Direito Tributário - Resumo

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TRIBUTO Prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela possa se exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (CTN, art. 3º). É uma obrigação ex lege, em moeda, e que tem por sujeito ativo (credor), normalmente, uma pessoa política e por sujeito passivo (devedor) qualquer pessoa (apontada na lei da entidade tributante). A obrigação é compulsória, obrigatória, porque decorre diretamente da lei. A vontade do contribuinte é irrelevante. Atividade administrativa vinculada : é aquela em cujo desempenho a autoridade não goza de liberdade para apreciar a conveniência nem a oportunidade de agir. A vinculação da atividade de cobrança do tributo decorre do fato de ser ele instituído por lei e configurar-se como uma prestação compulsória. Por óbvio a autoridade tributária não pode analisar se é conveniente, se é oportuno cobrar o tributo. A cobrança é feita de maneira vinculada, sem concessão de nenhuma margem de discricionariedade ao administrador. O tributo pode ser pago em dinheiro corrente. Com a expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir”, quer a lei dizer que, em circunstâncias extraordinárias, previstas em lei , é possível que o Fisco aceite a satisfação da obrigação tributária com a entrega de bens, cujo valor possa ser convertido em moeda. O tributo não é multa. Ao contrário desta, tem por pressuposto a prática de um fato lícito qualquer, que revela capacidade econômica ou capacidade contributiva.O tributo tem finalidade ARRECADATÓRIA, ao passo que a multa tem finalidade preventiva e sancionatória. O Estado tributa para atingir seus fins, e a multa visa desestimular os infratores. A lei não pode colocar, na hipótese de incidência tributária, a descrição de um fato em si mesmo ilícito, sob pena de o tributo converter-se em sanção, o que é vedado por nosso Direito positivo (art. 3.º do CTN). Essa regra pode ser observada em relação ao Imposto de Renda, cuja hipótese de incidência é obter rendimento. Não importa se os rendimentos são de atividade lícita ou não. Por isso, os bicheiros devem pagar Imposto de Renda.Princípio do “non olet” (não cheira). A tributação no Brasil só pode ser desenvolvida pelo Estado: 1. União; 2. Estados-Membros; 3. Municípios; 4. DF (após a CF/88, virou pessoa política. Antes era autarquia administrativa da União). A criação dos tributos depende de lei, logo, só quem legisla pode tributar e só quem pode legislar são as pessoas políticas.

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TRIBUTO

Prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela possa se exprimir,que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada medianteatividade administrativa plenamente vinculada (CTN, art. 3º).

É uma obrigação ex lege, em moeda, e que tem por sujeito ativo (credor),normalmente, uma pessoa política e por sujeito passivo (devedor) qualquer pessoa(apontada na lei da entidade tributante). A obrigação é compulsória,obrigatória, porque decorre diretamente da lei. A vontade do contribuinte éirrelevante.

Atividade administrativa   vinculada : é aquela em cujo desempenho a autoridade não goza de liberdadepara apreciar a conveniência nem a oportunidade de agir. A vinculação da atividade de cobrança do tributodecorre do fato de ser ele instituído por lei e configurar-se como uma prestação compulsória. Por óbvio aautoridade tributária não pode analisar se é conveniente, se é oportuno cobrar o tributo. A cobrança é feitade maneira vinculada, sem concessão de nenhuma margem de discricionariedade ao administrador.

O tributo SÓ pode ser pago em dinheiro corrente. Com a expressão “ou cujo valornela se possa exprimir”, quer a lei dizer que, em circunstânciasextraordinárias, previstas em lei, é possível que o Fisco aceite a satisfação daobrigação tributária com a entrega de bens, cujo valor possa ser convertido emmoeda.

O tributo não é multa. Ao contrário desta, tem por pressuposto a prática de umfato lícito qualquer, que revela capacidade econômica ou capacidadecontributiva.O tributo tem finalidade ARRECADATÓRIA, ao passo que a multa temfinalidade preventiva e sancionatória. O Estado tributa para atingir seus fins,e a multa visa desestimular os infratores. A lei não pode colocar, na hipótesede incidência tributária, a descrição de um fato em si mesmo ilícito, sob penade o tributo converter-se em sanção, o que é vedado por nosso Direito positivo(art. 3.º do CTN). Essa regra pode ser observada em relação ao Imposto de Renda,cuja hipótese de incidência é obter rendimento. Não importa se os rendimentossão de atividade lícita ou não. Por isso, os bicheiros devem pagar Imposto deRenda.Princípio do “non olet” (não cheira).

A tributação no Brasil só pode ser desenvolvida pelo Estado:

1. União;2. Estados-Membros;3. Municípios;4. DF (após a CF/88, virou pessoa política. Antes era autarquia administrativa da

União).

A criação dos tributos depende de lei, logo, só quem legisla pode tributar e sóquem pode legislar são as pessoas políticas.

A Constituição Federal, no seu artigo 145, dispõe que a União, os Estados e oDistrito Federal poderão instituir impostos, taxas e contribuições de melhoria.Da mesma forma, o Código Tributário Nacional – CTN prescreve, no seu art. 5º,que os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. O SupremoTribunal Federal tem adotado a teoria da “PENTAPARTIÇÃO” (Impostos, Taxas,Contribuições de melhoria, Empréstimos compulsórios, e Contribuições Especiais).Extremamente importante deixar claro que mesmo os adeptos da teoria datripartição dos tributos, entendem que as contribuições especiais e osempréstimos compulsórios são tributos, enquadrando-se como taxa ou imposto,dependendo da análise do seu fato gerador.

1. Tributos previstos no CTN e CF : Impostos, Taxas, Contribuições de Melhoria

1. Tributos previstos na SRF : CTN + Empréstimo Compulsório e ContribuiçõesEspeciais

O artigo 154, I autoriza que a União Federal institua, mediante leicomplementar, novos impostos, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fatogerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na CF. Assim, podemosdizer que a União possui duas espécies de COMPETÊNCIA RESIDUAL: a) parainstituir novos impostos; e b)para instituir novas contribuições sociais definanciamento da seguridade social. Em ambos os casos, são necessários ainstituição via lei complementar, a obediência à técnica da não-cumulatividade ea inovação quanto às bases de cálculo e fatos geradores.

A necessidade de utilização de lei complementar só é aplicável para a criação de novas contribuições (nãoprevistas expressamente na CF/88). Para a criação daquelas cujas fontes já constam da Constituição, vale aregra geral: a utilização da lei ordinária. Para que não haja confusões, devemos sempre ter em mente que,nos impostos, apesar de, como foi ressaltado no trecho transcrito, ser necessária uma lei complementardefinindo seus fatos geradores, bases de cálculos e contribuintes (papel cumprido, na maioria dos casospelo próprio CTN), a instituição, via de regra, dá-se pela via normativa da lei ordinária.

NATUREZA JURÍDICA DO TRIBUTO

A Natureza Jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador darespectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la a denominação edemais características formais adotadas pela lei, bem como a destinação legal doproduto da sua arrecadação. A análise do fato gerador do tributo é feita sob aótica da classificação dos tributos como VINCULADOS ou NÃO-VINCULADOS

Para classificarmos um tributo qualquer quanto ao fato gerador (hipótese deincidência), devemos nos perguntar se o Estado tem de realizar, para validar acobrança, alguma atividade específica relativa ao sujeito passivo (devedor). Sea resposta for negativa, trata-se de um TRIBUTO NÃO-VINCULADO; se for positiva,o TRIBUTO É VINCULADO (pois sua cobrança se vincula a uma atividade Estatalespecificamente voltada ao contribuinte).

Todos os impostos são não-vinculados

Taxas e Contribuições de Melhoria são tributos vinculados

O CTN, no seu artigo 16, define imposto como sendo o tributo cuja obrigação tempor fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatalespecífica, relativa ao contribuinte. Ora, pelo exposto, essa seria umadefinição precisa de tributo não-vinculado. Portanto, o imposto é o tributo não-vinculado por excelência. O art. 145, II , da CF deixa claro que para a cobrançade uma taxa o Estado precisa exercer o poder de polícia ou disponibilizar aocontribuinte um serviço público específico e divisível. Da mesma forma, acobrança de contribuição de melhoria depende de uma anterior atividade Estatal.É necessário que o ente federativo (União, Estado, DF ou Município) realize umaobra pública da qual decorra valorização imobiliária.

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS

1. IMPOSTOS

Os impostos são, por definição, tributos não-vinculados que incidem sobremanifestações de riqueza do sujeito passivo (devedor). Os impostos nãoincorporam, no seu conceito, a destinação de sua arrecadação a esta ou aquelaatividade estatal. Aliás, como regra, a vinculação de sua receita a órgão, fundoou despesa é proibida diretamente pela Constituição Federal (ar. 167, IV – emque também constam as exceções). Portanto, além de serem tributos não-vinculados, os impostos são tributos de arrecadação não-vinculada. Sua receitapresta-se ao financiamento das atividades gerais do Estado remunerando osserviços universais (uti universi) que, por não gozarem de referibilidade(especificidade e divisibilidade), não podem ser custeados por intermédio detaxas.

