VOLUME IV - UEPA

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1 ANAIS TRABALHOS COMPLETOS 2019 VOLUME IV ISSN: 2316-7637

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ANAIS TRABALHOS COMPLETOS – 2019

VOLUME IV

ISSN: 2316-7637

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

RUBENS CARDOSO DA SILVA

Reitor da Universidade do Estado do Pará

CLAY ANDERSON NUNES CHAGAS

Vice-Reitor da Universidade do Estado do Pará

RENATO DA COSTA TEIXEIRA

Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação

CARLOS JOSÉ CAPELA BISPO

Pró-Reitor de Gestão e Planejamento

ALBA LÚCIA RIBEIRO RAITHY PEREIRA

Pró-Reitora de Extensão

ANA DA CONCEIÇÃO OLIVEIRA

Pró-Reitora de Graduação

ELIANE DE CASTRO COUTINHO

Diretora do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia

ALTEM NASCIMENTO PONTES

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais

REALIZAÇÃO

Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais

Centro de Ciências Naturais e Tecnologia

Universidade do Estado do Pará

COORDENAÇÃO DO SIMPÓSIO

Prof. Dr. Altem Nascimento Pontes

COMISSÃO ORGANIZADORA DOCENTE

Prof. Dr. Altem Nascimento Pontes (Coordenador) – UEPA

Profa. Dra. Ana Lúcia Nunes Gutjahr (Vice – Coordenadora) – UEPA

Profa. Dra. Jéssica Herzog Viana – UEPA

COMISSÃO ORGANIZADORA DISCENTE

Alcione Pinheiro de Oliveira

Ana Beatriz Neves da Silva

Ana Flávia Santos de Brito

Danielle Nazaré Salgado Mamede Pantoja

Emile Lebrego Cardoso

Enilde Santos de Aguiar

Gysele Maria Morais Costa

Isabela Rodrigues Santos

Jaqueline Fontel de Queiroz

Lucila Pereira Da Silva

Manuella Almeida Raiol da Silva

Marcelo Coelho Simões

Marcos Felipe Bentes Cansanção Pereira

Marcus Vitor Almeida Campos

Marinele Maria Saraiva Rodrigues

Mayara Gomes da Silva

Mônica Moraes Ribeiro

Ronaldo Darlan Gaspar Aquino

Thamires Beatriz dos Santos Caitano

Wilson Figueiredo de Lima

Yuri Freitas da Silva

COMISSÃO CIENTÍFICA DOCENTE

Prof. Dr. Alfredo Kingo Oyama Homma – UEPA

Prof. Dr. Alisson Rangel Albuquerque – UEPA

Prof. Dr. Altem Nascimento Pontes – UEPA

Profa. Dra. Ana Cláudia Tavares Martins – UEPA

Prof. Me. Antônio Bisconsin Junior – IFRO

Prof. Dr. Argemiro Midones Bastos – IFAP

Prof. Dr. Carlos Elias de Souza Braga – UEPA

Profa. Dra. Carmelita de Fátima Amaral Ribeiro – UEPA

Profa. Ma. Claudeth de Souza Pinto – SEDUC-PA

Profa. Dra. Cláudia Viana Urbinati – UEPA

Prof. Dr. Edmir dos Santos Jesus – UEPA

Profa. Dra. Fernanda da Silva Mendes – UEPA

Profa. Dra. Flávia Cristina Araújo Lucas – UEPA

Profa. Dra. Hebe Morganne Campos Ribeiro – UEPA

Prof. Dr. Hélio Raymundo Ferreira Filho – UEPA

Prof. Dr. Jefferson Dos Santos Marcondes – IFPA

Profa. Dra. Jéssica Herzog Viana – UEPA

Prof. Dr. José Augusto Carvalho de Araújo – UEPA

Prof. Dr. José Moacir Ferreira Ribeiro – UEPA

Profa. Dra. Leila de Fátima Oliveira de Jesus Robert – UEPA

Profa. Dra. Luiza Helena da Silva Martins – UFRA

Prof. Dr. Madson Alan Rocha de Sousa – UEPA

Prof. Dr. Marcelo José Raiol Souza – UEPA

Prof. Dr. Marcos Adami – INPE

Prof. Dr. Marcos Augusto Eger da Cunha – UEPA

Profa. Dra. Norma Ely Beltrão – UEPA

Prof. Dr. Pablo Luis Baia Figueiredo – UEPA

Prof. Dr. Rafael de Paiva Salomão – MPEG

Prof. Dr. Raimundo Sérgio de Farias Junior – UEPA

Prof. Me. Renan Coelho de Vasconcellos – IFPA

Profa. Dra. Veracilda Ribeiro Alves – IEC

Prof. Dr. Werner Damião Morhy Terrazas – UEPA

COMISSÃO CIENTÍFICA DISCENTE

Alcione Pinheiro de Oliveira

Emile Lebrego Cardoso

Evelyn Lebrego Cardoso

Enilde Santos de Aguiar

Fernanda Neves Ferreira

Gilson Celso Albuquerque Chagas Junior

Gysele Maria Morais Costa

Isabela Rodrigues Santos

Jaíra Thayse Souza Batista

Jaqueline Fontel de Queiroz

Jefferson Inayan de Oliveira Souto

Lucila Pereira Da Silva

Manuella Almeida Raiol da Silva

Marcelo Coelho Simões

Marcos Felipe Bentes Cansanção Pereira

Marcus Vitor Almeida Campos

Marinele Maria Saraiva Rodrigues

Mayara Gomes da Silva

Mônica Moraes Ribeiro

Paulo Weslem Portal Gomes

Thamires Beatriz dos Santos Caitano

Wilson Figueiredo de Lima

Yuri Freitas da Silva

EDITORAÇÃO

Prof. Dr. Altem Nascimento Pontes

Emile Lebrego Cardoso

Enilde Santos de Aguiar

Isabela Rodrigues Santos

Jaqueline Fontel de Queiroz

Lucila Pereira Da Silva

Manuella Almeida Raiol da Silva

Marcus Vitor Almeida Campos

Marinele Maria Saraiva Rodrigues

Thamires Beatriz dos Santos Caitano

Wilson Figueiredo de Lima

Yuri Freitas da Silva

APRESENTAÇÃO

No período de 11 a 13 de dezembro de 2019, o Programa de Pós-Graduação em

Ciências Ambientais – em nível de mestrado acadêmico – da Universidade do Estado do

Pará (UEPA) promoveu o VIII Simpósio de Estudos e Pesquisas em Ciências Ambientais

na Amazônia, no Auditório do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia da UEPA. Nesta

oitava edição, o tema abordado foi: Consciência Ambiental: Desafios Na Relação Ser

Humano-Natureza.

Em 2019, o Simpósio recebeu 676 inscrições. Os inscritos submeterem 203

resumos e 281 trabalhos completos. Após o processo de avaliação, realizado pela

Comissão Científica do Simpósio, foram aceitos 178 resumos e 219 trabalhos completos.

Todos os trabalhos aceitos foram disponibilizados nos Anais do evento e estarão à

disposição dos simposistas no site do Simpósio.

Externo meus agradecimentos pela participação de todos no VIII Simpósio de

Estudos e Pesquisas em Ciências Ambientais na Amazônia, e expresso aqui meu convite

para reencontrá-los na nona edição do evento.

Prof. Dr. Altem Nascimento Pontes Professor e Pesquisador da Universidade do Estado do Pará

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

SUMÁRIO

ANÁLISE DO MERCADO VAREJISTA DE ORQUÍDEAS NO MUNICÍPIO DE BELÉM (PA) .............13

ACIDEZ ATIVA E POTENCIAL DE UM LATOSSOLO AMARELO SOB INTEGRAÇÃO LAVOURA-

PECUÁRIA NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS-PA......................................................................23

ANÁLISE DO POTENCIAL PRODUTIVO DO FRUTO DE CUPUAÇU DOS PRODUTORES ASSOCIADOS

A COOPERATIVA AGRÍCOLA MISTA DE TOMÉ-AÇU (CAMTA), PARÁ ...........................................31

AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS DE COMERCIANTES E DE

ABASTECIMENTO DE HORTALIÇAS EM FEIRAS LIVRES DE BELÉM – PA ......................................42

AVALIAÇÃO FENOLÓGICA DA ESPÉCIE Cissus sicyoides L. ASSOCIADA COM A PRECIPITAÇÃO

PLUVIOMÉTRICA ........................................................................................................................48

CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS E DE CONSUMO DOS FREQUENTADORES DE FEIRAS

LIVRES DO MUNICÍPIO DE MARABÁ-PA .....................................................................................53

EFEITO DA INOCULAÇÃO DE BACTÉRIAS PGPR EM ARROZ (Oryza sativa L.) ..............................59

EFEITO DO PASTEJO NAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DO SOLO NO PROJETO DE

ASSENTAMENTO SÃO FRANCISCO, ELDORADO DOS CARAJÁS, PA .............................................71

O EFEITO DA FREQUÊNCIA REGA COM BIOFERTILIZANTES EM PARÂMETROS BIOMÉTRICOS,

TROCAS GASOSAS E FLUORESCÊNCIA DA CLOROFILA A EM MUDAS DE AÇAIZEIRO ..................79

PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL DO USO GLIFOSATO NA AGRICULTURA ...................................89

PRODUÇÃO HIDROPÔNICA DE ALFACE INTEGRADA À PRODUÇÃO DE PESCADO COMO FORMA

DE TRATAMENTO DO EFLUENTE ..............................................................................................101

QUALIDADE FITOSSANITÁRIA E GERMINATIVA DE SEMENTES DE MILHO SUBMETIDAS A

TERMOTERAPIA ........................................................................................................................109

SELEÇÃO DE ISOLADOS DE Trichoderma sp. PROMOTORES DE CRESCIMENTO DE MUDAS DE

COQUEIRO ................................................................................................................................117

A DENSIDADE DA MADEIRA É RELACIONADA AO TEOR DE EXTRATIVOS? ESTUDO COM QUATRO

ESPÉCIES AMAZÔNICAS ............................................................................................................127

ANÁLISE COMPARATIVA DE FOCOS DE QUEIMADAS ENTRE MUNICÍPIOS DO ESTADO DO PARÁ

.................................................................................................................................................136

AVALIAÇÃO DAS ESTRUTURAS DIAMÉTRICAS EM FLORESTAS EXPLORADAS SEM AUTORIZAÇÃO,

SUBMETIDAS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL PARA PRODUÇÃO MADEIREIRA NO ESTADO DO

PARÁ ........................................................................................................................................146

AVALIAÇÃO DE TEOR DE UMIDADE EM CASTANHA-DE-SAPUCAIA ..........................................156

CARACTERIZAÇÃO DE PROPRIEDADES FÍSICAS E ANATÔMICAS DA MADEIRA DE Qualea albiflora

Warm, MANDIOQUEIRA PARA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................165

CONJUNTURA DO MERCADO DA FIBRA DE BURITI (Mauritia flexuosa L.) NO ESTADO DO PARÁ

ENTRE OS ANOS DE 1997 A 2017 .............................................................................................172

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

DINÂMICA DO TRABALHO NA ATIVIDADE EXTRATIVISTA DA Carapa guianensis Aubl.

(ANDIROBA) EM PROJETOS DE ASSENTAMENTOS AGROEXTRATIVISTAS (PAEX) DAS VÁRZEAS

DO MUNICÍPIO DE IGARAPÉ-MIRI, PARÁ ..................................................................................182

DESCRIÇÃO DOS FATORES ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DE UMA EMPRESA MADEIREIRA:

ESTUDO DE CASO NO DISTRITO DE ICOARACI, BELÉM/PA .......................................................191

EQUAÇÕES DE CRESCIMENTO EM ALTURA DOMINANTE PARA UM PLANTIO CLONAL DE

Tectona grandis Linn F. ............................................................................................................199

IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA EM PLANOS DE MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL: O CASO DO IPÊ

.................................................................................................................................................209

PRODUÇÃO DE BIOMASSA FRESCA ACIMA DO SOLO EM UMA ÁREA DE PMFS LICENCIADO NO

MUNICÍPIO DE SANTARÉM - PA ...............................................................................................219

SERAPILHEIRA COMO UM INDICADOR PARA AVALIAÇÃO DE ECOSSISTEMAS EM RESTAURAÇÃO

APÓS MINERAÇÃO DE BAUXITA NA AMAZÔNIA ORIENTAL .....................................................228

VARIAÇÃO RADIAL DO ASPECTO ANATÔMICO DA FIBRA DA MADEIRA DE CALYCOPHYLLUM

SPRUCEANUM BENTH K. SCHUM .............................................................................................239

A IMPORTÂNCIA AMBIENTAL DO SISTEMA AGROFLORESTAL DE TOMÉ-AÇÚ – SAFTA,

LOCALIZADO NO NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ .................................................................251

ANÁLISE COMPARATIVA DO USO DO PROTEINADO E A INCLUSÃO PARCIAL DA TORTA DE

DENDÊ (ELAEIS GUINEENSIS) EM DIETAS PARA RUMINANTES DA RAÇA NELORE: CRESCIMENTO

E OBTENÇÃO DE GANHO DE PESO ...........................................................................................262

AVISTAMENTO DA AVIFAUNA NO MUNICÍPIO DE JURUTI, BAIXO AMAZONAS, ESTADO DO

PARÁ, BRASIL ............................................................................................................................273

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E BIOMASSA DO MICROFITOPLÂNCTON EM DOIS

MUNICÍPIOS DO NORDESTE PARAENSE ...................................................................................282

COMPOSIÇÃO DE ROTIFERA NO PARQUE ESTADUAL DO UTINGA (BELÉM, PARÁ, BRASIL)......293

DINÂMICA DA COMUNIDADE ZOOPLANCTÔNICA E SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE DA ÁGUA

NO PORTO DE VILA DO CONDE (PARÁ, BRASIL) .......................................................................303

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA REGENERAÇÃO NATURAL EM RELAÇÃO À ÁRVORE MATRIZ DE

Euxylophora paraensis Huber EM FRAGMENTO FLORESTAL NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS-

PARÁ ........................................................................................................................................314

EFEITOS DA ADIÇÃO DE NUTRIENTES SOBRE O FITOPLÂNCTON DO RESERVATÓRIO DE

ABASTECIMENTO BOLONHA (BELÉM-PARÁ) ............................................................................325

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA COLETA DE MATERIAL BOTÂNICO PARA A MELHORA DA

IDENTIFICAÇÃO CIENTÍFICA DAS ESPÉCIES ARBÓREAS NA FLONA DO TAPAJÓS ......................335

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NA PASTORAL DA

SAÚDE NO MUNICÍPIO DE MOJU-PA ........................................................................................342

LEVANTAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES COMESTÍVEIS E ORNAMENTAIS COM

POTENCIAL TÓXICO NO MUNICÍPIO DE SALVATERRA-PARÁ ....................................................352

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

PERFIL QUÍMICO E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA PLANTA VERÔNICA (Dalbergia monetaria L.)

COLETADA NO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ - PA ......................................................................363

PROBLEMÁTICA NA ASSOCIAÇÃO DE NOMES VERNACULARES E CIENTÍFICOS: O CASO DO CAJU

.................................................................................................................................................372

MAPEAMENTO E LEVANTAMENTO DAS COLEÇÕES DE ESPÉCIES ORNAMENTAIS DO HERBÁRIO

FELISBERTO CAMARGO REGISTRADAS PELO BRAHMS .............................................................379

COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE ESTRELAS-DO-MAR EM AMBIENTE RECIFAL CONTROLADO

.................................................................................................................................................389

LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE A MARRECA-CABOCLA Dendrocygna autumnalis

(ANSERIFORMES: ANATIDAE): TEMAS ESTUDADOS E HISTÓRICO DOS TRABALHOS ................399

PRIMEIRO REGISTRO DO MOLUSCO Polymesoda caroliniana (BOSC, 1801) (BIVALVIA:

CYRENIDAE) NO LITORAL BRASILEIRO ......................................................................................410

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DAS CEPAS DE Microcystis LBARP-1 e Microcystis LBARP-2

ISOLADAS DO RIO PARÁ (BARCARENA, PARÁ). .........................................................................419

CIANOBACTÉRIAS COMO INDICADORAS DA QUALIDADE DAS ÁGUAS USADAS PARA O

ABASTECIMENTO DE COMUNIDADES TRADICIONAIS NA RESERVA BIOLÓGICA RIO TROMBETAS

(PARÁ) ......................................................................................................................................428

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA ESPACIAL DE COMUNIDADES VEGETAIS EM UM

AMBIENTE RIPÁRIO ANTROPIZADO NO NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ, BRASIL .................440

DESEMPENHO DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS SOBRE INTERFERÊNCIA DE ESPÉCIES NATIVAS E

INVASORAS...............................................................................................................................451

EFEITOS DO MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO SOBRE A ESTRUTURA HORIZONTAL E

DIVERSIDADE FLORÍSTICA DA ÁREA DE CONCESSÃO FLORESTAL MAMURU-ARAPIUNS, OESTE

PARAENSE ................................................................................................................................460

FENODINÂMICA DA POPULAÇÃO DE Euxylophora paraensis Huber EM FRAGMENTO FLORESTAL

NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS-PARÁ ................................................................................469

FITOSSOCIOLOGIA E CARACTERIZAÇÃO DE ESPÉCIES EM ÁREA DE VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA NO

ECOSSISTEMA DE CAPOEIRA DO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA (PA) ...........................................480

IMPACTOS NA BIODIVERSIDADE COM OS FOCOS DE QUEIMADAS NA AMAZÔNIA PARAENSE490

ÍNDICES DE EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE ACMELLA OLERACEA (L.) R.K. JANSEN E ACMELLA

CILIATA (KUNTH) CASS .............................................................................................................502

REGISTROS REPRODUTIVOS DA MARRECA, DENDROCYGNA AUTUMNALIS, NO ENTORNO DA

RESEX MARINHA DE TRACUATEUA-PA .....................................................................................511

INFLUÊNCIA CLIMÁTICA NA FLUTUAÇÃO SAZONAL DE INSETOS CERATOPOGONÍDEOS

CAPTURADOS NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL ILHA DO COMBU, BELÉM, PARÁ .............521

DEPOSIÇÃO DE SERAPILHEIRA E NUTRIENTES EM ÁREA DE RESTAURAÇÃO APÓS MINERAÇÃO

DE BAUXITA NA AMAZÔNIA ORIENTAL ....................................................................................533

PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DE MUDAS DE JAMBÚ INOCULADAS COM TECNOLOGIA

MICROBIANA ............................................................................................................................541

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

USO DE MICRORGANISMOS PROMOTORES DE CRESCIMENTO ASSOCIADOS À ADUBAÇÂO

MINERAL EM UROCHLOA BRIZANTHA ......................................................................................550

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

ANÁLISE DO MERCADO VAREJISTA DE ORQUÍDEAS NO MUNICÍPIO DE

BELÉM (PA)

¹Maria Vitória Queiroz Almeida1; Ana Caroline Palheta De Farias²; Tainara Miranda Da

Silva³; Eliude Navegantes Do Carmo4; Fabrício Khoury Rebello5.

1 Graduanda em engenharia florestal/UFRA. [email protected]

²Graduanda em agronomia/UFRA. [email protected]

³Engenheira Agrônoma/UFRA. [email protected]

4Engenheira Agrônoma/UFRA. [email protected] 5Doutor em ciências agrárias/UFRA. [email protected]

RESUMO

O Brasil é reconhecido mundialmente pela riqueza de sua biodiversidade, em que se

destacam as plantas ornamentais e as flores, como orquídeas e as bromeliáceas, sendo a

floricultura considerada uma atividade econômica de grande relevância no agronegócio

nacional e internacional. Dentro dessa produção, destacam-se as orquídeas, pois são

muito requeridas no mercado de plantas ornamentais. Com isso, o presente estudo teve

como objetivo analisar o mercado varejista de orquídeas no município de Belém (PA)

com o intuito de analisar sua importância no mercado das plantas ornamentais. Para

coletar os dados foram aplicados questionários online e presenciais, em 16

estabelecimentos e divididos em três partes: caracterização do estabelecimento comercial,

identificar os aspectos do mercado varejista e identificar as espécies comercializadas.

Utilizou-se a estatística descritiva para avaliar os dados obtidos. A orquídea Phalaenopsis

envasada(?) está presente em 81,25% dos estabelecimentos e é, também, a mais

comercializada. Dos entrevistados que comercializam orquídeas, 46,15% consideram que

a venda aumentou nos últimos três anos. A pesquisa revela que existem muitos pontos

fortes e potencialidades para expansão do mercado de orquídeas no município de Belém,

porém há grandes entraves a serem superados para que este mercado venha a se

desenvolver de forma significativa na economia paraense.

Palavras-chave: Comércio de orquídeas. Pará. Plantas Ornamentais.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, a floricultura é considerada uma atividade econômica de grande

relevância no agronegócio nacional e internacional, devido, principalmente, à criação de

um elevado número de empregos diretos e indiretos e, também, pelo valor de sua

produção e comercialização (CANÇADO JÚNIOR et al., 2005).

O agronegócio de flores e plantas ornamentais vem se expandindo no Brasil e com

isso ganhado notoriedade na agricultura nacional. Isso pode ser constatado a partir dos

dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (IBRAFLOR) o qual mostra que o comércio

de flores obteve um faturamento de R$ 5,7 bilhões, em 2014, e de R$ 6 bilhões, em 2015,

sendo que a expectativa para o ano de 2016 que era o crescimento de 8% para o ano todo,

já havia sido atingida no primeiro semestre (ALENCAR, 2016).

A família Orchidaceae é uma das maiores famílias botânicas do mundo, com

aproximadamente 20.000 espécies, das quais 2.462 ocorrem no Brasil; no Pará registram-

se 421 espécies (AFONSO; KOCH; COSTA, 2016). As orquídeas estão entre as dez

plantas ornamentais mais comercializadas no mercado internacional e são consideradas

as flores de negociação do século XXI (PAKYONG, 2013). Segundo Suzuki (2014), o

comércio exterior das orquídeas aumenta a cada ano desde 2004, quando o mesmo saltou

de US$ 376 mil para mais de US$ 10,8 milhões, em 2013.

Segundo Suzuki (2014) o mercado interno de orquídeas gera grande circulação

monetária, entretanto, não há informações disponíveis sobre a movimentação financeira

decorrente dessa cadeia produtiva. O mesmo autor afirma que em discussão com

colecionadores e membros de associações orquidófilas, foi possível determinar que a

comercialização de orquídeas, realizada somente nas exposições no Brasil, movimenta

anualmente mais de R$ 10 milhões.

O presente estudo teve como objetivo analisar o mercado varejista de orquídeas

no município de Belém (PA).

2. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no município de Belém, capital do estado do Pará. Segundo

dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016), Belém destaca-se

por possuir o maior centro populacional do estado do Pará, estimado em 1.446.042

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

habitantes, o que mostra a sua representatividade para a avaliação da situação do mercado

varejista de flores e plantas ornamentais na economia paraense.

O trabalho se enquadra na pesquisa de natureza aplicada, pois objetiva gerar

conhecimentos de finalidade prática, ou seja, dirigidos à solução de problemas específicos

(GIL, 2008; SILVA, 2005). No caso, o motivo inicial de sua elaboração foi o

questionamento sobre o panorama atual do mercado de flores e plantas ornamentais no

município de Belém, mais especificamente em relação às espécies da família

Orchidaceae. O procedimento técnico utilizado foi o levantamento de campo, já que

envolveu, para sua produção, a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se

deseja ter conhecimento. Procede-se à solicitação de informações a um grupo

significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida, mediante análise

quantitativa, obter as conclusões correspondentes dos dados coletados (GIL, 2008;

SILVA, 2005).

O estudo englobou as floriculturas situadas no município de Belém, não incluindo

os autosserviços (como supermercado) ou outra forma de comercialização. Para obter os

resultados, realizou-se uma busca online, em sites de divulgação, com vista a ampliar o

rol de empresas a serem pesquisadas. Na sequência, efetuou-se o levantamento de campo,

a partir da aplicação de questionários e entrevistas junto às empresas em atividades do

ramo e com pessoas chaves.

Para coletar os dados foram aplicados questionários no período de 17 a 24 de

fevereiro de 2017, em um total de 16 estabelecimentos procurando identificar os aspectos

do mercado varejista e as espécies comercializadas. Desta forma, utilizaram-se das

técnicas de analise tabular e de estatística descritiva para interpretação dos dados e

resultados, respectivamente. A tabulação dos dados foi realizada utilizando software

Microsoft Excel 2013.

As informações obtidas com os atores-chave e perguntas de opinião do

questionário foram utilizadas para gerar a estrutura da Matriz Swot (strengths,

weaknesses, opportunities e threats), que em português é conhecida como Matriz Fofa

(Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças).

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 13 estabelecimentos que comercializam alguma espécie de orquídea, 53,84%

comercializam duas ou mais espécies, sendo que os demais 46,15% comercializam

unicamente Phalaenopsis. Este é o gênero mais comercializado no mundo e um dos mais

conhecidos da família (PUTINATTI, 2015). Dentre os 81,25% dos estabelecimentos que

comercializam alguma espécie de orquídeas, todos ofertam a espécie denominada

phalaenopsis (Phalaenopsis sp.); 53,84% comercializam denphal (Dendobrium sp.);

46,15% dos estabelecimentos comercializam as espécies conhecidas como pingo-de-ouro

ou chuva-de-ouro (Oncidium sp.); 23,07% comercializam a arundina (Arundina

bambusifolia Lindl.); e apenas 7,79% das empresas comercializam espécies como

orquídea chocolate ou Cattleya, conforme destacado na Figura 1.

Figura 1. Principais espécies de orquídeas comercializadas no município de Belém, 2017.

Fonte: Autores, 2017.

Da amostra estudada, 40,00% comercializavam hastes florais de orquídeas. Dentre

as espécies citadas com finalidade de haste destacam-se a phalaenopsis (Phalaenopsis

sp.) e denphal (Dendobrium sp.), sendo a última de significativa importância para a

comunidade Barreirão, no município de Castanhal, localizado na Região Metropolitana

de Belém (RMB), conforme destacado pela pesquisa de Arévalo, Ponte e Silva (2016).

O preço de compra para x vasos variou de R$11,58 (Arundina) a R$42,11

(Phalaenopsis), média de R$23,67; já para a venda foi R$21,66 e R$82,08, média de

R$43,75, respectivamente para as mesmas espécies. Percentualmente a margem de

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

comercialização de varejo variou de 37,50% (orquídea chocolate) a 48,69%

(Phalaenopsis), média de 45,54% (Tabela 1).

Tabela 1. Preços médios de compra e venda de orquídeas nos 13 estabelecimentos pesquisados.

Espécies Compra

(R$) Venda

(R$) Margem de comercialização do varejo (%)

Arundina 11,58 21,66 46,53

Cattleya 18 35 48,57

Chuva-de-ouro 20,83 39,58 47,37

Denphal 24,5 44,2 44,57 Orquídea

chocolate 25 40 37,5

Phalaenopsis 42,11 82,08 48,69

Fonte: Autores, 2017.

Quanto aos principais fornecedores de orquídeas, dos 13 estabelecimentos que a

comercializam, 61,53% citaram que obtém este produto de apenas um fornecedor,

23,07% citaram dois fornecedores e apenas 7,69% citou três ou mais fornecedores. Foram

identificados 11 fornecedores diferentes, sendo que destes, 54,54% são oriundos de São

Paulo, 36,36% são da própria região do estado do Pará, e apenas 9,09% obtém produtos

do Ceará.

Foi observado, em todos os estabelecimentos, a inexistência de funcionários com

conhecimento técnico específico, 61,5% das empresas afirmaram que a maioria dos

clientes realiza a compra de forma planejada para alguma ocasião especial, por exemplo:

aniversários, casamentos, círio, natal e dia dos namorados; em 92,3% dos

estabelecimentos não é informado nenhum site ou plataforma digital, a receita

proveniente das vendas de orquídeas. Quanto as perdas na comercialização a média,

considerando todos os estabelecimentos, foi de 8,66% do volume (vasos) adquirido.

3.1 PERSPECTIVA DO MERCADO DE ORQUÍDEA NO ESTADO DO PARÁ

Com o objetivo de analisar a situação do mercado de orquídeas no estado, foi

desenvolvida a Matriz Swot, a qual é apresentada na Tabela 2.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 2. Matriz Swot do mercado de orquídeas no estado do Pará, 2017.

Pontos Fortes (Forças) Pontos Fracos (Fraquezas)

AMBIENTE

INTERNO 1. Proporciona embelezamento

de ambientes externos e internos;

2. São associadas à beleza

exótica e sofisticação;

3. Espécies com ciclo de vida

perene.

1. É considerada uma planta de difícil

cultivo;

2. Dados pouco precisos sobre as

preferências dos consumidores;

3. É uma planta com preço

relativamente elevado;

4. Poucas informações sobre cultivo

doméstico na região Norte. AMBIENTE

EXTERNO 1. Crescimento no mercado

paisagístico;

2. Incentivo a pesquisa sobre

espécies nativas;

3. Variedades comerciais

adaptadas ao clima regional.

1. Crise econômica nacional;

2. Baixa renda per capita da

população paraense;

3. Baixa cultura de consumo de flores

e plantas ornamentais na região;

4. Baixo número de centros locais de

referência para divulgação de

informações.

Oportunidades Ameaças

Fonte: Autores, 2017.

Uma das principais características das orquídeas é o embelezamento que

proporcionam a ambientes interiores e exteriores, por isso, este fator torna-se um dos

pontos fortes desse mercado, pois, a família Orchidaceae possui uma gama de exemplares

que podem ser utilizadas para a decoração. Segundo Rocha et al. (2012) boa parte das

pessoas adquirem esta espécie pela beleza e por paixão, porém muitas vezes a falta do

conhecimento adequado de manejo e exigências agronômicas, ocasiona, a perda do

exemplar, e isso pode vir a causar frustração. Esse aspecto abre uma oportunidade

interessante para a oferta de treinamento específicos nessa área, para colecionadores de

orquídeas, ou de se anexar um folheto para aqueles que possuem poucos espécimes e tem

pouco conhecimento do manejo adequado para a boa sobrevivência da planta que

adquiriu.

Uma questão importante para o desenvolvimento desse mercado é o conhecimento

sobre o público alvo o produto, no caso as orquídeas, notavelmente são poucos os dados

confiáveis na nossa região principalmente, sobre produção e comercialização, como tipos

de substratos, defensivos adubação o que acarreta dificuldades para fortalecimento ou

inserção de novos agentes nessa atividade, pois, para se ter êxito, é necessário conhecer

de forma precisa a gama de clientes para quem será ofertada a produção.

19

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Outro ponto considerado como fraqueza é o preço de comercialização

relativamente elevado das orquídeas com relação a outras plantas, como kalanchoe, por

exemplo, que chegam a custar de R$ 3,00 a 4,00. É necessário a agregar valor ao produto,

para que esta espécie possa elevar seu nível de comercialização ou até se aumentar a

produção, para que haja a diminuição dos preços, tornando-se mais acessível para outra

parcela da pulação.

Segundo Mattiuz, Rodrigues e Mattiuz (2006) muitas espécies ocorrem em

florestas úmidas de regiões tropicais e subtropicais, e devido às condições edafoclimáticas

presentes no estado do Pará, este poderia ser considerado um local com boa aptidão para

o desenvolvimento do cultivo de orquidáceas. É notável a necessidade de mais estudos

das espécies da família endêmicas da Amazônia, sendo que estes beneficiam a

preservação, já que amplia o entendimento sobre a flora local, assim como apresentam ao

mercado uma gama nova de espécies e possibilidades de desenvolvimento inclusive de

híbridos.

Com relação às oportunidades que são indicadas para esse mercado, tem-se o

potencial para crescimento do mercado paisagístico, pois, segundo Mello e Pantoja

(2014) devido ao grande número de gêneros, as orquídeas possibilitam uma diversidade

de opções no paisagismo urbano e de interiores. Dessa forma, a família Orchidaceae

também pode contribuir de forma significativa para estes segmentos, pois, observa-se que

existem várias espécies com potencial para serem utilizadas.

Ainda que a Phalaenopsis seja o gênero de grande comercialização, é notável que

a mudança de temperatura até a chegada em Belém afete a sua durabilidade, seja por ter

sido cultivada em uma região diferente ou no transporte. O transporte se dá

principalmente por via aérea, em bandejas (quando o transporte é de mudas) e embaladas

em caixas ou (em exemplares adultos) o espécime sem substrato. É interessante divulgar

e incentivar o consumo sobre diferentes espécies, principalmente as regionais, a fim de

reduzir o preço e disponibilizar produtos diferenciados, com qualidade e durabilidade.

Quanto às ameaças, o fato das flores e plantas ornamentais não se enquadrarem

em produtos de primeira necessidade, pode ser um limitante de alta relevância na

expansão desse mercado como um todo, sendo ainda mais representativo para o mercado

de orquídea, pois algumas espécies apresentam custo elevado para o consumidor final,

levando-se em consideração que o preço é um fator de importância para o mesmo.

20

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Ainda quanto às ameaças, tem-se um fator bastante expressivo, mas que não se

restringe unicamente ao comércio de orquídeas, que é a baixa cultura do consumo de

flores e plantas ornamentais na região, ainda que não se possa afirmar isso a partir de

dados de mercado. A colocação de Reis (2011) ao citar a ausência do comportamento

semelhante a cultura europeia de se levar flores quando se vai jantar na casa de alguém,

deixa claro a importância do fator cultural para elevação do consumo e cultivo.

Ainda existe dificuldades quanto ao manejo e cultivo no ambiente doméstico,

apesar de haver bastante informações na internet, porém poucas no estado do Pará, sendo

necessário, portanto, que a oferta de cursos, palestras, feiras e eventos pelas

universidades, orquidários públicos e associações afins para ampliar o público com

afinidade por orquídeas, inclusive com ações para que os indivíduos possam conhecer

mais sobre essas espécies.

4. CONCLUSÃO

A espécie Phalaenopsis é a mais comercializada.

O comércio de orquídeas é fraco, em relação ao restante do país, principalmente

pela baixa cultura do consumo de flores e plantas ornamentais na região.

É importante o incentivo o comércio de orquídeas regionais e disponibilizar

informação de manejo.

21

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

AFONSO, E. A. L.; KOCH, A. K.; COSTA, J. M. Flora preliminar de Orchidaceae no

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este ano, 2016. Disponível em: <http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura

/noticia /2016/06/mercado-de-flores-atinge-expectativa-de-faturamento-para-o-

ano.html>. Acesso em: 15 nov. 2016.

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Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_continua/Renda_domicil

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2013.

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2012.

RODRIGUES, V. T. Orchidaceae Juss. Aspectos morfológicos e taxonômicos. Instituto

de Botânica de São Paulo, 19 p., 2011.

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Paulo, 2014.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

ACIDEZ ATIVA E POTENCIAL DE UM LATOSSOLO AMARELO SOB

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS-

PA

Jamil Chaar El-Husny1; Letícia Cunha da Hungria2; Claudio José Reis de Carvalho3;

Cleo Marcelo de Araújo Souza4; Eduardo Jorge Maklouf Carvalho5

1 Doutor em Ciências Agrárias. Embrapa Amazônia Oriental. [email protected]

2 Doutoranda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

3 PhD em Ecofisiologia Vegetal. Embrapa Amazônia Oriental.

[email protected]

4 Mestre em Agronomia. Embrapa Amazônia Oriental. [email protected]

5 Doutor em Solos e Nutrição de Plantas. Embrapa Amazônia Oriental.

[email protected]

RESUMO

As alterações ou desequilíbrios provocados pelos impactos de diferentes formas de uso

da terra e sistemas de produção à qualidade do solo demandam ações e o uso de

indicadores que permitam identificar a dimensão das modificações causadas por estes

fatores. Embora os indicadores isoladamente nos estudos sobre qualidade do solo não

sejam completamente elucidativos diante da complexidade do sistema edáfico, a acidez

ativa (pH) e potencial (H+Al) costumam ser amplamente estudadas em função de suas

influências nas propriedades químicas do solo. Neste sentido, o objetivo do estudo foi

avaliar as condições de acidez ativa e potencial de um Latossolo Amarelo sob integração

Lavoura-Pecuária em duas épocas de coleta de solo: abril (período chuvoso) e novembro

(final do período seco) no município de Paragominas-PA. Para isso, foram amostrados

solos nas profundidades 0-5, 5-10, 10-20 e 20-30 cm. O delineamento experimental

utilizado foi inteiramente casualizado, em fatorial 4x2, com quatro repetições. O pH em

água das amostras de solo foi obtido pelo método potenciométrico, enquanto a acidez

potencial (H+Al) foi determinada com extrator acetato de cálcio 0,5 M. Nas áreas sob

pastagem foram registrados pH’s menos ácidos quando comparados a solos sob mata e

plantio de milho, que não diferiram entre si. No período chuvoso (4,11 cmolc dm-3), a

acidez potencial do solo foi superior à encontrada no final do período seco (3,64 cmolc

dm-3). Quando comparados os sistemas, em solos sob plantio de milho foi observada maior

acidez potencial em todas as camadas estudadas, exceto na profundidade 20-30 cm, na

qual não houve diferença entre os sistemas. As pastagens pareceram ter capacidade

natural em elevar o valor do pH (acidez ativa) dos solos.

Palavras-chave: ILP. Panicum maximun. pH.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O uso dos solos pela incorporação aos processos produtivos na agricultura,

pecuária ou silvicultura, naturalmente interfere no equilíbrio e na dinâmica de qualquer

ecossistema (GODOI, 2001). As alterações ou desequilíbrios provocados pelos impactos

de diferentes formas de uso da terra e sistemas de produção à qualidade do solo

demandam ações e o uso de indicadores que permitam identificar a dimensão das

modificações causadas pelo uso da terra e sistemas de produção adotados. Dessa maneira,

a avaliação da qualidade do solo como medida componente da sustentabilidade das

atividades agropecuárias é um indicador fundamental, devendo ser necessariamente

considerada.

Embora índices e características considerados como indicadores nos estudos sobre

qualidade do solo não sejam completamente elucidativos diante da complexidade do

sistema edáfico (MOREIRA & SIQUEIRA, 2006), a acidez ativa (pH) do solo costuma

ser amplamente utilizada como indicadora, em função da sua influência sobre a

produtividade dos cultivos e utilização para recomendação de calagem (CAIRES, 2002).

Em adição, a acidez potencial (H+Al) é comumente incluída em análises de

fertilidade, em função de sua influência nas propriedades químicas do solo, com destaque

para a capacidade de troca catiônica (CTC) (ESCOSTEGUY e BISSANI, 1999; GAMA;

PROCHNOW; GAMA, 2002).

Neste contexto, objetivou-se avaliar as condições de acidez ativa e potencial de

um Latossolo Amarelo sob integração Lavoura-Pecuária em duas épocas de coleta de

solo: período chuvoso e final do período seco, no município de Paragominas-PA

2. METODOLOGIA

O estudo foi realizado nas fazendas Nova Paz e Vitória, localizadas no município

de Paragominas (02º 59’ 45’’ S e 47º 21’ 10’’ O), sudeste do estado do Pará. A fazenda

Vitória adota sistemas de integração lavoura-pecuária para renovação de pastagens,

enquanto na fazenda Nova Paz a atividade é a pecuária de leite em pastejo rotacionado.

A região tem um clima tropical chuvoso, com expressivo período de estiagem (Aw,

conforme classificação de Köppen) e início da estação chuvosa em dezembro,

prolongando-se até maio, com menor disponibilidade hídrica entre junho e novembro. A

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

precipitação média anual (média de 30 anos) é de 1.800 mm e a umidade relativa do ar é

bastante elevada com média anual em torno de 82 % (RODRIGUES et al., 2003).

Para o estudo foram considerados e avaliados quatro sistemas de uso do solo,

sendo três na Fazenda Vitória e um na Fazenda Nova Paz referente ao sistema com

braquiária (Tabela 1).

Tabela 1. Descrição das áreas de estudo, Paragominas, PA.

Área Histórico

Mata

(Reflorestamento

natural)

Área de reflorestamento natural com um tempo, aproximadamente, de

30 anos. O uso desta área teve como objetivo servir de referência na

comparação de alterações possivelmente identificadas nos demais

sistemas avaliados.

Plantio de Milho

Cultivo de milho híbrido Pionner 30F80 em sistema convencional

associado ao plantio de braquiária (Brachiaria ruziziensis).

Pastagem de

Mombaça

Pastagem cultivada com mombaça (Panicum maximum) formada a

partir de uma sucessão de plantios de arroz e milho.

Pastagem de

braquiária

Pastagem de Braquiária (Brachiaria brizantha cv. marandu) com

tempo aproximado de dez anos, com antecedente de derruba e queima

da floresta, sendo utilizada com pecuária leiteira.

Fonte: Os Autores (2019).

Foram coletadas amostras nas profundidades 0-5, 5-10, 10-20 e 20-30 cm, em dois

períodos: 1 - Período chuvoso (abril) e 2 - Final do período seco (novembro). Os solos

em todos os sistemas de uso avaliados foram classificados como Latossolo Amarelo

Distrófico coeso, textura muito argilosa, A moderado, com relevo plano a suavemente

ondulado.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições,

em esquema fatorial 4x2, sendo quatro os níveis do fator sistemas de uso do solo e dois

os níveis do fator época de coleta de solo. Em cada área de tratamento foram estabelecidas

quatro parcelas, distribuídas aleatoriamente, de 6 m x 12 m (72 m2), as quais

corresponderam às quatro repetições. De cada parcela foram retiradas cinco amostras

simples, a cada profundidade, que formaram uma amostra composta por parcela.

O pH em água foi obtido pelo método potenciométrico, enquanto a acidez

potencial (H+Al) foi determinada com extrator acetato de cálcio 0,5 M, conforme

metodologia recomendada (EMBRAPA, 1997).

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Em relação ao tratamento dos dados, foram realizadas análises de variância (teste

F) para determinar o efeito dos diferentes sistemas de uso do solo, profundidade e época

de amostragem sobre a acidez ativa e potencial do solo. As comparações entre médias

foram realizadas pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade com o auxílio do

programa SISVAR versão 5.6. (FERREIRA, 2011).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação ao pH, somente houve influência do sistema de uso do solo (p<0,05).

Na tabela 2, são encontrados os valores médios obtidos para a variável de pH em água

sob diferentes sistemas da integração Lavoura-Pecuária estudada.

Tabela 2 – Valores médios de pH em H2O, sob diferentes sistemas de uso do solo. Médias seguidas

pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% do teste de Scott Knott.

Sistema pH

Mata 5,11 b

Plantio de Milho 5,04 b

Pastagem de mombaça 5,50 a

Pastagem de braquiária 5,61 a

Fonte: Os autores (2019).

Nas áreas sob pastagem foram registrados pH’s menos ácidos quando comparados

a solos sob mata e plantio de milho, que não diferiram entre si. Em um estudo sobre

propriedades químicas de um Latossolo Amarelo cultivado com pastagens de Brachiaria

brizantha e Panicum maximum, durante dois anos, os autores observaram um acréscimo

no pH no segundo ano. Este resultado foi atribuído ao aumento da CTC como reflexo do

aumento de cátions decorrente da mineralização da matéria orgânica, esclarecendo que,

como consequência da elevação da CTC e dos cátions trocáveis, verificou-se aumento da

saturação de bases, causando a elevação do pH e consequente diminuição no alumínio

trocável (PEREIRA; VELOSO; GAMA, 2000).

Em adição, Lopes (1998) e Lopes et al. (2015) esclarecem que solos sob mata ou

floresta tendem a ser mais ácidos, ainda que solos cultivados podem se tornar mais ácidos

na medida em que as colheitas removem as bases.

De fato, Gama-Rodrigues et al. (2008) informaram que a introdução de

leguminosas florestais, por exemplo, promovem decréscimo no pH. Santos et al. (2010),

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

comparando mata com pastagem, observaram resultados semelhantes, com pH um pouco

mais elevado na pastagem.

Em relação à acidez potencial, houve efeito do sistema de uso do solo e da

profundidade isoladamente, bem como da interação destes fatores. Além disso, a época

de amostragem do solo provocou alterações na acidez potencial do solo. Na Figura 1 são

apresentados os resultados referentes à acidez potencial em função da sazonalidade (a) e

da interação sistema x profundidade (b).

Figura 1. Acidez potencial (H+Al) em um Latossolo Amarelo em duas épocas de coleta (a) e

(b) Médias seguidas pela mesma letra minúscula, que comparam entre os sistemas na mesma

profundidade, não diferem entre si e médias seguidas pela mesma letra maiúscula, que

comparam as profundidades dentro do mesmo sistema, não diferem ao nível de 5% do teste de

Scott Knott.

Fonte: Os autores (2019).

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

No período chuvoso (4,11 cmolc dm-3), a acidez potencial do solo foi superior à

encontrada no final do período seco (3,64 cmolc dm-3), independentemente do uso solo ou

camada avaliada.

Entre os sistemas, de forma geral, o cultivo de milho contribuiu para a maior

acidez potencial do solo, seguido de solos sob mombaça e mata, que não diferiram entre

si e apresentaram valores superiores em relação ao solo sob braquiária. Entre as

profundidades, independentemente do sistema ou época de coleta, a acidez potencial foi

da seguinte ordem 0-5cm>5-10cm>10-20cm=20-30cm.

Quando avaliado o comportamento da acidez potencial sob os diferentes sistemas

nas camadas, observa-se que para a maioria das profundidades estudadas o cultivo de

milho conduziu aos maiores valores, exceto na última camada onde não se registraram

alterações em função dos sistemas.

A acidez potencial do solo representa os íons H+ e Al3+ existentes nos colóides do

solo e possui relação com o conteúdo de matéria orgânica (MO), considerando que na

quantidade de cargas negativas nos solos dependentes de pH existe grande contribuição

da MO, principalmente em solos tropicais (CARDOSO, 2011). No presente estudo, a

maior acidez potencial em solos sob cultivo de milho pode estar relacionado não só ao

conteúdo como o material de origem da MO. Segundo Camargos (2005) a maior parte do

hidrogênio da acidez potencial provém das cargas negativas dependentes do pH.

4. CONCLUSÕES

1 – As pastagens pareceram ter capacidade natural em elevar o valor do pH (acidez ativa)

dos solos;

2 - Verificou-se o efeito da sazonalidade para a acidez potencial do solo, sendo essa

mudança destacada no período chuvoso em relação ao final do período seco nas condições

climáticas da região de Paragominas;

3 – O plantio de milho contribuiu para a obtenção de maior acidez potencial do solo.

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5. REFERÊNCIAS

CAIRES, E. F. et al. Correção da acidez do solo, crescimento radicular e nutrição do

milho de acordo com a calagem na superfície em sistema plantio direto. Revista

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GAMA-RODRIGUES, E.F.; GAMA-RODRIGUES, A.C.; PAULINO, G.M. &

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MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e bioquímica do solo. 2. ed.

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31

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

ANÁLISE DO POTENCIAL PRODUTIVO DO FRUTO DE CUPUAÇU DOS

PRODUTORES ASSOCIADOS A COOPERATIVA AGRÍCOLA MISTA DE

TOMÉ-AÇU (CAMTA), PARÁ

Bruna Stefanny das Neves de Sousa1; Alfredo Kingo Oyama Homma2

1Mestrado em Ciências Ambientais. Universidade do Estado do Pará.

E-mail: [email protected] 2Doutorado em Economia Rural. Embrapa Amazônia Oriental.

E-mail: [email protected]

RESUMO

O cupuaçuzeiro é uma espécie tropical nativa da região amazônica, com carência de

informações sobre produção disponíveis na literatura. Eeste estudo efetuou análise de

relatórios da produção do cupuaçu em Sistemas Agroflorestais (SAFs), obtidos por

produtores brasileiros e nipo-brasileiros associados a Cooperativa Agrícola Mista de

Tomé-Açu (CAMTA) no ano de 2016, além da visita em campo referente as entrevistas

realizadas junto aos produtores. Foi utilizada a estatística descritiva, com intuito de

verificar a partir da estratificação da produção e número de pés, de dois tipos de cupuaçu beneficiados pela cooperativa (tipo B e em fruta). A pesquisa também fez uso do software

Microsoft Excel 2013 para a tabulação dos dados, verificação de médias e elaboração de

gráficos. Verificou que o cupuaçu em fruta obteve maior produção entre os produtores

(67,78%), assim como, a quantidade de número de pés plantados (77%) em comparação

ao cupuaçu tipo B. Em relação a produção arrecadada por número de produtores no ano

de 2016, a mesma se concentra em produções menores de 30.000 kg, correspondente a

um total de 65%. Em relação a produção por número de pés de cupuazureiros plantados,

os melhores indices produtivos foram adquiridos em áreas no estrato de 3.000 a 6.000 pés

plantados. Conclui-se, que a produção de cupuaçu vem ainda sendo bastante utilizada em

Sistemas Agroflorestais na região de Tomé-Açu, no entanto, segundo os produtores

entrevistados, há uma grande necessidade de pesquisas para o aprimoramento da

produção.

Palavras-chave: Produtores Nipo-brasileiros. Sistema agroflorestal. Produção agrícola.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia.

32

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A produção de cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum (Willdenow ex Sprengel)

Schumann) na região de Tome-Açu, tornou-se um importante componente em Sistemas

Agroflorestais (SAF’s), devido ser bem adaptado ao sistema, além de proporcionar

benefício econômico na produção (VENTURIERI, 2011). De acordo, com Martins et al

(2013), o cupuaçuzeiro é muito produzido por pequenos produtores, em consórcio, devido

ser bem adaptado ao sombreamento. A transição do cupuaçuzeiro extrativista para o

domesticado, também possibilitou o aumento na produção, permitindo desta forma,

atender a demanda nacional e internacional, que nos últimos anos teve aumento

progressivo (GONDIM et al, 2001).

O consumo de cupuaçu exibe boa aceitação por parte da população regional,

principalmente pela fabricação de bombons, doces, sorvetes, picolés, cerveja, cosméticos

etc, sendo este, muito restrito para Estados fora da Amazônia e no exterior. Segundo

Lopes (2015), o cupuaçu é um fruto que proporciona além da polpa, importante matéria-

prima para indústria alimentícia, a semente possui destino para indústrias de cosmética,

o fruto ao contrário da polpa de açaí, teve sucesso restrito no mercado nacional e

internacional (SOCHA & PINHEIRO, 2016).

O acompanhamento da produção de cupuaçu no cenário econômico no Brasil, é

um tanto dificultoso, em virtude, ao acesso das informações disponíveis ao público.

Conforme, Almudi & Pinheiro (2015) o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística

(IBGE), não permite o acesso aos dados de produção do cupuaçu, entretanto, pode ser

acompanhada pelo Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do Amazonas

(GCEA/PA), que revela a partir de seus dados, que o cupuaçu apresenta grande potencial

para a agricultura (HOMMA, 1996).

A maior produção de cupuaçu no Brasil se concentra na região Norte, onde o

Estado do Pará ocupa o primeiro lugar como maior produtor e comercializador. Contudo,

ressalta-se a ocorrência de perdas dos frutos para comercialização por diversos fatores,

principalmente pelo mau manejo das práticas agrícolas, influenciando de forma negativa

na obtenção de frutos salubres (RAMOS, 2015).

Na região Nordeste do Estado do Pará a CAMTA exerce importante papel para o

crescimento de pequenos produtores rurais, proporcionando melhores resultados na

33

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

produção e na economia, fundamentado na união e tomadas de decisões entre os mesmos.

A comercialização de polpas na CAMTA ainda é o principal produto comercializado, no

entanto, vem se aperfeiçoando a fabricação de derivados como sorvetes e geleias, como

também em estudos para o beneficiamento da semente, para fabricação de chocolate,

devido apresentar bom mercado de exportação (SOCHA & PINHEIRO, 2016).

Neste sentido, dada a importância ao estudo da produção de cupuaçu, o objetivo

do trabalho visa identificar por meio da análise de produção de cupuaçu em Sistemas

Agroflorestais (SAF’s), obtido pelo produtores nipo-brasileiros vinculados a CAMTA,

no ano de 2016, e por meio de entrevistas junto aos produtores brasileiros e nipo-

brasileiros, realizadas no ano de 2017, a verificação de mudanças nos sistemas de

produção e comercialização.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O estudo foi realizado no município de Tomé-Açu, região Nordeste do Estado do

Pará (Figura 1), de acordo com Valente et al. (2014) a região está localizada entre as

coordenadas 01° 24’ 46.14” e 01° 28’ 4.11” de latitude Sul, e 48° 20’ 04.60” e 48° 20’

31.84” de longitude Oeste de Greenwich. A população em 2010 compreende a 56.518

habitantes, com estimativa para 2017 de 61.709 habitantes (IBGE, 2016).

Figura 1- Localização da área de estudo.

Fonte: Sousa et al. (2017).

34

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

As características morfoclimáticas da região indicam relevo com cobertura vegetal

de Floresta Ombrófila Densa, clima quente e ajustando-se ao tipo climático Ami, da

classificação de Köppen, caracterizado como chuvoso, porém com pequena estação seca.

Os tipos de solos concentram-se em grande parte, em Latossolo Amarelo e Argilossolo

Amarelo (VALENTE et al, 2014).

Tipo de pesquisa

O presente estudo trata-se de uma pesquisa de abordagem quali-quantitativa.

Conforme Pereira (1997) os dados qualitativos e quantitativos apresentam diferenças entre

si, no entanto, estão diretamente correlacionados, pois dados qualitativos possuem

vantagens sobre os dados quantitativos, por possuir referências menos restritivas e maior

oportunidade de manifestação da subjetividade do binômio pesquisador/pesquisado e se

soma à pesquisa quantitativa na tentativa de explicar mais adequadamente a realidade. O

procedimento técnico utilizado neste estudo para a coleta de dados qualitativos, foram

feitos por meio de levantamento de dados em campo, no período de 18 a 20 de setembro

de 2017, em cinco propriedades de produtores vinculados à cooperativa CAMTA, onde

foram realizadas entrevistas, com perguntas abertas, a respeito das experiências obtidas

na produção de cupuaçu em SAF’s.

Utilizou-se também, o método da estatística descritiva, para análise de dados

quantitativos, com intuito de verificar a partir da estratificação da produção e número de

pés, de dois tipos de cupuaçu beneficiados pela cooperativa (tipo B e em fruta),

provenientes de relatórios da CAMTA, adquirido por 90 produtores nipo-brasileiros, no

ano de 2016. A descrição de informações oriundos de dados obtidos com a pesquisa, é o

objetivo da estatística descritiva, sendo o termo estatística a designação dos próprios dados

derivados (SPIEGEL, 1985).

Análise de dados

Foi utilizado o software Microsoft Excel 2013, para tabulação de dados,

determinação de médias, elaboração de gráficos e tabelas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Atráves da pesquisa em campo, pode-se verificar por meio de entrevistas

realizadas junto aos produtores agrícolas de Tomé-Açu, que o modelo de cultivo do

35

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

cupuaçuzeiro em consócio com outras culturas realizados pelos emigrantes japoneses,

serviu como modelo adotado por muitos produtores na região. A imigração japonesa

para região Nordeste do Estado do Pará, foi resultado da busca pelo desenvolvimento

econômico da região, servindo como mão-de-obra para desenvolvimento na Amazônia

(SILVA & TAFNER JUNIOR., 2010).

Em se tratando da produção do cupuaçu, são diversas as combinações e

espaçamentos com outras culturas agrícolas e também florestais (Tabela 1). De acordo

com os entrevistados, o plantio da cultivar BRS Carimbó e mudas de pé-franco são mais

comuns cultivadas entre os agricultores na região. A cultivar BRS Carimbó tem como

diferencial, características geneticamente melhoradas, possibilitando ótima capacidade

de produção de frutos e boa resistência à vassoura-de-bruxa (Moniliophtera perniciosa),

assim como, apresentar técnicas semelhantes ao cultivo do cupuaçuzeiro do tipo pé-

franco, como preparo de mudas, instalação e condução de pomares (LIMA, 2012).

Tabela 1- Combinações com cupuaçuzeiros em Sistemas Agroflorestais (SAF’s),

presente na propriedade de um dos produtores entrevistados.

Espaçamento Combinação de cupuaçuzeiros em SAF’s

(7m x 5m) Cupuaçuzeiro + coqueiro

(7m x 5m) Cupuaçuzeiro + castanheira + mogno + mangustanzeiro

(7m x 5m) Cupuaçuzeiro + freijoeiro + samaumeira + açaizeiro

(7m x 5m) Cupuaçuzeiro + pimenteira + maracujazeiro + bananeira+

cacaueiro + paricazeiro + mogno

(7m x 5m) Cupuaçuzeiro + castanheira + mogno + cacaueiro

(7m x 5m) Cupuaçuzeiro + pimenteira + piquiazeiro + pupunheira

(7m x 5m) Cupuaçuzeiro + açaizeiro + castanheira + bacabeira

(7m x 5m) Cupuaçuzeiro + cacaueiro + paricazeiro

(7m x 5m) Cupuaçuzeiro + paricazeiro + piquiazeiro + uxizeiro +

copaibeira + andirobeira + castanheira

(7m x 5m) Cupuaçuzeiro + pimenteira + cacaueiro + pupunheira +

castanheira+ piquiazeiro

(7m x 5m) Cupuaçuzeiro + cacaueiro + mogno africano + paricazeiro +

andirobeira

(6m x 5m) Cupuaçuzeiro + açaizeiro

Fonte: Sousa et al. (2019).

36

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Um fator importante que tem possibilitado melhorias no cultivo e também de

retorno econômico aos produtores, consiste no acesso de informações oferecidas pelas

empresas de assistência técnica como a Emater-Pará, Embrapa Amazônia Oriental,

Chamada pública e INCUBITEC (Incubadora Tecnológica de Desenvolvimento e

Inovação de Cooperativas e Empreendimentos Solidários). Essas empresas tem o

propósito de ensinar aos agricultores como desenvolverem sistemas agrícolas de forma

ambiental e sustentável (CASTRO, 2015).

Os dados quantitativos adquiridos dos relatórios da CAMTA mostraram que a

produção do cupuaçu para fins de comercialização da polpa, classificam dois tipos de

cupuaçu, o em fruta e o tipo B, isso ocorre por meio do beneficiamento dos frutos, sendo

feito a classificação do mesmo, de acordo com as qualidades e propriedades que

apresentam (tamanho, sabor, consistência, acidez, etc.). A comercialização da polpa de

cupuaçu é motivada pela viabilidade do mercado, tanto a nível nacional e internacional

(GODIM et al., 2001). Esses fatores estão também relacionados a substituição do cultivo

extrativista para a forma domesticada devido aos bons resultados dos sistemas

consorciados e de forma racional (HOMMA, 1996).

Na Tabela 2, pode-se observar que os dados obtidos referente ao número de

produtores que produzem o cupuaçu em fruta (67,78%), se destaca em relação ao

cupuaçu tipo B (2,22%), sendo que 30% dos produtores não cultivam nenhum dos dois

tipos de cupuaçu analisados neste estudo. O cupuaçu tipo B pode ser considerado como

uma novidade na produção, ainda é produzido em poucas quantidades como parte

integrante em sistemas agroflorestais. A preferêcia pela produção do cupuaçu em fruta,

pode ser justificado por facilitar a comercialização sem necessidade de maiores

cuidados. O melhoramento genético possibilita a obtenção de um genótipo com bons

padrões de produção, com excelente qualidade de polpa para agroindústria, e diferentes

formas de amadurecimento (precoce, mediano e tardio), visando aumentar o período de

colheita e oferta de frutos no mercado (SOUZA, 1966).

37

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 2- Número produtores agrícolas de Tomé-Açu, em relação a obtenção dos tipos de cupuaçu

beneficiados pela cooperativa (CAMTA), no ano de 2016.

Tipos de cupuaçu Nº de produtores Proporção (%)

Cupuaçu em fruta 61 67,78

Cupuaçu tipo B 2 2,22

Não plantam 27 30

Total 90 100,00

Fonte: Sousa et al. (2019).

Com base na produção arrecadada por número de pés plantados pelos produtores,

contata-se que o tipo de cupuaçu em fruta apresentou uma considerada produção de 77%

em comparação a 0,02% do cupuaçu tipo B (Tabela 3). As mesmas observações relatadas

na tabela anterior, refletem na obtenção dos dados da produção. A aquisição de materiais

produtivos, tende ser uma variável importante, pois permite conhecer a produção total

de polpa por árvore, obtida por meio do número de frutos produzidos (GONDIM, 2001).

Tabela 3- Dados médios de produção obtidos pelos produtores agrícolas de Tomé-Açu, no ano de

2016.

Tipos de cupuaçu Produção (kg) Porcentagem (%)

Cupuaçu em fruta 744,26 99,98

Cupuaçu tipo B 149,00 0,02

Total 744,41 100,00

Fonte: Sousa et al. (2019).

A estratificação da produção do cupuaçu em relação ao número de produtores

(Gráfico 1), mostra que o tipo de cupuaçu em fruta e tipo B, concentra-se em produções

entre 3.000kg a 30.000kg, correspondente a 34% e 31% dos produtores, respectivamente.

Desta forma, verificou-se a produtividade em relação a capacidade da obtenção de plantas

por hectare, ao utilizar o espaçamento (7m x 5m), obtêm-se 286 plantas por hectare, em

Tomé-Açu. A redução da produção pode ser motivada pela deficiência na fertilidade do

solo, adubação e diferentes espaçamentos, sendo este último em plantios consorciados,

sofre modificações em relação a seu tamanho nas entre linha e entre plantas (MULLER

et al., 1995; SAID, 2011; SOUZA et al., 2011).

38

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2 - Estratificação da produção de cupuaçu (kg), obtido pelos produtores agrícolas

vinculados à CAMTA, no ano de 2016.

Fonte: Sousa et al. (2019).

Verificou-se, também, que por meio dos dados estratificados sobre a produção

do cupuaçu em relação ao número de pés plantados (Gráfico 2). A quantidade de pés

plantados concentra-se em sua maior parte entre 300 a 6.000 pés, correspondendo a um

total de 60% de pés de cupuaçuzeiros cultivados. Observa-se que nas propriedades com

maiores quantidades de nº de pés, ainda são poucas, isso pode ser explicado, devido as

dificuldades encontradas pelos produtores em cultivar em extensas áreas, realacionadas

a alta complexidade de realizar o cultivo, das limitações de mercado e de pragas e

doenças. No entanto, melhorias no processo de produção, qualidade dos produtos e

derivados, no setor de agroindústria e melhor organização de seus produtores de forma

a possibilitar melhores condições de competitividade são necessárias para o crescimento

da fruticultura na Amazônia (HOMMA, 2001).

Figura 3- Estratificação de número de pés em relação a quantidade de produtores

agrícolas vinculados a CAMTA, no ano de 2016.

Fonte: Sousa et al. (2019).

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

4. CONCLUSÃO

O início dos primeiros plantios de cupuaçuzeiros ocorreu no municipio de Tomé-

Açu antes restrita a reduzidas árvores em quintais e da produção extrativa na região de

Marabá. O cupuazuzeiro adaptou muito bem em SAFs, porém restrições de mercado e

ataque de pragas e doenças tem limitado a sua expansão. Há necessidade do

desenvolvimento de novas tecnologias visando o aproveitamento da polpa para novos

usos, melhoramento genético e das práticas agrícolas.

40

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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GONDIM, T. M. S.; THOMAZINI, M. J.; CAVALCANTE, M. J.; SOUZA, J. M. L.

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http://cod.ibge.gov.br/2VREN. Acesso em: 31 de jun. 2019.

LIMA, A. L. Produtores terão nova cultivar de cupuaçuzeiro, a BRS Carimbó. Embrapa,

2012. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS DE

COMERCIANTES E DE ABASTECIMENTO DE HORTALIÇAS EM FEIRAS

LIVRES DE BELÉM – PA

Josiene Amanda dos Santos Viana1; Marcus Vinicius Santiago de Oliveira Silva2; André

Gustavo Campinas Pereira3; Érica Coutinho David4; Letícia Cunha da Hungria5.

1 Graduanda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 2Graduando em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 3 Especialista em Geoprocessamento Aplicado à Agroecologia e ao Uso dos Recursos

Naturais. Universidade Federal do Pará. [email protected]. 4 Graduanda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 5 Doutoranda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected].

RESUMO

As hortaliças comercializadas nas feiras livres apresentam uma grande atividade

econômica e mais antiga da história, possuindo alta importância no agronegócio. O

seguinte estudo objetivou realizar um levantamento e avaliar características que compõe

o perfil socioeconômico de comerciantes de hortaliças e a situação de abastecimento em

feiras livres na cidade de Belém-PA. A pesquisa ocorreu no mês de junho de 2018 em

três feiras livres localizadas na região, onde foram aplicados 53 questionários que

contemplavam aspectos sociais abordando gênero, faixa etária e nível de escolaridade.

No seguinte estudo foi possível observar que há a predominância masculina (66%) em

relação a feminina (34%) à frente dos empreendimentos relativos à venda de hortaliças.

Com relação a faixa etária, há distribuição uniforme a partir das idades a 30 anos (92,5%),

com variações menores de 10% entre as faixas. Dentre estas faixas, estão entre 50 a 59

anos (28,3%) e uma pequena participação dos jovens entre 18 a 29 anos (7,5%). Foi

possível concluir que, a CEASA-PA exerce importante papel no fornecimento dos

produtos olerícolas comercializados nas feiras livres de Belém-PA, sendo o principal

fornecedor na região. Também é possível entender que a atividade como comerciante de

hortaliças está ameaçada pela avançada faixa etária dos feirantes em exercício e o

reduzido quadro de novas pessoas no ramo.

Palavras-chave: Socioeconomia dos comerciantes. Feiras livres. Belém.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

As feiras livres se conformam como uma das atividades econômicas mais antigas

da história e fizeram parte tanto da emergência quanto do desdobramento do modelo

capitalista (BERNARDINO, 2013). Apesar da crescente participação dos supermercados

na comercialização de produtos olerícolas, as feiras livres ainda detêm grande

importância neste segmento do agronegócio. SILVEIRA et al. (2017) afirmam que

oferecer produtos de qualidade por preços mais atrativos são objetivos das feiras livres.

Um dos fatores que contribui fortemente para a grande busca na aquisição de

produtos em feiras livres é a relação mais direta entre o produtor e o consumidor,

possibilitando a identificação mais rápida e íntima das necessidades do consumidor, que

influenciam nos aspectos da produção e comercialização (MACHADO & SILVA, 2005).

Afinal, a satisfação do consumidor é um dos fatores que garantem a continuidade do

negócio e para que isso ocorra é necessário haver adequação dos negócios conforme a

demanda. Além disso, a feira tem como característica a venda de diversos produtos, além

disso, a limpeza, as mercadorias bem exibidas e com os preços mais baixos que os

supermercados despertam cada vez mais os consumidores a frequentá-la (SILVEIRA et

al., 2017).

A comercialização de hortaliças, por exemplo, é efetivada não só pelo ponto de

vista nutricional e farmacêutico, mas também econômico, atuando como fator de

movimentação financeira em localidades onde estão sendo comercializadas. No entanto,

a falta de informação ou planejamento na venda pode influenciar o consumo de hortaliças

em feiras. Segundo o Centro de Produções Técnicas - CPT (2019), a queda no consumo

hortaliças pode estar relacionado a diversos fatores como a perecibilidade, a pouca

disponibilidade de pontos de venda com produtos de boa qualidade, receio da origem do

produto e consumo de alimentos contaminados por defensivos agrícolas e o conhecimento

incipiente sobre a dimensão das hortaliças na alimentação.

Neste contexto, dados sobre o perfil dos comerciantes junto à origem e frequência

de abastecimento de hortaliças em feiras podem proporcionar informações valiosas no

melhor planejamento da comercialização, uma vez que os feirantes são agentes

fundamentais na intermediação de mercadoria entre produtor-consumidor.

44

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

O estudo objetivou realizar um levantamento e avaliar características que compõe

o perfil socioeconômico de comerciantes de hortaliças e a situação de abastecimento em

feiras livres na cidade de Belém-PA.

2. METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada durante o mês de junho de 2018 em três feiras livres

localizadas em Belém, nordeste do Estado do Pará, sendo eleitas para o estudo a feira do

ver-o-peso, feira da 25 e feira da pedreira. Para isso, utilizou-se metodologia de visitação

“in loco” para a aplicação de questionários semiestruturados (survey) e entrevistas aos

comerciantes de hortaliças.

Um total de 53 questionários foi aplicado e contemplavam aspectos sociais como

gênero, faixa etária e nível de escolaridade, bem como aspectos de abastecimento de

hortaliças nos estabelecimentos. Para a análise dos dados utilizou-se estatística descritiva

para obtenção de médias e frequências relativas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta pesquisa, registrou-se a predominância da participação masculina (66%) em

relação à proporção feminina (34%) à frente dos empreendimentos relativos à venda de

hortaliças (Figura 1). Em estudo semelhante BERNARDINO (2013) observou que a

maioria dos feirantes deste setor era do sexo masculino (64,2%). Isto pode estar

associado, principalmente, à traços culturais e tradicionais, trazendo geralmente o homem

para atividades de comercialização.

45

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 1. Gênero, faixa etária e escolaridade dos comerciantes de hortaliças de Belém – PA,

2018.

Fonte: Autores

Em relação a faixa etária, entre os comerciantes entrevistados, na amostra

estudada, há distribuição uniforme a partir das idades superiores a 30 anos (92,5%), com

variações menores que 10% entre as faixas. Dentre estas faixas, idades entre 50 a 59 anos

(28,3%), há maior frequência de feirantes, indicando que para esta atividade a dedicação

maior é de pessoas mais velhas e pode-se encarar o dado como um déficit na mão de obra

necessária para a continuidade da atividade. Isto se confirma quando se observa a pequena

participação de jovens entre 18 a 29 anos (7,5%). OLIVEIRA et al. (2014) avaliando o

perfil de feirantes da cidade de Dourados – MS, identificaram que uma possível

justificativa para este fenômeno é que 30% dos feirantes que possuem filhos dizem não

querer que seus filhos continuem a atividade de feirante.

Entre os entrevistados, os de nível médio de escolaridade são maioria (92,4%),

seguido dos de nível fundamental (41,5%), uma pequena parcela possuindo nível superior

(7,5%) e com nenhum feirante sem estudo ou com pós-graduação. Na pesquisa realizada

por LUCENA et al. (2017) com os feirantes em Vivência - PE, mesmo em condições

diferentes, verificou que 66% dos feirantes possuíam ensino fundamental incompleto,

27% ensino médio completo e outros 7% eram analfabetos. O baixo nível de instrução

dos trabalhadores presentes em feiras livres, pode estar relacionado à dependência das

66,0%

34,0%

7,5%

20,8%18,9%

28,3%24,5%

0%

41,5%

50,9%

7,5%0%

Masc

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18 a

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39 a

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ão

Gênero Faixa etária Escolaridade

46

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pessoas na busca pelo sustento familiar, muitas vezes atrelado à comercialização, que

acaba limitando seus estudos.

A maior parte do abastecimento dos feirantes (49,1%) advém da CEASA – PA,

juntamente a produtores locais da região metropolitana de Belém, assim como ocorre nas

observações de LUCENA et al. (2018), quando realizam o diagnóstico socioeconômico

dos feirantes de Vicência – PE.

Em adição, a maioria dos estabelecimentos (41,5%) são abastecidos diariamente,

seguidos dos que recebem os produtos três vezes na semana (24,5%). Tal peculiaridade é

facilmente explicada pela alta perecibilidade das hortaliças em geral, fato este que

imprime a essas mercadorias um tempo de prateleira estritamente curto.

Figura 2. Origem e frequência do abastecimento de hortaliças em feiras livres de Belém-PA,

2018.

Fonte: Autores

4. CONCLUSÃO

De tal forma conclui-se que, a CEASA-PA exerce importante papel no

fornecimento dos produtos olerícolas comercializados nas feiras livres de Belém/PA,

sendo majoritariamente o principal fornecedor na região.

Também é possível entender que a atividade como comerciante de hortaliças está

ameaçada pela avançada faixa etária dos feirantes em exercício e o reduzido quadro de

novas pessoas no ramo.

0%

41,5%49,1%

9,4% 9,4%

41,5%

7,5%17,0%

24,5%

Pro

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Origem do abastecimento Frequência de abastecimento

47

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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comercialização da feira livre de Leiria – Portugal. In: SIMPÓSIO DE ESTUDOS

URBANOS: A DINÂMICA DAS CIDADES E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO, 2, 2013,

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Anais...Naviraí: UFMS, 2017.

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Porque é 10 para a saúde!. Disponível em: < https://www.cpt.com.br/cursos-horticultura-

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Grande Dourados, 2014.

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feirantes na cidade de Nova Andradina – MS. In: I Encontro Internacional de Gestão,

Desenvolvimento e Inovação. I, 2017, Naviraí-MS.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

AVALIAÇÃO FENOLÓGICA DA ESPÉCIE Cissus sicyoides L. ASSOCIADA

COM A PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA

Ruanny Karen Vidal Pantoja Portal Moreira1; Osmar Alves Lameira2; Meiciane Ferreira

Campelo3; Allan Christiam Santos Ramires4; Nilza Araújo Pacheco5

1Discente, Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e

Biotecnologia da Rede Bionorte, Universidade Federal do Pará, UFPA,

[email protected] 2 Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, [email protected]

3 Discente, Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e

Biotecnologia da Rede Bionorte, Universidade Federal do Pará,

UFPA,[email protected]

4 Discente de Agronomia, Universidade Federal Rural da Amazônia,UFRA,

[email protected]

5 Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, [email protected]

RESUMO

A espécie Cissus sicyoides L., conhecida popularmente como cipó-pucá, insulina

vegetal sendo muita utilizada na medicina tradicional. O objetivo do trabalho foi de

associar os eventos de floração e frutificação da espécie Cissus sicyoides L. com a

precipitação pluviométrica, tendo como finalidade identificar a época favorável para a

coleta de sementes e utilização de folhas da espécie para uso medicinal. Foram avaliados

dez indivíduos diariamente no período de janeiro de 2015a dezembro de 2018 e registrou-

se a quantidade de dias de floração e frutificação. Ocorreram floração e frutificação em

quase todos os meses do ano. A maior média de floração e frutificação foi registrada no

mês de março, respectivamente, 10 e 11 dias. Os resultados demonstraram que o elemento

meteorológico influenciou o número de dias de ocorrência das fenofases e a coleta de

folhas para uso medicinal deve ser realizada, preferencialmente no mês de março e nos

dias em que ocorrem as fenofases.

Palavras-chave: Cipó-pucá. Fenofases. Elemento meteorológico.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Uma das práticas mais antigas utilizadas pela humanidade é a fitoterapia, assim,

as plantas medicinais possuem um elo cultural muito forte com as distintas regiões

brasileiras no efeito e utilização de resultados para o alívio e até a cura dos sintomas,

sendo elas possuidoras de conhecimentos milenares que são repassados de gerações a

gerações (COSTA; MARINHO, 2015).

Dentre as diversas plantas encontradas na medicina terapêutica, encontra-se o

Cissus sicyoides L. pertencente à família Vitaceae, é conhecida popularmente como

insulina vegetal, cipó-pucá e anil trepador. Esta espécie é usada popularmente no

tratamento de diabetes (SANTOS et al., 2008), controle de estados epilépticos (Abreu et

al., 2003), hipotensor e no tratamento de doenças do coração (ALEXANDRE,

SILVEIRA, 2007).

É relevante ressaltar que quando a espécie é utilizada com fins terapêuticos, a

época de colheita inadequada pode acarretar em um material com redução do valor

terapêutico e/ou predominância de princípios tóxicos (CARVALHO, 2012). Desta forma,

estudos sobre fenologia abordam os diferentes eventos biológicos, dentre estes eventos

estão o florescimento e a frutificação (NEVES et al., 2010). E para o desenvolvimento da

planta Bergamaschi (2007) afirma que dentre os principais elementos do clima que

influenciam no desenvolvimento e crescimento das plantas, e consequentemente na sua

atividade fenológica, estão à duração de horas brilho solar do dia, a temperatura do ar e o

regime pluviométrico. Conforme Segantini et al. (2010) cada espécie apresenta

comportamento diferente em função das variáveis do ambiente, sendo necessários estudos

direcionados para cada espécie e em cada local de cultivo.

Com base nisto, este trabalho teve como objetivo associar os eventos de floração

e frutificação da espécie Cissus sicyoides L. com a precipitação pluviométrica, tendo

como finalidade identificar a época favorável para a coleta de sementes e utilização de

folhas da espécie para uso medicinal.

50

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2. MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada no horto de plantas medicinais da Embrapa Amazônia

Oriental, situada no município de Belém-PA, localizado a 01º 28’ de latitude de sul e 48o

27’ de longitude oeste de Greenwich, com temperaturas médias, máximas e mínimas de

26.4 ºC, 31.8 e ºC, 22.9 ºC, respectivamente, umidade relativa de 84 % e precipitação

pluviométrica de 3.001 mm (BASTOS et al, 2002).

Para as observações das fenofases, floração e frutificação foram monitoradas dez

indivíduos adultos de Cissus sicyoides L. (Figura 1). As avaliações foram realizadas

diariamente pela manhã durante o período de janeiro de 2015 a dezembro de 2018, todos

os dados foram tabulados e processados em planilhas do sistema Microsoft Excel® (2010),

gerando um gráfico para a análise de possível influência do elemento climático sobre as

fenofases em estudo. Para os eventos fenológicos considerou-se número de dias por mês

de ocorrência das fenofases e para a variável precipitação pluviométrica foi utilizado à

média mensal acumulada. Os valores da precipitação pluviométrica foram provenientes

da Estação Climatológica da Embrapa Amazônia Oriental, instalada em Belém-PA.

Figura 1: Espécie cipó-pucá (Cissus sicyoides L.)

Fonte: Portal Moreira et al., (2019)

51

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a figura 2, para o evento fenológico, floração, não houve registro

nos meses de maio a setembro, e a maior média de dias de ocorrência foi no mês de março,

com valor de 10 dias, consequentemente no mês que ocorreu o pico de intensidade da

precipitação pluviométrica (481,00 mm). Para a frutificação, esta não ocorreu nos meses

de junho, setembro e outubro, e como a floração também o maior registro da fenofase foi

observado no mês de maior intensidade chuvoso com 11 dias de registro desta fenofase,

induzindo que esta espécie tem seu ápice fenológico no período intenso do inverno

amazônico. Lameira & Pinto (2008) relatam que o estádio de desenvolvimento da planta

também é muito importante para que se determine o ponto de colheita, e que a coleta de

material vegetal para fins fitoterápicos não deve coincidir com ocorrência dos eventos

fenológicos, pois os locais destes eventos concentram maiores quantidades de princípios

ativos.

Figura 2: Média dos números de dias de fenofases da espécie Cipó-pucá relacionado com a

Precipitação pluviométrica.

Fonte: Portal Moreira et al., (2019).

4. CONCLUSÃO

A precipitação pluviométrica influencia as fenofases da espécie Cissus sicyoides

L., pois, os maiores registros de ocorrência das fenofases coincidem com o maior pico de

regime pluviométrico. Com isso, é recomendado realizar a coleta de material vegetal para

propagação por sementes da espécie podem ser realizada durante a ocorrência das

fenofases e para seu uso medicinal as folhas somente podem ser coletadas nos períodos

de menor registro das fenofases.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

ABREU, I.N.D. Propagação In Vivo e In Vitro de Cissus sicyoides, uma planta

medicinal. Acta Amazônica, v.33, n.1, p. 1-7, Novembro de 2003.

ALEXANDRE, F. S. O.; SILVEIRA, E. R. Análise Fitoquímica de Plantas do Ceará:

potencial farmacológico de Cissus verticillata e composição volatil de Myrcia sp.2007.

159 f. Dissertação (Mestrado em Química Orgânica) - Centro de Ciências, Universidade

Federal do Ceará, Fortaleza, 2007.

BASTOS, T. X., PACHECO, N. A., NECHET, D., & Sá, T. D. A. Aspectos climáticos

de Belém nos últimos cem anos. Embrapa Amazônia Oriental-Documentos

(INFOTECA-E). 2002.

BERGAMASCHI, H. O clima como fator determinante da fenologia das plantas. In:

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CARVALHO, F. R. de. A ecologia no cultivo de plantas medicinais. Revista

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comunidades do município de Picuí, Paraíba, Brasil. Revista Brasileira de plantas

medicinais, Botucatu, v. 18, n. 1, p. 125-134, Março de 2016.

LAMEIRA, O. A.; PINTO, J. E. B. P. Plantas medicinais: do cultivo, manipulação e

uso à recomendação popular. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, p. 264, 2008.

MICROSOFT EXCEL versão 2010. Disponível em: <

http://pt.wikipedia.org/wiki/Microsoft_excel>

NEVES, E. L. das; FUNCH, L. S.; VIANA, B. F. Comportamento fenológico de três

espécies de Jatropha (Euphorbiaceae) da Caatinga, semi-árido do Brasil. Revista

Brasileira Botânica, v. 33, n. 1, p. 155-166, 2010.

SANTOS, H.B. et al. Avaliação do efeito hipoglicemiante de Cissus sicyoides em estudos

clínicos fase II. Revista Brasileira Farmacognosia. João Pessoa, v.18, n.1, p.70-76,

2008.

SEGANTINI, D, M., TORRES, L. ; BOLIANI ,A.C.; LEONEL,S. Fenologia da figueira

da índia em Selviria-MG.Revista brasileira de fruticultura, Jabuticabal – SP, v.32, n.2

, p. 630-636, 2010. Disponível em:.DOI: 10.1590/S0100-29452010005000049.

53

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS E DE CONSUMO DOS

FREQUENTADORES DE FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE MARABÁ-PA

André Gustavo Campinas Pereira1; Ana Caroline Palheta de Farias2; Laiane Pinto da

Silva3; Raimara Reis do Rosário4; Danielle do Socorro Nunes Campinas5.

1 Especialista em Geoprocessamento Aplicado à Agroecologia e ao Uso do Recursos

Naturais. Universidade Federal do Pará. [email protected]. 2 Graduanda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 3 Pós-graduanda em Geoprocessamento Aplicado à Agroecologia e ao Uso do Recursos

Naturais. Universidade Federal do Pará. [email protected]. 4 Graduanda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 5 Mestre em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected].

RESUMO

Neste estudo, objetivou-se compreender qual é a realidade do município de Marabá,

perante o comércio de hortaliças. Essas informações podem ser usadas como

direcionamentos na tomada de decisão de produtores no momento de escolher quais

culturas serão cultivadas para atender a demanda por produtos hortícolas do município

em questão. Para isso, utilizou-se um questionário semiestruturado, que teve como

objetivo identificar fatores sociais como gênero, faixa etária, nível de escolaridade e renda

mensal, bem como perguntas relacionadas ao hábito de consumo quando considerado os

tipos de hortaliças que costumam ser compradas. A amostragem utilizada foi do tipo

probabilística aleatória simples, sendo a população amostral composta por indivíduos

maiores que 18 anos, a que se teve acesso em pesquisa de campo. A delimitação da

amostra conferiu uma margem de erro de 10% e 90% de nível de confiança. Com base

nos resultados obtidos, foi observada a predominância de mulheres (52,7%), com mais de

sessenta anos (28,2%), possuindo nível médio de instrução (33,7%). Para a variável

correspondente a renda mensal, não houve diferença entre os entrevistados que recebem

até dois salários mínimos e entre três e cinco salários mínimos, totalizando 67,2% dos

entrevistados. Quando considerada a demanda de consumos, foi observada a

predominância pelo consumo do coentro (98,2%), cebolinha (95,5%), couve (95,2%) e

pimentinha verde (81,8%). A compreensão das características de consumo relacionada a

um centro consumidor pode proporcionar redução dos riscos referentes à comercialização

de produtos.

Palavras-chave: Perfil socioeconômico. Consumo de hortaliças. Estudo de mercado.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O mercado brasileiro de hortaliças apresenta uma grande diversificação de

produtos e contribui para a geração de emprego e renda de atividades ligadas direta e

indiretamente a essa cadeia produtiva, colaborando com a segurança alimentar da

população por oferecer alimentos saudáveis e seguros (JUBELINI, 2018).

As pessoas cada vez mais estão buscando uma alimentação saudável e

diversificada, elevando a procura por hortaliças (SILVEIRA et al., 2017). Estas são

encontradas em vários seguimentos de mercado, como sacolões, supermercados e

também nas feiras livres, que por sua vez, representa um dos métodos mais antigos de

comercialização de produtos agrícolas e tem por intuito o oferecimento de mercadorias

de boa qualidade e com preços mais baixos do que o comumente aplicado em

supermercados (SILVEIRA et al., 2017).

Quando avaliada a tendência de crescimento do setor de produção e

comercialização de hortaliças, observa-se que as diversificações de produtos aliados a

preços acessíveis tornam o investimento neste tipo de atividade, significativamente

atraente (SILVA; SANTOS; FERREIRA, 2017). Entretanto, devem-se considerar os

hábitos de alimentação da população de uma determinada região, pois características

como a quantidade consumida, tipo de produto, frequência de consumo e outros aspectos,

podem variar entre diferentes regiões (OLIVEIRA et al., 2018).

A compreensão acerca dos fatores inerentes as características do perfil e demanda

do público consumidor de produtos hortifrutigranjeiros, nas feiras livres, mostra-se como

importante ferramenta necessária para a construção do plano de negócios de produtores,

que obtém um melhor atendimento das demandas do mercado (ALVES; SOUZA;

PONTES, 2014; BRANDÃO et al, 2015).

As feiras livres são um dos principais meios de comercialização e distribuição de

hortaliças no município de Marabá. Este município está entre um dos cinco municípios

paraenses que mais contribuem com o PIB (Produto Interno Bruto) estadual, pertencendo

à região sudeste do estado do Pará, com uma população de aproximadamente 275.086 mil

habitantes (SOUSA et al., 2017). O objetivo deste trabalho foi caracterizar os aspectos

socioeconômicos dos consumidores de hortaliças do município de Marabá – PA.

55

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2. METODOLOGIA

O estudo foi realizado na cidade de Marabá, sudeste do Estado do Pará, durante o

mês de outubro de 2018 em duas principais feiras de comercialização a nível local: Feira

da 28 e Feira da Laranjeira. O levantamento de informações para a pesquisa incluiu

visitação “in loco” e aplicação de formulários semi-estruturados (survey) aos

consumidores de hortaliças.

A amostragem utilizada foi do tipo probabilística aleatória simples, cuja amostra

era formada por indivíduos, maiores que 18 anos, a que se teve acesso em pesquisa de

campo. A delimitação da amostra foi realizada conforme metodologia descrita por

Barbeta (2008) e foi considerada a margem de erro de 10% e 90% de nível de confiança.

Foram aplicados 110 formulários que contemplavam questionamentos sociais

como gênero, faixa etária, nível de escolaridade e renda mensal, bem como perguntas

relacionadas ao hábito de consumo quando considerado os tipos de hortaliças que

costumam ser compradas.

Para a análise dos dados quantitativos utilizou-se estatística descritiva para

obtenção de médias e frequências relativas. O grau de importância dos itens citados em

cada questão foi definido considerando-se a classe modal, ou seja, a que mais vezes foi

citada no item, obtendo-se então a frequência relativa percentual.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na figura 1 são apresentadas as informações referentes ao levantamento

socioeconômico dos consumidores de hortaliças que frequentam as feiras livres de

Marabá. Observou-se que as mulheres (52,7%) representaram a maioria do público

entrevistado. Resultados similares foram observados por Hungria et al. (2018), que

identificaram a predominância de mulheres (62,5%) em feiras livres de um distrito de

Belém do Pará.

Quando considerada a distribuição dos entrevistados por faixa etária, a maior

representatividade ocorreu para pessoas com mais de sessenta anos de idade (28,2%),

seguidas pelo público com idade entre dezoito e vinte e nove anos (23,6%). Esses dados

contrastam com as informações obtidas por Hungria et al. (2018), que identificaram para

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

estas mesmas faixas etárias, a presença de 31,7% e 6,7% dos entrevistados,

respectivamente.

Para a variável, nível de escolaridade, o destaque foi dado para pessoas (33,7%)

com nível médio de ensino. O mesmo comportamento das informações foi identificado

por Hungria et al. (2018), que relataram a presença da maioria do público entrevistado

com nível médio de formação (59,6%).

Com relação à distribuição de renda, observou-se que 67,2% dos entrevistados,

apresentam renda que varia entre dois a cinco salários mínimos. Esses resultados foram

superiores ao observado por Hungria et al. (2018), que identificaram a presença de 49,1%

da população estudada, recebendo apenas um salário mínimo.

Figura 1. Caracterização socioeconômica dos consumidores de hortaliças de Marabá – PA.

Fonte: Os autores.

Dentre os principais produtos consumidos em Marabá, podemos citar: coentro

(98,2%), cebolinha (95,5%), couve (95,2%) e pimentinha verde (81,8%) (Figura 2). Os

resultados encontrados neste estudo foram superiores quando comparados aos resultados

obtidos por Hungria et al. (2018), que identificaram a seguinte preferência de consumo:

coentro (79,8%), cebolinha (71,2%), couve (76,9%) e pimentinha verde (67,3%).

47,3%52,7%

23,6%

14,5%

5,5%2,2%

28,2%

13,6%

23,6%

33,7%

23,6%

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Gênero Faixa etária Nível de escolaridade Renda mensal

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2. Consumo de hortaliças.

Fonte: Os autores.

4. CONCLUSÃO

As informações aqui fornecidas tornam-se importantes para a melhor

entendimento do mercado hortícola nesse município, para que se possa subsidiar a

elaboração de planos de negócios que apresentem redução de riscos à comercialização de

produtos.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

JUBELINI, G. Produção de frutas e hortaliças no Brasil destaca-se pela geração de

empregos. Revista Cultivar. Disponível em

<https://www.grupocultivar.com.br/noticias/producao-de-frutas-e-hortalicas-no-brasil-

destaca-se-pela-geracao-de-empregos>. Acesso em 20/10/2019.

OLIVEIRA, E. G. C.; PEREIRA, A. G. C.; CUNHA, T. S. N.; BRAGA, G. F.;

HUNGRIA, L. C.; CAMPINAS, D. S. N. Prospecção socioeconômica de

comercializadores de jambu em feiras livres de Belém. In: Jornada de Iniciação Científica

do Programa de Educação Tutorial do Pará, 14, 2018, Belém. Anais... Belém, UFRA,

2018.

SILVA, J. S. S.; SANTOS, M. A. S.; FERREIRA, C. S. S.; COSTA, J. F.; SOUZA, V.

C. Comportamento de preços de hortaliças folhosas na região metropolitana de Belém,

Estado do Pará. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v. 14 n. 26,

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SILVEIRA, V. C.; OLIVEIRA, E. S.; MARIANI, M. A.; SILVEIRA, N. F. Avaliação da

importância das feiras livres e a forma de comercialização adotada pelas feirantes na

cidade de Nova Andradina, MS.

ALVES, R. J. M.; SOUZA, L. P. F.; PONTES, A. N. Perfil socioeconômico e satisfação

dos consumidores de produtos hortifrutícolas do complexo do Ver-O-Peso, Pará.

Enciclopédia biosfera.v.10, n.19, 2014.

BRANDÃO, A. A.; COSTA, C. A.; GALIZONI, F. M.; CAVALCANTE, T. F. M.;

NEVES, A. C. Perfil socioeconômico dos consumidores de hortaliças em feiras livres na

microrregião de Januária. Horticultura Brasileira. v.33, n.1, 2015.

SOUSA, A. M. S.; OLIVEIRA, D. N.; ZEN, E. Z.; FERREIRA, M. L. O.; PEREIRA, R.

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de Marabá-PA. IN: Simpósio de Engenharia de Produção de Sergipe. 9. Sergipe. Anais...

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BARBETA, P. A. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. 6. ed Florianópolis: Editora

da UFSC, 2008. 340p.

HUNGRIA, L. C.; PEREIRA, A. G. C.; VIANA, J. A. S.; DAVID, E. C.; SILVA, M. V.

S. O.; GUSMÃO, S. A. L. Aspectos socioeconômicos e de compra dos consumidores de

hortaliças em feiras livres da Ilha de Mosqueiro – PA. In: Encontro Amazônico de

Agrárias, 10, 2018, Belém. Anais... Belém, 2018.

59

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

EFEITO DA INOCULAÇÃO DE BACTÉRIAS PGPR EM ARROZ (Oryza sativa

L.)

Carmona, Marcio Augusto Costa Junior.1; Moraes, Alessandra Jackeline Guedes De2;

Machado, Ricardo Christin Lobato.3; Santos, Gleiciane Rodrigues Dos4; Silva, Gisele

Barata Da5

1 Graduando do curso de Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected] 2 Doutora na área de Fitopatologia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected] 3 Mestrando em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected] 4 Doutorando em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected] 5 Doutora na área de Fitopatologia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected]

RESUMO

O arroz é um dos cereais mais consumidos no mundo. Devido à sua grande importância

econômica, social e a intensa busca no campo pela sustentabilidade, objetivou-se estudar

a inoculação de isolados de bactérias em arroz com premissa na avaliação do seu

desenvolvimento e acúmulo de biomassa. O trabalho foi conduzido no Laboratório de

Proteção de Plantas, localizado na UFRA. As sementes de arroz, da cultivar BRS

Primavera, foram adquiridas na EMBRAPA Amazônia Oriental. Os isolados de bactérias

utilizados no ensaio de promoção de crescimento foram obtidos de rizosfera de açaizeiro,

os quais foram multiplicados em placa de Petri contendo meio de cultura 523 Kado e

Heskett por 48h. Após o crescimento das colônias, foi realizado a suspensão com água

destilada para cada isolado. O ensaio em DIC foi realizado com 10 tratamentos e 4

repetições. Inicialmente, as sementes foram semeadas em copos descartáveis de 200mL

e, após o período de 7 dias, contado a partir da semeadura, fez-se a aplicação da suspensão

bacteriana com 10mL por repetição. O presente trabalhou avaliou comprimento da parte

aérea (CPA), comprimento da raiz (CR), massa de matéria seca da parte aérea (MSPA) e

massa de matéria seca da raiz (MSR). Para CPA e MSPA, observou-se que os isolados

T02, T03, T04, T06 e T09 apresentaram os melhores resultados. Para CR, os isolados T02

e T06 apresentaram os melhores índices em relação aos demais tratamentos. Para MSR,

o isolado 06 apresentou os melhores resultados. Concluiu-se que os isolados T02, T03,

T04, T06 e T09 apresentaram resultados satisfatórios para os parâmetros avaliados neste

estudo (CPA, CR, MSPA e MSR). Os isolados T05, T07, T08 e T10 não diferiram

estatisticamente do tratamento controle.

Palavras-chave: Arroz Desenvolvimento. Bactérias Biomassa. Desenvolvimento

Sustentabilidade.

Área de interesse do Simpósio: Agronomia.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O arroz é uma planta monocotiledônea, da ordem Poales, família Poaceae, do

gênero Oryza, possuindo em torno de 20 espécies, sendo a Oryza sativa L. a mais

cultivada. Este cereal possui grande valor nutricional, sendo altamente energético,

dispondo ainda de sais minerais e vitaminas do complexo B, além de suas características

possibilitarem uma diversidade de formas de preparo, como pratos salgados ou doces,

também podendo ser associado a outros alimentos, de forma a enriquecer ainda mais a

qualidade nutricional (CONAB, 2015), p.18).

O cultivo do arroz ocorre em dois tipos detanto em ecossistema, o de várzeas sob

inundação, como também e o de terras altas, comumente conhecido como arroz sequeiro,

estando entre um dos cereais mais consumidos no mundo, ocupando uma área total de

159 milhões de hectares, e tendo produção em cerca de 740 milhões de toneladas

(FAOSTAT, 2017), p. 118). O Brasil é o nono maior produtor mundial de arroz, tendo

todos os estados como fontes de cultivo. Na safra de 2018 a setembro de 2019, esta cultura

teve uma ocupação de área total em aproximadamente 1,7 milhões de hectares, tendo uma

produção na faixa de 10 milhões de toneladas (CONAB, 2019), p.16; FAOSTAT, 2017,

p. 118).

O estudo a respeito das interações ocorrentes entre plantas e microrganismos vem

se intensificando, com premissa em entender os vários fatores envolvidos na seleção de

estirpes de bactérias eficientes na promoção de crescimento. No arroz, a inoculação de

bioformulados à base de bactérias, seja na semente ou planta, vem mostrando eficácia na

promoção do crescimento, como o aumento do comprimento da raiz e da parte aérea e a

melhoria na biomassa, o que evidencia o aumento da absorção de nutrientes pela cultura

(FERREIRA et al., 2014;, p. 16; SHARMA, 2014), p. 519).

Em outras culturas, como o feijão-caupi (Vigna unguiculata L.) e lentilha (Lens

culinaris Medik) também se obtiveram melhorias no comprimento da raiz e da parte

aérea, além do aumento na absorção de nutrientes (MINAXI et al., 2012;, p. 130; ZAFAR

et al., 2012), p. 854). Estudos afirmam que as bactérias promotoras de crescimento de

plantas fazem parte da população residente das plantas epifíticas ou endofiticas e não são

fitopatogênicas (MARIANO et al., 2004), p.90).

Devido à importância econômica e social do arroz, dentro do contexto da

necessidade de maior produtividade por área desta cultura, com enfoque na

61

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

sustentabilidade agrícola, torna-se relevante a avaliação do efeito de bactérias promotores

de crescimento vegetal (BPCV) inoculadas a sementes de arroz, em sua fase inicial de

desenvolvimento.

2. METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Proteção de Plantas (LPP) do

Instituto de Ciências Agrárias (ICA), localizado na Universidade Federal Rural da

Amazônia (UFRA). As sementes de arroz (Oryza sativa L.), da cultivar BRS Primavera

foram adquiridas na EMBRAPA Amazônia Oriental, no município de Belém, Pará. Os

isolados utilizados no ensaio de promoção de crescimento foram obtidos de rizosfera de

açaizeiro (Euterpe oleracea) de um plantio comercial localizado no município de Tomé

Açu, Pará. Após a obtenção, os isolados foram purificados e adicionados à coleção de

microrganismos do LPP.

Os isolados foram multiplicados em placa de Petri contendo meio de cultura 523

Kado e Heskett (1970) por 48 h, em temperatura ambiente. Após o crescimento das

colônias foi realizado a suspensão com água destilada para cada isolado, ajustado a uma

concentração de 1,0 X 108 UFC.mL-1, utilizando-se espectrofotômetro ajustado a 550 mm

de absorbância (A550 = 0,1).

As sementes foram semeadas em copos descartáveis de 200 mL contendo terra

preta peneirada. Aos 7 dias, contados a partir da data de semeadura, fez-se a aplicação

dos isolados, via rega, em uma quantidade de 10 mL por repetição. O tratamento controle

recebeu apenas água destilada.

O presente trabalho aAvaliou-se o comprimento da parte aérea (CPA) e o

comprimento da raiz (CR), com o auxílio de uma régua graduada, a massa de matéria

seca da parte aérea (MSPA) e a massa de matéria seca da raiz (MSR), feitas com o auxílio

de estufa de ar forçado a 50ºC por 96h, posteriormente, pesadas com o auxílio de balança

semi-analítica.

O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com dez

tratamentos, sendo nove isolados de rizobactérias (T02; T03; T04; T05; T06; T07; T08;

T09; T10) e o controle (sem rhizobacteria) e quatro repetições. Os dados de comprimento

da parte aérea (CPA), comprimento da raiz (CR), massa seca da parte aérea (MSPA) e

massa seca da raiz (MSR) foram submetidos à análise de agrupamento usando os valores

62

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

médios de cada indivíduo e o grau de similaridade foi obtido pela distância Euclidiana

padrão. Os grupos foram submetidas à análise de variância (ANOVA) e as médias foram

comparadas pelo teste Student-Newman-Keuls (SNK), P < 0,05, usando o software R

versão 3.1.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O efeito da inoculação de bactérias promotoras de crescimento vegetal, na cultura

do arroz, sobre os dados de comprimento da parte aérea (CPA), comprimento da raiz

(CR), massa seca da parte aérea (MSPA) e massa seca da raiz (MSR) foram relevantes ao

nível de 5% de significância. Os tratamentos foram divididos em quatro grupos, pelo

dendograma de similaridade, de acordo com a associação das médias de todos os dados,

separados desde os melhores tratamentos, como os isolados T02 e T06, até os tratamentos

semelhantes ao controle (identificado por T01), sendo os isolados T10, T08, T05, T07

(Figura 1).

Figura 1 – Dendograma de similaridade construído com base nas características fisiológicas das

estirpes de BPCP obtidos de rizosfera de açaizeiro (Euterpe oleracea).

Para o comprimento da parte aérea (CPA), observou-se que isolados T03, T04 e

T09 (grupo 3) apresentaram os maiores índices de parte aérea em relação aos demais

tratamentos (Figura 2). Resultados semelhantes foram encontrados em arroz vermelho

(Oryza Sativa L.), genótipo 405 Embrapa Meio Norte, quando inoculados à

Gluconacetobacter diazotrophicus, as quais apresentaram resultados satisfatórios para o

comprimento da parte aérea em comparação à testemunha (SILVA FILHO, 2016), p. 40).

63

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Silva Filho (2016), p. 42), reportou em seu trabalho que bactérias promotoras de

crescimento induzem a transformação do nitrogênio em amônia solúvel em água, que é

utilizado diretamente pela planta, quando ocorre o processo de fixação biológica do

nitrogênio.

Os isolados dos grupos 3 (T03, T04 e T09) apresentaram maior crescimento da

parte aérea em comparação ao tratamento controle. Entretanto, os isolados T05, T07, T08

e T10 não diferiram estatisticamente do tratamento controle. Supõe-se que, devido à

característica de elevada produção de auxina por algumas bactérias, possa ter inibido o

crescimento da parte aérea das plantas respectivas aos tratamentos do grupo 4.

Estudos realizados em arroz irrigado (Oryza sativa L.), e Lactuca sativa afirmam

que a inoculação de rizobactérias de efeito inibidor possuem capacidade de produção, em

excesso, de auxinas, como o ácido indolacético (AIA), as quais provocam uma redução

no crescimento da parte aérea e/ou da raiz; (SARWAR & KREMER, 1995, p. 265;

BARANZANI & FRIEDMAN, 1999, p. 2402).

Figura 2 – Comprimento da parte aérea (CPA) de arroz submetidas a diferentes aplicações de

bactérias rizosféricas. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si

pelo teste SNK, (p < 0,05). (CPA – CV% = 6,48))

Para o comprimento da raiz (CR), os isolados T02 e T06 não diferiram

estatisticamente, apresentando os melhores resultados para este parâmetro (Figura 3).

Supõe-se que o sinergismo presente entre os mecanismos de ação das bactérias

promotores de crescimento, como solubilização de fosfatos inorgânicos e incrementos na

atividade do óxido nítrico, resultam em maior desenvolvimento radicular (GUIMARÃES,

2018), p. 196).

Trabalhos realizados em cultivares de arroz (Oryza Sativa L.), mostraram que os

tratamentos à base de inoculação de estirpes de bactérias apresentaram valores de

64

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

comprimento radicular superiores aos observados no tratamento controle. Resultados

semelhantes também foram encontrados na cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.),

em que o comprimento radicular nos tratamentos inoculados foi maior do que nos

tratamentos não inoculados (SOUSA et al., 2019;, p. 143; FERREIRA, 2014), p. 658).

Os isolados T03, T04 e T09 não diferiram estatisticamente entre si. O isolados

T05, T07, T08 e T10 não diferiram estatisticamente do tratamento controle, apresentando

os resultados menos satisfatórios em relação aos demais grupos de isolados (Figura 3).

Figura 3 – Comprimento da raiz (CR) de arroz submetidas a diferentes aplicações de bactérias

rizosféricas. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste

SNK, (p < 0,05). (CR – CV% = 9,56)

Para a massa de matéria seca da parte aérea (MSPA), os isolados T02, T06, T03,

T04 e T09 apresentaram resultados satisfatórios em relação aos demais tratamentos

(Figura 4). Trabalhos realizados em cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) mostraram

que a inoculação de rizobactérias resultaram em maior massa de matéria seca das raízes

e da parte aérea. Em arroz vermelho (Oryza sativa L.), resultados semelhantes foram

encontrados para a massa seca da parte aérea, quando inoculadas a isolados de bactérias

promotoras de crescimento. (GIRIO et al., 2015;, p. 39; DUTRA et al., 2014), p. 96)

Estudos realizados em sementes de soja (Glycine max L.) levaram à suposição de

que o ganho de biomassa pode estar associado à capacidade dos isolados em produzir

ácido indolacético (AIA) AIA e solubilizar fosfato (ASSUMPÇÃO et al., 2009), p. 507).

O isolados T05, T07, T08 e T10 não diferiram estatisticamente do tratamento

controle (figura 4). Resultados semelhantes foram encontrados em meloeiro (Cucumis

65

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

melo L.), em que, mesmo inoculado a isolados de bactérias promotoras de crescimento,

não se observou expressividade em relação ao tratamento controle (SILVA et al., 2010).

Figura 4 – Massa seca da parte aérea (MSPA) de arroz submetidas a diferentes

aplicações de bactérias rizosféricas. Médias seguidas pela mesma letra não

diferem estatisticamente entre si pelo teste SNK, (p < 0,05). (MSPA – CV% =

29,48)

Para a massa de matéria seca da raiz (MSR), os isolados T06, T03, T04 e T09

obtiveram os resultados mais relevantes em relação aos demais tratamentos (Figura 5).

Em trabalho realizado na cultura da melancia (Citrullus lanatus L.), observou-se o

incremento na massa seca da raiz induzido pela inoculação de bactérias promotoras de

crescimento (PAIS et al., 2016), p. 3).

O isolado T02 apresentou resultados expressivos em relação ao tratamento

controle. Os isolados T05, T07, T08 e T10 não diferiram estatisticamente do tratamento

controle, os quais obtiveram os resultados menos relevantes em relação aos demais

isolados (Figura 5).

66

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 5 – Massa seca da raiz (MSR) de arroz submetidas a diferentes aplicações de bactérias

rizosféricas. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste

SNK, (p < 0,05). (MSPA – CV% = 29,83)

O efeito da inoculação de bactérias promotoras de crescimento vegetal, na cultura

do arroz, sobre os dados de comprimento da parte aérea (CPA), comprimento da raiz

(CR), massa seca da parte aérea (MSPA) e massa seca da raiz (MSR) foram relevantes ao

nível de 5% de significância. Os tratamentos foram divididos em quatro grupos, pelo

dendograma de similaridade, de acordo com a associação das médias de todos os dados,

separados desde os melhores tratamentos, como os isolados T02 e T06, até os tratamentos

semelhantes ao controle (identificado por T01), sendo os isolados T10, T08, T05, T07

(figura Figura 01).

