OS MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIA CONTEMPORÂNEOS: A VOZ DAS RUAS
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
CAUÊ ALMEIDA GALVÃO
OS MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIA CONTEMPORÂNEOS: A VOZ DAS RUAS
NATAL2012
RESUMO
O presente texto se debruçará sobre a temática das novasformas políticas de resistência, as manifestações de rua, osgrupos de defesa e o conceito de Democracia real através daanálise de quatro capítulos. O primeiro, relacionado a criaçãoe as manifestações a partir da criação da AGP(Ação Global dosPovos) em 1996, que iniciaram uma série de protestos globaiscontra o capitalismo até a Batalha de Seattle no dia 30 denovembro de 1999. O segundo capitulo será uma construção dosmovimentos que iniciaram-se a partir da Primavera Árabe, com oprincipal foco em Madrid com os #15M-Indignados e, emsequência, outras ações de ocupação de praças públicas pelapopulação no mundo, contra o capitalismo. Neste capítulopreferi não incluir os eventos da Primavera Árabe por setratar de uma questão mais complexa que não envolve de formatão semelhante os movimentos do “mundo ocidental”, e quemereceria um texto especifico somente para esta temática. Oterceiro capítulo mostrará a amplitude que esses “NovosMovimentos” tiveram no Brasil e qual seus impactos efetivosnas cidades. O quarto capítulo finalizando o artigo será oimpacto desses movimentos no estado do Rio Grande do Norte.
HISTÓRICO
O ponto de partida da AGP inicia-se em 1996 quando os
zapatistas convocaram um encontro internacional de ativistas e
intelectuais em Chiapas para discutir estratégias contra o
inimigo comum: o capitalismo. Seis mil pessoas atenderam a
convocatória e começaram a fortalecer o que viria a ser a Ação
Global dos Povos.
No ano seguinte, na Espanha, é de fato criada a AGP
durante um encontro que contou com a presença de diversos
movimentos sociais como o MST do Brasil, o Sindicato dos
Agricultores do Estado de Karnataka(KRRS) da Índia, o Reclaim
the Streets (RTS) de Londres, o London Greenpeace (que nada
lembra o Greenpeace), entre outros.
Deste encontro na Espanha foram propostos quatro pontos
cruciais para a tentativa do ajuntamento de pessoas em prol de
um princípio comum:
1. “Rejeição explícita das instituições que as
multinacionais e os especuladores construíram para tomar
o poder das pessoas, como a OMC e outros acordos de
liberalização do comércio (como a APEC, a UE, o NAFTA,
etc);”
2. “Uma atitude de confronto, uma vez que não achamos que
tentar influenciar e participar possa ter um grande
impacto nessas viciadas e antidemocráticas organizações,
nas quais o capital transnacional é o único verdadeiro
orientador das políticas1;”
3. “Uma chamada para a desobediência civil não-violenta e a
construção de alternativas locais pelas comunidades
locais, como resposta para a ação dos governos e das
corporações2;”
4. “Uma filosofia organizacional baseada na descentralização1 Na III Conferência Internacional da AGP, realizada em setembro de 2001 em Cochabamba, alguns princípios da AGP, assim como o manifesto, forammodificados, dando-lhes um caráter explicitamente anticapitalista. O princípio citado passou a ser desde então: “Uma rejeição explícita do feudalismo, do capitalismo e do imperialismo; de todos os acordos, instituições e governos que promovem a globalização destrutiva.”2 Após a III Conferência da AGP este princípio foi modificado e passou a ser: “Uma chamada à ação direta e desobediência civil, ao apoio as lutas dos movimentos sociais, propondo formas de resistência que maximizem o respeito pela vida e pelos direitos dos povos oprimidos, assim como pela construção de alternativas locais ao capitalismo global”. Foi retirado o termo “não-violenta”, uma vez que dizia respeito muito mais a uma cultura de ativismo influenciada por Ghandi e quase exclusivamente presente no Norte, também devido às diferentes concepções de “não-violência” existentesem diferentes regiões, e para evitar uma divisão no movimento e criminalização de uma parte dele com base na dicotomia violência/não-violência.
e autonomia”.
Em fevereiro de 1998 a Ação Global dos Povos faz sua
primeira conferência e nasce de fato, pois nesse momento de
forma inédita os movimentos populares mundiais estavam em
contato direto, sem mediação de ONGs. O primeiro encontro
ocorreu na casa do inimigo, sediado no seio de Genebra
(Suíça), o lar da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Compareceram mais de 300 delegados de 71 países, entre
eles comunidades Uwa, ativistas Maori e Ogoni, Rede de
Mulheres Indígenas da América do Norte, ambientalistas
ucranianos, Reclaim the Streets, militantes antinuclear,
sindicalistas coreanos, todos reunidos para formar um
instrumento global para comunicação e ação de todos aqueles
que lutam contra as injustiças sociais praticadas tanto pelas
transnacionais quanto pelos governos de Estado. De concreto na
conferência os participantes tinham a organização global de
duas manifestações em duas reuniões que ocorreriam no mesmo
ano, uma em maio na reunião do G8 em Birminghan (Grã-Bretanha)
e outra um dia depois na própria Genebra durante a segunda
reunião ministerial da OMC.
