Conciliação trabalho e vida familiar: efeitos sobre a aquisição de trabalho decente (ANPOCS...

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38º Encontro Anual da Anpocs GT15 Família e Trabalho: configurações, gerações e articulações em contexto de desigualdades Conciliação trabalho e vida familiar: efeitos sobre a aquisição de trabalho decente Felícia Picanço INTRODUÇÃO A crescente inserção ocupacional das mulheres no contexto de redução das desigualdades econômicas e sociais e de ampliação do emprego formal da última década é marcada por mudanças positivas, reprodução de aspectos desiguais e construção de novas desigualdades. As mudanças agora parecem ocorrer muito mais dentro do contingente de mulheres ocupadas, do que através de um aumento grandioso em relação ao percentual de mulheres ocupadas. Isso porque entre as mulheres com 18 anos ou mais, em 1993 50% estava ocupada e, em 2012, o percentual sobe apenas para 52,8%. Um crescimento que só não foi maior por conta do crescimento da presença das mulheres que só estudam. Para os homens, o valor é mais imponente, porém decrescente, passa de 85% para 77,8%, pelo crescimento dos 1

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38º Encontro Anual da Anpocs

GT15 Família e Trabalho:

configurações, gerações e articulações em contexto de

desigualdades 

Conciliação trabalho e vida familiar: efeitos sobre a aquisição de trabalho

decente

Felícia Picanço

INTRODUÇÃO

A crescente inserção ocupacional das mulheres no

contexto de redução das desigualdades econômicas e sociais

e de ampliação do emprego formal da última década é marcada

por mudanças positivas, reprodução de aspectos desiguais e

construção de novas desigualdades.

As mudanças agora parecem ocorrer muito mais dentro do

contingente de mulheres ocupadas, do que através de um

aumento grandioso em relação ao percentual de mulheres

ocupadas. Isso porque entre as mulheres com 18 anos ou

mais, em 1993 50% estava ocupada e, em 2012, o percentual

sobe apenas para 52,8%. Um crescimento que só não foi maior

por conta do crescimento da presença das mulheres que só

estudam. Para os homens, o valor é mais imponente, porém

decrescente, passa de 85% para 77,8%, pelo crescimento dos

1

que estudam e pequena redução dos que nada declararam em

relação a trabalho e estudo.

Com a vida doméstica e familiar atravessando mudanças

importantes em relação aos papéis de gênero no espaço

público e privado, a presença de filhos parece impulsionar

a mulher ao mercado de trabalho, porque entre as mulheres

com filhos mais de 50% estão ocupadas.

Contar com o salário das mulheres, seja porque o

arranjo depende só dela (caso das famílias monoparentais

femininas) ou co-provisão, para a reprodução da família se

torna imprescindível.

Ao longo do tempo, no entanto, são as mulheres vivendo

em arranjos compostos por casais sem filhos que mais

ampliam o percentual na condição de ocupada, seguida pelas

mulheres em arranjos de casais com filhos. As mães com

filhos oscilam um pouco para baixo, não permitindo falar em

tendência de queda, tal como está mais visível entre as

mulheres em arranjos agregados como Outros.

G1

É exatamente sobre as ocupadas que este artigo se

debruça. Dentre um dos paradoxos mais explorados pelos

economistas do trabalho (Sabóia, 2014; Pochman, 2012 e

2014, dentre outros) é a relação entre o baixo crescimento

e a melhora do mercado de trabalho. As respostas não são

tão variáveis, mas também não são consensuais. Em meio às

divergências interpretativas, apontam para o fato de que o

crescimento da oferta de emprego se deu na base da

2

pirâmide, isto é, empregos mal remunerados e de baixa

produtividade em atividades do setor terciário (serviços).

A expansão do emprego não veio sozinha, veio

acompanhada da maior formalização das relações de trabalho.

O número crescente de emprego com carteira de trabalho,

segundo Cardoso Jr (2007), pode ser explicado por alguns

fatores como: o aumento e maior descentralização do gasto

social que influi na contratação de trabalhadores em

setores de educação saúde e para aqueles beneficiários de

dos programas de transferência de renda oferece maior

capacidade de barganha na escolhas de trabalho; aumento do

crédito interno, que mesmo tendo como objetivo estimular o

consumo ou girar o capital, também cria demanda de bens e

serviços, e o emprego criado por meio da demanda tem mais

chances de ser mantido e oferecer melhores condições de

trabalho; no contexto de redução da atividade agrícola, o

emprego retido nesse setor tem mais chances de se dar em

melhores condições de trabalho; a maior presença do governo

em relação à intermediação de mão de obra e fiscalização do

trabalho através do Ministério do Trabalho.

A partir deste cenário, o artigo tem como objetivo

analisar as mudanças e permanências no acesso das mulheres

a trabalhos mais decentes e quais os impactos/efeitos de

características individuais e familiares na aquisição de

trabalhos mais decentes para as mulheres. O conceito de

Trabalho de Decente (TD) foi escolhido pela Organização

3

Internacional do Trabalho (OIT, 2007) para estabelecer

metas e orientações aos países em relação ao trabalho.

O artigo está dividido em três partes. Na primeira

descrevemos algumas características da população ocupada

por gênero. Na segunda, será apresentado o conceito de TD;

a proposta de um indicador sintético para mensurá-lo, o

índice de trabalho decente (ITD); e analisaremos o ITD para

as mulheres e homens segundo características individuais e

familiares tais como cor, idade, escolaridade, condição da

família etc. Na terceira parte, será apresentado os

resultados da análise de regressão para medir os efeitos

destas variáveis na aquisição de trabalhos mais decentes

para as mulheres. Os dados são provenientes da Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada pelo

IBGE.

1. A POPULAÇÃO OCUPADA

O contingente feminino vem ampliando espaço de forma

contínua ao longo do tempo: em 1993, 39% dos ocupados eram

mulheres e em 2012 passa para 42,4%. Sendo que o maior

salto foi dado entre 1998 e 2003, exatamente no momento em

que cresce o percentual de mulheres economicamente ativas

na população brasileira1.

Um perfil de trabalhadas que vem se modificando ao

longo tempo. Tal como já tinha identificado Bruschini e

Lombardi (2010), as mulheres ocupadas se tornaram: mais1 Segundo a PNAD, em 1993, 47% das mulheres cima de 10 anos estavam naPEA; em 1998, 47,5%; em 2003 50,7%; em 2008 52,2%; e em 2012 cai para50, 1%.

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velhas, mas instruídas e mais responsáveis pela família, um

pouco menos responsável pelos afazeres domésticos. E

somando-se a essas mudanças, se tornaram um pouco mais

negras.

