Direito Empresarial
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UNIVERSIDADE ESTADUAL “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
ANDRÉ MATEUS PUPINBRUNO TONHOLI LEME
JOÃO FILIPPE ROSSI RODRIGUESLUCAS SURJUS
RENAN INNOCENTE SOUZARENAN ROSOLEM MACHADO
THAÍS MACHADO
HISTÓRIA DO DIREITO EMPRESARIAL
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ANDRÉ MATEUS PUPINBRUNO TONHOLI LEME
JOÃO FILIPPE ROSSI RODRIGUESLUCAS SURJUS
RENAN INNOCENTE SOUZARENAN ROSOLEM MACHADO
THAÍS MACHADO
HISTÓRIA DO DIREITO EMPRESARIAL
Trabalho apresentado à Faculdadede Ciências Humanas e Sociais,Universidade Estadual Paulista“Júlio de Mesquita Filho”, comorequisito do curso de História doDireito II.
Orientador: Prof.ª Dr.ª Eliane M.Octaviano.
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FRANCA2013
SUMÁRIO
SumárioSUMÁRIO..................................................2INTRODUÇÃO...............................................31. O Estado, a economia e o direito no século XXI.........42. Disciplina privada da atividade econômica.............53. O sistema francês.....................................64. O sistema italiano....................................85. Filiação do Brasil ao sistema francês.................96. Aproximação do direito brasileiro ao sistema italiano 117. O Código Comercial de 1850...........................128. Do Direito Comercial ao Direito Empresarial..........149. O empresário e a sociedade empresarial...............1610. Estabelecimento comercial..........................1811. Propriedade Industrial.............................2312. Convenção da União de Paris e outros organismos internacionais..........................................2513. Bens da Propriedade Intelectual....................2713. 1. A invenção.......................................2713.2. Modelo de utilidade...............................2813.3. Sobre a Concessão de Patentes.....................28CONCLUSÃO...............................................30
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INTRODUÇÃO
É difícil cercar os limites do fenômeno do Direito,
essa ciência é de constante evolução e adequação ao espaço
e ao momento histórico, por isso tão importante o estudo da
sua história, do seu contexto social, da sua evolução. Uma
matéria que merece atenção, justamente pela sua
mutabilidade, é o Direito Empresarial, ou Comercial, que
acompanhou as etapas econômicas do capitalismo, logo após a
queda do regime feudal. Portanto o objetivo desse trabalho
é traçar pontos de destaque, mesmo que poucos, da evolução
do Direito Empresarial no mundo e no Brasil. O trabalho
será feito com base no livro do Fábio Ulhoa Coelho, sem
deixar de lançar mão da opinião de outros autores.
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1. O ESTADO, A ECONOMIA E O DIREITO NO SÉCULO XXI
O autor começa com uma abordagem do panorama histórico-
político a partir do fim da economia central e globalmente
planificada, após a utopia marxista fracassar, o marxismo
se torna um instrumento teórico indispensável para a
compreensão da relação entre Estado e Economia. O
desmantelamento do estado de bem-estar social nas economias
centrais do bloco capitalista representa, segundo o autor,
uma forma do capitalismo tentar readquirir um perfil
liberal, buscando uma redução da participação do Estado na
economia.
No enfoque marxista, a explicação para essa tendência é
de que o Estado é considerado um dos instrumentos da luta
de classes, a classe dominante pode utilizar a estrutura
burocrática do Estado para preservar seu poder de dominação
econômica. Nesse contexto, o Estado capitalista tem seu
tamanho variando de acordo com o acirramento das lutas de
classes, ora com maior intervenção ora com menor. O estado
de bem estar social foi utilizado, na visão marxista, como
um meio da burguesia para conter a insatisfação do
proletariado, a fim de não acarretar em possíveis
revoluções socialistas que viessem a ameaçar a ordem
vigente.
No final do século XX, o Estado capitalista tenta
reassumir feições liberais com medidas como a privatização
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de estatais, reforma previdenciária e a mudança de
disciplina da concorrência. Em relação aos efeitos que a
reliberalização do Estado capitalista pode trazer para o
Direito é o ressurgimento de princípios e conceitos que ao
longo do século XX foram relegados nas doutrinas. Como o
autor diz da noção de autonomia da vontade, que tais noções
revestidas de feições neoliberais podem voltar a
desempenhar papel relevante na fundamentação de reformas
normativas e de decisões administrativas ou judiciais. Até
mesmo no Direito essa tendência liberal do Estado poderá
acarretar nas relações de consumo um entendimento com
margem maior de atuação da autonomia privada, mas
permanecerão vigentes as normas de coibição de práticas
comerciais abusivas.
2. DISCIPLINA PRIVADA DA ATIVIDADE ECONÔMICAA disciplina jurídica da exploração da atividade
econômica tem sido objeto de dois diferentes níveis de
abordagem pela doutrina: de um lado temas como o controle
de preços, intervenção do Estado na economia, tutela do
meio ambiente e outros que atraem o interesse de diversos
ramos do direito público, de outro as relações
obrigacionais envolvendo apenas exercentes de atividade
econômica e particulares, incluindo a concessão de crédito,
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a tutela dos sinais distintivos, as relações entre sócios
de um empreendimento, constituindo objeto de estudo de
ramos do direito privado. Na verdade, segundo o autor, a
distinção entre direito público e privado, embora em
diferentes níveis corresponda historicamente a concepções
culturais acerca dos limites entre as esferas do individual
e do coletivo. O factível, em termos de elaboração de
conhecimento jurídico, cinge-se á definição de conceitos
meramente operacionais que auxiliam a equação e solução dos
conflitos de interesse, segundo Fábio Ulhoa. Nesse sentido,
em sede do regime de Direito Público, se pode cogitar dos
princípios da supremacia e da indisponibilidade do
interesse público. Já para o regime privado, ressaltam os
da autonomia privada e da igualdade.
Para tanto, a possibilidade de autorregulação dos
interesses passa a ser entendida, em certa medida, não mais
como direito material, mas, sim, como faculdade outorgada
pelo direito positivo. É bastante provável que a onda
liberalizante do final do século XX acabe alargando
novamente o campo de eficácia jurídica da autorregulação
dos interesses. O questionamento que o século XX reservou a
autonomia da vontade reflete, sem dúvida, o crescimento da
interferência externa à manifestação volitiva dos
particulares na regulação dos seus interesses. As relações
empregador e empregado, empresário e consumidor, entre
outras, se encontram em desigualdade de condições e assim a
ordem jurídica, reinterpretando o princípio da isonomia,
tem criado mecanismos de desigualdade formal entre os
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agentes econômicos, de modo a atenuar as diferenças reais.
O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, o
estatuto da microempresa, entre outros, são manifestações
do novo perfil da igualdade entre os particulares que
enforma o direito privado. Dessa maneira, o princípio da
isonomia como base para a disciplina das relações entre
particulares apresenta-se, hoje, como equalizador de
pretensões de sujeitos inequivocamente desiguais, e menos
como exclusão de privilégios. Portanto, a autonomia da
vontade, assim, é limitada pela lei segundo o autor Fábio
Ulhoa.
