Análise Goiânia - construção e diretrizes

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Acadêmicos: Dannyella Stéfanny, Mário Emanuel, Mesaque, Monice Cristin e Nágilla Andrade Goiânia – planejamento e diretrizes Anápolis - GO

Transcript of Análise Goiânia - construção e diretrizes

Acadêmicos: Dannyella Stéfanny, Mário Emanuel, Mesaque, Monice Cristina e Nágilla Andrade

Goiânia – planejamento e diretrizes

Anápolis - GO

Surge a ideia de transferência da capital

Em 1830, Miguel Lino de Morais, segundo governante da província

de Goiás durante o Império do Brasil, propôs que a capital

fosse transferida para a região onde hoje se localiza o estado

do Tocantins. Segundo ele, "a mudança da Capital para uma região mais

povoada e de comércio mais fraco, é uma medida a ser tomada com urgência".

Em 1863, José Vieira Couto de Magalhães, também governante da

província de Goiás, retoma a proposta da transferência da

capital: "temos decaído desde que a indústria do ouro desapareceu (...) continuar

a capital aqui é condenar-nos a morrer de inanição, assim como morreu a indústria

que indicou a escolha deste lugar".

CONTEXTO HISTÓRICO

A proposta de transferir a capital de Goiás permaneceu em

latência até à Revolução de 1930, quando Pedro Ludovico

Teixeira foi nomeado interventor federal por Getúlio Vargas. No

final de 1932, Pedro Ludovico tomou as primeiras providências

para que Goiânia fosse construída. A proposta de transferir a

capital de Goiás, que àquela altura já durava há pelo menos 180

anos, encontrou campo fértil na política do governo federal.

Região escolhida: às margens do córrego Botafogo, compreendida

pelas fazendas "Criméia", "Vaca Brava" e "Botafogo", no então

município de Campinas, para a edificação da nova capital de

Goiás.

Profissionais encarregados

6 de julho - Pedro Ludovico assinou um decreto encarregando os

profissionais:

•Attilio Corrêa Lima  - para elaboração do projeto da nova capital em

estilo Art Déco.

•Armando de Godoy – reformula o projeto original, inserindo o

parcelamento do Setor Oeste e fortes mudanças no arruamento do Setor

Sul, concebendo tal área sob forte inspiração do movimento

das cidades-jardim, teoria fundada pelo urbanista Ebenezer Howard. Em

1935, Armando assinou o plano diretor de Goiânia.

•Engenheiros Jerônimo e Abelardo Coimbra Bueno – construções das vias.

Essa foi uma das razões alegadas da mudança da sede da capital do Estado de Goiás, bem como algumas razões para a nova capital e o seu planejamento inicial.

Um dos motivos era a de ter uma visão mais ambientalista. Com isso, o arquiteto que planejou Goiânia classificou os espaços livres da nova urbe, pelas suas diversas categorias:

Porque mudar a capital?Parque Botafogo ................................................ 54 haParque Buritis ..................................................... 40 haParque Paineira ................................................... 16 haPark-ways ............................................................ 25 haJardins ................................................................. 16 haEstacionamento de veículos (arborizado)............1 haPraças (ajardinadas) ............................................. 5 haAeródromo ......................................................... 79 haÁreas destinadas ao esporte ............................... 8 haVias públicas ...................................................... 128 haTotal ................................................................... 375 ha

Estudo para Lyceu Goiânia

Projeto para Palácio da Justiça

Projeto Original A.C. Lima 1933/35

Projeto Executado, em 1937

Projeto Paisagístico para Av. Pedro Ludovico

O SETOR SUL DE ARMANDO DE GODOY A concepção original e a sua relação com os princípios modernos

O Setor Sul, bairro residencial projetado por Armando de Godoy

entre 1935 e 37, foi inspirado na concepção de cidade jardim e

teve como referência direta Radburn, projetado por Clarence

Stein em 1929. Em Goiânia, na época, o projeto foi bem recebido

pelos poucos que o conheciam:

“... Um plano inspirado em Radburn, uma cidade americana.(...) Na zona sul é que surgirá a mais moderna

solução urbanística do momento atual. Será aqui realizada (...) a solução mais técnica para cidades

modernas(...) Trata - se de uma concepção inteiramente nova no Brasil: adoção do sistema “cul-de-sac”,

grupos residenciais em forma semi-circular, em meio a um extenso parque, gramado e com arborização

adequada, que mereceu estudos especiais.”