As tendências acima, se revelam em números para que

possamos ter dimensão das mudanças. Em 1993, 68% das

mulheres tinham até 39 anos e, em 2012, passa para 57%,

valores que não se distinguem dos homens, respectivamente

67,4% e 58,5%, indicando tendências de envelhecimento

semelhante entre os sexos e uma enorme redução do trabalho

dos adolescentes. O envelhecimento dos ocupados está

relacionado à um conjunto amplo de fatores, mas que pode

ser visto de forma monocausal, tais como o envelhecimento

da população, o esforço de redução do trabalho infantil

através de programas públicos, a necessidade de geração de

renda pelo idoso em função dos arranjos familiares complexo

e de co-habitação, melhora na qualidade que permite ter

saúde para as atividades de trabalho.

G2 E G3

Maior diferença é encontrada na escolaridade. O

percentual de mulheres com nível universitário já era maior

que os dos homens no começo dos nos 90, e cresce

proporcionalmente mais, uma tendência que não é explicada

apenas pela maior presença das mulheres nos cursos de nível

superior como um todo.

G4 E G5

5

Mais escolarizadas, as mulheres ocupadas estão,

também, sendo mais responsáveis por suas famílias. A

ampliação do percentual de mulheres como pessoa de

referência vem sendo não apenas documentado, mas também

vastamente analisado (Sorj e Fontes, 2008; Marteleto,

1998). Em 1993, 18,3% eram pessoas de referência na

família, em 2012, chega a 32,2%. O aumento das mulheres na

condição de pessoa de referência se caracteriza pela

manutenção da aproximação com as cônjuges no caso da

escolaridade, onde ambas iniciam os anos 90 com patamares

muito próximos de escolaridade e reproduzem os ganhos de

escolaridade observados para as mulheres como um todo2; e

cuidar dos afazeres, dado que, em 1993, 94,4% das mulheres

pessoas de referência e 97,5% das cônjuges declararam

cuidar dos afazeres e, em 2012, os percentuais passaram

para 92,4% e 95,2%.

A mudança mais significativa é a presença de filhos no

domicilio. Embora sejam fatores essenciais para a discussão

sobre os cuidados, a idade e quantidade dos filhos não está

sendo levando em consideração, aqui trata-se apenas a

presença ou ausência. No começo dos anos 90 havia uma

distância de 10 pp que separava as mulheres pessoas de

referência (74,8% tinham filhos morando no domicílio) e2 Em 1993, 37% das mulheres pessoas de referência e 36% das cônjugestinham o primário incompleto, 12% das mulheres pessoas de referência se 12,1% das cônjuges tinham Ensino médio completo, 11% das mulherespessoas de referência s e 10,3% das cônjuges tinha nível superiorcompleto ou incompleto. Em 2012, os percentuais passaram para: 13%mulheres pessoas de referência e 12% cônjuges tinham Primárioincompleto, 28,7% e 29,4% Ensino médio completo e 23% e 21,8% superiorcompleto e incompleto.

6

cônjuges (84,2% tinham filhos morando no domicílio), em

2012, a diferença cai para 3 pp e os percentuais com filhos

morando no domicílio cai respectivamente para 70% e 73%,

uma queda proporcionalmente maior para as cônjuges.

Seja em qualquer condição na família (pessoa de

referência, cônjuge ou filho) o percentual de mulheres que

cuidam dos afazeres domésticos é muito maior do que os

homens. Em 1993, 93,3% delas e “apenas” 41,8% dos homens

declararam cuidar; em 2012, as mulheres passaram para 90,4%

e os homens 48,6%.

Visto dessa forma, o indicador da participação dos

homens e das mulheres no cuidado com a esfera doméstica

esconde variações em relação à idade, escolaridade e renda

(Bruschini e Ricoldi, 2008ª e 2008b; Ricoldi, 2013). São as

mulheres e homens mais jovens, com maior nível de

escolaridade e renda que impulsionam as tendências de

redução para as mulheres e de aumento para os homens.

A reconfiguração na inserção feminina e masculina na

família e fora dela resulta e é resultante das mudanças

assistidas no perfil das famílias. Entre as pessoas

ocupadas, as famílias vão se deslocando do modelo

tradicional de casal com filhos – passa de 71,3% em 1993

para 59% em 2012, com a maior queda entre os casais com

filhos abaixo e acima de 14 anos. Os casais sem filhos é o

que mais cresce, entre 1993 e 2012 sai 9,1% para 16,4%;

seguida das mães com filhos 11,9% para 13,7%. Além disso,

temos as outras famílias, que agregam uma grande

7

diversidade de arranjos não especificados, que passa de

7,7% para 11%. Tendências estas que acompanham os dados

para a população brasileira acima de 18 anos.

Soma-se a isso a crescente participação da renda

proveniente do trabalho das mulheres na renda total da

família. Em 1993, 26,4% não participavam da renda familiar,

35,7% participava “até 30%”, 24,3% contribuía “de 30% a

60%” e 13,6% “acima de 60%”. Com a redução das mulheres não

remuneradas no trabalho, aquelas que não participavam

reduzem para 14,5%, cresce para 37,7% o percentual daqueles

que participavam com “30% a 60%” e para 16,0% as que

contribuíam com mais 60% para a renda familiar. Mais do que

autonomia a renda da mulher na família institui um novo

padrão para reprodução da vida familiar: o casal de

provedores.

Nem em condições mais privilegiadas, como alta

escolaridade e renda, garantem que as mulheres tenham os

mesmos percentuais que os homens como empregadas com

carteira. Este lugar de maior vantagem garante maior

acesso, no entanto, ao funcionalismo público. O concurso

público aparece como uma estratégia de obter acesso aos

trabalhos mais remunerados e protegidos.

Historicamente as mulheres estiveram em trabalhos

considerados informais (para citar estudos mais recentes:

Araújo e Lombardi, 2013; Leone, 2010), sabemos, no entanto,

que não apenas esse é um conceito não consensual na

8

literatura econômica e sociológica, bem como incorpora uma

série de questões que envolvem a distribuição desigual do

trabalho doméstico que em geral resulta na incorporação das

mulheres a trabalhos mais flexíveis em relação à jornada de

trabalho.

O cenário se modifica nos anos aqui comparados. Se em

1993, 26,2% eram empregadas com carteira, 24,7% empregadas

sem carteira, 23,4% não eram remuneradas e 15,8% eram conta

própria, chegamos em 2012 a ter 39,7% de empregadas com

carteira, 23% sem carteira e 9,3% não remuneradas e a

estabilidade das mulheres conta própria. Para os homens a

vantagem do emprego com carteira ainda se mantém (ver

tabela abaixo), mas foram as mulheres que mais ampliaram

sua participação nessa posição.

Nota-se ainda que a informalidade feminina está mais

ligada ao emprego sem carteira e as não remuneradas,

enquanto os homens ao emprego sem carteira e ao conta

própria. O “conta proprismo” não se altera com a expansão

do emprego formal, indicando um nicho sólido dessas

atividades.