Os dois níveis de abordagem, referidos anteriormente,
corresponderam, portanto, a dois modelos doutrinários
distintos: o público, relativo às obrigações e direitos do
exercente da atividade econômica perante o Estado, em que
as pretensões das partes são desigualadas para privilegiar
os interesses curatelados por esse último; e o privado,
pertinente às obrigações e direitos do exercente da
atividade econômica perante outros particulares, em que as
pretensões são desigualadas para que não haja privilégios
de qualquer interesse. Em suma, a compreensão da disciplina
privada das atividade econômicas deve ser norteada pelos
postulados da autorregulação dos interesses, observados os
limites da ordem positiva, e da equalização das condições
de atuação das partes.
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3. O SISTEMA FRANCÊS
No direito de tradição romanística, a que se filia o
brasileiro, podem ser divisados dois sistemas de disciplina
privada de economia: o Francês, em que as atividades
econômicas agrupadas em dois grandes conjuntos, sujeitos a
sub-regimes próprios, qualificam-se como civis ou
comerciais; o italiano, em que se estabelece o regime geral
para o exercício das atividades, do qual se exclui a
exploração de algumas poucas, que reclamam tratamento
específico. O sistema Francês precede o italiano, seu
surgimento ocorre com a entrada em vigor do documento
legislativo conhecido por Código mercantil napoleônico em
1808, já o italiano surge depois de mais de um século, em
1942, quando é aprovado pelo Rei Vittorio Emanuele III,
A elaboração doutrinária fundamental do sistema
francês é a teoria dos atos de comércio, vista como
instrumento de objetivação do tratamento jurídico da
atividade mercantil. Isto é, o direito comercial deixou de
ser apenas o direito de uma certa categoria de
profissionais para se tornar a disciplina de um conjunto de
atos que poderiam ser praticados por qualquer cidadão. Para
Ascareli, sempre existiram regimes mercantis, inclusive em
normatizações antigas como o Código de Hammurabi, não houve
um sistema de direito comercial senão a partir do que ele
chama de civilização comunal – referente as corporações
medievais no seio do feudalismo. A partir da metade do
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século XII, com os comerciantes e artesãos se reunindo em
corporações de arte e ofício, inicia-se o primeiro período
histórico do direito comercial, nele as corporações de
comerciantes constituíam jurisdições próprias cujas
decisões eram fundamentadas principalmente nos usos e
costumes praticados por seus membros. Já nesse período
muitos dos principais institutos do direito comercial como
o seguro, a letra de câmbio, a atividade bancária, são
esboçados e desenvolvidos.
Na última metade do século XVI, diz Ascareli, com o
florescer do mercantilismo, inicia-se o segundo período
histórico do direito comercial, no processo de unificação
nacional da Inglaterra e da França, há consideráveis
diferenças com significativas repercussões no tratamento
jurídico-privado da economia. Na Inglaterra, a absorção da
jurisdição das corporações mercantis pelos tribunais do
Commom Law é, por assim dizer, total enquanto no resto do
continente é parcial. Na França, as corporações dos
comerciantes perdem a competência jurisdicional para
tribunais do Estado nacional em gestão, mas continuam a
existir um direito fundado nos usos e costumes dos
comerciantes e apenas a eles aplicáveis. Da segunda etapa
do direito comercial, uma significativa contribuição para
os institutos deste ramo jurídico é a sociedade anônima
que, comparada às sociedades de pessoas então existentes,
acabou se revelando muito mais adequada aos empreendimentos
mercantis da expansão colonial.
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O terceiro período histórico do direito mercantil,
segundo Ascareli, inicia-se com a codificação napoleônica.
A objetivação do direito comercial, isto é, a sua
transformação em disciplina jurídica aplicável a
determinados atos e não a determinadas pessoas. O sentido
da passagem para a terceira etapa do direito comercial, ou
seja, da adoção da teoria dos atos de comércio como
critério de identificação do âmbito de incidência deste
ramo da disciplina jurídica restringe-se à abolição do
corporativismo. Ou seja, a partir deste período qualquer
cidadão pode exercer atividade mercantil. O Código
Mercantil napoleônico transmitiu sua marca para os códigos
de muitos países de língua latina, como o belga, o
espanhol, o português, italiano. A teoria dos atos de
comércio resume-se, rigorosamente falando, a uma relação de
atividades econômicas, sem que entre elas se possa
encontrar qualquer elemento interno de ligação, o que
acarreta indefinições no tocante à natureza mercantil de
algumas delas. Rocco entende que os atos comerciais são os
que realizam ou facilitam uma interposição na troca,
classifica-os em quatro categorias: compra para revenda,
operações bancárias, empresas e seguros. Nessas quatro
espécies de atos de comércio, identifica então o elemento
comum da troca indireta, isto é, a interposição na
efetivação da troca. A unidade dos atos mercantis reside
apenas em sua relação com as atividades profissionais de
uma classe social, a burguesia. O fracionamento do direito
privado em diferentes regimes para as atividades civis e
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comerciais, característico da teoria dos atos de comércio,
decorre de fatores externos ao aparato jurídico.
4. O SISTEMA ITALIANO
Na Itália, a bipartição da disciplina privada da
economia começou a preocupar a doutrina jurídica, neste
ponto, é relevante a defesa por Vivante na aula inaugural
de seu curso na Universidade de Bolonha em 1892, da tese
pelo fim da autonomia do direito comercial. De início
questionou a sujeição de não-comerciantes (consumidores) a
regras elaboradas a partir de práticas mercantis
desenvolvidas pelos comerciantes e em seu próprio
interesse. Em segundo lugar, lembrou que a autonomia do
direito comercial importava desnecessária litigiosidade
para a prévia discussão da natureza civil ou mercantil do
foro, na definição dos prazos, ritos processuais e regras
de competência. Outra razão invocada seria que a
duplicidade de disciplinas sobre idênticos assuntos era
fonte de dificuldades. Por fim, a autonomia do direito
comercial atuava negativamente no progresso cientifico, na
medida em que o estudioso da matéria comercial perderia a
noção geral do direito das obrigações. Vivante, no entanto,
após ser nomeado presidente da comissão de reforma de
legislação comercial na Itália, abandonou a tesa da
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unificação e elaborou um projeto de Código Comercial
específico.
Em 1942, o Código Civil passa a disciplinar, na
Itália, tanto a matéria civil como a comercial e sua
entrada em vigor inaugura, segundo o Fábio Ulhoa, o quarto
período histórico do direito comercial nos países de
tradição romanística. O modelo italiano de regular o
exercício da atividade econômica sob o prisma privatístico
encontra a sua síntese na teoria da empresa. Essa teoria,
segundo o autor, bem examinada apenas desloca a fronteira
entre os regimes civil e comercial. No sistema francês,
excluem-se atividades de grande importância econômica –
como a prestação de serviços, a agricultura, pecuária,
negociação imobiliária- do âmbito de incidência do direito
mercantil, ao passo que, no italiano, se reserva uma
disciplina específica para algumas atividades de menor
expressão econômica, tais as dos profissionais liberais ou
dos pequenos comerciantes. O acento de diferenciação deixa
de ser posto no gênero da atividade e passa para a medida
de sua importância econômica.
