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ÁLBUM N.= 249Preço CrS 30,00

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ESTE álbum apresenta magníficos tra-

jes para meninas e meninos, própriospara o dia feliz e inesquecível da primei-ra comunhão.

Cuidando da indumentária das crian-ças para tão magna solenidade o álbum"PRIMEIRA COMUNHÃO" oferece mo-dêlos de todos os tipos: simples, enfeita-dos, luxuosos, predominando, entretan-to, em todos os trajes, o critério discretoadequado a uma cerimônia tão marcanteem nossa vida cristã.

ÁLBUMN.° 269

JplsMULHER ele-

tra no álbum "A"LINGERIE", inú-meros modelos de"peignoirs", combi-nações, camisolas,"soutiens", aplica-

. '

S°es> todos na me-dida da execução e muitos outros traba-lhos que compõem a graça e a distinçãoda mulher. "^Páginas de grande formato com pri-morosos trabalhos para encanto do belo

sexo.Preço: Cr$ 35,00.

MODA E BORDADO'11ODÊLOS elegantes de

vestidos, duas-peças,casacos, "manteaux", saias,blusas, dos mais afamados

costureiros de Paris, Hollywood, Londres,são encontrados no figurino-revista"MODA E BORDADO". Publica, ainda,encantadores vestidos de noivas. Lindosvestidos e roupinhas para meninos e me-ninas, "Lingerie" fina.

"MODA E BORDADO" trai, sempre,as apreciadas secções: Conselhos de be-Ieza, sugestões para enfeites do lar, re-ceitás culinárias, conselhos para noivas,página das mães e outros assuntos deinteresse da mulher edo lar. PREÇO:

CRS 20,00.CIRCULA DE 2 EM 2 MESES.

ÁLBUMN.° 2S2Preço:

CrS 40,00. '•

TUDO quanto o

bordado podeoferecer de beloe prático em ma-

.eria de riscos. São pequenos enfeites parauso pessoal, encantadores motivos paraadorno da cama e da mesa. Em suas páginaso álbum "RISCOS PARA BORDAR" publi-ca uma selecionada coleção de maravilho-sos riscos para execução dos mais belos eoriginais trabalhos. Nunca se reuniu tanta

' coisa encantadora, atraente e útil, ao aican-, ce das mãos femininas.

wHfutimfitmlÁLBUM N.° 9

Preço:CrS 35,00.

QUALQUER que seja a roupa que a se-nhora deseje para as crianças, certa-mente encontrará as melhores sugestões

em "FIGURINO INFANTIL" N° 9.Dezenas e dezenas de modelos de trajes,

práticos, bonitos e confortáveis, para me-ninos e para meninas de 2 a 15 anos.

São modelos graciosos para todas asocasiões: — para casa, visita, esportes, fes-tas, além de casacos, capas, "manteaux",saias, blusas, macacões, jardineiras e rou-pinhas de banho de sol.

Para vestir bem e variar o guarda-roupadas crianças, com o traço fascinante da no-vidade, consulta o "FIGURINO INFANTIL".

*%tê4tie*êÁLBUM N.° 279 — Preço: Cr$ 40,00.

MUITOS e muitos riscos em desenhos

singulares e modernos. Este valiosoálbum é um perfeito orientador e um segu-ro auxiliar apto a resolver o problema daescolha e confecção dos mais lindos len-çóis.

Os desenhos dos riscos do álbum "LEN-ÇÓIS ARTÍSTICOS", todos de grande be-leza e distinção, são apresentados nas di-mensões de execução e com profusas cxpli-cações.o conforto de seu lar de amanã, os ensina-tadoras toalhas.

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COLCHASMODERNASÁlbum N.° 281

Preço: Cr$ 40,00

AS MAIS LINDAS e modernas colchas.

São, ao todo, 12 magníficas colchasque agradam e satisfazem ao gosto maisrequintado e exigente.

Colchas de fustão com bordados apli-cados; «olchas de renda de crochê; col-cha bordada estilo português; colcha decetim com franzidos e bordados a matiz;grande colcha em richelieu; linda colchaem retalhos, no excelente álbum "ColchasModernas". Acompanhando o álbum"Colchas Modernas" dois grandes suple-mentos mostrando os desenhos nas di-mensões de execução.

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ÁLBUM N.° 14

dtfoiêPreço: Cr$ 40,0(

AS FUTURAS mães encontram nês

admirável álbum tudo que necessitapara o preparo de um belo enxoval.

O álbum "ENXOVAL DO BEBÊ" res<ve pois magistralmente o problema do v«tuário do recém-nascido.

Interessantíssimas sugestões, riscosdesenhos originais que orientam facilmete a confecção de um enxoval gracioso-prático.

Páginas de grande formato, contenriscos nas medidas de execução e amplexplicações.

ÁLBUM N.° iPreço: CrS 35

II CONFECÇÃO do enxoval já não érZh? «Àe,ma P"* M nolv»s. O "ALE______»

NOIVAS» resolve com facilidadassunto. Magníficos riscos das peças de ipa branca, de cama e mesa, de enfeitesuso pessoal e adornos para o lar são en<trados no "ÁLBUM PARA NOIVAS".Para elegância da noiva de hoje e po conforto de seu lar de amanhã, os ensimentos e os belos desenhos do "ALB'

PARA NOIVAS" são indispensáveis

"C R 0 C H Ê"ÁLBUM N.o 1 — Preço: Cr$ 40,C

MOTIVOS de crochê em original e nderna apresentação.

O álbum "CROCHÊ" publica uma enonvariedade de receitas certas e verificadcom amplas explicações e fornecendo deilhes em ponto grande e diagramas para nlhor entendimento. Qualquer pessoa podefazer os modelos com segurança. Lindas cchás, toalhas de mesa, de chá, bandeijas, siviço americano de almoço, centros de meipanos para movais, rendas e inúmeros ctros trabalhos de crochê.

O álbum "CROCHÊ" é útil no lar.

Encontram-se á venda nas Livrarias, Agências de Revistas e Jornaleiros.STES álbuns são editados pela Biblioteca de "ARTE DE BORDAR". Aceitamosmendas pelo serviço de reembolso postal.1 Pedidos à S. A. O MALHO — Rua Afonso Cavalcanti, 33 — Caixa Postal, 880

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aLBUM

N.° 3

Preço:

CrS

50,00.

O MAIS completo álbum em trabaiho»de ponto de cruz. Em fascinante co-

lorido o álbum "O PONTO DE CRUZ" ofe-rece em desenhos singulares, com as corespróprias, uma rica variedade de trabalhos--tapetes, guarnições, "paneaux", aplicaçõesdiversas, tudo na medida da execução.

Um primor em matéria de ponto decruz.

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N.° 6

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CrS 35,00.

PARA a vivacidade e alegria das roupas

das crianças o álbum "BICHINHOSBORDADOS" apresenta uma infinidade desugestões.

São modelos graciosos que tanto servempara enfeites de uso pessoal como tambémpara toalhas, panos e inúmeras outras fi-nalidades. O álbum "BICHINHOS BORDA-DOS" é indispensável no lar.

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ÁLBUM N.° 278

''CAS p-eço; Cr$ 35^.

TOALHAS... peças que ajudam embele-

zar o lar. Os mais belos e originais ris-cos, nas dimensões de execução. Toalhas detodos os tipos e estilos, das mais luxuosasas mais simples. Explicações ao alcance detodos transformam em verdadeiro prazer aconfecção de encantadoras toalhas.

O álbum "TOALHAS ARTÍSTICAS" pu-blica muitos e muitos modelos de toalhasdo mais apurado gosto e distinção.

ÁLBUM

N.° 2 7 7

Preço:Cr$ 40,00.

PARA O BEM estar do lar, da mulher e da

criança este álbum apresenta originaise magníficos riscos de blusas, cainisolas,saias, casaquinhos, pijamas, toalhas, lcn-Çóis, guardanapos, monogramas, barras.Tudo muito prático, bonito e fácil de bordare executar. O álbum "O LAR A MULHERK A CRIANÇA", para o bem estar da crian-Ça, da mulher e do lar. Riscos nas dimensõesde execução

^^-Ap^vÁLBUM N.°275 — Preço: Cr$ 35,00.

OS mais encantadores e originais modê-

los de riscos para a senhora demonstrarseu senso de dona de casa e de esposa ca-prichosa no arranjo do lar, estão nas pági-nas do belo álbum "CAMA E MESA". Emqualquer lar, o toque feminino é a graça doambiente. Surpreenda seus entes queridoscom uma linda toalha, um magnífico len-çol ou uma formosa colcha, que a senhoramesma executará com as facilidades e ori-nalidades do álbum "CAMA E MESA", re-pleto de coisas bonitas.

ÁLBUM N.° 9Preço: Cr$ 40,00

TRANSFORME o am-

biente da Copa e daCozinha da sua casa,

dando-lhes uma feição, alegre, original eatraente. Com o álbum "COPA E COZINHA"as senhoras donas de casa nenhuma difl-culdade terão. Os desenhos e riscos parabordar todos originais e encantadores, saoacompanhados de amplas explicações. Oálbum "COPA E COZINHA" traz dois ex-

plendidos suplementos de grande formato.

VESTIDOS DE— NOIVAS —

ÁLBUM N.° 246Preço: Cr$ 30,00

PARA uma. escolha

feliz de um vesti-do de noiva, con-

suite os modelos do ál-bum "VESTIDOS DENOIVAS". Modelos en-cantadores, cuidadosa-mente escolhidos e queagradam ao gosto maisapurado. Desde o mais simples vestido ate omodelo mais suntuoso. Dezenas e dezenas demodelos elegantes e modernos, que agradama noiva mais exigente.

O álbum "VESTIDOS DENOIVAS" apresenta, também,para a cerimônia nupcial, ele-jantes modelos par. as mães dosnoivos, as madrinhas e ucompa-nhantes.

Nas páginas deste álbumtudo foi previsto, inclusive ele-gãncia e etiqueta social.

ÁLBUMN.? 273Preço:

Cr$ 35,00.

PARA todos

os gostose nos mais

variados estilos, este álbum apresenta umarica coleção de blusas.

Blusas para senhoras, para mocinhas,para meninas. Qualquer que seja o tipo enos mais variados feitios. O álbum "BLU-SAS BORDADAS" apresenta modelos ele-gantí&simos, desenhos em cambraia e fus-tão, fantasias e apücações e em ponto desombra. A blusa é sempre indispensável noguarda-roupa feminino.

1ÁLBUM N.° 271

Preço: CrS 35,86

! 1VI ARAV!LHOSA coleção de 'Unge-

/ 1V1 rie", de cama e mesa", de orna-mentos para os móveis são encontra-dos no álbum "GUIA DAS NOIVAS".

Ensina, orienta e aconselha as noivas, mos-trando tudo quanto deve figurar em um en-xoval prático, bonito e elegante. Todos osriscos e desenhos de grande formato, nasdimensões de execução. Gentil noiva, o"GUIA DAS NOIVAS" explica tudo clara-mente e indicará como seu futuro lar po-dera ser um ninho de ventura e dis-tinção.

mi?aéMU^d&ÁLBUM N.° 8 — Preço: Cr$ 35,00.

COMBINAÇÕES e mais combinações que,

com as letras, se podem fazer... Oálbum "MONOGRAMAS ARTÍSTICOS"oferece original coleção de monogramas,contendo letras de todos os estilos c de to-dos os tamanhos.

E' tarefa fácil escolher os mais lindosmonogramas com este álbum tão útil.

Quem não precisa de um monogranutde quando em quando ?

ÁLBUM N.° 280Preço: Cr$ 4J.0O.

raupinha»/,

PARA confecção de lindo e confortável

enxoval do recém-nascido são muitoúteis e práticos os ensinamentos e suges-toes do magnífico álbum "ROUPINHAS

NENÉ". Poupando tempo, faz com que afutura mãe tenha a alegria de, ela mesma,

preparar todo o vestuário do bebê.O álbum "ROUPINHAS DO NENÈ" pu-

blica admiráveis riscos, nas dimensões deexecução, que facilitam a confecção de umencantador enxoval para o nenê que vem

por aí . . . Todos os desenhos acompanha-dos de fartas explicações.

Encontram-se à venda nas Livrarias, Agências de Revistas e Jomaleiros.¦STES álbuns são editados pela Biblioteca de "ARTE DE BORDAR". Aceitamos enco-

mendas pelo serviço de reembolso postal.¦ Pedidos à S. A O MALHO — Rua Afonso Cavalcanti, 33 — Caixa Postal, 880 — RIO..

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^<--l_^^ Para o NATAL festejar ^^^^^Ê^^S^b

X •«-"-"'^ 1ue daremos à mãezinha, J^tW^^^^^^1

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que tudo sabe ensinar,no "Anuário das Senhoras"a mamãe vai encontrar!

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Pedidos pelo Reembolso PostalSociedade Anônima "O MALHO" — Rua

Afonso Cavalcanti, 33 — RIO DEJANEIRO, Df.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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BANDEIRA _ ^Tj /\ '¦ \CAIU ^k&$í\ ) "- ' \/\

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I A LENDA DO MI0S0T1S 1

!« Pelas campinas floridas,^ andava sem descansar,

SAIRÁ Nossa Senhora

à procura de Jesusnaquela manhã de Maiocheia de aroma e de luz !

¦g•^ chamando pelo seu filho^ que não podia encontrar.

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IÉ que no templo se achava,falando aos sábios doutores,Jesus o "pequeno sábio"O maior dos oradores !

g Nossa Senhora chorou..

!

Dos olhos azuis da Virgem,foram as gotas pequeninascaindo sobre as florinhastão alvas destas campinas..

Na Roma antiga era CONFUSÃOfigo a principal alimentação dos . _,— Que pensa você do teatroatletas, contando a lenda que o em geral ?imperador Alvino comia qui- — Ah! não freqüento o teatronhentos figos em cada refeição, em geral, só vou na platéia.

i% E foi assim que nasceu

k> minso.is, nor geniu,^ de côr do olhar de Maria,á da côr do céu do Brasil!I

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TRAGÉDIA INESPERADA NO CAMPO

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— Se 7ião acharem meu apito, hoje não tem mais futebol!I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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v^z^M^ Energiaí^*^4; v^ concentrada

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O LADRÃOIsaac o velho usurário, havia come-

çado o primeiro sono, quando des-pertou de súbito, com um barulho embaixo, no rés-do-chão, onde tinha asua loja de penhores. Pé ante pé, oagiota deslizou de sob os lençóis, er-gueu-se, empunhou o revólver que ti_nha na mesa de cabeceira, e, levecomo um gato, deslizou pela escada.Lá em baixo, deu com os olhos nogatuno: este, de costas para a escada,começava a abrir um coíre, tendonas mãos, apenas, uma gazua.

Que é isto ? — gritou Isaac, derevólver em punho.

Surpreendido em flagrante, 0 Ia-drão deu um salto, e pôs-se de pé.Um gesto qualquer, e estaria morto,apontada, como estava, sobre êle, aarma do dono da casa. E foi quandolhe surgiu uma idéia. Isaac era ju-deu e agiota. O remédio, era, pois,aquele.

— Que é que faz aqui ? tomouIsaac, de arma apontada.

Fazendo-e desentendido, o ladrãobradou-lhe, por sua vez;

Duzentos cruzeiros pelo revol-ver ! Quer ?

Aceito! — respondeu Isaac.E fechou o negócio.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Como a VENUS deMILO perdeu os braços

Ef possível que se a Venus de Milo. obra prima existente no Louvre, possuísse os dois

braços, despertasse menos curiosidade do que desperta. Já se chegou alé a afirmarque se ela não fosse amputada seria menos bela e que foi. sem dúvida, propositada-

mente, que o seu autor a privou dos dois membros superiores. De fato. a Venns de Milo tevebraços, e se, geralmente, não se fala deles, é porque isso poderia provocar incidente diplpmá-tico.

No inverno de 1820 um camponês de Castro, ilha de Milo, lavrava um pedaço de terra noflanco de uma colina. Chamava-se êle Jorgos Botüonis e seu filho Antônio trabalhava emsua companhia. Súbito a ferramenta de um deles desapareceu numa fenda, por onde come-çou a cair a terra solta. Os dois camponeses, um pouoo assustados, aumentara a abertura edescobriram, então, uma espécie de cripta, onde encontraram uma maravilhosa estátua dadeusa, núa até à cintura. A roupa que vestia estava retida acima dos quadris pela mão direita,enquanto que o braço esquerdo erguia-se meio dobrado e a mão sustentava uma pequena esferado tamanho de uma maçã.

Algum tempo mais tarde, a 20 de Abril de 1820, a embarcação francesa "La Chevrette"indo a Constantinópla fez escala em Milo. A bordo encontravam-se dois jovens oficiais aman-tes das coisas antigas: o tenente Matterer e o aspirante Dumont d'Urville.

O camponês lhes mostrou a Venus que tinha achado e que lhes pareceu admirável, obten-do eles do homem a promessa de não vender a obra de arte antes de ter novamente notíciassuas.

Chegados a Constantinópla, os dois oficiais comunicaram ao Embaixador da Françaaquele fato em termos tão calorosos, que o diplomata encarregou seu primeiro secretário.Mr. Marcelus, de ir a Milo comprar a estátua. Marcelus tomou passagem na galeota

''Es-

tafette" e no dia 23 de Maio o navio lançava âncora diante de Milo. Então, que é que foivisto? A Venus amarrada, deitada sobre uma prancha improvisada que marinheiros turcosempurravam como podiam sobre a areia pedregosa, enquanto que. com as velas desfraldadas,um brigue com pavilhão otomano esperava. Os turcos levavam a Venus.

O comandante Robert deu então algumas ordens. Chalupas levaram a terra marinheiros do"Estafette"',

que caíram de surpresa sobre os marinheiros turcos. Travou-se então a batalha.Os turcos fugiram, mas poderiam voltar com reforço e os marinheiros franceses correram paraa prancha e o mais rapidamente que podiam empurraram para seu navio. Era precisoagir rapidamente e não foram tomados os cuidados necessários. Batendo para um lado epara outro, sacudida por toda espécie de obstáculos, a Venus acabou por perder um braço

e em seguida o outro. Contudo, sempre conseguiram botá-la numachalupa e depois içá-la para o "Estafette". O assunto estava con-cluido. A Venus de Milo iria para o Louvre.

E os braços?Bem. os braços ficaram esquecidos na areia e aliás estavam

muito danificados. Pensou-se em reclamá-los aos turcos mas oembaixador. Marquês de Rivière, achou que era preferível silen-ciar sobre as circunstâncias um pouco esquisitas em que a está-tua os tinha perdido. Por seu lado os turcos não quiseram fazersaber: primeiro, que tinham passado por cima da promessa feitapor Bottonis e, depois, que tinham levado uina surra dos francê-ses. Num tácito acordo, guardou-se silêncio sobre o fato e se dei-xou que os arqueólogos quebrassem a cabeça para tentar saberqual podia ser a posição dos braços desaparecidos.

A verdade não foirevelada senão em1872, por jules Fer-ry que, visitando Mi-Io, encontrou teste-munhas ainda vivasda batalha. Sua nar-r a t i v a, entretanto,não causou impres-são e ainda hoje secontinua a discutirsobre os braços daVenus de Milo.

Ê bom, entre-tanto, esclarecerque. se a Venusfoi assim arran-cada das mãosdos turcos pormeio de força,Marcelos pagoupor ela bom prê-ço ao seu desço-bridor, Jorgos

— Ih, pai! ! Naquele tempo já havia "lotações"? Bottonis.8

A SAIA RODADA

RESOLVEU !

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OS Aimorés, que constituíam

importante família indíge-na brasileira, habitavam a regiãocompreendida entre o rio Doce eo rio Pardo, nos Estados de Bahiae Espírito Santo. De estatura me-diana, compleição forte, côr azei-tonada escura, rosto largo, cabe-ça alongada e boca rasgada, cos-tumavam pintar a pele do corpoe usavam adornos nos lábios e nasorelhas. Caçadores e nômades,construíam pequenas cabanas demetro e meio de altura, de tron-cos e ramos de árvores. Fabrica-vam seus arcos e flexas, macha-dos de pedra e redes em quetransportavam os objetos que lheeram necessários. Acreditavamna existência de dois gênios, doBem e do Mal, e julgavam que osvelhos, depois de mortos, trans-formavam-se em jaguares. Atual-mente restam poucos represen-tantes dessa grande nação indi-gena, quase todos já integradosna civilização.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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sapataAla da ãmétícaLatina., é taméémuma gale/da d suadisposição- ccrm águageladinha sempmàs suas ordens.

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i CARIOCA, 4-6-48)SETE SETEMBRO, 79? 201

195 8

AALMANAQUE D'0 TICO-TICO

REVOLTA AMÉRICO PALHA

DE FELIPE DOS SANTOSALGUNS

historiadores têm apon-tado Felipe dos Santos como o

primeiro mártir da nossa indepen-dência. Há, evidentemente, exageronesse julgamento histórico. A reyo-lução de 1720, da qual foi figura cen-trai o patriota mineiro, não teve acaracterística emancipadora. Mas foium protesto veemente contra o des-potismo então reinante em MinasGerais, podendo, entretanto, ser in-dicada como uma das causas indire-tas do ideal vitorioso em 1822.

Nada se sabe sobre sua vida ante-rior ao motim de 1720. No entanto,êle surgiu como um dos chefe da re-volução de 28 de junho, e como agrande vítima da traição e da perfí-dia do famigerado d. Pedro de Al-meida, Conde de Assumar, governa-dor e capitão-general das capitaniasde São Paulo e Minas Gerais. Nâo nosinteressa, poia, o passado de Felipedos. Santos e sim o movimento que oimortalizou através da historia.

A revolução de Vila Rica rom-peu nò dia 28 de junho de 1720,

das 11 horas para meio dia. Seu pri-meiro objetivo foi o ouvidor MartinsVieira, em vista das suas sentençasarbitrárias contra os contribuintes.A finalidade, entretanto, da conspi-ração, era conseguir a revogação daordem regia que criava as casas defundição, com que o governo de Por-tugal pretendia aumentar ainda maiso vulto dos seus assaltos à populaçãoda Capitania. A paciência dos mi-

— Corre, Juquinha! Traz a máquina fo-tográfica ! I

neíros já estava se esgotando e acarta regia foi a gota que fez entor-nar o copo dágua. A revolução tinhacomo chefes: dr. Manoel MosqueiraRosa, frei Vicente Montalverne, se-bastião Veiga Cabral, frei VicenteBotelho, João Ferreira Diniz, TomeAfonso e Felipe dos Santos, este ül-timo tribuno popular, agitador seminstrução, mas inteligente, infatigá-vel e ousado, perfeitamente identl-ficado com a causa do povo sacrifi-cado.

CERCA de 2.000 homens armados

estavam dispostos a enfrentar atirania e defender os direitos da ca-pitania. A todos animava a mesmaesperança, a mesma fé e a mesma dis-posdção de não ceder. Só deporiamas armas com a vitória completa. Porisso enviaram dois emissários ao Con-de de Assumar, com um memorialem que eram expostas as reivindica-ções dos mineiros, constantes dequinze artigos e, num deles, se exigiaque ninguém fosse preso ou perse-guido em virtude dos acontecimentos.

O Conde de Assumar, querendo ga-nhar tempo, entrou a usar de evasi-vas, sem nada assegurar aos rebeldes,cujo número aumentava cada vezmais. Daí a resolução de uma mar-cha em grande estilo ao palácio dodéspota. Assustado diante do espeta-culo que asistia, e sem meios parauma reação eficaz, o governador ce-deu às imposições do povo. Foi lavra-do um termo de tudo, selado oomas armas reais e assinado pelo Conde.

EPOIS dessa expressi-va vitória do povo de

Vila Rica, esta voltou àcalma habitual Só um ho-mem não podia' ter descan-so de espírito: o Conde deAssumar. O vilão não sequeria conformar com aderrota que sofrerá. No seucérebro aninhavam-se efervilhavam tenebro-sas idéias de tremenda esórdida vingança. Engen-drara os planos para casti-gar aqueles que o haviamobrigado a se curvar, êleque só se curvava diantedo rei.

Depois de urdir bem oplano que premeditara, nanoite de 13 de junho man-dou prender Sebastião daVeiga Cab_al remetendo-opara o Rio. Depois os seusasseclas apoderaram-se, desurpresa, de Pascoal da Sil-va, do dr Mosqueira, defrei Vicente Botelho e defrei Montalverne. "

DE

Felipe dos Santos, conhecedor dosfatos, não vacilou um instante Suaalma leal de homem de boa fé vi-brou de raiva naquela hora de trai-ção. Em Cachoeira do Campo, fala aopovo a linguagem humana da since-ridade. Sua palavra é um látego fia-Xnejante. Verbera a vilania do Con-de de Assumar. Atacada pelos jani-zaros do" governador, a população deCachoeira do Campo resistiu brava-mente, mas essa resistência foi inútil.A traição triunfara completamente,tripudiando sobre os sentimentos dehonra do povo mineiro.

Felipe dos Santos caíra prisioneiro.O Conde de Assumar, entretanto, ain-da não estava satisfeito. Faltava oúltimo ato do drama e, este, o déspo-ta havia preparado com todos os re-quintes de perversidade. A 16 de julho,o sinistro governador entrava triun-falmente em Vila Rica, à frente desua tropa, conduzindo os presos, paraque a população visse a inutilidadede se rebelar contra os mandatáriosde sua majestade o rei de Portugal.

Seu primeiro ato de vingança foideterminar o incêndio das proprieda-des de Pascoal da Silva e dos outroscabeças do movimento vencido.

CHEGADA a hora do castigo, Fe-

lipe dos Santos foi o único queteve a firmeza de assumir a responsabilidade dos acontecimentos "Con

fessou de plano todos os seus crimes"informaria depois o Conde de Assu-mar. Por isso mesmo, condenaram-noà morte. Amarrado às caudas de qua-tro cavalos, foi barbaramente esquar-tejado e seus restos arrastados pelasi_as de Vila Rica. Assim, pôde oConde de Assumar dormir tranqüilo,satisfeito na sua vingança, sem selembrar de que abria para Felipe dosSantos as portas da glória.

Cair? Que bobagem!Eu me seguro com aoutra mão!

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

CURIOSA

EXPERIÊNCIA

COLOCAM-SE sobre os pra-^¦^ tos de uma balança bas-tante sensível dois vasos iguais,com a mesma quantidade deágua.

Tomam-se, então, dois galhosde uma planta, de igual peso, emergulha-se um deles na água

de um dos vasos, colocando ooutro horizontalmente, comona figura, sobre o outro vaso.

Não haverá, é claro, diferen-ça de peso.

Quando, porém, o ramo ho-rizontal murchar, continuaráa balança em equilíbrio está-vel? Ou, caso contrário, qual oprato que ficará mais alto?

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E NO SEMPRE GOSTOSO PÉ DE MOLEQUE

ACONTECEU NO DIA "D 11 PASSATEMPO

^] A manhã do desembarque das forças aliadas anglo-

I americanas efetuado em França, na última guerra,um jovem americano que comandava um dos pos-

tos avançados das tropas desembarcadas, vai ao telefonede campanha e liga para o quartel general. Está exci-tadissimo. E quando uma voz lhe responde do outro lado,desabafa:

Parece impossível que vocês tenham arranjadoas coisas assim, no meu setor. Está tudo a correr malporque vocês são umas cavalgaduras. Quem não sabeplanejar operações, não se mete a fazer desembarques...Os reforços não chegaram a tempo e agora eu que mearranje, não é verdade, seus palermas ?

Nesta altura interrompe-o a voz do outro lado:O senhor sabe com quem está falando ? Aqui é

general Eisenhower!O oficial, aterrado, pergunta por seu turno:

E o senhor, sabe com quem está falando ?Não — respondeu Eisenhower.Ainda bem! — E desligou o telefone.

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Ligue os pontos numerado*, pela ordem, para xrer o que aparece.

II

ALMANAQUE D'0 TICO-TICOIMpilNr

o ano de 1490, nem um grito dejúbilo ressoou no velho castelod'Armoise para saudar o nas-

cimento do herdeiro do poderoso Se-nhor. Uma hora antes o corcel doconde d'Armoise, amedrontado porum javali, atirara por terra seu ca-valeiro que, tendo rachada a cabeça,fora trazido agonizante para o cas-telo A condessa d'Armoise acabarade dar à luz uma filha.

Sua orgulhosa linhagem ia extin-guir-se por falta de um descenden-te masculino. Por esta razão, um frioeilencio envolvia o domínio.

Entretanto, no dia seguinte, oconde voltou a si e chamou a es-posa, Beatriz, à cabeceira.

Ela hesitou em dizer a verdade aomarido que havia ansiosamente de-sejado um filho.

Uma piedosa mentira poderia per-mitir que o accidentado morresse empaz.

E a senhora Beatriz resolveu de-clarar, aproximando o bébé dos lá-bios do agonizante:

E' um menino !Dar-lhe-emos o nome, de Tris-

tão, — murmurou o conde.Ora, para grande estupefação de

todos, uma semana mais tarde o fi-dalgo estava miraculosamente forado perigo.

Sua robusta constituição lhe per-mitiu pronto restabelecimento e êleretomou a existência costumeira,na qual a caça tinha lugar prepon-derante.

Cada dia a senhora Beatriz queriarevelar ao esposo que a criançaera uma menina, mas adiava a pe-nosa revelação. Passaram-se os me-ses e os anos. Apenas Berta, a ama,conhecia a verdadeira identidade deTristão.

Um dia, a castelã foi atingida porsúbito mal e sentiu aproximar-seseu fim; chamou à sua cabeceira afilha e a ama.

Jurem-me não revelar a ver-dade ao conde, murmurou ela. Nin-guém mais deverá saber. *

Tristão, então com quatro anos, ju-rou, sem compreender; e Bertha so-luçava.

Em seguida a condessa entregouuma carta lacrada à ama, dizendo-lhe:12

— Você entregará isto a meu ma-rido, quando Tristão tiver atingidodezoito anos.

Algumas horas mais tarde a con-dessa expirou e os dobres do sino dacapela fizeram com que os servoscompreendessem o luto que atingia osenhor d'Armoise.

O viuvo transferiu toda a sua ter-nura para o filho e quis dar-lhe es-merada educação. Um padre muitosábio foi incumbido da instrução deTristão e o escudeiro-mór Chilpericofoi encarregado de ensinar-lhe equi-tação bem como o manejo das armas.

Se porém o religioso mostrava-sesatisfeito com o aluno, o mesmo nãose dava com o escudeiro-môr.

Tristão, medroso e tímido, não ti-nha nenhum pendor pela esgrima.Chorava com o menor arranhão e re-velava-se Indigno de seu destemidopai, cuja cólera era grande.

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Você só será capaz de aprendera ler, escrever e estudar latim, meufilho ? — disse-lhe êle um dia, ru-demente. Vai querer ser um letradoou um monge, ou entrar para umconvento ?

Sem lhe dar resposta, Tristão bai-xou a cabeça e se pôs a soluçar.

Um dia o pai encontrou Tristão, en-tSo com dez anos, ao lado da velhaama, que lhe estava ensinando a fiar.

E, dominado pela ira, sem suspeitaro quanto estava próximo da verdade,exclamou:

Meu filho tem alma de mulher !Isto é uma vergonha, Tristão !

O que desconcertava mais, era verque o rapazinho permanecia pequenoe fraco, e a saúde do conde ressentia-se, com aquele descontentamento.

Entretanto, Tristão era adorado portodos, pois tinha muito bom coraçãoe sua bo'sa estava sempre aberta paraos infelizes.

Quando a criança completou dozeanos, o conde D'Armoise decidiu leva-Ia à caça. Uma pobre corça foi acos-sada. E quando o pobre animal, ofe-gante, foi morto, Tristão se pôs achorar.

Envergonhado com aquela fraquezado seu descendente, o conde mandouque o filho fosse colocado numa mas-morra durante quinze dias.

Se a pobre Beatriz tivesse visto oresultado da sua mentira !

Corajosamente Tristão suportavatodas aquelas infelicidades.

Para suavisar sua sorte a meninapoderia revelar a verdade, mas nãoquis quebrar a promessa feita à mãe

Uma menina, al dela ! Não pas-sava disto, apesar dos seus trajesmasculinos e da educação recebida.Seus cabelos muito louros, a purezado encantador semblante e sua gra-ça exasperavam o pai.

Que lhe importava aouela beleza 1Gostaria de ver um adolescente bemdesenvolvido, de braços vigorosos, detórax largo, um filho decidido „ su-ceder-lhe e defender, em caso denecessidade, o seu feudo. E come—cava a temer seriamente que Tris-tão disso nunca fosse capaz.

Foi nesta ocasião oue uma irmã

do conde, a baronesa de Ro-chebrune, apelou para fie, poisseus domínios haviam sido atacados

e, sendo só e viuva, precisava de sersocorrida. <

Sem detença, o senhor d'Armoisereuniu sua guarnição e preparou-separa partir e combater. Natural-mente Tristão, que estava então comdesesseis anos, " deveria acompa-nhá-lo.

Depois de longa cavalgada, a tro-pa chegou sob os muros do castelo

situado e o conde acampou para pas-sar a noite .

Ao alvorecer o combate começou.Assim que Tristão viu correr o

sangue de seus companheiros, empa-lideceu terrivelmente. Durante al-guns minutos tentou dominar o pa-

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

vor, porém oa gritos dos feridos e ofragor da batalha foram mais fortesque sua vontade; refugiou-se entãona retaguarda e ocupou-se em cui-dar dos ferimentos dos soldados commuito jeito e doçura.

Dois dias mais tarde, o senhor deArmoise estava vitorioso e as tropasinimigas fugiram desbaratadas.

Mas o semblante do vencedor man-tinha-se sombrio. A atitude de Trisvtão atingira-o como uma flecha empleno coração.

Convenceu-se de que o filho eraum poltrão, um covarde; já não po-dia ter dúvidas. E tomou uma deci-são terrível e desapiedada.

Em plena noite foi bater à portado quarto ocupado por Tristáo, nocastelo da baroneza de Rochebi une.

A moça abriu incontinenti a porta,mas à tênue claridade de uma vela,o Senhor não podia perceber queseu filho tinha uma constituição fe-mlnlna.

Tristão ! — disse, deixando-setombar num escabelo, — Preciso fa-lar-lhe em particular.

Escuto-o, meu pai — balbuciouTristão.

Você bem sabe que, desde asua inqualificável fuga, não lhe di-rigi mais a palavra, pois minha ver-gonha era grande demais. Você des-onra o nome que usa. Por isto decidique partirá esta-' noite mesmo, semSe despedir de ninguém.

E para onde irei, meu pai ?Para longe, bem longe, e não

quero nunca mais tornar a vê-lo.Meu pai, o senhor está me ex-

pulsando? — exclamou Tristão ati-rando-se aos pés do conde.

Levante-se. E' preciso obedecer!Não me reapareça senão depois deter realizado um ato de heroísmo doqual eu tenha a prova. Suponho, porconseguinte, que nunca mais volta-rá. Pegue esta bolsa.

Apesar do seu desgosto, Trirtãocompreendeu que deveria obedecer.

"ato heróico" exigido estava sen-do realizado, conservando em silên-cio a promessa feita outrora a umamoribunda.

Posso levar minha guitarra ?— pediu. Penso que ela me ajudaráa ganhar o pão, pois sou multo ira-co para adotar uma profissão maisárdua.

Leve sua guitarra e torne-setrovador, se isto lhe apraz — repli-cou--lhe o conde, furioso.

E Tristão'partiu.Caminhava depressa e os pensa-

mentos turbilhonavam em seu cére-bro. Viajar sem escolta pelas estra-das, nos tempos antigos, eqüivalia a

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ar— Os dois engenheiros estão de mal . .

expôr-se a maus encontros. Os ban-didos nelas pululavam. Sabia queestava correndo o risco de ser rou-bada e enforcada numa árvore.Era-lhe impossível refugiar-se nummosteiro, como teria feito se fosseum rapaz, pois repugnava-lhe Iludiros religiosos, quanto à sua perscna-lidade. Vestido como estava, um con-vento feminino não a recolheria.

E Tristão seguiu seu destino.Quando, porém, a velha ama sou-

be, na volta-do conde, do desapare-cimento misterioso de Tristão, apres-scu-se em entregar-lhe a carta er.-crita pela condessa.

Então o conde d'Armoise compre-endeu que havia expulsado a filhae sua dor íoi extrema. Mandou se-lar os cavalos mais velozes e enviou

mensageiros por toda a região comordem de trazer a jovem.

Tristão, porém, não foi encon-trado em parte alguma.

Deveria, entretanto, voltar trêsanos mais tarde, acompanhada porum senhor de alta linhagem que vi-nha pedir ao pai a sua mão. Tornou-se prodigiosamente bela e seu êspi-rito atilado havia aproveitado as 11-ções que lhe foram dadas outrora.Era instruída, numa. época em queas mulheres ainda não o conseguiamser.

Confuso, o conde d"Armoise abriaos braços para a filha e disse-lhe

sorridente:— Compreendi tarde demais que

mais vale uma boa filha do que ummau filho.

13

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

A VELHA E 0 BATALHÃO ¦—

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QUE FIZ HOJE?

POUCAS, ou talvez raras, as pessoas que

encerram a jornada quotidiana com umbalanço de suas atividades, procurando

verificar se aproveitaram bem o tempo ese executaram todas as tarefas programa-das.

Conta-se que Pitágoras praticava, todosos dias, exercícios de autocrítica dos seusatos, como medida de economia de tempoe de higiene mental.

Goethe, tinha por hábito fazer, todasas noites, a seguinte introspecção — "Quefiz hoje ? — Como aproveitei o dia ? — Emque ?"

Os verdadeiros realizadores não pres-cindem desta prática, como recurso básicopara tirar o máximo rendimento das suasatividades.

Um exemplo notável é o de Benjamim

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Franklin, que desde muito jovem se ocupounão só em ter método, como em ensinaraos outros a maneira de o adquirir.

O indivíduo que procede deste modo,não pode deixar de progredir. E não só doponto de vista pragmático; também do pon-to de vista espiritual.

Que se pode comparar, ao término deuma jornada de trabalho, à alegria de umbalanço positivo, isto é, de realizações ho-nestas ?

O dia bem ganho, contudo, não é aque-Ie em que se "ganhou" bastante; mas o diaem que melhor se conseguiu, também, sa-tisfazer as tendências intelectivas e as incli-nações vocacionais.

Além de se ter dado boa aplicação aotempo, não se perdeu ocasião para acres-centar algo aos próprios conhecimentos.

HIGIENEDOS

0 LHOS

— Não leiasonde houver pou-ca luz.

— Evita quea luz te venha defrente; deve virdo lado esquerdoe pela altura doombro.

— Não leiascom luzes muitovivas, e evita asmudanças brus-cas de claridade.

— Não leiastambém recosta-da nem deitado:nessa direção vi-cia-se a posiçãodos olhos.

— Nas via-gens, não leiaspor muito tem-po: a trepidaçãocansa os mús-culos de acomo-dação.

— Depois deleitura demoradae em geral sem-pre que sentiresos olhos cansa-dos. é bom es-praiá-los em ob-jetos distantes.

