l i d a d e , e t c . , p o r t a n t o

como a a s s i m c h a m a d a t r a n s f e r ê n c i a de f o t o c ó p i a " . ( 3 7 )

A o s t é c n i c o s f o r m a d o s c a b e r i a a t a r e f a d e a b s o r v e r e s s a

t e c n o l o g i a , o q u e e x i g i r i a c u s t o s e l e v a d o s e i n i n t e r r u p t o s ,

além do 9\te a a b s o r ç ã o t e r i a q u e ser p e r m a n e n t e , sob p e n a d e

se p e r d e r os e s p e c i a l i s t a s .

A t r a n s f e r ê n c i a de t e c n o l o g i a , s e g u n d o J. C A R V A L H O ,

r e l a c i o n a - s e a p e n a s à f a b r i c a ç ã o e i n s p e ç ã o d e c o m p o n e n t e s e

e q u i p a m e n t o s , n ã o c o n t a n d o a e n g e n h a r i a de p r o j e t o s e n e m os

p r o b l e m a s de m a t e r i a i s ( J B , 1 9 . 1 1 . 8 1 ) . A s s i m , "o p a í s se

t o r n a r i a d e p e n d e n t e da A l e m a n h a na o b t e n ç ã o de l i c e n ç a s de

p r o d u ç ã o e c o m e r c i a l i z a ç ã o de m a t e r i a i s e e q u i p a m e n t o s , a l é m

Ofc>f por um t e m p o n ã o d e t e r m i n a d o , d e p e n d e r t a m b é m da

a & s i s t ê n c i a t é c n i c a a l e m ã " . ( 3 B )

1 6 5

P a r a o s c i e n t i s t a s a a u t o n o m i a n ã o v i r i a a t r a v é s d o

A c o r d o , m a s a t r a v é s d e u m p r o g r a m a m o d e s t o q u e e f e t i v a m e n t e

c o n d u z i s s e o p a í s à t e c n o l o g i a n u c l e a r . A f i n a l , o p a s s o

f u n d a m e n t a l n e s s a d i r e ç ã o h a v i a s i d o d a d o p e l o G r u p o d e

T o r i o .

A d e m a i s , a A l e m a n h a h a v i a c o n q u i s t a d o r a p i d a m e n t e u m

a l t o p a t a m a r n o d e s e n v o l v i m e n t o n u c l e a r . C e r t a m e n t e

c o n t i n u a r i a p e s q u i s a n d o e a l c a n ç a n d o a i n d a o u t r o s . P a s s a r i a ,

p o i s , a e x p o r t a r t e c n o l o g i a o b s o l e t a a o B r a s i l e m c u r t o

e s p a ç o d e t e m p o . p a r a q u e m t a m b é m o s P W R s i g n i f i c a v a m a p e n a s

u m a p r i m e i r a e t a p a n o d e s e n v o l v i m e n t o d a e n e r g i a

n u c l e o e l e t r í c a , s e g u i d o s p e l o s r e a t o r e s s u p e r - r e g e n e r a d o r e s e

d o s r e a t o r e s a f u s ã o .

0 " p a c o t e n u c l e a r " p r e v i a a t r a n s f e r ê n c i a d e t o d o o

c i c l o d o c o m b u s t í v e l n u c l e a r , q u a n d o e s s e n ã o p o s s u i

e c o n o m i c i d a d e c o m p r o v a d a e q u a n t o a a r r i s c a r s u a r e a l i z a ç ã o ,

c o m v i s t a s a t o r n á - l o v i á v e l , é a l g o q u e s e j u s t i f i c a p e l o s

i n t e r e s s e s m i l i t a r e s , e x p l í c i t o s o u i m p I í c i t o s . ( 3 9 ) M a s é

p r e c i s o r e s s a l t a r q u e o t e x t o d o A c o r d o n ã o p r e v i a o

a r m a z e n a m e n t o d o c o m b u s t í v e l i r r a d i a d o , f a s e q u e f a z p a r t e d o

c i c l o c o m p l e t o . E s s a n ã o e r a d e f i n i t i v a m e n t e a p r e o c u p a ç ã o d o

g o v e r n o b r a s i l e i r o d e s d e o r e l a t ó r i o d o G T E e m 19.67 e d o

P r o t o c o l o d e B r a s í l i a e m 1 9 7 4 . T e r i a a A l e m a n h a t é c n i c a s d e

a r m a z e n a m e n t o a c e i t a s c o m o d e f i n i t i v a s p a r a t r a n s f e r i r a o

b r a s i l n a o p o r t u n i d a d e ? < 4 0 )

D e a c o r d o c o m A r n o M A R T I N , d r r e t o r d a K W U , e m d e p o i m e n t o

" r e s t a d o à C P I d o A c o r d o e m 1 9 7 9 , a e s t o c a g e m d e r e s í d u o s

1 6 6

a t ô m i c o s e s t a v a s o l u c i o n a d a n a A l e m a n h a . H e r v á & i o G u i m a r ã e s

d e C A R V A L H O c o n f i r m o u a i n f o r m a ç ã o , d i z e n d o q u e n ã o h a v i a

d ú v i d a q u e o p r o b l e m a t e c n o l ó g i c o d o l i x o n u c l e a r e s t a v a

r e s o l v i d o p o r m u i t o s p a í s e s .

b ) E n r i q u e c i m e n t o d o u r â n i o .

A i n d a n o q u e d i z r e s p e i t o à t r a n s f e r ê n c i a d e t e c n o l o g i a ,

e n t e n d e m o s n e c e s s á r i o a b o r d a r u m a d a s f a s e s m a i s s e n s í v e i s d o

c i c l o : a d o e n r i q u e c i m e n t o d o u r â n i o . c u j a e x p o r t a ç ã o a

l e g i s l a ç ã o n o r t e - a m e r i c a n a , p , e x . , p r o i b i a t a x a t i v a m e n t e .

