Trab final sucot

21
Introdução Os seres humanos percebem os diferentes temas e valores da vida a parr de historias significavas narradas por eles mesmos. Como Kieran Egan disse: “a narração é uma tecnica para ordenar fatos do passado, ideias, personagens e demais elementos reias ou não, numa unidade significava que moldam nossas respostas afevas. Constui uma ferramenta conceitual básica para proporcionar coerencia, conunidade, conexão entre as partes e seu significado, criando a parr desses processos um nivel de significado superior”. 1 A história da festa de Sucot ocorre ao longo de todo o periodo que o povo judeu vagou pelo deserto do Sinai. Por tratar-se de um periodo muito longo, com várias pequenas narravas e historias que entre cortam a narrava principal, não se tem uma unica fonte resumida para ler nesta festa. Além disso, por ser uma história longa, com muitas situações problemacas, com um enorme enredo e personagens, se contruiram diferentes narravas da mesma fesvidade. Cada uma dessas narravas tras o choque entre relevancia e autencidade, choque comum em todas as festas judaicas e sua forma de serem percebidas e aprendidas pelo povo. Dentro disso, surge o dilema da valorização dos valores (dos como ) universais ou a necessidade de se destacar os valores parculares do povo. E ainda, de que forma é construida a memoria coleva do povo judeu. O trabalho não visa dirimir todos os aspectos envolvidos na festa de Sucot, porém trazer algumas analises sobre as diferentes narravas da mesma. 1 Egan, Kieran Primary Understanding , pp. 96 - 129

Transcript of Trab final sucot

Introdução

Os seres humanos percebem os diferentes temas e valores da vida a partir de historias significativas narradas por eles mesmos. Como Kieran Egan disse: “a narração é uma tecnica para ordenar fatos do passado, ideias, personagens e demais elementos reias ou não, numa unidade significativa que moldam nossas respostas afetivas. Constitui uma ferramenta conceitual básica para proporcionar coerencia, contiunidade, conexão entre as partes e seu significado, criando a partir desses processos um nivel de significado superior”. 1

A história da festa de Sucot ocorre ao longo de todo o periodo que o povo judeu vagou pelo deserto do Sinai. Por tratar-se de um periodo muito longo, com várias pequenas narrativas e historias que entre cortam a narrativa principal, não se tem uma unica fonte resumida para ler nesta festa. Além disso, por ser uma história longa, com muitas situações problematicas, com um enorme enredo e personagens, se contruiram diferentes narrativas da mesma festividade.

Cada uma dessas narrativas tras o choque entre relevancia e autenticidade, choque comum em todas as festas judaicas e sua forma de serem percebidas e aprendidas pelo povo. Dentro disso, surge o dilema da valorização dos valores (tidos como ) universais ou a necessidade de se destacar os valores particulares do povo. E ainda, de que forma é construida a memoria coletiva do povo judeu.

O trabalho não visa dirimir todos os aspectos envolvidos na festa de Sucot, porém trazer algumas analises sobre as diferentes narrativas da mesma.

1 Egan, Kieran Primary Understanding, pp. 96 - 129

A importancia da historia na construção de significados 2

Do valor educativo da história falava já Platão, insistindo no poderoso fascínio que

exercem sobre a mente, sobretudo das crianças, mas não só, tornando fácil de memorizar e

interiorizar o significado que lhes está associado. Para o grande filósofo grego tal potencial

deveria ser utilizado para veicular as "boas" mensagens e os exemplos desejáveis, adentro da

utopia moralista e fortemente normativa que concebeu na "República". O que me leva a referir

aqui este pai fundador do pensamento ocidental não é a sua particular concepção da utilidade

socio-educativa das histórias nem os controversos fins doutrinadores que reputava de

desejáveis, mas sim o fato de que se tenha dado conta do potencial transmissivo e interactivo

de que a história, enquanto artefacto cultural, é portadora.

O significado do conceito do que é uma historia (conto tradicional, lenda, mito,

parábola, e até romance, peça de teatro ou história de cinema), apresenta como características

definidoras comuns (1) o desenvolvimento de uma ação desencadeada por uma situação

conflitual, descrita num quadro narrativo/temporal, real ou imaginário, (2) a vivência pelos

protagonistas de tensões ou oposições binárias geradoras de conflitos, e(3) a resolução final

dessas tensões, positiva, negativa, ou requestionante, através de algume forma de superação

dos conflitos desenvolvidos ao longo da ação.

Este formato, relativamente simples, parece particularmente acessível e significativo

para a compreensão da realidade, talvez pela semelhança extrema com o padrão mais comum

das experiências vividas intimamente por cada um no plano emocional, na resolução dos

conflitos com que se constrói, desde bem cedo e pouco a pouco, a apreensão da realidade

pelo indivíduo.

O proprio Kieran Egan afirma que as histórias e todos os elementos que compoem as

mesmas devem ser apresentados de forma que o leitor possa identificar-se com a trama. Que

se possa conectar os elementos ficticios com os fatos da vida real. O autor diz que quanto mais

facil seja essa conecção, melhor será para nossa memorização. “O leitor busca ver a sua

própria vida como uma grande história”.

2 topico baseado em Egan, Kieran Primary Understanding, pp. 96 - 129

Uma outra característica da história que aparece associada à sua função de

organizadora privilegiada do mundo envolvente reside no seu carácter mediato, isto é,

transposto, que torna possível ao sujeito o suficiente distanciamento afetivo necessário á

apreciação de situações, eventos, emoções e decisões.e, simultaneamente a proximidade que

se gera através dos mecanismos de identificação suscitados pela história.

Fundamental entender que todo o relato biblico do periodo que o povo judeu vagou no

deserto, não está descrito com uma narrativa poetica, e sim como uma descrição de fatos,

narrados em ordem cronologica com muitas historias entre cortando a narrativa principal.

