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UNESA - UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
EAD – ESTÁCIO CAMPUS VIRTUAL
A CONTRIBUIÇÃO DO PRÉ-SAL NA
RETOMADA DA CONSTRUÇÃO NAVAL
BRASILEIRA
Autor: NELSON SOARES DE SOUZA1
Orientadora: MARIA DO CARMO DE FIGUEIREDO CISNE2
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
Rio de Janeiro
31/10/2013
1 Discente do 4º ano do curso de Administração da UNESA (Matrícula nº 2009.0206.5061).
2 Orientadora do curso EAD de Administração da UNESA.
2
RESUMO
O presente artigo propõe uma reflexão sobre o Capital Humano frente aos desafios
na exploração e produção de petróleo e gás natural na província do Pré-Sal,
localizada a cerca de 300 km da costa dos estados de ES, RJ, SP, SC e PR, numa
área de 800 km de extensão e 200 km de largura e numa profundidade de 7.000
metros abaixo do nível do mar. Por meio da pesquisa exploratório-descritiva, esse
trabalho demonstra a necessidade e ações decorrentes para adequar-se às
demandas de tecnologia, conhecimentos e experiências desenvolvidas em conjunto
com governo, empresas e comunidade acadêmica.
TEMA:
Gestão de Recursos Humanos
PALAVRAS-CHAVES:
Exploração; Produção; Petróleo; Pré-Sal; Mercado de Trabalho; Construção Naval
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. OS CICLOS ECONÔMICOS
3. O “CICLO” DA CONSTRUÇÃO NAVAL (1846-1998)
4. O “CICLO” DO PETRÓLEO (1939-ATUALIDADE)
4.1. A Província Petrolífera do Pré-Sal
4.2. Demandas para Exploração e Produção em Águas Profundas
5 A RETOMADA DA CONSTRUÇÃO NAVAL
6. PROMINP
6.1. Projetos Estruturantes
6.2. Especialidades Críticas de Engenharia de Projetos Navais
6.3. Especialidades Críticas de Construções e Montagens Navais
7. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1. INTRODUÇÃO
No âmbito do eixo temático de gestão de Recursos Humanos, este artigo
científico busca demonstrar a sucessão de fatos que concorreram para a decadência
da construção naval brasileira, analisar sua similaridade com o ciclo de vida de
outros ciclos econômicos do Brasil e reconhecer sua súbita recuperação atribuída à
necessidade de suporte na atividade offshore de exploração e produção petrolífera
na província do pré-sal, identificando sua demanda por capacitação e reciclagem de
profissionais que ocuparão milhares de postos de serviços em seus vários setores,
principalmente nos estaleiros, como caso da importância crítica dos recursos
humanos para uma vantagem competitiva sustentada.
A pesquisa foi realizada por meio de consulta em revistas especializadas,
artigos publicados por empresas e literatura disponível, além do governo e de
associações profissionais. Trata-se de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de
Administração de Empresas da Universidade Estácio de Sá, onde aspectos
problemáticos são demonstrados no contexto da realidade, atuando “na
configuração de um status científico para a administração como ciência social
aplicada” (LIMA, 1999). Optou-se pela modalidade dos artigos científicos, que “são
pequenos estudos, porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente
científica, mas que não se constituem em matéria de um livro” (LAKATOS, 2003).
Buscou-se, assim, não só a ampliação de conhecimentos como também a
compreensão de certas questões que obrigam os pesquisadores a tomarem por
empréstimo modelos científicos de pesquisa de outras áreas do conhecimento.
O início do trabalho apresenta uma contextualização dos principais temas
transversais. Procurou-se delimitar o assunto na esfera geográfica da chamada
Província do Pré-Sal e com olhar focado no setor econômico da Construção Naval.
Para a identificação da demanda de mão-de-obra, foram considerados os planos de
investimentos da TRANSPETRO para o período de 2004 a 2010 e do setor privado,
representado pelo SYNDARMA – Sindicato Nacional das Empresas de Navegação
Marítima, no período de 2004 a 2017.
