Klippel, S., Olavo, G., Costa, P. A. S., Martins, A. S., Peres, M. B. (2005). Avaliação dos...

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Série Livros 13

Pesca e potenciais de exploração

de recursos vivos na região central da

Zona Econômica Exclusiva brasileira

EDITORES

Paulo A. S. Costa

Agnaldo S. Martins

George Olavo

Rio de Janeiro

Museu Nacional

2005

ISBN 85-7427-008-3

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Reitor – Aluísio Teixeira

Museu Nacional

Diretor – Sergio Alex Kugland de Azevedo

Comissão de Publicações do Museu Nacional

Editores Pro tempore: Miguel Angel Monné Barrios, Ulisses Caramaschi

Editores de Área: Alexander Wilhelm Armin Kellner, Cátia Antunes de Mello Patiu, Ciro Alexandre Ávila, Débora de

Oliveira Pires, Guilherme Ramos da Silva Muricy, Izabel Cristina Alves Dias, João Alves de Oliveira, Marcelo de Araújo

Carvalho, Maria Dulce Barcellos Gaspar de Oliveira, Marília Lopes da Costa Facó Soares, Rita Scheel Ybert, Vânia

Gonçalves Lourenço Esteves.

Normalização: Vera de Figueiredo Barbosa

Comissão Editorial do volume

Débora O. Pires - UFRJ/MN

Guilherme R. S. Muricy - UFRJ/MN

Gustavo W. A. Nunan - UFRJ/MN

Sílvio Jablonski - UERJ

Revisão e normalização: Gianni Fontis Celia

Capa: Roberta Autran

Fotos da capa: Guy Marcovaldi / Banco de Imagens do Projeto TAMAR-IBAMA

Diagramação e arte-final: Lia Ribeiro

MUSEU NACIONAL – Universidade Federal do Rio de Janeiro

Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040

Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Impresso no Brasil - Printed in Brazil 2005

Patrocínio:

Ficha Catalográfica

P473 Pesca e potenciais de exploração de recursos vivos na região

central da Zona Econômica Exclusiva brasileira / editores

Paulo A. S. Costa, Agnaldo S. Martins, George Olavo. –

Rio de Janeiro : Museu Nacional, 2005.

248 p. : il. ; 28 cm. – (Série Livros ; 13)

Inclui bibliografia

ISBN 85-7427-008-3

1. Recursos pesqueiros – Brasil. 2. Recursos marinhos -

Brasil. 3. Zona Econômica Exclusiva – Brasil. 4. Programa

REVIZEE. I. Costa, Paulo A. S. II. Martins, Agnaldo S.

III. Olavo, George. IV. Museu Nacional (Brasil). V. Série.

CDD 639.20981

Ministério do Meio Ambiente (MMA)

Ministério das Relações Exteriores (MRE)

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

Ministério da Educação (MEC)

Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)

Marinha do Brasil (MB/MD)

Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM)

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Bahia Pesca S.A. (Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia)

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)

SCORE CENTRAL DO PROGRAMA REVIZEE

Coordenador: Jean Louis Valentin - UFRJ

Vice-Coordenador: Luis Carlos Ferreira da Silva - UERJ

COORDENAÇÃO GERAL DO PROGRAMA REVIZEE (SQA/MMA)

Álvaro Roberto Tavares

Altineu Pires Miguens

Carlos Alexandre Gomes de Alencar

José Luiz Jeveaux Pereira

Oneida Freire

Ricardo Castelli Vieira

COMITÊ EXECUTIVO DO PROGRAMA REVIZEE

À Coordenação Geral do Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica

Exclusiva (Programa REVIZEE); ao Coordenador do Subcomitê Regional da Costa Central (SCORE Central),

Dr. Jean L. Valentin, pelo constante apoio em todas as etapas deste trabalho; ao Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão de bolsas de estudos; ao Ministério de Minas

e Energia e à PETROBRAS pela doação do combustível para a execução dos cruzeiros; ao diretor da Bahia

Pesca S.A., Dr. Max M. Stern, pelo apoio fundamental aos trabalhos de prospecção pesqueira e estabelecimento

da cooperação com o IFREMER; aos comandantes do navio oceanográfico N/O Thalassa (Hervé Piton e Paul-

Ives Guilcher), aos mestres de pesca e tripulações das embarcações de pesca: B/P Margus II (mestre Antônio

Bianchi), B/P Margus I (mestre Bastos), B/P Cricaré I (mestre Emanuel), B/P YAMAYA III (mestres Chagas e

Miranda); às empresas de pesca Kowalsky Comércio e Indústria de Pescados Ltda. (Itajaí-SC), Margus Indústria

de Comércio de Pescados Ltda (Itajaí-SC) e Brasfish Captura e Comércio de Pescados (Cabo Frio-RJ), pelo

apoio na viabilização das embarcações para os trabalhos de prospecção pesqueira e processamento das capturas;

aos entrepostos e empresas de pesca do Espírito Santo e Bahia que permitiram o acesso aos bolsistas do Programa

REVIZEE às suas instalações para amostragem de desembarques: Alvarenga Comércio e Indústria da Pesca

Ltda, Cooperativa Mista de Pesca de Vila Velha Ltda; Colônia de Pescadores Z-1 do Rio Vermelho (Salvador);

Cooperativa de Pescadores de Valença, CEFET-Bahia e Colônia de Pescadores Z-15 (Valença); COOPERI/COPEX

Comércio e Exportação Ltda., Frigorífico Ilhéus Frutos do Mar e Colônia de Pescadores Z-34 (Ilhéus),

COPESSULBA Cooperativa Mista de Pescadores do Sul da Bahia e Frigorífico Rio-Buranhém (Porto Seguro).

AGRADECIMENTOS

ADRIANA DA COSTA BRAGA

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

(UNIRIO)/Laboratório de Dinâmica de Populações

Marinhas. Av. Pasteur, 458/410, Urca, Rio de Janeiro,

22290-240, RJ, Brasil.

E-mail: [email protected]

AGNALDO SILVA MARTINS

Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)/CCHN,

Depto. Ecologia e Recursos Naturais. Av. Fernando Ferrari,

514, Vitória, 29075-910, ES, Brasil.

E-mail: [email protected]

ANTÔNIO M. SOLÉ-CAVA

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)/CCS/IB,

Depto. Genética, Laboratório de Biodiversidade Molecular.

Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, 21941-490, RJ, Brasil.

E-mail: [email protected]

EDUARDO BARROS FAGUNDES NETTO

Instituto de Estudos do Mar Alte. Paulo Moreira (IEAPM),

Depto. de Oceanografia, Rua Kioto, 253, Praia dos Anjos,

Arraial do Cabo, 28930-000, RJ, Brasil.

E-mail: [email protected]

GEORGE OLAVO

Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)/

Laboratório de Biologia Pesqueira. Km 03 BR 116 Feira

de Santana, 44031-460, BA, Brasil.

E-mail: [email protected]

GIANMARCO SILVA DAVID

APTA, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Barra

Bonita. Avenida Pedro Ometto, 874, Centro, Barra Bonita,

17300-000, SP, Brasil.

E-mail: [email protected]

JÚLIO NEVES ARAÚJO

Department of Biology - University of Leicester, UK.

E-mail: [email protected]

JULY NARDINO

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)/

Laboratório de Dinâmica de Populações Marinhas. Av.

Pasteur, 458/410, Urca, Rio de Janeiro, 22290-240, RJ,

Brasil.

E-mail: [email protected]

LUIZ RICARDO GAELZER

Instituto de Estudos do Mar Alte. Paulo Moreira (IEAPM),

Depto. de Oceanografia, Rua Kioto, 253, Praia dos Anjos,

Arraial do Cabo, 28930-000, RJ, Brasil.

