TRABALHO DE PROCESSO CIVIL
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................22. EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA....................33. TIPOS DE ALIMENTOS....................................44. TÍTULOS EXECUTIVOS....................................65. MODO DE EXECUÇÃO......................................66. DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO.......................77. PROCEDIMENTO..........................................88. COBRANÇA EM ALUGUÉIS OU OUTROS RENDIMENTOS DO DEVEDOR
109. PROCEDIMENTO.........................................1010. EXPROPRIAÇÃO DE BENS...............................1111. PROCEDIMENTO DA EXECUÇÃO POR EXPROPRIAÇÃO.........1212. COERÇÃO.............................................1413. PROCEDIMENTO.......................................1614. CONCLUSÃO...........................................1915. FONTES BILBIOGRÁFICAS..............................20
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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar
pontos específicos sobre a Execução de Prestação
Alimentícia, que deve ser observada com grande cautela,
haja vista tratar-se de Execução Especial, houve o cuidado
de escrever de forma que tanto acadêmicos iniciantes,
quanto aqueles que já possuem prática jurídica entendam de
maneira clara.
Com relação ao objeto principal deste estudo,
observou-se a lei especial e seus principais pontos,
conceito, natureza jurídica e os aspectos relevantes sobre
o assunto.
Trata-se de um assunto atual e de grande importância,
pois fala de um direito primordial e básico de todo ser
humano.
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2. EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA
Alguns créditos necessitam de formas de execução mais
ágeis, dentre eles, os créditos de natureza alimentar, que
são considerados de suma importância para a manutenção
essencial de cada indivíduo, caracterizados pela
necessidade e urgência.
Alimentos são as prestações para cumprimento das
necessidades vitais de quem não pode provê-las por si só,
entendendo-se a moradia, vestuário e saúde. Entretanto, não
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há um valor fixo determinado, tendo em vista que as
necessidades mudam com relação a cada pessoa.
Neste sentido, o Código Civil em seu artigo 1694, diz
que o valor dos alimentos fixados deve abranger a quantia
que proporcione ao alimentado viver de modo compatível com
sua condição social, até mesmo em relação a sua educação:
Art. 1.694. Podem os parentes, oscônjuges ou companheiros pedir uns aosoutros os alimentos de que necessitem paraviver de modo compatível com a sua condiçãosocial, inclusive para atender àsnecessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados naproporção das necessidades do reclamante edos recursos da pessoa obrigada.
Não obstante, os alimentos devem ser fixados na
proporção das necessidades do alimentado, e dos recursos do
devedor, como institui o § 1º do referido artigo.
A execução de prestação de alimentos tem como
parâmetro o Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa
Humana, haja vista que não envolva uma simples diminuição
patrimonial do devedor, mas sim risco da própria
sobrevivência do alimentado.
Todavia, como os alimentos não se comparam as outras
espécies de dívidas, o legislador criou mecanismos mais
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ágeis para o credor de alimentos, visando a necessidade do
alimentando.
No entanto, nota-se que em regra geral, não há
distinção entre as espécies de alimentos, sejam eles civis,
naturais, provisórios, definitivos ou provisionais, porém,
a importância fixada deve ser periodicamente ajustada, de
acordo com os índices oficiais.
Art. 1.710 do CC: As prestaçõesalimentícias, de qualquer natureza, serãoatualizadas segundo índice oficialregularmente estabelecido.
3. TIPOS DE ALIMENTOS
Classificam-se os alimentos, fundamentalmente em dois
critérios: finalidade e origem.
Quanto à origem, os alimentos podem ser (legítimos),
voluntários ou de caráter indenizatório.
Serão legítimos quando oriundos de vínculo de
parentesco, conjugal ou união estável, previsto no artigo
1.694 do Código Civil.
Os alimentos voluntários são aqueles em que o
alimentante não está obrigado por lei a prestá-los ao
alimentado, que o faz por vontade própria e espontânea.
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Os indenizatórios decorrem de ato ilícito, fixado em
sentença judicial condenatória em razão de responsabilidade
civil. Previsto nos artigos 948, 950, 951 do Código Civil.
