3. O AUXÍLIO-RECLUSÃO E PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS

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3. O AUXÍ I LIO- RECLUSÃ A O E PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS Nesta seção, serão abordados os aspectos legais inerentes ao auxílio reclusão, dando destaque especial aos requisitos necessários a sua concessão. Procura-se então, entender como funciona esse auxílio, seu conceito, natureza jurídica, requisitos e dependentes, bem como os seus fundamentos sob a ótica dos princípios constitucionais que o amparam. Desta forma, a princípio será apresentado o auxílio- reclusão com fundamentos na legislação brasileira, para logo em seguida discorrer acerca dos princípios constitucionais que o asseguram, tais como, o principio da isonomia, da dignidade humana entre outros. Nesta seção abordaremos os aspectos legais inerentes ao auxílio reclusão e a classificação de baixa renda para os seus beneficiários . Procuraremos então entender como funciona esse auxílio, os requisitos que são demandados para as pessoas que irão recebê-lo , bem como os seus fundamentos sob a ótica dos princípios constitucionais. Desta forma, a princípio discorreremos sobre o auxílio-reclusão com fundamentos na legislação brasileiro .

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3. O AUXÍILIO- RECLUSÃAO E PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS

Nesta seção, serão abordados os aspectos legais

inerentes ao auxílio reclusão, dando destaque especial aos

requisitos necessários a sua concessão. Procura-se então,

entender como funciona esse auxílio, seu conceito, natureza

jurídica, requisitos e dependentes, bem como os seus

fundamentos sob a ótica dos princípios constitucionais que

o amparam.

Desta forma, a princípio será apresentado o auxílio-

reclusão com fundamentos na legislação brasileira, para

logo em seguida discorrer acerca dos princípios

constitucionais que o asseguram, tais como, o principio da

isonomia, da dignidade humana entre outros.

Nesta seção abordaremos os aspectos

legais inerentes ao auxílio reclusão e a

classificação de baixa renda para os seus

beneficiários. Procuraremos então entender

como funciona esse auxílio, os requisitos

que são demandados para as pessoas que irão

recebê-lo, bem como os seus fundamentos sob

a ótica dos princípios constitucionais.

Desta forma, a princípio discorreremos

sobre o auxílio-reclusão com fundamentos na

legislação brasileiro.

Desta forma, partindo deste contexto,

aportaremos nessa seção, as discussões que

norteiam a baixa renda e o princípio da

dignidade humana, a fim de melhor

compreender os aspectos constitucionais e

inconstitucionais inerentes a essa

temática. Pretende-se, portanto, nesse

momento, discutir acerca da

inconstitucionalidade da referida

limitação, frente a possíveis afrontas a

princípios constitucionais, tais como, o

principio da dignidade da pessoa humana, da

universalidade do atendimento, da isonomia,

da seletividade entre outros.

3.1 Conhecimentos em torno do auxílio-reclusão.Aspectos

legais inerentes ao auxílio-reclusão

O auxílio-reclusão é um benefício, de natureza

previdenciária, destinado aos dependentes do segurado que

estiver impedido de prover o sustento da própria família,

por motivo de cerceamento de sua liberdade, garantindo

então a mantença de seus familiares. Este benefício, da

previdência social, está disciplinado no artigo 201, VI da

CF/88 (alterado pela Emenda Constitucional – EC nº 20/98) e

regulado pela Lei 8.213/91 em seu artigo 80. Vejamos:

CF/88Art. 201. A previdência social seráorganizada sob a forma de regime geral, decaráter contributivo e de filiaçãoobrigatória, observados critérios quepreservem o equilíbrio financeiro eatuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:[...]IV - salário-família e auxílio-reclusãopara os dependentes dos segurados de baixarenda;

E ainda:

Lei 8.213/91Art. 80. O auxílio-reclusão será devido,nas mesmas condições da pensão por morte,aos dependentes do segurado recolhido àprisão, que não receber remuneração daempresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono depermanência em serviço. [...]

Assim, para cobrir a contingência social advinda do

recolhimento à prisão do segurado (seja por pena ou prisão

provisória), é garantido aos seus dependentes o benefício

de auxílio-reclusão, enquanto persistir o impedimento do

segurado recluso de exercer suas atividades laborais. Mas

para se efetivar a concessão do beneficio, o segurado não

poderá estar recebendo da empresa nenhuma espécie de

remuneração e nem estar em gozo de auxílio-doença,

aposentadoria ou abono de permanência em serviço (benefício

atualmente extinto).

Neste sentido, assevera Ivan Kertzman (2011):

o auxilio-reclusão é devido, nas mesmascondições da pensão por morte, aosdependentes do segurado de baixa rendarecolhido à prisão que não receberremuneração da empresa nem estiver em gozode auxílio-doença, aposentadoria ou abonopermanência em serviço (beneficio jáextinto). (KERTZMAN, 2011, p.434)

Assim como exposto anteriormente, pode-se inferir da

citação acima que auxílio-reclusão é devido aos dependentes

do segurado preso e não a ele mesmo, acrescentando-se ainda

que recebimento obedecerá as mesmas condições da pensão por

morte.

Segundo Horvath(2005, p. 159):

o auxílio-reclusão deve apresentar“Natureza de prestação previdenciária”,sendo caracterizado como benefício visto,tratar-se de prestação pecuniária exigívelquando preenchidos os requisitos legais,com cláusula suspensiva quando não conviermais o seu pagamento continuado aoprovimento familiar.

A partir dos conceitos acimas expostos, é possível

entender o auxílio-reclusão como sendo um benefício

previdenciário, devido aos dependentes do segurado recluso,

que por desobediência a lei penal, teve a perda de sua

liberdade decretada, e por consequência, fica impedido de

desenvolver atividades para o próprio sustento e de seus

familiares. Neste momento o Estado intervém para garantir a

sobrevivência dos dependentes do preso, concedendo-lhes o

direito ao auxilio-reclusão nas mesmas condições da pensão

por morte.

