As talhas rococós da matriz de Santa Rita de Cássia, no Rio de Janeiro

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XII Congresso Internacional de Reabilitação do Patrimônio Arquitetônico e Edificado A DIMENSÃO COTIDIANA DO PATRIMÔNIO E DESAFIOS PARA SUA PRESERVAÇÃO 21 a 24 de outubro de 2014 Bauru (SP), Brasil 1 AS TALHAS ROCOCÓS DA MATRIZ DE SANTA RITA DE CÁSSIA, NO RIO DE JANEIRO NARA JR., João Carlos 1 , CHEVITARESE, André Leonardo 2 1: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil e-mail: [email protected] , web: http://lattes.cnpq.br/1424818755168394 2: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil e-mail: [email protected] , web: http://lattes.cnpq.br/8607821911525405 RESUMO A matriz de Santa Rita de Cássia, outrora chamada “igreja dos malfeitores”, e em cujo Largo homônimo havia um cemitério de pretos-novos, é o único templo barroco da cidade do Rio de Janeiro que conserva intactas, como bem integrado, talhas rococós do século XVIII. Relacionadas ao surgimento das primeiras Irmandades cariocas, as singularidades decorativas da igreja de Santa Rita — cuja tipologia, integralmente preservada, permite seu estudo sistemático — disponibilizam indícios sobre o sentimento religioso popular vivido durante o período colonial e, concomitantemente, refletem o quotidiano setecentista do Rio de Janeiro. A análise arquitetônica contribui de forma determinante e significativa para a investigação de determinado período histórico e a compreensão da sociedade que nele incidiu, com suas ideologias. Sandra Poleshuck de Faria Alvim, ao estudar a arquitetura religiosa colonial no Rio de Janeiro, apontou como a análise da talha de madeira permite explicitar as mudanças da vida econômica, social e religiosa, assim como as tendências de gosto. Tratando-se as talhas como um “artefato remanescente de cultura material”, produz-se um aporte privilegiado para a compreensão antropológica e arqueológica do edifício, o qual reúne símbolos, registra tendências e conserva os traços das sucessivas intervenções. O objetivo do trabalho é mostrar a importância do estudo do patrimônio arquitetônico da igreja de Santa Rita, tendo em vista tanto sua preservação (pois é preciso conhecer bem um objeto para conservá-lo) quanto sua valência arqueológica (pois o monumento se apresenta simultaneamente como signo e documento). A metodologia consiste na análise das talhas, em busca de suas origens formais, filiações estilísticas, simbologia, tipologia técnica e material, forma de aplicação, desenho e acabamentos, etc. PALAVRAS CHAVE Cultura material; Talhas de madeira; Bem integrado; Santa Rita de Cássia; Rio de Janeiro.

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XII Congresso Internacional de Reabilitação do Patrimônio Arquitetônico e Edificado A DIMENSÃO COTIDIANA DO PATRIMÔNIO E DESAFIOS PARA SUA PRESERVAÇÃO

21 a 24 de outubro de 2014 Bauru (SP), Brasil

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AS TALHAS ROCOCÓS DA MATRIZ DE SANTA RITA DE CÁSSIA, NO RIO DE JANEIRO

NARA JR., João Carlos1, CHEVITARESE, André Leonardo2

1: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

e-mail: [email protected], web: http://lattes.cnpq.br/1424818755168394

2: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil e-mail: [email protected], web: http://lattes.cnpq.br/8607821911525405

RESUMO

A matriz de Santa Rita de Cássia, outrora chamada “igreja dos malfeitores”, e em cujo Largo homônimo havia um cemitério de pretos-novos, é o único templo barroco da cidade do Rio de Janeiro que conserva intactas, como bem integrado, talhas rococós do século XVIII. Relacionadas ao surgimento das primeiras Irmandades cariocas, as singularidades decorativas da igreja de Santa Rita — cuja tipologia, integralmente preservada, permite seu estudo sistemático — disponibilizam indícios sobre o sentimento religioso popular vivido durante o período colonial e, concomitantemente, refletem o quotidiano setecentista do Rio de Janeiro.