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2. OS CICLOS ECONÔMICOS
O Brasil, graças as suas dimensões continentais e seu grande contingente
populacional, está acostumado com uma posição de preponderância em relação a
outros países. Desde seu batismo oficial a 22 de abril de 1500 como Terra de Santa
Cruz, o relato do escrivão da esquadra de Pedro Álvares Cabral já anunciava:
“Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o
sul vimos até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós
deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela
bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. (...) Águas são
muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”
(CAMINHA, 1500)
A partir de então, a economia brasileira passou por vários ciclos ao longo de
sua existência. Cada um desses ciclos econômicos previlegiou um setor em
detrimento de outros, provocando sucessivas mudanças sociais, populacionais,
políticas e culturais dentro da sociedade brasileira. De tempos em tempos, o país se
posicionava frente às demais nações quase sempre como uma das mais bem
colocadas em rankings mundiais. No entanto, os ciclos econômicos são
considerados flutuações do produto, do rendimento e do emprego nacionais totais
com uma duração habitual de dois a 10 anos, caracterizada pela expansão ou
contração generalizada na maioria dos setores da economia, ainda que a economia
não apresente a regularidade sugerida pelos teóricos (Samuelson & Nordhaus,
2005). Esse movimento recorrente na economia pode ser denominado como ciclos
econômicos, os quais possuem um comportamento padrão constituídos basicamente
de quatro fases: auge, recessão, depressão e recuperação.
a) Auge, Prosperidade, Pico ou Boom: ponto máximo do ciclo, que marca o
final da expansão e o início da recessão;
5
b) Depressão ou Contração: é o ponto mais baixo que a atividade
econômica pode chegar durante o período do ciclo (crises); trata-se de uma
recessão importante, tanto na intensidade como na duração; declínio da economia;
c). Baixa ou Trough, ponto mínimo do ciclo, marca o final da recessão e o
início da expansão;
d) Recuperação ou Expansão: quando o nível da produção, dos negócios
começa a subir de novo; ascendência da economia.
Fases dos Ciclos Econômicos Fonte: http://economiax.blogspot.com.br/2012/01/ciclos-de-crescimento-economico.html
O primeiro ciclo econômico durou meio século (1501-1555), conhecido como
o Ciclo do Pau-Brasil, cuja árvore de madeira tinturial muito usado na Europa para
tingir tecidos e confeccionar peças nobres de carpintaria e armação de naus deu o
nome à terra nova. Por se tratar de extrativismo, houve esgotamento dos recursos e,
não havendo tecnologia de sustentabilidade, o ciclo findou-se (FURTADO, 1998).
O segundo ciclo foi o da Cana-de-Açúcar, durando quase um século e meio
(1555-1697). O consumo generalizado de açúcar na Europa e a necessidade de
fixação definitiva dos portugueses na nova colônia impulsionaram sua exploração
econômica. Com elevação contínua da produção e dos preços, o açúcar alcança o
apogeu no período de 1646-1654, contando com 350 engenhos capazes de produzir
30.000 toneladas por ano. Entretanto, com a entrada do açúcar antilhano no
mercado mundial em 1670, houve uma queda no preço do produto, tirando a
competitividade do Brasil e, consequentemente, provocando a queda das
exportações (FURTADO, 1998).
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Diante da pobreza desesperadora que Portugal passava no fim do século
XVII, a busca pelo ouro no Brasil era uma missão de proporções divinas. Nessa
época, o dinheiro era escasso em Lisboa. Portugal contraíra uma dívida com a
Holanda em troca de paz e já havia passado dezesseis anos sem conseguir saldá-
la. Surge no Brasil um novo ciclo que duraria de 1697 a 1760: O Ciclo da Mineração.
A mineração ocupou um lugar de destaque na história da colônia, provocando uma
corrida ao ouro de outras regiões do país em direção a Minas Gerais e a ocupação
do Centro-Oeste, alterando o quadro populacional e o eixo econômico, que até
então estava localizado junto à produção açucareira. No entanto, excessivas
tarifações inibiram iniciativas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, reduzindo-
se a produtividade das minas e encerrando o ciclo em decadência.
