UNIVERSIDADE UBERABA CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MIRELLY FERREIRA GONÇALVES JESSIKA LALVI ZULSKE...

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UNIVERSIDADE UBERABA CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MIRELLY FERREIRA GONÇALVES JESSIKA LALVI ZULSKE GÉSSICA CÁSSIA INÁCIO MARÇAL O TRABALHO DO ASSITENTE SOCIAL JUNTO AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 1

Transcript of UNIVERSIDADE UBERABA CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MIRELLY FERREIRA GONÇALVES JESSIKA LALVI ZULSKE...

UNIVERSIDADE UBERABA

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

MIRELLY FERREIRA GONÇALVES

JESSIKA LALVI ZULSKE

GÉSSICA CÁSSIA INÁCIO MARÇAL

O TRABALHO DO ASSITENTE SOCIAL JUNTO AS MEDIDASSOCIOEDUCATIVAS

1

GOVERNADOR VALADARES – MG

2014

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MIRELLY FERREIRA GONÇALVES

JESSIKA LALVI ZULSKE

GÉSSICA CÁSSIA INÁCIO MARÇAL

O TRABALHO DO ASSISTENTE SCOCIAL JUNTO AS MEDIDASSOCIOEDUCATIVAS

Trabalho apresentado àUniversidade de Uberaba, comoparte da exigência à conclusão dadisciplina de Metodologia doTrabalho Científico do 1º semestredi curso de Pedagogia soborientação do Prof. --- Amandasoares Resende

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GOVERNADOR VALADARES – MG

2014

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 4

2 JUSTIFICATIVA 12

3 PROBLEMA DE PESQUISA 17

4 OBJETIVO GERAL 18

5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 19

6 METODOLOGIA 20

7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 22

8 CRONOGRAMA 23

9 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 24

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1 - INTRODUÇÃO

O tema que será abordado nesse projeto será o

trabalho do Assistente Social junto ás medidas

socioeducativas. Será apresentado e desenvolvido de igual

forma a problematização. Diante do assunto que será exposto no

decorrer da problematização, será para reflexão critica de

como foi tratado tal tema no transcorrer dos anos,

evidenciando de que forma se dá as contribuições éticas do

Serviço Social junto ás medidas socioeducativas.

Para adentrar no contexto da problematização da

pesquisa, inicia-se o assunto sobre a trajetória da criança e

do adolescente no Brasil, da exclusão que o envolveu desde o

inicio e de como se deu o avanço de seus direitos até a

Constituição.

Conforme Assis (2004), as primeiras crianças e

adolescentes vieram de Portugal para o Brasil, chegando

através de embarcações que estavam em busca de terras,

riquezas e colonizações. Eram chamados de “miúdos” ou

“grumetes”, crianças entre nove a dezesseis anos, sendo

órfãos, desabrigados ou filhos de necessitados. As

necessidades críticas de sobrevivência levavam aos pais

venderem seus filhos, pois, estes consideravam ser um bom

lucro, e assim se desresponsabilizando de cuidados e prover o

alimento. Os “Pagens” eram crianças que vinham de famílias

portuguesas de baixa renda, uns de classe média, outras

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protegidas pela nobreza. Enviando seus filhos para desenvolver

certas funções nos navios, os familiares acreditavam que

poderiam obter certa posição social melhor.

“As Órfãs do Reis”, meninas da idade de 14 a 30 anos

ajuntadas pela coroa nos orfanatos de Lisboa e Porto. Advindas

de famílias ciganas, as que possuíam menos de 17 anos, eram

colocadas pelos pais em orfanatos por condições religiosas.

Seus pais á separavam para serem entregues ao casamento á

homens da família portuguesa.

Ainda de acordo com Assis (2004), as crianças e

adolescentes eram privados de liberdade e meio de

sobrevivência, nessas embarcações viviam de modo desumano,

vulneráveis, com alimentação escassa e em péssimo estado, que

acarretavam a estes mal estar e doenças. Eram recrutados aos

navios á fim de trabalharem forçados e iam sendo escravizados

pelos adultos á bordos, nenhuma delas estava imune aos abusos

praticados pelos oficiais, tripulantes do navio. Essas

crianças se viam obrigadas á enfrentar essa realidade,

deixando toda sua infantilidade, não tendo alternativa á não

ser se tornarem adultos, mediante as consequências pela qual

viviam.

