Departamento de Física da UEFS: sua natureza, diretrizes e perspectivas sob a ótica das...

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SitientibusS´erieCi^enciasF´ısicas 01: 79-103 (2005) Departamento de F´ ısica da UEFS: sua natureza, diretrizes e perspectivas sob a ´otica das considera¸c˜ oes te´orico-filos´oficas consubstanciadas no seu projeto de cria¸c˜ ao. Physics Department of UEFS: its nature, lines of direction and perspectives under the point of view of the theoretical-philosophical considerations based in its project. Franz A. Farias * e M.S.R. Milt˜ao Departamento de F´ ısica - UEFS Campus Universit´ario, Km 03, BR 116 Feira de Santana - BA - 44031-460 Neste trabalho, a partir do projeto de cria¸c˜ao, analisamos a natureza, diretrizes e perspectivas do Departamento de F´ ısica da UEFS, sob a ´otica das considera¸c˜ oeste´orico-filos´ oficas l´a estabelecidas. Ao final, realizamos uma avalia¸ ao sobre a evolu¸ ao do DFIS nesses cinco anos iniciais, considerando as atividades desenvolvidas pelo departamento `a luz das diretrizes e perspectivas delineadas. Palavras-chaves: Universidade, Unidade Acadˆ emica, Departamento, Pol´ ıtica Educa- cional, Planejamento. Starting from the Physics Department Project (PDP), we make, in this work, an analysis about its nature, lines of direction and perspectives, under the light of the theoretical and philosophical considerations established in the PDP. To the end, we realize an evaluation of the progress of Physics Department through the first five years of its existence, taking the activities carry out in the Physics Department under the light of lines of direction and perspectives previously assumed. Key-words: University, Academic Unit, Department, Educational Politics, Planning. I. INTRODUC ¸ ˜ AO Neste trabalho, a partir do projeto de cria¸c˜ ao, estabe- lecemos a natureza, diretrizes e perspectivas do Departa- mento de F´ ısica da UEFS, pin¸cando-as do conjunto da obra, para serem analisadas sob a ´otica das considera¸c˜ oeste´orico- filos´oficasl´aconsideradas. O projeto de cria¸c˜ ao do Departamento de F´ ısica [1] foi aprovadopelo Conselho de Ensino, Pesquisae Extens˜ao da UEFS, atrav´ es da resolu¸c˜ ao CONSEPE 69/98 [2] e o de- partamento foi implantado, conforme o projeto, pelo Con- selho Universit´ ario da UEFS, atrav´ es da resolu¸c˜ ao CONSU 01/2000 [3]. Do ponto de vista da estrutura deste trabalho, inicial- mente, estabelecemos os princ´ ıpios filos´oficos relativos `a teoria do conhecimento e `a universidade que nortearam o projeto e que serviram de base para a defini¸c˜ ao de Unidade Acadˆ emica e Departamento. Em um segundo momento, ap´os caracterizar a F´ ısica como uma ciˆ encia, estabelecer a sua defini¸c˜ ao e caracteriza- ¸c˜ ao do ponto de vista filos´ofico como um campo do saber, classificamos os seus sub-dom´ ınios, seguindo o esp´ ırito do projeto de cria¸c˜ ao. Nase¸c˜ ao sobre o Departamento de F´ ısica resumimos os principais fatos relacionados com a sua natureza, defini¸c˜ ao e objetivos para estabelecer a nova proposta de estrutura acadˆ emico-administrativa adotada e sistematizar as dire- trizes e perspectivas que foram delineadas. * Endere¸coEletrˆonico: franz\[email protected] Endere¸coEletrˆonico: [email protected] Ao final, realizamos uma avalia¸ ao sobre a evolu¸ ao do Departamento de F´ ısica (DFIS) da UEFS nesses cinco anos iniciais, considerando as atividades desenvolvidas pelo de- partamento `a luz das diretrizes e perspectivas delineadas. II. PRESSUPOSTOS Naidealiza¸c˜ ao do Departamento de F´ ısica da Universi- dade Estadual de Feira de Santana, conforme estabelecido em seu projeto de cria¸c˜ ao [1], alguns princ´ ıpios, considera- dos inalien´aveis, foram assumidos: (i) O conhecimento ´ e uma faculdade, normalmente irre- dut´ ıvel `a afetividade e `a atividade, que indica a fun¸c˜ ao da alma, assim como o resultado dessa fun¸c˜ ao, de tornar compreens´ ıvel-conceb´ ıvel um objeto (interno ou externo), obtendo dele um ju´ ızo ou uma repre- senta¸ ao [4]. Como o resultado dessa fun¸c˜ ao, o co- nhecimento ´ e um produto do processo de produ¸c˜ ao da existˆ encia humana; ´ e um produto do “(...) pro- cesso hist´orico, que tem sua existˆ encia manifesta num comportamento cosmol´ogico do indiv´ ıduo como parte de um todo social” [5]; (ii) Devemos estabelecer as condi¸c˜ oes e limites do pr´oprio conhecimento como um guia do esp´ ırito humano em busca da verdade, sendo que, “... na realidade, as condi¸c˜ oes e limites do conhecimento n˜ ao podem ser descobertos sen˜ao por uma volta da inteligˆ encia`as suaspr´opriasopera¸c˜ oes, no exerc´ ıcio(...) daobten¸c˜ ao do saber [6]”; (iii) O conhecimento, como produto do processo da exis- encia humana, historicamente determinado a partir 79

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Sitientibus Serie Ciencias Fısicas 01: 79-103 (2005)

Departamento de Fısica da UEFS:

sua natureza, diretrizes e perspectivas sob a otica das consideracoesteorico-filosoficas consubstanciadas no seu projeto de criacao.

Physics Department of UEFS:

its nature, lines of direction and perspectives under the point of view of thetheoretical-philosophical considerations based in its project.

Franz A. Farias∗ e M.S.R. Miltao†Departamento de Fısica - UEFS

Campus Universitario, Km 03, BR 116Feira de Santana - BA - 44031-460

Neste trabalho, a partir do projeto de criacao, analisamos a natureza, diretrizes e perspectivas doDepartamento de Fısica da UEFS, sob a otica das consideracoes teorico-filosoficas la estabelecidas.Ao final, realizamos uma avaliacao sobre a evolucao do DFIS nesses cinco anos iniciais, considerandoas atividades desenvolvidas pelo departamento a luz das diretrizes e perspectivas delineadas.

Palavras-chaves: Universidade, Unidade Academica, Departamento, Polıtica Educa-cional, Planejamento.

Starting from the Physics Department Project (PDP), we make, in this work, an analysis aboutits nature, lines of direction and perspectives, under the light of the theoretical and philosophicalconsiderations established in the PDP. To the end, we realize an evaluation of the progress of PhysicsDepartment through the first five years of its existence, taking the activities carry out in the PhysicsDepartment under the light of lines of direction and perspectives previously assumed.

Key-words: University, Academic Unit, Department, Educational Politics, Planning.

I. INTRODUCAO

Neste trabalho, a partir do projeto de criacao, estabe-lecemos a natureza, diretrizes e perspectivas do Departa-mento de Fısica da UEFS, pincando-as do conjunto da obra,para serem analisadas sob a otica das consideracoes teorico-filosoficas la consideradas.

O projeto de criacao do Departamento de Fısica [1] foiaprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensao daUEFS, atraves da resolucao CONSEPE 69/98 [2] e o de-partamento foi implantado, conforme o projeto, pelo Con-selho Universitario da UEFS, atraves da resolucao CONSU01/2000 [3].

Do ponto de vista da estrutura deste trabalho, inicial-mente, estabelecemos os princıpios filosoficos relativos ateoria do conhecimento e a universidade que nortearam oprojeto e que serviram de base para a definicao de UnidadeAcademica e Departamento.

Em um segundo momento, apos caracterizar a Fısicacomo uma ciencia, estabelecer a sua definicao e caracteriza-cao do ponto de vista filosofico como um campo do saber,classificamos os seus sub-domınios, seguindo o espırito doprojeto de criacao.

Na secao sobre o Departamento de Fısica resumimos osprincipais fatos relacionados com a sua natureza, definicaoe objetivos para estabelecer a nova proposta de estruturaacademico-administrativa adotada e sistematizar as dire-trizes e perspectivas que foram delineadas.

∗Endereco Eletronico: franz\[email protected]†Endereco Eletronico: [email protected]

Ao final, realizamos uma avaliacao sobre a evolucao doDepartamento de Fısica (DFIS) da UEFS nesses cinco anosiniciais, considerando as atividades desenvolvidas pelo de-partamento a luz das diretrizes e perspectivas delineadas.

II. PRESSUPOSTOS

Na idealizacao do Departamento de Fısica da Universi-dade Estadual de Feira de Santana, conforme estabelecidoem seu projeto de criacao [1], alguns princıpios, considera-dos inalienaveis, foram assumidos:

(i) O conhecimento e uma faculdade, normalmente irre-dutıvel a afetividade e a atividade, que indica a funcaoda alma, assim como o resultado dessa funcao, detornar compreensıvel-concebıvel um objeto (internoou externo), obtendo dele um juızo ou uma repre-sentacao [4]. Como o resultado dessa funcao, o co-nhecimento e um produto do processo de producaoda existencia humana; e um produto do “(...) pro-cesso historico, que tem sua existencia manifesta numcomportamento cosmologico do indivıduo como partede um todo social” [5];

(ii) Devemos estabelecer as condicoes e limites do proprioconhecimento como um guia do espırito humano embusca da verdade, sendo que, “... na realidade, ascondicoes e limites do conhecimento nao podem serdescobertos senao por uma volta da inteligencia assuas proprias operacoes, no exercıcio (...) da obtencaodo saber [6]”;

(iii) O conhecimento, como produto do processo da exis-tencia humana, historicamente determinado a partir

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das necessidades de crescimento, evolucao e desen-volvimento da humanidade, e tao vasto e tao am-plo que “a fraca inteligencia humana nao [o] podeabranger. Daı a necessidade de fragmentar o con-junto de imensos conhecimentos que se propunhamdar a explicacao universal das coisas” [4]. Con-sequentemente, estabeleceram-se os Saberes Particu-lares, ou Campos do Saber, ou Disciplinas, entre osquais foram distribuıdos todos os conhecimentos, se-gundo o criterio de seu objeto;

(iv) O campo do saber e um conjunto sistematizado deconhecimentos relativos a um grupo de fenomenos ouobjetos [4, 7], i.e., relativos a fenomenos ou objetosque manifestam propriedades em comum, sendo quetais conhecimentos sao sistematizados a partir de in-vestigacao especializada a qual consiste em fazer sur-gir novos conhecimentos que substituem a outros maisantigos;

(v) A Universidade e uma Instituicao que elabora, trans-mite e preserva o complexo, vasto e diverso conheci-mento humano, e que deve comprometer-se em ser umagente do proprio processo da sociedade, enquantouma forca transformadora desta;

(vi) A organizacao natural da Universidade sera aquela queleve em conta a propria concepcao do saber humano,traduzindo e ecoando a sua diversidade, hiperdimen-sionalidade e complexidade.

Dessa forma, a luta pela concretizacao do Departa-mento de Fısica teve como pilar fundamental a crenca,compartilhada por muitos, de que na UEFS a estru-tura departamental, enquanto Unidade Academica, deveri-a naquele momento representar-materializar cada elementoda diversidade-complexidade do saber humano, um dadocampo do saber, de tal forma que a base geradora do co-nhecimento fosse estabelecida no interior da Universidade,garantindo, portanto, o equilıbrio sadio entre o espıritocientıfico e o cultivo das letras, das artes e da filosofia. Naoobstante, esse pilar fundamental nao foi pensado estatica-mente o que significa que, com o processo de crescimentonatural da UEFS, outras estruturas mais apropriadas de-verao ser utilizadas para representar-materializar o respec-tivo campo do saber, enquanto Unidade Academica.

Tambem, vale citar que a criacao do Departamento deFısica constituiu-se em um primeiro passo para o questio-namento da estrutura organizacional que a UEFS, baseadano modelo binario (Administracao Superior - Departamen-tos) e no seu pequeno porte (pequeno numero de departa-mentos), ate entao apresentava.

De fato, como exarado no parecer da Professora Raquelde Matos Cardoso do Vale (DCHF–UEFS), que avaliou oprojeto de criacao do Departamento de Fısica, em 1998 [2],“a UEFS hoje e uma instituicao que ascende cada vez maisno cenario das universidades brasileiras, adquirindo credibi-lidade e respeitabilidade, fruto exatamente da efervescenciade suas atividades academico-cientıficas. Rever sua estru-tura e, portanto, uma tarefa premente e que, mais cedo oumais tarde, deveremos assumi-la”.

O pilar fundamental, aludido mais acima, se baseia napremissa de que a Universidade, enquanto uma Institui-cao Educacional Hiperdimensional, organizada em Depar-tamentos por campo do saber, responsavel pela producaoe transmissao dos conhecimentos transformadores da so-ciedade, estabelecidos a partir das necessidades, historica

e socialmente determinadas, sera o berco do qual emergirao pensamento complexo, fruto da reflexao crıtica, fortale-cido contra a crenca de que o real se pode deixar fechar naideia, ou se pode esgotar apenas nos princıpios da razao,ou se pode essencialmente ser representado, ser objetivado,conscio de que a complexidade surge como dificuldade,como incerteza e nao como uma clareza e/ou como resposta.

Como apropriadamente coloca a Profa. Marilena Chauı[8]: “Qual e a especificidade e o bem mais precioso da Uni-versidade? Ser ela uma Instituicao social constituıda pordiferencas internas que correspondem as diferencas dos seusobjetos de trabalho, cada qual com uma logica propria dedocencia e de pesquisa (...)”, portanto, continua a Profa.Chauı, “(...) a peculiaridade e a riqueza da Instituicao [Uni-versitaria] estao justamente na ausencia de homogeneidade,pois os seus objetos de trabalho sao diferentes e regidos porlogicas, praticas e finalidades diferentes” [8].

Assumiu-se [1], portanto, que o Departamento na UEFS,deveria ser concebido como uma Unidade Academicaque representasse-materializasse um dado campo dosaber, de tal forma que incorporasse o conjunto dedisciplinas curriculares afins a este ‘campo’, congre-gando professores para objetivos comuns de Ensino,Pesquisa e Extensao.

III. O CAMPO DO SABER DA FISICA

Os diversos conhecimentos, distribuıdos entre os camposdo saber, constituem o Patrimonio da Humanidade. Eles“sao produtos de, e exprimem as, relacoes que o ser humanoestabelece com a natureza na qual se insere” [9].

Entre as relacoes que o ser humano estabelece com anatureza (i.e., com o universo), estao aquelas investigadase sistematizadas no campo do saber da Fısica. Tal ‘campo’,sendo um dos campos do saber cientıfico, possui um objetoproprio, um metodo, e um conjunto de hipoteses e teorias,sendo tambem inseparavel do contexto social e historico.

Dessa forma, definiu-se a Fısica como “o estudo do com-portamento e da constituicao do Universo, com o ob-jetivo de descreve-lo; portanto, e o conjunto sistematizadode conhecimentos cientıficos que objetivam estabelecer aorigem, evolucao e estrutura da materia e da radiacaodo Universo, e cujo metodo passa pelas dificuldades doteste, da verificacao, da relacao entre as teorias e a rea-lidade empırica, e da validacao das descricoes, previsoes eaplicacoes” [1].

