Migração e Crescimento Demográfico da Cidade de Palmas no período de 1991 a 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS DE PALMAS CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS MESSIAS RODRIGUES MEDEIROS MIGRAÇÃO E CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO DA CIDADE DE PALMAS NO PERÍODO DE 1991 A 2010 PALMAS – TO 2014

Transcript of Migração e Crescimento Demográfico da Cidade de Palmas no período de 1991 a 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS DE PALMAS

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

MESSIAS RODRIGUES MEDEIROS

MIGRAÇÃO E CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO DA CIDADE DE PALMAS NO

PERÍODO DE 1991 A 2010

PALMAS – TO

2014

MESSIAS RODRIGUES MEDEIROS

MIGRAÇÃO E CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO DA CIDADE DE PALMAS NO

PERÍODO DE 1991 A 2010

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Tocantins, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas. Orientador: Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia de Medeiros.

PALMAS – TO

2014

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins

Campus Universitário de Palmas

M488m Medeiros, Messias Rodrigues

Migração e Crescimento Demográfico da cidade de Palmas no período de 1991 a 2010 / Messias Rodrigues Medeiros. – Palmas, 2014.

42f. Monografia (TCC) – Universidade Federal do Tocantins, Curso de

Ciências Econômicas, 2014. Orientador: Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia de Medeiros 1. Migração. 2. Demografia. 3. Crescimento Demográfico. I. Título.

CDD 330

Bibliotecária: Emanuele Santos CRB-2 / 1309

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MESSIAS RODRIGUES MEDEIROS

MIGRAÇÃO E CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO DA CIDADE DE PALMAS NO

PERÍODO DE 1991 A 2010

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Tocantins, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Aprovada em: 12/09/2014.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia de Medeiros (Orientadora)

Universidade Federal do Tocantins (UFT)

_____________________________________________

Prof.ª Dr.ª Yolanda Vieira de Abreu

Universidade Federal do Tocantins (UFT)

_____________________________________________

Prof.ª Msc. Gisele Barbosa de Paiva

Universidade Federal do Tocantins (UFT)

A Deus.

Aos meus pais, Manoel Messias e Neide.

AGRADECIMENTOS

À Prof.ª Ana Lúcia de Medeiros, pela maravilhosa orientação a mim

direcionada.

Às professoras participantes da banca examinadora Yolanda Vieira de Abreu e

Gisele Barbosa de Paiva pelo tempo dedicado, suas análises, colaborações e

sugestões.

Aos meus queridos professores que marcaram minha trajetória nesta

Universidade, Cid Olival, Francisco Esteves, Nilton Marques, Alivínio Almeida e

Fernando Jorge.

Aos meus amigos e colegas de turma que me deram o apoio necessário

durante os longos anos de estadia na Universidade, em especial aos meus colegas

originais de turma: Geizianne, Adriana, Jaqueline, Pedro, Afonso, Ruy, Vilson e André.

A todos que de alguma maneira contribuíram para que eu chegasse até aqui.

“Migração é um fenômeno de longa data. A espécie humana começou a deixar o seu lugar de origem, a África, cerca de 1,25 milhão de anos atrás e alcançaram as Américas algo em torno de trinta e treze mil anos atrás.”

(Robert O. Keohane)

RESUMO

A migração e o crescimento demográfico da cidade de Palmas tem uma relação entre

si. Esta relação foi significativa no desenvolvimento demográfico. A necessidade de

tal trabalho é singular, por traçar como tal crescimento foi orientado pela migração.

Por hipótese, tem-se que o processo migratório teria sido um dos principais e o mais

forte fator de expansão demográfica da cidade. O Objetivo Geral do trabalho foi

analisar o processo de migração e de crescimento demográfico de Palmas no período

de 1991 a 2010. Para o entendimento da questão foram observados os aspectos

conceituais da migração, o impacto migratório sobre o território do norte goiano até

1988 e sobre o Estado do Tocantins em separado, os aspectos conceituais sobre

crescimento demográfico, e a relação entre migração e crescimento demográfico.

Foram analisados primeiramente alguns aspectos socioeconômicos (IDH-M,

quantidade de escolas, docentes e matrículas escolares, quantidade de empresas,

salário médio, PIB e PIB per capita), posteriormente, os aspectos migratórios (Censo

2010) e, por último, a evolução demográfica da cidade (Censos 1991, 2000 e 2010 e

as contagens populacionais de 1996 e 2007). Ao final se concluiu que a migração

pode ter sido a principal variável responsável pelo crescimento demográfico da cidade

desde sua criação, com seu impacto se reduzindo ao longo dos anos.

Palavras-chave: Migração. Demografia. Crescimento Demográfico.

ABSTRACT

Migration and population growth of the city of Palmas has a relationship with each

other. This relationship was significant in the demographic development. The need for

such work is singular, by tracing how this growth was driven by migration. By

hypothesis, we have that the migration process would have been a major factor and

the strongest demographic expansion of the city. The General Objective of the study

was to analyze the process of migration and population growth of Palmas from 1991

to 2010. To understand the issue the conceptual cspects of migration were observed,

the migration impact of the northern territory Goiás until 1988 and on the State of

Tocantins separately, the conceptual aspects of population growth, and the

relationship between migration and population growth. First some socioeconomic

aspects (HDI-M, number of schools, teachers and school enrollment, number of firms,

average wage, GDP and GDP per capita), migratory aspects (Census 2010) and,

finally, the evolution was analyzed demographic of the city (Census 1991, 2000 and

2010 and population counts in 1996 and 2007). Concluded Itself that migration may

have been primarily responsible for the population growth of the city since its inception,

with its impact itself reducing along the years.

Keywords: Migration. Demography. Demographic growth.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – IDH-M de 1991 a 2010 .......................................................................... 26

Tabela 2 – Docentes, Escolas e Matrículas ............................................................ 26

Tabela 3 – Iniciativa Privada entre 2006 e 2010 ..................................................... 27

Tabela 4 – PIB de Palmas entre 1999 e 2010 ........................................................ 28

Tabela 5 – População residente – Migração para Palmas em 2010 ...................... 30

Tabela 6 – Demonstrativo Demográfico de Palmas ............................................... 31

Tabela 7 – Comparativo de Crescimento Demográfico ao Ano ............................. 32

Tabela 8 – Mortalidade e Natalidade em Palmas em 2007 e 2010 ........................ 33

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Hab. Habitantes

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios

PIB Produto Interno Bruto

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................. 13

2.1 Aspectos Conceituais da Migração ....................................................... 13

2.2 O Impacto Migratório sobre o Território do Norte Goiano até 1988 ...... 15

2.3 O Impacto Migratório sobre o Estado do Tocantins .............................. 18

2.4 Aspectos Conceituais sobre Crescimento Demográfico ........................ 21

2.5 Migração e Crescimento Demográfico ................................................... 23

3 METODOLOGIA .................................................................................... 25

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS .............................. 27

4.1 Aspectos Socioeconômicos de Palmas .................................................. 27

4.2 Migração na cidade de Palmas .............................................................. 31

4.3 Crescimento Demográfico na cidade de Palmas ................................... 33

5 CONCLUSÃO ........................................................................................ 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 38

11

1. INTRODUÇÃO

A alocação espacial da população brasileira continua se definindo, as

constantes migrações de indivíduos de um estado para outro, de região para região,

têm alterado significativamente a distribuição espacial da população.

