Os Mordomos-mores que eram trovadores na corte régia de Afonso III (1248-1279)

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Mestrado em Estudos Medievais “Os Mordomos-mores que eram trovadores na corte régia (1248-1279). Análise e tipologia documental do galego-português na Chancelaria de D. Afonso III” Unidade Curricular: Manuscritos Literários Medievais: Edição e Estudo

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Mestrado em Estudos Medievais

“Os Mordomos-mores que eram trovadoresna corte régia (1248-1279).

Análise e tipologia documental dogalego-português na Chancelaria de D.

Afonso III”

Unidade Curricular: Manuscritos Literários Medievais:Edição e Estudo

Docente: Professor Doutor José Carlos Miranda

Discente: Vitor Manuel Inácio Pinto (201003256)

Porto, 31 Janeiro de 2014

Introdução

Neste trabalho de pesquisa, tentarei demonstrar como a

escrita em galego-português, também denominada por

“vulgar”, foi paulatinamente usada nos documentos oficiais

régios a partir da segunda metade do século XIII.

Consciente das dificuldades que irei encontrar, mas lucido

quanto à importância deste trabalho. Após analise à

Chancelaria de D. Afonso III, podemos deparar com o

seguinte cenário; se por um lado os documentos existentes

na mesma em galego-português – doravante vulgar - são uma

realidade, por outro, a quantidade existente dos mesmos

são, comparativamente com os documentos em latim, uma

percentagem muito reduzida.

Na obra de Leontina Ventura e António Resende

referente à Chancelaria de D. Afonso III, verifico que

foram emitidos 745 documentos que se reportam ao Livro I

(Vol. 1 e 2), 183 documentos referentes ao Livro II e 58

documentos referentes ao Livro III.1 Estes últimos dois –

Livro II e III – integram-se no conceito de centralização

régia na qual D. Afonso III foi o dinamizador, logo após os

problemas sociais que emanaram nos finais do segundo

quartel do século XIII. Parafraseando Leontina Ventura,

está longe da minha intenção e das minhas possibilidades

analisar o corpus documental da Chancelaria régia. Contudo,

darei conta da tipologia documental.

Ao dissecar os Livros II e III, deparei com 104

documentos no Livro II e 13 documentos no Livro III, que

não fizeram parte da política régia de D. Afonso III, mas

sim, dos seus antepassados régios. Desconheço o porquê da1 Baseado na obra de, VENTURA, Leontina; OLIVEIRA, António Resende de,“Chancelaria de D. Afonso III”, Livros I (Vol. 1 e 2), II e III, Coimbra:Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011.

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sua integração na Chancelaria de D. Afonso III. Relativo à

escrita em vulgar - e é nesta que está o enfoque do meu

trabalho -, foram emitidos 38 documentos, disseminados

pelos três Livros e, 19 documentos em castelhano em iguais

circunstâncias. Em suma, um valor muito reduzido. Contudo,

serão estes parcos documentos com que irei trabalhar, assim

como, analisar a sua tipologia.

Após esta desmitificação “contabilística” da

Chancelaria de D. Afonso III, é legítimo perguntar: como

surgiram estes documentos escritos em vulgar, quando a

escrita era extremamente latinizante? Qual foi o seu

propósito? Que influencia tiveram os trovadores na emissão

destes documentos? A estas questões, tentarei de uma forma

concisa responder, como resultado final deste meu trabalho.

Por último, chamo atenção para os anexos que constam este

trabalho; uma tábua ordenada cronologicamente dos

documentos publicados em vulgar e castelhano que constam na

Chancelaria de D. Afonso III, bem como, uma tábua com a

tipologia documental e, finalmente, um gráfico com as

variações anuais das publicações em vulgar referente à

mesma Chancelaria.

1. Contexto Histórico

Seria uma imprudência não contextualizar

historicamente – ainda que de forma sintética - o momento

que abarca este trabalho. Sem entrar em grandes incisões e

sem delongas, traçarei um panorama geral do aspecto

politico e cultural em tempo de D. Afonso III e do seu

sogro Afonso X o Sábio.

Entre os pontos convergentes dos reinados conduzidos

pelos monarcas acima referidos, salienta-se o caminho que

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ambos trilharam durante 27 anos. D. Afonso III reinou

Portugal desde 04 de Janeiro de 1248 até 16 de Fevereiro de

1279. Afonso X por sua vez, reinou desde 30 de Maio de 1252

até 4 de Abril de 1284. A linha de convergência acentua-se

quando D. Afonso III – em segundas núpcias – desposou com

D. Beatriz em 1253, filha de Afonso X. Com estas

coincidências da vida D. Afonso III aproxima-se da cultura

castelhana, orbitando por isso, em Afonso X.

Em termos políticos e militares D. Afonso III,

“termina” a reconquista a sul com tomada de Faro em 1249 e

a respectiva incorporação do Algarve em território

português; na qual após algumas dissidências territoriais

com Castela, o Algarve só é “legalmente” português em 1267

com a assinatura do tratado de Badajoz.

Quanto à vizinha Leão e Castela, Afonso X termina a

ocupação da denominada baixa Andaluzia (Niebla – 1262 e

Cádiz – 1263) e, no mesmo sentido, organiza o seu

repovoamento. Numa segunda fase do seu reinado, Afonso X

vive um período de intranquilidade devido a revoltas da

nobreza, bem como a morte de Fernando de La Cerda em 1275,

seu filho e herdeiro ao trono, e a preocupação de

salvaguardar os seus netos, os infantes de Lacerda.

No campo cultural e conforme avança António José

Saraiva, Afonso X presidia à corte literária talvez mais

brilhante da Europa. Poetas, juristas, músicos, astrólogos,

cronistas e tradutores árabes e judeus contam-se entre os

seus colaboradores.2 Graças a este brilhantismo cultural

amparado por Afonso X, o efeito não retardou, senão

atentamos; as Cantigas de Santa Maria – escritas em galego-

2 SARAIVA, António José, “O Crepúsculo da Idade Média em Portugal”, 5ª Edição,Gradiva: Lisboa, 1998, p.14.

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português - um códice iluminado que sai das oficinas de

copistas, Primeira Crónica General, os livros das Sete Partidas, os

Libros del Saber de Astronomia.

Em Portugal, embora camuflada à sociedade, também se

produz algo de relevo como, o códice iluminado Cancioneiro da

Ajuda – compilação dos cantares dos poetas contemporâneos

de Afonso III -, o códice das Flores de Direito – traduzido do

castelhano e importante para a história do direito

português.

2. O primeiro mordomo-mor da corte régia era Trovador?

Sim, era! Rui Gomes de Briteiros foi o primeiro

mordomo-mor do reinado de D. Afonso III, exercendo o cargo

por pouco tempo (1248-1249). Analisemos por isso, o seu

percurso de vida até chegar ao tão insofismável cargo.