Para o comprimento da parte aérea (CPA), observou-se que isolados T03, T04 e

T09 (grupo 3) apresentaram os maiores índices de parte aérea em relação aos demais

tratamentos (Figura 2). Resultados semelhantes foram encontrados em arroz vermelho

(Oryza Sativa L.), genótipo 405 Embrapa Meio Norte, quando inoculados à

Gluconacetobacter diazotrophicus, as quais apresentaram resultados satisfatórios para o

comprimento da parte aérea em comparação à testemunha (SILVA FILHO, 2016, p. 40).

Silva Filho (2016, p. 42), reportou em seu trabalho que bactérias promotoras de

crescimento induzem a transformação do nitrogênio em amônia solúvel em água, que é

utilizado diretamente pela planta, quando ocorre o processo de fixação biológica do

nitrogênio.

Os isolados dos grupos 3 (T03, T04 e T09) apresentaram maior crescimento da parte aérea

em comparação ao tratamento controle. Entretanto, os isolados T05, T07, T08 e T10 não

diferiram estatisticamente do tratamento controle. Supõe-se que, devido à característica

67

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

de elevada produção de auxina por algumas bactérias, possa ter inibido o crescimento da

parte aérea das plantas respectivas aos tratamentos do grupo 4.

Estudos realizados em arroz irrigado (Oryza sativa L.), e Lactuca sativa afirmam

que a inoculação de rizobactérias de efeito inibidor possuem capacidade de produção, em

excesso, de auxinas, como o ácido indolacético (AIA), as quais provocam uma redução

no crescimento da parte aérea e/ou da raiz; (SARWAR & KREMER, 1995, p. 265;

BARANZANI & FRIEDMAN, 1999, p. 2402).

Para o comprimento da raiz (CR), os isolados T02 e T06 não diferiram

estatisticamente, apresentando os melhores resultados para este parâmetro (figura Figura

3). Supõe-se que o sinergismo presente entre os mecanismos de ação das bactérias

promotores de crescimento, como solubilização de fosfatos inorgânicos e incrementos na

atividade do óxido nítrico, resultam em maior desenvolvimento radicular (GUIMARÃES,

2018, p. 196).

Trabalhos realizados em cultivares de arroz (Oryza Sativa L.), mostraram que os

tratamentos à base de inoculação de estirpes de bactérias apresentaram valores de

comprimento radicular superiores aos observados no tratamento controle. Resultados

semelhantes também foram encontrados na cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), em

que o comprimento radicular nos tratamentos inoculados foi maior do que nos tratamentos

não inoculados (SOUSA et al., 2019, p. 143; FERREIRA, 2014, p. 658).

Os isolados T03, T04 e T09 não diferiram estatisticamente entre si (figura Figura

3). O isolados T05, T07, T08 e T10 não diferiram estatisticamente do tratamento controle,

apresentando os resultados menos satisfatórios em relação aos demais grupos de isolados

(Figura 3).

Para a massa de matéria seca da parte aérea (MSPA), os isolados T02, T06, T03,

T04 e T09 apresentaram resultados satisfatórios em relação aos demais tratamentos

(figura Figura 4). Trabalhos realizados em cana-de-açúcar (Saccharum officinarum)

mostraram que a inoculação de rizobactérias resultaram em maior massa de matéria seca

das raízes e da parte aérea. Em arroz vermelho (Oryza sativa L.), resultados semelhantes

foram encontrados para a massa seca da parte aérea, quando inoculadas a isolados de

bactérias promotoras de crescimento. (GIRIO, et al., 2015, p. 39; DUTRA et al., 2014, p.

96)

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Estudos realizados em sementes de soja (Glycine max) levaram à suposição de que o

ganho de biomassa pode estar associado à capacidade dos isolados em produzir AIA e

solubilizar fosfato (ASSUMPÇÃO et al., 2009, p. 507).

O isolados T05, T07, T08 e T10 não diferiram estatisticamente do tratamento

controle (figura 4). Resultados semelhantes foram encontrados em meloeiro (Cucumis

melo), em que, mesmo inoculado a isolados de bactérias promotoras de crescimento, não

se observou expressividade em relação ao tratamento controle (SILVA et al., 2010, p.

1121).

Para a massa de matéria seca da raiz (MSR), os isolados T06, T03, T04 e T09

obtiveram os resultados mais relevantes em relação aos demais tratamentos (figura Figura

5). Em trabalho realizado na cultura da melancia (Citrullus lanatus), observou-se o

incremento na massa seca da raiz induzido pela inoculação de bactérias promotoras de

crescimento (PAIS et al., 2016, p. 3).

O isolado T02 apresentou resultados expressivos em relação ao tratamento

controle (figura Figura 5). Os isolados T05, T07, T08 e T10 não diferiram

estatisticamente do tratamento controle, os quais obtiveram os resultados menos

relevantes em relação aos demais isolados (figura Figura 5).

4. CONCLUSÃOÕES

Os isolados T03, T04 e T09 apresentaram os melhores resultados para o

comprimento da parte aérea. Para o comprimento da raiz, os isolados T02 e T06

apresentaram os melhores índices em relação aos demais tratamentos. Os isolados T02,

T03, T04, T06 e T09 não mostraram diferenças significativas entre si, apresentando os

melhores índices para a massa de matéria seca da parte aérea. Para a massa de matéria

seca da raiz, o isolado T06 apresentou os melhores resultados. O grupo quatro, composto

pelos isolados T05, T07, T08, T10 e o tratamento controle apresentaram os resultados

menos satisfatórios em relação aos demais tratamentos.

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5. REFERÊNCIAS

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71

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

EFEITO DO PASTEJO NAS PROPRIEDADES QUÍMICAS DO SOLO NO

PROJETO DE ASSENTAMENTO SÃO FRANCISCO, ELDORADO DOS

CARAJÁS, PA

Kelvis Nunes da Silva1; Eduarda Costa Ferreira2; Vanessa Silva Oliveira2; Nathalia

Ingrid Gomes Machado2; Gleidson Marques Pereira3.

1 Graduando em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará.

[email protected] 2 Graduandos em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará.

3Mestre em Agronomia – Solos e Nutrição de Plantas. Universidade do Estado do Pará;

[email protected].

RESUMO

O uso incorreto dos solos altera diretamente suas características físicas, químicas e

biológicas, resultado do desmatamento, queimadas, expansão da pecuária, compactação

e erosão dos solos. O presente estudo tem como objetivo avaliar as alterações nas

propriedades químicas do solo sob pastagem (Brachiaria brizantha) em distintas

condições de manejo. O estudo foi realizado no lote 102 do Projeto de Assentamento São

Francisco, no município de Eldorado dos Carajás (PA). O solo local foi classificado de

acordo com a Embrapa (2007) como Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico com

textura média/argilosa. Para a coleta das amostras de solo, utilizou-se o inteiramente

casualizado, com total de 12 amostras compostas e dividas entre áreas de pastagens de 1

ano, 2 anos e 30 anos sem tratamento. O resultado mostrou que o teor de matéria orgânica

do solo (MOS) bem como o (N) no pasto de 30 anos sem tratamento, obteve média bem

superior em relação aos demais tratamentos (1 ano e 2 anos), enquanto que os

macronutrientes (P) e (K) apresentaram coeficientes mais baixos em relação aos demais

atributos. Os diferentes manejos nos sistemas pastoris alteraram as propriedades químicas

do solo quando comparados. Os sistemas com pastagens que sofreram reformas em

atividade mantiveram seus atributos químicos para os elementos N, P, K e teores de MO

próximos nas médias observados e sem diferenças estatísticas significativas. As

concentrações dos atributos químicos colaboraram para a avaliação da qualidade do solo,

subsidiando a comprovação de manejos de solo mais sustentáveis.

Palavras-chave: Degradação. Pastagem. Nutrientes do solo.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia

72

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Entre as ações antrópicas negativas sobre o meio ambiente, a degradação do solo

constitui uma das mais preocupantes, visto que tem afetado, diretamente, a vida do

homem. A principal causa da degradação resulta do mau uso do solo, tendo como

consequência a redução da matéria orgânica e, por conseguinte, alterações nas

características físicas, químicas e biológicas do solo (JAKELAITIS et al. 2008).

A degradação do solo decorre do seu uso de maneira incorreta, resultado do

desmatamento, queimada, negligência no manejo da pastagem, compactação e erosão

(CUNHA et al., 2008 apud NEVES NETO et al., 2013). A expansão da pecuária é a

principal causa do acelerado processo de desmatamento na região Amazônica

(MATTEDI, 2007 apud SCHLICKMANN; SCHAUMAN, 2007).

Segundo Rivero et al. (2009), baseado nos estudos de Pikkety et al. (2003) e

Rodrigues (2004), no histórico recente da ocupação da Amazônia, a atividade pecuária

tem se expandido continuamente, o que torna a criação de gado a atividade econômica de

maior impacto em toda região.

Desse modo, as práticas da atividade pecuária são consideradas importantes para

a perda dos nutrientes no solo e matéria orgânica. Estudos relacionados às alterações no

solo podem fornecer subsídios para reduzir os impactos causados pela pecuária na Região

Amazônica. Objetivou-se, neste trabalho, avaliar as alterações nas propriedades químicas

do solo sob pastagem (Brachiaria brizantha) em distintas condições de manejo no

Assentamento São Francisco, no município de Eldorado dos Carajás (PA).

2. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no Lote 102 do Projeto de Assentamento São Francisco, no

Município de Eldorado dos Carajás (PA), localizado à latitude 05º55’21” (S), longitude

49º11’52” (W) (Figura 01) e altitude média local de 140 m. De acordo com a classificação

de Koppen, a região apresenta clima do tipo quente e úmido com temperatura média anual

de 26,5ºC, e a precipitação média anual de aproximadamente 1.757 mm. O solo do local

foi classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico com textura argilosa, de

acordo com a metodologia da Embrapa (2007).

73

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 01 - Localização da área escolhida para a realização das coletas de amostras de solo.

Fonte: Autores, 2019

O Projeto de Assentamento São Francisco tem como aptidão agrícola a banana

(Musa sapiento) e o cupuaçu (Theobroma grandiflorum) como culturas perenes de

principal importância respectivamente no PA. Porém, a pecuária também é um sistema

agrícola de muita importância no local abrangendo a criação em pastejo de animais de

grande e médio porte com solo caracterizado com relevo ondulado e solo bom e

moderadamente drenado e textura argilosa, admitindo-se também a presença e cascalho

pedregosidade ao longo do perfil (SILVA; SILVA; SAMPAIO, 2002).

Para a coleta das amostras de solo, o delineamento utilizou-se o inteiramente

casualizado, com quatro parcelas (repetições) em cada sistema de manejo com 30 anos

sem reforma, 1 ano sem reforma e 2 anos sem reforma respectivamente, onde os mesmos

foram classificados pelo período em que apresentam ausência de adubação e de

mecanização. Dentro de cada área de sistema de uso da terra realizou-se amostragem, por

meio da coleta com auxílio do trado, coletou-se uma amostra na profundidade 0-5 cm.

Coletou-se 20 sub-amostras aleatórias dentro de cada área de tratamento, perfazendo uma

amostra composta, isto é, uma amostra composta por parcela, esta última escolheu-se

através de sorteio (casualização). Ao serem coletadas, as amostras foram imediatamente

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

acondicionadas em sacos plásticos e identificadas. No total coletaram-se 12 amostras, as

quais submeteram-se às análises de parâmetros químicos do solo no Laboratório de Solos

da Embrapa Amazônia Oriental.

Nas amostras coletadas determinou-se o teor de matéria orgânica (MO),

determinado pelo método de Walkey & Black, além dos componentes totais Nitrogênio

(N), Fósforo (P) e Potássio (K) conforme metodologia empregada pela EMBRAPA

(1997). Os dados foram submetidos à análise de variância, e, quando significativos,

analisados pelo teste de Tukey (p <0,05) utilizando o programa SISVAR 5.6.86

(FERREIRA, 2014). Além disso, realizou-se análise de correlação de Pearson em função

do tempo de reforma de pasto e os atributos químicos do solo adotado no trabalho.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação ao teor médio de matéria orgânica, as análises demonstraram (Tabela

01) que o pasto mais antigo (30 anos sem reforma) obteve média de teor de matéria

orgânica bem superior (57,035), em relação aos demais, que obtiveram valores bem

próximos (42,420 e 40,69, respectivamente: pasto de 1 ano sem reforma e 2 anos sem

reforma) e pelo teste de Tukey o pasto de 30 anos diferem entre os outros tratamentos.

Isso concorda com os estudos realizados também na Região Amazônica com a mesma

classificação de solo por Muller et al. (2001), que não observou diferenças importantes

de teor de matéria orgânica, na camada superficial do solo, entre as pastagens com tempos

próximos de reforma.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 1 – Valores de Matéria Orgânica (g/kg) e os Macronutrientes primários P, K e N

(mg/dm³), submetidos a diferentes tempos de tratamento.1

Tratamentos Média Coeficiente de

variação (cv %)

Valor-P

(0,05) Pearson (r)

Nitrogênio (N)

30 anos 0,26 a

9,72 >0,00001 0,90 1 ano 0,18 b

2 anos 0,15 b

Fósforo (P)

30 anos 2,06 c

17,85 >0,00001 -0,88 1 ano 22,55 a

2 anos 13,48 b

Potássio (K)

30 anos 76,58 b

6,98 0,0003 -0,70 1 ano 106,10 a

2 anos 86,38 b

Matéria

Orgânica (MO)

30 anos 57,03 a

7,59 0,0002 0,91 1 ano 42,41 b

2 anos 40,69 b

Médias de mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para o Nitrogênio, o valor de sua média apresenta elevação no pasto de 30 anos e

pelo teste de significância, o mesmo tratamento apresenta diferença significativa em

relação ao pasto de 1 ano e 2 anos respectivamente. Os valores de N estão relacionados

diretamente com a intensidade do pastejo além da densidade de forragem (BARRETO et

al., 2006). Nesse sentido, esse fator é preponderante, o que justifica o elevado valor de N

no pasto de maior tratamento, apresentando nas áreas uma vegetação caracterizada por

apenas plantas daninhas e árvores de médio porte.

Em relação as médias de P, pôde-se observar que diferenciaram entre si segundo

a análise de variância, as características do local podem explicar 94% dessas diferenças.

De acordo com Rodrigues et al. (2008), a presença de perfilho e folhas mais jovens

provocam maior produção de urina nos gados, uma vez que essa fonte de fósforo

apresenta solubilidade ao longo do tempo. O volume de excreções e de nutrientes

retornados ao solo varia com a quantidade de forragem utilizada pelos animais e com a

composição química das plantas ao serem consumidas, ou seja, pastos onde há presença

de bovinos continuadamente apresentam elevados valores de P, que difere do pasto 30

anos, por não apresentar brotamento significativo, além de uma baixa rotação de animais

devido a esse fator.

Através dos valores de correlação de Pearson, observou-se que a relação entre

tempo e os atributos químicos adotados apresentaram convergência, no entanto, os

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

macronutrientes P e K apresentam coeficientes mais baixos em comparação com os

demais atributos.

À medida que o pasto não apresenta uma manutenção, os teores citados tendem a

diminuir, isso ocorre devido à alta procura dos animais para com a vegetação que é fonte

de consumo desses nutrientes, diminuindo o estoque dos mesmos no solo.

Além disso, são atributos solúveis e consequentemente arrastados e consumidos

por espécies consideradas invasoras no pasto, ocasionando na diminuição desses

nutrientes e consequentemente a eficiência do pasto.

A concentração de K diverge dos demais nutrientes, pois apresentou significância

com a maior média (106,10) no talhão de 1 ano, e diferindo das demais áreas pelo teste

de Tukey. O K+ possui facilidade em ser lixiviado segundo os autores Lima; Souza; Silva

(2010) que em seu estudo de variabilidade espacial de atributos químicos do solo,

observou que o potássio se encontra em áreas mais baixas, isso é justificado devido ao

arraste superficial pela água da chuva, dos locais altos para locais baixos, sendo

caracterizado como ambiente de deposição.

4. CONCLUSÃO

Os diferentes manejos nos sistemas pastoris alteraram as propriedades químicas

do solo quando comparados. Os sistemas com pastagens que sofreram reformas em

atividade mantiveram seus atributos químicos para os elementos N, P, K e teores de MO

próximos nas médias observados e sem diferenças estatísticas significativas. As

concentrações dos atributos químicos colaboraram para a avaliação da qualidade do solo,

subsidiando a comprovação de manejos de solo mais sustentáveis.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

BARRETO et al. Características químicas e físicas de um solo sob floresta, sistema

agroflorestal e pastagem no sul da Bahia. Revista Caatinga. v.19, n.4, p.415-425.

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FERREIRA, D. F. Sisvar: a Guide for its Bootstrap procedures in multiple comparisons.

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<ISSN 1413-7054. http://dx.doi.org/10.1590/S141370542014000200001>.

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atributos químicos do solo em área de vegetação natural em regeneração. Revista

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solo e crescimento de raízes. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.36, n.11, p.1409-

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janeiro/abril, 2009.

RODRIGUES et al. Concentrações e quantidades de macronutrientes na excreção de

animais em pastagem de capim-mombaça fertilizada com fontes de fósforo. Revista

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ROCHA JUNIOR, P.R.; SILVA, V.M.; GUIMARÃES, G.P. Degradação de pastagens

brasileiras e práticas de recuperação. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico

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SCHLICKMANN, H.; SCHAUMAN, S.A. Pecuária, desmatamento e desastres

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Disponível em: <http://www-di.inf.puc-rio.br/~endler/links/opinioes/RCA-OL-2017-

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

O EFEITO DA FREQUÊNCIA REGA COM BIOFERTILIZANTES EM

PARÂMETROS BIOMÉTRICOS, TROCAS GASOSAS E FLUORESCÊNCIA

DA CLOROFILA A EM MUDAS DE AÇAIZEIRO

Gleiciane Rodrigues dos Santos1; Rafael Rodrigo2; Gledson Luiz Salgado de Castro 3;

Alice Cavalcante 4; Gisele Barata da Silva5

1 Doutoranda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 2Mestre em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 3Doutor em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 4Graduanda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 5 Drª em Fitopatologia e professora. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

RESUMO

O crescimento lento e o menor vigor das mudas de açaizeiro limitam a expansão dos

plantios comerciais. O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da frequência rega com

biofertilizantes na biometria, trocas gasosas e fluorescência da clorofila a em mudas de

açaizeiro. Os tratamentos consistiram das inoculações individuais de cinco isolados de

rizobactérias, Mix de Trichoderma e um controle (inoculados com água) nas raízes das

mudas de açaizeiro. Os dados de biometria foram submetidos a análise de agrupamento, e as médias dos grupos foram comparadas pelo teste SNK (P<0,05). Três grupos foram

formados, sendo o grupo 1 composto pelo controle, o grupo 2 composto pelas

Rizobactérias (R-38, R-46, R-55, R-61 e R-92) e o grupo 3 composto pelo Mix de

Trichoderma (T06, T09, T12 e T52). Os isolados dos grupos 2 e 3 promoveram aumento

no crescimento e melhoria nos parâmetros de trocas gasosas e fluorescência da clorofila

a em comparação ao grupo 1. Os resultados evidenciam que a segunda rega é a mais

eficiente para acelerar o crescimento e aumentar a eficiência fotossintética em mudas de

açaizeiro.

Palavras-chave: Euterpe oleracea. Microrganismos. Bioestimulantes

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O açaizeiro é uma palmeira nativa da Amazônia e de grande interesse econômico

no Brasil e no mundo. O Brasil é o maior produtor mundial do fruto de açaí, sendo o

estado do Pará o maior produtor nacional (IBGE, 2013). A maior demanda nacional e

internacional pela fruta na última década estimulou a mudança do sistema de produção

extrativista para plantios comerciais em grandes áreas (OLIVEIRA; NETO, 2004).

Entretanto, o crescimento inicial e o menor vigor limitam a produção de mudas nos

viveiros (COSTA; OLIVEIRA; OHAZE, 2004).

Na literatura atual, existem diversos estudos que reportam as possíveis influências

dos microrganismos promovendo o crescimento de mudas de palmeiras, como palma de

óleo (OM et al. 2009) e coco (GEORGE et al. 2013). Os biofertilizantes estimulam o

crescimento das plantas por diversos mecanismos, que incluem a melhoria da

transformação e aquisição de nitrogênio, auxilia na mineralização de fósforo, estimula a

produção de fitohormônios (KUREPIN et al., 2015; RASHID et al., 2016; VIMAL et al.,

2016; BELL et al., 2015; CHAUDHARY; SINDHU 2016).

O uso da tecnologia microbiana em mudas de açaizeiro pode acelerar o

crescimento e diminuir o tempo para obtenção das mudas em viveiros, contribuindo para

aumentar o vigor e diminuir a taxa de mortalidade das plantas no campo. O objetivo do

estudo foi avaliar à influência da frequência rega com os biofertilizantes na biometria,

trocas gasosas e fluorescência da clorofila a em mudas de açaizeiro.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 PREPARO DE MUDAS

Sementes de açaizeiro (cultivar BRS-Pará) foram semeadas em bandejas de

plástico contendo 2,5 L de substrato composto de fibra de coco triturada (Golden mix).

Aos 32 dias após a germinação, as plântulas que apresentaram duas folhas expandidas e

altura próxima de 13 cm foram transplantadas para sacos de plástico (15 x 25 cm,

comprimento x altura) contendo substrato composto de 60% de Latossolo e 40% de cama

de aviário curtida.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2.2 Isolados de Rizobactérias e Trichoderma asperrellum

Os isolados de Rizobactérias (R 38, R 46, R 55, R61 e R 92) e T. Mix (T06, T09,

T12 e T52) utilizados no ensaio são provenientes da coleção de microrganismos do

Laboratório de Proteção de Plantas (LPP) da Universidade Federal Rural da Amazônia-

UFRA, campus Belém.

2.3 Inoculação das rizobactérias e Trichoderma asperrellum

As rizobactérias (R-38, R-46, R-55, R-61 e R-92) foram cultivadas em meio sólido

523 (Kado; Heskett 1970) durante 48 h, a 28 ºC. As suspensões bacterianas foram

preparadas com água destilada e esterilizada, e a concentração foi ajustada em

espectrofotômetro para A540 = 0,5 (108 UFC). Os isolados de Trichoderma asperrellum

(T06, T09, T12 e T52) foram primeiramente cultivados em meio sólido BDA (batata,

dextrose e ágar) durante 96 h, a 28ºC. A partir dessas placas, foram preparadas suspensões

de conídios, ajustadas em câmara de Neubauer para 1 x 108 conídios mL-1. As plântulas

foram imersas em 500 mL da suspensão da PGPR e Mix de Trichoderma durante 30 min.

As plântulas do controle foram imersas em água destilada e esterilizada. Em seguida, foi

realizada uma segunda rega com 15 dias e uma terceira com 30 dias com 50 mL/plântula

da suspenção da PGPR e Mix de Trichoderma.

2.4 Avaliação do crescimento e biomassa

A promoção do crescimento foi avaliada aos cinco meses após a germinação das

sementes. A altura das plantas e o diâmetro do coleto foi mensurado com paquímetro

digital (precisão de 0,02 mm). O índice de robustez foi calculado pela razão entre a altura

da planta e diâmetro do coleto. O número de folhas foi avaliado através da contagem

direta das folhas.

2.5 Trocas gasosas e fluorescência da clorofila a

As trocas gasosas foram medidas aos três meses após a inoculação da rizobactérias

e do fungo Trichoderma. A assimilação líquida de CO2 (A), condutância estomática ao

vapor de água (gs), concentração intercelular de CO2 (Ci) e taxa de transpiração (E) foram

medidos com o LI-6400XT, LI-COR, Lincoln, NE. A fluorescência da clorofila a foi

determinada simultaneamente com as trocas gasosas utilizando-se uma câmara de

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

fluorescência IG 6400-40; LI-COR Inc. Foram estimados a Fluorescência inicial (Fo),

Fluorescência máxima (Fm), Eficiência fotoquímica efetiva do PSII (Fv’/Fm’), Taxa de

transferência de elétrons (ETR), Coeficientes de dissipação fotoquímica (qP) e

Coeficientes de extinção não fotoquímica(NPQ) de acordo com MAXWELL;

JOHNSON, 2000.

2.6 Análise estatística

O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com sete

tratamentos cinco isolados de rizobactérias, Mix de Trichoderma e o controle (sem

rizobactéria ou Trichoderma) e quatro repetições. Os dados de crescimento foram

submetidos à análise de agrupamento usando os valores médios de cada indivíduo e o

grau de similaridade foi obtido pela distância Euclidiana padrão. Os grupos foram

submetidas à análise de variância (ANOVA) e as médias foram comparadas pelo teste

Student-Newman-Keuls (SNK), P < 0,05, usando o software R versão 3.1.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os isolados testados na frequência de rega promoveram o crescimento em

mudas de açaizeiro (Figura 1). A análise de agrupamento revelou a formação de três

grupos na primeira rega, onde o tratamento controle composto pelo grupo 1 foi inferior

para todas as variáveis de promoção de crescimento em relação aos grupos 2 e 3,

composto pelos isolados R-38; R-46; R-55; R-61; R-92 e o T MIX, respectivamente. A

segunda e terceira rega também revelaram a formação de três grupos, onde o tratamento

controle foi inferior para todas as variáveis de promoção de crescimento (Figura 1).

Dentre as regas utilizadas com os biopromotores de crescimento, houve destaque para

segunda rega para todas as variáveis biométrica em mudas de açaizeiro.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 1: Avaliação biométrica em mudas de açaizeiro (5 meses), inoculadas com

biopromotores em relação ao controle.

dAvaliações biométricas aRegas bGrupos cIsolados ALT

(cm)

NF DC

(mm)

IR

1X

1 Controle 40,12 c 3,25 b 8,07 b 4,97 b

2 R 46; R 55; R 61; R 92;T. Mix 49,55 b 4,20 a 9,15 ab 5,45 ab

3 R 38 57,25 a 3,75 ab 9,78 a 5,89 a

CV % 6,39 10, 5 8,96 7,46

2X

1 Controle 44,00 b 4,25 a 8,97 b 5,00 b

2 R 38; R 46; R 55; R 61; R 92. 54,94 b 4,31 a 10,65 a 5,19 ab

3 T. Mix 65,25 a 4,5 a 11,19 a 5,83 a

CV % 9,76 8,96 10,18 9,54

3X

1 Controle 44,00 b 4,25 a 9,39 b 4,68 ab

2 R 38; R 46; R 55; R 61; T.MIX. 53,35 a 4,40 a 10,80 ab 5,16 a

3 R 92 42,15 b 4,25 a 11,39 a 4,35 b

CV % 13,70 12,60 12,77 11,24 aFrequência de regas com suspensão dos biopromotores; bgrupos de similaridade de acordo com

a matriz Euclidiana; cIsolados de rizobactérias (R38, R46, R 55, R 61 e R 92) e T. Mix (4 isolados

de Trichoderma asperrellum) e dAvaliações biométricas: Altura em cm (ALT), Número de folhas

(NF), Diâmetro do coleto em mm, (DC) e Índice de robustez (IR).*Médias com letras iguais não

diferem significativamente de acordo com o teste Student-Newman-Keuls (P<0,05).

Na segunda rega todas as variáveis de crescimento apresentaram aumento

significativo, o aumento variou entre 23 e 47% para a altura de planta, em 19 e 32% para

o diâmetro do coleto, o número de folha em 38% e, em 3 e 17% para o índice de robustez

para os isolados dos grupos 2 e 3, respectivamente em comparação com o grupo 1.

O crescimento da parte aérea, assim como do número de folhas observados no

grupo 2 e 3 (Figura 1) pode ser atribuído a capacidade das rizobactérias e do fungo

Trichoderma de induzir a síntese de giberelinas e citocininas que regulam a expansão

foliar e síntese de clorofilas (DODD et al. 2010; KANG et al. 2014). ). Nascente et al,

(2016) reportaram que a aplicação de microrganismos como Serratia sp. (BRM32114),

Bacillus sp. (BRM32110 and BRM32109) e o Mix de Trichoderma asperellum

promoveram um aumento na taxa fotossintética e na biomasssa seca da folha em planta

de arroz.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 2. Avaliação de trocas gasosas em mudas de açaizeiro tratadas com duas regas como

os biofertilizantes.

aGrupos bIsolados

cAvalições de Trocas gasosas

A Ci gs E

1 Controle 11,67 b 357,14 a 0,0563 b 1,3512 b

2 R-38; R-46; R-55;

R-61; R-92 14,17 a 353,62 a 0.0756 ab 1,8483 ab

3 T. MIX 15,61 a 360,05 a 0,0849 a 2,1107 a

CV (%)

12,37 1,41 22,63 20,98

Grupos de similaridade de acordo com a matriz Euclidiana; bIsolados de rizobactérias (R 38,

R 46, R 55, R 61 e R 92) e o Mix de Trichoderma asperrellum (T06, T09, T12 e T52) e cAvaliações de Trocas gasosa: (A) Taxa de assimilação líquida de CO2, (Ci) Concentração

intercelular de CO2, (gs) Condutância estomática ao vapor de água e (E) Transpiração.*Médias

com letras iguais não diferem significativamente de acordo com o teste de Student-Newman-

Keuls (P<0,05).

Os resultados da segunda rega com os biofertilizantes aumentou o desempenho

fotossintético através dos parâmetros de trocas gasosas e fluorescência da clorofila a. Os

aumentos variaram entre 21 e 34% para A, em 34 e 52% para gs, em 19% e 32% para Ci

e, em 36 e 56% para E nos grupos 2 e 3, respectivamente (Tabela 2). Dentre os

biofertilizantes utilizados na avaliação de trocas gasosas o Mix de Trichoderma,

destacou-se com aumento na taxa de assimilação líquida de carbono (A), condutância

estomática ao vapor de água (gs), carbono intercelular (Ci) e taxa de transpiração (E).

A variável de concentração intercelular de CO2 (Ci), não apresentou diferença

estatística em comparação ao grupo 1, corroborando, assim, com os resultados relatados

por Nascente et al (2016). Entretanto, os parâmetros de A e E nos grupos 2 e 3 foram

maiores em relação ao grupo 1, provavelmente essas variáveis foram influenciadas pelo

maior nível de abertura estomática (gs) em comparação ao grupo 1. Zhang et al (2008),

relataram que algumas rizobactérias têm a capacidade de modular as trocas gasosas e o

metabolismo ABA, provavelmente o aumento da densidade de estômatos nessas plantas

inoculadas com grupos 2 e 3 induziu o aumento na taxa de assimilação líquida de carbono

(A) em relação a plantas inoculadas do grupo 1 (Figura 2).

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 3. Avaliação da Fluorescência da clorofila a em mudas de açaizeiro tratadas com duas

regas com biofertilizantes.

aGrupos bIsolados cAvaliações de Fluorescência da Clorofila a

Fo Fm Fv/Fm ETR qP NPQ

1 Controle 425,96 ab 2079,60 a 0,78 b 83,86a 0,32a 1,74a

2 R-38; R-46; R-

55; R-61; R-92 351,52 b 2146,69 a 0,83 a 91,44a 0,33a 1,03b

3 T. MIX 456,37 a 2077,03 a 0,78 b 86,10a 0,34a 1,23b

CV

(%) 16,57 2,85 4,47 10,71 17,33 21,75

aGrupos de similaridade de acordo com a matriz Euclidiana; bIsolados de rizobactérias (R 38, R

46, R 55, R 61 e R 92) e o Mix de Trichoderma asperrellum (T06, T09, T12 e T52) e cAvaliações

de Fluorescência da Clorofila a: (Fo) Fluorescência inicial, (Fm) Fluorescência máxima,

(Fv’/Fm’) Eficiência fotoquímica efetiva do PSII, (ETR) Taxa de transferência de elétrons , (qP)

coeficientes de dissipação fotoquímica e (NPQ) Coeficientes de extinção não

fotoquímica.*Médias com letras iguais não diferem significativamente de acordo com o teste de

Student-Newman-Keuls (P<0,05).

Todos os isolados do grupo 2 induziram reduções médias de 21% para Fo, 21 %

para NPQ em relação as plantas do grupo 1. Entretanto, a variável eficiência fotoquímica

efetiva do PSII (Fv’/Fm’) aumentou em 9 % em comparação as plantas do grupo 1 e 3

(Figura 3). Provavelmente, essas bactérias do grupo 2 induziram o aumento do conteúdo

de clorofilas que podem ter contribuído para a maior eficiência na absorção de luz,

transferência de energia, transferência de elétrons e maior controle na dissipação do

excedente de energia térmica, como observado em plantas de pimenta inoculadas com

Bacillus (SAMANIEGO-GÃMEZ et al. 2016).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre, as regas utilizadas com os biofertilizantes no presente trabalho a segunda

rega destacou-se positivamente na biometria, trocas gasosas e fluorescência da clorofila

a em mudas de açaizeiro.

86

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

O biofertilizante a base de Trichoderma asperrellum acelerou o crescimento de

em mudas de açaizeiro e trocas gasosas.

A inoculação do Mix de Trichoderma asperrellum pode contribuir para o manejo

sustentável da produção de mudas de açaizeiro em viveiros.

87

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5. REFERÊNCIAS

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL DO USO GLIFOSATO NA

AGRICULTURA

Ruricksson Progênio da Conceição1; Mayke Feitosa Progênio2; Ynglety Cascaes

Pereira3; Yash Brendo Pereira Coelho Guimarães4; Felipe Angolini Karpinski5

1 Engenheiro Agrônomo graduado pela Universidade Federal Rural da Amazônia

(UFRA).

[email protected] 2 Doutorando em Engenharia civil na Universidade Federal do Pará (GAES/GEEPAM).

[email protected] 3 Mestranda na Universidade Federal Rural da Amazônia (PPGEA).

[email protected] 4Mestrando na Universidade Federal Rural da Amazônia (PPGEA).

[email protected] 5 Engenheiro Agrônomo graduado no Centro Universitário Luterano de Santarém.

[email protected]

RESUMO

O herbicida glifosato é amplamente utilizado na agricultura, e tem se tornado uma

preocupação ambiental devida seus efeitos deletérios aos microorganismo do solo e da

água, sendo um potencial causador de desequilíbrio ambiental. Desta forma é importante

a discussão sobre o tema, novas pesquisas e tecnologias a respeito do mesmo, assim como

propor métodos de manejo a fim de reduzir o uso exagerado deste químico. O objetivo

deste estudo foi discorrer, sobre a utilização do glifosato na agricultura, seu

comportamento no solo e possíveis alternativas de manejo para redução de seu uso na

produção agrícola. O presente trabalho utiliza-se de levantamento bibliográfico como

ferramenta metodológica, de produções cientificas relacionadas ao uso do glifosato, seus

efeitos no ambiente, formas de degradação, e técnicas de manejo estudados no intuito de

reduzir sua utilização. As conclusões obtidas foram que apesar de algumas técnicas de

remediação do glifosato no ambiente terem se mostrado promissoras, como a utilização

de biorreatores com bactérias de biofilme e adsorção em carvão ativado, as mesmas são

métodos dispendiosos, e que ainda necessitam de mais pesquisas. Assim reduzir a

utilização do glifosato na agricultura se mostra mais eficiente e possível de ser feito

através de manejo adequado da produção, utilizando da técnica do plantio direto, assim

como o planejamento adequado da safra.

Palavras-chave: Ambiente. Herbicidas. Manejo.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia

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1. INTRODUÇÃO

O uso de herbicida na agricultura seja para controle de plantas daninhas, ou como

dissecante, é uma técnica de uso generalizado e frequente. Verificando-se, que em

determinadas situações de uso contínuo, há existência de gramíneas resistentes aos

herbicidas, como a Digitaria Insularis também conhecida como capim-amargoso, que

possui resistência ao herbicida glifosato (Ferreira, 2019).

O princípio ativo do herbicida não atinge diretamente o ser humano, mas seu efeito

de contaminação do solo é preocupante, uma vez que, o solo é um sistema vivo e

heterogêneo, muito sensível a mudanças químicas e físicas que podem interferir na sua

microbiota (MADALÃO et al, 2016). Sendo a degradação microbiana o principal

processo que influência na dinâmica do herbicida no solo, o que inclui sua persistência

no mesmo e susceptibilidade de lixiviação, é imperativo a manutenção desta biota

(TEJADA, 2009).

A classificação para os agroquímicos (herbicidas) varia de acordo com seu grupo

químico, formulação, seletividade, índices toxicológicos e mecanismo de ação. Esses

mecanismos podem ser sistêmicos ou por contato, no primeiro a ação ocorre através do

sistema xilema e floema da planta, sendo transportado para os pontos de crescimento,

inibindo a síntese de aminoácidos (PRUDENCI; JÚNIOR, 2019), já no segundo, o

químico causa a destruição dos tecidos atingidos, sendo o principal foco o tecido foliar,

responsável pelas trocas gasosas e pela fotossíntese (ZUCONELLI, 2018).

Neste estado da arte, estão os herbicidas organofosforados que vem sendo

amplamente utilizados nas lavouras. Estes por sua vez tornaram-se uma questão de

preocupação ambiental, devido os efeitos nocivos desses produtos químicos aos

processos biológicos do solo e da água (SVIRIDOV et al, 2015; FRANCESCHI et al,

2017; FARIA, 2018;). Os organofosforados são compostos orgânicos formados de

ligações fosforo-carbono, sendo base da maioria dos herbicidas utilizados na agricultura,

sendo os mais conhecidos o 2,4D e o glifosato (BARBOSA et al,2018). Desta forma, é

muito importante que pesquisas sejam feitas dentro deste tema, buscando novas soluções

e tecnologias a respeito da degradação do glifosato. O objetivo deste trabalho foi

discorrer, sobre a utilização do glifosato na agricultura, sua dinâmica no solo, e possíveis

alternativas de manejo para a redução do uso do mesmo dentro do ambiente de produção.

91

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2. METODOLOGIA

O presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica, e para a seleção foram

utilizadas as bases de dados Scielo, Elsevier e Google acadêmico, com publicações do

período de 2015-2019, sendo o tema central: o uso intensivo do herbicida glifosato na

agricultura. Foram utilizados os descritores controlados: dinâmica do glifosato no solo,

biodegradação de herbicidas, processos de adsorção de glifosato, impactos ambientais por

herbicidas, plantio direto, modelagem estocástica de previsão. Sendo realizado o

diagnóstico de estudos já realizados, que descrevem aplicações e resultados obtidos a

respeito do tema.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. UTILIZAÇÃO DO GLIFOSATO NA AGRICULTURA BRASILEIRA

O Brasil nos últimos anos tem se tornado um dos maiores produtores e

exportadores de soja, com produção de 123,664 milhões de toneladas, segundo maior

produtor do mundo atrás dos norte-americanos (CONAB, 2018). Toda essa escala de

produção é consequência de maiores investimentos em tecnologia, melhor uso da terra e

também da expansão das fronteiras agrícolas, principalmente para a região norte

(EMBRAPA, 2013).

O sucesso de uma boa produção está intimamente ligado aos tratos culturais

realizados, seja contra pragas ou doenças, assim como plantas oportunistas no caso das

plantas daninhas (MAGALHÃES et al, 2001). As plantas daninhas ou espontâneas, são

espécies vegetais que afloram dentro de uma produção causando prejuízo econômico ou

material dentro da mesma (LORENZI, 1984; MELLONI et al, 2016). Assim, a

metodologia aplicada no manejo dessas invasoras, vai depender do tipo e escala de

produção, assim como o seu tipo. Dessa forma, é comum em áreas muito extensas o uso

mais de métodos químicos do que físicos, devido a facilidade de aplicação por

pulverização, e também a rapidez de ação do químico, os herbicidas organofosforados

podem ser de contato ou sistêmicos, sendo os mais populares o glifosato (N-

fosfonometilglicina) e o 2,4-D (Ácido 2,4-diclorofenoxiacético) (LACERDA et al, 2001;

MACIEL et al, 2005; TOLEDO et al, 2012).

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Nas principais culturas econômicas, principalmente a soja, o glifosato além de ser

usado como químico de controle de daninhas, também é utilizado como dissecantes pós

emergentes, para evitar atraso de colheita (MARCANDALI et al, 2011). De acordo com

a Associação Brasileira de Produtores de Soja (APROSOJA) a média de aplicação por

hectare de glifosato varia de 2 a 4 litros, considerando a área plantada de soja no Brasil

de 5,89 milhões de hectares prevista para safra de 2018/2019, serão 29,45 milhões de

litros destinados a produção de soja neste ciclo (APROSOJA, 2018). A utilização

exagerada desses químicos além de acarretar em danos ambientais tanto ao solo como a

corpos hídricos, os mesmos podem deixar resíduos na semente prejudicando na sua

qualidade, e deterioramento de seu tegumento, além de ser uma possível fonte de

contaminação (GOUVÊA et al, 2015).

3.2. ADSORÇÃO E BIODEGRADAÇÃO DA MOLECULA DE GLIFOSATO

A grande expansão da agricultura, trouxe consigo maior demanda na utilização de

agentes de controle químico, apenas neste ano, o ministério da agricultura, liberou 262

novos registros de agrotóxicos (MAPA, 2019). Além do fato de algumas moléculas já

apresentarem estudos no exterior sobres seus efeitos maléficos ao meio ambiente, a

flexibilização na utilização desses químicos pode acarretar na perca de eficácia do mesmo

sobre o agente causador (PAPA et al, 2014).

Devido aos efeitos nocivos dos agrotóxicos ao meio ambiente, estudos são

realizados sobre a degradação do mesmo, sua dinâmica no solo, na água e também na

atmosfera (RIBEIRO, 2010). O estudo realizado por Gorza (2012), avaliou a remoção de

glifosato, e metabólitos, em uma planta piloto, associada a pré-oxidação com dióxido de

cloro e adsorção com carvão ativado granular (CAG), onde na concentração de 0,620

mg.L-1 de glifosato ouve a eficiência de remoção de 85% do residual do herbicida

mencionado.

A eficiência de alguns métodos podem ser questionados quanto a remoção do

glifosato, como no trabalho de Lopes (2017), que utilizou de biorreatores de membrana

para remoção de glifosato e 2-4D, onde inicialmente ouve a retenção/adsorção dos

herbicidas no lodo ativado, porém, ao longo do tempo houve a eliminação gradativa do

químico para a solução, sendo assim pouco eficiente neste processo. Entretanto, o método

com biorreatores se mostrou eficaz quando utilizado em conjunto com carvão ativado

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granular, onde na concentração de 10 mg.L-1 de glifosato ouve a taxa de remoção de 90%.

Vargas et.al (2019), em seu trabalho com a utilização de bactérias do gênero limnoperma

na degradação do glifosato em água, verificou a eficiência da degradação do herbicida

através da bactéria, onde na concentração de 6 mg.L-1 do herbicida ouve a remoção de

grande parte do mesmo assim como sua dissipação no meio aquoso, demonstrando a

eficácia dessas bactérias em degradar o glifosato, porém essa dissipação de nutrientes

decorrente da degradação, pode acelerar o processo de eutrofização dos recursos hídricos.

O glifosato no ambiente quando não absorvido por plantas, tende a forma

complexos com íons de Ca2+ e Mg2+, sofrendo sorção com sedimentos ou partículas

suspensas na água ou no solo, ou sendo biodegradado por microorganismos (SOUZA et

al, 2017). A biodegradação por microorganismos podem ocorrer de maneira direta ou

indireta, envolvendo a oxidação dos compostos intermediários, sendo o catabolismo e o

metabolismo microbiano os principais meios de mineralização (ZOBIOLE et al, 2010).

A rota de degradação do glifosato mais comum envolve a conversão do mesmo em ácido

aminometilfosfônico (AMPA), como metabólito principal através da ação de enzimas

oxirredutases e transaminases, que modificam as ligações entre carbono e fósforo

(TEJADA, 2009).

De acordo com Andrighetti et.al (2014), em seus estudos sobre biodegradação de

glifosato pela respiração da microbiota do solo, mostraram que a capacidade dos

microorganismos edáficos em degradar o mesmo, estavam diretamente relacionados com

a não presença deste a priori no solo e com o intervalo de tempo entre as aplicações. De

acordo com Tang et al. (2019), o glifosato quando utilizado por longos períodos sobre o

mesmo solo, acarreta efeitos adversos a multiplicação dos microorganismos do solo,

diminuindo sua eficácia na degradação da molécula. Desta forma um bom manejo de

aplicação, junto a trocas consecutivas de moléculas químicas, auxilia na redução destes

efeitos e possíveis danos ambientais (SÁ; ROCHA, 2018).

3.3. MÉTODOS E AÇÕES POSSIVEIS PARA REDUÇÃO DO USO DO GLIFOSATO

NA AGRICULTURA

Atualmente muito se é discutido na literatura sobre o uso exacerbado dos

agrotóxicos, seja por seus impactos ao meio ambiente, como também a saúde humana

(ALMEIDA et al, 2017; OLIVEIRA et al, 2018). Entretanto a sua utilização não deveria

94

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

ser discriminada, esses químicos exercem um papel fundamental dentro do processo de

produção, ao contrário de ser visto como o principal ferramenta de controle, o mesmo

deveria ser usado como mais um, de um conjunto de métodos profiláticos de controle

(SOUZA et al, 2016).

Em pequenas propriedades o método físico pode ser mais aplicado como capinas,

coroamentos, uso de cobertura morta, assim como a queima controlada, são alternativas

eficazes no controle de plantas daninhas (ANJOS et al, 2016). A utilização de cobertura

morta, tem grande eficiência no controle de daninhas, como realizado no trabalho de

Tonin et.al (2017), onde o mesmo utilizou de maravalha e acícula de pinus como

cobertura, obtendo grande eficiência na diminuição da taxa de proliferação dessas

espontâneas, equiparado ao mulching de polietileno.

Se tratando de áreas mais extensas, como na cultura de soja e milho, também pode

ser utilizado o uso de cobertura morta, como no caso do sistema de plantio direto, onde a

cobertura serve de barreira para a passagem da luz, impedindo a germinação do banco de

sementes do solo (MARCHESAN et al, 2016). Este método também pode ser aplicado

em diversas outras culturas, como o feijão e a cana-de-açúcar, os benefícios vão além,

como proteção do solo a erosão e manutenção da umidade (ORDOÑEZ-GÓMEZ;

REÁTEGUI-DÍAZ; VILLANUEVA-TIBURCIO, 2018).

O glifosato também é utilizado como dissecante na cultura da soja, o que está

relacionado diretamente ao tempo que esta cultura passa no campo (SILVA; FENILLI

JUNIOR; LORENZETTI, 2016). Para que a soja seja colhida no tempo certo, são

necessários períodos consecutivos de pouca umidade, ou seja, poucas lâminas de

precipitação pluvial (PINTO et al, 2017). Uma forma de contornar esta situação, se

encontra dentro do planejamento agrícola, onde o produtor, com dados climáticos em

mãos, poderia fazer seu plano de safra diante as adversidades do clima. O método de

estimativa de precipitação diária, vem sendo estudado como uma ferramenta a auxiliar o

desenvolvimento agrícola de uma região, onde através de uma séries de modelos de

probabilidades é possível estimar a precipitação tanto no espaço como no tempo, desta

forma sendo possível plantar e colher no período certo ( CALGARO et al, 2009; BAÚ;

AZEVEDO; BRESOLIN, 2013; TEIXEIRA-GRANDA et al, 2017).

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

De acordo com Progênio (2019), a modelagem estocástica de precipitação

pluviométrica, é uma ferramenta eficaz na definição da probabilidade de ocorrência de

chuvas diárias, em seu trabalho na Região Hidrográfica Tocantins-Araguaia (RHTA),

conseguiu reproduzir as quantidades de dias secos e chuvosos de forma satisfatória

através da cadeia de markov (CM) de 1ª ordem. Assim, em posse das informações obtidas

por estes modelos hidrológicos, o calendário agrícola pode ser otimizado, ou seja, o

processo de colheita será realizado no período de maior probabilidade de ocorrência dos

dias secos. Portanto, a utilização de dissecantes químicos neste caso não serão mais

necessários.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização do glifosato na agricultura é uma prática rotineira para a maioria dos

produtores, sejam estes grandes ou pequenos, mudar a percepção destes é importante

atualmente para o desenvolvimento sustentável. O estudo de novas técnicas para lidar

com a contaminação por herbicidas tanto de solos como de recursos hídricos se fazem

necessários, dentre estas a adsorção do glifosato em biorreatores de membrana com

bactérias de biofilme assim como em carvão ativado se mostrou promissores. Todavia

são métodos dispendiosos e que ainda carecem de pesquisa. A microbiota do solo se

mostrou importante no processo de biodegradação deste herbicida, revelando a

necessidade de rotatividade de produtos químicos assim como a sua alternância e

intervalos de uso prolongados para a manutenção da mesma. A necessidade de utilização

do glifosato pode ser reduzida através de métodos como o plantio direto, sendo o mesmo

eficaz no controle de plantas daninhas, além de outras melhorias que o mesmo agrega ao

solo. O plano de safra, é a melhor alternativa para redução do uso do glifosato como

dissecante, aliado a modelagem estocástica de precipitação, pode se torna a forma mais

lucrativa para o agricultor, reduzindo o uso de químicos na sua produção. Porém, são

necessários mais estudos voltados diretamente para as principais culturas comerciais,

principalmente na região Amazônica.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

PRODUÇÃO HIDROPÔNICA DE ALFACE INTEGRADA À PRODUÇÃO DE

PESCADO COMO FORMA DE TRATAMENTO DO EFLUENTE

Janete da Silva Souto1; Haroldo. Ferreira de Araújo2; Gessica de Lima Mota3.

1 Aluna do Curso Técnico em Agropecuária, Instituto Federal do Pará

(IFPA);[email protected] 2 Prof. Dr. Instituto Federal do Pará (IFPA), [email protected]

3 Técnico (o) em Agropecuária, Instituto Federal do Pará (IFPA).

RESUMO

Produzir com sustentabilidade é uma das principais prioridades globais da agricultura, e

encontrar métodos sustentáveis para aumentar a produção de alimentos tornou-se o foco

principal de muitas pesquisas agrícolas. Assim, objetivou-se com esta pesquisa avaliar a

viabilidade da produção de alface integrada à produção de pescado, utilizando seu

efluente sem tratamento prévio como solução nutritiva com duas densidades de peixes,

comparando sua eficiência produtiva com o sistema convencional. A pesquisa foi

desenvolvida no Campus experimental do IFPA/Campus Breves região do Marajó.

Utilizou-se bancadas de produção hidropônica alternativa (PVC 50 mm) alocadas em uma

casa de vegetação. Estas bancadas foram abastecidas com água de efluente da

piscicultura, advinda de dois sistemas intensivos de criação de peixes, a exceção do

tratamento testemunha que foi utilizada solução nutritiva convencional. Os sistemas de

produção verso criação funcionaram em circuito fechado, sendo a entrada e a saída de

água, controlada em função da programação de um timer analógico utilizado para o

controle da frequência de irrigação das bancadas hidropônicas. A análise dos dados de produção, mostraram uma média (g/planta) abaixo do padrão comercial, obtendo plantas

estioladas e com baixa qualidade comercial. Além disso, observou-se que a fonte hídrica

utilizada (água coletada do telhado do Instituto) interferiu na qualidade produtiva, visto

que esta não foi tratada previamente antes do uso, bem como, o excesso de excretas dos

peixes, principalmente no tanque com maior densidade de peixes. Assim, diante dos

resultados, concluiu-se que é possível produzir alface integrada à produção de pescado,

utilizando o efluente sem tratamento prévio como solução nutritiva, seja com uma média

de 4 e 6 peixes de 120 g/100 l de água, sendo equiparados a utilização de solução

convencional, desde que sanado os seus inconiventes.

Palavras-chave: Aquoponia. Produção alternativa. Efluente da piscicultura.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia

102

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Produzir com sustentabilidade é uma das principais prioridades globais da

agricultura, e encontrar métodos sustentáveis para aumentar a produção de alimentos

tornou-se o foco principal de muitas pesquisas agrícolas. Contudo, para Petrea et al.

(2016), a maximização do lucro continua sendo o objetivo principal de toda atividade

econômica, vislumbrando assim, a integração de sistemas de recirculação da aquicultura

com diferentes técnicas de aquaponia uma resposta aos dois requisitos mencionados

acima. Vale salientar, que piscicultura intensiva em cativeiro com fornecimento de

alimento a base de proteína (rações) acarreta na geração de efluentes contendo

concentrações elevadas de matéria orgânica e formas reduzidas de nitrogênio,

principalmente, nitrogênio amoniacal e nitrito que podem trazer sérios problemas

ambientais aos mananciais se não forem tratados previamente. Estas formas reduzidas de

nitrogênio são oriundas dos alimentos e excreta dos peixes depositadas na água, deixando

a mesma rica em nutrientes que podem ser utilizados para produção de culturas em

sistemas hidropônicos. Assim, esses sistemas podem ser utilizados como forma de

tratamento da água para posterior reutilização no sistema criação de peixe em circuito

fechado ou aberto (CORTEZ et al., 2009). Para isso, lança-se mão do sistema de

aquaponia que é a combinação das palavras “aquicultura” e “hidroponia” que é uma

técnica milenar de cultivo de vegetais sem o uso de solo, porém com o auxílio da criação

de peixes para suprir a demanda nutricional da cultura. Portanto, de forma simplificada

pode-se dizer que os peixes e minerais presentes na água auxiliam a nutrição das plantas,

as quais mantém a água em boas condições para os peixes (EQUILIBRIUM, 2016).

Apesar da importância que esse sistema pode representar, a literatura ainda é

limitada a cerca de informações concretas sobre a viabilidade produtiva do sistema, razão

pela qual, certamente não é difundido o sistema para tratamento do efluente e produção

agrícola em escala comercial (LOVE et al., 2015). Nessa linha de pesquisa, a EMBRAPA

meio norte (2013) vem pesquisando e lançou o “sisteminha” que consiste em um tanque

de piscicultura, construído artesanalmente, galinheiro, minhocário, hidroponia, abrigo

para compostagem, além de uma horta periférica, funcionando em sistema integrado. Este

sistema engloba uma unidade de produção familiar completa, diferenciando-se desta

pesquisa pelo enfoque dado nesta, que foi o tratamento da água de efluente através da

103

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

produção hidropônica para posterior reutilização. Sendo assim, observando a inclinação

natural da região do Marajó pela piscicultura intensiva em tanques, haja visto a

disponibilidade água, e consciente dos problemas causados pela liberação do efluente a

natureza, além da falta de produção agrícola na região, pesquisar alternativas que possam

contribuir para suprir essas necessidades deve ser prioridades. Dessa forma, objetivou-se

com a pesquisa avaliar a viabilidade da produção de alface integrada à produção de

pescado, utilizando seu efluente sem tratamento prévio como solução nutritiva com duas

densidades de peixes, comparando sua eficiência produtiva com o sistema convencional.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. CARACTERIZAÇÃO LOCAL

A pesquisa foi desenvolvida no Campus experimental do IFPA/Campus Breves

região do Marajó. O tipo climático da região de acordo com a classificação de Köppen, é

Af, pertence ao grupo de clima úmido, com precipitação média anual de 2356 mm bem

distribuídos ao longo do ano, e temperatura média anual de 26,8 °C.

2.2. CARACTERIZAÇÃO EXPERIMENTAL

As bancadas de produção hidropônica foram alocadas em uma casa de vegetação

instalada na orientação Norte-Sul, com área total de 300 m2 (15 x 20 m) e 2,50 m de pé-

direito, construída em madeira serrada. A cobertura em duas águas (tipo londrina com

lanternim de 0,50 m) foi coberta com plástico de polietileno de baixa densidade (PEBD)

de 120 micras e laterais fechadas com tela antiafídeos (Baby Citrus) malha de 50 mesh.

Estas bancadas foram abastecidas com água de efluente da piscicultura, advinda de dois

sistemas intensivos de criação de peixes, a exceção do tratamento testemunha que foi

utilizada solução nutritiva convencional. Utilizou-se como reservatórios de solução

nutritiva e tanques de criação de peixes, três caixas d’água de 100 l, sendo uma com

solução nutritiva previamente preparada, a segunda somente com 4 peixes e a terceira

com 6 peixes, sendo cada peixe contido nessas caixas com aproximadamente 120 g.

Os sistemas de produção verso criação funcionaram em circuito fechado, sendo a

entrada (água limpa) e a saída (efluente) de água, controlada em função da programação

de um timer analógico utilizado para o controle da frequência de irrigação das bancadas

hidropônicas. Assim, a mesma quantidade de água que saía para as bancadas de produção

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de alface era reposta automaticamente nos tanques de criação de peixes, depois de

passado pelo sistema radicular das plantas.

A programação do timer durante o período diurno (06:00 as 19:00 h) seguiu o

padrão on/off (liga 15 minutos e passa 15 minutos desligada) de acionamento de três

bombas centrífugas de 3/4 cv, uma para cada forma de produção de peixes, além da

bancada convencional. Durante o período noturno (19:01 as 05:59 h), as bombas foram

acionadas somente nos horários de 10, 01 e 03 horas seguindo a mesma programação

on/off.

Os peixes foram alimentados com ração específica (26% de proteína) três vezes

ao dia, com a quantidade fornecida conforme seu crescimento, sendo esta feita

manualmente.

Foi utilizado três bancadas hidropônicas reduzidas construídas com tubos de PVC

de 50 mm, com capacidade para 35 mudas cada, (orifícios de 0,05 m de diâmetro e

espaçamento de 0,20 x 0,20 m), sendo mantida uma vazão total de solução de 7,5

l/min/bancada, distribuído 1,5 l/min a cada 0,20 m ou calha. Cada bancada foi instalada

com uma inclinação de 7% para facilitar o escoamento da solução aplicada.

Utilizou-se mudas da variedade de alface Mimosa SF31 (produção o ano todo),

previamente plantadas em viveiro em substrato oriundo da mistura de duas partes de terra

e 1 parte de esterco bovino curtido, sendo as mesmas transplantadas no dia (27/11/2018)

quando apresentavam três folhas verdadeiras, aproximadamente 25 dias depois da

semeadura. Antes do transplantio as plantas foram avaliadas e transplantas nas bancadas,

sendo reavaliadas a cada 5 dias até o ponto de colheita. As variáveis avaliadas foram: (1)

altura (cm); (2) número de folhas por planta; (3) comprimento e largura da maior folha

(cm) (comprimento da folha do início do pecíolo até o final do limbo foliar). No ponto de

colheita avaliou-se: (4) massa de matéria fresca da parte aérea das plantas (g planta-1); (5)

produtividade (g m-2) (massa de matéria fresca multiplicada pela quantidade de plantas

por metro quadrado).

2.3. TRATAMENTOS EXPERIMENTAIS

Foram avaliados os tratamentos A1 – água do tanque com 4 peixes; A2 – água do

tanque com 6 peixes e A3 – água com solução nutritiva convencional, fazendo uma média

de 4 repetições, sendo cada repetição a média da análise de quatro plantas. Estes

tratamentos foram agrupados e analisados estatisticamente pelo delineamento

105

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Inteiramente Casualisados (DIC), com comparação das médias pelo teste de Tukey. No

tratamento testemunha a adubação seguiu a recomendação de Trani et al. (2011) para

produção de alface em solo, mantendo a condutividade elétrica (EC) da solução nutritiva

nos primeiros 10 dias a 0,7 dS m-1 e posteriormente a 1,3 dS m-1 até o final do ciclo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises de variância dos dados mostraram que não houve diferença estatística

entre os tratamentos utilizados, contudo, foi realizado o teste de comparação das médias

apresentados na Tabela 01.

Em termos produtivos, o sistema com a utilização de quatro peixes apresentou

produtividade superior aos demais tratamentos em cultivo de 22 dias (0, 938 kg m-2),

porém abaixo do verificado por PINHO et al. (2017), que obtiveram valores de

produtividade média de 1,20 kg m-2 para a mesma variedade em sistema aquoponico e 21

dias de cultivo. Porém próximo ao valor observado por LENZ et al. (2017), que obtiveram

valor de 1,04 kg m-2 em cultivo de 28 dias.

Em termos de padrão comercial, a média verificada ficou muito abaixa dos valores

praticados no mercado, que são de 100 a 300 g/planta (SANTOS et al., 2011). Isso pode

ter ocorrido devido as características climáticas da região que, naturalmente são de alta

temperatura e umidade relativa do ar. Os feitos destas variáveis contribuíram diretamente

para o resultado final da produção, obtendo plantas estioladas e com baixa qualidade

comercial. Além dessas variáveis, a fonte hídrica utilizada (água coletada do telhado do

Instituto) também interferiu, visto que esta não foi tratada previamente antes do uso. Esta

interferência diz respeito a proliferação de microrganismos (algas fotossintéticas - lodo)

que acabam por dificultar a absorção de nutrientes pelas raízes das plantas.

Outro problema verificado foi o excesso de excretas dos peixes, principalmente

no tanque com maior densidade, havendo a necessidade de retirada destas a cada 5 dias.

Mesmo retirando parte destas excretas, parte ficavam acumuladas nas raízes das plantas,

ocasionado a morte das mesmas. Assim, recomenda-se o uso de câmaras de filtragens

antes da injeção da solução do efluente nas raízes das plantas para amenizar esse

problema.

106

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 01 - Médias dos dados das análises das plantas de alface em função do seu

desenvolvimento e tratamentos, Breves - PA.

Tratamentos DAP C.

Folha

(cm)

D.

Folha

(cm)

L.

Folha

(cm)

N.

Folhas

D.

Colo

(mm)

Produção

(g/planta) Produtividade

(g m2)

Convencional

5 6,66 a 4,33 a 1,50 a 6,25 a

10 8,70 a 6,18 a

2,083

a 7,69 a

16 11,31

a 8,045 a 5,409

a 6,72 a

22 10,95

a 9,416 a 2,750

a 8,50 a

29 16,41

a 12,500 a 4,416

a 9,91 a 6,30 a 37,17 a 929,17 a

4 Peixes

5 7,82 a 4,607 a

1,714

a 6,28 a

10 9,32 a 6,700 a

2,100

a 7,46 a

16 11,5 a 7,633 a

4,633

a 8,00 a

22 13,63

a 9,433 a 3,533

a 8,86 a

29 16,40

a 13,733 a 4,733

a 10,53 a 7,57 a 37,53 a 938,33 a

6 Peixes

5 7,83 a 4,666 a

1,733

a 6,00 a

10 10,34

a 7,066 a 2,166

a 7,86 a

16 11,40

a 8,033 a 3,900

a 7,93 a

22 14,13

a 10,800 a 3,100

a 9,53 a

29 15,43

a 12,666 a 4,500

a 10,33 a 7,31 a 33,47 a 836,67 a

DAP: Dias Após o Transplantio; C: comprimento; D: diâmetro; L: largura; N: número; médias

seguidas da mesma letra e mesma coluna e DAP não se diferem estatisticamente pelo teste de

Tukey (p<0,05).

Fazendo uma comparação em termos práticos desse sistema ao “Sisteminha” da

EMBRAPA que integra vários sistemas produtivos, esta pesquisa demonstrou viabilidade

técnica por tratar a água utilizada da piscicultura, que na região do Marajó já é uma

atividade culturalmente praticada. Além disso, foi possível inserir a produção vegetal a

atividade pesqueira regional para viabilizar a produção de folhosas.

4. CONCLUSÃO

107

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Diante dos resultados, concluiu-se que é possível produzir alface integrada à

produção de pescado, utilizando o efluente sem tratamento prévio como solução nutritiva,

seja com uma média de 4 e 6 peixes de 120 g/100 l de água, sendo equiparados a utilização

de solução convencional, desde que sanado os seus inconiventes. O sistema pesquisado

apresentou viabilidade técnica em termos práticos, sendo possível a expansão das

atividades produtivas integrada (Peixes e folhosas).

108

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

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109

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

QUALIDADE FITOSSANITÁRIA E GERMINATIVA DE SEMENTES DE

MILHO SUBMETIDAS A TERMOTERAPIA

Amada de Nazaré Rodrigues Pereira 1; Sayure Mariana Raad2; Erick dos Santos Ribeiro

3; Rayanne de Jesus Castro4; Adélia Benedita Côelho dos Santos5.

1 Engenheira Agrônoma. Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). E-mail:

[email protected]

2 Discente do curso de agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia(UFRA).

E- mail: [email protected]

3Discente do curso de agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia(UFRA).

E-mail: [email protected]

4Discente do curso de agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia(UFRA).

E-mail: [email protected].

5Professora de Fitopatologia da Universidade Federal Rural da Amazônia, Ms. Em

Agronomia, Universidade Federal do Ceará. E-mail: [email protected].

RESUMO

O Brasil encontra-se como o 3º maior produtor de milho no mundo e 2º maior exportador,

sendo, um dos principais produtores mundiais de proteína animal. No entanto, para isso,

se faz necessário ter semente de boa qualidade fisiológica e sanitária para um adequado

estabelecimento das plantas no campo. Com isso, o presente trabalho teve por objetivo

avaliar a eficiência da termoterapia no controle de patógenos de sementes de milho e seu

poder germinativo. O presente trabalho foi desenvolvido no laboratório de Fitopatologia

da Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Belém, PA. Para isso, o

delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), com 6

tratamentos e cinco repetições, cada repetição foi composta por um lote de 20 sementes.

Os tratamentos térmicos empregados foram por imersão em água aquecida nas seguintes

temperaturas: 40oC, 50oC, 60oC, 70oC e 80oC, sendo denominados, T2, T3, T4, T5, T6 e

T7, respectivamente. Após as sementes serem submetidas aos tratamentos, analisou-se a

sanidade para a determinação da eficiência dos tratamentos na redução fúngica das

sementes e germinação. A termoterapia mostrou-se eficiente em relação a testemunha em

todos os tratamentos na redução fúngica das sementes, dando destaque para os

tratamentos T5 e T6. Na germinação, esse método obteve resultados positivos nos

tratamentos T2 e T3, obtendo 60% e 98% de germinação em relação a testemunha. Com

isso, a termoterapia demostrou ser um método alternativo positivo na redução do

potencial fúngico das sementes de milho e no aumento do poder germinativo em

determinadas temperaturas.

Palavras-chave: Tratamento de sementes. Método alternativo. Germinação.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia

110

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A cultura do milho (Zea mays L.) pertence à família Poaceae, sendo uma das

principais espécies cultivadas no mundo. Apresenta elevada demanda agrícola, tendo seu

uso destinado tanto para consumo na bovinocultura, suinocultura e piscicultura, quanto

para na alimentação humana. A utilização de sementes certificadas está interligada aos

acréscimos tecnológicos em lavouras, nas mais diferentes culturas, essas por sua vez

desenvolvidas e produzidas conforme os exigentes padrões do Sistema Brasileiro de

Sementes e Mudas (MIYAMOTO, 2013).

No decorrer das últimas décadas, o milho alcançou o patamar de maior cultura

agrícola do mundo, sendo a única a ter ultrapassado a marca de 1 bilhão de toneladas,

deixando para trás antigos concorrentes, como o arroz e o trigo. Concomitantemente à

sua importância em termos de produção, a cultura ainda se notabiliza pelos diversos usos.

Estimativas apontam para mais de 3.500 aplicações deste cereal. Além da relevância no

aspecto de segurança alimentar, na alimentação humana e, principalmente, animal, é

possível produzir com o milho uma infinidade de produtos, tais como combustíveis,

bebidas, polímeros, etc. (MIRANDA, 2018).

Da safra de 2000/01 para a de 2017/18, a produção mundial de milho passou de

591 milhões de toneladas para 1,076 bilhão de toneladas (representando um aumento de

82%), por causa principalmente do uso como ração animal para a produção de frangos e

suínos. A produção é relativamente concentrada em poucos países, com destaque para os

Estados Unidos, com 34,5% (371 milhões de toneladas) da produção mundial, seguidos

da China, com 24,5% (263 milhões de toneladas) (CONTINI et al., 2019). No entanto, a

associação de fungos fitopatogênicos a sementes de milho é responsável, muitas vezes,

pela redução da qualidade fisiológica das sementes e baixa produtividade. Para isso, a

eliminação ou redução do inóculo infectivo de fungos em sementes, tem sido

eficientemente alcançada por tratamentos químicos, biológicos e físicos. Dentre os

métodos físicos, a eficácia da termoterapia, que consiste na exposição das sementes à

ação do calor em combinação com o tempo de tratamento, tem sido demonstrada em

vários estudos (Bergman, 1994; Trigo et al., 1998; Machado, 2000).

111

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Desta forma neste trabalho, objetivou-se avaliar o tratamento de sementes de

milho por termoterapia em diferentes temperaturas, avaliando-se a sanidade das sementes,

bem como o efeito destes na germinação.

1.1 SANIDADE E GERMINAÇÃO DE SEMENTES

Há um grande número de fatores que afetam a qualidade das sementes. Dentre

eles podemos citar os fatores sanitários, que se caracterizam pelo efeito deletério

provocado pela ocorrência de microrganismos e insetos associados às sementes, desde o

campo de produção até o armazenamento (LUCCA FILHO, 2003). Esses fatores são mais

intensificados em virtude da semente ser um veículo para distribuição e disseminação de

patógenos, os quais podem, às vezes, causar surtos de doenças nas plantas, pois pequenas

quantidades de inóculo na semente podem ter uma grande significância epidemiológica

(PESKE; BARROS, 2003)

A germinação de sementes ocorre sob limites relativamente amplos de

temperatura, sendo que os extremos dependem principalmente da espécie e suas

características genéticas (MATHEUS E LOPES, 2009). Cada espécie apresenta

temperaturas cardeais para a germinação de sementes, ou seja, a temperatura máxima,

mínima e ótima para que o processo aconteça (MARCOS FILHO, 2005). Para sementes

de milho, as temperaturas cardeais são: 9 °C (mínima), 32-35 °C (ótima) e 44 °C

(máxima) (BORBA et al., 1995).

1.1.1 Termoterapia

Zambolim (2004) relata que a termoterapia é uma das técnicas mais citadas e

descritas na literatura para erradicação de fitobactérias localizadas interna ou

externamente nas sementes. O sucesso do tratamento térmico depende do tipo de calor,

seco ou úmido, da temperatura empregada, do período de exposição e da uniformidade

da aplicação do calor (MENDES et al., 2001), devendo ser cuidadosamente ajustados à

espécie, cultivar e lote. Contudo, seja qual for a modalidade empregada, a termoterapia

requer o uso de equipamentos com controle preciso de temperatura, apresentando,

consequentemente, inconvenientes quando aplicada a grandes quantidades de sementes

(ESTEFANI; MIRANDA FILHO; UESUGI, 2007).

112

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2. MATERIAL E MÉTODOS

Os ensaios foram conduzidos nos Laboratórios de Fitopatologia da Universidade

Federal Rural da Amazônia (UFRA), no período de 2018. Para o ensaio foram utilizadas

sementes de milho (Zea mays L.), com viabilidade determinada por meio de testes de

germinação, onde se obteve 98% de germinação, teste esse realizado segundo a

metodologia de Brasil (1992).

Para a condução do experimento foi utilizado o delineamento inteiramente

casualizado (DIC), com 6 tratamentos e cinco repetições, cada repetição foi composta por

um lote de 20 sementes. Os tratamentos térmicos empregados foram por imersão em água

aquecida nas seguintes temperaturas: 40oC, 50oC, 60oC, 70oC e 80oC, sendo

denominados, T2, T3, T4, T5, T6 e T7, respectivamente. O tratamento testemunha, que

corresponde ao tratamento T1, não foi submetido a termoterapia. As sementes foram

acondicionadas em sacos de filó, os quais foram dispostos aleatoriamente em banho-

maria com água aquecida nas temperaturas correspondentes aos seus tratamentos em um

tempo de 5 minutos.

Após os tratamentos térmicos, as sementes foram postas para secar sobre papel

toalha a temperatura ambiente, e distribuídas sobre uma folha de papel germitest em caixa

tipo gerbox (11cm x 11cm x 4cm). Após a distribuição das sementes no gerbox,

umedeceu-se o papel filtro com um volume de água equivalente a 2,5 vezes a massa do

papel seco. Para o teste de germinação, as contagens foram realizadas aos quatro e sete

dias após a semeadura; as avaliações foram realizadas de acordo com os critérios

estabelecidos pelas Regras para Análise de Sementes (Brasil,1992). Já para o teste de

sanidade das sementes submetidas aos tratamentos, as avaliações dos fungos associados

às sementes foram realizadas após oito dias de incubação, examinando-se,

individualmente, as sementes ao microscópio estereoscópico. Em alguns casos, a

identificação foi confirmada pela visualização das estruturas morfológicas dos fungos ao

microscópio óptico. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância, e as

médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, utilizando o programa

estatístico SISVAR.

113

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados referentes à ocorrência (porcentagem de sementes com fungos) de

sementes de milho submetidas à termoterapia por diferentes temperaturas são

apresentados na figura 1.

Figura 1 –Incidência de fungos associados a sementes de milho sob diferentes temperaturas.

Fonte: Autores (2019).

Na avaliação de sanidade das sementes de milho foram encontrados os seguintes

fungos: Aspergillus flavus, Penicillium sp e Fusarium moniliforme. Para Aspergillus

flavus foram observados efeitos significativos (P≤0,05) em relação as diferentes

temperaturas do tratamento térmico. Em avaliação, é possível observar que com o

aumento das temperaturas, houve diminuição na incidência do fungo, principalmente no

tratamento T6(80oC). Já para o fungo Penicillium sp, o tratamento térmico T3(40oC) e

T5(70oC) mostrou ser mais eficiente no tratamento deste fungo. Avaliando a incidência

de Fusarium moniliforme, as sementes submetidas aos tratamentos, foi possível constatar

a redução da ocorrência do fungo no tratamento térmico T5(70oC) e a sua eliminação nas

temperaturas de tratamento de T4(60oC) e T6(80oC). Mendes et al. (2001) observaram

que sementes de alfafa submetidas a tratamento térmico seco de 60°C e 90°C não

apresentaram desenvolvimento de Fusarium oxysporum.

114

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Em trabalhos encontrados na literatura, com outras culturas, o uso da termoterapia

foi eficaz no controle de alguns patógenos, não evidenciando implicações negativas

(ERDEY et al., 1997). No entanto, alguns fatores podem interferir nos resultados da

termoterapia, como o tipo e procedência das sementes, ou seja, efeitos variáveis do

tratamento térmico podem ser observados em relação a diferentes cultivares de uma

mesma espécie ou diferentes lotes de um mesmo cultivar (GROOT et al., 2006).

Na Tabela 1 verificam-se os resultados de percentagem de germinação de

sementes de milho, submetidas à transformação arco seno raiz quadrada de x/100.

Conforme Tabela 1, verificaram-se diferenças significativas entre os tratamentos.

Observou-se que os tratamentos T2(40oC) e T3(50oC) diferiram significativamente dos

demais tratamentos, apresentando percentagem de germinação iguais a 60% e 98% em

relação a testemunha, respectivamente. Outro ponto relevante a se observar é que a partir

do tratamento T4 houve diminuição na porcentagem de germinação da semente estudada.

No tratamento de sementes de milho com água quente, Coutinho et al. (2007) também

relataram a redução significativa do potencial fisiológico de sementes tratadas a 60 °C.

Tabela 1 – Percentagem de germinação (%) de sementes de milho submetidas a diferentes

temperaturas.

Tratamentos T1 T2 T3 T4 T5 T6 % germinação 52 a 60 ab 98 b 32 bc 30 bc 0 c

Fonte: Autores (2019).

4. CONCLUSÃO

A termoterapia mostrou-se eficiente no controle dos fungos das sementes milho,

porém existiu diferença na ação dos tratamentos térmicos sobre os diferentes fungos que

ocorreram. Todos os tratamentos térmicos reduziram os fungos Aspergillus flavus,

Penicillium sp e Fusarium moniliforme. Os tratamentos T4 (60oC) e T6(80o) erradicaram

o fungo Fusarium moniliforme.

Os resultados do presente trabalho também apresentaram boas perspectivas de

utilização dos tratamentos térmico na germinação de sementes de milho, com resultados

positivos nos tratamentos T2(40oC) e T3(50oC), dando destaque a este último que teve o

maior poder germinativo.

115

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

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117

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

SELEÇÃO DE ISOLADOS DE Trichoderma sp. PROMOTORES DE

CRESCIMENTO DE MUDAS DE COQUEIRO

Aline Figueiredo Cardoso1; Waldiney Xavier Ferreira2; Jennyfer Silva Campos3; Paulo

Manoel Pontes Lins4; Gisele Barata da Silva5

1Doutoranda. Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected]

2Engº Agrônomo. Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected] 3Graduanda do curso de Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 4Doutor. Superintendente Agrícola-fazenda reunidas Sococo. [email protected]>

5Doutora. Professora da Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

4.

RESUMO

O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma palmeira de grande importância no Brasil e no

mundo, principalmente pela diversidade de produtos e geração de emprego ao longo da

cadeia produtiva. Um dos principais problemas encontrados no desenvolvimento inicial

de mudas de coqueiro está na baixa taxa de geminação e obtenção de plantas com

deformação. Assim, o efeito que fungos do gênero Trichoderma podem exercer sobre o

desenvolvimento vegetal, tem papel importante no incremento das características de

crescimento, e pode tornar-se uma estratégia para a promoção de crescimento. O objetivo

do estudo foi selecionar isolados de Trichoderma que promovam o crescimento de mudas

de coqueiro combinado a redução de adubação com NPK. O experimento foi realizado

na fazenda comercial Reunidas Sococo, localizada no município de Santa Isabel-PA, com

três tratamentos: controle (T1), Mix de Trichoderma asperellum (T.06, T.09, T.12 e T.52)

(T2) e Mix de isolados de Trichoderma sp. (T09, T17 e T19) (T3), com sete repetições

cada. As avaliações realizadas foram: altura, diâmetro do coleto, massa fresca e seca de

raiz e parte aérea e teor de água. As mudas de coco tiveram incremento positivo nos dois

tratamentos com Trichoderma, destacando o tratamnto Trichoderma (T09, T17 e T19)

com incrementos de 25% em altura, 17% no diâmetro do coleto, 23% em massa seca da

parte aérea, 18% em massa seca da raiz e 13% em teor de água. O uso de Trichoderma

em mudas de coqueiro em fibra de coco promovem o crescimento das mudas.

Palavras-chave: Crescimento. Sustentabilidade. Cocus nucifera L.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O coqueiro é uma planta perene originada no sudeste asiático (PERSLEY, 1992),

da espécie Cocos nucifera L., única do gênero Cocos (TEULAT et al., 2000). A produção

mundial desta cultura é de mais de 60 milhões de toneladas de frutos com uma área

plantada de mais de 110 milhões de hectares. O Brasil está entre os maiores produtores

mundiais, assumindo o quinto lugar em termo de produção, destacando-se o estado do

Pará como o terceiro maior produtor do país (IBGE/LSPA, 2017). Na busca por técnicas

mais eficientes na propagação de plantas, os substratos assumem cada vez maior

importância na área de fruticultura, principalmente como meio de crescimento e suporte

do sistema radicular das plantas e mudas em recipientes (BOSA et al., 2003; KLEIN et

al., 2000; KÄMPF, 2000; CARVALHO e NAKAGAWA, 2012). As características mais

desejadas para mudas frutíferas são homogeneidade, vigor, sanidade e baixa mortalidade

durante o estabelecimento (GALVÃO et al., 2007; NOMURA et al., 2008). A fibra de

coco possui grande durabilidade sem alteração de suas características físicas, baixo custo,

e retenção de água (BARRETO et al., 2011; COSTA et al., 2007).

O uso de fungos do gênero Trichoderma tem sido amplamente estudado pela

capacidade de promover o crescimento de plantas a partir da modulação de hormônios de

crescimento, que por sua vez induzem crescimento de parte aérea e radicular, favorecendo

maior área de contato, maior absorção de água e nutrientes, e consequentemente maior

acúmulo de biomassa (FILHO et al., 2008; SILVA et al., 2011; GAVA e MENEZES,

2012). Possuem também a capacidade em auxiliar no melhor aproveitamento de

nutrientes que podem não estar disponível para absorção pela planta, tais como a

solubilização fosfatos, mineralização da matéria organica e produção de siderofóros

(JALAL et al., 1987; ALTOMARE et al., 1999).

O objetivo do estudo foi selecionar isolados de Trichoderma que promovam o

crescimento de mudas de coqueiro e otimizem a fertilização química.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado em viveiro comercial de produção de mudas de coco

no município de Santa Isabel-PA.

119

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Delineamento experimental

O experimento foi inteiramente casualizado com três tratamentos: Controle (T1),

Mix de T. asperellum + 33% da adubação (T2), e Trichoderma sp.+ 33% da adubação

(T3), com sete repetições.

Obtenção de isolados

Os isolados fazem parte da coleção de microrganismo do Laboratório de proteção

de Plantas-LPP da Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA.

Preparo de mudas de coqueiro

As sementes de coco foram depositadas em germinadouros contendo substrato de fibra

de coco, a germinação ocorreu no período de 90 dias, logo após, foram transferidas para

sacos de polietileno de dimensões 40 x 40 cm, contendo substrato fibra de coco.

Preparo da suspensão

A suspensão de conídios foi preparada com adição de 10mL de água estéril em

placa contendo colônia dos isolado de fungo Trichoderma, todo conteúdo sendo

adicionado em tubo de vidro e homogeneizado com auxílio do vortex, seguido de

diluição, sendo retirado 1mL da suspensão original e colocadas em 9mL de água estéril

até a concentração 10-8 (108 UFC.mL- 1), segundo França et al., (2014).

Preparo das sementes: microbiolização

As sementes foram submersas na suspensão de conídios, para ajuste na

concentração de 10-8 ufc foi utilizada câmara de neubauer, levadas à mesa agitadora a 114

rpm e temperatura de 27°C por 24horas.

Avalições

Foram realizadas avaliações biométricas das mudas, como a altura e diâmetro do

coleto, utilizando um paquímetro, determinação da massa seca (parte aérea e raiz), através

do processo de secagem das amostras em estufa a 65°, seguida da pesagem do material,

e, por fim, a quantificação do conteúdo de água através da diferença entre o peso fresco

e o peso seco das amostras.

Análise estatística

Os dados foram submetidos a análise de variância e comparadas pelo teste de SNK

a 5% de probabilidade (P<0,05) utilizando o software Sisvar versão 5.6.

120

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O substrato fibra de coco contribuiu para a adaptação dos isolados de Trichoderma

neste estudo, provavelmente em função de suas características físicas e químicas. O que

resultou em mudas com maior desenvolvimento radicular, possibilitando maior absorção

de água e nutrientes pelas mudas de coqueiro (ARAGÃO, 2002; Hernández et al., 2005).

As plantas inoculadas com Mix de Trichoderma de rizosfera de coqueiro

apresentaram incremento em todas as variáveis biométricas. Os incrementos foram em

25% em altura, 17% em diâmetro do coleto, 23% em massa seca da parte aérea e em 18%

em massa seca radicular (Figura 1). Estes resultados estão associados a capacidade do

fungo de colonizar a epiderme das raízes das plantas e alterar a arquitetura do sistema

radicular, aumentando principalmente o número de pêlos radiculares (GONZALES et al.,

2018), possibilitando aumento na absorção de nutrientes, além do aumento no teor de

água como ocorreu neste estudo. O crescimento radicular está relacionado ao maior

estimulo com uso de Trichoderma na síntese de hormônios vegetais, dentre eles o AIA

(Ácido-indol-acético) e da enzima ACC diaminase que diminui a biossíntese de etileno

que são responsáveis pelo alongamento e diferenciação radicular (OLIVEIRA et al.,

2012).

Figura 1. Variáveis biométricas de mudas de coqueiro em fibras de coco. Altura da muda (A),

Diâmetro do coleto (B), Massa seca parte aérea (C), Massa seca da raiz (D), Teor de Água (E).

Controle (T1), T. asperellum + 33% da adubação (T2), e Trichoderma sp.+ 33% da adubação

(T3). * letras iguais não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste SNK.

121

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

(C) (D)

O uso de Trichoderma asperellum em planta de Pinus taeda em tubetes, em casa

de vegetação, promoveu o aumento no diâmetro das plantas (PEREIRA., 2017), podendo

ser resultado do aumento nas concentrações de giberelina, hormônio responsável pelo

crescimento de caule e lançamento de folhas novas, o que pode ter ocorrido nas mudas

de coqueiro inoculadas com Trichoderma sp. e com 33% da adubação (CASSÁN et al.,

2003; LUCON, 2009; TAIZ e ZEIGER, 2009), além de que este tratamento demostrou

eficiência no uso eficiente dos nutrientes favorecendo então o maior acúmulo de

biomassa. Segundo Prates et al., (2007), Altomare et al., (1999) e Brotman et al., (2010),

alguns isolados de Trichoderma, principalmente associado com substrato, tem capacidade

mineralizar fósforo (P), solubilizar e, em alguns casos, quelar compostos do substrato ao

qual estão inclusos.

Neste estudo, o substrato fibra de coco possui 92% de matéria orgânica, e a

combinação do Mix de Trichoderma pode ter acelerado o processo de mineralização da

MO (SUGITO et al., 1995). A utilização de T. Harzianum acelerou a degradação de

materiais difíceis como lignina e celulose, resultando em melhora do crescimento e o

rendimento de plantas (AFFANDI, 2001) (Figura 2).

122

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2. Mudas de coqueiro. Controle (A e D), muda com 33% da fertilização química padrão

e inoculada com Trichoderma sp. (B e E), muda com 33% da fertilização química padrão e

inoculada com Trichoderma asperellum (C e F).

Fonte: CARDOSO, 2018

123

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

4. CONCLUSÃO

O uso de Trichoderma sp. como bioestimulantes em mudas de coqueiro

proporciona maiores ganhos nos parâmetros de crescimento, e pode ser estudado como

estratégia eficiente para redução na adubação e possível redução de custos e impactos

ambientais.

5. AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e o Laboratório de

Proteção de Plantas (LPP) pela estrutura fornecida, e pela parceria e ajuda financeira da

FAPESPA e da empresa Sococo S/A.

124

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

6. REFERÊNCIAS

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127

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

A DENSIDADE DA MADEIRA É RELACIONADA AO TEOR DE

EXTRATIVOS? ESTUDO COM QUATRO ESPÉCIES AMAZÔNICAS

Marília Castro Brasil Duarte¹, Ana Kelly de Carvalho², Igor do Vale Gonçalves³,

Manoela Rodrigues do Nascimento4, Lina Bufalino5

1Mestranda em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural da Amazônia. e-mail:

[email protected] 2 Mestranda em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural da Amazônia. e-mail:

[email protected]

³Doutor em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural da Amazônia. e-mail:

[email protected] 4Academica de Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia. e-mail:

[email protected] 5Professora Adjunta I. Universidade Federal Rural da Amazônia. e-mail:

[email protected]

RESUMO

Os extrativos, considerados constituintes secundários da madeira, são compostos

químicos que não fazem parte da estrutura da parede celular. São solúveis em água ou em

solventes orgânicos neutros. Além disso, a quantidade e qualidade de alguns desses

componentes influencia a resistência ao ataque de fungos e insetos, a coloração, o odor,

a permeabilidade, as características físicas e a dureza da madeira. Neste sentido, o

objetivo do trabalho foi avaliar se a densidade da madeira está relacionada aos teores de

extrativos encontrados em quatro espécies florestais arbóreas amazônicas:

Pseudopiptadenia suaveolens, Euxylophora paraenses, Aegiphila integrifolia e

Jacaranda copaia. Foi determinada a densidade básica e os teores de extrativos das

espécies em água quente e água fria. As espécies apresentaram diferenças significativas

entre si em densidade básica e teores de extrativos solúveis em água, contudo a influência

do teor de extrativos na densidade básica das quatro espécies deste estudo não foi

detectada. Entretanto, P. suaveolens apresentou maior densidade e maior teor de

extrativos, tanto em água fria, como em água quente.

Palavras-chave: Coloração da madeira. Extrativos água quente. Extrativos água fria.

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal

128

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Os extrativos, classificados como componentes químicos secundários da madeira,

não fazem parte da estrutura da parede celular. São solúveis em água e/ou solventes

orgânicos neutros e estão presentes em maior quantidade na casca. Apresentam baixa

massa molecular e ocorrem em pequenas proporções em relação aos componentes

primários. Englobam óleos essenciais, resinas, taninos, graxas e pigmentos (MORAES et

al., 2005). Além disso, a presença de alguns desses componentes influencia a resistência

ao ataque de fungos e insetos, a coloração, o odor, a permeabilidade e a dureza da madeira

(PETTERSON, 1984).

Na madeira, os extrativos se encontram acumulados nas células de parênquima,

nos espaços entre as células, nos canais secretores e em concentrações mínimas na lamela

média (DIETRICH; WEGENER, 2003). Portanto, os extrativos podem ter um efeito

profundo nas propriedades da madeira influenciando as características físicas e químicas

que as diferentes espécies apresentam (SILVA, 2010).

A densidade da madeira, é uma propriedade a qual pode sofrer forte influência da

quantidade de extrativos (GARCIA; MARINONIO, 2016). Estudos com Tectona grandis

L.f. mostraram diferença significativa na densidade em amostras com e sem extrativos

(OLIVEIRA, 2011). Neste contexto, este trabalho objetivou avaliar se a densidade da

madeira é relacionada aos teores de extrativos encontrados em quatro espécies florestais

amazônicas.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 SELEÇÃO DO MATERIAL

A madeira utilizada no estudo é proveniente da supressão vegetal realizada em área

de mineração no município de Paragominas, nordeste do Pará com coordenadas

geográficas 3°15'38"S e 47°43’28”O. A coleta do material foi realizada em 2018, portanto

as toras permaneceram armazenadas durante dois anos em pátios de estocagem a céu

aberto.

Para este estudo, foram selecionadas quatro espécies arbóreas: Pseudopiptadenia

suaveolens (Miq.) J.WGRIMES (timborana), Euxylophora paraenses Huber (pau-

amarelo), Aegiphila integrifolia (Jacq.) Moldenke (tamanqueira) e Jacaranda copaia

129

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

(Aubl.) D.Don (parapará). As espécies foram escolhidas pelas diferenças em suas

densidades observadas na literatura. J. copaia é considerada de baixa densidade, E.

paraenses e A. integrifolia possuem densidade média, e P. suaveolens tem alta densidade

(IBAMA, 1997; IPT, 1983; OLIVEIRA, 2014). A identificação das espécies foi realizada

pela xiloteca da Embrapa Amazônia Oriental, conforme NIDX 04/2019.

2.3 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE BÁSICA

Os discos de madeira foram retirados da extremidade de cada tora, excluindo-se

os primeiros dez centímetros de espessura, de cada disco foram retiradas cinco amostras

em formato prismático do cerne que foram imersas em água destilada até atingir o ponto

de saturação necessário à medição. Em seguida, cada uma das peças foi mergulhada em

outro recipiente com água para determinação do volume saturado em balança digital

(precisão de 0,01 g) - Princípio de Arquimedes, conforme demonstrado por Trugilho et

al., 1990. A massa seca foi determinada em estufa a 105ºC, após estabilização constatada

em três pesagens consecutivas, realizadas a cada 24 horas de acordo com as diretrizes

especificadas pela norma NBR 11941 (ABNT, 2003a).

2.4 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE EXTRATIVOS

Para a determinação do teor de extrativos, foi utilizado o cerne de três discos da

madeira de três diferentes indivíduos. Foram retiradas maravalhas que posteriormente

foram trituradas em moinho analítico, com a serragem obtida da trituração, foi realizada

uma classificação do material retido entre peneiras de 40 mesh e 60 mesh.

O teor de extrativos solúveis em água quente e água fria foram determinados de

acordo com a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 14577,

2003b), com a extração em água fria realizada por 48 horas sem a agitação. As análises

foram realizadas no Laboratório de Tecnologia em Produtos Florestais (LTPF) na

Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus Belém.

2.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

A diferença da densidade básica e teores de extrativos entre as espécies foi

determinada por análise de variância (ANOVA), seguido por teste post hoc de Tukey.

Para verificar se as diferenças em densidade básica entre as espécies estão relacionadas

aos teores de extrativos, foi realizado duas análises de covariância (ANCOVA), uma para

130

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

cada método de determinação (água fria e água quente). Por fim, um modelo linear

múltiplo estabeleceu a relação entre a densidade básica da madeira e os teores de

extrativos obtidos nos diferentes métodos de determinação.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve diferença significativa em densidade básica entre as espécies (ANOVA;

Tabela 1). As espécies P. suaveolens e E. paraenses apresentaram densidade básica

significativamente maior que J. copaia e A. integrifolia; contudo, P. suaveolens e E.

paraenses apresentaram densidade básica similar entre si, assim como J. copaia e A.

integrifolia (Figura 1).

Tabela1.Análise de variância (ANOVA) para determinar as diferenças em densidade básica, teor

de extrativos solúveis em água fria e água quente entre as espécies; e análise de covariância

(ANCOVA) para determinar se a diferença em densidade básica das espécies sofre influência dos

teores de extrativos solúveis em água fria (1) e água quente (2). Análises de

Variância GL SQ MQ F p Análises de

Covariância GL SQ MQ F p ANOVA

Densidade

ANCOVA 1

Espécies 3 0.46 0.15 30.07 0.001 Extrativo em

Água Fria 1 0.17 0.17 54.45 0.01

Resíduos 8 0.04 0.01 Espécies 3 0.30 0.10 32.20 0.01

Água Fria:

Espécies 3 0.01 0.00 1.10 0.445 ANOVA Extrativos em água fria

Resíduo 4 0.01 0.00

Espécies 3 25.64 8.55 44.68 0.001

Resíduos 8 1.53 0.19 ANCOVA 2

Extrativo em

Água Quente 1 0.10 0.10 14.98 0.020

ANOVA Extrativos em água quente Espécies 3 0.36 0.12 17.41 0.01

Espécies 3 23.40 7.80 249.81 0.001 Água Quente:

Espécies 3 0.01 0.00 0.42 0.749

Resíduos 8 0.25 0.03 Resíduo 4 0.03 0.01

Fonte: Autores (2019)

As espécies também mostraram diferenças significativas em teor de extrativos

(ANOVA; Tabela 1). Os teores de extrativos solúveis em água fria foi significativamente

maior na P. suaveolens que nas demais espécies. J. copaia, E. paraenses e A. integrifolia

apresentaram médias similares entre si (Figura 2A). Para os extrativos solúveis em água

131

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

quente, todas as espécies apresentaram diferença significativa entre si. P. suaveolens,

assim como no teor em água fria, apresentou a maior média, seguida pelas espécies A.

integrifolia, J. copaia e E. paraenses (Figura 2B).

Figura 1. Densidade básica de quatro espécies florestais amazônicas. Cores

diferentes indicam diferenças estatísticas.

Fonte: Autores (2019).

P. suaveolens, espécie com maior densidade, apresentou maior teor de extrativos,

tanto em água fria, como em água quente. O maior teor de extrativos nesta espécie pode

ser percebido pela coloração da madeira, bem mais escura em relação às demais, em tom

castanho-avermelhado (IPT, 1983); pois em madeiras tropicais a cor é relacionada com a

quantidade de extrativos localizados no lúmen e na parede celular do cerne (FPL, 2010).

E. paraenses e J. copaia, que apresentaram baixa concentração de extrativos

solúveis em água, possuem madeira de coloração mais clara. A. integrifólia possui

coloração intermediária, em tom creme-escuro. Esta espécie apresentou baixo teor de

extrativos em água fria, mas teve a segunda maior porcentagem de teor de extrativo em

água quente. A diferença na resposta das espécies entre os dois métodos é compreensível,

visto que em água fria é extraído substâncias como gomas, taninos, açúcares e corantes,

enquanto na água quente, além das substâncias anteriores, os amidos também são

extraídos (WASTOWSKI, 2018).

132

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2. Porcentagem de extrativos solúveis em água fria (A) e

água quente (B) presentes na madeira de quatro espécies florestais

amazônicas. Cores diferentes indicam diferença estatística.

Fonte: Autores (2019).

A densidade básica foi relacionada aos teores de extrativos (em água fria e água

quente) e às diferentes espécies amazônicas estudadas. Contudo não houve influência da

interação entre teor de extrativos e as espécies (ANCOVA 1 e 2; Tabela 1). Este resultado

indica que a variação da densidade básica entre as espécies não é causada pela diferença

nos teores de extrativos. A densidade básica dessas espécies parece sofrer maior

influência de outras características da madeira, tais como espessura de parede celular das

133

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

fibras ou mudança na proporção das fibras em relação à proporção dos vasos

(OLIVEIRA; SILVA, 2003 & PANSHIN; DE ZEEUW, 1980).

Apesar dos teores de extrativos não terem influenciado na diferença em densidade

básica entre as espécies, os valores densidade mostraram uma alta correlação com os

teores de extrativos solúveis tanto em água fria, como em água quente, incluindo a

interação entre eles (R² ajustado = 0,81; p = 0,001), o que gerou o seguinte modelo de

regressão linear:

Db = 8,81002 – 1,44868x1 – 1,2089x2 + 0.20186x1x2

Onde, Db = densidade básica; x1 = teor de extrativo solúvel em água fria; x2 =

teor de extrativo solúvel em água quente.

4. CONCLUSÕES

A densidade básica não foi influenciada pelo teor de extrativos das quatro espécies

estudadas, porém foi possível estimar a densidade básica pelo teor dos extrativos em água

quente e água fria a partir de um modelo linear múltiplo.

P. suaveolens apresentou alta densidade básica e maior quantidade de teores de

extrativos em água quente e água fria, o que pode indicar que espécies com madeiras mais

escuras possuem maiores teores de extrativos.

134

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

ANÁLISE COMPARATIVA DE FOCOS DE QUEIMADAS ENTRE

MUNICÍPIOS DO ESTADO DO PARÁ

Gabriela da Silva Azevedo1; Sofia Rocha Nascimento Louchard2; Patrícia Mie Suzuki3;

Beatriz Cordeiro Costa4; Breno Pinto Rayol5

1Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 2Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

³Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 4Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 5Engenheiro Florestal e Doutor em Biodiversidade e Biotecnologia. Universidade

Federal Rural da Amazônia. [email protected]

RESUMO

Na região Amazônica, a conversão da cobertura vegetal nativa em diferentes usos do solo

tem alterado o clima local, gerando focos de incêndios. O estudo objetivou realizar uma

análise comparativa quantitativa de focos de queimadas entre os municípios do estado do

Pará no ano de 2018. Os dados foram levantados a partir da plataforma do Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - Programa Queimadas com apoio do Ministério

do Meio Ambiente (MMA) por meio do Banco de Dados de Queimadas “Base 2”, no

período de um ano (01 de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2018). A maior

concentração de focos de incêndios ocorreu em Altamira, Portel, Pacajá, Novo Progresso

e São Félix do Xingu, uma vez que nestes municípios as atividades agropecuárias,

minerais ou madeireiras são predominantes. Ao contrário do que demonstra os municípios

de Colares, Salinópolis, Benevides, Ananindeua e Marituba, devido suas características

naturais e a predominância de atividades terciárias. Dessa forma, as atividades

econômicas podem influenciar na maior ou menor incidência de focos de incêndios.

Palavras-chave: Amazônia. Desmatamento. Incêndios Florestais.

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal

137

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O Brasil com suas extensas áreas florestais e agrícolas apresenta um alto grau de

periculosidade, um baixo nível de informação e comprometimento com a manutenção das

florestas. Na região Amazônica, a conversão da cobertura vegetal nativa em diferentes

usos do solo tem alterado o clima local, por meio da diminuição da taxa de

evapotranspiração (SPRACKLEN et al., 2012; ANDERSON et al., 2017).

A precipitação, a umidade relativa do ar e a temperatura são variáveis

microclimáticas que vem sofrendo alterações extremas. Dessa forma, em períodos de

estiagem, com temperaturas elevadas e umidade baixa, a incidência de focos de calor

tende a aumentar, possibilitando a propagação de incêndios florestais, o que exige atenção

redobrada da comunidade local e das autoridades (ANDERSON et al., 2015; LOPES et

al., 2017).

Historicamente, o processo de ocupação e produção agrícola na Amazônia tem o

fogo como um aliado no preparo da área, tanto para diminuir resíduos quanto para

disponibilizar nutrientes ao solo (MIRANDA, 2002; ANDERSON et al., 2017). Sem as

devidas precauções e controle, o fogo pode avançar para a floresta, transformando-se em

um incêndio florestal, sendo, por isso importante verificar os locais com maiores

quantidades de focos de queima de vegetação para que sejam identificadas as causas e

tomadas as devidas ações (LOPES et al., 2017).

Além disso, as intensas ações antrópicas também podem ser percebidas nas

regiões do “arco do desmatamento”, também conhecido como “arco do fogo”. Nestas

áreas, o avanço das atividades agropecuárias em direção à floresta registra índices

elevados de desmatamento e consequentemente maiores incêndios nas vegetações

nativas. Com isso, o presente estudo objetivou realizar uma análise comparativa

quantitativa de focos de queimadas entre os municípios do estado do Pará no ano de 2018.

2. METODOLOGIA

Foi realizado um levantamento de dados quantitativos de focos de queima de

vegetação por município do estado do Pará que foram computados e disponibilizados pela

plataforma do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - Programa Queimadas

com apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA) através do Banco de Dados de

138

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Queimadas “Base 2”. Foram utilizados os dados referentes ao período de um ano (01 de

janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2018). Os dados de foco queima de vegetação do

INPE são obtidos através de imagens de satélite, os quais são: NPP-375, GOES-16,

AQUA_M-T, NOAA-19, METOP-B, TERRA_M-M, NOAA-18, TERRA_M-T,

AQUA_M-M, NOAA-19D, NOAA-15, NOAA-18D, MSG-03, GOES-13 e NOAA-15D.

A análise comparativa foi feita entre os cinco municípios que se destacaram

apresentando maiores índices de focos de queima e os cinco que apresentaram menores

quantidades no estado do Pará, em 2018.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Altamira foi o município com maior número de focos de queima de vegetação

(23790 focos), correspondendo a 8,08% do total que existe no estado (Figura 1).

Figura 1 – Os cincos municípios com maiores índices de focos de queima de

vegetação no estado do Pará no período de 2018.

Fonte: Autores, 2019.

No município de Altamira destaca-se a construção exacerbada de estradas e

ramais de forma insustentável durante a década de 60 - com o Plano de Integração

Nacional, o que vem a gerar o padrão de desmatamento conhecido como “espinha de

peixe”, principalmente após a execução do projeto da rodovia Transamazônica

(BECKER, 1998; PINTO et al., 2017). Além disso, essa região apresenta uma boa

expressão no polo madeireiro, tendo seu PIB com participação significativa do setor

agropecuário (STEINBERGER, 2002). Com isso, a grande influência antrópica, assim

como a dimensão do município, favorece a ocorrência de inúmeros focos de queima.

139

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Portel é o segundo município com maior número de focos, sendo eles 22783, ou

ainda, 7,74% do total do estado. Isto pode ser devido ao baixo índice de Bem Estar

Humano (BEHum) - na escala do Barômetro da Sustentabilidade (BS) - que assola a

mesorregião do Marajó, sendo Portel, um dos municípios com pior BEHum, conforme a

pesquisa de Quintela, Toledo e Vieira (2018), ao analisar aspectos socioeconômicos e

ambientais. Isso pode se refletir no modo como a população desta ilha lida com o manejo

da terra e o uso do solo, afinal, é mais provável que práticas insustentáveis do fogo sejam

realizadas nessa área, podendo levar ao maior número de focos de incêndio.

O município de Pacajá encontra-se como o terceiro alto índice de focos de

incêndio (20778 focos), equivalentes a 7,06% do total. Serviços, agropecuária e indústria

são os principais setores da economia local, contribuindo, respectivamente, com 53%,

35,1% e 10,9% do Produto Interno Bruto do município no ano de 2010 (IDESP, 2013).

O município apresentou, nos últimos 10 anos, expansão de áreas de pastagem, atividades

agrícolas e madeireiras, contribuindo para o aumento da densidade demográfica

(SANTO-DE-OLIVEIRA; ROCHA, 2011). Tais fatores podem estar colaborando para o

elevado número de incêndios na região, visto que, os maiores números de atividades

antrópicas relacionadas ao desfloramento proporcionam altos índices de queima vegetal.

Novo Progresso se apresentou como o município de quarto maior índice de focos

de incêndio em 2018, com o total de 15060, o que corresponde a 5,12% do total de focos

no estado. Isso ocorre por causa da mudança no uso da terra, em 1970, por meio das

políticas públicas nacionais, quando a rodovia que une Santarém e Cuiabá foi construída

(SCHMITT et al., 2011). Com a estrada, a atividade pecuária se expandiu, assim como

as atividades madeireiras e as que envolvem minérios naturais, sendo as duas últimas as

principais causadoras do elevado número de focos (LOPES et al., 2017). Além disso, em

Novo Progresso, fatores como o desmatamento, estiagem e fatores meteorológicos

também foram observados, uma vez que em períodos mais secos e com menor cobertura

vegetal, o número de focos de queima aumenta.

São Félix do Xingu foi classificado como quinto município com maior número de

focos de incêndio, correspondendo este número a 14439 focos. Isto pode ser explicado

pelo fato de que o município em questão apresenta o maior rebanho bovino do Pará e um

dos três maiores do Brasil. Sendo assim, também é o município que apresenta altas taxas

de desmatamento, apontando a atividade pecuária como uma das responsáveis por este

140

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

fato. A retirada da cobertura vegetal em conjunto com as próprias características

climáticas da região - temperaturas típicas de latitudes próximas ao Equador - e com solo

apropriado para abertura de pastos levam a maiores focos de incêndio, logo, maiores

possibilidades de queimadas (SILVA et al., 2015).

Percebe-se que esses cinco municípios têm em comum a ocupação desenfreada

das terras, a expansão da agropecuária e o uso do fogo no preparo da terra, com ênfase

nos municípios de Altamira, Pacajá, São Félix do Xingu e Novo Progresso, por estarem

localizados na Mesorregião do Sudoeste Paraense, onde está concentrado o “arco do

desmatamento”. A localização desses municípios no estado do Pará pode ser observada

na Figura 2. Além disso, no segundo semestre do ano levantado, foi registrado o evento

“El Niño”, fenômeno climático o qual reduz a precipitação, aumentando

significativamente a ocorrência de incêndios florestais na região amazônica (ALENCAR,

2004).

Figura 2 – Localização no estado do Pará dos cincos municípios com maiores índices de focos

de queima de vegetação no período de 2018.

Fonte: Autores, 2019.

Ao contrário do que demonstra os cinco municípios com maiores índices de focos

de queima, Colares, Salinópolis, Benevides, Ananindeua e Marituba apresentaram as

menores quantidades de focos, sendo elas, respectivamente, 26, 22, 20, 4 e 1 foco (Figura

3).

141

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 3 – Os cincos municípios com menores índices de focos de queima de vegetação no

estado do Pará no período de 2018.

Fonte: Autores, 2019.

O município de Colares está localizado às margens da baía do Marajó e da baía

do Sol, uma área bastante úmida - em média 82% - o que dificulta a ação do fogo.

Ademais, por ser uma ilha, a ocupação antrópica desenfreada, a abertura de estradas e a

mudança do uso do solo são mais difíceis de ocorrer, levando a um menor índice de focos

de incêndio (SILVA et al., 1999).

