DIREITO PROCESSUAL PENAL PROF. LUIZ FLÁVIO GOMES

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DIREITO PROCESSUAL PENAL PROF. LUIZ FLÁVIO GOMES Princípios Gerais: 1. Não há pena sem processo No Brasil ninguém vai preso sem o devido processo legal. O devido processo penal é duplo: a) Devido processo legal clássico - contém todas as fases do processo; b) O novo devido processo legal - Lei 9.099/95 - dispõe outras formas de fases do processo. 2. Não há pena sem ação O juiz não pode agir de ofício. Fundamento - se deve ao processo tipo acusatório vigorante que distingue as funções de investigação, denúncia e julgamento. 3. Princípio do Juiz Natural Há duas regras básicas: a) Há um juiz competente para a causa; b) Está proibido pela Constituição Federal a criação de Tribunal de Exceção. 4. Princípio do Contraditório É a possibilidade de contrariar argumentos, provas. Existem provas que são colhidas sem o contraditório, são as chamadas Provas Cautelares. Exemplo de prova cautelar: perícias. As provas cautelares tem o contraditório diferido ou seja, adiado, o contraditório é postergado para o processo. 5. Princípio da Ampla Defesa Contém duas regras básicas: a) Possibilidade de produzir provas; b) Possibilidade de recursos. 1

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DIREITO PROCESSUAL PENALPROF. LUIZ FLÁVIO GOMES

Princípios Gerais:

1. Não há pena sem processo

No Brasil ninguém vai preso sem o devido processo legal.O devido processo penal é duplo:

a) Devido processo legal clássico - contém todas asfases do processo;

b) O novo devido processo legal - Lei 9.099/95 - dispõeoutras formas de fases do processo.

2. Não há pena sem ação

O juiz não pode agir de ofício. Fundamento - se deve aoprocesso tipo acusatório vigorante que distingue as funções deinvestigação, denúncia e julgamento.

3. Princípio do Juiz Natural Há duas regras básicas:a) Há um juiz competente para a causa;b) Está proibido pela Constituição Federal a criação deTribunal de Exceção.

4. Princípio do Contraditório

É a possibilidade de contrariar argumentos, provas.Existem provas que são colhidas sem o contraditório, são aschamadas Provas Cautelares. Exemplo de prova cautelar:perícias.As provas cautelares tem o contraditório diferido ou seja, adiado, ocontraditório é postergado para o processo.

5. Princípio da Ampla Defesa

Contém duas regras básicas:a) Possibilidade de produzir provas;b) Possibilidade de recursos.

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Obs.: não existe fase de defesa no Inquérito Policial, pois épeça administrativa.

6. Princípio da Presunção de Inocência

Este princípio está conceituado na Convenção Americana sobredireitos humanos.Consiste em que todo acusado é presumido inocente até que secomprove a sua culpabilidade.Duas regras:a) Cabe a quem acusa o ônus de provar a culpabilidade;b) Regra de tratamento no sentido do acusado não poder sertratado como condenado.

O acusado pode ser preso durante o processo ? Seria estaprisão inconstitucional ?

Resp.: Sim, pode o acusado ser preso durante o processo,desde que o juiz fundamente a necessidade da sua prisãocautelar. Não fere nenhum princípio constitucional.

7. Princípio da Verdade Real

Conecta-se à regra da liberdade de provas: todos os meiosprobatórios em princípio são válidos para comprovar a verdadereal. Esta regra é absoluta ? Resp.: Esta regra não é absoluta, existem exceções:a) Prova ilícita - são as provas adquiridas por meiosilícitos. Ex.: prova mediante tortura.

b) Prova Ilegítima - são as provas colhidas com violação denormas processuais. Ex.: busca domiciliar sem ordem do juiz.

c) Art. 475 do CPP - diz respeito às provas nos Julgamentospelo Tribunal do Júri. Deve-se juntar as provas ao processocom três dias de antecedência ao Júri.

8. Princípio da Obrigatoriedade

O Ministério Público na ação penal pública é obrigado a agir.Deve ele denunciar.

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Exceção: encontra-se na ação penal privada, onde aqui vigora oPrincípio da Oportunidade.Outra exceção: Transação Penal - Art. 76 da Lei 9.099/95 - ondeo Ministério Público faz um acordo com o réu, ao invés dedenunciá-lo.

9. Princípio da Indisponibilidade do Processo

Art. 42 do CPP - iniciado o processo o Ministério Público nãopoderá dispor dele, ou seja, abrir mão na acusação.Exceção: Suspensão Condicional do Processo - Lei 9.099/95

10. Princípio da Oficialidade

Os órgãos da persecução penal são oficiais.

11. Princípio da Publicidade

O processo e os atos processuais são públicos.Este Princípio não é absoluto, pois é possível restringir apublicidade do processo em casos especiais. Art. 792 do CPP,Parágrafo 1º: “Se da publicidade da audiência, da sessão ou doato processual, puder resultar escândalo, incoveniente grave ouperigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara,ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou doMinistério Público, determinar que o ato seja realizado aportas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estarpresentes.”

12. Princípio da Identidade Física do Juiz

O juiz que preside a instrução deve ser o mesmo que vaisentenciar.Este princípio não é válido no Processo Penal

13. Princípio da Imparcialidade do JuizNão há jurisdição sem imparcialidade. O juiz deve serimparcial, neutro entre as partes.

14. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição

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Assegura o direito de apelar; que as provas sejam revistas emoutra instância.Exceção: está nos processos de competência originária dosTribunais, pois neste caso, não há mais para quem se recorrer.

Outro Princípios

Art. 1º do CPP.

Princípio da Territorialidade - o Código de Processo Penal éválido em todo território nacional, é único no país. OsEstados-Membros não podem legislar sobre processos, somentesobre procedimentos.

Todo processo penal segue somente o CPP ? Resp.: Nem todo processo segue estritamente o CPP. Ex.:Tóxicos, Crime Militar, Crime Eleitoral, Crimes de Imprensa,etc. Estes crimes tem seus procedimentos próprios.

Todo crime ocorrido no Brasil é processado no Brasil ? Resp.: Em regra sim, mas há exceção: está na imunidadediplomática. Ex.: Embaixador norte-americano que cometer crimeno Brasil será julgado e processado em seu país de origem, nosEstados Unidos da América.

Art. 2º do CPP.

Lei Processual no Tempo

Lei processual sem reflexos penais, é regida pelo Princípio daAplicação Imediata. Ex.: Lei que muda competência, o STJ dizque a lei processual se aplica imediatamente.

Lei processual com reflexos de lei penal - aplicam-se doisprincípios:a) Princípio da Retroatividade - se a lei for mais benigna aoréu;

b) Princípio da Irretroatividade - se a lei for mais severaao réu.

Ex.: Lei que cuida de fiança é uma lei processual, mas temreflexos penais, portanto, se ela beneficiar o réu, elaretroage, senão, não retroage.

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Art. 3º do CPP.

A lei processual admite:

a) Interpretação Extensiva:Ex.: Art. 34 CPP - o menor entre 18 e 21 anos pode oferecerqueixa, então por interpretação extensiva entende-se que eletambém poderá oferecer a representação, pois quem pode o mais,pode o menos.

b) Aplicação Analógica:Ex.: Qual o prazo que tem o querelante para oferecer queixaquando o réu estiver preso ?Resp.: Não existe esta resposta no CPP, mas por analogia aoartigo 46 do CPP, entende-se que o prazo é igual ao doMinistério Público, que são de 5 dias.

c) Aplicação dos Princípios Gerais do DireitoEx.: Quando o juiz não encontra solução para um litígio na lei

e também não consegue decidi-lo por analogia, então deverárecorrer aos Princípios Gerais do Direito, pois deverá ele daruma solução ao caso concreto.

PERSECUÇÃO PENAL

Compreende duas fases:

a) Fase de Investigaçãob) Fase Judicial ou processual propriamente dita.

Investigação

A quem compete ? Resp.: Cabe a investigação à Polícia Judiciária.

A polícia judiciária investiga o crime e visa reprimir aocorrência de novos crimes.

A polícia de segurança é a polícia militar, ela é ostensiva, deuniforme, visa previnir a ocorrência de crimes.

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A guarda civil metropolitana é polícia judiciária ou desegurança ?

Resp.: É polícia de segurança.

Quem exerce a função de polícia judiciária no Brasil ? Resp.: É a Polícia Civil.

Esta é uma atividade exclusiva da Polícia Civil ? Resp.: Não é atividade exclusiva da polícia civil. Asinvestigações pode ser exercidas por outros órgãos, porexemplo, no Inquérito Policial Militar, nas InvestigaçõesAdministrativas, na Comissão Parlamentar de Inquérito, etc.

A investigação particular é válida ? Resp.: Esta investigação não está proibida no Brasil, oparticular deve apresentar os documentos conseguidos aoMinistério Público ou a Polícia Civil.

Qual a posição da Polícia Civil? Resp.: É um órgão auxiliar da justiça criminal. Art. 13 doCPP.

A polícia civil exerce suas atividades no âmbito de suacircunscrição. Art. 4º do CPP.

Cabe ao Ministério Público exercer o controle externo dapolícia civil na forma de lei complementar.

Este controle externo atualmente só existe no Estado de SãoPaulo.

DO INQUÉRITO POLICIAL

Conceito - É um conjunto de diligências que visa a apuração docrime e de sua autoria.

Finalidade - Apurar o crime e sua autoria.

Destinação - é destinado a servir de base para uma futura açãopenal. Art. 12 do CPP.

Quem preside o Inquérito Policial ?

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Resp.: Somente uma autoridade policial.

Quem é autoridade policial no Brasil ? Resp.: Pode ser autoridade de carreira, que são os delegadosde polícia, ou autoridade nomeada pelo Secretário deSegurança.

A quem cabe presidir o auto de prisão em flagrante ? Resp.: Cabe a autoridade policial do local da prisão.

Existe Juizado de Instrução no Brasil ? Resp.: Juizado de instrução é a possibilidade de um juizpresidir a investigação, e atualmente não existe esta figurano Brasil.

O juiz no Brasil, preside a investigação de um crime somentequando este tratar-se de crime falimentar.

Existem critérios de Divisão das atribuições da polícia:

a) Critério de divisão territorialb) Critério de divisão em razão da matéria - exemplo: DECONc) Critério de divisão em razão da pessoa - exemplo:Delegacia da Mulher.

Se algum destes critérios de divisão de atribuições foremviolados acarreta alguma nulidade ao Inquérito Policial ?

Resp.: Não acarreta nenhuma nulidade ao Inquérito Policial,pois é ele uma peça administrativa.

CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL

1. É o Inquérito Policial uma peça informativa, logo é eleuma peça administrativa.

Os vícios do Inquérito Policial afetam a Ação Penal Futura ? Resp.: Não afetam, pois são peças distintas.

2. O Inquérito Policial é dispensável - Art. 27 do CPP. Porexemplo, não há Inquérito Policial nos crimes de menorpotencial ofensivo.

3. O Inquérito Policial é uma peça escrita - Art. 9º do CPP.

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4. O Inquérito Policial é sigiloso - Art. 20 do CPP.

5. O Inquérito Policial é inquisitivo - não há contraditórioe nem ampla defesa, pois é uma peça administrativa. Algumasprovas do Inquérito Policial tem validade em juízo, são asprovas cautelares. Ex.: perícias.

6. Todos os atos devem ser regulados por lei

Qual o valor probatório do Inquérito Policial ? Resp.: Nenhum, salvo quando repetido em juízo.

Exceção: as provas cautelares produzidas no Inquérito Policialtem valor judicial.

O que é Processo Judicialiforme ? Resp.: Era a possibilidade do delegado ou do juiz iniciar oprocesso. Com a promulgação do Constituição Federal de 1988,acabou esta possibilidade, ficando esta função reservada aoMinistério Público. (Art. 129, I, CF).

INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL

1. Na Ação Penal Pública Incondicionadaa) Por Portaria;b) Por Auto de Prisão em Flagrante;c) Por requisição de Juiz ou do Ministério Públicod) Por requerimento da vítima.

A Ação Penal Pública Incondicionada é regida pelo Princípio daObrigatoriedade. O delegado está obrigado a agir.

2. Ação Penal Pública Condicionada Está subordinada a dois tipos de condições:a) Representação do ofendido; oub) Requisição do Ministro da Justiça.

A representação do ofendido chama-se “delatio criminis”postulatória.

3. Ação Penal Privada

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Somente se inicia com o requerimento da vítima.

Rol de Diligências do Art. 6º do CPP.

A busca domiciliar exige o mandado judicial, salvo se for ocaso de Prisão em Flagrante.O incidente de insanidade mental só pode ser determinado pelojuiz (Art. 149 CPP).A reconstituição do crime (Art. 7º CPP) pode ser feita, salvose ofender a ordem pública e a moralidade. O indiciado não estáobrigado a participar da reconstituição do crime.

IndiciamentoIndiciar é atribuir a autoria de uma infração penal a umadeterminada pessoa.

Conseqüências:a) De suspeito passa a ser indiciado;b) Interrogatório - o indiciado obrigatoriamente deve serinterrogado; Se o indivíduo é menor (de 18 à 21 anos) éobrigatório a nomeação de um Curador, caso não o tenha. Ocurador fiscaliza o ato. A falta de curador torna o atoilegal. Qualquer pessoa pode ser Curador, mas recomenda-se queseja um advogado. A falta de Curador em Prisão em Flagrantetorna a Prisão Ilegal, onde o juiz deve relaxar a prisãoimediatamente. Já se o menor se diz ser maior, não existe ailegalidade, pois ninguém pode se beneficiar de sua própriatorpeza.

O índio se aculturado precisa de Curador, mas se for culturadonão o precisa.c) Identificação criminal - é feita a sua identificaçãocriminal. Consiste em: Identificação Dactiloscópica eIdentificação Fotográfica.

Não é obrigatória a identificação criminal para quem já écivilmente identificado. A súmula 568 do STF foi cancelada.Somente pode ser identificado criminalmente quando existedúvida quanto ao sujeito, onde lhe é colhido as impressõesdigitais.

A recusa do indivíduo ao indiciamento configura crime dedesobediência.

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Cabe o Habeas-Corpus para evitar indiciamento arbitrário,ilegal, e também para se trancar o Inquérito Policial.

Incomunicabilidade do Indiciado PresoO Art. 21 do CPP, permite que o indiciado preso fique até 3dias incomunicável. Deve ser feita por ordem de juiz, efundamentada. Somente o advogado é quem tem livre acesso aopreso incomunicável. O Art. 21 do CPP é ou não Inconstitucional ? Há duas correntes à respeito: A primeira diz que é constitucional; A segunda diz que é inconstitucional, por causa do artigo 136,§ 3º da CF.

Relatório Final (Art. 10 CPP)É a conclusão do inquérito.Nesse relatório deve haver uma classificação jurídica do crime,a qual não está vinculado o juiz. O prazo para conclusão doInquérito Policial é de 10 dias se o réu estiver preso e de 30dias se estiver solto.Entende-se que é um prazo processual penal.

Dilação do PrazoO delegado pode requerer a dilação do prazo quantas vezesprecisar, devendo fundamentar seu pedido ao juiz, que oconcederá ou não, depois de ouvido o Órgão do MinistérioPúblico.Se o indiciado estiver preso, não há que se dilatar o prazo,pois se está preso, entende-se que já se possui substratosfáticos para a denúncia.

Devolução do Inquérito Policial para a Polícia (Art. 16 CPP)O inquérito pode ser devolvido para a polícia, quando oMinistério Público achar que falta uma diligênciaimprescindível para a denúncia. Se o juiz discordar dessadevolução e não devolve-lo, cabe Correição Parcial contra ele,pois está ele sendo arbitrário.Se o indiciado estiver preso, não há que se falar em devoluçãodo inquérito, salvo se este for solto antes.

Arquivamento do Inquérito Policial

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A autoridade policial não pode arquivar e nem requerer oarquivamento do Inquérito Policial.Somente o Ministério Público é quem tem legitimidade para pediro seu arquivamento, mas somente o juiz é quem manda arquivar.Tecnicamente este ato do juiz é uma decisão, e conforme ofundamento para o arquivamento, transita em julgado, fazendocoisa julgada. Ex.: Fato Atípico faz coisa julgada material.

Se o juiz discordar do Ministério Público, ele enviará os autosao Procurador Geral da Justiça que no caso oferecerá adenúncia, designa um promotor para faze-lo ou insiste noarquivamento, o qual vincula o juiz a faze-lo.

Reabertura do Inquérito Policial (Art. 18 CPP)Somente quando surgirem novas provas. Súmula 524 STF - Arquivaro Inquérito Policial, por despacho do juiz, a requerimento doPromotor de Justiça não pode o Inquérito Policial ser reabertosem novas provas.

Pedido de Arquivamento de Inquérito Policial em 2ª InstânciaEm caso de competência originária o Procurador Geral pede oarquivamento, o qual vincula o juiz a atender. Não cabe nenhumtipo de recurso.

Arquivamento de Inquérito Policial em Ação Penal PrivadaNão ocorre o arquivamento do Inquérito Policial na Ação PenalPrivada, mas sim a renúncia ao direito de queixa, onde o juizjulga extinta a punibilidade.

O Procurador Geral da Justiça não pode avocar o InquéritoPolicial, mas de acordo com a lei orgânica do MinistérioPúblico, ele pode designar um Promotor para acompanhar oInquérito Policial.

Inquérito Policial contra Juiz de DireitoQuem preside este inquérito é um desembargador sorteado noTribunal de Justiça.

Inquérito Policial contra PromotorQuem preside este inquérito é o Procurador Geral da Justiça ouum Promotor por ele designado.

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Inquérito Policial contra Autoridade PolicialQuem preside este inquérito é uma autoridade policial dehierarquia superior.

Correição Parcial - é cabível durante o Inquérito Policialquando o juiz não acata o pedido de devolução do Inquérito àautoridade policial.

Habeas Corpus - é possível para 2 finalidades:a) Para evitar o indiciamento quando for este arbitrário; eb) Para trancar o Inquérito Policial quando o fato é atípicoou o crime já prescreveu.

Quem julga este habeas corpus é o juiz de direito. Se denegar oHabeas Corpus cabe Recurso em Sentido Estrito ou um novo HabeasCorpus contra o Juiz.

Prisão em Flagrante de Juiz Se o crime cometido pelo juiz for inafiançável ele pode serpreso. A autoridade policial lavra o Auto de Prisão emFlagrante e imediatamente o encaminha ao Tribunal de Justiça,inclusive o preso.

Prisão em Flagrante de PromotorSe o crime cometido pelo Promotor for inafiançável ele pode serpreso. A autoridade policial lavra o Auto de Prisão emFlagrante e imediatamente o encaminha ao Procurador Geral daJustiça, inclusive o preso.

DA AÇÃO PENAL

Não há pena sem processo. Não há processo sem ação.

Conceito: é o direito de pedir a tutela judicial.

Fundamento Constitucional: Art. 5º, XXXV, CF/88

Características:

1. É um direito público - porque a ação penal visa aaplicação do Direito Penal que é público.

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2. Direito Subjetivo - pertence a alguém, tem titular. Naação pública o titular é o Ministério Público e na AçãoPrivada é o ofendido.

3. É um Direito Autônomo ou Abstrato: é um direito queindepende da procedência ou improcedência do pedido.

4. É um Direito Específico ou Determinado - o direito de açãoestá sempre vinculado a um fato concreto.

Natureza: é matéria de Direito Processual, com a ação inicia-seo processo. O CP também disciplina esta matéria, mas éinstituto de Direito Processual.

Exercício do Direito de AçãoDeve ser exercido regularmente. O exercício regular depende dopreenchimento de algumas condições que são as condições da açãoou de procedibilidade.Estas podem ser genéricas ou específicas:a) Genéricas - são condições que sempre são exigidas. Sãotrês:

1. Possibilidade Jurídica do Pedido - significa que o pedidodeve versar sobre um fato típico, ou seja, descrito em lei.

2. Legitimidade “ad causam” para causa - no Polo Ativo:Ministério Público e Ofendido. No Polo Passivo: pessoa física,maior de 18 anos e que for autora do crime.

3. Interesse de Agir - é o pedido idôneo, quando existe “fumusboni juris” - quando há justa causa - quando estão presentesprova ou probabilidade da existência do crime e prova ouprobabilidade da autoria do crime.

b) Específicas - são condições que são exigidaseventualmente. Ex.: Representação da Vítima, Requisição doMinistro da Justiça.

Se faltar alguma condição específica o juiz rejeita a ação.Essa ação só poderá ser reproposta desde que for suprida afalta da condição. Art. 43 CPP.

Condição de Procedibilidade é diferente de Condição deProsseguibilidadeCondição de Procedibilidade são condições para a propositura daação.

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Condições de Presseguibilidade são condições fundamentais parao prosseguimento da ação. A ação já está em andamento (Art.107, VIII, CP – extingue-se a punibilidade = casamento davítima com terceiro ).

Condição de Procedibilidade é diferente de Condição Objetiva dePunibilidadeCondição de Procedibilidade é assunto de Direito Processual.Condição Objetiva de Punibilidade é assunto de Direito Penal.Ex.: Art. 7º, CP - extraterritorialidade.

Condição de Procedibilidade é diferente de Escusa AbsolutóriaCondição de Procedibilidade é matéria de Direito Processual.Escusa Absolutória é matéria de Direito Penal. É a renúncia aoDireito de Punir por razões de política criminal. Ex.: Art.181, CP – é isento de pena quem comete crimes previstos nestetítulo, em prejuízo: do cônjuge, na constância da sociedadeconjugal; de ascendente ou descendente.

Classificação da Ação

A ação pode ser:

Pública - divide-se em Incondicionada e Condicionada

Privada - divide-se em Exclusivamente Privada, Personalíssima eSubsidiária da Pública.

Não existe no Brasil, Ação Penal Popular, que consiste napossibilidade de qualquer pessoa do povo entrar com ação penalem qualquer crime. Existe na Espanha.Habeas Corpus tem semelhança com a Ação Penal Popular, poisqualquer pessoa pode entrar com o Habeas Corpus.

Como saber se a Ação é Pública ou Privada ?É simples, quando a lei não dispor sobre a ação penal é elapública incondicionada.A ação é privada ou pública condicionada quando a leiexpressamente as preverem.

Ação Penal Pública Incondicionada

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Esta ação é exclusiva do Ministério Público. Mas se oMinistério Público não entrar com a ação no prazo, cabe AçãoPenal Privada Subsidiária da Pública.O Art. 26 e o Art. 531 do CPP estão revogados, pois antes daCF/88 eles autorizavam os Delegados e o Juiz a entrarem com aação. Com o advento da CF/88 é competência exclusiva doMinistério Público.

Princípios da Ação

Oficialidade - a ação penal é proposta pelo Ministério Público.O Ministério Público é órgão oficial.

Obrigatoriedade - ou Legalidade Processual - o MinistérioPúblico na ação pública é obrigado a denunciar, agir desde queexista justa causa. Art. 24 CPPExceção: é a Transação Penal - Art. 76 da Lei 9.099/95 - OMinistério Público não denuncia, ele propõe um acordo.

Indisponibilidade - a ação penal uma vez proposta éindisponível. Art. 42 CPP. Vale para o Recurso do MinistérioPúblico. Art. 576 CPP. Exceção: Suspensão Condicional do Processo - Lei 9.099/95.

Indivisibilidade - a ação penal deve ser proposta contra todosos co-autores conhecidos.Intranscendência - a ação penal não pode transcender a pessoado delinqüente.

“Opinio Delicti”

É o convencimento do promotor de que existe justa causa (provade crime e prova de autoria).Se o promotor formar a “Opinio Delicti” ele apresenta a denúncia(peça acusatória que inicia o processo público).O processo penal se inicia com o recebimento da denúncia(posição do STF).

Requisitos da Denúncia - Art. 41 CPP

a) Exposição do Fato criminoso - narrar o fato típico nadenúncia.