O Regime Geral de Previdência Social brasileira

(RGPS), traz como um dos seus benefícios o auxílio-reclusão

por meio da Lei N.º 8.213, de 24 de Julho de 1991, que

dispõe sobre os benefícios e os seus assegurados, incluindo

também os dependentes. seus segurados e respectivos

dependentes, encontra-se o auxílio-reclusão.

Originalmente, o auxílio-reclusão foi instituído

através da N.° 3.807, de 26 de agosto de 1960, a qual

dispõe sobre a Lei Orgânica da Previdência Social, a qual

prevê a legalidade para concessão de auxílio-reclusão,

tendo como beneficiários e assegurados, o detendo ou

recluso, que não recebe qualquer tipo de remuneração, mas

que tenha realizado minimamente 12 (doze) contribuições

mensais (TOSSI, 2007).

Porém, o benefício tem caráter único e não depende do

números de filhos que o segurado tem. O valor do auxílio

não varia conforme a quantidade de filhos e somente será

devido nos mesmos moldes em que é dada pensão por causa

mortes, sendo segurados os dependentes e que não tenha

recebido remuneração de empresas e que não estiver gozando

de outros benefícios, como auxílio-doença, aposentadoria ou

abono de permanência ao serviço. Equipara-se á condição de

recolhido à prisão a situação do segurado com idade entre

16 e 18 anos que tenha sido internado em estabelecimento

educacional, sob custódia do Juizado da Infância e

Juventude.

Nesta mesma diretriz, traz a Consolidação das Leis da

Previdência Social, a qual foi instituída por meio do

Decreto n. 77.077, de 24 de janeiro de 1976, dispondo

acerca do auxílio-reclusão que será devido, após 12 (doze)

contribuições mensais e nas condições dos artigos 56 a 59,

aos dependentes do segurado detento ou recluso, que não

perceba qualquer espécie de remuneração da empresa (art.

63). Redação semelhante foi mantida no art. 45 da nova

edição da Consolidação das Leis da Previdência Social,

expedida pelo Decreto n. 89.312, de 23 de janeiro de 1984

(BERBEL, 2005).

Da mesma sorte, traz a Constituição da República de

1988, na redação atual que é dada ao art. 201, inc. I, ao

preconizar que “Os planos de previdência social, mediante

contribuição, atenderão, nos termos da lei, a: I –

cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte,

incluídos os resultantes de acidentes do trabalho, velhice

e reclusão; [...]” (BRASIL, 2008).

Consoante o art. 80 da Lei de Benefícios, o auxílio-

reclusão, assim como a pensão por morte, se destinam com

exclusividade para os dependentes do segurado, no caso do

preso que encontra-se detido numa prisão e tem duração pelo

tempo em que durar o regime fechado, contudo, em caso de

liberdade ou cumprimento do regime ou no regime aberto, não

mais o receberá.

Desta forma, trata o auxílio-reclusão de um benefício

previdenciário que será ofertado aos dependentes do

segurado que foi preso. Alguns doutrinadores não olham com

bons olhos para esse tipo de beneficio, por considerar que

este deveria ser extinto, pois é injusto uma pessoa ficar

presa e a sociedade, ou o sistema previdenciário brasileiro

que se julga sem condições financeiras, pagar um benefício

para a família do prisional como se o mesmo estivesse ido a

óbito ou simplesmente tivesse deixado de existir.

De certa forma, argumenta alguns doutrinadores, que

caberia ao próprio preso pagar ao Estado por usufruir da

condição de preso, especialmente em face de crimes

considerados pela maioria como crimes passíveis de punições

mais severas como homicídio, roubo e etc. (VADE MECUM,

2008)

Sob a égide desta Carta, foi editada a Lei n. 8.213,

de 24 de julho de 1991, a qual, ao dispor sobre os planos

de benefícios da previdência social, fez expressa

referência ao auxílio-reclusão, nestes termos:

Neste contextoNesta senda, importa salientar que

pode-se perceber que este instituto deve obediência ao que

dispõe o art. 226 da CF/88, que prevê especial proteção à

família por parte do Estado. Já no contexto previdenciário,

a família está protegida através da oferta de benefícios de

pensão em caso de morte e do auxílio-reclusão. Em ambos os

benefícios observa-se que o risco social visto compreende a

perda de sua fonte de subsistência. Ou seja, em caso de

morte ou de prisão, a família perde, supostamente, aquele

que seria o responsável por sustentar os seus membros

familiares. Com isso temos duas hipóteses para concessão do

benefício. A primeira em caso de morte do segurado e a

segunda quando da prisão.

Assim sendo, o auxílio-reclusão tem caráter de

prestação pecuniária, substitutivo e que tem como principal

finalidade suprir, ou ao menos reduzir os impactos causados

com a falta daquele que seria o provedor das necessidades

econômicas dos dependentes.

De acordo com as orientações publicadas pelo Instituto

Nacional de Seguro Social (INSS)1, não há tempo mínimo de

contribuição que venha estabelecer-se para que a família do

segurado receba a concessão do benefício. Contudo, basta

que, no período em q1ue os fatos ocorreram, o trabalhador

tem exercido alguma contribuição como segurado. E o

benefício será devido, desde 01 de janeiro de 2011, aos

dependentes do segurado cujo salário de contribuição seja

igual ou inferior a R$ 862,11 (oitocentos e sessenta e dois

reais e onze centavos), independentemente da quantidade de

contratos.