Sendo ele pertencente a uma linhagem de infanções enraizada

em Longos, localidade situada entre Braga e Guimarães este

trovador ascende rapidamente na escala social na primeira

metade do século XIII; ascensão essa que seria continuada

pelos seus descendentes.

Nos inícios do segundo quartel do século XIII, além de

se encontrar na corte de Leão, é também vassalo do infante

D. Pedro Sanches irmão de D. Afonso II. Convém não esquecer

que Rui Gomes de Briteiros estava de costas voltadas com D.

Afonso II pelo facto de ter tomado uma posição contra o

próprio D. Afonso II, quando o mesmo insurgiu no

incumprimento do testamento, que lhe valeu, por isso, o

exilio na corte leonesa.

Regressa a Portugal nos finais da década de vinte do

século XIII, protagonizando por essa altura, o alegado

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“rapto” de Elvira Anes da Maia, - sendo ela a protectora da

linhagem materna devido à morte do pai, o último senhor da

Maia - com a qual ele contrai matrimónio. Leontina Ventura

coloca algumas dúvidas nesse acto, pelo facto de não haver

provas documentais suficientes.3 Conquanto esta situação

fosse ou não verdade, regressou ao país vizinho e, pelos

nos inícios da década de quarenta do século XIII, estaria

na corte castelhana, conforme é provado pela sua famosa

cantiga de escarnio a João Fernandes, o mouro. Chamo

atenção que esta personagem foi satirizada por outros

trovadores, nomeadamente por João Soares Coelho. Por meados

dessa década agravou-se a crise social em Portugal, que

culmina com a guerra civil (1245-1248) e a respectiva

deposição de D. Sancho II, com a Bula Grandi non immerito. O

trovador “alia-se” aos partidários do futuro rei, sendo

mesmo uma das testemunhas quando o Conde de Bolonha em

Paris, jura aceitar reinar Portugal. Com o terminus da

guerra civil e, já com D. Afonso III como rei, o mesmo

gratifica o trovador pela sua lealdade e dedicação à sua

causa, conferindo-lhe o cargo régio de mordomo-mor,

começando assim a sua ascensão social, tal como já foi

referido. Finalmente, poderei colocar a questão da seguinte

forma: Rui Gomes de Briteiros como trovador será que - o

pouco tempo que teve como mordomo-mor - influenciou a

escrita em vulgar? Na minha opinião, eu julgo que sim.

Ainda que de uma forma ténue, julgo que deixou enraizada na

corte régia através das suas cantigas, o uso da escrita em

3 Ventura, Leontina e Oliveira, António Resende de (2003), "OsBriteiros (séculos XII-XIV) 4. Produção Trovadoresca", in Os ReinosIbéricos na Idade Média. Livro de Homenagem ao Professor Doutor Humberto Carlos BaqueroMoreno, coord. Luís Adão da Fonseca et al, vol. II, Porto, LivrariaCivilização.

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vulgar. Ficam espelhados aqui dois textos em vulgar

escritos por Rui Gomes de Briteiros, aquando da sua

presença na corte castelhana.

“Joam Fernándiz, aqui é chegado”

Joam Fernándiz, aqui é chegado

um freir'e anda um mouro buscando,

e anda dele os sinaes dando:

e diz que é cresp[o] e mal talhado;

e ide-vos deste preito [guardando]:ca atal era o voss'anaçado

que vos eu achei [sem ser] bautizado.

[…] 4

“Joam Fernándiz quer [ir] guerreiar”

Joam Fernándiz quer [ir] guerreiar

e nom quer vinhas alheas talhar,

mais quer queimar, ca lhi forom queimar

em sa natura já ũa vegada.

E nom quer vinhas alheas talhar,

pero tem a mais da sua talhada. Per tod'outra guerra os quer coitar

e nom quer vinhas alheas talhar,

4 Rui Gomes de Briteiros in Cantigas Medievais Galego-Portuguesas[Online] disponível em URL: “http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1577&pv=sim”, consultado em 11-11-2013.

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mais quer-lhe'la malada esnarigar,

pola sua, que trag'esnarigada.

E nom quer vinhas alheas talhar,

pero tem a mais da sua talhada.5

3. O início da documentação régia em vulgar. Actos isolados

ou algo de inovação?

Tem-se a perfeita noção que o mais antigo documento

régio escrito em vulgar seja o testamento de D. Afonso II,

de 1214. José Carlos Miranda chama atenção para o insólito

deste documento, que será um caso isolado, que não virá a

ter qualquer réplica ao seu nível durante mais de meio-

século.6 Mas é no ano de 1255, em tempo de D. Afonso III,

que assinala o reaparecimento dos textos escritos em vulgar

no âmbito da chancelaria régia. Feito este breve introito,

analisemos então tais documentos.

Nada melhor que apresentar partes do primeiro

documento em vulgar existente na Chancelaria de D. Afonso

III; e assim temos: 1255 Julho 10, lisboa – Documento 61 –

Carta de foro de Telões de Aguiar (freguesia e concelho de

Vila Pouca de Aguiar), a dezassete povoadores.

“Saibam todos aqueles que esta carta virem queeu don Alfonso pela graça de deus Rey dePortugal e Conde de Bolonia fazo carta de foro a

5 Rui Gomes de Briteiros in Cantigas Medievais Galego-Portuguesas[Online] disponível em URL: “http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1576&pv=sim”, consultado em 11-11-2013. 6 MIRANDA, José Carlos Ribeiro, «O galego-português e os seusdetentores ao longo do século XIII», e-Spania [Online], 13 | jun. 2012,posto online no dia 11 Junho 2012, consultado o 29 Setembro 2013. URL :http://e-spania.revues.org/21084 ; DOI : 10.4000/e-spania.21084”,consultada em 01-10-2013.

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vos pobladores da mya herdade de Tolones deAguyar. Dou vos quanta herdade ei en villa cumseus termios novos e antigos a foro(…)(…)Data in Lixboa, Rege mandou per don GilMartiiz mayordomo da corte e pelo chanceler, X.ªdies andados de Julio. Joham Suariz a fez. EraM.ª CC.ª LX’.ª III.ª” 7

Não querendo entrar na questão da intencionalidade do

documento per si, mas o que me apraz neste documento é o

protocolo e o escatocolo. Se no protocolo, D. Afonso III

nesta fase se intitula como Rei de Portugal e Conde de

Bolonha – que o era – nota-se mais tarde (1 de Março de

1268) que irá retirar o epiteto de Conde para passar a

denominar-se “Rex Portugalie et Algarbii”. No escatocolo, por esta

data, o seu mordomo-mor é Gil Martiiz. E é nessa figura que

irei dedicar algumas linhas deste meu trabalho, ao ponto de

entender e que influência teve neste documento escrito em

vulgar.