A drástica mudança ocorrida em relação aos não

remunerados, segundo Araújo e Lombardi (op.cit.) pode estar

ligada a fatores como maior precisão na mensuração da

situação ocupacional e deslocamento para atividade

remunerada em função da melhora econômica.

T1

9

Um dos elementos para dar conta do que seria a

informalidade é a contribuição à previdência. E as

mulheres, provavelmente pelo crescimento do acesso ao

emprego formal, passam 38% para 60% na condição de

contribuintes de 1993 a 2012, diferente dos homens que,

mesmo sendo mais formalizados em suas relações de trabalho,

passam de 45,5% para 59%. Isso acontece porque as mulheres

tendem a contribuir mais estando em posições como

empregadas sem carteira, conta própria e até não

remunerada.

A maior presença das mulheres nos trabalhos informais,

em grande medida, está relacionada não apenas à

discriminação, mas também à divisão sexual do trabalho

doméstico, que como visto acima de forma panorâmica, as

mulheres são as responsáveis prioritárias. A carga de

trabalho doméstico incide sobre a menor disponibilidade

para trabalhos de tempo integral, e quando o tem, há

necessidade da delegação das tarefas para, em geral, outra

mulher. Por isso, ainda que estejamos observando as

mulheres se aproximando do padrão 40 a 44 horas,

encontramos, em 2012, quase 40% das mulheres trabalhando

até 39 horas semanais.

A jornada de até 39 horas está mais presente entre as

cônjuges, as que declararam cuidar dos afazeres domésticos,

as dos quintis mais baixos de renda e com os menores níveis

de escolaridade. No entanto, observamos que as mulheres que

têm e as que não têm filhos morando no domicílio apresentam

10

percentuais muito parecidos em relação à jornada de

trabalho. Dessa forma, ter ou não filhos morando no

domicílio não tem efeito sobre a jornada de trabalho,

certamente os fatores como idade dos filhos, rede de

suporte (privada, de vizinhança ou parentela) aos cuidados,

dentre outros são imperativos na decisão do número de horas

a trabalhar.

Em grande medida, a pouca diferença entre ter ou não

filhos e jornada, está ligada à questão do casal, pois as

mulheres em arranjos formados por um casal (casal sem

filhos – CSF, e casal com filhos – CCF) e tendem a

trabalhar um pouco mais com jornadas de até 39 horas e as

mulheres em arranjos monoparentais (MF) trabalham mais em

jornada de 40 a 44 horas ou mais. Não apenas as mulheres em

arranjo de casal sem filhos estão proporcionalmente menos

ocupada (ver Gráfico 6), como quando estão o fazem com

menor intensidade na jornada de padrão de 40 horas.

Grande parte da resistência à entrada das mulheres n

mercado de trabalho está na relação com o parceiro, seja

pela dimensão da dominação masculina, seja porque a

existência de um parceiro permite que a mulheres não seja a

única provedora da casa e possa trabalhar menos. Ao longo

do tempo, todas vão se aproximando da jornada de 40 a 44

horas, mas ainda persiste uma diferença entre as mulheres

em arrajos de casal e monoparentais.

G6

11

A ampliação da formalização das mulheres tem um efeito

não apenas no número de horas trabalhadas, mas também no

acesso aos auxílios mensurados pela PNAD (em especial,

transporte, alimentação e saúde) e na aquisição de renda.

Entre 1993 e 2012, as mulheres que não tinha rendimento no

trabalho principal passaram de 24,7% para 12%. Mais

mulheres passaram a cruzar a fronteira de um salário mínimo

(SM): em 1993, 19% ganhava mais 1 SM a 2 SM, em 2012,

33,6%, a único faixa de salário que de fato houve uma

mudança significativa.

A alocação das mulheres e homens no mercado de

trabalho é segregada segundo as ocupações e há uma vasta

literatura nacional e internacional que discute o tema

(Bruschini, 1978; Oliveira, 1997 e 1998; Chrales e Grusky,

1995 e 2004; Picanço, 2005). Os estudos de segregação

ocupacional por gênero foi um campo que evoluiu juntamente

com o desenvolvimento da estatística e novos indicadores

foram sendo sofisticados, como também criticados (Duncan e

Duncan, 1955; Bruschini, 1978; Charles e Grusky, 1995;

Oliveira, 1998; DeGraff e Anker, 2004; Alves e Cavenaghi,

2013). No conjunto de possibilidades de mensuração da

segregação disponível, optamos por uma forma mais

simplificada, porém não menos objetiva: a razão de chances,

definida como a razão entre as chances dos homens e as

chances das mulheres estarem em determinada categoria

ocupacional. A vantagem da razão de chances está em ser uma

medida simplificada, de fácil interpretação e que leva em

12

consideração a diferença do número absoluto de homens e

mulheres na população ocupada.

As ocupações foram classificadas 10 categorias sócio-

ocupacionais segundo critérios como representação social da

ocupação renda, renda, escolaridade, clivagem rural e

urbano, manual e não manual (Picanço, op.cit, 2007 e 2009),

seguindo a trilha iniciada por Silva (1988) e seu esquema

de classificação segundo status socioeconômico.

Em 1993 ainda tínhamos cerca de ¼ das mulheres em

ocupações rurais, ¼ nas ocupações não manuais e ¼ nas

ocupações manuais gerais. Em seguida vinham as ocupações no

serviço doméstico com 16,9%. Nas posições da elite, 4,0%

estavam na categoria dos Profissionais. Para homens, a

categoria que mais ocupavam já era das Ocupações manuais

gerais, 1/3 estavam lá. Em seguida vinham as categorias das

Ocupações rurais e Ocupações não manuais. Diferente das

mulheres, as posições de elite absorviam homens de forma

mais equitativa entre Profissionais, Dirigentes e

Proprietários empregadores. Um quadro que descreve que o

acesso feminino às posições de elite se dá através do

passaporte do nível superior.

Quase 20 anos se passaram e para as mulheres isso

significou maior presença nas posições de elite dessa vez

não apenas como Profissionais, mas como dirigentes também –

com uma pequena ampliação das Proprietárias. Ainda menos do

que se vaticina, a presença das mulheres em Ocupações do

serviço doméstico dá sinais de redução de depois da pequena

13

ampliação nos anos 1998 e 2003. Uma tendência que pode ser

compreendida a partir da redução das Ocupações rurais,

acomodação das mulheres no mercado de trabalho através dos

trabalhos típicos das mulheres de baixa renda, em geral

negras: o serviço doméstico. E que já no segundo quinquênio

dos anos 2000 no contexto de ampliação das oportunidades

ocupacionais em outros segmentos do mercado de trabalho

outros trabalhos vão se tornando mais acessíveis para as

mulheres pobres brasileiras.