A competência para instituir Imposto é atribuída pela Constituição Federal demaneira enumerada e privativa a cada ente federativo. Assim, a União podeinstituir os sete impostos previstos no art. 153 (II, IE, IR,IPI, IOF, ITR eIGF); os Estados e o DF, os três previstos no art. 155 (ITCD, ICMS e IPVA); e osMunicípios e o DF, os três previstos no ar. 156 (IPTU, ITBI e ISS). Emprincípio, essas listas são exaustivas (numerus clausus); entretanto, a UniãoFederal pode instituir, mediante lei complementar, novos impostos, desde quesejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dosdiscriminados na CF (art. 154, I). É a chamada COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA RESIDUAL,que também existe para a criação de novas fontes destinadas a garantir amanutenção ou expansão da seguridade social (art. 195, §4º). Em ambos oscasos, a instituição depende de Lei Complementar, o que impossibilita autilização de medidas provisórias (CF, art. 62, §1º, III).

1. TAXAS

Segundo a Constituição Federal, a União, os Estados, o DF e os Municípiospoderão instituir taxas, em razão do exercício do poder polícia ou pelautilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição (CF, art. 145, II – namesma linha de raciocínio, conferir o art. 77 do CTN).

O ente competente para instituir e cobrar a taxa é aquele que presta orespectivo serviço ou que exerce o respectivo poder de polícia. Como os Estadostêm competência material residual, podendo prestar os serviços públicos nãoatribuídos expressamente à União Federal nem aos Municípios (CF, art. 25, §1º),a conseqüência é que, indiretamente, a Constituição Federal atribuiu aCOMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA RESIDUAL PARA INSTITUIÇÃO DE TAXAS aos Estados.

Os contornos da definição constitucional deixam claro que as taxas são tributosretributivos ou contraprestacionais, uma vez que não podem ser cobradas sem queo Estado preste ao contribuinte, ou coloque à sua disposição, um serviço públicoespecífico e divisível.

A Constituição Federal proíbe que as taxas tenham BASE DE CÁLCULO própria deimpostos (art. 145, §1º). Já o Código Tributário Nacional dispõe que a taxa nãopode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam aimposto (art. 77, parágrafo único).

São dois os “fatos do Estado” que podem ensejar a cobrança de taxas:

a) o exercício regular do poder de polícia, que legitima a cobrança da TAXA DEPOLÍCIA.

b) a utilização, efetiva ou potencial de serviços públicos específicos edivisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição, quepossibilita a cobrança de TAXA DE SERVIÇO.

. TAXA DE POLÍCIA

As taxas de polícia têm por fato gerador o exercício regular do poder depolícia (atividade administrativa), cuja FUNDAMENTAÇÃO é o princípio dasupremacia do interesse público sobre o interesse privado, que permeia todo odireito público. Assim, o bem-comum, o interesse público, o bem-estar geral podejustificar a restrição ou o condicionamento do exercício de direitosindividuais.

O CTN, no seu art. 78, conceitua PODER DE POLÍCIA  como a atividade da administração pública que,limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato,em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina daprodução e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorizaçãodo Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou

coletivos. Para que seja possível a cobrança de taxas, o exercício do poder de polícia precisa ser regular, ouseja, desempenhado em consonância com a lei, com obediência ao princípio do devido processo legal e semabuso ou desvio de poder (CTN, art. 78, parágrafo único).

. TAXA DE SERVIÇO

A criação das taxas de serviço só é possível mediante a disponibilização deserviços públicos que se caracterizem pela DIVISIBILIDADE e ESPECIFICIDADE.Segundo o Código Tributário Nacional, os serviços são específicos quando possamser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou denecessidade públicas; são divisíveis quando suscetíveis de utilização,separadamente, por parte de cada um dos seus usuários (Art. 79, incisos I e II).Assim, tanto é ilegítima a criação de uma “taxa de serviços gerais” - por faltarespecificidade -, como a instituição de uma taxa de iluminação pública – porfaltar divisibilidade.

Após a Emenda Constitucional nº 39/2002, passou a ser possível aos Municípios e ao DF instituircontribuição de iluminação pública (CF, art. 149-A), o que não muda o posicionamento aqui esposado. Ainstituição de taxa de iluminação pública continua sendo ilegítima.(Divisibilidade)

A cobrança de taxa de serviço, conforme já visto, pode ser feita em face dadisponibilização ao contribuinte de um serviço público específico e divisível.Quando esse serviço é de utilização compulsória e é posto à disposição docontribuinte mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento, a taxapode ser cobrada mesmo sem a utilização efetiva do serviço pelo sujeito passivo.É o que a lei denomina de utilização potencial (CTN, art. 79, I, b).

1. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA

A Constituição Federal de 1988, ao prever a possibilidade de a União, osEstados, o Distrito Federal e os Municípios instituírem CONTRIBUIÇÕES DEMELHORIA, apenas declarou que elas decorrem de obras públicas (art. 145, III).Tais contribuições são tributos vinculados, uma vez que sua cobrança depende deuma específica atuação estatal, qual seja, a realização de uma obra pública quetenha como conseqüência um incremento de valor imobiliário. Assim, não é todobenefício proporcionado pela obra ao particular que legitima a cobrança dacontribuição. A VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA É FUNDAMENTAL.

Como a contribuição é decorrente de obra pública e não para a realização de obrapública, não é legítima sua cobrança com o intuito de obter recursos a seremutilizados em obras futuras, de forma que a valorização só pode ser aferida apósa conclusão da obra. EXCEPCIONALMENTE, porém, o tributo poderá ser cobrado emface de realização de parte da obra, desde que a parcela realizada tenhainequivocamente resultado em valorização dos imóveis localizados na área deinfluência. O fato gerador da contribuição de melhoria não é a realização daobra, mas sim sua conseqüência, a valorização imobiliária.

Assim, a contribuição de melhoria tem CARÁTER CONTRAPRESTACIONAL. Serve pararessarcir o Estado dos valores (ou parte deles) gastos com a realização da obra.É justamente por isso que existe um limite total para a cobrança do tributo. OEstado não pode cobrar a título de contribuição de melhoria mais do que gastoucom a obra, pois se assim fizesse, o problema apenas mudaria de lado, uma vezque geraria enriquecimento sem causa do próprio Estado.

1. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou suaiminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado odisposto no art. 150, III, "b".

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada àdespesa que fundamentou sua instituição.

Os empréstimos compulsórios caracterizam-se por serem tributos RESTITUÍVEIS. Sãoempréstimos forçados, coativos. A obrigação de pagá-los não nasce de umcontrato, de uma manifestação livre das partes, mas sim de determinação legal.Verificada a ocorrência do fato gerador, surge a obrigação de “emprestar”dinheiro ao Estado.

A competência para a criação de empréstimos compulsórios é EXCLUSIVA da UniãoFederal. Esta é uma regra sem exceções. Por mais urgente, grave, relevante queseja a situação concreta, não é possível a instituição da exação por parte dosEstados, dos Municípios ou do Distrito Federal.

A instituição de empréstimos compulsórios só é possível mediante leicomplementar. Nos casos de guerra externa e sua iminência e de calamidadepública, há uma necessidade bem maior de celeridade, de rapidez na instituição ecobrança do tributo. Justamente por isso, nesses casos a exação pode ser criadae cobrada de imediato sem necessidade de obediência aos princípios daanterioridade e da noventena.

Nos termos do parágrafo único do art. 148, da CF, a aplicação dos recursosprovenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentousua instituição. O parágrafo único do art. 15, do Código Tributário Nacional,exige que a lei instituidora do empréstimo compulsório fixe o prazo e ascondições de resgate. Assim, a tributação não será legítima sem previsão derestituição.

1. CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínioeconômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuaçãonas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art.195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

Percebe-se que o legislador constituinte previu a possibilidade de a Uniãoinstituir três espécies de contribuições, quais sejam:

a) as contribuições sociais;

b) as contribuições de intervenção no domínio econômico; e

c) as contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, aque parte da doutrina denomina contribuições corporativas.

A competência para a criação das contribuições do art. 149 é destinadaEXCLUSIVAMENTE à União. Entretanto, o §1º do mesmo artigo traz uma exceção, nosseguintes termos:

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, parao custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não seráinferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.

. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

Tais contribuições podem ser classificadas como:

a) contribuições de seguridade social (quando destinadas a custear os serviçosrelacionados à saúde, à previdência e à assistência social – vide CF, art.194);

b) outras contribuições sociais (as residuais previstas na CF, art. 195, § 4º)ou

c) contribuições sociais gerais (quando destinadas a algum outro tipo de atuaçãoda União na área Social).

As contribuições para o financiamento da Seguridade Social possuem algumaspeculiaridades que as distanciam das demais contribuições sociais. Afora o fatode financiar atividades sociais diferentes, no tocante ao regime jurídico a queestão submetidas, a mais importante diferença é o fato de estarem submetidos aum prazo de noventa dias para serem cobradas, contados da data em que forpublicada a lei que as houver instituído ou aumentado.