A caracterizacao da natureza [7] do campo do saber daFısica foi dada pelos seguintes criterios:

• Domınio de Fenomenos ou Material: sao aque-les fenomenos ou objetos que se manifestam comomateria e radiacao do Universo e que estao ligadosao seu comportamento e constituicao;

• Domınio de Estudo: e aquele caracterizado pelainvestigacao do comportamento e constituicao damateria e da radiacao do Universo e que e compostode conceitos, axiomas, postulados, definicoes, leis,teoremas e teorias;

• Nıveis de Integracao Teorica dos ConceitosFundamentais e Unificadores: sao aqueles quetem como base teorias e leis gerais (que relacionam

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os conceitos fundamentais e unificadores) e que per-mitem a integracao teorica (do campo do saber daFısica) com vistas a uma reconstrucao da ‘realidade’do Domınio de Estudo, a fim de descrever e prever osfenomenos por ele referidos. As teorias e leis geraisque, atualmente, servem de base aos nıveis de inte-gracao teorica do campo do saber da Fısica sao asseguintes [10]: Mecanica Classica, Eletromagnetismo,Termodinamica, Mecanica Estatıstica, Relatividade,e Mecanica Quantica;

• Metodos Proprios: na descricao dos fenomenosfısicos, visando estabelecer todas as suas teorias eleis (em particular as teorias e leis gerais), e uti-lizada primordialmente a inducao, para ascender dosfatos as leis fundamentais (embora nao seja ex-cluıda, em varios momentos, a deducao, para des-cer das leis fundamentais e iluminar posteriormenteos fatos, para compreende-los melhor). Para im-plementa-la, sao empregados os processos da Ob-servacao e da Experimentacao. A Observacao, sendoo exame do fenomeno buscando determinar as carac-terısticas basicas que o envolvem; a Experimentacao,sendo a manipulacao-provocacao de situacoes visandoo estabelecimento-verificacao de todas as suas teoriase leis. O metodo proprio do campo do saber da Fısica,portanto, e subdividido em quatro fases: observacao,formulacao de uma hipotese diretriz, experimentacaoe inducao;

• Instrumentos de Analise: na construcao dos mo-delos para descrever os fenomenos observados, sao uti-lizadas teorias matematicas, as quais fazem com quetais modelos propostos, atraves de estruturas logicase raciocınios matematicos, incorporem os resultadosexperimentais e facam previsoes de novas situacoes;

• Aplicacoes: o campo do saber da Fısica tem umavasta aplicacao profissional na medida em que seusmetodos teoricos e experimentais sao aplicados naTecnologia de Materiais, Tecnologia dos Equipamen-tos, Biologia, Saude, Quımica, Geografia, Geologia,Agronomia, Zootecnia, Economia, Arquitetura, Ur-banismo, Paleontologia, Arqueologia, Comunicacao,Artes, dentre outras Disciplinas. Quanto mais asaplicacoes se estabelecem, mais ecletico o campo dosaber da Fısica se revela em sua concepcao episte-mologica, exigindo programas supradisciplinares;

• Contingencias Historicas: em seu processo deevolucao historica, o campo do saber da Fısica se en-contra, em cada fase, num momento de transicao, emcontato com acoes e influencias internas e externas do‘aqui’ e do ‘agora’. Para tais estudos e pesquisas, aFısica utiliza os campos do saber da Matematica, dasLetras, da Sociologia, da Historia e da Filosofia com oobjetivo de contextualizar historica e filosoficamenteos seus produtos, i.e., os seus conhecimentos.

Portanto, de forma mais direta, pode-se afirmar, acom-panhando Resende [11], que “a Fısica e o campo da cienciaque investiga os fenomenos e as estruturas mais funda-mentais da natureza, [i.e., do Universo], procurando suacompreensao e descricao em termos de leis as mais geraispossıveis” [11]. A Fısica estuda desde as partıculas ele-mentares, que sao consideradas como os menores sistemasfısicos, ate o Universo, que e o maior.

“No processo de compreensao da natureza, as inves-tigacoes fısicas tem possibilitado o domınio de fenomenosnaturais bem como a criacao de fenomenos, materiais e sis-temas artificiais que tem contribuıdo decisivamente para oavanco de outros campos” [11], ou seja, para o progresso fi-losofico, cientıfico, artıstico, literario, tecnologico e tecnicoda humanidade, contribuindo, assim, para a Universalidadedo Saber.

Exemplos destas contribuicoes sao:

• As investigacoes dos fenomenos eletromagneticos, asquais levaram a invencao do gerador e do motoreletrico, do radio, da televisao, do radar e dos sofisti-cados meios de comunicacoes tao fundamentais paraa sociedade contemporanea;

• As investigacoes dos fenomenos microscopicos, asquais permitiram erigir a teoria quantica que originoua invencao do transistor, em 1947, e dos circuitos inte-grados, no final da decada de 50 do Seculo XX, estes,por sua vez, responsaveis pela disseminacao dos com-putadores que tanto tem transformado os costumesda sociedade;

• As investigacoes dos fenomenos nucleares, que tantotem contribuıdo em campos importantes da atividadehumana, tais como a Medicina, a Biologia, dentre ou-tros;

• As investigacoes dos fenomenos sociologicos bemcomo economicos, que permitem contribuir no estudoe analises do comportamento humano e social; e,

• As investigacoes dos fenomenos astronomicos, quepermitem ponderacoes historico-filosoficas sobre aorigem da vida, do Universo e sobre o seu futuro.

A. Os sub-domınios da Fısica

Por ser um campo extremamente sofisticado da cienciae considerando o recorte de seu objeto de investigacao, ometodo de abordagem, a necessidade de transmissaode seus resultados, a sua contextualizacao historico-filosofica, bem como a sua aplicacao em outros camposdo saber, assumiu-se para a Fısica investigada na atuali-dade, uma subdivisao apropriada, concebida em varios sub-domınios [1]. Seguindo o espırito de [1], sao eles [11]-[19]:

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Tab. I: Sub-Domınios e Areas de Atuacao

Sub-Domınios Areas de Atuacao(i) Fısica de Partıculas e Campos Teoria de Campos,

Teorias de Acao a Distancia,

Fenomenologia das Partıculas Elementares,

Fısica Experimental de Altas Energias.

(ii) Fısica Nuclear Teoria e Estrutura Nuclear,

Propriedades de Nucleos,

Desintegracao Nuclear e Radioatividade,

Reacoes Nucleares e Espalhamento,

Estudos da Potencia Nuclear.

(iii) Fısica Atomica e Molecular Teoria e Estrutura Atomica e Molecular,

Propriedades Atomicas e Moleculares,

Processos de Confinamento e Colisoes,

Espectroscopia e Aplicacoes,

Estudos de Atomos e Moleculas Especiais.

(iv) Fısica de Plasmas Teoria de Plasmas,

Propriedades de Plasmas,

Fluxo de Plasmas,

Oscilacoes, Ondas e Instabilidade em Plasmas,

Producao e Aquecimento de Plasmas,

Confinamento e Equilıbrio de Plasmas,

Plasma Relativıstico,

Descargas Eletricas.

(v) Fısica da Materia Condensada Teoria e Estrutura da Materia Condensada,

Propriedades dos Gases, Lıquidos e Solidos,

Superfıcies, Interfaces, Filmes e Fios Finos,

Dinamica de Rede,

Processos de Transferencia e Transporte em Materia Condensada,

Magnetismo e Materiais Magneticos,

Eletricidade e Propriedades Eletricas dos Materiais,

Semicondutores,

Supercondutividade e Superfluidez,

Espalhamento,

Tecnicas de Caracterizacao de Materiais,

Mecanica dos Meios Contınuos.

(vi) Astronomia Astrometria,

Mecanica Celeste,

Fısica do Sol,

Sistema Solar,

Astrofısica Estelar,

Astrofısica Galactica,

Astrofısica Extragalactica,

Cosmologia.

(vii) Instrumentacao e Tecnicas de Laboratorio em Fısica Metrologia,

Medidas e Medicoes de Grandezas Fısicas,

Tecnicas Gerais de Laboratorio,

Instrumentos, Aparatos e Componentes,

Instrumentacao Computacional,

Instrumentacao Eletromagnetica Basica,

Instrumentacao Espacial Basica,

Sistemas de Controle,

Manutencao,

Seguranca do Trabalho.

(viii) Fısica Matematica Teorias Matematicas,

Metodos Matematicos da Fısica,

Fısica Computacional,

Teorias e Leis Gerais da Fısica,

Axiomatica das Teorias Fısicas,

Sistemas Dinamicos,

Complexidade, Caos e Fractais.

(ix) Ensino de Fısica Materiais e Metodos,

Concepcoes Alternativas,

Metodologias Alternativas,

Processo Ensino-Aprendizagem,

Comunicacao em Fısica,

Polıtica Educacional.

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Materia Disciplinas(x) Historia e Filosofia da Fısica Historia da Fısica,

Espaco e Tempo na Historia da Fısica,

Historiografia da Fısica,

Biografia,

Filosofia da Fısica,

Fundamentos da Fısica,

Analise de Textos Cientıficos de Fısica,

Polıtica Cientıfica e Tecnologica.

(xi) Fısica Aplicada Fısica dos Materiais,

Fısica dos Equipamentos,

Engenharia Fısica,

Fısica Aplicada a Quımica,

Fısica Aplicada a Farmacia,

Fısica Biologica,

Fısica Medica,

Fısica dos Esportes,

Fısica Aplicada a Geografia,

Geofısica,

Fısica da Atmosfera,

Fısica dos Oceanos,

Energia e sua Aplicacao,

Fısica Aplicada a Arqueologia,

Fısica Aplicada a Antropologia Etnofısica,

Fısica Aplicada a Paleontologia,

Fısica Aplicada a Sociologia,

Fısica Aplicada a Economia,

Fısica Aplicada a Seguranca Publica e Militar,

Fısica Agropecuaria,

Fısica Aplicada ao Urbanismo,

Fısica do Meio Ambiente,

Fısica Aplicada a Comunicacao,

Fısica Aplicada as Artes,

Fısica Aplicada aos Sistemas Complexos e Caoticos.

Os sub-domınios (i) ate (vi), correspondem ao recortedo objeto de investigacao da Fısica. Tal recorte vaido menor sistema fısico - as partıculas elementares - ateo maior - o Universo. “Nesse percurso do microcosmo aomacrocosmo passa-se de dimensoes de 10−15 cm (raio doproton) ate o tamanho de uma galaxia (1021 m) ou doUniverso (1025 m)” [16]. Portanto, nesses sete recortes, aFısica investiga desde partıculas elementares, subatomicas,atomos e moleculas, ate fenomenos que envolvem grandesaglomerados delas, como a materia ordinaria em suas qua-tro formas de agregacao e o proprio Universo.

Os sub-domınios (vii) e (viii), correspondem ao metodode abordagem da Fısica: a Instrumentacao e Tecnicas deLaboratorio em Fısica, leva em conta a abordagem expe-rimental no que concerne a viabilizacao da atividade ex-perimental, atraves do exame e aperfeicoamento dos pro-cessos de observacao e de experimentacao, bem como naconcepcao e manutencao de instrumentos e tecnicas labo-ratoriais; a Fısica Matematica, leva em conta a abordagemteorica no que concerne a viabilizacao da atividade teorica,atraves do exame e aperfeicoamento das teorias fısicas ede sua linguagem de trabalho, a Matematica, bem comoatraves do estabelecimento da axiomatica de tais teoriasfısicas.

O sub-domınio (ix), corresponde a necessidade detransmissao do conhecimento fısico, e leva em conta quetal conhecimento, juntamente com os outros, constitui oPatrimonio da Humanidade.

O sub-domınio (x), corresponde a contextualizacaohistorico-filosofica do conhecimento fısico, e leva emconta que o sujeito produtor de tal conhecimento bem como

o seu objeto de investigacao, sao espacial e historicamentedeterminados e, portanto, o conhecimento daı gerado seraideologicamente comprometido.

O sub-domınio (xi), corresponde a aplicacao do campodo saber da Fısica em outros campos do saber, e leva emconta a busca da supradisciplinaridade, atraves da con-juncao da Fısica com outros campos da Ciencia, das Artese da Tecnologia.

Os sub-domınios (vii), (viii), (ix), (x) e (xi) bus-cam, portanto, desenvolver a supradisciplinaridade nassuas diversas formas [7, 20, 21] : multidisciplinari-dade (como uma justaposicao atraves da informacao,sem cooperacao metodologica), pluridisciplinaridade (comouma justaposicao atraves da informacao, com cooperacaometodologica, mas sem coordenacao), disciplinaridadecruzada (como uma justaposicao atraves da permuta deinformacoes, i.e., interacao, com cooperacao, mas sem coor-denacao), interdisciplinaridade (como uma reducao atravesda intersecao, com cooperacao e coordenacao) e transdis-ciplinaridade /metadisciplinaridade (como uma unificacaoatraves da comunicacao, com cooperacao e coordenacaopara uma visao comum, total).

Com isso, a Fısica se consubstancia como um doslegıtimos campos do saber, contribuindo na construcao daparede do conhecimento e na estruturacao do conhecimentocomo Patrimonio da Humanidade.

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Franz A. Farias e M. S. R. Miltao Sitientibus Serie Ciencias Fısicas 01: 79–103 (2005)

Fig. 1: Logotipo do DFIS, concebido por Elder S. Teixeira,Rosa Bunchaft e Thierry J. Lemaire

Do Brasao de Armas da Universidade Es-tadual de Feira de Santana, com sua quaternade vieiras, buscou-se a concha. Da perola, laconcebida, que per si reflete o proprio conhe-cimento produzido nesta Universidade, emana,como uma de suas luzes, a Fısica, simbolizadapelo ϕ (de physis ‘natureza’, em grego [22]),e sintetizada por sete emblematicas equacoes,que da concha se projetam para o exterior,como pretende-se que este campo do saber sedifunda aos estudantes e a sociedade: a es-querda, de cima para baixo, a equacao de Ein-stein da Relatividade Geral; a forma quadriten-sorial das equacoes de Maxwell, do Eletro-magnetismo; a equacao de Schroedinger, daMecanica Quantica. A direita, de cima parabaixo, a lei de Hubble, que expressa a veloci-dade de afastamento das galaxias; a segunda leide Newton, da Mecanica Classica; as primeirae segunda leis da Termodinamica reunidas; e aequacao de Liouville da Mecanica Estatıstica.

IV. O DEPARTAMENTO DE FISICA DA UEFS

Estabelecidas, ainda que ingenuamente, as considera-coes teorico-filosoficas do conhecimento humano em gerale do conhecimento fısico em particular, o substrato para asproposicoes relativas a natureza, diretrizes e perspectivasda unidade academica Departamento de Fısica foi colocado.

Definiu-se o Departamento de Fısica como “a UnidadeAcademica que representa-materializa o campo do saber daFısica, de tal forma que incorpora o conjunto de disciplinascurriculares afins a este ‘campo’, congregando professorespara objetivos comuns de Ensino, Pesquisa e Extensao emFısica” [1].

Os objetivos gerais do Departamento de Fısica foram es-tabelecidos como:

• Representar-Materializar o campo do saber da Fısica,

• Incorporar o conjunto de disciplinas curriculares afinsao campo do saber da Fısica,

• Congregar professores para metas comuns de Ensino,de Pesquisa e de Extensao no campo do saber daFısica,

• Ser um dos elementos da base geradora dopensamento-conhecimento humano complexo,

• Estimular, no campo da Fısica, a criacao de grupos depesquisa e extensao buscando as formas de supradisci-plinaridade e o intercambio com os grupos de pesquisae extensao consolidados.

Por sua vez, para os seus objetivos especıficos tem-se:

• Consolidar o Ambiente Academico propiciado a partirdas implementacoes das acoes delineadas no PCAD-FIS [23],

• Imprimir uma Identidade Academica aos seus profes-sores,

• Adotar e implementar polıticas claras de producaoe transmissao do conhecimento cientıfico de Fısica, oque so e possıvel dentro de um Departamento fortee coeso, numa perspectiva extensionista de alcancesocial, outorgando a Universidade uma funcao trans-formadora da sociedade,

• Garantir a implementacao (atraves de uma pro-gramacao e execucao efetivas) das atividades deensino, pesquisa e extensao, dando ao DFIS-UEFSuma Personalidade Academica clara e inconfundıvel,e,

• Contribuir para que as aspiracoes de crescimento daUEFS, reveladas na Avaliacao Institucional [24] eno Planejamento Estrategico [25], tornem-se rea-lidade, na medida em que o seu porte, assumido comopequeno no passado [24], [26], [27], deve ser modifi-cado, possibilitando a UEFS assumir o efetivo perfil,tao almejado, de uma Universidade com pluridiscipli-naridade de pesquisa, de extensao, e de formacao deprofissionais de nıvel superior.

Sob os auspıcios de que a Universidade e uma instituicaocujos pilares sao as atividades de ensino, pesquisa e ex-tensao, e que estas obedecem ao princıpio da indissociabi-lidade, no projeto de criacao do DFIS foi estabelecido queas estruturas academica e administrativa de uma Univer-sidade devem estar relacionadas com tais atividades. Aestrutura academica sendo aquela que dara a organizacao,o suporte para que as atividades de ensino, pesquisa e ex-tensao, denominadas atividades fins, se desenvolvam; a es-trutura administrativa sendo aquela que ajudara, auxiliarae coordenara aquelas atividades academicas, atraves dasatividades administrativas, denominadas atividades meio.

Em relacao ao Departamento de Fısica da UEFS, con-sequentemente a sua Estrutura Academico-Administrativafoi concebida como segue, de acordo com a Figura 2:

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Fig. 2: Organograma do DFIS

Estrutura Academica: e constituıda pelas Sub-Unidades de Ensino, de Pesquisa, de Extensao, e deApoio Academico que congregam as respectivas atividadesacademicas desenvolvidas pelo DFIS, dando, portanto, osuporte, a organizacao para que tais atividades se esta-belecam;

Estrutura Administrativa: e constituıda pelo Con-selho Departamental, Coordenacao Geral, Coordenacao deEnsino, Coordenacao de Pesquisa, Coordenacao de Ex-tensao, e Coordenacao de Apoio Academico que congregamas respectivas atividades administrativas, dando, portanto,a ajuda, o auxılio, a coordenacao para que as atividadesacademicas ocorram.

Dessa forma, a docencia foi assumida como o desen-volvimento, pelos professores, das atividades de ensino,de pesquisa, de extensao, e administrativa, o que garan-tira de acordo com [1] a manutencao de tal EstruturaAcademico-Administrativa. O Departamento de Fısica,consequentemente, estimulara o conjunto de seus profes-sores a desenvolver as tres atividades fins, e nao se furtaraem estabelecer a importancia do desenvolvimento da ativi-dade administrativa, atividade meio, para que cumpramplenamente a acao da docencia.