(ÁLVARES, 1942)

RadBurn: Bairro residencial, por Clarence Stein. Goiânia, em 1942.

Foto Aérea De Goiânia, 1953.

Foto Aérea Do Setor Sul, 1955.

O plano para o Setor Sul, orientado diretamente por Armando

de Godoy e executado pelos Coimbra Bueno, mostra que as

principais diretrizes do projeto foram: - Separação das ruas de residência das de tráfego (quando possível);

- Fazer as ruas de residência com tráfego mínimo, de modo a ser suficiente a uma pavimentação muito barata e que possa ser feita pelos próprios proprietários;

- Separar o tráfego de pedestres e veículos;

- Garantir a melhor aeração possível às residências, prevendo uma vegetação abundante

Estruturação do projeto:

- Traçado orgânico (em parte justificado pela declividade do terreno na direção do vale do Córrego Botafogo, no limite leste) que gerou quadras irregulares onde foi dada grande importância às áreas livres de uso público.

- As “bordas” das quadras foram parceladas segundo o padrão de habitações isoladas, enquanto os seus “miolos” foram mantidos como espaços livres públicos, concebidos como parques contínuos.

Do total de sua área (3.255.276 m2 ), 17,33 % era destinada a estas áreas verdes públicas, o que correspondia a aproximadamente 14,72 m2 de área livre por habitante, considerando-se a ocupação total do bairro. Foram projetadas 28 áreas com este fim.

17%

83%

Áreas verdes

Seguindo essa estrutura, a proposta de Godoy era:

- Que os lotes tivessem duas frentes,

- Que as casas se abrissem para a rua e para o parque, criando uma relação direta entre o espaço público e o privado.

O sistema viário é hierarquizado e formado por: vielas de pedestres em meio às áreas arborizadas; vias arteriais, que ligariam o bairro ao centro e às futuras áreas de expansão urbana (partindo da grande praça arborizada, asterisco); vias coletoras, que para a ligação entre as arteriais e locais e, finalmente, as vias locais, vielas bloqueadas em cul-de-sac, responsáveis pelo acesso de veículos aos lotes e para entrada e saída de serviços, como coleta de lixo

- TRAÇADO RADIOCÊNTRICO:Atílio Corrêa Lima fez o plano urbanístico de Goiânia, fortemente influenciado pelo urbanismo francês e da cidade-jardim de Ebenezer Howard;

- PLANO DIRETOR DE GOIÂNIA:Zona e subzonas de atividades, parque de preservação de mata ciliar, zona de esporte e divertimento e zona universitária.

- PRÉDIOS COM ARQUITETURA ART DECÓ:Fachadas limpas, retilíneas, funcionais e claras.

Planta de Goiânia

Planta Cidade Jardim

MATRIZES:

- Goiânia foi planejada como uma cidade radiocêntrica, cujo o pólo de irradiação era uma Praça, hoje denominada de Praça Cívica, onde também se localizaria um centro administrativo.

- O traçado retilíneo da acesso aos setores habitacionais e comerciais.

Centro Cívico

Centro Cívico De Goiânia, 1957

Cidade alemã de Karlsruhe segue a lógica urbanista de

avenidas em direção ao poder central.

Goiânia no período de sua inauguração: todas as vias ao encontro do centro

político.

Plano básico - Projeto de Attílio Corrêa Lima

O urbanista concebeu o traçado de Goiânia levando em conta topografia do sítio. A cidade teria inicialmente 15.000 habitantes, atingindo no máximo 50.000, e suas terras seriam de propriedade pública.

Attíli

o Co

rrêa

Lima

Concepção Urbanística: Elementos Urbanístico “Praça Central”, foco privilegiado das perspectivas das principais vias traçadas- avenida Pedro Ludovico, Tocantins e Araguaia.