Quanto à finalidade, os alimentos podem ser
definitivos, provisórios ou provisionais.
Os alimentos definitivos são fixados por sentença ou
de acordo entre as partes, após sua homologação.
Previsto nos artigos 852 a 854 do Código de Processo
Civil, os alimentos provisionais são aqueles que a parte
pede enquanto durar a lide, para seu sustento e para os
gastos da demanda, é obtido através de liminar, sendo ou
não confirmados pela sentença.
Já os alimentos provisórios, previsto na Lei de
Alimentos nº 5.478/68, são fixados através de medida
específica, determinados quando já se tem prova que existe
a relação de obrigação do alimentante, demanda que visa
apenas quantificar o que se deve.
A classificação de alimentos pretéritos é em relação
ao momento em que esses alimentos são devidos. Sendo eles
pretéritos quando o pedido retroage ao período anterior ao
ajuizamento da ação.
Acerca da possibilidade de desconto em folha de pagamento
para alimentos pretéritos, existem divergências
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doutrinarias, pois como ensina Wambier, os alimentos
pretéritos, não executados, somente poderão ser cobrados
por meio das regras de quantia certa de devedor solvente.
Por outro lado Luiz Marinoni ensina que é
perfeitamente possível que seja utilizado o desconto em
folha de pagamento, quando se tratar de alimentos
pretéritos, desde que a remuneração do alimentante seja
suficiente para tanto.
E de acordo com a Quarta Turma do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), é possível o desconto em folha de pagamento
de parcelas já vencidas, desde que a quantia não
impossibilite a subsistência do alimentante. De acordo com
o ministro Luis Felipe Salomão, parcelas vencidas no curso
da ação de alimentos têm também a natureza de crédito
alimentar.
Os alimentos futuros são aqueles devidos a partir da
sentença.
4. TÍTULOS EXECUTIVOS
Via de regra, temos o título executivo judicial
figurando como base para a execução de alimentos. No
entanto, é lícita a execução por título executivo
extrajudicial, previsto no Artigo 585, II do CPC, versar
sobre alimentos, desde que a obrigação alimentar assumida
pelo devedor fique expressamente mencionada, assim como o
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valor das parcelas e o termo final, podendo então o credor
de tal título, executá-lo por qualquer dos modos admitidos
na execução de alimentos.
5. MODO DE EXECUÇÃO
A execução de prestação alimentar pode ser realizada
de quatro modos: Desconto em folha de pagamento; Cobrança
de aluguéis ou outros rendimentos do devedor; expropriação
de bens do devedor; e coerção.
O Código Civil de 2002 não nos traz claramente uma
ordem a ser seguida, porém a Lei de Alimentos nº. 5.478/68,
em seus arts. 16 a 18 trazem uma análise seqüencial:
Art. 16. Na execução da sentença ou doacordo nas ações de alimentos seráobservado o disposto no artigo 734 e seuparágrafo único do Código de ProcessoCivil.
O artigo 16 da Lei de Alimentos, diz que o modo
preferencial será o desconto em folha de pagamento, quando
remete ao artigo 734 do Código de Processo Civil, verbis:
Art. 734. Quando o devedor forfuncionário público, militar, diretor ougerente de empresa, bem como empregadosujeito à legislação do trabalho, o juizmandará descontar em folha de pagamento aimportância da prestação alimentícia.
Parágrafo único. A comunicação será
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feita à autoridade, à empresa ou aoempregador por ofício, de que constarão osnomes do credor, do devedor, a importânciada prestação e o tempo de sua duração.
Não sendo possível a efetivação da sentença por
desconto em folha de pagamento, deverá operar os modos de
cobrança de aluguéis ou outros rendimentos do devedor, como
segunda opção, como dispõe a referida lei:
Art. 17. Quando não for possível aefetivação executiva da sentença ou doacordo mediante desconto em folha, poderãoser as prestações cobradas de alugueres deprédios ou de quaisquer outros rendimentosdo devedor, que serão recebidos diretamentepelo alimentando ou por depositário nomeadopelo juiz.
Ainda assim, frustrados os modos anteriores, como
última alternativa, restará os modos de expropriação dos
bens do devedor (arts. 732 e 735 do CPC) e coerção (art.