Salinópolis, também por se tratar de um ambiente costeiro, como Colares,

apresenta a umidade um pouco mais elevada, o que também dificulta a ocorrência de

incêndios, além de ser uma região mais voltada ao turismo do que às atividades

agropecuárias, minerais ou madeireiras. Além disso, na região de Salinas encontra-se

muitos manguezais, os quais apresentam produção de biomassa intensa (LIMA;

GALVANI, 2013; LIMA; TOGNELLA, 2012), logo, grande produção de aerossóis, além

de vapor d’água e sal marinho provenientes também do oceano. Essas partículas

absorvem e espalham grande parte da radiação solar incidente, atenuando os efeitos da

radiação (FERNANDES et al., 2018). Isso pode ser um fato que explica o menor índice

de focos de incêndio na região.

Quanto à Benevides, Ananindeua e Marituba, as quantidades de focos de calor são

bem menores pelo fato de estarem localizados na região metropolitana de Belém, ou seja,

são mais urbanizados e quase não apresentam grandes áreas de floresta. Além disso, por

estarem localizados em área urbana, são exercidas em grande maioria as atividades

terciárias (comércio e serviços) e poucas atividades agrárias. É possível observar a

localização dos cinco municípios com menores focos de queima na Figura 4.

142

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Nesse contexto, é possível perceber que as atividades econômicas - serviço,

turismo e comércio - nos cinco municípios com menores quantidades de foco de queima,

diferem das atividades nos cinco que apresentam maiores focos, o que pode explicar, em

parte, o motivo da concentração de focos de incêndios em Altamira, Portel, Pacajá, Novo

Progresso e São Félix do Xingu, uma vez que nestes municípios as atividades

agropecuárias, minerais ou madeireiras.

Figura 4 – Localização no estado do Pará dos cincos municípios com menores índices de focos

de queima de vegetação no período de 2018.

Fonte: Autores, 2019.

143

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A mudança do uso da terra, abertura de estradas, criação bovina e as mudanças

climáticas das regiões apresentadas, contribuem para maiores quantidades de focos de

calor, logo risco de incêndio.

As atividades econômicas são fatores que influenciam na maior ou menor

incidência de focos de queima. Sendo os municípios com predominância de atividades do

setor agropecuário os cinco com as maiores quantidades de focos de queima. Por outro

lado, as regiões com atividades terciárias (comércio e serviços) demonstraram reduzidos

valores de focos de queima no ano de 2018.

Além disso, o emprego de ferramentas alternativas que as comunidades possam

utilizar em substituição ao uso do fogo, o patrulhamento, a utilização de imagens de

satélites, assim como a própria prevenção da propagação das chamas por meio de

brigadistas treinados podem ser instrumentos que diminuam o índice de focos de calor e

incêndios florestais.

144

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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146

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

AVALIAÇÃO DAS ESTRUTURAS DIAMÉTRICAS EM FLORESTAS

EXPLORADAS SEM AUTORIZAÇÃO, SUBMETIDAS AO LICENCIAMENTO

AMBIENTAL PARA PRODUÇÃO MADEIREIRA NO ESTADO DO PARÁ

Rafael Lima Araújo Ferreira1; Rivaldo Costa Cardoso Junior 2; Wheriton Fernando

Moreira da Silva 3; Jéssica Cristina Oliveira Maciel 4; Karina Sampaio Martins de

Sousa5

1 Especialista em Educação Ambiental. Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade

do Pará. [email protected].

2 Mestre em Botânica Tropical. Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do

Pará. [email protected].

3 Mestre em Ciências de Florestas Tropicais. Secretaria de Meio Ambiente e

Sustentabilidade do Pará. [email protected].

4 Especialista em Georreferenciamento, Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto.

Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará. [email protected].

5 Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected].

RESUMO

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará normatizou o

licenciamento de planos de manejo florestais sustentáveis no Estado em “áreas exploradas

no passado sem autorização”, ou seja, áreas que foram submetidas à exploração empírica

e irregular, sem a conivência do proprietário e que ainda tenham potencial madeireiro,

conforme o período de ocorrência do fato e o NDFI, assim disposto na IN Nº 01/2014 e

IN Nº 05/2015. Este trabalho apresenta a comparação das estruturas florestais de quatro

processos de manejo florestal protocolados na SEMAS, utilizando a distribuição por

classes diamétricas por densidade e área basal, onde duas áreas são em concessão florestal

e as outras duas em áreas que tiveram alguma degradação florestal, que caracterize como

“áreas exploradas no passado sem autorização”. Observou-se que as normas e a

metodologia de análise para estas “áreas exploradas sem autorização” não conseguem

determinar o efeito na estrutura florestal. Desta forma, a partir do resultado da distribuição

da densidade e da área basal nas classes diamétricas, observou-se que a estrutura florestal

pode ser comprometida, com empreendimentos que apresentam áreas com algum tipo de

intervenção que resulte na remoção de indivíduos arbóreos. Desta forma, a SEMAS deve

normatizar os procedimentos de apresentação de projeto dos empreendimentos com áreas

exploradas no passado e de suas análises por parte do corpo técnico da secretaria,

considerando a manutenção da estrutura florestal e seu melhor balanceamento entre as

classes diamétricas.

Palavras-chave: Manejo. Legislação . Florestal.

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal

147

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e

Sustentabilidade do Estado do Pará (SEMAS-PA) no uso de suas atribuições, elaborou

instruções normatizadoras visando os planos de manejo florestais sustentáveis no Estado.

As mais recentes, neste sentido, foram a Instrução Normativa Nº 01 de 2014 e a Instrução

Normativa Nº 05 de 2015. A Instrução Normativa Nº 01 de 2014 estabelece a

obrigatoriedade da Autorização Prévia à Análise Técnica de Plano de Manejo Florestal

Sustentável (APAT), como requisito prévio à prática do manejo florestal sustentável; já

a Instrução Normativa Nº 05 de 2015 trata dos procedimentos técnicos para elaboração,

apresentação, execução e avaliação técnica de Plano de Manejo Florestal Sustentável

(PMFS). (PARÁ, 2014a; PARÁ, 2015)

Algo a se destacar nas referidas Normativas é a possibilidade de

Licenciamento/Autorização de “áreas exploradas no passado sem autorização”. Esta

caracterização de “áreas exploradas no passado sem autorização” refere-se a áreas que

foram submetidas à exploração empírica e irregular, sem a conivência do proprietário e

que ainda contenha “capacidade produtiva”, conforme o período de ocorrência do fato e

o Índice Normalizado de Diferença de Fração (NDFI), uma metodologia criada pelo

Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZOM) para verificar os níveis

de degradação florestal, regulamentada pela Portaria Nº 63/2014 da SEMAS, para a

utilização da Diretoria de Geotecnologias da SEMAS (DIGEO), baseando-se na análise

temporal de imagens e calculando o nível das ações exploratórias. Considerando todas

estas normatizações e demais ferramentas norteadoras das análises da SEMAS, pouco se

observa de apresentação de estudos de distribuição diamétrica, conforme prevê o artigo

22 da Instrução Normativa Nº 05 de 2015, estes estudos são importantes para o

conhecimentos da estrutura das florestas a serem manejadas.

A distribuição diamétrica, também é denominada de estrutura diamétrica ou

distribuição dos diâmetros, conceitua-se da seguinte forma “[...] é a distribuição do

número de árvores, por hectare e por classe de Diâmetro à altura do peito, por espécie ou

por grupo de espécie“. (SOUZA; SOARES, 2013)

A análise da estrutura diamétrica da florestal é imprescindível para uso dos seus

recursos de forma sustentável, possibilitando o melhor planejamento para o manejo, ela

é uma das análises mais empregadas para retratar o comportamento estrutural de um

148

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

maciço florestal. Desta Forma, entendendo o comportamento da floresta frente aos

distúrbios naturais e antropogênicos, será possível lançar de medidas mitigadoras

(SANTOS et al., 2016). Ou seja, para a conservação dos serviços ecossistêmicos florestas

é importante antes de qualquer plano de ação, conhecer a composição e estrutura dos

remanescentes, o que é de suma relevância para que se façam intervenções e elaboração

de planos de manejo sustentável (COSTA JUNIOR, et al., 2008).

Este trabalho originou-se da vontade dos autores, que são servidores¹ da SEMAS,

de contribuir e externar suas observações, e assim, com a pretensão de apresentar as

análises de quatro POAs e comparar a estrutura florestal destes empreendimentos, sendo

duas áreas de concessões florestais do Estado do Pará, e as outras duas áreas que tiveram

alguma degradação florestal, que caracterize como “áreas exploradas no passado sem

autorização”, para verificar que as normas e a metodologia de análise para estas “áreas

exploradas sem autorização” não conseguem determinar o efeito na estrutura florestal.

2. METODOLOGIA

Foram selecionadas Autorização de Exploração de Produtos Florestais (AUTEF),

bem como processos com informações de Inventário Florestal a 100% (IF100%), Laudos

Técnicos de Geotecnologia e todas as demais informações do empreendimento e das

análises dos setores da SEMAS. Foram selecionados dois processos em áreas de

concessão florestal, nos Municípios de Monte Alegre e Santarém/Aveiro, que serão

denominados de propriedades D e C, e outros dois processos em áreas particulares e com

caracterização de “áreas exploradas sem autorização no passado”, nos Municípios de

Ulianópolis e Dom Eliseu e que serão denominados de propriedades B e A, conforme a

Figura 01, onde é possível observar as suas localizações no Estado do Pará.

149

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 1 – Localização aproximada das áreas dos Processos selecionados no Estado do Pará.

Fonte:Rafael Ferreira, 2019.

Por meio de planilha eletrônica, analisou-se os Inventários Florestais dos quatro

processos, realizando a classificação diamétrica, utilizando como intervalo de classes 10

centímetros de diâmetro, agrupando num total 13 Classes, onde todos os indivíduos a

partir 50 cm, que segundo Pará (2015) é o Diâmetro Mínimo de Corte, à 180 cm de

Diâmetro à Altura do Peito (DAP), com Qualidade de Fuste (QF) de 1 à 3, e com qualquer

destinação (Corte, Remanescente, Porta sementes, Protegidas, Etc.) foram alocados.

Calculou-se os valores de área de secção transversal de cada árvore (g), ainda no IF, onde

o somatório foi agrupado nas classes diamétricas as quais os indivíduos pertenciam.

Para reduzir o efeito da diferença do tamanho das áreas, foram calculadas as

Densidades e as Áreas Basais por classes diamétricas, com as informações dos Laudos

Técnicos emitidos pela DIGEO, especialmente as Áreas de Efetivo Manejo Florestal

(AEMF), que são as áreas indicadas para a realização do Manejo Florestal, descontadas

as áreas como Área de Preservação Permanente (APP), Infraestruturas, Áreas cipoálicas

e outras.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado da primeira análise dos inventários, como demonstra a Tabela 1,

apresenta as diferentes características, como o número de árvores inventariadas e as áreas

dos empreendimentos (AEMF). Algumas diferenças são bem marcantes, como exemplo

150

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

a AEMF do empreendimento “C”, cuja a área é quase 2,5 vezes maior que a somando das

áreas dos outros 3 empreendimentos.

Verificando as médias dos cálculos da Densidade (Nº/ha) e da Área Basal (m²/ha),

observou-se que os empreendimentos A e C apresentaram valores próximos para a

Densidade, quanto B e D apresentaram os extremos, para mais e para menos

respectivamente. Quanto ao resultado da Área Basal, os empreendimentos B e C

apresentaram valores extremamente próximos, assim como A e D, o que demonstra que

visualmente não haveria diferença entre “áreas exploradas no passado sem autorização”

e áreas sem exploração.

Tabela 1 – Resumo das informações dos IF’s e os valores médios de Densidade(N/ha), Secção

transversal (m²) e Área Basal (m²/ha), onde A e B são áreas exploradas e C e D não foram

exploradas.

EMPREENDIMENTOS N AEMF (ha) D(N/ha) g(m²) AB(m²/ha)

A 4182 402,3772 10,3932 1410,6558 3,5058

B 7233 504,4504 14,3384 2454,1710 4,8650

C 47253 3944,7966 11,9786 19434,3393 4,9266

D 5522 686,1503 8,0478 2299,8787 3,3519 Fonte: Ferreira et al. (2019).

Mas ao aplicarmos o teste estatístico de correlação linear nas classes diamétricas,

observou-se uma grande correlação entre os empreendimentos C e D que são as áreas

florestais sem exploração, assim como os empreendimentos A e B, que são as áreas

exploradas, conforme mostra a Tabela 2, produzida com o auxilio do programa

BioEstat5.3 (Ayres et al. 2007).

Tabela 2 – Resultado da análise de Correlação para os valores de Área Basal (m²/ha) por classes

diamétricas. EMPREENDIM. A e B A e C A e D B e C B e D C e D n (pares) = 13 13 13 13 13 13 r (Pearson) = 0.9317 0.8919 0.8765 0.8086 0.8375 0.9809 IC 95% = 0.78 a 0.98 0.67 a 0.97 0.63 a 0.96 0.46 a 0.94 0.53 a 0.95 0.94 a 0.99 IC 99% = 0.69 a 0.99 0.55 a 0.98 0.50 a 0.97 0.30 a 0.96 0.38 a 0.97 0.91 a 1.00 R2 = 0.868 0.7954 0.7683 0.6538 0.7014 0.9622 t = 8.5066 6.5402 6.0391 4.5579 5.0832 16.7417 GL = 11 11 11 11 11 11 (p) = < 0.0001 < 0.0001 < 0.0001 0.0008 0.0004 < 0.0001 Poder 0.05 = 0.9999 0.998 0.9961 0.9717 0.9857 1 Poder 0.01 = 0.9985 0.9861 0.9759 0.8897 0.9344 1

Fonte: Ferreira et al. (2019).

151

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Ao analisarmos a Área Basal (m²/ha) por classes diamétricas na Figura 2,

observaremos o reflexo nas classes iniciais (até a 3ª) da exploração não autorizada (A e

B), causadora da grande representatividade dos indivíduos de menor diâmetro na

ocupação destas áreas, devido aos indivíduos ingressantes nestas classes inferiores, que

tiveram a oportunidades, em contra partida, a pouca representatividade nas classes

maiores (a partir da 6ª), provavelmente as classes afetadas com a retirada dos indivíduos

arbóreos.

Figura 2 – Área Basal distribuídas em classes diamétricas de quatro empreendimentos, onde A e

B são áreas exploradas e C e D não foram exploradas.

Fonte: Ferreira et al. (2019).

Analisando a Densidade (Nº/ha) por classes diamétricas, verificou-se na Figura 3

que as “áreas exploradas no passado sem autorização” (A e B) tem maior densidade nas

menores classes diamétricas e que a partir da 3ª classe diamétrica observa-se uma grande

redução. Esta Figura nos permite supor que não existe um balanceamento entre as classes

diamétricas e um processo de restabelecimento da comunidade arbórea, assim como um

baixo quantitativo nas classes acima de 80 cm, que poderia indicar que alguns indivíduos

que deveriam estar nestas classes tenham sido explorados quando ainda estavam nas

classes inferiores, e desta forma, houve o comprometimento nas classes maiores.

152

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 3 – Densidades distribuídas em classes diamétricas de quatro empreendimentos, onde A

e B são áreas exploradas e C e D não foram exploradas.

Fonte: Ferreira et al. (2019).

A estrutura da floresta do empreendimento A parece ser a mais comprometida,

pois apresenta pouca representatividade nas classes diamétricas maiores que 100 cm. Esta

informação pode ser correlacionada com o Laudo Técnico Geotecnológico da SEMAS,

que apresenta a UPA deste empreendimento com mais de 70% da sua área com algum

tipo de intervenção no passado. Enquanto que a floresta do empreendimento B apresenta

a sua UPA com cerca de 30% da área do empreendimento com algum tipo de intervenção,

segundo o Laudo deste empreendimento.

Para Oliveira et al. (2013), em seus estudos comparativos entre áreas degradadas

e áreas conservadas, também observou o efeito na estrutura florestal nas áreas degradadas,

que apresentaram uma distribuição descontínua dos diâmetros ao longo das classes,

resultando num desbalanceamento diamétrico dos indivíduos em determinadas classes.

Gonçalves & Santos (2008) apresentaram em seus estudos que houve a manutenção da

estrutura diamétrica, por conta da baixa intensidade de exploração em área corretamente

manejada, assim como Reis et al. (2014), que também observou o aumento na densidade

após colheita, mostrando que ocorre um rápido recrutamento em todas as classes

diamétricas em áreas bem manejadas, mas que se o estoque não for observado, pode

153

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

comprometer o recrutamento, o que pode prejudicar a recomposição de classes maiores.

Carvalho & Nascimento (2009) observaram uma grande diferença nas maiores classes

diamétricas, relacionando-as ao ”corte seletivo pretérito e à mortalidade proporcionada

logo após a fragmentação” da floresta estudada, e consequente abertura do dossel, que

proporcionou o crescimento de juvenis, alterando a estrutura da floresta.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Licenciamento em “áreas exploradas no passado sem autorização” para a

atividade de manejo florestal mostra-se não atento a estrutura florestal, pois as normas

atuais focam apenas na produtividade, o período de ocorrência das explorações sem

autorização e na ausência de indivíduos nas classes inferiores ao diâmetro de corte.

O presente trabalho demonstra que outros parâmetros também devem fazer parte

de futuras normas, assim como as análises técnicas da SEMAS, que deverão atentar para

a manutenção de comunidades florestais, justamente num momento de recuperação de

suas estruturas, como no caso das “áreas exploradas no passado sem autorização”.

154

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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de-10-de-janeiro-de-2014-publicada-no-doepa-no32563-de-14012014-caderno-5-

paginas-6-7-8/>

PARÁ. Portaria Nº 063/2014-Gab/SEMAS de 15 de janeiro de 2014b. Instituir a

metodologia de análise de geoprocessamento, no âmbito desta Secretaria de Estado de

Meio Ambiente do Pará – SEMA/PA, para áreas exploradas no passado sem autorização

do órgão ambiental competente, que forem objeto de pedido de Autorização Prévia à

Análise Técnica de Plano de Manejo Florestal Sustentável – APAT , com a finalidade de

avaliar o nível de degradação florestal e definir as áreas com cobertura florestal passíveis

de exploração com aplicação de boas práticas de manejo, Secretaria de Meio Ambiente e

Sustentabilidade do Pará(SEMAS), Belém, PA, Nov 2019. Disponível em:

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publicada-no-doepa-no32563-de-14012014-caderno-5-paginas-6-7-8/>

PARÁ. Instrução Normativa Nº 005/2015, de 10 de setembro de 2015. Procedimentos

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de sucessão, no Estado do Pará, Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do

Pará(SEMAS), Belém, PA, Nov 2019. Disponível em:

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

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156

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

AVALIAÇÃO DE TEOR DE UMIDADE EM CASTANHA-DE-SAPUCAIA

Soany Elen Palheta da Conceição1; Elizane Alves Arraes Araújo2; Noemi Vianna

Martins Leão³; Elizabeth Santos Cordeiro Shmiszu4; Vanilza Marques Miranda5

1Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 2Discente do Mestrado em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural da

Amazônia. [email protected].

³Doutora em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 4Mestre em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 5 Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

RESUMO

A castanha de sapucaia (Lecythis pisonis Cambess) é uma castanha nativa do Brasil,

pertencente à família Lecythidacea. A espécie pode substituir, em igualdade de condições,

as nozes, amêndoas ou castanhas comuns (Bertholletia excelsa e Anarcadium occidentale

L.). Para alcançar sementes de alta qualidade, é fundamental considerar os muitos

aspectos. Dentre esses aspectos, o grau de umidade é considerado primordial. Diante do

exposto, o presente trabalho teve por objetivo determinar o teor de umidade de sementes

de sapucaia, em quatro tratamentos distintos. O estudo foi realizado no Laboratório de

Sementes Florestais (LASF) da EMBRAPA Amazônia Oriental, com frutos de duas

matrizes de Lecythis pisonis Cambess, coletadas em Julho de 2015. Os frutos foram

colocados por 10 dias, em lona, para a secagem sob condições ambientais de Belém. A

determinação do grau de umidade das sementes realizou-se com o lote das duas matrizes,

15 dias após a colheita, por meio da verificação do peso úmido e do peso seco, obtidos

após secagem em estufa a ±105°C, durante 24 horas. No tratamento das sementes inteiras,

na repetição 4 foi verificado o maior teor de umidade (58,06%) e o menor valor

encontrado foi na repetição 3 da semente macerada (28,41%). A maior média do teor de

umidade encontrada foi no tratamento inteiras (44,11%), seguida da macerada (37,57%),

corte horizontal (35,97%) e corte vertical (35,94%). Esse trabalho permitiu avaliar

quantitativamente o teor de umidade presente nas sementes recém colhidas da Lecythis

pisonis Cambess, bem como ressalta que a metodologia de avaliação de teor de umidade

do lote de sementes não difere significativamente o processo.

Palavras-chave: Sapucaia. Teor de umidade. Sementes.

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal.

157

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A castanha de sapucaia (Lecythis pisonis Cambess) é uma castanha nativa do

Brasil, pertencente à família Lecythidacea, originária de regiões de floresta pluvial

atlântica. A árvore de sapucaia é de grande porte, podendo atingir de 20 a 40 metros de

alturaa (SOUZA et al., 2014). A espécie pode substituir, em igualdade de condições, as

nozes, amêndoas ou castanhas comuns (Bertholletia excelsa e Anarcadium occidentale

L.), atualmente os maiores consumidores de castanha de sapucaia em florestas são os

animais, principalmente morcegos e macacos, destacando sua importância para o

equilíbrio da fauna (LORENZI, 1995).

A floração da L. pisonis ocorre nos meses de setembro a outubro, as flores são de

cor roxa e branca (SOUZA et al., 2014). A frutificação acontece de junho a setembro,

possuem frutos de casca muito dura e uma tampa que se solta quando maduros, liberando

as sementes que têm coloração marrom claro, sendo comestíveis e muito saborosas e com

propriedades medicinais, os frutos por sua vez pode ter uso como recipientes

(OLIVEIRA, 2002). Possui frutos lenhosos resistentes e pesados, com produção média

de 20 castanhas por fruto, além de apresentar aproximadamente 180 sementes por

quilograma (OLIVEIRA, 2002). É uma castanha aromática e oleaginosa que pode ser

consumida em natura ou assada (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012).

A “sapucaia” é importante no tratamento do prurido (SILVA et al., 2011), possui

ação eficiente no trato do bacilo da hanseníase. As cascas arbóreas são adstringentes, e

ajudam no tratamento de diarreias quando submetidas à infusão, as folhas por sua vez,

são usadas como Toni cardíacas e diuréticas (OLIVEIRA, 2002), outro uso é no banho,

combatendo irritações cutâneas (FRANCO; BARROS, 2006).

Sementes, nozes e castanhas comestíveis de plantas têm recebido atenção especial

de pesquisadores uma vez que são fontes naturais de vitaminas, minerais, proteínas e

ácidos graxos essenciais, podendo assim contribuir para a alimentação humana

(CARVALHO, 2012).

Para alcançar sementes de alta qualidade, é fundamental considerar os muitos

aspectos no decorrer dos processos que essas sementes são sujeitadas, principalmente

antes de aplicá-las nos plantios. Dentre esses aspectos, o grau de umidade é considerado

primordial, visto que o entendimento desse atributo possibilita a utilização de métodos

158

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

mais pertinentes no momento da colheita, secagem, beneficiamento e armazenamento,

garantindo a proteção da qualidade física, fisiológica e sanitária (NERY et al., 2004).

Do momento da colheita da semente até a sua utilização em plantios, é importantes

que se determine regularmente o grau de umidade, justamente para possibilitar o

reconhecimento de problemas que decorram, durante os diversos estágios de

processamento, ajudando em questões de armazenamento e viabilidade, permitindo assim

o emprego das devidas ações para resolvê-los. (MARCOS FILHO; CICERO; SILVA,

1987; NERY; CARVALHO; OLIVEIRA, 2004).

A diminuição do poder germinativo durante o armazenamento é motivado

principalmente pelo elevado grau de umidade das sementes. Nessa circunstância, a taxa

respiratória aumenta juntamente com a atividade de microrganismos e com graus de

umidade acima de 20% é possível o aquecimento da massa de sementes a uma

temperatura mortal. (DESAI et al., 1997; GARCIA et. al., 2008).

Em testes oficiais de qualidade de lotes de sementes, é imprescindível que o teor

de água de sementes seja determinado, visto que interfere exatamente nos muitos fatores

da qualidade fisiológica da semente. Além disso, afeta sua maturação, longevidade e

armazenamento, em diferentes pré-tratamentos indispensáveis em testes de germinação,

bem como no período ideal de colheita, peso das sementes e a predisposição a danos por

calor, fumigação, pragas e injúrias mecânicas. (GRABE, 1989).

Conforme Nascimento e Moraes (2011), teores de umidade superiores a 25%

durante o armazenamento, abriria espaço para o aumento de fungos, acentuando assim

putrefação de sementes por conta da consumação de reservas do embrião e da liberação

de toxinas, impossibilitando o estoque por períodos extensos.

Segundo Tresena et al. (2010), para preservar a conservação das sementes e

postergar sua deterioração é preciso que sua taxa de água seja reduzida, visto que em

conformidade com Barbedo e Bilia (1998) e Popiningis (1997), uma taxa de água grande

propicia o aumento da temperatura da massa de sementes, resultante do crescimento de

sua ação biológica, sendo capaz de ocasionar alterações degenerativas e estímulo dos

micro-organismos.

Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo determinar o teor de

umidade de sementes de sapucaia, em quatro tratamentos distintos. Com isso, temos a

seguinte questão: Os teores de umidade das sementes de L. pisonis alteram em diferentes

159

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

tratamentos? A hipótese é de que se há tratamentos distintos, há diferença da taxa de

umidade entre eles.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado no Laboratório de Sementes Florestais (LASF) da

EMBRAPA Amazônia Oriental. Foram selecionadas sementes provenientes de 87 frutos

de duas matrizes de L. pisonis, coletadas em Julho de 2015 e procedentes da Fazenda São

Marcos no município de Mãe do Rio, no estado do Pará. A coleta dos frutos foi feita

diretamente do chão e a distância entre as matrizes eram maiores que 30m. Os frutos

chegaram ao LASF no dia seguinte à coleta, e foram colocados por 10 dias, em lona, para

a secagem sob condições ambientais de Belém (umidade relativa do ar, em média 84% e

temperatura média de 27°C).

2.2 EXPERIMENTO

A determinação do grau de umidade das sementes foi realizada com o lote das

duas matrizes, 15 dias após a colheita, por meio da verificação do peso úmido e do peso

seco, obtidos após secagem em estufa a ±105°C, durante 24 horas. Para a avaliação, foram

dispostas duas sementes por cápsula de alumínio (massa de aproximadamente 2,5g), com

quatro repetições para cada tratamento, totalizando quatro distintos: sementes inteiras,

com corte vertical ao meio, com corte horizontal ao meio e sementes maceradas. Por fim,

para aferir o grau de umidade adotou-se a equação descrita pela Regra de Análise de

Sementes (BRASIL, 2009): % de Umidade = 100* (peso úmido - peso seco) /peso úmido.

2.3 ANÁLISE DOS DADOS

A avaliação de porcentagem de umidade foi através de ANOVA, através da

variável umidade entre os tipos de corte e as amostras foram compostas por duas

sementes, sendo 4 o total de repetições por tratamento. Para testar a hipótese, foi utilizado

o auxílio do software SISVAR 5.6, considerado 5 % de probabilidade e quando

necessário, realizou-se o teste de Tukey, ao nível de 5 % (p<0,05) para a análise de

diferenças estatísticas. O teste aplicado para a normalidade foi SHAPIRO-WILK

160

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se no teste, ao nível de 5 % (p<0,05) que as variações foram

consideradas pequenas nas repetições entre os tratamentos, porém, no tratamento das

sementes inteiras, na repetição 4 foi verificado o maior teor de umidade (58,06%) e o

menor valor encontrado foi na repetição 3 da semente macerada (28,41%), conforme o

Quadro 1.

Tabela 1 – Teores de umidade (%) de sementes de sapucaia em quatro tratamentos distintos.

Tratamento Repetição 1 Repetição 2 Repetição 3 Repetição 4

Inteiras 43,09 35,01 40,30 58,06

Corte Vertical 46,25 31,27 33,39 32,87

Corte Horizontal 30,22 37,02 38,81 37,81

Macerada 38,35 41,81 28,41 41,72

Fonte: Autores (2019).

No que diz respeito à tecnologia de sementes, é essencial que a taxa de umidade

seja estabelecida, preferencialmente nas várias fases no processo de produção, como no

armazenamento, isto porque a taxa de umidade interfere nas características físicas e

bioquímicas de sementes (CARVALHO, 2005).

Carvalho et al. (2006) verificaram que o grau de umidade nas sementes de L.

pisonis recém-beneficiadas no estado de Minas Gerais foi alto, por volta de 21%.

Conforme Oliveira et al. (2006) a temperatura e a umidade relativa do ar no local de

estudo exercem grande influência na umidade da semente, pois as sementes são

higroscópicas, ou seja, elas possuem o poder de absorver, ceder ou reter água do

ambiente. Isso explica os elevados teores de umidade encontrados nesse trabalho, devido

à região de estudo apresentar alta umidade relativa do ar.

A maior média do teor de umidade encontrada foi no tratamento inteiras com

((44,11%)), seguida da macerada (37,57%), corte horizontal (35,97%) e corte vertical

(35,94%) (Figura 1).

Carvalho e Nakagawa (2000) afirmam que a qualidade de sementes pode ser

afetada pelo desequilíbrio do teor de água, o que dificulta o manejo e a eficiência do

161

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

beneficiamento, além de ser um fator limitante no armazenamento. (CARVALHO;

NAKAGAWA, 2000).

Figura 1 – Gráfico de médias do teor de umidade de sementes de sapucaia.

Fonte: Autores (2019).

As médias passaram pela Anova e apresentaram um CV de 18,45% e os

tratamentos não apresentaram diferenças significativas quando submetidos ao teste

p<0,05. Ou seja, as diferentes metodologias apresentaram comportamentos semelhantes

no processo de secagem ao qual foram submetidas, afirmando assim, que a hipótese foi

rejeitada, conforme o teste empregado.

Campos e Tillmann (1996) e Ramos et al. (2000) viram que conforme o método

empregado para estabelecimento da umidade, pode ocorrer uma alta ou baixa alteração

dos resultados.

Tabela 2 – Tabela de análise de variância para os dados de teor de umidade da Castanha. FV GL SQ QM FC

Tratamento 3 181,208919 60,4020973 1,203

Erro 12 602,331375 50,194281

CV(%)= 18,45

Média Geral: 38,3993750 Nº de observações: 16

GL- Grau de Liberdade; SQ- Soma dos quadrados; QM-

Quadrado das médias; FC- fator calculado; CV – Coeficiente de

variação.

Fonte: Autores (2019).

162

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

4. CONCLUSÃO

Este trabalho permitiu avaliar quantitativamente o teor de umidade presente nas

sementes recém-colhidas da Lecythis pisonis Cambess. A média de teor de umidade no

tratamento inteiras, macerada, corte horizontal e corte vertical foram: 44,11%; 37,57%;

35,97% e 35,94% respectivamente. O estudo trouxe a importância de se determinar o teor

de umidade nas sementes, justamente para assegurar a qualidade delas nas variadas etapas

de beneficiamento.

O presente trabalho ressaltou que a metodologia de avaliação de teor de umidade

do lote não diferiu significativamente o processo, uma vez que as médias apresentaram

valores aproximados.

163

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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165

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

CARACTERIZAÇÃO DE PROPRIEDADES FÍSICAS E ANATÔMICAS DA

MADEIRA DE Qualea albiflora Warm, MANDIOQUEIRA PARA

CONSTRUÇÃO CIVIL

Cinthia Manuella Pantoja Pereira; Alice Ferreira Cardoso2; Ewerton Alves Nazareno 3;

Aliça Dayane Araújo Abreu4; Marcela Gomes da Silva 5

1 Graduanda do curso de Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da

Amazônia, campus Belém-PA, E-mail: [email protected]. 2 Graduanda do curso de Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da

Amazônia, campus Belém-PA. E-mail: [email protected];

³ Graduando do curso de Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da

Amazônia, campus Belém-PA. E-mail: [email protected]. 4 Graduando do curso de Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da

Amazônia, campus Belém-PA. E-mail: [email protected]. 5 Professora Doutora em Tecnologia da madeira, pertencente ao Instituto de Ciências

Agrárias da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Belém-PA, .E-mail:

[email protected]

RESUMO

A Amazônia possui uma diversidade madeireira relevante no cenário mundial e o Brasil

possui um grande potencial em ser um produtor de móveis de competitividade global,

porém sua posição de 31°lugar no ranking dos exportadores de móveis é desconfortável.

Dentre as espécies madeireiras da flora amazônica, destaca-se a espécie, Qualea albiflora

Warm popularmente conhecida como Mandioqueira e que surge como forte potencial

para exportação e construção civil. Diante do exposto, o objetivo do trabalho é determinar

as características físicas, no que diz respeito à densidade; e anatômicas, referente à

macroscopia da madeira da espécie em questão, visando fornecer subsídios para fortalecer

sua aptidão tecnológica. Foi coletado pranchão da espécie e foram confeccionados corpos

de prova a partir desse pranchão. Foram feitas amostras de dimensões de 2x3x5 cm

medidas estas que foram tomadas com base na NBR 7190 que é referência para esse tipo

de procedimento. As amostras foram submetidas à saturação e posteriormente levadas a

estufa a 103ºC até saturar sua massa. Após a saturação, foram feitas as análises da espécie

em estudo, primeiramente, para as análises anatômicas macroscópicas e posteriormente

feitas as avaliações da densidade básica e da retratibilidade do indivíduo através da

relação entre massa seca pelo volume saturado. Após os resultados do estudo, constatou-

se que a densidade básica para Qualea albiflora Warm obteve um valor médio de 0,78

g/cm³ valor este obtido devido às variações nas propriedades físicas e macroscópicas

dessas espécies.

Palavras-chave: Densidade básica. Propriedades físicas. Macroscopia.

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal

166

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A Amazônia possui inestimáveis riquezas de essências florestais como: látex,

óleos, frutos e castanhas, além de outros produtos de origem da madeira. Desta forma o

Brasil possui um grande potencial em ser um produtor de móveis de competitividade

mundial, porém essa abundância florestal não é diretamente proporcional a sua posição

de 31°lugar no ranking dos exportadores de móveis (SOARES; CARVALHO, 2013).

Qualea albiflora Warm, surge com forte potencial para a exportação.

Vulgarmente conhecida como Mandioqueira na região amazônica, é da família

Vochysiaceae, e tem origem no norte do Brasil, com altura comercial de 12,9m

(LUCHTEMBERG, 2013). Segundo CASTRO (2014) a Qualea albiflora Warm é

utilizada na construção civil como ripas, forros, guarnições, cordões, rodapés, móveis

standard e partes internas de móveis, compensados, embalagens e paletes.

A diversidade de nomes vulgares utilizados no mercado dificulta a

comercialização, resultando em prejuízos tanto para revendedores quanto para

compradores (REIS et al., 2014). Desta forma, ressalta-se a importância de identificação

anatômica da madeira com base em análises macroscópicas na qual é possível visualizar

o parênquima axial, vasos, fibras, raios, entre outras características, as quais são de grande

utilidade ao setor madeireiro para garantir ao consumidor um certificado autêntico das

espécies desejadas (REIS et al., 2014). Tão importante quanto à descrição anatômica

macroscópica, outro índice de qualidade da madeira utilizados na indústria florestal é a

densidade básica, por ser uma das características da madeira que melhor expressam sua

qualidade no beneficiamento industrial.

Tendo em vista toda está problemática, a mandioqueira (Qualea albiflora Warm)

foi escolhida para ser estudada dentro das várias espécies florestais comercias que vem

ganhando grande demanda de mercado na região amazônica por apresentar grande

resistência física as intempéries temporais e apresentar preço altamente competitivo no

mercado moveleiro na construção civil (Garcia, 2013).

Diante do exposto, objetivou-se descrever as características físicas, no tocante a

densidade básica; e anatômicas do lenho, referente à macroscopia da madeira da espécie

Qualea albiflora Warm, visando fornecer subsídios para fortalecer sua aptidão

tecnológica para construção civil.

167

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2. MATERIAL E MÉTODOS

Esse estudo foi realizado em 2017, a madeira de Qualea albiflora Warm foi

coletada em produtora de madeira serrada para construção civil no município de Belém,

proveniente de plano de manejo, situada na divisa dos estados do Pará e Amapá, através

do projeto FLONA Jari. O indivíduo abatido foi desdobrado em pranchões centrais, nas

dimensões de 1,40 m de comprimento por 0,2 m de espessura visando facilitar o

transporte até o Laboratório de Tecnologia e Produtos Florestais (LTPF) localizado na

Universidade Federal Rural da Amazônia campus Belém-PA.

Para a determinação da estrutura anatômica, foram confeccionados corpos de

prova com tamanho de 2cm x 3cm x 5cm em 10 repetições. Para a melhor visualização,

foi utilizada uma lupa conta fios de 10x de aumento.

Além da análise macroscópica, foi determinada a densidade básica.

Primeiramente, as amostras passaram pelo processo de saturação, após esse

procedimento, determinou-se o volume saturado utilizando-se como base o princípio de

Arquimedes no qual o volume do corpo de prova era determinado pelo deslocamento do

volume de água.

Após a determinação do volume as amostras foram colocadas em estufa à 103º ±

2 para a secagem. De posse da massa seca e do volume saturado foi possível determinar

a densidade básica da espécie em estudo seguindo as normais da ABNT NBR 7190 que

é btida pela seguinte fórmula:

Db=MsVs

Onde, Db= densidade básica (g/cm³); Ms= massa de amostra absolutamente seca, Vs=

volume saturado em (cm³).

A análise dos dados estatísticos foi feita com a utilização do software Excel a

partir dos cálculos da média, pontos de máximo e mínimo, desvio padrão, erro padrão e

coeficiente de variância a fim de facilitar a interpretação desses dados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 ANÁLISE ANATÔMICA MACROSCÓPICA

No que diz respeito à descrição anatômica macroscópica de Qualea albiflora

Warm verificou-se a ocorrência do parênquima axial visível a olho nu, do tipo aliforme e

losangular e também linear; poros pouco visíveis a olho nu, com solitários predominantes,

168

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

mas com ocorrência de múltiplos de 2 a 4, em disposição diagonal e com presença de

depósito branco. Os raios transversais são bem visíveis a olho nu e não estratificados

(Figura 1). As camadas de crescimento são pouco distintas, e a madeira foi classificada

como medianamente pesada e de textura média, além de cerne de cor bege claro, brilho

moderado, cheiro e gosto imperceptíveis.

Figura 1. Macroscopia da madeira de Qualea albiflora Warm em faces

Transversal (A), Longitudinal Tangencial (B) e Longitudinal Radial (C).

Fonte: Autores (2017).

Resultados semelhantes foram encontrados por Reis et al. (2014) com a madeira

do mesmo gênero, apresentando camada de crescimento indistintas, poros visíveis a olho

nu, difusos, com arranjo tendendo a diagonal, apresentando contorno angular;

parênquima axial visível a olho nu, paratraqueal aliforme de extensão linear; raios em

observação macroscópica foram considerados contrastados em seção radial, com largura

variando entre 1 a 3 células.

De acordo com a Organização Internacional das Madeiras Tropicais (2017) com

base no livro Catálogo das Madeiras da Amazônia (1968), destacou para a espécie de

mesmo gênero, Qualea sp, o parênquima relativamente abundante, visível a olho nu,

aliforme, chegando a formar arranjos oblíquos ligando alguns poros. Poros visíveis a olho

nu, solitários, agrupados em 2-3 poros, vazios, embora alguns sejam obstruídos por tílos.

Linhas vasculares facilmente visíveis. Raios no topo são finos e numerosos, porém

visíveis sob lente; madeira considerada pesada. ZENID (2013) descreveu Qualea

albiflora Warm como uma madeira com cerne na cor bege-claro levemente rosado e de

brilho moderado; cheiro e gosto imperceptíveis, densidade média, moderadamente dura

ao corte, textura média.

169

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3.2 AVALIAÇÃO DA DENSIDADE BÁSICA

A espécie Qualea albiflora Warm apresentou média de densidade básica igual a

0,78 g/cm³ (Tabela 1). No estudo feito por Garcia (2013), que visava à obtenção do

rendimento volumétrico de Qualea albiflora Warm em serrarias, a espécie mostrou

densidade básica média de 0,68 g/cm³ a qual foi classificada como madeira

moderadamente dura ao corte. Entretanto, o Catálogo de Madeiras Brasileiras para

construção civil do Instituto de Pesquisa Tecnológicas de São Paulo que padroniza a

densidade para as espécies nacionais, definiu como moderadamente dura as madeiras com

densidade a partir de 0,70 g/cm³ ou 700 kg/m³.

Tabela 1. Análise estatística descritiva e da densidade básica

da Qualea albiflora Warm. Espécie Estatística descritiva DB

Qualea albiflora Warm

Mínimo 0,76

Máximo 0,79

Média Aritmética 0,78

Desvio Padrão 0,01

Erro Padrão 0,002

Coeficiente de Variância 0,01

Fonte: Autores (2017).

A Qualea albiflora Warm obteve densidade básica de 683 kg/m³. Segundo o

Catálogo de Madeiras Brasileiras para Construção Civil do Instituto de Pesquisa

Tecnológica - IPT de São Paulo, esta espécie é considerada de densidade moderadamente

média a dura, com densidade aparente a 15% de 820 kg/m³. Os valores encontrados no

presente estudo estão abaixo aos descritos por esse catálogo, reforçando a aptidão da

madeira para a construção civil, devido à diferença das condições de umidade relativa e

ao ponto de saturação das fibras PSF, que no caso do estudo foi a abaixo deste ponto.

Segundo Rocha et al (2003), a densidade básica da madeira varia em função da

taxa de crescimento, local, espaçamento, idade, procedência, espécie, e varia ainda na

mesma espécie e dentro da mesma árvore. A autora afirma também que a variação

individual evidencia o potencial de seleção das espécies. Outras características

influenciam nas diferenças encontradas na densidade básica da madeira em espécies

diferentes, haja vista que as características da madeira são o resultado da combinação

170

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

entre fatores genéticos e ambientais (Rocha et al, 2003). O tamanho e espessura de seus

elementos celulares na madeira também influenciam na densidade básica, especialmente

em se tratando de fibras e microfibrilas que são o resultado da rica composição química

intracelular.

.

4. CONCLUSÃO

Analisando os resultados da densidade básica e o comportamento dimensional da

espécie em estudo, pôde-se observar que a espécie Qualea albiflora Warm, conhecida na

região amazônica como mandioqueira, apresentou densidade 0,78 g/cm³, devido a fatores

genéticos, ambientais e anatômicos. A espécie foi classificada como moderadamente dura

para a construção civil e sendo apta para construções temporárias, partes internas de

construção civil tais como molduras, forros, rodapés, lambris e similares.

171

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

CASTRO, A. P. et al. Características das Madeiras para Construção Civil. Instituto

de Pesquisas Tecnológicas (IPT), São Paulo, 2013.

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crescimento. Revista árvore. Vol 7. Sociedade de Investigações Florestais nº2, visoça

MG, 2003.

SOARES, M. H. M.; CARVALHO, J. O. P. D. Importância ecológica das espécies

Bagassa guianensis (tatajuba), Copaifera multijuga (copaíba), Dipteryx odorata

(cumaru). Hymenaea courbaril (jatobé), e Tabebuia serra tifolia (ipê-amarelo) em

Floresta Natural na Amazônia Brasileira. Embrapa. Pará, 2013. p. 1-3.

172

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

CONJUNTURA DO MERCADO DA FIBRA DE BURITI (Mauritia flexuosa L.)

NO ESTADO DO PARÁ ENTRE OS ANOS DE 1997 A 2017

Adson Eluan da Silva1; Francisco Valente Braga2; Patrícia Mie Suzuki3; Welton dos

Santos Barros4; Fabrício Khoury Rebello5

1 Graduando em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 2 Graduando em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 3 Graduando em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 4 Graduando em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 5 Professor orientador. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected].

RESUMO

A biodiversidade amazônica vem diminuindo devido o avanço das fronteiras agrícolas,

fato que leva à exaustão dos seus recursos. Com isso, a fibra do buriti, como produto

florestal não madeireiro (PFNM), apresenta-se como uma alternativa sustentável e

economicamente viável para os pequenos produtores. O objetivo do trabalho foi analisar

os efeitos da cadeia produtiva da fibra do buriti no mercado (preço e produção) durante

os anos de 1997 a 2017 no estado do Pará. Os dados coletados para o desenvolvimento

deste trabalho foram retirados do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA). Foi realizada a análise da taxa média geométrica de crescimento anual em percentagem

(TCG%). Para corrigir efeito da inflação do decorrer dos anos, foi realizado a correção

inflacionária por meio do Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) da

Fundação Getúlio Vargas (FGV). No estado do Pará, os municípios com maior produção

são: Igarapé-Miri, Abaetetuba, Cametá e Barcarena. O preço da fibra cresceu 397,06%

entre os períodos de 1997 a 2017, no entanto, a produção, no mesmo período, reduziu

cerca de 18,67%. Dentre os principais atores da cadeia produtiva da fibra de buriti,

destacam-se os extrativistas e extrativistas-artesãos, atravessadores-proprietários de

barcos, artesãos - de brinquedos e de paneiros, comerciantes e, por fim, os consumidores

regionais, nacionais e internacionais. O apoio e incentivo do governo com implantação

de políticas públicas devem ser desenvolvidas, para que haja a continuidade da produção

por meio de manejos sustentáveis das palmeiras e uma ampliação do mercado para os

produtos derivados da fibra de buriti. Visto que é uma cadeia produtiva que sustenta várias

famílias e apresenta uma grande importância na tradição e na cultura das comunidades

paraenses.

Palavras-chave: Extrativismo. Produto Florestal não Madeireiro. Cadeia Produtiva.

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal

173

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Com o decorrer dos anos, o avanço das fronteiras agrícolas põe em risco cada vez

mais os ecossistemas florestais, a biodiversidade e a conservação dos mesmos. Neste

contexto, as populações que vivem tradicionalmente desses recursos tem um papel

fundamental na manutenção da floresta, pois muitos apresentam rendas originárias do

extrativismo de produtos florestais não madeireiros - PFNM (FIEDLER et al., 2008).

Partindo-se da premissa do desenvolvimento sustentável, por meio da exploração

dos PFNM, encaixa-se nesse contexto a utilização da Mauritia flexuosa L., palmeira

nativa de áreas alagadas, conhecida popularmente como, buriti, miriti, carandá-guaçu. O

buriti tem uma ampla distribuição geográfica, sendo encontrado no Cerrado, Amazônia e

Caatinga (FLORA DO BRASIL, 2019). As pequenas comunidades localizadas nessas

regiões usufruem, tradicionalmente, dos diversos produtos originários da palmeira nativa,

apresentando elevada importância social, cultural e econômica.

O buritizeiro pode chegar até 35 m de altura e produz entre 400 a 500 frutos por

cacho, contudo apenas a palmeira fêmea é capaz de produzir frutos, necessitando da

polinização da palmeira macho (SOUZA; VIANA, 2018). Do buritizeiro quase tudo é

aproveitado pelas comunidades locais, desde os frutos para o consumo até a

comercialização de sucos e polpas, contribuindo para a segurança alimentar da família,

servindo as folhas para extração das fibras para produção de artesanatos e brinquedos e o

caule para fazer vinhos (ALMEIDA; SILVA, 1994).

A fibra do buriti é um dos principais produtos da palmeira, sendo o estado do Pará

responsável pela maior produção do Brasil (IBGE, 2017). A matéria-prima da fibra é o

pecíolo, onde a parte externa do pecíolo é utilizada para confeccionar paneiros e a parte

interna (medula) apresenta uma textura esponjosa, utilizada na fabricação de brinquedos.

Da folha mais jovem, vulgarmente conhecida como “linho” ou “seda” do buriti, são

confeccionados bolsas, cordas, toalhas, chapéus, entre outros (SARAIVA, 2009;

CATTANI; BARUQUE- RAMOS, 2014).

O artesanato é uma forma de manifestação cultural e obtenção de renda das

pequenas comunidades. Vale ressaltar que nos últimos anos os artefatos de miriti,

sobretudo os brinquedos, passaram a ser conhecidos e comercializados em outros países

do mundo, como Japão, Estados Unidos, França, Alemanha e Portugal, por meio de feiras

174

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

públicas e exposições culturais, estimulando a exportação desses produtos (MORAES,

2013).

A fibra do buriti tem uma importância social e cultural relevante para os pequenos

produtores e para o estado do Pará, porém poucas são as informações a respeito da cadeia

produtiva desse produto, prejudicando a criação de políticas públicas para dinamizar a

comercialização dessa fibra. Com isso, este trabalho teve como objetivo de analisar os

efeitos da cadeia produtiva da fibra do buriti no mercado (preço e produção) durante os

anos de 1997 a 2017, no estado do Pará.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Os dados utilizados neste trabalho foram coletados do Sistema IBGE de

Recuperação Automática (SIDRA). Os dados são referentes ao período de 1997 a 2017.

As variáveis estudadas foram: quantidade da produção anual de fibra de buriti no estado

do Pará em toneladas e o preço médio do buriti em R$/toneladas. O preço foi obtido por

meio da razão entre o valor monetário da produção e pela quantidade produzida, conforme

a equação 1.

𝑃 = 𝑉/𝑄 Eq. 1

Em que:

P = preço em R$/tonelada;

V = valor anual da produção (R$);

Q = quantidade anual produzida (toneladas).

A análise da taxa média geométrica de crescimento anual em percentagem

(TGC%) foi realizada ao nível de 5% de significância, por meio de regressão entre as

variáveis ano, quantidade produzida em toneladas, valor bruto da produção e valor real.

Seguido da aplicação da equação 2 no coeficiente b da variável independente.

𝑇𝐺𝐶 (%) = (𝐴𝑛𝑡𝑙𝑜𝑔 𝑏 − 1) 𝑥 100 Eq. 2

175

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Para corrigir o efeito da inflação, foi realizado a correção inflacionária por meio

do Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas

(FGV). O software utilizado para a análise dos dados foi o Microsoft Office Excel.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No estado do Pará, segundo IBGE (2017), os maiores produtores da fibra do buriti

foram os municípios de: Igarapé-Miri, com 89,5% da produção em relação ao Pará e

46,84% em relação ao Brasil; Abaetetuba e Cametá, ambos com 3,9% em relação ao Pará

e 2,04% em relação ao Brasil; Barcarena com 1,2% em relação ao Pará e 0,61% em

relação ao Brasil; correspondendo os 4 municípios a 98,5% da produção estadual e

51,53% da produção brasileira (Tabela 1).

Tabela 1 - Produção da fibra de buriti por município do estado do Pará em 2017.

Local Produção (toneladas) Percentual (Brasil) Porcentagem (Pará)

Brasil 491 100% -

Pará 257 52,34% 100%

Igarapé-Miri 230 46,84% 89,49%

Abaetetuba 10 2,04% 3,89%

Cametá 10 2,04% 3,89%

Barcarena 3 0,61% 1,17%

Oeiras do Pará 2 0,41% 0,78%

Tracuateua 2 0,41% 0,78%

Fonte: SIDRA (2019).

No município de Igarapé-Miri, além da elevada produção da fibra do buriti,

também é responsável pela maior produção de açaí no estado, tendo em vista que

apresenta grandes áreas com açaizais nativos nas ilhas. Dessa maneira, os buritizais

correm o risco de substituição por plantio de açaizais, os quais podem gerar uma maior

renda aos produtores locais, tendo em vista que apresentam uma elevada demanda, tanto

nacional quanto internacional (ARAÚJO; NAVEGANTES-ALVES, 2015). Além disso,

a substituição dos buritizais por açaizais também se dá devido aos financiamentos

176

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

bancários facilitados pelo governo para a manutenção dos mesmos, algo inexistente para

as áreas de buriti (MORAES, 2013).

No Pará, o preço da fibra do buriti cresceu 397,06% entre o período de 1997 a

2017, com uma taxa de crescimento anual de 6,69%, no entanto, sua produção caiu cerca

de 18,67% nesse período, reduzindo cerca 1,03% ao ano (Figura 1).

Tabela 2 - Dados sobre a produção da fibra do buriti no estado do Pará.

Ano Quantidade produzida

(ton) Valor da produção

(R$) Valor Real

(R$)

1997 316 130.080,07 411,65

1998 302 118.427,17 392,14

1999 304 623.823,04 2.052,05

2000 295 478.219,92 1.621,08

2001 303 355.013,91 1.171,66

2002 296 172.627,50 583,20

2003 289 167.504,58 579,60

2004 280 192.055,70 685,91

2005 261 172.867,36 662,33

2006 259 192.954,16 745,00

2007 247 491.338,13 1.989,22

2008 250 458.999,31 1.836,00

2009 252 456.903,13 1.813,11

2010 254 438.826,31 1.727,66

2011 255 461.382,79 1.809,34

2012 259 469.783,79 1.813,84

2013 257 428.142,03 1.665,92

2014 258 513.768,65 1.991,35

2015 264 544.122,37 2.061,07

2016 261 504.459,75 1.932,80

2017 257 525.857,84 2.046,14

TV% -18,67% 304,26% 397,06%

TCG% -1,03% 5,59% 6,69%

Fonte: SIDRA 2019

Durante o período, os dados apontam que no estado, os valores variaram de R$

411,65 a R$ 2.046,14 por tonelada. Em 1999 houve um aumento intenso no preço,

177

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

seguido de uma sequência de quedas nos anos 2000 e 2001, e em 2007, novamente uma

acentuada elevação no preço da tonelada, sofrendo pouca variação desde então (Figura

1).

Figura 1 - Variação do preço da tonelada da fibra do buriti entre os anos de 1997 a 2017.

Fonte: SIDRA 2019

Diversos fatores podem ter influenciado no aumento repentino do preço da fibra

do buriti na década de 90. Hammet (1999) afirma que um dos fatores que pode ter

alavancado os PFNMs, tenha sido a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida em 1992 por meio da Agenda 21, onde

identificava os PFNMs como produtos da sustentabilidade, necessitando futuramente de

medidas apropriadas para melhor aproveitamento desses produtos.

Outro fator que também pode ter influenciado o aumento repentino do valor da

fibra do buriti, pode ter sido a “efêmera” crise monetária brasileira em 1999, na qual a

taxa de câmbio efetiva do real atingiu cerca de 36,6% (MURTA et al., 2003).

Em relação ao ano de 2007, um dos motivos que pode ter influenciado no aumento

contínuo do preço da fibra do buriti seria o decreto n° 6.040, instituindo a Política

Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, que

178

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

reconhecia povos e comunidades como usuários dos recursos naturais para subsistência e

desenvolvimento econômico, assegurando que os recursos naturais para reprodução

cultural, física e econômica (SARAIVA, 2009). Além disso, a constância do preço

elevado da fibra do buriti entre o período de 2007 a 2017, pode estar relacionado com a

implantação dos produtos extrativistas na Política Nacional de Garantia de Preços

Mínimos (PGPM), que garantia aos produtores extrativistas manter a oferta, mesmo com

oscilações constantes no mercado (SARAIVA, 2009).

A queda na produção da fibra do buriti, ocorrida ao longo dos anos, pode estar

relacionado à sua cadeia produtiva. De acordo com Cattani (2016) devido o buriti ser uma

espécie de crescimento lento, a intensa atividade extrativista não respeita o tempo de

recuperação, que varia de 6 a 8 meses, tendo como resultado a morte inevitável dessa

palmeira. Por isso, Souza e Perpétuo (2016) sugerem que, para assegurar a sobrevivência,

a extração deve acontecer obedecendo a periodicidade para não danificar ou até mesmo

matar a palmeira.

A prática do extrativismo para obtenção da matéria prima pode influenciar

diretamente na sua oferta. Devido ao esgotamento dos buritizais nas localidades próximas

às comunidades, ocasionada pela falta de manejo adequado, tem como resultado a morte

dos indivíduos, fazendo com que seja necessário a extração em áreas mais distantes,

encarecendo e desestimulando a produção da fibra (FERNANDES-PINTO, 2006;

ALMEIDA et al., 2009), confirmando a teoria de Homma (2014), sobre as limitações do

extrativismo para atendendimento das demandas crescentes de mercado.

4. CONCLUSÃO

Com o aumento da dificuldade e distância para se chegar até as palmeiras de buriti,

para a extração das folhas, tem-se o crescente risco de substituição das áreas de buritizais

nativas por plantios de açaizais, tendo em vista que essas que proporcionam uma maior

renda e segurança alimentar para a população local. Estes fatores comprometem a

produção da fibra do buriti no estado do Pará, tendendo a redução considerada da

produção. O apoio e incentivo do governo com implantação de políticas públicas devem

ser desenvolvidos, para que haja a continuidade da produção por meio de manejos

sustentáveis das palmeiras e ampliação do mercado para os produtos derivados da fibra

179

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

de buriti, visto que é uma cadeia produtiva que sustenta várias famílias e apresenta uma

grande importância na tradição e na cultura das comunidades paraenses.

180

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. N.; BITTENCOURT, A. M.; SANTOS, J. A.; LOYOLA, C. E.;

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181

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

SARAIVA, N. A. Manejo Sustentável e Potencial Econômico da Extração do Buriti

nos Lençóis Maranhenses. 2009. 129 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade de

Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável.

SARAIVA, N. A. Manejo Sustentável e Potencial Econômico da Extração do Buriti

nos Lençóis Maranhenses, Brasil. 2009. Dissertação de Mestrado. Centro de

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182

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

DINÂMICA DO TRABALHO NA ATIVIDADE EXTRATIVISTA DA Carapa

guianensis Aubl. (ANDIROBA) EM PROJETOS DE ASSENTAMENTOS

AGROEXTRATIVISTAS (PAEX) DAS VÁRZEAS DO MUNICÍPIO DE

IGARAPÉ-MIRI, PARÁ

Aline Dias Brito1; Carlos Anderson Sousa de Carvalho2; Tayse Fernanda do Amaral

Silva3 Louise Ferreira Rosal4

Roberta de Fatima Rodrigues Coelho5

1Engenheira Agrô[email protected] 2 Engenheiro Agrônomo. [email protected] 3Engenheira Agrônoma. [email protected]

4Engenheira Agrônoma. IFPA. [email protected] 5Engenheira Florestal. IFPA. [email protected]

RESUMO

Este estudo tem como objetivo analisar a dinâmica do trabalho na atividade extrativista

da Carapa guianensis Aubl. (andiroba) em Projetos de Assentamentos Agroextrativistas

(PAEX) das várzeas do Município de Igarapé-Miri, PA. A coleta de dados aconteceu nos

PAEX das ilhas Mamangal, Mutirão, Buçu e Jarimbu, através de questionário usando a

metodologia snowball ou “Bola de Neve”, que permitiu alcançar uma base de dados de

14 extrativistas. Sobre o trabalho com a andiroba, verificou- se 4 (quatro) são coletores

de sementes, 4 (quatro) são coletores de sementes e extratores de óleo e 6 (seis) são

extratores de óleo, sendo a maioria dos extrativistas constituída por mulheres

correspondendo a 11 dos entrevistados e apenas 3 (três) homens. A principal organização

social de trabalho para comercialização de sementes é Cooperativa Agrícola dos

Empreendedores Populares de Igarapé-Miri (CAEPIM), sendo o óleo comercializado de

forma individual. A atividade de coleta de sementes para venda e para a extração do óleo

é uma alternativa viável de renda, mais, faz-se necessário ações para potencializar o

comercio de óleo para além das várzeas.

PALAVRAS-CHAVE: Produtos não madeireiros; Organização social; Extrativismo.

Área de Interesse do Simpósio: Unidades de conservação

183

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A Carapa guianensis Aubl. (andiroba) possui grande valor econômico atribuído

a madeira e o óleo extraídos das sementes. O óleo de andiroba é um produto florestal não

madeireiro (PFNM) bastante utilizado pela população amazônica, sendo um dos

principais óleos considerados tradicionais na região norte do país para fins medicinais e

cosmecêutica, tornando-o um óleo de alto interesse econômico (LOURENÇO et al.,

2017).

Nas áreas de várzeas do município de Igarapé-Miri, Região do baixo Tocantins,

apresentam grande potencial para a produção florestal durante a entressafra do açaí,

principal cultura de consumo e renda dos extrativistas. Nesse contexto, a andiroba possui

grande potencial para o manejo e uso sustentável, através da atividade de coleta de

sementes para a extração de óleo, podendo promover o desenvolvimento local e renda aos

extrativistas. Além disso, a atividade de coleta de sementes e extração de óleo, promove

a conservação da biodiversidade, comparado a extração de madeira e outros usos da terra,

os quais implicam em conversão da floresta.

Existem poucas informações sobre as formas de trabalhos com a andiroba nas

várzeas de Igarapé-Miri, e por essa razão, tornam-se necessários estudos visando

potencializar o reconhecimento, a disseminação e reprodução de dados consistentes sobre

andiroba. Diante disso, este trabalho tem como objetivo analisar a dinâmica do trabalho

na atividade extrativista da Carapa guianensis Aubl. (andiroba) em Projetos de

Assentamentos Agroextrativistas (PAEX) das várzeas do Município de Igarapé-Miri, PA.

2. MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa ocorreu nos projetos de assentamentos agroextrativistas (PAEX) das

ilhas Mamangal, Mutirão, Buçu e Jarimbu (Figura 01), localizada no município de

Igarapé-Miri, localizado na região do Baixo Tocantins, mesorregião do nordeste

paraense, a 78 Km da capital do estado do Pará.

184

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 1 - Mapa de localização do PAEX no município de Igarapé-Miri, PA.

Fonte: elaborada pelo autor, 2018

Os PAEX são destinados à exploração de área dotadas de riquezas extrativas,

através de atividades economicamente viáveis, socialmente justas e ecologicamente

sustentáveis partindo da lógica do uso coletivo da terra (SANTOS et al., 2017). Para

Silva et al. (2017), a regularização por meio do uso coletivo da terra garante a proteção

dos direitos territoriais das famílias agroextrativista, surgindo novas oportunidade de

produção agrícola, manutenção da diversidade e dignidade as populações tradicionais.

A pesquisa foi de cunho qualitativo com auxílio de questionários, os entrevistados

foram selecionados por amostragem não probabilística, através da metodologia snowball

ou “Bola de Neve” apresentada por Vinuto (2014), em que os participantes iniciais de um

estudo, indicam novos participantes ao pesquisador, que por sua vez indicam novos

participantes e assim sucessivamente até que seja alcançado o objetivo proposto. Esta

metodologia permitiu alcançar, alcançar 14 extrativistas que exercem a atividade com a

andiroba.

As entrevistas foram gravadas e para o consentimento na participação da pesquisa,

foram disponibilizados aos respondentes o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecimento (TCLE) de acordo com as diretrizes estabelecidas pela resolução nº

466/12 (BRASIL, 2012).

A pesquisa foi cadastrada na plataforma Sistema de Autorização e Informação em

Biodiversidade (SISBio) regida pela instrução Normativa nº 03 de 01 de setembro de

185

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2014. Os dados obtidos nos questionários foram tabulados em planilha no programa Excel

2010, e analise de estatística descritiva.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou- se que dos 14 entrevistados, 4 (quatro) são coletores de sementes,

fazem apenas a venda de sementes de andiroba como uma oportunidade de renda, uma

vez que, não possuem conhecimento e a prática de extração de óleo; 4 (quatro) são

coletores de sementes e extratores de óleo, coletam as sementes tanto para a venda, quanto

para extração do óleo e o óleo extraído é destinado para consumo e venda, desta maneira,

visam o aumento da renda familiar praticando as duas atividades, e 6 (seis) são extratores

de óleo, coletam as sementes apenas para a extração do óleo que são destinados a venda

e ao uso pessoal.

O núcleo familiar dos entrevistados, possui em média 6 (seis) pessoas por unidade

de produção familiar (UPF). A dinâmica do trabalho nessas ilhas é desenvolvida a partir

da divisão social de trabalho de homens e mulheres (Gráfico 1 e 2). A maioria dos

extrativistas que trabalham com andiroba são mulheres correspondendo a 11 dos

entrevistados e apenas 3 (três) são homens.

Os homens são os principais responsáveis pelo extrativismo da Euterpe oleraceae

Mart. (açaí), desenvolvendo paralelamente atividades secundárias como produção de

hortaliças, pesca e participam da coleta de andiroba. As mulheres desempenham uma

força de trabalho diversificada dentro do núcleo familiar extrativista, conciliando o

trabalho doméstico a outras atividades dentro e fora das UPF, sendo as principais

responsáveis pela coleta de sementes e extração de óleo da andiroba.

O trabalho realizado pelas mulheres é em função do conhecimento tradicional

que elas adquiriram através da oralidade com seus familiares, se destacando neste cenário

como um elemento essencial para preservação das andirobeiras nos sistemas de produção

familiar (SPF).

186

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2- Principais atividades desenvolvidas pelos homens na UFP do PAEX no Municipio

de Igarapé-Miri.

Fonte: autores.

Figura 3- Principais atividades desenvolvidas pelas mulheres na UFP do PAEX no Municipio

de Igarapé-Miri.

Fonte: autores.

Estudos realizados por Mota et al. (2014) entre as catadoras de mangaba no estado

de Sergipe e Soares et al. (2017) em Salvaterra no Marajó no estado do Pará, destacam

que são as mulheres as principais responsáveis pelo extrativismo, e através da organização

de trabalho, controlam os recursos da comercialização das sementes utilizados no sustento

da família, denotando o exercício de autonomia sobre essas atividades. Santos (2013)

destaca que a prática de trabalho associado a andiroba realizado pelas mulheres, ocorre

em função dos conhecimentos acerca dessa espécie, sendo também as principais

responsáveis pela transmissão de conhecimentos a geração futura. Nesse sentido, as

mulheres contribuem para a gestão dos recursos do ecossistema local, através do manejo

desta espécie dentro das unidades produtivas que é feito exclusivamente pelos homens,

seja marido ou filhos.

A organização social de trabalho nas várzeas de Igarapé-Miri é bem diversificada.

A maioria dos extrativistas estão articulados através de cooperativas e associações como

187

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

estratégia para fortalecer o trabalho coletivo e, assim, viabilizar a comercialização de

produtos. Dentre as organizações sociais, a Cooperativa Agrícola dos Empreendedores

Populares de Igarapé-Miri (CAEPIM) realiza a comercialização das sementes de andiroba

para uma empresa multinacional. Essa cooperativa tem um papel importante para o

fortalecimento da cadeia de produtos da sociobiodiversidade da várzea mirense

contribuindo para economia tradicional local.

Outras organizações importantes destacadas pelos extrativistas foram a

Associação dos Minis e Pequenos Produtores Rurais de Igarapé-Miri - Mutirão, que

segundo Reis (2008) é uma entidade originariamente agrícola, constituída por

trabalhadores rurais, com objetivos e finalidades de buscar melhores condições de vida

da população e das comunidades, a partir do usufruto de direitos políticos, institucionais

e civis; a colônia dos pescadores denominada pelos ribeirinhos CACIPESCA, um projeto

voltado para o fortalecimento dos acordos de pesca como iniciativas de gestão

comunitária de recursos aquáticos e o Sindicato dos Trabalhadores e trabalhadoras Rurais

(STTR) de Igarapé-Miri.

Apesar de várias organizações sociais, nenhuma faz a facilitação do comercio do

óleo, dessa forma cada extrator vende sua produção de forma individual. Uma parte do

óleo extraído é destinado para uso familiar e em alguns casos é destinado a doação a

parentes e amigos, e a outra parte é vendida.

O litro do óleo de andiroba é vendido entre R$ 10,00 a R$ 40,00 diretamente ao

consumidor, que na maioria são os próprios moradores da região, venda para atravessador

e olarias. Dessa maneira, pode-se perceber que a produção de óleo de andiroba nas

várzeas tem contribuído significativamente para geração de renda e conservação

ambiental.

4. CONCLUSÃO

A atividade de coleta de sementes para venda e para a extração do óleo é uma

alternativa viável de renda dos ribeirinhos nas várzeas do município de Igarapé-Miri no

período que o açaí está na entre safra. Essa atividade é desenvolvida principalmente pelas

mulheres que neste cenário fazem presente como força de trabalho, sedo elemento

fundamental para a conservação dessa espécie na várzea miriense.

188

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Apesar de várias organizações sociais, apenas uma facilita a comercialização de

sementes e o óleo passa a ser comercializado de forma individual, sendo necessário ações

que partam dos próprios extrativistas para potencializar o comercio de óleo para além das

várzeas e fortalecer a produção, já que a demanda por esse produto é grande.

189

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

BRASIL. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova diretrizes e normas

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PE da Serra do Mar, Núcleo Santa Virginia (PESM-NSV), estado de São Paulo, Brasil/

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24, n. 42, p. 264-286, 2014.

LOURENÇO, J. N. DE P. et al. Produção, biometria de frutos e sementes e extração

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VINUTO, J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em

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191

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

DESCRIÇÃO DOS FATORES ORGANIZACIONAIS E AMBIENTAIS DE UMA

EMPRESA MADEIREIRA: ESTUDO DE CASO NO DISTRITO DE ICOARACI,

BELÉM/PA

Rodrigo Corrêa de Castro1; Caroline das Graças dos Santos Ribeiro2; Lucas Silva

Pereira3

1Especialista em Perícia Ambiental. Faculdade Estácio de Belém. E-mail:

[email protected]

2Especialista em Educação Ambiental. Faculdade Estácio de Belém. E-mail:

[email protected]

3Graduando em Engenharia Sanitária e Ambiental. Universidade Federal do Pará. E-

mail: [email protected]

RESUMO

A pesquisa buscou mapear o processo organizacional e ambiental das atividades

exploratórias de uma empresa madeireira localizada no Distrito de Icoaraci, Belém/PA.

As empresas madeireiras visam se adequar às normas organizacionais e ambientais frente

à exploração excessiva e indiscriminada dos recursos florestais. O progresso do

desenvolvimento sustentável está associado a crescente e contínua sensibilização da

sociedade. Logo, necessita-se aprender e elaborar boas estratégias organizacionais,

econômicas e ambientais com assessoria de técnicas e ferramentas, as quais alinhem o

desempenho da empresa às demandas sociais como o planejamento, o controle das

unidades de manejo florestal e a qualificação dos seus colaboradores. Logo, é importante

criar e manter um cronograma de treinamentos focados na segurança e qualificação

técnica dos profissionais. Assim, o objetivo do estudo é identificar o processo produtivo;

quantificar e classificar as ferramentas e técnicas utilizadas; e verificar a contribuição da

empresa quanto ao desenvolvimento sustentável no setor madeireiro. A pesquisa

apresenta metodologia quantitativa e método exploratório. As informações pertinentes à

execução da pesquisa foram obtidas in loco. E as visitas técnicas na empresa ocorreram

entre os meses de agosto e setembro de 2018. Então, delimitou-se a área de estudo para

mapear a empresa de forma mais eficiente. A empresa demonstrou preocupação em

planejar suas atividades exploratórias, pois além de cumprir todas as normas estabelecidas

na Legislação Ambiental, apresentou um Plano de Manejo Florestal Sustentável próprio

de suas áreas de exploração, cuja aprovação ocorreu por intermédio da Secretaria de Meio

Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS). A indústria madeireira é comercializada

conforme os parâmetros e regras exigidos pela SEMAS. Identificou-se que a empresa

possui fundamentos e práticas de desenvolvimento sustentável em suas atividades

exploratórias como fator de minimização aos impactos no segmento madeireiro. Ela

inclui em sua estrutura organizacional atividades de planejamento, responsabilidades

práticas e procedimentos que visam manter a Política Ambiental compreensível.

Palavras-chave: Atividades Exploratórias. Recursos Florestais. Desenvolvimento

Sustentável.

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal.

192

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Para Woitchunas e Silva (2008), a Revolução Industrial é o marco histórico da

substituição da força de trabalho humano pelo emprego das máquinas. Isso gera grande

transformação na organização e divisão do trabalho, visto que é necessário simplificar e

padronizar as atividades produtivas para que se adequem aos processos organizacionais

e gestacionais de tarefas das grandes empresas que surgiram no século XVIII.

De acordo com a assertiva de Brum (1996), a diversidade dos recursos naturais

propiciou ao Brasil estabelecer uma relação predatória entre o homem e a floresta, o que

comprometeu a resiliência do meio ambiente. À vista disso, a utilização indiscriminada

da madeira é efetivada e identificada desde a descoberta da América por Cristóvão

Colombo.

Dean (1994) diz que a divisão de terras por sesmarias possibilitou o processo de

devastação da mata nativa, cuja intensificação abriu espaço para a exploração de outros

recursos naturais e, assim, gerou um ciclo de economia. A devastação das florestas

primárias ocorria sem dificuldade, pois os subprodutos eram doados ou trocados, a fim

de estabelecer uma relação de comércio simplificada.

Segundo Dean (1996), apesar do histórico de excessiva exploração indiscriminada

das empresas madeireiras na Amazônia Legal, busca-se adequar os seus padrões de

produção às normas e leis ambientais através dos Sistemas de Plano de Manejo Florestal

e Licitação de Florestas Públicas. Essas ações requerem um processo organizacional

planejado, desde suas atividades pré-exploratórias até suas atividades pós-exploratórias.

Consoante com Machado (2002), a colheita florestal é definida como um conjunto

de operações efetuadas no maciço florestal, o qual visa preparar, extrair e transportar a

madeira através do uso de técnicas e padrões estabelecidos com a finalidade de

transformá-la em produto manufaturado. Essa etapa é a mais importante do ponto de vista

técnico-econômico, pois ela é composta por uma série de ações que geram o produto final.

Dessa forma, o manejo florestal sustentável é aplicado como um processo de

gerenciamento e planejamento para propor as melhores intervenções socioeconômicas e

ambientais a médio e longo prazo.

193

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

O objetivo do estudo é identificar o processo produtivo; quantificar e classificar

as ferramentas e técnicas utilizadas; e verificar a contribuição da empresa quanto ao

desenvolvimento sustentável no setor madeireiro no Distrito de Icoaraci, Belém/PA.

2. METODOLOGIA

Em relação à natureza da pesquisa, Cervo e Bervian (2004) dizem que ela é

quantitativa, pois o investigador é movido pela vontade de contribuir para fins práticos,

buscando investigar e solucionar problemas concretos. E o tipo de pesquisa é classificado

como exploratório, haja vista que se utiliza o estudo de caso como método de

investigação.

As informações necessárias à execução da pesquisa foram obtidas in loco, por

meio de análise de dados oriundos de registros históricos da Indústria Madeireira em

questão, que foram produzidos pelo proprietário responsável e os demais colaboradores,

os quais contêm livros de registro em seu domínio.

As visitas técnicas na empresa ocorreram entre os meses de agosto e setembro de

2018. Elas foram acompanhadas pelos responsáveis que exercem atividades exploratórias

de floresta manejada e, além disso, contêm uma ampla visão sobre os processos

organizacionais que envolvem o manejo florestal.

De tal maneira, delimitou-se a área de estudo para mapear a empresa de forma

mais eficiente. Logo, evidenciou-se o sistema de exploração florestal; o sistema pré

exploratório; a construção de infraestrutura de colheita, corte e derrubada direcionada; o

arraste de tora; a operação de pátio, logística e transporte; a organização, comando,

coordenação e controle.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A empresa demonstrou preocupação em planejar suas atividades exploratórias,

pois além de cumprir todas as normas estabelecidas na Legislação Ambiental, apresentou

um Plano de Manejo Florestal Sustentável próprio de suas áreas de exploração, cuja

aprovação ocorreu por intermédio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade

(SEMAS).

194

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

O sistema praticado pela empresa envolve práticas relacionadas aos processos de

colheita de madeira e a regeneração natural para garantir as produções futuras. A

exploração florestal da empresa tem como prática: o planejamento da safra e uso de mapas

logísticos para auxiliar na derrubada das árvores e no arraste das toras, assim como a

orientação necessária para realizar as técnicas operacionais.

A seguir, listam-se algumas das atividades que compõe o sistema de exploração

da empresa, as quais são de fundamental importância para compreender o estudo de caso:

• Inventário pré-exploratório

Ele consiste na demarcação das unidades de trabalho e identificação, classificação,

medição e localização de todas as árvores de espécies comerciais e potencias acima de 40

cm de diâmetro a altura do peito (DAP). Nesta etapa são coletadas informações da

topografia do terreno e condições adversas da floresta como: áreas com muitos cipós e

clareiras. Todas as informações são tratadas e servirão para a realização de todo o

planejamento da colheita.

• Construção da infraestrutura de colheita

Toda infraestrutura é construída respeitando os limites ambientais e o prévio

planejamento realizado com base no mapeamento resultante do inventário pré-

exploratório, o qual evita o cruzamento de áreas de preservação permanente e árvores

protegidas.

• Corte e derrubada direcionada

O operador de motosserra e seu auxiliar, de posse dos mapas, encontram as

árvores indicadas para a derrubada. Nesse momento, o operador e seu auxiliar iniciam os

procedimentos de verificação de possibilidade de derrubada da árvore, seguindo os

seguintes procedimentos:

• Fazer o teste de oco;

• Verificar a direção de queda natural da árvore;

• Definir a direção de queda desejável (derruba direcionada), baseado em critérios

de direcionamento de queda;

• Abrir os caminhos de fuga;

• Executar a derrubada direcionada da árvore.

São derrubadas as árvores destinadas à produção madeireira, cujos atributos sejam

coincidentes com os critérios de seleção de corte. No momento em que uma destas árvores

195

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

não for cortada por motivos identificados no momento da derruba, ocorre a substituição

por outra árvore assinalada, sendo obrigatoriamente da mesma espécie.

• Arraste de toras

É realizado com tratores skidder e, eventualmente, por tratores de esteira adaptada

para o arraste, cujos planejamentos seguem as trilhas sinalizadas com fitas coloridas para

diferenciar as trilhas principais das trilhas secundárias. Ressalta-se que cada trator deve

trafegar em uma trilha distinta para evitar o seu alargamento.

• Operação de pátio

Consiste no processo de traçado, identificação e romaneio de toras. Neste

momento, inicia-se o controle por meio de volume real, por isso é muito importante que

seja realizada corretamente para evitar prejuízos de ordem econômica e ambiental. Os

erros nesta etapa podem ocasionar mau aproveitamento de toras.

• Logística e transporte

O transporte é realizado através de carretas que movimentam a matéria-prima

entre as Unidades de Produção Anual (UPA) e os portos. Ela fica estocada até nova

movimentação que ocorre por via fluvial, com origem na balsa até o local de

beneficiamento da indústria.

Nas movimentações entre a floresta e os portos; e entre os portos e destino final,

o transporte somente ocorre após a emissão do romaneio de toras, Guia Florestal (GF) e

Nota Fiscal (NF). No baldeio a movimentação ocorre sem a necessidade de

documentação, visto que é realizado dentro da UPA.

• Organizar

Para a empresa, organizar é o processo de identificar, dividir e alocar o trabalho.

Nesse sentido, ela identifica, divide e grupa o trabalho a ser realizado; define

responsabilidades e autoridades, assim como estabelece as relações entre os grupos, de

modo a possibilitar que as pessoas trabalhem de maneira eficaz para atingirem os

objetivos.

• Comandar

A empresa entende que comandar significa interpretar os planos para as pessoas e

dar as instruções e orientações sobre como executá-los, assim como garantir o alcance

dos objetivos. A empresa acredita que é necessário definir os objetivos; traçar as

estratégias para alcançá-los; estabelecer o planejamento e estruturar a organização. As

196

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

atividades e os processos de direção são os meios adequados para o sistema funcionar de

maneira eficaz.

• Coordenar

A empresa entende que coordenar é ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços

para que se chegue aos objetivos traçados. Por isso ela coordena suas ações através de

planejamentos de todas as suas etapas no processo de exploração da madeira.

• Controlar

Na empresa são controlados os documentos de registros de treinamentos, os

relatórios produzidos etc. As etapas da colheita serão controladas através de registros

manuais, os quais serão transcritos ao sistema de planilhas eletrônicas para apuração dos

dados e emissão de relatórios gerenciais e de produção. Eles serão divulgados à diretoria,

sob responsabilidade do Engenheiro Florestal da empresa. Não obstante, menciona-se que

todos os arquivos, físicos ou eletrônicos, serão preservados por um período mínimo de

três anos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A indústria madeireira é comercializada conforme os parâmetros e regras exigidos

pela SEMAS. Identificou-se que a empresa possui fundamentos e práticas de

desenvolvimento sustentável em suas atividades exploratórias como fator de minimização

aos impactos no segmento madeireiro. Ela inclui em sua estrutura organizacional

atividades de planejamento, responsabilidades práticas e procedimentos que visam

manter a Política Ambiental compreensível.

De acordo com as funções organizacionais descritas, constata-se que a empresa

tem como funções administrativas: prever, organiza, comandar, coordenar e controlar

suas atividades de exploração etc. No entanto, mesmo com a inserção de fundamentos e

práticas organizacionais e ambientais adequados, é preciso que a empresa tenha mais

conhecimento sobre os impactos positivos e negativos sobre a atividade de mercado que

ela está inserida.

Portanto, faz-se necessário contratar profissionais capacitados na área ambiental

para promover o gerenciamento necessário à evolução da empresa, assim como contratar

profissionais de marketing para que a empresa ganhe destaque no cenário econômico e,

197

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

assim, invista em políticas empresariais e socioambientais consoantes com a realidade

local.

198

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

BRUM, A. J. O desenvolvimento econômico brasileiro. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

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WOITCHUNAS, F. L.; SILVA, M. Fundamentos da gestão organizacional. Ed. Unijuí,

2008. 128 p.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

EQUAÇÕES DE CRESCIMENTO EM ALTURA DOMINANTE PARA UM

PLANTIO CLONAL DE Tectona grandis Linn F.

Welton dos Santos Barros1, Mario Lima dos Santos2; Beatriz Cordeiro Costa3; Dione

Dambrós Raddatz4; Walmer Bruno Rocha Martins5

1 Graduando em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 2 Doutorando em Ciências Florestais. Universidade de Brasília.

[email protected]. 3 Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 4 Doutorando em Ciências Florestais. Universidade de Brasília. Universidade Federal

Rural da Amazônia.

[email protected]. 5 Professor orientador. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected].

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo ajustar e selecionar o modelo que melhor expressar a

tendência de crescimento de um plantio clonal de Tectona grandis Linn F. (teca), no

município de Capitão Poço, PA. O estudo foi realizado em um plantio pertencente à

empresa Tietê Agrícola LTDA, localizada no município de Capitão do Poço. Foram

utilizados dados coletados nos anos de 2011, 2012, 2013 e 2014, sempre nos meses de

julho, sendo mensuradas 1125 árvores anualmente. As variáveis dendrométricas

coletadas foram: altura total (Ht) e circunferência a altura do peito (CAP) que

posteriormente foi transformado em diâmetro a altura do peito (DAP) e idade. Foram

ajustados modelos de crescimento em altura dominante, sendo os indivíduos dominantes

selecionados pelo conceito de Asmamm. A seleção do melhor modelo ajustado foi

determinada pelo coeficiente de determinação ajustado (R²aj.%), erro padrão residual da

estimativa em percentagem (Syx%), erro padrão residual recalculado (Syxr%),

diagnóstico da distribuição dos resíduos em percentagem e do desvio médio percentual

(DMP%). Todos os modelos ajustados apresentaram F significativo, a 95% de

probabilidade (p < 0,05), evidenciando a existência de regressão, ou seja, as variáveis

respostas podem ser estimadas através da(s) variável(is) independente(s) dos diferentes

modelos ajustados. Na análise dos seis modelos que envolveram as variáveis altura

dominante e idade, é possível utilizar todos os seis modelos ajustados; porém, o modelo

4, representado pela equação Id²/Hdom= -0,0909 + 0,1997 * Id + 0,03531 Id² foi o modelo

mais recomendado, sendo o mais prático para a estimativa da altura dominante em função

da idade dos indivíduos.

Palavras-chave: plantio. teca. reflorestamento.

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal

200

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1. INTRODUÇÃO

A espécie Tectona grandis Linn F. vulgarmente conhecida como teca, pertencente

à família Lamiaceae, tem se destacado mundialmente no setor florestal. É uma espécie de

elevado valor comercial, bastante utilizada na construção de móveis finos e na construção

naval, devido sua madeira de alta qualidade, podendo ser comercializada desde os

primeiros desbastes, afirma Pelissari et al. (2014). É uma espécie natural do sul e sudeste

do continente asiático, onde possui uma boa adaptação no Brasil, na qual encontrou

condições consideradas ideais para o seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 2003;

BEHLING, 2009).

Segundo o Relatório da Indústria Brasileira de Árvores, “IBÁ” (2015), a espécie

T. grandis apresentou um crescimento em área plantada de 22.059 hectares durante os

anos de 2010 a 2014, demostrando a crescente expansão e importância do cultivo de tal

espécie nacionalmente, onde atualmente possui 87.499 hectares plantados. Possivelmente

o valor real de áreas plantadas seja superior pelo fato dos relatórios serem realizado com

dados apresentados por empresas vinculadas ao IBÁ, onde uma parcela não é

contabilizada.

A Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas “ABRAF” (2013),

atesta que Brasil cultiva teca em escala comercial nos estados do Mato Grosso,

Amazonas, Acre, Roraima e Pará, sendo o estado da região centro-oeste o maior produtor

do país desta espécie.

Para Tonini et al. (2009), apesar de existirem diversos estudos sobre a espécie no

mundo, estes ainda são escassos no Brasil. As práticas de manejo adotadas em plantios

de teca no Brasil, geralmente são baseadas em conhecimentos insuficientes e inadequados

(PELISSARI et al., 2014). Por este fato, devido à crescente implantação de povoamentos

com teca, em especial na Região Norte, torna-se imprescindível o conhecimento do

crescimento e produção desta espécie em cada sítio florestal.

Sendo assim, a predição do crescimento de povoamentos é importantíssima para

o gerenciamento florestal, sendo necessárias para compreender os processos de

crescimento da floresta, uma vez que é aconselhável que manejo seja determinado em sua

maioria pela prognose de produções futuras a partir de informações correntes,

favorecendo-se assim, o planejamento e rentabilidade do empreendimento. Os modelos

de regressão devidamente ajustados estimam o crescimento a partir de atributos em nível

201

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

de povoamento, como idade, área basal e índice de local, de acordo com Campos & Leite,

(2006), o que justifica tal estudo.

Dentre as variáveis dendrométricas, a altura dominante geralmente independe do

espaçamento adotado no plantio e é menos afetada pela manipulação da densidade, a não

ser em casos extremos. Os indivíduos com altura dominante possuem maior probabilidade

de permanecerem durante toda a rotação da cultura, possibilitando-se assim, análises

continuas dos mesmos. Por outro lado, as variáveis diâmetro, área basal e volume são

bastante influenciadas por fatores externos, onde esta última, é a mais utilizada em se

tratando de predição de crescimento e produção (SCOLFORO, 1994).

Além do fato da altura dominante sofrer menos influência dos tratamentos

silviculturais, esta medida de crescimento, demostra uma satisfatória correlação com os

fatores ambientais inter-relacionados, assim com a produção total em volume, além de

ser considerado o índice de sítio de um local. Em comparação com o volume, a altura

dominante é mais facilmente obtida, além de proporcionar maior praticidade na aplicação

(MENEGOL, 1991).

Este trabalho teve por objetivo ajustar e selecionar o modelo que melhor expressar

a tendência de crescimento de um plantio T. grandis, localizado no município de Capitão

Poço, PA.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo será realizado na Fazenda São Luiz, pertencente à empresa

Tietê Agrícola LTDA, localizada no município de Capitão do Poço, na margem esquerda

da rodovia BR – 010, no sentido Belém – Paragominas, pertencendo a mesorregião do

nordeste paraense e microrregião do Guamá.

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O plantio clonal foi realizado no ano de 2010, onde possui uma área de

aproximadamente 54 hectares, com espaçamento de 4 m x 4 m entre plantas, perfazendo

625 indivíduos/ha. Para monitoramento do plantio foram implantadas 5 parcelas

permanentes quadradas com área de 3600 m2 cada, com processo de amostragem aleatório

simples.

De acordo com a classificação climática de Köppen, a região da bacia do Guajará

está enquadrada no clima tipo Am. Este tipo define um clima quente e úmido clima

202

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

tropical chuvoso com curta estação seca (BRASIL, 2009). O subclima seco associa-se ao

regime anual das precipitações e corresponde ao inverno seco, com precipitação média

do mês mais seco inferior a 60 mm.

As áreas que compõem a vegetação da Fazenda São Luiz pertencem à região da

floresta densa, sub-região dos altos platôs do Pará Maranhão e estão constituídas de

floresta densa dos terraços e secundária latifoliada. Na região Amazônica a denominação

Floresta Densa pode ser considerada sinônimo de floresta ombrófila tropical (BRASIL,

1973).

Na região existe uma predominância de Latossolos Amarelos e Plintossolos

(BRASIL, 1973, VIEIRA, 1988). Na área da fazenda, existem duas classes predominante

de solos, classificado conforme o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, conforme

Santos et al. (2013), como Latossolo Amarelo Distrófico Petroplíntico (LAd), Latossolo

Amarelo Distrófico Típico (lad) e Plintossolo Pétrico Concrecionário (FFc).

O relevo plano a suave ondulado, sendo que poucas áreas podem ser classificadas

como de relevo ondulado, ocupadas apenas com pastagem, onde as declividades são

identificadas como suave, e suave ondulado chegando a próxima de 5% (FOLONI et al.,

2010).

2.2 COLETA DE DADOS

Foram utilizados os dados coletados nos anos de 2011, 2012, 2013 e 2014, sempre

nos meses de julho, sendo mensuradas 1125 árvores anualmente. As variáveis coletadas

foram: Altura Total (Ht), Circunferência a Altura do Peito (CAP) que posteriormente foi

transformado em Diâmetro a Altura do Peito (DAP) para identificar os indivíduos

dominantes e idade (Id).

Para cada ano foi calculada a Altura dominante (Hd) por parcela através da média

das alturas dos 36 indivíduos mais grossos presentes em 3600 m², metodologia esta

adotada seguindo o conceito de Assman (MACHADO & FIGUEIREDO FILHO, 2014).

Os instrumentos necessários na coleta de dados são: Clinômetro Haglof para a

Altura Total (Ht) e dominante (Hd), fita métrica para o CAP, trena de 30 m, GPS

(Garmim), ficha de campo, lápis e borracha.

ANÁLISE DE DADOS

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Foi realizada uma análise quantitativa dos dados coletados em campo. Serão

ajustados modelo de crescimento envolvendo dados de Hd em função da Idade (Id).

Utilizando-se o software Microsoft Excel 2013, serão realizados os ajustes dos modelos

de crescimento, geração da tabela resumo com as medidas de precisão, geração de

gráficos da distribuição dos resíduos e estimar os valores de altura dominante (Hd) para

os anos posteriores do plantio.

2.3 MODELOS MATEMÁTICOS DE REGRESSÃO

Os modelos de crescimento selecionados para ajuste são compostos pela Altura

dominante (Hd) como sendo a variável dependente ou de interesse, e a Idade (Id) com

suas transformações matemáticas, como variáveis independentes. Foram ajustados e

avaliados 1 modelo linear e 5 modelos linearizáveis de crescimento, como mostrados na

Tabela abaixo.

Tabela 1 - Modelos de crescimento selecionados para ajuste. Onde: Hd= Altura

Dominante; βi= Parâmetros da regressão; Id= Idade; εi= erro.

Nº MODELOS

1 Hd= β0 + β1 Id + β2 Id² + β3 Id³ + εi

2 Hd = β0 Id β1 + εi

3 Hd = β0 e β1 Id + εi

4 Hd = Id ²/(β0 + β1 Id + β2 Id2 ) + εi

5 Hd = e (β0 + β1 1/Id) + εi

6 Hd = β0 e (β1 Ln Id + β2 (Ln Id)²) + εi

Fonte: Os autores, 2019.

2.3.1 Critérios de seleção dos modelos ajustados

Após os ajustes dos modelos de regressão pelo método dos mínimos quadrados,

foi gerada a análise de variância (ANOVA) obtendo-se o valor do Teste F a 95% de

probabilidade, com o intuito de verificar a existência de regressão entre a variável

resposta e a(s) variável(eis) independente(s) de cada modelo. A seleção do melhor modelo

foi feita através da análise dos seguintes critérios estatísticos: o maior coeficiente de

determinação ajustado (R² aj.%); o menor erro padrão residual da estimativa em

percentagem (Syx %) e recalculado (Syxr %); e diagnóstico da distribuição dos resíduos

através da análise gráfica e Desvio Médio Percentual (DMP%).

204

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 2 são apresentados os seis modelos ajustados aos dados do plantio clonal

com as suas respectivas medidas de precisão.

Tabela 2 - Modelos ajustados aos dados do plantio clonal de T. grandis.

Nº MODELOS R²aj % Syx% Syxr% DMP%

1 Hd= b0 + b1 Id + b2 Id² + b3 Id³ 92,93 6,14 - -0,36

2 Ln Hd= Ln b0 + b1 Ln Id 93,09 - 5,99 -0,19

3 Ln Hd= Ln b0 + b1 Id 90,31 - 7,02 -0,26

4 Id²/Hd= b0 + b1 Id + b2 Id² 99,18 - 6,35 -0,34

5 Ln Hd= b0 + b1 1/Id 89,15 - 8,02 -0,29

6 Ln Hd= Ln b0 + b1 Ln Id + b2 (Ln Id)² 92,74 - 6,12 -0,18

Fonte: Os autores, 2019.

Todos os modelos ajustados apresentaram F significativo, a 95% de probabilidade

(p < 0,05), evidenciando a existência de regressão, ou seja, as variáveis respostas podem

ser estimadas através da(s) variável(is) independente(s) dos diferentes modelos ajustados.

As análises estatísticas dos modelos foram as seguintes:

• Coeficiente de determinação (R²aj.) dos seis modelos matemáticos, variou de

89,15% à 99,18%;

• Erro padrão da estimativa (Syx) variando de 5,99 % à 8,02 %;

• Desvio médio percentual (DMP) variando de -0,36 à -0,19%;

• As distribuições gráficas dos resíduos mostraram-se não tendenciosas para os seis

modelos ajustados.

Em relação aos coeficientes de determinação, destacaram-se os modelos 2 e 4 (,.

O melhor resultado mostra que 99,17% de todas as variações que ocorrem na variável

dependente são de responsabilidade deste modelo.

Quanto ao erro padrão da estimativa em percentagem (Syx%) e o recalculado

(Syxr%), percebe-se que todos os modelos apresentaram valores inferiores a 10%, sendo

o modelo 2 com melhor resultado de Syxr . Portanto, verificou-se que os valores de altura

dominante estimados através do modelo 2 oscilam, em média, na faixa de 5,99% em

205

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

relação aos valores reais de altura dominante, denotando que o plantio clonal de T.

grandis aos quatro anos de idade, está se desenvolvendo dentro de um limite adequado

de homogeneidade. Sendo assim, as diferenças na estimativa da variável altura total

tendem a serem menores.

Para AHRENS (1982), a análise visual dos gráficos da distribuição dos resíduos é

de natureza subjetiva, embora em algumas verificações, seja considerável para uma

adequada avaliação. Por este motivo, além da análise visual dos gráficos analisou-se

também o Desvio Médio Percentual (DMP%) para verificar a existência de

tendenciosidade nas estimativas das alturas dominantes das árvores do plantio clonal de

teca.

Analisando-se numericamente, é possível afirmar que o modelo 6 foi o que

apresentou melhor distribuição residual, havendo uma subestimativa, sendo que em

média, 0,18% das alturas dominantes são estimadas abaixo dos valores reais.

Na comparação e escolha do(s) melhore(s) modelo(s) para estimativa da(s)

altura(s) dominante(s) das árvores do presente estudo, verificou-se que através das

medidas de precisão (R²aj., Sxy%, DMP% e Distribuição dos Resíduos) todas as equações

analisadas apresentaram bom ajustamento aos dados do plantio clonal de Tectona grandis

Linn F., sendo que, através da hierarquização seria indicado o modelo 2, seguido pelos

modelos 6, 4 e 1, respectivamente.

Em relação ao erro padrão da estimativa em percentagem os quatro modelos

apresentam valores em torno de 6%; em relação ao desvio médio percentual as diferenças

são pequenas entre os valores, sendo todos menores do que 0,36%, em relação a análise

gráfica da distribuição dos resíduos. Verificou-se a não tendenciosidade para os modelos

ajustados; o coeficiente de determinação para o modelo 4 foi bastante superior aos

demais; e em relação a facilidade de aplicação pelo usuário final, os modelos que não

envolvem transformações logarítmicas são mais simples para a sua utilização.

Portanto, apesar do resultado indicado pela hierarquização, recomenda-se uso do

modelo 4 para estimativa da variável altura dominante em função da idade do plantio

clonal de T. grandis aos 4 anos de idade

206

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

4. CONCLUSÃO

Na análise dos seis modelos que envolveram as variáveis altura dominante e idade,

é possível utilizar todos os seis modelos ajustados. Porém o modelo 4, representado pela

equação Id²/Hd= -0,0909 + 0,1997 * Id + 0,03531 Id² é o modelo mais recomendado por

ser também o mais prático para a estimativa da altura dominante em função da idade dos

indivíduos do povoamento de T. grandis localizado no município de Capitão Poço, PA.

207

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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Revista Ciência Florestal, Santa Maria, v. 16, n. 3, p. 319-327, 2006.

TONINI, H.; COSTA, M. C. G. C.; SCHWENGBER, L. A. M. Crescimento da teca

(Tectona grandis) em reflorestamento na Amazônia Setentrional. Pesquisa Florestal

Brasileira, n. 59, p. 05–14, 2009.

VIEIRA, L. S. Manual de Ciência do solo com ênfase aos solos tropicais. São Paulo:

Ed. Agronômica Ceres, 1988. 464p.

209

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA EM PLANOS DE MANEJO FLORESTAL

SUSTENTÁVEL: O CASO DO IPÊ

Rivaldo Costa Cardoso Junior1; Wheriton Fernando Moreira da Silva2; Rafael Lima

Araújo Ferreira³; Karina Sampaio Martins de Souza4; Jessica Cristina Oliveira Maciel5

1M.Sc. Botânica Tropical. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade -

SEMAS. [email protected] 2M.Sc. Em Ciências de Florestas Tropicais. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Sustentabilidade – SEMAS. [email protected]

³Especialista em Educação Ambiental. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Sustentabilidade - SEMAS. [email protected] 4Graduada em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 5Especialista em Georreferenciamento, Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto.

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS.

[email protected]

RESUMO

Tabebuia é muito conhecido pelo setor florestal, pois apresentava todas as espécies

comumente identificadas como ipês. Recentemente, através de estudos filogenéticos,

dividiram Tabebuia em três gêneros: Tabebuia, Handroanthus e Roseodendron. Com a

confirmação, os principais ipês que ocorrem na Amazônia brasileira passaram a serem

identificados com o táxon Handroanthus. As Autorizações de Exploração Florestal –

AUTEF, as quais são emitidas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Sustentabilidade – SEMAS, na maioria das vezes apresenta apenas uma espécie de “ipê”

para a exploração madeireira. Sem ferramentas adequadas e técnicas especializadas, a

SEMAS fica incapacitada de monitorar e fiscalizar a ocorrência e identificação correta

dessas espécies. Nesse sentido, este trabalho objetivou realizar revisão das AUTEF

emitidas no período de 2017 a 2019 e verificar a identificação de ipês, com base no banco

de dados do Sistema de Monitoramento e Licenciamento Ambiental – SIMLAM, além de

fazer levantamento do gênero para a região do oeste do Pará, em principal nos municípios

de Santarém, Óbidos, Juruti, Alenquer, Prainha, Mojuí dos Campos, Monte Alegre e

Oriximiná. Além disso, verificar o nome científico mais usado nas autorizações. Esta

pesquisa foi realizada no escritório da SEMAS.Quantificou-se 53 AUTEF e dentre essas,

51 autorizações foram apresentadas com uma única espécie para os ipês nas áreas dos

Planos de Manejo Florestal Sustentável – PMFS. O nome científico mais utilizado foi

Tabebuia serratifolia. O município com maior número de AUTEF emitidas ede

indivíduos de ipês identificadosfoi Juruti, com 86% apresentando uma única espécie.

Portanto, métodos empíricos na identificação de inventários florestais podem ocasionar

agrupamentos de espécies em PMFS. Isso pode acarretar perdas irreparáveis na

manutenção das espécies e com isso, medidas mais cautelares devem ser tomadas pela

SEMAS para tentar diminuir a perda de diversidade em floresta manejada.

Palavras-chave: Identificação. Manejo. Ocorrência.

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal

210

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O gênero Tabebuia, pertencente à Família Bignoniaceae, já sofreu inúmeras

alterações taxonômicas ao longo do tempo. Tabebuia ficou muito conhecido pelo setor

florestal, pois apresentava, originalmente, todas as espécies comumente identificadas

como ipês incluídas no gênero (GROSE & OLMSTEAD, 2007). Entretanto, Mattos

(1970) dividiu as espécies de “ipês” em dois grupos, Tabebuia e Handroanthus, este

criado, especialmente para os ipês brasileiros.

Por sua vez, Gentry (1972, 1992), após forte crítica a Mattos, reposicionou todas

as espécies de “ipês” para Tabebuia. Todavia, recentemente, Grose &Olmstead (2007)

com base em estudos filogenéticos, dividiram Tabebuia em três gêneros: Tabebuia,

Handroanthus e Roseodendron. Isso confirmou em definitivo a segregação proposta por

Mattos (1970) e a existência de linhagens diferentes dentro do grupo (SANTOS, 2017).

Com a confirmação em definitivo, os principais ipês que ocorrem na Amazônia

brasileira, que são também consideradas uma das espécies madeireiras mais

comercializadas no Brasil (MARTINS-DA-SILVA et al, 2014, “SERVIÇO

FLORESTAL BRASILEIRO, 2019”), passaram a serem identificadas corretamente com

táxon a nível genérico, Handroanthus.

Ocorre que as Autorizações de Exploração Florestal – AUTEF, as quais são

emitidas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS –

órgão gestor do Estado do Pará, na maioria das vezes apresenta apenas uma espécie de

“ipê” para a exploração madeireira, com o nome Tabebuia serratifolia(Vahl) G.

Nicholson. Considerando a legislação vigente (RESOLUÇÃO DO CONAMA nº

406/2009; IN/SEMAS nº 05/2015 e IN/MMA nº 05/2006), toda a informação prestada ao

órgão gestor ambiental, neste caso a SEMAS, é de inteira responsabilidade do interessado

pelo empreendimento florestal.

Dessa forma, sem ferramentas adequadas, técnicas especializadas de identificação

botânica e quadro funcional suficiente, a SEMAS fica incapacitada de monitorar e

fiscalizar a ocorrência e identificação correta da espécie “ipê” nos Planos de Manejos

Florestais Sustentáveis – PMFS, que são protocolados no órgão.

Sem o monitoramento e adequação dos PMFS, a identificação dos ipês fica

comprometida, pois, conjectura-se, que nos PMFS há o agrupamento de espécies. Isso

ocorre quando a identificação é feita através de conhecimento empírico, que

211

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

consequentemente, a identificação passa a ser a nível genérico, ou seja, onde ocorre duas

ou mais espécies do mesmo gênero, é, então, agrupado como uma única espécie.

De acordo com Procópio & Secco (2008), o conhecimento empírico de nativos,

conhecidos como “mateiros”, é um método usual de inventários florestais, nos quais esses

profissionais adotam nomes vernaculares ou populares para determinação das espécies.

Isso pode omitir a verdadeira ocorrência de diferentes espécies de “ipês” na região, o que

afeta a diversidade local dessas espécies.

Diante o exposto, o objetivo deste trabalho é realizar uma revisão das AUTEF e

verificar a identificação das espécies “ipês”, com base no banco de dados do Sistema de

Monitoramento e Licenciamento Ambiental – SIMLAM – da SEMAS. Procedendo-se

com as seguintes etapas: realização de um levantamento do gênero para a região do oeste

do Estado do Pará; verificação do nome científico utilizado nas autorizações; elaboração

de uma lista das espécies de “ipês” autorizadas e verificação de possível agrupamento de

espécies de ocorrência naquela região.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa foi realizada no escritório da SEMAS, localizado na Travessa

LomasValentinas, 2717, Belém, Pará, no qual foi realizado levantamento das AUTEF no

período de 2017 a junho de 2019, no acervo do banco de dados do sistema SIMLAM,

para o oeste do Pará, em principal nos municípios de Santarém, Óbidos, Juruti, Alenquer,

Prainha, Mojuí dos Campos, Monte Alegre e Oriximiná.

O banco de dados do SIMLAM encontra-se com o seu acervo informatizado,

baseado no catálogo de árvores do Brasil – Laboratório de produtos florestais – LPF. O

banco de dados do SIMLAM é adicionado informação de acordo com a necessidade,

principalmente quando do surgimento de novas espécies ou atualizações, tal como a dos

ipês.

As informações foram conferidas em arquivo PDF, as quais foram baixadas do

sistema, consultando, diretamente as AUTEF e procedendo-se as anotações do número

da autorização, nome científico do “ipê” empregado no título emitido, número de

indivíduos autorizados e respectivos municípios de ocorrência. A seguir, essas

informações foram importadas para uma planilha do excel.

212

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Posteriormente a filtragem das espécies foi criada uma lista dos municípios

paraenses de ocorrência da espécie “ipê”.

A identificação das espécies do referido gênero foi baseado na classificação

taxonômica do sistema de APG IV (2016).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram quantificadas 53 Autorizações para Exploração Florestal – AUTEF,

distribuídas nos municípios selecionados no período de 2017 a junho de 2019. Em 51

autorizações foram apresentadas apenas uma única espécie para representar os ipês nas

áreas dos Planos de Manejo Florestal Sustentável – PMFS.

No geral, as autorizações emitidas no período representaram aproximadamente

96% dos ipês identificados como uma única espécie. Apenas duas AUTEF apresentaram

identificação de mais de uma espécie do gênero. Somando-se, nesse caso, 55

identificações.

Considerando todas as autorizações, o nome científico mais utilizado foi Tabebuia

serratifolia(Vahl) Nichols., seguidos por Handroanthus serratifolius (Vahl) S.O. Grose,

Handroanthus impetiginosus(Mart. ex DC.) Mattos e Tabebuia impetiginosa(Mart. ex

DC.) Atandl (Figura 1).

Figura 1 – Relação dos nomes científicos utilizados na identificação botânica nas Autorizações

para Exploração Florestal – AUTEF, e a quantidade de vezes que foram adotadas no período de

2017 a junho de 2019, Pará, Brasil.

Fonte: autores.

