O Patrimônio Industrial Brasileiro: Memória e Cultura Interdisciplinar

16
II CONINTER Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013 O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL BRASILEIRO: MEMÓRIA E CULTURA INTERDISCIPLINAR RODRIGUES DA SILVA, RONALDO ANDRÉ PUC Minas. Departamento de Administração [email protected] RESUMO A importância do patrimônio industrial brasileiro se alicerça na percepção de sua relação com a valorização da cultura e da memória sob seu caráter interdisciplinar. A discussão dos diversos lugares e espaços ocupados pelas organizações possui, além do escopo capitalista, outros elementos de contexto organizacional em que se encontram inter-relações com diversos estudos (históricos, arquitetônicos, sociológicos etc.). A memória institucional e a memória organizacional, valorizadas a partir do patrimônio constituído pelas diversas organizações, privadas ou públicas, colabora para a construção de um conhecimento não somente da empresa, mas também da sociedade em que ela se constitui. Os efeitos desta relação determinam impactos específicos e apresentam uma face de interdisciplinaridade cuja memória empresarial perpassa desde as técnicas organizativas e produtivas até as implicações imateriais que geram reflexos nos indivíduos, grupos e mesmo sociedade. Assim, a relação entre empresa, memória e história permite entender um contexto social cuja preservação da memória industrial contém uma relação com os conceitos de memória social (individual e coletiva), história (econômica e social) e patrimônio (cultural e social). A importância de seu reconhecimento como elemento para se conhecer cultura, memória e história permite construir novos paradigmas e compreender o lugar em que se vive. Palavras-chave: Patrimônio Industrial. Cultura. Memória.

Transcript of O Patrimônio Industrial Brasileiro: Memória e Cultura Interdisciplinar

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades

Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013

O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL BRASILEIRO: MEMÓRIA E CULTURA INTERDISCIPLINAR

RODRIGUES DA SILVA, RONALDO ANDRÉ

PUC Minas. Departamento de Administração

[email protected]

RESUMO

A importância do patrimônio industrial brasileiro se alicerça na percepção de sua relação com a valorização da cultura e da memória sob seu caráter interdisciplinar. A discussão dos diversos lugares e espaços ocupados pelas organizações possui, além do escopo capitalista, outros elementos de contexto organizacional em que se encontram inter-relações com diversos estudos (históricos, arquitetônicos, sociológicos etc.). A memória institucional e a memória organizacional, valorizadas a partir do patrimônio constituído pelas diversas organizações, privadas ou públicas, colabora para a construção de um conhecimento não somente da empresa, mas também da sociedade em que ela se constitui. Os efeitos desta relação determinam impactos específicos e apresentam uma face de interdisciplinaridade cuja memória empresarial perpassa desde as técnicas organizativas e produtivas até as implicações imateriais que geram reflexos nos indivíduos, grupos e mesmo sociedade. Assim, a relação entre empresa, memória e história permite entender um contexto social cuja preservação da memória industrial contém uma relação com os conceitos de memória social (individual e coletiva), história (econômica e social) e patrimônio (cultural e social). A importância de seu reconhecimento como elemento para se conhecer cultura, memória e história permite construir novos paradigmas e compreender o lugar em que se vive.

Palavras-chave: Patrimônio Industrial. Cultura. Memória.

1. INTRODUÇÃO

A vida social, as construções e o desenvolvimento urbano, das cidades e da sociedade, não

podem ser vistos me maneira independente e desconectados. As diferentes relações que se

estabelecem entre a sociedade e as organizações industriais (ou pode-se dizer empresas)

determina perspectivas de se construir conceitos de patrimônio e cultura que extrapolam os

aspectos geralmente abordados. A memória social e a cultura nacional, e mesmo regional ou

local, estão determinadas pelas relações estabelecidas entre a organização e a sociedade. O

imaginário social muitas vezes se confunde com a percepção dos grupos sociais, dos

indivíduos com o que se apresenta a eles em sua memória social. Assim, o indivíduo, a partir

de sua inserção na sociedade e da identificação com a mesma, entende a si mesmo e a

sociedade segundo as perspectivas que interpreta de seu trabalho.

O desenvolvimento desta centralidade em torno das organizações tem influência na formação

e desenvolvimento de cidades e torna-se um dos principais fatores de aglutinação social e de

formação cultural dos centros em que se estabeleciam relações empresa-comunidade. A

busca por um compartilhamento das necessidades sociais entre empregados e empresa

determina peculiaridades nas relações estabelecidas e particularidades em relação às

organizações que estabeleceram-se com frutos sociais de suas atividades: a criação de vilas

operarias, centros de lazer (cinemas, teatros, rádios, clubes esportivos etc.) ou quaisquer

atividades sociais constituídas de funcionários e suas famílias.

O desenvolvimento das cidades, em alguns casos, determinou o crescimento e a acelerada

urbanização. Alguns estudos apresentam as influências estabelecidas nas relações sociais e

sindicais entre organização e comunidade, além daqueles que tratam das relações

construídas a partir das perspectivas passadas e sob pontos de vista da mulher, dos

ex-trabalhadores e dos idosos e dos que reconstroem as relações globais entre sociedade e

empresa. Tal formação cultural e social a partir das organizações permite reconstituir e

reconstruir parte da memória social e empresarial brasileira.

