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PLANO DE CONTINUIDADE DE NEGÓCIOS DO SERVIÇO AUTÓNOMO DE SANEAMENTO DA BEIRA (SASB) - MOÇAMBIQUE Agosto de 2020 Este documento foi elabordo pelo Dr Carlos E M Tucci e pelo Dr Tiago Luis Gomes no âmbito de uma assistência técnica para reforçar a prestação de serviços de saneamento e drenagem na cidade da Beira fornecido pelo Banco Mundial com o apoio financeiro do Global Facility for Disaster Reduction and Recovery (GFDRR). Entretanto, as opiniões contidas no documento não reflectem necessariamente a posição do Banco Mundial. Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

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PLANO DE CONTINUIDADE DE NEGÓCIOS DO SERVIÇO AUTÓNOMO DE SANEAMENTO DA

BEIRA (SASB) - MOÇAMBIQUE

Agosto de 2020

Este documento foi elabordo pelo Dr Carlos E M Tucci e pelo Dr Tiago Luis Gomes no âmbito de uma assistência técnica para reforçar a prestação de serviços de saneamento e drenagem na cidade da Beira fornecido pelo Banco Mundial com o apoio financeiro do Global Facility for

Disaster Reduction and Recovery (GFDRR). Entretanto, as opiniões contidas no documento não reflectem necessariamente a posição do Banco Mundial.

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SUMÁRIO EXECUTIVO

ANTECEDENTES

Moçambique é um país sujeito a frequentes impactos devido a desastres relacionado com o clima como inundações, ciclones, erosão costeira e secas. Além disso, existe a possibilidade de terremoto e epidemias e pandemia. Nos últimos vinte anos os eventos mais frequentes foram de enchentes e erosão costeira associados a ciclones e tempestades, que têm ocorrido quase que anualmente em diferentes partes da sua costa no Oceano Índico. Beira uma das principais cidades de Moçambique está localizada na costa do Oceano Índico e a foz do rio Pungué. Em 2019, Beira sofreu impactos significativos da tempestade Desmond e do Ciclone Idaí com diferença de um mês e meio, produzindo prejuízos acumulados para toda a cidade, que já apresentava forte vulnerabilidade econômica e social.

O Serviço Autônomo de Saneamento de Beira (SASB) opera os serviços de Saneamento e Drenagem na cidade da Beira, Moçambique, sob a concessão municipal do Conselho Municipal de Beira (CMB). Estes serviços atuam sobre uma das principais infraestruturas que é a drenagem das águas pluviais. O Projecto de Cidades e Mudanças Climáticas (PCMC), implementado pela Administração de Infra-estruturas de Água e Saneamento (AIAS) com financiamento do Banco Mundial, financiou a reabilitação e primeira fase extensão do sistema de drenagem, cobrindo as áreas centrais da cidade. Uma segunda fase de extensão do sistema de drenagem está prevista no âmbito do Projeto de Recuperação Resiliente dos Ciclones Idai e Kenneth (CERRP), implementado pela AIAS com financiamento do Banco Mundial e da Holanda. Trata-se de um sistema hidráulico de drenagem e comportas para proteger a cidade com relação as precipitações intensas e os efeitos do mar em parte da cidade. O PCMC também financiou uma assistência técnica para apoiar a SASB e CMB quanto a operação e manutenção do sistema de drenagem entre outubro de 2018 e outubro de 2019. O Banco Mundial entrou com recursos adicionais do Resilient Water and Sanitation Program do Global Facility for Disaster Reduction and Recovery (GFDRR) para dar uma assistência técnica adicional a SASB e CMB para reforçar a sustentabilidade e resiliência dos serviços de drenagem e saneamento na cidade da Beira, incluindo a preparação de um Plano de Continuidade de Negócios (PCN) para SASB, visando fortalecer institucionalmente a entidade para minimizar os riscos descritos.

O objetivo deste estudo foi o de projetar e preparar o Plano de Continuidade de Negócios para o SASB de forma que as condições operacionais, financeiras e de gestão sejam mantidas em funcionamento durante desastres e eventos de emergência.

O Plano de Continuidade de Negócios (PCN) envolve o planeamento dos serviços dentro da instituição, evitando ou minimizando a interrupção dos serviços ao longo do tempo. Esta é uma definição ampla e qualquer negócio depende de muitos fatores que podem afetar a sua continuidade. O PCN é desenvolvido identificando os principais riscos, e sua relação com os impactos para a instituição e desenvolvida medidas para minimizar o impacto destes riscos de forma preventiva e sua remediação quando acontecerem em eventos de emergência.

DIAGNÓSTICO

Para analisar as condições de prestação de serviço pelo SASB foi inicialmente desenvolvido um diagnóstico de funcionamento da entidade. O SASB é uma instituição pública autárquica com autonomia administrativa e financeira sob tutela do CMB. A missão do SASB é de “promover e desenvolver competência em Gestão de Saneamento Urbano, como agente

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facilitador, visando a melhoria da qualidade de vida dos munícipes, através da drenagem e tratamento das águas residuais e pluviais”, segundo os estatutos do SASB.

Esta avaliação das condições dos serviços de Beira quanto ao Saneamento e Drenagem analisou os aspectos econômicos de sustentabilidade dos serviços a gestão e as condições dos

serviços de Saneamento e Drenagem. As principais conclusões sobre o diagnóstico são as seguintes:

Os serviços não possuem recuperação de custos diretos de operação e manutenção e de investimentos. Apenas saneamento possui uma cobrança de 15% do valor pago pela água. Este valor é insuficiente para atender os serviços, mas a população que não possui o serviço também paga. Quanto mais investimento for realizado nos dois serviços, com base em doação ou empréstimos nacionais, maior será o custo de operação e manutenção;

Não existe gestão dos due diligence do SASB, que envolvem as redes e outras instalações e informações generalizadas da relação entre serviços e população. As informações são limitadas para dos serviços na cidade;

Em Saneamento observou-se que (a) as redes coletoras de esgotamento sanitário precisam recuperação em aproximadamente 2/3 da sua extensão, por serem antigas e em concreto. Isto produz redução da vazão de chegada de esgoto na ETAR, juntamente com a diminuição do tempo de funcionamento das bombas nas EEs e PBs; (b) não se sabe exatamente o percentual de população atendida pela rede coletora de esgoto, informações remetem entre 8% a 14%, estando estas dispostas junto a costa urbanizada de Beira, o restante do município seria atendido por sistemas individuais com fossas sépticas a variantes de tipos de latrinas, contudo, haveriam entre estes, 29,5% onde o esgoto é a céu aberto.

A drenagem urbana de Beira é desafiadora porque a cidade está construída sob um terreno plano em cota de 3 a 4 m com relação ao nível do mar, onde a oscilação diária da maré pode chegar até 7 m, criando condições desfavoráveis de escoamento durante os dias chuvosos. A jusante o mar controla o escoamento das bacias, produzindo escoamento no sentido de montante quando a maré é alta, retendo dentro das bacias as águas pluviais da chuva. Em grande parte da cidade a drenagem não existe, a água fica retida ou escoa por valas naturais de forma lenta, agravando as inundações. A cidade se desenvolveu sem infraestrutura urbana. Assim, quando ocorre precipitações intensas, a água fica retida produzindo impactos sociais e econômicos em muitos bairros. Na parte mais antiga da cidade existem condutos pluviais, mas não se conhece as suas condições para inundações com um determinado risco e as condições de obstrução. Nas áreas que houve investimentos na fase 1 de empréstimo do Banco Mundial, a drenagem foi recentemente melhorada e está sendo operada pelo SASB desde 2019. A fase 2 está em desenvolvimento e permitirá, quando concluída, condições adequadas de uma área importante da drenagem da cidade.

As condições operacionais do SASB para a prestação de serviços são muito limitadas devido principalmente a falta de sustentabilidade econômica e institucional. Isto leva a falta de planeamento e ação concreta para ter os seus serviços sustentáveis. Estas condições prejudicam o PCN, porque sem mesmo um serviço sustentável as condições de emergência apresentam uma vulnerabilidade maior.

Recomenda-se que os serviços de Saneamento e Drenagem tenham um Planeamento e um Plano de Ação de curto, médio e longo prazo para a busca de sustentabilidade em

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todos os aspectos analisados neste diagnóstico. Esta estratégia pode ser construída com

a equipe do SASB em conjunto com CMB, entidade reguladora AURA (CRA) gestão nacional de Moçambique AIAS e DNAAS, como um laboratório importante para as

cidades de Moçambique.

IMPACTOS E VULNERABILIDADES

Segundo Moçambique (2017) os riscos de desastres que ocorrem em Moçambique são inundações, ciclones, secas, sismos e impactos relacionados com as chuvas intensas como erosão do solo.

Os anos com as principais perdas totais por calamidade foram 2000 e 2013 quando chegaram a mais de 7% do PIB do país (GFDRR, 2017). As maiores perdas ocorrem nas inundações/ciclones e secas. As três maiores cheias registadas em Moçambique ocorreram no século 21: as primeiras em 2000/2001, as segundas no Centro do país em 2007/2008, e mais recentemente em 2013. De outro lado em 2019 ocorreram dois ciclones: o ciclone tropical Idai causou pelo menos 122 mortes e deixou mais de 1 milhão pessoas afetadas em Moçambique (próximo de Beira ). O Banco Mundial estimou o impacto sobre a pobreza, tendo calculado que as cheias e ciclones são os eventos com maior impacto nos agregados familiares. Contribuem com mais de 2 pontos percentuais para a taxa de pobreza. Os impactos principais são sobre a educação e a saúde.

Em 2019, Beira foi atingida na sequência também pela Tempestade tropical Desmond em 21-22 de janeiro de 2019 e em 14/3/2019 pelo ciclone Idai com impactos na infraestrutura devido a velocidade dos ventos e as inundações devido as precipitações intensas combinada com o aumento no nível do mar e ação sobre a área costeira e a elevação e retenção do escoamento da drenagem cidade, produzindo inundações generalizadas.

As principais vulnerabilidades devido a estes eventos são na infraestrutura pela distribuição e danos nos prédios e residências, infraestrutura de serviços, a ocorrência de surto de malária, diarreia e outros doenças transmitidas pela água, inundações por retenção em áreas baixas por falta de drenagem e no próprio sistema de drenagem existente que fica cheio de resíduos como árvores, partes danificadas das propriedades, lixo e resíduos de forma geral. No sistema de drenagem recém construído na fase 1 no estudo de reabilitação de drenagem de Beira, os problemas maiores foram a perda de energia para operação das comportas, a retenção de escoamento por obstrução de material sólido e falta de funcionários para operação devido a cidade ter sido afetada e as pessoas ficarem isoladas e sem comunicação.

As características da localização de Beira, apresenta várias vulnerabilidades:

Região sujeita a frequentes ciclones como mostra a tabela 15, reportando um ou mais eventos de tempestades tropicais e ciclones todo ano, com pelo menos dois com altos danos por década;

Cidade e sua área de expansão localizada em área com níveis topográficos próximos do nível do mar, dificultando a sua drenagem e com efeito importante da variação do nível do mar;

Amplitude importante do nível do mar que aumenta nas tempestades devido o “stormsurge” criando um impacto sinérgico sobre as inundações devido a dificuldade de escoamento da terra para o mar;

Grande vulnerabilidade das áreas costeiras devido ao excesso de energia do mar sobre a costa.

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PLANO DE CONTINUIDADE DE NEGÓCIOS

Conceitos

O Plano de Continuidade de Negócios (PCN) identifica os potenciais riscos de interrupção da operação dos serviços antes da ocorrência de um desastre ou um evento emergencial e desenvolve medidas preventivas de proteção para estas emergências em resposta a estes cenários, além das medidas de recuperação, reduzindo os impactos destes eventos.

Muitas vezes são desenvolvidos Planos isolados de Contingência (emergência), Prevenção e Mitigação ou Recuperação. O PCN deve reunir todos os Planos, integrando para dar resposta ao desastre e outros tipos de emergências. A contingência define os passos que devem ser seguidos para dar resposta adequada, mantendo os serviços funcionando. Isto envolve a gestão dos passos para o pessoal dentro da organização para atuar nestes eventos.

Para desenvolver o PCN são definidas as medidas de Prevenção que atuam antes do evento, medidas de remediação que atuam durante o evento e após o evento, para reduzir os impactos sobre os serviços. Estas medidas são desenvolvidas dentro de uma organização da equipe, utilizando de comunicação interna e externa a instituição em etapas definidas destas medidas. Para tanto, é realizado um treinamento do pessoal, além do monitoramento e revisão do PCN ao longo do tempo. O Plano de Implementação é desenvolvido para colocar em prática as ações ou medidas preparadas.

Seleção dos riscos

Foram identificados como os riscos principais as inundações e ciclones, muitas vezes ocorrendo em conjunto e as secas. Nesta análise foram selecionadas as combinações e probabilidade e impactos. Na tabela abaixo é apresentada a síntese dos eventos de risco selecionados, relacionados com os impactos e as probabilidades.

Tabela 1: Cenários da matriz de probabilidade e impacto

Cenário Descrição Probabilidade Impactos principais

A

Inundação com tempo de retorno ≤ 5 anos1

ALTA 20% num ano qualquer e

98,8 % em 20 anos.

BAIXO Inundação no Bairro Chota e áreas de expansão sem infraestrutura, com alagamento local

B

Inundação com tempo de retorno > 5 e < 101 anos

ALTA 10% num ano qualquer e 87,8% em 20 anos. É a

condição de projeto para a drenagem

ALTO Probabilidade com maior relação

benefício/custo. Para os locais que não possuem proteção o impacto é alto

C

Inundação com tempo de retorno > 10 e < 100 anos e ciclone

BAIXA Entre 1 e 10% de chance. Para 100 anos 18,2 % em

20 anos.

ALTO Grandes impactos sobre toda a cidade, com duração de inundação e população

atingida, juntamente com ciclones.

D

Seca BAIXA Ocorreu 1 vez nos

últimos 20 anos e 10% de chance ano para redução de 27% da

chuva anual

ALTO Falta de água para abastecimento, risco

de contaminação das fontes de água, aumento de contaminação na drenagem

e epidemias

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Também foram identificadas as principais vulnerabilidades relacionadas com os serviços de saneamento e drenagem diretamente relacionadas com estes eventos.

Medidas Preventivas

Um Plano de Continuidade de Negócios deve conter todos os Planos e Projetos para a manutenção dos serviços na cidade de Beira. No diagnóstico do SASB foram identificação os riscos relacionados com eventos críticos, onde verificaram-se várias vulnerabilidades que estão relacionadas com as suas condições de operação regular e vulnerabilidade a eventos críticos. As medidas preventivas previstas para minimizar estas vulnerabilidades são abordadas dentro destes níveis:

Condições Operacionais Normais: Existem várias vulnerabilidades relacionadas com a sustentabilidade econômica do SASB, organização, gestão de due diligence e a falta de cobertura dos serviços na cidade e a inexistência de uma drenagem que atenda condições de risco de projeto adequada. Estas vulnerabilidades estruturais são resolvidas ao longo do tempo por Planos e Projetos necessários para o SASB atender dentro da normalidade os serviços de Saneamento e Drenagem em Beira. Neste documento são apresentadas as recomendações sobre estes Planos e Projetos, mas não fazem parte desta atividade e entram como recomendações (ver capítulo 6 de conclusões de recomendações);

Condições de Emergência: se refere ao Plano de Contingência para atuar sobre os eventos de risco de desastres na cidade de Beira quanto a manutenção dos serviços de Saneamento e drenagem e seus impactos. No item anterior foram identificados os principais eventos críticos e os problemas específicos que podem ocorrer durante estes eventos. Este capítulo apresenta as medidas preventivas para reduzir a vulnerabilidade a estes cenários.

As medidas preventivas foram preparadas de forma criar condições para o SASB atuar sob os cenários de emergência. As referidas propostas para o PCN são as seguintes:

P.1 Gestão do PCN: A implementação do Plano de Continuidade de Negócios necessita de uma organização mínima por parte de uma comissão e um presidente da comissão que coordena os trabalhos.

P.2 Recuperação das condições do SASB para atender emergência: Esta ação trata de colocar condições mínimas de atendimento do evento crítico em termos de pessoal, equipamentos e outros recursos

P.3 Sistema de Alerta: O sistema de alerta envolve o desenvolvimento de procedimentos para acompanhamento dos eventos críticos hidrológicos/climáticos que colocam a cidade em risco e o alerta da população para a chegada das inundações/tempestades e ciclones;

P.4 Mapeamento das áreas de risco: é necessário conhecer em detalhe as áreas que inundam enquanto os Planos e Projetos não estiverem concluídos. O mapa de inundação é uma forma de entender dentro da cidade quais as áreas de risco para o cenário atual em função das precipitações. Este é um instrumento de gestão do risco durante o evento. Com base na magnitude da precipitação estimada no sistema de alerta é possível saber as áreas que necessitarão apoio e alerta durante o evento.

P.5 Operação e Manutenção preventiva: programa de ação a ser desenvolvido no início do período chuvoso e de tempestades e ciclones com relação aos sistemas de

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saneamento e drenagem. Também envolvem os protocolos de alerta de alerta antes e durante os eventos;

P.6 Preparação Logística: são ações de revisão de preparação da equipe, funcionamento dos equipamentos, compra de combustíveis, recursos necessários para atender a comunidade e reduzir os impactos sociais. Esta preparação logística também envolve a obtenção de recursos para desenvolvimento das ações durante o período de risco. Esta ação geralmente é desenvolvida pelo INGC. Neste caso, é necessário definir dentro da municipalidade a abrangência de apoio a comunidade.

P.7 Fluxograma e Treinamento: com o desenvolvimento do sistema de alerta, mapas, medidas preventivas de operação e manutenção preventiva e preparação logística, será necessário a atualização das etapas que foram previstas neste documento e o treinamento da equipe no uso destes elementos de forma integrada durante os eventos.

Medidas de Remediação

A ações de remediação envolvem a etapa durante o evento e pós-evento. Na fase durante o evento o objetivo principal é de manter em funcionamento os serviços e apoiar o INGC quanto a remediar o impacto na população. Na fase pós evento deve-se atuar buscando identificação dos impactos nos serviços, estabelecer as ações de recuperação do funcionamento dos serviços e consolidar as informações para atualizar o Plano de Contingência para este tipo de evento.

As medidas de remediação durante o evento são as seguintes:

R1 – Acompanhamento dos Serviços de Saneamento - Manter em funcionamento o sistema de saneamento de Beira com o mínimo de interrupção durante eventos de enchentes/ciclones. R2 – Acompanhamento dos Serviços de Drenagem - Manter em funcionamento o sistema de drenagem de Beira com o mínimo de interrupção durante eventos de enchentes/ciclones R3 – Acompanhamento das áreas impactadas - identificar as áreas impactadas durante a ocorrência dos eventos, reportando a sala de situação, que consolida as informações e apoia o INGC.

A medida de remediação pós-evento são as seguintes:

R4 - Identificação dos impactos nos serviços de saneamento e drenagem - Após o evento é realizado um inventário dos impactos ocorridos nos sistemas de saneamento e drenagem e definidas as medidas de remediação para colocar estes sistemas em funcionamento como antes do evento. R5 - Avaliação dos impactos de inundação na cidade e a capacidade do sistema de drenagem - Após a ocorrência das inundações em Beira será necessário avaliar o comportamento do evento e seus impactos. Esta verificação envolve o seguinte: (a) os modelos usados para previsão estão adequados? (b) Quais são as fortalezas e limitações do sistema de drenagem atual R6 - Consolidar as informações para atualizar o Plano de Contingência - Esta atividade é usada para reunir todas as informações sobre o evento e atualizar o PCN quanto aos procedimentos adotados visando aprimoramento das respostas aos eventos.

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Fluxograma, Organização e Comunicação

O fluxograma de ações tem como objetivo ter claro a organização para atuar sobre o evento e os passos que a entidade deve desenvolver para remediar os impactos, estabelecendo a logística de atuação.

A organização se baseia num comitê para atuar durante estes eventos. A direção do SASB e seu conselho define o comitê de acompanhamento da emergência e seu presidente e responde ao CMB - Conselho Municipal de Beira. O CMB gerencia com o INGC as condições de emergência em toda a cidade de Beira, enquanto, o SASB atua sobre a emergência de seus serviços. Considerando que as principais emergências para o SASB tem sido as enchentes, as suas ações devem estar em estreita relação com o INGC, pois esta usará informações do SASB para melhor entender os impactos e apoio a comunidade. A coordenação dos eventos de crise é do presidente do comitê que atuará diretamente na sala de situação. Esta sala recebe informação dos monitoramentos disponíveis na internet e local sobre o evento e os impactos. Os grupos de ação foram divididos em Logística, Drenagem, Saneamento e Planeamento e Avaliação. Dentro de cada grupo haverá uma pessoa designada como responsável para atuar durante o evento.

O plano de Comunicação envolve dois tipos diferentes: com organizações externas ao SASB e dentro do SASB. A comunicação com organizações externas envolve: a identificação de entidades de governo, ONGs e meios de comunicação que devem ser atualizados durante os eventos.

As entidades de governo podem receber informações e apoiar as ações de emergências, como do governo nacional sobre emergência de eventos extremos e locais como o INGC. Deve-se estabelecer um mecanismo de comunicação que possa ser realizado rapidamente.

Existem ONGs locais e externas. As locais, juntamente como as associações de comunidade, podem apoiar a comunicação com a população durante os eventos. Deve-se procurar estabelecer um canal de comunicação de informações destes eventos para transmitir informação sobre o alerta e para receber informações sobre os impactos que ocorrem durante os eventos.

Treinamento, Monitoramento e Atualização

Existem dois treinamentos previsto para o PCN. O treinamento para equipe do SASB sobre o PCN, seus elementos e etapas que levaram a este documento e o treinamento para atuar nos eventos.

O treinamento sobre o PCN envolve o conteúdo elaborado dentro deste documento e estruturado segundo o resumo apresentado na tabela abaixo e detalhado no anexo A. Este treinamento se refere ao conjunto do PCN quanto aos seus objetivos, políticas, definição dos riscos, medidas e remediação.

Será necessário atualizar o treinamento a ser desenvolvido para o PCN para as ações de emergências, quando as informações desenvolvidas nas atividades de Previsão P1 a P7 forem completadas no Plano de Implementação. Assim serão produzidas informações e existirão meios e protocolos consolidados permitindo atualizar estes procedimentos.

O monitoramento previsto nesta fase do estudo é o de revisar o Plano de Continuidade de Negócios ao longo do tempo para permitir sua atualização e aprimoramento. Esta revisão envolve todo o conjunto de aspectos desenvolvidos dentro do PCN.

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A atualização é realizada dentro de 3 anos, após a conclusão do Plano de Ação, visando consolidar a situação e capacidade do SASB. Depois recomenda-se a revisão do PCN a cada 5 anos.

Plano de Implementação

O Plano de Implementação ou Plano de ação, envolve a distribuição no tempo das ações previstas. Esta distribuição foi definida por medidas de curto prazo, médio prazo e longo prazo. O curto prazo para o PCN é de 1 ano, médio e longo prazo 2 anos.

As medidas preventivas necessárias (P1 a P3 e P5) e as de remediação (R1 e R2) para qualificar o SASB para atuar em eventos de emergência são desenvolvidas no primeiro ano. No segundo ano são complementadas as medidas preventivas necessitam mais tempo serem completadas. As outras medidas de remediação são desenvolvidas depois dos eventos e serão desenvolvidas quando necessário.

Duas atividades de remediação são organizadas antecipadamente, para que possam ser colocadas em práticas durante o evento. As atividades mais urgentes que permitem criar condições para atuar na emergência, mesmo que precariamente, são as de curto prazo e as ações que podem ser desenvolvidas em mais tempo, ficaram em médio e longo prazo e devem aprimorar a atuação nestes eventos.