A s c o n v e r s a ç õ e s e n t r e a l e m ã e s e b r a s i l e i r o s e m t o r n o

d e s s a f a s e e s t a v a m r e l a c i o n a d a s a o p r o c e s s o d e

u l t r a c e n t r i f u g a ç ã o ( 4 1 ) , q u e n ã o p ô d e s e r i n c l u í d o n o A c o r d o

p o r p r e s s ã o d a H o l a n d a . ( 4 2 )

0 B r a s i l i m p o r t o u e n t ã o o p r o c e s s o d o j a t o c e n t r í f u g o ,

ú n i c a t e c n o l o g i a d i s p o n í v e l a s e r i n c l u í d a n a n e g o c i a ç ã o ,

d e s e n v o l v i d o p e l o p r o f e s s o r E r w m W i l l y B E C K E R ( 4 3 ) n o C e n t r o

d e K a r l s r u h e , a t é e n t ã o a p r o v a d o a p e n a s e m e s c a l a

l a b o r a t o r i a l . A t r a v é s d o A c o r d o , o s a l e m ã e s e x p e r i m e n t a r i a m o

p r o c e s s o e m e s c a l a i n d u s t r i a l p e l a p r i m e i r a v e z n o B r a s i l ,

c o m 5 0 % d e r e c u r s o s b r a s i l e i r o s .

0 p r o c e s s o t e t n o z z | e n u n c a t e v e a m e s m a p r i o r i d a d e d e

P e s q u i s a q u e a u I t r a c e n t r i f u g a ç ã o n a A l e m a n h a , s e n d o s u a

" n p l a n t a ç ã o e m e s c a l a i n d u s t r i a l i n v i á v e l e m q u a l q u e r p a i s

e u r o p e u q u e c a r e c e s s e d e a b u n d a n t e s f o n t e s h i d r á u l i c a s p a r a

p r o d u ç ã o d e e n e r g i a e l é t r i c a , m e s m o p o r q u e n e c e s s i t a d e c e r c a

de v t n t e v e z e s m a i s e n e r g i a q u e a u I t r a c e n t r i f u g a ç ã o ,

1 G 7

I g u a l m e n t e o a c o r d o d a A l e m a n h a c o m a Á f r i c a d o S u l s e

f o r m a l i z a v a p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o d e s s e p r o c e s s o d e

e n r i q u e c i m e n t o , j á q u e o p a í s t a m b é m d i s p u n h a d e g r a n d e

r e s e r v a d e u r â n i o . ( 4 4 )

É p o s s í v e l s u b e n t e n d e r , e n t ã o , q u e a A l e m a n h a p r e t e n d i a

n ã o s ó u t i l i z a r r e c u r s o s b r a s i l e i r o s p a r a a c o n t i n u i d a d e d a s

p e s q u i s a s d o j a t o c e n t r í f u g o e s u a p r i m e i r a i n s t a l a ç ã o

i n d u s t r i a l n o m u n d o , c o m o s e v a l e r d a g e r a ç ã o d e e n e r g i a

e l é t r i c a n o B r a s i l , m a i s d i s p o n í v e l e m a i s b a r a t a .

M a s é p r e c i s o n ã o e s q u e c e r q u e c o n c o m i t a n t e à a c e i t a ç ã o

d a i n s t a l a ç ã o d e u m a i n d ú s t r i a e l e t r o - i n t e n s i v a n o p a í s , o

g o v e r n o i n s i s t i a n a a f i r m a ç ã o d e u m c r e s c e n t e c o n s u m o d e

e l e t r i c i d a d e e n a d i f i c u l d a d e d o a t e n d i m e n t o d o m e r c a d o , a l é m

d o q u e l a n ç a v a m ã o d e g r a n d e s p r o j e t o s h i d r e l é t r i c o s e

n u c l e a r e s , p o r si s ó e n e r g í v o r o s .

T r a c e m o s , p o i s u m p a r a l e l o e n t r e a s p o t ê n c i a s b r u t a e

l í q u i d a d a s u s i n a s e n c o m e n d a d a s ;

A n g r a 1 6 5 7 MW 6 2 6 MW

A n g r a 2 e 3 1 3 2 5 MW 1 2 4 5 MW, p a r a

e n t e n d e r , e n t r e o u t r o s , que o p r ó p r i o f u n c i o n a m e n t o da u s i n a

requer a l t o c o n s u m o de e l e t r i c i d a d e d u r a n t e os 2 5 - 3 0 a n o s de

vida ú t i l , sem e s q u e c e r do a l t o c o n s u m o d u r a n t e a c o n s t r u ç ã o

e q u a n d o de sua d e s a t i v a ç ã o ou d e s m o n t e ( t e c n o l o g i a , a l i á s ,

que t a m b é m não c o n s t a no A c o r d o ) , P o d e t a m b é m ser q u e s t i o n a d o

&e há c o r r e l a ç ã o e n t r e p o t ê n c i a e c o n s u m o q u a n t o a o s

r e a t o r e s .

A t r a v é s do A c o r d o t e n t a r i a se c o n s o l i d a r o i m p o s s í v e l . De um

J 1 6 8

l a d o u m p a í s d e s e n v o l v i d o , q u e e x e c u t a r i a o A c o r d o a t r a v é s d e

e m p r e s a s p r i v a d a s ( i n d ú s t r i a s c o m d e p a r t a m e n t o s d e p e s q u i s a ) ,

c o m e x p e r i ê n c i a e m t e r m o e I é t r i c a s a c a r v ã o e p e t r ó l e o ,

c o n s i d e r a n d o a e n e r g i a n u c l e a r e s s e n c i a l . D e o u t r o , u m p a í s

s u b d e s e n v o l v i d o » c o m e n o r m e p o t e n c i a l h í d r i c o e a c o n s e q ü e n t e

d e s n e c e s s i d a d e d a e n e r g i a n u c l e a r , s e m e x p e r i ê n c i a e m

t e r m o e I é t r i c a s a c a r v ã o e a p e t r ó l e o , t e n d o c o m o e x e c u t o r o

g o v e r n o , q u e c o n t a v a c o m p o u c a s i n d ú s t r i a s s e m p e s q u i s a s e

e q u i p a m e n t o s . ( 4 5 >

0 c o n t r o l e d a t e c n o l o g i a , o p o d e r d e d e c i s ã o c a b e r i a à