733 do CPC), litteris:
Art. 18. Se, ainda assim, não forpossível a satisfação do débito, poderá ocredor requerer a execução da sentença naforma dos artigos 732, 733 e 735 do Códigode Processo Civil.
Esta análise visa proteger tanto os interesses do
credor, por colocar em primeiro lugar o modo mais ágil de
execução, quanto os interesses do devedor, por restarem os
modos mais drásticos em último caso.
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6. DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO
Configura o desconto dos alimentos na remuneração do
alimentante. De maneira que o valor decidido na sentença
será descontado na própria folha de pagamento do
alimentante, tornando muito mais difícil o inadimplemento.
Pois o desconto será feito da remuneração do
alimentante, mas quem realizara de fato o desconto é o
terceiro responsável pela remuneração do devedor.
Essa forma de cumprimento da obrigação poderá somente
ser feita no caso do devedor ser funcionário público,
militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito
à legislação do trabalho, de acordo com artigo 734 do
Código de Processo Civil. Logo, notasse que é necessário
que o alimentante tenha pagamento estável e periódico.
Entretanto, o rol determinado no artigo 734 do Código
de Processo Civil não é taxativo, pois o profissional
liberal que for pago de maneira periódica e estável, poderá
sim o alimentando optar por essa forma de cumprimento da
obrigação.
Também, de acordo com os artigos 114 e 115 da Lei
8.213/1991, o beneficiário da previdência poderá estar
sujeito a tal forma de execução. Como possui fonte fixa e
determinada de renda, assim reúne as condições para que
seja utilizada essa forma de execução.
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Sendo essa forma utilizável, segundo ensinamento de
Luiz Marinoni, nos casos de alimentos provisionais,
provisórios, definitivos, pretéritos, futuros, legítimos,
voluntários e indenizatórios.
7. PROCEDIMENTO
O desconto em folha de pagamento somente será possível
nos casos em que alimentante estiver incluso no rol do
artigo 734 do Código de Processo Civil, ou profissional
liberal que tiver remuneração estável e periódica.
Sendo feito esse desconto por quem tem acesso a
remuneração do devedor, o empregador ou quem faz a
remuneração do alimentante.
O desconto é ordenado por meio de ofício, contendo a
qualificação do alimentante e alimentando, o valor a ser
descontado e o tempo de duração da prestação desses
alimentos.
Podendo ser descontado por prazo certo ou prazo
indeterminado, a luz de Wambier, é mais comum por prazo
indeterminado. É possível a revisão do valor, por isso no
caso de mudança será emitido novo oficio.
A partir do recebimento do ofício pelo empregador (ou
equiparado para exercer essa modalidade de execução),
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deverá ser descontando da remuneração do alimentante o
valor determinado pelo juiz para que seja entregue ao
credor.
A maneira como deverá ser entregue o valor ao
alimentando não esta expressa em lei, sendo assim, deverá
ser da forma determinada judicialmente mais cômoda ao
alimentando, por meio de deposito bancário, recebimento no
escritório, ou por meio conveniente ao credor.
O empregador ou equiparado, tem o dever de fazer o
desconto, como determinado judicialmente, sob pena de
incorrer e ser punido na forma do artigo 22 da Lei nº.
5.478/68:
Art. 22. Constitui crime conta aadministração da Justiça deixar oempregador ou funcionário público deprestar ao juízo competente as informaçõesnecessárias à instrução de processo ouexecução de sentença ou acordo que fixepensão alimentícia:
Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 1(um) ano, sem prejuízo da pena acessória desuspensão do emprego de 30 (trinta) a 90(noventa) dias.
Parágrafo único. Nas mesmas penasincide quem, de qualquer modo, ajuda odevedor a eximir-se ao pagamento de pensãoalimentícia judicialmente acordada, fixadaou majorada, ou se recusa, ou procrastina aexecutar ordem de descontos em folhas depagamento, expedida pelo juiz competente.
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Essa forma de execução é uma espécie de penhora,
poderá o alimentante por meio de embargos à execução,
insurgir-se contra o desconto em folha de pagamento, tendo
inicio do prazo de quinze dias para embargar, a partir da
juntada aos autos do comprovante da citação.