Gil Martins de Riba de Vizela terá nascido em 1210,

foi considerado o último grande senhor da velha nobreza no

reinado de D. Afonso III, pois do casamento com Maria

Eanes, junta-se a casa Riba de Vizela com a casa da Maia na

qual, Maria Eanes era herdeira.8

7 VENTURA, Leontina; OLIVEIRA, António Resende de, “Chancelaria de D. AfonsoIII”, Livro 1, Vol. 1, Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra,2011, pp.61,62.8 REI, António,“Os Riba de Vizela, Senhores de Terena (1259-1312)”,Publicado naRevista Callipole nº 9, Câmara Municipal de Vila Viçosa, 2001, pp.3,4.

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Salienta-se a importância que a família Riba de Vizela

teve na vida de D. Sancho II. Segundo José Mattoso o

Infante D. Sancho foi criado com os Riba de Vizela, logo,

provocou que na sua infância originasse um forte elo de

ligação com Gil Martins, pois deveriam ter praticamente a

mesma idade e tudo indica que seriam irmãos colaços9. Assim

como, mais tarde, por volta de 1235 se pode constatar a

presença de Gil Martins na corte de D. Sancho II segundo

nos informa Leontina Ventura10. Tudo aponta que os laços

criados – amizade e fraternidade - entre ambos, perdurassem

até à morte de D. Sancho II que aconteceu em 4 de Janeiro

de 1248 em Toledo.

Após a morte de D. Sancho II, Gil Martins regressa a

Portugal nesse mesmo ano e, Leontina Ventura informa-nos

que Gil Martins já está devidamente inserido na corte de D.

Afonso III11. José Mattoso defende que, após a morte do

mordomo-mor vigente, Rui Gomes de Briteiros em 1249, D.

Afonso III, após a submissão de Gil Martins de Riba de

Vizela o terá nomeado mordomo-mor, na qual desempenhou

entre 1253 a 1264.

Quanto à presença da escrita em vulgar nos documentos

de Chancelaria, no período vigente como mordomo-mor, apenas

três documentos aparecem com objectividade, o nome de Gil

Martins de Riba de Vizela no escatocolo; a saber:

9 MATTOSO, José, “Identificação de um país – Ensaio sobre as origens dePortugal, 1096-1325 Vol. 1”, 5ª Edição, Editorial Estampa: Lisboa,1995, pp.162,164.10 VENTURA, Leontina “A Crise de Meados do Século XIII”, In NovaHistória de Portugal (Dir. J. Serrão e A. H. Oliveira Marques) Vol.III, Presença: Lisboa, 1996, pp. 104-123, p.110.11 VENTURA, Cf. Ob. Cit, p.126.

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- 1255 Julho 10, lisboa – Documento 61 – Carta de foro de

Telões de Aguiar (freguesia e concelho de Vila Pouca de

Aguiar), a dezassete povoadores.

- 1255 Julho 10, lisboa – Documento 62 – Carta de foro de

Condudo (freguesia de Soutelo de Aguiar e concelho de Vila

Pouca de Aguiar), a cinco povoadores.

- 1257 Novembro 1, Arouca – Documento 598 – Composição com

o mosteiro de Arouca sobre o mosteiro de S. Salvador de

Bouças, o herdamento de Bouças e o de Vilar de Sande

(concelho de Marco de Canaveses), que ficam para o Rei, e

os herdamentos de Antuã (freguesia de Salreu, concelho de

Estarreja), Avanca (concelho de Estarreja) e Arouca, bem

como o direito de padroado da Igreja de Santa Eulália

(freguesia e concelho de Arouca), que ficam para o mosteiro

de Arouca.

Em suma, a influência da aristocrática – trovadoresca,

se é que houve - que Gil Martins emanava, muito pouco

infligiu sobre corte de D. Afonso III, não passando, por

isso, de casos isolados. Com o seu sucessor - João Peres

Aboim – a situação altera-se um pouco mais. Analisemos

então!

4. Os actos isolados tornaram-se, paulatinamente

recorrentes.

Tal como vimos, a produção de documentos régios em

vulgar em tempo de Gil Martins de Riba de Vizela foi

escassa; em onze anos – de 1253 a 1264 como mordomo-mor de

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D. Afonso III –, só três documentos foram produzidos em

vulgar. Com a entrada de João Peres de Aboim para mordomo-

mor em 1264, a produção dos referidos documentos acentuou-

se em média, de um por ano. Portanto, a partir de 1265,

inclusive, até à morte de D. Afonso III, em 16 de Fevereiro

de 1279, torna-se, ainda que de uma forma ténue, o hábito

da escrita em vulgar nos documentos régios, sendo

produzidos doze documentos. Refiro-me, claro está, aos

documentos cujo escatocolo menciona o nome de João Peres de

Aboim como mordomo-mor. Relativo aos restantes documentos

em vulgar, desconhece-se a autenticidade dos mesmos; por

omissão de quem os transcreveu ou, por não ser relevante no

seu conteúdo a figuração de personalidades mandantes, à

excepção do nome do monarca no protocolo do documento.

Analisemos então o mordomo-mor de D. Afonso III; à

semelhança do que se passou com o seu antecessor, diga-se,

mordomo-mor, João Peres de Aboim nasceu pela mesma altura

que D. Afonso III e era descendente da família da Nóbrega,

senhores da fronteira norte do País, cavaleiros

enriquecidos à custa da Reconquista e de paciente aforro e

que, na ligação com Afonso III, verão a sua brusca ascensão

na escala social 12, – revelado no Livro de S. João de Portel – tal

como adianta Leontina Ventura. Torna-se notório na

personalidade de João Peres de Aboim a veia trovadoresca.

Tanto o Infante como o futuro mordomo-mor vagabundearam por

França e João Peres de Aboim terá sido sempre um fiel amigo

e aliado à mercê do infante D. Afonso. Regressaram a

Portugal por finais de 1245. Esta amizade que D. Afonso

nutriu por João Peres de Aboim, originou a tal ascensão na12 VENTURA, Leontina, “João Peres de Aboim – da terra Nóbrega à Cortede Afonso III”, Separata da Revista de História Económica e Social,1986, p.61.

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escala social, acima mencionada: privado (privatus) e

conselheiro (consiliaruis) desde 1248, subsignifer ou alferes

menor da Cúria de 1250 a 1255, mordomo da rainha desde

1254, tenente de Ponte de Lima em 1259, mordomo do rei

desde meados de 1264, tenente do Alentejo, pelo menos, de

1270 a 1284, testamenteiro do rei13.