2. PATRIMÔNIO CULTURAL: UM CONCEITO REVISITADO

O conceito de patrimônio definido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional) privilegia indiretamente parte do patrimônio industrial através da Convenção para a

Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, de 17 de outubro de 2003. O documento

apresenta uma preocupação com relação ao conhecimento transmitido de maneira geracional

e promovido pelos diversos grupos sociais cuja “interação entre ambiente, natureza e história,

gera[ndo] um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o

respeito à diversidade cultural e à criatividade humana”. Exemplo desta preocupação é o

tombamento do Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, no Espírito Santo ou o dos

remanescentes da Real Fábrica de Ferro São João de Ipanema (Iperó, SP) – figura 01 – que

se apresentam quase que ‘casos isolados’ no que se refere à preservação do patrimônio

industrial – material ou imaterial – no Brasil.

A ampliação do conceito de patrimônio

cultural remete à suas origens desde as

ciências humanas, já tradicionais, às de

tecnologia (patrimônio tecnológico e

material); às da saúde e biológicas

(patrimônio genético). As novas

maneiras de ‘pensar’ o patrimônio que

emergem com mais intensidade como o

patrimônio imaterial e o patrimônio

intangível permitem uma ampliação das

mais diversas maneiras de se manifestar

a memória e cultura nacionais, bem como definir maneiras para sua proteção, conservação e

tombamento. Tal ampliação do conceito pode ser percebida na própria Constituição Brasileira,

na qual se tem que:

“constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nas que se incluem: I. as formas de expressão; II. os modos de criar, fazer e viver; III. as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV. as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V. os conjuntos urbanos e lugares de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”. (Artigo 216 – CF, 1988).

Dessa maneira, tem-se uma aproximação dos conceitos de história, memória e cultura e os

processos de industrialização pode ser percebida a partir da cultura material, interdisciplinar,

que se compõe de fatores não somente sociais, mas também econômicos e determina a

identidade e o comportamento de indivíduos e grupos. O entendimento da cultural material

compõe-se de fatores materiais (as empresas em si) e imateriais (as memórias dos

trabalhadores); tangíveis (maquinários e tecnologia) e intangíveis (know-how e savoir faire).

Figura 01: Real Fábrica de Ferro de Ipanema – Iperó (SP) – IPHAN Fonte: Janete Gutierre – http://www.ibama.gov.br/ [s/d]

3. MEMÓRIA CULTURAL E MEMÓRIA INDUSTRIAL

A conceitualização de memória apresenta variáveis que se entrecruzam e garantem uma

condição de transdisciplinariedade relacional entre o existente no presente e que pertence ao

passado. Estabelecer relações entre memória e identidade e, consequentemente, entre

memória social e memória coletiva representa construir uma análise dos quadros da

representação e da memória coletiva nos quais se pode verificar a amplitude das relações

estabelecidas nas interações sociais (Santos, 1998).

Dentre as questões relacionadas à memória, sua construção e relações com as identidades

individuais e sociais que se apropriavam delas têm-se estudos complementares à introdução

do conceito de memória coletiva apresentados por Aguilar Mejía e Quintero Álvarez (2005)

que citam o trabalho de Olick e Robbins (1998) e determinam o princípio do fenômeno de

memória coletiva aos escritos de Hugo von Hofmannsthal em 1902. Além disso, a importância

dos estudos de Halbwachs realizados nos anos 20 do século XX são pontos relevantes para

descrever o fenômeno.

O conceito construído por Halbwachs de memória coletiva apresentado por Ángel Aguilar

(1991), fundamenta-se na construção no presente de fatos passados os quais trazem

significados para um determinado e específico grupo. Estas recordações têm significados

próprios que garantem certos graus de importância com relação à construção de identificação

e identidade. Geralmente se estabelece segundo mudanças e transformações que se

constituíram em um tempo e espaço de vida específicos das pessoas ou grupos a que

pertencem. Para isso, os indivíduos e grupos têm

necessidade de reconstruir e inventar o passado enquanto haja mister. Os grupos têm necessidade de reconstruir permanentemente suas recordações através de suas conversas, contatos, rememorações, efemérides, uso e costumes, conservação de seus objetos e pertences e permanência nos lugares onde haja desenvolvido sua vida, porque a memória é a única garantia de que o grupo segue sendo o mesmo, em meio a um mundo em perpétuo movimento. (Ángel Aguilar, p. 2).

Assim, a memória assume um caráter de comunicação, diferentemente da história que tem

um caráter de informação. A primeira está relacionada às recordações estabelecidas pelos

indivíduos que expressam os fatos e fenômenos passados a partir de suas experiências

pessoais. A intenção não compreende em fazer presente os fatos e as experiências, mas sim

recordá-las ainda que não haja existido como experiências próprias, pois são consideradas

recordações que se fazem presentes a partir do conceito da comunicação.

