UNESA -UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ A CONTRIBUIÇÃO DO PRÉ-SAL NA RETOMADA DA CONSTRUÇÃO NAVAL...

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UNESA - UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO EAD ESTÁCIO CAMPUS VIRTUAL A CONTRIBUIÇÃO DO PRÉ-SAL NA RETOMADA DA CONSTRUÇÃO NAVAL BRASILEIRA Autor: NELSON SOARES DE SOUZA 1 Orientadora: MARIA DO CARMO DE FIGUEIREDO CISNE 2 TCC Trabalho de Conclusão de Curso Rio de Janeiro 31/10/2013 1 Discente do 4º ano do curso de Administração da UNESA (Matrícula nº 2009.0206.5061). 2 Orientadora do curso EAD de Administração da UNESA.

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UNESA - UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

EAD – ESTÁCIO CAMPUS VIRTUAL

A CONTRIBUIÇÃO DO PRÉ-SAL NA

RETOMADA DA CONSTRUÇÃO NAVAL

BRASILEIRA

Autor: NELSON SOARES DE SOUZA1

Orientadora: MARIA DO CARMO DE FIGUEIREDO CISNE2

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

Rio de Janeiro

31/10/2013

1 Discente do 4º ano do curso de Administração da UNESA (Matrícula nº 2009.0206.5061).

2 Orientadora do curso EAD de Administração da UNESA.

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RESUMO

O presente artigo propõe uma reflexão sobre o Capital Humano frente aos desafios

na exploração e produção de petróleo e gás natural na província do Pré-Sal,

localizada a cerca de 300 km da costa dos estados de ES, RJ, SP, SC e PR, numa

área de 800 km de extensão e 200 km de largura e numa profundidade de 7.000

metros abaixo do nível do mar. Por meio da pesquisa exploratório-descritiva, esse

trabalho demonstra a necessidade e ações decorrentes para adequar-se às

demandas de tecnologia, conhecimentos e experiências desenvolvidas em conjunto

com governo, empresas e comunidade acadêmica.

TEMA:

Gestão de Recursos Humanos

PALAVRAS-CHAVES:

Exploração; Produção; Petróleo; Pré-Sal; Mercado de Trabalho; Construção Naval

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

2. OS CICLOS ECONÔMICOS

3. O “CICLO” DA CONSTRUÇÃO NAVAL (1846-1998)

4. O “CICLO” DO PETRÓLEO (1939-ATUALIDADE)

4.1. A Província Petrolífera do Pré-Sal

4.2. Demandas para Exploração e Produção em Águas Profundas

5 A RETOMADA DA CONSTRUÇÃO NAVAL

6. PROMINP

6.1. Projetos Estruturantes

6.2. Especialidades Críticas de Engenharia de Projetos Navais

6.3. Especialidades Críticas de Construções e Montagens Navais

7. CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1. INTRODUÇÃO

No âmbito do eixo temático de gestão de Recursos Humanos, este artigo

científico busca demonstrar a sucessão de fatos que concorreram para a decadência

da construção naval brasileira, analisar sua similaridade com o ciclo de vida de

outros ciclos econômicos do Brasil e reconhecer sua súbita recuperação atribuída à

necessidade de suporte na atividade offshore de exploração e produção petrolífera

na província do pré-sal, identificando sua demanda por capacitação e reciclagem de

profissionais que ocuparão milhares de postos de serviços em seus vários setores,

principalmente nos estaleiros, como caso da importância crítica dos recursos

humanos para uma vantagem competitiva sustentada.

A pesquisa foi realizada por meio de consulta em revistas especializadas,

artigos publicados por empresas e literatura disponível, além do governo e de

associações profissionais. Trata-se de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de

Administração de Empresas da Universidade Estácio de Sá, onde aspectos

problemáticos são demonstrados no contexto da realidade, atuando “na

configuração de um status científico para a administração como ciência social

aplicada” (LIMA, 1999). Optou-se pela modalidade dos artigos científicos, que “são

pequenos estudos, porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente

científica, mas que não se constituem em matéria de um livro” (LAKATOS, 2003).