Pelo facto de João Peres de Aboim ser mordomo-mor da

casa real implicava que tinha a responsabilidade,

nomeadamente, na sua administração, supervisão de todos os

restantes oficiais e funcionários da corte. Será que essas

funções lhe deram alguma liberdade de usar a escrita vulgar

nos documentos régios? Pelos vistos, sim! Atentemos apenas

a partes de dois documentos que no escatocolo é mencionado

o nome de João Peres de Aboim:

- 1266 Novembro 13, Coimbra – Documento 365 – Doação do

castelo e vila de Miranda (conselho de Miranda do Corvo) a

Afonso Peres Farinha, freire da ordem do Hospital.“Conoscam todos aqueles que esta carta virem queeu don Affonso pela graça de deus Rey dePortugal en senbra cum mha moler Rayna donaBeatrix e cum meus fillos don Denix e donAlfonso e cum mhas fillas donna Branca e donnaSancha dou e outorgo a vos frey Affonso PerizFarina freyre da Ordin do Spital de Jerusalem omeu castello e mha villa de Miranda(…)(…)El Rey o mandou per don Johan d’Avoymmayordomo da corte, en Era de mil e trezentos equatro anos.(…)” 14

13 VENTURA, Leontina, Cf. Ob. Cit, pp.64-65.14 VENTURA, Leontina; OLIVEIRA, António Resende de, “Chancelaria de D.Afonso III”, Livro 1, Vol. 1, Coimbra: Imprensa da Universidade deCoimbra, 2011, pp.422,423.

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- 1278 Setembro 14, Lisboa – Documento 736 – A Ordem de

Avis empraza todos os herdamentos e direitos espirituais e

temporais em S. Vicente (S. Vicente da Beira, concelho de

Castelo Branco) ao infante D. Afonso, em troca de mil e

quinhentas libras que este deu à ordem para comprar

herdamentos em Elvas e seus termos. “Conoscam quantos esta carta virem e lerouvirem, como nos frey Symom Soariz, maestred’Avis, e nos convento desse mesmo logar,fazemos emplazamento de todolos nossosherdamentos e de todolos dereytos spiritaes etemporaes(…)(…) Feyta foy a carta en Lixbona , XIIII dias deSeptembro. Era M.ª CCC.ª XVI.ª.Que presentes forom: don Joham d’Avoyn mayordomod’el Rey, (…)” 15

Em jeito de suma, estou ciente que João Peres de Aboim

teve objectivamente implicado na realização dos documentos

em vulgar, aliás, a sua vertente como poeta-trovador assim

o confirma. No seu currículo, foi autor de trinta e três

poesias, conhecendo-se, apenas dezassete. E assim temos:

duas cantigas de amor, onze cantares de amigo e, três

cantigas de mal dizer.

15 VENTURA, Leontina; OLIVEIRA, António Resende de, Cf. Ob. Cit, Vol. 2,pp.317-317.

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Foi-lhe outorgada uma pastorela que, possivelmente,

será a mais antiga conhecida na história da poesia

trovadoresca portuguesa.

Neste poema, tal como já abordei acima, D. João de

Aboim a revela as suas ligações a França, bem como, o

trajecto que os cavaleiros e os romeiros percorriam de

Bordéus a Santiago de Compostela, nas peregrinações ao

túmulo do santo patrono dos guerreiros peninsulares:

“Cavalgada noutro dia”

Cavalgava noutro diaper um caminho francês e ũa pastor siiacantando com outras trêspastores, e nom vos pês,e direi-vos todaviao que a pastor diziaaas outras em castigo:"Nunca molher crea peramigo,pois s'o meu foi e nomfalou migo".

"Pastor, nom dizedesnada",diz ũa delas entom,"Se se foi esta vegada,ar verrá-s'outra sazom,e dirá-vos por que nomfalou vosc', ai bemtalhada;e é cousa mais guisadade dizerdes com'eu digo:«Deus, ora veesse o meu amigo,

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e haveria gram prazer migo»"(…)16

Conclusão.

Em jeito de sumula, urge fazer uma retrospectiva

relativo ao uso da escrita em vulgar no período coincidente

com o reinado de D. Afonso III. Pese embora os parcos

documentos existentes na Chancelaria do mesmo monarca, não

deixa de ser um forte indício de afirmação, quanto ao uso

da escrita em vulgar durante o mesmo reinado. Tal como

vimos, estiveram no cargo de mordomo-mor três carismáticos

senhores: Rui Gomes de Briteiros, Gil Martins de Riba de

Vizela e João Peres de Aboim. Todos eles pertenceram aos

“chamados” grandes grupos de nobreza senhorial, na qual,

ascenderam com naturalidade ao cargo referido, mormente o

facto de serem personalidades de extrema confiança do rei

e, contribuíram de forma paulatina para a normalização da

escrita em vulgar.

16 João Peres de Aboim in Cantigas Medievais Galego-Portuguesas [Online]disponível em URL: “http://cantigas.fcsh.unl.pt/manuscrito.asp?cdcant=697&cdmanu=1266&nordem=1&x=1#“, consultado em 11-11-2013.

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Salienta-se também a importância que o rei Afonso X, o

sábio, teve nesta demanda; sendo ainda infante, já lidava

com o galego-português e na posição de rei, aproveitando a

guerra civil em Portugal, vê-se rodeado da maioria dos

trovadores portugueses, galegos, leoneses e castelhanos,

tal como argumenta José Carlos Miranda. Portanto, Afonso X,

de uma maneira astuta, consegue estabelecer - através do

galego-português – relações estreitas com o mundo

senhorial, - ocidente da península - tornando-se assim a

voz de comando desse mesmo mundo, conforme esclarece José

Carlos Miranda. Pelo que, tanto a escrita como a língua em

vulgar, deixou de ser elevada ao serviço do amor vassálico

para se tornar objectivamente numa língua e escrita comum.

Em Portugal, tal só irá acontecer no reinado de D. Dinis,

portanto, com algumas décadas de atraso face à vizinha

Castela, tal como já foi abordado.

Ora, se pelos inícios do século XIII, D. Afonso II

utiliza a escrita em vulgar para o seu testamento – tal

como já sublinhado -, certo foi o abandono dessa prática.