— Não esfre-gues os olhos comas mãos e aindamenos com len-ços ásperos.

— Qual o nome dehomem que, aumen-tando-lhe 100, em ca-racteres romanos setransforma em um an-tropófago?

Qual o pome mas-culino que, tirando-lhe50, cm caracteres ro-manos, se transformaem avarento?

Qual o nome demulher que, aumen-tando-lhe 100, se trans-forma em flor?

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

MÁSCARA

A ilha de Santa Margarida, situa-da no Mediterrâneo, perto deCarmes, atrai sempre muitos

visitantes, que ali vão contemplar aprisão onde esteve o "Homem damáscara de Ferro", esse misteriosoprisioneiro que deu causa a diversaslendas. Diziam-no irmão gêmeo deLuis XIV e que ali fora posto em i<e-clusãó porque, parecendo-se muitocom o rei, receavam uma substitui-Ção criminosa. Outros afirmavamque era filho de Carlos II da Ingla-terra. Funk-Brentano, membro doInstituto de França, estudando o as-suntò, chegou à conclusão de que o"Máscara de Ferro", que usava, aliás,simples máscara de veludo ou de pele,foi o Conde Hércule Antoine Mathio-li, Ministro de Estado de Carlos deGonzaga, Duque de Mântua. ±sse di-plomata italiano, que nasceu em Bo-lonha em 1640 e morreu na Bastilhaem 1703, depois de ter estado emSanta Margarida, traiu o Duque, seusenhor e o rei da França, por venali-dade.

Preso, foi raptado por ordem deLuis XIV, a 2 de Maio de 1679, eencerrado no Pinheiral, donde foitransferido para Santa Margarida; aípermaneceu mais tempo, indo depoispara a Bastilha, onde faleceu a 19de Novembro de 1703.

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1958

PÃO COM4.000ANOS

COMO é sabido, os

antigos egíp-cios colocavam nos tú-mulos jóias, e objetos de uso dos defuntos,bem como alimentos, a fim de que as ai-mas dos que morriam tivessem provisõesenquanto esperavam a vez de serem aco-lhidas por Osiris. Há pouco foi achado nosarcófago de um soberano egípcio da tri-gésima dinastia, um pão que, depois dequatro mil anos, se encontrava em per-feito estado de conservação. Os cientis-tas que o examinaram, declararam queesse pedaço de pão ainda conservava assuas qualidades nutritivas.

Quanto à dureza, nada se sabe...15

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

DUELISTAS

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VALENTES camaradagem

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CUCO/""^ om o trabalho que desde o a/vor enceto,^ policiando os lugares onde habita,de fazer casa o cuco não cogita.Destroi as larvas da freirinha inquieta,a defender a fronde, o ninho, a flor,empolgado por sonho protetor.

EXISTE muitas vezes bastante

amizade entre animais degênero absolutamente diferente,mas que vivem continuadamenteperto uns do soutros. Eis, porexemplo, -um caso muito curiosode simpatia entre um cavalo euns patos.

No meio dum prado, em frenteduma bonita quinta, na Inglater-ra, havia üm pequeno tanque,onde folgavam e se espanejavamuns belos patos.

Um dia, estes últimos fizeramde repente tanta bulha, que oquinteiro saiu rapidamente decasa para verificar o que se passa-va. Qual não foi o seu espanto aonotar que uma raposa seguravaum pato na boca, e que o seu ca-valo ,ao passar não longe do tan-que se havia precipitado sobre aagressora, a quem fizera largar apresa, agarrando-a com os den-tes.

O cavalo não se contentou ape-nas em obrigá-la a abandonar opato, mas conservou-a dentro daágua, até à chegada do dono, queri a correndo, para êle.

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rm solidariedade comovente,cedendo-lhe outras aves o seu ninho,

chocam-lhe os ovos prazenteiramentepara criar-lhe os filhos com carinho;

pois cuco não é pássaro nefando:êle está sempre os campos policiando.

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ALMANAQUE D*0 TICO-TICO

DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS

IMPORTANTES descobertas arqueológicas tive-

ram lugar em Nimes, uma das mais antigas ei-dades da França. Numa região preparada para ter-raplanagem, destinada a receber linhas telefônicas,encontram-se riquíssimas moedas de bronze com aefigie do imperador romano Domiciano. Junto dasmoedas estavam fragmentos de cerâmica galo-ro-mana. A leste da cidade, ao longo da estrada de Be-aucairel por onde se estendia, na antigüidade, aVia Domiciana, foram descobertas duas sepulturasque, segundo os cálculos técnices, datam do primei-ro século de nossa era. Vários objetos que formavamo mobiliário da sepultura foram quebrados duran-te os trabalhes de exeavação, restando apenas frag-mentos de vidraria.

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A LUZ DOS INSETOS

Entre os insetos capazes de produzir luz destaca-se

no Brasil o pirilampo, muito conhecido de todos.O que ainda não se pode explicar com precisão é

a origem da luz que emite e sobre a qual já se formula-ram várias hipóteses. Os órgãos luminosos são consti-tüidos por células dispostas em lâminas, entre as quaisse ramificam as traquéias. Segundo Dubois, estas con-tém guanina e grânulos rádio-cristalinos. Músculos es-peciais permitem o afluxo de sangue, produzindo a lu-minosidade. Outros cientistas consideram a fosforescên-cia proveniente da simples oxidação do sangue em con-tacto com as traquéias — órgãos respiratórios do inseto,correspondentes ao pulmão humano. Os pirilanipos. en-tretanto, produzem pouca luminosidade. Seriam neces-sários 38 desses insetos T R II' Opara obter a intensidade —da luz de uma vela. Naíndia, porém, existe umescaravelho, daninho àsplantações- de cana deaçúcar, ontle vive, e queproduz luz forte, bastan-do três ou quatro insetosjuntos para que se possaíèr à noite. Os indígenascostumam reunir algunsdesses escaravelhos numoeda;o de tarlatana, on-de conservam um poucode cana para os alimen-tar, e servem-se dessalanterna improvisada pa-ra andarem nas matasdurante a noite.

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ALMANAQUE D'0 TICO - TICO

A MORTE DA ÁGUIALUIZ GUIMARÃES JÚNIOR

Abordo vinha uma águia. Era um presente

Que um potentado, — um certo rei do Oriente,Mandava a outro: um mimo soberano.Era uma águia real. Entre a sombriaGrade da jaula o seu olhar luzia,Profundo e triste como o olhar humano.

Aos balanços do barco ela curvavaAo níveo colo a fronte que cismava.E enquanto as ondas túrbidas gemiamAo som do vento em fúnebres lamentos,.Ela pensava nos longínquos ventosQue do Himalaia os píncaros varriam.

Fora uma infame e traiçoeira bala,Que, do régio fuzil negra vassalaInvisível — uma asa lhe partira:Cheia de luz. tranqüila, majestosa,Dobrando a fronte branca e poderosa,Aos pés dum rei a água real caíra.

Os bonzos vis, proféticos doutores.Sondando-lhe a ferida e as cruas dores.Que um venenoso bálsamo tentavaApaziguar em vão — diziam rindo:"Não há no mundo um exemplar mais lindo.Vale um império", — E a águia agonizava.

Um dia, enfim, o animal valenteResistindo aos martírios, — largamenteRespirou a amplidão. A asa possanteAbrir tentou de novo. Aberta estavaA. jaula colossal que o esperava:Forçoso era partir. Desde esse instante

A águia sombria e muda e pensativa,Solene mártir, vítima cativa,Terror dos vis, e símbolo dos bravos,Pediu a morte a Deus. Pediu-a ansiosa,Longe, porém, da corte vergonhosaDesse covarde e baixo rei de escravos.

Pediu a morte a Deus, ao cataclismo,As convulsões elétricas do abismo,As batalhas do arJ Morrer num gritoVibrante, imenso, heróico, soberanoE fremente rolar no azul do oceanoComo um titã caído do infinito.

Morrer livre, cercada de vitórias,Com suas asas —'pavilhão de glórias —Inundadas da luz que o sol espalha:Ter o fundo do mar por catacumba,As orações do vento que retumba,E as cambraias da espuma por mortalha.

Entanto, melancólica, tristonha,Como um gigante mórbido que sonha,Fitava, às vezes, o revolto oceano

Com esse olhar nublado e deliranteCom que saudava o César triunfanteO moribundo gladiador romano.

O comandante, urso do mar bondoso,Disse um dia ao escravo rancoroso,Ao carcereiro estúpido e inclemente:'Leva-o ao convés. Verá que esse desmaioBasta, para apagá-lo, um brando raioDo largo sol no rúbido oriente".

Subiu então a jaula ao tombadilho:Do nato dia o purpurino brilhoSalpicava d luz o céu nevado...

E a águia, elevando a pálpebra dormenteAbriu as asas ao clarão nascenteComo as hastes dum leque iluminado

O mar gemia, lôbrego e espumante,Açoitando o navio; além, distante,Nas vaporosas bordas do horizonte,As matutinas névoas que ondulavamEm suas várias curvas figuravamOs largos flancos triunfais dum monte.

"Abre-lhe a porta da prisão" (ridenteO comandante disse): "esta correntePara conter-lhe o vôo é mais que forte.Voar ! Pobre infeliz ! Causa piedade !Dê-lhe um momento de ar e liberdadeÜnico meio de a salvar da morte".

Quando a porta se abriu, como uma tromba,Como o invencível furacão que arrombaDa tempestade as negras barricadas,A água lançou por terra o escravo pasmoE, desprendendo um grito de sarcasmoMoveu as asas soltas e espalmadas

Pairou sobre o navio, imensa e bela,Como uma branca, uma isolada vela

A demandar um livre e novo mundo;Crescia o sol nas nuvens refulgentes,E, como um turbilhão de águas frementes,Zunia o vento na amplidão, profundo.

Ela lutou, ansiosa ! Atra agoniaSufocava-a. O escravo lhe estendiaOs miseráveis e covardes braços !Nu o oceano ao longe scintilava.E a rainha do ar em vão buscavaOnde pousar os grandes membros lassos.

Sobre o barco pairou ainda, e alçando,Alçando mais os vôos e afogandoNa luz do sol a fronte alvinitente.Êbria de espaço, ébria de liberdade,Como um astro que cai da imensidade,Afundou-se nas ondas, de repente.

18 1958

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TENDO festejado, na edição do ano passado, o seu primei-' ¦ ro meio-século de vida, entra agora o ALMANAQUE D'0TICO-TICO em outra fase de sua existência, toda ela dedi-da a alegrar e instruir a infância brasileira.

Este anuério, que é o mais antigo e de maior tradição dopaís, quando comparece, agora, às bancas de jornais, paraser vendido, não está, como durante tantos anos, sozinho.'tV Outros Almanaques têm surgido e surgirão, por certo, coma mesma finalidade de conquistar a criançada, proporcio-nando-lhe horas de alegria e divertimento. Contudo, é comorgulho que constata que, apesar disso, ainda é o preferido,ainda merece as honras da unânime acolhida de pais, edu-cadores e das próprias crianças, que nele encontram a me-lhor companhia e sempre um amigo e bom conselheiro.

Ao aparecer mais uma vez, o ALMANAQUE D'0 TICO-TICO deseja a todos um novo ano feliz.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

COMO SE Onde estarão as crianças?ACHAM AS &38§£

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FESTASMÓVEIS

N OCALENDÁRIO

AS festas móveis são oito: Sep-

tuagésima, Cinza, Páscoa daResurreição, Ladainhas ou Roga-ções, Ascenção, Pentecostes, Trin-dade e Corpo de Deus. Para se sa-ber a quantos e de que mês se-rão as ditas festas em qualquerano, se há-de saber quais são oÁureo número e a letra Dornini-cal do ano em questão. Sabido oÁureo número daquele ano, obuscarão no Calendário desde 7de março até 4 de abril, e acha-do, contarão dele 15 dias adlãn-te inclusive, e na primeira letraDominical, que acharem daqueleano depois de contados 15 dias, Papai Noel está colocando os brinquedos na árvore de Na-será a festa da Páscoa da Ressur- tal e... pensa que ninguém o vê. Puro engano. Se você repararreição. E se contando o décimo bem, descobrirá cinco crianças escondidas nas imediações dele,quinto dia, acertar a parar na le- observando a colocação dos presentes, com toda a curiosidade...tra Dominical daquele ano, não se ifará conta dela, senão da outraque se segue. Achada a Páscoa daResurreição, se entenderão asmais festas móveis, com se saberquanto estão apartadas da Pás^coa; o que se saberá pela Taboaseguinte, notando que a Septua-gésima e Cinza, sempre caem an-tes da Páscoa da Resurreição:

Da Páscoa à Septuagésima vão64 dias.

à Cinza vão

IIÍII!IllII!I!lllll!l!!lí!!!ll!ilil!,Da Páscoa ã SS. Trindade vão

57 dias.Da Páscoa ao Corpo de Deus vão

61 dias.

Ladainhas vão

Da Páscoa47 dias.

Da Páscoa às37 dias.

Da Páscoa à Ascensão vão40 dias.

Da Páscoa ao Espírito Santo vão50 dias.

E note-se que todos estes diasse contam inclusive, isto é, con-tando o dia da Páscoa até a ou-tra festa? como se entenderá poreste exemplo: Para saber, no anode 1962, a quantos de que mêsserá a * Septuagésima, veja-se odia da Páscoa pela sobredita re-gra, e acharão que será a 20 deabril: pois contem-se do mesmodia de Páscoa para trás 64 dias,e achado o número 4 aí será o Do-mingo da Septuagésima, que é a16 de fevereiro, e com esta ordemse acharão as outras festas mó-veis.

ALMANAQUED'0 TICO-TICO

PREÇO CR$ 40,00(51.° ano de publicação)EDIÇÃO E PROPRIEDADE

DA S. A. "O MALHO"Diretor:

ANTÔNIO A. DE SOUZAE SILVA

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LEIA O QUERIDOALMANAQUE DECIRANDINHA

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

^senhora Isaura era uma mulher de idade, magra e alta, de gestos ás-jros, com a ponta do nariz sempre vermelha, apesar de não beber

uma gota de vinho ou de licor.Era muito original. Não dirigia a palavra a ninguém, fosse rico ou pobre; porém, por intermédio do pre-

feito do lugar, fazia benefícios aos que necessitavam e por isso era muito querida na aldeia.Como tinha ido parar ali? Por que se instalara naquele povoado tão humilde? Não tinha um só parente.

Não recebia cartas nunca, quer dizer, recebia uma apenas que era sempre esperada; vinha de Londres e deviatrazer muito dinheiro. Com esse dinheiro, a velha senhora havia construído um "chalet" no alto da colina e tô-das as manhãs, quando o tempo era bom, descia com o caniço para se dedicar ao seu esporte favorito: a pesca.A pesca era sua paixão. Pescava sempre muitos peixinhos, que eram colocados em um samburá. E quando esteestava cheio, ria e ficava feliz.

Aconteceu que um dia, ao puxar o fio do caniço de pescar, ou por se aproximar demasiadamente da bor-da, ou por escorregar, sem conseguir sustentar-se, foi cair na água, sendo logo arrastada pela correnteza.

A senhora, como boa inglesa, tinha praticado na mocidade todos os esportes, sabendo, portanto, nadar.Uma coisa porém é saber nadar e outra é ter idade ainda para fazê-lo. Além disso, o peso da roupa molhadadificultava-lhe mais os movimentos, e a pobre senhora, que ao cair soltara um grito, agora se debatia, lutandocom os pés e as mãos para se salvar.

Felizmente, naquele momento, Pedrinho passeava pelas proximidades com o seu cão. Este atendia pelonome de Belzebú, nome extravagante, escolhido pelo pai de Pedrinho, que era o guarda do bosque. Tinha jus-tamente escolhido esse nome para o cachorro, para atemorizar os caçadores, que eram muitos.

Na realidade Belzebú, a não ser açulado por seu patrão, ou provocado por algum cãozinho atrevido, erao cachorro mais bem comportado e manso do mundo.

Tinha olhos profundos e inteligentes, corpo grande e forte e uma boca com uma dentadura capaz de tri-turar não só os ossos de lebre que lhe dava seu patrão, como também um punhado de pedras.

Todo seu carinho era para Pedrinho; acompanhava-o sempre, defendendo-o de todos os perigos, tantoque, se alguém o olhava ou o tratava mal, êle se punha a latir, furioso, disposto a atacar como um leão.

Pedrinho e o cão vinham, pois, como já dissemos, passeando, quando ouviram o grito, depois de presen-ciar a queda da senhora. Foi questão de um segundo. Pedrinho com um gesto açulou o cão, que por sua conta22 F958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

já se dispunha a entrar em ação. Deu um salto e em quatro pernadas já se achava ao lado da senhora que es-tava a ponto de se afogar.Imediatamente se aferrou com os dentes à-gola do vestido da inglesa e, nadando, ar-rastou-a até à margem, tendo o cuidado de que sua cabeça permanecesse fora dágua.

E assim o valente Belzebú chegou à margem. Pedrinho quis ajudá-lo; com a água até os joelhos caminhouao seu encontro, conseguindo finalmente suspender a pobre senhora que estava desmaiada, conduzindo-a asalvo deitando-a sobre a relva da margem. Não sabia, porém que fazer, temendo que estivesse morta; en-quanto o cão latia fortemente, como que dizendo:

Se não sabes o que fazer, chamarei teu pai.E o guarda, que naquele instante rondava por perto, ao ouvir os latidos insistentes do cão, veio em seu

socorro. Então, sem perda de tempo, ao ver o que acontecera, pegou nos braços da senhra e, movendo-os paracima e para baixo, fê-la voltar a si.

Depois levou-a para sua casa, uma modesta cabana, onde a esposa a acomodou perto do fogão para aque-cê-la e secar sua roupa, reconfortando-a com uma xícara de café com leite quente.

Com tantos cuidados e amabilidades, em pouco tempo ela se restabeleceu, dispondo-se a se retirar parasua casa, mas, antes de fazê-lo, acariciou Pedrinho e perguntou o seu nome.

No umbral da porta achava-se Belzebú tomando sol. A senhora passou por êle sem sequer olhá-lo, e o cão,parecendo notar a atitude da senhora, atirou um olhar para o menino, como querendo dizer:

que belo agradecimento, hein?Pedrinho compreendeu perfeitamente aquele olhar, e respondeu-lhe com

um sorriso.Passado, mais ou menos, um mês, chegou em casa de Pedrinho um empre-

gado do prefeito dizendo a este e a seus pais:O chefe deseja vê-los em seu gabinete, pois lhes precisa falar.Chegando ao palácio da prefeitura, foram conduzidos ao gabinete de hon-

ra, onde se achava sentado o governador, tendo ao lado a senhora que tinha sidosocorrida pelo cão e pelo menino, assim como outras pessoas.

O prefeito, quando avistou Pedrinho, fez sinal para que se aproximasse, e,pegando em um papel se pôs a lê-lo, explicando que, de acordo com o pedido danobre senhora Isaura William, e também por sua iniciativa, conferia a Pedrinhouma medalha de prata, como prêmio pelo salvamente que praticara.

Pedrinho, porém, que não era capaz de se aproveitar da glóriaalheia, exclamou:

Quem merece a medalha não sou eu, e sim Belzebú...E, inclinando-se, pôs a medalha no pescoço do cão, que estava a

seus pés e que, passando a lingua no focinho, parecia dizer satis-feito:

Agora, sim!Que bela ação ! Que nobreza de senti-

nentos para um pequeno camponês ! — ex-clamou a senhora, que não pôde conter as lá-grimas, abraçando Pedrinho, a quem presen-teou também com uma bonita bicicleta.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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O 4.° REI MAGO/") primeiro dos Reis Magos

chamava-se Gaspar. Asua oferta foi de ouro puro —um cálice. Talvez um anjo seserviria dele mais tarde noGólgota, para recolher o san-gue das mãos crucificadas.

Atrás dele, Melchior. Nomee atitude fazem pensar emMelquisedéque, o rei-sacerdo-te de Salém. Melchior, revesti-do de vestes socerdotais, ofere-ce incenso ao Deus-Menino.

Por trás deles há um Mouro,

todo tinha sido como um turí-bulo imenso a fumegar quan-do Javé desceu à falar com

Mas uma lenda antiga con-ta que quando estes três Reisdepuseram as suas prendas di-ante do Menino e Sua Mãe, Je-sús não sorriu. S. José ficoucontente com o cálix de ouro;Moisés...Maria sentiu-se honrada como incenso fumegante como oque vira fumegar no templode Jerusalém, onde passara ameninice, e, com os olhos ma-

Valente Domador

o negro Baltasar. O seu pre- rejados de lágrimas, guardousente é de mirra, recolhida tal- a mirra no seio...vez sobre o Sinai, monte que Mas o Menino não estendeu

as mãozinhaspara o ourob r i 1 h a n-te, o fumo sóprovocou tos-se em seus pe-queninos pul-mões, e a mir-ra apenas fezcom que Êletambém cho-rasse ao verchorar a Mãe.

Os três San-tos Reis des-

24

pediram-se com o sentimentode quem não tinha sido devi-damente apreciado.

Mas quando as bossas deseus camelos desaparecerampor detrás das montanhas,veio um quarto Rei,

Era a sua pátria o pais quebanha o Golfo Pérsico, suaoferta eram três pérolas pre-ciosas.

Também êle, mal vira a es-trêla, uma tarde, nos rosei-rais de Chiraz, se levantaraimediatamente e abandonaratudo para ir adorar o Rei nas-cido no Oriente. Tentando dis-suadí-lo do seu intento, o co-peiro ofereceria-lhe capitosovinho, e a esposa de olhos ne-gros chorava sobre as almo-fadas do diva... Mas debal-de. O rei da Pérsia pegou notesouro mais raro — três gran-des pérolas brancas, do tama-nho de ovos de pomba — e pôs-se a caminho do lugar ondevira brilhar a estrela.

E lá chegou... Porém, tar-de demais. Os três outros reisjá se tinham ido embora. Êlechegou tarde... e de mãos va-zias. Já não trazia as pérola^.

Abriu lentamente as portasdo estabulo onde se encontra-va a família santa. Caia a tar-de. A gruta ficava escura. Umvago perfume de incenso pai-rava no ar, como numa igre-ja depois da bênção. S. José es-tava a ajeitar a palha da man-jedoura para a noite. Jesus re-

I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

UM CONTO DE JOERGENSEN

ousava no regaço da Mãe,que o embalava docemente,enquanto cantava a meia-vozuma dessas canções de emba-lar que se ouviam de tarde pe-Ias ruas de Belém.

Lentamente, como a medo,rei dos Persas avançou, e foi

lançar-se aos pés do Menino eda Mãe. Lentamente, como amedo, começou a falar.

— "Senhor — disse — nãopude vir junto com os três ou-tros reis que Vos renderam ho-menagem e ofertaram presen-tes. Também eu trazia paraVós uma pobre oferta, três pé-rolas preciosas do tamanho deovos de pomba — três pérolasautênticas do Mar da Pérsia.

Mas não as tenho já. Quan-do ia passar a noite numa hos-pedaria, dei com um velhinhoa tremer de febre, deitado numbanco do átrio. Ninguém tra-tava dele, porque não traziadinheiro. Tinham-no ameaça-do até que o punham na ruano dia seguinte — se não mor-resse antes, coitado. Era mui-to velhinho, Senhor, de barbamuito branca. Dava-me aidéia de meu pai. Perdoai-me,Senhor. Peguei numa das pé-rolas e entreguei-a ao hospe-deiro para êle lhe arranjar ummédico que o tratasse, e, se vi-esse a morrer, o enterrassehonradamente em terra ben-ta.

958

No dia seguinte continueiviagem. Apertei com o cavaloa ver se conseguia juntar-meaos outros reis. O caminho se-guia por um vale deserto se-meado apenas de rochedos ede giestas de flor dourada. Efoi justamente dum dessesmatagais que ouvi soltar-seum grito. Apeei-me do cavaloe fui encontrar» um bando desoldados que tinham prendidouma rapariga e a maltrata-vam com violência. Eram mui-tos: não podia bater-me comeles. Perdoai-me, Senhor!Como não via outro remédio,peguei na segunda pérola ecomprei com ela a liberdadeda rapariga.

Restava-me apenas umapérola. E queria trazer-vo-la,Senhor. Não passava muito domeio-dia. Antes de anoitecerjá poderia estar em Belém aosVossos pés. Mas passei poruma povoação a que os solda-dados de Herodes tinham lan-çado fogo. Aproximei-me e

soube que se tratava dumavingança do Rei. Deparou-se-me esta cena aterradora: umsoldado, com uma criança nuadependurada pelas pernas, de-safiando a piedade da mãe,que em gritos desesperados, demãos erguidas e de joelhos emterra, suplicava, com lágri-mas, misericórdia. E eu, Se-nhor — perdoai-me pe-guei na última pérola e entre-guei-a ao soldado para êle res-tituir o filho à mãe. Êle acei-tou e deu-lho. E é por isso, Se-nhor, que venho de mãos va-zias. Perdoai-me.

Depois de terminar a narra-ção, o rei ficou ainda algumtempo de joelhos e de olhosbaixos. Depois, levantou-os.S. José acabara de ajeitar apalha. Maria fitava o Menino,que apertava ao seio. EstariaÊle dormindo? Não, Jesus nãodormia. Lentamente voltou-separa o rei da Pérsia, estendeuas mãozinhas para os mãos dorei, e sorriu.

ASSALTANTE CASTIGADO1 ¦ ¦

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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27I 958

O SONOO

tempo normal do sono, noadulto, representa a terça par-te da nossa existência. Na in-

fancia, é de dois terços, e na juven-tu de, metade.O tempo consumido a dormir sos-

segadamente não é tempo perdido,mas tempo ganho a refazer as for-cas físicas, psíquicas e mentais gas-tas durante a vigília.

O sono compensa-nos da 'fadiga,mesmo que durante o dia não tenha-mos feito esforços que, à primeiravista, o reclamem. E' que o sono nãosó repara o esgotamento físico comoas forças psíquicas e mentais.

Que duração deve ter o sono nor-mal ? E' variável:

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

0 CASAL SE ENTENDIA BEM..

Dos 3 aos 5 anos, 15 horasDos 5 " 7 " 13 "Dos 7 10 " 12 "Dos 10 15 " 10 "Dos 15 20 9 "Depois dos 20 8

Ainda que o não pareça, o sono éum alimento que nutre mais do queaquilo que ingerimos pana nos ali-mentarmos. E a prova é que se mor-re mais à mingua de sono reparadordo que por falta de alimentação.

Não dormir é envenenar o orga-nismo. O sangue e o líquido céfalo-raquidíano das pessoas que sofrem deinsônias, contém uma substância ai-buminóide tóxica (a hipnotoxina)que provoca graves perturbações ner-vosae, tais como sensibilidade dema-síada às variações térmicas, diminui-ção da memória e das reações men-

tais, impossibilidade de manter aatenção, palidez, rosto ansioso, etc,conseqüência, em grande parte, deuma rutura do equilíbrio vago-sim-pático.

O sono insuficiente conduz ao en-fraquecimento, à magrcza, à velhiceprecoce.

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— Cortei as árvores mas não adiantou nada!28

Por outro lado, o excesso de tem-po de sono é também prejudicial,provoca dores de cabeça, peso cere-bral, atonia das vias digestivas, lín-gua saburrosa, prisão de ventre, pre-guiça.

No entanto, antes pecar por exces-so do que por carência.

As horas de sono devem ser] sempre as mesmas e não à von-

tade de cada um. A lei do ritmoé a lei suprema da vida. Le-vantar à mesma hora e deitarà mesma hora é um hábito domaior* alcance para se obterboa saúde.

Quando nos deitamos é paradormir, descansar o corpo e oespírito, e não apenas o corpo.Assim, depois de nos acomodar-mos no leito, na posição maisagradável, devemos relaxar to-dos os músculos e deixar que ocorpo se amolde bem ao leito.

Não devemos, ao dispormo-nos para dormir, pensar1 senãoem dormir, esvaziando o cére-bro de quaisquer outras preo-cupaçÕes.

Quem se deita e fica a pensarem negócios, em aventuras, emprojetos, não pode ter sonotranqüilo.

O sono, diz-se, é irmão damorte. Pois se assim é, faça-mos de conta que morremosquando nos estendemos nacama, deixando de' pensar.Para quem assim procede, nãohá insônias, e, portanto, há saú-de e boa disposição para o tra-balho.

I 958

ALMANAQUE D'0 TICO - TICC

^êp^) O Corvo, o Raposa e... Coca-Cola

¦¦¦»»¦¦¦>¦*»»¦ ¦ ¦^MM»*«**»»»«*»*^**»«»««**^»*»«*»«»«»i

A Raposa vinha andando pela estrada,com uma sede danada...

...de repente viu o Corvo num galho deárvore tomando uma gostosa Coca-Cola.

A Raposa ficou logo com água na boca, ...começou a bajular o Corvo. ^-^ANa

^^ e teve uma idéia.;. s^frv ¦**••> *<&Lj2

O Corvo que nunca tinha ouvido um elogioassim, abriu o bico...

...e a Coca-Cola caiu lá embaixo, parao alegria da esperta Raposa.

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Igual a Coca-Cola..*6 outra Coca-Cola I

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I 958 29

ALMANAOUE D'0 TICO-TICO

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NO alto de uma montanha vivia um mágico que passava as

noites observando as estrelas e que tinha a fama de ser omaior sábio do mundo. Todos acorriam a êle para lhe pedir con-selhos e ensinamentos e poucas vezes alguém saía sem uma pa-lavra de conforto ou uma sensata advertência, que devia seguirsem vacilações.

Um dia, o sábio viu subir a íngreme encosta, que conduziaà sua morada, um jovem vestido modestamente. Quando chegouao alto, o mágico o recebeu, indagando:

Quem és? E que desejas?Sou — respondeu o rapaz — Sady, o tilho de Abraão, o

ferreiro. Perdi meus pais e acho-me só no mundo.Que queres? — interrogou o sábio.Quero alcançar a felicidade e vim perguntar-lhe como

conseguirei isto.— De muitas maneiras — disse Saul, as-

sim se chamava . o sábio. — Porém não me

30

compete dizê-las. A felicidade se¦«^—• obtém por si mesmo e não consiste

riqueza nem do poder, nem na glória.E em que consiste, então ? — perguntou Sady.Não posso dizê-lo. Apenas me é dado indicar-te o ca-

minho pelo qual poderás encontrar a felicidade.E qual é ? — inquiriu o rapaz ansioso.Não é um; são dois. Um conduz diretamente à feli-

cidade; o outro, não. Tu terás que escolher.E onde estão esses dois caminhos ?Estás vendo aquele bosque? À direita e à esquerda

1958

ALMANAOUE D'0 TICO - TICO

há dois caminhos. Tu escolherás em qual deves en-trar.

Dê-me, porém, algum conselho. Qual dos dois devopreferir? — suplicou o jovem.

O mágico moveu a cabeça, negativamente. Nada po-dia fazer.

Sady desceu a íngreme encosta e, quase correndo, che-gou ao bosque.

Lá, efetivamente, encontrou dois caminhos. Um am-pio, claro, com píantas floridas; o outro, estreito, escuro,cheio de mato de um lado e de outro.

E' este o caminho da felicidade — disse consigo.E penetrou resolutamente pela trilha mais ampla emais clara. E seguiu aspirando o perfume das florese ouvindo com deleite o canto dos pássaros. E cami-nhou vários dias seguidos. Quando ficava cansado,deitava-se e dormia sob a sombra de uma árvore, ecomo alimento tinha deliciosos frutos ao alcance damão.

Um dia, percebeu que o caminho se estava es-treitando tanto que mal podia passar uma pessoa.Sady, entretanto, prosseguiu animado até que, derepente, estacou horrorizado. A seus pés, abria-seum profundo abismo, intransponível. Adiante tudoera sombra. O ruido de ondas bravias, fazia-otremer.

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Então, era assim que aquele cami-nho tão bonito o conduzia para a felici-dade ? Desanimado, deixou-se cair no

chão a chorar. Este sinal de fraqueza, porém, durou pou-co. Sady compreendeu que homens fortes não se deixam

abater por tão pouco. Sacudiu o pó da roupa e começou a fazer o caminho de volta. Depoisde andar vários dias, encontrou finalmente o bosque. Olhou para q entrada do outro caminhoe se deteve indeciso.

Depois entrou nele resolutamente. As plantas espinhosas pegavam sua roupa e feriam suocarne. Muitas vezes teve que andar de gatinhas, tão baixa era a vegetação. Em muitos pontoso chão estava coberto de agudos calhaus, que faziam sangrar seus pés. Os frutos que colhiapara se alimentar eram ácidos ou amargos e só de vez em quando encontrava uma fonte ondesorvia algumas gotas dágua para acalmar a sede.

Um dia — oh! surpresa agradável! — viu-se entre imensos campos cultivados. Viu tam-bém uma casinha branca, com um curral ao lado, onde o gado forte e saudável descansava.

E, de repente, surgiu à sua frente o sábio, que lhe disse:— Tudo isto te pertence. Aqui serás feliz. Escolheste o caminho mais cômodo, acreditan-

do que dessa forma serias feliz. A felicidade, porém, ouve bem, só se consegue com trabalho eesforço.

Felizmente te soubeste, corajosamente, sobrepor a todos os dissabores e esta é arecompensa.1958 31

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

»|ft 1» ffillí, tf 1K *que DANÇA E ESTA?

AS ckmças se distinguem

umas das outras pelocompasso, movimento, evo-luções rítmicas etc.

Cada uma tem sua ori-gem, sua história, e o con-

5 m m m4 r T rÉ uma dança francesa, origina-

da provavelmente de uma dançapopular de Poitou. Seu nqme pro-vém do vocábulo "menu" (minu-to) que se refere à brevidade, epossivelmente também à gracio-sidade dos passos. Mal subiu àdignidade de dança da Corte(por mérito sobretudo do italia-

Provem provavelmente do"Làndler", dança popular alemãque deriva do verbo walzen (ro-dopiar, rodar). É a primeira dan-ça na qual os bailarmos se man-têm enlaçados; seu aparecimentofoi acolhido com entusiasmo poruns e protestos por outros. Fir-mou-se, entretanto, no fim do sé-

32

junto dessas "biografias" éum estudo muito atraentee interessante.

Nestas duas páginas —e é pena o espaço ser pe-queno — vamos falar de al-

O MINUETO

gumas das mais conhecidasdanças, dando uma rápidadescrição de como aparece-ram, como evoluíram e deque elementos essenciais secaracterizam.

no Oiovani Battista Luli), o quese deu no século XVII, na épocade Luis XIV, moderou a sua an-dadura, que antes era vivaz e ale-gre. Luli e os franceses Couperine Rameau escreveram esplendi-dos minuetos; outros minuetossurgiram mais tardev compostospor Bach, Mozart e Beethoven.

A VALSA

Por mérito deles e dos menciona-dos musicistas, o minueto tornou-se uma criação de arte. Reprodu-zimos um trecho do célebre Mi-nueto em Lá Maior de Luigi Boc-cherini (143-1805). O compassoda dança é ternário simples (trêsquartos); o movimento é mode-rado.

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5 m m m4 rrr pcantabik __, __ __.__. __ __

culo XVIII. O compasso é terna-rio, o movimento assás variado:lenta é a valsa inglesa, rápida avienense. Os reis da valsa são osdois Strauss, pai e filho, ambosde Viena; a capital desta dançadeveria, pois, ser Viena. A valsainspirou os maiores musicistas doséculo XTV. Citaremos Beetho-

ven, Weber, Chopin, Schubert,Schumann, Liszt. E antes delesjá havia inspirado Mozart e Cie-menti. O desenho rítmico é sinte-tizado por um esquema simplíssi-mo: três tempos, o primeiro dosquais fortemente acentuado. Otrecho acima é do "Sonho de Vai-sa", de Oscar Strauss.

I 958

£f~£fALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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foi j1. . flLf j |f. .IrSurgiu em 1830 (aproximada-

mente) em Praga, de uma dançacampestre boêmia, e difundiu-secom a virulência de uma epide-mia por toda a Europa, dominan-do rapidamente os salões. Domí-nio relativamente breve foi o seu,pois no fim do século a dança co-meçou a decair. Tal como muitís-

simas outras danças populares, apolca entrou na música clássica;desta vez por mérito de dois boê-mios paixonados pelo patrimôniomusical de sua terra, Smétana eDvorak. O compasso desta dançaé binário; o movimento é rápidoe saltitante, conforme demonstrao esquema rítmico. O trecho quepublicamos como exemplo é ex-

A MAZURCA

"' '1-JeJtraído de uma página de JoannStrauss II (1825-1899), filho deJohann I, mestre supremo da di-nastia dos "valsistas" vienenses,artista que se tornou*tão célebrequanto o pai na criação de valsaspopulares mas não se descuidoude outras danças então muito em

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Dança popular polonesa. Deri-va dos Masuri, habitantes do an-tigo ducado de Mazovia. No prin-cípio do século XIX, ela transpôsos confins da Polônia e difundiu-se rapidamente pela Europa. Éuma dança do compasso terna-rio, tal como a valsa, da qual sedistingue, porém, por ser um tan-

to mais lenta, mais rica de figura-ções, e principalmente porque oritmo, ao inverso do da valsa,exige que não só o primeiro tem-po, como também o segundo e otrceiro, sejam acentuados. A ma-zurca é caracterizada pela varie-dade dos passos, que muitas ve-

A GAVOTA

zes são improvisados pelos dança-rinos. Escreveram mazurcas ospoloneses Chopin e Szymanowski,e os russos Glinka e Tchaikovsky.Do grande Chopin, poeta da ma-zurca, damos o inicio da "Mazur-ca op. 7, uma das cinqüenta esete que êle compôs para piano.

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Outra dança francesa, origina-ria, porém, da região de Gap, noDelfinado, cujos habitantes eramchamados "gavots". Do campopassou para a Corte no reinadode Luiz XIV. É, pois, quase con-temporânea do minueto com oqual sofreu igual sorte. Ambosforam popularíssimos por mais de

um século e extinguiram-se nofim do século dezoito, devido àRevolução. Rameau, Luli, G. B.Martini, Gluck e outros, escreve-ram gavotas. Publicamos o prin-cipio da "Célebre Gavota", con-tida numa das danças compostasessencialmente para o soberano

francês pelo compositor florenti-no, acolhido quando tinha apenas14 anos na Corte do Rei Sol, ondecolaborou com o grande Molièrena criação da "comedie-baletti"

(comédia com dança). O compas-so da gavota é binário simples, omovimento é lento, moderado.

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ESTA OFICINA £' UM INF£RNO i) (MFII DFt/s' FSTA')^VOCES ME ROEM VELHA Jr-^ ^^¦A (CADA VEZ PIOFVj

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O LEITE DE COLÔNIA É UM PRODUTO TRADICIONALDA INDUSTRIA BRASILEIRA FABRICADO PELOS CONHECIDOSLABORATÓRIOS STU D ART —M A N A U S - R I 0 DE JANEIRO.

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

matemáticaRecreativa

COMO DESCOBRIR AS PARCELASDE UMA SOMA SECRETA

VOCÊ poderá "maravilhar" seus

amigos, com alguns truquesque lhe darão o cartaz de ma-

temático e de mágico.Aqui está um deles: como desço-

br ir1 quais as parcelas de uma deter-minada soma.