Segundo o metodo de interepretação literario filosofico, as formas e as estruturas utilizadas

pelo autor são essenciais para compreender o texto.

Apesar de não estar escrito de forma tradicional a narrativa biblica do periodo do

deserto traz no seu corpo uma apresentação dos personagens e do enredo que apesar das

diferenças contextuais o leitor pode identificar-se com os personagens. A maioria dos conflitos

dentro da história são problematicas humanas, conflitos éticos e dinamicas sociais que

independete do contexto histórico, podem muito bem serem transpostas para os dias de hoje.

A construção da memoria coletiva e a identidade social

A priori, a memória parece ser um fenômeno individual, algo relativamente íntimo,

próprio da pessoa. Mas Maurice Halbwachs3, nos anos 20-30, já havia sublinhado que a

memória deve ser entendida também, ou sobretudo, como um fenômeno coletivo e social, ou

seja, como um fenômeno construído coletivamente e submetido a flutuações, transformações,

mudanças constantes.    

 Nesta sua obra mais famosa, Halbwachs inicia seu discurso argumentando que para a

memória se tornar “ativa” é preciso que se estabeleça “traços”, fazendo o papel de um elo. A

memória coletiva só é ativada se as memórias individuais estabelecerem os traços

necessários. A memória individual é capaz de absorver da memória coletiva coisas que lhe

parecem suas lembranças, mais ou menos como se cada memória individual fosse um ponto

de vista sobre a memória coletiva, e este ponto de vista mudasse conforme o lugar que a

pessoa ocupa, E este lugar muda segundo as relações que ela mantêm com outros meios.

            Mais adiante, o autor diz que todos nós possuímos memórias coletivas e individuais.

Estas se inter-relacionam, porém não se misturam. O primeiro tipo de memória (interior,

3 Halbwachs, Maurice. Memoria Coletiva. Ed. Centauro. 2006

pessoal e autobiográfica) se apoia na segunda (exterior, social e histórica), pois a história da

nossa vida se insere na história em geral. Mas a segunda seria, naturalmente, bem mais ampla

do que a primeira.

            Os elementos constitutivos da memória, individual ou coletiva, em primeiro lugar, são

os acontecimentos vividos pessoalmente. Em segundo lugar, são os acontecimentos que eu

chamaria de "vividos por tabela", ou seja, acontecimentos vividos pelo grupo ou pela

coletividade à qual a pessoa se sente pertencer. São acontecimentos dos quais a pessoa nem

sempre participou mas que, no imaginário, tomaram tamanho relevo que, no fim das contas, é

quase impossível que ela consiga saber se participou ou não. Se formos mais longe, a esses

acontecimentos vividos por tabela vêm se juntar todos os eventos que não se situam dentro do

espaço-tempo de uma pessoa ou de um grupo. É perfeitamente possível que, por meio da

socialização política, ou da socialização histórica, ocorra um fenômeno de projeção ou de

identificação com determinado passado, tão forte que podemos falar numa memória quase que

herdada.Sobre esse ponto, o filosofo judeu Martin Buber trouxe um grande aporte para

entender a propria construção da memoria historica do povo judeu.

Na sua obra Moshe4, Martin Buber apresenta sua teoria a qual baseia-se na premissa

que a alegoria e os fatos historicos tëm a mesma raiz (semente historica). Segundo Buber os

fatos historicos são percebidos de diferentes formas pelas pessoas que os vivenciam. A partir

dessa vivencia cada um construi sua verdade individual a qual é baseada na suas reações

frente ao acontecido.

A verdade historica é fruto da emoção dispertada no ser humano frente a um

acontecimento importante em sua vida. Cada ser humano percebe a realidade de maneira

distinta, e a partir de sua percepção pode traduzir os fatos do “mundo real”, para a escrita do

mundo histórico. Além disso, dita percepção será muito influenciada por todos os elementos

sociologicos, teologicos e ambientais de quando se sucedeu dito fato.

Segundo Buber, “Por culpa do empenho de gerações em re-escrever as lendas de

modo a ficarem mais claras e significativas... o metodo de investigação deve ser redutivo: deve-

se retirar, uma por uma, das camadas das criações existentes para penetrar na mais antiga

essencia. Não teremos nenhuma certeza de havermos chegado ao que “foi em realidade”.

Apesar disso, comprenderemos de maneira clara o sentimento do povo naquele momento.” Se

poderá entender todas as relações emocionais envolvidas na percepção do fato e na criação

da verdade, e assim se entenderá o produto daquele encontro: o documento histórico. E não se

obterá nenhum fundo histórico da lenda quando se extrai seu entusiasmo.

4 Buber, Martin. Moshe: ED.Iman Buenos aires. 1949

             Esse último elemento da memória - a sua organização em função das

preocupações pessoais e políticas do momento mostra que a memória é um fenômeno

construído. A construção, em nível individual, quer dizer que os modos de construção podem

tanto ser conscientes como inconscientes. O que a memória individual grava, recalca, exclui,

relembra, é evidentemente o resultado de um verdadeiro trabalho de organização.

Se pode dizer que, em todos os níveis, a memória é um fenômeno construído social e

individualmente, quando se trata da memória herdada pela tradição, pode-se também dizer que

há uma ligação fenomenológica muito estreita entre a memória e o sentimento de identidade.

Aqui o sentimento de identidade é o sentido da imagem de si, para si e para os outros. Isto é, a

imagem que uma pessoa adquire ao longo da vida referente a ela própria, a imagem que ela

constrói e apresenta aos outros e a si própria, para acreditar na sua própria representação,

mas também para ser percebida da maneira como quer ser percebida pelos outros.

As diferentes narrativas da festa de Sucot são o resultado deste sentimento de

identidade e de como o povo judeu percebeu-se e foi percebido ao longo da história.

