Post on 24-Jan-2023
3. O AUXÍILIO- RECLUSÃAO E PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS
Nesta seção, serão abordados os aspectos legais
inerentes ao auxílio reclusão, dando destaque especial aos
requisitos necessários a sua concessão. Procura-se então,
entender como funciona esse auxílio, seu conceito, natureza
jurídica, requisitos e dependentes, bem como os seus
fundamentos sob a ótica dos princípios constitucionais que
o amparam.
Desta forma, a princípio será apresentado o auxílio-
reclusão com fundamentos na legislação brasileira, para
logo em seguida discorrer acerca dos princípios
constitucionais que o asseguram, tais como, o principio da
isonomia, da dignidade humana entre outros.
Nesta seção abordaremos os aspectos
legais inerentes ao auxílio reclusão e a
classificação de baixa renda para os seus
beneficiários. Procuraremos então entender
como funciona esse auxílio, os requisitos
que são demandados para as pessoas que irão
recebê-lo, bem como os seus fundamentos sob
a ótica dos princípios constitucionais.
Desta forma, a princípio discorreremos
sobre o auxílio-reclusão com fundamentos na
legislação brasileiro.
Desta forma, partindo deste contexto,
aportaremos nessa seção, as discussões que
norteiam a baixa renda e o princípio da
dignidade humana, a fim de melhor
compreender os aspectos constitucionais e
inconstitucionais inerentes a essa
temática. Pretende-se, portanto, nesse
momento, discutir acerca da
inconstitucionalidade da referida
limitação, frente a possíveis afrontas a
princípios constitucionais, tais como, o
principio da dignidade da pessoa humana, da
universalidade do atendimento, da isonomia,
da seletividade entre outros.
3.1 Conhecimentos em torno do auxílio-reclusão.Aspectos
legais inerentes ao auxílio-reclusão
O auxílio-reclusão é um benefício, de natureza
previdenciária, destinado aos dependentes do segurado que
estiver impedido de prover o sustento da própria família,
por motivo de cerceamento de sua liberdade, garantindo
então a mantença de seus familiares. Este benefício, da
previdência social, está disciplinado no artigo 201, VI da
CF/88 (alterado pela Emenda Constitucional – EC nº 20/98) e
regulado pela Lei 8.213/91 em seu artigo 80. Vejamos:
CF/88Art. 201. A previdência social seráorganizada sob a forma de regime geral, decaráter contributivo e de filiaçãoobrigatória, observados critérios quepreservem o equilíbrio financeiro eatuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:[...]IV - salário-família e auxílio-reclusãopara os dependentes dos segurados de baixarenda;
E ainda:
Lei 8.213/91Art. 80. O auxílio-reclusão será devido,nas mesmas condições da pensão por morte,aos dependentes do segurado recolhido àprisão, que não receber remuneração daempresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono depermanência em serviço. [...]
Assim, para cobrir a contingência social advinda do
recolhimento à prisão do segurado (seja por pena ou prisão
provisória), é garantido aos seus dependentes o benefício
de auxílio-reclusão, enquanto persistir o impedimento do
segurado recluso de exercer suas atividades laborais. Mas
para se efetivar a concessão do beneficio, o segurado não
poderá estar recebendo da empresa nenhuma espécie de
remuneração e nem estar em gozo de auxílio-doença,
aposentadoria ou abono de permanência em serviço (benefício
atualmente extinto).
Neste sentido, assevera Ivan Kertzman (2011):
o auxilio-reclusão é devido, nas mesmascondições da pensão por morte, aosdependentes do segurado de baixa rendarecolhido à prisão que não receberremuneração da empresa nem estiver em gozode auxílio-doença, aposentadoria ou abonopermanência em serviço (beneficio jáextinto). (KERTZMAN, 2011, p.434)
Assim como exposto anteriormente, pode-se inferir da
citação acima que auxílio-reclusão é devido aos dependentes
do segurado preso e não a ele mesmo, acrescentando-se ainda
que recebimento obedecerá as mesmas condições da pensão por
morte.
Segundo Horvath(2005, p. 159):
o auxílio-reclusão deve apresentar“Natureza de prestação previdenciária”,sendo caracterizado como benefício visto,tratar-se de prestação pecuniária exigívelquando preenchidos os requisitos legais,com cláusula suspensiva quando não conviermais o seu pagamento continuado aoprovimento familiar.
A partir dos conceitos acimas expostos, é possível
entender o auxílio-reclusão como sendo um benefício
previdenciário, devido aos dependentes do segurado recluso,
que por desobediência a lei penal, teve a perda de sua
liberdade decretada, e por consequência, fica impedido de
desenvolver atividades para o próprio sustento e de seus
familiares. Neste momento o Estado intervém para garantir a
sobrevivência dos dependentes do preso, concedendo-lhes o
direito ao auxilio-reclusão nas mesmas condições da pensão
por morte.
O Regime Geral de Previdência Social brasileira
(RGPS), traz como um dos seus benefícios o auxílio-reclusão
por meio da Lei N.º 8.213, de 24 de Julho de 1991, que
dispõe sobre os benefícios e os seus assegurados, incluindo
também os dependentes. seus segurados e respectivos
dependentes, encontra-se o auxílio-reclusão.
Originalmente, o auxílio-reclusão foi instituído
através da N.° 3.807, de 26 de agosto de 1960, a qual
dispõe sobre a Lei Orgânica da Previdência Social, a qual
prevê a legalidade para concessão de auxílio-reclusão,
tendo como beneficiários e assegurados, o detendo ou
recluso, que não recebe qualquer tipo de remuneração, mas
que tenha realizado minimamente 12 (doze) contribuições
mensais (TOSSI, 2007).