Mande que o amigo escreva umnúmero de três algarismos conse-cutivos, como, por exemplo, 123, 456ou 789.

Ele o fará, é bem de- ver, semlhe dizer quais são os algaris-mos e o número formado.'

Mande, então, que inverta aordem dos mesmos algarismos(no caso, 321, 654 ou 987) eque some os dois números, oprimeiro e o que achou fazendoa inversão.

Aí, então, êle lhe dirá quala soma encontrada e você, coma maior facilidade, adivinharáquais os números somados.

Como ? Muito simplesmente:somando 2 à soma indicada porêle, subtraindo 200 e dividin-do o resultado por 2. O nume-ro obtido será aquele qüe êleescolheu.

Vamos fazer a prova ? Su-ponhamos que êle escolheu 567.Invertendo, temos 765. So-mando um com outro, dá 1332.Some, então, 2, e dá 1334. Tire200 e dá 1134. Divida por 2e dá 567, justamente o nume-ro escolhido.

#ADIVINHAR'A DATA DO

NASCIMENTO DE UMAPESSOA

Nem todos gostam que se sai-ba a data de seu nascimento.Mas a gente pôde descobrir... Quervêr?

Peça que a pessoa escreva, ocul-tamente, o número correspondenteao dia è mês de seu nascimento. Su-ponhamos que a data seja primeirode março: o número será 13 (1 do3.° mês).

Mande, agora, que ela dobre essenúmero (que você não conhece) esome 5. Feito o que, mande multi-plicar por 50 o resultado obtido. Aesse resultado, mande somar os doisúltimos algarismos do ano em quea pessoa nasceu.

Pergunte qual o número obtido.Subtraia, então, você, do número

enunciado 250 e o resto representa-rá: o primeiro ou os dois primeirosalgarismos, o dia do nascimento, oseguinte ou seguintes, o mês, e osdois últimos, os dois últimos do anodo nascimento.

CONFERÊNCIA: A pessoa nasceua 1.° março de 1927. Escreverá, en-

I 958

tão, 13. Multiplicado por dois dá 26.Somando 5 dá 31. Multiplicando por50, temos 1550. Somando 27 (doisúltimos algarismos do ano de nasci-mento) dá 1557.

Esse será o número que ela dirá avocê.

Você, agora, subtrai 250 e tem1327 — isto é: 1-3-27 — que corres-ponde à data do nascimento doamigo.

COMO ADIVINHAR UM NÚMERODE CINCO ALGARISMOS

Peça à pessoa que escreva, semlhe mostrar, um número de cinco ai-garismos, e que depois some a essenúmero 142857. Mande multiplicaro total por 7, riscar no produto oprimeiro algarismo da esquerda emultiplicar novamente o resultadopor 143.

Pergunte, então, quanto ela achou.Ao resultado que lhe der, junte,

você, 143. Os dois primeiros e ostrês últimos algarismos da soma quevocê obtiver, serão os mesmos do nú-mero escolhido.

VERIFICAÇÃO: seja 45.617 o nú-mero escolhido pelo amigo.

Somando-lhe 142857, êle terá188474. Multiplicado por 7, di

1319.318. Risca-se o primeiro alga-rismo da esquerda e fica 319.318, aque êle somará '143, conseguindo ototal 45.662.474.

Será essa a soma que êle lhe co-municará. Junte, você, 153, e obterá45.662.617. Os dois primeiros alga-rismos (45) e os três últimos (617)formam o número que fora escolhi-do de inicio.

ADIVINHAR UM ALGARISMORISCADO

Peça à pessoa que escreva um nú-mero qualquer e que escreva outronúmero composto dos mesmos alga-rismos, colocados, é bem de ver, emoutra disposição e subtraia o menordo maior.

Peça, então, que a pessoa risqueum dos algarismos, à vontade, donúmero obtido com a subtração. Sónão poderá riscar 0 ou 9.

Mande, então, que faça a somados valores dos algarismos que fi-caram e lhe diga qual é.

O algarismo que foi riscado, vocêdescobrirá assim: êle será igual aonúmero necessário para, somado ao

número que a pessoadisser, formar o maispróximo múltiplode 9.

VERIFICANDO: Se-ja o número 52634que a pessoa esco—lheu.

Ela escreverá outronúmero, com os mes-mos algarismos, que

poderá ser 25.364. Tirando osegundo do primeiro, fica oresto 27.288.

Suponhamos que a pessoarisque o 7. Somando os valo-rés dos algarismos restantes,2, 2, 8 e 8, terá o nume-ro 20.

Ora, o múltiplo de 9 que vemdepois de 20 é 27; logo, o algarismoriscado foi 7.

ADIVINIIAR A SOMAPREVIAMENTE

Escreva num papel o número1.089, dobre o papel e entregue-o auma pessoa da sala.Mande, então, que um amigo es-creva, à vontade, um número de trêsalgarismos, mas sempre convindo

que o primeiro e o último algarismossejam diferentes.

Mande-o inverter o número esubtrair o menor do maior.Mande inverter o número encon-

trado para o resto da subtração, so-mando o número invertido com oanterior.

O resultado será aquele que vocêescreveu no papel que está na mãoda pessoa escolhida.

EXEMPLIFICANDO: Seja o nú-mero 236.

Invertendo-o, obterá o seu ami-go 632.

A diferença entre o maior e omenor dos dois, será 396.Invertendo essa diferença, tem-se

693. Somando 693 com 396, o resul-tado será 1.089.

35

ALMANAQUE 0'O TICO-TICO

T1RILIM chegou a Pregui-

çolândia, uma das cida-des mais importantes de umvasto império, em formosa ma-nhã de Abril. Essa cidade erafamosa, naqueles recuadostempos, pela inércia e pela va-diagem em que viviam seushabitantes, a gente mais pre-guiçosa que se possa imaginar.

Tinha sido, pois, com verda-deiro espírito trocista que Ti--rilim, o geniozinho da dança,dirigira seus passos para aque-Ia parte do império, penetrandopela grande porta da cidade na-quela manhã luminosa e cheiade sol, em que todas as rosas dosjardins pareciam ter feito umacordo para desabroçhar ao mes-mo tempo.

A primeira pessoa que encon-trou foi uma vendedora de laran-jas que estava sentada sob umportal, tirando uma soneca, eque, como que movida por umamola, saltou do banquinho e sepôs a dançar a mais desenfreadadas danças. Quase no mesmo ins-tante Mestre Gaspar, o sapateiro,

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saiu do interior de sua casa, comum tamanco na mão, e começoua rodar e rodar prodigiosamenteem meio de fantásticas piruetas:

O espetáculo era extraordiná-rio, mas ninguém teve tempo dereparar nele, porque dentro depoucos instantes toda a rua seencheu de dançarinos improvisa-dos, cada qual pulando e rodan-do mais.

Enquanto isto, Tirilim prosse-guia em seu caminho, passandoinadvertido, graças ao seu dimi-nuto tamanho. De quando emquando se detinha para gozar do

espetáculo de toda aquela gen-te obesa que dançava frenéti-ca, porque é bom esclarecer, ospreguiçolandianos, pelo seuhábito de não fazer nada, eramindivíduos tão gordos e pesa-dos como elefantes.

Quando Tirilim se afastava,seu poder deixava de se fazersentir: os homens e as mulhe-res caiam por terra extenua-dos de fadiga, enxugando osuor e perguntando" uns aosoutros:

— Afinal, que foi que houveconosco?

A princípio ninguém com-preendeu a nova situação. To-dos continuavam dançandosem saber porque. Os douto-res, de longas barbas e cha-péus de copa alta, disseramque se tratava de um novo ba-cilo e se puseram a procurá-locom todo o afinco que sua pre-guiça lhes permitia. Os astro-logos afirmavam que se trata-va da conjunção de duas estrê-Ias que faziam sentir sua in-fluência, sobre a Terra, daque-Ia estranha forma.

Acabaram brigando douto-res e astrólogos, e como na Pre-guiçolandia ninguém gostavade discutir muito tempo, ter-minaram por deixar o assuntopara um lado, mesmo porquetinham que dançar por causada presença de Tirilim.

36

As coisas corriam assim eninguém teria podido explicaro fato se o próprio Tirilim nãose tivesse deixado ver.

Um dia o geniozinho estavadescansando sentado dentrode uma rosa branca que o ven-to balançava, e travou con-versa com uma formiguinhaque subia pela haste, à qual ex-plicou que, quando êle passa-va, toda gente se via obrigada adançar. A formiga contou o sè-gredo a um passarinho, o pas-

sarinho o contou a um gato, paraque este lhe poupasse a vida, e ogato o contou à patroa, uma ve-lhota faladeira como não haviaoutra na cidade. Em menos deuma hora todos os habitantes co-nlíeciam a existência de Tirilim,até que o fato chegou aos ouvi-dos do rei.

Preguição III convocou com ur-gência o Conselho de Ministros.Isto não era coisa fácil, pois exi-gia pelo menos uma semana e,

TRADUÇÃO DE

ZAMARAenquanto o Conselho não se reu-nia, toda a gente continuava dan-çando.

O mais grave do caso era queTirilim não respeitava ninguém.Um dia, na sala do Tribunal onde,havia mais de cinqüenta anos, sejulgava o processo do único la-drão existente no país, de repen-te os juizes começaram a dançar,sacudindo as cabeleiras brancas;os guardas, que dormiam encos-tados nas paredes com suas ar-mas ao lado, começaram tambéma saltar e dar voltas e vol.tas comoque enlouquecidos. O próprioacusado, que era um ancião, poistinha envelhecido no Tribunal,sendo julgado, abriu os olhos derepente, bocejou e se pôs a dan-çar também.

Esta estranha situação, porém,não podia durar. Preguição IIIafirmou isso mesmo em um dis-curso, durante o qual cochiloudoze ou quinze vezes. Os minis-tros concordaram: Era precisoencontrar um remédio, um ho-mem capaz de resistir ao poderdiabólico de Tirilim, e a pátriaseria salva... Quem melhor doque Barba Dura, o herói nacio-nal?

I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Barba Dura era um homemque pesava quase uma tonela-da. Todavia, o gigante estavaausente, cumprindo uma mis-são nos confins do reino. Umdos escudeiros do rei foi encar-regado de ir buscá-lo, com or-dem de não perder muito tem-po. Os habitantes da Preguiço-lândia esperavam vêr de ummomento para outro chegar oseu salvador e, enquanto isto,continuavam a dançar furiosa-mente. A vida não era possíveldaquele jeito. Não se podianem sequer começar uma con-versa séria, porque se corria orisco de ver o interlocutor in-vadido pelo impulso da dançae, então, estava tudo acabado !

O herói Barba Dura afinalchegou. O conselho de Minis-tros o pôs ao corrente do quesucedia e o gigante se apres-sou a passear pelas ruas da ei-dade, esperando encontrar o ge-niozinho travesso.

E em todos nasceu a esperança.Tirilim, porém, aquele dia per-

maneceu invisível e nenhumadança se registrou entre os mu-ros de Preguiçolândia. Seus habi-tantes respiraram.

No dia seguinte, entretanto, te-ve-se um leve indício da presençado geniozinho. Na praça do mer-cado, toda gente havia dançadodurante um quarto de hora. Afi-

ROMANCE

O romance mais longo do mun-do parece ser o que se escreveu naChina, no século XIII, intituladoTodos os homens são irmãos", li-vro composto com a finalidade depregar a harmonia e a paz entreos homens. Em 1796, o imperadorproibiu a divulgação desse roman-ce, mas, com a revolução republi-cana, êle voltou novamente a cir-cular.

Uma Inglesa, Edith Buch, encar-regou-se da tradução da obra, con-sumindo quatro anos nesse traba-lho. Em inglês, o romance deu de-zesseis volumes normais, formato"in-oitavo"

I 958

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nal de contas, não tinha sidonada do outro mundo; uma pe-quena dança cadenciada, até queera divertido... Talvez porque jáse começavam a acostumar...

Certa manhã, porém uma no-ticia fulminante se espalhou pelacidade: Barba Dura tinha sidovencido em sua própria casa. Ti-rilim, enfrentando-o, obrigara-osaltar da cama em que dormiatranqüilamente e o fizera dançarde uma forma tão brusca e frené-

tica que, sob o peso do gigante,o assoalho da casa cedera, pre-cipitando Barba Dura numaqueda fenomenal! Naquelemomento, toda a cidade se sen-tiu sacudida por um ímpeto dedança, tão irresistível que nãohavia meios de parar. Homens,mulheres, crianças, velhos eaté os próprios animais domes-ticos se sentiam arrastadosnuma dança indescritível!

Ninguém pode dizer quantotempo durou aquele baile fan-tástico.

Quando os habitantes se de-tiveram, Tirilim já se encon-trava longe. Partira montadonuma libélula e ria a bandei-ras despregadas, da própriatravessura.

Travessura, aliás, que teveexcelentes conseqüências na-quele extraordinário país, por-que os preguiçolandianos, de-pois de uma temporada sub-

metidos à dança vertiginosa,acostumaram-se a mover-se rã-pidamente.

Se não continuaram dançando,pelo menos, continuaram tão ati-vos que todos, inclusive o rei eseus • ministros, começaram umanova era de trabalho. E, a partirdaquele inusitado acontecimen-to, Preguiçolândia se tornou umadas cidades mais ativas e pro-gressistas do reino, o que deu mo-tivo a que lhe mudassem o no-me... Infelizmente não sabemoscom que nome é agora conhecidaessa cidade.

TÊNIS

& A^ám£_

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37

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

SHAKESPEARESldney Lee, biografo de Shakes-

peare, chegou à conclusão de que umdramaturgo, no tempo do autor de"Hamlet1, ganhava de 6 a 11 libras,por uma peça original e 4 libras: pelaadaptação de uma obra antiga. Ad-mitindo-se a exatidão desse cálculo.Shakespeare, como autor, teria ga-•hho, no ano de 1599, para mais devinte libras, enquanto que como atortinha um ordenado anual de 110 11-bras. Mas, como era também co-pro-prietário do Teatro do Globo e tinhainteresse no Teatro Blackfriar, o bio-grafo calcula que os vencimentos to-tais de Shakespeare chegassem a 200ou 400 libras.

+

B O C A G EJosé Maria du Bocage, o famoso

poeta português, esteve no Rio deJaneiro. Para aqui veio em 1786, co-mo guarda-marinha da nãu "NossaSenhora da Ajuda" e tinha, então,vinte anos de idade, já sendo conhe-cido como improvizador inimitável.

O CÃO FUGIU...IM grande pintor de animais, do século XVII, gostava de an->—' dar pelo campo sozinho, saco ao ombro, à procura de seus

modelos.Entrando um dia num albergue, pediu almoço.À vista do seu modesto trajar, o alberguista, tomando-o porum estreante sem sorte, disse-lhe:

Dar-lhe-ei almoço, jantar e ceia, se você desenhar um cãona minha taboleta.

O artista aceitou. Quando acabou seu trabalho, disse, sor-rindo, ao alberguista:

Dê-me ainda o almoço de amanhã e acrescentarei ao totóuma coleira e uma corrente...

De forma- alguma! — respondeu grosseiramente o ai-berguista. Assim os seus borrões me sairão multo caros!

O pintor nada disse, mas, à noite, quando todos dormiam,levantou-se e apagou o cão da taboleta.

Grande surpresa teve o estalajadeiro ao acordar!—- Que quer? — disse o artista, rindo à socapa — Você não

quis a corrente, o cão fugiu...E afastou-se deixando uma moeda na mão do hoteleiro.A avareza deste fê-lo perder um quadro que lhe poderia va-

ler uma fortuna.

BRASILPais mui beln, valoroso, rico,Aa recordar une sou teu filho, pensoNo teu azul, deste infinito imenso,Que contemplando extasiado fico.

Kecordo, então, tua divisa amada(Emblema desta terra brasileira),Representada por tua bandeira,Da brisa, aos sopros leves, desfraldada.

Lembro teus campos, lindos, verdejantes,Que embelezam tantos visitantes,Lembro atrativos que tens mais de mil;

Lembro estes raros, cidadãos honradosQue defender-te-ão, glorificados,Que morrerão por ti, caro Brasil !

RENATO COELIM)

QUEM COM FERRO FERE.

NA HORA DA PARADA!!

— O que? ! Um ladrão aí em casa ! Vou já daruma lição nesse miserável!

— Dá o fora, enjoado

* A pequena ilha de Cubaproduz mais açúcar que aAlemanha, França, Rússiae Estados Unidos juntos.v Foi a 6 de Abril de 1852que o periódico norte-ame.ricano "The Albany Eve-ning Jornal" introduziu a

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palavra "telegrama" em lu-gar de "comunicação tele-gráfica".+ O cameleão da Américado Norte é tão sensível queuma nuvem que passe nocéu faz variar a sua tona-lidade esmeralda.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Pata passar o tempo...X QUI estão-, numeradas de 1 a 9,

algumas cenas. Em baixo, figurascom letras, de A a I.

Faça a sua lista, na qual cada le-tra deve ficar ao lado do número quelhe corresponde, pela lógica, para queas coisas dêem certo . ..

(Solução no fim do Almanaque)

O CASO MAIS E

AMUNDSEN, o famoso explorador do

Polo, via-se assaltado em certa oca-sião por ama senhora sumamente curió-sa. Êle respondia lacônicamente. Mas elanão desistia, e, por fim, pediu-lhe quecontasse a todos que estavam reunidos oacontecimento mais extraordinário quelhe tinha sucedido nas suas viagens.Amundsen refletia um momento e de re-pente exclamou:

— Oh, conta-se em duas palavras!

XTRAORDINARIONuma só noite, duma vez, a barba cies-ceu-nte 15 centímetros !

Todos se entreolharam. desconcertados,e no rosto da curiosa dama pintava-se omaior assombro.

Mas que está você a dizer? — tor-nou ela. — Isso é impossível ! Numa noi-te só?

Pois foi tal e qual — respondeu oexplorador, sorrindo. — Mas olhe que foino Polo Norte, e ali • noite dura seis

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

#jm&ai» LITOGRAFIA

¦Mf^~j^5™3flB >*jHK^^^ 3c'^—s.Quando, nos tempos antigos, os nobres ti-

nhom tanto poder como os reis, vivia, no princi-pado da Floresta Negra, um grande senhor cha-mado D. Amadeu, muito severo e autoritáriopara com seus vassalos.

Habitava esse fidalgo um soberbo palácioedificado pelos melhores artistas do principadoe no qual tinham sido empregadas pedras que,além de muito duras, tinham a propriedade de...

... ficar polidas como espelhos, quando forte-mente friccionadas.

Essas pedras, muito lindas e decorativas,eram de uma pedreira recentemente...

... descoberta nos domínios de D. Amadeu. Nãohavendo no principado um artista que fizesseas pinturas decorativas do castelo, D. Amadeuresolveu mandar vir da cidade próxima, mas...

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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^_A _f_ «¦kl' _5C^^^ ^^*~~~*"~mf( __^"'^ _»^^/_r _HTT_I ^^H""^__^___ __F ^^-ÉrV^fc^^- \\ />/ ___ \ 1

... que não estava sob seu domínio, o célebre pin-tor e decorodor Van-Moss.

- Este respondeu ao mordomo de D. Amadeu,que foi portador do convite para que fosse aocastelo, que dissesse ao seu amo que, sendo...

... êle cidadão livre, e andando Amadeu emguerra com seus compatriotas, não faria aspinturas, fosse por que preço fosse.

Quando recebeu tal resposta, D. Amadeu,que não admitia ser desobedecido, resolveu...

... obrigar o pintor a ir trabalhar no castelo,mesmo à força. Assim, mandou raptá-lo, à» noi-te, e o fez transportar, numa carroça fechada,para que ninguém o visse, para seu castelo.

E quando Van-Moss lhe repetiu, com todaaltivez, a resposta dada ao mordomo,...

I 958

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... D. Amadeu, furioso, retrucou: — Pois bem:vais para a prisão, e incomunicável, até que teresolvas a obedecer-me.

E fez o que prometia, mandando encerraro artista numa masmorra, onde, aliás, estavamguardados, provisoriamente, os caros e...

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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... preciosos estofos com que se armavam, nosdias de festa, e de pompa, os docéis do pa-lacio.

Van-Moss, quando lhe vinham perguntarse estava resolvido a obedecer às ordens de D.Amadeu, respondia negativamente. E como ti-nho consigo, na prisão, lápis e carvão,...

... passava o tempo a se vingar a seu mododo seu verdugo, fazendo-lhe a caricatura naspedras do pavimento e cobrindo-as, à medidaque as traçava, com os estofos guardados nasala em que estava preso.

Oro, sendo os rolos dos estofos muito pe-sados, e sendo o...

... reproduzidas os caricaturas, o que o próprio... pavimento de pedras litográficas (ainda nãoconhecidas como tal), acontecia que nos esto-fos ficavam...

... reproduzidas as caricaturas, o que o própriopintor descobriu com espanto.

Tendo D. Amaâeu de receber um embai-xador, mandou...

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

... levantar um pavilhão em seus jardins, comos estofos guardados na prisão.

À pomposa festa concorreram também pes-soas da cidade, que ficaram espantadas vendoas caricaturas.

Sabendo o pintor vivo, promoveram seusamigos um movimento para libertá-lo, as-saltando o castelo, e Van-Moss foi posto emliberdade.

Reconhecendo nelas um trabalho do pintoramigo, alegraram-se por êle não ter morrido etodos riram muito das caricaturas.

D. Amadeu é que ficou furioso...

*~^\\ J^fiaC^LB ^ ^^^^ "^^^^^lat^^Jfi

fiyjl m.^ÊFa^R^L ^LwmF^T**!

J^vl bHbV. HlaaaR^Jn ^«^k X\M LBa*

Narrou êle, então, a descoberta que fi-zero, da propriedade daquelas pedras e cons-ta, segundo a tradição, que foi essa a his-tória da litografia, até hoje usada na arte

gráfica.

ALMANAOUE D'0 TICO-TICO

À barra <Le ouroITJLIAO era um pobre traba-

v-' lhador que vivia nos arredo-res de uma grande cidade. Eramoço ainda, mas, tendo se casadomuito cedo, tinha quatro filhos,e lutava comTnuitas dificuldadespara sustentá-los.

Um dia, não encontrando tra-balho, estava na maior miséria.Desesperado, e depois de muitoandar, sentou-se à beira de umaestrada. Estava, assim, muitotriste, quando passou o velho mé-dico do lugar, que lhe perguntoua causa de sua aflição.

Julião contou-lhe o que lheaconteceu e explicou que a lutaincessante pela vida começava adesanimá-lo, tirando-lhe as fôr-ças e a coragem.44

A tua situação é triste, nãohá dúvida — disse o médico —mas não se deve desanimar nun-ca. Vem comigo. Eu creio queposso minorar os teus sofrimen-tos.

Julião subiu para o carro dodoutor, e em pouco chegaram àcidade. Saltaram diante de uma

' casa de belaaparência e aí o dou-tor fez com que o trabalhador en-trasse para o seu gabinete.

Havia nessa sala um. objetoamarelo colocado sobre um mo-vel, debaixo de uma redoma devidro.

Olha bem para isto, — dis-se-lhe o doutor — É uma barra deouro que vale muito milhões. Eu

a herdei de meu pai, que, quandocomeçou a vida, era tão pobrecomo tu. Mas a coragem nuncalhe faltou. Economisando vintémpor vintém levou muitos anospara juntar o dinheiro com quecomprou esta barra de ouro.Quando êle morreu, deixou-meapenas isto*e eu fiquei em situa-ção difícil; mas, seguindo o exem-pio de meu pai, lutei corajosa-mente e consegui angariar fortu-na sem tocar nesta barra de ou-ro, que era, para mim, uma re-cordação preciosa.

Tu nada tens. Vou te dar estabarra de ouro. Si tiveres juízo eânimo, lutarás para conservá-lae dá-la, um dia, a um mais pobredo que tu.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

O doutor disse isto e entregoua preciosa barra a Julião, que seretirou agradecendo-lhe muito.

Chegando a casa, Julião contouo ocorrido à sua mulher, que oaconselhou que fizesse um bura-co no quintal para guardar tãorico tesouro.

No dia seguinte, Julião saiutranqüilo. Não tinha na algibei-ra nem um vintém; mas a idéiade que possuía em casa uma bar-ra de ouro dava-lhe coragem.

E assim continuou. Quando lheacontecia ficar desempregado, aidéia da barra de ouro, que tinhaem casa, reconfortava-o.

E trabalhava de bom humor.Como já não andava preocupadocom a miséria, trabalhava melhore em pouco foi feito contra-mes-tre de uma importante oficina.Já então o que ganhava era sufi-ciente para todasas suas despezase ainda sobrava

alguma cousa, que êle guardavaprudentemente.

Passaram-se muitos anos. Ovelho médico já havia morrido

quando, uma noite, um pobre ho-mem, de aspecto miserável e fa-minto, veio bater-à-porta da casade Julião que era agora farta econfortável.

Acolheram o pobre homem ederam-lhe jantar. O infeliz, emo-cionado por se ver assim tratado,contou a sua história que eraigual à de todos os infelizes: mo-léstias, falta de trabalho...

Julião, por sua vez, contoucomo começara a existência e

quanto lutara antes de alcançara tranqüilidade. E contou o casoda barra de ouro.

Então, o pobre, explicando quefora caixeiro de um ourives e por

isso entendia de metais, pe-diu licença para examinar apreciosa barra.

Trouxeram-lha e o homem ape-nas nela pegou teve uma excla-mação de espanto:

Oh I — disse êle — mais istonão é ouro I

Que é, então? — perguntouJulião.

É apenas uma barra de co-bre I — disse ò outro. E exami-nando-a, acrescentou:

Tem mesmo aqui várias coi-sas escritas.

Julião aproximou-se e, do ladode baixo da barra, leu o seguinte:"A ilusão é muitas vezes o bas-tante para fazer a felicidade hu-mana". Do outro lado lia-se:"Mais vale um bom conselho doque uma barra de ouro".

Ê verdade — murmurou Junlião. —• Afinal, esta barra nuncame serviu para cousa alguma. Euconsegui a felicidade e a fortunapor ter seguido os bons conselhosdo doutor.

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I9S8 45

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

O BABAÇÚ-^g ,'T™*SfclO

babaçu é planta genuinamente brasilei-ra. Encontra-se por toda parte, princi-

palmente nos Estados do Maranhão e Piauí,onde forma denso bosque de mais de treze mi-lhões de hectares de extensão.

Do babaçu se aproveita tudo. O caule,que serve de poste, de moirão ou de simplessuporte. As folhas também, que são utilizadasna fabricação de chapéus, bolsas, artefatos depesca etc. O coco verde para defumar o látex.As fibras da parte externa do coco para fazertapetes, passadeiras, capachos. A polpa ama-relada que envolve a amêndoa, para mingáus,e sopas, que as crianças muito apreciam.A casca interna do coco, o marfim vegetal,para fazer botões, estatuetas, pequenos obje-tos úteis e até mesmo isoladores. A amêndoainterna para ser usada como lubrificante fi-níssimo, como combustível, como matéria-pri-ma para fabricação de sabonetes e como aii-mento, substituindo a banha, o azeite e amanteiga na cozinha sertaneja. *

Os Estados Unidos são os nossos maiores im-portadores de coco babaçu. Segundo experiências,ali realizadas, a substância absorvente, que existeno interior do coco, pode ser utilizada na fabrica-ção do dinamite! Não há dúvida, que é uma revo-

ESTA ERA OUT R A . .

— Quero que êle veja, com os próprios olhinhos, que há outros mais infelizes do.que êle...

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— Maricota, vai chover ! Tira o peixinho da sacada!

lucionária aplicação da nossa famosa, porém, ino-cente palmeirinha.

As cascas secas do coco são combustíveis comgrande aceitação e uso na navegação fluvial doAmazonas e Pará.

O aproveitamento dobabaçu continua na or-dem do dia e é, para nós,brasileiros, problema degrande relevância, pos-suidores que somos de tri-lhões de pés dessa precio-sa palmeira, que além dospredicados expostos, ain-da fornece, para a terra,fertilizante, para o gado,forra gens e, para a indús-tria em geral, uma sérieinfinda de sub-píodútos.

A palmeira babaçu sefaz acompanhar, quasesempre, e por toda a par-te, de sua prima-irmã, amacaúba ou macaíba, quedeu a origem ao termoMacaé, que em língua ge-ral, tupi-guarani, querdizer: terra onde vive amacaúba. Em Macaé, fio-rescente município flumi-nense, encontram-se, re-almente, milhares dessasplantas.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

CULPADOSAQUI

estáo, à direita, três flagrantes de rua: um furto,em que o objeto roubado foi uma gravata; um assalto a

mão armada e uma travessura, de que resultou sair quebradoum foco de iluminação.

Os autores não são vistos. Mas se você prestar atenção acertos detalhes, poderá identificá-los na cena de rua, em bai-xo, no meio da multidão. Você será capaz disso?

(Solução no fim do Almanaque).5__^ _-—-—"""""" c* «=>__<

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1958 47

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

M I KlMOTOO HOMEM DAS PÉROLAS

SEUS

pais olhavam para a pe-quena figura amarela no fundodo berço de madeira. A vida era

difícil. Mas não era ela sempre pe-nosa, para a classe humilde do Ja-pão super-povoado ? Então, como quepara conjurar a sorte, eles lhe deramum nome cheio de bons presságlos:Klchimatsu.

Com efeito, Klchl significa "sorte"

Matsu é o nome do pinheiro, que per-sonifica bons negócios. Era o dia 25Janeiro de 1858, e o bébé que chora-mingava sobre o colchão de sargaçose ervas marinhas, iria um dia produ-zir para o Japão uma das maiores'riquezas. Iria dar às belas damas doinundo inteiro o mais precioso pre-sente que jamais receberam: as pé-rolas cultivadas.

depois

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B5B5 H'.M - ¦*•

Aos 11 anos, co-mo bom japone-zinho estudioso,Mikimoto Kichi-matsu começou atrabalhar e Iavender, na cida-de, o pequenoporto de Toba, ashortaliças culti-vadas por seuspais.

Não podia vol-tar para casaantes de ter ven-dido tudo. Poristo, no decorrerdas horas vazias,exercitava-se emfazer malabaris-mo com os gran-des nabos e osbelos tomates.

Tornou-se malabarista epescador de pérolas.

Isto consistia em mergulhar m»fundo da baía de Ago, com umagrande pedra entre os joelhos, e ar-rançar das águas uma vintena de os-trás. Em seguida, Mikimoto voltavaà tona, depositava a sua colheita etornava a mergulhar. A noite as os-trás eram abertas e recolhiam-se ai-gumas pérolas.

A pesca de pérolas tonou-se a pró-prla vida de Mikmoto. Queria sempre¦as mais belas pérolas e rejeitava to-das que eram tortas, clrizentas, im-perfeitas. Chegou ao ponto de exa-minar as ostras e deixá-las sobre orochedo até que as suas pérolas fi-cassem suficientemente belas. Estemodo de agir lhe valeu, aliás, o pre-

mio da Imperatriz na Ex-posição de pérolas de To-quío, em 1887. Mikomotoestava com 19 anos e es-tava apaixonado.

A quantia ganha com oprêmio permitiu-lhe rei-vindicar a mão da belaUmé e instalar o seu lardiante da baía de Ago.

Algum tempo mala tar-de tiveram dois filhos.

Entretanto, em Mlki-moto, havia mais que amentalidade de um pes-cador de pérolas. Todosos outros pescadores apa-nhavam as ostras espe-rando apenas que elascontivessem pérolas. Mi-kimoto indagava de si

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mesmo: por que algumas ostras ti-nham pérolas e outras não ? Por fimresolveu procurar um sábio de fama.Esperou que o homem saisse ao ter-raço de sua casa. E, então, saudou-oreverentemente e apresentou - lheduas pérolas envolvidas em papel deseda. Em seguida fez suas perguntase aprendeu que a ostra expelia certasmatériaas mas que as vezes, ao invésde expulsá-las, ela as envolvia comnacar, originando a pérola.

Mikomoto refletiu dois minutos: "Ohomem não poderia incumbir-se deintroduzir nas ostras um corpo es-tranho para provocar a formação daspérolas ?" "Já experimentaram, —foi a resposta. Ou as ostras rejeitamo engodo, ou morrem,". "Bastaria, en-tão, encontrar uma matéria que elasaceitassem e guarnecessem de ná-car ?" O sábio fez, um gesto de dú-rtda e de incerteza. Aquele problemanão o interessava.

Porém Mkilmoto queria pérolas,muitas pérolas. Queria também quepescadores deixassem de passar fome,de temer a miséria e de expelir ospulmões depois de alguns anos demergulho.

Começou por convencer sua mu-~lher, e, juntos, começaram a traba-lhar. E quando se convenceram deque tinham encontrado a solução,compraram mil ostras e mergulha-ram-nas no mar, num local deter-minado, próximo de Shinmei-Mura.

Agora teriam de esperar. Mikomotovoltou ao seu mister de pescador, nãoobstante a fraqeza do seu coraçãoque começava a se ressentir dos gran-des mergulhos.

48 I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Tinha de usar a corda ao menorsinal de alarme. Umé, sua esposa,içava-o para bordo do barco.

Lentamente, no fundo dágua, aspérolas amadureciam. Mikimoto es-perava a sua hora mergulhando co-mo qualquer dos outros miseráveispescadores da baía, vivendo numapobre cabana com a mulher e doisfilhos.

"A onda vermelha! A onda ver-melha!" O grito correu ao longo dabaía como um alarme terrível.

Tratava-se do planeta do mar, queavermelha as ondas e principalmentedevora todas as conchas de madre-pérola. As ostras de Mikimoto mor-reram, tanto as da baia quanto asinstaladas nas correntezas. Os credo-res apresentaram-se ã sua porta e opovo da aldeia zombou dele. Era osonhador que se havia arruinado poruma quimera.

Sua saúde, agora, não lhe permi-tia mais atirar-se ao mar. Umé faziaaletria e vendia-a na aldeia. Êle aajudava humildemente, sentindo-seinútil e responsável pela infelicidadedos seus. Umé, que compreendia muitobem seu estranho marido, levou-opara dar um passeio no mar no dia11 de Julho de 1893. Era um tristeaniversário: cinco anos antes êle ha-va começando a cuidar das ostras.

Numa lagoa afastada encontraramquatro cestos que as ondas verme-lhas haviam poupado e Rui, a filhamais velha, os apanhou, a fim deque tivessem algo para jantar. Ora,das dez ostras daquele cesto, cincopossuíam pérolas. Mikimoto tinhatriunfado!

Seria o sucesso?Ainda não. As péro-

Ias que eles recolhe-ram eram apenas se-mi-esféricas e era pre-ciso executar umaoperação muito com-complicada para des-tacá-las das ostras ecompletá-las. A desço-berta, entretanto, bas-tou para que Mikimotoobtivesse novo créditoe saisse da sua mise-rável casa, e se insta-lasse numa pequenailha, Tatoku (VáriasVirtudes), e com a mu-lher e os cinco filhos:Rui, Mine, Yo, Ai eRyuzo. Recomeçaramentão a semear as os-trás em maior escala.

Esgotada, porém, pela miséria, Umémorreu aos trinta anos, um ano, eseis meses depois de ser recebida,com Mikomoto,, pelo Imperador queencorajou vivamente as pesquisas dopequeno mergulhador de outrora.

As pérolas cultivadas eram bemvendidas... porém não eram ainda"verdadeiras" pérolas. Ora, em Ja-neiro de 1905, uma mergulhadoraapanhou vinte ostras nas quais des-cobriram seis grandes pérolas perfei-tas. Depois da indagação, Mikomotoaveriguou que uma jovem sua empre-gada havia se enganado. Ao envés deintroduzir o corpo estranho entre aconcha e o envoltório, como lhe ha-via sido recomendado, ela o colocarano próprio tecido da ostra.

Irritada, a ostra cobriu de nácar ajsemente por todos oslados. O erro da pe-quena operária acaboupor produzir o últimoaperfeiçoamento da o-bra de Mikimoto.

A partir de então nãose podia mais notarqual a diferença queexistia entre uma pé-rola espontânea e umapérola cultivada.

Desta vez, Mikimototinha um milhão deostras semeadas den-tro dágua quando res-soou de novo o grandegrito:"A onde vermelha!A onda vermelha!"

Ele havia previsto oelemento devastador.

Com um sinal con-

/ JffJ&tyrfJÊ^Ml&Êmmm^r \&.'^^SI aSa^aAHnlr Jf mim

doras

'958

vocou todas as suas mergulhado(só se utilizava de mulheres, por-que elas possuem capacidade pulmo-har bem mais forte do que a doshomens).

Distribuiram-lhes cestos de reservae elas puseram-se a apanhar as os-trás e tirá-las da água para coloca-Ias ao abrigo.

Depois que a onda vermelha pas-ísou, as ostras tornaram a ser mer-gulhadas na água.

Foi a partir de então que as mer-gulhadoras de Mikimoto passaram

,a ter o salário dobrado, o tempo re-duzido e uma quantidade de outrasvantagens.

Ele queria, também, pérolas maio-res. Ora, a ostra só passa a fabricaro nácar a partir dos três anos emorre aos oito. Cinco anos era umespaço de tempo muito curto.

Pintou-as, então, com uma tintainventada por êle e prolongou-lhes avida até os onze anos.

Lutou contra uma invasão de pol-vos. Conseguiu introduzir cinco pé-rolas em cada ostra. Enquanto viveu,recusou-se a tomar parte na guerrado Japão, por odiar a guerra.

O velho pescador de pérolas mor-reu no dia 21 de Setembro de 1954.

Em torno da sua ilha as ostras- fa-bricavam vinte milhões de pérolas esua fortuna era impossível de seravaliada, mas cada ano uma pérola,a mais bonita, era depositada no tú-mulo de Umé, a saudosa companhei-ra dos dias maus.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

QuatroBonsPassatempos

»«>s r^o\\\*ç\«\\ * _____ i «\*

•pNCHA com"™ lápis os es-

paços assinalii-dos c o m uni

ponto, acompa-nliamlo seus

prolongamentos,e obterá quatrosilhuetas bas-tante curiosas.

^-^~^ar^J\immt*\sFJ\limim^,Mim\rí^^

BALANÇA DE ÁGUASe alguém se puser de pé sobre um saco de borracha cheio de água, ao qual foi ligado um

tubo de borracha, ao alto, com dois metros de comprimento, poderá o peso da pessoa elevar aágua até à extremidade do tubo?

Se o saco for de tamanho ordinário e a pessoa pesar 60 quilos, a resposta é"não — porquea quantidade de água no tubo equilibrará o peso de todo o corpo ! .

Para operar com essa balança de água, colocar primeiro a pessoa a ser pesada sobre osaco, enquanto enchemos mais ou menos o tubo, até que a altura da água seja visível.

Só os muito pesados podem fazer a água transbordar. Mas, em geral, um pouco mais deágua levantará a pessoa do solo.