A análise arquitetônica contribui de forma determinante e significativa para a investigação de determinado período histórico e a compreensão da sociedade que nele incidiu, com suas ideologias. Sandra Poleshuck de Faria Alvim, ao estudar a arquitetura religiosa colonial no Rio de Janeiro, apontou como a análise da talha de madeira permite explicitar as mudanças da vida econômica, social e religiosa, assim como as tendências de gosto. Tratando-se as talhas como um “artefato remanescente de cultura material”, produz-se um aporte privilegiado para a compreensão antropológica e arqueológica do edifício, o qual reúne símbolos, registra tendências e conserva os traços das sucessivas intervenções.

O objetivo do trabalho é mostrar a importância do estudo do patrimônio arquitetônico da igreja de Santa Rita, tendo em vista tanto sua preservação (pois é preciso conhecer bem um objeto para conservá-lo) quanto sua valência arqueológica (pois o monumento se apresenta simultaneamente como signo e documento).

A metodologia consiste na análise das talhas, em busca de suas origens formais, filiações estilísticas, simbologia, tipologia técnica e material, forma de aplicação, desenho e acabamentos, etc.

PALAVRAS CHAVE

Cultura material; Talhas de madeira; Bem integrado; Santa Rita de Cássia; Rio de Janeiro.

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1. INTRODUÇÃO HISTÓRICA

1.1. A devoção a Santa Rita no Sítio do Valverde (século XVIII)

O fidalgo português Manuel Nascentes Pinto, oriundo da cidade do Porto, transferiu-se ao Brasil acompanhado de sua mulher, Dona Antônia Maria, e de seu filho Inácio. Segundo alguns autores, sua vinda teria por fim uma missão encomendada por D. João V (1706-1750). Todavia, parece que a família já estaria estabelecida em 1697 numa ampla chácara próxima à vala que conduzia as águas da Lagoa de Santo Antônio até a Prainha1. Essa região do Centro do Rio era, à época, um bairro rural denominado Sítio do Valverde, que se estendia da Rua das Violas (atual Teófilo Otoni) até as faldas do morro da Conceição. Possuía muitas plantações e olarias, e por ali se fazia o serviço de cargas e produtos agrícolas das zonas suburbanas. Os primeiros agricultores preferiram as partes mais altas do vizinho Morro da Conceição, pois desde o século XVII o vale tinha fama de reunir arruaceiros.

D. Manuel, cavaleiro professo da Ordem de Cristo2, trouxera consigo de Portugal uma pintura a óleo de autoria desconhecida retratando Rita de Cássia, taumaturga italiana beatificada sessenta anos antes, cuja devoção rapidamente se estendera à península Ibérica3. A devoção familiar a esse quadro gradativamente alargou-se à vizinhança que, se não desconhecia a mística italiana, pelo menos ignorava a sua efígie. Todos os anos a 22 de maio, memória litúrgica da Santa, a imagem entronizada na sala entre velas e adornos era festejada por nobres e populares que se abeiravam à residência para fazer suas rezas e pedidos. Como a afluência de fiéis tornava-se cada vez maior, o casal decidiu erigir uma ermida próxima à sua propriedade, provavelmente no ano de 1702. Na década de 1710, o casal encomendou a um entalhador de Portugal uma nova imagem de madeira, atualmente localizada na sacristia da igreja. Contudo, em vez de posta como orago da pequena ermida, mandaram-na colocar para veneração dos fiéis na Candelária, então sede paroquial, enquanto não se construísse uma igreja condigna. Todos os anos, a 13 de maio, a talha era conduzida para a casa dos Nascentes Pinto, onde era ricamente vestida adornada de joias. Ao cabo da novena, à véspera da festa da Santa, a imagem tornava para a Candelária.

Em 1721 foram cedidos o terreno, a ermida e uma dotação de ornamentos e alfaias à Irmandade4 de Santa Rita, recém-fundada pelos Nascentes Pinto. Então só havia capela-mor, sacristia e consistório. Consta da escritura de doação que o casal reservava para si e seus descendentes o título de “Padroeiros Perpétuos”, o que outorgaria diversos privilégios à família: controlar as nomeações eclesiásticas, proceder nas solenidades, receber alimentos em caso de indigência, etc. Não obstante, o bispo D. Francisco de São Jerônimo de Andrade negou veementemente o reconhecimento do título de

1 Cf. MAURÍCIO, 2008, p. 159, e IPHAN, Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados: 6ª S.R., Módulo I, Rio de Janeiro I, Igreja de Santa Rita.

