Aula 6 Nocoes Gerais de Direito Tributario

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Escola Superior de Agricultura “Luiz de Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Queiroz” Universidade de São Paulo Universidade de São Paulo LES – 0611 INSTITUIÇÕES DE DIREITO LES – 0611 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Prof.: Paulo S. Millan Prof.: Paulo S. Millan Aula 6: Aula 6: NOÇÕES GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO NOÇÕES GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Piracicaba – São Paulo 1

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Escola Superior de Agricultura “Luiz de Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”Queiroz”

Universidade de São Paulo Universidade de São Paulo

LES – 0611 INSTITUIÇÕES DE DIREITOLES – 0611 INSTITUIÇÕES DE DIREITO

Prof.: Paulo S. MillanProf.: Paulo S. Millan

Aula 6:Aula 6: NOÇÕES GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO NOÇÕES GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO

Piracicaba – São Paulo1

Desempenho da Arrecadação das Receitas Administradas pela RFB

Período: Janeiro a Dezembro – 2013/2012(A preços de dezembro/13 – Ipca)

UNIDADE: R$ M ILHÕ ES

[A]-[B] [A]/[B]%CO FINS / PIS-PASEP 259.680 240.380 19.300 8,03 40,90 IRPJ /CSLL 197.165 181.781 15.384 8,46 32,60 RECEITA PREVIDENCIÁRIA 340.174 329.017 11.157 3,39 23,64 I. IM PO RTAÇÃO / IPI-VINCULADO 53.737 51.288 2.449 4,78 5,19 IRRF-RENDIM ENTO S DO TRABALHO 80.902 81.889 (987) (1,20) (2,09) CIDE-CO M BUSTÍVEIS 35 3.018 (2.982) (98,84) (6,32) IO F 30.175 33.559 (3.385) (10,09) (7,17) DEM AIS RECEITAS ADM INISTRADAS 166.392 160.140 6.252 3,90 13,25

RECEITA ADM INISTRADA PELA RFB 1.128.261 1.081.073 47.188 4,36 100,00

RECEITAS JAN-DEZ/13[A]

JAN-DEZ/12[B]

DIFERENÇAS PART. % NA VARIAÇÃOTO TAL

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Desempenho da Arrecadação das Receitas FederaisPeríodo: Janeiro de 2007 a Abril de 2014

(A preços de abril/14 – Ipca)

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UNIDADE: R$ M ILHÕ ES

2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007

JAN 126.508 125.363 117.615 110.913 96.164 84.845 90.914 76.044 FEV 84.464 81.655 82.073 77.494 70.553 62.116 70.292 63.718 M AR 87.202 85.078 93.820 85.091 77.571 73.387 73.697 68.538 ABR 105.884 104.912 104.837 101.299 91.809 78.714 85.583 76.991

JAN-ABR 404.058 397.007 398.345 374.796 336.097 299.063 320.485 285.291 M AI - 93.031 87.932 84.697 79.020 67.955 71.995 68.402 JUN - 90.492 91.396 97.802 79.470 73.265 78.851 73.834 JUL - 99.556 98.678 106.523 87.814 79.272 87.218 75.418 AG O - 88.430 86.126 87.738 81.158 70.528 75.770 72.680 SET - 88.391 86.905 87.852 81.706 69.538 77.948 73.123 O UT - 105.409 99.983 103.359 94.786 92.063 91.398 82.041 NO V - 116.800 91.910 91.503 86.006 97.438 77.606 78.376 DEZ - 121.749 112.475 111.409 114.499 98.755 92.509 96.679

JAN-DEZ 404.058 1.200.864 1.153.751 1.145.680 1.040.557 947.876 973.780 905.843

M ÊSARRECADAÇÃO

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IV. DIREITO TRIBUTÁRIO  

1. Conceito “(...) o direito tributário positivo é o ramo didaticamente autônomo do direito, integrado pelo conjunto de proposições jurídico-normativas que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos”. (Paulo de Barros Carvalho)  

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Para a compreensão do conceito acima duas expressões chaves devem ser definidas: a) proposições jurídico-normativas e b) tributos. 

a) Proposições jurídico-normativas. São “prescrições ditadas pela ordem jurídica em vigor”. Tais prescrições são expressas na Constituição Federal e em leis complementares, leis delegadas, leis ordinárias, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções e atos normativos administrativos. Paulo de Barros Carvalho inclui as decisões dos tribunais entre as proposições jurídico-normativas. b) Tributos. Item 2.