Esse paradoxo foi explicado por Pascal em 1633. Segundo a sua "lei", a pressão exercidasobre o líquido assim contido, é transmitida em todas as direções e com força igual em todasas superfícies de área igual. Na balança, a pressão da água na parte baixa do tubo é transmi-tida para iguais áreas em toda a superfície interior do saco. Se a área do tubo é de um centíme-tro quadrado e a do saco 500 vezes maior, a força exercida no tubo é aumentada no saco até umaforça mil vezes maior!

50 I 958

,

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

(^/çmáaãmiM

CURUMINSNESTA

dato, em que nasceu0 Menino mais gentil,

Venho trazer meus conselhosAos garotos do Brasil.

Meu presado curumim,Que homem de bem queres ser,Presta a maior atençãoAo que te venho dizer.

Respeita teus Pais, teus Mestres,Estuda, aprende as lições,Busca as boas amizades,Foge às más reuniões.

Cultiva até com excessosA flor da delicadeza,E tem na mais, alta contaA probidade e a pureza.

Enche bem cheia a tua almaDe uma ambição justa e nobre,E entre a constância e otimismoO teu labor se desdobre.

Ante a humildade e a soberba,Prefere sempre a humildade;Pratica o mais que puderesO bem, a boa-vontade.

E não agasalhes nunca,Dentro do teu coração,Coisa alguma que mereçaA pecha de ingratidão.

Jamais adotes tão poucoQualquer ideologiaQue se oponha à Liberdade,Que negue a Democracia-

^afl^al __T

Se um dia sorrir-te a glória,Ou o poder, que o instinto

[assanha,Medita o nada do mundo,Reza o Sermão da Montanha.

Sê modesto, caridoso,Manso, discreto, viril;Ama a Deus e a tua Pátria,Trabalha pelo Brasil.

E não te esqueças — vê bem !Que do teu valor moralDepende, e muito, hoje e-sempre, grandeza nacional.

Segue à risca estes conselhosE toma bem nota disto:Não pode o mundo salvar-seSem cumprir as leis de Cristo.

Meu filho, se assim fizeres,Serás um bom cidadão,Honrarás os teus maioresE farás grande a Nação.

E quando, muito velhinho,Deixares pra sempre os teus,Terás as bênçãos dos homensE a recompensa de Deus.

Entre a Justiça, o Direito Garotos do meu Brasil,E o arbítrio, a força, a opressão, A alegria, a paz, a luz,Não vaciles: cumpre, firme, Sobre vós todos derrameO teu dever de cristão. O manso e meigo JESUS.

E Z E C H 1 A S D A ROCHA

I 958 51

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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CAIA a noite. O castelo estava

bem à frente, enorme, mons-truoso, eriçado de ameias e se-

teiras. Todas as janelas estavamiluminadas, e as portas escancara-das convidavam as pessoas dos ar-dores a irem até lá, festejar o Natalno grande salão senhorial.

Mateus, o pequeno corcunda.apressou-se. A neve rangia sob seuspequenos passos apressados e nassuas costas abauladas uma bandurrado seu tamanho oscilava quando êleandava.

Mateus era menestrel. Sua profis-são era tocar para os outros emtroca de um pedaço de pão. E comonaquela] noite havia festa no castelo,êle devia lá comparecer para cantarcanções celebrando o nascimento doMenino Jesus, fazendo-lhe, tal qualcomo os outros, uma oferenda na-quele dia maravilhoso.

Os soldados do portão de entradaganharam, para festejar o Natal,garrafas de vinho que esvaziavamalegremente. Vendo Mateus penetrarno castelo, eles o alvejaram comgraçolas:52

Aonde vais, carregando estaenorme trouxa ?

Queres que te ajudemos a car-regá-la ?

Esta montanha, nas tuas cos-tas, deve te aquecer bastante !

Mateus nada retrucou. Caminhoubem depressa para deixar de ouviras risadas dos soldados avinhados.

Ao penetrar no grande salão docastelo, ficou momentaneamenteimóvel e estarrecido, sem proferiruma palavra nem ousar dar um passo• à frente. Como as damas eram belase os cavaleiros imponentes ! Todosestavam vestidos com os trajes maisricos e adereços mais suntuosos. Nu-ma gigantesca mesa viam-se expôs-tos montes de vitualhas, frutos dou-irados, carnes suculentas e aves deodor apetitoso...

O castelão pavoneava-se entre oshóspedes, jovial e barbudo. A seu la-do sua esposa, majestosa e orgu-lhosa, olhando com frieza para osvassalos reunidos em torno.

Mateus adiantou-se em direção aocasal, intimidado, um tanto enver-gonhado das suas vestes pobres e

suas mãos gretadas. Preparou a bai>durra e dispunha-se a cantar suamais bonita canção de Natal, comohomenagem, quando o castelão deucom os olhos nele.

Que veio você fazer aqui ?Sou menestrel, senhor, respon-

deu-lhe docemente Mateus, e vimMerecer algumas canções em honrado nascimento de Jesus !

Que belos cantos serão estes,cantados por um tipo como tu ?...De quem roubaste esta corcunda ?

E o castelão soltou uma garga-lhada estrepidosa, imitado incon-tinenti pelos que o cercavam.

Um dos vassalos, para não des-toar, acrescentou:

Êle ainda é mais bojudo que asua bandurra...

O dorso, curvado, parece apro-priado para receber bastonadas ! co-mentou um outro.

Êle não precisa se vergar paraamarrar os sapatos! — escarneceuum terceiro.

Senhor, eu... balbuciou Mateus,procurando suavizar os sarcasmos.

I 958

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Porém a esposa do castelão cor-tou-lhe a palavra, imperativa e gla-ciai:

Retira-te, labrego! Retira-tedeste salão reservado a pessoas ho-noráveis e não nos conspurques coma tua presença.

Mateus saiu, de cabeça baixa, sobrisadas e vaias. Entretanto não ti-nha outra intenção senão alegraros convidados cantando...

i Nas cozinhas também festejavam0 Natal. O vinho corria e os servi-dores, já embriagados, entoavam es-tribunos marcando-os com batidassobre as mesas.

Mateus nela penetrou fazendo-seainda menor. O cozinheiro, rubicun-do e gordo, ¦ pôs-se a rir ao vê-lo:

Olá, belo cavaleiro ! Vieste en-cantar nossos ouvidos com os açor-des desafinados e rangedores desteinstrumento pançudo ?

Vinha cantar o Natal, senhores,e alegrá-los com as minhas baladas...

Alegrar-nos, valha-nos Deus !Pensas alegrar-nos com a tua carade quaresma ? E pretendes sem dú-vida em recompensa receber algunsrestos do festim ?

Se acharem que mereço estabondade, senhores.

Um dos criados, mais bêbedo queos outros, zombou:

Os restos ? Não os ganharâs !Não queremos que tua corcunda au-mente mais.

Ganharâs, sim, berrou outro.Toma, pigmeu !

E atirou um osso engordurado ncrosto de Mateus, que não se pôdeesquivar.

Outros imitaram-no. Mateus, en-tão, fugiu sob uma saraivada de res-tos* de cozinha e uma tempestade deescárnios.

Lágrimas amargas corriam-lhe ps-Io rosto, sem que êle tentasse se-quer enxugá-las. Por toda parte erarepelido, caçoavam dele, e o expul-savam... Entretanto, não era diade Natal, dia em que reina a pazsobre a terra, sobre todos os homensde boa-vontade ? Êle não pretendiasenão exercer o seu mister, fazercom que o mundo ouvisse as suavesmelodias da agradável noite de Na-tal... Mas ninguém permitia.

E foi caminhando, temeroso e in-feliz, ao longo dos corredores lajea-dos, compridos e escuros, que êle seperdeu.

Os vidros encaixados em chumbomal permitiam que a lua diminuísseas trevas. Tudo era sombrio, melan-eólico, silencioso. Mateus começou asentir medo na escuridão.

Um rastro de luz extravazandosob uma porta, fê-lo parar de andarsem objetivo. Por trás daquela por-ta havia alguém, que poderia orien-tá-lo como sair do castelo. Alguémque por certo zombaria como fize-ram todos os outros...

Mateus hesitouum instante.

Tantos sar-casmos já lhehaviam feito so-frer naquele dia...Iria expôr-se denovo a mais in-júrias ?... Por ou-tro lado, comoencontraria o ca-minho, naqueled é d a 1 o de cor-redores tão pa-recidos ?..

Reunindo todaa sua coragem,bateu na porta.Esperou um pou-quinho... masninguémRespondeu. Ba-teu com maisforça... No apo-sento o silêncioera completo.Então arriscou.,

se a empurrar aporta.

Um mongeestava inclinado

ços diante daquele olhar.Soluçando, contou-lhe tudo que se

havia passado: os soldados e suasgargalhadas, os senhores e suas zom-barias, os cozinheiros e seus escár-ineos... Sua fuga ao longo dos cor-adores sombrios, seu medo ao ver.-(se íperdida...

— ... E o senhor, meu pai, que sabetantas* coisas, poderá ensinar-me|não só o que devo fazer para sair docastelo, como também onde ir para'deixar de ouvir maldades ?... Pode-rá dizer-me onde conseguirei afinalcantar o Natal com fervor e devo-ção, sem que as injúrias e as cruel-

CASA DE FERREIROaPm> "ÍAlft-il*y

Sente-se, por favor... Já o ponho bom.

sobre uma mesa, e seus cabelos bran-cos brilhavam suavemente à luz deuma vela. Sua mão enrugada segu-rava um pincel embebido em carmim,e seguia com carinho os contornosdelicados de uma iluminura. Potesde tintas e penas de ganso, sobre a'mesa, esperavam, fiéis utensilios deum artista anônimo...Absorto no

trabalho, não ou., viu a porta a-

brir-se nem viuMateus entrar.

Meu pai...começou Mateus.

Então ergueu acabeça e fitoucom olhos sorri-Identes e bondo-sos os olhos te-merosos do me-nino.

Que dese-jas, meu filho ?perguntou-lhe suavemente.

E Mateus, quetinha sofridot a ri to íiaquelanoite sendo re-pelido por todos,rompeu em solu-

dades impeçam o meu canto de che-gar até o céu ?

E o monge, que era um homemmuitcÁ sábio e muito bondoso, aquies-ceu. Sem uma palavra para Mateus,juntou as mãos e mergulhou emprofunda oração...

Quando baixou os olhos, Mateustinha desaparecido.

Entretanto a porta não tinha sidoaberta e nenhum passo ressoavaafastando-se pelo corredor. O pe-queno corcunda desaparecera...

Quando, porém, o bondoso mongetornou a olhar para a sua ilumi-nura, sobressaltou-se: um detalhe amais nela figurava, detalhe que êlenão se lembrava de ter desenhado...

E ainda hoje, se vocês forem, àBiblioteca Nacional, em Paris, nafeeção onde um arquivista cuida,com amor, preciosos manuscritos daIdade Média, observarão, numa ilus-tração sobre pergaminho, uma ingê-nua e delicada "Natividade" na qualum pequeno corcunda toca a suabandurra, entre os pastores que cir-cundam o Menino Jesus.

E o pequeno corcunda tem umaspecto feliz, feliz...

I 958 53

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO*ÍBJWSJJ£K

ÁW fn Á^FAQUELE mês de dezembro Nicola não tinha sido muito feliz nos negócios.ÀW wáW Por mais que pregasse soías e saltos nos sapatos, não tinha ganho o suficienteB ^LW para festejar a véspera do Ano Novo. Esrava, pois, sem uma moeda para comprar^ ainda que fosse o menor, o mais modesto dos "panetones", com passas e mel.

O bom homem, entretanto, se resignava, dizendo:— Mais sofreu Jesus por nossa causa. Que se há de fazer ? Contentar-me-ei em comer batatas e

um pedaço de pão preto, como todos os dias... Realmente, festejar com guloseimas o ano que vai come-çar, não me parece coisa muito cristã, pois satisfazemos o estômago, ou seja, alimentamos o pecadoda gula, um dos pecados capitais... Mais vale festejar o Ano Novo com boas intenções, melhores propó-sitos, corrigir-nos dos defeitos, ser bons e caridosos para com os outros e fazer um pequeno sacrifício..

E o bom Nicola tornou às suas meias-solas, suspirando um pouquinho, mas conformado com o queDeus determinava.

Tão entretido se achava na sua tarefa, que não notou que pela rua passava um cortejo. Era o rei,com sua filha, a linda princesa Rosinha. Esta, para satisfazer um dos seus inúmeros caprichos, quis per-correr as ruas, a pé, na véspera do Ano Novo, para ver os preparativos que se faziam: feiras de docese brinquedos, cachos de uvas amontoados sobre as mesas, para se comer uma uva a cada badalada dorelógio, anunciando a meia noite, as guirlandas de murta e azevinho, as armações de iluminação fes-tiva e os fogos de artifício que se acenderiam também naquela hora, em homenagem a São Silvestre, oúltimo santo do ano.

TUDO a princesinha olhava com interesse. Como só conhecia as grandes festas do palácio real, para

ela era uma novidade tudo aquilo, e ria e conversava alto com o pai e os cortesõos que compu-nham o pequeno séquito.

De repente, Rosinha tropeçou... Mas, claro ! Seus pesinhos não estavam habituados a andar emruas mal calçadas e sim a caminhar e pisar sobre tapetes macios ! Também nunca ia a pé, só de car-ruagem, entre almofadas de plumas, onde descansava os sapatinhos bordados a ouro e encrustados de

„pedras preciosas...54 I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Ao tropeçar, um dos sapatos, voou longe, desprendendo-se-lhe o salto, que foi cair no meio da rua.Que aborrecimento!... Os cortesãos apressaram-se a apanhá-lo e tentavam em vão colocá-lo no

lugar, sem o conseguir Foi inútil. O salto deslocava-se, desprendia-se... Não havia jeito! O dano erairremediável. E Rosinha teria sido obrigada a voltor capengando ao palácio se o velho Nicola não ti-vesse presenciado a cena e não corresse em seu auxílio, dizendo:

Majestade, se m'o permitis, eu me ofereço para consertar o sapatinho de Sua Âlteza...Tu? Um simples sapateiro remendeiro? Olha que se trata de um material riquíssimo, de sapa-

tos feitos por um dos melhores sapateiros do Oriente.Eu o consertarei e procurarei fazê-lo o melhor que fôr possível.

Concordou o monarca e logo lhe trouxeram uma cadeira onde Rosinha se sentou, enquanto Nicú-Ia se pôs a trabalhar.

Seus dedos, acostumados a trabalhar com couro duro, com sala, madeira, etc, tremiam um pouco.Pediu, porém, êle, a Jesus e à Virgem Maria e seu santo esposo, São José, que o ajudassem a fazer umbom serviço. E então, seus dedos se tornaram mais ágeis e menos ásperos. Com toda dedicação e carinhotrabalhou o pobre sapateiro e, finalmente, o salto se adaptou firme no seu lugar. E tão perfeito ficouo serviço que nem se notava. O sapatinho parecia novo. Quando o apresentou ao monarca, este ficoumaravilhado, assim como a princesa e os cortesãos.

És, realmente, um artista! — exclamou o rei, muito satisfeito. — Graças a ti minha filha pode-rá continuar o seu passeio. De hoje em diante nomeio-te Sapateiro Mar do Reino e terás tua oficina nopalácio. Agora, para que possas festejar o Ano Novo, toma: isto é para pagar o teu trabalho.

E entregou a Nicola uma bolsinha cheia de moedas de ouro.E, assim,, naquela véspera de Ano Novo, Nicola pôde comer o que desejava: pão doce com re-

cheio de passas e mel, torrão de amêndoas, castanhas... E quando o sino da igreja bateu meia noite,êle, como todos os moradores da cidade comeu suas doze uvas. Deus o recompensara por ser um homembom, que se conformava com a sua sorte, sem revoltas nem lamúrias.

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55I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

¦•^^_H^^^-<*^':"'Í*^

DONA TERRA NÃOANDA GIRANDO

BEM...

TODOS sabemos que o céu gira

lentamente cada noite em tornode nós: a Lua, que se ergue no ho-rizonte, surge cada dia um poucomais tarde na abóbada celeste. To-dos sabemos também que isto é umasimples aparência, visto que é a Ter-ra que gira realmente diante do céuimóvel.

Os astrônomos sabem a que horacada estréia passa por um certo "me-

ridiano", isto é, na direção exata dosul; sabem, por exemplo, que Siriuspassa às 6 h. 42 min. e 51 s. No mo-mento preciso em que eles vêem estaestrela transpor a imaginária linhameridiana, não lhes resta senão veri-ficar se seus relógios marcam preci-samente 6 h. 42 min. e 51 s., e emseguida transmitirem a hora exatapelo mundo. O tempo, calculado as-sim pelos astrônomos, e do qual nosutilizamos a cada instante consultan-do o nosso relógio, pode ser chama-do o tempo terrestre por ser baseadoia duração da rotação cotidiana daTerra.

Ora, um belo dia, o grande astro-nomo Laplace observou que algo nãoestava certo. A Lua, cujo movimen-to estava previsto com a máxima pre-cisão, passava pelo meridianocada vez com maior antecedênciasobre a hora prevista.

— "Que é isto? — murmurouLaplace. — A lua estará desar-ranjada?" — E teve uma suspei-ta. . . Se você fôr, todos os dias,à estação vêr passar o trem das16 h. e 36, e constatar no seu re-lógio que êle passa um dia às 16h. e 35 e no dia seguinte às 16 h.e 34, e no outro dia às 16 h. e 33,e assim por diante, talvez acabedizendo: — Não é o trem quecada dia passa um minuto maiscedo; é o meu relógio que seatraza um minuto por dia.

Foi também o que pensou La-place; não era a Lua que se an-tecipava, etfa o relógio que atra-zava. E como esse relógio era,como todos os relógios do mundo,

regulado pela rotação da Terra, erapositivamente esta última que gira-va cada vez menos depressa.

Nos nossos dias este fenômeno estácompletamente elucidado. Está per-feitamente admitido que a Terra giracada vez menos depressa o que levaforçosamente a duração do dia a pro-longar-se cada vez mais. Natunalmen-te o dia continua a ter 24 horas, po-rém as horas são cada vez ,mais lon-gas. Ura dos nossos dias de 24 horaseqüivale mais ou menos a 25 horas dotempo de Jesus Cristo.

Por que a Terra se retarda? Porqueela está "freiada", comprimida duasvezes por dia entre dois êmbolos defreio, que são formados pelas marés.O atrito produzido por estas massas étão poderoso, que transformado emcalor bastaria para fazer ferver 250toneladas de água por segundo.

Mais tarde um astrônomo america-no chamado Newcomb reparou quenão só a Lua manifestava um adian-tamento como revelava, além disto,de tempos em tempos, outros peque-nos desvios súbitos e imprevistos.

— Diabo! espantou-se Newcomb.Seria ainda a Terra que, não satisfei-ta de acumular um atrazo crescenteapresentava, além disto, irregularida-de de marchas periódicas?

Mediante observações, descobriu-seque em cada 260 anos o dia dimi-nuia de 30 segundos, para aumentarem seguida igualmente. Neste mo-

/^L^y^^^É^Myy(d__ft£§r?

tWMm 1 Ww<y^$ 'íJ*\ Wífil.

- Não vejo não, professor. Está muito escuro ! Quemsabe amanhã, de dia, com a claridade...

mento, pois, nosso globo está emadiantamento de segundos sobre oo tempo dos relógios.

Os movimentos celestes sempre pas-saram como sendo os mais perfeitos.Que mecânnismo poderia ser melhorlubrificado do que a nossa máquinaredonda atravessada pelo seu eixo ?

Depois de Laplace, depois de New-comb, chegou-se à conclusão de queo motor celeste não era tão perfeitoassim. . . As descobertas puseram ossábios alerta. "Além destes perío-dos de 260 anos, refletiram eles, quemsabe se a nossa rotação não sofrodesigualdades periódicas mais frc-quentes, o menos espaçadas ?

Em 1940 outro astrônomo, tal comoNewcomb, prosseguia os seus traba-lhos no observatório.

Chamava-se Stoyko.— O relógio-Lua não é bastante

perfeito paira registrar os mínimosdesvios do relógio-Terra, disse êle.Pois bem! Substituamos simples-mente a Lua pelos nossos própriosrelógios, nossos pêndulos do obser-vatório, tão precisos que não variamde 1/1.000 de segundo por dia.

Para maior segurança êle seguiudurante vários anos a marcha dos

relógios de vários observatórios •e notou que em certos momentosestes relógios, simultaneamente,apresentavam o mesmo pequenoavanço ou o mesmo pequeno re-tardamento.

Era a história da estrada deferro e do trem que se re-petia.

— Não há mais dúvida, de-clarou o Sr. Stoyko em 1950:a Terra manifesta positivamentepequenos desvios de breves pe-ríodos conforme suspeitamos.Cada ano ela se adianta, ndverão, o máximo 14/10.000 desegundo, e se retarda, no inver-no, o máximo de 12/10.000 desegundo.

Milésimos de segundo. . . Ni-nharias. Mas, como se vê, donaTerra não está girando bem.>

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ALMANAOUE D'0 TICO-TICO

CURIOSOS RECURSOS(j S crustáceos, assim como^-^ certos insetos e reptís, têma singular faculdade de poderemseparar-se voluntariamente deum membro que os incomoda oupelo qual são acidentalmentepresos.

Se agarrarmos um caranguei-jo por um pé, não será raro vêro animal, para se nos escapar ereconquistar a sua liberdade, sa-cudir-se de repelão e deixar nosnossos dedos essa parte do seucorpo para em troca dela salvaro resto.

Conseguem isto graças a umaviolenta contração muscular e osacrifício é na realidade menoscustoso do que parece, visto comoo pé não tarda em ser rege-nerado.

As aranhas e os gafanhotosdeixam -toais! de uma vez umaperna nas mãos daqueles quequerem capturá-los; porém, paraestes animais, esse abandono émais sensível que o dos caran-gueijos, porque neles os membrosperdidos não se tornam a recupe-rar.

Também as lagartixas se muti-Iam voluntariamente para con-servarem a sua liberdade ataca-da, mas têm a boa sorte de lhesnão tardar a crescer de novo opedaço de cauda que abandonam,a qual às vezes até renasce du-pla^ o que faz com que se encon-trem exemplares desta espécieque têm a cauda bifurcada.

NÃO TINHA'FOGO,

A SEMANA DO PREGUIÇOSO(MONÓLOGO)

£M cada dia da semana

Deve um trabalho se fazerAfim de que haja disciplinaE também ordem possa haver

Naturalmente no domingo,Por dia ser santificado,Eu nada faço, fico quieto,Passo o meu dia descansado,

Porém já na segunda-feiraComeço o dia a me lembrarDe que é preciso agir, deveras,E é necessário trabalhar.

Na terça-feira o meu trabalhoÉ procurar a ocupaçãoA que me entregue com bravuraDe corpo e alma... e coração.

Chegando a quarta eu continuoNesse trabalho a meditar,Pois uma ocupação rendosaNão é tão fácil de encontrar...

Na quinta-feira eu fico alegrePorque suponho ter achadoEsse trabalho pra passarA sexta e o sábado ocupado,

Mas no outro dia é que reparoSer sexta-feira, um dia aziago...Começar nele algum trabalhoÉ certo haver qualquer estrago..Manhã de sábado, radiòsa!...A natureza, assim jocunda,Só nos convida a passear...Fica o trabalho pra a segunda..Pois antes dela vem domingoUm dia feito pra o descanso.Trabalhar nele é proibido.Eu, no domingo, canto e danço.Assim, me sinto bem dispostoPara a semana começarE, logo na segunda-feira,Um bom trabalho procurar...

E. WANDERLEY

MAS NÃO SE APERTOU

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I 958

AVAREZAT7 ST ANDO muito do-""-^ ente um avarento,disse ao filho, que tam-bem já era tão avarentocomo o pai, que fossechamar um médico.

Meu pai, então nãosabe que isso é caro ?

Sei, sei — respon-deu o pai, — e bem mecusta fazer essa despesa;mas os enterros nãoestão ainda mais ca-ros?

57

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

tok são sepé / fiOR Af —dmundQ—]i goaziGüsa J

fanático na defesa das "missões", verdadeiro herói,campeão da liberdade dos indígenas.

Entendendo que ninguém tinha o direito de usurparsuas terras, de invadir tabas selvagens, Sepé foi o ter-ror de portugueses e espanhóis. Bom cavaleiro, exímiobafalhador, combatia os que ousavam inva-dir os campos que margeiam o rio Va-

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No ano de 1754 oforte que deu origemà cidade de Rio Pardofoi atacado por um ín-dio chamado Sepé,com 1.000 soldadosespanhóis e indígenassendo batido pelo che-fe branco Rafael PintoBandeira que tinha àsordens apenas 60 ho-mens.

Convertido pelospadres missioná-rios, Sepé tornou-se

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e os índiosCombatia os europeus colonizadorescharruas, que não queriam trocar Tupã pelo Deus dosjesuítas. Um dia, Sepé, que fora batizado com o nome deJosé, viu-se cercado pelos soldados de Gomes Freire de

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• ALMANAQUE D'0 TICO-TICO" -~-^— ^~ "\^ >^^^ — ^rjunto de seu cavalo, se |

^\v ^^^ ^r^Jm Verguia transparente a I^_ - -- \y ^Nu., ^? lv's^° ^e um cava'e'ro I

Andrade e deAdonegui, que caíram sobre os índios desapie- A 1 '\^^^ /// /£

dadamente. Sepé bateu-se com eles até cair morto. Os indíge- \ài )| A^A^ãr /y^^^^Mnas, que íugiram ao perder seu bravo chefe, chegaram às ^m/j^' fçP Á^ y*Missões contando que, enquanto o corpo de Sepé rolava] JT ^A^ IP ^^^.M

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ALMANAOUE D'0 TICO-TICO

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/^\ S grandes inven-^^ tos, como a- mar-cha da própria ciência,não constituem obra deum só homem, mas aconjugação dos esfor-ços de muitos, numaluta constante e inin-terrupta.

Por isso mesmoas conquistas humanasassemelham-se à construçãode um monumento onde cadaqual, a seu tempo, coloca umapedra a mais na obra eterna eduradoura.

Essa é a razão porque os in-ventos e descobertas famosos,como a imprensa, como "omais pesado que o ar", a má-quina de escrever, têm, emcada país um nome a lhe re-clamar a paternidade.

De fato, uma infinidade dehomens, cientistas uns, leigosoutros, pertencentes todos às

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4 "Caugraph", modelo lançado em 1880

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Pe. Francisco João de Azevedo, pa-trono dos datilógrafos do Brasil.

60 /

mais diferentes: raças, coope-raram para o aperfeiçoamen-to da máquina de escrever,maravilha da indústria mo-derna, utilíssima hoje às maisvariadas profissões.

Na realidade, coube a HenriMill, notável engenheiro in-glês, a invenção do "dactilo--grafo" ou "mecanographo",nomes primitivamente dadosà máquina de escrever, quan-do do seu aparecimento aí porvolta de 1714.

Observa-se, com freqüência,entre os verdadeiros in-ventos uma certa falta deespírito comercial, de visão,de resguardo aos seus direi-tos, como se eles própriosnão acreditassem nas pers-pectivas que se abrem, parao futuro, às suas descober-tas. Não fugiu à regra, pois,o boníssimo Mill, deixandoque seu invento bem cedofosse ter às mãos de outrospovos.

E vemos, então, crescerdesmedidamente o númerodos que compreendem asimensas possibilidades damáquina, dedicando - lhe,em conseqüência, o melhordos seus esforços. São fran-

ceses, ingleses, italianos, ame-ricanos do Norte e, até um bra-sileiro.

A máquina de escrever, éclaro, não nasceu com os re-quisitps que hoje possue: erarústica, de aspecto um tantofeio e, por estranho que pare-ça, não possuía teclado, só ovindo a ter muito mais tarde,graças a Pellegrino Turri, umitaliano amante da mecânica.

Até 1871, a impressão dasletras se fazia por baixo, quan-do Spiro resolveu o problemada escrita visível. Não possuíasenão os caracteres maiús-culos, cabendo ao norte ame-ricano Brecks a glória de con-seguir a impressão de letrasmaiúsculas e minúsculas.

Notável, sem dúvida, foi aparticipação de um brasileiro,o Padre Francisco João deAzevedo, filho da Paraíba, nahistória da máquina de escre-ver, razão pela qual é ele, hoje,considerado o Patrono dos da-tilógrafos do Brasil. Com efei-to, não lhe coube apenas aper-feiçoar os tipos de máquinasexistentes, mas construir umtipo inteiramente seu, ao qualimprimiu conhecimentos ei-entíficos de alta geometria.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Com um modelo, rústicoembora, do seu invento, con-correu à Exposição Provin-ciai Agrícola e Industrial dePernambuco e à. "PrimeiraExposição Nacional" de1861, com o que conquistouMedalha de Ouro e MençãoHonrosa.

Estava vencida a primei-ra etapa; a segunda, porém,ser-lhe-ia impossível con-quistar: foi o auxílio, o in-centivo e o estímulo finan-ceiro para a consecução desua obra, o que, a exemplodo ocorrido com outros in-ventores brasileiros, lhe fal-tou por parte do Governo.Mas, se por um lado tudoisso lhe faltou, sobrou ao po-bre e desiludido Padre Aze-vedo o desprendimento e,sobretudo, a plena certezade quando poderia ser útilà humanidade, abrindo mãode seus direitos. Fez, pois,cessão de seu invento, semauferir com isso a mínimavantagem pecuniária, emfavor de um americano doNorte.

Vê-se, pois, que sem o tra-balho constante de muitos,não seriam possíveis os nu-merosos modelos hoje exis-tentes, inclusive elétricos,em cujos reluzentes tecla-dos mãos hábeis e agilíssi-mas deslizam, emprestandoo seu concurso à eficiênciae rapidez necessárias à vidamoderna..'>0<K><><>0<><><>C><>0<><><><>

0A F E |

A fé é uma claridade <>que desfaz as sombras in- 0teriores. O que não crê qcomo o cego que anda 0tateando, sempre arris-cado a perigos, bastandoresvalar num talude paraprecipitar-se no abismo. 0

V — Coelho Neto. XXo><>CK><X><>0<><><><><>00<><1

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TRÊS MAUS E TRÊS BONS^Hl^I mm\^*fMm mm* ^^BWJZ. \mB mW\m Sr ¦>.»

&ÊÊÊ I PS rfflWt :&% Sr> &§ '#^^ vSS~4^F 2 ? W^^í üLSlgUUjll

NO quadro acima — uma cena de rua na véspera de Natal — entretantas pessoas, existem 3 que praticam más ações e outras 3 que,

ao contrário, estão fazendo o bem.Você será capaz de localizar essas 6 pessoas?Confira a sua resposta com o quadrinho que aparece, como solu-

ção, no fim do Almanaque.

A maior jazida de cristal de rochado mundo está localizada em Sete La-goas. no Estado de Minas Gerais.1 Dela se extraem mensalmente, cér-ca de trinta toneladas daquele pre-cioso minério.

O ouro pode ser laminado até for-mar uma folha 1.200 vezes mais dei-gada que o papel de imprimir. Umaonça, apenas, de ouro, pode estender-sse ate formar uma lâmina de 45 me-tros quadrados de superfície.

6i

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

fjmmmm\m\ IR^Av IV\ \V \\ =^ ^

QiWia daTRIGOR OMPIA a aurora. Um resplendor grisáceo esten-

dia-se pela campina silenciosa e brilhante derocio, e um vento fresco de início de Outono

fazia balançar as folhas das árvores. O estancieiroPedro, cuja essa se levantava em meio da planícieimensa, corre de um lado para outro chamando ospeóes.— Levantem, rapazes; a jornada será longa enão há tempo a perder !

Luiza, sua esposa, prepara na cozinha o café para^Víia peonada.

Momentos depois, ao longo da grande mesa,viam-se bolos quentinhos, pães, café e leite gordo.E os peões, precedidos pelo patrão, davam início àtarefa de prover de combustível as máquinas huma-nas, prontas para iniciar o rude labor diário. Naque-le instante a porta se abriu, aparecendo no umbralum. novo personagem, que foi recebido com grandealarido por todos os presentes.

Salve, velho! — gritou alegremente o estancieiro. — Parece que madrugaste. Queres trabalhar hoje conesco ?Tens sempre um lugar aqui, já o sabes.

O recém-chegado entrou. Era um velho muito vivo, robusto, embora um pouco curvado sob o peso dos anos e seurosto quase desaparecesse sob a alvíssima barba. Sempre de um lado para outro, trabalhava aqui e ali, nas estâncias,curava os enfermos, fossem pessoas ou animais, dava bons conselhos e contava velhas histórias, sempre contente e sa-tisfeito da vida. ¦ ¦Sente-se e ajude-nos a tomar o café — disse-lhe o dono da casa, fazendo um lugar a seu lado.

E o ancião sentou-se sem se fazer rogado, acompanhando os presentes no desjejum-. Em seguida, partiram ospeões para a planície imensa. Uma vez chegados ao lugar onde tinham que trabalhar, cada um tomou uma direçãc e,com passos lentos, puseram-se em marcha através dos sulcos. Suas silhuetas desenhavam-se sob o céu azul e, com osbraços estendidos, atiravam os grãos de onde haviam de surgir mais tarde as douradas espigas.

Estiveram semeando até tarde. Com a entrada do sol, tornaram à casa, silenciosos, fatigados, e se puseram a cc-mer calmamente. A satisfação do dever cumprido iluminava seus rostos rudes. Sentiam-se cansados, porém o trabalhoeleva o coração. Ao teminar a refeição, as crianças do estancieiro rodearam o velho peão.Conte-nos uma lustória! Uma história dos tempos antigos! — pediram. ,E o ancião não se fte rogado, pois gostava de contar velhas lendas. Alizando a longa barba branca, meditou umpouco e começou:

"Os anos que se passaram desde que isso aconteceu nem eu mesmo sei, eu que sou tão velho, meus filhos. Entre-tanto, os grãos de trigo qüe hoje confiamos ao seio da terra são menos numerosos certamente. Pois bem; naqueles tem-pos remotos, vivia em um povoado, cujo nome tão pouco poderia dizê-lo, uma raça de homens ímpios e duros de coração.Em uma colina próxima levantava-se a cabana de um ermitão, tão idoso que sua barba branca lhe chegava até aos pése que incessantemente rogava a Deus perdão para as crueldades praticadas pelos habitantes daquela terra.

Naqueles tempos, meus filhos, o bom trigo de pesadas espigas, o trigo de que se fazem hoje o saboroso pão branco eas bolachas douradas, crescia na planura sem que ninguém tivesse necessidade de preparar a terra, nem de semear, re-duzindo-se o único trabalho a recolhê-lo. Por conseguinte, no outono, quando chega para nós a época das duras tarefas dasemeadura, os homens daquela época não tinham nada que fazer.Quando eles colhiam suas espigas, o ermitão fazia o mesmo com as suas, no seu pequeno campo da colina. E, coi-sa curiosa! — a colheita daquele santo homem suplantava em qualidade à dos habitantes da planície e nos anos difíceis,-quando a escassês assolava o país, seu trigo se erguia abundante.Um dia, pela manhã, quando o eremita saiu da cabana, ficou pasmado. Em lugar das douradas espigas, montões decinzas cobriam a terra enegrecida. Os olhos do ancião marsjaram-se e, como os camponeses o olhassem com ar trocista,

Jnsultando-ojia sua infelicidade, com voz enérgica, sentenciou: u

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62 I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Que vossos campos sejam estéreis de hoje em diante !Quando buscardes vosso alimento nos lugares onde antes oencontráveis, só colhereis espinhos ou vagens com sabor decinzas !

A voz estentórea do anacoreta chegou até os ouvidos doshabitantes da aldeia. Forte, enérgica, parecia que descia docéu, como se Deus mesmo fora quem houvesse falado.

E o solitário tornou a entrar na cabana, enquanto oscamponeses, aterrorizados por aquelas palavras, se afastavam.

Eu não comerei o trigo que me resta — disse aindao ermitão. — Que seria dos pássaros que Deus envia para ale-grar-me ? Dar-lhes-ei deste trigo e durante um ano só mealimentarei de ervas e de raizes silvestres.

Apanhou os sacos de trigo, abriu um deles e tirou o pri-meiro punhado de grãos para oferecê-lo às suas queridasavesinhas.

E durante um ano inteiro o ermitão só se alimentou deervas e de raízes, atirando aos pássaros, dia a dia, o trigo quelhe restava.

Ao cabo desse tempo, uma messe mais abundante e fio-rescente que nunca rodeava sua miserável choupana. Os grãosao cair na terra, tinham germinado. Douradas e vermelhas,as espigas pesadas se inclinavam até o chão ao sopro do ventoque as acariciava. Entretanto, a vasta planura sobre a qualtinha lançado a sua maldição, permanecia na esterilidademais triste e desoladora. Os campos estavam devastados;nada, nem a mais insignificante plantinha brotara daquelasterras.

Chuvas fortes inundavam a terra convertendo-a emimenso lamaçal, sem vegetação alguma.

E, — caso raro! — no espaço reduzido, onde vivia o er-,mitão, brilhava perene o sol e a chuva espaçada caía suavee fresca, molhando carinhosamente a terra porosa. Na aldeia, entre os homens cruéis, a fome reinava com todo seuquito de dôr e amarguras. E o temor, a tristeza e o arrependimento roíam os corações daqueles que haviam queimado ocampo do anacoreta.

Um dia subiram até a choça dele em longo cortejo, fazendo súplicas e gemendo. Chegaram mesmo até a pobre ca-bana. Silenciosamente detiveram-se em volta dela e ajoelharam-se. Os mais velhos se adiantaram e, enquanto as crian-ças e as mulheres choravam, aqueles falaram:

Perdão! Temos sido duros de coração, invejosos, malvados e merecemos bem o que estamos sofrendo. Agora,colocamos todas as nossas esperanças em ti. Sê bom, tu para quem temos sido tão crúeis. Tem piedade de nossas lágrimas!

E o idoso ermitão ouviu as súplicas. Sua longa barba branca como a neve, e que lhe chegava até aos pés, pareceuumedecer-se com as lágrimas que brotaram de seus olhos quase apagados. Andou até os arrependidos, levantou a mãodireita até a altura do rosto enrugado e com voz suave, carinhosa, terna, cheia de cativante emoção, respondeu:

Não está em mim poder dissipar por completo vossos sofrimentos — respondeu o solitário. — Só vosso trabalho éque poderá fazê-lo. Só com o trabalho encontrareis a paz que desejais. Até o presente, as espigas cresciam espontânea-mente em vossos campos. Já que a preguiça vos conduziu ao vício e ao pecado, em conseqüência tereis que trabalharpara viver e não tereis mais trigo se não trabalhardes duramente a terra. E a tarefa será árdua. Não tereis trigo se não osemeardes nos sulcos, em quantidade tão grande que as aves do céu deles possam tirar a sua parte..."Trabalhai a terra, que é vossa fonte de alimento. Ide e nunca vos deixeis tentar pela preguiça e a inveja, que ambassão as piores conselheiras das criaturas humanas. Não esqueçais isso, para vosso bem.

