Programa Optativa - Tópicos em CienPol. IV (Movimentos sociais)

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS PROGRAMA DE DISCIPLINA Código: HC175 - Tópicos Especiais em Ciência Política IV (Movimentos sociais) Professor responsável: JOSÉ SZWAKO Semestre/Ano: 2 / 2014 Tipo: Optativa Seg. 9:30-11:30 e Qua. 7:30-9:30 EMENTA Estudos monográficos sobre política sindical e das organizações. Syllabus O curso persegue pistas para uma sociogênese da sociedade civil brasileira na passagem do Império para a República, observando as formas associativas estruturadas por clivagem religiosa, mutualista e abolicionista não exclusivamente urbanas. Para isso, se opõe a teses consagradas na literatura segundo as quais as formas populares de mobilização e organização teriam começado, no Brasil, apenas pouco tempo antes do getulismo. Se esta ideia está expressa no segundo volume da ‘Integração do negro na sociedade de classes’, teses análogas a ela não faltam na sociologia e no nosso senso comum: ideias fora do lugar, atrasado, cordial, passivo e subdesenvolvido são alguns dos termos que pretendem, pela falta e em negativo, explicar um povo supostamente desmobilizado (cuja versão última e positiva acredita que ‘o gigante acordou’). A observação dos estudos de caso sobre o que houve de fato (ou seja, sobre revoltas e procissões, planos e pânicos, e sobre associações e alianças com e contra a elite imperial) permite levantar a hipótese a respeito das ‘raízes do Brasil civil’ ou, melhor, a hipótese da transformação estrutural da esfera púbica brasileira que, entre 1860 e 1930, parece ter dado as condições de emergência de nossa política contemporânea corporativista e representativa. Avaliação O desempenho no curso será a média composta de duas notas. A primeira vem das leituras parciais obrigatórias comprovadas semanalmente. Serão dois a três artigos por semana, parte dos quais deve ser lido, comentado [mais de meia lauda em esp. 1,5, fonte 12] e enviado às terças até 22.00 ao email [email protected] ou ao começo da aula [7.45]. Não serão admitidos/avaliados comentários entregues posteriormente à aula. A segunda nota vem do trabalho final redigido com base nos documentos oficiais relativos à última década do Império no Paraná. Estão previstas visitas ao Arquivo Público do estado, por meio das quais os/as discentes terão contato com o material a ser selecionado. Inspirados na bibliografia debatida, o objetivo é observar as dinâmicas associativas em nível local e como elas eram então ‘observadas’ pelo poder público. Para a primeira aula [06/08] requere-se a leitura dos verbetes em anexo após o calendário das aulas.

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

PROGRAMA DE DISCIPLINA

Código: HC175 - Tópicos Especiais em Ciência Política IV (Movimentos sociais)

Professor responsável: JOSÉ SZWAKO

Semestre/Ano: 2 / 2014 Tipo: Optativa

Seg. 9:30-11:30 e Qua. 7:30-9:30

EMENTA

Estudos monográficos sobre política sindical e das organizações.

Syllabus

O curso persegue pistas para uma sociogênese da sociedade civil brasileira na passagem do Império para a

República, observando as formas associativas estruturadas por clivagem religiosa, mutualista e abolicionista

– não exclusivamente urbanas. Para isso, se opõe a teses consagradas na literatura segundo as quais as

formas populares de mobilização e organização teriam começado, no Brasil, apenas pouco tempo antes

do getulismo. Se esta ideia está expressa no segundo volume da ‘Integração do negro na sociedade de

classes’, teses análogas a ela não faltam na sociologia e no nosso senso comum: ideias fora do lugar,

atrasado, cordial, passivo e subdesenvolvido são alguns dos termos que pretendem, pela falta e em

negativo, explicar um povo supostamente desmobilizado (cuja versão última e positiva acredita que ‘o

gigante acordou’). A observação dos estudos de caso sobre o que houve de fato (ou seja, sobre revoltas e

procissões, planos e pânicos, e sobre associações e alianças com e contra a elite imperial) permite levantar

a hipótese a respeito das ‘raízes do Brasil civil’ ou, melhor, a hipótese da transformação estrutural da esfera

púbica brasileira que, entre 1860 e 1930, parece ter dado as condições de emergência de nossa política

contemporânea – corporativista e representativa.

Avaliação

O desempenho no curso será a média composta de duas notas. A primeira vem das leituras parciais

obrigatórias comprovadas semanalmente. Serão dois a três artigos por semana, parte dos quais deve ser

lido, comentado [mais de meia lauda em esp. 1,5, fonte 12] e enviado às terças até 22.00 ao email

[email protected] ou ao começo da aula [7.45]. Não serão admitidos/avaliados comentários

entregues posteriormente à aula. A segunda nota vem do trabalho final redigido com base nos documentos

oficiais relativos à última década do Império no Paraná. Estão previstas visitas ao Arquivo Público do estado,

por meio das quais os/as discentes terão contato com o material a ser selecionado. Inspirados na

bibliografia debatida, o objetivo é observar as dinâmicas associativas em nível local e como elas eram

então ‘observadas’ pelo poder público. Para a primeira aula [06/08] requere-se a leitura dos verbetes em

anexo após o calendário das aulas.