Na concepção de Ribeiro (2008, p. 241):

Trata o auxílio-reclusão de um amparo, cujocaráter é alimentar, que se destina aosdependentes do segurado que possuem baixarenda e que por algum motivo foiencarcerado, havendo sua liberdaderestringida por meio dos limitespertinentes a legislação brasileira e quenão possui quaisquer outros benefícios,

como aposentadoria e auxílio-doença.(RIBEIRO, 2008, p.241)

Assim, a previsão legal para o recebimento do auxílio-

reclusão compreende ao fato do segurado encontrar-se preso,

não possuir outros benefícios e com isso, gera-se o

benefícios para os seus dependentes, já que a família,

supostamente, deva encontrar-se desamparada, sem uma renda

para sua sobrevivência, o que se faz deduzir que a única

fonte de renda seria a do detendo.

Segundo nos os ensinamentos de ensina Alves (2010):,

p.91):

[...] o auxílio-reclusão consiste numbenefício que estabelece garantias mínimasde proteção a família e aos seusdependentes, tendo como base fundamental aimportância que deve ser dada para manter oequilíbrio da economia do País, ou seja,proporciona aos recebedores uma qualidadede vida digna, servindo a renda mensal parasustentação às bases alimentar eeducacional e à saúde. (ALVES, 2010, p.91)

Do postulado acima, entende-se que o beneficio em

estudo deve ser entendido como um meio necessário a

manutenção de uma vida minimamente digna para os

dependentes do segurado recluso, garantindo alimentação,

saúde e etc..

Para que haja a concessão do auxílio-reclusão,

necessário se faz que o requerente possa comprovar sua

condição de segurado. Isto é, o cidadão deverá provar que

não tenha desenvolvido nenhuma atividade remunerada que lhe

tenha gerado o direito de contribuindo conforme dispõe a

previdência social.

No entanto, o detento não fica eximido de trabalhar

enquanto estiver na prisão e com isso contribuir na

qualidade de segurado nos moldes de "contribuinte

individual" sem que sejam retirados dos seus dependentes o

gozo ao auxílio-reclusão, haja vista que, o valor percebido

será dividido para os beneficiários, no caso do cônjuge ou

companheira(o), filhos menores de 21 anos ou inválidos,

pais ou irmãos não-emancipados menores de 21 anos ou

inválidos — e não varia conforme o número de dependentes do

preso. Em caso de morte do segurado, o benefício se

converterá automaticamente em pensão por morte, para os

dependentes acima elencados.

O auxílio-reclusão é interrompido, quando configurada

uma de suas causas de suspensão, podendo ser reativado a

qualquer momento, desde que sanadas essas causas. São

hipóteses de suspensão: (i) quando houver fuga do segurado

apenado; (ii) quando o segurado receber auxílio-doença

durante o período de cárcere; (iii) quando os dependentes

não apresentarem a certidão trimestral de permanência

carcerária; e (iv) quando se configurar o livramento

condicional (pena em regime aberto ou prisão albergue).

(ALVES, 2008)

E ainda, o auxílio reclusão é interrompido e extinto,

quando configurada uma de suas causas de cessação, não

podendo novamente ser reativo pelo fato de não existir mais

o direito. São hipóteses de cessação: (i) quando há

extinção da última cota individual de dependente; (ii)

quando ocorre a concessão de aposentadoria durante a

privação de liberdade; (iii) quando ocorre o óbito do

segurado; (iv) quando se configura emancipação ou

maioridade dos filhos ou a eles equiparados e, se

inválidos, quando cessar sua condição de invalidez; e (v)

quando o preso é libertado. (ALVES, 2008) (MARTINS, 2009).

Pelo exposto, é possível asseverar que compete ao

dependente a comprovação, trimestralmente, de sua condição

de presidiário do segurado. Não obstante, caso aconteça à

fuga do preso, o benefício de imediato será suspenso e sua

revogação só acontecerá em caso de reaver o preso a sua

condição de prisioneiro. Assim o segurado ainda manterá

vínculo com o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social.

A partir do entendimento exposto acima sobre o

instituto beneficio do auxilio reclusão, importante, nesse

momento, discorrer acerca dos requisitos necessários para

sua concessão, aos beneficiários de direito.

O art. 80 da Lei nº. 8.213 prevê como pressupostos à

obtenção do benefício de auxílio-reclusão:

a) o recolhimento do segurado à prisão;

b) o não-recebimento de remuneração da empresa ou de

benefício previdenciário;

c) a qualidade de dependente do requerente;

d) a prova de que o presidiário era, ao tempo de sua

prisão, segurado junto ao INSS.a Previdência Social.

Além desses requisitos, a Emenda Constitucional nº 20/

(1998) alterou a redação do art. 201, IV da CRFB/88,

exigindo ser o segurado( provedor dae família) de baixa

renda, no entanto, não é necessária carência de

contribuições, assim como ocorre no benefício de pensão por

morte.

O primeiro requisito para a concessão do auxílio-

reclusão é, obviamentepor obvio, a prisão do segurado, esta

entendida de forma ampla, como qualquer restrição à

liberdade imposta pelo Estado. Ou seja, é a exclusão do

segurado do convívio social mediante o impedimento do seu

direito de liberdade, tendo em vista o cometimento do

delito, passando assim a ser inviável o exercício de

qualquer atividade remunerada, salvo no caso em que o réu

cumpre pena em regime semiaberto, pois, o mesmo poderá

trabalhar durante o dia e recolher-se no albergue durante a

noite.durante a noite.

Nesse aspecto, o Decreto n. 4.729/03 incluiu modificou

o § 5º no Regulamento da Previdência Social (Decreto n.