2 Uma ordem regular de cavalaria consiste numa confraria que combina a insígnia militar com os privilégios monacais, o que supõe reconhecimento tanto por parte do Estado quanto da Igreja. Seus cavaleiros respondiam diretamente ao Papa, tinham seus próprios cemitérios e capelas com clero separado da jurisdição secular ordinária, e eram livres de dízimo. Não sendo clérigos, os cavaleiros estavam dispensados do celibato; porém tinham de exercitar-se na disciplina da Ordem: recitação da Liturgia das Horas, indumentária e dieta específicas, forma de governo, etc.

3 Margarita, cognominada Rita (1377-1457), natural de Cascia na Úmbria, Itália, fez fama de taumaturga e é um símbolo da superação da escalada da violência da vendetta (em virtude da qual veio a perder o marido iracundo cuja mansidão conseguira à custa de oração e paciência). Foi beatificada por Urbano VIII em 1627 e canonizada por Leão XIII em 1900. Apesar de bastante cultuada no Brasil, apenas em 2002 sua memória litúrgica tornou-se universal para os católicos de rito romano.

4 As irmandades eram confrarias compostas por leigos com finalidades religiosas (e outros fins particulares: trabalhistas, educacionais e econômicos), regidas por compromisso aprovado tanto pela Igreja quanto pelo Estado. Estavam vinculadas a uma freguesia, cujo sacrário lhes competia venerar. Exigia-se-lhes um mínimo de 30 membros e os recursos necessários à administração e sustento das festas e alfaias do altar ou da igreja. Um santo costumava ser patrono de uma única irmandade, mas as irmandades sacrossantas (do Santíssimo, do Espírito Santo, ou das Almas) podiam ser erigidas em várias freguesias. Cf. CAVALCANTI, 2004, p. 206-215.

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“Padroeiros” aos Nascentes Pinto, pois desejava designar a igreja de Santa Rita como sede de freguesia5 e alegava que só o Rei de Portugal podia ser padroeiro de igrejas no Brasil. A pendenga permaneceu longos anos nos tribunais, mesmo depois da morte do prelado em 1721 e do falecimento de D. Manuel em 1730. Nesse ínterim, Ayres de Saldanha, governador do Rio de Janeiro entre 1719 e 1725, determinou que fosse criado no Largo defronte à igreja um cemitério exclusivo para os “pretos novos”, isto é, os africanos que não sobreviveram ao tráfico escravagista6.

O herdeiro Inácio Nascentes Pinto prosseguia tenazmente suas demandas com a Mitra. Sucederam-se na sé carioca três bispos7, o último dos quais criou a freguesia de Santa Rita em 1751, desmembrando-a da circunscrição de Nossa Senhora da Candelária, quando já se concluíam as obras de construção. Em 1753, a causa ficou resolvida de forma inusitada: Inácio caiu gravemente doente, paralítico, surdo e afônico. Fez à Santa Rita a promessa de encerrar o litígio em caso de cura, o que ocorreu alguns dias após. Tendo exigido a seu filho Antônio que renunciasse perpetuamente à querela, cumpriu a promessa e renunciou ao padroado, o que não foi óbice para que seu corpo, assim como os de seus pais, permanece até hoje enterrados sob a capela-mor. No lustro seguinte foi executada a talha rococó da nave e da capela-mor, de autoria não identificada, com ourivesaria de Mestre Valentim, e cinco retábulos.

1.2. Perda da memória urbana (de fins do XVIII ao início do século XX)

Os demais arredores também experimentaram melhoramentos8 e em 1763 a Irmandade do Santíssimo Sacramento adquiriu uma série de casas na Rua das Violas. A parte posterior da igreja de Santa Rita foi interligada às dependências da Irmandade, onde também se instalou o consistório da Irmandade de São Miguel e Almas. Por então, o cemitério de pretos novos já se manifestava exíguo; com efeito, a partir de 1765 mandaram mesmo abrir covas em plena rua. Quando por volta de 1769 o vice-rei Marquês do Lavradio ordenou a transferência do mercado de escravos da Rua Direita (atual Primeiro de Março) para a Rua do Valongo (atual Camerino), o cemitério foi junto para a região da Saúde.

