Constituição 2.0, 2009

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IDP CONSTITUIÇÃO 2.0 1ª Parte - «educação e cidadania» Rute Sousa Vasco - Esta iniciativa nasceu on-line, há um bloog há o twitter que hoje em dia é imprescindível à comunicação entre cidadãos onde quer se que encontrem, e vai haver um espaço wiki aberto a sugestões e ao contributo de todos os que se interessem por este debate e desejamos que sejam muitos. É uma iniciativa do IDP, vão existir vários eventos ao longo dos vários meses. Mais importante que tudo é de facto a participação de todos nós de modo activo aproveitando todas as ferramentas que a tecnologia 2.0 e 3.0 nos permite para participar como cidadãos e para podermos construir não só uma melhor constituição e melhor democracia. Iniciava o debate com um - estamos a receber on-line contributos de pessoas via twitter e do bloog – dos contributos que tem que ver com o documentário o “us now” e refere que as redes sociais de facto projectam a inter-acção entre as pessoas a um nível diferente. Para além do que vimos nesta apresentação – temas recentes como as eleições no Irão e a constestação publica e politica através de ferramentas de rede social como o facebook – tornaram evidente que as regras estão em mudança. Eu perguntava que comentário isto vos merece? De que forma as redes sociais, tal como o documentário demonstra, estão a alterar a forma como as pessoas se relacionam? Prof. Mendo de Castro Henriques - responder à sua questão sobre a importância das redes sociais/Internet será sempre para avaliar a sua importância estritamente politica. Mas o que já é perfeitamente tempo é compreender que a realidade da rede é a mais poderosa ferramenta que o século XXI nos pôs nas mãos. As pessoas hoje em dia, mais do que aderirem a forças politicas, aderem a uma espécie de conjunto ou menu de causas – tem uma rede de causas e o que se está aqui a 1

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IDP

CONSTITUIÇÃO 2.0

1ª Parte - «educação e cidadania»

Rute Sousa Vasco - Esta iniciativa nasceu on-line, há umbloog há o twitter que hoje em dia é imprescindível àcomunicação entre cidadãos onde quer se que encontrem, e vaihaver um espaço wiki aberto a sugestões e ao contributo detodos os que se interessem por este debate e desejamos quesejam muitos. É uma iniciativa do IDP, vão existir várioseventos ao longo dos vários meses. Mais importante que tudoé de facto a participação de todos nós de modo activoaproveitando todas as ferramentas que a tecnologia 2.0 e 3.0nos permite para participar como cidadãos e para podermosconstruir não só uma melhor constituição e melhordemocracia.Iniciava o debate com um - estamos a receber on-linecontributos de pessoas via twitter e do bloog – doscontributos que tem que ver com o documentário o “us now” erefere que as redes sociais de facto projectam a inter-acçãoentre as pessoas a um nível diferente. Para além do quevimos nesta apresentação – temas recentes como as eleiçõesno Irão e a constestação publica e politica através deferramentas de rede social como o facebook – tornaramevidente que as regras estão em mudança. Eu perguntava quecomentário isto vos merece? De que forma as redes sociais,tal como o documentário demonstra, estão a alterar a formacomo as pessoas se relacionam?Prof. Mendo de Castro Henriques - responder à sua questãosobre a importância das redes sociais/Internet será semprepara avaliar a sua importância estritamente politica. Mas oque já é perfeitamente tempo é compreender que a realidadeda rede é a mais poderosa ferramenta que o século XXI nospôs nas mãos. As pessoas hoje em dia, mais do que aderirem aforças politicas, aderem a uma espécie de conjunto ou menude causas – tem uma rede de causas e o que se está aqui a

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passar é que as novas tecnologias são a expressão adequadapara que essa identidade cívica de cada pessoa, que tem oseu menu de causas pelas quais acha que vale a pena debater-se e apresentar propostas construtivas as novas tecnologiassão as formas perfeitas para as fazer passar. Portanto o queestá a acontecer não é só haver uma técnica que permite umanova expressão, é haver uma técnica que permite a maisantiga expressão da polis que é nós termos um contributoconstrutivo. Prof. Armando Marques Guedes - Tomando como ponto de partidao que disse o Prof Mendo Castro Henriques, sou de opiniãoque ganhamos em ensaiar uma série de desenvolvimentoscomplementares. Em primeiro lugar, pegando no último pontoenunciado, o relativo ao aparecimento de novas técnicascomunicacionais e dos seus impactos políticos. A este nível,não tenho grandes dúvidas que aquilo que se vê mais clara egenericamente posto em realce com as novas técnicas digitaisde comunicação é a chamada participação política – umaparticipação enormemente amplificada pela existência destasredes. Mais ainda, para além de um realce logra-se umaalteração: pois trata-se de uma participação política muitomais espontânea e expressa em formatos novos que areconfiguram em profundidade.

Para o entrever, basta que nos atenhamos a um exemplo,o das “redes sociais”. Tem havido várias teorizaçõeselaboradas quanto às redes sociais. Polarizando um pouco esimplificando ‘por compressão’, por assim dizer, umadiscussão rica que mereceria muito mais pormenor, talvez nãoseja excessivo indicar duas posições polares dos analistasque sobre estes temas se têm debruçado: uma que diz queestas redes são meros instrumentos, ou veículos, de vontadespoliticas prévias, eivadas de uma ética, e que portanto nãoformatam de maneira nenhuma um qualquer “novo” tipo depolitização que seja emitido como resultado final; masoutras há que insistem antes que o medium é a mensagem, eque o é no sentido forte – e que, portanto, ascaracterísticas “estruturais” das redes efectivamentepadronizam o tipo de participação política dos que a elasrecorrem. Esta última parece-me mais convincente, devo

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dizer, embora saiba que mesmo dentro do IDP, haja quem tenhaoutra opinião, por exemplo o Dr. Artur Alves. E consideroque é importante a padronização política sui generis queresulta dessas características estruturais dos media decomunicação no caso específico das redes sociais porque,nestas, porventura dada a sua escala, vislumbram-semecanismos de auto-organização nas “comunidades virtuais”emergentes.

Tal emergência de novos formatos políticos acontece, emsimultâneo, se quiser, do ponto de vista da rede elaprópria, por um lado, com novas formas e potencialidadesorganizacionais a despontarem, e por outro lado, do ponto devista da vontade política dos participantes, cuja“subjectividade” se vê construída de acordo com mecanismosnada habituais. Do ponto de vista da vontade, ou dadisponibilidade em participar, dos participantes, aquelesque se agrupam são aquilo a que Donald Rumsfeld chamariacoalitions of the willing [coligações da vontade], expressões dasentidades que, de moto próprio, decidam participar na rede.Do ponto de vista da lógica da rede nela própria, são comoque coagulados “grupos de afinidade”, emergem novas formascolectivas que, a par e passo, e respondendo a essascoligações de vontades, se vão cristalizando. Testemunhamosassim, com as redes sociais digitais, o aparecimento, nosnossos palcos contemporâneos, de agrupamentos e actuações deum tipo novo, em que as pessoas participam tendo vontade departicipar por denominadores comuns que sentem entre elas.Ora uma rede que depende de um grupo de afinidade [que étermo anarco-sindicalista] e que depois mobiliza pessoaspara por ela terem vontade de ser mobilizadas perante a“causa” que expressa, e que constitui um denominador comumpartilhado, não pode senão ser o instrumento que padronizaab initio, de um ponto de vista político, a própria naturezaestrutural do funcionamento da participação políticaefectiva que essa rede num sentido pleno produz.

Quero agora vasculhar um pouco este ponto dasdiferentes comunidades produzidas por redes digitaisdiferentes – e dos diferentes ‘modos de subjectivação’resultantes do seu uso. Quais as diferenças nas

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padronizações ‘pessoais’ e comunicacionais resultantes aonível da participação política nessas redes? Repare, hátipos diferentes de participação de acordo com lógicasdiferentes que, grosso modo, correspondem a diferentes“gerações tecnológicas” a que estas redes dão corpo. Uma mãocheia de exemplos: o Hi5, bem conhecido em Portugal –Portugal é um dos poucos países, possivelmente com o Méxicoe Albânia, em que o Hi5 ainda é importante – não é tanto umarede social interactiva como uma rede passiva é uma espéciede montra onde são postos retratos de meninas giras e derapazes engraçados e disponíveis. O Hi5 é como que uma listatelefónica virtual – uma lista mais rica tendo em conta quecontém mais informação do que as listagens tradicionais.Chegou depois o Facebook, uma rede muito mais recente doponto de vista cronológico, uma rede de uma nova geração – erapidamente se transformou num medium cujos utentes tementre 35 e 65 anos; quanto a isto [a geração técnico-tecnológica genérica do Facebook, do Friendster, do MySpace]foram empreendidos numerosos e muitíssimo bons estudos porDanah Boyd, uma notável investigadora norte-americana, e porYochai Benkler ou Jack Balkin, também nos Estados Unidos.Não será exagero asseverar que o Facebook é uma espécie deálbum de família alargado; mas como álbum, erige uma rede deamigos muito mais interactiva que o Hi5 – mas muito menosque o Twitter, a rede da mais nova geração de inovaçõesideacionais-tecnológicas.

No Twitter dizer aquilo que estou a fazer no momento, oque faço em tempo real, torna-se a função central da rede: eo que se vê segregado, em consequência, não são nem “amigos”face á lista que é o Hi5, nem compradores encostados àmontra, como no Facebook ou no Friendster, mas antesseguidores. E, note-se, a rede criada pelo Twitter mobilizaseguidores de um modo curioso: com um máximo 140 caracteres,não consigo senão mobilizar senão tacticamente, com simplesinstruções e “palavras de ordem” – por exemplo, numaoperação militar, dando o comando “virem à direita!”, ounuma manifestação no Irão, para dar outro exemplo, aoanunciar a presença dos basij na Alameda X. Assim foiutilizado o Twitter em Teerão, em Junho deste ano de 2009.

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Já o Facebook permite manobras estratégicas muitíssimo maiscomplexas – por isso há tipos de comunidade políticaindexados em estruturas diferentes organizacionais muitodiferentes quando a sua gestação resulta do envolvimentonesta outra rede social digital. No Facebook é possívelgizar o que por norma chamamos “doutrina”, coisa que com oTwitter parece ser virtualmente impossível – por razões queapelidei de ‘estruturais’. Rute Sousa Vasco - Professor, já que se refere à questão dotwitter. Ele é a nossa hipérbole de simultaneidade deinformação. Nunca tínhamos chegado À informação em temporeal. Fomos nos aproximando, hoje é possível. Se já existiamriscos da informação global esta em tempo real também temoportunidades e riscos?Prof Armando Marques Guedes – Um dos riscos apontados ao usodo Twitter constitui um risco que devo dizer que me pareceque potencia uma oportunidade, ao invés de constituir umperigo no sentido negativo da palavra. E é o facto de nãoconseguirmos discernir a fiabilidade, no sentido forte dafidedignidade, das mensagens-recados veiculados peloTwitter. Como sabe, nos media mais tradicionais (televisões,rádios, jornais, blogues) isto foi abundantemente discutido,em relação ao caso do Irão. O ponto foi este: ‘com este tipode informação, em boa verdade’, disse-se, ‘nós não temosmaneira de saber se aquela imagem é de dia 13 ou 14 ou serádo ano passado’ … ‘não temos maneira de saber se aquilo éencenação’. Ou seja, não há o crivo que o jornalistaconstitui, em termos de selecção dos factos e da suaeventual interpretação. O que podemos dizer que resulta dofluxo de dados “em bruto” produzidos por tweets? O produtofinal gera o que os anglo-saxónicos chamam um informationoverload. A questão que se põe é dupla: é suscitado, por umlado, um problema de credibilidade e, por outro, um problemade interpretação. Com tweets, obtemos dezenas de bits deinformação oriundos de vários lugares – dados em catadupa,cuja fiabilidade é incerta e cuja leitura depende, nolimite, de nós e do nosso livre arbítrio, sendo que como quesobra uma enorme margem de discricionariedade ao nos

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embrenharmos numa qualquer leitura dos factos que os tweets‘retratam’.

Uma resposta possível é decerto: acho isso bom, nãoacho isso mau. Embora arriscado e limitativo. Favorece a‘inteligibilidade’ (ou seja, a convergência interpretativa)entre pessoas que partilham entre si, à partida, convicçõese visões de fundo comuns – e força-as a escolher uma viainterpretativa de entre as várias possíveis. Emconsequência, o Twitter disponibiliza responsabilidade maisliberdade: o que me parece uma mais-valia e não menos-valiado Twitter. Dir-me-á: “mas não seria melhor haver umfiltro?”. A minha posição aqui é a de defender as vantagensda democracia participativa directa que o Twitter, mais doque permitir, parece que exige.