Contribuições Sociais Gerais aquelas destinadas a outras atuações da União naárea social como o salário educação (CF, art. 212, §5º) e as contribuições para

os Serviços Sociais Autônomos, previstas no art. 240 da Constituição Federal. Oschamados Serviços Sociais Autônomos (SESI, SESC, SENAI, etc) são pessoasjurídicas de direito privado, não integrantes da administração pública, masque realizam atividades de interesse público e, justamente por isso se legitimama serem destinatários do produto da arrecadação de contribuições, conformeprevisão expressa do art. 240 da Constituição Federal.

. CIDE - Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico

A atribuição constitucional de competência para a criação das Contribuições deIntervenção no Domínio Econômico – CIDE é EXCLUSIVA da União e seu exercício,por não estar sujeito a reserva de lei complementar, pode adotar a via normativada lei ordinária ou da medida provisória. São tributos extrafiscais cujaFINALIDADE precípua não é arrecadar, carrear recursos para os cofres públicos,mas sim intervir numa situação social ou econômica.

A intervenção normalmente ocorre pela destinação do produto da arrecadação a umadeterminada atividade que, justamente por conta desse “reforço orçamentário”,tem-se por incentivada.

. CONTRIBUIÇÕES CORPORATIVAS - Contribuições de Interesse das CategoriasProfissionais ou Econômicas.

A constituição prevê, no seu artigo 8.º, inciso IV a criação deduas CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS:

a) A contribuição fixada pela assembléia geral para o custeio do sistemaconfederativo do respectivo sindicato voluntária, só sendo paga pelostrabalhadores que se sindicalizaram. A ausência de compulsoriedade aliada aofato de a contribuição não ser criada por lei, denotam a ausência de naturezatributária da exação.

b) Contribuição fixada em lei, cobrada de todos os trabalhadores, instituída porlei e compulsória para todos aqueles que participarem de uma determinadacategoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor doSindicato representativo da mesma categoria ou profissão, ou, inexistindo este,à Federação correspondente à mesma categoria econômica ou profissional (CLT,arts. 579 e 591).

Em relação às Contribuições Corporativas para o Custeio das Entidades deFiscalização do Exercício de Profissões Regulamentadas, a Constituição Federaldeclara livre o exercício de qualquer trabalho ofício ou profissão, mas prevê apossibilidade de a lei estabelecer as qualificações profissionais necessáriaspara o exercício de tal direito. Trata-se de norma constitucional de eficáciacontida ou restringível, o que traz como consectário a possibilidade de que alei, calcada no interesse público, restrinja legitimamente a amplitude de tal

liberdade. Com fundamento na autorização constitucional, foram criadasinstituições descentralizadas que fiscalizam o exercício de determinadasprofissões e atividades além de representarem, coletiva ou individualmente, osinteresses dos respectivos profissionais. A lei reputa essas atividades como deinteresse público o que legitima a possibilidade de o Estado instituir tributoscujo produto da arrecadação seja destinado a tais instituições.

Temos aqui uma típica utilização do tributo com finalidade PARAFISCAL, uma vezque estamos diante de um caso em que o Estado cria o tributo por lei e atribui oproduto de sua arrecadação a uma terceira pessoa que realiza atividade deinteresse público.

TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO

1. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (II)

FUNÇÃO: o imposto de importação é importante instrumento de política econômica,atuando na proteção a industria brasileira, permitindo-lhe competir, no mercadointerno, em condições de igualdade ou de vantagem com produtos do exterior,aspecto que sobrepuja sua relevância como fonte de arrecadação para o tesouro;predomina portanto, sua função extra-fiscal.

FATO GERADOR: o imposto de importação tem como fato gerador a entrada deprodutos estrangeiros no território nacional (CTN, art. 19).

ALÍQUOTA: pode ser específica, tendo em vista o modo de medir o produto, ou advalorem, tendo em vista apenas o valor do bem (CTN, art. 20); as alíquotas podemser alteradas pelo Executivo (153, § 1º, da CF, art. 21 do CTN).

BASE DE CÁLCULO: será expressa na unidade de medida adotada pela lei tributária,quando se tratar de alíquota específica, o preço normal de venda que o produto,ou seu similar, alcançaria, ao tempo de importação, em condições de livreconcorrência, para entrega no lugar de entrada no País ou o preço dearrematação, no caso de produto levado à leilão, por motivo de apreensão ouabandono.

CONTRIBUINTE: é o importador ou quem a ele a lei equiparar (CTN, art. 22, I); emse tratando de produtos apreendidos ou abandonados, o contribuinte será oarrematante destes (II).

LANÇAMENTO: é feito por homologação, pois o contribuinte efetua o pagamento dotributo antes de qualquer providência da fiscalização.

DRAWBACK: incentivo fiscal que pode ser dado na importação de produtos oumatérias com vistas à sua posterior exportação, depois de beneficiamento ouagregação a outros produtos; facilita-se a importação de certos itens, para

incrementar a exportação de outros, por meio de restituição, suspensão ouisenção de tributos.

1. IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO (IE)

FUNÇÃO: é instrumento de política econômica, disciplinando os efeitos monetáriosdecorrentes da variação de preços no exterior, e atuando na proteção ao mercadobrasileiro; tem função predominantemente extrafiscal; é de caráterexclusivamente monetário e cambial e tem por finalidade disciplinar os efeitosmonetários decorrentes da variação de preços no exterior e preservar as receitasde exportação.

FATO GERADOR: o imposto sobre a exportação tem como fato gerador a saída deprodutos nacionais ou nacionalizados do território nacional (CTN, art. 23).

ALÍQUOTAS: pode ser específica ou ad valorem.

BASE DE CÁLCULO: sem se tratando de produto sujeito a alíquota específica, aunidade de medida adotada pela lei, e, em se tratando de produto sujeito aalíquota ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, aotempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência (CTN, art.24).

CONTRIBUINTE: é o exportador ou quem a lei a ele equiparar (CTN, art. 27).

LANÇAMENTO: é feito mediante declaração do exportador, mas pode ser feito deofício, no caso de o fisco não concordar com o valor.

1. IMPOSTO SOBRE RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA (IR)

FUNÇÃO: o IR tem, predominantemente, função fiscal, consistindo, hoje em dia, naprincipal fonte de receita tributária da União; como, no entanto, presta-setambém como instrumento de redistribuição de riquezas, em razão de pessoas elugares, mediante concessão dos chamados incentivos fiscais à regiõesgeográficas de interesse, desempenha, igualmente, importante função extrafiscal.

FATO GERADOR: é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda,assim entendido o produto do capital, do trabalho, ou da combinação de ambos; ede proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniaisnão compreendidos no conceito de renda (CTN, art. 43).

DIFERENÇA ENTRE DISPONIBILIDADE ECONÔMICA E DISPONIBILIDADE JURÍDICA: pordisponibilidade econômica entende-se o efetivo recebimento de valorespatrimoniais; por disponibilidade jurídica, entende-se o crédito a essesvalores, sem que tenha ocorrido seu efetivo recebimento.

ALÍQUOTAS: para as pessoas físicas é fixada em 2 percentuais, 15 e 25%; parapessoas jurídicas a alíquota é proporcional, de 30%, exceto casos especiais,sendo acrescida de 10% se o lucro for superior a determinado valor, e de 10 ou15% se tratar de instituição financeira.

BASE DE CÁLCULO: é o montante real, arbitrado ou presumido da renda ou dosproventos tributáveis (CTN, art. 44).

LUCRO REAL: constitui a base de cálculo do IR das pessoas jurídicas em geral,pode ser entendido como o acréscimo real do patrimônio da empresa, emdeterminado período; é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições,exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária.

LUCRO PRESUMIDO: é o montante tributável, determinado pela aplicação decoeficientes legalmente definidos, sobre a receita bruta anual, conforme anatureza da atividade; a definição do coeficiente não pode ser feita pelo fiscodiscricionariamente.

LUCRO ARBITRADO: será uma porcentagem da receita bruta, se esta, obviamente, forconhecida; compete ao Ministério da Fazenda fixar tal porcentagem, levando emconta a natureza da atividade econômica do contribuinte; não sendo conhecida, aautoridade poderá arbitrar o lucro com base no valor do ativo, do capitalsocial, do patrimônio líquido, da folha de pagamento dos empregados, dascompras, do aluguel das instalações ou do lucro líquido auferido pelocontribuinte em períodos anteriores.

CONTRIBUINTE: é o titular da disponibilidade econômica ou jurídica da renda oude proventos de qualquer natureza e o possuidor, a qualquer título, dos bensprodutores de renda ou dos bens tributáveis, desde que a lei lhe atribua essacondição.

LANÇAMENTO: se trata de lançamento mediante declaração; se o lançamento foierrado ou incompleto, será feito pela Receita Federal, de ofício; quando houverimposto a pagar, sujeito a fiscalização posterior do fisco, o lançamento serápor homologação.

1. IMPOSTOS SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI)

FUNÇÃO: o IPI tem predominantemente função fiscal, mas, como é imposto seletivo,em função da essencialidade do produto, conforme previsto no § 3º, IV, do art.153 da CF, e no art. 48 do CTN, desempenha, também, importante funçãoextrafiscal.