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2. Conceito de Tributo  “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (art. 3º do Código Tributário Nacional) 

Assim, os seguintes elementos devem estar presentes para termos um tributo: a) Prestação pecuniária. Prestação pecuniária é aquela que consiste no comportamento do sujeito passivo (contribuinte) de levar dinheiro ao sujeito ativo (Estado). b) Prestação compulsória. O tributo não é pago voluntariamente mas em virtude de determinação legal.8

c) Prestação em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. A prestação tributária é pecuniária, isto é, seu conteúdo é expresso em moeda. d) Prestação que não constitua sanção de ato ilícito. O fato que faz nascer a obrigação tributária é fato lícito. Dos fatos ilícitos decorrem multas e outras penalidades. e) Prestação instituída em lei. Só a lei pode instituir o tributo. Art. 150, I da CF. f) Prestação cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Atividade vinculada é aquela em cujo desempenho a autoridade administrativa não goza de liberdade para apreciar a conveniência e a oportunidade de agir. A autoridade fica inteiramente vinculada à lei.

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3. Tipos de Tributos  São tributos: os impostos, as taxas, a contribuição de melhoria, as contribuições sociais.  3.1. Impostos  Conceito: “É o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte” (art. 16 do CTN).  Característica Básica. O imposto é uma exação (cobrança) não vinculada, isto é, independente de atividade estatal específica. Em outras palavras, a situação fática que gera a obrigação de entregar prestação pecuniária ao Poder público não consiste numa ação estatal.

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3.2. Taxas  Conceito. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição” (art. 77 do CTN). 

Poder de polícia. “Considera-se poder de polícia atividade pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão do interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais e coletivos” (art. 78 do CTN).

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3.3. Contribuição de Melhoria  Conceito. “A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal, ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo que da obra resultar para cada imóvel beneficiado” (art. 81 do CTN) .

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3.4. Contribuições Sociais  Conceito. Compreendem contribuições que tem por finalidade expressa o financiamento da seguridade social. Previstas no art 195 da CF. 

“art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:    13

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:  a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro.

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social (...); III - sobre a receita de concursos de prognósticos IV - do importador de bens e serviços do exterior, ou de que a lei a ele equiparar”.

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4. Alguns Princípios Constitucionais  a) Princípio da Estrita Legalidade. Art. 150, I da CF. art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.  

b) Princípio da Anterioridade. A União, Estados, Distrito Federal e Municípios estão proibidos de cobrarem tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou”. Art. 150. III, b da CF. Não se aplica a alguns impostos, e às contribuições sociais. 

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c) Princípio da Irretroatividade da Lei Tributária. É vedada a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.

d) Princípio da Tipologia Tributária. Para que surja a obrigação de pagar um tributo é preciso que determinado fato esteja em conformidade com a lei que instituiu o tributo.

e) Princípio da Proibição do Confisco. Tributo com efeito de confisco é aquele que, por ser excessivamente oneroso, seja sentido como penalidade.

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5. Hipótese de Incidência 

 Conceito. A hipótese de incidência corresponde à descrição legal, genérica e abstrata de um fato que, uma vez verificado, origina a relação obrigacional que vincula o devedor do tributo à pessoa de direito público competente. 

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Critérios Identificadores do Fato Descrito na Hipótese de Incidência. São cinco os critérios:  Critério Material. Diz respeito a um comportamento de pessoas físicas ou jurídicas. É o núcleo da hipótese de incidência que “encerra um fazer, ou, simplesmente, um ser (estado)” (Paulo de Barros Carvalho). 

Critério Espacial. Diz respeito ao local de ocorrência do fato previsto na hipótese de incidência. 

Critério Temporal. É o momento em que se considera ocorrido o fato jurídico tributário descrito no critério material.

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Os critérios, acima descritos, permitem identificar o nascimento da obrigação tributária. Os sujeitos e objeto desta relação são identificados através do critério pessoal e do critério quantitativo. 