3.048/99), limitando estabelecendo limite ao o pagamento do

benefício ao período em que o segurado estiver preso sob

regime fechado ou semi-aberto, ou seja, excluiudesta feita,

excluindo a possibilidade de recebimento pelos dependentes

do segurado preso, que esteja cumprindo pena em regime

aberto em regime aberto. Partiu da premissaEsta mudança

embasou-se na premissa de que, estando o preso em no

regime aberto, a regra é o trabalho externo do presofica

livre para trabalhar durante o dia, permanecendo recolhido

somente no período noturno e nos dias de folga. Desse modo,

sendo-lhe permitido o trabalho remunerado, até mesmo

visando a ressocializar, não se caracteriza o risco social,

portanto não há cobertura pelo benefício (CASTRO, 2005).

Ainda com relação ao segurado preso em regime fechado

ou semi-aberto, faz-se importante observar que lhe é

permitido o exercício de atividade remunerada, dentro ou

fora da unidade penal. Com efeito, a prestação de seus

serviços, torna-o segurado obrigatório da previdência

social na condição de contribuinte individual.

Em relação ao segurado preso em regime fechado ou

semi-aberto, ainda que permitido o exercício de atividade

remunerada e devido o recolhimento das contribuições

previdenciárias respectivas, seus dependentes não perdem o

direito ao auxílio-reclusão. Com efeito, a prestação de

serviço pelo preso, dentro ou fora da unidade penal, torna-

o segurado obrigatório da previdência social na condição de

contribuinte individual.

Contudo, o segurado recluso deixa de receber o direito

aos benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria durante

a percepção, pelos dependentes, do auxílio-reclusão,

permitida a opção, desde que manifestada, também, pelos

dependentes, ao benefício mais vantajoso. O mesmo ocorre

com o presidiário que for filiado ao Regime Geral de

Previdência Social na condição de contribuinte facultativo,

como permite o Regulamento, desde que não exerça atividade

remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de

previdência social (BOLLMANN, 2005).

IgualmenteDo mesmo modo, tendo em vista que o

pressupostoque o fato gerador do benefício é o

recolhimento do segurado ao cárcere prisão, em caso de fuga

do prisionalcaso ocorra sua fuga do estabelecimento

prisional, o será o benefício é de imediatoimediatamente

suspenso e os seus segurados beneficiários deixam de

recebê-lo, até que este seja recapturadoaté que este seja

recapturado. Se No entanto, se na data da recaptura o

instituidor do benefício em que o fugitivo for recapturado,

não mais se qualificar como segurado, em face dapelo motivo

de falta de exercer atividade laboral no período em

queenquanto esteve foragido e tiver ultrapassado

extrapolado o período de graça, por exemplo, seus

dependentes não terão mais direito ao auxílio-reclusão.

Castro e Lazzari (2005, p. 568) mencionam a

divergência doutrinária sobre a conveniência da regra

acima. Se a prestação é, induvidosamente, estabelecida

intuitu familiae, e se a hipótese de incidência legal a ordem

judicial de detenção ou de reclusão é mantida por esse

material, o fato de ter-se evadido o segurado, de estar em

lugar não sabido e incerto, não haverá de se ter quaisquer

alterações no que diz respeito aos termos em epígrafe, pois

nada irá melhorar a situação de seus dependentes, os

titulares da prestação de que se cuida”.

Contudo, é fundamental se tomar como percepção o fato

de que quando há é estabelecida a no caso de evasão, a

família poderia ficar recebendo indefinidamente o

benefício, supondo-se aí que o foragido jamais retornaria

ao lar, nem proveria a subsistência dos seus. Desta forma,

em que pese eventual injustiça com a família do fugitivo

não amparada após a fuga, andou bem, a nosso ver, o

legislador neste caso. Não há, na verdade, a injustiça

proclamada. Como exposto, o requisito básico para o

recebimento do auxílio-reclusão é o recolhimento do

segurado ao cárcere, pressupondo que se encontra impedido

de prover o sustento de seus dependentes, obrigação esta

que a partir de então serájá que o seu é suportadoo pelo

Estado. Tal suposição cai no tocante ao preso em regime

aberto, cujo trabalho é incentivado, e que não enseja a

concessão do benefício, conforme expressa disposição

normativa. A penúria da família do preso foragido e Aa

contingência do desemprego ou a penúria da família do

foragido não é o risco social protegido por essa espécie de

benefício previdenciário.

Outrossim, a obrigatoriedade da comprovação de que o

segurado se encontra efetivamente recolhido ao sistema

prisional, não só é condição para que seja concedido o

benefício, mas como também, para a manutenção do seu

pagamento.

. Estas prerrogativas só vem a consolidar o fato de

que, mais uma vez, que a segregação é condição primária

para se ter direito ao auxílio-reclusão. Como consequência

lógica disso, é vedada a concessão do auxílio-reclusão após

a soltura do segurado, o que não impede que os dependentes

postulem, após o livramento ou mesmo a fuga, o pagamento

das prestações vencidas durante o encarceramento (RAMOS,

2009).

O segundo requisito essencial indispensável para a

concessão do auxílio-reclusão é a condição de segurado do

Regime Geral de Previdência Socialda Previdência Social do

indivíduo recolhido à prisão.

Segundo Castro e Lazzari (2005), p. 150):

, é segurado da Previdência Social,compulsoriamente, o indivíduo que estiverexercendo alguma atividade, seja esta emcaráter efetiva ou eventual, urbana ourural, com ou sem vínculo empregatício, emcondições humanas ou precárias e aindasobre aquele ao qual recai a lei ao definircomo tal, observadas, quando for o caso, asexceções previstas no texto legal, ouexerceu alguma das atividades supracitadas,no período imediatamente anterior aochamado “período de graça”. (CASTRO eLAZZARI, 2005, p. 150)

Também é considerado segurado aquele que se filia de

maneira facultativa facultativa e espontaneamente

espontânea aos benefícios da Previdência Social, e que se

tornam contribuintes do custeio destas prestações sem estar

vinculado obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência

Social – RGPS ou a outro regime previdenciário qualquer. a

este.