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Omissões não essenciais a Denúncia - podem ser supridas até asalegações finais.b) Identificação do acusado - dizer quem é o réu. No caso deco-autoria, o promotor deve individualizar a conduta de cadaum, na medida do possível (posição do STF).

c) Classificação do Crime - o Promotor deve apontar o Artigoda Lei. Essa classificação não vincula o Juiz, podendo estedesclassificar o crime, mas não desde o início, somente nasentença. Ex.: Num caso de Furto Qualificado, o juiz percebeque não houve nenhuma qualificadora, devendo rejeitar em partea denúncia, em sua parte excessiva. O promotor pode entrar comRecurso em Sentido Estrito se a denúncia for rejeitada emparte.

d) Rol de Testemunhas - deve ser apresentado na denúncia, sobpena de preclusão do direito.

e) A Denúncia deve ser escrita em vernáculo - LínguaPortuguesa.

f) A Denúncia deve vir subscrita pelo Promotor - Deve opromotor assinar a denúncia ao final.

A Denúncia que não tiver algum desses requisitos essenciais éuma denúncia inepta, é ela rejeitada.

Prazo para Denunciar - se o réu estiver preso o prazo é de 5dias. Se o réu estiver solto é de 15 dias. É um prazoprocessual, não conta o dia do início.

Denúncia Fora do Prazo - É uma mera irregularidade.

Inércia do Ministério Público

Conseqüências : a) se o réu estiver preso, a prisão pode ser relaxada;b) cabe Ação Penal Privada Subsidiária da Pública;c) Art. 801 CPP - perda e vencimentos do Promotor, tantosdias de atraso, tantos dias de desconto.

d) Pode cometer Crime de Prevaricação - somente se for ocaso.

Conexão entre Crime de Ação Pública e Crime de Ação Privada -forma-se um litisconsórcio ativo, o Ministério Público oferecedenúncia e o Ofendido apresenta queixa.

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Denúncia Alternativa - não pode, a jurisprudência não admite,somente quanto as qualificadoras.O promotor não pode denunciar alegando que se o réu não forcondenado por Estupro deve ser condenado por Homicídio.

Existe Denúncia sem Inquérito Policial ?Sim, existe, basta que o Promotor tenha subsídios para oferecera Denúncia.

Aditamento - o Promotor pode aditar a denúncia até as alegaçõesfinais.

Assistente do Ministério Público - não pode aditar a denúncia.

Ação Penal Pública Condicionada

Titular - somente o Ministério Público.

Condicionada: o Ministério Público para atuar depende darepresentação da vítima ou de Requisição do Ministro daJustiça.

Representação da Vítima - é a manifestação da vontade da vítimaem processar.

Natureza Jurídica da Representação - é condição deprocedibilidade do processo. No Art. 91 da Lei 9099/95 ela é condição de prosseguibilidade.É de natureza processual penal.É oferecida perante (art. 39 CPP):a) autoridade policialb) Ministério Públicoc) Juiz

Nas Infrações de Menor Potencial Ofensivo a representação éfeita exclusivamente perante o juiz na audiência inicial.

Quem Pode Representar ? a) Vítima Menor de 18 anos - exclusivamente seu representante legal;

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se não tiver representante legal, aquele que estiver em suaguarda;

se não tiver representante legal e não ter ninguém responsávelpela sua guarda, ser-lhe-á nomeado um Curado Especial;

se o menor for representar contra o pai, ser-lhe-á nomeadoCurador Especial;

Menor de 17 anos e casada, para representar aguarda-se que elacomplete os 18 anos, não suspendendo o prazo da prescrição,mas suspendendo o prazo decadencial.

b) Vítima maior de 18 anos e menor de 21 anos - Tanto pode representar a vítima quanto o seu representantelegal;

é o caso da dupla titularidade; havendo divergência entre os dois, prevalece a vontade de quemquer representar.

c) Vítima maior de 21 anos - exclusivamente o ofendido; no caso de vítima morta, o direito de representar passa aoCônjuge, Ascendente, Descendente ou Irmão.

Aspectos Formais da Representação

na representação não é exigido nenhum rigor formal; pode ela ser oral ou escrita; pode ser feita pessoalmente ou através de procurador compoderes especiais;

não vincula o Ministério Público a denunciar; é possível a retratação da representação até o oferecimento dadenúncia (Art. 25 CPP);

Retratação da Retratação pode ser feita, desde que dentro doprazo decadencial;

Co-autoria - representação somente contra “a” e não contra“b”. O Ministério Público pode denunciar os dois? Não, faltauma condição de procedibilidade. O Ministério Público é oórgão controlador da indivisibilidade do processo, então oMinistério Público deve chamar a vítima e perguntar-lhe se elaquer representar contra “b” ou não. Querendo, o MinistérioPúblico denuncia os dois; não querendo, o Princípio daIndivisibilidade do Processo, permite ao promotor não

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denunciar nenhum dos dois, pois a renúncia a um aproveita atodos.

Prazo da Representação: é de 6 meses, decadencial (Art. 38CPP).É um prazo penal, computa-se o dia do início, a contar da dataem que se sabe quem foi o autor do crime. O prazo não sesuspende, interrompe e não se prorroga.

Dupla Titularidade - o prazo decadencial é um prazo para cadaum. (Súmula 594 STF).

Requisição do Ministro da Justiça

Requisição é uma ordem. Mas não vincula o Ministério Público,ele pode ou não denunciar.Quando o Ministério Público receber a requisição ele pode:a) denunciar, se ter dados suficientes;b) requerer abertura do Inquérito Policial se os dados sãoinsuficientes; ou

c) Arquivar, se fato é atípico.

É um ato administrativo e político, pois refere-se aconveniência. O caso mais comum é o crime contra a honra doPresidente da República.

Prazo - o Ministro não tem prazo, mas existe um limiteprescricional.

Retratação - é possível, por ser um ato político.

Dois réus, o Ministro requisita somente contra um, o MinistérioPúblico não pode denunciar os dois, mas pode fiscalizar oPrincípio da Indivisibilidade, comunicando ao Ministro daJustiça se quer ou não requisitar contra o outro, onde,querendo o Ministério Público denunciar os dois, e se nãoquerer, renunciando a um, a renúncia vale para todos.

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Da Ação Penal PrivadaÉ proposta pelo ofendido. Sempre existe a substituiçãoprocessual (quando o sujeito defende em nome próprio interessealheio).A diferença da Ação Exclusivamente Privada da AçãoPersonalíssima: na Ação Exclusivamente Privada, morrendo a vítima o direito dequeixa passa aos sucessores, ou seja, cônjuge, ascendente,descendente ou irmão.

na Ação Privada Personalíssima, morrendo a vítima o direito dequeixa não passa a ninguém, extingue a punibilidade do réu.

Hipóteses de Ação Personalíssima

Art. 236 do CP - Induzimento a erro essencial e ocultação deimpedimento

Art. 240 do CP - Adultério.

Na Ação Privada Personalíssima ocorre a Perempção ?Depende, se a queixa já estava em andamento há perempção, senão havia queixa não há perempção, somente decadência.

Ação Exclusivamente Privada

Inicia-se com a queixa ou queixa-crime. Querelante - é quem propõe a queixa.Querelado - é o réu na queixa.

Requisitos da Queixa - Art. 41 do CP

É de natureza processual penal.É oferecida perante (art. 39 CPP):a) autoridade policialb) Ministério Públicoc) Juiz

Princípios da Ação Privada

1. Princípio da Oportunidade ou Conveniência - a vítima entracom queixa se quiser. Se não quer ocorrer a decadência ou arenúncia.

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2. Princípio da Disponibilidade - o ofendido pode dispor daação já iniciada. Através do Perdão ou Perempção.

3. Princípio da Indivisibilidade - a ação tem que serproposta contra todos os co-autores conhecidos (Art. 48 CPP).Renúncia a um, implica renuncia a todos. (Art. 49 do CPP).

4. Princípio da Intranscendência - a ação penal não passa dapessoa do delinqüente.

Titular da Ação Privada

a) Vítima Menor de 18 anos - exclusivamente seu representante legal; se não tiver representante legal, aquele que estiver em suaguarda;

se não tiver representante legal e não ter ninguém responsávelpela sua guarda, ser-lhe-á nomeado um Curado Especial;

se o menor for representar contra o pai, ser-lhe-á nomeadoCurador Especial;

Menor de 17 anos e casada, para oferecer queixa aguarda-se queela complete os 18 anos, não suspendendo o prazo daprescrição, mas suspendendo o prazo decadencial.

b) Vítima maior de 18 anos e menor de 21 anos - Tanto pode representar a vítima quanto o seu representantelegal;

é o caso da dupla titularidade; havendo divergência entre os dois, prevalece a vontade de quemquer representar.

c) Vítima maior de 21 anos - exclusivamente o ofendido; no caso de vítima morta, o direito de oferecer queixa passa aoCônjuge, Ascendente, Descendente ou Irmão.

Aspectos Formais da Queixa

Pode ser oferecida pessoalmente ou através de procurador; Exige habilitação técnica, tem que ser advogado; Pessoalmente, quer dizer que o ofendido é um advogado; Se a vítima é pobre, o juiz nomeará um defensor;

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O procurador necessita de poderes especiais, tem queespecificar e tem que ter um resumo dos fatos na procuração(Art. 44 CPP);

Prazo - 6 meses contados do dia em que se sabe quem é o autorda infração. É prazo penal e decadencial (não se suspende,não se interrompe e não se prorroga);

Se o prazo vence no Domingo, tem que despachar a inicial nopróprio Domingo, ou com o juiz, ou com o escrivão docartório;

Se a queixa foi protocolada no último dia, mas só foi recebidapelo juiz 6 dias após o término do prazo, não operou adecadência;

Pedido de abertura de Inquérito Policial não suspende o prazodecadencial;

Custas judiciais, são previstas pelo CPP, mas no Estado de SãoPaulo de 1985 não existe mais;

Honorários Advocatícios - incidem na ação penal Privada,conforme jurisprudência do STJ e do STF;

O Ministério Público funciona como “custos legis”; O Ministério Público pode aditar a queixa somente para incluirdados não essenciais, mas nunca para incluir um novo co-autor, pois não tem legitimidade ativa;

Se no decurso do processo descobre-se um outro réu, elefunciona como fiscal do Princípio da Indivisibilidade.

Da Ação Penal Privada Subsidiária da Pública (art. 29 do CPP)

Só é cabível quando o Ministério Público deixa de oferecerdenúncia no prazo legal. Cabe quando há inércia do MinistérioPúblico. Se o Ministério Público pediu o arquivamento doInquérito Policial ele agiu.Art. 129 CF - diz que quem promove a Ação Penal éexclusivamente o Ministério Público.Art. 5º, XLIX, CF - traz a Ação Penal Privada Subsidiária daPública.É uma ação facultativa, mas tem um prazo decadencial de 6meses. É um prazo impróprio, porque mesmo tendo se passado 6meses, o Ministério Público pode denunciar.Poderes do Ministério Público 1. Pode repudiar a queixa, sem mesmo fundamentar, mas temnesse caso a obrigação de denunciar. É a denúnciasubstitutiva.

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2. Se o Ministério Público não repudiar a queixa ele pode:a) Aditá-la;b) Fornecer provas;c) Interpor Recursos.

3. Se o querelante negligenciar, o Ministério Público assumea ação.

Se a denúncia substitutiva for inepta, cabe ao juiz rejeitá-la(Art. 43 CPP).

Renúncia

Renúncia é a abdicação do direito de oferecer queixa; Ela só é cabível na Ação Exclusivamente Privada e naPersonalíssima Privada;

É causa extintiva de punibilidade; É um ato unilateral; Momento - só cabe antes do oferecimento da queixa; É sempre um ato extraprocessual; Pode ser expressa (declaração assinada da vítima) ou tácita(se dá quando a vítima pratica ato incompatível com o direitode queixa. Ex.: casamento da vítima com o agressor);

O Recebimento de Indenização não significa renúncia ao direitode queixa (Art. 104 CPP);

Exceção: composição civil que consta no Art. 74, Lei 9099/95; Co-Autoria - a renúncia em favor de um autor estende-se atodos os co-autores;

Dupla Titularidade - a renúncia de um não afeta a renúncia deoutro;

A renúncia também é cabível ao direito de representação.

Do Perdão do Ofendido

Só é cabível nas Ações Exclusivamente Privada e PersonalíssimaPrivada;

Efeitos do Perdão - Obsta o prosseguimento da ação; Natureza Jurídica - é causa extintiva de punibilidade; Momento - só é cabível após a ação; Se concedido antes da ação é renúncia; Limite - o perdão só pode ser dado até o dia do trânsito emjulgado da sentença;

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O perdão do ofendido pode ser:

Processual - é concedido dentro do processo;

Extraprocessual - é concedido fora do processo;

Expresso - é dado por declaração assinada pelo ofendido;

Tácito - ocorre quando a vítima pratica ato incompatível com odireito de queixa. Ex.: quando o querelante casa-se com oquerelado.

O perdão é concedido pelo querelante; Dupla Titularidade - se o perdão for concedido por um e opostopelo outro, esse perdão não gera efeito nenhum;

O perdão é ato bilateral, ou seja, depende de aceitação doquerelado;

Se o Querelado tem idade entre 18 e 21 anos, e aceita operdão, mas o seu representante legal se opõe, esse perdão nãoproduz efeito algum;

Se o querelado não aceita o perdão o processo prosseguenormalmente;

O querelante tem como matar a ação unilateralmente, é atravésda perempção;

A aceitação pode ser:

Expressa - é feito por declaração assinada do ofendido;

Tácita - se dá quando o querelado é intimado e não se manifestano prazo de 3 dias;

Co-autoria - o perdão concedido a um querelado estende-se aosdemais querelados;

Diferença entre Perdão e Renúncia perdão é ato bilateral e só pode ser dado após a ação; a renúncia é ato unilateral e só pode ser dada antes da ação.

Perdão Parcial - é possível, cabe nas hipóteses de 2 ou maiscrimes, onde o querelante perdoa sobre um crime.

Perempção

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Perempção é a morte da ação; É causa extintiva da punibilidade; É uma sanção imposta ao querelante inerte, negligente;

Hipóteses de Perempção (Art. 60 do CPP):

a) Quando o querelante deixa de promover o andamento doprocesso por mais de 30 dias;

b) Quando o querelante morre e nenhum sucessor aparece noprazo de 60 dias;

c) Quando o querelante deixa de comparecer a ato em que deviaestar presente pessoalmente. Ex.: quando o juiz designa oitivado querelante;

d) Quando o querelante nas alegações finais deixa de pedir acondenação do querelado;

e) Quando o querelante é pessoa jurídica que se extingue semsucessor.

Diferença entre Perempção e Perdão do OfendidoA perempção é ato unilateral.O Perdão é ato bilateral.

Diferença entre Perempção e RenúnciaA perempção ocorre após o início da ação.A renúncia só ocorre antes do início da ação.

Diferença entre Perempção e PreclusãoA perempção extingue a punibilidade.A preclusão impede a pratica de um ato processual. Ocorrida a perempção, pode a ação ser reiniciada ? Resp.: Não, é impossível reiniciar a ação, pois a perempçãoextingue a punibilidade.

Da Ação Penal nos Crimes Complexos (Art. 101 do CPP)

Ocorre crime complexo quando se dá a fusão de 2 ou mais crimes.Essa ação segue a regra geral da ações penais.O art. 101 do CP é um típico artigo inútil.

Ação Penal Contra Parlamentar

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O parlamentar goza de invulnerabilidade; É preciso licença da Casa respectiva para processar umparlamentar;

Se a Casa denegar suspende-se a prescrição; Se a Casa não deliberar, suspende-se a prescrição desde o diaem que se encaminhou o pedido a ela;

A licença de processar é pedida pelo Ministro Relator do STF.

Ação Penal nos Crimes Contra os Costumes (Art. 225 CP)

Regra Geral - é de Ação Penal Privada;

Exceções:

a) Quando a vítima for pobre, miserável, é precisorepresentação da vítima;

b) Crime cometido por pais, padastro, tutor, curador - a açãoé penal pública incondicionada;

c) Quando resultar morte ou lesão grave - a ação é penalpública incondicionada;

d) Estupro com Lesão leve - era de ação públicaincondicionada por força da Súmula 608 do STF, mas hoje,depois da Lei 9.099/95, é preciso representação da vítima.

Da Ação Penal nos Crimes Contra a Honra

Regra Geral - é de Ação Penal Privada;

Exceções:

a) Injúria Real com Lesão Corporal - é de Ação Penal PúblicaIncondicionada;

b) Crime contra a Honra do Presidente da República - é deAção Penal Pública Condicionada a Requisição do Ministro daJustiça;

c) Crime contra a honra de funcionário público em suasfunções - o funcionário pode ou representar ou apresentarqueixa crime;

Rejeição da Denúncia ou Queixa (Art. 43 do CPP)

Hipóteses de Rejeição:

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a) quando a peça acusatória for inepta. Ocorre quando faltaum requisito essencial. Ex.: não narrar o fato;

b) quando falta uma condição de procedibilidade;c) quando está extinta a punibilidade. Ex.: prescrição;d) quando ausentes os pressupostos processuais. Ex.:competência de juízo.

Momento da Rejeição - só na fase do recebimento dadenúncia/queixa.

Se o juiz recebe a peça, não pode mais rejeitar, vai até ofinal.

O réu pode entrar com habeas corpus visando ao trancamento daação.

Desclassificar a ação - o juiz não pode desclassificar adenúncia ab initio (desde o início), só o fará na sentença.O juiz pode rejeitar a denúncia em parte. Caso o juiz o faça, opromotor pode se valer do Recurso em Sentido Estrito. Obs.: na Lei de Imprensa contra a rejeição da denúncia/queixa,seja total ou parcial, só cabe apelação.

Renovação da Ação - se a peça for rejeitada, dependendo dofundamento dessa rejeição, pode a ação ser intentada novamente.Ex.: extinção da punibilidade não permite a renovação da ação.Já a falta de representação quando sanada, pode-se intentar umanova ação.

Depois da sentença não se pode atacar a inépcia dadenúncia/queixa, deve-se atacar diretamente a sentença.

AÇÃO CIVIL “ EX DELICTO ”

Quem causa danos a outrem tem que indenizar.É uma ação que visa uma indenização em razão de um delito.Estando em curso o processo penal a vítima pode entrar com açãocivil (Art. 67 CPP).O juiz civilista pode suspender o processo civil até que sejulgue o processo penal.O risco é o de conflito de julgados. No civil cabe açãorescisória para reparar essa injustiça.

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Se a vítima for pobre o Ministério Público pode entrar com aação em benefício dela.Cabe ação contra os herdeiros, apenas nos limites da herançarecebida.Se a punibilidade for extinta, não impede a ação civil.

Réu absolvido do crime impede a ação civil ? Resp.: Em regra, essa absolvição não impede a Ação Civil,salvo:

a) quando o juiz criminal reconhecer a inexistência do fato;b) quando o juiz criminal reconhece que o acusado nãoparticipou dos fatos;

c) quando o juiz criminal reconhece uma causa de exclusão dailicitude ou antijuridicidade (legítima defesa, estado denecessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercícioregular do direito), salvo:

1. Art. 1519 e 1520 do Código Civil - estado denecessidade agressivo, quando se lesa terceiro inocente.Tem que indenizá-lo, mas tem ação regressiva contraaquele que ocasionou o perigo;

2. legítima defesa real com “aberractio ictus” , onde porexemplo, A atira contra B e B se defende mas acerta C,matando-o, B está absolvido, mas tem que indenizar afamília de C, mas tem ação regressiva contra A.

Execução Civil

A sentença penal condenatória é um título executivo, podendoser executada. Art. 63 do CPP.Problema: a sentença é um título certo, porém ilíqüido, pois ojuiz penal não fixa o quantum que deve ser pago. Para executaré preciso liquidar, e essa liquidação se dá na esfera civil.

Aspectos Processuais

Na liquidação o réu só pode discutir o quantum a ser pago;Se a vítima for pobre o Ministério Público entra com a execuçãoem favor dela;Execução contra herdeiros é cabível, porém somente até o limiteda herança;

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Sentença que fixa Medida de Segurança pode ser executada noCível ?

Resp.: Depende, pois se trata de um semi-imputável a sentençaé condenatória, podendo então ser executada no civil. Mas setrata de um inimputável a sentença é absolvitória, não podendoa vítima executá-la no civil. Para a vítima receber o prejuízodeve entrar com Ação Civil.

Sentença que concede Perdão Judicial pode ser executada nocível ?

Resp.: Para o STF essa sentença é condenatória, podendo serexecutada no cível. Já para o STJ essa sentença é declaratóriade extinção da punibilidade (Súmula 18), não podendo serexecutada no cível.

Para o concurso é adotada a posição do STJ, pois é ele quem dáa última palavra sobre matéria infra-constitucional.Se a vítima não pode executar a sentença, para receber aindenização deve entrar com Ação Civil.

Jurisdição e Competência

Jurisdição - é a função de dizer o direito.

Princípio da Unidade - a jurisdição é única em todo o país.Cada juiz julga nos limites de sua competência.Competência - é o poder de cada juiz de conhecer e julgardeterminados litígios.

Princípio da Indeclinabilidade - o juiz não pode recusar ajurisdição. Se o juiz não acha fundamento na lei, deve julgarpor analogia, costumes, princípios gerais do direito, etc, masnão pode deixar de julgar.

Princípio da Indelegabilidade - o juiz pode delegar atosprocessuais, mas não pode delegar a função de julgar, dedirimir litígios.

Princípio da Improrrogabilidade - o juiz competente não podeinvadir o âmbito jurisdicional alheio.

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Princípio do Juiz Natural - quer dizer juiz competente, ouseja, que o juiz é competente para o caso, proibindo a criaçãodo juízo ou tribunal de exceção.

Critérios de Competência

1º Critério - Art. 70 do CPP - a competência é a do local daconsumação do crime.

Com esse critério fixa-se o Foro (comarca) e não o juízo(vara).

Apropriação Indébita - a competência é a do local onde se da ainversão do título da posse;

Cheque sem Fundos - a competência é a do local onde se da arecusa do pagamento. Súmula 521 do STF.

Falso Testemunho por Precatória - a competência é a do local dojuízo deprecado.

Crimes Plurilocais - a competência é a do local da consumação.

Acidentes de Trânsito - a competência é a do local do acidente,é uma criação jurisprudencial.

Lei dos Juizados Especiais Criminais - a competência fixa-sepelo local do cometimento da infração da conduta.

Tentativa - a competência é a do local do último ato deexecução do crime.

Crime Iniciado no Brasil e consumado fora do Brasil - acompetência é a do local do último ato de execução do crime noBrasil. Esse critério é relativo, sua inobservância geranulidade relativa.

Crime cometido na divisa entre duas Comarcas - a competência sefixa pela prevenção, onde é competente o juiz que primeirotomar conhecimento do crime.

Crime Continuado envolvendo várias comarcas - a competência sefixa por prevenção. O juízo prevento pode avocar os demais

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processos. Se o juiz não avocar, a unificação das penas seráfeita nos juízos das execuções.

Crime permanente envolvendo várias comarcas - a competência sefixa por prevenção. Obrigatoriamente tem que avocar os outrosprocessos, pois é um crime único, e ninguém pode ser julgadopelo mesmo crime duas vezes.

2º Critério - A competência se fixa pelo Domicílio ouResidência do Réu

Este critério é subsidiário ou supletivo, somente é usadoquando não se sabe qual é o local da consumação.

Foro Optativo - está previsto no Art. 73 do CPP - só vale paraação penal exclusivamente privada ou personalíssima, portanto,não valendo para a Subsidiária da Pública.O querelante pode optar entre o local da consumação e odomicílio do réu.

3º Critério - Competência em Razão da Matéria - Natureza daInfração

Esse critério fixa o juízo, a vara.

Justiça Militar Estadual - é competente para julgar somente oscrimes militares cometidos por militares. Jamais serácompetente para julgar um civil.Crime cometido com viatura militar - se a vítima é civil, ojulgamento é da competência da justiça civil, já se a vítima émilitar, a competência é da justiça militar.

Crime cometido por militar mas não descrito no CPM - acompetência é da Justiça Comum.

Crime Doloso contra a vida de um civil praticado por um militar- a competência é da Justiça Comum. Lei 9299/96.

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Justiça Militar Federal - é competente para julgar crimesmilitares cometidos contra as forças armadas. Não importa se ocriminoso é civil ou militar.

Justiça Eleitoral - é competente para julgar os crimeseleitorais e os conexos.