T2 E T3

Visto a partir das chances de estar em uma determinada

categoria podemos identificar outro tipo de desigualdade

entre homens e mulheres no acesso às categorias. A

categoria com maior desigualdade entre homens e mulheres é

das Ocupações no serviço doméstico, com a vantagem das

mulheres, seguida pelas Ocupações manuais modernas, com a

vantagem dos homens. E são elas que reduzem, mais ainda

assim as mulheres têm 22 vezes mais chances de estarem nas

Ocupações no serviço doméstico que os homens – em 1993, era

27 vezes; já eles têm 10 vezes mais chances de estarem nas

Ocupações manuais modernas que as mulheres – em 1993, era

15 vezes.

As únicas ampliações da desigualdade de chances estão

nas categorias dos Profissionais, pois o maior crescimento

das mulheres resultou no aumento da razão de chances de

1,7, em 1993, para 2,4 em 2012; e nas Ocupações manuais

gerais, que passa de 1,6 para 1,8. Embora não sejam aumento

14

significativos quebra com a tendência em direção à

igualdade, encontrada nas demais categorias, inclusive nas

mais desiguais.

*****

O quadro apresentado indica que as inserções

ocupacionais das mulheres e dos homens veem sofrendo

algumas mudanças, mas com desigualdades muito solidamente

constituídas, os passos dados em algumas dimensões são

lentos.

2. MENSURAÇÃO DO TRABALHO DECENTE

A crise do emprego e do estado de bem-estar que

assolou as economias capitalistas nos anos 90 foi decisiva

para destampar o caldeirão do tema do emprego e trabalho na

sociedade contemporânea. Atores políticos, sociais e

econômicos foram definindo posições, mas o contexto esteve

marcado pela hegemonia do discurso da saída via mercado e

redução da intervenção do estado nas políticas de emprego e

proteção social do trabalho. Em outra direção, em 1999, a

Organização Internacional do Trabalho (OIT) propôs o

conceito de Trabalho Decente (TD) para definir uma agenda

de discussão e promoção de políticas públicas para o

trabalho, bem como enfatizou a necessidade de olhar os

grupos sociais mais vulneráveis, em especial a juventude, e

a busca por reduzir seu grau de vulnerabilidade através de

políticas públicas.

15

O trabalho decente é definido como um trabalho

produtivo com remuneração justa, segurança no local de

trabalho e proteção social para o trabalhador e sua

família; melhores perspectivas para o desenvolvimento

pessoal e social; liberdade para que manifestem suas

preocupações, organizem-se e participem na tomada de

decisões que afetam suas vidas; e, igualdade de

oportunidades e de tratamento para as mulheres e homens

(OIT, op.cit.).

O Brasil apresentou indicadores bastante desfavoráveis

no mercado de trabalho até nos anos 90, em especial para as

mulheres. A primeira década dos anos 2000 foi marcada pela

recuperação econômica e do mercado de trabalho brasileiros,

ampliando oportunidades ocupacionais para a população

economicamente ativa.

No cenário promissor de crescimento do emprego, bom

desempenho econômico, ganhos reais de salários e redução da

desigualdade, o Brasil se destacou no cenário internacional

pelo envolvimento e conjunto de iniciativas geradas a

partir do tema do TD. Em 2003, o então presidente, Luís

Inácio Lula da Silva, assinou um Memorando de Entendimento

para a promoção de uma agenda de trabalho decente no país.

Em 2006, o Brasil lançou a Agenda Nacional de Trabalho

Decente (ANTD). Em 2007, o Estado da Bahia lançou sua

agenda para promoção do TD e nos anos seguintes outros

Estados aderiram a essa iniciativa. Em 2008, foi

constituído o Grupo Técnico Tripartite (GTT) de consulta e

16

monitoramento das iniciativas de TD. Em 2009 foi

formalizado, por Decreto Presidencial, o Comitê Executivo

Interministerial encarregado da elaboração do Plano

Nacional de Emprego e Trabalho Decente (PNETD), concebido

como um instrumento de implementação da ANTD. Esse mesmo

Decreto criou o Subcomitê da Juventude, com o objetivo de

elaborar uma Agenda Nacional de Trabalho Decente para a

Juventude (ANTDJ), que organizou quatro prioridades: (i)

mais e melhor educação; (ii) conciliação entre estudos,

trabalho e vida familiar;(iii) inserção digna e ativa no

mundo do trabalho; (iv) diálogo social (OIT, 2011; Abramo,

2013). Em 2010, a ANTDJ é publicada e, em 2012, uma nova

versão é lançada (Ministério do Trabalho e Emprego, 2010;

OIT, 2011).

Além das proposições para a promoção de TD, tanto

para os pesquisadores quanto para proponentes e gestores de

políticas públicas, o desafio é mensurá-lo, seja pela

transformação das dimensões do conceito em variáveis que

possam ser levantadas a partir das pesquisas existentes,

seja pela produção de novas pesquisas que produzam dados

mais específicos. E a grande questão que se coloca nessa

tarefa é: como produzir um índice que seja possível uma

comparação ao longo do tempo e de contextos (nacionais,

regionais ou locais)?

Tal como definido, o trabalho decente pode ser

analisado em três níveis: macro, meso e micro. No nível

macro, o objetivo é saber se os mercados de trabalho

17

nacionais, regionais ou locais produzem trabalho decente de

forma agregada. No nível meso, a questão é saber se as

empresas ou empregadores oferecem trabalho decente. E no

nível micro, se os indivíduos são inseridos em trabalhos

decentes. Além da existência de níveis de análise, o

conceito de trabalho decente é amplo o suficiente para

incorporar os aspectos formais das relações de trabalho,

informais das relações pessoais no ambiente de trabalho e

subjetivo, isto é, sobre a experiência individual no

trabalho e uma concepção do que seria um trabalho ideal.

Embora muitos estudos estejam centrados numa discussão

conceitual ou no levantamento e análise de dados do mercado

de trabalho como forma de introduzir a questão do TD

(Sachs, 2003 e 2004; Abramo, 2006; OIT, 2004; Proni et all

2010), alguns esforços já foram feitos na direção de tratar

o TD de forma mais específica através da criação de

indicadores e índices: Standing (2002), Bonnet et all

(2003), Anker et all (2003), Bescond et all (2003); Campero

et all (2006, apud Abramo et all, 2008), Paulino et all

(2007), Peek (2006), CEPAL/PNUD/OIT (2008) e OIT (2009),

Abramo et all (2008) e Guimarães (2012).

A análise dos estudos já existentes deixa claro que

desde a sua concepção o TD não foi tratado para produzir

dados objetivos sobre o desempenho do mercado de trabalho,

sua perspectiva foi propositiva e moral, como sugere

Biermans (2012). Por isso, não existe nenhum consenso sobre

a forma mais eficaz de medir o TD. As orientações da OIT,

18

no entanto, foram claramente se dirigindo para indicadores

gerais sobre o mercado de trabalho, leis trabalhistas,

negociações coletivas e representação através do sindicato,

isto é, sobre o nível macro do TD. O nível micro e meso

foram ficando distantes dos panoramas e análises mais

recorrentes do TD pela difícil compatibilização entre as

dimensões e diretrizes do TD e a mensuração do mesmo.