A proximidade do palácio episcopal no Morro da Conceição supunha uma fonte de preocupação para os sineiros da igreja, obrigados a saudar o bispo com um repicar de sinos sempre que passava pelo Largo em que a igreja se encontrava. Os sinos também dobravam para anunciar a justiça, pois era igualmente próxima a cadeia do Aljube e armava-se a forca nas imediações, de modo que os condenados à morte faziam suas rezas e recebiam as derradeiras consolações em Santa Rita. Daí que

5 A divisão territorial em freguesia servia igualmente à Igreja, à polícia e à municipalidade. Das quatro freguesias criadas no Rio colonial, apenas a de São Sebastião não adveio da iniciativa popular, mas foi introduzida pelos jesuítas.

6 O sepultamento de escravos se fazia ao redor de igrejas ou em cemitérios próximos. Com o aumento da população e o início do tráfico negreiro no século XVII, fez-se necessária a adoção de pedaços de terra maiores. Havia um cemitério nos fundos da Santa Casa da Misericórdia destinado aos escravos africanos, seus descendentes, indigentes e pobres que morriam no hospital, o qual, no início dos setecentos, também já não comportava o grande número de sepultamentos.

7 Antônio de Guadalupe (1725-1740), João da Cruz Salgado de Castilho (1740-1745) e Antônio de Nossa Senhora do Desterro Malheiro (1745-1773).

8 Em 1758 foi erigida a capela de São Joaquim no final da Rua do Curtume, que passou a se chamar Rua Estreita de São Joaquim. Em 1763 foi aberta a Rua Larga de São Joaquim, ligando a mesma capela ao interior. Ambas as vias, a Larga e a Estreita, viriam posteriormente a ser unificadas para constituir a atual Avenida Marechal Floriano.

Figura 1: Eduard Hildebrandt: Largo de Santa Rita com o chafariz e uma procissão (1844)

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a igreja fosse chamada capela dos malfeitores (RIOS FILHO, 2000, p. 483). Ao mesmo tempo em que a cadeia era transferida para a Rua Frei Caneca, o cruzeiro que fora erguido pelas almas dos escravos sepultados no Largo de Santa Rita foi substituído em 1840 por um chafariz com água da Carioca9 (figura 1). Com a criação da Avenida Marechal Floriano e a reforma das adjacências em 1904, a praça foi reduzida e o chafariz deixou de existir, desaparecendo qualquer referência ao campo santo.

2. O CONJUNTO HISTÓRICO DE SANTA RITA COMO CULTURA MATERIAL

2.1. Conhecer para conservar

No Manual de Arqueologia Histórica em Projetos de Restauração, Rosana Najjar e Maria Cristina Duarte indicam (2000, p. 11):

Quando um bem cultural é tombado pelo Poder Público, isto se dá devido ao seu valor (histórico, artístico, arqueológico, etnográfico, paisagístico, etc.), que foi reconhecido como merecedor de destaque e, portanto, de ações que o preservem, para que cumpra seu papel de transmitir à sociedade sua participação na construção do Brasil. Assim, um projeto de Restauração / Conservação de um bem cultural da Nação deve ter como objetivo, dentre outros, a recuperação e a socialização da história deste bem. […] As edificações são, assim, produto e produtoras de relações sociais, as quais pretendemos desvelar para melhor conhecermos o bem que temos o dever de preservar. A partir deste conhecimento, poderemos melhor realizar o nosso papel de contadores da história do Brasil.