É perceptível que as crianças que vieram por

embarcações vindas do exterior para o Brasil no decorrer de

todo caminho, sofreram maus tratos. A estadia no navio foi em

condições deploráveis, e deixaram marcas profundas de

sofrimento que acarretaram até á sua vida adulta.7

A história da criança e do adolescente no Brasil

tiveram marcas que caracterizaram a ausência do poder publico,

pois suas ações eram nulas. Foi assumido então o atendimento

a estes através de instituições filantrópicas, tomando partido

e assumindo funções que seriam do estado.

No inicio, incumbia-se á igreja a assistência para ascrianças e adolescentes abandonados por suas famílias. Osasilos, que se proliferaram por toda Europa, a partir doséculo XII transferiram aos conventos e aos hospitais ascrianças nascidas na ilegitimidade e na pobreza. Quando oBrasil ainda era colônia de Portugal, o império portuguêsdesignou á Irmandade da Misericórdia estaresponsabilidade, que instalou o país a roda dos expostos(CARVALHO, 2001.p.185).

No século XIX, as crianças eram abandonadas

decorrentes a pobreza que era muito grande. As famílias

acreditavam que abandonando seus filhos na chamada Roda dos

Expostos, ou entregando-os as instituições filantrópicas, eles

teriam melhores condições de vida.

Colocava-se a criança no interior desse cilindro; esteera girado de 180 graus, passando, então, a abertura docilindro para o interior do prédio. O entregador tocavauma campainha que soava no dormitório das freiras e umadelas, então, recolhia a criança, providenciando suainternação. A mortalidade era bastante alta (cerca de30%) entre as crianças rejeitadas. (Santa Casa deMisericórdia)

O intuito de manter a tradição assistencialista

adotada durante anos pela Santa Casa, fez com que perdurasse a

pobreza e a vulnerabilidade da população infantil, e que nesse

momento as politicas sociais executadas pelo Estado era pra

atender somente o Capital, e não a realidade do momento.

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Notava-se que era grande o desprezo do governo quando

se tratava de executar os direitos destinados as crianças do

Brasil. O direito não havia sido institucionalizado no país,

na sociedade, não existiam direitos que fossem voltados á

criança e ao adolescente. Pelo contrário, o direito se tornou

um favor e as políticas públicas na verdade, se transformaram

e mecanismos de "politicagem".

A política social brasileira é a expressão do modo comoo capitalismo realizou-se na periferia do sistema (...),quando os processos sociopolíticos de regulação socialimplementados nos países capitalistas centrais deslocam-se para a periferia do sistema capitalista, reproduzem-se como simulacro dos países hegemônicos. (RAICHELIS,2000.p.87)

Já na década de 20, foi agregado no país o sistema de

proteção social, mas nessa época esse sistema visava somente

atender e suprir as necessidades do capitalismo, período em

que se teve inicio o processo de industrialização que

decorrente dele houve agravamento dos problemas sociais,

prejudicando em si a classe operaria. Nesse meio o Estado só

entra como o mediador, no papel de ser regulador dos conflitos

decorrentes do capital e do trabalho.

Assim as políticas sociais são partes integrantes daspolíticas públicas e participam de estratégias demediação entre o Estado e a sociedade, situando-sedentro do repertório de respostas a serem mobilizadaspara fazer face ás expressões da questão social. Comosistemas de mediação, as políticas de proteção socialexpressam ao mesmo tempo a capacidade das forças sociaisde transformar suas demandas em questões políticas aserem inscritas na pauta das respostas governamentais ásnecessidades sociais que canalizam. As estruturas deproteção social criadas pelo Estado respondem a dadacorrelação de forças políticas que instituem atores

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sociais dentro do Estado e na sociedade, na criação debases de sustentação necessárias á transformação dasnecessidades sociais em demanda política a serequacionada no interior do aparato institucional.(RAICHELIS, 2000:88)

Em julho de 1917, no assunto voltado á criança e ao

adolescente, houve uma greve que desencadearam inúmeras

denuncias relacionadas á exploração do trabalho infantil. Eram

familiares e patrões que colocavam as crianças como escravas,

usando a mão de obra de forma abusiva, sub-humana, colocando-

os para trabalhar nas indústrias e na agricultura.