FATO GERADOR: é o desembaraço aduaneiro do produto, quando de procedênciaestrangeira, a saída do produto do estabelecimento do importador, do industrial,

do comerciante ou do arrematante ou a arrematação, quando o produtoinsdustrializado apreendido ou abandonado e levado a leilão.

PRODUTO INDUSTRIALIZADO: conforme o CTN, considera-se o produto industrializado,para fins do IPI, aquele submetido a qualquer operação que l he modifique anatureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para consumo; o Decreto 87.981/82amplia o conceito de industrialização do CTN, incluindo qualquer operação, aindaque incompleta, parcial ou intermediária, que modifique a natureza, ofuncionamento, a utilização, o acabamento, a apresentação ou a finalidade doproduto, ou o aperfeiçoe para consumo.

ALÍQUOTAS: constam da Tabela do Imposto sobre Produto Industrializado (TIPI), emque vêm estabelecidas para cada classe se produtos, variando de zero até mais de300%; a razão pela qual elas são muito variadas é o caráter seletivo do imposto,em função das classes de produtos sobre os quais incide.

BASE DE CÁLCULO: no caso de importação, seu preço normal, acrescido do impostode importação, das taxas exigidas pela entrada do produto no País e dos encargoscambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis; no caso deproduto nacional, será o preço de venda à saída do estabelecimento industrial oucomercial, ou, na falta deste, o valor do produto no mercado atacadista da praçado remetente; no caso de leilão, o preço da arrematação.

NÃO-CUMULATIVIDADE: por força de dispositivo constitucional (CF, art. 153, § 3º,II), o IPI “será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cadaoperação com o montante cobrado nas anteriores”; nos termos do CTN, “o impostonão é cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte dadiferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aosprodutos saídos do estabelecimento e o pago relativamente a produtos neleentrados (art. 49)”.

CONTRIBUINTE: é o importador ou quem a lei a ele equiparar, o industrial ou quema lei a ele equiparar, o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que osforneça ao importador ou ao industrial e o arrematante de produtos apreendidosou abandonados levados a leilão.

LANÇAMENTO: o IPI é objeto de lançamento por homologação, nos termos do art. 150do CTN.

1. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO E SOBRE OPERAÇÕES RELATIVASA TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS OU IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS (IOF)

FUNÇÃO: o IOF tem função predominantemente extrafiscal, permitindo ao Governo acondução de políticas mais ou menos restritivas sobre os mercados de crédito,câmbio, seguros, e de títulos e valores mobiliários.

FATO GERADOR: em operações de crédito, é a efetivação da operação, pela entregatotal ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ousua colocação à disposição do interessado; em operações de câmbio, é aefetivação da operação, pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou dedocumento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado, emmontante equivalente a moeda nacional ou estrangeira entregue ou posta àdisposição deste; em operações de seguro é a efetivação da operação, pelaemissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, naforma da lei aplicável; em operações relativas a títulos e valores mobiliários éa emissão, transmissão, pagamento ou resgate, na forma da lei aplicável.

ALÍQUOTAS: são diferenciadas por tipo de operação em em função dos dias deaplicação, além de outros fatores, podem ser alteradas por ato do Executivo,podendo ser o imposto ser cobrado no mesmo exercício em que foi instituído.

BASE DE CÁLCULO: nas operações de crédito: o montante das obrigações,compreendendo o principal e os juros; nas de câmbio: o respectivo montante emmoeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição; nas de seguro: omontante do prêmio; nas relativas a títulos e valores mobiliários: o valornominal mais o ágio, se houver, na emissão; o preço, o valor nominal ou o preçoem Bolsa, como determinar a lei, na transmissão; o preço, no pagamento ouresgate.

CONTRIBUINTE: nos termos do CTN, é qualquer das partes na operação tributada,conforme dispuser a lei.

LANÇAMENTO: feito por homologação, nos termos do art. 150 do CTN.

1. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL (ITR)

FUNÇÃO: O ITR tem função extrafiscal, servindo como instrumento de políticaagrária do Governo, onerando mais pesadamente os latifúndios improdutivos, epermitindo melhor aproveitamento e ocupação da terra.

FATO GERADOR: é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza,como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (CTN,art. 29).

ALÍQUOTAS: são progressivas, aumentando em função do tamanho da propriedade e àmedida que diminui a proporção entre área utilizada e área total, variando de0.03 até 20%.

BASE DE CÁLCULO: é o valor fundiário do imóvel (CTN, art. 29), isto é, o valorda terra nua, sem incluir qualquer benfeitoria, calculado como a diferença entreo valor total do imóvel e seu valor venal.

CONTRIBUINTE: é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou oseu possuidor a qualquer título (CTN, art. 31).

LANÇAMENTO: é feito mediante declaração do contribuinte; essa declaração,entretanto, só é necessária para o primeiro lançamento; anualmente, novolançamento é feito de ofício.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL E ACESSÓRIA

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL tem por objeto, o pagamento de tributo oupenalidade pecuniária, tem sempre conteúdo patrimonial. (art. 113, § 1º CTN)

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA decorre da legislação tributária e tem por objetoas prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse daarrecadação ou da fiscalização dos tributos (art. 113, § 2º CTN). Não temconteúdo pecuniário, são obrigações meramente instrumentais, simples deveresburocráticos, que facilitam o cumprimento das obrigações principais.

FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

O tributo nasce quando se verifica, no mundo em que vivemos, o fato lícito e nãovoluntário descrito na hipótese de incidência tributária. É a descrição que alei faz de um fato tributário que, quando ocorrer, fará nascer a obrigaçãotributária (obrigação de o sujeito passivo ter de pagar ao sujeito ativo otributo correspondente).

Em suma, é o fato descrito em lei que, ACONTECIDO, faz nascer a relação jurídicatributária, tendo por objeto a dívida tributária. Segundo definição de GeraldoAtaliba: “Hipótese de incidência é fato descrito em lei que, se e quandoacontecido, faz nascer para alguém o dever de pagar um dado tributo”.

Hipótese de incidência é diferente de fato imponível, sendo que fato imponível éaquele que aconteceu (fato que realizou o tipo tributário), e hipótese deincidência é o fato descrito na lei. A doutrina costuma chamar fato geradortanto a hipótese de incidência como o fato imponível, mas, em ciência, isso nãoé conveniente, porque em ciência as expressões devem ser unívocas e nãoequívocas.

A doutrina mais moderna vem dividindo a expressão fato gerador em:

1. FATO GERADOR in abstrato: expressão referente à hipótese de incidência;2. FATO GERADOR in concreto: refere-se ao fato ocorrido, ao fato imponível.

Para que o tributo nasça, o fato deve ajustar-se rigorosamente a uma hipótese deincidência tributária (fenômeno da subsunção, que se equivale à tipicidade

penal). A lei descreve a hipótese de incidência, e ocorrendo o fato geradorimponível, é devido o tributo.

A NORMA JURÍDICA TRIBUTÁRIA deve conter hipótese de incidência, sujeito ativo,sujeito passivo, base de cálculo e alíquota, sob pena de não haver tributo alançar. Enquanto a lacuna não for suprida, não existe tributo em abstrato, nãopodendo existir em concreto.

. BASE DE CÁLCULO

É a dimensão legal da materialidade do tributo, é a perspectiva dimensível doaspecto material da hipótese de incidência tributária. Deve guardar umacorrelação lógica com a hipótese de incidência do tributo. Se houverincongruência, ou seja, não houver correlação lógica, o tributo será indevido

Imposto de Renda, no qual a hipótese de incidência é obter rendimentos e a base de cálculo é a rendalíquida; ICMS, hipótese de incidência é vender mercadorias, a base de cálculo é o valor da mercadoria.

. ALÍQUOTA

É o critério apontado em lei, normalmente em porcentagem, que, conjugado à basede cálculo, permite que se chegue ao quantum debeatur. O tributo não pode tercaracterística de confisco (art. 150, IV, da CF/88). Não pode retirar docontribuinte o mínimo vital, tanto para a pessoa física quanto para a jurídica.

Base de cálculo igual a 100 (cem), a alíquota é de 15% (quinze por cento), o quantum debeatur será de 15(quinze).

. SUJEITO ATIVO

É aquele que tem o direito subjetivo de EXIGIR a prestação pecuniária(capacidade tributária ativa). Normalmente aquelas investidas de capacidadepolítica – são as pessoas políticas de direito constitucional interno – dotadasde Poder Legislativo.

. SUJEITO PASSIVO

O devedor do tributo. É a pessoa, física ou jurídica, privada ou pública, quetem o dever jurídico de efetuar o pagamento do tributo. Em tese, qualquer pessoatem capacidade tributária passiva, ou seja, qualquer pessoa pode figurar no pólonegativo da obrigação tributária, inclusive as pessoas políticas (União,Estados, Municípios e Distrito Federal). Estas são imunes apenas quanto aosimpostos (art. 150, VI, “a”, da CF/88), mas podem ser alvo de taxas econtribuições de melhoria. As autarquias também são imunes quanto aos impostos(art. 150, § 2.º, da CF/88), mas podem ser alvo de cobrança de taxas e

contribuições. As empresas públicas e sociedades de economia mista: possuemcapacidade tributária passiva plena (impostos, taxas e contribuições – art. 173,inc. II, da CF/88)..