DEPOIS de dizer estas palavras o ermitão deu àquelas pessoas que o foram procurar alguns sacos de trigo c elas se

afastaram cumulando-o de bênçãos.Entregaram-se ao trabalho com toda a dedicação. Com instrumentos grosseiros e pesados viraram a terra. Du-

rante várias horas estiveram a semear os grãos de trigo, grão por grão, e seus braços ficaram entumecidos pelo exercícioa que não estavam acostumados. O arrependimento, porém, havia abrandado seus corações e eles agora queriam imi-tar as virtudes do bom eremita. Puseram toda a boa vontade na tarefa que tinham a executar e sentiram uma alegriainterior que nunca tinham conhecido.

No ano seguinte, uma colheita magnífica, tão abundante como não recordavam ter visto outra os mais velhcs daaldeia, veio recompensar seus esforços e sua perseverança.

(Continua no fim do Almanaque)

sé-

TRADUÇÃO DE ZUTLA AMARAL

I 958 63

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

É SO SABERINTERPRETAR

AQUI à direita estão 9

desenhos, cada qualmais esquisito. Olhandopara eles, à primeira vista,o leitor fica intrigado: queserá que cada um represen-ta?

Bem... O caso é justa-mente este: saber como in-terpretá-los. Nisso consis-te o nosso passatempo: emsaber interpretar.

Olhepara cada um delese pense bem... A interpre-tação do autor é um poucoestapafúrdia, mas... con-vence.

Se de todo você não con-seguir uma solução, vire apágina ao contrário e en-contrará as devidas expli-cações.

Na preparação dopapel carbono .empre-ga-se cera de carnaúba.Em nenhuma outraparte do mundo existea carnaúba, somenteno Brasil.

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PASSARI N HO AMIGO DA ONÇA 0 SEGUNDO TAMBOR4- **->.

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64

O grande compositor francêsBerlioz havia já organiza-

do um concerto na cidade deMosca, e, poucas horas antes doespetáculo, o governador adver-tiu-lhe que só poderia realiza-Io se, dias depois, se apresentas-se novamente num espetáculogratuito, tocando êle tambémqualquer instrumento.

Mas eu não toco instru-mento algum! — balbuciou ocompositor, atônito.

Então, segundo o costumeda cidade, não tem direito dedar concertos.

As coisas estavam mal para-das, quando um homem idosose aproximou de Berlioz e mur-murou-lhe ao ouvido que acei-tasse que êle daria uma soluçãopara o caso.

No dia seguinte, Berlioz davao concerto gratuito, no qual fi-gurava como parte da orques-tra tocando modestamente umobscuro segundo tambor...

I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

UMMÁRTIRDACIÊNCIA

ÁLVARO Alvim, o introdu-

tor da eletroterapia noBrasil, gloriosa vítima da de-dicação à ciência e do amorpela humanidade, é uma dasexpressões mais legítimas damedicina em nosso país. O jor-nal "O Paiz", ao registrar asua morte, teve estas pala-vras: "Para esse nome, todo ovocabulário seria escasso e pá-lido. Mutilado, aleijado embo-ra, realizando milagres de des-tresa para suprir a deficiênciadas mãos enfermas, nunca de-sertou do seu posto nas trin-cheiras da campanha perma-nente contra a morte. E estavingou-se dele, reservando-lhe, ante a hora de conquistaro eterno repouso, angústiasque nenhuma pena consegui-rá descrever. Mártir e herói,ficará eternamente na memó-ria dos seus compatriotas. He-roismo bom, heroísmo sagra-do, que se traduzia em atos debondade, que, ao invés deagredir e molestar, ampara-va e protegia, que, longe deservir aos interesses da morte,só se agitava a favor da vida.É o martírio que, por bemconsciente, por voluntário, porintencional, é uma fonte demeditações edificantes e puri-ficadoras, para quantos habi-tam o país onde êle flores-ceu."

XT ASCEU Álvaro Alvim a 16A>l de abril de 1863, na ei-dade de Vassouras, Estado doRio de Janeiro. Formando-seem medicina, em 1888, estabe-1958

leceu-se com clínica no Rio deJaneiro e montou o primeirogabinete eletroterápico doBrasil. Realizou várias via-gens à Europa, trazendo sem-pre novos aparelhos. Foi quemprimeiro instalou em nossopaís um aparelho de Raios X.Devotado ao extremo aposto-lado, Álvaro Alvim desprezouos perigos a que se arriscava.E conhecendo-os não recuounos seus propósitos humani-tários. Uma das mais expres-

¦~-»»»»»»---a-----_____«____-______»

sivas vitórias do mestre foi aradiografia das irmãs xifópa-gas, operadas pelo famoso dr.Chapot-Prevost, fato que teverepercussão internacional. Otrabalho de Álvaro Alvim foi,nada mais, nada menos queuma surpresa geral, pois eraa primeira vez que, em todo omundo, se conseguia esse re-sultado.*VT O meio da intensidade de¦^ sua luta científica, oilustre brasileiro recebeu o pri-meiro golpe do destino. A prá-tica constante da radiologialhe trouxe uma grave lesão.Em 1918 sofreu uma operação

na perna. Três anos depois,submeteu-se a nova operação,em Hamburgo, desarticulan-do dois dedos da mão direita.

Várias outras vezes Álvarovoltou à Europa, a fim de ten-tar salvar a vida que o iaabandonando, através de so-frimentos horrorosos. Em1924, foi forçado a amputar amão de um lado e o antebraçodo outro. O sábio eminente, ohomem de coração e de tãoalto espírito de solidariedadecoletiva, era um mutilado. E oseu martírio havia de conti-nuar ainda.

P M 1923, o Congresso Na-¦*-^ cional concedeu-lhe amedalha humanitária de Iaclasse. Ainda o Congressoaprovou um projeto de lei dodeputado Antônio Austregé-silo, adquirindo por duzentoscontos o gabinete de ÁlvaroAlvim.

A 21 de maio de 1928, o mar-tir glorioso deixava de existir.Até o momento derradeiro, su-portou dores cruéis, sofrimen-tos inexoráveis.

A vida de Álvaro Alvim con-tinua clara diante de nós,como um dos raríssimos exem-pios de dedicação supremapelo bem do próximo. Não co-nheceu o grande cidadão doBrasil um momento de vacila-ção. Seu apostolado veio doidealismo até à tortura física.O epílogo dessa vida pode seassemelhar a um verdadeiroCalvário. Carregou a sua Cruzpela salvação dos seus seme-lhantes. Não pela cura daalma, mas pela cura do corpo.Com a tragédia da sua carrei-ra científica, deu uma provade que o mundo, com os seuschoques de ambições e de ego-ismo humanos, ainda podepossuir consciências limpas esuperiores, capazes de lutarpela felicidade alheia.

A. P.65

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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COM bastante antecedência, aqui está uma "careta"

para o seu próximo Carnaval-Recorte-a colada em morim ou em papel forte (de embrulho), recorte o nariz (linhas

interrompidas) e retire a parte branca dos olhos. Nos pontos pretos de cada orelha, enfieum barbante, com um nó, para amarrar na cabeça.66 I 958

ALMANAQUE 0'O TICO-TICO

OwT BISSEXTO ILUST. TOR:?Hrroiiio>AetfT

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>^^Tn\i MATILDE ||áf F=í rii IJ^^5JC_tó__^^^^^^rt-

SUA Majestade Felipe II, rei da Espanha e Portugal, me-

ditava em voz alto: "Esta noite será a mais longa queo homem já conheceu". Seu secretário respondeu sorrindo:

— Talvez seja conveniente aprovisionarmo-nos com onecessário para dez dias ...

Transcorria o ano de 1582. Felipe e seus súditos de Es-panha e Portugal, assim como quase todos os habitantes...

_^CZs?^^^^S'^^55íSÇí^' Mr^Laaam^^^*"^*^

... da França e da Itália, se deitaram para dormir numa

quinta-feira, dia 4 de Outubro, e despertaram no dia segt';n-te, sexta-feira, 15 de Outubro. De fato, naquela data. .anoite para a manhã, se suprimiram dez dias do calendário,em virtude das ordens de S. S. o Papa Grcgório XIII, com oobjetivo de solucionar o problema do ano bissexto. Esta re-forma do calendário é um dos grandes feitos que honram o ...

... pontificado desse Papa. As nações católicas adotaramem seguida o calendário gregoriano. Outros países, onde pre-dominavam os protestantes, se opuseram durante muitosanos a abandonar o calendário velho, com seu errôneo cál-culo do bissexto. Alemanha e Dinamarca adotaram o calen-dário gregoriano em 1700. A Grã Bretanha adotou-o medion-te um ato do Parlamento, em 1752.

I 958 67

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Existe em certos países o tradição popular de que o ano bissexto confere odireito de inverter os papéis nos assuntos amorosos, isto é, que a mulher goza doprivilégio de propor matrimônio ao homem de seu gosto. Que relação pode haverentre semelhante frivoiidode e as solenes e importantes decisões de Conselhos eParlamentos, de soberanos e Pontífices ?

Ainda que pareça incrível, existe a relação. Com efeito, o ano bissexto é omenino travesso e irresponsável do calendário. Ã sua "palhaçada" se deve que osrussos festejam o Natal em 7 de Janeiro.

Por outro lado, o homem conseguiu descobrir que a terra gira ao redordo Sol, graças aos estudos levados a efeito para resohrer os problemas...

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... marca um dia, o qual, por puro con-veniência, dividimos em 24 períodos ar-bitrários, que chamamos horas; por ou-tro lado, o ano é o período de tempo queleva a Terra para completar suo órbitaao redor do sai. Si os céus obedecessemàs regras de matemática ditadas pelohomem, um certo número completo dedias constituiria um ano.

Assim não ocorre. Segundo cal-culam os astrônomos, o ano eqüivale...

suscitados peloano bissexto-. Se oscorpos celestes coo-perossem com- o ho-mem, não necessito-ríamos de anos bis-sextos. Mas tanto onosso planeto comoos demais ostros po-

recém depreciar por completo os sis-temas de numeração idealizados peloshomens. 0 principio da dificuldadeestá em que o ano não é múltiplo exa-to de um dia. Uma revolução compie-to do Terra em redor do seu eixo . ..

. a 365, 242.216 diasseja, 365 dias, 5 ho-ou

ras, 48 minutos e 45,7segundos. Pretender dividir

o ano en* dias é o mesmoque tentar a quadratura do cír-

culo: sempre encontraremos umresto. E' este resto o que malogra o calendário, pois não podemos pôr nelefração de dia; a única maneira de ajustar a fração excedente consiste em re-correr oo ano bissesto.

O método atual de calcular o ano se deve aos eclesiásticos do século XVI;calculamos 365 dias para o ano normal, e acrescentamos um dia ao quartaano, com uma importante salvaguarda, que é o ponto principal do reformagregoriona: os anos que terminam em OO não tem mais que 365 dias, excetoquando são divisiveis por 400. Daí não ter havido ano bissexto entre os . . .

68 1958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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... anos 1896 e 1904. Por que nos preocupamostanto com a exatidão no que se refere ao cál-culo do ano bissexto ? Simplesmente porque senão equilibrarmos continuamente o calendário,a fração excedente de dia, acumulada ano apósano, terminaria por deslocar o ritmo das datase das estações.

Sem a compensação metódica do ano bis-sexto, a data do Natal se iria adiantando, e aocabo de 20 séculos o dia 25 de Dezembro...

... coíria em pleno ve-rão no hemisfério seten-tríonal e no inverno nomeridional. Na Rússia,onde a igreja Ortodoxanunca aceitou a refor-ma gregoríana do colen-dá rio, dia 25 de De-zembro corresponde aonosso 7 de Janeiro.

Os calendários ante-cedem o relógio em mui-tos séculos. Nas socie-dades primitivas dedica-das ao pastoreio e àagricultura, não havianecessidade de medir otempo em horas e mínu-tos, e sim era preciso le-var em boa conta os diase as estações paro obom cuidado e aprovei-tamento de rebanhos ecultivos.

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5 Os egípcios seguiam este último sistema, e cabe aqui as-sinalar que precisavam verdadeiramente de um calendárioexato, para poder determinar a época das inundações periódi-cas do Nilo, das quais dependia o bem-estar do país. Os as-trónomos egípcios lograram realizar observações de surpre-endente exatidão. Quatro mil anos antes da era cristã abon-donaram o calendário lunar e o substituíram por outro baseodo inteiramente no Sol.

O calendário solar dos egípcios se compunha de 365 dias,o mesmo que o nosso atual ano normal, porém os astrônomosdas corres faraônicas notaram que esse sistema era imper-feito. Em cada quatro anos, a saída da brniiairre estréia ...

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Quase todos os calendários da antiguidade se baseavam nas evoluções da Lua, a qualpercorre sua órbita ao redor da Terra em 29dias, 12 horas, 44 minutos e 2$ segundos.Os astrólogos daquele tempo não calculavamminutos nem segundos, porém sabiam que ociclo da Lua durava vinte e nove dias e meio.Em conseqüência, o mês lunar dos antigos ai-ternava entre os 29 e os 30 dias. Doze dessesmeses lunares constituíam o ano típico dasprimeiros civilizações de que temos notícia,contando dito ano 354 dias, ou 360 se calcula-vam em 30 dias completos o mês lunar.

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. . . Sirio parecia atrazar vm dia. Sabiam que os movimen-tos da estrela eram constantes; se existia uma discrepância,o erro forçosamente devia ser do calendário. Para corrigi-lose lhes ocorreu (em o ano 238 a. C.l acrescentar um diacoda quatro anos, ou seja, que o quarto ano tivesse 366dias. Esta foi a primeiro vez que se propôs a introdução doano bissexto; porém os egípcios não chegaram a pôr emprática a reforma. A força do hábito se opôs e venceu ainovação.

Quando Júlio César chegou com as legiões romanasao Egito, soube apreciar que o calendário solar ero muitomais exato do que o romano. Ero este tão deficiente que detantos em tantos anos tinha-se que acrescentar um mêsem continuação da data que hoje conhecemos como o 23de Fevereiro. Quando Júlio César ascendeu ao poder supre-mo em Roma, começou a se ocupar da reformo do caiendá-rio, e com este fim empregou o famoso astrônomo alexan-drino Sosiqenes que abandonou o calendário dos meses iu-nores em favor do método egípcio, boseado em cálculossolares.

,1958 69

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Assim teve sua origem o Ca-lendário Juliano, chamado assimem honra de Júlio César, e queconsiste de 12 meses, ou 365 dias.De quatro em quatro anos se adi-ciona mais um dia, precisamentena data em que antes se acres-centavo o 13.° mês.

Os romanos dividiam o mês emtrês períodos, e os dias nâo se de-signâvam por nomes e sim nume-ros. Para êle, o nosso 23 de Feve-reiro era "o sexto dia antes dascolendas (primeiro de Marcou".O dia extra introduzido pela re-forma do calendário Juliano seintercalou a seguir a deste sextodia, ou "sextilis" e daí vem o nomede bisextilis (duas vezes sexto),ou bissexto.

Ainda hoje em dia não é rarover em documentos oficiais a ex-

pressão latina "bisextilis", tra-tando-se de bissexto, e possível-mente, se devem a esto expres-são olgumos dos curiosas tra-dicões que se observam em certos

países. Quem não conhece o la-tim acredita que bisextilis signi-fica "dois sexos", em vez de

"dois sextos" do antigo calen-dário romano, e assim surgiu alenda de que o ano bissexto con-cede privilégios especiais às pes-soas do sexo feminino, como foidito.

Por exemplo, se o 29 de Julhocái em segunda-feira, no ano se-guinte cairá em terça-feira, e as-sim sucessivamente.

Nos anos bissextos, ao termi-nar o mês de Fevereiro, o dia dasemana avança dois dias, em vezde um.

Assim temos: o 25 de Dezem-bro caiu em sexta-feira em 1953;em sábado em 1954; em domingoem 1955; e em 1956 em terça-feiro, quer dizer, "saltou" a se-gunda-feira. Por isso, em inglês,o ano bissexto se chama "leap

yàr", que quer dizer ano desolto.

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A Constantino o Grande se deve a adoção geral da semana cristã, dando nomesaos dias e reservando o primeiro da semana como dia de festa ou sagrado. Modificou,assim, o calendário Juliano e a semana substituiu os antigos períodos de dez dias. Senpovo achou fácil contar os dias em grupos de sete, cada dia com seu nome. Tal práticaintroduziu outra complicação no calendário.

O ano normal de 365 dias abarca 52 ssmanas mais um dia. Com este sistema, odia da semana em que cái determinada data se adianta em cada ano que passa.

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Tornemos a considerar o calendário g regoriano. Com o fim de retificar os errosque se haviam acumulado desde os tempos de César, suprimiram-se 10 dias do calen-dário de 1582; e para evitar a futura acumulação de erros desta natureza, a reformagregoriana estipula que de cada quatro centenários (terminados em 00) três deverãoter 365 dias, em vez dos 366 do calendário juliano.

70 1958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Wf/^/S. \fc~/ V^vVvVoSwis' /'r ^ ¦* ,nou9uror ° calendário gregoriano, os credores fo- IW\\\\\\\_r- /^,~. O ~Jf AXv^VV^^/fc*^ rom obrigados a conceder mais dez dias de prazo em favor I

BT^v\j*i^ir^ T >Kvv3cvir'y'/í'~N>^ àos devedores atingidos pela modificação.

IwOnNvVcí f/U tSsSkSry/tfC^ ^oro CY'*ar 1ue houvesse erros só os impressores ofi- IbTI "!{^2oyV \ \ Vafi5^\/o (v í^^ c'°'s t'verQrn 1'cença para imprimir um novo calendário, e I

Bk5 \ _r"^ MS^%lf^- -^fo\~7\ t-^f/rtl °.uon<'o ficou pronto, foi publicado e afixado nas portas dos IHsW° \C^ (/f\(jis!S*»^ ((L&JsAsíi((jÈ templos, e inseridos nos anuários eclesiásticos.

Wé^^=^L°°° üfèrfTm ta XbbbW^StT\ ^H^^^wWJm^^ÊlBBBBBr^I\ ~tM^^^^^-J^ÊsIbbbbbP^^^^Êâ ^¥^1

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Os prejuízos religiosos e intele-ctuais prevalecentes em certos pai-ses, travaram e retardaram a ado-ção do calendário; porém, gradual-mente, quase todo o mundo civili-zado terminou por adotá-lo. NaRússia, o calendário gregorianorege a vida civil, embora a IgrejaOrtodoxa Oriental russa mantenhao calendário juliano.

O adiantamento cientifico dosúltimos séculos tem resolvido cer-tos aspectos do problema do caiendório.

Sabemos agora, por exemplo,que o gregoriano não é absoluta-mente exato, e que perde 26 se-gundos coda ano.

Móis tarde ou mais cedo essodiferençça terá que ser compensa-da, intercalando mais um dio emcada 3323 anos ...

Do ponto de vista prático, aimperfeição é insignificante.

A ousada reforma do PontíficeGregório XIII deu solução ao

problema criado pelo ano bis-sexto.

^&%é*VSA

I 958 71

ALMANAOUE D'0 TICO-TICO

OS SAPATINHOSENCANTADOS

ERA uma vez um pobre rapaz

que não tinha pai nem mãenem parentes e vivia na maior

miséria. Chamava-se Ali. Um belodia, esse pobre rapaz andava pelarua procurando trabalho, não acha-va, e só tinha no bolso cinco pias-trás; era toda a sua fortuna.

E andava êle pelas ruas, quandopassou por um leiloeiro que estavavendendo uma porção de cousas dis-paratadas. Ali ouviu-o gritar assim:

— Um par de sapatinhos! Quemquer comprar uns sapatinhos de ve-ludo ? são lindos e vendo-os apenaspor cinco piastras.

Ali parou. Os sapatinhos eram jáum pouco velhos, mas muito bani-tos, de veludo negro, com uma bolaencarnada... O rapaz não se conteve.

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72

Entregou as cinco piastras ao lei-loeiro e levou os sapatinhos. Mas,chegando em casa. se arrependeu.

Ora, para que fui comprar isso ?— disse êle suspirando. Sem sapatosde veludo eu podia viver, perfeita-mente. Sem comer é que não posso.E fiquei sem dinheiro *....

Enfim, já a tolice não tinha re-médio; o melhor era resignar-se. Ejá meio consolado Ali calçou os sa-patinhos e estava a admirá-losquando ouviu bater à porta e umavoz furiosa gritar:Espera aí, malandro! Quero tedar uma lição! Ou pagas tudoquanto me deves ou dou-te umasova.

Ali recuou com medo. A voz era ade alfaiate a quem êle devia 30 pi-

astras. Procurou esconder-se, mas não teve tempo. Oalfaiate já tinha arrombadoa porta e entrou. Ali ficoutão assustado, que nem tevecoragem de se mexer: dei-xou-se ficar no meio doquarto.

O alfaiate entrou e põs-sea olhar para todos os ladoscomo se o estivesse pro-curando e disse furioso:

— Ali, malvado. Não es-tás aqui. Mas deixa estar;voa ficar lã em baixo espe -rando-te e quando chega-res levas uma surra!...

Disse isso e saiu.Ali ficou admirado, sem

compreender como é que,estando êle em pé, no meiodo quarto, o alfaiate não ovira... Nisto olhou para oespelho e ficou ainda maisespantado por não ver aprópria imagem refletida.Imaginou que o espelho es-tivesse estragado, mas no-tou que todas as outrascousas do quarto se refle-tiam. Só êle não aparecia.

O pobre rapaz compreen-deti. então que se tornarainvisível.

42^-

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Que bom ! — exclamou êle —Que bom! Por isso é que aquelemalvado não me bateu ! Mas comoé que eu fiquei assim 7

Nisto de tanto êle pular, os sapa-tinhos fugiram-lhe dos pés e ime-diatamente a sua imagem apareceunítida e perfeita no espelho...

Viu então que os sapatos é que ti-nham o dom de o tornar invisivel.

Bravo* — murmurou —comeles nunca mais passarei fome. Heide jantar onde quiser sem ser vistopor pessoa alguma Para começarvou jantar hoje no palácio do rei.

Invisível como estava, saiu de ca-sa, passou mesmo diante da loja doalfaiate, atravessou toda a cidade eentrou pelo palácio sem que as sen-tinelas fizessem um gesto paradetê-lo.

Lá dentro, os salões estavam bri-lhantemente iluminados e cheios defidalgos com vestuários esplêndidos.Ouvindo as conversas. Ali soube que,nesse dia, o rei oferecia um ban-quete aos soberanos de dois paísesvizinhos que o tinham vindo visitar.

Quando o rapaz penetrou no sa-lão de honra já todos estavam ãmesa e um lacaio se aproximavalevando uma sopeira de ouro.

Vejam ! — exclamou o rei mos-trando a sopeira — isto é a maispreciosa sopa do universo. Feita úni-camente de ninhos de andorinha,,por uma receita que mandei buscarna China.

Ali, que estava com muita fome.não resistiu mais; arrancou a so-pelra das mãos do lacaio, e levando-a à boca enguliu toda a sopa emmenos de um minuto.

O lacaio ficou espantad»ssimo. Nãovira ninguém, notara apenas a so-peira saltar das suas màos. Apa-nhou-a e levou à mesa, mas, imagi-nem o espanto dos três reis quandoviram que ela estava vasia.

Quem ousou fazer-me tamanhaafronta ? — gritou o primeiro rei íu-rioso.

Isto até parece feitiçaria — disseo segundo.

Depois acalmaram-se e, não po-dendo descobrir a causa daquele pro-

1958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO5:,,"i»!uiiiui»ii»iiiiiíM:!iiiiK-[ii!ii!!:i:iii],...iiiimtraiirairaiiimi!!iiii!!i!iii;iiiii!iiiiimiiiíiiiiiiii!iiniiiiim

I NOMES QUE NOSDIZEM ALGUMA COISA J

C fcNDOWI

Tradução da Prol. IEDDA LUIZA=J

iiHiiiiitiiiiiiimimmiiiiiiiniiiiiiiiiiililillllliiini nmiiiiiniliHiiiiiwmuiim^m,,,.,;,,,),^

FILHO de um dinamarquês e de uma sueca, Eugene

Sandow nasceu em Koenlgsberg em 1888. Afirmouêle, em suas memórias, ter tido uma Infância ado-

entada, declarando, ainda, que começou a se interessarpelos exercícios fisicos ao admirar a musculatura dasestátuas antigas, no curso de uma viagem ã Itália.

Criou, então, para o seu uso, um sistema de educa-ção física, mais tarde, chamado Método Sandow. Sabe-se que Sandow era, aos vinte anos, magnífico atleta,bem proporcionado, com boa estatura (1 m. 75 cm.)

Um dia. quando se banhava na praia do Lido, emVeneza, sua beleza chamou a atenção do pintor inglêsAubry Hunt, membro da Academia Real, que lhe pediupara posar.

Os dois homens tornaram-se amigos e, durante umaconversa, o artista comunicou a seu modelo que um cam-peão de força, chamado Ciclops, então atuando em Lon-dres, no Real Aquarium, oferecia cem libras esterlinasa quem o Igualasse em suas façanhas e mil a quem osuperasse.

Alguns dias, mais tarde, Sandow estava em Londrescom um professor de educação física, o belga Louis AtiUaque lhe servia de intérprete, pois, nessa época, aindanão falava inglês.

O encontro com o campeão teve lugar no Real Aqua-rium, a 2 de novembro de 1889, em meio a uma salacheia. Sandow triunfou em todos os exercícios. Mas nãose saiu bem quanto ao pagamento do prêmio oferecidoe que lhe era devido.

Em compensação, grangeou enorme publicidade e,incontinentl, foi contratado para trabalhar no Alhambra.

Sua carreira no teatro devia se prolongar por maisde um quarto de século. Seu número, aperfeiçoado anose anos, conportava poses plásticas verdadeiramente es-petaculares: Sandow percorria o palco sustentando umcavalo acima da cabeça ou levando sobre o peito umpiano e oito músicos, numa carga de cerca de 800 a 850quilos. Entretanto nunca se proclamou o homem maisforte do mundo.

Os reis da força, nesse tempo, eram os franceses;nenhum deles tinha no palco a estatura imponente deSandow, que era um modelo de beleza plástica.

Sandow tornou-se o ídolo de Londres. De rara be-leza, as mulheres admiravam não só seus músculos mas

também sua fisionomia, finamente talhada, os cabeloslouros, ondulados naturalmente, os olhos azuis, a pelefina.. Os negocistas compreenderam logo que poderiamtirar bom partido da fama do jovem atleta.

O método Sandow foi lançado com grande alvoroçoe oito escolas foram abertas, quase ao mesmo tempo,para aperfeiçoar o físico, em diferentes bairros da capi-tal inglesa, enquanto diversas sociedades foram funda-das com o fim de gloriíicar Sandow. Apareceram, então,os "alteres" Sandow o chá Sandow, as correias San-dow, os cremes de beleza Sandow e, por fim, o "San-dow's Develloper" famoso ginásio sob o patrocínio deuma grande firma manufatureira de borracha.

Êle chegou mesmo a aparecer em pedaços e parti-turas de músicas a "Marcha dos Atletas" e "Sandowia."Sandow que era um educador de primeira ordem, for-mara monitores que ensinavam nas várias escolas e en-tre dois contratos, inspecionava, pessoalmente, os esta-belecimentos que levavam seu nome.

Naturalizado inglês, transpôs o canal da Manchapara >se fazer aplaudir no "Casino de Paris", depois atra-vessou o Atlântico, para ir aos Estados Unidos da Amé-rica do Norte numa grande "tournée" organizada porZiegfeld. Todos os reis queriam vé-lo e em São Peters-burgo, Rússia, conseguiu surpreender Alexandre m: otear rasgou diante dele um baralho, «m quatro partes,contendo cinqüenta e duas cartas; Sandow repetiu ogesto com cento e cinqüenta e seis cartas. Morreu t-m 1926.arrebatado por uma enfermidade que durou algumas se-manas. Os ingleses, que o tinham idolatrado em vida,mandaram esculpir sua efígie no "Museu Rensington",de Londres, e «eu nome figura duas vezes no dicionário,com maiúscula, primeiro, depois, com minúscula, e se-guido da definição seguinte: cabo elástico, utilizado co-mo extensor para exercícios de ginástica.

E* curioso observar que Sandow foi vitima de sua pró-pria força. Seu automóvel estava atolado numa vala eêle quis safá-lo de lá, erguendo-o por trás, sozinho. Maso esforço despendido lhe provocou uma lesão na espinha,da qual não mais se recobrou.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Quantas lâmpadas serão? Triângulos e estrelasconsiderados amuletos

OS melhores jogadores daquele Clube de Tênis resolveram formar

um grupo, para uma fotografia que deveria perpetuar as vitó-rias da agremiação.

O fotógrafo, querendo tirar uma boa pose, acendeu na sala todasas lâmpadas que tinha em casa. Quantas foram... você é que irá des-cobrir. Quantas lâmpadas são visíveis no desenho ?

(SOLUÇÃO NO FIM DO ALMANAQUE).

OJUCAQUERIA

GANHARTEMPO...

AS pessoas superticiosas usam correu-

tes com balangandás e objetos sim-búlicos, entre os quais figura, quase sem-pre, um triângulo ou Dnu estrela «te cincoou seis pontas.

Náo se trata, como muita gente pensa erepete, de emblemas tomados à maçonaríaou às religiões orientais, mas das "chavesde Santo Huberto" que, do século XIX atéa época dç Pasteur, constituirá a única pro-teção das populações contra a raiva.

Durante esse período, e, mais particular-mente, até o fim da idade média, as pessoasmordidas por um cão que se supunha rai-voso eram levadas à cidade de Santo Hu-berto, pequena localidade do Luxemburgo,onde estão depositadas as relíquias do Santo.

Ali eram submetidas a uma operação queconstava duma incisão angular na fronte;dava-se um talho na pele, que era levantada,e se colocava sobre a carne viva minúsculopedaço do hábito de Santo Huberto.

Em seguida o paciente devia observar cer-ras prescrições higiênicas.

Fechada a ferida, a cicatriz apresentava afôrma de um triângulo e os doentes não ape-nas estavam preservados para sempre Ja rai-va. como podiam, ainda, pela virtude daqueletriângulo, e em determinadas condições,curar todos os da família.

Quanto à estrela, era aplicadr. pelo curada paróquia, com o auxílio de um ferro embrasa na testa dos animais mordidos pelocão suspeito.

£ muito difícil saber se o valor dessa te-rapêutica era real: a maior parte das pes-soas que recorriam a esses processos não es-tava, provavelmente, ameaçada de raiva, masparece certo que algumas curas miraculosasforam obtidas.

De qualquer maneira, as chaves de SantoHuberto se tornaram em breve tempo sim-bélicas e foram representadas, a título deprevenção, em todas as casas de residênciase nas moradias destinadas aos animais. Pou-co a pouco, com o correr do tempo, foramperdendo o caráter de preservativo contra araiva e se tornaram talismãs capazes de afãs-tar as desgraças de um modo geral.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

dígio. continuaram a jantar. Veio osegundo prato, que era um salmãodas índias. Mas Ali estava alerta,quando o rei ia se servir êle esten-deu © braço e agarrando no salmão,devorou-o com grande apetite.

A raiva do soberano desta vez foiterrivei. Ordenou que o terceiro pra-to viesse, trazido com as maioresprecauções.

fantástico e toda a gente dizia queo rei havia chamado os sábios maissábios de todo o reino para desço-brirem aquele mistério. Os sábios le-varam um mês estudando o caso,mas não conseguiram explicá-lo.

Então, o rei mandou anunciar quedaria a mão da princesa Apotônia,sua linda filha, a quem lhe desse aexplicação do desaparecimento doseu jantar.

teu a quem lhe explicasse como éque o jantar desapareceu !

Mas tu é que eras o ladrão, omiserável ! Eu vou é mandar-te en-forcar...

— Não creio.Como, maroto, pois tu te atre-

ves a duvidar do que eu digo?Não, real Senhor, — respondeu

Ah, multo sério — bem sei que pa-lavra de rei não volta atrás. Por isso

O lacaio trouxe o prato,escoltariapor dez archeiros armados até osdentes. Desta vez era um pastel defaisão cercado de rôlinhas assadas.

Apesar dos guardas, Ali,caminhan-do de costas diante do lacaio 7comeutudo em poucos instantes.

Todos viam o prato ir ficando va-sio pouco a pouco,sem que se sou-besse como se esvasiava. O rei ficoutão indignado que se levantou damesa e não quis mais comer.

A vista disso, Ali saiu do palácioe fugiu para casa C-TTínáo a bom-correr.

No dia seguinte, em toda a cidadenão se falava senão naquele caso

Ali, quando soube disso, correu aopalácio e disse que queria falar aorei. Levaram-no à sala do trono7on-de estavam o rei, a rainha, a prin-cesa e toda a corte. Ali disse ao reique mandasse vir um prato de doce.O rei, intrigado com o pedido,man-dou vir. Então Ali, calçando rápida-mente os sapatinhos encantados,tornou-se invisível e assim fez de-saparecer os doces, comendo O".

Feito iç_c descalçou os sapatos eexplicou tudo ao rei, acabando porpedir o prêmio.

Que prêmio ? — perguntou oTei, furioso.

O que Vossa Majestade prome-

é que peço o prêmio. Vossa Majes-tade declarou que daria a mão daprincesa a quem explicasse o misté-rio. Eu espliquei...

O rei refletiu um instante, mur-murando: — "Estes sapatos são ad-miráveis Com eles eu poderia sabero que fazem os meus ministros e oque diz o povo..." E acrescentou emvoz alta:

— "Está dito. A minha palavravale ouro. Cumprirei a promessa,mas com uma condição: tu me da-rás os sapatos"

Ali aceitou, e ai está como um po-bre rapaz casou com uma lindaprincesa.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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ESQUI MAUS

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EXISTE entre os esquimaus, apesar de sua aparen-

te falta de civilização, um código de bôa educaçãoque é preciso respeitar se se quiser viver com eles emboa paz. É melhor e mais útil conhecer de antemãoa essência de tal código, que não está escrito, masque tem que ser aprendido paulatinamente e à custade sacrifícios... caso você pretenda ir algum dia àsfrias regiões da Groelândia distante...

Primeira precaução: adote, ao chegar, um nome,simples e fácil de pronunciar. Não espere que esco-lham um para você. Os sobrenomes são baseados, ge-ralmente, sobre particularidades biológicas, e seuamor próprio poderá ressení.ir-S£. Áiiieriormente,cviarido éies se saudavam, batiam os narizes uns nosoutros, este costume está desaparecendo e está sendosubstituído por um aperto de mão, mas não umaperto de mão como se faz entre nós, e sim em elevaras mãos até a altura do rosto, sorrindo e depois dei-xá-las cair lentamente.

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Você será apreciado como "homemfino" se puder comer carne crua (aski-mai quer dizer carne crua); quantomais repetido e mais cheio o prato, maisimpressionará a assistência. Essa refei-ção consiste de carne de foca, baleia ourena.

 hora do chá (que é fervido du-rante duas horas) não estire o braçopara tomar o seu, sob pretexto de quesente frio ou cansaço. Espere até quelhe ofereçam, embora já esteja comple-tamente gelado, pois esperam que to-dos estejam juntos para bebè-lo. Umavez servido o chá, comem-se as folhasque ficarem no fundo da chávena. Sãomuito alimentícias, segundo eles afir-mam...

Os esquimaus são pessoas cheiasde gentilezas asiáticas, ante as quais obranco se sente um pouco confuso. Des-cendem de tribus asiáticas, mais anti-gas que a raça mongólica. Vivem naGroelândia, a leste da Sibéria, Lavra-dor, Alaska e norte do Canadá.

Não é considerado civilizado, en-tre eles, aquele que não sabe demons-trar suas emoções pela expressão fisio-nómica; não dê mostras de mau hu-mor por causa da tormenta nem seinquiete por não saber se chegará bemao final da travessia; não faça pergun-tas, nem se queixe por nada; não per-gunte o que se fará ou não amanhã;digí_ apenas sim ou não sem outras pa-lavras intermediárias.

Aprenda a ter paciência e filosofia.Não possuindo estas qualidades é con-.siderado sem cultura; assim, quantomais mau humorado se estiver mais sedeve sorrir. Senão, passará como sendolunático ou perigoso.

Se em viagem alguém tem a máidéia de impacientar-se, mais voltas lhefarão dar, pretextando haver-se perdi-do. Na realidade lhe querem ensinar aarte da paciência. Se há grande tor-menta, cuidado para .não se queixaiNo máximo se poderá dizer: "Não fazmuito bom tempo".

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Tudo deve ser repartido entre todos; as-sim se corre o risco de nada possuir decorridotrês dias. Armazenar provisões é revelar-seegoísta. Se o fizer, você correrá o risco de o dei-xarem sozinho, sobre a neve, para ensmá-lo aser generoso.

É inútil querer explicar-lhes que tem ummétodo mais prático de fazer as coisas. Nãoconhecem outro modode trabalhar e acredi-tam ser o seu o melhor.

São prudentes comos brancos; prudentese reservados, com o quedesejam testemunharrespeito à liberdade in-dividual.

Se um esquimau ovisitar com um fim de-finido, sorria-lhe, inda-gue se quer chá e ofe-reça-lhe cigarros. Fale-lhe depois do tempoque fará; da doença doseu cão de estimação,porém evite o assuntoprincipal Ele acabarápor expô-lo se você apa-rentar ser bastante dis-traído para não perce-bê-lo, e ainda assim ofará indiretamente.

Se se lhe pede umacoisa e se lhe dá algoem troca o esquimau fica sa-tisf eito. Se se lhe dá algo enão se lhe pede nada em tro-ca, começa logo a suspeitarde você, e pode ser que lhe fur-te, por julgar que você tem de-mais.

Têm muita habilidade parafazer vestidos de pele. Na rou-pa estrangeira sempre encon-

mestre na arte da pantomima. Por isso, se ai-gum o estiver imitando, não se aborreça. Riae trate de imitá-lo também.

O valor da mulher esquimau está na ca-pacidade de saber enfrentar as necessidades.É ela que tem que correr diante do trenó decães para guiá-los, que se ocupa dos cachorrose dos filhos, que ajuda a construir o igloo (ca-

casa de neve), prepa-rar o leito de algas sê-cas e penas de gansodo norte, cuidar dalâmpada de azeite, tra-zer água, às vezes blo-cos de gelo que serãoderretidos, mordercouro para amaciá-lo,na confecção dos calça-dos, costurar as rou-pas e consertar as es-tragadas. É a ajudanteindispensável do ho-mem.

Se um velho esqui-mau vai (~_r___aando ediz: "Não quero ir maislonge", não se pôde di-zer nem fazer nada. Es-pera-se que mude deidéia. Espera-se o tem-po que for preciso, semreclamar. Ou volta-se.