A l e m a n h a . A o s c r í t i c o s d o p r o g r a m a n u c l e a r c o u b e l a m e n t a r a

s u a m e g a l o m a n i a , i n e f i c i ê n c i a , n ã o j u s t i f i c a ç ã o , n ã o

c o n t r i b u i ç ã o p a r a s o l u ç ã o d a c r i s e e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a ( q u e

n ã o d i z i a r e s p e i t o à e n e r g i a e l é t r i c a ) , o s s e u s c u s t o s m u i t o

s u p e r i o r e s a o s d e i m p l a n t a ç ã o d e u m p r o g r a m a h i d r e l é t r i c o d e

i g u a l p o r t e , a i m p o r t a ç ã o d e t e c n o l o g i a s i n c o n c l u s a s e

i n e f i c i e n t e s , a c o n t r a d i ç ã o a o s i n t e r e s s e s b r a s i l e i r o s n o s

c a m p o s t e c n o l ó g i c o , i n d u s t r i a l , c o m e r c i a l e a f o n t e d e

i n f I a ç ã o . ( 4 6 )

A f i n a l , d o P N B p a r t i c i p a v a u m g r u p o r e s t r i t o e f e c h a d o ,

q u e t r a n s a c i o n a v a s i g i I o s a m e n t e , c o m o q u e , a l i á s , e s t a v a

t o t a l m e n t e d e a c o r d o o S e n a d o r V i r g í l i o T á v o r a , e m s e u

p a r e c e r n o . 4 9 6 / 7 5 d a C o m i s s ã o d e R e l a ç õ e s E x t e r i o r e s d o

S e n a d o F e d e r a l , a p r o v a d o p o r u n a n i m i d a d e e m 1 5 . 1 0 . 7 5 . N e s s e

p a r e c e r c o n s t a , e n t r e o u t r o s , s e r o p r e ç o p a g o p e l o B r a s i l n o

A c o r d o i n c r i v e l m e n t e b a r a t o e s e r o i e t n p z z I e p r a t i c á v e l .

A i n d a e m 1 9 7 5 a m í d i a d i v u l g a r i a q u e e m 1 9 8 3 a s t r ê s

u n i d a d e s d a C N A A A e s t a r i a m o p e r a n d o c o m e r c i a l m e n t e .

i 1 6 9

2 . 2 . 1 9 7 B e 1 9 7 7 .

E m j u l h o d e 1 9 7 6 , F u r n a s c o n c r e t i z a v a a c o m p r a d e A n g r a

2 e 3 à K W U . U m a n o a p ó s , a m b a s a s u s i n a s a c h a v a m - s e e m

e x e c u ç ã o , c a b e n d o à N U C L E N o p r o j e t D b á s i c o e e s t a n d o o

i n v e s t i m e n t o d e A n g r a S c a l c u l a d o e m U S $ 8 5 0 p o r k W

i n s t a l a d o , d e v e n d o a l c a n ç a r u m c u s t o f i n a l d e U S $ 1 , 1 b i l h ã o .

E s t a v a t a m b é m c o n c l u í d a a e n g e n h a r i a d e b a s e p a r a a u s i n a d e

s e p a r a ç ã o i s o t ó p i c a p e l o j a t o c e n t r í f u g o , c o m e n t r a d a e m

o p e r a ç ã o p r e v i s t a p a r a 1 9 8 2 . A p r i m e i r a p r o d u ç ã o s e

d e s t i n a r i a à s p r i m e i r a s r e c a r g a s d e A n g r a 2 e 3 .

C o n c o m i t a n t e m e n t e e s t a v a m e m a n d a m e n t o o s p r o j e t o s d a

F E C ( t é r m t n o d o p r o j e t o b á s i c o , i n í c i o d a e n g e n h a r i a d e

d e t a l h e ) e d a u s i n a d e r e p r o c e s s a m e n t o ( c o m i n í c i o d e

o p e r a ç ã o p r e v i s t o p a r a 1 9 8 3 ) .

A N U C L E P ( I t a g u a í / R J ) ( 4 7 ) e s t a v a e m c o n s t r u ç ã o , c o m

i n í c i o d e f u n c i o n a m e n t o p r e v i s t o p a r a 1 9 7 9 .

E s s a s i n f o r m a ç õ e s f o r a m v e i c u l a d a s p e l a N u c l e b r á s , p o r é m

è d e s e p e r g u n t a r o q u e s i g n i f i c a v a " A n g r a 3 e m e x e c u ç ã o " ,

u m a v e z q u e e m 1 2 . 1 1 . 7 9 a N U C L E N e l a b o r a r a u m d o c u m e n t o

i n t i t u l a d o " E s t u d o d e S í t i o s A l t e r n a t i v o s p a r a C o n s t r u ç ã o d a

U s i n a N u c l e a r A n g r a 3 " , a s s i n a d o p o r s e u d i r e t o r

s u p e r i n t e n d e n t e R o n a l d o A . C . F a b r í c i o e e n v i a d o a o M i n i s t r o

das. M i n a s e E n e r g i a C é s a r C a i s , n a m e s m a d a t a . T a l e s t u d o

a p r e s e n t a c o m p a r a ç õ e s d e c u s t o e n t r e a s d u a s h i p ó t e s e s

c o n s i d e r a d a s m a i s i n d i c a d a s : a p r ó p r i a P r a i a d e I t a o r n a e

p o n t a G r a n d e ( e n t r e a s p r a i a s I t a o r n a e B r a v a ) , c o m d i f e r e n ç a

1 7 0

f a v o r á v e l à s e g u n d a ( l o c a l a p r o v a d o p o s t e r i o r m e n t e ) .

O t z o d o c u m e n t o : " s e f o s s e e s c o l h i d a a a l t e r n a t i v a d e

I t a o r n a , a d a t a m a i s c e d o p a r a i n í c i o d e A n g r a 3 s e r i a o 3 o .

t r i m e s t r e d e 1 9 B 1 e a e n t r a d a e m o p e r a ç ã o e m f i n a l d e 1 9 8 7 ;

s e l o c a l i z a d a e m P o n t a G r a n d e , A n g r a 3 p o d e r i a s e r i n i c i a d a

n o p r i m e i r o t r i m e s t r e d e 1 9 8 1 e c o n c l u í d a n o 1 o . t r i m e s t r e

d e 1 9 8 7 " ( p . 5 ) .

