A Ponte de Pirituba, o Shopping Tietê e o papel dos EIV/RIV

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19/08/2016 A Ponte de Pirituba, o Shopping Tietê e o papel dos EIV/RIV | observaSP https://observasp.wordpress.com/2015/02/25/apontedepiritubaoshoppingtieteeopapeldoseivriv/ 1/7 A Ponte de Pirituba, o Shopping Tietê e o papel dos EIV/RIV Publicado em fevereiro 25, 2015 Por Luanda Vannuchi* comentamos aqui sobre a polêmica inclusão da Ponte Raimundo Pereira Magalhães, a Ponte de Pirituba, entre as obras prioritárias da Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB). Algumas audiências já foram realizadas para discutir o assunto – a última, em 27 de janeiro – e um Decreto de Utilidade Pública que prevê a desapropriação de 18.727 m para as obras da ponte foi publicado no Diário Oficial no dia 4 de novembro do ano passado. Nas duas audiências realizadas sobre a obra, a apresentação do projeto pelo diretor da SPObras, Ricardo Pereira da Silva, foi sucedida por um debate entre os participantes com foco principalmente no traçado da ponte e suas consequências para o tráfego em ambos os lados do Rio Tietê. Moradores da Lapa defendem a implantação de uma alça de acesso à ponte, de forma a distribuir o fluxo dos veículos e diminuir o impacto sobre o bairro. Mas em meio às discussões, ao serem apresentadas as áreas que deverão ser desapropriadas para a execução Ilustração: Mathews Vichr Lopes 2

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A Ponte de Pirituba, o Shopping Tietê e opapel dos EIV/RIVPublicado em fevereiro 25, 2015

Por Luanda Vannuchi*

Já comentamos aqui sobre a polêmica inclusão da Ponte Raimundo Pereira Magalhães, a Pontede Pirituba, entre as obras prioritárias da Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB).Algumas audiências já foram realizadas para discutir o assunto – a última, em 27 de janeiro – eum Decreto de Utilidade Pública que prevê a desapropriação de 18.727 m  para as obras daponte foi publicado no Diário Oficial no dia 4 de novembro do ano passado.

Nas duas audiências realizadas sobre a obra, a apresentação do projeto pelo diretor daSPObras, Ricardo Pereira da Silva, foi sucedida por um debate entre os participantes com focoprincipalmente no traçado da ponte e suas consequências para o tráfego em ambos os lados doRio Tietê. Moradores da Lapa defendem a implantação de uma alça de acesso à ponte, de formaa distribuir o fluxo dos veículos e diminuir o impacto sobre o bairro. Mas em meio àsdiscussões, ao serem apresentadas as áreas que deverão ser desapropriadas para a execução

Ilustração: Mathews Vichr Lopes—

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do projeto, um detalhe um tanto curioso passou despercebido: as obras da ponte vãodesapropriar uma pequena faixa do terreno do Tietê Plaza Shopping.

Esse detalhe é curioso porque traz à tona o debate sobre a implantação deste shopping,inaugurado em dezembro de 2013, e o viário da região.

Em 2012, quando o projeto do Tietê Plaza Shopping foi aprovado, havia a expectativa, entre osmoradores da região, de que nas obras demandadas para mitigação do impacto gerado peloempreendimento (que é um Polo Gerador de Tráfego) poderia entrar parte dos custos da Pontede Pirituba, ou pelo menos a elaboração do seu projeto.

Naquela época, o trânsito já era considerado congestionado nas principais vias de acesso àPirituba, e análise da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) havia apontado que o novoempreendimento atrairia cerca de 20 mil pessoas por dia, criando aumento de fluxo nas vias doentorno com grande potencial para engarrafar ainda mais o bairro.

Esse impacto é também potencializado pelos vários empreendimentos imobiliários que brotamna região, como o Portal dos Bandeirantes, do outro lado da Av. Raimundo Pereira deMagalhães, o maior condomínio fechado do município de São Paulo, com 27 torres e cerca de12 mil moradores.

