Teoria das Relações Internacionais

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Teoria das Relações Internacionais I. A COMUNIDADE INTERNACIONAL 1) Autonomia disciplinar das Relações Internacionais Este problema é um dos aspectos do problema da autonomia disciplinar da Ciência Política. A Ciência Política autonomizou-se na base do facto social que é, o poder político soberano ; e as Relações Internacionais ganharam autonomia disciplinar na base do facto social, consequente da pluralidade de poderes políticos soberanos implicando relações de perfil específico, o qual encontrou uma primeira expressão no conceito recuperado de estado de natureza que os contratualistas explicam a passagem da vida do homem de uma situação imaginada anterior à existência da sociedade para a situação actual, de viver sempre e apenas em sociedade. A lei Natural ou Direito Natural é o conjunto de leis a que os homens devem obedecer pela natureza delas. Estas, se referem a justificação da conduta(Obrigação Moral). Não existe um poder que as imponham.. Concepções de Estado de Natureza: J.J. Rousseau (1712-1778) : Contrato Social(1762 ), considera o seguinte : O homem nasce livre e bom por natureza, mas as Instituições e o poder político que o corrompe; o poder corrupto parece ser o poder absoluto(corrupto); não se pode eliminar qualquer poder político, portanto, J.J.R. difere-se das anarquistas; a democracia directa é a única forma de preservar a liberdade dos homens, pois que; neste regime, toda a limitação da liberdade deriva do consentimento prévio; a submissão das minorias às maiorias tem a forma de um contracto social entre todos e cada um dos membros da sociedade para o bem geral; deste contracto social, deriva uma associação com identidade e subjectividade, expressão da vontade geral: associação = Estado(enquanto passiva) e Soberano(enquanto activa); o contracto social conduz a uma vontade geral e cria um poder soberano infalível, inalienável e indivisível. J. Locke (1632-1704) defende que: Existem direitos naturais inalienáveis, implantados por Deus nos seres racionais; esses direitos naturais existem antes mesmo de ser instituída a sociedade política (voluntariamente instituída pelos homens - contracto) a fim de eliminar as ocasionais violações desses direitos; os principais direitos: o direito á vida, à integridade física, a caminhar de um lado para o outro, a propriedade; esses direitos só podem ser limitados ou eliminados pelo consentimento, contrariando a legitimidade de todos os poderes políticos que não se baseiam no consentimento; o governo legítimo deriva do pacto social, do contracto, do consentimento. É pela este pacto a limitação dos seus direitos naturais em favor da segurança oferecida pela sociedade. Thomas Hobbes(1588-1679) : Leviathan(1615 ); admite que: Existe um direito natural, que todos seres racionais devem aprender; tal direito tem autoridade mas não tem qualquer poder que o faça respeitar no estado de natureza; a segurança é obtida

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Teoria das RelaçõesInternacionais

I. A COMUNIDADE INTERNACIONAL

1) Autonomia disciplinar das Relações InternacionaisEste problema é um dos aspectos do problema da autonomia disciplinar da Ciência Política. ACiência Política autonomizou-se na base do facto social que é, o poder político soberano; e asRelações Internacionais ganharam autonomia disciplinar na base do facto social, consequente dapluralidade de poderes políticos soberanos implicando relações de perfil específico, o qualencontrou uma primeira expressão no conceito recuperado de estado de natureza que oscontratualistas explicam a passagem da vida do homem de uma situação imaginada anterior àexistência da sociedade para a situação actual, de viver sempre e apenas em sociedade. A leiNatural ou Direito Natural é o conjunto de leis a que os homens devem obedecer pela naturezadelas. Estas, se referem a justificação da conduta(Obrigação Moral). Não existe um poder que asimponham..

Concepções de Estado de Natureza: J.J. Rousseau (1712-1778) : Contrato Social(1762), considera o seguinte :O homem nasce livre e bom por natureza, mas as Instituições e o poder político que o corrompe;o poder corrupto parece ser o poder absoluto(corrupto); não se pode eliminar qualquer poderpolítico, portanto, J.J.R. difere-se das anarquistas; a democracia directa é a única forma depreservar a liberdade dos homens, pois que; neste regime, toda a limitação da liberdade derivado consentimento prévio; a submissão das minorias às maiorias tem a forma de um contractosocial entre todos e cada um dos membros da sociedade para o bem geral; deste contracto social,deriva uma associação com identidade e subjectividade, expressão da vontade geral: associação= Estado(enquanto passiva) e Soberano(enquanto activa); o contracto social conduz a umavontade geral e cria um poder soberano infalível, inalienável e indivisível.

J. Locke (1632-1704) defende que: Existem direitos naturais inalienáveis, implantados por Deus nos seres racionais; esses direitosnaturais existem antes mesmo de ser instituída a sociedade política (voluntariamente instituídapelos homens - contracto) a fim de eliminar as ocasionais violações desses direitos; os principaisdireitos: o direito á vida, à integridade física, a caminhar de um lado para o outro, a propriedade;esses direitos só podem ser limitados ou eliminados pelo consentimento, contrariando alegitimidade de todos os poderes políticos que não se baseiam no consentimento; o governolegítimo deriva do pacto social, do contracto, do consentimento. É pela este pacto a limitação dosseus direitos naturais em favor da segurança oferecida pela sociedade.

Thomas Hobbes(1588-1679) : Leviathan(1615); admite que:Existe um direito natural, que todos seres racionais devem aprender; tal direito tem autoridademas não tem qualquer poder que o faça respeitar no estado de natureza; a segurança é obtida

por um contracto social apresentado em duas fases: (1) entre cada um e todos homens parainstituírem o soberano que governará; (2) entre os homens e o soberano a quem entreguem opoder de fazer executar e cumprir o contracto social.

Estado de Natureza da Vida InternacionalA vida Internacional demonstra um estado de natureza e que desafia um conjunto de esforçospara a racionalização e submissão das Instituições políticas que dispensem o uso da força. Oobjectivo principal é a satisfação das necessidades e interesses próprias criando relaçõesfavoráveis entre pessoas e coisas ou entre pessoas e outras pessoas. As diferentes formas deestabelecer estas relações favoráveis fazem apelos aos diferentes valores, umas justas ou moraise outras injustas ou imorais.

A pluralidade dos poderes políticos soberanos estão numa relação favorável para a satisfação deInteresses próprios. Independentemente de quaisquer natureza e origem de valores que aceitam,a justiça dos interesses próprios é que conta em primeiro lugar, recorrendo eventualmente a forçapara assegurar esses interesses e necessidades face aos opositores.

Definição do Conceito das Relações InternacionaisAlguns autores definem as Relações Internacionais como:As relações interestaduais; as relações entre povos que afectam o poder soberano dos Estados;disciplina que estuda os factores e actividades que afectam a política externa e o poder dasunidades básicas.O ponto fundamental de todas estas definições é que as Relações Internacionais «abrangemtodas as Relações entre entidades que não aceitam e nem reconhecem um poder políticosuperior, ainda que não sejam estaduais, somando as relações directas entre entidadesformalmente dependentes de poderes políticos autónomos».

Definição Semântica das Relações Internacionais A expressão é muito antiga e continua a ser usada; mantém a filiação valorativa no direitoInternacional, disciplina mais antiga e faz apela ao objectivo ético de reconhecer que cada naçãodeve corresponder um Estado e que ela é a forma ocidental mais rica de potencialidades paraconduzir a autonomia e independência dos povos.

2) Interdisciplina

3) Da Sociedade á Comunidade Internacional O processo evolutivo(evolução) levou a sociedade Internacional para o modelo da comunidadeInternacional. O inicio das descobertas(Euromundo) levou a extinção de um mundo de áreasseparadas e até mutuamente ignoradas (o contacto com África: escravatura, discriminação, etc.),a admissão de todas as comunidades na vida internacional depois de 1939-1945( descolonização:Carta da ONU), o alargamento da área de regência do direito internacional sem ter em conta asconsiderações internas das comunidades(anticolonialismo liberal).

As alterações políticas para a consideração do género humano como uma só comunidademundial. A primeira delas foi a revolução científica e técnica, especialmente com a revolução dacomunicação produziu a simultaneidade da informação( projecção dos acontecimentos ao redorda terra, reflexão global dos povos); os EUA(único organizador das investigações: NASA) levaramassim à uma internacionalização, reconhecimento e aceitação geral de dependências einterdependências mundiais, científicas e académicas desconhecidas no passado.

A alteração quantitativa da relação entre os grupos étnicos; a forma extrema dos Estados emafirmarem os seus direitos, necessidades e interesses(violação desses) por via de guerra, levou aduas grandes guerra mundiais, enquanto que antigamente os teatros estratégicos globalizadoseram mais regionais(guerra atómica, química, bacteriológica, meteorológica). Esta novaconfiguração da sociedade internacional teve o efeito de aproximação de disciplinas como ACP, aeconomia, o direito, a diplomacia e a estratégia formando investigadores e profissionaisespecíficos. Estas interdependências crescentes faz abandonar lentamente o modelo de sociedadeinternacional para o desenvolvimento das estruturas e instituições comunitárias.

4) O normativismo internacional O problema aqui é de saber se a vida internacional é um conjunto da Humanidade dividido emgrupos que muitos deles assumem um poder em relação ao qual não reconhecem um podersupremo, independentemente da indiferença com que se usam as expressões sociedade ecomunidade ou se é apenas um conceito nominativo. Deste facto, há correntes conservadoras queestipulam que o Estado nação é a forma mais organizada e ampla para fundar uma vida comum.A humanidade é uma entidade social real, em objecto de devoção e em guia de responsabilidademoral. Esta corrente está sendo contrariada pelos factos e valore vigentes na vida internacionalpor que:a) Nem todos os estados são Nação-Estado, este é somente em principio político proclamando noocidente e nunca foi respeitado por ele; b) as fidelidades regentes a valores diferentes da Nação.Isto leva a criação de grandes espaços destinadas a superar a incapacidade do Estado clássicopara responder às necessidades actuais dos povos(OTAN, ex-Pacto de Varsóvia, UA, EU). Tudo istonão assenta somente no caracter nacional.

Os efeitos posteriores a II GM conduziram a necessidade da existência de um interesse comum daHumanidade, isto é, sem nenhuma estrutura política mundial vincula em património comum dahumanidade e a um normativismo correspondente. A implicação desta estrutura emdesenvolvimento que não criou um poder político capaz de controlar outros poderes políticostem como consequências o Estado de Natureza e que esta mesma comunidade apresentafrequentemente seguintes disfunções: a) não existe igualdade entre os membros dessacomunidade; b) não existe arbitragem ara os conflitos entre o interesse geral da Humanidade e ointeresse supremo de cada agente da comunidade.

A existência de uma comunidade internacional independente da existência de um poder políticofederado, levanta a questão da existência de um normativismo geral, chamado por ética oudireito. Pode se admitir que havendo homens e grupos interdependentes é inevitável o problemados valores, isto quer dizer que a problemática do Direito Internacional surge imediatamente.