Porém, o benefício tem caráter único e não depende do
números de filhos que o segurado tem. O valor do auxílio
não varia conforme a quantidade de filhos e somente será
devido nos mesmos moldes em que é dada pensão por causa
mortes, sendo segurados os dependentes e que não tenha
recebido remuneração de empresas e que não estiver gozando
de outros benefícios, como auxílio-doença, aposentadoria ou
abono de permanência ao serviço. Equipara-se á condição de
recolhido à prisão a situação do segurado com idade entre
16 e 18 anos que tenha sido internado em estabelecimento
educacional, sob custódia do Juizado da Infância e
Juventude.
Nesta mesma diretriz, traz a Consolidação das Leis da
Previdência Social, a qual foi instituída por meio do
Decreto n. 77.077, de 24 de janeiro de 1976, dispondo
acerca do auxílio-reclusão que será devido, após 12 (doze)
contribuições mensais e nas condições dos artigos 56 a 59,
aos dependentes do segurado detento ou recluso, que não
perceba qualquer espécie de remuneração da empresa (art.
63). Redação semelhante foi mantida no art. 45 da nova
edição da Consolidação das Leis da Previdência Social,
expedida pelo Decreto n. 89.312, de 23 de janeiro de 1984
(BERBEL, 2005).
Da mesma sorte, traz a Constituição da República de
1988, na redação atual que é dada ao art. 201, inc. I, ao
preconizar que “Os planos de previdência social, mediante
contribuição, atenderão, nos termos da lei, a: I –
cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte,
incluídos os resultantes de acidentes do trabalho, velhice
e reclusão; [...]” (BRASIL, 2008).
Consoante o art. 80 da Lei de Benefícios, o auxílio-
reclusão, assim como a pensão por morte, se destinam com
exclusividade para os dependentes do segurado, no caso do
preso que encontra-se detido numa prisão e tem duração pelo
tempo em que durar o regime fechado, contudo, em caso de
liberdade ou cumprimento do regime ou no regime aberto, não
mais o receberá.
Desta forma, trata o auxílio-reclusão de um benefício
previdenciário que será ofertado aos dependentes do
segurado que foi preso. Alguns doutrinadores não olham com
bons olhos para esse tipo de beneficio, por considerar que
este deveria ser extinto, pois é injusto uma pessoa ficar
presa e a sociedade, ou o sistema previdenciário brasileiro
que se julga sem condições financeiras, pagar um benefício
para a família do prisional como se o mesmo estivesse ido a
óbito ou simplesmente tivesse deixado de existir.
De certa forma, argumenta alguns doutrinadores, que
caberia ao próprio preso pagar ao Estado por usufruir da
condição de preso, especialmente em face de crimes
considerados pela maioria como crimes passíveis de punições
mais severas como homicídio, roubo e etc. (VADE MECUM,
2008)
Sob a égide desta Carta, foi editada a Lei n. 8.213,
de 24 de julho de 1991, a qual, ao dispor sobre os planos
de benefícios da previdência social, fez expressa
referência ao auxílio-reclusão, nestes termos:
Neste contextoNesta senda, importa salientar que
pode-se perceber que este instituto deve obediência ao que
dispõe o art. 226 da CF/88, que prevê especial proteção à
família por parte do Estado. Já no contexto previdenciário,
a família está protegida através da oferta de benefícios de
pensão em caso de morte e do auxílio-reclusão. Em ambos os
benefícios observa-se que o risco social visto compreende a
perda de sua fonte de subsistência. Ou seja, em caso de
morte ou de prisão, a família perde, supostamente, aquele
que seria o responsável por sustentar os seus membros
familiares. Com isso temos duas hipóteses para concessão do
benefício. A primeira em caso de morte do segurado e a
segunda quando da prisão.
Assim sendo, o auxílio-reclusão tem caráter de
prestação pecuniária, substitutivo e que tem como principal
finalidade suprir, ou ao menos reduzir os impactos causados
com a falta daquele que seria o provedor das necessidades
econômicas dos dependentes.
De acordo com as orientações publicadas pelo Instituto
Nacional de Seguro Social (INSS)1, não há tempo mínimo de
contribuição que venha estabelecer-se para que a família do
segurado receba a concessão do benefício. Contudo, basta
que, no período em q1ue os fatos ocorreram, o trabalhador
tem exercido alguma contribuição como segurado. E o
benefício será devido, desde 01 de janeiro de 2011, aos
dependentes do segurado cujo salário de contribuição seja
igual ou inferior a R$ 862,11 (oitocentos e sessenta e dois
reais e onze centavos), independentemente da quantidade de
contratos.
Na concepção de Ribeiro (2008, p. 241):
Trata o auxílio-reclusão de um amparo, cujocaráter é alimentar, que se destina aosdependentes do segurado que possuem baixarenda e que por algum motivo foiencarcerado, havendo sua liberdaderestringida por meio dos limitespertinentes a legislação brasileira e quenão possui quaisquer outros benefícios,
como aposentadoria e auxílio-doença.(RIBEIRO, 2008, p.241)
Assim, a previsão legal para o recebimento do auxílio-
reclusão compreende ao fato do segurado encontrar-se preso,
não possuir outros benefícios e com isso, gera-se o
benefícios para os seus dependentes, já que a família,
supostamente, deva encontrar-se desamparada, sem uma renda
para sua sobrevivência, o que se faz deduzir que a única
fonte de renda seria a do detendo.