COMENTÁRIOS E RECOMENDAÇÕES

O PCN deve ser visto como um conjunto de Planos que mantém os serviços em funcionamento. Considerando as condições de vulnerabilidade mencionadas no diagnóstico é necessário melhorar as condições dos serviços para toda a cidade de Beira. São necessários ações preventivas integradas para dar sustentabilidade econômica, financeira, ambiental e de segurança hídrica para Beira.

As ações recomendadas para o SASB atingir as sustentabilidades mencionadas são necessários os Planos estratégicos que completem a cobertura da cidade e que atuam na emergência.

A estratégia para atender as condições normais de funcionamento dos serviços do SASB envolvem os seguintes Planos:

Plano de Sustentabilidade Econômica e Financeira dos serviços – Este Plano envolve a busca de uma sustentabilidade econômica e financeira de longo prazo para os serviços e investimentos, que atualmente são precários.

Plano de Estruturação do SASB – revisar a estrutura de organização, equipe e recursos para atuar nos serviços atuais e com a ampliação dos investimentos futuros, incluindo o desenvolvimento da gestão dos due diligence da entidade com infraestrutura de hardware e software.

Plano de Saneamento e Drenagem de Beira – Estes Planos devem planejar a cobertura total dos serviços da cidade Beira ao longo do tempo, a recuperação das instalações danificadas e as ações de curto médio prazo para sustentabilidade dos serviços regulares.

Esta estratégia deve buscar dentro de um prazo a regularidade de todos os serviços da cidade e deve ser planejada com base nos recursos locais, nacionais e internacionais.

A estratégia recomendada para obter um Plano de Continuidade de Negócios para eventos críticos é necessário implementar o Plano desenvolvido neste documento em dois estágios. No

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primeiro ano são desenvolvidas as medidas preventivas e de remediação que a preparam a entidade para atuar nestes eventos. No segundo ano, são desenvolvidas as atividades de aprimoramento das informações que apoiam o PCN e reduzam os impactos dos eventos.

Os resultados e a sustentabilidade de saneamento e drenagem em Beira pelo SASB somente será obtida quando este conjunto de Plano estiver em funcionamento.

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SUMÁRIO

SUMÁRIO EXECUTIVO............................................................................................................. ii

1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1

1.1 ANTECEDENTES .............................................................................................................. 1

1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 1

1.3 RESUMO ESTE ESTUDO ................................................................................................. 2

2. GESTÃO DE ÁGUAS URBANAS DE BEIRA ....................................................................... 3

2.1 GESTÃO DE ÁGUAS URBANAS .................................................................................... 3

2.1.1 Impactos do Crescimento Urbano ................................................................................ 3

2.1.2 Gestão Integrada de Águas Urbanas ............................................................................ 3

2.2 BEIRA, MOÇAMBIQUE ................................................................................................... 4

2.2.1 Localização................................................................................................................... 4

2.2.2 Economia ...................................................................................................................... 5

2.2.3 Área urbana e vizinhança ............................................................................................. 6

2.3 PLANEAMENTO URBANO ............................................................................................. 7

2.3.1 Estrutura de Planeamento Urbano em Moçambique ............................................. 7

2.3.2 Plano Diretor Urbano (Master Plan) ............................................................................ 7

2.4 SERVIÇOS DE ÁGUA E SANEAMENTO ............................................................... 11

2.4.1 Aspectos Institucionais em nível Nacional, Regional e Municipal ..................... 11

2.4.2 Serviços de Águas Locais .......................................................................................... 12

2.5 SERVIÇOS AUTÔNOMOS DE SANEAMENTO DE BEIRA (SASB) ................... 12

2.5.1 Instituição ............................................................................................................ 12

2.5.2 Legislações .......................................................................................................... 13

2.5.3 Estrutura de Gestão de Água e Saneamento ............................................................... 14

2.5.4 Organização ................................................................................................................ 15

2.5.5 Estrutura do SASB .............................................................................................. 16

2.5.6 Aspectos Econômicos e Financeiros ................................................................... 17

2.5.7 Sistema de Saneamento ....................................................................................... 18

2.5.8 Sistema de Drenagem ................................................................................................. 24

3. DIAGNÓSTICO ..................................................................................................................... 28

3.1 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ....................................................................................... 28

3.1.1 Condições operacionais .............................................................................................. 28

3.1.2 Vulnerabilidade .......................................................................................................... 28

3.1.3 Estrutura da Gestão dos Serviços ............................................................................... 28

3.2. ASPECTOS INSTITUCIONAIS E DE GESTÃO ........................................................... 29

3.2.1 Organização ......................................................................................................... 29

3.2.2 Aspectos Econômicos e Financeiros .......................................................................... 31

3.2.3 Gestão de due diligence e pessoal ....................................................................... 31

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3.3. SANEAMENTO .............................................................................................................. 32

3.3.1 Sistema de Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário .................................................. 32

3.3.2 Fossas Sépticas e Latrinas .......................................................................................... 34

3.3.3 Estação de Tratamento de Esgoto ....................................................................... 34

3.3.4 Parâmetros e Eficiência da ETAR ....................................................................... 39

3.4. DRENAGEM ................................................................................................................... 41

3.4.1 Condicionantes da drenagem em Beira ...................................................................... 41

3.4.2 Drenagem de Beira ..................................................................................................... 42

3.4.3 Impactos da Inundação ............................................................................................... 43

3.4.4 Melhoria e Implementação da Drenagem de Beira .................................................... 43

3.5 AVALIAÇÃO ................................................................................................................... 45

3.5.1 Vulnerabilidade dos Serviços no SASB ..................................................................... 45

3.5.2 Conclusões e Recomendações .................................................................................... 48

4. GESTÃO DE RISCO .............................................................................................................. 49

4.1 DESASTRES .................................................................................................................... 49

4.1.1 Fontes de risco ............................................................................................................ 49

4.1.2 Terminologia .............................................................................................................. 50

4.1.3 Impactos ..................................................................................................................... 50

4.1.4 Estrutura da gestão de risco ....................................................................................... 51

4.2 DESASTRES EM MOÇAMBIQUE ................................................................................. 52

4.2.1 Eventos Críticos em Moçambique ............................................................................. 52

4.2.2 Eventos Críticos em Beira .......................................................................................... 54

4.3 RISCOS POTENCIAIS NO AMBIENTE URBANO ...................................................... 56

4.3.1 Urbanização ................................................................................................................ 56

4.3.2 Riscos relacionados com as águas urbanas ................................................................ 56

5. PLANO DE CONTINUIDADE DO NEGÓCIO (PCN) ......................................................... 59

5.1. METODOLOGIA DO PLANO DE CONTINUIDADE DE NEGÓCIOS ...................... 59

5.1.1 Definições................................................................................................................... 59

5.1.2 Metodologia ............................................................................................................... 60

5.2 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS RISCOS ......................................................... 61

5.2.1 Identificação dos riscos .............................................................................................. 61

5.2.2 Planos do PCN ........................................................................................................... 64

5.2.3 Priorização dos riscos ................................................................................................. 65

5.2.4 Cenários ...................................................................................................................... 70

5.3 RISCOS DOS SERVIÇOS DO SASB PARA OS CENÁRIOS ............................. 71

5.3.1 Identificação de riscos específicos ............................................................................. 71

5.3.2 Saneamento ................................................................................................................ 72

5.3.3 Drenagem ................................................................................................................... 73

5.4. MEDIDAS PREVENTIVAS ........................................................................................... 74

5.4.1.1 Gestão do PCN (P.1) ............................................................................................... 76

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5.6. MEDIDAS DE REMEDIAÇÃO ...................................................................................... 85

5.6.1 Durante o evento ........................................................................................................ 85

5.6.2 Após o evento ............................................................................................................. 89

5.6. FLUXOGRAMA DE AÇÕES ......................................................................................... 93

5.6.1 Organização ................................................................................................................ 94

5.6.2 Comunicação ....................................................................................................... 95

5.6.3 Etapas .................................................................................................................. 96

5.7. TREINAMENTO ............................................................................................................. 96

5.8. MONITORAMENTO E REVISÃO ................................................................................ 99

5.9. PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO ................................................................................... 99

ANEXO A - TERMO DE REFERÊNCIA PARA UM PLANO DIRETOR DE DRENAGEM ................................................................................................................................................... 105

ANEXO B – ESTUDO DE CONCEPÇÃO (EC) DE SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO ............................................................................................................................. 121

ANEXO C– LEVANTAMENTO DE DUE DILIGENCE ....................................................... 123

ANEXO D – PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS REGULATÓRIOS..................................... 124

ANEXO E – ÍNDICE DE REPOSICIONAMENTO TARIFÁRIO .......................................... 128

ANEXO F – LIMPEZA PROGRAMADA DE FOSSAS E LATRINAS ................................. 129

ANEXO G – PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO (PMSB) ........................ 130

14

Lista de Figuras

Figura 1: Estrutura da Gestão Integrada de Águas Urbanas (Tucci, 2009) ................................... 4

Figura 2: Localização de Beira e Sofala ........................................................................................ 5

Figura 3: Localização de Beira em Moçambique .......................................................................... 5

Figura 4: Características de uso do solo (Planege, Fase e Prosistemas, 2014) ............................. 6

Figura 5: A expansão Urbana prevista para Beira (Weelden, 2013) ............................................. 9

Figura 6: Estrutura da Gestão de Água e Saneamento em Moçambique (Adaptado de SASB,2020) ................................................................................................................................ 15

Figura 7: Estrutura da gestão do SASB ....................................................................................... 16

Figura 8: Diagrama unifilar do sistema de bombeamento até a ETE (Cigeres, 2016) ................ 19

Figura 9: Regiões servidas por esgotamento sanitário separador absoluto em Beira (Shelter e Arcadis, 2019b) ........................................................................................................................... 20

Figura 10: ETAR, estações elevatórias (EEs), postos de bombagem (PBs) e suas respectivas sub-bacias hidrográficas em Beira, em meio aos recursos hídricos. ........................................... 20

Figura 11: Caminhos de infiltração e ingresso de fluxos externos no sistema de esgotamento sanitário, (adaptado de Hamada, 2015) ....................................................................................... 21

Figura 12: Curvas de vazão de esgoto sanitário com tempo seco e contribuição de infiltração e ingresso de fluxo superficial externo, após precipitação (adaptado de Hamada, 2015) .............. 22

Figura 13:Imagem ilustrativa do ingresso de fluxo superficial externo em PV da rede coletora de esgoto (E/One, 2020) .................................................................................................................. 22

Figura 14: Limpeza de tanques sépticos (Shelter e Arcadis, 2019b). (A) Limpeza com bomba manual. (B) Limpeza mecânica com caminhão e reservatório de 2,0 m³.................................... 23

Figura 15: Decréscimo do recebimento de vazões de esgoto na ETE (Shelter e Arcadis, 2019b) Planejamento do saneamento na cidade ...................................................................................... 23

Figura 16: Do planejamento a operação de sistemas de esgotamento sanitário (adaptado de Hamada, 2015) ............................................................................................................................ 24

Figura 17: Áreas de planejamento da expansão da rede coletora de esgoto (Shelter e Arcadis, 2019b) ......................................................................................................................................... 24

Figura 18: Rios e bacias na região de Beira (Shelter e Arcadis, 2019) ...................................... 25

Figura 19: Sistema de Drenagem de Beira – 1-rio Chicota; 2- Porto; 3 – Rio Chivere; 4- Ponta Gea 1; 5- Ponta Gea 2; 6 - Palmeiras (Shelter e Arcadis, 2019). ................................................ 26

Figura 20: Sistemas de drenagem do Chivere e Chota (Shelter e Arcadis, 2019). ...................... 26

Figura 21: Estrutura da Gestão dos Serviços em nível de projeto e emergência......................... 29

Figura 22: Atualização da organização do SASB ....................................................................... 30

Figura 23: Degradação do revestimento interno da tubulação (Cigeres, 2016) .......................... 33

Figura 24: Etapas do tratamento do esgoto sanitário na ETE de Beira (adaptado de Móron, 2104 e Jane, 2017) ................................................................................................................................ 35

Figura 25: Vista geral da Estação de Tratamento de Esgoto de Beira (Cigeres, 2015) ............... 36

Figura 26: Tratamento preliminar com gradeamento (Jane, 2017) ............................................. 37

Figura 27: Sistema de remoção de areias, óleos e gordura (Jane, 2017) ..................................... 37

15

Figura 28: Reator anaeróbio de fluxo ascendente (Jane, 2017)................................................... 37

Figura 29: Tratamento secundário com Filtro biológico percolador (CMB, 2012) .................... 38

Figura 30: Etapa pós FBP com Decantador secundário (CMB, 2012) ........................................ 38

Figura 31: Drenagem Existente em Beira em 2013 (Planege, Fase e Prosistemas, 2013) .......... 42

Figura 32: Áreas inundadas no sistema de escoamento da saída na Palmeira para 10 anos de Tempo de retorno (Planege, Fase e Prosistemas, 2013) .............................................................. 44

Figura 33: Fases de melhoria da drenagem em Beira (Shelter e Arcadis, 2019) ........................ 44

Figura 34: Gestão de risco (Tucci, 2007) .................................................................................... 51

Figura 35: Área central de Beira e as zonas de alagamentos e inundações, devido a tempestade tropical em 22/01/2019 (adaptado de World Bank e German Cooperation/KFW, 2019) ........... 55

Figura 36: Frequência do avanço dos ciclones tropicais na costa leste do continente africano nos últimos 75 (Adaptado de Schofield e Deprez, 2019). ................................................................. 55

Figura 37: Processo temporal do uso do PCN e seu benefício na recuperação dos níveis de serviço (Suzuki e Morita, 2010) .................................................................................................. 60

Figura 38: Estrutura conceitual da gestão de risco ...................................................................... 61

Figura 39: Diagrama da identificação dos riscos ........................................................................ 62

Figura 40: Variação de Precipitação anual em Beira (INAM, 2006). ......................................... 68

Figura 41: Matriz de probabilidade de risco e impactos. ............................................................ 69

Figura 42: Método de Renovação de Tubos de Esgoto (RTE) para diâmetros entre 250 e 1500 mm (adaptado de Takahashi, 2016) ............................................................................................ 73

Figura 43: Etapas do tratamento do esgoto sanitário na ETE de Beira, com proposta de prevenção por meio de by-pass entre o pré-tratamento e a câmara de carga (adaptado de Móron, 2104 e Jane, 2017) ....................................................................................................................... 83

Figura 44: Em destaque o decaimento da DBO do esgoto tratado, em função da primeira etapa de reabilitação (adaptado de MILT, 2005 apud Hamada 2015) .................................................. 86

Figura 45: Fluxograma de planejamento de ações de remediação (adaptado de Shi et al., 2018) ..................................................................................................................................................... 90

Figura 46: Em destaque o decaimento da DBO do esgoto tratado, em função da segunda e terceira etapas de reabilitação (adaptado de MILT, 2005 apud Hamada, 2015) ......................... 91

Figura 47: Fluxograma de gestão da emergência ........................................................................ 94

Figura 48 Etapas do processo de atuação nos eventos ................................................................ 97

16

Lista de Tabelas

Tabela 1: Interrelação entre os serviços de água ........................................................................... 4

Tabela 3: Intervenções Estratégicas (Weelden, 2013) .................................................................. 8

Tabela 4: Serviços de Água, Saneamento e Gestão de Risco em Beira e Moçambique ............ 12

Tabela 5: Padrões de lançamentos de efluentes domésticos e industriais em corpo receptor para Moçambique-MZ (Moçambique, 2003) ...................................................................................... 14

Tabela 6: Fonte de arrecadação do SASB (Planege e Fase, 2019) .............................................. 18

Tabela 7: Horas (h) de funcionamento das Bombas dos PB em 2017, 2018 e 2019 (SASB, 2019) ..................................................................................................................................................... 34

Tabela 8: Horas de funcionamento das EEs em 2017, 2018 e 2019 (SASB, 2019) .................... 34

Tabela 9: Tipo de serviço de saneamento em cada habitação (Jane, 2017) ................................ 34

Tabela 10: População e vazão atual de operação da ETAR (adaptado de Jane, 2017) ............... 36

Tabela 11: Média de temperatura e pH na entrada e saída da ETAR (adaptado de Jane, 2017) . 39

Tabela 12: Concentrações médias anuais e eficiência de tratamento em 2013, 2014 e 2015 (adaptado de Jane, 2017) ............................................................................................................. 39

Tabela 13: Concentrações médias anuais e eficiência de tratamento de DBO em 2013, 2014 e 2015 (adaptado de Jane, 2017) .................................................................................................... 40

Tabela 14: Concentrações médias e eficiência do tratamento em SST em 2014 e 2015 (adaptado de Jane, 2017) .............................................................................................................................. 40

Tabela 15: Valores médios de entrada e saída de Nitrogênio Total e Fósforo Total na ETAR entre julho de 2012 e dezembro de 2014 (adaptado de Cigeres, 2015) ....................................... 40

Tabela 16: Eventos de Desastres Naturais em Moçambique desde 2000 (adaptado de ReliefWeb) .................................................................................................................................. 53

Tabela 17: Impactos econômicos das inundações de 2000 e 2013 (GFDRR, 2014) ................... 54

Tabela 18: Síntese dos riscos em áreas urbanas, causas e Medidas Potenciais (Tucci, 2019) .... 58

Tabela 19: Escala Saffir-Simpson (SSHS)para furacões – Ciclones tropicais do Hemisfério Ocidental (fonte: wikipedia) e risco adotado neste estudo .......................................................... 66

Tabela 20: Características do risco das enchentes em Beira ....................................................... 66

Tabela 21: Precipitação duração e tempo de retorno para Beira ( Planeje, Fase e Prosistemas,2013) ....................................................................................................................... 67

Tabela 22: Escala Richter de Terremotos e potenciais impactos1 ............................................... 67

Tabela 23: Cenários da matriz de probabilidade e impacto ........................................................ 70

Tabela 24: Relação dos impactos durante as enchentes e ciclones ............................................. 71

Tabela 25: Conteúdo mínimo do boletim de informação durante o evento ................................ 96

Tabela 26: Conteúdo do Treinamento ......................................................................................... 98

Tabela 27: Cronograma das atividades do PCN ........................................................................ 101

17

Lista de Acrónimos

AIAS - Administração de Infra-Estruturas de Água e Saneamento

ARA - Administradoras Regionais de Água

AURA - CRA - Autoridade Reguladora de Águas pelo Conselho Regulador de Água.

BCP – Business Continuity Plan

CMB - Conselho Municipal da Beira

DAF – Departamento de Administração e Finanças

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

DNAAS - Departamento Nacional de Abastecimento e Saneamento

DOM – Departamento de Operação e Manutenção

DPP – Departamento de Projetos e Planificação

DQO – Demanda Química de Oxigênio

DUATs - Direito de uso de aproveitamento de terras e registro de veículos

EC – Estudo de Concepção

EE – Estação Elevatória

EDM – Empresa de Energia de Moçambique

FBP – Filtro Biológico Percolador

FIPAG - Fundo de Investimento e Patrimônio do Abastecimento de Água

GFDRR - Global Fund for Disaster Risk Reduction

INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades

MOPHRH - Ministério de Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos

PB – Postos de Bombagem

PCMC - The Cities and Climate Change Project

PCN – Plano de Continuidade de Negócios

PEU – Plano de Estrutura Urbana

PIGRSU - Plano Integrado de Gestão de Resíduos Sólidos

PGU – Plano Geral de urbanização

pH – Potencial Hidrogeniônico

PIB – Produto Interno Bruto

PMSB – Plano Municipal de Saneamento Básico

PP – Plano de Pormenor

PV – Poço de Visita

SASB - Serviço Autônomo de Saneamento de Beira

SST – Sólidos Suspensos Totais

UASB – Upflow Anaerobic Sludge Blanket

1

1.INTRODUÇÃO

1.1 ANTECEDENTES

Moçambique é altamente vulnerável a desastres naturais relacionados com o clima, como tem sido observado nos últimos anos. São eventos de inundações e secas, além de ciclones que vem impactando as condições sociais, econômicas e ambientais, com prejuízos médios anuais de 1,1% do PIB.

Beira é segunda maior cidade de Moçambique, com população da ordem de 530.000 habitantes, localizada na costa, onde aproximadamente 70% das famílias podem ser afetadas (Shelter e Arcadis, 2019b) a eventos como enchentes, variação de níveis de maré1, intrusão salina, entre outros. Estes impactos são agravados pela limitada infraestrutura de saneamento e drenagem na cidade que resultam em impactos de contaminação da água e inundação da população em diferentes áreas, com destaque para áreas de expansão e ocupação informal, localizadas em áreas de risco e com limitada infraestrutura.

O Serviço Autônomo de Saneamento de Beira (SASB) é uma instituição pública autárquica com autonomia administrativa e financeira sob supervisão do Conselho Municipal da Beira (CMB). A instituição tem como finalidade a prestação de serviço de Saneamento e Drenagem Urbana de Beira.

O projeto “The Cities and Climate Change Project“ (PCMC)2, implementado pela AIAS com financiamento do Banco Mundial para as obras de primeira fase, cobrindo as áreas centrais da cidade, com uma segunda fase prevista, financiada pelo Projeto de Recuperação Resiliente dos Ciclones Idai e Kenneth (CERRP), do sistema hidráulico de drenagem e comportas para proteção da cidade para protege-la com relação aos as precipitações intensas e os efeitos do mar em parte da cidade. PCMC também financiou uma assistência técnica para apoiar a SASB e CMB quanto a operação e manutenção da reativação do sistema de drenagem entre outubro de 2018 e outubro de 2019. O Banco Mundial entrou com recursos adicionais do Resilient Water and Sanitation Program do Global Fund for Disaster Risk Reduction (GFDRR) para apoiar o comissionamento para o Plano de Continuidade de Negócios (PCN) para SASB, visando fortalecer institucionalmente a entidade para minimizar os riscos descritos.

1.2 OBJETIVOS

O objetivo da consultoria foi o de projetar e preparar o Plano de Continuidade de Negócios para o SASB de forma que as condições operacionais, financeiras e de gestão sejam mantidas em funcionamento durante desastres e eventos de emergência.

O PCN3 é a denominação dada ao processo de planeamento antecipado e preventivo de medidas que mantenham a operação dos serviços durante eventos críticos, que possam comprometer a segurança da população e do meio ambiente. Este Plano define medidas rápidas para manter o funcionamento dos serviços em condições aceitáveis e sem interrupções.

O PCN possui três fases: (a) antes do evento que envolve a preparação, treinamento e simulação para atuar no evento; (b) durante o evento – a instituição SASB (articulado

1 “Storm surge” que ocorrem por tempestades no mar e aumento de nível na costa. 2 Projeto Internacional que apoia as cidades sujeitas a risco de desastres relacionados com o clima. 3 Chamado de Business Continuity Plan em literatura inglesa

2

anteriormente com CMB, FIPAG, INGC, ARA-Centro, AURA, EDM, entre outras) atua sobre evento, com mínimo de interrupção, impacto e retorno as condições sustentáveis; (c) depois do evento que é fase de recuperação das condições do evento, tendo como meta a normalidade dos serviços.

1.3 RESUMO ESTE ESTUDO

No capítulo seguinte é apresentado um resumo sobre a cidade de Beira e seus condicionantes de urbanização existente e planejada que é o condicionante principal para o desenvolvimento das infraestruturas urbanas, na sequência é apresentado SASB com seus aspectos institucionais, organização e aspectos econômicos e financeiros, além dos serviços relacionados ao sistema atual saneamento e drenagem. Este capítulo trata de descrever as condições atuais para estabelecer um referencial sobre o SASB.

No terceiro capítulo é apresentado um diagnóstico do SASB quanto ao atendimento dos serviços de saneamento e drenagem urbana, identificando as principais fortalezas e os problemas observados para que atenda os serviços dentro da normalidade. Este diagnóstico examina quais são as necessidades para a cidade se tornar resiliente para a normalidade, que são as condições de projeto de funcionamento dos serviços.