Os processos de comunicação podem, assim, ser definidos como fatores de interpretação e

criação dos espaços de pertinência social, enquanto as linhas de comunicação acontecem de

maneira atemporal por se desenvolverem segundo a capacidade de organização e das

relações espaço-tempo definidas como importantes pelos grupos sociais. Entretanto, o

conceito da palavra memória está intimamente relacionado ao conceito de história e

Halbwachs (1990) distingue dois tipos específicos de memória que seriam: a memória pessoal

e a memória social. A primeira também pode ser chamada de autobiográfica e a segunda de

memória histórica. Assim, torna-se importante perceber que a segunda é mais ampla e geral e

traz consigo os conceitos da primeira porque a história de vida das pessoas faz parte do todo

que seria a história do coletivo.

As conexões entre indivíduo e coletividade têm sido definidas a partir das relações a eles

inerentes, não se podendo esquecer que os signos e símbolos definidos na memória coletiva

determinam os marcos principais da vida social. Eles necessitam ter significado às pessoas,

pois a identificação e a identidade que elas percebidas em relação a estes pode garantir a

perpetuação da memória coletiva. Ainda assim, para a construção da memória na vida

pessoal ou social torna-se necessário estabelecer e identificar dois importantes fatores: o

tempo e o espaço. O primeiro se relaciona às datas e fenômenos que fazem parte da memória

coletiva. Eles são pontos de referência e têm um significado especial aos indivíduos que com

eles se identificam e trazem certa identidade; o segundo está estabelecido de maneira mais

real e absoluta, através das edificações, espaços de convivência, de ócio, de trabalho e nos

quais se estabeleceram as recordações pessoais e/ou grupais.

A separação ou relação entre tempo e espaço define a construção de processos de interação

e interrelação entre os dois fatores e cuja determinação de graus de pertinência, importância e

recordações estão definidas a partir da interpretação do tempo segundo o impacto das

distâncias (geográficas) ou a dimensão dos espaços locais. Esta capacidade de inclusão ou

exclusão do indivíduo ou grupos nos espaços e segundo uma determinada época permite a

construção da memória e a definição dos fatores considerados importantes. Assim, a

definição de tempo, na atualidade, não se faz em função dos espaços e, sim, se impõe como

fator definidor dos processos e lugares pessoais e sociais. A coordenação cronométrica entre

indivíduos e os diferentes lugares permite a criação das articulações entre fatos e

recordações. A rearticulação das regiões espaço-temporais não territoriais (a memória) e os

meios e fatores definidos como unidades simbólicas de presença e pertinência definem

sistemas abstratos organizacionais (a cultura) e a capacidade de reflexividade destes nos

indivíduos e grupos.

Para Melucci (1989), as relações entre espaço-território e espaço físico estão determinadas,

de maneira geral, pelo que se considerava perto nas sociedades pré-modernas. Os lugares ou

espaços de pertinência e identidade mudam e deixam de ser pontos de subsistência básica,

segundo o entorno de confiança definido pelos indivíduos ou grupos, sendo, assim, definidos

pelos entornos nos quais a configuração humana constrói suas relações de integração não

necessariamente presencial. Pois a memória tem como uma de suas características a

presença de fatos e fenômenos passados no presente, a atemporalidade. Mas, ela, também,

se faz dinâmica e sistêmica sendo construída segundo os espaços abertos e com relação à

exterioridade e outros grupos/atores sociais.

As possibilidades de construir relações entre passado, presente e futuro também se

determinam pela necessidade humana de construir a memória. As práticas que definem sua

construção estão delineadas a partir de conceitos que apontam para fatores multidisciplinares

– míticos, históricos, políticos etc. – que permitem a construção e reconstrução das bases das

relações pessoais e sociais. Estas referências permitem ao homem e à sociedade uma

estabilidade do imaginário construído e real e garante a identificação e a identidade individual

e coletiva aos diversos grupos sociais. (Ferreira e Orrico, 2002).

Estas perspectivas de desenvolvimento e entendimento do passado a partir das relaciones

entre fatos e fenômenos e sua simbologia apresentam perspectivas diferenciadas nos mais

diversos âmbitos – cultural, econômico, gênero, comunidades etc. – pois apresentam o

espaço como um dos objetivos e eixos no estudo do tempo.

A necessidade de uma construção histórica e de criação da memória a partir do “materialismo

histórico-geográfico” de Soja (1996) ou dos fluxos de espaço/tempo de Castells (1997)

possibilitam a recuperação da ideia de uma relação espaço/tempo na qual se cria uma

perspectiva de simultaneidade e atualidade torna o tempo “atemporal”. Além destes fatos,

tem-se que a descontinuidade moderna também tem seus reflexos na construção da

memória, pois ela está presente nos mais diversos âmbitos da vida humana: a interpretação

dos fatos e a construção de estruturas tradicionais (família, religião, grupos de pertinência

etc.) e a determinação das estruturas simbólicas (trabalho, economia, relações sociais, cultura

etc.).

As características de pertinência se constituem a partir da identificação e da identidade em

relação aos grupos de integração, mas sofrem modificações dinâmicas que reafirmam a

necessidade de reconstrução permanente. A integração social e sistêmica, além da ocupação

e pertinência a distintos espaços individuais ou grupais leva à interconexão de diversos

grupos e determina a formação das chamadas identidades múltiplas.