No entanto, da mesma forma que os panoramas nacionais

sobre TD utilizam indicadores dos censos e survey nacionais

para produzir suas avaliações e diagnósticos sobre o

desenvolvimento e déficits do TD (Ribeiro e Berg, 2010;

Guimarães, op.cit.), dado que não há informações

sistemáticas sobre muitas dimensões propostas pela OIT para

análises de tendências ou séries históricas, podemos

retomar a empreitada de tratar o TD no nível micro através

das mesmas bases de dados, no caso do Brasil a Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), base que permite

abrangência nacional para comparações ao longo do tempo.

Este artigo, portanto, tem como objetivo analisar o TD

entre os jovens (de 16 a 29 anos) ocupados brasileiros nos

anos últimos 20 anos (1993, 1998, 2003, 2008 e 2012) a

partir da construção de um índice de trabalho decente (ITD)

como forma de captar o acesso dos jovens ao TD e o impacto

das características inatas, escolaridade, contexto

familiar, trajetória de trabalho e zona de domicílio no

acesso ao trabalho decente entre os jovens.

19

O artigo dá continuidade a uma trajetória de análise

do TD no nível micro através de construção de índices

capazes de dar conta de algumas dimensões do conceito, por

outro, consciente da limitação das bases de dados

escolhidas (Standing, op.cit.; Cacciamali e Cortes, 2010;

Picanço, 2009)3.

2.1 Construção do ITD

O conceito de trabalho decente foi adotado pela OIT

muito mais na condição de uma agenda para políticas

públicas do que para a mensuração de indicadores no mercado

de trabalho. Por isso, é importante definir o que está

sendo aqui considerado como trabalho decente e os

indicadores para a criação de um índice de trabalho

decente. Isto é, a partir do mercado de trabalho existente,

suas condições e características, o que aparece como um

trabalho decente? Como criar um indicador do trabalho

decente a partir da análise da oferta, isto é, dos

ocupados? Esse é o desafio aqui proposto.

A OIT apresenta quatro pilares a partir dos quais a

noção de trabalho decente tem que ser entendida: (i)

respeito aos direitos do trabalho internacional e nacional

(liberdade sindical, negociação coletiva, abolição do

trabalho forçado, do trabalho infantil e da discriminação);

(ii) promoção do emprego de qualidade; (iii) extensão da

proteção social; e (iv) diálogo social. Então, o trabalho3 Os estudos mencionados só têm em comum efetivamente o interesse emproduzir informações no nível micro, tratam de contexto, questões emetodologias bem diferentes.

20

decente é aquele adequadamente remunerado, exercido em

condições de liberdade, eqüidade e capaz de garantir

condições dignas de vida.

Uma vez estabelecido o ideal do trabalho decente pelas

discussões presentes nos documentos da OIT, nosso desafio é

lidar com o que o mercado de trabalho oferece e o que os

ocupados experimentam como trabalho na sociedade

brasileira. Diante do que temos, o que pode ser considerado

decente? Foi essa pergunta que fomentou a construção do

índice de trabalho decente (ITD). Para compor o índice

escolhemos um conjunto de variáveis que davam conta da

proteção social e a renda do trabalho principal.

Embora a proteção social possa ser vista através das

variáveis “ter” ou “não ter” carteira de trabalho e

“contribuir” ou “não contribuir” para a previdência social,

outros fatores tais como o recebimento de auxílios

(moradia, transporte, educação, creche e saúde) e jornada

de trabalho legal, podem ser formas de proteção social do

trabalhador. E como o mercado de trabalho brasileiro é

marcado pela presença maciça de trabalho informal, aliado

ao fato de a carteira de trabalho não assegurar acesso aos

auxílios, existem combinações que vão das mais protegidas -

que é um trabalhador com carteira de trabalho assinada,

contribuindo para a previdência, em jornada legal e

recebendo os auxílios - passando por aqueles que combinam

não ter carteira com recebimentos de auxílios, até aqueles

21

que nada tem (sem carteira, sem contribuição para a

previdência, sem rendimentos e sem auxílios).

Por isso, optou-se por tratar a proteção social a

partir da construção de um índice: o Índice de Proteção

Social (IPS). A escolha por analisar a proteção social

através de um índice permite que a mesma seja captada a

partir de uma escala - da menor proteção à maior - e não

apenas se é ou não protegido. O objetivo aqui é ter um

indicador da proteção social do jovem exercendo uma

ocupação, isto é, na relação de trabalho que os indivíduos

têm: quanto mais próximo de 0, pior a proteção social; e

quanto mais próximo de 1, maior a proteção social do jovem

na ocupação exercida.

Em resumo, o IPS foi construído a partir das seguintes

variáveis: a) posição na ocupação (empregado, funcionário

público, militar, conta própria, empregadores e não-

remunerados, incluindo para o próprio consumo e auto-

construção); b) carteira de trabalho assinada; c)

contribuição para a previdência social; d) trabalho dentro

da jornada máxima de 44 horas semanais; e, e) ter auxílios

moradia, alimentação, transporte, educação e saúde.

A partir do IPS, foi construído o Índice de Trabalho

Decente (ITD). O ITD é uma composição entre a proteção

social medida pelo IPS e a renda do trabalho principal4. O

resultado é um índice que quanto mais próximo de 1, mais

próximo das condições de um trabalho decente e quanto mais

próximo de 0, mais distante está do trabalho decente.4 Ver no anexo a metodologia da criação do índice.

22

A implicação direta do olhar aqui proposto é que não

está em questão a ocupação em si, mas o quanto os

indivíduos inseridos nas ocupações se aproximam ou se

distanciam de um trabalho decente. O grau de “decência” do

trabalho não pertence à ocupação e sim à relação de

trabalho do indivíduo com a empresa e no caso dos autônomos

e empregadores, as decisões tomadas em relação à

contribuição ou não à previdência social.

Partimos da construção de que, ainda que existam

situações específicas e diferenciadas, em média, os

trabalhos mais decentes são aqueles mais protegidos através

da presença da carteira de trabalho assinada, contribuição

para a previdência social, trabalho dentro da jornada

máxima de 44 horas semanais, que fornecem auxílios

(moradia, alimentação, transporte, educação e saúde) e com

rendimentos de pelo menos um salário mínimo. Isso porque a

presença de carteira assinada garante acesso aos direitos

trabalhistas; a contribuição para a previdência prevê

acesso à aposentadoria; a jornada de 8 horas por dia é

legal e considerada não exaustiva; o recebimento de

auxílios é uma forma de melhorar as condições de vida; bem

como é entre o grupo de trabalhadores com carteira, que

contribui com a previdência, trabalha na jornada legal e

recebe auxílios, que estão os trabalhadores, em média, mais

bem remunerados.