Em maio de 1998, durante quatro dias, atos de resistência
ocorreram por todo o planeta. Na Índia 200 mil agricultores,
em Brasília 50 mil sem-terras e desempregados tomaram a
capital do país. O Reclaim the Streets fizeram mais de 30
festas mundo à fora desde Finlândia, São Francisco (EUA),
Toronto (Canadá) até Lion (França), Berlim (Alemanha) e Praga
(Rep. Tcheca). Em Praga não ocorria uma mobilização tão grande
desde a Revolução de Veludo de 1989. Em Praga, a festa
terminou com alguns Mc Donald's em um “novo design” e com
batalhas com a polícia.
Enquanto isso em Birminghan 5 mil pessoas paralisavam o
centro da cidade enquanto os líderes do G8 escapavam, como é
de praxe, para um resort local afim de continuar a rodada de
discussões.
No dia seguinte, explodiu em Genebra uma manifestação com
mais de 15 mil pessoas de todo o mundo. O encontro do lado de
dentro era para a celebração do quinquagésimo aniversário do
Acordo Geral de Comércios de Tarifas (GATT), precursor da OMC.
Do lado de fora bancos tiveram suas janelas quebradas, o
Mercedes do diretor-geral da OMC foi virado além da extensão
do protesto por mais 3 dias de forma ascensora.
É evidente que o movimento avançava, as duas manifestações
lograram êxito e o movimento já passou então a preparar uma
nova ação direta como segue relato de um(a) manifestante:
[...] porque não atacar a jugular desta vez?Por que não visar o coração da besta, o núcleopulsante da economia global, os distritosfinanceiros e bancários, a casa das máquinas detoda devastação ecológica e social? Dessa vezpoderíamos fazer a coisa ser maior, melhor eaté mesmo mais diversa...o desejo de fazeralguma coisa nessa pequena milha quadrada depropriedade, na porta de nossas casas, emLondres, o principal centro financeiro daEuropa, e uma das mais antigas capitais e dasmais poderosas regiões, provou ser forte. Tendoa tendência em acreditar na realidade de nossosdesejos, não tínhamos como resistir à tentação.[...] (LUDD, 2002)
Assim, em junho de 1998, ocorreu uma reunião entre
ativistas do Reclaim the Streets e ativistas do London
Greenpeace3 (LGP – um coletivo anarquista que não é vinculado
ao Greenpeace Internacional). Desse encontro ficou evidente
que a ideia entre os grupos sobre um evento na City4 reuniria
todas as campanhas de temas específicos em torno do inimigo
comum: o capital.
Em meados de agosto, a primeira de muitas reuniões
públicas sobre o 18 de junho teve lugar em um centro
comunitário no centro de Londres. Assim como o RTS e o LGP,
vários grupos estavam presentes, indo desde o Mexico Support
Group, London Animal Action ao Mc Libel e ao Class War. A data
definida de 18 de junho de 1999, coincidia com o encontro do
G8, portanto, a City estaria em um dia de “trabalho”5.
“(…) A resistência no 18 de junho de 1999mostrou-se, como era a proposta, tão (ou quasetão) transnacional quanto o capital. Ocorrerammanifestações em mais de 40 países e 120cidades. A data coincidiu ainda com a CaravanaIntercontinental Contra a Organização Mundialdo Comércio que saiu da Índia. Na Nigéria maisde 10 mil pessoas protestaram. Em Colônia maisde 70 mil pessoas foram “recepcionar” o G8(incluindo organizações eclesiásticas e outrasONGs). Em Florianópolis o relógio da RedeGlobo, que comemora os quinhentos anos deinvasão e genocídio nessas terras, amanheceu odia 18 de junho com uma mancha vermelha em umdos seus lados, fazendo com que a figura do
3 O LGP ficou conhecido por se engajar nas manifestações Stop the City durante os anos 80. 4 Centro financeiro de Londres.
5 Trecho adaptado e resumido de uma carta informativa escrita logo após o J18 e distribuída no meio libertário brasileiro.
planeta lá pintada parecesse estar sangrando.Foi pouco para o Brasil...Em Londres, mais de20 mil pessoas participaram...” (IDEM)
O que chama atenção na manifestação do J18 em Londres é a
forma autônoma de organização das atividades que formaram uma
rede para que a liberdade e autonomia de cada grupo fosse
mantida , o que deu um caráter libertário a forma de
organização do movimento, além da consciência política dos
grupos.