No quarto período histórico do direito comercial, o
núcleo conceitual do direito comercial deixa de ser o ato
de comércio e passa a ser a empresa. Conceitua-se empresa
como sendo atividade, cuja marca essencial é a obtenção de
lucro com o oferecimento ao mercado de bens ou serviços,
gerados estes mediante a organização dos fatores de
produção. Asquini, elabora quatro perfis na empresa:
subjetivo, funcional, patrimonial (objetivo) e corporativo.
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Perfil funcional identifica-se a empresa à própria
atividade, sendo dos quatro perfis delineados apenas o
funcional realmente correspondente a um conceito jurídico
próprio. Empresa é a atividade econômica organizada para a
produção ou circulação de bens ou serviços, sendo uma
atividade a empresa não tem a natureza jurídica de sujeito
de direito nem de coisa. Em outros termos, não se confunde
empresário (sujeito) com empresa (coisa). Como atividade
econômica, profissional e organizada a empresa tem estatuto
jurídico próprio. A dissociação entre empresa e empresário
é tema de reflexão doutrinária e seus resultados na
legislação e jurisprudência se fazem já sentir há algum
tempo, porém, não é mais que um conceito operacional do
direito, criado para a tutela em parte, dos interesses dos
trabalhadores, consumidores, investidores e outros.
O sistema italiano de disciplina privada da atividade
econômica, sintetizado pela teoria da empresa, acabou
superando o francês, ou seja, as legislações de direito
privado sobre matéria econômica, a partir de meados do
século XX, não tem mais divido os empreendimentos (civis ou
comerciais) para submetê-los a regimes distintos. A isso,
tem preferido os legisladores criar um regime geral para
disciplina privada da econômica.
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5. FILIAÇÃO DO BRASIL AO SISTEMA FRANCÊS
A independência política e econômica do Brasil
ocorreram, oficialmente, com a Independência em sete de
setembro de 1822, entretanto é sabido que a independência
política ocorreu com a saída da família real portuguesa do
Brasil, em 1821, e o fim da dependência econômica ocorreu
com a chegada destes em 1808.
Neste evento da nossa história o príncipe regente
D. João assinou vários documentos importantes com o Alvará
de 12 de abril que permitia o livre estabelecimento
industrial, normalizando a confusão causada por sua mãe – D
Maria I, “A Louca” – no episódio conhecido com “A
Viradeira” quando o Marquês de Pombal é demitido, as
indústrias nas colônias proibidas, dentre outras coisas.
Houve também o Alvará de 23 de agosto que instituiu o
Tribunal de Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábrica e
Navegação, e por último o de 12 de outubro que criou o
Banco do Brasil.
Vale lembrar que o fato da família real
portuguesa ter vindo para o Brasil foi uma consequência da
invasão napoleônica sobre a Península Ibérica e que esta
fuga da família real só foi bem sucedida graças ao auxílio
dos ingleses. Dessa forma concluímos que Inglaterra e
França eram as duais grandes potências mundiais,
influenciando a maioria dos países do globo. Um exemplo da
influência inglesa no Brasil foram as Tarifas entre 1810 e
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1815 onde a Inglaterra pagava 15% de impostos para que seus
produtos adentrassem no Brasil, enquanto Portugal
(metrópole, já reconquistada) paga 16% de impostos.
Já a influência francesa é encontrada no Código
Comercial de 1850, aprovado por D. Pedro II. Tal código
seguia a linha de pensamento da Teoria dos atos de
comércio, ou seja, da separação necessária entre o âmbito
civil e o âmbito comercial.
A elaboração doutrinária fundamental do sistema
francês é a teoria dos atos de comércio, vista
como instrumento de objetivação do tratamento
jurídico da atividade mercantil. Isto é, com
ela, o direito comercial deixou de ser apenas
um direito de uma certa categoria de
profissionais, organizados em corporações
próprias, para se tornar a disciplina de um
conjunto de atos que, em princípio, poderiam
ser praticados por qualquer cidadão. (COELHO,
2007: 17)
Vale ressaltar que nosso Código Comercial de 1850
teve grande influência do Código Comercial francês de 1808
e do Código Civil Napoleônico de 1804.
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6. APROXIMAÇÃO DO DIREITO BRASILEIRO AO SISTEMA ITALIANO
No século XX os países com tradição romanísticas
seguiram uma tendência de se aproximar juridicamente de sua
origem (Roma, Itália). No caso do Brasil um parte evidente
de nosso sistema jurídico que não estava ligado às
tradições romanísticas era o Código Comercial.
Houve algumas tentativas para promover tal
modificação, a primeira ocorreu no governo de Hermes da
Fonseca, mas a que teve sucesso com a de Florêncio de Abreu
que propôs em 1950, embora a tramitação iniciasse apenas em
1975 e fosse concluída em 2002.
Tal mudança sofreu grandes influências do Código
Civil Italiano de 1942, e o resultado brasileiro
apresentava características típicas ao alinhamento com a
teoria da empresa, como por exemplo, a unificação. Tais
mudanças marcaram o fim da transição do direito brasileiro
que já vinha sendo alterado aos poucos, exemplo disto nós
temos com o Código de Defesa do Consumidor de 1990, que
está mais próximo ao sistema italiano do que ao sistema
francês.
O modelo italiano de regular o exercício da
atividade econômica, sob o prisma privatístico,
encontra a sua síntese na teoria da empresa.
Vista como consagração da tese da unificação do
direito privado (Ascare 11 i, 1962: 127;
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Ferrara, 1952:15), essa teoria, contudo, bem
examinada, apenas desloca a fronteira entre os
regimes civil e comercial. No sistema francês,
excluem-se atividades de grande importância
econômica – como a prestação de serviços,
agricultura, pecuária, negociação imobiliária –
do âmbito de incidência do direito mercantil,
ao passo que, no italiano, se reserva uma
disciplina específica para algumas atividades
de menor expressão econômica, tais as dos
profissionais liberais ou dos pequenos
comerciantes. A teoria da empresa é , sem
dúvida, um novo modelo de disciplina privada
na economia, mais adequado a realidade do
capitalismo superior. (COELHO, 2007: 21)
Por fim, devemos ressaltar que no direito brasileiro
as noções de direito empresarial e direito comercial
relacionam-se, pois ambas tratam da relação íntima do
direito com a economia. Mas é necessário diferenciá-las
pois nunca foram usadas concomitantemente, o direito
empresarial diz respeito aquele que está ligado ao sistema
italiano (teoria da empresa), enquanto o comercial
relaciona-se com a dogmática francesa (teoria dos atos de
comercial). Assim é possível explicar porque este trabalho
versa sobre a História do Direito Empresarial Brasileiro, e
não sobre a história do direito comercial brasileiro.
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7. O CÓDIGO COMERCIAL DE 1850
O primeiro código de Comércio Brasileiro foi positivado
em 25 de Junho de 1850, após 15 anos de tramitação no
Congresso Nacional. Sofreu forte influência do Código de
Comércio Francês. Além disso, Fábio Ulhoa Coelho (2007,
p.8) explica que:
O regulamento 737, também daquele ano, que
disciplinou os procedimentos a serem observados
nos então existentes Tribunais do Comércio,
apresentava a relação de atividades económicas
reputadas mercancia. Em linguagem atual, esta
relação compreenderia: a) compra e venda de
bens móveis ou semoventes, no atacado ou
varejo, para revenda ou aluguel; b) indústria;
c) bancos; d) logística; e) espetáculos
públicos; f) seguros; g) armação e expedição de
navios.