Medido a partir dessas dimensões e variáveis, como o

acesso dos homens e mulheres ocupados ao trabalho decente

23

varia? Quais são os impactos das características inatas

(sexo, idade e cor), escolaridade (anos de estudos e estar

estudando ou não), trajetória de trabalho (idade que

começou a trabalhar, tempo que está no trabalho, tempo que

leva para chegar ao trabalho), contexto familiar (renda

familiar, cuidar dos afazeres, número de moradores e número

de filhos) e zona de domicílio (urbana ou rural) na

aquisição de um trabalho mais próximo do decente?

2.2 ITD

O valor máximo do ITD é 1 e os dados sobre os ocupados

no Brasil mostram o quão distantes, em média, estamos desse

parâmetro, pois em 1993 a média era 0,30, mas as melhoras

no mercado de trabalho têm impactos sobre o índice que

passa para 0,35 em 2012. A ampliação do acesso das mulheres

ao trabalho com carteira, contribuição à previdência,

recebimento de benefícios e à remuneração foi fundamental

para a redução da desigualdade entre homens e mulheres,

mesmo em queda não deixam de existir: em 1993, a média do

ITD era 0,26 para as mulheres e 0,32 para os homens e, em

2012, passa para 0,34 e 0,36, respectivamente (o gráfico 7

ilustra a aproximação entre eles).

G7

A idade é um dos elementos mais importantes para a

aquisição de trabalhos mais decentes. As crianças e

adolescentes que se colocam disponíveis no mercado de

24

trabalho estão sujeitas a relações de trabalho muito

distantes do decente. A redução da incidência do trabalho

infantil é crescente (Barros e Mendonça, 2010), por isso o

foco vem se dirigindo não mais na quantidade, mas dos

grupos sociais onde ele se concentra. Segundo Barros e

Mendonça (op.cit.) mesmo sem as políticas de transferência

de renda, ainda assim encontraríamos uma crescente redução

do trabalho.

Entre as crianças e adolescentes de 10 a 17 anos a

média do ITD é muito baixa – em 1993, na faixa de 10 a 14,

as médias foram 0,09 para homens e 0,11 para as mulheres;

na faixa de 15 a 17, 0,17 e 0,20, respectivamente; em 2012,

as médias passam para 0,07 e 0,08, entre 10 a 14, e 0,18 e

0,21 entre, 15 a 17 anos, para os homens e mulheres. Tanto

homens quanto mulheres obtêm melhores ITD entre 25 a 49

anos, antes e depois dessa extensa faixa de idade a média

do ITD cai (ver gráfico 8).

As meninas se saem um pouco menos pior na faixa de 10

a 17 anos, mas a partir daí a diferença se reverte e se

torna mais vantajosa para os homens (ver gráfico 9). Na

medida em que a idade avança a diferença entre homens e

mulheres aumentam, sendo a faixa de 60 anos ou mais aquela

que acumula maior vantagem dos homens. A boa notícia é que

a diferença entre os sexos reduz em todas as faixas entre

1993 e 2012.

G8 e G9

25

Quando conjugamos sexo e cor, retirando na análise os

amarelos e indígenas, são os homens brancos aqueles com

maior média de ITD, seguidos pelas mulheres brancas, homens

negros e, por fim, as mulheres negras. Uma hierarquia que

se mantém ao longo dos 20 anos aqui analisados. Também

aqui, tal como outros estudos sobre gênero e cor, a cor

produz mais diferenças do que o sexo. Dito de outra forma,

mulheres e homens brancos, bem como mulheres e homens

negros, estão mais próximos entre si, do que quando

comparamos homens brancos com os homens negros e mulheres

brancas com as mulheres negras.

G10

Ao longo do tempo, observamos (ver gráfico 11) que as

diferenças de cor dentro dos sexos diminuíram com maior

intensidade do que as diferenças de dos sexos dentro das

cores, indicando barreiras mais resistente por cor do que

por sexo no acesso a trabalhos mais decentes.

G11

Quanto maior a escolaridade, maior as chances de ter

acesso a trabalhos mais decentes e isso vale para homens e

mulheres (ver gráfico 12). Ao longo do tempo, no entanto,

tanto para homens quanto para as mulheres, são ocupados com

baixo nível de escolarização que de fato se beneficiam do

acesso a trabalhos mais decentes. Nos demais níveis de

escolaridade, há uma queda da média do ITD. Esta tendência

é explicada pelos elementos já apontado anteriormente de

que grande parte das melhorias encontradas no mercado de

26

trabalho tem como impulso a saída de muitos trabalhadores,

em especial trabalhadoras do mundo rural e das ocupações

sem remuneração. Ou como já analisado pelos estudos sobre

mercado de trabalho, estamos diante de uma maior oferta de

empregos formais na base da pirâmide sócio-ocupacional

(Sabóia, op.cit.; Pochmann, op.cit.).

G12

É na alta escolaridade que encontramos a menor

diferença entre homens e mulheres. Mas, a segunda menor

diferença está na mais baixa escolaridade. Isto é os polos

aproximam homens e mulheres nas suas chances de acesso ao

trabalho decente. Ao longo do tempo, os ganhos de

escolaridade, a ampliação de oportunidades formais para

aqueles com mais baixas escolaridade e a redução daqueles

com mais elevadas escolaridade, em especial de 2008 a 2012,

no mercado de trabalho teve como efeito a aproximação dos

homens e mulheres com diferentes níveis de escolaridade

(ver gráfico 13).

G13

Quais são as categorias ocupacionais nas quais homens

e mulheres estão em trabalhão mais decentes?

As categorias com maiores ITD para os homens e

mulheres são os Dirigentes (categoria 2) e Profissionais

(categoria 1), o terceiro lugar para os homens são as

Ocupações não manuais (categoria 5) e para as mulheres são

as Ocupações manuais modernas (categoria 7), ver gráficos

14 e 15. As piores categorias para todos são a Ocupações

27

rurais, seguida pela Ocupações no serviço doméstico, e isso

vale para ou pouquíssimos homens e mulheres.

A pior categoria para os homens e mulheres é a das

Ocupações rurais e os ganhos ao longo do tempo foram

ínfimos. E corroborando com as observações sobre o ITD

segundo o nível de escolaridade, para as mulheres as

categorias que mais ampliaram a média do ITD foram as

Ocupações manuais gerais e manuais modernas, ou seja,

ocupações que agregam indivíduos com requisitos de

escolaridade mais baixos.