A essa luz, a igreja de Santa Rita reveste-se de enorme interesse por conta das inúmeras singularidades e questões que levanta, como a relação do edifício com o cemitério de pretos novos, ou o processo da transformação de ermida, ou os motivos da falta de uma segunda torre a despeito de ser matriz paroquial, ou sua tormentosa articulação com o entorno já tão descaracterizado10. Não menos instigante é ter feito parte dos primeiros registros de tombamento em 1938, embora fossem consideradas o mais belo remanescente rococó as talhas de outra igreja, demolida para a construção da Avenida Presidente Vargas em 1944: a de São Pedro dos Clérigos (HOLLANDA, 2007). Desde então, as talhas de Santa Rita passaram a primeiro plano de importância (figura 2), permitindo o estudo sistemático dessa tipologia como único exemplar rococó preservado que não sofreu acréscimos11, apesar de o

9 Encomendou o governo para a Inglaterra um encanamento de chumbo da extensão de 3.290 pés ingleses, pondo à disposição do nosso Encarregado de Negócios, em Londres, a quantia de 8:000$000 para aquela despesa (COELHO, Francisco Ramiro de Assis, Relatório apresentado à Assembleia Geral Legislativa na seção ordinária de 1840, p. 60).

10 Com relação à inserção urbana, surpreende a sobrevivência da igreja de Santa Rita às transformações operadas pelo prefeito Pereira Passos no início do século XX. Contudo, como ocorre com os demais exemplares da arquitetura religiosa carioca, embora tombadas, a maioria delas acha-se inserida na malha urbana, não mais se destacando frente às grandes edificações vizinhas (ALVIM, 1999, v. 2, p. 30). Contra isso, alertava Gustavo Giovannoni (1925, p. 172): Talvez [as condições ambientais] tenham tal importância, que “alterar a perspectiva” de um monumento equivale quase à sua completa destruição.

11 Existem outros remanescentes rococós. Os mais significativos podem ser encontrados nas igrejas de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé e de Nossa Senhora de Montserrat.

Figura 2: Interior da igreja

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ecletismo acadêmico do século XIX considerar a exibição de áreas em branco algo excessivamente despojado12.

Por outro lado, Myriam de Oliveira (2003, p. 183) sublinha que a igreja de Santa Rita representa a primeira aparição do estilo no país:

O Rio de Janeiro foi a primeira cidade brasileira a conhecer as manifestações do rococó, introduzido a partir de 1755 na talha da matriz de Santa Rita, praticamente na mesma época em que fazia suas primeiras incursões em Lisboa. Dez anos mais tarde seu domínio nas decorações internas das igrejas cariocas era fato consumado, domínio esse que deveria prolongar-se por quase um século, enfrentando vitoriosamente a concorrência de outros estilos, notadamente o pombalino e o neoclassicismo.

Não obstante, surpreende como seu inferior valor artístico foi claramente atestado pela crítica:

A talha que orna o templo interiormente é muito antiga, de mal gosto e de estilo barroco. Da capela-mor passa-se para a sacristia, onde veem-se um arcaz muito velho, um nicho igual ao arcaz, um esguicho antiquíssimo, e um relógio bastante velho. […] Pertence ao gosto barroco a igreja de Santa Rita, que é pequena e de aspecto mesquinho. Em uma capital tão importante como é a cidade do Rio de Janeiro não devia servir de paróquia uma simples capela construída por devotos; a Igreja paroquial, que guarda o sacrário e o batistério, deve ser vasta e elegante, para conter os paroquianos e patentear o gosto artístico do povo. (AZEVEDO, 1877, t. I, p. 175-178)

O mesmo autor afirmava, evidenciando uma diversa sensibilidade de gosto:

A Igreja não tem adro, o pórtico é de mármore, e são pequenas as janelas do coro; sobre o entablamento há um óculo com varões de ferro; segue-se um segundo corpo que apresenta no centro arabescos de alvenaria, e fecha a fachada um frontão curvo com uma cruz de granito. A torre, ao lado direito, é menos saliente que o corpo da Igreja; tem uma porta no primeiro pavimento, uma janela na direção das do coro, o mostrador de um relógio que não existe, a abertura dos sinos e o coruchéu de forma piramidal. O temporal de 10 de Novembro de 1861 lançou por terra uma das quatro pirâmides, que aos lados estavam do pináculo da torre. […] Apresenta a Igreja de Santa Rita a cor enegrecida, o aspecto triste, que o tempo imprime aos velhos edifícios. (AZEVEDO, 1877, t. I, p. 173-174)

Vale a pena rastrear os sentidos dos termos — nesse e noutros documentos — e como eram recebidos no período. Tal metodologia foi patenteada na excelente pesquisa de Rodrigo Bastos (2013), dedicada à compreensão da fábrica artística de Minas Gerais a partir dos condicionamentos contemporâneos à construção13. A mesma poderia ser aplicada no caso do Rio de Janeiro, cuja arquitetura religiosa colonial singularizou-se pela necessidade de compartimentar e ornamentar os espaços com talhas de madeira.