Os eventos em Londres aconteceram durante todo o dia. Pela
manhã cedo as bicicletas tomaram as ruas, depois continuou-se
com música, dança nas ruas, performances e marchas sempre de
maneira bastante politizada. No fim da tarde um Mc Donald's
foi destruído, alguns carros de luxo danificados, além de um
showroom da Mercedes-Benz que foi destruído pelos ativistas. A
City foi coberta de pichações. Carros de polícia também,
porém, esses ainda serviram de palco de dança para os
manifestantes. Portas de instituições financeiras foram
sabotadas com cola nas fechaduras, além das vidraças
quebradas.
A forma descentralizada como os manifestantes agiram causou
confusão na polícia, que era acostumada a manifestações e
concentrações em apenas um local. A eficiência da tática de
descentralização auxiliou a fase de organização como vemos:
“Durante a fase de organização dos eventos apolícia londrina filmou os encontros dosgrupos, os simpatizantes e até mesmo os showspara arrecadar fundos. Embora a políciaestivesse preocupada com os protestos, a forma
de organização e articulação “fora dos padrõesbolcheviques” (segundo palavras de umaparticipante) fez com que as tentativas deinfiltração de policiais nos grupos fossemfrustradas. Como resultado, a polícia não faziaideia da dimensão que tomaria os eventos. O queobviamente não impediu os confrontos com apolícia e a violência dos defensores docapital.”6
A partir do êxito do J18, o próximo encontro ficaria
marcado para a reunião ministerial da OMC no dia 30 de
novembro de 1999 (N30), em Seattle, EUA.
Embora no dia 30 de novembro tenha ocorrido manifestações
em mais de cem cidades ao redor do mundo, foi em Seattle que o
desenrolar atingiu diretamente a OMC e seus delegados. Não a
toa foi a maior manifestação nos EUA desde os anos 60 quando
houveram manifestações contra a Guerra do Vietnã.
A tática dos manifestantes foi muito bem planejada para
que fossem bloqueados todos os cruzamentos do centro de
Seattle, assim poderiam impedir os delegados de chegar ao
local da reunião. No fim da tarde a polícia respondeu com
balas de borracha, spray de pimenta e gás lacrimogêneo.
A violência policial não respeitou mulheres, crianças ou
transeuntes que saiam de seus trabalhos, isso deixou
claramente a população contra a ação policial.
“A reunião da OMC só teve início no diaseguinte, porque os manifestantesimpossibilitaram sua abertura no dia 30 denovembro, e suas vozes foram ouvidas. Oencontro da OMC acabou resultando em quase
6 Idem ao 5.
nenhum acordo, e pela primeira vez se viu oseconomistas (liberais) na defensiva nosjornais. Apesar de tudo, o povo ganhou estabatalha. Os protestos em Seattle começaram doisdias antes do dia 30 e ainda duraram diasdepois, transformando-se, após o encontro, emprotestos para soltar os presos políticosencarcerados por estarem nas manifestações.Cogita-se inclusive uma greve geral para soltá-los. Torturas e várias outras formas deviolação de direitos humanos e civis foramsofridas pelos detidos. Os tipos de brutalidadepolicial que estamos acostumados a ver e a ternotícia no Brasil e em governos ditatoriaisforam o lugar-comum desses dias em Seattle.”7
Entre outras coisas que ocorreram no N30, duas merecem
reconhecimento. Uma foi a declaração de um “homem de negócios”
que afirmou: “Estamos realmente assustados com essas pessoas.
Elas parecem não ter medo da autoridade”.
A outra foram as declarações de Bill Clinton dizendo que
apoiava os manifestantes e que o sistema deve ser aberto a
todos, para que abrissem o encontro para as pessoas. Claramente
Bill Clinton mostra a tática básica dos “democratas” de que a
melhor forma de se defender dos dissidentes é incluí-los no
sistema.
Outro ponto digno de nota do N30 foi a vitória nas ruas
dos manifestantes, visto que o evento que ficou conhecido como
a “Batalha de Seattle” devido ao massacre efetuado pelos
policiais e a primeira formalização de uma resistência no
movimento, que viria posterior ao ataque dos policiais a
manifestantes pacifistas com spray de pimenta que bloqueavam
uma das ruas do centro de Seattle. 7 Ibidem.
Centenas de jovens vestidos de pretos e proclamando-se
anarquistas atraíram as lentes das mídias quando iniciaram uma
série de ataques e depredações a grandes bancos e corporações
como o Bank of America, Warnes Bros., Starbucks, Planet
Hollywood, Mc Donalds, NikeTown, Levis entre outros. O mundo
ouviria falar através das mídias pela primeira vez dos Black
Blocks8.
Para o N30 foi lançado em Seattle o Independent Media
Center9, que no Brasil é conhecido por CMI – Centro de Mídias
Independentes.
NOVOS MOVIMENTOS
O movimento convocatório cidadão e apartidário denominado
Indignados foi construído no calor da internet e das redes
sociais, através de um grupo de discussão completamente
informal denominado “Plataforma de coordenação de grupos pró-
mobilização cidadã”, cujo único fim era o de fomentar a
discussão aberta entre todos aqueles que queriam envolver-se
na preparação e coordenação de ações comuns.