213

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

É válido lembrar que T. serratifoliae T. impetiginosasão sinonímias de H.

serratifolius e H. impetiginosus, respectivamente, e que aquelas não são mais usuais, de

acordo com a nova classificação taxonômica em vigor (APG IV, 2016). Isto é, T.

serratifoliae H. Serratifolius se tratam da mesma espécie, assim como T. impetiginosae

H. impetiginosus. De acordo com esses resultados, constatou-se que apenas duas espécies

têm ocorrência na região dos municípios selecionados.

Dos municípios selecionados, os que apresentaram maior número de AUTEF

emitidas foi Juruti, Santarém e Prainha. Em relação ao município de Juruti, esse

apresentou 86% das autorizações com identificação de uma única espécie. Na Tabela 1,

é possível observar o número de AUTEF por município e seus respectivos usos dos nomes

científicos para os ipês.

Tabela 1 – Quantificação do número de AUTEF emitidas pela SEMAS, por município e seus

respectivos usos dos nomes científicos para os ipês. Espécies

Municípios H.

impetiginosus H.

serratifolius T.

impetiginosa T.

serratifolia Total

geral

Alenquer 1 1

Almeirim 1 1

Juruti 1 2 14 17

Mojuí dos

Campos 1 2 3

Óbidos 1 2 4 7

Oriximiná 1 1

Prainha 4 5 9

Santarém 2 4 10 16

Total geral 3 12 2 38 55

Fonte: autoes.

Com relação ao número de indivíduos de ipês identificados, os quais foram

apresentados nas autorizações, o município com maior destaque foi Juruti. Na figura 2,

tem-se a relação dos municípios e seus respectivos números de indivíduos por espécie de

ipê.

214

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2 – Relação do número de indivíduos de ipês e suas respectivas identificações

botânicas, por municípios, de acordo com a análise das AUTEF emitidas pela SEMAS, Pará,

Brasil.

Fonte: autores.

Com relação à identificação botânica dos ipês no que tange a ocorrência da espécie

para o Estado do Pará, em principal, os municípios selecionados, a verificação de apenas

duas espécies, era o resultado esperado, pois a SEMAS não dispõe de profissional

habilitado e nem ferramentas adequadas para monitorar as informações referentes à

identificação correta das espécies a serem manejadas.

Segundo o sítio reflora.jbrj.gov.br (2019), são ocorrentes no Estado do Pará,

considerando o gênero Handroanthus, as seguintes espécies de “ipês”, H. barbatus (E.

Mey) Mattos, H. capitatus (Bureau e K. Schum.) Mattos, H. impetiginosus (Mart. ex DC.)

Mattos, H. incanus (A.H. Gentry) S. Grose e H. serratifolius (Vahl.) S. Grose. Em relação

ao sítio splink.org.br (2019), além dos citados acima, apresentou a espécie H. ochraceus

(Cham.) Mattos como também de ocorrência no Estado.

É importante informar que o sítio splink.org.br disponibiliza dados de herbários

do mundo inteiro, com isso foi possível filtrar as espécies do gênero Handroanthus para

o Estado do Pará e assim classificá-los de acordo com a ocorrência nos municípios

selecionados neste estudo. Dessa forma, verificaram-se as seguintes espécies de “ipês”

ocorrentes e seus respectivos municípios, tais quais: H. barbatus, H. ochraceus, H.

impetiginosus e H. serratifolius, de ocorrência no município de Santarém; H. ochraceus

(Monte Alegre); H. serratifolius (Oriximiná); e H. capitatusem Almeirim.

Dados como os apresentados pelos sítios reflora e splink revelam a ocorrência de

várias espécies para o gênero Handroanthus na região. Nesse sentido, pode-se levantar a

215

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

hipótese de possíveis agrupamentos de espécies de “ipês” em PMFS. Isto é, a forte

possibilidade de existir indivíduos de outras espécies de “ipês”, os quais ficam omissos

devido ao método de identificação utilizado.

Procópio & Secco (2008), constataram agrupamentos de espécies para indivíduos

de “tauarí” em duas florestas exploradas nos municípios de Paragominas e Belterra, em

2003. Em Belterra, de 112 indivíduos de “tauarí” identificados como Couratari

guianensis, pela empresa que manejou a área, apenas um era C. guianensis, sendo 107 C.

stellatae quatro C. oblongifolia; Enquanto que em Paragominas apresentou 33 indivíduos

identificados como C. guianensis, entretanto, no inventário taxonômico realizado pelos

pesquisadores encontraram o agrupamento de duas espécies: C. guianensise C.

oblongifolia.

Estudos como o de Procópio & Secco podem corroborar com a idéia de que,

provavelmente, possa existir a ocorrência de mais de uma espécie de “ipês” nos PMFS

protocolizados na SEMAS. Dessa maneira, pode-se inferir novamente que aqueles

resultados podem refletir num possível agrupamento de espécies de “ipês” nos PMFS

liberados pelo órgão gestor.

De acordo com Martins-da-Silva et al (2003), a obtenção da nomenclatura

científica requer metodologia específica, a fim de minimizar erros. A identificação

botânica correta é um dos pré-requisitos para que se tenha êxito na implantação de um

plano de manejo florestal, sendo fundamental que se conheçam as espécies utilizadas, a

fim de se planejar o seu uso, de forma a garantir a continuidade das espécies.

Para ter entendimento da conseqüência da identificação incorreta nos inventários

florestais, de acordo com a legislação, é assegurado a manutenção do número de

indivíduos arbóreos selecionados para colheita florestal (corte), chamado de índice

manutenção, que é de 10% e/ou 3 indivíduos a cada 100 ha de área licenciada para

exploração, por espécie.

Considerando um Manejo Florestal ideal com duas espécies que pertencem ao

mesmo gênero, A e B. A primeira possui dez indivíduos, a B três. Aplicando apenas os

10% do índice de manutenção, tem-se a seguinte relação: espécie A = 9 indivíduos para

corte e 1 para remanescente; espécie B = 0 para corte, pois não existe 0,3 indivíduos e 3

remanescentes. Isso significa que no final será explorado apenas 9 indivíduos da espécie

A. Mantendo em pé na floresta, como manutenção, quatro árvores das espécies A e B.

216

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

No caso do agrupamento das espécies, onde A+B = 13 indivíduos, aplicando-se

apenas os 10%, ter-se-ia 11 indivíduos para corte e 2 remanescentes. Issoprovavelmente

poderá refletir diretamente na estrutura da floresta, podendo ter um impacto local na

dispersão de sementes das espécies que não tiveram indivíduos remanescentes.

No caso da hipótese em questão, a figura 2, apresenta um número gigantesco de

indivíduos autorizados para uma única espécie no período abordado, podendo

possivelmente, ter comprometido a floresta quanto à perpetuação da espécie e

consequentemente na continuidade dos aspectos ecológicos que determinadas espécies

podem oferecer para se ter equilíbrio ambiental nos ecossistemas florestais.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de métodos empíricos na identificação de inventários florestais pode

ocasionar agrupamentos de espécies em PMFS. O agrupamento pode acarretar perdas

irreparáveis quanto a manutenção das espécies nas florestas.

Medidas mais cautelares para tentar monitorar as florestas manejadas devem ser

realizadas pela SEMAS, apesar das dificuldades do órgão. Isso é importante para tentar

diminuir a perda de diversidade em decorrência do agrupamento, não só das espécies de

“ipês”, mas de outras espécies potencialmente comerciais de ocorrência no Estado do

Pará.

217

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

BRASIL, Resolução do CONAMA nº 406, de 02 de fevereiro de 2009. Estabelece

parâmetros técnicos a serem adotadas na elaboração, apresentação, avaliação técnica e

execução de Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS com fins madeireiros, para

florestas nativas e suas formas de sucessão no bioma Amazônia. Diário Oficial da União,

Brasília, n. 26, fev. 2009.

BRASIL, Instrução Normativa nº 05, de 11 de dezembro de 2006. Dispõe sobre

procedimentos técnicos para elaboração, apresentação, execução e avaliação técnica de

Planos de Manejo Florestal Sustentável - PMFS nas florestas primitivas e suas formas de

sucessão na Amazônia Legal, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília,

n. 238, dez. 2006.

BYNG, J.W. et al. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the

orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean

Society, n. 181, p. 1-20, 2016.

GENTRY, A.H. Handroanthus (Bignoniaceae): a critique. Taxon, n. 21, p. 113-114,

1972.

GENTRY, A.H. Bignoniaceae. Part II (Tribe Tecome). Flora Neotropica, n. 25, p. 1-

370, 1992.

GROSE, S.O.; OLMSTEAD, R.G. Taxonomic revision in the polyphyletic genus

Tabebuias.l. (Bignoniaceae). SystematicBotany, v. 32, n. 3, p. 660-670, 2007.

MARTINS-DA-SILVA, R.C.V.; HOPKINS, M.G.; THOMPSON, I.S. Identificação

Botânica na Amazônia: Situação Atual e Perspectivas. Embrapa Amazônia Oriental,

Belém, Documento 168, jun. 2003.

MARTINS-DA-SILVA, R.C.V.; SILVA, A.S.L.; FERNANDES, M.M.; MARGALHO,

L.F. Noções morfológicas e taxonômicas para a identificação botânica. Embrapa,

Brasília. 2014.

MATTOS, J.R. Handroanthus, um novo gênero para os “ipês” do Brasil. Loefgrenia, n.

50, p. 1-4, 1970.

PARÁ, Instrução Normativa nº 05, de 10 de setembro de 2015. Dispõe sobre

procedimentos técnicos para elaboração, apresentação, execução e avaliação técnica de

Planos de Manejo Florestal Sustentável - PMFS nas florestas nativas exploradas ou não

e suas formas de sucessão no Estado do Pará, e dá outras providências. Diário Oficial do

Estado, Belém, n. 32969, p. 37-57, set. 2015.

PROCÓPIO, L.C.; SECCO, R. de S. A importância da identificação botânica nos

inventários florestais: o exemplo do “tauari” (Couratari spp. e Cariniana spp. –

Lecythidaceae) em duas áreas manejadas no Estado do Pará. Acta Amazonica, v. 38, n.

1, p. 31-44, 2008.

218

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

REFLORA – Plantas do Brasil: Resgate Histórico e Herbário Virtual para o

Conhecimento e Conservação da Flora Brasileira. Disponível em:

<HTTP://reflora.jbrj.gov.br/reflora/listaBrasil/>acesso em: 20 de set. 2019.

SANTOS, S.R. DOS, A atual classificação do antigo gênero Tabebuia (Bignoniaceae),

sob o ponto de vista da anatomia da madeira. Balduinia, n. 58, p. 10-21, julho. 2017.

SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO. Espécies Florestais – Sistema Nacional de

Informações Florestais. Disponível em: <HTTP://www.florestal.gov.br/snif/recursos-

florestais/especies-florestais> acesso em: 20 set. 2019.

SPECIES LINK. Disponível em: <HTTP://splink.org.br> acesso em: 24 de set. 2019.

219

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

PRODUÇÃO DE BIOMASSA FRESCA ACIMA DO SOLO EM UMA ÁREA DE

PMFS LICENCIADO NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM - PA

Wheriton Fernando Moreira da Silva¹; Rafael Lima Araújo Ferreira²; Rivaldo Costa

Cardoso Junior3; Karina Sampaio Martins de Sousa4; Jéssica Cristina Oliveira Maciel5

1Mestre em Ciências de Florestas Tropicais. Secretaria de Meio Ambiente e

Sustentabilidade do Pará. [email protected]

2 Especialista em Educação Ambiental. Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade

do Pará. [email protected]

3 Mestre em Botânica Tropical. Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do

Pará. [email protected]

4 Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

5 Engenheira Florestal. Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará.

[email protected]

RESUMO

O setor florestal é um dos que mais gera renda no estado do Pará, principalmente pelo

grande potêncial produtivo da floresta Amazônica. Com isto, o manejo florestal é a

ferramenta mais viável para a mitigação dos processos degradativos da exploração

madeireira. O produto madeira é inerente ao que chamamos de biomassa, este por

conseguinte apresentando uma relação direta em sua composição com o elemento

carbono, este sendo liberado após a derrubada de árvores. Tais medidas de quantificação

do Carbono são importantes na discussão das mudanças climáticas, e saber o quantitativo

da biomassa é a base de todo estudo relacionado. Neste enfoque o trabalhou objetivou

quantificar a biomassa fresca com o uso de uma equação global para uma área de manejo

florestal sustentável no oeste do estado do Pará. Usou-se as informações do inventário

florestal 100%, de um empreendimento localizado em Santarém, que passou pelo

processo de licenciamento florestal sendo deferido pelo orgão responsável. Por fim,

detectou-se uma alto número de espécies na área, sendo a base da identificação o apelo

comércial destas, a floresta apresentou características estruturais de uma floresta em

equlíbrio populacional e com sua distribuição normal. Por se tratar de uma floresta densa,

os valores de biomassa fresca foram considerados elevados e dentro do esperado para o

garnde porte das árvores, dando destaque para a biomassa das árvores exploradas, que foi

aproximadamente 30 % do valor da comunidade árborea inventariáda. O trabalho

quantificou a biomassa fresca de forma satisfatória para a propriedade, e dentro dos erros

amostrais existentes, dessa forma contribuindo para o aprofundamento de estudos

envolvendo modelos alométricos globais e a quantificação de biomassa fresca a cima do

solo.

Palavras-chave: FlorestasTropicais. Manejo Florestal Sustentável. Inventário Florestal

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal

220

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Uma das maiores reservas de biodiversidade do mundo, a maior floresta tropical

continua e maior fonte de recursos naturais do mundo, a Amazônia é o centro das

atenções globais no que se refere ao seu uso, proteção e papel no ciclo biogeoquímico

mundial.

O uso do solo Amazônico, assim como os demais usos da floresta vem sendo alvo

de discussões em diversos setores da sociedade, principalmente no que se refere a sua

degradação ambiental. Fearnside (2013) enfatiza que a forma tradicional de

implementação de pequenas atividades agrícolas com queimadas, o alto apelo ao

empreendimento pecuarísta e a exploração madeireira de forma não sustentável são as

principais formas de alteração do cenário natural e de grande potencial degradatório, e

muito comuns na região.

As alterações ocorrentes na florestas agem diretamente no balanço de biomassa

presente, sendo a biomassa (massa biológica) conceituada como o conjunto da matéria

orgânica animal ou vegetal disposta em um ambiente natural. Essa massa apresenta uma

relação direta com a quantidade de carbono (C) presente na constituição da matéria, e

com essa relação (biomassa - carbono), quantidade de biomassa e variáveis como taxa de

desmatamento, é possível estimar o percentual/quantidade de C emitido para a atmosfera

em formato de CO2 (HIGUCHI e CARVALHO JR, 1995; SILVEIRA, 2008).

Pela elevada quantidade de biomassa presente em sua formação, a Amazônia é

considerada o maior sumidouro de carbono do mundo, o mau uso de sua cobertura vegetal

pode afetar diretamente nas emissões de CO2 locais, regionais e global e assim interferindo

nos processos climáticos existentes. Essa perspectiva coloca a floresta tropical

Amazônica no centro das atenções globais no que se refere as mudanças climáticas

globais e uso sustentável de recursos naturais.

Visando o uso sustentável, o manejo florestal surge como uma ferramenta para a

obtenção de produtos madeireiros e não madeireiros de forma organizada, produtiva e de

baixo impacto para o ambiente natural em que é aplicado. Além deste, o manejo inseri

um uso legal e jurídico da propriedade, passando por diversas etapas de licenciamento de

órgãos competentes e responsáveis.

221

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Com as premissas descritas, este trabalho objetivou a quantificação estimada da

biomassa fresca acima do solo, de um projeto de manejo florestal sustentável licenciado

no Oeste do Estado do Pará, além de sua relação com o carbono presente na área.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Com base na lei nº 12.527/2011 que regulamenta o direito constitucional às

informações públicas, criando mecanismos para que pessoas físicas ou jurídicas possam

receber informações dos órgãos e entidades publicas, sem que haja um motivo

institucional ou oficial, este trabalho usou como banco de dados, informações de um

inventário florestal 100% (IF 100%) protocolado na Secretaria de Meio Ambiente e

Sustentabilidade do Pará (SEMAS), com o objetivo da exploração florestal em regime de

manejo florestal sustentável. Assim, por se tratar de um PMFS empresarial, as

informações referente a empresa serão mantidas em sigilo, por não serem parte

fundamenta do trabalho. Ressalto que estas informações foram solicitadas em nome de

pessoas física, pelo documento nº 2019/40165 protocolado na SEMAS - PA.

2.1. ÁREA DE ESTUDO

Este empreendimento está localizado no município de Santarém, no Oeste do

estado do Pará, Santarém é destaque por ser o principal polo econômico, social e humano

da região, principalmente por ser a 3ºcidade mais populosa do estado e estar

geograficamente inserida as margens do Rio Tapajós e às proximidades do Rio

Amazonas.

O imóvel rural possui uma área total aproximada de 2.348,84 ha, o manejo

florestal foi implementado em toda a propriedade, assim a área de manejo florestal (AMF)

possui o mesmo valor da área total. Históricamente, essa propriedade foi fracionada em

2 UPA’s (unidade de produção anual), sendo a UPA 1 licenciada e explorada no ano de

2018 e a UPA 2 para o ano de 2019. A UPA 1 apresentava uma área de 849,0614 ha, e a

UPA 2 de 680,3172 ha porém para a exploração florestal atual a UPA 2 apresenta a área

de efetivo manejo com 590,7886 ha. No processo de licenciamento, a área de efetivo

manejo é oriunda dos dedutivos referentes a massas d’águas, APP’s, construções e etc.,

sendo incluso apenas a área totalmente coberta por floresta tropical. Por fim, a UPA 2 foi

222

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

fragmentada em 7 UT’s (unidades de trabalho), a menor escala no planejamento em

planos de manejo. Para fins de estudo, esse trabalho usou apenas os dados referentes a

UPA 2.

2.2.COLETA DE DADOS

Os dados foram obtidos a partir do processo protocolado na SEMAS, para

realização de manejo florestal sustentável empresarial, sendo seu inventário florestal

100% totalmente de responsabilidade do detentor do projeto. Essas informações são parte

inerente do Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental

(SIMLAM), base de informações da secretária. De tal forma, os dados foram obtidos por

equipes de campo profissionais do detentor. Algumas informações obtida: identificação

botânica, valor de CAP/DAP, qualidade do fuste, altura comercial, localização

geográficas e etc.

2.3. ANÁLISE DE DADOS

Como dado primário, usou-se o DAP (diamêtro a altura do solo - 1,30 m) haja

visto que está variável é a principal fonte de inferência em estudos florestais, por ser de

fácil obtenção, arguição e correlação com a estrutura florestal e volumétrica. O inventário

contia árvores com DAP minimo de 30 cm e máximo de 280 cm, estando classificadas

em “Explorar” e “Remanescente”, conforme sua destinação final.

O produto por se tratar de estimativas e baseado em inferências, os dados passaram

por análises de normalidade com o teste paramétrico de Kolmogorov-Smirnov a nível de

significância em 95% (p = 0,05), haja vista a necessidade do uso da estatística descritiva

e paramétrica.

Para a obtenção dos valores de biomassa fresca acima do solo, usou-se a equação

desenvolvida e ajustada por LUCAS et al. (2014) para florestas tropicais úmidas, modelos

gerais desenvolvidos com uma ampla base de dados são alternativas para as estimativas

de biomassa fresca de forma global, desde que as características básicas e os parâmetros

dondrométricos do ambiente sejam observados (CHAVE et al, 2014; LIMA, 2015) vista

que o O modelo alométrico usado está descritos a seguir:

223

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

BFAS = 0,509 x DAP2 x h - Floresta Tropical úmida (FTU)

Onde:

DAP: Diâmetro a altura do peito em centímetros (1,30m em relação ao solo)

h: Altura total ou comercial em metros

BFAS: Biomassa fresca a cima do solo

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base no censo florestal desenvolvido na área, foram obtidos os dados de

21.282 árvores, estas distribuidas em 126 espécies, com amplitude de DAP variando entre

31 e 281 cm minímo e máximo respectivamente. Para o uso estátístico e de estimativas,

a melhor forma encontrada foi a estratificação em UT’s, já presente no planejamento de

exploração da área de estudo.

Por se tratar de uma área de manejo florestal, os princípios da sustentabilidade

devem estar implícitos em todas as etapas da colheita, principalmente no planejamento.

De tal modo, a distribuição diamétrica é uma das ferramentas para avaliar a estrutura

populacional além do estoque remanescente para um novo ciclo de corte (35 anos). Para

este trabalho, a floresta demonstrou características de uma floresta tropical inequiánea, e

com estoque presente para uma nova exploração (figura 1).

Figura 1- Distribuição diamétrica da comunidade arbórea inventariada com ênfase na destinação

de uso no projeto de PMFS.

Fonte: SILVA et al., 2019

224

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Observando a distribuição por classes de tamanho, constatou-se o padrão de uma

exponêncial negativa, o denominado “J-Invertido”. Esse detalhe é observado com maior

ênfase para o grupo das “árvores remanescentes”, assegurando a base do estoque para

uma futura intervensão. Essa informação indica que o projeto tem base inicial para ser

licenciado como um PMFS.

Verificando os dados obtidos no IF 100%, e aplicando à equação alométrica para

FTU, testou-se a normalidade a partir do teste de Kolmogorov-Smirnov, constatando que

os dados relativos a BFAS apresentam distribuição normal (p=0,00000078), sendo

possível o uso de inferências paramétricas.Vale ressaltar que para a obtenção dos valores

de BFAS nesse trabalho foram usados apenas o matéria comercial de cada árvore (fuste).

Para a Comunidade florestal inventariada da área de estudo, foi encontrado um

valor total de biomassa de 69.044,9778 Toneladas de material fresco, sendo seu

representativo em 116,8691 TON. ha-1 (BFAS), esse valor referência a projeção do

material madeira sem que haja a retirada de água, extratos e exçudados. Como valor

médio para cada árvore em: BFAS = 3,2444 TON.

Abordando as destinações de uso, tivemos valores significativos de BFAS

corroborando com a distribuição populacional, e sendo superior no grupo das

remanescentes em comparação com as exploradas, respectivamente 85,3 e 31,5TON. ha-

1, tais valores são alusivos a toda a comunidade inventariada, fazendo a comparação com

o mesmo número de classes de tamanho, o valor das remanescentes cai para 70,7234

TON. ha-1. Esse resultado expressa a base da produção de biomassa da floresta, para que

haja a recuperação das características produtivas e de acumulação de material vegetal, em

consideração ao estado inicial da floresta no período pré-exploratório, Essa é uma das

características à serem observada para inferências num “status de floresta recuperada”

após um ciclo efetivo de exploração florestal.

Ao estimar a massa de BFAS em função das UT’s encontramos os valores médios

para as exploradas de 4,5094 ± 1,80 TON. ha-1 e para as remanescentes de 12,1861 ± 5,13

TON. ha-1,dentre as UT’s constatou-se pouca variação dos valores de BFAS (tabela 1),

haja vista que há uma boa distribuição de árvores de grande porte dentro da AMF.

225

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 1 - Tabela com os valores de BFAS em função da Unidade de trabalho em PMFS

UT BFAS Exp. (TON . ha-1) BFAS Rem. (TON . ha-1)

1 4,6097 15,0400

2 6,4241 20,2112

3 6,3086 11,9703

4 6,4981 16,6139

5 2,9677 9,4799

6 1,9106 3,8889

7 2,8473 8,0988

Total geral 31,5660 85,3032

Média 4,5094 12,1862

Desvio Padrão 1,9477 5,5539

Int. de confiança (95%) 1,8013 5,1365

Fonte: SILVA et al. (2019)

Com os dados de inventário florestal do projeto licenciado, confirmou-se o que já

é descrito por diversos autores e de diversas áreas, de que florestas tropicais são

reconhecidas por apresentarem um elevado valor de biomassa estocada. Na exploração

florestal parte dessa biomassa é transformada, deixando uma lacuna na floresta, no

entanto, essa variação deverá ser preenchida através dos processos de regeneração natural

e crescimento da floresta, buscando a estabilidade do ambiente. Quanto menor for o

impacto provocado, mais rápido a floresta tenderá a recuperar suas características naturais

de acumulo de BFAS, sendo otimizado pelo processo inicial de crescimento após a

intervenção.

Nesse patamar as florestas tropicais e principalmente a Amazônia, são

classificados como os principais sumidouros de carbono, além de possuir a maior

quantidade deste elemento estocado. Para as discussões referentes ao clima, o bom uso

dos recursos florestais são vitais para o planejamento de novas medidas de controle e

otimização dos processos produtivos, nisso o manejo florestal deve ser aprimorado para

minimizar emissões, já que o produto madeira, acaba por liberar carbono gradativamente

para a natureza. Quanto maior a área explorada, maior será a perda de biomassa e por

conseguinte o nível de carbono lançado futuramente na atmosfera.

226

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

4. CONCLUSÃO

O trabalho mostrou um elevado estoque de biomassa florestal a cima do solo, na

área licenciada para o manejo florestal. Por se tratar de um PMFS, o inventário da

comunidade arbórea se assemelhou ao padrão de uma floresta tropical com a distribuição

diamétrica em um “J-invertido”, e quando observou-se a distribuissão de biomassa por

UT’s não se verificou uma discrepância elevada entre elas, hava vista que as populações

da área são próximas em estrutura e características dendrométricas. Para fins de

discussões globais, as estimativas de biomassas são importantes para a quantificação do

carbono e criação de estratégias para minimizar o impacto na atmosfera, assim como

medidas de contenção para diversos problemas ambientais.

227

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

CHAVE, J.; RÉJOU-MÉCHAIN, M.; BÚRQUEZ, A.; CHIDUMAYO, E.; COLGAN,

M. S.; DELITTI, W. B. C.; DUQUE, A.; EID, T.; FEARNSIDE, P. M.; GOODMAN, R.

C.; HENRY, M.; MARTI´NEZ-YRÍZAR, A.; MUGASHA, W. A.; MULLER-

LANDAU, H. C.; MENCUCCINI, M.; NELSON, B. W.; GOMANDA, A. N.;

NOGUEIRA, E. M.; ORTIZ-MALAVASSI, E.; PÉLISSIER, R.; PLOTON, P.; RYAN,

C. M.; SALDARRIAGA, J. G.; VIEILLEDENT, G. Improved allometric models to

estimate the aboveground biomass of tropical trees. Global Change Biology v.20, p.

3177–3190, 2014.

FEARNSIDE, P. M.; BARBOSA, R. I.; PEREIRA, V. B. Emissões de gases do efeito

estufa por desmatamento e incêndios florestais em Roraima: fontes e sumidouros.

Agroambiente On-line, [S.I.], v. 7, n. 1, p. 95-111. 2013.

HIGUCHI, N.; CARVALHO JÚNIOR, J. A. Fitomassa e conteúdo de carbono de

espécies arbóreas da Amazônia. Em: Emissão x Seqüestro de CO2. Uma Nova

Oportunidade de Negócios para o Brasil. Manaus, p. 125-153. 1995.

LUCAS, C. M.; SHONGART, J.; SHEIKH, P.; WITTMANN, F.; PIEDADE, M. T. F.;

McGRATH, D. G. Effects of land-use and hydroperiod on aboveground biomassand

productivity of secondary Amazonian floodplain forests. Forest Ecology and

Management 319, p 116–127. 2014.

LIMA, R. C. Equações para estimativas de biomassa de uma floresta tropical úmida

do Amapá. 2015. Dissertação (mestrado em Ciências Florestais) Universidade Federal

Rural de Pernanbuco - UFRPE. Recife. 2015.

SILVEIRA, P; KOEHLER, H. S.; SANQUETA, C. R.; ARCE, J. E. O estado da arte na

estimativa de biomassa e carbono em formações florestais. FLORESTA, Curitiba, PR,

v. 38, n. 1, p. 186-206. 2008.

228

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

SERAPILHEIRA COMO UM INDICADOR PARA AVALIAÇÃO DE

ECOSSISTEMAS EM RESTAURAÇÃO APÓS MINERAÇÃO DE BAUXITA NA

AMAZÔNIA ORIENTAL

Luana Rodrigues Vieira; Walmer Bruno Rocha Martins2; Gracialda Costa Ferreira3; Victor

Moreira Barbosa4 Francisco de Assis Oliveira5

1 Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 2 Mestre em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 3 Dra. Profa. da Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected]

4 Biólogo, Analista Ambiental da Mineração Paragominas SA. [email protected] 5 Prof. da Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected]

Resumo

O objetivo deste trabalho foi avaliar o estoque de serapilheira e micronutrientes em

ecossistemas anteriormente degradados pela mineração e atualmente em processo de

restauração florestal com diferentes idades e compará-los com uma floresta nativa,

utilizada como ecossistema de referência. Para isso, foi realizada coleta de serapilheira

em dois períodos, chuvoso e menos chuvoso, utilizando-se um gabarito de 0,5 m x 0,5 m

(0,25 m²) e 0,10 m de altura. Foi feita uma amostragem aleatória contendo 6 unidades de

amostras em cada parcela, totalizando 72 no ecossistema com 8 anos de restauração e 48

amostras nos demais ecossistemas. Após as coletas, a serapilheira foi triada em duas

frações, lenhosa e não lenhosa, as quais foram secas em estufa a 70 °C durante 72 horas. Depois, o material foi pesado em balança analítica de precisão de 0,01 g e a porção não

lenhosa foi triturado em um moinho de lâminas do tipo Willey com peneira de 0,85 mm

de abertura para análise química. Os resultados mostraram que é abrangente a presença

de espécies pioneiras, característica de florestas em estágio de regeneração. Os teores de

micronutrientes contidos na serapilheira apresentaram diferenças nítidas para os

elementos Fe e Cu. Além disso, pode-se concluir que, os valores de massa seca ainda se

encontram inferiores aos da floresta natural, mas os valores de Zn e Mn são semelhantes

aos encontrados na floresta natural e, portanto, esses já demostram restaurados. Diferente

disso, o Fe e Cu da serapilheira advinda dos ecossistemas em restauração precisam de

mais tempo para que possam se equiparar a ecossistema de referência.

Palavras-chave: Degradação ambiental. Restauração florestal. Estoque de

micronutrientes.

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal.

229

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A mineração é uma atividade que contribui significativamente para a economia

brasileira, gerando, aproximadamente 2,2 milhões de empregos diretos (LIMA; NEVES,

2014). É uma atividade que vem se fortalecendo na Amazônia brasileira, e dentre os

vários produtos explorados, um dos principais é a bauxita, principalmente para obtenção

de alumínio. Neste contexto, o estado do Pará se destaca por ser o principal produtor de

bauxita no país, abrangendo cerca de 90% da produção nacional, o que gerou 33,61

milhões de toneladas no ano de 2015 (ABAL, 2017). Entretanto, mesmo com todo esse

potencial, os impactos ambientais gerados são muitos e quase que inevitáveis, dentre

alguns deles estão a supressão vegetal, revolvimento das camadas superficiais e

subsuperficiais do solo, além do afugentamento da fauna silvestres (LIMA et al., 2016)

Após o processo da atividade mineradora, é fundamental que haja a restauração

do ambiente degradado, especialmente aqueles que se encontram em ecossistemas de

florestas naturais. Para que isso ocorra, faz-se necessário utilizar de métodos eficazes. O

método mais utilizado e mais eficiente é o plantio de mudas arbóreas nativas. Entretanto,

realizar somente o plantio não assegura êxito na recomposição florestal, é necessário que,

atrelado a ele exista um sistema de monitoramento para acompanhar o progresso desse

ecossistema.

Um dos indicadores, que podem ser utilizados para monitorar o processo de

restauração florestal é a serapilheira, formada pela deposição de folhas, galhos, material

reprodutivo e carcaças de animais (RODRIGUES; MARTINS; LEITE, 2010). O aumento

da deposição de serapilheira e dos nutrientes contribui de forma positiva para acelerar o

processo de desenvolvimento do ecossistema (MACHADO et al., 2015).

A serapilheira contribui para a formação e manutenção da fertilidade dos solos

através do processo de decomposição, especialmente nas florestas amazônicas, que são

consideradas pouco férteis naturalmente (QUESADA et al., 2011). Outrossim, a camada

de serapilheira em ecossistemas em início de restauração florestal impede ou minimiza

os processos erosivos (VILLA et al., 2016), que são bastante comuns em áreas mineradas,

principalmente na região amazônica, onde o período chuvoso é intenso.

A serapilheira é, essencialmente, importante por exercer na superfície do solo, a

função de um sistema de entrada e saída, ou seja, sustentando entradas via vegetação e,

por sua vez, decompondo-se e fornecendo ao solo e as raízes nutrientes e matéria

230

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

orgânica, tornando-se vital na restauração da fertilidade do solo em áreas que se

encontram no início do processo de sucessão ecológica (MACHADO et al., 2019).

A serapilheira é uma grande aliada e uma importante via de transferência de

carbono orgânico, de macronutrientes e micronutrientes (Fe, Zn, Mn e Cu), ajudando no

processo de nutrição das plantas (CALDEIRA et al., 2017). Os micronutrientes têm um

importante papel nessa nutrição, diferindo os teores e absorção de acordo com a

necessidade das plantas e a mobilidade de cada nutriente, apresentando-se de forma

diferente em cada região da planta.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

A pesquisa foi desenvolvida na empresa Mineração Paragominas S.A. (MPSA),

do grupo Hydro, localizada no nordeste do estado do Pará, no Platô Miltônia 3 (3°15'38"S

e 47°43’28” O) a altitude de 150 m, a 70 km da sede municipal de Paragominas.

O clima da região é do tipo “Aw”, segundo a classificação de Köppen-Geiger,

caracterizado como quente e úmido com estações de chuva e de seca bem definidos. A

temperatura média é de 26,3 °C com índice pluviométrico anual de aproximadamente

1.800 mm, sendo que, o período mais chuvoso vai de janeiro a maio, com umidade

relativa do ar em torno de 81% (ALVARES et al., 2013).

A empresa Mineração Paragominas S.A., após a exploração de bauxita do subsolo,

realizou a reconformação do terreno e o espalhamento do topsoil (≅ 20 primeiros

centímetros do solo superficial retirado logo após a supressão de uma floresta natural).

Após este procedimento, foi realizado a restauração florestal com a utilização do método

de plantio de mudas de espécies arbóreas florestais nativas.

2.2 ECOSSISTEMAS DE ESTUDO

Foram selecionadas quatro áreas para avaliação dos indicadores de restauração.

Destes, três estão em processo de restauração e um quarto foi classificado como floresta

ombrófila densa, escolhido como ecossistema de referência para comparação dos

resultados.

231

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Nas áreas em restauração foi utilizado o método de plantio de mudas de espécies

florestais arbóreas nativas, plantadas no espaçamento de 3 m x 3 m, implantadas nos anos

de 2009, 2010, 2011, onde foram plantadas inicialmente 104, 89 e 109 espécies

respectivamente. As características das três áreas estão descritas abaixo, na Tabela 1.

Tabela 1- Características específicas dos três ambientes em processo de restauração florestal e a

floresta em áreas de mineração de bauxita, Paragominas, Pará, Brasil.

Áreas

Ano

de

Plantio

Restauração

(Anos)

Área

Hectare Parcela

Subsolagem e

Adubação

pré-plantio

Adubação de plantio

pós-plantio

1 2009 9 71,44 8

Fosfato

natural:

33% P2O5

total, 10%

solúvel ácido

cítrico

200 g.cova-1 de NPK

06-30-06 (0,5% B,

0,5% Cu, 0,5% Zn) e

2,5 kg.cova-1 de adubo

orgânico de cobertura

(calcário dolomítico:

CaO-28%, MgO-12%)

2 2010 8

61,69 8 ----------

Adubação de cobertura

– calcário dolomítico:

CaO-28%, MgO-12%

3 2011 7

123,23 12 ----------

Em covas - 200 g.cova-

1 de NPK 06-30-06

(0,5% B, 0,5% Cu,

0,5% Zn) e 2,5 kg.cova-

1 de adubo orgânico

Fonte: Autores, 2019.

2.3 MÉTODOS

a. Estoque de serapilheira e nutrientes

A coleta de serapilheira estocada no solo foi realizada de maneira aleatória, com

auxílio de um gabarito de 0,5 m x 0,5 m (0,25 m²) e 0,10 m de altura. Para a amostragem,

foram coletadas no interior de cada parcela, 6 amostras, totalizando 72 no ecossistema

com 8 anos de restauração e 48 amostras nos demais ecossistemas. As coletas foram

232

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

realizadas em dois períodos, março e novembro, ambos em 2018, sendo considerados os

meses mais e menos chuvosos respectivamente.

Em seguida, após a coleta, a serapilheira foi triada em duas frações, lenhosa

(ramos, sementes e material enrijecido) e não lenhoso (folhas e material não enrijecido)

e seca em estufa a 70 °C por 72 horas. Posteriormente o material foi pesado em balança

analítica de precisão de 0,01 g e a porção não lenhosa foi triturado em um moinho de

lâminas do tipo Willey com peneira de 0,85 mm de abertura para análise química de Sódio

(Na), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Zinco (Zn) e Cobre (Cu) no Laboratório da Embrapa

Amazônia Oriental - PA, seguindo o método descrito por Malavolta et al. (1997).

2.4 ANÁLISE DE DADOS

Os valores do estoque de serapilheira e nutrientes foi submetido ao teste de

normalidade de Shapiro Wilk e atendidos a esses pressupostos foi realizado a Análise de

Variância para comparação entre os quatro ecossistemas e o teste “t” para comparação do

mesmo ecossistema em períodos diferentes, mais chuvoso e menos chuvoso. As análises

estatísticas foram realizadas no programa estatístico R versão 3.4.3 (R Core Team

Development, 2017).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação as espécies predominantes dos ecossistemas em restauração: no

ecossistema com 7 anos de restauração destacaram-se, Croton matourensis Aubl.,

Cecropia sciadophylla Mart., Vismia guianensis (Aubl.) Choisy, já no ecossistema com

8 anos de restauração as espécies que mais se destacaram foram, Croton matourensis

Aubl., Vismia guianensis (Aubl.) Choisy, Guatteria punctata (Aubl.) R.A. Howard, no

ecossistema com 9 anos de restauração, Vismia guianensis (Aubl.) Choisy, Croton

matourensis Aubl., Talisia microphylla Uittien foram as espécies que mais se destacaram,

e por fim, no ecossistema de floresta natural, as espécies foram, Rinorea flavescens

(Aubl.) Kuntz, Inga alba (Sw) Willd., Lecythis idatimon Aubl.

De maneira geral, C. matourensis e V. guianensis foram as espécies que

apresentaram maior representatividade, sendo elas oriundas exclusivamente da

regeneração natural, e estando presente em todos os ecossistemas, exceto a floresta

233

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

natural, por serem pioneiras que se estabelecem em ambientes perturbados e com ciclo

de vida curto, assistindo na ocupação rápida e, por conseguinte na ocupação do solo

(PARROTTA; KNOWLES, 2001).

3.1 ESTOQUE DE SERAPILHEIRA E NUTRIENTES

O estoque de serapilheira foi maior no ecossistema de floresta natural, nos dois

períodos de coleta, embora, no mês de março, considerado o mais chuvoso, não diferiu

estatisticamente dos ecossistemas com 9 e 8 anos de restauração, diferindo apenas do

ecossistema com 7 anos de restauração (Fig. 1). Por outro lado, no mês de novembro o

estoque de serapilheira no ecossistema de floresta natural, foi maior do que os

ecossistemas com 9 e 7 anos de restauração, não diferindo do ecossistema com 8 anos de

restauração, essa não diferença provavelmente deva ter ocorrido em função da elevada

variabilidade dos valores do ecossistema em restauração (Fig. 1).

Já entre os dois meses para cada ecossistema, o ecossistema com 9 anos de

restauração, foi o único que diferiu entre os meses de março e novembro, sendo que

apresentou maior valor em março, isso pode ter se dado devido a diferença de precipitação

pluviométrica, já que em março há uma intensidade de chuva maior que em novembro.

Figura 1- Estoque de serapilheira no mês de março e novembro de 2018 em ecossistemas com

diferentes idades de restauração florestal após mineração de bauxita e uma floresta de referência,

Paragominas – PA, Brasil. Médias seguidas de seus respectivos erros padrões com a mesma letra

minúscula entre os ecossistemas no mesmo mês não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey

(p<0,05) e letras maiúsculas iguais entre os dois meses para cada ecossistema não diferem

estatisticamente pelo teste de t (p<0,05).

Fonte: Autores, 2019.

234

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

A serapilheira é a principal fonte natural de nutrientes, onde, após o processo de

decomposição, estes retornam para o solo e deste para as plantas, fazendo a ciclagem de

nutrientes. A concentração desses elementos é diretamente afetada pelas condições

climáticas, sobretudo a precipitação pluviométrica (MARTINS et al., 2018) e também

pela matéria orgânica do solo, o que pôde ser observado no presente estudo,

principalmente para o Fe, Mn, Zn e Cu, como mostra a (Fig. 2).

Figura 2. Concentração de micronutrientes na serapilheira estocada no solo em ecossistemas em

processo de restauração florestal após mineração de bauxita com 9, 8 e 7 anos de idade em uma

floresta testemunha. Médias seguidas de seus respectivos erros padrões com a mesma letra

minúscula entre os ecossistemas no mesmo mês não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey

(p<0,05) e letras maiúsculas iguais entre os dois meses para cada ecossistema não diferem

estatisticamente pelo teste de t (p<0,05). ns = diferença não significativo.

Fonte: Autores, 2019.

235

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

A ordem decrescente de concentração dos micronutrientes observada no gráfico

acima foi a seguinte: Zn>Cu>Mn>Fe, que foi diferente da ordem encontrada em outros

artigos como (GODINHO et al., 2014). Essa diferença pode ter se dado por vários

motivos, como o estágio sucessional das diferentes florestas e as espécies nelas

encontradas, como também diferença do material coletado, já que muitos fatores

influenciam na concentração e qualidade do mesmo, como fatores ambientais, clima,

temperatura, umidade e qualidade do material de origem, entre outros (GODINHO et al.,

2014).

Na Fig 2 A, o Fe não apresentou diferença estatística entre os ecossistemas de 7 e

8 anos de restauração no período mais chuvoso, sendo que o ecossistema com 9 anos de

restauração apresentou maior teor de Fe, e este diferiu de todos os ecossistemas, inclusive

a floresta, já no período menos chuvoso a floresta e os ecossistemas com 7 e 8 anos de

restauração foram iguais, diferindo apenas do ecossistema com 9 anos de restauração, que

por sua vez apresentou maior teor de ferro. Entretanto esse valor foi maior no período

mais chuvoso, ou seja, março.

Como mostra a Fig. 2 B, o ecossistema com 7 anos de restauração apresentou

maior de Mn, entretanto não apresentou diferença estatística entre os ecossistemas e a

floresta, no período mais chuvoso. Já no período mais seco, o ecossistema com 7 anos de

restauração foi igual aos demais e o ecossistema com 8 anos de restauração apresentou

maior valor de Mn, entretanto se comparado entre os períodos, todos os ecossistemas

foram iguais, não havendo diferença significativa.

O teor de Zn foi igual em todos ecossistemas, em ambos os períodos, porém se

comparado entre os períodos, o ecossistema com 8 anos de restauração diferiu entre os

dois, sendo que apresentou maior teor de Zn no período mais seco (Fig. 2 C).

Já para Cu, o teor não apresentou diferença estatística entre os ecossistemas com

7, 8 e 9 anos de restauração, no período mais chuvoso, diferindo apenas da floresta, já no

período mais seco o ecossistema com 8 anos de restauração foi igual a todos os outros

ecossistemas, se comparado entre os meses, o ecossistema com 8 anos de restauração foi

o único que diferiu, com a floresta apresentando maior valor de Cu em ambos os períodos,

sendo maior no período menos chuvoso. (Fig. 4 D).

236

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

4. CONCLUSÃO

Após a análise das amostras, conclui-se que a serapilheira e os micronutrientes

são considerados indicadores eficientes de restauração florestal de áreas degradadas,

principalmente nos ecossistemas mais antigos, sendo ela responsável por vários serviços

na floresta, como ciclagem de nutrientes, cobertura do solo, controle da temperatura e

manutenção da microfauna contribuindo de forma significativa para manutenção do sítio.

237

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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239

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

VARIAÇÃO RADIAL DO ASPECTO ANATÔMICO DA FIBRA DA MADEIRA

DE CALYCOPHYLLUM SPRUCEANUM BENTH K. SCHUM

João Vitor Farias Paiva Cohen1; Rafaelle de Nazare Queiroz Nascimento2; Marcelino

Carneiro Guedes3; Fernanda Ilkiu Borges de Souza4; Madson Alan Rocha de Sousa5

1Acadêmico de Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará.

[email protected].

2Acadêmico de Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará.

[email protected]

3PhD em Recursos Florestais. Embrapa Amapá. [email protected]

4Dra. em Ciências Biológicas. Embrapa Amazônia Oriental. [email protected]

5Mestre em Biodiversidade Tropical. Universidade do Estado do Pará.

[email protected].

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo caracterizar o elemento de fibra do lenho de

Calycophyllum spruceanum visando encontrar indicativos de marcadores de transição da

madeira juvenil para adulta no sentido medula-câmbio. Esse tipo de estudo é importante,

pois em virtude de o xilema produzido nos primeiros anos da árvore até certa idade

cambial receber a denominação de lenho juvenil e apresenta propriedades anatômicas,

físicas e mecânicas pouco apropriadas para uso no âmbito industrial quando considerado

o uso da espécie com a finalidade de madeira serrada. Amostra de lenho foi retirada a

altura do DAP, com a demarcação e retirada de corpos de prova de 1 cm² de seção

transversal no sentido medula-câmbio. Assim, para cada posição foi realizado o processo

de maceração do lenho, com 30 medições por posição para as variáveis comprimento de

fibra e espessura da parede da fibra. Desse modo, os valores médios encontrados para

comprimento de fibra foi de 1.703,42 μm e 6,93 μm para a espessura média da parede das

fibras. Por conseguinte, conclui – se que a madeira de Calycophyllum spruceanum com

12 anos de idade e 9 cm de raio não apresentou padrão de estabilização para esas

variáveis, indicando a ausência de lenho adulto.

Palavras-chave: Lenho juvenil. FibraPau mulato. Várzea.

Área de Interesse do Simpósio: Recursos Florestais e Engenharia Florestal.

240

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1.INTRODUÇÃO

Os estudos de anatomia da madeira tem de forma contínua contribuído para o

entendimento das amplas relações que essa matéria prima possui com a taxonomia

(MARCELO-PEÑA et al, 2019; AYALA-USMA et al, 2019), ecologia (APARECIDO

et al, 2019), ecofisiologia (CAMP et al, 2018) e indústria (SONG et al, 2018).

A madeira é um conjunto de tecidos especializados e formados por diferentes tipos

de células xilemáticas produzidas pelo câmbio vascular, com características especificas

que formam um sistema complexo, inteligente e eficiente (EVERT, 2013). Apresentam

funções vitais, como por exemplo, condução, armazenamento de substâncias e

sustentação da árvore. Dessa forma, para entender o comportamento da madeira, é

necessário o conhecimento da estrutura e organização dos elementos anatômicos que

compõem o lenho, pois possuem influência em suas propriedades físicas, químicas,

mecânicas e anatômicas (BURGER; RICHTER, 1991; OLIVEIRA et al., 1982). Para

Pimenta (2010) os critérios de qualidade de uma madeira são feitos pelas suas

características anatômicas e composições químicas.

De maneira geral, há uma dificuldade de caracterização da madeira quanto o seu

lenho juvenil e adulto, pois, segundo Gonçalves (2007), esse material é originário de um

sistema biológico complexo e suas propriedades físico-mecânicas variam entre espécies,

entre árvores de uma mesma espécie e nas diferentes partes de uma mesma árvore, como

no sentido medula-casca ou mesmo nos anéis de crescimento. A madeira juvenil se

caracteriza por apresentar menor massa específica, maior ângulo das microfibrilas na

camada S2 da parede celular, fibras mais curtas, menor contração transversal e maior

longitudinal, maior volume de lenho de reação, menor proporção de lenho tardio, paredes

celulares mais finas e menor resistência mecânica em relação à madeira adulta, a qual

possui propriedades mais preferíveis em função da qualidade (ZOBEL, 1984; SENFT;

BENDTESEN; GALLIGAN, 1985; LARSON et al., 2001; NIGOSKI, 2005;

LEONELLO; PALMA; BALLARIN, 2008).

Entende-se que o comprimento das fibras são os parâmetros mais significativos

na diferenciação entre madeira juvenil e madeira adulta, tendo o lenho juvenil o

comprimento de fibra inferior ao do lenho adulto. Além disso, constata-se que com o

aumento da idade a espessura da parede do lenho juvenil é menor que a do lenho adulto

(VIDAURRE, 2011). Segundo Mady (2007), o estudo da anatomia do lenho tem grande

241

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

importância nas regiões tropicais, pois, se ainda existe um elevado número de espécies

que tem suas características pouco conhecidas, caracterizar essas madeiras é essencial

para indicar seu uso mais adequado.

Estudos que avaliem a variação radial são importantes também e se destacam por

poder indicar e relacionar como as caracteristicas anaômicas do lenho estão relacionadas

com fatores genéticoas, com o clima, solo e outros fatores ambientais (LONGUI et al.,

2017).

Dessa forma, decidiu-se estudar a madeira de Calycophyllum spruceanum

(Benth.) Hook. f. ex K. Schum (pau mulato) pela importância econômica de sua

exploração florestal e uso entre as famílias ribeirinhas no estuário do rio amazonas.

O pau mulato é uma espécie florestal que pertence à família Rubiaceae. A árvore

atinge 20-35 m de altura e 0,7-1,8 m de diâmetro à altura do peito. O tronco retilíneo é

ramificado somente no ápice. A casca fina, quando nova é de coloração esverdeada,

tornando-se pardacenta até castanho-escura. O fruto é uma cápsula elipsoidal deiscente

de 10 mm de comprimento, com lenticelas, pelos esparsos e duas valvas. As sementes

numerosas possuem em torno de 4 mm de comprimento e 0,8 mm de largura e apresentam

coloração parda escura; são aladas em ambas as extremidades (ALMEIDA, 2003).

No âmbito comercial de madeira oriundas de várzea, no estuário amazônico,

Calycophyllum spruceanum conquista o seu espaço na economia, com representação de

20% desse montante. Isso significa que por ano a comercialização da sua madeira gera

R$ 1.140.857 nas microsserrarias (pertencentes às famílias extrativista) e R$ 3.249.672

nas estâncias que vendem madeira serrada nas cidades de Macapá e Santana.

(CASTILHO, 2013). Além do aspecto econômico o pau mulato encontra-se entre as

espécies com importância social, pois atende demanda de muitas microsserrarias

familiares existentes na várzea do estuário amazônico, sendo o destino da madeira

explorada voltado, sobretudo ao atendimento do consumo local e regional (OLIVEIRA

JR et al., 2005).

Assim, este estudo teve como objetivo caracterizar o elemento de fibra do lenho

de Calycophyllum spruceanum visando encontrar indicativos de marcadores de transição

da madeira juvenil para adulta no sentido medula-câmbio.

242

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2. MATERIAL E MÉTODOS

As árvores foram coletadas em floresta de várzea do estuário amazônico, no

município de Mazagão, estado do Amapá (00° 14’ 35’’ S e 51° 22’ 59’’ O), em um

afluente do rio Amazonas denominado de igarapé Bispo, área situada em um campo

experimental da Embrapa Amapá. O clima da região é do tipo Ami, equatorial

superúmido, conforme a classificação de Köppen. A temperatura média mínima é de 23°C

e a média máxima de 38°C, com umidade relativa média de 80%. A precipitação

pluviométrica anual oscila em torno de 2.500 mm (GAZEL FILHO et al., 2008). O solo

é classificado como Gleissolo Háplico (SANTOS & TARDIN, 2003). A vegetação

predominante da região é a Floresta Ombrófila Densa Aluvial, também conhecida por

floresta de várzea (IBGE, 2012).

Para a retirada das amostras foram abatidas cinco árvores de pau-mulato aos 12

anos de idade, das quais de cada uma, a 1,30 m de altura do solo, foram retirados discos

de 5 cm de espessura para confecção dos corpos de prova. Esse material foi preparado na

Xiloteca da Embrapa Amazônia Oriental, com a demarcação e retirada de corpos-de-

prova de 1 cm² de seção transversal no sentido medula-câmbio. Para fins de apresentação

dos resultados parciais da pesquisa, selecionou-se uma árvore, que totalizou nove

posições no sentido radial, com cada posição distante 1cm entre si (posição 1 mais

próxima à medula, posição 9 mais próxima ao câmbio). Foram medidos as dimensões de

comprimento de fibra (CF) e espessura da parede da fibra (Epf), com 30 repetições para

cada posição.

Para tais análises microscópicas foram preparadas lâminas com material

macerado. O material macerado foi obtido a partir da inclusão de fragmentos

longitudinais de madeira, oriundos dos corpos de prova, em solução de acético e peróxido

de hidrogênio na proporção 1:1, levados a estufa a 60⁰C por 24 h. Após esse período, o

material já dissociado foi lavado em água destilada e corado com safranina hidro-etílica

(1%) para melhor observação dos elementos celulares (vasos e fibras) em lâminas

temporárias., As mensurações para o comprimento de fibra e espessura da parede foram

realizadas mensurados de acordo com orientação da International Association of Wood

Anatomists – IAWA Committee (1989).

243

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Análise de variância foi testada para verificar diferenças significativas entre as

posições, com posterior teste de Tukey para identificar quais são as diferenças, ambas a

0,05% de significância.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A estatística descritiva para os valores de comprimento da fibra e espessura da

parede encontra-se na tabela 1. Os valores encontrados para essas variáveis são

condizentes com resultados apresentados por Baldin e Marchiori (2015), que descreveram

a espécie para definição de sua melhor posição taxonômica na família Rubiaceae, com

fibra de comprimento médio de 1441 µm ± 366, e espessura da parede média de 7 µm ±

2. Com relação ao aspecto da espessura da parede o pau mulato apresentou valor próximo

a Aspidosperma polyneuron com 7,36 µm e maior espessura da parede que outras

espécies, como a Pterodon pubescens com 5,79 µm, a Cedrela fissilis com 3,87 µm,

Myroxylon balsamum com 5,91 µm e a Anadenanthera macrocarpa com 5,49 µm

(Benites, 2015).

Tabela 1 – Parâmetros anatômicos usados na determinação da madeira juvenil e madeira adulta Estruturas da fibra Média Mínimo Máximo Desvio padrão Coeficiente de

Variação (%)

Comprimento (µm) 1.703,42 1.000 2.500,00 214,80 10,30

Espessura da parede (µm) 6,93 5 12,5 1,28 17,36

Fonte: Autor

O comprimento de fibra apresentou muita variação, e segundo a classificação

sugerida pelo IAWA, elas podem ser definidas como longas, com os valores > 1600. A

espessura da parede da fibra de acordo com a classificação da IAWA apresenta dimensões

de espessura fina para grossa, lume da fibra menor que três vezes a espessura da parede.

A análise de variância para os valores de comprimento da fibra e espessura da

parede encontra-se na tabela 2 e 3, respectivamente. Existiu diferenças significativas para

ambas características em função da posição radial no fuste.

244

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Tabela 2. Análise de variância para comprimento da fibra de Calycophyllum spruceanum.

Fonte de Variação GL SQ QM F p Posição 8 4380101,85 547512,73 17,79 0,0000 Erro 261 8032354,16 30775,30

Total 269 12412456,01

Fonte: Autor

Tabela 3. Análise de variância para espessura da parede da fibra de Calycophyllum spruceanum.

Fonte de Variação GL SQ QM F p Posição 8 67,39 8,42 5,81 0,000 Erro 261 377,86 1,44

Total 269 445,26

Fonte: Autor

Nos gráficos abaixo são apresentados os resultados do teste de Tukey indicando

as diferenças entre as posições.

Figura 1. Variação no sentido radial do comprimento e espessura da parede da

fibra de Calycophyllum spruceanum.

Fonte: Autor

Observa-se uma nítida variação no sentido medula-câmbio para ambas as

variáveis. O comprimento da fibra foi crescente até 3 cm a partir da medula, com uma

queda na posição quatro, elevação a 5 cm, com queda constante até 7 cm, e aumento nas

posições 8 cm e 9 cm. Esse padrão desuniforme de crescimento pode indicar que a espécie

Posição; LS Means

Wilks lambda=,41702, F(24, 751,78)=11,025, p=0,0000

Effective hypothesis decomposition

Vertical bars denote 0,95 confidence intervals

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Posição (medula - câmbio)

1300

1400

1500

1600

1700

1800

1900

2000

2100

CF

m)

Posição; LS Means

Wilks lambda=,41702, F(24, 751,78)=11,025, p=0,0000

Effective hypothesis decomposition

Vertical bars denote 0,95 confidence intervals

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Posição (medula - câmbio)

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5

EP

m)

245

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

ainda não tenha formado madeira adulta, pois não houve estabilização para o

comprimento da fibra. Fato sustentado pela afirmação de Palermo et al (2013), que

destacam o comprimento da fibra como principal indicador para o ponto de transição de

madeira juvenil para adulta. Esses resultados são semelhantes ao encontrados por

Barreiros (2016).

De forma similar, a espessura da parede da fibra também não apresentou padrão

de variação. Embora, tal qual para o comprimento, o maior valor tenha sido encontrado

na região próxima ao câmbio (7,75 µm), não houve estabilização da medida indicando a

presença de madeira adulta. Vidaurre (2011) aborda que as propriedades da madeira não

são uniformes no sentido medula-casca, e que nos primeiros anéis de crescimento a

madeira apresenta menor comprimento de espessura da parede. Em anéis sucessivos,

partindo do centro da árvore, verifica-se o aumento das características anatômicas, como

comprimento, diâmetro do lúmen e espessura da parede da fibra, porque a espessura da

parede celular do lenho juvenil é menor do que a do lenho adulto e isso é observado com

o aumento da idade. No entanto, tais características não se apresentaram de forma

ordenada para o lenho de pau mulato, fato que pode indicar que aos 12 anos de idade a

espécie ainda não apresenta madeira adulta, todavia, essa consideração deve ser

ponderada pelo fato de os resultados parciais apresentados serem de uma única árvore.

Longui et al. (2017) estudando a influência de fatores ambientais e genéticos na

variação radial de características da madeira de Myracrodruon urundeuva Allemão

(Anarcadiaceae) encontraram um padrão de variação crescente no sentido medula-câmbio

apenas para o comprimento de fibra, com a espessura da parede não apresentando

regularidade; os autores concluem que o comprimento de fibra é muito mais associado a

fatores genéticos do que ambientais, pois analisando o lenho da espécie oriunda de

sementes de duas procedências diferentes, o comprimento de fibra apresentou o mesmo

padrão na região de instalação do experimento.

4. CONCLUSÃO

246

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A árvore Calycophyllum spruceanum analisada apresenta variação radial na

dimensão do comprimento e espessura da parede de fibra do lenho aos 12 anos de idade

e 9 cm de raio. A madeira foi caracterizada como juvenil, não havendo um ponto de

estabilização para estimar a transição entre a madeira juvenil e adulta. Novas ferramentas

estatísticas serão realizadas com o aumento da amostragem de árvores pars estabelece de

forma definitiva a presença ou não de madeira adulta.

247

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

A IMPORTÂNCIA AMBIENTAL DO SISTEMA AGROFLORESTAL DE

TOMÉ-AÇÚ – SAFTA, LOCALIZADO NO NORDESTE DO ESTADO DO

PARÁ

Joice Machado Martins1; Carla Lyzandra Linhares2; Adler Henrique Rodrigues Alves³;

Paulo Rick Soares Rodrigues⁴

1 Graduada em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal

Rural da Amazônia. [email protected]

2 Graduada em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal

Rural da Amazônia. [email protected]

³ Mestrando no programa de pós-graduação em aquicultura e recursos aquáticos

tropicais. Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected]

⁴ Graduando em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal

Rural da Amazônia. [email protected]

RESUMO

Visando a redução da agricultura convencional que faz uso de práticas predatórias é

interessante pensar em formas de plantio mais eficazes que levem em consideração os

conceitos sustentáveis de uso do solo e dos recursos naturais. Sendo assim, o objetivo

deste estudo é destacar a importância ambiental dos sistemas agroflorestais e incentivar

o seu emprego em qualquer bioma visto as suas inúmeras vantagens. Para isso, utilizou-

se como exemplo prático o sistema agroflorestal de Tomé-Açú – SAFTA – e buscou-se

verificar como o SAFTA e a cooperativa mista de Tomé-Açú – CAMTA – afetam

positivamente o cenário ambiental e econômico da região. A metodologia utilizada foi a pesquisa de campo e bibliográfica. Na ocasião, duas fazendas foram visitadas com o

intuito de analisar de perto os SAF’s e coletar informações de agricultores. Além disso,

visitou-se também a cooperativa mista de Tomé-Açú – CAMTA com a finalidade de

conhecer a sua organização e seus processos de produção. Diante ao exposto, pôde-se

constatar que os SAF’s trazem inúmeros benefícios para a localidade onde é implantado,

no âmbito ambiental ele proporciona grande biodiversidade e maior produção de matéria

orgânica, promovendo a manutenção do bem-estar dos ecossistemas, enquanto que no

âmbito social ele permite e união dos cooperados e a integração de mulheres no processo

de cultivo, já no contexto econômico, por meio da CAMTA, é proporcionado um

aumento da rentabilidade dos agricultores, melhorando a qualidade de vida e a estrutura

do município.

Palavras-chave: sistemas agroflorestais. CAMTA. Modos de produção sustentáveis.

Área de Interesse do Simpósio: sistemas agroflorestais

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas notou-se diretamente as consequências ambientais negativas

que o modo de produção predatório derivado da agricultura convencional pode ocasionar

no bioma Amazônia. A floresta vem perdendo extensão e biodiversidade devido a retirada

de madeira legal e ilegal, queimadas em grande escala que desestabilizam a fauna e a

flora, além disso, tem-se a contaminação do meio aquático e do solo por produtos

agrícolas ou de mineração. Somado a estes fatores vê-se ainda a retirada de grandes

extensões de cobertura vegetal cujo terreno residual é direcionado para a criação de gado

e plantação de monoculturas.

Neste cenário, segundo o boletim de desmatamento da Amazônia de 2019,

elaborado pelo sistema de alerta de desmatamento (SAD) do Imazon, que em seu

calendário atual considerou o período de agosto de 2018 a julho de 2019, destacou que o

desmatamento na Amazônia legal foi de 5.054 Km², correspondendo então, a um aumento

de 15% em relação ao calendário anterior (IMAZON, 2019). Visando a redução do

desmatamento e da degradação da floresta amazônica é interessante pensar em formas de

plantio mais eficazes que leve em consideração a manutenção da qualidade de seus

recursos naturais. Atualmente vê-se muitos incentivos à agricultores que empregam

técnicas verdes em seus modos de cultivo, além de obterem um bom reconhecimento

perante seus consumidores, acrescentando assim, um diferencial aos seus produtos.

Levando isso em consideração, o emprego de sistemas agroflorestais – SAF’s – é

muito viável e interessante tanto para quem produz quanto para o meio ambiente. Este

sistema de plantio consiste em atividades extrativistas sustentáveis associadas a

reconstituição de regiões degradadas. Apresenta como principal objetivo o

aperfeiçoamento do uso da terra, incentivando a produção florestal juntamente com a

produção agrícola, evidenciando a importância dos sistemas agroflorestais com os

processos dinâmicos dos ecossistemas naturais uma vez que o intuito nos SAF’s é a

formação de vários andares de vegetação, imitando uma floresta natural, tendo as árvores

e arbustos como os elementos estruturais básicos e principais para a estabilidade do

sistema, respeitando o tempo natural de produção das culturas (KONAGANO et al.,

2016).

Sendo assim, o objetivo deste estudo é destacar a importância ambiental dos

sistemas agroflorestais para a manutenção da qualidade do bioma Amazônia e incentivar

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

o seu emprego em qualquer bioma do país visto as suas inúmeras vantagens. Para isso,

utilizou-se como exemplo prático o sistema agroflorestal de Tomé-Açú – SAFTA – e

buscou-se verificar como o SAFTA e a cooperativa mista de Tomé-Açú – CAMTA –

afetam positivamente o cenário ambiental e econômico desta região.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Com o intuito de observar os SAF’s de perto, acompanhar as metodologias dos

agricultores, ouvir seus relatos, identificar quais as principais culturas da região e realizar

registros fotográficos, optou-se por realizar visitas de campo, caracterizando-se então,

como pesquisa exploratória. Na oportunidade, duas fazendas foram visitadas, a primeira,

é propriedade do senhor Mitinori Konagano e a segunda, do senhor Kozaburo Mineshita,

os dois são contribuintes da Cooperativa Mista de Tomé-Açú (CAMTA), que também foi

ponto de estudo. Dessa forma, pôde-se observar como a CAMTA é organizada e

estruturada. Por fim, fez-se uso também de referencial teórico de fontes confiáveis.

2.1 ÁREA DE ESTUDO

A área objeto deste estudo situa-se na região nordeste do estado do Pará, o

município denomina-se Tomé-Açu, sua extensão territorial é de 5.179 Km2, comporta

cerca de 61.095 habitantes. Possui um clima tropical chuvoso com estação seca bem

definida, além disso, apresenta precipitação média anual de 2.500 mm, com distribuição

mensal irregular, tendo de novembro a junho uma maior intensidade de chuvas. Sua

temperatura média anual é de 26ºC e umidade relativa do ar de 85%. Os solos são

representados principalmente por latossolo amarelo distrófico, gley pouco úmido

eutrófico e distrófico e aluvial eutrófico e distrófico, em associação. A vegetação original,

atualmente alterada, correspondendo a floresta ombrófila densa (DE BARROS et al.,

2009; GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ, 2011; EMBRAPA, 2001)

254

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este tópico será destinado à exposição dos resultados obtidos através das

conversas com os produtores rurais das duas fazendas mencionais e com os técnicos

presente nas visitas, bem como, das observações feitas acerca dos SAF’s.

2.1 SISTEMAS AGROFLORESTAIS DE TOMÉ-AÇÚ – SAFTA

Os SAF’s correspondem a um conjunto de sistemas e tecnologias de uso da terra

onde o cultivo final pode derivar de cultivos anteriores, de forma sequencial ou rotativa,

podendo ser culturas anuais, semi-perenes ou perenes, também podem ser derivadas de

pastagens, reflorestamento, dentre outros (DE BARROS et al., 2009). Dubois (2009)

divide os SAF’s em três tipos, levando em consideração os aspectos estruturais e

funcionais, por primeiro, apresenta-se os sistemas agrossilviculturais, no qual ocorre a

combinação de cultivos agrícolas anuais com árvores, por conseguinte tem-se os sistemas

agrossilvipastoris que além das combinações já citadas, abrange a criação de animais, por

fim, tem-se os sistemas silvipastoris, aqui, associa-se árvores à criação e animais.

Os SAF’s geralmente apresentam diferentes composições de espécies, com

variadas formas e tamanho, tais aspectos vão alternando de acordo com as necessidades

e objetivos de cada agricultor. Dessa forma, torna-se um modelo base de produção

diversificada cuja biodiversidade é seu principal ponto positivo (KONAGANO et al.,

2016).

No Sistema Agroflorestal de Tomé – Açú – SAFTA, o cacau e o cupuaçu são as

duas culturas perenes predominantes devido sua forte participação na rentabilidade final

dos agricultores. Além disso, observou-se plantações de pimenta-do-reino em muitas

propriedades, isso ocorre devido a tradição e também por trazer retorno financeiro em

curto período. Segundo Konagano et al (2016) os SAF’s de Tomé-Açú são formados

sobretudo pelo cultivo de açaí, cupuaçu, cacau e pimenta-do-reino, que podem estar

dispostas juntas e/ou com espécies frutíferas ou florestais.

2.2 FAZENDA KONAGANO

A fazenda Konagano é propriedade do Sr. Mitinori Konagano, possui uma

extensão territorial de 850 hectares, sendo 230 ha de áreas de SAF’s produtivos, divididos

entre culturas de cacau e açaí (160 ha), como mostra a Figura 1, cupuaçu (55 ha) e

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

pimenta-do-reino (15 ha), além da criação de aves, peixes e suínos. O plantio de cacau

em consórcio com açaí (Euterpe Oleracea) ocupa a mesma área e ocorre em períodos

intercalados do ano, sendo o cacau de maio a outubro e o açaí de outubro a maio. O cacau

(Theobroma cacao L.) é a principal cultura explorada nos SAF’s do município, estando

pressente em 81% das propriedades, devido a sua alta rentabilidade no sistema

(KONAGANO et al., 2016).

Figura 1 – SAF’s de cacau e açaí

Fonte: autores (2019)

Na Fazenda Konagano, a pimenta-do-reino ocupa a menor área do SAF, 15ha,

tendo sua safra nos períodos de julho a dezembro, na fazenda usa-se o espaçamento

2mx2mx5m no cultivo dessa cultura. Para exemplificar a rentabilidade da pimenta-do-

reino, o Sr. Mitinori esmiuçou como ocorre o processo dinâmico dela: o preço do Quilo

atualmente custa em torno de R$ 7,00, ou seja, com a venda de uma tonelada, o lucro

bruto é de R$ 70 mil reais. Com esse valor, o agricultor consegue comprar 40 toneladas

de adubo químico para abastecer 50 ha de cacau, no qual irão gerar um faturamento bruto

de R$ 525.000 ao agricultor. Logo, para os agricultores de Tomé-açu, a pimenta do reino

é vista como uma poupança ou um “coringa”, pois mesmo com as baixas de preço sempre

haverá mercado e seus lucros são convertidos em investimentos em outras culturas. Além

dos cultivos já citadas, a fazenda Konagano produz outras culturas anuais em menor

escala como: melânica, abóbora, milho e macaxeira, sendo um complemento a renda.

Na fazenda existem dois tanques de criação de peixes. O proprietário comentou

sobre a intenção de criar um sistema de irrigação que aproveitasse a água dos tanques

para as plantações, diminuindo então, a utilização de água limpa. Quanto a produção de

suínos, o Sr. Mitinori criou um sistema nos chiqueiros, no qual as casas de porcos são

256

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

construídas sobre solos compostos de 80% de serragem, 10% de terra da mata e 10% de

carvão e sal mineral. Essa mistura foi desenvolvida especialmente pelo proprietário para

que, após certo período de uso os dejetos dos animais sejam misturados ao composto do

solo, servindo como adubo natural para as culturas da área. Além disso, a fazenda tem a

produção de seu próprio fertilizante: o biofertilizante, que é gerado através da mistura de

folhas de bananeira, esterco animal, “caldo” fermentativo do cacau e outros componentes,

essa mistura passa por vários dias de fermentação até poder ser utilizado nos plantios

(Figura 2).

Figura 2 (a e b) – Produção de biofertilizante

A B

Fonte: autores (2019)

O Sr. Mitinori busca maximizar o uso dos serviços ecossistêmicos a seu favor,

com técnicas de agricultura alternativa que não utilizam agrotóxicos, herbicidas ou

fertilizantes inorgânicos, para assim, garantir o melhor aproveitamento de sua

propriedade.

2.3 FAZENDA MINESHITA

A segunda fazenda visitada é propriedade do Sr. Kozaburo Mineshita, abrange

uma extensão territorial de 15 ha divididos entre as culturas de cupuaçu, açaí, pupunha e

cacau. Segundo o proprietário, a fazenda apresenta uma produção anual de 10 toneladas

de cacau, 2 toneladas de pimenta-do-reino, 20 toneladas de açaí e 20 toneladas de

pupunha.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Em decorrência das dimensões da fazenda, o Sr. Mineshita aproveita ao máximo

sua área através de um espaçamento adequado, intercalando as culturas de modo que não

haja competição entre as espécies.

Além das culturas já citadas, foi observado a presença de limoeiros, cupuaçuzeiros

e árvores de mangostão. As árvores de grande porte têm como principal objetivo o

sombreamento para a cultura de cacau. O Sr. Mineshita explicou que até a formação atual

de seu SAF, houve testes com várias espécies arbóreas, inclusive mogno africano, porém

por ser uma espécie muito competitiva acabou por prejudicar as outras culturas.

Atualmente a fazenda é administrada pelo filho do Sr. Mineshita que está trabalhando em

novas combinações de culturas

Uma técnica de manejo utilizada na fazenda é a poda e posterior incorporação dos

resíduos no solo. Muito utilizada por agricultores, a poda é uma técnica de manejo que

possibilita a entrada de luz no sistema, assim como proporciona matéria orgânica e

nutrientes. Logo, as culturas contribuem para a proteção do solo na estação seca e suas

podas após a colheita fornecem nutrientes para o solo através da decomposição e

participação na ciclagem de nutrientes (EMBRAPA, 2001).

2.4 COOPERATIVA MISTA DE TOMÉ-AÇÚ – CAMTA

As cooperativas agroindustriais, segundo a organização das cooperativas

brasileiras: são aquelas nas quais os produtores rurais se associam para a execução das

etapas que envolvem a agricultura ou a pecuária, tais como a compra de sementes, o

beneficiamento, o armazenamento da produção e o escoamento da safra. Essas tarefas

podem ser executadas pela cooperativa, resultando em maior probabilidade de sucesso na

comercialização do produto (SANTOS, 2011). Nesse sentido, tem-se a cooperativa Mista

de Tomé-açu que está localizada na Rodovia PA 140, nº 13083, Tomé-Açu – Pará. Possui

489 cooperados, segundo o cooperado José Rômulo. Atualmente a cooperativa comporta

mais de 200 cooperados e mais de 2.000 pequenos produtores rurais, além de gerar mais

de 10.000 empregos, diretos e indiretos.

A produção de pimenta-do-reino no município, sendo de responsabilidade da

CAMTA, perfaz 600 toneladas anuais. A estrutura do processamento da pimenta-do-reino

ocorre em quatro estágios: Primeiramente, a pimenta chega seca e faz-se a sua limpeza,

posteriormente ela é peneirada (Figura 3a) para a retirada de talos e impurezas. Em

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

seguida, ocorre a separação dos grãos, para então, partir para o processo de ventilação

(Figura 3b) e posteriormente para o ensacamento. E por fim, o último estágio refere-se ao

depósito de estocagem (Figura 3 c) no qual a vida útil do insumo é de 2 anos.

Figura 3- Processamento. (a) peneiragem; (b) ventilação; (c) ensacamento

A B C Fonte: autores (2019)

Quanto ao cacau, a cooperativa possui uma produção de 800 toneladas e 70%

dessa produção é exportada para o Japão. Segundo o cooperado Rômulo, o cacau gira em

torno da bolsa a uns 7/8 reais, porém poderá variar dependendo do produtor, vale ressaltar

que o seu custo de produção está em torno de 6 reais.

A CAMTA produz e fornece as mudas para os produtores juntamente com

assistência técnica, realizando o acompanhamento no plantio, colheita e processamento,

mantendo boa qualidade no produto. No que tangue a produção total da cooperativa,

quase 90% é exportado para os Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Japão e Argentina.

Outros produtos da cooperativa como açaí, abacaxi, cacau, cupuaçu, mandioca e dendê

também possui um bom mercado consumidor local e para a exportação.

Após ser explanado todo processo de produção da pimenta, foi abordado a

produção de óleo vegetais, no qual o principal comprador é a natura, com uma produção

60 toneladas. A extração de óleo ocorre principalmente no cupuaçu, maracujá e andiroba,

o preço do óleo varia de R$ 20,00 a R$ 30,00 e possui uma produção diária de 500 kg de

óleo.

A CAMTA trabalha com 14 tipos de polpa em 3 tipos de qualidade: popular,

médio e especial. Entre os 14 tipos de poupa, existe 4 linhas especiais: açaí, acerola,

abacaxi e cupuaçu. O processo de produção de poupa de fruta começa com a chegada da

fruta in natura. Em seguida é pesada e alocada em câmeras frigorificas, no qual são

acumuladas por uma semana ou até obter-se um grande volume considerável para seu

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

processamento. Posteriormente são encaminhados para tubos de congelamento para ao

final ocorrer o empacotamento. A agroindústria possui dois tubos de congelamento (25

toneladas) e três câmeras frigorificas. São processadas 50 toneladas de polpa diariamente,

de acordo com a demanda e safra do produto. Em relação ao mercado da polpa, a maior

demanda é externa, de 20% a 30% são exportados para o Japão.

A agroindústria de poupa tem como resíduos gerados os efluentes provenientes da

lavagem das frutas, bem como, dos locais de processamento. Foi informado que a

empresa regularmente faz análises dos seus efluentes gerados. Por se tratar de matéria

orgânica, despeja-se diretamente nos rios próximos, apenas com o tratamento preliminar.

Entretanto, as partes das frutas que não são processadas são dispostas a céu aberto em um

terreno da empresa. O intuito da empresa é a compostagem com esses resíduos, que é um

processo biológico aeróbio de tratamento e estabilização de resíduos orgânicos para a

produção do composto, nome dado ao fertilizante orgânico assim produzido. Durante a

compostagem, a matéria orgânica é decomposta principalmente através da ação de

microrganismos e enzimas, resultando na fragmentação gradual e oxidação dos detritos

(BUDZIAK et al., 2004). Entretanto a forma como essa compostagem está sendo

realizada não é ambientalmente adequada, visto o efluente gerado, além de gases. Vale

ressaltar que a agroindústria e o ponto de disposição de resíduos, localizam-se em locais

afastado da população residente. Dessa forma, teoricamente não os atingindo diretamente,

mas indiretamente pela degradação do bem comum a todos.

Diante ao exposto, ficou evidente os benefícios ambientais que os SAF’s agregam

às propriedades e ao município de Tomé-Açú, pois permite a estabilidade da qualidade

dos ecossistemas uma vez que não faz uso de herbicidas, comportam grande

biodiversidade, pois tenta imitar uma floresta natural, possibilita a grande geração de

matéria orgânica, permitindo maior umidade e nutrientes no solo, as árvores de maior

porte podem auxiliar na mitigação das mudanças climáticas por meio do sequestro do

carbono, melhora ainda, a qualidade da água e diminui as chances de erosão e

assoreamento uma vez que o solo fica protegido.

A CAMTA por meio da assistencia que provém aos seus cooperados, permite que

esses indivíduos aprendam novas técnicas de cultivo, além disso, incentiva seus estudos

sobre agricultura no Brasil e no Japão, possibilita a integração da mulher no campo,

realizando a colheita ou ajudando-os em processos burocráticos, além disso, aproxima os

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

cooperados, acarretando a união e o sucesso da instituição. Já no âmbito econômico o

sucesso da cooperativa é visível no estado do Pará, estando presente nas maiores redes de

supermercados do estado e de outros países. A CAMTA possibilita maior geração de

renda, melhorando a qualidade de vida de seus cooperados e a estrutura do município.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas informações dispostas pôde-se constatar que o SAF’s é um sistema

que agrega grande importancia social, ambiental e econômica. Os produtores rurais

podem agir em unidade ou formar cooperativas, como a CAMTA, possibilitando uma

maior captação de recursos econômicos, além disso, no que tange ao âmbito ambiental,

as técnicas utilizadas levam em consideração a sustentabilidade do planeta e o respeito a

capacidade de uso do solo, também, prezam pela adubação verde, protegendo o solo

contra eventuais contaminações por produtos químicos inorgânicos, outro fator

importante é que possibilita elevada biodiversidade, podendo alcançar características

naturais da área. Já no contexto social, o SAF agrega uma maior participação da mulher

no processo de produção rural uma vez que elas podem trabalhar na colheita ou

formulando metas para alcançar maiores mercados, permitindo assim, uma participação

direta e essencial do gênero feminino. Este tipo de sistema traz grande visibilidade para

as localidades que os escolhem e os produtos gerados tem grande aceitação perante seus

consumidores, isto ocorre, porque como já mencionado, provoca impactos ambientais

relativamente pequenos se considerados aos meios de produção convencionais e

atualmente, a população mundial está mais interessadas em questões ambientais e em

produtos cujo seu processo leve em consideração o bem estar dos recursos naturais,

Por fim, ressalta-se que atualmente é de extrema relevância estudos direcionados

ao uso racional dos recursos naturais, já que a manutenção da qualidade do meio ambiente

é essencial para a atual e futuras gerações. Por isso, outros acadêmicos podem dar

continuidade a este trabalhando, mostrando organizações de SAF’s em diferentes biomas,

abordando diferentes técnicas de sucessão ecológica, mostrando outras espécies que

podem ser utilizadas para sombreamento, ou ainda, sobre como preparar o solo para um

futuro SAF’s.

261

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GANHO DE PESO

Halison Felipe Pimenta Almeida1; Adriano Silva de Souza2; Ana Carolina Assmar de

Lima Rabelo3; Hellem Cristina Teixeira Rodrigues4; Carla Lyzandra Linhares5

1 Engenheiro Ambiental. Faculdade Estácio de Belém. [email protected]

2 Engenheiro Ambiental. Faculdade Estácio de Belém. [email protected]

3 Doutoranda em Desenvolvimento Sustentável dó Trópico Úmido (NAEA/UFPA).

Faculdade Estácio de Belém. [email protected]

4 Discente da Especialização em Geotecnologias Aplicadas ao Planejamento Ambiental

e Desenvolvimento Territorial Rural. [email protected]

5 Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal Rural da

Amazônia - UFRA. [email protected]

RESUMO

A pecuária bovina é de grande importância na economia brasileira, considerando que o

Brasil possui um dos maiores rebanhos bovino do mundo, sendo o maior exportador e

segundo maior produtor, entretanto, uma das principais deficiências encontrada na

exploração da pecuária, referente à produção animal, são decorrentes do manejo

alimentar, sanitário e reprodutivo inadequado. Por tanto se torna de fundamental

importância a implementação de inovações tecnológicas e alternativas nutricionais que

possam potencializar o crescimento e obtenção de ganho de peso de maneira eficiente e

saudável, aumentando a produtividade animal. O presente trabalho foi desenvolvido a fim

de realizar uma análise comparativa do uso do Proteinado e a inclusão parcial da Torta de

Dendê em dietas para ruminantes da raça nelore. Foram utilizadas 10 novilhas da raça

nelore com idade entre 12 a 24 meses em um delineamento experimental, no período de

227 dias, com divisão de 2 grupos para a nutrição dos animais utilizando Proteinado e

capim (Brachiaria), Torta de Dendê, Proteinado e Capim (Brachiaria), onde o 1º grupo

utilizou (400g/dia) para suplementação de Proteinado, 2º grupo (300g/dia) Torta de

Dendê e Proteinado, todos os subprodutos aplicados nos grupos foram complementados

com 200 g/dia de sal mineral e capim (Brachiaria). Aplicação dos elementos Proteinado,

Torta de Dendê e sal mineral influenciou positivamente na engorda dos bovinos da

espécie nelore, sendo que as proporções foram consideradas satisfatórias em termo de

economia, quando associadas à utilização da Torta de Dendê.

Palavras-chave: Dietas. Produção Animal. Subprodutos

Área de Interesse do Simpósio: Zootecnia

263

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A pecuária bovina é de grande importância na economia brasileira, visto que o

Brasil possui o segundo maior rebanho bovino do mundo, segundo o Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE, 2017).

As principais deficiências encontradas no rebanho paraense são decorrentes de

erros no manejo alimentar, sanitário e reprodutivo adotado nos criatórios e são

intensificados ainda mais pela falta de políticas públicas para os produtores, dificultando

o desenvolvimento da pecuária na Amazônia e no restante do país (AZEVÊDO et al.

2010; MINERVINO et al. 2008;).

Neste cenário, considerando que os gastos com a alimentação de ruminantes em

regimes de confinamento e semi-confinamento, seja um fator limitante para o

desenvolvimento, o aproveitamento de subprodutos de agroindústrias, pode contribuir

para a redução dos gastos com a alimentação em regiões produtoras como o Estado do

Pará (LOUSADA JUNIOR et al. 2005).

Nesse pressuposto, após uma análise realizada por Martha Jr. et al. (2012)

constatou se que esse aumento na produção de bovinos de corte da-se pela eficiência no

aumento de produtividade através de melhorias nos índices zootécnicos. A melhoria

nesses indicies podem ser alcançadas com práticas de manejo, melhorias na nutrição e

genética dos animais.

De acordo com WanZarari e Alimon (2004), com a intensificação da

dendeicultura no Estado do Pará, o aproveitamento de subprodutos como a torta de dendê

surge como alternativa econômica na produção animal, pois pode melhorar o custo-

benefício da formulação de dietas para bovinos, promovendo ainda a conservação

ambiental, ao minimizar os efeitos negativos gerados pelo acúmulo desse resíduo no

ambiente.

Dentre os subprodutos aproveitados na alimentação animal, a torta de dendê

apresenta grande potencial levando em consideração não só a sua rica composição em

nutrientes e teores de proteína e fibras que podem suprir parte dos nutrientes na

alimentação animal, como também a sua disponibilidade durante o ano e o seu baixo

custo, principalmente em regiões de alta produção como as regiões Norte e Nordeste do

Brasil, (COSTA et al. 2006; VIEIRA et al. 2011).

264

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Dito isso, este trabalho se propôs a realizar uma analise comparativa do uso do

Proteinado e a inclusão parcial da Torta de Dendê em dietas para ruminantes da raça

nelore, considerando a grande problemática ambiental acerca da adequada destinação dos

subprodutos da enorme produção de óleo, observando o crescimento e engorda dos

animais, com ênfase para a digestibilidade aparente, consumo voluntário e desempenho

de ruminantes criados sob condições tropicais típicas do Nordeste Paraense e

posteriormente verificar a viabilidade econômica sobre o melhor custo-benefício para a

alimentação dos ruminantes entre a utilização da ração de proteinado tradicional e a

proposta de inclusão parcial da torta de dendê.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado na Chacára Colinas, propriedade privada localizada na

PA 150, KM 110, no município de Moju – PA, com as coordenadas geográficas:

“2º40’11.22” W de latitude e “49º5’15.36” S de longitude (Figura 1).

Figura 1 – Mapa de Localização do Município de Moju -PA.

Fonte: Autores, (2019).

265

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2.1 TIPO E MÉTODO DE PESQUISA

O trabalho baseou-se em uma profunda pesquisa bibliográfica com o intuito de

obter conhecimentos relativos ao assunto proposto. Também utilizou se de pesquisa de

campo, permitindo extrair dados e informações diretamente da realidade do objeto de

estudo. Para a complementação da pesquisa requereu-se ainda de exame descritivos,

qualitativos e quantitativos. O método de pesquisa utilizado foi exploratório, com intuito

de obter maior proximidade com o universo do objeto de estudo, favorecendo o acesso a

informações que permite orientar a formulação das hipóteses da pesquisa.

2.2 PROCEDIMENTOS ADOTADOS

Na fase experimental da pesquisa, foram utilizados 10 animais da raça Nelore. Os

animais foram divididos em dois grupos de diferentes níveis de peso, com a mesma faixa

etária (12 a 24 meses), cada um com uma combinação de alimentação diferente, sendo:

Grupo 1 alimentado por Proteinado e capim; e Grupo 2 alimentado por Torta de Dendê,

Proteinado e capim. Todos os animais foram identificados com brincos numerados

seqüencialmente de 01 a 10 (Tabela 1) e submetidos à pesagem consecutivamente. Ao

total, cada animal passou por duas pesagens, uma no início (06/10/2018) do experimento

e outra ao final (12/05/2019), após sete meses. A pesagem visa verificar os parâmetros de

ganho de peso para cada grupo.

Tabela 1 – Apresentação dos grupos. Grupo Nº identificação Quantidade

G1- Proteinado 01 – 05 5

G2- Proteinado e Torta de Dendê 06 – 10 5

Fonte: Autores, (2019).

No 1º grupo de ruminantes, com brincos de identificação de 01 a 05 com peso

inicial de 1300 kg e uma média por animais de 260 kg, a alimentação foi conduzida

através de proteinado (sulfato de amônio, flor de enxofre, uréia, sal mineral) e capim,

utilizando uma quantidade de 400grama/dia.

No 2º grupo, com brincos de identificação de 06 a 10 com o peso inicial de 1250

kg e uma média por animal de 250 kg, os animais foram alimentados com torta de dendê,

proteinado e capim, com dosagem de 300 kg/dia.

266

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Durante todo o tempo do experimento, cada grupo de ruminantes com cinco

animais esteve separado por piquetes com dimensões de 200x200m (Figura 2).

Importante ressaltar que, para não haver divergência entre os dados, os dois grupos

analisados utilizaram a mesma pastagem do tipo Brachiaria na sua alimentação e ambos

tiveram a sua alimentação complementada com 200 g/dia de sal mineral.

As formas de alimentação praticadas nos grupos 1º (Proteinado) e 2º (Proteinado

e Torta de dendê) são utilizadas com maior freqüência pelos pecuaristas na região norte,

por conta da rentabilidade e qualidade proporcionada por esses subprodutos, por ser uma

região tropical esses tipos de alimentação se adaptou de forma excepcional.

Figura 2 – Mapa de caracterização da Área de Estudo.

Fonte: Autores, (2019).

267

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

A seguir, apresentam-se comentários gerais dos dois tipos de alimentação

praticados em cada grupo:

GRUPO 1 - Alimentação através de Proteinado: A mistura múltipla conhecida como

proteinado, é a alternativa de suplementação que costuma ter a melhor relação custo-

benefício e adquirido em lojas agropecuárias da região. Em pastagens com boa

disponibilidade forrageira e lotação de 1 UA/ha, possibilita ganhos de peso em torno de

200 a 400 g/cabeça/dia. Exemplos de formulações de sal mineral com uréia, tendo como

base o sal mineral tradicional Ingrediente Formulação 1 Formulação 2 Sulfato de Amônio

(%) 3 - Flor de Enxofre (%) - 1 Ureia (%) 30 30 Sal Mineral (%) 67 69 Total 100 100.

GRUPO 2 - Alimentação através da intercalação de Pastagem, Proteinado e

Torta de Dendê: a pastagem composta por capim é volumosa devido ser natural e de

fácil manejo, é considerada uma fonte econômica de nutrientes para alimentação destes

animais, porém com algumas limitações quanto ao clima, relevo, qualidade do solo e

acesso, além de requerer cuidados ao selecionar as forrageiras a serem cultivadas, pois

precisam ser analisados todos os fatores anteriormente citados, de acordo com as

informações da Secretaria Municipal de Mojú.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2, realizou se a comparação dos principais parâmetros sobre

crescimento e engorda bovina. Portanto foi executada a junção do peso inicial e final para

obter um amplo conhecimento de cada grupo, onde é possível observar o comportamento

e o desempenho de cada grupo após a aplicação dos subprodutos (Proteinado; Proteinado

e Torta de Dendê), evidenciando resultados sobre adequação dos animais.

Os resultados alcançados (Tabela 2) apontam que o peso médio inicial de cada

bovino era 260 e 250kgs nos grupos 1 e 2, respectivamente. Ao final do experimento, o

peso médio por bovino foi 286 e 300kgs nos grupos 1 e 2, respectivamente.

268

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 2 – Comparação dos Grupos.

Grupo Nº

identificação Dosagem

(kg/bovino.

Dia)

Média inicial

(kg/bovino) Média final

(kg/bovino) Peso total

do grupo

inicial (kg)

Peso total

do grupo

final (kg)

G1-

Proteinado 51 – 56 400 260 286 1300 1430

G2-

Proteinado e

Torta de Dendê

61 – 65 300 250 300 1250 1500

Fonte: Autores, (2019).

Figura 3 – Comparação do peso médio (Inicial/Final) de cada bovino.

Fonte: Autores, (2019).

269

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 4 – Comparação do peso total (Inicial/Final) dos grupos.

Fonte: Autores, (2019).

De acordo com as Figuras 03 e 04, é notável que ambos os grupos apresentaram

ótima adequação aos subprodutos aplicados, no entanto, o último grupo (Grupo 2)

expressou uma adequação maior, potencializando o crescimento e ganho de peso dos

bovinos de maneira eficiente, saudável e sustentável. A análise econômica das opções

avaliadas apontou que a torta de dendê é mais viável economicamente quando comparada

ao proteinado, pois expressa um valor unitário em torno 40 reais para 60 Kg, enquanto, o

proteinado custa 85 reais para 30 Kg (Tabela 3).

Tabela 3 - Analise Econômica

Ração Saco (kg) Valor unitário (R$)

Proteinado 30 85

Torta de dendê 60 40

Sal mineral 25 25 Fonte: Autores, (2010).

A Tabela 4 apresenta o ganho de peso diário e mensal dos bovinos. O grupo 1

sujeito a aplicação de proteinado e sal mineral apresentou um rendimento de ganho de

peso diário de 0.73 Kg/dia e um ganho de peso mensal de 21.9 Kg/mês. Como o estudo

270

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

foi realizado em um período de constantes chuvas, os animais não apresentaram uma boa

disgestibilidade em relação ao subproduto (Proteinado), devido o mesmo ficar umedecido

no cocho.

O Grupo 2, sujeito a aplicação dos subprodutos, Proteinado e Torta de Dendê,

expressou um rendimento surpreendente, evidenciando um desempenho excepcional,

com ganho de peso diário de 1, 10 kg/dia por bovino. Como foi realizado em uma área

de estudo de regime a pasto, notou se que o grupo 2 aferiu um rendimento aproximado

ao regime de confinamento, onde o mesmo ganha em média 1, 50kg/dia, devido os

ruminantes se alimentarem sobre condições adequada para ganho de peso.

Tabela 4 – Ganho de Peso.

Grupo Nº

Identificação Ganho de peso

(kg/dia) Ganho de peso

(kg/mês)

G1- Proteinado 51 – 55 0, 73 21, 9

G2- Proteinado e Torta de

Dendê 61 – 65 1, 10 33

Fonte: Autores, (2019).

De acordo com uma breve comparação entre os grupos 1 e 2 (Tabela 4), é notório

que o grupo 2 expôs um desempenho maior. O mesmo apresentou um rendimento no

ganho de peso diário de 1, 10 Kg/dia e um ganho de peso mensal de 33 Kg/mensal,

evidenciando que o período de chuvas constantes não influenciou na adequação dos

animais a inclusão parcial da torta de dendê, a inclusão do mesmo favoreceu no

comportamento dos animais, deixando eles mais dóceis, por conta do agradável cheiro da

torta, ostentando uma boa digestibilidade, demonstrando que esse subproduto pode ser

aplicado pelos pecuaristas sem nenhum receio.

4. CONCLUSÃO

A inclusão da torta de dendê incrementada para nutrição bovina comparada com

o proteinado (Fonte energética convencional) expressou resultados bastante significativos

271

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

e promissores em relação ao custo com a alimentação e ganho de peso dos ruminantes.

Uma vez que a inclusão da torta de dendê mostrou ser viável economicamente e pode ser

mais uma alternativa presente para pequenos e grandes produtores rurais. Com isso

realizando a destinação adequada dos resíduos gerados pelas grandes indústrias extratoras

de óleo vegetal, promovendo uma iniciativa de desenvolvimento sustentável, atendendo

aspectos em termos econômicos, social e ambiental.

272

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

AZEVÊDO, D. M. M. R. et al. A ovinocultura no mundo e no Brasil: uma realidade,

2010. Disponível em. Acesso em: 15/03/2019

COSTA, D. A. Avaliação nutricional da torta de dendê para suplementação alimentar de

ruminantes na Amazônia Oriental. 2006. 60 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal)

- Centro de Ciências Agrárias, UFPA. Universidade Federal do Pará, Belém, 2006.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE) – Censo

Agro2017.Disponívelem:https://censos.ibge.gov.br/agro/2017/templates/censo_agro/res

ultadosagro/agricultura.ht ml?localidade=15&tema=76288. Acesso em 16/03/2019

LOUSADA JUNIOR, J.E.; MIRANDA NEIVA, J.N.; RODRIGUEZ, N.M. et al.

Consumo e digestibilidade de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Revista

Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.659-669, 2005. Acesso em 16/03/2019

MARTHA Jr, G. B.; ALVES, E.; CONTINI, E. Land-saving approaches and beef

production growth in Brazil. Agricultural Systems, v.110, p. 173-177, 2012.

VIEIRA, C. A.; USO DA TORTA DE DENDÊ NA ALIMENTAÇÃO DE

RUMINANTES, 2011. Disponível em: . Acesso em: 16/03/2019

WAN ZAHARI, M.; ALIMON, A. R. Use of palm kernel cake and oil palm by-products

in compound fedd. Palm Oil developments, V.8, n.40, P.5-9, 2004. Acesso em:

10/09/2018.

273

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

AVISTAMENTO DA AVIFAUNA NO MUNICÍPIO DE JURUTI, BAIXO

AMAZONAS, ESTADO DO PARÁ, BRASIL

Neuder Wesley França da Silva

Mestre em Saúde e Produção Animal na Amazônia. Secretaria de Estado de Saúde

Pública. E-mail: [email protected]

RESUMO

O município de Juruti, por localizar-se na mesorregião do baixo Amazonas, estado do

Pará, possui atributos ambientais favoráveis para conter inúmeras espécies de aves.

Detentor de grande área de várzea, além da área de terra firme, a região alberga variada

concentração de aves nativas e visitantes. Desta feita, objetivou-se identificar as

principais espécies da avifauna através do registro visual, o qual corresponde em método

distinto e complementar de censo por observação direta em estudos ornitológicos. Assim

sendo foi realizado estudo durante 10 dias no período de estiagem em 2013 e 10 dias no

período de maior pluviosidade em 2014, abrangendo área de terra firme e de várzea na

região, por meio de registro visual (a olho nu) e fotográfico em máquina digital. Desta

forma, obteve-se registro de 51 espécies de aves de 29 famílias, com representantes de

aves aquáticas, comumente presentes em leitos de rios e várzea da região e que atuam

como indicadoras da qualidade da água, bem como a presença de aves residentes e

visitante sazonal como Pandion haliaetus, que indicam potencial e qualidade da avifauna

do município de Juruti. Destaca-se ainda a presença comum de aves de hábitos florestais

em áreas de ocupação antrópicas e realizando forrageamento próximos de animais de

produção como bovinos e suínos.

Palavras-chave: Avifauna. Espécies. Baixo Amazonas.

Área de interesse do Simpósio: Biodiversidade.

274

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O Brasil apresenta uma das mais ricas avifaunas do mundo, com estimativas de

1.731 espécies, aproximadamente 10% ameaçadas de extinção, sendo a Amazônia com

maior número de espécies (MARINI; GARCIA, 2005; SICK, 1993). A identificação de

espécies contribui para o entendimento do potencial ecológico e qualidade do

ecossistema, sendo o registro visual um método distinto e complementar de censo por

observação direta e convencional em estudos ornitológicos de reconhecimento qualitativo

(RODRIGUES et al., 2005; STRAUBE; URBEN-FILHO, 2005). Neste sentido foi

realizado registro visual para identificar a diversidade da avifauna no município de Juruti,

Estado do Pará, Brasil.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido no município de Juruti, mesorregião do Baixo

Amazonas, Estado do Pará, durante 10 dias do mês de novembro de 2013,

correspondendo ao período de estiagem e 10 dias do mês de março de 2014, referente à

período maior pluviosidade na região, embora a pluviosidade seja irregular durante o ano

no município (PARÁ, 2016).

Os registros abrangeram área de terra firme e áreas de várzeas que apresentam

variações significativas de inundações, bem como determinadas áreas de ocupações

antrópicas. Para tanto, utilizou-se metodologia tipo visual (a olho nu), com registro

fotográfico em máquina digital Nikon P510 de 16 megapixels de resolução e zoom óptico

de 42X.

Registraram-se apenas indivíduos e ninhos acessíveis visualmente, sem qualquer

aproximação física que produzisse perturbação animal, bem como facilitasse a captura de

imagens sem desfoco fotográfico para auxiliar na identificação de espécies. Os métodos

de deslocamentos foram através de caminhadas e por meio de lanchas (áreas ribeirinhas)

utilizadas no período diurno.

A identificação das espécies foi realizada por intermédio de referências básicas

sobre aves encontradas por SICK (1997); GWYNNE et al. (2010) e BINI (2009). Para a

sistematização de nomenclatura das espécies, bem como status de ocorrência, seguiu-se

a lista das aves do Brasil, organizada pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos

de 2015 (REVISTA BRASILEIRA DE ORNITOLOGIA, 2015).

275

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Embora qualquer espécie avistada tenham importância do ponto de vista

ecológico, destacou-se nesse estudo a descrição de algumas espécies de importância no

aspecto de geodistribuição.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram registradas 51 espécies de aves, as quais estão distribuídas em 29 famílias,

sendo que 8 famílias (27,58%) representam aves aquáticas (Tabela 1). Apenas um

indivíduo foi classificado pelo gênero Sprophika, bem como nenhuma espécie registrada

no estudo consta na lista Estadual da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (COEMA,

2007).

Tabela 1: Lista de espécies de aves registradas visualmente no município de Juruti, Pará.

Família, espécie, nomes populares e status (R= evidências de reprodução no país

disponíveis; VS = Visitante sazonal oriundo do hemisfério norte). Família Espécie Nome popular Status

Accipitridae

Buteo nitidus gavião-pedrês R

Busarellus nigricollis gavião-belo R

Heterospizias meridionalis gavião-caboclo R

Rupornis magnirostris gavião-carijó R

Alcedinidae

Chloroceryle amazona martim-pescador-verde R Megaceryle torquata martim-pescador-grande R

Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno R

Aramidae Aramus guarauna carão R

Ardeidae

Ardea alba garça-branca-grande R

Pilherodius pileatus garça-real R

Egretta thula garça-branca-pequena R

Ardea cocoi garça-moura R

Bubulcus ibis garça-vaqueira R

Tigrisoma lineatum socó-boi R

Bucconidae Monasa nigrifrons chora-chuva-preto R

Nonnula rubecula macuru R

Cathartidae Coragyps atratus urubu-da-cabeça-preta R

Charadriidae Vanellus chilensis quero-quero R

Ciconiidae Mycteria americana cabeça-seca R Columbidae Columbina passerina rolinha-cinzenta R Cteridae Gymnomystax mexicanus iratauá-grande R Dendrocolaptidae Nasica longirostris arapaçu-de-bico-comprido R

(continua)

276

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 2: Lista de espécies de aves registradas visualmente no município de Juruti, Pará.

Família, espécie, nomes populares e status (R: evidências de reprodução no país

disponíveis; VS: Visitante sazonal oriundo do hemisfério norte). Família Espécie Nome popular Status

Falconidae Caracara plancus caracará R

Milvago chimachima carrapateiro R

Furnariidae Furnarius minor joãozinho R Galbulidae Galbula galbula ariramba-de-cauda-verde R Hirundinidae Tachycineta albiventer andorinha-do-rio R Jacanidae Jacana jacana jaçanã R Pandionidae Pandion haliaetus águia-pescadora VS Phalacrocoracidae Phalacrocorax brasilianus Biguá

Picidae

Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca R Colaptes punctigula pica-pau-de-peito-pontilhado R

Campephilus melanoleucos pica-pau-de-topete-vermelho R

Psittacidae Forpus passerinus tuim-santo R Psittacara leucophthalmus periquitão R

Ramphastidae Pteroglossus aracari araçari-de-bico-branco R Rynchopidae Rynchops niger talha-mar R Sternidae Phaetusa simplex trinta-réis-grande R

Thraupidae

Tangara episcopus sanhaço-da-amazônia R

Sporophila lineola bigodinho R

Sicalis columbiana canário-do-amazonas R

Paroaria gularis cardeal-da-amazônia R

Tangara mexicana saíra-de-bando R

Sporophila sp. - R

Threskiornithidae Theristicus caudatus curicaca R Tityridae Tityra semifasciata anambé-branco-de-máscara-negra R Trochilidae Amazilia fimbriata beija-flor-da-garganta-verde R Troglodytidae Troglodytes musculus corruíra R

Tyrannidae

Pitangus sulphuratus bem-te-vi R

Tyrannus savana tesourinha R

Suiriri suiriri suiriri-cinzento R

Fonte: Revista Brasileira de Ornitologia, 2015

Dos avistamentos, observou-se Pandion haliaetus em março de 2013, no ponto

mais elevado de uma torre de telefonia localizada na região urbana de Juruti. Pandion

haliaetus (Figura 1, A) é visitante sazonal oriundo do hemisfério norte que realiza seu

movimento migratório para “invernar” no Brasil (REVISTA BRASILEIRA DE

ORNITOLOGIA, 2015). As demais espécies avistadas são consideradas residentes no

país, como as presente na Figura 1 (B), (C), (D) e (E).

277

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 1- Espécies de aves registradas em Juruti-Pará. A: Pandion haliaetus; B: Nasica

longirostris; C: Dryocopus lineatus; D: Tityra semifasciata; E: Phalacrocorax

brasilianus

Fonte: autoria própria, 2013, 2014

Conforme SICK (1993) noventa e dois por cento das aves brasileiras são espécies

residentes, sendo apenas 8% espécies migrantes, sendo que o maior número de espécies

de aves residentes (1.300) e a maior taxa de endemismo (20%) ocorrem na Amazônia

(MITTERMEIER et al., 2003).

Em relação a ave migratória, comumente avistou-se Tyrannus savana, encontrada desde

Uruguai, Argentina, Brasil, Bolívia, até Venezuela e Colômbia, no extremo norte da

América do Sul (ZIMMER, 1937; PINTO, 1944), tendo sua reprodução durante a

primavera e verão no centro e sul de sua área de distribuição geográfica, migrando para

o norte da América do Sul, onde encontra sua área de invernada (ZIMER, 1937;

NEGRET; NEGRET, 1981; SICK, 1983, 1997; CHESSER, 1997). Outra ave aquática

migratória avistada foi Rynchops niger.

Em área ribeirinha identificou-se uma colônia de Bubulcus ibis com poucos

indivíduos Phalacrocorax brasilianus (Figura 2), e B. ibis associado a forrageamento de

278

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

gado. Heterospizias meridionalis foi registrado em momento de acasalamento em

vegetação de margem várzea (Figura 2).

Figura 2- A: Colônia de Bubulcus ibis com presença de Phalacrocorax brasilianus; B:

Heterospizias meridionalis em acasalamento, área de várzea, Juruti-Pará.

Fonte: autoria própria, 2013, 2014

Furnarius minor foi avistado em nidificação, e um filho de Coragyps atratus em

oco de árvore na ausência de seus pais. Diversos Sicalis columbiana foram avistados em

ambientes abertos associados à várzea local e comumente próximos de habitações

antrópicas.

Registraram-se vários grupos de Forpus passerinus, usualmente presente em área

de várzea aberta e próximo de habitações antrópicas e Nasica longirostris que possui

hábito florestal, porém foi encontrado em comunidade antrópica em área de várzea, sendo

que o avistamento de Mycteria americana se justifica pela sua preferência por terrenos

alagados com gramíneas, conforme descrito por MORRISON et al (2008).

4. CONCLUSÃO

A avifauna observada no município de Juruti é ampla e diversificada. A presença

de visitante sazonal indica o potencial e qualidade da avifauna local, havendo a

necessidade de estudo de monitoramento para avaliar o padrão de extinção e colonização

de aves residentes no município, principalmente de aves aquáticas que são

significativamente representantes dos leitos de rios e várzea da região, bem como

indicadoras da qualidade da água, possivelmente pela oferta de pesca para as aves.