Ao se construir a memória a partir das variáveis definidas pelos espaços de pertencimento,

identidade e identificação, os indivíduos ou grupos determinam e são determinados pelos

fatos e fenômenos que se fazem representar em suas vidas. Estas referências constituem-se

em fatores que determinam o comportamento e criam significados na vida das pessoas e seus

grupos de pertinência. Através das estruturas (edificações, espaços de convivência, de ócio,

de trabalho etc.) e espaços sociais nos quais se desenvolvem as atividades que se tem como

base para estabelecer as recordações e construir a memória pessoal e/ou grupal.

4. PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: POSSIBILIDADES BRASILEIRAS

Os conceitos de arqueologia industrial e patrimônio industrial, trazidos e definidos pela Carta

de Niznhy Tagil, em 2003, ao final da Conferência Mundial do TICCIH (The International

Committee for the Conservation of the Industrial Heritage), vinculado ao ICOMOS

(International Council on Monuments and Sites), apresentam que:

“A arqueologia industrial compreende um método interdisciplinar para o estudo de toda evidência, material ou imaterial, de documentos, artefatos, estratigrafia e estruturas, assentamentos humanos e terrenos naturais e urbanos, criados por processos industriais ou para eles. A arqueologia industrial faz uso dos métodos de pesquisa mais adequados para fazer entender melhor o passado e o presente industrial”. “O patrimônio industrial se compõe dos restos da cultura industrial que possuam um valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes restos consistem em edifícios e maquinaria, escritórios, moinhos e fábricas, minas e lugares para processar e refinar, armazéns e depósitos, lugares onde se gera, se transmite e se usa energia, meios de transporte e toda sua infra-estrutura, assim como os lugares onde se desenvolvem as atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como as moradias, o culto religioso ou a educação”. (Carta de Nizhny Tagil, TICCIH, 2003)

A preocupação com o patrimônio imaterial e urbano atrelado ao patrimônio industrial tem uma

percepção parcial do conceito e apresenta pouca atenção às inúmeras possibilidades de se

perceber a cultura e a memória nacionais através dele. Alguns casos estão desenvolvidos por

iniciativas brasileiras, públicas ou privadas, e têm uma grande concentração na preocupação

com o patrimônio histórico e industrial. Não se ressalta a importância do estudo das variáveis

humanas e sociais implicadas no processo de construção da história industrial.

Como exemplo, tem-se a Carta de Campinas proposta pelo GETH (Grupo de Estudos de

História da Técnica) da Universidade de Campinas – SP cuja preocupação central

compreende a conservação dos bens culturais designados por “construções e instalações

utilitárias”, ligados aos ofícios, às profissões e às indústrias e que ressalta raras iniciativas

positivas oficiais no Brasil, como tombamento e conservação. (GEHT/UNICAMP, 1998)

Existem outros e numerosos exemplos também significativos que determinam uma estreita

relação e preocupação com a memória e preservação do patrimônio industrial. As diversas

formas de articular cultura e memória, história e sociedade, passado e presente definem

infinitas maneiras de criar novas fronteiras que identifiquem uma linguagem própria, uma

identidade cultural e industrial e uma memória empresarial e social. A partir das situações

reais de trabalho e dos contextos pode-se determinar como se desenvolveram e recuperar a

memória histórica industrial. As transformações provocadas por empresas tendem a

transformar ou modificar de alguma forma a vida social. O estudo dos impactos sociais da

indústria em um determinado lugar pode ser determinante para a construção de uma história

social que envolva desde a busca da harmonia até a da contradição das relações em espaços

sociais pré-existentes. As chamadas “ruínas” dos processos históricos investigados se

constituem nos vestígios do passado industrial (paisagens, lugares, infraestruturas, edifícios,

equipamentos, produtos e equipamentos industriais etc.), assim como toda informação a eles

relacionada (arquivos, recordações pessoais, memórias etc.).

Para Burity (2002), o que se observa a partir dos entroncamentos e interconexões entre os

conceitos de patrimônio, cultura e indústria, entre a materialidade e o imaterial é um desafio à

interdisciplinaridade do ‘patrimônio cultural’ amplo. Nele se tem uma ampliação e

‘globalização’ do conceito que permite desenvolver a memória e a história cultural as quais

possibilitam um maior entendimento da presença contínua entre passado-presente-futuro.

5. PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: UM CAMPO DE INVESTIGAÇÃO

INTERDISCIPLINAR?

A percepção dos campos de atuação do pesquisador requer uma capacidade em adquirir um

amplo conhecimento, interdisciplinar, das diferentes percepções acerca do entorno industrial.

Esta capacidade pode desenvolver diferentes formas de interpretação dos fatos que definem

os campos de atuação do arqueólogo industrial. Ele se ocupa em desvelar as diversas

realidades materiais e imateriais dos processos organizacionais. Especificamente, pode atuar

nas relações existentes entre os fatos que direta ou indiretamente estão relacionados à ação

do homem. Tais atitudes estão inscritas em coordenadas comportamentais e racionais, além

de determinarem fatores que influenciam e determinam as relações sociais, seja pelo controle

das forças organizacionais, ou pela força de trabalho. Elas influenciam tanto a reprodução

destas formas e processos produtivos como também uma transformação estrutural ou social

(TORRÓ, 1994).