O Estado começa intervir nas questões relativas a

crianças, somente na década de 1920 com a criação do Código de

Menores em 1927 e o serviço de Assistência ao Menor (SAM) em

1941. O código de Mello Matos atribuía ao estado o direito a

tutela do “menor”.

É visível o descaso relacionado á criança e ao

adolescente em tal momento histórico, por perceber o quanto

que crianças e adolescentes não eram vistos como sujeito de

direitos. Nesse momento para o Estado eles eram vistos como

delinquentes, marginais, sem nenhuma política pública

destinada para esse segmento.

O decreto 17943-A de 12 de Outubro de 1927 foi o

primeiro código de menores do Brasil. Sobre a visão desse

código a criança e o adolescente eram vistas como abandonadas,

vadias, delinquentes, mendigas, e libertinas sendo expostas a

qualquer situação de exploração. Com esse código a intervenção

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no âmbito familiar veio agregar as instituições estatais o

poder de abrigar e monitorar essas famílias.

Diante do contexto histórico, em 1941 foi

institucionalizado o Serviço de Assistência aos Menores (SAM),

que teve como lócus orientar os serviços de atendimentos aos

menores vulneráveis e delinquentes, internando-os em

instituições que não manifestavam preocupação em promover

ações socioeducativas. Essa politica social teve sua historia

marcada pelo mau funcionamento e a inexistência de recursos

humanos especializados. Crianças que foram abandonadas e

menores infratores eram submetidas a uma educação baseada na

repressão e no medo, conforme as politicas destinadas aos

internos. De acordo com Carletto e Silva (2011), O SAM foi

alvo de duras críticas, tanto de setores da sociedade civil

como do próprio Estado, sendo extinto em 1964.

A fim de melhorar a politica de atendimento ao menor

foi criado a FUNABEM (Fundação de Bem Estar ao Menor) e

mantinham o interesse de mudar o modelo correcional e

repressivo adotado pelo SAM para um modelo de politica

assistencialista. Sua execução ficou a cargo da FEBEM

(Fundação Estadual de Bem estar do Menor) no intuito de

exercer as politicas adotadas pela FUNABEM que visasse

promover uma politica social de reintegração do ”menor” a

comunidade.

Os principais objetivos dessa Fundação eram formular e

implantar a Politica Nacional de Bem-Estar do Menor a

11

partir do estudo do problema vivenciado pelo “menor” e o

planejamento de soluções; garantir a prioridade dos

programas, visando a integração do menor á comunidade,

pela via da assistência á sua família ou adoção de

famílias substitutas; e promover a criação de

instituições com características semelhantes àquelas

constitutivas do ambiente familiar. (Carletto e Silva,

2011, p.11)

Em 1979 entra em vigor o novo código de menores - Lei

nº 6.697, de 10 de outubro - mesmo não sendo defensor de

direitos universais passa visualizar o menor infrator como

autor de ato infracional, diferente do viés adotado

anteriormente pelo código de 1927, que via o menor como

“delinquente”. Mesmo adotando uma politica de integração

familiar e comunitária como objetivo Central, sua execução na

pratica teve predomínio de uma politica carcerária nas FEBEMs.1

De acordo com Silva (2005, p.32), (...) O Código de

Menores de 1979 – já surgiu defasado para sua época, pois

constituía o prolongamento da filosofia menorista do Código de

Mello Mattos do inicio do século 20. O Código de Menores tinha

uma visão preconceituosa de crianças e adolescentes chamando-

as de “menores delinquentes”, e os responsabilizavam por estar

em situação irregular ocasionado pela vulnerabilidade de suas

1 Ao assim definir o ato infracional, em correspondência absoluta com a Convenção Internacional do Direitos da Criança, o ECA considera o adolescente infrator como uma categoria jurídica, passando a ser sujeito dos direitos estabelecidos na Doutrina da Proteção Integral, inclusive do devido processo legal. Mario Rolpi

12

famílias e pela ausência de politicas publicas e suporte do

Estado.