Ademais evidenciou-se a aproximação de aves de hábito florestal em áreas de ocupação

279

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

antrópica, além de espécies forrageando próximos de animais de produção,

principalmente com bovinos e suínos.

280

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

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282

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E BIOMASSA DO

MICROFITOPLÂNCTON EM DOIS MUNICÍPIOS DO NORDESTE

PARAENSE

Ariel Romeiro Pereira¹; Rosildo Santos Paiva².

1Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas. Universidade Federal do Pará.

[email protected]

2Professor Doutor. Universidade Federal do Pará. [email protected]

RESUMO

Estuários são caracterizados como zonas de transição localizadas entre o ecossistema

limnético e marinho, onde persistem condições de instabilidade, com períodos de maior

influência terrestre e outros de maior influência oceânica. São ambientes altamente

produtivos pela disponibilidade de sais nutrientes e produtores primários, sendo em sua

grande maioria a comunidade fitoplanctônica. O estudo visa determinar a variação físico-

química da água e biomassa das comunidades fitoplanctônicas. Foram obtidos em cinco

pontos distintos no estuário rio Pacamorema (Curuçá – PA) e sete pontos no rio

Mocajubaju (São João da Ponta – PA), entre setembro e outubro de 2018, no período

menos chuvoso das regiões. A biomassa foi calculada a partir da determinação da

densidade fitoplanctônica (org/L) segundo o método de Utermohl. Foram medidos in situ,

com auxílio de uma sonda HANNA HI9828, a temperatura, salinidade, condutividade

elétrica, pH, sólidos totais dissolvido e oxigênio dissolvido em porcentagem (%) e PPM.

O parâmetro com maior diferença entre os dois municípios foi o de Oxigênio Dissolvido

em PPM, onde em Curuçá a máxima e mínima foram de 10,43 PPM e 9,67 PPM

respectivamente, e em São João da Ponta a máxima foi de 0,85 PPM e a mínima 0,21

PPM, ambas tendo sua mínima no ponto inicial. Nos outros parâmetros não houveram

diferenças significativas, a máxima de Salinidade em nos dois locais foram de 14,704 PSI

em Curuçá e 14,662 PSI em São João da ponta. As médias de temperatura foram de 29ºC,

as máximas de pH variaram entre 7,91 em Curuçá e 7,28 em São João da Ponta. O

parâmetro de Sólidos Totais Dissolvidos teve máxima de 509 nos dois rios de estudo e a

Condutividade Elétrica variou pouco entre os locais, sendo máxima de 1019 e mínima de

1008 no Rio Pacamorema e máxima de 1018 e mínima de 1015 em São João da Ponta. A

densidade do fitoplâncton teve máxima de 39.704 org/L e mínima de 28.489 org/L em

Curuçá e máxima de 56.148 org/L e mínima de 49.555 org/L em São João da Ponta.

Apesar do parâmetro de Oxigênio Dissolvido em São João da Ponta ter sido menor que o

de Curuçá, observamos uma maior densidade do microfitoplâncton nesse local, podendo

estar relacionados com a disponibilidade de oxigênio na água. Usando testes estatíscos

fFoi observado diferenças significativas entre as áreas nos parâmetros de Densidade do

Fitoplâncton e Oxigênio Dissolvido, (p<0,05).

Palavras-chave: Estuário. Fitoplâncton. Produtividade.

Área de Interesse do Simpósio: Biodiversidade

283

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Os estuários são caracterizados como zonas de transição localizadas entre o

ecossistema limnético e marinho, onde persistem condições de instabilidade, havendo

ocorrência de constantes alterações determinadas pelos parâmetros físicos e químicos,

com períodos de maior influência terrestre e outros de maior influência oceânica

(Eskinazi-Leça et al, 2004). O conceito de estuário vem de Pritchard (1967) que define

“um corpo de água costeiro, semifechado que apresenta conexão livre com o mar aberto,

e no interior do qual a água do mar é mensuravelmente diluída pela água doce, derivada

da drenagem terrestre”.

São consideradas áreas altamente produtivas, tanto em função da grande

disponibilidade de sais nutrientes como em função da presença de vários produtores

primários, destacando-se dentre estes a comunidade fitoplactônica. Este ambiente pode

contribuir tanto para a conservação da biota aquática como para a subsistência de seres

humanos que têm no estuário e no manguezal a sua sobrevivência (Cardoso, 2009).

O fitoplâncton pode ser definido como um aglomerado de organismos

fotossintetizantes em que a capacidade de locomoção na coluna d’água é praticamente

inexistente ou quando esta ocorre, é de modo deficiente.Esses organismos são

encontrados em todos os lagos, rios de baixa correnteza, estuários e oceanos. Os

organismos que formam o fitoplâncton são provavelmente os organismos

fotossintetizantes mais comuns no mundo (Horne, 1994).

A comunidade fitoplactônica é amplamente utilizada em estudos de

biomonitoramento de corpos hídricos em função da sua capacidade ecológica em

responder rapidamente a qualquer estímulo externo, como por exemplo, aos processos de

poluição e contaminação do meio aquático (Carvalho, 2003). Estes organismos são muito

utilizados como bioindicadores da qualidade ambiental (Aquino et al., 2011; Lopes, 2007;

Pereira, 2007). A distribuição dos organismos fitoplanctônicos nos estuários é

influenciada por fatores bióticos (herbivoria) a abióticos tais como luz, temperatura,

salinidade, PH e disponibilidade de nutrientes que interferem no seu crescimento e

fisiologia (MELO-MAGALHÃES 2004).

284

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

As alterações na composição das comunidades fitoplanctônicas, assim como na

densidade ou volume dos organismos, são bons indícios de alterações no ambiente, posto

que a distribuição das espécies no ambiente reflete aspectos da variação da qualidade

ambiental. Por isso, os estudos de parâmetros bióticos avaliam mudanças ambientais ao

longo do tempo, ao contrário das medidas físico-químicas, que somente refletem o

momento da coleta (Salmaso et al., 2012; Carraro, 2009; Margalef, 1983). Com isso, a

determinação do comportamento e constituição do fitoplâncton é um método eficaz para

se avaliar a conservação do ambiente, pela resposta dos organismos às mudanças físico-

químicas da água (Round,1973).

O objetivo geral do presente estudo apresenta a variação da densidade visa

determinar a composição da microficoflora planctônica (org/l) e das características físico-

químicas da água dos estuários dos rios Pacamorema (Curuçá) e Mocajuba (São João da

Ponta) - Pará.E os objetivos específicos são determinar a variação espacial dos parâmetros

físico-químicos e a variação espacial da biomassa fitoplanctônica (org/l) das águas dos

estuários dos rios Pacamorema (Curuçá) e Mocajuba (São João da Ponta) – Pará.

2. METODOLOGIA

Os estuários objetos de estudo estão localizados em dois municípios: São João da

Ponta - tem uma área de 195,90 km², sendo que destes, 57,50 km² são florestas. A sede

do município localiza-se entre os paralelos 00º50‟59” Lat. S / 47º55‟12” Long. W.

Localiza-se na mesorregião do Nordeste Paraense e microrregião do Salgado, está a 132

km de Belém. Como unidade de conservação o município possui a Reserva Extrativista

Marinha de São João da Ponta. O clima no município é equatorial amazônico, com

temperaturas elevadas, média anual de 26º C, com chuvas intensas de janeiro a junho. Na

região foram utilizados cinco pontos de coletas (QUADRO 1) ao longo do rio Mocajuba,

sendo suas localidades:

285

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Quadro 1 – Localização dos Pontos de Coleta do Rio Mocajuba, São João da Ponta.

Fonte: Rosildo Santos Paiva, Ariel Romeiro Pereira.

Curuçá - tem uma área de 672,70 km², sendo que destes 200,70 km² são florestas.

A sede do município localiza-se entre os paralelos 00º43‟48” Lat. S / 47º51‟06” Long.

W. Localiza-se na mesorregião do Nordeste Paraense e microrregião do Salgado, está a

132 km de Belém. Possui a unidades de conservação Reserva Extrativista Marinha Mãe

Grande de Curuçá. O município possui clima equatorial amazônico, com temperatura

média de 27º C, baixa amplitude térmica e precipitações pluviométricas abundante, sendo

os primeiros seis meses do ano os mais chuvosos. Na região foram utilizados cinco pontos

de coleta (QUADRO 2) ao longo do rio Pacamorema, sendo suas localidades:

Quadro 2 – Localização dos pontos de coleta do Rio Pacamorema, em Curuçá

Fonte: Rosildo Santos Paiva, Ariel Romeiro Pereira.

Os parâmetros físico-químicos da água: temperatura, potencial hidrogeniônico,

sólidos totais dissolvidos, condutividade elétrica, saturação de OD (%), Oxigênio

Dissolvido (ppm) e salinidade foram medidos in situ com o auxílio de uma sonda

multiparamétrica HANNA HI 9828®.

Para à adeterminação da densidade, foram coletadas amostras da subsuperfície da

água, em seguida, acondicionadas em frascos de polietileno com capacidade de 250ml e

preservadas com formol neutro a uma concentração final a 4%. A análise quantitativa foi

realizada segundo o método de sedimentação de Uthermöhl (1958). As amostras foram

286

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

sedimentadas por um período de 24 horas e analisadas em microscópio invertido e os

resultados expressos em número de organismos por litro. Na análise dos dados, para

buscar diferenças significativas, foi aplicado um teste estatístico T. Os organismos

unicelulares, filamentos, tricomas, colônias e cenóbios foram considerados como um

único indivíduo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo foi feito com um momento de coleta em cada um dos dois municípios,

ambas durante o período menos chuvoso da região, as coletas feitas ocorreram durante o

segundo semestre de 2018. Os dois municípios em estudo são Curuçá e São João da Ponta.

Os resultados serão apresentados na forma de gráficos nas figuras 1 e 2.

A maior diferença entre os dois municípios foi no parâmetro de Oxigênio

Dissolvido em PPM, enquanto em Curuçá a máxima foi de 10,43 PPM, a mínima 9,67

PPM e o desvio padrão 1,2, em São João da Ponta a máxima foi 0,85, a mínima 0,21, com

um desvio padrão de 0,22. A Salinidade não sofreu variação uma grande muito

significante entre os dois locais, a máxima no rio Pacamorema e no rio Mocajuba

atingiram 14,704 PSI e 14,662 respectivamente, enquanto as mínimas variaram entre

14,681 em Curuçá e 14,646 em São João da Ponta, em ambas o desvio padrão foi igual a

0 (zero). A Condutividade Elétrica variou pouco entre os dois estuários, em Curuçá a

máxima foi de 1019 e a mínima 1008 e em São João da Ponta foi de 1018 e 1015, no

entanto, o desvio padrão obteve diferença significativa, sendo 3,54 no estuário do Rio

Pacamorema e 1,02 no estuário do rio Mocajuba, mostrando que em São João da Ponta

houve uma maior homogeneidade dos dados. O parâmetro de Sólidos Totais Dissolvidos

teve máxima de 509 nos dois rios e mínima de 504 no rio Pacamorema, com um desvio

padrão de 1,62, e 507 no rio Mocajuba, com um desvio padrão de 0,75. O pH sofreu

variação de 7,91 a 7,79 em Curuçá e 7,28 e 7,15 em São João da Ponta, ambas com desvio

padrão igual a 0 (zero). Enquanto a densidade fitoplanctônica em Curuçá teve máxima de

39.704 org/L, mínima de 28.489 org/L e desvio padrão de 3.956, e em São João da Ponta

teve máxima de 56.148 org/L, mínima de 49.555 org/L e desvio padrão de 2.284.

Em seu estudo, na foz do rio Guamá, em Belém – PAd, a Rocha Neto et. al. (2016)

constataramou que, apesar de seus dados não obterem uma variabilidade

287

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

variaçãosignificativa, a maioria dos parâmetros apresentaram maiores valores durante o

período de menor pluviosidade e, o seu estudo, realizado na foz do rio Guamá, em Belém

– PA, constataram salinidade menor que um (1,0) durante todo o período de estudo, com

valores mais elevados no mês de setembro, no período de menor regime de chuvas. No

presente estudoNeste estudo, realizado nos estuários do rio Mocajuba (São João da Ponta)

e rio Pacamorema (Curuçá) a salinidade se manteve entre 14 PSI, podendo também ter

sido influenciada pelo baixo regime de chuvas. Estudos realizados por Pinheiro (1987) e

Paiva (2006) constataram que, no estuário da região amazônica, as altas descargas fluviais

obstruem de maneira significativa a entrada de águas salobras vindas do oceano. Portanto,

além da localidade dos dois estuários do presente estudo, o baixo índice de pluviosidade

da região no período de coleta influenciou na alta salinidade de ambos.

A maior diferença entre os dois estuários se deu no parâmetro de Oxigênio

Dissolvido (PPM). Segundo o estudo que Macêdo & Costa (1978) desenvolveram, onde

criaram um sistema de classificação parar qualificar a qualidade hídrica segundo as taxas

de oxigênio, determinando as categorias: zona supersaturada (> 100%); zona saturada (75

a 100%); zona de baixa-saturação (50 a 75%); zona semipoluída (25 a 50%) e zona

poluída (< 25%); as águas do estuário do rio Mocajuba se qualificam como poluídas,

sendo a máxima de 0,85 PPM (11,3%) e as águas do estuário do rio Pacamorema como

supersaturada, sendo a máxima 10,43 PPM (139,4%).

No entanto, no estuário do rio Mocajuba, as taxas de densidade do

microfitoplâncton foram maiores do que no estuário do rio Pacamorema. Estudar a

biomassa primária de uma região é relevante, pois, a partir da sua mensuração, é possível

determinar a quantidade de matéria orgânica disponível em um determinado local e traçar

um perfil sobre o caráter ecológico da região (PASSAVANTE & FEITOSA, 1989).Em

seu estudo, Paiva (2006) atribuiu grande importância à influência direta ou indireta da

precipitação pluviométrica sobre a biomassa fitoplanctônica.Realizado na baía do

Guajará e foz do rio Guamá, os valores de organismos por litro tiveram máxima de

4.790.000 org/L, mostrando a influência fluvial que é um estímulo para o crescimento de

algas. A salinidade no rio Guamá é consideravelmente menor que nos rios Mocajuba e

Pacamorema, podendo assim ter sido grande determinante na menor quantidade de

organismos por litro nesses dois estuários.

288

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Além da densidade, dois parâmetros que foram maiores no estuário do rio

Mocajuba foram os de condutividade elétrica e sólidos totais dissolvidos, o que pode ter

influenciado na maior quantidade de microalgas no ambiente.

FIGURA 1- A – Oxigênio Dissolvido (PPM); B – Salinidade (PSI); C – Temperatura

°C; D – pH; E – Sólidos Totais Dissolvidos (PPM); F – Condutividade Elétrica.

Fonte: Ariel Romeiro Pereira.

7.029.7 10.01 10.43 9.67

0.21 0.31 0.56 0.42 0.85

0

5

10

15

1 2 3 4 5

Pontos de Coleta

A

Curuçá S. J. da Ponta

14,682 14,688 14,69514,704

14,681

14,646 14,646 14,65114,662 14,661

14,60014,62014,64014,66014,68014,70014,720

1 2 3 4 5

Pontos de Coleta

B

Curuçá S. J. da Ponta

29.32

29.8 29.68 29.69

30.06

29.38 29.38 29.44 29.48 29.57

28.5

29

29.5

30

30.5

1 2 3 4 5

Pontos de Coleta

C

Curuçá S. J. da Ponta

7.88 7.79 7.797.91 7.86

7.23 7.28 7.22 7.15 7.19

6.5

7

7.5

8

1 2 3 4 5

Pontos de Coleta

D

Curuçá S. J. da Ponta

509

506507 507

504

509 509508 508

507

500

502

504

506

508

510

1 2 3 4 5

Pontos de Coleta

E

Curuçá S. J. da Ponta

1019

10121013 1014

1008

1017

10181016 1016 1015

1000

1005

1010

1015

1020

1 2 3 4 5

Pontos de Coleta

F

Curuçá S. J. da Ponta

289

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

No que se refere a densidade fitoplanctônica, no estuário do rio Mocajuba, as taxas

de densidade foram maiores do que no estuário do rio Pacamorema. Em seu estudo,

realizado na baía do Guajará e foz do rio Guamá, Paiva (2006) atribuiu grande

importância à influência direta ou indireta da precipitação pluviométrica sobre a biomassa

fitoplanctônica, cujos valores de organismos por litro apresentarammáxima de 4.790.000

org/L, mostrando a influência fluvial que é um estímulo para o florescimento das

microalgas. A salinidade no rio Guamá é consideravelmente menor que nos rios

Mocajuba e Pacamorema, podendo assim ter sido grande determinante na menor

quantidade de organismos por litro nesses dois estuários.

FIGURA 2 – Variação fitoplanctônica dos dois rios.

Fonte: Ariel Romeiro Pereira.

Além da densidade do microfitoplâncton, dois parâmetros que foram mais

elevados no estuário do rio Mocajuba, a condutividade elétrica e sólidos totais

dissolvidos, o que pode ter influenciado na maior biomassa de microalgas no ambiente.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da pouca diferença com relação aos parâmetros físico-químicos, a

diferença entre a densidade do microfitoplâncton foi consideravelmente alta, podendo ter

290

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

sofrido grande influência da diferença de Oxigênio Dissolvido na água, que foi a maior

entre os dois pontos, sendo tão significativa quanto a variação do fitoplâncton.

Os parâmetros de São João da Ponta foram os que mais tiveram homogeneidade

nos dados, tendo os menores valores de desvio padrão, o que pode ter influenciado na

produtividade primária do local, pois é onde houve uma menor variação entre os pontos

coletadospontos coletados.

O T mostrou diferenças significativas entre as áreas (p<0,05)Ao fazer um teste

estatístico (teste T) com os parâmetros de maior variação, que foramnaDdensidade do

fitoplâncton (org/L)e Oxigênio Dissolvido, foram observadas diferenças significativas

entre as áreas (p<0,05).

291

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

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Raissa de Cassia Serrão de Souza1 , Marcos Adriano Pereira Paiva2, Lisbethe Melo

Sckyr Ahndrew3, Samara Cristina Campelo Pinheiro 4.

1Graduando em Licenciatura em Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará –

[email protected] 2Graduando em Licenciatura em Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará -

[email protected] 3Mestrado em Ecologia Aquática e Pesca – Instituto Evandro Chagas -

[email protected] 4Doutorado em Saúde Pública (Orientador)– Instituto Evandro Chagas -

[email protected]

RESUMO

O Parque Estadual do Utinga (PEUt) abastece com água potável a cidade de Belém e 70%

da Região Metropolitana e vem sofrendo alguns processos de degradação ambiental

crescente, devido às ações antrópicas e as retiradas da vegetação aquática. Diante disso,

este trabalho teve como objetivo caracterizar a população de Rotifera, considerados

excelentes bioindicadores dos processos de alterações ambientais, durante os processos

de retirada das macrófitas. A amostragem foi realizada em setembro/2017, janeiro/2018

e maio/2018, nos períodos antes, durante e após a retirada da vegetação, respectivamente.

As amostras foram coletadas com auxílio de um balde graduado (10L) em rede plâncton

(45µm), fixadas em formol 4%. Análises qualitativas e quantitativas foram realizadas

através de sub-amostras (1mL). Foram calculadas a densidade total e frequência de

ocorrência, as quais foram correlacionadas com as variáveis ambientais. Foram

registradas 26 espécies e nove famílias de Rotifera. Os valores de densidade variaram de

3.750 org/m³, durante (maio/18), a 102.000 org/m³ (setembro/17) antes da retirada da

vegetação. Entre as espécies muito frequentes (100% FR) antes da retirada das macrófitas,

destacam-se: Brachionus mirus, Brachionus zahniseri, Keratella americana, Keratella

cochlearis, Keratella lenzi, Filinia longiseta e Filinia terminalis. Durante o processo e

após, Brachionus caudatus, Brachionus dolabratus e Brachionus mirus, foram as

espécies que mais se destacaram. Entre as variáveis ambientais, o pH (Anova, F= 17,79

e p= 0,0) e Alcalinidade (Anova, F=22,05 e p= 0,0 ) apresentaram variações significativas

entre os períodos analisados. Não houve correlação entre as densidades de Rotífera e

variáveis densidade de Rotifera durante os processos ambientais. De acordo com

resultados obtidos, foi possível observar que os processos de retirada das macrófitas

aquáticas podem alterar as variáveis ambientais e consequentemente a densidade da

população de Rotifera. Desse modo, faz-se necessário biomonitoramento desses

organismos, com ênfase nas espécies biondicadoras das condições tróficas do Parque

Estadual do Utinga (PEUt).

Palavras-chave: Bioindicadores; Macrófitas; Modificações Tróficas.

Área de Interesse do Simpósio: Biodiversidade

294

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O Parque Estadual do Utinga (PEUt) é um complexo de conservação que possui

grande diversidade de espécies de fauna e flora, o PEUt é um reservatório de decantação

e sistema hídrico que abastece 70% da Região Metropolitana de Belém (PARÁ, 2013).

Com o avanço da urbanização, o complexo tornou-se vulnerável a processos de alterações

ambientais, em virtude do lançamento de rejeitos domésticos e industriais.

A área do Parque tem sofrido com a degradação ambiental em razão das obras de

ampliação da Avenida João Paulo II e a eminente pressão urbana. Com o crescimento das

comunidades habitacionais nas proximidades, o parque padece com a ação antropológica,

visto que, a maioria destas moradias não possui um sistema de saneamento básico

adequado para rejeitar os resíduos produzidos (PARÁ, 2013).

Entre os componentes da comunidade zooplanctônica, os rotíferos são

microrganismos muito importantes nas teias alimentares de ambientes aquáticos, se

alimentam de algas, protozoários, bactérias e detritos, servindo como presas para

predadores invertebrados, principalmente peixes. Participam da reciclagem de nutrientes

e serem úteis como indicadores de qualidade ambiental (SANTOS ET AL, 2013).

Diante disso, é necessário o monitoramento desses efeitos externos no ambiente,

utilizando abordagens ecológicas com foco nas comunidades biológicas para analisar as

modificações ambientais provenientes destes efeitos. Por isto, este estudo optou por

observar as comunidades zooplanctônicas, visto que, esses organismos mostram-se

excelentes bioindicadores devido à alta sensibilidade a mudanças ambientais, podendo

alterar tanto em sua densidade quanto composição (COELHO-BOTELHO, 2002).

Desse modo, este trabalho teve como objetivo caracterizar a comunidade de

Rotifera durante os processos de retirada das macrófitas aquáticas do Parque Ambiental

do Utinga (PEUt), sistema de abastecimento público da região metropolitana de Belém

(Pará-Brasil).

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. AMOSTRAGEM

As amostragens foram realizadas em diferentes períodos: antes (Setembro/2017),

durante (Janeiro/2018) e depois (Maio/2018) dos processos de retirada das macrófitas

295

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

aquáticas. Em três pontos: PT 01 (S 01°25’15.3” W 048°26’02.2”); PT 02 (S 01°25’31.3”

W 048°26’00.9”); PT 03 (S 01°24’59.7” W 048°25’47.2”), distribuídos ao longo do

Parque Estadual do Utinga (PEUT) (Figura 01).

Figura 01. Mapa de localização da área de estudo com as estações de coleta no Parque Estadual

do Utinga (Pará – Brasil).

Fonte: SOUSA, 2019

Amostras para o estudo qualitativo e quantitativo dos rotíferos foram realizadas

com auxílio de um balde graduado (volume 10L) em uma rede de plâncton (45 µm de

abertura de malha), próximas às vegetações de macrófitas aquáticas (principalmente do

gênero Eichhornia). Todo o material foi fixado em solução de formol a 4% e

acondicionado em frascos plásticos de polipropileno de 250 mL.

Os parâmetros temperatura (°C), potencial hidrogeniônico (pH), condutividade

elétrica (CE), sólidos totais dissolvidos (STD), salinidade (SA) e oxigênio dissolvido

(OD) foram realizados in situ, utilizando um medidor multiparamétrico portátil (HI9828

- HANNA®).

2.3. ANÁLISE LABORATORIAL

No Laboratório de Biologia Ambiental (LBA/SAMAM/IEC), para as análises

qualitativas foram utilizadas sub amostras em placas de Petri, e para as análises

quantitativas foram utilizadas 7 mL da amostra total de cada estação, corados com rosa

de bengala 1%, em lâminas de Sedgewick Rafter (1 mL), em seguida, observadas em

296

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

microscópio invertido (Axiovert 40C - Carl Zeiss). A determinação sistemática das

espécies foi baseada nas bibliografias especializadas.

As variáveis: turbidez (TRB), sólidos totais em suspensão (STS) e demanda

química de oxigênio (DQO) foram determinadas por Espectrofotometria de UV-VIS.

Para a determinação da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) se utilizou técnica de

incubação por cinco dias (APHA, 2005). As análises dos íons N-nitrito (N-NO2-), N-

nitrato (N-NO3-), nitrogênio amoniacal (N-NH4) e fósforo total (Ptotal) foram realizados

por Cromatografia de Íons (ICS DUAL 2000-DIONEX).

2.4. TRATAMENTO DOS DADOS

A frequência de ocorrência (F) das espécies foi determinada pela seguinte

equação: F= (PA/P)*100. Onde: F= frequência da espécie A nas amostras; PA= número

de amostras onde a espécie A ocorreu e P= número total de amostras analisadas. Seguindo

a seguinte classificação: muito frequentes (>70%), frequentes (≤70% e >40%), pouco

frequente (≤ 40% e >10%) e esporádico (≤10%). A abundância relativa (AR) foi calculada

a partir da relação entre o número total de espécie, pelo número total de espécies na

amostra.

As análises de variância (ANOVA) e os testes de correlação, coeficiente de

correlação de Spearman R, foram realizados para comparar a densidade de Rotifera e

variáveis abióticas (transparência, temperatura, pH, OD, TDS, Salinidade, Alcalinidade,

Turbidez, STS, DQO e nutrientes), utilizando-se o programa STATISTICA 6.0 (2001).

Os cálculos das concentrações de clorofila-a foram realizados segundo Strickland &

Parsons (1972).

3. RESULTADO E DISCUSSÃO

3.1. VARIÁVEIS AMBIENTAIS

Durante o período do estudo, as concentrações de clorofila-a variaram de 4,59

(PT03, Setembro/2017) a 24,01 (PT02, Maio/2018), a transparência da água variou de 42

cm (PT02, Maio/2018) a 120 cm (PT03, Janeiro/2018). A temperatura da água teve uma

variação de 28,79º (PT02, Maio/2018) a 30,4º (PT02, Setembro/2017). O pH apresentou

valores mínimo e máximo no PT03, em períodos sazonais diferentes, com 5,06 em

297

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

setembro/17 e 6,5 em janeiro/18. A concentração de oxigênio dissolvido (OD) variou

entre 2,4 mg/L (PT03, Setembro/17) a 7,76 mg/L (PT01, Maio/18). Os valores de TDS

apresentaram uma variação de 37mg/L (PT02, Maio/18) a 64mg/L (PT02, Setembro/17).

A salinidade apresentou valor mínimo (0,03%) em janeiro e maio de 2018 e

máximo (0,06%) no período de setembro/2017. A alcalinidade variou de 15 ppm (PT01,

Janeiro/18) a 60 ppm (PT01 de Maio/18). A turbidez da água apresentou variações de 5

NTU (PT03, Maio/18) a 25 NTU (PT02, Janeiro/2018). O STS variou entre 5,59 mg/L

(PT03, Maio/18) e 20 mg/L (PT02, Setembro/17). A DQO variou de 0,6 mg.L-1 ( PT02,

setembro/17) a 66 mg.L-1 (PT02, maio/18) (Tabela 01).

As concentrações de Fosfato variaram de 0,76 (PT03, Maio/18) a 0,81 (PT03,

Janeiro/18). O Nitrito variou de 0,0072 (PT03) a 0,015 (PT02), ambos no período de

janeiro/18. As concentrações de sulfato variaram de 0,87 (PT03, maio/18) a 3,9 (PT03,

janeiro/18).

Entre as variáveis ambientais, o pH (Anova, F= 17,79 e p= 0,0) e Alcalinidade

(Anova, F=22,05 e p= 0,0) apresentaram variações significativas entre os períodos

analisados. Em média, a alcalinidade foi maior no período depois (50±10) da retirada. O

pH foi maior nos períodos durante (6,23±0,25) e depois (6,23±0,25) das retiradas de

macrófitas, caracterizando ligeiramente a água como ácida. Isso pode está relacionado

com o revolvimento da água proveniente dos processos de retiradas das macrófitas no

lago do PEut, contribuindo para o possível aumento da concentração de nutrientes na

água.

Tabela 01. Variáveis hidrológicas registradas no reservatório do Parque do Utinga, de

setembro/2017 a maio/2018.

Setembro/2017 Janeiro/2018 Maio/2018

Antes Durante Depois

PT01 PT02 PT03 PT01 PT02 PT03 PT01 PT02 PT03

Clorofila-a 8,5 10,5 4,6 7,2 13,1 3,3 11,8 24,0 4,7 Transparência 50,0 44,0 90,0 110,0 60,0 120,0 55,0 42,0 70,0 Temperatura 30,1 30,4 30,4 28,8 28,8 28,9 29,1 28,8 29,1 pH 5,4 5,1 5,1 6,0 6,2 6,5 6,0 6,5 6,2 OD 3,8 5,0 2,4 4,0 3,8 5,0 7,8 5,2 3,1 TDS 60,0 64,0 63,0 39,0 39,0 44,0 40,0 37,0 41,0 Salinidade 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Alcalinidade 30,0 25,0 25,0 15,0 19,0 19,0 60,0 40,0 50,0 Turbidez 11,0 22,0 7,0 14,0 25,0 22,0 7,0 9,0 5,0

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

STS 8,0 20,0 5,6 7,0 13,0 9,0 6,0 8,0 5,6 DQO 1,6 0,6 1,6 2,0 1,6 1,6 64,0 66,0 64,0 Fosfato 0,3 0,0 0,4 0,7 0,7 0,8 0,1 0,8 0,8 Nitrito 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Sulfato 3,0 3,0 0,2 3,5 3,2 3,9 0,9 1,3 0,9

Fonte: Laboratório de Toxicologia, SAMAM, Instituto Evandro Chagas (2018).

Segundo Cavalcante (2010), um dos fatores biológicos que pode afetar o pH e a

alcalinidade da água é a fotossíntese. Com a remoção de CO2 da água durante a

fotossíntese, há elevação do pH da água pelo consequente consumo de íons H+, uma vez

que foi observado um aumento da concentração de clorofila-a após a retirada das

macrófitas.

3.2. COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA

O Filo Rotifera, durante o período estudado, foi composto por 26 espécies,

pertencem a nove famílias, sendo Brachionidae a mais representativa, destacando-se

ainda Trochosphaeridae (4 espécies) e Trichocercidae (5 espécies) (Tabela 2).

3.3. DENSIDADE TOTAL

A densidade total de Rotifera variou entre os pontos amostrados e períodos

estudados, com valores mínimos (3.750 org/m³) registrados maio/18 (PT 02), depois da

retirada das macrófitas, e máximo (102.000 org/m³), PT 01, antes da retirada

(setembro/17). No presente trabalho, foi observada, que em setembro/2017, uma elevada

densidade de Rotiferas, no entanto diminuiu consideravelmente após o início do processo

de retirada da vegetação. Este fato pode estar relacionado à influência das macrófitas

sobre a zooplanctônica, e sobre os impactos nos fatores ambientais. Além disso, as

macrófitas oferecem um refúgio para o zooplâncton contra peixes planctívoros, bem

como contra a predação por invertebrados.

Trabalhos como o de Margalef (1983), ressaltaram que o número de espécies de

rotíferos tende a aumentar em ambientes menos mineralizados e eutróficos; porém,

diminui quando o grau de eutrofização aumenta. Alguns autores enfatizam que a

predominância dos rotíferos não está relacionada somente ao estado trófico dos corpos

hídricos, mas coincidente a outros fatores, como origem do biossistema e interações

biológicas.

299

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3.6. FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA

As espécies classificadas como muito frequentes (>70%), durante todo o período

do estudo, foram: Brachionus mirus, Filinia longiseta e Filinia terminalis, os quais

ocorreram em 100% das amostras.

No período antes da retirada das macrófitas (setembro/2017), as espécies

classificados como muito frequentes (>70%) foram: Brachionus mirus, Brachionus

zahniseri, Keratella americana, Keratella cochlearis, Keratella lenzi, Filinia longiseta e

Filinia terminalis.

No mês de janeiro/2018 (durante a retirada das macrófitas) foram observadas

como muito frequentes: Brachionus caudatus, Brachionus dolabratus, Brachionus mirus,

Brachionus zahniseri, Keratella americana, Keratella cochlearis, Filinia longiseta e

Filinia terminalis. Já no mês de maio/2018 (após a retirada das macrófitas) organismos

que permaneceram como muito frequentes: Brachionus caudatus, Brachionus mirus,

Filinia longiseta e Filinia terminalis. (Tabela 2).

Assim como em outros reservatórios, os rotíferos mostraram-se frequentes e

abundantes, (SENDACZ ET AL., 1985; ALMEIDA ET AL., 2006; MEIRINHO &

POMPÊO, 2015), pois são indivíduos oportunistas capazes de se adaptar às diferentes

condições ambientais assim como desequilibrar a estrutura da comunidade

zooplanctônica devido à competição por recursos alimentares. (ALLAN, 1976;

LOUREIRO ET AL., 2011).

Tabela 02. Composição Taxonômica e Frequência de Ocorrência do Filo Rotifera, registrados

durante o período do estudo, do Parque Estadual do Utinga (Belém, Pará)

TÁXON

Setembro/17 Janeiro/18 Maio/18 FR%

Antes Durante Depois

PT

01 PT

02 PT

03 PT

01 PT

02 PT

03 PT

01 PT

02 PT

03

FILO ROTIFERA

Classe Eurotatória Ordem Ploima Família Asplanchnidae Asplanchna sieboldi Leydig,

1854 PF 11%

Família Brachionidae

300

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Brachionus caudatus Barrois

And Daday, 1894 FR FR MF MF MF MF MF MF 89%

Brachionus dolabratus

Harring, 1914 FR FR MF MF MF 56%

Brachionus falcatus

Zacharias 1898 PF PF FR FR 44%

Brachionus mirus Daday,

1905 MF MF MF MF MF MF MF MF MF 100%

Brachionus patulus Müller,

1786 FR FR 22%

Brachionus patulus var

macracanthus Daday, 1905 PF 11%

Brachionus zahniseri

Ahlstrom, 1934 MF MF MF FR FR FR FR 78%

Brachionus sp. PF PF 22%

Keratella americana Carlin,

1943 MF MF MF MF MF MF FR FR 89%

Keratella cochlearis Gosse,

1851 MF MF MF MF MF MF FR FR 56%

Keratella lenzi Hauer, 1953 MF MF MF PF FR FR 44%

Família Lecanidae Lecane curvicornis Murray,

1913 PF FR FR 11%

Lecane proiecta Hauer, 1956 FR PF 78%

Família Lepadellidae Lepadella sp. FR 11%

Família Synchaetidae Polyarthra remata Skorikov,

1896 FR FR FR FR FR 56%

Família Trichoceridae Trichocerca sp. PF PF 22%

Trichocerca cylindrica

Imhof, 1891 ES ES ES

Ordem Flosculariaceae Família Trochosphaeridae Filinia longiseta Ehrenberg,

1834 MF MF MF MF MF MF MF MF MF 100%

Filinia opoliensis Zacharias,

1898 FR FR FR

Filinia terminalis Plate, 1886 MF MF MF MF MF MF MF MF MF 100% Filinia sp PF PF 22%

Família: HEXARTHRIDAE Hexarthra fennica Levander,

1892 FR FR 22%

Hexarthra intermedia

Wiszniewski, 1929 FR FR 22%

Hexarthra polyodonta Hauer,

1957 PF 11%

Fonte: Laboratório de Biologia Ambiental, SAMAM, 2018.

301

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3.5. ABUNDÂNCIA RELATIVA

Entre as famílias de Rotifera registrada, Brachionidae foi mais abundante, em

todos os períodos analisados, com valores mais elevados no PT 01 em janeiro/18 (30,8%),

durante a retirada das macrófitas, e no PT 01 (26,9%) e PT 02 (26,9%) do mês de

setembro/17, antes da retirada (Figura 02).

Figura 02. Abundância relativa das famílias de Rotifera, registradas durante o período do

estudo, no Parque Estadual do Utinga (Pará – Brasil)

Fonte: Laboratório de Biologia Ambiental, SAMAM, Instituto Evandro Chagas, 2018.

3.6.CORRELAÇÃO DE SPEARMAN-R.

Não houve correlação entre as densidades de Rotifera e variáveis abióticas

4.CONCLUSÃO

No presente estudo, levando em consideração que as modificações antrópicas

realizadas no Parque do Utinga (PEut) podem alterar os padrões da composição e

estrutura de Rotifera, apesar de não se ter obtido correlação entre as variáveis abióticas e

densidade, foi possível observar o aumento das concentrações de pH e alcalinidade, e a

diminuição da densidade de Rotifera durante os processos de retiradas das macrófitas

aquáticas no reservatório do PEut. Desse modo, faz-se necessário o monitoramento

continuo desses organismos, com ênfase nas espécies biondicadoras das condições

tróficas e consequentemente na qualidade da água superficial do Parque Ambiental do

Utinga (PEUt).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

PT 01 PT 02 PT 03 PT 01 PT 02 PT 03 PT 01 PT 02 PT 03

Antes Durante Depois

Setembro/2017 Janeiro/2018 mai/18

Asplanchnidae Brachionidae Lecanidae

Lepadellidae Synchaetidae Trichoceridae

Hexarthridae Trichotriidae Trochosphaeridae

302

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

ALLAN, J. D. Life history patterns in zooplankton. American Naturalist. v. 110, p. 165-

176. 1976.

ALMEIDA, V. L. S. et al. Rotífera das zonas limnéticas e litorânea do reservatório

de Tapacurá, Pernambuco, Brasil.Iheringia, Série Zoologia, v.96, n.4, p.445-451,

2006.

ANDREOLI, C. V.; CARNEIRO, C. (2005). Gestão integrada de mananciais de

abastecimento eutrofizados.Curitiba: Sanepar/ FINEP.

PARÁ. Revisão do Plano de Manejo do Parque Estadual do Utinga. Secretaria de

Estado de Meio Ambiente. Belém: SEMA; Belém: IMAZON, 2013. 376 p.

CAVALCANTE, D. H.; SÁ, M. V. C. Efeito Da Fotossíntese Na Alcalinidade Da Água

De Cultivo da Tilápia do Nilo. Revista Ciencia Agronomica. v. 41, n. 1, p. 67-72. 2010.

COELHO-BOTELHO, M. J. Influência da transposição das águas do reservatório

Billings para o reservatório Guarapiranga (São Paulo) na comunidade zooplanctônica. I.

Período chuvoso (1997 a 2001). In: Resumos do XXIV Congresso Brasileiro de

Zoologia, Itajaí-SC, 17 a 22 de fevereiro de 2002.

LOUREIRO, B. R.; COSTA, S. M.; MACEDO, C. F.; HUSZAR, L. M.; BRANCO, C.

W. C. Comunidades zooplanctônicas em sistemas de criação de peixes. Boletim Instituto

de Pesca de São Paulo, v. 37, n. 1, p. 47-60. 2011.

MARGALEF, R. Limnologia.Barcelona: Omega. 1983

MEIRINHO, P. A.; POMPÊO, M. 2015. Histórico de estudos sobre a comunidade

zooplanctônica do reservatório Rio Grande ao longo do tempo e sua

heterogeneidade espacial. In: POMPÊO, M.; MOSCHINI-CARLOS, V.; NISHIMURA,

P.; CARDOSO-SILVA, S. & LOPEZ-DOVAL, J. C. (Eds.) Ecologia de reservatórios e

interfaces. São Paulo, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. 460p.

SANTOS, T. M.; MELO JÚNIOR, H. N. Comportamento limnológico da coluna de água

da piscicultura em tanque rede no açude rosário Lavras da Mangabeira–CE. In: XIII

Reunião Científica do Instituto de Pesca. São Paulo. 2013. Acesso:

http://www.pesca.sp.gov.br/11recip2013/resumos/11a_ReCIP_R54_173-175.pdf

SENDACZ, S. et al. Zooplankton Biomass Of Reservoirs In Different Trophic Conditions

In The State Of São Paulo, Brazil. Brazilian Journal of Biology, v. 66, p. 337-350, 2006.

303

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

DINÂMICA DA COMUNIDADE ZOOPLANCTÔNICA E SUA RELAÇÃO COM

A QUALIDADE DA ÁGUA NO PORTO DE VILA DO CONDE (PARÁ,

BRASIL)

Marcos Adriano Pereira Paiva¹; Raissa De Cássia Serrão De Souza²; Lisbethe Melo

Sckyr Ahndrew3; Samara Cristina Campelo Pinheiro4

1Graduando em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas (ICB). Instituto Evandro

Chagas (IEC) [email protected] 2Graduando em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas (ICB). Instituto Evandro

Chagas (IEC) [email protected] 3Mestre Ecologia Aquática e Pesca.Instituto Evandro Chagas (IEC)

[email protected] 4Doutora em Saúde Coletiva (Orientadora). Instituto Evandro Chagas (IEC)

[email protected]

RESUMO

A comunidade zooplanctônica, base da cadeia alimentar aquática, é considerada um

importante elo na transferência energética entre produtores primários e os demais níveis

tróficos. Além disso, algumas espécies zooplanctônicas são sensíveis ou tolerantes aos

processos de alterações ambientais. Levando em consideração a potencialidade desses

organismos como bioindicadores, este estudo tem como objetivo caracterizar a

comunidade zooplanctônica e relacioná-los com as variáveis ambientais no Porto de Vila

do Conde, no município de Barcarena (Pará). A amostragem foi realizada em dois pontos

de coleta distribuídos ao longo do porto, durante os meses de dezembro/2017, março,

junho e setembro/2018. Foram realizados arrastos horizontais na sub-superfície da água,

com o auxilio de rede de plâncton (45 µm). Análises qualitativas e quantitativas foram

realizadas através de sub-amostras (1mL), em placas de Sedgwick rafter, com o auxílio

de microscópio invertido e identificadas em literatura especializada. Foram calculadas

densidade total e frequência de ocorrência, as quais foram correlacionadas com as

variáveis ambientais. A comunidade zooplanctônica foi representada por 7 filos, sendo

Rotifera o mais representativo. A densidade total dos organismos variou de 309 org./m³

(março/2018) a 8105 org./m³ dezembro/2017), nas marés enchente e vazante,

respectivamente. Os grupos zooplanctônicos que mais se destacaram, em frequência de

ocorrência, foram: Rotifera (48%), seguido pelos Cladocera (28%) e Copepoda (24%). A

estrutura da comunidade zooplanctônica esteve correlacionada com a sazonalidade, onde

foi observado elevada densidade de organismos durante o período mais chuvoso,

principalmente pelas fases iniciais de naúplio e copepodito. No entanto, o padrão de

variação desses organismos pode estar relacionado às condições ambientais da região,

historicamente impactado pelo lançamento de efluentes e rejeitos industriais. Desse

modo, faz-se necessário biomonitoramento da comunidade zooplônctonica, com ênfase

nas espécies biondicadoras das condições tróficas das regiões portuárias amazônicas.

Palavras-chave: Zooplâncton, Bioindicadores, Biologia ambiental.

Área de Interesse do Simpósio: Biodiversiade

304

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1. INTRODUÇÃO

O porto de Vila do Conde, localizado na cidade de Barcarena (Pará), agrega um

importante pólo industrial e portuário da região Paraense, o qual recebe um elevado fluxo

de navios que transportam tanto matéria prima (bauxita, alumina), como cargas

beneficiadas (lingotes de alumínio) (PIRATOBA, 2017).

Devido às intensas atividades portuária e industrial esta região passa por constantes

processos de alterações ambientais, como consequência da introdução de compostos

gerados pelas atividades desenvolvidas na região e desde modo gerando impactos ao

ecossistema aquático (PINHEIRO et al., 2019).

Com a intensificação da atividade na zona portuária e seu funcionamento tornam

crescente a preocupação ecológica com o ambiente aquático, uma vez que a descarga de

substancias também aumenta, as quais podem afetar de maneira negativa o ambiente. Os

subprodutos produzidos no beneficiamento da bauxita e caulim e efluentes domésticos

podem afetar a qualidade do ambiente para os organismos aquáticos, ou mesmo a saúde

humana, por meio do consumo de águas contaminadas (AZEVEDO; CHASIN, 2003).

O estudo do zooplâncton, base da cadeia alimentar aquática, pode auxiliar no

monitoramento dos efeitos nocivos de despejos domésticos e industriais, pois esses

organismos possuem grande sensibilidade ambiental e respondem a diversos tipos de

impactos, tanto pela alteração na sua quantidade como na composição e diversidade da

comunidade (COELHO-BOTELHO, 2002). Considerados excelentes biondicadores das

condições tróficas do ambiente, fornecendo dados relevantes sobre processos que

interagem no meio, sendo influenciados pelas condições abióticas e bióticas

(NEUMANN-LEITÃO et al., 1991).

O zooplâncton é formado por organismos de diversos táxons, dentre estes, o filo

Rotifera e os microcrustáceos Cladocera e Copepoda são os mais representativos,

constituindo a maior parte dos invertebrados planctônicos (CARDOSO et al., 2008). Este

trabalho teve como objetivo analisar as possíveis correlações entre a comunidade

zooplanctônica (Rotifera, Copepoda e Cladocera) e as características tróficas do estuário

do rio Pará e avaliar o emprego desta comunidade como bioindicadora da qualidade da

água região Portuária Paraense.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O porto de Vila do Conde está localizado no município de Barcarena - PA, na

margem direita do rio Pará, a aproximadamente 3 km de distância de Vila do Conde. O

estuário do rio Pará sofre grande influência de águas fluviais em ambas as margens, com

salinidade reduzida, mas a influência de maré é registrada até vários quilômetros adentro

do continente, caracterizando esse estuário como uma região de transição fluvio-marinha

sob o impacto de marés semidiurnas (GREGÓRIO; MENDES, 2008). Pelo porto transita

diversas cargas de bauxita, alumina, lingotes de alumínio, cargas gerais, soda caustica e

óleo combustível, recebendo navios graneleiros, navios com contêineres e navios de

granéis líquidos (CDP, 2010).

De acordo com Ramos (2004), a área de estudo está inserida em uma microrregião

com características bem peculiares em relação ao clima amazônico. Devido a sua posição

geográfica próxima ao Oceano Atlântico, sua baixa altitude e sua vegetação densa, lhe

conferem características distintas daquelas comuns à região amazônica. Caracterizado

pelas amplitudes térmicas menores que 200 C, porém nas horas de maior insolação

(durante o meio dia) podem-se registrar temperaturas acima de 30o C. Quanto às condições

atmosféricas, podem-se destacar meses muito secos, além de não existir uma distribuição

uniforme das chuvas durante o ano, ocorrendo uma sensível diminuição na precipitação

pluviométrica a partir do mês de junho atingindo índices mínimos por volta do mês de

outubro a novembro.

2.2. AMOSTRAGEM

As coletas foram realizadas nos meses de dezembro/2017, março/2018, junho/2018

e setembro/2018, durante os períodos de maré enchente e vazante. As amostragens foram

realizadas em dois pontos (PT 02 e PT 06), distribuídos ao longo do porto de Vila do

Conde (Figura 1), onde foram efetuadas mediações in situ dos fatores físico-químicos da

água (Temperatura (T°), Potencial Hidrogeniônico (pH), Condutividade Elétrica (CE),

Salinidade, Oxigênio Dissolvido (OD), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)) e

parâmetros biológicos (zooplâncton).

Os organismos zooplanctônicos foram obtidos através de arrastos horizontais na

sub-superfície da coluna d’água, utilizando-se redes de plâncton (45 µm). O material

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coletado foi retirado do copo coletor e colocado em frascos de polipropileno de 250 ml,

devidamente etiquetados com informação do ponto de amostragem, contendo formalina

4% neutralizada com tetraborato de sódio.

Figura 1. Mapa da área de estudo com a delimitação com os pontos de amostragem na

área de abrangência do Porto de Vila do Conde (Pará-Brasil).

Fonte: Trindade, 2013

2.3. ANÁLISE LABORATORIAL

No Laboratório de Biologia Ambiental (LBA/SAMAM/IEC) foi realizada a

quantificação dos organismos zooplanctônicos após a homogeneização e sub-amostragem

de cada amostra. As amostras foram analisadas quantitativamente em câmaras de

Sedgewick Rafter de 1mL, onde foram realizadas três sub-amostragens (1 mL cada) e

observadas em um invertoscópio, com câmera fotográfica digital acoplada (contagem e

registro fotográfico). Para as amostras qualitativas, foram preparadas três sub-

amostragem (2 mL cada), em placas de petri analisadas em microscópio invertido. A

determinação sistemática das espécies foi baseada em literatura especializada.

As análises das variáveis ambientais (Temperatura (T), Potencial Hidrogeniônico

(pH), Condutividade Elétrica (CE), Salinidade, Oxigênio Dissolvido (OD), Demanda

Bioquímica de Oxigênio (DBO) foram realizadas no Laboratório de Toxicologia

Ambiental (LT / SAMAM/ IEC).

307

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2.4. TRATAMENTO DOS DADOS

A densidade foi determinada pela equação: N= (Vt*x) /Vc. Onde: N= densidade

total (org./m³); Vt= volume total de diluição; Vc= volume da sub-amostra; x= número de

organismos de cada táxon, na subamostra. A abundância relativa (AR) foi calculada a

partir da relação entre o número total de espécie, pelo número total de espécies na

amostra. A frequência de ocorrência (F) das espécies é determinada pela seguinte

equação: F= (PA/P) *100. Onde: F= frequência da espécie A nas amostras; PA= número

de amostras onde a espécie A ocorreu e P= número total de amostras analisadas, e

posteriormente as espécies são classificadas de acordo com o resultado do cálculo da (F):

esporádicos (FR ≤ 10%), pouco frequente (10% < FR ≥ 30%), frequentes (30% < FR ≥

70%) e muito frequente (FR > 70%).

As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa Statistica 7.0

(StatSoft, 2004). A normalidade e homocedasticidade das variâncias foram testadas, e

quando necessário os dados foram transformados (log x+1 ou Raiz Quadrada) para se

obter distribuições próximas da normalidade. Para valores fora da normalidade foi

utilizado o teste de Kruskal- Wallis. A correlação entre físico-químicos e os valores de

densidade foram testados por correlação de Spearman.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. VARIÁVEIS AMBIENTAIS

Foi possível observar, entre os períodos sazonais analisados, que a precipitação

pluviométrica foi um fator determinante nas variações de alguns parâmetros ambientais.

O pH apresentou maior valor (10,87) no mês de junho/2018 (maré enchente, PT 06) e

menor (7,4) no mês de dezembro/2017 (maré enchente, PT 02). Carvalho et al. (2000)

mencionam que com o aumento das chuvas, o pH tende a subir e aproximar-se da

neutralidade, pois ocorre maior diluição dos compostos dissolvidos e escoamento mais

rápido. Isso é causado pelo aumento no volume de água que faz com que a acidez da água

diminua.

A temperatura não apresentou elevada variação durante o período do estudo, com

valores mínimo (28,92 ºC), durante o mês de março/2018 (maré enchente, PT 02) e

máximo (29,97 ºC) em setembro/2018, (maré enchente, PT 02) (Tabela 1). Apesar de

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

ser um fator importante na distribuição das espécies, as variações de temperatura em

zonas tropicais são mínimas, desse modo não é considerada como um fator limitante ao

crescimento e distribuição dos organismos (SANTOS, 2008).

A condutividade elétrica (CE) apresentou valor máximo (104 μS/cm) durante mês

de junho/2018 (maré vazante, PT 02) e valor mínimo (66 μS/cm) registrado no mês de

dezembro/2017 (maré enchente, PT 06). Os valores elevados de CE podem estar

relacionados à composição iônica dos corpos d'água, e influenciados pelos lançamentos

de efluentes e rejeitos industriais (MEDEIROS, 2018) e pelo volume de chuvas na região

de estudo.

Tabela 1: Variáveis Ambientais registrados durante o período do estudo, pontos e

período de marés, enchente (EN) e vazante (VZ), no Porto de Vila do Conde (Pará-

Brasil).

Variáveis

Ambientai

s

DEZEMBRO/2017 MARÇO/2018 JUNHO/2018 SETEMBRO/2018 PT 02 PT 06 PT 02 PT 06 PT 02 PT 06 PT 02 PT 06

EN VZ EN VZ EM VZ EN VZ EN VZ EN VZ EN VZ EN VZ

pH 7,42 7,63 7,76 7,7 8,55 7,95 8,99 8,6 9,94 9,58 10,8

7 9,29 9,31 9,47 9,83 10

Temp. 29 29,2

8 29,0

2 29,

3 28,9

2 29,0

7 29,0

3 29,1

1 29,4

4 29,8

1 29,3

6 29,7

6 29,9

7 29,7

1 29,7

8 29,6

6 CE 92 74 66 70 80 77 74 73 97 104 84 88 103 116 89 100 OD 7,47 7,7 7,5 7,7

2 7,47 7,39 7,49 7,34 7,23 7,26 7,13 7,23 7,41 7,3 7,19 7,28

DBO <L

Q 3 1,1 2 1,9 <LQ 1,3 0,9 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

DQO 4 36 12 25 12 18 16 25 66 46 64 33 3,6 <LQ <LQ 3,5 Salin. 0,03 0,03 0,03 0,0

3 0,03 0,03 0,03 0,03 0,04 0,04 0,03 0,04 0,04 0,05 0,04 0,04

Fonte: Paiva et. al. (2019)

3.2. COMUNIDADE ZOOPLANCTÔNICA

A comunidade zooplanctônica, durante o período do estudo, foi representada por 7

filos, 18 famílias, 19 gêneros e 57 espécies, sendo o filo Rotifera o mais representativo

em número de espécies registradas e identificadas, seguido por Cladocera e Copepoda.

A densidade total dos organismos variou de 309 org./m³ (PT02, março/2018) a

8105 org./m³ (PT06, dezembro/2017), nas marés enchente e vazante respectivamente. Foi

observado diferença significativa das densidades entre os meses de março/2018 e

dezembro/2017 (ANOVA, F=5,44; p= 0,01) (Figura 2).

A densidade de Copepoda apresentou seus maiores valores no mês de

dezembro/2017 (maré vazante, PT06) e menores no mês de março/2018 (maré vazante,

PT 06). Foi obervado diferença significativa entre a densidade e os meses amostrados

309

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

(ANOVA, F=5,17; p= 0,01), onde o mês de março/2018 foi diferente dos meses de

dezembro/2017 e junho/2018. As elevadas densidades de Copepoda foram atribuídas a

uma maior contribuição das formas iniciais de naúplios e copepoditos, os quais podem

estar relacionados a uma estratégia adaptativa em condições adversas da região de estudo,

uma vez que a produção de muitos descendentes garante que uma pequena parte deles

alcançam a idade adulta (PINHEIRO et al., 2019).

A densidade de Cladocera apresentou elevados valores no mês de dezembro/2017

(maré vazante, PT 02) e menor no mês de junho/2018 (maré vazante, PT 02). Foi

observada variação significativa entre a densidade de Cladocera e os meses amostrados

(Anova, F= 7,51; p=0,004) e sazonalidade (F=8,7; p= 0,01). A densidade dos Rotifera

apresentou valores máximos no mês de dezembro/2017 (maré vazante, PT02) e mínimo

em junho/2018 (maré vazante, PT02). Entre estas densidades foi observada diferença

significativa entre os meses amostrados (Anova, F=14,18; p= 0,0030) e sazonalidade

(Anova, F=6,84; p=0,02).

De forma geral, foi observado que as maiores densidade zooplanctônica foram

registradas no mês de dezembro/2017, considerado como período chuvoso, onde há uma

maior descarga de águas provenientes dos afluentes da Baía do Marajó, bem como o

aumento do volume de água, precipitação pluviométrica, o qual aumenta o contato do rio

com as margens, além dos processos de lixiviação, o que pode acarretar o aumento das

concentrações de nutrientes, aumentando a oferta de alimento, além de criar maior

número de habitats (CAMPOS et al., 1996).

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Figura 2. Densidade total dos organismos zooplanctônicos registrados durante o período

do estudo no Porto de Vila do Conde (Pará-Brasil).

Fonte: Paiva et. al. (2019).

3.2.2. Frequência de Ocorrência (FR)

Os grupos zooplanctônicos que mais se destacaram foram: Rotifera (48%), seguido

pelos Cladocera (28%), Copepoda (24%) (Figura 3).

Os organismos classificados com muito frequente (≥ 70%), em ambos os períodos

sazonais, foram: copepodito de Calanoida (100%), Copepodito de Cycloploida (100%),

naúplio (100%), Diaphanosoma birgei (100%), Moina minuta (100%), Filinia terminalis

(100%), Keratella americana (100%), Keratella cochelaris (100%), Brachionus mirus

(81%) e Filinia opoliensis (75%). Estas espécies são comumente registradas para a região

portuárias paraenses, destacando os gêneros Keratella, Filinia e Brachionus, os quais são

característicos de ambientes em processos de alterações ambientais (COSTA et al., 2016).

Figura 3. Frequência de Ocorrência da comunidade zooplanctônica registrada durante o

período do estudo no Porto de Vila do Conde (Pará-Brasil).

Fonte: Paiva et. al. (2019)

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3.2.3. Correlações

Em relação à correlação de Spearman, não foi observado correlações significativas

entre as densidades totais de organismos com os fatores físico-químicos da água. No

entanto, a densidade de Cladocera apresentou correlação negativa com o pH (R= - 0,64),

T° (R= -0,50) e CE (R= -0,52), demonstrando que esse grupo é altamente sensível a

mudanças ambientais, uma vez que os valores de condutividade indicam a interferência

de atividades antrópicas como citado por Medeiros et al (2018). E correlação positiva

com o OD (R= 0,7). Para a densidade de Rotifera foi registrado uma correlação negativa

com pH (R= -61) e positiva para OD (R= 0,65). Para os demais fatores não foi registrado

correlações significativas.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A estrutura da comunidade zooplanctônica, durante o período do estudo, esteve

correlacionada principalmente com a sazonalidade, onde foi observado elevada densidade

de organismos durante o período mais chuvoso, principalmente pelas fases iniciais de

naúplio e copepodito. No entanto, o padrão de variação dos organismos pode também

estar relacionado às condições ambientais da região, com constantes pressões antrópicas.

Vale ressaltar que o Porto de Vila do conde está situado numa zona de intensa atividade

portuária e industrial, historicamente impactado pelo lançamento de efluentes e rejeitos.

Desse modo, faz-se necessário o biomonitoramento da comunidade zooplônctonica, com

ênfase nas espécies indicadoras das condições tróficas e consequentemente na qualidade

da água superficial das regiões portuárias amazônicas.

312

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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CARDOSO, L. S.; RAMOS, I. D, MELLO, H. O. O. Composição, densidade e

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http://www2.cdp.com.br/arquivo/PDZ/pdz_pvc.pdf. Acesso em: 01 fev. de 2019.

COELHO-BOTELHO, M. J. Influência da transposição das águas do reservatório

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA REGENERAÇÃO NATURAL EM RELAÇÃO

À ÁRVORE MATRIZ DE Euxylophora paraensis Huber EM FRAGMENTO

FLORESTAL NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS-PARÁ

Ariel Barroso Monteiro¹; Joyce Ananda Paixão Duarte²; Gracialda Costa Ferreira³;

Jakeline Prata de Assis Pires 4

1 Graduanda em Engenharia Florestal, Universidade Federal Rural da Amazônia,

[email protected]

2 Doutoranda, Programa de Pós Graduação em Ciências Florestais, Universidade

Federal Rural da Amazônia. [email protected]

3 Professora do Instituto de Ciências Agrárias; Universidade Federal Rural da

Amazônia, [email protected]

4 Professora Assistente I, Departamento de Biologia, Pontifícia Universidade católica do

Rio de Janeiro, [email protected]

RESUMO

A fragmentação florestal é uma ameaça presente em todos os ecossistemas florestais do

planeta. Dentre as consequências ocasionadas pela fragmentação, destaca-se a diminuição

da riqueza de espécies e a densidade destas, podendo levar muitas espécies a extinção

local. Euxylophora paraenses Huber, conhecida como pau-amarelo, pertence a família

Rutaceae, com ocorrência restrita no norte da Amazônia e ameaçada de extinção como

“criticamente em perigo”. O estudo objetivou avaliar a dispersão e o alcance da

regeneração natural de Euxylophora paraensis Hub. em relação árvore matriz no

fragmento florestal localizado no município de Paragominas-Pará. O trabalho contou com a avaliação de 10 matrizes da espécie, verificando a organização do recrutamento de

mudas e arvoretas em parcelas com raio de 20 metros. Dessa forma, observou-se que há

uma tendência relação inversamente proporcional entre o tamanho da copa e o número de

indivíduos recrutados próximo à copa que está relacionada à disponibilidade de luz, à

sobrevivência e competição intraespecífica e à uma dispersão secundária das sementes,

após a barocoria.

Palavras-chave: Copa de árvores. Espécie em extinção. Fragmentação.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Biodiversidade

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A fragmentação florestal é uma ameaça presente em todos os ecossistemas

florestais do planeta. Este evento é ocasionado principalmente pelo aumento contínuo da

população e pressões econômicas geradas no decorrer da história, ou seja, a expansão das

atividades socioeconômicas tem sido a principal responsável pela modificação (PIRES et

al., 2006).

Dentre as consequências ocasionadas pela fragmentação, destaca-se a diminuição

da riqueza de espécies e a densidade destas. Mesmo que uma espécie rara esteja presente

num dado fragmento quando este é isolado, sua população local será tão pequena que terá

poucas chances de sobrevivência em longo prazo, o que pode levar ao declínio

populacional, redução da biodiversidade e espécies à extinção local (LAURENCE &

VASCONCELOS, 2009).

Euxylophora paraensis Huber pertence a família Rutaceae, é monoespecífico do

gênero com ocorrência restrita no norte da Amazônia (PIRANI, 2016; CNCFLORA,

2012). É uma espécie arbórea de grande porte que alcança o dossel da floresta, variando

entre 40 e 50 metros de altura (MARGALHO et al., 2014). A espécie produz madeira

pesada e de boa qualidade (NEGRÃO et al., 2013) o que ocasionou uma intensa

exploração no passado, tornando-a potencialmente suscetível ao impacto e levando a

redução populacional (MARTINI et al., 1998). Devido a intensa exploração, associada

com a distribuição restrita, a baixa densidade populacional e o intenso desmatamento,

esta entrou na lista de espécies ameaçadas de extinção classificadas como criticamente

em perigo” (IBAMA, 2014).

Desta forma, tem-se buscado estudar a ecologia desta espécie de forma a subsidiar

informações que promovam o manejo adequado desta espécie em fragmentos florestais,

como a identificação da distribuição espacial da regeneração natural em relação à árvore-

matriz. Conhecer a dispersão da regeneração natural em fragmentos florestais tem grande

relevância, pois estes são os novos indivíduos que irão substituir a vegetação antiga,

promovendo o rejuvenescimento e a perpetuação da floresta (RODRIGUES &

NASCIMENTO, 2006).

316

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Desta forma, o presente estudo buscou avaliar a dispersão e o alcance da

regeneração natural de Euxylophora paraensis Huber em relação árvore matriz no

fragmento florestal localizado no município de Paragominas-Pará.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi conduzido em um fragmento florestal, localizado em uma área com

atividade minerária, denominada Platô Miltônia III, pertencente à empresa Mineração

Paragominas S.A. que, atualmente, está sob a administração do grupo Hydro. A área está

localizada no município de Paragominas na mesorregião do Sudeste Paraense, nas

coordenadas 3°15'50"S e 47°44'19"W (Figura 2). A mineração de bauxita em

Paragominas fica a 64 km da área urbana e 350 km da capital Belém.

Figura 1: Mapa de localização da área de estudo e das matrizes de Euxylophora

paraensis Huber no fragmento florestal no município de Paragominas - Pará.

Fonte: Joyce Duarte, 2019

A região apresenta clima equatorial do tipo quente e úmido, temperatura média

anual de 26,3ºC, umidade relativa do ar média de 81% (BASTOS et al. 2006). A

pluviosidade média anual é de 1.800 milímetros, com o período mais chuvoso de

dezembro a maio, e o mais seco de junho a novembro, evidenciando o período de estiagem

317

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

(BASTOS et al., 2006). O relevo é plano a suavemente ondulado, com altitude média de

200 metros em relação ao nível do mar. O solo de Paragominas é do tipo latossolo amarelo

distrófico, com alto grau de intemperismo, profundos, ácidos e ricos em alumínio

(RODRIGUES et al. 2003).

2.2 COLETA DE DADOS

Foram selecionadas dez matrizes com indivíduos regenerantes próximo à árvore-

matriz. A metodologia empregada para análise da regeneração natural foi uma adaptação

utilizada por Cetnarski-Filho e Nogueira (2004), utilizando uma parcela circular, em cada

matriz, com 20 metros de raio tendo como centro da parcela o fuste da árvore. Foi

amostrada uma área total de 1,26 hectares.

A regeneração foi identificada, marcada e contabilizada em cada matriz. Para avaliar

o efeito da distância da regeneração natural em relação à matriz, foi obtida a localização

de cada indivíduo pelas coordenadas cartesianas as quais foram, posteriormente,

transformadas em coordenadas geográficas.

Cada árvore-matriz teve sua área de projeção da copa mensurada com uma trena a

partir do centro da parcela, a cada 45º em relação a matriz, totalizando oito medições para

cada árvore. A partir da obtenção desses dados foi possível plotar e calcular a área da

copa.

A localização da regeneração natural e a obtenção das distâncias em relação à árvore

matriz à matriz, bem como o cálculo da área da projeção da copa foram obtidas com o

auxílio do programa ArcGis 10.1.

2.3 ANÁLISE DE DADOS

Foi calculado o grau de correlação de Pearson entre o número de indivíduos em

relação a área de copa e o distanciamento da árvore matriz. Para isto foram utilizadas as

variáveis: número de indivíduos, distância da regeneração natural e área de copa.

318

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas dez parcelas medidas foram registrados 594 indivíduos regenerantes vivos

encontrados no monitoramento. O maior número de indivíduos foi encontrado na matriz

15 e a menor abundância foi encontrada na matriz 72 (Tabela 1).

Tabela 1: Densidade, área de copa, distância mínima e média da regeneração natural de

cada árvore-matriz de Euxylophora paraensis Huber do fragmento no município de

Paragominas - Pará.

Matriz N°

Indivíduos

Área de Copa

(m²)

Distância mínima

(m)

Distância média

(m)

M1 53 229,9 4,43 13,4

M2 46 197,9 8,47 14,6

M3 129 73,3 1,33 11,9

M4 118 38,2 8,45 13,7

M5 54 71,4 4,32 12

M6 59 79,7 5,75 15,7

M7 27 92,1 7,22 14,7

M8 5 509,4 9,52 12,9

M9 38 90,8 7,48 16,5

M10 65 43,6 3,32 9,9

Média 59,4 161,9 5,77 13,2

Fonte: Joyce Duarte, 2019

O número de plantas localizadas ao redor da matriz em relação a área de copa

apresentou correlação negativa e inversamente proporcional (r = -0,607; p < 0,05). Em

matrizes com maior número de regenerantes, a copa é reduzida em área. A matriz com

maior área de copa tinha apenas cinco indivíduos da regeneração natural (Figura 2). O

ambiente situado sob as copas de árvores é influenciado pelo tamanho de área e

arquitetura da copa que estas apresentam (MELO et al., 2015), interferindo na entrada de

luz no sub-bosque ou sobre o solo que, consequentemente, afetam a temperatura

superficial do solo, a germinação e o estabelecimento de espécies (HUBELL, 1999;

GUARIGUATA & OSTERTAG, 2001; AMIR, 2012). Por criarem sob si distintas

condições abióticas e bióticas, limitariam em maior ou menor grau o recrutamento, a

abundância, a sobrevivência e a distribuição espacial das espécies dispersas sob suas

copas (GANDOLFI, 2003; MELO ET AL., 2015).

319

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

A distância mínima entre a árvore e a regeneração natural foi de 1,33 metros,

sendo este um indivíduo com altura menor que 1,50 metros e localizado sob a copa da

árvore matriz (Tabela 1; Figura 2). Apenas 5,63% das mudas estavam sob a copa das

matrizes e o restante situa-se fora da projeção da copa. A distância média, considerando

as dez árvores matrizes foi de 13,5 metros. Esse resultado pode ser explicado pela alta

taxa de predação das sementes próximo à planta-mãe, pelo sombreamento sob a copa,

dormência de sementes e o tipo de dispersão da espécie (CORRÊA & MOURA, 2011).

De acordo com a teoria de Escape postulada por Janzen-Connell (JANZEN, 1970;

CONNELL, 1971) afirmam que através da dispersão, sementes e plântulas podem escapar

da alta mortalidade, causada por patógenos, predadores de sementes ou herbívoros, que

ocorre debaixo de plantas-mães. Desta forma, indivíduos distantes da planta-mãe tem

mais chances de sobrevivência no ambiente. As sementes dispersas muito além das copas

parentais podem representar indivíduos de maior qualidade de dispersão, pois estes têm

maior probabilidade de sobrevivência até a idade adulta devido escaparem da mortalidade

dependente da distância (CRAMER et al., 2007).

320

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2: Projeção de copa e localização da regeneração natural e projeção das árvores matriz de

Euxylophora paraensis Huber do fragmento no município de Paragominas - Pará.

A

D

B

F E

Matriz 1 Matriz 3

Matriz 2

Matriz 4

Matriz 7

Matriz 8

Matriz 5

C

321

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Fonte: Joyce Duarte, 2019

Apesar da síndrome de dispersão primária de E. paraensis ser barocórica, em que

as sementes são dispersas pela força da gravidade tendem a cair próximo à planta mãe

(BRANDÃO, et al., 2018), algumas espécies podem apresentar dispersão secundária por

animais que podem promover um distanciamento das sementes da árvore-mãe

(ZIMMERMAN et al., 2015). Apesar deste estudo não ter avaliado os tipos de dispersores, foi

observado durante o monitoramento, a presença de araras e macacos no período de

frutificação de E. paraensis. Silva (2015) registrou cavidades nos troncos de E. paraensis

na região do mosaico Carajás-Pará sendo utilizadas como ninho para a reprodução de

Anodorhynchus hyacinthinus - Arara azul, sendo esta uma espécie que pode contribui de alguma

forma na dispersão das sementes de E. paraensis sendo necessários estudos que comprovem esse

evento.

H G

I J Matriz 6

Matriz 10

Matriz 9

Matriz 5

322

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Além disso, em estudo fitoquímico, Arruda & Silva et al. (2012), detectaram

presença de cumarinas na espécie, um metabólito que segundo Souza-filho & Alves

(2000) tem sido apontado como um metabólito com potencial alelopático o que pode ser

um fator que pode interferir no recrutamento da regeneração próximo a planata-mãe. A

alelopatia, segundo Ferreira & Áquila (2000), é a capacidade de atrair ou repelir outros

organismos mediante a liberação de compostos químicos no ambiente.

4. CONCLUSÃO

A regeneração natural de Euxylophora paraensis Huber tem maior número de

indivíduos distante e fora da projeção da copa da árvore matriz. Foi identificado que a

copa influencia na distribuição da regeneração natural, onde quanto menor a copa, maior

o número de indivíduos e isso se deve, provavelmente, ao sombreamento que esta

promove no sub-bosque, interferindo no recrutamento de novos indivíduos.

323

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

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325

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

EFEITOS DA ADIÇÃO DE NUTRIENTES SOBRE O FITOPLÂNCTON DO

RESERVATÓRIO DE ABASTECIMENTO BOLONHA (BELÉM-PARÁ)

Samara Letícia dos Santos Pinto1; Paola Vitória Brito Pires2; Bruno Santana Carneiro3;

Eliane Brabo de Sousa 4

1 Graduação em Biologia. Universidade Federal do Pará. [email protected];

2 Especialista em Biologia Ambiental. Universidade Rural da

[email protected]; 3 Doutorado em Saúde Coletiva. Instituto Evandro Chagas. [email protected];

4 Doutorado em Saúde Coletiva. Instituto Evandro Chagas. [email protected]

Orientadora

RESUMO

A dinâmica do fitoplâncton em ambientes artificiais controlados com diferentes

quantidades de nutrientes pode sugerir um possível cenário de Bloom algal em

reservatórios. Para verificar os efeitos da adição de nutrientes sobre o desenvolvimento

do fitoplâncton na ausência de macrófitas aquáticas foram feitos experimentos em

ambientes simulados (microcosmo). A coleta de água foi realizada no reservatório

Bolonha (Belém, Pará) no mês de novembro/2018, referente ao período seco. As águas

foram distribuídas em quatro experimentos com tréplicas, cada, os quais se diferenciaram

pelas concentrações na proporção nitrogênio e fósforo: experimento controle;

experimento E1 (nitrogênio > fósforo), experimento E2 (nitrogênio = fósforo) e

experimento E3 (nitrogênio < fósforo). Os experimentos foram acondicionados em

câmara de crescimento de microalgas sob contínua aeração, temperatura 28 ± 2 °C,

luminosidade de 100 µmol.fótons.m2s-1 e fotoperíodo de 12 horas por 40 dias. A cada 5

dias foram retirados 250 mL de amostras para análise físico-química, concentrações de

nutrientes e fitoplâncton. Foram identificadas 42 espécies com dominância das classes

Euglenophyceae, Cyanophyceae, Bacillariophyceae e Chlamydophyceae. A baixa

relação nitrogênio e fósforo não promoveu a floração de cianobactérias, mas de

Chlamydomonas sp., alga verde que cresce em condições de elevada quantidade de

nutrientes, transparência e águas paradas. Sugere-se que em ambientes naturais a espécie

Chlamydomonas sp. tem seu crescimento limitado pelas macrófitas aquáticas nos

aspectos da competição por nutrientes e pelo sombreamento das águas, diminuindo a

entrada de luz e reduzindo a fotossíntese deste organismo. Sugere-se que o manejo de

macrófitas deve ser associado ao prévio conhecimento da comunidade fitoplanctônica

com e sem a presença destes vegetais.

Palavras-chave: Reservatório. Abastecimento. Microcosmos.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Biodiversidade

326

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Os principais mananciais de abastecimento da Região Metropolitana de Belém

são os lagos Bolonha e Água Preta, lagos artificiais que captam água do Rio Guamá,

corpo hídrico de grande porte que margeia parte da cidade de Belém.

Os lagos apresentam vestígios de eutrofização artificial representados,

principalmente, pela presença de macrófitas aquáticas na superfície dos lagos. Estes

vegetais são utilizadas como indicadores da qualidade da água (KLUMPP et al., 2002),

devido seu potencial em absorver nutrientes e até bactérias fecais (MEES et al., 2009),

logo sua intensa proliferação indica que o ambiente se encontra eutrofizado, sendo os

nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo, oriundos do esgoto doméstico, visto que

a cidade possui um baixo índice de saneamento básico.

Também como consequência da eutrofização está o crescimento das

cianobactérias que em altas densidades liberam, para o ambiente aquático, substâncias

tóxicas ao homem pondo em risco a saúde da população consumidora. Embora o lago

Bolonha apresente-se eutrofizado não se identificou o crescimento de cianobactérias. Isto

se deve possivelmente as macrófitas que competem com o fitoplâncton (incluindo

cianobactérias) pelos mesmos recursos. Logo, a remoção das macrófitas pode propiciar

as florações de cianobactérias.

A dinâmica destes organismos em diferentes condições de nutrientes pode sugerir

um possível cenário de Bloom algal para o lago Bolonha e direcionar as estratégias de

monitoramento e gerenciamento deste reservatório. Portanto, este trabalho tem como

objetivo verificar os efeitos da adição de nutrientes (nitrogênio e fósforo) sobre o

desenvolvimento do fitoplâncton, em ambientes simulados (microcosmo) sem a presença

das macrófitas.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO E ESTRATÉGIA AMOSTRAL

O lago Bolonha apresenta uma forma alongada, com 2,10 x 106 m3 de água

acumulada, 512.540 m2 de lâmina d’água, profundidade máxima em torno de 7,64 m e

uma área total de 1.790.000 m2 (COSANPA, 2004).

327

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Neste lago foram coletados 25 a 30 litros de água no ponto de captação de água

bruta para a Estação de Tratamento de água- ETA São Brás (Figura 1) no mês de

novembro de 2018, referente ao período seco, em garrafões de polipropileno de 5 L os

quais foram resfriados até a chegada do laboratório para diminuir o metabolismo dos

organismos.

Figura 1. Reservatório Bolonha (Belém, Pará) mostrando o ponto de coleta na ETA

São Braz, imagem mostra a foto do ponto de coleta e nota-se a proliferação de

gramíneas e macrófitas sugerindo a eutrofização e assoreamento do reservatório.

Fonte: Sousa et al. (2017)

328

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2.2 ENSAIOS EM MICROCOSMOS

Foram montados quatro experimentos com tréplicas, cada, os quais se

diferenciaram pela concentração na proporção nitrogênio e fósforo, totalizando 12

microcosmos:

Controle- experimento controle: 6 L de amostra mantidos em água do ambiente

natural, divididos em três erlenmeyers de 3 L contendo 2 L de amostra cada;

E1- experimento com proporção de nitrogênio maior do que o fósforo: 6 L de

amostra mantidos em água do ambiente natural com adição de nitrogênio e fósforo na

proporção de 75:25, divididos em três erlenmeyers de 3 L contendo 2 L de amostra cada;

E2- experimento com proporção de nitrogênio igual ao fósforo: 6 L de amostra

mantidos em água do ambiente natural com adição de nitrogênio e fósforo na proporção

de 50:50, divididos em três erlenmeyers de 3 L contendo 2 L de amostra cada;

E3- experimento com proporção de nitrogênio menor que o fósforo: 6 L de

amostra mantidos em água do ambiente natural com adição de nitrogênio e fósforo na

proporção de 25:75, divididos em três erlenmeyers de 3 L contendo 2 L de amostra cada.

As concentrações de nitrogênio e fósforo foram inseridas em cada experimento a

partir da determinação das concentrações prévias destes nutrientes nas amostras. Os sais

adicionados às soluções (experimento) foram nitrato de sódio (NaNO3), cloreto de amônio

(NH4Cl3) e potássio de fosfato (K2HPO4.3H2O). Para a montagem e adição dos nutrientes

foram realizados cálculos estequiométricos para determinar a concentração de N e P nos

compostos adicionais.

Após a montagem do experimento, os erlenmeyers foram acondicionados em

câmara de crescimento de microalgas sob contínua aeração, temperatura 28 ± 2 °C,

luminosidade de 100 µmol.fótons.m2s-1 e fotoperíodo de 12 horas com duração de 40 dias.

A cada cinco dias foram retirados 250 mL de subamostra de cada experimento,

incluindo suas réplicas, 50 mL para análise quali-quantitativa do fitoplâncton

(UTERMÖHL, 1958) e 200 mL para análise físico-química e de nutrientes (nitrogênio e

fósforo total).

2.3 ANÁLISE DO FITOPLÂNCTON

As amostras quali-quantitativas provenientes de cada bloco experimental foram

fixadas com lugol acético. O método de sedimentação de Utermöhl (1958) foi empregado

329

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

para a identificação dos táxons e a determinação do número de indivíduos por litro. O

método de contagem foi por transectos. A identificação, a nomenclatura e o

enquadramento taxonômico foram realizados de acordo com a literatura especializada.

2.4 ANÁLISE DE NUTRIENTES E FATORES FÍSICO-QUÍMICOS

Para as amostras do ambiente e dos experimentos foram realizadas as medições

das variáveis: temperatura, pH, condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos (STD),

salinidade e oxigênio dissolvido utilizando a Sonda multiparamétrica HI 9828 HANNA®.

Em laboratório foram analisados: Nitrogênio Total e Fósforo Total. Todos os métodos

analíticos empregados obedeceram às recomendações do Standard Methods for the

Examination of Waterand Wastewater (2012).

2.5 ANÁLISE DE DADOS

As análises estatísticas descritivas e analíticas dos dados foram realizadas no

programa Statistica 7.0. A análise de variância foi realizada para testar se havia diferença

de densidades do fitoplâncton entre os diferentes experimentos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com relação à temperatura não se pode atribuir interferências na composição do

fitoplâncton, pois se trata de uma variável sensível e que se modificou em função do

processo de análise no laboratório durante as retiradas das amostras, neste sentido não

houve variação significativa (p<0,05) deste parâmetro. O pH se manteve alcalino durante

todo o experimento. A Condutividade elétrica variou de 110,46 µS.cm (controle) a

3739,29 µS.cm (E1). Oxigênio dissolvido se manteve em níveis superiores a 5 mg.L-1

considerando as águas oxigenadas. STD foi mais elevado no experimento E1 com

1955,19 mg.L-1. A salinidade variou de 0,05 (controle) a 2,03 (E1) (Tabela 1).

Não houve variação temporal significativa do fósforo total ao longo dos 40 dias

de observação do microcosmo. As concentrações de fósforo total foram

significativamente menores (F= 6,5; p< 0,05) no controle (8,95 ± 10,38 mg.L-1) e maiores

no experimento E2 (325,33 ± 85,18 mg.L-1).

330

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Também não houve diferença significativa do nitrogênio total ao longo do tempo

do experimento. Entretanto, se observou significativamente (F= 12,62; p< 0,05) menor

concentração de nitrogênio no controle (1,35 ± 1,19 mg.L-1) e maior no experimento E1

(233,42 ± 45,85 mg.L-1). A relação nitrogênio e fósforo não variou significativamente ao

longo do tempo, apresentando uma relação pequena nos tempos iniciais T1 e T2. Entre

os experimentos, a relação nitrogênio e fósforo foi significativamente (F= 4,8; p< 0,05)

maior no controle (19,19 ± 30,72) e menor no E2 (0,31 ± 0,09) (Tabela 1).

Tabela 1. Estatística descritiva das variáveis físico-químicas nos experimentos realizados

em novembro/2018 com águas provenientes do Lago Bolonha (Belém, Pará).

Controle E1 E2 E3

Média ± Dp Média ± Dp Média ± Dp Média ± Dp

Temperatura (° C) 20,14 ± 0,26 19,84 ± 0,19 20,44 ± 0,18 20,63 ± 0,48

pH 7,41 ± 023 8,01 ± 0,05 8,96 ± 0,36 8,10 ± 0,73

Condutividade Elétrica 110,46 ± 14,55 3739,29 ± 23,38 2981,79 ± 43,31 3260,23 ± 466,25

Oxigênio Dissolvido 5,36 ± 0,14 6,10 ± 0,21 6,1 3 ± 0,45 6,35 ± 0,73

Sólidos totais dissolvidos 61,04 ± 8,37 1955,19 ± 345,13 1616,42 ± 22,04 1723,98 ± 426,18

Salinidade 0,05 ± 0,01 2,03 ± 0,02 1,59 ± 0,02 1,74 ± 0,32

F. Total 8,95 ± 10,38 95,60 ± 15,83 325,3 3 ± 85,18 161,32 ± 76,96

N. Total 1,35 ± 1,19 233,42 ± 45,85 89,54 ±33,99 166,31 ± 14,35

NT/PT 19,19 ± 30,72 2,69 ± 0,54 0,31 ± 0,09 0,96 ± 0,16

Fonte: Pinto et al. (2019)

Os experimentos apresentaram características de eutrofização, porém as baixas

razões de N/P (<10) não promoveram o crescimento de cianobactérias.

Ao longo do experimento foram encontradas 42 espécies. A densidade média foi

aumentando significativamente (F= 2,7; p< 0,05) ao longo do tempo do experimento

variando de 11,57 x 103 ind.L-1 a 1862,6 x 103 ind.L-1 nos tempos T1 e T8,

respectivamente (Figura 2A). A densidade foi significativamente menor no experimento

controle (100,37 ± 15,65 x 103 ind. L-1) e maior no experimento E3 (1651 ± 785 x 103

ind. L-1) (Figura 2B).

331

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2. Variação da densidade do fitoplâncton nos experimentos realizados em

novembro/2018 com águas provenientes do Lago Bolonha (Belém, Pará). A- variação temporal

e B- variação entre os experimentos.

Pinto et al. (2019)

Em termos de estrutura da comunidade fitoplanctônica, sua constituição foi

incorporada por organismos das classes Euglenophyceae, Cyanophyceae,

Bacillariophyceae e Chlamydophyceae, sendo este último dominante a partir do 20° dia,

compondo mais de 70% da densidade (Figura 3A). Os experimentos foram dominados

pela classe Chlamydophyceae havendo um elevado aumento de Bacillariophyceae nos

experimentos E2 e E3 (Figura 3B).

As classes que foram mais representativas durante o estudo podem ser encontradas

em ambientes rasos, ricos em matéria orgânica (nitrogênio e fósforo) (FRANCESCHINI

et al., 2010).

A classe Chlamydophyceae foi muito representativa durante o experimento, com

a espécie Chlamydomonas sp. sendo a mais dominante. Tais espécies são mais comuns e

abundantes em ambientes de águas mais transparentes com maior quantidade de

nutrientes (LACHI; SIPAÚBA-TAVARES, 2008). Este grupo esteve dominando em

todos os tratamentos, onde apresentou variação clara na densidade com 40% no controle

e 84% no experimento E1.

332

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 3. Variação da densidade relativa (%) das classes do fitoplâncton nos experimentos

realizados em novembro/2018 com águas provenientes do Lago Bolonha (Belém, Pará). A-

variação temporal e B- variação entre os experimentos.

Pinto et al. (2019)

As macrófitas aquáticas limitam o crescimento de Chamydophyceaes, pois em

condições naturais esta classe é pouco comum no reservatório Bolonha como observado

por Martins-da-Silva (1997), Costa et al., (2010) e Pires (2018). Essa limitação pode ser

por competição pelo consumo de nutrientes, pelo sombreamento fornecido pelas

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

T1 (5°) T2 (10°) T3 (15°) T4 (20°) T5 (25°) T6 (30°) T7 (35°) T8 (40°)

Den

sid

ad

e

Tempo (dias)

ACyanophyceae ChlorophyceaeEuglenophyceae TrebouxiophyceaeZygnematophyceae ChlamydophyceaeBacillariophyceae

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Controle E1 E2 E3

Den

sid

ad

e

Tipo de experimento

BCyanophyceae Chlorophyceae

Trebouxiophyceae Zygnematophyceae

Euglenophyceae Chlamydophyceae

Coscinodiscophyceae Bacillariophyceae

333

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

macrófitas ou pela condição de assoreamento do reservatório causado pelo

aprisionamento de sedimento nas suas raízes.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aumento da densidade média do fitoplâncton durante o período do experimento

ocorreu concomitante ao decréscimo de nitrogênio e fósforo totais e da relação nitrogênio

e fósforo, sendo esta relação menor que 10, beneficiando os grupos de microalgas

Euglenophyceae e Chlamidophyceae, mostrando ainda que quanto maior a relação N/P

menor foi à densidade do fitoplâncton.

Além disso, este estudo mostrou a importância de entender as dinâmicas das

comunidades fitoplanctônicas em relação à descarga de nutrientes nos ambientes

aquáticos, visto que esta é uma grande problemática da região, onde os sistemas de

abastecimento de Belém são impactados pelo avanço da urbanização e a falta de

saneamento básico. Este experimento é pioneiro e precisa de repetições e ajustes para se

aproximar às condições do ambiente que se pretende simular.

334

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standard methods for the

examination of water and wastewater. American Public Health Association;

Washington: Unity State American, 2012. 1496 p.

COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARÁ (COSANPA). Plano Diretor do

Sistema de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de Belém. Belém:

COSANPA, 2004.

FRANCESCHINI, I. M., BURLIGA, A. L., REVIERS, B., PRADO, J. F. & RÉZIG, S.

H., 2010. Algas – Uma abordagem filogenética, taxonômica e ecológica. 1ª Ed., Porto

Alegre, Artmed, 332p.

KLUMPP, A. et al. Variation of nutrient and metal concentrations in aquatic

macrophytes along the Rio Cachoeira in Bahia (Brazil). Environment International. v.

28, p. 165-171. 2002.

LACHI, G. B.; SIPAÚBA-TAVARES, L. H. Qualidade da água e composição

fitoplanctônica de um viveiro de piscicultura utilizado para fins de pesca esportiva e

irrigação. B. Inst. Pesca, São Paulo, v. 34, n. 1, p. 29 - 38, 2008.

MARTINS-DA-SILVA, R. C. V. Chlorellaceae (Chlorophyceae, Chlorococcales) do

Lago Água Preta, município de Belém, Estado do Pará. Boletim do Museu Paraense

Emílio Goeldi, Série Botânica, v.13, n.2, p.113-138, 1997.

MEES, J. B. R. et al. Removal of organic matter and nutrients from slaughterhouse

wastewater by using Eichhornia crassipes and evaluation of the generated biomass

composting. Revista Engenharia Agrícola. v. 29, n. 3, p. 466-473. 2009.

PIRES, P. V. B. O uso de grupos funcionais do fitoplâncton na determinação da

qualidade das águas e tróficas do reservatório Bolonha, Belém, Pará. 2018. Trabalho de

Conclusão de Curso (graduação em Ciências Biológicas), Instituto de Ciências

Biológicas, Universidade Federal do Pará. Belém, 2018.

UTERMÖHL H. Zur vervolkommung der quantitativen phytoplankton-Methodik.

Mitteilungen Internationale Vereiningung fuer Theoretische und Angewandte

Limnologie, v. 9, p. 1-38. 1958.

335

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA COLETA DE MATERIAL BOTÂNICO PARA

A MELHORA DA IDENTIFICAÇÃO CIENTÍFICA DAS ESPÉCIES

ARBÓREAS NA FLONA DO TAPAJÓS

Jefferson Matheus Tavares de Oliveira1; Ademir Roberto Ruschel2.

1 Graduando em Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará.

[email protected].

2 Orientador: Pesquisador-A. Embrapa Amazônia Oriental. [email protected].

RESUMO

Considerando a importância do auxílio dos herbários na identificação taxonômica, este

trabalho visa analisar o nível de eficácia das informações para a identificação de exsicatas.

Vários projetos de âmbito acadêmico ou empresarial necessitam de inventários florestais

confiáveis, com informações corretas acerca dos nomes científicos das espécies e, para

isso, dependem da identificação botânica. Estes produtos da identificação são de extrema

importância, pois subsidiam a construção de planos de manejo e auxiliam nas

informações sobre diversidade florística. Os dados foram coletados na Floresta Nacional

do Tapajós. Um universo amostral de 2.192 exsicatas foram coletadas, herborizadas e

analisadas pelo herbário IAN – Embrapa Amazônia Oriental. As informações dos laudos

da identificação foram tabuladas em planilhas eletrônicas Excel e as análises das

identificações foram comparadas em nível de família, gênero e espécie. O método de

coleta e identificação em herbário foi considerado eficaz, pois, mesmo com material

estéril, a identificação ao nível de espécie foi obtida para a maioria para as coletas.

Contudo, os menores ganhos foram obtidos para os espécimes da família Sapotaceae e

Lauraceae.

Palavras-chave: Botânica. Exsicatas. Sapotaceae.

Área de Interesse do Simpósio: Botânica

336

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Identificação botânica é a utilização de órgãos vegetativos e reprodutivos de

plantas, previamente determinada nos acervos dos herbários e literaturas especializadas,

para determinação da identidade de espécies coletadas no campo (MARTINS-DA-

SILVA et al, 2014). A identificação do material botânico é de extrema importância, pois

subsidia estudos taxonômicos e auxilia na construção de informações sobre diversidade

florística de áreas e planos de manejo adequados para espécies (FERREIRA, 2006).

Apesar de todo acervo taxonômico disponível nos herbários, ainda temos

dificuldades em avançar no que tange a identificação precisa de algumas espécies,

principalmente pela semelhança de seus órgãos vegetativos (BARBOSA, 2016), onde, na

maioria dos casos, é necessária a presença do órgão reprodutivo do vegetal (material

fértil), o que nem sempre é possível, pois o período de floração e frutificação varia entre

as espécies (BARBOSA, 2016; WOODSON, 1939).

Os métodos mais utilizados para o de identificação são a chave dicotômica e a

comparação de exsicatas. O primeiro é complexo e requer conhecimento em botânica para

a construção da chave (BRAZ; MOURA; ROSA, 2004), o segundo é utilizado nos

herbários, comparando as características das amostras coletadas com exsicatas

previamente identificadas (WIGGERS; STANGE, 2008).

Nos inventários florestais percebemos a adoção do nome vernacular ou popular

para identificação de espécies, geralmente obtido com o conhecimento empírico de

nativos da área (SECCO; PROCÓPIO, 2008). O uso do nome popular prejudica a

autenticidade do inventário, pois dificulta a identificação da ocorrência geográfica da

espécie, por existir grande quantidade de nomes populares associados a diferentes

espécies botânicas. Os nomes vernaculares mudam de acordo com região, uso na

comercialização e cultura (CAMARGOS et al, 2001). O presente estudo objetiva avaliar

a eficiência da coleta de material botânico para a melhoria da identificação à nível de

espécie no monitoramento de parcelas permanentes.

337

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2. MATERIAL E MÉTODOS

As exsicatas utilizadas no presente estudo foram coletadas nas parcelas

permanentes de inventário contínuo, situadas nas áreas experimentais do km-67 e km-114

da rodovia Santarém-Cuiabá. A Floresta Nacional do Tapajós é uma Unidade de

Conservação localizada no estado do Pará, abrange os municípios de Aveiro, Belterra,

Placas e Rurópolis, no Oeste do estado. O clima é tropical úmido, com temperatura média

anual de 25,5 ºC e variação térmica anual inferior a 5 ºC, classificado como Ami no

sistema Köppen. Segundo Silva et al. (1995), a precipitação média anual está em torno de

1.900-2.110 mm, apresentando grande variação no regime de chuvas durante o ano, com

as maiores precipitações ocorrendo nos meses de janeiro a maio.

A pesquisa foi baseada em materiais coletados pelo Laboratório de Manejo e

Conservação Florestal – Projeto Bom Manejo e identificados por parataxônomos do

Herbário IAN, ambos localizados na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -

Embrapa Amazônia Oriental, Belém - PA. Foram analisadas 2.192 exsicatas coletadas

entre os anos de 2008 e 2017. As análises gráficas e estatísticas foram feitas em tabelas

eletrônicas (Microsoft Office – Excel), onde foram diferenciadas em famílias

predominantes e pelo nível de identificação, sendo família, gênero e espécie. Foram

analisados, também, quais erros eram predominantes associados a identificação das

exsicatas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 mostra a identificação das 2.192 exsicatas coletadas. Dessas 2.192

exsicatas, apenas três exsicatas (0,14%) ficaram indeterminadas em sua família botânica,

o que mostra a precisão da identificação ao nível de família, como mostra o Gráfico 1. As

famílias mais coletadas foram respectivamente: Fabaceae, Burceraceae, Lauraceae,

Sapotaceae, Moraceae, Myrtaceae, Lecythidaceae e Annonaceae. Tais oito famílias

acumularam 54% de todas as coletas, indicando representarem as famílias com maior

dificuldade de identificação das espécies em campo.

338

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 1 – Famílias botânicas e número de espécies identificadas (Nº spp).

Família Nº spp Família Nº spp

Acanthaceae 1 Lamiaceae 6

Achariaceae 2 Lauraceae 199

Anacardiaceae 10 Lecythidaceae 106

Annonaceae 105 Lomariopsidaceae 1

Apocynaceae 41 Malpighiaceae 5

Aquifoliaceae 1 Malvaceae 32

Araceae 1 Melastomataceae 48

Araliaceae 4 Meliaceae 47

Arecaceae 3 Monimiaceae 1

Bignoniaceae 5 Moraceae 112

Bixaceae 2 Myristicaceae 31

Boraginaceae 29 Myrtaceae 112

Burseraceae 203 Nyctaginaceae 30

Calophyllaceae 2 Ochnnaceae 10

Capparaceae 1 Olacaceae 31

Cardiopteridaceae 1 Opiliaceae 4

Caryocaraceae 5 Passifloraceae 1

Cecropiaceae 1 Peraceae 3

Celastraceae 18 Phyllanthaceae 5

Chrysobalanaceae 36 Picramniaceae 1

Clusiaceae 10 Poaceae 1

Combretaceae 6 Polygonaceae 1

Connaraceae 9 Primulaceae 4

Dichapetalaceae 8 Putranjivaceae 7

Ebenaceae 13 Quiinaceae 9

Elaeocarpaceae 20 Rhizophoraceae 3

Erythroxylaceae 2 Rosaceae 7

Euphorbiaceae 43 Rubiaceae 87

Fabaceae 268 Rutaceae 10

Flacourtiaceae 6 Salicaceae 24

Gesneriaceae 1 Sapindaceae 56

Goupiaceae 3 Sapotaceae 183

Humiriaceae 11 Simaroubaceae 3

Hypericaceae 9 Siparunaceae 18

Icacinaceae 1 Solanaceae 5

Indetermidado 3 Sterculiaceae 1

Lacistemataceae 14 Styracaceae 3

339

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Symplocaceae 6 Verbenaceae 2

Tiliaceae 3 Violaceae 55

Ulmaceae 4 Vochysiaceae 11

Urticaceae 6

Total Geral 2192

Fonte: Jefferson Oliveira, 2019

Um total de 526 exsicatas foram identificadas em nível de gênero,

correspondendo a 24% das amostras. A identificação do gênero, seja em campo ou no

herbário, depende das características morfológicas das plantas. Um estudo de Barroso

(1976) diferenciou o gênero Baccharis de acordo com a presença de cladódios

substituindo suas folhas, sua característica marcante.

Figura 1 - Nível de identificação à nível de espécie, gênero e família.

Fonte: Jefferson Oliveira, 2019.

A dificuldade de identificação botânica se deu pelos seguintes erros de coleta

identificados no estudo: coleta de material estéril e erro de codificação da coleta em

campo. Durante a análise, 35 exsicatas apresentaram erro de codificação de coleta em

campo, correspondendo a 1,6% das amostras. O equivalente 99,8% das exsicatas eram

estéreis, ou seja, não possuíam caracteres reprodutivos em sua coleta, o que dependeu do

acervo botânico do herbário para determinar sua espécie.

340

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Segundo Martins-da-silva (2002), o sucesso da identificação botânica depende

dos seguintes fatores: modo como as amostras são coletadas, preparadas, transportadas

até o local de estudo e das anotações realizadas no campo.

4. CONCLUSÃO

O estudo mostrou a eficácia do método de coleta de material botânico

(exsicatas) para melhoria da determinação botânica em nível de espécie, mesmo quando

um quarto de todas as exsicatas ficou indefinida ao nível de espécie, ressaltando a

complexidade principalmente das espécies de um pequeno grupo de famílias, além da

inacessibilidade de material fértil durante a coleta de exsicatas em campo.

341

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

BARBOSA, C. V. O. Revisão taxonômica de Geissospermum Allemão

(Apocynaceae). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural da Amazônica,

Belém. 58p, 2016.

BARROSO, G.M. Compositae - Subtribo Baccharidinae Hoffmann - Estudo das

espécies ocorrentes no Brasil. Rodriguésia 28: 1-273. 1976.

BRAZ, D.M.; MOURA, M.V.L.P.; ROSA, M.M.T da. Chave de identificação para as

espécies de Dicotiledôneas arbóreas da Reserva Biológica do Tinguá, RJ, com base

em caracteres vegetativos. Acta bot. bras. 18(2): 225-240. 2004.

CAMARGOS, J. A.; CZARNESKI, C.M.; MEGUERDITCHIAN, I.; OLIVEIRA, D. de.

2001. Catálogo de árvores do Brasil. Brasília: IBAMA/ Laboratório de Produtos

Florestais. Brasília. 643-644p.

FERREIRA, G. C. Diretrizes para coleta e identificação de material botânico. Belém-

PA: Embrapa, 2006.

MARTINS-DA-SILVA, R. C. V. Coleta e identificação de espécimes botânicos -

Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2002. 40p. 21cm. - (Embrapa Amazônia

Oriental. Documentos, 143).

MARTINS-DA-SILVA, R. C. V.; SILVA, A. S. L.; FERNANDES, M. M.;

MARGALHO, L. F. Noções morfológicas e taxonômicas para identificação botânica.

– Brasília, DF: Embrapa, 2014.

PROCÓPIO, L. C.; SECCO, R. S. 2008. A importância da identificação botânica nos

inventários florestais: o exemplo do "tauari" (Couratari spp. e Cariniana spp. -

Lecythidaceae) em duas áreas manejadas no Estado do Pará. Acta Amazonica 38 (1): 31-

44.

SILVA, J. N. M.; CARVALHO, J. O. P.; LOPES, J. do C. A. Inventário florestal de

uma área experimental na Floresta Nacional de Tapajós. Boletim de Pesquisa

Florestal, Colombo, n. 10-11, p. 38-110, jun./dez. 1985.

SILVA, J. N. M.; CARVALHO, J. O. P. de; LOPES, J. do C. A.; ALMEIDA, B. F. de;

COSTA, D. H. M.; OLIVEIRA, L. C. de; VANCLAY, J. K.; SKOVSGAARD, J. P.

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WIGGERS, I. STANGE, C.E.B. Manual de instruções para coleta, identificação e

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SEED – PR UNICENTRO. 2008.

WOODSON JR, R.; E. Apocynaceae. In: Smith AC (ed.). Lloydia 2: 207-209, 1939.

342

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS

UTILIZADAS NA PASTORAL DA SAÚDE NO MUNICÍPIO DE MOJU-PA

Mayanna Igreja dos Santos1; Raianne Ferreira Farias2; Luiz Alberto Cavalcante

Guimarães3, Sebastião da Cunha Lopes4

1 Pós-graduanda do curso de Especialização em Teorias e Metodologias de Ensino para

a Educação Básica. [email protected] 2 Licenciada em Ciências Naturais habilitação Biologia, UEPA.

[email protected] 3 Mestre em Botânica Tropical. UFRA. [email protected] 4Doutor em Ciências Agrárias, UEPA. [email protected]

RESUMO

A utilização das plantas como medicamento é tão antiga quanto o próprio homem.

Partindo desse contexto, o presente trabalho teve como objetivo realizar o levantamento

etnobotânico de plantas medicinais utilizadas no tratamento de enfermidades na Pastoral

da Saúde do município de Moju/PA. A pesquisa do tipo exploratória, teve como técnica

o estudo de caso e foi realizada na Pastoral da Saúde, localizada em Moju. Foram

entrevistadas as agentes voluntárias, cujas perguntas foram sobre: plantas medicinais

(planta utilizada, preparo e origem) e teste bioenergético (diagnóstico). Essas entrevistas

foram realizadas através de gravações. As plantas foram coletadas nos quintais da pastoral

e vizinhanças e identificadas no herbário MFS Profa. Dra. Marlene Freitas da Silva,

Universidade do Estado do Pará. Foram listadas 63 espécies de plantas medicinais

utilizadas, destas, 37 foram coletadas e identificadas no herbário MFS, e 26 espécies não puderam ser coletadas, por isso não foram identificadas cientificamente. As espécies

identificadas foram distribuídas em 26 famílias sendo as mais representativas: Lamiaceae,

Asteraceae, Amarantaceae, Myrtaceae, Malvaceae, Piperaceae, Rutaceae e Verbenacea.

Considera-se a inflamação como doença de maior ocorrência, verificou se que são

utilizadas para confecção de remédios folhas (45%), casca (20%), raízes (11%) e flor

(10%) para o preparo são utilizados chás (42%), Xaropes (20%), tinturas (18%, pomadas

(5%) sucos e banhos (4%), óleos (3%), lavagens e xampu (1%). Os resultados obtidos

nesta pesquisa enfatizam a importância significativa do trabalho desenvolvido pela

Pastoral da Saúde com plantas medicinais no município de Moju.

Palavras-chave: Botânica. Medicamentos Caseiros. Pastoral da Saúde.

Área de Interesse do Simpósio: Botânica

343

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A utilização das plantas como medicamento seja tão antiga quanto o próprio

homem. Nos antigos livros de medicina encontram-se uma imensa variedade de

medicamentos simples e eficazes que o reino vegetal oferecia aos nossos antepassados.

O uso de plantas medicinais esteve muito tempo associado a práticas mágicas, místicas e

ritualísticas, daí a dificuldade de delimitar com exatidão a evolução da arte de curar

(OLIVEIRA et al. 2009).

Segundo Ustulin et al. (2009), a utilização de plantas medicinais para tratamento,

cura e prevenção de doenças é uma das mais antigas formas de prática medicinal da

humanidade. Estudos de Jorge (2009) mostram que desde o ano 3000 a.C., a China

dedicava-se ao cultivo de plantas medicinais quando o Imperador Sheng-Nung utilizou

uma série de plantas em seu próprio corpo e formulou o "Cânone das Ervas" com cerca

de 252 espécies mencionadas.

Conforme evidencia Ford (1978) a forma como o homem vem utilizando, ao logo do

tempo, os vegetais para obtenção de cura das doenças, é que desperta o interesse pela

etnobotânica que por sua vez, vem sendo estudada e definida como o estudo da relação

sociedade-natureza, ou homem-plantas. Segundo Amorozo e Gély (1988), a etnobotânica

ainda consiste em compreender quanto ao uso e aplicação tradicional dos vegetais pela

sociedade.

Para Farnsworth (1988), a importância dada pela comunidade acadêmica a

respeito do conhecimento do uso de plantas medicinais como um método fitoterápico

surge a partir da constatação de que a base empírica utilizada por povos tradicionais ao

longo do tempo pode, em muitos casos, ter uma comprovação científica, que possibilita

a extensão destes usos à sociedade industrializada, produzindo assim maior diversidade

terapêutica de uso farmacológico.

No Brasil, o uso das plantas como medicamento tem enorme influência para o

tratamento de doenças. E muitos são os estudiosos sobre o assunto no país, entre tantos

se pode citar Scoles (2006), Jorge (2009), Pasa (2011) e Vásquez et al. (2014).

A Amazônia, tendo uma flora tão diversificada e abundante possui um expressivo

número de trabalhos publicados sobre plantas medicinais e suas utilidades, Di Stasi e

Hiruma-lima (2002), Medina et al. (2010), Castro, Souza e Fraxe (2010), Souza e

344

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Scudeller (2010), são alguns dos estudiosos que dedicam suas pesquisas à região

Amazônica.

A região do Baixo Tocantins apresenta alguns trabalhos na área da etnobotânica

podem ser citados, entre eles destacam-se as pesquisas de Pinto (2008), e Lobato et al.

(2014). Em relação ao município de Moju, o número de publicações sobre plantas

medicinais vem sendo relativamente menor, onde se destacam os trabalhos de, Machado

e Braga (2011) e Cunha e Neto (2011).