O Código Comercial de 1850 representa o primeiro
reconhecimento legal no Brasil da existência de um
profissional que cuidava da contabilidade das empresas.
Com centenas de artigos, trazia detalhes sobre a
constituição de diferentes tipos de sociedades e um grande
detalhamento sobre a atividade comercial marítima. Esse
Código explicita que o guarda livros ou o caixeiro ainda
eram figuras secundárias na atividade econômica. Com
efeito, enfatiza muito outros aspectos, como a fraude, o
tipo de sociedades, os títulos de crédito e o comércio
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marítimo. Mas o reconhecimento da existência do
profissional é um ganho em termos históricos. Mais adiante,
com a aplicação da nova legislação, começam a surgir
algumas discussões importantes sobre o papel do responsável
pela contabilidade na empresa.
Apesar dos claros avanços, o Código Comercial de 1850
ainda era relativamente atrasado, devido à solidificação na
teoria dos atos de comércio. Ele só foi revogado, de fato,
em 2002 com o Código Civil, no entanto desde 1960 sua
defasagem prática e jurídica já era discutida por
intelectuais, doutrinadores e legisladores; com exceção da
parte que trata sobre o direito marítimo, disciplina hoje
autônoma. Não tardou para que as doutrinas começassem a
basearem-se em teorias mais atuais e logo mais o magistrado
passou a ignorar as instituições do Código e a utilizar
somente as doutrinas e jurisprudências como fonte de
Direito. Ulhoa (2007, p.10) explica que:
As defasagens entre a teoria dos atos de
comércio e a realidade disciplinada pelo
Direito Comercial — sentidas especialmente no
tratamento desigual dispensado à prestação de
serviços, negociação de imóveis e atividades
rurais — e a atualidade do sistema italiano de
bipartir o direito privado começam a ser
apontadas na doutrina brasileira nos anos 1960.
Principalmente depois da adoção da teoria da
empresa pelo Projeto de Código Civil de 1975
(ela tinha sido também lembrada na elaboração
do Projeto de Código das Obrigações, de 1965,
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não convertido em lei), os comercialistas
brasileiros dedicam-se ao seu estudo,
preparando-se para as inovações que se
seguiriam à entrada em vigor da codificação
unificada do direito privado, prometida para
breve. Mas, o projeto tramitou com inesperada
lentidão. Durante um quarto de século, enquanto
pouca coisa ou nada acontecia no Congresso e a
doutrina comercialista já desenvolvia suas
reflexões à luz da teoria da empresa, alguns
juízes começaram decidir processos
desconsiderando o conceito de atos de comércio
— embora fosse este ainda o do direito
positivo, porque ainda em vigor o antigo Código
Comercial. Estes juízes concederam a
pecuaristas um favor legal então existente
apenas para os comerciantes (a concordata),
decretaram a falência de negociantes de
imóveis, asseguraram a renovação compulsória do
contrato de aluguel em favor de prestadores de
serviço, julgando, enfim, as demandas pelo
critério da empresarialidade. Durante este
largo tempo, também? As principais leis de
interesse do direito comercial editadas já se
inspiraram no sistema italiano, e não mais no
francês. São exemplos o Código de Defesa do
Consumidor de 1990, a Lei de Locação Predial
Urbana de 1991 e a Lei do Registro de Empresas
de 1994. Em suma, pode-se dizer que o direito
brasileiro já incorporara — nas lições da
doutrina, na jurisprudência e em leis esparsas
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— a teoria da empresa, mesmo antes da entrada
em vigor do Código Civil de2002. Quando esta se
verifica, conclui-se a demorada transição.
8. DO DIREITO COMERCIAL AO DIREITO EMPRESARIAL
A mudança de Direito Comercial para Direito
Empresarial, institucionalizada com o Código Civil de 2002,
representa muito mais do que uma mera alteração de
nomenclatura. Ocorre na realidade uma alteração estrutural
da teoria analisada e como ela é aplicada judicialmente na
nova legislação e na maneira com que é estudada pelos
doutrinadores. Marcelo Gazzi Taddei (2010, p. 02) explica
que:
Com a teoria da empresa, o direito comercial
passa a ser baseado e delimitado na atividade
econômica organizada para a produção ou
circulação de bens ou de serviços, libertando-
se da arbitrária divisão das atividades
econômicas segundo o seu gênero, como previa a
teoria dos atos de comércio.
Nadialice Francischini (2012, p.1) resume a mudança ao
dizer que:
A teoria dos atos de comércio fundamentava-se
no elemento nuclear da troca, que é afastada
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com a teoria da empresa, para a inserção da
atividade econômica organizada para a produção
ou circulação de bens ou de serviços. Essa
mudança possibilitou que atividade antes não
tuteladas pelo Direito Comercial, como as
decorrentes da prestação de serviço, o
extrativismo, a agricultura e a pecuária, a
mineração, pudessem se beneficiar com
institutos próprios deste ramos do direito, a
exemplo da falência.
A teoria da atividade empresarial possibilitou,
também, uma melhor sistematização do antigo
Direito Comercial. O fato de este ser
fundamentado em atos, sem vinculação entre si e
sem conceituação sistematizada, depender para a
sua configuração a descrição legal, ficava a
cargo do legislador a escolha se determinada
atividade seria ou não regulada por este ramo
do direito. Com a teoria da atividade
empresarial, a empresa passou a ser o centro do
Direito Empresarial, com conceituação econômica
– toda atividade economicamente organizada, com
o fim de lucro.
Todos que exercem a atividade empresarial são
considerado empresário, o sujeito do Direito Empresarial. O
atual direito comercial é dirigido à empresa e não mais ao
comerciante dos tempos das “casas de armarinhos” (VENOSA.
2008, p. 63). Diante desta mudança o direito que
regulamenta as atividades comerciais/empresariais deixam de
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estar centradas na pessoa que a pratica a atividade –
comerciante/empresário – para se fundamentar na atividade,
esta economicamente organizada. Todas essas observações
demonstram que a teoria da atividade empresarial
proporcionou uma mudança de estrutura no antigo Direito
Comercial, regulado pela teoria dos atos de comércio,
havendo um distanciamento entre os dois. A teoria da
empresa é fruto da teoria dos atos de comércio, onde a
figura do comerciante foi substituída pela figura do
empresário que pode se dedicar às atividades de cunho
comerciais, como as atividades de intermediação de bens e
serviços (CAMPOS. 2010, p. 51). Entretanto essa posição não
é unânime na doutrina. Há doutrinadores, a exemplo de
Fenando Jesús Torres Manrique (2010, p. 04-06) para quem o
Direito Empresarial é apenas um ramo do Direito Comercial
que tem como objeto estudar a atividade empresarial, e o
direito comercial é o ramo do direito que a atividade
comercial e da empresa. A distinção entre os dois ramos do
direito esta no fato de que o direito empresarial está
inserido no direito comercial.