Mas este abandono teve um denominador comum: a

aristocracia. Essa mesma aristocracia, que era detentora da

escrita em vulgar por meio de poesia trovadoresca e foi,

nas palavras de José Carlos Miranda, um facto imponente que

bloqueou o uso desta língua pela corte régia portuguesa. Ou

seja, por questões de quezílias políticas com alguns dos

mais carismáticos aristocratas trovadores, a escrita

vernacular não teve o seu merecido seguimento. Pelos meados

do século XIII, a situação começa a mudar. Aos poucos, a

utilização da escrita em vulgar vai ganhando o seu espaço

nos documentos oficiais régios. E são esses documentos, bem

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como, o cargo máximo da casa real ter sido ocupada por

vários trovadores, que estão na base do uso em definitivo

da escrita em vulgar no reinado de D. Dinis. Deixo a

pergunta no ar: Este binómio trovador/mordomo, se não

estivessem presentes na corte de D. Afonso III, quanto

tempo demoraria a impor-se a escrita em vulgar em qualquer

documentação?

Bibliografia.

Fontes Impressas: VENTURA, Leontina; OLIVEIRA, António Resende de, “Chancelaria de D.

Afonso III”, Livros I (Vol. 1 e 2), II e III, Coimbra: Imprensa da

Universidade de Coimbra, 2011

Bibliografia Geral: EDUARDO IÁÑEZ, “História da Literatura – A Idade Média”, Vol.2, Planeta

Editora: Lisboa, 1989.

MATTOSO, José, “Identificação de um país – Ensaio sobre as origens de Portugal,1096-1325 Vol. 1”, 5ª Edição, Editorial Estampa: Lisboa, 1995.

REI, António, “Os Riba de Vizela, Senhores de Terena (1259-1312) ”,Publicado na Revista Callipole nº 9, Câmara Municipal de VilaViçosa, 2001.

SARAIVA, António José, “O Crepúsculo da Idade Média em Portugal”, 5ªEdição, Gradiva: Lisboa, 1998.

VENTURA, Leontina “A Crise de Meados do Século XIII”, In Nova História dePortugal (Dir. J. Serrão e A. H. Oliveira Marques) Vol. III,Presença: Lisboa, 1996.

VENTURA, Leontina e OLIVEIRA, António Resende de (2003), "OsBriteiros (séculos XII-XIV) 4. Produção Trovadoresca", in Os Reinos Ibéricos na IdadeMédia. Livro de Homenagem ao Professor Doutor Humberto Carlos Baquero Moreno,coord. Luís Adão da Fonseca et al, vol. II , Porto, LivrariaCivilização.

VENTURA, Leontina, “João Peres de Aboim – da terra Nóbrega à Corte de AfonsoIII”, Separata da Revista de História Económica e Social, 1986.

VENTURA, Leontina, “D. Afonso III”, Reis de Portugal, Temas eDebates: Lisboa, 2009.

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Referências electrónicas: João Peres de Aboim in Cantigas Medievais Galego-Portuguesas

[Online] disponível em URL:“http://cantigas.fcsh.unl.pt/manuscrito.asp?cdcant=697&cdmanu=1266&nordem=1&x=1#“, consultado em 11-11-2013.

MIRANDA, José Carlos Ribeiro, «O galego-português e os seusdetentores ao longo do século XIII», e-Spania [Online], 13 | jun.2012, posto online no dia 11 Junho 2012, consultado o 29 Setembro2013. URL : http://e-spania.revues.org/21084 ; DOI : 10.4000/e-spania.21084”, consultada em 01-10-2013.

Rui Gomes de Briteiros in Cantigas Medievais Galego-Portuguesas[Online] disponível em URL:“http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1577&pv=sim”,consultado em 11-11-2013.

Tábua de textos em vulgar e castelhano na Chancelaria de D.Afonso III 17

1253 Agosto 20, Sevilha – Documento 8 – D. Afonso X, reide Castela, doa Lagos a Frei Roberto bispo de Silves,retendo os direitos do mar dos quais o bispo retirará odízimo. Pág. 247.

1255 Julho 10, lisboa – Documento 61 – Carta de foro deTelões de Aguiar (freguesia e concelho de Vila Pouca deAguiar), a dezassete povoadores. Pág. 61, 62

1255 Julho 10, lisboa – Documento 62 – Carta de foro deCondudo (freguesia de Soutelo de Aguiar e concelho deVila Pouca de Aguiar), a cinco povoadores. Pág. 62, 63

17 VENTURA, Leontina; OLIVEIRA, António Resende de, “Chancelaria de D.Afonso III”, Livros I (Vol. 1 e 2), II e III, Coimbra: Imprensa daUniversidade de Coimbra, 2011.

Pág. 18

Anexo 1

1255 Julho 10, lisboa Pág. 79-Documento 43 – D. AfonsoIII outorga a carta de foro de Telões de Aguiar(freguesia e concelho de Vila Pouca de Aguiar). ** VerDocumento 61 do Livro I.

1255 Julho 10, lisboa Pág. 83-Documento 46 – D. AfonsoIII outorga carta de foro aos seus povoadores de Condudo(freguesia de Soutelo de Aguiar concelho de Vila Pouca deAguiar). ** Ver Documento 62 Livro I.

1257 Novembro 1, Arouca – Documento 598 – Composição como mosteiro de Arouca sobre o mosteiro de S. Salvador deBouças, o herdamento de Bouças e o de Vilar de Sande(concelho de Marco de Canaveses), que ficam para o Rei, eos herdamentos de Antuã (freguesia de Salreu, concelho deEstarreja), Avanca (concelho de Estarreja) e Arouca, bemcomo o direito de padroado da Igreja de Santa Eulália(freguesia e concelho de Arouca), que ficam para omosteiro de Arouca. Pág. 179.

1258 Julho, Arévalo – Documento 49 – D. Paio PeresCorreia, mestre da Ordem de Santiago, enviado a Roma pelorei de Castela, delega o julgamento do conflito entre orei português e a Ordem de Avis nos restantes juízesnomeados para o efeito. Pág. 296.

1260 Abril 24, lisboa – Documento 207 – Carta ao Rei deCastela, solicitando que entregue o castelo de Albufeiraà ordem de Avis, de acordo com correspondência anterior esalvos os preitos e convenções entre ambos sobre oalgarve. Pág. 235.

1261 Abril 8, Sevilha – Documento 3 – D. Afonso X, rei deCastela, doa a D. Garcia, bispo de Silves, todas asigrejas do Algarve, retendo para si o respectivo direitode padroado, bem como outros bens e direitos que possuíana mesma região. Pág. 237.

1261 Abril 19, Santarém – Documento 553 – Contenda comPaio Anes de Loures sobre moinhos e outros bens quehaviam sido de Ourigo Rodrigues, criado e mordomo deMartim Anes, irmão do chanceler Estevão Anes. Pág. 136.

1263 Abril 20, Sevilha – Documento 24 – D. Afonso X, reide Castela, passa procuração A D. Paio Peres, mestre daordem de Santiago, a D. Martim Nunes, mestre da ordem do

Pág. 19

Templo, a D. Afonso Garcia, adiantado-mor do reino deMúrcia, a D. Fernando Anes, deão de Braga e seu notário,e mestre Fernando, clérigo régio e arcediago da rainha,para tratarem com o rei de Portugal sobre a questão doAlgarve e sobre a definição da fronteira entre Portugal eLeão. Pág. 266.