A historiadora da arte Sandra Alvim realizou uma vasta análise técnica da fábrica carioca, que se poderia descrever — talvez de modo injusto ou exagerado — como uma arquitetura pobre com decoração rica. Para a autora, era importante destacar que a talha, tanto quanto a construção propriamente dita, explicita as mudanças da vida econômica, social e religiosa das ordens e irmandades do Rio, assim como as tendências de gosto (1999, v. 1, p. 132). Contudo, sublinhou que as

12 Os atuais azulejos da igreja de Santa Rita parecem ser do século XIX, mas não forram seus amplos espaços brancos. Formam apenas um silhar que vai desde o vestíbulo até à nave central e à sacristia.

13 Para respeitar o regime poético-retórico barroco, o autor abriu mão de noções anacrônicas modernas, iluministas e românticas e reconstituiu inúmeros conceitos alijados do discurso artístico atual.

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origens formais da talha, assim como as de suas filiações estilísticas e de sua simbologia […] envolvem um estudo específico (v. 1, p. 129) ao qual ela não pôde dedicar-se14.

Portanto, um estudo monográfico15 sobre a igreja de Santa Rita (com suas inovações, insuficiências, adaptações) e, preponderantemente, das referidas talhas rococós (com seu valor particular, artístico, tipológico), trará à luz uma importante “fonte documental” sobre o Rio de Janeiro dos séculos XVIII e XIX, pois a cultura material histórica — de índole urbana, arquitetônica e decorativa — conserva um vasto conjunto de vestígios do cotidiano colonial e do pensamento que lhe era subjacente.

2.2. Valência arqueológica da arquitetura como “super-artefato” remanescente de cultura material

A arqueologia é a disciplina que investiga a emergência, a manutenção e a transformação dos sistemas socioculturais através dos tempos, por meio da cultura material por eles produzida (ANDRADE LIMA, 2011, p. 12). Ora, sendo a cultura material simbolicamente constituída (cf. HODDER, 1982), os edifícios históricos justamente reúnem símbolos, registram tendências e conservam os traços das sucessivas intervenções. Além disso, a relação do edifício com a cidade aponta indícios da cultura citadina, da importância política da região e da evolução de seu uso. Ou seja, os edifícios são simultaneamente documento e signo, porquanto são pluriestratificados, acumulam tipologias e dialogam com o entorno16. Como as entende Pierre Norra (1993, p. 9), tais edificações históricas são lugares de memória.

O supracitado Manual de Arqueologia Histórica em Projetos de Restauração destaca a necessidade de atribuir valor ao bem tombado mediante a recuperação arqueológica de sua história:

Um projeto de Restauração / Conservação de um bem cultural da Nação deve ter como objetivo, dentre outros, a recuperação e a socialização da história deste bem. No caso das edificações muito antigas, como as dos primórdios da nossa colonização, normalmente não existem registros históricos disponíveis que cubram toda a sua existência. Nessas situações, mais do que nunca, a Arqueologia se mostra uma ciência eficaz no trabalho de recuperação histórica, não só para suprir a ausência de dados bibliográficos, mas também para dialogar com os parcos documentos escritos existentes. Um projeto de Arqueologia dentro de um projeto de Restauração / Conservação deve, portanto, buscar produzir dados relevantes que venham a deixar claro que uma edificação é um super-artefato17, construído pelo homem que, necessariamente, está inserido num dado tempo e espaço e, deste modo, carregado de valores e simbolismos. (NAJJAR & DUARTE, 2000, p. 11)

Mesmo no caso de projetos de conservação cujas intervenções têm reduzido impacto no bem protegido, a ação do restaurador também pode propiciar informações significativas para a produção de conhecimento arqueológico, o que permite, inclusive, uma revisão nos resultados do projeto de

14 Segundo Sandra Alvim (cf. 1999, v. 1, p. 152), após a difusão no Rio de Janeiro de uma primeira tipologia barroca, vinculada às preferências das ordens religiosas, generalizou-se a tipologia rococó em meados do século XVIII, associada ao surgimento das primeiras irmandades. Na maioria das igrejas, contudo, tal tipologia foi transformada durante o século XIX num terceiro tipo eclético característico da nova escola local, conforme o gosto da elite da cidade. Santa Rita manteve a talha rococó simples e elegante em que a disposição isolada dos elementos escultóricos, de pequena densidade e relevo, permite-lhes romper os limites definidos pelos apainelados, sem descurar a simetria e a compartimentação.