O processo de pesquisa relacionado ao patrimonio industrial apresenta uma pluralidade de

possibilidades e de campos específicos de atuação. Pode-se observar ao recorrer a uma

(re)construção e (re)constituição da história de organizações e de seus trabalhadores uma

particular interpretação das implicações organizacionais na vida cotidiana de um determinado

lugar. Esta característica apresenta como potenciais campos de pesquisa, não somente os

centros fabris, mas também, todas as formas de produção organziacional, cidadã e rural e os

sistemas de trabalho a eles relacionados. Estes campos de estudo colaboram para um maior

entendimento dos processos industriais e das diversas implicações em relação à vida do

homem.

As idéias propostas por Bergeron (1995) constituem-se em fonte de contribuição para o

desenvolvimento das ciências humanas e sociais a partir da capacidade dos pesquisadores

em perceber o contexto global de seu objeto de estudo. Deve-se recorrer às técnicas de

investigação e à curiosidade investigativa a fim de permitir uma absorção de conhecimentos

próprios de geógrafos, arquitetos ou historiadores, além daqueles próprios aos gestores

empresariais que utilizam a documentação e os “vestígios materiais” para a

restauração/reestruturação que fazem da história das organizações. Ainda assim, se deve

recorrer a etnólogos e sociólogos para tentar reconstruir as relações laborais e sociais dos

processos industriais e seu entorno, além das relações sociais estabelecidas nos lugares de

trabalho.

Segundo López Garcia (1992), as “ruínas” dos processos históricos investigados se

constituem nos vestígios do passado industrial (paisagens, lugares, infraestruturas, edifícios,

equipamentos, produtos e equipamentos industriais etc.), assim como toda informação a eles

relacionada (arquivos, recordações pessoais, memórias etc.). Uma reflexão acerca dos

vestígios materiais e imateriais deve levar a uma prática de pesquisa concreta, que Castillo et

al. (1999) consideram como a emergência e a consolidação da disciplina arqueologia

industrial segundo um enfoque definido em direção a uma nova mentalidade sobre o

patrimônio industrial e os “restos” industriais.

Assim, a arqueologia industrial, associada ao patrimonio industrial, possibilita uma conjunção

das diversas ciências naturais e propõe um repensar dos processos históricos da

modernidade industrial e capitalista a partir da cultura material, da sociologia do trabalho, do

ponto de vista da história industrial e da geografia das ocupações, da construção social dos

espaços de trabalho e de vida, da recuperação dos entornos produtivos, do desenvolvimento

local, da memória do trabalho, da conservação museística etc.

Com isso tem-se dois eixos motores para as ciências sociais e humanas: a reconstituição do

contexto material da atividade produtiva e o desvelar os laços dos atores sociais implicados

neste contexto, com uma busca das imbricações obtidas entre a fusão dos problemas e

questões empresariais e sociais; e, uma avaliação e análise sobre a influência dos processos

industriais dentro e fora das empresas segundo a organização do trabalho e suas implicações

com o entorno empresarial e industrial.

O TICCIH (2002) – The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage

– que possui membros do Conselho Europeu, recomenda como os principais pontos para o

desenvolvimento da arqueologia industrial os seguintes:

“promover a cooperação internacional na preservação, a conservação, a investigação, a documentação, a investigação e a apresentação de nossa herança industrial, e promover a educação nestas matérias. Isso inclui os restos físicos do passado industrial, tal como paisagens, de lugares, de estruturas, da planta, do equipamento, dos produtos e de outros acessórios e complementos, como sua documentação, consistindo no material verbal e gráfico, e os expedientes das memórias e das opiniões dos homens e das mulheres que estejam implicados”. (TICCIH, 2002).

Uma perspectiva em estabelecer um estudo embrionário na área da arqueologia industrial

busca inscrever investigações brasileiras no circuito mundial dos estudos da sociologia

industrial – ou das organizações – mais especificamente naqueles que têm como ponto

central a história de vida das organizações sob a perspectiva sócio-histórica. O objetivo

central é possibilitar o desenvolvimento de estudos que abarquem o conhecimento

histórico-econômico através da reconstrução das tecnologias utilizadas, da ocupação dos

espaços e de seus efeitos. Os processos de imbricação destes fatores sob uma perspectiva

histórica documental, geográfica ou antropológica permitem uma visualização “virtual” das

condições de trabalho e de desenvolvimento das atividades exercidas.

Define-se, assim, a partir das possibilidades em se obter informações nos mais diversos tipos

de fontes que possam ser consultadas, bem como na agregação de dados decorrente do

período de análise definida para a pesquisa. Entre os elementos de análise, a documentação

e a ciência da conservação como parte de um processo de construção da teoria e prática da

arqueologia industrial visam uma preocupação central com o patrimônio. Torró (1994) propõe

em seu modelo que as ciências envolvidas com os processos arqueológicos industriais estão

relacionadas aos estudos de documentos e ao uso dos patrimônios com fins culturais

(utilizada como fonte histórica), econômicos (possibilidade de explorar este patrimônio com

fins turísticos) e sociais (seu valor como sinal de identidade das localidades e regiões que os

possui) (LÓPEZ GARCIA, 1992).