A vinda da Corte Portuguesa ao Brasil e o consequente aumento do consumo
interno de café estimularam o plantio nas encostas das montanhas do Rio de
Janeiro, logo se estendendo às elevações das margens do Rio Paraíba, onde
encontrou condições favoráveis para sua cultura, inaugurando em 1825 um novo
ciclo econômico no país. Até 1840, a produção havia crescido 206%. O consumo
internacional aumentou em grande escala e a produção brasileira atendeu
plenamente a demanda. Enquanto a produção mundial de café triplicou, entre 1825-
1850, a brasileira quintuplicou, marcando um novo ciclo de produção na economia
do país. O centro político-econômico deslocou-se do Nordeste para o Sudeste,
consolidando o Rio de Janeiro como sede do Império. Em pouco mais de um século,
a demanda internacional e a superprodução colapsaram a sustentabilidade de sua
produção, reduzindo as exportações em 1929 devido à queda da Bolsa de Nova
Iorque até perder relevância na economia brasileira (LIMA, 2003).
3. O “CICLO” DA CONSTRUÇÃO NAVAL (1846-1998)
A posição estratégica do Brasil na rota para a Índia e sua abundância de
madeira de boa qualidade fez com que logo nos primeiros tempos se instalassem
estaleiros não só para reparos nas embarcações, mas também para a construção de
novas. A construção de embarcações de porte um pouco maior começou a ser
realizada com a fundação dos arsenais da marinha. Em 1761, foi fundado o Arsenal
7
do Pará; em 1763, o Arsenal do Rio de Janeiro; em 1789, o de Pernambuco; por
volta de 1820, foi o Arsenal de Santos; e por último o Arsenal de Mato Grosso, em
1827. No entanto, o maior estaleiro foi o Estabelecimento de Fundição e Estaleiro
Ponta da Areia, em Niterói, fundado em 11/08/1846 por Irineu Evangelista de Souza
(Barão de Mauá), que se tornou um símbolo da “indústria nacional” no Império.
Quando a Guerra do Paraguai eclodiu, quase um terço da frota naval brasileira havia
sido construído em Ponta d' Areia, Niterói/RJ. Chegou a construir mais de 70 navios
a vapor e a vela para navegação de cabotagem no país. Em 1890, no entanto, suas
atividades foram praticamente encerradas, sendo a frota mercante brasileira
formada quase na totalidade de embarcações de construção estrangeira. Enquanto
a construção era de madeira, o Brasil despontava como um dos maiores
construtores navais; no entanto, com a demanda por navios metálicos, o Brasil se
ressentiu da falta de uma siderurgia, perdendo mercado para outros estaleiros da
Europa e, posteriormente, da Ásia durante quase um século.
Numa tentativa de alavancagem, foi criado o I Programa de Construção Naval
1971-1975 e o II para o período 1975-1979, num total de 6.921.700 TPB, resultando
em 50 navios construídos e quase 40.000 empregados diretos. Apesar disso, muitas
embarcações tiveram atrasos e recursos foram desviados (Escândalo da
SUNAMAM), fechando-se a maioria dos grandes estaleiros com demissões em
massa (Verolme, em 1988; Ishibrás, em 1998). Culminou com a extinção da estatal
LLOYDBRAS - Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, em 3/4/1998.
4. O “CICLO” DO PETRÓLEO (1939-ATUALIDADE)
A história do petróleo no Brasil começou em 1858 na Bahia, com a extração
de mineral betuminoso por José Barros Pimentel para fabricação de querosene de
iluminação em terrenos situados nas margens do Rio Marau, na Província da Bahia.
Em 29/07/1938, sob a jurisdição do recém-criado Conselho Nacional de Petróleo -
CNP, foi iniciada a perfuração em Lobato, que viria a ser no ano seguinte o local de
descoberta de petróleo no Brasil. Após a Segunda Guerra Mundial iniciou-se no país
um grande movimento em prol da nacionalização da produção petrolífera. Naquela
época, o Brasil era um grande importador de petróleo e as reservas brasileiras eram
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pequenas, quase insignificantes. Mesmo assim diversos movimentos sociais e
setores organizados da sociedade civil mobilizaram a campanha "O petróleo é
nosso!", que resultou na criação da Petrobras em 1953, no segundo Governo de
Getúlio Vargas. Após a crise petrolífera de 1973, a Petrobras modificou sua
estratégia de exploração petrolífera e, em 1974, descobriu indícios de petróleo na
Bacia de Campos, confirmados com a perfuração do primeiro poço offshore em
1976. Desde então esta região tornou-se a principal região petrolífera do país,
chegando a responder por mais de 2/3 do consumo nacional até o início dos anos
1990 e ultrapassando 90% da produção petrolífera nacional nos anos 2000.