No quarto capítulo são apresentados os conceitos de Gestão de Risco, a identificação dos riscos para o SASB e Beira quanto aos serviços de saneamento e drenagem que podem afetar a população e seu meio ambiente. Neste capítulo também são analisados os riscos nas condições atuais de serviços e infraestrutura e avalia os riscos e impactos quando da sua ocorrência.

O quinto Capítulo apresenta o desenvolvimento do PCN para o SASB, núcleo principal deste estudo. Neste capítulo são apresentados os conceitos principais sobre o PCN e a metodologia, a identificação dos riscos e a seleção dos eventos principais em função da matriz de risco, as medidas preventivas e de remediação para atuar nos eventos críticos, fluxograma, organização e comunicação para atuar nos eventos, treinamento, monitoramento e revisão, além do plano de implementação, que distribui no tempo as ações para colocar o PCN em operação quando os eventos ocorrerem.

No sexto capítulo são apresentadas as principais conclusões sobre o Plano e sua implementação em Beira e as recomendações sobre as condições normais dos serviços e da gestão de emergência em saneamento e drenagem para a cidade de Beira. As recomendações remetem para as fragilidades atuais dos serviços e a sua preparação para as emergências.

3

2. GESTÃO DE ÁGUAS URBANAS DE BEIRA

Este capítulo apresenta os conceitos sobre gestão de águas urbanas com os impactos relacionados e medidas de gestão. As informações principais da cidade de Beira e seu planeamento urbano, considerando os desafios dos eventos extremos que atuam sobre drenagem e saneamento. Também apresenta o SASB e suas características principais.

2.1 GESTÃO DE ÁGUAS URBANAS

2.1.1 Impactos do Crescimento Urbano

O crescimento urbano ocorrido nas últimas décadas está concentrando a população nas cidades, devendo chegar em 2050 a cerca de 70% da população mundial em população urbana. Os principais problemas relacionados com o uso do solo que resultam em impactos diretos sobre os recursos hídricos e a população relacionados com desastres podem ser resumidos nos seguintes pontos:

A expansão sobre as áreas de mananciais4 de abastecimento humano, comprometendo a sustentabilidade hídrica das cidades;

Ocupação das áreas de risco de encostas e de áreas de inundações ribeirinhas, devido à falta de planeamento e fiscalização;

Aumento da densidade habitacional, com consequente aumento demanda de água e do aumento da carga de poluentes sem tratamento de esgoto, lançados nos rios próximos às cidades;

O Planeamento urbano tem levado a uma excessiva impermeabilização das áreas públicas, canalização dos rios urbanos, que posteriormente são ainda cobertos por concretos e avenidas, produzindo inundações e erosão em diferentes locais da drenagem.

A urbanização tem produzido importante concentração da população em espaço reduzido, com grande competição pelos mesmos recursos naturais (solo e água), destruindo parte da biodiversidade natural. O meio formado pelo ambiente natural e a população (socioeconômico urbano) é um ser vivo e dinâmico que gera um conjunto de efeitos interligados, que sem controle, pode levar a cidade ao caos.

2.1.2 Gestão Integrada de Águas Urbanas

As Águas Urbanas envolvem a integração da institucionalidade municipal para o planeamento urbano, os serviços de água e saneamento, tendo como objetivo a melhoria da qualidade de vida e a sustentabilidade econômica e ambiental do meio urbano.

Na figura 1 é apresentada a integração destes componentes das Águas Urbanas. Esta integração ocorre institucionalmente por meio dos atores que atuam no planeamento urbano, serviços de águas e meio ambiente possam interagir para objetivos e metas comuns; espacialmente para solução dentro de problemas dentro da cidade no mesmo espaço; e temporalmente para desenvolver no tempo ações para atingir metas de melhoria de qualidade de vida da população e seu desenvolvimento econômico e sustentavelmente quanto ao meio ambiente urbano.

4 Manancial é a área de drenagem de uma fonte de abastecimento de água.

4

As principais interrelações entre os serviços de água que justificam a gestão integrada são destacadas na tabela 2.

Figura 1: Estrutura da Gestão Integrada de Águas Urbanas devido aos atores envolvidos (Madamuge, 2019)

Tabela 2: Interrelação entre os serviços de água Serviços Esgoto Drenagem Resíduos Sólidos Água O esgoto pode

contaminar as fontes de águas, reduzindo sua disponibilidade

a inundações pode danificar os sistemas de abastecimento;

a drenagem pode contaminar as fontes de água

os resíduos podem contaminar as fontes de água;

a erosão pode comprometer os mananciais

Esgoto sistemas combinados podem contaminar os sistemas de drenagem com detenções;

em sistemas separadores: entrada de esgoto na rede de drenagem e vice-versa

danos em redes de esgoto por erosão;

aumento de resíduos sólidos no sistema de esgoto.

Drenagem obstrução da rede de drenagem por resíduos sólidos e sedimentos; erosão de canais e superfícies devido a urbanização e aumento da velocidade na drenagem

2.2 BEIRA, MOÇAMBIQUE

2.2.1 Localização

Beira é a capital da província de Sofala em Moçambique, localizada junto a costa no Oceano Índico (figura 2), na margem esquerda do delta do rio Pungué, chamado de estuário de Beira.

5

A cidade foi construída num platô, circundada por áreas inundáveis e mangues. A sua população é de 533.825 de habitantes (Censo de 2017). A área do município é de 633 km2, mas a parcela urbana da cidade ocupa da ordem de 155 km2, com densidade aproximada de 34 habitantes/ha. Na figura 3 é apresentada a parte mais urbana da cidade.

Figura 2: Localização de Beira e Sofala

Figura 3: Localização de Beira em Moçambique

2.2.2 Economia

Beira é o segundo maior porto marítimo para o transporte internacional de cargas de Moçambique. Este porto é usado para transporte de mercadoria como petróleo e outros para países vizinhos por meio de estrada ferroviária, transformando-se no corredor de Beira que conecta o transporte rodoviário, ferroviário e marítimo. Existe um corredor com Zimbaué, por via rodoviária e ferroviária que facilita o acesso ao interior do continente Africano ao litoral para Lusaca, capital

Oceano Indico

6

da Zâmbia, que não tem acesso direto ao mar. O outro corredor liga ao Maláui e Zâmbia por via também rodoviária e ferroviária. A linha ferroviária se divide, sendo um rumo ao noroeste para Moatize, para servir as minas de carvão locais, e outro à norte, para alcançar Blantyre . Os produtos comercializados pelo porto de Beira são açúcar, tabaco, milho, algodão, fibra de pita agave, cromo, minério de ferro, cobre e chumbo, carvão.

Estas condições produzem um grande potencial econômico relacionado com produtos oriundos da agricultura e mineração para exportação. Este potencial atualmente é ainda pouco utilizado, necessitando uma dinâmica maior para a economia da cidade por meio do seu porto.

2.2.3 Área urbana e vizinhança

Na figura 4 é apresentada as características principais de uso do solo, mostrando ao Norte uma extensa área de inundação. Junto a margem esquerda do rio Pungué, existem áreas sujeitas as variações de maré que não são ocupadas. A cidade fica numa área mais alta. A leste e Oeste junto ao Oceano Indico existem áreas limítrofes usadas na agricultura. No Oeste fica o Porto de Beira onde existem atividades ligadas a logística portuária. Existe também, junto a costa uma extensa área de mangues relacionada com a iteração das águas interiores e o mar.

Figura 4: Características de uso do solo (Planege, Fase e Prosistemas, 2014)

A ocupação do solo apresenta grandes limitações fora do centro da época colonial da cidade, onde se encontra a população pobre, com baixa disponibilidade de infraestrutura urbana quanto a urbanização das áreas públicas, serviços de água e esgoto, eletricidade, entre outros, muitas vezes ocupando áreas de risco de inundação.

Com o crescimento da cidade, principalmente devido as atividades portuárias, existe o risco da urbanização aumentar a ocupação das áreas de risco de inundação ao longo do tempo,

7

agravando as condições atuais. Isto geralmente tende a ocorrer principalmente nas ocupações informais em áreas de risco.

Na parte central e antiga da cidade que corresponde a cerca de 30% da área se localiza em cotas de 4 a 5 m, e estão mais protegidas contra as inundações externas e variabilidade das marés. Na parte Norte da cidade o nível chega a 10 m, excetuando as áreas próximas do rio.

A combinação de chuvas intensas e altos níveis de maré seja por condições astronômicas ou devido a tempestades criam condições de inundações em áreas de baixo nível na cidade (inundações ribeirinhas e efeito da maré) e devido à falta de capacidade da drenagem interna da cidade (drenagem urbana), combinado com o controle de jusante devido as marés.

2.3 PLANEAMENTO URBANO

2.3.1 Estrutura de Planeamento Urbano em Moçambique

O planeamento territorial em Moçambique é realizado pelo conjunto de três instrumentos em diferentes níveis PEU – Plano de Estrutura Urbana, PGU – Plano Geral de urbanização e PP – Plano de Pormenor e os mesmos são necessários para o ordenamento territorial, ainda que o Banco Mundial tenha financiado guiões5, ainda indisponíveis até o fechamento deste Plano.

2.3.2 Plano Diretor Urbano (Master Plan)

O Master Plan de Beira (Weelden, 2013), ainda que não possua força de lei, identifica os principais desafios de Beira com o seguinte: (a) utilizar o seu potencial econômico devido a sua localização estratégica na costa do Oceano Índico; (b) melhorar a qualidade de vida de grande parte da população de Beira que é pobre e não possui infraestrutura adequada; (c) adaptar a cidade as condições de mudança climática devido a sua geografia próxima do mar e sujeita a frequentes inundações.

Para cada um destes desafios foram estabelecidas as intervenções estratégicas para Beira, relacionadas aos objetivos na tabela 3, onde são destacados em itálico os aspectos relacionados diretamente com este estudo. Observa-se um destaque dos problemas relacionados com as inundações na cidade de Beira que se refletem no planeamento urbano da cidade e na qualidade de vida da população de forma geral. O Plano destaca também as condições necessárias para atingir estes objetivos que são a melhoria das condições de capacitação e fortalecimento das instituições.

Estes aspectos envolvem a gestão de serviços urbanos, principalmente de planeamento urbano e da gestão das águas, treinamento de funcionários municipais, gestão de dados, capacidade econômica e financeira, implementação dos planos e regulação e a criação de uma instituição para Desenvolvimento do Solo.

Crescimento populacional e reabilitação urbana

O Master Plan identificou a tendência de crescimento da população desde 2013 e utilizou uma taxa constante de crescimento, obtendo uma projeção estimada para 2020 em uma faixa entre 600.000 e 700.000 habitantes e para 2035, esta faixa estimada seria entre 827.000 e 1.422.000 habitantes. Identificou a necessidade de melhoria e reabilitação na infraestrutura da cidade quanto

5 Ordenamento Territorial (PEU/PGU/PP); Gestão do cadastro municipal de Terra / e atribuição de (DUATs); Mobilidade e transportes e estradas; Gestão de risco; Água e Saneamento básico; Mercados e Feiras e; PIGRSU (resíduos sólidos)

8

aos serviços de água, esgoto e drenagem, eletricidade, saúde e transporte e principalmente na forma informal de ocupação em áreas de expansão com risco de inundação.

Tabela 3: Intervenções Estratégicas (Weelden, 2013)

DESAFIOS

Potencial econômico Melhorar a qualidade de Vida Adaptação as mudanças Climáticas – Proteção contra

enchentes

Melhorar o investimento em Beira Melhorar os níveis de serviços relacionados com saúde, segurança, educação, etc

Gestão integrada com foco especial em planeamento urbano, gestão da água e infraestrutura de serviços.

Reabilitar ferrovias e rodovias para interior do país e continente

Prover residências com qualidade básica e para as condições econômicas da

população.

Desenvolvimento Urbano em área de Nível mais alto (leste

de Manga)

Reabilitação dos acessos primários em Beira

Reabilitação e expansão da rede de água e esgoto

Reabilitação e expansão da drenagem

Melhorar e expandir os transportes públicos em Beira

Reabilitação e expansão das estações de Tratamento de Água

Reabilitação e fortalecimento da proteção costeira

Expansão do porto e áreas industriais, incluindo

infraestrutura de transporte e dragagem

Melhorar a gestão de Resíduos Sólidos

Gestão profissional e efetiva e manutenção da infraestrutura de

Transporte

Gestão e Manutenção efetiva e profissional dos serviços de infraestrutura

Princípios para o desenvolvimento urbano

Os princípios de basearam em condicionantes relacionados com as enchentes na cidade, devido as características de área muito plana, que são os seguintes: (a) o desenvolvimento urbano deve ocorrer principalmente sobre áreas onde seja possível ter retenção de água e outras infraestruturas; (b) a expansão urbana deve ocorrer em áreas com níveis mais altos próximo de Manga, que permite a drenagem das águas pluviais e uso de detenção; (c) com o crescimento da população outros centros devem se desenvolver na cidade; (d) deve-se priorizar áreas verdes distribuídas na cidade para melhorar a qualidade de vida e a drenagem; e (e) para a cidade já construída deve-se buscar reabilitar as infraestruturas e dos prédios públicos.

Dentro dos aspectos principais destacados no Plano foram o planeamento futuro de novas construções residenciais que sejam a prova de inundações, criando um padrão e um programa de reassentamento ou melhoria das condições da população pobre em área de risco de inundação.

Proposta de Expansão urbana

Na figura 5 é apresentada a proposta de expansão urbana do Master Plan prevista em 2013. O Plano analisou os problemas e as medidas relacionadas ao planeamento urbano, gestão de água: abastecimento de água, esgoto e drenagem (condições de inundações e efeito das mudanças climáticas), erosão costeira e as condições institucionais, destacados a seguir.

Abastecimento de água: A entidade nacional responsável pelo serviço de água potável é o Fundo de Investimento e Patrimônio do Abastecimento de Água (FIPAG) que atende 13 cidades em

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Moçambique, entre as quais Beira. O Manancial de Beira é o rio Pungué, contudo este rio apresenta grande variação de nível entre enchente e estiagem e sofre o efeito da variação da maré de 7 a 8 metros, produzindo intrusão salina até 80 km a montante. A captação ocorre em Dinghy-Dinghy 120 km a montante da foz para evitar os problemas mencionados. A água é tratada na ETA SWTP Mutua. O principal problema identificado nesta ETA é a turbidez da água no período chuvoso (novembro a abril), chegando a 500 NTU (quando o limite usualmente é 100 NTU). Este sistema apresenta problemas na gestão, na rede de distribuição devido retirada ilegal de água, construções sobre a rede de distribuição, falta de capacidade da adução da ETA e problemas de pressão, resultando em intermitência no abastecimento. O sistema apresenta uma fragilidade estrutural de depender de uma única adução, que se falhar deixa a cidade toda sem água.

Figura 5: A expansão Urbana prevista para Beira (Weelden, 2013)

Saneamento – A coleta de esgoto de Beira é do tipo separador absoluto, onde o SASB é responsável pela operação manutenção e investimentos. A rede de esgoto escoa para uma ETAR próxima do porto e tem capacidade de tratamento de 7.500 m3/dia, descarregando o efluente no rio Pungué. Foi estimado que cerca de 14,5% das edificações estão conectadas ao sistema de esgoto.

Resiliência a Enchentes– Devido a localização próximo da costa e com topografia com níveis baixos importante parte da área da cidade está naturalmente sujeita a inundações e pode ser impactada pelo efeito das mudanças climáticas, seja no aumento no nível do mar como na frequência de eventos de inundações. O Plano estudou com um modelo que considera as precipitações sobre a cidade e o efeito de maré de jusante (4 m de amplitude) para um tempo de retorno de 2 anos com chuva de 24 horas de 231 mm, resultando em profundidades de inundações de cerca de 1,3 m. Mesmo aprofundando e alargando os canais resultaram em profundidades de inundação de 1,0 m. O estudo menciona que parte da área da cidade é um reservatório natural de detenção que equilibra o fluxo de entrada no mar com a oscilação da maré e as precipitações

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intensas. Mostrando que para reduzir as inundações deve-se usar reservatórios de

retenção/detenção6.

O Plano também recomenda o uso de estruturas verdes na urbanização da cidade, visando aumentar a infiltração (apesar do lençol freático apresentar nível alto) e retenção da água, além de melhorar as condições de estéticas e ambientais da cidade. Atualmente, a zona de Chiveve possui infraestruturas verdes na Beira.

Erosão costeira – A costa junto a Beira do Oceano Índico mostra dunas baixas sujeita a permanente erosão ao longo do tempo. Este problema tem sido contornado pela construção de espigões que mantém numa faixa de praia que se estende por 7 km. Estes Espigões sofrem com o efeito do mar que tende a erodir com o tempo e a costa fica mais sujeita as variações da maré, acentuando-se com o potencial aumento do nível do mar e a produção de areia resultante dos rios interiores. O Plano menciona que de 2012 existem reabilitações dos espigões, além de paredes de direcionamento da drenagem que escoam para a costa.

Efeito da Mudança Climática – o estudo menciona que as estimativas de aumento do nível do mar na costa de Moçambique é de 0,1 a 0,2 m em 2035 e 0,7 a 2,0 m em 2100. O estudo menciona também que as inundações causadas pela combinação de níveis dos ciclones e tempestades do mar não são sensíveis a estes aumentos de níveis.

O Plano menciona que para compensar o aumento do nível do mar pode-se elevar as praias com areia, sendo necessário cerca de 100.000 m3 para 0,1 m de aumento do mar para uma faixa de 10 km.

Capacidade Institucional – O Plano identificou os principais problemas relacionados com a capacidade institucional de Beira, que são os seguintes: baixa capacidade de gestão: planeamento, implementação e cobrança; baixo investimento; e baixa cooperação entre instituições.

Além disso, não existe integração entre o planeamento urbano e outros setores de infraestrutura como a gestão da água e inundações, como mostrado na figura 1. Mesmo tendo planeamento não existe cobrança e o desenvolvimento ocorre de forma desordenada sem cobrança de seus padrões, como mistura de ocupação e população em áreas de risco.

O orçamento da cidade em 2011 era principalmente devido aos DUATs, Direito de uso de aproveitamento de terras e registro de veículos (US$ 10 milhões), adicionado das taxas de propriedades (US$ 2 milhões). Os investimentos de capital representam US $ 4 milhões usualmente de recursos doados. O estudo conclui que os recursos financeiros são insuficientes para implementação das medidas do plano.

O Plano previu o desenvolvimento de melhor cooperação dentro da cidade entre os atores públicos e privados, o fortalecimento quanto ao treinamento dos professionais da Municipalidade, além dos outros aspectos institucionais, como organização e os aspectos econômicos e financeiros. Também propõe a instituição de uma Companhia para desenvolvimento da Terra. Esta companhia tem como objetivo disponibilizar a terra para residências e indústria em condições de serem ocupadas com as infraestruturas urbanas necessárias.

6 Reservatório de detenção é quando a área é usada para armazenar a água somente durante as enchentes e retenção quando o reservatório mantém uma parte do volume de água permanente, oscilando o restante do volume nos dias chuvosos. O segundo permite reduzir mais os impactos na qualidade da água.

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2.4 SERVIÇOS DE ÁGUA E SANEAMENTO

2.4.1 Aspectos Institucionais em nível Nacional, Regional e Municipal

Em âmbito nacional, regional e municipal, pode-se citar os atores que desempenham papel nos serviços de água e saneamento. Nacionalmente, o Ministério de Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH), Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), Fundo do Investimento e Patrimônio do Abastecimento de Água (FIPAG), Eletricidade de Moçambique (EDM), Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), Autoridade Reguladora de Água (AURA) e Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento (AIAS). Regionalmente, Administração Regional de Águas do Centro (ARA-Centro) e Municipal, o Conselho Municipal da Beira (CMB) e Serviço Autónomo de Saneamento da Beira (SASB). Todos desempenham um papel de dependência para o funcionamento adequado dos serviços de drenagem e saneamento, mesmo que o PCN, conceitualmente, seja um produto do SASB, a integração entre as instituições desempenhará uma maior ou menor vulnerabilidade para o Plano. Na sequência são abordados alguns aspectos relevantes entre algumas das instituições.

Legislações e regulamentos

O marco legal das águas em Moçambique é a Lei n.16 de 3 de agosto de 1991 que estabelece define os princípios da gestão das Águas, estabelece o direito público das águas, participação pública e os mecanismos de coordenação institucional. A lei prevê que a gestão das águas será realizada por administrações regionais de água (ARA). No âmbito urbano estabelece que o saneamento deve atender as condições de saúde pública e meio ambiente, considerando a cobrança pelos serviços para manutenção das entidades prestadoras. A legislação considera que os esgotos sanitários e de águas pluviais são drenados por uma rede mista, o que está desatualizada para a realidade de muitos países em desenvolvimento que adotaram esgoto separador.

A resolução n. 60 de dezembro de 1998 estabeleceu critérios de cobrança pelos serviços de águas como base para a recuperação de custo dos serviços. Prevê um componente tarifário fixo e um volumétrico em função do consumo de água e para esgoto a tarifa deve cobrir os custos. No caso das águas residuárias o valor da tarifa é proporcional ao volume de água consumido, cobrado pelo FIPAG e repassado ao SASB, para a drenagem e saneamento o SASB poderia ser o responsável pela cobrança de ambos, desde que previamente estudados como medidas que fazem parte da reestruturação do prestador. No que se refere a drenagem, não existe uma tarifa específica, apenas a que deve cobrir o custo. O custo neste caso deve ser o de Operação e Manutenção e Investimentos. No entanto, não existe está prática em Moçambique. No âmbito internacional a drenagem é cobrada como uma taxa proporcional a área impermeável da propriedade (lei de janeiro de 2007 de Saneamento Básico do Brasil e Campbell et al,2014).

Instituições Nacionais

Em Moçambique os investimentos dos Serviços de Água são apoiados pelo Ministério de Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH, além da própria autarquia e CMB, regulados pela Autoridade Reguladora de Águas pelo Conselho Regulador de Água (AURA - CRA). A entidade regula os serviços água e saneamento, representando a sociedade para obter a sustentabilidade econômica dos serviços. É uma entidade de direito público com personalidade jurídica e autonomia administrativa, financeira e patrimonial.

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2.4.2 Serviços de Águas Locais

Em Beira os serviços de água e saneamento são fornecidos por diferentes entidades como mostra a tabela 4. O abastecimento é fornecido por entidade nacional em nível regional e os serviços de Saneamento e drenagem estão de responsabilidade do SASB e resíduos sólidos em nível municipal.

Tabela 4: Serviços de Água, Saneamento e Gestão de Risco em Beira e Moçambique Serviço Entidade Nível Abastecimento de Água FIPAG1 Regional/Nacional Esgoto sanitário SASB2 Local Drenagem e inundação SASB Local Resíduo Sólido CMB3 Local Gestão de impactos de calamidades

INGC4

Nacional

Informações meteorológicas INAM5 Nacional Regulação de água e saneamento

AURA Nacional

Financiamento e apoio AIAS Nacional Monitoramento e gestão das águas

ARA – Centro

Regional

Gestão das Águas DNAAS nacional 1- Fundo de Investimento e Patrimônio do Abastecimento de Água; 2 – Serviços Autônomos de Saneamento de Beira;3 – Conselho Municipal de Beira; 4 - Instituto Nacional de Gestão de Calamidades; 5 – INAM – Instituto Nacional de Meteorologia;6 – AIAS - Administração de Infraestrutura de Água e Saneamento- 7 ARA- Centro – Centro de Administração Regional de Água Centro; 8 DNAAS – Departamento Nacional de Abastecimento e Saneamento.

