O Crescimento na Música - IA na resolução de Problemas

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Ana Paulico Marta Fernandes Paula Diogo Data entrega: 31/Dezembro/2013 O C RESCIMENTO NA M ÚSICA “M AU F EITIO Uma abordagem de resolução de problemas através do Inquérito Apreciativo Quisemos ajudar a Banda dos “Mau Feitio” a encontrar uma rota para a divulgação dos seus trabalhos musicais. Sendo um grupo de jovens músicos, num cenário de actualidade difícil, encontravam-se em rota de colisão com o desânimo, pois apesar dos múltiplos trabalhos realizados, músicas gravadas e tentativas de crescimento estão a ter dificuldade em divulgar o seu trabalho e em obter o merecido reconhecimento. Este trabalho serviu para promover pontos de mudança e rotas de desafio.

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Ana Paulico Marta Fernandes Paula Diogo

Data entrega: 31/Dezembro/2013

O CRESCIMENTO NA

MÚSICA – “MAU FEITIO”

Uma abordagem de resolução de problemas através

do Inquérito Apreciativo

Quisemos ajudar a Banda dos “Mau Feitio” a encontrar uma rota para a

divulgação dos seus trabalhos musicais. Sendo um grupo de jovens

músicos, num cenário de actualidade difícil, encontravam-se em rota de

colisão com o desânimo, pois apesar dos múltiplos trabalhos realizados,

músicas gravadas e tentativas de crescimento estão a ter dificuldade em

divulgar o seu trabalho e em obter o merecido reconhecimento. Este

trabalho serviu para promover pontos de mudança e rotas de desafio.

Trabalho do Módulo Inquérito Apreciativo

Ana Paulico / Marta Fernandes / Paula Diogo

Realizado em: 31/12/2013

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OS “MAU FEITIO”

O CRESCIMENTO NA MÚSICA

O Inquérito Apreciativo- Abordagem focada na resolução de Problemas

Este trabalho teve como objectivo apoiar uma banda de músico portugueses, os “Mau

Feitio” a encontrar uma rota de desenvolvimento do seu trabalho, tendo em conta o atual

panorama português na Música. Existem como grupo de músicos há 2 anos, tendo já

gravado alguns originais e participado em concertos e concursos no concelho de Almada.

Sendo uma banda de jovens, as suas influências musicais focam-se no Rock, na procura de

criações musicais no Rock alternativo. Até ao momento procuraram distanciar-se do que já

foi feito, criar um cunho pessoal, evoluir enquanto músicos e divulgar o mais possível o seu

trabalho, que passa por várias músicas originais em inglês e português.

INTRODUÇÃO Tendo definido o foco da nossa intervenção, “Um grupo de jovens músicos”, um problema à

procura de solução: “Que futuro para esta Banda?”, pensámos em sumarizar esta

metodologia de intervenção. O Inquérito Apreciativo (IA) é uma forma diferente de pensar

o mundo que nos rodeia. Neste sentido, o IA convida-nos a pensar de forma positiva,

apreciativa e valorativa, convida-nos também a obter informações, e utilizar uma nova

forma de fazer as perguntas, na procura do que se aprecia, do que tem valor.

Há uma teoria que nos diz o seguinte: se colocamos a nossa energia para encontrar

problemas, então é provável que continuemos a criá-los. Se, por outro lado, nós focamos a

nossa atenção, energia e questões sobre o que está funcionando, vamos começar a

encontrar soluções.

Esta técnica é conhecida como

Inquérito Apreciativo, ou

“Appreciative Inquiry”. Em termos

históricos, esta metodologia de

intervenção evoluiu quando alguns

investigadores nos Estados Unidos

que desafiaram a abordagem de

resolução de problemas tradicionais

na gestão da mudança e começaram

à procura de métodos mais positivos

e eficazes.

Neste sentido o IA é uma filosofia de ver as possibilidades da vida, de ver “o copo meio

cheio”, e desta forma positivista, encontra-se tão ligada à Psicologia Positiva. O IA é um

lugar de esperança, onde a mudança vem com admiração e incentivo para um futuro

melhor.

Appreciative Inquiry is about the co

evolutionary search for the best in people, their

organizations, and the relevant world around

them. In its broadest focus, it involves

systematic discovery of what gives “life” to a

living system when it is most alive, most

effective, and most constructively capable in

economic, ecological, and human terms.

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No entanto é importante esclarecer que, esta forma de pensar, apreciativa, não significa

usar os óculos cor-de-rosa. Este método de investigação é uma abordagem rigorosa, que

não procura encobrir os problemas, mas antes usá-los como oportunidades de trazer uma

profunda mudança cultural na aprendizagem.