 Critério Pessoal. “Aponta quem são os sujeitos da relação jurídica - sujeito ativo, credor ou pretensor, de um lado, e sujeito passivo ou devedor, do outro” (Carvalho). 

Critério Quantitativo. Refere-se ao objeto da relação tributária e permite a definição da quantia a ser paga pelo sujeito passivo. Tal quantia é calculada a partir de uma base de cálculo sobre a qual incide uma alíquota.

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6. Exemplos de Tributos 

6.1. Imposto de Renda – Pessoa Jurídica 

Critério Material (fato gerador). Aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou proventos de qualquer natureza - Renda. Produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos. - Proventos. Acréscimo patrimonial que não constitua renda.  Critério Temporal. Último dia do período de apuração.  Critério Espacial. Território nacional. 20

Critério Pessoal.

Sujeito ativo: União.

Sujeito passivo: Pessoa jurídica. 

Critério Quantitativo.  Base de cálculo: Lucro real, lucro presumido ou lucro arbitrado.  Alíquota: 15%.  Adicional: Há a incidência de um adicional de 10% sobre a parcela do lucro real, presumido ou arbitrado que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número de meses do respectivo período de apuração. 21

Lucro Real. É o resultado (lucro ou prejuízo) do período de apuração, ajustado pelas adições, exclusões e compensações prescritas ou autorizadas pela legislação do imposto sobre a renda.  

Exemplos de adições: multa de trânsito, gratificações a administradores. Exemplo de dedução: dividendos recebidos. Compensação: Consiste da dedução dos lucros de prejuízo acumulados no passado. Esta compensação não poderá reduzir o lucro real em mais de 30% do valor que teria caso a compensação não fosse realizada.

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Lucro Presumido. É uma modalidade optativa de apurar o lucro e, conseqüentemente, o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas que, observando determinados limites e condições, permite a simplificação da escrituração contábil. Assume-se que um percentual determinado da receita corresponderá ao lucro. Este percentual é definido em lei e varia de acordo com a atividade da pessoa jurídica. Por exemplo: no caso das empresas que se dedicam a venda de mercadorias e produtos, adota-se o percentual de 8%. Já no caso da prestação de serviços, o percentual é de 32%.  Lucro Arbitrado. É aquele estimado pela autoridade fiscal, com base em parâmetros previstos na lei, nos casos em que o contribuinte pratica irregularidades, tais como a não manutenção de escrituração contábil correta e adoção indevida do lucro presumido.

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6.2. Imposto sobre Propriedade Territorial Rural  Critério Material (fato gerador). A propriedade ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município.  Critério Temporal. A propriedade ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano.  Critério Espacial. Território nacional.  Critério Pessoal.

Sujeito ativo: União. Sujeito passivo: O proprietário de imóvel rural ou o seu possuidor a qualquer título.

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Critério Quantitativo.  Base de cálculo: Valor da Terra Nua Tributável (VTNt).

Alíquotas:

TABELA DE ALÍQUO TAS Área total do im óvel

(em hectares) G RAU DE UTILIZAÇÃO - G U ( EM % )

M aior que 80

M aior que 65 até 80

M aior que 50 até 65

M aior que 30 até 50 Até 30

Até 50 0,03 0,20 0,40 0,70 1,00 M aior que 50 até 200 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00 M aior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30 M aior que 500 até 1.000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70 M aior que 1.000 até 5.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60 Acim a de 5.000 0,45 3,00 6,40 12,00 20,00

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6.3. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)  Critério material. Auferir receita pelas pessoas jurídicas. Critério Temporal. Último dia de cada mês. Critério espacial. Território nacional.  Critério pessoal.

Sujeito ativo: União Federal. Sujeito passivo: pessoa jurídica de direito privado.  

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Critério quantitativo. Base de cálculo (aspecto do critério quantitativo): faturamento mensal, que compreende a receita bruta da venda de bens e serviços e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica.

Alíquota (segundo aspecto do critério quantitativo):  3% (Pessoas jurídicas tributadas pelo lucro presumido. Neste caso, ocorre a incidência cumulativa do tributo). 7,6% (Pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real. Neste caso não ocorre a incidência cumulativa do tributo, ou seja, poderão ser feitas deduções no valor a pagar de COFINS representadas por créditos acumulados).

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