Muito mais do que os embarras des choix que os fluxos detweets impõem, são para mim os mecanismos mais complexos decontrolo social que mediadores, sejam eles jornalistas ououtros, constituem sempre, quer queiram quer não. Com oTwitter, o que precisamos é de um gestor de rede queseleccione o que é compatível com o que o que não é,deixando-nos escolher; para usar uma metáfora militar, com oTwitter precisamos de um AWAC para processar os dados defontes múltiplas que aparecem em tempo real.

Quanto ao futuro, a geração tecnológica que virá aseguir no que diz respeito a estas redes sociais digitaisvai decerto incorporar inovações nesta direcção: aquilo queme cheira que irá acontecer é que depois do ocaso do Twittervão aparecer nas novas redes em se que vão mais tarde oumais cedo ver incluídas uma ‘instâncias administrativasvirtuais’ que irão levar a bom porto um certo número deselecções de dados e informações tidass como úteis e poucoconstrangentes. Sou de opinião (veremos se tenho ou nãorazão nisto) que esses filtros irão ser desenhados paraoperar tão-somente em termos de mera eficácia e da não maisdo que a simples congruência interna macro das cada vez maisvariadas mensagens que vão continuar a fluir, em númeroscada vez maiores, sem rei nem roque. A hipótese alternativa– a de que vão emergir filtros duros, crivos de selecçãoestrita e estreita, uma espécie de substitutos virtuais dos

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jornalistas, maîtres penseurs ou opinion makers tradicionais –parece-me muito menos plausível como cenário. Isso porque,bem ou mal, o clima que vivemos, pelo menos no que toca aosmeios digitais, e às novas tecnologias de informação ecomunicação, é marcadamente “libertário”, e por conseguintenaturalmente avesso à adopção de formatos de controlohierárquico.Rute Sousa Vasco – aproveitando o tema da democracia directae pedindo ao Prof Adelino Maltez que nos comente um dosposts que foram colocados no bloog que tem precisamente quever com a democracia directa e diz: em quem votar e porque?Se devemos ou não sujeitar a eleição a mais cargos públicos?Prof Adelino Maltez – seguindo o lema do IDP abaixo aditadura dos perguntadores, vou dar uma resposta que não seenquadra na resposta que me fez porque temos de estragar oesquema. E estragar o esquema é dizer isto: sobre estasmatérias de 2.0 poderia falar no mais recente golpe detwitter em Portugal que foi o Manuel Pinho mas não vou falarnisso, nestas matérias não gosto de teorizar gosto depraticar, porque na prática a teoria é outra. Antes de virpara aqui twittei no meu computador para aqui para dizer oque tinha de dizer e portanto já não digo nada porque jádisse tudo no twitte. E digo o seguinte como na pratica,pratico há bons anos, olá estado sentido …quer dizer..atésão alunos da turma que nós fazemos conspirações de blooguese produzimos e a comunidade em si tem alguma inter-acção. Eudigo que é preciso juízo, porque Portugal é analfabeto nãopelo twitter, facebook, hi5, bloog é analfabeto porque istosão como as esferográficas e o papel o problema não está nomeio, está no que se lá mete, e o que se lá mete é a coisamais simples do mundo é a coisa donde nasceu a racionalidadehumana e democracia que é a palavra. Ora quem não tempalavra pode ter 50 twitter só dá asneira …Portanto ..e ademocracia é a palavra ..aliás foi curioso que o Pinho caiuprecisamente na semana seguinte a terem cá vindo os …..doObama explicar ao Sócrates como se fazia campanhas em …..Rute Sousa Vasco - é a palavra…ainda é a palavra é que aimagem parece sobrepor-se o Pinho foi acto de imagem, se nãotivesse sido apanhado …

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Prof Adelino Maltez – mas a imagem em sentido amplo é apalavra, porque é um símbolo porque a palavra é um símbolo eaquilo foi um símbolo, claramente. Portanto nós temos queter muito cuidado, temos.eu sou pré-histórico nesse aspecto.Apesar de praticar estes instrumentos e de ter umacomunidade, o que se verifica na prática é isso como não háeducação para a palavra, como não há educação para osímbolo, como não há educação para a racionalidade que é aprópria democracia, o homem é o único animal que discursa.Quem sabe disto é o Prof Mendo Castro Henriques. Portanto odiscurso é logos e logos é aquilo que é a razão. O homem éanimal racional, porque é o único que discursa e o que nosfalta é treino para a palavra, treino para o discurso. Porexemplo mesmo hoje da constituição 2.0 achei graça a istoporque sou constra isto …porque sou defensor da ideia deconstituição e aqui entramos já provocatoriamente no tema …porque sou totalmente a favor da ideia de constituição achoque a coisa mais estúpida é termos uma constituição. Porquenunca devíamos pedir a uns constitucionalistas que são essesseminaristas do regime, que depois fazem teses dedoutoramento para eles fazerem um código. Não! a melhorconstituição que conheço é a britânica e a seguir era aportuguesa que os estúpidos codificantes destruíram e andamsempre a fazer códigos…códigos. Nós devíamos ter posto a leifundamental de 1974 /76 pedíamos à Sofia de Mello B. que eraconstituinte ao Manuel Alegre e à Natália Correia ao AntónioManuel couto Viana para juntar a direita a este ramalhete, oAdriano correia de Oliveira e o Zeca Afonso e tínhamos umaconstituição em poema que são as boas constituições.Restaurávamos as actas das cortes de Lamego que foraminventadas, por isso óptimas, e nós tínhamos com um bocadoda mensagem de Pessoa uma constituição melhor que esta deandarmos a pedir candidatos a produtores para fazeremconstituições sobre isso porque eles não conseguem captaruma energia historia que é a energia da primeira palavra queestá na constituição escrita que eles não entendem que éPortugal. Que sabem eles de Portugal, não sabem o que éPortugal! O pacto original Portugal é Portugal e portanto sóa Sofia o Alegre e com um bocado de musica é que eram

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capazes de transmitir À comunidade dos portugueses o básicoda ideia matriz que nos une. Portanto isto da constituição2.0 …abaixo o código constitucional, porque não decretamos oque vai Portugal através duns hermeneutas com linguagemteológica mas fabricada. Não podemos fazer isso, temos deter humildade de reconhecer que o que nós fomos e o quesomos é superior aquilo do que o que os que estão agoradizem que é. Há um ideal superior À conjuntura, e a ideia deconstituição é esta lealdade básica fase a um todo que sómuito tenuemente é que mesmo o IDP consegue vislumbrar. Oresto está oculto é misterioso e quem respeita estas coisaspercebe que não somos donos de Portugal.

questão --- não respondida ….

intervenção - …é qualquer coisa que nós evidentemente nãosomos capazes de perceber. Nos últimos 10/15 anos o queaconteceu com a tecnologia, o facto de a informação estardisponível..de todas as maneiras imagináveis é qualquercoisa que só vamos perceber daqui a 40/60 anos. Agora émuito cedo. Hoje as coisas são todas muito mais rápidas oIrão bem pode querer fechar o pais, mas nós temos as imagensaqui. o ministro do governo actual português tem um gesto …antipático mas se fosse há 50 anos …ai não porque nãotínhamos desta maneira parlamento funcional …se fosse há 100anos não teria o impacto que teve. Teve porque nós vimos.Está acontecer uma coisa, tem que ver a comissão deinquérito parlamentar, em que houve uma deputada que fez umrelatório abonatório para o Banco de Portugal …as pessoasesquecem-se que todos os dias as pessoas viram aquilo queacontecia. Portanto é tudo muito mais rápido e talvez cedodemais para se conseguir aperceber o que está a acontecer.Sentimos o que está a acontecer, temos plena sensação, masnão sabemos muito bem ainda o que. Há sempre a regra dahistoria do direito e da historia que diz que o Historiadorsó deve olhar os problemas com 50 anos de diferença para nãoestar tão próximo…talvez seja isso. Em relação ao que disseo Prof. Adelino Maltez tenho de concordar. Portugal já temconstituição desde a 1ª hora não sei se 1128, ou antes, 1143

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…as cortes de Lamego logicamente são uma constituição,curiosamente escrita mesmo. Mas são verdadeiramenteconstituição, a obra de Francisco Gouveia sobre a justaaclamação de D. João IV tenho impressão de deveria serobrigatório nas escolas, ainda que não goste coisasobrigatórias. Mas provavelmente deva ser obrigatório malsoubessem ler, não fossem confundir Francisco Vasco Gouveiacom algo do Twitter ou Youtube, deviam analisar o texto,percebe-lo. Claro que isto é utopia …mas de facto aconstituição é qualquer que não , vou dizer algocontraditório , não pode ser constitucionalizada. elaexiste, e concordo que é dificílimo senão impossível saber oque é a constituição portuguesa – o melhor é sentir aconstituição e nós sentimos todos os dias. Sentimos háséculos, não nós outros por nós, e de facto muitas vezes asconstituições …a actual de 1976 ou outra na prática acabapor ter este problema: será que se aproximam realmente doque é constituição portuguesa? será que antes de haver seráque já não havia uma constituição? havia desde sempre. O queseja não sei bem. Faz lembrar a frase de S. Agostinho sobreo tempo: “ se não perguntarem o que é o tempo eu sei, se meperguntarem não sei” é o que apetece dizer sobre aconstituição portuguesa. O mundo a mudar e a constituiçãoque nos andamos à procura mas não sabemos o que seja. Rute Sousa Vasco - vamos regressar À constituição 2.0depois do Prof Adelino Maltez ter demonstrado que nãoconcorda com a nomenclatura nem com a ideia de suporte,gostava de ouvir o comentário sobre a iniciativa de ter umaconstituição 2.o e qual o perímetro de uma constituição 2.0?Prof Mendo Castro Henriques – o Prof Adelino Maltez concordapor isso é que está à minha esquerda. Uma coisa é certa aideia de constituição e a realidade é tão importante comofoi salientado nesta intervenção que mesmo quando Portugalnão tinha uma constituição escrita foi preciso inventa-la. Efoi isso que fizeram os monges de Alcobaça que escreveram ahistoria. Inventaram o que dá uma garantia de mitificaçãoquando eles acharam que foi algures em meados em 1140 naigreja de S. Maria de Almacava em Lamego que se reuniram ossenhores do reino e disseram: nós somos livres. e depois

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como sabemos quando há um conjunto de senhores da guerra quese acham livre é necessário um senhor maior , acrescentaram:e o nosso rei é livre. Essa é a 1ª constituição portuguesa.Obviamente, isto tem que ver com a iniciativa 2.0, que aconstituição é código da politica e o que se sente hoje nonosso pais no mês de Julho de 2009, o que mostram osindicadores, do abstencionismo das recentes eleiçõeseuropeias o que mostra algum desfasamento dos cronistas ecom as necessidades das politicas publicas é que ao invés dediscutirmos sempre medidas avulsas: faz-se ou não avaliaçãodos professores? …há um sentimento generalizado na populaçãoque é preciso assentar rumos, é preciso rumo. Ao invés dediscutir politicas é preciso um código da política e a nossaconstituição de 1976 é muito desfasada porque não é nemmuito consensual nem muito precisa nem concisa. não éconcisa porque tem várias armadilhas ideológicas, ao serextensa ela não é conhecida da população e ao não serconhecida não pode ser estima, ao não ser estima quer dizerque ela como dizia o Prof Maltez está no céu dosseminaristas do direito, dos especialistas que nósapreciamos o labor constitucional que serviu de modelo paraos países lusófonos com constituições semelhantes Às nossas.Mas o certo é que também a união soviética tinha uma dasbelas constituições mais belas do mundo mas não erapraticável, o elenco dos direitos das garantias e acentralização no antiga secretário geral do PC da uniãosoviética distorcia isso. O que estamos aqui a fazer, e oque temos sentido na participação via Internet no twitter, éque há aqui um bom acolhimento desta ideia da constituição2.0 porque as pessoas querem assentar ideias de fundo,princípios que devem estar na base da sociedade portuguesa,vamos dar um sentido aos elencos dos direitos fundamentaisque não seja apenas garantia vazia, mas que se transforme emprincípios de coesão territorial. Não se pode promoverlitoral contra o interior, promover o mau espaço urbanocontra o território e a terra. O pais precisa que essesprincípios da constituição não sejam vazios mas que setraduzam em politicas publicas assentes e não num zig-zagpermanente. É necessário distinguir matéria constitucional