Partindo desse contexto, o objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento

etnobotânico de plantas medicinais utilizadas no tratamento de enfermidades na Pastoral

da Saúde do município de Moju/PA, tendo em vista a grande procura, por parte da

população mojuense, em relação aos remédios caseiros produzidos por esta instituição.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. ÁREA DE ESTUDO

A pesquisa foi realizada no município de Moju distante a 61 km da capital, Belém.

Para a coleta de dados foi utilizada a Pastoral da Saúde localizada no centro da cidade.

A Pastoral da Saúde é uma das pastorais sociais da Conferência Nacional dos

Bispos do Brasil (CNBB) e com organização cívico-religiosa, sem fins lucrativos, de

atuação em âmbito nacional e de referência internacional, comprometida em defender,

preservar, cuidar, promover e celebrar a vida (ou seja, saúde plena) de todo o povo de

Deus, independente de quaisquer fatores de exclusão social, inclusive do credo. Com

vários agentes espalhados por todo território nacional, esta pastoral atua em três

dimensões: solidária, comunitária e político-institucional (PASTORAL DA SAÚDE

NACIONAL, 2015).

A estrutura da Pastoral se baseia na formação de agentes de pastoral, os quais se

dispõem a prestar serviços voluntários à entidade. Essas pessoas têm a missão de cuidar

dos enfermos nos hospitais ou em suas residências, também se interessam por todos

aqueles que o assistem: profissionais de saúde, familiares, agentes pastorais, comunidade

e voluntariado, em favor dos pobres.

Conforme Baldessini (2010), uma das características da Pastoral da Saúde é a

utilização de fitoterápicos como alternativa no tratamento às doenças, além do trabalho

345

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

de prevenção. O uso das plantas medicinais retrata a importância que a instituição dá à

experiência da população, já que um dos objetivos da Pastoral é recuperar e revalorizar a

sabedoria popular, sua fé e sua religiosidade.

A Pastoral da Saúde trabalha com plantas medicinais em dioceses espalhadas por

todo o país, principalmente na região sul do Brasil foi encontrado relatos de que os

agentes de pastoral são treinados para o serviço voluntário participando de palestras e

formações referentes à utilização de plantas medicinais para a produção de remédio

caseiro (COMUNICAÇÃO SOCIAL, 2011).

A Pastoral da Saúde foi criada no município de Moju no ano de 1997 com a vinda

da Congregação das Irmãs Franciscanas de Ingolstad para a região. O trabalho da pastoral

começou a ser realizado no município, com iniciativa da Irmã (Ir) Matilde Picagevicz que

reuniu outras pessoas da comunidade detentoras de conhecimento empírico acerca de

plantas medicinais. Foi fundada no mesmo prédio da Pastoral da Criança devido não

possuir condições financeiras de se instalar em um local com prédio próprio e funciona

até hoje neste mesmo local.

2.2. MÉTODO DE PESQUISA

Foi utilizada a pesquisa exploratória e tendo como técnica o estudo de caso,

fornecendo dados de origem quantitativa (CERVO e BERVIAN, 2002).

2.3. A ENTREVISTA

Foram realizadas duas entrevistas com duas agentes da pastoral, a primeira com

perguntas para informar sobre a espécie utilizada, parte usada, preparo e origem, e a

segunda entrevista foi sobre a realização do teste bioenergético, método utilizado para o

diagnóstico de doenças.

2.4. COLETA E IDENTIFICAÇÃO DAS PLANTAS

As plantas foram coletadas em três locais diferentes, sendo eles: quintal da

pastoral, quintal da casa das irmãs e quintal de residências vizinhas à pastoral. O material

botânico passou pelo processo de herborização e suas exsicatas foram montadas e

incorporadas ao Herbário Prof.ª Drª. Marlene Freitas da Silva (MFS) da UEPA.

346

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. ESPÉCIES LEVANTADAS

Foram listadas 63 espécies de plantas medicinais, no entanto foram

identificadas e incorporadas no herbário (MFS) apenas 37 espécies, distribuídas em 26

famílias, 26 espécies não puderam ser coletadas, por isso não possuem nome cientifico

confirmado.

As 37 espécies coletadas e identificadas foram distribuídas em 26 famílias, as mais

frequentes foram: Lamiaceae contendo 4 espécies e Asteraceae com 3 espécies. As

famílias Amaranthaceae, Malvaceae, Myrtaceae, Piperaceae, Rutaceae e Verbenaceae

apresentaram 2 espécies cada, totalizando 12 representantes. As demais famílias foram

citadas uma vez cada e juntas totalizam 18 representantes.

Estes dados coincidem com os das pesquisas de Santos et al. (2018), em que as

famílias mais representativas também foram Lamiaceae e Asteraceae. Segundo eles, as

espécies pertencentes a estas famílias podem ser encontradas em diferentes regiões do

Brasil, e ainda dominam o grupo de plantas medicinais, por isso geralmente são as que

apresentam maior número de espécies.

Corroborando os dados obtidos nessa pesquisa, Vasquéz et al. (2014) também

observaram as famílias Asteraceae e Lamiaceae como as mais representativas em seu

trabalho realizado no município de Manacapuru-AM. Entretanto, Amorozo (2002) aponta

em sua pesquisa realizada no município de Santo Antônio de Leverger-MT que a família

mais representativa foi a Euphorbiaceae, tendo em vista que não houve registro de

nenhuma espécie desta família neste trabalho.

3.2. DOENÇAS TRATADAS COM PLANTAS MEDICINAIS

Considerando todas as plantas, foram citadas 40 indicações de uso, dentre as quais

se destacam como mais representativas no uso contra inflamações com 25 citações, gripe

com 12, diarreia com 10, verminose com 9, reumatismo 8, cólica intestinal com 8, tosse

com 7, cicatrizante 6, colesterol 5, alergia 5 e anemia, infecções, calmante, diabetes,

pressão alta com 4 citações cada, as demais indicações apresentaram uma ou duas

citações.

De acordo com os dados obtidos, a inflamação é a doença que pode ser tratada por

um maior número de plantas, já que apareceu com maior frequência no levantamento,

347

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

seguida pela gripe, que além de ter diversas espécies de plantas medicinais para seu

tratamento, é uma doença que ocorre com muita frequência na região, a diarreia também

uma doença muito recorrente e pode ser tratada com a utilização de diversas plantas.

3.3. PARTES DAS PLANTAS MAIS UTILIZADAS

As partes das plantas mais utilizadas no tratamento das enfermidades são as folhas

com 35 citações (45%), seguida da casca com 15 (20%), raiz 8 (11%), flor com 7 (10%),

planta toda 2 (3%), fruto 2 (3%), semente, bulbo, óleo, talo, fava, broto, cipó e fibras

todos com 1 citação cada (1%).

Pesquisas realizadas por Rodrigues e Andrade (2014), apresentam semelhanças

com estes resultados, onde também mostram as folhas como as partes das plantas mais

utilizadas, seguidas de cascas de troncos e raízes.

Na instituição da pesquisa conclui-se que o uso das folhas é bem mais frequente,

se for comparado com as demais partes da planta, isto se deve provavelmente pelo fato

desta região apresentar plantas que mantém suas folhas sempre em boas condições de uso

durante quase todo o ano, permitindo assim, uma disponibilidade de medicamentos

sempre que necessário.

3.4. FORMA DE PREPARO DE REMÉDIOS

Os trabalhos de Pinto et al. (2006), Pasa (2011), Oliveira e Menini Neto (2012),

Zucchi et al. (2013), Vásquez et al. (2014), mostram como resultados o chá como forma

de preparo mais utilizada para produção de remédios caseiros. Nesses trabalhos, decocção

e infusão são os modos de chás mais representativos, o que coincidem com os dados desta

pesquisa.

De acordo com o levantamento realizado na Pastoral observou-se que a em forma

de chá é a mais frequente com 42 citações. Em seguida apresentam-se: xaropes com 20,

tinturas com 18, pomadas com 05, sucos, banhos, óleos com 04 citações cada e por fim

lavagens e xampu com 01 citação cada.

Xarope é também um preparo bastante usado na pastoral da saúde, sendo

igualmente mencionado na pesquisa de Amorozo (2002). Além disso, deve-se considerar

o uso acentuado de tinturas para produção dos remédios caseiros na pastoral, como

também mencionado na pesquisa, de Tomazzoni et al. (2006) sobre a utilização de plantas

medicinais pela comunidade do município de Cascavel – Paraná (PR).

348

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Quanto às formas de preparo e utilização de remédios caseiros, percebe-se que

podem ser usados de diferentes maneiras, seja para uso interno ou para uso externo.

4. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho ressaltam a importância que a Pastoral da

Saúde possui, pois é considerada uma instituição de referência no município, em se

tratando da aquisição de remédios caseiros para a cura de determinadas enfermidades.

Uma característica que a diferencia das demais instituições que também trabalham com

plantas medicinais é a forma exclusiva de diagnóstico de doenças, através do teste

bioenergético.

Ressaltamos que a busca por plantas medicinais para a cura de doenças através da

medicina tradicional não está restrita a comunidades tradicionais e comunidades

interioranas, pessoas da cidade buscam este método de tratamento, enfatizando assim a

importância significativa do trabalho desenvolvido pela Pastoral da Saúde com plantas

medicinais no município de Moju.

349

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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352

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

LEVANTAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES COMESTÍVEIS E

ORNAMENTAIS COM POTENCIAL TÓXICO NO MUNICÍPIO DE

SALVATERRA-PARÁ

Keyla Thaise Carvalho de Sousa1; Raimme Paola do Nascimento Pinto1; Munírih Rosa

Amaro1; Igor dos Santos Soares2; Marlyson Jeremias Rodrigues Costa3.

1Graduandas em Ciências Biológicas. Universidade do Estado do Pará - UEPA. Emails:

[email protected]; [email protected];

munirí[email protected];

2 Mestrando em Ciências Ambientais. Universidade do Estado do Pará - UEPA/PPGCA.

Email: [email protected]

3 Drº. em Biodiversidade e Biotecnologia. Professor da Universidade do Estado do Pará

- UEPA. Email: [email protected]

RESUMO

O desconhecimento de características toxicológicas de espécies botânicas cultivadas com

fins ornamentais e alimentares acaba dificultando a tomada de precauções quanto ao

caráter de toxicidade das mesmas. Nesse sentido, o trabalho objetivou levantar e

identificar espécies de plantas tóxicas utilizadas com fins ornamentais e comestíveis

presentes no município de Salvaterra-PA, na perspectiva de evidenciar os riscos que o

manuseio inadequado e a ingestão destes tipos de plantas podem oferecer ao bem-estar

de pessoas e animais. Com o auxílio de aplicativos de identificação e consulta a diretórios

botânicos, foram levantadas e identificadas 40 espécies. Dentre estas, nove espécies

distribuídas em seis famílias botânicas foram categorizadas como ornamentais e alimentíciais: Zephyranthes rosea Lindl. (Amaryllidaceae); Dieffenbachia seguine Jacq.

Schott. e Aglaonema rotundum N.E.Br. (Araceae); Dracaena fragrans (L.) Ker Gawl.

(Asparagaceae); Plumeria rubra L., Catharanthus roseus L. e Pentalinon luteum L.

(Apocynaceae); Ipomoea batatas (L.) Lam. (Convolvulaceae) e Manihot esculenta

Crantz. (Euphorbiaceae). Por fim, estas foram utilizadas para pesquisa de status de

toxicidade através das plataformas Scientific Eletronic Library Online (SCIELO),

Semantic Scholar, National Center for Biotechnology Information (NCBI),

ResearchGate, Flora do Brasil 2020 (Reflora), World Flora Online (WFO) e Sistema

Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sintox). De acordo com a literatura

constatou-se que, em sua maioria, o cultivo destas plantas é baseado em conhecimento

informal, o que repercute em acidentes devido ao desconhecimento das espécies. Todas

as espécies identificadas são responsáveis por provocar acidentes em diversas localidades

no Brasil. Assim, verifica-se a necessidade de ações que disseminem informações com

vistas à prevenção e ao cuidado no uso e manuseio adequado das espécies identificadas.

Palavras-chave: Ilha de Marajó. Botânica. Espécies tóxicas.

Área de Interesse do Simpósio: Botânica

353

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A utilização dos vegetais pelos seres humanos ocorre desde os primórdios da

humanidade onde, a partir da agricultura eram utilizados para fins alimentícios, sendo

também usados pelos seus efeitos curativos na medicina popular (CORRÊA;

MEDEIROS, 1991; MAEZUMY et al., 2018).

A despeito de benefícios que estas plantas possuem, muitas espécies apresentam

substâncias tóxicas, oriundas da soma de características biológicas, físicas e químicas,

que são capazes de produzir reações biológicas adversas se manipuladas indevidamente

por organismos humanos e animais (VASCONCELOS et al., 2009).

Espécies de plantas de uso ornamental e alimentícias também podem apresentar

princípios tóxicos quando ingeridos e/ou tocados, cujos componentes são responsáveis

por irritações cutâneas, fotofobia, sérias manifestações toxicológicas gastrointestinais,

entre outros (ALVES et al., 2016). Entre estes princípios ativos estão os alcaloides,

glicosídeos cardioativos ou cardiotônicos, glicosídeos cianogênicos ou cianogenético,

taninos, saponinas, oxalato de cálcio dentre outros (COSTA SILVA, 2009).

Ao visar à prevenção de eventualidades e acidentes decorrentes da manipulação

de plantas tóxicas, são importantes medidas que visem à precaução no contato repetido e

ingestão, em sua grande maioria devido à proximidade e facilidade de acesso a essas

espécies. Essas condições aumentam a exposição a riscos de pessoas (principalmente

crianças) e animais (SCHVARTSMAN, 1992; ZONETTI et al., 2019). O objetivo deste

trabalho foi levantar e identificar espécies de plantas tóxicas utilizadas com fins

ornamentais e comestíveis presentes no município de Salvaterra-PA, na perspectiva de

evidenciar os riscos que o manuseio inadequado e a ingestão destes tipos de plantas

podem oferecer ao bem-estar de pessoas e animais.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

A pesquisa foi desenvolvida em Salvaterra, Ilha de Marajó, no estado do Pará. O

município possui uma extensão territorial de aproximadamente 1.039,072 km², com

354

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

população estimada em 23.424 habitantes, distribuídos nos espaços urbano e rural (IBGE,

2018).

2.2 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

A coleta de dados ocorreu em jardins e quintais do espaço urbano de Salvaterra,

onde foram registradas e identificadas 40 espécies de plantas, das quais foram

selecionadas apenas as nove mais conhecidas pelo status de toxicidade, de acordo com a

literatura. As visitas aos locais de coleta de dados foram consentidas pelos proprietários

dos imóveis. Em campo, as espécies foram identificadas com auxílio dos aplicativos

PlantNet e PlantSnap, disponíveis na plataforma Android. Posteriormente, para a revisão

de nomenclatura e alocação nas famílias botânicas, se consultou os diretórios botânicos

Flora do Brasil 2020 (Reflora), World Flora Online (WFO), para levantamento de dados

toxicológicos utilizou-se o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas

(Sintox), além de artigos retirados das plataformas Scientific Eletronic Library Online

(SCIELO), Semantic Scholar, National Center for Biotechnology Information (NCBI) e

ResearchGate.

Os dados coletados serão dispostos no decorrer da discussão e inseridos em uma

tabela, sendo abordados de maneira que compreenda o status de toxidade e em qual parte

das espécies identificadas está presente.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O levantamento resultou um quantitativo de 40 espécies, com maioria sendo

introduzidas vindas de outras partes do mundo, mas bem distribuídas nas Américas. As

nove plantas (Figura 01: A, B, C, D, E, F, G, H, I) referidas como tóxicas estão

distribuídas em seis famílias botânicas, e suas respectivas descrições estão listadas no

quadro 1.

355

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 1-registro fotográfico da identificação botânica das espécies tóxicas: A) Zephyranthes

rosea Lindl; B) Dieffenbachia seguine (Jacq.) Schott; C) Aglaonema rotundum N.E.Br.; D)

Dracaena fragrans (L.) Ker Gawl.; E) Plumeria rubra L.; F) Catharanthus roseus (L.) G.; G)

Pentalinon luteum L. BFHansen & Wunderlin; H) Ipomoea batatas (L.) Lam.; I) Manihot

esculenta Crantz.

Quadro 1- espécies botânicas tóxicas de jardins e quintais da cidade de Salvaterra, PA.

Plantas tóxicas

Família/Espéc

ie

Princípio (s)

Ativo (s)

Parte (s)

tóxica(s) Quadro toxicológico

Proce-

dência

Amaryllidaceae

Zephyranthes

rosea Lindl Alcaloides Todas

Vômitos, convulsões e

morte de humanos,

gado e aves.

Ja, Qu*

Araceae

Dieffenbachia

seguine (Jacq.)

Schott

Oxalato de

cálcio e

saponinas

Todas

Irritação por ingestão e

contato, dor em

queimação, inchaço de

lábios língua, palato e

faringe, cólicas

abdominais, náuseas e

lacrimejamento.

Ja, Qu

356

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Aglaonema

rotundum

N.E.Br.

Oxalato de

cálcio --

Irritação das

membranas mucosas,

irritação da pele e

erupção cutânea

dolorosa.

Ja, Qu

Asparagaceae

Dracaena

fragrans (L.)

Ker Gawl. Saponinas

Bulbos

germinativos

Anorexia,

agressividade, arritmias

cardíacas, problemas na

mucosa ocular e lesões

de pele tipo

fotossensibilização.

Ja, Qu

Apocynaceae

Plumeria

rubra L.

Alcaloides

agoniadina,

plumária e

ácido

plumeritânico.

Caule e

folhas

Náuseas, alucinações,

redução dos reflexos,

diarreia e hipotensão.

Ja, Qu

Catharanthus

roseus (L.) G.

Alcaloide da

vinca

Todas Alucinações Ja, Qu

Pentalinon

luteum L.

BFHansen &

Wunderlin

-- Folhas Intoxicação animal Ja, Qu

Convolvulaceae

Ipomoea

batatas (L.)

Lam.

Alcaloides,

antraquinonas,

taninos e

saponinas.

Ramos, flores Sintomas

pneumotóxicos Qu

Euphorbiaceae

Manihot

esculenta

Crantz.

Glicosídeos

cianogênicos

Folhas e

raízes

Cansaço e falta de ar,

fraqueza, taquicardia,

taquipneia, agitação,

confusão mental,

convulsão, coma e

morte.

Qu

Fonte: Presente estudo. *Lê-se: Ja – jardim; Qu - Quintal

Geralmente, a maioria das plantas que foram identificadas como tóxicas em

Salvaterra estão cultivadas em jardins e/ou quintais, com livre acesso de pessoas. No

entanto, além destes locais domiciliares, Dantas (2007a) e Costa Silva (2009), registram

357

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

que estas plantas também são encontradas em espaços ornamentais de parques, pátios,

grandes jardins e shoppings, aumentando o risco de acidentes. É o caso da Plumeria rubra

L. e Catharanthus roseus (L.) G., (COSTA SILVA, 2009), que também foram

identificadas nos locais de coleta do trabalho. Dantas (2007a) reitera que são as

caracteristicas chamativas das flores, frutos ou sementes coloridas, e ainda a presença do

látex, que favorecem o contato com estas espécies.

Por outro lado, para Carvalho e Silveira (2010) a propagação das plantas só é

difundido como recursos que trazem somente beneficios, devido as propriedades que as

permitem serem utilizadas como fonte de alimentação e em muitos casos com própositos

terapêuticos para o tratamento de diversas doenças na medicina tradicional. Isso contribui

com as concepções errôneas sobre essas plantas, e, acabam por representar riscos

potenciais à saúde humana.

Durante a coleta de dados do estudo, foi possível observar a ocorrência acentuada

das espécies Dieffenbachia seguinte (Jacq.) Schott, Pentalinon luteum e Catharanthus

roseus (L.) G., nas decorações de jardins caseiros, e que as pessoas as cultivam sem

informações prévias das mesmas. A proximidade e a exposição destas espécies as

pessoas, principalmente, crianças e animais (considerados grupos de risco), que

costumam manuseá-las sem conhecimento e os cuidados necessários, faz deles as

principais vítimas de acidentes por intoxicação com plantas ornamentais (ZONETTI et

al., 2019).

A vulnerabilidade a grupos de riscos supracitados, demonstra a necessidade no

(re)conhecimento do potencial de toxicidade dessas espécies antes de utiliza-las, do

contrário tornam improprias pra fins ornamentais. Segundo Amador et al. (2000), através

de uma análise de fichas de ocorrências toxicológicas em Maringá, identificou-se 20 casos

de intoxicação tendo a planta ‘comigo-ninguém-pode’ (Dieffenbachia seguine) como a

principal causadora em grupo de criança menores de 14 anos, no ano de 1995. Dantas

(2007b), também refere intoxicação de caprinos, em Recife/PE, pela mesma planta.

Quanto às espécies Ipomoea batatas e Manihot esculenta Crantz, que são espécies

alimentícias, observa-se um quadro mais preocupante, devido ao elevado risco de

intoxicação se não preparadas de forma adequada. Canela et al. (1998) argumenta que a

riqueza em ácido cianídrico dos tubérculos da Mandioca (HCN), tem como consequência

a distribuição de altas taxas de toxicidade na raiz e folhas, que podem causar até a morte

358

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

se consumidas cruas ou mal cozidas. Estes registros indicam a necessidade de educação

a respeito plantas tóxicas.

Colombo et al. (2010) recomenda, portanto, que utilização de plantas como

remédio e alimento deve se limitar a plantas conhecidas e/ou corretamente identificadas,

para que não ocorram graves acidentes, devido aos princípios ativos que fazem parte da

composição química dos vegetais. Jesus; Suchara (2013), reiteram ainda, que estes

metabólitos secundários ao serem tocados, inalados ou ingeridos, são capazes de

promoverem alterações patológicas em pessoas e animais, assim como as descritas para

as espécies do estudo (Quadro 1).

Com vistas à prevenção, as contribuições Alves et al. (2016) e Zonetti et al.

(2019), demonstram ser possível obter resultados satisfatórios, a partir da socialização de

informações para públicos distintos, sobre os cuidados com a toxicidade de plantas. Estes

estudos sinalizam que ações que partem de temas gerais e mais conhecidos, como o de

plantas medicinais, podem ser estratégicos para a introdução ao assunto de toxicidade dos

vegetais.

O trabalho com a temática em diferentes esferas da sociedade, se torna mais

necessário, ao se considerar as dificuldades de diagnóstico e a identificação da espécie

vegetal que provocou a intoxicação (CAMPOS, et al., 2016). Neste contexto, estão entre

os fatores de dificuldade: o não relato, pelo acidentado, do consumo ou contato com a

planta; a barreira de poucas informações sobre o potencial tóxico das espécies e a ausência

de profissional que possa fazer a correta identificação da espécie nos pontos de

atendimento médico (PEACOK et al., 2009; MONSENY et al., 2015).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presença de plantas com potencial tóxico nos jardins e quintais da cidade de

Salvaterra como a Manihot esculenta Crantz., que tem fins alimentícios e é muito

utilizada pelos residentes, principalmente para a produção de farinha d’água, ou a

Dieffenbachia seguine (Jacq.) Schott., que tem fins ornamentais e está presente em grande

quantidade nos jardins dos moradores, sinaliza o risco de eventuais casos de intoxicação

local. Os problemas acometidos pelas plantas identificadas se dão pela falta de

conhecimento da população em relação aos riscos que estas plantas podem trazer. Para

isso, são necessários estudos mais aprofundados na temática que possam identificar e

359

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

divulgar todas as espécies que oferecem perigo à população humana e animais. Para tanto,

campanhas promovidas pelo poder público, ações extensivas em escolas, hospitais, entre

outros espaços, podem favorecer o reconhecimento do risco, a prevenção de acidentes e

o combate a eventuais intoxicações, ações importantes à manutenção da saúde pública.

360

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

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363

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

PERFIL QUÍMICO E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA PLANTA VERÔNICA

(Dalbergia monetaria L.) COLETADA NO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ - PA

Diogo Gabriel Barbosa Pimentel1; Abraão de Jesus Barbosa Muribeca2; Rayana Silva

Craveiro3; Endril Pablo Brasil de Freitas4; Ronilson Freitas de Souza5

1Cursando o Ensino Médio. Escola Estadual de Ensino Médio Salomão Matos /

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Junior.

[email protected] 2Doutorando em Química. Universidade Federal do Pará.

[email protected] 3Graduanda em Licenciatura Plena em Ciências Naturais com Habilitação em Química.

Universidade do Estado do Pará. [email protected] 4Graduando em Licenciatura Plena em Ciências Naturais com Habilitação em Química.

Universidade do Estado do Pará. [email protected] 5Professor no Departamento de Ciências Naturais e Tecnologias – CCSE, Campus XIX.

Universidade do Estado do Pará. [email protected]

RESUMO

A Amazônia é um local onde existe uma cultura fitoterápica, decorrente de vários fatores:

pelo fácil acesso as plantas medicinais, pelo conhecimento popular, a questão financeira,

os benefícios terapêuticos e entre outros. Até mesmo nas antigas civilizações se usavam

extratos de plantas como fontes de remédios naturais, para tratamento, cura e prevenção

de diversos males de diversas etiologias causadas ao homem, sem qualquer conhecimento

da composição química destes extratos. Grande parte desta população atualmente ainda

faz uso destes vegetais baseando-se apenas no saber empírico, o que torna essencial a

realização de levantamentos científicos para verificar e validar a possibilidade de tornar-

los em fármacos com potencial curativos. Na região Amazônica existe uma grande

diversidade de espécimes de plantas medicinais, dessas muitas ainda são desconhecidas

e outras não são muito estudadas como é o caso Verônica (Dalbergia monetaria L.). Neste

contexto o objetivo deste trabalho foi determinar o perfil químico e avaliar o potencial

antioxidante de planta medicinal Dalbergia monetaria L., utilizando o CCDC para

determinar o perfil químico e por meio do método de DPPH, averiguar a atividade

antioxidante deste vegetal. Com os resultados obtidos foi possível verificar a presença

considerável de compostos antioxidantes, as quais pertencentes à classe dos flavonoides,

no entanto, há uma necessidade de isolamento e elucidação de possíveis estruturas com

princípios ativos.

Palavras-chave: Verônica. Plantas Medicinais. Potencial Antioxidante

Área de Interesse do Simpósio: Botânica

364

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

As plantas medicinais são utilizadas há muito tempo no tratamento de

enfermidades e alteração no curso de doenças, muitas vezes sendo o único recurso

terapêutico disponível, como no caso de populações que não possuem fácil acesso a

serviços de saúde ou medicamentos industrializados. Segundo a Organização Mundial da

Saúde (OMS) o consumo de medicamentos à base de ervas e plantas medicinais é hábito

comum para aproximadamente 80% da população mundial (VITAL, 2014).

As propriedades medicinais das plantas têm um papel muito importante na questão

socioeconômica, tanto para as populações que vivem no meio rural, como as que vivem

no meio urbano. Na maioria das vezes nativas da região, ou cultivadas em quintais,

reduzindo os gastos com medicamentos sintéticos. Este é um aspecto que também pode

estar ocasionando a prática de cultivos de plantas com atividades biológicas na região

amazônica (MERA et al.,2018). Como grande parte da população faz uso destes vegetais

baseando-se apenas no saber empírico, torna-se essencial realizar de levantamentos

científicos para possibilidade de tornar estas plantas como fitoterápicos.

2. METODOLOGIA

A coleta da espécie foi realizada no município de Soure, localizado no

Arquipélago de Marajó - PA. Foi realizada em dois momentos: uma coleta no período de

agosto a outubro de 2018, e em março a abril de 2019, posteriormente as amostras foram

encaminhadas para o Laboratório de Ciências Naturais na Universidade do Estado do

Pará, Campus XIX, em Salvaterra - PA.

2.1 OBTENÇÕES DOS EXTRATOS SECOS

Para obtenção dos extratos secos foram utilizados às partes aéreas e sistemas

radiculares da planta Verônica (Dalbergia monetaria L) que foi submetido à secagem em

estufa à temperatura de 40ºC por um período de três dias, e triturados em um

microprocessador Wallita®, a fim de favorecer a solubilização com o solvente no

processo de maceração. O material foi macerado com álcool etílico 92,8° INPM em

temperatura ambiente e a extração realizada em três ciclos de 72 h, totalizando um período

365

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

de nove dias, a cada 72 h o material vegetal passou por filtração a vácuo sendo adicionado

um novo solvente. Ao final, os extratos foram armazenados em frascos âmbar.

2.2 CCDC (CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA COMPOSTA)

Segundo a indicação de Collins (2006) a caracterização química das amostras foi

realizada por CCDC, que foi possibilitado pelo uso dos marcadores químicos específicos.

As amostras e os marcadores químicos foram aplicados, com volumes iguais (10 μL), em

placas cromatográficas de sílica gel, empregando o revelado metanol / ácido fórmico

(5:5), diclorometano / metanol / acetona / ácido (79:10:10:01), diclorometano / metanol /

ácido fórmico (97:02:01) e diclorometano / metanol (5:5), acetona / diclorometano (5:5).

2.2.1 Sistemas de reveladores

Os sistemas reveladores foram embasados nos trabalhos de Barros e Pedrosa

(2018) e Reis (2018). VAS: a utilização da solução de VAS foi realizada nas seguintes

etapas, aplicação da solução na placa de sílica gel, posteriormente com o auxílio de uma

placa térmica aquecida em temperatura constante de 100ºC, durante 10 minutos para a

visualização dos resultados. NP/PEG: a solução de NP foi aplicada primeiro, seguida pela

solução de PEG. Após aplicação dos reveladores foi possível observar a placa sob a luz

ultravioleta (366 nm). DRAGENDORFF: Revelação com Dragendorff: após a aplicação

do reagente Dragendorff, foi aplicado o revelador ácido sulfúrico 10%, para melhor

visualização dos resultados. A solução aquosa faz com que a evaporação do revelador

seja muito lenta e por vezes o tempo de evaporação faz com que as manchas desapareçam.

Para acelerar o processo de evaporação, foi utilizado um secador de cabelo na temperatura

mínima.

2.2.2 Atividade antioxidante dos extratos

As amostras foram tratadas seguindo os parâmetros de aplicação em CCD. Os

sistemas de eluição foram os mesmos empregados para o perfil químico. A solução

0,005% de DPPH, ou seja, 25 mg em 50 mL de metanol, para derivatizar a placa após a

eluição. Em seguida, a placa foi coberta por papel alumínio durante 20 minutos e os

resultados fotografados.

366

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2.3 DETERMINAÇÕES DE COMPOSTOS FENÓLICOS

Foi pesado 0,001 g de extrato seco e diluído em 10 mL de metanol, posteriormente

0,5 mL dessa solução foi misturada com 2,5 mL do reagente Folin-Ciocalteau (10%), 2

mL de carbonato de sódio (7,5%) e 3 mL de água destilada. Homogeneizado em vórtex e

levado a banho maria (Hermoquímica®) na temperatura de 50°C por 15 min; a

absorbância foi lida em 760 nm em espectrofotômetro (ThermoScientific®). O ácido

gálico foi usado como padrão e o teor de fenóis totais foi expresso em mg.EAG.g.

Figura1 - Curva padrão de ácido gálico.

Fonte: Autores.

2.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE PELO MÉTODO DE DPPH

Para avaliação da capacidade antioxidante foi usado como base o método de

DPPH (BRAND WILLIAMS, 1995). Para realização dos ensaios, preparou-se uma

solução de DPPH 100 μM com metanol, esta foi ajustada para uma absorbância entre

0,620 a 0,630 sendo mantida sob refrigeração a 4°C até o momento das análises.

Utilizaram-se os extratos secos para a preparação de soluções de metanol, onde foi feita

para cada planta de 4 a 6 diluições com concentrações diferentes. Retirou-se uma alíquota

de 1,25 mL de cada concentração e misturou-se com 1,5 mL da solução DPPH em

metanol. Juntamente com as amostras foi preparado um controle negativo com 1,25 mL

de metanol e 1,5 mL de DPPH. As misturas foram deixas em repouso e abrigados da luz

por 30 min. A absorbância foi lida no espectrofotômetro (ThemoScientífic®) a 517 nm

contra um branco de metanol. Os valores obtidos na leitura foram convertidos em

367

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

porcentagem da inibição por meio da equação: % de Inibição do DPPH = (Abs. controle

negativo – Abs. amostra / Abs. controle negativo) x 100.

Por meio do programa Microsoft Office Excel 2016, construiu-se um gráfico de

inibição (eixo x) versus as respectivas concentrações dos extratos (eixo y). A curva gerada

foi interpretada segundo uma linha de tendência reta, por meio desta, obteve-se equações

que permitiram estimar a concentração de cada extrato eficiente para reduzir a quantidade

inicial de DPPH pela metade (EC50).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CCDC

Foram utilizadas placas de sílica em gel 20x20 cm, em seguida foram cortadas no

tamanho 10x10 cm e lavadas com metanol. A amostra de Verônica foi disposta em

frascos, acrescida de metanol, colocada no sonicador para solubilizar, em seguida diluída

em metanol até ficarem na concentração de 5.000 miligramas. Foi encaminhada para

camag automatic tlc sampler 4. A amostra depositada nas cubetas para a realização das

corridas; que foram reveladas e fotografadas, em seguida foi estabelecido um padrão do

sistema de diclorometano / metanol / ácido fórmico (9,7:0,2:0,1), sistema um pouco leve

a fim de arrastar substâncias menos polares e diclorometano / metanol / acetona / ácido

(7,9:11: 0,1) sistema mais forte, para arrastar substâncias polares que não foram arrastadas

pelo anterior. Durante as análises os resultados foram fotografados na máquina Camag

tlc visualizer usando os aspectos luz visível; luz 254 nm e a luz 366 nm para visualização

de um número maior de substâncias.

3.1.1 Sistemas reveladores

Os sistemas reveladores utilizados foram o reagente vanilina – ácido sulfúrico

(VAS). Após a aplicação da solução VAS, a placa com as amostras foi aquecida com o

auxílio de uma placa térmica em temperatura constante de 100ºC, durante 10 minutos

para a visualização dos resultados e depois foi fotografada na luz visível.

368

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2 – Sistema revelador VAS.

Fonte: Autores.

Legenda: Coluna 1 - Amostra padrão (Rutina). Coluna 2 - Amostra de Verônica.

Na coluna 1 (Rutina) foi encontrada Flavonoides. Na coluna 2 (Verônica) foi

encontrado as substâncias: flavonoides; Irioides glicosilados e secoirioides.

Reagente NP/PEG: a solução de NP foi aplicada primeira, em seguida foi aplicada

a solução do PEG. Após aplicação dos reveladores observou-se a placa sob a luz

ultravioleta (366 nm).

Figura 3 – Sistema revelador NP/PEG.

Fonte: Autores.

Legenda: Coluna 1 - Amostra padrão (Rutina). Coluna 2 - Amostra de Verônica.

Na coluna 1 (Rutina) foram encontrados antronas e antronoise, enquanto que na

coluna 2 (Verônica) foram encontrados ácidos carboxílicos, fenólicos, cumarinas e

flavonoides.

DRAGENDORFF: Após a aplicação do reagente Dragendorff, foi adicionada a

solução do revelado ácido sulfúrico 10% que melhorou visualização dos resultados. Para

369

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

acelerar o processo de evaporação, a placa foi aquecida com auxílio de um secador de

cabelo.

Figura 4 – Sistema revelador Dragendorff.

Fonte: Autores.

Legenda: Coluna 1 - Amostra padrão (Brucina). Coluna 2 - Amostra de Verônica.

Nas colunas 1 (Brucina) e 2 (Verônica) foram detectadas a presença de

alcaloides.

Figura 5 – Sistema revelador DPPH.

Fonte: Autores.

Legenda: Coluna 1 - Amostra padrão (ácido ascórbico). Coluna 2 - Amostra de Verônica.

Na coluna 1, possui a presença de antioxidantes e na coluna 2 também foi possível

identificar metabólitos com potencial antioxidantes.

3.2 COMPOSTOS FENÓLICOS

370

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

O resultado obtido para a quantificação do teor total de compostos fenólicos da

amostra Verônica, coletada no município de Soure, na Ilha do Marajó - Pará está

apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 - Resultados da quantificação de fenóis totais

das amostras de Verônica.

Nome da planta (nome popular) Fenóis Totais1

Dalbergia monetaria L. (Verônica) 725,40 ± 1,22

1teor total de fenóis expressos em miligramas equivalentes de ácido gálico por grama.

Fonte: Autores.

3.3 CAPACIDADE ANTIOXIDANTE

Tabela 2 – Inibição do DPPH para cada concentração de extrato da Verônica.

Nome da planta (Nome popular)

Concentração

(µg.mL-1) Inibição do

DPPH(%)

EC50

(µg.mL-1)

Dalbergia monetaria L.

(Verônica)

15 12 9 6 3

1,5

91,90 73,45 71,92 54,38 31,57 23,61

6,17

Fonte: Autores.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A região amazônica tem uma biodiversidade riquíssima que pode guardar avanços

no ramo farmacológico, por isso, é valido investigar de forma científica os conhecimentos

empíricos disseminados através da tradição oral, para averiguar os possíveis benefícios

da utilização desses conhecimentos na região. A partir das análises realizadas, ressalta-se

que a verônica tem propriedades fitoterápicas e uma boa atividade antioxidante,

comprovando dessa forma que ela pode ser considerada uma planta medicinal.

371

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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de Salvaterra – Ilha de Marajó, Pará. 2018. 58 f. Trabalho de Conclusão de Curso

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conclusão de Curso (Farmácia) - Universidade Católica de Brasília, Distrito Federal,

2014.

372

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

PROBLEMÁTICA NA ASSOCIAÇÃO DE NOMES VERNACULARES E

CIENTÍFICOS: O CASO DO CAJU

Stefany de Andrade Silva1; Gracialda Costa Ferreira²; Ingrid Raphaela Cromwell

Pereira³; Daniel Pereira da Silva Filho4; Alessandra de Cassia Nascimento Vinagre5.

1Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected]

²Doutora em Botânica Tropical, Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected]

3Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected]

4Graduando em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected]

5Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected]

RESUMO

O processo de manejo florestal exige uma correta identificação das espécies para seu uso

de acordo com suas propriedades físicas, químicas e mecânicas. No entanto, existe uma

variabilidade de nomes vernaculares e científicos na família Anacardiaceae, o que pode

acarretar um diagnóstico equivocado e comprometer a comercialização e biodiversidade.

O objetivo do trabalho é relacionar nomes vernaculares com científicos para verificar

família, ocorrência no estado do Pará, ameaça de extinção, valor e volume de madeira.

Para isso, foram obtidos dados por meio da base do SISFLORA do relatório de Extração

Comércio de Toras de Madeira por Essência, pela SEMAS (Secretaria de Meio Ambiente

e Sustentabilidade) e pela plataforma do Flora do Brasil. Com isso, verificou-se a

existência de 8 nomes vernaculares na base de dados do SISFLORA, que contabilizam o

total de 147.696,28 m³ e R$16.941.638,63. Para esses 8 nomes vernaculares foram

listados 11 nomes científicos, tendo entre eles apenas 5 nomes aceitos de acordo com o

Flora do Brasil. As características macromorfológicas são de extrema importância para a

diferenciação das espécies em campo por possuírem estrutura especificas. Desse modo, a

correção e divulgação da nomenclatura corrigida de espécies dentro do gênero são

imprescindíveis para auxiliar em estudos científicos confiáveis e para o bom manejo das

espécies.

Palavras-chave: Manejo Florestal. Identificação. Características Macromorfológicas.

Área de Interesse do Simpósio: Botânica

373

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A identificação botânica é de grande importância no setor madeireiro, pois com a

identificação correta é possível acessar informações sobre o uso da madeira para cada

espécie, de acordo com suas características físicas, químicas e mecânicas (LIMA, 2015).

No entanto, o agrupamento de várias espécies no mesmo vernacular inviabiliza o

diagnóstico correto para o uso da madeira, portanto, é necessário avaliar a relação na

identificação das madeiras inventariadas do “caju” e variantes. Para, além disso, a

importância ecológica e para o uso sustentável de recursos florestais, que não venha

prejudicar o setor econômico, comercial e a biodiversidade por um diagnóstico incorreto.

(ARAUJO, 2016).

É prática na realização de inventários florestais se atribui a determinação as

espécies a profissionais que detém o conhecimento empírico sobre as plantas, por serem

nativos desta, os chamados “mateiros” que utilizam nome vernaculares para nomear as

espécies. Posteriormente, esses nomes vernaculares serão associados a nomes científicos,

obtidos em literatura, consulta em sites ou disponível em listas de outros inventários

comerciais. É uma pratica que não considera qualquer informação mais consistente sobre

a verdadeira identidade das árvores nomeadas. Para Kanashiro (2002), este procedimento

leva a uma confusão entre os nomes vernaculares e os científicos acarretando exploração

desordenada e não sustentável das florestas, trazendo prejuízos para a empresa e para a

biodiversidade.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2002), por meio da Instrução Normativa

Nº 04, estabeleceu critérios para a exploração sustentável da floresta e, destaca sobre que

a identificação e levantamento de todas as árvores a serem exploradas nos inventários,

devem apresentar dados consistentes e autênticos. Em vista disso, a legislação determina

esses os parâmetros para que os atores manejadores possam trabalhar, causando menor

impacto.

Anacardium giganteum, no Pará vulgarmente chamado de “Caju”, pertence à

família botânica, ocorrente em algumas partes do Brasil, presente também na Índia,

Vietnã, Moçambique e Nigéria. A amêndoa do caju é o produto comercial de maior

importância, seu mercado é centrado na exportação, que é o destino de cerca de 90% da

produção nacional, além de apresentar importância madeireira por possuir alto brilho e

atrativamente marcada com desenhos formados pelos veios. A madeira é leve, possuindo

374

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

propriedades mecânicas e retratilidade baixa. A espécie em questão foi escolhida devida

a importância econômica e por ter poucas literaturas vigentes a respeito das espécies. O

objetivo do trabalho é relacionar nomes vernacular com científicos para verificar família,

ocorrência no estado do Pará, ameaça de extinção, valor e volume por meio do

SISFLORA (Sistema de Comercialização e transportes de Produtos Florestais).

2. METODOLOGIA

Os dados utilizados relacionados a nomes científicos, nomes vernacular, gênero,

família, volume e valor da madeira do caju foram adquiridos pelo portal SISFLORA

(Sistema de Comercialização e transportes de Produtos Florestais) e pelos relatórios de

Extração e Comercio de Toras de Madeiras Nativas por Essência da SEMAS (Secretaria

do Meio Ambiente e Sustentabilidade).

Utilizando o Excel os dados referentes aos nomes científicos e sua ocorrência no

Estado do Pará e no Brasil, foram organizados e corrigidos visando sua verídica ortografia

e ocorrências, adquiridas por meio do sistema da Flora do Brasil. Por meio dos dados

obtidos pelo Flora do Brasil (Reflora), foi realizada uma verificação referente às

características macromorfológicas que são importantes para a identificação da família e

da espécie em campo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente estudo, verificou-se a existência de 8 nomes vernaculares na base de

dados do SISFLORA, que contabilizam o total de 147.696,28 m³ e R$16.941.638,63.

(Quadro 1).

Foram listados 11 nomes científicos, sendo que, após a correção na plataforma do

Reflora, apenas 5 nomes são considerados válidos - Anacardium spruceanum Benth. ex

Engl., Anacardium sp., Anacardium parvifolium Ducke, Anacardium occidentale L.,

Anacardium microsepalum Loes-. Além disso, verificou-se na mesma plataforma que a

espécie Anacardium excelsum não ocorre no Brasil e a Anacardium parvifolium não

ocorre o Pará.

375

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Quadro 1- Volumes e valores associados aos nomes vernaculares da base de dados do SISFLORA.

Nome vernacular Volume (m³) Valor (R$)

Caju 34.529,99 4.369.902,32

Cajuaçu 88.664,37 9.919.026,91

Caju-da-mata 1.640,31 187.836,43

Caju-de-janeiro 1.745,24 218.041,98

Caju-do-mato 4.862,34 460.887,20

Cajueiro 1.326,47 106.497,31

Cajuí 14.868,59 1.674.573,67

Cajuí-da-mata 59,07 4.902,81

Total: 147.696,38 16.941.638,63

Fonte: SISFLORA. Quadro 2- Volumes e valores associados aos nomes científicos e quantidade de nomes

vernaculares (Qv).

Nome científico correto Nome científico Qv Volume

(m³) Valor (R$)

Anacardium occidentale L. Anacardium

curatellaefolium A.St.-

Hil.

1 329 51.268,11

Anacardium excelsum (Bertero

& Balb. ex Kunth) Skeels Anacardium excelsum

Skeels. 2 2.313,56 284.564,37

Anacardium giganteum

W.Hancock ex Engl. Anacardium giganteum

Hanck ex Engl. 6 71.264,76 8.042.938,35

Anacardium occidentale L. Anacardium microcarpum

Ducke 2 2.883.30 367.831,44

Anacardium microsepalum

Loes. Anacardium

microsepalum Loes 1 1.609,07 181.327,51

Anacardium microsepalum

Loes. Anacardium negrense

Pires & Fróes 1 243,01 18.525,39

Anacardium occidentale L. Anacardium occidentale

L. 1 4.200,73 582.982,78

Anacardium parvifolium

Ducke Anacardium parvifolium

Ducke 3 20.030,67 2.356.127,03

Anacardium sp. Anacardium sp. 1 1.745,24 218.041,98

Anacardium spruceanum

Benth. ex Engl. Anacardium spruceanum

Benth. ex Engl. 4 42.654,34 4.791.437,1

Anacardium parvifolium

Ducke Anacardium tenuifolium

Ducke 2 422,7 46.624,57

Fonte: Reflora e SISFLORA.

376

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

A espécie Anacardium giganteum. possui a maior quantidade de nomes

vernaculares relacionados - caju, cajuaçu, caju-do-mato, cajueiro, cajuí e cajuí-da-mata -

e consequentemente, o maior volume e valor, respectivamente, 71.264,76 m³ e R$

8.042.938,35. Enquanto a espécie Anacardium microsepalum Loes. (nome corrigido da

espécie Anacardium negrense Pires & Fróes), apresenta apenas um nome vernacular,

cajú, e o menor volume e valor, respectivamente, 243,01 m³ e R$18.525,39.

A diversidade de nomes vernaculares associados a um único nome científico

ocasiona uma identificação incerta das espécies, ocasionando indevidas explorações que

afetam a biodiversidade e a comercialização. Segundo a publicação de SANTOS, S R.

M., O. R. KATO & M. M. TOURINHO, 2019, a espécie Anacardium giganteum

W.Hancock ex Engl. é classificada como cajuí. E Gonçalves & Lucas, 2017 classificam

a mesma espécie com o nome vernacular de caju-do-mato.

Para a identificação correta das espécies, é necessário o reconhecimento das

características macromorfológicas referentes a tipos foliares, tronco, casca, entre outros

(Quadro 3).

Quadro 3- Características macromorfológicas correspondente ao nome científico correto.

Espécies Folhas Casca Tronco

Anacardium spruceanum

Benth. ex Engl. Alternas compostas, ou

imparipinadas, ou simples Lisa com

lenticelas Base reta

Anacardium parvifolium

Ducke Simples, agregadas em

direção ao ápice Lisa Base reta

Anacardium occidentale L. Alternas, pecioladas, ovadas

e obtudas Escamosa ou

lisa Tortuoso e

ramificado

Anacardium excelsum

Skeels. Simples e sem estípulas,

relativamente grandes Escamosa ou

lisa Base reta

Anacardium giganteum

Hanck ex Engl Simples, alternas e

espiraladas Lisa com

lenticelas Aéreo

Anacardium microsepalum

Loes Pecioladas, com a base

obtusa Lisa com

lenticelas Aéreo

Fonte: Flora do Brasil e Flora da Reserva Ducke (1999).

377

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pela análise da pesquisa, conclui-se que 11 nomes científicos correspondem a 8

nomes vernaculares do caju e suas variantes, por conta da identificação incorreta ou

desconhecida feita comumente feita por mateiros.

A identificação equivocada das espécies da família Anacadiaceae, podem

acarretar uma exploração desordenada e uma comercialização imprópria prejudicando a

finalidade para o mercado madeireiro devido as suas particularidades.

Consequentemente, afeta a biodiversidade e a manutenção ecológica da região explorada.

O reconhecimento das espécies pode ser facilitado por meio das características

macromorfológicas como folha, casca e tronco que podem se diferenciar entre espécies

distintas.

Desse modo, a correção e divulgação da nomenclatura corrigida de espécies

dentro do gênero Anacardium são imprescindíveis para auxiliar estudos científicos

visando o manejo adequado das espécies.

378

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

ARAÚJO, J. A.; NASCIMENTO, C. C. da.; CALDERON, C. M. A.; CALDERON, R. A

IDENTIFICAÇÃO ANATÔMICA DE MADEIRA COMO FERRAMENTA AUXILIAR

DA SUSTENTABILIDADE DOS RECURSOS FLORESTAIS MADEREIROS. Seminário

internacional de ciências do ambiente e sustentabilidade na Amazônia, IV.; ENCONTRO

AMAZÔNICO DA ASSOCIAÇÃO NACINAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE, 1°,2016.

KANASHIRO, M. 2002.AS DIFERENÇAS ENTRE AS ÁRVORES. Pesquisa FAPESP, nº 82.

São Paulo.

LIMA, P. P.; ILKIU-BORGES, F.; FARO, B. L. S. de O.; COSTA, P. A. da. IMPORTÂNCIA

DA IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA NA COMERCIALIZAÇÃO DE ESPEÉCIES

MADEREIRAS. SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 19.; SEMINÁRIO DE PÓS-

GRADUAÇÃO DA EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 3., 2015, Belém, PA.

SANTOS, S. R. M., O. R. KATO & M. M. TOURINHO, 2019. DIVERSIDADE

FLORÍSTICA E ESTOQUE DE CARBONO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS EM

DOIS MUNICÍPIOS DO NORDESTE PARAENSE, BRASIL. Boletim do Museu Paraense

Emílio Goeldi. Ciências Naturais, 14(1): 31-4. Disponível em:

<https://ww.bb.com.br/docs/pub/inst/dwn/Vol4FrutCaju.pdf>. Acesso em: 6.nov.2019

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

MAPEAMENTO E LEVANTAMENTO DAS COLEÇÕES DE ESPÉCIES

ORNAMENTAIS DO HERBÁRIO FELISBERTO CAMARGO REGISTRADAS

PELO BRAHMS

Thalisson Johann Michelon de Oliveira1; Anderson dos Santos Monteiro2; Matheus

Lopes Nascimento3; Roberta Marselle dos Santos4; Manoel Euclides do Nascimento5.

1 Graduando em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 2 Graduando em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 3 Graduando em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 4 Graduanda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 5 Doutor em Fitotecnia e curador do Herbário Felisberto Camargo. Universidade Federal

Rural da Amazônia. [email protected].

RESUMO

O projeto Herbário Virtual de Coleções Temáticas com Espécies da Flora Amazônica

com Interesse Agronômico e Florestal discrimina as espécies conforme seu potencial,

incluindo utilização madeireira, ornamental, invasoras, medicinais e frutíferas. Este

trabalho teve como objetivo quantificar as espécies das coleções ornamentais que já foram

incorporadas ao banco de dados do Herbário. Foram realizadas coletas de material

botânico no Parque Estadual do Utinga (PEUT) e na Universidade Federal Rural da

Amazônia (UFRA - Belém). O método de coleta foi o usual em Taxonomia Vegetal. As

amostras foram prensadas em campo, levadas para secar em estufa e montadas em

cartolina no tamanho padrão para exsicatas. O programa Brahms (Botanical Research

And Herbarium Management System) – específico para fins de gerenciamento de dados

de herbário – auxiliou na organização das diferentes espécies coletadas e na junção das

imagens das exsicatas com dados de campo. O mapa de localização foi feito através de

software de sistema de informação geográfica (QGIS – versão 3.4). Foram coletadas 262

amostras, com 39 famílias distintas, sendo a Fabaceae a que mais teve espécies,

totalizando 18% do total, e dentro desta família foram encontrados 15 gêneros distintos.

Esta primeira fase do projeto contribuiu enormemente para a área de Taxonomia Vegetal

e áreas correlatas da UFRA, pois restaurou o herbário da instituição e já possui espécies

ornamentais depositadas e organizadas conforme a perspectiva de coleções temáticas,

com vistas a criação de um site para disponibilização destas informações, assim a

disseminação das informações das espécies coletadas se tornará mais abrangente e mais

prática para muitos interessados, otimizando o tempo que levariam para realizar a mesma

consulta em herbários físicos.

Palavras-chave: Flora amazônica. BRAHMS. QGIS. Fabaceae.

Área de Interesse do Simpósio: Sistemática e Biogeografia.

380

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Desde que o ser humano começou a se relacionar mais com o ambiente através da

fixação em um determinado lugar, o mesmo começou a fazer atividades com plantas com

o viés estético e paisagístico, sendo que gerações futuras começaram a cultivá-la com

outras finalidades, como na cultura e religiosidade (HEIDEN et al, 2006). Além de que o

cultivo de plantas pelo prazer estético está intrinsicamente ligado a relevância ambiental

e socioeconômica.

Muitas plantas são comercializadas para cultivo por sua beleza, podendo utilizá-

las em paisagismo, arquitetura e em diversas áreas, denomina-se à essas plantas sendo

como ornamentais. O mercado brasileiro de flores e plantas ornamentais está em grande

crescimento atualmente no Brasil (SEBRAE, 2015), visto que muitas pessoas começaram

a utilizar produtos naturais para a decoração em suas casas e locais públicos, logo é uma

ótima fonte de renda para pequenos e médios produtores (LINS, 2004). Além do que

conforme Lilian Anefalos et al (2003), este setor está se expandindo para o mercado

externo.

Consoante Araújo et al (2013), herbários em si são ótimos projetos de ensino,

extensão e pesquisa. Tendo em vista o ensino, muitos herbários aceitam visitantes para

exposição de seus trabalhos, o que seria uma ótima forma de assimilação taxonômica e

morfológica para serem utilizadas em práticas desenvolvidas pelos professores, visto que

são ótimos lugares para ministração de aulas botânicas. Na extensão, herbários ofertam a

toda a comunidade conhecimentos sobre a flora local, o que se feito de maneira correta,

geraria maior interesse em cuidar do ambiente. E em pesquisas, herbários abrigam muito

conhecimento científico, estimulando a criação de artigos para a disseminação desse

conhecimento no meio científico.

O Herbário Felisberto Camargo, da Universidade Federal Rural da Amazônia, foi

criado na segunda metade do século XX. O objetivo de sua criação, foi, sobretudo,

fornecer subsídios às disciplinas Botânica e Sistemática Vegetal, bem como contribuir ao

desenvolvimento de trabalhos de cunho científico na graduação e pós-graduação,

naquelas disciplinas e em áreas afins. Desde sua criação, várias coletas foram realizadas

por sucessivas turmas de alunos dos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal, em que

cerca de 3.600 amostras encontram-se registradas.

381

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

A região amazônica, especificamente a cidade de Belém, conta com dois grandes

herbários, o da EMBRAPA e do Museu Paraense Emilio Goeldi, porém, nesses herbários,

o objetivo principal é fazer coletas generalizadas e amplos levantamentos botânicos para

formar coleções clássicas de toda flora amazônica. Entretanto, os referidos herbários não

trabalham em contato direto com o aluno, ou destinadas a atender áreas específicas de

estudo nas Ciências Agrárias, como prevê a presente proposta. Assim, é necessária a

formação de coleções temáticas com espécies de interesse agroflorestais para atender aos

anseios dos professores e estudantes desta universidade, nos cursos de Graduação e Pós-

Graduação, outros profissionais de áreas afins e a própria comunidade.

O projeto Herbário Virtual de Coleções Temáticas com Espécies da Flora

Amazônica com Interesse Agroflorestais discrimina as espécies conforme seu uso,

incluindo utilização madeireira, ornamental, invasoras, medicinais e frutíferas. Este

trabalho teve como objetivo quantificar as espécies das coleções ornamentais que já foram

incorporadas ao banco de dados do programa Brahms sobre o Parque Estadual do Utinga

(1°25'33.6"S 48°26'40.6"W) e Universidade Federal Rural da Amazônia (1°27'17.5"S

48°26'46.0"W) e levantar mais dados a respeito.

2. METODOLOGIA

Foram realizadas coletas de material botânico na Universidade Federal Rural da

Amazônia (UFRA) – Campus Belém, e no Parque Estadual do Utinga (PEUT) foi através

de registros feitos pelo BRAHMS em diversos períodos a partir do mês de março de 2018

– mês em que foi inaugurado o PEUT após sua revitalização.

O método de coleta foi a utilização de podão e tesoura de poda, sendo que as

amostras foram prensadas em campo para que não ocorra a degradação do material até

que o mesmo chegue ao laboratório para a prensagem final evidenciando as flores e

características peculiares da amostra. Para a proteção dos coletores foi feita a utilização

dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como o uso de capacete, luva, calça

comprida e perneira para evitar picadas de animais peçonhentos.

382

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Após a coleta as amostras foram levadas para secar em estufa a 60°C por um

período de 72h para retirar a umidade e evitar que o material botânico crie fungos e

degrade o material fazendo com que o mesmo perca características importantes.

A montagem foi feita em cartolina no tamanho padrão para exsicatas, as colagens

foram com cola de isopor para a fixação do material, os envelopes foram feitos com papel

manteiga e colada com cola branca.

Após finalizadas, as amostras ficam armazenadas em locais com temperatura e

umidade controlada, a temperatura deve estar em torno de 25° C e a umidade em 50%,

pois assim evita a proliferação de fungos que estão naturalmente pelo ar nas espécies

coletadas, fazendo com que assim o material fique conservado por mais tempo (ROTTA

et al, 2008).

O programa Brahms (Botanical Research And Herbarium Management System)

– específico para fins de gerenciamento de dados de herbário – auxiliou na organização

das diferentes espécies coletadas e na junção das imagens das exsicatas com dados de

campo. O programa também auxiliou na criação da etiqueta com todos os dados

necessários para ser colada no material como pode ser observado na figura 1.

383

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

O mapa de localização das espécies foi feito através de softwares de sistema de

informação geográfica (QGIS – Versão 3.4), com coordenadas geográficas coletadas em

campo. Ademais, os shapefiles utilizados foram adquiridos no site do IBGE e Ideflor.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número de espécies coletadas soma 262 amostras em 39 famílias distintas:

Apocynaceae, Bignoniaceae, Fabaceae, Malvaceae, Melastomataceae, Nyctaginaceae e

Rubiaceae, estas são as que apresentaram maior quantitativo de espécies. Como pode-se

observar na tabela 1 a família Fabaceae apresenta 15% de todo o quantitativo coletado,

Apocynaceae 10,8% e Rubiaceae com 9,6%. Conforme o Jardim Botânico do Rio de

Janeiro (2019), a flora brasileira conta com 33.300 espécies de angiospermas, com a

família Fabaceae representando 8,4% deste todo, Rubiaceae com 4,2% e Apocynaceae

com 2,4%. No Pará registraram-se 6537 espécies de plantas angiospermas diferentes.

Fabaceae Lindl. se encontrou como a família em destaque dentro da coleta, e os

principais gêneros encontrados foram: a Acacia Mill., Albizia Durazz., Arachis L.,

Bauhinia L., Caesalpinia L., Calliandra Benth., Cassia L., Cenostigma Tul., Centrosema

(DC.) Benth., Clitoria L., Cynometra L., Delonix Raf., Mimosa L. e Senna Mill.. Essa

grande variedade de gêneros e espécies de plantas se dá pelo fato desta família ter a forma

de vida como arbusto, árvore, liana e erva nos ambientes aquáticos, epífitos, rupícolas e

terrícolas, tanto é que sua distribuição se dá por todas as regiões do Brasil com 222

gêneros e 2807 espécies (REFLORA, 2019).

Consoante Cardoso et al (2005) que também realizou um levantamento de

espécies botânicas, afirma que estudos com este objetivo são importantes pois subsidiam

outros trabalhos interligados a botânica, preservação, conservação e repovoamento das

espécies da flora local.

Na tabela 1 pode-se observar a quantidade de amostras, gêneros e espécies de cada

família. Apesar da Fabaceae apresentar-se em destaque nas coleções, a espécie em maior

quantidade foi a Hibiscus rosa-sinensis L., um arbusto da família Malvaceae, a espécie

possui flores de coloração vermelha muito atrativa para agentes polinizadores, com folhas

simples de filotaxia alterna, além do mais, as folhas tem formato ovalado pontiagudo e

com a margem serrilhada.

384

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 1. Dados de amostras, gêneros e famílias coletadas do BRAHMS no ano de 2019, Belém

(PA).

Famílias Quantitativo

Amostras Gêneros Espécies

Fabaceae Lindl. 48 14 20

Apocynaceae Juss. 29 5 8

Rubiaceae Juss. 25 5 7

Bignoniaceae Juss. 22 3 3

Malvaceae Juss. 20 3 3

Nyctaginaceae Juss. 20 1 3

Melastomataceae A. Juss 13 4 4

Acanthaceae Juss. 9 4 6

Outros 84 42 56

Total 272 81 110

Fonte: Os autores, 2019.

Pode-se notar que nas coletas realizadas, Malvaceae Juss. apresentou 20 amostras

distribuído em 3 gêneros e 3 espécies, quando comparado a flora brasileira a Malvaceae

tem 791 espécies e 73 gêneros.

Como a Fabaceae teve mais amostras, foi realizado um mapa de localização de

todas essas espécies ornamentais (figura 3), ao todo encontram-se 49 amostras com 21

espécies, para os pontos de coleta visíveis, sendo selecionada a área em que mais se

concentravam esses pontos. A Senna multijuga (Rich.) H.S.Irwin & Barneby foi a espécie

dessa família com maior número de coletas, nas coleções registradas esta espécie foi

coletada 6 vezes, sendo cinco amostras coletadas na Universidade Federal Rural da

Amazônia e uma coletada no Parque Estadual do Utinga.

385

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 3. Mapa de localização de espécies ornamentais de Fabaceae do Herbário FC.

Fonte: Os autores, 2019

Para o Procópio et al (2008) que retratou a importância da identificação botânica

nos inventários florestais, os registros de espécies dos herbários são fulcrais para a

utilização e construções de mapas de ocorrência e distribuição geográfica, haja vista que

com este instrumento de localização, pode-se ter uma representação da flora do lugar com

quesitos impostos pelo elaborador.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta primeira fase do projeto contribuiu enormemente para a área de Taxonomia

Vegetal e áreas correlatas da UFRA, pois acrescentou novos exemplares ao herbário da

instituição e já possui espécies ornamentais depositadas e organizadas conforme a

perspectiva de coleções temáticas.

O próximo passo do herbário é a disponibilização destas informações através do

site do Herbário FC, assim a disseminação das informações das espécies coletadas se

386

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

tornará mais abrangente e trará mais praticidade a pesquisadores da área, comunidade

científica em si e a quem interessar, otimizando o tempo que levariam para realizar a

mesma consulta em herbários físicos.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

ANEFALOS, Lilian C., GUILHOTO, Joaquim J. M. Estrutura do mercado brasileiro

de flores e plantas ornamentais. Agric. São Paulo, SP. v. 50, n. 2, pág. 41-63, 2003.

Disponível em: <https://mpra.ub.uni-

muenchen.de/38318/1/MPRA_paper_38318.pdf>.Acesso em: 06/04/2019.

ARAÚJO, Miria S., MIGUEL, João R. Herbário Didático no ensino da Botânica. In:

Anais do I Encontro de Pesquisa em Ensino de Ciência e Matemática: questões atuais da

Universidade Unigranrio. v. 1 n. 1 p. 1-3, 2013. Disponível em:

<http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/pecm/article/view/2216/1035>. Acesso

em: 06/04/2019.

CARDOSO, Jean Carlos et al. Levantamento de espécies da família Orchidaceae em

Águas de Sta. Bárbara (SP) e seu cultivo. Hortic. bras. v. 23, n. 2, 2005. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/%0D/hb/v23n2/25046.pdf>. Acesso em: 16/09/2019.

PROCÓPIO, Lílian Costa; SECCO, Ricardo de Souza. A importância da identificação

botânica nos inventários florestais: o exemplo do “tauari” (Couratari spp. e Cariniana spp.

- Lecythidaceae) em duas áreas manejadas no estado do Pará. Acta Amazonica. v. 38, n.

1, p. 31-44, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/aa/v38n1/v38n1a05.pdf>.

Acesso em: 17/09/2019.

REFLORA. Fabaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de

Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB115>. Acesso

em: 16/09/2019.

HEIDEN, Gustavo et al. Considerações sobre o uso de plantas ornamentais nativas.

Revista Brasileira de Horticultura Ornamental. v. 12, n.1, p. 2-7, 2006. Acesso em:

07/04/2019.

LINS, Servina R. O. & COELHO, Rildo S. B. Ocorrência de Doenças em Plantas

Ornamentais Tropicais no Estado de Pernambuco. Fitopatol. bras. v. 29, n. 3, pág. 332-

335, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/fb/v29n3/20374.pdf>.

Acesso em: 06/04/2019.

ROTTA, Emilio et al. Manual de Prática de Coleta e Herborização de Material Botânico.

EMBRAPA. Colombo, PR. Disponível em:

<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/315636/1/Doc173.pdf>. Acesso

em: 07/11/2019.

SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Flores e plantas

ornamentais do Brasil. v. 1. 2015. Disponível em:

<http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/7

ed114f4eace9ea970dadf63bc8baa29/$File/5518.pdf>. Acesso em: 07/11/2019.

388

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

APÊNDICE A: Local de fotografia das exsicatas

389

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE ESTRELAS-DO-MAR EM AMBIENTE

RECIFAL CONTROLADO

Lucas Garcia Martins1; Ana Carla de Araújo Gomes2; Rafael Anaisce das

Chagas3; Vicente Savonitti Miranda4

1 Graduando em Engenharia de Pesca na Universidade Federal Rural da Amazônia.

Laboratório de Pesca e Biodiversidade Aquática. E

mail: [email protected] 2 Graduanda em Engenharia de Pesca na Universidade Federal Rural da Amazônia.

Museu de Conservação em Ciências Naturais. Email: [email protected] 3Doutorando em Ecologia (PPGEco/UFPA/Embrapa), pesquisador no Museu de

Zoologia (MZUFRA). Universidade Federal do Pará Email: [email protected] 4Doutor em Biotecnologia, Professor da Universidade Federal Rural da Amazônia.

Museu de Conservação em Ciências Naturais. Email: [email protected]

RESUMO

Equinodermos são animais bentônicos encontrados em todas as latitudes, desde a região

entre marés até a zona abissal e mar profundo. Por sua beleza, são comumente utilizadas

como animais ornamentais. No entanto, ainda são escassos os estudos acerca das

adaptações e variações alimentares de estrelas do mar em aquários marinhos. O presente

trabalho teve como objetivo analisar a preferência alimentar, entre ração industrial e

alimento vivo de quatro espécies de estrelas-do-mar confinadas em ambiente controlado.

Os animais foram mantidos em três aquários: 800L (Turbinella sp.), 500L (Protoreaster

linckii e P. nodosus) e 100L (Echinaster (othilia) spinulosus) na Sala de Conservação de

Ciências Naturais localizada na Universidade Federal Rural da Amazônia. A alimentação

dos animais foi feita utilizando a ração industrializada (Tetra Veggie) e o alimento vivo

(Asterina sp.) durante período de julho a setembro de 2019 com rotina de coleta de três

dias semanais com 6 a 8 horas de esforço de observação em cada dia. A análise da

preferência alimentar das estrelas foi feita utilizando o teste do Qui Quadrado no

programa Statistic (versão 7.0) a um nível de significância de 5%. Para o teste da hipótese

de que mesmo em condições experimentais e alimentadas anteriormente com ração

industrializada, as estrelas naturalmente preferirão alimento vivo, a análise foi realizada

a nível de espécie separadamente. A partir das análises demonstrou-se que,

estatisticamente, não houve preferência alimentar entre os dois tipos de alimentos,

contudo pode-se perceber a manutenção do comportamento alimentar das estrelas em

relação a sua fonte alimentar, a ração industrial representou apenas mais um recurso

alimentar aos animais. Conclui-se que as estrelas não apresentaram preferência alimentar,

mas mantém seus hábitos alimentares naturais, além disso mostram-se como

controladores paliativos de Asterinas sp., trazendo uma nova solução aos aquaristas que

possuem corais vivos.

Palavras-chave: Aquarismo. Alimentação. Controle biológico

Área de Interesse do Simpósio: Zoologia

390

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O ambiente marinho é habitado por diversos animais, nos quais os invertebrados

representam uma grande parcela. Destes, um dos grupos mais comuns e conhecidos são

os pertencentes ao filo Echinodermata (Grego: echinos=espinhoso, derma= pela). O filo

é constituído por cerca de 7.000 espécies distribuídas em seis classes: Asteroidea

(estrelas-do-mar), Ophiuroidea (ofíuros ou serpentes-do-mar), Crinoidea (lírios-do-mar),

Echinoidea (ouriços-do-mar e bolachas-do-mar), Holothuroidea (pepinos-do-mar) e

Concentricloidea (margaridas-do-mar) (HICKMAN, 2016; BRUSCA e BRUSCA, 2007).

Equinodermos são animais bentônicos encontrados em todas as latitudes, desde a

região entre marés até a zona abissal e mar profundo, além disso podem habitar tanto

substratos consolidados como inconsolados ou até vivendo sobre outros organismos

(STORER et al., 2005; BRUSCA e BRUSCA, 2007).

Os organismos que compõem a classe Asteroidae são vulgarmente conhecidos

como “estrelas do mar”, são membros conspícuos das áreas litorâneas, habitando

sobretudo em costões rochosos. Possuem simetria pentaradial, com membros chamados

braços fundidos na região central do corpo (disco central), sendo achatados e flexíveis,

cobertos por endoesqueleto calcário onde se insere uma epiderme coberta de espinhos e

de diferentes colorações (BOOLOOTIAN, 1966; RIBEIRO-COSTA e ROCHA, 2006).

Devido sua beleza são bastante representativas como organismos ornamentais

(CARRACA, 2016). Normalmente são utilizados em conjunto com corais na criação de

aquários que ilustram ambientes de recifes (BACELAR, 2007). Portanto, a elaboração

dos ambientes marinhos artificiais engloba espécies de diferentes regiões e que, segundo

estudos de MORISHITA et al. 2010, podem apresentar mudanças nos hábitos de cada

espécie e suas interações tróficas, além das mudanças em relação aos processos físico-

químicos da água do aquário.

Estudos acerca de reprodução e distribuição têm sido amplamente aplicados

(SAMPAIO, 2010; MOURA, 1999; LIMA, 2006). Além disso, tem sido utilizado

modelos de dinâmica populacional e ecologia alimentar para auxiliar em estudos de

história de vida e modelos morfométricos (MASCARENHAS; 1996; TAVARES, 2007).

Adicionalmente, são muito fortes os estudos de diversidade de equinodermos (XAVIER,

2010; LIMA, 2009; MANSO, 2008). No entanto, ainda existe uma lacuna acerca dos

estudos sobre preferência alimentar e comportamento em cativeiro.

391

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo analisar a preferência

alimentar, entre ração industrial e alimento vivo de quatro espécies de estrelas-do-mar

confinadas em ambiente controlado. Considerando que as estrelas-do-mar são animais

carnívoros, nossa hipótese é que, mesmo em condições experimentais e alimentadas

anteriormente com ração industrializada, as estrelas naturalmente preferirão alimento

vivo.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

Os animais foram mantidos em três aquários: 800L (Turbinella sp.), 500L

(Protoreaster linckii e P. nodosus) e 100L (Echinaster (othilia) spinulosus) na Sala de

Conservação de Ciências Naturais localizada na Universidade Federal Rural da

Amazônia.

Figura 1: Fotos dos aquários do experimento, em A aquário de 800L, em B 300L e C 100 L

Fonte: Os autores

2.2 TIPO DE PESQUISA

392

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

As asterinas (Asterina sp.) são pequenos equinodermos que por vezes representam

uma ameaça aos aquários marinhos por viverem em associação aos corais para se

alimentarem de sua gastroderme (ROWE e GATES, 1995). No entanto, o controle dela

ainda é difícil de ser feito pela ausência de estudos de sua biologia e pela intensa

reprodução por fissão (EMSON e CRUMP, 1979), por tal fato foi escolhida como

alimento vivo deste experimento.

2.3 COLETA DE DADOS

A alimentação dos animais foi feita utilizando a ração industrializada (Tetra

Veggie) e o alimento vivo (Asterina sp.) (Fig. 2) durante período de julho a setembro de

2019 com rotina de coleta de três dias semanais com 6 a 8 horas de esforço de observação

em cada dia. As estrelas eram alimentadas simultaneamente com a ração e alimento vivo.

Ao final das observações eram planilhados os números de Asterinas sp. consumidas e a

ração industrializada.

Figura 2: Em A ração industrializada utilizada e em B o alimento vivo, a Asterina sp.

Fonte: A: modificado de produto.mercadolivre.com.br/ B: modificado de instarix.org

2.4 ANÁLISE DE DADOS

A análise da preferência alimentar das estrelas foi feita utilizando o teste do Qui

Quadrado no programa Statistic (versão 7.0) a um nível de significância de 5%. Para o

teste da hipótese de que mesmo em condições experimentais e alimentadas anteriormente

com ração industrializada, as estrelas naturalmente preferirão alimento vivo, a análise foi

realizada a nível de espécie separadamente.

393

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 3: Em A E. spinulosus, em B P. nodosus e em C Turbinella sp se alimentando de

asterinas

Fonte: Os autores

Ao analisar a preferência alimentar de Turbinella sp., verifica-se que 72,2% (26)

das vezes alimentou-se apenas Asterina sp., 2,8% (1) de apenas ração industrial e 13,9%

(5) dos dois alimentos, sendo 11,1% (4) não se alimentando. Tais diferenças foram

consideradas como devidas ao acaso (χ2=0,464; gl=1; p=0,829) e deste modo, por mais

que numericamente seja diferente, estatisticamente refutou-se a hipótese de preferência

alimentar.

Ao analisar a preferência alimentar de Protoreaster linckii, verifica-se que 36,0%

(13) das vezes alimentou-se apenas Asterina sp., 2,8% (1) de apenas ração industrial e

61,1% (22) dos dois alimentos. Assim como no exemplo anterior, tais diferenças foram

consideradas como devidas ao acaso (χ2=0,581; gl=1; p=0,445) e deste modo, por mais

que numericamente seja diferente, estatisticamente refutou-se a hipótese de preferência

alimentar.

Do mesmo modo, ao analisar a preferência alimentar de Protoreaster nodosus,

verifica-se que 38,90% (14) das vezes alimentou-se apenas Asterina sp., 2,8% (1) de

apenas ração industrial e 58,3% (21) dos dois alimentos. Tais diferenças foram

consideradas como devidas ao acaso (χ2=0,654; gl=1; p=0,418) e deste modo, por mais

que numericamente seja diferente, estatisticamente refutou-se a hipótese de preferência

alimentar.

Por último, ao analisar a preferência alimentar de Echinaster (othilia) spinulosus,

verifica-se que 41,7% (15) das vezes alimentou-se apenas Asterina sp., 16,7% (6) de

apenas ração industrial e 2,8% (1) dos dois alimentos, sendo 38,9% (15) não se

alimentando. Tais diferenças foram consideradas como devidas ao acaso (χ2=3,2; gl=1;

394

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

p=0,073) e deste modo, por mais que numericamente seja diferente, estatisticamente

refutou-se a hipótese de preferência alimentar.

Turbinella sp. embora, estatisticamente, não tenha apresentado preferência

alimentar em relação as Asterinas e ração, demonstrou que mantém seu hábito alimentar

natural na qual é predominantemente carnívora (BARNES, 1996), mas podendo se

alimentar da ração industrial que possui as proteínas de origem animal.

A estrela P. linckii que é bastante explorada em aquários do mundo devido sua

beleza (INDIVIGLIO, 2006), no entanto é considerada um animal incompatível com

outros invertebrados devido ser uma predadora voraz de corais mole, poliquetas

tubulares, esponjas, ameijoas e outras estrelas (SCHEIBLING, METAXAS, 2008).

Portanto, embora não tenha mostrado preferência, mantém o comportamento natural de

predador oportunista alimentando-se tanto das asterinas como da ração industrial.

Vulgarmente conhecido como estrela-do-mar com chifres ou estrela-do-mar com

pedaços de chocolate, P. nodosus é uma espécie com preferência por substratos

inconsolidados fundos abrigados, arenosos ou levemente enlameados (WABNITZ,

GREEN E RAZAK, 2003). Ela é uma espécie oportunista, quando adultos atacam

principalmente invertebrados sésseis como corais duros e esponjas, em aquários acaba

sendo uma ameaça aos corais, além disso também pode se alimentar de outros

invertebrados como gastrópodes e estrelas (BOS, 2008). A partir do visto, ela mantém-se

no aquário como predador oportunista que se alimentou das duas fontes alimentares,

percebeu-se que apesar de se alimentar muitas vezes apenas das asterinas, o percentual

de vezes que se alimentou de ambos alimentos foi maior que caracterizou a não

preferência.

A estrela E. spinulosus também conhecida como estrela vermelha é uma espécie

bastante comum no litoral brasileiro que se alimenta sobretudo de esponjas do mar,

anêmonas, ofiuróides, caranguejos e moluscos. No entanto, estudos de QUEIROZ et al.

(2012) e AMARAL et al. (1996), observaram que esta espécie apresenta preferência

alimentar por poríferos, especialmente as esponjas moles. No ambiente em que era

mantido o espécime, apesar da ração e asterinas via-se que esta espécie em questão se

alimentava principalmente dos poríferos da classe demospongie que se mantinham

incrustados nas rochas. Embora, aparentemente, tenha mostrado interesse maior nas

395

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

esponjas, percebemos que podia se alimentar tanto das asterinas como da ração industrial

devido sua plasticidade alimentar.

As análises (Figura 4) mostraram que para Turbinella sp., P. linckii e P. nodosus

se alimentaram com maior frequência das asterinas e de asterinas e ração no mesmo dia

que demostra que, mesmo mantidas confinadas em ambiente artificial, mantém seus

hábitos alimentares naturais e evidencia a clara adaptação a alimentação por ração

industrial como nova fonte energética. Apesar de não ser tão significativa se alimentando

da ração, E. spinulosus mostrou-se uma controladora paliativa em potencial.

Figura 4: Gráfico de comparação da dieta alimentar das estrelas

Fonte: Os autores

As estrelas do mar são, no ambiente bentônico, animais que normalmente ocupam

o topo da cadeia alimentar (HONEY-ESCANDÓN, SOLÍS-MARÍN e LAGUARDA-

FIGUERAS, 2008). No entanto, estudos acerca da alimentação das espécies em questão

ainda são escassos, especialmente em ambientes controlados, apesar de serem organismos

bastante populares na aquariofilia e aquários públicos. Adicionalmente, percebeu-se a

possibilidade de utilização das estrelas como controladores paliativos em aquários

marinhos, sobretudo Turbinella sp. e E. spinulosus por serem espécies “Reef safe” e não

apresentam perigo aos corais.

396

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

4. CONCLUSÃO

Conclui-se que, apesar de serem alimentadas com ração industrializada, as estrelas

do mar não perderam seu hábito alimentar natural de predadores de topo de cadeia.

Portanto, tanto a ração como o alimento vivo demonstraram ser alimentos em potencial

para os espécimes e não houve, estatisticamente, preferência alimentar por nenhuma das

duas fontes. Adicionalmente, este trabalho mostrou que estas estrelas são controladores

paliativos de Asterinas sp. o que torna viável aos aquaristas seu uso para manutenção de

aquários com recifes artificiais.

397

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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MANSO, Cynthia Lara de Castro; ALVES, Orane Falcão de Souza; MARTINS, Luciana

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MORISHITA, Vanessa Rimoli. Resposta comportamentais do ouriço-do-mar preto a

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1999.

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QUEIROZ, Camila Helena de Souza. Estratégias e fisiologia do consumo e digestão de

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399

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE A MARRECA-CABOCLA

Dendrocygna autumnalis (ANSERIFORMES: ANATIDAE): TEMAS

ESTUDADOS E HISTÓRICO DOS TRABALHOS

Francisco Donnadone Reis Araújo 1; Sanae Nogueira Hayashi 2.

1 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Biologia. Universidade Federal Rural da

Amazônia – UFRA. [email protected]

2 Dra. Eng. Florestal, Orientadora, Docente. Universidade Federal Rural da Amazônia–

UFRA. [email protected]

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi analisar as publicações sobre marrecas-cabocla

(Dendrocygna autumnalis), através de um levantamento bibliográfico. Para isso foi

realizado buscas dos artigos produzidos em diversas partes do mundo referentes a

marrecas, extraídos de diversos bancos de dados do tipo: Google Acadêmico, Scielo, e

Portal CAPES. Com isso foi possível analisar o panorama dos temas estudados sobre a

ave em nível nacional e internacional. Foram encontrados 70 (setenta) artigos com

relevância a pesquisas feitas sobre D. autumnalis, realizados no período de 1964 a 2018.

Todos os trabalhos foram analisados e classificados de forma sistemática através de uma

abordagem quantitativa. Os resultados adquiridos mostram que a maior parte dos estudos

estão concentradas na área de ecologia. No entanto, também foram encontrados trabalhos

desenvolvidos na área da saúde, além de um único trabalho relacionado à história natural,

trazendo informações pertinentes sobre a espécie. Por fim, foram detectadas poucas

pesquisas sobre a ave aquática, ou seja, com uma quantidade baixa de artigos, haja vista

o fato de ser um levantamento de abrangência mundial.

Palavras-chave: Ave. Mundial. Dendrocygna autumnalis.

Área de Interesse do Simpósio: Zoologia

400

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A riqueza e diversidade de espécies de ecossistemas tropicais são bem evidentes,

e para realização de estudos nesse quesito, se faz necessária uma delimitação clara dos

objetivos e métodos a serem utilizados nessa produção, principalmente se forem usados

para preservação da biodiversidade em uma ampla escala (BISPO et al., 2016).

A ave aquática denominada Dendrocygna autumnalis tem distribuição ampla em

diversas partes do continente, estendendo-se desde o centro oeste dos EUA até o norte

argentino, a mesma reside em regiões baixas e úmidas, mas também podem ser

encontradas em locais com características diferentes (PETERS, 1979). No Brasil pela rica

biodiversidade e por sua variedade de espécies, a marreca cabocla (Dendrocygna

autumnalis) pode ser encontrada em todos os estados que componham o país, tendo uma

ocorrência bem ampla (PINTO, 1976).

De acordo com PIZZANI et al. (2012) a pesquisa bibliográfica, também chamada

de levantamento ou revisão bibliográfica está situada como a revisão de literaturas com

intuito de nortear o trabalho científico, uma revisão geral em vários tipos de materiais,

sendo eles: livros, periódicos, artigos, entre outras fontes. Dentro dos objetivos desse

estudo é citado o aprendizado em determinada área do conhecimento, facilitador de

métodos e técnicas que o pesquisador utilizará, e vários outros subsídios de revisão de

literatura e discussão de determinado trabalho de cunho científico.

Estando em um patamar de trabalho investigativo e fundamental facilitador de

pesquisa, justifica-se então em primeiro lugar como facilitador de trabalhos que venham

trazer dificuldades na localização, identificação e manejo de informações e dados

pertinentes de determinados trabalhos estando eles em inúmeras colocações (PIZZANI et

al., 2012).

Com relação aos resumos de artigos em bases de dados eletrônicas nacionais e

internacionais corroboram para obtenção de informações pertinentes dessa pesquisa para

elaboração do estudo. Visando os tipos de produção feitas na área e a quantidade de

trabalhos desenvolvidos, visando o estudo da arte como uma estratégia sistemática e de

grande importância na comunidade acadêmica (FERREIRA, 2002).

Para obter dados relevantes sobre trabalhos relacionados a marrecas

(Dendrocygna autumnalis), se faz extremamente necessária essa metodologia, levando

401

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

em conta toda exploração e revisões necessárias no quesito de pesquisas de matérias e um

levantamento organizado de todos os dados pertinentes ao estudo dessa determinada

espécie. Dessa forma o objetivo geral desse trabalho se estabeleceu em analisar os

diferentes trabalhos científicos sobre D. autumnalis através de um levantamento

bibliográfico ao redor do mundo utilizando os bancos de dados nacionais e internacionais

disponíveis para pesquisa.

2. METODOLOGIA

A justificativa relacionada com a necessidade da produção desse trabalho é a

ausência de levantamentos bibliográficos em trabalhos de cunho científico referentes a

marrecas (Dendrocygna autumnalis). Dessa forma, foi necessário um estudo relevante

com obtenção ampla de dados dos artigos sobre a ave aquática, tendo o intuito de

conhecer a demanda de trabalhos, locais de estudos e os tipos de pesquisas realizadas,

sendo uma ferramenta que possibilite um embasamento teórico vindo nortear facilitando

o desenvolver de futuros trabalhos científico.

A problemática se dá pela ausência de dados para compor registros de mais

informações sobre D. autumnalis, ou seja, com a ausência de registros acaba-se

dificultando pesquisas relacionadas à espécie, limitando determinadas investigações. Para

cobrir essa lacuna, foi realizada uma pesquisa em sites acadêmicos do tipo: Google

Acadêmico, Scielo, e Portal CAPES. Nesse levantamento foram extraídos e lidos diversos

artigos para a análise quantitativa sobre os diferentes tipos de trabalhos relacionados à

espécie, sistemáticamente com a busca escrita como “Dendrocygna autumnalis”, além

de avaliar a importância dos trabalhos sobre a espécie.

A abordagem metodológica utilizada foi a quantitativa, visando o resultado

numérico e também as considerações analisadas diante das perspectivas que

caracterizaram as áreas e os locais de onde os estudos foram realizados e notificados em

escritas, tabela e gráficos para melhor ilustrar as atribuições.

O método de investigação foi o levantamento bibliográfico visando uma coleta de

informações para compor um banco de dados sobre D. autumnalis, delimitando tempo e

sistematização para realização da pesquisa e geração dos resultados citados no presente

trabalho.

402

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

O instrumento de coleta para o trabalho foi o levantamento e busca de informações

do tipo: títulos dos trabalhos, autores e co-autores, revista onde o trabalho foi publicado

(periódicos), ano de publicação, local de estudo (País/Continente), área teórica, subtemas

e observações gerais de acordo com a apreciação e o entendimento da leitura dos trabalhos

analisados. Todas essas informações foram retiradas de banco de dados eletrônicos em

diversas plataformas digitais, corroborando para a base teórica e fundamental resultante

da pesquisa.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na amostra foi identificado um total de 70 publicações de artigos referentes a

Dendrocygna autumnalis, das quais 41% eram produções nacionais (desenvolvidas no

Brasil) e 59% internacionais, desenvolvidas em diversos países espalhados pelo mundo.

Entre os diversos periódicos de publicação foram pesquisados e encontrados em um total

de 47, na qual alguns tinham mais de uma publicação. (Tabela 1).

Tabela 1 – Distribuição quantitativa de artigos sobre Dendrocygna autumnalis de acordo com o

periódico de publicação.

Periódicos Número de

artigos (n)

Amazôn., Rev. Antropol. (Online) 1

Atualidades Ornitológicas 4

AvianDiseases 1

BiologicalConservation 1

Biological Reviews 1

BioTemas 1

Bird ConservationInternational 1

Birds of North America, Incorporated 1

BrazilianJournal of Biology 2

CanadianJournal of Zoology 1

Ciencia Animal 2

Conservatyon e Society 2

Ecotoxicology 1

Florida Field Naturalist 1

Food and agriculture orgazatio of the united nations 1

403

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Huitzil 2

Ibis 1

Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnológicas do Estado do

Amapá-IEPA 1

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia 1

Interciencia 1

Jornal Zoológico do Brasil 1

JournalArticle 5

Journal of Comparative and Physiological Psychology 2

Journal of Ornithology 1

Journal of WildlifeDiseases 3

O TexmexNaturalist 1

Open Juornal System 1

Ornitologia 1

ParasitologyResearch 1

Regional Environmental Change 1

Revista Brasileira de Ornitologia 3

Revista Brasileira de Zoologia 1

Revista Científica do CEMAVE 1

Revista de Biología Tropical 3

Revista de Ornitologia Neotropical 2

Revista Mexicana de Biodiversidad 1

Revista Mexicana de Ornitologia 2

ScienceDirect 1

Springer InternationalPublishingSwitzerland 1

Texas A & I University 1

The AukOrnithologicalAdvances 1

The Cooper Ornithological Society 1

The Journal of Parasitology 1

The Royal Society 1

The Society of Environmental Toxicology and Chemistry 1

The SouthwesternNaturalist 3

Wildfowl 2

TOTAL 70

Fonte: ARAÚJO, F. D. R. (2019)

404

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Entre as áreas de estudo foi possível encontrar trabalhos sobre a espécie em

ecologia, saúde e história natural, distribuídos por várias partes do mundo na condição

que a ave está presente em diferentes continentes. A maioria dos trabalhos estão

concentrados na área de ecologia, apresentando a maior porcentagem de produção, ou

seja, 84% do total 59 artigos. Em seguida, estão os trabalhos das áreas referentes à saúde

do organismo com 14%, totalizando 10 trabalhos. E por fim, foi encontrado somente um

trabalho na área de história natural.

Na área da ecologia, foram encontrados artigos sobre migração, reprodução,

monitoramento, adaptação da alimentação, desenvolvimento, comportamento, conflito

ambiental, preservação, rastreamento, registro de ocorrência, comparação de grupos,

relações ecológicas, estruturas físicas das aves, adaptação, monitoramento populacional,

análise sistemática, biogeografia, marcação da espécie, fatores socioeconômicos,

diversidade, monitoramento de caça, aves como bioindicadores, habitat de aves, ecologia

de aves, ocorrência de ninho e estudos estruturais sobre a ave aquática. Em relação a área

da saúde os artigos abordaram temos sobre implicações dos patos como possíveis

reservatórios de bactérias, biomonitoramento, bioindicadores de atividade viral, análise

laboratorial sobre vetores de doenças, estudo patológico, análise de conservação da

espécie, estudo imunológico, análise parasitológica e patológica. E, o único artigo na área

de história natural tratava de informações descrevendo as principais características do

organismo D. autumnalis.

Em relação ao local onde os trabalhos foram realizados, o levantando bibliográfico

identificou 10 países como área de estudo, porém em algumas situações os artigos

apresentaram somente a localização do continente e, em outros casos, a localização estava

ausente. Entre esses países, o Brasil foi responsável pela maioria das publicações (42%),

equivalente a 29 produções científicas, sendo a maioria representada por artigos recentes

entre os anos de 2016-2018. Em seguida, estão os EUA (21%) com 15 produções, e o

México (20%) com 14. O restante dos artigos analisados está representado pela Venezuela

(4%), África (2%), Argentina (2%), Austrália (2%), Colômbia (1%), Continente Europeu

(1%), Israel (1%), e Peru (1%) (Figura 01).

405

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 01 – Quantidade bruta de publicações por localidades sobre a ave Dendrocygna

autumnalis.

Fonte: ARAÚJO, F. D. R. (2019)

Em uma escala temporal de produção dos trabalhos analisados, foi possível

constatar publicações de 1964 a 2018. Em um gradiente bem equilibrado se destaca o ano

de 2010 com o maior número de publicação, totalizando 08 artigos dos 70 coletados. Os

demais anos oscilaram entre 07, 05, 04, 03, 02, e a maioria com 01 artigo no ano referente

a publicação (Figura 02).

Entre os trabalhos produzidos no ano de 2010, a maioria são do Brasil. Entretanto,

alguns desses artigos mostraram similaridades, ou seja, são produções complementares

uma da outra, abordando subtemas diferentes com temáticas semelhantes. Além disso, no

mesmo ano, tiveram produções do México e da Venezuela, e coincidentemente, todas as

08 produções situaram-se na área da ecologia.

406

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 02 – Ano da publicação e quantidade de artigos publicados anualmente referentes à ave

Dendrocygna autumnalis.

Fonte: ARAÚJO, F. D. R. (2019)

Um ponto positivo foi a predominância do grande número de produções recentes

de pesquisas sobre a espécie, trazendo informações pertinentes sobre a espécie e deixando

o banco de dados atualizado trazendo benefícios a nível de conhecimento e de produção

de futuras pesquisas.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste levantamento bibliográfico referente aos trabalhos produzidos sobre

a ave aquática marreca cabocla (Dendrocygna autumnalis), foi possível identificar que a

maioria dos artigos estão concentrados na área de ecologia, envolvendo vários subtemas.

Também foi possível verificar que o fator de investigação da pesquisa forneceu

informações importantes e inéditas sobre os trabalhos analisados, mostrando a

importância da D. autumnalis e, através das publicações no decorrer dos anos.

A pesquisa foi um levantamento de abrangência mundial para uma maior

apreciação das informações adquiridas, na qual o Brasil foi responsável pelo maior

número de produções e contou com os artigos com anos de publicações mais recentes.

Apesar disso, dentro de uma perspectiva evocada deste trabalho, é notório que ainda se

faz necessário o desenvolvimento de mais estudos referentes a espécie D. autumnalis,

sejam nas áreas de ecologia, saúde ou de história natural.

407

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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408

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410

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

PRIMEIRO REGISTRO DO MOLUSCO Polymesoda caroliniana (BOSC, 1801)

(BIVALVIA: CYRENIDAE) NO LITORAL BRASILEIRO

Josiney Farias de Araújo1; Weverton John Pinheiro dos Santos2; Rafael Anaisce das

Chagas3; Mara Rubia Ferreira Barros4; Andrea Magalhães Bezerra5

1 Mestrando em Ecologia (PPGEco). Universidade Federal do Pará. E-mail:

[email protected] 2 Mestre em Aquicultura e Recursos Aquáticos Tropicais. Universidade Federal Rural

da Amazônia. E-mail: [email protected] 3 Doutorando em Ecologia (PPGEco). Universidade Federal do Pará. E-mail:

[email protected] 4 Mestra em Aquicultura e Recursos Aquáticos Tropicais. Universidade Federal Rural

da Amazônia. E-mail: [email protected] 5 Doutora em Saúde e Produção Animal na Amazônia. Universidade Federal Rural da

Amazônia. E-mail: [email protected]

RESUMO

O bivalve Polymesoda caroliniana é um molusco que habita águas costeiras, sendo

encontrado sobre sedimentos lamosos ou arenosos, possuindo distribuição da América do

Norte à América Central. Porém, comumente organismos são transportados de um

continente para o outro através da água de lastro e bioincrustações em navios e, dentre

estes, os moluscos são os que apresentam maiores índices de introdução em outros

ambientes. O presente estudo objetivou relatar a ocorrência de P. caroliniana em área de

manguezal no município de Primavera – PA. Em setembro de 2019, realizou-se coletas

de bivalves em quatro mangues localizados em Primavera, nordeste paraense, onde

delimitou-se um quadrante de 1m2 para retirada do substrato a uma profundidade de 5cm,

as amostras foram peneiradas em malha de 500µm, armazenados em recipientes plásticos

e fixadas em etanol 70 %. Posteriormente, foram transportadas ao Museu de Zoologia da

UFRA para análise. Após identificação morfológica, constatou-se a presença do bivalve

P. caroliniana nas coletas, o qual compunha 65,8% da diversidade local de moluscos

bivalves. Tendo em visto o que se sabe sobre a biogeografia de P. caroliniana, este

achado contribui com conhecimento sobre a sua distribuição, além de ser o primeiro

registro de ocorrência desta espécie no litoral brasileiro.

Palavras-chave: Bivalve. Amêijoa da Carolina. Mangue.

Área de Interesse do Simpósio: Zoologia.

411

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Espécies de animais que ocorrem em áreas fora do seu limite natural e que

possuem potencial de distribuição nessa nova área são denominadas de exóticas,

introduzidas ou não-nativas. Quando ocasionam algum dano socioeconômico e

ambiental, ameaçando a diversidade biológica nativa, ou para a saúde humana, são

consideradas invasoras (IUCN, 2000; MEDEIROS; NAHUZ, 2006). De acordo com

Souza et al. (2003), a introdução destas espécies em distintas áreas é algo que ocorre

desde a expansão europeia, por meio da água de lastro e bioincrustantes (FERREIRA et

al., 2004, HEWITT; CAMPBELL, 2007). Neste contexto, em razão da enorme área

costeira, o Brasil é considerado um dos países potencialmente mais afetados (ZANELLA,

2015).

Dentre os organismos invasores, os moluscos são os que mais são introduzidos

mundialmente, com destaque para os bivalves marinhos que possuem uma alta dispersão

pelos oceanos, sendo transportados de forma intencional (e.g. aquariofilia) e não-

intencional (e.g. água de lastro) (CARLTON & GELLER, 1993; STEFFANI; BRANCH,

2005; ZANELLA, 2015)

O bivalve Polymesoda caroliniana (Bosc, 1801) é um molusco pertencente a

família Cyrenidae. Habita águas costeiras, encontrado sobre sedimentos lamosos ou

arenosos. As características das conchas de P. caroliniana são, presença de superfície

lisa, contorno subtriangular arredondada, dobradiça com três dentes cardinais situados

sob umbo, coloração externa da concha pode ser branca e a interna, raramente, branca

manchada de roxo e perióstraco marrom brilhante, alcançando o tamanho máximo de

40mm do comprimento anteroposterior (ABBOTT, DANCE, 2000; ABBOTT, MORRIS,

1995; CERVIGÓN et al., 1992; LEAL, 2002; ROSENBERG, 2009).

P. caroliniana apresenta distribuição delimitada ao longo da costa atlântica da

Virgínia, norte da Carolina do Norte e da Flórida (nos EUA), com relatos de ocorrência

em Carolina do Sul e em Georgia, passando pelo Texas até a região do extremo sul do

México, aparentemente, estando restrita as regiões ao longo da costa norte do Golfo do

México (ANDREWS, 1951; LEAL, 2002; MORTON, 1983; SCHALIE, 1933;

WAKIDA-KUSUNOKI; MACKENZIE JR., 2004; WILLIAMS et al., 2014).

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

O presente trabalho teve como objetivo relatar a primeira ocorrência do molusco

bivalve P. caroliniana em área de manguezal situada no município de Primavera – Pará,

Brasil, e desta forma contribuir com as informações à cerca de extensão de sua

biogeografia.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O município de Primavera, pertence à Mesorregião Nordeste Paraense e à

Microrregião Bragantina está distante cerca de 190 km da capital do estado, Belém (Fig.

1). Apresenta um clima tropical quente e úmido, com altos índices pluviométricos com

variações de precipitação ao longo do ano (MORAES et al., 2005). Este município e

formado por diversas comunidades, como Vila da Telha, do Laranjal, do Bacabal (Boa

Vistinha), da Doca, Galpão e Paca, entre outras, onde a principal atividade exercida por

seus moradores consiste na pesca artesanal, na agricultura, pequenos cultivos e no

extrativismo de caranguejos e mariscos (FADESP, 2016).

Figura 1 – Localização da área de estudo: Município de Primavera-PA.

Fonte: Elaborado pelos autores.

413

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2.2 COLETA DE DADOS

P. caroliniana foi coletado durante amostragens em quatro manguezais, em marés

de quadratura, entre os dias 18 e 21 de setembro de 2019. Para a amostragem utilizou-se

quadrados de um 1m2 de área. Em cada quadrado, realizou-se a raspagem da 5cm

superfície do sedimento. Posteriormente, o sedimento coletado foi peneirado em malha

de 500µm, armazenado/codificando/fixando os moluscos encontrados em recipientes

plásticos contendo etanol a 70 %, transportando-os ao Museu de Zoologia da

Universidade Federal Rural da Amazônia para análises posteriores.

Em laboratório, identificou-se P. caroliniana de acordo com os caracteres

morfológicos segundo descrição da concha por Leal (2002) e bibliografias específicas

para o gênero (ABBOTT, DANCE, 2000; ABBOTT, MORRIS, 1995; CERVIGÓN et al., 1992).

Após isso, os espécimes foram depositados no Museu de Zoologia da UFRA (MZUFRA),

sob os códigos: Moll930; Moll936; Moll946 e Moll948.

2.3 ANÁLISE DE DADOS

Para uma análise preliminar, estimou-se a densidade de P. caroliniana em cada

local amostrado, determinando a morfometria externa (comprimento antero-posterior,

largura e altura) dos indivíduos encontrados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao total, encontrou-se 142 P. caroliniana (Fig. 2A), com comprimento médio da

concha de 5,5±3,3mm, variando de 1,3 a 21,2mm. Ressalta-se que P. caroliniana foi

65,8% da diversidade local de moluscos bivalves.

Encontrou-se P. caroliniana nos quatro locais de amostragens (Fig. 2B), sendo

51% encontrado no Mangue A, seguido de 28% no Mangue B, 11% no Mangue D e 10%

no Mangue C (Fig. 3).

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2 – A) Exemplar de Polymesoda caroliniana encontrado. Barra de escala: 7mm. B)

pontos de coleta em Primavera-PA (área de mangues). Legenda: MA – mangue A, MB –

mangue B, MC – mangue C e MD – mangue D.

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 3 – Porcentagem da abundância de P. caroliniana em cada ponto de coleta. Legenda:

MA – mangue A, MB – mangue B, MC – mangue C e MD – mangue D.

Fonte: Elaborado pelos autores.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Na América do Sul, a família Cyrenidae é representada pelos gêneros

Polymesoda, Cyanocyclas e Corbicula, sendo este último uma espécie límnica

considerada invasora e não apresenta sinus palial (PEREIRA et al., 2014). As espécies

do gênero Polymesoda ocorrem em águas salobras no norte do continente, como

Polymesoda artata (Deshayes, 1854) (Sul do caribe ao Norte da América do Sul) e

Polymesoda triangulata a (Philippi, 1849) (Caribe mexicano ao Panamá) (LEAL, 2002).

Apesar destas espécies possuírem características em comum as evidenciadas para

P. caroliniana, há certas características que as diferenciam, como apesenta escultura de

fios concêntricos bem definidos, dentes laterais lisos e perióstraco com escalas

minúsculas em P. artata; concha com contorno triangular e perióstraco suave em P.

triangulata (LEAL, 2002).

No Brasil, há poucos relatos de Polymesoda spp., Noelli et al. (2011), que relatou

sua ocorrência após estudo zooarqueológico do lastro de embarcação naufragada na Praia

dos Ingleses, Ilha de Santa Catarina. Schroeder et al. (2014), que constatou a presença de

P. triangulata após coleta em pesca com emalhe de fundo nas regiões sudeste/sul.

Visto que não há nenhum relato da presença da espécie P. caroliniana em estados

brasileiros e que sua biogeografia se restringe à algumas regiões do norte da América

Central e sul da América do Norte, este é o primeiro registro de ocorrência desta espécie

no Brasil e diante disto, possivelmente, há uma extensão na distribuição da espécie no

Atlântico.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O registro do bivalve P. caroliniana nos mangues do município de Primavera-PA,

contribui ao conhecimento acerca de sua biogeografia, estendendo-se atualmente até o

norte do litoral brasileiro. Ressalta que, sendo este registro de P. caroliniana é de grande

relevância, uma vez que esta espécie apresenta importância comercial em regiões do

México, necessitando-se de estudos acerca da dinâmica população sob influência

latitudinal, já que sua distribuição geográfica foi ampliada com este estudo.

416

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DAS CEPAS DE Microcystis LBARP-1 e

Microcystis LBARP-2 ISOLADAS DO RIO PARÁ (BARCARENA, PARÁ).

Eliane Brabo de Sousa1, Gabriel dos Santos Moura2; Aline Lemos Gomes3; Vanessa

Bandeira da Costa Tavares4; Francisco de Arimatéia dos Santos Alves5

1Doutorado em Saúde Coletiva. Instituto Evandro Chagas. [email protected]

2 Graduação em Farmácia. Faculdade Cosmopolita. [email protected]. 3Mestrado em Ecologia Aquática e Pesca. Instituto Evandro Chagas.

[email protected]. 4 Mestrado em Biologia Ambiental. Instituto Evandro Chagas. [email protected].

5 Mestrado em Biologia Ambiental. Instituto Evandro Chagas

[email protected].

RESUMO

A cianobactéria Microcystis possui o maior número de relatos de florações no mundo. O

objetivo deste estudo foi avaliar o crescimento das cepas Microcystis aeruginosa e M.

wesenbergii isoladas do rio Pará (Barcarena, Pará). As amostras foram obtidas com rede

de plâncton de 45 µm em arrasto horizontal na superfície da água do rio Pará em março

de 2018. O material foi resfriado, analisado, isolado e cultivado em meio líquido BG-11

e ASM-1. A curva de crescimento de M. aeruginosa foi determinada por um experimento

adicionando-se 10 ml de meio de cultura BG-11, para M. aeruginosa, e 10 ml de meio

ASM-1, para M. wesenbergii em tubos de ensaios contendo 3 ml de cada cepa. Os tubos

foram acondicionados em câmara de crescimento durante 30 dias (M. aeruginosa) e 44

dias (M. wesenbergii). A cada três dias foram retirados três amostras para a análise de

clorofila- a. O crescimento de M. aeruginosa apresentou três fases (latência, exponencial

e declínio). A cepa apresentou cor verde oliva e as colônias se distribuíram por toda a

coluna d’água, sugerindo que as florações podem ocupar toda a zona eufótica. A curva

M. wesenbergii apresentou duas fases (latência e exponencial) e o aspecto da cepa era

verde claro, onde as colônias se concentravam na superfície da água, sugerindo que as

florações ocorram na subsuperfície da água formando escumas. Em M. aeruginosa as

células se arranjaram de forma densa sem mucilagem e os diâmetros das colônias e das

células foram de 142 µm e 5,1 µm, respectivamente. Em M. wesenbergii, as colônias

tiveram arranjo denso com mucilagem e o diâmetro de 180,2 µm, em seu eixo menor, e

245 µm, em seu eixo maior e diâmetro celular de 3,4 µm. Sugere-se o monitoramento

mensal das águas da região e coletas em diferentes profundidades da zona eufótica.

Palavras-chave: Amazônia. Água. Eutrofização.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Biodiversidade

420

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Muitas espécies de cianobactérias são formadoras de florações e produtoras de

toxinas, sendo prejudiciais para o meio ambiente e a saúde publica. Entre essas espécies

estão às pertencentes ao gênero Microcystis, o qual possui maior número de relatos de

florações. O gênero se caracteriza por apresentar colônias esféricas, ovais, ou irregulares,

com arranjo celular denso ou esparso em volto por mucilagem. Apresenta uma mucilagem

incolor, células esféricas ou hemisféricas com aerótopos. Divisão principalmente em três

planos em gerações sucessivas (KOMÁREK; ANAGNOSTIDIS, 2008). Trata-se de

organismos exclusivamente planctônicos que ocorrem em água doce e salobra, com

ampla distribuição pelo mundo.