O grande problema é de saber se existe um direito natural independentemente do facto de nãoexistência de um poder político, é acolhendo ao pluralismo cultural de varias comunidades, sejamum padrão comum das novas relações comunitárias. Pode-se falar da existência de uma éticainternacional hierarquicamente superior ao direito internacional? Responde-se este problemaatravés de 2 tradições:

a) A tradição Maquiavélica: Esta encontra expressão nas análises de Maquiavel (1945-1517)segunda as quais, a não existência de valores absolutas e sim a vontade de quem tem o poder deimpor. O normativismo iguala à ordem que colocará o valor da segurança do poder acima dajustiça observando que as boas armas estão na base das boas leis. b) A tradição Humanista:Radica em Santo Agostinho(354-430), este procura descobrir princípios que devem presidir aosconflitos internacionais, analisando detidamente o problema da paz. Defende uma concórdiajusta afiliada nos supremos valores cristãos, mas admite a guerra quando a agressão vitoriosa setraduzisse na perdição.

O normativismo internacional surge apenas para tutelar as relações entre poderes independentesuns dos outros, ou entre organizações e pessoas subordinadas a entidades políticasdiferenciadas. A falta de uma autoridade a resposta surge no normativismo que predirá ásrelações entre eles.

International Law ( Vattel, Kant, Grotius, etc) O fundamento da existência de um normativismo internacional., tem duas correntes distintas: 1) Corrente Positivista(Vattel) estipula que o Dir. Internacional é um conjunto de tratados, acordose costumes aceitos pelo Estado, cujo o respeito depende da vontade dos interessados. 2) CorrenteJusnaturalista estipula também que o Dir. Internacional decorre de valores em que o quepredomina é o valor da justiça e é sustentado por uma autoridade própria assenta na naturezahumana, e não pode ser desobedecida em consciência e nem afastado por tratados. Acomunidade internacional em estruturação tende para o reconhecimento do valor da unidade do

género humana pelo facto assumido que só há uma terra e pelo repúdio do próprio conceito daguerra justa do Dir. Internacional agora em mudança. II. RELAÇÕES INTERNACIONAIS E POLITICA INTERNACIOINAL

1) Objecto e fins do estudo das relações internacionais: Depois da Iª G.M.(1914-1918), tornou-se relevante autonomizar o estudo das RelaçõesInternacionais e da Política Internacional. Neste âmbito, muitas disciplinas apareceram( Economia Internacional, Psicologia das relações internacionais, Geografia política, Direitointernacional, Diplomacia, Historia da diplomacia, etc.) e lidaram na definição deste novo campode investigação e de ensino (Universidades Americanas, departamentos especializados nosestudos de certas regiões do globo: América Latina, Próximo Oriente, África, América do Norte,etc.).

O primeiro passo foi o da SdN (década 30) em patrocinar o desenvolvimento dessesestudos(Conferencia sobre Estudos Internacionais - Praga 1938); e no domínio das NaçõesUnidas(UNESCO), tendo em conta o papel destes no mundo, procurou-se desenvolver estudossobre as relações internacionais. Na Europa, ensinou-se o Direito Internacional para modificar onormativismo deste e incluir uma explicação sóciopolítica e conjuntura das normas e práticasinternacionais.

Os americanos sustentaram a autonomização do estudo das relações internacionais num pontode vista sociológico, mas os Europeus basearam-se no ponto de vista normativo e histórico.Empiricamente, podemos compreender o objecto concreto do estudo das relações internacionaispondo de lado conceitos operacionais nas diferenças a fazer entre : relações internacionais,relações de Política Internacional e Política internacional.

Quincy Wright, Norman D. Palmer e Howards C. Perkins tratam de problemas suscitados pelasrelações entre os poderes políticos. Utilizam um método que está na origem da autonomia detodos os domínios do saber. Segundo o Prof. Quincy Wright, «as relações internacionais comouma disciplina contribui para compreender, previr, avaliar e controlar as relações entre Estados edas condições da comunidade mundial, e é uma historia, uma ciência, uma filosofia e uma arte».As novas disciplinas sempre assumem caracteres interdisciplinares dependente das velhasdisciplinas.

A razão fundamental da autonomia das relações internacionais encontra-se nainternacionalização dos problemas do nosso tempo, provocando a crusão da jurisdição internaem termos de fazer desenvolver o modelo da comunidade. a) A internacionalização dos problemas: a lei da complexidade crescenteA carta das Nações Unidas traduziu, muitas vezes princípios orientadores de naturezapolítica(guinding princiles) para a solução dos conflitos de interesses internacionais. Os Estadosmembros são ligados pelo direito internacional no consentimento com a carta. No § 7 do artigo 2da carta, a mencionada disposição entendida traduzir princípios políticos e não jurídicos, no

sentido de que interessa à comunidade internacional qualquer problema suficientementeinternacionalizado.

O mundo tende para a unidade e caracteriza-se pela planetização dos fenómenos políticos.Deixou de haver regiões, povos, governos ou acontecimentos indiferentes para o resto dahumanidade. Segundo Teilhard de Chardin, estamos perante a « unificação, tecnificação,racionalização crescente da terra humana.» Esta interdependência significa a socialização domundo em todos os problemas globais em que a decisão humana tem um papel sobre: a fome, aexplosão demográfica, a domesticação da energia atómica, a paz, são indivisíveis. Ao mesmotempo que se marcha para a unidade do mundo, assiste-se a multiplicação quantitativa(X dospontos de contactos e das participações de interesses entre Estados) e qualitativa(X das novasformas de cooperação ou oposição entre Estados ou tais agentes) das relações internacionais.Nesta marcha para a unidade do mundo e da multiplicação das relaçõesinternacionais(convergência), verifique-se a proliferação dos centros de decisão(dispersão) visívelno aumento do numero de Estados.

Este dilema (convergência - divergência) encontra um principio unificador nos órgãossupranacionais de diálogo, cooperação e decisão. Os Estados têm uma vocaçãoconservadora(identidade e a necessidade de preservar valores essenciais: tradição) e umavocação inovadora(subsistência do Estado). Antes da última grande guerra e da fundação das Nações Unidas, o mundo das relaçõesinternacionais decorria entre Estados ocidentais (conservadores do direito internacional).Actualmente, o panorama internacional é dominado por novos e recentes Estados, de vocaçãoinovadora; isto é, a marcha para unidade é acompanhada de uma progressiva multiplicação,quantitativa e qualitativa dos centros internacionais de dialogo, cooperação e decisão e dasrelações entre esses centros. Os clássicos problemas de jurisdição interna transitam rapidamentepara a internacionalização agregando-se finalmente no património da humanidade.

b) Fins de estudo das relações internacionaisNão são apenas razões cientificas e académicas determinantes da autonomia disciplinar e daimportância do estudo das relações internacionais, mas as condicionam também as necessidadespraticas e até indispensáveis da vida. Primeiramente, a diplomacia, esta arte de negociaçãobaseia-se no estudo cientifico das relações internacionais; a arte da guerra exige um bomconhecimento actualizado das R. Int.; as Public Relations interessam hoje tanto a actividadepública como privada internacional exigindo um com estudo das Rer.Int.; o desenvolvimento tãoassumido e dinamizado por empresas de dimensão internacional ou supranacional, etc. Aconjuntura internacional levou a existência do chamado «funcionário internacional» com o bomconhecimento académico das Relações Internacionais na sua formação.

2) Subjectivismo e objectivismo: questões de método. Este problema surge no domínio das relações internacionais e no domínio de todas as ciências noque respeita o investigador, considerando dois aspectos seguintes:

a) Quincy Wright sublinha que os problema das relações internacionais tendem com a concepçãoda verdade de cada uma das sociedades em presença, reclamando uma objectividade particular.Defensor da concepção ocidental de vida, estipula que «no mundo comunista, a objectividade édeliberadamente repudiada, isto é, que o comunismo e a procura da verdade sãoincompatíveis». Os soviéticos diziam o mesmo dos ocidentais. Nas relações Internacionais, overdadeiro problema do objectivismo e do subjectivismo tem a ver com o observador que nãopode, ele próprio, alhear-se de uma concepção do mundo e da vida fazendo da sua circunstanciapessoal, a sua relação com os factos a observar e avaliar...

3) A bipolaridade na relações internacionais. 4) Relações internacionais e políticainternacional. 5) Ciências auxiliares.

1) Multiplicação quantitativa de centros de decisões? 2) Multiplicação quantitativa de relações? 3)Multiplicação qualitativa de decisões? Nacionalismo e Internacionalismo? Nacionalismo = osinteresses de cada povo; Internacionalismo = unidade do género humana. RelaçõesInternacionais e política Internacional. Pode se falar de uma ética na política internacional e nasRelações internacionais? R) Teoricamente sim; Praticamente, seria sim, mas a falta de um poderpolítico dificulta a existência desta ética internacional? 2) EUA quando pretende desarmar oIraque, impondo a ordem, não uma ética internacional que ele está utilizando, mais de um outroponto de vista? 3) A ética é composta de valores absolutas ou relativas? R) Os valores sãoabsolutas, mas a leitura desses valores é diferente(relativa). Moral objectiva = o bem é bem e omal é mal. Subjectivismo e Objectivismo nas relações Internacionais. O que é objectivismo na R.I?A subjectividade na Relações Internacionais impede à característica científica? O bipolarismo nasRelações Internacionais:1) Confronto ideológico; 2) Este confronto de ideologia (uma maneiradiferente de conceber o mundo, a vida, o governo), deixou de se verificar conduzindo a umaproziguamento ideológico que significa que os interesses e a tecnocracia tinham assumido oprimeiro lugar na definição dos conflitos, grandes querelas sobre valores da renovação ouconservação das estruturas sociais internas e externas.

III. O DIALOGO INTERNCAIONAL

1) Diplomacia: É o mais importante instrumento da política internacional hoje em dia, e sedefine como «uma arte da negociação ou o conjunto das técnicas e processos que conduzemas relações entre os Estados». Há uma longa tradição de comentários pessimistas sobre adiplomacia e os diplomatas, esta tradição esta relacionada com a concepção de que a diplomaciafoi e é um instrumento do interesse do Estado, é adoptado aos corolários do principio da razão deEstado. A expressão arte de negociação é inseparável do estudo das órgãos encarregados deaplicar o método que essa arte utiliza. O método diplomático sofreu uma evolução implicandouma divisão em 4 fazes:

a) Na Grécia e Roma : O método diplomático da Grécia e de Roma Os Gregos descobriram que havia necessidade de submeter as relações internacionais a certosprincípios estáveis. As suas representações ou embaixadas eram de carácter temporários; asmissões eram colectivas; a diplomacia era aberta, isto é, os embaixadores declaravampublicamente os objectivos das suas missões. A propósito da Roma, a Pax romana estabeleceu umsistema normativo (jus gentium) para coordenar as relações entre os estrangeiros e os cidadãosromanos; no domínio político, o método era de subordinação e não de negociação; os seusembaixadores (muntii ou oratores) eram designados pelo senado e tinham curtas missões; todosresultados das negociações ficavam sujeitos à aprovação do senado; reconhecimento aimunidade dos embaixadores; a maior contribuição dos romanos foi o principio Pacta SuntServanda. De qualquer forma, os gregos e os romanos não descobriram um sistema e um métodopara as negociações.

b)Sistema Italiano : O método Italiano(séc. XV e XVI)Os imperadores de Bizância foram os primeiros a organizar um departamento de NegóciosEstrangeiros e treinaram pessoas especializadas para essa carga. Quando o imperador subia aotrono, mandava anunciar a novela aos poderes estrangeiros através dos seus embaixadores. Estatradição foi recebida par Veneza, e este organizou um sistema de diplomacia e fui o primeiroEstado a guardar os seus arquivos de uma maneira sistemática.