Para que tal plenitude seja efetivamente atingida, oque garantira a manutencao da Estrutura Academico-Administrativa, o regime de trabalho dos professores doDepartamento de Fısica de acordo com o seu projetode criacao, preferencialmente, sera aquele denominado de‘Dedicacao Exclusiva’, D.E., pois como afirma o professorJ. Leite Lopes [28] a “(...) Universidade e, antes e acima detudo, um grupo de professores (...), integralmente dedica-dos as suas funcoes de ensino e pesquisa (...), voltados paraelas, por elas absorvidos, vivendo-as em sua vida comum.O trabalho de investigacao cientıfica, a pesquisa literariae filosofica, exigem a atencao voltada para os problemasda particular Disciplina em que se trabalha, todas as ho-ras do dia, todos os dias do mes, todos os meses do ano.Sem essa equipe de [professores] devotados a ensinar, criti-cando fundamentalmente o que os outros descobriram, e aensinar o que eles proprios sao levados a descobrir - comoum corolario que decorre da necessidade de se criar para secompreender melhor - sem esta equipe de [professores] as-sim devotados, nao existe Universidade” [28]. Em relacao acarga horaria em classe, tambem foi estabelecido que estadeveria ser de oito (08) horas, possibilitando que a aludidaplenitude da docencia venha a ocorrer.

Para tanto, como estabelecido em [1] e fundamental aexistencia do Departamento de Fısica, pois este dara uma

Identidade Academica aos professores de Fısica, condicaobasica para ocorrer uma dedicacao maior destes, posto quecongregara professores de formacao academica afim, compos-graduacoes nos diversos sub-domınios da Fısica. Alemdeste ponto, que a identidade academica certamente pro-piciara, outros, nao menos importantes, serao contempla-dos com a consequente existencia da dedicacao exclusivados professores, dentre eles: o retorno do investimento,feito pela Universidade, nos afastamentos dos professoresde Fısica para a pos-graduacao, e o surgimento de gruposde pesquisa bem definidos nos importantes e fundamentaissub-domınios da Fısica.

A. A Estrutura Academica

Como estabelecido, a Estrutura Academica do Departa-mento de Fısica foi constituıda das Sub-Unidades de En-sino, de Pesquisa, de Extensao, e de Apoio Academico,onde cada uma delas congregara as respectivas atividadesacademicas, desenvolvidas pelo Departamento, dando-lheso suporte, a organizacao para que tais atividades se esta-belecam.

1. A Sub-Unidade de Ensino

A Atividade de Ensino foi compreendida como o esforcoresultante na direcao da formacao ou modificacao da con-duta humana, o qual se configura como um processo deduas vias: o Processo Ensino-Aprendizagem, onde os doisatores, o professor e o estudante interagem na busca deseus objetivos. Praticar essa atividade, do ponto de vistado professor, significa conviver com o outro (o estudante),tentar entende-lo psicologica e socialmente, respeitando assuas virtudes e ajudando a superar as suas lacunas. Napratica de tal atividade o professor pensa, imagina, desco-bre, cria situacoes, atinentes ao seu campo do saber, quepropiciarao nao so o seu planejamento, preparacao de aulas,correcao de trabalhos e provas, mas, principalmente, pro-piciarao o bom entendimento das explicacoes que serao ar-gumentadas em classe ou no atendimento e orientacao aosestudantes, no sentido de fazer com que o estudante tra-balhe com mao propria, elabore as suas proprias questoes,dedique-se ao seu objeto de estudo, tenha objetividade, e-xamine de forma crıtica-refletida as situacoes que se apre-sentam, busque sempre possibilidades contrarias, seja au-tocrıtico, tenha prudencia na afirmacao definitiva, verifiquesempre os limites e a validade das afirmacoes, escute ascausas, tenha autonomia intelectual, tenha compreensao ecolaboracao mental para compreender o ponto de vista dooutro.

Dessa forma, estabeleceu-se que [1] no processo forma-tivo do estudante estao inerentes o processo de producaodo conhecimento (pesquisa) e a relacao com a propriasociedade (extensao), articulando-se, portanto, ensino-pesquisa-extensao. Sob essas consideracoes e “em ter-mos de modernidade tecnologica e educativa - e no fundo,na mais bela tradicao educativa - professor define-se emprimeirıssimo lugar pela capacidade de producao propria deconhecimento. Como decorrencia necessaria, deve ensinar”[29]. A pratica da atividade de ensino, especificamente,sera estabelecida atraves dos papeis da [30]: transmissao

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de conhecimento; disciplinamento da situacao pedagogica;avaliacao da situacao pedagogica; e, vivencia de modelos norelacionamento com os estudantes. Nao deve haver dicoto-mia entre pesquisar e ensinar: “quem pesquisa, deve ensi-nar, quem ensina, so o pode fazer, porque pesquisa” [29].Consequentemente, a atividade de ensino tem o objetivoprecıpuo de fazer o estudante trabalhar com mao propria,ainda que sob orientacao.

Considerando a meta da formacao do cidadao para atu-ar na sociedade (incluindo, nesta, a propria Universidade),classificou-se em dois nıveis, com diferentes graus de quali-ficacao o ensino de Fısica a ser praticado na UEFS:

• O ensino de graduacao: porque e fundamental a Uni-versidade ter como papel formar profissionais queatendam as exigencias da realidade da sociedade, porexemplo, suprindo a falta de professores de Fısicada regiao, e a falta de especialistas para atuar nasindustrias, na area da Fısica Medica, Fısica Biologica,Fısico-Quımica, Instrumentacao, e outras, e,

• O ensino de pos-graduacao: porque e fundamen-tal a Universidade garantir um processo de de-senvolvimento socio-economico-cientıfico-tecnologicoautonomo a sociedade, e isso e atingido na medidaem que a formacao de diplomados nos Cursos degraduacao em Fısica (Licenciatura e Bacharelado) formelhorada (atraves da pos-graduacao lato sensu) paraatender a heterogeneidade das areas de demanda, nomercado de trabalho, e desenvolvida e aprofundada(atraves da pos-graduacao stricto sensu) para exercerfuncoes cientıficas.

Como estabelecido anteriormente, a atividade de ensinoem Fısica tem como meta a formacao do cidadao conscientee competente, para atuar na sociedade. Consciente da di-versidade, da complexidade, da nao neutralidade do conhec-imento, de que este e produto de (e exprime as) relacoes queo ser humano estabelece com a natureza na qual se insere,de uma forma geral, e, em particular, consciente de que oconhecimento fısico e um dos elementos da base geradora detal complexidade, e que, juntamente com os conhecimentosdos outros campos do saber, se complementa para formar opensamento complexo; e, competente na sua especialidadeprofissional, de tal forma que a ligacao entre a teoria e apraxis esteja garantida no campo da Fısica.

Os cursos de Fısica, nos seus diferentes graus de quali-ficacao, deverao cumprir este papel. Consequentemente, oDepartamento de Fısica devera oferecer estes cursos nosdois nıveis: de graduacao, atraves da Licenciatura e doBacharelado; e de pos-graduacao, atraves da especializacao,do mestrado e do doutorado. Destes, atualmente, somenteo curso de licenciatura e de bacharelado estao implantados,e o de especializacao, mestrado e doutorado, tiveram asseguintes previsoes de implantacao: 1999.1, 2001.1 e 2003.1,respectivamente.

O Departamento de Fısica, alem do curso de Fısica aele ligado, atende aos seguintes cursos de graduacao: Li-cenciatura em Matematica, Engenharia Civil, Engenhari-a de Alimentos, Engenharia da Computacao e CienciasBiologicas. Com este atendimento, o DFIS presta servico aUniversidade atraves do oferecimento de disciplinas aquelescursos, e a outros que sejam implantados, de acordo com ascaracterısticas, objetivos e diferencas existentes entre cadaum deles. Portanto, contribuindo para a realizacao, nao soda interdisciplinaridade, mas fundamentalmente da trans-meta-disciplinaridade.

Os Laboratorios Didaticos do DFIS

A Fısica [1], enquanto ciencia natural descreve as leisgerais do Universo. Sua evolucao historico-epistemologica,bem como sua propria natureza, mostram que o metodo deproducao de conhecimento em Fısica pressupoe uma ıntimarelacao entre teoria e experiencia. Isso ilustra que a ativi-dade de laboratorio e componente indispensavel ao ensinoem Fısica. Entretanto, os roteiros utilizados - invariavel-mente dissociados de uma abordagem de ensino adequada- levam os estudantes a postura de meros observadores ex-ternos a esta atividade, o que implica em nao-entendimentoda mesma. Por conta disto, atraves do projeto de pesquisa“A Problematica do Ensino de Laboratorio de Fısica naUEFS”, foi feito, inicialmente, o levantamento desta proble-matica na UEFS que conduziu a um primeiro diagnosticode que o ensino de laboratorio de Fısica nao esta inte-grado ao ensino de teoria; utiliza roteiros do tipo “receita debolo” sem suscitar reflexao sobre o experimento; nao mani-festa um modelo ou abordagem adequada como referencialteorico, entre outros problemas [31–34].

Como um desdobramento daquela pesquisa [1], atravesdo projeto “Estruturacao dos Laboratorios Didaticosde Fısica da UEFS: uma abordagem epistemologica”investigou-se entao, uma nova perspectiva para este en-sino, buscando uma abordagem com enfoque epistemologicode forma a preparar experimentos e elaborar roteirosque tornem a pratica laboratorial uma atividade de in-vestigacao para os estudantes, orientando-os a identificara estrutura do conhecimento, ou seja, sua natureza ecomo ele e produzido, alem de participar efetivamentedo experimento, tornando-os ativos no processo ensino-aprendizagem atraves da interacao entre pensar, sentir efazer, o que os leva a um melhor entendimento dos aspec-tos conceitual e metodologico de um experimento e, destaforma, a compreensao da interdependencia entre teoria e ex-periencia, bem como, em ultima analise, a superacao daque-les problemas ja diagnosticados.

Devido a esses estudos sobre os laboratorios didaticosfoi estabelecido em [1] a necessidade de implementar afilosofia de ensino de laboratorio baseada na abordagemepistemologica. Dessa forma, dando andamento ao projetode pesquisa “Estruturacao dos Laboratorios Didaticos deFısica da UEFS: uma abordagem epistemologica”, foi as-sumido que os “Laboratorios Didaticos do Departamentode Fısica”, LAD-FIS devem ser em numero de 12, ja devi-damente contemplados no orcamento aprovado no Planeja-mento Estrategico da UEFS [25, 35–37], e tais laboratoriosdeveriam estar situados no “Anexo dos Laboratorios doModulo IV” [38, 39] cujo orcamento (R$ 600.000,00 reais)tambem ja estava contemplado no citado planejamento es-trategico. Para ajudar, coordenar, auxiliar o desenvolvi-mento das atividades de ensino ligadas a tais LaboratoriosDidaticos, foi estabelecido que devera ser constituıda a ‘Co-ordenacao dos Laboratorios Didaticos do Departamento deFısica’. Os Laboratorios Didaticos de acordo com o projetode criacao do DFIS sao os que seguem:

• LAD-FIS 01 - Laboratorio Didatico de Mecanica,

• LAD-FIS 02 - Laboratorio Didatico de Oscilacoes eOndas Mecanicas,

• LAD-FIS 03 - Laboratorio Didatico de Mecanica dosMeios Contınuos,

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• LAD-FIS 04 - Laboratorio Didatico de FısicaTermica,

• LAD-FIS 05 - Laboratorio Didatico de Eletricidade eMagnetismo,

• LAD-FIS 06 - Laboratorio Didatico de Ondas e Ra-diacoes Eletromagneticas,

• LAD-FIS 07 - Laboratorio Didatico de Instru-mentacao para o Ensino de Fısica,

• LAD-FIS 08 - Laboratorio Didatico de Instru-mentacao para a Pesquisa em Fısica,

• LAD-FIS 09 - Laboratorio Didatico de Eletronica,

• LAD-FIS 10 - Laboratorio Didatico de Estrutura daMateria I,

• LAD-FIS 11 - Laboratorio Didatico de Estrutura daMateria II,

• LAD-FIS 12 - Laboratorio Didatico de Fısica Apli-cada.

2. A Sub-Unidade de Pesquisa

A pesquisa em Fısica, no que tange a sua concepcao foi“compreendida como a investigacao e o estudo, minuden-tes e sistematicos, com o objetivo de descobrir ou estabe-lecer fatos ou princıpios, ineditos ou nao, relativos a umsub-domınio qualquer do campo do saber da Fısica” [1].Nesse sentido foi assumido que, por um lado, “a pesquisarepresenta a estrategia propria de producao cientıfica, sejana descoberta de relacoes reais objetivas, seja na constru-cao de posturas dialeticas que valorizam a historia” [29], epor outro, e um “princıpio educativo, a partir da questaoemancipatoria” [29]; a pesquisa, entao, foi compreendidacomo uma “atitude de vida, ou seja, estrategia basica deautoconstrucao” [29].

Como uma consequencia da visao profunda e ao mesmotempo ampla estabelecida acima, apropriada para umaregiao que necessita desenvolver-se de forma emancipatoria,definiu-se que as pesquisas desenvolvidas pelos docentes doDepartamento de Fısica devem ser concentradas nao so emproblemas de interesse regional, mas tambem naqueles deinteresse geral. No aspecto regional, as pesquisas reali-zadas, deverao contribuir para o desenvolvimento tecnico-cientıfico-tecnologico-social da regiao; no aspecto geral, aspesquisas desenvolvidas deverao contribuir para a Fısicacomo um todo, sem fronteiras. Dessa forma, as areas depesquisa do Departamento de Fısica foram pensadas sercoincidentes com os proprios sub-domınios da Fısica.

Tambem, em decorrencia da concepcao acima, indicou-se que os grupos de pesquisa deveriam ser divididos nossub-domınios da Fısica estabelecidos. De forma a permi-tir uma universalizacao, em contrapartida ao isolamentoconsequente da especificidade, indicou-se ademais que adistribuicao das atividades de pesquisa nos sub-domıniosda Fısica nao impossibilitara a realizacao de trabalhos deforma supradisciplinar entre os grupos de pesquisa, e entreestes e outros campos do saber, diferentes da Fısica.

Como diretrizes balizadas por tais considerandos, no pro-jeto de criacao do DFIS foram descritas as seguintes acoes

de carater geral para que as areas de pesquisa fossem de-senvolvidas plenamente por seus professores:

• Execucao do planejamento de capacitacao docentedos professores do DFIS ao nıvel de pos-graduacao,

• Implantacao na UEFS dos cursos de Fısicade graduacao (bacharelado, 1998.1), e de pos-graduacao (especializacao, 1999.1, mestrado, 2001.1,e doutorado, 2003.1): pois esses cursos irao contribuirno surgimento/manutencao do Ambiente Academicode discussao e intercambio de ideias acerca das dis-ciplinas gerais ou teorias da Fısica, o que favorecera,entre outros benefıcios, o aparecimento de estudantespara a orientacao academica,

• Estruturacao do Laboratorio de Fısica Computa-cional do Departamento de Fısica, LFC-FIS: porque ocrescente avanco da Fısica em sistemas cada vez maiscomplexos e de difıceis solucoes analıticas faz comque o uso dos computadores se torne mais frequente.Sendo assim, o Laboratorio de Fısica Computacional,com equipamentos de ultima geracao, sera fundamen-tal na busca de solucoes dos problemas fısicos abor-dados nos projetos de pesquisa dos professores,

• Estruturacao dos Laboratorios Didaticos, LAD-FIS,e do Laboratorio de Instrumentacao, LIN-FIS: poiscomo e sabido, a estruturacao de laboratorios e a rea-lizacao de pesquisa experimental em paıses subdesen-volvidos encontra grandes dificuldades, basicamenteporque essas acoes requerem decisoes polıticas dopoder publico devido aos elevados custos [11]. Nessesentido, e importante que a UEFS empenhe-se na es-truturacao dos Laboratorios Didaticos e de Instru-mentacao posto que os primeiros, alem de serviremaos Cursos de Fısica, prestam-se, juntamente como segundo, como alavanca para a estruturacao dosgrandes laboratorios que serao muito importantespara o desenvolvimento da regiao de Feira de San-tana,

• Montagem de uma Biblioteca Setorial de Fısica: poiso desenvolvimento de qualquer atividade de pesquisanecessita de uma constante atualizacao do conheci-mento.