1 9 7 7 é t a m b é m o a n o e m q u e o B r a s i l a s s i n a u m a c o r d o c o m

a U R E N C O p a r a o f o r n e c i m e n t o d e u r â n i o e n r i q u e c i d o p a r a A n g r a

? e 3 , o p o r t u n i d a d e e m q u e o B r a s i I s e c o m p r o m e t e a s u b m e t e r

o p l u t õ n i o a u m s i s t e m a d e a r m a z e n a m e n t o i n t e r n a c i o n a l ,

A i n d a e m 1 9 7 6 h a v i a s e d a d o a a d j u d i c a ç ã o d e A n g r a ? e 3

ã C N O , s e m p r é v i a l i c i t a ç ã o p ú b l i c a . " A c a s a m a t r i z d a

C o n s u l t o r a e s t á n o r r s t a d o d a B a h i a , F o i A n t ô n i o C a r l o s

M a g a l h ã e s , p r e s i d e n t e d a E l e t r o b r á s , q u e m e n t r e g o u ,

p e s s o a l m e n t e , o p e d i d o d e a d j u d i c a ç ã o d i r e t a a o M i n i s t r o d a s

M i n a s e E n e r g i a . A l g u m t e m p o d e p o i s , M a g a l h ã e s e r a d e s i g n a d o

g o v e r n a d o r d o E s t a d o d a B a h i a , Q u a n d o a a d j u d i c a ç ã o à C N O f o i

d e c i d i d a , Â n g e l o C a l m o n d e S á e r a p r e s i d e n t e d o B a n c o d o

B r a s i l ; m a i s t a r d e , f o i n o m e a d o M i n i s t r o d o C o m é r c i o e

I n d ú s t r i a , M a s , a l g u n s a n o s a n t e s , C a l m o n d e S á h a v i a s i d o u m

d o & d i r e t o r e s d a C o n s t r u t o r a N o r b e r t o O d e b r e c h t S . A . , a l é m d e

ser a c i o n i s t a e i r m ã o d e o u t r o d o s d i r i g e n t e s d a

e m p r e s a . n í 4 8 )

E m 1 9 8 1 a c o n t e c e r i a a r e s c i s ã o d o c o n t r a t o c o m a C N O

p a r a A n g r a 3 , p e r m a n e c e n d o a c o n s t r u t o r a c o m A n g r a 2 . E m

1 5 . 1 ? , 8 ? f i c a r i a c o n h e c i d o o r e s u l t a d o d a l i c i t a ç ã o d e A n g r a

I 171

3 , t e n d o s i d o v e n c e d o r a a e m p r e s a A n d r a d e G u t i e r r e z . í

P a r a o s e q u i p a m e n t o s d e A n g r a 2 e 3 f o r a m a s s i n a d o s

c o n t r a t o s c o m a C o n f a b , C o b r a s m a , B a r d e i la ( p a r a a f a b r i c a ç ã o

de c o m p o n e n t e s p e s a d o s ) , T r e n , I b r a v e , A l f a n , F i l s a n ,

S u l z e w e i s s e , C e b e c e T i n t a s I n t e r n a c i o n a i s , t o d a s i n d ú s t r i a s

n a c i o n a i s , a l é m d o p r i n c i p a l c o n t r a t o c o m a K W U . P a r a o s

p r o j e t o s , d e r e s p o n s a b i l i d a d e d a N u c l e n , f o r a m c h a m a d o s a

P r o m o n , E n g i n e , G H - E n g e n h a r i a , C e b e c e U l t r a t e c .

A p e s a r d a p r o x i m i d a d e d a s u s i n a s A n g r a 1 e S , a s

f u n d a ç õ e s d e A n g r a ? d i f e r i r a m b a s i c a m e n t e d a s d e A n g r a 1.

C a u s a ; e x i s t ê n c i a d e m a t a c õ e s n o s u b s o l o , n ã o p r e v i s t o s p e l a

K W U n o p r o j e t o . " F i c o u c o m p r o v a d o q u e o p r o j e t o d a s f u n d a ç õ e s

p a s s o u p o r s u c e s s i v a s a l t e r a ç õ e s d u r a n t e a c o n s t r u ç ã o , a f i m

de a d a p t á - l o à s c o n d i ç õ e s d e s o l o q u e ' s u r p r e e n d e r a m ' a

t o d o s " . ( 4 9 ) A p ó s r e v i s ã o d o p r o j e t o f o i d u p l i c a d o o n ú m e r o d e

e s t a c a s , n e c e s s i t a n d o m u i t a s d e l a s d e r e f o r ç o ( a a l t u r a m é d i a

d a s e s t a c a s é d e 4 0 m ) . F o r a m a p e l i d a d a s d e " p a l a f i t a s

n u c l e a r e s " m a i s c a r a s d o m u n d o , p o r M I R O W .

N ã o s e c o n t a v a c o m e x p e r i ê n c i a b r a s i l e i r a o u m e s m o

i n t e r n a c i o n a l e m t i p o d e s o l o c o m o o d e I t a o r n a , m a s s e

p r o c e d e u a c o n t i n u i d a d e d a c o n s t r u ç ã o d a u s i n a , s e n d o q u e a s

" p a l a f i t a s n u c l e a r e s " n e c e s s i t a r a m d e o u t r a q u a n t i d a d e d e

e m p r e s a s . E n t r a m e m c e n a a F r a n k i ( B é l g i c a ) ; L G A

L a n d e s g e w e r b e a n s t a I t B a y e r n ( A l e m a n h a ) c o n s u l t o r i a

e s p e c i a l i z a d a e m e s t r u t u r a d e s o l o , g e o l o g i a e f u n d a ç õ e s ;

T e c n o s o l o ( B r ) ; F e n g e l , s u b s i d i á r i a d a C N O ) ; C e r v e n g - C i v i l&ar,