A proteção e a conservação do patrimônio cultural através do desenvolvimento de bases

científicas e técnicas que contribuam para tais ações inclui aspectos sócio-econômicos e

histórico-geográficos que se complementam. Eles traduzem os fatos e os efeitos na

sociedade em que ocorreram. Entretanto, os limites das fontes e da formação teórico-prática e

os estudos comparativos se configuram insuficientes. A formação específica e limitada do

pesquisador ou a análise de informações a partir de um campo restrito de análise que ocorra

sobre formas e fontes incompletas de investigação podem comprometer os resultados e as

respostas que se tem de determinados processos históricos e de formação da memória

organizacional.

A análise de casos particulares sempre com um material de pesquisa o mais completo

possível e acompanhada de um estudo histórico pode levar à consecução e elaboração das

relações entre as estruturas organizacionais utilizadas, as tecnologias empregadas, as formas

de organização do trabalho, e, finalmente, os métodos utilizados para o desenvolvimento das

indústrias ou empresas e as localizações industriais (Candela Soto, 2000).

Os objetos de observação sejam escritos, estruturais ou orais quando empregados de

maneira complementar permitem uma análise que pode explicar como os registros do

passado industrial se desdobram e se constituíram, em parte e no todo do processo de

construção histórica da sociedade. Para Gutiérrez Lloret (1994), a (re)construção dos

processos formadores das áreas e ocupações, sejam rurais ou urbanas, permite a análise dos

estratos sociais constituintes, bem como a rotina pessoal e profissional – privada e pública –

de seus habitantes ou a desigualdade do desenvolvimento urbano, seus processos de

degradação ou marginalização e ou valoração de determinadas regiões.

Desta forma, se pode (re)construir as diversas possibilidades e características das

construções e suas formas de utilização, bem como sua influência na construção social das

pessoas. Segundo o estudo dos sistemas de crenças e o da promoção dos processos de

inserção social e pessoal nas empresas e sociedades estudada se promove um processo de

pesquisa em que possibilita “o método arqueológico como veículo para ‘entender a linguagem

das coisas’, e uma afirmação de tanto se falar em abstrato das relações sociais que se

esquece que o poder se exerce através das coisas e os espaços”. (TORRÓ, 1994, pp. 49-50).

Assim, o processo de análise do material arqueológico de forma detalhada e dirigida às

formas de exploração, através das fontes pessoais-orais e escritas-documentais podem

contribuir para um melhor entendimento das relações globais das indústrias ou empresas no

período de evolução da Era Capitalista-Industrial. Os princípios metodológicos que se

destacam são a importância prática-ideológica e as forma concretas que tomam a realidade

histórica. Os caminhos pelos quais articulam os atrasos, as resistências e as formas de

opressão e alienação dos trabalhadores.

Por fim, uma proposta de estudo interdisciplinar deve estar centrada em uma análise concreta

das situações reais em que se desenvolve o trabalho humano. Sua complementação envolve

as diversos aportes que incluam os processos e elementos de análise da arqueologia

industrial, o que torna a disciplina transversal e permite uma riqueza e complexidade de

estudos, a partir do ponto de observação do pesquisador. (CASTILLO, 1994, 1998).

6. CONVITE AO PENSAR...

Dentre os importantes processos considerados para a formação das cidades brasileiras no

século XX, e portanto não se pode desconsiderar a formação cultural, a industrialização e

seus desdobramentos compreendem parte de uma realidade que se faz crescente e presente

durante todo o período recente da economia brasileira. Entretanto, o processo industrial,

geralmente, é percebido sob olhares das estruturas macro e microeconômicas, sob as

características da gestão e crescimento e desenvolvimento das empresas e também o caráter

estrutural e tecnológico.

Uma percepção das influências sociais, das relações estabelecidas entre organização,

sociedade e Governo, e a importância ou influência da mesma nos processos sociais e

culturais de uma sociedade são temas se não inexplorados, em alguns casos, pelo menos

incipientes ou embrionários.

Em alguns casos, os desdobramentos das vilas operárias e suas funções são percebidos não

somente sob o aspecto do desenvolvimento social-urbano, mas também a partir das

perspectivas de reprodução, manutenção e construção de modelos sociais que venham a

garantir uma certa estabilidade e perenidade do modelo social e industrial vigente. Para

Cabral (2001), esta visão, estabelecida desde os séculos XVIII e XIX, nos primórdios da

industrialização, através de Robert Owen e sua Fábrica New Lanark, visa, em primeiro lugar, a

reprodução e garantização das relações capital-trabalho e porque não as relações sócias

estabelecidas. No Brasil, uma dos exemplares mais significativos se apresenta no município

de Santo André, São Paulo, onde se encontra a Vila de Paranapiacaba que se constitui em um

raro exemplo de sobrevivência de vila ferroviária com toda uma estrutura desenvolvida em fins

do século XIX e princípio do XX (figura 02).