No século XVI, a época de Maquiavel, a arte de negociação chamava-se Combinazione. A teoriaque o interesse do Estado está acima de considerações éticas. A fórmula que prevalecia é de LuisXI de Inglaterra que dizia assim aos seus embaixadores «Se eles vos mentirem, procurai mentir-lhes mais do que eles». A conferencia de Alto nível não existia. Em resumo, o sistema Italianocaracterizou-se pelo ensinamento do que a razão do Estado está acima de quaisquer outrosconsiderações e pelo desenvolvimento de uma série de hábitos e técnicos deoportunismo(Combinazione)

c) Sistema francês: (séculos XVII e XIII) Richelieu (1626) criou o MNE e também o principio da unidade do comando na política externa; apolítica externa era dirigida pelo monarca(Rei Luis XIV) apesar de associar a essa política umministro com o principio(Secret du Roi ou Secret de l’Empereur). Estabeleceu uma hierarquia deenviados consoantes as suas missões: embaixadores extraordinários, embaixadores ordinários,enviados e residentes. Os embaixadores eram providos de instruções escritas; ocupavam-se docomércio do seu país.

d) Instrumento do Estado nacionalTudo parte com o Tratado de Westefália (1648). A Igreja lhe foi tirada o seu poder de arbitragemno mundo, o império desapareceu, a Igreja não podia mesmo arbitrar as questões espirituais. AInglaterra, a França e a Espanha apareciam como grandes poderes ajuntando a Rússia e aPruissia. Neste mesmo período Maquiavel e Bodin definem a moralidade do poder do Estado Em

resumo, o Estado passou a ser o ponto de referência das Relações Internacionais. A partir de1648, as relações internacionais eram caracterizadas de 2 maneiras: pela busca de um equilíbrioentre os Estados emergentes europeus; e pelo estabelecimento e organização do mundogovernado pela Europa. A política da balança de poderes, onde a Inglaterra assumiu o papel de fiel da balança, apareciacomo o substituto de uma autoridade supranacional inexistente. O equilíbrio de poderes teve aexpressão formal com o Tratado de Vtrecht. O sistema de balança de poderes funcionou com 2crises principais: a) a Guerra dos Sete anos; b) a Revolução Francesa e mais precisamente nasaventuras de Napoleão. O principio da balança de poderes encaminhou-se no sentido declassificar os Estados segundo a importância. Assim, a chamada Pax Britânica manteve até àsgrandes conflagração mundiais, especialmente a guerra de 1914-1918. No começo da guerra de1914-1918, o equilíbrio europeu tinha expressão na Tripla Aliança(1992) constituída porAlemanha, Áustria e Itália e a Tripla Entente (1907), reunindo a França, a Inglaterra e aRússia. O elemento fundamental da diplomacia neste período foi o nacionalismo. A razão doEstado transmudou se quando a Nação e não a Casa reinante apareceu como elementoaglutinador e ponto de referência do poder político.

Concepção daquele tempo sobre a NaçãoConcepção de Ernest Renaus (1882), que punha o acento tónico da Nação não na língua ou naetnia, mais sim no passado comum e no desejo de realizar tarefas comuns no futuro; aorientação objectiva que baseou na etnia comum a definição da Nação.

Concepções do Nacionalismo de MorgenthauO nacionalismo do séc. XIX, onde a nação é objectivo final da acção política, o ponto final dodesenvolvimento político; aqui o nacionalismo quer uma nação num Estado e o nacionalismouniversalista do nosso tempo que pode para uma nação e um Estado, o direito de projectar assuas próprias avaliações e modelos de acção sobre as outras nações. É de salientar que até acrise de 1939-1945, o elemento subjectivo posto em evidência por Renan esteve sempre presente edominante, de tal modo que o estado nacional apareceu como um objectivo desejável mas nemsempre possível. O Estado nacional não foi separável do conceito de soberania (estado soberano),o interesse do estado aparece como supremo e a soberania não tem limites que não sejamconsentidos. «La France est seulement la france»; « my countryu right or wrong» 2) Acção Privada e a Sociedade mundialA complexidade crescente da ida internacional tem como traço muito característico ainternacionalização da vida privada que por consequência o aparecimento de uma série de ONGsque correspondem ao fenómeno de vizinhança entre pessoas, dependentes de poderes políticosdiferentes. Posto de lado esta actividade institucionalizada, a acção privada tem papel importanteatravés de grupos de pessoa e até de personalidades de relevo internacional. Os emigrantestambém representam um factor importante que dão relevância na acção privada da vidainternacional (Associação dos Franceses no estrangeiro, Associação dos japoneses noestrangeiros, etc.)

As categorias das ONGs segundo as suas relações com o conselho, Económico e SocialCategoria A: compreende as organizações com um interesse básico nas maioria das actividadesde conselho; Categoria B: compreende as associações com especial competência, mas lidandoapenas com algumas das mateiras. Categoria C: centenas das associações que tenham apossibilidade de dar contribuição valiosa para o trabalho de grupo (A camará internacional docomercio, a confederação internacional dos sindicatos livres, etc.)

3) Propaganda e opinião públicaA propaganda como instrumento da política internacional está intimamente relacionada com afunção da opinião publica mundial. A primeira expressão da opinião pública foi aquando afundação da SdN. Com as discussões sobre a orientação francesa e americana.

A opinião pública autonomizou-se com a separação entre a sociedade civil e o Estado, por isso aopinião pública apareceu como um defensor primeiramente da sua existência e eficácia. Combateo segredo do estado, a censura e acompanha a gestão dos interesses públicos pelos agentes dapolítica. A sustentação desta opinião pública depende de cada ideologia ou doutrina.

Por exemplo, Hobbes como absolutista condena a opinião pública porque põe em causa aexistência do estado, por outro lado, Locke sustenta a opinião pública como que ele chamou de«lei da opinião pública ou reputação». A opinião pública não corresponde necessariamente àopinião da maioria, mas sim à opinião interveniente ou que esta ligada com a opinião dasminorias activas. A existência da opinião pública depende também do regime de cada pais, porexemplo nos países onde o pluralismo esta excluído, onde as medias são controladas, é claro quea opinião pública não pode existir. Uma defesa d sociedade aberta é a condição reconhecidapara a existência de uma opinião pública.

4)Mercado e sociedade mundialA importância da acção económica no domínio da política internacional está puramente ligadacom o desenvolvimento do comercio. Esta acção económica tem maior relevância comoinstrumento da política internacional nos nossos dias. Com o aparecimento de novasdependências entre os Estados, mais precisamente na área que os dependentes chamam deneocolonialismo. A lei da complexidade crescente teve neste tema reflexo da maior importância.Como refere Eugene R.Black «a ciência e técnica reduziram o tamanho do mundo, e é verdade queisso aconteceu, mas também aumentaram todos os problemas muito além da sua proporção emreferencia ao passado».

O aumento do poder humano sobre a natureza e o próprio homem tal como afirma Lord Russel eo aumento da intimidade, estas duas combinações criaram enormes diferenças entre associedades humanas, de modo que o grau de perigo e descontentamento que vivemos hoje jánunca mais se verificou na história da humanidade. O descontentamento faz com que aparecesse

novos métodos para encaminhar o desenvolvimento, assim criou-se os novos modelos como oneocolonialismo e satelitização. O plano Marshall foi a primeira manifestação da acçãoeconómica evidentemente relacionada com o equilíbrio dos poderes políticos no mundo. Estaacção económica que visava o desenvolvimento económico implicando a solidariedadeinternacional, exigia uma certa forma noa da diplomacia.

Repara-se que eram dois campos do mundo com culturas diferente, um lado a Europa comenorme experiência científica e técnica e com experiência de direcção, de outro lado territóriossem passado em total plano, sem enquadramento das classes políticas geralmente dotadas deum espirito de frustração. Para se lidar esta acção económica apareceram as instituições, osacordos bilaterais e a possibilidade de internacionalização que despersonalizasse a ajudaeconómica e financeira. A razão de tudo isto é a tentativa de despersonalizar e internacionalizar aacção económica. Os acordos bilaterais são mais utilizados pelas antigas inferiores colóniasnomeadamente a França, mas o que dominou mais é a internacionalização.

No que respeita a internacionalização e despersonalização temos vários instrumentos nascidoscom este objectivo, pode-se indicar as instituições bancarias e financeiras. Com o plano Marshall,esta internacionalização implicava a definição de espaços formais ou informais com doutrinaprópria. No continente europeu temos o Mercado comum e no continente americano, a doutrinaKenedy que teve expressão na carta de Punta del este. É de sublinhar que não se tratava de umamera acção económica, mas também de uma luta ideológica entre as duas concepções do mundoe da ida, e que a política do desenvolvimento era um aspecto puramente de estratégia global.Lincoln Gardon diz « não há, nem pode haver sistema que garante verdadeiro progresso se nãoproporcionar oportunidade para afirmação da dignidade humana, fundada da nossacivilização».

A despersonalização dos instrumentos desta política não conseguiu esconder a presença daspotências por detrás, mas esta teve também reflexos na metodologia diplomática.

5) Lógica da relação entre o poder económico e o poder políticoCom a libertação da percepção metodológica que se concentrava nos conflitos, e capacidademilitar para enfrentar estes conflitos fez autonomizar a economia da política internacional. Aintervenção interna e externa dos Estados e sobretudo por razões económicas. Crilpin defineeconomia política internacional como «a reciproca e dinâmica interacção nas relaçõesinternacionais com o objectivo de conseguir riqueza e poder. Razão pela qual a T.R.I. dá ênfasesobre as motivações económicas das acções e das políticas que ultrapassam os limites domésticosdos países.

No séc. XX, os temas mais tratados neste domínio formam: a) conflito ideológico entre os estados capitalistas e socialistas; b) a problemática doneocolonialismo identificado como imperialismo capitalista e das soberanias limitadas pela URSSna área dos socialistas; c) tensão entre os aliados da Nato; d) a configuração de pacifico(China,

Japão); e) as relações Norte-Sul; f) a diversificação dos balanços de poderes de ponto de vista dapaz e da guerra; g) competição armamentista; i) relação de factores económicos a crise dasoberania e a formação de grandes espaços integrados; j) as multinacionais como actores dasrelações internacionais. A interdependência é um dos indicadores da mudança da sociedadeinternacional para comunidade internacional. A hierarquia, a luta pela hegemonia das potênciaslevou ao desenvolvimento de técnicas semelhantes ao imperialismo, neocolonialismo,colonialismo, exploração, manipulação, discriminação, etc.

6) Imperialismo e colonialismo: o dialogo da imposição.Elas são formas de estabelecer um sistema de relações entre povos, implementai-las de umaforma hierárquica e de subordinação. As justificações económicas, militares, morais epsicológicas são muito usadas para garantir acções ou tentativas desse género. A busca de novoscampos de investimento e a obtenção de um mercado de matérias-primas e consumidores forammuito usais no que diz respeito à motivação económica. «O comercio segue a bandeira», é umasíntese desse ponto de vista, assim como a simples invocação do prestigio nacional, com todas asimplicações que este prestigio envolve, foi uma justificação frequente. «Destino manifeste»,Doutrina que orientou a expansão americana até ao pacífico é um exemplo dessa motivação.

Como justificação moral, Ruydyard Kipling referiu o famoso «fardo do homem branco», assimcomo o anuncio do Presidente William Mckinley em resposta à sua prece, dizendo que Deus lheordenara que conquistasse e educasse os povos das ilhas Filipinas, fazendo pela graça de Deus omais que estivesse ao seu alcance, porque eram seres pelos quais cristo também morrera.

