Aula 4 - Parasitologia Geral - 2014/2 - Protozoários parasitas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Departamento de Parasitologia e Microbiologia PARASITOLOGIA GERAL Profª Drª Daniela Reis Joaquim de Freitas [email protected]

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Departamento de Parasitologia e Microbiologia

PARASITOLOGIA GERAL

Profª Drª Daniela Reis Joaquim de Freitas

[email protected]

Protozoários parasitas

Relembrando da aula passada...

Introdução

• Os protozoários de interesse clínico em parasitologia são entéricos e

hemoparasitas;

• Parasitas de trato genital como Trichomonas atingem órgãos genitais;

• O estágio infectante de alguns protozoários é chamado de

esporozoíto, enquanto o estágio em que está no hospedeiro

alimentando-se e crescendo até se dividir é chamado de trofozoíto;

• Esquizonte – trofozoíto que cresceu e adquiriu um grande núcleo e

tem capacidade de se dividir repetidas vezes; quando o esquizonte

se rompe libera as formas adultas maduras, os merozoítos.

• Protozoários como os esporozoários que tem fase sexuada, esta

fase é chamada de gametogônia ou esporogônia.

• Serão vistos na aula de hoje alguns protozoários de interesse por

suas características patogênicas.

Lumen-Dwelling Protozoa

Flagellates: Giardia lamblia Dientamoeba fragilis Chilomastix mesnili Enteromonas hominis Retortamonas intestinalis Trichomonas hominis Trichomonas tenax (oral) Trichomonas vaginalis (urogenital) Ameba:

Entamoeba histolytica Entamoeba dispar Entamoeba coli Entamoeba hartmanni Entamoeba polecki Entamoeba gingivalis (oral) Endolimax nana Iodamoeba bütschlii Apicomplexa:

Cryptosporidium parvum Cryptosporidium hominis Cyclospora cayetanensis Isospora belli Microsporidia:

Enterocytozoon bieneusi Encephalitozoon intestinalis Other: Blastocystis hominis Balantidium coli

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• Entamoeba histolytica

– causa disenteria amebiana, doença de distribuição mundial

– 100.000 mortes/ano – água e alimentos contaminados

– Trofozoítos secretam enzimas proteolíticas que produzem úlceras

características em forma de cantil na mucosa do intestino grosso;

erosão da parede – acesso da ameba a corrente sanguínea

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• Entamoeba histolytica

– multiplica-se por fissão binária

– Eventualmente se encista e é eliminada pelas fezes

– O cisto contém 4 núcleos – é relativamente resistente e é o estágio

infectante do próximo hospedeiro

– Pode ocorrer infecções naturais em cães

– Humano: espécie reservatória

E. histolytica

Monoxênico - apenas um hospedeiro

Ingestão de cistos maduros

Chegada no intestino delgado onde ocorre o desencistamento

Metacisto sofre várias divisões celulares transformando-se em trofozoíto

Migração para o intestino grosso

Produção de cistos e liberação nas fezes

Invasão da mucosa intestinal

Ciclo de vida

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• Entamoeba histolytica

– gatos são susceptíveis à infecção experimental mas não produzem

cistos

– Macacos transmissores para o homem

– Forma de diagnóstico: esfregaços de fezes

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• Trypanosoma

– membros deste gênero são encontrados na circulação sanguínea e

nos tecidos de vertebrados no mundo todo

– Grave morbidade e mortalidade entre homens e animais em regiões

tropicais

– Com uma exceção, TODOS possuem um vetor artrópode.

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• Trypanosoma

– Transmissão cíclica – artrópode é o hospedeiro intermediário, no

qual se desenvolvem as formas infectantes de mamíferos; grupo

chamado de Salivaria;

– Todos os tripanosomos transmitidos pelas moscas tsé-tsé (T.

congolense, T. brucei e T. vivax).