O objeto deste estudo envolve o Plano de Continuidade dos Negócios de Saneamento

(esgotamento sanitário) e Drenagem Urbana de Beira geridos pelo SASB em nível local, que possui integração com outros serviços de água dentro da cidade como o abastecimento de água e resíduos sólidos, porém cabe mencionar novamente a ligação direta com MOPHRH (prevê a transferência de recursos para o SASB, entretanto não cumprido), INGC, IDM, INAM, AURA, AIAS e ARA-Centro

2.5 SERVIÇOS AUTÔNOMOS DE SANEAMENTO DE BEIRA (SASB)

Este item foi baseado no estudo em Planege e Fase (2019) que fez uma avaliação das condições institucionais dos serviços de saneamento e drenagem de Beira. No primeiro item é apresentado um resumo da instituição e suas características principais. No segundo item é apresentado o regulamento sobre os serviços que atende. O terceiro item é apresentada a organização, no quarto item são apresentados os aspectos econômicos e financeiros, no quinto o pessoal e equipamentos. Os serviços de Saneamento e Drenagem são apresentados nos dois últimos itens.

2.5.1 Instituição

O SASB é uma instituição pública autárquica com autonomia administrativa e financeira sob tutela do Conselho Municipal da Cidade da Beira (CMB), de acordo com seu Regulamento Interno. A resolução n.1 de 28 de maio de 2009 da Assembleia Municipal de Beira definiu os estatutos do SASB.

Inicialmente os serviços que deveriam ser prestados pelo SASB era somente de saneamento, na Postura de Saneamento e drenagem de Beira em 2016, foi introduzida a

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Drenagem. A rede de águas residuárias de Beira é separada da rede de drenagem pluvial, mas cobre uma parcela pequena da cidade de Beira. A rede de drenagem de Beira é formada por pequenas valas e canais e rios principais como Chiveve e recentemente com as estruturas de controle do escoamento como detenções e comportas se tornou mais sofisticado. Este componente dentro dos serviços da SASB se tornou relevante e especializado, foi executado em primeira fase e há planeamento para as fases 2a e 2b.

A missão do SASB é de “promover e desenvolver competência em Gestão de Saneamento Urbano, como agente facilitador, visando a melhoria da qualidade de vida dos munícipes, através da drenagem e tratamento das águas residuais e pluviais”, segundo os estatutos do SASB.

2.5.2 Legislações

A lei de gestão das Águas (n.16/91) estabelece os princípios de gestão das águas, coordenação institucional e a taxa de água e saneamento. O funcionamento nos serviços por autarquias (lei n.1/2008) estabelece o regime financeiro, orçamental e patrimonial e o sistema tributário das autarquias, como SASB. A lei de autarquias n.6/2018 permite autonomia administrativa e financeira e patrimonial.

O regramento sobre o Saneamento de Beira baseia-se em um conjunto de Regulamentos e Políticas, o Regulamento dos Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais (Decreto n. 30/2003), conforme Moçambique (2003) apresenta:

Título II – Disposições técnicas de drenagem pública de Águas Residuais em seu Artigo 84 define o objecto e campo de aplicação. 1. O presente Título tem por objetivo definir as condições técnicas a que deve obedecer a drenagem pública de águas residuais em Moçambique, de forma a que seja assegurado o bom funcionamento global dos sistemas, preservando-se a saúde pública, a segurança dos utilizadores e das instalações e do meio ambiente. 2. O presente Título aplica-se a sistemas de drenagem pública de águas residuais (domésticas, industriais ou pluviais), incluindo dispositivos complementares do tipo fossa séptica. Aplica-se também a sistemas simplificados (com rede de colectores gravíticos de pequeno diâmetro) e dispositivos complementares do tipo fossa séptica ou tanques de deposição de lamas.

Estas normativas não distinguem a rede de águas residuais domésticas e indústrias das redes de drenagem, pressupondo uma rede combinada nas cidades.

Entre as condições técnicas desejáveis, pode-se citar os parâmetros de lançamento de efluentes para os corpos hídricos, tratando dos padrões gerais de descargas de águas residuais domésticas e industriais no meio receptor, de acordo com a tabela 5.

Quanto ao Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes

(Decreto n. 18/2004), de acordo com Moçambique (2004):

O presente Regulamento tem como objecto fixar os parâmetros de qualidade da água destinada ao consumo humano e as modalidades de realização do seu controlo, visando proteger a saúde humana dos efeitos nocivos resultantes de qualquer contaminação que possa ocorrer nas diferentes etapas do sistema de abastecimento de água desde a captação até à disponibilização ao consumidor.

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Tabela 5: Padrões de lançamentos de efluentes domésticos e industriais em corpo receptor para Moçambique-MZ (Moçambique, 2003)

O manancial de abastecimento de água pode ser contaminado pelo sistema de esgotamento sanitário e drenagem, quando as águas de alagamentos e inundações, infiltram no lençol freático, atingindo redes de distribuição de água ou quando os efluentes entram nos mananciais.

Conforme os níveis aceitáveis pela legislação, o reestabelecimento de um sistema de tratamento, após um desastre natural, deve minimizar o tempo de retomada adequada as mesmas condições anteriores, atendendo as condições ambientais e consequentemente minimizando riscos à saúde com doenças de veiculação hídrica.

2.5.3 Estrutura de Gestão de Água e Saneamento

Na figura 6 é apresentada a estrutura de gestão de água e saneamento que se baseia em nível nacional num regulador AURA (CRA) que fiscaliza os serviços e suas metas dos operadores. A AIAS que fornece o funcionamento e o apoio de técnico, enquanto o DNAAS desenvolve a política, estratégia e regulamentos. Em nível local o titular do serviço é o Conselho Municipal que delega a um operador privado ou autarquia ou ainda ONGs e OCBs que fornecem os serviços totais ou parciais para os usuários do sistema. No caso de Beira o SASB é o provedor principal dos serviços.

Parâmetro(1)Valor

máximoadmissível

Unidades Observações

Cor diluição 1:20 Presença/ausênciaCheiro diluição 1:20 Presença/ausênciapH, 25°C 6,0 - 9,0 Escala de SorensenTemperatura (2) 35 °C Aumento no meio receptorDemanda Química de Oxigênio (DQO) 150 mg DQQ/lSólidos Suspensos Totais (SST) 60 mg SST/lFósforo Total 10 mg P/l 3,0 mg P/l em zonas sensíveis Nitrogênio Total 15 mg N/l

(2) De preferência será de limitar o aumento de temperatura no meio receptor a valores não excedendo de 3°C.

(1) Parâmetros mínimos a observar, a existência de unidades industriais que, diretamente ou através da rede de drenagem,descarreguem efluentes no meio receptor poderá tornar necessária a monitorização e controle de outros parâmetros quepossam comprometer o cumprimento do estipulado no artigo 172, cujos valores máximos admissíveis devem ser estabelecidoscom base nas recomendações de organismos e instituições internacionalmente reconhecidas.

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Figura 6: Estrutura da Gestão de Água e Saneamento em Moçambique (Adaptado de SASB,2020)

2.5.4 Organização

O SASB está organizado como mostra a figura 7. A Diretoria é formada pelo Diretor Geral e pelo diretor adjunto, que recebem o apoio de um secretariado, Jurídico e Avaliação de Desempenho.

A entidade é organizada no primeiro nível em departamento onde existem o Departamento de Administração (DAF), Departamento de Operação e Manutenção (DOM) e o Departamento de Projetos e Planificação (DPP). No terceiro nível existem as repartições dentro de cada Departamento.

No Departamento de Administração existem as Repartições de: Contabilidade e Tesouraria, Recursos Humanos e Gestão de Transporte. Este Departamento trata da gestão administrativa econômica e financeira, do pessoal e dos equipamentos.

No Departamento de Operação e Manutenção as Repartições atendem as Redes de Águas residuais e drenagem e a ETAR, Estação de Tratamento de águas residuais da rede separadora. A repartição Manutenção faz a gestão de pessoal e equipamentos do departamento para atendimento das redes de águas residuais, drenagem e canais e da estação de tratamento em serviços relacionados a especialidades como eletricidade, mecânica, hidromecânica e construção civil.

O Departamento de Projetos e Planificação (DPP) atua no desenvolvimento de novos investimentos no sistema de águas residuais e drenagem de Beira, além de manter uma base de dados atualizada do sistema e usuários. O Departamento prepara termos de referência e cadernos de encargo para os contratos de obras de ampliação e melhoramento do sistema de saneamento como planeamento, projeto, fiscalização das obras

AURA (CRA) – Autoridade de Regulação da Água

AIAS – Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento

DNAAS – Direção Nacional de Abastecimento e Saneamento

Regulador Financiamento e apoio Política, estratégia e regulamentos

GESTÃO NACIONAL

CONSELHO MUNICIPAL

USUÁRIOS DOS SERVIÇOS

Operadores Privados Entidade Municipal ONGs e OCBs

GESTOR LOCAL

PRESTADORES DE SERVIÇO

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Figura 7: Estrutura atual da gestão do SASB

2.5.5 Estrutura do SASB

Este aspecto envolve o conjunto dos sistemas de saneamento e drenagem da cidade, pessoal da entidade e os equipamentos disponíveis para os serviços.

Sistemas

O sistema gerenciado pelo SASB envolve o sistema de esgoto sanitário (águas residuais) e o de drenagem urbana.

Sistema de Saneamento – envolve dois componentes:

(a) a rede de coleta separadora que coleta esgoto doméstico, comercial e industrial que cobre parte da cidade (cerca de 14%). No restante onde não existe esgoto, o efluente é lançado na drenagem ou em fossas. Neste sistema existem 14 estações de bombeamento, 4 estações elevatórias;

(b) ETAR Estação de Tratamento águas residuárias coletada pela rede separadora.

Sistema de Drenagem - sistema de rede de canais naturais e modificados, além de redes pluviais na parte antiga da cidade. Para uma parte da cidade foi desenvolvido um sistema de proteção contra inundações com redes de canais de drenagem, bacia de detenção de Matanza e 5 sistemas de comportas, consistindo na primeira fase de implantação, estando planeadas as fases 2a e 2b. Este sistema controlam as enchentes da bacia e evita o efeito de jusante do Oceano.

Pessoal

Segundo Planege e Fase (2019), a Lista Nominal dos Funcionários do SASB 2018 aponta para 143 colaboradores, onde 99 são do Departamento de Operação e Manutenção. Estes funcionários estão distribuídos segundo a formação em: 12 com formação superior, 33 com formação média, 59 com qualificação técnico-profissional, 30 trabalhadores não qualificados.

Equipamentos

Além dos equipamentos existentes nos dois sistemas os equipamentos existentes danificados ou não são os seguintes:

Caminhões de sucção e pressão;

DIRETOR GERAL E ADJUNTO

Departamento de Administração e Finanças (DAF)

Departamento de Operação e

Manutenção (DOM)

Departamento de Projetos e

Planificação (DPP)

CONSELHO

APOIO: Secretariado, Jurídico, Desempenho

Contabilidade e Tesouraria

Recursos Humanos

Gestão de Transporte

Rede Manutenção ETAR

REPARTIÇÕES

DEPARTAMENTOS

DIRETORIA

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Caminhão porta-contentores;

Gerador móvel;

Trator;

Caminhão grua;

Viaturas móveis de cabine simples;

Cisterna de 12 m3;

Martelo elétrico;

Bomba e seus acessórios;

Máquina de corte de asfalto;

Veículo de transporte de pessoal; Equipamentos de escritório e de informática;

O SASB recebeu recentemente outros equipamentos, caminhão de desobstrução, basculante, porta contentor, bulldozer, quatro viaturas pick up (duas de cabines e duas duplas), 10 motorizadas, motobomba com atrelado e escavadora de lança longa.

2.5.6 Aspectos Econômicos e Financeiros

O SASB se financia com o seguinte: Taxa de Saneamento (FIPAG), que consiste em 15% do valor arrecadado com a tarifa de água, serviço de limpeza de fossas, Despejo de águas residuais (ETAR), Taxas de novas ligações, Serviços de Desobstrução de Ramais, Coimas e Multas, verbas do CMB e Fundo de Comparticipação da Direção Provincial das Obras Públicas e Habitação, o qual não tem sido recebido pelo SASB nos últimos anos. A taxa de saneamento somente é cobrada das propriedades atendidas por abastecimento de água, mas a população atendida por fontes públicas não paga esta taxa. As verbas do CMB permitem o pagamento de salários dos funcionários e o combustível dos serviços.

No período de 2015 a 2018 a arrecadação variou de 16,4 milhões a 30,358 milhões de MZn (tabela 6), valor este que não inclui repassasses do MOPHRH acordados na criação do SASB. Observa-se que a taxa de Saneamento representa a principal arrecadação variando de 67,6 a 82,6 % do total. Nos gastos o orçamento disponível é de 2017, que mostra que os salários representam 44,45% do total de MZN 37,115 milhões, seguido dos custos de manutenção de 22,4% do total. Não se observa no orçamento gastos com manutenção de rede de drenagem que deve ser importante com o sistema concluído recentemente. O déficit orçamentário de 44 a 70% entre 2015 e 2018.

É provável que os gastos com a rede de drenagem sejam mínimos nos números apresentados na tabela 6. Com a absorção dos sistemas construídos de drenagem da 1º fase e na 2º fase os custos operacionais devem aumentar sem que exista uma previsão de receita adicional, já que as receitas são de saneamento e não existe uma receita de drenagem para sustentabilidade das benfeitorias construídas. Também se observa que não existem investimentos de benfeitorias ou de aumento das redes de saneamento e drenagem, buscando uma sustentabilidade dentro destes sistemas na cidade. A instituição se baseia na doação de recursos de investimentos de benfeitorias.

Quanto a definição dos custos de operação e investimentos não tem sido feita distinção entre os tipos de sistemas, para poder distinguir os custos que cabem a cada subsistema e sua recuperação de custo. Usualmente a taxa de saneamento é cobrada em função do abastecimento de água e se refere a rede de esgoto, enquanto a taxa de drenagem não é prevista.

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Tabela 6: Fonte de arrecadação do SASB (Planege e Fase, 2019)

Anos

Fonte de Arrecadação 2015 2016 2017 2018 2019*

FIPAG (%) 67,6 74 74,6 82,6 74

Serviços (%) 10,86 9 9,9 15,74 22,2

multa (%) 6,34 3,2 5,8 1,6 3,8

outros (%) 15,2 13,8 9,7 0,06 0

Receita em Mzn(milhões) 16,4 18,713 23,664 30,358 40,55

Gasto em Mzn (milhões) 27,883 27,561 37,115 43,751 59,029

Deficit em % da receita 70,0 47,3 56,8 44,1 45,6 (*) projetado

Fica claro que a recuperação dos custos é insuficiente por falta de receitas próprias como na de drenagem, a própria insuficiência da taxa de saneamento, à falta de cumprimento por parte do Governo Central dos seus compromissos quanto à cobertura dos gastos dos serviços. O FIPAG assegura, em condições aparentemente nem sempre muito claras e previsíveis, a cobrança da taxa de saneamento na forma de uma percentagem sobre a fatura da água e igual a 15%, sendo 12,5% para o SASB e 2,5% como taxa de administração para a FIPAG. O CMB vem suportando os encargos com o pessoal, enquanto os outros gastos são suportados pelas receitas dos serviços prestados.

Os due diligence do SASB são as redes de saneamento (águas residuárias separadas) e de drenagem e seus equipamentos, estação de tratamento, reservatório de detenção entre outros. Esta manutenção é realizada de forma insatisfatória, como observado pela redução das afluências à ETAR, avarias nas estações elevatórias e colapsos nas canalizações de esgoto doméstico. Portanto, a entidade necessita de uma estratégia para a gestão dos due diligence e de investimento na renovação e manutenção das infraestruturas.

2.5.7 Sistema de Saneamento

O sistema de saneamento

As etapas dos sistemas de esgotamento sanitário, constituem a coleta junto ao usuário do serviço, pela rede coletora de esgoto, a partir de ramais nas edificações, transportando o mesmo por pressão atmosférica até os locais de maior profundidade da rede, em direção aos pontos de menor cota, onde se implantam estações elevatórias, onde estão presentes conjuntos elevatórios (bombas), que fazem o bombeamento do efluente bruto, por meio de linhas de recalque, até um outro ponto alto, normalmente um poço de visita (PV), para continuar a sua trajetória até a próxima estação elevatória e assim por diante, momento que se atinge a estação de tratamento de esgoto. Neste último, ocorre o tratamento que procura de modo artificial, reproduzir as condições de depuração naturais, convertendo as frações orgânicas e inorgânicas em gases e água, os primeiros escapam para a atmosfera e o remanescente na água, se encontrará em condições que possam ser devolvidas ao meio ambiente (corpos d´água, solos), através de emissários.

De acordo com Shelter e Arcadis (2019b), o sistema de saneamento existente, remete a colonização portuguesa dos anos 60, sendo que a maior parte da população dispõe de latrinas e tanques sépticos, com 37% da população ocupando a área urbana, que corresponde a 8% do território. Devido ao relevo costeiro plano, estão presentes 12 estação elevatórias de pequeno porte e 4 de maior porte, que transportam o esgoto tratado por 97 km até a estação de tratamento de água residuais (ETAR). O diagrama unifilar do sistema pode ser observado na figura 8.

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Figura 8: Diagrama unifilar do sistema de bombeamento até a ETAR (Cigeres, 2016)

Dados recentes em AIAS (2019), apresentam uma deficiência dos equipamentos eletromecânicos, somados a necessidade de substituição e reabilitação da tubulação de concreto dos sistemas de coleta de esgoto, onde cerca de 10 a 20% do efluente tem chegado a ETAR, portanto uma perda que pode atingir 90% do esgoto coletado que deve estar se perdendo no lençol freático, ou sendo enviado ao corpo hídrico receptor pelos extravasores, com ausência de tratamento. As tubulações de concreto antigas colapsadas, correspondem a diâmetros variando entre 200 e 900 mm, um terço delas foi reabilitada entre 2007 e 2012. Na figura 9, são verificadas as áreas servidas por redes coletoras de esgoto.

Devido as inundações e alagamentos causados, por ocupação de águas pluviais no leito maior dos cursos d’água, ou advindas de ciclones, os sistemas de esgotamento sanitários, como poços de visita (PVs), terminais de limpeza, estações elevatórias, ou ETAR, podem ficar sob ou em contato com estas águas. Na figura 10, verifica-se a locação dos postos de bombagem (PBs), as estações elevatórias (EEs), ETAR e as sub-bacias componentes do sistema de esgotamento sanitário de Beira, juntamente com as drenagens da região central.

Quanto aos sistemas de esgotamento sanitário alternativos à rede coletora de esgoto, na maior parte do município, estão presentes 11.735 tanques sépticos e latrinas, no entanto o esgoto a céu aberto perfaz 29,5% (Jane, 2017), em relação aos sistemas individuais, com menos do que 37% da população servida com rede coletora de esgoto.

Em se tratando da rede de esgoto, não é incomum a ocupação de água de origem pluvial na infraestrutura urbana, contribuindo para infiltrações que podem provir do lençol freático, pelas juntas de PVs e tubulações, além de fluxos externos que escorrem pelas ruas e que também podem ingressar através ligações inadequadas, por meio de calhas pluviais nas edificações, ou mesmo vedações pouco eficientes nas tampas da superfície do terreno, com o ingresso de material sedimentar, assoreando a rede de esgoto.

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Figura 9: Regiões servidas por esgotamento sanitário separador absoluto em Beira (Shelter e Arcadis, 2019b)

Figura 10: ETAR, estações elevatórias (EEs), postos de bombagem (PBs) e suas respectivas sub-bacias hidrográficas em Beira, em meio aos recursos hídricos.

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Na figura 11, observa-se um esquema dos caminhos das infiltrações e dos fluxos externos de água, percebe-se que o volume destes últimos, podem ser significativos por obra dos alagamentos e inundações, ocupando as superfícies de cobertura e ingressando para o interior do sistema de esgotamento sanitário por vedações pouco estanques.

Figura 11: Caminhos de infiltração e ingresso de fluxos externos no sistema de esgotamento sanitário, (adaptado de Hamada, 2015)

Os efeitos do ingresso de fluxos de água externos e infiltração presente no solo para dentro das tubulações do separador absoluto, pode representar aproximadamente 2,5 vezes a vazão de esgoto sanitário, conforme verificado em Hamada (2015) e mostrado na figura 12, além de trazer consigo material sedimentar que permanece precipitado no interior da rede. Este dado passa a ideia que durante um alagamento ou inundação, uma carga hidráulica de algumas dezenas de centímetros sobre o pavimento, áreas de calçada, superfícies de edificações em geral, poderia elevar significativamente o ingresso de fluxos externos de superfície e infiltração, a medida do aumento da pressão sobre tampões de ferro ou juntas de PVs, conexões em tubulações ou mesmo vindo de ligações pluviais inadequadas do interior de edificações em geral e ligadas ao esgoto sanitário.

O mesmo autor comenta uma pesquisa realizada no Japão, relatando que 6,3% das estações de tratamento de esgoto e 6,5% das Estações de bombeamento, sofreram com problemas de inundações, de um universo, respectivamente, de 57 e 59 instalações e consequentemente elevação das taxas de infiltração e fluxos de água externos para o interior dos sistemas, como mostrado na imagem ilustrativa da figura 13.

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Figura 12: Curvas de vazão de esgoto sanitário com tempo seco e contribuição de infiltração e ingresso de fluxo superficial externo, após precipitação (adaptado de Hamada, 2015)

Figura 13:Imagem ilustrativa do ingresso de fluxo superficial externo em PV da rede coletora de esgoto (E/One, 2020)

Melhorias no sistema de saneamento

Como é significativo a quantidade de tanques sépticos e latrinas, ocorreu a sugestão em Shelter e Arcadis (2019b), da utilização de Tri-carro, que é um veículo de uso local, denominado “Txopellas” e com bomba manual, para ingressar em ruas estreitas e equipados com reservatórios de 0,5 m³ para o armazenamento de lodo de fossa succionado. Em arruamentos de maior porte, são utilizados pequenos caminhões com reservatório de 2,0 m³. Para reduzir a distância média de transporte à ETAR no transporte do lodo, há uma proposta de 7 transbordos intermediários antes do destino na ETAR, onde o transporte seria realizado por caminhões de 8,0 m³. Na figura 14 são mostradas limpezas de tanques sépticos.

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Figura 14: Limpeza de tanques sépticos (Shelter e Arcadis, 2019b). (A) Limpeza com bomba manual. (B) Limpeza mecânica com caminhão e reservatório de 2,0 m³

Outra questão observada entre 2014 e 2015 na figura 15, foi o decréscimo das vazões de esgoto que a ETAR recebe, respectivamente, uma média de 1.830 m³.dia-1 para 751 m³.dia-1, isto é, uma redução de 57%, causado provavelmente, pelo colapso de tubulações de concreto, sendo por desagaste ou nas juntas.

Figura 15: Decréscimo do recebimento de vazões de esgoto na ETAR (Shelter e Arcadis, 2019b) Planeamento do saneamento na cidade

Para tanto, existe uma variação que se estende entre flexibilidades iniciais e maiores rigidezes entre as etapas de planeamento e operação verificadas na figura 16, onde pela menor flexibilidade da operação e manutenção, com dificuldades de alteração, remente a uma necessidade de maior atenção ao planeamento.

Neste sentido, Shelter e Arcadis (2019b), estimaram o a expansão dos sistemas, baseado em densidades de redes de esgoto e estações elevatórias existentes, para as primeiras 9,09 a 14,93 km/km², as segundos divididas em dois grupos, estações elevatórias de pequeno porte, 8,1 km-rede/PB, e de grande porte 24,3 km-rede/EE. As áreas de planeamento da expansão, se encontram na figura 17.

B A

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Figura 16: Do planeamento a operação de sistemas de esgotamento sanitário (adaptado de Hamada, 2015)

Figura 17: Áreas de planeamento da expansão da rede coletora de esgoto (Shelter e Arcadis, 2019b)

2.5.8 Sistema de Drenagem

O sistema de drenagem

O sistema de Drenagem de Beira é composto por rios que escoam para a costa nas principais bacias hidrográficas de drenagem, que representam a drenagem primária (macrodrenagem7), a drenagem secundária natural e de canais construídos escavados e por sistema de condutos e bueiros dentro da cidade e pequenas drenagem nas áreas rurais que representando a drenagem

7 Macrodrenagem são os principais rios urbanos das suas subbacias que recebem escoamento de drenos menores. Podem ser construídos ou naturais.