8. COBRANÇA EM ALUGUÉIS OU OUTROS RENDIMENTOS DO DEVEDOR
Tal forma de execução de pensão alimentícia se
encontra prevista no artigo 17 da lei de alimentos. Assim
como o desconto em folha de pagamento, tal execução também
é uma forma de penhora sobre dinheiro. Na hipótese do
desconto em folha de pagamento frustrar o cumprimento da
execução, o credor pode socorrer-se de outros valores
pecuniários obtidos pelo devedor, para ter sua pretensão
atingida.
Art. 17. Quando não for possível aefetivação executiva da sentença ou doacordo mediante desconto em folha, poderãoser as prestações cobradas de alugueres deprédios ou de quaisquer outros rendimentosdo devedor, que serão recebidos diretamentepelo alimentando ou por depositário nomeadopelo juiz.
Esses valores pecuniários trazidos no artigo em
questão mencionam os alugueres de prédio ou de qualquer
outro rendimento obtido pelo devedor. Logo, a penhora pode
ocorrer em qualquer espécie de renda que o devedor venha a
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ter, como as aplicações financeiras, participações de
lucros em empresa, carteira de ações, entre outros.
9. PROCEDIMENTO
Como a lei de alimentos não mencionada especificamente
o tipo de procedimento a ser seguido, entende-se que é
análogo ao desconto em folha de pagamento.
A cobrança será ordenada pelo juiz, através de ofício
endereçado àquele que tem obrigação de pagar o rendimento
ao alimentante, tal como locatário, estabelecimento
bancário, empresa, etc. Devendo tal ato conter os seguintes
requisitos: os nomes do credor e devedor, a importância a
ser descontada e o tempo que durará tal demanda. Os
requisitos supramencionados estão previstos no artigo 734,
parágrafo único do código de processo civil.
A prestação assim cobrada pode ser recebida
diretamente pelo alimentando, ou pelo depositário que o
juiz indicará no momento da nomeação como disposto ao final
do artigo 17. Assim como no desconto em folha de pagamento,
o valor a ser pago deve ocorrer através do meio que traga
maior comodidade ao alimentando, não admitindo retenção de
valores.
10. EXPROPRIAÇÃO DE BENS
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Para a realização de créditos alimentícios, existe a
possibilidade da satisfação da obrigação por expropriação.
Este procedimento é praticamente idêntico ao que se usa na
execução da sentença por obrigação de pagar quantia certa
em que segue basicamente o rito processual previsto nos
artigos 475-J e 475-P do CPC, onde se realiza a penhora do
bem do devedor para que o produto (soma do valor) seja
carreado ao alimentado.
Os Tribunais têm entendido que a execução por
expropriação é a que causa maior prejuízo ao executado,
sendo o desconto em folha de pagamento a melhor forma de
execução, mas, leva-se em conta a idoneidade do executado
para dar efetividade à tutela do direito, e isto é o que
determina a forma de execução que deverá ser usada dentro
de um processo de Execução de Alimentos. Deste modo,
somente deve se pensar em expropriação de bens ou prisão
civil em caso de ser frustrada a possibilidade de desconto
em folha de pagamento.
A gradação para se verificar qual a ordem que se deve
adotar para a Execução dos Alimentos se encontra na Lei
respectiva:
Art. 16. Na execução da sentença ou doacordo nas ações de alimentos seráobservado o disposto no artigo 734 e seuparágrafo único do Código de ProcessoCivil. (Redação dada pela Lei nº 6.014,de 27/12/73)
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Art. 17. Quando não for possível aefetivação executiva da sentença ou doacordo mediante desconto em folha, poderãoser as prestações cobradas de alugueres deprédios ou de quaisquer outros rendimentosdo devedor, que serão recebidos diretamentepelo alimentando ou por depositário nomeadopelo juiz.
Art. 18. Se, ainda assim, não forpossível a satisfação do débito, poderá ocredor requerer a execução da sentença naforma dos artigos 732, 733 e 735 do Códigode Processo Civil. (Redação dada pelaLei nº 6.014, de 27/12/73)
Desta forma, passaremos a observar seu procedimento.