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que são só os grandes princípios o direito e a organizaçãodos poderes há até partidos que já nos enviaram para a nossainiciativa modelos constituicionais e outros gruposconstituintes alguns presentes, também já fizeram modelosconstitucionais e todo este exercício está a ser importantee continuará – estamos a ser convidados pelo menos – porquenão queremos só discutir pessoas para cargos e vice-versamas discutir os tais rumos. A Internet tem uma vantagem quetem fase divergente e convergente. Os bloogues houve tempoem que eram o ponto quente da expressão da opinião, istomudou, hoje são uma espécie de arquipélago em que há poucosbarcos que fazem a travessia entre as várias ilhas, cadapessoa esta na sua ilha e de vez em quando vai à ilha dolado. Os sistemas Twitter e wiki são a fase convergenteconseguem-se contributos de varias proveniências, de pessoasque não se identificam com tudo, mas que tem preocupaçõescomuns. Conseguem colaborar dentro da ferramenta wiki, foiisto que esteve na base desta iniciativa do conselho dosfóruns que de certo modo agrupa as pessoas mais jovensdentro do IDP que acharam, temos aqui a ferramenta idealpara ter um pensamento convergente da constituição Rute Sousa Vasco - Na prática falamos de constituição 2.0há um front Office que é a abertura possível através da participação em bloogtwitters e em redes sociais diversas, mas depois qual é opasso seguinte? Eu posso participar dar sugestões – comofazem os partidos em campanha, pedindo contributos – masqual o passo seguinte? Como é que se traduz efectivamentenuma constituição2.0.Prof. Mendo Castro Henriques - o passo seguinte é este. OIDP é um instituto que é da democracia que é portuguesa. onosso papel não é impor nada, o nosso papel é acolher epropor aquilo que as pessoas, os movimentos e os grupos, ouseja a democracia e que tem um sentido do lugar Portugal nomundo, vão fazer. Portanto os passos seguintes terão que vercom iniciativas em vários pontos - que nos pediam, teremosde ter capacidade de sustentação , e sem duvidamos vamosfazer em colaboração com universidades de Lisboa, porto eCoimbra que mostram interesse porque é matéria que pese

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embora as nossas reservas – quanto à constitucionalite – nãodeixa de haver especialistas interessados neste assunto. Rute Sousa Vasco - um comentário prévio para passar ao profMarques Guedes via bloog antes. Diz o comentário: “ aconstituição não deve ser um vazio ideológico no sentido mauveiculado por corrente neo-liberal em que uma lei mãeestaria ao sabor do mercado conforme as suas vicissitudesrelegando a determinante e dominante para intervenção …. [aleitura do comentário foi interrompida pelo ProfessorArmando Marques Guedes].Prof. Armando Marques Guedes – nem quero ouvir discursospaleolíticos desse tipo. Quanto ao modo de persecução doobjectivo central de um exercício deste género – e devodizer que aqui acolho bem o que o Prof. José Adelino Maltezenunciou – tenho algumas duvidas. Virando as coisas doavesso, por assim dizer: as dúvidas que mantenho são, quasetodas, dúvidas quanto ao eventual essencialismo doexercício. Estamos sempre a ouvir afirmações como: “Portugalé” … “a maioria dos portugueses”… e devo confessar que nãome interessa muito este género de discurso. Isto éexactamente o que nós não queremos para o processo wiki. Sãocontra natura, no que toca à lógica de funcionamento wiki,produzem pouco mais do que pressupostos essencialistas apartir dos quais se cristalizem formas. O que queremos, sim,é favorecer condições de modo a que, através de umaparticipação directa de um número tão grande quanto possívelde “agentes”, formatos emergentes novos, e porventurainesperados, apareçam: que a “lei fundamental” nos vá sendo‘revelada’ (quase que no sentido fotográfico clássico) pelanossa colaboração descentrada e, por isso, mais eficaz, comouma Constituição-fábrica – de maneira a que sintamos até queponto “Portugal”, ou “portugueses”, ou um qualquer outrodenominador comum das representações políticas existe, aoinvés de se continuar a impingir vontades politicas outerminologias criticas do estilo “a sociedade demoliberal”,ou “os princípios do mercado”. Nada disto tem hoje em diagrande interesse, trata-se de uma conversa largamenteultrapassada. O que interessa apurar é até que ponto ascomunidades políticas auto-organizadas gizam um modus

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operandi diferente – um que não pressuponha automaticamentetodos estes itens anteriores que parecem inquinar este tipode conversas.

O grande objectivo do Constituição 2.0 é descobrir sehá “nós”, e saber se há o que é que nós somos. E isto já éuma reificação. Qualquer outra leitura do exercícioconstitui pouco mais do que expressão de uma vontadeautoritária de impor uma agenda política instrumental – porcima, e contra a corrente, para misturar metáforas, de umarealidade tecnológica nova (neste caso, os tweets, aInternet, e os processos de colaboração horizontal wiki) quenos permite ir politicamente para além dessa receitaautoritária estafada. Temos já dez mil anos de experiênciadesde a Revolução Neolítica para sabermos bem no que dá oautoritarismo. O Constituição 2.0 de modo nenhum se reduz àcriação de um novo blogue. Os blogues são obviamente a pré-história dos sistemas informáticos. Pouco mais são que areduplicação, por meios informáticos, de diários e de outrostextos de autor; têm até o nome de autor, as vezes empseudónimo, ou ostensivamente como ‘lugar vazio’, mas têmnome de autor. Nesse sentido, incorporam uma figura daautoritas, e mais ou menos directamente enunciam uma doutrina,de que nós podemos ser ou não aderentes. Há clubes, cliques,que se formam à volta de blogues; e eu pergunto, qual adiferença entre isto e os agrupamentos dos Iluministas doscoffee shops e do Palácio da Marquesa da Alorna nos séculosXVIII e XIX, ou os grupos sobre os quais escreveu J.Habermas? Quase nenhuma, trata-se do mesmo tipo departicipação da sociedade civil orquestrada por pessoasconsideradas como especialmente aptas para o liderar. Éigual às Academias das Ciências e da sua autoridade – a que,aliás, deu asas. É certo que os blogues modernos são decertos pontos de vista são instrumentos diferentes, que aoinvés da pena, caneta, ou máquina de escrever agora usamteclados, motherboards, e suportes operativos da Microsoft.

O meu ponto é o de que nós agora podemos ir mais longedo que isto, temos meios técnicos para fazer emergir (usoaqui o termo no sentido mais técnico dele) realidades“políticas” diferentes. Queria sustentar que ou o nosso

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objectivo é este ou então somos esmagados por figurasautoritárias que nos vão dar mais do mesmo. De um ou deoutro modo todos consideramos, na linha do que disse Prof.Maltez, que o mal da Constituição portuguesa é ela estarescrita, o facto de a encontrarmos desde logo graficamentesimbolizada. Mas interpreto-o à minha maneira: o mal é eu (eo este “eu” parece-me ser aqui generalizável) não sentir‘pertença’ relativamente aquilo que organiza a minha vida.Porque só posso sentir pertença se for eu próprio a decidirparticipar, nunca se alguém me a impuser. Prof Adelino Maltez - não vou entrar em grandes coisas …sou tão conservador que até sou contra os reaccionários.Portanto o que queria dizer, porque foi dito aqui muitascoisas, é que um grande constitucionalista português epéssimo chefe do governo de portugal o prof. Marcelo Caetanono ultimo livro “historia do direito português” salienta quea 1ª constituição escrita portuguesa – diz o Prof Marcelo –e subscrevo está no Fernão Lopes nas actas das cortes deCoimbra de 1385 é o discurso de João das Regras. MarceloCaetano expressamente as qualifica como a 1ª constituiçãopolitica portuguesa com expressão escrita. Esse conto, asactas das cortes de Lamego, são posteriores e são invenção ebonita. Como dizia Dom António Ferreira Gomes bispo do Portoque a coisa mais maravilhosa da historia politica era terpartido desse mito. Porque o sonho nos dava futuro. Mas oque gostaria de dizer é cuidado com o totalitarismo dos quetwittam e andam em facebookers porque dizer coisas que nãosão verdade. O que se passa no Irão? sei o que mandam deTeirão o que tem telemóvel. Não é pelo de aparecer o queaparece mesmo no twitte que sei o que se passa no Irão,porque ele é maior que aquela minuria activista de Teerão.Não sei o que está a acontecer …na china …sei tanto comosoube da guerra da Angola onde não foi nenhum repórter. oArtur albarrã ou o Rodrigues dos Santos não tinham hotelpara ver bombardeamentos e foi uma das maiores batalhas detanques do século XX. Nem na Argélia aquando da revolta queconduziu à destruição da 1ª vaga de fundamentalismo …nem seio que está a acontecer em Portugal …porque o está aacontecer é o que transmitem as câmaras e vão 9 para um jogo

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do porto para ver o erro do arbítrio mas não vai nenhumapara uma liga de 2ª honra e os erros estão lá. Portantocuidado com o totalitarismo de que aquilo que nós vimos é oque é. O que é é mais do que aquilo que é captado. Por issocom esta humildade é sempre complicado…essa é a minhacritica embora ache bem esta iniciativa porque produziu emsectores, vocês não se importam de dizer que somosconservadores, conservadores estarmos na vanguarda datecnologia. Não digo mais porque está aqui um mestre como oRibeiro Telles, foi graças a ele que estou aqui. Ele é bomexemplo, acho que sempre que aparece temos de dizer, sóestamos aqui porque ele e a sua geração conseguiramtransportar esta ideia profunda de liberdade e de tradição eainda está viva. Tomáramos nós … embora na 1ª vez que fizpolitica ele estava no contra porque estava nos socialista enão foi para a constituição monárquica de 1969 …se não fosseisso não estávamos na vanguarda da liberdade. Sob esteaspecto IDP deve continuar a lição dos mestres …por issoquero é ouvir ouvir o mestre.

2ª parte – organização do território.

Rute Sousa Vasco - vamos falar sobre organização doterritório, temos já algumas questões via bloog. Começavapor lançar o painel com uma das questões que vem da nossaparticipação on-line e lança a pergunta: como assegurar acoesão e ordenamento do território? e tentar perceber quesoluções temos com base neste enquadramento?Arq. Ribeiro Telles - julgo que temos de discutir primeiroo que é o território? É difícil de entrar nos problemas doterritório com o conhecimento divulgado de território quehoje há entre nós. Portanto nós para o território temos umanoção geográfica, é um sitio onde há cidades onde há campos,onde há umas minas…onde se dizem que existem recursosescondidos isso é um território. Talvez esta seja a noçãogeográfica de território. Passando adiante, essa ideiageográfica de território, portanto o território não se pode

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organizar exclusivamente, é limitante, com a geografiaporque o território tem recursos. Alguns sabem não sabemonde eles estão, outros tem recursos é do território que vemos alimentos para as pessoas. Poucos compreendem que é daique vem a agua putavel em determinadas condições. São doiselementos fundamentais para a vida e portanto para todo onosso sistema de vida, o território é de facto um recurso éfonte que nos possibilita desde a existência até à melhorqualidade de vida. Por mais esforços (à parte) que se façamhoje e que fazem diariamente para criar um territórioambientalista, com uma tecnologia de ambiente, em que ohomem funciona carregando em botões tendo a casa aquecida,tem a casa com uma coberta vegetal para fingir que contribuipara a natureza, tem auto-estradas para circular. Portantoretirando todo este sistema, todos sentimos que o territórioestá cheio de recursos. Esquecemos um recursoimportantíssimo do território que está relacionado com oproblema mais importante do país. Dentro de uma visãofuturo, falamos do problema da natalidade que é consequênciade muitas politicas, de muitas visões sectoriais mas érealidade actual. Isto vai desaparecer por falta de gente,ou então há substituição de camadas de população, comoparece ter existido no ano mil na zona da Europa, populaçõescamadas de população chegam e vão assim criando uma espéciede natalidade não provocada no próprio território. É aquestão dos recursos. E para quem são os recursos? Aqui éoutro problema. Os recursos são para o homem, não são para ochimpanzé, que faz parte de um recurso para o homem, mas nãoé um objectivo em si como não é o elefante. É de facto aespécie humana que ultrapassa tudo isso. Portanto temosagora um conhecimento como é que surgiu tudo isto, a Bíbliaé bem clara e pode ser interpretada das maneiras quequisermos e de harmonia com a ciência mais avançada, mas arealidade é que a bíblia se criaram duas coisassimultaneamente e por issão são confundidas. O paraíso – ositio onde o homem tem tudo, está À vontade, e de certo modonão soube tratar desse paraíso e foi expulso. Mas todos seesquecem que na bíblia diz que está o paraíso situado noÉden. O paraíso é sub conjunto do Éden e o que é o Éden que