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terciária. Na figura 18 observa-se regionalmente os rios naturais e suas bacias que escoam para a costa. Na figura 19 é apresentada a drenagem da parte urbana de Beira, com suas principais características.

Este sistema que foi inicialmente construído na época colonial, sofreu alterações ao longo do tempo e vem sendo ampliado em diferentes fases. Os principais sistemas são os que escoam para a costa e englobam a área urbana de Beira.

Os principais sistemas são apresentados na figura 20, de acordo com a desembocadura na Baía ou no Oceano. A saída 1 é do rio Chicota, a 2 é do Porto e sua área de contribuição próxima, a 3 do rio Chiveve, 4 da Ponta Gea 1 e 5 Ponta Gea 2 representam a parte antiga na qual existe um sistema de drenagem de condutos antigo e representa a cidade mais desenvolvida com infraestrutura. A saída 6 é em Palmeiras (figura 19), tem cerca de 16 km de drenagem primária, 19,1 km de drenagem secundária e 131 km de drenagem primária (Shelter e Arcadis, 2019). Neste sistema houve investimentos financiados pelo Banco Mundial nos últimos anos para melhorar a drenagem e reduzir as enchentes, estando previstos novas extensões nas fases 2a e 2b.

O sistema funcional da drenagem corresponde a área central correspondente ao Chiveve, Ponte Gea 1 e 2 e parte do Palmeiras que foi modernizado recentemente. A cidade necessidade de investimentos em qualificar a macrodrenagem das outras áreas e das áreas de expansão da cidade.

Figura 18: Rios e bacias na região de Beira (Shelter e Arcadis, 2019)

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Figura 19: Sistema de Drenagem de Beira – 1-rio Chicota; 2- Porto; 3 – Rio Chivere; 4- Ponta Gea 1; 5- Ponta Gea 2; 6 - Palmeiras (Shelter e Arcadis, 2019).

Figura 20: Sistemas de drenagem do Chiveve e Chota (Shelter e Arcadis, 2019).

Planeamento da Drenagem na cidade

O Plano Diretor de Drenagem e Saneamento está previsto no Código de Postura, contemplando o escoamento de águas pluviais. Considerando que o sistema é separador, a expansão do sistema de esgoto aumenta a qualidade da água dentro da cidade e a redução do risco de proliferação de doenças transmitidas pela água.

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A lei n.1 de 16 de janeiro de 2008 estabelece que o prestador de serviço (no caso o SASB) para obter o contrato de serviço ou renová-lo, necessita de um Plano para estes serviços que contenha objetivos, metas, projetos e um plano de ação para melhoria dos serviços.

Apesar destas definições instituições as principais limitações do SASB para atender estes instrumentos de planeamento e resultados residem da limitada capacidade institucional relacionado com falta de capacidade técnica, gerencial e principal econômica financeira de recuperação de custos dos serviços e investimentos.

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3. DIAGNÓSTICO

Neste capítulo é apresentado um diagnóstico específico sobre a sustentabilidade em nível de condições de projeto do sistema de saneamento e drenagem, relacionados diretamente com o SASB dentro da visão de atendimento das condições de risco relacionados aos desastres ambientais. No primeiro item são apresentados os critérios de avaliação. No segundo os aspectos institucionais. No terceiro o subsistema de Saneamento e no quarto o subsistema de Drenagem e no quinto a avaliação de conjunto dos serviços.

3.1 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

3.1.1 Condições operacionais

Uma empresa que presta serviço de Águas Residuais e Drenagem, como parte do conjunto de serviços de águas urbanas de uma cidade possui duas condições operacionais:

Em nível de projeto- entendido aqui como o cenário normal de funcionamento dentro das condições de projeto quanto a gestão dos serviços. A condição de projeto se refere sempre ao risco adotado do projeto das instalações e dos eventos extremos que podem produzir colapso nos recursos e instalações e nos impactos a população;

Em nível de emergência – é a condição operacional no qual ocorrem desastres ou emergências relacionadas com o risco das condições de projeto dos serviços. Esta é a fase no qual o Plano de Continuidade de Negócios é desenvolvido para atender os cenários de risco.

Este diagnóstico analisa as condições operacionais de projeto e no capítulo seguinte sobre o entendimento do Risco e seu Plano são analisadas as condições de preparação para a emergência.

3.1.2 Vulnerabilidade

A vulnerabilidade operacional de um sistema na prestação de serviços é a incapacidade do sistema (prestador de serviço8) de retornar às condições operacionais prévias ao evento, durante o evento e depois de sua ocorrência.

A vulnerabilidade operacional pré-existente é entendida como a incapacidade existente de atendimento dos objetivos dos serviços regulares.

Nas condições atuais do SASB se observam os dois tipos de vulnerabilidades na prestação dos serviços de saneamento e drenagem urbana, devido aos condicionantes analisados nos itens seguintes.

3.1.3 Estrutura da Gestão dos Serviços

A estrutura de gestão dos negócios tanto operacional normal como de emergência, é apresentada na figura 21. Os serviços do SASB são de Saneamento (águas residuais) e Drenagem Urbana.

Em nível de projeto existem vulnerabilidade de funcionamento relacionadas com falta de cobertura dos serviços, infraestrutura funcionando de forma deficiente e limitações econômicas e

8 Entendido aqui como o conjunto de funcionalidade do prestador de serviço: condições econômicas e financeiras, pessoal, infraestrutura e equipamentos e logística.

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financeiras. Estas condições são as vulnerabilidades em nível de projeto ou operacional. A ação para resolver estes problemas são Planos e Projetos como Plano de Saneamento e Drenagem de Beira e projetos específicos como os das Fases de Drenagem e ampliação do sistema de esgoto de Beira. O resultado é o funcionamento do SASB em condições operacionais normal. Na vulnerabilidade a emergência a é inexistência do PCN e a ação principal é o desenvolvimento do Plano de Continuidade de Negócios, que faz parte deste estudo. Este Plano depende das condições operacionais normais para desenvolvimento das condições de emergência.

Figura 21: Estrutura da Gestão dos Serviços em nível de projeto e emergência.

A limitação para o desenvolvimento do Plano de Continuidade de Negócios ocorre quando os serviços operacionais possuem fortes vulnerabilidades, que se somam aquelas associadas aos riscos de emergência.

Neste capítulo são avaliadas as vulnerabilidades de funcionamento das condições operacionais do SASB e na sequência analisadas do ponto de vista institucional e de gestão e dos setores de saneamento e drenagem.

3.2. ASPECTOS INSTITUCIONAIS E DE GESTÃO

Os aspectos institucionais e de gestão são fundamentais na sustentabilidade do SASB e atendimento do Plano de Continuidade de Negócios. As vulnerabilidades analisadas aqui, envolvem os aspectos econômicos e financeiros e organização, pessoal, equipamentos e infraestrutura. Os aspectos dos setores específicos de saneamento e drenagem são apresentados nos itens seguintes.

3.2.1 Organização

Com relação a estrutura de organização apresentada no capítulo anterior, houve o desmembramento do Departamento de Operação e Manutenção em duas partes: Águas Residuais ou Saneamento e Drenagem. Esta estrutura ainda não foi oficializada, mas está funcionando operacionalmente como apresentado na figura 22. Nesta estrutura foi inserido o Departamento de Operação e Manutenção em Drenagem, separado do Departamento de Saneamento. As repartições deste novo Departamento não foram inseridas, mas é possível que sejam relacionadas com a REDE, que envolve a rede de drenagem onde estão: canais, condutos e áreas de amortecimento como reservatórios e; SISTEMAS OPERACIONAIS que envolvem as casas de bombas, comportas e outros sistemas que necessitam de operação automática ou manual.

SERVIÇOS Saneamento e

Drenagem

Vulnerabilidade Operacional

Vulnerabilidade da Emergência

Planos de Projetos

Planos de Continuidade de Negócios

Atendimento em nível de PROJETO

Atendimento em EMERGÊNCIA

Problemas Ações Resultados

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Dentro desta organização o Departamento de Planeamento e Projeto tem tido uma relevância limitada pela dificuldade de investimentos e a falta de Planeamento estratégico para o SASB. Observa-se que não existem Planos de Saneamento e Planos de Drenagem para a cidade. Os planeamentos e investimentos ocorrem geralmente de fora para dentro do SASB através de entidades Nacionais, com financiamento e apoio técnico do Banco Mundial e cooperação de países. O processo adequado seria o desenvolvimento dos Planos estratégicos, com definição de Planos de Ação e prioridades onde os recursos externos venham a contribuir numa estratégia de longo prazo, visando atingir a regularidade de serviços.

Neste processo, o setor de Planeamento possui pouca ação, já os projetos específicos das entidades externas acabam sendo o planeamento para o SASB. Esta não é uma política construtiva para a entidade, pois o prestador de serviço não absorve um conhecimento próprio no planeamento de seus serviços e na sustentabilidade de curto e longo prazo.

Figura 22: Atualização da organização do SASB

Portanto, recomenda-se um fortalecimento na organização e pessoal do SASB, para que o Departamento de Planeamento e Projeto desenvolva tenha uma relevância maior na definição das metas de planeamento dos serviços e conjunto com a cooperação nacional e internacional para absorver e desenvolver sua própria estratégia de planeamento.

Este departamento também deve encaminhar, com apoio de financiadores, os Planos de Saneamento da cidade que estabelecerá as Ações e Metas para que os serviços de Saneamento atendam uma cobertura de projeto para cidade e para sua expansão. Da mesma forma, o Plano de Drenagem deve apresentar as Ações e metas para a cidade atual e sua expansão da drenagem da cidade, dentro de um nível de risco de projeto.

Esta organização geral deve passar por uma revisão, buscando obter um organograma que torne os serviços eficientes e que permitam melhores resultados, à medida que investimentos são realizados e novas funções são definidas para os serviços com a implementação dos Planos e Projetos. Para a atual estrutura, o remanejamento de colaboradores entre os departamentos seria suficiente para manter o histórico e conhecimento dos setores.

Quanto a organização interna de pessoal é importante que os diferentes departamento e repartições promovam rodízios de pessoal nos seus diferentes setores visando a que os seus

DIRETOR GERAL E ADJUNTO

Departamento de Administração e Finanças (DAF)

Departamento O&M em Saneamento

Departamento de Projetos e

Planificação (DPP)

CONSELHO

APOIO: Secretariado, Jurídico, Desempenho

Contabilidade e Tesouraria

Recursos Humanos

Gestão de Transporte

Rede Manutenção ETAR

REPARTIÇÕES

DEPARTAMENTOS

DIRETORIA

Departamento O&M em Drenagem

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funcionários tenham uma visão integrada dos serviços e diminua a dependência de pessoas específicas com experiência em detalhes dos serviços.

3.2.2 Aspectos Econômicos e Financeiros

No orçamento do SASB, a receita da Taxa de Saneamento representa da ordem de 80% da receita e a arrecadação tem um déficit crônico anual de 40 a 50% das despesas. Portanto, os serviços resultam ineficientes, já que não possuem recuperação de custos e os investimentos são limitados para a manutenção, para completar a sustentabilidade de saneamento e drenagem de Beira. O déficit é suprido pelo Conselho Municipal de Beira com outros impostos, o que significa que estes serviços são subsidiados por impostos de outras finalidades.

A taxa de saneamento é irreal, já que cobra uma parcela de 15% do valor da água, quando é conhecido que o sistema de saneamento possui custos de investimento e manutenção superior ao da água. Em Medellín, Colômbia em 2009, os serviços da EPM Empresas Públicas de Medellín que atendia 3,2 milhões de habitantes com abastecimento e esgoto, tinha um custo na tarifa da ordem de 40% para água e 60% para esgoto (Tucci,2009). No entanto, as propriedades que não possuem esgoto pagam, mesmo quando não existe o serviço, o que é inadequado e pode resultar no futuro em ações judiciais para que não seja pago (como em certa medida acontece em outros países).

Além disso, não existe nenhuma taxa para cobrir o custo dos serviços de drenagem. Esta situação fragiliza ainda mais as condições econômicas e financeiras do SASB. Quando uma entidade (empresa ou autarquia) não possui recuperação de custo direta, os recursos são fornecidos por outra fonte ou o serviço não existe ou é ineficiente. No caso do SASB, as consequências são que o CMB completa com recursos dentro de certos limites e os serviços são muito limitados. O resultado são que os recursos para operação, manutenção e investimentos dos serviços são muito pequenos, sucateando a infraestrutura existente dos sistemas de drenagem e saneamento, sem mencionar a falta de ampliação para atender para atender toda a população de Beira.

A resposta a estes problemas é que não é possível cobrar da população valores maiores, no entanto, a população pagará da mesma forma, ou em serviços ou em impactos para a sua saúde no saneamento ou em inundações. Atualmente está pagando na forma de impactos e reduzida qualidade de vida.

Para viabilizar a sustentabilidade dos serviços, é necessário mecanismos econômicos de recuperação de custo sustentável no tempo na forma de alternativas de subsídios entre consumidores e/ou subsídios nacionais. Dificilmente um investimento internacional pagará por prestação de serviço permanente.

Este cenário dificulta a implementação de um Plano de Continuidade de Negócios, na medida que os serviços regulares não são sustentáveis. Quando ocorrem os eventos críticos a vulnerabilidade aumenta ainda mais. Este relatório procura analisar alternativas as condições recuperação, considerando a alta vulnerabilidade das condições econômicas e financeiras operacionais do SASB.

3.2.3 Gestão de due diligence e pessoal

Pelas informações disponíveis não existe um conhecimento adequado dos due diligence do SASB que envolvam: o cadastro da rede esgoto, rede de drenagem e sua situação de funcionamento, necessidade de investimentos em recuperação e manutenção adequada. É conhecido que a rede de esgoto apresenta problemas de funcionamento e não se conhece as

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estatísticas de cobertura dos serviços, já que a cobrança é realizada na taxa de água, mesmo quando o cliente não possui rede de esgoto. Portanto, considerando que a rede cubra da ordem de 20% dos potenciais clientes da cidade de Beira (percentagem desconhecida), uma parte ponderável da cidade paga, mesmo que pouco, por um serviço que não existe, gerando distorções.

De outro lado, o cadastro existente da rede de esgoto está desatualizado quanto as condições funcionamento, da mesma forma que a de drenagem, onde as informações mais recentes são da fase 1 do projeto de investimentos PCMC financiado pelo Banco Mundial. No entanto, estas informações não estão sendo atualizadas numa base de dados integradas.

Isto dificulta a avaliação se o pessoal alocado para os serviços e para a gestão do SASB são adequados, na medida que os serviços são limitados. O pessoal técnico recebeu treinamento durante o projeto de ampliação da drenagem, mas não existe um mapeamento de qualificação técnica da equipe.

3.3. SANEAMENTO

Neste capítulo, pretende-se desdobrar o que existe dos sistemas de coleta, transporte e tratamento do esgoto, apresentando os números e parâmetros, como extensão de redes, população atendida, tempo de funcionamento de elevatórias de postos de bombagem, os dados disponíveis do tratamento individual com fossas sépticas e latrinas e vazões e concentrações de entrada e saída da estação de tratamento de esgoto.

3.3.1 Sistema de Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário

O Sistema de coleta de esgoto implantado na cidade de Beira é o separador absoluto, esse tipo de sistema consiste em coletar apenas as águas residuárias (domésticas e industriais) e as águas de infiltração (água do subsolo que infiltra através das tubulações).

O sistema de coleta de esgoto possui uma rede com 168 km de extensão, e possuindo 14 postos de bombagem (PB), sendo dois destes, utilizados para os esgotos pluviais, além de quatro Estações Elevatórias (EE) de maior porte, que direcionam o esgoto até a ETAR, conforme verificado em AIAS (2019). Segundo Morón (2014), a população atendida pela rede de coleta de esgoto é de 43.474 habitantes.

Na execução das redes de esgotos, foram utilizados tubos de concreto com a baixa declividade, ocorrendo tensões trativas inferiores ao necessário, ou seja, menor que 1,0 Pascal, ocasionando acúmulo de esgoto nas tubulações. Ainda, de acordo com Cigeris (2016), em 1/3 da rede existente, foi realizado o revestimento interno com manta, porém o restante da tubulação é de concreto com revestimento interno em Grés, como pode ser visto na figura 23. Deste modo, a porção superior dos tubos de concreto, que não estão em contato com a seção molhada, ficaram sujeitas durante muitos anos, a ação de gases corrosivos, deteriorando as mesmas e com isto ocorrendo rupturas por cargas externas de solo e ou carga móvel dos veículos.

A fonte de pesquisa fornecida pelo SASB, em dwg e denominada “cadastro existente esgoto final”, apresenta como concluída a reabilitação superior a 1/3 da rede coletora de esgoto e não há em todas as bacias distinção clara e cadastro das linhas de recalque sob pressão, partindo dos poços de bombagem, juntamente com os respectivos diâmetros e material da tubulação.

Os Postos de Bombagem transportam o esgoto coletado sob pressão para as EE, antes de chegar à ETAR. Este bombeamento pode ser descrito do seguinte modo:

PB 07, PB 08 e PB 09 (Bombeiam para EE 02); PB 10 e PB 11 (Bombeiam para EE 01)

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PB 12 e PB 13 (usada pluvial);

PB 14 (Bombeia para PB 04);

EE 01 (Bombeia para EE 02);

EE 02 (Bombeia para EE 03);

EE 03 (Bombeia para EE 04);

EE 04 (Bombeia para ETAR).

PB 01, PB 02, PB 03, PB 04, PB 05 e PB 06 (Bombeiam para EE 01)

Figura 23: Degradação do revestimento interno da tubulação (Cigeres, 2016)

Dados recentes apresentam uma deficiência dos equipamentos eletro-mecânicos, como bombas submersíveis com rotores (impulsores), detendo eficiência inferior ao desejável, de acordo com o relatado pelos colaboradores do SASB em videoconferência do dia 02 de julho. Estas circunstâncias anteriores, somam-se a necessidade de substituição e reabilitação da tubulação de concreto dos sistemas de coleta de esgoto, onde cerca de 10 a 20% do efluente tem chegado a ETAR, conforme verificado em AIAS (2019). A tabela 7 apresenta o número de horas de funcionamento das bombas dos PB, os dados apresentados mostram uma grande variação de funcionamento, isso ocorre devido ao déficit de operadores, falta de energia em alguns pontos, bombas avariadas ou com seu pleno funcionamento comprometido, os PB 12 e PB 13 não possuem bombas instaladas. Segundo relatos, o PB 04 necessita ser readequado pela interligação do PB 14, atende região com serviços essenciais, como um hospital, sendo dotado de gerador.

A tabela 8 mostra que os 4 conjuntos da EE n. 04, funcionaram por aproximadamente 386 horas durante o ano de 2019. Como a municipalidade de Beira possui poucas empresas para prestar o serviço de manutenção dos conjuntos elevatórios, o SASB opta pelos 4 conjuntos motor-bomba por estação elevatória, para correrem menor risco de novas indisponibilidades de longos períodos entre a avaria e o conserto. Eles possuem geradores para paradas repentinas por ausência de energia elétrica.

Analisando-se os relatórios relativos aos anos anteriores, percebe-se uma redução constante nas horas de funcionamento da EE 04, em 2017 operou por 628 horas em 2018 operou por 608 horas e no ano de 2019 operou por apenas 386 horas. Esta redução ocorre principalmente pela deficiência nos postos de bombagem que não bombeiam o esgoto para a EE 04, essa inoperância do sistema por períodos prolongados, acarretam acúmulo de esgoto ao longo da rede.

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Tabela 7: Horas (h) de funcionamento das Bombas dos PB em 2017, 2018 e 2019 (SASB, 2019)

Tabela 8: Horas de funcionamento das EEs em 2017, 2018 e 2019 (SASB, 2019)

3.3.2 Fossas Sépticas e Latrinas

Existem também os sistemas individuais nas edificações, que o tratamento normalmente é anaeróbio, onde ocorre a sedimentação e conversão dos sólidos em gases e água, com esta última, juntamente com concentrações remanescentes, infiltrando no solo. Ao longo do tempo, os sólidos acumulam, precipitando em forma de lodos, sendo necessário limpezas periódicas pelo dono do sistema para manter o controle e a eficiência do tratamento.

Em regiões que não são cobertas pela coleta de esgoto, 11.735 domicílios possuem fossas sépticas, com o lençol freático a menos de um metro da superfície nas zonas mais baixas, com isso os sistemas de saneamento, tais como fossas sépticas e latrinas, enfrentam a saturação dos solos e as instalações individuais tendem a transbordar, devido à baixa capacidade de infiltração, conforme verificado em AIAS (2019). A tabela 9 apresenta o tipo de serviço de saneamento em cada habitação que não possui rede coletora de esgoto.

Tabela 9: Tipo de serviço de saneamento em cada habitação (Jane, 2017)

3.3.3 Estação de Tratamento de Esgoto

Segundo Jane (2017), o tratamento de esgoto do município de Beira é em nível biológico terciário, com etapas anaeróbias e aeróbias. O início do processo se inicia com o tratamento preliminar, removendo os sólidos grosseiros, por meio de gradeamento e desarenador.

2017 2018 2019 2017 2018 2019PB 01 92,67 208,07 73,5 1,05 53,19 63,00PB 02 82,26 651,23 673,33 12,15 1301,59 141,12PB 03 Avariada 28,92 21,14 Avariada 46,42 19,11PB 04 59,06 806,37 159,43 74,98 470,53 280,05PB 05 14,80 106 13,06 115 350,75 210,08PB 06 31,57 587,33 203,41 0,25 50,42 62,57PB 07 155,11 228,43 189,49 254,07 208,19 255,47PB 08 236,92 437,52 80,41 121,12 421,22 153,89PB 09 157,65 518,41 170,35 365,14 739,48 203,23PB 10 65,95 195,17 172,28 25,06 82,15 127,17PB 11 106,14 477,7 316,27 206,24 673,15 798,01PB 14 406,60 409,35 Avariada 450,01 1163,88 214,09

Posto de BombagemBomba 01 (h) Bomba 02 (h)

2017 2018 2019 2017 2018 2019 2017 2018 2019 2017 2018 2019EE 01 405,27 683,48 262,01 359,1 397,85 231,42 352,08 485,82 261,09 NTB NTB NTBEE 02 270,51 441,18 141,15 0 182,22 122,02 0 34,31 Avariada NTB NTB NTBEE 03 180,81 157,31 440,04 125,82 288,26 62,21 82,8 527,19 48,18 172,89 226,71 92,13EE 04 143,66 185,69 117,42 153,58 166,25 110,42 169,37 222,15 158,05 161,42 35,12 Avariada

Estação Elevatória

Bomba 01 (h) Bomba 02 (h) Bomba 03 (h) Bomba 04 (h)

Tipo de Serviço Sanitário (%)Fossa Séptica 17,3Latrina Melhorada 32,8Latrina Tradicional Melhorada 6,8Latrina Tradicional não Melhorada 13,6Sem Latrina (céu aberto) 29,5

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Na sequência, acontece o tratamento primário no reator anaeróbio de fluxo ascendente, conhecido como UASB (upflow Anaerobic Sludge Blanket), onde o esgoto acessa a porção inferior do mesmo, que opera como um decantador, retendo sólidos em suspensão do efluente, logo, funcionando como um tratamento primário. Com um fluxo ascendente, o esgoto se desloca para a parte superior do reator e os recebe no clarificador/digestor, sendo que após um tempo de detenção hidráulica, a digestão anaeróbia é processada nestas duas etapas, com a formação principalmente em dióxido de carbono e metano.

Saindo do reator o UASB, as concentrações remanescentes no esgoto são enviadas para tratamento ao filtro biológico percolador (FBP). Neste, ocorre o gotejamento na superfície de pedra brita, por meio de um motor responsável pelo movimento de rotação dos dispersores tubulares, formando uma película com microrganismos consumidores da matéria orgânica. Pela presença de bactérias aeróbias e anóxicas, o sistema possui capacidade de remoção parcial de formas de nitrogênio, através da percolação pelo meio suporte de pedra britada.