Desse modoAssim sendo, para originar o pagamento do

auxílio-reclusão, o indivíduo segurado preso deve

provarostentar a qualidade de segurado, obrigatório ou

facultativo, da previdência social, no momento da prisão.

Se porventura, não houver a filiação ao regimea previdência

por ocasião do encarceramento, seus dependentes não terão

direito ao benefício, uma vez que as condições para a

concessão deverão ser preenchidas no momento do

recolhimento ao cárcere. Caso contrário, ficaria frustrada

a ideia de seguro social, possibilitando a ocorrência de

fraudes contra o regimea Previdência.

A manutenção da qualidade de segurado ocorre com o

devido recolhimento das contribuições previdenciárias a

cargo do indivíduo. Se de responsabilidade de terceiro,

como o empregador, a falta de recolhimento não tolhe o

direito ao benefício. Da mesma forma, mantém-se a condição

de segurado aquele que está dentro período denominado

“período de graça”, quando não há obrigatoriedade do

recolhimento. Assim, por exemplo, o indivíduo solto mantém

a qualidade de segurado, independentemente do recolhimento

de contribuições, até doze meses após o livramento. Nesse

prazo, o egresso conserva todos os seus direitos perante a

previdência social. (MARTINS, 201109).

O terceiro requisito para a concessão do auxilio-

reclusão

O terceiro requisito para a concessão do auxílio-

reclusão é a comprovação da condição de dependente do

postulantedo requerente. São assim considerados para efeito

previdenciário o cônjuge, a(o)a companheira(oa), o

companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição,

menor de vinte e um anos ou inválido (primeira classe),

cuja dependência econômica é presumida; os pais (segunda

classe); e o irmão não emancipado, de qualquer condição,

menor de vinte e um anos ou inválido (terceira classe). A

Sendo necessária a comprovação de dependência econômica

deve ser comprovada nos casos da segunda e terceira

classes.

A ordem de concessão é excludente, ou seja, a

existênciaexistindo de dependentes de classe incluído em

uma classe anterior, exclui do direito ao beneficio às

prestações os das classes seguintes. Já a

existênciaexistindo de mais de um dependente em uma mesma

classe, o benéfico será fracionado acarreta o fracionamento

da prestação. Assim sendo, por exemplo, se o preso possui

mulher e filho menor de vinte e um anos, por exemplo, a

prestação é desdobradaé dividida ao meio; se possui

companheira e irmão inválido, somente a primeira receberá o

benefício.terá direito ao recebimento do beneficio a

companheira.

O quarto requisito para a concessão do benéfico em

comento é que o segurado, no período do

encarceramentomomento de sua prisão, não esteja recebendo

remuneração da empresa, nem esteja em gozo de auxílio-

doença, aposentadoria ou abo¬no de permanência em serviço.

Caso esteja o segurado fazendo jus a um desses benefícios,

seus dependentes não ficarão desamparados financeiramente,

pois, apesar de sua ausência, a renda permanece.

O motivo é que, nesses casos, os dependentes não

estarão desamparados financeiramente pela ausência do

segurado, cuja renda permanece.

Na primeira hipótese, a empresa, ou qualquer outro

empregador, continua mantém pagando o pagamento a

remuneração da remuneração doo preso, em que pese ausente

do serviçomesmo este ausente no trabalho. Nascimento (2008,

p. 220), todavia, ensina que “a prisão pode ser causa de

suspensão do contrato de trabalho, quando sabidamente

arbitrária ou ilegal, caso em que não se poderá considerar

os dias de sua duração como de faltas injustificadas””.

Ainda assim, nos casos de suspensão, a empresa não está

obrigada a pagar salário e contar tempo de serviço, ao

contrário da interrupção do contrato de trabalho, quando há

o dever legal de remunerar o afastamento do trabalhador e

continuar, normalmente, a correr a sua antiguidade..

Na segunda hipótese, o segurado preso continua

recebendo prestação previdenciária decorrente de auxílio-

doença ou, aposentadoria ou abono de permanência em

serviço. O auxílio-doença é devido ao segurado que ficar

incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade

habitual por mais de quinze dias consecutivos, até que seja

reabilitado para o desempenho de função que lhe garanta a

subsistência, ou, quando considerado não-recuperável, for

aposentado por invalidez. A aposentadoria é a prestação

previdenciária de caráter permanente, substituindo os

rendimentos do segurado; pode ser por invalidez, por idade,

ou por tempo de contribuição. Por fim, o abono de

permanência em serviço consistia em prestação paga ao

segurado que, mesmo preenchendo os requisitos para o

recebimento de aposentadoria por tempo de serviço integral,

optava pelo prosseguimento na atividade, e, em razão disso,

tinha direito a um incentivo correspondente a vinte e cinco

por cento do valor dessa aposentadoria. Foi revogado pela

Lei n. 8.870/94 (MARTINS, 2009).

De qualquer modomaneira, como o recolhimento à prisão

não faz cessar o pagamento de nenhum dos benefícios acima,

os dependentes do segurado preso em gozo dessas prestações

não fazem jus ao auxílio-reclusão. a prisão do segurado não

faz cessar nenhum desses benefícios, não gerando o direito

de recebimento do auxilio-reclusão aos seus dependentes.

Por últimofim, o quinto e ultimo requisito para a

concessão do benefício foi acrescentado pela Emenda

Constitucional n. 20/98, que limitou a prestação aos

dependentes de segurados de baixa renda..

Dada a importância do tema, requisito baixa renda,

para esse trabalho, será discorrido de forma mais detalhada

no próximo capitulo.

3.2 Princíipios constitucionais que amparam o auxilio-

reclusãao

Segundo o Aurélio, princípio tem o significado de

causa originária. A noção de princípio, mesmo que fora da

seara jurídica, relaciona-se sempre a causas, alicerces,

orientações de caráter geral. Trata-se, sem sombra de

duvidas, do início ou origem de alguma coisa.