Segundo nos os ensinamentos de ensina Alves (2010):,
p.91):
[...] o auxílio-reclusão consiste numbenefício que estabelece garantias mínimasde proteção a família e aos seusdependentes, tendo como base fundamental aimportância que deve ser dada para manter oequilíbrio da economia do País, ou seja,proporciona aos recebedores uma qualidadede vida digna, servindo a renda mensal parasustentação às bases alimentar eeducacional e à saúde. (ALVES, 2010, p.91)
Do postulado acima, entende-se que o beneficio em
estudo deve ser entendido como um meio necessário a
manutenção de uma vida minimamente digna para os
dependentes do segurado recluso, garantindo alimentação,
saúde e etc..
Para que haja a concessão do auxílio-reclusão,
necessário se faz que o requerente possa comprovar sua
condição de segurado. Isto é, o cidadão deverá provar que
não tenha desenvolvido nenhuma atividade remunerada que lhe
tenha gerado o direito de contribuindo conforme dispõe a
previdência social.
No entanto, o detento não fica eximido de trabalhar
enquanto estiver na prisão e com isso contribuir na
qualidade de segurado nos moldes de "contribuinte
individual" sem que sejam retirados dos seus dependentes o
gozo ao auxílio-reclusão, haja vista que, o valor percebido
será dividido para os beneficiários, no caso do cônjuge ou
companheira(o), filhos menores de 21 anos ou inválidos,
pais ou irmãos não-emancipados menores de 21 anos ou
inválidos — e não varia conforme o número de dependentes do
preso. Em caso de morte do segurado, o benefício se
converterá automaticamente em pensão por morte, para os
dependentes acima elencados.
O auxílio-reclusão é interrompido, quando configurada
uma de suas causas de suspensão, podendo ser reativado a
qualquer momento, desde que sanadas essas causas. São
hipóteses de suspensão: (i) quando houver fuga do segurado
apenado; (ii) quando o segurado receber auxílio-doença
durante o período de cárcere; (iii) quando os dependentes
não apresentarem a certidão trimestral de permanência
carcerária; e (iv) quando se configurar o livramento
condicional (pena em regime aberto ou prisão albergue).
(ALVES, 2008)
E ainda, o auxílio reclusão é interrompido e extinto,
quando configurada uma de suas causas de cessação, não
podendo novamente ser reativo pelo fato de não existir mais
o direito. São hipóteses de cessação: (i) quando há
extinção da última cota individual de dependente; (ii)
quando ocorre a concessão de aposentadoria durante a
privação de liberdade; (iii) quando ocorre o óbito do
segurado; (iv) quando se configura emancipação ou
maioridade dos filhos ou a eles equiparados e, se
inválidos, quando cessar sua condição de invalidez; e (v)
quando o preso é libertado. (ALVES, 2008) (MARTINS, 2009).
Pelo exposto, é possível asseverar que compete ao
dependente a comprovação, trimestralmente, de sua condição
de presidiário do segurado. Não obstante, caso aconteça à
fuga do preso, o benefício de imediato será suspenso e sua
revogação só acontecerá em caso de reaver o preso a sua
condição de prisioneiro. Assim o segurado ainda manterá
vínculo com o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social.
A partir do entendimento exposto acima sobre o
instituto beneficio do auxilio reclusão, importante, nesse
momento, discorrer acerca dos requisitos necessários para
sua concessão, aos beneficiários de direito.
O art. 80 da Lei nº. 8.213 prevê como pressupostos à
obtenção do benefício de auxílio-reclusão:
a) o recolhimento do segurado à prisão;
b) o não-recebimento de remuneração da empresa ou de
benefício previdenciário;
c) a qualidade de dependente do requerente;
d) a prova de que o presidiário era, ao tempo de sua
prisão, segurado junto ao INSS.a Previdência Social.
Além desses requisitos, a Emenda Constitucional nº 20/
(1998) alterou a redação do art. 201, IV da CRFB/88,
exigindo ser o segurado( provedor dae família) de baixa
renda, no entanto, não é necessária carência de
contribuições, assim como ocorre no benefício de pensão por
morte.
O primeiro requisito para a concessão do auxílio-
reclusão é, obviamentepor obvio, a prisão do segurado, esta
entendida de forma ampla, como qualquer restrição à
liberdade imposta pelo Estado. Ou seja, é a exclusão do
segurado do convívio social mediante o impedimento do seu
direito de liberdade, tendo em vista o cometimento do
delito, passando assim a ser inviável o exercício de
qualquer atividade remunerada, salvo no caso em que o réu
cumpre pena em regime semiaberto, pois, o mesmo poderá
trabalhar durante o dia e recolher-se no albergue durante a
noite.durante a noite.
Nesse aspecto, o Decreto n. 4.729/03 incluiu modificou
o § 5º no Regulamento da Previdência Social (Decreto n.
3.048/99), limitando estabelecendo limite ao o pagamento do
benefício ao período em que o segurado estiver preso sob
regime fechado ou semi-aberto, ou seja, excluiudesta feita,
excluindo a possibilidade de recebimento pelos dependentes
do segurado preso, que esteja cumprindo pena em regime
aberto em regime aberto. Partiu da premissaEsta mudança
embasou-se na premissa de que, estando o preso em no
regime aberto, a regra é o trabalho externo do presofica
livre para trabalhar durante o dia, permanecendo recolhido
somente no período noturno e nos dias de folga. Desse modo,
sendo-lhe permitido o trabalho remunerado, até mesmo
visando a ressocializar, não se caracteriza o risco social,
portanto não há cobertura pelo benefício (CASTRO, 2005).
Ainda com relação ao segurado preso em regime fechado
ou semi-aberto, faz-se importante observar que lhe é
permitido o exercício de atividade remunerada, dentro ou
fora da unidade penal. Com efeito, a prestação de seus
serviços, torna-o segurado obrigatório da previdência
social na condição de contribuinte individual.