Em 1980, a sociedade civil entra em processo de

reinvindicação, passando a adotar movimentos sociais

representativos em busca de politicas publicas que promovam

ações para efetivar a cidadania e direitos sociais que

reconheçam essa parcela populacional, rompendo assim com a

perspectiva de punição e adotando a defesa de direitos

sociais.

A década de 80 ficou marcada por diversos movimentos

reivindicatórios que deu inicio a um processo de

democratização. Foi promulgado na mesma década no dia 05 de

outubro de 1988 a Carta Constitucional tendo como principio

norteador a democracia, a justiça social, a cidadania e a

igualdade, devendo assim servir de princípios para a

formulação e execução das politicas publicas.

A Constituição Federal de 88, em seu capitulo VII,

art. 227, é instaurado novas leis de proteção social destinada

á criança e ao adolescente, que:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar ácriança e adolescente, com absoluta prioridade, o direito ávida, á alimentação, á educação, ao lazer, áprofissionalização, á cultura, á dignidade, ao respeito, áliberdade e a convivência familiar e comunitária, além decoloca-los á salvo de toda forma de negligencia,discriminação, violência, crueldade e opressão.”(Constituição da Republica Federativa do Brasil, 1989-artigo227).

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Como complemento da Constituição Federal de 1988, foi

implantada a Lei de nº 8.069, no dia 13 de julho de 1990 o

ECRIAD (Estatuto da Criança e do Adolescente), que é um marco

de uma conquista recente da cidadania da criança e do

adolescente do Brasil. O Estatuto veio assegurar na defesa dos

direitos da criança e do adolescente, lhes garantindo os

princípios básicos de sobrevivência.

Entretanto, embora a Lei que regulamenta o Estatuto,

que tem como principio básico á garantia de proteção social e

integral, embasado no artigo 227 da CF/88, a realidade exposta

nos municípios é de omissão e a falta de conhecimento de seus

dispositivos legais. O que fica evidente é a precarização do

serviço fundamentais prestado a da criança e do adolescente.

O código de Menores tinha uma visão distorcida de

adolescente autor de ato infracional, as medidas

socioeducativas são amplamente aplicadas somente em

adolescentes. Sendo assim o Estatuto em seu art.2° considera

criança pessoas até doze anos de idade incompletos, e

adolescentes aquela entre doze e dezoito anos de idade, em

casos de conflitos com a lei aplica-se o Estatuto

excepcionalmente a pessoas entre dezoito e vinte e um anos de

idade.

Norteado em tal conjuntura torna-se pertinente

abordar a transição do Código de Menores (1979) para a criação

do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), onde começa

visualizar o adolescente como sujeito de direito. Passando a14

ser responsabilizado pelos atos infracionais cometidos, tendo

como ação correcional as medidas socioeducativas garantidas

pelo Estatuto. Sendo elas, “advertência, obrigação de reparar

o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade

assistida, semiliberdade e internação” (Brasil, 1990). Desse

modo serão exemplificadas as medidas socioeducativas citadas

acima. De acordo com o Estatuto:

Art.115. A advertência consistirá em admoestação verbal,que será reduzida a termo e assinada.

Art.116. Da obrigação de reparo ao dano (...) que oadolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento dodano, ou, por outra forma, compense o prejuízo davitima.

Atr. 117. Da prestação de serviço a comunidade consistena realização de tarefas gratuitas de interesse geral,por período não excedente a seis messes, junto entidadesassistenciais, hospitais, escolas e outrosestabelecimentos congêneres, bem como em programascomunitários ou governamentais.

Art.118. Da liberdade assistida será adotada sempre quese afigura a medida mais adequada para o fim deacompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

Art.120. Do regime semiliberdade pode ser determinadodesde o inicio, ou como forma de transição para o meioaberto, possibilitada a realização de atividadesexternas independentes de autorização judicial.

Art.121. Da internação constitui medida privativa daliberdade, sujeita aos princípios de brevidadeexcepcionalidade em respeito à condição peculiar depessoa em desenvolvimento. (Ecriad, 1990, p.47,49)

Torna-se pertinente salientar que o trabalho do

assistente social frente às medidas socioeducativas, deverá

ter respaldo em seu código de ética, tendo que sua intervenção

15

não poderá se distanciar de seu senso critico frente à

realidade do sujeito. O adolescente é nada mais, do que vítima

de uma sociedade injusta e desigual, vivenciando em seu

cotidiano a contradição de classes, em um contexto que é

evidente a questão social e suas inúmeras refrações.