O sujeito passivo, na lei, é virtual (potencial); e somente após a ocorrência dofato gerador é que se torna efetivo (real).

DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO

Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicíliotributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal:

I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo estaincerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;

II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, olugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem àobrigação, o de cada estabelecimento;

III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suasrepartições no território da entidade tributante.

§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisosdeste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ouresponsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos quederam origem à obrigação.

§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quandoimpossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo,aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.

1) O domicílio tributário serve para determinar a competência das unidadesadministrativas a que estão juridicamente vinculados os sujeitos passivos. Écomum uma mesma pessoa física ou jurídica ter diversos domicílios tributários,conforme o tributo. Assim, se eu tiver imóveis urbanos em dois municípiosdiferentes, cada um desses municípios será meu domicílio tributáriorelativamente ao IPTU incidente sobre o imóvel nele situado. Se uma pessoajurídica tiver estabelecimentos em estados distintos, os domicílios de cadaestabelecimento serão, também, distintos.

2) O CTN estabelece como regra geral a escolha do domicílio pelo sujeitopassivo.

3) Na hipótese de o sujeito passivo não escolher domicílio tributário, serãoaplicadas as regras dos incisos do art. 127 do Código.

4) Se não for possível aplicar as regras dos incisos do art. 127 do Código,então, será domicílio o lugar da situação dos bens (se o tributo incidir sobreum bem) ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação (se otributo incidir sobre um ato ou uma operação).

5) Embora o CTN estabeleça como regra a faculdade de escolha do domicíliotributário pelo sujeito passivo, o § 2º do art. 127 prevê a recusa, pelaAdministração, do domicílio escolhido, caso este impossibilite ou dificulte aarrecadação ou a fiscalização do tributo. O ato administrativo de recusa teráque ser motivado, demonstrando por escrito as razões pelas quais a Administraçãoterá dificuldade ou ficará impossibilitada de arrecadar ou fiscalizar o tributo.

6) Ocorrendo a recusa, incidirão as regras dos incisos do art. 127, e, se estasnão puderem ser aplicadas, observar-se-á a regra estabelecida no § 1º do art.127.

7) Não obstante o CTN estabeleça como regra geral a possibilidade de escolha dodomicílio tributário pelo sujeito passivo, há casos em que a lei restringe ousuprime essa liberdade de escolha. É interessante que essa restrição ou vedaçãonão está autorizada no texto do CTN, mas tem sido adotada sem que a doutrina ouo Judiciário oponham qualquer objeção. É comum, por exemplo, a legislação doICMS, para efeito desse imposto, determinar domicílio fiscal obrigatório para osestabelecimentos, sem que o contribuinte possa escolher outro. Um exemplomarcante, na esfera federal, encontra-se na lei do ITR (Lei nº. 9.393/1996). Oparágrafo único do art. 4º dessa lei determina, expressamente: “o domicíliotributário do contribuinte é o município de localização do imóvel, vedada aeleição de qualquer outro”. Apesar disso, em questões de concurso, devemossempre marcar como verdadeira a afirmativa de que o CTN estabelece como regra aescolha do domicílio tributário pelo sujeito passivo.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO E LANÇAMENTO

À obrigação tributária, que surge automaticamente com a ocorrência do fatogerador, falta certeza e liquidez. Ela não é, portanto, exigível. Para darcerteza (atestar sua existência) e liquidez (determinar o seu valor exato) àobrigação tributária, é necessária a atuação do fisco. Essa atuação do fisco setraduz no ato ou procedimento administrativo denominado lançamento. A obrigaçãotributária tornada líquida e certa pelo ato administrativo do lançamento passa aser chamada CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Crédito tributário, portanto, é a própriaobrigação tributária em um segundo momento. É a obrigação tributária tornadalíquida e certa, portanto exigível, como decorrência do lançamento.

O LANÇAMENTO é o ato que constitui o CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

O conceito, propriamente dito, de LANÇAMENTO é simples: trata-se do ato ouprocedimento administrativo, privativo da autoridade administrativa, que

constitui o crédito tributário. O lançamento tem natureza constitutiva docrédito e declaratória da obrigação (porque a obrigação existe antes dolançamento e independe dele). É o lançamento o ato que dá certeza e liquidez àobrigação tributária, tornando-a exigível, momento a partir do qual passa aexistir o crédito tributário.

A prática do lançamento é necessária para que o sujeito ativo possa exercitaratos de cobrança do tributo, primeiro administrativamente e depois (casofrustrada a cobrança administrativa) mediante ação judicial, a denominadaexecução fiscal, precedida esta de outra providência formal, que é a inscriçãodo crédito como dívida ativa. É ato vinculado, ou seja, não admite consideraçõesde oportunidade e conveniência acerca de sua efetivação.

São FUNÇÕES DO LANÇAMENTO:

1) Identificar o sujeito passivo;

2) Verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação (ou seja, declarar aexistência da obrigação, tornando-a certa);

3) Determinar a matéria tributável (a base de cálculo);

4) Calcular o montante do tributo devido (ou seja, tornar líquida a obrigaçãopreexistente);

5) Aplicar a penalidade (multa), se for o caso.

Além disso, o CTN afirma – o que não poderia ser diferente, em razão doprincípio da indisponibilidade do interesse público – que o lançamento é atovinculado, ou seja, não admite considerações de oportunidade e conveniênciaacerca de sua efetivação.

O Código não explicitou, mas deverá constar também do lançamento o prazo parapagamento ou impugnação, esta no caso de o sujeito passivo não concordar com ocrédito exigido e pretender discuti-lo na esfera administrativa. O art. 143 doCTN é auto-explicativo. Quando o valor tributário estiver expresso em moedaestrangeira far-se-á a conversão pelo câmbio do dia da ocorrência do fatogerador.

Por ser vinculado, o lançamento é apenas anulável (não é revogável). Isso porqueos atos administrativos vinculados não podem ser revogados (por conveniência eoportunidade). A anulação do lançamento pode ser decretada, pelo Poder Executivoou pelo Poder Judiciário, somente mediante provocação da parte interessada (açãoanulatória de débito fiscal – prazo de 5 anos após o lançamento).

A lei aplicável ao lançamento é a lei que estava vigente na data da ocorrênciado fato gerador (CTN, art. 144). O fato de ser a lei aplicável ao lançamentoaquela em vigor na data do fato gerador, mesmo que já revogada na data dolançamento, é denominado PRINCÍPIO DA ULTRATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA. Dizer queuma lei é ULTRATIVA significa exatamente isso: ela é a lei que rege os fatosgeradores ocorridos durante sua vigência e será ela a lei aplicada, mesmo que,no momento de sua aplicação, não mais esteja mais vigendo.

O § 1º do art. 144 do CTN estabelece uma exceção à regra de ultratividade da leitributária. Trata-se de hipóteses em que será aplicada ao lançamento uma lei quenão estava ainda vigente na data da ocorrência do fato gerador. Nesses casos, alei retroagirá para alcançar fatos geradores ocorridos antes do início de suavigência.

. ALTERAÇÃO DO LANÇAMENTO REGULARMENTE NOTIFICADO

O art. 145 do CTN estabelece a regra segundo a qual o lançamento regularmentenotificado ao sujeito passivo é, em princípio, inalterável, exceto nas hipótesesprevistas em seus incisos. São as seguintes:

Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode seralterado em virtude de:

I - impugnação do sujeito passivo;

II - recurso de ofício;

III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos noart. 149.

A revisão de ofício é a única possibilidade não litigiosa de modificação de umlançamento regularmente notificado ao sujeito passivo; as duas outras, paraocorrerem, exigem que seja ou esteja instaurado um processo administrativofiscal.

. MODALIDADES DE LANÇAMENTO

De acordo com a maior ou menor participação do contribuinte na prática do atoadministrativo do lançamento, ele pode ser:

1. DIRETO  (ofício): feito diretamente pelo Fisco. O contribuinte não é chamado paracolaborar com a Fazenda Pública para que o lançamento se constitua. Ex.: IPTU.

1. MISTO  (por declaração): feito pelo Fisco com concurso do contribuinte. Ex.: IR.

1. POR HOMOLOGAÇÃO  (autolançamento): realizado pelo contribuinte ad referendum daFazenda Pública. Essa verifica os cálculos do contribuinte e, se aprovar, oshomologa. Estando em desacordo, a Fazenda Pública os glosa. Ex.: ICMS.

Fora os casos de lavratura de auto de infração, temos alguns casos de tributos,hoje não muitos, em que oLANÇAMENTO é efetuado originariamente de OFÍCIO, como oIPTU, o IPVA, a maioria da taxas, as contribuições de melhoria, algumascontribuições, como as cobradas pelos conselhos fiscalizadores de profissõesregulamentadas, a contribuição de iluminação pública etc.