Afirma Fran Martins (2007, p. 15), neste sentido
também, que não se trata de um Direito novo, mas de novas
formas empregadas pelo Direito Comercial, para melhor
amparar o desenvolvimento do comércio. Constituindo a
empresa em um organismo subordinado ao empresário, apesar
de este dela fazer parte, como objeto de direito não poderá
ter regras próprias a regulá-la independentemente. O
chamado Direito das Empresas, quando se refere às empresas
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comerciais, é o mesmo Direito Comercial; se, entretanto,
uma regra jurídica se referir a uma empresa não-comercial,
teremos uma regra a regular fatos simplesmente econômicos,
mas não-comerciais. Para esses doutrinadores o Direito
Empresarial não trouxe nenhuma novidade substancial para o
Direito Comercial, apenas houve uma subdivisão do segundo
para permitir que atividades antes reguladas pelo Direito
Civil fossem tuteladas por esse. Esse pensamento reflete no
conceito de empresário e de comerciante. Para os adeptos
desse entendimento, o empresário é um comerciante que
exerce a empresa, conforme explicita Fábio Bellote Gomes
(2007, p. 08) para quem o tradicional comerciante, aquele
que praticava “atos de comércio”, modernamente, e mantidas
as distinções conceituais, poderia passar a ser chamado de
empresário a partir do momento em que exercesse determinada
atividade econômica organizada, com vistas à produção ou
circulação de bens ou serviços. Apesar destes
entendimentos, resta demonstrado que as mudanças ocorridas
decorrentes da teoria da atividade da empresa fez morrer a
teoria dos atos de comércio, e com ela o próprio Direito
Comercial baseado no elemento troca. O sujeito deixa de ser
o centro deste ramo do Direito para a inserção da
atividade, esta voltada para a produção de riqueza, que de
forma organizada, produz ou circula bens ou serviços.
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9. O EMPRESÁRIO E A SOCIEDADE EMPRESARIAL
O conceito de empresário está bem redigido no Art. 966
do Código Civil. Assim expresso, está escrito: "Considera-
se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção de bens e serviços.”
Outros doutrinados também conceituam com excelências o
conceito, como são os casos de Ulhoa (2007, v.1, p. 11-15):
Empresário é definido na lei como o
profissional exercente de "atividade económica
organizada para a produção ou a circulação de
bens ou de serviços" (CC, art. 966). Destacam-
se da definição as noções de profissionalismo,
atividade económica organizada e produção ou
circulação de bens ou serviços.
Profissionalismo. A noção de exercício
profissional de certa atividade é associada, na
doutrina, a considerações de três ordens [...]
Atividade. Se empresário é o exercente
profissional de uma atividade económica
organizada, então empresa é uma atividade; a de
produção ou circulação de bens ou serviços. É
importante destacar a questão. [...] Económica.
A atividade empresarial é económica no sentido
de que busca gerar lucro para quem a explora.
Note-se que o lucro pode ser o objetivo da
produção ou circulação de bens ou serviços, ou
apenas o instrumento para alcançar outras
finalidades. [...] Bens ou serviços. Até a
26
difusão do comércio eletrônico via internete,
no fim dos anos 1990, a distinção entre bens ou
serviços não comportava, na maioria das vezes,
maiores dificuldades [...].
Ou segundo Franco (2004, v.1, p. 57-58):
O empresário é um dos sujeitos do sistema
econômico, ao lado do capitalista, do
consumidor e do titular da força de trabalho. É
quem participa da organização social da
produção e distribuição de riquezas.
Équem organiza, exercendo uma função de
intermediação e/ou de transformação dentre os
fatores de produção, criando riquezas para o
mercado (centro de encontro entre a oferta e a
demanda dos diversos sujeitos econômicos), e é
quem assume o risco econômico e a iniciativa do
empreendimento, não se confundindo, nesta
qualidade, com o capitalista, quer com o
titular da força de trabalho.
Conceitualmente, é quem exerce a intermediação
entre o capital e o trabalho, especulando sobre
a diferença entre os custos de um e outro, com
o fito de produzir bens e serviços para o
mercado.
Quanto à diferença destes com o comerciante, tem-se
que o conceito de comerciante está escrito no antigo Código
Comercial de 1850, no art. 4º como aquele que "faça da
mercancia profissão habitual”. Assim, os atos do comércio
27
estão contidos no no artigo 19 do Regulamento nº 737/1850,
mostrando-se incapaz de definir corretamente quais seriam
os atos do comércio. Por essa insuficiência, foi aos poucos
se adotando a “Teoria da Empresa”. O Novo Código Civil
representa o marco da adoção da teoria da empresa pelo
direito societário pátrio, confere a mesma definição ao
comerciante e ao empresário. Exceto a ressalva feita em
relação àqueles que desempenham atividades de natureza
intelectual, científica, literária ou artística, que não
são considerados empresários, nos outros casos a teoria da
empresa é aplicada integralmente. [...] Além desta
interpretação, temos o artigo 1.044 do Código Civil que
define a questão ao determinar que na dissolução das
sociedades, além das causas enumeradas no artigo 1033, se a
sociedade for empresária, também será dissolvida pela
decretação da falência. Não restam, assim, dúvidas acerca
da desnecessidade do conhecimento da natureza da atividade
empresarial, se civil ou comercial. Comerciante e
empresário estão sujeitos ao mesmo regime (Disponível em:
<http://jus.com.br/forum/80850/> Acesso em: 11 de novembro
de 2013.).
Quanto ao conceito de sociedade empresarial podemos
recorrer a Júnior (2000, v.1, p 151-152):
Identifica-se como sociedade empresária, a
pessoa jurídica de direito privado,
implementada por um contrato, cujo objeto
social é a exploração de atividade empresarial,
ou que, independentemente do seu objeto, adota
28
a forma societária por ações. No direito
brasileiro, a sociedade empresária é um ente
que vem à luz em decorrência de um contrato.
Seja o contrato social da sociedade constituída
em razão da pessoa dos sócios, seja o contrato
social ínsito no estatuto da sociedade por
ações. A sociedade empresária sempre é
produzida por um contrato; é uma sociedade
contratual, cuja personalidade jurídica surge
quando devidamente registrada na Junta
Comercial. Todo o regramento da matéria
societária observa alguns princípios, para os
quais impõe-se redobrada atenção. Dois estão
explícitos no direito positivo: são os
princípios reitores. Os demais são princípios
de orientação; existem de forma implícita no
contexto legislativo, continuamente
realimentados pela doutrina e acolhidos na
jurisprudência, como parâmetros de
interpretação e atualização das normas
mercantis. Os dois princípios explícitos
comportam menção especial, porque deles
decorrem todos os demais. São os princípios
que, necessariamente se interpenetram: A
sociedade empresária é um fruto de um contrato
prulilateral de organização; e a sociedade
empresária é uma pessoa jurídica de direito
privado.
29
10. ESTABELECIMENTO COMERCIAL
De acordo com Fábio Ulhoa Coelho, estabelecimento
empresarial “é o conjunto de bens que o empresário reúne
para exploração de sua atividade econômica”. Desse modo,
são compreendidos os bens que fazem parte da empresa, como
as mercadorias em estoque, as máquinas, os veículos, a
marca, a tecnologia, entre outros. Além disso, o
estabelecimento é elemento indispensável, não há exploração
de atividade empresarial sem a sua organização.