A ação comum coletiva retirada desse fórum aberto de
discussões foi uma manifestação ampla na Praça da Porta do Sol
no dia 15 de maio de 2011 em razão da grave crise econômica
que passava a Europa e a Espanha devido ao golpes do capital
especulativo.
8 Agrupamento livremente organizado, formado por grupos de afinidade e indivíduos que perambulavam pelo centro da cidade, tomando uma determinada direção, ora por causa de uma fachada de loja significativa e vulnerável e ora por avistar um contingente policial.9 www.indymedia.org
Nessa ação reuniram-se diversos movimentos populares, mas
não partidos, já que na Espanha o sistema é bipartidarista
compartilhado.
Como veremos em alguns manifestos e documentos sobre o
movimento, a grande crise para os manifestantes era a grave
crise social gerada pelo envolvimento direto da política na
economia e da manutenção de privilégios para as grandes
fortunas e transnacionais, além é claro, da crise já crônica
em todo sistema democrático representativo da corrupção pelos
partidos políticos e seus representantes diretos ou indiretos.
O movimento “Indignados” parece assemelhar-se à uma
continuação da forma e estrutura de manifestações que se
iniciaram durante o ano de 1996 com os zapatistas até
atingirem seu auge na “Batalha de Seattle” pautado sempre na
autogestão, diversidade, apartidarismo e diferente de outras
revoluções não a tomada de poder, mas a distribuição de forma
mais equitativa, o que fortalece o espírito coletivo de
liberdade de uma sociedade, na tentativa de nos levar ao
desenvolvimento social de fato, e não apenas tecnológico,
industrial ou agrotecnológico, que enriquece poucos e
escraviza muitos.
Segundo o próprio movimento em manifesto produzido durante
a ocupação da Praça da Porta do Sol:
“Somos pessoas normais e grupos. Somos comovocê: gente que se levanta pelas manhãs paraestudar, para trabalhar ou para buscartrabalho, gente que tem família e amigos. Genteque trabalha duro todos os dias para viver edar um futuro melhor aos que nos rodeiam.
Alguns de nós nos consideramos maisprogressistas, outros mais conservadores.Alguns crentes, outros não. Alguns temideologias bem definidas, outros se consideramapolíticos...Mas todos estamos preocupados eindignados pelo panorama político, econômico esocial que vemos ao nosso redor. Pela corrupçãodos políticos, empresários, banqueiros... Pelaimpotência do cidadão comum. Esta situaçãocausa danos diariamente a todos. Mas se todosnos unirmos, podemos mudá-la. É hora decolocar-se em movimento, hora de construirentre todos uma sociedade melhor.”
Para isso, propuseram alguns pontos comuns:
As prioridades de toda sociedade avançada tem de ser aigualdade, o progresso, a solidariedade, o livre acesso àcultura, a sustentabilidade ecológica e odesenvolvimento, o bem-estar e a felicidade das pessoas.
Existem alguns direitos básicos que deveriam estarcobertos nestas sociedades: direito à moradia, aotrabalho, a cultura, a saúde, a educação, a participaçãopolítica, ao livre desenvolvimento pessoal e os bensnecessários para uma vida saudável e feliz.
O atual funcionamento de nosso sistema econômico egovernamental não atende a essas prioridades e é umobstáculo para o progresso da humanidade.
A democracia parte do povo (demo=povo; cracia=governo) ,e por isso o governo deve ser do povo. Entretanto, nestepaís a maior parte da classe política nem sequer nosescuta. Sua função deveria ser a de levar nossa voz asinstituições, facilitando a participação política cidadãmediante causas diretas e procurando o maior benefíciopara a maior parte da sociedade, não enriquecer-se eprosperar nas nossas costas, atendendo somente osmandamentos dos grandes poderes econômicos e mantendo-seno poder através de uma ditadura partidocráticaencabeçada pelas imóveis siglas do PPSOE.
A ânsia e acumulação de poder em alguns poucos geradesigualdade, tensão e injustiça, o qual conduz aviolência, que rechaçamos. O obsoleto e antinatural
modelo econômico vigente bloqueia a maquinaria social emum espiral que consome a si mesmo, enriquecendo algunspoucos e deixando na pobreza e na escassez o resto. Bastade colapso.
A vontade e o propósito do sistema é a acumulação dedinheiro, priorizando isso acima da eficácia e do bem-estar da sociedade. Esbanjando recursos, destruindo oplaneta, gerando desemprego e consumidores infelizes.
Nós cidadãos formamos parte da engrenagem de uma máquinadestinada a enriquecer uma minoria que não sabe nem denossas necessidades. Somos anônimos, mas sem nós nadadisso existiria, pois, nós movemos o mundo.