E-mail: [email protected]

MANUEL HAIMOVICI

Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG),

Departamento de Oceanografia. Caixa Postal 474, Rio

Grande, 96201-900, RS, Brasil.

E-mail: [email protected]

MARCOS ALBERTO LIMA FRANCO

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

(UNIRIO)/Laboratório de Dinâmica de Populações

Marinhas. Av. Pasteur, 458/410, Urca, Rio de Janeiro,

22290-240, RJ, Brasil.

E-mail: [email protected]

MÔNICA BRICK PERES

IBAMA-CEPERG

Rua Visconde de Paranaguá, s/n, Rio Grande, 96200-

190, RS, Brasil.

E-mail: [email protected]

NILAMON OLIVEIRA LEITE JÚNIOR

Centro Tamar-IBAMA/ES

Av. Paulino Muller, 1111, Jucutuquara, Vitória, 29040-

715, ES, Brasil.

E-mail: [email protected]

PAULO A. S. COSTA

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)/

Laboratório de Dinâmica de Populações Marinhas. Av. Pasteur,

458/410, Urca, Rio de Janeiro, 22290-240, RJ, Brasil.

E-mail: [email protected]

RENILSON P. BATISTA

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)/CCS/IB,

Depto. Genética, Laboratório de Biodiversidade

Molecular. Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, 21941-490,

RJ, Brasil.

E-mail: [email protected]

SANDRO KLIPPEL

Instituto IGARÉ, Av. Carlos Von Koseritz 1612/402, Porto

Alegre, 90540-030- RS, Brasil.

E-mail: [email protected]

WANDERSON FERNANDES CARVALHO

Instituto de Estudos do Mar Alte. Paulo Moreira (IEAPM),

Depto. de Oceanografia, Rua Kioto, 253, Praia dos Anjos,

Arraial do Cabo, 28930-000, RJ, Brasil.

E-mail: [email protected]

AUTORES

Dr. ANTÔNIO OLINTO ÁVILA-DA-SILVA

Instituto de Pesca (IP-SP)

Dra. BEATRICE PADOVANI FERREIRA

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),

Departamento de Oceanografia

Dr. CARLOS EDUARDO LEITE FERREIRA

Ins t i tu to de Es tudos do Mar Almirante Paulo

M o r e i r a ( I E A P M ) , D e p a r t a m e n t o d e

Oceanografia

Dr. CAROLUS MARIA VOOREN

Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG),

Departamento de Oceanografia

Dr. EDSON PEREIRA DA SILVA

Universidade Federal Fluminense (UFF), Departamento

de Biologia Marinha

Dr. FÁBIO HISSA VIEIRA HAZIN

Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE),

Departamento de Pesca

Dr. FAUSTO FORESTI

Universidade Estadual Paulista (UNESP), Departamento

de Morfologia

Dr. FREDERICO WERNECK KURTZ

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),

Departamento de Oceanografia e Hidrologia

Dr. JOSÉ ANGEL ALVAREZ PEREZ

Universidade do Vale do Itajaí (CTTMAR), Curso de

Oceanografia

Dr. MANUEL HAIMOVICI

Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG),

Departamento de Oceanografia

Dr. MARCELO VASCONCELLOS

Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG),

Centro de Estudos de Economia e Meio Ambiente

Dr. MARCELO VIANNA

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto

de Biologia

Dr. MAURO LUIS RUFFINO

IBAMA/ProVárzea

Dr. ROBERTO ÁVILA BERNARDES

Programa REVIZEE - SCORE SUL (IOUSP),

Departamento de Oceanografia Biológica

Dr. ROBERTO WAHRLICH

Universidade do Vale do Itajaí (CTTMAR), Curso de

Oceanografia

Dr. SÍLVIO JABLONSKI

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),

Departamento de Oceanografia

Dra. VICTORIA JUDITH ISAAC NAHUM

Universidade Federal do Pará (UFPA), Laboratório de

Biologia Pesqueira e Manejo de Recursos Aquáticos

REVISORES

ALAN BARCELOS VALENÇA

ALAN MARQUES RIBEIRO

ALESSANDRO VASCONCELOS FERREIRA

ALINA SÁ NUNES

BERNARDO BASTOS FERREIRA

CLÁUDIO L. SAMPAIO

ÉRICA DA SILVA COSTA

FABRÍCIO RESENDE FONSECA

FLÁVIO DO NASCIMENTO COELHO

FREDERICO BANDEIRA CARIA DE ALMEIDA

GERALDO DE FRANÇA OTTONI NETTO

GIANMARCO SILVA DAVID

GLADSTONE IGNÁCIO DE ALMEIDA

GUILHERME ARGOLO MAURUTTO

GUSTAVO DE VASCONCELLOS ESTEVES

GUSTAVO SCHIFFLER

HILTON GOMES DE ALMEIDA

HUDSON TÉRCIO PINHEIRO

HYLSON VESCOVI NETTO

JANE KARLA RESENDE

JESUEL FERNANDES BERNABÉ

JOSÉ ALBERTO PERAZINNI SCHINEIDER

JÚLIO NEVES DE ARAÚJO

JULY NARDINO

KARLA GONÇALVES DA COSTA

KLÉBER GOMES DE OLIVEIRA

LAFAYETE M. DOS SANTOS

LUANA BARBOSA SEIXAS

LUIS OTÁVIO FROTA DA ROCHA

MAGDA FERNANDES DE ANDRADE-TUBINO

MARCELO FREITAS

MARCELO R. S. MELO

MARCOS ALBERTO LIMA FRANCO

MARCOS SANTOS ESQUIVEL

MARIA CECÍLIA TRINDADE DE CASTRO

MARIA DO SOCORRO SANTOS REIS

MÔNICA BRICK PERES

NATALINO MATSUI

NAYRA SANCHEZ FICHER

PAULO ROBERTO G. VIANNA

RENATA GUEDES

SANDRO KLIPPEL

SÔNIA WENCESLAU FLORES RODRIGUES

VALÉRIA ROCHA DA SILVA

WAGNER BISSA LIMA

WAGNER GUERREIRO

WALLACE DE SOUZA LIMA

EQUIPE DE BOLSISTAS DO SCORE CENTRAL

SUMÁRIO

Caracterização da pesca de linha e dinâmica das frotas linheiras da Bahia, Brasil ........................................ 13

G.Olavo, P.A.S.Costa & A.S.Martins

A pesca de linha de alto mar realizada por frotas sediadas no Espírito Santo, Brasil ..................................... 35

A.S.Martins, G.Olavo & P.A.S.Costa

Áreas de pesca e rendimentos da frota de linheiros na região central da costa brasileira entre Salvador-BA e o

Cabo de São Tomé-RJ ............................................................................................................................... 57

P.A.S.Costa, G.Olavo & A.S.Martins

Estimativas de desembarque da pesca de linha na costa central do Brasil (estados do Espírito Santo e Bahia)

para um ano padrão (1997-2000) ............................................................................................................. 71

S.Klippel, A.S.Martins,, G.Olavo, P.A.S.Costa & M.B.Peres

Avaliação dos estoques de lutjanídeos da costa central do Brasil: análise de coortes e modelo preditivo de

Thompson e Bell para comprimentos ........................................................................................................ 83

S.Klippel, G.Olavo, P.A.S.Costa, A.S.Martins, & M.B.Peres

Modelo probabilístico de rendimento por recruta e o estado de explotação da guaiúba Ocyurus chrysurus(Bloch, 1791) (Perciformes, Lutjanidae) na costa central do Brasil, entre Salvador (13°S) e o Cabo de São

Tomé (22°S) ............................................................................................................................................... 99

S.Klippel, P.A.S.Costa, G.Olavo, A.S.Martins & M.B.Peres

Recursos demersais capturados com espinhel de fundo no talude superior da região entre Salvador (BA) e o