Ainda de acordo com Fábio Coelho, “ao organizar o
estabelecimento o empresário agrega aos bens reunidos um
sobrevalor”. Ou seja, os bens separados possuem valor
inferior àqueles articulados em função da empresa. Um
empresário interessado em abrir uma loja de roupas, por
exemplo, tem duas opções, a de adquirir a loja pronta ou
todos os bens que devem existir em tal loja. Se escolher
comprar a loja pronta, o empresário terá um gasto maior,
pois pagará não só pelos bens integrados, mas também pela
organização e pelo serviço prestigiado pelo mercado. “O
estabelecimento é, assim, uma propriedade com
características dinâmicas singulares. A desarticulação de
um ou mais bens, por vezes, não compromete o valor do
estabelecimento como um todo” (Coelho, 2007, p. 97).
Em inglês goodwill of a trade e no meio jurídico fundo de
comércio ou aviamento, tais são as expressões para designar
o sobrevalor nascido da atividade organizacional do
30
empresário. Há também o estabelecimento virtual, criado a
partir do comércio eletrônico, aonde o consumidor faz uso
exclusivamente da internet para a compra de produtos e
serviços.
Em relação à natureza do estabelecimento empresarial,
Fábio Coelho destaca três pontos essenciais: 1º) o
estabelecimento empresarial não é sujeito de direito; 2º) o
estabelecimento empresarial é uma coisa; 3º) o
estabelecimento empresarial integra o patrimônio da
sociedade empresária.
Com a afirmação de que o estabelecimento empresarial
não é sujeito de direito, pretende-se afastar a
personalização desse complexo de bens. De acordo com o
disposto na legislação brasileira, é errado considerar o
estabelecimento empresarial como uma pessoa jurídica, pois
a sociedade empresária é sujeito de direito, a ela imputam-
se as obrigações e asseguram-se os direitos relacionados
com a empresa.
Afirmar que o estabelecimento empresarial é coisa
serve para classificá-lo entre os objetos de propriedade,
diferenciando-o da empresa propriamente dita, pois empresa
não se confunde com o complexo de bens reunidos no
estabelecimento, ela é atividade econômica desenvolvida
nele. Desse modo, o estabelecimento empresarial pode ser
alienado, onerado, arrestado ou penhorado, mas a empresa
não.
31
Já a definição de que o estabelecimento empresarial
integra o patrimônio da sociedade empresária está
relacionada à superação da discussão acerca da separação do
patrimônio do empresário. Segundo Fábio Coelho, em
princípio, todos os bens do patrimônio de certa pessoa
respondem pelas obrigações dessa mesma pessoa, porém hoje
tal questão perdeu toda a sua pertinência, e o patrimônio
social e o estabelecimento empresarial se confundem.
Elementos materiais, como mercadorias do estoque,
mobiliários, utensílios, veículos e maquinaria e elementos
imateriais, como os bens industriais (patente de invenção,
de modelo de utilidade, marca registrada, nome empresarial)
e o ponto, formam o estabelecimento empresarial. Os
elementos materiais possuem proteção jurídica que não é
diferente da liberada às demais coisas corpóreas.
Existem autores que consideram o aviamento um dos bens
incorpóreos, porém essa afirmação é falsa, pois conforme a
doutrina, o aviamento é um atributo da empresa, e não um
bem de propriedade do empresário.
Além disso, é também equivocada a consideração da
clientela, conjunto de pessoas que habitualmente consomem
os produtos ou serviços fornecidos, como elemento do
estabelecimento empresarial.
A proteção jurídica conferida ao empresário, no
sentido de não se ver tolhido da clientela
conquistada, em razão de condutas condenáveis
de seus concorrentes, não significa que essa se
32
tornou propriedade daquele. Muito pelo
contrário, a noção de clientela como objeto de
domínio do empresário é imprópria, porque cuida
de um conjunto de pessoas – a clientela é isso,
nada mais –, insuscetíveis de apropriação, para
o direito em vigor. (Coelho, 2007, p. 101)
De vital importância, a questão da localização do
negócio deve ser considerada pelo empresário antes de se
estabelecer. Também chamado de propriedade comercial, o
ponto é o local em que a empresa se fixa. Ele é um dos
responsáveis pelo sucesso de determinado empreendimento, e
por isso o interesse na permanência no ponto é prestigiado
pelo direito. O autor Fábio Coelho propõe denominar o
interesse do empresário relativo à permanência de sua
atividade no local onde se encontra estabelecido como
direito de inerência ao ponto. O direito brasileiro passou
a tutelar tal direito em 1934, através do diploma que ficou
conhecido como lei das luvas.
De acordo com a sistemática então introduzida,
o comerciante e o industrial que locasse imóvel
para a exploração de sua atividade, por prazo
determinado de no mínimo 5 anos, e não tivesse
mudado de ramo nos 3 últimos, podia pleitear a
renovação compulsória do vínculo locatício.
(Coelho, 2007, p. 103)
A lei de locação predial urbana vigente manteve o
instituto e aprimorou-o em muitos aspectos. Já com o Código
Civil de 2002, pode-se dizer que titularizam o direito à
33
renovação compulsória do contrato de locação a sociedade
simples e os empresários.
As locações prediais urbanas são divididas em duas
categorias, a residencial e a não residencial, esta última
dos contratos em que o locatário pode explorar uma
atividade econômica no imóvel locado. Por outro lado, como
afirma Fábio Ulhoa Coelho, se o locatário é titular de
direito de inerência ao ponto e pode pedir a renovação
compulsória do contrato, então a locação é empresarial.
Para que a locação seja empresarial, é necessário o
atendimento aos requisitos presentes no art. 51 da Lei de
Locações.
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao
comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato,
por igual prazo, desde que, cumulativamente:
I – o contrato a renovar tenha sido celebrado por
escrito e com prazo determinado;
II – o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma
dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de
cinco anos;
III – o locatário esteja explorando seu comércio, no
mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
O direito de inerência ao ponto, segundo Coelho, é
exercido através de uma ação judicial própria, denominada
renovatória. Tal ação deve ser proposta pelo locatário no
prazo de decadência assinalado pela lei, isto é, entre 1
34
ano e 6 meses antes do término do prazo do contrato a
renovar. Além disso, a perda do prazo para a ação
renovatória não significa o fim do vínculo locatício, pois
se as partes continuarem cumprindo suas obrigações
considera-se prorrogado o vínculo.
Em casos aonde o empresário não consegue proceder ação
renovatória, a forma de retornar o bem com os legítimos
interesses do locatário é a sua indenização pela perda do
ponto.
De fato, o empresário constitui no prédio, por
ele locado para o exercício da atividade
empresarial, um ponto de referência para os
consumidores. Se, em seguida, outro negociante
ocupa o mesmo imóvel, para explorar atividade
afim, há um inquestionável enriquecimento
indevido, posto que este último usufrui, sem a
necessária retribuição, dos efeitos do
investimento, material e intelectual, feito
pelo anterior ocupante do imóvel, ao instalar
ali sua empresa. (Coelho, 2007, p 110)
Para não ocorrer o enriquecimento indevido, o
mandamento constitucional do direito de propriedade exige a
previsão de compensação em favor do empresário que perdeu o
ponto. Diante disso, não é qualquer caso que dá ensejo à
indenização, devem ser seguidos os seguintes pressupostos
para o empresário ter direito a ela: caracterização da
locação como empresarial, com o atendimento aos requisitos
formal, temporal e material, ajuizamento da ação
35
renovatória dentro do prazo e acolhimento de exceção de
retomada.