Diferentes narrativas para a decisão da data de Sucot :

Narrativa religiosa:

Durante Nissan, mês da primavera em Israel, o clima fica mais quente, usualmente saímos para ficar em

cabanas. E é exatamente em Tishrei que as pessoas voltam a ficar em casa devido às chuvas e ao frio

das noites. Portanto, quando neste período os judeus residem em tendas, fica claro perante todos que

isto está sendo feito para servir a D'us e cumprir Sua vontade, como está escrito: "A fim de que as

gerações saibam."

Além disso, o grande sábio Rashbam explica que foi nesta época do ano que todas as colheitas haviam

justamente sido reunidas na terra de Israel, e dentre as abundantes pilhas de cereal, o fazendeiro

poderia se envaidecer e dar-se um tapinha orgulhoso, com a certeza de que ele tinha feito aparecer todo

este grão com o suor de sua testa e a força de suas mãos. Portanto, é exatamente neste momento que

ele deve entrar na sucá e lembrar-se que somente conseguiu a sua colheita pela ajuda divina.

Narrativa individual/psicologica:

Nossos sábios também responderam à pergunta por que observamos Sucot depois de Yom Kipur: Em

Rosh Hashaná D'us julga todos os habitantes do mundo; em Yom Kipur Ele sela o julgamento. E uma

vez que possa ter sido decretado que Israel vá ao exílio, erigimos a sucá

Narrativa nacional:

Em Yom Kipur, Moshê desceu do monte. No dia seguinte, está escrito: "Moshê reuniu toda a

congregação dos filhos de Israel e disse... tomai de vós uma oferenda para D'us." Nos dois dias

seguintes - dia 12 e 13 de Tishrei - eles trouxeram suas contribuições. No dia 14 de Tishrei, os artesãos

que construíram o Mishcan receberam todas as contribuições de Moshê. No dia 15, começou a

construção e, então, as nuvens de glória retornaram e formaram uma sucá - uma cobertura protetora -

sobre o acampamento de Israel.

As narrativas da Festa

Narrativa social5  

Pirkei Avot (4:27): RabiMeier dizia: “Não olhes a vasilha mas , sim, o que há dentro dela”. Os lugares recebem o valor por quem lhes habita.

Rav Hirsch interpreta o mandamento Divino de habitar na fragilidade das tendas,

durante Sucot explicando o propósito da festividade, que visa a preservação física e espiritual

na fartura e na escassez, na riqueza ou na pobreza, sempre confiantes na mão de D’s a guiar o

povo:

“... A festa de Sucot é dedicada à preservação física de Israel por D’s. É a época

quando a colheita do ano está quase terminada e o celeiro e a casa estão abastecidos. Já não

mais voltas, ansioso, teus olhos aos céus, implorando por uma bênção, pois já colheste o que

te tocava e, confiante no que estocaste, enfrentas o inverno com serenidade. Por outro lado, a

colheita do ano pode ter-te dado escassos resultados e, refletindo sobre tua privação e

pobreza, tu e tua mulher e teus filhos podem tornar-se desesperançados e, tomados pelo

desespero, vislumbrar um futuro submerso em necessidade.”

Com isso a mitzva ganha mais força no seu aspecto social:

“... Deixa tua moradia, sólida e segura; habita sob o esparso teto de folhagens e

aprende a lição que estas nos transmitem: teu D’s, fez com que teus antepassados habitassem

em tendas durante quarenta anos, quando os tirou do Egito; e Ele os sustentou em suas

cabanas e desta forma revelou-Se como a Divina Providência que a todos ampara ... Se és

rico, fica ciente de que não são as riquezas nem as posses – nem tampouco os talentos dos

quais o homem tanto se orgulha – os deuses que tornam mais segura a tua existência.”.

Os textos do Rav Hirsch mostram o real valor da vida, quão fugazes são as riquezas,

quão vazio é o culto ao dinheiro e aos bens materiais. Apontam a riqueza que há na humildade,

busca nos judeus o respeito a D’s, que segundo sua visão é O que nos sustenta e nos ampara,

onde quer que estejamos, no deserto ou na segurança de nossos lares, nesta e em todas as

gerações de nosso povo. Reforça a maxima que o judeu não pode trabalhar para dois deuses-

ou D’s ou o dinheiro:

“...Lembra-te, também, de que cada talento adquirido pode mudar e que os

antepassados dos hoje ricos netos, viveram em cabanas, durante 40 anos, na aridez do

5 Os trechos selecionados fazem parte da obra Samson Raphael Hirsch, Isidore. HOREB: A Philosophy of Jewish Laws and Observances. Grunfeld: Books.

deserto. Portanto, aprende a não ser escravo da tua riqueza e a não te afastar de D’s. Te

sentirás livre sob Sua proteção, quer estejas em uma cabana coberta de folhagens ou sob um

firme teto de cimento. No final, se estabeleceres teu próspero lar não sobre a riqueza e o

conforto, mas sobre D’s – pois que Ele guarda a tua morada ainda que teu telhado seja de

pedra; e foi apenas através de Sua bondade que conseguiste conquistar tuas posses e

sobretudo mantê-las – só assim aprenderás – através da opulência e da riqueza – a depositar

tua confiança apenas em D’s.”

“...Será a loucura com a qual cada um de nós constrói sua própria Torre de Babel, levando-nos

a nos sentirmos seguros em nossos falsos abrigos? Que a festa de Sucot possa livrar-nos

dessa loucura; que dessa idolatria das posses e bens materiais e das obras humanas possa

nossa submissão à Sucá nos libertar.”