Já foram descritas 25 espécies de Microcystis ao redor do mundo e 12 no Brasil.

Na revisão sobre algas do estado do Pará, Costa et al. (2014) reconheceu 11 espécies de

Microcystis.

No que se refere à produção de toxinas, espécies do gênero Microcystis produzem

as microcistinas, uma hepatotoxina constituída por heptapeptídeos cíclicos

hepatocarcinogênico, sendo considerada a cianotoxina com maior ocorrência e

conhecimento em todo mundo, onde são reconhecidas mais de 80 variantes. Nos

mamíferos os efeitos tóxicos podem ser desde agudos (dermatites e parada respiratória) a

crônicos (tumores), podendo causar morte num intervalo de poucas horas a poucos dias

(MOLICA; AZEVEDO, 2009).

Florações de espécies do gênero Microcystis já foram registradas em diversas

regiões do Brasil e no estado do Pará, o estudo realizado por Vieira et al. (2005) apontou

a presença de cepas tóxicas de Radiocystis fernandoi e Microcystis viridis e Sá et al.

(2010) apontaram a presença de uma floração tóxica no Rio Tapajós ocasionada por

espécies dos gêneros Anabaena e Microcystis.

A dinâmica destes organismos em ensaios de microcosmo e a determinação de

produção de microcistinas em cepas de duas espécies de Microcystis isoladas nas águas

do rio Pará próximas a região portuária de Vila do Conde (Barcarena, Pará) podem prever

um possível cenário de Bloom algal e riscos de intoxicação da população ribeirinha que

mantém práticas de contatos primários e secundários neste rio.

Este estudo avaliou o crescimento populacional e a produção de microcistinas nas

cepas de cianobactérias Microcyistis aeruginosa LBARP- 1 e M. wesenbergii LBARP-2

421

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

(in microcosmo) isoladas das águas do rio Pará, próximo ao Porto de Vila do Conde

(Barcarena, Pará).

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O rio Pará possui aproximadamente 500 m de largura e 170 Km de extensão, é

um estuário sem nascente definida, pois recebe a contribuição de outros rios menores

como Anapu- Pacajá, Jacundá, Araticu, Cupijó, Tocantins, Moju, Acará e Guamá, seu

início é na baía das Bocas (delta de Boiuçu/Breves) e segue até o oceano Atlântico. Por

receber forte influência oceânica é uma região muito dinâmica e apresenta intenso fluxo

de marés que podem atingir picos de 300.000 m3/s durante a vazante e 200.00 m3/s em

maré enchente (ROSÁRIO, 2016).

2.2 COLETA E CULTIVO DE CIANOBACTÉRIAS

As coletas foram realizadas em março de 2018 (período chuvoso), em um ponto

do rio Pará, próximo à zona portuária de Vila do Conde, município de Barcarena (Figura

1).

Figura 1 – Mapa da localização da área de estudo, rio Pará defronte do porto de Vila do

Conde, município de Barcarena (Pará).

Fonte: Sousa et al. (2019).

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

As amostras foram obtidas com rede de plâncton de 45 µm de abertura de malha

em arrasto horizontal na sub-superfície da água (durante 3 minutos). O material foi

resfriado e analisado em laboratório através de lâminas temporárias em microscópio

biocular (Axiostarplus, Carl Zeiss, Germany) com oculares de medição acoplado a

câmera fotográfica (AxiocamMRc, Carl Zeiss), isolado por capilaridade e mantido em

grande volume (2L) em erlenmeyer com meio líquido BG-11, acrescido de

ciclohexamida para interromper o crescimento de eucariotos. Este material serviu para

análise da curva de crescimento e análise de microcistinas.

As culturas foram não contínuas e se renovavam por meio de repicagem a cada 30

dias. A temperatura de incubação foi de 22°C±1°, luminosidade de aproximadamente 20

µmol photon m.s-1 e fotoperíodo de 14 h de luz.

2.3 CURVA DE CRESCIMENTO

O inóculo das cianobactérias foi estabelecido a partir de 60 dias de cultivo em

meio BG-11 para Microcystis aeruginosa e para Microcystis wesenbergii em meio ASM-

1.

A curva de crescimento de M. aeruginosa foi determinada por meio de um

experimento utilizando tubos de ensaios de 15 ml contendo 10 ml de meio de cultura BG-

11. Em cada tubo foi adicionado 3 ml do inóculo de M. aeruginosa. As amostras (tubos

de ensaios) foram acondicionadas em câmara de crescimento e cultivadas durante 30 dias,

sendo que a cada três dias foram retirados três amostras (tréplica), escolhidas através de

sorteios aleatórios utilizando o Office Excell®. A curva de Microcystis wesenbergii foi

determinada por meio de um experimento utilizando tubos de ensaios de 15 ml contendo

8 ml do meio ASM-1 mais 2 ml do inóculo. As amostras também foram acondicionadas

em câmaras de cultivo com condições ambientais simuladas às condições de Barcarena.

Todos os dias foram retirados amostras (tréplica) para análise de cianobactérias durante

44° dia. As curvas de crescimento foram medidas pela concentração de clorofila- a

(PARSONS; STRICKLAND, 1963).

2.4 ANÁLISE DOS DADOS

Foi construída a curva de crescimento para ambas a cepas e realizada a análise de

variância para testar se houve diferença entre as fases/tempos considerados (teste F de

423

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

ANOVA one Way e/ou o teste H de Kruskall-Wallis, para dados paramétricos e não

paramétricos, respectivamente). Para todos os testes foi considerada a significância

inferior a 5% (p<0,05). As análises foram realizadas no software BioEstat 5.0. Para a

análise da estatística descritiva foi utilizado o Office Excell®.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A cepa de M. aeruginosa apresentou três fases de crescimento: latência- do 1° ao

3° dia; exponencial- do 6° ao 27° dia com concentrações média de 1632,9 µg.L-1 e

variação de 1090,5 µg.L-1 (6° dia) a 2587,8 µg.L-1 (27° dia) e fase de declínio- ocorrendo

a partir do 30° dia. Não se identificou a fase estacionária, devido possivelmente ter

ocorrido em intervalo menor que três dias (Figura 2A-C). A curva de crescimento de M.

aeruginosa seguiu um padrão semelhante ao de Jacinavicius, (2010) com aumento no

número de células e a diminuição do seu volume.

Figura 2 - Curva de crescimento de Microcystis aeruginosa em meio BG-11.

A B C

Fonte: Sousa et al. (2019).

424

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

A aparência da cepa de M. aeruginosa era verde oliva e se distribuía por toda a

coluna d’água do inóculo. O que sugere que as florações envolvendo esta espécie pode

ocupar toda a zona eufótica dos corpos d’água em função dos vários aerótopos nas células.

Apresentou mucilagem hialina fina e muitas colônias pequenas. Observaram-se muitas

células espalhadas e com diâmetro reduzido (~3,5 µm), poucos aerótopos e colônias com

tamanho de 55,5 µm. Estas colônias eram pouco densas e assumiram cor azul esverdeado

claro (Figura 2A).

Na fase exponencial, as células se arranjaram de forma densa sem a formação de

mucilagem (Figura 2B). Os diâmetros das colônias e das células foram de 142 µm e 5,1

µm, respectivamente. No início da fase de declínio as colônias diminuíram o seu

diâmetro, mas não apresentaram qualquer alteração quando comparado ao início do

experimento (Figura 2C).

A curva Microcystis wesenbergii apresentou duas fases: fase de latência que

variou de 125,3 a 888,1 µg.L-1, respectivamente do 1° ao 24° dia, que foi

significativamente diferente (F=72,3; p=0,0011) que a fase exponencial que variou

1265,2 a 4511,0 µg.L-1 do 25° ao 44° dia, respectivamente. A média para as fases de

latência e exponencial foram 427, 0 µg.L-1 e 2153,0 µg.L-1, respectivamente.

O aspecto da cepa Microcystis wesenbergii era verde claro onde a floração se

concentrava na superfície da água desde a fase inicial do cultivo até as fases madura e

senescente, sugerindo que no ambiente natural as florações com esta espécie ocorra na

subsuperfície da zona eufótica.

Na fase de latência as células encontravam- se muito agregadas em colônias

grandes e sem forma definida, envolvidas por mucilagem densa e firme. O diâmetro

médio das células foi de 3,4 µm e as colônias mediram 180,2 µm de comprimento, em

seu eixo menor, e 245 µm, em seu eixo maior. Não foram visualizados aerótopos nas

células o que sugerem que as colônias no estágio inicial mantiveram-se suspensa na água

pela mucilagem (Figura3A-C).

Na fase exponencial o diâmetro variou de 4-7 µm com poucos ou sem aerótopos.

Colônias variando de 724 a 802 µm no seu eixo maior. A partir do 41° as colônias

começam a perder a coloração e ocorreu a formação da clatra, estrutura circular que se

localiza no interior da colônia marcando o início da senescência (Figuras 3D e E).

425

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Microcystis wesenbergii é uma espécie dominante no rio Pará na zona portuária

de vila do Conde (Barcarena, Pará), onde a espécie foi isolada, e apresenta maior

densidade no período seco, principalmente de setembro a dezembro (OLIVEIRA, 2018).

Figura 4. Curva de crescimento de Microcystis wesenbergii em meio ASM-1.

Fonte: Sousa et al. (2019).

4. CONCLUSÃO

- O meio BG-11 foi mais eficaz ao crescimento de M. aeruginosa e o meio ASM-

1 foi mais eficaz para M. wesenbergii;

- M. wesenbergii apresenta um crescimento mais lento que M. aeruginosa;

- As florações de M. aeruginosa ocorrem em toda zona fótica da coluna d’água,

de cor verde escura, enquanto que M. wesenbergii na subsuperfície da água, de cor verde

claro e verde pálido com formação de massas agregadas (escumas);

- As florações de M. wesenbergii produz forte mucilagem o que a associa a outras

espécies de cianobactérias, logo sua floração pode estar associada a com outras espécies,

sobretudo filamentosa;

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Clo

rofi

la-a

(µg

.L-1

)

Tempo (Dia)

Microcystis wesenbergii

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- Para a vigilancia se pode considerar que o monitoramento das águas da região

de Barcarena, porto de Vila do Conde, pode ocorrer com frequência mensal.

427

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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428

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

CIANOBACTÉRIAS COMO INDICADORAS DA QUALIDADE DAS ÁGUAS

USADAS PARA O ABASTECIMENTO DE COMUNIDADES TRADICIONAIS

NA RESERVA BIOLÓGICA RIO TROMBETAS (PARÁ)

Paola Vitoria Brito Pires1; Celly Jenniffer da Silva Cunha2; Aline Lemos Gomes3;

Eliane Brabo de Sousa4; Vanessa Bandeira da Costa Tavares5

1Mestranda em Aquicultura e Recursos Aquáticos Tropicais. Universidade Federal

Rural da Amazônia. [email protected] 2Mestre em Ecologia Aquática e Pesca. Instituto Evandro Chagas.

[email protected] 3Mestre em Ecologia Aquática e Pesca. Instituto Evandro Chagas.

[email protected] 4Doutora em Saúde Coletiva. Instituto Evandro Chagas. [email protected].

5Mestre em Biologia Ambiental. Instituto Evandro Chagas- IEC.

[email protected]

RESUMO

A Reserva Biológica do rio Trombetas está localizada na Calha Norte do Pará, é uma

unidade de conservação de proteção integral, a qual vem sofrendo fortes impactos pela

exploração de minérios. As cianobactérias respondem as mudanças dos fatores físico

químicos da água, podendo ajudar a compreender a respostas dos organismos aos

impactos causados no ambiente aquático. O estudo tem como objetivo caracterizar a

estrutura da comunidade de cianobactérias do rio Trombetas e sua variação espaço-

temporal, destacando o emprego desta comunidade como bioindicadora da qualidade da

água, ao longo do rio e seus afluentes. As coletas foram realizadas no rio Trombetas e

alguns tributários nos meses de maior e menor precipitação pluviométrica em 8 pontos

amostrais. Foram realizadas coletas das variáveis físico químicas, as amostras qualitativas

de cianobactérias obtidas com rede de plâncton (45μm), amostras quantitativas e de

clorofila-a coletadas com garrafas de Van Dorn. Foi realizada analise das espécies

indicadoras (IndVal) e correlação de Spearman. Foram identificados 59 taxóns de

cianobactérias. Em media a riqueza e densidade foram maiores no período chuvoso. A

biomassa foi maior no período menos chuvoso. A espécie Pseudanabaena limnetica foi

indicadora para o lago do Batata. Clorofila-a apresentou correlação positiva com

temperatura e nitrato. As cianobactérias no rio Trombetas e seus afluentes apresentam

alta diversidade, entretanto não foi possível aferir relação entre as variáveis ambientais e

a ocorrência das espécies registradas no período estudado.

Palavras-chave: Bioindicadores. Cianobactérias. Trombetas.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Biodiversidade

429

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A Reserva Biológica (REBIO) do rio Trombetas está localizada na Calha Norte

do Pará, pertencente ao grupo de unidades de conservação de proteção integral. A

Mineração Rio do Norte (MRN) está presente na região como a maior empresa produtora

de bauxita do Brasil, matéria prima utilizada na produção do alumínio (MRN, 2014).

Sabe-se que os principais impactos gerados pela extração minério são o total

desmatamento da floresta, através da escavação do solo para extrair o minério, e a

contaminação dos recursos hídricos através das águas utilizadas nos diversos processos

da cadeia produtiva (ÁVILA e MONTE-MÓR, 2007).

Nesta REBIO são encontradas dezenas de populações tradicionais (povos

indígenas e comunidades quilombolas), as quais dependem diretamente dos recursos

naturais desta região para o abastecimento, recreação e pesca de subsistência. Além disso,

enquanto unidade de conservação (UC) de proteção integral é extremamente importante

para a proteção de tabuleiros de desova de tartarugas, com boa conectividade, e dos

demais atributos para aves, mamíferos, biota aquática, macroinvertebrados e vegetação,

apresentando alta diversidade e com grande endemismo (ICMBIO, 2004).

A Mineração Rio do Norte (MRN) já foi responsável pelo assoreamento do lago

Batata, afluente do rio Trombetas, fato denominado por alguns como “o maior desastre

industrial da Amazônia”, onde 20% da superfície líquida tornou-se sólida, aterrada pelos

rejeitos da lavagem do minério que eram depositados no lago (WANDERLEY, 2008). O

alto nível de assoreamento do lago colocou em perigo de contaminação o rio Trombetas.

Esta contaminação pode alterar a qualidade da água, através de mudanças nas suas

características físico-químicas, da entrada de nutrientes e substâncias alóctonas no

sistema hídrico, desiquilibrando as comunidades biológicas.

A legislação brasileira que rege a qualidade das águas, a resolução CONAMA

357/2005. Determina diversos padrões de qualidade, desde físicos, químicos a biológicos.

No Art 8º § 3º da resolução indica que a qualidade dos ambientes aquáticos poderá ser

avaliada por indicadores biológicos, utilizando-se organismos e/ou comunidades

aquáticas. Dentre estas comunidades a fitoplanctônica tem sido um importante parâmetro

para a determinação desta qualidade.

As cianobactérias fazem parte do fitoplâncton, os quais são organismos

fotossintetizantes microscópicos que respondem às alterações dos fatores ambientais

430

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

(REYNOLDS, 2006). Algumas espécies de cianobactérias são produtoras de metabólitos

tóxicos, principalmente quando estão em desequilíbrio, isto é, quando possuem

crescimentos acentuados (Blooms) no ambiente, além de causarem a alteração das

características organolépticas da água e desequilíbrio no ecossistema aquático.

O conhecimento das espécies de cianobactérias da região da REBIO pode fornecer

informações para o entendimento da resposta desses organismos às alterações ambientais

e sobre os possíveis riscos de intoxicação de populações tradicionais (quilombolas) na

que consomem estas águas. Portanto o estudo teve como objetivo caracterizar a estrutura

da comunidade de cianobactérias do rio Trombetas e sua variação espaço-temporal,

destacando o emprego desta comunidade como bioindicadora da qualidade da água, ao

longo do rio e seus afluentes.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO E ESTRATEGIA AMOSTRAL

A Reserva Biológica do rio Trombetas tem uma área de 385.000 km2, tendo sido

criada pelo Decreto- 84.018 em 21/09/1979. Está localizada no noroeste do estado do

Pará, no município de Oriximiná, na margem esquerda do rio Trombetas e caracteriza-se

por ser um clima típico de região continental, quente e úmido. A área apresenta uma das

precipitações mais baixas da região Amazônica, sendo a média anual de 2.152 mm. A

maior parte das chuvas se concentra nos meses de janeiro a maio.

As coletas foram realizadas no rio Trombetas e alguns tributários nos meses de

maior e menor precipitação pluviométrica (Figura 1). Foram estabelecidos 08 pontos de

amostragem: 2 pontos no igarapé Água Fria, 2 pontos no igarapé Moura, 2 pontos no rio

Trombetas e 2 pontos no lago Batata. Em cada ponto de amostragem foram coletadas

amostras para análise de cianobactérias, clorofila-a (biomassa indireta) e os fatores físico-

químicos da água.

431

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 1. Localização das estações de coleta ao longo do rio Trombetas e seus tributários.

Fonte: autores

2.2 COLETA E ANÁLISE DOS FATORES FÍSICO-QUÍMICOS

A transparência da água foi estimada com o uso de um disco de Secchi. As análises

físico-químicas: temperatura (T°C) e pH utilizando a Sonda multiparamétrica. Já as

variáveis turbidez, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), N-nitrito (N-NO2-), N-nitrato

(N-NO3-), nitrogênio amoniacal (N-NH4) e fosforo total foram coletadas de forma direta

na sub-superfície da água. Em laboratório, estes parâmetros foram determinados por

espectrometria de UV-VIS e pelo sistema de cromatografia de íons obedecendo aos

procedimentos e as recomendações da American Public Health Association (APHA,

2005).

2.3 COLETA E ANÁLISE DAS CIANOBACTÉRIAS

As amostras qualitativas foram obtidas com rede de plâncton (45μm) e fixadas em

formol 4%. No laboratório foram analisadas por meio da montagem de lâminas

temporárias e observadas sob um microscópio acoplado a um sistema de captura de

imagem. A identificação, nomenclatura e o enquadramento taxonômico foram realizados

de acordo com a literatura especializada.

Já as amostras quantitativas e de clorofila-a foram coletadas com garrafas de Van

Dorn na camada de água anterior ao desaparecimento do disco de secchi, sendo

armazenadas em frascos de polipropileno (250 ml) e preservadas em solução de lugol

10% e refrigeradas, respectivamente. Em laboratório as amostras quantitativas foram

432

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

analisadas através do método de sedimentação de Utermöhl (1958). Já a clorofila-a foi

analisada por espectrofotometria (STRICKLAND e PARSONS, 1972).

2.4 TRATAMENTO DOS DADOS

Para as análises estatísticas descritivas e analíticas foram utilizados os softwares

PAST10 (HAMMER et al., 2001), PCORD 511 (McMUNE e MEFFORD, 2011) e

CANOCO 4.512 (TER BRAAK e SMILAUER, 2002). Também foi feita análise de

variância para testar as variações dos fatores ambientais por meio do teste F (ANOVA

One Way), para dados normais, e o teste H de Kruskall-Wallis para dados não normais.

Foi realizada uma Análise de Agrupamento (Cluster), a partir da qual foi avaliada

a relação entre as amostras (Modo Q) e as associações de espécies de cianobactérias

(Modo R). Os grupos de amostras formados no Cluster foram utilizados na determinação

das espécies indicadoras do ambiente estudado (IndVal – Valor Indicativo das espécies)

(DUFRENE e LEGENDRE, 1997). Para relacionar as variáveis ambientais com as

variáveis bióticas foi realizada uma Correlação de Spearman.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através da análise da variância foi possível observar que as variáveis pH, turbidez

e salinidade não apresentaram diferenças significativas entre os diversos fatores testados

(períodos sazonais e pontos de amostragem).

A variável temperatura apresentou diferença entre os períodos sazonais (H= 6,35;

p < 0,05), sendo o período menos chuvoso (33,05 ± 3,28 °C o de maior temperatura em

relação ao período mais chuvoso (29,92 ± 1,05 °C), oscilação provavelmente ocasionada

pelo aumento das chuvas no período. O nitrato (F= 0,51; p < 0,05) também variou

somente entre os períodos sazonais. No entanto, este parâmetro esteve maior no período

menos chuvoso (1,6 ± 0,42 mg/L) em relação ao mais chuvoso (0,76 ± 0,25 mg/L).

Foram identificados 59 espécies de cianobactérias, distribuídas em três ordens, 10

famílias e 23 gêneros. A ordem mais representativa foi Oscillatoriales com 43 spp. as

demais ordens (Chroococales e Nostocales) estiveram apresentando 9 spp. e 7 spp.,

respectivamente. As maiores representatividades de espécies foram das famílias

Oscillatoriaceae (9 spp.), Phormidiaceae (11 spp.), e Pseudanabaenaceae (15 spp.).

433

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Em relação à riqueza de espécies foi possível observar que a maior riqueza ocorreu

no mês chuvoso (23 spp.) e a menor no mês menos chuvoso (9 spp.), e de maneira geral

a riqueza foi maior no período chuvoso. A maior riqueza taxonômica foi constituída pelos

indivíduos da ordem Oscillatoriales, a qual é uma ordem que inclui todos os gêneros cujas

células possuem talos exclusivamente filamentosos e homocitados (KOMÁREK e

ANAGNOSTIDIS, 1989, 2005) apresentando grande diversidade de habitats, desde

sistemas aquáticos até terrestres, podendo ser planctônicas ou bentônicas (TATON et al.,

2006).

A maioria das espécies foi classificada como esporádicas (35 spp), seguida de

pouco frequente (14 spp), muito frequente (7 spp) e freqüente (3 spp). As espécies com

maior frequência foram Aphanocapsa elachista, Merismopedia tenuissima,

Planktolyngbya brevicellularis, Planktolyngbya limnetica, Pseudanabaenoideae,

Pseudanabaena limnetica e Pseudanabaena sp. 1. Dentre os gêneros das espécies citadas

mais frequentes, podemos destaca-los como possíveis produtores de toxinas e formadores

de florações (SANT’ANNA et al., 2006).

Os valores de densidade variaram entre 3924,48 cel/mL (no periodo menos

chuvoso; ponto 08) a 68499,2 cel/mL (no periodo mais chuvoso; ponto 06). Quando

testados os valores de densidade não diferiram significativamente em relação aos

períodos sazonais e pontos. No entanto, o período chuvoso, em média, apresentou maior

densidade (29703,52 ± 25425,7 cel/mL) (Figura 2).

As espécies que mais contribuíram para a densidade foram Aphanocapsa

elachista, Merismopedia tenuissima, Pseudanabaena limnetica e Pseudanabaenoideae. A

densidade de espécies estando maior no período chuvoso pode estar relacionada à maior

entrada de nutrientes na água. Além disso, as espécies de maior densidade são de gêneros

que podem estar relacionados a habitas metafiticos, organismos que vivem frouxamente

relacionados à macrófitas ou plantas aquáticas, dando maior sustentabilidade no

ambiente, já que o período chuvoso acarreta águas mais agitadas (FRANCESCHINI et

al., 2010).

434

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2. Densidade de células de cianobactérias registrada para região e período de estudo.

Fonte: autores

A alta densidade de cianobactérias pode alterar a qualidade da água (odor, cor e

sabor) e o equilíbrio de vida da biota aquática. Podem ser organismos prejudiciais à saúde

publica por serem potenciais produtores de toxinas (dermatotoxinas, hepatotoxinas e

neurotoxinas) e formadores de florações. Modificam a transparência da água e

consequentemente a penetração de luz solar na coluna d’água, prejudicando

principalmente outros organismos fotossintetizantes (CARMICHAEL et al., 1986;

BEYRUTH, 1991; CETESB, 2009).

A biomassa em termos de clorofila-a oscilou de 0,00 μg.L-1 (P12, chuvoso) a 13,06

μg.L-1 (P12, menos chuvoso). A clorofila-a variou significativamente somente entre os

períodos sazonais (F= 46,91; p< 0,05), sendo o período menos chuvoso com maior

concentração deste pigmento (9,14 ± 2,90 μg.L-1). Todos os valores estiveram abaixo do

valor preconizado pelo Brasil (2005) (Figura 3).

435

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 3. Biomassa (Clorofila-a) registrada para a região e período de estudo.

Fonte: autores

O período menos chuvoso foi o que apresentou temperaturas mais elevadas, e com

maiores concentrações de compostos orgânicos na água, estes fatores se relacionam

diretamente com a taxa de atividade fotossintética das comunidades fitoplanctônicas, as

quais fazem parte as cianobactérias, por conta disso podemos relacionar a maior

concentração de clorofila-a em relação a estes fatores (BUZELI e CUNHA-SANTINO,

2013).

A diversidade (H’) variou de um mínimo de 3,17 bits.log2 (período menos

chuvoso) e máximo de 4,5 bits.log2 (período chuvoso). Já a equitabilidade (J’), obteve

valor 1 para todos os pontos e períodos. Para cianobactérias o ambiente foi considerado

de certa forma diverso e homogêneo temporal e espacialmente.

Apenas uma espécie indicadora foi identificada, em relação ao local dos pontos

de coleta, sendo esta Pseudanabaena limnetica (IndVal= 51,5%; p < 0,05), para o lago

Batata. A análise de espécies indicadoras leva em consideração a exclusividade e a

fidelidade das espécies nas amostras (ambientes/habitat), possibilitando assim inferir se

uma ou mais espécies são boas indicadoras ambientais.

O lago Batata já foi alvo de assoreamento por rejeitos de lavagem de minério e

teve 20% da sua superfície sólida (WANDERLEY, 2008). Atualmente a situação do lago

encontra-se de certa forma revertida, contudo, podemos dizer que o lago ainda sofre

436

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

influencia do assoreamento sofrido, pois a espécie indicadora deste ambiente é capaz de

viver em habitats com camadas turvas e mescladas, apresentando resistência a condições

de alta deficiência de luz (FRANCESCHINI et al., 2010), demonstrando que ainda há

ocorrência de impacto sobre o ambiente.

A descrição dos resultados para a correlação de Spearman encontra-se listados na

Tabela 1. Foi observada correlação direta e positiva entre clorofila-a, nitrato e

temperatura, quando estes parâmetros aumentam o nível deste pigmento também

aumenta. Devido ao aumento da temperatura, os organismos presentes no ambiente

podem ter seu metabolismo alterado, de forma que essas temperaturas elevadas

promovam um crescimento da taxa metabólica. Para organismos que realizam

fotossíntese, como o fitoplâncton em geral, o aumento dessa taxa pode acarretar em uma

maior atividade fotossintética, produzindo assim, mais pigmento fotossintetizante, a

clorofila (BUZELI e CUNHA-SANTINO, 2013).

Já a presença de nitrato no ambiente proporciona maior crescimento das

populações de cianobactérias, que são beneficiadas pela presença de compostos orgânicos

na água, uma maior população gera maior produção fotossintética, o que pode ser

explicado pela correlação positiva da presença de pigmento fotossintetizante e nitrato na

água (BUZELI e CUNHA-SANTINO, 2013).

Tabela 1. Correlação de Spearman entre os parâmetros bióticos e abióticos da região e período

de estudo.

Fonte: autores

4. CONCLUSÃO

A ordem Oscillatoriales e a família Pseudanabaenaceae, foram as mais

representativas por terem apresentado maior riqueza de espécies no presente estudo.

437

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Apenas uma espécie indicadora foi identificada, sendo esta para o lago Batata, onde a

espécie aponta características que indicam que o ambiente ainda continua afetado pelas

consequências dos impactos sofridos. As cianobactérias no rio Trombetas e seus afluentes

apresentam alta diversidade, entretanto não foi possível encontrar relação significativa

entre as variáveis ambientais e a ocorrência da maioria das espécies registradas no período

estudado.

438

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

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440

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA ESPACIAL DE

COMUNIDADES VEGETAIS EM UM AMBIENTE RIPÁRIO ANTROPIZADO

NO NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ, BRASIL

Luna Gabriela Santiago Monteiro1; João Victor de Moraes Souza Pinheiro²; Lucélia

Thaís da Silva Cruz³.

1Mestranda em Biologia Ambiental. UFPA Campus Bragança.

[email protected]

2 Mestrando em Biologia Ambiental. UFPA Campus Bragança.

[email protected]

³Mestranda em Estudos Antrópicos na Amazônia. UFPA Campus Castanhal.

[email protected]

RESUMO

As matas ciliares possuem grande importância aos sistemas hidrográficos e ecossistemas

terrestres, sendo consideradas pela legislação brasileira como Áreas de Preservação

Permanente (APP), no entanto têm sido continuamente suprimida devido vários fatores

antrópicos. Dessa maneira este trabalho teve como objetivo avaliar a composição

florística e distribuição de comunidades vegetais na mata associada ao rio Cereja,

localizada no município de Bragança, NE-PA, bem como determinar os índices de

densidade e equitabilidade dos espécimes registrados, dentre outras variáveis

fitossociológicas. A análise florística foi realizada em duas parcelas (P1 e P2) paralelas

ao rio, onde cada parcela foi dividida em dois lotes de 5X5 m. Dentro de cada lote foi

feito uma subdivisão em sub-lotes de 1X1 m para a obtenção de dados quantitativos utilizáveis ao estudo fitossociológico. As principais famílias registradas foram:

Asteraceae (5 espécies), Fabaceae (5 espécies) e Poaceae (4 espécies). Os maiores valores

de densidade, diversidade e equitabilidade ocorreram na P1, dessa forma estima-se que

esses valores estejam relacionados às condições ambientais menos perturbadas do local

em comparação a P2, favorecendo uma heterogeneidade de táxons. A vegetação ripária

do rio Cereja se apresentou bastante diversa e heterogeneamente distribuída, sendo

constituída principalmente por plantas rasteiras e de pequeno porte. A presença de

Spermacoce verticillata Meye em ambas parcelas analisadas é devido esta espécie ser

altamente tolerante a solos ácidos e pobres em nutrientes, sendo comuns em áreas

degradadas ou em fase de degradação, além de serem grandes competidoras por nutrientes

e água, inibindo em parte a presença de outras espécies.

Palavras-chave: Antropização. Parâmetros Fitossociológicos. Vegetação Ripária.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Biodiversidade.

441

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Os cursos d’água, assim como os reservatórios e as nascentes dos rios, atuam

como limitantes ao desenvolvimento e sobrevivência de grande parte dos organismos que

vivem nestes ambientes e em suas adjacências (Metzger, 2010). A preservação de corpos

hídricos está diretamente associada às condições em que se encontra a vegetação

proximal, estando esta vegetação composta principalmente por florestas ripárias que

estabilizam e protegem os solos das margens dos rios e represas (Faria, 2001). Essas

importantes formações vegetais se encontram associadas aos corpos d’água, ao longo dos

quais podem se estender por dezenas de metros a partir das margens e apresentar

marcantes variações na composição florística e na estrutura comunitária, dependendo das

interações que se estabelecem entre ecossistema aquático e o ambiente terrestre adjacente

(Chaves, 2005). As faixas de vegetação que cercam os corpos hídricos são dependentes

de uma série de fatores, dentre eles, a dinâmica de equilíbrio entre fauna, flora e o meio

abiótico existente, devendo a faixa de mata pré-estabelecida ser capaz de desemprenhar

satisfatoriamente todas as funções vitais deste ecossistema (Metzger, 2010).

As florestas ripárias, ripícolas ou ainda matas ciliares, como são mais conhecidas,

são consideradas pela legislação brasileira como Áreas de Preservação Permanente

(APP), no entanto o alto nível de degradação desses ecossistemas é resultado direto da

ação indiscriminada do homem verificado pelo mau uso do solo, desmatamento,

queimadas e cujas consequências são danosas para a geração atual e futura (Santos, et al.,

2014). As matas ciliares agem dificultando o escoamento da água de enxurradas,

diminuindo sua velocidade e promovendo maior infiltração no solo, devendo-se este

fenômeno às arvores, suas raízes e a camada de matéria orgânica depositada sobre o solo

(serapilheira) (Vogel et al., 2009), além do controle de erosão em áreas fluviais (Durlo e

Sutili, 2005). Desta maneira, em virtude da grande importância das vegetações ciliares

aos sistemas hidrográficos e ecossistemas terrestres, este trabalho teve como objetivo

avaliar a composição florística e distribuição de comunidades vegetais ao longo do Rio

Cereja, localizado no nordeste do estado do Pará, bem como determinar os índices de

densidade e equitabilidade dos espécimes registrados, dentre outras variáveis

fitossociológicas.

442

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O município de Bragança está situado sobre uma extensa superfície de planície

costeira, entre dois grandes estuários, o do Taperaçu e o do rio Caeté (Pereira et al., 2009)

e apresentando características inerentes, tais como rios extensos e hidrodinâmicos, amplas

áreas de manguezais e planaltos rebaixados (Carvalho, 2002). A hidrografia do município

é intensamente recortada por igarapés e apresenta dois rios principais, o rio Caeté, que

desagua no oceano Atlântico, e o rio Cereja, que é um dos afluentes do rio Caeté (Figura

1) (IBGE, 2003). O rio atravessa sete bairros de Bragança: Taíra, Alegre, Cereja, Vila

Sinhá, Padre Luís, Centro e Aldeia, e apresenta aproximadamente 1,5 metros de

profundidade, 6 metros de largura e 5 km de comprimento (Santos et al., 2014). O

crescimento desordenado da população de Bragança culminou em um processo crescente

de degradação ambiental e na prática de constantes agressões contra a climatização local,

a boa e correta drenagem, as áreas verdes e matas ciliares, aos cursos d’água e a topografia

original (Mello, 2002), tendo como reflexo disso as condições atuais do rio Cereja.

Figura 1 - Localização geográfica da área de amostragem: (A) América do Sul, (B)

Salgado Bragantino; (C) os dois pontos de coleta ao longo do Rio Cereja.

Fonte: autores.

443

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2.2 COLETAS E ANÁLISES DE DADOS

Foram determinadas duas parcelas de amostragem ao longo do Rio Cereja, Parcela

1 (P1 – S1°3’15,80616 e W46°46’19,16112) e Parcela 2 (P2 – S1°3’4,464 e

W46°45’56,88792) (Figura 1). Cada parcela foi subdividida em dois lotes, tendo cada

lote 5X5 m, os quais foram medidos com o auxílio de fita métrica. Para cada lote foram

coletadas amostras de todas as espécies vegetais detectadas, a fim de se fazer uma análise

qualitativa da composição florística do ambiente. Como método de preservação dos

espécimes vegetais coletados, foram confeccionadas exsicatas (Mori et al., 1989), as

quais foram armazenadas em estufa por 48 horas e posteriormente levadas ao herbário da

Universidade Federal do Pará (UFPA – Bragança) para serem classificadas quanto à

taxonomia.

A classificação taxonômica foi realizada com a ajuda de especialista em

fanerógamas da própria UFPA. Sub-lotes de 1X1 m foram delimitados dentro dos lotes

maiores de 5X5 m. Todos os organismos vegetais dentro dos sub-lotes de 1X1 m foram

coletados, sendo os de pequeno porte coletados desde suas raízes, e contabilizados a fim

de se obter dados quantitativos para o cálculo da diversidade específica, equitabilidade,

densidade das espécies, abundância relativa e da frequência de ocorrência.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA

No levantamento florístico foram registradas 34 espécies, pertencentes a 12

famílias, sendo que seis organismos não foram identificados em nenhum nível

taxonômico. (Tabela 1). As famílias com maior número de espécies foram: Asteraceae

(5) e Fabaceae (5), seguido por Poaceae (4), Malvaceae (3), Rubiaceae (2), Acanthaceae

(2), Amaranthaceae (2), Commelinaceae (2), Plantaginaceae (1), Onagraceae (1),

Passifloraceae (1), Myrtaceae (1), Combretaceae (1), Convolvulaceae (1), Solanaceae (1),

Arecaceae (1), Cleomaceae (1). Considerando o número de espécies por gênero, três

organismos não foram classificados a esse nível taxonômico e seis em nenhum nível

taxonômico, no total, os gêneros que apresentaram maior número de espécies foram:

444

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Paspalum (4), Alternanthera (2), Commelina (2), Spermacoce (2), Mimosa (2), Sida (2)

Senna (1), Macrolobium (1), Sphagneticola (1), Synedrella (1), Eclipta (1), Ruellia (1),

Hygrophila (1), Scoparia (1), Triumfetta (1), Ludwigia (1), Turnera (1), Psidium (1),

Terminalia (1), Ipomoea (1), Solanum (1), Euterpe (1), Cleone (1) (Tabela 1). Foi

registrado para o Rio Cereja amplo espectro de variação quanto à sua preservação, desde

a nascente até a foz (Silva-Filho, 2015), e assim como no trabalho deste autor, a vegetação

ripária do Rio Cereja foi constituída predominantemente por espécies rasteiras, de

pequeno porte, com maior diversidade e maior conservação de espécies nativas,

registrando-se maiores índices de densidade e diversidade nas porções à jusante do rio, o

que se deve em parte a menor ação antrópica neste local.

Tabela 1 - Composição das espécies de vegetais presentes às margens do Rio Cereja. FAMÍLIAS/TÁXONS

FABACEAE POACEAE Senna sp. Paspalum urvillei Steud Macrolobium sp. Paspalum sp.1 Mimosa sp. Paspalum sp.2 Mimosa hostilis Benth Paspalum sp.3 RUBIACEAE MALVACEAE Spermacoce verticillata Meye Triumfetta sp. Spermacoce sp. Sida sp.1 ASTERACEAE Sida sp.2 Sphagneticola triloba Pruski ONAGRACEAE Asteraceae sp.1 Ludwigia sp. Asteraceae sp.2 PASSIFLORACEAE Synedrela sp. Turnera sp. Eclipta sp. MYRTACEAE ACANTHACEAE Psidium guajava Burman. Ruellia blechum Browne COMBRETACEAE Hygrophila costata Nees Terminalia catappa Linn PLANTAGINACEAE CONVOLVULACEAE Scoparia dulcis Valke Ipomoea asarifolia Schult COMMELINACEAE SOLANACEAE Commelina sp1 Solanum sp. Commelina sp2 ARECACEAE AMARANTHACEAE Euterpe oleracea Mart Alternanthera brasiliana Kunt. CLEOMACEAE Alternanthera sp. Cleone sp.

3.2 DIVERSIDADE ESPECÍFICA, EQUITABILIDADE E DENSIDADES

Os valores de diversidade específica de Shannon oscilaram entre 0,89 ± 0,28 na

Parcela 2 (porção mais externa do rio) a 2,05 ± 0,02 na Parcela 1 (porção mais interna).

445

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Os índices de equitabilidade (Pielou, 1977) seguiram o mesmo padrão da diversidade,

com valores mais baixos ao longo da P2 (0,64 ± 0,20) e mais altos ao longo da P1 (0,75

± 0,02). Por outro lado, a densidade total de espécies variou de 59 ± 35,35 organismos/m2

na P2 a 119,5 ± 64,34 organismos/m2 na P1. Os táxons que apresentaram maior valor de

densidade por m2 na P1 foram: Asteraceae sp 2 com 39,5 organismos/m2, Senna sp com

24 organismos/m2 e Sphagneticola triloba, com 17 organismos/m2; e os que apresentaram

maior valor de densidade na P2 foram: Poaceae sp 3 com 35 organismos/m2, Spermacoce

verticillata 13 organismos/m2 e Ruellia blechum com 9 organismos/m2 (Figura 2).

Figura 2 - Médias e ± DP das variáveis fitossociológicas: Diversidade Específica (H’),

Equitabilidade (J’) e Densidade total dos organismos/m2, considerando-se as duas parcelas.

Fonte: autores.

Os valores de diversidade específica (0,89 ± 0,28) e equitabilidade (0,64 ± 0,20)

mais baixos para a parcela 2 (porção mais externa do rio) pode ser elucidado pelos

impactos e as alterações decorrentes da ocupação desordenada desta área, visto que essa

condição insalubre contribui expressivamente para a degradação ambiental, como já visto

por Silva-Filho & Nunes (2017), onde verificaram que a invasão da população às

446

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

proximidades do Rio Cereja causa a diminuição nos índices de integridade do rio,

contribuindo para o processo de eutrofização.

3.3 ABUNDÂNCIA RELATIVA

Em ambas as parcelas, três espécies apresentaram abundância relativa

significante. Na parcela 1, Asteraceae sp 2, Sphagneticola triloba Pruski e Ruellia

blechum Browne apresentaram abundância relativa de 33,05%, 14,22% e 12,55%

respectivamente. Na parcela 2, Poaceae sp 3, Spermacoce verticillata Meye e R. blechum

apresentaram 59,32%, 22,03 e 7,62 respectivamente. R. blechum esteve presente tanto na

parcela 1 quanto na parcela 2, apresentando valores consideráveis de abundância de

12,55% e 7,62 respectivamente.

A riqueza de espécies relativamente elevada é característica comum em matas

ciliares devido à heterogeneidade ambiental comumente superior à de florestas de terra

firme próximas (Oliveira Filho et al., 1990). Segundo Rodrigues e Nave (2000), esse fato

é condicionado pela natureza ecotonal da faixa ciliar, que é ocupada por mais de um tipo

vegetacional ou mesmo por formações fitofisionômicas distintas, que diferem fortemente

entre si em termos de composição florística. Sendo assim, no presente estudo se constatou

ampla riqueza de espécies, com índices relativamente mais altos na parcela 1, a qual

demonstrou elevada heterogeneidade.

Figura 3 - Abundância Relativa (%) dos principais táxons que compuseram a vegetação

ripária nas duas parcelas estudadas ao longo do Rio Cereja.

Fonte: autores.

447

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3.4 FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA

Quanto à frequência de ocorrência das espécies vegetais registradas, apenas

Spermacoce verticillata apresentou 100% de frequência, estando presente em todos os

sub-lotes amostrados (ou seja, nas duas parcelas). A Tabela 2 mostra outros dados sobre

a frequência de ocorrência dos demais táxons registrados em suas respectivas parcelas ao

longo do Rio Cereja. Dentre as espécies vegetais coletadas, apenas Spermacoce

verticillata Meye foi comum a todas as parcelas e sub-lotes. Outros táxons com maior

distribuição foram Ruellia blechum Browne e Poaceae sp 3. A ampla distribuição e

relativa dominância de S. verticillata, comumente conhecida como vassourinha-de-botão,

podem ser atribuídas ao fato desta ser altamente tolerante a solos ácidos e pobres em

nutrientes (Kissmann e Groth, 2000).

Na Amazônia é uma das espécies mais comuns em pastagens nativas ou cultivadas

em terra firme, sobre tudo em áreas degradantes ou em fase de degradação (Dutra et al.,

2004; Fontes et al., 2011). Outro importante ponto a ser destacado é que a espécie S.

verticillata é uma grande competidora por nutrientes, capaz de interferir na presença de

outras espécies, como já foi verificado por Fontes e Tonato (2016), em que registraram

forte extração de nutrientes pela espécie como, por exemplo, nitrogênio, cálcio, potássio,

magnésio, enxofre, fosforo, ferro, manganês, zinco e boro, que ficaram indisponíveis para

outras espécies, causando redução no crescimento e aparecimento destas. Este pode ser

um fato explicativo do menor número de espécies na parcela 2, uma vez que, S.

verticillata, embora não tenha constituído a espécie dominante para esta parcela,

representou o segundo maior numero (26) de indivíduos por m2, levando à redução da

diversidade neste ambiente.

448

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 2 - Frequência relativa de ocorrência dos espécimes vegetais registrados nas respectivas

parcelas de amostragem. * Valores em percentagem (%)

Espécie P1 P2 Espécie P1 P2

Alternanthera brasiliana 100 - Eclipta sp 50 -

Alternanthera sp 100 - Euterpe oleracea 50 -

Asteraceae sp 2 100 - Fabaceae sp 1 50 -

Ruellia blechum 100 50 Macrolobium sp 50 -

Sp1 desconhecida 100 - Poaceae Sp 2 50 -

Sp2 desconhecida 100 - Poaceae Sp 3 50 100

Sp4 desconhecida 100 - Senna sp 50 50

Spermacoce vertillata 100 100 Sp3 desconhecida 50 -

Sphagneticola triloba 100 - Sp5 desconhecida 50 -

Poaceae sp 1 50 50 Sp6 desconhecida 50 -

Commelina sp 1 50 - Mimosa hostilis - 50

Commelina sp 2 50 -

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A vegetação ripária do rio Cereja se apresentou bastante diversa e

heterogeneamente distribuída, sendo constituída principalmente por plantas rasteiras e de

pequeno porte. As condições abióticas e o nível de degradação do ambiente aparentam

interferir diretamente nos índices de densidade por metro quadrado de vegetação, bem

como nos valores de diversidade de espécies, dentre outras variáveis fitossociológicas.

Com isso, pode-se inferir que quanto mais interno for o trecho analisado ao longo do rio

Cereja, aparentemente menor será o nível de perturbação do ambiente, tendendo a certa

preservação do ecossistema em questão, o que garante melhor condição de acolhimento

a uma maior gama de espécies vegetais, que colaboram para o aumento da diversidade

local. Além disso, a presença de Spermacoce verticillata Meye em ambos os trechos

analisados constitui outro fator determinante ao estabelecimento e desenvolvimento de

outras espécies no ambiente, já que segundo a literatura esta espécie é caracterizada como

grande competidora, sendo capaz de influenciar nos índices de diversidade vegetacional

do ambiente em questão.

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5. REFERÊNCIAS

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

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451

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

DESEMPENHO DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS SOBRE INTERFERÊNCIA

DE ESPÉCIES NATIVAS E INVASORAS

Rayssa Silva do Carmo¹; Nayara Louback Franco²; Thaisa Sala Michelan³.

¹Graduanda de Ciências Biológicas, curso Bacharelado. Instituto de Ciências

Biológicas, Universidade Federal do Pará. [email protected]

²Mestre em Ciências Ambientais. Instituto de Ciências Biológicas, Universidade

Federal do Pará. [email protected]

³Doutora em Ecologia de Ambientes Aquáticos. Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal do Pará. [email protected]

RESUMO

O presente estudo objetivou verificar o desempenho de macrófitas aquáticas sobre

interferência de espécies nativas e invasoras. O experimento foi realizado na

Universidade Federal do Pará e teve duração de 13 dias no mês de maio de 2019. As

amostras das plantas foram coletadas na Universidade Federal Rural da Amazônia,

Belém, Brasil. Visto em ambientes aquáticos continentais, macrófitas aquáticas

frequentemente se tornam invasoras e tendem a causar fortes impactos ao criar

estruturação física e controlar aspectos físicos e químicos da água e dos sedimentos. As

plantas invasoras podem deter características que as auxiliam a se estabelecer em um

ambiente, dentre elas, destacamos os efeitos alelopáticos, que são um tipo de interações

bioquímicas entre diversas espécies de vegetais, considerada uma forma de adaptação

química defensiva, além de ser um fator de estresse ambiental para muitas espécies. Com

isso, selecionadas, as plantas Urochloa arrecta, Pistia stratiotes e, Hydrocleys

nymphoides, foram lavadas e separadas dos resíduos do lago. Após mensuradas, as

plantas foram colocadas em 3 diferentes tratamentos com P. stratiotes, com 10 réplicas

para cada tratamento, totalizando 30 unidades experimentais. Porém, não houve diferença

de crescimento entre os tratamentos, mas sim, um crescimento entre os tratamentos

controle (água) e nativa (Hydrocleys nymphoides). Nesse sentido, a hipótese de que

haveria ações alelopáticas da espécie de macrófita invasora Urochloa arrecta foi rejeitada,

pois a espécie nativa Pistia stratiotes não apresentou diferença significativa de

crescimento.

Palavras-chave: Efeitos alelopáticos, Urochloa arrecta, capacidade competitiva

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia

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1. INTRODUÇÃO

O aumento das atividades antrópicas nas últimas décadas tem afetado

negativamente os recursos naturais, como por exemplo, contaminação dos ambientes

aquáticos, desmatamentos, contaminação de lençol freático e introdução de espécies

exóticas, resultando na perda de hábitats e redução da biodiversidade (Goulart & Callisto,

2003). A conservação da biodiversidade tornou-se uma questão central na ecologia,

especialmente nas últimas três décadas, quando as extinções em massa começaram a ser

reconhecidas como uma das mais severas mudanças globais (Clavero & Garcıa-Berthou

2005).

A introdução de espécies não-nativas é considerada uma das principais causas de

perda de biodiversidade (Clavero & Garcıa-Berthou 2005), embora as invasões de plantas

possam afetar as comunidades nativas sem causar extinções (p.e. Jäger et al. 2009).

Entender como as espécies de plantas exóticas se tornam invasivas é uma questão

fundamental na ecologia de invasão. As invasões biológicas ocorrem quando uma espécie

é introduzida em uma nova região, coloniza, se estabelece e se propaga em um ambiente

além da sua extensão original (Richardson et al. 2000).

Fatores abióticos e bióticos podem explicar o sucesso das invasões. Entre os

bióticos, o grau de parentesco filogenético de uma espécie com os outros na comunidade

a ser invadida é um importante preditor da capacidade de invasão de espécies exóticas

(Darwin, 1859). O processo de invasão, promovido por ações humanas que eliminam

barreiras naturais, transportam espécies acidentalmente e até mesmo as introduzem

propositalmente (Rejmánek et al. 2005). Espécies exóticas são comumente introduzidas

em ecossistemas de água doce, onde ameaçam vários nativos. Esse fenômeno tornou-se

uma preocupação pois estes ecossistemas são frequentemente mais diversificados em

comparação aos ecossistemas terrestres e marinhos (Balian et al. 2008) e estão passando

por altas taxas de extinção (Jenkins 2003).

Em ambientes aquáticos continentais, macrófitas aquáticas frequentemente se

tornam invasoras e tendem a causar fortes impactos ao criar estruturação física e controlar

aspectos físicos e químicos da água e dos sedimentos (e.g. Caraco e Cole 2002; Perna e

Burrows 2005; Urban et al. 2009; Tall et al. 2011). O termo macrófitas aquáticas constitui

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

uma designação geral para os vegetais que habitam desde brejos até ambientes totalmente

submersos, sendo esta terminologia baseada no contexto ecológico, independentemente,

em primeira instância, de aspectos taxonômicos. As macrófitas aquáticas constituem, em

sua grande maioria, vegetais superiores que retornaram ao ambiente aquático. Dessa

forma, apresentam algumas características de vegetais terrestres e grande capacidade de

adaptação a diferentes tipos de ambientes (Esteves, 1998). Alguns dos impactos

atribuídos a macrófitas invasoras são alterações na disponibilidade de habitat e refúgio

(Wright et al. 2014), dinâmica do oxigênio dissolvido (Caraco e Cole 2002; Perna e

Burrows 2005), ciclagem de nutrientes (Urban et al. 2009; Tall et al. 2011).

As plantas invasoras podem deter características que as auxiliam a se estabelecer

em um ambiente, dentre elas, destacamos os efeitos alelopáticos, que são um tipo de

interações bioquímicas entre diversas espécies de vegetais, considerada uma forma de

adaptação química defensiva, além de ser um fator de estresse ambiental para muitas

espécies (Lovett e Ryuntyu, 1992). O conceito de alelopatia descreve a influência de um

indivíduo sobre o outro, seja prejudicando ou favorecendo o segundo, e sugere que o

efeito é realizado por biomoléculas (denominadas aleloquímicos) produzidas por uma

planta e lançadas no ambiente, seja na fase aquosa do solo ou substrato (Rizvi et al.,

1992). Alterações nestes aspectos geralmente causam impactos diretos e indiretos na

fauna associada às macrófitas (Kornijów et al. 2010; Wright et al. 2014).

Dentre as macrófitas invasoras, a Poaceae Urochloa arrecta (Hack. ex T. Durand

e Schinz) Morrone e Zuloaga (capim-braquiária), é uma planta perene e estolonífera, com

reprodução seminífera pouco significativa, nativa do continente africano, é um exemplo

de macrófita aquática altamente invasora e com ampla abrangência no Brasil. Sua

adaptabilidade a solos úmidos e alagados permitiu a invasão de áreas cultivadas

(Kissmann & Groth, 2007). Há evidências de que, no geral, o enriquecimento por

nutrientes facilita os processos de invasão pelo aumento da disponibilidade de recursos

(Byers 2002; Engelhardt 2011).

Nesse sentido, nossa hipótese é que há interferência pela liberação de substâncias

alelopáticas de U. arrecta no meio em que a Pistia stratiotes, uma macrófita nativa,

cresce. Essa interferência pode ser positiva se a absorção de nutrientes disponíveis pela

454

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

U. arrecta for eficiente para o desenvolvimento e reprodução de P. stratiotes, porém

podemos encontrar um efeito negativo caso os aleloquímicos de U. arrecta forem

potencialmente ativos agindo na inibição do crescimento de P. stratiotes.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O experimento foi realizado na Universidade Federal do Pará e teve duração de

13 dias no mês de maio de 2019. As amostras das plantas foram coletadas na Universidade

Federal Rural da Amazônia, Belém, Brasil.

2.2 AMOSTRA

Depois de selecionadas, as plantas Urochloa arrecta, Pistia stratiotes e,

Hydrocleys nymphoides, foram lavadas e separadas dos resíduos do lago. A princípio,

verificou-se o peso inicial (g) de cada indivíduo. Após mensuradas, as plantas foram

colocadas em 3 diferentes tratamentos com P. stratiotes, com 10 réplicas para cada

tratamento, totalizando 30 unidades experimentais. As plantas que constituíram os

tratamentos (Urochloa arrecta e Hydrocleys nymphoides) passaram por um processo de

fragmentação no liquidificador, no qual colocamos 1.515g de planta (tanto invasora,

quanto nativa) para cada 1 litro de água. Depois de processada, 30ml da solução foi

adicionada em recipientes com capacidade de 500ml e completados com água. No

tratamento controle foi colocado somente água no recipiente com a espécie nativa P.

stratiotes.

O primeiro tratamento consistiu em recipientes com solução de Urochloa arrecta,

o segundo com solução de Hydrocleys nymphoides, e o terceiro apenas com água

(controle). Utilizou-se 10 réplicas de cada tratamento para analisar a interferência de

ambos os experimentos com as plantas invasora e nativa, no qual as amostras ficaram

distribuídas aleatoriamente (figura 1). A cada dois dias foram trocadas as soluções por

uma nova solução nas amostras. Após os 13 dias, os indivíduos de P. stratiotes foram

retirados dos recipientes e lavados, e em seguida foi feita uma nova mensuração da

biomassa. Após esse processo, as amostras foram colocadas dentro da estufa em

455

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

temperatura de 65° graus até atingir o peso constante (peso seco), e foi aferido o diâmetro

posteriormente com paquímetro de cada indivíduo.

Figura 1 – Distribuição das amostras

Análise de dados

Para testar a hipótese de que haveria efeitos alelopáticos no crescimento de Pistia

stratiotes sobre influência da espécie invasora U. arrecta utilizamos a análise de variância

(ANOVA). Foram feitas três ANOVAS utilizado o crescimento (biomassa/peso), o

diâmetro e peso seco como variáveis resposta para cada análise, e os tratamentos como

variáveis preditoras em todas as análises. Para isso, utilizou-se o pacote car (Fox &

Weisberg, 2011) do programa R versão 3.6.1 (R Core Team, 2019), foram testados os

pressupostos através da homogeneidade e normalidade para verificar a distribuição das

amostras. A posteriori foi aplicado o teste de Tukey para evidenciar diferença entre os

tratamentos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A ANOVA considerando a taxa de crescimento de P. stratiotes, apresentou diferença

significativa entre os tratamentos. A hipótese de que haveria um maior efeito alelopático

da espécie invasora Urochloa arrecta sobre o crescimento de Pistia stratiotes não foi

corroborada, pois não houve diferença significativa nos atributos de crescimento e

ausência de efeito alelopáticos. Entretanto, o teste evidenciou diferença significativa entre

o tratamento controle (água) e o tratamento da espécie nativa Hydrocleys. (Figura 2). Já

entre os tratamentos invasora (Urochloa arrecta) e nativa (Hydrocleys) não há diferença

significativa de crescimento (Tukey I-N 0.101). A tabela abaixo (Tabela 1) mostra o

456

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

desvio padrão, a média dos quadrados e o valor de p dos resultados da análise de variância

(ANOVA), da taxa de crescimento relativa, diâmetro e da biomassa seca.

Tabela 1: Resultados da análise de variância (ANOVA) referente ao crescimento de Pistia

stratiotes.

Taxa de crescimento relativo (g) Diâmetro (mm) Biomassa seca (g)

Desvio padrão 2 2 2

Média 19,549 361,2 1,234

Valor de p 0,020 0,031 0,392

Apesar de não ter corroborado a nossa hipótese, as análises de variância mostraram

que existem diferenças entre os tratamentos e pode-se observa-las nas variáveis respostas

que obtiveram valores significativos na taxa de crescimento e diâmetro dos indivíduos de

P. stratiotes, diferente do resultado da biomassa seca que não apresentou diferença entre

os tratamentos.

Figura 2 - O desenvolvimento de P. stratiotes considerando os atributos aferidos como taxa de

crescimento relativa (a), diâmetro em milímetros (b), biomassa seca dos divíduos (c), sobre

interferência de espécies nativas e invasoras.

Fonte: Rayssa Carmo, 2019

457

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

De acordo com o resultado, a hipótese de que haveria ações alelopáticas da espécie de

macrófita invasora Urochloa arrecta foi rejeitada, pois a espécie nativa Pistia stratiotes

não apresentou diferença significativa de crescimento no tratamento com a espécie

invasora (U. arrecta), mostrando somente diferença nos tratamentos com nativa

(Hydrocleys) e controle (água) observados na tabela 2 abaixo.

Tabela 2. Crescimento de Pistia stratiotes nos diferentes tratamentos.

Valores de Tukey

Tratamentos Taxa de crescimento Diâmetro Biomassa seca

I-C 0,723 0,916 0,606

N-C 0,019* 0,038* 0,920

N-I 0,101 0,088 0,379

I. Espécie invasora; C – Controle; N – Espécie nativa

Tal fato, mostra que as macrófitas aqui estudadas podem ser ou não

potencialmente causadoras de danos em relação as espécies nativas nos ambientes

aquáticos, devido a mudanças na luz e temperatura que causam aclimatação significativa

nas plantas aquáticas, que têm demonstrado em vários estudos (por exemplo, Sculthorpe,

1967; Barko e Inteligente, 1981; Barko et al., 1982; Middelboe e Markager, 1997;

Hussner et al., 2010, 2011). Mesmo pequenas diferenças, por exemplo, na temperatura da

água, podem afetar a força competitiva das espécies, que tem implicações para avaliar e

prever a invasão por plantas exóticas (Sorte et al., 2013). Devido a isto, infere-se que a

espécie de macrófita aquática U. arrecta não apresentou ações alelopáticas sobre a nativa

P. stratiotes, mas talvez o sucesso dessa invasora nos ambientes aquáticas se deva a sua

capacidade competitiva mais forte por recursos (luz e nutriente) que espécies nativas,

tornando-se mais eficientes na assimilação de nutrientes do ambiente e limitando o

crescimento das nativas.

Sabe-se que espécies invasoras tem um sucesso competitivo em ambientes

aquáticos, isso se deve ao rápido crescimento, alta absorção de nutrientes disponíveis e

elevada produção de biomassa, porém, esse estudo mostrou que a espécie nativa P.

stratiotes relevou resistência biótica quando em ambientes com espécies invasoras. Por

outro lado, podemos sugerir que exista uma relação positiva entre as nativas de um

ambiente (seja por questões adaptativas ou filogenéticas), onde o crescimento de ambas

sejam maior quando estiverem próximas ou que a P.stratiotes tenha vantagem

458

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

adaptativa/competitiva sobre a Hydroclyes. Dessa forma, sugere-se um aprofundamento

da abordagem para se entender o processo de invasão de macrófitas aquáticas que podem

causar a perda da biodiversidade de ambientes aquáticos.

Sendo assim, atentamos que não se observou a inibição do crescimento de Pistia

stratiotes por substâncias alelopáticas da espécie invasora U. arrecta no experimento, que

a espécie nativa P. stratiotes tem um bom desempenho na presença de outra nativa

Hydrocleys. Logo, a espécie invasora não limitaria o crescimento da nativa por meio de

substâncias alelopáticas que possivelmente liberasse no ambiente, mas sim pela invasora

ter mais sucesso em assimilar os recursos do ambiente assim deixando a nativa sem tanto

recurso para crescer ou sobreviver.

4. CONCLUSÃO

Neste estudo, foi possível verificar que a espécie de macrofita invasora Urochloa arrecta

não possui efeitos alopáticos sobre a espécie nativa Pista stratiotes, mas houve um

crescimento significativa entre a P. stratiotes com a espécie Hydrocleys, uma possível

explicação é que a espécie nativa teria disponibilizado uma maior concentração de

nutrientes em comparação com espécies invasora, porém vale ressaltar que são

necessários experimentos a posteriori para comprovação desses resultados. Porém, apesar

de não ter apresentado inibição no crescimento da nativa por meio de substâncias

alelopáticas, a U.arrecta, faz parte do grupo de macrófita potencialmente causadora de

danos nos ambientes aquáticos, de acordo com outros estudos, portanto é necessário

realizar pesquisas que busquem entender como esta espécie se comporta nestes ambientes

e o que promove o seu sucesso invasivo, para que sejam desenvolvidas técnicas de

controle e manejo nos ambientes aquáticos invadidos.

459

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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460

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

EFEITOS DO MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO SOBRE A ESTRUTURA

HORIZONTAL E DIVERSIDADE FLORÍSTICA DA ÁREA DE CONCESSÃO

FLORESTAL MAMURU-ARAPIUNS, OESTE PARAENSE

Tárita Rafaela Zahluth Ferreira¹, Emil Hernandez², Anderson Borges Serra³

1Graduanda de Engenharia Florestal – UFPA¹. [email protected];

2Professor Doutor, na Universidade Federal do Pará – UFPA². [email protected];

3Professor Mestre, na Universidade Federal do Pará – UFPA³. [email protected].

RESUMO

O objetivo deste trabalho é avaliar a estrutura horizontal e diversidade florística de uma

floresta de fitofisionomia ombrófila densa após a exploração numa área de concessão

florestal. Para isso, foram inventariadas 12 parcelas permanentes de 50X50 na UPA 1,

localizada na UMF 1. Foram medidos todos os indivíduos com DAP (Diâmetro Altura do

Peito - 1,30 m, DAP > 32 cm) no período de pré-exploração (2012) e remedidos no

período pós exploratório (2013 e 2015). A espécie mais frequente nas parcelas da UPA 1

da área de concessão florestal Estadual Mamuru Arapiuns à família Fabaceae; As espécies

que possuem em média os maiores Índice de Valor de Importância são aquela que

obtiveram os resultados de Fr(%), D(%) e Do(%). Os índices de Shannon obtidos em cada

parcela amostrada foi abaixo do valor encontrado para florestas tropicais, indicando que

a área possui uma baixa diversidade florística, já o índice de Equabilidade também foi

considerado baixo, uma vez que o valor varia de 0 a 1, evidenciando a má distribuição

das espécies na área de estudo.

Palavras-chave: Exploração Florestal, Sustentável, Pós-exploração.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Biodiversidade.

461

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O manejo florestal vem sendo experimentado na Amazônia em larga escala em

áreas de concessão florestal como forma de viabilizar a sustentabilidade da atividade e

manutenção da qualidade da floresta (REMOR, 2009), favorecendo a estabilização do

setor madeireiro na região e tendo em vista o potencial de diminuição do desmatamento

ilegal e degradação florestal (MORAES, 2014).

Contudo, existem dúvidas sobre a capacidade das técnicas de manejo florestal de

impacto reduzido vem sendo feita sendo realizada de forma que não haja grandes

modificação em sua estrutura florestal e grandes alterações na sua capacidade de

recuperação (resiliência). Uma das formas de avaliar a qualidade/eficiência do manejo é

por meio da diversidade florística, tendo em vista ser imprescindível para o entendimento

sobre o comportamento da floresta após o seu manejo.

As pesquisas sobre a composição florística e a estrutura fitossociológica das

formações florestais são de imprescindível importância, pois oferecem subsídios para a

compreensão da estrutura e da dinâmica destas formações, parâmetros imprescindíveis

para o manejo e regeneração das diferentes comunidades vegetais (CHAVES et al., 2013).

Neste sentido, o objetivo deste trabalho é avaliar a estrutura horizontal e diversidade

florística de uma floresta de fitofisionomia ombrófila densa após a exploração na área de

concessão florestal Mamuru – Arapiuns (PA) - oeste paraense.

2. MATERIAL E METODOLOGIA

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado a partir do banco de dados coletados pela empresa LN

GUERRA Indústria e Comércio de Madeiras LTDA. A área da propriedade é de

45.657,5373 hectares, sendo 43.371,4675 hectares destinados ao manejo. De acordo com

a Lei 11.284 de 02 março de 2006, a área Reserva Absoluta corresponde a 5% da área de

manejo. A UMF I possui uma tipologia florestal caracterizada por formações de floresta

ombrófila densa e ombrófila densa + aberta (IBGE, 1992; UFRA, 2010), sendo ainda

identificada algumas áreas que já foram exploradas anteriormente e/ou tiveram outro tipo

de uso (MORAES, 2014).

462

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2.2 COLETA DE DADOS

Foram coletadas informações da UPA I, de 12 parcelas permanentes de 50X50m

(2.500 m² ou 0,25 ha) totalizando 30.000 m² (3 ha). Dentro de cada parcela foram medidos

todos os indivíduos com DAP (Diâmetro Altura do Peito - 1,30 m, DAP > 32 cm) no

período de pré-exploração (2012) e remedidos no período pós exploratório (2013 e 2015).

2.3 ANÁLISE DE DADOS

Na análise de estrutura horizontal foram calculados os seguintes parâmetros

populacionais por espécie, parcela e tipo de fitofisionomia com auxílio do software Excel

(2016) sugeridos por Souza e Soares (2013): densidade, que é o número de indivíduos;

dominância, que expressa o grau de ocupação da área da parcela por cada espécie;

frequência, que mede a distribuição de cada espécie em termos percentuais, sobre a área;

e índice de valor de importância, o qual é a combinação, em uma única expressão dos

valores relativos de densidade, dominância e frequência. Também foram calculados os

índices de Shannon-Winner (H’) para determinação da diversidade do local e índice de

Equabilidade de Pielou (E’), visando obter o grau de uniformidade da distribuição dos

indivíduos entre as espécies existentes.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A área amostrada inicialmente possuía mensurações de DAP (Diâmetro Altura do

Peito - 1,30 m, DAP > 32 cm) de pelo menos 1345 indivíduos no total, porém devido a

diversos erros de anotação e mensuração de dados, foram utilizados sistemas de filtragens

para realização da exclusão dos dados inconsistentes da tabela do inventário. Após a

filtragem, foram restados 765 indivíduos distribuídos em 132 espécies (gráfico 1) e 41

famílias.

A espécie que obteve maior abundância na área foi Pouteria neoxythece sp (31),

seguida respectivamente por Rinorea guianensis (27), Coussarea paniculata (26), Zygia

saman (24), Eschweilera odora (22), Miconia sp (21), Aniba sp (21), Abiu-casca-fina sp

(19), Chrysophyllum pachycarpa (19), Eschweilera subglandulosa (18), Protium

sagotianum (18) (figura 01) correspondendo a 27% de toda a abundância da área.

463

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 1 - Gráfico das espécies encontradas na área de manejo

.

Fonte: Ferreira et al., (2019).

A espécie Pouteria neoxythece sp, Aniba sp, Eschweilera florinbunda, foram as

mais frequentes dentre as 12 parcelas amostradas na área. Para melhor ilustração optou-

se por ranquear as dez espécies mais frequentes, seguidos de outros parâmetros de

estrutura da floresta descritos na tabela 4.

Figura 2 - tabela de parâmetros fitossociológicos das dez espécies mais importantes (IVI) na área

de floresta de terra firme no município de Anapú, PA. Onde, N = o nº total de indivíduo

mensurado da espécie; Fai = Frequência absoluta Fr (%) = Frequência relativa da espécie; Doi =

Dominância absoluta; DoR (%) = Dominância Relativa; Abund. = Abundância da espécie

(ind/ha); DR (%) Densidade relativa da espécie; IVI = Índice de Valor de importância.

Espécie N Fai Fr(%) Da Dr(%) Doi Dor(%) IVI Pouteria neoxythece sp 31 0,91 2,47 10,3 4,05 5,22 3,36 9,89

Aniba sp 20 0,83 2,24 6,66 2,61 2,35 1,52 6,38 Eschweilera floribunda 14 0,75 2,02 4,66 1,83 2,79 1,80 5,65

Protium sagotianum 18 0,75 2,02 6 2,35 1,29 0,83 5,21 Abiu-casca-seca sp 12 0,66 1,79 4 1,56 1,41 0,91 4,28

Bagassa sp 16 0,66 1,79 5,33 2,09 2,21 1,42 5,31 Eschweilera odora 22 0,66 1,79 7,33 2,87 2,10 1,35 6,02

Eschweilera subglandulosa 18 0,66 1,79 6 2,35 4,18 2,69 6,84 Neea constricta 16 0,66 1,79 5,33 2,09 2,61 1,68 5,57

Abiu-casca-fina sp 19 0,58 1,57 6,33 2,48 1,06 0,68 4,74 Total parcial 186 7,16 19,32 62 24,31 25,2 16,28 59,9

TOTAL 765 37,0 100 255 100 155 100 300 Fonte: Ferreira et al. (2019).

464

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Na Figura 03 são demonstradas as 10 espécies de maior valor de importância antes

da intervenção (2012) e após a intervenção (2013 e 2015) na unidade de produção anual

1. As dez espécies mais importantes na comunidade florestal estudada, nos dois períodos

analisados foram Zygia saman, Pouteria neoxythece sp, Eschweilera subglandulosa

Eschweilera odora, Abiu-casca-fina sp, Aniba sp, Rinorea guianensis, Geissospermum

sericeum, Tachigali myrmecophylla e Bertholletia excelsa.

Figura 3 - Gráfico das espécies de maior IVI.

Fonte: Ferreira et al., (2019)

A manutenção da estrutura da floresta, antes e após a exploração, está relacionada

à boa distribuição horizontal das espécies, principalmente daquelas mais frequentes e

dominantes, que são fundamentais nos processos básicos de equilíbrio da floresta

(OLIVEIRA; AMARAL, 2004; SILVA et al., 2008).

A família Fabaceae apresentou o maior número de espécies na área de estudo (31),

seguida da Sapotaceae (13), Moraceae (10), Apocynaceae (7) e Lecythidaceae (6).

Conjuntamente, essas 5 espécies, somam mais de 50% da riqueza local (figura 2)

corroborando com resultados encontrados por Pinheiro et al. (2007) e Castro et al. (2017),

os quais são estudos também realizados em área de manejo florestal.

De acordo com Escobar (2016) a família Fabaceae é a terceira maior família

botânica existente com cerca de 19.325 espécies, neste estudo ela possuiu a maior

465

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

representatividade e importância, possivelmente pelo fato de ser uma das famílias com

mais indivíduos registrados na região amazônica, assim como foi discutido em um estudo

realizado por Pereira (2017) no município de Itacoatiara (AM).

Figura 4 - gráfico das famílias botânicas mais encontradas na área.

Fonte: Ferreira et al., (2019).

O valor do índice de Shannon & Wiener (H‘), que é o mais usual, expressa

diretamente o valor da diversidade. Em florestas tropicais varia de 3,83 a 5,85, sendo

considerado alto para qualquer tipo de vegetação (KNIGHT, 1975). No presente trabalho,

os valores de índice de Shannon (H’), encontrados variaram entre 1,64 a 1,24 distribuídos

em 12 parcelas, valores baixos, porém semelhantes ao valor encontrado por Castro et al.

(2017) numa floresta anteriormente explorada no município de Anapú, PA (1,66). Altos

valores de índice de Shannon indicam que a área possui uma elevada diversidade

florística, o que não condiz com os resultados encontrados na área de concessão florestal

Mamuru Arapiuns.

Os valores dos Índices de Equabilidade de Pielou (E’) encontrados, variaram de

0,40 a 0,33 (tabela, distribuídos em nas 12 parcelas amostradas. Os resultados

encontrados foram considerados baixos, confirmando que a área amostrada nesse trabalho

apresenta poucas espécies com elevado número de indivíduos conforme Condé e Tonini

466

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

(2013). Quando comparado a outras realizados na Amazônia onde os valores encontrados

ficaram entre 0,64 a 0,89 (DIONISIO et al. 2016; CONDÉ E TONINI, 2013)

Um dos fatores agravantes que podem ter corroborado para baixos índices de

diversidade, pode ser o fato de área já ter tido outros tipos de usos anteriormente, tal como

a exploração ilegal madeireira.

Figura 5 - tabela sobre a Diversidade florística da regeneração natural de espécies arbóreas e

arbustivas de uma floresta ombrófila densa de terra firme da Amazônia Central, Amazonas,

Brasil. Onde: H’ e E’ = Índices de Diversidade e Equabilidade de Shannon, respectivamente, Nf

= número de famílias, Ne = número de espécies, Ni = número de indivíduos amostrados.

PARCELA H’ E’ NF NE NI 1 1,39 0,38 15 28 38 2 1,36 0,36 16 28 42 3 1,24 0,36 15 21 31 4 1,51 0,37 19 36 55 5 1,39 0,37 14 28 39 6 1,48 0,34 19 38 74 7 1,30 0,34 11 23 42 8 1,64 0,40 25 53 80 9 1,57 0,35 24 48 81

10 1,55 0,35 25 43 75 11 1,55 0,33 20 49 109 12 1,62 0,35 27 50 99

TOTAL

765 Fonte: Ferreira et al., (2019).

4. CONCLUSÃO

Sabe-se que a área de concessão Mamuru-Arapiuns, além de ter sido explorada

comercialmente, também teve outros tipos de exploração anteriormente, contribuindo

para que a área obtivesse resultados pouco satisfatórios nos parâmetros fitossociológicos,

além de também ter se tornado uma área de baixa diversidade e distribuição desigual das

espécies encontradas, mostrando que o poder de resiliência do território tem sido

grandemente afetado pelas perturbações frequentes na floresta.

467

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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469

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

FENODINÂMICA DA POPULAÇÃO DE Euxylophora paraensis Huber EM

FRAGMENTO FLORESTAL NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS-PARÁ

Joyce Ananda Paixão Duarte¹; Gracialda Costa Ferreira²; Jakeline Prata de Assis Pires³;

José Natalino Macedo Silva4; Raphael Lobato Prado Neves5

1 Doutoranda, Programa de Pós Graduação em Ciências Florestais, Universidade

Federal Rural da Amazônia. [email protected] 2 Professora Dra. do Instituto de Ciências Agrárias; Universidade Federal Rural da

Amazônia, [email protected] 3 Professora Assistente I, Departamento de Biologia, Pontifícia Universidade católica do

Rio de Janeiro, [email protected] 4 Professor Dr. do Programa de Pós Graduação em Ciências Florestais, Universidade

Federal Rural da Amazônia. [email protected] 4 Doutorando, Programa de Pós Graduação em Ciências Florestais, Universidade

Federal Rural da Amazônia. [email protected]

RESUMO

Na Amazônia brasileira, os fragmentos florestais têm aumentado de forma alarmante,

levando muitas espécies à extinção local. A Euxylophora paraensis Huber é endêmica do

norte do Brasil, e apresenta ocorrência natural restrita aos estados do Amazonas, Pará,

Tocantins e Maranhão. A limitação demográfica, a intensa exploração madeireira e o

aumento do desmatamento fizeram com que a espécie fosse incluída na lista de espécies

ameaçadas em extinção na categoria “Criticamente em Perigo”. O avanço da

fragmentação e a ameaça de extinção de E. paraensis, motivou este trabalho, cujo

objetivo é avaliar a fenologia em um fragmento florestal no município de Paragominas -

Pará, tendo em vista sua resiliência e manutenção de populações em florestas próximas

às áreas de mineração. Foram feitas observações das fenofases vegetativas e reprodutivas

mensalmente durante o período de cinco anos (2013 – 2017) em 37 indivíduos, sendo: 25

matrizes em área de borda, cinco matrizes em área intermediária e sete matrizes no

interior do fragmento. Foram calculados mensalmente os índices de atividade e de

intensidade das fenofases vegetativas e reprodutivas. Para relacionar os fatores climáticos

com as fenofases vegetativas e reprodutivas foi utilizada a correlação de Spearman. As

fenofases reprodutivas são anuais. A população apresentou botão floral, flor e fruto uma

vez ao ano em todo período observado. A correlação das fenofases reprodutivas com as

variáveis climáticas foi significativa, sendo a precipitação a única variável correlacionada

negativamente, onde a emissão de botões florais, a abertura das flores e a presença de

frutos iniciam com o final da estação chuvosa.

Palavras-chave: Pau-amarelo. Fragmentação florestal. Amazônia.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Biodiversidade

470

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

As florestas amazônicas brasileiras estão sendo fragmentadas em grande escala e

velocidade (HADDAD et al., 2015). Em apenas dois anos (2000 a 2002), os fragmentos

florestais aumentaram 64% na Amazônia brasileira (BROADBENT et al., 2008). Apesar

disso, os fragmentos florestais dispersos pela paisagem, tem se tornado uma das formas

de conservação disponíveis atualmente, mesmo sendo áreas sensíveis aos efeitos da

fragmentação e mais suscetíveis à degradação (MACHADO et al., 2010).

Um dos principais efeitos causados pela fragmentação de áreas naturais é a

formação de bordas (LAURANCE et al., 2018). Próximo das bordas, os fragmentos

florestais apresentam características peculiares, como maiores temperaturas, menor

umidade no solo, maior luminosidade e maior incidência de vento (LAURANCE et al.,

2018). As árvores que permanecem às margens de habitats fragmentados podem ter

diferentes respostas fenológicas que variam com as espécies, dependendo da sua ecologia,

condições bióticas e abióticas e histórico de vida (LIMA et al., 2018).

Além do efeito de borda causado pela fragmentação, mudanças nos fatores

climáticos como temperatura, radiação e precipitação, também têm forte influência na

fenologia das espécies lenhosas (KHAROUBA et al., 2017). A mudança na resposta

reprodutiva das espécies florestais, frente às alterações climáticas e ambientais, é um dos

fatores de grande relevância a ser observado, pois compromete diversos serviços

ambientais como polinização, dispersão de sementes e disponibilidade de frutos para a

fauna, ocasionando um efeito cascata que pode levar diversas espécies à extinção

(ALBERTI; MORELLATO, 2010) como é o caso da Euxylophora paraenses Huber.

Conhecida popularmente como pau-amarelo, a E. paraensis é a única espécie do

gênero Euxylophora da família Rutaceae (PIRANI, 2016), sendo endêmica do Brasil com

ocorrência restrita apenas em quatro estados (Amazonas, Pará, Tocantins e Maranhão)

(PIRANI, 2016). Devido ter sido intensamente explorada, sem qualquer planejamento, do

século XIX até o final da década de 1990, teve suas populações naturais drasticamente

reduzidas nos últimos anos (BRANDÃO et al., 2018), levando a sua inclusão na lista de

espécies ameaçadas de extinção, na categoria “Vulnerável” em 1998 e, em 2014 foi

reclassificada como “Criticamente em Perigo” (BRASIL, 2014).

471

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Identificar as consequências dos efeitos de borda e a influência dos fatores

climáticos sobre a fenodinâmica de espécies arbóreas é fundamental para compreender as

respostas da espécie e vegetação em relação às mudanças climáticas. Além disso, pode-

se promover o manejo destas espécies de acordo com as características ambientais na qual

estão inseridas, assim como serem utilizadas como espécies bioindicadoras para estudos

de impactos climáticos e auxiliar na perpetuação das espécies em florestas fragmentadas

principalmente àquelas que já estão em risco de extinção como a Euxylophora paraensis

Huber (MAUÉS; OLIVEIRA, 2010; FREITAS, et al., 2013).

Desta forma o presente estudo buscou avaliar a influência de borda e as variações

climáticas na fenodinâmica vegetativa e reprodutiva de Euxylophora paraensis em

matrizes existentes em um fragmento florestal localizado em área de mineração de

bauxita no município de Paragominas-Pará.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi conduzido em um fragmento florestal, localizado em uma área com

atividade minerária, denominada Platô Miltônia III, pertencente à empresa Mineração

Paragominas S.A. que, atualmente, está sob a administração do grupo Hydro. A área está

localizada no município de Paragominas na mesorregião do Sudeste Paraense, nas

coordenadas 3°15'50"S e 47°44'19"W (Figura 2). A mineração de bauxita em

Paragominas fica a 64 quilômetros da área urbana e 350 km da capital Belém.

472

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 1- Mapa de localização da área e de estudo e das matrizes de Euxylophora

paraensis Huber no fragmento florestal no município de Paragominas - Pará.

Fonte: Joyce Duarte, 2019

A região apresenta clima equatorial do tipo quente e úmido, temperatura média

anual de 26,3ºC, umidade relativa do ar média de 81% (BASTOS et al. 2006). A

pluviosidade média anual é de 1.800 milímetros, com o período mais chuvoso, de

dezembro a maio e o mais seco de junho a novembro evidenciando o período de estiagem

(BASTOS et al., 2006). O relevo é plano a suavemente ondulado, com altitude média de

200 metros em relação ao nível do mar. O solo de Paragominas é do tipo latossolo amarelo

distrófico, com alto grau de intemperismo, profundos, ácidos e ricos em alumínio

(RODRIGUES et. al. 2003).

2.2 COLETA DE DADOS

Os dados utilizados foram obtidos por meio do projeto “Estudos para o

monitoramento de áreas degradadas e, de eventos fenológicos de espécies ameaçadas de

extinção nas áreas da Mineração Paragominas S.A., Paragominas-PA” que teve início em

2012 pela Universidade Federal Rural da Amazônia em convênio com a empresa

Mineração Paragominas S.A.

473

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

As observações fenológicas foram realizadas mensalmente durante cinco anos

(2013 – 2017) em 37 matrizes de E. paraensis, sendo: 25 matrizes em área de borda, cinco

matrizes em área intermediária e sete matrizes no interior do fragmento.

Para avaliar a fenologia de E. paraensis em diferentes ambientes do fragmento,

foram obtidas as distâncias a partir das estradas da mineração, sendo: áreas de bordas o

perímetro de 0 – 99 metros do fragmento, as áreas intermediárias de 100 – 199 metros e

o interior do fragmento áreas ≥ 200 metros da borda da floresta. Cada indivíduo foi

marcado com placa de alumínio e, obtida sua coordenada geográfica. Respeitou-se a regra

da distância mínima de 100m entre os indivíduos recomendado por Higa & Duque Silva

(2006). A distância de cada indivíduo de E. paraensis em relação a borda do fragmento

foi obtida utilizando a ferramenta measure do programa Programa ArcGis.

Foram registradas as fenofases vegetativas e reprodutivas da população de E.

paraensis. A fenofase vegetativa (foliação) foi caracterizada por meio da presença de

folhas novas e maduras. A fenofase reprodutiva (floração) foi subdividida em botões

florais e flores abertas e para frutificação foi considerada os frutos imaturos, frutos

maduros até o final da dispersão das sementes. As observações foram realizadas sempre

pela mesma equipe com o auxílio de binóculo.

Foram coletados dados de atividade (presença e ausência) e intensidade de

Fournier (1974). A intensidade de Fournier (1974) para cada fenofase atribui valor 0 para

ausência da fenofase e valores de 1 a 4 em intervalos de 25% (1 = 1-25%; 2 = 26-50%; 3

= 51-75%; 4 = 76-100%) para presença da fenofase.

A determinação dos padrões de produção e queda de folhas seguiu a classificação

proposta por Rivera et al., (2002): decídua, semidecídua e perenifólia (sempre-verde). A

periodicidade dos eventos reprodutivos foi baseada segundo Newstrom et al., (1994) que

considerou quatro classes: contínua, sub anual, anual e supra anual.

Dados climáticos como: precipitação (total, maior precipitação do mês, número

de dias com chuva), temperatura (média, máxima e mínima absoluta), e radiação foram

obtidos juntos ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) para estação

meteorológica automática localizada no município de Paragominas (Latitude 03°00'37''

S/ Longitude 047°20'35'' W) com 113m de altitude. Dados de fotoperíodo foram

disponibilizados pelo Observatório Nacional do Ministério da Ciência, Tecnologia,

Inovações e Comunicações.

474

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2.3 ANÁLISE DE DADOS

Para caracterizar a fenodinâmica da população de E. paraensis, foram calculados

mensalmente os índices de atividade (BENCKE; MORELLATO 2002) e intensidade

(FOURNIER, 1974) de cada fenofase vegetativa e reprodutiva. Foram construídos

fenogramas para caracterizar graficamente as fenofases vegetativas e reprodutivas por

ambiente.

Para relacionar os fatores abióticos (precipitação, temperatura média, horas com

sol e radiação) com as fenofases (foliação, botão floral, flor e frutificação) foi utilizada a

correlação de Spearman que é recomendada para dados que não apresentam distribuição

normal (ZAR, 1999). Foi utilizado o programa estatístico Past 2.16.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O padrão vegetativo é sempre verde ou perenifólio, em que a queda e o brotamento

de folhas ocorreram simultaneamente. Porém, houve grande perda da proporção de folhas

nos períodos mais chuvosos, mas em nenhum momento as copas perderam totalmente

suas folhas independente do ambiente que esteja (Figura 2A; Figura 2E). Houve uma

intensa perda foliar (75%) da população, em fevereiro de 2015, porém no mês seguinte

as matrizes apresentaram alta produção foliar. A perda foliar foi mais intensa nas matrizes

localizadas na borda e no interior do fragmento em relação às do ambiente intermediário.

A atividade para produção de folhas foi correlacionada com fatores climáticos, a

intensidade para a foliação apresentou correlação baixa e positiva com a temperatura

média, radiação, horas de sol e correlação baixa e negativa com a precipitação (Tabela 1).

O padrão fenológico reprodutivo (floração e frutificação) de E. paraensis é anual,

observou-se que população apresentou botão floral, flor e fruto uma vez ao ano não

ultrapassando 12 meses de duração.

Os maiores picos de atividade e intensidade ocorreram nos períodos menos

chuvosos e nas matrizes em áreas intermediárias (Figura 2B; Figura 2F). A presença de

botões florais durou de três a seis meses na maioria dos indivíduos observados. Nos meses

de junho e julho de 2015 houve emissão dos botões florais em 100% dos indivíduos

observados, ocorrendo nos três ambientes observados e em julho a maior intensidade de

emissões de botões florais. A atividade e intensidade da emissão de botão floral teve

475

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

correlação significativa com todas as variáveis climáticas, com exceção apenas da

temperatura. A precipitação e as horas com sol foram as variáveis que apresentaram maior

correlação, porém negativa para esta fenofase (Tabela 1).

Figura 2: Intensidade e atividades fenológicas de Euxylophora paraensis Huber em

áreas de borda, intermediária e interior de fragmento florestal localizado no município

de Paragominas-PA. Foliação (A; E), Botão floral (B; F), Flor (C; G) e frutos (D; H)

Fonte: Joyce Duarte, 2019.

Na Amazônia, estudos mostraram que algumas espécies podem ser fortemente

afetadas por alterações nas condições abióticas (e.g. LEPSCH-CUNHA; MORI, 1999;

476

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

PEREIRA; TONINI, 2012; FREITAS et al., 2013). Por exemplo, a dispersão dos frutos

de Carapa guianensis Aubl. (Meliaceae) correlaciona-se fortemente com a precipitação,

de forma que, quanto maior a precipitação, maior o número de árvores que dispersam

frutos (PEREIRA & TONINI, 2012). Já para Couratari multiflora (Sm.) Eyma

(Lecythidaceae) foi verificado que a espécie tem como estratégia florescer e frutificar

durante a estação seca por conta da facilidade de dispersar suas sementes aladas

(LEPSCH-CUNHA; MORI, 1999).

A abertura das flores iniciou sempre no final da estação mais chuvosa. Nos

períodos com maior precipitação, a presença de flores foi reduzida. Em junho de 2015

ocorreu a floração em todas as matrizes, independente do ambiente, com alta intensidade

no mês de agosto em todos os ambientes (Figura 2C; Figura 2G). O pico de atividade e

intensidade, durante os cinco anos de observação (2013 a 2017), ocorreu em junho de

2015 em todas as matrizes, independente do ambiente com alta intensidade em 2015. A

correlação da atividade e intensidade da floração foi significativa com todas as variáveis

climáticas avaliadas. A precipitação teve alta correlação negativa na emissão de flores,

enquanto que a radiação foi a única variável que se correlacionou positivamente (Tabela

1).

Todos os indivíduos frutificaram pelo menos uma vez em todos os anos

observados, porém de forma irregular, variando entre os meses. O pico de atividade

ocorreu, na maioria dos anos, de julho a setembro, porém o período de frutificação

estendeu-se por até 11 meses, mesmo com baixa produção. A precipitação foi a única

variável que apresentou correlação negativa com a produção de frutos (Tabela 1).

477

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 1: Valores para a correlação de Spearman obtidos entre os fatores climáticos (temperatura

média, radiação, horas com sol e precipitação) e as fenofases de foliação, botão floral, flor e fruto

da população de Euxylophora paraensis Huber em áreas sob mineração de bauxita, Paragominas,

Pará.

Atividade Fenofase Temperatura Radiação Horas com sol Precipitação Foliação 0,31*** 0,41*** 0,53*** -0,23*** Botão floral -0,01ns 0,46*** -0,65*** -0,56*** Flor -0,23*** 0,36*** -0,56*** -0,64*** Fruto 0,22*** 0,25*** 0,21*** -0,16***

Intensidade Foliação 0,26*** 0,25*** 0,07*** -0,29*** Botão floral -0,09** 0,47*** -0,68*** -0,63*** Flor -0,19*** 0,43*** -0,46*** -0,66*** Fruto 0,45*** 0,14*** 0,46*** -0,05ns

Nota: ns: não significativo; *p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001. Fonte: Joyce Duarte, 2019

A mudança na resposta reprodutiva das espécies florestais, frente às mudanças

ambientais e climatológicas, é um dos fatores de grande relevância a ser observado, pois

este compromete diversos outros serviços ambientais, como polinização, dispersão de

sementes e disponibilidade de frutos para a fauna, o que pode interferir na distribuição

espacial e na dinâmica populacional das plantas, ocasionando um efeito cascata até levar

diversas espécies à extinção (ALBERTI & MORELLATO 2010; MAUÉS & OLIVEIRA,

2010; PIRES et al., 2018).

4. CONCLUSÃO

A população de Euxylophora paraensis teve seu padrão reprodutivo

influenciado pelas variáveis climáticas nas diferentes áreas de borda. A emissão de botões

florais, a abertura das flores e a presença de frutos iniciam com o final da estação chuvosa

e o maior pico apresentado ocorreu em áreas intermediárias. Não houve influência da área

de borda e das variáveis climáticas no padrão vegetativo de Euxylophora paraensis.

478

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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480

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

FITOSSOCIOLOGIA E CARACTERIZAÇÃO DE ESPÉCIES EM ÁREA DE

VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA NO ECOSSISTEMA DE CAPOEIRA DO

MUNICÍPIO DE BRAGANÇA (PA)

Leonardo Correa Cordeiro1; Bruno Mateus Santiago da Silva2; Mônica Trindade Abreu

de Gusmão³

1 Graduando em Engenharia ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal

Rural da Amazônia. [email protected].

2 Graduando em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal

Rural da Amazônia. [email protected].

3Professora Dra. da Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

RESUMO

O ecossistema de vegetação secundária, conhecido por capoeira, pode ser caracterizado

como área impactada por atividades antrópicas formadas por florestas secundárias

importantes para a manutenção desse ecossistema, visto que é comum ser relacionada à

regeneração de áreas impactadas. O estudo da fitossociologia das espécies vegetais do

ecossistema capoeira auxilia a compreensão do comportamento ecofitossociológico dessa

área. Neste contexto, objetivou-se caracterizar uma área de capoeira para correlacionar as

espécies com a ecologia do ambiente no município de Bragança (PA). Dentre os

parâmetros fitossociológicos foram avaliadas as densidades absoluta e relativa, a

frequência relativa, a área basal e o diâmetro à altura do peito (DAP). Para a identificação

das espécies foram utilizados como base a lista de espécies ameaçadas do website “The IUCN Red List of Threatened Species”. Foram avaliadas cinco áreas de capoeira para

serem utilizadas pesquisa, sendo cada área delimitada em 10 m x 10 m. As espécies

consideradas como raras obtiveram frequências muito baixas em relação as demais

espécies, suas frequências juntas somam 17,65%. As espécies Astrocaryum

aculeatissimum Schott. e Sansevieria trifasciata Wild. com 35,3% e 47,1% de frequências

foram classificadas como Ocasional e Comum. Os impactos causados pelo homem na

área de coleta de dados não foram tão significativos a ponto de inibir o desenvolvimento

das espécies vegetais descritas e foram suficientes para a caracterização fitossociologica

da região. Mesmo com seis tipos de espécies vegetais no ambiente podem-se compreender

suas importâncias para a preservação do ambiente como seus usos para o ser humano.

Palavras-chave: Florística. Importância Ambiental. Nordeste Paraense.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Biodiversidade.

481

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O levantamento de espécies em uma região pode ser feito através de estudos

fitossociologicos e florísticos, visto que essas ferramentas possibilitam a compreensão da

variabilidade de determinadas espécies na ecologia do ambiente (SILVA, 2017). O meio

ambiente está sujeito a impactos antrópicos, sendo que esses não só impactam o meio

físico, como as espécies vegetais presentes. Como áreas impactadas têm-se as capoeiras,

que podem ser caracterizadas como florestas secundárias com importância ecológica para

o crescimento das espécies vegetais, para o acúmulo de biomassa e para a contribuição

da manutenção do ecossistema.

O fato de ser uma vegetação secundária nos permite inferir que é normal encontrar

uma área de capoeira relacionada a diversos estágios de regeneração de área degradados

(THOMAZ, 2005). Nesse tipo de área as espécies locais estão se regenerando

naturalmente nos agroecossistemas (VIEIRA; PROCTOR, 2007).

Segundo Pereira et al. (2009), verificou-se que por meio dos parâmetros

fitossociológicos, dentre eles a frequência de indivíduos, o diâmetro à altura do peito

(DAP), a densidade relativa e a área basal, diferenciar áreas naturais e antropizadas. Este

resultado ressalta a importância da avaliação dos parâmetros de análise fitossociológicos

para os estudos de ecossistemas amazônicos.

A existência de degradação vegetal em áreas de capoeiras pode ser estudada por

meio dos estudos fitossociológicos e os resultados são explicados através de variáveis

quantitativas e qualitativas. As variáveis qualitativas podem ser compreendidas como as

responsáveis por descrever a estrutura das espécies por meio do número de indivíduos e

sua densidade por unidade de área; e a variável qualitativa permite a compreensão da

relação das espécies ocorrentes no meio de estudo, informando se há alguma relação entre

elas (DE OLIVEIRA et al., 2008).

O objetivo deste trabalho foi caracterizar uma área de capoeira para correlacionar

as espécies com a ecologia do ambiente no município de Bragança (PA). Como as áreas

de capoeiras são caracterizadas por vegetação secundaria resultado de degradação

antrópica, fez-se uso de ferramentas fitossociológicas para verificar os impactos

antrópicos na região.

482

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2. METODOLOGIA

2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi desenvolvido em duas áreas, uma de capoeira às margens da PA-112

(1°06'38.3"S; 46°48'13.2"W) Figura 1. A média anual de precipitação de 2.329,43 mm,

com a temperatura média compensada do ar variando de 25,7 a 27,2°C e a umidade

relativa do ar variando de 77,9 a 91,4% ao longo do ano. De acordo com a classificação

climática de Köppen-Geiger, descrita por Alvares et al. (2013), a região de Bragança

localiza-se em uma zona “Am”, classificada como clima tropical monçônico, com

precipitação média anual maior que 1.500 mm e com a precipitação do mês mais seco

menor que 60 mm.

Figura 1 - Localização da área de estudo.

Fonte: Autores, 2019.

2.2 AMOSTRAGEM

Foram avaliadas 5 áreas de capoeira para a pesquisa, sendo cada área delimitada

em 10 m x 10 m. Para demarcar a área foi utilizada uma trena de 20 metros e barbante,

os dados referentes às espécies do estudo foram anotados em tabelas que posteriormente

foram utilizadas para estabelecer os parâmetros do estudo.

483

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Foi realizada a contagem das espécies para a elaboração da frequência e

determinação dos parâmetros de densidade relativa e absoluta, área basal e diâmetro à

altura do peito (DAP). Para a identificação das espécies foi utilizado como base o site

www.iucnredlist.org.

2.3 ANÁLISE FITOSSOCIOLÓGICA E ESTATÍSTICA

Para a análise da frequência e dos parâmetros foram utilizadas as seguintes

equações:

FR= FA de determinada espécieTotal de FA (1)

Sendo, FA = Frequência absoluta, é o número de indivíduos de determinada

espécie e FR = Frequência relativa.

DA= Nº de indíviduos de uma espécie100m² (2)

Sendo, DA = Densidade absoluta.

DR = DA de cada espécieDA total (3)

Sendo, DR = Densidade relativa.

AB = DAP²4π (4)

Sendo, DAP médio = Diâmetro à altura do peito, o DAP de cada espécie é o

somatório do diâmetro de cada indivíduo dentro da mesma espécie e dividido pelo total

de indivíduos dessa espécie e AB = Área basal em cm².

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O levantamento do número de indivíduos na área de capoeira e a identificação de

suas espécies podem ser observados na Tabela 1. Foram encontrados na área mais de 60

indivíduos de Sansevieria trifasciata De Wild, seguido por 48 indivíduos de Astrocaryum

aculeatissimum Schott, mas também a área apresentou poucos indivíduos de outras espécies como

Protium heptaphyllum Aubl, Mangifera indica L, Goupia glabra Aubl e Siparuna decipiens Tul.

484

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 1 - Espécies e número de indivíduos encontrados na área de capoeira do município de

Bragança-PA.

Espécie Nº de indivíduos

Mangifera indica L (Mi) 4

Protium heptaphyllum Aubl (Ph) 12

Goupia glabra Aubl (Gg) 4

Siparuna decipiens Tul (Sd) 4

Astrocaryum aculeatissimum Schott (Aa) 48

Sansevieria trifasciata De Wild (St) 64

Total 136 Fonte: Autores, 2019.

Em áreas de capoeira é comum a diversidade de espécies, pois trata-se de uma

área que está se recuperando ecologicamente para a realização de suas funções. Gentry

(1979) em trabalho realizado, mostrou a importância da identificação pelas espécies, pois

cada uma pode apresentar peculiaridades que possibilitam o entendimento dos processos

ecológicos que ocorrem em seu local. Baseando-se nessa premissa foi elaborada a Tabela

2, apresentando dados fitossociológicos com as características qualitativas e quantitativas

das espécies coletadas.

Tabela 2 - Dados fitossociológicos de espécies observadas em área de capoeira do município de

Bragança-PA.

Nome da espécie FR (%) DA DR (%) DAP (cm) AB (cm^2)

Mangifera indica L. (Mi) 2,9 0,04 2,94 186,73 14,860

Protium heptaphyllum Aubl. (Ph) 8,8 0,12 8,82 250 19,894

Goupia glabra Aubl. (Gg) 2,9 0,04 2,94 270,2 21,502

Siparuna decipiens Tul. (Sd) 2,9 0,04 2,94 54,5 4,337

Astrocaryum aculeatissimum Schott. (Aa) 35,3 0,48 35,29 479,5 38,157

Sansevieria trifasciata De Wild. (St) 47,1 0,64 47,06 260 20,690

Total 100,00% 1,36 100,00% 1500,93 119,440 Fonte: Autores, 2019.

FR = Frequência relativa, DA= Dominância Absoluta, DR=Densidade Relativa, DAP=

Diâmetro à altura do peito, AB= Área basal.

A frequência relativa das espécies coletadas na área de capoeira no município de

Bragança – PA podem ser observadas na Figura 2. Percebe-se a maior frequência das

espécies Sansevieria trifasciata De Wild. seguido da Astrocaryum aculeatum Schott

podendo serem classificadas com ocorrência Comum e Ocasional. EM JUPI et al. (2013),

485

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

recomenda a espécie Sansevieria trifasciata Wild. para ser utilizada em quintais

florestais, pois possibilita a contribuição para o equilíbrio ecológico natural sem a

utilização de insumos químicos. No presente trabalho observou-se que a distribuição de

Sansevieria trifasciata De Wild. foi uniforme, permitindo pressupor a influência do efeito

borda nesta espécie. Tal efeito borda, de acordo com Alves Jr. et al. (2006), pode ser

entendido como fragmentação florestal que provoca o isolamento de trechos da floresta

deixando uma parte mais exposta à insolação e outras variáveis que possam interferir na

ecologia do ambiente.

Figura 2 – Frequência relativa das espécies coletadas na área de capoeira no município de

Bragança – PA.

Fonte: Autores, 2019.

Em relação à espécie Astrocaryum aculeatum Schott. encontrada na área, segundo

CAMPÊLO et al. (2018), sua casca pode ser utilizada para a combustão de fornos

destinados ao processo de beneficiamento de oleaginosas. De acordo com a literatura,

pode-se inferir a importância dessas espécies tanto para o equilíbrio do ambiente quanto

para a questão econômica, como o reaproveito dos restos orgânicos.

As demais espécies Siparuna decipiens Tul., Goupia glabra Aubl., Protium

heptaphyllum Aubl. e Mangifera indica L. totalizaram 17,65 % de frequência relativa

indicando sua baixa presença na área de estudo, contudo não se deve ignorar sua

importância para a ecologia do local. A Mangifera indica L., por exemplo, possui uso

medicinal para doenças como a diabetes e analgésicos, conforme afirmação de Canuto

486

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

(2009), bem como a utilização dos seus frutos para consumo in natura ou confecção de

sucos e geleias; a Protium heptaphyllum Aubl. e Siparuna decipiens Tul. também

possuem uso medicinal e a Goupia glabra Aubl. pode ser utilizada como cosmético e

seus resíduos destinados para a exploração de carvão (FREITAS et al., 2006; GURGEL

et al., 2015; ROCHA et al., 2017). Isso permite refletir sobre a importância ecológica e

econômica que cada planta possui independente da sua frequência no ambiente.

Outro parâmetro analisado foi o diâmetro à altura do peito (DAP). Na Figura 3

percebe-se a diferença entre as espécies. Para as espécies analisadas, verificou-se as

maiores médias de DAP para Goupia glabra Aubl. com 67,55 % e Mangifera indica L.

com 46,68 %. As demais espécies totalizaram 48,51 %. Os altos valores médios de DAP

foram para as espécies de menor frequência, ambas com 2,9 %, isso permite inferir que o

parâmetro de frequência relativa indica a ocorrência da espécie vegetal no ambiente, mas

não que ela terá alto média de DAP, visto que tal parâmetro varia entre os tipos de

espécies.

Figura 3 – DAP (cm) das espécies presentes na capoeira no município de Bragança – PA.

Fonte: Autores, 2019.

Na figura 4 apresenta a área basal das espécies observadas na capoeira no

município de Bragança – PA, onde a área basal de todas as espécies foi de 119,44 cm2.

Três espécies somam 51,98 % da área basal total, sendo elas a Sanseviriana trifasciata

487

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

De Wild, Goupia glabra Aubl e Protium heptaphyllum Aubl. As outras duas espécies

participam com aproximadamente 48 %. A espécie que apresentou a maior área basal foi

a Astrocaryum aculeatissimim Schott que é responsável por 31,95 %. Percebe-se que o

fato de uma espécie possuir alta frequência relativa, como a Sanseviriana trifasciato De

Wild. 47,1% não equivale a afirmar que essa mesma terá maior área basal, visto que esta

ficou entre as espécies que possuíram o menor valor nesse índice.

Figura 4 – Área basal das espécies na capoeira no município de Bragança – PA

Fonte: Autores, 2019.

4. CONCLUSÃO

O estudo fitossociológico auxilia a caracterização de uma área de capoeira em

relação a sua ecologia, indicando a importância das espécies observadas na área para a

preservação do ambiente em que se encontram além de indicar seus usos para o ser

humano. Verificou-se que o alto índice de frequência relativa de uma espécie não

ocasiona um alto índice de DAP, visto que esse está relacionado ao diâmetro basal

variando entre as espécies.

488

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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490

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

IMPACTOS NA BIODIVERSIDADE COM OS FOCOS DE QUEIMADAS NA

AMAZÔNIA PARAENSE

Rafael Dias Bicalho 1; Kevin Oliveira Moura²; Ana Júlia da Silva Moura³; Letícia

Picanço da Silva4; Gleidson Marques Pereira5

1 Graduando em engenharia ambiental e sanitária. Universidade do estado do Pará -

UEPA. [email protected]. 2 Graduando em engenharia ambiental e sanitária. Universidade do estado do Pará -

UEPA. [email protected]. 3 Graduando em engenharia ambiental e sanitária. Universidade do estado do Pará -

UEPA. [email protected]. 4 Graduando em engenharia ambiental e sanitária. Universidade do estado do Pará -

UEPA. [email protected] 5 Mestre em Agronomia (Solos e nutrição de plantas). Universidade do estado do Pará -

UEPA. [email protected].

RESUMO

A Amazônia, maior floresta tropical do mundo é possuidora de uma biodiversidade

inigualável e admirada, tem sofrido com ações antrópicas como pecuária, a mineração,

comércio madeireiro e demais atividades cujos desmatamentos têm sido provocados em

larga escala. Desta forma, torna-se imprescindível a realização de pesquisas e estudos

com intuito de analisar espacial e temporalmente os focos de calor juntamente com dados

de queimadas e desmatamento de áreas amazônicas, o que enriquece a relevância dessa

pesquisa cujo objetivo consiste em fazer correlação entre esses fatores somada ainda a

impactos decorrentes de tais ações sobre a biodiversidade da fauna e da flora. Para isto,

foram utilizadas informações referentes aos focos de incêndio e desmatamento na região

amazônica contida no estado do Pará, disponibilizadas pela plataforma do Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE e bases cartográficas do IBGE. A análise dos

dados permitiu identificar o quantitativo de áreas desmatadas em cada estado, os

principais tipos de desmatamento e os municípios com as maiores taxas de focos de

incêndio no Pará. Conclui-se, desta forma, que o estado do Pará é o estado que apresenta

maiores taxas de desmatamento e focos de incêndio na Amazônia brasileira. Em

decorrência disso, tem-se consequências negativas diretas sobre espécies, solo, ciclo

hidrológico e clima.