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o povo de Israel procurou? é o vale fértil portantotranspondo para a realidade actual dos territórios, é quenós temos de criar o vale fértil, quando fomos expulsos doparaíso. Fomos expulsos há tempo, por muitas razões até dedesenvolvimento, para nós realizarmos …portanto temos oproblema do vale fértil.Rute Sousa Vasco - deixe-me só interrompe-lo para colocaruma questão dos nossos participantes. Estes temas foramescolhidos por quem está a participar no bloog, vãosugerindo quais os temas opurtunos para discutir na sala.uma das questões tem que ver com o facto da descentralização do poder será que ajuda ou não a esseequilíbrio?Arq. Ribeiro Telles – Mas o que é o poder no território?Temos de saber primeiro o que é o poder do território! Nãopode haver um poder não reconheça o sítio a área onde exerceesse poder! Portanto não há poder sobre o território sem seconhecer o território e os seus limites. Para isso temos umexemplo: o poder é exercido sempre entre limites. OTerritório tem 2 limites fundamentais, como temos nóspróprios. Nós se estivermos numa situação cómoda em quetemos as temperaturas necessárias ao nosso desenvolvimento,sabemos que essas temperaturas tem que ter dinâmica não podeser constante há sempre limites onde se exerce a vida. Setivermos almoçado aumentamos a temperatura, depois desce atemperatura …entre limites. Se estiver mais ou menos elevadamorremos por isso todo o poder tem de se exercer sobrequalquer coisa que possui essa dinâmica, que não é só datemperatura é da sua própria existência como território porisso é que queria dizer que o território tem vida – por istoesta historia muita rápida – tem vida pela qual o homem éresponsável desde há muito. Porque é a sua vida que está emcausa, por isso o poder tem de ter cuidado com o territórionão é um sistema que se possa modificar rapidamente na suaessência, não é local onde se pode brincar naquilo que sãoos fundamentos da vida um deles é este contraste reparemosporque é que no território a civilização se desenvolveu commais rapidez onde havia maior diversidade de território emenos onde não há diversidade. Em que quando não há essa

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diversidade - falo na invasões germânicas – tem de viver daexternalidade que lhes dá o sitio onde há essa diversidade.O homem está a criar o território, permanentemente, agora éque vamos ver – cria-lo para que? E aceitando aquilo em quenão pode ter mão que é uma escala diferente de dinâmicasnaturais. Por exemplo, para percebermos, fala-se hoje emfogos florestais está claro que nós não temos florestanenhuma foi um embuste político para resolver os problemasdas celuloses duma indústria, era preciso demonstrar quePortugal não tinha agricultura possível e conseguiram porqueainda hoje toda a gente fala na pobreza da nossaagricultura, na falta de rentabilidade da agricultura porquenão temos solos para a agricultura como a perusia a Alemanhacentral e a França …, não temos e se não temos de terqualquer coisa que nos dê dinheiro. Aqui começa o erro sobreo território uma visão puramente mercantilista no tempo euma visão criativa para o futuro. Rute Sousa Vasco – pedimos agora o contributo dos outrosmembros do painel. Há luz da intervenção do ArquitectoRibeiro Telles e face Às questões que estão a ser colocadasque modelos podemos assumir como construtivos para aorganização do território? qual a opinião em relação aoenquadramento traçado?Eng. Frederico Carvalho – mais uma vez se levanta a questãoda imposição dos modelos, porque nós temos um territóriocontinuo entre Sagres e Bragança, temos um território queexiste, temos um território antigo e consolidado e que temrelações económicas e sociais entre as diversas comunidades.Desconhecido nomeadamente os habitantes de Lisboa e portodos grandes centros urbanos onde se começa a concentrar agrande massa dos portugueses, desconhece muito como funcionao território. Ele funciona, mas dadas as nossascondicionantes da economia mundial e até das aventuras emque Portugal se meteu, com sucesso, nos últimos 500 anos aorganização do território esta cada vez mais desadequada dassuas necessidades. Para quem percorre muito o territóriocomo eu, e todos os dias se espanta com as suas riquezas ecom aquilo que maravilha naquilo que vai continuando afuncionar e emergir da organização das pessoas como por

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exemplo eu ter há semanas atrás assistindo a umarepresentação do Jesus Cristo super star em marcocananesesde uma participação activa da população local. De facto onecessário é re-pensar a divisão do território, não do pontode vista da separação entre capelas, mas de forma a que elese possa articular de maneira a que haja uma maiorregularização do aproveitamento das nossas funcionalidadesdesde a fronteira e com o atlântico. Só temos duasfronteiras e funcionamos como uma ilha porque também emcausa a capacidade de auto-decisão dos ocupantes dessesvales e dessas zonas do interior de poderem reflectir sobreas suas capacidades e das suas necessidades , obviamente,que não podem ser só os habitantes dos vales ou das aldeiasou das capitais distritais a decidir as suas principaisopções há também que haver uma reflexão nacional concentradadonde vive mais gente. Isso levanta questões constitucionaisnomeadamente da representação nos órgãos nacionais doshabitantes dessas zonas donde há cada vez menos gente.Lembremos que há 50 anos 50 por cento da populaçãoportuguesa vivia em zonas mais rurais, vivia em aldeias até500 habitantes e hoje em dia há uma inversão completa daocupação do território ou seja há um número muito grande –50 por cento do território a parte até mais próxima daEuropa mais próxima de Espanha – concentra apenas 20 porcento da população e 10 por cento do PIB e desseterritório mais des-ocupado as aldeias foram completamenteabandonadas convergindo polarizando-se nas capitais dedistrito e dentro delas com o abandono das actividadestradicionais ligadas à agricultura e agro-pecuária econcentração em serviços e que bem ou mal a situação a terque ser invertida ou não obriga a repensar algumaorganização do território e da representação central enacional dos seus habitantes de forma a que possa haver umamaior articulação das actividades económicas e do bem-estar,uma maior articulação do território português comactividades com o nosso parceiro na península ibérica,Espanha, que nos envolve em toda a sua periferia. De umaarticulação do nosso território com a Europa e duma

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articulação com as actividades ligada ao atlântico norte eaté ao atlântico sul. Rute Sousa Vasco - Vamos ouvir o terceiro elementorelançando a questão e pensando nesta nova forma de ver oterritório à luz dos indicadores mais recentes em que adesertificação é uma das questões. os novos povoamentos sãoquestão pertinente. Que modelo é que preconiza de organizamde território? Arq João Paulo Gaspar - gostaria de começar introduzindouma ideia muito própria do que é o território e neste casoacho que o território tal como a roupa ou os carros é umprolongamento da nossa pele se calhar a segunda pele será aroupa que temos depois os carros que nós temos são tudoproblemas no nosso alter-ego que se vai expandindo e oterritório não é mais nem menos que nós. São as pessoas e amaneira como nós vivemos que traduz esse território. oterritório e a maneira como nós caracterizamos esseterritório em parte é que aquilo que nós somos. E nós temosvárias formas de usar o território desde os povos a norte daEuropa, na América, na índia, no sul da Europa tem formasdistintas de usar mas todas elas tem um ponto comum. Nósextraímos do território o que precisamos e na maior partedas vezes o que não precisamos, mas caracterizamos de umacerta forma. Acho que teria de salientar que também estouaqui, sou o mais jovem depois do Prof Gonçalo que é um joveme uma preocupação que gostaria de salientar, para a minhageração e seguinte em termos de ordenamento de território éque a pele das pessoas que passaram por cá foi deixada eaquilo que se constrói as decisões tomadas .muitas vezes éfrustrante porque já não conseguimos ter as oportunidadesdadas a outras gerações passadas. Portanto quando nós temosa cidade de Lisboa como ela está hoje e podemos perceber oque ela poderia ter sido ou não às vezes é muito frustrantepara nós perceber que poderíamos ter a cidade de outraforma, o território poderia ter sido usado de outra forma, opaís poderia ser de outra forma para nós, não o temos, eisso é frustrante e isso …Rute Sousa Vasco -. Acha que são processos irreversíveis?

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Arq João Paulo Gaspar – são processos irreversíveis mas sãosempre pontos de partida para outras soluções o que éinteressante. Nada esta perdido e é um desafio que acho quea nossa geração, a minha geração e as mais novas, tem é decomo é que poderemos então ver o território de formadiferente como o Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles dizia, oterritório é aquilo que fazemos dele. Eu costumo dar comoexemplo os bairros. Portugal tinha a maior favela da Europaa quinta do Conde, o maior bairro ilegal da Europa, bairrogigante. Ainda hoje pode estar legalizado ou não ….quinta doPeru … A questão é que muitas pessoas é que muitas pessoaspassam por esses bairros e dizem que não se sentem bem ai ounão se identificam mas só que deveríamos lembrar-nos queforam construídos por alguém, se calhar muitas pessoas,como elas se revêem. Isso será importante discutir, então oque é o urbanismo, e que forma de ditadura é que eu possocomo arquitecto dizer o que é correcto ou não no urbanismo ecomo ordenamento. Eu posso dizer que tenho conhecimento parapoder orientar, mas o que é que é bom ou não? será que osportugueses querem viver todos em condomínios privados? É atendência agora. Há condomínios ou melhor há “favelas” dediferentes classes sociais. Os condomínios são como quebairros núcleos fechados À sociedade. Eu posso entrar se forconvidado, ou fazer algo, mas é igual ao bairro da quinta dacabrinha. Rute Sousa Vasco - retomando o tema da organização, sendoesse o ponto de partida, de que forma é que a participaçãoalargada dos mundos virtuais permite a cada cidadão comoextensão da sua pele no local onde vive, ser participativonessa construção de território? Arq João Paulo Gaspar – acerca da des-centralização dopoder, eu percebi a sua pergunta, e acho que por um lado quecoloccar um ministério na Covilhã não é uma mais valia ouprioridade para o desenvolvimento do território. O país estácheio de poder distribuído tem câmaras, poder local e aspessoas não são mais participativas por isso. Não seiquantas pessoas vão as assembleias municipais dos seusconselhos aqui …Eu toda a minha vida fui a uma assembleiamunicipal, contra mim falo. Acho que por ai começa a

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participação, o poder local existe. Portanto descentralizaresse tipo de poder não é solução para o ordenamento doterritório. O ordenamento tem de partir primeiro domovimento individual e se calhar depurar tudo isso. Ai simatravés dos mais variados meios tecnológicos que podem serusados dizendo o que é o território e meio para mim comopoderei usa-lo, mas estamos sempre numa perspectiva como vouusa-lo.

intervenções.Jonhn Wolf - estou no território há 25 anos. Escrevi umlivro chamado “ Portugal traduzido” que é um ensaioinacabado, e gostaria de tecer algumas considerações sobre oque foi dito. O sr Arq Gonçalo Ribeiro Telles falou sobrenatalidade e envelhecimento e eu falo sobre os residentes apopulação actual atravessando um processo de envelhecimentocultural intimamente ligado com essa discussão – 1º painel aimplementação dos meios tecnologias sofisticados quepermitem a cada um de nós aceder as mesmas ferramentas eveicular as nossas mensagens – isto ligando a um outroconceito que é o conceito não de território mas de lugar.Transformação de um espaço físico geográfico com limites,com dimensões, num lugar e o lugar é o que estabelece ou oque define a ligação do cidadão ou residente com o espaço.essa ligação é afectiva emocional que permite depois termosa noção ou a consciência de espaço publica, colectivo parapodermos pensar em como defender esse espaço colectivo. Maisuma vez ligamos isso à constituição que é um lugar. Portantocomo é que poderemos pensar na re-fundição oureconstituição, novo modelo de pensamento sobre umpaís/território se a noção de lugar não está plenamentepresente na psique nacional. Penso que o grande desafio é ,vejam esta sala, muito bem não está vamos pensar nabloogesfera. Mas como é que podemos promover sem nenhumsentido ideológico ou de pátria, como é que podemosestimular esta ideia de defesa de paixão de um território deforma a que se transforme num lugar. E quando falamos empartilha de poder, há uma contradição genética filosóficainteressante, na medida que descentralizarmos e o poder

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passar de um bloco central e for transferido para subsecções e para diferentes varas, deixamos de ter poder eportanto caímos aqui numa situação que eu chamariapoeticamente interessante e quase contraditória com a ideiade organização num território. Portanto o meu desafio é maisdo que a dimensão administrativa/funcional/politica queestabelece ordens, como é que vamos relançar ou será quePortugal nunca teve – eu sigo isto de forma contrastada eapenas posso contrastar com experiência que conheço, semestrarmos em dimensão politica. Eu não conheço nenhum povocomo os austriacos no que diz respeito ao amor que tem pelasua floresta e nesse caso a floresta existe mesmo. Samuel Paiva Pires - estudante relações internacionais. Relativamente a esta questão, gostaria de inter-liga-la oinvento o slogan constituição 2.0, o tema deste painelorganização do território e o tema da cidadania. Em primeirogostava de pegar numa reflexão do Prof Adriano Moreira e queestá bastante ligada com aquilo que estamos a falar. É ofacto de não existir um conselho estratégico nacional. Desteque acabou o Estado novo nunca mais houve um conselhoestratégico Nacional, ninguém sabe o que quer fazer de factoao território e não podemos olvidar que o território para ageopolítica, para os geopolíticos tradicionais, teóricos éum facto de poder. Em Portugal temos logo para começar umterritório multi-dimensional não é apenas o palpável oterritório que temos o Portugal e continental é também oterritório a dimensão aérea e a dimensão marítima que estadescurada como sabemos. Temos a zona económica exclusiva daEuropa. .. Relativamente ao que se passa hoje, há uma coisaque deveríamos acautelar a haver uma nova constituição emPortugal e relativamente à organização de território.queremos um território regionalizado ou uma federação paraPortugal? Porque de algum modo temos de des-centralizar opoder, aquilo de que falava João Paulo Gaspar mandar umasecretaria de estado ou um ministério para algum lado não édes-centralizar é deslocalizar. é diferente daquilo que Vilschamava dar uma porção de poder de modo a todos os cidadãossintam que dependem uns dos outros e que na sua localidadepodem de facto contribuir para melhor a sua qualidade de