Posteriormente, o esgoto tratado passa ao decantador secundário para polimento final, onde parte sofrerá recirculação para o FBP e outra parte será introduzida no poço de captação, para que logo em seguida receba a dosagem de hipoclorito de sódio para a desinfecção.

A ETAR possui um gerador que atende a mesma e a EE 04, que por vez não funcionou adequadamente devido a ocorrência de eventos extraordinários. Na figura 24, um fluxograma é apresentado com as etapas do processo de tratamento do esgoto sanitário em Beira.

Figura 24: Etapas do tratamento do esgoto sanitário na ETAR de Beira (adaptado de Móron, 2104 e Jane, 2017)

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A ETAR foi dimensionada para tratar esgoto doméstico de 100 mil habitantes e de pequenas indústrias ligadas à rede, além disso recebe efluente das zonas periféricas, que chegam através de caminhões de sucção. A operação prevista foi projetada para operar com 2 módulos de tratamento, porém até o momento 1 módulo foi executado, estando prevista a sua ampliação com a implantação do 2° módulo. A figura 25, mostra uma visão geral da ETAR da Beira.

Figura 25: Vista geral da Estação de Tratamento de Esgoto de Beira (Cigeres, 2015)

A tabela 10 mostra a capacidade de vazão de operação atual da ETAR. Com a implantação do 2° módulo a vazão diária será de 15.000 m³.dia-1.

Tabela 10: População e vazão atual de operação da ETAR (adaptado de Jane, 2017)

A estação elevatória (EE) n. 4 é a final do sistema de esgotamento sanitário, estando localizada dentro da própria área da ETAR, sendo responsável por recalcar a vazão total coletada na rede coletora de esgoto sanitário de Beira para esta. Ela é composta por 4 conjuntos elevatórios, com capacidade de vazão individual de 710 m³.h-1. As sequências das etapas de tratamento do esgoto sanitário são descritas nos itens I a VI.

I. Pré-tratamento Quando o efluente chega a essa etapa ocorre a remoção de materiais grosseiros por meio

de um sistema de gradeamento, conforme figura 26, possuindo by-pass para o Rio Pungué, caso as etapas seguintes da ETAR estejam inoperantes.

Após passagem pelo gradeamento, o esgoto é encaminhado ao desarenador/desengordurador, recebendo injeção de ar, ocorrendo a remoção de areia por precipitação e óleos e gordura por flotação. A instalação, também possui função de equalização de vazão, homogeneização da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Sólidos Suspensos Totais (SST). A gordura flotada e o lodo primário são encaminhados para o reator UASB,

População e Vazão ValorPopulação equivalente (habitantes) 50.000Vazão média anual (m³.dia-1) 7.500Vazão média anual (m³.s-1) 0,087Vazão média anual (L.s-1) 86,81

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enquanto a areia retirada do desarenador é transportada ao leito de secagem. A figura 27 mostra as instalações para remoção de areias, óleos e gorduras

Figura 26: Tratamento preliminar com gradeamento (Jane, 2017)

Figura 27: Sistema de remoção de areias, óleos e gordura (Jane, 2017)

Advindo do tratamento preliminar, removendo os sólidos grosseiros no gradeamento e areias no desarenador, juntamente com os óleos e gorduras por flotação e raspagem de superfície, o esgoto é enviado para o tratamento primário.

II. Tratamento primário

Composta por 6 compartimentos, essa fase do tratamento realiza a remoção parcial de sólidos suspensos e matéria orgânica suspensa por meio do reator anaeróbio de fluxo ascendente, também denominado UASB, onde ocorre a sedimentação de sólidos e digestão da matéria orgânica.

Entre os subprodutos do tratamento, a matéria orgânica de fácil degradação é convertida em biogás e os sólidos suspensos sedimentam em forma de lodos para serem encaminhados aos leitos de secagem. A figura 28, apresenta o reator anaeróbio de fluxo ascendente.

Figura 28: Reator anaeróbio de fluxo ascendente (Jane, 2017)

38

A redução esperada das concentrações de matéria orgânica, podem variar entre 40% a 80%, dependendo das condições de operação, características do efluente e temperatura ambiente. Por ocorrer uma separação entre sólidos, líquidos e gases, o UASB trabalha como um separador trifásico, encaminhando a vazão de esgoto com as suas concentrações remanescentes para a etapa seguinte, isto é, o tratamento secundário com FBP. Se houver necessidade, existe um by-pass, onde o efluente pode ser transferido diretamente aos decantadores secundários sem passar pelos filtros biológicos percoladores.

III. Tratamento secundário

Esta etapa consiste na remoção da matéria orgânica por processos aeróbios, usando filtro biológico percolador (FBP), o efluente é distribuído sobre pedra brita criando um biofilme aderido ao meio suporte, promovendo a remoção da matéria orgânica, reduzindo a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Demanda Química de Oxigênio (DQO), além de nutrientes, através do ar atmosférico que é incorporado nos vazios da pedra brita, consistindo de uma remoção parcial das formas de nitrogênio, convertendo o mesmo de Nitrogênio amoniacal para Nitrato, Nitrito e finalmente Nitrogênio Gasoso, que escapa para a atmosfera, removendo do efluente líquido.

Após a passagem pelo FBP, ocorre a decantação secundária para sedimentar os sólidos inertes e orgânicos que não foram retidos anteriormente, parte deste lodo precipitado é recirculado e reingressa na etapa de pré-tratamento e a fração líquida é encaminhada para a recirculação nos FBPs. Nas figuras 29 e 30, são verificados o FBP e o decantador secundário.

Figura 29: Tratamento secundário com Filtro biológico percolador (CMB, 2012)

Figura 30: Etapa pós FBP com Decantador secundário (CMB, 2012)

39

IV. Tratamento terciário

O tratamento terciário compreende um polimento final para elevar a eficiência do sistema, removendo poluentes e contaminantes remanescentes, mesmo após as etapas anteriores. Para a desinfecção das águas e remoção dos microrganismos patogênicos é utilizado o hipoclorito de sódio, devido ao menor custo.

A ETAR possui um reservatório para armazenar o esgoto tratado, usado para regar os jardins e lavar os veículos do SASB, o ponto de emissão do efluente tratado é o estuário do Rio Pungué, porém com a baixa vazão do da ETAR e as recirculações existentes, não ocorre a descarga no corpo receptor.

V. Tratamento do lodo O lodo gerado no sistema de tratamento é submetido a digestão anaeróbia, por

aproximadamente três meses no reator UASB antes da descarga, posteriormente são enviados para desidratação e estabilização nos leitos de secagem. Após o final do processo de secagem, o lodo espessado é removido manualmente e armazenado por alguns meses para posterior utilização como condicionador de solo, podendo ser enviado para a disposição final.

3.3.4 Parâmetros e Eficiência da ETAR

Temperatura e pH Analisando as temperaturas médias anuais na tabela 11, é possível verificar que as

temperaturas ultrapassam 20°C, portanto o processo de tratamento pode ser facilitado, porque o metabolismo dos microrganismos é afetado positivamente no consumo da matéria orgânica.

Tabela 11: Média de temperatura e pH na entrada e saída da ETAR (adaptado de Jane, 2017)

Demanda Química de Oxigênio (DQO)

Analisando a tabela 12, percebe-se que os valores de DQO são inferiores às médias de concentração esperadas para efluentes domésticos. Segundo Jane (2017), possivelmente o efluente estaria diluído, pela infiltração de águas subsuperficiais ou até mesmo de água salina, visto o comprometimento da integridade das redes de esgoto, principalmente os trechos em concreto. No que se refere ao atendimento da legislação, a ETE atende o parâmetro de lançamento para DQO, de acordo com o Decreto n. 30/2003, de acordo com Moçambique (2003), que regulamenta dos sistemas públicos de distribuição de água, drenagem e águas residuais.

Tabela 12: Concentrações médias anuais e eficiência de tratamento em 2013, 2014 e 2015 (adaptado de Jane, 2017)

Entrada Saída Entrada Saída Entrada SaídaTemperatura (°C) 23,8 24,2 27,2 24,4 27,7 25pH 7,46 7,9 7,6 7,5 7,6 8,1

2013 2014 2015Parâmetro

DQO / Eficiência 2013 2014 2015 LegislaçãoConcentração na entrada (mg DQO/l) 343 265 409Concentração na saída (mg DQO/l) 113 72 66Eficiência (%) 67 73 84

< 150 mg DQO/l

40

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

Analisando a tabela 13, verifica-se que os valores de DBO são inferiores as médias de concentração efluentes domésticos. A baixa concentração possivelmente é pelo mesmo fator que influenciou os valores de DQO, infiltração de águas subsuperficiais e salinas.

O Decreto n. 30/2003, conforme Moçambique (2003), não determina valores para lançamento de DBO em corpo hídrico ou reuso.

Tabela 13: Concentrações médias anuais e eficiência de tratamento de DBO em 2013, 2014 e 2015 (adaptado de Jane, 2017)

Sólidos Suspensos Totais (SST) A análise do parâmetro Sólidos Suspensos Totais (SST) avalia a eficiência do tratamento,

pela capacidade de retenção dos sólidos, onde é comum que organismos patogênicos estejam presentes a eles. Como pode ser observado na tabela 14, em 2014 e 2015, o efluente tratado atendeu o Decreto n. 30/2003, em Moçambique (2003).

Tabela 14: Concentrações médias e eficiência do tratamento em SST em 2014 e 2015 (adaptado de Jane, 2017)

Nitrogênio e Fósforo (Ntotal e Ptotal)

Nitrogênio e Fósforo estão presentes no esgotamento sanitário, a remoção desses nutrientes no sistema de tratamento de esgotos é relevante para a conservação de mananciais hídricos, pois esses nutrientes em excesso, causam eutrofização artificial. A tabela Tabela 1515 apresenta os valores médios entre julho de 2012 e dezembro de 2014 dos parâmetros Nitrogênio e Fósforo. Ao analisar os valores médios de entrada e saída, percebe-se que os valores são basicamente os mesmos após passarem pelos processos tratamento. Os parâmetros para o Fósforo ficam dentro dos valores máximos admissíveis já o Nitrogênio não atende o valor máximo admissível.

Tabela 15: Valores médios de entrada e saída de Nitrogênio Total e Fósforo Total na ETAR entre julho de 2012 e dezembro de 2014 (adaptado de Cigeres, 2015)

Como a ETAR não direciona seu efluente tratado diretamente ao Rio Pungué, utiliza o efluente rico em Nitrogênio e Fósforo como condicionador de solo para a rega dos gramados e jardins da ETAR. Há planos de implantação de tratamento terciário, para quando se dispor de

DBO / Eficiência 2013 2014 2015Concentração na entrada (mg DBO/l) 166 219 251Concentração na saída (mg DBO/l) 53 47 50Eficiência (%) 68 78 88

SST / Eficiência 2014 2015 LegislaçãoConcentração na entrada (mg SST/l) 122 457Concentração na saída (mg SST/l) 20 47Eficiência (%) 84 90

< 60 mg SST/l

41

rede e ligação para uma população atendida de 120 mil. Segundo o SASB existe área junto a ETAR disponível para um wetland.

3.4. DRENAGEM

3.4.1 Condicionantes da drenagem em Beira

Beira se encontra numa área com pequena variação de níveis e junto a costa do Oceano Índico. Toda a drenagem da cidade escoa em direção do mar ou da Baía. Portanto, as condições hidráulicas para drenagem são baixa declividade do terreno e condição de jusante é o mar que apresenta uma oscilação de maré diária significativa. Em condições naturais a precipitação quando é intensa fica retida na área, com uma drenagem natural baixa. Este cenário se agrava nos períodos em que o mar está alto, reduzindo a drenagem para o mar e retendo a água internamente, tornando-se um grande banhado.

Com o crescimento da cidade foram implementados os condutos de drenagem na cidade antiga e a saída do escoamento para o oceano ou a Baía. A urbanização implementa áreas

impermeáveis e drenagem rápida para jusante. Nestas condições as vazões aumentam com relação as suas condições naturais, exigindo cada vez seções de escoamento maiores. A estimativa de alguns países é de que a urbanização e canalização pode aumentar a vazão média de cheia9 em até sete vezes (Tucci, 2007), dependendo da taxa de impermeabilização e de canais construídos. Nestas condições a drenagem torna-se muito cara (por exemplo, a cidade de São Paulo no Brasil

chegou a gastar US$ 50 milhões por km de canal).

A estratégia de drenagem em Beira, onde existe uma área muito plana próxima ao mar

mostra grandes dificuldades técnicas para a drenagem tradicional de construção de canais com drenagem da chuva o mais rápido possível devido ao seguinte:

A declividade é muito baixa, fazendo com que as vazões sejam baixas. Aumentar a declividade não é possível devido a topografia, o canal chegaria no mar abaixo do seu nível;

A jusante existe o mar que controla o escoamento por jusante, principalmente numa região onde maré varia cerca de 7 m em 24 h. Quando se constrói um canal

profundo permite que o mar influencie em distâncias muito longas a montante.

Devido a estas dificuldades relacionadas com o relevo e o mar a solução é a combinação de canais com reservatórios (detenção), para reservar a água enquanto o mar não permite seu escoamento para jusante. Para isto é necessário espaço, já que as detenções são rasas e a topografia não favorece. Neste cenário o ideal é que as detenções se localizem a jusante ou a meio caminho.

Para bacias maiores é recomendável usar comportas para a gestão dos volumes e evitar que o mar retenha o escoamento nos canais quando os níveis estão altos. Esta foi a solução desenvolvida

para a Fase 1 da melhoria da rede de drenagem de Beira (figura 7), onde na saída do canal em Palmeira existe um sistema de comportas com bombeamento do escoamento de montante.

Em Moçambique como a terra pertence ao poder público, a ocupação do espaço de periferia acaba ocorrendo sem infraestrutura. Num terreno como o de Beira, faz com que as pessoas não tenham drenagem e mesmo que tenham microdrenagem, o escoamento não sai devido à falta de macrodrenagem. Desta forma, as condições de vida durante o período chuvoso são difíceis, pois a água fica retida por vários dias, até que escoe lentamente ou evapore. Portanto, a

9 É a média das enchentes anuais

42

Municipalidade necessita garantir a macrodrenagem das bacias urbanas antes da microdrenagem,

para viabilizar a habitabilidade das áreas.

3.4.2 Drenagem de Beira

No capítulo anterior foi apresentada a rede de forma geral e neste capítulo a caracterização é apresentada de acordo com o detalhamento apresentado no Estudo financiado pelo Banco Mundial para investimentos no sistema de drenagem.

Na figura 31 é apresentado o sistema de drenagem de Beira identificado por Planege, Fase e Prosistemas (2013). Como se observa na figura a drenagem é dividida em cinco subsistemas, que representam áreas de contribuições aos canais.

Figura 31: Drenagem Existente em Beira em 2013 (Planege, Fase e Prosistemas, 2013)

Estes subsistemas envolvem os seguintes bairros:

Sistema 1: Envolve os bairros Pioneiros, Esturro, Manga, Matacuane, Chaimite, Ponta- Gêa, Chinpangara, Macurungo e Macuti. Esta é a zona urbana estruturada;

Sistema 2: Envolve o bairro de Chota, representando uma zona periurbana e interligado ao sistema 1;

Sistema 3 – Envolve o Bairro Munhava que é a zona industrial;

43

Sistema 4 – Envolve o bairro Maraza;

Sistema 5 – Envolve os bairros do Alto da Manga, Nhaconjo e Chingussura

Os bairros da Zona Sul e Central são: Macuti, Esturvo, Matacuane, Macurunga, Mananga, Chota, Maraza e Munhava que representam uma área da ordem de 40 km2. Os bairros da Zona Norte são Alto Manga, Nhacongo e Chingussura, representa cerca de 10 km2.

Em 2013 (Planeje, Fase e ProSistemas, 2013) existiam apenas os sistemas 1 e 2 de drenagem, que envolviam parte do sistema de condutos subterrâneos existente da época colonial. Todos os outros sistemas na época não existiam. O sistema 5, Alto da Manga, possui uma cidade desenvolvida sem sistema de drenagem.

Pode-se observar que o desenvolvimento da Drenagem de uma cidade envolve a definição das sub-bacias urbanas e para cada uma destas bacias são dimensionadas as soluções estruturais para um determinado tempo de retorno (risco) no qual não ocorrem as inundações, que correspondem as condições operacionais regulares do sistema de drenagem

3.4.3 Impactos da Inundação

No estudo sobre a drenagem foram avaliadas as inundações na cidade. Foi utilizado um modelo precipitação – vazão com propagação hidrodinâmica do escoamento em uma e duas dimensões para analisar as condições de inundações na área para. Foram utilizados os riscos de 2 e 10 anos de precipitação sobre a área. Os resultados se referem aos sistemas com saída na Palmeira e que está em curso os investimentos.

Na figura 32 são apresentados os locais de inundação para o cenário sem investimento nas cidades, ou seja, a infraestrutura de drenagem antes das obras da fase 1 de investimentos, descritas a seguir. Pode-se observar que as inundações importantes ocorriam no Bairro Chota. O canal que transporta o escoamento A3 de parte deste bairro até o canal Ao na saída da Palmeira não tinha

capacidade e retinha a água na área.

3.4.4 Melhoria e Implementação da Drenagem de Beira

Com o empréstimo do Banco Mundial foi desenvolvido o projeto (Planeje, Fase e

ProSistemas, 2013) da drenagem em fases e a construção nos últimos anos como mencionado no

capítulo anterior.

A melhoria da drenagem prevista na época foi dividida em fases (figura 33): curto prazo

(1ª Fase), médio e longo prazo (2ª Fase a e 2ª Fase b). Nos últimos anos foi preparado o projeto e

implementada a primeira fase com conclusão em julho de 2018. Estão em desenvolvimento os

projetos e as obras para as outras fases. Na fase 1, já concluída, foram executados o seguinte:

Melhoria da drenagem em Maraza e Munhava, onde tem ocorrido prejuízos

econômicos e sociais

Melhoria da drenagem nos distritos urbanos onde existem condutos (A2 e Ao);

Melhoria da drenagem em Munhava na área industrial (A4)

As principais obras foram a detenção de Maraza, melhoria dos canais A2 e o sistema de

comportas junto a Palmeira. O sistema de comportas permite evitar que o aumento do nível do

mar produza inundação na área por efeito do mar e remanso no escoamento proveniente de

montante. O projeto de controle das inundações foi realizado para o tempo de retorno de 50 anos.

44

Figura 32: Áreas inundadas no sistema de escoamento da saída na Palmeira para 10 anos de Tempo de retorno (Planege, Fase e Prosistemas, 2013)

Figura 33: Fases de melhoria da drenagem em Beira (Shelter e Arcadis, 2019)

Na segunda fase existem duas etapas. A fase 2a representa a melhoria de dois canais A3

jusante e A1 (Chota especial) e na fase 2b o canal A3 montante. Nesta segunda fase é importante

não se observa armazenamento, o que pode ser importante para controle o escoamento para

jusante durante a variação maré quando ocorrer a concomitância de chuva intensa com o aumento

da maré. A primeira fase foi concluída e a segunda estão sendo desenvolvidos os estudos.

A3

A0 A2 jusante

45

A fase 2 de implementação da drenagem na cidade está sendo encaminhada dentro deste

conceito e está na fase de viabilidade. As questões principais quando envolve volumes de detenção são a seleção de espaço e cota para permitir o escoamento por gravidade para estes locais

de forma a compatibilizar com o controle de jusante das comportas. Estas condições envolvem conflitos de ocupação do solo que exigem reassentamento de população e/ou gestão de propriedades.

A drenagem em Beira é uma infraestrutura básica para o desenvolvimento urbano, devido as suas características de uma área plana e pantanosa, com baixa drenagem natural. Para que seja possível o assentamento da expansão urbana é necessário estruturar a macrodrenagem da área para permitir o assentamento com segurança da população na área. No entanto, todo o volume de águas da precipitação não pode ser enviado rapidamente para jusante, porque o escoamento a jusante é controlado pelo mar. Portanto, o sistema de drenagem é uma combinação de drenagem com áreas de armazenamento e controle do escoamento para o mar com comportas.

Observando a figura 33 e 34, observa-se a fase 2 envolve os investimentos nos bairros Chota, melhorando a sua vazão de saída. Enquanto isto, existirão inundações no bairro Chota.

Não está previsto um reservatório neste bairro, mas seria conveniente preservar uma área do bairro para uma detenção, já que à medida que a cidade se desenvolve, aumenta as áreas impermeáveis e o volume superficial que deve ser contido nos eventos extremos. Provavelmente as simulações realizadas no projeto não consideraram a impermeabilização futura da área.

3.5 AVALIAÇÃO

Esta avaliação das condições dos serviços de Beira quanto ao Saneamento e Drenagem analisou os aspectos econômicos de sustentabilidade dos serviços a gestão e as condições dos

serviços de Saneamento e Drenagem. Como foi apresentado no início deste capítulo existem dois cenários. O cenário de operação regular e o cenário de risco. Este diagnóstico analisa as

condições operacionais regulares.

3.5.1 Vulnerabilidade dos Serviços no SASB

A vulnerabilidade do SASB, para a operação regular é bastante significativa, o que agrava as condições de atendimento no cenário de emergência. Portanto, mesmo que este Plano de Continuidade de Negócios seja implementado, a maior fragilidade atual se deve as condições operacionais regulares do SASB, devido principalmente aos seguintes aspectos e a combinação destes.

Estrutura de Organização

O SASB possui uma organização tradicional, baseada em departamentos e que não influencia na produtividade, sendo necessário o remanejo de colaboradores entre os departamentos da organização para um melhor desempenho. Existem atualmente um Departamento Administrativo e Financeiro, dois Departamentos de Operação e Manutenção, um de Saneamento e outro de Drenagem (este implementado recentemente) e um de Planeamento e Projeto.

Dentro desta organização o Departamento de Planeamento e Projeto tem tido uma relevância limitada pela dificuldade de investimentos e a falta de Planeamento estratégico para o SASB. Observa-se que não existem Planos de Saneamento e Planos de Drenagem para a cidade. O planeamento e investimento ocorrem geralmente de fora para dentro do SASB através de

46

entidades Nacionais e Internacionais como o Banco Mundial e cooperação de países. O processo adequado seria o desenvolvimento dos Planos estratégicos pelo SASB, aprovado pelo CMB, com definição de Planos de Ação e prioridades, onde os recursos externos venham a contribuir numa estratégia de longo prazo e integrada, visando atingir a regularidade de serviços.

Neste processo, o setor de Planeamento possui pouca ação, já os projetos específicos das entidades externas acabam sendo o planeamento para o SASB. Esta não é uma política construtiva para a entidade, pois o prestador de serviço não absorve um conhecimento próprio no planeamento de seus serviços e na sustentabilidade de curto e longo prazo.

Gestão de due diligence e pessoal

Pelas informações disponíveis não existe um conhecimento adequado dos due diligence do SASB que envolvam: o cadastro da rede esgoto, rede de drenagem e sua situação de funcionamento, necessidade de investimentos em recuperação e manutenção adequada. É conhecido que a rede de esgoto apresenta problemas de funcionamento e não se conhece as estatísticas de cobertura dos serviços, já que a cobrança é realizada na taxa de água, mesmo quando o cliente não possui rede de esgoto. Portanto, considerando que a rede cubra da ordem de 20% dos potenciais clientes da cidade de Beira (percentagem desconhecida), uma parte ponderável da cidade paga, mesmo que pouco, por um serviço que não existe, gerando distorções.

De outro lado, o cadastro existente da rede de esgoto está desatualizado quanto as condições funcionamento, da mesma forma que a de drenagem, onde as informações mais recentes são da fase 1 do projeto de investimentos financiados pelo Banco Mundial. No entanto, estas informações não estão sendo atualizadas numa base de dados integradas.