Buscou-se, assim, não só a ampliação de conhecimentos como também a

compreensão de certas questões que obrigam os pesquisadores a tomarem por

empréstimo modelos científicos de pesquisa de outras áreas do conhecimento.

O início do trabalho apresenta uma contextualização dos principais temas

transversais. Procurou-se delimitar o assunto na esfera geográfica da chamada

Província do Pré-Sal e com olhar focado no setor econômico da Construção Naval.

Para a identificação da demanda de mão-de-obra, foram considerados os planos de

investimentos da TRANSPETRO para o período de 2004 a 2010 e do setor privado,

representado pelo SYNDARMA – Sindicato Nacional das Empresas de Navegação

Marítima, no período de 2004 a 2017.

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2. OS CICLOS ECONÔMICOS

O Brasil, graças as suas dimensões continentais e seu grande contingente

populacional, está acostumado com uma posição de preponderância em relação a

outros países. Desde seu batismo oficial a 22 de abril de 1500 como Terra de Santa

Cruz, o relato do escrivão da esquadra de Pedro Álvares Cabral já anunciava:

“Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o

sul vimos até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós

deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela

bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. (...) Águas são

muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a

aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”

(CAMINHA, 1500)

A partir de então, a economia brasileira passou por vários ciclos ao longo de

sua existência. Cada um desses ciclos econômicos previlegiou um setor em

detrimento de outros, provocando sucessivas mudanças sociais, populacionais,

políticas e culturais dentro da sociedade brasileira. De tempos em tempos, o país se

posicionava frente às demais nações quase sempre como uma das mais bem

colocadas em rankings mundiais. No entanto, os ciclos econômicos são

considerados flutuações do produto, do rendimento e do emprego nacionais totais

com uma duração habitual de dois a 10 anos, caracterizada pela expansão ou

contração generalizada na maioria dos setores da economia, ainda que a economia

não apresente a regularidade sugerida pelos teóricos (Samuelson & Nordhaus,

2005). Esse movimento recorrente na economia pode ser denominado como ciclos

econômicos, os quais possuem um comportamento padrão constituídos basicamente

de quatro fases: auge, recessão, depressão e recuperação.

a) Auge, Prosperidade, Pico ou Boom: ponto máximo do ciclo, que marca o

final da expansão e o início da recessão;

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b) Depressão ou Contração: é o ponto mais baixo que a atividade

econômica pode chegar durante o período do ciclo (crises); trata-se de uma

recessão importante, tanto na intensidade como na duração; declínio da economia;

c). Baixa ou Trough, ponto mínimo do ciclo, marca o final da recessão e o

início da expansão;

d) Recuperação ou Expansão: quando o nível da produção, dos negócios

começa a subir de novo; ascendência da economia.

Fases dos Ciclos Econômicos Fonte: http://economiax.blogspot.com.br/2012/01/ciclos-de-crescimento-economico.html

O primeiro ciclo econômico durou meio século (1501-1555), conhecido como

o Ciclo do Pau-Brasil, cuja árvore de madeira tinturial muito usado na Europa para

tingir tecidos e confeccionar peças nobres de carpintaria e armação de naus deu o

nome à terra nova. Por se tratar de extrativismo, houve esgotamento dos recursos e,

não havendo tecnologia de sustentabilidade, o ciclo findou-se (FURTADO, 1998).

O segundo ciclo foi o da Cana-de-Açúcar, durando quase um século e meio

(1555-1697). O consumo generalizado de açúcar na Europa e a necessidade de

fixação definitiva dos portugueses na nova colônia impulsionaram sua exploração

econômica. Com elevação contínua da produção e dos preços, o açúcar alcança o

apogeu no período de 1646-1654, contando com 350 engenhos capazes de produzir

30.000 toneladas por ano. Entretanto, com a entrada do açúcar antilhano no

mercado mundial em 1670, houve uma queda no preço do produto, tirando a

competitividade do Brasil e, consequentemente, provocando a queda das

exportações (FURTADO, 1998).