Com o relatório técnico elaborado pela CET, a Secretaria Municipal de Transportes emitiu aCertidão de Diretrizes, documento em que constam os parâmetros a serem seguidos no projetodo empreendimento e as melhorias viárias necessárias para sua aprovação. Só que as

Traçado da ponte apresentado pela SP Obras em Audiência Pública em 4 de dezembro de 2014.

Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo, 12/2014.

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melhorias exigidas foram afinal obras menores, como alargamento de trecho da Av. RaimundoPereira Magalhães e implantação de barreiras, sinalizações, semáforos e câmeras demonitoramento – todas obras que, como o próprio Relatório de Impacto de Vizinhança (RIV)descreve, visam aperfeiçoar o acesso ao próprio empreendimento.

Agora, a ponte será construída com recursos advindos da Operação Urbana Consorciada ÁguaBranca, o que por si só já é bastante questionável, já que ela está a cerca de 3 km de distânciado perímetro de intervenção da operação. E com as desapropriações programadas, agora é aPrefeitura que terá que ressarcir o shopping, pois uma faixa estreita do seu terreno será utilizadajustamente para outro alargamento da Av. Raimundo Pereira Magalhães.

Este desencontro entre a expectativa dos moradores, as necessidades criadas pelo impactocumulativo de tantos empreendimentos e as obras de fato realizadas coloca em pauta osdiferentes instrumentos existentes para obrigar os entes privados a se responsabilizarem pelosimpactos urbanísticos dos empreendimentos que produzem.

A Lei Municipal 15.150/10 dispõe sobre os procedimentos para a aprovação de projetos e para aminimização de impacto no sistema viário decorrente da implantação de edifícios e atividadesconsideradas Polos Geradores de Tráfego (PGT). Enquadram­se como PGT edificações comdeterminada área ou capacidade, ou determinado número de vagas para carros. Nestes casos, aCET faz um prognóstico da demanda futura de tráfego, analisa a situação atual no local e entãorecomenda, por meio da Certidão de Diretrizes, as medidas mitigadoras de impacto que deverãoser realizadas para aprovação do empreendimento. É importante ressaltar que estas obras nãopodem custar mais do que 5% do valor total do empreendimento, o que dificulta, por exemplo,que uma obra grandiosa como a Ponte de Pirituba possa ser inteiramente financiada apenas peloshopping.

Faixa para desapropriação no entorno do Shopping Tietê Plaza. Fonte: Prefeitura Municipal de

São Paulo, 12/2014.

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O Estudo e o Relatório de Impacto de Vizinhança (EIV/RIV), por sua vez, são instrumentos depolítica urbana usados para reduzir ou compensar os impactos negativos gerados no entorno degrandes obras e de atividades geradas por elas. Em São Paulo, deveriam ter sidoregulamentados por lei, como prevê o Estatuto da Cidade, mas foram regulamentados peloDecreto 34.713/1994, e alterado por dois decretos posteriores, de 1996 e de 2006.

A atual regulamentação enquadra os empreendimentos de acordo com seu uso e áreaconstruída computável, não considerando os impactos cumulativos (o que cria uma brecha paraque os proprietários dividam seus terrenos para não terem que apresentar o estudo), e aindaisenta de elaboração de EIV/RIV os empreendimentos em área de Operação UrbanaConsorciada, geralmente os mais impactantes, por terem flexibilizados os limites previstos pelozoneamento.

Desde 2011, tramita na Câmara Municipal o PL 414 que pretende atualizar a regulamentação doinstrumento. Enquanto isso, entre os críticos, a avaliação é de que, da forma como estão, osEIV­RIV não realizam satisfatoriamente o que se propõem, criando um verdadeiro vazio jurídicoem torno desses instrumentos. O caso do Tietê Plaza Shopping é um tanto emblemático de queos EIV/RIVI talvez não estejam mesmo funcionando tão bem.