As Linhas de Pesquisa

Dando seguimento ao estabelecimento das diretrizes doDFIS, especificamente em relacao as primeiras linhas depesquisa que poderiam ser definidas como uma forma deagregar os docentes na busca da consolidacao das ativi-dades de pesquisa do departamento que se propunha criar,estas foram definidas de forma tal a incorporarem as ativi-dades pertinentes e as que estivessem em desenvolvimentona epoca, indicando apropriadamente que outras linhaspoderiam ser definidas com o esperado desenvolvimento doDepartamento de Fısica. As primeiras linhas de pesquisade carater mais amplo e agregador foram as seguintes:

• Teoria de Campos,

• Optica,

• Estrutura e Propriedades dos Lıquidos e Solidos,

• Magnetismo,

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• Espalhamento,

• Astronomia,

• Instrumentacao em Fısica,

• Ensino de Fısica,

• Historia e Filosofia da Fısica,

• Fısica Biologica,

• Fısica das Fontes nao Convencionais de Energia.

Importante frisar que, nessa diretriz, esta implıcito ofato de que o DFIS deveria como decorrencia imediata daagregacao inicial dos docentes, estabelecer os primeiros gru-pos de pesquisa (que incorporariam as respectivas linhas depesquisa acima estabelecidas, bem como definiria outras),de acordo com os sub-domınios da Fısica estabelecidos.

Os Laboratorios de Pesquisa do DFIS

No que tange aos laboratorios de pesquisa, um pressu-posto importante foi assumido [1]. Como estabelecido an-teriormente, a Fısica, enquanto ciencia natural descreve asleis gerais do Universo. Sua natureza mostra que o metodode producao de conhecimento pressupoe uma ıntima relacaoentre teoria e experiencia. Isso ilustra decisivamente, quea atividade de laboratorio e um componente indispensavelpara a atividade de pesquisa em Fısica. Desta forma, apartir desse pressuposto, considerou-se que a existencia deLaboratorios de Pesquisa, em uma instituicao, e condicaosine qua non para o desenvolvimento de pesquisa competi-tiva em Fısica, seja ela teorica ou experimental.

Como consequencia do PCAD-FIS, 3a ed. [23], e levandoem conta a consideracao do paragrafo anterior, foi plane-jada a estruturacao dos Laboratorios de Pesquisa em Fısica,ficando os seus projetos a serem elaborados a partir das ca-racterısticas delineadas em [1], inclusive com parte de seusorcamentos (aquelas relacionadas com o espaco fısico) de-vidamente contempladas no Planejamento Estrategico daUEFS [25, 35–37]. Em sua maioria deveriam ficar insta-lados no Modulo Pratico, do Modulo IV, e o restante no“Anexo dos Laboratorios do Modulo IV” [38]. Inicialmentefoi previsto ser em numero de 10:

• LOP-FIS - Laboratorio de Optica,

• LFA-FIS - Laboratorio de Fotoacustica,

• LMO-FIS - Laboratorio de Magneto-Optica,

• LEE-FIS - Laboratorio de Espalhamento Eletro-magnetico,

• LAF-FIS - Laboratorio de Astronomia Fundamental,

• LAO-FIS - Laboratorio de Astrofısica Observacional,

• LIN-FIS - Laboratorio de Instrumentacao,

• LFC-FIS - Laboratorio de Fısica Computacional,

• LFB-FIS - Laboratorio de Fısica Biologica,

• LEA-FIS - Laboratorio de Energia Alternativa.

3. A Sub-Unidade de Extensao

Nas consideracoes sobre a atividade de extensao foramfeitos amplos estudos [40–43] visando a sua compreensaonos seus mais variados aspectos. Dentre as diretrizes geraissobre a concepcao e pratica de tal atividade que foram de-lineadas, pode-se citar:

• Desenvolver acoes supradisciplinares atraves de pro-jetos de extensao tematicos, na busca de solucoes deproblemas da realidade que exigem a participacao derepresentantes altamente qualificados de cada umadas disciplinas envolvidas,

• Disseminar no interior da Universidade a pratica hu-manista atraves de projetos de extensao culturais quetem, por um lado, o objetivo de conscientizar a co-munidade universitaria sobre a realidade, sobre o pen-samento, sobre a pratica da vida, sobre a funcao decada membro da comunidade academica, e por outro,de fazer da Universidade um local de vida agradavel.Tais projetos deveriam caracterizar-se pela busca daestetica, enquanto desejo, de tal forma que aglutina-riam profissionais de outras Disciplinas interessadosem adquirir aqueles conhecimentos como uma mani-festacao cultural da busca da liberdade de cada um,

• Disseminar na sociedade acoes que tenham como ob-jetivo propiciar a criacao de uma consciencia crıticade seus problemas, tanto do ponto de vista nacional,como regional e local, contribuindo, portanto, para oestabelecimento da cultura nacional, i.e., da formacaoda opiniao publica, e,

• Participar de programas permanentes de extensao,desenvolvidos pela Universidade, que tenham porobjetivo integrar a Universidade com os setorestradicionalmente marginalizados do conhecimentoacademico.

No que tange ao aspecto da natureza da extensao, a ex-tensao em Fısica foi compreendida como “o conjunto deatos praticados pelo Departamento de Fısica no sentido deintegrar-se a sociedade, atendendo as finalidades basicasdo compromisso polıtico-social e da pratica academica. Aprimeira, referindo-se a obrigacao da Universidade reverterseus benefıcios em favor da maioria da populacao, semperda da pluralidade, que e essencial a pratica universitaria,e sem confundir definicao filosofica-polıtica com posturapolıtica-partidaria; a segunda, referindo-se a extensao comoo elemento articulador do ensino e da pesquisa com a so-ciedade, outorgando a Universidade uma funcao transfor-madora do meio social” [1]. A Extensao, portanto, foi pen-sada ser “uma via de mao dupla, com transito asseguradoa comunidade academica que encontrara, na sociedade, aoportunidade da elaboracao da praxis de um conhecimentoacademico; no retorno a Universidade, docentes e discentestrarao um aprendizado que, submetido a reflexao teorica,sera acrescido aquele conhecimento” [40]. Dessa forma,as areas de extensao do Departamento de Fısica forampensadas, tambem, ser coincidentes com os proprios sub-domınios da Fısica.

No aspecto das definicoes dos atos extensionistas prati-cados pelo Departamento de Fısica tem-se [1]:

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(i) Difusao Cientıfica: e compreendida como a acao emque a Universidade, em particular o Departamentode Fısica, e tomado como um polo de onde emaname circulam os produtos culturais e cientıficos por elecriados. Entre outras atividades, nesse ato se in-cluem: os eventos promovidos pelo Departamentode Fısica, tais como ‘Semana de Fısica’, e as partici-pacoes dos professores do DFIS naqueles promovidospor outras Instituicoes, tais como ‘Reuniao Anual daSBPC’, ‘Encontro de Fısicos do Norte/Nordeste’; aspublicacoes especializadas e de divulgacao edi-tadas pelo Departamento de Fısica, e as participaco-es dos professores do DFIS naquelas editadas por ou-tras Instituicoes; o registro de marcas e patentes;os cursos e outras formas de apresentacao dedivulgacao, tais como cursos, exposicao de filmes,palestras, coloquios, seminarios, mesas-redondas, ououtros trabalhos equivalentes cuja natureza seja a dedivulgacao; outros;

(ii) Acao Cultural : e compreendida como a acao emque a Universidade, em particular o Departamentode Fısica, estabelece uma relacao com a comunidade,tanto externa quanto interna, na qual ambos (o De-partamento e a comunidade) comportam-se ativa-mente como sujeitos objetivando a sensibilizacao econscientizacao junto as comunidades na valorizacao eprotecao do Patrimonio historico, artıstico, cientıficoe cultural, a formacao crıtica da opiniao publica, e apratica humanıstica;

(iii) Aperfeicoamento Profissional-Academico da popula-cao, atraves de Cursos: e compreendido como a acaoem que a Universidade, em particular o Departa-mento de Fısica, desenvolve a educacao continuadacom o objetivo de evitar que o perfil dos profissio-nais formados em Fısica torne-se obsoleto no decursoda vida por conta da dinamica existente no processode producao cientıfica e tecnologica desse campo dosaber;

(iv) Assessoria-Consultoria Tecnica, Cientıfica ePedagogica: e compreendido como a acao em quea Universidade, em particular o Departamento deFısica, desenvolve a prestacao de servicos com oobjetivo de auxiliar a comunidade nas suas formasde organizacao atraves de atividades de assessorias e(ou) consultorias no campo da Fısica;

(v) Trabalhos Tecnico-Cientıficos apresentados pelo De-partamento de Fısica a comunidade em geral, seja elainterna ou externa a Universidade: e compreendidocomo a acao em que a Universidade, em particularo Departamento de Fısica, dissemina o conhecimentofısico de natureza especıfica atraves de atividades dotipo: seminarios, coloquios, conferencias, dentre ou-tras; e,

(vi) Trabalhos Tecnico-Cientıficos apresentados por Ins-tituicoes publicas ou privadas ao Departamento deFısica e a comunidade em geral, seja ele internaou externa a Universidade: e compreendido como aacao em que a Universidade, em particular o Depar-tamento de Fısica, recebe o conhecimento fısico e-manado de outras Instituicoes de natureza especıficaatraves de atividades do tipo: seminarios, coloquios,conferencias, e semelhantes.

Em decorrencia das definicoes e concepcoes estabeleci-das, indicou-se que os grupos de extensao que desenvolveraoos atos extensionistas, deveriam ser divididos nos sub-domınios da Fısica, estabelecidos.

Para garantir a universalizacao, em contrapartida ao iso-lamento consequente da especificidade, indicou-se tambemque a distribuicao das atividades de extensao nos sub-domınios da Fısica nao impossibilitara a realizacao de tra-balhos de forma supradisciplinar entre os grupos de ex-tensao, e entre estes e outras areas do saber, diferentes daFısica.

As diretrizes advindas de tais aspectos abordados no es-tudo da atividade de extensao estabeleceram as seguintesacoes de carater geral para que as areas de extensao fossemdesenvolvidas plenamente pelos professores do DFIS:

• “Execucao do planejamento de capacitacao docentedos professores do DFIS ao nıvel de pos-graduacao,

• Implantacao na UEFS dos cursos de Fısicade graduacao (bacharelado, 1998.1), e de pos-graduacao (especializacao, 1999.1, mestrado, 2001.1,e doutorado, 2003.1): pois, sendo a extensao a arti-culadora das atividades de ensino e de pesquisa coma sociedade, para que os seus objetivos sejam al-cancados, devem existir primordialmente no Departa-mento de Fısica as atividades de ensino e de pesquisa,o que permitira ao DFIS reverter, para a maioria dapopulacao, os benefıcios advindos do conhecimentofısico; a extensao em Fısica so tera sentido se exis-tirem as atividades de ensino e de pesquisa, e oscursos de Fısica fornecerao as condicoes basicas paraque estas atividades existam e sejam articuladas pelaprimeira, na integracao com a sociedade,

• Montagem de uma Biblioteca Setorial de Fısica: poisa elaboracao e o proprio desenvolvimento de qualqueratividade de extensao nao dispensam uma pesquisabibliografica” [1],

• Estruturacao do Laboratorio de Ensino de Fısica -LEF-FIS de acordo com PCAD-FIS 3a ed. [23]:visando atender inicialmente docentes do primeirograu da rede publica da regiao de Feira de Santanacom o objetivo de praticar os atos extensionistas ‘As-sessoria tecnica-cientıfica e pedagogica’ e ‘Aperfeico-amento profissional-academico’, devendo tal labora-torio localizar-se no Modulo Pratico do Modulo IV[1].

As atividades de extensao, de carater geral, que estavamem desenvolvimento e as que foram propostas sao as queseguem:

• Interacoes Extensionistas em Fısica: atividadedo tipo “Trabalhos Tecnico-Cientıficos apresentadospor Instituicoes publicas ou privadas ao Departa-mento de Fısica e a comunidade em geral, seja ele in-terna ou externa a Universidade” que na epoca cons-tava de seminarios seguidos de discussoes, proferidospor professores de outras instituicoes convidados, ob-jetivando o aprofundamento das questoes abordadaspara o desenvolvimento e fortalecimento das areas depesquisa e extensao,

• Difusao de Fısica no 1o e 2o graus: atividade dotipo “Difusao Cientıfica” que na epoca constava de

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palestras e exposicoes de filmes e experiencias feitasna UEFS e nas escolas do 1o e 2o graus, objetivandodivulgar e propagar a Fısica nas escolas de 1o e 2o

graus para mostrar nao so os aspectos fenomenolo-gicos e experimentais, mas tambem a vasta possi-bilidade de utilizacao de seus conhecimentos. Comisso almejava-se evitar a grande aversao que existeem relacao a Fısica, atrair futuros interessados noscursos de Fısica, bem como evitar a evasao existentenesses cursos,

• Curso de Aperfeicoamento para Professoresde Fısica do 2◦ grau: atividade do tipo “Aper-feicoamento Profissional-Academico da populacaoatraves de Cursos” que visava suprir a carencia deconteudo de Fısica dos professores do 2o grau,

• Caderno de Fısica da UEFS: atividade do tipo“Difusao Cientıfica, na forma de Divulgacao” quevisava divulgar, na forma de artigos, resultados deextensao, pesquisa e experiencias em ensino, impor-tantes para o conhecimento em Fısica, em linguagemao nıvel de graduacao, com periodicidade semestral.Alem disso, a capa do caderno tinha como objetivo adivulgacao das artes,

• Pre-Prints de Fısica ou Notas de Fısica: ativi-dade do tipo “Difusao Cientıfica, na forma de Pu-blicacao Especializada” que visava divulgar resulta-dos de pesquisa em uma linguagem ao nıvel de pos-graduacao, com cada numero contendo um so tra-balho,

• Coloquios de Fısica: atividade do tipo “Traba-lhos Tecnico-Cientıficos apresentados por Instituicoespublicas ou privadas ao Departamento de Fısica e acomunidade em geral, seja ele interna ou externa aUniversidade” de carater mais abrangente no que serefere a abordagem ao campo do saber da Fısica, quevisava propiciar e estimular o surgimento de acoessupradisciplinares relacionadas com a Fısica,

• Seminarios de Fısica: atividades do tipo “Tra-balhos Tecnico-Cientıficos apresentados pelo Depar-tamento de Fısica a comunidade em geral, seja eleinterna ou externa a Universidade” e do tipo “Traba-lhos Tecnico-Cientıficos apresentados por Instituicoespublicas ou privadas ao Departamento de Fısica e acomunidade em geral, seja ele interna ou externa aUniversidade”, ambas de carater mais especıfico noque se refere a abordagem ao campo do saber daFısica, que visavam propiciar e estimular as discussoespossibilitando nao so o surgimento de pesquisas rela-cionadas ao tema exposto, mas tambem o fortaleci-mento das pesquisas em andamento,

• Semana de Fısica: atividade do tipo “DifusaoCientıfica na forma de Evento”, constando de mini-cursos, palestras, sessao de comunicacoes, e mesas-redondas que visavam integrar o DFIS com a comu-nidade universitaria, bem como com a comunidade daregiao de Feira de Santana, com periodicidade anual.Alem disso, para divulgar os trabalhos do evento, de-veriam ser publicados os “Anais da Semana de Fısicada UEFS”, e,

• Escola de Verao do Departamento de Fısica:atividade do tipo “Difusao Cientıfica na forma de

Evento” e do tipo “Aperfeicoamento Profissional-Academico da populacao atraves de Cursos” quevisava apresentar temas importantes para a com-plementacao ou especializacao da formacao dosestudantes de graduacao em Fısica, Matematica,Quımica, Engenharia, Biologia, Geografia, Geologia,Historia, Filosofia e areas correlatas, bem como deprofissionais e graduados ao nıvel de pos-graduacao ecom periodicidade anual.

4. A Sub-Unidade de Apoio Academico

Nesse ponto aparece uma grande inovacao na propostade criacao do DFIS: a definicao da atividade de apoioacademico. Para compreender a sua profundidade e al-cance, resgatemos os diferentes aspectos abordados em [1]sobre ela.

Em relacao ao seu conceito e natureza, a Atividade deApoio Academico foi compreendida como o conjunto deacoes que visam estimular a criacao de grupos de pesquisae extensao, e de interdependencias e ajudas mutuas en-tre os professores e entre os grupos de pesquisa e ex-tensao existentes, e que visam propiciar o bom anda-mento das atividades docentes e dos diversos LaboratoriosAcademicos de Fısica. A meta prioritaria da Atividade deApoio Academico foi estabelecida como a busca do desen-volvimento equilibrado, harmonico e homogeneo do DFIS,o que em ultima analise, segundo o projeto de criacao doDFIS, garantira a identidade academica dos professores,condicao basica para o surgimento da personalidade e am-biente academico de tal departamento.

Dessa forma, as atividades de apoio academico podemser divididas em tres classes distintas, por conta de seusobjetos de acao; sao elas:

• Atividade de estımulo a criacao de grupos de pesquisae extensao,

• Atividade de estımulo a criacao de interdependenciase ajudas mutuas,

• Atividade de propiciacao do bom andamento dasatividades docentes e dos laboratorios didaticos.

No que tange aos objetivos especıficos de cada uma dasclasses de atividades, tem-se o que segue.

O estımulo a criacao de grupos de pesquisa e extensaotem como objetivo buscar a consolidacao do Departamentode Fısica no cenario nacional.