4.1. A Província Petrolífera do Pré-Sal
Em 2007, a Petrobras anunciou a descoberta de petróleo na camada
denominada Pré-sal, que posteriormente verificou-se ser um grande campo
petrolífero, estendendo-se ao longo de 800 km na costa brasileira, do estado do
Espírito Santo ao de Santa Catarina, abaixo de espessa camada de sal (rocha
salina) e englobando as bacias sedimentares do Espírito Santo, de Campos e de
Santos. O primeiro óleo do pré-sal foi extraído em 2008.
Evolução das Perfurações em Águas Profundas até o Pré-Sal Fonte: http://www.petrobras.com.br/pt/energia-e-tecnologia/fontes-de-energia/petroleo/presal/
9
4.2. Demandas para Exploração e Produção em Águas Profundas
As atividades de prospecção e sondagem em águas marítimas e, com a
constatação de blocos ou poços de petróleo, o processo de produção, retirando o
petróleo do interior do solo do fundo do mar, são conhecidas como E&P Offshore
(fora da terra). Para tanto, necessitam de vários tipos de plataformas de petróleo:
Fixas, Autoeleváveis, FPSO (Floating, Production, Storage and Offloading), Navios-
Sonda e Semissubmersíveis.
Para suportar essas atividades são necessários Navios de Apoio Offshore,
razão pela qual os estaleiros brasileiros subsistem desde 1998 com a construção de
mais de 60 dessas unidades. Atualmente, as empresas nacionais possuem alta
competência em prazo, preço e qualidade nesse nicho de mercado. Tratam-se de
embarcações com grande capacidade de manobra, visando posicionamento próximo
as unidades atendidas e, para isso, dotadas de vários recursos modernos: hélices e
lemes gêmeos (menor diâmetro na curva de giro), bow thruster (propulsor lateral de
proa), sistema de lemes Independentes (posicionamento dos lemes em qualquer
ângulo), stern thruster (propulsor lateral de popa), central de manobras
computadorizadas (manobras realizadas por “joystick”) e o Dynamic Position
(Posicionamento Dinâmico). (PELICANO, 2013)
A Transpetro, subsidiária integral do Sistema Petrobras, figura isolada como a
maior empregadora individual de oficiais da Marinha Mercante. Sua demanda por
mão de obra é estimulada por seu Programa de Modernização e Expansão da Frota
da Transpetro, ou PROMEF. A primeira fase prevê a construção de 10 Suezmax,
cinco Aframax, quatro Panamax e quatro Navios de Produtos, totalizando 23 navios.
A segunda fase prevê a construção de sete Navios de Posicionamento Dinâmico,
oito Navios de Produtos, oito Gaseiros e três Navios de Transporte de Bunker, num
total de 26. A premissa é construir navios no Brasil com um índice de nacionalização
de 65% a 70% com a utilização de estaleiros modernos e mundialmente
competitivos. Além disso, a empresa planeja a entrada no segmento de apoio
marítimo e o crescimento de sua frota de navios de transferência de petróleo. A
demanda por quase 50 navios de transporte de petróleo e gás coloca a Transpetro
em primeiro lugar na carteira de clientes dos estaleiros brasileiros.
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5 A RETOMADA DA CONSTRUÇÃO NAVAL
O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e
Offshore (SINAVAL) representa todos os estaleiros no Brasil. Segundo o presidente
da entidade Ariovaldo Rocha, a construção naval é uma indústria de montagens de
tubulações, equipamentos e sistemas eletrônicos de controle e comando, ao mesmo
tempo em que fabrica estruturas metálicas destinadas aos cascos de navios. Por ser
também uma grande consumidora de aço, consegue promover intensa dinâmica no
mercado de trabalho e qualificação de recursos humanos. Esse setor possui
atualmente a contratação firme de utilização de suas instalações num horizonte de
25 a 30 anos, se consideradas apenas as demandas da área de petróleo e gás
(ROCHA, 2013).