Isto dificulta a avaliação se o pessoal alocado para os serviços e para a gestão do SASB são adequados, na medida que os serviços são limitados. O pessoal técnico recebeu treinamento durante o projeto de ampliação da drenagem, o que permite atualmente a operação das comportas.

Aspectos Econômicos e Financeiros

Os serviços não possuem recuperação de custos diretos, apenas saneamento possui uma

cobrança de 15% do valor pago pela água. Este valor é insuficiente para atender os serviços, mas a população que não possui o serviço também paga. Além disso, quanto mais investimento for

realizado nos dois serviços, maior será o custo de operação e manutenção, que mesmo agora não possui recuperação de custo. Com a conclusão das melhorias de drenagem, maior será o custo dos serviços, sem que existam novas arrecadações. Esta vulnerabilidade não depende de investimento, mas de gestão econômica e financeira para sua viabilidade.

Estes recursos não podem vir de doações de entidades nacionais ou internacionais, pois estas entidades não financiam serviços de operação e manutenção. É fundamental que exista um mecanismo econômico e financeiro de sustentabilidade de longo prazo dos serviços.

Além disso, os recursos que obtidos como empréstimo, a entidade deve ter fonte de

arrecadação para provisão o pagamento destes empréstimos ao longo do tempo. Como não existe a dívida será paga pelo CMB ou pelo país.

Infelizmente não foi identificado um cenário promissor para mudança desta vulnerabilidade. Existem tratativas, mas ainda não se observa uma avaliação realista dos custos reais de planeamento de curto, médio e longo prazo da cidade que envolvam a recuperação de custo.

47

Saneamento

Por meio do diagnóstico, foi possível considerar situações como, as redes coletoras de esgotamento sanitário precisam recuperação em aproximadamente 2/3 da sua extensão, por serem antigas e em concreto, a redução da vazão de chegada de esgoto na ETAR, juntamente com a diminuição do tempo de funcionamento das bombas nas EEs e PBs, confirmam a situação.

Em diferentes bibliografias, não se sabe exatamente o percentual de população atendida pela rede coletora de esgoto, informações remetem entre 8% a 14%, estando estas dispostas junto a costa urbanizada de Beira, o restante do município seria atendido por sistemas individuais com fossas sépticas a variantes de tipos de latrinas, contudo, haveriam entre estes, 29,5% onde o esgoto é a céu aberto.

O maior problema estrutural identificado, é a carência de sustentação econômica para investimentos, operação e manutenção dos sistemas de esgoto, atualmente o FIPAG repassa 15% do seu faturamento para subsidiar os serviços de esgoto.

Para o sistema com rede de esgoto, elevatórias e ETARs, estudos inexistem em Beira, sendo que a diversidade de Estudos de Concepção (EC) existentes em outros países, apontam para o valores cerca de 50% superior ao valor dos sistemas de abastecimento de água, o que constitui algo compreensível, visto que as redes coletoras de esgoto separadoras absolutas são mais profundas que as redes de água e correspondem a aproximadamente 80% do valor das obras, portanto, requerem maior número de estações elevatórias, uma por sub-bacia urbana, elevando os custos de implantação e igualmente de energia elétrica de longo prazo. As próprias ETARs, quando dotadas de sistemas em nível terciário de tratamento, há uma diversidade de etapas com elevado consumo energético.

Quanto aos sistemas individuais de tratamento de esgoto, os mesmos podem ser uma solução mais viável para a universalização dos sistemas de esgotamento sanitário, podendo ser implantados como solução intermediária a chegada do separador absoluto, ou mesmo definitiva em áreas adjacentes e pouco adensadas. Existem planeamentos de implantação de transbordos intermediários para reduzir a distância média de transporte à ETAR, para tanto, reduzindo custos. O sistema de fossa pode reduzir em até 80% as concentrações orgânicas de fácil degradação, com isto, reduzindo o potencial poluidor, porém necessita manutenção, com uma frequência anual de remoção dos lodos precipitados. Atualmente a limpeza é sob demanda, a medida da necessidade do usuário e deveria ser programada para toda a população de dispunha de sistema individual.

Em ambos os sistemas, coletivos e individuais, não há tarifa compatível e conhecimento do valor real, para que os sistemas sejam auto sustentáveis, tanto para os seus investimentos, quanto para operação e manutenção. A situação atual, remete a uma depreciação, sem a reposição dos due diligence.

Há estudos que ofereceriam respostas de planeamento as questões supracitadas. Para tal, percebe-se a ausência de um Estudo de Concepção (EC) de esgotamento sanitário, que obteria o custo real do esgoto tratado por metro cúbico e com isto a condição de viabilidade economia; uma metodologia de revisão tarifária periódica, que deve ser equilibrada uma vez a cada 5 anos, com participação do SASB e AURA, a partir da instauração de uma contabilidade regulatória no SASB; um plano de saneamento, com diagnóstico, prognósticos, onde constarão metas de curto, médio e longo prazos para implantações.

Entende-se que são instrumentos mínimos de gestão para entender os custos reais. Com estes, seria possível confrontar o potencial pagador dos usuários, onde a diferença financeira que

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os mesmos não são capazes de subsidiar o sistema, poderia ser obtida de outras fontes financiadoras.

Drenagem

A drenagem urbana de Beira é desafiadora porque a cidade está construída sob um terreno plano em cota de 3 a 4 m com relação ao nível do mar, onde a oscilação diária da maré pode chegar até 7 m, criando condições desfavoráveis de escoamento durante os dias chuvosos. A

jusante existe o mar controlando o escoamento das bacias e produzindo escoamento no sentido de montante quando a maré é alta, retendo dentro das bacias as águas pluviais da chuva. Além

disso, em grande parte da cidade a drenagem não existe. A cidade se desenvolveu sem infraestrutura urbana. Assim, quando ocorre precipitações intensas, a água fica retida produzindo impactos sociais e econômicos em muitos bairros.

Na parte mais antiga da cidade existem condutos pluviais, mas não se conhece as suas condições para inundações com um determinado risco e as condições de obstrução. Nas áreas que

houve investimentos na fase 1 de empréstimo do Banco Mundial, a drenagem foi recentemente melhorada e necessita a operação e manutenção do sistema. A fase 2 está em desenvolvimento e

permitirá quando concluída condições adequadas de uma área importante da drenagem da cidade.

Torna-se necessário preparar um Plano de Drenagem urbana para a cidade visando planejar a conclusão da drenagem e um mecanismo institucional de investimento de infraestrutura da cidade para que as novas áreas em desenvolvimento tenham seus custos cobertos pelos interessados. Atualmente devido ao mecanismo de ocupação das novas áreas a cidade paga pela infraestrutura em projetos como os de investimentos do Banco Mundial. O processo continua nas áreas de expansão porque além de não ter recuperação de custos de operação e manutenção, também não existe recuperação de custo das infraestruturas urbana, nas quais se insere a

drenagem.

3.5.2 Conclusões e Recomendações

As condições operacionais do SASB para a prestação de serviços são muito limitadas devido principalmente a falta de sustentabilidade econômica e institucional. Isto leva a falta de planeamento e ação concreta para ter os seus serviços sustentáveis. Estas condições prejudicam o PCN porque sem mesmo um serviço sustentável as condições de emergência apresentam uma vulnerabilidade maior.

Recomenda-se que os serviços de Saneamento e Drenagem tenham um Planeamento e um Plano de Ação de curto, médio e longo prazo para a busca de sustentabilidade em todos os

aspectos analisados neste diagnóstico. Esta estratégia pode ser construída com a equipe do SASB em conjunto com CMB, entidade reguladora AURA (CRA) e gestão nacional de Moçambique

AIAS e DNAAS, como um laboratório importante para as cidades de Moçambique.

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4. GESTÃO DE RISCO

Neste capítulo são analisados os conceitos e terminologia usada para a gestão de gestão de risco relacionados com os desastres naturais e as condições de risco em Moçambique quanto

as águas urbanas. No primeiro item deste capítulo são apresentados os desastres: fontes de risco, terminologia, impactos e gestão de risco. No segundo item são apresentadas informações sobre a vulnerabilidade a risco de Moçambique e Beira. No terceiro item são apresentados os aspectos de desenvolvimento urbano que afetam a gestão de risco.

4.1 DESASTRES

4.1.1 Fontes de risco

Um desastre ocorre quando um número importante de pessoas e o ambiente estão expostos a ameaça com vulnerabilidade em termos sociais e econômicos.

Existem variantes da classificação dos desastres, uma das classificações é apresentada com relação a fonte principal do risco do desastre natural (ISDR,2005):

Desastres hidrometeorológicos: enchentes, secas, tempestades, ondas e deslizamentos relacionados com condições hidroclimáticas incluindo temperaturas extremas e incêndio florestal;

Desastres geofísicos: terremotos, tsunamis e erupção vulcânica;

Desastres biológicos: epidemia e infestação de insetos.

Nos últimos anos esta classificação foi atualizada considerando as causas acima como Desastres Naturais10 e adicionadas as causas tecnológicas ou devido ao homem (man-made) ou ainda antrópica (ICDO,2019): conflitos/emergências, fome e deslocamento de população, acidentes industriais, transporte e poluição.

Uma outra forma de classificar as fontes de risco ou desastres são as seguintes (Tucci,2007):

A pressão que sociedade exerce no ambiente: O desenvolvimento tende a exercer pressão sobre os recursos naturais, particularmente quando o controle das atividades humanas gera um conjunto complexo de impactos. Estes impactos podem ocorrer como decorrência da superexploração dos recursos naturais, alteração do solo e contaminação da água por esgoto doméstico e industrial. No caso dos países pobres ou em desenvolvimento, o crescimento econômico precede em prioridade as questões ambientais, gerando as pressões sobre os recursos. É evidente que em longo prazo a qualidade de vida é também impactada, mas as decisões são realizadas em curto prazo.

Impactos do ambiente sobre a sociedade: A demanda por recursos hídricos de uma sociedade sofisticada aumenta, da mesma forma que as necessidades de sustentabilidade ao longo do tempo, em função da variabilidade climática. Os principais desafios são:

Como variações no clima podem afetar o ambiente e como irão impactar o crescimento socioeconômico? Existem importantes incertezas relacionadas com o potencial impacto devido à variabilidade e mudança climática. A variabilidade climática tem

10 A inundação pode ocorrer também devido a efeito do homem, como a devido urbanização e poderia estar nas duas classificações. Da mesma forma que os impactos do clima devido a mudança climática.

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sido um fator importante como a sustentabilidade do homem na terra, pois a história mostra grande movimento de população devido à falta de água ou sustentabilidade na agricultura (Diamond, 1997). IPCC (2001) previu que eventos extremos aumentem de frequência e severidade no século 21 como resultado da mudança climática. Estas incertezas introduzem elementos de risco quanto aos desastres naturais como inundações, secas e outros eventos extremos;

Desastres geológicos: terremotos, tsumanis e outros relacionados com as condições geofísicas.

Deastres biológicos como epidemias e pandemias como o mundo está sendo impactado em 2020 e já foi impacto em outros momentos da história.

Vulnerabilidade Social e Econômica: As principais vulnerabilidades relacionadas com os aspectos socioeconômicos são: pobreza, instituições fracas, falta de gestão integrada, falta de decisão pública;

4.1.2 Terminologia

Desastre é um evento que causa grande dano, destruição e sofrimento humano (ISDR,2005);

Ameaça (Hazard) é um evento com perigo ou probabilidade de ocorrência de um fenômeno com capacidade potencial de dano num tempo e numa área (DHA,1992).

Vulnerabilidade: é a perda, em proporção do total, do potencial dano do evento. Risco são as perdas de vidas, pessoas afetadas fisicamente e por condições econômicas e sociais devido ao evento. O risco é estimado pelo produto do perigo (probabilidade) pela vulnerabilidade (% do total de perdas) (DHA,1992);

Resiliência é a capacidade que tem a população e/ou ambiente em retornar ao estado anterior ao evento. Capacidade é a combinação de todas as forças e recursos disponíveis dentro de uma comunidade ou organização para reduzir o nível do risco ou efeito de um perigo ou desastre. A gestão de risco é o processo sistemático administrativo de decisões, organização, operacional e habilidades de implementar políticas e estratégias para comunidades reduzirem os impactos devido a desastres (ISDR,2005).

4.1.3 Impactos

O risco no qual a sociedade e o meio ambiente estão sujeito num ambiente urbano é alto devido a oferta de recursos naturais, impactos inter-relacionados, ocupação de áreas de risco, eventos naturais e antrópicos. De 1992 a 2001, nos países em desenvolvimento ocorreram 20% de todos os desastres e cerca de 50% de todas as mortes (WWAP,2005). Cerca de 15 pessoas mortas por milhão de habitantes e 25 mil por milhão de habitantes afetadas por desastres. As perdas econômicas fora de US$ 66 bilhões por ano entre 1994 e 2003 (ISDR,2005). Os países menos desenvolvidos são os vulneráveis a desastres. Entre 1985-1999 representaram 13,4 % do PIB, enquanto que nos países desenvolvidos esta proporção é de 4%. O Impacto do Katrina nos Estados Unidos foi o maior dos Estados Unidos e representou apenas 1% do PIB11.

A tendência crescente nos últimos anos de aumento dos desastres e das pessoas afetadas está relacionada principalmente ao acréscimo populacional em área de risco (inundação); aumento das inundação na drenagem urbana devido a impermeabilização do solo e construção de condutos e canais; aumento do crescimento urbano e pressão sobre o meio ambiente como

11 Total de US$ 125 bilhões de dólares equivalente na época a cerca de 1% do PIB; fonte: https://www.thebalance.com/hurricane-katrina-facts-damage-and-economic-effects-3306023

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contaminação dos rios e redução da disponibilidade de água segura das cidades que em conjunto com as secas aumenta o risco de abastecimento de água e propagação doenças; mudança climática que pode aumentar a frequência de inundações e secas, aumento do nível do mar, frequência de furações e ciclones.

Os objetivos globais apresentados pela USIDR (2017) são de prevenir e reduzir os riscos a desastrs pela implementação de medidas econômicas, estrutural, legal, social de saúde, ambiental, educacional, ecnológica, politica e institucional para reduzir ameaças e vulnerabilidades a desastres, aumentando a preparação a recuperação e a resiliência.

As metas estabelecidas dentro do horizonte de 2030 procuram reduzir a mortalidade, pessoas afetadas, perdas econômicas em relação ao PIB, perdas na infraestrutura, aumentar o número dos países no programa de redução de perdas em desastres, aumentar a cooperação international e aumentar a disponibilidade de alertas. Indicadores destas metas foram introduzidos e base de dados dos países estão em desenvolvimento para apoiar estas ações pelos países.

4.1.4 Estrutura da gestão de risco

A estrutura da gestão de risco se baseia na identificação das causas predominantes que são combinações de ações externas como as causas climáticas (no caso em estudo): inundações, secas, vendavais, etc; em combinações com a vulnerabilidade sócio-econômica e/ou pressão da sociedade sobre o meio ambiente.

As ações para reduzir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência envolvem a melhoria da governança, caracterizar e identificar os riscos, capacitação e desenvolver a prevenção e resiliência da sociedade local.

As metas da gestão de risco envolvem a redução de mortes, pessoas afetadas, redução de impactos econômicos, sobre infraestrutura e ambientais, visando a melhoria da qualidade de vida da população (figura 34). No caso dos serviço a manutenção da operação dos serviços durante os eventos de risco ou sua minimização.

Figura 34: Gestão de risco (Tucci, 2007)

Entre as principais ações que permitem aumentar a resiliência e diminuir a vulnerabilidade estão:

Riscos climáticos,

geológicos e biológicos

Pressão da sociedade sobre o

ambiente

Vulnerabilidades sócio

econômicas

CAUSAS

Governança

Identificação do risco

Aumento do Conhecimento e capacitação

Plano de Contingência

AÇÕES

Redução das perdas

e vulnerabilidades

Melhorar a segurança e

qualidade de vida

Conservação Ambiental

Sustentabilidade Econômica e

Social

METAS

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Antes do evento: Prevenção e preparação para eventos de risco: São ações antecipadas para reduzir a vulnerabilidade dos impactos dos eventos críticos. Entre as ações estão a previsão antecipada dos eventos, zoneamento das áreas de risco para evitar a ocupação, preparação do sistema para funcionar de forma adequada no evento como limpeza de rios e canais, suprimento para reposição, locais para abrigar a população, entre outros.

Depois: mitigação - atuação logo após o evento, Recuperação e Reconstrução para voltar as condições de funcionamento anteriores ou melhores que existiam antes do evento.

Este conjunto de ações permite aumentar a resiliência da população e da sociedade a estes eventos ao longo do tempo, convivendo com os eventos de risco dentro de uma visão de medidas não-estruturais. O PCN Plano de Continuidade de Negócios é um instrumento de desenvolvimento das ações para prevenção e preparação antes do eventos e medidas de mitigação que permitam recuperar dos impactos.

4.2 DESASTRES EM MOÇAMBIQUE

4.2.1 Eventos Críticos em Moçambique

Segundo Moçambique (2017) os riscos de desastres que ocorrem em Moçambique são inundações, ciclones, secas, sismos e impactos relacionados com as chuvas intensas como erosão do solo. Na tabela 16 é apresentado um resumo de eventos desde 2000, que foi um dos maiores da década passada. Como se observa praticamente anualmente a costa de Moçambique está sujeita a ciclones, que além de sua capacidade destruidora pela velocidade dos ventos, traz consigo inundações. Além disso, inundações frequentes ocorrem nos rios no país.

Em nove rios do país, Moçambique fica a jusante dos países vizinhos, recebendo os principais caudais. A população na sua maioria vive junto a costa (60%) ficando vulnerável a vendavais e ciclones como os ocorridos no início de 2019. Os prejuízos económicos resultantes destes eventos atingem em média 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) por ano (GFDRR,2014)

Recentemente 122.000 pessoas foram afetadas por inundações com perdas anuais de US$ 440 milhões, enquanto as secas representam valores anuais de US$ 20 milhões no setor agrícola. Os anos com as principais perdas totais por calamidade foram 2000 e 2013 quando chegaram a mais de 7% do PIB do país (GFDRR, 2017). As maiores perdas ocorrem nas inundações e secas. As três maiores cheias registadas em Moçambique ocorreram no século 21: as primeiras em 2000/2001, as segundas no Centro do país em 2007/2008, e mais recentemente em 2013. De outro lado em 2019 ocorreram dois ciclones: o ciclone tropical Idai causou pelo menos 122 mortes e deixou mais de 1 milhão pessoas afetadas em Moçambique (próximo de Beira ) e no Malaui em março de 2019, com um dano econômico estimado em $ 360,1 milhões na província de Sofala, onde em Beira, o valor ficou entre $ 36,01 e $ 54,02 milhões (GSURR, 2019); e o ciclone Kenneth ocorreu mais ao Norte próximo de Pemba em abril de 2019 com pelo menos 38 mortes e 170 mil pessoas afetadas.

O Banco Mundial estimou o impacto sobre a pobreza, tendo calculado que as cheias e ciclones são os eventos com maior impacto nos agregados familiares. Contribuem com mais de 2 pontos percentuais para a taxa de pobreza. Os impactos principais são sobre a educação e a saúde.

Na cheia de 2000 pelo menos 700 pessoas morreram, cerca de 650.0002 tiveram que se deslocar e 4,5 milhões foram afetadas, totalizando um quarto da população de Moçambique. O PIB registou uma queda, de uma previsão de 7 por cento para 1,5 por cento (tabela 17).

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Tabela 16: Eventos de Desastres Naturais em Moçambique desde 2000 (adaptado de ReliefWeb)

Ano Descrição 2000 – Fevereiro/março Enchente

O rio Zambeze transbordou deixando a região da Beira quase submersa. Impactos: 800 mortos, 100 mil refugiados; O sul do país ciou sem água e falta de alimentos por longo período

2006 fevereiro/março Sismos

Em 23/2, no centro e no sul de Moçambique um sismo 7,5 (escala) Richter com 5 mortos e 27 feridos. Em 15/3, novo sismo de 5,3 atingiu as províncias de Sofala e de Manica, sem causar danos.

2007/fevereiro Ciclone

A 22/2, o ciclone tropical Favio atingiu o distrito de Vilankulo, na província de Inhambane, com uma intensidade equivalente a uma tempestade de categoria 4, tendo matado nove pessoas e afetado mais de 160 mil. Chuvas e inundações que desde janeiro afetaram 500 mil pessoas; impactos nas colheitas

2008 março cilcone

O ciclone Jokwe provocou 10 mortes e afetou os distritos de Dondo, Chemba, Marromeu e Shinde, também no centro do país.

2012 janeiro Tempestade Tropical

A tempestade tropical Dando, de categoria 1, provocou inundações nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane. O impacto combinado das tempestades tropicais Dando, Funso e Irina, que durante esse mês atingiram Moçambique, provocou 44 mortos e mais de 100 mil pessoas afetadas; 28 mil habitações, 735 escolas e 31 unidades de saúdes foram destruídas ou danificadas. Mais de 140 mil hectares de colheitas foram afetados e mais de 40 mil hectares destruídos.

2013 fevereiro Inundações

As cheias, iniciadas em outubro de 2012, no sul de Moçambique causaram mais de 113 mortos e afetaram mais de 240 mil pessoas, a maior parte pelo transbordo de rios, segundo o balanço final, feito em fevereiro. A província mais afetada foi a de Gaza, que teve duas localidades, Chókwé e Caniçado, completamente submergidas pelas águas do rio Limpopo. No mesmo ano, foi registada a eclosão de uma epidemia de cólera na província de Cabo Delgado, norte.

2014 ciclone

O ciclone tropical Helen causou fortes chuvas na província de Cabo Delgado, no norte, deixando desalojadas mais de 10 mil pessoas

2017 fevereiro Inundações

Pelo menos 44 pessoas morreram e 79 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas e inundações nas províncias de Maputo, Gaza, Inhambane e Nampula.

2019 março Ciclone

O ciclone afetou pelo menos 2,8 milhões de pessoas nos três países africanos e a área submersa em Moçambique é de cerca de 1.300 km2; Beira, foi uma das mais afetadas pelo ciclone em 14/3; 400.000 pessoas foram impactadas; ventos > 170 km/h, chuvas fortes e cheias, que impactaram cidades, aldeias e campos agrícolas.

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Tabela 17: Impactos econômicos das inundações de 2000 e 2013 (GFDRR, 2014)

Descrição 2000 2013 Áreas afetadas Metade Sul de Moçambique,

rio Limpopo até Maputo Distritos de Chókwe, Guijá, Chibuto e Xai-Xai

População 4,5 milhões, sendo 500 a 650 mil deslocados

480 mil, sendo 186 mil deslocados

Mortes 700 117 Setores Habitação, saúde, agricultura

e educação Educação (escolas); Infraestruturas de Transporte; agricultura

Danos (US$) 449,5 milhões 521 milhões % do PIB 14,4 3,4

4.2.2 Eventos Críticos em Beira

No item anterior foram identificados os principais eventos que atingiram Moçambique nos últimos 20 anos, onde Beira tem sido um dos locais que mais tem sofrido impactos. Pode-se observar destes eventos que os eventos principais estão relacionados com inundações e ciclones e/ou combinações destes cenários. Os dois principais eventos que atingiram Beira foram em 2000 e 2019.

No verão de 1999-2000, fortes precipitações ocorreram em Moçambique. No final de janeiro de 2000 produziram inundações nos rios Incomati, Umbeluzi e Limpopo, com vários danos em todo o país (tabela 16). Quando as inundações começaram a baixar em fevereiro veio o ciclone Eline atingindo Beira e outras regiões do país, representando um dos piores eventos de todos os tempos.

