Entrelaçando o Discurso Eleitoral com a Agenda Nacional ...

455
Guebuza Entrelaçando o Discurso Eleitoral com a Agenda Nacional de Moçambique Renato Matusse, PhD

Transcript of Entrelaçando o Discurso Eleitoral com a Agenda Nacional ...

GuebuzaEntrelaçando o Discurso Eleitoral com a

Agenda Nacional de Moçambique

Renato Matusse, PhD

Guebuza: Entrelaçando o Discurso Eleitoral com a

Agenda Nacional de Moçambique

Renato Matusse, PhD

Título: Guebuza: Entrelaçando o Discurso Eleitoral com a Agenda

Nacional de Moçambique

Autor: Renato Matusse

Design:

Cândido Nhaquila

Fotografias:Alfredo Mueche e Ferhat Momade

Impressão: ACADÉMICA

Número de Registo: 6337/RLINLD/2010

Tiragem:

10.000 exemplares

Maputo, Maio de 2010

Armando Guebuza é um indivíduo muito determinado [...] Ele é muito persistente [...] quando se lhe dá uma

tarefa, esta torna-se a sua prioridade.

Joaquim Alberto Chissano, Antigo Presidente da República (O País 23.10.2009)

ÍNDICE

Prefácio......................................................................................................... 8Introdução................................................................................................ 11Agradecimentos................................................................................... 18Primeiro dia............................................................................................. 19

1. Quelimane.......................................................................................... 19Segundo dia.............................................................................................. 29

1. Pebane................................................................................................... 292. Gilé........................................................................................................ 37

Terceiro dia.............................................................................................. 421. Ile............................................................................................................ 422. Milange.................................................................................................. 48

Quarto dia................................................................................................ 551. Morrumbala......................................................................................... 55

Quinto dia................................................................................................. 631. Inhangoma............................................................................................ 632. Nyamayabwè....................................................................................... 693. Doa........................................................................................................ 71

Sexto dia................................................................................................... 761. Tete........................................................................................................ 762. Muchamba............................................................................................ 823. Zóbuè.................................................................................................... 85

Sétimo dia................................................................................... ............. 881. Ndambulangono.................................................................................. 882. Lindowo................................................................................................ 933. Ulonguè................................................................................................ 97

Oitavo dia............................................................................................... 1001. Mecanhelas........................................................................................ 1002. Chiúta................................................................................................. 1063. Muethethere..................................................................................... 1094. Cuamba.............................................................................................. 113

Nono dia.................................................................................................. 1151. Mitande............................................................................................... 1152. Mandimba........................................................................................... 117

3. Luelele................................................................................................. 123Décimo dia.............................................................................................. 127

1. Lichinga................................................................................................127Décimo primeiro dia.........................................................................132

1. Marrupa...............................................................................................132Décimo segundo dia..........................................................................135

1. Namuno.............................................................................................. 1352. Ocua.................................................................................................... 1393. Chiúre..................................................................................................143

Décimo terceiro dia...........................................................................1461. Chai......................................................................................................1462. Macomia..............................................................................................153

Décimo quarto dia.............................................................................1561. Quelimane..........................................................................................1562. Mocímboa da Praia...........................................................................1593. Mueda..................................................................................................165

Décimo quinto dia.............................................................................1661. Pemba..................................................................................................166

Décimo sexto dia................................................................................1731. Eráti..................................................................................................... 1732. Malema................................................................................................179

Décimo sétimo dia.............................................................................1821. Murrupula...........................................................................................1822. Moma.................................................................................................. 189

Décimo oitavo dia..............................................................................1951. Nametil................................................................................................1952. Mazua...................................................................................................1993. Memba............................................................................................... 203

Décimo nono dia................................................................................ 2061. Nacala-Porto..................................................................................... 206

Vigésimo dia.......................................................................................... 2131. 3 de Fevereiro................................................................................... 2132. Zintava................................................................................................ 219

Vigésimo primeiro dia.....................................................................2221. Ressano Garcia.......................................................................................222

2. Katembe- M’sime.............................................................................. 226Vigésimo segundo dia....................................................................... 229 1. Praça dos Heróis................................................................................ 229

2. Bairro Fomento.................................................................................. 2323. Machava............................................................................................... 234

Vigésimo terceiro dia....................................................................... 2401. Nhlamankulu....................................................................................... 2401.1. Fábrica de Refeições...................................................................... 2401. 2. Zihlahla............................................................................................ 2452. KaPfumu ............................................................................................ 2493. KaMaxakeni......................................................................................... 254

Vigésimo quarto dia.......................................................................... 2551.KaMbukwane.......................................................................................2551.1.Bairro George Dimitrov................................................................ 2552. KaMavota............................................................................................. 2602.1. Praça da Juventude......................................................................... 260

Vigésimo quinto dia.......................................................................... 2631. KaNyaka.............................................................................................. 2632. Katembe.............................................................................................. 270

Vigésimo sexto dia............................................................................. 275 1. Bilene.....................................................................................................275 2. Xai-Xai................................................................................................ 281Vigésimo sétimo dia......................................................................... 285

1. Javanhane ............................................................................................ 2852. Chibuto............................................................................................... 289Vigésimo oitavo dia..................................................................... 2961. Chidenguele....................................................................................... 2962. Mandlakazi........................................................................................... 298Vigésimo nono dia......................................................................... 3031. Chitondo ............................................................................................ 3032. Mocumbi ............................................................................................ 3083. Inhambane.......................................................................................... 313

Trigésimo dia........................................................................................ 321 1. Funhalouro......................................................................................... . 321

2. Mucuácua............................................................................................ 327

3. Massinga.............................................................................................. 332Trigésimo primeiro dia.................................................................. ..334

1. Belane.................................................................................................. 3342. Vilankulu.............................................................................................. 338

Trigésimo segundo dia.....................................................................3431. Muxúnguè............................................................................................ 3432. Beira..................................................................................................... 349

Trigésimo terceiro dia..................................................................... 3571. Murraça................................................................................................3572. Caia....................................................................................................... 363

Trigésimo quarto dia........................................................................ 3701. Nhamapassa....................................................................................... 3702. Nhamatanda........................................................................................ 377

Trigésimo quinto dia........................................................................ 3841. Nhampassa......................................................................................... 3842. Honde................................................................................................. 3903. Chimoio.............................................................................................. 392

Trigésimo sexto dia.......................................................................... 3991. Machaze.............................................................................................. 3992. Macate................................................................................................ 4033. Chimoio.............................................................................................. 409

Trigésimo sétimo dia........................................................................ 4141. Gondola..................................... ......................................................... 414

Trigésimo oitavo dia......................................................................... 4191. Chókwè............................................................................................... 419

Trigésimo nono dia............................................................................ 4271. Búzi....................................................................................................... 427

Quadragésimo dia.............................................................................. 4321. Mocuba................................................................................................ 4322. Quelimane.......................................................................................... 437

Quadragésimo primeiro dia......................................................... 4411. Nampula ............................................................................................. 441

Posfácio..................................................................................................... 448

8

Prefácio

Este Diário da Campanha leva o leitor a fazer parte da comitiva do Candidato Presidencial da FRELIMO, Armando Emílio Guebuza, e, des-ta forma, percorrer com ele, palmo a palmo, todo o país.Para quem tenha experiência diferente em matéria de campanha elei-toral e esteja habituado a campanhas eleitorais ocidentalizadas com trios eléctricos milionários notará, facilmente, três diferenças funda-mentais.

Primeiro, este Diário da Campanha não faz alusão, em nenhum mo-mento, a debates televisivos directos, “frente-a-frente” dos candidatos, disputando as suas visões políticas sobre o país. Em seu lugar, o leitor encontrará o contacto directo do candidato com o povo, a quem não pede apenas o voto, mas dialoga com ele sobre os problemas reais e se pede o seu envolvimento na busca de soluções concretas, com base num princípio basilar de “contar com as nossas próprias for-ças”. Aliás, o princípio de contar com as nossas próprias forças foi um factor fundamental na mobilização de esforços de forma individual e colectiva durante a Luta de Libertação Nacional, processo que contou com o apoio popular, porque como diz o poeta, “no povo buscamos a força”.

Segundo, o discurso utilizado neste Diário da Campanha não privilegia uma audiência particular específica. O discurso é dirigido aos moçam-bicanos em geral, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo. A sua forma simples e de carácter didáctico consegue transformar a cam-panha eleitoral em mais um momento de aprendizagem mútua entre o Povo e os seus dirigentes, sem preconceito de qualquer natureza e sem promessas demagógicas revestidas em promessas eleitoralistas populistas. Julgo que deve ser por esse motivo que esta obra tem o título devidamente escolhido: Entrelaçando o discurso eleitoral com a agenda nacional de Moçambique.

9

Terceiro, os personagens activos no processo da campanha são mulhe-res, jovens, continuadores – as flores que nunca murcham -, homens de diferentes faixas etárias. São camponeses, operários, estudantes, intelectuais, homens e mulheres da arte e cultura, representantes de confissões religiosas, associações da sociedade civil, em suma, moçam-bicanos que sabem que o futuro melhor deste belo Moçambique de-pende dos moçambicanos.

A FRELIMO, desde a sua fundação, em 1962, aprendeu a lição segundo a qual a participação do Povo nas discussões e na análise dos proble-mas permite tomar decisões, democraticamente, que são assumidas por todos. A FRELIMO compreendeu sempre que o segredo da vitó-ria reside na sua relação com o Povo, espalhado pelas diferentes co-munidades. A razão é simples: a FRELIMO tem uma responsabilidade histórica. Escreveu nos seus Estatutos e Programa de 1962 que tinha de lutar pela independência total e completa e construir um Moçam-bique próspero e forte. Por isso, para a FRELIMO a campanha eleitoral é igualmente um momento de avaliação do trabalho realizado e uma oportunidade de auscultar as preocupações das populações, é tempo de reflexão colectiva sobre as nossas fraquezas e momento de conso-lidação de aspectos positivos do nosso trabalho colectivo. Conscien-temente, critica-se o que está errado e aponta-se o caminho correcto a percorrer, por mais difícil e sinuoso que ele seja.

Tudo isso explica porque a campanha eleitoral é tempo de festa. O país inteiro está em movimento. O Povo canta. Evoca os espíritos dos antepassados. O povo dança os ritmos da bela cultura secular moçam-bicana.

O leitor encontrará neste Diário da Campanha, os corpos suados on-dulando no interior da capulana, como se imitassem a dança da nossa bandeira multicolor, símbolo da nossa independência e soberania du-ramente conquistada pelo povo moçambicano. Encontrará o mesmo Povo que acredita na FRELIMO como a verdadeira força de mudança. O Diário da Campanha revela até ao detalhe os segredos que fizeram

10

com que o Povo Moçambicano votasse no tambor e na maçaroca. Em suma, fica aqui formulado o convite irresistível para o leitor fazer parte da comitiva do Candidato Presidencial da FRELIMO, Armando Emílio Guebuza, às eleições de 28 de Outubro de 2009 e, desta forma, percorrer as aldeias, vilas e cidades do nosso país. Devo advertir o lei-tor que a viagem pelas aldeias, vilas e cidades é longa. A viagem inteira tem a duração de 45 dias ininterruptos. Por isso, prepare-se fisicamen-te para percorrer cerca de cem páginas de leitura.

Professor Doutor Marcelino Liphola

11

Introdução

O presente trabalho dá substância ao diário de campanha do Candida-to Presidencial da FRELIMO, Armando Emílio Guebuza, durante o con-tacto directo com o eleitorado. Nesta obra, destaca-se a indefectível fé do Candidato no fim da pobreza em Moçambique. Realça-se o facto de o seu discurso de que os moçambicanos devem ser os heróis da sua própria libertação da pobreza, como o foram contra a dominação estrangeira. Perante o eleitorado, o Candidato Presidencial da FRE-LIMO apresentou-se, assim, como o sonhador de um futuro melhor para o seu Povo, e com essa forte e emotiva mensagem redentora, centriptamente moçambicana, ele aglutinou forças, sinergias e vonta-des de muitos moçambicanos que nele se reviam, que a ele admiravam.

Nesta obra abordamos o que, de um modo geral, aconteceu em cada um dos locais que o Candidato escalou. Embora não seja objecto des-te trabalho, importa destacar que a campanha da FRELIMO e do seu Candidato envolveu não só os seus quadros, desde o Presidente Ho-norário, o Antigo Presidente Joaquim Alberto Chissano e a Primeira-Dama, Maria da Luz Guebuza, bem como os membros de simpatizan-tes da FRELIMO, espalhados por todo o Moçambique, alguns dos quais com muitas décadas a fazer mobilização de massas para causas nobres do país. Em geral, aqueles que estavam colocados na linha da frente da Campanha Eleitoral da FRELIMO e do Candidato exibiam muita maturidade e créditos políticos de elevada craveira. Mais importante ainda, é o facto de que eram os simpatizantes de outros partidos e a população, em geral, que se sentiam seduzidos para, voluntariamemen-te, participar nas acções de mobilização a favor do Candidato e da FRELIMO, engrossando o caudal das vozes e acções em apoio a estes.

Eram, assim, moçambicanos que se sentiam representados na agenda da FRELIMO e do seu Candidato, não porque ambicionassem cargos públicos mas porque consideravam que neles teriam uma liderança certa e por estes seriam melhor governados. Devido a esta forma de fazer política por parte do Presidente da FRELIMO nasceu o título desta obra: GUEBUZA: entrelaçando o discurso eleitoral com a Agenda Nacional de Moçambique. O “msiro” que gravou o seu nome na capa desta obra sublinha esta relação.

12

No presente trabalho os termos Chefes de Estado, Presidente da Re-pública, Candidato Presidencial da FRELIMO e Candidato são usados como sinónimos em referência ao Presidente Guebuza. O termo Can-didato não carrega consigo nenhuns elementos exclusivistas mas tem, isso sim, em conta que uma palavra ou frase ganha o seu significado não pelo seu valor lexical mas pelo contexto em que se encontra inserido (Gumperz, 1982)1 . Portanto, neste sentido dinâmico, estes termos ganham na presente obra, um significado específico na sua interacção com o contexto político, histórico e social gerado nesta obra.

A organização interna da obra não obedece aos capítulos clássicos. Em vez disso, a divisão obedece aos dias de campanha que no tal foram 41. Assim, dentro de cada um dos dias da campanha são enumerados os eventos que nesse dia tiveram lugar. O indíce também ajuda neste exercício.

As fotografias que acompanham esta obra têm em vista complemen-tar, de forma gráfica, os memoráveis momentos desta campanha. Elas procuram ilustrar a festa, a expontaneidade, o amor pela FRELIMO e pelo seu Candidato Presidencial. Foi com este propósito que se assegurou o registo fotográtfco da esmagadora maioria dos locais escalados e descritos nesta obra. Está assim prestada a homenagem destes homens e mulheres que nesses locais fizeram da campanha da FRELIMO e do Candidato Armando Emílio Guebuza, uma campanha emotiva, pacífica e cheia de civismo e sentido de moçambicanidade.

***...****

Lídimo filho da Nação Moçambicana, o Candidato Armando Emílio Guebuza vem se dedicando à luta por uma vida melhor para o seu Povo, desde os tempos da sua juventude. A exemplar trajectória po-lítica apresentada, de forma resumida, por Filipe Chimoio Paúnde, Secretário-Geral da FRELIMO, na abertura e no encerramento da campanha eleitoral, em Quelimane e em Nampula, respectivamente, e pelos Primeiros Secretários Provinciais, nos restantes eventos, retrata uma personalidade que combina, numa só pessoa, um carinhoso ho-mem de família, um irreticente nacionalista, um circunspecto político, 1 Gumperz, J.J. (1982). Discourse strategies. (Cambridge: Cambridge University Press).

13

um carismático líder e um cosmopolita estadista que já partilhou tri-bunas com outras eminentes e prestigiadas personalidades mundiais.

Nas páginas desta obra, cedo se descobrirá que o Presidente Guebu-za é uma personalidade que conduziu comícios muito concorridos e interactivos nos quais, o sociólogo Pierre Bourdieu teria gostado de participar. É que segundo Bourdieu a língua não é apenas um instru-mento de comunicação mas também um instrumento do poder sim-bólico pois “uma pessoa fala não apenas para ser compreendida mas também para nele se crêr, respeitar e para ser honrado” (1977:649)2.

Para Bourdieu, o que faz o poder das palavras e das palavras de ordem, do poder de manter a ordem, é a crença na legitimidade das palavras e daquele que as pronuncia, crença cuja produção não é da competência das palavras. Por isso, ele defende que se preste maior atenção à acei-tabilidade social das palavras porque a gramaticalidade apenas define o sentido das palavras de forma parcial: “a competência adequada para produzir frases para serem compreendidas pode ser inadequada para produzir frases para serem escutadas e reconhecidas como aceitáveis, em todas as situações onde se tem a oportunidade de falar” (Bour-dieu, 1991:553).

Com um programa minuciosamente preparado, o Candidato Presi-dencial da FRELIMO sabia o que ia fazer em cada hora útil de todos os dias da campanha.

Por isso, pôde acomodar as tarefas que lhe cabiam como Chefe de Estado. Mais ainda, ele sentia, em cada local que escalava que era parte de uma vasta equipa de quadros que no quotidiano se dedicavam às tarefas de mobilização de mais moçambicanos para a causa da FRELI-MO e do seu Candidato.

O programa da campanha eleitoral consistia da saudação à população e às lideranças locais, à chega e à partida do local escalado. Seguia-se depois a assistência às actividades culturais, o desfile e a participação 2 Bourdieu, P. (1977). “The Economics of Linguistic Exchange.” In Social Science Information. 16 (6).3 Bourdieu, P. (1991). Language and Symbolic Power. (Oxford: Blackwell Publishers).

14

no comício. O comício era o evento principal e dividia-se em quatro partes distintas.

A primeira parte era preenchida pela actuação de artistas e grupos culturais selecionados de entre os muitos voluntários e disponíveis para dar a sua contribuição nesta festa. Regra geral, os artistas e gru-pos culturais tinham músicas e canções concebidas e ensaiadas para este momento político que eram salpicadas por outras criações artís-ticas que fazem destes grupos e artistas referências de uma determi-nada localidade deste vasto Moçambique.

A segunda parte era preenchida por orações. Representantes de di-ferentes religiões do mosaico cultural moçambicano subiam à tribuna para orar pela paz, por uma campanha e eleições livres de quaisquer actos de intimidação ou violência. Finda a oração, o líder religioso ocu-pava o seu lugar na tribuna.

A terceira parte cobria as intervenções dos cidadãos. Estes, subiam à tribuna para falar das realizações e do que deve ser feito no próximo quinquénio. Como destacou o próprio Candidato,

os meus concidadãos, nos comícios [...], ao mesmo tempo que celebram estas nossas conquistas e as suas conquistas individuais, recordam-nos ainda que há manifestações da pobreza que importa que se lhes prestem atenção. Em sinal de que a FRELIMO e eu próprio somos vistos como o veículo que vai levar o nosso Povo a materializar essas suas aspirações, os nossos compatriotas tra-zem-nos propostas concretas do que devemos incluir no próximo programa quinquenal4.

A apresentação dos candidatos a Deputados da Assembleia da Repú-blica e a membros das Assembleias Provinciais, quando se estivesse no ponto de entrada para o Círculo Eleitoral, cobria a quarta parte do programa.

4 Guebuza, A.E. (2009). “FRELIMO: Reiterando disponibilidade para liderar Moçambique rumo ao pro-gresso”. Comunicação do Camarada Armando Emílio Guebuza, Presidente e Candidato Presidencial da FRELIMO, por ocasião do encerramento da Campanha Eleitoral para as eleições Presidenciais, Parlamen-tares e para as Assembleias Provinciais. Nampula, 25 de Outubro de 2009.

15

Esta tarefa estava confiada ao Chefe do Gabinete Provincial de Elei-ções mas, em Quelimane, no dia da abertura da Campanha Eleitoral, foi excepcionalmente feita pelo Secretário-Geral da FRELIMO. A FRE-LIMO foi a única formação política que assim procedeu, rebuscando uma das conquistas maiores do sistema monopartidário, através do qual o Povo, em reuniões públicas desta natureza, tinha a última pala-vra sobre os candidatos aos órgãos das assembleias distritais, provin-ciais e nacional. Por isso, a ideia, posta a circular, de que se tratava das primeiras eleições provinciais é historicamente errónea.

Depois desta apresentação, o Chefe do Gabinete Provincial retomava a palavra para apresentar o perfil do Candidato. Como que a explicar a origem do seu capital simbólico, se nos podemos socorrer de Pierre Bourdieu, ele dava destaque ao seu papel na dinamização da actividade juvenil no Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambi-que (NESAM) como viveiro da acção política clandestina; o seu papel na Luta de Libertação quer na sua rede clandestina quer na frente do fogo libertador; as missões que recebeu no Governo de Transição e no Moçambique livre e independente, bem assim o papel decisivo no resgate da Paz para o País. Ainda nesta apresentação, eram enaltecidas algumas das realizações do Presidente Guebuza, nos primeiros cinco anos do seu mandato, quer no plano interno quer no externo.

Depois da apresentação destes traços biográficos e depois de enun-ciar algumas das suas realizações, o Primeiro Secretário Provincial da FRELIMO recordava à audiência que votar em Guebuza e na FRELIMO tinha em vista, acima de tudo, assegurar a continuidade da construção do Futuro Melhor em Moçambique e do prestígio que esta Pátria de Heróis granjeia na comunidade das nações.

Posto isto, o Primeiro Secretário Provincial da FRELIMO que era, ao mesmo tempo, Chefe do Gabinete Provincial de Eleições deste Parti-do, passava a palavra ao Candidato que, de um modo geral, tinha um tema para cada comício. Este tema girava à volta de um dos cinco compromissos plasmados no Manifesto Eleitoral da FRELIMO. Por ve-zes, a partir desse tema ele poderia também demonstrar como esse compromisso se relaciona com os outros, de uma forma simbiótica.

16

Todas as brigadas da campanha eleitoral estavam online, como disse à Rádio Moçambique, José Tsambe, Primeiro-Secretário da FRELIMO em Gaza e seu Chefe do Gabinete Provincial de Eleições. A FRELIMO logrou esta capacidade porque soube apropriar-se e fazer uso eficien-te das Tecnologias de Informação e Comunicação para se comunicar entre si e com os moçambicanos. Assim, a FRELIMO manteve o freli-moonline para os bloguistas, o Diário da FRELIMO, o Boletim Informa-tivo, Ngoma, Voz da Revolução, www.frelimo.org.mz e as redes sociais, entre elas, facebook, youtube e hi5. O Candidato, por seu turno, abriu a página www.armandoguebuza.blogspot.com que embora não tenha a campanha como sua raison d’être a ela também serviu.

Edson Macuácua, o Secretário da Mobilização e Propaganda, estava encarregue de lidar com a comunicação social, como porta-voz desta organização que mais do que um partido é uma instituição social e cul-tural, de raízes profundas, que permeia o comportamento e influencia a atitude do cidadão perante a vida e o mundo. É uma instituição para a qual os cidadãos sentem-se atraídos a com ela se simpatizar porque sentem os seus ideais nela reflectidos. Outros sentem-se seduzidos por esta FRELIMO porque algo lhes impele a partir do seu subcons-ciente, às vezes com fervor quase religioso, às vezes com a psyche do adepto da equipe de futebol. E estamos a falar de cidadãos patriotas e comprometidos com o desenvolvimento de Moçambique.

Na verdade, notava-se, uma vez mais, que estes patriotas ou estavam com a FRELIMO ou não estavam com a oposição. Isto explica, em par-te, porque a oposição teve que recrutar e reciclar os membros deste ou daquele partido para lhe dar a sua roupagem e cargos. Por exem-plo, uma foto-reportagem de Alfredo Mueche, na edição do jornal Do-mingo do dia 18 de Outubro de 2009 revela que a sede provincial do MDM, em Gaza, fora herdada da RENAMO. Na mesma foto, para além de cartazes do MDM, vê-se uma tenda com inscrições “Phalaborwa”, nome da base militar sul-africana para onde passaram a ser treinados e aquartelados, pelo regime do Apartheid, os homens da RENAMO quando foram transferidos da Rodésia do Sul. A tenda foi retirada depois desta reportagem.

17

A forma de fazer política da oposição reforça a percepção popular de bipolaridade a favor da FRELIMO: “nós que queremos fazer e eles que negam ou criam dificuldades para que façamos”, aliando-se até aos que se simpatizam e encorajam a dependência económica e a eternização da pobreza em Moçambique. Mesmo assim, e talvez por isso, como dissera o Presidente da FRELIMO, era preciso garantir o “reforço da presença do Partido em todas as frentes, no plano nacional e no plano internacional”5.

5 Guebuza, A.E. (2005). “FRELIMO: Partido protagonista de mudanças servidoras dos interesses do Povo Moçambicano”. Comunicação do Camarada Presidente do Partido FRELIMO, Armando Emílio Guebuza, por ocasião da abertura da V Sessão do Comité Central da FRELIMO. Matola, 15 de Dezembro de 2005.

“Nesta Pátria de Heróis, Nós Moçambicanos, Seremos os Heróis da Nossa Própria Libertação da Pobreza”.

18

Agradecimentos

Esta obra contou com a colaboração, apoio e encorajamento de mui-tos amigos para quem vai a nossa expressão de gratidão e de reco-nhecimento. Agradecemos ao Engº Carlos Pessane, Conselheiro do Presidente da República, Dra Marlene Magaia Adida de Imprensa do Presidente da República e ao jornalista Jaime Cuambe, do Jornal Notí-cias, que integraram a delegação do Candidato Presidencial da FRELI-MO, durante todos os 41 dias de campanha eleitoral. Eles colocaram à nossa disponilização diferentes formas de apoio e material que tinham recolhido ao longo da campanha que se revelou valioso para o exercí-cio da triangulação, sempre útil nestes trabalhos.

Endereçamos as nossas palavras de reconhecimento ao Professor Doutor Luís Covane e à Dra Josina Malique pela leitura do manuscri-to. Eles foram para além desta tarefa, alertando-nos para a necessidade de melhoria desta ou daquela abordagem e apoiando-nos na busca de material complementar em diários e semanários nacionais, bem como nas peças noticiosas disponíveis na internet.

Ao Professor Doutor Marcelino Liphola estendemos os nossos agra-decimentos pelo prefácio e pela leitura do manuscrito. Em resultado desse exercício beneficiou-nos com observações e considerações per-tinentes para a melhoria da apresentação dos conteúdos desta obra. Como dissemos em ocasiões anteriores, escrever uma obra impõe-nos disciplina e solidão. Por isso, agradeço à minha esposa, Guilhermi-na Langa, por ter tolerado o comportamento noctívago e de solitário que a produção desta obra me obrigava. Que os meus muitos amigos encontrem nesta obra as razões que me levaram a furtar-me do seu convívio, muitas vezes.

Renato Matusse, PhD

19

Primeiro dia

1. Quelimane

Foi Quelimane, a cidade escolhida para o acto central do lançamento da campanha da FRELIMO para as Eleições Presidenciais, Legislativas e para as Assembleias Provinciais, agendadas para 28 de Outubro de 2009. Esta cerimónia decorreu em simultâneo com as dirigidas pelos membros da Comissão Política destacados para todos os círculos elei-torais.

Assim, em Cabo Delgado as cerimónias foram dirigidas por Eneas Comiche; no Niassa por Margarida Talapa; em Tete por Eduardo Mu-lémbwè; em Nampula por Manuel Tomé; em Sofala por Alberto Chi-pande; em Manica por José Pacheco; em Inhambane por Aires Ali; em Gaza por Alcinda Abreu; em Maputo Província por Verónica Macamo; e na Cidade de Maputo por Aiuba Cuereneia. Estes Membros da Co-missão Política, incluindo Luísa Diogo, por Zambézia, dirigiram uma plêiade de quadros que tinham no primeiro Secretário Provincial e no Governador o Chefe e o Chefe Adjunto do Gabinete Provincial de Eleições, respectivamente. Esta equipa, espalhada por todos os distri-tos, postos administrativos e localidades, incluía membros do Comité Central da FRELIMO, membros das organizações da FRELIMO, mem-bros do Governo, aos vários níveis, bem como simpatizantes desta gloriosa FRELIMO.

A decisão da Comissão Política da FRELIMO de colocar os seus ho-lofotes políticos virados para Quelimane seguia-se a uma outra, que resultou na realização do 9º Congresso deste Partido nesta mesma cidade, de 10 a 15 de Novembro de 2006. Ambos constituíam sinais evidentes de que a FRELIMO estava disposta a lutar e a reconquistar a maioria dos assentos disponíveis no círculo eleitoral da Zambézia.

20

*****..........*****

Cerca das 9.50 horas, do dia 13 de Setembro de 2009, materializava-se a decisão da Comissão Política de colocar a Zambézia no epicentro da sua acção política. Com efeito, a essa hora, a aeronave que transporta-va o Candidato, a Primeira-Dama da República, Maria da Luz Guebuza, bem como os seus mais directos colaboradores, fez-se à pista do Ae-roporto da Cidade de Quelimane, marcando o dia D da sua campanha eleitoral e da libertária FRELIMO.

Na pista o ambiente era de festa era contagiante. Centenas de pessoas coloriam o Aeroporto de Quelimane com as vistosas bandeiras ver-melhas da FRELIMO, com as bandeirolas, com as imagens do Candidato e com os cartazes de campanha desta quase cinquentenária FRELIMO. Também marcavam presença, e em grande número, adereços diversos, entre bonés, camistes, lenços, capulanas, todos estampados com o ba-tuque e a maçaroca e a imagem do lídimo filho de Moçambique, aquele que desde muito jovem tem dado o seu melhor pela sua Pátria e pelo seu Povo. Mais: artistas e grupos culturais conferiam brilho, emoção e cor à cerimónia de boas-vindas ao Candidato. Muitas eram as criações artísticas que tinham sido preparadas para este momento de campa-nha, criações que tinham levado dias a conceber, a alinhavar e a ensaiar. Quem gosta não sente que perde tempo quando o hipoteca para uma causa como esta.

Imobilizados que foram os motores do jacto, o Candidato e a Primei-ra-Dama, Maria da Luz Guebuza, fizeram-se à porta do avião. Ele tra-jado de um fato azul-marinho e gravata avermelhada e ela ostentando adereços de estilo africano que popularizou ao longo dos quase cinco anos de contacto directo com as populações das diversas comunida-des deste Moçambique. Quando acenaram lá do cimo da porta do avião, incendiaram um barulho ensurdecedor e as incontidas emoções de todos aqueles que se consideravam com sorte de testemunhar o alvor daquele irrepetível e histórico dia.

21

Já em terra, o Presidente Guebuza foi cumprimentando a liderança da sua campanha na província, os notáveis da Zambézia estavam ali perfiladas para lhe dar as boas vindas à terra do coco e da mukapata. Depois, e sempre acompanhado pela Primeira-Dama, foi apreciando e aplaudindo os grupos culturais que se tinham esmerado na preparação e agora na execução dos seus reportórios culturais. A hospitalidade zambeziana estava ao de cima!

A FRELIMO é que fez, a FRELIMO é que faz. A FRELIMO quando pro-mete cumpre! Com Guebuza venceremos a pobreza! Unidos na luta contra a pobreza! FRELIMO a força da mudança! Lia-se nos dísticos e cartazes, transportados por alguns dos participantes na festa de re-cepção ao Candidato. Também, como se viu no desfile que se seguiu, engalanavam Quelimane e, em particular, a rota que o Presidente Gue-buza seguiu à sua residência protocolar.

No desfile observou-se igualmente que, com o material de campanha da FRELIMO, membros, simpatizantes e população em geral embeleza-vam as suas bicicletas, motorizadas e viaturas que cortejaram o Chefe de Estado ao longo das ruas que foram dar à residência protocolar, em frente do Rio Kwakwa, que Vasco da Gama baptizou por Rio dos Bons Sinais.

Depois de uma curta pausa na residência protocolar, o Candidato, sempre ladeado pela Primeira-Dama e destacados membros da sua caravana eleitoral, dirigiu-se, a pé, para um local que distava a menos de 200 metros. Aqui, debaixo de uma figueira, o Candidato participou na cerimónia de evocação dos antepassados, Mukhuthu, um ritual que foi dirigido pelos líderes comunitários Maria Madalene Xavier, Eugénio Carvalho, Maria Salawe e Chica Sauchamo, do 1°Bairro, da Unidade 24 de Julho. É facto de registo que os líderes comunitários, nesta cerimó-nia, tenham, para além dos antepassados locais, evocado igualmente os nomes de nacionalistas como Eduardo Mondlane, Samora Machel e Josina Machel (veja pg. 26).

22

Como aos espíritos locais a estes pediram, igualmente, para que irra-diassem luz para que a campanha eleitoral decorresse de forma pací-fica e ordeira.

Findo o ritual, a caravana do Candidato rumou para o 3° Bairro, Uni-dade 1° de Maio, arredores da Cidade de Quelimane, mais concreta-mente para o campo da Sagrada Família. Este foi o local escolhido para o showmício de arranque da campanha concebida como momento de festa e de convívio entre os moçambicanos. O Presidente Guebuza chegou ao local já trajado de uma das túnicas que lhe são marca e as popularizou ao longo das cinco edições da Presidência Aberta e Inclu-siva, a voz que dá voz aos sem voz, como escreveu Matusse (2010)6.

A túnica era de cor azul claro, com o emblema da FRELIMO estampa-do na parte exterior do bolso. O Candidato entrou por entre a mul-tidão, através de um apertado corredor que a Segurança, o Protocolo, as mulheres e os jovens voluntários iam abrindo. Dos dois lados do corredor o Candidato era brindado com muitos, fortes e prolongados aplausos aos quais o Candidato correspondia com um aceno de mão e um sorriso de quem se sente acarinhado no seio do Povo que sabe que o ama e se admiram mutuamente.

A ovação seria mais ruidosa ainda quando o Presidente Guebuza e a Primeira-Dama, finalmente, se fizeram à tribuna. Houve acordes mu-sicais que se misturavam com canções de grupos culturais, todas elas talhadas para este momento político histórico na vida do Presidente Guebuza e da FRELIMO. O júbilo ganhou mais décibeis quando o Pre-sidente e toda a tribuna se levantaram para se juntar ao público que já dançava no pelado da Sagrada Esperança e no palco montado para o showmício inaugural (veja pg. 26 a 29).

Depois viria o momento solene, dirigido por líderes de diferentes re-ligiões que enriquecem o mosaico cultural moçambicano. Primeiro,

6 Matusse, R. (2010) Presidência Aberta e Inclusiva: A voz que dá voz aos sem voz. (Nelspruit: Afrisat).

23

dirigiu as orações o Shehe Daulamo Abdul Daimo, em representação da religião muçulmana que, mais do que orar, exortou os partidos políticos e os concorrentes nas Presidenciais para pautarem pela ur-banidade e pelo civismo, e para se absterem de impedir os cidadãos de desfrutarem das suas liberdades constitucionais. Falou depois o Padre Menezes, representante da Igreja Católica que, para além de partilhar a mensagem de eleições livres de intimidação, também fez votos para que as eleições de 28 de Outubro fossem livres, justas e transparentes.

Abençoado que fora o evento, seguiu-se a parte política, com outros intervenientes. Três cidadãos pediram a palavra, nomeadamente, Ber-nardo Amado Gonçalo, António Lima Maulano e Eufrásia Manuel Ar-mação, para testemunhar sobre a figura e obra do Candidato e sobre os feitos do Governo da FRELIMO. Eles destacaram os feitos e ganhos alcançados em diferentes domínios: político, social, económico e cul-tural. Destacaram ainda que estes ganhos foram possíveis graças à clarividente liderança de Armando Guebuza e da FRELIMO.

De seguida, o Secretário-Geral da FRELIMO, depois de apresentar o Candidato, através do seu perfil biográfico, solicitou-o para usar da palavra. Quando se levantou foi saudado por um momento de êxtase, caracterizado por FRELIMO Hoyes, Guebuza Hoyes e por música se-leccionada para animar a festa de campanha.

Se, para muitos estar com o Candidato era um sonho, hoje, estar pe-rante o sonhador do seu futuro melhor é uma realidade. Estavam ali perante o filho lídimo de Moçambique, aquele que dedicou toda a sua juventude ao serviço de Moçambique e do seu Povo.

De punho cerrado, o Candidato fez o Hoye ao Povo Moçambicano unido do Rovuma ao Maputo, à Unidade Nacional e à Paz. Depois, como faria nos próximos eventos similares que preencheriam os seus 41 dias de campanha eleitoral, ele apresentou-se não apenas como

24

Candidato da FRELIMO mas também como Candidato de todo o Povo Moçambicano. Para ele, os sucessos registados em muitos sectores da intervenção humana, sob sua liderança, tinham no Povo Moçambicano o seu primeiro obreiro.

Por isso, sublinhava que encarnava a agenda de um Povo que quer um Futuro Melhor e que estava disposto a liderar os moçambicanos para a conquista de mais vitórias rumo a esse bem-estar. Neste sentido, depois de agradecer o acolhimento, as orações e os grupos culturais disse que aceitava que se lhe atribuíssem os feitos do quinquénio mas, para ele, esses feitos só tinham sido possíveis graças à entrega do Povo Moçambicano: “sozinho, eu não teria logrado estes feitos” sublinhou Guebuza, no meio de aplausos.

Na verdade, a sua mensagem era de que não haverá heróis que virão para libertar os moçambicanos da pobreza. Os moçambicanos devem, eles próprios, ser os heróis da sua própria libertação. Por isso, ele queria que se sentissem os obreiros e donos dessas conquistas e que no futuro mais conquistas poderiam lograr, continuando a entregar-se ao trabalho, com criatividade, audácia e persistência.

Ele quis assim injectar novo vigor, relevância e vitalidade ao seu discur-so de que os moçambicanos devem ser os libertadores de si próprios e que em momento algum o seu espírito de luta se deve esmorecer, dissipar-se ou sublimar-se face à pergunta recorrente no quotidiano: “mas vamos mesmo vencer a pobreza em Moçambique?” Esta é uma pergunta que pode gerar o sentido de futilidade do esforço individual e institucional perante revezes, hesitações e bloqueios que se apresen-tam insuperáveis, à primeira vista.

Falou depois das cinco linhas de força do Manifesto Eleitoral, traduzi-das em forma de compromisso para o próximo mandato, nomeada-mente:

25

• Consolidação da Unidade Nacional, Paz e Democracia;• Combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho;• Boa governação e cultura de prestação de contas;• Reforço da soberania nacional; • Reforço da cooperação internacional.

Terminado o comício, e após o almoço, o Candidato presidia, às 14:30, a um encontro com os notáveis da Cidade de Quelimane. Tratava-se de figuras de proa na área cívica, profissional, de negócios e comuni-tária. A estes, como aconteceria nos encontros similares, o Candidato pediu conselhos para registar mais sucessos na busca do bem-estar dos moçambicanos.

Os influentes de Quelimane deram conselhos do que podia ser abor-dado no próximo quinquénio. Destaque vai para um maior envolvi-mento e parceria do Governo com as confissões religiosas na luta contra o HIV e SIDA; o reforço do ensino profissional, a formação para uma melhor gestão dos 7 milhões e o apoio aos quadros para aplicarem os seus conhecimentos.

O Candidato, que ia anotando todas as contribuições, agradeceu os conselhos dados. Terminava assim o primeiro dia de Campanha do Candidato.

26

27

28

29

Segundo dia

1. Pebane

Logo pelas primeiras horas da manhã do dia 14 de Setembro de 2009, o Aeroporto de Quelimane registou nova enchente com centenas de pessoas a afluírem àquele local para se despedirem do Candidato que nessa manhã ia levantar voo para a sede distrital de Pebane. Quando ele chegou foi recebido por uma moldura humana muito eufórica, com grupos culturais e artistas de diferentes gerações e inserção popular a dançarem e a cantarem, com o mesmo dinamismo e entusiasmo exibi-dos no dia anterior. O Presidente, como fizera no dia da sua chegada, apreciou cada uma das exibições e depois, cumprimentou, um a um, os responsáveis que perfilavam para dele se despedir.

Quando ele se fez às escadas do hélio que o transportaria de Queli-mane a Pebane, os delírios dos populares atingiram o auge. Todos que-riam saudá-lo ao mesmo tempo e desejar-lhe muita sorte no périplo político que encetara. O hélio presidencial levantou voo e sobrevoou a costa em direcção a Pebane. Cá em baixo via-se ao longo de toda a rota o palmar que já fez da Zambézia uma referência mundial, um palmar que está hoje em renovação, depois do surto da doença que causa o seu amarelecimen-to até à morte.

Quando o hélio presidencial aterrou em Pebane e Guebuza emergiu, o delírio foi total. Todos queriam vê-lo de perto. As crianças, essas pareciam fazer uma onda. Os jovens e as mulheres, os mais dinâmicos nesta campanha, empunhavam dísticos e cartazes com a fotografia de Armando Guebuza e gritavam: Guebuza hoyé! FRELIMO Hoyé!

O Candidato, sorridente, foi retribuindo o carinho da população de Pebane, acenando em sinal de saudação e de agradecimento. Depois de uma criança lhe colocar uma coroa de flores, Guebuza foi aper-

30

tando a mão das lideranças locais que o aguardavam. Com cada um trocava meia palavra sobre aspectos da vida desse seu interlocutor e da sua comunidade. Entusiasmados, alguns desses influentes não res-pondiam à questão que lhes era colocada mas expressavam os seus agradecimentos ao Candidato e à FRELIMO pelas melhorias que ti-nham introduzido nas suas vidas, prometendo, de seguida, neles votar e mobilizar a população à votação, no dia 28 de Outubro.

Por detrás desta fila que era firme e quase que inamovível, havia umas outras por detrás desta. Nessas filas se acotovelavam os circunstan-ciantes para ver essa personalidade com inabalável confiança na vitória dos moçambicanos na luta contra a pobreza. Outros não se limitavam apenas a fixar a sua imagem na retina. Também faziam uso dos seus telefones celulares para fotografá-lo e, eventualmente, trocar essas imagens com seus amigos.

Atento ao interesse que desperta nessas duas filas de trás, o Candi-dato, de vez em quando a eles se dirigia com um “como estão?”. A resposta, um “estamos bons!” vinha misturada com um sorriso triun-falista de quem arrebatou um treze. De uma vez a outra, alguém, emo-cionado, lançava a sua mão, consciente de que estava a ir para além da-quilo que o protocolo e outras regras estabelecidas impunham. Como era postura do Candidato levar cada um dos seus interlocutores e circunstanciantes a sentir-se valorizado, individualmente, ele atendia a essa súplica, apertando a mão desse seu compatriota. Via-se o quão radiante ficava esse seu concidadão e quão ciumento ficavam os seus pares: era como se esse anónimo tivesse tido um tetê-à-tete com o Presidente da República e se tivesse transformado numa estrela, exactamente aquele sentimento que o Chefe de Estado quer deixar sedimentado em cada moçambicano.

O desfile que se seguiu do aeródromo até a residência protocolar do Candidato era denso, entusiástico e festivo onde o voluntariado era nota dominante. Havia os que corriam, os que pedalavam, os que vi-nham nas suas motas e viaturas e os que se empoleiravam nas viaturas

31

dos outros participantes nesta festa. Mas outra coisa caracterizava o voluntariado. Havia muito vestuário não compra-feito, que fora pa-cientemente costurado por algum alfaiate ou alguma modista depois de ter recebido um pedido nesse sentido, que tratou de conceber e explicar o que queria. Outros faziam eles próprios, a partir de carta-zes e do material de campanha como lenços e capulanas. Isto explica a inserção do Candidato e da FRELIMO. As pessoas não fazem por obrigação, fazem o que fazem por convicção, como se estivessem a fazer para si próprias.

O episódio que se conta de seguida mostra o contraste entre fazer algo por convicção e por interesse. A caravana do Candidato passou por uma meia dúzia de jovens, reunidos naquilo que parecia um local de concentração do recém-criado Movimento Democrático de Mo-çambique. No local onde se tinham posicionado recordavam a táctica da RENAMO de hastear a sua bandeira ou perto do local do comício da FRELIMO ou na rota dos dirigentes deste Partido e da população simpatizante. Porém, a estes jovens parece ter faltado a convicção e, acto contínuo, ficaram contagiados pelo ambiente empolgante que caracterizava o desfile da caravana do Presidente Guebuza. Foram, se assim se pode dizer, arrastados pela onda emocional do Candidato. Saudaram-no com acenos e, talvez sem se aperceberem começaram a cantar e a dançar com os integrantes da caravana do Candidato!7

Da residência protocolar, o Presidente Guebuza seguiu para o local onde seria realizada a cerimónia de evocação dos antepassados. Rea-lizada na Localidade de Quichanga, esta cerimónia foi orientada pelo Shehe Abdul Uahido Sumaila. Reconhecendo que os valores da mo-7 Criar e fazer funcionar um partido não é empreendimento fácil. O Movimento Democrático de Mo-çambique foi criado no dia 6 de Março de 2009. Cerca de duas semanas depois, Daviz Simango, seu Pre-sidente, estava a visitar não as províncias mas países estrangeiros para se apresentar e apresentar o seu Partido. Depois, no dia 13 de Setembro de 2009, seria Julian Mpiri, do Movement for Democratic Change, de Morgan Tsivangirai, do Zimbabwe, quem acabaria por ser a figura mais importante no lançamento da campanha do candidato do MDM, na vila de Chiúre, sul de Cabo Delgado, conforme escreveu Pedro Na-cuo ( HYPERLINK “http://comunidademocambicana.blogspot.com/2009/09/campanha-eleitoral-em-chiu-re-simango.html” http://comunidademocambicana.blogspot.com/2009/09/campanha-eleitoral-em-chiure-simango.html). Portanto, aos olhos da Nação a FRELIMO demarcava-se também deste e da RENAMO, donde este surgiu, como um Partido nascido para defender interesses de moçambicanos, com sentido de pátria e de orgulho pela moçambicanidade e de prestar contas, aos moçambicanos.

32

çambicanidade foram carcomidos pelo sistema de dominação estran-geira, o Presidente Guebuza usa do seu prestígio e ergue bem alto o estandarte da auto-estima para liderar os moçambicanos na luta pelo resgate desses valores.

Depois deste acto, rumou com a sua comitiva para um animado comí-cio onde, à partida, era perceptível a tendência de voto a pender a seu favor e favor da FRELIMO, o partido que na longevidade do tempo foi aprendendo dos seus erros e dos seus sucessos, adaptando-se e fazen-do face aos desafios do momento, para se consolidar e sempre liderar os processos políticos, sociais e económicos em Moçambique. O calor humano, as canções e os cidadãos que foram ao pódio deixar expressa a satisfação da população pelas realizações da governação de Guebuza, a começar pelo que tinha acontecido em Pebane, nos domínios social e económico (veja pg. 34 e 35).

O evento, tal como em Quelimane, começou com orações: a primeira pela religião muçulmana e a segunda pela Igreja Baptista. David Ma-nhacha, Chefe do Gabinete Provincial de Eleições da FRELIMO, na Zambézia, expressou-se no mesmo diapasão, falando das realizações não só em Pebane e na Zambézia, como em toda a Nação Moçam-bicana e mesmo a nível internacional onde o Presidente Guebuza foi galardoado com cinco prémios. Como que a sublinhar o papel dessas realizações, de um dos seus bolsos tirou um telefone celular NOKIA E90 para depois anunciar “este telefone tem o número da MCel. Pode falar a partir daqui de Pebane”. Depois, do outro bolso tirou um ou-tro celular Blackberry Bold e disse “este telefone tem o número da VODACOM. Também pode falar a partir daqui de Pebane. Estas são realizações do nosso Presidente e, hoje, Candidato”.

O Candidato da FRELIMO apresentou-se, uma vez mais, como o can-didato de todo um Povo que quer livrar-se da pobreza e sabe como fazê-lo e sente que está realizando esse seu sonho. Disse, a este respei-to, que concordava que eram inúmeras as realizações do quinquénio, realizações essas que tinham no Povo o seu principal obreiro. Disse, depois, que mesmo assim, nem todos têm acesso a elas. Referiu-se à

33

energia, à telefonia móvel e à água potável. Sublinhou, depois, que nesta obra incompleta estava o seu pedido de voto para si e para a FRELI-MO, os garantes do desenvolvimento nacional.

Neste encontro popular, centrou a sua atenção no combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho. Disse, neste contexto, que a FRE-LIMO e ele próprio se comprometem a continuar a trabalhar para que mais moçambicanos tenham acesso ao telefone, à energia eléctrica, à água potável, à educação e a melhores condições de pesca. Falava e ir-radiava convicções e certezas de que os moçambicanos também ven-ceriam nesta luta contra a pobreza. Para alguns dos presentes estariam reeditadas as suas palavras, em entrevista à edição do dia 5 de Janeiro de 1971, do Morning Star, da Grã-Bretanha de que o Nó-Górdio “foi uma campanha massiva, seguida de uma derrota massiva”. Com a po-breza se vaticina o mesmo fim, conhecidas e denunciadas que tinham sido as suas fragilidades8 .

O Presidente Guebuza terminou esta interacção com Pebane anun-ciando que “viemos aqui para pedir o vosso voto: voto para mim, Ar-mando Guebuza, e voto para a FRELIMO”. O seu pedido foi acolhido por uma ovação ensurdecedora, com canções de exaltação da FRELI-MO e do Candidato, à mistura. Era o sinal de que podia contar com Pebane não só nas eleições de 28 de Outubro como na prossecução da sua agenda de luta contra a pobreza, que afinal, também era a agen-da de Pebane.

Seguiu-se o almoço sem siesta, como seria nos próximos 40 dias que ainda tinha por usar para a campanha eleitoral. A próxima paragem seria o Distrito mineiro de Gilé. 8 A Operação Nó-Górdio foi concebida, lançada e comanda pelo General Kaulza de Arriaga. Teve inicio a 1 de Julho de 1970 e tinha em vista acabar com a FRELIMO em 6 meses. Nela participaram mais de oito mil homens, que representavam cerca de 40 por cento dos efectivos das tropas de combate no território (vinte e dois mil), uma concentração que esgotou as reservas disponíveis, pois empenhou a totalidade das unidades de forças especiais (comandos, pára-quedistas e fuzileiros) e os grupos especiais (GE), recém-criados, mais a quase totalidade da artilharia de campanha, unidades de reconhecimento e de engenharia. Porém, a 6 de Agosto o General era derrotado e como proclamava uma canção da FRELIMO “era derro-tado e espezinhado” ( HYPERLINK “http://www.guerracolonial.org/index.php?content=407” http://www.guerracolonial.org/index.php?content=407)

34

35

36

37

2. Gilé

A chegada do Candidato foi por volta das 14:00 horas deste 14 de Setembro de 2009 e aconteceu debaixo de um calor escaldante não só do ponto de vista meteorológico, como também do envolvimento humano das centenas de pessoas que reconhecem e agradecem o fac-to de neles ter despertado, ao longo deste quinquénio, a consciência de que podem e devem ser heróis da sua própria causa, da sua própria libertação.

A recepção foi apoteótica. A bucólica vila e arredores tinham-se, ins-tantaneamente urbanizado, a usar a concentração de graduados e doutorados, a teledensidade, bem como as viaturas e o dinheiro em circulação naquele momento como indicadores de desenvolvimento! A própria vila estava engalanada a rigor e à altura da grandeza do ilustre e amado hóspede. Estava no seu seio o homem que faz da auto-estima, da moçambicanidade e da certeza de vitória na luta con-tra a pobreza, inexpugnáveis constantes do seu discurso: um discurso de certezas, de esperança e que exorta à persistência e à capacidade dos moçambicanos de transcenderem a encosta da montanha onde a todos a pobreza flagela. Antes do comício foram proferidas orações. A primeira pelo Reveren-do Padre Janivaldo Alves dos Santos, da Igreja Católica que orou pela paz e pela iluminação dos governantes. A segunda foi proferida pelo Shehe Adamo Ibraimo que também rezou pela concórdia e por uma campanha e eleições sem violência.

Seguiu-se então um comício muito participativo e empolgante: tanto os jovens quanto os homens e as mulheres expressaram a sua gratidão pela melhoria da qualidade de vida naquele distrito tanto no que tange à área social quanto à económica. Fizeram-no através de canções, de danças e de intervenções dos seus representantes que pediam a pala-vra. Curiosamente, os seus pedidos expressavam, no fundo, a sua par-ticipação no enriquecimento do Manifesto Eleitoral e, sobretudo, do

38

futuro Programa Quinquenal do Governo. Eram intervenções feitas por quem está convencido que já fez a sua escolha e quer participar na governação desse Candidato e desse Partido.

Este foi também o tom da conversa com os influentes com quem o Candidato se reuniu para pedir conselhos. Caetano Miguel, líder comu-nitário do primeiro escalão, pediu a palavra, não para dar os conselhos pedidos mas para exaltar as realizações do quinquénio e, como forma de participar na elaboração do programa do próximo quinquénio, pe-diu transportes públicos de Ligonha até à sede do distrito e insígnias para os líderes comunitários do 3º escalão. Um outro interveniente, Francisco Nipucha, líder comunitário do primeiro escalão, expressou-se nos mesmos termos afirmando que não estava em causa em quem ele iria votar. Para ele, o importante é que o novo Governo constru-ísse duas pontes estratégicas para o distrito sobre os rios Molócuè e Namímoè que propiciariam a redução do custo de vida em Gilé. Pediu ainda para que se montasse um sistema de abastecimento de água no Distrito.

O Candidato disse ter tomado boa nota das valiosas contribuições que lhe tinha proporcionado. Assegurou aos notáveis de Gilé que gos-taria de contar com a sua participação na luta contra a pobreza.

O cair do pano das actividades políticas do Candidato não foi corres-pondido por um esmorecer do entusiasmo dos grupos culturais. Os tambores rufaram toda a noite e as batucadas quebraram a noite mo-nótona duma vila pacata e tranquila como Gilé. Dançou-se e cantou-se pela noite adentro até à manhã do dia seguinte.

39

40

41

42

Terceiro dia

1. Ile

Logo pelas 7:00 da manhã, gente de todas as idades e estratos sociais afluía ao aeródromo para se despedir do ilustre hóspede que com eles passara a noite. Estamos no dia 15 de Setembro de 2009. Os grupos culturais transferiram-se da vila com os seus tambores e batuques e sobretudo, com a pujança e a criatividade dos seus artistas para o aeródromo. Cantaram e dançaram para o Presidente Guebuza como se tivessem descansado toda a noite! Para quem está com o seu in-contestável e esclarecido guia, com aquele por quem se nutre uma simpatia especial, há fibra e energia de sobra para manter o ribombar dos tambores e o rufar dos batuques para que ele sinta que está entre os seus.

Ás 8:30, depois de cumprir o ritual de despedida, o Candidato levan-tou voo em direcção a Errêgo, Posto Administrativo-Sede do Distrito do Ile. Depois de cerca de uma hora de voo, o hélio Presidencial pou-sa sobre a improvisada pista de aterragem ao lado da estrada para o Guruè. No exterior do aparelho a temperatura ambiente ronda os 29 graus centígrados. Todavia, o calor humano supera, em grande medida, a temperatura ambiente. Há muitas viaturas perfiladas e uma delas traz potentes colunas que emitem música da campanha da FRELIMO. Tal era o mar de gente que aguardava o Candidato que parecia que todo o Ile estava ali, naquele local de aterragem para acolher esta fi-gura carismática, afável insigne da história épica de um Povo sedento do seu bem-estar. Um Povo que sabe que com o Presidente Guebuza e a FRELIMO vai, em resultado do seu trabalho, da sua persistência e convicção, quebrar as grilhetas em que a pobreza lhe mantém. Isto explica o ambiente de muita euforia que ali se viver. Explica ainda o voluntarismo que levou pessoas de terras distantes a se fazerem a Errêgo no dia anterior ou pela manhã muito cedo deste dia 15 de Setembro de 2009.

43

Como sempre, os jovens assumiam a linha da frente e, entusiástica e literalmente, escoltaram a caravana de Guebuza até ao local do co-mício, no centro da vila, uma distância de mais de 5 quilómetros. Ao longo da rota mais crianças, jovens e adultos foram engrossando a caravana de viaturas, motorizadas e bicicletas que, por conveniência do momento, vinham a uma reduzida velocidade.

Aquele mar de gente viria a desaguar no local do comício para inundá-lo, não só com a sua presença física mas também com o seu entu-siasmo e ardor político a favor da FRELIMO e do seu Candidato. As manifestações de simpatia e carinho para com o Candidato atingiriam o rubro quando o Presidente Guebuza se fez à tribuna de honra. Os grupos culturais seleccionados, estavam já preparados e só estavam à espera do apito da arrancada. É o que aconteceu quando o mestre de cerimónias os foi chamando, um por um, ao palco para exibir os seus dotes e criações artísticas.

As orações preencheram os momentos seguintes. Estas foram dirigi-das, sequencialmente, pelo Shehe Abdul Djabar, da religião muçulmana, e por Carlos Manuel, da Igreja Católica. Seguiram-se as intervenções populares com destaque para Marcelina Engenheiro, uma professora. Ela foi à tribuna para apresentar o seu testemunho, um testemunho que reverberava por entre os outros participantes ao comício, isto a julgar pelos aplausos que ela foi co-lhendo ao longo do seu depoimento. Ela apelidou o Presidente Guebu-za de profeta e fez uma longa enumeração dos seus feitos no Distrito. Falou da expansão da rede escolar e sanitária e da afectação de um médico, que não tinham em 2004, bem assim de uma ambulância.

Como que a participar na preparação do programa quinquenal do pró-ximo Governo, ela enumerou uma série de necessidades do distrito: alargamento da rede escolar, com destaque para a instalação de esco-las secundárias em Mugulama e Socone e uma escola pré-universitária no Distrito, assim como a alocação de mais ambulâncias. Estava claro que quem se envolve desta maneira na preparação do programa de governação de determinado Candidato e Partido sente-se parte dessa

44

filiação política. Porém, Marcelina Engenheiro preferiu ser mais óbvia dizendo que o Candidato e a FRELIMO têm que ganhar as eleições de 28 de Outubro para continuarem a desenvolver o Ile, arrancando demorados aplausos.

Enquanto Marcelina Engenheiro intervia, um grupo de jovens, parte dos quais, vindos propositadamente do Distrito de Gurué para mani-festar o seu voto de confiança no Presidente Guebuza e na FRELIMO, iam gritando em uníssono: Já votámos! Já votámos! Guebuza já ga-nhou! A FRELIMO já ganhou!

Na verdade, havia muito por enumerar em termos de realizações nes-te Distrito. Em 2004, o Distrito do Ile possuía apenas 54 fontes de água e, neste momento, beneficia de 142. No que respeita a unidades sanitárias, das 9 existentes no início do mandato passaram para 13. Na área da educação o Distrito passou de 48 mil alunos, em 2004, para 80 mil. O sinal da telefonia móvel e da Televisão de Moçambique já cobre parte significativa do distrito.

O Candidato dissertou sobre a responsabilidade que recai sobre o cidadão no exercício do seu direito de votar. Para ele, o acto de votar vai para além do simples cumprimento do dever cívico para se cons-tituir numa grande responsabilidade sobre o presente e o futuro de Moçambique. Usando a sua experiência de Comissário Político Na-cional durante a Luta de Libertação Nacional, o Presidente Guebuza comparou o acto de votar ao do casamento, para depois concluir que quem sofre com a decisão é quem escolheu mal. Apelou, depois, a to-dos os moçambicanos do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo para afluírem aos locais de votação no dia 28 de Outubro.

Usando o seu tacto pedagógico, ele explicou, com detalhe, porque queria que Ile votasse nele e na FRELIMO. Centrou a sua atenção no tema sobre o Reforço da Soberania Nacional, um dos cinco pilares do Manifesto Eleitoral da FRELIMO. Reafirmou que para ele será no exercício pleno da sua soberania que os moçambicanos continuar a empenhar-se, com maior afinco ainda, na luta contra a pobreza e pelo seu bem-estar.

45

46

47

48

2. Milange

Enquanto o Candidato e comitiva almoçavam, a população partia em direcção ao local que horas antes o acolhera. Este a eles se juntaria pouco tempo depois. Depois de uma despedida, tão apoteótica como a recepção, às 13 horas desse dia 15 de Setembro de 2009, o Candi-dato levantava voo em direcção a Milange.

Milange fora, recentemente, palco de mais um caso de intolerância po-lítica quando, a mando de Afonso Dhlakama, da RENAMO, membros e simpatizantes deste ex-movimento promotor e sustento da guerra de desestabilização, agrediram simpatizantes da FRELIMO ferindo oito pessoas e destruindo parcialmente a sede desta formação política, sob alegação de se tratar de retaliação à tentativa de simpatizantes do partido no poder de inviabilizar a sua manifestação. Porém, tanto a Polícia da República de Moçambique, como as testemunhas de ocasião, desmontaram a versão da ‘perdiz’, acusando Afonso Dhlakama de ter sido o instigador da arruaça. O caso encontrava-se até então sob a alçada das autoridades judiciais.

Este episódio violento criou algum suspense, principalmente no seio daqueles que integravam a comitiva do Candidato, isto porque pairava no seu seio a ideia de que o ambiente prevalecente em Milange fosse de alguma tensão. Todavia, tal receio viria a ser afastado mesmo antes das aeronaves aterrarem num descampado na vila. Na verdade, ainda do ar, era possível vislumbrar o mar de gente que coloria e lotava o local de desembarque da caravana do Candidato. A moldura humana, assim como o ambiente festivo que paralisou parcialmente Milange eram gerados por um Povo que quer a paz e que cultiva a cultura de paz e o sossego. Nada dava mostras de se estar perante gente intole-rante ou violenta.

Perante tanta gente ansiosa e impaciente de lhe ouvir falar, com con-vicção e clarividência, sobre a sua inabalável confiança na vitória do

49

Povo Moçambicano sobre a pobreza, o Candidato preferiu alterar o roteiro, abdicando da curta passagem pela residência protocolar. Ia, assim, se se pode colocar dessa forma, aguardar na tribuna pela orga-nização da população para ouvi-lo.

O local dessa festa vermelha era mesmo ao lado do descampado onde aterrera. Cada um dos presentes, não importa a idade, seu estado físico ou de saúde, correria para encontrar o lugar mais ideal que lhe permitisse ver o seu Candidato preferido. Acomodaram-se e os rostos dos que tinham tido os melhores lugares reluziam de alegria, como que a dizer “tenho muita sorte!” Não importava se sentado no chão, num tronco ou agachado. O mais importante é que tinha um lugar que lhe conferia vantagem de ver todo o desenrolar da cerimómia e, deste modo, poderia recolher muita informação para beneficiar aos que, por certos motivos, não se teriam feito ao comício com o sonhador do futuro melhor para Moçambique (veja pg. 53 e 54). Artistas e grupos culturais, Made in Milange, fizeram a festa e porque eram locais que também reforçavam a auto-estima local e a certeza de que também têm talento e criações para uma personalidade desta craveira e estatura que aos moçambicanos orgulha. Se nalguns dos grupos ou artistas subsistiam dúvidas sobre o seu nível, estas foram dissipadas pela atenção e pelos comentários que o Candidato lhes dedicava, pelos aplausos que lhes concedia e pelas filmagens que fazia da sua actuação.