Se um esquimau tem-lhe ojeriza por qualquer

trarão defeitos. Por outro lado, motivo, não demonstre inquie-evite falar de sua roupa nova. tação; ao contrário, redobreSe o marido de uma esquimau seus sorrisos e atenções, po-lhe mostra uma calça feita rém como tem por hábito apu-por sua mulher e diz que não nhalar pelas costas, fará bemestá muito boa, espera uma em caminhar atrás dele.afirmação contrária de sua Como vemos, temos muitoparte. que aprender com os esqui-

O esquimau tem sentido maus e também muito, ainda,agudo para as galhofas e é que ensinar-lhes.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

A IPECAT

rala-se de uma planta sil-vestre. que medra, principal-

mente, à sombra das árvo-res friindiisas. Depois do primeiroano de idade, o caule se inclinapara o solo, íprmando um falsorizonia, cujos nós emitem raízeslaterais, das quais algumas se tor-nam tuherosas, constituindo afamosa raiz de ipeca de tão gran-ile valor medicamentoso.

O caboclo chama-a de poaia,mas o, seu nome -verdadeiro éUragoga Ipecaruanha, da famí-lia das Ruliiáceas. sendo, portan-to, prima-innS do café.

O nome i-pe-caru-anha vem dotupí-guaraní e quer dizer a plan-tinha Ao caminho qne faz vomi-tar, o que até certo ponto defineuma das principais propriedadesterapêuticas dessa . planta.

Os nossos indígenas conhecem-na desde a mais longa data econtam lindas piiorescas comoesta:

Certo pagé observou . que um.guará adoentado, triste, arrancouda terra uma raiz que depois co-meu, pjra logo vomitar e comisso ficar bom.; Desse dia em diante, a raiz secada ipeca entrou para o arsenalterapêutico do dito pagé que securou <¦ a toda a sua tribu, nãosó dos inales do estômago comodo« males intestinais que os afli-giam.

O Brasil é o país que maisproduz poaia. sendo ela enenn-trada. principalmente, em Mato-Grosso e na Rondônia.

Há duas espécies de ipecas: abranca, menor, que <resce noscampos e prados, sob a vegetaçãorasteira e a preta, maior, que sóse encontra nos bosques mais den-sos, entre árvores frondosas queconstituem as florestas incomen-suráveis do Brasil Central.

Às crianças, dá-se poaia não*ó fomo vomitório, como tambémpara remover o catarro dos brón-quios e da traquéia. F.' o maisvalioso expeclorante que se co-nbece.'

O fH-incípio ativo da ipeca i aemetinj-

|||C0L0MB0 E A AMERlCA§|f

A data do descobrimento da América tem,por direito, um lugar de destaque no

calendário dos povos que habitam esta par-te do mundo.

E o vulto de Cristóvão Colombo, o des-cobridor, dia a dia se eleva na admiração domundo, por ter sido quem, com a sua per-sistência, coragem e determinação, enfren-tou os mais duros e altos obstáculos até vêr,com a descoberta de novas terras, confir-rr.adô o seu sonho de conquistador.

Colombo, por uma injustiça dos homens,não teve seu nome ligado ao Continente quedescobrira. Coube essa glória a AméricoVespúcio.

Entretanto, vive no coração e na lem-branca de todos os filhos da terra america-na a recordação do descobridor destas para-gens privilegiadas que compõem o NovoMundo, terra predestinada a ser o berço daliberdade, da fraternidade e da igualdade.

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AS APARÊNCIAS ENGANAM

CRISTÓVÃO Colombo, nas-

cido em Gênova, ficava ho-ras inteiras, em criança, a ou-vir as palestras dos velhos ma-rujos narrando longas viagensque faziam, cada uma das quaismarcada com uma descobertade novas ilhas, de novos abri-gos.

Foi tal a influência que aspalestras e a leitura dos livrosde viagens exerceram, que êle,desde a juventude, começara aestudar e a prever as possibili-dades de, aventurando-se pelosoceanos, encontrar um cami-nho marítimo para Leste se-guindo pelo Oeste. Pobre, semrecursos, pensou em obtê-losem Gênova e em Portugal.Mas as pessoas que o ouviamjulgavam a sua idéia um sonhode louco. Colombo, no entanto,era perseverante, já se haviatornado hábil marinheiro e umprofundo estudioso das via-gens.

Bateu, um dia, às portas dacorte da Espanha, cujos reis,principalmente a rainha, DonaIsabel, denominada a Católica,acataram seu sonho, dando-lhetrês caravelas para a aventuratão desejada.

E as caravelas — Santa Ma-ria, Pinta e Nina — de velasenfunadas pelo sopro de umaesperança grande, — vieram,singrando as águas do lado dooeste, ancorar a terras novasdo rico continente americano.E foi assim que o humilde epersistente marinheiro de Gê-nova descobriu novas terraspara o Mundo.

UM INIMIGOTERRÍVEL

O professor Bogomoletz,o grande sábio russo quedescobriu um soro queprolonga a vida. acusa ofumo de baixar a idademédia dos homens do sé-culo XX. Os grandes fu-mantes estão sujeitos adores de cabeça, verti-gens, insônlas. perda dememória doe nomes pro-prios, sobretudo), pertur-bações oculares (a ce-gueira, na velhice), sur-dez, artério-eselêrose.

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ALMANAQUE D'0 TICO - TICO

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através dosséculos

E> sabido que nos tempos primitivos, para transpor,tar-se de um lugar a outro, o homem tinha que

ir "no calcante", como se costuma dizer.As florestas gigantescas e impenetráveis, a massa

caótica das rochas, a ausência de qualquer via de co-municacão, tornavam a marcha temerária e não permi-tiam aq ser humano recorrer a qualquer espécie de loco-moção. Assim foi durante longo perto-do, e mesmo depois que o homem, ad-quiriu a arte de domesticar os animais.

Na Idade Média ainda «ram conhe-cidas estas dificuldades inerentes ãfalta de caminhos mais ou menosutilizáveis e aos obstáculos de todogênero criados pela natureza.

Os nobres utilizavam-se da liteiracarregada por mulas, cuja lentidãotornava os deslocamentos intermi-náveis. Os plebeus serviam-se do ca-valo, sobre os quais carregavam suasmulheres, na garupa.

A via aquática mostrava-se, então,mais propicia às viagens e é o queexplica a criação de várias embarcações, das quais ai-gumas tinham conforto e até mesmo luxo.

Os próprios monarcas queixavam-se, porem nadatentavam de decisivo para melhorar as condições pre-cárias dos transportes.

E' bem verdade que eles tinham o hábito de deslo-carem-se com uma corte tão nume-rosa quanto embaraçosa, que os cons-trangia a freqüentes escalas.

E per este motivo não avançavammais do que a média de 25 a 30 qui-lometros por dia, quando viajavam.

A liteira foi substituída pela carrua-gem, importada da Itália por Catarinade Médicis.

Não diferia do coche húngaro, embreve introduzido em França, senãopelo sistema de suspensão, aliás bemrudimentar.

A carruagem e o coche, este últi-mo viatura rústica, encimada poruma simples coberta a principio, pro-vocaram uma associação de idéias.

Nasceu a iniciativa de dar ao segundo as vantagensdo primeiro aumentando-o e aperfeiçoando-o para desti-ná-lo ao transporte em comum.

E, gradativamente, por estas transformações, che-gou-se à diligencia.

A principio os passageiros amontoavam-se confusa-mente, até o dia em que, visando o bem estar, aliás bem

1958

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Berlinda

relativo dos que dela se serviam, certos conces-sionários dividiram aqueles veicules em com-partimentos.

Na parte da frente da diligencia ficavamos lugares de luxo, no centro os comuns e naretaguarda a .... confusão.

O cocheiro sentava-se na frente da cobertasobre a qual empilhavam-se pequenos animais,

bagagens, e também alguns viajantes pouco exigentesquanto ao conforto.

Estas diligências transportavam quinze e às vezesvinte pessoas. Eram tirados por cinco cavalos numavelocidade média de cinco quilômetros por hora.

Aqueles que tinham pressa deviam se servir da sege-de-posta, desde que suas posses o permitissem.

Paralelamente aos transportes dasestradas, funcionavam os "coch.es" deágua.

Porém não gozavam, junto ao pú-blico, das boas graças dos primeiros.

O uso da maquina a vapor deve-ria, em 1820, trazer, com o nascimen-to dos trilhos e da locomotiva, umaevolução profunda dos meios detransportes.

Para não alterar a verdade, é con-veniente precisar que esta criaçãosuscitou a principio apenas sentimen-tos de desconfiança

Não distiguiam todas as vanta-gens que esta invenção comportava,

que recursos, que comodidades ela oferecia, que magni-fico futuro, numa palavra, era o seu.

Aqui torna-se cabível uma pergunta: a quem sedeve a honra da utilização inicial do trilho ?

Duas versões defrontam-se, uma francesa e outrainglesa.

A versão da França afirma queMilleret, proprietário das minas deSaint-Etienne. foi o precursor do usodo trilho.

A versão de além-Mancha reclamao direito de antecedência para o en-genheiro Vivian, o qual, de acordocom a crônica do tempo, empregou ostrilhos nas minas inglesas desde 1806.

As duas pretensões possuem, alias,seus méritos respectivos, pois se VI-vian idealizou o trilho da madeira,que deixava multo a desejar, MilleretInovou o trilho metálico.

Graças aos trabalhos do inglêsStephenson e do francês Seguin, pa-rente próximo dos irmãos Montgolfier,

as primeiras locomotivas começaram os seus ensaios en-tre 1828 e 1829. A colaboração frutuosa destes dois ho-mens resultou na construção da "Fusée", capaz de pu-xar quinze toneladas com a velacidade horária de 22quilômetros. Foi a primeira locomotiva. Bem mais tardesurgiram, no domínio da atividade social e econômica, oautomóvel, os transatlânticos gigantes e o avião.

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Diligência

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

O JARRODO DUQUE

C NCOSTADO o janela do seu modesto quarto,¦•-' um menino de sete anos, de olhos castanhos ecabelos louros, admirava a paisagem. Ferieis va-les, suores colinas, que aos poucos se transformo-ram em altas montanhas, o azul do longínquo MarAdriático, rivalizando com a côr do céu da Itáliacentral — eis Urbino, a cidade natal de RafaelSanzio, o menino louro. Mas Urbino, em 1500, nãoera conhecida somente pela beleza natural: afama de seus edifícios, seus quadros, suas es-tátuas e cerâmicas, ultrapassava as fronteiras dopequeno ducado. Grande número de artistas fixa-ra residência na ensolarada cidade.

Entre eles o pai de Rafael, Giovanni Sanzio,pintor e poeta, e seu vizinho Benedetto, o maisprocurado ceramista das redondezas. O pequenoRafael, cortez e tratvqwlo, era sempre benvindona grande casa do vizinho, onde todos gostavamdele. A filha de Benedetto, a bela Pacífica, enchiade frutas do seu pomar os bolsos do menino, e opróprio mestre ceramista ensinou à criança, tãointeressada na arte, o modo de pintar o barro vir-gem. Na grande oficina de Benedetto trabalhavamvários aprendizes.

Rafael, encantado pelos seus tra-balhos, passava horas no meio dos ra-pazes. Um deles, o moreno Luca, cujabondade e lealdade eram bem maioresque seus dons artísticos, era o preferi-

do. Mas Luca andava preocupado. Fazia tempoque nem rio nem brincava mais com o jovem ami-go ... Um dia Rafael quis saber o motivo:

Oh, Rafael ! — suspirou o aprendiz — seDeus me tivesse dado um pouco de talento para aarte de cerâmica, poderia tornar-me o mais felizdos homens.

Como assim ? — perguntou, intrigado, omenino.

*— O Duque de Urbino encomendou a mestreBenedetto um jarro de barro especial, chamadomajóhca, finamente trabalhado e decorado. O pa-trão prometeu ao aprendiz que apresentasse aoDuque, dentro de três meses, um jarro que o satis-fizesse, a mão da filha ...

£ aqui estou eu, com a morte na alma, poisamo Pacífica acima de tudo ... e nunca serei ca-paz de decorar nem mesmo uma simples bacia debarbeiro !

Rafael ouviu em silêncio, lie sabia que Pací-fica gostava secretamente do bom Luca ...

Se quiseres — disse após alguns momen-tos, eu te ajudarei.

Como poderias, com a idade de sete anos,pintar um jarro que agrade ao poderoso Duque ?

Mas Rafael insis-tiu tanto que o po-bre Luca acabouconcordando.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Uma tarde, afinal, o jovem artista levou Lucaao seu quarto. O jarro de majólica estava pronto.Lindos desenhos adornavam-no e emolduravam afiguro central, a da rainha Ester.

Rafael, és um anjo e não um ser humano!exclamou o aprendiz. Só um anjo poderia criar

tamanha beleza '. Mas nunca farei passar estetrabalho como sendo meu. Seria uma fraude ver-gonhosa !KTO fim dos três meses, inaugurou-se à exposi-

ção dos trabalhos dos aprendizes de mestreBenedetto. O Duque e sua comitiva passavam pelalonga mesa armada na oficina, sobre a qual esta-vam os vasos de ma jólica. Enquanto o Duque, in-deciso, ainda hesitava antes de escolher, um dosnobres exclamou de repente: —

Olhai, que maravilha, Alteza, lá no fimda mesa !

0 Duque dirigiu-se para lá e, avidamente, pe-gou o que lhe parecia ser o mais valioso trabalhode todos.

E' este que eu quero, — disse.Este jarro nem se comparo cem os

demais. Quem é o autor de tão per-feita obra ?

Sou eu.A voz fino do menino, rompen-

do o silêncio, causou estupor e admiraçãogerai.

Todo o ouro que te posso dar, ainda épouco, criança milagrosa, disse, comovido, oDuque.

Terás, porém, uma recompensa muitomaior do que dinheiro — a imortalidade ! Teunome continuará vivo quando os de todos nósjá estiverem esquecidos !

Agradecendo ao Duque, Rofael beijou-lheo mão, e depois perguntou a Benedetto: —

Então ganhei também o prêmio prome-tido, não é mestre Benedetto ?

Certamente ! — replicou este.Peço, então, a mão da sua filha Pací-

fica...E, vendo o espanto de Benedetto, acrescen-

tou imediatamente: — Para meu amigo Luca,que o orno profundamente.

Benedetto, com os olhos rosos de água,deu seu consentimento oo casamento.

Felizes, Luca e Pacíficaentreolham-se, enquanto omenino sorria como sorriemainda boje, após séculos,os anjos das telas imortaisdo pintor Rafael.

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81I 958

ALMANAQUE 0'O TICO-TICO

5*____MP^^ -i. ^B*i _c*

B_r ¦*•*" 'Ws Es ''"

Como nasceu uma grandeOrdem religiosa

HAVIA na Itália, há muitos anos,

uma familia opulenta, cujo uni-co filho era o encanto dos seus paispela sua afabilidade, pelas suas ma-neiras prazenteiras e pela agudezado seu espírito.

Desejavam os pais que êle fossejuiz, e, nesse intento, sendo êle ain-da muito novo, enviaram-no para agrande cidade de Roma para ali es-tudar leis.

O moço, porém, achou que Romaera uma cidade temível e perversa.e, não menos dêsgostoso do luxo queali reinava, lhe desagradavam asconversações livres que lhe chegavamaos ouvidos.

Sem querer saber de leis, pensounessas maldades, e no juizo que Deusformaria de Roma. Fugiu, pois, des-sa cidade, determinado a servir aoSenhor numa silenciosa soledade,ocultando-se numa brenha pouco

distante. A ama que ocriara, que ternamente oamava, acompanhou-o etratava dele com afetuo-so desvelo.

Por algum tempo as-sim viveu, até que con-siderou que não procediabem continuando a con-sentir que a velha amalhe cuidasse da alimen-tação.

Este pensamento su-geriu-lhe de novo a idéia,de tornar a fugir.

E assim fez, internan-do-se mais nas monta-nhas e ali vivia num co-vil de feras.

Na sua vida solitárianão deixou de experi-mentar tentações, e tãoardentemente, que teve

1% desejos de voltar a Ro-ma; mas arrojou-se des-

pldo a um sarçal, e revolveu-se só-bre os espinhos até que a dor daspicadas lhe afugentou todos os mauspensamentos:.

Decorreram alguns anos, e, tendoconstado que vivia um santo varãonuma cova solitária, todo entreguea Deus, muitas pessoas desejaramvê-lo.

Um grupo de monges ficou tão im.pressionado com as suas prédicas,

suas vidas. Os monges, arrependidos,de lhe terem rogado tanto que fosseseu Superior, trataram de o matarenvenenando vinho que lhe apresen-taram num copo; mas êle, avisado,fez o sinal da cruz sobre o vinho e ocopo caiu no chão feito em miga-lhas.

S. Bento regressou novamente asua cova, e como se juntassem mui-tos servos de Deus para viverem nasua companhia, edificou celas emque todos pudessem viver.

Os monges tinham de fazer votode pobreza, de castidade e de obe-diência, além de terem de se dedi-car ao trabalho manual por espaçode sete horas em cada dia.

S. Bento foi acometido duma íe-bre maligna e, conhecendo que iarn°rrer pediu para o levarem à ca-pela, ante cujo altar entregou a ai-ma ao Criador.

Juntar à oração o trabalho ma-nual, não deixar nenhum lugar aoorgulho, e conservar um rigoroso si-lêncío, tais foram os princípios fun-damentais das prescrições univer-salmente conhecidas sob o nome deRegra de São Bento, que se devema esse grande vulto da Igreja, e regema Ordem dos Beneditinos.

que todos lhe ro-

fir.r'2 QUE PERGUNTApara a sua companhia e que osdirigisse..

Bento anuiu.Foi, porém, ob-servando que elesviviam uma vidaregalada e quisintroduzira austeridade nas

PAPELOTES

/ r _M ¦Sr A^Smmuu^dPi iôy^-f_*"*"'""*"^ T W&r /if£C_í___n__Csr mS ¥

«2rÇCl!r_r_^_. §*==çl? S__i-»»V_=>-

Botar fora o que ? O rato ou a sopa

82 I 958

ALMANAOUE D'0 TICO-TICO

Cuidado dom o Amareloi

l ESBORDOA XAN-CARIETA, >\ vfâAA •*" T°0A N0,TE" TÓOO DIA3 EO MALVADO PASSAM AL. N\___\ ^^VT^fcX DEIXE QüE ÊLE LHE AJUDE.'

foÁBe*wsEFAi:"CARiETA^/ ^^^k \ \\ — J£J2\ /~~. EUCALOL oÁ alegria^"""/*/OJl^FttMsT \ Vi\ ~A.^**S^A/^lWtf E UM SORRISO DE SAÚDE.'

O sorriso de saúde

é um sorriso tílQôiol

yf (ase J**»djgX>

/ÍP ^» CREME OENTAL f|~

NOOUrO DA PERFUMARIA MYRTA S. A. • WC

Eicreva.à Caixo Portal N.° 1866 - Rio - citando o N."TT-10 pedindo grâii» o Itvreto da "Hhtorio do Menino que virou Taimmdta".

I 9 5 83

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

fQàMrUlUHIIIIlIlHH»\\útWíW^^^^^^%

,JM*M4-igsgES:

O DIÁRIODE PAULINHO

DE JANEIRO:

TH ! Estou tão contente ! Papai combinou com Mamãe para a gente aproveitar as férias¦^ e fazer um grande passeio. Um passeio de muitos dias, muitos dias! Bem grande ebem bom ! Mamãe queria ir de avião, mas Papai mostrou a todos nós que o melhoré ir de trem, porque a viagem é mais segura e a gente aproveita para ir vendo coisaspelo caminho.

Aqui em casa está uma desarrumação maluca. Todo mundo contente. Tia Lili vai tam-bem. Lucinha vai levar até a boneca. Eu ganhei uma roupa nova, para a viagem.

DE JANEIRO:

Amanhã é que a gente viaja. Ih ! Está custando a chegar! Nem sei o que escreva aqui.E' melhor ir ver se a mala está bem arrumada.

8 DE JANEIRO:

Estamos em Belo Horizonte e eu trouxe meu "Diário". Que viagem do barulho ! Viaja-

mos no "Vera Cruz", que a gente toma na Estação D. Pedro II. Sabem quanto tempo levou?Só 14 horas ! Titia me disse que antigamente as viagens para cá levavam dias ! A gente, no"Vera Cruz", nem sente que está viajando ! O trem tem tudo, até ar condicionado. Lu-cinha, que enjoa quando viaja, nem sentiu ! Acho que nunca fiz uma viagem tão boa! Tudolimpo, bonito, bem arranjado, parecendo hotel que a gente vê em cinema. A cidade, aqui, étão bonita ! Papai está planejando uma porção de passeios e eu nem sei se vou poder escre-ver tudo aqui...

Papai esteve explicando que este ano — 1958 — vai ser festejado o primeiro centena-rio da corrida do primeiro trem da Estrada de Ferro Central do Brasil, que se chamava Estradade Ferro D. Pedro II. A Central do Brasil é um orgulho para os brasileiros, êle disse. E prestamuitos serviços, levando o progresso nos seus trilhos. E' bonito ouvir papai falar assim e eusinto um orgulho grande !

84 I 958

ALMANAQUE D'Q TICO-TICO

26 DE JANEIRO:

Passei uma porção de dias sem escrever nada. Não tinha tempo . . . Agora, estamos de

volta. Passeámos muito em Minas e voltámos ao Rio de Janeiro, mas logo depois tornávamos

a viajar, agora para São Paulo. A gente vai a São Paulo em outro trem bonito e muito bom.

que é o "Santa Cruz", todo de aço, que corre que é uma beleza ! A Central do Brasil é mes-

mo um colosso '.Cada trem! A gente sái do Estação D. Pedro II e viaja ainda menos tem-

po do que para ir a Belo Horizonte: desta vez, só 12 horas. Quando é hora de dormir, a gen-

te se deita em cama de verdade, como se estivesse em casa ou em um hotel. E ferra no

sono . . . e nem parece que está correndo tanto, porque não balança mesmo nada !

Tia Lili disse que ficou "fã" das viagens de trem, porque agora se pôde viajar com

conforto e comodidade. Tia Lili não sabia, como também uma porção de gente não sabe,

como são bons os trens "Vera Cruz" e "Santa Cruz", da Estrada de Ferro Central do Brasil,

todos de aço, modernos, bonitos, con-fortáveis, rápidos e seguros.

Acho que nós nunca aprovei-támos uma férias assim.

Foi uma idéia ótima, a de Pa*

pai, levar a gente para esse pas-seio nos trens da Cen-

trai. Até dá vontade de es-

crever aqui um "viva o

Brasil!".Pronto! Escrevi mesmo...

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1953 85

ALMANAQUE D'0 TICO - TICO

Ume^GV**,

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y^í gffiASMO f£RNAND£í

1

— O sapo vai casar!A lavandeira indagou:

notícia correupelas quatrobandas.

— O sapovai casar :

serenai "^ era Pafa a estrê,a «ue êI<* andava fazendo

Êle estava na-Isso . bobagem, disse a mosca-azulmorando a sapinha do Brejo-GrandeEla também saberá cantar ?Vai s*r um casal bonito, porque vão cantar no rádioO cascudmho vermelho contou:

tira ZJt mC .disseram aue êle depois de casado náo consen-tira que a esposa cante no rádio. *-onsen-

Esta conversa se passou perto do lago Azul O baerechegou a flor-dágua e disse, lambendo os beijos ^Vou preparar-me. porque vou encher a pançaO lambari comentou:Vê lá se exageras como na festa do grilho e tens dPnovo uma indigestão de coxinhas de gafanhoto.O Barrigudo também apareceu e deu uma gargalhada-

nn iTW5^0 VOCês dizendo bobagem Se a noiva morano Brejo-Grande, o casamento vai ser na casa da noiva edepois, eu não quero mais barulho aqui porque preciso dor.A Vitória-Régia entrou na conversa:

Muito bem. Barrigudinho. muito bem. aqui é que náoqueremos casamento.O louva-a-Deus indagou:

Por que é que a senhora mora há tanto tempo pertodo sapo e nao gosta dele ?A flôr-do-lago respondeu:

Quando êle quer cantar náo escolhe nenhuma outraflor; é em cima de mim; nem táo pouco vai para a beira dolago.Se tem de pular, não pula em cima de outras folhas quenao sejam as mfnhas. Faz de minhas pétalas um trampolim

para as suas acrobacias E leva a noite inteira de pulo paralá e pulo pra cá, e faz sempre uma cantoria aborrecida dizen-do que é cantor de rádio. Estou farta de tanta serenataO Barrigudo nem pode dormir.O bagre ficou de cara feia e disse:

Lá vem aquei» bicharada feia do Brejo para o nossolago

86

Não podia o Sapo arranjar outra noiva •A Vitoria-Régia suspirou, desolada-

seria-me^rque6 %%! ffíffi M^*" U° ^

vetes; perguntava pela orquestra dos mosquitos pelas lâm_Tdo caLmTnto ^ao casamento, enfim fazia uma barafundaDepois mandou chamar a aranha-amarela e disse-volta~de7fodoT£LSe™ fÍ0S Prateados- fac* uma cerca emVntra.e todo o lago porque, quem não tiver convite, não

A aranha-amarela indagou:Quem é o porteiro ?E' o bezouro dourado, que é zangado.A aranha-amarela fez mais outra pergunta:E se alguém quiser pulai* a cerca ?Pode pôr a goma de apanhar mosca.—¦ E se ficar preso ?Pode levar para sua casa.. .O marimbondo, que estava escondido ouvinrio a convern1,'ticaLUàZUv-]Í_rdi0a-^gra0ntente * ^ ^ *¦*£ ^K

Õ&ffitó.^:^ ^ «*« "P La*°"A-1!Mas o casamento é na beira do lago ou na ilha **

sorriu: marimbondo era encrenqueiro e, esfregando as mãos,

»?«.»"_ ° negócio do saP° com a aranha-amarela era parafazer a cerca em torno do lago; o resto eu não sei.E foi voando para espalhar a novidadeiomi^.arjnha"amarela comec°« '•" fazer a cerca quando sew™ ,*° car_nSueiÍ° Mas este, muito esperto^ saiu dalama e foi para dentro do lago. Mesmo que o Sapo não man-dasse convite, êle já estava dentro da festa.A Joaninha indagou:

Mas, carangueijo 3abe dançar ?mou bar1, que era veIho morador das redondezas, afir-

Mm-,Nâo Perde um* 'esta; e é grande bailarino. Ninguémcomo ele sabe dançar o tango-argentino. Dá cada passo di-O bagre quis saber:

Mas onde é que vamos dançar ?Nisto chegou o sapo trazendo a sapinha para ver o lugarda festança Todos ficaram olhando o casal e ouvindo o sapo,peito estufado, falando com importância:O casamento vai ser na folha da Vitória-régiaA Vitória-Régia teve um estremecimento.

I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

r ^j

<^> A sapinha deu umriso, balançou com a ca-becinha e disse:

— Lindo salão-ver*-de!

O bagre deu uma cambalhota e disse baixinho:Agüenta, dona Vitória !

O carangueijo deu um risinho e fechou os olhos:Vai haver barulho...

O marimbondo, que estava espiando os noivos, cochi-chou:

Depois dizem que eu é que faço encrenca.O Barrigudinho deu uma rabanada:

Só quero ver o barulho perto do meu quarto.Por toda a campina onde aparecia alguém do Brejo-

Grande, vinha contar os trabalhos da aranha-amarela fazen-do a cerca prateada que era um deslumbramento. Outros con-tavam que Rainha-da-noite gostava muito do sapo e por issoia abrir todas as flores. Os lírios e copos-de-leite tinham ar-ranjado com a lua nâo haver» chuva e o luar sair como um véutodo de prata: ia ser um encanto.

A roseira-vermelha, qüe dormia cedo, indagou:Mas o sapo é assim tão querido ?

O lirio respondeu:E\Por que ?Porque é um rapaz alegre, brincalhão, conta anedotas.

£' gordo mas sabe fazer ginástica. Todo dia de manhã faz gi-nástica pelo rádio.

Eu acordo cedo e nunca vi o sapo fazendo ginástica.O lírio tossiu e, como gostava do sapo, continuou:

Demais êle come muito, mas sabe saltar bem. Dá cadapulo! Pergunte à Vitória-Regia. Salta melhor que palhaço decirco.

Olharam para a Vitória-Régia, mas esta estava com umacara amarrada e ninguém teve coragem de lhe fazer perguntas.

Chegou a noite de luar encantado.O movimento da Campina mostrava a animação do casa-

mento do sapo.Do Brejo-Grande para o Lago-AzuL era um vai-e-vem de

espantar. Os ônibus-lacraia da Companhia de Auto-ónibus-Centopeia passavam apinhados. De vez emquando era o mo-

tor dum papaíumoou marimbondo que roncava comforça.

O lago estava mesmo que parecia um palco.Bem a lua dissera que não ia chover e que ela punha o

manto-prateado-da-lenda-maravilhosa.Camarada de sorte, o sapo. Também, qualçuer coisinha

que ia acontecer, éle de esperteza contava mais alto para omarimbondo ouvir e era aquela beleza. O marimbondo-ver-melho saia zunindo com pressa de contar a toda gente.

O fiscal da beira do lago, o Bezouro-dourado. quase quenão tinha mais força para perfurar os convite e exclamouadmirado:

Mas o sapo convidou assim tanta genu- .E de boca aberta:Sle disse que mandou a aranha-amarela fazer uma cerca,

a coitada levou a semana inteira trabalhando e, quando aca-ba, o vaidoso convida até os inimigos. Eta! camaradaprosa !

E ia entrando, entrando tudo quanto era inseto.Na folha da vitória-régia já não cabia mais ninguém.Esta dizia bufando:

Esse sapo pensa que sou de borracha como a barrigadele, mas eu estouro.

O Barrigudo resmungou:O barulho está aumentando...

Perto da porta da entrada o bezourinho-verde, muito trê-mulo, perguntou à tia:

Titia, o sapo não come a gente ?Só nos outros dias. No dia do casamento êle não come,

não canta, não dansa, nem pula. Fica ouvindo o grilo, vendoa mariposa bailarina e os saltos dos peixinhos vermelhos.

Peixinho vermelho sabe saltar ?Não salta tão bem como o sapo. mas num dia de festa

e como espectáculo para agradar os noivos, vão dar saltos defantasia.

.— Que é salto de fantasia ?E' chegar na beira dágua dar um salto no espaço e

desusar de barriguinha e mergulhar.Deve ser bonito, hein ?

Vai ser muito divertido, se na folha da Vitória-Régiacouber tanta gente...

No meio do reboliço a lacraia disse:Esse negócio de se ter de botar botina nova é uma

tmolação.A minhoca disse que nunca usou botina...O gafanhoto retrucou:

E colarinho novo incomoda !A Mariposa-Branca estava toda aborrecida dizendo que

o sapo era vaidoso; arranjou um salão pequeno e o seu vestidojá estava amarrotado.

Quando falou em "salão pequeno" o lambarf deu um ri-sinho e perguntou à Vitória-Régia se tinha ouvido o elogio. ..

As borboletas vinham e todos sabiam que em cada festamostravam vestidos novos.

Coitadas das pererécas, tão prosas porque são parentas dasapinha e todas com o mesmo vestido-verde!

(Conclui no fim do Almanaqu( y< J(* \^W >"V / ^¦W^F St V V me 4k ^-jrr\y / /i& gW ti /T_k VI (Vi &> (74jj*\ >—VVv Ml *^£ 4 ^V*\_ v-^v \y lf

^^ V [9_|\ J/A /vV rtií. t^V f f*^?S\ ^^^M ._^"^**l_fc^ S\f^y\ _^__BM^ / \ \ Lr^x ^_A yUeS^A \ V-'"_P _^r í

I 958 87

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

CURIOSIDADESO culto de Esculápio, deus

da medicina, foi introduzidoem Roma, no ano 290 antesde Cristo, após uma epide-mia da peste. Em homena-gem a esse deus foi erigidoum templo-hospital, na ilhado Tibre. Esculápio, filho deApoio, morreu fulminado porJúpiter por ter feito ressus-citar Hipólito, filho de Teseu.E' conhecido, na mitologiagrega, como Asclépios.

A maior unfiTade da famíliaselar, depois do Sol, é Jüpi-ter. Seu diâmetro é de 139.500 quilômetros, podendoconter aproximadamente 1.400vezes .a Terra. Encontra-re aquase 700 milhões de quilo-metros do Sol. Mais distanteainda está Saturno, a mais de1.400 quilômetros Pelas suasdimensões", é c planeta quesucede a Júpiter, com o diã-metro de 112.600 quilômetros.

O recoid d0 consumo dealimentos pertence à famíliado italiano Marco Pirani,composta de 45 pessoas. A fa-milia consome diariamente 23quilos de pão, 16 quilos deverduras 3 quilos d eaçucar,25 quilos de massas, 70 ovos45 litros de leite e 25 litrosde vinho. Todos os Pirani quetrabalham entregam ao che-fe da família o dinheiro ne-cessário para a manutençãodos fenomenais gastos diá-diários.

QUEM CONSTRUIU O TÃO FALADOCANAL DE SUEZ?

O

construtor do famoso) e hoje tão falado Canal de Suez, engenheiro Fer-nando de Lesseps, nasceu em Versalhes, França, em 19 de Novembro de1805 e faleceu iem 7 de Dezembro de 1894. Multo jovem, ingressou na car-

Teira diplomática onde, por sua viva inteligência e simpatia, subiu rápida-mente galgando os mais altos cargos.

Quando menino, recebeu esmerada educação, que foi completada no fa-moso colégio francês Henrique IV. Aos vinte anos ingressou no consuladofrancês em Lisboa. Atuou em Tunis, no Cairo, Alexandria, Amsterdan e outrascidades, sendo sua carreira uma continua série de triunfos.

A sua- grande inteligência se aliava um nobre coração. Quando grassou umapeste em Alexandria, Egito, enquanto se achava nessa cidade como encarregadodo consulado geral, dedicou-se a cuidar das vitimas, sem pensar nos riscos aque se expunha.

Em 1849 retirou-se à vida privada. Pôde então dedicar-se a estudar aspossibilidades de realização de uma importante obra que permitisse a comu-nicação do Mar Mediterrâneo com o mar Vermelho. O vice-rei doiEgito, Moha-med Said, entusiasmado pelo projeto, animou Lesseps a pô-lo em prática.

Em 1865 começou os estudos prepa-ratórios, que prosseguiu apesar dos obs-táculos de toda ordem que teve de vencer.

Finalmente, o triunfo coroou seus es-fòrços e em 17 de Novembro de 1869 foiinaugurado o canal, em grande cerimô-nia. .Esta vitória de Lesseps fez dele ohomem mais famoso de seu tempo.

O governo francês concedeu-lhe agrã cruz da Legião de Honra e a Socie-dade de Geograia de Paris outorgou-lhe,em 1870, um prêmio de cem mil francos.

Tempos depois idealizou a realizaçãode um canal no ístmo de Panamá, po-rém não conseguiu levar a bom termoessa nova obra.

Os últimos anos do genial construtor,éle os passou na mais profunda amar-gura pelo fracasso da sonhada empresano Panamá.

A posteridade, entretanto, lhe.íêz jus-üça, reconhecendo seus méritos. A esta-tua que reproduzimos, foi erigida emPort-Said, cidade que fica em um dos ex-tremos do Canal de Suez.

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A palavra "corsário", sinônimo de"pirata", deriva do italiano "corso",que significa "pirataria". Há quemafirme que tal palavra vem de Cor-sega, Ilha que era antigamente te-mivel guarida de marítimos aven-tureiro?.

Irritar-se com as injúrias é reco-nhecer que elas têm algum funda-mento; despresá-las, é condená-lasa serem esquecidas. — Tácito.

tí-ãiSi NÂO FALHA

O uso das velas acesas durante osofícios divinos, derivou das grandesperseguições que Nero moveu con-tra as práticas religiosas. Por essemotivo, eram as mesmas celebradasno interior de casas remotas, noite

alta, ou no interior de grutase catacumbas, cercadas demistério, silencio e trevas.Daí o uso das velas, que foisancionado por São Pedro.

FAZ DOS FRACOS FORTES. INFALÍVEL NOSCASOS DE ESGOTAMENTO:

ANEMIADEBILIDADE NERVOSA — INSÔNIAFALTA DE APETITE

E OUTROS SINTOMAS DE FRAQUEZA OROA-NICA DX CRIANÇAS E ADULTOS.

88

A antracita. o carvão fos-sil mais antigo e com maispercentagem de carbono —cerca de 94% — é o mais va-lioso combustível sólido. Ardesomente com forte corrente dew. inflamando-se com maisdificuldade de que os ou-tros tipos de carvão. A an-tracita, é encontrada nos Es.tados Unidos e na Inglaterra.

1958

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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'AS EDIÇÕES MELHORAMENTOS — Caixa Postal, 8120 — São Pauto"!Sr. Diretor: Queira inscrever-me como assinante do plano de obres infantis.Estou ciente de que receberei mensalmente dois volumes, através doReembolso Postal, e de que a importância dos mesmos não excederá a CrS 130 00Autorizo a remessa imediatamente.

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L 1958 89

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

daTERROR

DesertoHARRY

MILVERTON estava sen-tado na cama, escrevendo suacarta semanal à família, que

residia na Inglaterra, quando Bar-ney entrou na barraca.

Barney, que tinha por missão di-rlgir a possante locomotiva atravésdo deserto, não tinha horário fixo detrabalho. Tinha trabalhado todo odia conduzindo o trem de socorro àspovoações famintas.

Harry apressou-se a terminar acarta, a fim de começar o seu servi-ço noturno nos Telégrafos.

Na carta que escrevia fazia um rá-pido relato dos acontecimentos dasemana anterior. Contava a perda dacolheita de trigo, em conseqüência daqual a população de Jagfir, cidadeárabe, situada entre as montanhas dodeserto, morria de fome.

Durante os últimos dias corria umtrem diariamente, levando carrega-mento de trigo, que era recebido naestação final por emissários árabes.

Harry levantou-se e foi à porta.As fortes lâmpadas de acetilene ilu-minavam as cabanas, galpões e plata-formas da "Railway Transport". Agrande locomotiva Drumond conti-nuava presa aos vagões.

— Os árabes parecem muito ati-vos, Barney — disse o rapaz. — Nun-ca os vi trabalhar tão ligeiro.

Ordem do capitão — respondeuBarney. — As coisas estão ficandofeias em Jagfir. Parece que os nôma-des, sabendo de nossa ajuda, invadi-rão a cidade. E' necessário levar no-vos carregamentos de trigo. Eu meofereci para fazer outra viagem estamesma noite. E ia esquecendo de di-zer-te que tens que me acompanhar,como foguista. Creio que não te de-sagrada, não é verdade ?

Eu gostaria, mas hoje estou deplantão. Quem me substituirá ?

O próprio capitão Jukes.E tu, Barney ? Não estás can-

sado ?Um pouco. Entretanto, como o

capitão Jukes diz, não temos direitode pensar em nós mesmos, quando hátanta gente dependendo do nosso tra-balho.

Nesse momento, entrou um rapazárabe trazendo a refeição.

Bem. Comamos alguma coisa— disse Barney. — Depois nos dei-taremos até à meia noite.

Um quarto de hora antes da meianoite, um rapaz 'entrou no quartotrazendo café.

Sob a tensão nervosa Harry nãoconseguira dormir e, ao vê-lo surgir,saltou da cama, despertando tambémo amigo.

1 \

90

Em poucos minutos desapa-pareciam de vista as lâmpadasde acetilene, e a locomotiva pe-trava no deserto.