Cabo de São Tomé (RJ) ............................................................................................................................ 109

A.S.Martins, G.Olavo & P.A.S.Costa

Prospecção de recursos demersais com armadilhas e pargueiras na região central da Zona Econômica Exclusiva

entre Salvador-BA (13°S) e o Cabo de São Tomé-RJ (22°S) ...................................................................... 129

E.B.Fagundes Netto, L.R.Gaelzer, W.F.Carvalho & P.A.S.Costa

Pesca exploratória com arrasto de fundo no talude continental da região central da costa brasileira entre

Salvador-BA e o Cabo de São Tomé-RJ ................................................................................................... 145

P.A.S.Costa, A.S.Martins, G.Olavo, M.Haimovici & A.C.Braga

Prospecção de grandes peixes pelágicos na região central da ZEE brasileira entre o Rio Real-BA e o Cabo de

São Tomé-RJ .............................................................................................................................................. 167

G.Olavo, P.A.S.Costa & A.S.Martins

Idade e crescimento de peixes recifais na região central da Zona Econômica Exclusiva entre Salvador-BA e o

Cabo de São Tomé-RJ (13°S a 22°S) ........................................................................................................ 203

N.O.Leite Jr., A.S.Martins & J.N.Araújo

Idade e crescimento do batata Lopholatilus villarii (Teleostei, Malacanthidae) na região central da ZEE, entre

Salvador (BA) e o Cabo de São Tomé (RJ) .............................................................................................. 217

G.S.David, P.A.S.Costa, E.B.Fagundes Netto, L.R.Gaelzer & A.C.Braga

Aspectos reprodutivos da guaiúba, Ocyurus chrysurus (Bloch, 1791), desembarcada pela frota de linheiros de

Porto Seguro-BA, entre 1997-2000 ............................................................................................................ 231

M.A.L.Franco, P.A.S.Costa, A.C.Braga & J.Nardino

Baixa diferenciação genética entre populações do peixe-batata (Lopholatilus villarii Miranda-Ribeiro, 1915)

ao norte e sul do Banco dos Abrolhos, Brasil .......................................................................................... 241

R.P.Batista & A.M.Solé-Cava

Os ambientes costeiros e oceânicos contêm a maior parte da biodiversidade disponível no planeta. Não obstante,

grande parte desses sistemas vem passando por algum tipo de pressão antrópica, levando populações de importantes

recursos pesqueiros, antes numerosas, a níveis reduzidos de abundância e, em alguns casos, à ameaça de extinção.

Observam-se, em conseqüência, ecossistemas em desequilíbrio, com a dominância de espécies de menor valor

comercial, ocupando os nichos liberados pelas espécies sobreexplotadas, o que representa uma séria ameaça ao

desenvolvimento sustentável.

Tal situação levou a comunidade internacional a efetuar esforços e pactuar normas para a conservação e

exploração racional das regiões costeiras, mares e oceanos, plataformas continentais e grandes fundos marinhos,

destacando a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e o Capítulo 17 da Agenda 21 (Proteção

dos Oceanos, de Todos os Tipos de Mares e das Zonas Costeiras, e Proteção, Uso Racional e Desenvolvimento

de seus Recursos Vivos), além da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica. O Brasil é parte destes

instrumentos, tendo participado ativamente da elaboração de todos eles, revelando seu grande interesse e

preocupação na matéria.

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – CNUDM, ratificada por mais de 100 países, é um dos

maiores empreendimentos da história normativa das relações internacionais, dispondo sobre todos os usos, de todos

os espaços marítimos e oceânicos, que ocupam mais de 70% da superfície da Terra. O Brasil assinou a CNUDM em

1982 e a ratificou em 1988, além de ter incorporado seus conceitos sobre os espaços marítimos à Constituição

Federal de 1988 (Art. 20, incisos V e VI), os quais foram internalizados na legislação ordinária pela Lei No. 8.617, de

4 de janeiro de 1993. A Convenção encontra-se em vigor desde 16/11/1994.

A Zona Econômica Exclusiva (ZEE) constitui um novo conceito de espaço marítimo introduzido pela Convenção,

sendo definida como uma área que se estende desde o limite exterior do Mar Territorial, de 12 milhas de largura, até

200 milhas náuticas da costa, no caso do nosso País. O Brasil tem, na sua ZEE de cerca de 3,5 milhões de km2,

direitos exclusivos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais,

vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito e seu subsolo, bem como para a produção de

energia a partir da água, marés, correntes e ventos.

Ao lado dos direitos concedidos, a CNUDM também demanda compromissos aos Estados-partes. No caso dos recursos

vivos (englobando os estoques pesqueiros e os demais recursos vivos marinhos, incluindo os biotecnológicos), a

Convenção (Art. 61 e 62) estabelece que deve ser avaliado o potencial sustentável desses recursos, tendo em conta

os melhores dados científicos disponíveis, de modo que fique assegurado, por meio de medidas apropriadas de

conservação e gestão, que tais recursos não sejam ameaçados por um excesso de captura ou coleta. Essas medidas

devem ter, também, a finalidade de restabelecer os estoques das espécies ameaçadas por sobreexploração e promover

a otimização do esforço de captura, de modo que se produza o rendimento máximo sustentável dos recursos vivos

marinhos, sob os pontos de vista econômico, social e ecológico.

Para atender a esses dispositivos da CNUDM e a uma forte motivação interna, a Comissão Interministerial para os

Recursos do Mar – CIRM aprovou, em 1994, o Programa REVIZEE (Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos

Vivos na Zona Econômica Exclusiva), destinado a fornecer dados técnico-científicos consistentes e atualizados, essenciais

para subsidiar o ordenamento do setor pesqueiro nacional.

Iniciado em 1995, o Programa adotou como estratégia básica o envolvimento da comunidade científica nacional,

especializada em pesquisa oceanográfica e pesqueira, atuando de forma multidisciplinar e integrada, por meio de

Subcomitês Regionais de Pesquisa (SCOREs). Em razão dessas características, o REVIZEE pode ser visto como um

dos programas mais amplos e com objetivos mais complexos já desenvolvidos no País, entre aqueles voltados para as

ciências do mar, determinando um esforço sem precedentes, em termos da provisão de recursos materiais e da

contribuição de pessoal especializado.

Essa estratégia está alicerçada na subdivisão da ZEE em quatro grandes regiões, de acordo com suas características

oceanográficas, biológicas e tipo de substrato dominante:

1. Região Norte - da foz do Rio Oiapoque à foz do Rio Parnaíba;

2. Região Nordeste - da foz do Rio Parnaíba até Salvador, incluindo o Arquipélago de Fernando de Noronha, o Atol

das Rocas e o Arquipélago de São Pedro e São Paulo;

3. Região Central - de Salvador ao Cabo de São Tomé, incluindo as Ilhas de Trindade e Martin Vaz;

4. Região Sul - do Cabo de São Tomé ao Chuí.

APRESENTAÇÃO

Em cada uma dessas regiões, a responsabilidade pela coordenação e execução do Programa ficou a cargo de um

SCORE, formado por representantes das instituições de pesquisa locais, contando, ainda, com a participação de

membros do setor pesqueiro regional.

O processo de supervisão do REVIZEE está orientado para a garantia, em âmbito nacional, da unidade e coerência

do Programa e para alavancagem de meios e recursos, em conformidade com os princípios cooperativos (formação

de parcerias) da CIRM, por meio da Subcomissão para o Plano Setorial para os Recursos do Mar – PSRM e do

Comitê Executivo para o Programa. Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, esse fórum é composto pelos

seguintes representantes: Ministério das Relações Exteriores (MRE), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA), Ministério da Educação (MEC), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Marinha do Brasil (MB/MD),

Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq), Bahia Pesca S.A. (empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma

Agrária do Estado da Bahia) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA,

coordenador operacional do REVIZEE.