De acordo com Gladston Mamede, “o Shopping Center
Iguatemi, localizado em São Paulo, foi inaugurado em
novembro de 1966, sendo o primeiro do gênero na América
Latina” (Mamede, 2004, p. 276)
Em relação ao shopping center, Fábio Coelho faz a
seguinte afirmação.
Se, finalmente, o prédio é construído de
espaços relativemente autônomos, e o
proprietário organiza a distribuição desses
espaços, de forma a locá-los para pessoas
interessadas em explorar determinadas
atividades econômicas pré-definidas, ele já se
pode considerar empresário. Ele é tido como
titular de empresa do ramo shopping center.
(Coelho, 2007, p 112)
O ponto central do negócio tido como shopping center é
colocar a disposição, num mesmo local acessível e seguro,
uma variedade de produtos e serviços em espaços devidamente
planejados e bem estruturados. Com concorrência interna, o
shopping center não é apenas uma concentração de lojas. O
empresário titular deve ficar atento ao mercado, às marcas
em expansão e ao potencial de cada negociante instalado.
Além disso, “ o empreendimento dessa natureza pressupõe
investimentos em publicidade, instalações comuns,
aprimoramento das condições de comodidade, decoração e
segurança do prédio etc.” (Coelho, 2007, p. 113).
36
Em resumo, estabelecer um shopping center é uma atividade
econômica bastante singular, que não se reduz a um negócio
imobiliário.
11. PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Como mostra Mamede (2009, p. 245) a riqueza, durante
muito tempo, foi confundida com a terra, e a preocupação
jurídica sempre esteve presente para proteger esse bem
(vide o mais antigo diploma conhecido, as Leis de Ur-
Namma). Entretanto com o advento da Revolução Industrial,
havida no século XIX, esse quadro é mudado. Vinda de uma
estrutura feudal, onde os direitos, e privilégios, eram
distribuídos conforme o nascimento, no início do
capitalismo os monopólios conservaram essa marca, mas, como
mostra Ulhoa Coelho, a exclusividade baseada no intelecto
já era matéria jurídica (2011, v.1, p. 150):
A história do direito industrial – ramo
jurídico muitas vezes referido pela expressão
“marcas e patentes” – tem início na Inglaterra,
mais de um século antes da primeira Revolução
Industrial, com a edição do Statute of
37
Monopolies, em 1623, quando, pela primeira vez,
a exclusividade no desenvolvimento de uma
atividade econômica deixou de se basear apenas
em critérios de distribuição geográfica de
mercados, privilégios nobiliárquicos e outras
restrições próprias ao regime feudal, para
prestigiar as inovações nas técnicas,
utensílios e ferramentas de produção.
Talvez esse ponto tenha sido uns dos que contribuíram
para o pioneirismo da Inglaterra no desenvolvimento
industrial. Munidos de um justo incentivo, os empresários
passaram a priorizar e investir no conhecimento e
contribuir para o aprimoramento da técnica científica. A
segunda norma reguladora dessa matéria veio com a
Constituição dos Estados Unidos da América, em 1787, cujo
art. 1º, §8.8 diz que o Congresso terá o poder para
“promover o progresso da ciência e das artes úteis,
garantindo, por tempo limitado, aos autores e inventores o
direito exclusivo aos seus escritos ou descobertas”; o
terceiro país a legislar foi a França, em 1791 (COELHO,
2011, v.1, p. 150). O Brasil pode ser considerado o quarto
país, em 1809, a normatizar a propriedade intelectual.
Continuando com Ulhoa (2011. v.1, p. 151-152), podemos ver
a razão dessa reivindicação:
A história do direito industrial brasileiro, a
exemplo do direito comercial, se inicia no
processo de desentrave da nossa economia
colonial, no início do século XIX, quando a
Corte portuguesa se encontrava no Brasil,
38
evitando Napoleão. Em 1809, o Príncipe Regente
baixou alvará que, entre outras medidas,
reconheceu o direito do inventor ao privilégio
da exclusividade, por 14 anos sobre as
invenções levadas a registro na Real Junta do
Comércio. A doutrina brasileira reivindica, a
partir desse fato, um “lugar proeminente” ao
nosso país na história do direito industrial,
sob a alegação de que teria sido ele o quarto,
no mundo, a disciplinar a matéria [...].
Com cada vez mais espaço o gerador de riquezas foi
mudando, a capacidade de empreender foi dando o seu espaço
para o saber fazer, em inglês, o know how; em fracês,
savoir faire; em português, a tecnologia. A sociedade
industrial, então, transformou-se na sociedade do
conhecimento, na sociedade científica (MAMEDE, 2009, v.1,
p. 246), nessa sociedade os valores não são mais extraídos,
são criados (NUNES, 2003, p. 31-32). Mamede (2006, v.1, p.
246) mostra o papel do Direito nessa sociedade:
O papel do Direito nessa nova economia ou
sociedade de conhecimento é essencial, pois são
as normas jurídicas que garantem a
transformação do conhecimento em bem jurídico,
definindo a criação intelectual que atenda aos
requisitos normativos como um direito pessoal
com expressão econômica, ao qual se dá uma
unidade como a que possuem objetos concretos
(as coisas) e, mais, para o qual se definiram
39
regras concernentes à titularidade, cessão,
prescrição etc.
Devemos nos atentar para o fato que propriedade industrial
ou propriedade intelectual são metáforas, que visam a proteção e
a praticidade legal, como a que é conferida no texto da Lei
9.279/96. No seu art. 5º ela determina que, para fins
legais, a propriedade industrial seja considerada como bem
móvel.
12. CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS E OUTROS ORGANISMOS INTERNACIONAIS
A lei brasileira atual, a já referida Lei 9.279/96, é
fruto de um acordo internacional, do qual o Brasil é
signatário, a União de Paris, criada em 1883. Foi uma
convenção que tratou de princípios da disciplina da
propriedade industrial. Os países signatários firmaram o
compromisso de, de acordo com as suas constituições,
tomarem as medidas necessárias para tornarem válidas, em
seus territórios, as convenções ali tratadas. Lendo o
art.1º, n.2 da Convenção vemos in verbis:
A proteção da propriedade industrial tem por
objeto as patentes de invenção, os modelos de
40
utilidade, os desenhos ou modelos industriais,
as marcas de fábrica ou de comércio, as marcas
de serviço, o nome comercial e as indicações de
proveniência ou denominações de origem, bem
como a repressão da concorrência desleal.
Foi conferido um enorme alcance ao significado de
propriedade intelectual, e por isso a Convenção de Paris se
tornou uma matéria de grande importância para o direito
industrial. Como mostra Ulhoa (2011, v.1, p. 151) “os
direitos dos inventores sobre as invenções, e os dos
empresários sobre os sinais distintivos de sua atividade,
juntamente com as regras de repressão à concorrência
desleal, passaram a integrar um mesmo ramo jurídico”. Além
disso, continua ele:
É certo que as invenções e os sinais
distintivos se identificam enquanto bens
materiais, cuja exploração econômica pressupõe
investimentos importantes para os empresários.