A migração se traduz pelo deslocamento de residência do indivíduo de um lugar

para outro, mas especificamente de uma região ou estado para outro.

Vários autores têm se dedicado ao seu estudo e o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE desde o censo 2000 procura estabelecer índices em

relação às migrações ocorridas no país.

Entender como estas interações migratórias ocorrem se torna um importante

foco de estudo, uma vez que, um dos pontos fundamentais de entendimento destas

mudanças culturais, sociais e econômicas, delas advindas, necessita de um correto

diagnóstico.

A partir do momento em que estas interações são entendidas e identificadas

em um determinado espaço e tempo, bem como, como elas se difundem em todo o

país, é possível traçar melhores políticas públicas sociais e econômicas, bem como

favorecer os estudos sociais que delas advenham.

Entender também como estas migrações se interagem em uma determinada

cidade com seu próprio crescimento populacional é de suma importância para o

entendimento das políticas públicas mais adequadas de forma a sanar as questões

cruciais da cidade, a saber, entre outras, os serviços de saúde e educação, moradia

e transporte.

A cidade de Palmas, foco deste estudo, com nascimento planejado, vem desde

1990 quando de fato foi instalada, obtendo significantes graus de crescimento

demográfico de período em período.

Desta feita, como se deu o impacto da migração sobre o crescimento

populacional da cidade de Palmas entre 1991 e 2010? Tem-se assim, estabelecida a

questão central deste trabalho.

O Objetivo Geral é, portanto, analisar o processo de migração e de crescimento

demográfico de Palmas no período de 1991 a 2010. Os objetivos específicos são:

verificar os aspectos socioeconômicos de Palmas; quantificar os fluxos migratórios

para a cidade de Palmas; analisar os aspectos do crescimento demográfico de

Palmas.

12

Por hipótese inicial, o processo migratório teria sido um dos principais e o mais

forte fator do crescimento demográfico da cidade de Palmas.

Por fim, este trabalho está dividido em cinco capítulos. O capítulo 1 trata-se da

Introdução, onde se relaciona a justificativa, o problema, os objetivos geral e

específicos e a hipótese. No capítulo 2 encontra-se o Referencial Teórico, tratando

dos aspectos conceituais da migração, do impacto migratório sobre o território do

Norte Goiano até 1988, do impacto migratório sobre o Estado do Tocantins, dos

aspectos conceituais sobre crescimento demográfico, e a relação entre migração e

crescimento demográfico. No capítulo 3 trata-se da metodologia adotada. No capítulo

4, da apresentação e análise dos resultados, pontuando os aspectos

socioeconômicos, a migração e o crescimento demográfico de Palmas. No capítulo 5,

encontra-se as conclusões deste trabalho.

13

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 – ASPECTOS CONCEITUAIS DE MIGRAÇÃO

Segundo Lima (2013, p. 14), as migrações internas como conceituação

referem-se ao processo em que o indivíduo se desloca de seu território original para

outro território da nação em caráter permanente.

Isto, então, nos remete a tentar entender como tal fenômeno ocorre, que

motivos levam um indivíduo a sair de seu local, onde se encontrava ambientado, e a

se deslocar para um local estranho?

Na análise de Lima existem vários motivos, como podemos observar em sua

argumentação:

“As pessoas migram por diferentes motivos. Estes motivos podem ser econômicos, sociais, políticos ou ambientais. A migração econômica ocorre quando se muda para encontrar trabalho ou seguir uma carreira específica. A migração social ocorre quando a pessoa se muda para ter uma qualidade de vida melhor ou para estar perto de familiares e amigos. A migração política ocorre quando a pessoa muda para escapar de conflito ou perseguição política, religiosa ou étnica. A migração ambiental tem algumas causas em desastres naturais, tais como inundações ou secas.” (LIMA, 2013, p. 15).

Neste sentido, entender que o indivíduo migra apenas em busca de emprego

ou de melhoria de bem-estar social se torna demasiado simplório. Cabe-nos uma

tentativa de entender, portanto, de forma global como o processo ocorre, pelo conjunto

das qualidades econômicas, sociais, políticas ou ambientais que o provocaram a

tomada de decisão, e, por conseguinte, seu ato migratório.

Dentro das análises econômicas sobre a temática, se encontram duas teorias

com bases neoclássicas que irão influenciar os teóricos recentes. A primeira, diz

respeito à teoria do desenvolvimento econômico com oferta ilimitada de mão-de-obra

de W. Arthur Lewis, cuja concepção de migração se traduz como um poderoso

mecanismo de transferência da população de regiões agrícolas, densamente

povoadas e produtividade do trabalho baixa, para regiões industrializadas com

produtividade do trabalho elevada em relação à sua região original. A segunda, diz

respeito à modernização social propagada por Bert Hoselit, Nash, Eisenstadt e

Germani, cuja concepção estabelece que as migrações transfiram os excedentes

populacionais de áreas tradicionais da sociedade para as cidades (BRITO, 2009, p.

2).

14

Segundo estas concepções, a decisão de migrar de uma região para outra é

uma decisão racional, onde o indivíduo pesa os prós e os contras para a tomada de

sua decisão, maximizando seu bem-estar.

Ainda dentro das análises econômicas do tema, encontramos também a Teoria

de Everett S. Lee que diz que “a escolha racional do indivíduo se pauta na avaliação

dos fatores positivos e negativos associados às regiões de origem e destino”

(GUIMARÃES, 2010). Os fatores são de julgamento subjetivo, pois cada indivíduo

tende a elencar os fatores positivos e negativos que lhe convém, de forma a maximizar

sua utilidade.

Assim sendo, enquanto os fatores positivos ligados à região forem maiores do

que o oferecido pelas demais regiões, a decisão do indivíduo será a de se manter em

sua região. Todavia, caso os fatores negativos se sobrepõem aos positivos, então o

indivíduo considerará a hipótese de deslocamento para regiões que lhe ofereça um

saldo positivo entre os fatores.

Todavia, esta argumentação econômica neoclássica desconsidera os aspectos

sociais e históricos que podem igualmente, ou em colaboração com os primeiros,

provocar migrações.

Cabe então a argumentação sócio-histórica que demonstra outras questões

desprezadas anteriormente, como a existência de fluxo migratório no qual os primeiros

indivíduos, por razões várias, decidem migrar e caso sejam bem sucedidos, tornam-

se inspiração na sua localidade de origem, gerando uma onda migracional provocada

muitas vezes pela melhoria das condições de vida, não só emprego e renda, mas

também aspectos como educação, saúde e segurança são levados em conta.

Somam-se a estes aspectos as questões familiares, religiosas e políticas, como o caso

de políticas governamentais de povoamento, como ocorreu na região Norte do país

ou a marcha para o oeste da Era Vargas.

Peixoto (2004, p. 29) defende a ideia de redes migratórias sobrepondo às

questões econômicas em muitos casos, e tem um papel importante na decisão de

migrar ou não. Estas redes, por sua vez, são um conjunto de laços sociais que ligam

a região de origem a determinados pontos nas regiões de destino. A teoria de redes

migratórias pode ser sintetizada da seguinte forma:

“Segundo a teoria de redes migratórias o processo de decisão de migrar não decorre de uma decisão racional individual, mas de ações coletivas que ocorrem no núcleo de unidades mais amplas, redes familiares e sociais,

15

cujas ações coletivas levam em consideração não somente os motivos econômicos, mas também as expectativas dos grupos.” (GUIMARÃES, 2010).