O estımulo a criacao de interdependencias e ajudasmutuas entre os professores e entre os grupos de pesquisae extensao existentes tem como objetivo possibilitar que asdebilidades que uns apresentam sejam superadas pela ajudados outros, o que permitira que os menos avancados encon-trem condicoes favoraveis para ascender ao nıvel dos maisavancados.

A propiciacao do bom andamento das atividades do-centes e dos laboratorios academicos tem como objetivopossibilitar a viabilizacao da existencia de material biblio-grafico; da manutencao dos equipamentos, do desenvolvi-mento de pecas de reposicao e de amostras diversas; bemcomo da existencia de apoio tecnico em areas especıficasatraves do Setor de Apoio do Departamento de Fısica.

Desnecessario ressaltar quao importante para o DFISdeve ser a estruturacao das atividades de apoio academico.

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Questoes como equilıbrio, harmonia, identidade, persona-lidade e ambiente academico, bem como condicoes de tra-balho, sao muito caras e objeto de desejo em toda e qual-quer instituicao academica que lide com o ser humano. Aproposta inovadora da existencia da Sub-Unidade de ApoioAcademico vai nessa direcao e sem duvida e uma grandecontribuicao que a UEFS pode dar na discussao, sempreprofıcua, do significado de Universidade.

O Setor de Apoio do DFIS

Como uma forma de articular as acoes pertencentes aatividade de propiciacao do bom andamento das ativi-dades docentes e dos laboratorios academicos, foi pro-posta a criacao do Setor de Apoio do DFIS, SETAP-FIS.Como e bastante conhecido, o bom andamento das ativi-dades docentes, e dos diversos Laboratorios Academicos deFısica pressupoe a existencia de material bibliografico, amanutencao dos equipamentos, o desenvolvimento de pecasde reposicao e de amostras diversas, bem como a existenciade apoio tecnico em areas especıficas (quımica, criogenia,dentre outras), dessa forma, para organizar sistematica-mente o conjunto de tais acoes, a estruturacao do SETAP-FIS e fundamental e deve ocorrer, segundo a diretriz apon-tada em [1]: na forma de Biblioteca Setorial do Departa-mento de Fısica, na forma de Oficinas de eletronica, de ele-tricidade, de mecanica, de vidros, de carpintaria e outras,e na forma de Laboratorios de manipulacao de produtosquımicos, de criogenia, dentre outros, com tecnicos qualifi-cados para atender as necessidades que advirao com o de-senvolvimento das atividades academicas nos laboratoriosdo Departamento de Fısica. Cada uma de tais formas seraconsiderada uma das divisoes do SETAP-FIS.

Para ajudar, coordenar, auxiliar o desenvolvimento dasatividades pertinentes ao Setor de Apoio do Departamentode Fısica, deve ser constituıda a ‘Coordenacao do Setor deApoio do Departamento de Fısica’.

A Biblioteca Setorial do DFIS

A Biblioteca Setorial do Departamento de Fısica destina-se ao apoio academico das atividades docentes dos profes-sores, bem como dos Estudantes, no que concerne ao campodo saber da Fısica, visando oferecer todo o tipo de acervobibliografico pertinente e sua apropriada manutencao. Paraa sua coordenacao sera constituıda a ‘Coordenacao da Bi-blioteca Setorial do Departamento de Fısica’.

Os Laboratorios de Apoio do DFIS

Os Laboratorios de Apoio do Departamento de Fısicadestinam-se ao apoio tecnico em areas especıficas tais comocriogenia, quımica, dentre outras que auxiliarao o desen-volvimento das atividades docentes, bem como as ativi-dades do proprio dia a dia dos Laboratorios Academicosdo Departamento de Fısica.

As Oficinas de Apoio do DFIS

As Oficinas de Apoio do Departamento de Fısicadestinam-se a manutencao tecnica dos equipamentos, aodesenvolvimento de pecas de reposicao e de amostras di-versas, que auxiliarao o andamento das atividades docentes,bem como auxiliarao as atividades do proprio dia a dia dos

Laboratorios Academicos do Departamento de Fısica. En-tre tais Oficinas de Apoio, para o inıcio dos trabalhos doDFIS foi proposta como diretriz a estruturacao das Oficinasde Eletronica, de Eletricidade, de Mecanica, de Vidros, deCarpintaria, dentre outras.

B. A Estrutura Administrativa

A questao relacionada a estrutura administrativa e umponto sempre delicado de estudo e analise devido a sua es-trita vinculacao com o poder na universidade ou em qual-quer instituicao, como pode ser visto no texto de Meirelles[44]. O estudo da natureza, concepcao e diretrizes das ativi-dades administrativas, a serem desenvolvidas no DFIS, tevecomo premissa basica nao so a busca por uma organizacaoagil, eficiente e de qualidade, mas que fosse pautada naetica, idoneidade, no respeito a decisao da maioria semdesrespeitar a minoria, na serenidade, na transparencia e napluralidade. Alem disso, um ponto analisado foi aquele rela-cionado com o papel personalista e centralizador da figurado diretor de um departamento, cuja alternativa proposta,explicitada na organizacao da estrutura administrativa doDFIS em seis coordenacoes (vide Figura 2), foi uma solucaoencontrada.

Frise-se, ainda, que o estudo da estrutura administra-tiva se pautou em reafirmar os princıpios fundamentais queregem uma boa administracao publica, os quais foram con-substanciados no projeto do DFIS como segue:

• Planejamento - quando foram estabelecidas as dire-trizes e metas que deverao orientar a acao administra-tiva do DFIS atraves de um plano geral administrati-vo, pautado nas acoes relativas a estrutura academica,

• Coordenacao - quando foi proposto um agente har-monizador das atividades administrativas, as seiscoordenacoes administrativas, submetendo-as, por-tanto, ao que foi planejado e evitando dispersao deesforcos e divergencias de solucoes,

• Descentralizacao - quando tambem foram pro-postas as seis coordenacoes, alem das diver-sas comissoes a elas associadas, diluindo con-sequentemente as decisoes e permitindo a participa-cao de todos os agentes, os professores, na imple-mentacao das acoes administrativas,

• Delegacao de competencias - quando foi estabe-lecida a importancia da participacao do conjunto deprofessores do DFIS (nao necessariamente aqueles in-vestidos nos cargos das coordenacoes) apreciando pro-cessos, representando o departamento em orgaos cole-giados da universidade, participando de comissoes, debancas examinadoras, assegurando assim uma maiorrapidez e objetividade das decisoes, e,

• Acompanhamento - quando foi estabelecido queatraves das coordenacoes e comissoes exercitar-se-a, de forma democratica e serena, a fiscalizacao-acompanhamento do cumprimento da lei e das nor-mas, bem como das atividades docentes, no sentidoda educacao e orientacao dos agentes, os professores.

Como estabelecido mais acima, a Estrutura Administra-tiva do Departamento de Fısica da UEFS foi constituı-da das seguintes coordenacoes: Conselho Departamental,

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Coordenacao Geral, Coordenacao de Ensino, Coordenacaode Pesquisa, Coordenacao de Extensao, e Coordenacaode Apoio Academico. Cada uma delas congregando asatividades administrativas respectivas a serem desenvolvi-das pelo Departamento e como nao poderia deixar de ser,constituintes de uma estrutura decorrente da natureza daEstrutura Academica e da propria concepcao do Departa-mento de Fısica assumidas. Para uma perfeita compreensaoda magnitude dos elementos constituintes da estrutura ad-ministrativa sera a seguir descrito cada um daqueles ele-mentos a ela pertencentes de acordo com o estabelecido em[1].

Em termos de concepcao e respeitando a premissa basicaacima aludida, bem como os princıpios fundamentais da boaadministracao, a atividade administrativa foi consideradacomo aquela que auxiliara o desenvolvimento das atividadesde ensino, pesquisa e extensao, como um meio coordenadordestas atividades academicas. Sendo assim, o conjunto deseus atos devera ser praticado no sentido de viabilizar aplenitude do exercıcio destas atividades academicas.

No aspecto da participacao dos docentes do DFIS nasatividades administrativas, estas foram sistematizadas pormeio do exercıcio dos seguintes atos:

I. Comparecimento as reunioes dos orgaos colegiados:

• Conselho Departamental do Departamento deFısica,

• Coordenacoes de Ensino, Pesquisa, Extensao, ede Apoio Academico,

• Colegiados dos Cursos ligados ao Departamentode Fısica,

• Colegiados dos Cursos atendidos pelo Departa-mento de Fısica,

• Orgaos colegiados, nos quais houver repre-sentacao do Departamento de Fısica;

II. Apreciacao de processos, com elaboracao de parecer;

III. Participacao em comissoes;

IV. Participacao em bancas examinadoras;

V. Representacao de classe no CONSU;

VI. Representacao nos Orgaos Superiores da Universidade;

VII. Representacao nos colegiados dos Cursos ligados aoDepartamento de Fısica;

VIII. Representacao nos colegiados dos Cursos atendidospelo Departamento de Fısica;

IX. Coordenacao de atividades de pesquisa e extensao;

X. Coordenacao e vice-coordenacao dos colegiados ligadosao DFIS;

XI. Direcao e vice-direcao do DFIS;

XII. Coordenacao das Coordenacoes de Ensino, dePesquisa, de Extensao, e de Apoio Academico; e,

XIII. Participacao em outros cargos da administracao.

Esse estudo acerca das atividades administrativas revelaa complexidade de seus atos e a importancia da existenciade uma estrutura administrativa para que o principal ob-jetivo, o de coordenar as atividades de ensino, pesquisa eextensao, seja alcancado. No campo do saber da Fısica, asdiretrizes tracadas, consequentes do estudo citado, estabe-leceram as seguintes acoes:

• Criacao do Departamento de Fısica da UEFS;

• Efetivacao de um(a) secretario(a) exclusivo(a) do De-partamento de Fısica para fazer o seu expediente, poisa quantidade desses trabalhos de secretariado ou deexpediente e muito grande;

• Efetivacao de funcionarios tecnico-administrativoscom formacao em Direito, Administracao e Contabili-dade para, em suas respectivas especialidades, daremo suporte para o bom andamento administrativo doDepartamento de Fısica;

• Instalacao de um telefone e um fax em razao da ne-cessidade de contatos com os colaboradores do Depar-tamento de Fısica, localizados em outras instituicoes,de maior agilidade no intercambio de informacoes (ar-tigos, ensaios, pre-prints, nao disponıveis na bibli-oteca da UEFS e indispensaveis ao andamento daspesquisas), bem como de pesquisa de fornecedores,cotacao de equipamentos e materiais de laboratorio,dentre outros;

• Estabelecimento de um espaco fısico para sediar oDepartamento de Fısica: com isso o mesmo poderaalocar apropriadamente os equipamentos acima men-cionados, bem como arquivos, armarios, mesas, a se-cretaria, o diretor, para o seu pleno andamento ad-ministrativo;

• Instalacao de gabinetes para todos os professores doDepartamento de Fısica, com area de producao e deconvivencia para que as atividades de ensino, pesquisae extensao possam ser plenamente alcancadas. Efundamental que cada professor do Departamentotenha o seu gabinete, o que propiciara a tranquilidadenecessaria para o cumprimento pleno da docencia.

1. O Conselho Departamental

O Conselho Departamental foi definido como o orgaomaximo de deliberacao e coordenacao do Departamentode Fısica da UEFS. Dentre outras atribuicoes ele serao responsavel pela adocao e implementacao das polıticasde producao e transmissao do conhecimento cientıfico deFısica, numa perspectiva extensionista de alcance social, oque outorgara a Universidade, neste campo do saber, umafuncao transformadora da sociedade. Sera constituıdo de:Diretor do Departamento; docentes integrantes da carreirado magisterio superior, com exercıcio no DFIS e Repre-sentantes discentes. Tais representacoes discentes sao es-colhidas de acordo com o Regimento Geral da Universi-dade. As deliberacoes aprovadas nas coordenacoes de en-sino, pesquisa, extensao e de apoio academico de acordocom [1], devem ser encaminhadas a Coordenacao Geral queas submetera a apreciacao do Conselho Departamental.

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Com isso, os cinco princıpios que regem uma boa admi-nistracao publica, de uma forma geral, poderiam ser estabe-lecidos; particularmente, o conjunto dos professores poderiaelaborar o plano geral administrativo de acordo com as di-retrizes e metas relativas a estrutura academica adotadapara o DFIS.

2. A Coordenacao Geral

A Coordenacao Geral foi definida como o orgao de coor-denacao, execucao e acompanhamento das atividades doDepartamento de Fısica da UEFS. Sera constituıda de:Diretor do Departamento, Vice-Diretor, Coordenador deEnsino, Coordenador de Pesquisa, Coordenador de Ex-tensao e, Coordenador de Apoio Academico. Dessa forma,a implantacao da Coordenacao Geral tera como um deseus grandes objetivos propiciar que os princıpios de co-ordenacao, descentralizacao e acompanhamento da boa ad-ministracao possam ser satisfeitos.

3. A Coordenacao de Ensino

A Coordenacao de Ensino foi definida como o orgao querepresentara a Sub-Unidade de Ensino do Departamento deFısica. Sera, portanto, o orgao que coordenara e auxiliarao desenvolvimento das Atividades de Ensino, atraves dasAtividades Administrativas pertinentes. Sera constituıdade: Coordenador de Ensino, Representantes das Materiasnos Colegiados de Cursos ligados (atendidos) ao (pelo)DFIS, Coordenadores de disciplinas curriculares com maisde uma turma, Coordenador de Atendimento e Orientacaoa Estudantes, Coordenador dos Laboratorios Didaticos eCoordenador da Biblioteca. Dessa forma, pela sua consti-tuicao, percebe-se que um dos papeis a ser desenvolvidopela Coordenacao de Ensino e o de propiciar um efetivorelacionamento com os colegiados dos cursos atendidos pelodepartamento, contribuindo para que o dialogo entre o de-partamento e os colegiados possa fluir de maneira efetivae equilibrada. Alem disso, ter-se-ia um elemento adminis-trativo apropriado para implementar as diretrizes e metasatinentes a Sub-Unidade de Ensino.

4. A Coordenacao de Pesquisa

A Coordenacao de Pesquisa foi definida como o orgaoque representara a Sub-Unidade de Pesquisa do Departa-mento de Fısica. Sera, portanto, o orgao que coordenarae auxiliara o desenvolvimento das Atividades de Pesquisa,atraves das Atividades Administrativas pertinentes. Seraconstituıda de: Coordenador de Pesquisa, Coordenadoresdos Laboratorios de Pesquisa, Coordenadores dos Gru-pos de Pesquisa, Responsaveis pelas respectivas Linhas dePesquisa (estariam presentes enquanto tal linha de pesquisanao fosse incorporada a algum grupo de pesquisa). A par-tir dessa constituicao a Coordenacao de Pesquisa poderaimplementar as diretrizes e metas atinentes a Sub-Unidadede Pesquisa, alem de criar condicoes para que os grupos depesquisa sejam formados, as linhas de pesquisa definidas eos laboratorios de pesquisa sejam estruturados.

5. A Coordenacao de Extensao

A Coordenacao de Extensao foi definida como o orgaoque representara a Sub-Unidade de Extensao do Departa-mento de Fısica. Sera, portanto, o orgao que coordenarae auxiliara o desenvolvimento das Atividades de Extensao,atraves das Atividades Administrativas pertinentes. Seraconstituıda de: Coordenador de Extensao, Coordenador doCurso de Aperfeicoamento para Professores de Fısica do2o grau, Coordenador do projeto ‘Interacoes Extensionistasem Fısica’, Coordenador do projeto ‘Difusao de Fısica no1o e 2o graus’, Editor do ‘Caderno de Fısica da UEFS’, Edi-tor dos ‘Pre-Prints de Fısica’, Coordenador dos ‘Coloquiosde Fısica’, Coordenador dos ‘Seminarios de Fısica’, Coorde-nador da ‘Semana de Fısica da UEFS’, Coordenador da ‘Es-cola de Verao do Departamento de Fısica’, Coordenadoresdos Laboratorios de Extensao, Coordenadores dos Gruposde Extensao. A Coordenacao de Extensao, portanto, temo objetivo precıpuo de implementar as diretrizes e metasadvindas da Sub-Unidade de Extensao, alem de criar ascondicoes para que os projetos bem como os grupos de ex-tensao sejam formados e tenham continuidade.

6. A Coordenacao de Apoio Academico

A Coordenacao de Apoio Academico foi definida como oorgao que representara a Sub-Unidade de Apoio Academicodo Departamento de Fısica. Sera, portanto, o orgao quecoordenara e auxiliara o desenvolvimento das Atividadesde Apoio Academico, atraves das Atividades Administra-tivas pertinentes. Sera constituıda de: Coordenador deApoio Academico, representante da Coordenacao de En-sino, representante da Coordenacao de Pesquisa, represen-tante da Coordenacao de Extensao, e Coordenador do Setorde Apoio do Departamento de Fısica. Nesse sentido, o pa-pel da Coordenacao de Apoio Academico sera de fundamen-tal importancia na medida em que tal coordenacao atuaracomo que formando uma cola que garantira a unidade doDFIS, visando a implementacao do equilıbrio, da harmo-nia, da identidade e personalidade academicas, bem comode condicoes de trabalho.