É certo, também, que todas as regras de direito
industrial se fundam, direta ou indiretamente,
em preceitos de lealdade competitiva. Mas o
conceito amplo de propriedade industrial
adotado pela União de Paris não deixa de
sugerir algo de arbitrário. Tanto assim que
diversos países, como a Espanha, Alemanha e
Argentina, por exemplo, possuem leis separadas
para as invenções, e para as marcas. Nos
Estados Unidos, Constituição atribui poderes ao
Congresso da Federação para disciplinar os
41
direitos dos inventores, mas não a matéria
relativa às marcas. (2011, v.1, p. 151)
Somente com a criação da Diretoria Geral da
Propriedade Intelectual, em 1923, o direito brasileiro
passou a disciplinar, no mesmo diploma, as patentes de
invenções e os registros de marcas. O direito brasileiro,
incialmente, seguiu essa separação de invenções e de
marcas, a exemplo das leis que surgiram em 1882 (que
tratava sobre patentes) e em 1887 e 1904 (estas duas
tratando sobre marcas). “Mas o conceito amplo de
propriedade industrial, estabelecido pela União de Paris,
nunca foi integralmente incorporado nas muitas reformas
legislativas que se seguiram” (ULHOA, 2011, v.1, p. 152).
Outra organização que o Brasil é signatário é a
Organização Mundial da Propriedade Intelectual – OMPII,
seção da ONU sediada em Genebra na Suíça. Foi criada em
1967, com as funções principais de: a) promover a proteção
da propriedade intelectual no mundo; b) dialogar com as
outras uniões de propriedade intelectual, como a já
referida Convenção de Paris; c) estabelecer medidas para
transferir tecnologia relativa à prosperidade industrial
aos países em desenvolvimento, com fins econômicos, sociais
e culturais. O Brasil também participa, desde 9 de abril de
1978, do Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes – PCT
(Patent Cooperation Treaty), firmado em 1970. Seu objetivo
é “desenvolver o sistema de patentes e de transferência de
tecnologia e simplificar o procedimento, na hipótese de
42
solicitação para proteção em diversos países” (NEGRÃO,
2003, v.1, p. 107).
13. BENS DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
Os bens da propriedade industrial podem ser
classificados como: a invenção, o modelo de utilidade, o
desenho industrial e a marca. O direito de exploração dos
dois primeiros são obtidos mediante a concessão da patente
e dos dois últimos mediante o registro. O órgão competente
para tais atos é uma autarquia federal, o Instituto
Nacional da Propriedade Industrial (o INPI).
13. 1. A INVENÇÃO
Ulhoa (2011, v.1, p. 153) aponta que dos bens
industriais apontados, a invenção é a única que carece de
definição. Isso porque, segundo ele, é de difícil
interpretação e definição esse conceito, desse modo o
legislador preferiu definir o que não é invenção, ou seja,
utilizou o método negativo para servir como critério de
adequação (LPI, art. 10). De acordo com o referido artigo
não são invenção (nem modelo de utilidade): a) descobertas,
43
teorias científicas e métodos matemáticos (como a Teoria da
Evolução e o Teorema de Pitágoras); b) concepções puramente
abstratas; c) esquemas, planos, princípios ou métodos
comerciais, contábeis, financeiros, educativos,
publicitários, de sorteio e de fiscalização (a pedagogia de
Paulo Freire); e) as obras literárias, arquitetônicas,
artísticas e científicas ou qualquer criação estética (são
tutelados pelo direito autoral); f) programas de computador
em si; g) apresentação de informações; h) regras de jogo;
i) técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como
métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no
corpo humano ou animal; j) o todo ou parte de seres vivos
naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou
ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma
de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos
naturais. A patente é o documento concedido pelo INPI,
mediante ao requerimento dirigido a esta autarquia, que
legitima o direito de exploração.
13.2. MODELO DE UTILIDADE
O direito de exploração desse instituto também se dá
por requerimento de patente, concedida também pelo INPI. O
modelo de utilidade é uma “espécie de aperfeiçoamento da
invenção”, a lei o define como “objeto de uso prático ou
parte deste, suscetível de aplicação industrial, que
44
apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato
inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou
em sua fabricação” (LPI, art. 9º). Sobre o art. 10º da LPI
Ulhoa (2011, v.1, p. 152) diz:
Os recursos agregados às invenções, para, de um
modo não evidente a um técnico no assunto,
ampliar as possibilidades de sua utilização,
são modelos de utilidade. As manifestações
intelectuais excluídas do conceito de invenção
também não se compreendem no de modelo de
utilidade (LPI, art.10).
13.3. SOBRE A CONCESSÃO DE PATENTES
A lei estabelece alguns requisitos para a concessão,
não basta, por meio de pesquisas científicas ou
tecnológicas, o inventor produzir algo original, ele tem de
atender a quatro requisitos: a) novidade; b) atividade
inventiva; c) industriabilidade; d) desimpedimento.
Por mais que possa parecer redundante, colocar a
novidade e a atividade inventiva como requisitos é
justificável porque, em primeiro lugar, algo pode ser
“descoberto” por alguém, mas que para outros já se foi
revelado, desse modo não se constituiria uma novidade, e
conflitaria com a possível patente já registrada. Em
45
segundo lugar, deve-se valer da atividade inventiva porque
há a possibilidade de oportunistas, que tomando
conhecimento da invenção, registrem em seu nome a invenção,
ou o modelo de utilidade de outra pessoa.
A industriabilidade, como requisito, segundo a
doutrina brasileira, tem como objetivo excluir as meras
concepções científicas, como, por exemplo, um pedido de
patente que descreve um metal que para ser fundido deva ser
submetido a uma temperatura de 1.200ºC é inviável, mesmo
que por cálculos seja possível. A patente só é concedida
para invenções e modelos de utilidade práticos, aplicáveis.
O desimpedimento atende à necessidade de conformação com a
ordem social e os bons costumes, por exemplo, na legislação
anterior havia um impedimento à concessão da patente para a
invenção de remédios.
46
CONCLUSÃO
O Direito Empresarial tem qualidades o bastante para
manter a sua posição de disciplina autônoma, mesmo que haja
doutrinadores que defendam o contrário, é impossível
desconsiderar a tamanha importância da Teoria da Empresa
para o funcionamento da economia. O que impressiona nessa
matéria é perceber a sua considerável plasticidade e
adaptação aos fatos reais da vida civil, a começar pelos
dois sistemas que surgiram, cada um a seu modo, que vieram
a regular e teorizar a legislação comercial ou empresarial.
Outro ponto importante a ser observado foi algumas
confusões que são feitas, entre empresário, sociedade
empresária e estabelecimento comercial, decorrente do pouco
esclarecimento.
Trazer à economia a capacidade intelectual, de
invenção, sem dúvidas foi um trunfo da Revolução, e, pelos
estudos, percebe-se que o Direito sempre esteve a par
disso. Não para menos, hoje podemos perceber como foi
importante a trajetória, ainda mais quando se trata de
patente. Num mundo onde empresas de celular, smartphones,
computadores e outros eletrônicos precisam de inovações
constantes para obterem lucro, é importante ter um ramo no
direito a qual recorrem quando se sentirem violadas.
47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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direitos e obrigações relativos à propriedade industrial.
Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm>.
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sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a
elas pertinentes. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8245.htm>.
Acesso em: 07 de nov. 2013.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, v.1. 11
ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
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ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
48
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NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa,
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TADDEI, Marcelo Gazzi. O Direito Comercial e o Novo Código
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