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vida. Para finalizar nós cerca de 4mil freguesias , 308municipios isto não faz sentido o que existe actualmente edepois existirem governos civis que emitem passaportes,cortam fitas e perdoam multas não fazem mais que isto.Gostaria de perguntar: como vamos acautelar isto?Regionalizamos o território e o que queremos fazer aoterritório? quando teremos um conselho estratégico para opaís?Intervenção – queria prestar homenagem ao Arq Ribeiro Tellesporque é uma pessoa que já disse quase tudo sobre ambiente,embora seja uma matéria que não se esgote, mas disse-o numtempo em que ninguém o fazia. Neste momento continua atentar a vender o trabalho feito, ou nível Reni. Queriacolocar aqui ao anterior painel em termos de constituição. Oque se espera é que não haja nem lugar nem opurtunidade aque se façam e se gastem recursos quando por exemplo estátudo por fazer em matéria de saneamento. Podem apresentarpercentagens, mas vamos ao Barreiro e é insuportável ocheiro e para falar na capital ….Não é possível continuar afalar de território e gerir o território com engenheiros earquitectos, tenho pena mas o território tem de ser geridocom as pessoas que o conhecem que o sabem interpretar. Não éque não existam engenheiros e arquitectos, mas um destesprofissionais por formação e sem mais não tem essa visãonaturalista nem está habilitado para tal. Portanto asequipas tem de ser multidisciplinares e é isso que falta emPortugal. Estamos a perder mais uma vez em matéria dereabilitação a opurtunidade histórica de criar os vazios quesão tão importantes quanto as construções e isso de factopõe a nú que a conversa começa mais adiante. Começa pelofim, ainda ontem estive num congresso sobre o sismo deitália no técnico, a conversa começa pela parte construtiva,não se questiona onde estavam os edifícios. Deviam estar láou o vale fértil? é ai que se começa . é isso que faltafazer em Portugal, é falar numa questão fundamental. épreciso conhecer o território ou então negue-se essa ciênciae fechem-se as portas e deixem-se ir essas pessoas irembora. Portugal, como diz o Presidente da Republica, é umpais de recursos geológicos. Mas o maior recurso são as

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pessoas. Neste momento temos mais portugueses no estrangeiroque dentro e deveríamos re-pensar esta abordagem aoterritório. Arq. Ribeiro Telles – não venho cá ouvir umas coisas e nãopoder responder. Em primeiro lugar, o tema do lugar. Oproblema das pessoas respeitarem o lugar. Só se ama o que seconheça, e os portugueses não conhecem a sua paisagem. Temuma ideia que lhes foi imposta de paisagem completamentemercantil e errada e que continua a vingar. O que éespantoso. Não procuram o principio de tudo. Se formos aoCícero, ele fala em uma natureza primordial que é aquela quemuitos idiotas querem novamente refazer. Fala a seguir deuma natureza manipula pelo homem. Isso é a construção dapaisagem, é aquela paisagem que o homem tem de amar porque éconstrução sua por gerações sucessivas. Se não conhecer ahistória da sua casa, o melhor é ir para outra casa em outrosítio para outro continente. Depois há outro problema que éo seguinte: ainda ninguém sabe que nada é estático quando setrata da existência da vida. Dou só um exemplo. A próprianatureza para se defender tem que morrer. Para isso existe orelâmpago que elemento natural que deita fogo à florestanossa, para que a biodiversidade se reconstitua até viroutro e fazer o mesmo. Entretanto todas as espécies a que sechama biodiversidade desapareceram e se alteram. E tornam aexistir quando se travar o aspecto estático final e sevoltar à dinâmica da vida. É preciso, para compreender oterritório, perceber isto senão fazemos bonecos e relacionarapenas co-elementos que vão dar numa coisa que não conheceme nem sabem usar. Esta visão dinâmica é fundamental para setrabalhar em território. Por isso o único país que fala emorganização do território é Portugal. Os outros falam noland scpa …etc Portanto nós é que arranjamos uma palavra…por isso a visão estratégica nacional, foi exterior aoconhecimento da nossa paisagem. A 1ª visão estratégica doestado novo foi a campanha do trigo, um desastre de queainda hoje sofremos as consequências, a 2ª visão que começano estado novo, embora incrementada agora depois do 25 deAbril totalmente, é a floresta. A florestação do país que éelogiada hoje – combater os incêndios, relâmpagos …quer

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tornar à biodiversidade. Sem este conhecimento doterritório, como corpo vivo, onde o homem funciona comochefe da orquestra não há possibilidade de organizar. Eng. Frederico Carvalho – tenho duvidas que o território queo território seja o prolongamento da nossa pele que emitamose que uma coisa natural será sempre nossa. Pelo menosOlivença não pertence a Portugal já perdemos. Tenho duvidasque a visão do território passe por equipas disciplinas,mais especialistas o Leite Vasconcelos era médico. Eu pensoque o importante, os especialistas vem depois, é ouvir aspessoas das regiões. Todas as comunidades tem opiniões sobreelas, depois vem os especialistas. Enfim há modelos já …..(cortado pelo Arq Ribeiro Telles).

3ª parte - «direitos e deveres»

Rute Sousa Vasco – recordo que é uma iniciativa que vive on-line e off-line, não queremos estabelecer uma barreira entreas participações que chegam via bloog via twitter sãoessenciais, são a partir delas e das intervenções delas edas da sala que dinamizamos o evento. Começamos com uma questão desde o painel anterior colocada,para ser debatida. A pergunta é: que deveres é possívelgarantir na constituição?General Garcia Leandro - gostava de dar um passo atrás erelativamente ao que foi dito em painéis anteriores queriatocar dois pontos. Uma pessoa da universidade do Minho disseque estamos numa transformação e que só iríamos perceber oque se passa daqui a 60 anos. Não pode ser! temos deperceber já! Se nós não percebemos já não conseguimosperceber qual o caminho para o país. este é o grande drama,

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mesmo que cometamos erros, temos de tentar perceber ocaminho. Este tem sido um esforço meu. O outro é o senhorfinalista de relações internacionais. Falou no conselho deestratégia nacional. Uma coisa é percber o mundo e outrapercebendo o que quero para Portugal. O que quero é oconselho de estratégia nacional. Num mundo cada vez com maiscompetição…países emergentes …e onde os direitos e osdeveres vem a ser definidos pelo objectivo que queremosatingir e pela competição. A competição vai nos atingir, nãovai ser a constituição quer dizer…nós todos sabemos, ouvimos…que a nossa constituição é critica porque é um menu dedireitos e poucos deveres mas não chegamos lá por ai. Quemdefeniu os deveres na sociedade foi a cultura a religião ahistoria etc e que no nosso país a dada altura se perdeu.Nós tínhamos uma definição de deveres do cidadãointeriorizada e de facto com a 3ª republica, com a noção deuma grande libertação em relação ao passado que só tinhadefeitos nós temos hoje um conjunto de pessoas de granderesponsabilidade que não tem valores. Ora como não temvalores não cumpre deveres. Num exemplo dos deveres . Odever é cada um fazer aquilo que deve em determinado momentosobre sua profissão, comportamento, sobre a sociedadetambém. Agora dois exemplos como é que se tolera o quarto dehora académico? Por ai vem a questão dos deveres. Outroexemplo é das fabricas ao não começar a horas perdemosfatalmente. Há todo um conjunto de deveres que a competição,a necessidade de estar no mundo, ao nível individual,empresarial e nacional definem. Temos então de perceber qualo caminho para o mundo hoje e com dificuldades, divergências…qual o conselho estratégico nacional. A evolução doconselho nacional ao longo da historia, é possível perceberisso, mesmo que se cometa o erro do trigo ou nas florestas épossível definir isso. O ouro do Brasil agora é o mar játivemos toda essa evolução caímos na comunidade europeia,não soubemos aproveitar os meios da índia, do Brasil o quenos resta agora? é o mar, exploremos o mar. Julgo que é oenquadramento disto tudo e saber um caminho para Portugaldefine os deveres. Rute Sousa Vasco – sr. Comandante concorda?

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Comandante Orlando Temes Oliveira - Concordo. Aquilo quegostaria de ver numa constituição era ser aplicada ao país.Nós temos textos que se calhar se aplicam aqui a dezenas depaíses. Portanto aquilo que diria aqui primeiro era que anecessidade de ter esclarecido esses direitos e esses taisdeveres. Para que nós queremos utilizar e como é que osqueremos utilizar? Daria um exemplo. Qualquer coisa queaconteça neste país ninguém é responsável o Presidente daRepublica não é responsável porque manda o Governa, este nãoé porque quem assina é o sr. Presidente. A assembleia faz alei, mas depois tem de ser regulamentada por outros. O Bancode Portugal não é responsável porque não pode actuar em todaa extensão. Portanto somos geridos por um sistema onde édifícil atribui responsabilidades a alguém por isso osdireitos e deveres ficam no cesto dos papeis. Rute Sousa Vasco – só uma adenda à questão dos deveres. Atéporque tem a missão de falar dum 4 poder que é comunicaçãosocial dos seus direitos e deveres. De que maneira estaquestão de ninguém ser responsável se enquadra com osdeveres que podemos enquadar numa constituição À luz dasvarias entidades responsáveis?

Dr João Palmeiro - estou aqui na qualidade de membro dadirecção do IDP. Estou aqui porque acho que podemos fazeruma constituição que tenha a referencia aos valores, ouseja, aos princípios culturais e da personalidade que sãoaqueles que se mantêm e que caracterizam um dos povos maisantigos da Europa, português. o grande desafio de estar aquié constituir uma base de dados fantástica que deveria nofuturo ser usada como referencial desses direitos dessesdeveres culturais e da personalidade que a cada momentoserviriam aos governantes para saberem como é que tem afinarà aplicação da estrutura que a constituição tem que indicarque é a estrutura organizativa - organização politica eadministrativa da nação. Agora como é que nos podemos olharpara isto de um ponto de vista concreto dos deveres? Reparea área de que procedo – comunicação social – se olharmos asconstituições portuguesas desde a carta constitucional o quevimos é que há uma evolução em que os princípios culturais

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da personalidade que são – é a autoridade que as pessoasfalem, podem exprimir.-se e dizer-se – vão evoluindo atechegar à constituição de 1976 que já diz que as pessoaspodem exprimir através de órgãos de comunicação social etc.Passamos de um enunciado de direitos e deveres para umenunciado formal/material de utilização de meios. Penso queagora estamos no momento que devemos de dar a volta. Temosde decidir se é à volta dos meios, suportes, da neutralidadedos suportes que nós temos de dizer alguma coisa sobre osdireitos. Já não sobre os deveres, já não que as pessoas temde falar ou dizer ou exprimir as ideias mas de aceder. Porexemplo se deixamos de ter direitos de expressão e passamosa ter direitos e deveres de acesso, deveres daqueles que temos meios e direitos daqueles que se expressam por essesmeios. Quero ainda dizer: quando falo em valores culturais eideias culturais acho que numa constituição temos de dizeruma coisa. Queremos uma constituição que se vai integrar apouco e pouco numa constituição europeia? Ou queremos umaconstituição que continue o que continue a acontecer naEuropa nos permitirá olhar para o mundo da lusofonia e entãonessa altura temos de fazer perguntas como essas! Como épossível que 5 milhões de pessoas, na verdade 2 milhões, quesão lusofalantes sejam representados no poder politicoportuguês 1 décimo daquilo que todos os outros são? O que éque queremos? É por isso que digo que no meu modelo dediscussão está o centramo-nos essencialmente aqui: 1- aquiloque é desmaterializavel, aquilo que tem de ser defendido.Porque a saúde, para que a saúde na constituição? Todasestas matérias …a economia, para que? É adequirido não épossível discutir. Agora dizermos que quem está afrente dopaís tem a obrigação que a língua portuguesa que representa17 por cento do PIB seja falada …confesso se bem se mal“estou me nas tintas” pois sempre percebi os que encontreipelo mundo. Isto é que é importante. A constituição deve,tem que ver, tratar estas questões que estãodesmaterializadas porque essas são aquelas que não épossível com estudos com analises com referencias em cada umdos momentos por em confronto, não é construir o aeroporto