C. Previsao de Carga Horaria Docente no Decenio1998-2007

Um ponto importante considerado no projeto de criacaodo departamento foi aquele relacionado com a carga horariadocente, bem como com a contratacao de professores. Como objetivo de atender aos requisitos da generalidade, per-manencia e eficiencia, no que tange ao servico publico a serprestado pelo departamento, estabeleceu-se uma previsaode carga horaria docente (denotada na Tabela II (anexo)por ‘Carga Horaria Docente total, por semana’) para umintervalo de 10 anos, levando em conta a saıda para qua-lificacao dos docentes assim como a contratacao de profis-sionais com a mais alta qualificacao.

Para estabelecer a programacao em apreco foram le-vadas em conta somente as disciplinas dos cursos aten-didos pela entao Area de Fısica que na epoca existiam(Matematica, Biologia e Engenharia Civil) e aquelas do

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curso de Fısica recem implantado (denotadas na Tabela IIpor ‘Carga Horaria em Sala de Aula, por semana’). Paracontemplar as atividades de ensino (aquelas outras que secomplementam com as da sala de aula), de pesquisa, de ex-tensao e administrativa do docente, considerou-se a cargahoraria docente de oito horas em sala de aula. Dessa forma,a previsao proposta nao contemplava a existencia dos cargosadministrativos de Coordenador de Colegiado e de Diretordo Departamento, nem o surgimento de novos cursos e noaspecto das atividades de pesquisa e extensao, nao contem-plava o seu aumento efetivo de acordo com as diretrizes eperspectivas do proprio projeto. Em outras palavras, essaprevisao de carga horaria docente foi a mınima possıvelpara o departamento conseguir ser implementado e deveriaser reavaliada oportunamente para contemplar os possıveisavancos advindos das diretrizes e perspectivas estabelecidasno projeto. Amparado nessas consideracoes, a previsao decarga horaria docente no decenio 1998-2007 foi estabelecidade acordo com a Tabela II (anexo).

Uma outra perspectiva estabelecida no projeto de criacaodo DFIS, relacionada com a previsao de contratacao deprofessores doutores, de acordo com a Tabela II, foi a decontribuir para a diminuicao do deficit da massa crıtica dedoutores no campo do saber da Fısica no paıs e, em particu-lar, no estado da Bahia, especificamente na regiao do semi-arido baiano. Frise-se que essa perspectiva tambem obje-tiva atender aos requisitos da generalidade, permanencia eeficiencia do servico publico prestado pelo departamento.Essa massa crıtica, segundo alguns criterios de analise, erepresentada pela relacao entre o numero de doutores nasciencias fısicas e o produto interno bruto, (PIB), de umanacao, tomando como base os paıses desenvolvidos.

Para estabelecer tal criterio, foram considerados os estu-dos realizados pela SBF [11] sobre estas questoes no anode 1994, por ocasiao do importante trabalho a respeito daFısica no Brasil. Neste trabalho ficou estabelecido que, paracada US$ 160 bilhoes do PIB devem existir aproximada-mente 1000 fısicos. Tendo em conta a nova relacao cambialque se colocou com a implantacao do Plano Real em junhode 1996 e para contemplar o natural aumento que o paıssempre apresenta, relativo ao seu PIB, considerou-se comofator de referencia atualizado que para cada R$ 160 bilhoesdo PIB brasileiro correspondam 1000 fısicos.

De acordo com os dados obtidos em [1], relativos aoano de 1996, o numero de doutores no campo do saber daFısica no estado da Bahia deveria ser de 214; considerandoa regiao do semi-arido baiano como um dos importantespolos de desenvolvimento do estado e estipulando para elaum percentual de 20% desse total, tal regiao deveria ter, noano de 1996, 42 doutores no campo do saber da Fısica.

Evidentemente, esse criterio e muito limitado, pois o PIBbrasileiro e muito pequeno para as reais necessidades dapopulacao do paıs, particularmente para a populacao dosemi-arido baiano. No entanto, ainda que simplificado erecorrendo a um criterio bastante limitado, esse estudo,como ja aludido, mostra que o numero de doutores nocampo do saber da Fısica da regiao de Feira de Santanae insuficiente posto que, na epoca da elaboracao do pro-jeto de criacao do Departamento de Fısica (1998), a entaoArea de Fısica so tinha em seu quadro de docentes 05doutores. Dessa forma, a perspectiva estabelecida no pro-jeto de criacao, como pode ser visto no grafico abaixo, era deque a existencia do Departamento de Fısica da UEFS, deci-sivamente, contribuiria para atenuar esse deficit [1]. Cabefrisar que o numero de doutores que a regiao do semi-arido

baiano deveria ter no ano de 2003, baseado na sua par-ticipacao no PIB total do estado naquele ano (∼ R$ 75bilhoes) seria de 94 doutores, o que mostra quao distanteesta o numero atual de doutores no DFIS do numero esti-mado como necessario e mesmo daquele estimado em 1997por ocasiao do projeto do DFIS [1].

Fig. 3: Projecao do Numero de Doutores em Fısica × Ano

V. COMENTARIOS ATUAIS SOBRE AEVOLUCAO DO DFIS CONSIDERANDO AS

DIRETRIZES E PERSPECTIVAS DELINEADASEM SEU PROJETO

Antes de estabelecermos comentarios atuais sobre aevolucao do DFIS levando em conta a otica das conside-racoes teorico-filosoficas consubstanciadas no seu projetode criacao, realcemos o fato de que no cerne das discussoesa cerca das diretrizes e perspectivas estabelecidas em talprojeto, estava a preocupacao em atender os requisitos doservico publico prestado pelo departamento. De formaexplıcita, vejamos:

• Generalidade - quando se propos a oferecer umservico igual para todos os usuarios, sejam eles osalunos ou a comunidade da regiao do semi-arido, quese traduz no oferecimento de todo e qualquer servicoque uma Unidade Academica do campo do saber daFısica de uma universidade deva prestar. Com issopodera ser reconhecido o direito que todos (sejamda regiao do semi-arido baiano, ou de qualquer outraregiao do Brasil) tem de utilizar os servicos publicosda area de educacao superior, sem se negar a umusuario o que foi concedido a outro,

• Permanencia - quando se estabeleceu uma previsaode carga horaria de longo prazo (10 anos), planejandoa contratacao de docentes nos momentos apropria-dos, levando sempre em conta a quantidade e a quali-dade de atividades que o DFIS deveria realizar. Comisso a continuidade do servico publico que deveria serprestado pelo DFIS poderia ser resguardada, sem cor-rer risco de interrupcao,

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• Eficiencia - quando se estabeleceu um planejamentode capacitacao dos docentes e de contratacao de pro-fessores com a mais alta qualificacao, bem comoum planejamento de diretrizes para que as condicoesde trabalho (existencia de um ambiente academico,de personalidade academica, distribuicao de cargahoraria equilibrada para permitir a pratica das ativi-dades de pesquisa e extensao decorrentes da alta qua-lificacao docente, ...) fossem satisfatorias. Com issoum servico publico atual seria oferecido a coletividadecom o que houvesse de melhor, para a satisfacao dobem comum,

• Modicidade - quando se estabeleceu um planeja-mento das atividades de ensino (atraves dos cursosde graduacao e de pos-graduacao), de pesquisa e deextensao para a comunidade de acordo com as tarifaspraticadas pela universidade,

• Cortesia - quando se estabeleceu um planejamentodas atividades de ensino (atraves dos cursos degraduacao e de pos-graduacao), de pesquisa e de ex-tensao para a comunidade a serem praticadas por do-centes qualificados. Com isso a expectativa subja-cente foi a de que, devido a alta formacao academicados agentes - os professores -, o DFIS ofereceriaservicos com bom tratamento para o publico, deforma cortes e educada, levando em conta que aprestacao em tais condicoes nao e favor do agente ouda administracao publica - representada pelo DFIS-, mas dever de um e de outro e principalmente umdireito do cidadao.

Um outro ponto a ser considerado e que o presente estudorevelou que, no aspecto das condicoes de trabalho dos pro-fessores de Fısica, as perspectivas advindas com a criacaodo departamento eram de:

• Consolidar o ambiente academico propiciado a partirdas implementacoes das acoes delineadas no PCAD-FIS [23],

• Imprimir uma identidade academica aos professoresde Fısica, Propiciar condicoes para receber os pro-fessores de Fısica ao retornarem de suas respectivaspos-graduacoes,

• Criar uma massa crıtica de docentes qualificados parapropiciar uma atmosfera apropriada a pesquisa,

• Possibilitar o surgimento de grupos de pesquisa bemdefinidos nos varios sub-domınios da Fısica,

• Garantir uma carga horaria de oito horas em sala deaula para um desenvolvimento equilibrado das ativi-dades de ensino, pesquisa e extensao,

• Efetuar uma distribuicao de carga horaria condizentecom a area de atuacao do docente para permitir naoso desdobramentos em relacao a possıveis orientacoesdos estudantes, mas uma pratica racional da ativi-dade de ensino de acordo com a qualificacao do do-cente (sem, no entanto, retirar do docente a possibi-lidade de ministrar aula de qualquer das disciplinasofertadas pelo departamento),

• Montar a biblioteca setorial de Fısica,

• Instalar gabinetes apropriados para todos os profes-sores de Fısica, com area de producao e de con-vivencia,

• Implementar um planejamento administrativo quegaranta aos docentes a efetivacao de direitos do tipolicenca-premio, licenca sabatica, afastamento parapos-graduacao, afastamento para pos-doutorado, den-tre outros.

Tambem, como um dado adicional para que a avaliacaoe comentarios sobre a evolucao do DFIS sejam fundamen-tados, consideraremos os argumentos e juızos exarados dosprocessos de criacao [2] e implantacao [3] do departamentode Fısica.

No processo de criacao, exaustivamente discutido noCONSEPE, chama a atencao a leitura cuidadosa realiza-da pela relatora, professora Raquel de Matos Cardoso doVale, preocupando-se em analisar cada um dos 10 capıtulosdo projeto do departamento [1] com o intuito de caracteri-zar, no seu parecer, o vies academico que justificou a per-tinencia e a viabilidade da proposta de criacao do Departa-mento de Fısica da UEFS. Com propriedade afirma: “As-sim, qualquer proposta de ampliacao do numero de depar-tamentos desta Universidade perpassa um vies academico,uma vez que e em funcao da dinamica das atividades deensino, pesquisa e extensao de determinada area de conhe-cimento que se amplia seu quadro de professores, aumentaa sua qualificacao docente, ou seja, o numero de mestrese doutores, a producao cientıfica, e por fim, a pluralidadedo seu discurso academico, [e] que nasce a demanda pelodesmembramento dos departamentos existentes” [2].

Dessa forma, do capıtulo 1 (Introducao), ressaltou o com-promisso da Area de Fısica, assumido em seu projeto [1],de

(i) Cumprir a meta estabelecida no Planejamento Es-trategico [23] no que diz respeito ao Campo do Saberda Fısica na UEFS;

(ii) Garantir a manutencao do Ambiente Academico queesta sendo estabelecido devido as implementacoes dasacoes delineadas no PCAD-FIS [35, 36];

(iii) Dar uma Identidade Academica aos seus Professores,posto que o citado Departamento congregara aquelesde formacao academica afim;

(iv) Garantir uma programacao e uma execucao efetivasdas atividades de ensino, pesquisa e extensao em to-dos os Sub-Domınios da Fısica, dando ao DFIS-UEFSuma Personalidade Academica clara e inconfundıvel;

(v) Possibilitar o cumprimento do papel de um Departa-mento, na medida em que serao adotadas e implemen-tadas polıticas efetivas de producao e transmissao doConhecimento cientıfico de Fısica, numa perspectivaextensionista de alcance social, outorgando a Univer-sidade uma funcao transformadora do meio social; e,

(vi) Contribuir para que as aspiracoes de crescimento daUEFS, reveladas na Avaliacao Institucional e noPlanejamento Estrategico, tornem-se realidade, namedida em que o seu porte, assumido como pequenono passado [24, 26, 27, 45–47], comecara a ser modifi-cado, possibilitando assim que a mesma possa assumiro efetivo perfil, tao almejado, de uma Universidadecom pluridisciplinaridade de pesquisa, de extensao, ede formacao de profissionais de nıvel superior.

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Do capıtulo 2 (justificativa) relatou a necessidade de aUEFS rever a sua estrutura academico-administrativa; docapıtulo 3 (a universidade) citou a explanacao sobre o pro-cesso de producao do conhecimento, envolvendo a cultura,o ser humano, o meio ambiente, e o tempo que funda-mentou a consideracao da Universidade ser o “locus queabriga os diversos saberes ou campos de saber do conheci-mento humano” [2] e que, portanto, deve ser estruturadalevando em conta as especificidades nos diversos camposdo saber cientıfico, literario e artıstico; do capıtulo 4 (afısica) reuniu as consideracoes principais que mostram ser aFısica um complexo e extenso campo do saber; do capıtulo5 (a fısica nas universidades publicas brasileiras) expos asituacao institucional que mostra que onde existe curso deFısica, existe tambem departamento ou instituto propriode Fısica; do capıtulo 6 (O Departamento de Fısica daUEFS) mencionou a historia do desenvolvimento da Fısicana UEFS, a definicao do departamento, seus objetivos es-pecıficos, a proposta da estrutura academico-administrativacom as quatro sub-unidades academicas e as seis coor-denacoes administrativas, listou as atividades de ensino,pesquisa e extensao existentes e as propostas, mencionousobre a producao academico-cientıfica entao vigente, subli-nhou a programacao de saıdas e previsao da distribuicaode carga horaria docente para o decenio 1998-2007, bemcomo a qualificacao docente no ano de 1998; do capıtulo 7(orcamento) pos aspas no fato de que o projeto consideroua construcao de espaco fısico, de laboratorio e aquisicaode equipamentos e moveis; e do capıtulo 8 (depoimentos)considerou os depoimentos de varios professores de diversasinstituicoes, como o INPE, UNICAMP, UFBA, e USP, parafrisar “o entusiasmo e a confianca com que veem a Fısicana UEFS” [2].

Amparada nessas enfases, com propriedade afirmou que“a proposta e, sem duvida nenhuma, uma proposta decarater academico, denotando o profundo compromisso queos professores de Fısica tem com o seu curso e com estaUniversidade” (grifo nosso) [2]. Pontuou que “em todosos capıtulos verifica-se consistencia, seriedade e conviccaodos dados apresentados” [2], realcando que “fica eviden-ciado que a Area de Fısica possui, hoje [1998], um corpode professores formados predominantemente por mestres edoutores, com programacao detalhada para incrementacaodesta titulacao e tambem do seu numero de docentes” (grifonosso) [2]. Arrematando, por fim, em relacao as atividadesde ensino, pesquisa e extensao que “estas atividades estaoem franco desenvolvimento, com grande chance de diversi-ficacao e fortalecimento” (grifo nosso) [2]. “Nesse sentido,conclui a parecerista, resta-nos parabenizar a Area de Fısicae seus professores pela iniciativa de proporem a criacao deum Departamento de Fısica, o que certamente abre a dis-cussao sobre a atual estrutura organizacional desta Univer-sidade” [2].

Apos a leitura do parecer os membros do CONSEPE, emreuniao realizada no dia 07 de outubro de 1998, discutiramo tema e, apos ser ressaltado que “aliada ao entusiasmodo grupo que elaborou a proposta, existe a credibilidade dotrabalho que e realizado pela Area de Fısica” [2], aprovarama proposta de criacao do Departamento de Fısica.

No processo de implantacao [3], discutido no CONSU, aComissao de Implantacao do Departamento de Fısica es-tabeleceu, de acordo com o projeto do Departamento deFısica: (a) o Plano de Trabalho resumido (2000-2004) dasatividades fins, indicando que o detalhamento esta contidono projeto [1]; (b) as Areas de Conhecimento; e (c) as Disci-

plinas oferecidas com os novos codigos. Acentua a comissao,como uma forma de cobranca da conclusao das obras, que oslaboratorios didaticos do DFIS, apos a construcao do AnexoIV, serao la instalados definitivamente; e que o DFIS pre-tende contratar professores para consolidar algumas areasnas quais atua na pesquisa naquele momento (2000), semdescartar as outras, conforme o projeto aprovado.