A questão social é o objeto de intervenção do

profissional de Serviço Social, onde o assistente social se

depara com as inúmeras expressões advindas de uma sociedade

capitalista de intervenção estatal mínima.

Em sua ingerência estatal percebe-se a falta de

políticas públicas eficazes que reconheça o sujeito social

como ser de direitos, sendo este vítima de uma sociedade

injusta e desigual, decorrente do sistema vigente:

neoliberalismo/capitalismo. O que acarreta um percalço

lamentável e desafiador no cotidiano profissional.

Diante disso, Iamamoto nos aponta que,

“o desafio é redescobrir alternativas e possibilidadespara o trabalho profissional no cenário atual; traçar

horizontes para formulação de propostas que façam frente

á questão social e que sejam solidarias com o modo de

vida daqueles que vivenciam, não só como vítimas, mas

como sujeitos que lutam pela preservação e conquista da

sua vida, da sua humanidade. Essa discursão é parte dos

rumos perseguidos pelo trabalho profissional

contemporâneo.” (Iamamoto, 2012, p.75)

Mediante o exposto, o profissional deve exercer seu

trabalho embasando-se nas competências teórico-metodológico,16

ético-politico e técnico-operativo, sendo essas atribuições do

profissional de Serviço Social. Uma vez que o mesmo deve

pautar sua atuação devendo estar em consonância com o código

de ética e princípios que regem a profissão.

É importante frisar que o trabalho do Assistente

Social frente á realidade do sujeito deve pautar-se em um

“posicionamento em favor da equidade, justiça social, que

assegure universalidade de acesso aos bens e serviços

relativos aos programas e politicas sociais, bem como sua

gestão democrática”. (Principio Éticos fundamentais do Código

de Ética)

Entende-se então o quanto é fundamental o trabalho

do Assistente Social junto á medida socioeducativa, a fim de

proporcionar a essa parcela populacional acesso á seus

direitos garantidos e estabelecidos pelo Estatuto da Criança e

do Adolescente.

17

JUSTIFICATIVA

Justifica-se a escolha do tema por considerar de

extrema relevância social, a abordagem de como se dá as

contribuições éticas do Serviço Social junto ás medidas

socioeducativas, a fim de viabilizar os direitos estabelecidos

na lei 8.069/90, Estatuto da criança e do adolescente.

O tema adolescente no contexto do ato infracional é

um assunto debatido na atualidade, sendo exposto

constantemente na mídia, internet, nas referencias

bibliográficas citadas no projeto, e tem sido um grande

desafio para o Serviço Social, pois este deve estar em contato

constante com as múltiplas expressões da questão social,

utilizando de suas competências para o seu enfrentamento.

Entende-se que para o desvelamento da realidade, na

construção de estratégias que intervenham com êxito, através

de uma visão crítica, segundo Iamamoto (2012,p.38), apontando

uma reflexão sobre o trabalho profissional, requer que este

tome com urgência, “um banho de realidade brasileira, munindo-

se dados, informações e indicadores que possibilitem

identificar as expressões particulares da questão social,

assim como os processos sociais que a reproduzem”.

É de extrema relevância social abordar os inúmeros

desafios a serem enfrentados no cotidiano do profissional, que

o acarreta á estar em consonância com o Projeto ético-politico

18

da profissão, respaldando- se na luta e “defesa intransigente

dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo”

(Código de Ética Profissional do Serviço Social).

Uma vez por considerar a intervenção do Assistente

Social frente á questão social algo imprescindível na

realidade do sujeito, Iamamoto nos ressalva que a questão

social é o objeto de trabalho do Serviço Social,

É ela, em suas múltiplas expressões, que provoca anecessidade da ação profissional junto á criança e aoadolescente, ao idoso, á situações de violência contra amulher, á luta pela terra, etc. (Iamamoto, 23. Ed, 2012,p.62).