( B r ) , e m p r e s a p o s s u i d o r a d a ú n i c a m á q u i n a W i r t h B . 6 n o

0 r a siI » n e c e s s á r i a p a r a a o p e r a ç ã o d e p e r f u r a ç ã o ,

e n t u b a m e n t o , e t c ; a s c o n s t r u t o r a s C a m a r g o C o r r ê a e M e n d e s

j ú n i o r . P a r a a r e v i s ã o d e a n á l i s e d a s e s t a c a s é c o n t r a t a d a a

Q ' A p p o I o n i a / W e i n h o I d. P a r a c o n s u l t o r i a à C N O , c o m o c o n d i ç ã o

, m p o s t a p e l a K W U , é c o n t r a t a d a a H o c h t t e f A G ( A l e m a n h a ) ,

s u b s i d i á r i a d a e m p r e s a B r u c k n e r , e s p e c i a l i z a d a e m f u n d a ç õ e s ,

que p a s s o u a p r e s t a r s e r v i ç o s à N u c o n d e p o i s d e s u a c r i a ç ã o e

d i s p e n s a n d o , a p a r t i r d e e n t ã o , a s s i s t ê n c i a à C N O a t r a v é s d e

seu i n t e r m é d i o .

é p o s s í v e l , p o i s . a t e n t a r q u e u m a d e t e r m i n a d a q u a n t i d a d e

oe e m p r e s a m p r i v a d a s n a c i o n a i s ou i n t e r n a c i o n a i s ,

i n d u s t r i a i s , d e c o n s u l t o r i a , p r o j e t o s , e n g e n h a r i a ,

c o n s t r u ç ã o , e q u i p a m e n t o s , - F i n a n c e i r a s ( n o A c o r d o , p . e x . ,

h o u v e o e n v o l v i m e n t o d e 7 8 b a n c o s ) ou a i n d a i n s t i t u i ç õ e s

p ú b l i c a s , b e n e f i c i a d a s c o m o P N B , f o r m a m u m I o b b v p o d e r o s o .

A p r o p o s t a d a n a c i o n a l i z a ç ã o c r e s c e n t e d o p r o g r a m a

n u c l e a r , q u e a p o n t a v a d e 3 0 % p a r a A n g r a ? e 3 a t é 7 0 % p a r a a s

u s i n a s 8 e 9 ( d e 1 9 7 6 a 1 9 B 4 ) , a c e n a d a p e l o g o v e r n o ,

d e s p e r t a v a i n t e r e s s e d a " i n d ú s t r i a n u c l e a r " n a c i o n a l , q u e

i n v e s t i u r e c u r s o s do B N D E n o a g u a r d o d a s e n c o m e n d a s , U m d o s

r e f l e x o s d e s s e i n t e r e s s e p o d e ser p e r c e b i d o n o c o n s ó r c i o

e n t r e as e m p r e s a s B a r d e i i a , C o b r a s m a e C o n f a b , a b e r t o a

e n t r a d a d e q u a l q u e r o u t r o f o r n e c e d o r , c o m o q u a l a N u c l e b r á s

a s s i n o u u m P r o t o c o l o d e G a r a n t i a d e M e r c a d o p a r a C o m p o n e n t e s

M e c â n i c o s , h o m o l o g a d o p e l o M M E e m 1 7 . 0 9 . 7 6 .

P a r a o c o n t r o l e e g a r a n t i a d e q u a l i d a d e foi c r i a d o um

o r q à o de s u p e r v i s ã o t é c n i c a d e n o m i n a d o I B Q N - I n s t i t u t o

,' 1 7 3

B r a s i l e i r o d e Q u a l i d a d e N u c l e a r , f u n d a d o em I B . 1 0 . 7 8 , p o r

e n t i d a d e s d o g o v e r n o f e d e r a l , d o s e t o r p r i v a d o , c o m o a ABEMI

- A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e E n g e n h a r i a I n d u s t r i a l , a A B D I B , a

ABlNEE - A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e I n d u s * - i a E l e t r ô n i c a e a

ABCE - A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e C o n s u l t o r e s d e e n g e n h a r i a e

a i n d a e n t i d a d e s p ú b l i c a s d a á r e a t é c n i c a d e p e s q u i s a e

t e c n o l o g i a .

0 f a t o c o n c r e t o é q u e a s e n c o m e n d a s d o P N B , n o e n t a n t o ,

não f o r a m c o n c r e t i z a d a s d e v i d o ao s e u d e s a q u e c i m e n t o n a

d é c a d a d e 8 0 .

Q u a n t o a A n g r a 1 , 9 5 % d a s o b r a s c i v i s e s t a v a m p r o n t a s ,

t e n d o F u r n a s e n c a m i n h a d o ã CNEN o R e l a t ó r i o F i n a l d e A n á l i s e

de S e g u r a n ç a .

2.3. 1 9 7 8 e 1 9 7 9 .

E m m e t o à f a l t a d e i n f o r m a ç ã o r e l a t i v a 3 D P N B n o

B r a s i l , é i n s t a l a d a e m 0 4 . 1 0 . 7 B a C P I d o A c o r d o N u c l e a r

B r a s i I - A I e m a n h a , c u j o s t r a b a l h o s d u r a r a m 3 a n o s e 4 m e s e s e

cujo o b j e t i v o c e n t r a l e r a e x a m i n a r / i n v e s t i g a r a c o n c e p ç ã o

do A c o r d o e a e x e c u ç ã o d o P N B . S i g n i f i c o u u m a r e l a t i v a

a b e r t u r a d e i n f o r m a ç õ e s p a r a a s o c i e d a d e c i v i l b r a s i l e i r a ,

bem c o m o u m a p o s s i b i l i d a d e d e d i s c u s s ã o s o b r e o a s s u n t o .