Se como sociedade aprendemos a não confiar nosso futuro auma abstrata rentabilidade econômica que nunca retorna embenefício da maioria, poderemos então eliminar os abusose carências que todos sofremos.
É necessária uma Revolução Ética. Temos posto o dinheiroacima do Ser Humano e temos que colocá-lo a nossoserviço. Somos pessoas, não produtos de mercado. Eu souapenas o que compro, por que eu compro e para que comprá-lo.
Por todo o anterior, estou indignado.Creio que posso mudarCreio que posso ajudarSei que unidos podemosSiga conosco. É seu direito.
O movimento entrou em confronto com a polícia durante odia 15 de maio de 2011 onde novamente fizeram assembleias edecidiram continuar ocupando a Praça Porta do Sol.
Nesse momento, já estavam pautando a criação deassembleias nos bairros para o fortalecimento do movimento eno dia 20 de maio os manifestantes fizeram uma grandeassembleia na Praça e com o acúmulo durante os dias dasreclamações da população decidiram divulgar a primeira relaçãode propostas ao país e seus mandatários.
Lembramos que a Assembleia é um processo aberto ecolaborativo. Esta lista não deve ser entendida como fechada.
PROPOSTAS APROVADAS NA ASSEMBLEIA DE 20 DE MAIO DE 2011 EMACAMPA SOL
1 Mudança na lei eleitoral para que as listas sejam abertase com circunscrição única. A obtenção de cadeiras deve serproporcional ao número de votos;
2 Atenção aos direitos básicos e fundamentais garantidos naConstituição a saber:
Direito à uma moradia digna, articulando uma reforma daLei Hipotecaria para que a entrega da casa em caso deinadimplência seja cancelada.Saúde pública, gratuita e universal.Livre circulação de pessoas e reforço de uma educaçãopública e laica.
3 Abolição das leis e medidas discriminatórias e injustascomo são a Lei do Plano Bolonia1 e o Espaço Europeu deEducação Superior, a Lei Estrangeira e a conhecida comoLei Sinde2.
4 Reforma fiscal favorável às rendas mais baixas, umareforma dos impostos de patrimônios e sucessões.Implantação da Taxa Tobin, a qual grava as transferênciasfinanceiras internacionais, e a supressão dos paraísosfiscais.
1 http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/03F66B88-FB08-41E2-8532- 982517E8538B/380/Declaracao_Bolonha_portugues1.pdf2 A Lei Sinde, é uma disposição na Espanha da Lei de Economia Sustentável,projetado para atender a pirataria na internet. A lei foi aprovada no último obstáculo legislativo e foi transformada em lei sexta-feira 30 de dezembro de 2011. A lei criou uma comissão nova propriedade intelectual concebida para analisar pedidos de detentores de direitos autorais sobre sites que eles afirmam infringir seus direitos autorais. A comissão tem autoridade para determinar se a tomar medidas contra os intermediários site ou de conteúdo, como o provedor de serviço de Internet (ISP) ou provedor de hospedagem.
5 Reforma das condições trabalhistas da classe políticapara que sejam abolidos seus saldos vitalícios. Que osprogramas e as propostas tenham caráter vinculante.
6 Rechaçamos e condenamos a corrupção. Que seja obrigatóriopela Lei Eleitoral apresentar listas limpas e livres desuspeitos ou condenados por corrupção.
7 Medidas plurais com respeito a banca e os mercadosfinanceiros em cumprimento dor artigo 128 da Constituição,que determina que “toda a riqueza dos pais em suasdiferentes formas, e seja qual for sua titularidade, estásubordinada ao interesse geral”. Redução do poder do FMI edo BCE3. Nacionalização imediata de todas as entidadesbancárias que tenham que ser resgatados pelo Estado.Endurecimento dos controles sobre entidades e operaçõesfinanceiras para evitar possíveis abusos em qualquer desuas formas.
8 Desvinculação verdadeira entre a igreja e o Estado, comoobserva o artigo 16 da Constituição.
9 Democracia participativa e direta em que a cidadaniatorne-se parte ativa. Acesso popular aos meios decomunicação que deverão ser éticos e verdadeiros.
10 Verdadeira regularização das condições de trabalho e quese vigie o seu cumprimento por parte dos poderes doEstado.
11 Fechamento de todas as centrais nucleares e a promoção deenergias renováveis e gratuitas.
12 Recuperação das empresas públicas privatizadas13 Efetiva separação dos poderes executivo, legislativo e
judiciário.14 Redução do gasto militar, fechamento imediato das fábricas
de armas e um maior controle das forças e corpos deseguranças do Estado. Como movimento pacifista acreditamosem “Não à guerra”.
15 Recuperação da memória histórica e dos princípiosfundadores da luta pela Democracia em nosso País.
16 Total transparência das contas e dos financiamentos dospartidos políticos como medida de contenção a corrupçãopolítica.