Barney manejava as alavan-cas com a mesma segurançacomo se estivesse dirigindo umautomóvel.

Três horas depois, já podiamver1 no horizonte os primeirosalbores do dia.

Defronte a eles aparecia agrande serra Tomari, enorme

vale dentado, que se estendia atra-vessando o deserto como uma pa-rede.

De repente, Barney limpou nervo-samente o vidro da janela.

Que é aquilo ? — disse.Harry se aproximou. A princípio

só percebeu a grande murülha de pe-dras que parecia se elevar sobre eles.Depois, porém, viu que, na partemais estreita do caminho, havia ummontão de pedras de enorme tama-nho.

Tira a pistola da caixa de ferra-mentas — gritou Barney.

Faltavam somente quinhentos me-'tros, porém tinham ainda tempo, e,fazendo uso dos freios, estacou a má-quina.

Surgindo, então, por trás das pe-dras, três árabes fizeram-se ver; maisadiante, nas dunas, apareceram ou-tros dois a cavalo. Estavam armadosde rifles.

Quando os amortecedores bateramnos blocos de pedra e a locomotivaparou, um dos árabes deu uma or-dem gutural. Instantaneamente to-dos os rifles fizeram pontaria para acabine do maquinista. A mesma voz,dirigindo-se a Barney, ordenou:

Mãos ao alto, infiéis! Vocês es-tão em presença de Faiz bu Hassid,

o "Terror do Deserto".Barney olhava pare os

agressores.Com voz firme e forte

perguntou em árabe aochefe, enquanto não per-dia de vista o indivíduoalto que o acompanhava.

Que queres ?Bem — respondeu

em inglês este último. —Vejo que trazes uma boacarga, Dick Barney. Nóstambém estamos morren-do de fome e o governonão nos quer ajudar...

Sei, isto sim, que ohomem chamado "Terrordo Deserto" é cruel, po-rém, cavalheiro — repli-cou Barney friamente. —Mas tu, Jasper Leigh, nãoés mais que um "pária".

A última vez que nosencontrámos foi na feira

I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

de Bagdad, quando estavas planejan-do o assalto a urh banco.

Lembras-te ?O bandido deu de ombros.

Se aproximas o cavalo umpasso mais — prosseguiu Barney —matar-te-ei como a um cão !

O indivíduo branco lançou-lhe umolhar de ódio e, virando-se para pstrês árabes, ordenou:

Desçam-no daí!Esperem ! — gritou Barney.

E, dirigindo-se ao chefe, disse emárabe:

Sabakk Allah bil-kher, oh Faizbu Hassid (quisera falar contigo).

Desçam-no ! Não ouvem o quedigo ? Desçam-no! — gritou obranco.

Os três árabes, entretanto, perma-neceram imóveis, olhando para ochefe.

Jasper Leigh soltouum grito selvagem efez dois disparos parao ar.

Ainda dessa vez abravata não deu resul-tado. Ninguém se mo-veu, nem mesmo oscavalos Mas um dosárabes com majestosomovimento, dirigiu seucavalo até perto da lo-comotiva.

Desejas falar co-migo, estrangeiro ? —exclamou. — Este in-divíduo não entende alinguagem do desertoe tenho minhas razõespai'a não confiar nele.

Sabes que touscompatriotas estãomorrendo de fome emJagfir e que este ra-paz e eu levamos urn carregamentode trigo para minorar sua tragédia?Sabes que esse homem, e apontavapara Leigh, quer roubar o carrega-mento, porque, assim diz êle, tu eteus homens carecem também de vi-veres ?

Não foi isso o que êle me dis-se, estrangeiro ! Este homem, que msacompanha porque os brancos oodeiam, afirmou que eras meu ini-migo Em sua própria lingua disseque o dragão lodande leva armas defogo. Eu também delas necessitoPor isso bloqueei a passagem.

Eu não sou teu inimigo. Souhomem de paz. desejoso de ajudarteus compatriotas que sofrem. Exa-mina meu carregamento. Faiz-bu-Hassid. o verás que não sou teu ini-migo

O árabe se dirigiu aos vagões ecravou uma adaga em um sacoAo ver os gráos soltou um grito de

satisfação e, virando-se lentamente,encarou o maquinista.

Tuas palavras parecem ser ver-dadeiras — disse. — Não levas maisnada além dos víveres ?

Talvez as armas estejam ocultasentre os grãos.. .

Torna a procurar, Terror doDeserto ! — disse Barney. — Exami-na outras sacas !

"Não é preciso. Se é verdade oque dizes, é pena estar a gastar tan-tos grãos em uma busca. Prefiro par-tir já para o deserto de Jagfir e con-firmar, lá, com meus próprios olhosa verdade do que afirmas.

Faiz-bu-Hassid colocou a adaga nacintura e aproximou-se dos seus ho-mens.

Prestem atenção ao que lhesdigo ! — gritou. — Este homem bran-co chamou-me de cavalheiro. Quero

portanto, portar-me como cava-lheiro.

Vou agora ao deserto para infor-mar-me se suas palavras são verda-deiras.

Antes do sol chegar à metade doceu, estarei de volta. Enquanto isto,cuidem dos três infiéis.

Um minuto depois desaparecianum declive.

Acreditas que êle nos matará?— perguntou Harry.

Não. Não creio. Por acaso nãolhe dissemos a verdade ? Não quise-ra estar é na pele de Jasper1 Leigh.

Por que ? — indagou este.Porque Hassid foi averiguar

quem de nos mentiu e pensa acabarcom êle.

Jasper Leigh deu um salto e le-vantou seu rifle Antes, porém deque pudesse disparar, os três árabesatiraram-se sobre êle.

Fica quieto! — aconselhouBamey. Hão de amarrar-nos os trêse eu prefiro conservar minhas pernasem liberdade, não é verdade, Harry?

Quando Faiz-bu-Hassid voltou, osol já estava muito alto.

Desamarrem os ingleses! — or-denou em tom imperioso.

Sua ordem foi rapidamente exe-cutada.

Agora, amarrem o traidor —foi a segunda ordem.

Com as roupas flutuando qual asasde abutre, os três árabes atiraram-sobre Leigh, ataram seus braços, des-pojaram-no no chão. Nem uma pa-lavra saiu de sua boca. Cravaramduas estacas e prenderam a elas seusbraços e suas pernas.

Finalmente seus lábios pronuncia-iam algo, umas palavras.

Barney e Harry inclinaram-se sô-bre êle para ouvir me-lhor.

Lamento, DickBarney — dizia. — Eute odiava e me vences-te mais uma vez. Ago-ra não te odeio mais.És um verdadeiro ho-mem. E teu comporta-nento é o que me aju-da a morrer como ver-dadeiro homem tam-bém.

O Terror do Deserto,porém, pronunciavasua sentença:

Ai permaneceráspara sempre! — dizia.— O sol calcinará teucoi<po e os chacais eas aves de rapina secevarão em tuas car-nes.

Depois, estendendoum braço, ordenou a

seus homens que tirassem do cami-nho as pedras.

Quando o trem se pôs em movi-mento uma salva saudou sua par-tida.

—' Ouve, Barney — disse Harryjá mais tranqüilo. — Não faremosnada em favor de Jasper Leigh?Apesar de ser um velhaco não pos-so deixá-lo assim; dá-me dó !

Agora, seria impossível. Entre-tanto, na volta nós o tiraremosdali.

Esta última aventura lhe servi-rá de lição.

v^^vvvsvovvvv^^wV%lVvvvvv||^vv%^v^lV^^vv^^^

AS LEITORAS DESTEALMANAQUE VAO GOSTARMUITO, TAMBÉM, DOLINDO "ALMANAQUE DECIRANDINHA".

^^^^V^^^W^^^^^^^^^W^M^^^^^*^»^^^^^*'**

I 958 91

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

r DOS PASSATEMPOS J

DESTE ^

O CASAMENTO DO SAPO(Conclusão)

O bagre botou a cabeça fora dágua e disse:Mas vamos comer os doces antes ou depois do

casamento ? /A abelha lambeu os beiços; gostava muito de caramelo.

mas quando aparecia um doce de coco não trocava o docenem por uma garrafa cheia de mel !

O lambarí sorriu:Engraçado que o sapo é quem vai casar, anuncia

canto e dansa e todos estão aflitos nos doces.O Barrigudo veio à tona e disse:

Façam tudo, contanto que me deixem dormir.A cigarra estava ranzinza — se o mosquito zumbisse,

ela não cantaria.O gafanhoto contou:

Dizem qu o marimbondo também foi convidado..'.'•'-A cigarra continuava zangada:

Se o marimbondo vier, eu me vou embora e digoao sapo porque: êle é muito moleque e sem educação.

E a conversa estava muito animada, quando o Lago-Grande ficou todo iluminado. Tinham chegado os vaga-lumes. E festa estava mesmo bonita, porque os faróisdeles eram mais fortes que o luar.

A ponte de gravetos que ligava a terra cora a folhada Vitória-Régia já estava balançando. A folha era muitogrande, muito larga mas nunca se viu tanto bichinho reu-nido numa só folha.

A mãe da sapinha resmungou:Imaginem que o velho cascudo-da-montanha, que

vai servir de juís para o casamento, ainda não veio !O marimbondo deu um risinho:

Ele tem uma família enorme !...O bagre chegou à flôr-dágua e indagou:

Quando é que se come nesta casa ? Já estou fi-r.ando com a garganta seca...

A noiva olhava, aflita, para a ponte de gravetos ondeestava o bezouro-dourado esperando o juís do casamento.

A cigarra sempre zangada disse:Há sempre uma pessoa para atrapalhar a história.

O sapo estava suando muito e, mesmo cansado, dizia:Eu acabo tomando outro banho, porque não

agüento este calor.Para distrair o pessoal a orquestra dos mosquitos

tocava sambas.

A LENDA D O T

QUANTAS LÂMPADAS SÃO?(Solução da página 74)

As lâmpadas eram, ao todo, 14.

PARA PASSAR O TEMPO(Solução da página 39)

1-G; 2-D; 3-E; 4-P; 5-H; 6-1; 7-B; 8-C; 9-A.

OS CULPADOS(Solução da página 47)

O ladrão da gravata, com ela ao pescoço, à esquerda, noalto, levando um murro. O assaltante, com um ponto-falso(esparadrapo) no rosto, à esquerda em baixo, na motocicleta.O garoto que quebrou o lampeão, com êle, no quadro da mo-tocicleta, com a mesma camiseta riscada.

TRÊS MAUS ETRÊS BONS

mÈÊSmL_____- «ygggttg* £

O Barrigudo mais uma vez apa-receu protestando contra o barulho.

Quando o caracol chegou, a sa-pinha foi perguntar se não tinhaacontecido algum desastre com ocascudo-da-montanha. O marimbon-do deu um risinho:

Desastre vai ser essa gentetoda comendo e bebendo...

Nisto foi chegando a família docascudo-da-montanha. Eta família

grande ! Todo o mundo correu

para ver o juiz. Aí se deu a tra-

palhada. Na confusão e tanto pesodum lado só, a folha da Vitória-regia arrebentou e todos 03 convi-dados foram para o fundo do lajio.Foi um reboliço medonho. Algunsvoadores ainda se salvaram.

Os peixes pulavam de contente.O bagre disse que as coxinhas

de gafanhoto eram dele.O lambarí gargalhou:

Bem a Vitória-Régia dizia quenão era de borracha.

0 sapo apareceu meio tonto naoutra margem:

Bem estava precisando dumbanho; mas onde está minha noi-va ? Por onde anda minha noiva ?

O marimbondo deu um risinho:A mãe dela disse que sua

vaidade causou tudo isso._-r>r>r>otWK>rKH»r>r»^^

GO ***- (Conclusão da página 63)

Solução da página 61)

"Os mais altos Índicesde pobreza, doenças, desa-justamento no trabalho,na família e na vida so-ciai se encontram entre osanalfabetos. Há uma gran-de relação entre o analía-betismo e o *6aixo nível decultura e de vida, assimentre os indivíduos comoentre os grupos, as comu-nidades, oa estados, as na-ções". — (Ambrose Caliver,sub-diretor da Comissãode Educação dos EE. UU.)

A partir de então, o homem teveque arar a terra para semear iosgrão e ver crescer nela os cereais,que são seu principal alimento. E opão se tornou muito mais saborosodo que era antes dos tempos destaminha história, porque o que temmais sabor é sempre aquilo que ad-quirimos co mesfôrço".

O ancião terminou a historia. Osmeninos, a quem o relato tinha pro-92

vocado profundo interesse, perma-neceram calados. Estavam deverasimpressionados.

— Eu também aprecio muito estashistórias do passado — desse 0 f&-zendeiro quebrando o silêncio —Elas sempre têm ensinamentos no-bres. O trabalho tem sido e será sem-pre o fundamento da civilização dospovos. E' também o trabalho a ga-rantla da paz. Povos trabalhadores

são inimigos da guerra, porque aguerra destrói a obra santa do la-bor. E' na ociosidade que se imagi-nam aa lutas entre os homens e énos maus costumes que se escondemos germes de destruição e da mor-te. O homem trabalhador goza mais

a vida do que o homem ocioso. Nadamais agradável do que o descansoobtido depois de um trabalho de uti-lidade própria ou alheia.

I V58

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

FICOU TÃOBRILHANTE

QUE SERVIUD E

ESPELHO

Jüi ri,

RECORDE SEMPRE ISTOO Itajaí percorre a mais rica zona colonial do Estado de Santa

Catarina. E' rio que desce da serra do Mar. Por pequenos vapores,é navegável até Blumenau.

*Escreveu Leopardi: E' curioso notar que quase todos os homens

que valem muito têm maneiras simples; e que quase sempre asmaneiras simples são tomadas por indício de pouco va,lor.

*A data de fundação do Rio de Janeiro, a bela cidade carioca, é

indiscutivelmente esta: primeiro de março de 1565,

i~í ¦ trtjsjéíff >j BâflavOal

V ¦ ¦• v'¦ í J*!^; ''^oi JWl^fcA aía^afT^ ... \f *~J\%\WJ.AIÍ^$W-Vm\

<>C<X><><><><><>0<><><><>

Está ótimo oALMANAQUE DE

CIRANDINHA

E A BANDINHA SEGUIU

USO E NÍO MUDOJUVENTUDE

ALEXANDRE J^^^^smWamiUKaWkta^k^^f

I 958 93

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

oHjunufiiàmv

f 2i%v eíí\i 1/ ^v _H

P.sse rttpate é meu !-- Mas, papai, è pura não molhar a sua roupa

PREFIRO IRDORMIR

Um pedinte di-rige-se a um s,u-jeito que passa:

Desculpe,cavalheiro, mascertamente o se-nhor não quereráver um pobrecoitado ca-minhar a noite'toda pelas ruaspedindo esmola...

E' uma coi-sa que pode sermuito interes-sante para sever, mas agoraestou cansado eprefiro ir dor-mir !

Dizia um gran. ^^>^^de orador, no j-^/^^-O^T??'auge de eloquen-te tirada:

E' admira-vel o íato de tera providência di-vina posto osgrandes rios jun-to às grandes cí-dades !

»Quando dei.

xarão as naçõestte aumentarcontinuamente oseu armamento ?— E' muito sim-pies: — quandocada nação te-nha um exércitoduas vezes maisforte que o do vi-zinho !

\ *¦¦ _/vv^__HM_l ______ t'^^'^ \

Onde iremos pararcortares o cabelo ? !

se comprarei um chapéu rada vez qur

tiKh '. Di' unem e esta porcanof

94

A escada é um pouco curta, muilumr...

ooooooôodooôdôúoooooociooooaçO meu amigo gosta de em- fpregar palavras raras na con-

versação. Convidei-o para to-mar um guaraná. Diante dasua recusa, expliquei:

Isto é muito bonr. E' atédiurético.

Dias depois, êle me partici- 2pou que a filha contratara ca- 9tamento. Perguntei-lhe:

E o noivo ? E' bom ropaz? 5Muito bom — respondeu. 8— E' até diurético.

0ÍPP0000QOOOO00000P0O00OO0OÇI

I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

O PRESENTE DA FADA

Naquela oldeia longínqua vivia uma pobre moci-

nha chamada Margarida, a quem a vida nunca sorrira

e que >ó conhecia tristezas e privações. As outras mo-

ças a evitavam e quando passava nas ruas era alvo de

maldadcs de toda a sorte.

_rC-__í t *^V\

n-y^^^/ Wlr^__r-íl £ ft \*A

E então a misteriosa mulher lhe deu um conselho

apenas, que ela logo tratou de seguir ã risca. Devia

seguir pela estrada, subir o encosto do morro, deixan-

do a aldeia para trás, sem pensar em outra coisa se-

não na belexa da Vida.

... um embrulhinho, dizendo que aquele era o seu régio

presente, um talismã graças ao qual ela, de então paradiante, seria sempre apreciada, bem recebida e reste-

joda onde quer que se apresentasse. E Morgarida, con-fionte, partiu.

Um dia estava Margarido muito desconsolada achorar, quando surgiu na estrada uma estranho mu-lher de aspecto impressionante, que dela se aproximoucom passos trâpegos e cansados. Nunca aquela mu-lher fora vista ali, em outro ocasião.

Tendo obedecido, Margarida, depois de muito an-dar, teve uma surpresa: num ponto onde não esperavaviu surgir à sua frente um castelo maravilhoso. A ve-

lho lhe tinha dito: — Pense openas na beleza da Vida

e caminhe sempre poro diante.

mféJmmYtt

Tinha razão a Fada dos Sonhos. De então por di-ante, Margarida passou a deslumbrar e atrair quemquer que a visse, e todos procuravam sua companhia,desejovom tê-la perto, graças oo presente maravilhosoque recebera.

Chegando oo lado da infeliz menina, a anciã Idefalou com suavidade e doçura, indagando quem era,por que se mostrava assim triste, e fazendo muitos ou-tras perguntas a que a pobrezinha respondeu com omaior sinceridade.

Assim ela fez. No castelo, que se abriu para re-cebè-la, foi acolhida por uma criatura de esplêndidabeleza, que disse ser o Fada do Sonho. Depois de oi-

guma permanência no castelo, quando a mocinha seretirou, a Fada lhe deu ...

E' que o presente fora um perfumodíssimo sa-bonete DORLY, o mágico sabonete que, pela sua fra-

gáncia adorável, torno quem o usa atraente, envolvidoduradouramente por uma onda de perfume e de sonho

que nenhum outro consegue imitar ou superar.

I 958 95

Natalproibido...

Poucos são os países no mundo quepodem reivindicar uma celebração doNatal mais feliz do que a Grã-Breta-nha, onde esta festa é essencialmenteum acontecimento familiar. Todavia,há mais de 300 anos, esses festejos fo-ram proibidos pelo Parlamento, queordenou que "nenhuma comemora-ção deveria ser feita no 25.° dia dedezembro, comumente chamado Diade Natal, nem qualquer solenidadepraticada nas igrejas naquele dia, emrelação ao fato". E, para dar maiorênfase à sua proclamação, o Parla-mento realizou uma sessão normal nodia 25 de dezembro de 1652. Esse era,naturalmente, o Parlamento de OliverCromwell, cujos simpatizantes vi-nham protestando durante anoscontra os excessos e devassldões quena época do Rei Carlos I haviammarcado os festejos da Natlvidade,protestos que ocasionaram muitoderramamento de sangue em um le-vante na catedral da cidade de Can-terbury, onde o Natal fora abolido,por ordem do Prefeito, em 1647.De 1652 até ã Restauração da Mo-narquia, em 1660, os serviços religio-sos do Dia de Natal eram realizadosem casas particulares, o que nãodeixava de ser um perigo para osque neles tomavam parte, o cleroera cuidadosamente vigiado, e ascasas suspeitas de realizar missaseram invadidas por soldados, que ti-nham ordem de prender qualquerpessoa que violasse a lei.

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

Falam-se no mundo 2.796 línguasO EM contar os dialetos, 2.796 línguas são faladas no"—^ mundo, mas apenas 13 delas são usadas por mais de50 milhões de indivíduos. São as seguintes:

Chinês.. 500.000.000Inglês 250.000.000Industani 160.000.000Russo 150.000.000Espanhol 120.000.000Alemão 100.000.000Japonês 100.000.000Francês 80.000.000Indonésio 80.000.000Português 60.000.000Bengali 60.000.000Italiano 60.000.000Árabe.. 50.000.000

O inglês é, há muito, o idioma mais espalhado nomundo. Estima-se que 600 milhões de pessoas, ou seja 1em cada 4 habitantes da Terra, entendem ou falam maisou menos essa língua.

AQUILO E' QUE ERA UMA TENAZ PERSEGUIÇÃO !.. . -- ... - , . i i i ii ini ¦ ¦.. ...

si^Ey^^SÜS^I ._, s*-Qmw_B__MI__L-.-^i—— , . . . ^ _¦ - —¦- ¦*' ~_rj»n «t, . i -i . ¦¦ )!»¦¦¦ «m «u ^P*BWsWFi. li. i. x2T~^*~%~~~^yywstrr, , Tsr i_ n >> rs >i i Ui >>< -i ^n/«Vivr_(>a^.^_---— jÊÊmmmlmt

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TOSSE? CODEINOL N UF A

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A "pororoca" é um fenômenoque se verifica no Amazonas.E* produzido pelo avanço ràpi-do da alta maré, rio acima, emondas sucessivas, as quais, fa-zenflo subir consideravelmenteo nivel do rio e atravancandoa correnteza, revolvem as águase põem em perigo as embarca-çõos. A correnteza do Amazo-nas é tão forte que avança nomar até trinta quilômetros ion_ge da costa, o que se verificapela água doce que se encon-tra a essa altura.

96 '958

PREFERIDO PELAS CRIANÇAS PORDE GOSTO AGRADÁVEL.PREFERIDOS PELOS MÉDICOS POR SER OREMÉDIO QUE ALIVIA, ACALMA E CURA.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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Cabelos sedosos 1 M^a 1e ondulados iHw^Ejl

í|||é ^ ^-^EXP. 1908- EXPÍ22^^ ^1^__-MBM_:p|!p Ò DIPLOMA DE HONRA ^m***0mmmÊ***^mmt^W%& ^ ,V jfA EXPOSIÇÃO DO CENTENÁRIO^ ^kW? ^I_'¦

& Í35l í I i ^fir *W^

^IÉI I llfcr^ , ^^ll Exija o legítimo de ^W

ÍJP ° LEGIT,M° CARLOS BARBOSA \

-IÜP r—\ JOUmlk LEITE que traz o nome /

Igip 7CARLOS BARBOSA LEITE?^1|| W^ ATe È^OtOQ-c-lSéj

PETROLOVO

I 958 97

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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98 I 958

ALMANAOUE D'0 TICO-TICO

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— Quarta-feira— Qrfinta-f eira— Sexta-feira— Sábado— Domingo— Segunda-feira— Terça-feira— Quarta-feira— Quinta-feira

10 — Sexta-feira11 — Sábado12 — Domingo13 — Segunda-feira14 — Terça-feira15 — Quarta-feira16 — Quinta-feira17 — Sexta-feira18 — Sábado19 — Domingo20 — Segunda-feira21 — Terça-feirfe.22 — Quarta-feira23 — Quinta-feira24—Sexta-feira25—Sábado26 — Domingo27 — Segunda-feira28 — Terça-feira29 — Quarta-feira30 — Quinta-feira31 — Sexta-feira

Fratern. UniversalSanto IzidoroSanto AnteroSão GregorioSão SimeãoReisSão LucianoSão LinoSão JuliãoSão GonçaloSão HiginoSão SátiroSanto HilárioSão FelixSanto AmaroSão HonoratoSanto AntãoSão PriscoSão CanutoSão SebastiãoSanta InésSão VicenteSão RodolfoNossa Senhora da PazConver. de São PauloSão PolicarpoSão João CrisóstomoSão CiriloSão Francisco SalesSanta MarinaSão Pedro Nolasco

ALMANAQUESE

CALENDÁRIOSEM

geral, usa-se na linguagem vulgar o mesmosignificado para estas duas palavras, apesar

de terem significação distinta. O calendário é umregistro ou catálogo que compreende todos os diasdo ano distribuídos por meses com dados astronô-micos como o nascimento e ocaso do sol, sua entra-da em cada signo do Zodíaco, princípio das esta-ções, fases da lua, etc.; e muitas outras notas rela-tivas a datas religiosas e civis.

O almanaque contém todas essas datas e maisnotícias gerais sobre outras coisas, conhecimentoscientíficos, artísticos, anedotas, noções de agricui-

• tura, estatísticas, efemérides, conselhos, etc.l 958

O almanaque mais antigo de que se tem notí-cia é um Calendário cronológico que data do séculoXIII antes de nossa era e que, por conseguinte, temmais de 3 mil anos de antigüidade. Encontra-segravado no teto da tumba do faraó Ramsés IV, nasimediações da localidade de Biban-el-Moluk, pró-ximo de Tebas. Nele estão as indicações das es-trêlas que aparecem no horizonte da cidade egípciadurante as horas sucessivas da noite, em períodode quinze dias e por todo o ano.

Também existe um almanaque egípcio confec-cionado muito tempo depois do citado acima, poissomente data do século II antes da éra cristã.Abrange um período de 29 anos e nele se encon-tram as datas das entradas dos principais planetasnos signos Zodíacos durante o mencionado tempo.

Os romanos também tiveram seus almanaques,que em nada se pareciam com os nossos. Eram fei-tos de pedaços de madeira cortados em quadros ebem polidos, em cujas quatro faces continham indi-

^ÍJJJ-\tXm^lfkéM,,ti.\íçpf,JJt jajCJjsjÜ sst«yrijfc'" »SA^MjW*l >tty

1

Ai FJ^IPO*)1-23-4-5-67-8-9-

10-11-12-13-14-15-16-17-18 >19-20-21-22-23-24-25-26-27-28-

-Sábado-Domingo

Segunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feira

-Quinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingo

Segunda-feiraTerça-feira

¦ Quarta-feiraQuinta-feiraSexta-feira

Santo InácioPurif. de N. SenhoraSão BrazSanto AndréSanta AguedaSanta DorotéiaSão SimplícioSão MarinhoSão LúcioSanta EscolásticaSão DesidérioSão JúlioSão BenignoSão AbraãoSão LázaroCARNAVALCARNAVALCARNAVALCinzasSão LeãoSanta VitalinaSanta MargaridaSão LázaroSão PretestatoSão CezárioSão VitorSão BaldomeroSão Macario

99

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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I ^2M A R C Oll^ i

SábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuanta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feira

São AdriãoSão CarlosSão TitoSanta CamilaSão RomualdoSanta VitóriaSão Tomás de AquinoSanto EutrópioSão. CândidoSão MilitãoSão ConstantinoSanto EulogioSão RodrigoSão LeandroSão ZacariasSão CiríacoSanta AgrícolaArcanjo GabrielSão JoséSão GilbertoSão Bento .Santo OctaviadoSão LiberatoSão AgapitoAnunc. de N. SenhoraSão BraulioSão FiletoSão CastorSão VitorinoRamosSão Benjamin

cações relativas às quatro estações do ano, assimcomo as datas fixas, que eram tão numerosas emRoma, e detalhes referentes à aparição das princi-pais constelações, seguindo as mudanças do céu es-trelado.

No famoso museu Farnésio existe um destesartefatos, trabalho em mármore que, além das da-tas anteriormente mencionadas, contém indicaçõesreferentes aos trabalhos agrícolas que correspon-dem aos diversos meses do ano.

Entre os calendários mais notáveis da antigui-dade merece ser citado um feito em Roma no ano

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448 de nossa éra, e dedicado ao Bispo de Lion, quetem a particularidade de ter ao mesmo tempo asdatas dos cristãos e dos gentios, e outro compostono ano 483 para a Igreja de Cartago. Este últimose encontra atualmente na biblioteca nacional deParis. Ambos são de grande singeleza e só repre-sentam um quadro de datas mencionando os gran-des fenômenos astronômicos do ano.

Os árabes, que tanto se distinguiram na ciên-cia astronômica e a quem devemos os algarismosatuais, se dedicaram de uma maneira particular aessa classe de estudo e nos deixaram certo nume-ro de obras deste gênero, destinadas a estabelecera devida correspondência entre as datas das apa-rições das diversas constelações. Entre elas me-rece ser citada a de Alkindi, nos fins do século IX.A maioria dessas obras estão ilustradas e foramtraduzidas para o latim, sendo adotadas por quasetodos os países da Europa.

A partir do século XII aparecem já com maisfreqüência os almanaques que contém notas sobre

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Terçarf eiraQuarta-feiraQuinta-feiraSextaf eiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuartarfeiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feira

São HugoSão Franc. de PaulaSão PancrácioPaixãoAleluiaPáscoaSanta ElviraSanto AmancioSanta Maria CleófasSão TerêncioSanto IsaacSão NoratoSão JustinoPascoelaSão HegesipoSanta EngraciaSanto EstevãoSanta LauraSão HermogenesSanta CatarinaTIRADENTESDescobr. do BrasilSão FortunatoSão RobertoSão MarcosSão CletoSão TertulianoSão VitalSão TiburcioSão Peregrino

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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Quinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feira

i— Quinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingo

Santo Amador ^Santa DomitilaSão JuvenalSão FlorianoSão PioSanta JudithSão EstanislauPatri. de São JoséSão Gregório Naz.São HermesSão MamedeSão NereuAboliçãoSão BonifácioAscensão do SenhorSanta MáximaSão PascoalSanto EuricoSanto IvoSão BernardinoSanta VirgíniaSão RomãoSão BazilioSão CláudioSanto Urbano

Segunda-feira Santo AgostinhoTerça-feira Santo OlívioQuarta-feira São GermanoQuintarfeira São ProcópioSexta-feira São FernandoSábado Santa Petronila

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as lunações, eclipses, cortjunções _osplanetas e cur-so dos astros errantes. Na biblioteca nacional de Vie-na se conserva um manuscrito do século XIII, noqual se detalha de um modo sucinto o curso dos pia-

netas para o ano1285.

Na biblioteca deParis se conserva umalmanaque para vin-te anos, obra de umtal Guilherme deSão Cláudio, e a par-tir da data (1292)foram numerosos osalmanaques que sefizeram para 10, 20e até trinta anos;uma parte geral ser-via para todos osanos e depois vinha

] um pequeno quadro

dedicado a cada um com as datas móveis, as esta-ções do ano e os fenômenos celestes variáveis.

Do século XIV e sobretudo do XV são nume-rosos os almanaques que se tem conservado,todos eles manuscritos, e em sua maioriatraduzidos do árabe.

Depois começaram a publicar-se em linguavulgar na Alemanha, Polônia, Espanha e França;nessa época operou-se uma transformação neles,pois foi introduzida a astrologia e os autores dosalmanaques não se limitaram a produzir dia pordia os acidentes das estações, as variações do tem-po e sim pretenderam também indicar o efeito dosastros sobre os acontecimentos mais vulgares davida.

Marcavam-se os dias propícios para fazer con-tratos, para sangrar-se, para banhar-se e paracortar as unhas e o cabelo.

Isto é o que naqueles tempos se chamava "as-trologia judiciaria", arte baseada na charlatanice.

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— Domingo— Segunda-feira— Terça-feira— Quarta-feira— Quinta-feira— Sexta-feira— Sábado— Domingo— Segunda-feira

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São FirmoSanta MarcolinaSão ModestoSão MiguelCorpo de DeusSanta DionisiaSão GaudêncioSão MarcosSão PrimoSanta LígiaSão CelestinoSanto OnofreSanto AntônioSão ElizeuSanta EvelinaSanto AurelianoSão ManuelSão MarcelinoSão BeneditoSão SilvérioSão Luiz GonzagaSanta NicéiaSanta AgripinaSão João BatistaSão GuilhermeSão VirgílioSão LadislauSanto ArgemiroS. Pedro e S. Paulo

30 — Segunda-feira- Santa Lucinda

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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Terça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feira

São TeodoricoSão MartinianoSão IrineuSanta IsabelSanto AtanazioSanta AngelaSão FirminoSão ProcópioSanta VerônicaSão JanuárioSão MarcianoSão NaborSanto AnicetoSão BoaventuraSanto HenriqueN. Senhora do CarmoSanto AleixoSão CamiloSão JacintoSanto EliasSão CláudioSão PlatãoSão LibórioSão BernardoSão Tiago MaiorSanfAnaSão MauroSanto OlavoSanta MartaSanta MáximaSanto Inácio de Loiolai1

porém bem explorada, chegando a adquirir en-tre o povo categoria de verdadeira ciência.

O almanaque impresso mais antigo que se co-nhece é o que se conserva na biblioteca nacionalde Munich e tem por título "Calendário da Cris-

tandade contra osturcos".

Não tem data depublicação, emboradate do segundo têr-ço do século XV.Como não se referea nenhuma em par-ticular, e só contémalgumas notas e par-ticularmente exorta-ções contra os tur-

cos, colocadas ao lado dos doze meses do ano, tor-na-se impossível determinar a data exata de suapublicação

A obra mais famosa deste gênero é sem dú-vida alguma o calendário feito pelo astrônomo ale-mão Hans Muller, conhecido sob o nome de Regiomontano (1436-1476).

Esse sábio havia calculado umas efemérides equando se descobriu a imprensa, instalou uma ti-pografia em sua casa de Nuremberg e imprimiu em1473 o Calendário, que foi acolhido com universalaprovação.

Compunha-se êle de uma instrução geral sô-bre o calendário e de 14 folhas para cada um dosanos especialmente com referencia às lunações eeclipses. Dessa obra se fizeram numerosas edi-çoes.

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Sexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feira

Quarta-feiraQuinta-feira

Sexta-feiraSábadoDomingo

Segunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábado

DomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingo

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São LeoncioN. Senhora dos AnjosSão CassianoSanto AristarcoSanto OswaldoSão JustoSanto AlbertoSão JustinoSão RômuloSão LourençoSanto AlexandreSanto HerculanoSanta HelenaSanto EusébioAssun. de N. SenhoraSão JoaquimSanto AugustoSanto AgapitoSão LuizSão DermevalSanto AnibalSão FabricianoSão DonatoSão BartolomeuSanto EulálioSão Luiz ReiSão CesárioSanto AgostinhoSanta CândidaSanta Rosa de LimaSão Raimundo

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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SíBPRQffi— Segunda-feira— Terça-feira— Quarta-feira— Quinta-feira— Sexta-feira— Sábado— Domingo— Segunda-feira

9—Terça-feira10 — Quarta-feira11 — Quinta-feira12 — Sexta-feira13 — Sábado14 — Domingo15 — Segunda-feira16 — Terça-feira17 — Quarta-feira18 — Quinta-feira19 — Sexta-feira20 — Sábado21 — Domingo22 — Segunda-feira23 — Terça-feira24 — Quarta-f eira25 — Quinta-feira26 — Sexta-feira27 — Sábado28 — Domingo29 — Segunda-feira30 — Terça-feira

São ConstâncioSão BrocardoSão LadislauSão MarinoSão JustinianoSão LiberatoIndepend. do BrasilNativ. de N. SenhoraSão GracianoSanta PulquériaSanto EmilianoSanto Nome de MariaSanto AmadoSão CornélioDores de N. SenhoraSão CiprianoSanta ColombaSão José CupertinoAparição da VirgemSanta FaustaSão MateusSão FlorêncioSanta TeclaSão GeraldoSão PacíficoSanta EugêniaSanto AdolfoSão BernardinoSão MarcialSão Jerônimo

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Em 1481 se imprimiu em Augsburgo um alma-naque de 80 páginas com números gravados emmadeira e que tinha como título "Calendário comnotas astrológicas e regras para a saúde"

Nessa época se publicaram muitos almana-quês redigidos em verso, como o itaüano de GiulianoDati, que começa no ano de 1493 e em que se des-creve em rimas o curso dos anos seguintes e quecontém um retrato do autor gravado em ma-deira.

Também é quase todo escrito em verso o ai-manaque meteorológico anônimo aparecido emNuremberg até o ano de 1520 com o título de "Al-

manaque dos camponeses ou livro do tempo"A mais notável das publicações dessa espécie

é, sem dúvida, o Almanaque de Gotha, confeccio-

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Quarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feiraSábadoDomingoSegunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feira

Sexta-feiraSábadoDomingo

• Segunda-feiraTerça-feiraQuarta-feiraQuinta-feiraSexta-feira

São GastãoSnts. Anjos de GuardaSão CândidoS. Francisco de AssisSão PlácidoSão BrunoN. Senhora do RosárioSão DemétrioSão DinizS. Francisco de BorjaSão FirminoDesc. da AméricaSão DanielSão CalistoSanta Teresa de JesusSão FlorentinoSão André de CretaSão LucasS. Pedro de AlcântaraSão FelicianoSão LeonardoSão HilariãoSão GracianoSanta SabinaSS. Crispim e CiprianoSão MarianoSanto ElesbãoSão SimãoSão NarcisoSanto ÂngeloSanta Lucilia

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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— Sábado— Domingo— Segunda-feira— Terça-feira— Quarta-feira

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Todos os SantosFinadosSão MalaquiasSão MaurícioSão MateusSanto AmarandoSão DeodatoSão RogérioSanto Alcides

10 — Segunda-feira São Martinho11 — Terça-feira12 — Quarta-fera13 — Quinta-feira14 — Sexta-feira15 — Sábado16 — Domingo

São Carlos BorromeuSão DiogoSanto ArcádioSanto UrsinoProclamação Rep.Santo Edmundo

17 — Segunda-feira São Grégório Taum18 — Terça-feira19 — Quarta-feira20 — Quinta-feira21 — Sexta-feira22 — Sábado23 — Domingo24 — Segunda-feira25 — Terça-feira26 — Quarta-íeira27 — Quinta-feira28 — Sexta-feira29 — Sábado30 — Domingo

São MáximoDia da BandeiraSanta FranciscaSão RufoSão FilomenoSão ClementeSão João da CruzSanta CatarinaSanta GenovevaSanta MargaridaSão TiagoSanta IdaSão Justino

nado em 1763 pelo barão de Klupfel e que desdeessa remota data tem aparecido todos os anos até1939, data em que foi interrompida sua publica-ção depois de uma existência gloriosa de 176anos.

A edição desse famoso almanaque era em seusprimeiros tempos um pequeno volume de 140 pá*PENSOU QUE ERA UMA COBRA...

ginas e nele se encontram informações relativas aeclipses, datas religiosas e as estações do ano; cadamês- aparece ilustrado com alguma cena cam-pestre.

Depois das notas referentes às famílias rei-nantes da Europa, há uma seção dedicada a "coisas

curiosas", algumas de uma ingenuidade de abis-mar.

Na edição correspondente ao ano de 1863 —que assinalou o século de sua existência — já nãoaparecem as "coisas curiosas"

Já consagrado às genealogias imperiais, reais,principescas, ducais, etc, o almanaque se tinhaconvertido em anuário diplomático e estatístico porexcelência.