As necessidades de defesa nacional foram muitas vezes invocadas para obter o domínio de áreascontíguas à fronteiras para subordinar Estados independentes, para fontes de matérias-primas eaté soldados. A Iª GM é um exemplo relevante onde a França utilizou meio milhão de soldadosvindos das colónias e a Inglaterra cerca da mesma como na última grande guerra eramprovenientes das colónias cerca de 200 mil dos homens perdidos pela comunidade Britânica.

Os excedentes populacionais, antes da última grande guerra, foram um motivo invocado paraaquisição de novos territórios – tal como aconteceu com o Japão. Hítler justifique pela anecessidade de um espaço vital para o povo alemão. Conteúdo, seja qual for a motivação, oimperialismo dignifica um dinamismo do Estado que necessariamente conduz a definição de umasupremacia baseada na força, em relação a outros poderes políticos.

O sentido do imperialismo é muito controverso e provavelmente cobre realidades não assimiláveise até variáveis de acordo com a conjuntura histórica. Os conceitos operacionais que orientamactualmente as dissertações demonstram como ponto de partida o clássico trabalho de J.AHobson, Imperialism: a study, publicado em 1902, no apogeu dos impérios europeus, não dá umanoção precisa de imperialismo, não deixando de pronunciar-se de uma maneira muito tradicionalsobre o que entende por colonialismo, caracterizando-o fundamentalmente como uma forma deexploração que não exclui uma actividade transplantadora de civilização e de cultura.

Como se pode verificar, quer nos trabalhos publicados a este respeito, quer as manifestaçõesposteriores à ultima guerra nos organismos internacionais e nas conferencias dos Estadosrecentes não deixam de ligar o colonialismo ao imperialismo, adjectivando-o para aos novoscomo uma prática antiga. No estudo de Rupert Emerson intitulado «From Empire to Nation» nê-secomo o imperialismo é reduzido ao confronto das soberanias ocidentais com o levantamentonacionalista dos povos da ÁSIA E África. No que respeita as manifestações internacionais , e em noentanto falar na ONU, a famosa conferência de Bandung, de 1955, identificou ambas as coisas, omesmo tendo feito a conferencia de Havana, de 1966.

O sentido de hierarquia dos Estados também não está portanto ausente nesta titulação, mas é jáum sentido puramente maquiavélica, isto é da força relativa, e não o sentido orgânico datradição romana – trata-se de uma hierarquia baseada na força, que ameaça a intervir, e nãoem qualquer dependência funcional, jurídica ou política. Tal evolução do sentido do imperialismoimplicou aparecimento do nacionalismo como ideologia política fundamental de libertação dospovos para depois ser agressivo, neste sentido que usualmente o imperialismo moderno é filhadono nacionalismo.

É a orientação de Nonn, Townsend, Landger, podendo citar-se estas características palavra deHans Kohn: «O imperialismo é na sua essência uma fase final do processo começado pelonacionalismo. O nacionalismo luta para unir os membros de uma Nação, politicamente outerritorialmente, uma organização estadual. Quando isto é conseguido, a luta pela pose da terracontinua.

Estas observações mostram duas atitudes possíveis do poder político no sentido o imperial: ou oexercício de uma função que procura impor uma subordinação apenas vertical, estabelecendouma hierarquia sem dignidade igual nem a todos os territórios como a todos os povosintegrados. O imperialismo corresponde à era gãmica, que começa com a chegada do Vasco deGama à Índia, enfrentou experiência não já apenas europeias, mas planetária, ecuménica ecolonizadora. A política de espírito integrador que animou o nacionalismo ou o projecto nacional,e a que Kahn se refere não foi «geralmente transferida para além dos mares e para o contacto deetnias e sistemas culturais radicalmente diferentes dos europeus.

Talvez a distinção entre o colonialismo missionário,, este integrador, e colonialismo de espaçovital, este descriminada ajude a analisar as diferenças das teses, sem esquecer quefrequentemente as hipóteses se confundiam. Portanto, o imperialismo colonialista dos temposmodernos usou todos os instrumentos próprios da política internacional especialmente amotivação económica. Todas as democracias da frente marítima europeia constituíram osimpérios coloniais do século XIX, tais com o: Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, sobrevivendoaté 1974 e Portugal que vinha desde o século XV.

O imperialismo, de motivação antes de mais económico serviu de mediação marxista sobre ofenómeno da colonização afirmando de que todo o imperialismo é uma fase necessária naexpansão do capitalismo; por enquanto que esta posição de Lenine, foi criticada dentro daorientação marxista, pelo herético Kautsky(1854-1939) que considerava o imperialismo como umapolítica preferida, mas não inevitável, dos Estados capitalistas.

7) Guerra: a subida aos extremo.Não se conhece nenhum período da historia da humanidade em que a guerra tenha estadoausente. Segundo Arnold Toynbee, na sua obra «A study of History», o problema da guerra temsempre uma justificação ideológica.. A definição e a determinação das causas da guerraespecialmente, as funções da guerra no domínio da política internacional e, ainda, as práticasque esta determina para a evitar, harmonizar e remediar são hoje reservadas ou estudadas peladisciplina chamada polemologia.

Portanto, os Estados recorrem à guerra para salvaguardar os seus interesse legítimos ouilegítimos, para exaltar valores morais ou espirituais, para impor o triunfo de grupos étnicos quese consideram superiores, para modificar a ordem política e social internacional. Verifica-se na política internacional actual o uso da guerra subversiva ou das guerrilhas comoinstrumento de uma disputa pelo poder mundial, disputa que é frequentemente ideológica. Opresidente Kennedy disse que «as nossas fronteiras hoje estão em todos continentes»; BenjamimFranklin declarou que «onde está a liberdade está a minha pátria» e Tom Payne disse que« ondenão está a liberdade está a minha». Procurando evitar um confronto directo, os grandes poderesapoiaram a insurreição em pontos críticos de ficção. É mais um aspecto da despersonalização dosmétodos actuais. A guerra na África é um exemplo concreto.

O aumento dessa liberdade é pelo facto de os grandes poderes possuírem a capacidadedestruidora dos meios de fazer a guerra. Alargando assim a dimensão da tolerância, aceitandoacções que no passado considerariam intoleráveis. Roger Trinquer ocupando–se deste fenómeno,disse que a guerra é actualmente um conjunto de acções de todas as espécies(políticas, sociais,económicas, psicológicas, armadas, etc.) visando a destruição por um outro regime. Paraalcançar isto, o assaltante explorar as tensões internas do pais atacado, as oposições políticas,ideológicas sociais, religiosas, económicas, susceptíveis de terem influencia profunda sobre aspopulações a conquistar.

Mao Tsé-tung no seu pequeno e celebre livro vermelho considerar a guerra revolucionaria comoum tudo, as operações das guerrilhas populares e aquelas do principais vermelhocomplementam-se reciprocamente como os braços esquerdo e direito de um homem e se nóstivéssemos as principais forças do exercício vermelho sem as guerrilhas populares, seriamoscomo um combatente só com um braço. Spirit of camp David(25 de setembro de 1959), nome dolugar onde o Presidente Eisenhorwer e Kruchtchel revistaram os problemas que dividiram os seus

países, também é a designação da tentativa de eliminação do recurso á força na competiçãodentre os grandes poderes do mundo.

A evolução de meios de combater fez com que a obrigação de adversário a reconhecer a cedêncianormalmente em conferencia de Paz, fosse substituído pela guerra existencial, que considera aeliminação do adversário como um evento natural do processo. Por vezes a eliminação daestrutura politico-juridica designadamente com o desaparecimento da personalidadeinternacional do Estado vencido, a eliminação física do povo adversário, que a lei internacionalconsidera um crime de genocídio, é o resultado procurado como exemplos concretos, falta-se dachamada rendição incondicional(1939-1945) que traduziu-se em eliminar o Estado alemão,deixando de ser interlocutor; sendo os vencedores quem ocupou o território vazio de soberania, eorganizou novas entidades políticas. Todavia, não é fácil encontrar em problema que a guerratenha resolvido, nem uma guerra em que os dividendos da paz compensem o preço sofrido portodos os intervenientes.

Por isso, a prevenção é um método que se tem desenvolvido, quer no plano jurídico, onde odireito procura eliminar a legitimidade da guerra, quer no plano político que vai convergindo aprimeiro. A técnica da balança de poderes foi talvez a mais experimentada; prevenção esta que setraduziu em procurar um equilibro de menos militares à disposição de cada um dos pressentidosbeligerantes, de modo a conseguir a dissuasão, quer de recorrer ao combate, quer de ointensificar, pela evidencia dos custos a suportar.

IV. INSTRUMENTOS GERAIS DE POLITICA INTERNACIONAL 1) Direito InternacionalA guerra constitui o ponto central de toda a problemática relacionada com a possibilidade deestabelecer regras que os poderes políticos devem observar e principalmente, o estabelecimentode um mecanismo qualquer que permita tornar essas regras respeitadas e obrigatórias. Na suaobra «Peace Through Law» em 1943, Hans Kelksen disse que «Nas discussões políticascontemporâneas predominam dois problemas: 1) como pode ser satisfatoriamente organizada avida económica dentro da comunidade nacional, o Estado, sem abolir liberdade pessoal doindivíduo? 2) como pode ser eivada a guerra ou qualquer outro uso da força dentro dacomunidade internacional, quer dizer nas relações entre Estados.

O direito internacional tem como objectivo conseguir um teor de vida que seja à replica, na vidainterna dos Estados, onde o recurso à força é uma excepção. Referentemente à política interna ouinternacional, o direito positivo é um instrumento do poder, ainda quando o poder o aceita comoum limite. O direito internacional surgiu apenas no começo do século XVII, fundamentando-se nointeresse nacional, em que a concepção imperial da tradição romana cede definitivamente apossa aos Estados soberanos. O desaparecimento da possibilidade de referencia a umaautoridade universal exigiu o estabelecimento de um conjunto de regras que possa ser oequivalente do poder.

O substituto flutuante entre o acordo dos Estados e as tentativas de reorganização supranacionalcom uma expressão quase inexprimível sistema de ameaça e vantagens pode talvez traduzir-senuma submissão voluntária de cada Estado. Até ao positivismo do século XIX, os pensadores dodireito internacional agrupam-se em três orientações fundamentais: os naturalistas, invocamGrotius como matriz originaria, atribuindo ao direito internacional características especificas:direito natural é a fonte das regras a que os Estados se devem subordinar; a violação dessasregras deve ser considerada um crime; e finalmente, a «lei da paz » resulta das sagradasescrituras, da historia antiga e dos clássicos.

Os positivistas, mais influenciados por Richard Zouche(1950-1660), punham o acento tónico dodireito internacional no costume nascido integrantes. Os eclécticos fundiam ambas as orientaçõessegundo Kant, e comum ensinar que a Moral visa a disciplina do foco interior dos indivíduos, eque o Direito visa a disciplina coactiva da conduta exterior. Portanto a moral é um conjunto deregras que permite a uma pessoa viver em paz consigo imensa, enquanto o Direito a viver em pazcom os outros.

O Direito internacional, tal como se formou na sociedade ocidental, desprovido de um podersuperior porque destinado a uma sociedade igualitária, não foi mais do que um conjunto deregras que permitiram a ao Estado obter a paz e cooperação dos outros, resultado de umequilíbrio de interesses e de poderes que por vezes, mas raramente, conseguiam encontrarexpressão em fórmulas mais ou menos institucionalizados: os tratados organizacionais comoseria a carta das Nações Unidade(1945)...; a política de equilíbrio, a instituição de tribunaisinternacionais , etc. Estabilização de origem europeia que foi mais uma moral internacional doque um direito internacional, dominou o mundo a partir do século XIX, isto que a supremacia nomundo era europeia depois da conferencia de Berlim.