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Diante da pobreza desesperadora que Portugal passava no fim do século

XVII, a busca pelo ouro no Brasil era uma missão de proporções divinas. Nessa

época, o dinheiro era escasso em Lisboa. Portugal contraíra uma dívida com a

Holanda em troca de paz e já havia passado dezesseis anos sem conseguir saldá-

la. Surge no Brasil um novo ciclo que duraria de 1697 a 1760: O Ciclo da Mineração.

A mineração ocupou um lugar de destaque na história da colônia, provocando uma

corrida ao ouro de outras regiões do país em direção a Minas Gerais e a ocupação

do Centro-Oeste, alterando o quadro populacional e o eixo econômico, que até

então estava localizado junto à produção açucareira. No entanto, excessivas

tarifações inibiram iniciativas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, reduzindo-

se a produtividade das minas e encerrando o ciclo em decadência.

A vinda da Corte Portuguesa ao Brasil e o consequente aumento do consumo

interno de café estimularam o plantio nas encostas das montanhas do Rio de

Janeiro, logo se estendendo às elevações das margens do Rio Paraíba, onde

encontrou condições favoráveis para sua cultura, inaugurando em 1825 um novo

ciclo econômico no país. Até 1840, a produção havia crescido 206%. O consumo

internacional aumentou em grande escala e a produção brasileira atendeu

plenamente a demanda. Enquanto a produção mundial de café triplicou, entre 1825-

1850, a brasileira quintuplicou, marcando um novo ciclo de produção na economia

do país. O centro político-econômico deslocou-se do Nordeste para o Sudeste,

consolidando o Rio de Janeiro como sede do Império. Em pouco mais de um século,

a demanda internacional e a superprodução colapsaram a sustentabilidade de sua

produção, reduzindo as exportações em 1929 devido à queda da Bolsa de Nova

Iorque até perder relevância na economia brasileira (LIMA, 2003).

3. O “CICLO” DA CONSTRUÇÃO NAVAL (1846-1998)

A posição estratégica do Brasil na rota para a Índia e sua abundância de

madeira de boa qualidade fez com que logo nos primeiros tempos se instalassem

estaleiros não só para reparos nas embarcações, mas também para a construção de

novas. A construção de embarcações de porte um pouco maior começou a ser

realizada com a fundação dos arsenais da marinha. Em 1761, foi fundado o Arsenal

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do Pará; em 1763, o Arsenal do Rio de Janeiro; em 1789, o de Pernambuco; por

volta de 1820, foi o Arsenal de Santos; e por último o Arsenal de Mato Grosso, em

1827. No entanto, o maior estaleiro foi o Estabelecimento de Fundição e Estaleiro

Ponta da Areia, em Niterói, fundado em 11/08/1846 por Irineu Evangelista de Souza

(Barão de Mauá), que se tornou um símbolo da “indústria nacional” no Império.

Quando a Guerra do Paraguai eclodiu, quase um terço da frota naval brasileira havia

sido construído em Ponta d' Areia, Niterói/RJ. Chegou a construir mais de 70 navios

a vapor e a vela para navegação de cabotagem no país. Em 1890, no entanto, suas

atividades foram praticamente encerradas, sendo a frota mercante brasileira

formada quase na totalidade de embarcações de construção estrangeira. Enquanto

a construção era de madeira, o Brasil despontava como um dos maiores

construtores navais; no entanto, com a demanda por navios metálicos, o Brasil se

ressentiu da falta de uma siderurgia, perdendo mercado para outros estaleiros da

Europa e, posteriormente, da Ásia durante quase um século.

Numa tentativa de alavancagem, foi criado o I Programa de Construção Naval

1971-1975 e o II para o período 1975-1979, num total de 6.921.700 TPB, resultando

em 50 navios construídos e quase 40.000 empregados diretos. Apesar disso, muitas

embarcações tiveram atrasos e recursos foram desviados (Escândalo da

SUNAMAM), fechando-se a maioria dos grandes estaleiros com demissões em

massa (Verolme, em 1988; Ishibrás, em 1998). Culminou com a extinção da estatal

LLOYDBRAS - Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, em 3/4/1998.

4. O “CICLO” DO PETRÓLEO (1939-ATUALIDADE)

A história do petróleo no Brasil começou em 1858 na Bahia, com a extração

de mineral betuminoso por José Barros Pimentel para fabricação de querosene de

iluminação em terrenos situados nas margens do Rio Marau, na Província da Bahia.