Por fim, pode-se definir que a decisão de migrar é um ato racional, porém não

em sua exclusividade, pois outros aspectos podem igualar-se, sobrepor-lhe e aliar-se

a este para determinar o ato migratório. O indivíduo toma sua decisão de acordo com

os fatores atrativos e repulsivos (atração e repulsão), sejam estes fatores econômicos,

sociais, políticos, ambientais, familiares ou históricos, tornando o fenômeno migratório

mais complexo do que simplesmente a melhoria do bem-estar, via melhoria de

emprego e renda.

2.2 – O IMPACTO MIGRATÓRIO SOBRE O TERRITÓRIO DO NORTE GOIANO ATÉ

1988

Historicamente, o território onde hoje se situa o estado do Tocantins, fora

povoado a partir do séc. XVII com a fuga de um grupo de franceses que fugiram após

serem expulsos do Maranhão pelas forças portuguesas e adentraram na região pelo

norte, enquanto que pelo sul, as incursões dos bandeirantes paulistas adentravam o

território central brasileiro e o faziam em busca de índios para escravizar e na tentativa

de descobrir novas jazidas de ouro (PÓVOA, 1999).

Com as descobertas de ouro, houve deslocamentos de indivíduos para a

região. A Coroa Portuguesa resolveu dificultar as penetrações para o interior do Brasil,

cujo intuito era evitar os descaminhos da produção de ouro através de uma Carta

Régia de 10 de janeiro de 1730, onde se proibia a abertura de outro caminho para as

minas de Goiás (que incluía o atual território tocantinense) que não fosse o oficial

estabelecido pela Coroa, recomendando inclusive aos governadores das províncias

fronterísticas para evitar povoações em regiões próximas às minas (PÓVOA, 1999).

Mesmo com as restrições impostas, houve fluxo de indivíduos que em

expedições adentravam na região através da Bahia, do Maranhão, do Piauí, do Pará

e de Minas Gerais, e iam estabelecendo núcleos populacionais, dando origem aos

primeiros povoados (PÓVOA, 1999).

Os primeiros arraiais, espécies de povoados, surgiram em função de

descobertas de ouro e em suas proximidades se estabelecerão estas povoações, cuja

maioria se tornarão cidades e existirão até a contemporaneidade. Como exemplo

16

destes, os arraiais de Nossa Senhora da Natividade, fundado em 1734, que

atualmente é a cidade de Natividade e Arraias de 1740, além de vários outros que se

situarão nas minas do então norte de Goiás (PÓVOA, 1999).

A terra também já era habitada pelos nativos (indígenas) das mais variadas

etnias presentes no país desde sua descoberta pelos portugueses, muitas vezes

tribos nômades que fugiram do litoral após a ocupação europeia. Estes mesmos

nativos é que criarão certa resistência aos primeiros povoamentos, principalmente na

navegabilidade do rio Tocantins, importante via de distribuição da produção de ouro e

do comércio em geral, pois dificultavam e encareciam o transporte pelos riscos

oferecidos (PÓVOA, 1999).

Com o declínio da mineração aurífera na região em meados do séc. XVIII, irá

naturalmente diminuir o então crescimento demográfico vivido por conta dos anos de

bonança da mineração. Todavia, a população ainda crescia e demandava alimentos

que não eram produzidos em quantidades suficientes. Assim, houve uma migração

dos trabalhadores e escravos para as plantações de alimentos, como descreve Póvoa:

“A necessidade premente de alimentar uma população crescente levou para as tarefas ligadas à agricultura e à pecuária muitos braços que antes eram ou poderiam ser empregados na extração de ouro. Os homens de recurso passaram a ter nestas atividades um meio de ampliação de sua riqueza.” (PÓVOA, 1994, p. 48).

Uma vez que, se declinava a produção aurífera os que possuíam recursos,

dinheiro e terra, aproveitaram a mão-de-obra para produzir alimentos e assim ampliar

mais ainda sua renda, dada a demanda existente como bem expressou Póvoa (1994,

p. 47-48).

Este primeiro processo migratório até aqui descrito, denominado de Ciclo

Aurífero, se dará fortemente na região aquém (leste) do rio Tocantins.

Nos séculos seguintes a região irá obter crescimento pouco perceptível devido

à falta de dados em separado do estado de Goiás e de uma forte fonte migratória em

sua direção. Até que com o advento da malha rodoviária, posteriormente a

implantação da indústria de carros durante o governo

Juscelino Kubitschek, irá dar origem a um novo processo de crescimento demográfico

da região.

Durante este período são as rodovias que serão fatores de crescimento da

região, como bem expressa Lima (2005, p. 16): “Quanto às rodovias em Goiás,

17

particularmente, foram responsáveis pela criação e desenvolvimento de várias

cidades [...]” e ainda expressa que:

“Analisando a disposição destas cidades observa-se que foram fundadas, neste movimento de interiorização, ou seja, ao norte, nordeste, sudoeste e oeste do território goiano, sempre ao lado de rodovias federais e em pontos estratégicos em relação às cidades já existentes [...] Salienta-se que destas cidades algumas foram fundadas no período da implantação das rodovias, outras, posteriormente, a partir de povoados ou entrepostos comerciais que serviam de base à construção das obras, cresceram e emanciparam-se em períodos diferentes, devido a maior ou a menor concentração populacional, pelos diferentes movimentos migratórios ocorridos no país.” (LIMA, 2005, p. 16).

Em específico, será de suma importância a construção da rodovia BR-153 que

irá promover fortemente o desenvolvimento de várias cidades ao longo de sua

extensão e margem. O território tocantinense, cuja referida rodovia irá cortar de norte

a sul, verá nascer também várias cidades, fruto do desenvolvimento provocado pela

interligação do país.

A BR-153, conhecida também como Belém-Brasília, irá impulsionar em suas

margens o desenvolvimento de muitas cidades tocantinenses, a exemplo, cidades

como Gurupi, Paraíso do Tocantins, Colinas e Araguaína.

Estas cidades irão em sua maioria nascer devido a migrações de indivíduos de

outras partes do país, como bem explicita Arbués:

“Por onde andamos, certamente vamos nos deparar com grupos oriundos do Nordeste, Sudeste ou Sul [...]. O processo modernizador que atinge o norte goiano, que após viver isolado passa a ser tocado de perto pelo capital, favoreceu, principalmente, a faixa compreendida entre a BR-153 e o Vale do Araguaia [...]. Como se observa, a conjuntura do norte goiano, nas ultimas décadas, foi marcada por mudanças estruturais abrindo espaço para o processo dito modernizador, que teve como ápice a migração sulista, especialmente da frente gaúcha.” (ARBUÉS, 2002, p.415-416 apud AQUINO, 2006, p. 7)

Este segundo grande processo migratório de desenvolvimento demográfico,

denominado de Ciclo Rodoviário, irá se concentrar agora no oeste do rio Tocantins.