Para Castro e Lazzari (2008, p.95, p.95) princípios

seriam

“[...] uma idéiaideia, mais generalizada, que inspira

outras idéiasideias, a fim de tratar especificamente de

cada instituto. Não se faz citação introduzindo o

capítulo... a citação deve estar contida no desenvolvimento

do trabalho

Diante o exposto, é possível asseverar que os

princípios são o alicerce das normas jurídicas de certo

ramo do direito, sendo estes fundamentais na construção

escalonada da ordem jurídico-positiva em certa matéria.

Princípio por José Afonso da Silva (2009, p.9201, p. 96)

entende que: “

são ordenações que se irradiam e imantam os sistemas

de normas, são [como observam Gomes Canotilho e Vital

Moreira] ‘núcleos de condensações’ nos quais confluem

valores e bens constitucionais IDEM

Os princípios não deixam de ser normas jurídicas, e

esta por sua vez são subdivididas em princípios e regras,

repousando a diferença na ideia de que os princípios são

“mandados de otimização”, enquanto regras são imposições

definitivas, que se baseiam nos princípios norteadores do

sistema, sendo, portanto, os princípios erigidos de normas

mais relevantes do ordenamento jurídico.

Por sua vez, Celso Antônio Bandeira de Mello (2012, p.

538) afirma que princípio:

é, por definição, mandamento nuclear de umsistema, verdadeiro alicerce dele,disposição fundamental que se irradia sobrediferentes normas compondo-lhes o espíritoe servido de critério para sua exatacompreensão e inteligência, exatamente pordefinir a lógica e a racionalidade dosistema normativo, no que lhe confere atônica e lhe dá sentido humano. É oconhecimento dos princípios que preside aintelecção das diferentes partescomponentes do todo unitário que há pornome sistema jurídico positivo. Violar umprincípio é muito mais grave quetransgredir uma norma. É a mais grave formade ilegalidade ou inconstitucionalidade,conforme o escalão do princípio atingido,porque representa insurgência contra todo osistema, subversão dos seus valoresfundamentais, contumélia irremissível a seuarcabouço e corrosão de sua estruturamestra. (MELO, 2012, p. 538)VC TIROU ISSODE ONDE

Deste modo, é possível entender que só se pode

realizar o que a lei determina, de acordo com os limites

impostos por ela mesma para o exercício do direito, e que o

mesmo seja em benefício da coletividade.Deste modo, é

possível entender que repousa nos princípios

constitucionais um poder maior até que as próprias regras

positivadas no ordenamento jurídico, e que viola-los é a

forma mais agressiva de desrespeitar a Constituição

Federal.

Partindo da ótica de, que o auxilio-reclusão é um

beneficio que tem como finalidade atender ao risco social

gerado pela perda de fonte de renda familiar, em razão do

encarceramento do segurado, tendo como destinatários os

dependentes do preso, este encontra-se amparado nos

princípios constitucionais a seguir expostos.

Importante esclarecer que, em sua maior parte, são os

mesmos princípios que sustentam a Previdência Social.

O primeiro princípio que sustenta o beneficio em

estudo é o princípio da solidariedade .

A Sseguridade Ssocial é solidária, pois visa a

proteger as pessoas em momentos de necessidade, seja pela

concessão de benefício previdenciário ao segurado

impossibilitado de trabalhar (previdência), seja pela

disponibilização de tratamento de saúde ou pela concessão

de benefícios assistenciais.

Desse modo, há uma verdadeira socialização dos riscos

com toda a sociedade, que financia a seguridade social de

forma direta (através de contribuições sociais) ou indireta

(através do orçamento público). Acerca deste princípio,

ensina Ivan Kertzman (20131, p. 46-47):

O princípio da solidariedade é o pilar desustentação do regime previdenciário. Não épossível a compreensão do sistema sem que oconceito de solidariedade estejaconsolidado. Observe-se, contudo, que esteprincípio não é específico da seguridadesocial, não estando esculpido no parágrafoúnico, do artigo 194, da Constituição, ondeestão todos os outros princípios aquiestuados. Trata-se de objetivo fundamental

da República Federativa do Brasil (art. 3º,I, CF/88).

Portanto, não seria possível manter o sistema

previdenciário se não esta solidariedade, uma vez que seria

difícil para o Estado assumir com tão grandioso ônus.

Desta forma, esse princípio ampara o auxilio-reclusão

uma vez que, essa universalização abrange todos, inclusive

os dependentes do segurado encarcerado.

Nesta mesma linha de pensamento segue Félix Sarruf

Cardoso ao afirmar que, “a solidariedade social se aproxima

do conceito de justiça distributiva que visa promover a

redistribuição igualitária dos direitos, dos deveres, das

vantagens e da riqueza aos membros que compõem a

sociedade”.

Assim sendo, este principio vem assegurar, na área da

previdência social, a distribuição dos encargos essenciais

ao custeio do sistema entre seus participantes atuando como

meio adequado para conseguir manter o equilíbrio atuarial e

financeiro dos regimes.

– princípio da universalidade da cobertura e do

atendimento

De acordo o princípio da universalidade da cobertura e

do atendimentoesse princípio, a proteção social deve

alcançar o maior numero de pessoas e os todos os riscos

sociais mais relevantes, cuja reparação seja imediata, a

fim de manter a subsistência de quem dela necessitar. Quer

seja ele segurado ou quem eventualmente necessitar da

previdência social.

Por outro lado a universalidade da cobertura também

pode significar que a proteção deve abranger todos os

riscos sociais. A universalidade pode ser analisada em um

aspecto objetivo/subjetivo. No aspecto objetivo, a

seguridade social deve procurar abranger o maior número

possível de riscos sociais.