Seguiu-se a evocação dos poderes celestiais. O primeiro a dirigir-se à atenta audiência foi o Maulana Salimo Mulequete, da religião mu-çulmana. Depois foi a vez do Pastor Banda, do Conselho Cristão de Moçambique, dirigir algumas palavras das Sagradas Escrituras. Todos eles foram unânimes em pedir a bênção e a iluminação divina para os dirigentes e para que fosse derramada a sabedoria divina para que as eleições decorressem num clima de paz e tranquilidade.

50

Falaram depois os dois cidadãos que apresentaram os seus testemu-nhos sobre as realizações do quinquénio, no âmbito social e económi-co. De destacar nestas realizações o facto, de em 2004, o Distrito de Milange contar com apenas 88 unidades industriais contra as actuais 112. Ao longo do mandato foram também construídas mais 78 fontes de água, totalizando agora 308, que beneficiam um total de 109.500 habitantes.

Para o próximo quinquénio os intervenientes observaram ser neces-sário contemplar o alargamento da rede sanitária, o melhoramento das estradas Milange–Molumbo-Guruè e Mocuba – Milange. Com maior destaque ainda fizeram referência à necessidade de continuida-de da alocação dos 7 milhões.

O Candidato centrou a sua intervenção na Boa governação e na cultura de prestação de contas. Ele anunciou que uma vez eleito vai continuar com a Presidência Aberta e Inclusiva e assegurar a descentralização e cada vez maior participação e envolvimento do Povo Moçambicano na tomada de decisões, com particular realce através dos Conselhos Consultivos. Ainda no mesmo quadro, o Candidato disse:

Vamos continuar com a descentralização para permitir que mais decisões pos-

sam ser tomadas localmente. Vamos continuar a combater os obstáculos ao

nosso desenvolvimento, a exemplo do burocratismo. Vamos combater o es-

pírito de deixa-andar, a corrupção e o crime para os cidadãos poderem viver

tranquilos e sem medo da violência. Vamos combater as doenças como o HIV

e SIDA, a Malária e a cólera.

No dia 28 de Outubro, todos devem escolher o seu futuro. Escolher é responsabilidade. Temos na vida exemplos de escolha. O casamento é um deles. Se o homem ou a mulher escolher mal o seu cônjuge vai sofrer com a confusão que se vai gerar. Temos que escolher bem os nossos dirigentes para melhorarmos as nossas condições de vida.

51

A última actividade política do Candidato, em Milange, viria a ser um encontro com os notáveis do Distrito. Neste encontro e tendo em conta a violência registada há duas semanas, o Candidato expressou a sua preocupação em relação a manifestações de intolerância política. Apelou a todos os presentes a usarem a sua influência, ascendência e poder de persuasão para garantir uma campanha eleitoral de festa e livre de quaisquer provocações e actos de violência.

Por seu turno, os influentes do Distrito reiteraram a sua satisfação com as realizações do quinquénio e reafirmaram a sua certeza de que tanto a FRELIMO como o seu Candidato venceriam as eleições de 28 de Outubro. Como forma de manifestar a sua confiança na FRELIMO e no seu Candidato também pediram que no próximo mandato se destacasse um médico para o Distrito, se procedesse à abertura da estrada até Majaua e a esta localidade se alocasse uma ambulância e fosse coberta pela rede da telefonia móvel. Para além disso, pediram que o Candidato integrasse este Posto Administrativo no seu périplo de campanha.

O Candidato agradeceu as contribuições. Porém, dedicou algum tem-po para explicar porque não poderia atender, nesta fase da campanha, o pedido de integrar Majaua no seu programa. Ele é assim mesmo: julga não ser despiciendo, o que cada compatriota seu apresenta, facto que leva cada um deles a sentir-se valorizado, dignificado, reconhecido. Concluiu esta explicação dizendo que esta visita será contemplada no próximo quinquénio, no âmbito da Presidência Aberta e Inclusiva.

Até ao cair da noite, a Vila de Milange conhecia um movimento in-vulgar, com grupos de jovens a desfilar pelas ruas e outros fazendo a festa em vários locais de concentração, na periferia. Era mais um sinal de que se estava perante um Povo pacífico que repudia provocações e violência. Mesmo o prolongado corte de energia eléctrica, vinda do vizinho Malawi, registado ao princípio da noite, não foi suficiente para esmorecer o entusiasmo destes jovens que, na campanha eleitoral, buscavam divertimento e convívio.

52

Também no princípio da noite o monte Tumbine, com mais de mil metros de altitude, pegou fogo, certamente posto. Tal era a intensidade das labaredas que rasgavam as trevas do escuro plantado pelo corte de energia9.

9 A 19 de Janeiro de 1998, como consequência das chuvas torrenciais e dos ventos fortes, durante mais de três horas, registou-se o aluimento de uma parte significativa da zona montanhosa, com pedras do tamanho superior à altura de um primeiro andar, que rolaram pelas vertentes da serra, umas atrás das outras, fazendo clarões nas trevas e semeando pânico entre os cerca de 150 mil habitantes da vila de Milange. Foram confirmadas 73 mortes, mais de uma centena de desaparecidos, 7500 pessoas desaloja-das, 1325 machambas destruídas e 200 casas reduzidas a escombros. Era o aviso de que se as questões ambientais não são acauteladas, desastres de grande magnitude podem acontecer. Na verdade, primeiro foram as plantações de chá que, no início do século passado, deram fama à vila, que se manteve até aos anos 50. Depois foi a guerra de destabilização que levou uma percentagem significativa da população de Milange a refugiar-se no monte, em busca de segurança e de espaços para a prática da agricultura. Para os habitantes de Milange isto tinha que acontecer um dia, pois “andaram a cortar o cabelo do dragão até que ele se revoltou”. ( HYPERLINK “http://na-esteira-do-passado.blogspot.com/2009/05/recordando-monte-tumbine-ira-do-dragao.html” http://na-esteira-do-passado.blogspot.com/2009/05/recordando-monte-tumbine-ira-do-dragao.html, consultado no dia 4.01.10).

53

54

55

Quarto dia

1. Morrumbala

É manhã do dia 16 de Setembro de 2009. O Candidato prepara-se para deixar Milange com destino a Morrumbala. No local da descolagem do seu hélio recebe cumprimentos de despedida das lideranças políticas e notáveis locais. Centenas de cidadãos, com destaque para um nume-roso grupo de crianças, jovens e mulheres fazem a festa de despedida: dançam, cantam e fazem os hoyes a Guebuza e à FRELIMO. Era uma festa muito animada com energia para muitas horas mas o apertado da agenda do Candidato e a sua disciplina no seu cumprimento não permitiam a sua permanência por mais tempo, naquele local. Às 8:30 o hélio Presidencial levantava voo deixando a festa de Milange que con-tinuava animada, com muita cor e entusiática participação popular.

Uma hora depois, o Presidente Guebuza aterrava em Morrumbala. Centenas de cidadãos tinham afluído ao local da aterragem. Cartazes e fotografias do Candidato e da FRELIMO engalanavam o local da aterragem e embelezavam as viaturas, motorizadas e bicicletas. O ma-terial de campanha tinha sido usado para costurar diversos adereços entre lenços, camisas e calças. As casas, bicicletas, motorizadas e viatu-ras tinham sido embelezadas com este material de campanha. Esta era a recepção à altura do arauto maior da causa do povo moçambicano, a sua reclamação pelo direito de não ser pobre, um direito que assiste a toda a Humanidade. Era a recepção daquele que tem sabido, de forma inteligente, formular a visão correcta para dirimir as diferenças e pro-mover as indispensáveis sinergias para os moçambicanos vencerem a pobreza e as suas hodiernas manifestações, como a fome e a miséria.

As centenas de pessoas, umas transportadas em camiões e viaturas ligeiras, outras nas suas motorizadas e bicicletas, outras ainda a pé formaram um longo cortejo que acompanhou a caravana de campanha do Presidente Guebuza até à sua residência protocolar. A enchente popular foi tal e a viagem feita em velocidade baixa mas já a organiza-

56

ção tinha calculado estes “imprevistos” pelo que o tempo de espera e de início do comício não foi afectado.

Quando o Presidente Guebuza lá chegou, o local já registava um visível mar de gente, que para ali se fez como pôde. Em todos se lia a ansieda-de de ver o Candidato e de ouvir a sua mensagem de que os moçam-bicanos podem e vão vencer a pobreza. Falaria a voz da experiência, a voz daquele que com os seus coetâneos no Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique, em Lourenço Marques, onde a dominação estrangeira se revelava mais forte e aparentava ser mais invencível, eles a abalaram. Aliás o Patrono do nacionalismo moçam-bicano, o Dr. Eduardo Mondlane reconhecia o surgimento, através do NESAM de

Uma nova geração de insurrectos, activa e decidida a lutar nos seus próprios termos, e não nos termos impostos pelo governo colonial. Estavam aptos para examinar os três aspectos essenciais da sua situação: a discriminação racial e a exploração do sistema colonial; fraqueza real do colonizador; e, finalmente, a evolução social do homem, em geral, com o contraste entre o surto da luta negra na África e na América e a muda resistência do seu próprio povo. (Mon-dlane, 1975: 129)10 .

Os grupos culturais locais abrilhantaram o comício com as suas can-ções talhadas, muitas delas, para este momento de campanha. Eram canções que falavam das realizações do quinquénio, da confiança no Futuro melhor, sob a égide da FRELIMO. Há aqui a destacar, uma vez mais, o voluntariado e a dedicação do Povo Moçambicano pelo Can-didato e pela FRELIMO. Uma canção deve ser concebida e ensaiada, primeiro dentro do próprio grupo, depois com um público restrito, para a ante-estreia. Nesta sessão o grupo autor espera beneficiar-se dos comentários dos convidados, dos seus elogios e correcções. São muitas as horas que são hipotecadas para esta actividade.

10 Mondlane, E. C. (1995). Lutar por Moçambique. (Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora).

57

São muitas as tarefas que têm que esperar, enquanto esta actividade tem os holofotes na agenda do grupo. Isto é feito de forma voluntária e espontânea e o grupo não busca reconhecimento especial, glória particular. Quer sentir-se parte da festa vermelha do Candidato e le-var o público ao rubro com as suas criações.

Depois das actuações, seguiram-se as orações proferidas pelo Pastor Lequesse, do Núcleo de Pastores, pelo Shehe Ali Issufo, da religião muçulmana, e por Albano Capindo, da Igreja Católica.

Quando fez uso da palavra, o Candidato começou por agradecer, como o fizera nos eventos anteriores, a recepção, a enchente desde o local da aterragem, os grupos culturais e os artistas e toda a participação ordeira da população que, deste modo, transformava aquele evento político em mais uma festa. Saudou os religiosos que proferiram ora-ções e exortou-os a continuarem a orar por eleições pacíficas e livres de qualquer intimidação e violência.

Depois centrou a sua atenção na consolidação da Unidade Nacional, da paz e da democracia. Neste quadro, recordou e exaltou Eduardo Mondlane, figura lendária do processo de libertação de Moçambique, nacionalista que teve a sagacidade e a visão de formular a Unidade Nacional como a resposta moçambicana para vencer a dominação estrangeira. Sublinhou, depois, o papel que a Unidade Nacional desem-penhou no resgate da Paz e destacou o seu papel, hoje, para Moçam-bique levar de vencida a pobreza.

Num outro passo da sua intervenção, deu destaque à paz e à necessi-dade de todos os moçambicanos se empenharem por consolidá-la em palavras e actos, mesmo durante esta fase da competição pelo voto. A tolerância, o respeito pela diferença e pelas instituições são aspectos que mereceram destaque do Candidato como parte do processo de consolidação da cultura de paz em Moçambique.

Nós registamos avanços sobretudo porque alcançámos este bem fundamental: a paz”. Por isso, ao insistirmos na sua preservação, fazemo-lo porque sabemos

58

que estamos no caminho correcto. A paz é fundamental para continuarmos a registar mais conquistas na implementação da nossa agenda de luta contra a pobreza que é uma agenda correta.

Ainda neste encontro, o Chefe de Estado abordou a democracia multi-partidária e a necessidade da sua contínua consolidação no firmamen-to político nacional. Para o Candidato, a campanha eleitoral, em curso, deve ser encarada como parte desse processo da sua consolidação.

Depois, e como fizera noutros locais que já escalara, procedeu à edu-cação cívica do eleitorado. Recordou à sua entusiástica audiência que no dia 28 de Outubro haverá duas eleições: as Presidenciais e as Le-gislativas, que vão decorrer em simultâneo com as eleições para as as-sembleias provinciais. Depois, explicou a intransmissibilidade do voto e a sua realização presencial: “quando temos fome, não pedimos a uma outra pessoa para comer por nós. Ele pode matar a fome dele, mas não vai matar a nossa, não! Por maior amor que tenha por nós”, ex-plicou o Candidato, para depois acrescentar “com o voto é a mesma coisa. Ninguém vai votar por nós”.

O comício terminou mas isso não significou o fim da festa popular. Essa prosseguiu noite adentro. Já no período da tarde, às 13:00, o Candidato viria a orientar um encontro com as figuras de proa de Morrumbala, a quem pediu conselhos. Embora com a agenda assim definida, os participantes começaram por elogiar as realizações do Presidente e do Governo da FRELIMO. Sentindo-se parte da gover-nação a emergir das eleições do dia 28 de Outubro, alguns dos par-ticipantes deram valiosas contribuições para o programa quinquenal desse Governo. Pediram, por exemplo, uma ponte sobre o Rio Tiate e uma unidade sanitária para a mesma localidade. Pediram ainda a rea-bilitação de algumas estradas, o reforço do fundo de iniciativas juvenis e a necessidade de se acelerar a descentralização administrativa, bem como a expansão do ensino profissional.

O Candidato ia tomando, como é sua prática, copiosas notas do que se ia dizendo. No fim agradeceu dizendo que essas contribuições lhe seriam muito úteis. Alertou, no entanto, à sua audiência que, o Povo não se alimenta de palavras, não se alimenta de promessas, um alerta

59

para se acautelarem daqueles que prometem mundos e fundos e sem que alguém lhes interrogue sobre essas promessas. Sublinhou, depois, que os 7 milhões são para os pobres, sem discriminação de qualquer espécie e, por conseguinte, devem rodar entre eles sendo necessário que os mutuários façam os respectivos reembolsos para que outros pobres deles se beneficiem. Aqui está, de forma implícita, respondida a declaração de um dos concorrentes à Ponta Vermelha que prometia anular as dívidas dos mutuários caso fosse eleito. O Presidente Gue-buza, uma vez mais, demonstrava a sua verticalidade e honestidade e o seu compromisso em combater a economia com a verdade e a falta de palavra para com o Povo.

O Presidente Guebuza explicou ainda que o seu sonho, que é o sonho da FRELIMO, é que todos os moçambicanos melhorem a sua qualidade de vida. Para este fim, ele e a FRELIMO comprometem-se a continuar a criar as condições e a encorajar os moçambicanos a terem habita-ções condignas, a terem a sua bicicleta e a aumentarem a sua produ-ção e áreas de cultivo. Por outro lado, o seu Governo vai continuar a implantar escolas e hospitais cada vez mais perto de si e assegurar que as crianças cresçam felizes.

O encontro terminou. Porém, lia-se no semblante dos participantes a avidez de quererem continuar a ouvir o Candidato. Não seria, todavia, satisfazer este pedido popular, surdina. O Presidente Guebuza traba-lha com uma agenda, uma agenda apertada, diga-se de passagem, para a qual se impõe a si e aos seus pontualidade no seu cumprimento. Com efeito, logo de seguida, ele ia orientar a reunião de balanço da sua campanha no círculo eleitoral da Zambézia, à volta de um jantar com alguns membros da brigada central e provincial. Neste encontro, o Candidato transmitiu a força e a confiança na vitória à equipa que estava à frente da campanha da FRELIMO na Zambézia. Reiterou que a FRELIMO, a todos os níveis, deve pautar por uma campanha eleitoral de festa e cultivar, nos cidadãos e actores políticos, a necessidade de observância do civismo e do respeito pela lei, ordem e tranquilidade públicas.

60

61

62

63

Quinto dia

1. Inhangoma

Valorizando a Unidade Nacional e promovendo oportunidades iguais para todos os espaços geográficos nacionais, o Candidato entrou no Círculo Eleitoral de Tete, no dia 17 de Setembro de 2009, através do Bairro de Inhangoma-Sede. Aqui, foi recebido por Eduardo Joaquim Mulémbuè, Membro da Comissão Política e Chefe da Brigada Cen-tral, David Marizane, Primeiro Secretário Provincial da FRELIMO e Chefe do Gabinete Provincial de Eleições e por Ildefonso Muanantata, Governador da Província e Chefe-Adjunto do Gabinete Provincial de Eleições.

Debaixo de uma árvore iria decorrer o Ntsemba, uma cerimónia de evocação dos espíritos dos antepassados que foi dirigida pelo líder comunitário Horácio da Costa Cumero. Na sua evocação, ele pediu aos seus antepassados para que abençoassem o Candidato que deles se aproximara para pedir apoio para que a campanha decorresse de forma pacífica e sem violência.

Cumprido este ritual, o Presidente Guebuza deslocou-se, a pé, para a tribuna onde o aguardava uma entusiástica moldura humana. Houve danças, canções e um grupo de jovens fez demonstrações da sua agi-lidade através de alguns números de ginástica. Esta parte cultural foi seguida pela religiosa que foi dirigida pelo Shehe Abdul Remane, da religião muçulmana.

Seguiram-se as intervenções de dois cidadãos, com destaque para a de Beti Manuel Colarinho, um jovem de 23 anos. Este, tal como Mariana António Djone, disse que muita coisa tinha mudado nestes cinco anos da governação do Presidente Guebuza e da FRELIMO. Disse que há hoje mais salas de aulas e que o número de pessoas que já se benefi-cia de água potável também cresceu substancialmente. Depois, deixou

64

como recados para o próximo quinquénio a ligação de Inhangoma à rede nacional de energia, a partir de Nhamayabuè, a abertura de mais furos de água e a conclusão do programa de edificação de ca-sas melhoradas para o reassentamento das populações atingidas pelas cheias. Concluiu dizendo que fazia esses pedidos na certeza de que a FRELIMO e o seu Candidato Presidencial poderiam ter a certeza de que já tinham ultrapassado a barreira de 28 de Outubro. A resposta da plateia foram palmas de aquiescência.

Chegava então o momento mais esperado do programa. A intervenção do Candidato. Ele agradeceu a hospitalidade e todas as manifestações de carinho da população de Tete, através dos habitantes de Inhangoma. Saudou as cerimónias e as orações, tendo sublinhado que elas ajudam a iluminar o caminho rumo à construção do Futuro Melhor para todos os moçambicanos. Deixou depois uma palavra especial para os grupos culturais e do seu papel na promoção e preservação da moçambica-nidade e do orgulho do Povo Moçambicano. Saudou, em particular, o grupo dos jovens que apresentaram números de ginástica. Aproveitou para falar do papel dos jovens na construção deste nosso belo Mo-çambique devendo, para tal, se preparar nas escolas e instituições do ensino superior de que Tete também já dispõe.

De seguida desenvolveu o tema consolidação da Unidade Nacional, Paz e democracia. Enfatizou que unidos, os moçambicanos podem fa-zer mais coisas, como o provaram no passado. Disse ainda que foi graças à Unidade Nacional que os moçambicanos venceram a guerra, uma guerra que não mais querem. Ele abordava este assunto delica-do e sensível com energia suficiente para demover aqueles que ainda pensam que o fuzil pode ser uma alternativa ao voto popular para o acesso ao poder. Era um tema orientado para cultivar a paz nos cora-ções daqueles que ainda não desarmaram as suas mentes.

O Presidente Guebuza fora o negociador-Chefe da Paz por parte do Governo. Ele despendera mais de 2 anos em Roma a negociar com a RENAMO o fim da guerra de destabilização que esta movia contra

65

os moçambicanos. Enquanto a paz não chegava mais moçambicanos eram assassinados, tendo os números finais atingido mais de um mi-lhão. Como sublinha o Embaixador Francisco Madeira, o Presidente Guebuza.

barragem de insultos e vitupérios revoltantes a que a nossa delegação estava constantemente submetida em cada sessão de trabalho durante uma extensa parte das negociações [Guebuza] manifestou uma grande capacidade de con-tenção, auto-disciplina, decoro didáctico e desarmante impavidez. Ante a nossa visível impaciência e protesto, ele insistia que devíamos saber distinguir o trigo do joio e aprender a controlar os nervos11.

O Candidato reiterou, depois, o seu compromisso de trabalhar para a consolidação da democracia multipartidária. Para o Candidato, o con-fronto de ideias liberta energias positivas, úteis para a implementação, com sucesso, da agenda de luta contra a pobreza em Moçambique. Por fim pediu o voto de Inhangoma para si e para a FRELIMO, pedido que foi positivamente respondido.

11 Matusse, R. (2004). Guebuza: A Paixão pela Terra. (Maputo: Macmillan).

66

67

68

69

2. Nyamayabwè

Cerca das 10:30 deste dia 17 de Setembro de 2009, o Candidato le-vantou voo para o Posto Administrativo de Nyamayabwè, sede do Distrito de Mutarara. Aqui, também o aguardava numeroso público, ávido em vê-lo e ouví-lo, um público que não arredava pé, mesmo perante o calor intenso que se fazia sentir, sem quaisquer tipos de sombra. A tribuna estava mesmo encostada ao local da aterragem. A pé, para aqui se dirigiu o Candidato.

Depois da actuação de diferentes grupos culturais locais, três cidadãos pediram a palavra para testemunhar as realizações da FRELIMO e do Candidato, em Mutarara. Saudaram o crescimento nos sectores de Saúde, Educação e pecuária, bem como a construção de casas para o reassentamento da população vítima das cheias, a instalação da telefo-nia móvel e da televisão e os progressos na reabilitação da linha férrea de Sena.

Seguiu-se o momento da bênção. O primeiro a falar foi o Maulana Amize Samama Dermusse, da religião muçulmana. Seguiu-se-lhe o Pas-tor Faria Chionga, da União Bíblica de Mutarara. Estes líderes reli-giosos oraram pela paz e pelo progresso de Moçambique e por uma campanha eleitoral livre da violência.

O Presidente Guebuza agradeceu os elogios do seu desempenho mas ressalvou que tais realizações não teriam sido possíveis sem o enga-jamento e a entrega dos moçambicanos. Por isso, disse ele, é o Povo Moçambicano que é o obreiro primeiro dessas realizações e que deve sentir-se orgulhoso por isso. Deixava, assim, claro que os moçambi-canos são e devem ser heróis da sua própria libertação, não ficando, por conseguinte, à espera de terceiros para libertá-los do flagelo da pobreza.

Esta era afinal a forma de introduzir o tema do comício boa governa-ção e cultura de prestação de contas. Na dissecação deste tema ele

70

reiterou o seu compromisso de continuar com as edições da Presi-dência Aberta e Inclusiva, o mecanismo através do qual se configurou uma governação humanizada e muito próxima do cidadão, não só a nível central como a nível local. Ainda no quadro deste tema, o Chefe de Estado disse que vai também continuar a garantir a liberdade de associação e de expressão e a promover o desenvolvimento de uma sociedade civil cada vez mais informada e participativa, organizada e baseada em princípios patrióticos. Sublinhou ainda que vai continuar a potenciar os princípios de transparência na gestão da coisa pública e promover maior envolvimento do Povo no processo de tomada de decisões e de prestação regular de contas dos dirigentes. Para ele, o Governo, a todos os níveis, deve responder às perguntas e inquieta-ções do Povo e realizar uma governação aberta e inclusiva.

A parte final do evento consistiu no pedido de voto e da educação sobre como se deve votar. Para o efeito, o Candidato recorreu a um simulador do boletim de voto que virando-o para os diferentes cantos da plateia, mostrava a cada um dos presentes como e onde se deve votar. Terminou explicando que ele e a FRELIMO não querem os votos por capricho: querem os votos dos moçambicanos para continuarem a liderar as mudanças que beneficiam o Povo Moçambicano.

Estas eram palavras vindas de um patriota coerente, veterano do na-cionalismo moçambicano, o qual, e mesmo perante os riscos da pró-pria vida, o serve desde a sua juventude, no Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique, uma organização criada por Eduardo Mondlane em 1949 e que foi berço de muitos nacionalistas entre eles Ângelo Chichava, Joaquim Chissano, Pascoal Mocumbi, Ma-riano Matsinha, Filipe Samuel Magaia e Josina Muthemba (mais tarde Machel).

Depois do almoço em Mutarara, com a vista para o majestoso Zam-beze, o hélio Presidencial levantou voo em direcção ao Posto Admini-trativo de Doa, ainda neste Distrito.

71

3. Doa

A recepção do Candidato neste Posto Administrativo parece ter sido a que mais enchente registou. Eram centenas de pessoas organizadas que manifestavam a sua alegria dentro de uma disciplina e civismo exemplares. Por isso, não foram dor de cabeça para a segurança e para o protocolo do evento.

Nos cumprimentos às lideranças locais, nos acenos aos anónimos que para ali convergiram e na saudação aos grupos culturais e artistas, o Candidato demonstra um inextinguível amor pelo seu Povo, um Povo que lhe é centriptamente próximo, amigo, admirador tendo, em sua homenagem, criado o AGUEBAS sigla, que segundo o Presidente da organização, é

formada a partir da palavra Guebas, diminutivo pelo qual é carinhosamente tratado Armando Guebuza precedido pelo prefixo Bantu da classe 2 ´a´, que em Emakhuwa veicula a ideia de pessoas ou gente. Aguebas significa, portanto, as pessoas que se identificam e apoiam os ideais patrióticos de Armando Gue-buza12.

Estes seus admiradores ali perfilavam, dançavam e cantavam em sua honra e expressavam o seu apoio através da exibição dos cartazes, vestuário costurado a partir do material de campanha da FRELIMO e de auto-colantes que eram distribuídos pelos grupos de choque. Tudo isto decorria debaixo do calor abrasador das 13 horas desse dia 17 de Setembro de 2009 que, mesmo assim, a ninguém demovia.

De seguida o Candidato rumou para a residência protocolar para dar tempo à população que o recebera no local da aterragem para se fazer ao local do comício, um descampado sem árvores de sombra. Mas a população gerava mais calor ainda, calor humano contagiante que su-biu de nível quando o protocolo anunciou a chegada do Candidato e

12 Matusse, R. (2004). Guebuza: A Paixão pela Terra. (Maputo: Macmillan).

72

este fez-se à tribuna, saudando a população que lotava, por completo, o local do comício: não havia espaço sequer para um cão abanar, à vontade o rabo. A fazê-lo, teria que ser verticalmente!

Foi então a vez dos grupos seleccionados se exibirem. Um por um, foram mostrando os seus dotes e as razões porque tinham sido eles e não outros a receber a honra de representar Doa neste evento histórico.

Seguiram-se duas orações: uma proferida por João Bernardo, em re-presentação da Igreja Católica e outra pelo Pastor Fostara João Tche-ca, da Igreja Nova Aliança Ministério Internacional. No fim da oração, como tinha acontecido nos comícios anteriores, cada um dos líderes religiosos ia apertar a mão ao Candidato e, na tribuna de honra, ocu-pava o seu lugar.

Os testemunhos das realizações do Governo da FRELIMO e do Presi-dente Guebuza, dados por Fernando Castomo Torres e Maria Cerveja Viola, preencheram o momento seguinte. O primeiro chegou a revelar ser antigo delegado da RENAMO e que passou a militar na FRELIMO por ter percebido que antes estava perdido e a viver de mentiras. Convidou os outros seus correligionários a seguirem-lhe nas peuga-das. Para além de saudar as realizações nos sectores de educação, saúde e construção de infra-estruturas, pediram a construção de mais pontes e outras infra-estruturas para o bem da população de Doa.

Ainda neste comício foram feitas referências elogiosas a outras obras, entre elas a reversão de Cahora Bassa, a reconstrução da Linha de Sena e a inauguração da Ponte Armando Guebuza, a obra de grande engenharia e invulgar beleza arquitectónica que permite unir o Mo-çambique que o Zambeze dividia.

O Presidente Guebuza usou da palavra como o principal e, por isso, último orador neste evento. A sua mensagem gravitou à volta do com-bate à pobreza e da promoção da cultura de trabalho. Dissertando

73

sobre este compromisso da FRELIMO, ele expressou a sua esperança de que chegará o dia em que a pobreza será uma coisa do passado em Moçambique. Recordou à sua audiência, que o acompanhava em cada palavra e gesto, que há coisas más que se deram em Moçambique mas que hoje não podem voltar porque passaram à História. Referiu-se ao colonialismo português e à guerra de destabilização como alguns desses exemplos:

Nós éramos governados por estrangeiros. Essa dominação passou há 34 anos. Nós sacudimos o colonialismo português. Também nos desfizemos da guerra que matou e destruiu, durante 16 anos, e hoje estamos a construir a paz. Por isso, chegará o dia em que vamos dizer ‘naqueles tempos quando éramos po-bres’.

Disse que a vitória sobre a pobreza era possível porque os moçam-bicanos são um Povo trabalhador, os obreiros dos feitos que tinham sido referenciados pelos intervenientes naquele comício. Sobretudo, o Chefe de Estado disse que “os nossos antepassados confiaram em nós a terra rica, a água e outros recursos”. Este é o cidadão que em 1966 vaticinou que:

As tuas doresMais as minhas dores

Vão estrangular a opressão13

Esta realidade política viria a acontecer a 25 de Junho de 1975. Por isso, ele não via nem contemplava outro cenário que não seja a vitória sobre a pobreza em Moçambique.

Depois de explicar a forma de votar, usando um simulador do boletim de voto, disse que ele e a FRELIMO querem o voto de Doa para dar prosseguimento ao trabalho que estão a realizar com o Povo e para materializar essa convicção de que o moçambicano pode vencer o so-frimento e a pobreza: “queremos contar sempre com os conselhos do nosso Povo, queremos que o nosso Povo aconselhe os seus dirigentes e critique o que esteja a andar mal”.

13 Guebuza, A.E. (2006). “As tuas dores”, In Os Tambores Cantam. (Maputo: Produções Lua).

74

Pouco depois das 16:00, o hélio Presidencial partia em direcção à Ci-dade de Tete. Aqui os seis helicópteros da caravana do Candidato pro-porcionaram um memorável espectáculo aéreo aos circunstanciantes. Os voos rasantes, cruzando Tete em diferentes direcções, davam a oportunidade dos que transitavam pelas ruas para ler o Vota Guebuza, Vota FRELIMO colado na barriga dos hélios.

Já na pista as emoções atingiram o rubro. Parecia que a capital da Província de Tete não queria ficar atrás dos distritos já escalados em termos de população mobilizada ou atraída para receber o Candida-to. Por todo o aeroporto foram espalhados dísticos e bandeiras com tonalidades vermelha e verde, bem como cartazes com a figura do Candidato e do Partido do Batuque e da Maçaroca. Com a criatividade do moçambicano ao de cima, cada um fazia o melhor uso artístico que a sua imaginação lhe proporcionava quer para embelezar o seu meio de transporte, quer para usar quer ainda para brandir. Os grupos cul-turais dançavam e cantavam à largura da placa do aeroporto.

Era a recepção calorosa que Tete tinha, à sua boa maneira, reservado para o Candidato. Este, depois de cumprimentar os influentes de Tete apreciou cada um dos grupos culturais em acção. A todos dispensou igual atenção e com o Primeiro Secretário foi comentando a destreza e a criatividade de cada um deles. Ele fazia cada um dos artistas e gru-pos sentirem-se estrelas que resplandeciam para o Chefe de Estado.Fora do aeroporto, a caminho da sua residência protocolar, mais gente estava à espera do Candidato. Na verdade, a cidade de Tete parecia ter ficado paralisada para acolher Armando Emílio Guebuza.

À entrada da Ponte Samora Machel repetia-se o episódio de Pebane. Um minúsculo grupo de jovens, empunhando a bandeira do Movimen-to Democrático de Moçambique, em vez de se manter firme e con-victo para desfraldar o símbolo que tinha sido encarregue de exibir, sentir que era à caravana da FRELIMO que pertencia. Os jovens larga-ram momentaneamente a bandeira que tinham em mãos e puseram-se a saudar, de forma efusiva, o Candidato. Era mais uma demonstração

75

de que a firmeza de carácter do Presidente Guebuza, o seu discurso de auto-estima e de inclusão e a sua indestrutível crença na vitória sobre a pobreza, nutriam simpatias para bem longe das linhas político-partidárias.

Em consequência desta enchente a marcha da caravana, que vai sendo engrossada por onde passa, tem que ser, necessariamente lenta, muito lenta porque é tanta a gente que se espalhou pelas bermas das ruas para saudar o Candidato. Ele próprio coloca-se de pé para saudar as muitas pessoas que nas suas casas abandonam os seus afazeres para, à berma da estrada, se fazerem para saudar o Candidato, claramente da sua preferência.

Centenas de viaturas ligeiras e pesadas, todas elas engalanadas, fazem um denso e longo cortejo. À frente, os motociclistas, cada um com um passageiro ou dois, escoltam o Candidato, alguns envergando a ban-deira vermelha da FRELIMO que se desfralda pelos ares, muitos deles gritando: Guebuza já ganhou! Mais gente caminhava ou galopava a pé, acompanhando a escolta e juntando o seu calor ao que era irradiado pela caravana do Presidente Guebuza.

Deverá ter sido um outro memorável espectáculo, depois do dos voos rasantes, observar da cidade, a travessia da Ponte Samora Machel pelo cortejo do Candidato. Toda esta infra-estrutura estava repleta de peões, motorizadas e viaturas, de ponta a ponta.

Quando a caravana do Candidato entrou na residência protocolar, a escolta não deu a sua missão por terminada. Ganhou mais ânimo ainda para continuar a fazer o desfile por algumas artérias de Tete. Este mo-vimento, que também era de mobilização política e de festa vermelha, arrastou-se até à noite.

76

Sexto dia

1. Tete

Estamos a 18 de Setembro de 2009. A Cidade de Tete regista as suas temperaturas elevadas porque é conhecida nos boletins meteoroló-gicos. Porém, o calor de hoje vai ter uma utilidade adicional. Acres-centar-se ao calor da festa protagonizada por centenas de pessoas que se aglomeram em Chimadzi, no Bairro Paulo Samuel Kankomba, arredores da Cidade de Tete. Estão ali, não só para mostrar que Tete é hospitaleira mas, sobretudo, para fazer a sua festa, a festa da FRELIMO, a festa do seu Candidato Presidencial.

A plataforma de um camião-cavalo serviu de palco para os grupos culturais que se exibiram com toda a sua mestria. Eram grupos inter-geracionais, um facto que servia de demonstração de que estava as-segurada a vitalidade e o dinamismo da cultura moçambicana. Entre a entrada e a saída de um grupo e a entrada do outro, não havia silêncio, com se faz na rádio e na televisão: esses interlúdios eram preenchidos pela música de campanha da FRELIMO que o Disc Jockey emitia a partir das potentes colunas colocadas nos extremos da plataforma do camião-cavalo.

O momento das orações preencheu a fase seguinte do programa polí-tico do Candidato. Intervieram o Maulana Abdul Azize, da religião mu-çulmana e o Pastor Alberto Saul Cambula, da Igreja Universal do Reino de Deus. Todos oraram pela Paz, pela harmonia entre os homens e por eleições livres de actos de intimidação e de violência para que cada eleitor estivesse em condições de fazer a sua livre escolha.

Depois foi a vez dos cidadãos apresentarem os seus testemunhos. João Chico Paiva e Ana Cristina Vale saudaram as realizações do quin-quénio sob a égide do Presidente Guebuza e da FRELIMO. Sublinha-ram depois que o voto de Tete estava assegurado mas que depois da vitória o Presidente e a FRELIMO deveriam sentir-se desafiados a prosseguir com as realizações sociais e económicas iniciadas no man-dato prestes a terminar.

77

Falando para aquela moldura humana, o Candidato introduziu, de for-ma pedagógica, algumas nervuras do tema reforço da Soberania Na-cional. Disse, neste sentido, que a sorte não vem ter mas deve ser procurada e aproveitada por cada moçambicano.

Recordou que com a Independência Nacional, os moçambicanos de-cidiram ser os responsáveis pelo seu próprio destino e isso deve re-flectir-se na atitude individual de cada cidadão. Disse que o futuro dos moçambicanos não pertence a terceiros mas aos próprios moçambi-canos. Sublinhou que para moldar o futuro de cada um e da Nação precisa-se de coragem, confiança e certeza de que os moçambicanos são soberanos e o seu único patrão são eles próprios.

Demonstrou como esse sentido e consciência de soberania dos mo-çambicanos produziu resultados neste quinquénio. Ilustrou esta sua afirmação dizendo que as mudanças que se operaram nos sectores da saúde, educação, abastecimento de água e nas infra-estruturas econó-micas foram operadas pelos moçambicanos, com o seu talento e mãos dextras. Que foram eles que trabalharam.

Destacou que foi nesta luta e nestas vitórias que os moçambicanos reforçaram as suas certezas de que estão e vão vencer esse inimigo chamado pobreza, na família e na Nação Moçambicana. Porém, recor-dou o Presidente, ainda há muito por fazer e para isso, disse que estava em Tete para pedir votos para si e para a FRELIMO para continuarem a liderar o Povo Moçambicano para transformar os abundantes re-cursos de que dispõe em riqueza para o seu bem-estar. Enfatizou que esse voto será utilmente empregue para garantir que as coisas sejam feitas.

Um dos compromissos públicos que assumiu foi o da construção de mais uma ponte sobre o Rio Zambeze, em Tete, próximo do Rio Re-vúbuè que entrará para Benga e Moatize.

Esta infra-estrutura vai permitir um maior descongestionamento do tráfego interno e externo que demanda aquela região do país, per-

78

mitindo uma maior circulação de viaturas de grande tonelagem, sem passar por Tete e pela Ponte Samora Machel14.

Para além do desenvolvimento que esta infra-estrutura vai induzir em Tete e nos países do hinterland, o Candidato atribuiu-a um papel de grande relevo na promoção da Unidade Nacional entre os moçambi-canos. Para ele e para a FRELIMO, a promoção da Unidade Nacional assegura que todos os moçambicanos se sintam em casa em qualquer parte do País e, no estrangeiro, sintam o orgulho de pertenceram a esta Pátria de Heróis.

A interacção era perfeita e o auditório acompanhava o vigoroso e emblemático discurso do Candidato com a seriedade e a atenção que ele merecia. De vez em quando, os jovens e as mulheres interrompiam o Presidente com slogans da campanha como a FRELIMO é que fez, a FRELIMO é que faz e canções também esculpidas para este momento político. Todas as coisas boas chegam, infelizmente, ao fim e o seu fim até parece chegar depressa. Era aqui o caso. Quando o Candidato se retirava, a festa vermelha continuava, como se há pouco tivesse come-çado.

Assemelhava-se às labaredas que começam titubeantes e quando se tornam grandes difícil é debelá-las. Quando chegou ao último degrau, o Candidato sentiu-se contagiado por essa festa vermelha. Desviou-se da sua rota e caminhou em direcção àquilo que fora transformado em pista de dança da música de campanha que vinha das colunas coloca-das nos extremos da plataforma do camião-palco. Com esta entusiás-tica população trocou alguns passos de dança, gesto que mereceu uma longa e ruidosa ovação.

Às 10:00 horas o Candidato retirava-se do recinto mas a festa, essa continuava!

14 O Chefe de Estado sempre aconselhou os governantes moçambicanos a não sonharem fora da cama, isto é, fazer promessas antes de se ter certeza de que elas serão efectivamente realizadas. Ao assumir este compromisso público o Presidente da República irradiava certeza.

79

80

81

82

2. Muchamba

Cumprindo a sua apertada agenda de campanha eleitoral, do Bairro Sansão Muthemba, o Candidato rumou para o Aeroporto de Tete don-de, às 10:30, do dia 18 de Setembro de 2009, partiu para Muchamba, Posto Administrativo de Marara, Distrito de Changara. À sua chegada, numerosa população o aguardava debaixo de um calor escaldante, ca-paz de fritar um ovo, aliás, calor abrasador que, como dissemos, já tor-nou Tete muito famosa. Aqui, nestas terras, e apesar desse calor todo, ainda se faz fogo para aquecer os batuques. E o tetense fica ali mesmo na lareira, para garantir que o seu instrumento musical é devidamente afinado por esse fogo e debaixo desse calor!

O Candidato chega à tribuna. Aqui, material local foi usado para tecer o estrado e os parapeitos. A própria tribuna assenta em grossos troncos. É a resposta ao apelo do Presidente de se recorrer a soluções locais para problemas locais. A maioria da população, essa, estava acomodada numa frondosa árvore que é certamente testemunha silenciosa de muitos acontecimentos políticos de Marara.

Houve muita música, muita animação e muita acção política, protago-nizada, em primeiro lugar, pelos artistas e pela população que acor-reu a este comício. As bandeirolas, os cartazes e outro material de campanha estavam omnipresentes e mais do que o visível estava nos corações dos presentes sabido que é que Changara sempre vota na FRELIMO e no seu Candidato.

Seguiram-se as orações. O Pastor Adriano Sabonete Matima, da Igreja Assembleia de Deus Africana, e João Jairoce Lufeio, animador da Igreja Católica lideram esta parte religiosa, uma de cada vez. Nas suas ora-ções pediram paz para a Nação Moçambicana e sabedoria para os dirigentes deste País.

Chegou depois o momento das intervenções. Aqui pediram a palavra os cidadãos Nazaré Domingos Causende e Féliz Caetano Marizane

83

que saudaram as realizações no campo social e económico com des-taque para os 7 milhões que estão a transformar Changara e a vida da população. Falaram ainda da chegada da energia de Cahora Bassa à Sede do Distrito de Changara e aos Postos Administrativos de Luenha, Mazoe e Missua, bem como da expansão da rede MCel e VODACOM e do sinal da TVM bem assim instalação da Rádio Comunitária na Sede do Distrito. Para o próximo quinquénio pediram a expansão da rede sanitária.

Depois de agradecer o carinho e as mensagens de compromisso para votarem na FRELIMO e no seu Candidato, o Presidente da FRELIMO centrou a sua atenção no combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho. Disse, a este propósito, que o Distrito vai continuar no pedestal de pólo de desenvolvimento de Moçambique. Os 7 milhões continuarão a fluir para dar substância a esse desiderato de capacitar as camadas mais humildes da sociedade para serem actores activos na produção da riqueza nacional. Sublinhou, por outro lado, que espera um maior envolvimento e participação dos Conselhos Consultivos no processo de tomada de decisões não só a respeito dos 7 milhões como dos outros recursos e projectos de desenvolvimento local.

O Candidato escalpelizou os contornos que a pobreza assume no distrito e defendeu que votar em si e na FRELIMO é votar na valoriza-ção das conquistas do quinquénio e na garantia da sua réplica e maior dinamização nos próximos cinco anos. Exortou a todos os eleitores a fazerem-se aos postos de votação, logo pela manhã, e a cumprirem o seu dever cívico.

Se a caridade começa em casa, este era o Candidato com agenda para o futuro de Moçambique porque tem agenda para si próprio, para a sua campanha. Na verdade, a avaliar pela clareza e sequência progra-mática, o Presidente Guebuza era o contraste dos outros candidatos que davam a impressão de dormir sem saber o que iriam fazer no dia seguinte ou depois de cumprida a primeira actividade o que fariam a seguir. Era aqui que a imprensa lhes emprestava visibilidade.

84

Muitas vezes eram os jornalistas que, como forma de se esquivar das acusações de só reportarem as actividades da FRELIMO e do seu Candidato, se deslocavam às sedes ou residências destes concorren-tes para deles extraírem uma ou duas palavras que vezes sem conta se resumiam a críticas à FRELIMO e ao seu Candidato.

Entrando na parte da educação cívica, usando um simular de boletim de voto, gigante, o Candidato falou dos símbolos em que os eleitores devem votar, no dia 28 de Outubro. Apelou para todos procuraram pela maçaroca e pelo batuque nos boletins de voto que vão receber as assembleias de voto:

Vamos todos votar, mesmo aqueles que não são membros da FRELIMO. São todos moçambicanos. O importante é que gostem do milho e do batuque. Votem para ter mais farinha de milho para fazer xima. Votem no batuque e na maçaroca para que mais moçambicanos tenham gado, escola, estradas, hospitais e energia.

85

3. Zóbuè

Depois de um almoço de cerca de 30 minutos, neste dia 18 de Setem-bro de 2009, o Candidato levantou voo, pelas 13:45, em direcção ao Posto Administrativo de Zóbuè, na zona de fronteira com a República do Malawi. Depois de aterrar, numa pista encostada à terra de nin-guém entre os dois países, o Candidato foi acolhido por uma calorosa e entusiástica moldura humana, cantando e dançando e trajado com adereços da FRELIMO, brandido os cartazes com a fotografia do Pre-sidente Guebuza e do Batuque e da Maçaroca.

Enquanto parte dessa multidão acompanhava o Candidato até à sua residência protocolar, uma outra parte dirigia-se para o local do comí-cio, no Bairro Número 1, do Posto Administrativo de Zóbuè.

Como nos outros eventos similares, os grupos escolhidos para re-presentar a população local esmeraram-se, trazendo o melhor da sua criatividade e saber. A ocupar os intervalos entre as actuações destes grupos havia um disco compacto com as músicas de campanha da FRELIMO que era tocado como interlúdio para que todos os tem-pos previstos para este contacto entre o Candidato fossem utilmente usados para a mobilização política. O tempo era apertado, a agenda carregada. Porém, se mais tempo houvesse, mais reportório destes grupos teria sido exibido e mais grupos poderiam ter actuado.

Vieram as orações. Coube ao Pastor Carlos Faquione, da Igreja Pres-beteriana de Moçambique, e ao Pastor Benito Chale, da Igreja Nova Aliança, proferí-las. Ambos enfatizaram a necessidade da consolidação da paz e do progresso de Moçambique e que estas eleições sejam mais um marco nesse sentido.

Seguiu-se aquilo que podemos considerar de fase do balanço do quin-quénio e de perspectivas para o futuro. A palavra coube aos cidadãos Susana Pedro e Adelino Saia, os quais fizeram um balanço positivo, socorrendo-se, para o efeito, das realizações a nível social e econó-

86

mico, com os 7 milhões a ocuparem um lugar transversal. Depois, em termos de perspectivas para o próximo quinquénio pediram que se construíssem as estradas Zóbuè – Wiliamo e [Samoa – Ngunda], a alo-cação de bicicletas–ambulância e a instalação de uma escola de ensino técnico-profissional.

De seguida, o Presidente Guebuza, como tem sempre feito, apresen-tou um discurso temático tendo dissertado sobre a Consolidação da Unidade Nacional, da Paz e da democracia. Falou da diversidade cultural como uma mais-valia na construção de um Moçambique unido e prós-pero pois cada cidadão complementa, com o seu talento, experiência e sensibilidade, os outros e, deste modo, a Nação avança mais depressa. Sublinhou, depois, que através do voto a seu favor e a favor da FRELI-MO, os moçambicanos estarão a votar na continuidade do reforço da Unidade Nacional.

Falando com autoridade, derivada do seu papel de mais de dois anos as negociações de Roma, o Candidato enfatiza que a Paz é um impor-tante ingrediente para o sucesso da luta contra a pobreza. Com a paz os moçambicanos podem conjugar sinergias para acelerarem o passo na construção do seu Moçambique. Deixa subentendido para os mais novos que a guerra de destabilização que foi imposta ao País do exte-rior, não era algo romanceado, mas uma realidade que ceifou vidas de mais de um milhão de moçambicanos. Por isso, é importante que no quotidiano se fale da paz, da sua importância na agenda de luta contra a pobreza.

A Unidade Nacional e a Paz entrelaçam-se para criar as condições para a consolidação da democracia multipartidária em Moçambique. Para ele, os actores políticos devem dar o seu melhor para que esta trilogia se consolide na sua simbiosidade.

Esta aula magistral, numa linguagem simples, directa e com recurso a exemplos e factos sobejamente conhecidos, confere ao Candidato uma auréola de um líder comprometido e defensor das causas mais

87

nobres do seu Povo. É uma aula que lhe faz granjear mais carinho e admiração do seu Povo que apercebe que não pronuncia esta trilogia, como um artefacto para a angariação de votos. Percebe que a pronun-cia como um hino de esperança e de certeza que deve ser cantado por todos os moçambicanos à medida que vão celebrando as peque-nas e grandes vitórias rumo ao seu bem-estar. Já ao princípio da noite, o Candidato aterra em Ulonguè, sede distrital de Angónia, onde foi efusivamente recebido por um mar de gente que não arredou pé mesmo com a escuridão. Um desfile ruidoso e que ar-rastou centenas de pessoas percorreu a avenida principal de Ulonguè, acompanhando o Presidente Armando Guebuza até a sua residência protocolar. Mas como tem sido habitual nesta maratona eleitoral, os jovens fizeram arrastar a festa pelas ruas da cidade até altas horas da noite, quebrando, deste modo a pacatez da urbe.

88

Sétimo dia

1. Ndambulangono Hoje é dia 19 de Setembro de 2009 e para trás vai ficar Ulonguè. Com efeito, pouco depois das 8:00, o Candidato levanta voo em direcção a Dombulangondo, localidade de Chifumbe, Posto Administrativo de Dómuè. O voo é curto porque alguns minutos mais tarde se pode vis-lumbrar, lá em baixo um mar de gente que aguarda pelo Candidato.

Desligados os motores do hélio, sai o Candidato que é efusivamente recebido. Cumprimenta, primeiro, as lideranças locais e, acto contínuo, os grupos culturais põem-se a apresentar o que tinham de melhor, preparado para este seu bem-amado Candidato. Porém, isto seria ape-nas o aperitivo, pois, logo a seguir, voltariam a exibir-se no palco prepa-rado para o comício, a escassos metros do local da aterragem.

Com efeito, a festa continuou no palco. Contagiado pela beleza da coreografia da dança Nyau, proclamado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, UNESCO, como Obra Pri-ma do Património Oral e Imaterial da Humanidade o Candidato pu-xou pela sua câmara de filmar e registou imagens para posteridade. Aliás, ao longo de todo o roteiro, o Presidente Guebuza, tem vindo a demonstrar a sua paixão pela imagem, registando sempre alguns momentos empolgantes da sua campanha eleitoral. Atitude que não caracterizaria outros dirigentes da sua ossatura e estatura.

Mas o Presidente Guebuza é também homem da cultura. A sua veia poética foi um meio mobilizador dos moçambicanos para resgatarem o seu sistema de valores e nele se inspirarem para lutar e vence-ra dominação estrangeira. Na sua fina sensibilidade e por vezes com umtom inelutável de denúncia e de revolta, ele demonstra como o seu povo, nas grilhetas da opressão pode, numa inusitada acção re-novadora, transformar a vida desesperada. É por isso que ele hoje cultiva a esperança não como um fenómeno casual, mas como um

89

ímpeto causal, um fenómeno que impele o homem à acção. A cultura desempenha também esse papel, porque o homem precisa primeiro descobrir-se como digno, como um ser igual aos outros que habitam o planeta, como tendo uma cultura e sistema de valores que enriquecem a Humanidade.

Como dizia Amílcar Cabral, é preciso que o regresso às fontes ultra-passe o indivíduo para se expressar por uma colectividade, ou por um movimento e aí assumir um papel institucional15. O Presidente tem consciência de que é preciso provocar este salto cultural e tem usado a sua estatura política e o seu prestígio social para levar a Nação a redescobrir-se no seu sistema de valores. É uma missão redentora de que ele tem consciência que vai vingar.

Depois da exibição cultural seguiram-se as orações proferidas por David Chicacuda, da Igreja Reformada, e por Damião Ivesse, da igreja Católica. No fim da oração cada um deles cumprimentava o Chefe de Estado e ocupava o lugar que lhe tinha sido reservado na tribuna de honra.

Três cidadãos fizeram-se à tribuna: Alberto Damiano, Patrício Gami-zane Simione e Ana Maria Jeque Samo. Um de cada vez, elogiaram os resultados do mandato prestes a terminar com referência particular para as escolas, a energia eléctrica, a construção da estrada Tete – Tsangano e a alocação de uma médica. Este era o sentimento geral, a julgar pelos aplausos que eles iam arrancando da população. Foi neste ambiente que o segundo interveniente, o Pastor Garizane, disse muito simplesmente que “quando alguém faz coisa boa é preciso agradecer de joelhos”.

15 Cabral, A. (1973). “Identity and Dignity” in Return to the Source Selected Speeches by Amilcar Cabral (New York: RM). Cabral, A. (1970). “National Liberation and Culture - Eduardo Mondlane Memorial Lec-ture Series, Syracuse University”. in Return to the Source: Selected Speeches by Amilcar Cabral (New York: RM).

90

Para o próximo quinquénio inscreveram: a divisão do Posto Adminis-trativo de Dómuè em dois, criando-se um outro com sede em Dam-bulangondo, mais atenção para as estradas, sinal da Televisão de Mo-çambique, construção da residência do Régulo N’Tchide e bicicletas para os líderes comunitários.

Depois de apresentado, como nas ocasiões anteriores, pelo Primei-ro Secretário Provincial da FRELIMO, e depois de agradecer toda a hospitalidade e as orações proferidas, o Candidato declarou que o Povo Moçambicano é pobre, mas isso não quer dizer que goste de ser pobre. Introduzia assim o tema para este comício combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho. Desenvolvendo-o, saudou o facto de os moçambicanos não resignarem perante a pobreza e por tudo estarem a fazer para dela se libertarem: estudando, frequentando a al-fabetização e produzindo nas suas machambas. Como resultado desse empenho no combate à pobreza, disse o Candidato, uns já têm bicicle-ta, outros têm motorizada e outros ainda construíram casa melhorada e libertaram-se da palhota que ficou como uma casa para lembrança do passado de pobreza.

Era um discurso que tocava no âmago da audiência que o ovacio-nava porque o que dizia reverberava nesta comunidade. Por isso, o Candidato expressou a esperança de que os filhos da actual geração de moçambicanos trabalhadores não serão tão pobres como os seus progenitores. Vão ter melhores escolas, melhores hospitais e este é o caminho que a FRELIMO e o seu Candidato perseguem.

Dómuè, e Dambulangondo em particular, é uma região onde a guerra de desestabilização foi severa, estando ainda patentes muitos dos seus resquícios. Por isso, o Candidato deixou claro que a violência divide as pessoas e apelou para que todos se empenhassem na preservação da paz como um bem conquistado com muito sacrifício.

91

92

93

2. Lindowo

Cerca das 10:45, o hélio presidencial deixava Dambulangondo em direcção à localidade de Lindowo, Posto Administrativo de Ntengo Wa Mbalame, Distrito de Tsangano, onde aterraria cerca de 30 mi-nutos depois, desse dia 19 de Setembro de 2009. Aqui, o Candidato era aguardado, como nos outros locais, por muita gente, de todas as idades e todos sorridentes por receberem tão ilustre hóspede.

O Presidente Guebuza era o mais experiente e, sobretudo, o único dos três candidatos que tinha um passado de que se poderia dissertar publicamente sem omissões, qualificações, justificações ou manipula-ções, um passado e uma trajectória de honra e glória, que quaisquer dos presentes deles se quereriam apropriar; um passado e trajectória livres de quaisquer nesgas de traição aos ideais do Povo e da Pátria. Aliás por este Moçambique já há muitas crianças a quem os pais de-ram o nome de Guebuza, muito antes de ser eleito Secretário-Ge-ral da FRELIMO e seu Candidato às eleições de Dezembro de 2004. Quem atribui o nome de alguém ao seu filho fá-lo porque o admira e quer que o seu filho seja, em adulto, como esse seu chará. O mesmo se passa quando se escolhe um padrinho.

Depois das actividades culturais o Pastor Samuel Cassolo Sinoia, da Igreja Reformada em Moçambique, proferiu uma oração de pedido de bênção para aquele evento político e para toda a campanha eleitoral. Pediu ainda paz e tranquilidade para toda a Nação Moçambicana.

Intervieram neste comício, para testemunhar as realizações do quin-quénio, os cidadãos Samuel Aquimo Bene e Ernesto Goliate Steeven. Nas suas intervenções, destacaram a construção da Secretaria Dis-trital, as residências dos funcionários, a afectação de um tractor ao Posto Administrativo de Ntengo Wa Mbalame e a ligação da rede de energia eléctrica à sede do Distrito. Para o quinquénio seguinte, a nas-cer depois do dia 28 de Outubro, pediram a asfaltagem das estradas Mphulu – Tsangano – Mawe; Mawe – Turn off, e Nthete Bene – Mbone,

94

a ligação de energia ao povoado de Lidowo e a outros povoados pró-ximos deste, bem como a afectação de uma ambulância para o Posto Administrativo de Ntengo Wa Mbalame.

Depois dos hoyes à Unidade Nacional e ao Povo Moçambicano, o Candidato mostrou-se muito satisfeito por pisar aquela localidade, pela primeira vez na sua vida. Depois abordou o tema reservado para aquele encontro: boa governação e cultura de prestação de contas. Subli-nhou que ele e a FRELIMO se comprometiam a continuar a consolidar a descentralização, bem assim a impulsionar a governação aberta e inclusiva. Disse ainda que o seu Governo iria continuar a abrir espaço para a participação popular na tomada de decisões através dos con-selhos consultivos.

Para o Candidato, o Povo deve sentir-se parte integrante do processo de Governação e os dirigentes devem abrir espaço para essa partici-pação. Devem, no mesmo contexto, interagir com o Povo, de forma aberta e com corações abertos, para recolher a sua experiência na luta contra a pobreza, partilhar as realizações e socializar os desafios que essa luta impõe no quotidiano.

95

96

97

3. Ulonguè

Depois do almoço, de cerca de meia hora, o hélio Presidencial levan-tou voo às 14:30 deste dia 19 de Setembro de 2009, em direcção à Vila de Ulonguè. Aqui, um mar de gente aguardava pelo Candidato e foi necessário a Segurança, o Protocolo e os voluntários se empenharem ao máximo para evitar quaisquer tipos de acidentes. Era uma multidão entusiástica que se fizera àquele local para ver aquele que parecia ser o seu Candidato preferido, o lendário líder de discurso cativante e mobilizador dos moçambicanos para levarem a pobreza de vencida.

O comício viria a decorrer debaixo de sombras mas a emoção que os grupos culturais transmitiam, demonstravam que também há o calor humano que Angónia transmite através dos seus artistas. Depois des-tes grupos seleccionados, seguiram-se as orações proferidas por An-drade André Fabião, da Igreja Católica, e pelo Pastor Samuel Molessi Bessitala, da Igreja Reformada de Moçambique.

Usaram, depois, da palavra os cidadãos Marcos Tamisson e Teresa Ca-tuncunva que elogiaram os resultados do quinquénio no Distrito sendo de destacar a introdução da Faculdade de Agropecuária da UniZambe-ze, o Ensino Secundário à distância, o aparelho de RX e o Tratamento anti-retroviral. Sublinharam, depois, que o seu voto ao Candidato e à FRELIMO era uma forma de confiá-los para continuarem a trazer mais realizações para este Distrito.

Na sua intervenção, o Candidato concentrou-se no desenvolvimento do tema combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho. Disse, a este propósito, que não há justificação plausível para os moçam-bicanos continuarem pobres quando têm muitos recursos herdados dos seus antepassados, entre eles a terra e a água. Disse ainda que o moçambicano é muito trabalhador e persistente naquilo que faz. Comprometeu-se, depois, a continuar a alocar os 7 milhões para dina-mizar a actividade económica e social no distrito.

98

Lá para os finais do comício revelou-se um episódio muito marcante. Uma menor de quatro anos de idade, de nome Ilu Chico, filha de um enfermeiro e de uma senhora doméstica chorara e soluçara no dia an-terior, pedindo aos seus progenitores para ver o Presidente Guebuza. Inicialmente, os pais não deram importância à preocupação por julga-rem tratar-se duma criança inocente. Todavia, no dia seguinte, Ilu não parou de chorar até que uma das suas tias pegou nela e acompanhou-a para o local onde o Candidato orientava o comício.

A preocupação acabou chegando ao Candidato. Este acedeu ao pedi-do e, no final do comício, e ainda na tribuna, o Candidato recebeu a pequena Ilu e sua tia, trocou um abraço muito afectivo. Nos olhos da menor lia-se muita alegria e comoção. Um episódio simples mas que revelou a simpatia de que goza o Presidente Guebuza também no meio das crianças.

Antes de esgotar a agenda política do dia, o Candidato teve um encon-tro com os notáveis do distrito que reiteraram a satisfação da popula-ção pelas realizações do quinquénio. Um deles disse que estava claro das suas escolhas e nada lhe poderia enganar. Depois, expressou a sua opinião dizendo que o MDM apresenta-se como galo, quando, na ver-dade, é a metamorfose da perdiz que saiu do mato para as cidades.

A concluir o encontro, o Candidato chamou atenção para a não exa-cerbação do optimismo de vitória, observando que era preciso que todos votassem para que, de facto, ele e a FRELIMO vencessem as eleições legislativas e presidenciais e para as assembleias provinciais. Alertou para se evitar a propagação do discurso “já ganhámos”, pois tem o potencial de encorajar a abstenção.

O dia terminou com um jantar de despedida do Candidato com os quadros da brigada Central e Provincial. Neste encontro ele deixou dois desafios estruturais para toda a Província de Tete. Disse que Tete e Niassa deveriam reflectir porque é que são menos desenvolvidas

99

que o vizinho Malawi quando tudo o que este País do hinterland pre-cisa passa por estas províncias. O segundo desafio prende-se com a necessidade de encontrar uma explicação sobre as razões porque a população do Bairro Sansão Muthemba, na Cidade de Tete, com muita pedra à sua volta palmilhe quilómetros para cortar capim para cobrir as suas casas.

100

Oitavo dia

1. Mecanhelas

São quase 9:00 desta manhã do dia 20 de Setembro de 2009, quando o Candidato aterra em Nsaca. Aqui ele é recebido por Margarida Ada-mugy Talapa, Membro da Comissão Política e Chefe da Brigada Central, Augusto Chalamanda, Primeiro Secretário Provincial e Chefe do Ga-binete Provincial de Eleições, e Arnaldo Bimbe, Governador Provincial e Chefe-Adjunto do Gabinete Provincial de Eleições. Uma numerosa multidão também se fizera ao local da aterragem: a pé, de bicicleta, de motorizada, de viaturas ligeiras ou pesadas. São os mesmos que escoltaram o Candidato até ao centro da Vila e por ele aguardaram no local do comício enquanto cumpria com uma cerimónia tradicional, orientada pelo Régulo Mecanhelas.

Já no local do comício aparelhagem de alta-fidelidade emprestava um ambiente de festa e cor com os músicos tradicionais e os de viola em punho a emprestarem a sua arte e mestria ao ambiente. Dos artistas notáveis destaque vai para “Os Massukos” e para Victor Salimo, que de Nampula veio apoiar a campanha neste distrito com o seu “Todo o Povo agradece e reconhece a vossa liderança; do Rovuma ao Maputo, Zumbo ao Índico; todo o mundo fala de Guebuza e a FRELIMO na sua liderança, no destino desta Nação Moçambicana para o bem”.