As Ocupações no serviço doméstico apesar do grande

crescimento da condição de empregada com carteira de

trabalho assinada, não houve ampliação uniforme no outros

itens que compõem do ITD, por exemplo, reduz o percentual

daquelas que recebiam auxílio transporte e contribuíam para

a previdência, bem como ampliam aquelas que trabalhavam em

jornadas abaixo das 39 horas, por isso no geral não há uma

grande mudança na média.

G14 E G15

Como visto na introdução, as duas últimas categorias,

Ocupações no Serviço doméstico (categoria 9) e Ocupações

manuais modernas (categoria 7), são as mais desiguais em

relação às chances das mulheres e homens estarem lá. Ainda

que seja muito pequena a porcentagem do sexo oposto dessas

ocupações, ao longo do tempo a razão de chances diminui, o

que significa que está menos desigual. No entanto, ao tempo

que a desigualdade decresce, aumenta a diferença entre

28

homens e mulheres em ter acesso a trabalhos mais decentes.

No caso das Ocupações manuais modernas a diferença amplia,

mas em favor das mulheres e no caso das Ocupações no

serviço doméstico em favor dos homens. Desse modo, ao

ocupar espaços muitos segregados, tanto os homens quanto as

mulheres, quando penetram o fazem em relações de trabalho

mais protegidas.

G16

O conjunto de variáveis, aqui chamadas de familiares,

são aquelas que situam homens e mulheres em relação à

família e que permitem indicar o peso que a conciliação

trabalho e família tem na aquisição do trabalho decente.

Serão analisadas as variáveis condição na família, cuidar

ou não dos afazeres domésticos (para homens e mulheres) e

número de filhos morando no domicílio (apenas para as

mulheres) e o tipo de família.

Na condição na família a maior variação é encontrada

entre os homens. Como filhos (FH), em 1993, eles tinham a

pior média de ITD, seguidos bem de perto pelas mulheres

cônjuges (CM). Quem estava a frente eram os homens pessoa

de referência (PRH) e cônjuge (CH). No meio estavam as

mulheres pessoa de referência (PRM) e filha (FM) - ver

gráfico 17.

Ao longo do tempo, a hierarquia acima descrita muda

apenas em uma posição: as mulheres filhas ampliam

significativamente a média do ITD e alcançam o primeiro

lugar das mulheres e o terceiro geral, ficando bem próximas

29

dos homens cônjuges e pessoa de referência. Ser filho,

então, implica em coisas distintas segundo o sexo: para os

homens os afastam do trabalho decente e paras as mulheres

as aproximam.

G17

O cuidado com os afazeres tem impactos distintos. Os

homens que cuidam dos afazeres (Cuida H) tem média do ITD

maior do que aqueles que não cuidam (Não cuida H), já para

as mulheres são aquelas que não cuidam que apresentam maior

ITD, inclusive maior do que os homens. As mulheres que

delegam o cuidado para outros são capazes de estarem mais

próximas do trabalho decente mais do que os homens, um

nicho extremamente privilegiado nesse sentido.

G18

Em relação ao número de filhos, é muito interessante

notar que a diferença entre a média dos ITDs se dá com a

presença de 3 filhos morando no domicílio. As médias para

mulheres sem filhos, com 1 ou 2 morando no domicílio é

muito pequena, quase inexistente no caso da comparação sem

filhos com 1 filho morando. O que permite agrupá-los.

A partir de 2003 as mulheres sem filhos começam a se

descolar das mulheres com 1 a 2 filhos no domicilio. Mas,

ainda não temos subsídios para dizer que essa tendência se

manterá, certamente são aquelas que estão na condição de

filhas nas suas família.

G19

30

O tipo de família descortina mais um elemento

fundamental para a compreensão da inserção feminina no

trabalho. As mulheres em arranjos monoparentais e nos

arranjos não especificados são aquelas com maior média de

ITD, isto é, tendem a estar em trabalhos mais decentes. Ser

responsável pela reprodução da família impele as mulheres

em direção à maior estabilidade nas relações de trabalho.

A tendência à autonomia através da aquisição de renda

e maior participação desta renda na renda da família incide

no avanço das mulheres em arranjos composto pelo casal na

direção de trabalhos mais decentes. E as mulheres em

arranjos monoparentais e naqueles não especificados, por

sua vez, experimentam um parco crescimento. O resultado é a

aproximação de todas as mulheres entorno do valor de 0,35,

indicando um limite superior na aquisição de trabalhos mais

decentes por parte das mulheres.

G20

3. ANÁLISE DE REGRESSÃO

A análise de regressão é uma ferramenta utilizada

nesse estudo para dar conta da mensuração do impacto de

determinadas características na aquisição de condições de

trabalho mais próximas de um trabalho decente. Dessa forma,

não se trata da construção de um modelo para explicar a

variação do índice, mas sim mensurar a partir das varáveis

escolhidas, qual a magnitude do impacto em relação às

demais variáveis e qual a direção desse impacto.

31

O resultado da análise é que para cada variável

independente escolhida têm-se o coeficiente e o teste

estatístico que irá definir se a variável foi significante

ou não. O que deve ser observado nos coeficientes

padronizados da regressão, apresentados nos quadros em

anexo, é a magnitude e o sinal. A magnitude é o valor:

quais variáveis mais impactam para a aquisição de melhores

valores no índice de trabalho decente? O sinal indica se

favorece ou desfavorece a aquisição de melhores índices. O

sinal positivo em uma variável numérica (por exemplo,

idade) indica que quando aumenta o valor da variável,

aumenta também o índice. O sinal positivo em uma variável

dicotômica 0 ou 1 (por exemplo, cuidar dos afazeres foi

atribuído o valor 1) indica que ser 1 aumenta o índice de

trabalho decente. O sinal negativo em uma variável numérica

indica que na medida em que cresce o valor da variável,

decresce o valor do índice. O sinal negativo em uma

variável dicotômica 0 ou 1 indica que ser 1 reduz o índice.

No primeiro momento o interesse foi eleger um conjunto

de variáveis que pudessem dar conta das características

individuais, contexto familiar e do trabalho para analisar

o impacto sobre a aquisição de trabalhos mais decentes.

Foram selecionadas a idade, cor (branco=1) e escolaridade

(anos de estudos); em relação ao contexto familiar tratamos

da renda familiar, o tipo de família (monoparentais e

outros arranjos não especificados=1), condição na família

(se era cônjuge = 1), se cuidava dos afazeres domésticos

32

(não cuida = 1), número de membros da família e número de

filhos (para as mulheres); em relação trabalho, foram

escolhidas as variáveis: a idade que começou a trabalhar, o

tempo de deslocamento até o trabalho (deslocamento maior

que 30 minutos = 1) e o tempo que estava no trabalho; e

zona de domicílio (urbano = 1).