18

2.3 – O IMPACTO MIGRATÓRIO SOBRE O ESTADO DO TOCANTINS

Durante os anos da década de 70 do século XX o então norte goiano já figurava

como importante centro receptivo de migrantes, como bem descreve Brasil:

“O Estado do Tocantins conta com 8,7% do total de imigrantes interestaduais, constituindo-se no terceiro pólo de atração da Região, tendo recebido aproximadamente 74 mil pessoas. Pólo este até maior que o do Amazonas, importante área de absorção de migrantes no passado, como no período da borracha, mas que nessa década refletiu pouco interesse por parte dos migrantes.” (BRASIL, 1997, p. 4).

Isto leva em consideração um fluxo de pessoas já provenientes da época da

construção da rodovia BR-153, o que fará importante contribuição ao processo de

entendimento do funcionamento migratório no estado. A mesma autora diz:

“Verifica-se que os Estados do Pará, Rondônia e Tocantins apresentaram uma nítida influência de migração oriunda de fora da Região Norte, ultrapassando 90% do total de imigrantes de cada Estado [...] O Tocantins contou com a forte influência da imigração proveniente do Nordeste, com 69%, seguida do Sudeste, com 15%.” (BRASIL, 1997, p. 5).

Refletindo assim, um desempenho significativo no crescimento demográfico

obtido pelas migrações oriundas de outros estados em sua direção à época.

Em meados de 1980, o Tocantins segue com uma forte migração, como

descrito abaixo, todavia houve mudanças que desenharam um novo quadro daqueles

estados que se tornaram os estados de origem dos migrantes que terão como destino

o Tocantins.

“O Pará absorveu 38% da população migrante, Rondônia, 31% e Tocantins, 31% [...] Novamente, os Estados que ganharam importância nesse período foram Roraima e Tocantins, que tiveram suas participações relativas aumentada para 4% e 14%, respectivamente. [...] Tocantins, por sua vez, mostrou um decréscimo importante quanto ao movimento migratório proveniente do Nordeste (queda de 68% para 41%, entre os anos 70 e 80), ao contrário do que se verificou com relação às regiões Centro-Oeste e Norte, cujas participações se elevaram significativamente (29% e 16%, respectivamente). A nível de Estados emissores, o Maranhão continuou com um fluxo importante que, na década passada, diminuiu de 41% para 24%. O Estado de Goiás, que já tinha expressividade nos anos 70, passou a ser a origem das migrações para o Tocantins (25%). Outro Estado que despontou, neste período, foi o Pará, que participou com 15% do fluxo migratório para o Tocantins durante os anos 80. De certa forma, estes resultados parecem indicar ter sido a migração de “curta distância” ou mesmo fronteiriça a mais importante no caso tocantinense.” (BRASIL, 1997, p. 10-11).

19

Até 1988, o território onde hoje se encontra o Estado do Tocantins era apenas

o norte do estado de Goiás.

Desta forma, todo fluxo migratório até então descrito fora um reflexo de um

estado que ainda inexistia de direito. Sem esta valia, a região nunca pode se

desenvolver adequadamente, sempre ficando à margem do então sul goiano que era

mais desenvolvido, e isto obviamente refletiu sobre o tamanho de sua população e o

crescimento demográfico habitual obtido, com exceção dos dois períodos (ciclo

aurífero e ciclo rodoviário) de uma espécie de “boom” migratório, já citados

anteriormente.

A situação do norte goiano era muito precária em matéria de presença do

Estado, Aquino nos coloca muito bem esta situação:

“Isolamento. Deserto humano. Abandono. Eram palavras que, entre outras de igual peso, frequentavam as primeiras linhas de qualquer escrito acerca do antigo Norte de Goiás. Palavras ideologizadas, com espaço nas crônicas, prosa e verso, letras e até nas melodias das canções, nos discursos políticos inflamados a justificar candidaturas e também ideologizadas na historiografia.” (AQUINO, 2006, p. 6).

Vários movimentos surgiram para tentar resolver estas questões, e o mais

defendido ao longo da história tocantinense fora a emancipação, cuja luta iniciou-se

há muitas décadas anteriores a sua concretização.

Com a Constituição de 1988, o estado do Tocantins fora criado e sua instalação

realizada em 1º de janeiro de 1989.

Constituído estado, o Tocantins se encontrará com muita coisa por fazer, toda

a sua infraestrutura, educação e saúde serão criadas a partir de muito pouca coisa

que havia herdado da estrutura estatal do Norte de Goiás, a começar pela instalação

do governo e dos poderes constituídos e dos serviços básicos à população. Não havia

se quer mão-de-obra suficiente para tocar as obras iniciais, nem para ocupar os

cargos das três esferas de poderes. É em meio a este cenário que se iniciará o

desenvolvimento demográfico necessário a construção do estado.

O governo estadual adotará políticas que incentivarão a migração de indivíduos

de várias regiões do país, sejam em busca de emprego e renda, sejam por outros

motivos.

20

Surge também mais um aspecto importante e atrativo, que foi a construção da

Capital planejada, Palmas, iniciada em maio de 1989, que também será um forte

atrativo, como o foi a construção de Brasília na década de 50.

21

2.4 – ASPECTOS CONCEITUAIS SOBRE CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO

Antes de falarmos em crescimento demográfico é necessário entender

primeiramente como as cidades nascem e se desenvolvem, em seus aspectos

históricos e sociais, para então podermos nos debruçar em como seu crescimento

pode ocorrer.

As cidades são frutos de um desenrolar histórico que começa a partir do

período Paleolítico, que segundo Brumes (2001, p. 48) “o homem buscava, de certa

maneira, locais fixos para usar como abrigo. A caverna é um exemplo, onde se podia

encontrar, entre outras coisas, segurança”. No período Mesolítico (10.000 a.C. – 5.000

a.C.), por sua vez, é que é encontrada a primeira condição para surgimento das

cidades: a invenção da agricultura, o que fez os grupos humanos de então fixar

residência em local certo.

Até então o meio onde os grupos humanos viviam não lhes era significativo,

pois eram nômades, com a agricultura e a necessidade de fixação em local certo,

modificou-se tal posição, como afirma Brumes (2001, p. 48): “O próprio homem teve

que passar por um processo de mudanças antes de engendrar transformações no

meio o qual se inseria”.

No período Neolítico, se encontram os primeiros aldeamentos e para Brumes

(2001, p. 48) isto se deve ao fato de haver condições melhoradas de sobrevivência

aos grupos humanos. Ainda seguindo a mesma lógica, afirma:

“Dados históricos demonstram a importância da produção do excedente alimentar como primeira condição a permitir o aparecimento de população separada de áreas produtivas, ainda que esta produção não tivesse, inicialmente, um caráter econômico.” (BRUMES, 2001, p. 48)

Nos três períodos da pré-história (paleolítico, mesolítico e neolítico) até aqui

apresentados, o excedente de produção agrícola se tornou a principal condição para

aparecimento e crescimento dos povoamentos.

Para Brumes (2001, p. 50-51), na Idade Antiga, por sua vez, o excedente

gerado possibilitou a existência de uma população citadina que vivia de outras funções

administrativas, religiosas e militares. As cidades agora nasciam, cresciam e se

mantinham a partir de aspectos complementares, tais como segurança, comércio, etc.

Chegando ao ponto de haver redes urbanas complexas, passando pelos diversos

22

impérios que se sucederam em conquistas bélicas (egípcios, assírios, babilônicos,

persas, macedônicos, romanos, etc.).