Abordagem Tradicional Abordagem do IA

“Ser necessário” Identificar o Problema Apreciar & Valorizar é o melhor que

existe

Análise das Causas Antevendo o que o “Melhor seria…”

Análise das possíveis soluções

Planeamento das Acções (Tratamento) Dialogando “O que pode ser…”

Pressuposto básico – A organização é um

problema a ser resolvido.

Pressuposto básico – A organização é um

mistério a ser desvendado.

Quadro comparativo das duas abordagens1.

1 Adaptado de David L. Cooperrider, Peter F. Sorenson, Jr., Diana Whitney, and Therese

F. Yager (2000) “Appreciative Inquiry: Rethinking Human Organization Toward a

Positive Theory of Change”, Stripes Publishing.

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No Inquérito Apreciativo a intervenção dá lugar à imaginação e à inovação. E neste

sentido falamos de um ciclo reflexivo dos 4 “D’s”.

A Etapa DESCOBERTA (DISCOVERY) é levada a cabo ouvindo as pessoas. Idealmente

todas deveriam ser envolvidas, para que se sintam respeitadas e admiradas – e por isso

inspiradas. As questões serão formuladas de forma positiva, e à medida que as pessoas se

sentem ligadas entre si no estudo das qualidades, da análise do núcleo positivo, a

esperança cresce e o sentido de comunidade expande-se.

A Etapa SONHO (DREAM) corresponde à fase de visionamento de um futuro desejável.

Poderá ser fomentada se for suportada na partilha de histórias e eventos relacionados com

aqueles momentos em que a organização denotou vitalidade e entusiasmo.

A Etapa CONCEPÇÃO / IDEALIZAÇÃO (DESIGN) representa a passagem do sonho à

idealização do que a organização “deverá ser”. Este futuro é fundado nas forças positivas

da organização e dos seus membros. A questão principal: “Como seria a nossa organização

se fosse desenhada para maximizar o seu núcleo positivo e acelerar a realização dos nossos

sonhos?”

A Etapa DESTINO (DESTINY) é levada a cabo com o desenvolvimento das pessoas,

dando-lhe poder, inspirando-as e estimulando-as a agir nesse sentido idealizado na etapa

anterior. Exige ação, apoio, partilha de soluções. Implicará entusiasmo, a participação de

NÚCLEO POSITIVO

DESCOBERTA

"O que gera vida?"

SONHO

"O que poderia ser ou existir?"

CONCEPÇÃO/ IDEALIZAÇÃO

"O que deveria ser

(o ideal)?"

DESTINO

"Como conceptualizar e ajustar /

improvisar?"

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todos, o elevado moral, a ação inspirada, a agilidade e o empenho, todos os dias,

sustentado numa cultura organizacional positiva.

O LÍDER deverá ser tido como um catalisador da mudança positiva. A este líder não cabe o

papel principal, de palco, mas antes o de agir como uma voz entre outras vozes essenciais,

embora criando o contexto para que as ideias criativas, as esperanças e os sonhos dos seus

colegas e dos restantes elementos sejam reconhecidas e colocadas ao serviço da

organização.

Princípios centrais de funcionamento do IA:

PRINCIPIO CONSTRUTIVISTA

Para sermos eficazes, deveremos compreender as organizações como

construções humanas, vivas.

PRINCÍPIO DA SIMULTANEIDADE

O que pensamos, o que conversamos, o que discutimos e aprendemos, as

questões que colocamos – tudo contribui para o futuro que construímos.

PRINCIPIO POÉTICO

As organizações humanas são livros abertos. A história de uma organização

está constantemente a ser escrita por vários coautores.

PRINCIPIO ANTECIPATÓRIO

A nossa criatividade, e as imagens positivas que formamos acerca do futuro

conduzem a ações positivas.

PRINCIPIO POSITIVO

A construção bem-sucedida da mudança requer esperança, entusiasmo,

inspiração, zelo pessoal, espírito de camaradagem e alegria por se realizar

algo significativo em conjunto com outras pessoas.

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INQUÉRITO APRECIATIVO - UMA VISÃO APRECIATIVA

PARA O FUTURO

1º Ato: O que dá Vida?

Nesta fase realizamos com todos os elementos da Banda a Entrevista Apreciativa,

procurando explorar os factores que dão vida a este Grupo. Foram discutidas e partilhadas

as melhores realizações do Grupo. Descobrimos a que aspectos os elementos dão valor, as

suas esperanças e desejos. Ajudamos a descobrir o que funciona bem neste Grupo, e em

que é que eles se podem transformar no futuro (os aspectos que têm um potencial positivo).