Todavia o que mantém a ameaça no mundo para além d fim da Guerra fria, é facto dos grandespoderes, se disporem de meios de destruição sem precedentes. Procura-se de encontrar umanova forma de coexistência pacifica, porque a força deve ser usada apenas esporadicamente paraser útil. No caso da evolução da sociedade internacional se acentuar no sentido de comunidadeinternacional da, também se tornará dominante a perspectiva da paz interna da comunidade enão a paz internacional entre os Estados, facto a que corresponde já o actual inquietodesenvolvimento da doutrina de ingerência, por motivos humanitárias, da comunidadeinternacional na vida interna dos Estados.

2) Directório: um recurso e uma ameaça.Esta situação reflecte, mo plano internacional, a perplexidade(hesitação) a que a última guerraconduziu a definição ideológica das forças em presença. Karl Mannheim, em plena campanha,diagnosticou a situação através de uma série de questões que podemos encontrar na pagina116 – linha 4. A mutação dos interesses desactualizou muitas das respostas a estas perguntas. Asituação do direito internacional, repudiado pelos Estados que não participaram na suaformação, a natureza de programação política tão frequentemente atribuída à carta da ONU, são

sintomas dessa situação, que também encontra manifesta contraprova, pelo que toca a idainterna dos países, no complexo desabar(deitar abaixa ruir, cair) das antigas estruturaspartidárias, de novos aparentemente 2 novas solidariedade políticas.

O que hoje é chamado a crise de ONU é apenas um reflexo da crise do mundo. A Santa Fé,Aliança, destinada a assegurar a ordem territorial da Europa do congresso de Viena de 1815,definiu uma fronteira ideológica baseada na fraternidade dos soberanos que diziam«considerarem-se como compatriotas, e que se prestarão , em todos os momentos e lugares,assistência e ajuda». A direcção do mundo dependente da Europa ficava intrigue ao conceito deum grupo de potências a que se chamou-Pentarquia, que evolucionou o que se chamou oconcerto europeu que dominou todo o fim do século XIX. A mesma ideia aparece na AliançaTripartida, assinada com o Japão.

O acordo germano-checo de 1939 e o Pacto germano-sovietico, assim como a concepçãojaponesa da Área de co-propriedade de Ásia, obedeceram a inspiração que nega o conceitotradicional de sociedade internacional paritária. Os objectivos da política de equilíbrio eram,principalmente, preservar a sobrevivência e independência dos Estados; salvaguardar o sistemainternacional em que o Estado se inscrevia, impedir a preponderância de qualquer membro dosistema. No pensamento do Vattel, centz e wolff, teóricas, e no de Talleyrand, Metternich ecastereagh, homens de Estado a guerra era um instrumento destinado a defender e restaurar abalança de poderes.

Este sistema levou à formulação do conceito de zona de confluência de poderes, compreendido oconjunto geográfico até onde fazem fronteira os interesses da potências que tiverem acordo nadefinição da balança. Para lá ficam as zonas marginais, para onde eventualmente qualquerpoder se poderá expandir desde que não afecte o equilíbrio. O elemento fundamental do sistemado equilíbrio ou balança de poderes é chamado fiel da balança(um dos poderes(estado) assume opapel da fiel da balança, isto é, persuadir os outros a não cometer crimes). A Inglaterradesempenhou o papel de fiel da balança até que um seu inimigo, a Alemanha, cortou a ligaçãovital dela com o mundo exterior. Portanto, a experiência de qualquer dos sistemas , as suasfraquezas e contingências, o seu oportunismo essencial, contribuíram para o fortalecimento e umideal não atingido que é o da segurança colectiva.

3) Segurança colectivaO conceito de segurança, que surgiu ante e durante a guerra de 1914-1918, não pretendeueliminar a soberania dos Estados, mas sim limitar as mas possibilidades de agressão. Asegurança colectiva busca um sistema global que funciona a favor de todos e portanto umsistema que reage contra qualquer agressão considerada injusta em face do direito internacional.A sociedade das Nações foi anunciada num dos celebres 14 pontos do Presidente Wilson, sendoassim a primeira expressão do ideal da segurança colectiva. Prevista a sua criação na agenda daconferencia da paz reunida em Paris em 1919, o seu Pacto constitui a primeira parte dos tratadosassinados com as potências vencidas..

Em oposição a experiência da Santa Aliança, não procurava basear-se na unidade cultural ou naidentidade de forma política dos Estados, mas assentava na afirmação da validade de um direitointernacional que, sendo da origem ocidental, era de vocação mundial A ideologia do organismotraduz-se nestes pontos essenciais(p120): a) aceitação geral de certas obrigações destinadas aevitar o recurso à guerra; b) aceitação da validade do direito internacional, cuja eficácia resultaria da submissão voluntáriados Estados aos seus imperativos, c) observância para a diplomacia pública com repudio emprincipio dos tratados secretos de modo que a justiça e a honra presidissem ás relaçõesinternacionais.

O ponto principal, que era o da guerra, recebia o seguinte tratamento no artigo 11 do Pacto daSdN. 1) toda a guerra ou ameaça de guerra, quer afecte ou não directamente um membro dasociedade, interessa a sociedade a tomar medidas apropriadas para salvaguardar a paz dasnações; 2) fica também estabelecido que qualquer membro da sociedade tem o direito de chamara atenção da Assembleia e do conselho para qualquer facto susceptível de afectar as relaçõesinternacionais e que ameaça perturbar a paz e o bom entendimento entre as nações de que apaz depende.

No entanto varias razões impediram resultados positivos desta tentativa de segurança colectiva.Em primeiro, o seu caracter universalista foi comprometido pela ausência dos Estados Unidos daAmérica segundo a impossibilita<de de usar directamente a força ou de impor aos Estadosmembros o uso da força das suas decisões, não lhe permitiria ser mais do que uma medianeiracolectiva entre eventuais litigantes.

4) Organismos Internacionais e supranacionais Podemos adiantar desde já que os organismos internacionais são aqueles onde os Estadosmantêm a posição paritària e nos organismos supranacionais se inscrevem um principio deorganização aristocrática ou integração. As organizações internacionais multiplicaram-se depoisda guerra de 1914-1918, e com se referiu que no último parágrafo da pagina 121. Mais o grandeproblema é o de conseguir a supremacia da moral internacional, no sentido apontado ou, dodireito internacional como «mais correspondente se diz Uma supremacia que exige um poder ouequivalente de um poder como já ficou referido, objectivo que aponta para o estabelecimento deautoridade supranacional , ou como meta final, daquilo que pode chamar-se um estadouniversal. Os impérios Romanos, Árabe, Carolingeo, Bizantino não corresponde ao modelo daorganização supranacional. Este é um projecto determinado pela existência de Estadossoberanos.

Ao mesmo tempo que os juristas de Bolonha e Toulouse constituíram a doutrina donacionalismo, Pierre Dubois, conselheiro de Filipe, o Belo o, que escreveu nos começos do séculoXIX a obra «De Recuperatioone Terrae Sanctae», subintitulado Tratado de Política Geral.Adversário da supremacia do Papa, e advogado da confiscação do bens das igrejas e dos

conventos, projecta os Estados Unidos da Europa. Em 1464, Jorge de Podebrady, rei da Boémia,apresenta a proposta de «uma aliança defensiva da cristandade contra os tiarcos» . Depois, em1623, Emeric Crucé publicou o seu Le Nouvveau Cynée ou Discours des occasions et Moyensd’établir une paix génerale et la liberté du commerce pour tout le Monde.

Pacifista convicto, sustenta que a guerra é desumana e não aproveita a ninguém nem dá honraque valha. Dizia, com o mais profundo universalismo: «Que prazer seria ver os homens circular deum lado para o outro livremente e comunicar entre os si sem nenhum preconceito de país, decerimonial e de outras coisas parecidas, como se a terra fosse, como é verdadeiramente, umacidade comum a todos. Dirige-se a Luis XIII para que promova com todos os soberanos cristãs eda china, Japão, Pérsia, Etiópia, etc. ; uma reorganização destinada a preservar a paz no mundo.Convidando os governos a unirem-se, Sully diide a Europe em quinze Estados de igual poder,divisão considerada arbitraria. Divida assim a cristianíssima Republica , na qual só admitir trêsconfissões : a Católica, Calvanista e Luterana e os turco deveriam converter-se a uma delas ouabandonar a Europa pela força se necessário. Ao abandonar o seu cargo e a carreira política, noseu discurso que dirigiu a Nação, o Presidente Eisenhower disse : « o Estado que eu chefiei é hojeum complexo militar e industrial que pode levar à destruição da humanidade porque o poder quedetém é suficiente para destruir a humanidade».

O fim da Guerra Fria, e da exigência do modelo bipolar EUA-URSS, em 1989, multiplicou assoberanias com acesso ao armamento nuclear. Por isso, depois da queda do Muro, e da guerrado Iraque em 1991, começou a falar-se da revolução estratégica. O primeiro ensaio globalizantede Neville Brown tornou obseta toda a doutrina do bipolarismo . .e industrial que pode

V. PERSPECTIVAS SOBRE AS RELAÇÕES INTERNACIONAISA identificação das perspectivas sobre as Relações Internacionais procura (conceptualzaçãooperacional) um arrumo que obedece ao artificialismo metodológico(simples). As necessidadesdas análises podem aconselhar a decompor uma perspectiva em varias, reanimar perspectivasincidentalmente consideradas não relevantes, a modificar o critério de classificação e ascomponentes da grelha estabelecida.

1) Perspectiva anglo-saxónica: utopismo e realismoUtopismo: Esta corrente de pensamento visa sempre a construção de um modelo ideal que podeou não coincidir com a realidade. Esta corrente tem origem com Thomas Morus (1478-1535), noseu livro «Utopia-1516» em descreve uma ilha onde a vida é pacífica, sem propriedade privadanem violência e instituição políticas mais gestores das coisas do que de homens. Temos aqui 2orientações : - fazem recomendações sem se interessar se o modelo estudado tem coincidênciacom a realidade(Morus); - explicam como deviam ser as condições reais para que um modeloideal pudesse ter vigência. Este corrente foi muito utilizado pelos chamados Projectistas da pazInternacional.

O Realismo: Esta é a corrente que caracteriza a perspectiva anglo-saxónica e segundo esta opoder (power) é o elemento central nas relações internacionais. Assim como o interesseconjugada com o poder (poder-interesse), traduz o fenómeno principal das relaçõesinternacionais. Esta perspectiva não nega a existência de valores e de um normativismo, mas simdeve estudar-se a realidade internacional tal como ela é, esta realidade é um conflito deinteresses. O mundo real é o resultado da acção humana(bondade e maleabilidade) inerentes ànatureza humana, é com estas, e não contra elas que é necessário agir.

Pode-se realizar o mal menor e nunca o bem absoluto. Os seus princípios essenciais são: 1) a racionalidade no sentido de razoabilidade, a decisão que realiza mais provavelmente oobjectivo com menor sacrifício de meios e interesses; 2) o conceito de interesse: elemento deligação objectiva entre a razão que procura compreender e os factos com que a decisão sedefrontará. Metodologicamente se negligência a consideração das motivações subjectivas e dasideologias; 3) o interesse permanente ou duradoiro existe independentemente das motivações edas ideologias de quem estiver no poder; 4) a reacção de estado esta submetida a uma moral deresponsabilidade e não a uma moral de convicção; 5) confunde o interesse nacional com o bemcomum da humanidade e a ética nacional com a ética universo.