3 BCE – Banco Central Espanhol
No dia 22, novamente lançaram novas propostas além dasmesmas mais detalhadas envolvendo economia, direitosfundamentais, gastos militares, etc.
A forma como a polícia agiu também é revelada pelosmanifestantes que foram detidos durante a manifestação do dia15 de maio abertamente através de um manifesto produzido pelosmesmos após conseguirem sair dos momentos de tortura enquantopresos políticos:
COMUNICADO DOS PRESOS DA MANIFESTAÇÃO DE 15 DE MAIO DE 2011(22/05/2011)
Com este comunicado queremos mostrar como nos tratou a
polícia nacional e que as pessoas sabem qual são as atitudes
dessas pessoas, cegas pelo poder. Queremos escrever essas
linhas para expressar como nos sentimos diante do acontecido
Somos pessoas muito diferentes, algumas se definem como
anarquistas, outras como altermundista, feministas,
ecologistas, gente que é partidária de uma democracia real,
etc, mas tod@s vimos e sofremos em nossas carnes o abuso
policial desproporcional e injusto.
Assumindo que algumas não participaram da manifestação, e
os que estivemos podemos defender distintas formas de ação
política, tod@s temos um sentimento em comum, o descontento
com a situação atual de nossas vidas (a dificuldade de
encontrar trabalho ou as condições precárias, não poder
realizar nossos sonhos por culpa das desigualdades econômicas
e por toda esta educação baseada em consumir e consumir
reprimid@s por nossas ideias políticas ou por querer ser
diferente ao que nos rodeia).
Nos encontramos frente a um panorama sem nenhuma esperança e
sem um futuro que nos incite a viver tranquil@s e poder
dedicar-nos ao que cada um de nós gosta. Por isso, a maioria
voltamos a convocatória de 15 de maio para tentar mudar esse
sistema por algum mais justo e equitativo, mas qual foi nossa
experiência? REPRESSÃO por parte dos corpos de segurança do
Estado.
Foi vergonhoso ver como alguns homens exaltados, vestidos e
dotados de toda a classe de armamento para assustar e atacar
qualquer coisa que se movia ou a qualquer pessoa que era um
pouco diferente ao ditado pela tendências do mercados, ver
como a polícia, que se supõe estar para manter a ordem e e a
paz social, pegava impunemente quem estava a seu alcance, com
as caras cheias de ódio e as pupilas dilatadas (pelos
estimulantes que talvez tenham consumido), esse terror que
utilizam para defender os banqueiros, políticos e grandes
empresários.
[…] Além de todos estes mal tratos e humilhações, estão nos
denunciando pelo delitos de “Desordem pública” com penas entre
seis meses e três anos de prisão; “Atentado contra a
autoridade”, com pena de um à três anos de prisão, e
“Resistência”. O primeiro delito é comum a todos os detidos e
logo variam de dois a três delitos. Estes são os testemunhos
dos maiores de idade, havendo ainda outros cinco menores que
foram levados ao GRUME (Grupo Especial de Menores) e cujo os
testemunhos não conhecemos e a eles queremos desejar nossa
solidariedade.Este foi o tratamento que recebemos, sem
esquecer que tiveram que ficar deitados no chão com o rosto
para baixo ou virado para a parede, com as amarras ou algemas
apertadas ao máximo, durante duas ou três horas.
Com este comunicado queremos mostrar como nos tratou a
polícia nacional espanhola e que a população saiba qual é a
atitude destas pessoas, cegadas pelo poder que nos impõem.
Animamos a toda a população a seguir participando dessas
mobilizações, ou como creiam conveniente, para mostrar a eles
que não nos dão medo e que estamos fartos de suas mentiras e
seus roubos.
Se lutas pode perder, mas se não luta está perdido.
A rua é nossa e nossas vidas também. Já não acreditamos
mais em suas mentiras. As mudanças se fazem na rua e não
somente nas urnas. Não nos representam. “Que no, que no, que no nos
representan!”4
Além do movimento Indignados, em 17 de setembro de 2011
surge outro movimento no coração dos burgueses ladrões, no
Zuccotti Park, no distrito financeiro de Manhattan, na cidade
de Nova York, o movimento ainda continua, denunciando a
impunidade dos responsáveis e beneficiários da crise
financeira mundial.
Desses, surgiram outros movimentos Occupy por todo o
mundo, entretanto, em cada parte existe um movimento contra a
globalização e em prol da valorização das culturas locais,
mesmo que midiaticamente assim não o pareça. Entre outros
4 Todos os trechos foram extraídos do livro de Fernando Cabal – Indignados 15M e traduzidos livremente para a língua portuguesa pelo autor.
movimentos Occupy pelo mundo encontramos Occupy Together,
Occupy South Africa, Occupy ArabLand, Occupy Europa, Occupy
America Sur, Occupy UK, Occupy America Sur, Occupy Prishtina,
Occupy Buenos Aires, Occupy Rosario, Occupy Australia, Occupy
Armidale, Occupy Brisbane.