E isto nos levará à Revolução Industrial, em grande parte, fruto da sociedade

burguesa originada nas cidades. Brumes afirma:

“[...] as cidades da Idade Média passam a gerar algo diferente no que se refere ao setor econômico que gerará a indústria; no setor social, com o aparecimento da propriedade de bens móveis; e no setor político com o surgimento do Estado.” (BRUMES, 2001, p. 52)

Nas sociedades modernas as cidades desempenham funções muito similares

desde sua constituição nos agrupamentos humanos a muito desenhada. Seu

nascimento e crescimento dependem basicamente de questões econômicas, sociais,

culturais e políticas. Ainda tomando por base Brumes (2001, p. 53), a existência de

uma ou mais funções urbanas vincula-se à origem da cidade, isto é, as questões que

levam à constituição urbana podem ser somente econômicas ou políticas, por

exemplo.

O crescimento demográfico, portanto, se apoia também nos mesmos fatores,

porém com o advento moderno do capitalismo, ganha contornos majoritariamente

econômicos. No Brasil, tal afirmação se mantem, partindo do que afirma Santos (2008,

p. 19): “Durante séculos o Brasil é um país agrário”, porém com a chegada do

capitalismo industrial em escala nacional (motivo econômico) ocorre o chamado êxodo

rural em ritmo acelerado iniciado na década de 50 e indo até meados da década de

80, segundo Alves, Souza e Marra (2011, p. 81-82), o que provocou um crescimento

substancial da malha urbana brasileira.

A demografia, o ramo científico que estuda as populações humanas, se

estabelece em quatro elementos principais: crescimento populacional, fecundidade,

mortalidade e reprodução. O crescimento da população, por sua vez, depende

diretamente de alguns fatores que são os nascimentos, os óbitos e o fenômeno

migratório, que são determinados por fatores variados. (RIOS-NETO; RIANI, 2004,

p.15)

Portanto, como conceito, para Cerqueira e Givisiez (RIOS-NETO; RIANI, 2004,

p. 18), o crescimento demográfico ou populacional se traduz no aumento da

quantidade de indivíduos de um determinado local (região, estado, país) por meio da

soma da população inicial mais um crescimento natural (a quantidade de nascimentos

23

subtraída a quantidade de óbitos) e do saldo do movimento migratório (a quantidade

de imigrantes subtraída a quantidade de emigrantes).

2.5 – MIGRAÇÃO E CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO

Ao tratar, neste referencial teórico, da junção entre Migração e Crescimento

Demográfico e sua correlação, adentramos no último ponto a ser verificado antes da

metodologia e análise dos resultados.

Os aclaramentos científicos a respeito de Migração e Crescimento Demográfico

em isolados já foram evidenciados nos pontos anteriores. Os dois sendo, agora,

aclarados em conjunto e em correlação um com o outro, sintetizarão o cerne teórico

deste trabalho.

As migrações são fontes de crescimento “não natural”, isto é, são dependentes

e correlacionados, o que pode ser observado pelo que diz Silva:

“De maneira geral, as migrações funcionam como um mecanismo regulador necessário, uma vez que os ‘optimum’ regionais de população nem sempre ficam assegurados através do crescimento natural de cada região. Deve-se atentar porém, para o efeito negativo que migrações de porte podem acarretar para uma região, uma vez que a demanda de recursos humanos se dá sobretudo entre as pessoas em idade produtiva nas quais muito se investiu em serviços de educação, saúde, etc.” (SILVA, 2001)

Observe que Silva afirma existir um crescimento “natural”, deduz-se daí que tal

crescimento se deve a fatores do próprio núcleo urbano. Por sua vez,

complementando esta ideia e conceituação, Torres (1995, p. 41) afirma que: “[...] taxa

de crescimento natural [...] é a diferença entre a taxa bruta de natalidade e a taxa bruta

de mortalidade”. Desta feita, o crescimento populacional “natural” de uma determinada

cidade leva em consideração a diferença entre a mortalidade e a natalidade de uma

determinada população. O mesmo autor acrescenta que:

“Chama-se movimento natural da população ao que resulta somente dos nascimentos e dos óbitos e movimento real o movimento natural acrescido do efeito das migrações. Evidentemente que numa população fechada, quer dizer sem migrações externas, o movimento natural coincide com o movimento real.” (TORRES, 1995, p. 41, grifos do autor)

Percebe-se, portanto, que o acréscimo dos efeitos migratórios sobre o

crescimento natural em determinado núcleo urbano, promove o que Torres denomina

24

de movimento real. Isto é, o efeito demográfico ascendente de uma população irá

depender da soma entre os efeitos migratórios e o crescimento natural, este último

pode não ser positivo, pois em situação onde a taxa de mortalidade for maior que a

taxa de natalidade da população, o efeito deste sobre o movimento real é negativo.

Desta feita, as migrações têm grande influência sobre o crescimento

demográfico de uma determinada cidade, o que nos leva apenas a tentar entender

como tal crescimento pode ocorrer e suas nuances.

25

3. METODOLOGIA

Uma vez revisada toda uma bibliografia de suporte a este trabalho, passamos

a descrição do processo metodológico seguido.

Toma-se como fonte de dados básica: os censos brasileiros de 1991, 2000 e

2010 e as contagens populacionais de 1996 e 2007, realizados pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística – IBGE. Como fonte de dados complementar, temos: o Atlas

do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, do Programa das Nações Unidas para

o Desenvolvimento – PNUD; o Cadastro Central de Empresas, PIB, PIB per capita,

natalidade e mortalidade, também do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –

IBGE; os Censos Educacionais de 2005, 2007 e 2009 do Instituto Nacional de Estudos

e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP do Ministério da Educação

publicados também pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Decompou-se os dados apenas para o Estado do Tocantins, em específico à

cidade objeto deste trabalho, Palmas. Utilizando os dados relativos à população (todos

os censos e contagens), à migração (Censo 2010) e às variáveis socioeconômicas

(PNUD, IBGE e INEP).

Com relação aos dados migratórios, nos censos de 1991 e contagens

populacionais de 1996 e 2007, não foram pesquisados aspectos migratórios. O Censo

2000, por sua vez, trata os aspectos migratórios de maneira insuficiente para análise

neste trabalho. Devido a isto, o ano de 2010 e seu respectivo Censo foi utilizado como

base dos dados migratório isoladamente, pois finaliza o período de 19 anos estudado,

podendo fornecer um retrato das acomodações dos fluxos migratórios de todo o

período, retirando o efeito da Migração Transitória1 ocorrida.

Uma vez feita à decomposição dos dados e a ponderação citada no parágrafo

anterior, de maneira que fosse possível tentar explicar o fenômeno migratório e sua

relação com o crescimento demográfico, passou-se a análise propriamente dita.

Primeiro, se traçou os aspectos socioeconômicos relacionados com a migração,

sendo utilizadas as seguintes variáveis: de Desenvolvimento Humano (IDH-M,

Quantidade de Escolas, Docentes e Matrículas Escolares) e de Crescimento

Econômico (Quantidade de Empresas, Salário Médio, PIB e PIB per capita).

1 A Migração Transitória se refere àquela parcela dos migrantes que não fixa residência definitiva no local para onde migrou.

26

Em segundo lugar, traçou-se o perfil migratório da cidade, demonstrando os

residentes naturais de outros estados, do interior do estado e de outros países, em

números absolutos e percentuais, bem como a divisão da população entre natural

(nativa) e migrante.