Homicídio conexo com Crime eleitoral - a competência é daJustiça Eleitoral. Segue o Princípio da Especialidade.

Justiça Federal - é competente para julgar crimes cometidoscontra a União ou contra suas Autarquias. Ex.: Crimes cometidos contra a Caixa Econômica Federal é dacompetência da Justiça Federal. Crimes Políticos - definidos naLei da Segurança Nacional. O recurso é direito para o STF.

Crimes Cometidos a Bordo de Navio ou Avião - a competência é daJustiça Federal. Se ocorrer um homicídio, a competência é doTribunal do Júri Federal.

Tráfico Internacional - a competência é da Justiça Federal. Sena Comarca não tem Justiça Federal, o juiz estadual assume seulugar e o julga. O Recurso é endereçado ao TRF.

Tribunal do Júri - é competente para julgar os crimes dolososcontra a vida e conexos.

Genocídio - é da competência do Tribunal do Júri.

Latrocínio - é da competência de Juiz Singular. Súmula 603 STF.

4º Critério - Distribuição

Fixa o juízo competente. A distribuição do Inquérito Policialprevine o juízo. Art. 75 do CPP.

5º Critério - Conexão ou Continência

Ocorre quando há um vínculo entre vários crimes ou entre váriosautores de crimes. A rigor, é critério de alteração decompetência e não de fixação.

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Conexão - Art. 76 do CPP

1. Intersubjetiva - se dá quando várias pessoas praticamvários crimes no mesmo momento. Ex.: briga ocorrida em umestádio de futebol.

2. Objetiva ou Teleológica - se dá quando um crime é cometidopara facilitar ou assegurar a execução de outro crime. Ex.:Matar o pai para estuprar a filha.

3. Instrumental ou Probatória - se dá quando a prova de umcrime é relevante para outro crime. Ex.: Furto e Receptação.

Continência - Art. 77 do CPP

1. Por Cumulação Subjetiva - se dá em todas as hipóteses deConcurso de Pessoas.

2. Por Cumulação Objetiva - se dá em todas as hipóteses deConcurso Formal de Crimes.

Efeitos da Conexão ou Continência

1. Processo único e julgamento único. A sentença é única.2. Um foro ou um juízo tem força atrativa sobre outro.

Qual é o Juízo ou Foro que tem força atraente ?Deve-se respeitar as seguintes regras:

1. Entre Justiça Comum e Tribunal do Júri - o Tribunal doJúri tem força atrativa.

2. Entre Jurisdições da mesma categoria - observa-se asseguintes sub-regras:

a) Local da Infração mais grave;b) Maior Número de Infrações;c) Prevenção no caso de crimes iguais.

3. Entre Jurisdição Comum e Jurisdição Especial - aJurisdição Especial tem força atrativa.

Regras onde há Cisão (separação) de processos

1. Art. 79 - Justiça Comum e Justiça Militar - separam-se osprocessos, o que é militar será julgado na Justiça Militar e oque é civil será julgado na Justiça Comum.

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2. Justiça Comum e Juízo de Menores - em caso de co-autoriaentre um maior e um menor, o maior será julgado na JustiçaComum e o menor será julgado na Vara da Infância e Juventude.

3. Co-autoria - se no decorrer do processo um réu ficarlouco, o processo para esse fica suspenso e para o outrocontinua.

4. Tribunal do Júri - em caso de co-autoria - a intimação dapronúncia é feita pessoalmente, e em caso de um réu presente eoutro foragido, prossegue o processo para um e pára para ooutro.

5. Plenário do Júri - em caso de 2 réus com advogadosdistintos, o processo é separado.

6. De acordo com o Art. 80 do CPP, o juiz separa os processosquando julgar conveniente. Na pratica, em caso de co-autoria,um preso em flagrante e outro foragido, separa-se o processo.

7. Art. 81 do CPP - perpetuação da jurisdição. Havendo crimesconexos o juízo que começou o julgamento de um crime, devejulgar os demais.

8. No Tribunal do Júri o crime desclassificado passa para ojuiz presidente julgar. Já o outro crime conexo, por exemploum crime de estupro, continuará sendo julgado pelo Tribunal doJúri.

9. Parágrafo Único do Art. 81 do CPP - se na fase depronúncia o juiz desclassifica o crime do Júri, remete tudopara o juiz singular.

10. Art. 82 do CPP - o Juízo com força atrativa pode avocarprocessos que correm por outras varas. Não é obrigado, a leidiz que pode.

COMPETÊNCIA PELA PREVENÇÃO - ART. 83 DO CPP

Juízo Prevento no Civil - o juízo torna-se prevento com acitação válida.

Juízo Prevento no Crime - dá-se a prevenção quando o juiz tomarconhecimento oficialmente da infração.

A prevenção fixa foro ou juízo ?Depende, ora fixa for, ora fixa juízo.

Hipóteses Concretas de Prevenção de Juízo

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1. Pedido de Explicações em Juízo (Art. 144, CP) - previne ojuízo.

2. Busca e Apreensão - previne o Juízo

Não previne o Juízo

1. Habeas Corpus em 1º grau (contra autoridade policial)2. Art. 40 CPP - o envio de cópias ao Ministério Público nãoprevine o juízo.

Lei penal nova favorável, quem a aplica ?Resp.: Depende, se o processo está em 1º grau é o juiz de 1ºgrau, se o processo está no Tribunal, é o próprio Tribunal queaplica e se já tem coisa julgada, é o juízo das execuções(Súmula 611 STF).

Quem é que julga índios ?Regra.: a Justiça Estadual (Súmula 140 do STJ). Mas quandoenvolver direitos indígenas é a Justiça Federal.

Competência por prerrogativa de função ou em razão da pessoa ouratione personae

1. não se trata de privilégio pessoal, trata-se deprerrogativa funcional, é por isso é irrenunciável.

2. Julgamento em instância única, onde o réu não tem direitode apelar.

Obs.: se o réu for condenado injustamente, deve aguardar otrânsito em julgado, para depois entrar com pedido de revisãocriminal.

Regras Especiais

1. Crime cometido durante a função - nesse caso mesmo depoisde cessada a função, continua a prerrogativa de competência.

2. Crime cometido antes do início da função - quando o agenteassume a função, altera-se a competência por razão daprerrogativa de função, mas cessada essa função, o processovolta para a sua origem.

3. Crime cometido depois da função - não tem foro porprerrogativa de função.

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Não importa o local da infração, a competência é sempreoriginária.

Quanto ao procedimento - há duas leis que os regulam:1. Lei 8.038/902. Lei 8.658/93

Principais Foros Por Prerrogativas De Função

1. Presidente da República:a) Crime Comum - STFb) Crime de Responsabilidade: Senado Federal

2. Vice-Presidente da República:a) Crime Comum - STFb) Crime de Responsabilidade: Senado Federal

3. Deputado Federal:a) Crime Comum - STFb) Crime de Responsabilidade: Casa respectiva a quepertence.

4. Senado Federal:a) Crime Comum - STFb) Crime de Responsabilidade: Casa respectiva a quepertence.

5. Ministro de Estado:a) Crime Comum - STFb) Crime de Responsabilidade: STF, salvo se forconexo com crime do Presidente da República, ondeserá julgado no Senado Federal.

6. Procurador Geral da República:a) Crime Comum - STFb) Crime de Responsabilidade: Senado Federal

7. Ministro do STF:a) Crime Comum - STFb) Crime de Responsabilidade: Senado Federal.

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8. Advogado Geral da União:a) Crime Comum - STFb) Crime de Responsabilidade: Senado Federal.

9. Membros dos Tribunais Superiores: STF.

10. Juiz Federal ou Membros do Ministério Público Federal:T.R.F.

11. Desembargadores: S.T.J.

12. Conselheiro dos Tribunais de Conta do Estado: S.T.J.

13. Governador: a) Crime comum - S.T.J.b) Crime de Responsabilidade: depende daConstituição de cada Estado. Por exemplo, no Estadode São Paulo é julgado por um Tribunal Especialformado por 15 membros, sendo 7 deputados + 7desembargadores + 1 Presidente do Tribunal deJustiça.

14. Deputado Estadual, Secretário de Estado, Juiz ou Promotor:sempre no Tribunal de Justiça.

15. Prefeitos: a) Crime de Responsabilidade: Câmara Municipal;b) Crime Contra a União: T.R.F. (tendênciajurisprudencial);

c) Crime Eleitoral: T.R.E. (tendênciajurisprudencial).

16. Embaixador Brasileiro: S.T.F.

17. Vereador: não tem foro por prerrogativa de função.Exceção: Estado do Piauí.

Art. 85 CPP - A exceção da verdade é julgada no foro especial(prerrogativa de função).

Exemplo: um juiz entra com queixa crime contra um advogado.Esse advogado entra com exceção da verdade.

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Nesse caso o Tribunal é quem julga exclusivamente a exceção daverdade, devido à prerrogativa da função.Toda instrução é feita no juízo de 1º grau, ou seja, as provassão colhidas em 1º grau.Desse julgamento cabem duas hipóteses:

1ª Hipótese - se o Tribunal julga procedente a exceção daverdade. Conseqüências:

a) Extinção da queixa;b) Abre-se um processo contra o juiz por corrupção.

2º Hipótese - o Tribunal julga improcedente a exceção daverdade, baixa-se os autos ao juízo de 1º grau para que estejulgue a queixa.

Aplica-se o Art. 85 no caso de Calúnia.

É cabível a aplicação do Art. 85 do CPP no caso de Difamação ? Resp.: é uma questão controvertida. O entendimentopredominante diz que é cabível.

Outras Hipóteses:

1. Crime cometido fora do país. O processo corre na capital onde o réu morava. Se este nuncamorou no Brasil, é na capital da República, ou seja, emBrasília.

2. Crime cometido a bordo de navio.Foro competente - local onde o navio tocar após o cometimentodo delito.Se o navio for para o estrangeiro o foro competente será o dolocal onde por último o navio tocou.3. Crime cometido a bordo de uma avião.Foro competente - local onde o avião aterrizar após a infraçãopenal.Se o avião for para o estrangeiro o foro competente será o dolocal de onde o avião decolou vôo.

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QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTAISArt. 92 a 154 do CPP

1. Questões prejudiciais;2. Exceções;3. Incidente de Falsidade;4. Incidente de Insanidade Mental;5. Conflito de Competências;6. Etc.

Questões Prejudiciais

Conceito - é uma questão que surge no curso de um processo edeve ser julgada antes da questão principal.

Características:

1. Anterioridade - a questão prejudicial deve ser julgadaantes da questão principal;

2. Interdependência - a questão prejudicial influencia oreconhecimento da existência ou inexistência do crime;

3. Autonomia - pode ser discutida independentemente doprocesso penal.

Classificação:

a) Questões Homogêneas e Questões Heterogêneas

Questões homogêneas - quando versam sobre o mesmo ramo jurídicoda questão principal. Ex.: exceção da verdade.

Questões heterogêneas - quando versa sobre outro ramo jurídicodistinto da questão principal. Ex.: No crime de bigamia quandoo réu invoca nulidade do primeiro casamento.

Quem julga a questão prejudicial ? Resp.: Para responde esta pergunta devemos observar:

Questões não devolutivas - são obrigatoriamente julgadas pelopróprio juízo penal. Ex.: Exceção da Verdade.

Questões devolutivas - são divididas em absolutas ou relativas

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a) Questões devolutivas absolutas - são questões queobrigatoriamente devem ser remetidas ao juízo civil (Art. 92CPP). São as questões que versam sobre o estado civil daspessoas.Se o juiz manda o processo para o civil, o processo penal ficasuspenso, assim como a prescrição. Mas o juiz colhe todas asprovas do processo penal para que não haja prejuízo.

b) Questões devolutivas relativas - nestas questões o juízopenal pode remeter a causa ao juízo civil (Art. 93 CPP). Sãoquestões civil diferentes do estado civil das pessoas. Ex.:Crime de furto em que o réu alega ser o proprietário da coisa.Se o juiz remeter a causa para o juízo civil, suspende oprocesso penal. O juiz fixa um prazo para a suspensão doprocesso. Nesse prazo não corre a prescrição e o juiz podecolher as provas.

DAS EXCEÇÕES

É um meio de defesa eminentemente processual.Há duas modalidades de Exceções:

a) Exceções Dilatórias - são exceções que visam prorrogar oprocesso. Divide-se em três modalidades:

1. Suspeição;2. Incompetência;3. Ilegitimidade de Parte.

b) Exceções Peremptórias - são exceções que visam o fim, otérmino do processo. São:

1. Litispendência; e2. Coisa Julgada.

I - EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO

Finalidade - visa afastar o juiz da causa, por suspeita deparcialidade. Também pode ser alegada contra:a) Promotor;b) Peritos;c) Intérpretes;d) Jurados e

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e) Funcionários da justiça.

Pergunta - Cabe contra Delegado ?Resp.: Não existe exceção de suspeição contra Delegado (Art.107 CPP).Se um delegado suspeito presidir o Inquérito Policial, esteinquérito terá um menor valor probatório.

As hipóteses de exceção de suspeição estão elencadas no Art.254 do CPP, valendo para todas as pessoas já mencionadas.

Art. 256 - Não cabe exceção de suspeição:1. quando a parte injuriou o juiz;2. quando a parte deu motivo para a suspeiçãopropositadamente.

Procedimento

1. Reconhecimento de ofício pelo juiz. O juiz nesse caso devefundamentar e mandar os autos ao seu substituto.

2. Argüição pelas partes em caso de não reconhecimento deofício pelo juiz. A via jurídica é a exceção de suspeição. Adefesa deve argüi-la na defesa prévia. O Ministério Públicodeve argüi-la no oferecimento da denúncia. O assistente doMinistério Público não pode argüir suspeição.

Durante o Inquérito Policial não pode-se argüir a suspeição dojuiz.Excipiente - é aquele que opõe a suspeição;Excepto - é a pessoas contra quem foi oposto a suspeição.

Cabe ao juiz aceitar o negar a suspeição.Se aceitar a suspeição, deve remeter os autos ao seusubstituto.Se negar provimento à suspeição, o juiz deve:a) autuar em apartado;b) dar sua resposta em 3 dias;c) remeter os autos ao tribunal. Em São Paulo normalmente éenviado ao TJ, Câmara Especial.

No Tribunal:a) Pode-se rejeitar liminarmente a Suspeição;

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b) Se é relevante, procede-se a exceção;c) É possível ouvir testemunhas;d) Julgamento:

1. Se o julgamento for por procedência - todos osatos presididos pelo juiz são nulos.

2. Se o julgamento for por improcedência - os autosvoltam ao juiz e o processo segue normalmente.

Art. 103 CPP - possibilidade de suspeição nos tribunais.

Exceção contra promotor, quem julga ? Resp.: É o próprio juízo da causa.

Exceção contra Perito, Intérprete e funcionário, quem julga ? Resp.: A suspeição é julgada pelo próprio juízo da causa.

Contra jurado a exceção é oral e o juiz decide na hora (Art.106 CPP).

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO (ART. 109 CPP)

O juiz pode por ofício dar-se como incompetente.Se o juiz não se dá como incompetente, cabe as partes argüi-la.Defesa - deve argüir na hora da defesa prévia, desde que setrate de incompetência relativa, sob pena de reclusão.Se for caso de incompetência absoluta, pode ela ser alegada emqualquer fase do processo.

Cabe ao juiz:1. autuá-la em apartado;2. ouve-se o Ministério Público;3. O juiz decide.

Se procedente, remete-se os autos ao juízo competente.Se improcedente, prossegue-se o processo normalmente. Cabe adefesa entrar com Habeas Corpus contra o juiz, em caso dediscordância da improcedência.

Julgado procedente a exceção, anula-se o processo ? Resp.: De acordo com o Art. 567, somente são nulos os atosdecisórios, sendo que os demais serão ratificados. Ë ajurisprudência do STF.

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EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA

Fundamento - ninguém pode ser processado duas vezes pelas mesmarazão.Causas Idênticas - quanto têm o mesmo pedido, mesmas partes emesma causa de pedir.Momento - a litispendência nasce no instante em que existe acitação válida no 2º processo.Entra-se com a exceção no juízo da ação repetida.Procedimento - é o mesmo da incompetência do Juízo. Obs.: nãotem prazo, pode ser invocada em qualquer momento do processo.

EXCEÇÃO DE COISA JULGADA

Fundamento - ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmodelito.

Exceção: somente em caso de extraterritorialidade da lei penalbrasileira, onde o sujeito pode ser condenado no exterior e noBrasil pelo mesmo delito.

Só existe coisa julgada quando as ações são idênticas, ou seja,tem o mesmo pedido, mesmas partes e a mesma causa de pedir.Se o réu for condenado duas vezes pelo mesmo fato a sentençaválida é sempre a primeira, pois a segunda sentença é nula.Instrumento para se alegar Exceção de Coisa Julgada - somenteatravés de Revisão Criminal ou Habeas Corpus.

Se no Tribunal do Júri o réu for absolvido como autor docrime, pode ele ser processado como partícipe ?

Resp.: Sim, pode, houve a coisa julgada, mas a causa de pedirnova é distinta da causa de pedir anterior, pois antes é autorsendo que agora é partícipe.

Exceção de Ilegitimidade de Parte

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Vale tanto para a ilegitimidade “ad processum”, por exemplo nocaso de queixa oferecida por menor de 17 anos, quando para ailegitimidade “ad causam”, por exemplo, quando o promotor oferecedenúncia no caso em que só é cabível a queixa.

Procedimento - é o mesmo da incompetência de juízo.

Se for julgada procedente, anula o processo ? Resp.: Depende: no caso de Ilegitimidade “ad causam” anula-se oprocesso inteiro, já no caso de ilegitimidade “ad processum” épossível convalidar o defeito, desde que ratifique-se o atopor quem de direito.

CONFLITO DE JURISDIÇÃO - ART. 113 E S. CPP

Ocorre quando dois ou mais juizes ao mesmo tempo julgam-secompetentes, acontecendo aí o conflito positivo, ou quando sejulgam incompetentes, ocasionando o conflito negativo.Objetivo - reconhecer e preservar o juízo natural.

Conflito de Competência é diferente de Conflito de AtribuiçõesO conflito de competência só acontece entre autoridadesjudiciárias. O conflito de atribuições acontece entre autoridades outras quenão judiciárias. Ex.: quando dois promotores entram emconflito, sendo que quem decide é o Procurador Geral deJustiça.

Aspectos procedimentais1. Pode ser suscitado pela parte, pelo Ministério Público oupelo juiz de ofício;

2. Deve ser por escrito e fundamentado;3. Se o conflito for positivo é autuado em apartado aosautos, e em caso de conflito negativo autua-se dentro do mesmoprocesso;

Quem julga o conflito de competência ?Resp.: Depende:

O STF - julga conflitos entre tribunais superiores e conflitosentre tribunais superiores e outros tribunais do país.

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Cabe conflito de competência envolvendo o STF ?Resp.: Não, não cabe. No caso de dúvida o que vale é a palavrado STF.

O STJ - julga conflitos:a) entre outros tribunais do país;b) entre Tribunais e Juizes do país; ec) entre juizes vinculados a tribunais diferentes.

O TRF - julga conflitos entre juizes federais.

O TJ - julga conflitos entre os Tribunais de alçada ou entre osjuizes de 1º grau.

Pode haver conflito entre o TJ e Tribunal de Alçada ? Resp.: Não, não pode. Prevalece sempre a decisão do TJ.

INCIDENTE DE INSANIDADE MENTALART. 149 E S. CPP

Instauração - quando há dúvida sobre a integridade mental doacusado.

Início - pelo juiz ex ofício ou por requerimento do MinistérioPúblico ou pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.Uma vez determinado não cabe recurso.A perícia do juízo civil não tem validade no juízo penal, ouseja, deve sempre ser feito outro exame no juízo penal.

Procedimentoa. Autuação em apartadob. Suspende o processoc. Corre a prescrição normalmented. É indispensável a nomeação de curadore. É possível o incidente durante o Inquérito Policial, ondeo Delegado representa ao Juiz e este determina o exame

f. O exame é realizado por dois peritos, normalmente por doismédicos psiquiatras

g. Prazo = 45 dias, prorrogáveis.

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Durante o Inquérito Policial constata-se a inimputabilidade.Inicia-se ou não o processo ?

Resp.: Sim, é imprescindível o processo. É preciso comprovar odelito em juízo para se aplicar a Medida de Segurança.

O laudo médico não vincula o juiz, sendo que para rejeitá-loele precisa fundamentar essa decisão.Em caso de ficar comprovado que a inimputabilidade sobreveiodepois do delito, o processo fica suspenso até que o réu serestabeleça, correndo a prescrição normalmente.

DAS PROVAS

Provar é demonstrar a verdade de uma afirmação ou de um fato.

Finalidade das Provas - formar a convicção do juiz.

Objeto de Prova - são as afirmações ou fatos que devem sercomprovados. Mesmo que o fato não seja contestado, ele precisaser comprovado.

Precisam de prova:a) Os costumes;b) Regulamentos e Portarias; ec) Direito Estrangeiro.

Não necessitam de prova:a) Fatos notórios; eb) Presunções absolutas.

Sujeito da Prova - são as pessoas responsáveis pela produção daprova. Ex.: vítimas, testemunhas, peritos, etc.

Meios de Prova - tudo quanto possa comprovar o fato ou aafirmação.

Além da provas do CPP, podemos produzir outras provas. Ex.:filmagens, interceptações telefônicas, etc.

Elementos de Prova - são as afirmações e os fatos comprovados.

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Classificação das Provas

Prova Pessoal - são as provas que emanam das pessoas. Ex.:declarações, perícias, confissões, testemunhos, etc.

Prova Documental - é toda afirmação feita por escrito. Ex.:laudos.

Prova Material - é todo objeto que comprove o crime. Ex.: faca,revólver, etc.

Prova emprestada - só é válida se colhida perante o mesmo réu,pois não desrespeita o princípio do contraditório e da ampladefesa na sua colheita.

Regra da Liberdade de ProvasEm princípio, toda e qualquer meio de prova é admitido, porforça do Princípio da Verdade Real.Restrições:a. Art. 207 do CPP - quem tem o dever de guardar segredo, nãopode testemunhas. Ex.: advogado, padre confessional, etc.

b. Art. 475 do CPP - só se pode ler documento em plenário, sejuntado aos autos com no mínimo três dias de antecedência;

c. Prova ilícita (viola uma regra de direito material) eprova ilegítima (viola uma regra de direito processual).A prova ilícita só pode ser utilizada se em favor do réu.

Princípio da Comunhão da Prova - a prova produzida por umaparte, pode ser utilizada por qualquer parte.

Ônus da Prova - é a responsabilidade de provar. O ônus da provacabe sempre a quem alega (Art. 156 do CPP).O juiz pode determinar a produção de provas “ex officio”. É oPrincípio da Inquisitividade.

Valoração das Provas

1. Sistema da Livre Convicção ou Persuasão Racional.Consiste:

a. o juiz deve apreciar todas as provas;b. não há hierarquia entre elas;c. todas as provas são relativas; e

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d. o juiz tem que motivar (fundamentar) suaconvicção. É o sistema acolhido pelo CPP (Art. 157).

2. Sistema da Íntima Convicçãoa. O juiz julga e não precisa motivar (fundamentar)sua convicção.

Este sistema vale para os jurados, no Tribunal doJúri, que não precisam fundamentar suas decisões, ecaso o façam, é nulo o Júri.

I - DAS PERÍCIAS

Perícia - é um exame feito por pessoas com conhecimentosespecíficos.

Objeto da Perícia - escritos, cadáveres, o corpo de delito,etc.

Como são feitas ?1. Descrição minuciosa do que foi observado;2. Respostas aos quesitos; e3. Sempre que possível, deve ser instituídas com fotografias.

Laudo Pericial - é o documento elaborado pelos peritos.

Quem determina a perícia ?A autoridade policial, se na fase de investigação, ou o juiz,se na fase de processo.

As partes podem requerer perícias.

Quesitos - na fase policial é formulado pela autoridadepolicial, no juízo é formulado pelo juiz e pelas partes. (Art.176)

Perito - só pode ser perito quem tem curso superior. O perito éum auxiliar do juiz. Há peritos oficiais, que são os peritoconcursados e peritos não oficiais, que são os peritos nãoconcursados.Os peritos não concursados prestam compromisso todas às vezesque nomeados. Mas a falta de compromisso é uma merairregularidade.