A Entrevista

Utilizando então esta metodologia apreciativa, propusemos ao grupo o desafio, pensar o

seu futuro, numa perspectiva de procura de soluções, mas focados na visão positivista do

IA.

O Guião da Entrevista

Objectivo da Questão Pergunta Apreciativa

Um ponto alto do Grupo

Descreva um ponto alto do Grupo, onde sentiu

que estava a ter uma contribuição significativa

para o desempenho da Banda. Como se sentiu? O

que fez com que essa contribuição fosse possível?

Os Valores

Sem ser modesto, o que considera que existe de

maior valor em si, no seu trabalho, e na Banda os

“Mau Feitio”?

Fundamentos que dão Vida

Quais os factores que dão vida ao seu Grupo, sem

os quais a Banda os “Mau Feitio” deixaria de

existir?

Desejos e projectos de

Futuro

Quais os três desejos específicos que tem para o

futuro da Banda os “Mau Feitio”?

Num primeiro momento, o Grupo juntou-se a pares, e cada um fez ao seu parceiro a

entrevista apreciativa recolhendo as notas de síntese. Após esse momento reuniram-se em

grupo alargado para partilhar das conclusões e da experiência geral do Grupo.

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2º Ato: O Sonho

Nesta fase deu-se a produção conjunta dos Murais. Foi também o tempo para o Grupo

pensar sobre aquilo que está bem, e sobre o que poderá vir a melhorar. Propusemos a

reflexão sobre o que poderia ser o Grupo, escolhendo o melhor das suas experiências. O

objectivo foi o de criar a visão (sonho) do que poderá vir a ser. Foram criados murais, com

desenhos e criações de todo o Grupo. Este passo permitiu ao grupo explorar a sua

imaginação colectiva, através da dimensão criativa e artística, guiando-os para um futuro

sonhado, apelativo e estabelecendo desta forma um vínculo afectivo. Foi um momento bem-

humorado e prazeroso, alicerçando o espírito de equipa pré-existente no grupo (Ludema et

al, 2003).

O sonho colectivo deste Grupo de jovens está associado a conseguir esse reconhecimento e

projeção ao nível musical, sem perder o que os une, a diversão e a cumplicidade do grupo, a

união, conseguindo agendar concertos que permitam um crescimento enquanto grupo,

enquanto músicos, atingindo o novo patamar de atuação.

3º Ato: O Desenho

Mais um passo no desafio, a produção do “Desenho Perfeito dos Sonhos”. A questão chave

neste ato foi: “Como é o Grupo se poderá projetar para alcançar o máximo possível dos seus

sonhos e acelerar a sua realização?”

Esta foi a fase em que se olhou para as imagens positivas do passado, através dos

exemplos positivos recolhidos e pensar como será possível desenhar o futuro. Nesta fase o

Grupo decidiu quais as propostas que deveriam ser executadas e como seria possível pôr

em prática esses programas de ação. Para alcançar a realização dos seus sonhos.

O objectivo desta fase foi o de identificar, em primeiro lugar, os elementos da cultura do

Grupo (os seus valores, crenças) e seguidamente os elementos de funcionamento (as

práticas, iniciativas, parceiros).

Mau Feitio

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Envolver o Grupo na construção de imagens positivas, divertidas, com um grau elevado de

ligação, elaborando o que seria o desenho perfeito dos seus sonhos. A carga afectiva desta

atividade potencia a mudança, permitindo ao Grupo a co-construção de proposições de

possibilidade para o seu Futuro.

4º Ato: O Destino

As Decisões Chave…

Questiona-se aqui o “Como se passa do Presente para o Futuro (Desejo)?”

Finalmente, neste ato visámos assegurar que o sonho poderá ser realizado. Passados que

foram 15 dias, foi marcado novo encontro para concretizar esta fase. Para fazer isso,

identificámos os planos dos programas (projetos) e analisámos o tipo de ações (estratégias)

que precisam ser realizadas para implementar as proposições provocativas feitas. Aqui a

questão fundamental foi pensar “O que precisamos para colocar estas ideias em prática, e

garantir que a Banda “Mau Feitio” implementa e mantém os elementos (estruturais e

culturais) que são necessários para a construção do seu sonho?”

Esta foi talvez a fase mais desafiadora, no sentido de encontrarem em conjunto linhas de

ação que lhe permitam, enquanto Grupo, desafiar-se a fazer diferente, a construir o

caminho para chegar ao objectivo final (Sonho), que se concretiza manter o nível de

diversão e satisfação no grupo, aumentar o número de concertos e apresentações públicas

que lhes traga um maior reconhecimento, para tal será necessário aumentar o

investimento financeiro para conseguir produzir mais gravações das composições já

existentes e das que estão a ser criadas pelo Grupo.