Praça Cívica, elemento central na concepção de Attilio na década de 1930. Percebem-se já os três eixos principais, convergindo para o palácio do governador.

AS QUADRA COMERCIAIS- seriam dotadas de uma área interna com acesso especial para carga e descarga de mercadorias.AS QUADRAS RESIDENCIAIS- teriam o mesmo espaço interno só que destinado ao lazer.

- O problema da topografia do terreno e das águas pluviais foi solucionadas através da disposição de vias.

Attílio dividiu a cidade em zonas de atividades “ para obter a organização dos serviços públicos como também para facilitar certos aspectos técnicos, econômicos...”.

- A cidade teria os setores: Central Norte Sul Leste Oeste

- Onde seria distribuído as zonas: residencial, administrativa, comercial, industrial, rural, vivas publicas, espaços livres, praças, um aeroporto e uma estação ferroviária.

As vias principais, Anhanguera e Goiás, foram dispostas em forma de cruz:

- A primeira corta a cidade no sentido leste-oeste.- A segunda se desenvolve no norte-sul, entre o

centro administrativo e a estação ferroviária. E por fim a av. Paranaíba, em forma circular, servindo de ligação entre o aeroporto e parque Botafogo.

Goiás

Attílio propôs as praças rotatórias como uma opção para o tráfego e cita o urbanismo Frances como referencia.

Correa Lima utilizou os recursos da topografia local para exaltar o espaço mais importante da capital: o

centro administrativo e o palácio do governo.

A rigidez e a formalidade do desenho fica restrito a parte central da cidade. O restante da cidade tem um

traçado que busca a funcionalidade, a racionalidade e a clareza de linhas, características do urbanismo moderno.

GOIÂNIA HOJE

- Ao andar pelas ruas do centro de Goiânia, raramente encontrarão nos seus passeios os jardins planejados por Lima.

- Igualmente, a não ser nos finais de semana ou nas noites, quando o vazio e a insegurança tomam conta do centro da cidade, o trânsito é caótico.

- As calçadas quase sempre estão ocupadas com vendedores ambulantes, o que dificulta e desestimula o trânsito dos pedestres.

- Na avenida Goiás, a área comercial atualmente está lotado de mercadores informais, de lojas de R$ 1,99, de cursinhos, igrejas, vendas de garapa, postos de gasolina, cafés, lanchonetes e até modestos restaurantes, diferentemente daquilo que Lima planejou:

“Na avenida Pedro Ludovico, só deveria ser tolerado o comércio de luxo, casas de modas, joalherias, cafés, bares e restaurantes com instalações de gosto. Para o comércio de gêneros de primeira necessidade, foram estabelecidos diversos pontos, distribuídos em todo o perímetro da cidade, para satisfazer as necessidades locais.” (LIMA, 1937, p. 142).

A avenida Anhanguera, foi planejada para ser o principal espaço comercial da cidade (figura a esquerda), conta hoje ainda com várias atividades nesse setor, prejudicado entretanto com as intervenções que nela se fizeram (figura a direita), onde foi priorizado o espaço para os veículos, o que contribui, e muito, para a descaracterização da proposta inicial da cidade.

Avenida Anhanguera na década de 50. Av. Anhanguera, ano 2000.

Avenida Anhanguera

Centro de Goiânia

Praça Cívica

Avenida Tocantins

REFERÊNCIAS:MOTA, Juliana Costa. O Setor Sul: o espaço público abadonado. [s.l.]: Anais do seminário DOCOMOMO, disponível in: http://www.docomomo.org.br/seminario%203%20pdfs/subtema_B5F/Juliana_mota.pdf, [s.d.].

ALVARES, Geraldo Teixeira. A luta na epopéia de Goiânia. Uma obra da engenharia nacional. Rio de Janeiro: Oficina Gráfica do Jornal do Brasil, 1942.

GODOY, Armando Augusto de. A urbs e seus problemas. Rio de Janeiro: Jornal do Comércio, 1943.

http://g1.globo.com/goias/noticia/2011/10/fotos-exibem-o-antes-e-depois-do-desenvolvimento-urbano-de-goiania.html