O encontro de interesses que define a vida internacional por vezes contraditórios é evitado com amoderação como critério de busca de equilíbrios pacíficos; 6) a especificidade das políticas e dasrelações internacionais definem uma teoria de perguntas autónomas, conforme as disciplinas,por isso que o internacionalista realista rejeita a perspectiva legalista-moralista da políticainternacional.Alguns autores desta corrente como Shwartzenberg sustentam que as RI nãorepousam em regras do direito mas sim em decisões. Esta corrente teve relevância no período deguerra fria.

2) Perspectiva marxista - perspectiva russa.Esta perspectiva teve a sua origem com a doutrina leninista do imperialismo. Segundo Lenine, oimperialismo era a última fase do capitalismo e acabaria por se destruir . No estado embrionário,esta perspectiva não tinha uma estratégia cientifica, existia 3 ou 4 orientações sobre as relaçõesentre o mundo socialista e capitalista: - para Lenine, a luta entre o imperialista e as soviéticos erainevitável; - Estalina alguma vezes mencionou a coexistência pacifica ou o perigo de agressão porparte dos capitalistas;

- Fruchtchev a coexistência pacifica e a passagem não violenta do capitalismo para o socialismoeram agora preferíveis e possíveis, afastando assim a possibilidade de conflito; - MaoTsé-tungdestacou a necessidade da violência e da ajuda das forças revolucionarias de todo mundocientifico.; a construção de uma teoria das Relações internacionais marxista teve bases aocongregar num só conceito do Interesse nacional e o internacionalismo proletário. Aqui a moralde responsabilidade equivale a razão do estado e foi a matriz da perspectiva política doSovietivismo. Com Gorbatchov e a sua revisão introduziu o vonlutarismo no centro da

dinamização da política repudiando assim a causalidade social marxista, sem repudiar aindaexpressamente a apologética.

3) Perspectiva europeia: a mais antiga matriz do europeismo é o voluntarismo que traduz aautonomia da vontade política na definição dos objectivos e dos métodos de acção, ficando avariedade dos comportamentos dependente do tipo de criatividade do homem ou grupo dohomens que exercem o poder. O valor institucional da Nação marcou a perspectiva europeia.Existe o problema da razão de Estado, mas aqui existe a tentativa de compatibilizar a tradiçãopersonalista e a tradição maquiavélica, o compromisso ou alternância entre moral deresponsabilidade e amoral de convicção, a proclamação de responsabilidade de grandesprincípios e valores e o simultâneo uso da força como argumento supremo independentementeda justiça dos interesses.

Trata-se de uma ambivalência entre o idealismo e o realismo. Evidencia o principio de equilíbriode poderes sempre que uma sociedade é constituída por uma série de Estados independentes eque tal equilíbrio se desliza do centro de um sistema política para a periferia. A sociedadeinternacional obedece mais aos preceitos de Maquiavel do que aos de Grotius.

4) Perspectiva neutralista: Esta teve origem depois do fim da II GM, embora a existência de umpan-americanismo plural dirigida contra a presença ou retorno das potências europeias. Tem asua herança no antieuropeismo, antiocidentalismo e o repudio cultural ou étnico dos estrangeirosagressores. Teve grande desenvolvimento com o pan-arabismo e o islamismo, o pan-africanismo.Teve uma unidade extrema com o conceito da submissão a poderes colónias, todos ocidentais.

A corta da ONU foi expressão jurídica para esta orientação. Os pontos principais destaperspectiva são: a) assumem um capital de queixa contra o ocidente, acusadas de terem destruído odesenvolvimento autónomo das suas áreas culturais, de terem confiscado os seus recursosnaturais e da opressão políptica; b) assumem em critério de dupla medida em relação aos 1ª e 2ª Mundos, c) dizem com umdireito natural que as potências europeias devem reparar pela intervenção colonial e que asajudas internacionais ou bilaterais são obrigações dos doadores; d) declaram a legitimidade daguerra de libertação; e) a contribuição chinesa acrescentou com Lin Pino, que «é da lutarevolucionaria dos povos da Ásia, África e América Latina onde vive a esmagadora maioria dapopulação mundial, que depende a causa revolucionaria mundial; f) declaram-se neutrais quantoao conflito bipolar, mas nunca foram pacifistas.

Depois da conferencia de Solidariedade dos povos de Ásia, África e América Latina (3A-1966)evocou-se os seguintes pontos: a) o imperialismo incluindo a versão do colonialismo eneocolonialismo, desenvolve uma agressão continuada contra as países pobres; b) oimperialismo, que os EUA especialmente representam, não renuncia voluntariamente aos seus

objectivo; c) deve-se recorrer a todas formas de luta, mesmo a arma para conseguir-se a realindependência, porque a violência imperialista legítima a violência revolucionaria de resposta.

5) Perspectiva Internacionalista: Ela é plural, mas o que une todas as convicções é que aactividade internacional deve ser examinada em relação a uma condição humana universal. Aconcepção medieval sobre uma lei natural, a jurisdição , cimeira às divisões políticas e o conceitode povo de Deus da Igreja traduzem num internacionalismo que atravessa as fronteiras políticasdando uma visão internacional da condição humana. Os projectistas da paz foram os adeptosdesta perspectiva e que o interesse geral e superior que também ser salvaguardada era a paz dospovos. Um dos principais escritores nesta perspectiva foi Kant(1724-1804) que em 1795apresentou um projecto de paz perfectua no qual procurava estabelecer uma espécie de reinogeral em que a soberania fosse a razão.

O liberalismo é uma consequência desta perspectiva. No que diz respeito as RelaçõesInternacionais tinha como objectivo a abolição das jurisdições estaduais e a adopção de umcorpo de leis aceitos por todos e a aplicação de ser vigiada por um congresso de potências. Tevegrande expressão na fundação da ONU. Considerou-se a paz como um bem indivisível dahumanidade e definir um verdadeiro património comum da humanidade.

6) A perspectiva de Santa Sé: A mensagem evangélica interessa, no plano das RelaçõesInternacionais não como uma revelação, mas como proposta que na origem se perfilou-se comorevolucionaria ao mundo antigo. Os princípios fundamentais são os seguintes: 1) a primazia dapessoa humana, titular de direitos inalienáveis, com vocação da imortalidade; 2) as relações entreo Estado e o homem , são vistas com uma nova percepção e evidência ainda que a organizaçãopolítica é transitória, instrumental e contigente; 3) a humanidade é um povo interior semdistinção de etnia ou culturas, porque todos são filhos de Deus, disse S. Paulo que «não há maisjudeus, nem gentios, nem cincuncisos e nem circuncisão , nem bárbaros, nem pagãos, nemescravos, nem homens livres»; 4) de acordo com o evangelho segundo S. Mateus, foi triste quem,interrogado sobre o dever de pagar tributo, separou o que é de césar do que é de Deus, fixou adualidade do poder político e do poder religioso, baseou a futura distinção entre o direito públicoe o direito privado.

Sempre houve conflitos entre a igreja e o estado de igual modo sempre houve cooperações. Teveum importância mundial não só no que diz respeito a acção missionaria, mas também porque ospoderes orientadas organizaram em mundo que se manteve politicamente submissos aospadrões da Igreja.

O cristianismo no ocidente foi entendido como doutrina da fé ou do comportamento, e acristianidade definida como povo de Deus unido independentemente a existência de fronteiraspolíticas. A Igreja foi fonte de referencia para toda doutrina dos direitos humanos, da sociedadecivil, do Estado, do estatuto das árias outras Igrejas, da comunidade internacional, do edifícionormativo que procura disciplinar as relações entre todos os instrumentos deste complexo

processo. Tornou expressão na definição de um jus humanae societastis, um direito da sociedadehumana. A evolução da perspectiva intenacionalista foi apoiada pelo conceito transestadual dopovo de Deus e da doutrina Paulina das relações com os poderes instituídos adaptou-se o modelodo concordatas sempre que fosse possível para regular as relações entre o Vaticano e os poderespolíticos. A Santa fé aperfeiçoou a doutrina para os direitos do homem.

7) O mundialismo: Neste fim do século, a mudança em curso da estrutura para o modelo decomunidade internacional revela um conflito de tendências referentes à moldura do futurorelacionamento entre os agentes da vida internacional, mas também um conflito que se traduz naresistência das estruturas que entraram em crise. Primeiro, o processo de eliminação ouisolamento das comunidades diferenciadas e distintas no tempo espaço física chegou aconsumação. A velocidade das comunicações para as tarefas da paz e para as tarefas da guerra,como que reduziu as dimensões do mundo. A mundialização do teatro estratégico, comprovadapor duas guerras chamadas mundiais,.

A mundialização do sistema de comunicação por satélite, a mundialização dos mercados, amundialização da informação, a mundialização dos riscos derivados dos avanços científicos etécnicos aplicados para fins bélicos e pacíficos, tudo leva a desmoronar as estruturas do passadoque duravam séculos. A produção atinge níveis sem precedentes, mas agrava-se a distancia entrepaíses ricos e países pobres; a relação entre recursos e populações faz reaparecer a importânciada geografia da fome. Apesar dos modelo políticos, também se verifica que o nacionalismo renascido, as diferençasétnicas, culturais e religiosas lutam pelo reconhecimento da sua especificidade e até autonomiade gestão e representação internacionais. Nacionalismo, ao intenacioinalismo e ao mundialismo.Mas um grande escrito do nosso tempo, Jesuíta Teilhard foi um dos observador que melhor eantecipadamente se apercebeu deste fenómeno .

O mundo atingiu uma interdependência que não era presumível no começo do século. Osfenómenos são tendencialmente planetários e a guerra, a fome, a explosão demográfica, o perigoatómico ou das químicas e bacteriológica, a luta pelo espaço exterior, tudo são demonstrações daplanetizaçao dos fenómenos políticos - Pátria Planetária. Deixou de haver nações, países, regiões,indiferentes para o resto da humanidade, o que se exprime numa tendência para a unidadepolítica do mundo. Por outro lado, verifique-se uma proliferação dos centros de decisão de ordempolítica, militar, económica ou religiosa, com uma multiplicação acelerada dos Estados queparece um principio de dispersão .

O colonialismo caracterizado pela imposição de uma soberania alienígena a um povo e seuterritório com a característica geral do colonizador levar a técnica e o capital, fornecer a terra e amão de obra, com um estatuto de subordinação política. O neocolonialismo que é um fenómenosubsequente á descolonização moderna, e que se traduz em impor um, domínio económico,financeiro e até cultural a um povo, impor a soberania.

VI. DESENVOLVIMENTO DAS PERSPECTIVAS 1) Desenvolvimento da perspectiva realista

Esta perspectiva é representada pelo americanismo. Tal como referida, não sustenta indiferençaperante os valores e os ideais ou perante a lei internacional, mas a convicção de que o interessenacional é suficientemente forte para o poder ser então usado em nomes de valores, os ideais e alei internacional.