1263 Junho 8, Sevilha – Documento 25 – D. Afonso X, reide Castela, perdoa ao rei português e seus vassalos todosos queixumes ou demandas entre eles existentes. Pág. 267.

1264 Junho 5, Sevilha – Documento 27 – D. Afonso X, reide Castela, e D. Afonso III, rei de Portugal, nomeiamprocuradores para presidirem à demarcação da fronteiraentre os rios Minho e Ceia, nos lugares onde subsistiamdúvidas sobre o seu traçado. Pág. 269.

1264 Setembro 20, Sevilha – Documento 26 – D. Afonso X,rei de Castela, cede ao rei de Portugal o senhorio eposse do Algarve, mantendo o serviço de cinquentacavaleiros que lhe deve ser prestado pelo dito rei. Pág.268.

1265 Fevereiro 7, Santarém – Documento 329 – Carta a D.João Peres de Aboim confirmando a doação e demarcação dotermo de Portel feita pelo concelho de Reguengos deMonsaraz. Pág. 381.

1266 Novembro 13, Coimbra – Documento 365 – Doação docastelo e vila de Miranda (conselho de Miranda do Corvo)a Afonso Peres Farinha, freire da ordem do Hospital. Pág.422.

1267 Fevereiro 16, Badajoz – Documento 28 – D. Afonso X,rei de Castela, e D. Afonso III, rei de Portugal,celebram um tratado de paz e amizade, delimitando asfronteiras entre os respectivos reinos no Alto e BaixoAlentejo. Pág. 271.

1267 Fevereiro 16, Badajoz – Documento 29 – D. Afonso X,rei de Castela, deixa ao infante D. Dinis e a seusherdeiros o Algarve, desobrigando-os dos preitos emenagens anteriores, e manda que D. João Peres de Aboim eseu filho Pero Anes entreguem os castelos do Algarve aorei português. Pág. 273.

Pág. 20

1267 Fevereiro 16, Badajoz – Documento 381 – D. Afonso X,rei de Castela, entrega o senhorio do Algarve ao Rei dePortugal. Pág. 435.

1267 Fevereiro 16, Badajoz – Documento 382 – Tratadoentre D. Afonso X, rei de Castela, e o Rei de Portugalsobre os limites entre ambos os Reinos. Pág. 436.

1267 Fevereiro 16, Badajoz – Documento 383 – D. Afonso X,rei de Castela, manda entregar os castelos do Algarve aoRei de Portugal. Pág. 439.

1267 Maio 7, Jaén – Documento 384 – D. Afonso X, rei deCastela, liberta o Rei de Portugal dos deveres devassalidade relativos aos castelos e terra do Algarve.Pág. 440.

1269 Janeiro 6, Coimbra – Documento 401 – Aforamento depardieiros na judiaria de lisboa a Isaac, filho de Pardoe sua mulher Cinfaa. Pág. 460.

1269 Janeiro 25, Coimbra (Igreja de S. Pedro) – Documento422 – Permissão, por parte do concelho de Coimbra, paraque o Rei faça feira, açougues, fangas e alfandegas naalmedina da cidade. Pág. 17.

1269 Setembro 19, lisboa – Documento 411 – Carta aoalmoxarife e aos escrivães de lisboa para que entreguem aD. Vivaldo as casas na freguesia de Santa Maria madalenade lisboa, que haviam sido de João Bochardo. Pág. 7.

1269 Dezembro – Documento 425 – Aceitação, por parte deMaria Domingues, da venda da aldeia de D. Salvador, comsua igreja, na freguesia de Monsanto (concelho de Idanha-a-Nova), feita ao Rei por seu marido Miguel Pascoal eoutros seus familiares. Pág. 22.

1270 Maio 1, lisboa – Documento 430 – Composição entre D.Gonçalo Garcia de Sousa e D. Afonso Lopes de Baião sobreos bens que cabiam a D. Maria Gonçalves de Sousa, mulherdeste, sobre os quais havia contenda. Pág. 26.

1270 Novembro 26, lisboa – Documento 453 – Carta aoalmoxarife e escrivães de lisboa para darem a D. Vivaldo,em préstamo, as casas que foram de D. German. Pág. 52.

1271 Outubro 11, lisboa – Documento 490 – Doação ao

Pág. 21

infante D. Afonso, seu filho, dos castelos e vilas deMarvão, de Portalegre e de Arronches. Pág. 85.

1272 Fevereiro 19, lisboa – Documento 500 – Carta aoconcelho de Beja para que se cumpra, no que diz respeitoao relego, o costume de Santarém. Pág. 93.

1272 Agosto 27, lisboa – Documento 524 – Carta para queos povoadores de Tavira tenham seus herdamentos e seustermos estabelecidos a partir do S. Miguel. Pág. 115.

1272 Dezembro 30 – Documento 540 – Demarcação do reguengode Beja por Pedro Mendes de Vila Viçosa e Martim MendesMaça de Santarém. Pág. 126.

1273 Maio 25, lisboa – Documento 569 – Doação do castelode vila de Castelo de Vide ao infante D. Afonso. Pág.152.

1273 Julho 22, Sabrosa – Documento 566 – Os homens deSabrosa nomeiam seus procuradores para acordarem com oRei sobre foros e outros assuntos relativos ao concelho.Pág. 150.

1273 Outubro 16, Évora – Documento 585 – Os magistradosdo concelho de Évora, após inquirição pedida pelo Rei,mandam que os que tem presúrias desde que Serpa foitomada aos mouros renunciem a eles. Pág. 167.

1273 Outubro 16, Évora -Documento 52 – Os magistrados doconcelho de Évora, feita a inquirição pedida pelo Rei,mandam que os que têm presúrias desde que Serpa foitomada aos Mouros renunciem a elas. *** Ver Documento 585Livro I Vol. 2. Pág. 298.

1273 Dezembro 18, Santarém – Documento 590 – Carta do Reinomeando “correctores” e pedindo-lhes que emendassem osagravamentos feitos ao clero, à nobreza ao aos concelhos,bem como às comunidades e povos do Reino. Pág. 171.

1273 Dezembro 18, Santarém – Documento 6 – Carta do Reinomeando “correctores” e pedindo-lhes que emendassem osagravos feitos ao clero, à nobreza e aos concelhos, bemcomo às comunidades e povos do Reino. ** Ver Documento590 Livro I Vol. 2. Pág. 243.