Além de toda essa questão de não podermos hiper valorizar os bens materiais, de vivermos na Suca como simbolo de nossa humildade e fragilidade, é nessa festa que rico e pobre devem alegrar-se. “Quando tu recolheres os produtos de tua eira e deposito de vinho, tu celebraras o festival de sucot por sete dias. Tu te rejubilaras em teu festival junto com tua filho e filha, teu escravo e escrava, o levita, o proselito, o orfão e a viuva de tuas terras.” 6

Desse versículo Maimónides extrai: “Quando um come e bebe (nos festivais), debe

alimentar o extrangeiro, o orfão e a viuva, junto dos pobres e dos esquecidos. Já que quem

fecha as portas de sua mora comendo e bebendo só com seus filhos e mulher, e não alimenta

e não dá de beber aos pobres e aflitos, não cumpre com o preceito de alegrar-se senão que

alegra somente ao seu estomago.” 7

Outro elemento muito simbolico é a tradição mistica8 iniciada na idade média de receber

a visita de sete convidados (ushpizim) em cada dia da semana de Sucot. Cada um dos

visitantes traz consigo uma mensagem: 9

1. Abraham, é a bondade (JESED);

2. Itzhak não é forte numa luta, mas sim, é mais forte que consegue permitir-se não entrar

nela. Sua força esta em controlar seus próprios impulsos e abster-se da confrontação

6 (Deuteronomio 16:13) 7 (Mishne Tora, Hiljot Iom Tov 6:18)8 (Zohar 5,103b) 9 sp.morim.org/Contents.aspx?id=1940

com o próximo. Como está escrito no Pirkei Avot: “Quem é forte? Aquele que pode

dominar seus impulsos.”10 ; 

3. A voz de Iaacov, que é a voz da Torá, representa o silencio, o estudo, a oração e a

capacidade de estar amável e tranquilo;

4. Moshé, profesor para a eternidade. É o homem mais humilde de todos os tempos;  

5. Aaron, esplendor interior, que está representado por esta vocação de aproximar as

pessoas da paz;

6. Iosef, a base do comportamento correto;

7. David foi eleito rei por sua humildade, que demonstrava pastorando suas ovelhas, pelo

cuidado que tinha com seu rebanho. Dito cuidado seria traduzido como proteção ao seu

povo.

Narrativa agrícola/ecologica

Por culpa que a maioria do povo judeu não trabalha mais com a terra o aspecto agricola

não se destaca tanto. Mesmo assim, Sucot é a terceira festa de peregrinação que junto com

Pesach e Shavuot compoe a tríade agrícola que marca o trabalho na terra e a vinda do povo a

Jerusalem para oferecer em sacrificio parte de sua colheita. Em palavras do texto bíblico: 

“ Três vezes no ano me celebrarás festa: A festa dos pães ázimos guardarás: sete dias

comerás pães ázimos como te ordenei, ao tempo apontado no mês de Nissan, porque nele

saíste do Egito e ninguém apareça perante mim de mãos vazias também guardarás a festa da

sega, a das primícias do teu trabalho, que houveres semeado no campo igualmente guardarás

a festa da colheita à saída do ano, quando tiveres colhido do campo os frutos do teu

trabalho.”11

Hoje em dia, a unica lembrança do contexto Agricola de Sucot esta na Tefila para a

chuva, e os outros elementos relacionados a agua. Segundo o texto talmudico12 é na festa de

Sucot que se julga sobre a agua ("נידונים על המים"). No tempos do templo havia durante Chol

Hamoed o ato de celebração do derramamento de agua sobre o altar de sacrificios.

10 Pirkei Avot (4:1)11 (Éxodo 23:14-16) 12 Mishna Tratado de rosh Hashana ((א,ב

Essa cerimonia era feita no ultimo dia de Sucot (Shemini Atzeret) com muita alegria,

danças, musicas... Dita celebração era tão importante que no Talmud diz que quem não a viu,

não sabe o que é felicidade de verdade. Como disse Rambam: “Então, como feliz foi: tocam

flauta de sopro, violino e outros instrumentos , e cada um, com um instrumento musical que ele

saiba tocar; E quem sabe cantar, canta; Dançando, se satisfazendo, se regozijando cada um

como saiba fazer, e dizem palavras de canções e jubilo.. para ampliar a alegria” 13

Esta oração foi deixada para o ultimo dia da festividade de modo a não invocar a chuva

justamente quando necessitamos desfrutar do bom tempo, para que podamos habitar a Suca.

Nas orações se introduz a frase “Mashiv haruaj vemorid agueshem” até Pessach.

Narrativa nacional

A Festa de Sucot por ser uma das festas de peregrinação, também era um marco de

identidade nacional. Nas três vezes que os judeus iam a Jerusalém, a população da cidade

duplicava. Grande parte de todo povo se reunia e aquela peregrinação passava a simbolizar

ser parte do povo de Israel.

Jerusalem voltava a ser os espaço fisico de reunião por alguns dias durante o ano.

Como uma unidade de sentido inter-pessoal de tempo e espaço. A cidade passa a ser um

simbolo das conquistas e dos valores daquele povo. Transmite a ideia de soberania, dominio

sobre uma terra, um povo e uma cultura; uma tradição que remonta aos antepassados comuns

do povo.

Não é a toa que a construção da Suca possui uma enorme quantidade de regras, entre

elas esta a não delimitação do tamanho maximo de diametro. Significando que caso o povo

queira, pode construir uma única “casa” para todos. Uma casa de portas abertas para receber

todo aquele que queira, pois mais importante que o lado de fora, é o que é construido do lado

de dentro.

Outra tradição de Sucot desde os tempos da Mishna é a leitura: "אני והו הושיעה נא". Segundo Tosafot :14

רמב"ם הלכות לולב ח' י"ב 13

(סוכה מ"ה עא) 14

 "משום דדרשינן באיכה רבתי קרא דכתיב ביחזקאל "ואני בתוך הגולה" וקרא דכתיב בירמיהו "והוא אסור בזיקים"

כביכול הוא בעצמו והיינו הושענא שיושיע לעצמו".