T. brucei

Ciclo de vida do T. brucei

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• Trypanosoma

– Em outros tripanossomos, a transformação e a multiplicação se dá

no intestino da moscas e as formas infectantes migram para as

fezes – Stercoraria;

– Nos animais domésticos são relativamente não-patogênicos

– No homem: T. cruzi causa doença de Chagas

T. cruzi

Tripomastigota de Trypanosoma

cruzi. Seta preta - cinetoplasto;

vermelha - núcleo; azul - membrana

ondulante; verde - flagelo.

vetor

• Morfologia do tripanossomo:

- epimastigota – presente no trato intestinal do barbeiro

- tripomastigota – presente na parte final do trato intestinal do

barbeiro e no sangue do vertebrado

- amastigota – presente nos músculos do vertebrado

amastigota

tripomastigota

epimastigota

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• Trypanosoma

– Transmissão acíclica: transferência mecânica de um hospedeiro ao

outro por picada de insetos, durante alimentação – T. evansi,

amplamente distribuído nos rebanhos da África e na Ásia

– Na América Central e do Sul também é transmitido por morcegos

– T. vivax – veio para América do Sul pela importação de bovinos

infectados

Tripanossomose em bovinos

• Hospedeiros de tripanossomos: todos os animais domésticos,

especialmente bovinos;

• Comum também em animais silvestres, javali africano, porco-do-mato e

vários antílopes.

Picada do barbeiro e fezes na pele do hospedeiro vertebrado

Fezes com formas tripomastigotas caem no sangue do vertebrado

Entrada nas fibras musculares

Transformação para amastigotas

Mitoses

Algumas amastigotas saem das céls., caem no sangue e se transformam em tripomastigotas

Liberação de epimastigotas nas fezes

Divisões celulares das epimastigotas

Transformação para epimastigotas no trato digestivo do barbeiro

Picada e defecação

Picada

Homem

Barbeiro

Ciclo de vida de T. cruzi

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• Trypanosoma – outras formas de transmissão

– Transfusão sangüínea

– Transmissão congênita

– Via leite materno

– Acidentes de laboratório

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• Trypanosoma – Patogenia:

– Dilatação linfóide e esplenomegalia

– Anemia

– Degeneração celular e infiltrados inflamatórios em muitos órgãos

– Em ruminantes – anemia, dilatação generalizada das glâdulas

linfáticas superficiais, letargia e perda progressiva de condições

físicas; febre e falta de apetite intermitente.

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• Trypanosoma - Diagnóstico

– esfregaço de sangue; em caso grave de parasitemia, vê-se

tripanossomas móveis em esfregaço fino de sangue

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• Leishmania

– Leishmaniose tegumentar (úlcera de Bauru) – lesões ulcerosas

cutâneas;

– Agente etiológico: Leishmania braziliensis, L. amazonensis, L.

guyanensis

– Vetor: flebotomíneo Lutzomya longipalpis (mosquito-palha)

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• Leishmania

– Leishmaniose visceral (calazar) – hepatoesplenomegalia, anemia,

edema, dentre outros;

– Agente etiológico: Leishmania donovani, L. chagasi

– Vetor: flebotomíneo Lutzomya longipalpis (mosquito-palha)

• Transmissão:

- picada do flebotomíneo- Acidentes de laboratório- Transfusão sanguínea- Via congênita

•Reservatórios:

-Cães-Raposas-Preguiças-Gambás-Roedores em geral

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• Leishmania

• Amastigota: encontrado no vertebrado, não apresenta flagelo.

•Promastigota: forma infectante, encontrado no flebotomíneo.

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• Leishmania

Inoculação de formas promastigotas na corrente sanguínea do vertebrado

Promastigotas penetram em macrófagos e se transformam em amastigotas

Várias divisões celulares e liberação de amastigotas na corrente sanguínea

Migração de promastigotas para glândula salivar do flebotomíneo

No intestino do flebotomíneo amastigotas se transformam em promastigotas

Várias divisões celulares

Ingestão de macrófagos infectados

Homem

Lutzomya

Picada

Picada

Leishmania

Macrófago com amastigotas

Inseto

•Polimórfico: Promastigota

Paramastigota

Promastigota metacíclico

Amastigota

• Reprodução por divisão binária

Hospedeiro mamífero

• Leishmania

• Visceral ou Calazar (L. donovani, L. infantum, no Brasil

causada por L. chagasi ):

- Enfermidade crônica

- Caracterizada por:

– febre irregular e de longa duração

– hepatoesplenomegalia e linfoadenopatia

– Anemia com leucopenia; Hipergamaglobulinemia– Emagrecimento– Edema

– Caquexia e morte se não for tratado, dentro de 2 anos

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Formas clínicas calazar: assintomática, oligossintomática, aguda e crônica

Forma cutânea (úlcera de Bauru)