Em 29/07/1938, sob a jurisdição do recém-criado Conselho Nacional de Petróleo -

CNP, foi iniciada a perfuração em Lobato, que viria a ser no ano seguinte o local de

descoberta de petróleo no Brasil. Após a Segunda Guerra Mundial iniciou-se no país

um grande movimento em prol da nacionalização da produção petrolífera. Naquela

época, o Brasil era um grande importador de petróleo e as reservas brasileiras eram

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pequenas, quase insignificantes. Mesmo assim diversos movimentos sociais e

setores organizados da sociedade civil mobilizaram a campanha "O petróleo é

nosso!", que resultou na criação da Petrobras em 1953, no segundo Governo de

Getúlio Vargas. Após a crise petrolífera de 1973, a Petrobras modificou sua

estratégia de exploração petrolífera e, em 1974, descobriu indícios de petróleo na

Bacia de Campos, confirmados com a perfuração do primeiro poço offshore em

1976. Desde então esta região tornou-se a principal região petrolífera do país,

chegando a responder por mais de 2/3 do consumo nacional até o início dos anos

1990 e ultrapassando 90% da produção petrolífera nacional nos anos 2000.

4.1. A Província Petrolífera do Pré-Sal

Em 2007, a Petrobras anunciou a descoberta de petróleo na camada

denominada Pré-sal, que posteriormente verificou-se ser um grande campo

petrolífero, estendendo-se ao longo de 800 km na costa brasileira, do estado do

Espírito Santo ao de Santa Catarina, abaixo de espessa camada de sal (rocha

salina) e englobando as bacias sedimentares do Espírito Santo, de Campos e de

Santos. O primeiro óleo do pré-sal foi extraído em 2008.

Evolução das Perfurações em Águas Profundas até o Pré-Sal Fonte: http://www.petrobras.com.br/pt/energia-e-tecnologia/fontes-de-energia/petroleo/presal/

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4.2. Demandas para Exploração e Produção em Águas Profundas

As atividades de prospecção e sondagem em águas marítimas e, com a

constatação de blocos ou poços de petróleo, o processo de produção, retirando o

petróleo do interior do solo do fundo do mar, são conhecidas como E&P Offshore

(fora da terra). Para tanto, necessitam de vários tipos de plataformas de petróleo:

Fixas, Autoeleváveis, FPSO (Floating, Production, Storage and Offloading), Navios-

Sonda e Semissubmersíveis.

Para suportar essas atividades são necessários Navios de Apoio Offshore,

razão pela qual os estaleiros brasileiros subsistem desde 1998 com a construção de

mais de 60 dessas unidades. Atualmente, as empresas nacionais possuem alta

competência em prazo, preço e qualidade nesse nicho de mercado. Tratam-se de

embarcações com grande capacidade de manobra, visando posicionamento próximo

as unidades atendidas e, para isso, dotadas de vários recursos modernos: hélices e

lemes gêmeos (menor diâmetro na curva de giro), bow thruster (propulsor lateral de

proa), sistema de lemes Independentes (posicionamento dos lemes em qualquer

ângulo), stern thruster (propulsor lateral de popa), central de manobras

computadorizadas (manobras realizadas por “joystick”) e o Dynamic Position

(Posicionamento Dinâmico). (PELICANO, 2013)

A Transpetro, subsidiária integral do Sistema Petrobras, figura isolada como a

maior empregadora individual de oficiais da Marinha Mercante. Sua demanda por

mão de obra é estimulada por seu Programa de Modernização e Expansão da Frota

da Transpetro, ou PROMEF. A primeira fase prevê a construção de 10 Suezmax,

cinco Aframax, quatro Panamax e quatro Navios de Produtos, totalizando 23 navios.