Depois desta parte cultural seguiram-se as orações proferidas pelo Shehe Jaime Namalomba, da religião muçulmana, e pelo pastor Eduar-do Issa, da Igreja União Baptista de Moçambique.

Seguiram-se as intervenções de Rafael Mabundo que deu destaque à construção da Ponte Armando Emílio Guebuza e aos 7 milhões em Mecanhelas. Falou, depois, Rafael Andissone - Régulo Mecanhelas - que anunciou a chegada, para breve, da energia eléctrica já que os postos estão em implantação. Referiu-se ainda à implantação da Universidade Católica e da Universidade Unilúrio, bem como do Comando da Po-

101

lícia da República de Moçambique e da delegação do Registo Civil e Notariado. Informou à audiência que em Entre-Lagos está a ser cons-truído um posto de saúde. Disse depois que todos os líderes comu-nitários estão satisfeitos porque sentem-se valorizados pelo Governo da FRELIMO (veja pg. 105).

Para ele, a forma de agradecer estas e outras realizações não será nem com um quilo de açúcar e muito menos com um quilo de mate-nhe, um peixe abundante em Mecanhelas. Ainda segundo aquele líder comunitário, a melhor forma de agradecer que a população de Me-canhelas encontra é votar massivamente em Armando Guebuza e na FRELIMO.

Convidado a dirigir-se à moldura humana que o recebera no local da aterragem e com ele desfilara para o centro da Vila, o Candidato co-meçou por saudar os crentes da religião muçulmana pela Ide, a festa que marca o final do mês do Ramadan. Na verdade, ele estava assim a reiterar a sua saudação feita em mensagem divulgada essa manhã, através da imprensa.

Depois manifestou a sua satisfação com esse voto de confiança e disse que o seu compromisso era de continuar a lutar contra a pobreza, introduzindo, deste modo, o tema combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho. Disse, a este respeito, que apesar das realizações diretas do Povo, em forma de mais bicicletas, mais motorizadas e mais casas melhoradas e indiretas através do seu Governo em forma de mais escolas e mais centros de saúde, ainda há muitos moçambicanos sem estes meios, nem acesso a estas facilidades.

A sua seminal intervenção tinha uma força tentacular cativante, mo-tivadora e mobilizadora. Tinha ainda o condão de levar a descobrir que afinal o que estão a fazer é combater um mal, um flagelo. Com este conhecimento podem acertar melhor no alvo e ir celebrando os progressos que registam.

102

Ao pedir o voto para si e para a FRELIMO, o Candidato disse assumir que iria continuar a privilegiar o distrito como o pólo de desenvol-vimento nacional, alocando os 7 milhões aos distritos e prosseguin-do com o programa de descentralização administrativa através da transferência de mais competências e poderes para os distritos. Disse também ser sua aposta continuar a auscultar a população através das edições da Presidência Aberta e Inclusiva explicando ser através des-te modelo de governação que os governantes e o povo se juntam e transformam os problemas de uns em problemas de todos e os suces-sos de uns em sucessos de todos.

103

104

105

106

2. Chiúta A chegada a este Posto Administrativo aconteceu por volta do meio-dia, deste dia 20 de Setembro de 2009, perante uma enchente que, apesar do sol escaldante, não arredou o pé. Ali permaneceu para rece-ber o Candidato, cujo discurso político é portador de esperança e de confiança na vitória contra a pobreza. Este é o Candidato irradiador de certezas, o orientador e impulsionador da agenda moçambicana de luta contra esse flagelo.

No local da aterragem foi recebido pelas lideranças locais, reforçadas pelos quadros das brigadas distritais, provinciais e centrais. A cada um aperta a mão, troca uma palavra ou duas, numa interacção que ele quer personalizada para cada um desses seus interlocutores sentir-se valorizado, dignificado, como se de uma audiência tête-à-tête se tra-tasse. A alguns dos seus interlocutores chama pelo seu próprio nome. São pessoas que conheceu em visitas anteriores ou noutras andanças. Com outros desenvolve uma conversa momentânea, a partir de um facto ou fenómeno. É uma conversa que termina numa gargalhada que depois atrai a curiosidade dos outros e nos seus olhares se pode ler “o que terá ele dito ao Chefe de Estado?”

Nesta fase de cumprimentos, ele também demonstra que quer que todos sintam que valeu a pena terem vindo ao seu encontro. Por isso, de uma vez a outra, pára de cumprimentar os que estão na primeira fila e lança meia palavra aos que estão nas filas de trás, dos anóni-mos, que assim os catapulta para o estrelato: “como está Chiúta?” O “está bom!” é articulado de maneira até a provocar ciúmes dos que estão mais para a esquerda e para a direita dessas filas como a dizer que “nós conversávamos com o Presidente da República”. Esta é uma conversa que será transportada para além daquele local de aterragem, para incendiar outras conversas.

Mais para a frente estão os grupos culturais, a exibir diferentes mani-festações do rico património cultural moçambicano e muita alegria e

107

cor. Os dançarinos, os tocadores de batuque e os coristas demonstra-vam que são exímios promotores da cultura e que a sua selecção para abrilhantar a chegada do Chefe de Estado foi por mérito próprio.

Esta mesma multidão juntar-se-ia àquela que já se encontrava no local do comício onde mais manifestações da cultura moçambicana desfila-riam. Os Babelicos, um grupo de artistas que estão a afirmar-se e a ga-nhar crescente popularidade no Niassa, também marcaram presença no local do comício. A sua música, talhada para animar a campanha do Candidato e da FRELIMO comove a todos. O próprio Régulo Messia sente-se seduzido e da tribuna de honra desce para a pista de dança e mostra os seus dotes e demonstra que não é apenas promotor da cultura mas também é um excelente executante.

De seguida foram proferidas orações pelo Shehe Kimo Ncunga, da religião muçulmana, Estevão Mateus, da Igreja Católica, e pelo Pas-tor Vicente Green, da Igreja de Cristo. Após as orações, falou Batson Previta para enaltecer as realizações do Governo naquele Posto e no Distrito em geral. Seguiu-lhe o Régulo Messia, Carlos Justino, homem muito bem articulado. Para demonstrar a sua autoridade sobre os seus súbditos ordenou que batessem palmas antes dele falar. E obe-deceram-no! Até então ele era mobilizador da RENAMO e anunciou que abandonara as hostes daquele movimento persuadido pelas obras do Governo da FRELIMO que beneficiam todos os moçambicanos. Falou dos trabalhos em curso de ligação de energia eléctrica da rede nacional à sede do Distrito de Mecanhelas, da colocação de material de construção em Chiúta para as obras de edificação de uma mater-nidade e a alocação de uma ambulância em Entre-Lagos, bem assim da instalação de uma escola primária completa.

O Régulo Messia inscreveu, para o próximo quinquénio, a asfaltagem da estrada Chiúta – Entre-lagos, fundamental para facilitar o escoa-mento da produção de arroz de Chiúta. Inscreveu ainda o prossegui-mento dos 7 milhões para o financiamento a associações e a ligação deste Posto à energia de Cahora Bassa.

108

O Candidato introduziu o tema combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho, dizendo que nenhum moçambicano gosta da po-breza, reconhecendo, porém, que este mal embora continue a flagelar o moçambicano já não o faz com a mesma intensidade do passado. Argumentou, neste sentido, que há mais escolas mas elas não chegam para todos; há mais estradas mas ainda não são suficientes. Há mais energia mais ela ainda não chegou a todas as localidades e a todas as casas. Recordou o que foi feito foi com as mãos do moçambicano, o que demonstra que o Povo Moçambicano pode fazer muito mais ainda.

Depois revelou que viera a Chiúta para pedir votos para si e para a FRELIMO para liderar o Povo Moçambicano nessa luta contra a pobreza. Depois, como já fizera noutros locais, usou um simulador gigante do boletim de voto para mostrar como votar, com a caneta ou com o dedo.

109

3. Muethethere

Pouco antes das 15 horas, desse dia 20 de Setembro de 2009, o Can-didato aterrava num descampado do território do Régulo Mkwapa. Numeroso público aguardava pelo Chefe de Estado, com destaque para os notáveis locais e os grupos e artistas intérpretes de diferentes expressões da cultura moçambicana. Do local da aterragem o Candi-dato dirigiu-se à tribuna, a escassos metros do seu hélio.

Depois da actuação de vários grupos seleccionados, seguiu-se o mo-mento das orações. Estas foram dirigidas pelo Shehe Ciraz Chacha, representante da religião muçulmana, e por Adelino Bento, da Igreja Católica. De seguida, o Régulo Mkwapa e o cidadão Waissone Elias intervieram, testemunhando as realizações do Governo e manifestan-do apoio ao Candidato e à FRELIMO, esse partido cujo prestígio não advém apenas do facto de ter libertado a Pátria, derrotando um po-deroso inimigo com apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte, como também da forma como entrelaça a acção com a agenda nacional de Moçambique. Destacaram, entre essas realizações, a cons-trução de estradas, fontes de água, a ponte Armando Emílio Guebuza, a reversão de Cahora Bassa, a construção de duas pontes sobre o Rio Rovuma, a Ponte da Unidade e a que liga Matchedje a Mbeya, esta última já em funcionamento.

Intervindo, o Candidato abordou o tema Boa Governação e Cultu-ra de prestação de contas tendo reiterado que vai continuar com a Presidência Aberta e Inclusiva e a impulsionar a Governação Aberta e Inclusiva a outros níveis. Disse ainda que vai conferir mais poder aos conselhos consultivos como fóruns de promoção do desenvolvimento local. O Chefe de Estado assumiu ainda o compromisso de assegurar uma maior divulgação e transparência na gestão dos 7 milhões, um fundo para o combate à pobreza no distrito.

Já na parte da educação cívica, o Chefe de Estado alertou para as falsas promessas:

110

Não se deixem enganar por aqueles que querendo tentar convencer-vos a vo-tar neles irão, a qualquer custo, fazer uma série de promessas que na verdade eles não têm capacidade de realizar.Alguns já começaram a prometer que irão reduzir os impostos em 50% ou mesmo eliminá-los. Isto não é verdade meus compatriotas. Essas pessoas que fazem tais promessas não têm a menor noção de como funciona um Estado e como são geridos os seus recursos. Esses querem simplesmente enganar-vos e conseguirem apenas o vosso voto.

Cerca das 17 horas, o Candidato partiu para a sede do Distrito de Cuamba onde muitas centenas de pessoas lhe aguardavam. Havia vá-rios grupos culturais e artistas no recinto da Base Aérea, cada um dando o seu melhor como que a procurar justificar porque tinha sido seleccionado para aquela festa. O Candidato cumprimentou, primeiro, os notáveis do Distrito e do Município, um por um. Depois foi apre-ciando cada número com que cada um dos grupos lhe brindava.

Seguiu-se, depois, o habitual desfile de carros, motorizadas e bicicletas até à residência protocolar do Candidato para uma breve paragem. A cidade ferroviária de Cuamba não era a mesma. Estava preparada para receber com a dignidade que merece o bem-amado Candidato, essa figura carismática, afável e de inexpugnável crença na capacidade dos moçambicanos materializarem o seu Futuro Melhor.

111

112

113

4. Cuamba

O programa do Candidato era deveras apertado. Havia muito por fazer em pouco tempo, um tempo que outros candidatos e partidos consideravam-no exagerado, desperdiçável. Várias foram as razões que alegavam para não estar onde devia estar a levar alguma mensagem eleitoral.

Para o Presidente Guebuza não havia mãos a medir. Não havia tempo para descanso pois a sua agenda convocava-o a presidir um encontro com os influentes de Cuamba. O encontro seria aberto por um nu-meroso grupo de jovens que vinham saudar o Candidato. Como que a assumir que estarão presentes nas mesas de votação, no dia 28 de Outubro, eles fizeram uma simulação de votação e mostraram que estão claros não só sobre como se vota mas, sobretudo, como se vota bem, quer dizer na FRELIMO e no seu Candidato.

Ao intervir, o Candidato saudou a calorosa recepção na Base Aérea, marcada pela presença de uma numerosa e entusiástica população. Destacou que, com a vitória eleitoral de Novembro de 2008, Cuamba tinha criado as condições para continuar a lutar contra a pobreza e registar muitos mais sucessos nessa luta.

O Candidato pediu, depois, conselhos aos notáveis de Cuamba, a ra-zão de ser deste encontro. Depois abriu o seu bloco de notas para registar o que seria dito.

Os intervenientes saudaram a abertura demonstrada pelo Presiden-te da República para com o seu Povo pois, ao longo do quinquénio sempre esteve por perto, longe da comodidade da Ponta Vermelha. Destacaram que graças a essa abertura foi possível que alguns líderes religiosos locais visitassem o santuário islâmico de Meca. Saudaram ainda a construção de infra-estruturas, o melhoramento do ambiente de trabalho e de negócios, bem como o financiamento à população através dos 7 milhões e o subsídio aos combustíveis.

114

Para o próximo quinquénio inscreveram a asfaltagem da estrada Nam-pula – Cuamba – Lichinga, a criação de facilidades de ligação do Distri-to de Cuamba à Província da Zambézia e a necessidade de adopção de políticas favoráveis à redução de juros nos financiamentos bancários.

115

Nono dia

1. Mitande

Logo pelas 7:00 horas da manhã do dia 21 de Setembro de 2009, a Base Área de Cuamba voltou a registar uma enchente do nível da do dia anterior. O motivo: despedida de Cuamba do Candidato que daqui rumava para o Posto Administrativo de Mitande. Mas antes de partir sentiu o calor de centenas de pessoas que, cantando e dançando, dele se foram despedir.

À sua chegada a Mitande, em Mandimba, o Candidato era aguarda-do por um numeroso público, homens, mulheres, jovens e crianças, a maioria dos quais envergando material de campanha da FRELIMO e brandindo cartazes da Maçaroca e do Batuque. Depois desta calorosa receção, a afluência foi para o local do comício. Aqui e após a apresen-tação de actividades culturais, seguiram-se as orações proferidas pelo Shehe Mussa Bilato, da religião muçulmana, António Alfredo, do Con-selho Cristão, e pelo Pastor Geraldo Jaquissone, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus. De seguida intervieram os cidadãos Joel Agos-tinho e Castilo Said que testemunharam as realizações do Governo no Distrito, destacando a evolução dos serviços de saúde, educação, infra-estruturas e o impacto dos 7 milhões nas suas vidas.

Na sua intervenção, o Candidato centrou a sua atenção na Boa Gover-nação e na Cultura de prestação de contas. Sublinhou que no Povo os dirigentes encontram os seus melhores conselheiros e que, por isso, a população será chamada a fazer uma avaliação regular da governação e a apontar as falhas e indicar os caminhos. Reiterou, neste contexto, que a Presidência Aberta e Inclusiva e a sua réplica aos outros níveis será continuada. Sublinhou ainda que os conselhos consultivos terão um papel de relevo nesta governação e convidou a população de Mi-tande a sentir-se parte dessa governação.

116

Como dissemos, logo na introdução, o Candidato está investido e é detentor daquilo que Pierre Bourdieu designa de Poder simbólico.

O Presidente Guebuza era, por causa deste poder simbólico, escutado de forma atenta e o seu comício corria com toda a serenidade que merecia. Mesmo a segunda parte, a da educação cívica, decorreu com a mesma serenidade. Aqui ele exortou todos os moçambicanos em idade activa a participarem na votação. Depois usou um simulador do boletim do voto para mostrar como deveriam proceder. O evento terminou cerca das 10:30.

117

2. Mandimba

As 11:30, o Candidato aterrava na pista da Sede do Distrito. Esta-mos no dia 21 de Setembro de 2009. Aqui, uma enorme enchente, debruando a pista, aguarda pelo Candidato. Quando sai do hélio, as crianças e os jovens procuram dele abeirar-se mas facilmente obede-cem às ordens da Segurança, do Protocolo e do corpo de voluntários, constituído maioritariamente por jovens. Neste ambiente de ordem e de festa, o próprio Candidato adiciona emoções ao caminhar em direcção a essa multidão, levantando a mão e dando vivas, com o seu punho cerrado. A alegria explodia nos seus olhos e os seus corações saltitavam de contentes por terem sido cumprimentados, de forma tão directa pelo Candidato que, embora não tenham idade para votar, nele depositam a sua confiança para liderar Moçambique nos próxi-mos cinco anos.

Antes de iniciar os cumprimentos aos notáveis é lhe aposta uma coroa de flores, por uma criança. Com cada um dos influentes troca meia palavra e a interacção é calorosa, pois trata-se de uma relação que foi cultivando ao longo do quinquénio. Há também uma troca de olha-res cúmplices, pois o Candidato e o seu interlocutor partilham, em surdina, a certeza de que a pobreza está a ser levada de vencida em Moçambique.

Seguem os grupos culturais, cada um exibindo-se da melhor maneira que pode para mostrar que se preparou para este dia. Há, como se verifica noutras zonas do País, um sinal evidente de que estes grupos e a cultura que estão a apresentar e a representar têm futuro: estes grupos são inter-geracionais.

Da pista segue-se para a vila e são muitas as viaturas, as motorizadas, as bicicletas e os peões que acompanham a comitiva do Candidato. São cerca de cinco quilómetros que mesmo mães com bebés ao colo fazem, e como se diz, quem corre por vontade própria não se cansa.

118

No local do comício, o re-encontro com o Víctor Salimo, de Nampula, e os Babélicos que dão a sua contribuição à festa vermelha de recep-ção e acolhimento do Candidato. Há outros grupos culturais locais estabelecidos e de renome que foram mobilizados para um dia de campanha do Candidato memorável.

Seguiram-se as orações proferidas pelo padre Gervásio Miguel, da Igreja Católica, pelo Shehe Nurodine Hanussa, da religião Muçulmana, e pelo Padre André Rafael Farahane da Igreja Anglicana. Rezaram pela Paz e por uma campanha eleitoral e eleições ordeiras e tranquilas.

Depois vieram as intervenções dos cidadãos Joice Hassane e Machate Iassine. Estes saudaram os 7 milhões, a chegada da rede Mcel, a insta-lação de bombas de combustível, a construção de uma maternidade e de uma casa de mãe-espera e de uma fábrica de farinha. Saudaram ainda a reabilitação de estradas e pontes e a inauguração, para breve, duma dependência do Banco Internacional de Moçambique, BIM.

Na sua intervenção, o Candidato retomou a mensagem dos religiosos para seu tema central. Ele reiterou que a campanha eleitoral deve ser sinónimo de festa e não de violência. Acolhendo este apelo, o Presi-dente Guebuza reiterou que a FRELIMO pretende que as eleições sejam festivas e não fonte de conflitos, uma festa onde todos cantam e dançam e em que as pessoas estão alegres. Para o Candidato, mesmo quando há diferenças porque uns pensam uma coisa e outros pensam outras, isso não deve gerar conflitos. O Candidato enfatizou depois que:

É importante que tenhamos sempre presente na nossa consciência os perigos do recurso à violência. Temos bem presente, nas nossas mentes, os efeitos da fome e da humilhação porque passaram muitos moçambicanos como conse-quência da guerra. Por muitas que sejam as nossas diferenças de ideias não é re-correndo à violência que conseguimos resolver os nossos problemas. As nossas diferenças podem ser resolvidas ou expressas, neste caso, através do voto.

119

Exortou a todos os moçambicanos a afluírem às urnas, no dia 28 de Outubro, pois nesse dia, e de forma ordeira e pacífica, vão mostrar o caminho que a Nação deve seguir.

O Candidato falou ainda da necessidade de um processo de votação transparente e livre de quaisquer formas de intimidação. Neste con-texto, exortou todos os partidos políticos a indicarem os seus repre-sentantes para as mesas das assembleias de voto para tudo acompa-nharem. Sublinhou depois que são eles que participam na contagem dos votos, escrutinam e depois da contagem assinam as actas que são tornadas públicas na mesa da votação. Para ele, é desta participação que se derivaria a transparência, um aspecto que para todos os mo-çambicanos era um imperativo que deveriam garantir que continuasse a caracterizar todos os processos eleitorais.

Para o Candidato a questão da ordem e tranquilidade no pleito é de suma importância, tendo em conta o perigo que um cenário de violência pode representar para a credibilidade do processo eleito-ral moçambicano. Por isso, o Candidato reiterou que vai continuar a privilegiar os apelos à manutenção da paz e tranquilidade em todo o processo eleitoral, de modo a que Moçambique continue a ser uma referência e um exemplo do ponto de vista de democracia multiparti-dária e preservação da paz.

Quer este como os outros comícios do Candidato e os organizados pelas centenas de brigadas espalhadas pelo País continuavam a ser au-tênticas festas que arrastaram milhares de cidadãos. Em todos, o apelo à paz e a campanhas e eleições ordeiras, era evidente.

120

121

122

123

3. Luelele

Em cerca de 15 minutos de voo, o Candidato chegava, às 14 horas, à Localidade de Luelele. Aqui, depois da actuação dos grupos culturais seguiu-se a oração proferida pelo Shehe Twan Saide, da religião mu-çulmana.

Depois intervieram como testemunhos das realizações do Governo os cidadãos Ntembo Saide e Nharinga Daude. Estas intervenções pe-diram a visita do Candidato, após as eleições para com eles celebrar a vitória da FRELIMO e do seu Candidato. Solicitaram, assim, às autori-dades locais para assegurar a manutenção da tribuna, ali erguida, para que nela se realize o próximo encontro, o encontro da celebração da vitória do Candidato, quando para ali se deslocasse em Presidência Aberta e Inclusiva.

Ainda nestas intervenções, os dois intervenientes revelaram que a maioria da população era apoiante da RENAMO mas que, como con-sequência das realizações do Governo da FRELIMO, passariam a apoiar este Partido, tendo prometido votar massivamente na FRELIMO e no seu Candidato. Não eram apenas as realizações que lhes impressiona-vam. Era, sobretudo, a governação humanizada, o contacto afável e o amor pela terra que era berço de muitos outros seus compatriotas. Por exemplo, referiram que o facto de os dirigentes de nível provincial e distrital pernoitarem naquela localidade sem necessitar de aparatos de segurança era sinal da confiança e amor com a população.

O Candidato agradeceu as mensagens da população, a oração proferi-da frisando que a mesma concorre para que as eleições ocorram sem violência. Recordou que apesar daquelas conquistas enumeradas pelos intervenientes, a pobreza ainda persiste no país e que os problemas básicos da maioria da população ainda não foram solucionados. Su-blinhou que o celular deve chegar a mais pessoas, a energia eléctrica e a água devem beneficiar a mais cidadãos. Disse ainda que o Povo Moçambicano quer a paz, quer o bem-estar, quer mais hospitais e

124

estradas, mais bicicletas e mais motorizadas. Recordou que estas coi-sas todas virão com o trabalho que cada um deve desenvolver. Tinha assim, abordado o tema luta contra a pobreza e cultura de trabalho. A sua inabalável confiança e indefectível fé no fim da pobreza em Mo-çambique cativava a sua audiência que o acompanhava atentamente, soltando sorrisos de quem acompanha o pensamento do orador e como está a concluir os seus argumentos.

Cerca das 17:00 horas o Candidato voltava a ser efusivamente sau-dado por uma multidão que abarrotou o Aeroporto de Lichinga e se desdobrou por todo o percurso que vai até ao centro da cidade. Era a festa vermelha em voga, era a festa dos moçambicanos com a FRELI-MO e o seu Candidato, Armando Emílio Guebuza.

125

126

127

Décimo dia

1. Lichinga

Dia 22 de Setembro de 2009. A agenda do Candidato é um showmício em Lichinga. Todos sabem porque a palavra foi dada, quer pela impren-sa quer pela rede formal das células da FRELIMO quer ainda através de canais informais, a chamada rádio pavimento, ou boca a boca. Tendo circulado como labaredas em plena floresta a notícia criou a necessá-ria expectativa e alegria de que a população de Lichinga tinha, neste dia, a oportunidade de interagir com o Presidente, o seu Candidato.

Por isso, antes que ele chegasse já os artistas animavam o alvor da fes-ta que esperava desde que a notícia deste showmício foi dada. Quando o mestre de cerimónia anunciou a chegada de Armando Guebuza, o delírio foi total, impulsionado pela música da campanha que saía das potentes colunas montadas no palco. Foi nesse palco que desfilaram os grupos culturais seleccionados para esta festa, talhada para o Can-didato. De entre eles destaque vai para os Massukos e para Víctor Salimo, ido de Nampula para Lichinga, com amor.

De seguida, Gogo Buananze, da religião muçulmana, proferiu uma ora-ção. Depois falou o líder comunitário Jone Ajawa, Sultano Chiwaúla. Na sua intervenção ele fez o balanço do quinquénio e perspectivou o futuro. Calorosamente aplaudido, disse que o Presidente Guebuza construiu escolas e carregou nas suas costas universidades para o Niassa. Disse que em consequência disso, já não precisavam de ir para Maputo para frequentar o ensino superior e assim, os seus doutores eram já formados no Niassa. Disse ainda que não esperavam que a rede de energia de Cahora Bassa chegasse ao Niassa mas já chegou e até já se estende pelas comunidades. Para ele o agradecimento ao agora Candidato não pode ser em forma de dinheiro, que nem teriam-no em soma suficiente, mas sim através do voto massivo, nele e na FRELIMO.

128

O Sultano Chiwaúla provocou mais gargalhadas ao afirmar que quem não votar em Guebuza esse é feiticeiro e que os presentes devem a ele se antecipar, enfeitiçando-o. Quem persegue a escuridão corre o risco de tropeçar, concluiu este líder de opinião de Lichinga.

Foi depois a vez de Domingos Vital, um jovem de 24 anos, intervir. Ele disse que falava em nome de todos os jovens da terra do Rei Mataka, para denunciar os partidos políticos que andam a desinformar dizendo que os jovens moçambicanos vão votar nesses partidos. “Eu, em nome dos jovens da terra do Mataka venho dizer que estamos com Guebuza e com a FRELIMO, porque mostram realizações de impacto”. Como que a concordar com Vital, centenas de jovens iam gritando em unís-sono: Guebuza! Guebuza! Guebuza!

O jovem prosseguiu dizendo que pela forma como o Presidente Gue-buza trabalha e escala todo o País, ele é um verdadeiro 4x4 (tracção às quatro rodas). Convidou, depois, todos os jovens do Niassa para, no dia 28 de Outubro, votarem em Guebuza, “pois só com ele e com a FRELIMO é que acabaremos com a pobreza no Niassa e em Mo-çambique”.

Ao tomar a palavra, o Candidato saudou Lichinga e a Província do Niassa por sempre saberem votar bem. Incentivou o eleitorado local a continuar a votar bem. Sublinhou, de seguida, que é preciso saber escolher o símbolo que mostra trabalho, aquele que tem o batuque e a maçaroca. O batuque representa o compromisso da FRELIMO e do seu Candidato na valorização das mais diversas manifestações sócio-culturais do país. A maçaroca é produto do trabalho antes de ser co-mida. Com estas palavras, introduziu o tema do encontro combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho. Neste sentido, disse que as realizações que foram enumeradas pelos cidadãos e muitas outras que aconteceram durante o mandato, ainda não eram suficientes pois há distritos que ainda não beneficiam da energia eléctrica de Cahora Bassa; que há postos administrativos onde não há telefone nem ma-ternidades.

129

Disse, de seguida, que estava em Lichinga para pedir votos para si e para a FRELIMO. Destacou que pedia votos porque estava claro de que ainda há necessidade de se resolverem os problemas que ainda persistem no País. Manifestou, depois, a sua certeza e confiança no fim da pobreza em Moçambique.

O Candidato terminou este evento político ensinando os eleitores, através da simulação de um boletim de voto, como votar nas eleições presidenciais, legislativas e para as assembleias provinciais.

Terminado o comício, o Candidato deu uma volta pela parte subur-bana de Lichinga e apreciou o franco desenvolvimento que está a ter lugar.

À noite, ofereceu um animado e informal jantar aos jornalistas que o acompanham neste périplo eleitoral16. Foi um momento para troca de impressões com os profissionais da comunicação social e para deles colher ensinamentos. Era um encontro com quadros moçambicanos que nas suas intervenções demonstravam que eles próprios nutriam uma profunda simpatia com o discurso da auto-estima e de levar os moçambicanos a despertarem para o facto de terem que ser heróis da sua própria causa. O Chefe de Estado mostrou ao longo desta con-versa que tinha um sentido apurado do papel e lugar da comunicação social na articulação da certeza de que o fim da pobreza era possível, como o fora o fim da dominação estrangeira e da guerra de destabi-lização.

16 Aproveitando o movimento que se gerou à volta da chegada do Candidato a Lichinga, a liderança da Campanha nesta província organizou um jantar de angariação de fundos durante o qual, uma camisete com a rúbrica do Presidente Guebuza foi leiloada por 200 mil meticais juntamente com outros bens que arrecadaram 545 mil meticais (O País, 23.10.09).

130

131

132

Décimo primeiro dia

1. Marrupa

No dia 23 de Setembro de 2009 o Candidato levava a sua mensagem de luta contra a pobreza para Marrupa. Aqui, nas instalações da Base Aérea aguardava-o numerosa população que o recebeu de maneira efusiva e entusiástica.

Do local da aterragem, a caravana seguiu para o centro da Vila e ao longo da rota, muitas eram as pessoas que se sentiam contagiadas, abandonado os seus afazeres ou mudando de rota para fazerem par-te dessa grande festa. Este mesmo entusiasmo e euforia aguardava-o no local do comício onde a banda musical Os Massukos, de novo em palco, e muitos outros grupos de música e dança tradicional se tinham feito, prontos ao chamamento. Eles estavam ali, para com o seu saber e experiência contribuírem para dar mais ânimo à campanha da FRE-LIMO e do seu Candidato.

Depois da actuação dos grupos culturais seguiram-se as orações pro-feridas pelo Shehe Ibrahimo Waite e pelo Pastor Mateus Somuete, da Igreja Evangélica de Cristo em Moçambique. Dois cidadãos, Sualvino Suleimane – Régulo Nampacane, e Fátima Assir, pediram a palavra para fazer o balanço do quinquénio.

De entre as realizações que destacaram consta a reabilitação e manu-tenção das estradas Marrupa – Lichinga, Marrupa – Cuamba e Marrupa – Mecula; a instalação da rede de telefonia móvel, a atribuição dos 7 milhões, a instalação do Instituto Médio de Formação em Ecoturismo Armando Emílio Guebuza; a construção do hospital e a elevação da Escola Secundária para leccionar até à 12ª classe.

133

Disseram ainda que Marrupa já beneficia de um estúdio da rádio e televisão comunitárias, estando neste momento em curso trabalhos visando a instalação da energia elétrica, a partir da Cahora Bassa17.

Na sua intervenção, o Candidato concentrou o seu discurso na ques-tão da juventude, faixa etária, maioritária, que ele considera ser a prin-cipal força do desenvolvimento nacional, como foi no passado, na luta pela independência e na defesa da soberania ameaçada pelos regimes racistas da Rodésia do Sul e da África do Sul. Na verdade, no comício, a presença expressiva e maioritária era de jovens, muitos dos quais já em idade eleitoral.

A eles e aos presentes, em geral, o Presidente Guebuza, prometeu que a FRELIMO iria com eles promover a sua participação na criação de mais oportunidades de geração de rendimentos, de emprego e de auto-emprego. Disse também ser aposta do seu Executivo, em caso de vitória eleitoral, continuar a promover a valorização da juventude, como tem sido feito até agora, proporcionando mais oportunidades de desenvolvimento e aplicação das suas habilidades vocacionais. Dis-se, neste contexto, que o seu Governo se empenhou na criação de mais escolas vocacionais onde o saber fazer é prioridade para se po-derem resolver problemas. Revelou que a maioria dos beneficiários dos 7 milhões, dos programas de habitação, da saúde, do emprego no sector público e privado são os jovens. Para ele, cabe a estes jovens de hoje levar de vencida a luta contra a pobreza em Moçambique:

os jovens estão aqui para pegar o testemunho e dar continuidade à luta contra a pobreza. Por isso, estes jovens não se cansam. São como a FRELIMO que não se cansa desde 1962. Não se cansa porque tem o povo no coração. Ama o Povo moçambicano e quer sempre que ele tenha uma crescente qualidade de vida.

17 Marrupa registou no quinquénio prestes a terminar um crescimento em 123 por cento das culturas alimentares que em 2008 atingiram as 32.102 toneladas contra as 14.368 em 2004. Igualmente, registou-se um aumento em 12 por cento das áreas cultivadas que no ano corrente atingiu 19.080 hectares contra as 14.049 em 2004. Na área social o Governo está a edificar um hospital regional que vai servir também Mecula, Majune e Marrupa, concluiu a asfaltagem da estrada Litunde - Marrupa, instalou a rede de telefo-nia móvel, enquanto no domínio económico cresceu o número de unidades da indústria transformadora (moageiras e prensadores de óleo).

134

A terminar, o Candidato enfatizou que pedia o voto para si e para a FRELIMO para darem seguimento aos programas de governação ini-ciados em 2004 e que estão já a mudar para melhorar a condição de vida das populações. A resposta foi uma estrondosa ovação em sinal de aquiescência e de compromisso.

No início da noite, o Candidato presidiu a um encontro com os no-táveis e líderes de opinião de Marrupa. Quando se lhes foi dada a palavra, deixaram registada para o próximo quinquénio, a necessidade de se prestar atenção aos funcionários públicos que, para eles aten-dem mal o público e fazem cobranças ilícitas porque são da oposição e querem assim manchar a FRELIMO. Registaram ainda a necessidade de se reabilitar a estrada Marrupa – Ruasse e o reconhecimento dos líderes do segundo escalão, bem como a introdução de subsídios para os mesmos. Recordaram ainda a necessidade da inscrição da ligação do Distrito à energia de Cahora Bassa e a montagem do sistema de abastecimento de água.

135

Décimo segundo dia

1. Namuno Quando, no dia 24 de Setembro de 2009, os helicópteros faziam a aproximação à pista de aterragem, na sede distrital de Namuno, mes-mo lá do ar já era possível vislumbrar o ambiente de festa vermelha que iria acolher o Candidato, no início da sua digressão eleitoral pelo Círculo de Cabo Delgado, um dos berços de referência da Luta de Libertação Nacional. As pessoas corriam em direcção à pista, as via-turas e os motociclos desfraldavam a bandeira vermelha do partido libertador de Moçambique.

Já em terra, confirmou-se o que lá do ar já se previa e se vislumbra-va. Um mar de gente trajando material de campanha da FRELIMO, empunhando dísticos e cartazes da propaganda eleitoral deste quase cinquentenário partido, grupos culturais muito animados e jovens e mulheres gritando palavras de ordem da campanha, tal era o ambiente que se vivia no aeródromo local.

À sua aterragem, o Candidato foi recebido por Eneas Comiche, Mem-bro da Comissão Política e Chefe da Brigada Central, Virgílio Mateus, Primeiro-Secretário Provincial e Chefe do Gabinete Provincial de Elei-ções, e Eliseu Joaquim Machava, Governador da Província e Chefe-Adjunto do Gabinete Provincial de Eleições. Depois de uma breve troca de palavras com este comité de recepção, o Candidato saudou os notáveis, um por um, e com cada um deles trocou uma palavra ou duas sobre a sua vida familiar ou sobre o distrito, tudo no quadro de cada um deles se sentir valorizado, dignificado e reconhecido na sua idiossincrasia.

Aos combatentes da luta de libertação nacional, aqueles que lhe de-ram uma família alargada, a FRELIMO, dispensava um hoye especial, emocionante, símbolo do compromisso que com eles tem pela real-zação do bem-estar do moçambicano com que sonham desde 1962. Como dizia Mondlane (1975: 273).

136

A libertação não significa para nós simplesmente a expulsão dos portugueses; significa reorganizar a vida do país e lançá-la na via do sólido desenvolvimento nacional. Para isto é necessário tirar o poder político das mãos dos portugue-ses, visto que estes se opuseram sempre ao progresso social e estimularam somente aquele desenvolvimento económico que podia beneficiar uma elite pequena e quase exclusivamente estrangeira. Mas o movimento de libertação não poderá reivindicar êxito até que, através dele, [nosso sublinhado] o povo consiga o que os portugueses lhe recusaram: nível de vida tolerável; oportuni-dade de participar no seu próprio governo.18

Os grupos culturais que se exibem no local da aterragem fazem-no com mestria, requinte e esmero. Os tocadores dos diferentes batu-ques tocam-nos com muita agilidade e lê-se nos seus rostos que se sentem orgulhosos de serem herdeiros de uma tão rica e resplande-cente cultura. Os dançarinos e os coristas idem em aspas. Mais im-portante ainda é que estes grupos integram diferentes gerações de executantes, um aspecto que empresta a necessária vitalidade e futuro a esta cultura. Esta vitalidade pode ser aferida recorrendo-se ao crité-rio desenvolvido por Matusse (2000)19 para se concluir se uma língua está ou não em perigo de extinção.

Para ele, os falantes de uma língua em declínio também declinam nú-mero; a língua em declínio perde os seus domínios de uso a favor de uma outra; passa a ter a sua base nas zonas rurais e não nas cidades; apresenta-se ligada à tradição e ao folclore e revela um elevado núme-ro de empréstimos. Finalmente, uma língua em declínio é mal usada e as sanções contra esse mau uso também declinam.

Com este capital de saber e de experiência e, sobretudo, de orgulho por aquilo que estão a fazer, os grupos culturais abrilhantam uma já calorosa recepção. Ele, homem da cultura, homem do Povo e seu guia e líder, partilha este júbilo dos seus anfitriões. Ele sabe e incute que cada um no seu dever, cada um fazendo a sua parte a pobreza vai aca-bar em Moçambique. 18 Mondlane, E. C. (1995). Lutar por Moçambique. (Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora).19 Matusse, R. (2000). “Mocambique ou Mozambique: um olhar sobre falsas prescrições oftálmicas”. In Travessias Revista da Associação de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa. Vol 1nº 1/99.

137

A valorização da cultura que gera a auto-estima e as energias positivas faz parte desta agenda do Presidente.

Por isso ele está radiante com o resultado do seu empenho e desem-penho, com a apropriação da sua agenda e visão por outros moçambi-canos. Assim se pode caminhar para o regresso às fontes, de que falava Amílcar Cabral.

Depois, já no local do comício, o Candidato assistiu à Nquelanuva, cerimónia tradicional de evocação dos espíritos dos antepassados na qual foi-lhe atribuído o nome de Namareeriha, que significa o que faz coisas boas. Os líderes que dirigiram esta cerimónia não só terraco-municaram com os seus espíritos para lhes rogar por uma campanha eleitoral e eleições pacíficas e ordeiras, como também pediram para que o Candidato e a FRELIMO continuassem a governar o País, pois tinham dado provas de que podem e estão a governar bem.

O Chefe de Estado subiu à tribuna, a primeira mais espaçosa nesta digressão, para a ovação dos presentes que cumprimentava ao som da música de campanha da FRELIMO. A sua entrada deu início ao progra-ma com vários grupos a desfilarem no palco.

Vieram depois as orações proferidas pelo Pastor Martins Jonas, da Igreja Petencostal Missão Rural e pelo Shehe Daudo Sualé. Depois das orações, dois cidadãos, Rosa Luís e António Ámani, pediram a palavra para agradecer a instalação da antena de telefonia móvel, o acesso gratuito à escola primária, o acesso à saúde, a construção de infra-es-truturas, a atribuição de gado à população para fomento e a alocação dos 7 milhões. Para o próximo quinquénio inscreveram a elevação da escola secundária de modo a leccionar até a 12ª classe.

O Chefe do Gabinete Provincial usou da palavra para de entre outras coisas anunciar à população que o Candidato, acabara de criar, naquela mesma semana, uma página na internet com o endereço armandogue-buza.blogspot.com. Seria através deste endereço que ele iria interagir

138

com os jovens, abordando os seus multifacetados problemas. Subli-nhou que Moçambique estava, aqui, perante um homem de diálogo, um compatriota que gosta de se aconselhar. Por isso, com muito orgulho lhe passou a palavra.

O Candidato começou por agradecer a cerimónia tradicional, as ora-ções proferidas por ajudarem a derramar sabedoria e luz e a unir os esforços de todos na luta contra a pobreza. Depois ligou estas ora-ções ao compromisso da FRELIMO com a consolidação da Unidade Nacional, da Paz e da democracia. A este respeito, disse que a FRELI-MO vem de muito longe, que ela nasceu em 1962 para servir o Povo Moçambicano. Falou do seu papel na Unidade Nacional, na libertação da Pátria do jugo colonial português, no resgate da paz e do seu pa-pel na actualidade na luta contra a pobreza. Por isso, enfatizou, “votar na FRELIMO é escolher o melhor líder e a melhor direcção para a resolução dos problemas que ainda afectam Namuno e a Nação Mo-çambicana”.

Nesta intervenção, o Candidato também lançou um apelo para Namu-no trabalhar na consolidação da paz, condição essencial para garantir o ambiente necessário para o sucesso na luta contra a pobreza. Pro-meteu que da sua parte corresponderia ao voto com uma Presidência Aberta e Inclusiva com réplicas a todos os níveis, pois no diálogo me-lhor as pessoas se conhecem e melhor se compreendem. Como nos eventos anteriores, o Candidato usou os seus dotes de professor para recordar ao eleitorado como se vota, encerrando assim, este contacto com Namuno cerca das 11:00 horas.

139

2. Ocua

Pouco antes das 12:00 horas, deste dia 24 de Setembro de 2009, o Candidato aterrava num descampado, onde um mar de gente o aguar-dava. O calor que o sol fazia e do qual só se tinha um embondeiro para sombra, era intenso, mas mais intensa ainda era a hospitalidade da população. Os gestos de simpatia e admiração pelo também Chefe de Estado vinham de todos os sectores e faixas etárias. Muitos tinham chegado ao local, como tinham podido, com meios próprios, volunta-riamente. Vinham ver e conviver com aquele seu compatriota que, de uma vida de criança vulgar, se transformou num político e Estadista invulgar ao partir da prática e da vivência e convivência do quotidiano com o seu Povo para contribuir para a teorização da pobreza e seus contornos, com um discurso cativante, coerente e com profunda rela-ção com a moçambicanidade e os valores universais.

Do local da aterragem a caravana do Candidato passou pela residência da médica, Susana Aguacheiro, acabada de chegar, na semana anterior, sendo a primeira a cobrir aquele Posto. Esta era uma forma de dar tempo aos que tinham estado no local da aterragem para não perde-rem nenhuma parte do comício. Depois de fazer tempo, a caravana prosseguiu viagem para o local do comício que o encontrou lotado, com muita festa, música e dança. O local estava totalmente engalanado com material da campanha da FRELIMO e cartazes do seu Candida-to.

Depois da parte artística e cultural seguiu a parte religiosa. Foram, assim, proferidas orações por Anastácio Machira e pelo Shehe Mauli-de Laíde, da religião muçulmana, e por Manuel Baltazar, da Palavra na Igreja Católica.

Seguiu-se depois aquilo que designamos de balanço do quinquénio. Nesta parte do programa intervieram os cidadãos Maria Marta Car-doso e Eugénio Celestino Hassane que deram exemplos de realiza-ções do Governo, de entre eles a presença, pela primeira vez, de uma

140

médica, a inauguração de dois centros de saúde, a construção de 3 furos de água e a instalação de 2 moageiras.

Depois, inscreveram para o próximo quinquénio a abertura de fontes de água, a introdução da 8ª classe, a instalação do sinal de televisão e da telefonia móvel. Inscreveram ainda a ligação à energia de Cahora Bassa para viabilizar a captação do sinal da Televisão de Moçambique que também querem que chegue a Ocua.

Usando da palavra, o Candidato disse que a FRELIMO serve a todos os moçambicanos independentemente das suas cores políticas. Disse que tudo o que a FRELIMO tem estado a fazer é para todos os mo-çambicanos. Enfatizou que a FRELIMO não discrimina, mesmo os que não são seus membros, são atendidos de igual maneira nos hospitais, circulam nas estradas construídas pelo Governo da FRELIMO, e para que continuem a beneficiar destas facilidades, podem votar também na FRELIMO.

Por isso, ao apresentar os símbolos do partido, e ligando ao tema combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho, ele disse que a maçaroca resulta do trabalho, da persistência e da crença no facto de que a semente na terra vai germinar, crescer e dar um fruto, a maça-roca. Realçou que, por isso, não se pode apanhar maçaroca na rua! Olhando para o batuque disse que ninguém resiste a dançar ou, não sabendo dançar, a mexer-se quando o batuque toca. Concluiu que se todos gostam da maçaroca e do batuque então no dia 28 de Outubro não são apenas os membros da FRELIMO que devem votar nesta for-mação política. São todos os moçambicanos que querem combater a pobreza.

No dia 28 os moçambicanos eleitores estarão expostos a um conjunto de sím-bolos e figuras. O importante é saberem que onde encontrarem uma maçaroca e batuque representados, então é onde há vida. Nos outros sítios encontrarão apenas promessas e mais promessas irrealizáveis ou até falsas. Então com o dedo ou com a esferográfica vão fazer o sinal da vossa escolha. Muito simples com estão a ver.

141

142

143

3. Chiúre

Os ponteiros do relógio aproximavam-se das 15:00 horas, deste dia 24 de Setembro de 2009, quando o Candidato aterrava no mais populoso círculo eleitoral de Cabo Delgado. Chiúre também correspondeu a este título e a expectativa que neste Distrito se depositava de de-monstrar que está com o Candidato e a FRELIMO. Um muro de gente protegia a pista sendo mais denso do lado da estrada que entra na Vila vindo de Pemba, quase bloqueando a via.

O Candidato que cumpria o seu terceiro programa do dia tinha, como sempre teve, energias suficientes para dar a volta à pista e cumprimen-tar todos os presentes, a começar pelos influentes e a passar pelos grupos culturais e pela população que para ali convergira para vê-lo e saudá-lo. Neste seu contacto ele procura saber para além da vida individual do seu interlocutor.

Procura mesmo recolher os elementos que lhe permitam perceber como cada um dos seus interlocutores entende que seja a pobreza e como define as prioridades para o seu combate. Mas também se tecem relações de amizade e de simpatia mútuas, nesta elevada quali-dade da interacção com estas lideranças locais. Depois a caravana seguiu, em marcha lenta, para a Vila, o que per-mitia que mesmo aqueles que vinham a pé pudessem acompanhar a velocidade. Como sempre, o Candidato passou pela casa protocolar para dar tempo a todos para chegarem e se acomodarem no local do comício.

Quando chegou ao local do comício testemunhou a maior enchente da Província, até então. Como um mar, quase que não se via onde terminava a multidão. A música emitida de potentes colunas parecia atingir a todos, mesmo assim, porque lhes incendiava a alegria e o entusiasmo.

144

Do mesmo palco vários grupos desfilaram entre os tradicionais esta-belecidos e os emergentes, com futuro. Todos faziam vibrar a audiência que, de uma vez a outra, agitava as bandeirolas e os cartazes da cam-panha da libertária FRELIMO.

Seguiram-se as orações orientadas por Manuel Custódio, da Igreja Ca-tólica, e por Omar Eduardo, da religião muçulmana. Depois, vieram as intervenções de Cristina Muileva e Calisto Rachid que agradeceram as realizações do Governo, destacando a construção do Hospital Rural, de uma escola secundária de raiz e a instalação de escolas primárias completas em diferentes localidades, da chegada da Cahora Bassa e da MCel, a inauguração da fábrica de descasque da castanha e das bombas de combustíveis e do novo sistema de abastecimento de água.

Na sua intervenção, o Candidato saudou aquela moldura humana e disse que, de onde estava, não via onde se localizava a última pessoa. Disse que já estivera em Chiúre, várias vezes, mas aquela enchente era, para ele, a maior.

Depois centrou a sua mensagem na Consolidação da Unidade Nacio-nal, da Paz e da democracia. Defendeu que Unidade Nacional é um fac-tor importante e determinante para a vitória no combate à pobreza. Citou como exemplos de sucesso, derivados da Unidade Nacional, a vitória sobre a dominação colonial e o resgate da paz após 16 anos de uma guerra imposta do exterior.

Explicou que fala sempre da Unidade Nacional porque é bom que todos os moçambicanos dela se recordem no seu quotidiano. Ilustrou esta insistência usando o exemplo da religião. Para ele, na Mesquita, vezes sem conta se fala de Allah para que os crentes tenham sempre presente a sua grandeza e omnipresença. O mesmo se passa com a Unidade Nacional, que como na religião, mostra que em qualquer rea-lidade as pessoas guiam-se por princípios e valores sublimes, que para os cristãos, por exemplo seriam à volta de Jesus Cristo.

145

Alertou que se alguém quiser destruir Moçambique vai começar por minar a Unidade Nacional. Referiu ainda que com base neste conceito e principalmente os valores que ele insere, cada moçambicano, em qualquer ponto do País, esteja onde estiver, deve sentir-se em sua terra20.

O Presidente da República falou, depois, da votação e recordou que Chiúre deve continuar a votar bem, quer dizer, a votar na FRELIMO e no seu Candidato. Para ilustrar o valor do voto, o Chefe de Estado reiterou que votar é como casar: quem escolhe mal o seu parceiro é que sofre. Alertava assim à sua audiência, como o fizera Vladimiro José na sua canção que a dado momento diz “se casar mal”, que se estava perante não apenas um dever cívico mas também uma responsabilida-de sobre o futuro de Moçambique e do seu Povo.

Depois, entrou na fase da educação cívica, recordando aos presentes que não basta que gostem da FRELIMO e do seu Candidato. Tem que se fazer aos postos de votação e depositar o seu voto. Continuando a privilegiar uma linguagem gráfica, simples e directa, próprio de quem foi professor e Comissário Político Nacional, durante a Luta de Li-bertação Nacional, o Candidato falou da intransmissibilidade do voto e da obrigação presencial, dizendo que votar é como matar a fome. Ninguém mata a fome do outro, por muito que dele goste.

20 Aqui a crise que abalou a FRELIMO entre 1967-69 seria o ponto de referência. Para destruir a melhor forma organizada que os moçambicanos tinham, a FRELIMO, os inimigos da sua libertação fomentaram os elementos que poderiam minar a sua Unidade: o tribalismo, o regionalismo e o racismo. (veja Pachinuapa, R.D (2009). II Congresso da Frente de Libertação de Moçambique: Memórias de Raimundo Domingos Pachinuapa. Maputo: Elográfico).

146

Décimo terceiro dia

1. Chai

O Dia 25 de Setembro de 2009 conferiu uma dimensão especial à Campanha eleitoral da FRELIMO e do seu Candidato. Isto porque nessa data o país assinalava os 45 anos do início da Luta de Libertação Nacional e da fundação das Forças Populares de Libertação de Mo-çambique, as antecessoras das Forças Armadas de Defesa de Moçam-bique. As cerimónias centrais desta efeméride tiveram lugar no Posto Administrativo do Chai, Distrito de Macomia, em Cabo Delgado, local onde Alberto Joaquim Chipande disparou o já famoso tiro do Chai.

Ao desembarcar em Chai, Guebuza teve uma calorosa recepção, como era de esperar. Das centenas de pessoas presentes no descam-pado onde aterrou o Candidato, não passou despercebido um grupo de dezenas de Membros do Destacamento Feminino, a componente feminina das forças guerrilheiras, fundada a 4 de Março de 1971. Elas envergavam fardamento militar usado na frente do fogo libertador e empunhavam armas feitas de pau, que eram usadas para os treinos antes de graduarem para as armas verdadeiras. À passagem do Can-didato, a Comandante do Destacamento deu voz de comando para o seu contingente saudar o Comandante-Chefe. A saudação foi feita com todo o rigor militar e depois veio a ordem para o descanso.

Como era de esperar, vários grupos de Mapiko faziam deste dia um dia de grande festa, um festival. O Candidato foi apreciando cada um dos grupos e artistas, aplaudindo e trocando impressões ora com o Primeiro Secretário da FRELIMO na Província ora com o General Alberto Chipande.

A anteceder o comício, o Candidato, trajando um fato, na sua quali-dade de Chefe de Estado e Comandante-Chefe das Forças Armadas de Defesa e Moçambique, presidiu às cerimónias centrais do 25 de Setembro, depositando uma coroa de flores no memorial do primeiro

147

tiro de Chai. De seguida, e numa tenda preparada para o efeito, foi saudado pela mais alta hierarquia militar, numa cerimónia de Estado. Em resposta à mensagem lida pelo Chefe do Estado-Maior, o General de Exército, Paulino Macaringue, o Chefe de Estado declarou que:

Em Chai e de Chai saudamos esses homens e mulheres [Geração do 25 de Setembro, obreiros da nacionalidade moçambicana] que souberam vencer pre-conceitos contra outros moçambicanos, preconceitos esses que lhes tinham sido inculcados pela dominação colonial, para assumirem-se como filhos do mesmo povo, o Povo Moçambicano21.

Após o evento oficial, o Presidente Guebuza, e na sua qualidade de Candidato Presidencial, orientou um concorrido comício nos arredo-res do Posto. Tratou-se de um evento animado por grupos culturais onde, uma vez mais, se destacava o Mapiko e também grupos corais. Esta era uma festa vermelha de campanha, uma festa que também ce-lebrava 45º aniversário do início da Luta de Libertação, levada a cabo pela Frente de Libertação de Moçambique.

Foi depois a vez de dois cidadãos usarem da palavra. O primeiro, Pedro Estevão Chongo, fez um balanço positivo do quinquénio. O segundo, Matias Paulo Cauio, tranquilizou o Candidato dizendo que as crianças de Chai começam a sua militância na barriga da mãe e as dores que ela por vezes sente são resultados dos vivas que elas dão. Destacou ainda o ambiente de tranquilidade em que decorre a campanha eleitoral, afirmando que passados 13 dias desde o seu início, não havia registo de qualquer problema.

Intervindo, o Candidato discorreu sobre a história que conduziu o país à independência, referindo ser o 45º aniversário das Forças Arma-das de Moçambique, um dia de reencontro com essa mesma história. O Candidato recordou a canção “FRELIMO vencerá” que um grupo de membros do Destacamento Feminino entoara era o antigo hino

21 Guebuza, A.E. (2009) “CHAI: Torrão emblemático da nossa capacidade de lutar com meios próprios para realizarmos os nossos ideais”. Comunicação de Sua Excelência Armando Emílio Guebuza, Presidente da República e Comandante Chefe das Forças Armadas de Moçambique, nas celebrações do 45º aniver-sario das FADM. Chai, 25 de Setembro de 2009.

148

da FRELIMO, o hino que, segundo o Candidato, “transportou-nos do Rovuma ao Maputo e fez-nos aceitar sacrifícios até à vitória contra o colonialismo português”. Depois trouxe à atenção da sua audiência as armas de pau que vira à sua chegada “É com aquelas armas de pau que se faziam os treinos político-militares, durante a Luta de Libertação Nacional, isto porque nós não tínhamos armas suficientes”, explicou o Candidato neste comício muito festivo e emotivo.

O Presidente Guebuza rendeu homenagem a todos quanto deram o melhor de si, incluindo as suas vidas, para a libertação da Pátria. De-pois, pediu a todos os presentes para que observassem um minuto de silêncio em memória dos Heróis Nacionais e dos mártires da liberta-ção de Moçambique.

Na ocasião, o Candidato apresentou à população do Posto Adminis-trativo do Chai, Alberto Chipande, o combatente da luta de libertação nacional que disparou o já famoso tiro de Chai. Vivamente aplaudido, Chipande interveio em ximaconde, pedindo a todos para que valori-zassem o sacrifício da Geração do 25 de Setembro, votando na FRELI-MO e no seu Candidato, Armando Emílio Guebuza, nas eleições de 28 de Outubro (veja pg. 155).

Concentrando-se na sua mensagem eleitoral, luta contra a pobreza e cultura do trabalho, o Candidato apelou aos moçambicanos a não em-barcarem nos discursos de certa oposição que promete abolir im-postos caso vença as eleições de 28 de Outubro próximo, explicando que um país normal só se desenvolve se os cidadãos pagarem os seus impostos. Alertou ainda, à sua audiência, que esses só fazem essas e outras promessas para ganharem as eleições. O Chefe de Estado es-clareceu que

Nenhum país do mundo vive sem impostos. Isso é o mesmo que dizer que alguém vai trabalhar e não vai ter o seu ordenado. Qualquer país do mundo vive de impostos dos seus cidadãos porque é através do dinheiro dos impostos que se constroem as estradas, é através dos impostos que teremos energia, as escolas e construiremos os hospitais e que pagaremos os vencimentos dos

149

trabalhadores. Sem impostos nada disto será feito. Mas há quem promete isso só para enganar as pessoas para obter o seu voto.

O Candidato explicou que o Governo da FRELIMO é um Governo comprometido com a Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Por isso, pretende renovar o seu mandato para continuar a satisfazer as necessidades básicas da população e continuar na linha do desenvolvi-mento e do combate à pobreza.

Mesmo perante as garantias dadas pelos dois cidadãos que usaram da palavra, o Candidato não deixou de exortar a todos com idade eleito-ral para que no dia 28 de Outubro acorram às mesas de votação.

Há muitas pessoas que dizem que não nos devemos preocupar porque já ga-nhámos as eleições. Mas as eleições não se ganham dessa maneira. É preciso ir à mesa e votar. Temos que colocar os nossos votos nas urnas. Ninguém deve ficar em casa. Por isso é que o meu apelo é que todos devem votar. Se nós não votarmos os outros vão votar por nós! A vitória resulta do somatório de cada um dos votos que for depositado na urna.

150

151

152

153

2. Macomia

Às 14:00 horas do dia 25 de Setembro de 2009, o Candidato aterrava no aeródromo de Macomia. A notícia da sua chegada tinha arrastado quase toda a população da Vila ao local da aterragem. Carismático e com o seu sorriso contagiante, o Candidato foi saudando os presen-tes que correspondiam com o agitar de cartazes e rasgados sorrisos. Assistiu e aplaudiu os grupos culturais que para ali tinham convergido para dar as boas vindas ao seu Candidato e à FRELIMO que conhece-ram ainda no ventre das suas progenitoras, se fizermos fé nas palavras de Matias Paulo Cauio, pronunciadas no comício de Chai.

Do aeródromo à residência protocolar, o Candidato foi acompanha-do por viaturas, motorizadas e bicicletas, bem como peões que em marcha-corrida, também faziam a sua parte. Ali, fez então uma pequena pausa na residência protocolar para que os que o tinham recebido no aeródromo tivessem tempo para chegar ao local do comício.

Aqui houve mais Mapiko e outros grupos de canto e dança, tudo à sombra das numerosas e frondosas mangueiras. Se o comício de Chai tinha registado uma enchente, o de Macomia estava a abarrotar de gente!

Quando caiu o pano sobre a actuação dos artistas e grupos culturais, entrou o Shehe Gerónimo Amino Adamo, da religião muçulmana para dirigir uma oração. A parte religiosa do evento foi seguida da de de-poimentos dos cidadãos Cristina da Conceição Fumo e Diogo Rashi-de Massangira que louvaram as realizações do Governo no Distrito, destacando os sectores de educação, saúde e de infra-estruturas. As-sinalaram entre estas realizações a construção das estradas Macomia – Awasse e Macomia – Mucojo e a instalação da antena de telefonia móvel e do sinal da Televisão de Moçambique.

Neste comício, o Candidato agradeceu a calorosa recepção, as activi-dades apresentadas, as orações e os depoimentos, afirmando que em

154

todos estes momentos foi transmitida uma mensagem de satisfação com as realizações da FRELIMO, bem como a confiança de querer contar com este partido na liderança dos moçambicanos nesta luta contra a pobreza. De seguida, escalpelizou o tema que versa sobre a Consolidação da Unidade Nacional, da Paz e democracia.

Destacou a Unidade Nacional como a força por detrás da vitória dos moçambicanos contra uma sofisticada máquina de guerra colonial, bem como para que fosse alcançada a paz que o país vive há mais de uma década e meia. Considerou depois que participar no processo de votação não era apenas uma das formas de exercer um direito de cidadania mas era também uma forma de o eleitor contribuir para a consolidação da democracia multipartidária em Moçambique.

Explicou depois que as eleições são um momento em que os mo-çambicanos decidem pelo seu futuro e que este acto deve ser um momento de festa, livre de quaisquer actos de violência, pois os mo-çambicanos sabem quanto custa a violência.

Depois apelou ao voto para si e para a FRELIMO e exortou os eleito-res a afluírem às mesas de votação no dia 28 de Outubro. Alertou para não relaxarem, pensando que a FRELIMO e o seu Candidato já ganha-ram. Recordou que a vitória é feita pelo voto de cada um depositado na urna e que a votação não pode ser feita por procuração.

Seguiu-se um encontro com as figuras influentes de Macomia. Aqui, um dos intervenientes disse que

alguns desses que dizem que o Presidente Guebuza não fez nada, fazem-no em cima da motorizada ou dentro duma viatura cuja compra o Presidente Guebuza facilitou com a sua agenda de luta contra a pobreza. Paradoxalmente, também criticam-no no hospital que o Presidente Guebuza mandou construir! Com Guebuza até a religião muçulmana está a florescer. Nós em Macomia até já temos mais mesquitas.

155

O encontro serviu para manifestar o apoio das lideranças locais ao Candidato e à FRELIMO. Por isso, confiantes desta vitória inscreveram alguns projectos para o próximo quinquénio, nomeadamente, a am-pliação do hospital de Mucojo e a abertura de um Posto de Saúde que foi construído e que ainda não entrou em funcionamento; a resolução do problema de elefantes em algumas aldeias do Distrito; o aumento do subsídio dos líderes comunitários; a visita do Candidato, depois das eleições, ao Posto Administrativo de Mucojo; a antena de telefonia móvel; e a inclusão do Distrito na selecção de crentes da religião mu-çulmana para visitar o Santuário Islâmico de Meca.

156

Décimo quarto dia

1. Quelimane

Ida da Sede Distrital de Macomia, a caravana eleitoral do Candidato, desembarcou cerca das 9:30 horas, deste dia 26 de Setembro de 2009, na localidade de Quelimane, Distrito de Mocímboa da Praia. Trata-se de uma Antiga Base de guerrilha da Frente de Libertação de Moçambi-que. Quelimane era o exemplo de como a FRELIMO sempre colocou acento tónico na Unidade Nacional. Depois de visitar as zonas liber-tadas da FRELIMO, Museveni (1972) (citado por Hall & Young (1997:1) escreve que em todas as bases que escalou havia um montão de areia na forma do mapa de Moçambique com as províncias e outras saliên-cias indicadas. Acrescenta depois que “os militantes recebem sempre aulas dos seus comandantes, usando aqueles mapas como material didáctico para que aqueles se apercebam que estão a lutar para a li-bertação de todo o Moçambique”22. Foi em Quelimane que Armando Guebuza, Comissário Político Na-cional, na companhia do Chefe do Departamento da Defesa, Samora Machel e do Chefe do Departamento de Defesa em Cabo Delgado, Raimundo Pachinuapa, tomou conhecimento da triste notícia do as-sassinato, em Dar-es Salaam, na Tanzania, do Presidente Eduardo Chi-vambo Mondlane, a 3 de Fevereiro de 1969. Em homenagem a este herói maior da nossa libertação Guebuza declamara em Agosto de 197123:

Três de Fevereiromanhã de céu azul

e mar verdea espraiar-se na costa de Msasani

a última de Mondlane

22 Hall, M & Young, T. (1997). Confronting Leviathan: Mozambique since Independence. (London: Hurst & Company).23 Guebuza, A. E. (2006) “Três de Fevereiro”. In Os tambores Cantam. (Maputo: Produções Lua).