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CALENDÁRIO

Agosto, 6

Apresentação da disciplina; debate sobre envolvimento, leituras e avaliação; aula sobre os verbetes (em

anexo) ‘Sociedade’, ‘Massas’ e ‘Popular’ de R. Williams.

Agosto, 11 e 13 [Sem 2] Contratese

COSTA, Emilia Viotti da. Introdução. In: Da Monarquia à República. São Paulo: Unesp, p.11-19. 2010

FERNANDES, Florestan. Manifestação e objetivos dos movimentos sociais. In: A Integração do negro na

sociedade de classes. v.2. São Paulo: Globo, p.11-54.

Agosto, 18 e 20 [Sem 3] Tese

FRANCO, Ma. Sylvia de Carvalho. O Código do sertão & A dominação pessoal. In: Homens livres numa

sociedade escravocrata. São Paulo: Unesp, respectivamente, p.21-64; 65-114.

Agosto, 25 e 27 [Sem 4] Bloco escravismo, liberdade e politização

KLEIN, Herbert S.(2012) A experiência afro-americana numa perspectiva comparativa: a situação atual do

debate sobre a escravidão nas Américas. In: Afro-Ásia, n.45, pp. 95-121. Disponível em www.scielo.br

CHALHOUB, Sidney. (2010) Precariedade estrutural: o problema da liberdade no Brasil escravista (século XIX).

In: Revista História Social, n. 19, p.33-62.

PINHO, Osmundo de A. & Ângela FIGUEIREDO. (2002) Idéias fora do lugar e o lugar do negro nas ciências

sociais brasileiras. In: Estudos afro-asiáticos,vol.24, pp. 189-210. Disponível em www.scielo.br

Setembro, 1º e 3 [Sem. 5]

COUCEIRO, Luiz A. & Carlos E. ARAUJO (2003). Dimensões cativas e construção da emancipação: relações

morais nas lógicas de sociabilidade de escravos e livres (Sudeste, 1860-1888). In: Estudos Afro-asiáticos, vol.25,

pp. 281-306. Disponível em www.scielo.br

CASTILHO, Celso & Camillia COWLING. (2013) Bancando a liberdade, popularizando a política: abolicionismo

e fundos locais de emancipação na década de 1880 no Brasil. In: Afro-Ásia. n.47, pp. 161-197. www.scielo.br

DOMINGUES, Petrônio (2014) Cidadania por um fio: o associativismo negro no Rio de Janeiro (1888-1930) In:

Revista Brasileira de História, v. 34, nº 67, p. 251-281.

Setembro, 8 e 10 [Sem. 6]

ALONSO, Angela. (2011) Associativismo avant la lettre – as sociedades pela abolição da escravidão no Brasil

oitocentista. In: Sociologias, n. 28, pp. 166-199. Disponível em www.scielo.br

MACHADO, Maria Helena T. O Plano e o pânico. Os movimentos sociais da década da abolição.

Setembro, 15 e 17 [Sem. 7]

Visita de pesquisa orientada ao Arquivo Público do estado do Paraná [segunda-feira, 15]

Síntese do primeiro bloco – escravismo, liberdade, abolição. [quarta-feira, 17]

Setembro, 22 e 24 [Sem. 8] Bloco religião/religiosidade

HOORNAERT, Eduardo. (1973) Para uma História da Igreja no Brasil. Revista Eclesiástica Brasileira, Petrópolis, v.

33, n. 129, p. 117-138.

BARROS, Roque Spencer Maciel de. (1974) A Questão Religiosa. In: História Geral da Civilização Brasileira. São

Paulo: Difel, Tomo II, p. 338-365.

POMPA, Cristina. (2012) ‘Dossiê Religião e Espaço Público: repensando conceitos e contextos’. In: Religião e

Sociedade, vol.32, n.1, pp. 157-166.

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Setembro, 29 e Outubro, 1º [Sem. 9]

REIS, João José. (1997) Identidade e diversidade étnicas nas irmandades negras no tempo da escravidão.

Tempo: Revista do Departamento de Historia da UFF. Rio de janeiro: Relume Dumará, vol. 2, N° 03..