15 Costuma ser frequente publicarem-se estudos gerais sobre a arquitetura religiosa, nos quais algumas igrejas comparecem como exemplos ilustrativos, ou são apresentadas sumariamente ao lado de outras semelhantes.

16 A ambivalência documento — monumento foi explorada por Jacques Le Goff (1996).

17 Subjaz à identificação do edifício histórico como “super-objeto” uma visão pós-processualista da arqueologia, distinta da ótica histórico-culturalista vigente até meados do século XX, em que o contributo do trabalho arqueológico servia apenas de auxiliar nos projetos de restauração, fornecendo informações sobre os objetos que integravam as construções.

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conservação, como, também, uma melhoria na gestão deste bem protegido (NAJJAR & DUARTE, 2000, p. 15-16).

3. POSSÍVEIS ABORDAGENS METODOLÓGICAS

As singularidades urbanas (localização, implantação, entorno), arquitetônicas (inovações, insuficiências, adaptações) e decorativas (tipologia, gosto, qualidade) da igreja de Santa Rita oferecem um vasto conjunto indiciário e descortinam três amplos campos articulados de pesquisa: o resgate arqueológico do cemitério de pretos novos; a arqueologia da arquitetura, tanto do edifício quanto dos seus bens integrados; e a interpretação iconográfica. Por razões de espaço, brevemente apresentam-se abaixo duas metodologias aplicáveis à análise das talhas como cultura material: a imagética e a arqueológica.

3.1. Iconologia

Erwin Panofsky (2001) desenvolveu um método iconológico que inicia pela história do estilo (descrição pré-iconográfica): a identificação dos motivos com base nas fontes documentais, comparação com outras imagens, etc. No presente caso, convém cingir-se ao contexto religioso da época para poder avaliar satisfatoriamente tais indícios. Por exemplo: na águia bicéfala pintada no lavabo barroco de Santa Rita (figura 3) talvez se entreveja o regalismo18 que contaminava a Igreja portuguesa — e que também se fazia sentir na Colônia — durante o século XVIII, o qual recrudesceu no período pombalino.

A etapa seguinte consiste na história dos tipos (análise iconográfica das imagens e alegorias). Para tanto, é fundamental distinguir alegoria e representação, as duas coordenadas com que tradicionalmente a Igreja Católica procurou transmitir a fé, ou seja, em sua dupla dimensão teórica, cristalizada em fórmulas e símbolos, e histórica, encarnada em pessoas e testemunhos19. Assim, por um lado estão as talhas da matriz de Santa Rita com sua simbologia; por outro, as imagens dos Santos com seus valores exemplares.

A fase final é a história dos símbolos (síntese iconológica), pela que se interpreta o significado intrínseco da iconografia como produto histórico, social e cultural. A imagem entronizada no altar-mor da igreja de Santa Rita é de fins do século XVIII, estando a original, mais antiga, na sacristia, assim como o famoso quadro que dera 18 As consequências do regalismo para a religiosidade popular patenteavam-se tanto na liberdade com que as celebrações e as demonstrações de piedade escapavam facilmente à intenção litúrgica original, quanto na exterioridade de um culto sem fundamento doutrinal, devido à inibição do trabalho catequético. Os fiéis se agrupavam em irmandades e procediam com a hierarquia eclesiástica de acordo com a etnia e a gradação social, tendendo a um catolicismo laico e insubordinado entre as classes abastadas. O próprio clero padecia do esvaziamento do sentido do seu ministério sacerdotal e se ressentia das limitações geográficas e econômicas do país. O sincretismo viria a ser o reflexo necessário de tal situação. (Cf. VIEIRA, 2007, p. 41-45.)