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Número de peritos - sempre participarão da perícia doisperitos.Os peritos não oficiais são nomeados pela autoridade policialou pelo juiz, dependendo da fase do processo.

Assistente técnico - só existe no processo civil, não existe noprocesso penal.

Perícia particular - é perfeitamente possível, trata-se de umparecer.

A perícia feita no Inquérito Policial não se repete em juízo,pois o contraditório é diferido, ou seja, é postergado paradentro do processo, porque é um prova de natureza cautelar.

Exame do Corpo de Delito

Corpo de Delito - é o conjunto de vestígios deixados pelocrime. O Exame de corpo de delito é a comprovação pericial do corpo dedelito. Regra sobre o Exame de corpo de delito:1. quando o crime deixa vestígios é ele imprescindível, sobpena de nulidade.

2. pode ser direto ou indireto.Direto - é feito pelos peritos;Indireto - quando desaparecem os vestígios, a prova

testemunhal pode suprir o exame direto.Boletim médico - não vale como laudo, mas é uma prova indireta.

Para iniciar o processo é preciso o Exame de Corpo de Delito ?Em regra não é preciso. Mas há certos processos que onecessitam. Por exemplo: no caso de entorpecentes não épossível nem lavrar o auto de prisão em flagrante sem o examede corpo de delito, quanto mais a denúncia.

O laudo pode ser feito em qualquer hora e qualquer dia, devendosempre ser fundamentado.

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Necropsia ou Autopsia - é o exame feito no cadáver. Finalidade.descobrir a “causa mortis”.Emite-se um laudo necroscópico.

Exumação - é o desenterramento do cadáver.

O laudo principal às vezes é obscuro, omisso, onde o juiz podedeterminar um laudo complementar para que os peritos declaremsobre a omissão e a obscuridade.Nas lesões corporais, às vezes, é necessário um laudocomplementar para comprovar incapacidade por mais de 30 dias. Afalta do laudo complementar leva a caracterização de uma lesãoleve.Havendo divergência entre os dois peritos, o juiz nomeará umterceiro perito.O laudo não vincula o juiz (Art. 182 do CPP).

II - DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO

É o ato pelo qual o juiz ouve o acusado sobre a imputação quelhe é feita. É meio de prova e meio de defesa. Se o réu mentirnão comete o crime de falso testemunho. Pressuposto: citação do acusado.Momento: em regra, é feito após o recebimento da denúncia.Exceção: Lei 9.099/95, procedimento sumaríssimo.É um ato indispensável em duas hipóteses:a. quando o réu está preso;b. quando o réu se apresenta em juízo.Foras estas duas hipóteses, é um ato dispensável.O juiz pode mandar conduzir o acusado coercitivamente a juízo.É possível o reinterrogatório do acusado (Art. 196, CPP).

Características do Interrogatório

1. É ato personalíssimo;2. É ato judicial (só o juiz que interroga);3. É ato público (mas as partes não interferem (Art. 187));4. Em regra, é um ato oral. Exceção: Mudo.5. É um ato individual, ou seja, nenhum co-réu pode serinterrogado na presença do outro;

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Direito ao Silêncio ou de Ficar Calado - é um direito do réu, oqual vem consagrado na própria Constituição Federal . Osilêncio do réu não significa confissão, não podendo por issoser interpretado em prejuízo dele. Está derrogado a últimaparte do Art. 186.

Se o réu não falar a língua nacional, será nomeado umintérprete.O réu tem direito a entrevista com o seu defensor, antes dointerrogatório.É possível o interrogatório por carta precatória. No caso de réu menor, ser-lhe-á nomeado um Curador Especial.O defensor do réu pode ser o seu curador. (Súmula 352 do STF).A falta de nomeação de curador gera apenas uma nulidaderelativa, ou seja, deve-se provar prejuízo.Se o menor mentir sobre a sua idade, dizendo ser mais velho,não há nulidade.No caso de índio, se este for aculturado não necessitará decurador, já se for não aculturado, é obrigatório a nomeação decurador.

III - DA CONFISSÃO

É a admissão do fato imputado.O juiz tem que perguntar qual o motivo da confissão.É um circunstância atenuante.

A confissão pode ser:

1. Judicial: é aquela feita em juízo. Tem valor relativo,assim como todas as provas.

2. Extrajudicial: é aquela feita fora do juízo. Não tem valornenhum, salvo se ratificada em juízo.

3. Explícita: nesta confissão o réu admite o crimeexplicitamente.

4. Implícita: é uma confissão presumida, por exemplo, quandoo réu repara os danos.

5. Simples: ocorre quando o réu confessa o crime, mas nãoindica nada em seu benefício.

6. Qualificada: ocorre quando o réu confessa o crime, masindica algo em sua defesa. Ex.: Confessa, mas alega legítimadefesa, estado de necessidade, etc.

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Características

1. Ato personalíssimo;2. Ato livre e espontâneo;3. É retratável;4. É divisível, ou seja, pode-se confessar um fato e negaroutro.

Confissão ficta ou presumida: é aquela confissão que se dáquando o réu não contesta os fatos narrados. Não é válida noprocesso penal, sendo aplicada somente no processo civil.

Confissão Delatória: ocorre quando o réu confessa, masincrimina outras pessoas. É também chamada de Chamamento deCúmplice.

Declarações do Ofendido - vítima não é testemunha, não prestadepoimento, presta declarações. Se a vítima mente não respondepor falso testemunho. O ofendido não presta compromisso. Se avítima for co-réu, é ela interrogada.

Condução Coercitiva da Vítima: (Art. 201) - é possível.

Valor Probatório: é relativo.

Contraditório: respeita-se o contraditório, ou seja, o advogadotem direito a reperguntas.

IV - TESTEMUNHAS

É uma terceira pessoa que depõe sobre um fato.Valor probatório: é relativo.A prova testemunhal pode ser:

1. Direta: ocorre quando a testemunha depõe sobre fatos queviu, presenciou;

2. Indireta: ocorre quando a testemunha depõe sobre fato queouvir dizer;

A testemunha pode ser:

1. Própria: ocorre quando a testemunha depõe sobre fatos;

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2. Imprópria ou Instrumentária: ocorre quando a testemunhadepõe sobre a regularidade de um fato.

3. Numerária: é a testemunha que presta compromisso. Entra nonúmero legal possível.

4. Informante: é a testemunha que não presta compromisso.5. Referida: é a testemunha que foi mencionada por outratestemunha. São ouvidas como testemunhas do juízo.

Características:

1. Judicialidade: quem ouve a testemunha é o juiz;2. As partes tem direito a reperguntas;3. Objetividade: a testemunha não pode fazer valoraçãopessoal;

4. Oralidade: em regra, o depoimento testemunhal é oral.Exceções: Mudo, Presidente da República pode depor porescrito, etc.

5. Retrospectividade: a testemunha só depõe sobre fatospassados;

6. Individualidade: cada testemunha é ouvida separadamentedas demais.

Podem ser testemunhas: qualquer pessoa, inclusive o menor,silvícolas, policiais, juizes, promotores, etc.Advogado que presenciou o crime é testemunha, não podendo sercontratado como advogado no processo.Curador do menor pode ser testemunha.

Deveres da Testemunha

1. Dever de depor. Exceções:a. Art. 207: quem tem o dever de guardar segredonão pode depor. Ex.: Advogado, padre, etc.

b. Art. 206: parentes do réu, salvo se não houveremoutras testemunhas.

c. Parlamentares: não são obrigados a depor sobrefatos que tomam conhecimento no exercício daprofissão.

2. Dever de prestar compromisso e dizer a verdade. Se atestemunha mentir estará cometendo o crime de falso

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testemunho. Em regra, a testemunha sempre presta compromisso.Exceções:

a) art. 206 - parentes do réu;b) art. 208 - menor de 14 anos, débio mental, etc.

3. Dever de comparecimentoExceções:a) Art. 220 - pessoa enferma, ou muito idosa, etc - o juizvai ouvi-la onde ela estiver.

b) Art. 221 - Presidente da República, Vice-Presidente daRepública, Governador de Estado, etc. - estas autoridadesmarcam a hora, local e dia para serem ouvidas.

c) Art. 222 - testemunha que mora fora da comarca. É ouvidaatravés de Carta Precatória. Caso esteja no estrangeiro, éouvida através de Carta Rogatória. Quando o Tribunaldesignar a oitiva de testemunha, é através de uma Carta deOrdem.

Quando se expede uma Carta Precatória é imprescindível aintimação das partes. Intima-se da expedição. O juiz fixa oprazo de cumprimento da precatória. A expedição de precatórianão suspende o andamento do processo, mesmo que passado o prazopara o cumprimento dela.O juiz pode sentenciar mesmo sem a precatória.A falta de intimação é uma nulidade relativa, devendo a parteprovar o prejuízo.Quando uma testemunha regularmente intimada não comparece ojuiz pode:

a) conduzir coercitivamente;b) aplicar multa;c) cominar o pagamento das diligências a ela;d) processo por crime de desobediência.

4. Comunicar ao juiz eventual mudança de endereço (Art. 224)

V - DO DEPOIMENTO

Momentos relevantes:1. Identificação da testemunha;2. Advertência;3. Perguntas sobre fatos do processo.

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Se a testemunha se recusar a depor, estará havendo flagrante docrime de desobediência.

Ordem dos Depoimentos:1. Primeiro a oitiva das testemunhas da acusação;2. Segundo a oitiva das testemunhas da defesa.

Não pode haver inversão da ordem, caso contrário haveránulidade relativa. O juiz é passível de correição parcial, poisestará tumultuando o processo.

Número de Testemunhas1. Crime punido com reclusão: 8 testemunhas;2. Crime punido com detenção: 5 testemunhas;3. Procedimento sumaríssimo: 3 testemunhas.

E caso de vários fatos, a acusação poderá arrolar até 8testemunhas, assim como a defesa.Em se tratando de vário réus, podem ser arroladas até 8testemunhas por cada réu.

Momento da ArrolaçãoAcusação: devem as testemunhas ser arroladas na peça deacusação;Defesa: devem ser arroladas na defesa prévia, sob pena depreclusão.O juiz pode ouvir testemunhas não arroladas, as quais sãochamadas de testemunhas do juízo.

Reinquirição - é possível.

Incidentes Possíveis

1. Contradita (Art. 214);2. Argüição de Parcialidade (Art. 214);3. Retirada do réu da sala (Art. 217).

Contraditar - é impugnar; pretende-se excluir a testemunhaimpedida de depor. Procedimento:

1. Contradita-se a testemunha;2. Oitiva da testemunha;3. O juiz decide se exclui ou não exclui a testemunha.

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Argüição de Parcialidade - se dá quando se alega circunstânciaque torna a testemunha suspeita de parcialidade. Procedimento:

1. Argüição de parcialidade;2. Oitiva da testemunha;3. O juiz sempre ouvirá essa testemunha e dará o valordo seu testemunho.

Retirada do réu da sala - Art. 217 - se dá quando o réu por suaatitude possa influenciar o ânimo da testemunha.

VI - DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS

Reconhecer é identificar uma pessoa ou coisa. O reconhecimentopode ser policial ou judicial.Reconhecimento policial - Art. 226 e ss. - é válido seratificado em juízo.Reconhecimento judicial - tem valor relativo.

Reconhecimento por fotografia - tem valor relativo.Retrato falado - é meio de investigação e não dereconhecimento.Reconhecimento da voz - é possível. Tem valor relativo. Nagíria da polícia é chamado de “Clichê Fônico”. Se dá comfreqüência nos crimes contra os costumes, por exemplo noestupro.

VII - DA ACAREAÇÃO

Acarear é confrontar, é colocar duas pessoas frente a frente,cara a cara, para que esclareçam divergências relevantes.É sempre entre duas pessoas. Qualquer pessoa pode ser acareada,desde que esteja incluída no processo. A acareação em regra, sedá entre presentes, mas o Art. 230 permite a acareação entreausentes.

VIII - DOS DOCUMENTOS

São escritos, imagens ou sons que possam comprovar um fato.Podem ser escritos (laudo pericial) ou não-escritos (filmagens,fotografias, gravações, etc).

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Qual a diferença entre instrumento e documento em sentidoestrito ?

Resp.: O instrumento é um documento que nasce com a finalidadede comprovar um fato. Ex.: escritura pública, que nasce paracomprovar um direito de propriedade. Documento em sentidoestrito é o documento que nasce sem a finalidade de comprovarqualquer fato, mas pode por ocasião servir de prova em umprocesso. Ex.: uma carta particular.

Os documentos podem ser originais ou cópias, sendo que se foremcópias deverão obrigatoriamente estarem autenticados.

Momento de Apresentação dos Documentos - em princípio osdocumentos podem ser apresentados em qualquer momento.Exceções:

a) Art. 406, § 2º CPP - b) Art. 475, CPP -

Em princípio todo e qualquer documento pode ser juntado aoprocesso. Exceções:

a) Carta interceptada criminosamente;b) Provas ilícitas;c) Provas ilegítimas;d) Etc.

Requisição Judicial - o juiz pode requisitar documentos deofício.

Documento em língua estrangeira precisa ser traduzido, senecessário.Havendo dúvida sobre letra ou assinatura tratando-se dedocumento particular, realizar-se-á o exame grafotécnico.Tratando-se de documento público, estes gozam de presunção deveracidade, até que se prove o contrário.Se os documentos já foram juntados aos autos podem serdesentranhados desde que não sejam imprescindíveis ao processo,mas sempre ficará uma cópia no processo.

IX - DOS INCÍDIOS (ou Prova Indiciária, Indireta OuCircunstancial)

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Indícios - são circunstâncias provadas que autorizam concluiroutras circunstâncias (Art. 239 CPP).É perfeitamente possível a condenação com base em indícios,desde que sejam veementes.

X - DA BUSCA E DA APREENSÃO

Buscar é procurar. Apreender é pegar.A busca e a apreensão é possível tanto no Inquérito Policialquanto no Processo.

Quem determina ?Tanto a autoridade policial quanto a autoridade judicial.

A busca pode ser domiciliar ou pessoal.

Busca DomiciliarÉ feita numa casa. O conceito de casa está no art. 150 do CP.Carro não é casa. Estabelecimento comercial aberto ao públiconão é considerado casa. Finalidade - é possível para prender pessoas ou apreenderobjetos de interesse criminal (Art. 240 CPP).Em regra, documento em poder do advogado do réu não pode serapreendido, salvo:a) quando o documento é o corpo de delito do crime. Ex.:escritura falsa.

b) quando o advogado é participante do crime, deixando,portanto, de ser advogado.

A busca domiciliar necessita de mandado, ordem judicial. Não épreciso ordem judicial em dois casos específicos:a) prisão em flagrante; eb) quando é o próprio juiz que faz a busca.

Delegado de polícia não pode dar essa ordem.

Horário da Busca Domiciliar1. Durante o dia (das 06:00 às 18:00 horas); e2. Durante à noite, desde que haja ordem judicial e desde quehaja o consentimento do morador.

Busca Pessoal

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É a busca feita em uma pessoa.

Possibilidade - somente quando há fundada suspeita de posse dearmas ou objeto de interesse criminal. Em regra, quando possível, a busca em mulher deverá serefetuada por outra mulher.Em regra, é necessário mandado judicial ou ordem policial.Exceções:a) quando á a própria autoridade que faz a busca;b) se a pessoa vem a ser presa;c) durante a busca domiciliar;d) quando há fundada suspeita de posse de arma.

DOS SUJEITOS PROCESSUAIS

São as pessoas que participam do processo. Dividem-se em:a) Sujeitos principais: são o juiz e as partes (acusador eacusado)

b) Sujeitos secundários: são os peritos, assistente doMinistério Público, etc.

DAS PARTES

ACUSADORPodem acusar no Brasil:a) Ministério Público;b) Ofendido;c) Qualquer um do povo quando se tratar de crime deresponsabilidade das altas autoridades do Brasil. Ex:Presidente da República, Presidente do Congresso Nacional,etc.

Principais Funções do Ministério Público1. É parte acusadora;2. Custos Legis - fiscal da lei;3. Substituto Processual. Ex.: quando entra com ação dereparação em favor de vítima pobre.

DO ACUSADO OU RÉUAcusado - é usado este termo desde o oferecimento da denúncia.Indiciado - é usado este termo antes do oferecimento dadenúncia.

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DO DEFENSORTodo acusado tem direito a um defensor (Art. 261).O defensor é responsável pela defesa técnica do réu. O réu faza autodefesa, mas nada o impede que faça a autodefesa técnica,desde que seja advogado.O defensor pode ser constituído ou dativo. Se for defensorconstituído, em regra, necessita de procuração nos autos, salvoquando o réu indicá-lo no interrogatório.O defensor nomeado tem direito a honorários. Em regra, quempaga os honorários é o réu, mas em caso deste ser pobre, quempara é o erário público.

DO ASSISTENTE DO MINISTÉRIO PÚBLICOÉ parte adjunta ou contingente do processo. Em regra, só a vítima pode ser assistente. Em caso da vítimafalecer, pode ser assistente: o cônjuge, ascendente,descendente ou irmão.Nos crimes de responsabilidade de Prefeitos o Pode Público podeser assistente do Ministério Público. A OAB não pode ser assistente do Ministério Público (posição doSTF).

Fundamento da Admissão do Assistente - é a obtenção dareparação dos danos.

Habilitação - A vítima para participar do processo precisahabilitar-se. A habilitação é cabível até o trânsito emjulgado. A vítima recebe o processo na fase em que se encontra.A habilitação é possível desde o início do processo. Portanto,não é cabível a assistência durante o Inquérito Policial.No caso da habilitação ser irregular ela não anula o processo,é um mero incidente.

Indeferimento do Pedido de Habilitação - a vítima pode entrarcom Mandado de Segurança se houver alguma ilegalidade.

Direito do Habilitado - o habilitado tem o direito de serintimado de todos os atos processuais.

Atividades que podem ser exercidas pelo Habilitado:1. Propor meios de prova;

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2. Requerer que o juiz ouça determinadas pessoas comotestemunha do juízo;

3. Direito de participar das audiências, inclusive doplenário do júri. Tem direito a reperguntar;

4. Pode aditar o libelo. O assistente não pode aditar adenúncia. Não lhe foi conferido este poder;

5. Pode aditar as alegações finais do Ministério Público;6. Pode arrazoar recursos;7. O assistente pode interpor recursos. É cabível apenas doisrecursos:

a) Recurso em Sentido Estrito:1. quando o juiz julga extinta a punibilidade;2. no caso de impronúncia.

b) Apelação: 1. quando se trata de sentença absolutória.

Em todas as hipóteses, o recurso do assistente é supletivo, sócabendo quando o Ministério Público não interpõe recurso.Prazo para o assistente recorrer: 5 dias, contados do fim doprazo recursal do Ministério Público (em caso de assistente jáintimado).

E se a vítima não estiver habilitada pode recorrer ? Resp.: Sim, pode recorrer, mas deverá fazê-lo dentro do prazode 15 dias, justamente porque não é intimada de nada queaconteceu no processo. O prazo é contado do fim do prazorecursal do Ministério Público.

Jurisprudência - assistente também pode apelar para agravar apena do réu.

O assistente pode interpor recurso extraordinário e especial,mas somente nas hipóteses que pode recorrer.

DA PRISÃO

Há dois tipos de prisão:1. Prisão Penal: é decretada por juiz para fins penais;2. Prisão Extra-Penal: bifurca-se em :

a) Prisão Civil: é decretada por juiz para fins civis.Ex.: devedor de alimentos, depositário infiel, etc.

b) Prisão Administrativa: é a prisão decretada porautoridade administrativa para fins administrativos. Só

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cabe em uma única hipótese: em caso de transgressãomilitar.

PRISÃO PENAL

A prisão penal se divide em:1. Prisão definitiva: é a prisão que se dá quando já existetrânsito em julgado da sentença;

2. Prisão cautelar ou processual: é a prisão que ocorre antesdo trânsito em julgado da sentença. Se divide em cincoespécies:

a. Prisão em Flagrante Delito;b. Prisão Preventiva;c. Prisão Temporária;d. Prisão Decorrente de Sentença de 1º Grau; ee. Prisão Decorrente de Pronúncia.

A prisão cautelar não é pena. Ela pode ser debitada da penafinal.A prisão cautelar tem finalidade instrumental. Já a prisãopenal tem finalidade retributiva.A prisão cautelar não conflita com a presunção de inocência,desde que o juiz fundamente a sua necessidade.

Regras Fundamentais da Prisão

1. Art. 5º - a prisão necessita de ordem escrita efundamentada da autoridade competente. Exceção:

a. Prisão em flagrante;b. Recaptura de réu foragido;c. Prisão durante o Estado de Sítio; e d. Prisão durante o Estado de Defesa.

A prisão para averiguação é uma prisão ilegal.

Pode haver detenção do “ébrio” ? Resp.: Atualmente está sendo tolerada a detenção do ébrio poralgumas horas, até que passe os efeitos da bebedeira.Fundamento: defesa de Segurança Pública e Pessoal do próprioébrio.

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2. Comunicação da prisão a:a) família do preso ou pessoa por ele indicada;b) ao juiz competente.

Esta comunicação deve ser imediata, ou seja, logo que possível.O juiz examina a legalidade do ato. Sendo o ato ilegal, o juizdeve relaxar a prisão, sob pena de crime de responsabilidade.

3. Direito ao silêncio e direito de assistência.Direito ao silêncio é o direito que o preso tem de ficar

calado. O silêncio do preso não pode ser interpretado contraele.

A assistência corresponde a assistência da família e doadvogado.

4. Direito de identificação do responsável pela prisão (Art.5º, LXXIV, CF).

Quando pode ser realizada a prisão ? Resp.: Art. 283, CPP - a prisão pode ser realizada em qualquerdia, qualquer hora e qualquer lugar, ressalvada ainviolabilidade do domicílio.

Pode-se prender uma pessoa dentro de uma casa, desde que:a) haja flagrante;b) e que haja ordem judicial e ordem judicial de buscadomiciliar, durante o dia. Durante a noite é necessário aindao consentimento do morador. Se o morador não consentir, cerca-se a casa e espera-se o advento do dia, ou seja, até as 06:00horas.

Código Eleitoral - Art. 236 - dispõe uma restrição à prisão -desde 5 dias antes até 48 horas depois da eleição não épossível a prisão de nenhum eleitor, salvo:a) flagrante;b) prisão decorrente de sentença por crime inafiançável.

PRISÃO POR MANDADO

É preciso exibir mandado na hora da prisão e o preso passarecibo. Pode alguém ser preso sem a exibição de mandado ?

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Resp.: Sim, é possível, desde que se trate de crimeinafiançável.

Prisão fora da comarca - esta prisão só é possível por cartaprecatória, que pode ser expedida por telefone, fax,computador, ou seja, qualquer meio de comunicação.

Hipótese de prisão em Perseguição - havendo perseguição, épossível a prisão em outra comarca e até em outro Estado.Os policia brasileira não pode prender em outro país (art. 290CPP).

Momento da Prisão - é o momento em que o mandado é exibido ou omomento em que o preso é intimado a ir na delegacia.Importância - se o sujeito resiste antes da prisão, comete ocrime de desobediência, mas se o sujeito resiste após a prisão,comete o crime de resistência.

Uso da força na prisão - regra geral - não é possível o uso deforça para efetuar a prisão. Exceções:a) em caso de resistência;b) em caso de tentativa de fuga. uso da força deve ser moderado, somente o necessário.

Recolhimento à PrisãoAntes desse recolhimento o mandado deve ser exibido aocarcereiro.

Em qual estabelecimento penal cumpre-se a prisão cautelar ? Resp.: Em cadeia pública. O preso provisório deve ficarseparado do preso definitivo.

Pessoas que tem direito a prisão especial1. Todas as pessoas contidas no Art. 295 e 296 CPP.2. Jornalista3. Policia Civil4. Advogado - fica em quartel ou presídio especial.

Onde não existe quartel ou presídio especial, o preso especialvai para uma cela especial ou a prisão é transformada em prisãodomiciliar.