157

Eduardocom seu caqui

pensativomarcha lento

ao longo da praiaquer quietude

quer pensar sossegado nos grandes problemas da lutaa última de Mondlane

Entra depoissem saber

p’ra câmara da morte

Depois ...explosão

e corpo quente de Eduardo jaz sangrandono chão cinzento

da câmara da morte. [...]

Volvidos mais de 40 anos, o Presidente Guebuza voltou a pisar a antiga base de guerrilha, não numa missão da luta de libertação, mas sim de paz e de aprofundamento da democracia multipartidária em Moçam-bique. O Candidato estava em Quelimane para cumprir essa missão do Povo Moçambicano.

Logo na aterragem, um grupo de Membros do Destacamento Femini-no mostrou ao seu Candidato que estava, na verdade, num dos viveiros da liberdade em Moçambique: elas fizeram as emoções do Candidato transbordar, ao exibir como era feita a logística de apoio em víveres e armamento à guerrilha, uma logística feita por mulheres maltrapilhas, mas com alto sentido de Pátria e de missão, com uma indomável de-terminação de servir o Povo Moçambicano (veja pg. 163 e 164). Já no local do comício ele voltaria a este acto dizendo:

Fiquei muito emocionado quando cheguei e vi as pessoas a cantar, a dançar e a dizer coisas que dão-nos a certeza de que vamos vencer na luta contra a pobreza. Aqui recordámo-nos da nossa epopeia libertadora como um povo que luta e persiste na luta pela sua liberdade.

158

Aquelas camaradas do Destacamento Feminino mostraram-nos como vestidas de sacos, andando a pé, dias sem conta, transportando a logística da luta armada sofriam bombardeamentos, emboscadas mas nunca desistiam: elas mostraram-nos como se pode e se deve persistir.

Recordou, depois, que Moçambique estava, de novo, numa luta prolon-gada, mas, como na anterior, iria vencer. Numa demonstração de que conhecia a missão que Eduardo Mondlane deixara com a FRELIMO, o Candidato explicou que o Governo da FRELIMO só se sentirá feliz quando tiver suprido todas as carências da população, como a falta de escolas, de estradas, de hospitais e medicamentos e quando a energia de Cahora Bassa chegar à casa de todas as famílias moçambicanas.

“É uma luta prolongada”, advertiu o Presidente Guebuza, chamando também atenção de que “nós temos que ir com esta luta até ao fim, até vencermos.” Recordou, depois, que mesmo durante a dominação estrangeira havia aqueles que não acreditavam poder vencer um co-lonialismo que consideravam invencível: “havia cépticos que não acre-ditavam que a dominação estrangeira seria derrotada. Os cépticos de hoje só acreditarão quando a pobreza for erradicada”. Por isso, subli-nha o Chefe de Estado, “tudo começa com a auto-estima que nos leva a crer que podemos vencer os obstáculos, é ter fé em nós próprios e nas nossas capacidades de vencer a pobreza”.

A intervenção do Candidato fora antecedida pelas orações, proferidas pelo Coordenador Regional da Igreja Católica, Almino Nacapanje, e pelo Shehe Sumail Abdala Naila, da religião muçulmana. Estes tinham sido seguidos pelas intervenções dos cidadãos Maria Amisse e Januário Nambalema. Estas duas últimas intervenções tinham prestado teste-munho sobre as realizações do Governo a nível do Distrito, destacan-do a reabilitação de estradas e a construção de pontes e escolas. Para o próximo quinquénio tinham inscrito a necessidade de asfaltagem da estrada Mocímboa da Praia – Palma e a continuação da reabilitação de outras estradas do distrito.

159

2. Mocímboa da Praia

Estamos quase a atingir as 12:00 horas do dia 26 de Setembro de 2009. Nesse instante, os hélios em formação faziam um voo rasante sobre Mocímboa da Praia, atravessando a Vila num X antes da aterra-gem, para delírio dos que liam o Vota Guebuza, Vota FRELIMO inscrito na barriga dos hélios. De cima se podia ver que a Vila tinha literal-mente parado para acolher, com a sua característica hospitalidade, o Candidato da sua preferência, como tinham demonstrado nas eleições autárquicas de Novembro de 2008.

Um pequeno grupo da RENAMO, procurando aproveitar a mobili-zação da musculosa máquina de mobilização da FRELIMO estava na rua para mostrar os seus símbolos. Quem antevisse violência estava enganado porque perante tanta gente com a FRELIMO em festa e a favor de uma campanha pacífica qualquer tentativa de violência não tinha lugar24.

Debaixo de um calor escaldante, estas centenas de pessoas que inun-davam o aeródromo de Mocímboa da Praia faziam a festa à sua manei-ra. A pé, de bicicleta, de viaturas pessoais ou em camiões mobilizados para o efeito, as gentes de Mocímboa estavam ali em números muito expressivos. Uns com camisetes, outros com capulanas, outros com bandeiras e bandeirolas e cartazes, outros ainda com um pouco de tudo isso. Mas também não eram poucos os que traziam o Candidato e a FRELIMO no coração a avaliar pelo seu entusiasmo e júbilo por ali estarem, de livre e espontânea vontade.

O Presidente Guebuza foi passando por este mar de gente. Foi ace-nando e distribuindo o seu sorriso característico, optimista, cativante e irradiador de profundo amor para com o Povo. Ele demonstra a boa

24 Na verdade, o Diário de Moçambique na sua edição de 17/09.09 reportou que “apoiantes do MDM e da RENAMO envolvem-se em confrontos físicos na Praia Nova (Beira)”. A edição do dia 18.10.09 do mesmo matutino revela que um jornalista da Rádio Comunitária de Nacala-Porto foi brutalmente espa-çando na sede da RENAMO, uma denúncia divulgada pelo MISA-Moçambique.

160

disposição de quem reconhece que tem um Povo que o ama e que ele também ama. Mesmo sem palavras, as partes entendem-se. Há telepa-tia. Há empatia. Sente a sua mensagem de que eles devem ser heróis da sua causa, com cada um a fazer a sua parte, todos puxando na mes-ma direcção, empurrando a pobreza para lá onde já se encontram a dominação estrangeira e a guerra de destabilização.

As crianças, os jovens, as mulheres, os homens e os velhos estão ali com o seu tufo, o seu mapiko e outras danças para o Candidato. As canções são sobre as realizações do Governo, são sobre o apoio ao Candidato e à FRELIMO. Este é um espectáculo de difícil descrição pela forma emocionante e galvanizadora de uma campanha bem urdi-da e planificada. Uma campanha com uma tessitura bem pensada por gente que faz política há 5 décadas! Aliás Victor Salimo numa das suas músicas da campanha alerta que outros partidos “façam política a sa-ber o perfil da FRELIMO, liderada pelo Guebuza”.

Depois, a longa mas vagarosa marcha para o centro da Vila e dali para o local do encontro com o Candidato. Não foram poucas as vezes em que a viatura que transportava o Candidato foi forçada a interromper a sua marcha. Todos queriam fazer parte das primeiras viaturas logo a seguir à VIP. Todos queriam ver o Candidato de perto, que do topo da viatura acenava para os que estavam de um ou do outro lado da estrada.

Dísticos e cartazes, centenas de pessoas vestidas de camisetes brancas e vermelhas coloriram a festa que se arrastou até ao local do comício que foi assistido por uma multidão muito eufórica e entusiástica. A música, emitida de potentes colunas, aumentava mais o calor hospita-leiro de Mocímboa da Praia. O local do comício, espaçoso e com muita sombra, era, mesmo assim, pequeno para acomodar tanta multidão. Ninguém se podia movimentar, tão compacta era a audiência.

Todavia, a estrela do dia seria Tobias Chivenguvo, Primeiro Secretário Distrital da FRELIMO, em Mocímboa da Praia. Exímio cantor e prolífi-

161

co animador de massas, ele tem o condão de levar a sua audiência ao delírio e ao êxtase. Foi o que fez na tarde daquele dia 26 de Setembro de 2009. Ele estivera por detrás dos frenéticos momentos emocionais da chegada do Candidato e, uma vez mais, aqui se encontrava para dei-xar esta data bem gravada nos labirintos da memória dos presentes. Neste comício dois cidadãos usaram da palavra. O primeiro, Macassa-mo Latibo, emocionado, interveio para dizer que

os nossos corações estão abertos, a nossa vista alcança muito longe, os nossos pés estão bem firmes na terra. A minha intervenção tem apenas por objectivo reafirmar a nossa convicção de que todos nós votaremos em si e na FRELIMO. Pode regressar a Maputo em paz, porque Mocímboa da Praia está pronta para votar em si e na FRELIMO.

Depois Neli André disse que

o Presidente Guebuza construiu muitas pontes, muitas escolas, muitos hos-pitais. Os nossos filhos têm acesso à educação e ao livro escolar gratuito. Os nossos filhos já conseguem emprego por causa dos empreendimentos e pro-jectos gerados pelos 7 milhões. Eu quando vou à machamba vou na boleia de motorizada do meu filho. Não tenham preocupações. Aqui em Mocímboa da Praia o voto está garantido.

Depois da oração proferida pelos representantes da religião muçul-mana, liderados pelo Shehe Bacar Sumaila, que antecedeu estas inter-venções, o Candidato foi obsequiado com uma macaia e o respectivo cofió. Estes líderes religiosos tinham-no vestido com esta oferta ali mesmo, no palco, depois das suas rezas.

Por isso, quando ele interveio tinha, por cima da sua emblemática túni-ca, a macaia e na cabeça o cofió. Nessa intervenção, o Candidato agra-deceu a calorosa recepção e as diferentes manifestações de carinho para si e para a FRELIMO. Disse depois que os resultados do quinqué-nio que tinham sido referidos pelos intervenientes tinham sido possí-veis porque ele, a FRELIMO e o seu Executivo estão comprometidos com a luta contra a pobreza. Introduzia desta maneira o tema combate

162

à pobreza e promoção da cultura de trabalho que queria dissecar neste encontro popular. Sublinhou, neste contexto, que

nós moçambicanos sabemos combater a pobreza mas ainda não chegamos ao fim, porque ainda falta a energia, porque ainda falta a maternidade, quando ainda falta o telefone é sinal de pobreza. Embora tenhamos feito muita coisa para acabar com a pobreza ainda temos um longo caminho a percorrer, ainda não chegamos ao fim mas eu acredito que haverá um dia em que a pobreza vai acabar em Moçambique. Está ainda longe esse dia, mas vai chegar.

O Candidato também prometeu que ele e o Governo da FRELIMO, que quer continuar a dirigir, vão prosseguir com o seu projecto de governação assente na criação de condições sociais e económicas que propiciem aos moçambicanos os instrumentos que precisam para continuar a combater este flagelo chamado pobreza. Assegurou, neste contexto, que com a vitória nas próximas eleições irá continuar com a alocação dos sete milhões, a construção de escolas, hospitais, estradas, o alargamento da cobertura das redes de telefonia móvel e da Televi-são de Moçambique e com a busca de formas de gerar mais empregos para os moçambicanos, a maioria dos quais jovens.

163

164

165

3. Mueda Uma vez mais, neste dia 26 de Setembro de 2009, o Candidato e a FRELIMO confirmaram a sua popularidade em Mueda, um local his-tórico que viu centenas de cidadãos seus a serem massacrados bar-baramente pelas forças repressivas portuguesas, pelo simples facto de terem tido a ousadia de confrontar a administração colonial pedindo a independência para Moçambique. Este massacre, juntamente com os de Xinavane e Inhaminga, bem como o trabalho forçado e outras formas de exploração, adensaram nos moçambicanos a sua revolta contra a máquina de dominação e a sua vontade de lutar para a recon-quista da sua liberdade.

No aeródromo local, centenas de pessoas se acotovelavam, dançavam e cantavam para uma recepção condigna e calorosa do Candidato. Esta mesma multidão viria, depois, a abarrotar o local onde o Presi-dente Guebuza dirigiu um comício que se prolongou até ao princípio da noite. Tudo porque a recepção do candidato acabou-se arrastando por largos minutos devido à moldura humana que fez transbordar a sua alegria numa festa popular onde a dança mapiko, contagiou tudo e todos. No comício, o Candidato não precisou de convencer a ninguém que a 28 de Outubro deveriam votar em si e na FRELIMO. As garan-tias eram bastantes que grande parte da sua intervenção cingiu-se tão simplesmente na educação do eleitorado sobre “como votar bem nas eleições” numa referência directa ao imperativo do voto na continui-dade, ou seja voto em Guebuza e na FRELIMO.

Logo no início do comício foram proferidas orações pelo Maulana Diafari Hassane, da religião muçulmana, por Coelho Mateus Muani, da Igreja Católica e pelo Pastor Luís Elias Ndalua, em representação das igrejas protestantes. A seguir às orações, tinham falado dois cidadãos, Judite Miguel Cosme Nyussi e Francisco Pedro Cassinge, que apresen-taram o testemunho das realizações do Governo, destacando a cons-trução de infra-estruturas e o apoio à comercialização agrícola.

166

Décimo quinto dia

1. Pemba

À sua chegada à Cidade de Pemba, neste dia 27 de Setembro de 2009, último ponto desta visita de trabalho, o Candidato teve uma calorosa recepção no Aeroporto desta Cidade. Até parece que a maior baía de África queria demonstrar porque tem o título de capital da Província. Os grupos culturais seleccionados bordavam a parte que separa o edifício da placa do aeroporto. As mulheres quando inscreviam com msiro, Vota Guebuza nas bochechas e na testa, dançando e cantando para o Candidato ao som dos bem ritmados batuques do tufo.

Do lado de fora do Aeroporto havia mais grupos culturais e uma gran-de novidade nesta campanha: cavalos! Até aqui as caravanas eram feitas por peões, bicicletas, motorizadas e viaturas, todas embelezadas com material da campanha da FRELIMO e com cartazes e auto-colantes do Candidato. Quadrúpedes herbívoros, era a primeira vez, mas como os outros meios de transporte, estes animais de estimação estavam também embelezados com material de campanha!

Foi esta caravana toda que o acompanhou até ao Alto Gingone, local da realização do comício. Já neste local, a população demonstrou a sua alegria e apoio ao Candidato e à FRELIMO, através de canções, danças e orações.

Após a exibição dos grupos culturais, que marcaram o início deste comício, intervieram os representantes da Comunidade Muçulmana, nomeadamente Anli Bacar, Shehe Abdulcarimo Fadil e Khalifat Licadria Inquito Said. Nesta intervenção apresentaram uma mensagem de exal-tação aos feitos do Candidato e da FRELIMO e, em sinal de apreciação do trabalho feito, ofereceram ao Presidente Guebuza uma Gabaia, tra-je típico dos muçulmanos, um cofió e uma bengala. Ainda nesta inter-venção, o Khalifat Licadria Inquito Said proferiu uma oração.

167

De seguida, o Pastor Carlos Damião Bocas, do Conselho Cristão de Moçambique orou pela paz e pelo sucesso das eleições. Seguiram-se os representantes da AMETRAMO, liderados por Leonor Cadre. Ela foi espalhando farinha de milho sobre um pano vermelho enquanto evocava os espíritos dos antepassados. Cenário impensável com ou-tros Estadistas era possível com o Presidente Guebuza, comprometi-do a usar a sua craveira política e estatura social para desliquilibrar os desequilíbrios no tratamento das crenças e religiões em Moçambique, uns resquícios da dominação estrangeira. Isto pode explicar porque o jornal Zambeze, na sua edição de 1 de Outubro de 2009, parangona que a FRELIMO socorre-se de curandeiros. Com efeito [...[ Arman-do Guebuza ‘tomou banho’ [...] junto de um grupo de curandeiros. Também Alexandre Chiúre, do Diário de Moçambique, comentou que “curandeiros de Pemba fazem ‘wasu wasu’ para a vitória eleitoral de Armando Guebuza”25 quando para o Conselho Cristão de Moçambi-que, o mesmo articulista e reportando a mesma cerimónia proclama que “pediu a Deus para que ilumine o seu [do Presidente Guebuza] caminho” (veja pg. 172).

Depois destas orações seguiu-se a intervenção do cidadão Tagir Jamal que, testemunhando sobre as realizações do Governo liderado pelo Presidente Guebuza destacou a atribuição dos 7 milhões aos distritos, a abertura de cinco universidades na Província, a construção da ponte Armando Emílio Guebuza “que nos livrou das picadelas de mosquitos do tamanho de borboletas de que éramos vítimas enquanto aguardá-vamos pela travessia do Rio Zambeze”.

Na sua intervenção, o Candidato agradeceu o acolhimento da po-pulação da maior baía do mundo, referindo-se ao ambiente de apoio e festa reflectido em danças e mensagens. Anunciou o compromisso de realizar a sua parte nesta luta contra a pobreza, indicando que as mensagens apresentadas pelos religiosos dão indicação de estar no caminho certo.

25 Diário de Moçambique, 29.09.2009.

168

A sua mensagem centrou-se na luta contra a pobreza e na cultura do trabalho. Deixou claro que para o sucesso nesta luta vai ser necessário cada moçambicano continuar a entregar-se de corpo e alma à melho-ria das suas condições de vida e à melhoria do bem-estar de toda a população moçambicana. Colocou o diálogo entre a população e os dirigentes como fundamental para a partilha dos sucessos e socializa-ção dos desafios.

Era um discurso relevante que não era apropriado apenas pelos sim-patizantes da FRELIMO mas também por gente de diferentes credos, filiações políticas, religiões, origem social, geográfica ou étnica. Era um discurso de moçambicanos irmanados pelo desiderato colectivo de se verem livres da pobreza e das suas mais horripilantes manifestações, entre elas a fome e a miséria. Era um discurso que levava todos estes a partilharem, sob a liderança do Presidente Guebuza, um rumo e um destino comuns, enformados pelo grito de guerra “Povo Moçambica-no unido do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo”.

Por isso, a dissertação do Candidato foi acompanhada com toda a atenção e quando se movimentava na tribuna para estar mais perto desta ou daquela secção do público também o público o acompanhava, mostrando muito interesse no que ele dizia. Ele falava com firmeza, pontuava os seus argumentos com o dedo em riste e, com linguagem simples e directa, parecia deixar visível para todos, o futuro melhor com que sonhava. Seguiu-se o encontro com as personalidades influentes da Cidade de Pemba e dos distritos vizinhos de Mecúfi e Pemba-Me-tuge.

Na interacção com estas personalidades, o Candidato começou por agradecer o trabalho destes na mobilização da população de modo a que se mantivesse muita activa, carinhosa e atenta no seu comício. Referiu que em 2004 foi feito o compromisso de combater a pobre-za e que no comício foi dito que muita coisa foi feita e ao longo do caminho até ao Pemba Beach Hotel, local da realização desta reunião, constatou que havia muitas novas construções que reflectem que as

169

pessoas acatam as orientações visando o combate à pobreza que deve começar no indivíduo e na família. Ademais, o Candidato apelou aos influentes para continuarem a mobilizar a população de modo a pre-servar o ambiente de paz e de festa ao longo desta campanha, do pro-cesso de votação e muito depois destes acontecimentos históricos na Nação Moçambicana.

Em resposta ao pedido de conselhos, pelo Candidato, os presentes agradeceram as realizações do Governo liderado pelo Presidente Guebuza e a sua abertura e humildade, destacando a aceitação da tra-dição da população local como um dos indicadores dessa simplicidade do Chefe de Estado. Apontaram que ao nível da Cidade de Pemba os Régulos ainda não têm uniforme nem subsídio, facto que deveria ser contemplado no próximo quinquénio. A representante da AMETRA-MO pediu que o Candidato sempre se lembre desta Associação e considere, nos próximos cinco anos, a possibilidade de lhes assegurar uma remuneração.

O Régulo Mechilo, de Mecúfi, apresentou uma mensagem dos jovens daquele Distrito que solicitavam informação sobre a construção de uma escola ou instituto uma vez que, há algum tempo, uma equipa do Governo Provincial fora identificar um espaço para o efeito sem, no entanto, dar os passos subsequentes.

O mesmo interveniente apresentou um pedido de construção de uma ponte sobre o rio Megarume. Referiu ainda que também houve uma equipa que fora pedir um espaço para a construção de um hotel de cinco estrelas mas que até hoje não está a conhecer qualquer evolu-ção.

Manifestando a sua esperança na vitória, os notáveis de Pemba e seus convidados apresentaram um pedido para um novo encontro com o Chefe de Estado depois das eleições. Definiram o objectivo do encon-tro como sendo de troca de pontos de vista e de interacção a que ele já lhes habituou. Este pedido mereceu a aquiescência do Presidente da República.

170

171

172

173

Décimo sexto dia

1. Eráti A Sede do Distrito de Eráti, encostada ao Rio Lúrio e cortada pelo meio pela Estrada Nacional Nampula-Pemba, foi o ponto de entrada do Candidato no Círculo Eleitoral de Nampula, quando passavam das 8:00 horas da manhã deste dia 28 de Setembro de 2009. À sua espera estavam Manuel Jorge Tomé, Membro da Comissão Política e Chefe da Brigada Central, Agostinho Trinta, Primeiro Secretário Provincial e Chefe do Gabinete Provincial de Eleições, e Felismino Tocoli, Gover-nador Provincial e Chefe-Adjunto do Gabinete Provincial de Eleições. Para além destes quadros, estava uma numerosa multidão que não só abarrotou o local da aterragem como o local onde se realizou o comício.

O local escolhido para a aterragem, mesmo encostado à Vila, tinha atraído um mar de gente de todos os quadrantes, muitos deles com cartazes, auto-colantes, vestes e outros adereços que exteriorizavam a sua simpatia pelo Candidato e pela FRELIMO. Havia grupos culturais e mesmo os que não estavam integrados em nenhum grupo vibravam, dançavam, cantavam e brandiam bandeirinhas com slogans da campa-nha da experimentada FRELIMO ou com fotografia do Candidato ou dos símbolos da FRELIMO: o batuque e a maçaroca.

Dali a caravana entrou pela rua principal da Vila, enquanto o Candida-to ia aguardar pela chegada da população ao local do comício Como vagas do mar, as pessoas iam enchendo um local que já estava cheio. Eráti também exibia criatividade sobre o que mais se pode fazer com o material de campanha.

Antes de se fazer ao palco, o Candidato assistiu à Maqueia, cerimónia tradicional de evocação dos espíritos dos antepassados, dirigida pelo Régulo Vaquina, acompanhado pela sua Rainha. Depois, foi a nova ex-plosão de alegria ao ver o Candidato na tribuna a saudar e a lançar um sorriso afável e carinhoso para a entusiástica audiência.

174

Assim começava o programa com os grupos culturais a desfilarem no palco e a fazerem ouvir os seus acordes através das potentes colunas nos extremos do palco. Cada um, incluindo o jovem que tinha a sua música na colectânea do compacto da campanha, exibiam-se, a con-tento do público.

Seguiram-se as orações, dirigidas pelo Shehe Suleimane Nampita e por Alexandre Luís Sebastião, da Igreja Católica. Amélia Macamo, campone-sa, interveio, emocionada, afirmando que Eráti não só conta com três médicos, sendo dois afectos à sede distrital e ao posto administrativo de Alaua, como também tem uma ambulância que apoia na evacuação dos doentes para o hospital de referência. “Não tínhamos escolas mas hoje já temos e até com docentes com o nível de licenciatura. Nós, mulheres de Eráti, mesmo estando na cozinha, podemos falar com os nossos familiares, via telefone celular, tudo graças à FRELIMO e ao seu Candidato Armando Guebuza”.

Ela foi apoiada por Bruhane Sumaila que destacou a construção do Hospital da sede do Distrito e nos Postos Administrativos, a energia de Cahora Bassa, o acesso gratuito à escola primária e aos serviços de saúde, bem como a construção de infra-estruturas e a alocação dos 7 milhões ao Distrito.

Na sua intervenção o Candidato centrou a sua mensagem à volta do combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho. Para ele, a luta contra este flagelo terá sucesso se continuar a ser feita por todos, a partir do nível individual até ao colectivo e institucional. No que lhe toca, o Candidato comprometeu-se a dar continuidade à expansão da energia de Cahora Bassa, à expansão da rede sanitária e escolar e à alocação dos 7 milhões, recursos com o condão de produzir mais comida e gerar mais postos de trabalho, maioritariamente, entre os nossos jovens. Incentivou a sua audiência a aceitar que a luta contra a pobreza se trava no quotidiano e que em cada dia cada um dos seus compatriotas deve-se questionar sobre o que está fazendo para que o dia se hoje seja melhor que o de ontem e o de amanhã melhor que o de hoje.

175

Era um forte apelo à introspecção, à auto-estima e ao combate à ati-tude de mão-estendida. É uma campanha necessária e relevante tendo em conta que os donativos, alguns deles enlatados e exógenos à cultu-ra e aos hábitos alimentares locais, carcomeram o sentido de iniciativa e de exploração das imensas oportunidades existentes no meio em que o cidadão habita.

Em iguais circunstâncias, um outro político guiado pelo oportunismo não arriscaria a sua possibilidade de votos e certamente optaria por ser económico para com a verdade, fazendo uma abordagem de natu-reza apócrifa da realidade e apresentando promessas irrealistas para o cidadão eleitor. Ao Presidente Guebuza movia o interesse pela educa-ção cívica dos eleitores e pela explanação da sua visão redentora, da sua certeza indelével de que os moçambicanos podem e devem ser heróis da sua própria libertação, com cada um a fazer a sua parte, a cumprir o seu dever nesta nova missão libertária.

É um discurso seminal, uma expressão de coragem política e de fran-queza cívica que sempre o caracterizou nestas suas quase cinco déca-das em que se ocupa de despertar a consciência do Povo Moçambica-no para as possibilidades e oportunidades da sua libertação.

De seguida, o Candidato deu uma exaustiva explicação ilustrada sobre como se deve votar na FRELIMO e no seu Candidato. Usando o seu tacto pedagógico para criar mnemónicas, disse que ele e a FRELIMO tinham a maçaroca e o batuque em comum. Usou depois estes sím-bolos para voltar ao tema central deste comício. Assim, revelou que a maçaroca significa trabalho, pois a sua produção envolve preparar a terra, semear, sachar, enxotar pássaros e eliminar pragas, colher, trans-portar e eventualmente transformar essa maçaroca em alimento. Por isso, sublinhou, maçaroca não se apanha na rua. Falou depois do ba-tuque, destacando que ele simboliza a cultura e a moçambicanidade. Recordou que ao soar do batuque todos dançam e os que não saibam pelo menos mexem e remexem o corpo.

176

Depois, como uma verdadeira aula sumarizou dizendo que todos os moçambicanos gostam da maçaroca e do batuque e isto quer dizer que não são apenas os da FRELIMO que são convidados a votar por nestes símbolos, disse o Candidato, arrancando fortes aplausos de aprovação. Com o Povo Moçambicano, unido do Rovuma ao Maputo, Hoye, o Candidato concluía o seu contacto com Eráti. Faltavam pou-cos minutos para as 11:00 horas.

177

178

179

2. Malema

Às 12:30, do dia 28 de Setembro de 2009, o Candidato aterrava em Malema mesmo ao lado da componente férrea do Corredor de Nacala. Aqui, voltou a ser acolhido por uma impressionante e fogosa multidão que parecia querer dizer que “Malema, como o resto de Moçambique, sabe colocar a sua fasquia de recepção à altura do Candidato que já deu provas de devoção por Moçambique”. Foi assim que essas cente-nas de almas ali presentes justificaram o arrastamento da cerimónia de boas vindas por cerca de vinte minutos: eles queriam acarinhar, de perto, o seu Candidato e os jovens e as mulheres formavam um cor-dão humano ruidoso e inebriante que a todos comovia.

A uma velocidade que até os peões acompanhavam, a caravana partiu para a Vila e dali para o local do comício. Houve teatro, música e dança no local do comício, para o delírio dos presentes. Depois seguiram-se as orações. O microfone esteve, primeiro, com os representantes da Comunidade Islâmica, dirigidos pelo Shehe Rafael Silvestre Agi. Depois de cumprida a sua parte, estes deixaram o microfone para o Animador da Igreja Católica, José Amade Francisco Alfredo. Finalmente, subiu à tribuna o Pastor Eusébio Francisco, da Igreja Metodista Unida.

A parte consagrada aos depoimentos viria a seguir. Foi aqui onde a cidadã Amélia Hawela agradeceu as realizações do Governo, desta-cando a afectação de um médico no Distrito, a construção de postos de saúde nas localidades, a instalação de uma escola secundária que lecciona até à 12ª classe. A nível nacional, ela deu destaque à reversão de Cahora Bassa e à construção da Ponte Armando Emílio Guebuza, sobre o rio Zambeze. Concluiu dizendo: “Aqui em Malema, Armando Guebuza, não é Candidato. Em Malema Armando Guebuza é o Presi-dente da República de Moçambique”.

As primeiras palavras do Candidato foram de agradecimento à parti-cipação de um elevado número da população tanto na recepção como naquele comício. Tinha igualmente palavras de gratidão pelas orações

180

proferidas, considerando que elas ajudam a assegurar a realização de eleições num clima de paz e tranquilidade e num ambiente de festa. Agradeceu ainda as intervenções dos cidadãos, tendo usado esses elo-gios às realizações do quinquénio para voltar a escalpelizar o tema à volta do combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho. Ele afirmou, neste contexto, que as realizações que foram referidas são também obra da população de Malema porque durante a Presidência Aberta e Inclusiva, dizia o que queria e onde queria. Eram, numa pa-lavra, parceiros do Governo. Uma vez mais, o Presidente procurava incutir a auto-estima e despertar nos seus concidadãos que eles eram os obreiros dessas maravilhas que tinham mudado a vida em Malema.

Disse, depois, que votando em si e na FRELIMO juntos continuariam a lutar contra a pobreza

nós temos que sacudir a pobreza, afastar a pobreza, para muito longe de nós, com o nosso trabalho e com o nosso empenho, como um Povo. Sabem, a po-breza é teimosa, tenta resistir mas nós devemos afastá-la para muito bem longe do Povo Moçambicano, um Povo muito especial!

O Candidato disse ainda ser seu compromisso privilegiar o envolvi-mento dos cidadãos na governação, garantir a liberdade de associação e de expressão e o desenvolvimento de uma sociedade civil infor-mada, organizada e baseada em princípios patrióticos. Explicou ainda que o voto que ele e a FRELIMO pedem aos eleitores de Malema é para prosseguir com a governação aberta e participativa, tendo como vectores basilares a descentralização, a desconcentração e a respon-sabilização individual e colectiva na gestão do desenvolvimento social e económico do País, factores importantes na luta contra a pobreza e pela cultura de trabalho.

Comprometeu-se ainda a providenciar os 7 milhões dado que neste quinquénio aumentaram a possibilidade de mais moçambicanos entra-rem no sector formal da economia e participarem na sua dinamização e diversificação.

181

Reiterou o seu apelo para que as eleições sejam um momento de festa e tranquilidade, advertindo, porém, que

há-de haver provocações porque os provocadores são provocadores. Só gos-tam de confusão. Mas nós somos um Povo que quer a paz, que quer a tranqui-lidade, que quer a festa e o convívio. Somos um Povo que não quer confusão. Por isso, devemos trabalhar para que estas eleições continuem a ser pacíficas e a serem momentos de festa. No dia 28 de Outubro o voto deve ser como uma peneira que separa o bom do mau arroz.

O dia terminou com um encontro com os notáveis de Malema duran-te o qual, o Candidato saudou as lideranças locais pela sua capacidade de mobilização popular. Agradeceu também o contributo destes na manutenção do clima de tranquilidade e de festa que caracteriza a campanha eleitoral, apelando para que continuem a liderar as popula-ções para levarem a cabo um processo eleitoral livre de violência.

Em resposta ao pedido de conselhos do Candidato, os influentes de Malema apresentaram mensagens de agradecimento pelo cumprimen-to das promessas feitas na campanha de 2004. Reafirmaram que iriam levar as populações a continuarem a trabalhar pelo caminho da paz e para participarem, de forma massiva, nas eleições de 28 de Outubro. Ainda houve tempo para ironia: Daniel Balança, líder comunitário da área da Toma D’água, Bairro Acordos de Lusaka, declarou que iria fazer o seu melhor para a vitória do Candidato e da FRELIMO pois espera, depois, conhecer Maputo, facto que só pode acontecer quando estes se mantiverem no poder.

182

Décimo sétimo dia

1. Murrupula

As 8:30 horas, o hélio Presidencial aterrava na terra onde a 20 de Janeiro de 1943 o Presidente Guebuza via a luz do dia. Ali nascia um homem que teria uma infância e uma vida de uma criança igual a de muitas outras suas coetâneas. Mas Armando Emílio Guebuza seria di-ferente dos que não percebiam que a descolonização de Moçambique não começaria quando Portugal aceitasse reconhecer a independência como um direito inalienável dos moçambicanos. Para ele e para os outros nacionalistas a quem se juntaria, na clandestinidade e na fren-te do fogo libertador, a descolonização começaria muito antes desse acto, pois começaria quando o colonizado, como dizia o Presidente Mondlane, em relação à geração dos insurrectos, se dispõe “a lutar nos seus próprios termos, e não nos termos impostos pelo governo colonial” (1975: 129).

Nascia um homem igual aos outros mas diferente na forma como assume a liderança redentora do seu Povo, defendendo que a pobreza está na mente das pessoas, em primeiro lugar, devendo-se, por conse-guinte, levar os seus concidadãos a assumirem que este flagelo não é uma maldição divina. É este homem que tem estado a reiterar a toda Nação e ao Mundo que o direito dos moçambicanos de não serem pobres é também um direito que lhes é inalienável, como a indepen-dência nacional.

O Candidato aterra num campo de futebol vedado, dentro do qual, por limitação de espaço, apenas os notáveis locais tinham tido acesso. Com cada um deles interage para trocar mensagens de amizade, de carinho e, acima de tudo, de luta e de fé na vitória. Por isso, não é apenas de relatos que procura. É também da explicação dos fenóme-nos, uma forma de levar os seus interlocutores a apropriarem-se da mensagem de que a luta contra a pobreza tem nos moçambicanos os seus protagonistas.

183

Transposto o muro do campo, o Candidato reencontra-se com as centenas de moçambicanos que ali se encontravam para o saudar e dizer que como ele também estão dispostos a lutar contra a pobreza, com os seus próprios meios. Andando a pé por um corredor formado por crianças, jovens, homens e mulheres e idosos, o Candidato foi acenando para esses seus admiradores que, entretanto, se apinhavam e se acotovelavam para ter a melhor imagem dele na sua retina ou na foto tirada com o seu celular.

Os que tinham sido já cumprimentados procuravam uma nova opor-tunidade de re-encontro com o Candidato, mais à frente. Corriam e, no primeiro espaço que se revelasse, encaixavam-se, de novo, e por ele aguardavam. Com ele trocavam depois olhares, sorrisos e acenos que os irmanavam como os irmanava o discurso da libertação da pobreza. A procissão não se desviou quando o Candidato se desviou para a casa protocolar para fazer tempo. A procissão prosseguiu viagem para o local do comício.

Quando, de novo, o Candidato a eles se juntou houve uma nova ex-plosão de alegria ao ver o lídimo filho de Murrupula e de Moçambique a fazer campanha na terra que lhe viu nascer. Estas manifestações de alegria eram expressas através das canções, das danças e da forma de vestir e de estar das centenas de pessoas que tinham acorrido a este evento político.

Após as actividades culturais, que foram expressivas e com muito con-teúdo político, o Shehe Mustafa Invita, Delegado da Mesquita Central, e o Padre Paulino de Castro, da Igreja Católica, lideraram a parte re-ligiosa deste comício. Depois, vieram os depoimentos de Maria Dio-linda Nauaua que agradeceu as visitas frequentes do Candidato e da Camarada Maria da Luz Guebuza a Murrupula e a outros distritos. Apelou ao voto de todos pelo Candidato e pela FRELIMO porque seria vergonhoso que outros distritos votassem no filho da casa e no seu Distrito não obtivesse vitória. Por seu turno, Miguel Vasco enalte-ceu os feitos do filho da casa ao longo do quinquénio, com destaque para a alocação dos 7 milhões, a abertura de escolas, incluindo a escola agrária de Murrupula.

184

Na sua intervenção o Candidato começou por manifestar satisfação por estar de novo em Murrupula, ouvir as mensagens transmitidas pela população através das canções, depoimentos e orações. Referiu que tais mensagens reflectem confiança, certeza e reconhecimento de que muitas coisas foram feitas mas há ainda muito por fazer.

Como forma de incutir a apropriação, pela população, das realizações do Governo, o Candidato deixou claro que elas são fruto do contri-buto de todos. Faz, depois, referência às críticas e aos conselhos à governação, bem como aos pedidos feitos nos comícios como exem-plos concretos dessa contribuição. Esta é uma forma pedagógica de demonstrar que são os beneficiários do desenvolvimento que devem assumir o protagonismo na formulação dos objectivos e das metas da sua luta por um Moçambique melhor, bem como na monitoria da sua implementação por aqueles a quem, através do voto, deram a respon-sabilidade de lhes liderar.

É também neste prisma que deve ser entendida a sua decisão de con-tinuar a alocar os 7 milhões e proporcionar um papel de crescente destaque aos Conselhos Consultivos. Na verdade, ele encara os 7 mi-lhões como um dos múltiplos instrumentos que devem ser coloca-dos à disposição do Povo para este usá-los no desenvolvimento local. Reconhece que haverá erros, mas erros são uma oportunidade de aprendizagem, uma oportunidade de se fazer de novo a mesma coisa, mas com melhor experiência e informação.

Para o Chefe de Estado, a luta contra a pobreza e a cultura de trabalho devem ser levados a cabo em toda a Nação Moçambicana pelo que se impõe que também se garanta a consolidação da Soberania Nacional. Neste quadro, ele comprometeu-se a criar condições para o reforço das Forças de Defesa e Segurança, garantes da estabilidade do funcio-namento dos órgãos do Estado e responsáveis pela manutenção da lei, ordem e tranquilidade públicas.

Depois do comício, o Candidato presidiu a um encontro com as figu-ras influentes de Murrupula para quem tinha palavras de elogio e lou-vor pela forma pacífica e ordeira como a campanha estava a decorrer.

185

Ligou este ambiente de festa sem incidentes, ao empenho dos notáveis locais no uso correcto da sua ascendência e influência sobre a popu-lação. Exortou depois para a manutenção deste ambiente de tranquili-dade que não só orgulha Murrupula mas toda a Nação Moçambicana.

O Candidato apelou para que também usem a sua influência para levar os eleitores a depositarem o seu voto no dia 28 de Outubro. Ele enfa-tizou que não basta a declaração de apoio ao Candidato e à FRELIMO para estes automaticamente alcandorarem-se como os vencedores do pleito. É preciso que, primeiro, os eleitores assumam que o seu voto individual conta para o somatório geral. Em segundo lugar que devem priorizar a votação como a primeira coisa a fazerem nesse dia. Em terceiro lugar, ir, de facto, ao local, preencher bem os boletins de voto e depositarem-nos na urna.

Um dos primeiros a intervir foi o Régulo Wahala que recordou à au-diência as emoções que dele se apossaram quando, após a vitória do Presidente Guebuza, em 2004, ter sido convidado a visitar o Palácio da Ponta Vermelha. A sua satisfação redobrava-se então, por aquele Chefe de Estado ser filho de Murrupula. Adelaide Kotoma também falou no encontro para agradecer a reconstrução da sua casa pela família do Presidente Guebuza. Sente-se muito feliz e considera a família do Pre-sidente como tendo um coração bondoso.

De entre as prioridades que os influentes inscreveram para o pró-ximo quinquénio destaque vai para um médico cirurgião; a elevação do nível de ensino nas escolas do Distrito; e o aumento do hospital, com abertura de uma maternidade; apoio em cimento e chapas para a construção de uma Mesquita nos escombros da outra queimada pela RENAMO; a instalação de uma escola para ensino bilingue, português e árabe; a construção de uma ponte sobre o rio Mivuraco e o alarga-mento da estrada para Alto Ligonha e a abertura de um banco. Por fim, inscreveram a urbanização da Vila de Murrupula em resultado de uma experiência triste que tiveram: não foi possível socorrer vítimas de um incêndio que deflagrou num dos bairros, por dificuldade de acesso, derivado da construção desordenada.

186

187

188

189

2. Moma

Às 15:00 horas do dia 29 de Setembro de 2009, o Candidato ater-rava em Moma, num descampado, com a grande novidade de ser o primeiro onde se aterrava sem poeira, isto porque a humidade das terras fizera crescer uma relva que verdejava todo aquele local. Mas parte desta relva desaparecia por entre os pés da numerosa multidão que aguardava pelo Candidato, debaixo daquele sol abrasador e do ar húmido da costa do Índico.

Uma criança apôs-lhe uma coroa de flores, como acontecera nos ou-tros locais que já tinha escalado. Com este sinal de boas-vindas, o Candidato foi cumprimentando os notáveis de Moma e com cada um deles interagiu, numa relação de grande afectividade mútua.

Os grupos culturais também marcaram presença e o Candidato foi assistindo e aplaudindo a todos e a cada um deles. Eles emprestavam a sua criatividade artística ao ambiente já festivo e de muitas emoções. Dali a caravana seguiu para o centro da Vila. Era uma longa e colorida fila de peões, bicicletas, motorizadas e viaturas. Ao longo da rota, mais cidadãos iam engrossando a comitiva, trotando ou viajando em outros meios de transporte.

Das suas residências, os que não podiam largar os seus afazeres prio-ritários, como panelas no lume, acenavam, alegremente, expressando, deste modo, a sua simpatia e carinho para com o Candidato e a FRE-LIMO. Era como se estivessem a juntar-se ao coro da canção que diz “pelo bem do nosso Povo; pelo bem do nosso Moçambique; a FRELI-MO é a única escolha certa; vota Armando Emílio Guebuza, a força da mudança”.

A marcha foi lenta, criando as necessárias oportunidades para que mais admiradores seus tivessem uma imagem do Candidato renovada no seu arquivo imaginário. Apesar de ter visitado Moma, várias vezes, ou talvez por isso, o Candidato era aplaudido com muito entusiasmo, à

190

sua passagem, sinal de que era admirado, amado e tido como exemplo do líder que está e quer estar sempre com o seu Povo e com ele par-tilhar sucessos e socializar desafios e, sobretudo, a sua inexterminável fé num Futuro Melhor para Moçambique.

O local do comício, onde todo este mar de gente desaguou, estava muito cheio e até os ramos das árvores serviam de bancos para os jovens e para as crianças. No palco havia muita música e dança, tudo preparado para fazer uma festa memorável em honra do Candidato e da FRELIMO. O mestre de cerimónias, também entrava em cena, para agitar mais ainda, com os seus hoyes, o já eufórico público antes de anunciar o próximo número ou grupo cultural.

As orações vieram a seguir e foram proferidas pelo Imamo Hussene Mussa Haqui, da religião Muçulmana e por Cirilo João Martins, da Igre-ja Católica. A seguir às orações foram apresentados depoimentos pelo Shehe Alimo Ali Amisse e por Gracinda Eduardo. Estes depoimentos enalteceram as realizações do Governo liderado pelo Presidente Gue-buza como são os casos da elevação do ensino secundário até a 12ª classe, a chegada da energia de Cahora Bassa, a construção do Palácio da Justiça, a colocação de Centros de Saúde em todos os Postos Ad-ministrativos, a construção, em curso, do Hospital na sede do Distrito, a reposição da ponte sobre o rio Meluli, que liga os distritos de Moma e Angoche, a disponibilização dos 7 milhões e os investimentos nos empreendimentos de areias pesadas de Topuito e as minas de Chalaua que abrem oportunidades de emprego aos residentes do Distrito.

Seguiu-se, depois, a intervenção do Candidato num ambiente de gran-de interactividade com o eleitorado. Ele centrou a sua atenção na boa governação e na cultura de prestação de contas. Disse, a este respeito, que iria prosseguir com a Presidência Aberta e Inclusiva, mecanismo que muito contribuiu para que a sua figura se agigantasse e se alcan-dorasse, mais ainda, no imaginário do Povo Moçambicano. Reiterou que o Povo é convidado a fazer críticas à governação, a dar conselhos para que os governantes se sintam mais iluminados na implementação

191

da Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Sublinhou, depois, que os governantes devem ter sempre presente que o seu papel é servir o Povo, no melhor das suas capacidades, e dele devem abeirar-se para conselhos e para lhe fornecer os elementos para procederem à moni-toria da implementação dessa agenda.

Apelou a todos a fazerem-se às mesas da votação logo pela manhã e para fazerem a escolha certa, votando em si e na FRELIMO. Recordou que tanto ele como a FRELIMO tinham algo de comum: a maçaroca e o batuque.

Fez, depois, uma demonstração de como cada eleitor deve votar, usan-do, para o efeito, um simulador de boletim de voto. Recordou que na posse do boletim, cada eleitor deve procurar pela maçaroca e pelo batuque e apôr o seu sinal, com o dedo ou com a caneta, no quadrado onde se encontram estes símbolos: “e como todos gostam da maça-roca e do batuque mesmo aqueles que não são da FRELIMO podem votar na FRELIMO e no seu Candidato”, disse, arrancando prolonga-dos aplausos e risos de aquiescência.

Cerca das 17:00 horas teve lugar o encontro com personalidades in-fluentes de Moma. Neste encontro o Candidato agradeceu o papel dos presentes na mobilização da população para participar na recep-ção da visita e no comício, bem como no envolvimento da população no combate contra a pobreza. Saudou também o papel das lideranças locais na criação e manutenção do ambiente de festa que se vive du-rante a campanha eleitoral apelando para que continuem a trabalhar neste sentido, evitando a ocorrência da violência. Na mesma ocasião chamou atenção aos influentes para o perigo representado pela men-sagem de que as eleições já estão ganhas. A este respeito, apelou aos notáveis a trabalhem no sentido de mobilizar os eleitores para irem todos votar.

Os intervenientes saudaram as realizações do Governo em Moma e, em particular, a Presidência Aberta e Inclusiva, a paciência de que o

192

Chefe de Estado manifesta para auscultar a população e a alocação dos 7 milhões. Saudaram ainda, a forma didáctica, clara e directa como o Chefe de Estado se dirige ao eleitorado, sem nada preconcebido, sempre disposto a aprender.

Em termos de prioridades para o próximo quinquénio, apontaram a proibição de partidos políticos de deterem armas; a visita ao Posto Administrativo de Larde, pois desde a independência aquele Posto nunca recebeu uma visita presidencial e a população “está a chorar”. Inscreveram ainda uma escola secundária para Chalaua; a resolução do problema de água em Moma; a instalação de uma instituição de forma-ção profissional; o combate à corrupção no sector de recrutamento no sector público e o apoio aos desmobilizados.

Depois de agradecer os comentários e as diferentes contribuições o Chefe de Estado concentrou-se no pedido para visitar Larde. Dis-se que tinha já um programa de campanha concebido que não inclui aquele Posto Administrativo e que não pode ser mexido nesta fase. Agradeceu que tanto o Régulo de Nathere como a sua população compreendessem a situação em que se encontrava. Prometeu, porém, que o pedido seria satisfeito no âmbito da Presidência Aberta e Inclu-siva, do próximo quinquénio.

193

194

195

Décimo oitavo dia

1. Nametil

Moma tivera a sorte de acolher a pernoita do Candidato cuja agenda só comportaria o pequeno-almoço porque era tempo de partir, logo pela manhã, do dia 30 de Setembro de 2009, para Nametil, a Sede do Distrito de Mogovolas. A viagem duraria cerca de 45 minutos.

Às 8:45, o Candidato testemunhava a popularidade e o amor que por ele nutre a população de Nametil. À sua chegada, foi lhe dispensa uma recepção muito calorosa e colorida e que se prolongou por cerca de meia hora. Eram às centenas os homens e as mulheres que davam expressão à moldura humana que não quis perder a oportunidade de dar as boas-vindas àquele que, com serenidade, dava mostras de ter uma missão a cumprir e que estava a cumpri-la, com paixão, res-ponsabilidade e abnegação. Esta era a missão enunciada por Eduardo Chivambo Mondlane de que a libertação da Pátria Moçambicana é um processo que não termina com o hastear da bandeira nacional, porque se prolonga na libertação do homem moçambicano da pobreza e das suas mais variadas manifestações.

Na saudação aos notáveis e às outras personalidades e aos grupos culturais, o Presidente Guebuza ia tecendo relações de amizade e sim-patia ou reforçando-as. Ia irradiando o poder das suas convicções, a sua satisfação por estar entre o seu Povo, um Povo que com ele tem estado desde os tempos épicos da luta de libertação nacional. Dele dimanava a imagem de um Estadista de espírito aberto, comprometi-do com a causa do seu Povo e apostado no cumprimento integral da missão redentora, pela qual o Presidente Eduardo Mondlane, de quem foi fiel discípulo, também se devotou até à total doação de si mesmo, a 3 de Fevereiro de 1969.

No local do comício, localizado a escassos metros do campo de fu-tebol que fora promovido a aeródromo, o ambiente era de muita

196

festa à sombra de frondosas mangueiras. Os ramos dessas manguei-ras transformaram-se em cadeiras adicionais que seriam usados por jovens que, dispensando os seus lugares aos mais velhos, se tinham pendurado nas árvores de onde poderiam acompanhar o desenrolar do comício. Os apelos do mestre de cerimónia para o perigo que os jovens corriam, não os demoveu das suas improvisadas “cadeias”, nos ramos dessas mangueiras.

Quando foi anunciada a chegada do Candidato, todos saudaram-no de pé. No mesmo instante o Disc Jockey põe no ar o Hino da Cam-panha.

Quando o sol aquece a terra; ninguém pode parar; é como a força de um rio; quando desce para o mar; eu sinto essa força; no olhar de uma criança; ela está dentro de ti; é a Força da Mudança; é aquilo que tu vês; é o que a gente fez; a FRELIMO é que fez; a FRELIMO é que faz; todos numa voz; a cantar esta vitória; que é já de todos nós; no futuro e na memória; levanta a tua mão; vamos juntos nesta dança; Moçambique para a frente; é a Força da Mudança.

Seguiram-se, depois, as actuações dos grupos culturais que agitaram ainda mais o ambiente festivo e comoveram os presentes. Seguiram-se as orações. O primeiro a usar da palavra foi o Shehe Mohammad Abdurahimane, da religião muçulmana. Este foi seguido por Santos Muahinto, da Igreja Católica. O acompanhamento solene foi nota do-minante. O proselitismo religioso do passado colonial foi sucedido pelo ecumenismo e pela convivência entre, não só as religiões como também, e sobretudo, os crentes. Neste comício pareciam estar tão à-vontade no acompanhamento de uma e da outra oração.

Quando chegou a vez dos testemunhos dos cidadãos, um líder religio-so muçulmano, o Sheik Momade Abubacar, Conselheiro da Mesquita de Nametil, que no passado integrou as hostes da RENAMO, não se conteve nas suas emoções, classificando o Candidato de líder visio-nário desejando, em nome dos eleitores daquele distrito, muitos mais mandatos ao Presidente Guebuza.

197

A população de Nametil deve saber uma coisa importante. Quando o actual Presidente da República visitou o Distrito de Nametil encontrou a popula-ção enfrentando uma grave crise alimentar. Apercebendo-se do sofrimento das pessoas ele enviou víveres para aliviar o sofrimento porque passávamos e 7 milhões para sermos nós próprios a produzir a nossa própria comida. Ele é um autêntico profeta José. Peço ao Senhor do céu e da terra para que dê mais vida e que ele governe não só por mais cinco anos mas sim por 15 anos.

Mas também nós temos que trabalhar e empenharmo-nos na agricultu-ra, no comércio para lograrmos sucessos nesta luta contra a pobreza. No tempo colonial eu não tinha acesso às escolas secundárias. Hoje, temos aqui em Mogovolas escolas até ao nível da 12ª classe, temos energia de Cahora Bassa, temos água potável canalizada. O que pedi-mos é que proximamente se asfalte as nossas estradas em Nametil.

Momade Abubacar foi longamente aplaudido pelas centenas de pes-soas que afluíram ao comício. Era um sinal evidente que falava em seu nome e que as questões que colocava eram por todos partilhadas.

Tão abrangente parece ter sido a sua intervenção que Luísa Nampene, que falou de seguida, apenas apresentou uma questão a ser conside-rada no próximo quinquénio: a elevação de Nametil à categoria de município, proposta acolhida com prolongados aplausos.Na sua intervenção, o Chefe de Estado prestou particular atenção ao combate contra a pobreza e à promoção da cultura de trabalho.

Nesta marcha pelo combate à pobreza nós implantámos escolas e hospitais onde não havia; colocámos água onde não tínhamos; levámos a energia de Cahora Bassa onde não havia luz. Nesta longa marcha também gerámos postos de trabalho onde não havia. Nesta marcha demos mais poder ao Povo que nos está a ajudar e a ensinar. Por exemplo, através dos 7 milhões o Povo diz o que quer e apoia o Governo no programa de combate contra a pobreza. É por isso que viemos aqui, a Nametil, pedir a toda a população de Mogovolas o vosso voto para darmos continuidade a todo o trabalho que estamos a realizar, o trabalho de luta contra a pobreza.

198

De seguida, o Candidato dedicou tempo à educação cívica do eleito-rado. A sua atenção esteve virada ao desencorajamento à abstenção e, por conseguinte, para a necessidade de todos votarem e para votarem na FRELIMO e no seu Candidato.

Nós ainda não ganhámos. Para ganhar é preciso votarmos. Nada acontecerá se nós não votarmos, se nós não depositarmos o nosso voto nas urnas. O voto é como um casamento. Se a pessoa escolhe mal o homem ou a mulher com quem se vai casar quem sofre?

A resposta da sua sempre atenta audiência foi, em uníssono: “Sofre aquele que fez uma má escolha”. Perante esta resposta, o Candidato disse ser importante que os eleitores façam a sua escolha com res-ponsabilidade pois estão a usar o seu direito cívico para determinar o futuro da Nação Moçambicana.

199

2. Mazua

Os ponteiros do relógio indicavam 14:00 horas, do dia 30 de Setem-bro de 2009, quando o Candidato aterrava em terras de Memba, pre-cisamente no Posto Administrativo de Mazua. No local da aterragem muita gente estava à espera daquele que no seu discurso tem lançado um emotivo chamamento à auto-estima, à esperança e à fé no devir de um Moçambique próspero, sempre unido, em paz e com crescente prestígio na comunidade das nações.

O Candidato percorreria a pé a distância entre o local da aterragem e o local do comício, com uma breve passagem pela casa protocolar. Esta foi uma grande oportunidade para que mais admiradores seus, aqueles que dele só ouvem falar, e falar bem, dele se pudessem abeirar. Era uma oportunidade de com ele trocar sorrisos e admirar o homem que sendo igual aos outros homens supera-os nas suas qualidades hu-manas, políticas e de liderança.

Após a apresentação de animadas actividades culturais foram proferi-das orações por um grupo de representantes da religião muçulmana liderado pelo Shehe Juma António Nassifo e por um grupo de repre-sentantes da Igreja Católica liderado pelo ancião Paulo Mebile.

Em seguida os cidadãos Juliana Tomás e Mazulia Namoro apresentaram os seus depoimentos destacando a evolução dos sectores da saúde, da educação, do abastecimento de água, pela disponibilidade destes serviços em todo o Distrito. Os 7 milhões mereceram os mais altos elogios pelos resultados que trouxeram: produção de mais comida e mais postos de trabalho e a introdução de moageiras. Demonstrando sintonia com os desenvolvimentos a nível da Nação, também sauda-ram a reversão de Cahora Bassa e a construção da ponte Armando Emílio Guebuza, sobre o Rio Zambeze.

Como projectos futuros apontaram a necessidade de construção da ponte sobre o Rio Curumba, a ligação da Sede do Posto Administra-

200

tivo de Mazua à energia de Cahora Bassa, bem como a expansão do sinal da telefonia móvel e da Televisão de Moçambique para além da construção de uma escola secundária.

Na sua intervenção, o Candidato centrou a sua atenção na FRELI-MO como o mecanismo para o combate à pobreza e para a promoção da cultura de trabalho em Moçambique. Neste contexto, demonstrou como a FRELIMO foi um passo importante para unir os moçambica-nos para lutarem e vencerem o colonialismo. A unidade no propósito esteve também por detrás do sucesso para o alcance da paz e para o progresso que a Nação Moçambicana tem estado a alcançar. Por isso, o que pedia ao eleitorado era o voto de continuidade para a FRELIMO “o Partido que está a fazer mudanças, o Partido que está juntamen-te com o Povo a combater a pobreza e a gerar o desenvolvimento nacional”. Na sua intervenção o Candidato voltou a lançar um apelo vigoroso para que todos os eleitores afluíssem às urnas no dia 28 de Outubro. Falou da intransmissibilidade do direito de votar e do carác-ter presencial do acto.

Depois deste evento político, a caravana eleitoral do Candidato seguiu, via terrestre, para a sede distrital de Memba. Ao longo do percurso era notório observar-se jovens caminhando com a bandeira da FRELIMO ou com o cartaz do Candidato. Nas casas também se viam cartazes colados nas paredes maticadas de areia vermelha, portas e janelas. Esta era mais uma evidência de que a campanha eleitoral da FRELIMO e do seu Candidato eram omnipresentes e atraíam moçambicanos de todos os extractos sociais.

201

202

203

3. Memba

Um mar de gente concentrou-se à entrada da Vila para receber, por volta das 16:30 horas deste 30 de Setembro de 2009, o Candidato, com dezenas de motociclistas a assumirem a dianteira da sua escol-ta até à residência protocolar. São motorizadas pessoais adquiridas, maioritariamente, com os recursos gerados a partir dos 7 milhões. Cada um dos motociclistas não só se encarregava dos custos do seu combustível como também assumia, sozinho, os riscos de acidente, entre outros - só faz isto quem se compenetra de que está a trabalhar para si próprio, para o seu próprio bem e para o bem dos seus filhos.

A alegria transbordante e o entusiasmo inebriante contagiavam mesmo aqueles que se encontravam em suas casas, preocupados com outros afazeres. Eles faziam-se à estrada para cumprimentar o homem que, com os 7 milhões operou transformações estruturais na economia rural. Alguns deixam-se embalar pelas incontidas emoções que a ca-ravana ia irradiando à sua passagem. A ela se juntavam, engrossando-a, dando-lhe mais vida ainda.

Antes de terminar o dia político, o Candidato reuniu-se com as figuras influentes de Memba. Nota de registo é que, uma vez mais, o Chefe de Estado demonstrou o seu respeito pela Lei, mandando alterar o local deste encontro, que era uma escola primária, para a Sede da FRELIMO. Foi assim necessário reorganizar toda a logística, o som, engalanar a sala e criar outras condições para que os notáveis estivessem confor-tavelmente acomodados.

No encontro com as personalidades influentes de Memba o Candidato começou por agradecer a contribuição destes na mobilização da po-pulação para a colaboração com o Governo na luta contra a pobreza. Elogiou a forma como tinha sido recebido e o ambiente de festa que tem caracterizado a campanha eleitoral. Exortou as lideranças locais a manterem este ambiente de festa, de convívio e de tranquilidade.

204

Os intervenientes neste encontro agradeceram a oportunidade de contacto com o Candidato no âmbito da Presidência Aberta e Inclu-siva, bem como as realizações do quinquénio, com impacto nas suas vidas: a instalação de uma rádio comunitária; a construção de uma escola secundária; a afectação de um médico e a ligação à energia de Cahora Bassa. Para demonstrar como também a nível individual se registam mudanças, apontaram a aquisição, por cidadãos singulares, de motorizadas que ascendem a 300 unidades.

Em relação a projectos futuros apontaram a necessidade de constru-ção de uma unidade sanitária e de uma escola em Canleia, o aumento de fontes de água, bem como a alocação de viaturas para os chefes de Postos de Mazua.

As questões legais que teriam levado à alteração do local do encontro com os influentes colocavam-se no dia seguinte, 1 de Outubro de 2009, pois também o comício do dia estava organizado para o recinto da mesma escola. Assim, já na noite do dia anterior se decidira mandar vir um camião-plataforma de Nampula. A sua chegada tardia afectou a hora de início do comício mas em nada carcomeu o entusiasmo e a expectativa da população local que para ali acorrera, voluntariamente, para ouvir a mensagem redentora do Candidato.

Quando o evento teve lugar, o Candidato e a sua comitiva estiveram expostos ao calor daquela manhã num camião-plataforma sem qual-quer tipo de sombra. Assim, o Candidato dava exemplo não só do im-perativo das questões legais mas também do facto de que as condições atmosféricas não devem impedir o prosseguimento de programas.

Depois da actuação dos grupos culturais, numa outra plataforma, que também se remexia com as danças, seguiram-se as orações que foram proferidas pelo Shehe Juma Buanali, da Mesquita Central e pelo Ancião Alberto Ali, da Igreja Católica.

Após a apresentação das orações seguiram-se os depoimentos dos cidadãos Habiba Cássimo e Omar Mecupa que destacaram a reversão

205

de Cahora Bassa e a ligação do Distrito a essa rede; o abastecimento de água; a construção de escolas primárias com a distribuição do livro gratuito e de uma secundária; a expansão do sinal da telefonia móvel e da Televisão de Moçambique. Mais importante ainda, os intervenientes destacaram que os 7 milhões já mudaram a imagem que o país tinha de Memba, um distrito de fome: hoje Memba clama por locais para colocar os seus excedentes.

O Candidato garantiu que Memba continuaria a merecer a atenção do Governo. Como um insigne “Fazedor de Utopias”, se podemos parafrasear o título da biografia de Amílcar Cabral, do escritor ango-lano António Tomás, o Candidato reiterava e infundia a sua fé no fim da pobreza em Moçambique. Nesta intervenção demonstrava que os avanços que estão sendo reconhecidos e aplaudidos pela população são uma realidade de que a própria população é obreira. Sem rodeios, declarou, contudo, que a luta contra a pobreza é um longo e difícil ca-minho que os moçambicanos têm que trilhar rumo ao seu bem-estar.

Para ele, um dos instrumentos ao dispôr dos moçambicanos na luta contra a pobreza é o ensino profissional. Falou da expansão deste tipo de ensino para abarcar mais cidadãos e, deste modo, capacitá-los para fazerem melhor uso dos recursos de que Moçambique dispõe. Ainda no quadro da sua dissertação sobre a luta contra a pobreza, o Chefe de Estado reafirmou a sua certeza de que este flagelo vai ser vencido em Moçambique. Indicou como algumas das suas premissas as seguin-tes: dispõem de terra rica e água; os moçambicanos estão engajados no aumento da produção; são um Povo trabalhador; não são parasitas que querem viver de mão estendida, alimentando-se de pedidos dos parceiros; têm consciência de que os parceiros que concedem ajuda também a conseguem a partir do trabalho.