Palavras-chave: Fogo. Exploração. Solo.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Biodiversidade

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A diversidade da vida é de suma importância para o equilíbrio ambiental do

planeta Terra, qualificando os ecossistemas para responderem da melhor maneira às

alterações no meio ambiente resultantes de fatores naturais e sociais.Além disso, a

biodiversidade dispõe possibilidades para que o homem se adapte às modificações que

ocorrem em seu meio tanto físico quanto social, e disponibiliza recursos para atender suas

necessidades (ALBAGLI, 2010). Todavia, devido às ações antrópicas essa tem sido cada

vez mais ameaçada, uma vez que o homem vem utilizando os recursos naturais em parte

de forma errônea e desordenada.

Nessa conjuntura, as causas mais predominantes que tem colocado a

biodiversidade brasileira em risco são a perda e a degradação de habitat, ressaltando que

o desmatamento e a expansão agrícola têm contribuído consideravelmente para esse

cenário, especialmente quando somados com outros fatores que também influenciam

nessa problemática, sendo esses a inserção voluntária e involuntária e a disseminação de

espécies exóticas invasoras; a utilização do fogo para limpar terrenos; e a poluição e

contaminação da água e do solo (MMA, 2011).

Nos últimos anos, a região do norte do país em especifico no estado do Pará, vem

sofrendo um aumento expressivo no seu contingente populacional, tal quadro evidencia

o aumento da complexidade urbana da região paraense, pois ocorre um processo de

desmembração e a criação de novos dos municípios. Atestando uma característica de

dinâmica de crescimento de forma endógena (ALVES, 2010).

Os estados da região amazônica tendem a expandir sua fronteira agrícola em busca

do desenvolvimento econômico. Esta área é um espaço estratégico em que visa a

expansão dos plantios de grãos como arroz, milho e soja, a criação de animais para o

abate, exploração madeireira, e a exploração de jazidas de minérios em que a Amazônia

possui em grandes quantidades em sua área. Portanto a Amazônia se tornou influente para

o mercado nacional e de exportação de produtos e insumos (CASTRO, 2012).

Em relação ao quantitativo de biodiversidade, a Amazônia brasileira se destaca,

além de ser a maior extensão de floresta tropical do planeta. A diversidade dos recursos

naturais ali presentes decorre devido às múltiplas associações vegetais que se

desenvolvem devido a fatores ambientais específicos de cada ecossistema que constitui

esse bioma (GAMA et al., 2005). Em razão disso, essa sofre bastante com a exploração,

492

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

pois devido a sua riqueza, muitos têm se beneficiado de seus recursos sendo esses em

alguns casos extraídos de maneira ilegal e não sustentável resultando em diversos

impactos no meio.

Todavia, a fim de fortalecer o planejamento e promover o desenvolvimento social

e econômico dos estados da região amazônica, o governo implementou o que hoje é

conhecido como Amazônia Legal, composta por Acre, Pará, Amazonas, Roraima,

Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos

Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do Meridiano de 44º W, do estado do Maranhão

(PRATES; BACHA, 2011).

Toda política pública para a Amazônia deve estar voltada para a utilização de mais

de 67 milhões de hectares (2004) que já foram desmatados e que constituem a "segunda

natureza". Essa área é três vezes a do estado do Paraná ou mais do que a soma dos estados

do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná (HOMMA, 2005), assim como citado por

Álcali (2001) a perca da biodiversidade já era instrumento de pesquisa.

Contudo, ainda assim, a Amazônia legal conta com o maior índice de queimadas

dos últimos anos no Brasil, essas sendo consequência da grande concentração do

desmatamento atual. A maior parte do desmatamento encontra-se principalmente ao

longo de um "arco" que abrange desde o sudeste do Maranhão, incluindo o norte do

Tocantins, o sul do Pará, norte de Mato Grosso, Rondônia, sul do Amazonas, até o sudeste

do Acre. Concentra cerca de 524 municípios (IGNOTTI, et al., 2007).

Tendo em vista todo o exposto, a relevância desta pesquisa se dá pela correlação

realizada entre queimadas e os focos de calor analisados em áreas amazônicas e as

atividades desenvolvidas no período em questão, a levar em consideração também os

prejuízos expressivamente negativos que incêndios e desmatamentos ocasionam à

biodiversidade, ao ciclo hidrológico e ao clima.

O presente estudo visa analisar e associar a ocorrência de focos de calor com dados

de desmatamento, queimadas e manchas urbanas sobre a biodiversidade da Amazônia

paraense durante o período compreendido entre 1998 e 2018.

493

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

A Floresta Amazônica analisada está contida no estado do Pará (Figura 1),

fazendo parte de uma das 27 unidades federativas do Brasil, localiza-se na região norte,

e é o segundo maior território do país com aproximadamente 1.247.950km², com 8,5

milhões de habitantes segundo o IBGE.

Figura 1 – Mapa de localização da Amazônia e do Pará

Fonte: Autores (2019)

2.2 MÉTODO

O presente trabalho se trata de uma revisão bibliográfica que foi desenvolvido a

partir de pesquisas integrativas e exploratórias. O estudo foi feito através de um

levantamento de dados obtido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

entre os anos de 2008 a 2018 e com um banco de informações adquirido de outros artigos

como periódicos nacionais e internacionais realizadas no portal Google Acadêmico,

IMPE, IBGE, IMET e PRODES. Com um recorte temporal de dezessete anos (2002 –

2019).

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2.3 PROCESSAMENTO DE DADOS

Através dos dados dos satélites e de monitoramento da vegetação do PRODES,

em especifico no Pará, foi possível realizar um processamento de dados com os softwares

Qgis que foi para tratar as camadas vetoriais utilizadas para a confecção da sobreposição

dos mapas de localização e identificação, e o Excel que foi utilizado para confeccionar os

gráficos. E a comparação de dados através de artigos de periódicos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O INPE disponibiliza dados anuais de 2008 a 2018 relacionados ao desmatamento

da Floresta Amazônica no estado do Pará e em unidades de conservação- UC (Figura 2)

e dados de alerta de desmatamento a partir de 2015.

Figura 2 – Mapa de desmatamento da Amazônia e do Pará

Fonte: INPE (2019) e editado por Autores (2019).

De acordo com os dados fornecidos, o Pará é o estado que apresenta maior taxa

de desmatamento da Amazônia. Desde o ano de 2008 a 2018 permaneceu como o líder

desse grupo, mesmo havendo uma queda considerável nessa taxa. Todavia, altos valores

de desmatamento têm sido observados na Amazônia a começar da década de 70, sendo

que em 1995 esses valores atingiram o seu maior nível, e posteriormente a esse ano, os

mesmos vem mostrando oscilações dissemelhantes advindas de várias causas, como

incêndios, comercialização madeireira, crescimento da atividade agropecuária, expansão

495

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

da densidade populacional e incentivos fiscais (ARRAES, MARIANO, SIMONASSI,

2012).

No que se refere às taxas anuais de desmatamento da Amazônia Legal, de acordo

com os dados disponibilizados pelo INPE, é possível fazer comparações entre o

quantitativo de áreas desmatadas de cada estado entre 2008 e 2018 (Figura 3).

Figura 3 – Grafico da taxa de desmatamento anual na Amazônia por estados.

Fonte: INPE (2019)

Segundo Carvalho (2012) a expansão agropecuária é a grande causadora do

desmatamento, pois os empreendedores precisam de mais áreas para aumentar o lucro e

a floresta se torna um empecilho para o desenvolvimento econômico dessas pessoas.

Dentre os impactos do desmatamento, está a perda de possibilidades para a utilização de

maneira sustentável da floresta, além da fabricação de produtos tradicionais seja através

do manejo florestal para madeira ou até mesmo pela retirada de produtos não advindos

dessa. Ademais, tal ato impossibilita que o valor dos serviços ambientais advindos da

floresta seja capturado (FEARNSIDE, 2006).

Quanto aos tipos de desmatamento presentes no estado do Pará, o INPE fornece

informações relativas ao tema entre os anos de 2017 e 2018 (Figura 4) e permite afirmar

que a principal razão de desmatamento do local refere-se a incêndio florestal, com

8.929,1km².

496

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 4 – Gráfico dos tipos de desmatamento no Pará nos anos de 2017 a 2018

Fonte: INPE (2019) e editado por Autores (2019)

Segundo Soares e Santos (2002), entre os diversos agentes que impactam os

recursos florestais, o fogo aparentemente é o maior desastre. Tanto as florestas quanto

demais variedades de vegetação estão incessantemente suscetíveis a incêndios de

intensidades dissemelhantes. Assim, também, Cabral, Filho e Borges (2013), afirmam

que o fogo é um instrumento usado pelos agropecuaristas para limpar o pasto e preparar

a área para o plantio, em condições laboratoriais onde é controlado os fatores climáticos,

essa prática é excelente, porém, o vento e o tempo seco podem alastrar causando um

incêndio nas florestas próximas.

O fogo no solo pode gerar várias modificações de diferentes aspectos, podendo

ser de natureza física, química ou biológica, o fator determinante da sua intensidade e o

grau de alteração e seu tipo de ação que se configura nas formas diretas e indiretas,

levando em consideração fatores de influência mais específicos como tipo de solo,

cobertura vegetal, duração, intensidade e frequência de uso (REDIN, 2011).

Em função da influência das queimadas, sendo elas ocasionadas por meio natural

ou antrópico, o solo é sujeito a impactos significativos, e por consequências ele pode

degradar a biota decompositora existente, acarretando a diminuição da infiltração de

água, interferindo negativamente nos ciclos biogeoquímicos, ocasionando a redução de

nutrientes do solo (SILVA, 2018).

497

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Com isso, a região que está sujeita à prática de queimadas tem seu clima afetado

negativamente, pois a cobertura vegetal que é importante para a regulação do ciclo

hidrológico da região que está sendo suprimida, estendendo os períodos de seca da região

em questão, além de intensificar a emissão de gás carbônico (CO2) para a atmosfera, faz

com que a temperatura da região aumente a níveis alarmantes (ARTAXO, 2014). Assim,

com a queda da pluviosidade, a ocorrência de incêndios nas florestas aumenta, o que fará

com que haja a produção de mais seca e também fumaça e outras florestas fiquem

propícias também a sofrerem incêndios e desmatamentos (MOUTINHO, 2009).

Essas mudanças ocasionadas em decorrências das queimadas que influenciam o

solo e na atmosfera se propagam de maneira rápida e proporciona mudanças ambientais

mais profundas com efeitos no ecossistema amazônico e possivelmente no clima de outras

regiões do Brasil (LARA, 2005). Ademais, nas queimadas são liberados poluentes como

NOx, CO, HC, material particulado e entre outros, resultando em efeitos negativos à

saúde da população onde as mais afetadas são as pessoas mais próximas à área da

queimada, destacando-se as que estejam atuando no seu combate. As consequências

podem ir de intoxicação até a morte por asfixia (RIBEIRO; ASSUNÇÃO, 2002).

Como citado anteriormente, o Pará lidera a lista de estados com maior índice de

desmatamento, fator esse que pode influenciar na ocorrência de incêndios florestais de

forma natural. Todavia, ressalta-se que tal acontecimento também pode ocorrer através

do alastramento de incêndios causados pela ação humana.

Já em relação ao quantitativo de focos de incêndios relacionado com alguns

municípios pertencentes a estados da Amazônia Legal, os dados fornecidos pelo INPE

permitem analisar do mesmo modo quais locais apresentam o total mais alarmante no que

se refere ao estado do Pará (Figura 5).

498

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 5 – Municípios com maior taxa de focos de incêndio no Brasil.

Fonte: INPE (2019)

A análise dos dados permite inferir que os municípios do estado do Pará que

apresentam a maior taxa de focos de incêndio no Brasil são: Altamira e São Félix do

Xingu, seguidos de Novo Progresso e, por último, Itaituba. No que tange aos dois

municípios cujos dados apresentam maior expressividade, um estudo realizado por

Martinez, Fiedler e Lucatelli (2007) sobre focos de calor, desflorestamentos nesses

municípios e o elo entre esses, mostra que a relação é positiva e que a maior fração das

ocorrências de focos de calor correspondia à conversão de áreas de floresta em pastagens.

Já em relação à estimativa de focos de calor registrados no município de Novo

Progresso, um outro estudo efetuado por Lopes et al. (2017) sobre a distribuição de focos

de calor nesse município, os autores abordam que, além da influência de madeireiras,

principais responsáveis pelos focos de incêndio na região, a tendência de variação

temporal desses focos apresenta relação direta com o período de estiagem do município.

Da mesma forma, Alves et al. (2019) apresenta alguns dados: em 2016 os autores

afirmam que houve mais eventualidades de queimadas e incêndios nos meses de agosto

com 2.066 e novembro com 1.512, e março e abril apresentaram os menores registros

499

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

sendo esses 13 e 5 subsequentemente. Já no ano posterior, o mês de agosto teve 4.440 e

setembro 6.222, havendo assim maiores detecções de focos de calor. Tais dados acabam

por sustentar o apresentado por Lopes et al. no que tange à relação entre focos e períodos

de estiagem.

No que diz respeito aos focos de queimadas no estado do Pará, de forma mais

abrangente, a partir de uma análise espacial, Santos et al. (2015) chamam atenção para a

maior concentração presente no nordeste e sudeste do estado, bem como aumento em

períodos menos chuvosos e a relação entre maior incidência dos casos em municípios de

grandes extensões territoriais como São Félix do Xingu, Altamira Itaituba.

4. CONCLUSÃO

A análise da relação entre focos de calor e desmatamento, atividades

desenvolvidas e impactos diretos na biodiversidade amazônica, permitiu inferir alguns

pontos:

- O Pará é o estado que apresenta maiores índices relativos a focos de incêndio e

desmatamento, sendo que, quanto a este último, os municípios de São Félix do Xingu e

Altamira denotam valores maiores expressivos;

- O aumento do desmatamento e focos de incêndios possivelmente relacionam-se

às práticas agropecuárias e madeireiras, cujo crescimento tem se mostrado evidente nos

últimos anos;

- As queimadas na atualidade impactam de forma expressiva o meio ambiente,

tanto natural quanto urbano, desta forma prejudicando as espécies que vivem nesse meio,

inclusive o ser humano. Com o aumento das queimadas, a floresta tem seus serviços

ecossistêmicos afetados, constituindo esses como de profunda importância para a

manutenção do ciclo hidrológico, clima, biodiversidade e saúde humana.

- O processo de queimadas na Amazônia tem se intensificado devido a intensa

expansão econômica formado pela demanda do mercado interno e externo, fomentando

o grande desafio da sociedade brasileira atual que é crescer economicamente sem deixar

de preservar o meio – ambiente. Portanto, faz-se necessário o incentivo para estudos e

pesquisas na região para compreender e aliar as necessidades do meio social à

sustentabilidade, de forma a manter o crescimento econômico da região sem afetar as

gerações futuras em termos de recursos e bem-estar.

500

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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502

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

ÍNDICES DE EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE ACMELLA OLERACEA (L.)

R.K. JANSEN E ACMELLA CILIATA (KUNTH) CASS

Camila Monteiro Salgado1; Mônica Trindade Abreu de Gusmão2; Gabriel Rodrigues

Santos3; Joyce da Costa Dias4.

1 Graduanda em agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

2 Doutora em Produção Vegetal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

3 Mestrando em aquicultura e recursos aquáticos. Universidade Federal Rural da

Amazônia. [email protected]

4 Graduanda em agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

RESUMO

As plantas de jambu (Acmella oleracea (l.) R.K. Jansen e Acmella ciliata (Kunth) Cass)

são nativas da região amazônica, pertencentes à família Asteraceae (Compositae), muito

utilizadas para fins medicinais e alimentícios, entretanto há carência de informações

relacionadas aos aspectos agronômicos, principalmente em relação à tecnologia de

sementes. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi estimar os parâmetros genéticos

em relações aos caracteres biométricos de sementes de duas espécies de jambu. Foi

utilizado delineamento inteiramente casualizado (DIC), com três tratamentos e quatro

repetições. Os tratamentos foram constituídos por três acessos: acesso 1 (T1),

representante de Tapanã; acesso 2 (T2), representante de Salvaterra e acesso 3 (T3),

representante de Bragança. Inicialmente as sementes foram debulhadas e separadas das

impurezas. Foram colocadas 100 sementes em cada caixa plástica gerbox em substrato de

papel filme umedecido com água destilada. Em seguida, foram levadas para uma câmara

incubadora do tipo BOD em temperatura de 29°C. Foram analisados os dados de

porcentagem de emergência (%E); índice de velocidade de emergência (IVE) e tempo

médio de emergência (TME). Para a análise da dissimilaridade genética utilizou-se o

software Rbio com suprimento do R 3.4.3. Com isso, na análise da %E houve maior

influência genotípica no fenótipo do material, onde a relação cgv/cve ficou próxima de

1, ademais, no IVE foi possível observar que a herdabilidade apresentou ótimo resultado

com altas perpesctivas para a transferência do material às gerações futuras, já em TME

os dados apresentaram alta relação intraclasse denotando a confiabilidade nos demais

dados analisados. Portanto, para as três variáveis analisadas com o teste de germinação,

o valor genotípico demonstrou maior importância na expressão das características, além

disso, a dissimiliridade evidenciou que os acessos de tapanã e bragança são mais distantes,

geneticamente, entre sí, representando maior heterogeneidade entres os materiais.

Palavras-chave: Jambu. Dissimilaridade. Teste de germinação.

Área de Interesse do Simpósio: Biodiversidade

503

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

As plantas de jambu são nativas da região amazônica, pertencentes à família

Asteraceae (Compositae) e tem seu cultivo difundido entre os pequenos produtores de

alguns municípios do nordeste do Estado do Pará (COSTA, 2010). As espécies Acmella

oleracea (l.) R.K. Jansen e Acmella ciliata (Kunth) Cass são espécies herbáceas não

convencionais, utilizadas para fins medicinais e alimentícios com poucas informações

relacionadas aos aspectos agronômicos, principalmente em relação à tecnologia de

sementes (SOUSA, 2018).

Além de fazer parte da culinária típica do estado do Pará, como o pato no tucupi

e o tacacá, o jambu é bastante utilizado em saladas ou compondo outros pratos. Sua

composição química, incluindo o espilantol, tem potencial para o uso industrial, sendo

ainda citado como indicativo para diversas doenças. É uma hortaliça rica do ponto de

vista nutricional possuindo diversos elementos como ferro, e ainda possui as vitaminas

B1, B2, niacina, vitamina C, vitamina A e cálcio (GUSMÃO; GUSMÃO, 2013).

De modo geral, o estudo da morfologia das sementes, o conhecimento da

emergência e o desenvolvimento da plântula são importantes para distinguir as famílias

botânicas e diferenciá-las em subfamílias, gêneros e espécies, contribuindo nos trabalhos

sobre regeneração e de tecnologia de sementes, além de colaborar para as análises de

dispersão, sucessão e regeneração das espécies (SANTOS et al., 2014; SOUZA, 2018).

O conhecimento da emergência de plântulas é um fator importante para

caracterização das espécies, pois é uma maneira importante para detectar a variabilidade

genética dentro de populações de uma mesma espécie, assim como as variações

individuais da mesma e entre diferentes localidades devido às condições ambientais.

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi estimar os parâmetros genéticos em relações

aos caracteres de emergência de plântulas de duas espécies de jambu oriundas de três

localidades.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Os dados foram coletados a partir do plantio de plantas de jambu que

permaneceram em campo durante três meses, período no qual os aquênios ficaram

maduros. Posteriormente à colheita, as sementes foram direcionadas ao laboratório de

504

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

sementes do Instituto de Ciências Agrárias localizado no Campus da Universidade

Federal Rural da Amazônia, em Belém (PA) para a condução do ensaio.

O experimento foi conduzido em Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC),

utilizando-se três tratamentos e quatro repetições, sendo que os tratamentos foram

constituídos por duas espécies de plantas de jambu, a Acmella oleracea (l.) R.K. Jansen

e a Acmella ciliata (Kunth).

Inicialmente, as sementes foram debulhadas e separadas das impurezas. Em

seguida foram colocadas 100 sementes em cada caixa de poliestireno Gerbox com

dimensões de 11mm x 11mm x 3,5mm. Cada Gerbox foi disposto em câmara incubadora

do tipo BOD (Figura 1), onde as sementes foram mantidas em temperatura de 29°C, com

fotoperíodo de 12 horas e umidade relativa do ar acima de 90, durante oito dias.

Figura1 – Estufa incubadora do tipo BOD contendo plantas de jambu.

Fonte: Autores, 2019.

Em cada Gerbox foi utilizado como substrato uma folha de papel filtro umedecida

com água destilada durante o intervalo de 24 horas, sendo translocado 2mL de água

destilada com auxílio de pipeta, em cada repetição.

Foram realizadas diariamente até o oitavo dia após a semeadura, as avaliações

quanto ao número de sementes emergidas; fungadas; moles e duras, onde foram

consideradas mortas, as sementes que estavam em outra condição adversa da emergida.

Também foram avaliadas a porcentagem de emergência (E), o índice de velocidade de

505

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

emergência (IVE) e tempo médio e emergência (TME). Sendo utilizado para sua

estimativa o software Excel de domínio da Microsoft.

Para a porcentagem de emergência, considerou-se a expressão: E = (Σn/ss)*100

Para o índice de velocidade de emergência, considerou-se a expressão: IVE =

(E1/N1)+(E2/N2)+...(En/Nn).

Para o tempo médio e emergência, considerou-se a expressão: TME =

Σ(E1*N1+E2*N2+En*Nn)/(Σn).

Posteriormente avaliaram-se as estimativas dos parâmetros genéticos, conforme

abaixo:

Para a variância fenotípica considerou-se a expressão: σ2f = (QMP/r)

Para a variância genotípica considerou-se a expressão: σ2g = (QMP/QMR/r)

Para a variância ambiental considerou-se a expressão: σ2e = (QMR/r)

Para a herdabilidade considerou-se a expressão: H2 = σ2g/σ2f

Para a correlação intraclasse considerou-se a expressão: C.I = σ2entre

grupos/(σ2entre grupos + σ2dentro do grupo).

Para o coeficiente de variação genético considerou-se a expressão: cvG =

100*((√Φg)/x)

Para a Razão de variância genotípica e ambiental considerou-se a expressão=

cvG/cvE

Para a acurácia considerou-se a expressão: Rgg = (r2mm * r2

mq)1/2

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados indicam maior atribuição à variância genotípica na definição das

características quando comparada à variância ambiental (Tabela 1), desta forma, os

efeitos dos genes são mais relevantes na expressão do fenótipo o que representa algo

positivo tendo em vista que é buscado pelo melhorista o potencial gênico da espécie.

506

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 1 – Porcentagem de emergência (E), quanto à variância fenotípica (σ2f); variância

genotípica (σ2g); variância ambiental (σ2e); herdabilidade (H2); correlação intraclasse (C.I);

coeficiente de variação genético (cvG); Razão de variância genotípica e ambiental) e Rgg

(acurácia).

σ2f σ2g σ2e H2(%) C.I(%) cvG(%) cvG/cvE Rgg

0,078 0,06 0,018 77,09 45,7 21,50 0,91 0,87

Fonte: Autores, 2019.

O coeficiente de herdabilidade fomenta a influência genotípica desses materiais,

tendo em vista que os resultados apontam 77,09% de possibilidade das características de

germinação serem repassadas à próxima geração. Sendo assim, esse percentual indica alta

herdabilidade, onde há maior probabilidade da característica ser fixada (Tabela 1).

A relação cvG/cvE foi tendente a 1 com valor de 0,91 na análise de porcentagem

de emergência (Tabela 1) e ultrapassou essa medida nas variáveis de IVG e TMG, sendo

respectivamente, 1,12 (Tabela 2) e 1,83 (Tabela 3). Com valores acima de 1 ou tendentes

a 1 infere-se que há situação favorável ao ganho de seleção em decorrência da variância

genotípica ser superior à variância do ambiente.

Tabela 2 – Índice de Velocidade de Emergência (IVE), quanto à variância fenotípica (σ2f);

variância genotípica (σ2g); variância ambiental (σ2e); herdabilidade (H2); correlação intraclasse

(C.I); coeficiente de variação genético (cvG); Razão de variância genotípica e ambiental) e Rgg

(acurácia).

σ2f σ2g σ2ge H2(%) C.I(%) cvG(%) cvG/cv Rgg

4,706 3,933 0,773 83,57 55,98 28,28 1,12 0,91

Fonte: Autores, 2019.

Conforme Resende (2015) a herdabilidade de forma singular detém a seguinte

classificação, baixa (0,01 ≤ h2 ≤ 0,15); média (0,15 < h2 ≤ 0,50); alta (h2 ≥ 0,50). Com

herdabilidade a 83,57% é possível obter confiabilidade no valor genotípico.

As variações genotípica e ambiental foram respectivamente de 3,933 e 0,773

(Tabela 2) indicando maior influência do gene no fenótipo apresentado para velocidade

507

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

de emergência. Este fato é ratificado pela relação cvG/cvE, a qual manteve-se acima de

1 demonstrando alta possibilidade ao ganho de seleção ( Tabela 2).

A estimativa da correlação intraclasse dos materiais analisados para variável

Tempo Médio de Emergência mostrou-se satisfatória quanto à confiabilidade das medidas

para definição da relação entre os indivíduos dentro da mesma classe, em torno de 77,l5%

(Tabela 3).

Tabela3 – Tempo Médio de Emergência (TME), quanto à variância fenotípica (σ2f); variância

genotípica (σ2g); variância ambiental (σ2e); herdabilidade (H2); correlação intraclasse (C.I);

coeficiente de variação genético (cvG); Razão de variância genotípica e ambiental) e Rgg

(acurácia).

σ2f σ2g σ2e H2(%) C.I(%) cvG(%) cvG/cvE rgg

0,1217 0,1133 0,0083 93,10 77,15 6,14 1,83 0,96

Fonte: Autores, 2019.

O teste foi significativo a 5 rejeitando-se, portanto, H0 e adotando-se H1 para os

tratamentos, indicando que há diferença significativa entre os materiais genéticos

analisados, logo, as médias entre os acessos não são iguais havendo variabilidade genética

(Tabela 4).

Tabela 4 – ANOVA resultante da porcentagem de germinação do cultivo de plantas de jambú A.

oleraceae e A. ciliata. Teste Turkey significativo a 5.

GL SQ QM F p-valor

Tratamento 2 6,30 3,15 4,367 0,0463

Resídual 9 6,49 0,72

Fonte: Autores, 2019.

Com a dissimilaridade é possível estimar a variabilidade entre os genótipos,

dividindo-os em grupos, os quais demonstram os materiais mais próximos e mais

distantes geneticamente, obtendo-se com os resultados mais distantes os melhores

resultados para o melhoramento genético. Sendo estes ambientes passíveis de serem

508

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

agrupados por conglomeração, com a utilização de medida de dissimilaridade do fator

ambiental e, por conseguinte, com método de agrupamento (Cruz, 2006)

O par formado entre os acessos dois e três são vizinhos próximos, o que demonstra

sua proximidade genética, ou seja, compartilham de genes semelhantes (Figura 2).

Figura 2 – Dendograma de Cluster representativo da dissimilaridade genética entre genótipos de

três diferentes cultivares de plantas de jambú, utilizando o método do vizinho mais próximo por

meio da matriz de distância euclidiana.

Fonte: Autores, 2019.

Com genes em comum é possível dizer que esses materiais genéticos apresentam

baixa heterogeneidade. No entanto, observa-se que entre esses dois grupos há ampla

dissimilaridade, indicando a diferença e distanciamento entre o acesso um e o grupo

formado pelos acessos dois e três, o que representa genes distintos e com alta

heterogeneidade (Figura 2). Com isso, esses acessos podem ser explorados para fins de

melhoramento, já que apresentam alta variabilidade genética, podendo ser indicadas para

cruzamento.

509

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Os acessos com maiores dissimilaridades entre os três avaliados foram o um (A.

oleracea advinda de Tapanã) e o três (A. oleracea advinda de bragança) formando grupos

distanciados uns dos outros (Figura 2).

4. CONCLUSÃO

Os acessos apresentaram alta herdabilidade para as características de Porcentagem

de emergência, Velocidade de Emergência e Tempo Médio de Emergência evidenciando a

importância do potencial gênico na expressão desses fenótipos e a agregação das

características em gerações futuras.

Por conseguinte, para as três variáveis analisadas houve ótima relação cvG/cvE

indicando materiais genéticos propícios ao ganho de seleção sendo, portanto, indicados

para participarem de programa de melhoramento genético.

Por intermédio da dissimilaridade, o acesso um (A. oleracea advinda de Tapanã)

e o acesso três (A. oleracea advinda de bragança) analisados demonstram alta

variabilidade genética, indicando sua heterogeneidade.

510

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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511

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

REGISTROS REPRODUTIVOS DA MARRECA, DENDROCYGNA

AUTUMNALIS, NO ENTORNO DA RESEX MARINHA DE TRACUATEUA-PA

Euller Pimentel Teixeira1; Sanae Nogueira Hayashi2; Neuma Teixeira dos Santos³;

Jaime Viana de Sousa4.

1Graduando de Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. LabGEFA - Universidade

Federal Rural da Amazônia. [email protected]

2 Doutora em Biologia Ambiental. LabGEFA - Universidade Federal Rural da

Amazônia. [email protected]

3Mestre em Engenharia Elétrica. LabGEFA - Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

4Doutor em Bioinformática e Genética Humana Molecular. LabGEFA - Universidade

Federal Rural da Amazônia. [email protected]

RESUMO

Conhecida popularmente como marreca, Dendrocygna autumnalis, são aves de grande

interesse tanto para a caça de subsistência, amadorista ou comercial de sua carne, além

de muitas vezes ser criada como mascote. A captura dessa fauna pode ser uma prática

recorrente em áreas de reservas e seus arredores, apresentando aspectos conflitivos como

o que ocorre na Reserva Extrativista Marinha de Tracuateua (PA) e na sua área

circundante, nesse caso, a captura constante dessa ave pode causar desequilíbrio

ecológico para o ecossistema da região. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo

divulgar registros de reprodução de D. autumnalis, em cativeiro, assim como a

documentação e descrição das características do ninho e do habitat de nidificação, no

entorno da Reserva Extrativista Marinha de Tracuateua (PA). O trabalho seguiu uma

pesquisa exploratória, pois não havia evidências da ocorrência de reprodução da avifauna

estudada na região. Os métodos utilizados seguiram Simon e Pacheco (2005), em

consonância com Camargo e Pimentel (2012). No ponto de coleta foram encontrados

apenas ninhos artificiais de marreca, onde são criados pelos próprios marrequeiros. Para

acontecer a reprodução, o ambiente em que as D. autumnnalis estão inseridas, precisa

apresentar alguma cobertura vegetal como exemplo, as gramíneas, que tem como

finalidade diminuir a temperatura do local. Os ninhos artificiais da marreca, D.

autumnalis, são feitos utilizando uma parte de madeira de buriti coberta, muitas das vezes,

por areia ou vegetação e em apenas um ninho foi possível observar ovos e,

consequentemente, mensurar seu tamanho e diâmetro. Dessa forma, foi possível

descrever a estrutura dos ninhos construídos artificialmente, o ambiente de nidificação e

as características dos ovos da marreca.

Palavras-chave: Conservação. Ninho. Cativeiro.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Biodiversidade

512

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A rica diversidade da fauna e flora silvestre, desde os tempos de colonização no

Brasil, sempre foi alvo de grandes interesses, seja por motivos que envolvem admiração

por esses animais, seja pela própria cobiça do homem, ou até mesmo para outas variadas

finalidades. Nesse sentindo, o uso dessas espécies sendo animais ou vegetais silvestres

interfere nas suas especificas funções no ambiente natural e, principalmente, na sua

existência (LIMA, 2007).

A marreca, Dendrocygna autumnalis (LINNAEUS, 1758), é considerada como

ave silvestre e um Anseriforme das Américas que ocorre nos Estados Unidos à Bolívia,

Argentina e com maior frequência no Brasil, sendo comum na região da Amazônia e rara

ou de pouca ocorrência nas regiões sudeste e sul do Brasil (BERGSTRON, 1999; SICK,

1997).

A Reserva Extrativista (RESEX) Marinha de Tracuateua, no Estado do Pará, é

uma Unidade de Conservação (UC) formada por regiões de campos naturais, além dos

tradicionais manguezais, onde os respectivos moradores que encontram-se ao seu

entorno, vivem da pesca artesanal, da extração de outros recursos naturais, como a

“tiração de caranguejo” (COSTA, 2014), e de uma prática denominada como “pesca de

marrecas” (RODRIGUES, SCHMITZ, 2017).

Segundo Nascimento e Antas (1995), aves da ordem Anseriformes, como a

marreca, são de grande interesse tanto para a caça de subsistência, amadorista ou

comercial de sua carne, além de muitas vezes ser criada como mascote. Para Rodrigues e

Schmitz (2017), a captura dessa fauna, também conhecida como “pesca de marrecas”,

pode ser uma prática recorrente em áreas de reservas e seus arredores, apresentando

aspectos conflitivos como o que ocorre na Reserva Extrativista Marinha de Tracuateua

(PA) e na sua área circundante. Nesse caso, a captura constante dessa ave pode causar

desequilíbrio ecológico para o ecossistema da região (SILVA, 2018).

Diante desse cenário, a análise dos aspectos ecológicos da espécie D. autumnalis

são importantes para o desenvolvimento de estratégia de conservação e manejo das

marrecas na região amazônica, tendo em vista que no Brasil, dados sobre a reprodução

de D. Autumnalis ainda é bastante escasso (CAMACHO, PIMENTEL, 2012). Assim, a

identificação dos pontos e períodos de desasagem e reprodução de D. autumnalis, são

513

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

essenciais para nortear a conservação dessas avifauna, pois são esses locais que os

anatídeos ficam mais vulneráveis, tornando-se impossibilitados de voar e escapar de

predadores naturais e ações antrópicas (NASCIMENTO, ANTAS, 1995).

Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo divulgar registros de reprodução

de Dendrocygna autumnalis, em cativeiro, assim como a documentação e descrição das

características do seu ninho e do habitat de nidificação, no entorno da Reserva Extrativista

Marinha de Tracuateua (PA).

2. METODOLOGIA

2.1. ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo está localizada no entorno da Reserva Extrativista Marinha de

Tracuateua, entre as coordenadas 0º57'18.1"S e 46º53'43.6"W, as margens dos campos

alagados no município de Tracuateua, PA (Figura 1). Dentro desse contexto, a RESEX

Marinha de Tracuateua foi criada através do Decreto Presidencial em 20 de maio de 2005,

totalizando uma área de aproximadamente 278,64 km2 (ICMbio, 2019), da qual, 168,8 km2

são áreas compostas por florestas de mangue (HAYASHI, 2018), 81,2 km2 por espelho

d`água, e os demais por restingas, praias, campos alagados e ilhas (MAIA et al., 2016).

Figura 1 – Localização da área de estudo e do ponto de coleta dos dados.

Fonte: Alexandre Reis, 2019.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2.2. COLETA DOS DADOS

O trabalho seguiu uma pesquisa exploratória, pois não havia evidências da

ocorrência de reprodução da avifauna estudada na região. Foi utilizada uma abordagem

quali-quantitativa, tendo em vista que foi fundamental a realização de uma entrevista

aberta, com uma família de marrequeiro, bem como, quantificar os dados obtidos da

mensuração dos ovos de D. autumnalis. Os métodos utilizados seguiram Simon e Pacheco

(2005), em consonância com Camargo e Pimentel (2012), como estudos primordiais para

auxiliar no trabalho. Utilizou-se uma câmera para os registros fotográficos e um

paquímetro foi essencial para mensurar as medidas dos ovos da marreca em estudo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ponto de coleta foi encontrado apenas ninhos artificiais (2 ninhos) de marreca,

onde são criados pelos próprios marrequeiros. Os mesmos informaram que os ninhos são

construídos apenas para a criação e reprodução doméstica (Figura 2). Quando as

marrecas, D. autumnalis, estão no período de chocarem os ovos não é recomendável

mexer com elas e nem no seu ninho, pois elas podem simplesmente deixar a ninhada ou

até mesmo quebrar seus ovos.

O estresse acaba sendo um estado comum entre as aves encontradas em cativeiro,

tendo em vista à falta de interações sociais com indivíduos coespecíficos, além da

privação de suas reais atividades cotidianas (COSTA, 2012). O comportamento das

marrecas de destruir ou deixar sua ninhada, no período de reprodução, pode estar

relacionado com o estado de estresse nesses ambientes, uma vez que não estão inseridas

nos seus habitats naturais.

Simon e Pacheco (2005), definem um ninho como determinado lugar onde um

pássaro escolhe para colocar seus ovos, independentemente da escavação, limpeza, forro,

ou a construção que executa. No presente estudo, apesar de ocorrer interferência do

homem na formação do ambiente de criação do ninho das marrecas, ainda assim, elas que

preparam o lugar para colocarem seus ovos.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Figura 2 - Ninho artificial da marreca, Dendrocygna autumnalis.

Fonte: Felipe Lima, 2019.

De acordo com o marrequeiro, ninhos naturais da marreca, D. autumnnalis, não

são encontrados nos campos naturais, dessa forma, nunca foi avistado nenhum momento

de reprodução nesses ambientes, porque elas já migram na fase adulta para os campos

(Figura 3). Apenas ninhos naturais da marreca Oureré, Dendrocygna viduata, são

encontrados nos campos naturais. Em relação aos ninhos naturais da marreca, D.

autumnalis, o entrevistado afirmou que já foram avistados em troncos de siribeiras, no

manguezal da RESEX Marinha de Tracuateua. A vista disso, ninhos naturais da marreca,

D. autumnnalis, foram encontrados, no estado de Rio de Janeiro, no interior de caules de

palmeiras, Acrocomia sp. (CAMACHO, PIMENTEL, 2012). Dessa maneira, essa espécie

prefere construir seus ninhos naturais em troncos de arvores ou no solo (SICK, 1997), e

não nos campos alagados.

Figura 3 – Campos alagados, no entorno da RESEX Marinha de Tracuateua, PA.

Fonte: Felipe Lima, 2019.

516

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Atrelado a isso, segundo o marrequeiro, o momento de reprodução dessa ave

ocorre durante os meses de fevereiro a maio, período chuvoso. Sobretudo, para acontecer

a reprodução o ambiente em que as D. autumnnalis estão inseridas, precisa apresentar

alguma cobertura vegetal como exemplo, as gramíneas, que tem como finalidade diminuir

a temperatura do local.

Nesse período, após completarem 10 ovos ou quando termina o período de choca,

a marreca fêmea começa a revezar o choco com a marreca macho, demonstrando assim,

um comportamento em casal (Figura 4). O revezamento dura próximo de 24 horas,

quando chega o momento de trocarem de turno, elas cantam anunciando a outra marreca

que o seu turno terminou. Adicionalmente, para poder diferenciar os gêneros dessas

marrecas, é necessário observar seus tamanhos e seus cantos. No trabalho de Camacho e

Pimentel (2012), foram vistos dois indivíduos adultos junto com nove filhotes nadando

em um lago, no entanto, não foi possível saber se era um comportamento em casal.

Através das informações dos marrequeiros, a marreca, D. autumnnalis, apresenta

comportamento em casal, no ambiente de cativeiro.

Figura 4 - Marreca, Dendrocygna sutumnalis, no período de reprodução.

Fonte: Felipe Lima, 2019.

Conforme informado, as marrecas podem chegar até 20 ovos por ninhada (Figura

5), porém nem todos esses ovos chegam a gerar filhotes e, atrelado a isso, muitos desses

filhotes não conseguem chegar a vida adulta. A média de ovos encontrados por Bolen,

McDaniel e Cottam (1964), foi de 14 ovos e cerca de 10 ovos por Camacho e Pimentel

(2012), em ninhos naturais. No presente estudo, foram encontrados apenas sete ovos em

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

um ninho artificial, dessa forma, o resultado se difere da média dos outros estudos. Além

disso, como informação complementar, os filhotes nascem amarelos como patos

domésticos, além disso, se tornam independentes quando as marrecas mães entram

novamente em período de reprodução.

Figura 5 – ninho com ovos da marreca, Dendrocygna Autumnalis.

Fonte: Felipe Lima, 2019.

3.1. DESCRIÇÃO DOS NINHOS ARTIFICIAIS

Os ninhos artificiais da marreca, Dendrocygna autumnalis, são feitos utilizando

uma parte de madeira de buriti coberta por areia ou vegetação, como foi possível notar na

Figura 2. Entretanto, às vezes são utilizadas folhas como base para as aves fazerem seus

ninhos. Não foi possível realizar a mensuração da largura, altura e comprimento dos

ninhos artificiais, assim como o tamanho das marrecas, porque elas se encontravam no

período de reprodução. Por esse motivo, o recomendável pelos marrequeiros foi que se

tivesse o mínimo contato possível com as aves.

O ninho de uma das marrecas se encontrava as margens dos campos alagados,

apresentando um ambiente mais agradável, devido a presença abundante de vegetação e

a temperatura do habitat ser mais amena. Por outro lado, o segundo ninho se encontrava

mais distante das margens dos campos, localizando-se dentro do quintal do entrevistado,

onde o ambiente disponibilizava pouca cobertura vegetal, mas ainda assim era possível

encontrar gramíneas no local. Ambos os ninhos eram delimitados por um cercado,

limitando assim o ambiente em que elas vivem.

518

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Em apenas um ninho foi possível observar ovos e, consequentemente, mensurar

seu tamanho e diâmetro. Com a ajuda do marrequeiro, somente um ovo foi mensurado,

pois as marrecas estavam no período reprodutivo, como foi citado anteriormente.

Entretanto, procedeu-se a medida com os devidos cuidado para preservar as

características e a formação do ovo. Nesse sentido, como resultados da medição o ovo

apresentou: 4,2 cm de altura e 3,1 cm de diâmetro.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram encontrados somente ninhos artificiais da marreca, Dendrocygna

autumnalis, nos campos alagados, na área circundante da RESEX Marinha de Tracuateua,

PA. Dessa forma, foi possível descrever a estrutura dos ninhos construídos, o ambiente

de nidificação e as características dos ovos.

Embora não tenha sido possível encontrar ninhos naturais de D. autumnalis nos

campos alagados, os moradores relataram que já avistaram ninhos naturais da marreca no

mangue da RESEX Marinha de Tracuateua, PA. Nesse caso, é possível que ninhos

naturais de D. autumnalis, possam ser encontrados no mangue. Dentro dessa perspectiva,

esta pesquisa poderá servir como norte para futuros trabalhos envolvendo registro de

reprodução da marreca, D. autumnalis, na região.

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5. REFERÊNCIAS

BERGSTRON, B. First reported breeding of black-bellied wistling-duck in Northern

Florida. Florida Field Naturalist 27 (4): 177-179, 1999.

BOLEN, E.G.; MCDANIEL, B.; COTTAM, C. Natural History of the Black--Bellied Tree

Duck (Dendrocygna autumnalis) in Southern Texas. TheSouthwestern Naturalist 9 (2):

78-88, 1964.

CAMACHO, I.; PIMENTEL, L.M.S. Registro reprodutivo da asa-branca, Dendrocygna

autumnalis, no estado de Rio de Janeiro, Brasil. Atualidades Ornitológicas, Nº 169, set.

/out. 2012.

COSTA, J. N. As novas regras do jogo para o acesso aos recursos naturais na Reserva

Extrativista Marinha de Tracuateu, no Pará. Pós-graduação (Ciências Ambientais),

Instituto de Filosofia e Ciências Humana, Universidade Federal do Pará, Belém-PA, 2014

COSTA, V. A. Aves silvestres criadas em cativeiro em Santa Bárbara do Pará:

aspectos sócio-culturais e etológicos. 2012. 68 P. Dissertação (Mestrado em Ecoetologia) -

Programa de Teoria e Pequisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará, Belém,

2012.

HAYASHI, S.N. Uso e Conservação dos manguezais na costa Amazônia brasileira:

uma abordagem a partir de sensoriamento remoto. 147f. Tese (Doutorado em Biologia

Ambiental) – Instituto de Estudos Costeiros, Universidade Federal do Pará, Bragança-Pará,

2018.

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

(ICMBio). 2019. Disponível em:

<http://www.icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-

brasileiros/marinho/unidades-de-conservacao-marinho/2293-resex-marinha-de-

tracuateua>. Acesso em: 13 de jun. de 2019.

LIMA, G. G. B. Conservação da fauna e da flora silvestres no Brasil: a questão do tráfico

ilegal de plantas e animais silvestres e o desenvolvimento sustentável. Revista Jurídica,

Brasília, DF, v. 9, n. 86, p.134-150, ago. /set. 2007.

MAIA, C.; LIMA, M.C.P.; SILVA, M.M.T.; PAIVA, S.P. Densidade e estrutura

populacional do caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) na Reserva Extrativista

Marinha de Tracuateua, Pará, Brasil. Biota Amazônia, v. 6, n.2, p.86-92, 2016.

NASCIMENTO, J.L.X.; ANTAS P.T.Z. Anilhamento de Dendrocygna spp. No Brasil

entre 1973 e 1994 (Anseriformes: Anatidae). Ararajuba 3: 62-65,1995.

RODRIGUES, M. R.; SCHMITZ, H. Conflito social: o caso da “pesca de marrecas” na

reserva extrativista marinha de Tracuateua (Pa). Amazon.; Ver. Antropol. (Online),

v.9, n.1, p. 132 – 154, 2017.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1997.

SILVA, S. M. Hipermapa como Ferramenta de Sensibilização Ambiental para a

Resex Marinha de Tracuateua – PA. 2018. pág.39. Trabalho de Conclusão de Curso –

Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus de Capanema, Capanema-PA. 2018.

520

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

SIMON, J.E.; S. PACHECO. On the standardization of nest description of neotropical

birds. Revista Brasileira de Ornitologia 13 (2): 143-154, 2005.

521

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

INFLUÊNCIA CLIMÁTICA NA FLUTUAÇÃO SAZONAL DE INSETOS

CERATOPOGONÍDEOS CAPTURADOS NA ÁREA DE PROTEÇÃO

AMBIENTAL ILHA DO COMBU, BELÉM, PARÁ

Marcelo Alves Farias1; Keissy Karoline Pinheiro Miranda2; Glennda Juscely Galvão

Pereira3; Derek Chrystian Monteiro Leitão4; Valéria Lima Carvalho5

1 Mestre em Virologia. Instituto Evandro Chagas. E-mail: [email protected] 2 Mestre em Virologia. Instituto Evandro Chagas. E-mail: [email protected]

3 Especialista em Microbiologia. Instituto Evandro Chagas. E-mail:

[email protected] 4 Graduando em Nutrição. Universidade da Amazônia. E-mail:

[email protected] 5 Doutora em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Instituto Evandro Chagas.

E-mail: [email protected]

RESUMO

Levantamentos entomofaunísticos podem fornecer informações sobre o ciclo biológico,

picos de ocorrência e densidade populacional de insetos, além de disponibilizar

informações sobre o grau de integridade dos ambientes em que se encontram, dos

processos biológicos dos ecossistemas naturais e da sazonalidade de doenças. Este

trabalho teve como objetivo inicial a captura de insetos hematófagos na APACOMBU,

um fragmento de floresta amazônica pertencente à região insular do município de Belém,

Pará, e a partir da abundância desses animais de importância médica em diferentes épocas

do ano, considerar que condições climáticas específicas diferenciadas podem interferir na

biologia de espécimes pertencentes a família Ceratopogonidae. Foram realizadas duas

excursões científicas para a área de estudo no ano de 2018, sendo utilizadas armadilhas

luminosas modelo CDC e realizadas capturas concomitantes por atração humana com

aspiradores manuais na obtenção dos insetos. Os lotes foram identificados e agrupados

em pools de acordo com critérios taxonômicos, data, quantidade, ponto e método de

captura, e a partir da riqueza da entomofauna obtida, estimou-se o parâmetro de

abundância para os espécimes de ceratopogonídeos. Foram capturados 12.646

exemplares de dípteros hematófagos totais na área de estudo, sendo 973 destes agrupados

na família Ceratopogonidae. Na primeira excursão, durante a estação chuvosa, foram

capturados 873 espécimes de insetos ceratopogonídeos, e na segunda excursão, realizada

na estação seca, foram capturados 100 representantes. Esses dados convergiram com a

biologia desses animais, bem como com as características climáticas detectadas na ilha

no período de captura, caracterizando a flutuação sazonal desses insetos nas diferentes

estações. Dessa forma, os estudos entomofaunísticos permitem, em adição, analisar a

funcionalidade de ecossistemas naturais, da mesma forma que alterações na quantificação

observadas por meio de estudos como este torna-se complementar para o entendimento

preliminar acerca das influências climáticas no estabelecimento e na circulação de agentes

etiológicos vetorizados por estes animais.

Palavras-chave: Ilha do Combu. Insetos Vetores. Ceratopogonidae.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Biodiversidade.

522

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O conhecimento ecológico e taxonômico de várias das principais ordens da

classe Insecta é geralmente restrito ou focalizado em espécies de importância econômica

ou médica. A ordem Diptera é uma das maiores entre esses artrópodes, com grande

diversidade de espécies, onde são conhecidas aproximadamente 153 mil espécies

representantes, distribuídas em 160 famílias em todo o mundo. No Brasil, ocorrem cerca

de 8.700 espécies e estão presentes na maioria dos habitats, ocupando diversos nichos

alimentares, podendo ser parasitas, predadores e hematófagos, quando, neste último,

passam a ter importância médica ao se tornarem vetores de doenças (PAPAVERO;

GUIMARÃES, 2000; CARVALHO et al., 2012).

No que diz respeito a família Ceratopogonidae, esta compreende um táxon de

insetos de pequenas dimensões, que variam entre 1-6 mm de comprimento, conhecidos

popularmente como maruins, mosquitos-do-mangue e mosquitos-pólvora (COSTA et al.,

2013). Este grupo é bastante diversificado, contendo mais de 5.900 espécies descritas no

mundo, com espécimes possuindo as asas em geral escuras e manchadas. Os indivíduos

adultos de ambos os sexos podem visitar flores em busca de substâncias açucaradas, mas

as fêmeas usualmente buscam uma alimentação rica em proteína animal para maturação

dos seus ovos (TRINDADE; GORAYEB, 2010).

Dentro desta família, o gênero Culicoides destaca-se por ser um grupo

cosmopolita cujas espécies são amplamente distribuídas no mundo, com destaque em

países na região neotropical, como o Brasil, onde são conhecidas pelo menos 103

espécies, das quais 82 ocorrem na Região Amazônica, onde estudos levantamentos

entomológicos voltados para o conhecimento da diversidade desse gênero foram feitos

nos Estados do Amazonas e Pará (TRINDADE; GORAYEB, 2010). Ao praticarem a

hematofagia, esses animais podem funcionar como vetores de várias espécies de

parasitas, mas é principalmente como vetores de viroses humanas e de animais que as

espécies de culicoides têm sua principal importância (SAKKAS et al., 2018).

Na Amazônia brasileira, local onde doenças como a malária e diversas

arboviroses apresentam grande importância epidemiológica, faz-se importante realizar

estudos de avaliação entomofaunística como este, a fim de conhecer as espécies de

dípteros hematófagos transmissores de agentes etiológicos circulantes nessa região e sua

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

correlação com fatores climáticos. Em particular, ressalta-se sua relevância em áreas

florestais como a Área de Proteção Ambiental Ilha do Combu (APACOMBU), que fica

muito próxima da capital do estado onde se localiza e que é considerado local turístico

muito visitado por brasileiros e estrangeiros, além de receber muitos praticantes de

atividades de ecoturismo, o que propicia maior contato de pessoas com esses possíveis

agentes circulantes na área (FARIAS, 2019).

Apesar desta proximidade da Ilha com a capital acabar por contribuir de algum

modo para a promoção de pressões antrópicas sobre a mesma, áreas amazônicas como a

APACOMBU se tornam bons focos de diversos estudos por apresentarem características

rurais-ribeirinhas com áreas cujas coberturas vegetais ainda se apresentam em grande

parte conservadas (NASCIMENTO et al., 2010; COSTA et al., 2015; FARIAS, 2019).

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

Segundo o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado

do Pará, a Ilha do Combu é uma das 39 ilhas que compõem o município de Belém, estando

situada a 1,5 km ao sul da cidade. É limitada ao norte pelas margens do rio Guamá, ao sul

circundada pelo furo São Benedito, à leste pelo furo da Paciência e à oeste pela Baía do

Guajará, entre as coordenadas geográficas de 01°29'20" (extremo norte), 01°31'11"

(extremo sul), 48°25'54" (extremo leste) e 48°29'34" (extremo oeste) (PARÁ, 1997).

Sua área de 15,972 km2 apresenta ecossistema típico de várzea, com paisagem

florestal exuberante em equilíbrio, formada por um mosaico peculiar de espécies

composto por árvores, arbustos, herbáceas, lianas e espécies de sub-bosque, abrigando

grande diversidade de avifauna, servindo como um belo exemplo de local com um dos

mais altos níveis da biodiversidade amazônica (MAUÉS et al., 2011).

O clima da Ilha do Combu é o equatorial, quente e úmido, com índice

pluviométrico anual médio de 2.500 mm e temperatura média anual de 27 °C. O solo da

ilha é típico de área de várzea, sofrendo influência direta das marés do estuário do Guamá,

com alta percentagem de siltes, sendo um pouco úmido e argiloso, com baixa infiltração

e relevo plano, pobre em oxigênio e nutrientes (SILVA; SAMPAIO, 1998).

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Através da Lei Estadual nº 6.083 de 13/11/1997, a Ilha do Combu foi

reconhecida como área especialmente protegida, com o objetivo de proteção e restauração

da diversidade biológica, dos recursos genéticos, das espécies ameaçadas de extinção,

bem como para a promoção do desenvolvimento sustentável, através do ordenamento dos

recursos naturais e da melhoria da qualidade de vida da comunidade local (PARÁ, 1997).

2.2 EXCURSÕES CIENTÍFICAS PARA CAPTURA DE INSETOS

Durante o ano de 2018, foram realizadas duas excursões científicas para a

APACOMBU, com duração de aproximadamente 15 dias cada uma. A primeira delas,

correspondente a estação chuvosa amazônica, foi executada entre os meses

fevereiro/março (26/02 a 16/03) e a segunda ocorreu entre os meses de outubro/novembro

(15/10 a 02/11), e correspondeu a estação seca. Ambas excursões apresentaram as

mesmas características quanto à captura dos insetos e ocorreram no mesmo ponto da ilha,

sob as coordenadas geográficas S 01º30.114' e W 048º27.611' (Figura 1).

Figura 1– Ponto determinado para a realização das capturas dos insetos na área de estudo.

Fonte: Laboratório de Geoprocessamento – LABGEO/IEC.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Os insetos adultos capturados e destinados a realização deste estudo foram

coletados vivos, respeitando seus hábitos e biologia, utilizando-se de dois métodos: a

técnica de captura por atração humana, na qual esses animais são atraídos pelos odores

corporais naturais e se faz uso de instrumentos de captura manufaturados e de

equipamentos de proteção individual, sendo mantidos temporariamente em tubos de

ensaio. O outro método utilizado na obtenção dos insetos foi a captura por meio de

versões melhoradas de armadilhas luminosas desenvolvidas pelo Centro de Controle de

Doenças dos Estados Unidos (CDC), colocadas em funcionamento no período

compreendido entre às 12:00, quando se interrompia a captura por atração humana, até às

09:00 do dia seguinte. Ambas técnicas utilizadas na obtenção dos insetos deste estudo

foram aplicadas tanto em solo quanto em dossel de árvore.

Após capturados, os artrópodes foram armazenados em tubos KMA

identificados com data, ponto e método de obtenção, e conservados em nitrogênio líquido

(-196 ºC) até a chegada ao Laboratório de Entomologia da SAARB/IEC, onde os mesmos

foram armazenados em freezer a -70 ºC. Posteriormente, os insetos foram identificados

quanto ao grupo taxonômico a que pertenciam com o auxílio de microscópios

estereoscópicos (lupas) em mesa refrigerada a -20 ºC e embasadas com a utilização de

chaves dicotômicas propostas por Consoli e Oliveira (1994) e Forattini (2002), sendo

então, agrupados em lotes (pools) de acordo com os critérios de identificações

mencionados, conferindo a riqueza entomofaunística do fragmento da Ilha determinado

para captura.

Convém mencionar que foram realizadas medições da temperatura ambiente e

da umidade relativa do ar antes e após o início das capturas diárias, cujas médias dos

registros estão demonstrados no Quadro 1.

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Quadro 1 – Intervalos das temperaturas ambientes e umidades relativas diárias registradas

nas duas excursões.

Estação Temperatura Ambiente Umidade Relativa

Menor Maior Média Menor Maior Média

Chuvosa 25 ºC

(15/03) 30.1 ºC (12/03)

27.8 ºC (26/02 a

16/03)

68 % (05/03)

91 % (Vários dias)

87.2 % (15/10 a

02/11)

Seca 26.9 ºC (26/10)

31 ºC (16, 22/10)

29.2 ºC (15/10 a

02/11)

48 % (16/10)

91 % (26/10)

64.8 % (15/10 a

02/11)

Fonte: Laboratório de Entomologia da Seção de Arbovírus e Febres Hemorrágicas (SAARB/IEC).

2.3 ANÁLISE ENTOMOFAUNÍSTICA

Com base nos dados disponibilizados com as identificações dos insetos

capturados, foi realizada uma análise descritiva a partir dos valores da riqueza de espécies

obtidos e que possibilitaram a estimativa do parâmetro da abundância dos insetos

pertencentes a família Ceratopogonidae, correspondendo ao número de espécimes

identificados agrupados neste grupo taxonômico, por refletir a influência climática e o

arranjo das condições ambientais, bem como dos recursos ecológicos disponíveis na área

de estudo para as população de insetos capturados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando os dois métodos de captura utilizados e as duas áreas determinadas

para a coleta, como resultados das amostragens dos insetos capturados nas duas excursões

realizadas durante o ano de 2018, foram obtidos 12.646 exemplares de dípteros

hematófagos totais na área de estudo. Após a identificação, foram agrupados 973

espécimes na família Ceratopogonidae: na primeira excursão, correspondente a estação

chuvosa amazônica, foram coletados 5.019 exemplares de insetos hematófagos, sendo

873 destes identificados como ceratopogonídeos. Já na segunda excursão, realizada na

estação seca amazônica, foram capturados 7.627 insetos, sendo 100 membros agrupados

na família-alvo deste estudo, conforme podem ser vistos nos Quadros 2 e 3.

527

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Quadro 2 – Pools de insetos ceratopogonídeos obtidos na estação chuvosa.

Pool Quant. Datas de Captura Local Método

1 147 28/Fev. e 01/Mar.

Solo

Atração

Humana

2 157 02, 05/Mar.

3 153 27/Fev. e 06, 07/Mar.

4 142 08, 09, 12, 13, 14, 15, 16/Mar.

5 1 14/Mar. Dossel

6 1 28/Fev.

7 78 01, 02, 07, 09, 13, 14, 15, 16/Mar. Solo

CDC 8 147 01, 07, 08, 09, 16/Mar. Dossel

9 47 15/Mar.

10 3 17, 19/Out. Solo Atração

Humana 11 1 24/Out. Dossel

12 69 16, 17, 19, 23, 24, 25, 30, 31/Out. e

01/Nov. Solo

CDC

13 27 23, 24, 30/Out. e 01/Nov. Dossel

Ressalta-se a diferença observada na abundância dos insetos ceratopogonídeos

capturados por estação, o que sugere forte influência de fatores climáticos, como a

pluviosidade, na flutuação sazonal destes insetos durante as diferentes estações,

demonstrando-se a necessidade do desenvolvimento de estudos mais aprofundados

voltados para os representantes incluídos nessa família, reforçado pela possibilidade de

vetorização de agentes virais com potencial patogênico (SAKKAS et al., 2018).

Essa dinâmica sazonal de insetos culicoides, evidenciada com a avaliação de

abundância desses artrópodes por estação climática, está diretamente correlacionada com

a temperatura e a umidade típicos do microclima encontrado na APACOMBU. Esta

correlação foi apontada em um estudo de monitorização da dinâmica sazonal de

culicoides na Sérvia, nos períodos de 2006-2007, 2011-2012 e de 2015-2017. O estudo

apontou que esses fatores foram importantes influências nas flutuações a curto prazo

desses insetos em áreas epizoóticas de circulação de arbovírus naquele país (aumento

528

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

repentino no número) e depois na sua propagação a longo prazo (PAVLOVIĆ et al.,

2018).

Outras pesquisas pelo globo estabeleceram que a maioria dos insetos

ceratopogonídeos não é registrada quando a temperatura média atmosférica está abaixo

de 13 ºC e acima de 35 ºC, sendo numerosos dentro desse intervalo térmico tipicamente

registrado em áreas tropicais e, certamente, na Ilha do Combu (Ver Quadro 1), onde foram

realizadas as capturas. Além disso, climas mais quentes favorecem o desenvolvimento

larval o que reforça que estudos de levantamento entomofaunístico sejam realizados em

diferentes estações climáticas (PURSE et al., 2015; PAVLOVIĆ et al., 2016),.

Sabe-se que os maruins são relatados pela ampla capacidade de reprodução em

áreas periurbanas e por serem abundantes durante os meses quentes e chuvosos do ano

(TRINDADE; GORAYEB, 2010), o que está de acordo com o observado neste estudo.

As larvas de Culicoides paraensis, por exemplo, são mais ativas durante o dia, durante o

período de fortes chuvas e sob iluminação intensa, e podem se desenvolver em vários

habitats úmidos em períodos de seca, como florestas, margens de rios, solo úmido,

buracos de árvore em decomposição e contendo matéria orgânica de origem vegetal, tais

como bananas em apodrecimento, troncos e cascas de cacau (CASTELLÓN; VERAS,

2015), muito frequentes na vegetação da Ilha do Combu, nos arredores da área

determinada para a captura dos artrópodes que foram alvo deste estudo.

Esses dados entomofaunísticos podem ser associados com dados

epidemiológicos para melhorar a compreensão da sazonalidade de algumas enfermidades

virais, como é o caso da febre do Oropouche, transmitida por C. paraensis. Contudo,

ainda são escassos trabalhos desenvolvidos na Região Amazônica voltados para a

ecologia de insetos hematófagos silvestres de interesse médico, geradores de dados e

informações que contribuam para o entendimento de alguns importantes aspectos

ecoepidemiológicos de algumas arboviroses (GUEDES, 2012).

Convém mencionar, em adição, que esses dados preliminares da entomofauna

da APACOMBU obtidos com a captura e identificação dos insetos nortearam a aplicação

de testes investigativos de diagnóstico virológico nos insetos ceratopogonídeos obtidos

(FARIAS, 2019). A família Ceratopogonidae apresentou grande número de espécimes

capturados, o que, apesar de possuírem pequenas dimensões, permitiu-se agrupamentos

em um número de pools compatível com a proposta temporal da pesquisa adicional de

529

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

arbovírus aplicada nesse estudo (Dados não mostrados). Além disso, um número

considerável de diferentes vírus já foi isolado a partir de insetos Culicoides em todo o

mundo, muitos deles de grande interesse veterinário e médico (SAKKAS et al., 2018).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudos entomofaunísticos podem fornecer informações sobre ciclo biológico,

picos de ocorrência e densidade populacional de insetos, além de disponibilizar

informações sobre o grau de integridade dos ambientes em que se encontram, da sua

importância nos processos biológicos dos ecossistemas naturais e na transmissão de

doenças (CAJAIBA; SILVA, 2017). Inventariar e monitorar a variedade de insetos e as

alterações na quantificação por meio de estudos como este, torna-se essencial para o

entendimento preliminar da biodiversidade em ecossistemas como na área estudada, e de

que forma elas podem influenciar indiretamente no estabelecimento e na expansão de

agentes patogênicos.

Por conseguinte, é sabido que fatores microclimáticos e bióticos podem

influenciar a capacidade vetorial de populações adultas de insetos na transmissão de

doenças. Tais fatores, particularmente a temperatura e a umidade, influenciam a

proporção de culicoides adultos capazes de transmitir vírus por causar impacto na duração

do período larval, na sobrevivência adulta, na taxa de picadas e na competência de vetores

em sequência, por exemplo (PURSE et al., 2015).

Além disso, a diferença na quantidade de insetos capturados na estação chuvosa

quando comparada com a quantidade de insetos obtida na estação seca pode ser,

futuramente, associada a estudos epidemiológicos preditivos de surtos ou epidemias de

doenças que pudessem ocorrer nesta estação, uma vez que um maior número de insetos

circulantes aumenta as chances de contato com hospedeiros humanos em potencial que

visitam a Ilha com objetivos turísticos em tempos chuvosos, sendo sugestiva a promoção

de medidas de controle desses vetores nessas épocas.

Nesse contexto, os levantamentos populacionais de insetos tornam-se

imprescindíveis em áreas amazônicas protegidas, pois, além de amostrar a densidade

populacional das espécies de insetos em determinado local, permitem caracterizar sua

comunidade e podem contribuir na vigilância em saúde e na promoção de medidas

530

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

preventivas em áreas turísticas, como a APACOMBU, que apresenta aumento na

interferência ambiental de seus ecossistemas.

531

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5.REFERÊNCIAS

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533

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

DEPOSIÇÃO DE SERAPILHEIRA E NUTRIENTES EM ÁREA DE

RESTAURAÇÃO APÓS MINERAÇÃO DE BAUXITA NA AMAZÔNIA

ORIENTAL

Julia Isabella de Matos Rodrigues1; Walmer Bruno Rocha Martins2; Gracialda Costa

Ferreira3; Mário Lima dos Santos4 Francisco de Assis Oliveira5

1 Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

2 Mestre em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

3 Dra. Profa. da Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]

4 Mestre em Ciências Florestais, Universidade de Brasília.

[email protected]

5 Prof. da Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected]

RESUMO

Apesar dos benefícios econômicos, o avanço da atividade minerária, como a exploração

da bauxita, provoca uma série de impactos ambientais. Para isso, faz-se necessário a

recuperação de áreas afetadas por tal prática, sendo que, o método mais utilizado é o

plantio de mudas de espécies arbóreas nativas. Neste sentido, o estudo busca responder a

seguinte questão: qual ecossistema em recuperação assemelha-se mais ao ecossistema de

floresta nativa? Com a hipótese de que se os ecossistemas em estágios mais avançados de

sucessão possuem maior estoque de serapilheira e nutrientes e por isso, estão próximos aos valores de um ecossistema de referência (floresta nativa ou testemunha), então o

ecossistema de 9 anos é o mais semelhante à floresta nativa. O objetivo do estudo foi

avaliar e quantificar o estoque de serapilheira e o conteúdo nutricional de quatro

ecossistemas em área de extração de bauxita. O trabalho foi conduzido na empresa

Mineração Paragominas S.A. (MPSA), do grupo Hydro e as coletas foram realizadas em

dois períodos: mais e menos chuvoso. O estudo evidenciou maior estoque de serapilheira

(7,12±0,34 Mg.ha-1) no ecossistema de floresta, sendo que, não houve diferença entre este

e o plantio de 9 anos nos dois períodos de coleta. Logo, a hipótese foi aceita (p<0,05),

mostrando que o plantio de 9 anos é o que apresenta maior semelhança ao ecossistema

testemunha.

Palavras-chave: Ciclagem de nutrientes. Recuperação de áreas degradadas. Plantio de

mudas.

Área de Interesse do Simpósio: Ecologia e Bidiversidade

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

Com o intuito de diminuir os impactos causados pela exploração da bauxita e pela

atividade minerária, busca-se, cada vez mais, restaurar o ambiente degradado por essas

práticas. Para isso, faz-se o plantio de mudas de diversas espécies arbóreas nativas da

região (FONSECA et al., 2017) e acompanha-se o desenvolvimento do ecossistema por

meio da avaliação de indicadores de características dos atributos da área em restauração

(PRACH; WALKER, 2019).

Um desses indicadores é a serapilheira, a qual corresponde à camada de resíduos

florestais depositados no solo, como folha, galhos e frutos (FERNANDES et al., 2018),

pois a decomposição é um processo essencial para manutenção dos ecossistemas, com o

retorno dos nutrientes ao solo e deste as plantas (VIVANCO; AUSTIN, 2019). Além

disso, a serapilheira é responsável pela proteção do solo contra os impactos causados pela

constante precipitação pluviométrica, principalmente na Amazônia (SCHUMACHER et

al., 2018). Logo, quanto maior a deposição e decomposição de serapilheira, maior será a

ciclagem de nutrientes e o desenvolvimento das plantas em ecossistemas em processo de

restauração (MACHADO et al., 2019).

Nesse sentido, avaliou-se quatro ecossistemas, sendo três em restauração (Plantios

de mudas com 9, 8 e 7 anos de idade) e uma floresta nativa adjacente para efeito de

comparação (Floresta Ombrófila Densa) a fim de responder a seguinte questão: qual

ecossistema em recuperação assemelha-se mais ao ecossistema de floresta nativa?

Partindo da hipótese de que se os ecossistemas em estágios mais avançados de sucessão

possuem maior estoque de serapilheira e nutrientes e por isso, estão próximos aos valores

de um ecossistema de referência (floresta nativa ou testemunha), então o ecossistema de

9 anos é o mais semelhante à floresta nativa. O objetivo desse estudo, portanto, foi avaliar

e quantificar o conteúdo nutricional de quatro ecossistemas em área de extração de

bauxita.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

A pesquisa foi desenvolvida em área da empresa Mineração Paragominas S.A.

(MPSA), do grupo Hydro, localizada a 70 km da sede municipal de Paragominas. O clima

da região é do tipo “Aw”, segundo a classificação de Köppen-Geiger. A temperatura

535

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

média é de 26,3 °C com índice pluviométrico anual de aproximadamente 1.800 mm, com

umidade relativa do ar em torno de 81% (ALVARES et al., 2013).

Foram selecionadas três áreas em processo de restauração pelo método de plantio

de mudas de espécies florestais nativas e uma área referência classificada como Floresta

Ombrófila Densa. O plantio de mudas de 9 anos recebeu subsolagem e adubação pré-

plantio com Fosfato natural: 33% P2O5 total, 10% solúvel em ácido cítrico e adubação

de cobertura com calcário dolomítico: CaO-28%, MgO-12%, sendo que esta última

também foi realizada para o ecossistema de 8 anos.

As espécies Croton matourensis Aubl. e Vismia guianensis (Aubl.) Choisy foram

encontradas em todos os ecossistemas e estão entre as espécies como maior Índice de

Valor de Importância (IVI), sendo que a primeira apresentou maior IVI (33,31%) no

ecossistema com 8 anos de restauração, enquanto a segunda, maior IVI (12,84%) no

ecossistema com 9 anos de restauração.

2.2 ESTOQUE DE SERAPILHEIRA E NUTRIENTES

A coleta foi realizada com auxílio de um gabarito metálico de 0,5 m x 0,5 m (0,25

m²) e 0,10 m de altura. Foram coletadas 6 amostras em cada parcela, totalizando 72 no

ecossistema com 8 anos de restauração e 48 amostras nos demais ecossistemas. As coletas

foram realizadas nos períodos mais e menos chuvoso (março e novembro,

respectivamente), ambos em 2018. Após a coleta, a serapilheira foi triada em duas

frações, lenhosa (ramos e material enrijecido) e não lenhosa (folhas e material não

enrijecido), e posteriormente, seca em estufa a 70 °C por 72 horas. Em seguida o material

foi pesado em balança analítica digital de precisão de 0,01 g e a porção não lenhosa foi

triturada em um moinho de lâminas do tipo Willey com peneira de 0,85 mm de abertura

para análise química de Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio

(Mg) e Sódio (Na) no Laboratório da Embrapa Amazônia Oriental - PA, seguindo o

método descrito por Malavolta et al. (1997).

2.3 ANÁLISE DE DADOS

Conforme o delineamento inteiramente casualizado, os dados foram submetidos ao

teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Posteriormente, para comparar os diferentes

ecossistemas no mesmo mês, a hipótese foi testada por meio do teste Tukey ao nível de

536

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5% de probabilidade de erro, após a aplicação de análise de variância (ANOVA). Para a

comparação do mesmo ecossistema entre os períodos de coleta, testou-se a hipótese por

meio do teste t de Student (p<0,05). As análises estatísticas foram realizadas no programa

estatístico R versão 3.4.3 (R Core Team Development 2017).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação ao estoque de serapilheira, o maior e o menor valor foi encontrado na

floresta e no ecossistema mais novo, com média de 7,12±0,34 Mg.ha-1 e 4,54±0.36 Mg.ha-

1 respectivamente, ambos no mês de novembro (Fig. 1). Nesse mês, o estoque de

serapilheira do ecossistema de floresta só não foi maior do que o plantio de 8 anos de

restauração. Essa não diferença provavelmente ocorreu em função da elevada

variabilidade dos valores do ecossistema em restauração (Fig. 1). Além disso, a espécie

com maior IVI em todos ecossistemas, C. matourensis Aubl., troca de folhas durante todo

o ano (LÓPEZ et al., 2002) o que pode influenciar no aumento do acúmulo da

serapilheira.

Figura 1- Estoque de serapilheira no mês de março e novembro de 2018 em ecossistemas com

diferentes idades de restauração florestal após mineração de bauxita e uma floresta de referência,

Paragominas – PA, Brasil. Médias seguidas de seus respectivos erros padrões com a mesma letra

minúscula entre os ecossistemas no mesmo mês não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey

(p<0,05) e letras maiúsculas iguais entre os dois meses para cada ecossistema não diferem

estatisticamente pelo teste de t (p<0,05).

Fonte: Os autores, 2019.

537

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

A serapilheira acumulada no ecossistema de floresta diferiu significativamente do

mais jovem nos dois períodos de coleta. Esse resultado reflete o fato de que o segundo,

foi aquele onde ocorreu os impactos da mineração mais recentemente, apresenta maior

possibilidade de possuir um solo mais compactado, e consequentemente, apresenta menor

acúmulo de serapilheira (SILVA et al., 2018).

Em relação aos nutrientes, a concentração desses elementos é diretamente afetada

pelas condições climáticas, sobretudo pela precipitação pluviométrica (MARTINS et al.,

2018). Isto foi observado neste estudo, principalmente para K e Na (Fig. 2), já que ambos

apresentaram maior teor no período menos chuvoso. No mês mais chuvoso, o valor

superior de K foi encontrado na floresta, apesar de não haver diferença entre esse

ecossistema e o de 8 anos.

Figura 2- Concentração de macronutrientes na serapilheira estocada no solo nos diferentes

ecossistemas estudados. Médias e seus respectivos erros padrões. Mesma letra minúscula entre os

ecossistemas no mesmo mês não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (p<0,05) e letras

maiúsculas iguais entre os dois meses para cada ecossistema não diferem estatisticamente pelo

teste de t (p<0,05). ns = diferença não significativa.

Fonte: Os autores, 2019.

538

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Os baixos valores encontrados para K são explicados pela alta mobilidade deste

elemento no tecido vegetal, o que facilita sua retranslocação antes da abscisão foliar

(GODINHO et al., 2013) somado ao fato de que a maior parte deste elemento é encontrada

na forma solúvel e na matéria orgânica, o K é liberado por lavagem (FAQUIN, 2005).

O elemento químico N apresentou maior teor no período chuvoso para o

ecossistema natural de floresta. Entretanto, não houve diferença entre este e o ecossistema

de 7 anos, pois apesar de haver uma tendência de aumento de N em ecossistemas mais

jovens (MACHADO et al., 2016), a espécie com segundo maior IVI no ecossistema de

floresta é da família fabaceae, a qual faz associação com bactérias fixadoras do elemento

em questão (CALDEIRA et al., 2019).

Para o Ca e Mg, o maior valor foi encontrado no plantio de 8 anos de restauração e

estes não diferiram do ecossistema controle e do plantio de 9 anos, o que provavelmente

ocorreu devido à adubação de cobertura realizada com calcário dolomítico. Os altos

valores de Ca ocorrem devido à função estrutural desempenhada por este nutriente na

célula vegetal, o qual é um dos principais componentes da parede celular (GODINHO et

al., 2014). Além disso, uma das características do Cálcio é possuir baixa mobilidade

dentro da planta, ou seja, este é lentamente distribuído antes da abscisão foliar

(CARVALHO et al., 2019).

Nesse sentido, por meio do teste Tukey (p<0,05) a hipótese de que o plantio de

mudas com 9 anos possui maior semelhança com o ecossistema referência foi aceita, pois

apesar de algumas não diferenças nutricionais, o plantio de mudas de 9 anos de

restauração foi o único que não diferiu estatisticamente em relação ao estoque de

serapilheira nos dois períodos de coleta.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O plantio de mudas de 9 anos apresenta melhores indicadores de restauração

quando comparado aos plantios com idades inferiores.

A menor precipitação influencia no maior aporte de serapilheira.

A presença de Croton matourensis Aubl. entre as espécies com maior IVI acarreta

no maior acúmulo de serapilheira.

O teor nutricional é afetado diretamente pela adubação de base.

539

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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climate for leaf litter decomposition and nutrient release in Patagonian temperate forests.

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541

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DE MUDAS DE JAMBÚ INOCULADAS

COM TECNOLOGIA MICROBIANA

Alice de Paula de Sousa Cavalcante1; Gleiciane Rodrigues dos Santos2; Ricardo

Christin Lobato Machado3; Rafael Rodrigo da Silva Costa4; Gisele Barata da Silva5.

1 Graduanda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected]. 2 Doutoranda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected]. 3Mestrando em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected]. 4Mestrando em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected]. 5Professora de Microbiologia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:

[email protected].

RESUMO

O jambú é uma hortaliça não convencional nativa da região norte, além de ser muito

consumida para fins medicinais e como condimento. É produzida principalmente por

agricultores familiares, de forma que, para muitos, o cultivo do Jambú é uma importante

fonte de renda. A demanda crescente por esse produto estimula pesquisas voltadas para

aprimorar tecnologias de produção e, principalmente, que causem menor impacto ao meio

ambiente. Nesse cenário o uso de biofertilizantes é uma alternativa ao uso insumos

químicos, possibilitando que o agricultor forneça um produto com menor acumulo de

resíduos químicos ao consumidor. Nesse trabalho foram utilizados 3 isolados de

rizobactérias, mix de rizobactérias (R46 e R92), e o controle (apenas água), consistindo

assim de 5 tratamentos, inoculados nas sementes de jambú. O experimento foi realizado

em blocos inteiramente casualizados, contendo 5 repetições cada. Os dados de biometria

e clorofila foram submetidos a análise estatística e as médias foram comparadas pelo teste

SNK (P<0,05). Os isolados R1 e Mix(R46 e R92) promoveram maior crescimento e

aumento do teor de clorofila em relação ao tratamento controle. Resultados indicam que

esses isolados de rizobactérias contribuem para o manejo sustentável da produção de

jambú na região Amazônia, além de garantir maior segurança alimentar e ganhos de

produtividade.

Palavras-chave: Jambú. Biofertilizantes. Manejo sustentável.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

O Jambú (Acmella oleraceae) é uma hortaliça não convencional pertencente a

família das Asteraceaes, nativa da Amazônia serve como especiaria e para fins

medicinais. Trata-se de uma hortaliça amplamente utilizada na culinária paraense. Desta

forma, esta espécie é muito importante como fonte de renda para os agricultores

familiares dos municípios do Pará, pois é considerada uma planta de múltiplo uso

(medicinal, condimentar e ornamental), reunindo elementos essenciais para formação de

um sistema sustentável (GUSMÃO et al., 2009).

A planta apresenta propriedades químicas importantes, que desperta o interesse da

indústria farmacêutica, principalmente pela presença do metabólito especial mais

abundante, considerado mais bioativo, o espilantol (BARBOSA 2016, pág. 1). Além do

espilantol, o Jambu contém outros constituintes nutricionais e funcionais, como elevado

conteúdo de ferro, cálcio e ainda possui as vitaminas B1, B2, niacina, C e pró-vitamina

A. Apresenta também baixo valor calórico, assim como, a maioria das hortaliças. Outra

propriedade relevante desta planta é sua capacidade antioxidante (BARBOSA 2016, pág.

1).

“A demanda crescente por hortaliças estimula estudos direcionados à tecnologias

que possibilitem a maior produtividade da cultura, visando sempre uma produção mais

limpa e sustentável (Acmella oleraceae), utilizou-se 4 isolados de rizobactérias para

verificar a sua capacidade de promoção de crescimento em plantas de Jambú. A promoção

de crescimento, que pode ser detectada de várias formas, como o aumento em altura ou matéria

seca ou, ainda, em produtividade, é desejável sob a maioria dos pontos de vista. Inúmeros

trabalhos já foram publicados sobre o assunto, como os de Freitas (1989), Silveira et al. (1995),

Dashti et al. (1998), Nandakumar et al. (2001), além de outros, para diferentes espécies vegetais.”

Sendo assim o objetivo do trabalho foi empregar o uso de microrganismos

benéficos do solo na produção de mudas de Jambú e assim diminuir o uso de insumos

químicos, garantindo maior segurança alimentar aos consumidores dessa hortaliça.

2. MATERIAL E MÉTODOS

1. Isolados: Os isolados de rizobactérias (R46, R92, R1 e Mix de 46 e 92)

utilizados no experimento são provenientes da coleção de microrganismos do Laboratório

de Proteção de Plantas da Universidade Federal Rural da Amazônia campus Belém.

2. Inoculação: os isolados de rizobactérias foram cultivadas em meio sólido 523

(Kado and Heskett 1970) durante 48 h, a 28 ºC. As suspenções bacterianas foram

543

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

preparadas com água destilada e esterilizada, e a concentração foi ajustada em

espectrofotômetro para A540 = 0,5 (108 UFC). . Posteriormente, preparou-se uma

suspensão bacteriana utilizando água estéril e ajustada a 540 nm de absorbância usando

um espectrofotómetro (A550 = 0,1 correspondendo a 108 U.F.C. mL-1) para

microbiolização das sementes de Jambú. Em seguida, as sementes de Jambú foram

imersas na suspensão bacteriana e colocadas em uma mesa giratória por 4 horas, a uma

velocidade de 110 rpm.

3. Avaliação do crescimento: A promoção do crescimento foi avaliada 30 dias

após a germinação A altura das plantas e o diâmetro do coleto foi mensurado com

paquímetro digital (precisão de 0,02 mm). O índice de robustez foi calculado pela razão

entre a altura da planta e diâmetro do coleto. O número de folhas foi avaliado através da

contagem direta das folhas.

4. Analise estatística: O experimento foi realizado em delineamento inteiramente

casualizado com 5 tratamentos, 3 isolados de rizobactérias, Mix de rizobactérias e o

controle (só agua) e 5 repetições. Os dados de crescimento foram submetidos à análise

de agrupamento usando os valores médios de cada indivíduo e o grau de similaridade foi

obtido pela distância Euclidiana padrão. Os grupos foram submetidos à análise de

variância (ANOVA) e as médias foram comparadas pelo teste Student-Newman-Keuls

(SNK), P < 0,05, usando o software R versão 3.1.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os isolados testados promoveram crescimento nas mudas de Jambú (tabela

1). Para as variáveis de crescimento o aumento variou de 43% a 80% para altura da planta,

em 3% a 23% para o diâmetro do coleto, aumento de 91% no número de folhas, e aumento

de 43% no índice de robustez para o isola, e aumento de 43% no índice de robustez para

o isolado R46. Os isolados que induziram maiores teores de clorofila foram

respectivamente o Mix (15%) e R1 (12%).

O crescimento da parte aérea, raiz e número de folhas podem ser observados na

figura 1 que pode ser atribuído a capacidade das rizobactérias de induzir a síntese de

giberelinas e citocininas que regulam a expansão foliar e síntese de clorofilas (DODD et

al. 2010; KANG et al. 2014). Com o aumento da área foliar e número de folhas, aumenta

também a área fotossintetizante, pois contribui para a maior captação de luz. A mesma

544

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

lógica se observa para a maior expansão do sistema radicular, visto que a raiz consegue

absorver mais nutriente e maior teor de água.

Figura 1 – controle e Mix de bactérias

Fonte: Alice Cavalcante, 2019.

Quando se trata de massa fresca da parte aérea todos os tratamentos obtiveram

sucesso, porem os melhores isolados foram, respectivamente, R92 com média de 103% e

o isolado de R1 com média de 101%. A massa fresca da raiz também demonstrou

aumentos significativos, os melhores tratamentos foram dos isolados Mix de rizobactérias

com média de 13%, e R1 com aumento de 6,6%. Todos os tratamentos obtiveram aumento

na massa seca da parte aérea, com as melhores médias pertencentes aos isolados R46 com

média de 66,6%, e o isolado R1 com média de 28,5%. A determinação da massa de

matéria seca (da planta e/ou de suas partes: frutos, caule, folhas e outros) é mais

apropriada para a análise de crescimento (TAIZ; ZEIGER, 2004) e, via de regra a área

foliar é também determinada (BENINCASA, 2003).

545

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Tabela 1 – Parâmetros biométricos avaliados nas mudas de Jambú.

aGrupos bIsolados cALT (cm) cTR cDC (mm) cIR

1 Controle 15,21 c 13,9 b 2,79 a 5,76 ab

2 R46 25,1 ab 14,5 ab 3,05 a 8,26 a

3 Mix de rizobactérias 26,8 a 18,1 a 3,44 a 7,82 a

4 R92 23,7 ab 15,3 ab 3,41 a 6,96 a

5 R1 21,7 b 13,5 b 2,88 a 7,7 a

CV (%)

9,74 9,39 2,38 5,18

Fonte: Próprio autor. (2019). aGrupos de similaridade de acordo com a matriz Euclidiana;

bIsolados de rizobactérias ( R 46, R 1, R 92, e Mix de 46 e 92) e cAvaliações biométricas: Altura

em cm; Tamanho da raiz em cm; Diametro do coleto em mm; Indice de robustez. *Médias com

letras iguais não diferem significativamente de acordo com o teste de Student-Newman-Keuls

(P<0,05).

O índice SPAD avalia o teor de nitrogênio presente nas folhas. O incremento na

produção da cultura está sendo otimizado por meio da utilização de biofertilizantes a base

de microrganismos procariotos, capazes de fixar no solo o nitrogênio atmosférico e

disponibilizá-lo para as plantas (JORDÃO, et al., 2010). Muitos estudos comprovam que

as bactérias associadas a rizosfera da planta, contribuem com a adubação nitrogenada da

mesma. Com base nos dados obtidos através do índice SPAD, avaliações biométricas,

massa seca e massa fresca da parte aérea e da raiz, pode se dizer que as rizobactérias

foram responsáveis pelo maior acumulo de matéria seca. Elevadas dosagens de

nitrogênio, indicam relação com o aumento da atividade das enzimas fotossintéticas e de

assimilação de nitrogênio (DIDONET et al., 1996).

As figuras abaixo demonstram médias por agrupamento dos índices de SPAD

(Figura 2), massa seca da raiz, massa seca da folha e massa fresca da parte aérea, é visível

que os isolados Mix e R1 obtiveram as melhores médias, de modo que “folhas bem

nutridas de nitrogênio tem maior capacidade de assimilar CO2 e sintetizar carboidratos

546

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

durante a fotossíntese (FERREIRA et al.1997)”. Resultando do maior acumulo de

biomassa, o que pode ser visualizado nos Figuras 3, 4 e 5.

Figura 2 – índice SP AD

Fonte: próprio autor. (2019).

Figura 3 – Massa seca raiz

Fonte: próprio autor. (2019).

abb

aab a

0

5

10

15

20

25

30

35

Controle R-46 R-46 +

R-92

R-92 R-1

Ch

la+

b(µ

g c

m-2

)

a a

a

a

a

0

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

0.06

0.07

0.08

0.09

0.1

Controle R-46 R-46 +

R-92

R-92 R-1

Mass

a s

eca d

e ra

ízes

(g)

547

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Figura 4 – Massa seca das folhas

Fonte: próprio autor. (2019).

Figura 5 – Massa fresca aerea

Fonte: próprio autor. (2019).

4. CONCLUSÃO

Os isolados de rizobactérias promoveram crescimento e induziram o

acumulo relativo de clorofila. Os isolados R1 e Mix de 46 e 92 obtiveram médias de

destaque em quase todas as analises, exceto pelo diâmetro do coleto, onde o isolado R1

não demonstrou tanto vigo. Conclui-se que o uso da tecnologia microbiana na produção

de Jambú, pode contribuir para o manejo sustentável, pois promovem crescimento,

aumentando assim a produtividade da cultura.

aa a

aa

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

Controle R-46 R-46 + R-92 R-92 R-1

Mas

sa s

eca

de

fo

lhas

(g)

b

ab

a a a

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

Controle R-46 R-46 + R-92 R-92 R-1

Mass

a f

resc

a d

e fo

lhas

(g)

548

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

5. REFERÊNCIAS

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BARBOSA, Alan Franco. Tese de Doutorado Avaliação química e biológica do Jambu

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2016.

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200:205-213,1998.

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FARIAS, Vivian Dielly da Silva; MOREIRA, Sheila Doria; GOMES, Rafaelle Fazzi ;

SILVA, Josiane Pereira da; SOUZA, Gisele Teixeira de; Sergio GUSMÃO, Antonio

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e hidroponia NFT. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010.

FERREIRA, A. C. B. Efeitos da adubação com N, Mo, Zn sobre a produção,

qualidade dos grãos e concentração de nutrientes no milho. 1997. Tese (Mestrado) –

Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1997.

FREITAS, S.S. Desenvolvimento de plântulas de café pela inoculação

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905, outubro 2017.

GUSMÃO, Sergio Antonio Lopes; HOMMA, Alfredo Kingo Oyama; SANCHES,

Ronaldo da Silva; MENEZES, Antonio Jose Elias. Etnocultivo do jambu para

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NEVES, Jucimar Ferreira, DIAS, Leonardo Diogo Ehle; JÚNIOR, Santino Seabra

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SPOLAOR Leandro Teodoski ; GONÇALVES, Leandro Simões Azeredo;

SANTOS,Odair José Andrade Pais dos; OLIVEIRA, André Luiz Martinez de; SCAPIM,

Carlos Alberto; BERTAGNA, Filipe Augusto Bengosi; KUKI, Mauricio Carlos.

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TAIZ, L.; ZEIGER, E. (Ed.). Fisiologia vegetal. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. cap.

16, p. 365-400.

550

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

USO DE MICRORGANISMOS PROMOTORES DE CRESCIMENTO

ASSOCIADOS À ADUBAÇÂO MINERAL EM UROCHLOA BRIZANTHA Hélio Elias de Aguiar1; Sidney Daniel Araújo da Costa2; Aline Figueiredo Cardoso3;

Thiago da Silva Carvalho4; Gisele Barata da Silva5

1 Graduação em andamento. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 2Doutorado em andamento. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected]. 3Doutorado em andamento. Universidade Federal Rural da Amazônia.

[email protected] 4Doutor. Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected]

5Doutora. Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected]

RESUMO A utilização de adubação mineral pode causar problemas ambientais por conta da

lixiviação. O uso de microrganismos promotores de crescimento pode contribuir para o

aumento da produtividade do capim-marandú. o objetivo foi avaliar as alterações

morfogênicas do capim Urochola brizantha cv. Marandú em função da aplicação de

biopromotores de crescimento associadas a diferentes doses de NPK. Os parâmetros

biométricos calculados foram: taxa de aparecimento de folhas (TApF), taxa de

alongamento das folhas (TAlF). Foi determinado também o comprimento da parte aérea

e raíz, massa fresca e massa seca da folha e da raíz. A dose ótima encontrada de NPK foi

equivalente a 50% do recomendado, correspondendo a 25-40-20 kg de ha-1, o que garantiu

um incremento de 40% em comprimento radicular em plantas inoculadas, incrementou

56% em altura de plantas comparadas a plantas com 100% de adubação mineral

recomendada. A massa fresca da parte aérea também teve incrementos significativos de

15% e 35% com os tratamentos R92 e MIX, respectivamente. A massa fresca da raiz

apresentou incrementos significativos de 338% e 263% nesses parâmetros com a

aplicação dos inoculantes R92 e MIX, respectivamente. A taxa de aparecimento foliar

com 50% da adubação apresentou valores iguais ao tratamento com 100% da adubação

recomendada, enquanto que a taxa de alongamento apresentou incrementos de 19% com

o uso de R92 e MIX.

Palavras-chave: Manejo sustentável, Forragem, Biopromotores.

Área de Interesse do Simpósio: Agronomia

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Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

1. INTRODUÇÃO

A Urochloa brizantha cv. Marandu é uma alternativa viável para os pecuaristas

na implantação das pastagens, por conta das suas características agronômicas e índices

zootécnicos ocupando extensas áreas de cultivo em todo Brasil (TEIXEIRA, 2011). Essa

forrageira apresenta como característica bom valor nutritivo, menor estacionalidade na

produção, melhor relação folha/haste, e resistência à cigarrinha das pastagens, quando

comparada a outras variedades do mesmo gênero (EMBRAPA, 1985).

Atualmente cerca de 60 % das áreas de pastagem apresentam algum grau de

degradação em função do manejo inadequado, principalmente devido ao uso de taxas de

lotação acima da capacidade de suporte e à falta de adubação de manutenção (BROCH et

al., 2008). FAGUNDES et al. (2006) relataram que a baixa disponibilidade de nutrientes

é, certamente, um dos fatores que mais prejudicam a produtividade e a qualidade da

forrageira. Deste modo, alternativas para o estabelecimento de plantas forrageiras vêm

sendo estudadas de forma que busquem aumentar os efeitos positivos no seu

desenvolvimento, e minimizar os riscos ambientais diante do uso de produtos químicos

no pasto (FONSECA et al., 2011).

Uma estratégia é o uso de rizobactérias promotoras de crescimento na formação

de pastagens que possibilitam melhor desenvolvimento das forrageiras, além de

auxiliarem no uso sustentável do sistema, visando reduzir o uso da adubação mineral e

promover uso eficiente desses fertilizantes (GAZOLA et al., 2017). O uso do fungo

Trichoderma sp., também é uma estratégia para reduzir o uso de fertilizantes minerais e

possibilitar maior desenvolvimento do sistema radicular das plantas, gerando efeitos

benéficos no desenvolvimento da cultura (CHAGAS et al., 2016).

Mecanismos de ação que envolve a produção de hormônios vegetais relacionados

ao maior crescimento do sistema radicular, produção de ácidos orgânicos responsáveis

pela solubilização de fósforo e potássio, assim como mineralização da matéria orgânica

do solo pelos microrganismos promotores de crescimento são relatados (HAEMAD e

KIBRET, 2014), tais condições favorecem o maior desenvolvimento do capim. Desse

modo, o objetivo foi avaliar as alterações morfogênicas do capim Urochola brizantha cv.

Marandú em função da aplicação de biopromotores de crescimento associadas a

diferentes doses de NPK.

552

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em ambiente semi-controlado, na unidade de

produção de mudas de viveiro da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) (01

° 27′25 ″ S, 48 ° 26′36 ″ O) em Belém (PA). O clima regional de acordo com a

classificação de Köppen é Af (equatorial). Dez sementes de Urochloa brizantha cv.

Marandu foram semeadas em sacos de polietileno (20×30×0,05 cm) preenchidos com

substrato e mantidos em casa de vegetação.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial

5×3 (U. brizantha cv. Marandú não inoculado, inoculado com a rizobactéria Bacillus

Subtilis, inoculado com B. Subtilis + Trichoderma asperellum (MIX), e 5 porcentagens

de redução das doses de NPK (100%, 75%, 50%, 25%, 0%) com 5 repetições, cada

repetição corresponde a uma planta. As doses recomendadas de NPK kg ha-1 (50-80-40)

foram calculadas conforme Embrapa Cerrados e as reduções ocorreram a partir dessa

recomendação (Santos, 2016).

O isolado de Rizobactéria Bacillus Subtilis e Trichoderma asperellum foram

provenientes da coleção de microrganismos do Laboratório de Proteção de Plantas da

Universidade Federal da Amazônia. A rizobactéria foi cultivada em placas de Petri com

meio de cultura sólido 523 (Kado &amp; Heskett, 1970) e incubadas por 24 horas a 28 °

C. A suspensão bacteriana foi preparada em água estéril e ajustada no espectrofotômetro

a 550 nm (108 UFC).

O fungo foi multiplicado em placas de Petri contendo o meio de cultura BDA

(batata, dextrose e ágar) em seguida, as placas foram incubadas em uma câmara de

crescimento por 96 h, aproximadamente 28ºC. Após a obtenção do isolado foi preparado

suspensão aquosa de esporos com concentração de 108 esporos/mL. A inoculação foi feita

por meio de rega 14 dias após a emergência das plântulas, cada saco de polietileno

recebeu uma suspensão de 5 mL.

Os seguintes parâmetros biométricos foram calculados de acordo com Gomide e

Gomide (2000): taxa de aparecimento de folhas (TApF), taxa de alongamento das folhas

(TAlF). Foi determinado também o comprimento da parte aérea e raíz. Aos 35 dias após

a emergência das plântulas, cinco plantas por tratamento foram coletadas e separadas em

parte aérea (lâminas foliar) e raízes. O material vegetal foi seco em estufa (60 ° C) até

massa constante e pesado a massa fresca e massa seca da folha e da raíz.

553

Belém (PA), 11 a 13 de dezembro de 2019

Os dados foram submetidos à análise de variância e, quando significativos,

realizou-se teste de regressão para as doses de NPK. Foi utilizado o software Sisvar 5.6

para as análises estatísticas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O comprimento radicular apresentou efeito significativo (P<0,05) com

comportamento quadrático em todos os tratamentos à medida que se aumentou as doses

de NPK (Figura 1). A dose ótima que promoveu melhor incremento das características

avaliadas foi utilizando 50% da recomendação de NPK. O incremento do sistema

radicular foi de 40% em plantas inoculadas, quando comparadas a plantas controle com

100% da adubação recomendada. O maior desenvolvimento radicular a partir do uso da

tecnologia microbiana ocorre em função das melhorias proporcionadas com essa

associação. Os microrganismos atuam no crescimento radicular, pois promove o

desenvolvimento de raízes devido à produção de fitohormônios, o que possibilita um

aumento da massa radicular. Além de auxiliar no processo de solubilização e absorção de

nutrientes pelas plantas (HARMAN et al., 2004).

Figura 1 – Comprimento da Parte Aérea de Urochloa brizantha associadas a diferentes

porcentagens de NPK.

Fonte: Costa et al. (2019).

A parte aérea apresentou maior desenvolvimento em função das doses de NPK

quando associadas aos biopromotores, apresentando comportamento quadrático (Figura

y = -0,001x2 + 0,0752x + 40,929 R² = 0,9067

y = -0,0013x2 + 0,1695x + 45,592 R² = 0,5251

y = -0,0036x2 + 0,36x + 42,155 R² = 0,90770

10

20

30

40

50

60

0 25 50 75 100

Co

mpri

mento

de

P.A

(cm

)

Doses de NPK (%)

Controle

R92

R92+Tricho

554

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2), apresentando incremento de 56% nessa variável, em comparação com plantas não

inoculadas e com 100% da adubação recomendada. O maior desenvolvimento radicular

com maior quantidade de pêlos radiculares em plantas inoculadas, foram responsáveis

por promover maior capacidade de exploração de água e nutrientes pelas plantas. A

melhor arquitetura das raízes associadas aos mecanismos diretos de ação, como a

mineralização e solubilização dos nutrientes (HUNGRIA et al., 2016), promoveram

maior desempenho das plantas com o uso dos biopromotores de crescimento. Tal

comportamento sugere que houve maior solubilização do fertilizante aplicado, e maior

capacidade na aquisição dos recursos essenciais para o seu desenvolvimento, ou seja, a

inoculação contribuiu para o aumento de oferta e consequente absorção pelas plantas

(CANELLAS et al., 2008)

Figura 2 – Comprimento de parte aérea de Urochloa brizantha associadas a diferentes

porcentagens de NPK.

Fonte: Costa et al. (2019).

Foi observado um comportamento linear em massa fresca da folha em todos os

tratamentos (Figura 3). Apresentando incremento de 15% e 35% nos tratamentos R92 e

Mix, respectivamente, quando comparados a plantas controle com 100% da adubação

recomendada. O resultado é decorrente do valor ótimo da adubação combinada ao uso do

microrganismo. Compreende-se que a adubação para a forragem, pode favorecer o

desenvolvimento do número de folhas vivas e a diminuição do tempo de aparecimento

foliar (SALES et al., 2014). Segundo, Lucon 2009, o crescimento de plantas estimulado

y = -0,001x2 + 0,0752x + 40,929 R² = 0,9067

y = -0,0013x2 + 0,1695x + 45,592 R² = 0,5251

y = -0,0036x2 + 0,36x + 42,155 R² = 0,9077

0

10

20

30

40

50

60

0 25 50 75 100

Co

mpri

mento

de

P.A

(cm

)

Doses de NPK (%)

Controle

R92

R92+Tricho

555

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por fungos do gênero Trichoderma, apresenta características de solubilização de

nutrientes importantes para a planta e contribuem também de forma direta para o

desenvolvimento radicular, mecanismos que também são características do uso de

rizobactérias.

Figura 3 – Massa fresca de parte aérea de Urochloa brizantha associadas a diferentes

doses de NPK.

Fonte: Costa et al. (2019).

A massa fresca de raiz apresentou efeito quadrático em todos os tratamentos

(Figura 4). Apresentaram incremento de 338% e 263% nos tratamentos R92 e MIX,

respectivamente, comparados ao tratamento sem inoculação microbiana. Os aumentos de

massa fresca nas plantas podem ter sofrido influência por razão dos teores nutricionais

disponibilizados, associado ao uso de microrganismo. A utilização dos microrganismos

em capim, possibilitou aumento nessa variável. Esse resultado pode ter sido alcançado

em função do uso eficiente da adubação mineral aplicada (SANTOS et al., 2010).

y = 0,0036x + 1,942 R² = 0,6701

y = 0,0221x + 1,7156 R² = 0,9751y = 0,0237x + 1,484 R² = 0,8299

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

0 25 50 75 100

Mas

sa F

resc

a da

P.A

(g)

Doses de NPK (%)

ControleR92R92+Tricho

556

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Figura 4 – Massa fresca da raiz de Urochloa brizantha associadas a diferentes

porcentagens de NPK.

Fonte: Costa et al. (2019).

Figura 5 – Massa seca da folha de Urochloa brizantha associadas a diferentes

porcentagens de NPK.

Fonte: Costa et al. (2019).

Foi observado que a produção de massa seca das raízes demostrou um

comportamento quadrático em todos os tratamentos (Figura 6). Considerando as doses de

NPK, observou-se que a dose reduzida de 50% somada ao uso de microrganismo

promoveu incremento de 242% e 200% nessa variável, nos tratamentos R92 e MIX,

respectivamente quando comparados a plantas controle com 100% da adubação

recomendada. O que afirma a eficiência do uso reduzido de NPK associado ao uso desses

y = -0,0025x2 + 0,2131x + 8,1925 R² = 0,7133

y = -0,0011x2 + 0,1861x + 8,2209 R² = 0,7573

y = -0,0022x2 + 0,2541x + 5,7523 R² = 0,8020

5

10

15

20

0 25 50 75 100

Mas

sa f

resc

a da

raiz

(g)

Doses de NPK (%)

Controle

R92

R92+tricho

y = 0,0012x + 0,214 R² = 0,9073

y = 0,0027x + 0,2643 R² = 0,940

y = 0,0028x + 0,252 R² = 0,7652

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0 25 50 75 100

Mas

sa s

eca

da

folh

a (g

)

Doses de NPK (%)

Controle

R92

R92+Tricho

557

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biopromotores de crescimento. A utilização de rizobactérias promotoras de crescimento

promoveram incrementos na biomassa do capim Marandú com o uso de 50% da adubação

recomendada (PAUNGFOO-LONHIENNE et al., 2019). Segundo Chagas (2016), houve

um aumento de massa seca da parte aérea, massa seca da raiz em decorrência de maior

absorção de nutrientes.

Figura 6 – Massa seca da raiz de Urochloa brizantha associadas a diferentes

porcentagens de NPK.

Fonte: Costa et al. (2019).

A taxa de aparecimento foliar (Figura 7) e alongamento foliar (Figura 8)

demonstraram um comportamento linear em todos os tratamentos avaliados. Avaliando a

taxa de aparecimento foliar, o uso dos microrganismos apresentou valores iguais ao

tratamento controle com 100% de adubação. A taxa de alongamento foliar utilizando o

MIX proporcionou incremento de 19%, em relação ao tratamento controle com 100% da

adubação. De acordo com Oliveira et al. (2007), quando se encontra disponibilidade de

nitrogênio necessária, ocorre aumento do crescimento da planta, com alongamento dos

entrenós, ocorrendo a incidência de uma nova folha para fora da bainha da folha

precedente, o que pode causar aumento na taxa de aparecimento foliar. O teor nutricional

adequado disponível para a planta permitiu que ocorresse tal comportamento.

O nitrogênio possui essa característica responsável por estimular o alongamento

foliar, pois o seu acúmulo atua no aumento da expansão celular (YANG et al., 2009). O

aumento desta variável é crucial, pois, a partir do momento que ocorre o crescimento

y = -0,0003x2 + 0,0244x + 1,1895 R² = 0,9657

y = -0,0002x2 + 0,0286x + 1,0707 R² = 0,7009y = -0,0003x2 + 0,0391x + 0,9069 R² = 0,7466

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

0 25 50 75 100

Mas

sa s

eca

da

raiz

(g)

Doses de NPK (%)

Controle

R92

R92+Tricho

558

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foliar, maior será a área fotossinteticamente ativa, o que gera maior acúmulo de biomassa

(LOPES et al., 2013).

Figura 7 – Taxa de aparecimento foliar de Urochloa brizantha associadas a diferentes

porcentagens de NPK

Fonte: Costa et al. (2019).

Figura 8 – Taxa de alongamento foliar de Urochloa brizantha associadas a diferentes

porcentagens de NPK

Fonte: Costa et al. (2019).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de microrganismos possibilitou a redução de 50% da adubação

mineral, com incremento de 56% na altura das plantas. O uso desses biopromotores foram

responsáveis por aumentar a produção de massa fresca e seca da parte aérea e raiz, assim

como apresentou resultados significativos na taxa de aparecimento foliar e taxa de

y = 0,0003x + 0,3173 R² = 0,6341

y = 0,0002x + 0,3175 R² = 0,75

y = 0,0006x + 0,2754 R² = 0,9062

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.40

0 25 50 75 100

TA

pF

(fo

lhas

.per

filh

o-1

.dia

-

1)

Doses de NPK (%)

Controle

R92

R92+Tricho

y = 0,0017x + 1,1368 R² = 0,6213

y = 0,003x + 1,0059 R² = 0,8977

y = 0,0059x + 1,0883 R² = 0,9003

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

0 25 50 75 100

TA

lF (

cm.p

erfi

lho

-1.d

ia-1

)

Doses de NPK (%)

Controle

R92

R92+Tricho

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alongamento das folhas em tratamentos com adubação reduzida e associados a

microrganismos promotores de crescimento.

5. AGRADECIMENTOS

A UFRA pelo apoio e disponibilização do espaço, a FAPESPA pela

disponibilização dos recursos financeiros destinados a bolsa de estudos.

560

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6. REFERÊNCIAS

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