Muco – cutânea:Cutânea difusa:- Infecção confinada na derme, formando nódolo não ulcerados. Disseminação por todo o corpo - Associado a deficiência imunológica do paciente- Novo mundo, L. pifanoi, L. amazonensis- Velho mundo, L. aethiopica

• Leishmania - tegumentária

– São vistos na forma amastigota no sangue– Exame histológico– Cultura– PCR– Teste de Montenegro

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• Leishmania - visceral

– Esfregaço

– Aspirado esplênico

– biópsia

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• Trichomonas

– Patógeno mais importante é o T. foetus

– Multiflagelado de trato reprodutor de bovinos transmitido por via

venérea.

– Em touros, inaparente; em vacas prenhes produz morte fetal

precoce

– Outras espécies ocorrem em trato digestivo de animais,

aparentemente como comensais; exceção – T. gallinae:

patogênico no esôfago e papo de pombos.

Reino ProtistaSub-reino ProtozoaFilo SarcomastigophoraClasse Mastigophora

Corte do axostilo

Trichomonads of Humans

Species Location

Trichomonas vaginalis uro-genital tract

Trichomonas tenax oral cavity

Pentatrichomonas hominis intestine

Dientamoeba fragilis intestine

Reino ProtistaSub-reino ProtozoaFilo SarcomastigophoraClasse Mastigophora

• Trichomonas

– Distribuição de T. foetus é mundial

– Touros infectados permanecem assim para sempre

– Transmissão para vaca durante o coito

– Diagnóstico: sorológico

– T. gallinae: causa lesões necróticas na boca, esôfago e papo de

pombos jovens; perus e galinhas podem infectar-se.

– T. vaginalis: vagina e uretra humanas; transmissão venérea.

Reino ProtistaSub-reino ProtozoaFilo SarcomastigophoraClasse Mastigophora

• Giardia

– Possui superfície ventral achatada no corpo

– É eliminado na forma de cistos multinucleados ou

ocasionalmente trofozoítos nas fezes

– Diagnóstico: laboratorial - EPF

– Causa diarréia em animais silvestres, domésticos e no homem

– Cães e gatos: reservatórios para o homem.

Reino ProtistaSub-reino ProtozoaFilo SarcomastigophoraClasse Mastigophora

Mb – corpos medianos

Ciclo de vida

Cistos e trofozoítos de Giardia

• Hexamita meleagridis

– Possui 2 núcleos

– 3 flagelos que atravessam o corpo e se mostram apicais

– Causa enterite catarral em perus jovens.

Reino ProtistaSub-reino ProtozoaFilo SarcomastigophoraClasse Mastigophora

Hexamita meleagridisTrepomonas

• Eimeria

– Hospedeiro: aves domésticas, bovinos, ovinos, caprinos, suínos,

equinos e coelhos;

– Parasita as células epiteliais do intestino; duas spp parasitam

rins e fígado

– Ciclo evolutivo divide-se em três fases: esporulação, infecção,

esquizogônia e, finalmente, gametogonia e formação de oocisto.

– Provoca alterações na mucosa intestinal

Reino ProtistaSub-reino ProtozoaFilo SporozoaClasse Coccidia

Eimeria

Ciclo de vida de Eimeria

• Eimeria

– E. tenella provoca coccidiose cecal em aves domésticas

– Principalmente em pintinhos de 3 a 7 semanas

– Também há coccidiose intestinal – E. necatrix é mais

patogênica.

– Em suínos – diarréia, frequentemente bifásica

– Bovinos: grave desinteria sanguinolenta

– Em eqüinos – diarréia intermitente

– Cães e gatos: Isospora sp. Podem causar coccidiose também

Reino ProtistaSub-reino ProtozoaFilo SporozoaClasse Coccidia

oocisto

Oocisto corado

Isospora sp

• Cryptosporidium

– C. parvum: responsável por doença clínica no homem e em

animais

– Associado a surtos de diarréia em bezerros, cordeiros, cabritos,

leitões, potros, cães, gatos jovens.

– 2 spp podem acometer aves domésticas

– Ciclo semelhante a de outros coccídios intestinais

– Diagnóstico: esfregaços de fezes corados com Ziehl-Nielsen

Reino ProtistaSub-reino ProtozoaFilo SporozoaClasse Coccidia

Trichonympha sp

Obrigada!