Ou seja, segundo essa interpretação, o Rav Ahi Gaon disse o mesmo, que essa

composição é um pedido de “redenção para mim e para ti”. Dessa forma, idéia aqui é que o

ser humano não consegue expressar-se pela linguagem de prosa; Que aproximou-se o Senhor

de seu povo, e seu amor a Israel é grande, que o exilio do povo de israel de sua terra, e sua

dispersão entre os outros povos, e assim como eles foram castigados po D’us, ele que trará a

redenção. E ele também está afastado de seu lar, por isso também está sofrendo.

- ִאּתו אני סובל עמו אנכי בצרה  

 אני - ה' - בתוך הגולה

- ה' בעצמו ובכבודו והוא אסור בזיקים .

Manifestando a idéia escondida e mistica da redenção divina. No momento que Israel

está exilada, também D’us está completo. E ainda, pela interpretação mais moderna, de forma

gramatical:

"ואני בתוך הגולה", "והוא אני (במקום צורת הפעול) והו (במקום ואותו) הרי זה על שם הפסוקים שהבאנו

 .אסור בזיקים"

Essa interpretação do pedido do povo: Salve-nos, mas também a ti mesmo, do nosso

exilio amargo- e compreendendo a profundidade do PIUT dito todos os dias de Hoshana Raba

depois das Akafot :

"כהושעת אלים בלוד עמך"

E assim como muitos piutim históricos que conectam a idéia de que D’us é o redentor

do povo de israel, e com a sua redenção, também causa a redenção divina.

Dentro da narrativa nacional é fundamental trazer a simbologia das quatro especies.

Sendo elas o simbolo da união do povo. Porém, sobre as quatro especies será tratado em

tópico separado, para analisar a processo de figuração da simbologia.

Outro aspecto interessante para a narrativa nacional está no texto das Haftarot dos dias

de Sucot. No primeiro dia se lê a profecia de Zacarias que prevê uma grande guerra entre o

povo de Israel contra os povos do mundo. No texto se friza a união do povo, a questão que se

estiverem juntos e fieis aos mandamentos divinos, D’us irá redimi-los e assim vencerão a

batalha.

Na Haftara do segundo dia, está justamente o relato da escolha de Jerusalem como

capital unificadora do povo de israel e a construção do primeiro templo por idéia de David, mas

com a realização por Salomão. Justamente ambos episódios são tidos como os dois principais

marcos unificadores nacionais.

A construção de Jerusalem simbolizou a unificação das 12 tribos em uma única nação.

E o templo unificou os rituais religiosos, criou a tradição das peregrinações e, com isso, as

datas de festivais que congregavam todo o povo.

Nos dias de hoje, devido a crise hidrica que o Estado de Israel vive, toda a ligação da

festa de Sucot com a água também passou a ser vista como um elemento importante. Em

muitos lugares pelo país são feitos atos de celebração pelo “julgamento das aguas”, quando

segundo a tradição judaica é decidido o quanto de chuva terá ao longo do ano. È utilizada a

festa de Sucot para trabalhar com as crianças a importancia das chuvas e da agua para o

Estado.

Narrativa individual/psicologica

A ultima das narrativas está ligada ao conceito individual/psicologico de Teshuva da

festa. Na noite de Hoshana Raba, se costuma permanecer acordado toda a noite, no que se

costuma chamar: tikun leil Hoshana Raba. Este costume tem origem na tradição de que o dia

de Hoshana Raba será o ultimo momento quando cada um de nós receberá a decisão final

sobre seu ano.

A festa de Sucot por ser logo depois das festas de Rosh Hashana e Yom Kipur é vista

por muitos como a última chance de Teshuva. Os judeus são exilados de suas casas, e neste

exílio fazem todo o processo de Cheshbon hanefesh para perdoar e serem perdoados. Eles

estarão exilados por sete dias, para não o serem o resto de suas vidas.

Dentro das halachot de Sucot estão todas as regras para a construção da Suca. Dentre

as regras está a proibição de mantermos uma suca construida durante todo o ano. O Talmud

declara também que não podemos usar uma sucá que foi erigida trinta dias antes do feriado, mas sim

que devemos construir uma nova sucá a cada ano. Rabeinu Bachya explica que isso nos lembra que o

mundo, representado pela sucá, não é simplesmente governado por leis naturais, mas é criado

novamente a cada momento, sendo portanto novo e não para ser tomado como garantido.

Algumas decisões são decididas nesta festa. O tempo se decide em Sucot, em sua

dupla concepção, seja de peregrinação agricola ou seja de sua alegria pelos julgamentos

metafisicos. O lugar se decide no balance entre cidade e a Suca; entre os exitos da civilização

e os pedidos de não alienar-se neles ou por eles. Mas todas as confluencias não teriam sentido

se nesse contexto não se compreende-se que a Suca (a casa) é habitada por pessoas, que

traçam relações entre elas. Sem estas pessoas não há comunidade (ou povo) e Sucot perderia

todo o seu sentido.

Por isso, não há como falar de Sucot sem entender a simbologia das quatro especies. A

origem das quatro especies e sua relação com a festa está no texto biblico:

No primeiro dia, tomareis para vós outros frutos de árvores formosas, ramos de palmeiras,

ramos de árvores frondosas e salgueiros de ribeiras; e, por sete dias, vos alegrareis perante o

SENHOR, vosso Deus.15

Quatro vegetais com características tão diferentes são reunidos na festividade. Desde o

citro, fruto de uma árvore linda, com aroma e sabor, ao salgueiro que carece de ambos, nesta

festa todos são vistos como um só ramo. E mais, de acordo com a Halacha devemos estar com

as quatro especies juntas no momento da benção correspondente. Caso falte algumas delas, a

pessoa fica impossibilitada de fazer a benção. 16

O significado das Quatro Espécies e o processo de figuração da festa

Apesar de que na festa de Sucot não se tem personagens tipicos de qualquer historia,

as quatro especies passam a fazer este papel. Em cada uma é projetado um tipo de judeu para

assim realizar o processo de figuração, onde todo o povo judeu é representado.