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da Ota o TVG, isso são matrerias que se decidem com estudoscom bom senso com mau senso, com conhecimento com poucos,agora estas questões que tem de estar na constituição devemestar como referencia, ou seja, para terminar estou a dizerque se nós vira-se-mos o modelo constitucional britânico aocontrário e em lugar de termos aquele livro sobre o qualeles juram e dizem, que é o conjunto das normas que foramcoleccionando; Se tivéssemos um disco rígido onde tínhamostudo aquilo que todas as pessoas que estão hoje a contribuirpara nós estivesse ordenado, e que estivesse sustentado porestes valores, estes princípios que estes sim …e depois umaorganização da estrutura nacional que indica quem decidecomo decide, e de que forma.. porque que a verdadeiraherança do salazarismo não é a as questões de liberdade deexpressão não são essas questões, tudo isso muda, porquenada disso morreu foi apenas congelado e parado a verdadeiraherança e a pequenez e sobretudo a ideia de que somos umpaís pequenino e pobrezinho e isto é cultural e isto é quetemos de escrever na constituição que não!. Dr Artur Alves - estou aqui no papel …tentar introduzircaos na discussão e a minha introdução seria de dois minutospara dizer coisas extremamente simples . O que se verifica éque há aquilo que se chama a emergência de novos direitos edeveres e esses podem ser ou não consagrados, ser ou nãointroduzidos nos nossos hábitos sociais e mesmo integradosnas nossas instituições se é que isso é preciso. Nãonecessariamente de uma forma centralizada através de umaconstituição, ou seja, é a própria sociedade que tem demobilizar em si própria os seus valores e introduzir nosistemas as causas e aquilo de que é necessário, daquilo queé para ela importante. É isto que vem destabilizar asgrandes questões, por isso se fala em questões fracturantes.São fracturantes porque há uma ideia de um bloco de questõesincortonaveis e não se pode sair e aquilo é que é politicanão! há uma hiperpolitica que passa por dentro e baixo dospartidos e lhes escapa e cada vez mais as pessoas vãocomeçar a procurar mais aquilo que as pessoas vêem como osseus deveres é aquilo que lhes diz respeito. Se tenho umproblema grave na minha rua, qual o meu dever? é reclamar

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junto da câmara meter um requerimento que pode demorar 3anos a ser ouvido? não! não vou para o bloog e para otwitter e vou fazer o máximo de barulho possível com todasas pessoas da minha rua e com as pessoas que me rodeiam. Nãoé apenas fraude nas eleicções corrupção..o Manuel Pinho …isso são questões importantes é certo…mas não .. Não dizemmuito às pessoas, aos cidadãos. Eu aqui gostaria deintroduzir uma ideia e uma pergunta. A pergunta é: nãodeveremos nós ver como direitos e deveres em simultâneo econsagrar de alguma na forma nas nossas mentalidades aexcelência do serviço, a excelências dos serviçospúblicos/privados da nossa acção em publico? Não deverá seressa a nossa acção? E a minha ideia para terminar, que é umainterpelação …fala-se na questão da neutralidade dos meiostecnológicos é muito complexa e difícil de analisar em duaspenas. Eu, estudo estas questões, e tento ver a coisa deoutra forma. Quais são os valores que as pessoas introduzemnos sistemas políticos, tecnológicos etc quais são estesvalores? O que é que é importante? o que é importante é aacção que a axiologia, o conjunto de valores da pessoas,introduz nos espaços em que elas participam. Dr João Palmeiro - o que ele disse .. o que ele falou foique todos temos de olhar a sério para os modelos da auto-regulação e co-relaação como uma forma fundamental deorganização da coisa publica. Eu não queria falar nisso mascomo ele disse …ponhamos os nomes nas coisas.intervenções:João correia - sou revolucionário …podem se rir..mas tenhouma coisa importante a dizer..enquanto houver neste país eplaneta …é assim de uma forma geral as pessoas vivem numailusão que pode ser perfeitamente provada …oiça que quiserouvir ..enquanto houverem tres coisas neste planeta isto nãovai a lado nenhum e em breve vamos ver onde vai parar. Uma éa politica, a politica não faz falta nenhuma a este planetasó serve para dividir as pessoas. Tudo o que é esquerda,direita e seja o que for é simplesmente para dividir aspessoas…quem não acredita pode ir à assembleia e ver apalhaçada que aquilo que é…os governantes deste país. Outroé o sistema monetário não ser para nada só cria diferenças

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sociais …uns são ricos outros pobres…os pobres vivem comoescravos dos ricos literalmente. O conceito da liberdade émentira não existe é só uma coisa escrita num papel, nestecaso é a constituição da republica que já tive ocasião deler e que quase tudo o que lá está é só teoria não sem paraque escrevem num papel se não serve para nada…isso como ocódigo penal como uma data de coisas o estatuto dosdeputados..escrever para não aplicar não serve para nada.Outro problema dos mais antigos é a religião, é outra grandementira criada há milhares de anos foi sendo modificada porvárias pessoas e culturas e basicamente serve para limitar acapacidade humana ou seja todas estas coisas limitam ahumanidade e enquanto existir isto realmente não vai a ladonenhum. Não há forma de fazer isso..isto está a limitar e adividir …e a única forma de levar isto para a frente é unira humanidade numa única sociedade. Prof Marques Guedes – acabamos de ouvir um hino à liberdadee contra todas as formas de fragmentação hierárquica dasociedade. Devo dizer que não discordo, com algumasalterações. Pode ter sido um protesto. Queria fazer umcomentário ao que o Artur e o João disseram antes, e que noessencial me parece importante. 1º É um ponto talvez valha apena sublinhar porque abarcar o que disseram. O José AdelinoMaltez fez um comentário nesta direcção. O grande risco doaspecto ético e politicamente subversivo, chamo-lhe assim,das novas tecnológicas e meios de comunicação e participaçãopolitica, é que eles venham a ser usados pelos Estados demaneira a esmagar os mecanismos de participação e deactuação politica isto é um grande risco. Dou um exemplo dorisco que foi, quando aconteceu aquela cena do Manuel Pinho.Fiquei encantado com o facto de ele fazer aquele sinal natelevisão a um senhor que por acaso disse que acha que aCorreia do Norte seria talvez uma democracia: a frase dele,se bem me lembro, foi a de que não teria a certeza de aCoreia do Norte não se tratar de uma democracia. O que meespantou mais foi não só o esmagamento do Manuel Pinho(obviamente um caso de crowding out) mas antes a nãoemergência espontânea de um grupo de apoio ao Manuel Pinhopor fazer o que deveria ter sido feito há muito tempo …ir à

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cara, imageticamente, claro está, ao senhor deputado, quenão estEve à altura da dignidade do lugar que ocupa …precisamente o que o Manuel Pinho fez simbolicamente fez.Isto é que me espanta… para mim é muito mais grave dizer noParlamento português que a Correia do Norte se calhar é umademocracia do que sinalizar…’vai chatear outro ó boi’, nãoé? Intervenção - queria dizer duas coisas. Há pouco quando ojovem disse que era revolucionário confesso fui eu que meri. Não foi depreciativo apenas …me deu vontade de rir.. e oriso é um direito, foi assim definido em tribunal e oadvogado era o Dr José Hermano Saraiva e defendeu isso emtribunal. Achei graça dizer que era revolucionário, eupensei que um revolucionário antes faria a revolução …porisso me ri. Mas não foi depreciativo, tinha toda a lógica oque foi dito.. é uma forma de pensar respeitável. Em relaçãoao Sr. General Garcia Leandro..dizer apenas o seguinte eureferi que não se percebe o que está a acontecer talvez secalhar só daqui a várias décadas. Se eu entendesse eu seriaum génio e não sou. Porque hoje há tantas correntes ao mesmotempo, há tanta coisa a acontecer que se calhar é cedo parapercebermos o que se está a passar, aquilo que o Sr. Generalreferiu de haver o quarto de hora de tolerância no meioacadémico eu não chego atrasado …o que penso sobre isso é oseguinte: o que falha hoje mais no direito, o que eu conheçovagamente, é que ao longo do tempo se perdeu que foram asoutras ordens normativas. Esse é que é o problema. Hoje alei é uma coisa tão mal aplicada, tão injusta por vezes,imediatamente justa porque as pessoas perderam ordensnormativas essenciais. Eu sou pontual portanto raramenteencontro quem quero encontrar …talvez no futuro comece achegar depois. As outras ordens normativas talvez tenhamfalhado todas a família os mais velhos as senhoras…deixarpassar uma senhora antes de nós é correcto não é? Está a vercomo é difícil hoje saber isso. Um amigo meu ia numeléctrico e estava uma senhora grávida de pé, e elelevantou-se e disse a senhora quer-se sentar? Sabe que elefoi insultado porque a senhora disse: pensa que sou anormalpor estar grávida? Percebe a dificuldade nos dias de hoje?

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Será que estou a fazer ou mal dando lugar a uma senhora? Amim disseram-me que bem. General Leandro Garcia – o que está em causa é precisamentenesta revolução que está a acontecer no mundo, que é maioralteração mundial desde a revolução industrial. É tentarperceber o que está a acontecer mesmo que comentamos erros …mas fazer tentativas, tentativas…perceber o mais depressapossível para definir um caminho para Portugal e essaquestão normativa…elas vão se adaptando…é evidente que a mimme aconteceu o contrário.. no metropolitano por ter cabelosbrancos ofereceram-me o lugar. Mas o que eu digo é que omomento …quer dizer…mesmo o nosso sistema politica estáultrapassado as pessoas já não se revêem nos partidospolíticos. Os partidos políticos já não representam asociedade organizada, tem outros tipos de organização quenós todos estamos a tomar parte e portanto …eu aqui houve ummomento em que eu era …não interessa…foi quando o Dr. DurãoBarroso para utilizar um verbo…resolveu ir para a Europa eeu estava a escrever um artigo “ a ultima oportunidade da 3ªrepública” eu dizia que é preciso um governo maioritário, umgoverno que tivesse ideia firmes, onde tivesse o medo doGuterres, o medo que o Guterres tinha medo de tudo eportanto implementasse medidas. E portanto dizia é a ultimaoportunidade da 3ª republica porque senão vem a 4ªrepública. Ai o Dr. Barroso sai e entra o Dr. Santana Lopesaqui era uma embrulhada muito grande e eu por uma questão depudor e cuidado e não publiquei, mas essa não deixa de ser aminha tese. Porque nós estamos …ainda há pouco falava com oArq Ribeiro Telles …nós estamos na eminência de quasedesaparecer, estamos À beira do abismo e se percebermos issoai encontramos a soluções para vivermos em conjunto e osdeveres e a excelência do serviço e de tudo Rute Sousa Vasco – como é que um pensar dos direitos edeveres nós pode impedir deste abismo?comandante. Orlando Temes Oliveira – julgo que teríamos quede uma forma muito genérica e …vou avançar com esta ideia …de um dever e de um direito e de um dever fundamental. Parajá temos o direito de ser governados execute-se isso eponha-se em letra de forma e temos o dever de intervir.

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Realmente a passividade com que andamos não pode ser. Temoso direito de intervir e perceber para que ser a intervençãono seio da comunidade onde vivemos. Rute Sousa Vasco – o direito de ser governados e departicipar e nessa governação?Comandante. Orlando Temes Oliveira – participar mas quem nãoparticipar tem que intervir não pode ficar à espera …de D.Sebastião que venha resolver …se não concorda tem deintervir. Não pode haver aquilo que se falou de sufocar aparticipação do cidadão porque isso estamos em fato de banhoa mergulhar no abismo …se tivermos tempo de vestir o fato debanho. Dr. Artur Alves – alguém acha ainda que votar ésuficiente...? mesmo aquelas pessoas que votam? é bom masnão chega..isto leva-nos aquele patamar…entre o direito deser governado …tem aquela coisa chata de participar nagovernação como se pode. ir Às assembleias municipais porquenão …é essencial. É terrível numa democracia, porque aspessoas não convivem bem com o povo acham que gostam defalar no povo mas não lhe suportam o odor, mas é essencialperceber as aspirações das pessoas e o que as preocupa. É umadágio antigo: que os portugueses não governam nem se deixamgovernam foi se não me engano de um historiador romano …enfim …é claro que nós nos vamos apropriando da reflexão dohistoriador isto já é lusitanamente manipulado ouacrescentado. O que nos estamos aqui a fazer é importantever como direito e deveres e participação pode ser integradona constituição e o espírito do que a cidadania em Portugalpode estar embebida e olhar para o abismo e olhar outra vezpara nós. …reagir a ele e olhar para trás. intervenção - eu tenho uma tese que quando o impossívelacontece é o fim …e acho que vivemos o fim de uma época e oinicio de outra. Há três anos escrevi um artigo no publico “o estado inútil” onde dizia que é necessário uma 4ªrepublica e não sou um reaccionário sou um moderado. Achoque as pessoas não perceberam uma coisa, o Sr. general tocoubem nisso, eu sou de uma geração de transição sei o que erasendo de uma aldeia do sul de Coimbra, sei o que era aquelaaldeia dois telefone …sem água canalizada, e o que é hoje.