A questão do trabalhador é tão crucial nas empresas que muitos pensadores
e cientistas sociais conseguem visibilidade para esses conceitos graças a sua
relevância no campo onde atuam. Como exemplo, Andrew Carnegie (Escócia, 1835
– EUA, 1919), fundador da US Steel e um dos homens mais ricos do seu tempo,
usou uma de suas célebres declarações para ressaltar a importância dos recursos
humanos na atividade produtiva: “Levem embora as pessoas, mas deixem as
minhas fábricas, e logo a grama crescerá nos chãos das mesmas. Levem embora as
minhas fábricas, mas deixem as pessoas, e em breve terei novas e melhores
fábricas.” (HISTORY, 2013). A situação da Construção Naval ilustra esse
pensamento, pois as pessoas foram dispensadas e, em pouco tempo, os estaleiros
foram fechados e abandonados. Essas pessoas tiveram que buscar suas
sobrevivências em outras áreas da economia. Alguns migraram para o setor de
serviços, mas muitos se mantiveram no setor industrial graças aos seus
conhecimentos em metalurgia, materiais, soldagem, projetos e cálculos. No entanto,
como o conhecimento naval é muito específico, a falta de aplicação legou-o ao
quase esquecimento, necessitando atualmente capacitar nova geração e reciclar
antigos trabalhadores que, pelo apelo da recuperação da construção naval, buscam
retomar seus antigos postos de trabalho. Exemplo disso são os vários cursos
técnicos que proliferam às margens de iniciativas governamentais, como o
PROMINP.
11
6. PROMINP
Segundo informações do próprio site, PROMINP é o Programa de
Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural criado pelo Governo
Brasileiro na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cuja coordenação coube
ao Ministério de Minas e Energia em articulação com as entidades empresariais da
indústria e operadoras de petróleo atuantes no Brasil, especialmente a Petrobras.
Na ocasião de seu lançamento, a então Ministra de Estado de Minas e Energia
Dilma Rousseff declarou que o programa dispunha de uma carteira de 47 projetos
para atender a uma demanda na ordem de U$ 41 bilhões de investimento no
período 2003-2007. Esses projetos são decorrentes do desafio essencial do
programa, que é maximizar a participação de conteúdo local de empresas,
equipamentos e mão-de-obra em atendimento aos desafios da indústria de petróleo
e gás, e perpassam por temas estratégicos definidos por sua estrutura
organizacional, que são: capacitação, instrumentos de política industrial e
desempenho empresarial. Atualmente, o PROMINP já conta com mais de 90 mil
pessoas capacitadas em 185 categorias profissionais para o atendimento dos
empreendimentos do setor de Petróleo e Gás, em 17 estados do país, com um
investimento realizado da ordem de R$ 270 milhões.
6.1. Projetos Estruturantes
Como instrumentos de retomada da construção naval no Brasil, foram criados
projetos envolvendo as áreas específicas de Transporte Marítimo dentro dos temas
estratégicos de Política Industrial e de Capacitação. O resultado conclusivo foi a
identificação da demanda para recursos humanos destinados à Construção Naval e
ao Transporte Marítimo. Cruzando-se a situação diagnosticada na época (2004) em
principais estaleiros e consultorias de projeto naval a serviço da Petrobras,
Syndarma e Transpetro, identificaram-se os cargos críticos que necessitariam de
fomento na capacitação de novos empregados da Construção Naval.
12
6.2. Especialidades Críticas de Engenharia de Projetos Navais
1) Engenheiro de Instrumentação;
2) Engenheiro de Máquinas;
3) Engenheiro de Tubulação;
4) Engenheiro de Arquitetura Naval;
5) Engenheiro de Telecomunicação;
6) Engenheiro de Equipamentos de Embarcação;
7) Engenheiro Naval de Cálculos Estruturais;
8) Engenheiro Naval de Estabilidade;
9) Engenheiro Naval de Hidrodinâmica;
10) Técnico Cadista;
11) Técnico de Estrutura Naval;
12) Técnico de Arquitetura Naval;
13) Técnico de Equipamentos de Embarcação;
14) Técnico de Máquinas.