Em relação ao segurado preso em regime fechado ou
semi-aberto, ainda que permitido o exercício de atividade
remunerada e devido o recolhimento das contribuições
previdenciárias respectivas, seus dependentes não perdem o
direito ao auxílio-reclusão. Com efeito, a prestação de
serviço pelo preso, dentro ou fora da unidade penal, torna-
o segurado obrigatório da previdência social na condição de
contribuinte individual.
Contudo, o segurado recluso deixa de receber o direito
aos benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria durante
a percepção, pelos dependentes, do auxílio-reclusão,
permitida a opção, desde que manifestada, também, pelos
dependentes, ao benefício mais vantajoso. O mesmo ocorre
com o presidiário que for filiado ao Regime Geral de
Previdência Social na condição de contribuinte facultativo,
como permite o Regulamento, desde que não exerça atividade
remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de
previdência social (BOLLMANN, 2005).
IgualmenteDo mesmo modo, tendo em vista que o
pressupostoque o fato gerador do benefício é o
recolhimento do segurado ao cárcere prisão, em caso de fuga
do prisionalcaso ocorra sua fuga do estabelecimento
prisional, o será o benefício é de imediatoimediatamente
suspenso e os seus segurados beneficiários deixam de
recebê-lo, até que este seja recapturadoaté que este seja
recapturado. Se No entanto, se na data da recaptura o
instituidor do benefício em que o fugitivo for recapturado,
não mais se qualificar como segurado, em face dapelo motivo
de falta de exercer atividade laboral no período em
queenquanto esteve foragido e tiver ultrapassado
extrapolado o período de graça, por exemplo, seus
dependentes não terão mais direito ao auxílio-reclusão.
Castro e Lazzari (2005, p. 568) mencionam a
divergência doutrinária sobre a conveniência da regra
acima. Se a prestação é, induvidosamente, estabelecida
intuitu familiae, e se a hipótese de incidência legal a ordem
judicial de detenção ou de reclusão é mantida por esse
material, o fato de ter-se evadido o segurado, de estar em
lugar não sabido e incerto, não haverá de se ter quaisquer
alterações no que diz respeito aos termos em epígrafe, pois
nada irá melhorar a situação de seus dependentes, os
titulares da prestação de que se cuida”.
Contudo, é fundamental se tomar como percepção o fato
de que quando há é estabelecida a no caso de evasão, a
família poderia ficar recebendo indefinidamente o
benefício, supondo-se aí que o foragido jamais retornaria
ao lar, nem proveria a subsistência dos seus. Desta forma,
em que pese eventual injustiça com a família do fugitivo
não amparada após a fuga, andou bem, a nosso ver, o
legislador neste caso. Não há, na verdade, a injustiça
proclamada. Como exposto, o requisito básico para o
recebimento do auxílio-reclusão é o recolhimento do
segurado ao cárcere, pressupondo que se encontra impedido
de prover o sustento de seus dependentes, obrigação esta
que a partir de então serájá que o seu é suportadoo pelo
Estado. Tal suposição cai no tocante ao preso em regime
aberto, cujo trabalho é incentivado, e que não enseja a
concessão do benefício, conforme expressa disposição
normativa. A penúria da família do preso foragido e Aa
contingência do desemprego ou a penúria da família do
foragido não é o risco social protegido por essa espécie de
benefício previdenciário.
Outrossim, a obrigatoriedade da comprovação de que o
segurado se encontra efetivamente recolhido ao sistema
prisional, não só é condição para que seja concedido o
benefício, mas como também, para a manutenção do seu
pagamento.
. Estas prerrogativas só vem a consolidar o fato de
que, mais uma vez, que a segregação é condição primária
para se ter direito ao auxílio-reclusão. Como consequência
lógica disso, é vedada a concessão do auxílio-reclusão após
a soltura do segurado, o que não impede que os dependentes
postulem, após o livramento ou mesmo a fuga, o pagamento
das prestações vencidas durante o encarceramento (RAMOS,
2009).
O segundo requisito essencial indispensável para a
concessão do auxílio-reclusão é a condição de segurado do
Regime Geral de Previdência Socialda Previdência Social do
indivíduo recolhido à prisão.
Segundo Castro e Lazzari (2005), p. 150):
, é segurado da Previdência Social,compulsoriamente, o indivíduo que estiverexercendo alguma atividade, seja esta emcaráter efetiva ou eventual, urbana ourural, com ou sem vínculo empregatício, emcondições humanas ou precárias e aindasobre aquele ao qual recai a lei ao definircomo tal, observadas, quando for o caso, asexceções previstas no texto legal, ouexerceu alguma das atividades supracitadas,no período imediatamente anterior aochamado “período de graça”. (CASTRO eLAZZARI, 2005, p. 150)
Também é considerado segurado aquele que se filia de
maneira facultativa facultativa e espontaneamente
espontânea aos benefícios da Previdência Social, e que se
tornam contribuintes do custeio destas prestações sem estar
vinculado obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência
Social – RGPS ou a outro regime previdenciário qualquer. a
este.
Desse modoAssim sendo, para originar o pagamento do
auxílio-reclusão, o indivíduo segurado preso deve
provarostentar a qualidade de segurado, obrigatório ou
facultativo, da previdência social, no momento da prisão.
Se porventura, não houver a filiação ao regimea previdência
por ocasião do encarceramento, seus dependentes não terão
direito ao benefício, uma vez que as condições para a
concessão deverão ser preenchidas no momento do
recolhimento ao cárcere. Caso contrário, ficaria frustrada
a ideia de seguro social, possibilitando a ocorrência de
fraudes contra o regimea Previdência.