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Com o trânsito em julgado da sentença cessa-se a prisãoespecial.O Presidente da República não pode ser preso cautelarmente.

DA PRISÃO EM FLAGRANTE

É a prisão que se dá na hora do crime ou logo após ele.Características1. é prisão cautelar;2. não requer ordem escrita;3. só deve ser mantida quando necessária.

Fundamento - evitar a fuga do criminoso. Às vezes para evitar aconsumação do crime.

Natureza Jurídica - tem dois momentos:1. Captura - é um ato administrativo.2. Lavratura do Auto da Prisão em Flagrante - é uma prisãoprocessual ou cautelar.

Infrações de menor potencial ofensivo - é possível a captura,mas não se lavra o auto de prisão em flagrante. Lavra-se oTermo Circunstanciado. Exceção: quando o autor do fato recusa ocompromisso de ir a juízo, lavra-se o auto de prisão emflagrante.

Quem pode efetuar a prisão ? Resp.: qualquer pessoa do povo pode. É nesse caso, uma prisãofacultativa. As autoridades e seus agentes devem prender. É aprisão obrigatório ou compulsória.

Quem pode ser preso em flagrante ? Resp.: Em princípio, qualquer pessoa pode ser presa emflagrante.

Exceções: não podem ser preso em flagrante:1. Presidente da República;2. Aqueles que gozam de imunidade diplomática;3. Autor de acidente automobilístico culposo, desde que estesocorra a vítima (Art. 123, CNT);

4. Aquele que se apresenta espontaneamente perante aautoridade;

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5. Autor de infração de menor potencial ofensivo, salvo serecusar de assumir o compromisso de ir a juízo.

Restrições à prisão em flagrante1. parlamentares, juizes e promotores - só podem ser presosem flagrante em caso de crime inafiançável;

2. advogado - no exercício da profissão só pode ser preso porcrime inafiançável.

Comprovada uma legítima defesa, deve-se lavrar o auto deprisão em flagrante ?

Resp.: Sim, deve-se lavrar o flagrante, sendo que em seguida ojuiz concederá a liberdade sem fiança.

Em caso de ação privada e ação penal pública condicionada àrepresentação também pode haver prisão em flagrante, mas orecolhimento ao cárcere depende do consentimento da vítima.Neste caso, se o autor do crime está preso, em caso doquerelante querer mantê-lo preso, deve oferecer a queixa em 5dias. Este prazo não reduz o prazo decadencial de 6 meses.

Modalidades de Prisão em Flagrante

1. Flagrante Próprio ou Verdadeiro - se dá quando o crimeestá ocorrendo ou quando acaba de acontecer. Também é próprioo flagrante em crime permanente.

2. Flagrante Impróprio ou Quase-Flagrante - se dá quando oagente é perseguido logo após e vem a ser preso. Estaperseguição deve ser ininterrupta. Não há limite temporal,desde que não pare a perseguição.

3. Flagrante Presumido ou Ficto - se dá quando o agente éencontrado logo depois com arma ou instrumentos do crime. OSTF já decidiu que 2 horas é “logo depois”.

No Código Penal e em leis esparsas também encontramos outrasespécies de flagrante:

1. Flagrante Provocado ou Preparado - se dá quando o agente éinduzido ardilosamente a praticar o fato.

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2. Flagrante Esperado - se dá quando se sabe previamente docrime e espera-se a conduta para o flagrante.

3. Flagrante Forjado - é o flagrante inventado. Ex.: umpolicial joga maconha no carro de uma pessoa e o prende emflagrante.

4. Flagrante Prorrogado ou Retardado - o Art. 2º da Lei doCrime Organizado prevê que a autoridade policial pode adiar oflagrante para o momento mais oportuno.

Crimes Habituais - não admitem flagrante.

Requisitos Formais do Auto de Prisão em Flagrante

1. Lavratura imediata;2. Autoridade competente - somente autoridade policial;3. Oitiva do condutor;4. Oitiva das testemunhas;5. Oitiva da vítima, se possível (pode ser que esteja mortaou em estado grave);

6. Interrogatório, se possível. Em caso de menor, deve-senomear um Curador;

7. Assinatura de todos.

A falta de um requisito torna a prisão ilegal. O juiz deverelaxá-la, mas pode decretar a prisão preventiva.

É necessário o laudo pericial para se lavrar o auto de prisãoem flagrante ?

Resp.: Em regra não é preciso o laudo pericial para lavrar oflagrante. Exceção: tóxicos.

Encerrado o auto de prisão em flagrante, em regra, o preso serárecolhido ao cárcere. Exceções:1. Fiança;2. Direito de livrar-se solto;3. Quando não resultar das respostas fundada suspeita contrao conduzido (Art. 304).

Nota de Culpa - é o documento escrito onde se apresenta omotivo da prisão. O preso deve obrigatoriamente receber uma via

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dela. Deve ser expedida em até 24 horas. A falta da nota deculpa torna a prisão ilegal e o juiz deve relaxá-la.

Pode a autoridade policial prender e presidir o auto de prisãoem flagrante ?

Resp.: Sim, desde que o crime seja cometido contra ela ou aomenos na presença dela, desde que esteja no exercício das suasfunções (Art. 307 CPP).

DA PRISÃO PREVENTIVA

É uma prisão processual. Não é obrigatória.

Crimes que admitem prisão preventiva:1. Crimes dolosos punidos com reclusão;2. Crimes dolosos punidos com detenção, desde que se trate devadio ou pessoa não identificada;

3. Reincidente em crime doloso.

Comprovada a legítima defesa, pode-se decretar a prisãopreventiva ?

Resp.: Não, não pode, por expressa disposição do Art. 313 doCPP.

Requisitos da Prisão Preventiva

1. Fumus boni juris - é a prova do crime e os indíciossuficientes de autoria;

2. Periculum in mora - são os motivos da prisão. Pode ser: a) garantia da ordem pública ou econômica;b) conveniência da instrução criminal (Ex.: o réupode estar ameaçando testemunhas);

c) prisão para assegurar a aplicação da lei penal(Ex.: o réu pode fugir).

Em qual momento pode ser decretada a prisão preventiva ? Resp.: A prisão preventiva pode ser decretada em qualquermomento, seja durante o Inquérito Policial ou durante oProcesso, desde que seja antes do transito em julgado dasentença.

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Quem pode decretar a Prisão Preventiva ? Resp.: Somente o juiz pode decretar a Prisão Preventiva,sempre em decisão fundamentada.

O juiz pode relaxar a prisão e logo em seguida decretar aprisão preventiva.Já, se o juiz relaxar o flagrante por excesso de prazo, nãopode mais decretar a prisão preventiva.

Recursos Cabíveis

1. Se o juiz indeferir a prisão preventiva, cabe o Recurso emSentido Estrito;

2. Se o juiz deferir a prisão preventiva, cabe o HabeasCorpus;

3. Se o juiz revoga a prisão preventiva, cabe o Recurso emSentido Estrito; e

4. Se o juiz não revogar a prisão preventiva, cabe o HabeasCorpus.

Toda decisão que decreta a prisão preventiva e uma decisão rebussic stantibus, ou seja, o juiz pode decretar e revogar apreventiva quantas vezes for necessário (Art. 316, CPP).

E possível a prisão de estrangeiro para fim de expulsão ? Resp.: Sim, e possível, mas esta preventiva só pode serdecretada por Ministro do STF.

A pessoa que se apresentar espontaneamente a policia pode serpresa espontaneamente, o que não ocorre com o flagrante.

DA PRISAO TEMPORARIALEI 7.960/89

E uma lei constitucional.

Cabimento: a prisão temporária e cabível em três hipóteses:

a) Quando a prisão for imprescindível para a investigação;b) Quando o suspeito não tem residência fixa ou não estadevidamente identificado;

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c) Somente nos crimes descritos na lei (Ex.: latrocínio,estupro, etc).

Discussão da Matéria - os requisitos 1 e 3 são imprescindíveis.

Quem pode decretar a prisão temporária ? Resp.: Somente o juiz e quem pode decreta-la, sempre emdecisão fundamentada. Jamais poderá decreta-la de oficio. Enecessário requerimento do MP ou representação da autoridade.Uma via do mandado de prisão serve como nota de culpa.

Contra quem pode ser decretada a Prisão Temporária ? Resp.: Somente e possível decretar a prisão temporária contrainvestigado. Jamais se pode decreta-la contra acusado.

Investigado - antes da denuncia, não há processo.Acusado - A partir da denuncia, já existe processo.

Em que momento pode ser decretada a prisão temporária ? Resp.: Exclusivamente durante as investigações.

Duração - dura 5 dias, pode uma única prorrogação por igualperíodo.

Nos crimes hediondos a duração da prisão temporária e de 30dias, podendo ter também uma única prorrogação, sendo o tempomáximo de 60 dias.

Direitos do Preso - o preso temporário tem o direito de ficarseparado dos demais presos.

Se o delegado constatar a desnecessidade da prisão, ele podeliberar o preso ?

Resp.: Não, não pode liberar. Somente o juiz.

LIBERDADE PROVISORIA

E uma liberdade sob condições.

Natureza jurídica - e uma causa suspensiva dos efeitos daprisão cautelar.

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Se o réu descumprir uma das condições, voltara a ser preso.

Há duas espécies de liberdade provisória:

a) Liberdade Provisória sem Fiança;b) Liberdade Provisória com Fiança.

Historicamente havia a Fiança Fidejussória, que existiu duranteo Império e as Ordenações ro Reino. Consistia na possibilidadede uma pessoa liberar outra assumindo compromisso sobre ela.Essa fiança existiu por causa da falta de mão de obra, onde osfazendeiros assumiam o compromisso sobre seus empregados, paraque estes pudessem continuar a trabalhar.

Da Liberdade Provisória Sem Fiança

Pressuposto - só e cabível em caso de prisão em flagrante.

Conclusão - não e cabível em prisão civil e em prisãoadministrativa.

Quem pode concede-la ? Resp.: Exclusivamente o juiz.

A liberdade provisória e um direito do réu, desde quepreenchidos os requisitos legais.

E cabível em três hipóteses:

a) Art. 310, Caput, CPP - trata das causas excludentes dailicitude. Ex.: legitima defesa, estado de necessidade;

b) Art. 310, Parágrafo Único, CPP - quando estão ausentes osrequisitos da prisão preventiva;

c) Art. 350, CPP - liberdade ao réu pobre que não pode pagarfiança.

Em qualquer destas hipóteses a liberdade e vinculada, porque oréu e liberado sob condições, ou seja, fica vinculado aoprocesso.

Recursos cabíveis:

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a) Se o juiz defere a liberdade provisória e cabível oRecurso em Sentido Estrito;

b) Se o juiz indefere a liberdade provisória e cabível oRecurso em Sentido Estrito e Habeas Corpus;

c) Se o juiz relaxar o flagrante, e cabível o Recurso emSentido Estrito;

d) Se o juiz não relaxar o flagrante, e cabível o HabeasCorpus.

Tema polemico - Cabe liberdade provisória nos crimeshediondos ?Resp.: Não cabe por forca do Art. 2º da Lei 8.072/90.

Não cabe Liberdade Provisória sem Fiança nos crimes de:a) Sonegação Fiscal; eb) Crimes contra a Economia Popular.

Não confundir Liberdade Provisória com Fiança com Direito deLivrar-se Solto (Art. 321, CPP).

O réu tem o direito de livrar-se solto nas seguintes situações:a) quando a infração não e punida com prisão;b) quando a prisão não excede 3 meses.

São inconfundíveis os seguintes institutos:a) Liberdade provisória sem fiança;b) Direito de livrar-se solto;c) Pedido de revogação de preventiva; ed) Relaxamento da prisão.

O juiz relaxa a prisão quando ela e ilegal.Liberdade Provisória Com Fiança

Fiança - e uma garantia real. Consiste num deposito. Estedeposito pode ser em dinheiro, pedras preciosas ou títulos dadivida publica. O deposito e feito em favor da União.

Pressuposto - um Estado coercitivo.

Compatibilidade - prisões que admitem fiança:

a) Prisão em Flagrante;

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b) Prisão decorrente de pronuncia;c) Prisão decorrente de sentença.

A prisão preventiva e a prisão temporária não admitem fiança.

A fiança e um direito subjetivo do réu desde que presentestodos os requisitos legais.

Finalidade - são duas:a) assegurar a liberdade;b) assegurar o pagamento de custas, multa e indenização.

Momento - a liberdade provisória com fiança pode ser concedidaem qualquer momento, ate o transito em julgado.Se o réu for afiançado e não quebrar a fiança, tem ele odireito de apelar em liberdade.

Fixação da Fiança - quem pode fixa-la ?1. Autoridade policial - nos crimes punidos com detenção eprisão simples;

2. Juiz - em qualquer crime.

Se o delegado não fixar a fiança, deve-se requerer ao juiz. Seo juiz não a fixar, cabe habeas corpus contra o juiz.O juiz não precisa ouvir o Ministério Publico para fixar afiança.

Quando e cabível a fiança ?O CP não diz quando e cabível, somente diz quando não ecabível.

Infrações inafiançáveis

a) Hipóteses constitucionais1. racismo;2. tortura;3. trafico de entorpecentes;4. terrorismo;5. crimes hediondos; e6. ação de grupo armado contra o Estado Democrático.

b) Hipóteses legais

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1. contravenção de aposta sobre corrida de cavalo;2. crimes contra o sistema financeiro;3. crimes contra a fauna;4. vadiagem e mendicância;5. crimes dolosos punidos com prisão, desde quereincidente;

6. crimes punidos com reclusão:a) que cause clamor publico;b) cometido com violência ou grave ameaça a pessoa;c) cuja pena mínima seja superior a 2 anos. No casode concurso material deve-se somar as penas mínimas.Sumula 81 do STJ.

Em todas estas hipóteses o juiz pode conceder liberdadeprovisória sem fiança.Somente os crimes hediondos não admitem liberdade provisória denenhuma espécie, tanto a com fiança quanto a sem fiança.

c) Situações de inafiançabilidade1. réu vadio;2. réu que quebrou fiança antes;3. prisão civil;4. prisão administrativa;5. réu sob sursis ou livramento condicional, salvo emcrime culposo; e

6. quando presentes os requisitos da prisão preventiva.

Valor da Fiança1. Crime ate 2 anos - de R$ 40,00 a R$ 204,002. Crime ate 4 anos - de R$ 204,00 a R$ 819,003. Crime mais de 4 anos - de R$ 819,00 a R$ 4.099,00

O juiz pode:1. diminuir ate 2/3;2. multiplicar ate 10.

Critérios:1. natureza da infração;2. situação econômica do réu;3. antecedentes, personalidade, etc do réu.

A fiança e definitiva. Não existe mais fiança provisória.

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O juiz pode determinar reforço da fiança. Se o réu nãoreforçar, a fiança fica sem efeito e o réu e preso.

Obrigações do afiançado1. comparecer a todos os atos processuais;2. não mudar de residência sem ordem do juiz;3. não ausentar-se por mais de 8 dias da residência.

Se o réu descumprir uma das obrigações, ocorre a quebra dafiança. Quando se quebra a fiança, perde-se metade do seuvalor.

Perda da fiançaOcorre quando o réu e condenado e não se apresenta a prisão.

Cassação da fiançaA fiança e cassada quando não era cabível.

CITACOES - INTIMACOES - NOTIFICACOES

Citação - e o ato pelo qual se da conhecimento ao réu de umaacusação.Citar e informar, e dar conhecimento.E uma garantia individual. E imprescindível. A falta de citaçãogera nulidade absoluta. E a única nulidade absoluta que podeconvalescer, somente quando o réu comparece espontaneamente aojuiz, antes da instrução.

Principio da Unidade - no processo penal só existe uma citação.Não existe citação para a execução. Exceção: execução da penade multa, onde o réu e citado.

Principio da Personalidade - o réu deve ser citado na suapessoa. Exceção: citação por edital.1. réu louco - cita-se na pessoa do curador;2. réu menor de 21 anos - e citado normalmente.

Efeito da citação no processo penal - triangulariza a relaçãojurídica processual.

Modalidades de citação

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1. Citação real - e a citação pessoal;2. Citação ficta ou presumida - e a citação por edital.

Citação Pessoal - Formas

1. Por mandado do juízo processante - é feita quando o réureside na comarca do processo.

a) Funcionário público - citação pessoal + comunicaçãoao chefe;

b) Militar - a citação e feita por intermédio do chefe;c) Preso - e citado e requisitado.

2. Citação por precatória - é feita quando o réu mora fora dacomarca.

3. Citação por carta de ordem - é uma ordem de citação que umjuiz de Tribunal faz a um juiz comum.

4. Citação por rogatória - é feita quando o réu está noestrangeiro em lugar sabido. Não importa se o crime éafiançável ou inafiançável. Suspende a prescrição (Art. 368,CPP).

Réu citado no dia, pode ser interrogado nesse mesmo dia ? Resp.: Se o réu pedir prazo para preparar a defesa, o juiz éobrigado a conceder. É um direito do réu.

Citação Ficta ou Presumida

É a citação feita por edital.Hipóteses de cabimento:a) réu não encontrado;b) réu que se oculta para não ser citado;c) réu que se encontra em lugar inacessível. Exemplo:inundação, guerra, etc.

d) quando o réu é pessoa incerta. Pessoa incerta é a pessoanão devidamente identificada e cujo o paradeiro édesconhecido, porém, fisicamente certa.

Requisitos (Art. 365, CPP):1. Publicar o edital na imprensa;2. Afixar-se uma via no fórum;

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3. Nome do réu;4. Data do interrogatório;5. Dispositivo legal imputado (tipo penal).

Não é preciso transcrever a denúncia no edital. Súmula 366 doSTF.

Réu preso pode ser citado por edital ? Resp.: Se o réu estiver preso na mesma unidade da federaçãonão pode ser citado por edital (Súmula 351 do STF). Se foicitado, esta citação é nula. Para se saber se o réu seencontra preso, requer-se informações à COESP.

Se o réu é citado por edital e não comparece e nem constituiadvogado, suspende-se o processo (Lei 9.271/96).

Diferença entre notificação e intimaçãoNotificação - notifica-se uma pessoa para a prática de um atofuturo.Intimação - intima-se uma pessoa de um ato passado, que jáaconteceu. Intimar é dar ciência. Na praxe só se utiliza a intimação para os dois atos.

As notificações e as intimações são regidas, em geral, pelasmesmas regras das citações.

Peculiaridadesa) notificação de testemunha por edital - não é possível;b) intimação do réu por edital - é possível. Ex.: o seuadvogado constituído desiste do processo e o réu é intimadopara constituir novo advogado;

c) intimação do MP - deve sempre ser pessoal;d) intimação do defensor dativo - sempre pessoal;e) intimação do advogado constituído - é feita pela imprensa;f) intimação por carta AR - é possível. Também é possívelpor qualquer outro meio idôneo;

g) intimação de testemunha por correio - é possível.

Réu preso - é necessário requisição para que este compareça emaudiência.

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Audiência sem o réu preso - há nulidade relativa, ou seja, sóse anula se ficar provado que houve prejuízo para a defesa.

Citação Circunducta - esta espécie de citação não existe mais.O autor da ação tinha o dever de provar que citou o réu. Se nãoconseguisse provar, a citação é chamada circunducta, ou seja,nula.

DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO

Processo - é um conjunto de atos processuais que se sucedemvisando a solução de um litígio.

Procedimento - é a ordem ou seqüência dos atos processuais.

Natureza jurídica do processo - é uma relação jurídicatriangular. Pressupõe três sujeitos processuais: autor, juiz eréu.

Características do Processo1. Público - tem aplicação do direito público;2. Progressivo - o processo é marcha para frente, é avançar,ir para adiante;

3. Autônomo - independe do seu resultado, se procedente ouimprocedente.

O processo pode ser:a) Conhecimento - Ex.: denúncia pedindo a condenação;b) Execução - Ex.: expedição da guia de recolhimento;c) Cautelar - Ex.: seqüestro de bens.

Pressupostos processuais

1. Pressupostos de existência:

a) órgão jurisdicional - o pedido deve ser formulado aeste órgão;

b) pedido - o juiz não age de ofício;c) partes - autor e réu;

2. Pressupostos de validade

a) imparcialidade do juiz;

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b) inexistência de litispendência;c) inexistência de coisa julgada.

3. Condições da Ação

a) possibilidade jurídica do pedido;b) legitimidade de partes;c) interesse de agir.

Início do Processo - para o STF o processo se inicia com orecebimento da peça acusatória, mas na verdade, o processonasce com o oferecimento da peça acusatória.

PROCEDIMENTOS PENAIS

Classificação pelo CPP

1. Comum - se divide em:a) Solene (reclusão);b) Soleníssimo (Tribunal do Júri).

Classificação doutrinária

1. Crimes de competência originária dos Tribunais - Leis8.038/90 e 8.658/93

2. Crimes de competência não originária dos Tribunais.

Dos crimes de competência originária dos Tribunais

1. Peça acusatória;2. Defesa preliminar (é a defesa feita antes do recebimentoda peça acusatória);

3. Rejeição ou recebimento da peça acusatória;4. Se a peça acusatória for recebida, segue-se o procedimentocomum dos crimes punidos com reclusão.

Quem faz a instrução ? Resp.: É feita pelo juiz relator.

Quem preside o julgamento ?

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Resp.: É feito pelo órgão previsto no regimento interno decada Tribunal. Por exemplo, no Estado de São Paulo, osprefeitos são julgados em qualquer uma das seis Câmaras.

Dos crimes punidos com reclusão

Para estes crimes, existe o procedimento comum e váriosprocedimento especiais, tais como: Tóxicos, Lei de Imprensa,Júri, Eleitoral, Militar, etc.

Dos crimes punidos com detenção

Para estes crimes, existe o procedimento comum e váriosprocedimentos especiais, tais como: Art. 16, Tóxicos; Lei deImprensa, Júri (infanticídio); etc.

Das contravenções

São infrações de menor potencial ofensivo e por isso regidaspela Lei dos Juizados Especiais. Para estas cabem a TransaçãoPenal, Suspensão do Processo e na rejeição de qualquer umdesses dois institutos, segue-se o Procedimento Sumaríssimo.

DO PROCEDIMENTO COMUM PARA O CRIMES PUNIDOS COM RECLUSÃOArts. 394 e Segs. Do CPP

1. Peça acusatória (denúncia ou queixa);2. Rejeição ou recebimento da peça acusatória. Não hánecessidade de fundamentar o recebimento da peça acusatória,salvo nas hipóteses expressamente previstas em lei. Porexemplo no Crime Falimentar. Esta é a posição do STF;

3. Citação;4. Interrogatório;5. Defesa prévia;6. Oitiva das testemunhas de acusação;7. Oitiva das testemunhas de defesa. Não é possível invertera ordem de oitiva das testemunhas. Se houver esta inversão, hánulidade relativa.

8. Art. 499 - requerimento de diligências;9. Art. 500 - alegações finais;

O juiz pode sentenciar sem as alegações finais ?

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Resp.: O tema é muito polêmico, mas a corrente majoritáriadiz que não pode, pois são essenciais. Se o advogado serecusar a fazê-las, o juiz nomeará um advogado dativo paraque as faça.

10. Sentença.

TRIBUNAL DO JÚRI - PROCEDIMENTO DO JÚRI

Composição do Tribunal do Júri

O júri é formado por 21 jurados e 1 juiz presidente (juiztogado).Destes 21 jurados, serão sorteados 7 jurados que formarão oConselho de Sentença.

Características do Tribunal do Júri

1. Plenitude de defesa;2. Sigilo nas votações, sob pena de se anular o júri;3. Soberania dos veredictos.

Esta soberania dos veredictos é absoluta ou relativa ? Resp.: Depende, em princípio é relativa, porque cabeapelação contra a decisão dos jurados, quando esta decisãofor manifestamente contrária às provas dos autos. O Tribunalde Justiça pode no máximo mandar a novo júri, sendo que:

a) O Tribunal do Júri absolve o réu novamente,agora sendo a soberania absoluta.

b) O Tribunal do Júri condena o réu novamente,onde a soberania dos veredictos é relativa. Écabível a revisão criminal.

4. É um direito e uma garantia constitucional;5. Número ímpar de jurados;6. As decisões são tomadas por maioria de votos;7. É órgão da justiça comum estadual ou federal. Nas justiçasespeciais não tem júri.