11. PROCEDIMENTO
Como citado, o processo de Execução de Alimentos segue
o procedimento previsto para Execução comum, porem vale
ressaltar que muitas vezes pelo fato da demora em se
conciliar bens para alienação para satisfazer o credito
alimentar dá-se grande importância para a penhora on line.
Lembrando que a penhora deve seguir a ordem redigida
junto ao artigo 655 do CPC:
Art. 655. A penhora observará,preferencialmente, a seguinte ordem:(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
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I - dinheiro, em espécie ou emdepósito ou aplicação em instituiçãofinanceira; (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).
II - veículos de via terrestre;(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
III - bens móveis em geral; (Redaçãodada pela Lei nº 11.382, de 2006).
IV - bens imóveis; (Redação dada pelaLei nº 11.382, de 2006).
V - navios e aeronaves; (Redação dadapela Lei nº 11.382, de 2006).
VI - ações e quotas de sociedadesempresárias; (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).
VII - percentual do faturamento deempresa devedora; (Redação dada pela Lei nº11.382, de 2006).
VIII - pedras e metais preciosos;(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
IX - títulos da dívida pública daUnião, Estados e Distrito Federal comcotação em mercado; (Redação dada pela Leinº 11.382, de 2006).
X - títulos e valores mobiliários comcotação em mercado; (Redação dada pela Leinº 11.382, de 2006).
XI - outros direitos. (Incluído pelaLei nº 11.382, de 2006).
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No mais, pode ainda o credor dos alimentos pedir ao
juiz que requisite por meio eletrônico ao Banco Central
informação dos ativos financeiros do devedor para que sendo
identificado depósito de valores disponíveis em conta possa
ser realizada a penhora on line para satisfação do crédito.
Caso retorne positiva a penhora em conta o valor fica
bloqueado podendo ser levantado pela requerida em valores
iguais as prestações que estão sendo pleiteadas, ressalte-
se que esses valores podem ser levantados independentemente
da existência Embargos à Execução (vide artigo 732 do CPC).
Há ainda a hipótese de interposição de impugnação e
neste caso o juiz pode atribuir o efeito suspensivo, “desde
que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja
manifestadamente suscetível de causar ao executado grave dano ou de difícil
ou incerta reparação” (art. 475-M do CPC) na mesma linha ainda
afirma o artigo 739-A § 1º, que “juiz poderá, a requerimento do
embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes
seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa
causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a
execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes”.
Marinoni entende que mesmo que se diga que, ao se
atribuir efeito suspensivo à impugnação, o exeqüente pode
dar continuidade à execução prestando calção, isto não se
aplicaria aos alimentos, pois, os alimentos constituem
crédito com função não-patrimonial, sendo imprescindível
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para a realização de uma necessidade primaria de direito
fundamental de todos. Ou seja, é descabido afirmar que
aquele que precisa de alimentos tem condições de dar caução
para levantar as prestações alimentícias.
12. COERÇÃO
A coerção é o ato de induzir, pressionar ou compelir
alguém a fazer algo pela força, intimidação ou ameaça.
A execução de alimentos é cabível para os provisórios,
provisionais ou definitivos determinados sua fixação
através de sentença judicial ou decisão liminar.
De acordo com o Princípio da Patrimonialidade,
previsto pelo artigo 591 do CPC, em regra, o patrimônio
responde compulsoriamente pelo não pagamento das obrigações
por parte do devedor, e o mesmo sendo insolvente, a
execução processar-se-á nos termos dos artigos 748 e
seguintes do mesmo diploma.
Porém, nos casos de inadimplemento alimentar, a
legislação prevê a alternativa de coerção pessoal como modo
de coagir o devedor a quitar os alimentos devidos,
consoante os artigos 18 e 19 da Lei nº. 5.478/68:
Art. 18. Se, ainda assim, não forpossível a satisfação do débito, poderá ocredor requerer a execução da sentença naforma dos artigos 732, 733 e 735 do Código
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de Processo Civil. (Redação dada pela Leinº 6.014, de 27/12/73)
Art. 19. O juiz, para instrução da
causa ou na execução da sentença ou doacordo, poderá tomar todas as providênciasnecessárias para seu esclarecimento ou parao cumprimento do julgado ou do acordo,inclusive a decretação de prisão do devedoraté 60 (sessenta) dias.