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Eu acho que só podemos interpretar o mundo segundo umparadigma de mudança, até acho que opera à superfície, masde mudança. E creio que a mudança tecnológica – reflexãosobre a técnica – esta mudança deu lugar a uma mudançaeconómica a seguir a uma mudança cultural. Na verdade háaqui uma ruptura…eu creio que em certo sentido tudo o queestá para trás do ano 2000 é velho e com isto, não estouaqui a pedir um mundo completamente diferente, não é isso. Odigo é que é necessário uma resposta nova. E quando vejo umproblema sério em termos de constituição há muito anos nãohá a representação de todos. Como conciliar a representaçãode todos com a democracia? Há governantes que ficamsatisfeitos quando um referendo à constituição europeia emEspanha passa com um percentagem de 30 por cento de votantes…ai Jesus porque não passa em França. Qual a representaçãode todos os outros. isto é um problema muito sério. Tambémacho que devemos dar respostas agora…porventura erradas,corremos esse risco, mas corremos esse risco mas quem estapreparado para a resposta? A lei de ferro da oligarquia podecinicamente continuar a aplicar-se estamos condenados a queuma minoria governe a maioria, mas esta possibilidade de umaperversão em que muito são postos à margem. Eu acho que senós actualizarmos a questão do que é ser marginal hoje.Vejamos os desempregados são os pobres de antigamente. Osdesempregados estão em número crescente isto deixa-nosdesafios grandes …Dr João Palmeiro - queria fechar o que vos disse contandouma historia ao modo de uma metáfora e chamando à atençãopara uma coisa. a historia é : o meu pai escreveu em 1949 oque foi o 1º teatro radiofónico comercial em Portugal. Foiescrito por uma marca holandesa que era a raibenda que erauma marca de licores que se estava a introduzir em Portugal.O licor chamava-se o, o mala posta, quer era o símbolo daraibenda. a historia era uma mala posta que percorriaPortugal de norte a sul para ir vendo os problema e ashistorias do povo e das pessoas. Isto passou no rádio clubeportuguês o protagonista principal era um fulano chamadojoão Maria, que era eu, que tinha acabado de nascer um mesesantes que era protagonizado pelo Vasco Santana e a minha mãe

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actuava com um dos cavalos a violeta e sempre que havia umproblema havia uma voz que dizia o Vasco Santana : joãoMaria tu fica convencido que era o meu pai. Então ia dandosempre conselhos que depois eram patrocinados pelo licor.Esta ideia que há sempre uma voz há sempre alguém que estánão sabemos bem onde que no mundo certo, exacto, necessárionos chama a atenção é exactamente aquilo que nós vemos nasnovelas portuguesas que hoje ..eu sou uma pessoas muito maispreocupadocom as novelas do que com os serviços de noticias.Quando me dizem que a Manuela moura Guedes é finalmente agrande transferência que bateu o preço porque o real Madridpagou 98 milhões de euros pela transferência do Ronaldo ealguém estava a preparar-se para pagar 150 milhões de eurospela transferência da Manuel moura Guedes farto-me de rirporque esse mesmo alguém com esse dinheiro esta a investirno perpetuar deste modelo que é modelo das novelas em quetudo se resolve por isso é que as novelas portuguesasultrapassaram as brasileiras…gostava que alguém pensassenisto e que contra isto …como o meu pai nasceu em 1902 eescreveu esta pequena historia 1949 …que é um pernunciodaquilo que é então em termos de batalho aquilo que nóstemos de tomar que é a luta contra o paternalismo que comodizia o nosso amigo revolucionário uma vezes se chamaigreja, outras chama-se politica, outras economia. Naverdade é revolucionário na medida em que ele, ou pode, teresta luta contra esta coisa que é verdadeiramente opaternalismo que é do meu ponto de vista aquilo de que nostemos de ver livres se queremos ser diferentes e não cair noabismo. General Garcia Leandro – alguns de nós falamos aqui na 3ª e4ª Republica e isso não é politicamente correcto paraalguns. Sempre que falo nisso, e o Dr Maria Soares estápresente, ele corrige-me sempre olhe que não é, é a 2ª oestado novo nunca foi uma república.

4ª Parte – os poderes políticos.

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Rute Sousa Vasco - o painel da economia foi o menosvotado…o que é deprimente porque a economia é vital paracompreendermos a nossa vida em sociedade e nosso futuro. Masaparentemente não foi essa a leitura o que é tambémexplicado por ser visto por uma universo fechado. Uma dasquestões que foi colocada on-line é muito actual. Aponderação dos diversos poderes, ou seja, se o governo temos suficientes ou demasiados poderes? se o presidente darepublica deveria ter mais poder?Prof João Caetano - é uma questão em aberto. Ao contráriodo que pensa a maior parte das pessoas é uma questão emaberto. Eu sou desde há dois anos presidente de umaassociação centenária portuguesa CADC em Coimbra e estamosagora com uma lista de convidados, uma lista de pessoasnotáveis, que vão a Coimbra. Uma dessas pessoas é umconhecido blooguer o João Gonçalves que lhe dei carta brancapara falar sobre o que entendesse e disse-me que gostaria defalar sobre presidencialismo. E obviamente que opresidencialismo como forma de governo é defendido poralguns pessoas mas sobretudo o que acho que devemos pensar éque nos últimos anos houve alterações significativos doequilíbrio de poderes em Portugal. Na linha do estado novo ogoverno tem muito poderes legislativos além de poderesadministrativos muito fortes. O parlamento exerce funções decontrolo politico fiscalização em matéria legislativa tempoderes amplos mas não os exerce muitas vezes porque osdelega no governo, e portanto acho importante estarmosabertos para discutir a matéria por muito que pareça fora dotempo. E acho também que outras posições porventuraminoritárias para quem ache que a forma do estado deveriaoutra, nomeadamente, penso, conheço aqui vários monárquicose eles estão perfeitamente integrados no sistema político oupartidário português que também se deve defender essaposição. E portanto admito que no futuro próximo haverásignificativas alterações quais não posso enunciar. Mas devodizer que sorrio quando penso que determinadas pessoasfazem, por exemplo, uma defesa asserima da constituiçãoactual . Eu creio que nós vivemos por ventura numa época defim de ideologias. Neste sentido se nós lermos com atenção

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os mais recentes estudos da neurociencia, nomeadamente doportuguessimo antónio damásio ainda que falepredominantemente inglês, a verdade é que ele vem dizeralgumas coisas muito interessantes. 1º a liberdade humanaexiste, e está provado cientificamente, 2º necessidadematerial da ética. o que é que isto trás? Novas exigências àciência. Qual o contributo da ciência? da sociologia? seráque nos podermos pedir à ciência resposta eficientes aoinvés de nos darem ideologias? Porventura é este o caminho aexplorar no futuro e isto parecendo que não, mexe muito coma questão dos poderes. Dr. Ricardo – não sou jurista, sou economista …e debuçei-mesobre as questões económicas da constituição. Mas pegandoneste tema e levando para a consittuição a mim o que meparece que será relevante, não sei se é aumentar os poderesdo presidente da republica do governo ou do estado. o estadode qualquer modo, já tem o monopólio do poder. Portanto amim o que me parece que seria importante no ponto de vistada constituição, era a constituição promover mais mecanismoque limitem os poderes do estado, governo e presidente darepública. Isto não é uma óptica meramente liberal, é umaóptica de…nós temos que assentar….e assentamos que existe umestado e um governo… é necessário para manter a unidade dopais..e por isso muito importante…mas temos de ter cuidadocomo foi referido. o estado pode meter-se demasiado nasnossas vidas, e muitas vezes intromete-se em coisas para asquais não está preparado. E portanto é importante que aconstituição, mais do que focar pela positiva se quisermosos muitos direitos que as pessoas …tem cerca de 100 artigossobre os direitos dos portugueses e muito pouco de deveres.Parece-me que seria importante que houve artigos naconstituição que de certa forma constituíssem limitações aopoder efectivo que o estado tem independentemente de ser opresidente da república ou ser o governo. Aqui pensando emtermos de estado. Agora na questão do presidencialismo. Aminha visão é que sinceramente a única razão, o únicoargumento, que vejo para existir um presidente da repúblicaé enquanto representante do povo português. E portanto, opresidente da república, tem realmente alguns poderes.

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Alguns são mais da prática do que da lei, mas tem poderesmuito diminutos e acaba por ter um papel de moderador…dizumas coisas simpáticas etc…Mas interrogo-me até que pontoisso é necessário …eu não sou monárquico vou agora fazer opapel dos monárquicos e porque que é que não haveríamos deter um Rei, ou qual a diferença do Rei e do presidente darepublica quando tem uns poderes tão diminutos e a meu vernão tem que ter mais poderes. Prof. João Maurício - eu começa por tocar na sua primeiraobservação. O facto da economia ser um ponto menos tocado. Éque nos temos nos estado a esquecer que isto é aconstituição e se calhar a economia não deve estar naconstituição. O Arquitecto Ribeiro Telles dizia que a vidaera dinâmica e a economia é uma forma de vida e a dinâmicanão pode estar sujeito à norma jurídica formal regida daconstituição. Aliás esse é o problema de que Portugal tempadecido nos últimos 35 anos. Nós não conseguimos o que é obem, conseguimos sentir o que é o mal. Não sabemos o que é ojusto, mas conseguimos sentir coisas injustas, e portantoquando alguém resolve formatar a politica de um país emtorno de um conceito de bem que é subjectivo que é parcial eo torna constituição, e o torno obrigatório, e o torna comodigo caris sobre os quais todos os governos tem depercorrer..mesmo que isso não seja a vontade expressamaioritariamente pelo eleitorado em determinado momentoconjuntural, talvez as pessoas tenham sido mais inteligentee eu que tenho alguma desconfiança em relação a estas –modernices teconologicas – porque são facilmentemanipuláveis. Ainda há pouco tempo uma revista,aparentemente só para homens, fez um concurso para saberqual era a mulher mais bonita de Portugal e ganhou umaestrangeira porque um estrangeiro entrou no site e votou 50mil vezes nessa pessoa. O mesmo com José Mourinho, porque umfanático do FCP conseguiu entrar no site e fez com que eleganhasse. é evidente que isto é possível controlar. Lembroem propósito do poder politico, porque muitas vezes adiscussão divergiu para democracia directa, curiosamente umadas pessoas que mais se manifestou contra a ideia dastecnologias aplicadas ao voto foi o Bill Gates que só teria

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a ganhar com isso. Isto porque se percebeu que aquela grandequestão que aconteceu no ano 2000 aquando as eleiçõespresidenciais norte-americanas a re-contagem não é possívelse o meio for virtual. Se alguém fizer bem feita umaalteração ao resultado eleitoral que seja favorável a umlado, não é possível fazer re-contagem porque o computadorvai dar o mesmo resultado. Portanto não devemos embarcar tãofacilmente nestas modernices. Mas em relação ao poder …aconstituição nós temos de saber o que queremos com ela. éengraçado porque estamos a regressar ao ponto de partida.Era um conjunto de regras que organizavam o poder politica egarantia e consagrava direitos fundamentais. A certa alturaas pessoas pensaram, talvez inspiração bíblica de quem éateu, que a palavra fazia coisas. E então dissemos vamos darcasas a toda a gente, casas condignas e o estado é obrigadoa isso. Vamos dar saúde a todos, porque o estado é obrigado.E as pessoas olham para uma constituição, e vi isso no bloogonde participei, que as pessoas julgam que podem resolver osproblemas da sua vida, bastando que se diga faça-se. Não épara isso que serve a constituição. É como diz o colegaanterior disse, para limitar os poderes do estado. O estadoé de tal modo poderoso, que pode por exemplo bloquearligações à Internet, pode manipular ligações à Internet epode ir-nos ao bolso com uma facilidade… para fazer coisascom as quais posso não concordar. Sem que possa fazer nada.Pode por exemplo se chegar a uma situação de crise…mandar osdireitos às malvas e dizer que o contribuinte é naturalmenteuma pessoa desonesta e que por exemplo o ónus da prova deprovar que é honesto pertence ao contribuinte e não aoestado. Isso era o que deveríamos ter na constituição. Era aconsagração clara de regras que impusessem limites ao estadoque impedissem a liberdade. E uma constituição deve ser umacoisa tão enxuta, tão flexível e aberta que permite qualqueropção politica democrática e de bom senso e é essaconstituição que eu defendo. A actual constituição nãopermite o meu modelo, e isso é que faz com que estaconstituição seja desajustada, curiosamente como todas asportuguesas desde 1822. São sempre feitas contra os queestão, e depois contra os que estão e estão e assim