NOVOS MOVIMENTOS NO BRASIL
No Brasil, as bandeiras mais levantadas pelos movimentos
de ocupação de ruas e praças foram as causas contra a
corrupção e em prol de benefícios comuns a todos, além de uma
forte luta por uma democracia real momentânea, bastante
semelhante ao movimento Indignados da Praça da Porta do Sol.
Pelo país, os movimentos de ocupação lograram êxito em
diversas cidades do país, ocupando praças e prédios públicos,
além de conseguirem dessa forma atingir de forma política as
pessoas no país, já que as mesmas são intensamente
anestesiadas por televisores e outros produtos do
entretenimento.
Os “Ocupas” no Brasil tiveram bastante força nas capitais,
mas, como veremos, não foi apenas o movimento Occupy ou os
Indignados que fortaleceram a luta dos brasileiros. No Rio
Grande do Norte, por exemplo, os manifestantes foram mais
influenciados pela Primavera Árabe do que por conta dos dois
movimentos ocidentais, até por conta da ocupação na Câmara
Municipal de Vereadores da cidade do Natal ocorrer antes das
ocupações das praças em Madrid e por toda a Espanha.
Porém, os movimentos de neo-manifestação ocidentais
conseguiram atingir grande parte do país como: Ocupa Rio,
Ocupa Campinas, Ocupa Vitória, Ocupa Salvador, Ocupa Sampa,
Ocupa Belo Horizonte, Ocupa Distrito Federal, Ocupa Sorocaba,
Ocupa Porto Alegre, Ocupa Bauru, Ocupa Niterói, Ocupa
Curitiba, Ocupa Uberlândia e Ocupa Fortaleza.
É importante ressaltar nessas manifestações o envolvimento
de jovens que até então abdicavam de seus direitos políticos e
que passam agora a prestar mais atenção nas manobras efetuadas
pelas transnacionais e governos de Estado para a manutenção do
poder coercitivo na sociedade.
Esses jovens indignam-se ao perceber que sua liberdade é
inexistente, que o conceito de democracia é algo somente
teórico, e que a verdadeira democracia só se faz com
manifestações e cobrança não só dos representantes, mas de
todos aqueles que deveriam prestar serviços básicos a
população como transporte público e educação básica.
O olhar desses jovens para uma democracia real causa
receio em todo representante político, por isso, os partidos
políticos tentam cooptar essa juventude ou mesmo anexar a luta
a bandeira de seu partido, para que enfraqueçam a força de um
movimento autônomo e sem lideranças, fugindo ao modelo
caquético dos partidos políticos e das grandes centrais
sindicais.
IMPACTO DOS NOVOS MOVIMENTOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
No Rio Grande do Norte, o movimento mais assimilado pelos
participantes era de fato a Primavera Árabe e não os
movimentos de contestação ocidentais, até por conta dos
períodos. Quando houve a primeira ocupação no estado, que
ocorreu na Câmara Municipal de Vereadores da cidade do Natal,
o movimento Occupy ainda não existia.
A ocupação da câmara se deu por conta das sucessivas
denúncias à prefeita da cidade Micarla de Sousa sobre diversas
irregularidades envolvendo a prefeitura e várias empresas, a
prefeitura e o Tribunal de Justiça, além de outros “acordos”
celebrados pela Prefeitura. O caos começou a ser instalado
após sucessivas reclamações de lixo, buracos, alagamentos,
falta de manutenção em prédios públicos, entre outros, por
parte dos moradores da cidade.
Além disso, a prefeitura envolveu-se diretamente no não-
pagamento dos funcionários de diversos quadros. Com isso, 16
categorias de trabalhadores entraram em greve, incluindo os
motoristas de ônibus, deixando a cidade em uma situação de
sítio.
Os jovens estudantes e diversas outras pessoas indignadas
com a situação marcaram pela internet via Facebook o primeiro
protesto na rua, que seria realizado às 18h(hora de pico) no
cruzamento das avenidas de entrocamento entre a região norte e
sul da cidade. (Avenida Senador Salgado Filho [BR101] –
Avenida Bernardo Vieira)
Nesta primeira manifestação, 25 de maio de 2011, houve a
paralisação do trânsito por cerca de 5000 manifestantes, que
além de trancar o trânsito, gritavam e levavam faixas pedindo
a saída da prefeita Micarla de Sousa além da normalização dos
serviços públicos básicos.
Nesse momento até a Polícia Militar estava prestes a
entrar em greve. A manifestação continuou até por volta das
22h até terminar em frente ao estádio João Machado (Machadão),
com os manifestantes fazendo uma grande roda em torno de um
outdoor com a propaganda da prefeitura que foi queimado pela
raiva dos participantes.Ali, marcaram uma nova manifestação
para 01 de junho de 2011e nessa, encontram-se em frente ao
estádio para continuar a marcha contra a prefeitura e seus
representantes.