LANÇAMENTO POR DECLARAÇÃO é efetuado com base na declaração do sujeito passivoou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta àautoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis àsua efetivação. A principal característica do lançamento por declaração – que odistingue do lançamento por homologação – é o fato de não ser possível haverpagamento pelo sujeito passivo antes de a fazenda calcular o tributo e notificá-lo para pagar (ou impugnar).

O LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO está assim disciplinado no CTN:

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeitopassivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se peloato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,expressamente a homologa.

SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

O CTN enumera seis diferentes situações que possuem em comum o fato de, uma vezocorridas, impedirem a fazenda pública de iniciar atos de cobrança do créditotributário ou, sendo o caso de já os haver iniciado, prosseguir na execução detais atos. Suspende-se o dever de cumprir a obrigação tributária, ficando,portanto, o sujeito ativo impedido de exercitar atos de cobrança. As situaçõesque configuram causas de suspensão da exigibilidade do crédito podem ocorrerantes mesmo do início do lançamento, ou depois do início e antes de seu término,ou, ainda, depois da notificação do lançamento ao sujeito passivo.

A jurisprudência tem admitido a realização do lançamento pela Administraçãomesmo que esteja presente uma causa suspensiva da exigibilidade do créditotributário. Assim, o que se impede é que a fazenda execute atos de cobrança docrédito enquanto sua exigibilidade encontra-se suspensa, mas ela NÃO FICAIMPEDIDA de proceder ao lançamento, uma vez que ele é indispensável para evitara ocorrência da decadência, forma de extinção do crédito tributário previsto noart. 156, V, do CTN.

A suspensão da exigibilidade do crédito tributário não afeta a obrigaçãotributária que lhe deu origem, conforme preceitua o art. 140 do CTN. Como não

afeta a obrigação tributária principal subjacente, uma vez extinta a causasuspensiva da exigibilidade do crédito ele volta a ser imediatamente exigível, ea Administração deve iniciar ou prosseguir em sua cobrança, inclusive medianteexecução judicial, se for o caso. Além de não afetarem a obrigação principal, ashipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário não acarretamdispensa do cumprimento de obrigações acessórias.

Art. 151. SUSPENDEM a exigibilidade do crédito tributário:

I – Moratória;

II – O depósito do seu montante integral;

III – As reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processotributário administrativo;

IV – A concessão de medida liminar em mandado de segurança.

V – A concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies deação judicial;

VI – O Parcelamento.

. DEPÓSITO DO SEU MONTANTE INTEGRAL

O depósito do montante integral do crédito exigido pela fazenda obrigatoriamentepressupõe a existência de um litígio, já instaurado ou na iminência de ser. Esselitígio tanto pode ser judicial como administrativo. É possível que o sujeitopassivo, além da impugnação administrativa, deseje efetuar o depósito. Issoporque, na hipótese de, ao término do litígio, decidir-se que o crédito éefetivamente devido (ou seja, na hipótese de a decisão final ser desfavorável aosujeito passivo), ocorrerá automática conversão do depósito em renda. Nahipótese de o sujeito passivo ter obtido decisão reconhecendo, em seu favor, ailegitimidade total ou parcial do crédito, ele tem direito de levantar o valordepositado, corrigido conforme o previsto em lei (na esfera federal a correção,atualmente, é feita pela taxa SELIC). O depósito do montante integral do créditodeve ser feito em moeda, não se admitindo depósito em títulos da dívida públicaou quaisquer outros valores.

O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito se for integral e em dinheiro.

. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL

A instauração de um Processo Administrativo Fiscal (PAF), bem como os recursosprevistos nas legislações reguladoras desses processos, é outra causa de

suspensão da exigibilidade do crédito tributário. O sujeito passivo, mesmo tendooptado pela via administrativa, possui o direito de abandoná-la a qualquertempo, em qualquer etapa do PAF, e ingressar com uma ação judicial com idênticoobjeto, desde que não tenha ocorrido a prescrição do seu direito de ação. Aopção pela via judicial, entretanto, implica desistência tácita do processoadministrativo, o que torna o crédito tributário imediatamente exigível, a menosque exista algum provimento judicial dispondo de forma contrária

. LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA

A LC n.º 104/2001 acrescentou ao art. 151 o inciso V, que estabelece comomodalidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário a concessão demedida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial.

. MORATÓRIA E PARCELAMENTO

A MORATÓRIA está regrada nos arts. 152 a 155 e é a única modalidade de suspensãodisciplinada com detalhamento pelo CTN. A moratória exige lei ordinária para suaconcessão, por enquadrar-se no art. 97 do CTN, mas a lei não precisa serespecífica. O Código não conceitua moratória, e a doutrina define-a comoprorrogação de prazo para pagamento de tributos.

O art. 152 do CTN classifica a moratória em dois tipos distintos:

Moratória Geral: aquela diretamente concedida pela lei, não sendo necessário,para sua fruição, reconhecimento por ato de autoridade administrativa. O Código,divide, ainda, a moratória em caráter geral em dois subtipos:

1) Autonômica: evidentemente a regra geral. Trata-se da moratória concedida porlei da pessoa política competente para a instituição do tributo a que o favor serefere.

2) Heterônoma: o CTN prevê a possibilidade, evidentemente excepcionalíssima, dea União (e somente a União) conceder moratória de tributos da competência dosestados e DF ou dos municípios. A condição para a concessão dessa moratóriaheterônoma é que a União conceda, simultaneamente, moratória dos tributosfederais e das obrigações de direito privado (dívidas que os particulares tenhampara com ela, mas que não sejam regidas predominantemente pelo Direito público,como, por exemplo, dívidas de aluguéis).

Moratória Individual: o CTN denomina moratória individual aquela concedida, emcada caso, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada porlei.

O parágrafo único do art. 152 estabelece a possibilidade de a abrangênciaterritorial da moratória ser:

a) TOTAL: abrange todo o território da entidade tributante (se for a União, todoo território nacional; se for um estado, o território daquele estado etc.);

b) PARCIAL: abrange somente parte do território. A moratória, em regra, somentese aplica a créditos já definitivamente constituídos ou, pelo menos, cujolançamento já tenha sido iniciado (art. 154).

O parágrafo único do art. 154 estabelece, e aqui não há exceção, aimpossibilidade de a moratória beneficiar o sujeito passivo ou terceiro que,relativamente ao tributo objeto da moratória ou aos procedimentos para aobtenção do favor, tenha agido com dolo, fraude ou simulação.

A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão emcaráter individual ESPECIFICARÁ, sem prejuízo de outros requisitos, o prazo deduração do favor, as condições da concessão do favor em caráter individual e,sendo caso, o número de prestações e seus vencimentos, as garantias que devemser fornecidas e os tributos a que se aplica.

NÃO PODE EXISTIR MORATÓRIA POR PERÍODO INDETERMINADO

Pode ocorrer REVOGAÇÃO DA MORATÓRIA quando se constatar que o sujeito passivo,na época da concessão, não satisfazia as condições para sua obtenção, ou que, emmomento posterior, deixou de satisfazê-las.

Na hipótese de o favor haver sido obtido indevidamente, mas não ter havido doloou simulação do beneficiado ou de terceiro em seu benefício, será cobrado ocrédito tributário acrescido dos juros relativos ao período transcorrido entre aconcessão e a “revogação” da moratória. Na hipótese de o sujeito passivo terobtido indevidamente o favor, em decorrência de dolo ou simulação, será cobradoo tributo, acrescido dos juros moratórios e penalidades (multa). Além disso, oprazo prescricional entre a concessão e a “revogação” da moratória ficasuspenso.

Antes da LC nº 104/2001, o PARCELAMENTO era considerado uma espécie deMoratória, hoje o parcelamento é uma modalidade de suspensão do créditotributário independente da moratória.

Art. 155-A. O PARCELAMENTO será concedido na forma e condição estabelecidas emlei específica.

§ 1º Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência dejuros e multas.

§ 2º Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória.

§ 3º Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor emrecuperação judicial.

§ 4º A inexistência da lei específica a que se refere o § 3º deste artigo importa na aplicação das leis gerais deparcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser oprazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica.

EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

I - o pagamento;

II - a compensação;

III - a transação;

IV - remissão;

V - a prescrição e a decadência;

VI - a conversão de depósito em renda;

VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos dodisposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;

VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva naórbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;

X - a decisão judicial passada em julgado.

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas emlei.

Para efeito de concursos públicos, devemos considerar a lista como sendotaxativa, ou seja, somente as modalidades expressamente nela descritas podemextinguir validamente o crédito tributário. Por esse motivo, é recomendadoconsiderar incorretas alternativas de questões que aludam a outras formas deextinção de obrigações civis (por exemplo, novação ou confusão), comomodalidades de extinção do crédito tributário.

. CONVERSÃO DO DEPÓSITO EM RENDA

Essa modalidade de extinção do crédito está relacionada a uma das formas desuspensão de sua exigibilidade, especificamente prevista no art. 151, II, doCTN, o depósito do montante integral do crédito tributário, mas com ela não seconfunde. A extinção do crédito mediante conversão do depósito em renda é umafase posterior à suspensão de sua exigibilidade por meio do depósito de seumontante integral.