Por fim, se traçou a evolução demográfica da cidade para os cinco itens

censitários (Censos 1991, 2000 e 2010; Contagens 1996 e 2007), trazendo também

a relação entre cada um deles em análise absoluta e percentual, e para explicar o

crescimento natural da população foi introduzida a questão da mortalidade e

natalidade.

27

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1 – ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DE PALMAS

Dentro dos aspectos teóricos em que se baseiam este trabalho, vários fatores

são responsáveis, sozinhos ou acompanhados, pela decisão de um indivíduo migrar

de uma local para outro, assim modeladas como variáveis atrativas ou repulsivas.

Para melhor entendermos o porquê dos fluxos migratórios para a cidade de

Palmas, é necessário entender os fatores atrativos a eles atrelados que podem

explicar o fenômeno.

Atem-se neste ponto a fatores: de Desenvolvimento Humano (IDH-M,

quantidade de docentes e escolas, quantidade de matrículas nas escolas) e de

Crescimento Econômico (Quantidade de Empresas, Salário Médio, PIB e PIB per

capita).

Iniciamos pelo IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios),

que é um índice que vai de 0 a 1, quanto mais próximo de 1 melhor e o inverso também

é verdadeiro. Ele analisa 3 fatores: renda, educação e longevidade. Desta feita, o IDH-

M pode ser classificado da seguinte maneira: se for menor que 0,5 – baixo; se maior

que 0,5 e menor que 0,8 – médio; se maior que 0,799 – Alto.

Para a cidade pesquisada o IDH-M de 1991 era de 0,439 ficando no ranking

nacional em 1802º lugar e no ranking estadual em 6º lugar perdendo para Gurupi,

Paraíso, Alvorada, Miracema e Araguaína, nesta mesma ordem. O aspecto mais

negativo neste ano foi o da educação (IDHM-Educação: 0,198) que puxou o índice

para baixo. Se observamos a Tabela 1 vemos que a renda e a longevidade tiveram

um índice mediano, o que pode-se entender como bom, uma vez que a cidade tinha

apenas pouco mais de 1 ano de implantação, possivelmente puxado pela necessidade

de mão-de-obra advinda das obras de infraestrutura. Enquanto que o aparelhamento

de estado necessário ao fornecimento de educação com um mínimo de qualidade

pode explicar o baixo índice da educação. No ano de 2000, o IDH-M foi de 0,654 o

que a colocou no 580º lugar no ranking nacional e em 1º no ranking estadual. Em

2010, o IDH-M foi de 0,788, colocando-a no 76º lugar no ranking nacional e mantendo

o 1º lugar no estadual.

Em 19 anos, Palmas avançou em qualidade de vida, medido pelo IDH-M,

saindo de uma classificação de IDH Baixo para Alto IDH, o que a fez figurar entre as

28

76 melhores cidades. Vejamos de maneira sintética e numérica na Tabela 1 para

melhor entendimento.

Tabela 1 – IDH-M de 1991 a 2010

Ano IDH-M IDHM – Renda IDHM –

Longevidade

IDHM -

Educação

1991 0,439 0,646 0,660 0,198

2000 0,654 0,722 0,762 0,508

2010 0,788 0,789 0,827 0,749

Fonte: PNUD/Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013.

Pela Tabela 1 é possível visualizar que o IDH-M ao longo deste tempo cresceu

79,5%, saltando de 0,439 para 0,788. A renda e a longevidade (que é indicativo de

saúde) também tiveram trajetória de crescimento importante. Porém, é no sub-índice

IDHM – Educação que o crescimento foi muito significativo da ordem de 278,28%,

saltando de apenas 0,198 para 0,749.

Quando analisamos este sub-índice específico, levando-se em consideração

dados como quantidade de escolas, docentes e matrículas, temos a Tabela 2:

Tabela 2 – Docentes, Escolas e Matrículas

Ano Quantidade de

Docentes

Quantidade de

Escolas Matrículas

2005 2.257 151 47.591

2007 2.297 159 49715

2009 2.431 182 52.251

Fonte: IBGE (INEP/Censo Educacional 2005, 2007 e 2009).

O Censo Educacional leva em consideração tanto a rede privada quanto a

pública em seus três níveis federativos, bem como as divisões educacionais

brasileiras (pré-escola, ensino fundamental e ensino médio), e começou a ser feito

somente a partir de 2005.

Entre 2005 e 2009 houve um crescimento da ordem de 7,7% na quantidade de

docentes, 20,53% na quantidade de escolas e 9,79% no número de matrículas. O que

traz evidências que ajudam a explicar o crescente aumento do IDHM-Educação ao

longo do tempo.

29

Se levarmos em consideração que a cidade tinha em 1991 uma quantidade de

escolas, docentes e matrículas em número bastante reduzido, temos que esse

importante índice sofreu influência dos investimentos públicos em educação ao longo

de todo o tempo e a Tabela 2 elucida um retrato de como isto possa ter ocorrido. Esse

investimento, por sua vez, por lógica, foi intensificado à medida que a cidade crescia

demograficamente.

Não somente isto, mas o baixo índice do IDHM – Educação em 1991 é

consequência lógica da criação de uma cidade do nada. O IDHM – Renda de 1991

sofreu menos efeito desta mesma constatação devido aos investimentos em

infraestrutura iniciais que injetavam renda na economia local. O IDHM – Longevidade,

da mesma forma, poderia refletir naquele momento o estado natural da longevidade

brasileira à época.

Neste constante crescimento do IDH-M, em 2010, o índice atinge uma

classificação de padrão alto de desenvolvimento, sendo este um fator atrativo variável

ao longo do período, oscilando em sentido positivo em relação às migrações.

O segundo ponto a ser analisado é o do Crescimento Econômico. De acordo

com o Cadastro Central de Empresas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

– IBGE, na cidade de Palmas em 2010 haviam 6.276 empresas ativas contra 4.613

em 2006, um aumento de 36,05%; o maior crescimento anual ocorre entre os anos de

2009 e 2010, quando o crescimento foi de 13,72%, uma aumento de 757 novas

empresas; a série completa pode ser vista na Tabela 3. O Salário Médio pago pelas

empresas durante o mesmo período saiu de 3,9 salários mínimos para 3,7, uma

redução de 5,13% no período.

Tabela 3 – Iniciativa Privada entre 2006 e 2010

Ano Empresas1 Salário Médio2 Taxa de Crescimento3

2006 4.613 3,9 0%

2007 4.826 3,9 4,62%

2008 5.165 3,7 7,02%

2009 5.519 3,7 6,85%

2010 6.276 3,7 13,72%

Fonte: IBGE/Cadastro Central de Empresas. Notas: 1Empresas atuantes. 2Medido em salários mínimos.3Em relação ao ano anterior, referente somente à quantidade de empresas.

30

Se comparamos os dados de 2010 com os dos demais municípios do estado,

temos que Palmas alcança a primeira colocação, sendo quase o dobro o número de

empresas atuantes em relação à segunda colocada, a cidade de Araguaína com 3.297

(IBGE, 2010).

Por fim, analisamos o Produto Interno Bruto – PIB da cidade onde encontramos

em 1999 o valor de 429.486 milhões em valores correntes, enquanto que em 2010 o

PIB salta para 3.923.401 milhões, um aumento em 11 anos de 813,51%, uma média

de 23,04% ao ano neste período. Um dado bastante importante, pois demonstra que

em curto espaço de tempo o crescimento foi significativo. Vejamos a Tabela 4, onde

os dados aparecem na série completa.