A manutenção da qualidade de segurado ocorre com o
devido recolhimento das contribuições previdenciárias a
cargo do indivíduo. Se de responsabilidade de terceiro,
como o empregador, a falta de recolhimento não tolhe o
direito ao benefício. Da mesma forma, mantém-se a condição
de segurado aquele que está dentro período denominado
“período de graça”, quando não há obrigatoriedade do
recolhimento. Assim, por exemplo, o indivíduo solto mantém
a qualidade de segurado, independentemente do recolhimento
de contribuições, até doze meses após o livramento. Nesse
prazo, o egresso conserva todos os seus direitos perante a
previdência social. (MARTINS, 201109).
O terceiro requisito para a concessão do auxilio-
reclusão
O terceiro requisito para a concessão do auxílio-
reclusão é a comprovação da condição de dependente do
postulantedo requerente. São assim considerados para efeito
previdenciário o cônjuge, a(o)a companheira(oa), o
companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição,
menor de vinte e um anos ou inválido (primeira classe),
cuja dependência econômica é presumida; os pais (segunda
classe); e o irmão não emancipado, de qualquer condição,
menor de vinte e um anos ou inválido (terceira classe). A
Sendo necessária a comprovação de dependência econômica
deve ser comprovada nos casos da segunda e terceira
classes.
A ordem de concessão é excludente, ou seja, a
existênciaexistindo de dependentes de classe incluído em
uma classe anterior, exclui do direito ao beneficio às
prestações os das classes seguintes. Já a
existênciaexistindo de mais de um dependente em uma mesma
classe, o benéfico será fracionado acarreta o fracionamento
da prestação. Assim sendo, por exemplo, se o preso possui
mulher e filho menor de vinte e um anos, por exemplo, a
prestação é desdobradaé dividida ao meio; se possui
companheira e irmão inválido, somente a primeira receberá o
benefício.terá direito ao recebimento do beneficio a
companheira.
O quarto requisito para a concessão do benéfico em
comento é que o segurado, no período do
encarceramentomomento de sua prisão, não esteja recebendo
remuneração da empresa, nem esteja em gozo de auxílio-
doença, aposentadoria ou abo¬no de permanência em serviço.
Caso esteja o segurado fazendo jus a um desses benefícios,
seus dependentes não ficarão desamparados financeiramente,
pois, apesar de sua ausência, a renda permanece.
O motivo é que, nesses casos, os dependentes não
estarão desamparados financeiramente pela ausência do
segurado, cuja renda permanece.
Na primeira hipótese, a empresa, ou qualquer outro
empregador, continua mantém pagando o pagamento a
remuneração da remuneração doo preso, em que pese ausente
do serviçomesmo este ausente no trabalho. Nascimento (2008,
p. 220), todavia, ensina que “a prisão pode ser causa de
suspensão do contrato de trabalho, quando sabidamente
arbitrária ou ilegal, caso em que não se poderá considerar
os dias de sua duração como de faltas injustificadas””.
Ainda assim, nos casos de suspensão, a empresa não está
obrigada a pagar salário e contar tempo de serviço, ao
contrário da interrupção do contrato de trabalho, quando há
o dever legal de remunerar o afastamento do trabalhador e
continuar, normalmente, a correr a sua antiguidade..
Na segunda hipótese, o segurado preso continua
recebendo prestação previdenciária decorrente de auxílio-
doença ou, aposentadoria ou abono de permanência em
serviço. O auxílio-doença é devido ao segurado que ficar
incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade
habitual por mais de quinze dias consecutivos, até que seja
reabilitado para o desempenho de função que lhe garanta a
subsistência, ou, quando considerado não-recuperável, for
aposentado por invalidez. A aposentadoria é a prestação
previdenciária de caráter permanente, substituindo os
rendimentos do segurado; pode ser por invalidez, por idade,
ou por tempo de contribuição. Por fim, o abono de
permanência em serviço consistia em prestação paga ao
segurado que, mesmo preenchendo os requisitos para o
recebimento de aposentadoria por tempo de serviço integral,
optava pelo prosseguimento na atividade, e, em razão disso,
tinha direito a um incentivo correspondente a vinte e cinco
por cento do valor dessa aposentadoria. Foi revogado pela
Lei n. 8.870/94 (MARTINS, 2009).
De qualquer modomaneira, como o recolhimento à prisão
não faz cessar o pagamento de nenhum dos benefícios acima,
os dependentes do segurado preso em gozo dessas prestações
não fazem jus ao auxílio-reclusão. a prisão do segurado não
faz cessar nenhum desses benefícios, não gerando o direito
de recebimento do auxilio-reclusão aos seus dependentes.
Por últimofim, o quinto e ultimo requisito para a
concessão do benefício foi acrescentado pela Emenda
Constitucional n. 20/98, que limitou a prestação aos
dependentes de segurados de baixa renda..
Dada a importância do tema, requisito baixa renda,
para esse trabalho, será discorrido de forma mais detalhada
no próximo capitulo.
3.2 Princíipios constitucionais que amparam o auxilio-
reclusãao
Segundo o Aurélio, princípio tem o significado de
causa originária. A noção de princípio, mesmo que fora da
seara jurídica, relaciona-se sempre a causas, alicerces,
orientações de caráter geral. Trata-se, sem sombra de
duvidas, do início ou origem de alguma coisa.
Para Castro e Lazzari (2008, p.95, p.95) princípios
seriam
“[...] uma idéiaideia, mais generalizada, que inspira
outras idéiasideias, a fim de tratar especificamente de
cada instituto. Não se faz citação introduzindo o
capítulo... a citação deve estar contida no desenvolvimento
do trabalho
Diante o exposto, é possível asseverar que os
princípios são o alicerce das normas jurídicas de certo
ramo do direito, sendo estes fundamentais na construção
escalonada da ordem jurídico-positiva em certa matéria.