Com estas variáveis as regressões foram calculadas

utilizando o Statistical Pacckage for Social Science

(SPSS). Todas as variáveis foram estatisticamente

significantes, mas fizemos uma seleção de modo a

dimensionar melhor os impactos/efeitos das variáveis sobre

a aquisição de trabalhos mais decentes e para isso

retiramos da regressão as variáveis cujos coeficientes não

se mantiveram acima de 0,50 nos anos analisados. O valor de

0,05 foi considerado o mínimo em função da comparação com o

maior coeficiente encontrado: 0,35 para anos de estudos.

Mas antes de descartar a variável que não manteve o

coeficiente acima 0,05, cabe algumas considerações.

Para as mulheres, as variáveis escolhidas foram todas

significativas, mas com coeficientes muito baixos retiramos

a idade, tipo de família, condição na família, cuidar dos

afazeres domésticos e tempo que estava no trabalho como

forma de construir um olhar mais claro sobre os efeitos das

variáveis escolhidas. Em relação à variável tipo de

família, vale dizer que ela começa os anos 90 com 0,68, mas

desde 1998 cai abaixo de 0,50 até chegar a 0,005 em 2012,

indicando que na medida em que as mulheres em diversos

33

arranjos se aproximam em relação à média do ITD – tal como

visto anteriormente - essa variável vai perdendo seu

efeito.

Ao retirar as variáveis acima mencionadas para o

cálculo de nova regressão as variáveis retidas foram: cor,

anos de estudos, idade que começou a trabalhar,

deslocamento casa-trabalho, renda da família, número de

membros da família, número de filhos no domicílio e zona do

domicílio. Os coeficientes das variáveis são muito próximos

aos da análise de regressão com todas as variáveis.

Encontramos, então, que os anos 90, os anos de estudos

era a variável com maior peso, seguida da zona de domicílio

e tempo de deslocamento casa-trabalho. Ao longo do tempo, a

zona dilui seu efeito e o deslocamento casa-trabalho fica

em segundo lugar (ver gráfico 21).

Em relação às variáveis familiares (renda da família,

número de membros da família, número de filhos no

domicílio) duas observações são pertinentes. A primeira de

que não há uma tendência clara ao longo dos anos

analisados, e os três anos selecionados para a

representação gráfica da essa ideia. Segundo, há uma queda

entre 2008 e 2012 bastante significativa, indicando que a

expansão no acesso a trabalhos mais decentes no contexto de

redução das desigualdades socioeconômicas favoreceu a

redução do peso das variáveis familiares.

Entre as variáveis vinculadas à entrada e permanência

no trabalho, vimos que o tempo de trabalho tem pouco efeito

34

e foi retirado da análise, o tempo de deslocamento casa-

trabalho ganha uma enorme relevância com sua grande

magnitude e crescimento ao longo do tempo. E com a

postergação de entrada no mercado de trabalho há queda

contínua do efeito da idade que começou a trabalhar sobre a

aquisição de trabalho decente.

Nesse contexto com aspectos meritocráticos e urbanos

tão ativos na aquisição de melhores trabalhos, existe um

movimento que caminha na contramão: a cor vai ao longo do

tempo ampliando seu baixo efeito. Sem dúvida, isso se deve

ao fato de que a distância entre as mulheres negras e

brancas continuaram iguais ao longo do tempo, tal apontado

anteriormente.

G21

Entre os homens a história a ser contada é um pouco

diferente. As variáveis escolhidas para o cálculo da

primeira análise de regressão foram idade, cor, anos de

estudos, idade que começou a trabalhar, tempo de

deslocamento casa-trabalho, tempo no trabalho, tipo de

família, condição na família, renda familiar, cuidar dos

afazeres, número de moradores no domicílio e zona do

domicílio. Não foi inserida número de filhos porque o IBGE

não colhe a informação do número de filhos para os homens.

O mesmo critério para retirada de variáveis foi

utilizado, por isso na análise de regressão final foram

retiradas as variáveis tempo no trabalho, condição na

família e cuidar dos afazeres.

35

Na análise de regressão final, nos anos 90, os anos de

estudos são, também, de longe o maior efeito; seguida pela

zona do domicílio e tempo de descolamento casa-trabalho. Ao

longo do tempo, tal como nas mulheres, o tempo de

deslocamento casa-trabalho passa a zona de domicílio.

Indicando que uma vez perdendo a importância a clivagem

urbana e rural, pesa a capacidade de, na cidade, se

deslocar em busca de um trabalho mais decente.

Os homens tendem a trabalhar mais cedo que as

mulheres, mas postergar a inserção no mercado de trabalho é

sem dúvida um fator positivo na aquisição de melhores

trabalhos. Para os homens ao longo do tempo esse ainda é um

elemento que pesa, diferente do que acontece entre as

mulheres.

G22

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Homens e mulheres estão experimentando o processo de

ampliação do acesso ao trabalho decente com algumas

tendências gerais bem evidentes.

Em relação às comparações das médias do ITD, vimos que

quando as mulheres disputam em nichos muito masculinos como

são as Ocupações manuais modernas (vide a introdução), ela

se aloca em relações de trabalho mais decentes do que os

homens. E as variáveis que expressam o papel de gênero na

família têm sinais trocados quando se trata de homens e

mulheres. E no caso das mulheres se desfazer dos

36

compromissos com afazeres é uma grande garantia para seguir

a trilha dos melhores salários.

Para nossa surpresa a análise de regressão revelou que

variáveis que pareciam ter muita importância para a

aquisição de trabalhos mais decentes, tais como tempo de

trabalho, condição na família e cuidar dos afazeres,

terminaram sendo retiradas porque, quando combinada com

outros fatores, apresentaram pequeno efeito.

Entre as variáveis que foram retidas, observamos que

ao longo, a escolaridade mantém seu grande efeito, mas a

novidade fica por conta da ampliação do efeito positivo do

deslocamento casa-trabalho, o que permite verificar a

partir de outros dados a dimensão da segregação espacial e

estratificação social no país, nas grandes cidades, furar a

barreira para ter acessos a melhores trabalhos implica em

realizar maiores deslocamentos cotidianos em direção ao

trabalho.

Diferente do entendimento e análise sobre deslocamento

casa-trabalho elaborado pela OIT (GUIMARÃES, 2012), os

dados aqui apresentados mostram uma relação mais complexa:

a aquisição de trabalhos mais decentes depende fortemente

da capacidade de descolamento dos homens e mulheres em

direção a eles. Uma leitura totalmente compatível com a

distribuição da pobreza nas periferias das grandes cidades.

A despeito de inúmeros fatores que operam na

disponibilidade das mulheres em direção ao trabalho decente

e as mudanças ocorridas com a ampliação das oportunidades

37

educacionais ainda são as mesmas variáveis de 20 anos atrás

que operam com força o acesso ao trabalho decente. Sem

dúvida, em um país com enorme desigualdade educacional, a

escolaridade sintetiza uma série de outras desigualdades.

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