Tabela 4 – PIB de Palmas entre 1999 e 2010

Ano PIB1

Taxa de cresc. em

relação ao ano

anterior

Taxa de cresc. em

relação ao ano

base

Taxa de cresc. do

PIB do Brasil

1999 429.486 0% 0% 0%

2000 660.330 53,75% 53,75% 4,3%

2001 899.143 36,17% 109,35% 1,3%

2002 1.225.326 36,28% 185,30% 2,7%

2003 1.267.810 3,47% 195,19% 1,1%

2004 1.520.579 19,94% 254,05% 5,7%

2005 1.715.032 12,79% 299,32% 3,2%

2006 1.933.480 12,74% 350,18% 4%

2007 2.258.905 16,83% 425,96% 6,1%

2008 2.613.946 15,72% 508,62% 5,2%

2009 2.964.944 13,43% 590,35% -0,3%

2010 3.923.401 32,33% 813,51% 7,5%

Fonte: IBGE. Nota: 1PIB em preços correntes em milhões.

Como visto na Tabela 4 o PIB de Palmas cresceu ao longo de 11 anos muito

acima do nacional, cuja média foi de 3,7% de crescimento, enquanto a cidade

alcançou patamares de crescimento bem acima. Quando comparado ao PIB do

Estado do Tocantins, a participação é de 22,76% em 2010, sendo também o maior

PIB entre os 139 municípios que integram o Estado.

31

Já o PIB per capita de 2000 era de R$ 4.807,47 e o de 2010 era de R$

17.182,88, um aumento em 10 anos da ordem de 357,42%, o que ajuda a explicar

também o estabelecimento do IDH-M em nível alto, bem como no sub-índice IDHM –

Renda.

Ao fim da análise dos fatores socioeconômicos de desenvolvimento humano e

crescimento econômico, pode-se observar que o IDH-M, a quantidade de escolas,

docentes e matriculas, quantidade de empresas, salário médio, PIB e PIB per capita,

podem indicar que tais fatores possam ter sido atrativos, em maior ou menor grau, de

migrantes para a cidade.

4.2 – A MIGRAÇÃO NA CIDADE DE PALMAS

Amparado pelo Censo 2010, cujo raio-x da migração foi feito de forma

detalhada para os municípios, permite-se analisar a proporção e o impacto, para então

correlacionarmos com os dados socioeconômicos anteriormente levantados.

A migração parece não ser um ato deliberado de escolha simples, mas um

conglomerado de fatores atrativos que lhe impulsiona. Desta feita, os fatores

econômicos, sociais, culturais, ambientais podem ter significância considerável na

tomada de decisão do indivíduo no ato de migrar.

Em Palmas, desde o começo, há a presença maciça de migrantes na edificação

social da cidade, que no ponto inicial representavam o todo da população residente e

transitória. Ao final do período analisado já se pode encontrar um retrato de como tais

transformações migratórias culminaram com o percentual ainda elevado de população

migrante.

O ano de 2010 se torna importante por fechar um ciclo de 19 anos de análise,

o que resultou ao final um retrato das acomodações geradas ao longo dos anos,

acomodações estas relativas e resultantes dos fluxos migratórios. Isto quer dizer que

a população migrante que não permaneceu na cidade não foi objeto de análise, pois

era, em sentido formal, transitória.

Em 2010, entre os residentes de Palmas é constatada uma proporção

majoritária de migrantes, sendo que destes 62.455 hab. são oriundos do interior do

estado, o que representa um total de 27,35% em relação ao total da população. O que

pode implicar que estes migrantes afluíram para a cidade devido a fatores atrativos

que a cidade oferecia, fatores socioeconômicos já mencionados anteriormente, além

32

da atratividade natural advinda do status de ser a capital. A cidade também é detentora

do melhor IDH-M, do maior PIB Municipal e da maior quantidade de empresas

atuantes, estando em primeiro lugar em todos os dados socioeconômicos expressos

neste trabalho, em relação às demais cidades do estado em 2010.

Os migrantes com origem em outros estados da federação e estrangeiros eram

109.834 hab., o que perfaz um total de 48,1% em relação ao total da população,

conforme a Tabela 5. A tendência natural era que ao longo do tempo, passados 20

anos desde sua criação, o número de migrantes decaísse a padrões menores se os

fatores atrativos diminuíssem ou se ausentassem. Porém, ao que se indica os fatores

atrativos não diminuíram por completo, ao contrário, possivelmente podem ter

aumentado em determinados anos.

Tabela 5. População Residente - Migrantes em Palmas em 2010

Origem Habitantes Taxa em relação ao total de hab.

Tocantins1 62.455 27,35%

Outras Estados e

Estrangeiros 109.834 48,10%

TOTAL 172.289 75,46%

Fonte: IBGE/Censo Demográfico 2010. Nota: 1Este dado não contém a população residente natural de Palmas.

Se observamos o crescimento demográfico contido na Tabela 6, pode-se

observar que, ao longo do período, em relação ao ano base (1991), houve uma

escalada padronizada de tal crescimento. Portanto, como foi visto nos parágrafos

anteriores, o percentual elevado de migrantes que compunham o total de residentes

no ano de 2010 pode indicar que os fatores atrativos continuaram a ser maiores que

os repulsivos, gerando saldos positivos dos fluxos migratórios.

Desta feita, dos 228.332 hab. totais em 2010, 75,46% é formado por uma

população residente oriunda de outras cidades (e estados ou países), ou seja, tem-se

que após 20 anos de implantação a população migrante é ainda muito alta. Se

tomarmos que o último ano do período analisado corresponde como sendo um retrato

final das acomodações migratórias, há evidências de que a migração tenha sido um

fator preponderante para a formação e constituição social e numérica da população.

A população natural, por sua vez, ou seja, aqueles que são nascidos na cidade

e nela ainda residentes, representavam em 2010 apenas um total de 56.043 hab., ou

33

seja, 24,54% do total. Há, porém a tendência natural de inversão ao longo dos anos

de participação no todo entre esta população e à migrante.

Esta população natural pode ser descrita como sendo o fruto de anos de saldos

positivos entre nascimentos, óbitos e Migrações Inversas2 de indivíduos que tem como

local de naturalidade o próprio município. Desta feita, é natural que uma cidade receba

ou transfira indivíduos em processos migratórios.

4.3 – CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO DA CIDADE DE PALMAS

Palmas desde seu nascimento já foi em si mesma uma forte fonte atrativa de

mão-de-obra para a implantação de toda a sua infraestrutura básica, iniciando um

ciclo de crescimento demográfico essencialmente advindo de fluxos migratórios,

atraídos pela oferta de emprego. À medida que os aparelhos de estado foram

implantados, a demanda por servidores públicos também tornara-se um importante

fator atrativo.

Isto, por sua vez, refletiu diretamente sobre o total de população auferido pelo

Censo de 1991, como pode ser observado na Tabela 6. Em menos de 2 anos desde

o início das obras, e pouco mais de um ano após a implantação, Palmas já obteve um

dado importante, um total de 24.334 habitantes.

Tabela 6 - Demonstrativo Demográfico de Palmas

Item Censitário População

Total (hab.)