A segunda fase prevê a construção de sete Navios de Posicionamento Dinâmico,

oito Navios de Produtos, oito Gaseiros e três Navios de Transporte de Bunker, num

total de 26. A premissa é construir navios no Brasil com um índice de nacionalização

de 65% a 70% com a utilização de estaleiros modernos e mundialmente

competitivos. Além disso, a empresa planeja a entrada no segmento de apoio

marítimo e o crescimento de sua frota de navios de transferência de petróleo. A

demanda por quase 50 navios de transporte de petróleo e gás coloca a Transpetro

em primeiro lugar na carteira de clientes dos estaleiros brasileiros.

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5 A RETOMADA DA CONSTRUÇÃO NAVAL

O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e

Offshore (SINAVAL) representa todos os estaleiros no Brasil. Segundo o presidente

da entidade Ariovaldo Rocha, a construção naval é uma indústria de montagens de

tubulações, equipamentos e sistemas eletrônicos de controle e comando, ao mesmo

tempo em que fabrica estruturas metálicas destinadas aos cascos de navios. Por ser

também uma grande consumidora de aço, consegue promover intensa dinâmica no

mercado de trabalho e qualificação de recursos humanos. Esse setor possui

atualmente a contratação firme de utilização de suas instalações num horizonte de

25 a 30 anos, se consideradas apenas as demandas da área de petróleo e gás

(ROCHA, 2013).

A questão do trabalhador é tão crucial nas empresas que muitos pensadores

e cientistas sociais conseguem visibilidade para esses conceitos graças a sua

relevância no campo onde atuam. Como exemplo, Andrew Carnegie (Escócia, 1835

– EUA, 1919), fundador da US Steel e um dos homens mais ricos do seu tempo,

usou uma de suas célebres declarações para ressaltar a importância dos recursos

humanos na atividade produtiva: “Levem embora as pessoas, mas deixem as

minhas fábricas, e logo a grama crescerá nos chãos das mesmas. Levem embora as

minhas fábricas, mas deixem as pessoas, e em breve terei novas e melhores

fábricas.” (HISTORY, 2013). A situação da Construção Naval ilustra esse

pensamento, pois as pessoas foram dispensadas e, em pouco tempo, os estaleiros

foram fechados e abandonados. Essas pessoas tiveram que buscar suas

sobrevivências em outras áreas da economia. Alguns migraram para o setor de

serviços, mas muitos se mantiveram no setor industrial graças aos seus

conhecimentos em metalurgia, materiais, soldagem, projetos e cálculos. No entanto,

como o conhecimento naval é muito específico, a falta de aplicação legou-o ao

quase esquecimento, necessitando atualmente capacitar nova geração e reciclar

antigos trabalhadores que, pelo apelo da recuperação da construção naval, buscam

retomar seus antigos postos de trabalho. Exemplo disso são os vários cursos

técnicos que proliferam às margens de iniciativas governamentais, como o

PROMINP.

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6. PROMINP

Segundo informações do próprio site, PROMINP é o Programa de

Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural criado pelo Governo

Brasileiro na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cuja coordenação coube

ao Ministério de Minas e Energia em articulação com as entidades empresariais da

indústria e operadoras de petróleo atuantes no Brasil, especialmente a Petrobras.

Na ocasião de seu lançamento, a então Ministra de Estado de Minas e Energia

Dilma Rousseff declarou que o programa dispunha de uma carteira de 47 projetos

para atender a uma demanda na ordem de U$ 41 bilhões de investimento no

período 2003-2007. Esses projetos são decorrentes do desafio essencial do

programa, que é maximizar a participação de conteúdo local de empresas,

equipamentos e mão-de-obra em atendimento aos desafios da indústria de petróleo

e gás, e perpassam por temas estratégicos definidos por sua estrutura

organizacional, que são: capacitação, instrumentos de política industrial e

desempenho empresarial. Atualmente, o PROMINP já conta com mais de 90 mil

pessoas capacitadas em 185 categorias profissionais para o atendimento dos

empreendimentos do setor de Petróleo e Gás, em 17 estados do país, com um

investimento realizado da ordem de R$ 270 milhões.