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sucessivamente e no final não há uma constituiçãoconsensual. Só pode ser consensual se tiver o miniindispensável para garantir aquilo que na constituiçãoAmericana me parece, e por isso a mais antiga escrita, que éo direito de cada um de nós buscar a sua felicidade. Rute Sousa Vasco - a segunda questão mais colocada foisobre a separação dos poderes políticos e dos poderes dosnegócios, ou seja, o mundo da politica e dos negócios eentão neste ano -temos muito esta opinião, é visto como ummundo muito colocado, e nos nossos participantes no bloogsurgiu como ponto importante na discussão. Deve constar naconstituição? Prof. João Maurício - O principio da separação de poderesdeve constar…. Isso era pensar que …e eu não sou marxista…mas o Marx de vez em quando lá se enganava e acertava.. épreciso não pensar que quem tem interesses quer controlar asdecisões que possam ou não favorecer ou afectar os seusinteresses. Mas isso é tanto para os negócios como para oscidadãos. Talvez fizesse mais sentido consagrar os lobbys einstitucionalizarmos e tornar-se publica a pressão legítimaque cada um tem em relação ao exercício do poder político.Ou então, por exemplo, numa área que talvez passe para olado – na área do direito fiscal quanto mais simples foremas normais fiscais, e elas não devem constar na constituiçãoa não ser a definição da existência de impostos e como é queeles se aprovam etc, o sistema fiscal tão simples, tãosimples, que não seja passível de uso como arma politica.Vou dar-lhe um exemplo. Se há anos atrás, se eu pego numestudo da Inglaterra a propósito da taxa efectiva de impostocobrada, e chegou-se à conclusão que os que faziam parte dosescalões mais baixos pagavam mais do que os outros, emtermos de taxa efectiva. Não estou a falar do montante,porque se a remuneração é maior o que se paga é maior. Mas ataxa efectiva era menor, porque é fácil através dos lobbys éfácil influenciar a criação os abatimentos os deduçõesfiscais. E se eu tiver uma propensão marginal a pouparsuperior porque tenho um ordenado superior naturalmenteposso investir em PPR e outros coisas que obviamentepromovem deduções fiscais e de facto pago menos taxa de

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imposto. Se a taxa de imposto fosse igual para todos, e nãoexiste a ideia da progressividade, que é mentira, como formade redistribuição que não acontece. Em Portugal o montantede imposto cobrado por exemplo pelo escalão A não dava parapagar o algodão dos hospitais, e as pessoas acham que háredistribuição, porque se houvesse uma taxa efectiva deimposto comum a toda a gente…ou não minha opinião nãodeveria haver IRS que é outra história …mas uma taxa que eracobrada pelo consumo e em que a diferenciação era feita pelotipo de produto que era consumido as pessoas compreendiam eaceitação. Porque não havia aquilo que de facto é uma fraudeao sistema que propõe-nos um modelo redistributivo em que defacto quem paga imposto é aqueles que trabalham. Porque nóstemos um modelo engraçado temos impressas que padecem porexemplo de atraso tecnológico, incapacidade de colocarprodutos ou no fundo de ser empresa competitiva e recebemsubsídios pagos por quem trabalha e pela empresas que dãolucro se isto tem lógica então é uma batata. Dr. Ricardo – eu não queria entrar pela parte da questão daredistribuição da riqueza …o assunto claramente não temdirectamente que ver com a constituição, não está ládirectamente, felizmente. Mas…indirectamente acaba por estarno sentido em que a constituição é o espelho do nossosistema jurídico. Mostra a complexidade do que vai na cabeçados nossos juristas, mostra a complexidade das nossas leis,a falta de transparência das nossas leis. Sempre que pegamosno diário da república queremos consultar uma lei qualquer,sobre qualquer assunto, sempre que faço isso vejo meia dúziade artigos que não percebo o que fora lá fazer. E naconstituição é o mesmo e portanto esta falta detransparência que a constituição tem e o que o resto dosistema legislativo e legal traz é propicia a que ..ou ajudaa que a confusão ou o trafico de influencias entre na classeempresarial, e não só …politica seja uma realidade se calharcrescente. E portanto a forma de combater, passa por nós …aconstituição podia ajudar se ajudasse a promover atransparência na actuação nas leis que são emitidas epublicadas e na própria actuação do estado. Isso seria umprincípio e a constituição parece-me como já foi aqui dito,

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deve conter dois princípios consensuais…isso seria umprincipio que é mais ou menos consensual e faria sentidoestar na constituição. Exigir transparência nas relações doestado com os restantes agente, exigir transparência na leique os agentes das autoridades legais, as autoridades doestado emitem. Prof João Caetano - pegando numa …em algumas coisas queaqui já se disseram. Na verdade pergunto quais osfundamentos do sistema politico…os fundamentos da politica eda nossa ordem jurídica. Sem duvida que a politica é o reinoda relatividade, isto é, é perfeitamente legitimo edesejável que as pessoas tomem opções politicas diferentesno entanto há um fundamento moral primeiro que não podedeixar de informar o que é o direito e o que é a politica.Um autor que tem falado muito sobre isto e que é uma matériaque a mim me interessa quando penso a democracia é o actualpapa que enquanto Cardeal escreveu coisas muitointeressantes nomeadamente esta de que há um domínio queestá no inicio em que é ilegítimo que … cria posiçõesdiferentes sob pena de totalitarismo. Ora bem. eu olho paraa separação de poderes e para as relações espúrias queefectivamente existem com os negócios. Não tocando naquestão da separação dos poderes que efectivamente em si éboa, o problema é que ela efectivamente não existe. E issonós reparamos hoje já se tomou no sistema politico quequando se está a votar em eleições legislativas não se estáa votar em partidos políticos, em deputados mas está-se aescolher o primeiro-ministro, sabes o peso que osdirectórios partidários designadamente os lideres dospartidos tem na escolha dos deputados. Sabemos que osdeputados na maior parte dos casos, comparando com o sistemapresidencialista americano, há uma vantagem clara …dessesistema porque a separação de poderes é mais efectiva. Osnossos deputados representam os interesses, salvo excepções,partidários. Rute Sousa Vasco- mas não acha que a institucionalizaçãodo lobby como sujeriu o Prof João Mauricia poderia ser umaboa solução, ou aumentava a transparência?

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Prof João Caetano - sim o problema é …aqui há tempos ouviFrancisco L. dizer uma coisa extraordinária vinda dele …masconsiderando uma situação efectivamente verdadeira no casoem Portugal quando ele dizia : a justiça em Portugal nãofunciona vejam neste caso nos estados unidos já foiresolvido. E de facto o tema de justiça não funciona emPortugal, é o mais grave problema politico em Portugal - jáagora uma nota de rodapé para dizer que ao contrário doestado, o governo é que é uma categoria universal, acategoria estado não é universal – mas pergunto porque é nosestados unidos funciona e em Portugal não. porque é querecentemente se passaram estes problemas na procuradoriageral da republica com um procurador geral …com umprocurador enfim …a fazer o que fez. Eu acho que isto podeser corrigido por forma relativamente simples como?Estabelecendo no sistema de justiça, uma série de controloslaterais que eu não vou desenvolver agora esta ideia, masque é o que efectivamente se passa no USA. Nós sabemos que opoder absoluto corrompe. E há situações em Portugal …detempo.Rute Sousa Vasco - uma questão endereçada directamente aoProf João Maurício no bloog pela Ana Margarida Esteves e quecoloca a seguinte questão: que garantias constitucionaispodem permitir que os cidadãos tenham uma base mínima de bemestar, desenvolvimento, acesso à cidadania à liberdade? Prof João Maurício - de facto está a ser um debateinteressante …de facto temos posições, não digo antagónicas,mas alguém uma vez disse que há sempre uma coisa que estamostodos em comum. É que nós queremos mais saúde, educação,justiça não sabemos é como é que havemos de lá chegar. Emrelação à Ana Margarida a minha diferença está naquilo a queo Prof Jaime Nogueira Pinto chama que era uma concepçãoantropológica do homem. Eu acho que vejo o homem como ele é,e não sonho como ele deveria ser. O sonho fica para mim enão faço disso um modelo de organização de estado. Osdireitos uma vez consagrados são exercidos por quem os querexercer. É evidente que há um problema: e todos os podemexercer? de facto não os podemos exercer todos. Mas nãoconsigo fazer por lei que todos os exerçam e que todos

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exerçam todos os direitos. Por isso essa pergunta é dapoesia fase à realidade. Eu também nos meus sonhos poéticosgostava que o homem fosse diferente, gostava que o homemtivesse uma espécie de uma coisa para o levar a ser bom. Masai estaria a ir contra a criação de Deus, de nos fazerlivres. A liberdade, por muito extranho que pareça, é acondição para fazermos maldades. Mas se nós não podermosfazer maldades não somos livres, não somos pessoas. Eu nãogosto de um modelo, e contra ele lutarei sempre, que me querconsagrar a mim modos de cumprimento dos meus sonhos. Nãofaz sentido algum numa sociedade que diga que cabe ao estadoassegurar a toda a gente uma habitação condigna e eu quandotive mais de um filho tive de pagar a minha casa. E a casade outros que nada fazem de produtivo na sociedade. Eugosto, e contribuo pessoalmente, naquilo que não tem outronome senão a caridade. Gosto de ajudar o próximo que estápróximo, não a forma de despejar dinheiro para aliviarconsciência. Não gosto de bairros sociais em como aconteceunuma autarquia em que no dia da inauguração a presidente dacâmara estava prestes a inaugurar e falta o 1º proprietário,o feliz contemplado que chegou atraso num audi A4 . Isso nãofaz sentido, faz sentido que me preocupe com os outros, masnão faz sentido ouvir a Drª Roseira Carneiro a dizer que nóstemos todos de pensar nos bairros sociais quando é parafamilias ciganas que tem uma actividade negocial que é emcarrinhas e que por isso não podem estar em rua e por issotem de ter uma casa e com garagem. Percebem? eu acho muitobem que tenham tudo isso …mas não sou eu , o estado, que temde garantir porque isso seria tremendamente injusto. Não é ainjustiça social haver ricos e pobres, é sim haver cada vezmais pobres porque se retira aos ricos a dinâmica einiciativa e no fundo se retira aos ricos o produto do seumérito que depois …se houver essas outras ordens normativasque não o direito o devem redistribuir. Havia uma seitareligiosa cristã que defendia que todos os seus fieisdeveriam o mais que puderem, ganharem o mais que puderem, edarem o mais que puderem na medida em que aquilo que euganho é meu, é meu mérito mas não foi só ganho por mim e nãofoi só por mim produzido. Mas não é o estado que determina a

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afectação porque isso gera um problema …porque o que temacontecido no estado geral, e ao contrário do que se temdito, isto não é a crise do capitalismo é a crise do estadode providência. O que tem acontecido é o enxugar daquilo quesão o produto do mérito dos sectores mais dinâmicos para sertransferido para sustentar sectores não dinâmicos. Terminavacom um frase que interpretei assim das frases do ArquitectoRibeiro Telles: que a vida é dinâmica e não há lei que atorne estática nem há lei que a faça ir para algum sítio.Porque a vida é dinâmica e não segura. e não há direitonenhum que diga que não vai terramotos, despedimentos. Equando houver despedimentos não há nenhuma norma daconstituição que diga que todos temos direito ao trabalhoque faça com que aqueles empregos não tenham. Tudo o resto époesia. Intervenção –Samuel - Eu sou monárquico e sou liberal e acredito talcomo Popper e outros diziam o que é mais importante é que ahaver uma constituição seja minimalista e depois assim comodiziam o edifício constitucional e jurídico do estadoefectivamente institucionaliza pesos e contrapesos quelimitem o poder de intervenção de estado tal como oProfessor Joaõ Maurício já havia dito. A minha pergunta é: oque é que os intervenientes neste painel pensam sobre aregionalização ou federalização de Portugal e ainda sobre ainstitucionalização de uma segunda câmara legislativa comoforma de contrapeso precisamente ao abuso de poder queassistimos na 1ª câmara?Prof João Maurício - é óptimo dizer titânico porque o meunome é Tita portanto. Rapidamente tomo uma declaração deinteresses sendo Popper um dos meus autores preferidos.Sobre regionalização e federalização eu lembro-me que porexemplo quando a união soviética existência a região deplano mais plana que eles tinham era maior que Portugal.Segundo a regionalização tem que propósito? Há quem defendaque o propósito é o desenvolvimento interior, eu achava queera mais fácil descobrir uma mina de ouro ou poço depetróleo porque ai desenvolvia-se mesmo que fosse só poralguns anos. Como aconteceu na região entre os estados

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unidos e o canada. Porque num estado autoritário é que euposso dizer agora desloquem-se e façam colonados na beirainterior ou Alentejo profundo. Não vejo qual o sentido daregionalização, o federalismo não sei com o que…só se fossecom uma comunidade lusitana mas estamos proibidos pelacomunidade europeia. Mas isso era uma decisão de outrospaíses que não o nosso. Sobre a 2ª câmara já há anos quevenho a defender uma ideia Popperiana que é uma ideia muitoparecida com uma ideia de câmara de anciãos. O meu modeloera o seguinte: existiram normas da estrutura e as queestavam ao sabor da conjuntura. A câmara baixa fiscaliza ogoverno faz as leis que estão subordinadas as leis quadroque estariam apenas na disposição dessa segunda câmara queseria composta por pessoas com mais de 45 anos eleitas porpessoas com mais de 45 uma vez nada vida com mandato de 15anos. Não há re-eleição, recandidaturas para re-campanha ehavia uma certa estabilidade no sistema que é que faz comque quando se consulta o diário da republica não é precisonão ser jurista. É que ninguém percebe, até porque na maiorparte das vezes é feito para não perceber. Não sei se sabemuma norma penal que haja sido declarada constitucional ela.

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