Sua última edição tinha mil e quatrocentaspáginas.

fam^HO1 — Segunda-feira

2 — Terça-feira— Quarta-feira— Quinta-feira— Sexta-feira— Sábado— Domingo— Segunda-feira— Terça-feira

10 — Quarta-feira11 — Quinta-feira12 — Sexta-feira13 — Sábado14 — Domingo15 — Segunda-feira16 — Terça-feira17 — Quarta-feira18 — Quinta-f eu a19 — Sexta-feira20 — Sábado21 — Domingo22 — Segunda-feira23 — Terça-feira24 — Quarta-feira25 — Quinta-feira26 — Sexta-feira27 — Sábado28 — Domingo29 — Segunda-feira30 — Terça-feira31 — Quarta-feira

São CassianoSão LourençoSão Francisco XavierSanta BárbaraSão RadamésSão Nicolau de BariSanto AmbrosioCone. de N. SenhoraSão LeandroN. Senhora do LorêtoSão Damazio .São DonatoSanta LuziaSanto AgneloSanto AdolfoSão ValentimSão Francisc. de SenaNossa S. do AmparoSão NemézioSão DomingosSão SeverinoSão DemérioSão DagObertoSão DelfinoNatalSão MarinoSanta Fabíola ,Santo AbelSão TomazSanto HilárioSão Silvestre

104 I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

FAÇA UM

CORTE DOBRAKh i \/

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COM pedaços de pa-

pelão grosso, vocêpode fazer um fi-

cháric.Corta um retângulo

grande, do qual Tetira ocentro e no qual fazduas fendas em cada ex-tremo.

Outros dois retângulosmenores levarão tam-bém duas fendas nas par-tes mais largas. Depois,unem-se umas às outras,dobrando o retângu-lc maior e ajustando àsfendas de cada extremi-dade (cabeceira) um dosretângulos pequenos.Olhando as figs 1, 2 e3, entende-se logo.A parteque vai reticulada é parao caso de você querer fazer uma ampliação.

Se, em pro-porção à suaestatura, o ho-mem tivesse aforça de umapulga, poderialevantar, semdificuldade, opeso equivalen-te à carga dcsete pianos, enum só impul-so pularia a dis-tãncia de **quilômetros.

Foi KobertFortune, queviajava pelaChina, no prin-cipio do séculoXIX, quem le-vou para a fn-dia as sementes

que foram aorigem das hojeextensas planta-ções de chá.

PARA TUDOHÁ REMÉDIO...

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SABIA ISTO?

OS caíres ocupam, soo diversos nomes, quase ioda

a parte sul da África, e falam, com pequenasdiferenças, o mesmo idioma, que é o bantú. Consti-tuem um dos tipos superiores da raça negra e têmmistura de sangue árabe.

• Na antiga Grécia houve uma lei curiosa que fa-vorecia os cidadãos amantes do teatro mas que não

podiam comprar entradas. Antes de cada represen-tação, todos os cidadãos de Atenas recebiam do Es-tado quantia equivalente a Cr$ 1,20 de nossa moeda.

• A palavra charque — ou xarque comoquerem alguns es-crever - - com quese denomina a "car-

ne-sêca'". é de ori-gem quichúa. Osquichúas eram ín-dios do sul do conti-nente americano, naregião que é hoje aArgentina. A pala-vra indígena é "cha-

quisca", que signifi-ca seco. Daí se de-rivou charque, oucharqui. Depois, atéos ingleses criarama palavra "jerked".

que quer dizer "boi

seco".

PARA ÊLE NÃO ENTRISTECER

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FOI BEM ATENDIDO

— lima salada, mas bem de-pressa...

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I 958 105

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

ELESS À oU MDESAFIO"^TAS duas páginas que

• oferecemos aqui, apare-cem algumas bonitas fotografias de montanhas, quedão gosto olhar.

Mas esses picos são curió-sos porque constituem umdesafio permanente aos co-rajosos alpinistas que os vi-vem namorando de longe eatraídos por sua beleza eseu... perigo.

Todos eles ficam na Amé-rica do Sul, na zona monta-nhosa que tantos aspectosdeslumbrantes oferece aosolhos dos que por ela pas-sam, no bojo dos aviões.

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Monte Sarmiento,de 2.300 metros. Fi-ca na Patagônia, Ar-gentina, onde tam-bem se encontramos montes Itália eBove. Não são mon-tes consideràvelmen-te altos, mas degrande importânciaalpinistíca, pela difi-culdade que ofere-cem aos que os ten-tam escalar.

A esquerda o Taul-liraju, que mede5.830 metros, naCordilheira Branca(Peru), que está per-manentemente co-berto de neve, apesarde situado na regiãotropical.

106 1958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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^p-»'lí A esquerda vemos ¦"'o pico Chacraraju, I

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^^.ttík \ü,J rigoso esporte. M * jyr_Í wmm» A direita o Cerro L&M ífl*«Jl Torre,

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suas peripécias. f ' fl _P','_l_»i"3i II M I ...in i ,ii-|,ii i.l !^^W

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Aqui estão (à esquerda) oFitz Roy (3.375 metros) a49 graus de latitude sul, naPatagônia, uma "tentação"

para os afeiçoados ao alpi-nismo e o Alpamayo (6.000metros) ainda na Cordilhei-ra Branca, vasta cadeia aonorte de Lima.

Este foi "vencido" em 13de agosto (!!) de 1951, diaque talvez tivesse sido sexta-feira...

Agora vemos o PiramidPeak, de 5.885 metros. E'uma das mais majestosasmontanhas da América doSul.

Sempre coberta deneve, não facilita a ascen-ção dos destemidos quelhe tentam alcançar opico.

Seu nome é característico:"Piramid Peack" quer dizer"Pico Pirâmide".19 58

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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BRINCAVAM uma tarde à porta de sua

casa Darci e Cláudio, dois irmãos, quandoviram se aproximar um pobre que lhes falouassim:

— Meus filhos, vocês podem arranjar ai-guma coisa para comer ? Já bati em muitasportas e só recebi negativas. Sejam bons parao velhinho, dêem-me ao menos um pedacinhode pão. Deus recompensará o seu coração,estou certo disso . ..

Os meninos, que eram caridosos, foramem casa e voltaram trazendo um prato cheiode comida Fizeram o ancião sentar-se a umbanco e o atenderam muito carinhosamente.Não satisfeitos com a oferta que tinham fei-

to, ainda meteram em um saco umpão, carne assada, frutas, biscoitos eoutras provisões que davam para umasemana.

O mendigo agradeceu com pala-vras comovidas a bondade dos meni-

nos e, metendo a mão no bolso do remen-dado paletó, tirou dele duas sementes queentregou a Darci e Cláudio, dizendo:

— Tomem, meus filhos: isto é a únicacoisa que possuo e lhes dou como recom-pensa pelo bem que me fizeram.

— Oh ! »— exclamaram os irmãos. —Nada tem que nos agradecer, e se quer es-perar até papai chegar, êle arrojará tra-balho para o senhor.

Obrigado, obrigado. — respondeu o ancião.. — Devo partir sem demora,pois tenho uma missão a cumprir e estão à minha espera.

E despedindo-se dos meninos, pôs-se a andar, levando o saco com as provi-soes, às costas. Darci olhou as sementes exquesitas que estavam em sua mão edisse, sorrindo:

Pobre homem ! Com certeza apanhou estas sementes no caminho equem sabe de que planta será !

Seja lá de que planta fôr — retrucou Cláudio — eu as semearei e cui-darei delas quando aparecerem os primeiros brotos.

108 I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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— E vais perder tempo com isso ? — indagou o irmão, rindo. — Que tolo és:E fazendo saltar uma das sementes da palma da mão, atkpu-a longe, gri-

tando: — Boa viagem A

Cláudio não disse nada, embora se sentisse um pouco penalizado ao ver

que o irmão atirava fora a semente. Guardou a sua cuidadosamente e no outrodia, muito cedinho, plantou-a em um canto do jardim, onde dava sol e ficavaao abrigo dos ventos fortes. E teve a alegria de ver surgirem, poucos dias depois,as primeiras folhinhas verdes, que pareciam de seda.

E a plantinha continuou crescendo e se tornou umarbusto. Darci a olhava zombando e dizia:

— Vamos vêr que frutos dó . . . Amargos, ácidos,que ninguém os poderá comer . . .

E, com efeito, Darci acertou em parte na profe-cia. A pequena árvore deu flores e depois frutos - . .que não se podiam comer !. . . Eram tão duros que nãohavia dentes que os quebrassem . . . Porque aquelesfrutos eram de ouro e constituíam uma grande riqueza..-

Darci se lamentou mil vezes por nãohaver plantado a sua semente, que teriaproduzido uma árvore igual à do irmão.Cláudio, porém, era generoso e bom e repar-tit» com êle e os pais o sua riqueza, dizendo

a Darci:— Aproveita a lição e lem-

bra-te sempre de que da maisinsignificante semente, bem

cuidada, pode sur-gir um tesouro !

I 958 109

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

O GATOAQUI E ACOLÁ

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/"V S gatos são silenciosos, e por\*- isto mesmo incompreendi-dos. Mas apenas para pedir ascoisas necessárias. Bem diversossão os cachorros e os pássaros,cujas travessuras e cantos enter-necem os espíritos supérfluos.

Os gatos são incompreendidos,porque desdenham explicar-se;enigmáticos eles são apenas paraaqueles que ignoram o poder ex-pressivo da mímica. Não há ser

vivente cujo semblante seja maiseloqüente do que um gato: acuriosidade, o espanto, a apreen-são, o terror, a alegria, a feroci-dade, a gula, a voluptuosidade, adecepção, a cólera, manifestam-se em longos clarões em seusolhos.

Os egípcios tinham em grandeveneração um deus da músicaque era figurado por corpo hu-

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mano encimado por cabeça degato. Em Memphis, a beleza deuma mulher era tanto mais qua-lificada quanto mais se parecessecom uma gata-

O Dr. Jumaud, conta que ostemplos egípcios abrigavam ia-mílias de gatos de uma espécieparticular em cada templo em queeles eram tratados como divinda-

des. Cunhavam até medalhascom a efigie desses ídolos paracolocar no pescoço das criar) -ças "consagradas"' ao gato. Deacordo com Herodoto, quandoum gato morria numa casaegípcia, todos os habitantesraspavam os supercilios em si-nal de luto; o cadáver, embal-samado com aromas, era de-positado num pequeno ataúdereproduzindo a imagem do ani-mal, em bronze ou em madeirapintada, cem olhos encrusta-dos de esmalte e as vezes comuma placa de ouro. Em segui-da, acompanhado pelos pri-meiros magistrados, o corpoera conduzido e enterrado numcemitério especial onde aindaexistem seus despojos, secoscomo velhas cigarras, seme-lhantes às dos gatos sagradosdas civilizações pré-incaicas.Por isto, em 1890 foram encon-tradas, perto de Bem-Hassan,num hipogeu chamado Grutade Diana, 180.000 múmias degatos, muitas das quais foramlevadas para Londres.

Se acontecesse alguém ma-tar um gato, mesmo acidental-mente, ò povo egípcio atirava-se sobre o assassino e matava-o com suplícios. Os egípcios te-miam tanto lhes fazer mal quequando o rei da Pérsia, Cam-bises, quis apoderar-se da cida-

110 1958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

de de Pelusia, fez que mar-chasse diante de suas tro-pas um "pelotão de gatos"e que cada um de seus oíi-ciais e soldados usasse umcomo escudo. Com receiode atingirem seus animaisfavoritos, os egípcios ren-deram-se sem combater.

Atribuíam ao gato o domde caçar serpentes. Perfu-mavam-no e colocavam-nosobre um leito de gala enos festins êle ocupava" olugar de honra. Entre osgregos, Homero refere-se aeles com as maiores defe-rências. E Corinto possuíauma estátua de gato aco-corado, em bronze, do ta-manho da do nobre leãode Belfort. Os bárbaros gêr-mànicos adotaram os feli- »,nos como símbolo da liber-dade. Para a Idade Média o gatoera a forma visível de demônioe o gato preto a montaria favo-rita das feiticeiras.

OS ingleses, tão amigos dè to-

dos os animais, têm pelogato uma admiração sincera quese firmou com a criação (sôb aégide do ancestral National CatClub, fundado em 1887) de qua-torze "clubes de gatos".Em Londres, o restauran-te para animais, situadono bairro de Westminster,reserva mesas para os ga-tos pensionistas, reconhe-cíveis pelas medalhas queusam no pescoço.

Porém os verdadeirossantuários dos gatos sãoencontrados em Paris: sãoas acomodações das por-teiras. Na sua penumbrareina invariável mente umgato, geralmente enormee sempre imóvel. Em fran-cês, a palavra "chat" é aimagem adequada ao ani-

Os egípcios con-sideravam o gatoanimal sagrado.

Muitas está-tuas o represcn-tavam.

dência que êle jamais tevena vida), e Lenine* quereinava no Kremlin, comum gato sobre os joelhos.

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mal,.. Macio, felpudo, rechon-chudo.

É grande a lista dos ilustresentusiastas deste animal, entreeles Richelieu, com a sua "gata-ria", instalada ao lado do quartode dormir; Baudelaire, que oscantou em versos imortais; Cie-menceau, que tinha como mas-cote uma gatinha persa chama-da Prudência (a única prudên-

/"lODOLPHIN, o cérebre^^ cavalo ancestral ecriador do puro sangue in-glês, tornou-se amigo deum gato preto; e quandoêle morreu, em 1753, ogato velou o cadáver doamigo até a chegada doesquartejador, e depois fu-giu e foi morrer numagranja próxima. Kroumir,o gato de Rochefort, dei-xou-se morrer de fome

.. após o falecimento do do-no. O gato de Modiglianisuicidou-se logo após amorte deste pintor. A gatade Madame Michelet, pres-sentido o próprio fim, de-

sapareceu três noites seguidascarregando de cada vez umdos seus gatinhos, na terceiravez voltou agonizante e descobri-ram que ela fora confiar os filhosa uma gata vizinha, para que osamamentasse. Os gatos possuema sensibilidade mais delicada, amais gradativa, a mais impetuo-sa. Eles possuem, dizia Mme. Mi-chelet, o cérebro nas patas,

(nove pessoas em dez sãoincapazes de pegar umgato sem o fazer fremir edebater-se). Possuem pen-dores os mais variáveis. £notoriamente sabido que osgatos brancos são pregui-çosos, os pretos, passeado-res, os cinzentos bons ca-çadores, os ruivos, muitonamoradores. "Os gatossão afeiçoados apenas apa-rentemente'', disse Buííon,que, no entanto, costuma-va conhecer os animais; ocontrário é que devia serdito; sob uma aparência deindiferença, o gato é capazde profunda afeição.

«958 III

ALMANAOUE D'0 TICO-TICO

0 BtfRRO E 0 60/TJ RA uma vez um burro e um boi que não se gos-

tavam. Quando se encontravam no mesmopasto, injuriavam-se mutuamente, e às vezes agre-diam-se a dentadas, chifradas e patadas. Suadisputa datava de longa data e ninguém, nem elespróprios, se lembrava mais do motivo.

O burro e o boi detestavam-se tanto que to-das as tentativas, por parte de outros animais,a fim de reconciliá-los, eram vãs. Ao verem-se, osangue deles fervia e aos ornejos insultantes do

Cansado, um belo dia fugiu do moinho, embusca de aventuras. E viu uma bela senhora comum lindo manto azul e um homem com um casa-cão, ambos extenuados caminhando com grandedificuldade pela estrada.

Estamos bem cansados, disse o ho-mem.

A senhora respondeu-lhe:Estamos, sim, meu amigo; mas teremos

que continuar o caminhar...Notando o quanto estavam

exaustos, o burro decidiu-se a au-xiliá-los. Ofereceu-se para trans-portá-los até ao término de suaviagem e a senhora aceitou o ofe-recimento com um sorriso que foidireto ao coração de Aliboron —será que já disse que o burro sechamava Aliboron ?

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burro, o boi respondia com um silêncio de des-

prezo.Ora, vendo que isto perdurava há muitos anos

e que êle jamais conseguiria entender-se com oboi, o burro decidiu partir para bem longe, paranão tornar a ver seu inimigo. Partiu para o fimdo mundo — ou pelo menos, o mais longe quepôde — e ofereceu seus serviços a um vinhateiro.Porém o vinhateiro, sempre embriagado com o seu

próprio vinho, não era bom patrão; esquecia-se àsvezes de dar-lhe a ração, e o pobre burro tinha de

passar dias sem alimento.Então o burro o deixou e foi servir a um mo-

leiro.O moleiro era cruel e brutal, e descarregava

pauladas nas costas do pobre animal o diainteiro.112

9?E com o homem caminhando na frente, pu-

xando pelo cabresto o burro, todo feliz e orgulhosopor transportar tão linda senhora, prosseguiramao longo das estradas sob o vento glacial do in-verno.

Caminharam assim por muito tempo, descan-sando à noite nas casas que encontravam... Atéque, uma noite, chegaram a uma aldeia que oburro reconheceu... Era a sua ! Era a aldeia queêle havia abandonado, irado contra oboi!...

Andaram de porta em porta pedindo hospita-

1958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

lidade, porém ninguém lhes quis oferecer um leito,pois as pessoas daquela aldeia não eram caridosas.E foi o burro, depois de seus senhores terem sidorepelidos de toda parte, que os conduziu a uma gru-ta que êle conhecia.

Caiu a noite e com ela acentuou-se o frio cor-tante de dezembro. Dentro da gruta, onde um pas-tor previdente havia amontoado forragem, faziamenos frio do que na estrada. Mas, naturalmente,o calor não era suficiente...

Principalmente quando o Menino chegou. Ummenininho pequenino, nüzinho e rosado, cujonome era Jesus, e que caiu do céu naquela pobregruta escura e úmida. A Senhora colocou-o, paradormir, na manjedoura cheia de palhas, pois lápelo menos fazia menos frio... E o burro pensouque era preciso fazer alguma coisa para aquecer oMenino vindo de tão longe para a Terra.

Poderia cobri-lo com o corpo... Mas por certoo sufocaria com seu peso. Aliás, a pele de um bur-ro seria um manto conveniente para Aquele quedeveria ser o Rei da Terra ?

Então o burro saiu, pela noite, à procura deauxílio. Procurou pelas veredas da aldeia uma luz

que lhe indicasse quealguém ainda estavavelando... Porémtodos dormiam. E oburro caminhou emvão... Até que ouviuum mugido sonoro.

Era seu mimi-migo, o boi, enraive-

cido, que lhe gritou: — Que vieste fazer aqui? Pen-sávamos que tivesses desaparecido para sempre,suja cavalgadura !

O burro deixou-se insultar sem replicar. Aproximou-se do boi e disse:

Ouça-me, boi... Vim lhe pedir um favor...Um favor ? ! Tens a audácia de me pedir

um favor ? Retira-te, desprezível e miserável cria-tura, antes que eu te dê uma chifrada !...

Então o burro explicou. Defendeu a causa doMenino que lá estava, na gruta, sentindo frio, im-potente e sensível, e defendeu Aquele que era maisdo que um rei com tanto calor, que o boi consentiuem esquecer por uma noite seu rancor e seu ódio.

E o boi acompanhou o burro até a manjedouraonde repousava o Menino. E juntos, o burro e oboi, aqueceram com seu hálito o recém-nascido defisionomia tão pura. E este foi o primeiro milagrede Jesus: reconciliar o burro e o boi que se de tes-tavam...

Pelo menos é o que conta a história.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

EISALGUMASCOISASSOBRE O

DURANTE a Idade Média as

festas de Carnaval consis-tiam principalmente em bailes aoar livre e serenatas feitas pelaspessoas mais importantes da ei-dade.

Nem sempre se saíam bem des-sas serenatas, pois se de algumascasas recebiam dinheiro, de ou-trás recebiam lixo, água suja eaté estôpa em chamas. Em re-presália atiravam pedras nascasas onde eram tão mal re-cebidos, sendo por sua vez re-vidados, estabelecendo-se assimviolentos combates.

Como acontecia sempre re-sultarem feridos, a políciaproibiu essas serenatas.

OS povos antigos do Orien-

te costumavam usar más-caras nas cerimônias. Na fa-bricação dessas máscaras elesempregavam os materiais maisdiversos.

No Museu de Londres aindase encontra uma máscara fei-ta de mosaico e malaquita. Osegípcios faziam as máscaras delâminas de ouro, de vidro, deuma espécie de cera, cujo se-gredo de fabricação possuíam,e até de madeira. *

EM Veneza, o Doge — o su-

premo magistrado — dava,durante as festas do Carnaval,grandes bailes no Palácio doGoverno. A "Ridotta", assimse. chamava a festa, reuniatoda a nobreza veneziana. Da-mas e cavalheiro,, ostentavamluxuosas fantasias e exibiamcaríssimas jóias.

Nos jardins muito bem iluminados por lanternas de cô-res, também se dançava. Osmascarados se disfarçavamcom meias-máscaras de veludopreto, que tiveram sua origemna cidade de Veneza, e assimirreconhecíveis podiam fazerbrincadeiras espirituosas e in-teressantes sem correr o risco114

(V^mt&ade serem descobertos. Duranteo baile os criados percorriamos salões e jardins com bandejascheias de guloseimas de toda es-pécie.

Porém... algumas dessas gu-lodices eram recheadas com subs-tâncias amargas, picantes ou en-tão bem azedas e aqueles que asrecebiam faziam caretas que

muito divertiam os outros con-vivas.

Mas havia alguns que engo-liam depressa o doce sem dar aperceber aos outros o logro emque haviam caído, enquanto seuscompanheiros esperavam atenta-mente o menor sinal de repu-gnância para estourarem em gos-tosas gargalhadas.

ÀS VEZES A ALEGRIA DURA POUCO

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I 958

ALMANAOUE D'0 TICO-TICO

{nOT^®T^D3í&]0O C£ôt4£0*ir-

"r^Ti UM tipo muito preguiçoso con-

seguiu, com um i* : «x em-prego no Cemitério i^umcipal.

Dias depois de empossado, apareceunovamente no gabinete do seu pro-tetor.

O doutor desculpe... mas aqueleemprego não me agrada... Não fico,não...

E por que ? Ora essa ! Expli-que-se!

O doutor acha que é bom an-dar o dia todo lendo nas sepulturas:"Aqui repousa..." "Aqui repousa..." ea gente tendo que dar duro no tra-balho ? !

— rrecisas gritar assim ? Nunca viste pregar umprego ? .

O sujeito entrou no bar, olhou em torno, até en-contrar a mesa onde estavam os amigos, con-versando. E para lá se dirigiu.Salve, meninos ! — exclamou. Depois sentou-se

e disse, com voz triste:Acabo de perder cem mil cruzeiros, por causa

de uma palavra !Não digas ! Como assim ? — perguntaram

os outros.Bem... Eu subi ao escritório do Matarazzo e

lhe disse, no peito:Sêo Matarazzo, eu preciso de cem mil cruzeiros.

Passe-os para cá, está bem? Aí, êle disse: — "Não".

Se tivesse dito "Sim", eu agora os tinha no bolso...

l

— Venha cá pra baixo, se é ho~mem ! Venha !

T^^^A'rT^ _j__ i "* __te *\||B|^'_i^i^B WttíaW^^B^t^Btf/^Êttl^^OBStOà^^

Dentro de alguns minutos estou descendo.

\\ifo »**

Acho que vão jios dar sopu . . .E eu estou com uma fome ! !

I 958 115

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

m /^ tNSETO repelente e nocivo, a aranha é, no entanto, aprecia- \/ ¦B/\ /"" X P-^las habilidades que demonstra, tornando-a superior a

X /

INSETO repelente e nocivo, a aranha é, no entanto, aprecia-

pelas habilidades que demonstra, tornando-a superior amuitos animais mais adiantados na escala zoológica.

Sem ter apurado o órgão da visão, embora possua olhos vi-víssimos e verdes; sem ter distinto o órgão auditivo, a aranhaapresenta tal desenvolvimento em sua sensibilidade táctil, queisso a torna exemplo, entre os demais insetos.

São as aranhas afins com os escorpiões, pois pertencemà mesma família: os aracnídios.

Há aranhas que fazem sua habitação muito mais perfei-ta e melhor que a gruta que protegeu das feras e das intempé-ries o homem primitivo,

entrada das casas desses pequenos insetos é a mais perfeita de quan-tos portais tenham sido fabricados por mãos humanos. Imagine-se que, sob oentrada, a porta, estende-se uma galeria limpa, forrada de seda e fechadacontra a possível intromissão de inimigos, por uma porta modelada que girasobre uma charneira também de seda, e que se fecha com o mesmo material.

O interessante é que algumas dessas aranhas não se conformam com oter apenas uma porta: fazem uma segunda, abaixo da primeira, como paramelhor se protegerem.

Todas as aranhas possuem meios de defesa e esse meio é o ferrão.De todas, porém, a mais temida, é a "rarântula", cuja ferroada é dolorosíssima e

a que atribuíam reações orgânicas fatais.Na Idade Média grassou, certa vez, uma moléstia nervosa, de estremecimentos

musculares e, não se precisando, ao certo, a sua causa, foi atribuída à picada da ta-rântula: veio dessa aranha o nome que deram à enfermidade: tarântismo !

Entanto, a moléstia nada tem a ver com a afamada aranha.O interessante é que se acreditou que que esse mal era curável pela música. En-

tão, imaginaram compassos determinados e danças adequadas a que deram o nomede "Tarantela", ainda tão apreciada nos dias de hoje.

O que ficou provado é que a picada da tarântula, embora muito dolorosa, produzirritação local, mas não moléstia de resultados fatais.

Em torno das aranhas as lendas surgiram, quais as mais interessantes e belas.A mais notável é justamente aquela que deu o nome ao inseto: a lenda de Aracné.

Era Aracné uma jovem grega, filha de um tintureiro de Colofon, na Grécia. Ti-

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nho ela grande habilidade em fazer tapeçarias, e seu trabalho era tão perfeito e origi-nal que, de longe, vinham viajantes só para apreciá-los.

Acontece, porém, que Minerva, a deusa da sabedooria, em suas horas de lazer,também se entregava à arte da tessitura. E se vangloriava por isso.

Aracné sabia-o e, em lugar de recear o concurso da deusa, resolveu desafiá-la.Orgulhosa, Minerva aceitou o desafio e ambas se puseram a trabalhar com

afinco.Quando chegou o dia do confronto, toda a assistência só teve olhos para Os amores

dos deuses, o maravilhoso trabalho de Aracné.Ferida no seu orgulho, Minerva, tomou a linda tapeçaria de Aracné, fê-la em pe-

daços e, num crescendo de ódio, avançou para sua rival, ferindo-a com a sua lança-deira.

Desesperada, Aracné fugiu e, tomando os fios com que trabalhara, enrolou-os emvolta do pescoço e... enforcou-se !

Juno, a grande deusa, vendo o corpo de Aracné, tocou-o, e transformou a bela jo-vem numa aranha.

E Aracné, agora pequeno inseto, coontinua o seu trabalho de tessitura, unindofios, juntando-os, tecendo, construindo essas admiráveis teias em que a lua põe re-flexos de prata.

A uma aranha deveu Renato de Bruce, da Escócia, a sua vida. Contam que, fugin-do da perseguição de Eduardo I, seguido pelos soldados inimigos, o rei àa Escócia ocul-

tou-se numa gruta, em meio do caminho. Pouco depois, passaram os que o deviamprender e Renato ouviu um deles dizer: — "Entremos nesta gruta. Certamen-

te êle nela se ocultou ..." "Nesta gruta ? — indagou o outro. Como

quer que ele esteja aqui se há na entrada uma teia de aranha tãoespessa e fechada ? Se êle tivesse aqui pene-trado, teria rebentado a teia ...'

E os soldados partiram,. sem entrar.Kfl fíN KBBBubÉ^^. sem entrar. ,À.

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* 117I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

O -RJP/A/C/PBOfr&ÜL&OSO

rei Ramon e a rainha Fausta ti-nham pedido às Fadas que lhes

enviassem um filho e pouco tempo depois chegou ao palácio a mais encantadora das crianças, que foirecebida com muita alegria e muita festa. Houve baile e diversões variadas, mas os pobres não foramconvidados.

Um ancião, que tinha fama de feiticeiro, e morava no alto de uma montanha, quando soube disso,falou:

Mau! Mau!... Isto acarretará alguma desgraça !Passaram-se os anos sem que nada ocorresse; o principezinho Jair cresceu. Foi primeiro um lindo me-

nino e depois um esbelto e atraente jovem. Seus pais o adoravam, porém o povo não lhe queria bem. De-testava-o até. E por que ? — indagarão vocês. Simplesmente porque Jair era tão orgulhoso que nem res-pondia à saudação que lhe faziam; desprezava os humildes e jamais socorria a um necessitado. Seus paisem vez de ensinar-lhe a ser caridoso e bom, o tornavam cada vez mais orgulhoso.

Quando Jair completou vinte anos, seus pais quiseram que êle se casasse e a esposa eleita foi Célia,a filha do rei Ornar. A princesa, que conhecia a falta de caridade do moço, disse:

Não; não me casarei se não fôr com um homem generoso e bom; quando o príncipe se corrigirdo seu orgulho, então eu me casarei com êle.

Jair, ao conhecer a opinião da jovem, pôs-se a rir e disse ao emissário que trouxe a respostada princesa:

Diga a ela que agora só a desposarei se chegar ao ponto de pedir-lhe uma esmola. E isso não acon-tecerá jamais ... — acrescentou altivamente.

p RA o dia de Ano Novo, que naquele país caía em pleno inverno. Jair, agasalhado de custosas peles e¦"-1 seguido pelos pajens, viu-se abordado por um ancião maltrapilho que lhe disse:

TRADUÇÃO DE J. ANTÔNIO DURAN118 1958

^MANAQUE D'p TICO - TICO

Da-me uma esmola, pelo amor de Deus !Esmola ? — exclamou Jair. — Vó trabalhar, folgazão !

E o mendigo respondeu:Príncipe Jair, algum dia ver-te-as como eu e nada também te darão !

Insolente! — gritou o jovem. — Castiguem-no! Quando, porém, quiseram obedecer à ordem,o ancião já havia desaparecido. O príncipe voltou ao palácio, onde se festejava a chegadado Ano Novo.

A partir daquele dia, entretanto, sucederam-se muitas infelicidades na vida do jovem. Os reis mor-reram e um príncipe, parente afastado, apoderou-se de tudo e expulsou Jair do palácio.

O príncipe viu-se da noite para o dia despojado de todos os seus bens.Não importa! — disse — enquanto tiver dinheiro viverei bem, e depois procurarei trabalho.

Como não sabia economizar, bem depressa viu-se sem um centavo. Procurou, então, trabalho. Andoude porta em porta e nada conseguiu.

Nos lojas e escritórios comerciais olhavam-no com desconfiança. Êle tinha um ar aristocrático.Queriam um homem prático e Jair apenas sabia cantar. Sem trabalho e sem dinheiro, foi obrigado adormir à margem das estradas, comendo frutos que colhia das árvores.

E tornou a chegar o outro Ano Novo. Aquele que antes era um príncipe feliz, era agora um ho-mem faminto e andrajoso. Recordou com amargura as festas que se davam em seu palácio. E lem-brou-se também do pobre mendigo que o procurara para um auxílio e a quem êle negara, mandandoque o castigassem. De repente, viu que caminhava em sua direção uma jovem acompanhada pelospajens que carregavam grandes embrulhos.

— Uma esmola, pelo amor de Deus — suplicou ao se aproximar da moça. Ao reconhecê-la deuum grito angustioso e caiu de joelhos.

Era a princesa Célia aue, por sua vez o reconhecendo, disse:— Jair, pediste-me uma esmola! Agora já pos-

so casar-me contigo. Conheces a miséria e teucoração há-de ser, de hoje em diante, generoso ebom para com os infelizes.

E a princesa levou Jair ao castelo, onde foirealizada a boda e os primeiros a serem convida-

dos foram os pobres.E se tornou sabido que no prin-

cipado governado por Jair e Célianão havia mendigos nem pobres,vivendo todos muito felizes.

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ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

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0 aqueduto é uma ponte ás acessas: aágua passa pôr cima e os transeuntespor baixo.

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mon-Os romanos construíam aquedutos comum, dois e até três andares de arcadas-

Os romanos não conheciam oprincipio dos vasos comuni-cantes, atualmente aplicado

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DEPÓSITODE

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AQUEDU TOSTEXTO E DESENHOS DEDINIZ MOURA

|"N E um modo gerol podemos dizer que aqueduto é um ca-•*S nal destinado a conduzir água de um ponto para outro.Há aquedutos subterrâneos e outros que são elevados sobreo terreno, estes sem dúvida mais importantes.

Os ossírios, egípcios, fenícios e hebreus já construíamobras de hidráulico. Os gregos deram preferência aos aque-dutos subterrâneos.

Entretanto os mais famosos construtores de aquedutos' da antigüidade foram os romanos. Herdaram dos etrusces qtécnica e a desenvolveram a tal ponto que durante scculclsuas construções serviram de modelo para as dos outros pó-vos. Eles não conheciam o princípio dos vasos comunicantesque hoje em dia qualquer aluno de escola primária conhece.

Mos apesar disso resolveram o problema át> abastecimen-to de suas cidades, de maneira bem engenhosa. Construíramarcadas e sobre elas uma calha por onde corria a água coma superfície livre (a descoberto).

A escolha da construção em arcos não representava ape-nas uma fidelidade dos romanos ao seu tradicional processo-construtivo. Além de economizqr material, é o meio mais ra-cional de evitar o efeito dos ventos. Realmente, se, ao invésde arcadas, os romanos construíssem paredes contínuas, osaquedutos, que eram muito altos e extensos, acabariam sendoderrubados, em virtude da grande área exposta à pressão dosventos.

Para que a água pudesse correr pela calha, os aquedu-tos eram dotados de uma inclinação uniforme e muitof pe-quena.

iles construíram aquedutos com um, dois e até três an-dares de arcadas, para conduzir a água através dos vales.

Roma, com sua enorme população, precisava de muita

Para que a água pudesse correr, os aquedu-tos possuíam uma inclinação constante.A água era recolhida em nascente situada emcolina mais alta que a cidade,

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120 I 958

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

água. Além do consumo doméstico, havia as gigantes-cas termas com suas enormes piscinas. E eram os aque-dutos que a abasteciam. Os mais importantes foram:o "Áqua Cláudia", o "Áqua Márcia", o "Aqua Tepula"e o "Áqua Júlia".

No tempo do Imperador Augusto havia 9 aquedu-tos em Roma.

Mas nem só em Roma construíram aquedutos osromanos. Por todo o seu vasto império fizeram surgircentenas de construções semelhantes. Assim, foram

'construídos aquedutos nas cidades romanas da Itália,da Dalmácia, da Espanha, da França, de Portugal, donorte da África etc.

Os mais importantes são os seguintes:Na França a chamada "Pont du Gard", que fazia

parte de um aqueduto de cerca de AÒ quilômetros e queabastecia Nimes. Foi construído no ano 150 da nos-sa éra.

Na Espanha os de Segóvia (muito bem conser-vado), Mérida e Tarragona.

Em Portugal o de Conimbriga e outros.Na Dalmácia, o de Spacato.A Idade média continuou a usar a técnica romã-

na. Os árabes foram também notáveis construtores deaquedutos.

E' célebre o que no Alhambra de Granadavai dar à chamada 'Torre da Água".

Portugal possue tantas construções dess_ natu-reza, que é chamado "Terra dos Aquedutos".

O principal é o chamado "Águ** Livres", irmão gê-meo dos nossos "Arcos de Santa Teresa", no bairroda Lapa.

£ste, apesar de ser considerado Monumento Na-cional, já sofreu alargamento dos seus arcos em doispontos, para facilitar o trânsito. A última dessas mo-dificações data de 1949.

_^SÍa___€-,^*^_ ^^^^-*^<^'^^a2fô<__.á5_^'

Aqueduto das ÁguasLivres, em Lisboa, na época em

que foi construído.

Ruínas do aqueduto romano àhamado "AquaCláudia", construído no início da nossa erapelos imperadores Calígula e Cláudio.

A "Pont du Gard" é assim chamada por suaarcada inferior ter sido construída para ser-vir também de ponte. Tem > andares de arcada,

O aqueduto da Carioca, no Riode Janeiro, atualmente em-

pregado como viaduto.

___L/mOsk _

I 958 121

A HISTÓRIA DO

PIANO

O piano é um dos insti umentos mais antigos.Sua origem, como instrumento de cordas

com teclados, vem da Idade Média, mas antesdisso, muito antes, embora sob outra modalida-de, já êle existia.

Pelo seu princípio, pela existência de cordastensas, que ao serem feridas produzem sons me-k-diosos, o piano tem muito forte parentesco coma harpa, com o clavicordio, com o "clavecin", eantes desses instrumentos existirem, já outrosse baseavam no mesmo princípio, como o "tri-

gono", o "pisantir", o "psalterio", o "quanon*'...Com esses instrumentos

se fazia música nos temposanteriores às Cruzadas, dede que todos nós já temosouvido falar.

Quando foi que se fez oprimeiro piano, é muito di-ficil descobrir. Poetas e es-critores dos séculos XII eXIV não mencionam o pia-no, nem o clavicordio, nemo cravo.

Parece que a criação dos pri- cados, "dependendo

da provisãomeiros instrumentos dessa na- de ar, de foles, de força, ou de

ALMANAQUE D'0 TICO-TICO

martelinhos batessem nas cordas tensas, fe-rindo sons nelas, estava arranjado um belomeio de substituir os pesados órgãos.

Nasceu, então, o "dúlceme', cujas cor-das eram golpeadas por bolinhas de madei-ra, e logo o "psalterio", e daí para cá gera-ções vieram melhorando e aperfeiçoandoesse mecanismo e se chegou ao piano de hoje,que é um dos instrumentos mais maravilho-sos que o homem já conseguiu realizar.

Um piano, por dentro, nada tem de ex-traordinário. Os princípios em que êle sebaseia são simples: uma corda bem estica-da, para produzir o som: um golpe, ou pan-cada, vibrada sobre ela; um teclado, quepromove o movimento dos martelinhos queferem as cordas, por meio de molas. E pron-to. Nada mais. É tudo. Agora, pensem em quemaravilhas as mãos dos artistas, dos gran-

tureza se deve ao uso do ór-gão, muito vulgar então, e ànecessidade de um instrumen-to de teclado que pudesse sertocado com mais facilidade.Havia, é certo, os órgãos por-táteis, mas não davam o resul-tado desejado. Eram compli-

uma outra pessoa para moveros foles...

Foi olhando para uma cita-ra, outro instrumento velhis-simo, que ocorreu talvez aoprimeiro fabricante de pianosque, se êle conseguisse arran-jar como fazer com que uns

des executores conseguemarrancar daqueles aramesesticados !

O primeiro piano de mar-telos — assim chamados ospianos modernos, — foicriado por Bartolomeu

-.i^-Christoforo, florentino, emf 1711.

Éj E os pianos elétricos, que%-' existem hoje, apareceramP em Londres? em novembro

de 1923. Ha, ainda, as piano-Ias, criação de um homemchamado Nikisch, em 1912.

Nas igrejas, pela sua sono-ridade austera, pela lentidãodos §eus sons, ainda se usamos harmonios, ou órgãos. Masmuito aperfeiçoados, que jánão exigem aquele esforçoenorme de antes e que qual-quer um pode tocar.

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