Princípio por José Afonso da Silva (2009, p.9201, p. 96)
entende que: “
são ordenações que se irradiam e imantam os sistemas
de normas, são [como observam Gomes Canotilho e Vital
Moreira] ‘núcleos de condensações’ nos quais confluem
valores e bens constitucionais IDEM
Os princípios não deixam de ser normas jurídicas, e
esta por sua vez são subdivididas em princípios e regras,
repousando a diferença na ideia de que os princípios são
“mandados de otimização”, enquanto regras são imposições
definitivas, que se baseiam nos princípios norteadores do
sistema, sendo, portanto, os princípios erigidos de normas
mais relevantes do ordenamento jurídico.
Por sua vez, Celso Antônio Bandeira de Mello (2012, p.
538) afirma que princípio:
é, por definição, mandamento nuclear de umsistema, verdadeiro alicerce dele,disposição fundamental que se irradia sobrediferentes normas compondo-lhes o espíritoe servido de critério para sua exatacompreensão e inteligência, exatamente pordefinir a lógica e a racionalidade dosistema normativo, no que lhe confere atônica e lhe dá sentido humano. É oconhecimento dos princípios que preside aintelecção das diferentes partescomponentes do todo unitário que há pornome sistema jurídico positivo. Violar umprincípio é muito mais grave quetransgredir uma norma. É a mais grave formade ilegalidade ou inconstitucionalidade,conforme o escalão do princípio atingido,porque representa insurgência contra todo osistema, subversão dos seus valoresfundamentais, contumélia irremissível a seuarcabouço e corrosão de sua estruturamestra. (MELO, 2012, p. 538)VC TIROU ISSODE ONDE
Deste modo, é possível entender que só se pode
realizar o que a lei determina, de acordo com os limites
impostos por ela mesma para o exercício do direito, e que o
mesmo seja em benefício da coletividade.Deste modo, é
possível entender que repousa nos princípios
constitucionais um poder maior até que as próprias regras
positivadas no ordenamento jurídico, e que viola-los é a
forma mais agressiva de desrespeitar a Constituição
Federal.
Partindo da ótica de, que o auxilio-reclusão é um
beneficio que tem como finalidade atender ao risco social
gerado pela perda de fonte de renda familiar, em razão do
encarceramento do segurado, tendo como destinatários os
dependentes do preso, este encontra-se amparado nos
princípios constitucionais a seguir expostos.
Importante esclarecer que, em sua maior parte, são os
mesmos princípios que sustentam a Previdência Social.
O primeiro princípio que sustenta o beneficio em
estudo é o princípio da solidariedade .
A Sseguridade Ssocial é solidária, pois visa a
proteger as pessoas em momentos de necessidade, seja pela
concessão de benefício previdenciário ao segurado
impossibilitado de trabalhar (previdência), seja pela
disponibilização de tratamento de saúde ou pela concessão
de benefícios assistenciais.
Desse modo, há uma verdadeira socialização dos riscos
com toda a sociedade, que financia a seguridade social de
forma direta (através de contribuições sociais) ou indireta
(através do orçamento público). Acerca deste princípio,
ensina Ivan Kertzman (20131, p. 46-47):
O princípio da solidariedade é o pilar desustentação do regime previdenciário. Não épossível a compreensão do sistema sem que oconceito de solidariedade estejaconsolidado. Observe-se, contudo, que esteprincípio não é específico da seguridadesocial, não estando esculpido no parágrafoúnico, do artigo 194, da Constituição, ondeestão todos os outros princípios aquiestuados. Trata-se de objetivo fundamental
da República Federativa do Brasil (art. 3º,I, CF/88).
Portanto, não seria possível manter o sistema
previdenciário se não esta solidariedade, uma vez que seria
difícil para o Estado assumir com tão grandioso ônus.
Desta forma, esse princípio ampara o auxilio-reclusão
uma vez que, essa universalização abrange todos, inclusive
os dependentes do segurado encarcerado.
Nesta mesma linha de pensamento segue Félix Sarruf
Cardoso ao afirmar que, “a solidariedade social se aproxima
do conceito de justiça distributiva que visa promover a
redistribuição igualitária dos direitos, dos deveres, das
vantagens e da riqueza aos membros que compõem a
sociedade”.
Assim sendo, este principio vem assegurar, na área da
previdência social, a distribuição dos encargos essenciais
ao custeio do sistema entre seus participantes atuando como
meio adequado para conseguir manter o equilíbrio atuarial e
financeiro dos regimes.
– princípio da universalidade da cobertura e do
atendimento
De acordo o princípio da universalidade da cobertura e
do atendimentoesse princípio, a proteção social deve
alcançar o maior numero de pessoas e os todos os riscos
sociais mais relevantes, cuja reparação seja imediata, a
fim de manter a subsistência de quem dela necessitar. Quer
seja ele segurado ou quem eventualmente necessitar da
previdência social.
Por outro lado a universalidade da cobertura também
pode significar que a proteção deve abranger todos os
riscos sociais. A universalidade pode ser analisada em um
aspecto objetivo/subjetivo. No aspecto objetivo, a
seguridade social deve procurar abranger o maior número
possível de riscos sociais.
Entretanto, esclarece Frederico Amado (2013, p. 39):
Todavia é preciso advertir que auniversalidade de cobertura e doatendimento da seguridade social não têmcondições de ser absoluta, vez queinexistem recursos financeiros disponíveispara o atendimento de todos os riscossociais existentes, devendo se perpetrar aescolha dos mais relevantes, de acordo como interesse público, observada a reserva dopossível.