Competência

Regra Geral - julga os crimes dolosos contra à vida, tentadosou consumados, omissivos ou comissivos. Exceções (não vão a júri):

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a) Latrocínio - Súmula 603 do STF - Justiça Comum;b) Militar que mata militar - Justiça Militar;c) Competência originária dos Tribunais.

Foro Competente - É o do local onde se deu o resultado. Épossível o desaforamento do julgamento, ou seja, tirar ojulgamento do foro e mandar para outra comarca. Hipóteses dedesaforamento:

a) Interesse público;b) Falta de imparcialidade;c) Falta de segurança;d) Quando o réu não é julgado depois de um ano dolibelo.

Quem requer o desaforamento ? Resp.: Qualquer parte, inclusive podendo ser feito pelopróprio juiz.

Quem julga o desaforamento ? Resp.: Sempre o Tribunal.

Pressupostos: existência de pronúncia e libelo.

Desafora-se o julgamento para a comarca mais próxima onde serápossível um julgamento justo.

Reaforamento - há duas correntes. Uma que sim e outra que nãoadmite. Em São Paulo não é possível, porque o regimento internodo Tribunal de Justiça não o permite.

Ampliação da Competência do Júri

A ampliação da competência do júri é possível nos casos deconexão e continência.

Competência recursal - Tribunal de Justiça.

Organização do Júri - compete ao Juiz Presidente.

Jurados - quem pode ser jurado ?Requisitos:1. pessoa idônea;

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2. maior de 21 anos;3. brasileiro residente na Comarca;4. estar em gozo dos direitos políticos.

O serviço do júri é obrigatório, salvo para o maior de 60 anose para as pessoas elencadas no Art. 436 do CPP.

Recusa do Júri - pode haver a recusa do júri, porém se for pormotivo político, filosófico ou religioso, o CPP prevê a perdados direitos políticos (Art. 435, CPP).Hoje este artigo é inaplicável, porque a CF diz que antes dosujeito perder os direitos políticos, deve ele prestar umserviço social alternativo, nos termos da lei. O que ocorre éque até hoje não existe lei disciplinando os serviços sociaisalternativos.

Direitos do Jurado1. prisão especial;2. não podem ter prejuízo nos seus vencimentos;3. preferência nas concorrências públicas.

Para conquistar esses direitos, é preciso participação efetivae concreta no julgamento, atuando no conselho de sentença.

PROCEDIMENTO DO JÚRI

O julgamento pelo Tribunal do Júri é bifásico ou escalonado. Écomposto por duas fases:1. Fase de formação da culpa ou juditio acusationes;2. Fase de acusação ou juditio causae.

Juditio Acusationes

1. Denúncia ou queixa;2. Citação;3. Interrogatório;4. Defesa prévia;5. Oitiva das testemunhas de acusação;6. Oitiva das testemunhas de defesa;7. Alegações finais (Art. 406, CPP);8. Diligências (Art. 407, CPP);9. Decisão do juiz

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Decisões possíveis do juiz

1. Impronúncia;2. Desclassificação do crime;3. Absolvição sumária;4. Pronúncia.

IMPRONÚNCIA

Ocorre quando não há prova do crime ou não há indícios deautoria (Art. 409, CPP). O processo pode ser reaberto quandosurgirem novas provas. Limite: até a prescrição. Efeitos - se o réu estiver preso, deve ser solto imediatamente.Recurso Cabível - Recurso em Sentido Estrito.

DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME

Ocorre quando o crime não for da competência do Júri. Recurso cabível - Recurso em Sentido Estrito para o Tribunal deJustiça.Crime conexo - é remetido também ao juiz singular.Depois da desclassificação, é preciso ouvir a defesa novamente,dando-lhe a oportunidade da ampla defesa (Art. 410, CPP).

ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA - ART. 411 CPP

Ocorre quando está comprovada uma causa de exclusão dailicitude ou da culpabilidade. É preciso que a prova sejainequívoca. Havendo dúvida, pronuncia-se o réu. Indubio prosocietate. Havendo caso de medida de segurança, primeiro absolve-seo réu, depois aplica-se a medida de segurança.

PRONÚNCIA - ART 408, CPP

Pronuncia quando há prova do crime e pelo menos indícios deautoria. Na dúvida, deve-se pronunciar. Há um juízo dedeliberação, porque não se julga o mérito. A pronúncia é uma decisão, mas a doutrina diz que é umasentença. O juiz deve usar uma linguagem simples e imparcial,

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para não influenciar os jurados. Havendo excesso, a pronúncia énula e deve ser desentranhada dos autos.É indispensável a classificação do crime na pronúncia. O juizpode dar classificação diversa da que consta da denúncia ouqueixa. As qualificadoras também devem constar, só podendo serafastadas quando impertinentes. Também devem constar dapronúncia, as causas de aumento de pena. As agravantes e asatenuantes não devem constar da pronúncia. Em caso de crimeconexo, este também vai a júri.Efeitos da pronúncia:1. o caso vai a júri;2. limita o libelo;3. interrompe a prescrição;4. prisão do réu, salvo se primário e de bons antecedentes.

Hoje só se prende se presentes os requisitos da prisãopreventiva.

Recurso cabível - é o Recurso em Sentido Estrito. Pode ocorrer a despronúncia. Quem pode despronunciar ? Resp.: O próprio juiz, pois o Recurso em Sentido Estritopermite a retratação, e o Tribunal de Justiça.

Após a pronúncia, deve haver a intimação das partes. Se o crimefor inafiançável a intimação do réu deve ser pessoal (Art. 413,CPP). Se o réu não for encontrado, o processo fica paralisado,correndo normalmente a prescrição. O Art. 416, CPP prevê a aplicação do Princípio daImodificabilidade da Pronúncia - a pronúncia não pode sermodificada, salvo por fato superveniente que altere aclassificação do crime. Ex.: morte superveniente da vítima.Neste caso, o juiz promove nova pronúncia, substituindo aantiga.

Juditio Causae - 2ª Fase Do Júri

A segunda fase do júri tem início com o libelo.Libelo é uma peça acusatória que deve ser oferecida em 5 dias,pela parte acusadora. A parte acusadora, em regra, é o MP, maspode ser um acusador particular, no caso de ação penal privadasubsidiária da pública.

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Características do Libelo

1. O libelo não é bifronte. É único e dirigido ao JuizPresidente do Tribunal do Júri e aos Jurados.

2. Não pode fugir da pronúncia.3. É feito de modo articulado.4. É fonte dos quesitos.5. É uma peça obrigatória.6. É individualizado, ou seja, havendo vários réus, deveráhaver um libelo para cada um e havendo vários crimes, haveráuma série para cada crime.

Observação: é no libelo o momento de se arrolar testemunhas.

Requisitos do Libelo (Art. 417, CPP)

1. assinatura do promotor;2. o nome do réu;3. a exposição, deduzida por artigos, do fato criminoso;4. a indicação das circunstâncias agravantes, expressamentedefinidas em lei penal, e todos os fatos e circunstâncias quedevam influir na fixação da pena;

5. a indicação da medida de segurança aplicável.

A falta de um requisito do libelo, o torna inepto, onde o juizdeverá rejeitá-lo.Uma vez rejeitado o libelo, cabe ao acusador fazer outrolibelo.Uma cópia do libelo deverá ser entregue ao réu e outra ao seuadvogado.

Contrariedade ao Libelo - é uma peça da defesa. O réu poderácontrariar o libelo. Só é importante para arrolar testemunhas.

Preparação do Julgamento

1. diligências determinadas pelo juiz, se houver;2. despacho saneador, onde o juiz marcará o dia para ojulgamento;

3. sorteio de 21 jurados;4. convocação dos jurados;

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5. intimação das partes e das testemunhas;6. publicação da lista dos processos - o preso tempreferência no julgamento. O preso mais antigo prefere o presomais novo, no julgamento.

Julgamento no Plenário do Júri

1. O juiz verifica os jurados - deve fazer uma chamada;2. instalação do julgamento - se estiverem presentes nomínimo 15 jurados, não importando se dentre eles tem algumimpedido ou suspeito, estará instalado o julgamento. Podesurgir alguns problemas:

a) Ausência de jurado - se presentes 15 jurados,tem-se o Júri. Se o jurado não justificar suaausência, será passível de multa.

b) Ausência do promotor - adia-se o Júri. Se opromotor não justificar a sua ausência, comunica-se o Procurador Geral de Justiça.

c) Ausência do acusador particular - o júri não éadiado, o promotor deverá assumir a acusação.

d) Ausência de advogado do réu - o júri é adiado.Se o advogado não justificar a sua ausência,oficia-se a OAB.

e) Ausência de advogado do assistente do MP - nãose adia o júri.

f) Ausência de testemunha - em regra, não se adia ojúri, salvo se ela foi arrolada comoimprescindível. Só se pode adiar o Júri uma únicavez, por esse motivo.

g) Ausência do réu - em regra, a ausência do réuadia o júri, salvo se o crime for afiançável.

3. O juiz pergunta ao réu o seu nome, idade e se temadvogado;

4. O juiz faz o anúncio do processo, interno;5. Pregão - é o anúncio do processo feito pelo porteiro aopúblico externo.

6. Advertências aos jurados;7. Sorteio dos jurados. Cada parte tem direito a 3 recusasperemptórias, sem fundamentação. Primeira pergunta-se à defesasobre a recusa. Havendo dois réus com advogados distintos, umaceita e o outro recusa, cinde-se o processo, salvo se opromotor fizer a recusa como dele.

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8. Exortação - é o compromisso dos jurados (Os jurados devemdizer: “Assim o prometo”).

Ordem dos Atos Processuais

1. Interrogatório do réu;2. o juiz faz um relatório sucinto;3. leitura de peças;4. inquirição de testemunhas. Primeiro as testemunhas daacusação, depois as da defesa;

5. Debates. Regras especiais:a) não é possível ler documentos não juntados compelo menos três dias de antecedência;

b) os debates começam com a leitura do libelo pelopromotor.

6. Acusação, em até duas horas. Ordem: a) o promotor faz a acusaçãob) o assistente fala, depois de combinado o tempocom o promotor;

7. Defesa. É feita em duas horas.

A acusação tem duas horas para falar.A defesa tem duas horas para falar.A acusação tem 30 minutos para réplica.A defesa tem 30 minutos para tréplica.

Em caso de haver mais de um réu, o tempo conta-se assim:a) três horas para a acusação;b) três horas para a defesa;c) uma hora para a réplica;d) uma hora para a tréplica.

Não havendo acordo na distribuição do tempo, o juiz o divideeqüitativamente.

Durante os debates o juiz redige os quesitos. A formulação dos quesitos segue a seguinte ordem:a) autoria e materialidade;b) teses da defesa;c) qualificadora;d) causa de aumento e de diminuição;

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e) agravantes e atenuantes. É obrigatório um quesito sobreatenuante.

Preparação e Votação dos Quesitos

1. o juiz pergunta se os jurados estão habilitados para ojulgamento da causa;

2. é feita a leitura pública dos quesitos. Havendo qualquerreclamação, deverá ser feita neste momento;

3. sala secreta;4. distribuição das senhas, que conterão as palavras sim enão;

5. votação dos quesitos. A decisão é por maioria. O caso estájulgado.

Sentença

A sentença pode ser:

1. Absolutória - se o réu está preso, deve serautomaticamente liberado.

2. Condenatória - não é necessário fundamentar. Somente aaplicação da pena é fundamentada. O juiz fixa o regime edecide se o réu pode ou não apelar em liberdade.

3. Desclassificação do crime. Há duas possibilidades:a) Desclassificação própria - se dá quando osjurados desclassificam o crime de competênciado júri e não afirmam qual o crime queaconteceu. Exemplo clássico: desclassificaçãoda tentativa de homicídio. O Julgamento passaao juiz presidente.

b) Desclassificação imprópria - se dá quandoos jurados desclassificam o crime decompetência do júri e já afirmam qual o crimeque aconteceu. Exemplo clássico: homicídiodoloso desclassificado para homicídio culposo.O juiz neste caso só fixa a pena.

c) Crime conexo com crime da competência dojúri - Exemplo: tentativa de homicídio eestupro. Os jurados desclassificam a tentativade homicídio. O juiz julga o crimedesclassificado. Os jurados julgam o crime

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conexo, portanto, julgam o crime de estupro(Art. 81, Caput, CPP).

CRIME FALIMENTARArts. 503 e segs. do CPP e Arts. 103 e segs. da Lei de

Falências

Estes crimes também têm procedimento especial. É bifásico,sendo a primeira fase composta pelo Inquérito Judicial e asegunda fase pelo processo propriamente dito.

DO INQUÉRITO JUDICIAL

O inquérito judicial é presidido por juiz de direito. É opróprio juiz da falência que preside o inquérito.É inquisitivo, embora seja presidido por juiz.As irregularidades do Inquérito Judicial não afetam a açãopenal. É ele indispensável. Inicia-se com o relatório do síndico, ou apedido do síndico ou a pedido de um credor habilitado.Tem como finalidade apurar eventual prática de crimefalimentar. Defesa: o falido tem o direito de defesa neste inquérito, masele não é contraditório, pois a defesa é facultativa e nãoobrigatória. Não há necessidade de advogado. O prazo da defesaé de 5 dias, contados da abertura do inquérito judicial. Concluído o inquérito, os autos vão para o Ministério Público,que pode requerer o apensamento do inquérito ou oferecerdenúncia. Apensamento é o mesmo que arquivamento, e pode serrequerido quando não há provas de crime ou indícios de autoria.Se o juiz discordar deste pedido, aplica-se subsidiariamente oArt. 28 do CPP. O promotor denuncia quando houver ao menos provas do crime epelo menos indícios de autoria.Se o promotor se manter inerte, cabe Ação Penal PrivadaSubsidiária, promovida pelo Síndico ou por qualquer credorhabilitado.

DO PROCESSO

Inicia-se com a denúncia oferecida pelo Ministério Público.

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O juiz pode receber ou rejeitar a peça acusatória. Se receber,obrigatoriamente deverá fundamentar o recebimento. É umapeculiaridade da Lei de Falências. É o próprio juiz da falênciaque será o juiz criminal.Recebida a peça acusatória, o juiz competente, no Estado de SãoPaulo, continua sendo o da Vara de Falências (Lei EstadualPaulista 3947/83 - esta lei é constitucional, por força do Art.194 da Lei de Falências).A partir deste momento, segue-se o procedimento ordinário doscrimes punidos com reclusão.

Obs.: esse processo não pode ser iniciado sem a sentençadeclaratória da falência. É uma condição de procedibilidade(Art. 507, CPP).

Nulidade da Sentença de Falência - não poderá ser argüida navara criminal (Art. 511, CPP).

Extinção das Obrigações do Falido - mesmo que o falido tenhapago todos os credores, o processo criminal continua, não sendoextinto.

CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOSArt. 513 e Segs. do CPP

Quais são os crimes ?São os crimes funcionais típicos. Ex.: corrupção, peculato,prevaricação, etc.

Peculiaridades - o funcionário tem direito de defesapreliminar, que deverá ser feita antes do recebimento dadenúncia.Prazo: a defesa preliminar deverá ser apresentada em 15 dias.Se o réu não for encontrado, é nomeado um defensor dativo paraefetuar a defesa preliminar.Só se aplica para os crimes afiançáveis. Exceção: excesso de exação. O art. 514 do CPP não se aplica seo acusado já não é funcionário na época do processo.Ao particular que é co-autor ou partícipe não se aplica o Art.514 do CPP.

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Se houver descumprimento do Art. 514, é uma causa de nulidaderelativa. Cabe, neste caso, correição parcial contra o juiz.Recebida a denúncia, segue-se o procedimento ordinário doscrimes punidos com reclusão.

CRIMES CONTRA A HONRAArt. 519 e Segs. do CPP.

Procedimento - aplica-se aos crimes de calúnia, difamação einjúria.

Exceção - Lei de Imprensa.

Peculiaridade - Art. 520, que prevê uma audiência dereconciliação entre o querelante e o querelado. Só existe emcaso de ação penal privada.Havendo acordo, diz o Art. 522, que estará extinto o processo.Não havendo acordo, é preciso verificar a possibilidade daSuspensão Condicional do Processo. Cabe suspensão em ação penalprivada.A proposta deve ser feita pelo querelante. Se ele não fizer, oquerelado pode requerer, o juiz pode conceder, e o quereladopode recorrer, em apelação.Não havendo conciliação ou suspensão, cabe ao juiz receber ourejeitar a acusação. Se receber a acusação, segue-se o procedimento ordinários doscrimes punidos com reclusão.A defesa pode invocar exceção da verdade. Momento: só poderáser invocada na defesa prévia.Processamento da exceção da verdade: o juiz a recebe e intima oquerelante para contestar. Prazo: 2 dias. Depois disso, segue-se o procedimento ordinário dos crimespunidos com reclusão.O juiz julga a exceção da verdade na sentença final. A exceçãoda verdade é julgada primeiro. É uma questão prejudicialhomogênea, ou seja, do mesmo ramo jurídico.

PEDIDO DE EXPLICAÇÕES EM JUÍZOArt. 144 do Código Penal

É uma medida preparatória da ação privada. É facultativa.Entra-se com ela se quiser.

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Procedimento

Segue-se o rito das notificações do Código de Processo Civil.O juiz marca um prazo para o requerido dar as explicações. Esseprazo geralmente é de 5 dias. O requerido dá as explicações sequiser.O juiz não decide nada. Ao final, ele manda entregar os autosao requerente. Este pedido de explicações exige a presença deadvogado.

DOS CRIMES PUNIDOS COM DETENÇÃO

Procedimento

1. Peça acusatória. Podem ser arroladas até 5 testemunhas porcada parte;

2. Rejeição ou recebimento da peça acusatória;3. Citação;4. Interrogatório;5. Defesa prévia;6. Oitiva das testemunhas de acusação;7. Despacho saneador;8. Audiência de instrução, debates e julgamentos;9. Oitiva das testemunhas e defesa;10. Debates Orais;11. Julgamento.

A inversão de procedimento causa nulidade ? Por exemplo, emcaso de crime punido com reclusão é adotado o rito dadetenção.

Resp.: Sim, anula o processo, pois houve cerceamento dadefesa. Já se o crime for punido com detenção e é adotado orito da reclusão, não se anula o processo, pois não houvecerceamento da defesa.

PROCEDIMENTO DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS

É o procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95, nos Estados quejá criaram estes juizados.Nos Estados que ainda não criaram os Juizados, é adotado oprocedimento dos crimes punidos com detenção.

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O tema é muito controvertido e problemático ainda.

DA SENTENÇA

Como podem ser os atos jurisdicionais ? Resp.: Podem ser de duas ordens:a) Despachos;b) Decisões.

Despacho - é o ato de movimentação do processo. Cabe recursodos despachos ? Em regra não, são irrecorríveis, mas quando elefor tulmutuário (causar tumulto), cabe Correição Parcial.

Decisões - podem ser:

1. Interlocutórias - as decisões interlocutórias podem sermistas ou simples.

a) Decisão interlocutória simples - é a decisão que nãoencerra o processo. Exemplo, quando o juiz decreta ourevoga a prisão preventiva.

b) Decisão interlocutória mista - estas decisões podemser terminativas ou não terminativas:

b1. Terminativas - é a decisão que extingue oprocesso, sem julgamento do mérito. Exemplo.:quando o juiz acolhe uma exceção de coisa julgada.

b2. Não terminativas - é a decisão que encerra umafase do procedimento, mas não extingue o processo.Exemplo clássico é a pronúncia.

2. Definitivas - o nome técnico das decisões definitivas ésentença. É a decisão que julga o mérito da causa. Existemdois tipos de decisões definitivas:

a) Condenatória - ocorre quando o juiz condena o réu.

b) Absolutória - ocorre quando o juiz absolve o réu.

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c) Sentença em Sentido Estrito - ocorre quando o juizjulga extinta a punibilidade, porém não condena e nãoabsolve o réu. Exemplo é a extinção do processo pelamorte, pela prescrição.

Diferença entre sentença e acórdãoA sentença é a decisão proferida por um juiz monocrático.O acórdão é a decisão proferida por um órgão colegiado.

O que é arresto ? Resp.: É o acórdão que já transitou em julgado.

Veredicto - é a decisão dos jurados.

Sentença simples - é a decisão de um juiz monocrático.

Sentença subjetivamente complexa - é a decisão do Tribunal doJúri, pois entra a vontade dos jurados e a decisão do juiz.

Natureza Jurídica da Sentença - a sentença declara o direito. Éa posição para o concurso.Na vida prática, o juiz cria o direito.

REQUISITOS DA SENTENÇA - Art. 381 do CPP.

1. Relatório - deve conter os nomes das partes, pedidos daspartes, principais acontecimentos, etc.

2. Fundamentação ou Motivação - sem este requisito a sentençaé nula. A sentença que não tem fundamentação é chamada desentença vazia. A fundamentação pode ser sucinta. O juiz deveexaminar todos os pontos da acusação e da sentença.

3. Dispositivo ou Conclusão - este requisito deve sercoerente com a fundamentação. A sentença que não temdispositivo é chamada de sentença suicida. A sentença é nula.

4. Autenticação - na autenticação consiste em lugar, dia,mês, ano e assinatura do juiz. Sem a assinatura do juiz, asentença não tem valor.

A sentença equivocada deve ser anulada ou reformada ? Resp.: Depende, se existir error in procedendo, anula-se asentença. Já, se ocorrer um error in judicando, a sentença será

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reformada. Por exemplo, será reformada pelo Tribunal quando ojuiz avaliar mal as provas.

Princípio da Correlação entre a Acusação e a Sentença

É conexo com a impossibilidade de julgamento ultra, extra oucitra petita, ou seja, o juiz não pode julgar além, fora ouaquém do pedido.Desse princípio surgem duas hipóteses:

1. Emendatio Libelli - Art. 383 do CPP - emendatio significaemendar, corrigir o libelo. Neste caso, o fato provado éexatamente o fato narrado. O problema surge na classificaçãodo delito. A classificação jurídica da denúncia não vincula ojuiz. O juiz pode e deve corrigir a classificação jurídica dofato. Estará nesse caso, fazendo uma emendatio libelli. É aplicadatambém em 2º Grau e no Júri, mais precisamente na fase dapronúncia.

2. Mutatio Libelli - mutatio significa mudança, alteração. O fatoprovado é distinto do fato narrado. Narra-se um fato “x” eprova-se um fato “y”. Neste caso, o juiz pode julgarimediatamente ? Não, não pode o juiz julgar imediatamente, eledeve respeitar o direito de defesa, porque o réu vinha sedefendendo de outros fatos. Surgem três hipóteses possíveis:a) a pena do fato provado é a mesma do fato narrado. Exemplo:denuncia por furto, onde fica provado apropriação indébita.O CPP manda dar 8 dias para a defesa se manifestar e sequiser produzir provas.

b) a pena do fato provado é menor que a do fato narrado.Exemplo: denuncia por receptação dolosa, ficando provadoreceptação culposa. A defesa também terá 8 dias paramanifestar-se e se quiser, produzir provas.

c) a pena do fato provado é maior que a do fato narrado.Exemplo: denuncia por furto, onde prova-se roubo. O CPPmanda aditar a denúncia. Se o MP recusar-se a aditá-la,aplica-se o Art. 28 do CPP. Em seguida, a defesa tem 3 diaspara requerer provas.

Aplica-se integralmente na ação privada. Se o querelante senegar a aditar a queixa, o juiz deverá julgar pelo fatonarrado.

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A mutatio libelli não é aplicada em 2º grau. É o que dispõe aSúmula 453 do STF.Exceção: quando tratar-se de competência originária doTribunal.

PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA

Formas:1. quando o escrivão faz sua juntada aos autos;2. quando é proferida em audiência.

Importância - a partir da publicação, a sentença torna-seimodificável, salvo:1. para corrigir inexatidões materiais e erro de cálculo. Porexemplo: escreve-se “Luís”, com “s”, sendo que o correto é“Luiz”, com “z”; 1 + ½ = 2.