Assim dispõe os artigos 732, 733 e 735 do CPC:
Art. 732 A execução de sentença, quecondena ao pagamento de prestaçãoalimentícia, far-se-á conforme o dispostono Capítulo IV deste Título.
Parágrafo único. Recaindo a penhora emdinheiro, o oferecimento de embargos nãoobsta a que o exeqüente levante mensalmentea importância da prestação
Art. 733. Na execução de sentença oude decisão, que fixa os alimentosprovisionais, o juiz mandará citar odevedor para, em 3 (três) dias, efetuar opagamento, provar que o fez ou justificar aimpossibilidade de efetuá-lo.
§ 1º Se o devedor não pagar, nem seescusar, o juiz decretar-lhe-á a prisãopelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
§ 2º O cumprimento da pena não exime odevedor do pagamento das prestaçõesvencidas e vincendas. (Redação dada pelaLei nº 6.515, de 26.12.1977)
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§ 3º Paga a prestação alimentícia, ojuiz suspenderá o cumprimento da ordem deprisão.
Art. 735. Se o devedor não pagar osalimentos provisionais a que foi condenado,pode o credor promover a execução dasentença, observando-se o procedimentoestabelecido no Capítulo IV deste Título.
Esta alternativa, como mencionado no parágrafo acima,
é a exceção a regra realizada através de um modo coercitivo
para fazer com que o réu cumpra uma ordem emanada pelo
poder judiciário a fim de satisfazer a necessidade do
alimentado por uma possibilidade jurídica eficaz e plena.
A coerção pessoal nas execuções de alimentos tem
caráter estritamente econômico. O intuito da custódia do
devedor é fazer com que este seja compelido ao cumprimento
da sentença judicial, por pressão psicológica, para que
assuma sua responsabilidade e obrigação haja vista que os
alimentos não são de direito disponível tampouco
irrenunciável. Contudo, é preciso esclarecer que o devedor
é posto prontamente em liberdade após quitação dos débitos
devidamente comprovados através de depósitos.
Esta exceção a regra é uma opção do credor que deve
seguir os requisitos previstos no artigo 733 do Código de
Processo Civil.
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Quando se é possível comprovar os rendimentos do
devedor incauto através de registro de labor ou renda de
benefícios, é possível optar pela coerção patrimonial,
observado o conteúdo do artigo 732 do CPC, e pedir a
penhora de seus bens.
Dentre as opções vale elucidar que o devedor poderá se
valer da forma mais apropriada, a que melhor condizer com a
situação que visa evitar que os débitos não se prolonguem
ao ponto de prejudicar o alimentado, em alguns casos
podendo resultar em óbito da criança.
13. PROCEDIMENTO
Preenchidos os elementos necessários, a execução
deverá ser proposta através de petição inicial nos mesmos
autos em que houve o pronunciamento. Nos títulos
extrajudiciais a inicial seguirá as normas de competência
gerais. Em ambas as situações, deve-se anexar o memorial de
cálculos para que seja possível o pagamento.
Feito isso, o juiz manda citar o devedor para que
este, dentro do prazo de três dias, pague o valor do débito
ou faça prova de já ter efetuado o pagamento, que poderá
ser feita através de recibo, ou ainda que justifique a
impossibilidade deste pagamento.
Mesmo que o devedor não possa efetuar o pagamento, o
crédito continua a vigir, pois a impossibilidade de
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pagamento é momentânea e por isso não extingue a execução.
O julgador poderá suspender o processo até que o devedor
tenha possibilidade de pagar, quer seja através de desconto
em folha após estar empregado ou desconto em renda de
pagamento de alugueres, por exemplo, quer seja por
aquisição de bem penhorável.
A prisão como forma coercitiva só pode ser decretada
por inadimplemento voluntário e indesculpável do devedor.
Esta exceção de defesa tem previsão em norma constitucional
e deverá ser feita por advogado.