. DECISÃO ADMINISTRATIVA DEFINITIVA FAVORÁVEL AO SUJEITO PASSIVO (inciso IX)

Quando, no Brasil, falamos em “decisão administrativa definitiva” estamos nosreferindo, apenas, a uma decisão proferida pela última instância na esferaadministrativa. Nesses casos, ocorre o exaurimento ou esgotamento da viaadministrativa, isto é, nenhum órgão administrativo pode apreciar novamenteaquele assunto.

. DECISÃO JUDICIAL FAVORÁVEL AO SUJEITO PASSIVO TRANSITADA EM JULGADO

Diz-se transitada em julgado a decisão judicial de que não caiba mais recurso.As hipóteses de extinção do crédito por decisão judicial e por decisãoadministrativa são as únicas em que é possível extinguir-se um crédito a que nãocorrespondesse nenhuma obrigação tributária, ou seja, um crédito com existênciameramente formal. Extingue-se o crédito por decisão judicial transitada emjulgado quando o sujeito passivo, havendo optado por contestar na esferajudicial cobrança de tributo que considerou indevida, obtém decisão judicialreconhecendo correto seu entendimento.

. DAÇÃO EM PAGAMENTO DE IMÓVEIS

O instituto da dação em pagamento é uma das formas de extinção das obrigaçõescivis, prevista no art. 356 do Código Civil, que se resume a assim defini-la: “Ocredor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.”

Continua sendo vedada a dação em pagamento de bens móveis (não se pode pagartributo pela entrega, ao fisco, de uma saca de feijão, de um carro ou de umaobra de arte). Também continua sendo vedado, em nosso ordenamento, oadimplemento de tributos em trabalho (os denominados tributos in labor), o que,aliás, nem seria hipótese de dação em pagamento, uma vez que, como diz o nome doinstituto, a dação em pagamento corresponde ao adimplemento mediante a entregade uma coisa, uma prestação de dar (e não de “fazer”).

A dação em pagamento de bens imóveis, prevista no inciso XI do art. 156, deveráser um procedimento administrativo e a entrega do imóvel pelo sujeito passivodeverá ser “voluntária”. De qualquer forma, é necessária a edição de leiordinária que estabeleça a forma e as condições exigidas para que possam serextintos créditos tributários por meio de dação em pagamento de imóveis.

. COMPENSAÇÃO

A compensação, que é instituto oriundo do Direito Civil, pode ser definida comoum “ENCONTRO DE DÍVIDAS”. Aliás, o Código Civil, ao definir a extinção deobrigações civis mediante compensação assim estabelece:

Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, asduas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.

Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisasfungíveis.

No caso do Direito Tributário, como estamos em um ramo do Direito público, sãoacrescentadas algumas exigências fundamentais para que possa ocorrer acompensação, sendo as principais:

(1) a necessidade de lei que autorize a compensação; e

(2) que os créditos de titularidade do sujeito passivo sejam líquidos e certos.

Os créditos tributários somente podem ter por titulares pessoas jurídicas dedireito público e gozam de presunção legal de liquidez e certeza. Já os créditosde titularidade do particular (que não podem em hipótese nenhuma ser créditostributários) precisam de algum instrumento que lhes confira liquidez e certeza,como um contrato entre o particular e a fazenda, o direito à restituição de umvalor indevidamente pago à fazenda já reconhecido em decisão administrativa oujudicial, um título executivo judicial ou extrajudicial do particular contra afazenda etc. Sendo líquido e certo o crédito do particular e existindo lei quepreveja a compensação, proceder-se-á ao encontro das dívidas. A compensação podeser feita diretamente pelo particular, em seus livros fiscais, ou medianteprocesso administrativo, dependendo do que expressamente estiver previsto na leique a discipline. Atualmente, no âmbito da Receita Federal, a compensação, comoregra, é feita pelo próprio sujeito passivo, mediante a entrega de umadeclaração (“Declaração de Compensação”) em que são informados os débitos e oscréditos utilizados na compensação, ficando o procedimento realizado pelocontribuinte sujeito a posterior verificação e, se estiver tudo correto,homologação pela fazenda.

. PAGAMENTO

Configura a entrega ao credor, pelo devedor ou terceiro interessado, domontante, em dinheiro (ou cheque ou, ainda, títulos da dívida agrária, admitidosno caso do pagamento do ITR), correspondente ao valor total ou parcial docrédito a fim de extingui-lo e extinguir a obrigação correspondente (é lógicoque no caso de pagamento parcial não se extinguirá a totalidade do crédito e da

obrigação). Não se considera pagamento o adimplemento da obrigação mediante aentrega de bens ou a realização de trabalho.

Se a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento deve serefetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo. Na hipótesede omissão da legislação, o pagamento do crédito deve ser feito trinta diasdepois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento.Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação o sujeito passivo deveefetuar o lançamento antes de qualquer ato da autoridade administrativa.

Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa deum por cento ao mês. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescidode juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo daimposição das penalidades cabíveis.

Há três formas de pagamento que são automáticas, ou seja, não dependem dequalquer autorização especial da lei. São elas o pagamento em dinheiro, chequeou vale postal (art. 162, I). O CTN permite à legislação a exigência degarantias no caso dos pagamentos em cheque ou vale postal, mas essas garantiasnão podem tornar mais oneroso o pagamento. As outras três formas de pagamentoprevistas no CTN, estampilha, papel selado e processo mecânico, dependem de leique especificamente determine os casos em que possíveis.

. DECADÊNCIA

A decadência está arrolada como forma de extinção do crédito tributário noinciso V do art. 156 do CTN. A decadência e a prescrição têm em comum o fato deambas decorrerem da conjugação de dois fatores essenciais: o decurso de certolapso de tempo e a inércia do titular de um direito. Esses fatores resultarão,para o sujeito que permaneceu inerte, ou na extinção de seu direito material ouna perda do direito de ação que possuiria para ver assegurado o exercício de seudireito.

A regra geral relativa à decadência encontra-se no art. 173, I: o direito deconstituir o crédito extingue-se em cinco anos contados do primeiro dia doexercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento.

A regra geral relativa à decadência encontra-se no art. 173, I: o direito deconstituir o crédito extingue-se em cinco anos contados do primeiro dia doexercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento. O prazode decadência, no caso das contribuições de seguridade social, é de DEZ ANOS.

. PRESCRIÇÃO

A prescrição que ocorre contra a fazenda, no Direito Tributário, acarreta aextinção do direito que a fazenda possui de promover ação judicial para a

cobrança do crédito tributário (essa ação é denominada execução fiscal) jádefinitivamente constituído e não pago pelo sujeito passivo. Em resumo, aprescrição extingue o direito de ação judicial de cobrança do crédito nãopago (e, segundo o CTN, extingue também o próprio crédito).

O início da contagem do prazo prescricional é sempre um momento posterior aoinício da contagem do prazo decadencial e nunca há contagem simultânea de ambos.Na verdade, enquanto se está contando prazo decadencial não tem sentido falar-seem prescrição. Se ocorrer a extinção pela decadência, também não se terá chegadoa cogitar de prazo prescricional. Somente haverá início de contagem paraprescrição se não tiver havido a decadência, e após ter ocorrido a constituiçãodefinitiva do crédito tributário.

Em síntese, para efeito de determinar o início da contagem do prazo deprescrição, considera-se definitivamente constituído o crédito tributário em umdesses dois momentos:

a) na data de notificação do lançamento ao sujeito passivo, caso ele não façaimpugnação administrativa do lançamento; ou

b) na data de notificação ao sujeito passivo da decisão administrativadefinitiva que tenha mantido total ou parcialmente o lançamento por eleimpugnado.

O prazo de prescrição, no caso das CONTRIBUIÇÕES DE SEGURIDADE SOCIAL, é de dez(10) anos, contados, da mesma forma, da data de constituição definitiva docrédito (Lei 8.212/1991, art. 46).

. PAGAMENTO ANTECIPADO E HOMOLOGAÇÃO

O pagamento antecipado, efetuado relativamente aos tributos sujeitos aolançamento por homologação, somente extingue o crédito sob condição resolutóriada homologação futura. É como se existisse uma extinção precária do crédito,efetuada mediante o pagamento antecipado, e uma extinção definitiva, resultanteda homologação do pagamento antecipado realizado pelo sujeito passivo.

. TRANSAÇÃO

A transação representa um acordo entre devedor e credor. A transação émodalidade de extinção das obrigações em geral, prevista no Código Civil, em seuart. 840. A principal diferença entre a transação modalidade de extinção deobrigações civis e a transação forma de extinção do crédito tributário é que aprimeira pode ser realizada para prevenir ou terminar litígio enquanto atransação tributária é admitida somente para terminar litígio já instaurado.

A lei deverá indicar a autoridade competente para realizar a transação em cadacaso e deverá explicitar as concessões que poderão ser feitas ao sujeitopassivo. É entendimento majoritário da doutrina que os poderes conferidos pelalei à autoridade administrativa encarregada da transação não poderão serdiscricionários, pois isso seria incompatível com o princípio daindisponibilidade do interesse público.