Nossos sábios procuram responder sobre o significado das Quatro Espécies,

comparando-as aos quatro tipos de judeus que formam nosso povo.17 O Etrog tem sabor e

aroma, o Lulav tem sabor mas não tem aroma, o Hadas tem aroma mas não tem sabor e o

Arava não possui nem um nem outro.

Da mesma forma também existem judeus que têm a seu crédito tanto as boas ações

como o estudo da Torá; outros possuem apenas uma dessas virtudes e a outros ainda faltam-

lhes ambas. Assim como essas quatro variedades precisam ser reunidas para que seja

15 Levítico 23:40 16 (Shuljan Aruj, Oraj Jaim 651:12).17 Vaikra Raba 30:12

cumprido o mandamento, assim também é necessário que as quatro categorias de judeus

estejam unidas para formar uma comunidade, um povo.

A união é uma das bases da existência. Enquanto o povo se conservar unido e um velar

pelo bem-estar do outro, estará assegurado o futuro. Este é o intuito das quatro variedades de

plantas - a reunião de todas as partes do povo, não excluindo os que desconhecem a tradição.

Quando seguramos as Quatro Espécies nas mãos, o Etrog, segundo a tradição, deve

estar mais perto das Aravot do que das outras duas variedades. Com isto, mostramos que este

não se recusa a se misturar com as espécies de menor valor, especialmente o Arava; o Etrog

expressa a sua humildade e o desejo de união.

Nas palavras do Midrash, o etrog tem sabor e aroma; assim, também, o povo de Israel

inclui indivíduos que possuem estudo de Torá e praticam boas ações… A tâmara (o fruto do

lulav) tem sabor mas nenhum aroma; assim, também, o povo de Israel inclui indivíduos que têm

Torá mas não praticam boas ações… A hadas tem aroma mas não sabor; da mesma forma, o

povo de Israel inclui pessoas que praticam boas ações mas não têm o estudo de Torá… A

arava não tem sabor nem aroma; assim, também, o povo de Israel inclui indivíduos que não

têm Torá nem boas ações… Disse D’us: "Amarre-os todos juntos em um feixe e um expiará

pelo outro."

O Lubavitcher Rebe enfatiza que o Midrash não está simplesmente dizendo que "todos

são parte do povo judeu" ou "todos são preciosos aos olhos de D’us" ou mesmo que "todos são

necessários"; afirma que "todos expiam uns pelos outros." Isso implica que cada uma das

Quatro Espécies possui alguma coisa que a outra não tem, e assim "expia" e compensa pela

ausência daquela qualidade nas outras três.18

Em outras palavras, não se trata de ser necessárias todas as espécies para formar um

povo – também é necessário todas as espécies para fazer uma pessoa. E Sucot é o tempo em

que nos ligamos uns com os outros, para que as qualidades do outro sejam absorvidas por

nós.

O etrog diz: "Sou perfeito. Combino estudo e ações num equilíbrio impecável. Em minha

vida, o conhecimento e a ação não superam ou desalojam um ao outro, mas completam-se

mutuamente." Isso é algo que todos nós precisamos dizer, pelo menos de vez em quando.

18 Chabad.org

Todos precisamos saber que possuímos o potencial para tal perfeição harmoniosa, e que cada

um de nós tem aqueles momentos na vida em que a atingimos.

O lulav diz: "Sou totalmente devotado à busca da sabedoria, consciência e

autoconhecimento. A ação também é importante, mas minha primeira prioridade é conhecer a

D’us e (assim) meu verdadeiro eu, mesmo que isso signifique afastar-me do envolvimento com

o mundo." Isso é algo que todos nós precisamos dizer, pelo menos uma vez ou outra. Todos

precisamos saber que existe o potencial para esta sabedoria consumada dentro de nós, e que

todos temos aqueles momentos na vida em que a atingimos.

O hadas diz: "O que nosso mundo precisa é de ação. O conhecimento de D’us e a

autoconsciência são objetivos valiosos, mas eu tenho um trabalho a fazer. Preciso construir um

mundo melhor – o esclarecimento vai ter de esperar." Isso é algo que todos precisamos dizer,

pelo menos uma vez ou outra. Todos precisamos saber que nossa missão na vida é "fazer do

mundo físico uma morada para D’us," e que há ocasiões em que a necessidade de ação tem

precedência sobre tudo o mais.

A aravah diz: "Não tenho nada. Não tenho nada." Isso é algo que todos precisamos

afirmar…pelo menos de vez em quando.

Transformation knowledge:

Processos de Transformação do Conhecimento são derivadas das teorias de

aprendizagem organizacional, tal como proposto por Michel Roznak baseada na conversão do

conhecimento das formas tácita e explícita. O conhecimento tácito é o conhecimento prático

que é obtido a partir da experiência do aluno e, portanto, é pragmático e significativo. 

De acordo com Roznak "a chave para a criação de conhecimento está na mobilização e

conversão do conhecimento tácito". 

O conhecimento explícito é baseado na interação e comunicação entre as pessoas,

assistida com a tecnologia através do qual o conhecimento pode ser armazenado, transferido e

comunicado utilizando de algum tipo de ferramenta, por exemplo alguma tecnologia ou mídia,

tais como documentos, vídeo, áudio, imagens e multimídia. 

Alguns modos de transformação do conhecimento são listados a seguir: 

1) socialização que é o conhecimento do tácito para a forma tácita, e inclui a formação comum

e a comunicação de conhecimento tácito entre as pessoas em geral, através de reuniões e

fóruns de discussão. O compartilhamento do conhecimento tácito está ligado às idéias de

comunidades e/ou por colaboração. 