A preocupação com a memória

empresarial e industrial

brasileira torna-se importante

para se entender, na maioria

dos casos, as influência e a

relevância de determinados

setores, e mesmo empresas,

para o desenvolvimento

regional e local em espaços do

território brasileiro. Desta forma,

pode-se perceber a riqueza e

diversidade de atuações

empresariais, suas relações, importância e reflexos no ambiente social.

Figura 02: Vila Ferroviária de Paranapiacaba, Santo André (SP) Fonte: Júlio Bastos – Prefeitura Municipal de Santo André, [s/d].

A implementação das indústrias, suas influências sociais, por vezes determinadas pela

formação de núcleos sociais, vilas operárias e mesmo cidades; a necessidade em estabelecer

relações diretas com a sociedade e desenvolver ações que implicam na estrutura social e

cultural das cidades e regiões em que se estabelecem, são fatores que guardam sob uma

complexa rede de interligações a importância ‘extra-produção’ de empresas e de sociedades

produtoras – sejam indústrias, serviços ou monoculturas agropastoris – para a sociedade.

Os estudos relativos à história empresarial e econômica, sobre a arquitetura industrial, a

ocupação geográfica, a complexa estrutura empresarial, a psicologia social, a sociologia do

trabalho dentre outros têm importância impar para a manutenção e o desenvolvimento da

memória empresarial e industrial brasileira se realizados estudos interdisciplinares que

privilegiem não somente os fatores financeiros-econômicos, mas também os sócio-culturais.

Deve-se assim, procurar evitar que as antigas instalações industriais e toda estrutura

desenvolvida em torno dos fatores de produção que constituem verdadeira memória social e

industrial não se transformem em friches, conforme apresenta Mendonça (2001), os quais tem

aspectos de total desinteresse ou abandono e passam a ser vistos como verdadeiros

‘cemitérios industriais’.

Estabelecer estas relações e descobrir a importância delas para a sociedade brasileira

torna-se um importante passo para a ampliação do conceito de memória cultural, pois se pode

entender também como patrimônio cultural de um país, região ou local a história dos

empreendimentos feitos e as relações por ele estabelecidas com a sociedade.

Estas ideias buscam, desta forma, apresentar as bases conceituais e uma proposta aos

processos metodológicos utilizados no desenvolvimento da investigação. A utilização de

perspectivas qualitativas (através da análise de os documentos, entrevistas e busca de fontes

de informação) pretende traduzir os esforços necessários para cumprir-se os objetivos

propostos. O emprego de uma perspectiva particular e peculiar que não rechaça a busca de

ideias e propostas baseadas em estudos existentes. O que se pretende é proporcionar a

aplicabilidade do estudo e confirmar os métodos utilizados para buscar os objetivos da

pesquisa.

De esta forma, são criadas novas vias de estudo que envolvem a (re)construção das

tecnologias utilizadas, a ocupação dos espaços e os efeitos causados por processos de

imbricação destes fatores sob uma perspectiva histórica documental, geográfica ou

antropológica que permitem uma visualização virtual das condições de trabalho e de

desenvolvimento das atividades exercidas, em que é

“necessária uma análise crítica-histórica da sobrevivência futura dos princípios tayloristas no terreno da organização do trabalho, o debate da expropriação do saber operário através da robótica, o controle

pormenorizado em um escritório automatizado; o curto-circuito da ação sindical no teletrabalho; a menor possibilidade de resistência dos trabalhadores ante as formas tayloristas através da precarização e debilitamento de sua capacidade de mercado”. (CASTILLO,1994, pp.71).

Os métodos intensificação do trabalho e incremento da produção detêm o conteúdo das

transformações empresariais e sociais sob a necessidade de mudanças e as novas estruturas

organizacionais que proporcionam desde incentivos monetários às mudanças de métodos de

trabalho, a redução de trabalhadores ou maior controle ou individualização dos processos

produtivos.

Para Castillo et al. (1999) o conhecimento inédito e sistemático de uma zona específica de

estudo possibilita à Arqueologia Industrial abrir novas vias de investigação. As pesquisas

espaço-temporais das organizações industriais também podem oferecer critérios e sugestões

para construir processos de atuação que visem a recuperação e a reutilização do patrimônio,

não somente sob as perspectivas econômicas e industrial, como também sócio-cultural.

Assim, a construção de campos interdisciplinares de estudos da memória e patrimônio

culturais, especialmente industriais apresenta o caráter de interdependência dos campos de

estudo e devem buscar a identificação da influência de cada um nos diversos processos

organizacionais. As relações com a prática do trabalho e a sociedade, e suas consequências

econômicas, sociais e industriais envolvem uma complexa rede de elos que definem o

processo de acumulação do capital e de desenvolvimento econômico.

Apesar da importância e da relevância da história organizacional e de suas influencias na visa

social e político-econômica, uma adequada “síntese organizacional” torna-se pluralista e

complexa a partir do ponto de vista apresentado e de como são percebidas e descritas as

histórias organizacionais. (TOLLIDAY, 2000).