A transação não pode resumir-se a perdão de parte da dívida ou a qualquer outraconcessão unilateral pois, nesse caso, estar-se-ia diante de hipótese diversa,como, por exemplo, a remissão.

. REMISSÃO

Pode-se conceituar a REMISSÃO como dispensa legal de crédito tributário jáconstituído. Como se trata de dispensar o pagamento de crédito tributáriodevido, a remissão, evidentemente, terá que ser concedida ou autorizada por meiode lei. No caso da remissão, a lei exigida deverá ser lei específica, porexigência expressa do art. 150, § 6º, da Constituição.

A remissão é dispensa do pagamento de crédito tributário já constituído, ouseja, é concedida após o lançamento. A remissão pode abranger o crédito relativoa tributo e/ou multa. A remissão extingue o crédito já constituído (portanto,sempre ocorre depois do lançamento) e a anistia o exclui, impedindo a suaconstituição. Quanto à distinção entre isenção e remissão, o critério básico é omesmo: a isenção, por ser exclusão do crédito relativo a tributo,obrigatoriamente deve preceder o lançamento; a remissão de tributo só pode dizerrespeito a crédito já constituído, ou seja, só é possível depois de efetuado olançamento.

Em nenhuma hipótese a lei pode conferir poderes discricionários à autoridade administrativacompetente para conceder a remissão.

. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO JULGADA PROCEDENTE

A consignação em pagamento é uma faculdade à disposição do sujeito passivo que,entretanto, somente pode ser utilizada em hipóteses um tanto restritas. Asprincipais características da consignação em pagamento são estas:

1) a consignação em pagamento é sempre uma ação judicial, não existe consignaçãoadministrativa em pagamento;

2) a consignação em pagamento não se confunde com o depósito do montanteintegral do tributo exigido.

O depósito do montante integral é forma de suspensão da exigibilidade docrédito, pode ser administrativo ou judicial. Como o nome diz, deve corresponder

ao total exigido do sujeito passivo. É feito quando o sujeito passivo nãoconcorda com determinada exigência tributária e não pretende pagá-la (por issotenta fazer reconhecer, administrativamente ou em juízo, ser indevida aexigência).

A extinção somente ocorrerá se e quando a ação for julgada procedente. Nessecaso, o montante consignado será convertido em renda e estará extinto o créditoe a obrigação correspondente. Caso a ação de consignação seja julgadaimprocedente, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo daspenalidades cabíveis.

EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentesda obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela conseqüente

Exclusão do crédito representa impedimento legal de constituição do crédito, ouseja, hipóteses em que a lei impede que seja feito o lançamento. Assim, só épossível ocorrer a exclusão do crédito antes que o lançamento tenha sidoefetuado. Depois do lançamento, ou seja, de já estar o crédito constituído, adispensa legal de seu pagamento configurará remissão, não isenção ou anistia.

. ISENÇÃO

Isenção tributária pode ser definida como hipótese de não-incidência legalmentequalificada. Na isenção não há incidência, a obrigação nem mesmo chega a nascer.As isenções submetem-se ao princípio da legalidade; assim, só podem serconcedidas por lei, lato sensu (lei ordinária, lei complementar, decretolegislativo federal e decreto legislativo estadual ou distrital).

As isenções tributárias são normalmente concedidas por lei ordinária provenienteda pessoa política competente para criar o tributo. As isenções, quandoconcedidas por lei ordinária, podem alcançar as taxas, os impostos e/oucontribuições de melhoria. Medida provisória não pode conceder isenções, dadoseu caráter precário e a não previsão legal, assim como não pode instituirtributos, embora, na prática, o Supremo Tribunal Federal aceite a criação detributos por medida provisória, desde que observados os demais princípiosconstitucionais (anterioridade, igualdade etc.). Lei complementar pode criarisenções para os tributos que foram instituídos por lei complementar, tais comoempréstimos compulsórios, impostos residuais e contribuições do art. 195, § 4.º,da Constituição Federal.

. ANISTIA

A anistia concerne exclusivamente a infrações tributárias. Podemos defini-lacomo perdão legal de infração já praticada, em conseqüência do qual exclui-se o

crédito tributário relativo à penalidade pecuniária que decorreria daquelainfração.

A anistia não desnatura a infração, vale dizer, a situação descrita na lei comoinfração tributária continua sendo ilícita após a lei concessiva da anistia. Poresse motivo, a lei concessiva de anistia somente tem aplicação para as infraçõespraticadas anteriormente à sua vigência. Se uma lei pretendesse estabeleceranistia a infrações futuras estaria, na verdade, deixando de definir aquele fatocomo ilícito, ou seja, ele deixaria de ser infração, uma vez que à sua práticanão estaria vinculada qualquer sanção.

DÍVIDA ATIVA

A inscrição de um crédito na dívida ativa é o último procedimento administrativona seqüência que se inicia com a ocorrência do fato gerador de um tributo etermina com a execução judicial do crédito a ele correspondente. A denominadadívida ativa da fazenda pública divide-se em tributária e não tributária e suacobrança é regida pela Lei nº. 6.830/1980.

A dívida ativa não tributária é composta de créditos da fazenda públicadecorrentes de relações jurídicas não disciplinadas no âmbito do DireitoTributário e não se encontra, evidentemente, tratada no Código TributárioNacional.

A DÍVIDA ATIVA TRIBUTÁRIA é integrada por créditos tributários, ou seja,créditos decorrentes de relações jurídicas obrigacionais tributárias entre ossujeitos passivos e a fazenda pública. Esses créditos referem-se a tributosdevidos, juros sobre eles incidentes e multas de natureza tributária. Oscréditos aptos a serem inscritos na dívida ativa da fazenda pública devem estardefinitivamente constituídos, ao menos em âmbito administrativo.

A inscrição do crédito tributário na denominada dívida ativa possui uma duplafinalidade:

a) permite que a Administração exerça o controle da legalidade de todos osprocedimentos administrativos realizados até aquele ponto, somente efetuando ainscrição dos créditos que entenda haverem sido regularmente constituídos; e

b) permite que a Administração obtenha um título executivo extrajudicial,habilitando-se a propor contra o sujeito passivo diretamente uma ação deexecução judicial, sem necessidade de prévio processo judicial de conhecimento.

O crédito tributário regularmente inscrito em dívida ativa gozade PRESUNÇÃO legal de certeza (existe e é efetivamente devido) e LIQUIDEZ (seuvalor é conhecido e determinado). Essa presunção é, como afirma o CTN, umapresunção relativa (juris tantum), isto é, admite prova em contrário, ou seja,

invertem o ônus da prova, competendo ao réu (no caso, ao executado) provar queos fatos não correspondem à presunção estabelecida na lei.

Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicaráobrigatoriamente:

I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível,o domicílio ou a residência de um e de outros;

II - a quantia devida e a maneira de calcular os  juros de mora acrescidos;

III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado;

IV - a data em que foi inscrita;

V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.

Parágrafo único. A certidão  conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do  livro e da folha dainscrição.

A inscrição é feita em livros próprios, sob a guarda dos órgãos competentes decada fazenda. A certidão nada mais é do que uma cópia da folha do livro em quefoi realizada determinada inscrição. A certidão prova a existência daquelainscrição e é ela, a certidão, que se constitui no título executivoextrajudicial que constará da peça inicial do processo de execução judicial docrédito, quando for proposta pela fazenda.

O art. 203 estabelece como causa de NULIDADE da inscrição a omissão de qualquerdos requisitos enumerados no art. 202 ou a existência de erro relativo a taisrequisitos, como, por exemplo, identificação incorreta do sujeito passivo. OCódigo permite que seja corrigida a inscrição, ou realizada uma nova, dependendodo caso, e que a certidão extraída dessa nova inscrição substitua a certidãonula, contanto que essa substituição seja feita antes de proferida a decisão deprimeira instância no processo executivo.

CERTIDÕES NEGATIVAS

Certidão negativa declara que não existe débito tributário de um ou maistributos relativamente a um determinado sujeito passivo. O art. 205 tornaexplícito que uma certidão negativa faz prova de quitação de determinadotributo. Isso é especialmente importante para efeito de impedir a subrogação(responsabilidade) no caso do adquirente de imóveis, como previsto no art. 130do CTN.

Em situações em que o crédito tributário ainda não é exigível (porque o prazopara pagar ainda não está vencido), ou está com sua exigibilidadesuspensa (porque ocorreu alguma das hipóteses previstas no art. 151 do CTN), ou,ainda, já está garantido pela penhora, deverá ser fornecida ao sujeito passivouma certidão que, EMBORA NÃO SEJA NEGATIVA, produzirá os mesmos efeitos de umacertidão negativa, ou seja, poderá ser utilizada sempre que seja exigida provade quitação de tributos. A certidão em que conste um ou alguns débitos nessasituação é denominada “certidão positiva com efeitos de negativa” e produz osmesmos efeitos da certidão negativa (por exemplo, possibilita a participação emlicitações, a obtenção de benefícios e incentivos fiscais etc.).