A partir daı e amparando-se no projeto aprovado noCONSEPE, a relatora do processo de implantacao, pro-fessora Maria do Socorro Costa Sao Mateus, tece os seuscomentarios, ressaltando a qualificacao do corpo docente,a demanda de disciplinas que serao oferecidas a univer-sidade, a estrutura administrativa composta das seis co-ordenacoes, a estrutura academica composta das quatrosub-unidades academicas, a previsao do Planejamento Es-trategico da UEFS contemplando a existencia do DFIS, acontextualizacao historica que reconstitui a criacao dos cur-sos na UEFS e os consequentes agrupamentos por depar-tamentos, os trechos da Avaliacao Institucional relativos aestrutura atual e a desejada, ressalta, tambem a vasta pu-blicacao tecnico-cientıfica do corpo docente do DFIS. Porfim, pontua os itens que embasaram e reforcaram a neces-sidade de criacao do Departamento de Fısica, que resumi-damente sao [3]:

• A inadequacao da estrutura atual da UEFS de acordocom a Avaliacao Institucional e o Planejamento Es-trategico, com departamentos sobrecarregados e ex-cessivamente heterogeneos o que impede o surgimentoda personalidade academica dos proprios departa-mentos, pois existem aglomerados de Areas de Co-nhecimento por departamento, cada uma com modusoperandi, visao administrativa e academica diferentes,impossibilitando uma efetiva programacao e execucaodas atividades academicas departamentais; e,

• A legalidade do projeto apresentado, na medida emque a legislacao da UEFS e demais leis maiores naocolocam impedimentos.

Considerando tambem que a exigencia mınima de 12membros havia sido atendida (na epoca existiam vinte (20)professores efetivos do Campo do Saber da Fısica) e queo princıpio da nao duplicacao da organizacao dos departa-mentos e o da afinidade das disciplinas estavam contempla-dos, a parecerista exara um parecer favoravel a implantacaodo Departamento de Fısica da UEFS, o qual foi aprovadopelos membros do CONSU em reuniao realizada no dia 1o

de marco de 2000.Nesse sentido, a evolucao do departamento a partir do

ano de sua implantacao, 2000, pode ser avaliada a luzdas diretrizes e perspectivas delineadas no seu projetode criacao, levando em conta as consideracoes teorico-filosoficas subjacentes.

Para darmos prosseguimento a nossa avaliacao, procu-raremos destacar fatos importantes na evolucao do DFIS,desde seu momento de efetiva implantacao ate o presente,analisando-os de acordo com as atividades desenvolvidas nomesmo.

Nas atividades de ensino planejadas e delineadas parao DFIS observamos que muitas das diretrizes supracitadasnao foram implementadas, dificultando a execucao adequa-da nao so dessa como das demais atividades docentes. Porexemplo, e necessario um planejamento para a carga horariadocente bem como uma adequada distribuicao dela. Dese-jamos ressaltar com isto que para existir uma atuacao do-cente plena nas atividades do departamento, i.e., alem do

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ensino, como tambem na pesquisa, na extensao e na admi-nistracao, e imprescindıvel uma carga horaria nao superioras 8h por semana, uma vez que a atividade de ensino seestende muito alem da sala de aula, a saber, com as ativi-dades complementares (planejamento, preparacao de aulas,preparacao e correcao de listas, atendimento individual ex-traclasse de alunos, tempo programado para a dedicacao doaluno(a) a disciplina, e outros). Ademais, cumpre notar anecessidade de uma programacao na distribuicao da cargahoraria, desde que a preparacao de curso, seja da graduacaoseja da pos-graduacao, requer do docente um tempo de de-dicacao apropriado. Observemos que esta e uma das tarefasque deveria desempenhar a Coordenacao de Ensino, a dis-tribuicao de carga horaria, de forma a geri-la com eficiencia,levando em conta a alocacao de professores nas disciplinasde acordo com seu perfil de atuacao, realcando, com efeito,a liberdade de escolha pelo proprio docente de ministraraulas de qualquer das disciplinas do departamento.

Outra questao de vital importancia e que se tem cons-tituıdo num grande problema para todos os cursos ligadose atendidos pelo DFIS e o dos laboratorios didaticos deFısica. A precariedade destes laboratorios tem acarretadoproblemas de diferentes ordens, inclusive, no aspecto do re-conhecimento do curso de Fısica (conforme alertado pelapropria comissao de verificacao do CEE - Conselho Es-tadual de Educacao). A falta de uma adequada estruturafısica dos 12 laboratorios tanto quanto de equipamentos e deabordagem de ensino de laboratorio (esta ultima ja consid-erada em projeto de pesquisa de professores do DFIS, masnao implementada [31–34]) tem comprometido de forma ir-reparavel os cursos de graduacao. Ao mesmo tempo naotem existido de forma efetiva a acao da Coordenacao dosLaboratorios Didaticos do DFIS como previsto em seu pro-jeto. As acoes dessa coordenacao dirigem-se precisamenteno sentido de evitar os problemas citados, ou outros que porventura venham a ocorrer com os laboratorios didaticos.

Tambem a implantacao dos cursos de pos-graduacao(especializacao, mestrado e doutorado), deixou de sercumprida como prevista no projeto do DFIS. A falta deuma pos-graduacao esta naturalmente associada a faltade uma massa crıtica de pesquisadores no DFIS (frise-se, contudo, contemplada na programacao explicitada naTabela II) capaz de estabelecer as condicoes mınimas paraa criacao das areas de concentracao do departamento. Con-sequentemente, sem um programa de pos-graduacao, apropria atividade de pesquisa do departamento torna-se sig-nificativamente reduzida.

Apesar do aumento (subestimado) do numero de do-centes no departamento, a natural necessidade de espacofısico para gabinetes de professores provocou uma ocupacaoindevida dos espacos do anexo de laboratorios de Fısica,desviando assim a utilizacao originalmente prevista para osmesmos [38] que era a alocacao dos 12 laboratorios didaticosdo departamento.

Nesse sentido, observamos que a inexistencia da Co-ordenacao de Ensino dificultou decisivamente a imple-mentacao das diretrizes e metas atinentes a Sub-Unidadede Ensino.

Tambem na atividade de pesquisa destacamos algumasobservacoes importantes. Em primeiro lugar podemos re-tomar a questao ja abordada da massa crıtica. A existenciade uma massa crıtica de doutores no campo do saber daFısica e crucial, primordialmente para possibilitar o exer-cıcio da pesquisa em sua plenitude, como tambem para oatendimento dos requisitos da generalidade, permanencia e

eficiencia do servico publico, de uma forma geral.Mais especificamente, a falta de uma massa crıtica im-

possibilitou o estabelecimento dos grupos de pesquisa doDFIS, a ampliacao desses grupos e a natural consolida-cao das linhas de pesquisa em que o departamento atu-aria. Cabe lembrar que estas linhas de pesquisa constitu-irao as linhas de pesquisa para uma futura pos-graduacaono campo das ciencias fısicas na UEFS. Ao mesmo tempo,a consolidacao das linhas de pesquisa deveria vir como re-sultado de uma polıtica do departamento voltada para aconsolidacao dos proprios grupos de pesquisa. Uma vezque deixou de ser implementada tal polıtica de pesquisa deacordo com as diretrizes delineadas, tambem deixou de e-xistir uma acao departamental que estimulasse a pratica deacoes supradisciplinares entre o DFIS e outros grupos depesquisa da universidade.

Os objetos das pesquisas referidas no paragrafo anterior,conforme delineado na natureza da atividade de pesquisadevem incluir os temas globais e gerais do campo do saberda Fısica bem como aqueles voltados para o desenvolvi-mento autonomo e sustentavel da regiao do semi-arido, ouseja, a contribuicao que a Fısica pode colocar (e tem colo-cado, mas nao ainda na sua plenitude) para os problemasde carater regional.

Embora seja reconhecida a necessidade de espacos paraos gabinetes de professores, os espacos do anexo de la-boratorios de Fısica eram, de acordo com o projeto doDFIS, voltados para os laboratorios didaticos de Fısica ehavia a previsao de alguns espacos para os laboratoriosde pesquisa. Com isso, houve uma ocupacao indevida doanexo com os gabinetes comprometendo a implantacao dosreferidos laboratorios, comprometendo tambem a dotacaoorcamentaria que levou a construcao do anexo de labo-ratorios [39]. Sem os espacos fısicos e um projeto especıficotratando da implantacao dos laboratorios de pesquisa se in-viabilizou tambem a dotacao orcamentaria voltada para aaquisicao dos equipamentos para os mesmos [39].

Dessa forma, assim como a falta de uma Coordenacaode Ensino trouxe problemas para o departamento, a faltade uma Coordenacao de Pesquisa trouxe prejuızos de outraordem. O papel da Coordenacao de Pesquisa, delineadomais acima, e o de coordenar e auxiliar o desenvolvi-mento das atividades de pesquisa do DFIS. Sendo assim,a organizacao, o planejamento e o acompanhamento dasatividades de pesquisa do DFIS passa fundamentalmentepela sua Coordenacao de Pesquisa, a qual deveria esti-mular a implementacao dos laboratorios de pesquisa, deuma biblioteca setorial, dos grupos e das respectivas linhasde pesquisa entre outras atribuicoes, bem como deveriapreocupar-se, juntamente com a Coordenacao de Ensino,com a criacao dos cursos de pos-graduacao (especializacao,mestrado e doutorado).

Por fim, mas nao menos importante, cabe ressaltar o naocumprimento pleno do planejamento de capacitacao dosprofessores do DFIS na medida em que, no retorno de suaspos-graduacoes, eles nao encontram um ambiente propıciopara implementarem as suas potencialidades adquiridas,nao so no que tange a pesquisa, mas tambem ao ensino.

No aspecto das atividades de extensao outros pontos po-dem ser mencionados. Chama a atencao o fato de que aCoordenacao de Extensao tambem nao foi implementada.Com isso, inexistiu a aplicacao do planejamento das ativi-dades de extensao, bem como o cumprimento de suas fi-nalidades. Esses fatos indubitavelmente trazem como con-sequencia uma descaracterizacao completa da atividade de

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extensao, significando que foi relegada; um fato em francacontradicao com a concepcao de extensao em Fısica esta-belecida no projeto do DFIS. Um alcance negativo disto eo de perpetuar na sociedade, em particular na regiao dosemi-arido, a visao distorcida da Fısica e dos fısicos: aFısica como uma disciplina ‘difıcil’, so cultivada-estudada-pesquisada por ‘iluminados’; e os fısicos como pessoas ‘es-tranhas’ e muitas vezes arrogantes, distantes da realidadedas coisas.

Por outro lado, uma vez que a massa crıtica, ja alu-dida, nao foi estabelecida, tambem nao se estabeleceramas condicoes objetivas para uma acao extensionista amplaatendendo nao so as diretrizes gerais sobre a pratica detal atividade, como tambem as definicoes dos proprios atosextensionistas. Alem disso, nao foram criados grupos deextensao o que acarretou uma falta de intra e inter relacoesde atividades daı decorrentes.

No que tange aos cursos de pos-graduacao, a sua naoimplantacao inviabilizou o cumprimento de um importantepapel da extensao como articuladora das atividades de en-sino e de pesquisa com a sociedade. Nessa linha, valeressaltar uma importante diretriz delineada que nao foiposta em pratica: a estruturacao do laboratorio de extensaoLEF-FIS, o qual visava atender inicialmente, mas nao ex-clusivamente, docentes do primeiro grau da rede publica.

No aspecto das atividades de extensao que estavamem desenvolvimento e aquelas em estagio de proposicao,observou-se que: houve uma parada total das atividades“Interacoes Extensionistas em Fısica”, “Difusao de Fısicano 1◦ e 2o graus”, e “Notas de Fısica”; ha uma faltade periodicidade das atividades “Coloquios de Fısica”,“Seminarios de Fısica”, “Caderno de Fısica”, e “Escola deVerao do Departamento de Fısica”; inexistem acoes quese proponham a realizacao do projeto “Curso de Aper-feicoamento para Professores de Fısica do 2o grau”.

Abordando a inovadora atividade de apoio academico,avaliemos os pontos que a consubstanciam. Vale ressaltarque, devido ao carater inovador, esse e um ponto merecedorde especial atencao.

A meta prioritaria das acoes atinentes a atividadede apoio academico e o desenvolvimento equilibrado,harmonico e homogeneo da Unidade Academica DFIS.

Do ponto de vista filosofico-conceitual, a existencia daatividade de apoio academico surgiu como uma propostaousada para uma problematica conhecida nas universi-dades, relacionada com a estrutura departamental, e quepode ser sintetizada em termos de uma desarmonia, indi-vidualizacao, burocratizacao e hierarquizacao das acoes deum departamento, de acordo com os trabalhos de Graciani[48], levando a uma falta de integracao e apatia entre osprofessores, bem como a um desestımulo para a pratica dasatividades docentes voltadas para o coletivo. Um processoque levou, como e sabido, a um profundo questionamentoda propria estrutura universitaria alicercada em departa-mentos. Como uma alternativa dentro da estrutura depar-tamental [1], foi proposta a atividade de apoio academicoque objetiva diluir a desarmonia, individualizacao e apa-tia dos professores atraves de atividades de cunho coletivo,harmonizador e que estimulem a auto-estima, seguranca eo dialogo, com um vies educativo e socializador. Claro estaque tais atividades atacam o efeito proporcionado pela pro-blematica aludida; no entanto, em conjuncao com a ousadaconcepcao de estrutura academico-administrativa do DFIS,como estabelecida em [1], tem-se uma alternativa para en-frentar a propria problematica.

O papel da Coordenacao de Apoio Academico, portanto,e o de estimular e propiciar o bom desenvolvimento de to-das as atividades do departamento bem como de constituir-se num referencial de primeira instancia para dirimir asquestoes que propiciem distensoes, estimulando as partespara um dialogo fraterno na busca de solucoes harmo-niosas. Considera-se, entao, que a Coordenacao de ApoioAcademico juntamente com a Coordenacao Geral do de-partamento devem trabalhar em consonancia para pro-mover um ambiente harmonico, de integracao nas acoes ede estımulo para o desenvolvimento das atividades docentesno departamento.

Sendo assim, a inexistencia da Coordenacao de Apoiosinaliza os efeitos da problematica aludida acima, ou seja,atitudes isoladas e individualizadas dos docentes do de-partamento. A implementacao da Coordenacao de ApoioAcademico, de acordo com o projeto do DFIS, sera ex-tremamente positiva tanto para a direcao do departamentoquanto para o corpo docente, desde que tal coordenacaotrabalhara em conjunto pela concretizacao da biblioteca se-torial de Fısica, dos laboratorios de apoio, das oficinas deapoio, bem como das atividades que estimularao a criacaode grupos de pesquisa e extensao e das atividades que es-timularao a criacao de interdependencias e ajudas mutuas.

A falta de compreensao do verdadeiro significado e na-tureza das atividades de apoio academico dificultou a insta-lacao e atuacao da respectiva coordenacao, bem como prop-iciou a inexistencia da propria atividade no DFIS. Com issoperdeu-se o papel que destacaria uma clara polıtica de inte-gracao no seio do departamento buscando a realizacao dosanseios docentes.

Consideradas as atividades academicas, passemos ao es-tudo das atividades eminentemente administrativas.

Como ja ressaltado nos paragrafos anteriores, as Coor-denacoes de Ensino, de Pesquisa, de Extensao e de ApoioAcademico nao foram efetivamente implementadas. Deinıcio convem ressaltar que, conceitualmente, a existenciade coordenador nao implica na existencia de coordenacao.As cinco coordenacoes, juntamente com o conselho departa-mental, constituem-se, por definicao, nos organismos cole-giados que compoem a Estrutura Administrativa do DFIS.Diferentemente do conselho departamental, que e compostodos professores do campo do saber da Fısica, integrantes dacarreira do magisterio, as coordenacoes sao compostas porrepresentantes de atividades (ou atributos) previamentedefinidas.

Dessa forma, a constituicao das Coordenacoes de En-sino, de Pesquisa, de Extensao e de Apoio Academico in-dependera da vontade do corpo dirigente do departamento(a Coordenacao Geral do departamento). Nesse sentido,tais coordenacoes proporcionarao no departamento um tomde pluralidade e de respeito a minoria posto que qualquerprofessor, investido da atividade ou atributo definidor dacoordenacao, assumira a representacao respectiva. Alemdisso, a existencia de tais coordenacoes, juntamente coma Coordenacao Geral, reafirma os princıpios fundamentaisque regem uma boa administracao na medida em que elascompoem um agente harmonizador das atividades admi-nistrativas, possibilitam efetivamente uma descentralizacaodas acoes administrativas, garante a delegacao de com-petencias, e participa do exercıcio democratico e sereno dafiscalizacao-acompanhamento do cumprimento da lei e dasnormas, bem como das atividades docentes no sentido daeducacao e orientacao dos professores.

Como nao foram implementadas as coordenacoes aludi-

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das, concluımos que, em geral, no Departamento de Fısicanao se instaurou o acento da pluralidade e do respeito aminoria. Alem disso, os princıpios da coordenacao, descen-tralizacao, delegacao de competencias e acompanhamentonao foram implementados.

Pode-se afirmar, consequentemente, que nao existe umadivisao das responsabilidades atraves das coordenacoes alu-didas, acarretando em uma centralizacao do poder, o que,por outro lado, indica uma sobrecarga nas atividades ad-ministrativas desempenhadas pelo corpo diretivo do depar-tamento.