É pertinente abordar que o Assistente Social é um

profissional que atua em diversos campos de trabalho, sendo

cada qual com suas particularidades. E uma de suas atuações de

trabalho está em instituições voltadas á cumprimento de

medidas socioeducativas.

Segundo Silva e Carletto (Uniube, 2010, p. 69) as

medidas socioeducativas decorrem de ato judicial aplicáveis

conforme a gravidade ou o potencial de agressividade do ato,

podendo ser uma simples advertência, obrigação de reparo ao

dano, prestação de serviço á comunidade – medida de meio

aberto - , liberdade assistida, regime semi liberdade e

internação. Medidas regulamentadas e amparadas no Estatuto da

Criança e Adolescente.

É relevante abordar que a proteção social integral

destinada à criança e adolescente veio lhes inserir em um19

contexto social como sujeitos de direitos, e não apenas como

meros objetos de intervenção social profissional por parte da

família, sociedade e estado. Mediante o contexto fica evidente

na constituição salientar que,

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar àcriança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma denegligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Art.227 da CF/1988)

A proteção social firmou se com a CF/88, onde foi

consagrado, a garantia de direitos destinada a criança e

adolescente, que perpassa por um processo de luta societária

em um verdadeiro conflito entre classe trabalhadora e

capitalista na reivindicação de seus direitos.

É neste contexto de proteção social que se torna

imprescindível fundamentar a atuação do assistente social.

Sendo assim o profissional busca em seu cotidiano, está sempre

engajado com seu código de ética para que possa ter uma visão

critica diante a realidade do sujeito. Buscando assim pautar

sua atuação de forma critica e propositiva, de modo á intervir

na realidade posta.

A sociedade na atualidade visualiza o adolescente

autor de ato infracional como uma ameaça a ordem social, sendo

assim prefere punir o adolescente, ao invés de possibilitar

sua inclusão social. É pertinente salientar que a maior parte

20

de adolescentes autores de ato infracional vive em uma

situação de vulnerabilidade social emergente, e que muitas

vezes tem seus direitos fundamentais básicos violados, e esses

se inserem cada vez mais cedo no mundo do crime.

O que evidência a omissão do Estado, no que tange a

elaboração de políticas pública eficientes. Segundo Volpi

(1999, p.8) “observa-se que as crianças e adolescentes do

Brasil representam a parcela, mais exposta na violação dos

direitos pela família, pelo Estado e pela sociedade –

exatamente ao contrario do que define a nossa Constituição

Federal e suas Leis complementares”.

Entende-se que é relevante frisar o contexto do

presente projeto, a fim de demonstrar o quanto é fundamental

discutir o tema, por considerar que seu debate na mídia

acontece de forma distorcida da realidade do sujeito, que é

vitima de um Estado neoliberal, que tem uma intervenção mínima

na elaboração e execução de políticas sociais, destinas a

crianças e adolescentes.

Mediante a realidade exposta substancia-se á

necessidade de abordar o tema adolescente em cumprimento de

medidas socioeducativa e a atuação do profissional de serviço

social frente essa questão, enquanto objeto de estudo social

no contexto de formação acadêmica. Conforme a formação do

profissional na contemporaneidade Iamamoto, salienta:

A preocupação que move tais reflexões é de construir, no

âmbito do serviço social, uma proposta de formação21

profissional conciliada com os novos tempos,

radicalmente comprometida com os valores democráticos e

com a prática de construção de uma nova cidadania na

vida social, isto é, de um novo ordenamento das relações

sociais. (Iamamoto, 23 Ed, 2012 p.168).

Enquanto processo de formação é indispensável

retratar que o assistente social, seja um estudioso social

mesmo após seu processo formativo, e que profissional não seja

mero executor de políticas sociais embasadas no imediatismo,

mas que o mesmo através de estudos contínuos tenha domínio e

embasamento teórico que possa respaldar sua ação no cotidiano,

e seja propositivo frente as questão social emergente.