Em 2012, o Ministério Público (MP) investigou o tal shopping por licenciamento irregular. Oempreendimento havia sido isentado de EIV/RIV porque sua área computável era de 59.973,36m , ou seja, 29,64 m  menor do que o limite previsto para a obrigatoriedade do estudo, que é de60 mil m . O MP acabou recomendando a elaboração do EIV/RIV, que foi entregue em setembrode 2013, apenas três meses antes da inauguração do empreendimento e mais de dois anosdepois da emissão da Certidão de Diretrizes, quando as obras já estavam praticamenteconcluídas.

E quais foram as medidas propostas para mitigação do impacto negativo do shopping center notrânsito local? Aquelas mesmas que já constavam na Certidão de Diretrizes de 2011. E isso nãoé de espantar se considerarmos que este estudo e relatório de impacto foram realizados por umaempresa contratada pela construtora responsável pelo empreendimento. Não é por acaso que asanálises que ali aparecem beneficiam a construtora.

Em síntese, num primeiro momento o impacto do shopping não foi devidamente considerado naformulação das medidas de contrapartida, e as obras exigidas pela CET beneficiavamprincipalmente o acesso ao próprio shopping. Num segundo momento, o EIV/RIV foi elaborado,mas mesmo com um estudo mais detalhado, não trouxe novas exigências com relação aotráfego – o shopping foi inaugurado sem ter que realizar obras extras àquelas previstas antes dasua aprovação.

E neste momento, a Prefeitura de São Paulo está prestes a realizar uma grande obra viária,cara, e que deve alterar dramaticamente a situação de mobilidade na região – a Ponte dePirituba – e o shopping deve se beneficiar duplamente, por ter seu acesso melhorado e porquevai ser remunerado pela desapropriação de uma faixa de terreno que deverá dar lugar a umalargamento da Av. Raimundo Pereira Magalhães.

Qualquer empreendimento privado deve dar conta dos impactos que ele mesmo cria, e para issoé importante que existam instrumentos urbanísticos devidamente regulamentados para tanto.Nos parece que, neste caso, o impacto cumulativo de vários empreendimentos em Pirituba será

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4 RESPOSTAS EM “A PONTE DE PIRITUBA, O SHOPPING TIETÊ E O PAPEL DOS EIV/RIV”

sanado por uma obra da prefeitura, custeada pela Operação Urbana Consorciada Água Branca,antes mesmo de outras demandas tão ou mais prioritárias na região da Operação. Para impedirque práticas assim continuem se perpetuando nas cidades é preciso fortalecer as formas decaptação de contrapartidas dos investidores para dividir os ônus – e não apenas os bônus – dodesenvolvimento urbano.

*Luanda Vannuchi é geógrafa, mestre em estudos urbanos pela Vrije Universiteit Brussel e fazparte da equipe do observaSP.

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Claudine Pires Moreiraem março 11, 2015 às 8:49 am disse:

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As coisas são muito enroladas e demoradas. Nos tempos da prefeita Erundina já sefalava em construir uma avenida paralela à linha de trem para melhorar o fluxo deveículos vindo de Pirituba, mas ficou só no disse que disse. Lamentável.

Curtida

Ezequielem março 19, 2015 às 4:20 pm disse:

Ola Boa tarde tudo bem?

Trabalho com obras em Geral.

Gostaria de saber com quem poderia tratar sobre esses assuntos.

Tenho site para melhor conhecer meus serviços.

http://tekempreiteira.wix.com/tek­empreiteira#!page2/cjg9

Desde ja agradeço

Aguardo seu retorno

att

Ezequiel de Paula

Curtida

Fatima Oliveiraem abril 9, 2015 às 7:57 am disse:

Ao lado do Tietê Plaza tem o terreno do cemitério que pode ser desapropriado e ai fazeruma via que dará acesso a Marginal do Tietê e a Rodoviá Anhanguera.

Curtida

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