Taxa de cresc. em

relação ao item

censitário anterior

Taxa de cresc.

em relação ao

censo base

Censo 1991 24.334 0% 0%

Contagem Populacional de 19961 86.116 253,89% 253,89%

Censo 2000 137.355 59,50% 464,46%

Contagem Populacional de 20071 178.386 29,87% 633,07%

Censo 2010 228.332 28% 838,32%

Fonte: IBGE. Notas: 1Contagem por amostragem.

2 A Migração Inversa se refere àquela que ocorre no contrafluxo, onde ao invés de o indivíduo nativo se manter na região recebedora do fluxo migratório, faz o processo inverso migrando para outro lugar.

34

Portanto, entender que esta população mensurada em 1991 é fruto

integralmente de migrações, seja do interior do estado recém-criado, seja de outras

unidades da federação. Esta migração, em primeiro momento é advinda de fatores

atrativos, principalmente de natureza econômica devido à necessidade premente de

mão-de-obra em todas as esferas e níveis. É salutar salientar que as pessoas

residentes no território onde hoje é o município de Palmas até a sua criação, não são

consideradas como população natural, mas englobadas como migrante.

Uma vez que o aparelho estatal e a infraestrutura básica haviam sido instalados

na cidade, se operam os fatores migratórios extraeconômicos que em junção ao

primeiro, serão atrativos aos migrantes nos próximos anos do período estudado, o que

gerará um crescimento da ordem de 253,89%, passando em 1996 para 86.116

habitantes, e isto prosseguirá pelos anos posteriores do período.

Todavia, houve uma diminuição no ritmo do crescimento de 1996 até 2007,

sendo em cada item censitário (censos e contagens) evidenciado tal diminuição. Em

2000 em relação a 1996 o crescimento foi de 59,50%, em 2007 em relação a 2000 de

29,87%.

Observa-se também que o crescimento do último trecho analisado (2007 a

2010) se encontra uma retomada de ritmo, uma vez que no trecho anterior de 7 anos

a média de crescimento foi de 4,27% ao ano, enquanto que os 3 anos do trecho

tiveram uma média de 9,33% ao ano, como pode ser melhor observado na Tabela 7.

Tabela 7 – Comparativo de Crescimento Demográfico ao Ano

Trecho Anos

Taxa de cresc. total

em relação ao

trecho anterior

Taxa Média ao

ano

1991 - 1996 5 253,89% 50,78%

1996 - 2000 4 59,50% 14,88%

2000 - 2007 7 29,87% 4,27%

2007 – 2010 3 28% 9,33%

Fonte: IBGE.

Esta retomada do ritmo de crescimento ocorrida a partir de 2007 indica que

novos ou renovados fatores migratórios, bem como o crescimento natural da cidade,

entraram em operação para tal retomada. Isto pode ser observado pelos dados

35

socioeconômicos levantados neste período: o aumento no número de empresas

atuantes na cidade que foi de 30,05%, isto é, 1450 novas empresas (vide Tabela 3);

ao aumento do PIB da ordem de 73,69% (vide Tabela 4). Tais variáveis são fatores

atrativos positivos que estimularam a migração neste período.

Uma outra questão que ainda não foi citada e que merece a atenção diz

respeito a dois fatores que contribuem para o crescimento natural da cidade, a

Natalidade e a Mortalidade, mesmo estas, intrinsicamente, fazerem parte das

variáveis analisadas para a composição do IDH-M. Pela Tabela 8, é possível ver estes

dois fatores e suas respetivas taxas.

Tabela 8 – Mortalidade e Natalidade em Palmas em 2007 e 2010

Ano Natalidade1 Mortalidade2 Taxa de

Natalidade3

Taxa de

Mortalidade3

2007 4.365 607 24,47% 3,4%

2010 4.510 681 19,75% 2,98%

Fonte: IBGE/Estatísticas de Registro Civil. Notas: 1Nascidos vivos, ocorridos e registrados no ano, por lugar de residência da mãe.2Óbitos, ocorridos e registrados no ano, lugar de residência do falecido.3Natalidade (ou Mortalidade) dividida pelo total de habitantes, multiplicado por 1000.

Portanto, ao finalizar esta análise, torna-se factível a possibilidade de que haja

uma relação entre migração e crescimento demográfico, e que os saldos entre fatores

atrativos e repulsivos, isolados ou concomitantemente, tenham sido positivos ao longo

do tempo, em maior ou menor escala. Estes fatores podem ter sido diversos, e nesta

análise tomamos os dados socioeconômicos como sendo possivelmente significativos

para representar estes valores atrativos de migrantes, o que resulta ao final, uma

tentativa de explicar o fenômeno científico analisado neste trabalho.

36

5. CONCLUSÃO

Levando-se em conta todo o arcabouço teórico e os dados apresentados,

passamos as conclusões deste trabalho.

A hipótese inicial de que a migração teve parcela muito significante no processo

de crescimento demográfico de Palmas, se provou acertada.

A cidade foi construída do zero, e, portanto toda a população inicial é fruto de

algum processo migratório, possivelmente por fatores atrativos socioeconômicos, e

durante um determinado tempo será este fator migratório responsável pelo seu

crescimento.

Ao analisar os censos, contagens populacionais, Atlas do Desenvolvimento

Humano Brasil 2013, o Cadastro Central de Empresas, o PIB e o PIB per capita, a

mortalidade e a natalidade, para o período de estudo, foi possível visualizar o muito

significante crescimento demográfico advindo do fator migratório, chegando ao final

deste ciclo com um percentual de 75,46% da população natural de outros estados da

federação, do interior do estado ou de outros países, provocado por diversos fatores

que, singularmente ou concomitantemente, podem ser explicados pelo alto

crescimento do PIB, do aumento considerável do IDH-M ou da quantidade de

Empresas Atuantes.

A população natural ao final já responde por 24,54% do total, isto é, ao longo

de 19 anos a população natural saltou de níveis zerados para um percentual

considerável.

À medida que os anos vão passando e a cidade vai ganhando idade, a

tendência é que as proporções entre população natural e população fruto de fluxos

migratórios seja invertida.

Esta tendência se torna factível e pode ser vislumbrada pela diminuição do

crescimento populacional entre a segunda metade do período analisado. Entre o

censos de 1991 e 2000 a taxa de crescimento total foi de 464,46%, enquanto que

entre os censos de 2000 e 2010 foi de 66,23%. Quando se compara os dois dados,

torna-se perceptível, portanto, que a diminuição do crescimento já é bem acentuada.

Os fatores migratórios, ou seja, aquilo que provocava uma forte migração para

a cidade, diminuiu a tal modo que já refletiu na diminuição do ímpeto de crescimento

da população residente.

37

Ao final, o processo migratório pode ter sido, e pode ser ainda, a principal

variável responsável pelo crescimento demográfico vivenciado por Palmas desde sua

criação. Ela vem diminuindo sua participação no todo, mas ainda se mantem como

mais importante aspecto de explicação deste crescimento.

Não foi objeto deste estudo o detalhamento da composição dessa massa

migrante neste trabalho, isto é, de que estados tais migrantes vieram. Esta temática

ainda poderá ser explorada por outras monografias, dissertações e teses, aplicando

modelos econométricos na tentativa de melhorar ou complementar esta análise, por

exemplo, o que demonstra o valor do tema para construção científica do entendimento

acerca da sociedade palmense e de como se deu sua construção social.

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