A presente edição integra uma série que traduz, de forma sistematizada, os resultados do Programa REVIZEE, para

as suas diversas áreas temáticas e regiões, obedecendo às seguintes grandes linhas: caracterização ambiental

(climatologia, circulação e massas d’água, produtividade, geologia, e biodiversidade); estoques pesqueiros (abundância,

sazonalidade, biologia e dinâmica); avaliação de estoques e análise das pescarias comerciais; relatórios regionais,

com a síntese do conhecimento sobre os recursos vivos; e, finalmente, o Sumário Executivo Nacional, com a avaliação

integrada do potencial sustentável de recursos vivos na Zona Econômica Exclusiva.

A série, contudo, não esgota o conjunto de contribuições do Programa para o conhecimento dos recursos vivos da

ZEE e das suas condições de ocorrência. Com base no esforço de pesquisa realizado, foram, e ainda vêm sendo

produzidos um número significativo de teses, trabalhos científicos, relatórios, apresentações em congresso e

contribuições em reuniões técnicas voltadas para a gestão da atividade pesqueira no país, comprovando a relevância

do Programa na produção e difusão de conhecimento essencial para a ocupação ordenada e o aproveitamento

sustentável dos recursos vivos da ZEE brasileira.

RUDOLF DE NORONHA

Diretor do Programa de Gerenciamento Ambiental Territorial - MMA

PREFÁCIO

Neste volume da Série Documentos REVIZEE, são apresentados os principais resultados técnicos obtidos pelo SCORE

Central do Programa REVIZEE nas áreas temáticas de prospecção, estatística pesqueira, dinâmica e avaliação de

estoques, incluindo informações sobre o estado atual de exploração dos estoques e sobre o potencial pesqueiro

existente na região central da ZEE brasileira, definida, para fins operacionais, entre as latitudes de 11º30’S e 22º00’S.

A região é caracterizada por águas oceânicas oligotróficas e pela biodiversidade associada sobretudo à presença de

extensas formações recifais sobre a plataforma continental. A atividade pesqueira é predominantemente artesanal,

realizada sobre recursos de alto valor comercial (camarões, lagostas e peixes recifais) em áreas tradicionalmente

exploradas pela pesca marítima e estuarina na zona costeira.

A insuficiência de instituições de pesquisa voltadas para as ciências do mar e a carência por infra-estrutura para a

investigação pesqueira e oceanográfica na região constituíram os principais obstáculos e os maiores desafios vencidos

durante a execução do REVIZEE na costa central. A estratégia adotada, delineada na Proposta Regional de Trabalho

(PRT) do SCORE Central, estabeleceu três coordenações das áreas temáticas de pesquisa pesqueira: Bahia (UEFS),

Espírito Santo (UFES) e Rio de Janeiro (UNIRIO). O estabelecimento de parcerias com as colônias, cooperativas e

empresas do setor pesqueiro regional, com a disponibilização de estrutura física nos principais portos de desembarques

e embarcações para a pesquisa, foi fundamental para a concretização da proposta de trabalho. Também a formação

de grupos de pesquisa, com a estruturação de laboratórios, consolidação de competências na área e o intercâmbio

entre pesquisadores, estudantes e colaboradores das diferentes instituições de ensino e pesquisa envolvidas no projeto,

constituiu um salto qualitativo significativo para o desenvolvimento das ciências pesqueiras na costa central.

Dados anteriores sobre o potencial pesqueiro existente na plataforma continental dessa região foram produzidos pela SUDEPE-

PDP através dos grupos de trabalho para avaliação de estoques e durante os levantamentos realizados a bordo do B/P “Riobaldo”

entre 1973 e 1991, os quais foram dirigidos à captura de peixes, camarões e lagosta com arrasto de fundo, linha, covos, corrico

e espinhel de fundo. Os resultados desse esforço de pesquisa estiveram sempre restritos aos recursos da zona costeira.

Entre 1996 e 2001, através dos esforços do Programa REVIZEE, foram dimensionados os recursos existentes e prospectados

novos estoques, utilizando diferentes métodos de pesca, em áreas desconhecidas ou pouco exploradas pelas frotas comerciais

locais. Esses levantamentos foram realizados a bordo de embarcações da frota comercial ou em navios de pesquisa pesqueira

e oceanográfica que procuraram determinar com a maior precisão possível a abundância de recursos alternativos e as

características ambientais associadas à sua ocorrência e distribuição na zona oceânica e sobre o talude continental da região.

Os recursos pesqueiros investigados durante os cruzeiros incluem espécies pelágicas (que vivem na coluna d’água),

demersais (próximas do fundo) e bentônicas (sobre o fundo). Os recursos pelágicos foram prospectados com redes de

meia-água (pequenos pelágicos) e espinhéis de superfície (grandes pelágicos), enquanto os recursos demersais e

bentônicos foram prospectados com espinhel de fundo, arrasto de fundo, armadilhas e pargueiras.

Ao mesmo tempo, foram determinados os níveis de explotação dos principais estoques de peixes recifais explorados pelas

frotas linheiras da Bahia e do Espírito Santo. A avaliação desses recursos recifais foi priorizada na Proposta Regional de

Trabalho (PRT) considerando critérios de relevância socioeconômica regional, ocorrência na ZEE e falta de acompanhamento

por grupos de monitoramento e avaliação do IBAMA, o que já existia para outros recursos de importância sob exploração

comercial na área, como os GPEs da lagosta e do camarão. Nesta etapa, os dados foram obtidos através de entrevistas e

amostragem de desembarques realizadas nos principais portos das frotas linheiras estabelecidas na região, localizados em

Salvador, Valença, Ilhéus e Porto Seguro, no estado da Bahia, e em Vitória e Itaipava, no Espírito Santo. Nesses portos,

entre 1997 e 2000, foram amostrados mais de 3.000 desembarques, registrando os volumes das capturas desembarcadas,

sua composição em espécies e a produtividade das pescarias sobre os peixes associados aos ambientes recifais.

Nos capítulos 1 a 6 do presente volume, são apresentadas a descrição e análises sobre as características das pescarias

recifais e dinâmica das frotas linheiras, assim como a avaliação do comportamento dos principais estoques frente ao

esforço de pesca das frotas da Bahia e do Espírito Santo. Nos capítulos 7 a 10, são apresentadas as densidades,

rendimentos e abundâncias relativas dos recursos investigados através de cruzeiros de prospecção pesqueira e pesca

experimental. Por fim, nos capítulos 11 a 14, são apresentados estudos populacionais (genéticos, reprodutivos e de

crescimento) de alguns recursos-alvo investigados durante o projeto.

PAULO A. S. COSTA

AGNALDO S. MARTINS

GEORGE OLAVO

Editores

1 KLIPPEL, S.; OLAVO, G.; COSTA, P.A.S.; MARTINS, A.S.; PERES, M.B., 2005. Avaliação dos estoques de lutjanídeos da costa central doBrasil: análise de coortes e modelo preditivo de Thompson e Bell para comprimentos. In: COSTA, P.A.S.; MARTINS, A.S.; OLAVO, G. (Eds.)Pesca e potenciais de exploração de recursos vivos na região central da Zona Econômica Exclusiva brasileira. Rio de Janeiro: Museu Nacional.p.83-98 (Série Livros n.13).

AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES DE LUTJANÍDEOS

DA COSTA CENTRAL DO BRASIL: ANÁLISE DE COORTES

E MODELO PREDITIVO DE THOMPSON E BELL PARA COMPRIMENTOS1

SANDRO KLIPPEL, GEORGE OLAVO, PAULO A. S. COSTA, AGNALDO S. MARTINS & MÔNICA B. PERES

RESUMO: O estado de explotação de seis espécies de lutjanídeos pela frota de linheiros da costa central brasileira foi avaliadoatravés da análise de coortes e modelo preditivo de Thompson e Bell para comprimentos. Entre setembro de 1997 e julhode 2000 foram obtidos comprimentos de um total de 172.908 peixes da família Lutjanidae, em 2.754 desembarquesamostrados nos municípios de Salvador, Ilhéus, Valença, Porto Seguro, Vitória e Itaipava, nos estados da Bahia e EspíritoSanto. As distribuições de comprimento foram ponderadas pelas estimativas de desembarque anual, e os parâmetros dacurva de crescimento de Von Bertalanffy e taxas de mortalidade natural foram estimados por métodos empíricos. As duasespécies mais importantes, a guaiúba Ocyurus chrysurus e o realito Rhomboplites aurorubens, estão sendo gravementesobreexplotadas. Duas das espécies avaliadas estão submetidas a níveis ideais de mortalidade por pesca (Lutjanus jocu e L.vivanus), e as restantes exibem quadros moderados de sobreexplotação (L. analis e L. synagris).

PALAVRAS-CHAVE: avaliação, análise de coortes, distribuições de comprimento, sobrepesca.

ABSTRACT: Assessment of lutjanid stocks at the Eastern coast of Brazil: cohort analysis and Thompson and Bell lengthcomposition model

The status of six lutjanid stocks caught in the eastern Brazilian coast was assessed by cohort analysis and the Thompson andBell model of length compositions. Length frequency distributions from 172,908 fish collected between September 1997and July 2000 in 3,178 samples of the hand line fishery were included in the analysis. Length frequency distributionspooled from years 1997-2000 were raised to total annual catch. Empirical models were used to estimate the Von Bertalanffygrowth function and natural mortality. The two main species, the yellowtail snapper Ocyurus chrysurus and the vermilionsnapper Rhomboplites aurorubens, are seriously overexploited. Two species are under suitable fishing mortality levels (Lutjanusjocu and L. vivanus), and the remaining ones exhibit moderate overexploitation (L. analis and L. synagris).

KEYWORDS: assessment, cohort analysis, length frequency distributions, overfishing.

INTRODUÇÃO

As espécies da família Lutjanidae são importantes recursospesqueiros em regiões tropicais e subtropicais de todo omundo (Polovina & Ralston, 1987). Ao longo de toda acosta central, que inclui a área entre Salvador e o Cabode São Tomé (13 a 22ºS), a pesca de linha de mãomobiliza uma frota de 3.950 embarcações, compostaprincipalmente por botes e saveiros (IBAMA, 1998, 1999).Embora venha desembarcando quantidades crescentesde espécies pelágicas, como o dourado e o olho-de-boi,é dirigida principalmente para a captura de espéciesrecifais, principalmente da família Lutjanidae (Costa etal., 2003), para a qual as estimativas de desembarqueanual das seis principais espécies atingem 5.925 t (Klippelet al., 2005).

Modelos matemáticos têm sido intensivamente utilizadosnas estimativas da produtividade dos estoques e para

avaliação das diferentes estratégias de manejo (Hilborn& Walters, 1992). Mesmo os modelos mais simples, comoos empregados em pescarias tropicais, forneceminformações úteis para o manejo dos recursos (Appeldorn,1996). Paiva e Andrade (1994) analisaram dadosprovenientes de mapas de bordo da pesca de linha nasáreas de Abrolhos e Mar Novo (15 a 25ºS) para o períodode 1979-1985, mas esses dados não permitiram aaplicação dos modelos de excedente de produção, porqueos níveis anuais de esforço permaneceram estáveis e semcorrelação com as capturas por unidade de esforço (Paiva& Andrade, 1994). Em seu estudo, Paiva e Fonteles-Filho(1995) analisaram a produção e o rendimento da frotade linheiros na área de Abrolhos (16-20ºS) no períodode 1979-1989 através das informações trimestrais decaptura e esforço de pesca registradas em mapas debordo. A produção anual se manteve relativamenteestável, ao redor de 1.400 t (1980-1985), mas decresceu

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drasticamente a partir de 1986, chegando a apenas 332t em 1989. Ao mesmo tempo, o esforço de pescaapresentou uma evolução decrescente no período 1979-1989, resultando numa tendência crescente da CPUE(Paiva & Fonteles-Filho, 1995). Esse quadro foiinterpretado por Paiva e Fonteles-Filho (1995) como umestado de subexplotação das pescarias de linheiros naárea de Abrolhos. A aplicação dos dados de CPUE emkg/anzol/dia no modelo logístico de Schaefer resultounuma produção máxima estimada em 1.444 t (Paiva &Fonteles-Filho, 1995).

Neste estudo, foram empregados a análise de coortes e omodelo preditivo de Thompson e Bell para comprimentos(Sparre & Venema, 1998) nos dados obtidos emdesembarques amostrados nos municípios de Salvador,Ilhéus, Valença e Porto Seguro, no estado da Bahia,Vitória e Itaipava, no estado do Espírito Santo, no períodode 1997-2000. A aplicação desses modelos permitiu adeterminação de parâmetros de referência para as açõesde manejo da pesca de linha de mão da região sobre asseis principais espécies explotadas da família Lutjanidae:guaiúba Ocyurus chrysurus, realito Rhomboplitesaurorubens, dentão Lutjanus jocu, olho-amarelo L.vivanus, vermelho L. analis e ariacó L. synagris.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram obtidos comprimentos de um total de 172.908peixes das seis principais espécies da família Lutjanidaeem 2.754 desembarques da pesca de linha em Salvador(SA), Ilhéus (IL), Valença (VA), Porto Seguro (PS), Vitória(VI) e Itaipava (IT) entre setembro de 1997 e julho de2000 (Tabela 1). Os exemplares foram medidos emcentímetros, do extremo da maxila inferior até a porçãomediana da forquilha (comprimento furcal, CF). Os pesosdas amostras foram estimados a partir das distribuiçõesde freqüência de comprimento e das relações peso-comprimento (W(i) = a×L(i)

b) (Tabela 2). As distribuiçõesde comprimento por espécies foram ponderadas, segundoos procedimentos descritos em Gunderson (1993) eSparre e Venema (1998), utilizando a captura total porespécie, estimada para um ano padrão (Tabela 3).

A análise de coortes utilizada neste trabalho é baseadana aproximação de Pope para o VPA e requer acomposição de comprimentos representativa da capturatotal (Jones, 1984). No modelo de Thompson e Bell, osvalores de mortalidade (Fi/Zi) por classe de comprimento(Li), estimados pela análise de coortes, são utilizados paraprognosticar a captura e o tamanho do estoque (N) sob

Tabela 1. Número de exemplares amostrados por espécie e município.

Tabela 2. Relação peso-comprimento das espécies. Fonte: Frota et al. (2004).