2) Externalização que é o conhecimento do tácito para a forma explícita e que é realizado por

etapas de conceituação, levantamento e articulação, em colaboração com as fontes de

conhecimento tácito que é capturado de forma explícita para uma maior divulgação e

comunicação. Essa conversão é realizada por um diálogo entre os membros da equipe usando

analogias conhecimentos e técnicas de story board e armazenar os resultados usando a mídia

de tecnologia. 

3) Combinação que é o conhecimento a partir do explícito à forma explícita e que é

compartilhável através de reuniões, fóruns de discussão, educação e formação, documentos,

e-mails, etc O uso da tecnologia para gerenciar e pesquisar coleções de conhecimento explícito

está bem estabelecido . As fontes de informação recolhida são diversas e podem ser

organizadas, classificadas, reconfiguradas, sendo mutável e adaptável.

Transformational Knowledge aplicado a Sucot

A sucá é definida como "uma morada temporária" que, durante os sete dias de Sucot,

torna-se o lar do judeu. Como supra citado, a cada ano cabe a pessoa ou a familia construir

uma nova Suca. Sendo que uma das grandes diferenças entre as mitzvot de Sucot e outras

mitzvot, esta no fato que nesta festa a maioria das mitzvot se cumpre de corpo inteiro. Ou seja,

construir, comer e morar na Suca não é algo que se pode realizar “ a meias”. È necessario o

todo de cada um, fator fundamental para toda a experiencia educativa de Sucot.

A sucá tem um altura mínima — o máximo de dez tefachim (aproximadamente um

metro), que não é uma "morada", mas um espaço onde se precisa rastejar. Também não pode

ser alta demais — se o teto tem mais de 20 amot (cerca de dez metros) acima do chão, a sucá

é grande demais para ser considerada uma habitação temporária. A lei da Torá especifica

também o comprimento e largura mínimos, o número mínimo de paredes, o máximo de espaço

permitidos para vãos nas paredes, sob as paredes e acima delas. E vai por aí — algumas

porções do Código da Lei Judaica parece mais um manual do construtor que um texto

religioso.19

פ"א-פ"ב סוכה משנה 19

Todas estas especificações têm uma exceção: não há limite para o comprimento e

largura de uma sucá. Pode-se construir a sucá do tamanho de uma cidade, ou de um

continente — ainda será uma sucá casher.

O versículo biblico diz o seguinte: "Em sucot (cabanas) habitareis por sete dias; todos

os cidadãos de Israel habitarão em sucot."20 Neste versículo, a palavra hebraica sucot, o plural

de sucá, é escrita sem a letra vav, significando que a palavra também pode ser lida como

sucat, "a sucá [de]." Assim, o versículo também está dizendo (sob o sistema da Torá de

exegese de múltiplo significado) que "todos os cidadãos de Israel habitarão na sucá." O Talmud

explica: a Torá deseja sugerir que "é apropriado que todo o povo de Israel habite em uma única

sucá."

O Talmud ensina que a palavra sucá é derivada de schach que, em hebraico, significa

cobertura. A sucá é uma habitação formada por paredes e teto. Para a fabricação das

divisórias pode-se usar qualquer tipo de material sólido (pedra, madeira, ferro, vegetal, plástico

e até junco). Porém, para construir a cobertura da cabana onde se deve habitar durante Sucot

só é permitido usar material vegetal recém-cortado, como folhagem, bambu e madeira, entre

outros.

Tal qual o seder de pessach os costumes de Sucot constroem um conhecimento

vivencial muito importante para as crianças. Não existindo um “mestre” o qual irá transmitir os

conhecimentos (Mimetic Knowledge), e sim uma construção conjunto. Cabe as crianças serem

parte da experiencia educativa, construindo, comendo e morando na Suca.

Busca-se nesse tipo de processo educativo que o conhecimento tácito, passe a ser

explicito e significativo para os infantes. Com isso, gerará uma interiorização do conhecimento

e de seus valores. Como consequencia o aprendiz poderá fazer suas próprias relações entre o

que sabia antes e o novo, e assim construir novos caminhos.

Essa ordem sobre a cobertura da Suca e morar na mesma, recebe respaldo na maior

das mitzvot de Sucot que é “Fazer com as novas gerações, saibam que nossos antepassados

foram salvos, morando em Sucot”. Dita frase se assemelha muito a ordem de que em Pessach

“vermos a nós mesmos como se estivessemos saindo do Egito”.

20 (Vaicrá 23:42)

Na tentativa de transforma o conhecimento em algo muito mais tangível e claro, o

Talmud21 traz a comparação entre a construção do Mishkan e a contrução das sucot hoje em

dia. Nesse relato as construções de hoje, passam a simbolizar a criação de santuarios

sagrados e conectam os judeus de nossos dias com aqueles que viveram no deserto.

Fortalecendo a mitzva acima mencionada.

Atividade de Sucot dada para 7ª. serie do Colegio Israelita Brasileiro de Porto Alegre-Brasil

Publico: 50 alunos da 7ª. serie do Colegio Israelita (12 e 13 anos)

Objetivo: Apresentar e analisar os diferentes aspectos de sucot relacionados com a

temporariedade de nossas vidas.

Materiais necessários: letra da musica Turn, Turn do The birds, trecho do livro Kohelet, papel e

canetas e Ipod.

Desenvolvimento:

O professor traz a turma de alunos para dentro da Suca da Escola. Dentro dela ele começa

contar os diferentes simbolos, regras de construção, costumes... conversa um pouco da

21 (Tratado Sukkah 11b)

importancia de comemorar a festa, os valores ligares a mesma, comenta sobre as festas de

peregrinação e assim como em Pessach devemos nos conectar ao povo judeu no deserto...