QUINTÃO, Antonia A. (S/D) ‘Irmandades Negras: estratégias de resistência e solidariedade’. Disponível em

http://midiaetnia.com.br/wp-content/uploads/2010/09/Irmandades-Negras-Antonia.pdf

OLIVEIRA, Anderson J. de. (2002) Os Bispos e os Leigos: Reforma Católica e Irmandades no Rio de Janeiro

Imperial. In: Lócus: Revista de História. Juiz de Fora, v.8, n. 2, p.72

Outubro, 6 e 8 [Sem. 10] (sobreposições, hierarquias, festas)

SOUZA, João C. (2004) O caráter religioso e profano das festas populares: Corumbá, passagem do século XIX

para o XX. In Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 24, nº 48, p.331-351.

GIUMBELLI, E. (1997) Os curandeiros infestam a cidade: o código penal de 1890 e os espíritas do Rio de

Janeiro. In: O Cuidado dos mortos. Rio: Arquivo Nac., pp. 79-104.

Outubro, 13 e 15 [Sem. 11]

DELLA CAVA, Ralph. (1975) Igreja e Estado no Brasil do século XX: sete monografias recentes sobre o

catolicismo brasileiro - 1919-64. Estudos Cebrap, n. 12, p. 5-52.

AQUINO, Maurício de (2012). Modernidade republicana e diocesanização do catolicismo no Brasil: as

relações entre Estado e Igreja na Primeira República (1889-1930) in: Revista Brasileira de História, v. 32, nº 63,

p. 143-170.

LEISTNER, Rodrigo M. (2011) Identidades afro-religiosas no sul do Brasil: novos formatos associativos e

modalidades alternativas de atuação política no contexto das religiões afro-gaúchas. In Revista Brasileira de

História das Religiões, n. 11.

Outubro, 20 e 22 [Sem. 12]

Retorno (segunda visita) ao Arquivo Público do estado do Paraná. [segunda-feira, 20]

Síntese do segundo bloco – religiosidade, sociedade civil e mobilização [quarta-feira, 22]

Outubro, 27 e 29 - Semana da Anpocs

Novembro, 3 e 5 [Sem. 13] Bloco mutualismo e classe à brasileira

BATALHA, Claudio H. M. (1999) Sociedades de trabalhadores no Rio de Janeiro do século XIX: algumas

reflexões em torno da formação da classe operária. Cadernos AEL., v. 6, n.10-11, pp. 41-68.

BATALHA, Claudio H. M. (1997) Vida associativa: por uma nova abordagem da história institucional nos

estudos do movimento operário. In: Anos 90, n. 8, pp. 91-99. VISCARDI, Cláudia M. R. (2008) Experiências da prática associativa no Brasil (1860-1880) In: Topoi, v. 9, n. 16,

pp. 117-136.

Novembro, 10 e 12 [Sem. 14]

CORD, Marcelo M. (2014) Francisco José Gomes de Santa Rosa: experiências de um mestre pedreiro pardo e

pernambucano no oitocentos. In: Afro-Ásia, 49, pp. 199-227.

JESUS, Ronaldo P. (2007) Associativismo no Brasil do Século XIX: repertório crítico dos registros de sociedades

no Conselho de Estado (1860-1889). In: Locus Revista de história, v. 13, pp. 144-170.

JESUS, Ronaldo P. & David P. LACERDA (2010) Dinâmica associativa no século XIX: socorro mútuo e

solidariedade entre livres e libertos no Rio de Janeiro Imperial. In: Revista Mundos do Trabalho, v. 2, n. 4, pp.

126-142.

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Novembro, 17 e 19 [Sem. 15]

VISCARDI, Claudia M. R. (2009) Estratégias populares de sobrevivência: o mutualismo no Rio de Janeiro

republicano. In: Revista Brasileira de História. v. 29, n. 58, pp. 291-315.

NOMELINI, Paula C. B. (2010) Mutualismo em Campinas no início do século XX: possibilidades para o estudo

dos trabalhadores. In: Revista Mundos do Trabalho, v. 2, n. 4, pp. 143-173.

CHAMON, Carla S. & James W. GOODWIN JR. (2012) “A incorporação do proletariado à sociedade

moderna”: a Escola de Aprendizes Artífices de Minas Gerais (1910-1941). In: Varia Historia, v. 28, n. 47, p.319-

340.

Novembro, 24 e 26 [Sem. 16] [Rumo à síntese]

PAOLI, Maria C. (1987) Os trabalhadores urbanos na fala dos outros. In: LEITE LPES, J. (Org.) Cultura e

identidade de classe. Aspectos da cultura de classe trabalhadora. Rio: Museu, pp. 53-101.

CHALHOUB, Sidney & Paulo FONTES. (2009) História social do trabalho, História Pública. In: Perseu: História,

Memória e Política. n. 4, pp. 219-228.

NEGRO, Antonio Luigi e Flavio dos S. GOMES. (2006) Além de Senzalas e Fábricas: uma história social do

trabalho. In: Tempo Social. vol.18, n.1, pp. 217-224.

Dezembro, 1º [Encerramento]

Síntese do curso – o Brasil visto pela sua ‘história pública’...