No aspecto subjetivo, a seguridade social deve
contemplar o maior número de pessoas que necessitem dos
benefícios securitários. Quanto a esse objetivo, expõe
Frederico Amado (2013, p. 40):
É exemplo de aplicação da acepção subjetivado Princípio da Universalidade da Coberturae o Atendimento no campo da PrevidênciaSocial, a progressiva celebração detratados internacionais pelo Brasil,visando ao reconhecimento do tempo decontribuição prestado por brasileiros noexterior para o pagamento de benefíciosprevidenciários.
Há compreender que para Previdência Social é imperioso
o status de que seja o cidadão contribuinte para que possa
ter proteção social. No caso de saúde e assistência social,
o atendimento é estendido a todos os cidadãos do território
nacional o atendimento é estendido independentemente de
contribuição ou vínculo empregatício.
Já o 4.1.1.3 – princípio da individualização da pena
esta insculpido no
Conforme disposto no art. 5º, inciso XLV a CF/88 ,
(BRASIL, PLANALTO, 1988) dispondo que que “:
Nnenhuma pena passará da pessoa condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido”. (BRASIL, PLANALTO, 1988)
Entende-se que cabe apenas ao condenado a obrigação de
arcar com as consequências de seus crimes, sendo que
qualquer punição não poderá ser estendidas aos seus
familiares.
De fato, não seria razoável permitir que essa
responsabilidade prejudicasse a família do condenado. Ora,
se já não bastasse o sofrimento da família em ser afastada
do convívio do recluso, em razão de evento para o qual não
concorreu ainda ter que arcar com toda uma série de
consequências econômicas, não seria justo. Afinal cabe ao
Estado o dever de zelar pela minimização de tais prejuízos.
4.1.1.4- princípio da proteção à família
MMediante a necessidade de regular a proteção à
família e dar-lhe subsídios em caso de doença, infortuítos,
invalidez do seu provedor, o Estado a assegura através do
Artigo 226, caput,caput da CF/88 (BRASIL, PLANALTO, 1988):
“A família, a base da sociedade, tem especial proteção do
Estado”. (BRASIL, PLANALTO, 1988)
Na visão de Pietro Perlingieri (2002, p. 243):
“a família como formação social é garantida pela
Constituição não por ser portadora de um direito superior
ou superindividual, mas por ser o local ou instituição onde
se forma a pessoa humana.”.
O princípio da proteção à família abriga a proteção a
todo tipo de entidade familiar. A Família deve ser
protegida para que seja garantido o desenvolvimento de sua
personalidade, uma vez que a família é, efetivamente, o
instrumento de realização da pessoa humana.
O auxílio-reclusão, como já citado anteriormente,
possui natureza substitutiva e, por substituir os
rendimentos do segurado devendo ser concedidos aos
dependentes do segurado recluso, para que estes passam
continuar a manter sua subsistência.
O principio do não retrocesso da norma social também
ampara o beneficio aqui trazido, uma vez que este principio
deve ser interpretado na perspectiva de que o Estado sempre
deve atuar no sentido melhorar as condições de vida da
população, e jamais retroceder; pois as garantias sociais
introduzidas devem ser sempre alargadas e nunca excluídas.
Na visão de Canotilho (2002, p. 36), este princípio
significa que
é inconstitucional qualquer medida tendentea revogar os direitos sociais járegulamentados, sem a criação de outrosmeios alternativos capazes de compensar aanulação desses benefícios”, e o autorcomplementa que “em tese, somente seriapossível cogitar na revogação de direitossociais se fossem criados mecanismosjurídicos capazes de mitigar os prejuízosdecorrentes da sua supressão.
Ante o exposto pelo autor, depois de instituído o
auxilio-reclusão, este passou a ser acobertado por esse
principio, uma vez que sendo considerado tal beneficio como
uma norma de caráter social, não pode ser suprimido, nem
tão pouco sofrer limitações.
E por fim, todos os princípios ora abordados,
convergem para a garantia de um princípio maior, o da
Dignidade da Pessoa Humana.
Os aspectos conceituais em torno da dignidade da
pessoa humana compreendem um conceito histórico, dependendo
dos valores elegidos pela sociedade como primordiais para a
manutenção do bem estar social.
– Indubitavelmente, este princípio tem PRINCÍPIO DA
DIGNIDADE HUMANA E ERRADICAÇÃO DA POBREZA
Os aspectos conceituais em torno da dignidade da
pessoa humana compreendem um conceito histórico. Ele é
construído através das intempéries do tempo, e por isso,
vem logo a noção de que trata-se de um conceito que é hoje,
mas amanhã não terá o mesmo efeito, a mesma utilidade, já
que não existe uma forma uma, mas sim, um padrão que é
construído no dado momento, de acordo com a elegibilidade
do grupo social ao qual está inserido e é estabelecido por
este grupo como moralmente “correto”. Assim, o conceito da
dignidade da pessoa humana surge a partir do momento em que
são eleitos os valores que deverão serem seguidos pela
sociedade, bem como, são considerados os valores que são
construídos por grupos sociais com a finalidade de manter
um equilíbrio na sua relação social, por isso são elegidos
valores que melhor se adéqüem a formação e relação das
sociedades de modo em geral, o que significa dizer que é
possível influir em mais (ou não) liberdade social.
Concernente ao fato histórico da construção conceitual
da dignidade da pessoa humana, comumente é atribuída a
Kant, o prelúdio do principio da dignidade humana. Neste
contexto, evidencia-se o fato de que é dado aos seres
humanos, o direito de ter tratamento igualitário e de forma
fraterna, porquanto que todo ser humano tem um direito
legitimo ao respeito de seus semelhantes. Kant (2008, p.