6.3. Especialidades Críticas de Construções e Montagens Navais
1) Encanador
2) Encarregado de Solda
3) Engenheiro de campo (condicionamento/partida)
4) Engenheiro de campo (construção e montagem)
5) Engenheiro de campo (qualidade)
6) Engenheiro de campo (SMS)
7) Engenheiro de Equipamentos e Acessórios Navais
8) Engenheiro de planejamento
9) Engenheiro de suprimento
10) Engenheiro de Tubulações Navais
11) Engenheiro Elétrico e de Instrumentação
12) Gerente de condicionamento e partida
13) Gerente de Empreendimento e Contrato
14) Gerente de Engenharia
15) Gerente de Planejamento
16) Gerente de SMS
17) Gerente de Suprimento
18) Inspetor (dimensional)
19) Inspetor (END)
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20) Inspetor (mecânica)
21) Inspetor (solda nível I)
22) Inspetor (solda nível II)
23) Inspetor (ultrassom)
24) Instrumentista
25) Soldador de Estruturas Navais
26) Supervisor ou técnico (condicionamento/partida)
27) Supervisor ou técnico (elétrica/instrumentação)
28) Supervisor ou técnico (qualidade)
29) Supervisor ou técnico (SMS)
30) Supervisor ou técnico (suprimento)
7. CONCLUSÃO
Todos os programas criados para atender à demanda de exploração e
produção do Pré-Sal, além de demandas reprimidas em outras zonas petrolíferas,
oferece hoje 62 mil empregos diretos na área de construção naval, conforme dados
informados pela SINAVAL referente a 2012. Só nos últimos anos, o PROMEF foi
responsável pela criação de três estaleiros no Brasil: Estaleiro Atlântico Sul, no
Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, Estaleiro Vard Promar,
também em Pernambuco, e Estaleiro Rio Tietê, em Araçatuba, São Paulo. Outros
dez novos estaleiros estão em construção, com previsão de mais 21.500 empregos
até 2015. O quadro abaixo demonstra o vertiginoso crescimento de emprego a partir
da data de descoberta do Pré-Sal, em 2007.
Fonte: SINAVAL
14
Parafraseando o presidente do SINAVAL, Sr. Ariovaldo Rocha, “Nos últimos
dez anos um novo setor produtivo passou a fazer parte das estatísticas, o setor da
construção naval e offshore, que atualmente emprega mais de 60 mil pessoas,
sendo mais de 25 mil nos estaleiros do Rio de Janeiro”, atestando a enorme
contribuição do Pré-Sal para a alavancagem de um segmento produtivo que desde o
ano de 1979 sofria com a falta de encomendas e, consequentemente, com o
crescente desemprego. A essa retomada, não se pode atribuir unicamente à
descoberta de nossa fronteira petrolífera, mas com certeza em todos os dados e
fatos apresentados cabe a ela grande parcela.
15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FURTADO, Celso. O capitalismo global. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
LIMA, Roberto Guião de Souza. Café e Família no Vale do Paraíba. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, IHGRJ, ano 12, no.12, 2003, páginas 237 a 262.
PELICANO. Disponível em: <http://www.jornalpelicano.com.br/2009/07/navio-de-apoio-a-plataforma-psv/>. Acesso em 15 maio. 2013.
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta a el-rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil (1 de Maio de 1500). Atualização e notas de M. Viegas Guerreiro. Lisboa: Casa da Moeda, 1974. Disponível em: <http://purl.pt/162/1/brasil/obras/carta _pvcaminha/index.html>. Acesso em: 9 maio 2013, 16:45:30.
HISTORY. Andrew Carnegie. Disponível em: <www.history.com/topics/andrew-carnegie>. Acesso em 15 maio. 2013.
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ROCHA, Ariovaldo. A importância da construção naval no Brasil. Jornal O Fluminense, Rio de Janeiro, 10 maio 2013. Seção Ponto de Vista. Disponível em: <http://www.sinaval.org.br/noticia-140.php>. Acesso em: 15 maio 2013.
SAMUELSON, Paul A.; NORDHAUS, William D. Economia. 18. ed. Lisboa: McGraw-Hill, 2005
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Petróleo. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo>. Acesso em 15 maio. 2013.