M a s q u a t r o a n o s a p ó s a a s s i n a t u r a d o A c o r d o , o g o v e r n o

01' • ' t a r, d i a n t e d a e x a u s t i v a a c u m u l a ç ã o d e e r r o s e m A n g r a 1,

0a c o n s t a n t e m o d i f i c a ç ã o d o c r o n o g r a m a d e o b r a s d e A n g r a 1,

^ e 3 , d o a u m e n t o a c e l e r a d o d e c u s t o s , d a v e i c u l a ç ã o p e l a

m ' d i a a r e s p e i t o d e u m a 4 a , u s i n a n u c l e a r , d o s n o v o s e s t u d o s

1 7 4

Q u e p r o c l a m a v a m u m s e n s í v e l a u m e n t o d o p o t e n c i a l h í d r i c o d o

p a í s , d o l a n ç a m e n t o d a C a m p a n h a N a c i o n a l c o n t r a I n s t a l a ç ã o

d e U s i n a s A t ô m i c a s n o B r a s i l < I t a n h a é m / S P > , d o o c o r r i d o e m

T M I , d a s u b m i s s ã o à A I E A , e t c , c r i a o P r o g r a m a N u c l e a r

P a r a l e l o , t a m b é m c h a m a d o A u t ô n o m o . L i v r e d e e n f r o n h a m e n t o s

i n t e r n a c i o n a i s , d e o b s t i n a d o s j o r n a l i s t a s , d e i n c o n v e n i e n t e s

c i e n t i s t a s , d e q u a l q u e r p r e s t a ç ã o d e c o n t a s , é o b j e t i v o d o

p r e s i d e n t e J o ã o B a t i s t a F i g u e i r e d o a c o n q u i s t a d o c i c l o d e

e n r i q u e c i m e n t o d o u r â n i o ( a t r a v é s d a u 1 1 r a c e n t r i f u g a ç ã o ) , q u e

t e c n i c a m e n t e a b r e a s p o r t a s p a r a a f a b r i c a ç ã o d o a r t e f a t o

n u c l e a r , a l é m d a f a b r i c a ç ã o d o s u b m a r i n o â p r o p u l s ã o n u c l e a r .

A s p e s q u i s a s f i c a m c e n t r a l i z a d a s n o I P E N , p a r t i c i p a n d o d o P N P

a C N E N e a M a r i n h a (o P N P f o i i n s t i t u í d o e m 1 2 . 0 3 . 7 9 , t r ê s

d i a s a n t e s d o G e n . E r n e s t o G e i s e l r e p a s s a r o p o d e r a o G e n .

F i g u e i r e d o ) ,

S e g u n d o R. P O R T A N O V A , " o p r o g r a m a n u c l e a r b r a s i l e i r op a r a l e l o n ã o c o n s t i t u i u m a s u r p r e s a . A n t e s d i s s o , é , n ar e a l i d a d e , o p r i n c i p a l ( d i r - s e - i a , i n c l u s i v e , o o f i c i a l ) , c o mc l a r o s o b j e t i v o s b é l i c o s e c o m u m d e s e n v o l v i m e n t o q u ec o n t e m p l a a s t r ê s A r m a s , t a n t o e m p r i v i l é g i o s c o m o e mo b r i g a ç õ e s e p e s q u i s a . A s s i m , o p r o g r a m a c i v i l ( p a r a p r o d u ç ã ode e n e r g i a e p e s q u i s a c i e n t í f i c a é q u e é r e a l m e n t e p a r a l e l o ,ou s e c u n d a r i o " , ( 5 D >

E m b o r a n ã o s e j a o b j e t i v o d e s t e t r a b a f h o o a p r o f u n d a m e n t o

do P N P , e n t e n d e m o s c o m o n e c e s s á r i a s u a e v o c a ç ã o , p e l a

i m p o r t â n c i a e g r a v i d a d e d o f a t o e m si e p e l o d e s e n r o l a r d o s

a c o n t e c i m e n t o s n a d é c a d a d e 8 0 ,

Em D6.05.B7, Rex Nazaré ALVES, ao apresentar o Programa

N u c l e a r B r a s i l e i r o à S u b c o m i s s ã o d o s D i r e i t o s P o l í t i c o s , d o s

^ • r e i t o s C o l e t i v o s e G a r a n t i a s d a C o m i s s ã o d a S o b e r a n i a e d o s

D i r e i t o s e G a r a n t i a s d o H o m e m e d a M u l h e r d a A s s e m b l é i a

í 175

nacional Constituinte» faz uma defesa ardorosa do "Programa

Autônomo de Tecnologia Nuclear*» alegando que num quadro de

desigualdade e restrição impostos pelos países

n u c l e a n z a d o s , obstruindo o desenvolvimento independente e

pacífico das Nações emergentes, os Acordos com EUA, França e

Alemanha não permitiram o acesso integral às tecnologias

sensíveis, industrialmente comprovadas, sendo que era mister

o desenvolvimento desse Programa para manutenção da

soberania nacional, para o atendimento dos requisitos da

sociedade brasileira e para a busca de autonomia tecnológica.

0 governo brasileiro opta, pois, por impulsionar as

atividades referentes ao PNP, secundar>zando ou mesmo

protelando aquelas relativas ao PNB, o que poderá ser

verificado na década de 80.

1 7 6

N O T A S E R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

(1) E n e r g i a N u c l e a r : o c r i m e d o s é c u l o . B r a s í l i a ,C o o r d e n a ç ã o d e P u b l i c a ç õ e s , 1 9 B 0 . p . 2 3 .

(?) P O R T A N O V A , R o g é r i o . P r o g r a m a n u c l e a r b r a s i l e i r o :a l g u n s a s p e c t o s i n t e r n a c i o n a i s * In : C A U B E T , C h r i s t i a n G u y( O r g . ) . O B r a s i l e a d e p e n d ê n c i a e x t e r n a . S P , A c a d ê m i c a ,1 9 8 9 . P. 1 0 4 .

(3) O L I V E I R A , O d e t e M a n a d e . A Q u e s t ã o n u c l e a r^ « • f s i l e i r a . U m iooo d e m a n d o s e d e s m a n d o s M o n o g r a f i a d oP r o g r a m a d e D o u t o r a d o d o C u r s o d e P ó s - G r a d u a ç ã o e m D i r e i t oda U F S C . F l o r i a n ó p o l i s , j u l h o d e 1 9 8 7 . p . 2 .