Explicou que ao pedir votos, a FRELIMO pretende prosseguir com o seu programa de luta contra a pobreza. Trata-se de um programa que tem como uma das suas manifestações a extensão da rede escolar e sanitária; a expansão da rede da energia de Cahora Bassa e a continu-ação da alocação dos 7 milhões aos distritos.

206

Décimo nono dia

1. Nacala-Porto A FRELIMO demonstrou, uma vez mais, que é um partido com experi-ência de mais de quatro décadas de mobilização e organização da po-pulação para causas nobres, quando o Candidato escalou, no dia 1 de Outubro, a Cidade de Nacala-Porto, ido de Memba, via terrestre. De forma reiterada, era aqui feito eco ao alerta do músico Roberto Chit-sondzo de que no dia 28 de Outubro os outros partidos e candidatos não hão-de ver o jogo. Vão ser cilindrados com um KO da FRELIMO e do Presidente Guebuza.

A máquina para a sua recepção estava montada desde Nacala-a-Velha. Aqui centenas de pessoas brindaram o Candidato com uma recepção cheia de carinho. Mas o ambiente transbordante aconteceu no ponto de entrada de Nacala-Porto, onde mais de 500 motorizadas, cerca de mil bicicletas e centenas de viaturas de todos os estilos e cores se fizeram à rua para acompanhar o Presidente Guebuza até ao centro da Cidade.

A moldura humana foi aumentando à medida que pequenos grupos que aguardavam a caravana nas bermas ao longo da via principal, iam-se juntando ao cortejo, num desfile que parou por bons instantes aquela cidade costeira. Todos davam, eufóricos, vivas a Guebuza e à FRELIMO. Os jovens, esses produziam muito ruído, ruído de apitos e cornetas, instrumentos de som que tornaram mais ruidosa a festa vermelha.

Do alto da viatura onde se encontrava, o Candidato ia cumprimen-tando a multidão eufórica que claramente integrava mais do que as cores da maçaroca e do batuque para se fundir na representação de um Povo que se mantém fiel ao guia mais esclarecido e de convicções firmes. Mesmo os que pareciam estar ocupados com outros afazeres não resistiram ao chamamento do seu sentido patriótico e de moçam-bicanidade para, pelo menos, momentaneamente, se curvarem perante

207

aquele que o músico MCRoger chamou de “Patrão”. Esta pareceu ser a maior enchente na recepção do Candidato.

O mesmo cenário se repetia no local do comício. Aqui, em delírio total, os amigos da maçaroca e do batuque abarrotaram o recinto do comício, onde bandas musicais de referência, encarregaram-se de fazer a festa, com pompa, e de transmitir mensagens de satisfação e de mo-bilização dos eleitores a favor da FRELIMO e do seu Candidato. Alguns dos participantes neste evento político tinham estado no desfile de recepção do Candidato e juntavam-se aos que já se encontravam no local.

Este comício contou com a oração do Pastor Kennedy e do Shehe Hussene Cabo que também ofereceu ao Candidato uma Nleya – traje típico dos muçulmanos - e um cofió. Depois, Joana Ibrahimo apre-sentou o seu testemunho das realizações do Governo, destacando o abastecimento de água, o ensino primário gratuito, a instalação de qua-tro instituições de ensino superior e quatro escolas secundárias e uma de formação profissional no Distrito, a transformação da Base Aérea em Aeroporto e o melhoramento dos serviços do Porto de Nacala. Esta cidadã pediu ainda uma visita do Candidato, após as eleições, para festejar a vitória com a população de Nacala.

Depois falou Carlos Salimo, um cidadão que, segundo viemos a saber, foi uma das figuras influentes da RENAMO:

A situação da água deixou de ser um quebra-cabeças para a população de Na-cala Porto. Os bairros já beneficiam de energia eléctrica e existem projectos para a extensão da energia para outros bairros. A população de Nacala estava presa e de castigo. Essas realizações que nós hoje estamos a ver são graças à FRELIMO e à liderança do Presidente Armando Emílio Guebuza. No dia 28 de Outubro vamos em massa às urnas para votar na FRELIMO e no Presidente Armando Emílio Guebuza.

Pediu, particularmente, à comunidade muçulmana para que afluísse às mesas de votação para votar no Candidato e no Partido certos.

208

Esta declaração foi feita dois dias após o líder da RENAMO, Afon-so Dhlakama, ter manifestado publicamente o seu descontentamento pela simpatia que os muçulmanos têm vindo a demonstrar para com a FRELIMO e o seu Candidato.

O dia fecharia com um encontro com os notáveis de Nacala Porto. Ao iniciar este encontro o Candidato agradeceu o contacto com as personalidades influentes, aqueles a quem a população procura quan-do pretende resolver problemas e quando se quer deixar aconselhar. O Presidente da República também reservou um elogio especial aos influentes de Nacala Porto, pela grande capacidade de mobilização da população que, com muito entusiasmo, participou na sua recepção e no comício.

O Candidato saudou ainda o ambiente de tranquilidade que tem ca-racterizado o curso actual da campanha apelando aos líderes para trabalharem no sentido de preservar este ambiente. Apelou também para que os líderes mobilizem os eleitores a irem votar, evitando a abstenção que poderá ser motivada pelo discurso de que as eleições já estão ganhas.

Nas suas intervenções, os participantes, agradeceram o apoio do Governo no desenvolvimento de Nacala, assinalando o aumento de escolas; a instalação de universidades e a liberalização do mercado do cimento. Agradeceram ainda a atribuição de uniforme aos líderes comunitários; o reconhecimento dos pastores, que já são convidados para as grandes cerimónias, e a promoção da mulher. Manifestaram especial satisfação pelo abastecimento de água à Cidade de Nacala-Porto.

209

210

211

212

213

Vigésimo dia

1. 3 de Fevereiro Nacala-Porto fora o local da pernoita. Pela manhã do dia 2 de Outu-bro de 2009, o Presidente Guebuza leva a sua campanha ao Círculo Eleitoral de Maputo-Província. Não havendo, naquele Círculo Eleitoral um Aeroporto para aviões deste porte, teve que aterrar no Aeropor-to Internacional de Mavalane, na capital do país. Porém, o Comité da Cidade da FRELIMO embora entendesse que não era ainda a sua vez de acolher o Candidato, mobilizou-se para lhe saudar, aproveitando essa curta escala.

Foram às centenas as pessoas que acorreram ao Aeroporto para cum-primentar aquele que dedica uma atenção especial aos outros, talvez mais do que a si próprio. Muitos jovens, adultos e idosos transforma-ram o recinto do Aeroporto num palco onde desfilaram vários grupos de canto e dança. Ainda não era a vez da Cidade de Maputo mas esta tinha dado um cheirinho daquilo que o Candidato poderia esperar nos próximos dias.

Depois de saudar a população, o Candidato seguiu viagem, de helicóp-tero, para o Posto Administrativo 3 de Fevereiro, no Distrito da Ma-nhiça. Aqui foi recebido por Verónica Macamo, Membro da Comissão Política e Chefe da Brigada Central, Vasco Tembe, Primeiro Secretário do Comité Provincial e Chefe do Gabinete Provincial de Eleições e Telmina Pereira, Governadora da Província e Chefe-Adjunta do Gabi-nete Provincial de Eleições.

Depois, o Candidato assistiu à Ku Phahla, cerimónia de evocação dos espíritos dos antepassados, dirigida por Elisa David Timana, Nkosazana Nwadavida, em representação da família do Régulo. De seguida, o Can-didato subiu à tribuna para, primeiro, assistir às exibições de grupos culturais e artistas, alguns dos quais de renome. Importa aqui referir

214

que, contrariamente ao que a FRELIMO fez nas campanhas anteriores, em que fez desfilar os artistas das velhas glórias nos discos compac-tos da campanha, nesta privilegiou os jovens da nova vaga de artistas, mantendo um e outro para garantir a aplicação do seu princípio de renovação na continuidade.

De igual modo, os voluntários que davam apoio ao Protocolo e os guias que foram estacionados nas residências que seriam usadas pela delegação do Candidato, bem como a maioria dos integrantes dos desfiles eram jovens. Mesmo nos próprios eventos políticos do Can-didato os jovens estavam, inegavelmente, em maioria.

Depois da parte cultural, seguiu-se a parte religiosa. Aqui, a oração foi dirigida pela Pastora Marta Mahatche, da Igreja de Deus em Moçam-bique. Após esta oração, seguiram-se os depoimentos dos cidadãos António Timane e Maria Mundlovo que agradeceram as realizações do Governo a nível do Distrito, destacando a assistência social aos idosos, com menção especial para a pensão de alimentos; o aumento de salas de aula; a abertura de uma escola de formação profissional no Alvor; a alocação de material didáctico de distribuição gratuita; a abertura de mais fontes de água no Distrito e a canalização de água no Posto Administrativo 3 de Fevereiro.

Intervindo, o Candidato centrou a sua mensagem na consolidação da Unidade Nacional, da Paz e da democracia. Deu maior ênfase à cultura de paz:

Não respondam às provocações que vos serão feitas ao longo de todo o pro-cesso que conduzirá o País às eleições de 28 de Outubro de 2009. A campanha eleitoral é uma luta porque envolve a competição pelo voto. Mas também é e deve ser um momento de festa. Podemos discordar uns com os outros, mas não podemos perder de vista que estamos num momento de festa. Por isso é que devemos manter esta festa até depois das eleições do dia 28. Não liguem às provocações de pessoas que vão aparecer a falar sozinhas. Esses que falam sozi-nhos talvez estejam doentes. O que nós queremos é que esta festa vá avante.

215

Intercalando o português e o ronga, o Candidato explicou as razões que lhe autorizam a apelar os moçambicanos para votarem em si e na FRELIMO. Demonstrou como a FRELIMO está em condições de viabilizar os seus cinco pilares e através deles catapultar o País para novos patamares de desenvolvimento. Por isso, advertiu os eleitores a fazerem uma escolha responsável e consciente para não se arrepende-rem nem terem remorsos no futuro. “A vossa convicção mostra que vamos ganhar, mas sem votarem não vamos ganhar. Todos aqueles que têm 18 anos e têm o cartão de eleitor devem acordar muito cedo e ir às urnas votar”.

216

217

218

219

2. Zintava

Depois da aterragem na localidade de Zintava, em Marracuene, neste dia 2 de Outubro de 2009, o Candidato testemunhou a admiração e a simpatia de que goza no seio dos seus compatriotas, também nesta parcela de Moçambique. Não era sem razão: ele era o Estadista que irradiava uma fé indestrutível no fim vitorioso da luta do Povo moçam-bicano contra a pobreza.

Em sua honra, grupos de mulheres e de jovens formaram um corredor ao longo do qual o Candidato ia caminhando e ouvindo as canções que lhe tinham preparado, especialmente, para esta campanha. Ele ia correspondendo com um sorriso afável e carinhoso, juntando também palmas ligeiras em sinal de saudação e encorajamento do grupo a con-tinuar a participar na promoção da cultura moçambicana.

O comício preencheu a próxima parte do programa. Aqui, uma vez mais, os grupos culturais e a música ligeira entrelaçaram-se para brin-dar este público com as suas criações artísticas, muitas delas prepara-das com o fito de animar e deixar memorável a campanha do Candi-dato e da FRELIMO.

Após estas exibições artísticas, seguiu-se a oração proferida por Do-mingos Tobias Pondja, da Igreja Presbiteriana de Moçambique. Depois, vieram as intervenções dos cidadãos. O primeiro, Carlitos Changule, disse:

Nós em Marracuene já beneficiamos da energia de Cahora Bassa, já temos aviários e projectos agrícolas resultantes dos sete milhões de meticais, a rede de transportes melhorou com autocarros dos Transportes Públicos de Maputo que ligam a capital e o nosso distrito, beneficiamos também de uma automo-tora que minorou a crise de transporte que enfrentávamos. Nós vamos votar em si e na FRELIMO porque temos a certeza de que no próximo mandato as nossas estradas serão asfaltadas e a rede sanitária será estendida.

220

A outra interveniente, Virgínia Ngoenha, disse que o voto em Marra-cuene vai ser para o Candidato e para a FRELIMO

porque nós sabemos que no próximo mandato o Governo vai pensar em edifi-car uma escola do ensino superior aqui em Marracuene. As nossas crianças são hoje forçadas a percorrer longas distâncias para Maputo, para terem acesso às universidades.

Na sua intervenção, o Candidato deu destaque ao combate à pobreza e à promoção da cultura de trabalho. Neste quadro, prometeu continuar a apostar na edificação de mais infra-estruturais sociais e económicas tendentes a melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Para o Can-didato,

os moçambicanos têm força, inteligência e estão determinados a acabar com a pobreza, com o seu trabalho, continuando juntos. Vai chegar o dia em que todos teremos energia nas nossas casas; teremos, todos, calçado, escolas e outras mais coisas, símbolos de prosperidade. Mas precisamos de trabalhar. De suar. De persistir. Temos feito isso. Podemos continuar a fazê-lo.

Depois do comício seguiu-se o encontro com as personalidades in-fluentes de Marracuene a quem agradeceu pelo seu trabalho na ma-nutenção do ambiente de tranquilidade, livre da violência ao longo da campanha eleitoral em curso. Apelou, depois, para garantirem que este ambiente caracterize todo o processo de campanha e de votação, no próximo dia 28 de Outubro.

De seguida, alertou para o impacto negativo que pode ter o discurso de vitória antecipada. Referiu-se à abstenção, pois, alguns eleitores po-dem priorizar outras actividades no dia 28 Outubro, não indo votar, pensando que o seu voto não faria nenhuma diferença. Orientou para que em vez deste discurso se privilegiasse um outro que motive os eleitores a irem votar e a votar cedo. Partilhou, contudo, o seu opti-mismo de que as condições políticas são favoráveis para uma vitória retumbante e convincente, para si e para a FRELIMO.

221

Passou depois a palavra aos notáveis de Marracuene. Estes defende-ram que o discurso de vitória antecipada baseia-se nas realizações do quinquénio que são visíveis e com impacto na vida das pessoas. Dique Mabjaia, líder comunitário de Matalana, referiu-se ao contacto directo entre o Presidente e o seu Governo com as lideranças locais para, em conjunto, analisarem se o rumo traçado é o que está a ser seguido ou não: “somos o camarão que sabe nadar e, por isso, a onda não nos pode levar”, uma referência implícita às promessas pouco fundadas dos partidos concorrentes às eleições do dia 28 de Outubro.

Concordando com o Candidato e com o interveniente que lhe ante-cedeu, Carlos Macaneta, da Localidade Macaneta, apelou aos líderes comunitários para mobilizarem a população para ir votar mas já com a segurança de terem vencido no pleito. Falou dos avanços que os 7 milhões provocaram em Marracuene e disse que, para ele, a grande importância do voto reside no facto de legitimar a vitória da FRELIMO não só perante os moçambicanos mas também perante os parceiros de Moçambique na arena internacional, alguns dos quais estarão como observadores do processo.

Como expressão do seu compromisso com a Unidade Nacional e a valorização de todo o espaço do território nacional, o Candidato, aterrara em Maputo e dali rumara para o Posto Administrativo 3 de Fevereiro, na Manhiça. Apesar de ter passado mais de 20 dias fora de casa, o Candidato programou passar a noite em Marracuene, a cerca de 30 minutos da capital!

222

Vigésimo primeiro dia

1. Ressano Garcia

Às 8:30 do dia 3 de Outubro de 2009, o Candidato aterrava na Vila fronteiriça de Ressano Garcia, onde o aguardava um mar de gente que para ali afluíra da sede distrital de Moamba, de Sábie e de Pessene. Era gente de todas as idades que não estava ali para constar de listas de elegíveis para cargos públicos, mas trazendo a sua determinação e prontidão de com o Chefe de Estado lutarem para quebrar as grilhe-tas que lhes mantêm na pobreza, na miséria, na incerteza de onde ir buscar a próxima refeição.

Deste local, e depois de uma curta paragem na residência protocolar, o encontro com o Candidato seria na zona que fora preparada para acolher o comício de campanha. Houve muita música e dança, enfim, um ambiente de verdadeira festa. Os grupos corais, os artistas emer-gentes e consagrados juntaram-se para mostrar que Ressano Garcia também sabe, como o resto da Nação Moçambicana, bem acolher.

Seguiram-se depois as orações proferidas pelo Pastor Elias Mathevule, da Igreja Velhos Apóstolos, por Manuel Bié, Superintendente Conse-lheiro Presidente da Comissão das Igrejas e por Shehe Jamal Liasse, da religião Muçulmana.

Gervásio dos Santos, um jovem muito dinâmico, interveio e desta-cou as realizações do Governo ao longo do mandato, enumerando o melhoramento da linha férrea que liga Ressano Garcia à Cidade do Maputo. Disse também que o Candidato apostou na juventude ao dis-ponibilizar os 7 milhões para os distritos, destinados para a produção de mais comida e geração de mais postos de trabalho. Inscreveu, de-pois, para o próximo quinquénio, o prosseguimento deste fundo. Por sua vez, Zulmira Matsinhe apelou à população para que no dia 28 de Outubro votasse em Guebuza e na FRELIMO “porque a água que não

223

chega para nós todos é uma inquietação que vamos resolver com o Presidente Guebuza, porque ele já deu provas de que está preocupado com os nossos problemas”.

Neste encontro popular, o Candidato, um político circunspecto, es-tadista cosmopolita e intelectual de uma sabedoria despretensiosa, voltou a escalpelizar o combate à pobreza e promoção da cultura de tra-balho. Explicou que apesar das realizações que foram apontadas ele e a FRELIMO têm plena consciência de que o combate contra a pobreza ainda não chegou ao fim. “Nós estamos numa auto-estrada. Viemos de longe, donde a pobreza era dominante. Lográmos alguns resultados mas ainda vamos para longe. De onde nós viemos não tínhamos nada senão a confiança, e de onde nós viemos fomos encontrando obstá-culos”.

Sempre pedagógico, ele sublinhou que

Quando construímos um hospital estamos a reduzir a pobreza; quando am-pliamos o hospital estamos a reduzir a pobreza; quando abrimos um poço de água estamos a reduzir a distância porque a água limpa é remédio e faz bem ao organismo humano. Nós os moçambicanos temos sorte porque sabemos para onde vamos. Nós vamos para o fim da pobreza. Nós, FRELIMO, não podemos ficar satisfeitos enquanto os moçambicanos continuarem pobres.

Ainda neste âmbito, o Candidato exortou para que cada cidadão lute por uma maior eficiência no uso dos recursos disponíveis na natureza tendo em vista a melhoria das suas condições de vida. Exemplificou que com a pedra disponível em Ressano Garcia podem ser construí-das casas com compartimentos amplos, um dos reflexos exteriores de que a vida do cidadão está a melhorar.

O comício terminou mas a festa continuou, abrilhantada pelos mú-sicos que vieram a Ressano Garcia para dizer que fazem parte desta campanha do Candidato. Uma campanha de festa e de cor, de paz, civismo e de Unidade Nacional.

224

225

226

2. Katembe- M’sime

Depois de cerca de meia hora de voo, o Candidato aterrava, às 11:15, neste 3 de Outubro de 2009, no Posto Administrativo de Katembe-M’sime onde era aguardado por muitos moçambicanos, alguns dos quais vindos da África do Sul. Matutuíne é um Distrito que faz frontei-ra com aquele país vizinho de Moçambique.

A caravana foi, depois, dar ao Bairro Mahlacazene onde, ao som e ao ritmo de xigubo, uma dança guerreira, se iniciaria o contacto entre o Candidato e a população de Matutuíne. Grupos de música ligeira talhada para esta campanha do Candidato e da FRELIMO também desfilaram no palco. Depois seguiu-se a oração proferida por Lázaro Chembene, da Igreja Presbiteriana de Moçambique.

Como nos eventos anteriores, aqui também se contemplavam as in-tervenções dos cidadãos. Duas cidadãs, Lúcia Mandula e Elisa Cumalo, usaram da palavra para agradecer as realizações do Governo no Posto Administrativo destacando a construção de uma escola, da Secretaria do Posto Administrativo e a ligação à energia de Cahora Bassa. Para o próximo Quinquénio inscreveram a reabilitação da estrada Matutuíne – Catembe.

Chegou então o momento de o Candidato se dirigir à população, ten-do, saudado a recepção que lhe tinham proporcionado e as mensa-gens apresentadas. Recordou que após a visita que efectuou enquanto Secretário-Geral da FRELIMO tinha prometido voltar a visitar este Posto Administrativo. Congratulou-se, depois, com as mudanças signi-ficativas e saudou o contributo dado por todos para esta melhoria das condições de vida dos moçambicanos.

Todavia, disse que apesar de se assinalar uma série de realizações, como energia, escolas, hospitais e o livro escolar gratuíto, a edificação de maternidades, muitos, infelizmente, ainda não têm acesso a estes

227

serviços e produtos. Por isso, sublinhou o Candidato, o voto, no dia 28 de Outubro, tem em vista assegurar a continuidade da luta contra a pobreza e das realizações iniciadas neste mandato, um mandato que se enquadra na realização do sonho dos moçambicanos, de 1962.

Entrou, então, no detalhe sobre como se vota e recordou que a maça-roca e o batuque encontram-se onde está a FRELIMO e o seu Candi-dato. Exortou a todos a acordarem cedo e a irem votar, desencorajan-do o discurso de vitória antecipada.

De seguida o Candidato teve um encontro com figuras influentes do distrito. Neste encontro, começou por agradecer o trabalho de mo-bilização realizado por estas personalidades, que se reflecte na grande participação da população no comício. Agradeceu ainda a sua contri-buição para o processo eleitoral pacífico e livre de violência e para os resultados que se verificam no Distrito, na luta contra a pobreza.

Reiterou, depois, que se deve evitar o relaxamento, assumindo que a vitória está assegurada. Para o Candidato, não basta apoiar a FRELIMO e o seu Candidato para estes saírem vencedores. É preciso não só ir votar como mobilizar outros para, logo pela manhã, cumprirem com este seu dever cívico.

Passou, de seguida, a palavra aos influentes do Distrito que foram unâ-nimes em saudar o empenho do Governo para a melhoria das suas vidas. Por exemplo, Zefanias Tembe, líder comunitário de Machangulo, afirmou que

Nós pedimos água e o Governo trouxe. Temos escolas, hoje temos energia que a população nunca pensara que chegaria nas suas casas. Nós não culpamos o Governo pelas coisas que ainda faltam. Onde existem coisas boas as coisas más andam sempre por trás. A população de Machangulo mandatou-me para lhe dar garantias de voto a si e a FRELIMO. Só não vê as realizações do Governo neste mandato quem não quer ver.

228

Outros intervenientes destacaram a distribuição de gado bovino para fomento, a construção de salas de aula e a disponibilização de anti-re-trovirais. Deram igualmente destaque ao ensino primário gratuito, que dá a possibilidade aos que os jovens na medida em que, mesmo tendo dificuldades financeiras para prosseguir com a sua formacao, possam estudar até a 7ª classe. Deste modo, eles podem pelo menos conseguir emprego de servente em repartições públicas. Destacou que a popula-ridade do Candidato e da FRELIMO é tal que permeia também no seio das crianças que arrancam os seus cartazes de campanha, não porque movidos por vandalismo, mas para tê-los em suas casas como objec-tos de adorno. Contrastaram esse amor, à falta de simpatia para com aqueles que foram mentores ou são produtos dos mentores da guerra de desestabilização que reduziu o Distrito à condição pré-histórica. Consideram-nos como delinquentes evadidos de cadeias que não po-dem ter outro projecto senão continuar a desgraçar o Povo.

Como projectos para o próximo quinquénio inscreveram meio de transporte para a Polícia, pediram a visita da Primeira-Dama a Mahlanpfane, no dia 24, para ver as realizações feitas com as mãos da população local.

Terminado o evento, e depois das efusivas despedidas, o Candidato levantou voo em direcção à capital. Aqui pernoitaria, pela primeira vez desde o início da campanha eleitoral, a 13 de Setembro. Na aterragem, no Aeroporto Internacional de Mavalana, muita gente aguardava pelo seu Candidato, cantando, dançando, exibindo cartazes e exteriorizan-do o seu apoio a ele e à FRELIMO.

229

Vigésimo segundo dia

1. Praça dos Heróis

Logo pelas 9:00 horas da manhã, o Candidato depositava uma coroa de flores na Praça dos Heróis Moçambicanos, no quadro das celebra-ções do 17º aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz, rubri-cado entre o Governo e a RENAMO, na capital italiana, Roma26. Este era um acto de Estado e a Praça, como em ocasiões idênticas, estava repleta de gente, representando o firmamento político nacional.

No breve encontro com a imprensa, o Chefe de Estado reiterou o seu compromisso de continuar a trabalhar para a consolidação da Paz e exortou os moçambicanos a prosseguirem com a promoção da cultu-ra de paz e da Unidade Nacional. O Presidente da República sublinhou a importância da construção do Estado de Direito Democrático em Moçambique que passa pelo respeito da Constituição e da liberdade de expressão e de participação de todos nos processos políticos e na construção da Pátria.

Seguidamente, o Chefe de Estado saudou as populações que perfila-vam em frente do Mural da Praça dos Heróis. Eram maioritariamente jovens e mulheres que cantavam e dançavam em saudação ao Chefe de Estado, exaltando os seus feitos por esta paz que o País vive, já lá vão 17 anos.

26 Mário, T.V. (2004). Negociações de Paz de Moçambique: crónica dos dias de Roma. (Maputo: CEGRAF).

230

231

232

2. Bairro Fomento

Este 4 de Outubro calhava num Domingo, o primeiro do mês, um dia muito especial para as igrejas cristãs por ser considerado o dia da co-munhão. O Candidato quis solidarizar-se com os fiéis e foi ao Bairro Fomento, na Província do Maputo, orar com milhares de crentes da Igreja Velha Apostólica em Moçambique.

Na verdade, à sua entrada pelas ruas que davam à sede desta Igreja, es-tavam perfiladas centenas de crentes cantando e mexendo os braços em saudação ao Candidato.

No local, houve muitos cânticos e saudações ao papel do Candidato no apoio a esta e a outras confissões religiosas para realizarem o seu trabalho com dignidade. O Apóstolo, Jaime César Matlombe, revelou a apreciação da sua Igreja ao papel do também Chefe de Estado ao desbloquear o pedido que tinha feito no Município de Nampula para a construção de uma Igreja. Revelou que não só têm a autorização como também já construíram a Igreja.

Falando das outras realizações do quinquénio, sob a égide do Chefe de Estado, o Apóstolo daquela confissão religiosa cristã, socorreu-se das citações das Sagradas Escrituras para afirmar que tal como o Pastor David, o Presidente Guebuza é

um bom Pastor porque não se esquece dos outros. Ele vai ao encontro de to-dos e nós olhamos todos para si. Os mercenários fogem mas ele segue sempre em frente. Nós aqui na nossa igreja já vimos os frutos da sua governação. Nós já temos muitos doutores e engenheiros e estes são os fruto da sua governação. Outros são altos funcionários do Estado. Por isso, nós queremos seguir o nosso pai. Fique firme que nós, crentes da Igreja Velho Apostólica de Moçambique, estamos consigo.

Mais adiante ele afirmou que

se alguém segue certo destino e na rota se cruza com alguém que lhe indica outro caminho, saberá recusar com firmeza se acreditar na nobreza dos seus objectivos e na justeza da sua causa. Não há rebanho que aceite seguir um pastor desconhecido! Senhor Presidente, o mundo ralha de tudo. Quer ande

233

de bicicleta, de burro, de carro ou de helicóptero haverá críticos, mas o nosso conselho é que se mantenha firme no caminho de servir o seu Povo.

O Apóstolo falava desta maneira em nome das centenas de crentes que preenchiam todos os bancos dentro da igreja e os que enchiam o recinto e as ruas circundantes daquele edifício Sagrado, bem como dos milhares espalhados por todo o Moçambique que também são crentes desta igreja. Disse, depois, que aquele era um Domingo especial que era grande pelo seu significado religioso e grande também porque “a nossa ansiedade é de comungar consigo Senhor Presidente, com a força do Senhor”.

Depois desta muito bem urdida homilia, o Apóstolo solicitou o Chefe de Estado para usar da palavra. Este disse aos crentes que o seu Go-verno tem um forte compromisso com a paz, com a Unidade Nacional e com a luta contra a pobreza. Congratulou-se, de seguida, com o papel que a Igreja Velha Apostólica em Moçambique desempenha na Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Depois sublinhou que

não pode haver sucessos nesta luta contra a pobreza sem paz. Também não pode haver paz sem unidade entre os moçambicanos. Devemos estar cientes que todos estamos no mesmo caminho e que temos o mesmo objectivo, o de lutar para que os pobres deixem de ser pobres, o objectivo de eliminar a nudez e a fome. A pobreza corrói a nossa dignidade mas ela vai acabar. Só que na sua teimosia ela não acabará nem quer acabar num só dia. Acreditamos que esta Igreja continuará a fazer a sua parte nesta luta contra a pobreza, pela paz e pela Unidade Nacional.

234

3. Machava

Depois de ter almoçado com os crentes, o Candidato partiu para a Machava onde dirigiu um concorrido comício. Aqui havia uma outra novidade, inédita, um pleonasmo necessário nestas descrições: uma tela gigante que permitia que mais pessoas acompanhassem o desen-rolar das actividades tanto no palco como na tribuna. Na parte cultural intercalavam-se nesta tela gigante, os grupos culturais e os materiais dos tempos de atena do Candidato e da FRELIMO.

Vieram depois as orações. Estas foram orientadas pelo Pastor An-tónio Inguana, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus que também ofereceu uma Bíblia ao Candidato. Depois usou da palavra o Sheikh Mohamed Ali, da religião muçulmana para, igualmente, orar pela paz e por eleições livres e justas. Esta parte religiosa foi seguida da da apre-sentação dos depoimentos pelos cidadãos Daudo Ussuale e Amélia Cumbana que apontaram algumas realizações do Governo destacando a construção de escolas e o alargamento da rede de energia eléctrica, ao nível do Distrito da Matola. Referiram-se igualmente a outras reali-zações a nível nacional com destaque para a reversão da Hidroeléctri-ca de Cahora Bassa e a construção da Ponte Armando Emílio Guebuza sobre o rio Zambeze.

Nesta intervenção, o Candidato focalizou a sua atenção na Consolidação da Unidade Nacional, da Paz e da democracia, um tema que reverberava com as celebrações do 17° aniversário do Acordo Geral de Paz. Neste contexto, apelou à população para que se sirva das lições do passado, tal como a vitória sobre o colonialismo e o alcance do Acordo de Paz que pôs fim à guerra, para valorizar a Unidade Nacional como factor importante para vencer a pobreza. Explicando o sentido da luta contra a pobreza o Candidato apontou alguns exemplos

Quando alguém vai para a escola está a combater a pobreza. Quando alguém constrói uma casa espaçosa, com tijolo queimado, está a combater a pobreza.

235

Quando alguém constrói um hospital e as pessoas são nele curadas, também está a combater a pobreza. Esse desafio começou há muito tempo, em 1962, e o Governo da FRELIMO tem dado mostras de que quer e vai acabar com a pobreza em Moçambique. Mas ainda falta muito porque há muita gente que não tem medicamentos, nem maternidades nem energia, nem água.

Apelou, depois, para os moçambicanos, unidos, em paz e com o con-tínuo aprofundamento da democracia multipartidária trabalhem para engrandecer o seu País. Explicou que os moçambicanos já venceram outras lutas e agora falta uma muito importante que é a pobreza.

De seguida, fez uma demonstração sobre como cada um deve votar em si e na FRELIMO. Mais adiante, o Candidato exortou a todos os eleitores a priorizarem esta actividade cívica, no dia 28 de Outubro. Alertou para a complacência e a ideia de que outros irão votar por terceiros, pois o voto é pessoal, presencial e intransmissível.

De seguida, o Candidato orientou um encontro com figuras notáveis da Matola. Depois de lhes passar a palavra, falou Jonas Langa, que disse ser Secretário-Geral da Associação de Futebol Recreativo da Matola, que ainda carece de oficialização por falta de meios. Falou do traba-lho que esta associação realiza tendo revelado que decorria na altu-ra desta campanha eleitoral um torneio designado “Armando Emílio Guebuza”. Para o próximo quinquénio inscreveu o apoio em material desportivo e o nivelamento dos campos de futebol.

De seguida, Margarida Naftal Buque, uma enfermeira há mais de 40 anos que também presidiu a associação destes, deu particular desta-que às realizações no sector da Saúde. Saudou, em particular, o arran-que das obras de construção de um Hospital Geral na Província. Ela foi seguida por Jorge Francisco Chaguala que pediu para que no próximo quinquénio se inscrevesse a colocação de transporte da terminal de T3 até ao Centro de Saúde de Ndlavela e a asfaltagem do troço Av. 4 de Outubro até ao Centro de Saúde. Outro interveniente referiu que a actual maternidade da Machava funciona em instalações que pertenceram ao Clube de Desportos da Machava e pediu a devolução

236

daquelas instalações para servirem de sede do movimento desportivo desta área. Pediu ainda a orientação dos jovens no sentido de divulga-rem a história da Geração do 25 de Setembro.

Noutra intervenção foi referida a situação do Bairro Machava-Bedene que, segundo o interveniente, encontra-se numa situação difícil devido à falta de iluminação pública, falta de rotas de transporte semi-colec-tivo e público de passageiros e falta de hospital. Pediu a introdução de autocarros do transporte público de passageiros e a reabilitação da estrada Patrice Lumumba – Cemitério – Baião.

Gabriel Mufundisse agradeceu a visita e recordou aos presentes que “no tempo colonial nunca nos sentaríamos com um Presidente da Re-pública. Hoje o nosso Presidente Guebuza até sente os nossos calos das palmas das mãos porque estende a sua mão a todos nós”. Pediu depois para que a Presidência Aberta e Inclusiva continuasse dado o contacto directo entre o Presidente e o seu Povo que garante.

Finalmente falou Benedito José Zunguene, da Associação de agriculto-res ACRE VERDE. Fazendo dos elogios já feitos seus encómios, disse que no próximo quinquénio atenção devia ser dada à abertura de estradas para o escoamento da produção desta associação, ao longo do Vale do Infulene e ao financiamento à agricultura, através dos 7 mi-lhões. Referiu que tem-se registado uma queda na produção de aves e suínos por falta de fundos.

Já de regresso à capital do país, o Candidato foi acolhido de forma calorosa por uma enorme multidão que o aguardava em festa desde a portagem de Maputo, até à antiga SONEFE. Jovens e mulheres das organizações sociais da FRELIMO, OJM e OMM, e muita população e notáveis da Cidade de Maputo não arredaram pé desde as primeiras horas da tarde até ao cair da noite.

237

O Candidato desceu da sua viatura e foi cumprimentando e acenan-do para a multidão que, de várias formas, exteriorizava o seu júbilo e simpatia. Um cortejo de motorizadas de alta cilindrada e viaturas de diversas marcas fizeram o cortejo do Candidato, Maputo adentro, in-cendiando mais festa pelas ruas da capital até à entrada da residência do Chefe de Estado.

No dia seguinte, segunda-feira, o Candidato “desligou a ficha da Cam-panha eleitoral” para se dedicar às suas funções de Chefe de Estado. Também foi uma oportunidade para a sua equipa de apoio proceder à preparação da próxima etapa do périplo eleitoral.

238

239

240

Vigésimo terceiro dia

1. Nhlamankulu

1.1. Fábrica de Refeições

Logo pelas 8:30 do dia 6 de Outubro de 2009, o Candidato presidiu, na Fábrica de Refeições, a um encontro com representantes das con-fissões religiosas deste e de outros distritos urbanos de Maputo. Era o início da sua campanha na Cidade capital, sendo uma das caracterís-ticas o facto de, neste segmento da Campanha, ser acompanhado pela Primeira-Dama, a campeã das causas dos vulneráveis.

No local o Candidato foi recebido por Aiuba Cuereneia, Membro da Comissão Política e Chefe da Brigada Central, Teodoro Waty, Membro da Comissão Política e Chefe Adjunto da Brigada Central, Hermene-gildo Mateus Infante, Primeiro Secretário e Chefe do Gabinete Provin-cial de Eleições, David Simango, Presidente do Conselho Municipal e Rosa da Silva, Governadora da Cidade, estes dois exercendo a função de Chefes-Adjuntos do Gabinete de Eleições.

Antes da intervenção do Candidato ela, em resposta à pressão po-pular, em surdina, usou da palavra, para o delírio dos presentes. Os representantes das confissões religiosas saudaram as realizações do Candidato e do Governo que liderou nos últimos cinco anos. Subli-nharam que não se deixariam enganar por aqueles que prometem ao eleitorado pagar altos salários porque não os têm e sobretudo porque este Candidato já provou que está em melhores condições não só de pagar melhores salários como também de criar as condições para cada cidadão produzir riqueza.

Deixaram expresso que tem sido sua postura apelar à população para obediência às instituições e à lei e ao pagamento de impostos. De-monstrando que a Unidade Nacional é uma realidade em Moçambique um dos participantes pediu para o Candidato inscrever, depois da sua

241

vitória eleitoral, a reabilitação da estrada de Alto Changane-Chibuto, bem como a construção de uma ponte no mesmo troço e a ligação deste posto administrativo à energia de Cahora Bassa.

Na sua intervenção, o Candidato saudou o papel das confissões re-ligiosas pelas orações e pela mensagem de paz, de respeito pela lei e ordem e de repúdio à violência. Sublinhou, depois, que é neste am-biente que se criaram as condições para o sucesso na implementação da Agenda de Luta contra a Pobreza. Para ele, as confissões religiosas desempenham um papel positivo nesta luta porque têm explicado aos seus crentes que os africanos não foram pré-destinados para serem pobres. Destacou, depois, que a escola, a unidade sanitária, entre ou-tros, são valiosos recursos para o combate à pobreza.

Sublinhou que uma das áreas que mereceu atenção do Governo tem a ver com a formação profissional, a nível superior, quer para a for-mação de professores quer dos estudantes melhor habilitados para usarem as suas mãos para produzirem coisas e resolverem os pro-blemas concretos do quotidiano. Falou dos Institutos Politécnicos de Gaza, Manica e Tete e inscreveu a expansão deste tipo de ensino no próximo quinquénio.

Reiterou os seus votos de continuação de uma campanha que decorra num ambiente de tranquilidade e livre de quaisquer formas de intimi-dação e de violência.

242

243

244

245

1. 2. Zihlahla

Por volta das 10:15 horas, deste dia 6 de Outubro de 2009, o Can-didato subia as escadas de uma majestosa tribuna montada no cam-po do Zihlahla. Defronte desta tribuna estava montado um também impressionante palco para a actuação dos grupos culturais e artistas selecionados para esta festa. Seleccionados porque nem todos os que queriam voluntariamente dar a sua contribuição o poderiam fazer, tal era o apertado do tempo, tantos eram os voluntários.

Depois da actuação dos diferentes grupos, alguns dos quais de reno-me, a Pastora Marta Mungói da Igreja Presbiteriana de Moçambique, abençoou o encontro com uma oração. Pediram depois a palavra dois cidadãos que falaram das realizações do Candidato no quinquénio prestes a terminar. Um dos intervenientes, Baptista Tsinine, disse que as realizações na Cidade de Maputo eram um importante marco do trabalho e interesse da FRELIMO em resolver os problemas que afec-tam os moçambicanos.

Na sua intervenção o Candidato recordou à sua audiência que foi naquele Bairro, Chamanculo D (Zihlahla), onde cresceu, brincou às escondidas e ao jogo da castanha. Naquele campo onde agora dirigia aquele comício de campanha tinha jogado à bola há mais de cinco décadas. Sentindo-se no meio da família, o Candidato explicou que a pobreza não é uma fatalidade, mas sim algo que se pode vencer “Nós moçambicanos temos terra rica, temos rios, temos o oceano, é riqueza nossa e podemos usar essa riqueza para produzirmos para nós mesmos e para beneficiar aqueles que nos ajudam, aqueles que investem”.

Desafiou a população a lutar contra aquele mal, sem vacilações, frisan-do que “eu acredito que com este maravilhoso povo nós vamos ven-cer a pobreza. Temos que ter fé porque tudo está nas nossas mãos. Se

246

tivemos força de vencer o colonialismo português então venceremos a pobreza”.

O Candidato lançou, depois, um apelo para que os potenciais eleito-res de Maputo, afluíssem às urnas no dia 28 de Outubro. De forma didáctica explicou como deverão preencher o boletim de voto no dia das eleições, recordando que essa deve ser a primeira actividade do dia, nesse dia. No lugar onde se vê o “batuque” e a “maçaroca”, que também aparecem ao lado da minha imagem, é só fazer ‘tchan tchan’ com a caneta, ou marcar com o dedo molhado de tinta para os que não conseguem escrever” detalhou o Candidato.

247

248

249

2. KaMPfumu

Às 13:00 horas do dia 6 de Outubro de 2009, o Candidato dava entra-da no Pavilhão de Desportos Estrela Vermelha para um encontro com as mulheres e os jovens da Cidade de Maputo. Com o recinto lotado, o Candidato dirigir-se-ia a um público dinâmico e entusiástico, o grupo que tem sido o mais dinâmico e mais extrovertido nesta campanha.Artistas de renome fizeram-se à pista. Cantaram e fizeram vibrar. Contagiada pelos acordes, a Primeira-Dama, Maria da Luz Guebuza, não só se fez à pista, como também foi à tribuna de honra arrastar o seu esposo, o Presidente da República, Armando Guebuza. Foi um momento de festa suis generis nesta campanha.

Seguiu-se o momento religioso dirigido pela Pastora Ana Moiane, da Igreja do Nazareno. Ela orou pela paz, pela convivência e por uma cam-panha livre de quaisquer formas de violência e por eleições ordeiras.

Os intervenientes, que a pedido do Candidato usaram da palavra, ex-pressaram a sua convicção de que se estava perante não um candidato mas um Presidente que se vai substituir a si próprio depois do dia 28 de Outubro. Falaram das diferentes realizações na Cidade no âmbito social, cultural e económico que demonstram que com a FRELIMO e o seu Candidato a Cidade e o País continuarão na senda do progresso.

Na sua intervenção, o Candidato trouxe uma nova abordagem ao tema combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho. Com efeito, ele desafiou os jovens a constituírem-se na Geração da Vira-gem, assumindo como sua missão histórica acabar com a pobreza em Moçambique. Recordou aos jovens que a Geração do 25 de Setembro tinha iniciado a Luta de Libertação Nacional até ao seu triunfo. Na verdade, no seu discurso, proferido na abertura do I Congresso da FRELIMO, em Dar-es-Salaam, a 23 de Setembro de 1962, o Presidente Eduardo Mondlane teria, a dado passo, dito que:

A vossa presença constitui, em si, uma prova indiscutível do interesse que ten-des pela árdua luta contra o colonialismo. Mostra ainda que nenhuma circuns-

250

tância, por mais difícil que ela seja, vos impedirá de continuarem a lutar [.. ] durante muitos anos o nosso povo não percebia a razão porque os jovens de Moçambique não tentavam libertar a terra-mãe. (Muiuane, 2006:16)27.

Esta missão seria cumprida com requinte conforme se pode atestar do discurso do Presidente Samora Machel, no dia 25 de Junho de 1975, no Estádio da Machava:

...Moçambicanas, Moçambicanos, operários, camponeses, combatentes, Povo Moçambicano: Em vosso nome, às zero horas de hoje, 25 de Junho de 1975, o Comité Central da FRELIMO proclama solenemente a independência total e completa de Moçambique e a sua constituição em República Popular de Mo-çambique. (Muiuane, 2006:16)28.

Porém e como pressagiara Mondlane (1975:273) “os nossos proble-mas não terminarão com a Independência”. Por isso, a juventude de então foi chamada a juntar à Geração do 25 de Setembro. Nascia as-sim a Geração do 8 de Março. Como anunciou o Presidente Samora Machel, em Maputo, no dia 8 de Março de 1977

O problema da falta de quadros surgiu desde o início da luta armada e nós con-seguimos resolvê-lo, contando essencialmente com as nossas próprias forças, buscando soluções populares. […] por isso, este ano lectivo […] não haverá 10ª e 11ª classes e todos os 600 alunos que deveriam frequentar essas classes receberão tarefas em diversos sectores de actividade […] de novo, parece que estamos em 1964, quando decidimos o desencadear da luta armada. Agora de-sencadeamos a batalha. Por isso venceremos.

Por isso, a Geração do 8 de Março entregou-se à causa da reconstru-ção nacional, adiando o seu sonho de formação para ocupar os lugares deixados vagos pelos técnicos estrangeiros, maioritariamente portu-gueses, para manter Moçambique em funcionamento.

27 Muiuane, A.P. (2006). Datas e Documentos da História da FRELIMO: De 1960 a 1975 – Ano da Inde-pendência de Moçambique 3ª edição. (Maputo: CIEDIMA).28 Muiuane, A.P. (2006). Datas e Documentos da História da FRELIMO: De 1960 a 1975 – Ano da Inde-pendência de Moçambique 3ª edição. (Maputo: CIEDIMA).

251

Sob a direcção da Geração do 25 de Setembro, ocupou um lugar de destaque na defesa da nossa soberania, no resgate da Paz e no lan-çamento das bases para a reconciliação nacional e da cultura de Paz. Como sublinharia o Presidente Joaquim Alberto Chissano, em Maputo, no dia 4 de Outubro de 2002, “A paz e a reconciliação nacional são uma conquista de todos e para todos nós. A responsabilidade por mantê-los e por aprofundar a cultura de Paz cabe a todos os moçam-bicanos”.

Falando da Geração da Viragem, o Presidente Guebuza disse que esta-va já a quebrar o mito de que o jovem formado não pode trabalhar no campo e que estava, de forma decidida, a engajar-se na Agenda Nacio-nal de Luta contra a Pobreza. Esta é uma geração que se sente grata por aquilo que o Povo lhe dá e busca formas de recompensá–lo e está consciente de que com o conhecimento que tem, tem autonomia e capacidade para ajudar a resolver os problemas da Nação.

Uma vez mais, o Presidente Guebuza expressava a sua crença no valor e no papel dos jovens na construção de Moçambique. Como provara ao longo do quinquénio, ele não hesitara em conferir-lhes responsa-bilidades, assegurando que a tradição e a experiência temperada pelo tempo se tecessem com a audácia, a imaginação e sentido de iniciativa e de experimentação da juventude. Como dizia o Embaixador Fran-cisco Madeira

Quando detecta talento num subordinado, ele tem a coragem de tomar risco, confiando-lhe considerável responsabilidade, dando-lhe o aconchego necessá-rio para a libertação de auto confiança, proporcionando-lhe assim uma singular oportunidade de ser útil à sociedade e valorizar-se através de tarefas concretas e uma autonomia de acção que lhe permitem trabalhar com criatividade e dar o melhor de si29 .

Ainda neste encontro, o Candidato deu destaque ao papel preponde-rante que a mulher moçambicana tem estado a desempenhar não só no combate contra a pobreza, como também na criação de um clima de paz e harmonia social.29 Matusse, R. (2004). Guebuza: A Paixão pela Terra. (Maputo: Macmillan).

252

253

254

3. kaMaxakeni Faltava pouco para as 15:00 horas, deste 6 de Outubro de 2009, quan-do o Candidato era ovacionado à sua chegada ao Campo 7 de Abril, no Bairro Polana Caniço A. Artistas e grupos culturais do Bairro fize-ram a grande festa em homenagem ao Candidato e à FRELIMO. Como acontecera em Zihlahla aqui também a tribuna se remexia e vibrava ao som da música talhada para este momento histórico.

Seguiu-se depois uma oração proferida pelo Pastor Geraldo António Mabasso, da Igreja Apostólica Evangélica. Após a oração seguiram-se os depoimentos de dois cidadãos: Luísa Simione Massingue destacou a reabilitação das ruas de Goa e da Mesquita e a construção das valas 2 e 3. Aconselhou que se desse atenção particular à reabilitação da Rua Chibabava, que parte da rua de Goa até à sede da FRELIMO, bem como a resolução do problema de água no bairro da Mafalala.

Júlio Nhalungo assinalou como principais realizações as obras de construção da segunda faixa da Avenida Joaquim Chissano, o início das obras de construção da Avenida Milagre Mabote e a reabilitação da Praça dos Combatentes. Como prioridade do próximo quinquénio apresentou a reconstrução do prolongamento da Avenida Julius Nye-rere.

Na sua intervenção, o Candidato deu enfoque ao combate à pobreza e à promoção da cultura de trabalho. Deu particular destaque ao papel da juventude nesta luta e reafirmou que o seu Governo vai mobilizar e engajar, mais ainda, esta camada da sociedade para levar a pobreza de vencida. Para o Candidato, a FRELIMO e ele próprio vão diversifi-car mais as oportunidades de formação e de emprego para os jovens e participar na solução dos seus problemas de habitação. Reafirmou que o seu Governo continuará a melhorar as medidas de combate às doenças, entre elas o HIV e SIDA, a malária e a cólera, alguns dos for-midáveis obstáculos ao desenvolvimento de Moçambique.

255

Vigésimo quarto dia

1. kaMbukwani

1.1.Bairro George Dimitrov

Para o dia 7 de Outubro de 2009 ao Candidato esperava mais um dia de intenso trabalho. Mas também é isso que se habitou a si próprio e é por esta ética de trabalho que é conhecido e admirado pelos seus compatriotas, desde a sua juventude.

Logo pelas 8:30 horas, ele presidiu a um encontro com os operadores do sector informal filiados na Associação dos Trabalhadores do Sector Informal (ASSOTSI), no ex-campo de futebol da Enafrio no Bairro de Bagamoyo, no Bairro George Dimitrov, em M’bukwan. Este encontro iniciou com uma oração proferida por Crescência Albazine Sitoe.

Na sequência do pedido de conselhos pelo Candidato, alguns partici-pantes pediram a palavra tendo dado destaque às grandes realizações em Maputo com impacto nas suas vidas. Apontaram, por exemplo, a construção de um mercado para os comerciantes informais e a coloca-ção de fiscais. Como preocupação a inscrever no próximo quinquénio, fizeram referência à ocupação de passeios no Xipamanine, por alguns vendedores e solicitaram uma intervenção para o seu enquadramento nos novos mercados. Usou finalmente da palavra, Ramos Marrengula, Presidente da ASSOTSI, que revelou que

Há esses que dizem para votarmos neles que vão construir escolas. Nós per-guntamos a eles: em cima das escolas de Guebuza? Quando nos falam de atraso em Moçambique nós perguntamos onde estaria Moçambique se eles não se tivessem aliado ao inimigo e à desestabilização?

Ainda com os aplausos e os sorrisos a encherem a sala, Marrengula disse que “não se dá conselhos a uma gravidez, dá-se a um bebé”, pelo que depois da proclamação e investidura, os operadores do informal

256

quererão sentar-se com o vitorioso Guebuza para lhe darem os con-selhos para uma Presidência de sucesso, como a actual. Marrengula antecipou-se informando que esperam receber apoio do Presidente da República ao seu projecto de agropecuária pois é seu interesse se-rem produtores e não apenas intermediários na cadeia da Revolução Verde.

O Candidato recordou aos associados que este era o terceiro encon-tro que mantinha com estes produtores da riqueza nacional e que tal como nos anteriores, manifestavam o mesmo entusiasmo e prontidão para continuarem nesta parceria com o Governo para levar a pobreza de vencida em Moçambique. Saudou, em particular, a grande novida-de de a ASSOTSI querer produzir o que vai vender nas bancas dos mercados. Para o Candidato, isso teria o condão de reduzir os preços ao consumidor e aumentar, no mesmo quadro, os rendimentos dos associados.

O Chefe de Estado recordou que é nos mercados onde alguns parti-dos, coligações de partidos e concorrentes à Presidência da República procuram angariar simpatias dos eleitores. Por isso mesmo, é também nos mercados onde o potencial de violência política apresenta-se com maior probabilidade. Neste contexto, o Candidato saudou a forma como a ASSOTSI e os seus associados têm contribuído para o am-biente de ordem e tranquilidade públicas e para uma campanha elei-toral livre da violência. Exortou os associados a continuarem a trilhar por este caminho até ao dia 28 de Outubro e depois dessa data. O Candidato também deixou a mensagem de que as eleições só serão ganhas depois do dia 28 de Outubro pelo que é fundamental que não se influencie negativamente os eleitores, levando-os a não irem votar devido ao discurso de que “já ganhámos”.

Às 10:30, o Candidato já estava na tribuna preparada no Bairro Di-mitrov, próximo da Mesquita, para o comício e interacção com os eleitores e outros simpatizantes que incluíam menores e membros e simpatizantes de outros partidos políticos.

257

A parte cultural foi preenchida pela actuação de grupos culturais e de artistas da música ligeira. Estes criadores nacionais traziam reportó-rios concebidos para este momento de campanha, uma campanha que todos queriam-na festiva. De seguida foram proferidas orações pelo Shehe Mahomed Momad, da religião Muçulmana, e pelo Pastor Israel Tivane, da Igreja Zione Apostólica de Moçambique.

Depois das orações seguiram-se os depoimentos dos cidadãos Ribeira Adriano Uamusse e David Matsinhe que apresentaram testemunhos das realizações do Governo, destacando a construção do mercado grossista do Zimpeto; a construção de mais um mercado no bairro de Magoanine; a reabilitação da Avenida Nelson Mandela; a construção de uma biblioteca, no Centro da Mulher e a abolição das taxas de matrí-cula no ensino primário e o pagamento dos registos de nascimento. Para o próximo mandato pediram a construção de um depósito de lixo e a atribuição dos 7 milhões ao Distrito.

Na sua intervenção, o Candidato deu especial ênfase à consolidação da Unidade Nacional, Paz e democracia. Indicou que votando em si e na FRELIMO os eleitores asseguram que se continue a construir o am-biente que permite que qualquer moçambicano, onde quer que esteja, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo se sinta na sua terra. Falou depois da paz e recordou o quanto custou o seu resgate, tendo, de seguida, apelado para que a campanha continue a decorrer livre de quaisquer formas de intimidação e violência. Para o Presidente da Re-pública é importante que os diferentes partidos políticos e candidatos tenham a liberdade de articular os seus projectos e programas, pois na diversidade de opiniões e visões os moçambicanos aprofundam a cultura de paz, a democracia multipartidária, o sentido de inclusão e de cidadania.

258

259

260

2. KaMAVOTA2.1. Praça da Juventude

Neste Distrito o Candidato orientou um comício na Praça da Juventu-de que contou com uma oração proferida pelo Pastor Daniel Macamo, em representação das igrejas do Distrito, seguida pelos depoimentos de dois cidadãos: João Alberto Nhamposse e Berta Mucavele. Ambos testemunharam as realizações do Governo da FRELIMO destacando a construção das avenidas Sebastião Marcos Mabote, Mário Esteves Coluna, Rua Dona Alice, a vala de drenagem, construção de uma ma-ternidade no Bairro Costa do Sol, o Posto Médico no Bairro Albazine e um grande hospital, com serviço de atendimento aos seropositivos no Bairro Ferroviário e reconhecimento do estatuto dos agricultores, o que os permite ter Direito de Uso e Aproveitamento da Terra. Ins-creveram como prioridades do próximo mandato, a construção de represas para a conservação de água para rega e meio de transporte para servir aos membros de associações de agricultores.

Na sua intervenção, o Candidato centrou a sua mensagem na luta con-tra a pobreza e na promoção da cultura de trabalho, tendo-se referindo às realizações do quinquénio apontadas pelos intervenientes como sinal de que os moçambicanos podem fazer muito mais para afastar a teimosa pobreza. Mais adiante o Candidato disse:

Nós sabemos que a luta contra a pobreza leva muito tempo, muito tempo mesmo, mas nós temos todos que lutar contra ela, todos os dias para levarmo-la de vencida. Todos queremos chegar lá onde a pobreza acaba. Aquilo que nós já fizemos, como caminhada, é representado por estas conquistas todas: são as escolas, os hospitais, as estradas, que nem sempre, e isso sabemos, são da qualidade desejada. Cada um de nós tem um papel nesta

luta contra a pobreza.

Exortou a Nação Moçambicana a pautar por uma campanha livre de qualquer tipo de violência, advertindo que “não queremos sangue, não queremos sangue de gente. Queremos paz e harmonia. Nós queremos ter a certeza de que depois continuaremos a nossa batalha contra a pobreza”.

261

262

263

Vigésimo quinto dia

1. kanyaka

Estamos no dia 8 de Outubro de 2009 e a campanha de Guebuza e da FRELIMO mantém-se cada vez mais refinada, ganhando mais vitalidade ainda cada dia que passa. Os ilhéus, empunhando cartazes, são exem-plo desse dinamismo da campanha. No aeródromo local, acolhem o Candidato com canções, danças e dísticos. Sobretudo, acolhem-no com manifestações de simpatia e carinho.

Essa vitalidade é também demonstrada pela sua omnipresença, por tudo o que é espaço nacional. Uma das provas dessa ocupação do ter-reno, a toda a sua extensão e largura, foram os cartazes e bandeirolas da FRELIMO fixados por entre os ramos dos bosques que ladeiam a estrada que entra para a zona povoada da Inhaca. Aliás, os grupos de choque e toda a população participante nestas actividades políticas, agora começa a preocupar-se sobre o que fazer depois de a campanha encerrar. É que a campanha criou rotinas e entusiasmos. Mais ainda, ela reforçou camaradagens, amizades e relações de fraternidade entre moçambicanos que se descobrem na mesma trincheira de luta contra a pobreza. Sobretudo, e talvez por causa desta serie de razões, ela gerou muita energia que dá para muitos mais dias.

Depois de uma breve passagem pela casa protocolar para dar tempo à população para se concentrar no local do comício, o Candidato foi recebido com o mesmo entusiasmo e calor que recebera no local da aterragem. Vários grupos culturais fizeram-se ao palco, cada um deles a procurar mostrar o que sabia e valia. Eles deram assim uma valiosa e prodigiosa contribuição para a festa e para a celebração do ambiente de paz, tranquilidade e civismo que vinha caracterizando a campanha eleitoral.

De seguida entrou-se para a parte religiosa com orações proferidas pelo Pastor Saite Zacarias Chume, da Igreja do Espírito Santo, e por

264

Dorce Manganhela, da Igreja Assembleia de Deus. Vieram então as in-tervenções dos cidadãos Maurício Nonje e Cristina Nhaca que agra-deceram as realizações do Governo, destacando a construção de 4 escolas, a introdução do ensino secundário do primeiro ciclo até à 10ª classe, a construção de duas unidades sanitárias, a extensão da rede de energia eléctrica, a afectação de um médico que assistia semanalmente e não quinzenalmente como era antes, os doentes, bem como de duas ambulâncias, sendo uma delas marítima.

Em relação ao próximo quinquénio, apontaram a cobertura do Bairro Nhaquene pela rede de energia eléctrica, a construção do posto de saúde no Bairro Inguana, o estabelecimento dos serviços de identifica-ção civil, o aumento da capacidade da ponte cais para a atracagem de barcos de maior calado, bem como a introdução da 11ª e 12ª classes “porque muitos dos nossos filhos que não têm familiares na cidade do Maputo ficam privados de continuarem com os seus estudos”.

Ainda neste mandato do Governo da FRELIMO, muitos bairros da Ilha passaram a ter energia eléctrica e neste momento, estão em curso trabalhos para expandir a luz para a zona de Inhaquene”.

O Candidato falou de seguida. Disse, a dado passo, “Estou feliz porque senti que estamos juntos nesta luta contra a pobreza. Estamos juntos nesta luta e os vossos pedidos mostram que vocês querem acabar com a pobreza e isso é que nos encoraja”. Disse depois que tinha cer-teza que a pobreza seria vencida porque os moçambicanos têm auto-estima e sabem o que querem e como realizar esse seu sonho. Para o Chefe de Estado após a expulsão do colonialismo, a única inquietação dos moçambicanos é a pobreza. O Presidente da República disse ainda que os colonos foram porque os moçambicanos se opuseram, cada um à sua maneira, contra a sua dominação em Moçambique.

O Candidato encorajou cada moçambicano, esteja onde estiver, tenha quais forem os meios, a fazer a sua parte na luta contra a pobreza. Era uma das suas muitas formas de mostrar que os heróis da libertação

265

de Moçambique ontem foram os moçambicanos e hoje, que a luta é contra a pobreza não seriam outros heróis a libertar os moçambica-nos deste flagelo. Seriam eles próprios, cada um fazendo a sua parte, cada um no seu dever.

Para acelerar essa luta, o Candidato afirmou ser compromisso do seu Executivo continuar a apostar numa boa governação e cultura de prestação de contas. Neste quadro, espera continuar a promover a Presidência Aberta e Inclusiva, com réplicas a outros níveis, onde os governantes devem prestar contas à população.

“Se votarem em nós vamos alargar as nossas conquistas. Se votarem em nós iremos também prestar contas ao Povo, apresentar o que fizemos e aguardarmos pelo vosso julgamento. Nós vamos encontrar dificuldades mas nós vamos explicar ao nosso povo as razões dessas dificuldades”, garantiu o Candidato.

Reiterou que a juventude vai continuar a estar no topo das atenções do Governo, através de uma maior aposta na formação e promoção do emprego e auto-emprego, bem assim assegurar que este extracto social participe nos órgãos de direcção do país para poderem dirigir a nação.

“Se votarem em nós, vamos também trabalhar para defender o meio ambiente. A Ilha de Inhaca é um tesouro que está nas vossas mãos. Moçambique entregou-vos este tesouro de tal maneira que possa ser-vir o nosso povo através das suas riquezas e potencialidades que estão aqui”, prometeu, arrancando aplausos dos ilhéus que sempre clama-ram por medidas governamentais mais ousadas para a defesa do meio ambiente.

Terminado o comício, o Candidato foi presidir a um encontro com personalidades influentes da Inhaca, no início do qual agradeceu a to-dos os participantes pela importância que conferem ao mesmo. Agra-deceu e saudou a mobilização e organização da população que parti-

266

cipou no comício. Agradeceu ainda o envolvimento destes líderes no combate à pobreza e o contributo destes na manutenção do ambiente de tranquilidade que se regista durante a campanha, apesar de haver alguns cidadãos que procuram instigar a população a pautar por ac-ções de desordem e violência. Apelou para que todos se dirijam aos locais de votação e mobilizem os eleitores das respectivas áreas de influência para irem votar.

Em resposta ao pedido de conselhos, formulado pelo Candidato, al-guns dos participantes apresentaram as suas intervenções. O primeiro interveniente, Secretário da Organização da Juventude Moçambicana, falando em nome dos jovens do Distrito, reiterou o pedido do ensino do nível médio e do serviço de Identificação Civil, também apresenta-dos no comício. Pediu ainda que o Governo e o Partido tomem me-didas tendentes a acelerar o desenvolvimento do sector do turismo. A este propósito, comentou que há muitas pessoas que pretendem investir mas encontram dificuldades por causa dos espaços cujos di-reitos de uso e aproveitamento estão concedidos a cidadãos que os mantêm como reservas.

Outro interveniente apresentou uma preocupação relacionada com a ocorrência de animais selvagens que destroem machambas da popu-lação. Falou da existência de porcos selvagens e comentou que esta preocupação vem sendo apresentada ao Governo durante anos. Re-feriu que houve vezes em que o Governo enviou caçadores mas não conseguiram acabar com o problema porque os porcos são muitos. Falou também da existência de corvos que dizimam galinhas.