Diante a questão apresentada à fundamentação teórica

aprendido em âmbito acadêmico é o que estabelece ao assistente

social respaldo critico e reflexivo para exercer sua

profissão, Netto (1996) ressalta a seguinte questão sobre o

profissional técnico e o profissional intelectual.Afirma que o assistente social pode ser um profissional“(...) técnico treinado para intervir num campo de açãodeterminado com a máxima eficácia operativa ou umintelectual que, habilitado para operar numa áreaparticular, compreende o sentido social da operação e asignificância da área no conjunto da problemáticasocial. (...) Em resumo, confrontam-se dois “paradigmas”profissional: o técnico bem adestrado que vai operarinstrumentalidade sobre as demandas do mercado detrabalho tal como elas se apresentam ou o intelectualque, com qualificação operativa, vai intervir sobreaquelas demandas a partir da sua compreensão teórico-crítica, identificando a significação, os limites e asalternativas da ação focalizada. (Netto, 1996, p. 125).

22

Torna-se pertinente fazer a abordagem crítica

reflexiva da inserção do assistente social, frente às medidas

socioeducativas e sua intervenção mediante a questão social,

buscando inerência ao seu enfrentamento. Tendo como base seu

código de ética como principio fundamental norteador para sua

atuação enquanto profissional.

Portanto a presente pesquisa tem interesse de romper

com o paradigma existente no modo em que a sociedade visualiza

o adolescente autor de ato infracional. Por isso Iamamoto

(2005) aponta que “Um dos maiores desafios que o assistente

social vive no presente é desenvolver sua capacidade de

decifrar a realidade e construir propostas de trabalho

criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir

de demandas emergentes no cotidiano”.

23

2 - PROBLEMA DE PESQUISA:

De que forma se dá as contribuições éticas do

Serviço Social junto às medidas socioeducativas?

24

3 - OBJETIVO GERAL:

Abordar as contribuições éticas do serviço social

junto a medida socioeducativa.

25

4 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Problematizar a trajetória das políticas

públicas destinadas ao adolescente no Brasil.

Conhecer as medidas socioeducativas quanto

conquista junto ao adolescente autor de ato infracional.

Abordar as contribuições éticas do Serviço

Social em meio a medida socioeducativa.

26

5 - METODOLOGIA

A corrente teórica que fundamentará essa pesquisa

será o Materialismo Histórico Dialético, uma vez que Marx

acredita na mudança da realidade social do sujeito, onde o

pesquisador social terá um papel revolucionário frente à

questão social e suas inúmeras refrações.

Para Marx “a pesquisa é contrário a simples descrição

ou justificativa da realidade. Para ele, a realidade social

deve ser analisada historicamente a fim de conseguir, dai

propor formas para sua transformação”. (Oliveira, 2011, p.23).

O materialismo histórico dialético frisa a

transformação da sociedade, e a mudança da realidade posta.

Marx salienta que o sujeito social deve se unir enquanto

classe social e reivindicar a mudança da realidade, pois

deverá haver uma organização, sendo assim o mesmo conseguirá a

consciência de classe e atingira sua emancipação humana.

A pesquisa qualitativa é uma pesquisa que se preocupa

em decifrar os fatos da realidade, buscando assim contribuir

para mudança da realidade social. É o tipo de pesquisa mais

utilizado na área de ciências sociais, possui um caráter

exploratório, pois a mesma permite melhor aproximação do

pesquisador com o sujeito pesquisado, o que possibilita

reconhecimento do sujeito como ser histórico. Para Marla

(2011, p. 93) “Esse tipo de pesquisa é importante, pois

27

compreende os valores culturais do sujeito, compreende também

a relação que se dá entre os autores sociais”.

Já a escolha da pesquisa bibliográfica, parte do

pressuposto de que ao abordar um assunto é necessário fazer um

levantamento bibliográfico de materiais (livros, artigos

científicos, paginas na web, etc.), para que possamos nos

embasar teoricamente, permitindo conhecer determinado assunto.

Segundo Gil (1994, p. 72) “A principal vantagem da pesquisa

bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a

cobertura da gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela

que poderia pesquisar diretamente”.

Também se optou por escolher a pesquisa documental,

que se assemelha muito da bibliográfica, Gil (1997, p.73)

afirma que única diferença entre ambas esta na natureza das

fontes. A pesquisa documental permite que o pesquisador se

aproprie e analise os dados como leis, documentos publicados

ou não publicados etc., para embasar-se em determinado tema.