É proposta aqui uma análise de todo este trabalho realizado, analisando os murais

produzidos e tendo por base a identificação e caracterização das forças de carácter mais

marcante, presentes neste Grupo. Paralelamente, na fase de Destino pensamos com o

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Grupo o “Como atingir esse ideal de Sonho?” Identificando ações e planeamento de tarefas

a concretizar, “Quem?” e “Quando?” E o Grupo deu o seu contributo para esse desenho do

Futuro. Com base em toda esta recolha de murais, propomos assim uma análise de

conteúdo com base na identificação das forças de carácter, seguindo o modelo do Martin

Seligman, baseando-nos na análise das forças do Grupo, pensamos que será um caminho

para descobrir como realizar as mudanças necessárias para o seu futuro, na mesma linha

de raciocínio da utilização das forças de assinatura a um nível individual.

Análise dos Mapas / Murais Forças Carácter Como se expressam? Ferramentas para o Futuro

Criatividade

Criando novas músicas

Inovando no seu estilo

musical

Solos de guitarra

Investir na criação

de um estilo próprio

Descobrir novas

formas de

divulgação do

Grupo

Energia e

Entusiasmo

Dedicação

Empenho

Continuar a

trabalhar

“arduamente”

Praticar mais

frequentemente

(ensaios)

Trabalho de

Equipa

Organização

Complementaridade

Trabalho nas produções

musicais e nos ensaios

Convívio

Em conjunto

procurar

oportunidades de

trabalho no âmbito

musical

Desenvolver rede de

contactos para

divulgação de

concertos

Amor à

Aprendizagem

Melhorar a técnica

Aprender sempre mais

Investir nas áreas

fracas do grupo

para melhoria do

seu desempenho

CONCLUSÃO: Pensando nos elementos que são necessários ao sucesso de uma intervenção apreciativa,

conseguimos encontra-los neste Grupo de jovens e na forma como aderiram à nossa

proposta, e nesta equação encontrámos; “Nós queremos uma mudança genuína e queremos

melhorar…” a nossa função foi desafiar um desejo já existente e sentido pelo Grupo. Foi

fácil a participação e empenho de todos no processo de inquérito, elaboração de murais e

tomada de decisão. Por outro lado, por se conhecerem tão bem, mas também serem jovens

e familiares (um dos elementos do Grupo é filho de uma das autoras) foi fácil a

comunicação, o passar da ideia, e o ouvir a sua história como Grupo, para além de ter sido

muito, muito divertido. Partimos da identificação de um problema / preocupação, o foco

para abordar esta questão foi pela positiva. Para funcionarem bem como equipa, foi

importante identificarem as suas competências e valores comuns, permitindo-lhes a

partilha das suas diferentes perspectivas. Faltava algum foco ao Grupo, que este trabalho

lhes trouxe, a conversa leva à acção, a necessidade de se focarem e investirem no que

querem, e desenvolverem esforços para serem o melhor que conseguirem ser, divertindo-se

ainda assim. O Grupo reconheceu o potencial deste instrumento ao afirmarem que, apesar

de se conhecem há já bastante tempo, e trabalharem juntos semanalmente, não tinham

ainda discutido as direcções a tomar para o seu futuro. Por outro lado, descobriram que as

perspectivas do presente, os seus valores de base e os sentimentos de satisfação e diversão

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que são comuns a todos os elementos, e esta descoberta reforçou a sua cumplicidade de

grupo. Agora dependerá deles manter o foco e serem perseverantes nessa mudança

positiva que desenharam em conjunto.

Para nós, enquanto grupo de investigadoras o desafio foi igualmente potente e desafiante.

Pois para além de ser uma metodologia completamente nova para qualquer uma de nós, e

neste sentido, uma descoberta (passo a passo) de uma forma de intervenção, focada numa

preocupação com a pessoa, o bem-estar pessoal e social, e o crescimento humano nas

múltiplas vertentes. Este modelo de intervenção foca-se no pressuposto de que inquerir é

já intervir, e que essa acção poderá ter uma acção transformadora no outro, e desta forma

de promoção de florescimento e bem-estar. Neste sentido, a acção de avaliação passará do

pressuposto que observamos algo para diagnosticar, para o patamar de ser transformativo

e interventivo em pessoas e grupos abrindo espaço de reflexão e integração de novas

realidades e pontos de vista, inspiradores e promotores do desenvolvimento dos pontos

fortes (Freire, 1970), bem como de experiências emocionais positivas (Fredrickson, 2001,