As perspectivas de desenvolvimento dos processos de investigação são percebidas sob a

óptica transdisciplinar. Uma forma de atuação que permite a complementaridade e a

intercambialidade de conhecimentos e possibilita a construção de um trabalho de campo

envolvido por uma dinâmica de (re)construção ou (re)definição das formas de atuação do

gestores, públicos ou privados, e em especial dos acadêmicos a fim de determinar novos

pontos de pesquisa. Localizar e identificar o objeto de estudo – o trabalho e seus

diversificados entornos que definem os processos de vida – muitas vezes determinam um

entendimento, mesmo que parcial, de caracteres de personalidade organizacional das

indústrias estudadas, além de possibilitar uma formação da história cultural e social não

somente da organização, mas da sociedade em que está inserida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUILAR MEJÍA, Oscar Mauricio; QUINTERO ÁLVAREZ, María Ximena. Memoria colectiva y organizaciones. IN: Universitas Psychology. Bogotá: v. 4, nº. 3, p. 285-296, 2005.

BERGERON Louis. Arqueología Industrial, pasado e presente. In: Revista de Historia

Industrial, nº 7, pp.169-195, 1995.

BURITY, Joanildo A. (org.) Cultura e identidade: perspectives interdisciplinares. Rio de

Janeiro: DP&A, 2002.

CABRAL, Ana Isabel Aguiar. Entre o discurso e a prática: a educação e a infância em

escolas de fábrica com vila operária. X Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Instituto de

Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.

CANDELA SOTO, Paloma. Arqueología del trabajo en Madrid: la azucarera de Aranjuez,

1898-1950. In: Historia Social. nº 37, pp. 27-52, 2000.

CASTELLS, Manuel. Local y global. La gestión de las ciudades en la era de la

información. Madrid, Taurus, 1997.

CASTILLO, Juan José. El taylorismo hoy: ¿Arqueología Industrial? In: El trabajo del

sociólogo. Madrid: Complutense, pp. 59-76, 1994.

______. ¿Ha habido en España organizadores de la producción? Entre dos Congresos de

Ingeniería, 1919-1950. In: CASTILLO, J.J. & VILLENA, J.. Ergonomía. Conceptos y

Métodos. Madrid: Complutense, pp. 31-66, 1998.

CASTILLO, Juan José, CANDELA SOTO, Paloma & LÓPEZ GARCIA, Mercedes.

Arqueología industrial en Madrid: un programa de investigación en las Ciencias Sociales del

trabajo. In: Revista Latinoamericana de Estudios del Trabajo. São Paulo, ano 5, nº 9, pp.

173-189, 1999.

FERREIRA, Lúcia M.A.; ORRICO, Evelyn G.D. (orgs.). Linguagem, identidade e memória

social. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

GEHT – Grupo de Estudos de História da Técnica. Carta de Campinas. Disponível em

<http://cordiolli.files.wordpress.com/2011/06/declara-geht-carta-de-campinas.pdf> Campinas,

1998.

GUTIÉRREZ LLORET, Sonia. La arqueología después de la Edad Media: El Registro

Arqueológico en la Historia Moderna y Contemporánea. In: Jornadas de Arqueología

Valenciana. Alfaz del Pi, Alicante, 1994.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértica, 1990.

LÓPEZ GARCIA, Mercedes. El concepto de patrimonio: el patrimonio industrial o la memoria

del hogar. In: FERNANDEZ GARCIA, A. e ALVAREZ ARECES, M.A. (coords.) Arqueología

Industrial (monográfico) Ábaco Revista de Cultura e Ciencias Sociales. Gijón: Nova Época,

nº 1, pp. 9-12, 1992.

MELUCCI, Alberto Nomads of the present: social movements and individual needs in

contemporary society. Philadelphia: Temple, 1989.

MENDONÇA, Adalton da Motta. Vazios e ruínas industriais. Ensaio sobre friches

urbaines. Disponível em

<http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/bases/texto083.asp>.

OLICK, Jeffrey K.; ROBBINS, Joyce. Social memory studies: from ‘collective memory’ to the

historical sociology of mnemonic practices IN: Annual Review of Sociology. Palo Alto: v. 24,

p. 105-140, 1998.

SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. Sobre a autonomia das novas identidades coletivas: alguns

problemas teóricos. IN: Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo: ANPOCS, v. 13,

nº. 38, 1998.

SOJA, E. W. Planning in for postmodernity. IN: BENKO, Georges; STROHMAYER, Ulf (eds.),

Space and social theory. Oxford: Blackwell, pp. 236-249, 1996.

TICCIH. The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage.

Documentation. Disponível em <http://www.mnactec.com/TICCIH>.

TORRÓ, Josep. Arqueología, trabajo y capital. Algunas consideraciones a propósito do II

Congrés d´Arqueología Industrial do País Valencià. In: Revista Sociología del Trabajo. Nova

Época, nº 22, pp. 47-62, 1994.

TOLLIDAY, Steven. Beyond the “organizational synthesis”: paradigm and theory in recent

American business history. In: SZMRECSÁNYI, Tamás; MARANHÃO, Ricardo. História de

empresas e desenvolvimento econômico. São Paulo: EDUSP/HUCITEC, 2000, pp. 3-46.