Outro interveniente agradeceu as políticas do Governo que assegu-ram a emancipação da mulher. Falou do problema da galinha de mato que dizima as culturas e pediu a afectação de uma viatura à Polícia.

267

268

269

270

2. katembe

O local da aterragem, um descampado, estava com muita gente à es-pera do Candidato e para com ele fazer a festa de uma vitória que já consideravam sua. Parte dos presentes tinha atravessado de Maputo de Ferry-Boat para se juntar aos catembenses na expressão do seu carinho pelo Candidato.

Enquanto o Candidato fazia um compasso de espera, a multidão con-vergia para o local do comício, no Bairro Guachene, num local com muitas árvores de sombra. Aqui não faltou a tela gigante que permitia que, sem grande esforço, todos assistissem a tudo o que se passava na tribuna e no palco.

A parte das actividades culturais foi preenchida com grupos locais e por outros vindos da Capital para darem a sua contribuição a esta festa de campanha. Como estava previamente estabelecido, depois das actividades culturais seguiu-se uma oração proferida pelo Pastor Raul Pondja, da Igreja Assembleia de Deus, em representação de todas as igrejas da Catembe.

Como em eventos anteriores, aqui também se abriu espaço para os cidadãos darem o seu testemunho. Falaram assim, em nome da Ca-tembe, Jonas Ndeve e Lúcia Matola que testemunharam as realizações do Governo, indicando que agora nota-se muita mudança no país, em geral, e no Distrito, em particular. Apontaram como exemplo das mu-danças, a nível do Distrito, a facilitação da travessia Catembe – Maputo e a alocação dos 7 milhões e, a nível nacional, a exaltação da vida e obra dos Heróis Nacionais. Deram particular destaque ao baptismo do batelão que faz a ligação Catembe – Maputo com o nome de Fanny Mpfumo, lendário compositor e intérprete da música ligeira moçam-bicana.

271

Na sua intervenção, nesta que é terra dos seus avós e onde o seu pai nasceu e cresceu, antes de se transferir para a parte continental em Mubunwane, o Candidato abordou o papel da Boa Governação e da Cultura de prestação de contas para o sucesso na luta que os moçambi-canos travam contra a pobreza. Disse que, neste sentido, o Povo deve ter mais poder, através do Conselho Consultivo para assegurar que a governação responda aos seus interesses e que os recursos que eram alocados ou usados com probidade e transparência. Indicou ainda que será destas práticas que derivará a Governação Aberta e Inclusiva e o avanço mais célere na luta contra a pobreza. Sublinhou, depois, que este combate é realizado nas acções diárias de cada um sendo, por isso, necessário saber identificar as vitórias alcançadas no quotidiano e celebrar as pequenas vitórias que se vão logrando.

Através das caravanas, o Candidato já conquistara a terra. Através do esquadrão de hélios conquistar os céus. Hoje, na travessia, no Fanny Pfumo, da Catembe a Maputo, com outros tantos barcos a escoltá-lo, o Candidato conquistava o mar!!!

Com este domínio que o Candidato estabelece, vale a pena recordar que o nome Guebuza vem de ku guebhuza que literalmente quer dizer “furar os céus com um objecto ponteagudo”. Como descreve Matusse (2004), Nozishada Ka Maqhoboza era um dos mais destemidos chefes militares de Chaka. Ambidestro, ele recebeu a alcunha de Guebhuza de Chaka pela forma como defendia a soberania e a dignidade da Nação zulu perante os ataques ingleses e boers. Ele atacava o inimigo à esquerda e este ou se retirava vencido ou era esmagado pelas suas tropas. Atacava o inimigo à direita e este ou era esmagado ou se reti-rava vencido. Glorioso, Nozishada Ka Maqhoboza perguntava aos seus soldados onde mais poderia estar o inimigo e eles apontavam os céus e ele lá os furava com a sua lança. Impressionado com a sua bravura Chaka decidiu alcunhá-lo de Guebhuza. Aqui nesta campanha a histó-ria, literalmente, repete-se. O Candidato Guebuza domina a terra, os céus e o mar! (veja ferry pg. 272 a 274)

272

273

274

275

Vigésimo sexto dia

1. Bilene

Cerca das 9:00 horas do dia 9 de Outubro, o hélio que transportava o Candidato rasgava os ares da Vila da Macia, idos de Maputo. Com a aterragem no campo de futebol que se encrava no meio da urbe, mui-tas mais pessoas largaram os seus afazeres para acorrerem ao local onde teriam a oportunidade de ver, in loco, o Candidato que tem es-tado a arrastar multidões, por onde passa, e a dar-lhes maior confiança no seu futuro, por eles próprios a ser construído.

Na verdade, o campo de futebol local, espaço da aterragem, encontra-va-se cheio de gente que se apinhava e se acotovelava ou se empolei-rava por cima do murro para ter o melhor ângulo para ver o seu Can-didato. A avalanche e o delírio cresceram quando o Candidato saiu do seu hélio e cumprimentou a multidão. Todos queriam vê-lo de perto!À sua espera estava Alcinda Abreu, Membro da Comissão Política e Chefe da Brigada Central, José Tsambe, Primeiro Secretário Provin-cial e Chefe do Gabinete Provincial de Eleições, e Raimundo Diomba, Governador Provincial e Chefe-Adjunto do Gabinete Provincial de Eleições.

O Candidato foi cumprimentando as lideranças locais, uma por uma, e com cada uma delas foi trocando meia palavra sobre a vida na Macia, seu desenvolvimento e desafios. Estes influentes também usaram a ocasião para exteriorizar a sua simpatia pelo Candidato, a sua gratidão por aquilo que ele e o Governo da FRELIMO têm feito por Macia.

Quando o Candidato se fez à estrada Macia-Praia do Bilene, mesmo ao lado do Clube, mais gente lhe esperava, muita gente. Tal era a multidão que o Candidato preferiu dispensar a viatura para si preparada e cami-nhar a pé até ao local de kuphahla, cerimónia tradicional de evocação dos espíritos dos antepassados, depois de uma breve passagem pela residência protocolar. O líder comunitário, José Afonso Macia, e a Rai-nha, Laurinda Paulo Maibasse, dirigiram esta cerimónia que envolveu o sacrifício de galináceos e a oferta de bebida aos espíritos da Macia.

276

Acocorados diante de uma árvore, as lideranças tradicionais da Vila da Macia, em oferta aos antepassados, deitaram vinho tinto, tronco da árvore abaixo, e uma galinha branca, morta à paulada. O Candida-to, seguindo as regras da etiqueta e do protocolo locais manteve-se de pé mas, antes do fim da cerimónia, foi solicitado a deitar o vinho tinto, tronco da árvore abaixo, em auto-apresentação e saudação aos espíritos locais.

Dali caminhou a pé para se juntar à multidão que já cantava e dançava em sua homenagem. A sua presença na tribuna foi sinal de que o pro-grama central iria começar tendo, os grupos culturais, que já vinham desfilando, preenchido a parte do programa que contava com a pre-sença do Candidato. A apresentação dos números do rico património cultural do Distrito foi seguido de uma oração para abençoar este evento político. Esta oração foi proferida pelo Pastor Alberto Pelembe, da Igreja de Deus Petencostal em Moçambique.

Depois vieram as intervenções dos cidadãos. Primeiro falou Francisco Macambaco que fez referência à paz que se vive no país que propicia viagens por todo o Moçambique. Disse ainda que graças à construção da ponte Armando Emílio Guebuza, sobre o Rio Zambeze, viajar pelo País passou a ter certeza da hora da chegada. Olhando para as realiza-ções locais disse, perante ovações da audiência que

Quando o Presidente nos visitou no âmbito da sua Presidência Aberta e Inclu-siva, a população pediu para que a vala na baixa de Chiguitine fosse limpa para permitir maiores rendimentos na produção agrícola e ele cumpriu enviando máquinas para limpar. Hoje a produção cresce a olhos vistos. Por outro lado, nós chorávamos pelo Hospital e ele mandou ampliá-lo e a qualidade do atendi-mento melhorou de forma substancial. Estes são apenas alguns exemplos, isto porque o nosso Presidente não pode fazer tudo de uma só vez.

Graciete Armando Matule falou da construção de uma escola secun-dária de raiz com internato, a construção do edífico do Tribunal e a criação de Conselhos Consultivos de localidades até Postos Adminis-trativos para discutir as preocupações da comunidade e decidir sobre projectos para o desenvolvimento da comunidade.

277

Dirigindo-se à sua audiência, o Candidato agradeceu a calorosa recep-ção e o ambiente de festa gerado pela população. Estas manifestações, segundo o Candidato, são uma das demonstrações de que a população de Macia, o Candidato tem certeza de que será possível alcançar a vitória sobre a pobreza, com o seu trabalho.

Ainda neste comício, ele falou da necessidade de reforço da soberania nacional, pois será neste quadro que se podem realizar, e com sucesso, os planos de luta contra a pobreza. Ele indicou que é o Povo e o Mo-çambique soberanos que vão assegurar a construção de mais escolas, estradas, rede eléctrica e telefónica, mais emprego para os jovens e para todos os moçambicanos.

Disse ainda que é neste quadro que serão também continuadas acções de prevenção e de combate às doenças, com destaque para o HIV e SIDA, a malária e a cólera. Para o Candidato

Neste momento de eleições temos que estar seguros e saber onde queremos chegar. Nós vamos chegar lá, a essa meta de Moçambique sem pobreza, porque temos connosco um Povo maravilhoso, um povo muito especial. Maravilhoso porque dedicado ao trabalho. Especial porque sacudiu o colonialismo portu-guês, acabou com a guerra e agora está apostado em acabar com a pobreza. A pobreza acaba-se com o trabalho. Temos que usar a nossa capacidade para continuarmos a empurrar a pobreza para esse abismo onde já está o colonia-lismo.

A passagem do Candidato por Macia foi marcada por uma chuva mi-úda que não chegou a forçar ninguém a abandonar o local donde acompanhava o comício. À boa maneira africana, estes chuviscos fo-ram interpretados como mhamba, uma bênção divina, um derramar de sorte pelos antepassados para a vitória do Candidato e da FRELIMO. O numeroso público que acorreu ao comício fez a festa sem dar qual-quer importância aos pingos de chuva que se prolongaram até ao final do encontro. Com um bom número com camisetes e trajes coloridos deram continuidade à festa que se prolongou muito para além depois da partida do Candidato.

278

279

280

281

2. Xai-Xai

Pouco depois das 13:00 horas, deste dia 9 de Outubro de 2009, o hé-lio Presidencial chegava à capital da Província de Gaza. Do ar se pode-riam ver centenas de pessoas, que de vários pontos do Distrito e do Município tinham convergido para aquele local onde aterraria o seu Candidato. A estrada que parte da EN1. Para o Palácio do Governador de Gaza estava repleta de gente: uns dançando, outros cantando, ou-tros ainda expressando a sua alegria de outras formas, como palmas, largos sorrisos e vivas e hoyes a Guebuza e à FRELIMO.

O Candidato começou por cumprimentar os notáveis de Xai-Xai e depois a população. Na sua caminhada para o Palácio do Governador estavam perfilados grupos culturais com canções preparadas para este momento específico e histórico.

Depois de uma paragem no Palácio para dar tempo à população para se organizar no local do Comício, o Candidato fez-se à estrada, numa longa caravana onde se destacavam viaturas engalanadas, motorizadas e bicicletas. Os peões, incluindo mães, com bebés ao colo, também in-tegravam a caravana. Era dia de festa e ninguém queria ficar de fora!Já no local do comício o cenário da enchente era indescritível.

Dirigindo-se aos presentes, o Candidato centrou a sua atenção no combate à pobreza e promoção da cultura de trabalho. Neste sentido, enfatizou que a pobreza não vai acabar num dia mas que em cada dia ela deve recuar, em resultado do trabalho de cada moçambicano:

Cada dia podemos fazer alguma coisa, cada um de nós, para acabarmos com a pobreza. O Rio Limpopo é nosso, herdámo-lo dos nossos antepassados. A água é nossa, a terra é nossa e é riquíssima. Então a nossa tarefa é utilizar a nossa inteligência e as nossas mãos hábeis para continuarmos a combater a pobreza. Uma das nossas apostas são mais escolas onde os nossos compatriotas possam aprender ofícios e, deste modo, habilitarem-se para combater este mal chama-do pobreza, de forma mais eficaz.

282

Para o Candidato, os moçambicanos já deram provas de que quando querem realizar um sonho, unem-se e, de forma determinada, alcan-çam os resultados pretendidos. Por isso, para o Candidato, a pobreza não pode ter outra sorte que passar à História, como a dominação estrangeira e a guerra de destabilização.

Seguiu-se, depois, o encontro com os influentes de Xai-Xai. Estes sau-daram as realizações do quinquénio entre elas os 7 milhões, a constru-ção e reabilitação de infra-estruturas sociais e económicas. Um dos in-fluentes concluiu dizendo que “a FRELIMO é como o mar que recebe todas as impurezas mas mantêm-se sempre límpido porque conhece o seu papel e sabe qual o seu objectivo”.

283

284

285

Vigésimo sétimo dia

1. Javanhane Logo pelas 8:00 da manhã do dia 10 de Outubro, e perante o entusias-mo popular, o Candidato partiu para a aldeia Acordos de Lusaka, mais conhecida por Javanhane, localidade de Chibabel, Posto Administrativo de Chivongoene, no Distrito de Guijá. À sua chegada, pelas 8:30horas, o Candidato sentiu o calor e o carinho da numerosa população que o aguardava naquele descampado usado para a aterragem.

Aqui, há um episódio que vale a pena relatar. A equipa de avanço iden-tificou a residência de Jacinto Nduma Mandlaze para ser usada pelo Candidato enquanto aguardava pela população se organizar no local do Comício depois de o receber no local da aterragem. Quando, Ger-trudes Daniel Macucule Mandlaze recebeu a notícia, informou, de ime-diato, o seu marido, Jacinto Nduma Mandlaze, trabalhador das minas da África do Sul. Este autorizou que a sua casa fosse usada pelo mais Alto Magistrado da Nação mas ao mesmo tempo pediu dispensa para ver que ele próprio chamaria, de maior milagre da sua vida.

Quando o Candidato chega a esta residência apanha a família alargada de Mandlaze perfilada para o receber. Como mandam as regras cultu-rais, quem o recebe o Chefe de Estado não é o dono da casa, mas seu irmão mais Velho. E foi isto que aconteceu!

Fora do quintal da família, a aldeia se organizara com um coro e can-tava “isto é raro Mandlaze. Mas também foi à custa de muito sacrifício. Sacrifiquemo-nos para ter coisas” (veja pg. 287).

Já no local do comício foram apresentadas actividades culturais do rico património cultural moçambicano. Eram grupos que demonstra-vam que tinham criado, ensaiado e exercitado, ao pormenor, as exibi-ções que iriam fazer perante o Candidato.

286

Seguiu-se, depois, uma oração proferida pelo Pastor Xavier Timane, da Igreja Reformada em Moçambique, acto seguido pela intervenção de dois cidadãos: Betuel Sansão Mandlaze e Rute Bedeningo Quibe. Nas suas intervenções eles agradeceram as realizações do Governo, entre elas, a ponte do Guijá, a represa de Dzindzine, a Escola Secundária, bem como a afectação de uma ambulância e de uma carinha para apoio logístico ao hospital. Para o próximo quinquénio inscreveram o abastecimento de água, manifestando certeza de que com 4x4, alcunha que foi atribuída ao Presidente Guebuza, por se fazer a tudo o que é espaço nacional, este e outros problemas serão resolvidos.

Neste comício, o Candidato voltou a centrar a sua mensagem na luta contra a pobreza e na promoção da cultura de trabalho. Explicou que esta luta não se faz no abstracto ou através de terceiros. Sublinhou que ela é, e deve ser feita, no concreto, por cada moçambicano, todos os dias. Para ilustrar o seu ponto disse que a construção de estradas e pontes, a abertura de fontes de água, a frequência à escola são formas como o cidadão participa na luta contra a pobreza.

Ainda na exploração deste compromisso da FRELIMO, de luta contra a pobreza e pela cultura de trabalho, o Candidato exortou para que cada um se questione, no quotidiano, sobre o que está a fazer para acabar com a pobreza na sua família e em Moçambique. Reiterou que os sucessos registados no quinquénio que está prestes a terminar, deixam claro que os moçambicanos, de forma decidida, estão a redu-zir a distância por percorrer até à meta de um Moçambique livre da pobreza.

287

288

289

2. Chibuto

Pouco depois das 11:00 o Candidato aterrava no aeródromo do Chi-buto onde era aguardado por um mar de gente que o acompanhou até a sua residência protocolar, no centro da cidade. O Candidato muito bem sabe que ele tem uma relação de empatia muito forte com o seu Povo e não é, por isso, apenas através de palavras que se comunicam. Os sorrisos são mútuos. Os seus gestos de saudação são correspon-didos por rostos radiantes e gestos de uma população que sabe que este é o seu Candidato.

Dali, e depois de um breve intervalo, o Candidato foi juntar-se à mul-tidão que o aguardava no local do comício, em Chimundo, um novo bairro de expansão da cidade.

As actividades culturais foram animadas e envolventes fazendo trans-bordar o calor do palco para a plateia e para a tribuna. Do canto este, o vento transportava os sabores da carne que estava sendo assada na brasa e vendida aos participantes neste evento político orientado pelo Candidato. Era a política e o negócio de mãos dadas.

Depois da parte cultural vieram as orações pelo Pastor Eduardo No-vela e pelo Sheikh Abdul Remane Adamo. A seguir, foram apresentados depoimentos dos cidadãos Eclesiana da Graça Matcheca e José Magui-guana que falaram das realizações do quinquénio: a reversão da HCB, a implantação de quatro instituições de ensino superior em Gaza, sendo uma delas no Chibuto, a expansão da rede de telefonia móvel, a rea-bilitação dos regadios de Chókwè e Xai – Xai, bem como a instalação do transporte público de passageiros que liga Xai – Xai, Chibuto, Guijá e Chókwè. Para o próximo quinquénio inscreveram o abastecimento de água.

Na sua intervenção, o Candidato deu destaque à consolidação da Uni-dade Nacional, da paz e da democracia, o primeiro dos cinco compro-missos da FRELIMO no seu manifesto eleitoral. Saudou, neste quadro,

290

a forma como os grupos e artistas se exibiram, uma demonstração do orgulho pela sua cultura, uma cultura herdada dos seus antepassados. Demonstrou que nesta diversidade os moçambicanos apropriam-se dos valores idiossincráticos da moçambicanidade para projectá-los como seus e para sedimentar a consciência e o sentido de Nação e de Unidade Nacional.

Falou depois da Paz, e da forma como sem ela Chibuto e Moçambi-que não avançavam na luta contra a pobreza. Saudou, neste contexto, a forma como em Chibuto e em Moçambique se tem mantido a paz, a tranquilidade, a lei e ordem através da transformação da campanha eleitoral em momento de festa e de convívio. Para o Chefe de Estado é neste convívio que se desenvolve a cultura de paz e a democracia multipartidária em Moçambique.

Concluiu que é no ambiente que a Unidade Nacional, a Paz e a de-mocracia proporcionam que é possível lutar e vencer a pobreza. Foi neste ambiente, segundo o Presidente da República, que foi possível lograrem-se os resultados registados no quinquénio. Ainda segundo o Chefe de Estado, eles também foram possíveis graças à contribuição do Povo Moçambicano, um povo que lhe é especial, através dos seus pedidos, conselhos e críticas. Disse depois que, apesar dos sucessos registados, ainda há um longo caminho a percorrer, pois muitos cida-dãos ainda não usufruem desse progresso, razão que o leva a pedir o voto para si e para a FRELIMO, para continuarem a liderar a luta con-tra a pobreza em Moçambique, num ambiente de Unidade Nacional, de Paz e de democracia. “Para votar é simples”, dizia ele, usando um simulador de voto e perante um público muito atento às suas explica-ções. “É só fazer tchan, tchan. E pronto. Está feito”.

Seguiu-se, depois, um encontro com os notáveis do Distrito a quem agradeceu pelo seu papel na mobilização e no enquadramento da po-pulação para o receber e para participar, de forma activa e festiva, no comício. O Candidato saudou ainda o uso, por estas personalidades, da sua ascendência, prestígio e experiência na manutenção da tranqui-

291

lidade que tem estado a caracterizar a campanha eleitoral, tendo ape-lado para que continuem a trilhar por este caminho. Concluiu as suas saudações exaltando a colaboração dos notáveis de Chibuto ao longo da governação durante os quase cinco anos e recordou-lhes para se considerarem parte dos obreiros dos resultados do quinquénio.

Nas suas intervenções os influentes de Chibuto saudaram o desem-penho do Presidente e do seu elenco e manifestaram o desejo de manter esta governação que se liga ao Povo.

Como prioridades do quinquénio apontaram a necessidade de se prestar mais atenção ainda à construção de regadios no vale do Rio Limpopo até ao distrito de Guijá, a assistência aos idosos através do INAS, a abertura de fontes de água no Posto Administrativo de Hlan-ganine, bem assim a instalação de uma antena de telefonia móvel tam-bém naquele Posto. Ainda como prioridades do quinquénio inscreve-ram a atracção de investimento estrangeiro, a eliminação da barreira dos 3 anos de experiência para o acesso ao emprego e a continuação da alocação dos 7 milhões, determinando uma quota para os jovens para estimular o empreendedorismo. A última solicitação prende-se com a expansão da rede de energia eléctrica pelos bairros do Posto Administrativo de Malehice.

Apesar de compreenderem o apelo do Candidato de que não se po-dem celebrar vitórias antecipadas, os notáveis de Chibuto reafirma-ram que o Candidato e a FRELIMO podem contar com eles porque “no Chibuto não estamos em campanha eleitoral porque não temos nem sentimos a presença de qualquer adversário político. Em Chibuto estamos em festa, porque Chibuto é FRELIMO, FRELIMO é Chibuto”.

292

293

294

295

296

Vigésimo oitavo dia

1. Chidenguele

Às 7:45 do dia 11 de Outubro de 2009, o Candidato deixava o aeró-dromo do Chibuto e às 8:15 aterrava no Campo do Clube Desportivo de Chidenguele, roçado pela EN1. Um mar de gente aguardava pelo Candidato que com eles seguiu para o local do comício e onde era aguardado por uma outra moldura humana e grupos culturais.

São estes grupos culturais que abrilhantaram a festa e o convívio entre o Candidato e a população do Posto Administrativo de Chidenguele. Depois da parte cultural seguiu a religiosa consubstanciada por uma oração proferida pelo Pastor Fenias Chemane, da Igreja do Nazareno.Vieram depois os depoimentos dos cidadãos Nelson José Munguambe e Maria Gracinda Celestino Chemane que deram destaque a algu-mas realizações como são os casos do aumento de salas de aulas, da instalação da rede de telefonia móvel, do abastecimento de água, da reabilitação da Estrada Nacional nº 1, da alocação dos 7 milhões que permitiram a aquisição de gado e moageiras. Como projectos para o próximo quinquénio inscreveram o alargamento da cobertura da rede de energia eléctrica, a redução do custo da energia para permitir o acesso a cada vez maior número da população de Chidenguele e a instalação do sinal da Televisão de Moçambique.

Falando para esta moldura humana, o Candidato escalpelizou o comba-te à pobreza e a promoção da cultura de trabalho tendo começado por dizer que as realizações que foram saudadas pelos cidadãos que inter-vieram só foram possíveis porque os moçambicanos se empenharam e demonstraram que podem fazer mais pelo seu País.

Disse ainda que estas realizações reflectem passos positivos na luta contra a pobreza e são sinais de que a pobreza poderá acabar em Moçambique. Para o Candidato, o mais importante é que cada mo-çambicano acredite que este flagelo vai e está a ser vencido pelos

297

moçambicanos. Neste contexto, comentou que há pessoas que ficam a contemplar a pobreza na esperança de que ela, por si só, passe à história:

A pobreza não vai acabar assim. É necessário que cada moçambicano trabalhe. É necessário que cada moçambicano se questione sobre o que faz, diariamente para combater a pobreza. Que cada moçambicano se questione sobre os resul-tados que está a alcançar, no dia-a-dia, nesse seu empenho para acabar com a pobreza na sua família e em Moçambique.

A sua dissertação era seguida com serenidade e cada um parecia pro-curar absorver o máximo dos seus ensinamentos. Por isso, acompa-nhavam-no, quase que de forma hipnótica, nos seus gestos poderosos e na sua voz timbrada nesse seu sonho de futuro melhor para Mo-çambique.

298

2. Mandlakazi

As 11:00, do dia 11 de Outubro de 2009, o Candidato chegava à terra natal do Presidente Eduardo Chivambo Mondlane, fundador da Fren-te de Libertação de Moçambique. Aqui, e logo após a sua aterragem, o Candidato embrenhou-se por entre uma multidão eufórica que o queria abraçar, tocar e expressar-lhe, de forma directa, o seu entu-siasmo e apoio. Em alguns momentos esta situação colocou à prova a capacidade da Segurança, do Protocolo e dos voluntários de fazerem o seu trabalho sem interferir com estas manifestações de carinho da população. E tudo correu a contento das partes numa recepção apo-teótica, cheia de cor e vida.

Para além desta indescritível recepção, Mandlakazi teria as suas sur-presas. Com efeito, da casa protocolar, o Candidato foi acompanha-do por viaturas, motorizadas e bicicletas. O dado momento da rota, juntaram-se cavalos que, como os restantes meios de transportes já descritos não eram novidade porque o Candidato já os tinha visto em Pemba. Mais adiante viriam as novidades. Primeiro as carroças atrela-das a juntas de bois e já muito perto do local do comício, deficientes físicos que se faziam transportar em triciclos próprios! Estava fixado um novo recorde de diversidade de meios de transporte na recepção do Candidato! (veja pg. 302).

Os grupos culturais e os artistas locais, fizeram-se ao palco exibindo a sua criatividade artística e a sua capacidade de se apropriar e de exteriorizar o seu orgulho por serem promotores de uma cultura rica na sua diversidade. As canções e outras criações artísticas tinham sido talhadas e ensaiadas para este momento histórico de recepção do Candidato.

De seguida foram proferidas orações pelo Pastor Sérgio Muhai, da Igreja do Nazareno, e pelo Sheikh Abdul Remane, da religião Muçulma-na. Eles rezaram pela paz e por um processo eleitoral pacífico e para que o Senhor dê a necessária inteligência ao Povo para fazer a escolha certa no dia 28 de Outubro.

299

A seguir às orações foram apresentados testemunhos das realizações do Governo, pelos cidadãos Salomé Mbenhane e Juvenal Gabriel Ma-posse que destacaram a alocação dos 7 milhões que permitiram a aquisição de tractores, juntas de tracção animal, a abolição das taxas de matrícula no ensino primário, o aumento de cinco escolas durante o mandato; a afectação de mais 3 médicos no Hospital do Distrito; a instalação de uma sala de operações e de aparelho de RX, a abertura de 5 universidades na Província, a instalação de uma antena de telefo-nia móvel e do sinal da Televisão de Moçambique, a extensão da ener-gia que passou a beneficiar 5 dos 7 postos administrativos.

Agora era a vez do Candidato que disse o seguinte:

Muito obrigado pela vossa recepção, muito calorosa. Nem sabia como ia sair do local da aterragem. Estava muito, muito cheio mesmo: com danças, com canções. Isso mostra que estamos em festa, que estamo-nos a preparar para o dia 28 de Outubro, o dia em que cada um de nós, eleitores, deve ir votar e todos sabem que vamos votar bem para o bem da nossa vida nos próximos cinco anos. É verdade que foi feita muita coisa, mas aquilo que foi feito, foi feito porque somos um povo maravilhoso, um povo que sabe o que quer, um povo que aconselha e critica os seus dirigentes e ajuda a compreender e isso é muito importante. Agora nós temos um problema. Nós queremos continuar com o trabalho que iniciámos e nós sabemos que para continuarmos a trabalhar e termos bons resultados temos que continuar a ser aconselhados, temos que continuar a ser criticados pelo nosso Povo. Por isso mesmo pedimos votos para mim, Armando Guebuza e para a FRELIMO.

Foi desta maneira que o Candidato introduziu o tema do comício Boa Governação e Prestação de Contas. Ele assegurou à sua audiência que a FRELIMO e ele próprio vão prosseguir com a Presidência Aberta e In-clusiva, com réplicas aos outros níveis, e dar mais poder ao Povo para participar na governação e para aguçar a sua capacidade inspectiva através dos Conselhos Consultivos. O combate aos obstáculos ao de-senvolvimento e às doenças também se enquadra nesta cruzada. Ainda neste quadro, o Candidato falou do compromisso do seu Governo de cultivar o sentido de cidadania, inclusão e auto-estima e de garantir que o moçambicano se sinta e se orgulhe de participar na melhoria da governação do seu País.

300

Do comício o Candidato foi orientar, às 14:30, um encontro com os influentes de Mandlakazi. No início deste encontro agradeceu-lhes pela sua liderança da população quer para aquela recepção calorosa e comício festivo quer pela sua colaboração na luta contra a pobreza, ao longo do quinquénio.

Para o Chefe de Estado é importante que se mantenha uma campa-nha eleitoral que se caracteriza como momento de festa e de conví-vio entre os moçambicanos, como se tem verificado até agora. Nesta ocasião,o Candidato apelou para que se combata a abstenção desen-corajando o discurso de que a FRELIMO e o seu Candidato já vence-ram estas eleições. Por isso, apelou para que usem a sua influência para levar a população a perceber que só se ganham as eleições com votos e não com a intenção ou tendência de voto.

Alguns dos influentes de Mandlakazi, Judas Macamo, Silvano Feio Langa e Abdul Remane, saudaram a liderança do Presidente que resultou numa maior popularidade da FRELIMO, na reabilitação da Estrada Na-cional nº 1, na construção de novas salas de aulas, ampliando a Escola Secundária de Mazucane, o encorajamento e o oio à maior visibilidade e protagonismo das confissões religiosas, bem como a construção da Ponte Armando Emílio Guebuza, uma obra de grande engenharia. Para o próximo quinquénio inscreveram o aumento das unidades sanitárias e a reabilitação de vias de acesso.

301

302

303

Vigésimo nono dia

1. Chitondo

A sua primeira actividade neste dia foi a emissão de uma mensagem em saudação ao professor pelo seu dia, mensagem na qual se podia ler, a dado passo:

A Nação Moçambicana, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo, junta-se a si nas celebrações do 12 de Outubro, seu Dia. Saudamos-lhe por tudo aquilo que tem feito para realizar o sonho dos moçambicanos de fazer da educação um instrumento de luta contra a pobreza.

De si, os alunos e estudantes aprendem os valores da Pátria, ganham uma di-mensão maior do papel da auto-estima, da Unidade Nacional e da cultura de trabalho e dacidadania na construção de um Moçambique próspero e sempre em Paz.

Uma vez mais,felicitamos-lhe por este seu Dia. Estendemos esta sau-dação à sua organização sindical, a Organização Nacional dos Profes-sores. Continuemos a caminhar juntos nesta luta contra a pobreza e pela construção do nosso bem-estar.

Às 8:30 dia 12 de Outubro de 2009, o hélio Presidencial rasgava os céus da pacata localidade de Chitondo, no sul Distrito de Zavala. Por entre os muitos coqueiros, os pilotos conseguiram fazer aterragens em segurança, onde centenas de homens, mulheres, jovens e crianças aguardavam por este dia e momento. Presente também estava o Co-mité de honra constituído por Aires Ali, Membro da Comissão Política e Chefe da Brigada Central, Felisberto Machava, Primeiro Secretário Provincial e Chefe do Gabinete Provincial de Eleições, e Itai Meque, Governador Provincial e Chefe-Adjunto do Gabinete Provincial de Eleições.

Os grupos culturais foram colocados ao longo da rota que o Candida-to seguiria. Com tantos grupos de timbila estava-se perante um verda-

304

deiro Msaho, o festival que reúne os melhores executores desta mani-festação artística que, ao lado do Nyau, já foi declarada pela UNESCO como Obra-prima do Património Oral e Imaterial da Humanidade.

Sendo este o ponto de entrada ao Círculo Eleitoral de Inhambane, o Candidato participou na cerimónia de Ku Phahla, uma cerimónia de evocação dos espíritos dos antepassados, organizada em sua honra e dirigida pelo Cabo Américo Nhachote Cuambe. Quando esta cerimó-nia terminou já o local do comício abarrotava de gente e a chegada do Candidato deu início ao programa que abria com a exibição de alguns números do rico património cultural do Distrito, com destaque, uma vez mais, para a Timbila.

Seguiram-se as orações proferidas pelo Pastor Alfredo Senete Gune, da Igreja Sião União Apostólica Cristã de Moçambique, e pelo Pastor Armando Munguambe, da Igreja de Cristo de Moçambique. A parte religiosa foi seguida de intervenções dos cidadãos.

O primeiro a intervir foi Abneiro Joho Doho que fez uma breve abor-dagem dos feitos do Candidato destacando a reversão da HCB, a atribuição de 7 milhões aos distritos, a afectação de ambulâncias a todos os distritos, a construção da ponte Armando Emílio Guebuza e a construção, de raiz, do Hospital do Distrito de Zavala. Elogiou o trabalho da Primeira-Dama a favor das pessoas vulneráveis e o facto de ela partilhar com as populações, à volta da lareira, as suas refeições, as suas realizações, os seus sonhos e desafios. De seguida, falou Nelita Miguel Matula que disse que

quando o Presidente Armando Guebuza tomou posse, em 2004, mandou er-guer uma escola secundária e ela já está a funcionar. Muitas outras escolas foram edificadas o que permite que as nossas crianças deixem de percorrer longas distâncias para terem acesso ao ensino. Por outro lado, Mavila já conta com uma escola secundária e uma outra será erguida no próximo ano. Também sabemos que o Governo do Presidente Guebuza vai edificar, no próximo ano, uma escola secundária aqui em Chitondo e uma outra técnico-profissional em Zavala onde vão formar os nossos jovens de modo a que eles promovam o auto-emprego.

305

A seguir às duas intervenções, Maria José Zacarias declamou o poema “É Neste Momento”, da autoria da heroína nacional, Josina Machel. Trata-se de um poema escrito em plena Luta de Libertação Nacional em que Josina Machel incita os seus camaradas a estarem preparados para persistir, mesmo perante dificuldades, para avançar, mesmo pe-rante a tentação para vacilar, a manterem-se firmes na defesa da causa do Povo Moçambicano. A declamadora extrapola o contexto em que o poema foi escrito para o actual, de luta contra a pobreza.

Para esta audiência o Candidato escolheu o tema Consolidação da Uni-dade Nacional, Paz e democracia. Falou do valor da unidade dos mo-çambicanos para vencer os desafios do presente e do futuro. Usando o exemplo da orquestra de Timbila, disse que cada um dos artistas e dançarinos têm um papel específico a exercer. Eles não são iguais como pessoas nem tem as mesmas habilidades e técnicas mas com-plementam-se para produzir um espectáculo que à audiência agrada. O Chefe de Estado disse que o mesmo se passava com a Unidade Na-cional: há homens, mulheres, velhos e jovens e crianças. Há diferentes grupos étnicos e diferentes línguas mas isso não constitui problema em Moçambique pois é riqueza de que todos os moçambicanos se devem orgulhar: “Sem unidade não podemos fazer nada”, vincou o Candidato.

Falou da Paz e da necessidade da sua contínua valorização e conso-lidação: “É importante lembrarmo-nos do passado para, no presente, projectarmos o futuro” enfatizou, tendo depois recordado que foram os moçambicanos nas bases, nas vilas e cidades que disseram que já não queriam mais a guerra, que se abraçaram e comprometeram-se a construir este Moçambique para si próprios e para as futuras ge-rações. Foi com a paz que foi possível aprofundar a democracia em Moçambique para o estágio em que hoje se encontra.

Para o Presidente da República, hoje os moçambicanos estão unidos à volta da agenda da luta contra a pobreza. A Paz cria as condições para os moçambicanos se dedicarem a esta agenda e a democracia ajuda a libertar mais energia para se avançar nesta frente, de forma célere.

306

307

308

2. Mocumbi

Às 11:30 deste dia 12 de Outubro de 2009, o Candidato aterrava na Localidade de Mocumbi, Distrito de Inharrime. Aqui, como nos outros pontos de Moçambique que já tinha escalado, foi recebido por uma moldura humana, entusiástica, fraternal e patriótica, que viera da Sede do Distrito e dos distritos vizinhos de Panda, Homoíne e mesmo de Zavala donde o Candidato vinha, porque não se contam as vezes que se deve ver quem se ama.

Caminhando a pé ao longo de um corredor criado pela eufórica mul-tidão, o Candidato fez uma breve paragem na residência do Chefe do Posto, para dar tempo para a população se organizar no local do comí-cio. Depois, o Candidato fez-se ao local do comício onde foi recebido com o mesmo entusiasmo que testemunhara, à sua chegada.

Vários grupos subiram ao palco para exibir o seu saber e a arte de cantar e dançar. Cada um dos grupos queria dar o seu melhor como que a justificar porque tinha sido um dos escolhidos para representar a sua localidade ou aquela expressão artística. Quando chegou o mo-mento de transitar para a etapa seguinte do programa lia-se no sem-blante da população que a audiência ainda queria mais. Infelizmente, como costuma dizer o Presidente Guebuza, os ponteiros do relógio não param!

Terminada esta parte do programa seguiu-se a que foi preenchida pelo momento religioso. A oração seria então dirigida pelo Padre Joan Carlo Calderon, da Igreja Católica. Seguiram-se os depoimentos. O primeiro a usar da palavra foi Luís Ariaga Comé, representante da Associação dos Desmobilizados de Guerra (AMODEG), tendo afirmado, de forma vigorosa, que a sua organização estava satisfeita com a liderança do Presidente Armando Guebuza.

Nós reconhecemos que existem muitas dificuldades que ainda persis-tem, mas também estamos convictos que só com o Presidente Armando Guebuza e com a FRELIMO é que essas mesmas dificuldades que ainda en-

309

frentamos serão resolvidas. Pelo que nós queremos garantir que no dia 28 de Outubro nós, os desmobilizados de guerra, votaremos em si e na FRELIMO.

Depois falou Benedito Domingos que deu destaque às realizações do Governo, como é o caso da construção de salas de aulas, da melhoria das vias de acesso e da alocação dos 7 milhões. Como projectos para o próximo quinquénio inscreveu a necessidade de apoio ao sector da agricultura, devido à escassez de chuvas.

Na sua interacção com a população de Mocumbi, o Candidato escal-pelizou o combate à pobreza e a promoção da cultura de trabalho. A este respeito disse que através da Revolução Verde procura-se melhorar a produção agrária e responsabilizar determinados distritos por certas culturas, tendo em conta as suas condições agro-ecológicas.

Para o Chefe de Estado, a Revolução Verde vai de mãos dadas com a educação e a formação de quadros. Apontou que um dos problemas que afecta Mocumbi é a falta de água mas muito perto do Posto Ad-ministrativo existem muitos rios que ainda não são explorados para o benefício da população. Isso é pobreza. Para ele é através da formação que os moçambicanos vão adquirir mais conhecimentos e habilidades que lhes permitam dominar as técnicas de uso mais eficiente dos re-cursos disponíveis para o aumento da produção e mesmo para não dependerem da chuva para a sua produção agrária. Disse que o seu Governo vai continuar a apostar na expansão do ensino profissional, por forma a que mais moçambicanos a ele tenham acesso.

O Candidato sublinhou que os eleitores devem saber escolher quem trabalha para o desenvolvimento deste Posto, do Distrito e da Provín-cia. Disse ainda que ele e a FRELIMO já provaram que sabem cumprir com a sua palavra e levar o desenvolvimento onde deve ter impacto na vida da população. Mais adiante destacou que a experiência de-monstra que ele e a FRELIMO sempre se deixaram aconselhar pelo Povo e com o Povo têm estado a construir este belo Moçambique.

310

311

312

313

3. Inhambane Pouco depois das 14:00, do dia 12 de Outubro de 2009, os hélios da comitiva do Candidato em formação faziam voos rasantes, anunciando a chegada daquele que o músico MC Roger chama de Patrão: “abram as alas”, ordena o músico, “porque o Patrão já chegou”, remata. O espectáculo era de se lhe tirar o chapéu, um espectáculo que fazia delirar os que da terra o assistiam. As 14:35 o Candidato aterrava no aeroporto da Cidade de Inhambane, um local que se tornava minús-culo para tanta gente que da cidade e seus arredores convergira para receber, “o Patrão”, como enfatiza o músico MC Roger.

Todos se acotovelavam e se apertavam para trocar um aperto de mão com o Candidato ou para, pelo menos, ter a certeza de que também lhes viu e reconheceu o seu carinho, amor e sua admiração por ele. Esta era uma simpatia que atravessava o género, a idade e a condição social dos circunstanciantes. Até as crianças, como tinha acontecido noutras localidades por ele escaladas, sentiam-se contagiadas, procu-rando também ocupar a linha da frente, vivendo os frenéticos mo-mentos inolvidáveis da campanha, com fervor de patriotas adultos. Com poses e atitudes dos seus mais velhos, pás crianças areciam que estavam ali para reclamar a sua exclusão pelo legislador pois achavam-se no direito de participar na votação do dia 28 de Outubro porque também queriam votar no seu futuro.

Caminhando lentamente, sorridente e afável, o Candidato ia corres-pondendo aos acenos, aos vivas e aos hoyes que claramente o transfe-riam do pedestal partidário para o de toda a Nação porque insuflador de certezas e de auto-estima e de um fervor patriótico enformado pela moçambicanidade.

A azáfama é grande, a enchente e o entusiasmo indescritíveis. Por isso, o Candidato é forçado a ceder à pressão popular e permanece, por conseguinte, por mais algum tempo, felizmente orçamentado pela sua equipa de apoio.

314

Depois de deixar o aeroporto, a caravana foi entrando Cidade adentro, a uma velocidade que mesmo os idosos, de bengala em mão, poderiam acompanhar. Era uma velocidade que se inspirava e dava expressão ao compromisso do Candidato com a inclusão e com a participação de todos e de cada um dos moçambicanos, no seu projecto de luta contra a pobreza.

Cerca das 15:00, o Candidato era recebido no Bairro Muelé por uma moldura humana que, por terra, parecia ter transportado o mesmo ca-lor e entusiasmo com que acolhera o Candidato no Aeroporto, meia hora antes. A música, a dança, o teatro, tudo concorria para abrilhantar e tornar inesquecível este dia. O público, esse vibrava, corresponden-do à criatividade e ao esmero dos artistas.

Depois desta parte cheia de emoções vieram as orações proferidas pelo Pastor Aníbal Ventura, da Igreja Congregacional, pelo Imamo Mu-zamil Curgy, da Mesquita Central de Inhambane, e por Rajú Maharaj Bipin Bachubay Joshi, da religião Indú. O crescendo das emoções voltou a subir quando Ivone Dias, que se apresentou como sendo da Geração da Viragem, fez o balanço do quinquénio, destacando as realizações no sector da educação, onde foram construídas escolas secundárias e abertas cinco universidades naquele círculo eleitoral.

E como que a sublinhar essas realizações, um jovem causou delírio ao se apresentar no local com adereços académicos costurados a partir do material de campanha da FRELIMO e com canudo na mão como quem está, de facto, numa cerimónia de graduação. À curiosidade po-pular ele explicou-se dizendo que é graduado pela campanha da FRE-LIMO! Uma grande homenagem ao Professor pelo seu dia, feita por este jovem, complementando a que o Candidato fizera nas primeiras horas da manhã deste dia (veja pg. 318 e 319).

Mas Inhambane delirava e se entusiasmava com a presença do Candi-dato porque ele liderara a concretização de mais realizações. Destas, destaque vai para a reabilitação da Ponte Cais Inhambane-Maxixe; a

315

construção do Centro de Formação de Professores do Futuro em Chamane; a extensão da rede de energia eléctrica para os Bairros de Mucucune, Conguiana, Salela, Chamane e Guitambatuno; a aquisição e entrega de 6 autocarros para o transporte público urbano; a aquisi-ção e afectação de 2 embarcações de travessia Inhambane-Maxixe; a expansão das telefonias móveis MCel e VODACOM; dos bancos co-merciais BCI e SOCREMO, bem como a construção de um super mercado no centro da Cidade e do Hotel 5 Estrelas “Casa do Capitão do Porto”.

Na sua intervenção, o Candidato agradeceu a calorosa recepção e disse que era tanta a gente no aeroporto e em Muelé que parecia que toda a Cidade de Inhambane saíra à rua para o saudar e com ele interagir. Para cristalizar a sua satisfação com aquela aderência e en-tusiasmo, o Candidato disse que já estivera na Cidade de Inhambane em ocasiões anteriores mas nunca vira tanta gente como naquele dia 12 de Outubro.

Ainda na parte introdutória, deu um destaque particular à actuação dos grupos culturais que pelo carácter intergeracional da sua compo-sição e pelo orgulho que os seus integrantes exibem, são manifesta-ções culturais com a necessária vitalidade e com futuro garantido.

Comentado sobre as orações disse que elas irradiam a luz para se ver o caminho que se está a trilhar e ajudam a reunir as forças necessárias para se vencer o maior problema que Moçambique tem pela frente, a pobreza. Exortou as confissões religiosas a continuarem a rezar pela paz e por um processo eleitoral livre de violência.

Para o tema central deste encontro escolheu o combate à pobreza e a promoção da cultura de trabalho. Para a sua abordagem tomou as realizações referidas pelos intervenientes que lhe antecederam e pelas mensagens nas canções como sendo resultados do trabalho de todo o Povo quer directamente, na produção dessas realizações, quer de forma indirecta, através dos seus conselhos, comentários e críticas. To-

316

davia, o Candidato alertou que o que foi feito ainda não cobre todos os cidadãos e mesmo onde essas realizações foram implantadas não são acessíveis a todos os moçambicanos.

Há cidadãos que vivem em zonas onde ainda não há telefone, energia ou água e eles, com razão, clamam pela sua chegada. Isso é pobreza. Por outro lado, há cidadãos que vivem em zonas onde já há água, telefone e energia mas que deles não se beneficiam porque não têm recursos para a eles aceder. Isso também é pobreza. Este é o compromisso que estamos a assumir perante os moçambica-nos: liderar-vos nesta luta contra a pobreza e pelo bem-estar de todo o nosso Povo. Por isso viemos aqui pedir o voto para a FRELIMO e para mim próprio. Queremos continuar a liderar-vos no aprofundamento da cultura de trabalho e no combate contra a mão-estendida.

O Candidato não tem nem a petulância nem a presunção de que pode ter sucesso nessa missão histórica sem a FRELIMO, a sua família alar-gada, onde cresceu e revelou a firmeza do seu carácter, a justeza dos seus propósitos, o seu irreticente patriotismo e a sua indomável de-terminação e perseverança. Por isso, também apelou para o voto nesta quase cinquentenária FRELIMO. O seu pedido foi correspondido por uma prolongada ovação da audiência.

Por volta das 16:30 o comício terminava e às 18:00 tinha início o encontro com as personalidades influentes da Cidade de Inhambane naquilo que popularmente se designa de Inhambane Céu. A estes o Candidato agradeceu pela capacidade demonstrada na mobilização e no enquadramento da população quer no aeroporto, quer ao longo da rota que a sua caravana seguiu, quer ainda no comício de Muelé. Saudou a forma festiva e entusiástica como estes eventos correram e felicitou os notáveis pelo clima de paz e de tranquilidade que têm ajudado a manter durante a campanha.

Para além deste desafio de salvaguardar a paz e o ambiente pacífico e de civismo, o Candidato apelou aos influentes para usarem o seu prestígio para levar a população a fazer do acto de votação, a sua pri-meira actividade no dia 28 de Outubro. Sublinhou que as enchentes e

317

a tendência de voto não se transformam em votos, porque não substi-tuem o voto que deve ser depositado pelo próprio votante e não por terceiros porque neste processo não há delegações.

Em vez de se concentrarem nas realizações, os notáveis de Inhambane preferiram falar do que deve constar nos planos futuros do Governo que eles vão votar, o Governo da FRELIMO, dirigido pelo Presidente Armando Emílio Guebuza. De entre as questões colocadas destaque vai para s melhoria das condições de trabalho para os professores e para os médicos; a viabilização da marinha mercante; a facilitação do acesso a terrenos pelas confissões religiosas, bem como para o abas-tecimento de água no Distrito de Homoíne e no Bairro de Salela.

Como vem fazendo, o Candidato agradeceu as contribuições que foi anotando, uma por uma. Prometeu prestar-lhes a maior atenção no próximo quinquénio.

318

319

320

321

Trigésimo dia

1. Funhalouro Como tem sido divisa nesta campanha, que neste dia 13 de Outubro completa 31 dias, o Candidato sujeita-se a uma agenda intensa que começa logo pela manhã - não foi por acaso que a população de Gaza o apelidou de 4x4, o veículo todo o terreno. Pelas 7:30 o Presidente da República levantava voo para levar a sua mensagem eleitoral ao Distri-to de Funhalouro, localizado no ponto de encontro entre a estrada de Mabote e de Morrumbene.

Cerca de 45 minutos depois aterrava para um acolhimento apoteóti-co. Grupos culturais e gente vestida com adereços costurados a partir do material de campanha do Candidato e da FRELIMO o aguardavam. Como noutros cantos, que ele já escalou, todos sentiam uma alegria interior, por ali estarem. Todos queriam olhá-lo na cara, porque para alguns era o primeiro contacto com esta figura que é transportadora da esperança e da certeza dos moçambicanos de um Futuro Melhor.

Depois dos cumprimentos de chegada e depois de apreciar os núme-ros culturais preparados para a sua recepção no local da aterragem, o Candidato partiu para o local da acomodação enquanto a multidão se organizava no local da interacção. Aqui, os grupos culturais também refinavam os números que tinham preparado para o Candidato.

Minutos depois, o Chefe de Estado chegava ao local do comício onde seria apresentado à população que mesmo tendo-o, há pouco, recebi-do no local de aterragem e o acolhido recentemente no âmbito da sua Presidência Aberta e Inclusiva, parecia uma novidade. O princípio de que quem ama não se cansa, pode reverberar na circunstância.

O programa do comício inicia-se com as actividades culturais. No pal-co desfilam vários grupos locais que fazem festa à sua maneira. Na plateia a audiência vibra e aplaude a criação artística dos seus grupos.

322

Segue-se a bênção ao evento. Esta parte do programa é dirigida pelo Pastor Alfiado Melisse Matuque, da Igreja Metodista Livre que ora pela paz e para que Deus dê mais sabedoria aos dirigentes, como deu ao Rei Salomão dos tempos bíblicos. Também ora por eleições pacíficas.

Dois cidadãos pedem a palavra. Primeiro falou Meriamo Mutoto, da sede do Distrito que disse que

as poucas escolas que tínhamos não tinham carteiras e as nossas crianças sem-pre regressavam sujas para casa porque estudavam sentadas no chão. Em 2006, quando o Senhor Presidente nos visitou nós pedimos escolas e hoje já temos uma escola secundária que lecciona até à 12ª classe com salas de aula equipa-das com carteiras. Também temos o programa de Alfabetização e Educação de Adultos. Em Tomé temos um centro de saúde, na sede distrital de Funhalouro temos outro, em Mavume e Manhiça também foram edificados outros e onde ainda não existem as brigadas móveis da saúde prestam assistência. O Distrito já tem um médico e energia fornecida a partir de geradores. Se o dia de hoje é assim tão bom, Senhor Presidente, o de amanhã será ainda melhor com, espe-ramos, a chegada da energia de Cahora Bassa.

Alberto Mazive, líder comunitário de Tome e que se apresentou como um agricultor de referência, disse que

nós população de Funhalouro não gostaríamos que o seu (Armando Guebuza) terminasse. Deus deu-lhe uma grande dádiva de interagir e de lutar pelo nosso bem-estar. Nós que temos uma idade avançada nunca vimos um Governo que distribuiu dinheiro (sete milhões de meticais) para o seu povo. Hoje já cria-mos gado bovino, a produção agrícola foi relançada, graças aos sete milhões de meticais. Por estes e outros feitos nós população de Funhalouro queremos tranquilizá-lo: Não tenha receio, votaremos em si e na FRELIMO. Estamos fir-mes, mesmo aqueles que não pertenciam à FRELIMO já estão a ingressar e os que haviam abandonado estão a retornar. Quem escolheria uma madrasta desconhecida em vez da sua mãe carinhosa, Senhor Presidente?

Com esta euforia está criado o ambiente para o Candidato se dirigir à população de Funhalouro. Na sua agenda traz a mensagem de boa governação e cultura de prestação de contas. Aponta, neste quadro, a necessidade de reforço dos conselhos consultivos e dos comícios

323

populares como alguns dos mecanismos de participação da população no controle do desempenho dos dirigentes, os seus dirigentes. Ele en-coraja a população a criticar, a aconselhar e a fazer os seus comentá-rios sobre governação sem receios de qualquer espécie. O Candidato também se compromete a continuar a privilegiar a Presidência Aberta e Inclusiva como uma das formas de aguçar a capacidade inspectiva dos moçambicanos e o seu sentido de participação e de pertença ao projecto de luta contra a pobreza.

Comprometeu-se igualmente a encorajar a Primeira-Dama a conti-nuar com o seu projecto que dá particular atenção às pessoas caren-tes e vulneráveis, nos distritos. Para ele, para além da atenção que se deve prestar às mudanças gerais que acontecem no Distrito é preciso prestar atenção ao que cada cidadão está a fazer para se libertar da pobreza.

O Presidente fala de forma enfática e convincente, deixando bem cla-ro que o que diz não é expediente eleitoral mas convicções que apre-goa na sua vida e para Moçambique. Fala de forma interactiva porque quer que o seu Povo o acompanhe neste sonho e participe na sua realização.

324

325

326

327

2. Mucuácua

O Candidato chega ao Círculo de Mucuácua, localidade de Malamba, Distrito de Massinga, cerca das 11:45 do dia 13 de Outubro de 2009. Muita população o aguarda neste local. A recepção deixa bem vincadas a sua popularidade e a simpatia que granjeia no seio da população e o respeito que ele tem pelo seu povo, um povo que, como ele enfatizou no poema que abre esta obra é um Povo especial.

Já no local do comício, a escassos metros do local da aterragem, os grupos culturais estão para abrilhantar a festa. Um destes grupos é o da Zione Cristian Church. Os seus membros usam roupa caqui, botas e bonés. A sua dança não é para os reumáticos: é dança para homens viris e fortes porque têm que bater duro no chão e fazê-lo estremecer. Depois transpiram não só porque está quente e o sol está descober-to e mais escaldante mas também porque têm que fazer um grande esforço físico para a dança sair perfeita, como mandam as regras (veja pg. 337).

Terminado o momento cultural seguem as orações que no caso ver-tente, foram proferidas por Luís Gemo, da Igreja Católica, pelo Pastor Moisés Julião, da Igreja Metodista Unida, e pelo Pastor Elias Massingue, da Zione Cristian Church. A seguir a estas orações, foram apresenta-dos testemunhos das realizações do Governo, tendo o primeiro usado da palavra Bernardo Watchisso Covane que se referiu à reabilitação de estradas, à instalação da energia solar, no edifico do Posto de Nha-chengo, em Malamba, na escola e na unidade sanitária locais. No sector da agricultura ele apontou o aumento da produção graças aos sete milhões, às juntas de bois, aos arados e às sementes melhoradas.

Apontou a instalação das antenas da Mcel e da VODACOM ao longo da EN1 como mais uma realização do Governo do Presidente Guebu-za. Para o quinquénio pediu a inscrição da reabilitação da estrada até à Praia e a instalação de mais antenas de telefonia móvel. Por seu turno, Virgínia Uache Chirinze pediu para se inscrever a elevação do ensino na Localidade de Malamba para a 12ª classe; o aumento do pessoal de

328

saúde; o aumento dos efectivos da Polícia da República de Moçambi-que para incluir Murie, bem como o aumento de fontenárias.

Virgínia Uache Chirinze para além de apresentar o seu testemunho tinha mais dois desejos. Abraçar o Presidente e sair na Televisão de Moçambique. Os dois desejos foram realizados!

Nesta fase, o programa previa que fosse o Candidato a intervir. E foi o que aconteceu tendo falado da consolidação da Unidade Nacional, da Paz e da Democracia, como seu tema central. Na sua dissertação sobre o papel e valor da Unidade Nacional no nascimento, afirmação, cres-cimento e prestígio de Moçambique, o Candidato era escutado pela audiência com uma devoção quase bíblica.

De igual modo, a sua abordagem sobre a paz reverberava nos presen-tes. Eles conservavam no seu imaginário a destruição de grande parte do tecido social e económico de Massinga pela guerra de desestabili-zação, e não eram poucos os que tinham perdido familiares e amigos. Era uma lembrança dura, em demasia, mas que era preciso trazer à memória para que essa página não fosse nunca reaberta. Esta era tam-bém a garantia que o Presidente da República dava ao seu auditório. A guerra passou à história, recordava ele, para depois acrescentar, temos que nos abraçar e consolidar esta paz.

Falou da democracia e da necessidade de assegurar que todos os ac-tores políticos e seus simpatizantes se expressem livremente e con-tribuam para o aprofundamento da democracia multipartidária em Moçambique. No seu discurso sobre este tema, o Candidato insuflava energias e certezas de que com a FRELIMO e ele próprio a democra-cia multipartidária vai continuar a florescer em Moçambique.

Esta trilogia, Unidade Nacional, Paz e democracia, é fundamental para o país continuar a lutar contra a pobreza e se manter na senda do desenvolvimento. Um desenvolvimento que, segundo o Candidato, vai realizar-se através de mais escolas, mais centros de alfabetização e de educação de adultos, mais água, mais centros de saúde, mais estradas e mais energia e telecomunicações.

329

330

331

332

3. Massinga

Às 15:00 do dia 13 de Outubro de 2009, o Candidato aterrava na Sede do Distrito de Massinga, num campo de futebol, repleto de gen-te. Era gente que tinha claramente orçamentado o tempo de estadia e a vontade de ali estar com o seu ídolo, o seu Presidente, o líder que lhes empolgava, o homem de grandeza moral e política inexcedíveis, a personalidade de uma força magnetizante e esmagadora. As crianças e os adolescentes que julgavam que também para eles tinha chegado o momento de mostrar a sua vocação para fazer política e a capacidade para perceber e ser parte da campanha eleitoral lá estavam também. As lideranças locais, as mulheres, os homens, os idosos também esta-vam presentes para receber aquele que é a referência maior do pro-cesso de luta contra a pobreza em Moçambique.

Do local da aterragem ao local da acomodação o Candidato foi acom-panhado por uma longa fila de viaturas, motorizadas e bicicletas. Ou-tros admiradores seus seguiam a pé, e explorando a maior flexibili-dade que esta forma de locomoção lhes dava em relação aos outros, procuravam encostar à viatura do Candidato e corresponder aos seus contagiantes sorrisos e acenos.

Agindo por intuição, muitos dos admiradores deste carismático Can-didato, dirigiram-se para o Campo de futebol local onde ele tem pre-sidido a comícios populares no âmbito da sua Presidência Aberta e Inclusiva. Para sua frustração não estava previsto nenhum comício mas apenas um encontro com os notáveis de Massinga. E foi isso o que aconteceu.

Na verdade, às 15:30, o encontro teve lugar e, na sua abertura, o Can-didato tinha palavras de elogio pela capacidade de mobilização que os influentes de Massinga tinham demonstrado, entanto que líderes da população. Tinham sido eles, segundo o Candidato, a garantir aquela grande recepção e a manutenção de um clima de paz durante a cam-

333

panha eleitoral. Tinham também sido eles a mobilizar a população para os resultados que hoje demonstram que Massinga está a vencer a pobreza.

Os intervenientes centram a sua atenção nas realizações do quinqué-nio para reiterar que é com o Candidato e a FRELIMO que se sentem seguros de que podem dar passos mais acelerados na luta contra este flagelo chamado pobreza. Das realizações referenciadas destaque vai para a segunda e a terceira intervenções que falaram das realizações do Governo, destacando a construção de escolas, incluindo uma Uni-versidade Pedagógica em Massinga, a chegada da energia da HCB, a construção de 18 sistemas de rega, a massificação da batata reno, o aumento do número de moageiras, carpintarias e serralharias, bem assim a reabilitação das várias vias de acesso e do hospital distrital.

A construção da Ponte Armando Emílio Guebuza também mereceu referência elogiosa pois também tem impacto em Massinga por causa do aumento do número de camionistas de longo curso que escalam aquele distrito, com vantagens para as estalagens e outras actividades económicas locais.

Nas suas considerações finais, o Candidato disse que o desenvolvi-mento deve ser endógeno e liderado pelos próprios moçambicanos, sublinhando que o desenvolvimento não se empresta. Para o Chefe de Estado os moçambicanos devem apropriar-se dos fundamentos para o seu desenvolvimento e gerar as necessárias energias para avançar. Vão cometer erros, recordava o Presidente, mas os erros são uma opor-tunidade de aprendizagem, uma oportunidade para se repetir o que se errou, com maior grau de sucesso.

Voltou depois a alertar as lideranças locais para combaterem a abs-tenção, desencorajando o discurso de que as eleições já estão ganhas. Reiterou que o voto é pessoal e intransmissível.

334

Trigésimo primeiro dia

1. Belane

Às 7:45 do dia 14 de Outubro de 2009, o hélio Presidencial aterra-va na localidade de Belane, Posto Administrativo de Mapinhane, para onde o Distrito de Vilankulu se mobilizara para interagir com o seu Candidato. Era uma forma de garantir que outras localidades do Dis-trito também tivessem a oportunidade de entrar na História como anfitriãs do ilustre e carismático hóspede.

O Candidato orientou um comício popular que contou com uma ora-ção proferida pelo Senhor Ernesto Macuanhane Manhique. A seguir à oração foi apresentado o testemunho dos cidadãos Ricardo Magule e Cacilda Vilanculos que saudaram a iniciativa do Candidato de dialogar com a população.

Apontaram algumas realizações do Governo destacando a evolução dos sectores da educação e saúde, através do aumento da rede es-colar e sanitária, da instalação de três antenas de telefonia móvel, da abertura de furos de água, a alocação dos 7 milhões e ligação de ener-gia e da instalação de uma antena da Mcel.

O Candidato agradeceu a alegria transmitida pela população, as men-sagens apresentadas através das actividades culturais e a oração que dá coragem e força na batalha contra a pobreza. Agradeceu ainda os depoimentos que apontaram as realizações, afirmando que se foi pos-sível alcançar estas realizações é sinal de que podemos conseguir ou-tras realizações.

Como mensagem central o Candidato falou da pobreza, focalizando a importância da Unidade Nacional como factor determinante para o sucesso no combate contra este flagelo. A este respeito referiu o papel

335

de Eduardo Mondlane que abdicou dos privilégios conquistados após anos de estudo para regressar ao país e unificar os moçambicanos para libertarem o país. Esta Unidade permitiu vencer o colonialismo, acabar com a guerra e agora deve servir para acabar com a pobreza. Referiu-se ainda à importância da Educação, indicando que a formação deve ser direccionada à obtenção de conhecimentos úteis à solução dos problemas da sociedade.