2006, 2009). Os autores defendem também que esta nova abordagem deverá ser um

momento de encontro com o outro, (Kapuscinski, 2005), e por isso uma experiência

transformadora em si mesma. Adoptando assim uma posição não de descrição fria e

objectiva, distante, mas de construção do Ser Humano. Outro aspecto, profundamente

revelador deste novo método de investigação / acção é o profundo respeito e cuidado pelo

respeito de valores como a igualdade social ou a confiança, dedicando-se a problemas como

os de exclusão social, pobreza, abandono escolar, que são muito debatidos actualmente mas

para os quais se encontram poucas soluções verdadeiramente eficazes (que sejam para

além de panaceias).

Torna-se assim impensável uma análise asséptica de uma realidade contaminada de

subjectividade, de vivência e de poder criativo e construtor. E introduzido a denominação

“transformativa” Mertens (2005, 2009) pressupõe-se que o próprio sujeito poderá ser

agente participante dessa transformação. Esta dicotomia do objectivo-subjectivo tem

deixado o cientista na forma preferida mas “à porta” de uma realidade tão complexa como

a vivência subjectiva do Humano. Defender a subjectividade não é perder a exigência

intrínseca à ciência, será antes aceitar que a ciência humana não é coincidente com o

estudo de materiais mais ou menos estáveis, onde as leis são previsíveis, até se

descobrirem novas janelas de oportunidade, saltando de um paradigma explicativo para

outro, mais adequado à transformação da nossa compreensão e consciência do observador.

Por outro lado, o Self desenvolve-se através da experiência e permite que os contextos

exteriores se mudem, existindo assim uma acção interna, transformadora, assim como

uma acção dialógica com o exterior, promotora de mudança, num sistema aberto de trocas

e influências.

O paradigma de intervenção na Psicologia Positiva, claramente se distância no

considerado sintomático e disfuncional, para a promoção das forças de carácter, virtudes e

factores facilitadores do bem-estar e da felicidade. Claramente numa mudança de pensar o

ser humano, e focando a sua atenção no que é desejável promover em ternos de

desenvolvimento saudável, na exploração do lado solar num marcado distanciamento da

visão tradicional da psicologia. E neste sentido, Mihaly Csikszentmihalyi (2011), ajuda-nos

a postular o que poderão ser as questões a investigar na psicologia: Como poderemos

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aprender a viver vidas mais felizes e com mais significado? Em que direcção poderemos

ajudar esta evolução a encaminhar-se? Como poderemos atingir uma harmonia

sustentável (individual/ ecológico/ social)? Distanciando-nos dos métodos das ciências

exactas, poderemos aproximarmo-nos daquilo que é “bom” ou “mau” para o ser humano,

numa discussão aberta mas eficaz na procura de novas soluções.

Esta abordagem metodológica, para além de criativa, positiva e apreciativa, construtora de

novas realidades, envolvente de todos os participantes, de partilha e desta forma

fomentando o crescimento na relação, num plano de continuidade, pois pressupõe-se que

as mudanças construtivas se estendem no tempo, atende à especificidades dos

participantes e dos contextos envolvidos.

E por fim, critica, reflexiva, positiva permitindo que os participantes tenham um

conhecimento mais profundo e alargado da sua realidade interna, de que forma podem

utilizar as suas forças e recursos, e um profundo respeito pelos direitos humanos e justiça

social. E neste sentido mais próximo das realidades do Self, mais próxima de nós.

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Índice Introdução................................................................................................................................... 1

Inquérito Apreciativo - Uma visão Apreciativa para o Futuro ............................................... 5

1º Ato: O que dá Vida? ........................................................................................................ 5

A Entrevista ........................................................................................................................ 5

O Guião da Entrevista ........................................................................................................ 5

2º Ato: O Sonho ................................................................................................................... 6

3º Ato: O Desenho ............................................................................................................... 6

4º Ato: O Destino ................................................................................................................. 7

Conclusão: ................................................................................................................................... 8

Anexos: ...................................................................................................................................... 12

Bibliografia: .............................................................................................................................. 13

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ANEXOS:

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Versão: 31 de dezembro de 2013 13/14

BIBLIOGRAFIA:

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Rethinking Human Organization Toward a Positive Theory of Change”,

Stripes Publishing.

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Positiva: um elogio à subjectividade na contemporaneidade. Ed. Ecos, vol.1 nº1,

2011.

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Chicagoland Chapter. American Society for Training & Development, Nov/Dez,

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What is a collaborative workplace? Thin Book Publishing Co.

Consulta do site: http://inqueritoapreciativo.com/