Esta defesa não alcança o título, ele continua a
vigir, porém, afasta uma prisão imediata.
Há de se elucidar que o mandado de prisão como medida
coercitiva para que o devedor venha a cumprir efetivamente
com sua obrigação é rápida e eficaz já que ultrapassa a
vontade do alimentando e alcança o objetivo do alimentado
que é ter saciadas suas necessidades. Porém, esta medida
não pode ser feita de ofício pelo magistrado devendo ser
requerida pelo credor já que este possui condições melhores
de ponderação quanto a oportunidade da prisão.
A Súmula 309 do STJ diz que "o débito alimentar que autoriza a
prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao
ajuizamento da execução e as que vencerem no curso do processo".
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Prevalece na doutrina o rito pelo artigo 733 CPC,
quando o tema se refere ao vínculo familiar ou decorrente
de lei para os débitos alimentares, enquanto os alimentos
provindos de sentença criminal condenatória ou civil
indenizatória deverão seguir o artigo 732 do referido
diploma legal.
Marinoni rejeita esse entendimento, pois defende a
possibilidade de prisão civil por alimentos que não decorra
de vínculo parental, uma vez que a previsão constitucional
garante a coerção civil para tutelar o alimentando, não
importando a origem do seu direito a alimentos, não
existindo motivos para discriminação do credor dos
alimentos. E diz mais:
“A menos que se entenda, por exemplo,que os filhos daquele que se afasta do larmerecem tutela jurisdicional mais efetivado que os filhos que têm o pai morto emacidente automobilístico”
Artigo do CPC que trata da competência é o 575, II:
Art. 575. A execução, fundada emtítulo judicial, processar-se-á perante:
...II - o juízo que decidiu a causa no
primeiro grau de jurisdição;
Ou seja, tem a execução de ser feita no juízo que
tomou conhecimento, sendo essa regra como absoluta, porém,
doutrinadores e a jurisprudência pacificam no tocante ao
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entendimento de que se o credor mudar o domicílio a demanda
poderá ser ajuizada nesse novo local.
Para as ações de execução por carta precatória, esse
juiz não poderá expedir o mandado de prisão civil, pois
deve seguir apenas o que consta na carta precatória.
Somente o juiz deprecante poderá fazê-lo.
14. CONCLUSÃO
A execução de prestação de alimentos é um procedimento
diferente das demais execuções. Os alimentos são essenciais
para a manutenção das necessidades do alimentado, para que
este obtenha recursos que irão possibilitá-lo a ter uma
vida digna, conforme estabelece nossa Carta Magna:
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Art. 227. É dever da família, dasociedade e do Estado assegurar à criança,ao adolescente e ao jovem, com absolutaprioridade, o direito à vida, à saúde, àalimentação, à educação, ao lazer, àprofissionalização, à cultura, à dignidade,ao respeito, à liberdade e à convivênciafamiliar e comunitária, além de colocá-losa salvo de toda forma de negligência,discriminação, exploração, violência,crueldade e opressão.
Verificasse no estudo abordado, que a execução de
alimentos, tendo em vista seu caráter de urgência, utiliza
procedimentos mais céleres, buscando a rápida satisfação do
credor, porém, valendo-se em um primeiro momentos, dos
métodos menos agressivos ao devedor.
A jurisprudência já firmou entendimento acerca da
coerção, única hipótese de prisão civil do devedor, fundada
no artigo 733 do Código Civil, que não deve ultrapassar os
últimos três meses antes do ajuizamento da ação, e vencendo
com o pagamento dos débitos.
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15. FONTES BILBIOGRÁFICAS
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil: execução e processo cautelar: v.3/ Marcus Vinicius Rios Gonçalves – 4ª. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011.
ARENHART, Sergio Cruz; MARINONI, Luiz Guilherme. Curso
de Processo Civil, 1ª. ed. São Paulo: Revista dos
tribunais, 2007. v. 3.
WAMBIER, Luiz Rodrigues; TALAMINI, Eduardo. Curso
Avançado de Processo Civil. 11. ed. rev. ampl. e atual. São
Paulo: Revista dos tribunais, 2010. v. 2.
_______________________________________. Curso
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