336

337

338

2. Vilankulu

Pouco depois das 11:00 do dia 14 de Outubro de 2009, o Candidato aterrava no aeródromo da vila turística de Vilankulu. Como noutros locais, aqui também o Candidato era aguardado por uma moldura hu-mana que enchia tudo o que era espaço autorizado dentro do aeró-dromo e os que não tinham aí lugar ocupavam o lado de fora. Depois de cumprimentar os influentes locais, o Candidato foi apreciando as danças dos grupos culturais que se tinham feito àquele local para o saudar e dizer que estavam prontos para embarcar com ele na viagem rumo à realização do sonho de um Moçambique livre da pobreza.

Depois de uma breve paragem no seu local de acomodação, o Candi-dato chegava ao local do encontro com os notáveis de Massinga que também se mostravam sedentos de ouvi-lo. Neste encontro, o Candi-dato começou por saudar os influentes pela mobilização da população que teve uma participação massiva e activa nos comícios orientados em Belane e em Pambara. Agradeceu o contributo destes na manuten-ção do clima de paz e tranquilidade que tem caracterizado a campa-nha eleitoral, o seu envolvimento na mobilização da população para a participação nas eleições autárquicas de 2008 e a sua colaboração durante os cinco anos do mandato que agora finda, principalmente, em acções de combate à pobreza.

Na mesma ocasião o Candidato alertou os influentes para a necessi-dade de evitarem o relaxamento que pode ser causado pela mensa-gem de que as eleições já estão ganhas e apelou a todos a continuarem a trabalhar na mobilização da população para ir votar.

Os participantes a este encontro agradeceram a assistência do Go-verno às vítimas do Ciclone Fávio e a reabilitação das diferentes infra-estruturas destruídas na sequência daquele fenómeno, destacando o hospital local.

339

Agradeceram ainda, de modo geral, as realizações do Governo e com-prometeram-se a prosseguir com a mobilização da população para votar a favor da FRELIMO e do seu Candidato. Manifestaram especial agradecimento pela atribuição de uniforme aos líderes comunitários e pediram a alocação de transporte para assegurar o transporte dos eleitores no dia da votação.

O dia seguinte seria reservado para as actividades do Candidato, en-tanto que Chefe de Estado. Seria também o momento de a sua equipa realizar a preparação da última parte do programa que incluiria Sofala, Manica e Chókwè, Mocuba, Quelimane e o encerramento da Campa-nha em Nampula.

340

341

342

343

Trigésimo segundo dia

1. Muxúnguè

Pouco depois das 9:00 do dia 16 de Outubro de 2009, o Candidato aterrava no Posto Administrativo de Muxúnguè, Distrito de Chibabava, onde era aguardado por uma numerosa multidão, pelos notáveis do Distrito e pelos dirigentes da Província. Na sua recepção destaque vai para Conceita Sortane, Membro da Comissão Política e Chefe - Adjunta da Brigada Central, Henriques Bongesse, Primeiro Secretário Provincial e Chefe do Gabinete Provincial de Eleições, e Alberto Va-quina, Governador Provincial e Chefe-Adjunto do Gabinete Provincial de Eleições. O carismático Candidato foi cumprimentando um por um e com cada um deles trocando ou uma palavra de carinho ou transmitindo-lhe a sua coragem inusitada para persistir e levar o povo a persistir nesta luta até a essa vitória final.

Como estava previsto, à entrada de cada Círculo Eleitoral, o Candida-to assistiu à Mbhamba, cerimónia de evocação dos espíritos dos ante-passados, dirigida por Manuel Horácio Mugadui – Chefe Goperégua. Era uma forma de traduzir o seu sentido de auto-estima e de respeito por aqueles que mais poder têm do que ele. Era uma forma de ensinar à Geração da Viragem e às gerações mais novas de que o moçambicano tem raízes que deve respeitar e delas se orgulhar.

Seguiu-se o comício popular que como que como a sublinhar que as raízes de um Povo não mergulham noutra terra e nem da sua podem ser extirpadas, este evento político começou com a apresentação de números do vasto património cultural local. Conscientes do seu papel de herdeiros e de promotores desse saber e arte, os grupos exibiam-se com esmero e requinte e demonstravam que também constavam da lista dos melhores e não tinha sido por mero acaso que tinham sido seleccionados para representar as suas localidades.

344

O público também correspondia aplaudindo e até juntando-se aos ar-tistas no palco ou juntando-se, nas canções, aos grupos no palco. Aqui não se colocaria o debate de regresso às fontes, de Amílcar Cabral e dos seus contemporâneos mas o debate de valorizar as fontes, ou seja, as raízes da moçambicanidade, como parte do processo de resgate da auto-estima e do reforço da identidade nacional. O Candidato fazia assim a sua parte.

As orações, outra faceta da diversidade cultural moçambicana, vieram a seguir. Um de cada vez, subiram ao palco o Pastor Félix Mandeia, da Igreja Metodista Unida e o Padre Francisco Mauane, da Igreja Anglica-na.

A parte das intervenções foi preenchida pelos cidadãos Rosa Simão e Fernando Raul Bié. Ambos fizeram um balanço positivo do quinquénio, destacando a construção de estradas e escolas, a abertura de furos de água, a instalação da MCel em Muxúngue e Goonda, bem como a construção de dois regadios na sede do Distrito e na Localidade de Toronga que, ao lado dos 7 milhões, impulsionaram a Revolução Verde que, por sua vez, induziu o aumento da produção.

Para este encontro popular o Candidato trazia como tema a luta con-tra a pobreza e a promoção da cultura de trabalho. Para introduzi-lo, e de forma interactiva, perguntava à população sobre os índices de produção de ananás e a resposta era que eram bons. Depois, sobre o milho que diziam que era satisfatório e depois sobre o acesso à água potável que diziam que é deficiente. Também fez o mesmo e com o mesmo método em relação à energia eléctrica, às escolas, às unidades sanitárias e à telefonia.

Disse que estes resultados eram da própria população e deixou su-bentendido que eles deveriam orgulhar-se por serem heróis da sua própria libertação da pobreza.

No mesmo estilo pedagógico, ele demonstrou que ainda vai longo o caminho a percorrer até os moçambicanos alcançarem a meta em que

345

vão poder celebrar a sua vitória contra a pobreza. Exortou, de seguida, à persistência, à cultura do trabalho, à auto-superação e à tomada de consciência de que cada pequeno negócio ou outra actividade social e económica pode crescer e afirmar-se. Como ele sublinharia

No nosso Manifesto nós nos preocupamos em resolver o problema de em-prego. Nos queremos que o ananás de Muxúngue seja bem colocado no mer-cado, queremos também que a castanha que se produz aqui também seja bem colocada porque gera dinheiro. Por isso é que nos encorajamos que sejam edificadas fábricas para darem emprego aos jovens para eles terem acesso ao telefone, para eles construírem casas melhoradas.

Estava claro que entre o Candidato e a população havia uma rela-ção de grande amizade e companheirismo, como aliás se verificou ao longo deste périplo. Duas razões podem fundamentar, em parte, esta realidade. Por um lado, a incomensurável fé do Candidato na justeza da causa que defendia e porque se empenhava, com toda a sua fibra e vigor, para cristalizar a certeza do seu triunfo. Por outro, as relações e a empatia que cultivara com o seu Povo, particularmente no último quinquénio, no âmbito da sua Presidência Aberta e Inclusiva que lhe levou a calcorrear esta e muitas outras localidades de Moçambique, mais do que uma vez.

346

347

348

349

2. Beira Chiveve recebia, neste dia 16 de Outubro, o homem dotado de cra-veira intelectual e estatura política invulgar e de uma capacidade espe-cial de interagir com o seu Povo. Reconhecendo-lhe estas virtudes, a Cidade mobilizou-se. Por isso, à sua chegada estavam ali as lideranças locais, os idosos, os jovens, as mulheres, as crianças e os homens, uns trazendo o Candidato e a FRELIMO vistosos nos seus adereços e nos cartazes e dísticos. Outros traziam-nos no seu coração. O Chefe de Estado foi palmilhando todo o perímetro humano e a muitos dos pre-sentes dispensou atenção singular. Entabulou diálogo com os notáveis, tocou no rosto de crianças e assistiu às exibições dos grupos culturais. Todos, mesmo aqueles que com ele já tinham estado, em ocasiões anteriores, queriam trocar uma vogal, uma palavra, um aperto de mão ou um simples olhar.

Havia aqui uma empatia entre o Candidato e o seu Povo. Entendiam-se para além da linguagem verbal, tal é a sua cumplicidade no projecto de fazer da pobreza coisa do passado em Moçambique. Por isso, há sor-risos e por detrás destes a reafirmação da validade e relevância dessa agenda de luta contra a pobreza.

Do aeroporto à sua residência protocolar, a caravana do Candidato foi escoltada por centenas de pessoas, umas apinhadas em carrinhas, ou-tras em viaturas, bicicletas e motorizadas, num cortejo colorido com bandeiras vermelhas, camisetes e cartazes com imagens de Guebuza e da maçaroca e do batuque, o símbolo da libertária e sempre popular FRELIMO. Mesmo os cavalos do Centro Hípico da Beira foram inte-grados na caravana que ocupava as duas faixas da Estrada Nacional Número 6. A caravana seguiu a rota Aeroporto-Manga-Mascarenhas-Vaz-Munhava-Muchatazina-Esturro-Chaime-Ponta Gea-Palmeiras. A caravana terminaria em Macúti, local onde o Candidato faria um pe-queno intervalo para dar tempo à população para se fazer ao Campo de São Benedito da Manga.

Com potentes colunas e um palco para responder ao desafio que a campanha do Candidato impunha, as bandas musicais e os artistas

350

seleccionados correspondiam às expectativas da população e dos or-ganizadores daquilo que seria um showmício memorável. A multidão eufórica vibrava e, no chão, dançava e cantava ao som da música de conceituados artistas locais e de outras paragens de Moçambique. Quando o Candidato chegou, um fenómeno digno de realce se regis-tou: como uma onda, os integrantes da sua caravana, encheram, num ápice, um campo, já a rebentar pelas costuras – se cães houvesse, como dissemos em relação a enchentes idênticas, estes teriam que abanar os rabos verticalmente!

Já com o Candidato presente, a festa ganhou novo ritmo, ânimo e cor. Eram maioritariamente jovens os dinamizadores desta festa memo-rável. Mas também havia adultos, crianças e idosos, todos irmanados pela vontade de mostrar ao Candidato que “é dos nossos” e que Beira está com ele. Estavam ali, sobretudo, para mostrar que estão com o Candidato, esse homem plácido, sereno e carismático e reiterar que, como ele, sonham o futuro melhor para Moçambique, construído pelos próprios moçambicanos.

Perante esta entusiástica e vibrante moldura humana o Shehe Mussagy Abdul Remane e o Pastor Simão Doane dirigiram a parte religiosa, um depois do outro, quando terminaram as actividades culturais. Os dois religiosos oraram por uma campanha livre de qualquer tipo de violên-cia e pela paz e tranquilidade em Moçambique.

Depois vieram os depoimentos dos cidadãos. Os dois cidadãos de-ram expressão à Unidade Nacional que se materializa através, por exemplo, do à-vontade que o cidadão deve ter de viver e de se inserir política, social e economicamente em qualquer espaço e até de falar sobre questões de outras regiões do País e não apenas das preocupa-ções do local onde se encontra. É neste prisma que devem ser vistos os depoimentos de Preciosa e Cisse Magnate.

A primeira falou do distrito de Marínguè e o segundo do Distrito do Búzi. Nas suas intervenções destacaram a melhoria da produção agrícola graças à alocação dos 7 milhões, o alargamento das redes sanitária e escolar, incluindo a escolaridade primária gratuita e as fa-

351

cilidades criadas para o desenvolvimento do sector do transporte de passageiros e carga. Ninguém os apupou ou os repreendeu por terem falado de outras regiões de Sofala deixando para trás as realizações do Chefe de Estado na Beira.

De entre estas, destaque vai para o investimento de cerca de 589 mi-lhões de meticais, em 2004, que permitiu a construção de uma nova Estação de Captação no Rio Púngué e a instalação de uma nova adu-tora da Captação à Estação de Tratamento de Água de Mutua, bem como a construção de um novo Centro Distribuidor, no Dondo, e a reabilitação dos Centros Distribuidores da Manga e da Munhava.

Estas intervenções também resultaram na reabilitação e expansão da rede de distribuição de água, numa extensão de 127 km, incluindo as áreas da população de baixa renda. Graças a estas intervenções, as cidades da Beira e do Dondo passaram a dispôr de mais água, durante 24 horas, facto que viabiliza muitos empreendimentos sociais e eco-nómicos e anima a FRELIMO e o Presidente Guebuza a prosseguirem com as acções de luta contra a pobreza nesta e noutras áreas. Há também a registar as obras de saneamento da Cidade Beira que são de grande dimensão, as maiores do género desde a Independência Nacional.

Orçadas em mais de 2.3 biliões de meticais, espera-se que estas obras resolvam os grandes problemas que esta Cidade enfrenta na área do saneamento. No mesmo quadro, está em curso reabilitação da linha férrea de Sena, uma infra-estrutura que vai trazer milhões de tonela-das de carvão, açúcar e calcário, entre outras mercadorias, para manu-seamento através do Porto da Beira que, entretanto, depois da draga que recebeu em Julho de 2007, vai receber mais investimentos de vul-to. Estes investimentos e o movimento de carga que a linha vai gerar têm o potencial de criar muitos postos de trabalho e de contribuir para uma maior dinamização da vida económica e social da cidade, in-duzindo maior expressão ao transporte intermodal na cidade e arre-dores. Trata-se do sistema que integra o transporte público marítimo, terrestre, ferroviário e aéreo, todos eles dotados de novos meios.

352

Na sua intervenção o Candidato expressou a sua satisfação excla-mando “eu sabia que Beira tinha muita gente, mas não sabia que era tanta gente assim!”, observação correspondida por aplausos de todos os cantos do campo de futebol. Depois entrou no tema para este evento político, Unidade Nacional, Paz e Democracia, tendo saudado a forma como os diferentes grupos culturais, alguns vindos de fora da Beira, evoluíram no palco e como a audiência reagiu à sua actuação apropriando-se dessas produções culturais e artísticas como suas também.

Com a sua paixão de sempre e com a sua ímpar habilidade de comuni-car ideais, o Candidato demonstrou como a Unidade tem estado por detrás das conquistas dos moçambicanos. Recordou, por exemplo, que foi com a Unidade Nacional que os moçambicanos puderam enfrentar e vencer a formidável e sofisticada máquina colonial de guerra.

Que foi com a Unidade Nacional que os moçambicanos, colocados em posições antípodas, antagónicas, por interesses estrangeiros hostis ao seu desenvolvimento, se descobriram como irmanados por superiores interesses da sua Pátria Amada, decidindo, então, pôr de lado o que lhes dividia para se concentrem, com prioridade e toda a sua atenção naquilo que os unia. Explicou que é com essa Unidade Nacional que se consolida a paz que, por sua vez, fertiliza a democracia multipar-tidária que se constrói na convivência e no respeito mútuo entre os moçambicanos.

Para o Chefe de Estado será neste ambiente que os moçambicanos poderão dar continuidade às acções de reforço da Soberania Nacional que se traduzem, em parte, pela modernização das Forças de Defesa e Segurança para responderem aos novos paradigmas na área que a globalização também induz. A soberania e a integridade territorial são partes integrantes da agenda de luta contra a pobreza e como se com-prometeu o Candidato com a sua vitória e da FRELIMO vão poder dar continuidade às realizações iniciadas neste quinquénio.

O comício terminou às 15:30 e às 16:00 começava o encontro com as figuras colunáveis da Beira. Nos primeiros comentários introdutórios

353

do encontro o Candidato saudou a forma como as lideranças locais se tinham empenhado na mobilização e organização de tanta gente, desde o Aeroporto Internacional da Beira ao local do comício. Saudou ainda o ambiente de tranquilidade como decorrem as campanhas elei-torais, livres de quaisquer actos de violência dignos de nota.

Entrando na substância do encontro, apelou para que as lideranças também usem o seu poder e sua força moral para levarem a popula-ção a fazer da votação, no dia 28 de Outubro, a primeira actividade do dia. Sublinhou que todos deviam dar o seu melhor para combater a abstenção recordando aos eleitores que cada um deve votar porque a vitória constrói-se com os votos depositados na urna.

Quando passou a palavra aos influentes eles saudaram as realizações na Cidade, protagonizadas pelo Chefe de Estado e, depois, concentra-ram-se naquilo que são acções que gostariam de ver implementadas no próximo quinquénio: condições para a conservação do pescado, a disponibilização de um tractor para impulsionar a Revolução Verde no Distrito de Gorongosa e a manutenção das infra-estruturas. A terminar o encontro o Candidato disse:

A razão principal porque pedimos votos, eu, Armando Emílio Guebuza, e a FRE-LIMO, o partido que está a lutar contra a pobreza, é para continuarmos com aquilo que estamos a fazer e que o nosso Povo considera positivo. Referimo-nos, por exemplo, à Presidência Aberta e Inclusiva, aos sete milhões, à constru-ção de estradas, pontes, escolas, hospitais, à expansão da telefonia e à formação de mais moçambicanos para, deste modo, se capacitarem para lutar, com os seus próprios meios, contra a pobreza.

Terminada a agenda política nacional prevista para o dia, o Presidente do Órgão da SADC para a Cooperação nas áreas de Política, de Defesa e Segurança da SADC recebeu, em audiência, o Secretário-Executivo daquela organização unitária regional, o moçambicano Tomaz Salomão. Com ele abordou aspectos ligados à crise prevalecente no Zimbabwe e em Madagáscar.

354

355

356

357

Trigésimo terceiro dia

1. Murraça

Depois de levantar voo da Cidade da Beira, o Candidato chegava, uma hora e meia depois, às 10:00, deste dia 17 de Outubro de 2009, ao Posto Administrativo de Murraça, no Distrito de Caia, uma região ba-nhada pelas águas do majestoso Zambeze. Esta é uma das regiões de Moçambique que conheceu os horrores da guerra de destabilização movida do exterior sob a procuração da RENAMO. Os resquícios da violência ainda são evidentes. Uma evidência que ainda está patente no espectro é a pobreza que ainda paira no rosto de muitas pessoas, muito embora os sinais de desenvolvimento comecem a despontar e a olhos vistos.

À sua aterragem, num descampado, o Candidato é recebido pelas li-deranças locais, pelos membros das brigadas central e provincial e por uma entusiástica multidão e grupos culturais. O reboliço e a luta para se ter a melhor posição para ver o Candidato levantam poeira, mas ele é homem do chão, do Povo e sabe que o Povo vive aqui. Por isso não se perturba e continua a apertar a mão dos notáveis e dos anó-nimos trocando, no mesmo espaço, palavras e olhares que denunciam cumplicidade mútua no projecto de consolidação da dignidade e da auto-estima e de desenvolver Moçambique.

Do local da aterragem ao local do comício é uma distância assinalável mas quem corre por vontade própria não se importa do esforço que faz e quando ao voluntariado se soma a emoção então mesmo quem sofra de reumatismo adia as dores para mais tarde!

Chega-se ao local do comício, onde o palco e a tribuna foram cons-truídos há pouco tempo, exactamente para este evento. De novo a cultura moçambicana ocupa o centro das atenções da audiência. As canções falam das realizações e dos avanços que se registam neste torrão de Moçambique que, segundo os locais, se soergue das cinzas

358

da guerra e da destruição, como o Fénix, graças ao Candidato, a quem apelidam de Homem de Acção.

Seguem-se as orações proferidas pelo Padre Bernhard, da Igreja Ca-tólica e pelo Shehe Ramadan Abdul. O apelo à paz e a um processo eleitoral pacífico domina as intervenções destes líderes religiosos e são mensagens que reverberam no imaginário da população local que não mais quer o status quo ante. Quer andar para a frente, se abraçar e construir um Moçambique livre de violência.

Depois da bênção seguem-se os depoimentos. O primeiro a intervir foi Tomás Verniz Sangaze que começou por dizer que

O Posto Administrativo de Murraça quebrou um jejum que vinha sendo obser-vado desde o período colonial ao passar a estar interligado à energia de Caho-ra Bassa. Voltámos a beneficiar da Linha Férrea de Sena, cuja reabilitação já está prestes a alcançar o Distrito de Moatize, já em Tete. Já temos uma escola agrária e os 7 milhões que estão a mudar a vida de muitos camponeses pobres.

O Presidente Guebuza sempre procurou soluções para os problemas que o Povo enfrenta. Vejam que nós pedimos um tractor para aumentar as nossas áreas de cultivo. Ele achou que este meio não seria sustentável nesta fase entre nós. Por isso mandou alocar gado para tracção animal e para o repovoamen-to pecuário. E vemos na prática como os custos operacionais com a tracção animal são baixos. Será tudo isto pouco? Nós vamos votar em Guebuza e na FRELIMO para avançarmos para a frente. Guebuza é como se fosse Deus. A única diferença é que Deus só abençoa, enquanto Guebuza dá meios, como é do gado e dos 7 milhões.

De seguida, usou da palavra Francisca Pedro que destacou a constru-ção da ponte Armando Emílio Guebuza, sobre o rio Zambeze, a cons-trução de hospitais e uma série de outras iniciativas que, como a Linha Férrea de Sena e os 7 milhões, relançaram muitas actividades sociais e económicas. Ela disse, por exemplo, que hoje, a população de Murraça já não se queixa da fome que era a norma no passado. Clama, isso sim, por uma rápida dinamização da comercialização dos seus excedentes agrícolas! Também não fala em termos de carência de estabelecimen-

359

tos ensino. Fala, isso sim, da necessidade de elevação dos níveis, como 12ª classe e ensino superior!

As canções, as mensagens e os dísticos entrelaçam-se para transmitir uma mensagem de confiança na vitória do Candidato e da FRELIMO. É no meio destas promessas e emoções que o Candidato toma a palavra para dissecar as alternativas que os moçambicanos têm pela frente.

Nós podemos contemplar a pobreza, não fazer nada, resignando-nos aos seus efeitos até ela nos devorar por completo. Neste contexto, vamos sempre de-pender da atitude de mão estendida, mas isso cansa e não traz prestígio ne-nhum para um Povo como o nosso, um Povo maravilhoso e especial, um Povo que acabou com o colonialismo e a guerra.

Mas temos outra alternativa que é dizer, nós vamos lutar e vencer a pobreza. Nós somos um Povo heróico e trabalhador e vamos pegar na enxada, com ou sem sol, vamos pegar no arado e produzir a comida que precisamos e vender os excedentes para comprar aquilo que não podemos produzir.

Não será ninguém de fora que virá acabar com a pobreza dos moçambicanos. São os próprios moçambicanos e mais ninguém que devem ser heróis da sua própria libertação da pobreza. Nós escolhemos o caminho mais difícil que é o de combater a pobreza, na certeza, porém, de que vamos vencer. É um caminho longo que vai exigir de nós muitos sacrifícios, mas nós não somos hóspedes deste conceito. Já provámos a nossa persistência e trabalho árduo na realização dos nossos sonhos.

360

361

362

363

2. Caia

Cerca das 13:30, deste 17 de Outubro de 2009, o Candidato aterra no local que vai ganhar fama mundial por hospedar uma das mais belas infra-estruturas arquitectónicas do Moçambique livre e independen-te: a Ponte Armando Emílio Guebuza, uma verdadeira homenagem ao visionário maior e mais esclarecido accionista na empreitada moçam-bicana de luta contra a pobreza. Na verdade, aquela ponte é um hino à capacidade do moçambicano de vencer obstáculos e realizar os seus sonhos. No seu esplendor e imponência, ela ergue-se no horizonte como portadora da esperança no futuro melhor para o Povo Moçambi-cano a que se tem referido o Presidente Guebuza.

Caia está engalanada, com requinte e esmero, para receber o Candida-to. Os homens, as mulheres, as crianças e os jovens, mesmo os idosos, apinham-se para ver e conviver com aquele que irradia certezas, aque-le que inspira e inspira-se no seu Povo.

Os grupos culturais neste evento incluem artistas da música ligeira concebida para a campanha do Candidato e da FRELIMO. Mas tam-bém estão os grupos da música e dança tradicionais não só para dizer “prontos” ao Candidato mas, e sobretudo, “prontos” à moçambicani-dade e aos valores que ela encerra e de que o Candidato é acérrimo defensor e infatigável impulsionador.

Depois seguiram as orações proferidas pelo Shehe Borohane Assane Maricoua e pelo Pastor Alberto Francisco, da Igreja Assembleia dos Actos. A paz, a estabilidade e a tranquilidade públicas e as eleições pacíficas pespontam nestas intervenções.

Seguiu-se a avaliação do quinquénio feita por Domingas Vasco e por Vasco Bola que deram destaque à instalação e entrada em funciona-mento das telefonias móveis, MCel e da VODACOM; à introdução do Ensino Secundário Geral do 2º Ciclo; à ampliação do Centro de Saúde em Hospital Rural; à criação de 17 Bairros de reassentamento e, claro,

364

à Ponte Armando Emílio Guebuza, o cartão de visitas de Caia. Subli-nharam que tendo visto o que o Candidato e a FRELIMO são capazes de fazer, então é com estes que se deve caminhar rumo ao futuro de progresso e de paz.

O Candidato centrou a sua mensagem na consolidação da Unidade Nacional, da Paz e da Democracia inspirado, em parte, pela ponte que, através de Caia e Chimuara, uniu Moçambique e elevou a auto-estima de um Povo que sabe o que quer e luta para realizar esse sonho. Cada encontro do Candidato com o seu Povo é uma experiência única, com as suas peculiaridades e tonalidades. Por isso, ele tem sempre uma forma de abordar o mesmo tema, sem se repetir. Como o farol que mostra o caminho e assinala os perigos no alto mar, o Candidato fala da importância da diversidade cultural como elemento fundamental para a construção da Unidade Nacional. Sublinha que a Unidade não se constrói no abstracto e o propósito comum que os moçambicanos abraçaram, a luta contra a pobreza, deve mobilizá-los para além das suas diferenças, sejam elas de que índole forem.

Fala da paz, um discurso que reverbera na audiência que viveu os hor-rores da guerra que fez milhares de vítimas, destruiu o tecido social e económico local e, sobretudo, catapultou os moçambicanos à idade da pedra lascada. Vestiam-se de cascas de árvores e dormiam no mato. “tínhamos mais medo do outro homem do que das cobras. Por isso, decidimos abraçarmo-nos, aqueles que estavam nas bases e nas cida-des, para construir este nosso Moçambique” disse o Candidato. Nesse instante, uma viatura, todo o terreno, desfraldando a bandeira da RE-NAMO, passa quase que a beijar a borda do local onde se realizava o comício. Se procurava incitar o seu apedrejamento, como aconteceria num comício do líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, o motorista da viatura ficou frustrado. Ninguém lhe deu importância!

Aí o Candidato falou da necessidade de todos os moçambicanos con-tribuírem para enriquecer o firmamento democrático da Nação Mo-çambicana. Enfatizou que os partidos políticos devem contribuir para

365

este propósito e para a consolidação da paz e da Unidade Nacional. O discurso do Candidato é escutado com a atenção que merece. Emociona, cativa e galvaniza. Para os que nasceram depois da Indepen-dência Nacional e depois da guerra de destabilização que transformou a Linha Férrea de Sena em timbila, sentem-se perante um professor, perante uma aula magistral sobre uma realidade que não deve ser as-sumida como um dado adquirido: é preciso valorizar e defender essa Unidade Nacional e a Paz. É preciso cultivar a democracia, bem como a cultura e as instituições democráticas.

Nisto é fundamental a cultura de paz: a reacção dos participantes no comício do Candidato, de não responder à provocação da viatura que passou pelas redondezas, desfraldando a bandeira da RENAMO, é exemplo salutar. Mas não é exemplo digno, a tentativa falhada do motorista dessa viatura que, passando por perto de um evento da FRELIMO e do seu Candidato, procurava incitar à violência, para ser apedrejado e apresentar-se no pedestal de vítimas de violência polí-tica, que alguma imprensa e outros actores não-estatais procuravam compilar para descredibilizar este processo eleitoral, que se saldou exemplar a todos os títulos.

Mesmo depois do fim do comício, a festa prosseguiu, com a actuação de alguns músicos locais, bem como ao som das músicas de campanha da FRELIMO. Os jovens, maioritariamente, lotavam o local, e pela noite adentro dançaram e conviveram. Esta era a outra faceta da campanha eleitoral.

Às 13:45, o Candidato presidia a um encontro com os influentes de Caia. Numa linguagem simples, directa e reflexo da sua profunda de-voção à terra, o Candidato transmite a ideia de que a luta contra a pobreza insere-se no desiderato colectivo dos moçambicanos não só de serem donos da sua Pátria e das suas riquezas mas também, e so-bretudo, de serem eles os principais obreiros de um Moçambique mais justo, mais humanizado e pelo qual todos se orgulhem, no presente e no futuro. Por isso, diz que está ali para pedir conselhos daqueles que são seus parceiros nesta epopeia rumo à libertação económica da Pátria Moçambicana.

366

Fala, depois, do seu pedido para que estas lideranças sejam os agentes cívicos e, nessa qualidade, mobilizem os eleitores a exercerem o seu direito cívico, no 28 de Outubro. Sublinha que para dar continuidade à liderança do Povo Moçambicano na luta contra a pobreza precisa buscar legitimação através do voto popular. Neste contexto, considera que as lideranças locais têm um papel fundamental na mobilização da população para despertar para o facto de que a luta contra esse flage-lo ultrapassa as cores partidárias para se transformar numa causa de todo o Povo Moçambicano.

Os notáveis de Caia falaram como homens e mulheres que fazem parte da visão do Candidato sobre Moçambique. As realizações do quinquénio e, acima de tudo, o contacto directo que o Presidente da República estabeleceu com as populações persuadiam Caia de que estava perante o líder que lhes levaria a bom porto. Impressionava-lhes o facto de o Chefe de Estado, durante a interacção com o Povo, entrar em contacto com experiências práticas dos camponeses, de luta contra a pobreza, e de procurar perceber o tipo de desafios que enfrentavam e como estavam a abordá-lo.

Sobretudo, impressionava-os que ele também se interessasse pelas suas condições sociais e familiares, atitude e comportamento impensável, como dizia um influente idoso, no tempo da dominação estrangeira em que a única forma de contacto com Administrador (o Governador e o Salazar eram miragens) era através da palmatória, do trabalho forçado e do desterro: “Estou muito emocionado porque desde que nasci nunca falei perante um Chefe de Estado muito menos tentar aconselhá-lo. Isto é possível só com o Presidente Guebuza porque nos dá valor, nos faz sentir gente”, diria um dos notáveis locais. Saudaram ainda os 7 milhões de meticais que criam condições para que cidadãos de baixa renda consigam assumir um papel de relevo no desenvolvi-mento económico do distrito e da nação.

367

368

369

370

Trigésimo quarto dia

1. Nhamapassa

Estamos no dia 18 de Outubro de 2009, data em que o Candidato escala a localidade de Nhamapassa, no Posto Administrativo de Súbuè, Distrito de Marínguè. O nome de Marínguè recorda a forma como alguns moçambicanos se deixaram enganar por regimes que estavam precisamente contra os interesses da paz e do desenvolvimento de Moçambique. Trata-se de enganar porque não se pode conceber que um regime ilegal e racista da Rodésia do Sul e do Apartheid na África do Sul podiam trazer democracia para Moçambique quando, nos seus países reprimiam, de forma sangrenta as forças que lutavam pela digni-dade dos zimbabweanos e sul-africanos, respetivamente.

Porém, os moçambicanos descobriram que estavam a ser enganados. O Acordo Geral de Paz seria assinado a 4 de Outubro de 1992. Po-rém, os resquícios dessa guerra mantêm-se em Marínguè. A pretexto de guarda pessoal do seu líder, a RENAMO mantém homens armados que, vezes sem conta, criam desmandos e provocam pavor e instabi-lidade, ao circular pela vila fardados e armados. São homens armados que estão a guardar o seu líder que se encontra a mais de 2000 quilo-mentros do local onde se encontram estacionados.

Porém, à intransigência da RENAMO e do seu líder de desarmar e in-tegrar os seus homens nas Forças de Defesa e Segurança, o Presidente Guebuza respondeu com a integração de Maríngué na sua Agenda de Luta contra a Pobreza. Por outro lado, apostou no desarmamento das mentes e na promoção da cultura de paz e de respeito pelas institui-ções e do poder instituído. Por isso, o Chefe de Estado sempre en-tendeu que o uso da força não é a única alternativa para desmobilizar aqueles homens.

371

À sua chegada a Nhamapassa, às 8:30, numerosa população o aguar-dava no local da aterragem, encostado à Estrada Nacional Número 1. Estavam desejosos de ver aquele que, como se diz na gíria popular em Moçambique, transportou o desenvolvimento nas suas costas, de Maputo para Marínguè. Aquele que irradiava uma clara devoção pela missão redentora e que muito bem percebia que o seu Povo lhe in-cumbia e dele esperava a esclarecida liderança de sempre.

Entusiasmada, a população acompanhou-o até aos seus aposentos onde devia aguardar que eles se organizassem no local do comício, do outro lado da EN1, a meia distância. Essa meia distância também o Candidato cobre-a a pé, atraindo, no processo da marcha, muita gente que, por vezes tropeça, porque entre olhar para onde vai e onde está pisar, a prioridade vai para olhar para o Candidato como se de um operador de câmara a fazer a filmagem de uma personalidade, por lon-go tempo, se tratasse. Ninguém se fere neste processo, felizmente! Chegado ao local do comício, o Candidato observa que o local está lotado, muita gente aguarda pela sua mensagem. Cabe aos grupos cul-turais abrir esta festa comovente de re-encontro entre o Presidente da República e o seu Povo. Re-encontro, porque juntos já estiveram durante a Presidência Aberta e Inclusiva.

Veio depois, a oração proferida pelo Pastor Denja Vilangano António, da Igreja Evangélica Nova Aliança de Cristo. Uma vez mais, nota-se que as confissões religiosas, sejam elas quais forem, priorizam a paz, a tranquilidade e a campanha e as eleições sem violência. Marínguè e todo o Moçambique merecem esta mensagem. Sabe-se que a violência e a instabilidade são como as labaredas do fogo: começam em pontos determinados, como o foi Marínguè, como um dos pontos de partida da guerra de desestabilização, e alastram-se pela floresta adentro, pelo país.

Seguiram-se as intervenções dos cidadãos. Falou primeiro Sousa Do-mingos que prestou o seu testemunho em relação às realizações do Governo, destacando a instalação de antenas de telefonia móvel, a

372

construção de hospitais, estradas, a inter-ajuda entre a população do Distrito que permite resolver localmente os problemas de transporte, sem necessidade de recorrer à Cidade da Beira. Afirmou que se vota-rem em Guebuza a energia há-de chegar a Marínguè. Para o próximo quinquénio identificou a resolução do problema de fontes de água na zona de Senga – Senga pois, presentemente, a população partilha a água com o gado. António Bacar disse que “quem visitou Marínguè no passado, hoje certamente que não reconhecerá o distrito devido às obras que foram realizadas pelo Presidente Armando Guebuza.

Hoje as pessoas andam de bicicletas, de motorizadas, de carro e mes-mo de camiões. A telefonia móvel está a chegar e a energia eléctrica vai beneficiar mais regiões. Em 1994 e em 1999 não votámos na FRE-LIMO por causa das mentiras, mas hoje a população recusa-se a ouvir as mentiras dessas pessoas”, afirmou o jovem António Bacar, numa alusão implícita à RENAMO.

Mas seria André Chadácua, Primeiro Secretário Distrital da FRELIMO em Marínguè, um antigo Major da RENAMO, que iria arrancar mais aplausos da população

a melhor arma para eliminarmos de uma vez para sempre os homens armados da RENAMO escondidos nas matas de Marínguè, será votarmos massivamente na FRELIMO e no seu Candidato Armando Emílio Guebuza. Por isso, a vitória da FRELIMO e do seu Candidato em Sofala começa em Marínguè.

Ao dirigir-se à multidão que o escutava atentamente, o Candidato denotava uma profunda combinação de satisfação pelo carinho e pela promessa de vitória e uma lúcida preocupação pelas enormes respon-sabilidades que essa vitória e as atinentes expectativas acarretavam. E para a interacção com o seu Povo amado, o Candidato elegeu o com-bate contra a pobreza e a promoção da cultura do trabalho como tema deste comício. Saudou, neste contexto, a população de Marínguè pelos sucessos assinaláveis que tem estado a alcançar nesta frente. Felicitou esta laboriosa população por ter escolhido o combate à pobreza à alternativa de permanecer pobre.

373

Disse que há quem queira resignar, deixando-se consumir pela po-breza, dizendo que seu bisavô era pobre, seu pai era pobre, ele pró-prio nasceu pobre, seus filhos também30. Porém, segundo o Presidente Guebuza, Marínguè está a mostrar que os moçambicanos podem en-veredar pela luta contra este flagelo e registar sucessos.

Se nós não combatermos a pobreza continuaremos pobres e de mão estendida, à espera da ajuda de terceiros. Por isso nós não devemos deixar de combater a pobreza. Mas a pobreza não se combate com a sorte. Combate-se com o trabalho. A sorte também se vai buscar. O aluno na escola não fica a espera da sorte. Estuda. Vai buscar a sorte. A motorizada vai-se buscar, com trabalho. As bicicletas que têm aqui foram buscá-las, com o trabalho. O camião de que fala-ram aqui, foram buscar com o trabalho. Vocês trabalharam e agora já têm estes resultados todos. Se os moçambicanos não forem buscar a sorte vão ter azar sempre. Temos que abandonar o espírito de mão estendida.A nossa grande missão é, exactamente, continuar a luta contra a pobreza por-que já vimos os seus resultados e queremos prosseguir com este combate de modo a que mais moçambicanos busquem a sorte, através do trabalho.

O Candidato agradeceu as promessas de vitória para si e para a FRE-LIMO em Marínguè. Porém, alertou que não basta a intenção de votar. É preciso ir às urnas e depositar o voto. Recordou o caso de Marro-meu, àqueles que pensam que as eleições já estão ganhas e despre-zam o valor do seu voto. Nas eleições autárquicas em Marromeu, em 2003, o Candidato da FRELIMO perdeu pela diferença de um voto, um só voto. O Presidente Guebuza sublinhou que o direito de votar é intransmissível e presencial: “cada um deve ir depositar pessoalmen-te o seu voto. E votar no batuque e na maçaroca. Não importa que não sejam da FRELIMO o que importa é que sejam moçambicanos pois todo o moçambicano gosta da maçaroca e sabe que maçaroca é produto do trabalho. Gosta do tambor porque o tambor simboliza a moçambicanidade”.

30 Na verdade há muitas criações artísticas que reproduzem este discurso da pobreza, algumas de mú-sicos de nomeada.

374

375

376

377

2. Nhamatanda

Às 11:45 do dia 18 de Outubro de 2009, o lídimo filho de Moçambi-que, homem de extremado amor à terra, ao seu Povo e à sua condição social, aterra nesta sede distrital situada ao longo do Corredor da Bei-ra. O calor está abrasador e a zona de aterragem não tem sombra. O numeroso público que aguarda pelo Candidato também não traz som-brinhas. Até parecem dizer que estas interfeririam na sua interacção com o Candidato, uma interacção que não é apenas verbal. Ele já aqui esteve, no quadro da Presidência Aberta e Inclusiva, para transmitir a sua inexpugnável esperança da vitória sobre a pobreza, uma esperança que é, no essencial, uma fé profunda e insofismável na capacidade do seu Povo de galgar a montanha que o separa do bem-estar.

Ele está assim, uma vez mais, no meio deste seu Povo que tanto ama, aliás, um Povo que lhe retribui esse amor com o seu carinho e pron-tidão de com ele continuar a participar e a dar substancia a esta mar-cha épica, empolgante rumo ao Futuro Melhor. Por isso, o escaldante calor deste dia 18 de Outubro de 2009, não demove a população do local da aterragem do seu amado Candidato. Também não consegue esmorecer o ânimo e o entusiasmo destas centenas de almas neste descampado promovido a aeroporto.

Uma vez mais, foram os jovens e as mulheres que estiveram na diantei-ra da festa de acolhimento. Motorizadas e centenas de outras pessoas acompanharam o Candidato até à residência protocolar. O Candidato foi acenando para a multidão que se apinhou para o ver de perto e saudá-lo. Ao longo da rota ia arrastando mais gente. A prioridade de todos era ver e expressar o seu carinho ao Candidato. Alguns perdiam um chinelo pisado pelos seus companheiros da jornada. Mas não para-vam para recuperar o chinelo! (veja pg. 211).

Mais importante que o chinelo era aquele momento irrepetível, emo-cionante. Outros, mais precavidos traziam os sapatos nas mãos mas também não se importavam que algum cepo ou pico lhes emboscasse.

378

Talvez julgassem, no meio desta emoção, que esses cepos e picos se emulariam, no trato envolvido na simpatia, afabilidade e carinho do Candidato.

O calor ia aumentando de intensidade à medida que se aproximava o minuto do início do evento político de Nhamatanda. Tudo ia decorrer num descampado, sem quaisquer sombras ou sombrinhas mas todos acorreram ao local como se acorre para a praia, num dia de calor escaldante. E quem disse que o Candidato não trazia uma lufada de ar fresco, através das suas bem urdidas aulas sobre auto-estima, moçam-bicanidade e luta contra a pobreza?

A forma como arrastou Nhamatanda desde que a sua chegada foi anunciada até ao local do comício e debaixo daquele calor abrasador demonstra efectivamente que o Candidato está investido e é detentor de um poder simbólico imanente. Como dizia Bourdieu (1991)31 , este poder materializa-se através de um contrato social: aquele que lhe está sujeito outorga àquele que o exerce, crédito, confiança e esperan-ça de que vai usá-lo para o benefício de ambos. O Presidente Guebuza exalta o seu povo, como um povo especial, um povo que lhe inspira na sua governação , no quotidiano.

Por isso, os grupos culturais não eram apenas de Nhamatanda, signi-ficando que este Distrito tinha sido transformado em local de des-pedida do Candidato de toda a Província de Sofala, neste seu último dia de Campanha. A música ligeira de conceituados artistas e a música tradicional de que Sofala se orgulha entrelaçaram-se para, ao calor atmosférico, acrescentarem o calor humano. O público gostou, vibrou mas tudo o que é bom parece terminar cedo.

E é isso que acontece pois os momentos que se seguem são preen-chidos pelas orações orientas pelo Pastor Vasco Domingos da Igreja Assembleia de Deus Africana.

31 Bourdieu, P. (1991). Language and Symbolic Power. (Oxford: Blackwell Publishers).

379

As intervenções ocupam os momentos seguintes. O primeiro a usar da palavra é Tchissiua Mandunda que saudou a evolução da agricultura, em parte, devido à barragem de Nhaurire, inaugurada recentemente pelo Presidente da República, apontando que esta barragem permitiu o aumento da área de produção de cana-de-açúcar, criando-se assim, mais postos de trabalho, bem como o aumento da produção de peixe. Referiu-se ainda à distribuição de juntas de gado para tracção animal, à alocação dos 7 milhões, à abertura de 3 escolas secundárias no Dis-trito, à expansão da rede hospitalar e à chegada da energia de Cahora Bassa.

Depois falou Verónica Domingos que agradeceu a visita da Primeira-Dama, Maria da Luz Guebuza, e os ensinamentos que ela tem transmi-tido à população, nos distritos. Apelou aos dirigentes que acompanham o Candidato a convidarem as suas esposas para visitarem os distritos e a interagirem com a população.

Neste encontro popular, o Candidato definiu o combate à pobreza e a promoção da cultura de trabalho como seu tema central. Para incisão e maior impacto do seu discurso, disse que Nhamatanda, hoje, celebra o facto de ter três escolas secundárias mas pode estar longe de pensar que no tempo colonial havia apenas 3 escolas secundárias em todo o País! Incentivou a população a valorizar esta conquista da independên-cia e a usá-la para a grande prioridade nacional: o combate contra a pobreza.

Para o Candidato, Moçambique possui muitos recursos com o poten-cial de catapultá-lo para o desenvolvimento. São recursos herdados dos seus antepassados mas que se mantêm inexplorados de forma eficiente e eficaz. Apontou, assim, que a escola é o local onde os mo-çambicanos melhor se podem preparar para fazer melhor exploração e uso desses recursos. Revelou que o seu Governo vai apostar no ensino secundário profissionalizante e no ensino profissional como forma de habilitar os moçambicanos para melhor usarem o seu talen-to e as suas mãos dextras para se livrarem da pobreza.

380

Sublinhou, depois, que para ele e para a FRELIMO continuarem a li-derar este projecto de criação do bem-estar do Povo Moçambicano, precisam da legitimidade popular, através do voto, no dia 28 de Ou-tubro. Recordou que a simpatia e o carinho de Nhamatanda não se transformarão, automaticamente, em vitória. A simpatia e o carinho que Nhamatanda nutre pelo Candidato e pela FRELIMO devem ser convertidos em votos, através do processo de votação, nas mesas.

Recordou que cada voto tem o seu valor específico e a sua falta pode transformar a euforia antecipada, em pesadelo nos próximos cinco anos. Recordou, a este propósito, o caso de Marromeu onde a FRELI-MO não conseguiu a eleição do Presidente do Município porque um cidadão pensou que estava tudo ganho e que, por conseguinte, o seu voto não acrescentaria nada. Alguém passou assim os próximos cinco anos com os remorsos de ser responsável por essa frustração da ce-lebração da sua própria vitória.

381

382

383

384

Trigésimo quinto dia

1. Nhampassa

Pelas 8:20 do dia 19 de Outubro de 2009, o carismático e bem-amado Candidato aterrava no Posto Administrativo de Nhampassa, Distrito de Báruè, atravessado pelo Corredor Manica-Tete. Há muita gente que para aqui se deslocou não só para receber o Candidato, mas, e acima de tudo, para acolher o redentor, aquele que, vezes sem conta, apela à sua auto-estima para lhes incutir que não devem, porque não os há, ficar à espera de heróis para os libertar da pobreza que lhes flagela porque os heróis da sua libertação são eles próprios.

Destaque nesta recepção vai para José Pacheco, Membro da Comissão Política e Chefe da Brigada Central, Costa Francisco Chalé, Primeiro Secretário e Chefe do Gabinete Provincial de Eleições e para Maurício Vieira, Governador Provincial e Chefe-Adjunto do Gabinete Provincial de Eleições.

Depois de uma frenética recepção, onde os grupos culturais empres-tavam o fervor e o calor da moçambicanidade, o Candidato dirigiu-se ao local onde assistiria a Kuthira Mizimu, cerimónia de evocação dos espíritos dos antepassados, dirigida pelo Mambo Glibet Taulus Sama-nhanga.

Seguiu-se o Comício popular, onde, de novo, os grupos culturais exi-biram-se a contento, demonstrando fibra não só para as longas dis-tâncias que palmilharam como também para cantar e dançar como se aquele fosse o seu primeiro acto do dia. Os grupos culturais e os artistas reflectiam a celebração popular das vitórias sobre a pobreza e a sua determinação de usá-las para avançar mais ainda. Também aqui o Candidato se revia e correspondia ao que via e ouvia com um sorriso optimista de quem sente que o primeiro passo, o da tomada de cons-ciência de que o que foi feito foi feito por eles próprios e que por isso mais podem fazer, estava a ser assumido.

385

Seguiram-se as orações proferidas pelo Pastor Tomé Eniasse Honde, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Depois da bênção ele cum-primentou o Chefe de Estado e ocupou o seu lugar na tribuna de honra.

Seguiram-se as intervenções que se centraram na avaliação do desem-penho do Governo nos últimos quase cinco anos de actividades. Para o efeito, usaram da palavra Maria Helena Niquice e David Dom Carlos Levene que destacaram a formação no sector da saúde e a abertura de uma escola secundária na sede do Posto Administrativo, que inicia as suas actividades como anexa à de Inhazónia. Referiram-se ainda ao aumento do número de viaturas motorizadas e carroças, ao melhora-mento da estrada, à ligação da energia de Cahora Bassa, à construção de pontes e ao aumento de postos de trabalho para jovens.

Os cânticos à vitória contra a pobreza e as referências às realizações foram usados pelo Candidato para falar do tema que tinha preparado para este comício: o combate à pobreza e a promoção da cultura de trabalho. Referiu que o espírito laborioso da população de Nhampassa contrasta com o dos incrédulos, aqueles que acham que a pobreza é um monstro poderoso e invencível que nem sequer vale a pena tentar combatê-lo. Estes, segundo o Candidato, são discípulos da preguiça, da submissão e do fatalismo.

Para eles, a pobreza é uma fatalidade divina, uma punição que se trans-mite de geração em geração de moçambicanos. A sua sorte está ir-remediável e inexoravelmente ligada ao azar do seu quotidiano. Não fazem nada para se livrar da sua condição e esperam que terceiros façam tudo por eles. Pior do que isso, estão sempre a reclamar, sempre a ver defeitos nos outros e invejam os que trabalham, como a popula-ção de Nhampassa.

Há pessoas que são pobres e parece que não querem deixar de ser pobres. Uns dizem que nasceram pobres, seus pais também nasceram pobres e acham, concluindo erradamente, que foram condenados a ser pobres, por isso, não fazem nada na vida para deixarem de ser pobres.

386

O Candidato disse, depois, que não era a primeira vez que comporta-mentos do género se manifestavam. Já durante a dominação estrangei-ra havia quem duvidava da capacidade do moçambicano de se libertar dessa dominação estrangeira. Ele tinha nascido colonizado, como co-lonizados tinham nascido os seus progenitores e outros ascendentes seus e a máquina repressiva colonial estava presente em todo o terri-tório nacional e parecia invencível. Mas foi vencida e hoje Moçambique vive a sua liberdade plena.

A pobreza também vai ser vencida, na óptica do Candidato e Nham-passa, que não gosta da pobreza, é exemplo de que os moçambicanos estão a conquistar espaço a este flagelo. Estas vitórias registam-se a nível individual e a nível colectivo. A nível individual referiu-se à aqui-sição de bicicletas, motorizadas e carros, tudo fruto do seu trabalho. Ao nível institucional fez referência ao sinal de telefonia móvel e à abertura de escolas, centros de saber e de capacitação dos cidadãos para continuarem a combater a pobreza individual com celeridade e maior grau de sucesso.

O comício terminou com o Candidato a demonstrar a forma de loca-lizar o batuque e a maçaroca, nos boletins de voto, e a apelar a todos para afluírem às mesas de votação. Depois de explicar o significado da maçaroca e do batuque, o Candidato disse que mesmo aqueles que não são da FRELIMO podem votar neste Partido e no seu Candida-to porque, como moçambicanos, gostam da maçaroca e do batuque. Com este bem urdido humor arrancava fortes aplausos da audiência.

387

388

389

390

2. Honde

Quinze minutos depois de deixar Nhampassa, o Candidato aterrava, ainda neste dia 19 de Outubro de 2009, no Posto Administrativo de Honde, ainda no Distrito do Bárue. Aqui, o Candidato voltou a provar a sua popularidade e inserção popular ao ser recebido em grande fes-ta, festa que só se proporciona a figuras muito especiais. Na verdade, está provado que o Candidato incarna as diferentes tipologias de mo-çambicanos que a pobreza flagela impiedosamente e ao mesmo tempo é o ícone da sua libertação, o seu líder nessa luta. É o líder em que este povo se revê nas suas intervenções escalpelizadoras do presente de miséria e premonitórias do futuro melhor.

Mesmo antes de os helicópteros aterrarem, lá do ar, era possível ter-se a ideia de que o ambiente era muito festivo e mesmo fora do local da aterragem, podiam divisar-se muitas pessoas, cartazes, bandeiras e bandeirolas e tudo aquilo que cada um poderia ostentar em apoio ao Candidato e à FRELIMO. Quando ele aterrou e acenou para a multi-dão foi um delírio total!

Já no local do comício popular os grupos culturais faziam a sua parte para que a festa de recepção do Candidato fosse memorável e ao nível da sua grandeza, ossatura política, popularidade e prestígio. Por isso, a vibração irradiava do palco para a plateia e vice-versa porque todos eram parte de um mesmo conjunto e estão irmanados no seu ardente desejo de deixar indelével na retina do Candidato.

Veio, depois, a oração proferida pelo Pastor Acácio Seda Mainato, da Igreja Zione Apostólica em Moçambique. Terminado este momento, a outra faceta do mosaico cultural moçambicano, vieram as interven-ções. Ventura Domingos foi o primeiro a subir à tribuna tendo-se re-ferido à instalação de uma antena da Mcel, à elevação do Centro de Saúde para tipo 2 e à construção da Ponte Armando Emílio Guebuza. Agradeceu ainda a construção da Barragem que facilita o desenvol-vimento da agricultura e o fornecimento de energia. Por seu turno,

391

Julieta Cuianguepe deu destaque ao impacto dos 7 milhões que geram postos de trabalho, também entre os jovens, e impulsionaram o sur-gimento de comerciantes locais. Para demonstrar o sucesso destes empresários, ela disse que um jovem comerciante conseguiu prestar apoio à OMM na aquisição de capulanas para a campanha eleitoral, en-tre outras iniciativas que mostram que a vida está a mudar em Honde, graças a este fundo.

Ao intervir neste comício, o Candidato tinha palavras de elogio e de encorajamento ao Pastor Acácio Seda Mainato, da Igreja Zione Após-tolo em Moçambique. Disse que as orações são como a lanterna que ilumina o caminho que o Povo está a trilhar rumo ao seu bem- estar. Elas têm o condão de revelar os obstáculos e os cepos e de dar ao Povo a força anímica para os remover e continuar a avançar, com de-terminação e com a certeza de que está no caminho certo, o caminho da construção de um Moçambique livre da pobreza. Saudou os inter-venientes pela sua capacidade de avaliar o que foi feito e por terem, mesmo de forma subentendida, se referido aos desafios do próximo quinquénio.

Usou esta introdução para entrar no tema deste comício boa gover-nação e cultura de prestação de contas. Neste quadro, o Candidato comprometeu-se a continuar a contribuir para aguçar a capacidade inspectiva do Povo, através da Presidência Aberta e Inclusiva, que se vai replicar a todos os outros níveis. Comprometeu-se, ainda, a assegurar que os governantes se mantêm abertos à crítica, aos conselhos e à colaboração com o Povo, incluindo através dos Conselhos Consul-tivos. Para o Chefe de Estado, será nesta colaboração que o Povo se sentirá parte da governação que vai acelerar a luta contra a pobreza, potenciar a utilização dos 7 milhões e garantir maior celeridade à implementação e implantação de projectos sociais e económicos que contribuem para a criação do futuro melhor que o Povo Moçambica-no anseia e merece.

392

3. Chimoio

A chegada à Cabeça do Velho, cerca das 14:15 do dia 19 de Outubro de 2009, tinha todos os contornos de uma entrada triunfal, uma chegada que pressagiava que as coisas não seriam como dantes, politicamente. Ao rasgarem os céus da cidade, os helicópteros fizeram um voo rasan-te em forma de X deixando, quem da terra os mirava, ver as inscrições Vota FRELIMO, Vota Guebuza. O presságio era também transmitido pela enchente que se poderia divisar do ar. Filas intermináveis de viaturas, motorizadas, bicicletas, peões e, até de alguns cavalos, aguardavam pelo Candidato, esse veterano político, esse arauto da causa do seu povo, esse estadista de craveira internacional, cuja voz já cativou audiências nas tribunas mais representativas da política e diplomacia internacio-nais.

Na placa do Aeroporto a multidão não se continha de alegria e satis-fação traduzidas em cânticos, danças, gritos de jovens e mulheres lan-çando palavras de ordem da campanha da FRELIMO. Outros brandiam as bandeirolas e os cartazes e os seus sorrisos eram de quem sente o seu sonho realizado. Vieram para ali voluntariamente, como cada um pode mas todos tinham um único objectivo: o re-encontro com o so-nhador do seu futuro melhor. O abnegado combatente pela sua causa.

O Candidato começou por saudar as lideranças locais com quem foi trocando breves palavras que iam para além do aperto de mão de pra-xe. Eram conversas curtas, é verdade, mas desenhadas para insuflar a auto-estima e a certeza da vitória contingencial, nas eleições do dia 28 de Outubro, e estrutural na luta contra a pobreza. Depois, com a sua incontida emoção, a população, que se apinhava para muito de perto saudar o carismático Candidato, entrou em delírio. Era como quem dizia “depois de tão longa espera, hoje chegou a nossa vez de estar com o nosso bem amado!” No meio da multidão, um animado grupo de mulheres trajadas com capulanas e lenços estampados com os sím-bolos da FRELIMO e do Candidato, forçou a sua paragem momentâ-nea: queriam oferecer-lhe uma túnica e um cofió. Com o seu sorriso

393

característico, o Presidente Guebuza agradeceu a oferta e continuou saudar as centenas de amigos seus que enchiam o Aeroporto.

Quando o cortejo iniciou a caminhada para o centro da cidade, toda a gente que passava pelas ruas não resistia ao espectáculo que se podia assistir. Gente apinhada em carrinhas cantava e gritava o nome de Guebuza. Os jovens que se faziam transportar nas motorizadas engalanaram os seus motociclos com cartazes e bandeiras vermelhas da FRELIMO, onde se destacava o batuque e a maçaroca.

Ao longo do trajeto, as pessoas paravam e acenavam para o Candidato e este correspondia, sem nunca deixar de mostrar o seu sorriso de alegria e gratidão. A cidade parou por longos instantes e não era para menos. Foi um verdadeiro espectáculo, uma verdadeira festa que, de-ve-se sublinhar, só se proporciona a figuras muito especiais e foi esta a mensagem que Chimoio quis transmitir. A caravana foi serpenteando as artérias da cidade tendo à frente um carro privado com sirene de bombeiros e a bombear música da campanha da FRELIMO e do seu Candidato.

O comício teria lugar nos jardins do Município de Chimoio. A chuva miúda que caía, não foi senão interpretada como mais uma bênção divina e uma aquiescência dos espíritos dos antepassados de que o Candidato era bem-vindo a avançar com o seu programa. E o pro-grama avançou com a música e os grupos culturais diversos, apoiados por potentes colunas. Digna de registo aqui é a forma como, uma vez mais, a Unidade Nacional se sedimenta entre os moçambicanos: Um dos grupos seleccionados era de tufo, uma dança das terras de Farlai e Mussaquanto, em Nampula, a ser exibida nas terras de Makombe e Báruè, em Manica!

Após as actividades culturais, foram proferidas orações pelo Maulana Habib, da religião muçulmana, e pelo Reverendo Zaqueu Isaías Mapu-lasse, da Igreja Metodista Unida em Moçambique.

394

Vieram depois os depoimentos. Momed Iqbal, falando na qualidade de empresário, deu destaque ao ambiente de negócios criado pelo Go-verno, para o desenvolvimento do sector empresarial e da construção de infra-estruturas.

Moçambique foi abençoado por ter tido um filho como Armando Guebuza para dirigir os seus destinos. Abençoados são aqueles filhos que têm um pai como Armando Guebuza para servir a Nação. Guebuza é um homem incansá-vel que sofre com o sofrimento do seu Povo. Ele sai do seu gabinete e vai aos distritos e sofre com as preocupações da população.Graças ao seu empenho, Manica conta hoje com quatro instituições do ensino superior, a economia da província está a florescer a olhos vistos. Graças aos 7 milhões estão a surgir pequenos e grandes empresários, já temos uma estrada asfaltada até Tambarra, temos mais fábricas e isso tudo significa desenvolvimen-to. Por isso, meus irmãos, meus amigos, para o bem de Moçambique, para o bem da Nação, quem ama a sua Pátria deve votar na FRELIMO e em Armando Emílio Guebuza.

Ainda no fervor da emocionante intervenção do empresário Iqbal, subiu ao palco Otília Quive para agradecer a construção de escolas, unidades sanitárias e a expansão da energia de Cahora Bassa a mais localidades de Manica. Saudou a promoção da mulher quer através do alargamento das oportunidades de educação da rapariga, quer através da sua nomeação para cargos governativos. No final da sua interven-ção inscreveu a criação de uma instituição de assistência aos defi-cientes visuais para que também estes possam prosseguir com a sua formação escolar mas, antes de deixar o palco, esta anciã pegou nas mãos do Candidato e juntos trocaram passos de dança, acabando por se ajoelhar perante o Presidente Guebuza, em sinal de deferência e manifestação de carinho.

Ao intervir no comício de Chimoio, o Candidato começou por agra-decer a calorosa e eufórica recepção e a grande participação da po-pulação no comício, as danças, as canções e mensagens, bem como as orações que considerou serem reforçadoras da certeza de que o caminho escolhido pelos moçambicanos, ao decidir lutar contra a po-breza, é o caminho certo. Agradeceu ainda os depoimentos referindo,

395

no entanto, que as realizações que são atribuídas a si foram alcançadas graças ao trabalho e à orientação do Povo, através das suas solicita-ções e críticas. Caracterizou o povo como sendo especial por ter alcançado a Unidade e que aponta o caminho ao Governo para que tudo corra bem. Afirmou que o fazedor das vitórias até aqui alcança-das é o povo. Acrescentou que apesar destes avanços há ainda muito por fazer e referiu que no País morrem 11 mulheres por dia devido à distância entre os locais de residência e a maternidade. Apontou ainda que há muitos moçambicanos que não têm energia, que não têm água potável e jovens que não têm emprego.

Entrando na temática do dia, o Candidato fez um breve sumário dos cinco pilares do Manifesto da FRELIMO. Disse que votar na FRELIMO e em si é a forma de assegurar a continuidade das acções de consoli-dação da Unidade Nacional, da Paz e da democracia. É também a forma de garantir o prosseguimento das acções de luta contra a pobreza e da cultura do trabalho, bem como do reforço da Boa Governação e da cultura de prestação de contas. Disse ainda que votar em si e na FRELI-MO é assegurar o reforço da soberania e uma maior dinamização da cooperação internacional.

Com o seu enfoque na medicina preventiva, o Candidato deu desta-que particular ao combate às doenças,

algumas das quais dependem da mudança de atitude, tais como a malária, as diarreias, SIDA e a cólera. Mas há outras mortes que podemos reduzir. Por exemplo, um total de 11 mulheres morrem por dia no país antes, durante ou após o parto, devido, em muitos casos, as distâncias que separam o lugar onde vivem das maternidades.

Enquanto Guebuza pedia votos, a população de Chimoio ia interrom-pendo o Candidato, gritando, em uníssono, que o voto estava garanti-do. Um dístico afixado mesmo defronte da tribuna principal dizia em letras garrafais “Manica vota Guebuza”.

396

397

398

399

Trigésimo sexto dia

1. Machaze

Pela manhã do dia 20 de Outubro de 2009, o Candidato levou a sua campanha eleitoral ao distrito de Machaze onde chegaria uma hora e quinze minutos depois de deixar Chimoio às 8:15. Porém, antes dos hélios levantarem voo, o Candidato deixou-se fotografar, para a pos-teridade, com os pilotos dos helicópteros e do avião que transportou a sua caravana. A campanha ainda não está no fim mas esta é a sua última semana.