(4) I n f o r m a ç õ e s p r e s t a d a p o r J a i r M E L L O e m d e p o i m e n t o àCPI do A c o r d o N u c l e a r e m 1 0 . 1 0 . 7 9 . A q u e s t ã o n u c l e a r .B r a s í l i a , S e n a d o F e d e r a l , 1 9 8 4 , v o l . V I . t o m o V . p . 3 4 6 .

(5) A q u e s t ã o n u c l e a r , v o l , I I I . p . 3 8 .

(6) O p . c i t . P. 2 2 .

17> M I R O W , K u r t R. O p . c i t , P. 2 2 .

(B) A q u e s t ã o nucI e a r . v o l . I I I . p . 4 4 .

(9) M E N E Z E S , L u i z C a r l o s ft S I M O N , D a v i d N e i v a . D o i s e r r o sem c a d e i a : a p o l í t i c a n u c l e a r e a e s t r u t u r a o r g a n i z a c i o n a ldo p r o g r a m a n u c l e a r b r a s i l e i r o . In ! E n e r g i a n u c l e a r e mQ u e s t ã o R J , I n s t i t u t o E w a t d o L o d i , 1 9 8 1 . p , 2 6 .

(10) E L E T R O B R A S , C r o n o l o g i a d p s p r i n c i p a i s e v e n t o srei at f v o s a A n g r a 1. R J , 2 5 , 0 8 . 8 7 . p . S.

(11> I d e m , i b i d e m . P . 3 .

d ? ) T r a t a - s e d e ym a c o r d o - b a s e d e i n t e r c â m b i o e c o o p e r a ç ã ot é c n i c o - c i e n t í f i c a e n t r e o s d o i s p a í s e s , p r e p a r a d o p e l oP r o f e s s o r A l f r e d R. B o e t t c h e r , da S S n a z i s t a , P a r a m a i o r e sd e t a l h e s s o b r e a s c o n v e r s a ç õ e s m a n t i d a s e n t r e o B r a s i l ec i e n t i s t a s n a z i s t a s na á r e a n u c l e a r ver G l R O T T I , C a r l o s A.°P. C i t . p . 7 7 - 8 e F U E L L G R A F , F r e d e r i c o . A b o m b a p a c i f i c a .sp. B r a s i I i e n & e , 1 9 8 8 .

* 13) A o u e s t ã o n u c l e a r , v o l . I I I . p t 5 0 ,

(1 V e r P R I N G L E , P e t e r & S P I G E L M A N , J a m e s . 0 p . c i t , P.

<15) V e r P A T T E R S O N , W a l t e r C . O p , c i t . p . 3 2 3 - 3 3 .

1 7 7

M 6 > A Q u e s t ã o n u c l e a r . v o l . IV. p . 2 3 e 2 5 .

( 1 7 ) I b i d e m , P . 5 9 .

( 1 8 > E m 1 9 7 0 , o s m u n c i p i o s c o n t a v a m c o m a s e g u i n t ep o p u I a ç ã o :

A n g r a d o s R e i s - 4 0 . 2 7 6M a n g a r a t i b a - 1 2 . 3 3 8P a r a t i - 1 5 . 9 3 4R i o C l a r o - 1 4 . 2 5 1

( I B G E . C e n s o D e m o g r á f i c o R i o d e J a n e i r o . V I I I R e c e n s e a m e n t oG e r a l 1 9 7 0 . S é r i e R e g i o n a l , v o l . I, t o m o X V I ) .

V e r R O S A , L u i z P i n g u e l l i e t a l i i . I m p a c t o s s ó c i o -a m b i e n t a i s d a C e n t r a l d e A n g r a d o s R e i s . R J , C O P P E / U F R J ,1 9 8 4 .

( 1 9 ) C u s t o d e A n g r a 1 : U S $ 2 b i i h õ e s ( " U s i n a A n g r a 1V o l t a a f u n c i o n a r " , F S P , D 3 . 1 1 . B 8 ) .

( 2 0 ) N a v e r d a d e , e m d e p o i m e n t o à C P I d o A c o r d o n o d i a1 1 , 1 0 . 7 B , o e n t ã o p r e s i d e n t e d a E l e t r o b r á b , A r n a l d o R o d r i g u e sB a r b a i n o , a f i r m a v a q u e j á e m 1 9 7 2 e r a c o g i t a d a a m o n t a g e m d e3 u s i n a s n u c l e a r e s e m I t a o r n a . A Q u e s t ã o n u c I e a r . v o l . V t ,t o m o I .

( ? 1 ) I n f o r m a ç ã o p r e s t a d a p e l o e n t ã o p r e s i d e n t e d e F u r n a s ,L i c i n i o M a r c e l o S e a b r a , e m d e p o i m e n t o à C P I d o A c o r d o n o d i a2 4 . 1 0 . 7 8 . A q u e s t ã o n u c l e a r , v o l . V I , t o m o I t .

( 2 2 ) P a r a a p r o f u n d a m e n t o d o s o b j e t i v o s d o A c o r d o , b e m c o m oc i í t i c a s a e l e d i r i g i d a s v e r A Q u e s t ã o n u c l e a r , v o l . I I I . p .B B - 1 3 B Í G I R O T T I , C a r l o s A . O p . c i t . p . B 3 - 9 4 ; F U E L L G R A F ,F r e d e r i c o . 0 p . c i t , p , 6 1 - 9 6 ; M I R O W , K u r t R . 0 p . c i t . p . 3 8 -4 7 , G A L V A N , C e s a r e G . E x p a n s ã o N u c l e a r a l e m ã . p , 4 2 - 6 1 ;O L I V E I R A , O d e t e M a r i a . O P . c i t . P . 4 5 e s g t e s ; 8 R 0 S S A R D ,P a u l o . O s c u s t o s d o P r o g r a m a N u c l e a r . B r a s í l i a , S e n a d oF e d e r a l , 1 9 8 2 ( d i s c u r s o p r o f e r i d o n a s e s s ã o d e 1 1 . 0 1 . 8 2 ) ;C A R V A L H O , J o a q u i m F. d e . 0 A c o r d o N u c l e a r B r a s i l - A l e m a n h a .tn i 0 B r g s j [ N,uc I e a r . P o r t o A l e g r e , T c h ê ! , 1 9 8 7 .