Entretanto, esclarece Frederico Amado (2013, p. 39):

Todavia é preciso advertir que auniversalidade de cobertura e doatendimento da seguridade social não têmcondições de ser absoluta, vez queinexistem recursos financeiros disponíveispara o atendimento de todos os riscossociais existentes, devendo se perpetrar aescolha dos mais relevantes, de acordo como interesse público, observada a reserva dopossível.

No aspecto subjetivo, a seguridade social deve

contemplar o maior número de pessoas que necessitem dos

benefícios securitários. Quanto a esse objetivo, expõe

Frederico Amado (2013, p. 40):

É exemplo de aplicação da acepção subjetivado Princípio da Universalidade da Coberturae o Atendimento no campo da PrevidênciaSocial, a progressiva celebração detratados internacionais pelo Brasil,visando ao reconhecimento do tempo decontribuição prestado por brasileiros noexterior para o pagamento de benefíciosprevidenciários.

Há compreender que para Previdência Social é imperioso

o status de que seja o cidadão contribuinte para que possa

ter proteção social. No caso de saúde e assistência social,

o atendimento é estendido a todos os cidadãos do território

nacional o atendimento é estendido independentemente de

contribuição ou vínculo empregatício.

Já o 4.1.1.3 – princípio da individualização da pena

esta insculpido no

Conforme disposto no art. 5º, inciso XLV a CF/88 ,

(BRASIL, PLANALTO, 1988) dispondo que que “:

Nnenhuma pena passará da pessoa condenado, podendo a

obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de

bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e

contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio

transferido”. (BRASIL, PLANALTO, 1988)

Entende-se que cabe apenas ao condenado a obrigação de

arcar com as consequências de seus crimes, sendo que

qualquer punição não poderá ser estendidas aos seus

familiares.

De fato, não seria razoável permitir que essa

responsabilidade prejudicasse a família do condenado. Ora,

se já não bastasse o sofrimento da família em ser afastada

do convívio do recluso, em razão de evento para o qual não

concorreu ainda ter que arcar com toda uma série de

consequências econômicas, não seria justo. Afinal cabe ao

Estado o dever de zelar pela minimização de tais prejuízos.

4.1.1.4- princípio da proteção à família

MMediante a necessidade de regular a proteção à

família e dar-lhe subsídios em caso de doença, infortuítos,

invalidez do seu provedor, o Estado a assegura através do

Artigo 226, caput,caput da CF/88 (BRASIL, PLANALTO, 1988):

“A família, a base da sociedade, tem especial proteção do

Estado”. (BRASIL, PLANALTO, 1988)

Na visão de Pietro Perlingieri (2002, p. 243):

“a família como formação social é garantida pela

Constituição não por ser portadora de um direito superior

ou superindividual, mas por ser o local ou instituição onde

se forma a pessoa humana.”.

O princípio da proteção à família abriga a proteção a

todo tipo de entidade familiar. A Família deve ser

protegida para que seja garantido o desenvolvimento de sua

personalidade, uma vez que a família é, efetivamente, o

instrumento de realização da pessoa humana.

O auxílio-reclusão, como já citado anteriormente,

possui natureza substitutiva e, por substituir os

rendimentos do segurado devendo ser concedidos aos

dependentes do segurado recluso, para que estes passam

continuar a manter sua subsistência.

O principio do não retrocesso da norma social também

ampara o beneficio aqui trazido, uma vez que este principio

deve ser interpretado na perspectiva de que o Estado sempre

deve atuar no sentido melhorar as condições de vida da

população, e jamais retroceder; pois as garantias sociais

introduzidas devem ser sempre alargadas e nunca excluídas.

Na visão de Canotilho (2002, p. 36), este princípio

significa que

é inconstitucional qualquer medida tendentea revogar os direitos sociais járegulamentados, sem a criação de outrosmeios alternativos capazes de compensar aanulação desses benefícios”, e o autorcomplementa que “em tese, somente seriapossível cogitar na revogação de direitossociais se fossem criados mecanismosjurídicos capazes de mitigar os prejuízosdecorrentes da sua supressão.

Ante o exposto pelo autor, depois de instituído o

auxilio-reclusão, este passou a ser acobertado por esse

principio, uma vez que sendo considerado tal beneficio como

uma norma de caráter social, não pode ser suprimido, nem

tão pouco sofrer limitações.

E por fim, todos os princípios ora abordados,

convergem para a garantia de um princípio maior, o da

Dignidade da Pessoa Humana.

Os aspectos conceituais em torno da dignidade da

pessoa humana compreendem um conceito histórico, dependendo

dos valores elegidos pela sociedade como primordiais para a

manutenção do bem estar social.

– Indubitavelmente, este princípio tem PRINCÍPIO DA

DIGNIDADE HUMANA E ERRADICAÇÃO DA POBREZA

Os aspectos conceituais em torno da dignidade da

pessoa humana compreendem um conceito histórico. Ele é

construído através das intempéries do tempo, e por isso,

vem logo a noção de que trata-se de um conceito que é hoje,

mas amanhã não terá o mesmo efeito, a mesma utilidade, já

que não existe uma forma uma, mas sim, um padrão que é

construído no dado momento, de acordo com a elegibilidade

do grupo social ao qual está inserido e é estabelecido por

este grupo como moralmente “correto”. Assim, o conceito da

dignidade da pessoa humana surge a partir do momento em que

são eleitos os valores que deverão serem seguidos pela

sociedade, bem como, são considerados os valores que são

construídos por grupos sociais com a finalidade de manter

um equilíbrio na sua relação social, por isso são elegidos

valores que melhor se adéqüem a formação e relação das

sociedades de modo em geral, o que significa dizer que é

possível influir em mais (ou não) liberdade social.