1274 Fevereiro 3, Santarém – Documento 728 – Acordo entre

Pág. 22

o Rei e a ordem de Santiago sobre a divisão dos direitosrelativos aos bens transportados pelas barcas queentrarem e saírem pela foz do rio de Alcácer. Pág. 304,305.

1274 Fevereiro 18, Santarém – Documento 594 – Contendacom o mosteiro de Arouca sobre os herdamentos de Antuã(freguesia de Salreu, concelho de Estarreja) e Avanca(concelho de Estarreja). Pág. 175.

1276 Novembro 15, lisboa – Documento 666 – Alteração dascondições de aforamento de bacelos em Montemor-o-Velho.Pág. 238.

1277 Dezembro 25, lisboa – Documento 685 – Cartapermitindo pescar na freguesia do Castelo do Neiva(concelho de Viana do Castelo), pagando o respectivodireito. Pág. 253.

1278 Janeiro 11, lisboa – Documento 688 – Carta aoalcaide e aos alvazis de Montemor-o-Velho, mandando quenão exijam anúduva aos homens de Santa Cruz, pois estãoisentos por privilégio real. Pág. 255.

1278 Janeiro 17, lisboa – Documento 732 – Carta aoconcelho de lisboa sobre os entrepostos de vendaautorizados e sobre as rendas que os ovençais régiosdeviam exigir. Pág. 310.

1278 Fevereiro 23, lisboa – Documento 689 – Doação docastelo e vila da Lourinhã, com todas suas rendas,pertenças e direitos régios, ao infante D. Afonso. Pág.256.

1278 Março 21, lisboa – Documento 730 – Confirmação daspartilhas feitas entre os filhos e netos de FernandoFernandes Cogominho, sendo os menores representados porNuno Martins de Chacim, seu tutor, e por D. Joana Dias,viúva daquele. Pág. 308.

1278 Setembro 14, lisboa – Documento 736 – A Ordem deAvis empraza todos os herdamentos e direitos espirituaise temporais em S. Vicente (S. Vicente da Beira, concelhode Castelo Branco) ao infante D. Afonso, em troca de mile quinhentas libras que este deu à ordem para comprarherdamentos em Elvas e seus termos. Pág. 314.

Pág. 23

1279 Janeiro 14, lisboa – Documento 739 – Doação nafreguesia de S. Bartolomeu de lisboa a Mestre Domingosdas Antas, físico do Rei, em recompensa dos muitos e bonsserviços prestados. Pág. 319.

1279 Janeiro 22, lisboa – Documento 740 – Doação dodireito de padroado das igrejas de Torres Vedras, deAlenquer e de Torres Novas à Rainha D. Beatriz. Pág. 320.

1283 Dezembro 25, Sevilha – Documento 742 – A rainha D.Beatriz doa a granja de Vila Verde de Ficalho (concelhode Serpa) a Abril Peres e seus filhos. Pág. 321.

1284 Janeiro 8, Sevilha – Documento 692 – A Rainha D.Beatriz doa o castelo de Moura a D. Vasco Martins Serrãoe sua mulher D. Teresa Peres, em recompensa pelosserviços prestados por aquele e por seus irmãos. Pág.259.

1284 Março 12, Sevilha – Documento 743 – A rainha D.Beatriz doa o castelo de Moura a D. Vasco Martins Serrãoe sua mulher D. Teresa Peres, em recompensa pelosserviços prestados por aquele e por seus irmãos. Pág.322.

1284 Março 12, Sevilha – Documento 744 – A rainha D.Beatriz doa a D. Raimundo de Cardona a granja e lugar deMourão (concelho de Mourão), em recompensa dos bonsserviços prestados. Pág. 323.

s/d – Documento 22 – Juízes e o concelho de Abrantescomprometem-se a reparar a muralha da cidade no períodode um ano a partir de S. Miguel. Pág. 264.

Com um total de 38 documentos em galego-português (vulgar)e 19 documentos em castelhano.

Tipologia documental nos textos em vulgar na Chancelaria deD. Afonso III 18

18 VENTURA, Leontina; OLIVEIRA, António Resende de, “Chancelaria de D.Afonso III”, Livros I (Vol. 1 e 2), II e III, Coimbra: Imprensa daUniversidade de Coimbra, 2011.

Pág. 24

Anexo 2

Título do documento19 Tipologia

1255 Julho 10, lisboa – Documento 61 – Carta de forode Telões de Aguiar (freguesia e concelho de VilaPouca de Aguiar), a dezassete povoadores. Pág. 61,62

Carta deForal

1255 Julho 10, lisboa – Documento 62 – Carta de forode Condudo (freguesia de Soutelo de Aguiar econcelho de Vila Pouca de Aguiar), a cincopovoadores. Pág. 62, 63

Carta deForal

1257 Novembro 1, Arouca – Documento 598 – Composiçãocom o mosteiro de Arouca sobre o mosteiro de S.Salvador de Bouças, o herdamento de Bouças e o deVilar de Sande (concelho de Marco de Canaveses), queficam para o Rei, e os herdamentos de Antuã(freguesia de Salreu, concelho de Estarreja), Avanca(concelho de Estarreja) e Arouca, bem como o direitode padroado da Igreja de Santa Eulália (freguesia econcelho de Arouca), que ficam para o mosteiro deArouca. Pág. 179.

Carta deDoação

1260 Abril 24, lisboa – Documento 207 – Carta ao Reide Castela, solicitando que entregue o castelo deAlbufeira à ordem de Avis, de acordo comcorrespondência anterior e salvos os preitos econvenções entre ambos sobre o algarve. Pág. 235.

Carta deSolicitação

1261 Abril 19, Santarém – Documento 553 – Contendacom Paio Anes de Loures sobre moinhos e outros bensque haviam sido de Ourigo Rodrigues, criado emordomo de Martim Anes, irmão do chanceler EstevãoAnes. Pág. 136.

Carta deLegitimação

depropriedade

1265 Fevereiro 7, Santarém – Documento 329 – Carta aD. João Peres de Aboim confirmando a doação edemarcação do termo de Portel feita pelo concelho deReguengos de Monsaraz. Pág. 381.

Carta deDoação

1266 Novembro 13, Coimbra – Documento 365 – Doaçãodo castelo e vila de Miranda (conselho de Miranda doCorvo) a Afonso Peres Farinha, freire da ordem do

Carta deDoação

19 Não foram incluídos os documentos que foram alvo de adenda, bem comoos documentos em castelhano.

Pág. 25

Hospital. Pág. 422.

1269 Janeiro 6, Coimbra – Documento 401 – Aforamentode pardieiros na judiaria de lisboa a Isaac, filhode Pardo e sua mulher Cinfaa. Pág. 460.

Carta deAforamento

1269 Janeiro 25, Coimbra (Igreja de S. Pedro) –Documento 422 – Permissão, por parte do concelho deCoimbra, para que o Rei faça feira, açougues, fangase alfandegas na almedina da cidade. Pág. 17.