Abordagem escolhida para a realização da presente

pesquisa será a pesquisa qualitativa, bibliográfica e

documental. Percebendo que foi de extrema importância se

apropriar de tais conhecimentos para abordar o tema do projeto

de forma sucinta.

A revisão da literatura permite que se faça um

“afunilamento” de todo material bibliográfico levantado até o

momento da construção do projeto. O que possibilita selecionar

28

os autores, livros, e artigos em que se terá embasamento

teórico para a construção do mesmo.

6 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para o desenvolvimento do projeto foi utilizado

diversos autores, que contribuíram para o embasamento teórico

na construção da pesquisa. Percebe- se o quanto é pertinente à

fundamentação teórica se distanciar do senso comum,

possibilitando assim uma aproximação do pesquisador diante de

um senso critico e reflexivo.

29

A aproximação da literatura de Marilda Vilela

Iamamoto permite o profissional de Serviço social fazer uma

reflexão crítica da realidade do sujeito. Iamamoto trata a

questão social como objeto de intervenção do profissional de

Serviço Social em seu cotidiano, possibilitando o mesmo fazer

uma reflexão crítica, e propositiva frente à questão social e

suas refrações.

Foi de grande contribuição também fazer uma reflexão

na literatura de Yolanda Guerra, que contribuiu muito no

processo de enriquecimento do conhecimento para a elaboração

do projeto de pesquisa. Sendo uma vez que Guerra chama atenção

para ao dizer que os profissionais de Serviço Social criam,

utilizam e adéquam as condições de trabalho que nos é imposto.

Anamaria permitiu que fizéssemos um resgate histórico

através de seu livro. Permitiu também que aprofundássemos mais

no contexto histórico da criança e adolescente no Brasil, o

que colaborou muito nesse processo formativo.

Vale a pena também citar a grande importância da obra

de José Paulo Netto na elaboração do projeto, permitindo assim

fazer uma analise crítica da realidade quanto à atuação

profissional e seus paradigmas.

Também foi de grande importância à revisão da

literatura de Mário Volpi para contextualizar com melhor

nitidez o contexto do adolescente autor de ato infracional,

30

permitindo assim ter melhor embasamento teórico ao abordar o

tema do projeto.

31

7 - CRONOGRAMA

2013/2014

Atividades Out.

2013

Nov.

2013

Dez.2013

Jan.

2014

Fev.

2014

Mar.

2014

Abr.

2014

Mai.

2014

Jun.

2014

Jul.

2014

Agos.

2014

Set.

2014

Levantamento bibliográfico

Orientação com o docente

Entrega do Projeto de Pesquisa

Pesquisa bibliográfica edocumental

Redação dos capítulos

Revisão da redação

Entrega de Trabalho de Conclusão de Curso

32

8 - REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

IAMAMOTO, M. V. Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e

formação profissional. 23 Ed. São Paulo, Cortez, 2012,326 p.

SPOSATI, AL; CARVALHO, M° do C. B. F, S. M° T. Os Direitos Sociais

dos Desassistidos. 7° Ed. São Paulo, Cortez, 2012,164 p.

ASSIS, Anamaria D. H. M. A institucionalização da criança e do

adolescente do sexo masculino na Fumic. Ipatinga, 2004.

NETTO, J. P. Transformações societárias e Serviço Social - notas

para uma análise prospectivo da profissão no Brasil. In: Revista

Serviço Social e sociedade nº50. São Paulo: Cortez, Abr/1997, pp.

87-132.

SILVA, M° L. O. O Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de

Menores: descontinuidades e continuidades. In: Revista Serviço

Social e Sociedade n°83. São Paulo: Cortez, Setembro/2005,198 p.

VOLPI, M. O Adolescente e o Ato Infracional. 3°. Ed. Cortez,

Maio/1999, 86 p.

BARROCO, M. L. S. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos.

5° Ed. São Paulo, Cortez junho/2007,212 p.

33

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

ABELLH, F. M. S. et. alli. Serviço Social e Proteção Especial.Uniube, 2011,211 p.

Código de Ética Profissional do Assistente Social. Brasília: CFESS, 1993.

Regulamentação da Profissão do Assistente Social. Lei 8662 junho/1993.

MARLA, B. O. et. alli. Serviço Social: projetos de pesquisa. Uniube, 2011/1993 193 p.

34