65) colo que “quando se estabelece valor de mercado a uma
determinada coisa, tal valor pode ser substituído por algo
equivalente; não obstante, a coisa que se acha acima de
todo o preço, e por isso, não admite qualquer equivalência,
compreende uma dignidade”.
Sendo assim, trata-se de um princípio construído pela
história e que tem galgadoelegido como principal bem, a
proteção da pessoa humana contra qualquer forma de
desprezo, já que não se admite mais o homem ser tratado
como uma coisa, como um objeto de valor, mas sim, um ser
que detém uma dignidade a ser respeitada e garantida.
Desta maneira a Constituição de 1988 positivou esse
princípio elegendo-o a qualidade de princípio fundamental
do Estado Democrático de Direito.
Para SILVA (2005, p.146)
a dignidade da pessoa humana encontra-se no
epicentro da ordem jurídica brasileira
tendo em vista que concebe a valorização da
pessoa humana como sendo razão fundamental
para a estrutura de organização do Estado e
para o Direito. O legislador constituinte
elevou à categoria de princípio fundamental
da República, à dignidade da pessoa humana
(um dos pilares estruturais fundamentais da
organização do Estado brasileiro), previsto
no art. 1º, inciso III da Constituição de
1988.
De outra forma, tomamos por base o conceito aludido
por Diniz que descreve a dignidade da pessoa humana tendo
por moldura o direito de família. Segundo a autora, para
alcançar um conceito mais consistente sobre dignidade da
pessoa humana se faz necessário que ocorra a garantia plena
destes direitos, partindo do desenvolvimento das
necessidades e dos interesses afetivos dos membros
familiares, através da garantia da assistência educacional
aos filhos, com o objetivo salutar de manter a família
perene e feliz, conforme alude Diniz (2007, p. 18):
É fundamental aceitar que o direito da família vem
passando por significativas transformações, uma vez que,
estes não podem ser revertidos, estabelecendo padrões que
permitam compreender seus excessos, galgando resoluções
pertinentes no sentido de coibir tais excessos para que os
dependentes possam gozar do seu desenvolvimento pleno no
contexto educacional e para que os consortes ou conviventes
mantenham uma sólida relação a qual venha recheada de
respeito, tolerância, diálogo, troca enriquecedora de
experiência de vida etc.
Assim sendo, aA dignidade da pessoa humana encontra os
seus respaldosrespaldo no bojo do ordenamento jurídico
brasileiro, sendo a essência desse ordenamento, tendo em
vista que concebe a valorização da pessoa humana como sendo
razão fundamental para a estrutura de organização do Estado
e para o Direito.
A dignidade da pessoa humana foi elevada pelo
legislador como uma categoria de princípio fundamental da
República, sendo para tanto, um dos pilares que sustentam a
estruturação e organização do Estado brasileiro, conforme
preconizado no art. 1º, inciso III da Constituição de 1988
(MARTINS, 2012).
Sarlet (2008, p. 17) vem a ampliar essa noção de
direito a dignidade humana, cuja abrangência:
Vai além desta vinculação (na dimensãopositiva e negativa) do Estado, também aordem comunitária e, portanto, todas asentidades privadas e os particularesencontram-se diretamente vinculados peloprincípio da dignidade da pessoa humana.[...] Assim, sua dimensão assume umarelevância particular frente a esses novostempos de globalização econômica.
Sem entremeios, o princípio da dignidade da pessoa
humana assume contornos universalistas, desde que a
Declaração Universal de Direitos do Homem o concebeu em seu
preâmbulo. Dando seguimento ao seu artigo 1º, foi
proclamado que, indistintamente, é dado o direito
fundamental aos seres humanos de nascerem livres e iguais
em dignidade e direitos.
No Brasil, mesmo diante das indeterminações que giram
em torno do direito fundamental, o princípio da dignidade
da pessoa humana, constituí critério para integração da
ordem constitucional, prestando-se para reconhecimento de
direitos fundamentais atípicos e, portanto, as pretensões
essenciais à vida humana afirmam-se como direitos
fundamentais.
Desfecho
Por fim, tal instituto encontra-seem harmonia também
no princípio da dignidade humana constante no art. 1º,
inciso III, da Constituição Federal, bem como no
compromisso de erradicação da pobreza, elencado no art. 3º
também da Constituição Federal, e no princípio da
solidariedade social. Em ultima análise é importante
ressaltar que cabe todos os princípios anteriormente
elencados “unem forças” para garantir a pessoa humana o
direito a uma vida digna. Ou seja, o principio da dignidade
da pessoa humana pode ser entendido como um fim a ser
perseguido, tendo, no caso em estudo, outros princípios
para garantir sua efetividade.
ao Estado, em conjunto com a sociedade, proteger,
contra possíveis adversidades, a família agora desamparada,
assim como acontecena pensão por morte. Nesse compasso,
baseado em todo o exposto, seria é a previsão legal do
benefício em comentode auxilio-reclusão plenamente
seguramente justificáveljustificável. .
Por fim, esta explanação acerca do beneficio de
auxílio-reclusão, dando ênfase a seu conceito, natureza
jurídica, requisitos bem como aos princípios
constitucionais que o amparam, foi de suma importância para
que a partir do próximo capítulo, seja possível entender a
questão problema deste trabalho, qual seja, o limite
imposto pela EC. 20/98 reduzindo a concessão do auxílio-
reclusão aos beneficiários do segurado de baixa renda.
Falar o que foi importante no capitulo
REFERENCIAS CAPITULO 2
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