Os grupos culturais evoluíam na placa do Aeroporto de Chimoio, como autênticas vitrinas da riqueza da moçambicanidade, assente na sua diversidade. São, acima de tudo, uma demonstração do contributo que a cultura moçambicana dá ao resto da Humanidade de que é parte integrante.

Com o seu ambiente bucólico mas cheio de hospitalidade, Chitobe, a Sede do Distrito, acolheu o Candidato como querido filho da casa. Mais do que ouví-lo a pedir o seu voto queriam ouvir o seu hino à dignidade e ao amor-próprio numa muito bem urdida tessitura que é combinada com uma acção intensa e responsável de mobilização de massas e com um discurso indutor da preparação das mentes e von-tades para aquilo que antevia como o objectivo maior, comum, épico e convergente – o de assumir que Moçambique é dos moçambicanos e que, por conseguinte, devem ser eles a lutar pela sua libertação.

Alguns dos presentes chegaram no dia anterior, com as suas próprias merendas e dormindo onde puderam e como puderam. Gente que assume tão elevados sacrifícios, de forma entusiástica e voluntária, é seguramente atraída por algo mais que o discurso de campanha. Estes sacrifícios, e são de muita gente, como se pode ver no local da aterra-gem, só podem confirmar a simpatia que o Candidato granjeia no seio

400

do seu Povo, a relevância do seu discurso nas suas vidas e a certeza de que é com eles que vão, orgulhosamente, ser heróis da sua própria libertação.

Depois da calorosa recepção e das várias manifestações de carinho, o Candidato dirigiu-se à residência protocolar onde aguardou pela che-gada e organização dos participantes no seu comício. Não demorou muito e quando se fez ao local, já os grupos culturais que certamente vinham ensaiando, há dias, estavam preparados para dar a grande festa. Cantaram, dançaram e fizeram a plateia dançar e cantar ao seu ritmo e sobre as suas criações artísticas.

Veio depois o momento religioso. Aqui, a palavra Sagrada foi proferida pelo Pastor Ruben Timóteo Matate, da Igreja Cristo Unida em Mo-çambique American Board.

A palavra foi depois dada aos cidadãos que queriam prestar o seu testemunho. O primeiro a subir à tribuna foi Samuel Pondo Bloco que disse que

Já temos a ponte Armando Emílio Guebuza sobre o rio Zambeze e Cahora

Bassa já é nossa graças à persistência do nosso Presidente. Aqui, em Machaze,

temos a rede de telefonia móvel e fixa; já temos o sinal da Televisão de Mo-

çambique; tínhamos sérios problemas para adquirir uma série de documentos

mas hoje já não precisamos de ir à Cidade da Beira ou a Maputo para tramitar

a nossa documentação. No passado, os alunos percorriam longas distâncias

para ter acesso ao ensino, um cenário que se alterou com a extensão da rede

escolar para Chitobe. Aqui também passámos a beneficiar de uma ambulância

para a evacuação de doentes em estado de gravidade e as condições de tran-

sitabilidade na estrada Chitobe – Espungabera melhoraram significativamente.

Quando a FRELIMO promete, cumpre.

Depois foi a vez de André Josefa Covane que falou dos 7 milhões e do seu impacto na produção agrária com o nascimento de associações agrícolas que beneficiaram de motobombas e sementes melhoradas.

401

Sublinhou que Machaze já não procura comida, procura mercados para os seus excedentes.

Quando se dirigiu à sua audiência, o Candidato privilegiou uma ses-são interactiva. Foi na sequência desse diálogo que a população viria a fazer referência a outros desafios que se colocam para o próximo quinquénio: a necessidade de inscrever a abertura de mais furos de água, a construção de mais centros de saúde e maternidades. Depois o Candidato observou que Machaze tinha mudado e perguntou don-de vinham tantas casas construídas em alvenaria. A resposta não se demorou: são os 7 milhões. Era a resposta que queria para levar a população a sentir e a orgulhar-se de ser obreira das mudanças e seu principal beneficiário!

Deu particular destaque ao papel da escola na capacitação do mo-çambicano para lutar e vencer a pobreza. Referiu-se à introdução de escolas profissionais e do ensino profissionalizante como tendo o po-tencial para formar jovens que sejam capazes de resolver problemas concretos na família e na sociedade.

Quando construímos uma escola o nosso Povo sabe que ela vai induzir mudan-

ças. A escola forma quadros que vão implantar fontes de água potável, e isso

significa mudança. Sabem que a escola vai formar técnicos que vão construir

e manter estradas, e isso é mudança. Mudanças é a estrada, é a energia que já

chega ao distrito, é o telefone, é a produtividade da nossa machamba. A escola

faz a diferença nas nossas vidas.

Nós ainda temos poucas escolas profissionais mas estamos a formar os profes-

sores que irão acelerar a expansão deste tipo de ensino. Mas recordem-se que

um professor leva muito tempo a formar, mas temos que ter paciência e saber

esperar. Nós vamos continuar a apostar na construção de escolas profissionais

de modo a formar mais jovens que vão acrescentar valor ao empenho da Na-

ção pelo seu desenvolvimento.

402

Embora fosse redundante achava que devia cumprir com a formali-dade de pedir o voto para si e para a FRELIMO. Na altura, explicou que esse voto seria usado de forma a dar continuidade à luta contra a pobreza. Anunciou que uma das suas apostas será a formação dos membros dos conselhos consultivos para melhorarem a gestão dos 7 milhões. “Nós queremos acabar com a pobreza.

Nestes quase cinco anos nós demos passos importantes no combate contra a pobreza e queremos continuar nesta luta”, frisou, e em sinal de concordância recebeu uma longa ovação da sua audiência que lhe acompanhava com a atenção de quem veio para aquele local para en-trar em contacto com novas e mais dinâmicas abordagens sobre os contornos da pobreza. Para cativar mais ainda essa atenção e gerar essa interacção, o Candidato recorria aos seus dotes comunicacionais, que os aguçou como poeta, professor e Comissário Político Nacional, durante a Luta de Libertação Nacional, bem como ao Ronga, inteligível nesta audiência que fala uma variante do Changana.

403

2. Macate

Às 14:00 do dia 20 de Outubro de 2009, o Candidato pisava o Posto Administrativo de Macate, Distrito de Gondola, terra que acarinhou a actual Primeira-Dama, em criança, e onde ela entrou em contacto com a escola. Portanto, este era um re-encontro não apenas com o lídimo filho de Moçambique que sempre faz um sentimental e patriótico cha-mamento à esperança e à confiança na vitória contra a pobreza. Era também um reencontro com o cunhado!

Todavia, não se pode dizer que a relação familiar simbólica com Ma-cate tenha tido um papel de grande relevo, tendo em conta que quem desconhecesse esse facto faria avaliação idêntica ao carinho e ao amor que o Candidato foi recebendo por todos os lados por onde passou. Tanto é que tanto em Macate como noutros locais por onde levou a sua mensagem de campanha falou invariável e ecumenicamente do maravilhoso Povo Moçambicano, um Povo muito especial, e da Nação Moçambicana. Por todo o solo moçambicano que já palmilhou, ele demonstrou que o seu carisma gera um magnetismo que atrai mesmo aqueles que não são do seu partido para os seus eventos.

O segredo do seu carisma parece advir da sua capacidade de repre-sentar a realidade e o quotidiano do seu povo, e a forma persuasiva, emotiva e responsável como assume, sem exclusões nem reticências, a representação da vontade e visão colectivas do seu Povo. É um lí-der, uma personalidade que pode levar um povo a mover montanhas, como as que integram a cordilheira de Chimanimani, na sua incessante luta pelo seu bem-estar.

Mas também as realizações e a atenção que é capaz de dispensar a cada um dos seus interlocutores, fazê-lo sentir-se importante, respeitado e valorizado, entram nesta contabilidade. Estes são alguns dos factores que se teceram e se emaranham para atrair a moldura humana que recebeu o Candidato. Na verdade, era muita gente para um pequeno e pacato Posto Administrativo e ficava-se mesmo com a impressão de

404

que todos tinham priorizado aquele recepção e o comício popular. Com efeito, o facto de os partidos da oposição, mais significativos, ex-cluídos da corrida eleitoral por irregularidades na sua documentação, terem virado o seu apoio à FRELIMO e ao seu Candidato demonstra que estes são de facto a opção da maioria dos moçambicanos: “PARE-NA reitera apoio a Guebuza” lê-se, por exemplo, na edição do dia 24 de Outubro de 2009 do matutino Notícias.

Já a edição do dia 18 de Outubro de 2009 do jornal Domingo indicava que o Partido Independente de Moçambique (PIMO), o Partido Traba-lhista (PT), o Partido Ecologista Movimento Terra (PEC), a Coligação Aliança Democrática de Antigos Combatentes (ADACD), PANAMO, a Organização das Candidaturas de Nacala (OCINA), PANAOC e o MPD decidiram direccionar o seu voto ao Presidente Guebuza e à FRELIMO, “como forma de preservar a paz e contribuir de maneira construtiva, no desenvolvimento sustentável do país”, disse Yacub Si-bindy, em nome destes partidos. Por outro lado, a edição do dia 28 de Setembro de 2009, do Escorpião, Azevedo Jacinto Witinesse, na sua coluna o Discipulado do Professor anuncia que “em plena campanha eleitoral, perdizes abandonam a RENAMO e filiam-se ao Partido FRE-LIMO”

Já no local do comício as manifestações de carinho e de amor conti-nuaram. Primeiro, através dos artistas e grupos culturais, canções ta-lhadas para exaltar os feitos do Candidato e da FRELIMO. São canções que incendiavam a alegria da audiência que se juntava às danças e aos coros.

Seguiu-se a oração orientada pelo Pastor Féliz Chingoma, da Igreja Assembleia de Deus Africana, actividade que antecedeu as interven-ções dos cidadãos. Quando este momento chegou intervieram Faria Martins Lopes e Justina Tomás Jane que fizeram referência a algumas realizações do Presidente e do seu Governo nos quase cinco anos de mandato: três escolas secundárias completas; a introdução do nível secundário em Marera e Macate sede; a reabilitação de vias de acesso;

405

a introdução do subsídio de alimentos que beneficia cerca de 150 idosos. Como preocupação a atender no próximo quinquénio deram destaque à extensão da energia de Cahora Bassa para beneficiar mui-tas mais residências.

Quando chegou a sua vez de se dirigir à sua audiência, o Candidato abordou o combate contra a pobreza e a cultura de trabalho, partindo da realidade local. Assim, expressou a sua satisfação por Macate estar a produzir banana em grande quantidade e com boa qualidade, fac-tos que eram também conhecidos por outros moçambicanos, noutros pontos do País. Elogiou Macate por estar a ser conhecido no resto do País graças à sua entrega ao trabalho e ao combate contra a pobreza. Encorajou-os a esmerarem-se no caminho que escolheram, produção de banana, para combater a pobreza na família e na sociedade moçam-bicana.

Incentivou o espírito combativo e a busca incessante de formas de combater este mal. Para o Candidato, a pobreza não pode acabar sim-plesmente porque descobriu que a desprezamos. Apelou à determina-ção e à persistência, recordando que a fraqueza de espírito, que por vezes abala ou se apossa dos que estão a combater a pobreza, pode ofuscar as vitórias já registadas que devem servir de estímulo para se fazer mais e cada vez melhor.

Virando para a educação cívica, exortou a todos os eleitores com cartão para que acordassem muito cedo para votar “e votar bem. E votar bem é votar na continuidade, é votar na FRELIMO e em mim, Armando Guebuza, para continuarmos nesta luta contra a pobreza”.

406

407

408

409

3. Chimoio

À sua chegada a Chimoio, às 16:30, deste dia 20 de Outubro de 2009, a delegação do Candidato registou mais um facto que demonstra que não são as filiações em partidos políticos, per se, que são fonte de divi-são entre apoiantes dessas formações políticas. Que são as lideranças desses partidos que podem promover um ambiente de ódio, de intimi-dação e de violência que pode subverter a lei, ordem e tranquilidade públicas.

Vamos contar a história. Os apoiantes do líder da RENAMO estavam à sua espera no Aeroporto depois da sua falhada, sem qualquer expli-cação, chegada a Chimoio, no dia anterior. Naquela tarde porém, os amigos e simpatizantes do Presidente Guebuza afluíram ao Aeroporto en masse para recebê-lo, à sua chegada de Macate. Quando os apoian-tes da RENAMO se aperceberam que a maré da FRELIMO estava a subir, dobraram os seus dísticos ou afastaram-se para distante daquele local. Outros ainda, mesmo envergando material da RENAMO, ficaram ali perto para ver o Chefe de Estado a passar. Foi tudo pacífico!

O mar de gente que enchia o Aeroporto de Chimoio acolheu o Can-didato, uma vez mais, em ambiente festivo e acompanhou-o até ao centro da Cidade onde Armando Guebuza iria orientar um encontro com as personalidades influentes locais. Antes, porém desse encontro, o Chefe de Estado na qualidade de Presidente do Órgão da SADC para a Cooperação nas áreas de Defesa e Segurança, recebeu, em audiência, o Primeiro-Ministro do Zimbabwe, Morgan Tsvangirai, com quem analisou a crise política naquele País. Trata-se de uma crise pre-cipitada pela saída, informal, do Primeiro-Ministro do Governo Inclusi-vo, criado pelo Acordo Político Global assinado pelas partes.

O fim do dia foi marcado por um encontro com os notáveis de Chi-moio. Um dos intervenientes nesse encontro, Taurai Razão, saudou o facto de o Presidente da República ter dado seguimento ao seu pedido de emprego, feito numa das edições da sua Presidência Aberta

410

e Inclusiva, que conheceu um desfecho satisfatório. Hoje já é profes-sor, anunciou. O outro cidadão, Ezequiel Sidique, Conselheiro do líder comunitário do Bairro 1º de Maio, anunciou que os desmobilizados estão prontos para apoiar o Candidato e pedem a resolução dos seus problemas no futuro. Elias Thamo, líder comunitário do Bairro Cen-tro Hípico, apelou aos outros influentes para garantirem que todos os eleitores priorizam o exercício do seu direito cívico, no dia 28 de Outubro, não indo às machambas antes de votar.

O último interveniente, um jovem, afirmou que contrariamente ao que tem sido difundido, que os jovens estão com Nhamomos, a juven-tude em Chimoio está com a FRELIMO e manifestou a sua disposição de mobilizar a população para ir votar.

O Candidato encerrou o encontro apelando para que não se ante-cipem as celebrações da vitória antes da votação. Disse que era im-portante mobilizar todos os moçambicanos com cartão de eleitor a fazerem-se às urnas para depositar o seu voto. Exortou as lideranças de Chimoio a combaterem o discurso de “já ganhámos” indutor do absentismo porque “temos que ganhar, mas ganhar bem mesmo”.

411

412

413

414

Trigésimo sétimo dia

1. Gondola

Hoje é dia 21 de Outubro de 2009 e, pelas 8:30, o Candidato leva a sua mensagem, via terrestre para a sede do Distrito de Gondola. Aqui, é recebido por centenas de compatriotas seus que preenchem as duas bermas da estrada. Eram pessoas de todas as idades e condições so-ciais que ali se acotovelavam para ter a oportunidade de apertar a sua mão, ouvir uma palavra personalizada sua, corresponder, de perto ao seu aceno ou, na pior das hipóteses, ter a certeza de que com ele trocarem olhares.

No local do comício as condições estavam criadas para uma interac-ção profícua com o Candidato, uma interacção que seria aberta pelos artistas e grupos culturais. Vibraram e fizeram vibrar, com uma qualida-de de som ao nível da grandeza do ilustre hóspede de Gondola.

Depois veio a bênção. Esta foi orientada pelo Pastor Inocêncio Fer-nando Nota, da Igreja Evangélica Palavra de Vida, e pelo Shehe Hafeez Nuro da religião muçulmana.

Depois destes líderes religiosos ocuparem os seus lugares na tribuna de honra. Vieram os testemunhos das realizações do Governo. O pri-meiro a usar da palavra foi Djangano Bangaraza Braunde que disse:

Nós aqui em Gondola já não andamos atrás da água potável. A água potável é que anda atrás de nós, graças ao trabalho do Presidente Guebuza e do seu Governo. Nós aqui em Gondola, já não andamos atrás da energia eléctrica, a energia é que anda atrás de nós. Se recuarmos um pouco para o passado veri-ficamos que os nossos filhos tinham que se deslocar a Chimoio ou à Cidade da Beira, em Sofala, para frequentarem o ensino médio. Mas hoje já temos escolas desse nível no distrito e em 2010 estão previstas mais escolas. O Presidente Armando Guebuza descobriu que para o País se desenvolver precisamos do conhecimento e fez questão de construir universidades e, hoje, a Província conta com um total de cinco instituições do ensino superior.

De seguida, usou da palavra Alexandre Elias Lote que fez referência ao alargamento da rede sanitária e à afectação de dois médicos, à aloca-

415

ção dos 7 milhões, à distribuição de gado e sementes melhoradas e à construção da ponte Armando Emílio Guebuza. Sublinhou que estas realizações demonstram que se está perante um Candidato sério e empenhado em liderar o seu Povo a resolver os problemas da pobre-za.

Foi nessa linha que fez a sua intervenção:

As realizações a que os intervenientes fizeram referência são exemplo eloquen-te de que somos capazes de vencer a pobreza. São exemplos de que estamos a vencer a pobreza. Quem fez estas coisas todas foram vocês mesmos! Mas há também um outro nível de combate à pobreza, o nível individual. Combater a pobreza é também transformar o milho em farinha; combater a pobreza é comprar uma motorizada e todos os dias pormos combustível para ela poder circular. A motorizada não resolve o problema se não tiver combustível para funcionar. Combater a pobreza é termos casas melhoradas, com divisões e ja-nelas amplas para o ar circular livremente e mantermo-nos saudáveis.O grande desafio do nosso Governo e de todos os moçambicanos é tornar sustentável a luta contra a pobreza em Moçambique. Essa sustentabilidade cria-se quando os cidadãos são capazes de criar riqueza. É por isso que o Governo, para resolver os problemas da pobreza, deu grande ênfase à educação, porque na escola os moçambicanos capacitam-se para combater a pobreza com maior eficiência. É a escola que nos prepara para explorarmos todas as potencialida-des existentes no nosso País para livrarmo-nos da pobreza.

O Candidato apercebeu-se que o intérprete não dizia Gondola mas Gandura. Depois da sua aferição expressou o seu desejo de ver a revi-são da toponímia a reflectir esta realidade, mais próxima dos falantes da língua. Aliás mais tarde, ele escreveria na sua página [email protected]:

Temos consciência de que a substituição dos topónimos não está ainda com-pleta. Com efeito, temos, por exemplo, ainda muitos nomes geográficos que não têm nenhuma relação com a nossa realidade de Estado soberano. Por ou-tro lado, temos também casos de substituições que não foram ao encontro da forma como esses topónimos são pronunciados pelos falantes da língua-fonte. Foi assim que ficamos com Cuamba em vez de Mkwapha, de Gondola em vez Gandura, e por aí fora. Por isso, a referência desse local em português em nada se aproxima da referência usada pelo intérprete e pela população.

416

417

418

419

Trigésimo oitavo dia

1. Chókwè

Pouco depois das 9:00, do dia 22 de Outubro de 2009, os hélios da campanha do Candidato em formação rasgava os céus do Celeiro da Nação. Para aquecer a festa que esperava o Candidato, o esquadrão dos hélios da campanha do Candidato fez voos rasantes em forma de X pela Cidade de Chókwè, uma outra forma de anunciar a chegar daquele que já não era dele próprio só, era também do Povo, um povo que ele liderava a galgar montanhas íngremes cheias de preconceitos e incredulidades sobre a vitória na luta contra a pobreza.

Depois destas acrobacias, o Candidato juntava-se a uma população eufórica e a uma grande festa eleitoral. Os mais novos, que embora não votando têm o papel de recordar os mais velhos dessa respon-sabilidade, enchiam por completo as bancadas do campo do Clube de Desportos do Chókwè. A chama da campanha do Candidato e da FRELIMO às crianças também insuflava energia e sentimento de que poderiam apreender a política e participar no seu enriquecimento.

Do campo de futebol a caravana seguiu para o centro da Cidade. A velocidade era inclusiva, como inclusivo fora o discurso do Candidato ao longo desta campanha. Pessoas que seguiam numa direcção facil-mente mudavam de rota para integrar a caravana. Mães ajeitavam os bebéspara acelerar o passo e estar ao lado da viatura do Candidato e lhe ver de perto para transmitir a notícia, claro, sempre com mais um ponto, aos seus familiares, amigos e quem sabe, para usar essa infor-mação para angariar mais amigos.

Enquanto o Candidato fazia um desvio para a casa protocolar, para dar tempo para a população se organizar, a longa fila de viaturas, motori-

420

zadas, bicicletas e peões, dirigia-se aos jardins do Município, local do re-encontro com este filho amado de Moçambique32.

O comício seria memorável a todos os títulos. Para já, por todos os la-dos despontavam maçarocas frescas nos seus caules, sinal de que esta é uma zona agrícola e com boa produção mas, ao mesmo tempo, que é uma zona que apoia, com todo o seu vigor e amor, a FRELIMO e o seu Candidato, que têm na maçaroca um dos seus símbolo emblemáticos.Os artistas cumpriram com o papel que deles se esperava. Cantaram, encantaram e fizeram vibrar. As suas músicas eram mensagens bem urdidas sobre as realizações do Candidato e da FRELIMO.

A Pastora Marta Ricardina Cossa, da Igreja Metodista Unida, dirigiu as orações. Depois deste momento religioso vieram os testemunhos. Falou primeiro Leia Wiliamo Mabunda que saudou as realizações do Governo no quinquénio:

sofríamos sempre que o caudal do rio Limpopo aumentava, tendo sido regista-das muitas mortes por afogamento. Mas hoje a travessia é feita em segurança sobre a Ponte do Guijá. No início do mandato a energia só beneficiava a Cida-de de Chókwè, mas hoje ela foi estendida para outras regiões do Distrito. Os problemas de abastecimento de água já foram ultrapassados, o regadio foi rea-bilitado e aumentaram as instituições bancárias no Distrito que nos permitem acesso ao crédito para o desenvolvimento de diversas actividades produtivas.

Porém, António Francisco Bazima, Pastor da Igreja Sião Apostólica de Jerusalém de Moçambique, arrancaria muitas mais salvas de palmas e criaria momentos de maiores emoções ainda. Ele irrompeu pela tribu-

32 De acordo com a edição de 23.10.2009 do País, Afonso Dhlakama disse no Posto Administrativo de Dómuè, em Tete, que caso não vença as eleições deste ano não vai concorrer em 2014. A edição do mesmo dia do Savana, revela que Dhlakama é um Presidente tesoureiro. Escreve o jornal que “na sua digressão pela província da Zambézia [...] Afonso Dhlakama assumia o comando das operações da campa-nha, em todos os sentidos, parecendo-se mais com um ‘homem de negócios’ do que com um mensageiro político ao levar em mão a sua mala ‘James Bond’ onde carregava os fundos disponibilizados pelo Estado [...] na hora de se pagar despesas disto e daquilo, os assessores e outros ajudantes recorriam directamen-te ao líder a fim de que ele lhes desse o dinheiro necessário. Dhlakama, sem precisar [...] ia metendo a mão na massa, tirando um molho de notas, como aconteceu, por exemplo, quando chegou a hora de pagar a avioneta com destino a Pebane [...] os pilotos sul africanos disseram que o custo de reabastecimento da aeronave era ‘one thousand dolars’ ao que o líder perguntou ‘one thousand dólars é quanto? E alguém respondeu que eram cerca de 27 mil meticais”.

421

na cantando “Aleluia, aleluia, não existe ninguém que se compare com Guebuza. Aleluia, aleluia, que ele [Armando Guebuza] seja abençoado”. Depois, com microfone ajustado à sua altura mas falando como uma pessoa em transe disse:

Hoje as nossas mulheres visitam-nos na África do Sul semanalmente graças à supressão dos vistos. Esta é uma obra do Senhor Presidente. No Lionde nós produzimos tubérculos e vegetais antes nunca vistos, graças à Aldeia do Milénio. O Senhor Presidente Guebuza é membro da família 8X8 porque a Primeira-Dama da República também é 4X4: durante estes cinco anos, ela conviveu e pernoitou nas nossas casas humildes, partilhando connosco as nossas refeições, os nossos sucessos e desafios da vida. Hoje veio com ela, mas queremos que na próxima visita nos venha mostrar a nossa avó. Dizemos próxima visita porque sabemos que vai ganhar estas eleições e nós, no dia 28 de Outubro, teremos uma prenda para lhe oferecer.

Antes que a palavra fosse passada ao Candidato, Joaquim Mondlane, Primeiro Secretário Distrital da FRELIMO no Chókwè, comentou que “se vem nos visitar, como fez ao longo deste mandato, tudo bem. Mas vir pedir votos é que não! Só pede quem não tem. O Senhor Presi-dente já tem os nossos votos nos seus bolsos”. Esta mensagem re-forçava aquelas que se liam nos dísticos que se ouviam nas canções e se apreendiam das expressões de simpatia e das mensagens dos que intervieram neste comício.

Antes do Candidato usar da palavra, o Chefe Adjunto do Gabinete Provincial de Eleições e Governador da Província, de entre outras tarefas, apresentou a Primeira-Dama, essa lendária patriota que já fez nome em toda a Nação Moçambicana pela sua paixão na defesa dos mais vulneráveis na sociedade. Por isso, ela não poderia não dizer meia palavra. Ela própria sentiu essa ansiedade popular e pegou no micro-fone para saudar, em changana, a audiência, pedindo depois para no dia 28 de Outubro fazerem-se às urnas para votar na FRELIMO e em Armando Emílio Guebuza.

O Candidato apresentava-se muito satisfeito e muito à-vontade. Para melhor se comunicar usou o Ronga, língua inteligível para os changa-

422

nas desta parcela de Moçambique. Deixou claro que os moçambica-nos devem sentir-se obreiros destas realizações pois elas resultam do trabalho do Povo Moçambicano, um Povo que é maravilhoso, honesto, trabalhador e que sabe o que quer. Assinalou que o que os moçambi-canos querem é acabar com a pobreza.

De seguida, o Candidato disse:

Não vou pedir o voto porque já me disseram que aqui em Chókwè não há problemas. Disseram-me aqui que os votos estão cheios, mas não nos esque-çamos de ir as urnas depositar esses votos. Nós temos que levar esses votos e ir depositar nas urnas para eles serem contados. Se vocês não jogarem, a bola nunca vai entrar na baliza. É preciso que todos, todos aqueles adultos que têm o cartão de eleitor acordem muito cedo, com toda a família, com todos os amigos e vizinhos, antes de qualquer actividade diária e caminhem para as assembleias de voto para irem votar e ganharmos para prosseguirmos com esta luta contra a pobreza. Ninguém deverá desfalecer em face das provocações que vão surgir ao longo de todo este processo. Nós conhecemos o caminho e não nos vamos destruir e nem devemos desanimar.

O Candidato aconselhava assim os moçambicanos a agirem como a corrente de água: não enfrenta o obstáculo. Contorna-o e avança na direcção desejada. No processo, carcome esse obstáculo e, pouco a pouco, vai reduzindo-o à sua insignificância. Era o político artífice dos acordos de Roma que resgataram a paz para Moçambique que acon-selhava a promoção da cultura de paz, da tolerância e de concentração dos moçambicanos naquilo que são as prioridades da Nação, em cada fase.

Chókwè marcava a segunda volta do Candidato por alguns círculos eleitorais, uma fase na qual dispensou a simulação de voto, como par-te da educação cívica aos eleitores sobre como deverão votar, a 28 de Outubro. Este era também um trabalho que, à extensão e largura do País, as brigadas vinham realizando no contacto porta-a-porta, nas lareiras, nos comícios e em todas as outras oportunidades que se cria-vam, organizada ou espontaneamente.

423

Um outro pormenor desta segunda volta é que o Candidato faz-se acompanhar pela Primeira-Dama, Maria da Luz Guebuza. Ao longo do quinquénio que está prestes a terminar, ela revelou, à Pátria Moçam-bicana, estar dotada de predicados e de pendor para causas sociais nobres. Estas virtudes enformaram a sua acção social e têm sido alvo dos melhores encómios da Nação Moçambicana.

Regressando a Maputo por estrada, por volta das 15:30, o Candidato foi sendo acolhido por muitos moçambicanos que se aglomeravam ao longo das paragens dos chapas, os transportes semi-colectivos de pas-sageiros, para saudá-lo e expressar o seu carinho e apoio. A primeira mais numerosa seria na fronteira entre Chókwè e Macia. Muita gente mesmo. Era gente que sabia que o Candidato não lhes iria falar porque não estava previsto nenhum comício. Estavam ali, simplesmente para trocar olhares, sorrisos e abraços.

A segunda maior enchente seria na fronteira entre os Círculos eleito-rais de Gaza e de Maputo. Idosos, homens, mulheres, jovens e crianças estavam perfilados por mais de quinhentos metros nas duas bermas da estrada. Também não faltaram os grupos culturais que trouxeram maior animação à despedida do Candidato de Gaza e à recepção no Maputo.

A pé, o Candidato e a Primeira-Dama foram saudando esta multidão entusiástica e as lideranças locais. Como acontecera em ocasiões an-teriores, a primeira fila mantém-se inamovível, resistindo à pressão dos que detrás de si procuram melhor ângulo para gravar a imagem do Candidato na sua retina. Porém, mais para trás há uma outra fila, constituída maioritariamente por crianças e jovens que se move como um rio, à procura de espaços mais à frente para voltar a ver o Candi-dato.

À entrada da Cidade de Maputo, mais uma outra enchente, desta feita, juntando as populações e lideranças da Província e da Cidade de Ma-puto. Por Muchafutene, o Candidato faz assim a sua entrada à Cidade de Maputo.

424

425

426

427

Trigésimo nono dia

1. Búzi

Depois de partir de Maputo pelas 8:00, do dia 23 de Outubro de 2009, e depois da escala técnica no Aeroporto Internacional da Beira, o Can-didato chega, às 10:00, à sede do Distrito de Búzi. São às centenas os seus anfitriões. É indescritível a alegria e as emoções que trazem estampadas no rosto. São muitos os que procuram, ao mesmo tempo, atrair a sua atenção e a da Primeira-Dama. O local da aterragem pare-cia pequeno para acolher tanta gente, de uma só vez.

Como em casos anteriores, a fila da frente ia sofrendo a pressão das filas de trás mas resistia para receber os cumprimentos do Candidato e da Primeira-Dama. Mas também logo que passassem essa pressão desaparecia, para ser exercida nos que perfilavam mais à frente, e as-sim em diante. As crianças, lá procuravam a melhor posição para deixar registado no seu celular, a imagem do Candidato e da Primeira-Dama.Seguiu-se o comício que foi aberto por grupos culturais seleccionados para dar cor e vida à festa. O momento seguinte foi preenchido por orações proferidas pelo Shehe Chiare Abdul Carimo e pelo Pastor Muchindo Alberto, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus.

Após as orações, foram apresentados depoimentos pelos cidadãos Paulo Mateus Machava e Celestina Rita António que testemunharam as realizações do Governo durante os últimos cinco anos no Distrito, mencionando a colocação de um barco que faz a rota Búzi - Beira, a chegada da energia de Cahora Bassa, a reabilitação da Companhia do Búzi que passa a produzir álcool, a construção de bloco externo no Hospital Rural de Búzi, permitindo que haja consultas externas e internamentos dos doentes, a introdução do ensino secundário do segundo grau que cobre as áreas de Búzi, Gándua e Estaquinha e a instalação da rede Mcel.

428

Como que a responder ao compromisso do Primeiro Secretário da FRELIMO, em Marínguè, segundo o qual a vitória do Candidato e da FRELIMO em Sofala partiria daquele Distrito, o Chefe Adjunto do Ga-binete de Eleições do Búzi, Sérgio Moiane, declarou, perante o delírio e prolongados aplausos, que essa vitória partiria, isso sim do Búzi.

Aparentemente, os chamados homens armados que, de vez em quando criam desacatos em Marínguè são originários do Búzi e estas declara-ções dos dois dirigentes distritais devem ser lidas neste prisma. Acusa-ções mútuas aparte, tanto Búzi como Marínguè ecoavam a mensagem do Mr. Bawu de que apesar de haver tantos partidos no firmamento político moçambicano ele e os seus iriam votar na FRELIMO e no seu Candidato “esta é a voz do Povo”anuncia este jovem artista.

Depois, foi a vez do Candidato usar da palavra, trazendo como tema, a luta contra a pobreza e a promoção da cultura do trabalho. Levando o seu Povo a despertar para o seu heroísmo, o Candidato afirmou que as realizações referidas nas canções e nas intervenções, tinham sido alcançadas graças ao trabalho dos moçambicanos. Sublinhou ainda que estas realizações são uma clara demonstração de que os moçambica-nos são capazes de realizar os seus sonhos. Porém, o Chefe de Estado alertou que o maior inimigo que têm pela frente é a preguiça:

Os preguiçosos são invejosos e intriguistas. Pior do que isso, os preguiçosos roubam e assassinam os que trabalham para se apoderarem dos seus teres e haveres. Embora reconheça que se sinta lesado e possa querer optar por fazer a justiça pelas próprias mãos, o Candidato desencorajou tal atitude exortando para que se deixe o tratamento desses casos à responsabilidade do sistema de administração da justiça. Como dizia Gandhi, encorajando olho por olho, pode levar todo o planeta à cegueira!

Cerca das 13:45, o Candidato presidia a um encontro com os notáveis do Búzi a quem pediu conselhos e apoio para garantir que a campanha eleitoral e os processos subsequentes decorram de forma pacífica, ordeira e em respeito à lei e às instituições públicas. Saudou-lhes tam-bém pelo seu papel na mobilização e organização da população para

429

lhe proporcionar uma recepção calorosa e uma dinâmica participação no comício quer através dos grupos culturais quer através das in-tervenções quer ainda da forma ordeira como participaram naquele evento político.

António José, Joaquim Manhavira e Castigo Mendundo usaram da pa-lavra para reiterar o seu agradecimento por aquilo que o Governo tinha feito no Búzi. Mais do que conselhos no seu strictu sensu, eles disseram que no próximo quinquénio o Governo deveria continuar a trilhar este caminho para que mais realizações sejam erguidas. Apon-taram a necessidade de se construir uma ponte sobre o Rio Búzi à semelhança do que aconteceu no rio Zambeze.

Deixaram o compromisso de tudo fazer para mobilizar a população para fazer da votação, no dia 28 de Outubro, sua primeira prioridade. Sublinhou que só o somatório dos votos de cada um dos eleitores é que vai dar a vitória à FRELIMO e ao seu Candidato.

430

431

432

Quadragésimo dia

1. Mocuba

Mocuba, local onde todos os caminhos se cruzam e Moçambique se abra-ça, estava a fervilhar com a moldura humana que, neste dia 24 de Outubro de 2009, veio dizer que está com o Candidato e a FRELIMO. Muitos vieram no dia anterior, dos distritos vizinhos, para se juntarem à festa, uma festa contagiante e emotiva. Vieram voluntariamente. Não vieram porque nunca tiveram a oportunidade de trocar apertos de mão com o Candidato, de trocar sorrisos, expressões de simpatia mú-tua ou de com ele interagir para partilhar conquistas, sonhos e desa-fios. Estavam ali justamente porque, por essas experiências anteriores, era a personalidade por quem valia a pena fazer tanto sacrifício. Do encontro com ele aprende-se mais alguma coisa e para tantos desafios não há lições que cheguem.

A sua chegada a Mocuba também coincide com a divulgação, à escala nacional, da “Carta ao meu compatriota”33. Neste documento pro-jectado para ser disseminado quer de forma física quer electrónica, o Candidato apela os eleitores a votarem em si e na FRELIMO, no próximo dia 28 de Outubro34. Em Mocuba, o Candidato e a Primeira-Dama, Maria da Luz Guebuza, sempre sorridentes, saudaram os membros do comité de recepção, os notáveis do Município e a população que se concentrara no local da aterragem. Apesar de serem cerca das 9:00, o sol zambeziano acordara cedo e cedo começara a aquecer, mas não demovia a moldura humana de proporcionar uma recepção calorosa ao Candidato e de com ele fazer uma festa memorável. Por isso, idosos, adultos, jovens, mulheres e crianças apinhavam-se e se acotovelavam para ver de muito perto o seu Candidato preferido.

33“http://www.armandoguebuza.blogspot.com” www.armandoguebuza.blogspot.com 34Domingo, 25.10.2009.

433

Os que não se encontravam na linha da frente, procuravam dardejar os seus braços, na esperança de que o Candidato venha a apertar as suas mãos, o que acontecia. Invariavelmente, o triunfante celebra este aperto de mão, com os seus amigos e para quem os olha vê que esta novidade será partilhada bem longe daquele local, e por muito tem-po.

Há outros que lhe fixam na cara, girando a sua cabeça na direcção em que caminha. Outros ainda, com acesso às tecnologias de informação e comunicação, tiram fotografias através dos seus celulares. São foto-grafias que depois são trocadas com outros pares, de outros quadran-tes (veja pg. 380).

Naquele aperto de mão com os notáveis, que dura alguns instantes, o Candidato troca informações com o seu interlocutor, procura saber de algo do seu meio familiar, da sua zona de residência e sobre os desafios na vida local. De uma vez a outra, dirige um “como estão aí?” aos que se encontram perfilados por detrás das lideranças locais: vê-se depois como a alegria explode nos rostos destes e como radiantes se mostram quando retorquem com o “estamos bem!” Por vezes, ele dirige-se a eles com o seu grito de luta contra a pobreza “Moçambi-que Hoye!” e a resposta, com punhos cerrados é “Hoye!” seguido de sorrisos estampados em rostos radiantes de quem foi sorteado numa aposta.

No local do comício a festa estava muito animada. Bandas musicais e grupos culturais, apoiados por potentes colunas fazem vibrar a pla-teia.

Instantes depois, o Candidato fazia-se à tribuna e o Disc Jockey fez soar o Hino da campanha: “A FRELIMO é que fez, a FRELIMO é que faz”. Com o seu sorriso característico, carismático e cativante, o Can-didato e a Primeira-Dama saúdam o numeroso público que aqui se juntou.

434

Os grupos culturais e os conjuntos musicais retomaram as suas actu-ações. Não são apenas os anónimos que se animam. Também os notá-veis são seduzidos pela boa música para trocarem uns bons passos de dança. Os aplausos passam para eles também. É festa de todos.

Veio o momento religioso que foi preenchido por orações dirigidas por Domingos Cinco Reis, Representante da Igreja Católica, pelo Pa-dre Victor Murrumua, da Igreja Anglicana, e pelo Maulana Habibo, da religião muçulmana. O apelo à paz, à concórdia e para uma campanha eleitoral pacífica e ordeira foi recorrente nestas orações.

As intervenções dos cidadãos que quiseram testemunhar as realiza-ções do Quinquénio vieram a seguir. Gilmar Elídio Malfazer Nada foi o primeiro a pedir a palavra que destacou a a construção de uma es-cola secundária no Bairro Samora Machel, a reabilitação e ampliação da Escola Básica Agrária onde futuramente irá funcionar o Instituto agrário. Referiu-se ainda à abertura de uma escola de artes e ofícios do Posto Administrativo de Mugeba que irá permitir a formação para o auto – emprego. Apontou ainda a construção de salas em material convencional, a chegada da internet e da telefonia móvel. Considerou, a terminar, a abertura da Unizambeze como sendo para os jovens o ponto mais alto das realizações do Governo.

O segundo interveniente foi José Filipe Governo:

No passado era difícil a ambulância socorrer doentes nos bairros devido à precariedade das vias de acesso. Também enfrentávamos sérios problemas para a recolha de cadáveres isto porque o carro funerário não tinha acesso aos bair-ros pelos mesmos motivos. Hoje e graças à FRELIMO e ao Presidente Armando Guebuza já se circula com facilidade. Não sejamos enganados por palavras vãs e ocas, porque as obras deste Candidato e do seu Governo falam por si.

Na sua intervenção, o Candidato agradeceu o acolhimento memorável de Mocuba. Reconheceu e elogiou a presença de centenas de pessoas que vieram dos distritos do Ile, Namacurra e Lugela especificamente para participar nesta festa.

435

Quero pedir que levem a nossa mensagem de certeza, a nossa mensagem de que Moçambique está avançar. A nossa mensagem de que Moçambique está a crescer. Peço também que levem a mensagem de que a vitória faz-se, não se encontra. Que precisamos de trabalhar para termos a vitória.

Sempre interrompido pelos grupos de jovens e de mulheres, cantando ou gritando os slogans da campanha, o Candidato, sempre comunica-tivo demonstrou que para além de ser um direito cívico, votar é uma questão de consciência, pois

se nós votarmos a consciência não pesará porque fizemos uma coisa boa. Mas se não votarmos a consciência vai pesar. Se alguém falar de eleições aquele não que votou vai se lembrar que não foi votar. Quando os outros falarem da sua experiência prática de votar ele vai procurar formas de levar a conversa para outro tema.Quando nós votamos estamos a escolher. Quando escolhemos estamos a de-cidir sobre a nossa vida. Estamos a dizer aquilo que nós pensamos que a nossa vida deve ser nos próximos cinco anos. Não nos esqueçamos, isso é importante para nós, para os nossos vizinhos, é também importante para as nossas famílias, para a nossa cidade e para todo o nosso País.

O comício terminou, mas a festa, essa continuou muito animada e por muito mais tempo. As bandas estavam dispostas a emprestar o seu saber e génio para dar cor e vida a essa festa de campanha e de saudar do Candidato por Mocuba.

Para dar tempo aos notáveis para se organizarem para o próximo encontro, o Candidato decidiu fazer um pequeno passeio pela Cidade, com dezenas de carros, muitos deles apinhados de gente e outras dezenas de motociclistas a proporcionaram um espectáculo que por alguns instantes paralisou a cidade de Mocuba. Depois de atravessar a ponte de Lugela, por si inaugurada a 23 de Outubro de 2008, o cortejo dirigiu-se ao local do encontro com os influentes de Mocuba.

Neste encontro o Candidato saudou os notáveis pela sua capacidade de manter a paz e a tranquilidade em Mocuba e pela sua capacidade de mobilização da população para participar, de forma massiva e activa, no

436

comício. Agradeceu ainda o seu contributo e colaboração na luta con-tra a pobreza cujos resultados foram, em parte, referidos no comício. O Candidato voltou a saudar a presença da população e dos influentes dos distritos de Lugela, Ile e Namacurra. Apelou para que eles também levem essa mensagem de agradecimento por aquilo que fizeram ao longo do quinquénio e durante esta campanha eleitoral.

Depois o Candidato alertou que as enchentes não são sinónimas de votos embora sejam um importante passo nessa direcção. Exortou as lideranças para não assumirem que a vitória é já um dado adquirido e por isso, relaxarem e até levar os votantes a não irem às urnas porque “já ganhámos”. Reiterou que votar é uma grande responsabilidade e todos devem participar neste processo que faz parte da agenda de construção do futuro de Moçambique.

Depois passou a palavra às personalidades influentes de Mocuba. Vol-taram a referir-se às realizações e à satisfação da população com essas realizações pois contribuem para melhorar as suas vidas. Para eles, as realizações do quinquénio prestes a terminar demonstram que a FRE-LIMO quando pegou em armas tinha como objectivo melhorar a vida dos moçambicanos. Se não tivesse surgido a RENAMO que destruiu a Têxtil de Mocuba, hoje Moçambique estaria muito longe. Sublinharam que há aqueles que cavaram as estradas e que hoje dizem que não se faz nada. Que há aqueles que ontem se venderam aos interesses estrangeiros para matar, mutilar e hoje querem assumir a Presidência da República.

Para o próximo quinquénio deixaram registada a reabilitação da Téx-teis de Mocuba, um empreendimento que pode gerar muitos postos de trabalho. Inscreveram ainda a reabilitação da linha férrea Mocuba-Quelimane.

437

2. Quelimane

À sua chegada a Quelimane, no dia 24 de Outubro às 16:30, local onde pernoitaria, o Candidato foi recebido por uma multidão que enchia, por completo, o Aeroporto local. Havia muitos grupos culturais, mui-tas crianças, jovens homens e mulheres que de vários cantos da cidade para ali tinham afluído para receber o seu Candidato.

Fora do aeroporto peões, bicicletas, motorizadas, viaturas de todos os tipos aguardavam para escoltar o Candidato pelas ruas da cidade até à sua residência protocolar. Como uma onda, a caravana arrastava mais gente por onde passava que a engrossavam e davam-na mais cor e vida.

À noite, o Candidato participou num jantar oferecido pelos empre-sários locais. Foi uma oportunidade para estes produtores da riqueza nacional reafirmarem o seu voto de confiança no Candidato e na FRE-LIMO. O Presidente agradeceu e disse que no próximo mandato esta parceria deve ser reforçada para que mais depressa a Nação avance na luta contra a pobreza.

438

439

440

441

Quadragésimo primeiro dia

1. Nampula

A 25 de Outubro de 2009 a campanha eleitoral para as eleições Pre-sidenciais, Legislativas e para as Assembleias Provinciais, chegava ao fim. Na sua acção política em todas as frentes e com toda a incisão, a FRELIMO mantinha operacionais brigadas em todo o espaço nacional e na diáspora. Todas essas brigadas encerrariam a campanha onde es-tavam destacadas. Ao Candidato coube fazer o encerramento da sua campanha na Cidade de Nampula.

De Quelimane, onde pernoitara, o Candidato aterrou às 9:00 no Ae-roporto de Nampula para testemunhar uma enchente indescritível no seu entusiasmo e quantificação. As cores da FRELIMO entrelaçavam-se com as cores das vestes da mulher macua, no seu gosto de bem vestir.

Embora se estivesse já no último dia, parecia que a campanha estava a começar. O Estado-Maior da campanha neste Círculo Eleitoral e as lideranças locais estavam ali para receber aquele que diz várias vezes, que “o meu Povo é especial”. Concluídos os cumprimentos, o Candi-dato foi caminhando, acompanhado pela Primeira-Dama, e apreciando a execução das danças por diferentes grupos culturais que estavam ali para lhe dar as suas calorosas boas-vindas. Se uns traziam a FRELIMO e o Candidato vistosamente nos seus adereços, outros traziam-nos no seu coração, como acontece por todo o Moçambique.

Nampula estava preparada para este memorável encerramento da campanha que foi festiva, pacífica e ordeira em todo o País. Por isso, o desfile para o centro da Cidade foi um verdadeiro espectáculo: os peões marchavam. Os ciclistas pedalavam. Os motociclistas e os mo-toristas de viaturas, de diversa tonelagem e cilindrada, não aceleravam para que ninguém perdesse a oportunidade de ser o último a ver o

442

Candidato antes de renovar a sua estadia na Ponta Vermelha. Também havia os que não estando na caravana vinham a correr para a berma da estrada para ver de perto o moçambicano que, com argúcia, convicção e devoção articula certezas e partilha, com paixão, o seu sonho de futuro melhor para Moçambique.

O desfile, ritmado para ser inclusivo, foi entrando pela Cidade de Nampula. Com clareza, ia deixando passar a mensagem de que se está perante um Partido e um Candidato sérios, coerentes que sabem o que querem e como chegar lá.

No seu percurso, porém, deparou-se com um minúsculo grupo de simpatizantes do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) que tentaram, em vão, provocar desacatos. Eles tentavam introduzir panfletos desse partido político para o interior das viaturas da cara-vana, através das janelas abertas. Era uma atitude de provocação, à luz do sol. A Polícia da República de Moçambique não precisou de intervir para evitar confrontos: a caravana do Candidato não respondeu à pro-vocação, ignorando-a por completo.

Antes do comício, o Candidato assistiu à Maqueia, cerimónia de evo-cação dos espíritos dos antepassados, dirigida pelo líder comunitário Ramos Ernesto Nacuo – Régulo Marere. Quando o Candidato se fez à tribuna, o Disc Jockey colocou o hino desta campanha “A FRELIMO é que fez, a FRELIMO é que faz”. Todos dançaram e acompanharam esse que também é o porta estandarte da auto-estima, da paz, da Unidade Nacional e da certeza de vitória na luta contra a pobreza em Moçam-bique. Vieram os diferentes grupos culturais e artistas para emprestar o seu génio, saber e experiência, para dar mais vida ainda à festa.

Aos que tinham participado no desfile se juntavam outras tantas cen-tenas que, desde o princípio da manhã, se concentraram debaixo das sombras para se protegeram do calor intenso que se fazia sentir. Al-guns tinham vindo de outros distritos para fazer parte desta festa, uma festa vermelha que quando o Candidato chegou ela já estava ao rubro.

443

Seguiram-se as orações proferidas por Maharaj Dharmendra, da Co-munidade Indu, pelo Pastor Santos Magaia acompanhado pelo Pastor Jaime Manuel Victor, em representação da Comunidade Cristã, e pelo Shehe Daudo Ibrahimo Jamal, acompanhado pelo Shehe Albino Ama-de, em substituição do Shehe Abdul Latifo, da religião Muçulmana.

A parte seguinte do programa foi preenchida por depoimentos. Aqui in-tervieram Alberto Adriano e Margarida Mussa, filha do Régulo Wahala. Falaram das realizações na Província como estradas, pontes, hospitais, escolas, bem assim a alocação dos 7 milhões para os distritos. Exor-taram todos a votarem e a votarem na FRELIMO e no seu Candidato para continuarem a liderar os moçambicanos na luta contra a pobreza: “vamos votar no nosso filho. Se nos descuidarmos, vamos ficar enver-gonhados porque ele vai ser eleito por outras pessoas. Temos que nos lembrar do que esses aventureiros andaram a fazer” apelou a Rainha de Murrupula, terra natal do Candidato.

O Secretário-Geral da FRELIMO, Filipe Chimoio Paúnde usou da pala-vra para apresentar o perfil do Candidato e suas realizações. Também usou essa oportunidade para apresentar a Primeira-Dama, Maria da Luz Guebuza a quem pediu para se dirigir à população. Na sua curta intervenção, ela disse que “Nampula sabe o que quer, sabe para onde vai e vai votar no desenvolvimento para as mulheres, desenvolvimento para os jovens, para os idosos e para as crianças. Vai votar pelo futuro melhor”, apelo correspondido com aplausos que quando baixaram de intensidade pediu para que no dia 28 de Outubro todos os eleitores de Nampula fossem às urnas votar na FRELIMO e em Armando Gue-buza.

Ao dirigir-se não só a Nampula mas a toda a Nação Moçambicana, o Candidato fez o balanço do quinquénio tendo feito referência aos resultados da luta contra a pobreza no campo social, cultural, político, diplomático e económico. Falando do próximo quinquénio onde es-pera incentivar o cidadão a celebrar as suas pequenas vitórias na luta contra a pobreza, o Candidato disse

444

Vamos continuar a consolidar a Unidade Nacional, a Paz e a Democracia; Vamos assegurar a continuidade da luta contra a pobreza e a promoção da cultura de trabalho e alocar os 7 milhões e a encorajar mais jovens da Geração da Viragem a descobrirem no conhecimento que detêm um recurso gerador de riqueza e de criação do seu bem-estar, um recurso que muito bem complementa o que lhes pode vir de terceiros; Vamos dar continuidade à boa governação e à cultura de prestação de contas, consolidando a experiência da Presidência Aberta e In-clusiva e assegurando um crescente, e cada vez mais dinâmico envolvimento do nosso Povo no processo de tomada de decisões, através dos Conselhos Con-sultivos e da descentralização; Vamos prosseguir com acções para o reforço da nossa soberania; Vamos continuar a reforçar a cooperação internacional.Quem não sabe para onde quer ir, escolhe qualquer caminho que lhe apare-ça pela frente. Nós sabemos para onde queremos ir. Conhecemos o caminho que para lá nos há-de levar. Nós sabemos para onde queremos levar estes 20 milhões de moçambicanos. A FRELIMO e eu próprio já demos provas de que quando prometemos cumprimos.

Ao longo destes 41 dias, como ele próprio revelou, o Candidato es-calou: As 10 Províncias e a Cidade de Maputo; 58 distritos; 6 distritos municipais da Cidade de Maputo; 25 Postos administrativos; 8 Locali-dades e realizou 79 comícios populares. Foi a campanha melhor orga-nizada, com um programa minuciosamente elaborado e cumprido na íntegra.

445

446

447

448

Posfácio35

Moçambicanas,Moçambicanos,Compatriotas;

Caros camaradas.

O Povo Moçambicano, este povo muito especial para nós, ganhou as eleições de 28 de Outubro. Parabéns Povo Moçambicano por esta estrondosa, retumbante e convincente vitória! A vitória da FRELIMO e do seu Candidato é a vitória do Povo Moçambicano, a maior riqueza desta Pátria de Heróis!

Caros compatriotas!Desde as primeiras notícias sobre os resultados da contagem nas me-sas de votação, veiculadas pela comunicação social, a FRELIMO e o seu Candidato despontaram na liderança e, mais tarde, também nos círculos eleitorais. Hoje, o Conselho Constitucional acaba de validar e de proclamar os resultados finais, declarando a FRELIMO e o seu Candidato como os vencedores do escrutínio do dia 28 de Outubro.Com estes resultados o maravilhoso Povo Moçambicano demonstrou como se constrói uma vitória à volta do Candidato certo e do Partido firme. Como ficou expresso nos números hoje divulgados, esta vitória não foi construída somente com os votos dos membros da nossa glo-riosa e sempre vitoriosa FRELIMO.

O número de eleitores que aceitaram o nosso Manifesto Eleitoral ultrapassa, de longe, o número de Moçambicanos que militam nesta quase cinquentenária FRELIMO. Consideramos assim que a vitória do nosso Partido e do seu Candidato é uma demonstração clarividente de que a nossa visão de Moçambique coincide com a visão da maioria do nosso maravilhoso Povo.

35 Guebuza, A. E. (2009). “Eleições 2009: Como um Povo organiza a sua vitória à volta de um Partido” Comunicação do Camarada Armando Emílio Guebuza, Presidente e Candidato Presidencial da FRELIMO, por ocasião do anúncio dos Resultados das eleições Presidenciais, Parlamentares e para as Assembleias Provinciais. Maputo, 28 de Dezembro de 2009.

449

Por isso, minhas senhoras e meus senhores, caros camaradas, repeti-mos, esta é a vitória do Povo Moçambicano, do Rovuma ao Maputo e do Indico ao Zumbo.

Neste momento de grande emoção e festa, queremos saudar às nos-sas irmãs e irmãos que, colocando-se como núcleos difusores da nossa mensagem, souberam transformar a nossa campanha eleitoral em campanha de todos os moçambicanos. Na verdade, o nosso Povo identificou-se com a nossa mensagem de disponibilidade para continu-armos a liderá-lo na luta contra a pobreza. Dessa mensagem, o nosso Povo se apropriou e assumiu-se como seu principal disseminador:

• Usou todos os recursos à sua disposição;• Enfrentou a fome, a sede, o frio, o calor abrasador e a chu-

va;• Concebeu formas inovativas de mobilização, incluindo as la-

reiras e as novas tecnologias de informação e comunicação;• Criou obras de arte inéditas, com destaque para peças de

teatro, humor, canções, poesia e pintura;• Organizou e participou em eventos culturais e desportivos e

em sessões de angariação de fundos;• Usou o material de campanha da nossa FRELIMO para, com

criatividade, esmero e requinte, confeccionar túnicas, cami-sas, calças, chapéus, gravatas, vestidos e outras peças de ves-tuário;

• Com recurso aos nossos cartazes e outros materiais de cam-panha, o nosso Povo embelezou as suas residências, carroças de tracção animal, bicicletas, motorizadas, viaturas e muitos outros tipos de meios de transporte.

Como o camponês que se entrega de corpo e alma para assegurar maior produtividade da sua machamba, o nosso Povo recorreu a estes diferentes sistemas de transmissão da nossa mensagem para garantir-se, a si próprio, uma vitória esmagadora, retumbante, convincente e à altura da grandeza desta quase cinquentenária FRELIMO. Por isso, a

450

vitória que hoje celebramos tem neste Povo muito especial, o Povo Moçambicano, o seu principal obreiro. Esta é a vitória de um Povo que quer andar para a frente, um povo que sabe que pode e que está a vencer a pobreza.

Compatriotas, Uma vez mais nós moçambicanos demo-nos, a nós próprios, e brin-damos o mundo, com lições de civismo, de respeito pela lei e pelas instituições e de compromisso com a paz e com a democracia multi-partidária:

• Afluímos aos locais de votação e esperamos, pacientemente, pela nossa vez de votar; e

• Num ambiente de serenidade esperamos pela divulgação, valida-ção e proclamação dos resultados pelos órgãos eleitorais;

• Deixamos inscrita uma saudação aos órgãos eleitorais pelo profissio-nalismo demonstrado ao longo deste processo. Guiando-se pela Lei, eles deram uma valiosa contribuição ao aprofundamento do Estado de Direito Democrático na nossa Pátria Amada tendo-se também empe-nhado por garantir eleições livres, justas e transparentes. As Forças de Defesa e Segurança merecem as nossas reiteradas felici-tações por terem cumprido com a sua missão de garantir que todo o processo eleitoral decorresse livre de quaisquer actos de intimidação, vandalismo ou violência. Com sucesso, garantiram igualmente, a pro-tecção dos agentes e do material eleitoral bem como dos locais onde iriam decorrer todos os actos e processos eleitorais.

Saudamos os órgãos de comunicação social pelo seu papel na divul-gação dos preparativos para o processo eleitoral, o seu decurso e os resultados a partir das mesas até aos que foram hoje validados e proclamados pela Comissão Nacional de Eleições. Com a sua acção contribuíram para a manutenção do clima de paz, de ordem e de se-gurança públicas.

451

Saudamos os partidos e coligações de partidos bem como os Candi-datos Presidenciais pela sua valiosa contribuição para a contínua cris-talização do firmamento multipartidário moçambicano.

Saudamos as organizações da sociedade civil pela promoção da paz e de um ambiente de tranquilidade durante este período de espera dos resultados finais, como o tinham feito durante a campanha eleitoral. Saudamos igualmente os observadores, nacionais e estrangeiros, pelas suas diversas e valiosas contribuições em apoio ao processo eleitoral.

Compatriotas,Caros Camaradas.A nossa mensagem eleitoral assentava no nosso compromisso de dar prosseguimento à liderança do nosso heróico Povo, na sua luta para se libertar do flagelo da pobreza. Como sublinhamos ao longo da nossa campanha eleitoral, esta luta irá desenvolver-se a três níveis funda-mentais.

O primeiro nível é aquele que tem a ver com o que cada um de nós pode fazer para a contínua melhoria do seu próprio bem-estar, sem ficar à espera de factores externos nem mesmo do Estado. Neste contexto, nós aconselhamos e encorajamos cada compatriota nosso a continuar a encarar o seu talento, as suas mãos hábeis e os recur-sos à sua volta como um capital importante para aceder a uma vida melhor.

• Quantos mais moçambicanos podem construir a sua pró-pria habitação, usando tijolo queimado, até com a ajuda dos seus vizinhos e amigos, no quadro da solidariedade de mo-çambicano para moçambicano?

• Quantos mais moçambicanos podem construir a sua pró-pria cisterna ou adquirir a sua própria motorizada na base da venda dos seus excedentes agrícolas ou da sua criação, seja de bovinos, de caprinos, suínos ou de aves?

452

• Quantos mais jovens graduados, vivendo no campo ou na cidade, podem ver a sua própria formação como um recurso que lhes confere amplas possibilidades de conceber vias de melhorar a sua vida, na base do empreendedorismo e do auto-emprego?

O segundo nível é aquele que resulta da capacidade do moçambicano de identificar e explorar as oportunidades que derivam dos progra-mas de desenvolvimentos concebidos pelo Governo, nalguns casos em parceria com outros sectores. Estes são os casos:

• dos investimentos públicos e privados em infra-estruturas sociais e económicas;

• da descentralização;• dos 7 milhões; e• da Revolução Verde.

Em todos estes programas podem ser identificadas e exploradas oportunidades para o moçambicano aumentar a sua produção e pro-dutividade, gerar renda e produzir riqueza e até empregar outros mo-çambicanos.

O terceiro nível é aquele que resulta, em grande medida, das acções específicas do nosso Governo no quadro desta luta contra a pobreza. Assim, a FRELIMO e eu próprio vamos cumprir com as nossas pro-messas eleitorais. Neste sentido:

• Vamos, em primeiro lugar, continuar a consolidar a Unidade Na-cional, a Paz e a Democracia, factores essenciais para o nosso de-senvolvimento;

• Em segundo lugar, vamos assegurar a continuidade das acções de luta contra a pobreza:

• o Realizando e promovendo a realização de mais investimen-tos em infra-estruturas económicas e sociais;o Alocando os 7 milhões; eo Promovendo a Revolução Verde;

453

Ainda neste contexto e no quadro da promoção da cultura de traba-lho, vamos encorajar mais jovens da Geração da Viragem a descobri-rem no conhecimento que adquiriram nos bancos das escolas e das universidades um recurso gerador de riqueza e de criação do seu bem-estar, um recurso que muito bem complementa o que lhes pode vir de terceiros. Vamos igualmente continuar a incentivar o combate à prática de mão estendida e a promover a auto-estima dos moçam-bicanos;

• Em terceiro lugar, vamos dar continuidade à boa governação e à cultura de prestação de contas, consolidando e amplian-do a experiência da Presidência Aberta e Inclusiva e assegu-rando um crescente, e cada vez mais dinâmico, envolvimento do nosso Povo no processo de tomada de decisões, através da descentralização e dos Conselhos Consultivos e de ou-tras organizações da sociedade civil;

• Em quarto lugar, vamos prosseguir com as acções para o reforço da nossa soberania;

• Em quinto lugar, vamos continuar a reforçar a cooperação internacional, reforçando as parcerias existentes e buscando mais amigos.

Esta é a agenda de todos nós moçambicanos, independentemente da nossa filiação partidária. Nenhum moçambicano deve esperar que se-jam terceiros a implementá-la, em seu nome, pois, é nós que cabe a exaltante tarefa de construção da nossa Pátria Amada. Por isso, vali-dados e proclamados que foram os resultados eleitorais, queremos convidar a todos os nossos compatriotas, dirigentes e membros de outras formações políticas, a se juntarem ao projecto escolhido pelo nosso maravilhoso Povo, um projecto que tem em vista construir um Moçambique mais próspero, unido, sempre em paz e com crescente prestígio internacional.

Nós próprios proclamamos que seremos o Presidente de todos os moçambicanos e o governo que vamos brevemente constituir irá res-peitar e fazer respeitar o Estado de Direito Democrático e de justiça

454

social, baseado no pluralismo de expressão, no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais de todos os cidadãos, independen-temente de qualquer circunstância que os diferencie.

Compatriotas,Continuemos a festejar esta estrondosa, esmagadora, retumbante e convincente vitória do nosso maravilhoso Povo com todos os mo-çambicanos. Celebremos esta nova conquista de Moçambique num ambiente de paz e tranquilidade, de festa e de harmonia social.Muito obrigado maravilhoso Povo Moçambicano pela confiança.