6.1. Projetos Estruturantes

Como instrumentos de retomada da construção naval no Brasil, foram criados

projetos envolvendo as áreas específicas de Transporte Marítimo dentro dos temas

estratégicos de Política Industrial e de Capacitação. O resultado conclusivo foi a

identificação da demanda para recursos humanos destinados à Construção Naval e

ao Transporte Marítimo. Cruzando-se a situação diagnosticada na época (2004) em

principais estaleiros e consultorias de projeto naval a serviço da Petrobras,

Syndarma e Transpetro, identificaram-se os cargos críticos que necessitariam de

fomento na capacitação de novos empregados da Construção Naval.

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6.2. Especialidades Críticas de Engenharia de Projetos Navais

1) Engenheiro de Instrumentação;

2) Engenheiro de Máquinas;

3) Engenheiro de Tubulação;

4) Engenheiro de Arquitetura Naval;

5) Engenheiro de Telecomunicação;

6) Engenheiro de Equipamentos de Embarcação;

7) Engenheiro Naval de Cálculos Estruturais;

8) Engenheiro Naval de Estabilidade;

9) Engenheiro Naval de Hidrodinâmica;

10) Técnico Cadista;

11) Técnico de Estrutura Naval;

12) Técnico de Arquitetura Naval;

13) Técnico de Equipamentos de Embarcação;

14) Técnico de Máquinas.

6.3. Especialidades Críticas de Construções e Montagens Navais

1) Encanador

2) Encarregado de Solda

3) Engenheiro de campo (condicionamento/partida)

4) Engenheiro de campo (construção e montagem)

5) Engenheiro de campo (qualidade)

6) Engenheiro de campo (SMS)

7) Engenheiro de Equipamentos e Acessórios Navais

8) Engenheiro de planejamento

9) Engenheiro de suprimento

10) Engenheiro de Tubulações Navais

11) Engenheiro Elétrico e de Instrumentação

12) Gerente de condicionamento e partida

13) Gerente de Empreendimento e Contrato

14) Gerente de Engenharia

15) Gerente de Planejamento

16) Gerente de SMS

17) Gerente de Suprimento

18) Inspetor (dimensional)

19) Inspetor (END)

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20) Inspetor (mecânica)

21) Inspetor (solda nível I)

22) Inspetor (solda nível II)

23) Inspetor (ultrassom)

24) Instrumentista

25) Soldador de Estruturas Navais

26) Supervisor ou técnico (condicionamento/partida)

27) Supervisor ou técnico (elétrica/instrumentação)

28) Supervisor ou técnico (qualidade)

29) Supervisor ou técnico (SMS)

30) Supervisor ou técnico (suprimento)

7. CONCLUSÃO

Todos os programas criados para atender à demanda de exploração e

produção do Pré-Sal, além de demandas reprimidas em outras zonas petrolíferas,

oferece hoje 62 mil empregos diretos na área de construção naval, conforme dados

informados pela SINAVAL referente a 2012. Só nos últimos anos, o PROMEF foi

responsável pela criação de três estaleiros no Brasil: Estaleiro Atlântico Sul, no

Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, Estaleiro Vard Promar,

também em Pernambuco, e Estaleiro Rio Tietê, em Araçatuba, São Paulo. Outros

dez novos estaleiros estão em construção, com previsão de mais 21.500 empregos

até 2015. O quadro abaixo demonstra o vertiginoso crescimento de emprego a partir

da data de descoberta do Pré-Sal, em 2007.

Fonte: SINAVAL

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Parafraseando o presidente do SINAVAL, Sr. Ariovaldo Rocha, “Nos últimos

dez anos um novo setor produtivo passou a fazer parte das estatísticas, o setor da

construção naval e offshore, que atualmente emprega mais de 60 mil pessoas,

sendo mais de 25 mil nos estaleiros do Rio de Janeiro”, atestando a enorme

contribuição do Pré-Sal para a alavancagem de um segmento produtivo que desde o

ano de 1979 sofria com a falta de encomendas e, consequentemente, com o

crescente desemprego. A essa retomada, não se pode atribuir unicamente à

descoberta de nossa fronteira petrolífera, mas com certeza em todos os dados e

fatos apresentados cabe a ela grande parcela.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

LIMA, Roberto Guião de Souza. Café e Família no Vale do Paraíba. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, IHGRJ, ano 12, no.12, 2003, páginas 237 a 262.

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