ESPÉCIE INTERVALO DE COMPRIMENTOS

(CF em cm) a

(g x cm-1) b r2

O. chrysurus 23 – 53 0,0311 2,828 0,975

R. aurorubens 25 – 46 0,0232 2,894 0,977

L. jocu 24 – 81 0,0057 3,287 0,969

L. vivanus 26 – 54 0,0191 2,966 0,974

L. analis 37 – 83 0,0282 2,890 0,967

L. synagris 20 – 48 0,0216 2,917 0,987

SA IL VA PS VI IT TOTAIS

Ocyurus chrysurus 630 11.202 6.745 18.530 78.276 34 115.417

Rhomboplites aurorubens

1.693 93 1.127 2.112 21.099 - 26.124

Lutjanus jocu 174 646 517 2.504 913 - 4.754

L. vivanus 3.316 601 1.768 2.559 - - 8.244

L. analis 508 494 816 3.431 140 71 5.460

L. synagris 10.351 390 674 1.116 378 - 12.909

Totais 16.672 13.426 11.647 30.252 100.806 105 172.908

AVALIAÇÃO DE ESTOQUES DE LUTJANÍDEOS 85

NOME VULGAR CLASSIFICAÇÃO CIENTÍFICA TOTAL DESEMBARCADO (T)

Guaiúba, cioba Ocyurus chrysurus 4.376

Realito, mulata Rhomboplites aurorubens 604

Dentão Lutjanus jocu 260

Olho-amarelo Lutjanus vivanus 249

Vermelho Lutjanus analis 242

Ariacó Lutjanus synagris 194

Total 5.925

PARÂMETRO EQUAÇÃO FONTE

L (cm) Log10(L ) = 0,044 + 0,9841 Log10(Lmáx) Froese e Binohlan (2000)

K (ano-1) Log10(K) = 1,098 – 0,658 Log10(L ) Manooch (1987)

M (ano-1) Ln(M) = - 0,0152 – 0,297 Ln(L ) + 0,6543 Ln(K) + 0,4634 Ln(T) Pauly (1980)

ESPÉCIE Lmáx (cm) L (cm) K (ano-1) M (ano-1)

Ocyurus chrysurus 76 78,5 0,156 0,38

Rhomboplites aurorubens 62 64,3 0,180 0,44

Lutjanus jocu 115 118 0,119 0,28

L. vivanus 69 71,4 0,166 0,40

L. analis 97 99,8 0,133 0,32

L. synagris 57 59,2 0,188 0,46

comprimento assintótico, K é o coeficiente de crescimento

e t0 é a idade teórica de comprimento igual a zero.

Os comprimentos assintóticos, coeficientes de crescimento

e de mortalidade natural utilizados na análise de coortes e

modelo preditivo de Thompson e Bell foram obtidos de

relações empíricas (Tabelas 4 e 5). O L� foi obtido pela

relação de Froese e Binohlan (2000) com o comprimento

máximo observado na população (Lmax

). O K foi derivado

do L� de acordo com a relação obtida por Manooch (1987)

com dados de 43 estudos de crescimento em espécies das

famílias Lutjanidae e Serranidae. O coeficiente de

mortalidade natural (M) foi derivado para uma temperatura

de 24°C de acordo com a relação de Pauly (1980). Na

análise de coortes, o F/Z terminal utilizado foi igual a 0,5,

e, no modelo de Thompson e Bell, o fator (f) foi igual para

as diferentes classes de comprimento.

diferentes regimes de explotação (Sparre & Venema,

1998). Esses diferentes regimes de explotação ou cenários

são obtidos pela multiplicação de fatores (f) aos valores

de mortalidade por classe de comprimento:

A análise de coortes e o modelo de Thompson e Bell

presumem crescimento e mortalidade natural (M)

constantes e utilizam a função de crescimento de Von

Bertalanffy: Lt= L�� {1–exp[-K(t-t0)]}. Onde: L�� é o

Tabela 3. Estimativas de desembarque da pesca de linha de mão na costa central do Brasil. Fonte: Klippel et al., (2005).

Tabela 4. Métodos indiretos para estimativa dos parâmetros do modelo de crescimento de von Bertalanffy e do coeficiente de

mortalidade natural.

Tabela 5. Parâmetros estimados do modelo de crescimento de von Bertalanffy (L��e K) e coeficiente de mortalidade natural (M).

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86 S.KLIPPEL, G.OLAVO, P.A.S.COSTA, A.S.MARTINS & M.B.PERES

Foram traçadas projeções de rendimentos a diferentes

estratégias de gerenciamento, isto é, diminuição (f<1) ou

aumento do esforço (f>1), e pontos de referência para o

manejo dos recursos foram obtidos dessas projeções. Foi

determinado um fmax

, fator de máximo rendimento, e um fator

de equilíbrio (feq

) onde o ganho marginal de rendimento é

igual a 10% do ganho marginal em f=0 (ausência de pesca).

O feq

é derivado do conceito de F0.1

e Feq

dos modelos de

rendimento por recruta e de excedente de produção (Quinn

& Deriso, 1999), podendo ser considerado como um ponto

de referência biológica alvo, enquanto o fmax

é um ponto de

referência biológica limite (Caddy & Mahon, 1995).

Simulações Monte Carlo foram empregadas para avaliar

os efeitos da variação aleatória de 50%, para mais ou para

menos, dos parâmetros F/Z terminal e mortalidade natural

sobre as projeções com o modelo de Thompson e Bell.

Após 1.500 simulações, os resultados foram agrupados na

forma de distribuições de probabilidade de fmax

e feq

.

Todas as análises foram executadas no software “R” (Ihaka

& Gentleman, 1996) com o pacote de funções “fishassess”

(Klippel & Peres, 2001, 2002).

RESULTADOS

DISTRIBUIÇÕES DE COMPRIMENTO POR ESPÉCIE

A maior parte das amostras de O. chrysurus (68%) e os

menores exemplares foram provenientes de Vitória, que

possui uma frota dirigida e com seleção de tamanhos para

exportação (Figura 1). Os menores exemplares de R.aurorubens ocorreram em Salvador, e os maiores em Porto

Seguro e Vitória (Figura 2). A maior parte das amostras foi

obtida em Vitória (81%). Os comprimentos de L. analisaumentaram de Salvador a Itaipava (Figura 3), e a maior

parte dos exemplares foi proveniente de Porto Seguro

(63%). Os comprimentos de L. jocu foram menores em

Valença e Ilhéus do que nos outros municípios, mas em

geral ficaram em torno de 40 a 80 cm (Figura 4). Os

comprimentos de L. synagris e L. vivanus aumentaram de

Salvador para o sul (Figuras 5 e 6). A maior parte das

amostras de L. synagris foi de Salvador (80%).

ANÁLISE DE COORTES E MODELO PREDITIVO DE THOMPSON E BELL

As maiores capturas de O. chrysurus estão na faixa de

20-50 cm, e as maiores taxas de explotação (F/Z) entre

30-60 cm, indicando que a frota atua de forma altamente

seletiva sobre o estoque (Figura 7). Nessa faixa, as taxas

de mortalidade por pesca excedem muito a mortalidade

natural, chegando a representar 80% da mortalidade

total (F/Z=0,8), e coincidem com um período de

aproximadamente cinco anos de uma coorte (Figura 7).

A espécie R. aurorubens atinge tamanhos menores que

a O. chrysurus e é explotada em uma faixa ainda mais

restrita, entre 20-40 cm (Figura 8). Semelhante à O.chrysurus, a frota atua sobre esta espécie de forma

bastante seletiva, com taxas de explotação que excedem

Figura 1. Distribuições de comprimento das amostras de O. chrysurus por município. A largura da caixa é proporcional ao número de

amostras (n=115.417).

AVALIAÇÃO DE ESTOQUES DE LUTJANÍDEOS 87

0,5 entre os comprimentos de 25-45 cm e querepresentam quatro anos de uma coorte (Figura 8).Lutjanus jocu é explotado em uma ampla faixa decomprimentos (25-85 cm), e as taxas de mortalidadepor pesca não excedem a mortalidade natural (Figura 9).As taxas de explotação situam-se entre 0,3-0,5 na faixade 40-90 cm, que representa oito anos de uma coorte(Figura 9). Lutjanus vivanus apresenta um padrão deexplotação mais intenso entre 20-50 cm, mas que não

excede taxas de 0,5 (Figura 10). Em L. analis, há umatendência de aumento das taxas de explotação com ocomprimento, e as taxas de mortalidade por pescaexcedem a mortalidade natural (F/Z > 0,5) a partir de65 cm (Figura 11). Esse padrão pode indicar uma seleçãopara indivíduos maiores. As principais capturas de L.synagris ocorrem na faixa de 20-45 cm, e a partir de 30cm as taxas de mortalidade por pesca excedem amortalidade natural (Figura 12).