Concernente ao fato histórico da construção conceitual

da dignidade da pessoa humana, comumente é atribuída a

Kant, o prelúdio do principio da dignidade humana. Neste

contexto, evidencia-se o fato de que é dado aos seres

humanos, o direito de ter tratamento igualitário e de forma

fraterna, porquanto que todo ser humano tem um direito

legitimo ao respeito de seus semelhantes. Kant (2008, p.

65) colo que “quando se estabelece valor de mercado a uma

determinada coisa, tal valor pode ser substituído por algo

equivalente; não obstante, a coisa que se acha acima de

todo o preço, e por isso, não admite qualquer equivalência,

compreende uma dignidade”.

Sendo assim, trata-se de um princípio construído pela

história e que tem galgadoelegido como principal bem, a

proteção da pessoa humana contra qualquer forma de

desprezo, já que não se admite mais o homem ser tratado

como uma coisa, como um objeto de valor, mas sim, um ser

que detém uma dignidade a ser respeitada e garantida.

Desta maneira a Constituição de 1988 positivou esse

princípio elegendo-o a qualidade de princípio fundamental

do Estado Democrático de Direito.

Para SILVA (2005, p.146)

a dignidade da pessoa humana encontra-se no

epicentro da ordem jurídica brasileira

tendo em vista que concebe a valorização da

pessoa humana como sendo razão fundamental

para a estrutura de organização do Estado e

para o Direito. O legislador constituinte

elevou à categoria de princípio fundamental

da República, à dignidade da pessoa humana

(um dos pilares estruturais fundamentais da

organização do Estado brasileiro), previsto

no art. 1º, inciso III da Constituição de

1988.

De outra forma, tomamos por base o conceito aludido

por Diniz que descreve a dignidade da pessoa humana tendo

por moldura o direito de família. Segundo a autora, para

alcançar um conceito mais consistente sobre dignidade da

pessoa humana se faz necessário que ocorra a garantia plena

destes direitos, partindo do desenvolvimento das

necessidades e dos interesses afetivos dos membros

familiares, através da garantia da assistência educacional

aos filhos, com o objetivo salutar de manter a família

perene e feliz, conforme alude Diniz (2007, p. 18):

É fundamental aceitar que o direito da família vem

passando por significativas transformações, uma vez que,

estes não podem ser revertidos, estabelecendo padrões que

permitam compreender seus excessos, galgando resoluções

pertinentes no sentido de coibir tais excessos para que os

dependentes possam gozar do seu desenvolvimento pleno no

contexto educacional e para que os consortes ou conviventes

mantenham uma sólida relação a qual venha recheada de

respeito, tolerância, diálogo, troca enriquecedora de

experiência de vida etc.

Assim sendo, aA dignidade da pessoa humana encontra os

seus respaldosrespaldo no bojo do ordenamento jurídico

brasileiro, sendo a essência desse ordenamento, tendo em

vista que concebe a valorização da pessoa humana como sendo

razão fundamental para a estrutura de organização do Estado

e para o Direito.

A dignidade da pessoa humana foi elevada pelo

legislador como uma categoria de princípio fundamental da

República, sendo para tanto, um dos pilares que sustentam a

estruturação e organização do Estado brasileiro, conforme

preconizado no art. 1º, inciso III da Constituição de 1988

(MARTINS, 2012).

Sarlet (2008, p. 17) vem a ampliar essa noção de

direito a dignidade humana, cuja abrangência:

Vai além desta vinculação (na dimensãopositiva e negativa) do Estado, também aordem comunitária e, portanto, todas asentidades privadas e os particularesencontram-se diretamente vinculados peloprincípio da dignidade da pessoa humana.[...] Assim, sua dimensão assume umarelevância particular frente a esses novostempos de globalização econômica.

Sem entremeios, o princípio da dignidade da pessoa

humana assume contornos universalistas, desde que a

Declaração Universal de Direitos do Homem o concebeu em seu

preâmbulo. Dando seguimento ao seu artigo 1º, foi

proclamado que, indistintamente, é dado o direito

fundamental aos seres humanos de nascerem livres e iguais

em dignidade e direitos.

No Brasil, mesmo diante das indeterminações que giram

em torno do direito fundamental, o princípio da dignidade

da pessoa humana, constituí critério para integração da

ordem constitucional, prestando-se para reconhecimento de

direitos fundamentais atípicos e, portanto, as pretensões

essenciais à vida humana afirmam-se como direitos

fundamentais.

Desfecho

Por fim, tal instituto encontra-seem harmonia também

no princípio da dignidade humana constante no art. 1º,

inciso III, da Constituição Federal, bem como no

compromisso de erradicação da pobreza, elencado no art. 3º

também da Constituição Federal, e no princípio da

solidariedade social. Em ultima análise é importante

ressaltar que cabe todos os princípios anteriormente

elencados “unem forças” para garantir a pessoa humana o

direito a uma vida digna. Ou seja, o principio da dignidade

da pessoa humana pode ser entendido como um fim a ser

perseguido, tendo, no caso em estudo, outros princípios

para garantir sua efetividade.

ao Estado, em conjunto com a sociedade, proteger,

contra possíveis adversidades, a família agora desamparada,

assim como acontecena pensão por morte. Nesse compasso,

baseado em todo o exposto, seria é a previsão legal do

benefício em comentode auxilio-reclusão plenamente

seguramente justificáveljustificável. .

Por fim, esta explanação acerca do beneficio de

auxílio-reclusão, dando ênfase a seu conceito, natureza

jurídica, requisitos bem como aos princípios

constitucionais que o amparam, foi de suma importância para

que a partir do próximo capítulo, seja possível entender a

questão problema deste trabalho, qual seja, o limite

imposto pela EC. 20/98 reduzindo a concessão do auxílio-

reclusão aos beneficiários do segurado de baixa renda.

Falar o que foi importante no capitulo

REFERENCIAS CAPITULO 2

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