Carta dePrivilégios

ao Rei

1269 Setembro 19, lisboa – Documento 411 – Carta aoalmoxarife e aos escrivães de lisboa para queentreguem a D. Vivaldo as casas na freguesia deSanta Maria madalena de lisboa, que haviam sido deJoão Bochardo. Pág. 7.

Carta deDoação

1269 Dezembro – Documento 425 – Aceitação, por partede Maria Domingues, da venda da aldeia de D.Salvador, com sua igreja, na freguesia de Monsanto(concelho de Idanha-a-Nova), feita ao Rei por seumarido Miguel Pascoal e outros seus familiares. Pág.22.

Carta deQuitaçãosobre uma

venda

1270 Maio 1, lisboa – Documento 430 – Composiçãoentre D. Gonçalo Garcia de Sousa e D. Afonso Lopesde Baião sobre os bens que cabiam a D. MariaGonçalves de Sousa, mulher deste, sobre os quaishavia contenda. Pág. 26.

Carta deContenda

1270 Novembro 26, lisboa – Documento 453 – Carta aoalmoxarife e escrivães de lisboa para darem a D.Vivaldo, em préstamo, as casas que foram de D.German. Pág. 52.

Carta deDoação

1271 Outubro 11, lisboa – Documento 490 – Doação aoinfante D. Afonso, seu filho, dos castelos e vilasde Marvão, de Portalegre e de Arronches. Pág. 85.

Carta deDoação

1272 Fevereiro 19, lisboa – Documento 500 – Carta aoconcelho de Beja para que se cumpra, no que dizrespeito ao relego, o costume de Santarém. Pág. 93.

Carta deRegulamentaçõ

es

Pág. 26

1272 Agosto 27, lisboa – Documento 524 – Carta paraque os povoadores de Tavira tenham seus herdamentose seus termos estabelecidos a partir do S. Miguel.Pág. 115.

Carta deRegulamentaçõ

es

1272 Dezembro 30 – Documento 540 – Demarcação doreguengo de Beja por Pedro Mendes de Vila Viçosa eMartim Mendes Maça de Santarém. Pág. 126.

Carta deRegulamentaçõ

es

1273 Maio 25, lisboa – Documento 569 – Doação docastelo de vila de Castelo de Vide ao infante D.Afonso. Pág. 152.

Carta deDoação

1273 Julho 22, Sabrosa – Documento 566 – Os homensde Sabrosa nomeiam seus procuradores para acordaremcom o Rei sobre foros e outros assuntos relativos aoconcelho. Pág. 150.

Carta dePrivilégios

pedida ao Rei

1273 Outubro 16, Évora – Documento 585 – Osmagistrados do concelho de Évora, após inquiriçãopedida pelo Rei, mandam que os que tem presúriasdesde que Serpa foi tomada aos mouros renunciem aeles. Pág. 167.

Carta deRenuncia apósInquirições

1273 Dezembro 18, Santarém – Documento 590 – Cartado Rei nomeando “correctores” e pedindo-lhes queemendassem os agravamentos feitos ao clero, ànobreza ao aos concelhos, bem como às comunidades epovos do Reino. Pág. 171.

Carta deLegitimação

1274 Fevereiro 3, Santarém – Documento 728 – Acordoentre o Rei e a ordem de Santiago sobre a divisãodos direitos relativos aos bens transportados pelasbarcas que entrarem e saírem pela foz do rio deAlcácer. Pág. 304, 305.

Carta deLegitimação

1274 Fevereiro 18, Santarém – Documento 594 –Contenda com o mosteiro de Arouca sobre osherdamentos de Antuã (freguesia de Salreu, concelhode Estarreja) e Avanca (concelho de Estarreja). Pág.175.

Carta deContenda

1276 Novembro 15, lisboa – Documento 666 – Alteraçãodas condições de aforamento de bacelos em Montemor-o-Velho. Pág. 238.

Carta deAforamento

1277 Dezembro 25, lisboa – Documento 685 – Carta Carta de

Pág. 27

permitindo pescar na freguesia do Castelo do Neiva(concelho de Viana do Castelo), pagando o respectivodireito. Pág. 253.

Legitimação

1278 Janeiro 11, lisboa – Documento 688 – Carta aoalcaide e aos alvazis de Montemor-o-Velho, mandandoque não exijam anúduva aos homens de Santa Cruz,pois estão isentos por privilégio real. Pág. 255.

Carta deRegulamentaçã

o

1278 Janeiro 17, lisboa – Documento 732 – Carta aoconcelho de lisboa sobre os entrepostos de vendaautorizados e sobre as rendas que os ovençais régiosdeviam exigir. Pág. 310.

Carta deRegulamentaçã

o

1278 Fevereiro 23, lisboa – Documento 689 – Doaçãodo castelo e vila da Lourinhã, com todas suasrendas, pertenças e direitos régios, ao infante D.Afonso. Pág. 256.

Carta deDoação

1278 Março 21, lisboa – Documento 730 – Confirmaçãodas partilhas feitas entre os filhos e netos deFernando Fernandes Cogominho, sendo os menoresrepresentados por Nuno Martins de Chacim, seu tutor,e por D. Joana Dias, viúva daquele. Pág. 308.

Carta deRegulamentação de heranças

1278 Setembro 14, lisboa – Documento 736 – A Ordemde Avis empraza todos os herdamentos e direitosespirituais e temporais em S. Vicente (S. Vicente daBeira, concelho de Castelo Branco) ao infante D.Afonso, em troca de mil e quinhentas libras que estedeu à ordem para comprar herdamentos em Elvas e seustermos. Pág. 314.

Carta deEmprazamento

1279 Janeiro 14, lisboa – Documento 739 – Doação nafreguesia de S. Bartolomeu de lisboa a MestreDomingos das Antas, físico do Rei, em recompensa dosmuitos e bons serviços prestados. Pág. 319.

Carta deDoação

1279 Janeiro 22, lisboa – Documento 740 – Doação dodireito de padroado das igrejas de Torres Vedras, deAlenquer e de Torres Novas à Rainha D. Beatriz. Pág.320.

Carta deDoação

1283 Dezembro 25, Sevilha – Documento 742 – A rainhaD. Beatriz doa a granja de Vila Verde de Ficalho(concelho de Serpa) a Abril Peres e seus filhos.

Carta deDoação

Pág. 28

Pág. 321.

s/d – Documento 22 – Juízes e o concelho de Abrantescomprometem-se a reparar a muralha da cidade noperíodo de um ano a partir de S. Miguel. Pág. 264.

Carta deCompromisso

Pág. 29

Anexo 3