Figura 2. Distribuições de comprimento das amostras de R. aurorubens por município. A largura da caixa é proporcional ao número deamostras (n=26.124).

Figura 3. Distribuições de comprimento das amostras de L. analis por município. A largura da caixa é proporcional ao número deamostras (n=5.460).

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Figura 4. Distribuições de comprimento das amostras de L. jocu por município. A largura da caixa é proporcional ao número deamostras (n=4.754).

Figura 5. Distribuições de comprimento das amostras de L. synagris por município. A largura da caixa é proporcional ao número deamostras (n=12.909).

Os resultados dos modelos preditivos de Thompson eBell para O. chrysurus e R. aurorubens demonstramque ambas espécies es tão severamentesobreexplotadas (feq e fmax < 1). O feq indica que amortalidade por pesca sobre essas espécies deveriaestar entre 40-50% dos níveis atuais (Tabela 6 e Figura

13). Para L. jocu e L. vivanus, é razoável afirmar queos estoques estão sendo plenamente explotados (feq

= 1), e que L. analis e L. synagris estão sendolevemente sobreexplotados, uma vez que os níveisideais de mortalidade por pesca estariam a 80% dosatuais (Tabela 6 e Figura 13).

AVALIAÇÃO DE ESTOQUES DE LUTJANÍDEOS 89

Figura 6. Distribuições de comprimento das amostras de L. vivanus por município. A largura da caixa é proporcional ao número deamostras (n=8.244).

Figura 7. Análise de coortes de O. chrysurus: distribuição de comprimentos ponderada pela captura total e perfil de mortalidades porcomprimento e idade. A linha tracejada indica F=M.

SIMULAÇÕES MONTE CARLO

Os resultados da análise de sensitividade dos modelos àsvariações dos parâmetros F/Z terminal e M estão sumarizadosna Tabela 7. Em todas as espécies, o fmax foi menos estávelque o feq, isto é, sua variação foi maior em resposta àvariabilidade dos parâmetros. Em O. chrysurus, aprobabilidade de feq ser menor que 1 foi de 0,86, enquanto

de fmax foi de 0,56 (Figura 14). Para R. aurorubens, asprobabilidades foram de 0,98 e 0,52 (Figura 15). Em L.analis, foram de 0,58 e 0,04 (Figura 16). Para L. jocu, foramiguais a 0,48 e 0,16 (Figura 17). Em L. synagris, iguais a0,61 e 0,22 (Figura 18) e, em L. vivanus, iguais a 0,39 e0,15 (Figura 19). As espécies O. chrysurus e R. aurorubensforam as únicas em que os valores modais de ambos ospontos de referência (feq e fmax) foram menores que 1.

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Figura 8. Análise de coortes de R. aurorubens: distribuição de comprimentos ponderada pela captura total e perfil de mortalidades porcomprimento e idade. A linha tracejada indica F=M.

Figura 9. Análise de coortes de L. jocu: distribuição de comprimentos ponderada pela captura total e perfil de mortalidades porcomprimento e idade. A linha tracejada indica F=M.

Figura 10. Análise de coortes de L. vivanus: distribuição de comprimentos ponderada pela captura total e perfil de mortalidades porcomprimento e idade. A linha tracejada indica F=M.

AVALIAÇÃO DE ESTOQUES DE LUTJANÍDEOS 91

Figura 11. Análise de coortes de L. analis: distribuição de comprimentos ponderada pela captura total e perfil de mortalidades porcomprimento e idade. A linha tracejada indica F=M.

Figura 12. Análise de coortes de L. synagris: distribuição de comprimentos ponderada pela captura total e perfil de mortalidades porcomprimento e idade. A linha tracejada indica F=M.

Tabela 6. Sumário dos resultados das análises de coortes e dos modelos preditivos de Thompson e Bell para comprimentos: feq e Req sãoo fator e o rendimento de equilíbrio, enquanto fmáx e Rmáx são o fator e o rendimento de maximização.

ESPÉCIE BIOMASSA ATUAL (t)

NÚMERO DE RECRUTAS (x 106)

feq Req

(t) fmáx Rmáx

(t)

O. chrysurus 8.910 17,7 0,47 4.202 0,87 4.518

R. aurorubens 1.314 5,1 0,44 683 0,92 746

L. jocu 2.604 0,4 1,00 419 1,96 457

L. vivanus 1.174 1,4 1,33 263 2,53 285

L. analis 2.630 0,6 0,83 304 9,43 422

L. synagris 608 1,6 0,83 175 2,31 199

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feq fmáx

ESPÉCIE Pr{Z � 1} fmoda A50% Pr{Z � 1} fmoda A50%

O. chrysurus 0,86 0,35 0,2-0,5 0,56 0,57 0,2-1,0

R. aurorubens 0.98 0,34 0,1-0,6 0,52 0,56 0,1-1,0

L. jocu 0,48 0,75 0,2-1,3 0,16 1,20 0,2-2,2

L. vivanus 0,39 0,72 0,0-1,5 0,15 1,42 0,0-2,9

L. analis 0,58 0,57 0,1-1,1 0,04 3,05 0,0-18

L. synagris 0,61 0,56 0,2-1,0 0,22 1,18 0,0-2,5

Figura 13. Projeções de rendimentos por fator multiplicativo do modelo preditivo de Thompson e Bell. (A) O. chrysurus; (B) R.aurorubens; (C) L. jocu; (D) L. analis; (E) L. vivanus; (F) L. synagris. (zzzzz) Rendimento de equilíbrio, R

eq e fator de equilíbrio, f

eq. O eixo

dos rendimentos é logarítmico.

Tabela 7. Resultados das simulações Monte Carlo empregadas para avaliar os efeitos da variação dos parâmetros F/Z terminal e

mortalidade natural sobre as estimativas do fator de equilíbrio (feq

) e do fator de maximização (fmáx

). Pr {Z � 1} é igual à probabilidade

do fator ser igual ou menor que 1, fmoda

e A50%

são respectivamente o fator de maior probabilidade e o intervalo em torno deste, que

totaliza uma probabilidade de 0,5.

AVALIAÇÃO DE ESTOQUES DE LUTJANÍDEOS 93

Figura 14. Função de probabilidade acumulada (Fn) e função de densidade de probabilidade (Fn’) do fator de equilíbrio (feq) e do fatorde maximização (fmáx) da O. chrysurus. A linha tracejada em Fn indica a probabilidade de o fator ser menor ou igual a 1, enquanto a áreadestacada em Fn’ representa a probabilidade de 50% em torno da moda.

Figura 15. Função de probabilidade acumulada (Fn) e função de densidade de probabilidade (Fn’) do fator de equilíbrio (feq) e do fatorde maximização (fmáx) de R. aurorubens. A linha tracejada em Fn indica a probabilidade de o fator ser menor ou igual a 1, enquanto aárea destacada em Fn’ representa a probabilidade de 50% em torno da moda.

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Figura 16. Função de probabilidade acumulada (Fn) e função de densidade de probabilidade (Fn’) do fator de equilíbrio (feq) e do fatorde maximização (fmáx) do L. analis. A linha tracejada em Fn indica a probabilidade de o fator ser menor ou igual a 1, enquanto a áreadestacada em Fn’ representa a probabilidade de 50% em torno da moda.

Figura 17. Função de probabilidade acumulada (Fn) e função de densidade de probabilidade (Fn’) do fator de equilíbrio (feq) e do fatorde maximização (fmáx) do L. jocu. A linha tracejada em Fn indica a probabilidade de o fator ser menor ou igual a 1, enquanto a áreadestacada em Fn’ representa a probabilidade de 50% em torno da moda.