Na plenária decidem seguir em direção a BR e depois seguir
em marcha para o Bairro de Ponta Negra, na zona sul da
capital.
A manifestação conta com uma média de 3000 pessoas e é
aplaudido por todos que estavam nas paradas de ônibus da BR-
101. Ao sair da BR-101 que é de responsabilidade da PRF,
entraram na Avenida Engenheiro Roberto Freire já sob
responsabilidade da PM-RN para seguir até o Praia Shopping no
bairro de Ponta Negra. Entretanto, ao entrar na jurisdição da
PM-RN os manifestantes foram surpreendidos com sprays de
pimenta e gás lacrimogênio.
Isso não afastou os participantes da luta a ser vencida.
Os policiais como estavam em minoria foram emparedados pelos
participantes que gritavam para eles “Polícia é pra ladrão,
pra estudante não” e “Não, Não, Não passarão”.
Em nenhum momento algum policial foi agredido. A
manifestação continuou até o Praia Shopping, e de lá, fizeram
um Roletaço pelos ônibus da cidade contra a precariedade dos
carros e o preço abusivo praticado pela prefeitura em
coadunação com o sindicato dos empresários do transporte de
Natal o SETURN.
Desses movimentos, no dia 07 de junho de 2011 pela manhã,
os manifestantes fizeram um protesto em frente a Câmara dos
Vereadores pedindo que fosse reaberto o pedido de investigação
da CEI dos aluguéis, que investigaria os supostos casos de
corrupção a partir de contratos de aluguéis feitos pela
prefeitura. Como os manifestantes não foram atendidos, muito
menos recebidos, decidiram ali em assembleia ocupar a Câmara
até que a CEI fosse reinstalada e os manifestantes pudessem
ter a TV Câmara à disposição para informar a população sobre a
grave condição que se encontrava o município. Além claro, do
impeachment da prefeita Micarla de Sousa do Partido Verde.
Os manifestantes ocuparam a Câmara por um período de 11
dias, sob pressão policial, sob pressão da prefeitura, sob
pressão da bancada de situação da câmara, sob pressão de
tentativas incriminatórias do movimento, sob pressão dos
guardas da câmara, sob pressão da própria sociedade que
cobrava ações do Estado e da Justiça.
O TJ-RN por sua vez, apoiou os políticos e ordenou que a
polícia desocupasse a câmara com o uso da força, mesmo sabendo
que lá tinham diversas crianças, mulheres, jovens, grávidas,
idosos e outros.
Entretanto, no último suspiro do dia 15 de junho de 2011,
o movimento conhecido como #ForaMicarla que, após ocupar a
câmara de vereadores também adotou “Acampamento Primavera sem
Borboleta, conseguiu através da assistência jurídica que era
composta por estudantes de direito e advogados da OAB-RN, uma
liminar no Supremo Tribunal de Justiça – STJ que garantia o
direito de ocupar qualquer espaço público.
O movimento tinha conseguido “quebrar” toda a autoridade
local e, no outro dia, a Câmara aceitou todos os pedidos de
acordo dos manifestantes para que assim fosse feita a
desocupação da Casa do Povo.
Após a desocupação, a prefeitura sofreu vários golpes,
entretanto, nenhum foi capaz de derrubar a prefeita Micarla de
Sousa, que veio a cair somente no final de novembro de 2012,
quando se comprovou praticamente todas as denúncias feita
pelos ocupantes. E aí, fica a questão, porque é que as pessoas
que não participam do jogo especulativo da representação, não
tem a mesma voz para denunciar?
CONCLUSÕES
Os movimentos de manifestação de rua são extremamente
importantes e devem continuar garantindo força e contingente
para que a luta não cesse. Entretanto, é importante buscarmos
formas de valorar e validar as decisões do povo, sejam elas
tomadas em praças públicas ou via eleições formais.
A decisão do povo é a única forma de fazer democracia. A
democracia não é a representação do meu poder, isso é
democratura. Democracia é o poder do povo para o povo e pelo
povo, porém infelizmente o que vemos hoje é uma Democratura
que é a ditadura vestida de democracia para o favorecimento
das transnacionais e a facilitação da corrupção por parte dos
partidos políticos e centrais sindicais.
Talvez devamos também pensar na estrutura de representação, a
via eleitoral, será que ela nos dá condição de sermos cidadãos
ou nos tira esse direito?
O maior incentivo é a certeza maior de que os movimentos de
manifestação de rua não têm interesse em tomar o poder, e sim
de distribuí-lo para todos.
REFERÊNCIAS
LUDD, Ned (Org.). Urgência das ruas: Black Block, Reclaim the Streets e os Dias de Ação Global. São Paulo: Conrad, 2002.
AUGÉ, Marc. Por uma antropologia da mobilidade. Maceió: EDUFAL; UNESP. 2010.
CABAL, Fernando. Indignados 15M; Traduzido para o Brasil por Cauê Almeida Galvão; 2011.