Orientação de políticas destinadas a consolidar o Estado Americano, o seu interesse e o seupoderA Revolução Americana consagrou, com a constituição assinada em 17/09/1787, o direito àrevolta em nome da autodeterminação nacional que tem um peso ate aos nossos dias. Anuncioulimites novos á acção interna e externa do poder; introduziu o principio e a técnica da Declaraçãodos direitos de homem (Filadélfia -1776), como bandeira ideológico à todos as áreas culturaisonde regimes autoritários, totalitários não respeitavam ou cumpriam esses direitos; reclamandoo direito à revolta contra o metrópole, a consolidação do estado teve primazia sobre os direitosdo homem, direitos esses que não foram reconhecidos aos escravos, índias, etc.; o desacordo dodireito internacional proclamado face a conduta do direito, fez com que se evocasse o principioda jurisprudência interna, em que era ilícito um estado terceiro intervir mas assuntos internosde outro Estado(principio consagrado no art.º 2 §7 da Carta das Nações Unidas(ONU); traçaramna primeira ordem a Zona de influencia chamada Doutrina do Destino Manifesto; doutrina essaque dizia que a fronteira natural dos Estados Unidos se encontrava na Pacifico; Acrescentaram adefinição de uma segunda zona de influencia com a Doutrina de Monroe, nome do Presidente quedeclarou o isolamento dos Estados Unidos dos face as questões europeias: a oposição aorestabelecimento de qualquer soberania europeia no continente americano, a exclusão daintervenção europeia nos assuntos do continente americano(Congresso 2/12/1862).

Outras orientações do realismo americanoCompete aos EUA definir os seus interesses vitais, a área reservada à sua influencia, os limites dorespeito pela jurisdição interna dou outros Estados. Na política dos blocos, os EUA como antigaURSS, todos acordos e interesses regionais ou mundiais não deviam ir ao ferir os seus interessesnacionais. Apesar em 24 de Outubro de 1945 à ONU declarar a paz pelo direito, os superpotênciasde então que em quais grande não consentiria, nos questões que respeitassem nos seus interessesfundamentais, subordinar-se ao voto das pequenas potências, isto levou a consagração do direitode voto. Anteriormente, no domínio da SdN existia o principio dos mandatos, isto é, principio em que seconfiava a um estado ocidental em outro estado ou povo que não tinha condições civilizaconaisou culturais capazes de ter independência (no caso de Mónaco, Síria, Palestina, Líbano, Namíbia).No domínio da aplicação da aplicação do principio da autodeterminação dos povos e doanticolonialismo, acelerou-se a retirada das potências europeias nas suas colónias, enquanto quenenhuma colónia dentro do império soviético teve esse direito. No que respeita os EUA, a ONUvotou a integração da Hawai e da Alasca como Estados, independentemente da separaçãogeográfica e mesmo étnica; O realismo quer americano, quer exercido pelo outro estado

sustentou sempre a hierarquia dos poderes, não repudia os princípios, mas assume ou proclamea não exigibilidade desse princípios em certas circunstancias concretas.

2) Desenvolvimento da perspectiva marxista Lenine contribui sobre este pensamento

Orientações ou estratégias de Lenine e dos outros líderes marxistas Lenine para aquisição de poderes assumiu uma posição Maquiavélica, ao definir os padrões deconduta do partido e das massas sem submissão à ética, aos valores e nos direitos tradicionaisocidentais. A moralidade dos marxistas-leninistas é categoricamente definida em função dos interesses doproletariado. Tudo que serve a causa do proletariado é justificado. O partido é o motor pela lutae construção do poder ou Estado proletário.

O movimento é conduzido por revolucionários profissionais que falam em nome do proletário econduzem o Estado em função dos sues interesses. Para assegurar a eficácia do poder, instauro aeficácia do poder centralismo democrático, rejeitou qualquer evolucionismo e reformismosocialista; disse que o imperialismo é a última fase do capitalismo no que toca a conjunturamundial segundo Lenine a comunidade internacional era constituída e mantida pelos burguesesorganizados em potências ocidentais, Lenine defendeu a manutenção histórica do Estado , querdizer, fronteira, população e objectivos estratégicos, assim criou o socialismo cercado num sópaís. No que toca a política internacional dizia que a Rússia é a pátria dos trabalhadores de todomundo. Foi Lenine iniciou a teoria da revolução cultural ajuntando assim condições subjectivas ascondições objectivas de Marx, deste modo corrigiu esta teoria.

O marxismo-leninismo e a jurisdição interna são os princípios que protegem o Estado soviético,contudo entende que o proletariado constitui uma unidade de classe ao redor da Terra que devepoliticamente unir-se(proletariado de todo mundo–univos!). Lenine salienta ainda que qualquerintervenção de um grupo proletário na luta contra um estado nacional não é ingerência nosassuntos internos daquele estado, mas sim é a defesa do valor evolucionário mundial. Como nãopodia negar o facto da nacionalidade, o marxismo-leninismo com Estaline reconheceu esteconceito, mas assentida na língua e na etnia, negou qualquer autodeterminação nos Estados quefaziam parte da URSS. A URSS criou uma estratégia chamada estratégia indirecta, conjunto demeios que destinavam a cortar a fidelidade vertical das populações ao seu governo legitimo.

Esse meios eram em regra clandestinas. Leonid Brejne organizou o sistema de satélites com a suadoutrina chamada doutrina da soberania limitada, esta doutrina é uma revolução do principiodas nacionalidades de Estaline Para os marxistas-leninists, a expansão da soberania ou dainfluencia global dos estados socialistas quer por meios militares ou não militares não éimperialismo, mas sim a libertação dos proletários oprimidos. Mao Tsé-Tung contribui nodesenvolvimento do marxismo-leninismo em relação a comunidade internacional, ao reconheceroutros valores para além do proletários, no caso dos valores nacionais e culturais. A China de

Mao não aceitou a hierarquia proposta pela URSS. Assumiu a herança das reivindicaçõesterritoriais contra a URSS, provocando uma função directora no pacifico. A china criou umsocialismo do tipo chinês.

O marxismo-leninismo influenciou bastante a conduta dos países do terceiro mundo. Por outrolado, a china assumiu ou criou um modelo chamado socialismo do mercado para dinamizar aeconomia, modelo este que se aproxime ao ocidente.

3) Desenvolvimento do europeísmo:O europeismo teve 2 períodos, um de expansão e outra de regresso à plataforma originaria. Oprimeiro começa com o Tratado de Tordesilhas(7/06/1494) pelo qual D João II de Portugal e osRei católicos Fernando e Isabel de Castela assentaram nas linhas divisórios das zonas deexpansão respectiva até ao ponto alto que a conferencia de Berlim(1885).

A conferencia de Berlim até a fim da segunda guerra mundial. Dissemos já que o eupeismo écaracterizado por 2 legados: maquiavélico e humanista(com ambição de tornar a humanidademais civilizado). As principais criações do europeismo forma os valores de Estado, da soberania,da jurisdição interna, da Nação, do território, do Tratado, da guerra justa, as técnicas e artes dadiplomacia e da estratégia, e objectivo da paz pelo direito. Com o direito internacionalencontramos a expressão do europeismo político, mas politicamente ele definiu uma comunidadeinternacional que não dava igualdade às outras regiões. Usou a formula de império paradisciplinar os Estados e povos que encontroou ao longo das expansões e da descoberta. Semprerecorreu ao principio de equilíbrio da balança de poderes e a técnica do Directório.

Tudo isto foi expresso primeiramente no congresso de Viena, em seguida na conferencia deBerlim e depois no Conselho de Segurança da ONU. A comunidade euromundista assumiu odireito de reconhecer a personalidade internacional dos Estados. Os grandes princípios queregem a vida internacional independentemente da diferença e desenvolvimento das perspectivassão derivadas do europeismo, no caso dos seguintes princípios:

I - O principio de igualdade: Todos os Estados são juridicamente iguais; o principio deimunidade: aqui encontramos 2 princípios de imunidade: 1) – Imunidade de jurisdição; 2) –Imunidade diplomáticas. Tudo isto decorre da igualdade soberana. O principio da reciprocidade,um Estado garante a outro e aos seus nacionais um tratamento igual ao que o outro Estado lhedispensar e aos seus nacionais. O principio de não discriminação trata de cada Estado nãorecusar a certas Estados os direitos ou vantagens que concedeu a outros estados.

II - O principio da independência: Este principio tornou complexo com a revolução daconjuntura e temos vários princípios dentro deste, entre outro; o principio da não-intervençãoconsagrada no artigo 15§8 do Pacto da Sociedade das Nações e no artigo 2 §7 da Carta dasNações Unidas. Contudo o principio é valido quando se trata da intervenção humanitária quernacional quer internacional. O direito dos povos à autodeterminação: esta hoje expresso na Carta

da ONU e trata-se de garantir aos povos a opção pela independência e a sua proclamação contrao colonialismo. (Resolução 1514 -XV) de 14/12/1960 e Resolução 2625(XXV) de 1960. Em principiocomo ... só foi aplicado aos territórios controlados pelos europeus, não foi aplicada a nenhumestado controlado pela URSS ou pelos EUA, nunca foi aplicada aos países integrando num estadonascido pela descolonização (caso de Biafra integrado na Nigéria).

A soberania permanente sobre os recurso naturais foi objecto do estudo de uma comissão daUNU criada em 1998, objecto de várias resoluções e foi explicitada na Declaração de 14/12/1926,os investimentos estrangeiros deviam ser garantidos e que n ocaso de expropriação, devia serdada uma indemnização . A partir de 1974 com a reivindicação de uma nova ordem económicainternacional tem levado ao radicalismo dos Estados que foram colónias. O acordo internacionalsobre este principio não existe. Com a divisão interna e o processo de recuo determinado pelasguerra mundiais, o europeismo deixou de ter peso e passou a significar um outro projecto.

Projecto esse baseado no inicio com um mercado comum, tem evoluído a partir do Tratado deMaarstricht de 1992 para união política, para fazer desaparecer as condições que animaram osconflitos internos do passado, para unificar a sociedade civil europeia e para estabelecerfinalmente um, poder política supranacional. Este no projecto esta influenciando bastante outrasorganizações regionais.

4)Desenvolvimento da perspectiva neutralista: A carta da ONU, no seu artigo 73, b), impunha a potência administrante o dever de ajudar ospovos dos territórios não autonomias a conseguir «um desenvolvimento progressivo das suaslivres instituições políticas». A corta declara ainda que o verdadeiro modelo de desenvolvimentopolítico deve ser acompanhado pelo respeito dos direitos humanas. Muitos factos ocorridos sãocontrários do que está escrito na carta: 1) o caso das fronteiras: as potências colonizadorestraçaram fronteiras sem ter em conta as realidades históricas, culturais e étnicas das populações.

Ora, a fronteira é um elemento essencial para formar um Estado por isso faz-se coincidir asindependências com o traçado das fronteiras coloniais. Assim, o pluralismo estadual nerutralistaé expressão do pluralismo colonial anterior e não é o reconhecimento das realidadesinstitucionais resultantes ou equivalentes ao Estado nacional. 2) Além das fronteiras se destaque alíngua, assim as colónias ficaram dividas linguisticamente em relação as línguas do colonizador.3) quanto ao modelo de desenvolvimento político interna, a experiência histórica colonial fui maisreferenciada do que a proposta ideológica da Carta da ONU. Qualquer que fosse o modelo dasoberania imperial, não correspondia ao constitucionalismo das democracias estabilizada daEuropa. Havia a concentração de poderes, etc.