AVALIAÇÃO DE ESTOQUES DE LUTJANÍDEOS 95

Figura 18. Função de probabilidade acumulada (Fn) e função de densidade de probabilidade (Fn’) do fator de equilíbrio (feq) e do fatorde maximização (fmáx) do L. synagris. A linha tracejada em Fn indica a probabilidade de o fator ser menor ou igual a 1, enquanto a áreadestacada em Fn’ representa a probabilidade de 50% em torno da moda.

Figura 19. Função de probabilidade acumulada (Fn) e função de densidade de probabilidade (Fn’) do fator de equilíbrio (feq) e dofator de maximização (fmáx) do L. vivanus. A linha tracejada em Fn indica a probabilidade de o fator ser menor ou igual a 1,enquanto a área destacada em Fn’ representa a probabilidade de 50% em torno da moda.

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DISCUSSÃO

De forma geral, podemos afirmar que os lutjanídeos sãode vida longa, crescimento lento e baixas taxas demortalidade natural. As idades máximas geralmenteexcedem 10 anos, e os coeficientes de crescimento estãoentre 0,10 a 0,25 por ano (Manooch, 1987). Os métodosutilizados para a estimativa dos parâmetros de crescimentoem peixes incluem a leitura de marcas regulares emestruturas de aposição e a análise de progressão modal.No entanto, a análise de progressão modal e outrosmétodos baseados nas distribuições de comprimento sãoadequados somente para espécies que desovam em umcurto período de tempo e possuem baixa longevidade ealta taxa de crescimento (Manooch, 1987). Marcas regularesem estruturas de aposição são ideais para a determinaçãodo crescimento nos lutjanídeos, e os otólitos inteiros ouseccionados são as estruturas mais utilizadas (Manooch,1987). A principal dificuldade na determinação de idadesem otólitos nos lutjanídeos é a validação da periodicidadede deposição das marcas (Manooch, 1987). Estudos dedeterminação de idades e crescimento em algumas espéciesde lutjanídeos da região já foram conduzidos (Araújo etal., 2002; Diedhiou, 2000). Entretanto, como salientadopor Jones (1984), para as análises estruturadas porcomprimento, os coeficientes L� e K obtidos do melhorajuste da curva de crescimento de Von Bertalanffy aosdados não são necessariamente os melhores valores aserem utilizados. Existem duas relações fundamentais entreos dados de crescimento, uma em que cada idadecorresponde um comprimento médio, e a outra em quecada comprimento corresponde uma idade média (Jones,1984). Na primeira, o L� pode ser inferior ao maiorindivíduo na composição de comprimentos, ao contrárioda segunda relação, que é de fato a necessária na análisede coortes (Jones, 1984). Primeiramente, é necessária aescolha de valores de L� maiores que a maior classe dacomposição de comprimentos e, então, obter valorescompatíveis do coeficiente K (Jones, 1984). Em nenhumdos estudos de crescimento já conduzidos, foram obtidoscoeficientes compatíveis com as distribuições decomprimento, e a validação da periodicidade da deposiçãodas marcas não foi estabelecida. Esses estudos não foramrepresentativos de toda a faixa de comprimentos capturadaporque suas amostras foram originadas de frotas queselecionam exemplares menores de acordo com opadrão para exportação.

A principal limitação na aplicação de modelos deavaliação pesqueira no contexto de pescarias tropicaissão a quantidade e a qualidade dos dados, dificuldades

que se devem principalmente às diversidades biológica eespacial dos recursos combinadas à complexidade deoperação das frotas (Appeldorn, 1996). Dessa forma, osmodelos empregados costumam ser simples, mas aindaassim úteis na orientação das medidas de manejo(Appeldorn, 1996). Os principais métodos utilizados paraestimativas de mortalidade em peixes recifais são a curvade captura e as análises estruturadas por comprimento,como a análise de coortes (Appeldorn, 1996). Emambos, são presumidos estados de equilíbrio napopulação, ou seja, mor talidade constante erecrutamento constante ou aleatório (Hilborn & Walters,1992). No entanto, a vantagem da análise de coortes éque a mesma trabalha sobre os dados de captura, e nãodados populacionais, como na curva de captura. Dadosda estrutura populacional não podem ser obtidos sem oconhecimento do padrão de seletividade dos anzóisutilizados pela pesca de linha de mão.

A análise de coortes para comprimentos sobreestima opotencial absoluto dos recursos. Essa característica éatribuída a amostras de comprimento que nãorepresentam uma situação de equilíbrio, ainda contendouma alta proporção de grandes exemplares que seriameliminados quando a pescaria atingisse tal equilíbrio(Hilborn & Walters, 1992). A premissa de população emequilíbrio é facilmente violável, mas a combinação deamostras de comprimento de diferentes anos, comoempregado neste estudo, elimina algumas dessasvariações (Appeldorn, 1996; Jones, 1984). As estimativasabsolutas de rendimento ou produtividade potencialobtidas com a análise de coortes e o modelo de Thompsone Bell para comprimentos não devem ser consideradas,e sim suas mudanças relativas (Lassen & Medley, 2001).

Os resultados deste estudo expressam o grave estado desobreexplotação dos recursos de lutjanídeos na costa centraldo Brasil. As duas espécies mais importantes, a guaiúbaOcyurus chrysurus e o realito Rhomboplites aurorubens,estão sendo explotados a níveis insustentáveis demortalidade por pesca, mesmo quando considerados umaampla faixa de variação dos parâmetros F/Z terminal emortalidade natural. Somente duas das espécies avaliadasestão submetidas a níveis ideais de mortalidade por pesca(L. jocu e L. vivanus), sendo que as restantes exibemquadros moderados de sobreexplotação. As simulaçõesMonte Carlo também revelaram que mudanças nos valoresde F/Z terminal e mortalidade natural têm menor efeitosobre a determinação do feq do que no parâmetro fmax.

Os resultados do presente estudo divergem dos obtidospor Paiva e Fonteles-Filho (1995) que, analisando dados

AVALIAÇÃO DE ESTOQUES DE LUTJANÍDEOS 97

provenientes de mapas de bordo, concluíram que osrecursos da frota de linheiros que opera na área deAbrolhos estariam subexplotados. A principal espécieexplotada pela frota de linheiros no período de 1997-2000 foi a guaiúba O. chrysurus, chegando a representar40% dos desembarques (Klippel et al., 2005), enquantono período de 1979-1985 a O. chrysurus foi a sextaespécie em importância, com uma média de 5,6% dosdesembarques anuais. O batata Lopholatilus villarii foipredominante, com uma média de 23,8% (Paiva &Andrade, 1994). Esse padrão revela o comportamentoda frota de linheiros: as espécies são explotadas até quenão sejam mais economicamente viáveis e, então, sãoabandonadas em favor de outras mais produtivas.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

As projeções com o modelo de Thompson e Bell paracomprimentos revelaram que as duas espécies maisimportantes da pesca comercial de linha de mão, a guaiúbaOcyurus chrysurus e o realito Rhomboplites aurorubens, estãosendo gravemente sobreexplotadas. Duas das espéciesavaliadas estão submetidas a níveis ideais de mortalidadepor pesca (Lutjanus jocu e L. vivanus), e as restantes exibemquadros moderados de sobreexplotação (L. analis e L.synagris). De forma geral, pode-se afirmar que o nível deexplotação está muito acima do recomendado, sendonecessária a implementação de medidas de controle doesforço de pesca sobre os estoques. Considerando acaracterística multiespecífica da pescaria e a grande dinâmicadas frotas por toda a costa central, as medidas de ordenamentodeveriam incluir, além do controle e licenciamento da frota, oestabelecimento de áreas de proibição de pesca.

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