2. o caso de embargos de declaração. É um recurso conhecidocomo embarguinhos (Art. 382 do CPP) que tem o prazo de 2 diaspara ser interposto, cabível quando há obscuridade, omissão,contradição ou ambigüidade. Este embarguinhos interrompe oprazo de outros recursos. Não é ouvida a parte contrária (éinaudita altera pars).

O STF acaba de decidir que se os embargos declaratórios visarema modificar a sentença, deve-se ouvir a parte contrária. Deve-se respeitar o contraditório.

INTIMAÇÃO DA SENTENÇA

É o ato pelo qual se dá conhecimento da sentença às partes. Importância - é a partir da intimação que se conta o prazo pararecurso. Formas de Intimação1. Ministério Público e defensor dativo - são intimadospessoalmente;

2. Defensor constituído - é intimado pela imprensa;3. Réu - depende:

a) sentença absolutória - intimação pessoal ou na pessoado defensor;

b) sentença condenatória - se o réu estiver preso, aintimação é pessoal, sem prejuízo da intimação do

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defensor. O prazo para o recurso conta-se da últimaintimação. Se o réu estiver solto, a intimação é pessoalou edital, sem prejuízo da intimação do defensor.

4. Réu inimputável - a intimação é na pessoa do curador.

Efeitos da Sentença Absolutória

1. Se o réu estiver preso, deverá ser liberadoautomaticamente;

2. Se o réu for inimputável, o juiz aplica Medida deSegurança. É chamada de sentença absolutória imprópria;

3. A fiança deve ser devolvida;4. Em regra, não impede a ação civil.

Efeitos da Sentença Condenatória

1. Prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes. Pelajurisprudência atual, esta é uma prisão cautelar, ou seja, sóserá cabível se presentes os requisitos da prisão preventiva.

2. Lançamento do nome do réu no livro rol dos culpados. Desdea CF/88 este efeito foi revogado, só ocorrendo após o trânsitoem julgado da sentença.

3. É pressuposto da reincidência;4. Obrigação de indenizar.

DA COISA JULGADA

A coisa julgada ocorre quando a sentença se torna irrecorrível.Há duas espécies de coisa julgada:1. Coisa julgada formal - impede que o juízo do casoreexamine a sentença;

2. Coisa julgada material - impede que qualquer outro juízoreexamine a causa.

Fundamentos da Coisa Julgada - é a segurança jurídica, ou seja,de colocar um fim ao litígio.

A coisa julgada no processo penal não é absoluta, ou seja, podeser desfeita através da revisão criminal ou através do habeascorpus, em caso de nulidades.

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A revisão criminal só existe no Brasil, e é um instituto próréu.Depois de julgada a revisão, fala-se em coisa soberanamentejulgada.

Limites da Coisa Julgada

1. Limites Objetivo - o que é que transita em julgado ?Resp.: o que transita em julgado é o dispositivo.

2. Limites Subjetivo - A coisa julgada vale em relação a quem? Resp.: A coisa julgada só vale em relação às partes.

Observações: a) A sentença que julga extinta a punibilidade com base emCertidão de óbito falsa, não é válida, conforme ajurisprudência do STF. Para a doutrina, deve-se respeitar acoisa julgada, portanto, a sentença é válida.

b) Exemplo: no Júri, um réu foi processado como executor, foipronunciado como executor, e no julgamento foi absolvido,porque se descobriu que ele é partícipe. Sendo absolvido comoexecutor, ele poderá ser processado como partícipe ? Sim,poderá ser processado como partícipe, pois a causa de pedirantes era executor e agora é partícipe.

DAS NULIDADES

Natureza Jurídica - é uma sanção processual.

Objeto - uma nulidade pode recair sobre um ato, procedimento ousobre o processo inteiro.

A doutrina distingue ato nulo de ato inexistente. O ato nuloprecisa ser declarado judicialmente nulo. O Ato inexistente nãoprecisa ser declarado judicialmente inexistente. Ex.: sentençasem fundamentação é ato nulo. Já, sentença proferida por pessoaque não o juiz, é um ato inexistente.

Diferença entre ato nulo e Ato irregularO Ato irregular possui um vício, um defeito, mas produzeficácia. Ex.: denúncia fora do prazo, sentença fora do prazo.

Diferença entre Nulidade Absoluta e Nulidade Relativa

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A nulidade absoluta é irreversível, não se convalidando. Elaproduz um ato nulo, onde o prejuízo é presumido. Ex.: sentençasem fundamento, processo sem defensor, etc.A nulidade relativa é reversível, isto é, admiteconvalescimento, ou seja, é sanável. Produz um ato anulável. Oprejuízo não é presumido, ou seja, necessita ser comprovado.Ex.: falta de curador no interrogatório do menor.

As nulidades do Art. 564, III, são absolutas, salvo asindicadas no Art. 572 do CPP.

Princípios Fundamentais das Nulidades

1. Não há nulidade sem prejuízo (Art. 563, CPP).2. Não se declara nulidade de ato irrelevante. Ex.: inversãoda oitiva de testemunhas. Se a testemunha é só deantecedentes, não se anula.

Do Procedimento da Nulidade em 1º Grau.

1. O juiz pode reconhecer qualquer nulidade de ofício (Art.251, CPP).

2. Se o juiz não reconhecer de ofício, as partes podem argüira nulidade.

a) Nulidade absoluta - pode ser argüida em qualquermomento, mesmo após o trânsito em julgado. A via jurídicaé a revisão criminal ou habeas corpus.

b) Nulidade relativa - segue duas regras:1. deve ser argüida no momento certo. O momentoestá no Art. 571 do CPP. Perdido o Momento, ocorre apreclusão temporal. O Ato se convalesce, estásanado.

2. é preciso comprovar o prejuízo.

Do Reconhecimento Da Nulidade Em 2º Grau

O Tribunal pode reconhecer nulidade em grau de recurso ? Resp.: Sim, pode, desde que as partes tenham pedido a nulidadedo recurso.

Se ninguém pediu a nulidade, o Tribunal pode reconhecê-lo deofício ?

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Resp.: Súmula 160 do STF - se não houve pedido, o Tribunal nãopode reconhecer nulidade contra o réu.

Quem pode argüir a nulidade ? Art. 565 do CPP - qualquer parte pode argüi-la, desde que:a) não tenha dado causa a nulidade;b) não tenha concorrido para a nulidade;c) tenha interesse.

No inquérito policial, pode-se falar em nulidade ? Resp.: Em princípio não. Mas tem prova do inquérito policialque tem valor judicial. Com exemplo, a prova pericial. Estaprova pode ser nula e não o inquérito policial inteiro.

Efeitos da Declaração da Nulidade - Art. 573 do CPP

1. Os atos declarados nulos devem ser renovados ou refeitos.2. O ato processual não afetado pela nulidade deve serconservado, preservado, mantido intacto.

3. Os atos afetados pela nulidade devem também ser declaradosnulos. O juiz deve dizer quais os atos que foram afetados pelanulidade. Por exemplo: citação nula, o processo estarátotalmente nulo dela para frente. O Juiz pode dizer quedeclara nulo o processo a partir das folhas de número tal. É anulidade derivada ou ineficácia contagiosa.

Qual é o recurso cabível quando o juiz anula o ato ? Resp.: Cabe recurso em sentido estrito.

A incompetência do juízo é nulidade relativa ou absoluta ? Resp.: Depende de qual é a incompetência do juízo. Exemplo: sefor incompetência ratione materiae (justiça militar julgacrime comum), é nulidade absoluta. Se for incompetênciaratione loci, a nulidade é relativa.

DOS RECURSOS

Recurso é um meio jurídico de se provocar o reexame de decisãoque não transitou em julgado. Após o trânsito em julgado cabeações de impugnação. Exemplo: Revisão Criminal.

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Fundamentos dos Recursos - é o duplo grau de jurisdição.

Juízo a quo - é o órgão contra o qual se recorre.

Juízo ad quem - é o órgão para o qual se recorre. Normalmente éum órgão de jurisdição superior. Exceções: Embargos deDeclaração, Protesto Por Novo Júri, Protesto Para TurmasRecursais.

O recurso para as partes é um ônus processual, portanto, nãointerposto, dá-se a preclusão. O defensor dativo pode apelar. Éfacultativo.

Pressuposto lógico - existência de uma decisão de mérito.

As decisões interlocutórias, excepcionalmente admitem recursos(Art. 581, CPP).

Classificação dos Recursos

Os recursos se classificam em:1. Ordinários - os demais recursos.2. Extraordinários - são o Recurso Especial e o RecursoExtraordinário.

Princípio da Voluntariedade - os recursos são voluntários. Édizer: a parte entra com recurso se quiser. Parte da doutrina fala em recurso necessário, que é aquelerecurso ex officio. Tecnicamente não é recurso, é caso de duplo graude jurisdição obrigatório. Hipóteses:a) concessão de habeas corpus;b) absolvição sumária no júri;c) concessão de reabilitação;d) etc.

Súmula 423 do STF - sem o duplo grau, a decisão não transita emjulgado.

O recurso ex officio, mesmo com a CF/88, ainda subsiste.

Pressupostos e Princípios Recursais

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1. Previsão legal do recurso - é o princípio da tipicidade ouda taxatividade dos recursos. Os recursos devem estarprevistos em lei.

2. Recurso adequado - deve-se escolher o recurso certo. Se orecurso for inadequado, mas havendo boa fé, ele é recebido. Éo chamado Princípio da Fungibilidade dos Recursos. Só éadmitido se o recurso equivocado for interposto no prazo parao recurso certo. Em caso de erro grosseiro, não se admite afungibilidade. Exemplo: entrar com recurso extraordinário parao TACrim. Em caso de endereçamento equivocado, não haveránulidade. O recurso é admitido pelo Princípio da Conversão.Vigora também o Princípio da Unirrecorribilidade, ou seja, emprincípio, só cabe um recurso para cada decisão. Exceções:Protesto por Novo Júri e Apelação; Recurso Extraordinário eRecurso Especial.

3. Tempestividade - o recurso deve ser interposto dentro doprazo legal. Não sendo interposto, ocorre a preclusão.

Prazos Gerais de Recursos

1. Prazo de 5 dias - apelação, recurso em sentido estrito,protesto por novo júri, agravos;

2. Prazo de 10 dias - embargos infringentes, embargos denulidade;

3. Prazo de 15 dias - recurso extraordinário, recursoespecial;

4. Prazo de 2 dias - embargos de declaração;5. Revisão criminal - não tem prazo para ser interposta.

Observação: havendo dúvida sobre a tempestividade, admite-se orecurso. Os prazos são contínuos e peremptórios, ou seja, nãose interrompem nas férias, sábados, domingos ou feriados.Se o prazo terminar em um domingo, prorroga-se o prazo para oprimeiro dia útil subsequente. A contagem começa a partir da intimação.Quando haver intimação por carta precatória, o prazo conta-seda juntada dela aos autos.O prazo processual é contado desprezando-se o dia do começo. Se a intimação for feita na sexta-feira, o prazo começa noprimeiro dia útil subseqüente. É o que dispõe a Súmula 310 doSTF.

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O importante é protocolar o recurso no prazo. O recebimento nãoimporta. Súmula 428 do STF.O prazo conta-se em dobro para o defensor público. Ajurisprudência diz que o prazo também conta-se em dobro para odefensor nomeado.

FORMALIDADES LEGAIS DOS RECURSOS

1. Formas de Interposição

Regra Geral - é interposto por petição. Excepcionalmente tambémé possível por termos nos autos ou inequívoca manifestação daparte. Desde 1994 também é admitido o recurso por fax.

2. Motivação do Recurso

O recurso tem que vir acompanhado das razões, para que sepermita o contraditório, ou seja, as contra-razões.O protesto por novo júri pode ser interposto sem razões.Em se tratando de apelação, aplica-se o Art. 601 do CPP, quedispõe que com ou sem razões o recurso será conhecido.

3. Preparo É o pagamento das custas. Só é exigido nas queixas. Em açãopública não tem preparo. No Estado de São Paulo há isenção total de custas, inclusivepara as queixas.

4. Recolhimento à prisão, salvo se primário e de bons antecedentes.

Pressupostos Subjetivos dos Recursos

1. Interesse - tem interesse quem foi prejudicado peladecisão. O MP também pode recorrer em favor do réu, poistambém atua como fiscal da lei. O MP também pode impetrarhabeas corpus em favor do réu. Se o réu for absolvido, elepode recorrer para alterar o fundamento da absolvição.Reconhecida a prescrição, não é mais possível recurso paraexame do mérito. Quando se tratar de ação privada e o réu forabsolvido, somente o querelante tem interesse em recorrer,sendo impossível o MP recorrer.

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2. Legitimidade - só tem legitimidade para recorrer as partesprejudicadas. São partes: o MP, o réu, defensor do réu, eexcepcionalmente a vítima (Art. 598, CPP). Em caso de crimefalimentar, podem recorrer o MP, o síndico e os credores. Emcrimes contra o consumidor, podem recorrer o MP ou qualquersociedade ou associação de defesa do consumidor.

Juízo de Admissibilidade de Recurso

É a verificação dos requisitos recursais. Se o recurso foradmitido, fala-se que ele é conhecido. Se o recurso não foradmitido, fala-se que ele não foi conhecido.Esta admissibilidade é feita pelo juízo a quo e pelo juízo adquem. O juízo de admissibilidade de 1º grau não vincula o de 2ºgrau. O juízo de admissibilidade é conhecido por juízo de prelibação.

Diferença entre Juízo de Prelibação e Juízo de Delibação

Juízo de Prelibação é a mesma coisa que juízo deadmissibilidade do recurso.Juízo de Delibação é um juízo superficial sobre a legalidade deum ato. Exemplo: homologação de sentença estrangeira pelo STF.

Recurso Conhecido e Recurso Não Conhecido

Recurso conhecido é o recurso que preenche todos os requisitoslegais.Recurso não conhecido é o recurso que não preenche um dosrequisitos legais. O recurso conhecido pode ser provido ou não provido. O recursoé provido quando o Tribunal admite o pedido recursal. O recursonão é provido quando o Tribunal não admite o pedido recursal.

Extinção Anormal dos Recursos

Os recursos se extinguem normalmente quando é julgado.São causas de extinção anormal dos recursos.1. Falta de preparo;2. Deserção - se dá com a fuga do apelante (Art. 595, CPP).Só existe deserção na apelação.

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3. Desistência - não se confunde com renúncia, pois adesistência pressupõe recurso já interposto e a renúncia se dáantes da interposição do recurso.

Quanto aos recursos vigora o Princípio da Disponibilidade dosRecursos. Exceção: o Ministério Público não pode desistir dorecurso interposto (Art. 576, CPP).

Regra Geral Se o defensor desiste é preciso também ouvir o réu. Se o acusado desiste, é preciso formalizar a desistênciaperante o juiz.

Divergência entre réu e advogado, prevalece a vontade de quemquer recorrer.

EFEITOS DOS RECURSOS

1. Evita a coisa julgada;2. Efeito Devolutivo - todo recurso devolve ao órgão recursalo reexame da decisão. Esta devolução pode ser total ouparcial, dependendo do recurso;

3. Efeito Suspensivo. Regras:a) Recurso em Sentido Estrito - em regra, não tem efeitosuspensivo. Exceção: Art. 584 do CPP;

b) Apelação - em regra em efeito suspensivo;c) Recurso Extraordinário, Especial e Recurso emSentença Absolutória - não tem efeito suspensivo.

4. Efeito extensivo - o recurso só aproveita ao réu querecorreu. Rege o Princípio da Personalidade. Exceção: Art. 580- a decisão no recurso interposto por um réu estende-se aooutro co-réu, salvo se a decisão for fundada em motivospessoais.

O Recurso é dirigido ao órgão competente.

Competência do Tribunal de Justiça de São Paulo1. Crimes punidos com reclusão;2. Tóxicos;3. Crimes Falimentares;4. Crimes do Júri;5. Crimes de Responsabilidade de Prefeitos e Vereadores;6. Crime patrimonial com resultado morte.

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Competência do TACrim1. Todas as infrações não punidas com reclusão;2. Todos os crimes patrimoniais.

Recursos ao STJ1. Ordinário - somente quando houver habeas corpus denegado;2. Especial - ver capítulo posterior.

Recursos ao STF1. Extraordinário - 2. Ordinário: somente quando o habeas corpus é denegado emdecisão única nos Tribunais Superiores e Crimes Políticos.

Delimitação Do Âmbito Do Recurso

Onde o recurso é delimitado ? Resp.: Na petição de interposição.

Recurso de fundamentação Livre - é o caso da apelação, porquenela pode-se discutir qualquer hipótese.

Recurso de fundamentação vinculada - exemplo: recursoextraordinário e recurso especial. Estes recursos exigem umamotivação especial.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITOArt. 581 do CPP

O rol do Art. 581 é taxativo, porém:1. esse recurso também está previsto em leis especiais;2. em casos excepcionais a jurisprudência admite a analogia.

Prazo - deve ser interposto no prazo de 5 dias. Exceção: Art.581, XIV, que tem o prazo de 20 dias.Em regra, se processa em instrumento (autuação apartada).Excepcionalmente sobre nos autos principais (Art. 583 do CPP).

Aspectos Procedimentais1. O escrivão forma o instrumento. Ele copia as principaispeças dos autos.

2. É motivado. Tem o prazo de 2 dias para oferecer razões e 2dias para as contra-razões. Não cabe contra-razões em 2º grau.

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O juiz pode sustentar ou reformar a decisão. Se reformar, cabenovo recurso pela parte prejudicada.

Hipóteses de Cabimento:

1. quando o juiz não recebe a denúncia ou queixa. Se recebe,em tese cabe Habeas Corpus. A Lei de Imprensa determina que seo juiz rejeitar a denúncia ou queixa, cabe apelação. Em casode rejeição parcial cabe recurso em sentido estrito.

2. quando o juiz se dá por incompetente. Quando o juiz se dápor competente não cabe recurso nenhum.

3. quando o juiz julga procedente as exceções, salvo a desuspeição.

4. quando o juiz pronuncia ou impronúncia o réu. Em caso deabsolvição sumária cabe recurso em sentido estrito e recursoex officio. Se o juiz desclassificar o crime, também é cabívelo recurso em sentido estrito.

5. quando o juiz profere qualquer decisão relacionada afiança.

6. quando o juiz indefere prisão preventiva. Se defere, cabeHabeas Corpus.

7. quando o juiz concede liberdade provisória. Se o juizindefere a liberdade provisória cabe habeas corpus.

8. quando o juiz julgar extinta a punibilidade ou indeferir opedido de extinção da punibilidade.

9. quando o juiz concede ou denega o habeas corpus. Daconcessão de habeas corpus cabe recurso ex officio.

10. quando o juiz anula o processo.11. quando deserta a apelação.12. quando o juiz suspende o processo.13. do julgamento do incidente de falsidade.

Todas as hipóteses do Art. 581 que se relacionam com execuçãopenal cabe o agravo em execução previsto na LEP.

A vítima pode interpor Recurso em Sentido Estrito ? Resp.: Sim, pode, nas seguintes hipóteses: a) impronúncia; b) extinção da punibilidade.

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Nos dois casos acima, a vítima só poderá interpor o recurso seo Ministério Público não recorreu, pois é um recursosubsidiário.

APELAÇÃOArt. 593 do CPP

A apelação permite o reexame da matéria fática e jurídica. Prazo - 5 dias. Quando é cabível ?Art. 593, CPP - está prevista no CPP e também em leisespeciais.

Apelação contra decisão do juiz singularHipóteses de cabimento:1. sentença condenatória ou absolutória;2. decisões definitivas ou com força de definitivas das quaisnão caiba Recurso em Sentido Estrito. Exemplo: quando o juizjulga liminares; suspensão do Art. 89; etc.

Existe decisão definitiva não apelável ? Resp.: Sim, existe, se dá nos casos de competência originária.

Decisão que arquiva inquérito policial não cabe recurso.Decisão que concede reabilitação cabe apelação e recurso exofficio.É perfeitamente possível a apelação em favor de réu revel,salvo se o juiz determinar a prisão deste para apelar.

Apelação contra decisão do Tribunal do Júri

É uma apelação com fundamentação vinculada, porque só cabe nashipóteses estritamente previstas em lei. Hipótese de cabimento:1. quando houver nulidade posterior à pronúncia;2. quando a sentença do juiz for contrária à lei expressa ouà decisão dos jurados;

3. quando houver erro ou injustiça na aplicação da pena;4. quando a decisão dos jurados for manifestamente contráriaàs provas dos autos. Sob esse fundamento só é possível uma

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única apelação, seja por parte do réu, seja por parte do MP ouvítima.

Nas três primeiras hipóteses, se o Tribunal der provimento aorecurso, rescinde a decisão, isto é, o acórdão substitui adecisão. Na quarta e última hipótese, se o Tribunal der provimento aorecurso, ele cassa a decisão anterior e determina novojulgamento. O Tribunal não pode substituir a decisão dosjurados. Se no segundo julgamento os jurados mantiverem adecisão, respeita-se a soberania dos veredictos.

O Tribunal pode afastar qualificadora reconhecida pelo Júri ? Resp.: Não pode. Se for o caso, o Tribunal manda a novojulgamento.

O Tribunal pode reconhecer qualificadora afastada pelo Júri ? Resp.: Não pode, é matéria dos jurados. Se for o caso, oTribunal manda a novo júri.

Princípio da Consunção - Art. 593, § 4º, CPP - quando forcabível a apelação, não cabe o recurso em sentido estrito. Em caso de ação pública, pode a vítima apelar ? Resp.: Excepcionalmente sim (Art. 598, CPP). Não importa se avítima está habilitada ou não. É uma apelação supletiva ousubsidiária, que significa que a vítima só pode apelar se o MPnão apelou.

Se o MP apelar apenas de uma parte da sentença, a vítima podeapelar quando a outra parte.

A vítima pode apelar para agravar a pena ? Há divergência na doutrina e jurisprudência. Predomina oentendimento positivo.

Prazo para a vítima apelar:1. vítima não habilitada - 15 dias, contados do transcurso doprazo para o MP (Súmula 448 do STF);

2. vítima habilitada - não se sabe se é em 5 dias ou em 15dias, pois o tema é polêmico. Não há consenso. Na dúvida,admite-se o recurso. Se a vítima foi intimada antes do MP, oprazo conta-se do decurso do prazo para o MP apelar. Já se a

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vítima foi intimada depois do transcurso do prazo para o MPapelar, o prazo conta-se a partir da intimação.

Aspectos Procedimentais

1. O recurso é dirigido ao Tribunal, mas o juízo a quo faz ojuízo de admissibilidade. SE o juiz não receber a apelaçãocabe recurso em sentido estrito. Se o juiz também não recebero recurso em sentido estrito, cabe carta testemunhável.

2. É um recurso motivado, ou seja, deve vir acompanhado derazões e contra-razões. Prazo - as razões e contra-razõesdevem ser apresentadas em 8 dias. Nas contravenções o prazo éde 3 dias. Se as razões e contra-razões forem apresentadasfora do prazo, é mera irregularidade, pois com ou sem razões orecurso sobe para o Tribunal (Art. 601, CPP).

As razões podem ser apresentadas em 2ª Instância (Art. 600,CPP).

Falta de contra-razões da defesa anula o processo ? Resp.: Sim, anula.

A apelação, em regra, sobe nos autos principais (Art. 600,CPP).

Apelação em 2º GrauEm 2º grau existe a apelação ordinária (Art. 613, CPP) e aapelação sumária.

Apelação Ordinária - vale para os crimes punidos com reclusão.Ordem procedimental:1. sorteio do relator;2. vistas ao MP;3. vistas ao relator;4. vistas ao revisor;5. julgamento.

Apelação Sumária - não existe revisor. Vale para os demaiscrimes, ou seja, para as infrações que não sejam punidas comreclusão.

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A defesa tem direito de opinar em 2º grau ? Resp.: Tem. Ela manifesta-se por meio de memoriais ou podefazer sustentação oral.

A intimação da data do julgamento é indispensável (Súmula 431do STF).O Tribunal pode converter o julgamento em diligência. Porexemplo: quando quer ouvir testemunhas.A decisão é proferida por maioria de votos. Em caso de empate,vale a decisão mais favorável ao réu.