Em suma, afirmamos que nao existe uma compreensaodo significado e natureza das atividades administrativascomo assinaladas no projeto de criacao do Departamentode Fısica.

Queremos chamar a atencao de que dentre as diretrizestracadas para tal atividade, algumas ainda nao foramcumpridas das quais se podem citar: nao efetivacao defuncionarios tecnico-administrativos com formacao em ad-ministracao, contabilidade e direito para darem o suporteapropriado para o bom andamento administrativo-contabil-legal do departamento; espaco fısico inadequado da sede dodepartamento na medida em que esta isolada da estruturafısica que comporta as atividades academicas; e instalacaodos gabinetes em local inapropriado, como ja ressaltado, eem numero abaixo do necessario.

Um ponto importante e inovador que vale a pena ser to-cado, relaciona-se com a proposta da estrutura academico-administrativa da Unidade Academica de Fısica. Ela foipensada para possibilitar a divisao de responsabilidades,a efetiva participacao do conjunto de professores e o rela-cionamento organico do DFIS com os outros orgaos cole-giados da Universidade, bem como da propria comunidadeuniversitaria.

No aspecto do relacionamento organico, a Coordenacaode Ensino tem um papel fundamental na medida em quesera o local natural de discussao da qualidade do servicoque o DFIS presta a toda a Universidade quando oferece asdisciplinas aos cursos existentes e por existir, avaliando ascaracterısticas, objetivos e diferencas existentes entre cadaum deles, respeitando as suas diferentes naturezas, con-tribuindo, assim, para a realizacao das acoes supradisci-plinares no que tange ao ensino. Com isso, os professoresrepresentantes das materias nos colegiados dos diversos cur-sos atendidos pelo departamento poderao ter uma acao efe-tiva e a ligacao “colegiados - departamento” sera de fatorespeitadora do papel de cada um e organica.

Por sua vez, ainda no aspecto organico aludido, a Co-ordenacao de Pesquisa cumprira seu papel de permanenteestımulo ao desenvolvimento das variadas pesquisas exis-tentes e por existir no Campo do Saber da Fısica, estimu-lando a interacao docente com os pesquisadores de outrasUnidades Academicas da universidade, abrindo o caminhopara as acoes supradisciplinares no que tange a pesquisa.Dessa forma, alem do DFIS contribuir para o desen-volvimento tecnico-cientıfico-tecnologico-social da regiao deforma autonoma com as suas pesquisas especıficas, ira par-ticipar, com as pesquisas supradisciplinares, do processo deconstrucao do conhecimento universitario ao compreendera pesquisa como uma atitude de vida, estrategia basica deautoconstrucao.

A Coordenacao de Extensao, tambem, tera um papelsemelhante, pois propiciara a participacao do DFIS ematividades de extensao com um vies humanıstico objeti-vando nao so conscientizar a comunidade sobre a reali-

dade, sobre o pensamento, sobre a pratica da vida, noque tange ao conhecimento fısico, mas contribuindo paraque a Universidade transforme-se em um local de vidaagradavel, atraves de projetos que se caracterizem pelabusca da estetica, enquanto desejo.

Por fim, embora as figuras dos Coordenadores de Ensino,de Pesquisa, e de Extensao, tenham existido, como tradi-cionalmente ocorre em outros departamentos da UEFS, oelemento diferenciador e inovador colocado com a Coor-denacao Geral, e detalhado na referencia [1], nao se con-cretizou, e consequentemente o espırito das quatro coor-denacoes (mais amplas que seus coordenadores) foi perdido.

Dessa forma, o conjunto dessas analises e comentarios so-bre a evolucao do DFIS mostra que os princıpios de plane-jamento, coordenacao, descentralizacao, delegacao de com-petencias, e acompanhamento, que fundamentam a boa ad-ministracao, nao tem sido satisfeitos no DFIS, bem comonao tem sido atendidos os requisitos do servico publicode generalidade, permanencia, e eficiencia, mostrando queo DFIS, essencialmente esta seguindo os preceitos tradi-cionais da visao departamental o que esta em franca con-tradicao com a proposta ousada elaborada no seu projetode criacao.

VI. CONCLUSOES

O presente trabalho faz uma analise crıtica da evolucaodo Departamento de Fısica da Universidade Estadual deFeira de Santana.

Considerou, do projeto de criacao, os pressupostosteorico-filosoficos sobre o processo de producao do conhe-cimento humano envolvendo a cultura, o ser humano, omeio ambiente e o tempo, que fundamentaram a concep-cao de universidade e de unidade academica assumidos eque serviram de base para estabelecer, naquele momento, aestrutura institucional de departamento para o Campo doSaber da Fısica, e considerou, dos pareceres de criacao eimplantacao, os pontos relevantes que foram arrolados nosrespectivos processos para justificar a aprovacao do projetonas instancias superiores da universidade.

A partir daı, a luz das diretrizes e perspectivas delinea-das no projeto, realizamos uma analise da evolucao do de-partamento desde a sua implantacao, no ano de 2000, ate aatualidade, considerando as atividades, nele, desenvolvidas.

Como ficou evidente no estudo feito, expectativa inclu-sive das instancias superiores [2, 3], o corpo docente for-mador do departamento no final desses cinco anos deveriaconter 51 professores, conforme a Tabela II, numero im-portante para possibilitar, como planejado, a existencia dadenominada massa crıtica docente. Com isso, o conjuntode atividades propostas no projeto estaria em condicoes deser implementado ao longo desses cinco anos de vida, alemdo que possibilitaria a atuacao do departamento em umnumero maior de areas do Campo do Saber da Fısica, fatorimportante para o desejado desenvolvimento da regiao.

No que tange a atividade de ensino, o curso de graduacaopoderia ser reestruturado de tal forma a permitir variasenfases e habilitacoes, tao fundamentais para a insercaode profissionais nos campos de trabalho da regiao, alemdo que o departamento poderia ter contribuıdo na im-portante discussao do ensino de laboratorio ao implemen-tar a filosofia de ensino de laboratorio baseada na abor-dagem epistemologica. Ainda nessa linha, e considerando o

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papel fundamental da universidade garantir um processode desenvolvimento socio-economico-cientıfico-tecnologicoautonomo para a sociedade, a massa crıtica aludida teriacriado as condicoes objetivas para a criacao dos cursos deespecializacao (que atenderia a heterogeneidade das areasde demanda, no mercado de trabalho) e de mestrado edoutorado (que possibilitaria ao diplomado exercer funcoescientıficas), na medida em que se teriam grupos de pesquisamais bem definidos e atuantes, com maiores chances de con-solidacao.

Alem disso, as atividades de extensao teriam se firmadocomo integradoras do departamento com a sociedade namedida em que o DFIS teria atuado no sentido de reverterseus benefıcios em favor da populacao, bem como teria ar-ticulado o ensino e a pesquisa com a sociedade em um viestransformador do meio social.

Nesse sentido, com uma atuacao efetiva no que tangeao conjunto das atividades docentes, o departamento teriacumprido, ate entao, a parte que lhe diz respeito no to-cante ao estabelecimento de condicoes de trabalho ade-

quadas para os professores, como eram as perspectivas ad-vindas com a sua criacao.

Urge, portanto, a retomada dos rumos que foram funda-mentais para a propria criacao do Departamento de Fısica.Nao podemos perder de vista que a organizacao institu-cional de uma entidade (no nosso caso, a universidade emgeral, e o departamento, em particular) que objetiva aformacao de profissionais de nıvel superior, bem como apluridisciplinaridade de pesquisa e de extensao, tem comofuncao precıpua dar condicoes para que tais objetivos ocor-ram. Isso significa, consequentemente, que o Departa-mento de Fısica deve assumir o seu verdadeiro papel e darcondicoes para que os cursos de Fısica (de graduacao e depos-graduacao), bem como as atividades de pesquisa e ex-tensao, ocorram na sua plenitude posto que tais atividadestem um papel fundamental no desenvolvimento das pessoase da sociedade, sendo um dos elementos essenciais para fa-vorecer as transformacoes sociais necessarias que a regiaodo semi-arido carece, pontos, alias, historicamente sempredefendidos pelos profissionais da Fısica da UEFS.

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Sitientibus Serie Ciencias Fısicas 01: 79–103 (2005) Departamento de Fısica da UEFS: sua natureza...

ANEXO – TABELA II

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Franz A. Farias e M. S. R. Miltao Sitientibus Serie Ciencias Fısicas 01: 79–103 (2005)

Tab. II – Previsao de Carga Horaria no Decenio 1998–2007

Notacao utilizada na Tabela II: Si – i-esimo semestre, M – Mestrado, D – Doutorado, ProfEC0i – i-esimo ProfessorEstatutario a ser contratado, ProfV C0i – i-esimo Professor Visitante a ser contratado. Obs.: A partir de 1999 o entaoprofessor visitante Rainer Madejsky passou a ser professor estatutario (ProfEC02) em decorrencia da aprovacao noconcurso publico.

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Sitientibus Serie Ciencias Fısicas 01: 79–103 (2005) Departamento de Fısica da UEFS: sua natureza...

[1] Area de Fısica - UEFS; Departamento de Fısica da UEFS,PubliFis, Feira de Santana - BA (1998).

[2] CONSEPE-UEFS; Processo de criacao do Departamentode Fısica da UEFS, nao publicado, Feira de Santana - BA(1998).

[3] CONSU-UEFS; Processo de implantacao do Departamentode Fısica da UEFS, nao publicado, Feira de Santana (2000);

[4] E. Cruz; Compendio de Filosofia, Ed. Globo, Porto Alegre- RS (1940).

[5] A.A. Abramczuk; O mito da Ciencia Moderna: Propostade analise da Fısica como base de ideologia totalitaria,Cortez/Autores Associados, Sao Paulo - SP (1981).

[6] Enciclopedia Mirador Internacional; Conhecimento, vol. 06,Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicacoes, Sao Paulo- SP (1976).

[7] J.C. dos Santos Filho; A interdisciplinaridade na Universi-dade: relevancia e implicacoes, Educacao Brasileira 14 (29)59-80, 2o sem. (1992).

[8] M. Chauı; Vocacao polıtica e vocacao cientıfica da Univer-sidade, Educacao Brasileira 15 (31) 11-26, 2o sem. (1993).

[9] M.A. Andery et al ; Para compreender a Ciencia - uma pers-pectiva historica, EDUC, Rio de Janeiro - RJ (1988).

[10] L.E.H. Trainor and M.B. Wise; From Physical Conceptto Mathematical Structure: An Introduction to TheoreticalPhysics, University of Toronto Press, Canada (1981).

[11] S. Resende; A Fısica no Brasil, Estudos da SBF, 01 04-39(1994).

[12] A.L. de R. Barros; Perspectivas em Fısica Teorica, Anais doSimposio de Fısica em Homenagem ao 70o Aniversario doProf. Mario Schenberg, Instituto de Fısica da Universidadede Sao Paulo, Sao Paulo - SP (1987).

[13] Enciclopedia Mirador Internacional. Fısica 09, Encyclopae-dia Britannica do Brasil Publicacoes, Sao Paulo - SP (1976).

[14] M.G. Ferri e S. Motoyama (Coord.); Historia das Cienciasno Brasil, EPU/EDUSP, Sao Paulo - SP, (1979).

[15] J. Goldemberg; 100 anos de Fısica, Ciencia e Sociedade,CBPF-II (02) (1973).

[16] S. Resende; A Fısica no Brasil, Boletim Informativo, 18(02) 05-41 (1987).

[17] SBF; A Fısica no Brasil na proxima decada, 3 v., Publica-cao da SBF, Sao Paulo - SP (1990).

[18] SBF, Estudo sobre o sistema de Bolsa de Produtividade empesquisa do CNPq na area de Fısica e Astronomia, BoletimInformativo, 29 (01) 24-42 (1998).

[19] SBF, PACS 95.asc, revised 6/1995.[20] A. de la H. Gascon; Coordenadas

para la investigacion Supradisciplinar,http://www.iieh.org/doc/doc200301220300.html;

[21] A.F.G. da Costa; Interdisciplinaridade: a Praxis daDidatica Psicopedagogica, UNITEC, Rio de Janeiro - RJ(2000).

[22] A. Freire; Gramatica Grega, Livraria Martins Fontes, SaoPaulo - SP (1987).

[23] Area de Fısica - UEFS; Plano de Capacitacao e Atividades

Docentes da Area de Fısica, 3a ed., PubliFis, Feira de San-tana - BA (1996).

[24] UEFS; A Universidade em questao - I Relatorio Sıntese daAvaliacao Institucional, Publicacao interna, Feira de San-tana - BA (1997).

[25] UEFS; Planejamento Estrategico Inicial - Universidade Es-tadual de Feira de Santana, Publicacao interna, Feira deSantana - BA, (1997).

[26] Assessoria de Planejamento - UEFS; Boletim Institucional,vol. I - Legislacao, Publicacao interna, Feira de Santana -BA (1997).

[27] UEFS; A Universidade em questao - O que se sugere no 1o

Relatorio Sıntese da Avaliacao Institucional em Curso na

UEFS, Publicacao interna, Feira de Santana - BA (1997).[28] J. Leite Lopes; Ciencia e Desenvolvimento, 2a ed., EDUFF,

Rio de Janeiro - RJ (1987).[29] P. Demo; Qualidade e modernidade da Educacao Superior:

discutindo questoes de qualidade, eficiencia e pertinencia,Educacao Brasileira 13 (27) 35-80, 2o sem. (1991).

[30] L.M.T. Furlani; Autoridade do Professor: meta, mito ounada disso?, Cortez/Autores Associados, Sao Paulo - SP(1988).

[31] M. S. Ribeiro, D.E. de M. Motta, e D.S. Freitas; A proble-matica do ensino de laboratorio de Fısica na UEFS, Comu-nicacao Oral, XII Encontro de Fısicos do Norte-Nordeste,Fortaleza - CE, Sociedade Brasileira de Fısica (1994).

[32] E.S. Teixeira, A.J.S. dos Anjos, D.S. Freitas, D.E. de M.Motta, J.A. Miranda, e M.S. Ribeiro; Laboratorios didaticosde Fısica da UEFS: uma abordagem epistemologica, Comu-nicacao em Paineis, I Congresso de Pesquisa das Univer-sidades Estaduais da Bahia, Salvador - BA, Secretaria deEducacao e Cultura do Estado da Bahia (1997).

[33] M.S. Ribeiro, D.S. Freitas e D.E. de M. Motta, O ensinode laboratorio de Fısica na UEFS: consideracoes teorico-pedagogicas, Sitientibus 16 123 (1997).

[34] M.S. Ribeiro, D.S. Freitas e D.E. de M. Motta; A proble-matica do ensino de laboratorio de Fısica na UEFS, Rev.Bras. Ens. Fis. 19 444 (1997).

[35] Assessoria de Planejamento - UEFS; Planejamento Es-trategico Participativo - Questao Estrategica 3: Comoreestruturar fısica e administrativamente o Departamento?,Publicacao interna, Feira de Santana - BA (1997).

[36] DEXA - UEFS; Planejamento Estrategico Participativo- Departamento de Ciencias Exatas, Publicacao interna,Feira de Santana - BA (1997).

[37] UEFS; Documento Geral de Planejamento Estrategico Par-ticipativo - UEFS, Publicacao interna, Feira de Santana -BA (1997).

[38] Area de Fısica - UEFS; Projeto do Anexo dos Laboratoriosde Fısica do Modulo IV, PubliFis, Feira de Santana - BA(1998).

[39] Assessoria de Planejamento - UEFS; ProgramacaoOrcamentaria - 1998: Departamento de Ciencias Exatas,Publicacao interna, Feira de Santana - BA (1997).

[40] UNB; Extensao - a universidade construindo saber ecidadania, Documento final do I Encontro de Pro-Reitoresde Extensao das Universidades Brasileiras (1987), Brasılia(1989).

[41] Z.G.P. de Barros; A extensao universitaria e o ensino de 1o

e 2o graus, Educacao Brasileira, Ano II 5 273-287, 2o sem.(1980).

[42] V. Garrafa; Extensao: do assistencialismo ao compromisso,Humanidades, Ano IV, 12 88-90 (1987).

[43] R. H. dos Reis; A institucionalizacao da extensao, EducacaoBrasileira 14 (28) 67-81 1o sem. (1992).

[44] H.L. Meirelles; Direito Administrativo Brasileiro, 13a ed.,Revista dos Tribunais, Sao Paulo - SP (1987).

[45] UEFS; Planejamento Estrategico Inicial - Universidade Es-tadual de Feira de Santana, Publicacao interna, Feira deSantana - BA (1997).

[46] UEFS; A Universidade em questao - Seminario de aberturada Avaliacao Institucional, Anais, 18 a 22 de novembro,(1991).

[47] UEFS; A Universidade em questao - Projeto de AvaliacaoInstitucional, Publicacao interna, Feira de Santana - BA(1994).

[48] M.S.S. Graciani; O Ensino Superior no Brasil - a estruturade poder na universidade em questao, 2a ed., Ed. Vozes, SaoPaulo - SP (1982).

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