Então o professor pede para que cada um pegue um papel e uma caneta e faça uma divisão de

todos os seus horarios semanais. A divisão deve ser em forma de grafico de pizza, para faciliatr

a visualização.

Passado um tempo. O professor pede para que cada um pense o que faria se recebesse

31536000 da coisa mais valiosa do mundo. Depois de um pequeno lapso de tempo ele pede

paa que cada um conte o que faria.

Depois de contadas as ideias, o professor diz que aquela soma é o numero de segundos que

existem no ano. Que todos os anos se recebe essa quantia e não se sabe o que fazer e por

isso as pessoas terminam por despediçar essa coisa tão valiosa. Se cada um tivesse claro

quais são suas prioridades, com certeza saberiam o que fazer do seu tempo.

A atividade termina com uma analise do texto do Kohelet e da música Turn Turn.

Analise da atividade: O professor optou de forma clara por uma atividade tipica da educação

judaica não formal, trazendo os alunos para dentro da Suca, ele criou o ambiente necessário.

Utilizou-se da “pizza de tempo” como Trigger, por tratar-se de um publico judaico chiloni,

provavelmente com pouco conhecimento de fontes judaicas. Além disso, buscou na narrativa

individual/psicologica um tema que tende a ser mais relevante para os alunos, mesmo que em

contra-partida renunciou a conhecimentos e valores mais autenticos da festividade.

Conclusão

Numa epoca de queda de conceitos até então rígidos e que serviam de base para a delimitação das identidades (re)conhecidas - raça, gênero, classe, etc – colabora para a percepção de outras categorias identitárias como, por exemplo, aquelas advindas da orientação sexual e da localidade geopolítica. Processos históricos estão entrando em colapso e novas identidades estão sendo forjadas.

A identidade do sujeito pós-moderno já não é taxada como fixa ou permanente, como

acontecia no Iluminismo. Passa-se a compreender que o indivíduo pode assumir diferentes

posições, conforme o papel que está representando, gerando um processo de identificação que

não é automático, mas pode ser ganho ou perdido ao longo de sua trajetória. A complexidade

da vida cotidiana, atravessada pela globalização que encurta distâncias e conecta

comunidades em novas estruturas de espaço-tempo, impõe que assumamos distintas

identidades que podem ser conflitantes entre si. Posicionamo-nos frente ao outro de acordo

com as expectativas lançadas sobre nós.

Conciliar identidades pode não ser uma tarefa fácil, de maneira que estaremos sempre

deslocados, ou seja, não estamos totalmente em lugar algum, o que nos coloca na situação de

sempre precisarmos dar explicações, por um lado, ou mesmo estarmos em constante

negociação, por outro. Nossa localização é contínua em uma região de barganha, de troca, de

maneira a influenciar nas identidades, que por sua vez tornam-se flutuantes, líquidas, assim

como nosso tempo, conforme sugere Bauman22.

Neste período em que nova roupagem é dada às identidades, estas não devem ser

incorporadas com “unhas e dentes”, como verdade única. Mas é preciso estar pronto para

abandonar uma posição e tão logo assumir outra. Na era líquido moderna, as relações

humanas tendem também a se tornar voláteis, descartáveis, substituíveis como um tênis

comprado há poucos meses e que perde lugar para um modelo mais novo, mesmo estando

ainda em condições de uso. As identidades tornaram-se efêmeras, líquidas, rapidamente

esgotam-se e são abandonadas por outras mais convenientes aos olhos dos indivíduos que as

almejam.

O comprometimento e o compromisso em longo prazo são vistos como armadilhas a

serem evitadas. “O futuro sempre foi incerto, mas o seu caráter inconstante e volátil nunca

pareceu tão inextricável como no líquido mundo moderno da força de trabalho flexível, dos

frágeis vínculos entre os seres humanos, dos humores fluidos, das ameaças flutuantes e do

incontrolável”. 23

Neste contexto o trabalho apresentou os mais diferentes pontos de vistas das diversas

narrativas que a festa de Sucot traz. Numa analise geral, tentou-se trazer como esta festividade

pode ser ensinada nos diferentes marcos educacionais, assim como quais são os processos

envolvidos nessa aprendizagem.

Coube na descrição do processo de formação de memorias coletivas aclarar como

percebo as construções dos fatos históricos da história do povo judeu. Além disso, acredito que

22 (BAUMAN,Zygmunt. 2005,23 (BAUMAN,Zygmunt. 2005, 74).

dita explciação de Martin Buber sobre as alegorias e os fatos histõricos atinge o grande cerne

da questão sobre o periodo dos judeus no deserto.

Vivemos numa epoca a qual tudo é colocado a prova. Caso a ciencia não posso

explicar determinado fato, ele passo a ser tido como uma falsa imporesssão, ou até mesmo

uma mentira. Por causa disso, não faltam vozes nos dias de hoje questionando a veracidade

do relato biblico sobre o exodo do Egito e a vida dos judeus no deserto.

Tal qual dito por Buber, a realidade de fato se existiu ou não um exodo, é muito pouco

relevante em comparação a memoria coleiva construida pelo povo judeu. A partir de sua

percepção e emoção desse fato (veridico ou alegorico) ele passou a ser parte intrinseca da

identidade judaica contemporanea. Assim , legitimando e valorizando a tradição e a historia do

povo.

Sendo assim, cabe as novas gerações compreenderem a realidade que vivemos, das

crises de identidades em tempos liquidos, da busca pela prova material frente a historia e a

tradição. Tendo essa comprensão, elas poderão enfrentar estes desafios e construir uma

“suca” para proteger e viver de forma relevante e autentica as tradições e valores do povo de

Israel.

Bibliografia

Samson Raphael Hirsch, Isidore. HOREB: A Philosophy of Jewish Laws and Observances. Grunfeld: Books.