Depois da independência, os modelo políticos instalados baseavam no culto da personalidade dolíder, o culto da personalidade, o partido único, o partido-sistema, o tribalismo, o modelo emquase todas os países de África foi da influencia marxista-leninista. Externamente, o principio da

legitimidade da guerra de libertação cobriu operações que se inscreveram e inscrevem entre asmaiorias tragédias militares da historia. A incerteza do sentido da nova ordem, da qual pouco sepode prognosticar com segurança, o desenvolvimento da perspectiva neutralista eterceiromundista, mais do que da americana ou europeia, defrontam-se com um mundo onde sedesvaneceu o adversário que estava identificado pela colonização anterior e próxima, parabuscar orientação num ambiente do transitório, do instável, do equívoco.

A democracia inscrita na carta da ONU como modelo de desenvolvimento político é maisinvocada para fins de imagem do que verdadeiro projecto em vias de execução. Odesenvolvimento político e o desenvolvimento económico, de acordo com os padrões da ONU, sederam paralelamente, e que, noutros casos, o desenvolvimento económico foi possível compadrões políticos autoritários.

5) Desenvolvimento da perspectiva Internacionalista: Na década de 60, houve revisão da tradição liberal dos séculos XVII e XIX. Tratou-se geralmentede pôr em evidência que o paradigma do Estado agente das Relações Intencionais em função dosseus interesses permanentes, não correspondia à estrutura das relações internacionais, quetinham ultrapassado o estatismo para fazerem avançar a intervenção das empresasmultinacionais e transnacionais, dos indivíduos, dos poderes erráticos, das Igrejas, ONG.

Falou-se então do Transnacionalismo, significando que a sociedade internacional não é apenasinternacional, tem interesses que excedem tal formato; não é a simples expressão da coexistênciados Estados, é também o conjunto das relações estabelecidas entre organizações e homens adespeito das barreiras estaduais. Nye e O’Keohome falou da substituição de um modelo S tateCentric paradigm por outro modelo de World politics paradigm em que o uso da força u aameaça dela, já não era ou será o facto essencial das relações Internacionais, mas sim ofenómeno de bargaining. O poder militar não é o único para uma superpotência., Esta teoria encontrou resistência porparte da escola Clássica, designadamente Kemeth Waltz que afiurmam que o Estado continua aser o agente principal das relações internacionais por monopolizar o jogo diplomático eestratégico.

Perspectivas sociológicos sobre a função real do EstadoPerspectivas clássica: Segundo os clássicos, o Estado é o agente das intervenções determinantes,causais, das relações internacionais gerindo as relações dos poderes soberanos é o risco daguerra. Perspectivas trasnacionalista ou Internacionalista: para este sistema da interdependênciamundial crescente, relativizou o papel do estado porque os indivíduos e as organizações nãoestatais influenciam a conduta dos Estados e geram um modelo que é sobretudo deinterdependência , trocas e serviços.

Contribuição ou inspirações da perspectiva Internacionalista:

Inspiração académica: a perspectiva Internacionalista inspirou correntes académicos e científicosimportantes, designadamente a cada vez mais presente teorias da interdependência internacionalde Cooper, Morse e Bergstens, e a teoria da informação de Karl Deutsh. Inspiração para formaçãode grandes espaços: que procuram suprir de um património comum da humanidade.

6) O fim da guerra fria: contingência e ordem: Os historiadores e muitos autores divergem sobre as causas que conduziram ao desencadear daguerra fria. Para alguns, os EUA quiseram: a) estender a sua influência em todo o planeta, isto énegando os direitos que a URSS adquiriu do decurso da II G.M.; b) a URSS queria implementar oseu sistema político à escala mundial, e o mundo ocidental desejava o fim do comunismo porconvenção ou por extinção. Para os outros, o carácter expansionista ou até messiânica, inseridonum imperialismo, russo estabelecido desde...

Reinou uma forte incompreensão recíproca entre americanos e soviéticos. Os Americanosfundamentaram-se nos valores universais, como o direito dos povos a dispor de si próprios, masos Soviéticos em zona de influência. Washington receava que a URSS estendesse demasiado asua área de dominação pela guerra e, este último ficaria satisfeito em «dirigir» os seus avançosna Europa do Leste e, sem dificuldade, deixando a Europa ocidental para os EUA, se estestivessem aceitado em termos de zonas de influência. Mas este facto não correspondia à missãoamericana do mundo para promover padrões universais. Isso conduziu os EUA a não aceitar,nessa qualidade, o regime soviético.

Com o consentimento dos Aliados, Moscovo recuperou os territórios perdidos(1917/1921: após arevolução) e estabeleceu igualmente um bloco territorial à volta da URSS, controlando esta área(países sob a vigilância do exército Vermelho após a derrota da Alemanha). Churchill que estavapreocupado desde 1945 com o controlo por Moscovo dos países da Europa Central e oriental,denunciou publicamente em 05 de Março de 1946, a cortina de ferro que segundo ele haviaestendido através da Europa, da Polónia à Jugoslávia. Nessa linha, criticava a instalação de umaesfera de influência soviética, à qual não sabiam o que se passava, e onde os povos eramdominados por Moscovo. Fixada polo limite da presença militar soviética, a cortina de fenoopunha os povos situados a Oeste, que se passaram a chamar, daí em diante, «Ocidentais».

Foi assim que surgiu a cissão Este-Oeste, definindo geograficamente pela separação dos doisblocos, linha de partilha geopolítica entre as duas superpotências e marcou o sistema de relaçõesinternacionais até a queda do muro de Berlim e à derrocada da URSS. Apenas a Jugoslávia,amplamente libertada por si própria e em que o líder comunista Tito dispunha de umalegitimidade bastante forte para se opor a Estaline, e a Finlândia, saíram da orbita soviética. Adivisão da Europa foi provocada igualmente pelo plano Marshall (pelo SG do Estado AmericanoGeorge Marshall, 5 de Junho de 1947), destinado a fornecer uma ajuda económica à Europa(paraevitar os distúrbios) sociais e criar um mercado para os produtos americanos.

Moscovo aceitou essa ajuda que permitisse aos Americanos contrabalançar a sua influênciapolítica na Europa Central e Oriental. O plano Marshall permitiu a reconstrução da Europaocidental e serve hoje ainda de referência a qualquer plano de ajuda económica. Ou ainda,muitos poderão também invocar o europeísmo do ultrapassado mercado comum, hoje UniãoEuropeia, que daria aos americanos a justificação de já terem realizado o objectivo de fazerrecuar o sovietivismo e ajudar a reabilitar a Europa.

Portanto , a imposição do império soviético abriga o regresso da Rússia à categoria de Estadocomo os outros. A ameaça soviética desapareceu e permitiu um novo perfil no panorama dosconflitos internacionais. Os desafios dos conflitos pela ordem militar do bipolarismo ganhoudinamismo que exigem respostas daquilo que vier a ser a Nova Ordem. Por enquanto, a finda dosPactos Militares, em derrocada desde 1989, é uma das exigências ás quais tem de responder aNova Ordem, que não pode ser indefinidamente substituída pelo plano de contingência em quevivemos, nem submetida ao modelo de gendarme americana. Todos os países,independentemente da sua posição na hierarquia dos poderes estaduais, serão envolvidos pelateia da Nova ordem em formação, porque a mundialismo é a consequência da interdependênciacomandada pelas revoluções globais, especificamente, a da informação, a da ciência etecnologia, a do mercado e a dos teatros estratégicos.

Resumo: Na sua concepção mais corrente, entende-se a guerra como uma relação que implicauso da força armada entre dois Estados ou quaisquer outras unidades políticas internacionais. Aexpressão «guerra fria» é utilizada para qualificar dois períodos. Depois da queda do muro deBerlim em 09 de Novembro de 1989. Fala-se do «fim da guerra fria», delimitando este períododesde o fim da segunda Guerra Mundial até ao fim da dominação da Europa central e orientalpela URSS. Deve-se assimilar a guerra fria e período das relações Este-Oeste. Tomada num sentidomais limitado mas preciso, a guerra fria, começa em 1946-1974 (recuso do plano pela URSS) eacaba em 1926(crise de cuba), dando lugar ao desanuviamento(termo utilizado para qualificar asrelações Este-Oesste de 1926 a 1979; significando ainda o abrandamento das tensões entre aURSS e os EUA, sem implicar, por outro lado, o fim de toda a competição entre as duassuperpotências), por etapas sucessivas (morte de Estaline em 1953, Suez em 1956). Mas Moscovoe Washington haviam compreendido que tinham interesses comuns – evitar a guerra nuclearpara dirigir o mundo – superior à sua rivalidade. A palavra «desanuviamento» foi tambémutilizada de lado ocidental, preferindo ao Soviéticos falar de coexistência pacífica.

A nova ordem: É evidente que a globalização da Economia, independentemente de uma avaliaçãometaeconomia dos seus resultados, é um «facto da vida» dos nossos dias, tanto mais que elaajudam as tendências dominantes na própria tecnologia de pessoas e de mercadorias. Aeconomia da potência hegemónica, os Estados unidos, está mais preparada para esta«internacionalização», já que eles possuem o instrumento mais adequado para a boaperformance no mercado global. Umas das últimas abordagens aos poderes que moldam a Novaordem é de Samuel Huntington. O académico americano argumenta que os Estados Unidos, oSuper poder solitário sobrevivente do mundo do bipolar(visto que não há mais nenhum que lhepossa fazer frente de outros poderes, num mundo que não é unipolar, ao contrário daquilo quepossam pensar os dirigentes americanos. O sistema mundial parece ser misto: nas suas palavras, um uni-multipolar System, ou seja, umsuperpoder e varias grandes e médios poderes.

7) Perstroika: a conjuntura estratégica.A conjuntura mundial foi dominada sobretudo com dissolução do bipolarismo de meio século,pela nova linha definida por Mikhael Gorbatchov (livro: Perestroika), substituindo, na versãoportuguesa de 1987 «Anos de transformação e de esperança para a URSS e para o mundo». Falam a partir da ruptura da grande Aliança autónomos de competição estratégica marcadospela mudança qualitativa das armas, de períodos de relacionamento entre as superpotênciascaracterizadas, sucessiva e evolutivamente, pela guerra fria, pela dissuasão, pela distensão, pelacooperação e assim por diante. A definição de técnicas características conforme as exigências daarte diplomática.

O direito internacional perdeu importância a favor de uma política do direito internacional embusca de um conjunto de normas que exprimam, não necessariamente uma nova justiça, mas umnovo equilíbrio de forças. – A guerra deixou de ser demonstrada porque cada homemtransportava um limitado poder de destruição; . – A guerra deixou de ser económica limitando –se a obtenção de objectivos concretos, poupando possivelmente as destruições inúteis dascidades, das populações civis, das mulheres e das crianças. Na linha do texto constitucional daUNESCO, Frederico Mayor Zaragoza, diz que «a solução deste estado do mundo tão insatisfatóriocomo cheio de ameaças, exige uma analise profunda das relações que existem e das que devemexistir entre a ciência, a ética e a política».

Portanto, parece que podemos ficar com a informação adquirida de que o conflito, e a violênciaimplícita, nos acompanhará e que justamente com ele, de perto, seguirão na bagagem osprocessos de negociações e apaziguamento num mundo que tenderá a combater a potênciahegemónica e a estabelecer um sistema realmente multipolar. 8) O governo da globalidade: a) A globalidade do património cultural: Relatório de 1995 daUNESCO; b) A globalidade do passivo: povos mudos – povos dispensáveis; c) Educar para acidadania mundial