19 A tradição sob a forma de profissão de fé sintetiza o essencial em breves fórmulas que pretendem conservar o núcleo do acontecimento. São a expressão da identidade cristã, a ‘profissão’ propriamente dita, graças à qual nos reconhecemos mutuamente e nos podemos reconhecer diante de Deus e dos homens (RATZINGER, 2011, p. 203). Por sua vez, a tradição sob a forma de narrativa reflete diversas tradições, ligadas a portadores diferentes, sem critério vinculativo em todos os aspectos particulares, mas devem ser consideradas como testemunho válido que dá conteúdo e forma à fé (RATZINGER, 2011, p. 212). Pode-se dizer que a alegoria se opõe à história, ou melhor, sobrepõe-se.

Figura 3: Lavabo barroco com a águia bicéfala

Figura 4: Detalhe das talhas com os atributos de Santa Rita

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origem à devoção; apenas do século XX são as pinturas do forro que retratam a estigmatização da fronte da Santa e o milagre da rosa aparecida em pleno inverno20.

3.2. “Arqueotectura”

A proposta de uma simbiose entre a arqueologia e a arquitetura tem se denominado “Arqueotectura”21. Como explica Regina Tirello (2007, p. 147):

A arqueologia da arquitetura é disciplina nova que vem se afirmando internacionalmente, em especial na Espanha e Itália, com estudos aplicados à arquitetura medieval. Seus instrumentos principais de pesquisa estruturam-se na análise da estratigrafia murária (explorada em muitas direções) e exames microanalíticos, efetivamente pouco destrutivos ao corpo dos edifícios. Essa sistemática possibilita avaliação de sequências plurais do objeto, que em muito ultrapassam o simples reconhecimento de tipologias técnicas e construtivas para viabilizar a leitura e interpretação, também, das funções e significados dos materiais e formas identificados nos edifícios antigos.

Categorias de avaliação material dos edifícios antigos são as sondagens estratigráficas de superfícies, o estudo da estrutura edificada (sistema, material construtivo, técnicas, dimensionamento, textura, coloração, acabamento), a análise arqueométrica dos revestimentos, o estudo dos ornamentos (aplicação, textura, refletância, cor), a análise de percepção, circulação, visibilidade, etc., entre outras.

Para a interpretação desses dados, há uma gama de abordagens teórico-metodológicas, algumas das quais transcendem a materialidade da arquitetura e apontam para as relações entre o homem e o ambiente construído (vide a análise espacial do arquiteto e geografo sino-americano Yi-Fu Tuan, ou a teoria da estruturação do arquiteto Amos Rapoport). Também se pode visar à reconstituição das técnicas construtivas no âmbito da arquitetura histórica22.

4. CONCLUSÃO

A vida política, cultural, social e religiosa do Rio de Janeiro setecentista foi celebrizada, entre tantos testemunhos, pelas cenas de portas de igrejas realizadas por Debret, pelas descrições pitorescas da piedade carioca feitas por John Luccock (1820), ou pelos registros sobre as festas litúrgicas do viajante austríaco Johann Baptist Emanuel Pohl (1832). O levantamento desses dados já permitiu a produção de trabalhos consagrados sobre a vida na cidade no século XVIII. Muitas luzes novas, porém, restam ser lançadas mediante abordagens interdisciplinares que investiguem os bens patrimoniais como remanescentes de cultura material.

5. REFERÊNCIAS

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20 Pode-se especular com base em tais relatos como veio a desenvolver-se a convicção popular de que a referida Santa seja especialista nas causas insolúveis. Quanto à representação iconográfica, Rita costuma ser representada com o hábito negro da ordem agostiniana e portando como atributos o crucifixo e uma palma com três coroas (figura 4), alusão à sua vida exemplar nos estados de virgem, esposa e religiosa.

21 Xurxo M. Ayán Vila (2003) apresenta uma proposta de sistematização dessa disciplina.

22 Alex dos Santos Almeida (2012) descreve pormenorizadamente essas abordagens.

XII Congresso Internacional de Reabilitação do Patrimônio Arquitetônico e Edificado A DIMENSÃO COTIDIANA DO PATRIMÔNIO E DESAFIOS PARA SUA PRESERVAÇÃO

21 a 24 de outubro de 2014 Bauru (SP), Brasil

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