( 2 3 ) A Q u e s t ã o n u c l e a r , v o l . V I . t o m o I I I . p . 4 4 - 5 .

< ? 4 ) V e r P A T T E R S O N , W a l t e c C . 0 p . c i t . p , 3 2 3 - 3 2 .

( ? 5 ) M E N D O N Ç A , A n t o n i o A u r e l i a n o C h a v e s d e . 0 B r a s i l e oP r o b l e m a d a e n e r g i a n u c l e a r . B o l e t i m G e p o r á f i c o . 3 4 ( 2 4 7 ) ;*S, o u t . / d - í z . 1 9 7 5 .

( 2 6 ) fl q u e s t ã o n u c l e a r , vol M l . p . 1 1 3 .

( ? 7 ) B I B L I S C p o s s u i i g u a l c a p a c i d a d e n o m i n a l e foi" r o j e t a d a n a m e s m a é p o c a . A t é d e z e m b r o / 8 8 o p e r a v a m n aA l e m a n h a 2 3 c e n t r a i s n u c l e a r e s , s e n d o q u e B I B L I S C n ã o c o n s t aO c s & a r e l a ç ã o . D e a c o r d o c o m F U E L L G R A F ( p . 7 2 ) , t r ê s d i a s

1 7 8

antes da a s s i n a t u r a do A c o r d o , um a c i d e n t e p a r a l i s a a u s i n ade Bi bl i s.

(28) N U C L E B R á S / K W U . G r a f e n r h e i n f e I d ; u s i n a de r e f e r ê n c i a« n o r a 3 e A n o r a 3. Rio de J a n e i r o , s e t . / 8 4 .

(39) Idem, ibidem.Em e n t r e v i s t a com o t é c n i c o R u b e n s P i n t o P i n h e i r o do

Centro de T r e i n a m e n t o da CNAAA ( M a m b u c a b a / A n g r a dos R e i s ) ,em data de 1 6 . 0 5 . 8 9 , o m e s m o a f i r m o u d e s c o n h e c e r qual a usinade r e f e r ê n c i a para A n g r a 2 ou 3.

(30) G A L V A N , C e s a r e G. A e x p a n s ã o n u c l e a r a l e m ã , p. 1 4 - 1 6 ,

(31) R O S A , Luiz P i n g u e l l i . 0 p r o b l e m a da s e g u r a n ç a d a scentra's n u c l e a r e s . In: E n e r g i a nuclear e s o c i e d a d e . RJ, Pa?e Terra, 1 9 8 0 . P . 1 2 2 - 3 .

(32) A q u e s t ã o n u c l e a r , v o l . M l . p. 1 3 8 .

i33) O Brasil na era n u c l e a r . A c o r d o Br asi I - A I e m a n h a . s.f.,s.d.

(34) W R O B E L , P a u l o S . A p o l í t i c a n u c l e a r na N o v a R e p ú b l i c a ,P D I ít íca e E s t r a t é g i a . 3 d ) : 1 3 5 , j a n . / m a r . 1 9 8 5 .

(35) Ver P Á S C H O A , A n s e l m o S. R e t r o s p e c t i v a d a s a t i v i d a d e sda SBPC / SBF sobre p o l u i ç ã o n u c l e a r . C i ênc ja e C u l t u r a .32(9) : 1 1 9 7 - 2 0 6 , set. 1 9 8 0 .

(36) G A L V A N , C e s a r e G. A e x p a n s ã o n u c l e a r a l e m ã , p. 4 9 .

<37) F R E W E R apud G A L V A N . Ibidem, p. 5 0 .

(38) C E D I , D E S E P - C U T , N E M I , S i n d i c a t o dos M e t a l ú r g i c o s deSorocaba. De Anora a t r a m a r . 0& m i l i t a r e s a c a m i n h o da b o m b a .SP, 1 9 8 8 . p. 3 4 .

(39) G A L V A N , C e s a r e G, A r e n ú n c i a de T l a t e l o l c o . Ci ê n c i aHoie f 7 ( 3 7 ) : 6 6 , nov, 1 9 8 7 .

(40) A p e r g u n t a não se p r e n d e à é p o c a da a s s i n a t u r a doAcordo, ela é a t u a l , 0 a s s u n t o será a b o r d a d o no c a p í t u l o IV,

(41) 0s p r o c e s s o s de e n r i q u e c i m e n t o m a i s c o n h e c i d o s são,além do da u I t r a c e n t r i f u g a ç a o , o da d i f u s ã o g a s o s a , jatocentr ífugo e Iaser.

( 4?> A l e m a n h a , I n g l a t e r r a e H o l a n d a , c o n s o r c i a d a s a t r a v é s°s URENCO, p o s s u í a m u r â n i o e n r i q u e c i d o a t r a v é s do p r o c e s s o de»• tracentr ifugação,

( 4 3 ) ver o d e p o i m e n t o do Prof, E r w m W. B E C K E R na CPI «o*cordo (A Q u e s t ã o nuclear . v o l . V I , t o m o V. p. 4 1 1 - 8 1 ) ,

: 179

oportunidade em que afirmou ter o Brasil compromisso deexportar urânio enriquecido para a Alemanha até 2 0 % dasreservas que fossem encontradas mediante trabalho comum.

(44) GIROTTI, Carlos A. O P . cit. p. 79-B0.

(45) OLIVEIRA, Odete Maria. Op. cit. P. 5 3 .

(46) VIDAL, J. W. Bautista. Op. cit. p. 172-3.

(47) Ver NUCLEBRáS. NUCLEP. a primeira fábrica de reatores doTgrceiro Mundo. A s s e s s o r o de Comunicação Social, s.l., s.d.

(48) GIROTTI, Carlos A. Op. cit. P. 140.

(49) A questão nuclear, vol IV. p. 162-3»

(50) PORTANOVA, Rogério. Op. c:t. p. 97.