Efeitos da Apelação

1. Efeito devolutivo - a apelação devolve ao Tribunal oconhecimento da matéria. Pode ser uma devolução total ouparcial, surgindo a apelação plena e a apelação parcial (Art.599, CPP);

2. Efeito Suspensivo - se a sentença for absolutória não temefeito suspensivo. Se a sentença for condenatória, a apelaçãotem efeito suspensivo, salvo no que se refere à prisão, ouseja, se o juiz mandar prender o réu, deve-se prender o réu;A regra é o recolhimento do réu a prisão para poder apelar. Exceção: quando o réu tem o direito de livrar-se solto; quandopresta fiança; quando for primário e de bons antecedentes.

Reformatio In Pejus - Art. 617, CPP - quando a apelação é exclusivado réu, o Tribunal não pode agravar a sua situação.

Reformatio in pejus indireta - anulada uma sentença condenatória emrecurso exclusivo do réu, pode o juiz fixar pena maior ?Não, não pode. Se pudesse o réu estaria sendo prejudicado porum recurso dele.

Indo o réu a novo Júri, pode o juiz fixar pena maior ? Resp.: Há polêmica. A melhor posição diz que se o MinistérioPúblico concordou com a pena anterior, o juiz não pode aplicarpena maior, mas desde que o julgamento seja o mesmo.

Da Reformatio in Mellius -

O Tribunal pode de ofício melhorar a situação do réu ?

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Resp.: O tema é polêmico. O STF diz que não. Os demaisTribunais dizem sim. Para o concurso devemos dizer que sim, emduas hipóteses:

1. o Tribunal pode conceder ao réu algo mais favorável do queele pediu;

2. o Tribunal pode, no recurso exclusivo da acusação,melhorar a situação do réu.

DO PROTESTO POR NOVO JÚRIArts. 607 e 608 do CPP

Conceito - é o pedido de novo julgamento.

Hipótese de Cabimento - cabe quando a pena por um crime forigual ou superior a 20 anos.Tratando-se de concurso material de crimes, as penas não podemser somadas para pedir Protesto Por Novo Júri. Se a pena atingir 20 anos por força de concurso formal ou crimecontinuado, é cabível este recurso.Não importa se a pena for fixada em 1º ou 2º grau.Está revogado o § 1º do Art. 607 do CPP.

Características:1. é recurso exclusivo da defesa;2. prazo - 5 dias, contados do julgamento;3. é um recurso dirigido ao juiz Presidente do Tribunal doJúri;

4. não possui razões;5. só é cabível uma única vez;6. efeito - cassa o julgamento anterior e permite novojulgamento.

Se o juiz não recebe o Protesto Por Novo Júri, cabe CartaTestemunhável.Em caso de crime conexo, às vezes cabe Apelação e Protesto PorNovo Júri. Nesta hipótese, a apelação aguarda o novojulgamento.Caso o Ministério Público tenha concordado com a pena anterior,o juiz no novo julgamento não poderá fixar pena maior, desdeque este julgamento seja idêntico ao anterior.O jurado que participou do julgamento anterior não podeparticipar do novo julgamento (Súmula 206 do STF).

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EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADEArt. 609, Parágrafo Único, do CPP

Diferença entre Embargos Infringentes e Embargos de NulidadeOs embargos infringentes referem-se ao mérito da causa. Refere-se a punibilidade.Os embargos de nulidade referem-se a matéria processual queleva a nulidade.

Hipóteses de Cabimento

1. Somente contra decisão de 2ª Instância;2. Decisão proferida em Apelação, Recurso em Sentido Estritoou Agravo em Execução. Não cabe embargos em decisão que julgarevisão criminal;

3. Decisão não unânime;4. Desfavorável ao réu;5. Um voto vencido em favor do réu.

Extensão dos Embargos

Os embargos não podem extrapolar os limites do voto vencido. Seo voto vencido é parcial, os embargos serão parcial.

Características1. é um recurso exclusivo do réu. Tanto o réu quanto o seudefensor podem interpô-lo;

2. prazo - 10 dias, contados da publicação do acórdão;3. o recurso deve vir acompanhado das razões;4. competência para julgamento - toda Câmara to TACrim écomposta por 5 juizes. É julgado pela mesma Câmara;

5. permite a retratação;6. havendo empate, prevalece a decisão mais favorável ao réu;7. tem efeito suspensivo;8. não confundir embargos infringentes com embargosdivergentes. Estes só existem em Brasília, só cabem no STJ eSTF, quando a decisão de uma Turma diverge da outra ou doPlenário.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

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Arts. 619 e 620 do CPP

Em 2º grau - Cabe contra os acórdãos proferidos pelos Tribunaisde Apelação, Câmaras ou Turmas.Prazo - 2 dias, contados da publicação do acórdão.Qualquer parte pode interpor embargos de declaração.Hipóteses de Cabimento: cabe quando o acórdão for omisso,obscuro, ambíguo ou contraditório.É possível embargos contra o acórdão e não contra a ementa.Finalidade - visa esclarecer o acórdão. Às vezes a finalidade éalterar o sentido da decisão. Exemplo: em casos de contradição.Normalmente não se ouve a parte contrária (inaudita alteraparte). Julgamento - é competência do mesmo órgão que decidiu a causaque julga.Os embargos interrompem o prazo para recurso. Exceção: Lei dosJuizados, onde os embargos suspendem o prazo.

DA CARTA TESTEMUNHÁVELArts. 639 e seguintes do CPP

É um recurso subsidiário. Visa das andamento a um outrorecurso. Finalidade: visa promover o andamento de outro recurso que nãofoi recebido ou que foi paralisado. Hipótese de Cabimento: cabe apenas em se tratando de Recurso emSentido Estrito, Protesto Por Novo Júri e Agravo Em Execução.

Aspectos Procedimentais

É um recurso dirigido ao escrivão ou diretor do cartório.Prazo - 48 horas (conta-se minuto a minuto). Na prática, conta-se 2 dias.Não tem efeito suspensivo (Art. 646, CPP).O escrivão elabora um instrumento. Em seguida vem as razões eas contra-razões. Ato seguinte, os autos vão ao juiz, que poderetratar-se. Se não se retratar, o recurso sobe ao Tribunal.Se a carta estiver bem instruída, o Tribunal pode julgar aCarta Testemunhável e o Recurso que estava paralisado (Art.644, CPP).

DA CORREIÇÃO PARCIAL

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Corrigente - é quem entra com a correição parcial.Corrigido - é o juiz contra qual se entra com a correiçãoparcial. É um recurso. No Estado de São Paulo, está previsto no CódigoJudiciário de São Paulo. O STF já disse que é constitucional.

Hipóteses de Cabimento: cabe contra decisão do juiz que implicainversão tumultuária.

Finalidade - corrigir um erro ou abuso do juiz .

A correição parcial pode ser interposta por qualquer parte.

Procedimento - há duas correntes:1. Segue o procedimento do agravo de instrumento do CPC;2. Segue o procedimento do recurso em sentido estrito do CPP.Atualmente tem predominado a segunda corrente najurisprudência.

Julgamento - é julgado pelo órgão de 2º Instância.Não tem efeito suspensivo.É cabível durante a fase de inquérito policial.

Comprovado o abuso do juiz, pode ele ser punido da correiçãoparcial ?

Resp.: Não, não pode. O juiz não é punido na própria correiçãoparcial. Encaminha-se cópia de tudo ao Conselho Superior daMagistratura.

DOS AGRAVOS NO PROCESSO PENAL

Há cinco modalidades de agravos no processo penal:1. Agravo de Instrumento - cabe contra decisão que indefere oprocessamento de Recurso Extraordinário ou Especial;

2. Agravo Inominado - Art. 625, § 3º, CPP - cabe contradecisão que indefere liminarmente decisão;

3. Cabe em casos de competência originária, contra asdecisões do relator;

4. Agravos Regimentais - estão previstos nos regimentosinternos dos Tribunais;

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5. Agravo em Execução - está no Art. 197 da LEP. Cabe contradecisão do juiz das execuções. Segue o procedimento do Recursoem Sentido Estrito. Não tem efeito suspensivo. Exceção: agravocontra decisão que libera quem cumpria Medida de Segurança.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO

É interposto ao STF.Finalidade - manter a supremacia da CF.Só cabe contra decisão judicial. Nunca cabe contra decisãoadministrativa.

Hipóteses de Cabimento: estão elencadas no Art. 102 da CF. CabeRecurso Extraordinário:1. quando a decisão contraria a Constituição Federal;2. quando a decisão declara a inconstitucionalidade deTratado ou Lei Federal;

3. quando a decisão julgar válida a Lei ou Ato de GovernoMunicipal ou Estadual Local que conflita com a CF.

Cabe Recurso Extraordinário contra decisão de 1º grau ? Resp.: É possível. Cabe contra as Turmas Recursais dosJuizados.

Requisitos do Recurso Extraordinário1. esgotamento dos recursos ordinários (Súmula 281 do STF);2. existência de uma questão jurídica constitucional. Nãocabe Recurso Extraordinário para discutir matéria fática.Também não cabe Recurso Extraordinário para reexame de provas(Súmula 279 do STF);

3. Pré-questionamento da questão constitucional. A questãodeve ser discutida no acórdão recorrido. Se houve omissão noacórdão, deve-se entrar com Embargos de Declaração (Súmula 356do STF).

Efeito do Recurso Extraordinário - só tem o efeito devolutivo.

Qualquer parte pode interpor Recurso Extraordinário, inclusiveo assistente do MP pode, mas somente nas hipóteses em que elepode recorrer (Súmula 210 do STF).

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Prazo - 15 dias.

Está revogada a Súmula 602 do STF.O Recurso é interposto junto ao Presidente do TribunalRecorrido. Deve conter as razões (Súmula 284 do STF). Emseguida, vem as contra-razões. Depois, vem o juízo deadmissibilidade. O primeiro juízo de admissibilidade é feitopelo Presidente do Tribunal Recorrido. Se o Presidente indefereo recurso, cabe Agravo de Instrumento.Quem julga o Recurso Extraordinário é uma das Turmas do STF. Sea decisão de uma Turma conflita com a decisão da outra Turmacabe Embargos de Divergência. Se o juiz não cumpre a decisão do STF, cabe reclamação ao STF.

Argüição de Relevância - acabou com a CF/88.

DO RECURSO ESPECIAL

É o recurso que cabe ao STJ.

Finalidade - uniformizar a aplicação da Lei Federal.

Hipóteses de Cabimento - Art. 105 da CF. Só cabe contradecisões de Tribunais. Não cabe contra decisões de TurmasRecursais. É cabível:1. quando a decisão contraria Tratado ou Lei Federal ou nega-lhes vigência;

2. quando a decisão julga válida Lei ou Ato de Governo Localque contraria Lei Federal;

3. quando houver divergência jurisprudencial entre Tribunaisdiferentes (Súmula 13 do STJ).

Súmula 291 do STF - o recorrente tem que comprovar adivergência.

Requisitos do Recurso Especial1. existência de uma decisão de um Tribunal da Justiça Comum;2. esgotamento das vias ordinárias;3. existência de uma questão jurídica federal. Não cabe paradiscutir matéria fática. Também não cabe para reexame deprovas (Súmula 7 do STJ);

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4. pré-questionamento. A questão deve ser discutida noacórdão recorrido. Se houve omissão no acórdão, deve-se entrarcom Embargos de Declaração.

Efeito do Recurso Extraordinário - só tem o efeito devolutivo.

Aspectos ProcedimentaisQualquer parte pode interpor Recurso Extraordinário, inclusiveo assistente do MP pode, mas somente nas hipóteses em que elepode recorrer. Prazo - 15 dias.O Recurso é interposto junto ao Presidente do TribunalRecorrido. Deve conter as razões. Em seguida, vem as contra-razões. Depois, vem o juízo de admissibilidade. O primeirojuízo de admissibilidade é feito pelo Presidente do TribunalRecorrido. Se o Presidente indefere o recurso, cabe Agravo deInstrumento.Quem julga o Recurso Especial é uma das Turmas do STJ. Se adecisão de uma Turma conflita com a decisão da outra Turma cabeEmbargos de Divergência.

A decisão no Recurso Especial não requer maioria absoluta,basta maioria simples (decisão de Setembro de 1997). O STFdisse que o Art. 181 do Regimento Interno do STJ éinconstitucional porque previa maioria absoluta.Quando cabíveis Recurso Extraordinário e Recurso Especial,devem ser interpostos em petições diferentes. O RecursoEspecial é julgado em primeiro lugar, salvo se o RecursoExtraordinário for prejudicial.

Competência em Habeas Corpus1. Habeas corpus contra decisão de Tribunal (órgão colegiado)- competência do STF;

2. Habeas corpus contra decisão isolada de membro de Tribunal- competência do STJ;

3. Habeas corpus contra decisão que denegou Habeas Corpus -neste caso cabe Recurso Ordinário ao STJ.

DA REVISÃO CRIMINAL

É uma ação que permite rever uma sentença que já transitou emjulgado. Ela desfaz a coisa julgada.

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Quem é o réu na revisão criminal ? Resp.: A revisão criminal não tem réu, porque é uma açãoimpugnativa de uma decisão precedente.

Finalidade - corrigir uma injustiça e restabelecer o statuslibertatis e o status dignitatis.

Pressupostos -1. existência de sentença condenatória. A sentençaabsolutória imprópria também admite, pois fixa Medida deSegurança. Não importa a infração cometida e nem oprocedimento. Não cabe revisão criminal contra sentençaabsolutória própria e nem contra decisão do juiz dasexecuções. Também não cabe contra decisão que concede perdãojudicial e decisão de pronúncia.

2. trânsito em julgado.Se ocorrer a prescrição da pretensão punitiva não é maispossível entrar com revisão criminal, porque não existesentença condenatória.

Prazo para Interpor Revisão Criminal - não existe prazo.

É cabível a revisão criminal antes, durante e depois documprimento da pena. Também cabe revisão criminal pro vivo epro morto. Só existe revisão criminal pro réu.É um pedido dirigido ao Presidente do Tribunal competente.Jamais um juiz de 1º grau julgará uma revisão criminal, mesmona hipótese de condenação pelos juizados.

Hipóteses de Cabimento - Art. 621 do CPP:1. quando a sentença contraria texto expresso de lei penal.Engloba a lei penal propriamente dita e a lei processualpenal;

2. quando a sentença for contraria à evidência das provas;3. quando a sentença teve por fundamento um depoimento oudocumento comprovadamente falso. Primeiro deve-se provar afalsidade para depois entrar com o pedido de revisão criminal;

4. quando são descobertas novas provas que favoreçam os réus;5. para anular o processo. Na prática entra-se com habeascorpus, pois tem um processamento mais célere.

Que se entende pela Teoria da Afirmação ?

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Resp.: O autor da ação de revisão deve afirmar na inicial umadas hipóteses legais de cabimento da revisão, sob pena decarência de ação.

O autor da ação de revisão criminal que a teve por indeferida,pode reiterar seu pedido, desde que haja novas provas ouinvoque novo fundamento.

Não cabe revisão criminal:1. para reexame de provas;2. para alterar o fundamento da condenação.

Competência:1. STF e STJ - são competentes para julgar a revisão de suaspróprias condenações;

2. TRF - é competente para julgar a revisão de suas própriascondenações e das condenações dos juizes federais;

3. TJ - é competente para julgar a revisão de suas própriascondenações e das condenações dos juizes de 1º grau, que sãoda sua competência recursal;

4. TACrim - é competente para julgar a revisão de suaspróprias condenações e das condenações dos juizes de 1º grau,que são da sua competência recursal;

No Tribunal de Justiça e Tribunal de Alçada Criminal quem julgaé o grupo de Câmaras, que é composto por duas Câmaras.

Legitimidade Para Propor Revisão Criminal:1. réu, pessoalmente;2. procurador com poderes especiais;3. réu morto - cônjuge, ascendente, descendente e irmão;4. Ministério Público - o tema é polêmico, mas prevalece aposição que pode, pois age como custus legis.

A vítima não participa do processo de revisão criminal.

Aspectos procedimentais:Réu solto não precisa recolher-se à prisão (Súmula 393 do STF).Cabe ao réu provar o trânsito em julgado da sentença.Ao autor da ação cabe provar o que alegou.A revisão não tem efeito suspensivo.

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O pedido pode ser indeferido liminarmente, seja peloPresidente, seja pelo Relator. Desta decisão cabe AgravoInominado (Art. 625 do CPP).O Tribunal querendo poderá converter o julgamento emdiligências.

Ordem ProcedimentalAdmitida a revisão, os autos vão ao Ministério Público. Atoseguinte, vão para o relator, que deve ser distinto do relatordo processo. Depois, os autos vão para o revisor. Ato seguinte os autor vãopara o julgamento.

Recursos Cabíveis1. Embargos de Declaração;2. às vezes cabem Recurso Extraordinário e Recurso Especial;3. jamais são cabíveis embargos divergentes ou de nulidade.

Decisões Possíveis do Tribunal1. desclassificar a infração e impor pena menor;2. absolver o réu;3. modificar a pena para melhor;4. anular o processo.Nas três primeiras hipóteses tem-se o juízo rescindente e ojuízo rescisório. O Tribunal rescinde a sentença anterior ejulga o assunto, proferindo nova sentença.Na quarta hipótese só existe juízo rescindente, porque oTribunal anula o processo, fazendo-o voltar ao órgão do 1ºgrau.

Na anulação do processo, o juiz pode impor pena maior da que apena anterior ?

Resp.: Não, não pode haver reformatio in pejus.

O Tribunal pode deferir a revisão por fundamento distinto dopedido do réu ?

Resp.: Sim, pode, pois a decisão favorece o réu.

Se o réu for absolvido na revisão criminal, todos os seusdireitos são restabelecidos automaticamente.

Indenização Civil

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Quando o réu é condenado por erro judiciário, ele tem direito auma indenização civil. Cabe ao réu entrar com uma ação autônomade indenização ou pedir a indenização no próprio pedido derevisão (Art. 630, CPP). Neste último caso, se o Tribunalreconhecer o direito a indenização, ele não fixa o quantum.Cabe ao réu, antes de executar a decisão, liqüidá-la.A responsabilidade objetiva de pagar a indenização é do Estado.Se a condenação foi pela Justiça Federal, quem paga é a União.Já, se a condenação foi pela Justiça Estadual, quem paga aindenização é o Estado-Membro.

Observações finais1. não importa se tenha havido ação privada. Está revogado o§ 2º do Art. 630 do CPP;

2. se o réu concorreu para a sentença injusta, não terádireito a indenização;

3. a indenização não ofende a coisa julgada.

Questões Finais:

A revisão criminal ofende a soberania do Júri ? Resp.: Não ofende.

A sentença estrangeiro, depois de homologada pelo STF, admitea revisão criminal no Brasil ?

Resp.: Não, é impossível.

Hipótese de várias condenações: é um pedido de revisãocriminal para cada condenação.

Abolitio Criminis - não cabe revisão criminal, pois ela apagatodos os efeitos penais.

Anistia - não cabe revisão criminal, pois ela apaga todos osefeitos penais.

Art. 580, CPP - efeito extensivo - revisão concedida a um co-réu estende-se ao outro co-réu, salvo se a revisão teve ummotivo pessoal.Havendo empate na decisão, prevalece a mais favorável ao réu.

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HABEAS CORPUS

É um remédio jurídico que tutela a liberdade de locomoção dapessoa humana. Qualquer outro direito é tutelado pelo Mandadode Segurança. É uma garantia constitucional. É uma ação, que àsvezes funciona como recurso.

Espécies de Habeas Corpus

1. Liberatório ou Suspensivo - quando já existeconstrangimento ilegal. Concedido o habeas corpus, o juizexpede o alvará de soltura ou o contra mandado de prisão.

2. Preventivo - quando há ameaça de constrangimento.Concedido o habeas corpus, o juiz expede o salvo conduto.

Legitimidade Ativa - quem pode impetrar habeas corpus ?Qualquer pessoa. É exemplo de ação popular. Exemplo: maior,menor, louco, pessoa jurídica, Ministério Público, inclusive em2ª Instância. O juiz só pode impetrar habeas corpus se nãoinvocar a qualidade de juiz, mas a de cidadão.

Capacidade Postulatória - não é necessário ser advogado paraimpetrar habeas corpus.

Habeas corpus de ofício - é possível (Art. 654 do CPP).

Legitimidade Passiva e Competência: trata do coator.Normalmente é uma autoridade. Mas também é cabível contraparticular. Exemplo: quando um hospital prende o paciente. a) habeas corpus contra autoridade policial - é julgado porjuiz;

b) habeas corpus contra particular - é julgado por juiz;c) habeas corpus contra juiz - é julgado em 2ª Instância;d) habeas corpus contra promotor - é julgado em 2ª Instância;e) habeas corpus contra ato de Tribunal - é julgado pelo STF;f) habeas corpus contra ato isolado de membro de Tribunal - éjulgado pelo STJ;

g) habeas corpus contra prisão civil - é sempre julgado porum órgão civil;

h) habeas corpus contra juiz dos juizados - é julgado por umaTurma Recursal, onde existe.

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Hipóteses de Cabimento (art. 648, CPP):

1. quando não houver justa causa para o inquérito policial,processo ou prisão;

2. quando o réu está preso por mais tempo que determina alei. Duas hipóteses:

a) preso que já cumpriu pena;b) excesso de prazo na formação da culpa. Exemplo: oprazo de encerramento da instrução é de 81 dias e havendoexcesso em seu encerramento, mas sem justa causa, libera-se o preso.;

3. quando quem ordenou a prisão não tinha qualidade parafazê-lo;

4. quando cessou o motivo da prisão. Exemplo: juiz decretaprisão por conveniência de instrução;

5. quando indeferida a fiança, embora cabível;6. quando o processo for manifestamente nulo;7. quando extinta a punibilidade.

Quando não cabe habeas corpus ?1. punição disciplinar militar;2. durante o Estado de Sítio;3. para apressar a sentença ou recurso;4. para discutir pena de multa;5. contra decisão de Turma do STF proferida em RecursoExtraordinário ou Habeas Corpus (Súmula 606 do STF).

As duas primeiras hipóteses são hipóteses constitucionais. Astrês últimas hipóteses são hipóteses criadas pelajurisprudência.

Aspectos Procedimentais do Habeas Corpus

O habeas corpus deve ser impetrado em duas vias. Os requisitos estão previstos no Art. 654 do CPP.Deve estar em vernáculo nacional. Não cabe habeas corpusredigidos em língua estrangeira.É possível a impetração por telegrama, telex ou fax.Também é possível a impetração por telefone, mas desde quealguém reduza a termo.

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O Ministério Público sempre se manifesta no habeas corpus, sejaem 1º ou 2º grau.O habeas corpus é julgado em 24 horas ou na 1ª sessão doTribunal.

Mesmo que o habeas corpus seja indeferido, ele pode serreiterado, mas desde que haja novos documentos ou novosargumentos. Também é possível liminar em habeas corpus.

DOS RECURSOS EM MATÉRIA DE HABEAS CORPUS

1. Habeas Corpus concedido em 1ª instância - cabe recurso emsentido estrito e recurso ex officio;

2. Habeas Corpus denegado em 1ª instância - cabe recurso emsentido estrito, mas na prática os advogados impetram novohabeas corpus;

3. Habeas Corpus denegado por Tribunal da Justiça Comum -cabe recurso ordinário constitucional ao STJ;

4. Habeas Corpus denegado em única instância pelo STJ - caberecurso ordinário constitucional ao STF.

Questões Finais

Fuga do paciente - não implica em deserção do habeas corpus;Habeas corpus em 1ª instância - previne o juízo ? Não previne ojuízo. Habeas corpus em 2ª instância - previne o juízo ? Não previneo juízo, mas previne o relator. É impossível o habeas corpus quando se exige exame de provas.

Cabe habeas corpus em favor de pessoa jurídica ?Resp.: O tema é polêmico. Mas é impossível, pois as pessoasjurídicas não tem liberdade de locomoção.

O paciente pode desistir do habeas corpus impetrado. Tambémpode rejeitar o habeas corpus impetrado por terceira pessoa.

Havendo recurso em andamento, cabe habeas corpus ?Resp.: Sim, cabe, mas desde que haja ilegalidade patente.

Cabe habeas corpus para discutir a pena aplicada ?

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Resp.: Em regra não, salvo se existir ilegalidade patente.

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