Em 2019, Beira foi atingida na sequência também pela Tempestade tropical Desmond em 21-22 de janeiro de 2019 e em 14/3/2019 pelo ciclone Idai com impactos generalizados na infraestrutura devido a velocidade dos ventos e as inundações devido as precipitações intensas combinada com o aumento no nível do mar e ação sobre a área costeira e a elevação e retenção do escoamento da drenagem cidade, produzindo inundações generalizadas, contudo as intervenções já realizadas no sistema de drenagem, minimizaram o impacto e o tempo destas inundações. Na figura 35 é apresentada uma imagem das áreas atingidas durante o ciclone Idai.

Conforme Schofield e Deprez (2019), a costa de Moçambique é frequentemente exposta a oscilações de maré, acrescidas de tempestades tropicais com a presença de ciclones. Nos últimos 75 anos, os ciclones alcançaram inclusive o interior da costa leste do continente africano, com frequência de 9 a 15 em Beira, com dados observados na figura 36.

As principais vulnerabilidades devido a estes eventos são na infraestrutura pela distribuição e danos nos prédios e residências, infraestrutura de serviços, a ocorrência de surto de malária, cólera, diarreia e outros doenças transmitidas pela água, inundações por retenção em áreas baixas por falta de drenagem e no próprio sistema de drenagem existente que fica cheio de resíduos como árvores, partes danificadas das propriedades, lixo e resíduos de forma geral. No sistema de drenagem recém construído na fase 1 no estudo de reabilitação de drenagem de Beira, os problemas maiores foram a perda de energia para operação das comportas, a retenção de escoamento por obstrução de material sólido e falta de funcionários para operação devido a cidade ter sido afetada e as pessoas ficarem isoladas e sem comunicação.

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Figura 35: Área central de Beira e as zonas de alagamentos e inundações, devido a tempestade tropical em 22/01/2019 (adaptado de World Bank e German Cooperation/KFW, 2019)

Figura 36: Frequência do avanço dos ciclones tropicais na costa leste do continente africano nos últimos 75 (Adaptado de Schofield e Deprez, 2019).

Beira

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As características da localização de Beira, apresenta várias vulnerabilidades:

Região sujeita a frequentes ciclones como mostra a tabela 15, reportando um ou mais eventos de tempestades tropicais e ciclones todo ano, com pelo menos dois com altos danos por década;

Cidade e sua área de expansão localizada em área com níveis topográficos próximos do nível do mar, dificultando a sua drenagem e com efeito importante da variação do nível do mar;

Amplitude importante do nível do mar que aumenta nas tempestades devido o “stormsurge” criando um impacto sinérgico sobre as inundações devido a dificuldade de escoamento da terra para o mar;

Grande vulnerabilidade das áreas costeiras devido ao excesso de energia do mar sobre a costa.

4.3 RISCOS POTENCIAIS NO AMBIENTE URBANO

4.3.1 Urbanização

Entre 1950 e 2017 Moçambique possui uma taxa anual de crescimento entre 1,5 e 4 %, com excessão de 1997. A população urbana de 38,4% deverá chegar a 60% em 2030. O número de pessoas por agregado familiar era em 2011 de 4,5 por família, que é um indicador que permite analisar a densidade urbana (INE,2007). Com estes valores as cidades com ocupação predominantemente de casas tendem a valores inferiores 80 hab/ha.

Nas cidades em Moçambique o núcleo central da cidade possui uma pequena infraestrutura com ruas principais (muitas da época colonial) ou estradas. Como a terra é de propriedade do município (Estado), as pessoas recebem o direito de ocupação ou invadem, construindo casas particulares muitas vezes precárias. Fora deste núcleo principal praticamente não existem ruas, mas caminhos que levam as propriedades, que permite, um tráfego muito precário. Isto leva a uma baixa densidade de ocupação na área de expansão e sem infraestrutura.

A densidade urbana baixa tem como resultado imediato o seguinte: alto custo da infraestrutura viária, redes de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem, serviços de resíduos sólidos, energia, entre outros. Este custo quando ocorre é pago por doações internacionais, recursos do municípios ou investimentos da nação. Estas condições são os principais problemas relacionados com a vulnerabilidade aos desastres das cidades em Moçambique.

4.3.2 Riscos relacionados com as águas urbanas

Os riscos relacionados com águas urbanas em Moçambique geralmente são os seguintes:

Seca pela falta de água nos mananciais para a cidade ou contaminação dos mananciais;

Inundação ribeirinha, quando os rios de grande porte saem da calha menor do rio e inundam as áreas ribeirinhas, onde a cidade se desenvolveu;

Drenagem urbana, quando o escoamento dentro da cidade, nas bacias urbanas inundam as ruas, casas e outras construções, por falta de capacidade de escoamento;

Erosão urbana que ocorre como consequência da drenagem de chuvas intensas e o desenvolvimento de superfícies impermeáveis;

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Ciclones /vendavais que além de ter uma energia destruidora devido a velocidade do vento, trazem frequentemente consigo chuvas intensas que produzem inundações.

Estes ventos estão diretamente relacionados com os serviços de Saneamento e Drenagem no que se refere ao tratamento dos efluentes para evitar a contaminação dos mananciais e a gestão da drenagem e as inundações ribeirinhas junto as cidades. Na tabela 18 é apresentada uma síntese da gestão destes riscos. Nas medidas potenciais sustentáveis estão os Planos de Emergência no qual o Plano de Continuidade de Negócios é sua versão para os serviços de saneamento e drenagem. Neste caso, manutenção do funcionamento do saneamento é importante para evitar a contaminação das fontes de água que estão diretamente ligados ao abastecimento de água e na

drenagem a segurança da população dentro da cidade.

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Tabela 18: Síntese dos riscos em áreas urbanas, causas e Medidas Potenciais (Tucci, 2019)

Aspecto Local de ocorrência Identificação do impacto Principais causas Medidas potenciais sustentáveis Risco de Secas Disponibilidade hídrica nas

fontes e nas residências Falta de infraestrutura

Seca prolongada com risco maior que o de projeto;

Contaminação das fontes de abastecimento

Falta de investimentos e recuperação de custo;

Variabilidade e mudança climática

Falta de tratamento de efluentes urbanos

Aumentar a cobertura de água nas cidades;

Plano de Emergência Coleta e tratamento de esgoto

Inundação ribeirinha Planície junto aos rios de bacias médias e grandes

Inundação das propriedades próximas do rio entro dos 100

anos de risco

Ocupação das áreas de risco que inundam com frequência

Zoneamento das áreas de risco introduzidas no Plano de Estrutura

Urbana. Drenagem urbana Áreas urbanas próximas a

drenagem pluvial1 das cidades Frequentes inundações nas áreas urbanas das cidades quando aumenta as áreas impermeáveis e as áreas

urbanas aumentam.

Impermeabilização do solo pelas construção e aumento do volume e pico do escoamento, agravando a

medida que a área drenagem aumenta

Desenvolver as cidades com maior infiltração e armazenamento usando

infraestrutura verde

Erosão Em áreas de maior declividade e com pavimento resultando em

maior velocidade da água.

Erosão do solo que é transportado para jusante,

gerando área degradada nos trechos de concentração de

fluxo.

Aumento da velocidade do escoamento pela declividade,

aumento da impermeabilização do solo e canalização.

Projetos urbanos que dissipam a energia do escoamento em estradas,

ruas e áreas limítrofes com infiltração e armazenamento.

Ciclones/Vendavais Áreas que dependem da topografia e das condições

climáticas

Impacto sobre vegetação, infraestrutura, edificações e

sobre a população que não está protegida.

Efeito natural, com impacto sobre edificações e infraestruturas

frágeis.

Medidas preventivas com normas adequadas, zoneamento e alerta de

eventos críticos e mitigação de INGC.

1- Drenagem pluvial é o escoamento resultado da chuva que se desloca nas propriedades e principais nos trechos públicos.

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5. PLANO DE CONTINUIDADE DO NEGÓCIO (PCN)

O SASB atende os serviços de Saneamento e Drenagem na cidade Beira, Moçambique. Nos capítulos anteriores foram apresentadas as características da cidade, do SASB e dos serviços e o diagnóstico, considerando as condições normais de funcionamento. Foram identificadas muitas vulnerabilidades no SASB que afetam o atendimento a eventos críticos.

Este capítulo trata do desenvolvimento do Plano de Continuidade do Negócio (PCN) dos serviços de Saneamento e Drenagem do SASB. O PCN atua na prevenção e na remediação relacionadas com os cenários que podem interromper os serviços.

Em condições normais, o desenvolvimento deste Plano teria uma atividade de participação dos técnicos e pública sobre os Serviços do SASB, quanto aos cenários que podem se tornar críticos e suspender os serviços. Devido a este período de pandemia este estudo foi desenvolvido a distância e, dentro do possível deve ser apresentado e discutido com os técnicos e a comunidade futuramente.

No item seguinte é apresentada uma síntese dos conceitos sobre o PCN, incluindo, as etapas da metodologia adotada neste estudo. No segundo item são identificados e analisados os principais riscos no qual está sujeita a cidade de Beira. No terceiro item são analisados os riscos que estão sujeitos os serviços do SASB. No quarto item são apresentadas as medidas de prevenção que devem ser desenvolvidas neste PCN, de forma a atuar dentro dos riscos escolhidos para o SASB. No quinto item são apresentadas as medidas de remediação que são desenvolvidas durante o evento e após o evento. No sexto item são apresentadas o fluxograma, com a organização de atuação no Plano e os mecanismos de comunicação e informação. No sétimo item os treinamentos e o seu conteúdo, no oitavo item são apresentadas as orientações sobre o monitoramento e revisão do PCN e no nono item o Plano de Ação ou Plano de Implementação das ações.

5.1. METODOLOGIA DO PLANO DE CONTINUIDADE DE NEGÓCIOS

5.1.1 Definições

O Plano de Continuidade de Negócios (PCN) identifica os potenciais riscos de interrupção da operação dos serviços antes da ocorrência de um desastre ou um evento emergencial e desenvolve medidas preventivas de proteção para estas emergências em resposta a estes cenários, além das medidas de recuperação, reduzindo os impactos destes eventos.

Muitas vezes são desenvolvidos Planos isolados de Contingência (emergência), Prevenção e Mitigação ou Recuperação. O PCN deve reunir todos os Planos, integrando estes documentos para dar resposta ao desastre e outros tipos de emergências. A contingência define os passos que devem ser seguidos para dar resposta adequada aos eventos, mantendo os serviços funcionando ou com curta interrupção. Isto envolve a gestão dos passos para o pessoal dentro da organização para atuar nestes eventos.

Na figura 37 é apresentado este processo, mostrando o benefício teórico do uso do PCN num cenário de emergência. Quando ocorre o evento, os serviços são afetados e o nível de eficiência reduz. Com a existência do PCN, as ações de prevenção e remediação estão planejadas para a retomada dos serviços antes, do que ocorreria sem o Plano, com benefício para diretos. Este Plano deve reunir todos os projetos e planos existentes sobre emergência num único documento, com todas as medidas que devem ser acionadas nesta eventualidade.

Os benefícios deste processo são:

60

Permite reagir rapidamente aos eventos. No plano devem ir listadas as ações necessárias para serem tomadas dentro de um fluxograma com todas as informações necessárias, sem que se perca tempo;

Essas ações permitem antecipar cenários críticos com redundância em geradores, limpeza antecipada ao período chuvoso no sistema de drenagem, disponibilidade de peças de reposição entre outros.

Figura 37: Processo temporal do uso do PCN e seu benefício na recuperação dos níveis de serviço (Suzuki e Morita, 2010)

5.1.2 Metodologia

Em um Plano de Continuidade do Negócio (PCN), conhecendo-se os serviços e a missão do prestador de serviço, são avaliados os riscos e preparadas medidas de prevenção e remediação para os potenciais desastres. A equipe deve ter um treinamento e o plano deve ter um monitoramento periódico para sua atualizada frente a experiência adquirida. A estrutura conceitual da gestão de risco está associada ao diagrama da figura 38.

Serviços e Missão: envolve a identificação dos serviços a serem prestados e o que deve ser entregue para a população. Neste aspecto os capítulos anteriores permitiram identificar o SASB quanto a sua estrutura organizacional, pessoal, condições econômica e financeira, infraestrutura de saneamento e drenagem e o atendimento destes serviços em Beira. Foram identificadas as vulnerabilidades dos serviços regulares.

Identificação dos riscos: Trata analisar os principais riscos de desastres e emergência em geral e o que será afetado nos serviços quando ocorrerem estes riscos. Identificando os aspectos mais sensíveis a estes eventos para que sejam planejadas as ações de prevenção e remediação;

Prevenção e Remediação: envolvem estabelecer metas e planejar as ações de curto, médio e longo prazo para preparar a prevenção e planejar potenciais remediações futuras, mas fundamentalmente reduzir as vulnerabilidades existentes. As metas são associadas principalmente a preparação para os desastres.

Medidas de Gestão: envolve a organização de ação do PCN com comunicação, consulta e treinamento com um comitê de gestão para o PCN.

61

Revisão e Monitoramento: As metas do PCN de desenvolvimento das ações devem ser acompanhadas e revistas, quando necessário e periodicamente por meio de um monitoramento das condições e por simulação de cenários.

Figura 38: Estrutura conceitual da gestão de risco

5.2 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS RISCOS

Esta etapa envolve inicialmente a identificação de todos os riscos associados ao funcionamento do SASB para os serviços de Saneamento e Drenagem. Com base nesta lista os riscos são avaliados e selecionados de acordo com prioridades para serem desenvolvidos medidas dentro deste Plano e depois um Plano de Ação das medidas definidas.

5.2.1 Identificação dos riscos

Inicialmente foram identificados os principais riscos no qual o SASB está sujeito, dentro da operação dos serviços. Estes riscos foram classificados em (figura 39):

Desastres Naturais – relacionados com inundações, ciclones, erosão costeira, secas e terremotos, que são os riscos no qual a região de Beira está sujeita;

Ação de terceiros - ato comissivo ou omissivo provocado pela conduta de agente externo, que não guarde conexão com a exploração da atividade desenvolvida pela prestadora do serviço e que não apresente qualquer possibilidade de controle por parte desta, tais como furtos de cabos, vandalismo, rompimento de redes por obras do município ou de terceiros e desabastecimento de energia elétrica (EDM);

Biológicos – relacionados com epidemias e pandemias. As epidemias observadas como de malária ocorrem devido a excesso de umidade nos anos chuvosos pela proliferação de mosquitos e outras depois de eventos por contaminação da água como a cólera e pandemias como o evento atual global da COVID-19;

SERVIÇOS E MISSÃO

AVALIAÇÃO DO RISCO- Identificação do Risco

- Análise do Risco

- Conclusão da Avaliação do Risco

PREVENÇÃO E REMEDIAÇÃO DO RISCO

REVISÃ

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NSU

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62

Econômico financeiro – relacionado com falta de recursos para suportar a operação e manutenção dos serviços recuperação de equipamentos e instalações por ausência de repasse da FIPAG e ou CMB;

Técnicos – Colapso de instalações em geral e de energia e comunicações, da base de dados utilizados dentro da empresa e softwares. No caso específico do SASB não existe uma base dados que controla a gestão de ativos da entidade. A base de dados é ainda precária e faz parte de suas limitações operacionais. Algumas instalações já possuem limitações operacionais como a ETAR e os geradores e são problema crônicos;

Recursos – quebra de equipamentos, falta de pessoal, e falta de estoque de suprimentos. Este é um risco presente que está dentro das limitações atuais da entidade.

Estes cenários podem ocorrer de forma isolada ou integrada identificando um evento de atenção para o qual se preparada para reduzir os impactos.

Figura 39: Diagrama da identificação dos riscos

Desastres Naturais

Os riscos relacionados com Desastres Naturais no qual a região de Beira está sujeita são: enchentes, ciclones, erosão costeira, secas e terremotos. Com base nos dados dos eventos dos últimos 20 anos, observa-se que os eventos de inundações ocorrem com frequência anual, mudando a magnitude. Os ciclones também são os eventos que ocorrem com grande frequência e as inundações e os ciclones muitas vezes ocorrem simultaneamente, já que os ciclones trazem consigo inundações. No entanto, as inundações podem ocorrem por outros processos meteorológicos, com grande duração e volume.

Riscos Prováveis

Desastres Naturais

Biológico

Econômico e Financeiros

Técnicos

Recursos

Enchentes

Ciclones

Secas

Terremoto

Erosão Costeira

Epidemia: Malária, cólera

Pandemia

Recuperação de custo da O & M

Investimentos na infraestrutura

ETAR, rede de esgoto, EEs, PBs e rede de drenagem

Base de dados

pessoal

geradores

suprimentos

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O impacto da inundação é decorrência da magnitude do nível de água, da velocidade da água e da duração destes efeitos sobre a população, prédios e sobre o meio ambiente. O impacto de tempestades e ciclones são da velocidade do vento que danifica estruturas de prédios, infraestrutura urbana e desloca grande quantidade de material com a velocidade que pode também atingir a população colocando em risco de vida. A erosão costeira impacta danifica a infraestrutura costeira, desestabilizando estradas, proteções, saída do escoamento, entre outros.

Os processos de erosão costeiros também estão associados aos ciclones que geram stormsurges (tempestade no mar com grande oscilação de níveis de água). As secas ocorrem, mas aparentemente em frequência menor que as cheias, da mesma forma os terremotos.

Biológicos

As epidemias têm sido vinculadas as doenças relacionadas com a água, como malária e cólera e sintomas como diarreia resultante de contaminação orgânica da população por falta de água segura ou excesso de esgoto próximo das pessoas. A malária aumenta a frequência com períodos úmidos, que permite a proliferação de mosquitos que transmite a doença. Também está relacionada com área mais rural. A cólera está relacionada a contaminação da água usada pela população por falta de água segura para a população. Estas condições diminuem com aumento da cobertura de abastecimento de água segura.

Parte importante destes problemas desaparecem quando a cobertura de água de esgoto tratado é alta, principalmente nas áreas periféricas da cidade.

Econômico e Financeiro

As vulnerabilidades deste componente são estruturais no SASB e necessitam ter um planeamento de curto, médio e longo prazo para serem superados. As vulnerabilidades estruturais são de recuperação de custo dos serviços, do sistema de Saneamento e Drenagem e os respectivos investimentos necessários a ampliação das estruturas na cidade de Beira, juntamente com o sistema de gestão de due diligence. Esta é uma das principais fragilidades do SASB que necessita um conjunto de ações para garantir a operação regular dos serviços.

Técnicos

Os subsistemas do saneamento são: ETAR, EEs, PBs, linhas de recalque e a rede de esgoto, estes subsistemas atualmente possuem fortes vulnerabilidades e não existe ainda um plano de recuperação. Na eventualidade de um evento de desastre natural ou biológico estes sistemas estão fragilizados e serão ainda mais fragilizados pelo evento.

No caso da drenagem os subsistemas são a rede de valas, reservatórios com comportas e o sistema de comportas para evitar o escoamento do mar em direção a drenagem interior. Apesar destes sistemas serem recentes existem fragilidades sistemáticas relacionadas com:

a) material sólido e seus serviços dentro da cidade; material sólido carreado durante eventos de inundações e ciclones e muita areia;

b) existem relatos importantes do mal funcionamento dos geradores durante os eventos de desastres, mas também possuem fragilidades sistemáticas.

Uma importante fragilidade do SASB é base de dados necessária para a gestão. A entidade necessita de um sistema de acompanhamento de gestão de due diligence que são: as redes, ETAR, reservatórios, entre outros. Esta base de dados é fragmentada e não existe uma sistemática atualização da infraestrutura de rede. O problema é que depois de um certo tempo a base de dados torna-se desatualizada e o custo de atualizar é alto.

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O SASB necessita preparar os Planos de Saneamento e Drenagem para permitir que estas fragilidades sejam atendidas ao longo do tempo com investimentos direcionados (ver capítulo de conclusões e recomendações).

Muitas das problemáticas identificas se agravam com os eventos de desastres naturais, reduzindo as condições permanentes dos serviços na medida que estes subsistemas não são recuperados.

Recursos

Os riscos relacionados com o pessoal envolvem:

(a) falta de pessoal durante eventos críticos por dificuldade de acessar o local de trabalho durante eventos de desastres naturais como aconteceu nos eventos recentes da tempestade Desmond e o ciclone Idaí;

(b) risco de contaminação devido a pandemia ou outro tipo de contaminação biológica;

(c) falta de pessoal pela perda de funcionários para o mercado que é mais competitivo;

(d) falta crônica de pessoal em setores especializados e com capacitação para desenvolvimento e ampliação dos serviços.

O risco com relação a geradores é um problema que necessita um planeamento adequado para evitar dificuldades regulares de funcionamento nos seguintes subsistemas: ETAR, estações elevatórias de esgoto, movimentação de comportas. Este cenário deve ser revisto em conjunto com as condições de fornecimento de energia na cidade e com a disponibilidade de pessoal.

Os suprimentos de forma geral para todas as funções como tratamento de esgoto, gasolina, peças e acessórios dos equipamentos, materiais de forma geral devem manter um estoque para que não esteja com limitações na operação e manutenção e eventos críticos.

5.2.2 Planos do PCN

Dentro dos riscos identificados para os serviços do SASB existem:

os que são relacionados com as condições operacionais regulares e falta de investimentos do SASB que devem ser abordados dentro de um planeamento da instituição (condições regulares de funcionamento);

riscos de emergências devido a desastres e ação de terceiros como os destacados no item anterior.

Para o primeiro tipo de condições regulares de funcionamento são utilizados:

Plano de Fortalecimento Institucional do SASB que deve atuar sobre as questões estruturais da organização, econômica, pessoal e gestão de due diligence;

Estudo de Concepção (EC) de sistema de esgotamento sanitário, consistindo a partir de diversas alternativas de estudo, na definição da melhor condição de viabilidade técnico-econômico-ambiental, para o projeto de adequação dos sistemas atuais e implantação de novas redes coletoras de esgoto, estações elevatórias, linhas de recalque e ampliação da ETAR;

Estudo de Levantamento de due diligence e contabilidade regulatória para a revisão e reajuste tarifário;

Projeto de Limpeza de Fossas e Latrinas;

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Plano de Saneamento e Drenagem que deve recuperar e ampliar os investimentos na infraestrutura destes subsistemas.

Os estudos supracitados, podem ser observados como itens de referência nos anexos A a F. Normalmente, os trabalhos são estruturados, a partir de um termo de referência onde é explicitado o conteúdo de cada item.

Para as condições de emergência é desenvolvido um Plano de Contingência. O conjunto destes Planos fazem parte do PCN. No entanto, neste estudo somente o segundo é abordado e para o primeiro são apresentadas recomendações.

Para os cenários de ocorrência de emergência ou contingência foram identificados os casos de ocorrência de desastres físicos/climáticos e biológicos.

5.2.3 Priorização dos riscos

Os riscos dos eventos foram priorizados com base em dois critérios combinados: a chance de ocorrência do evento e impactos resultantes:

Probabilidade de ocorrência – indica de forma qualitativa com base nos dados disponíveis em: ALTA chance de ocorrência, significa grande frequência e BAIXA frequência de ocorrência. Por exemplo inundações e ciclones possuem alta frequência de ocorrência e terremotos, baixa;

Impactos sociais, econômicos e ambientais – aqui também a análise é realizada com base numa avaliação qualitativa baseada em eventos do passado (últimos 20 anos). Também são classificados de forma qualitativa de ALTO e BAIXO. Para um mesmo evento, pode-se ter as duas classificações, já que uma enchente ou seca podem ser de diferentes magnitudes.

Futuramente com mais dados é possível estabelecer uma relação entre magnitude da enchente (tempo de retorno) e prejuízos, como é realizado em estudos de inundação. Muitos dos riscos relacionados acima estão no cenário do operacional regular, já que existem e fazem parte de um planeamento de recuperação e do desenvolvimento do Plano de Saneamento e Drenagem para completá-los. Portanto, os eventos de emergência estão sempre relacionados com a eventualidade e não com relação a deficiência de projeto atual.

As matrizes de risco ficaram distribuídas em 4 quadrantes dos níveis de possibilidades que combinam a probabilidades com os impactos, que são:

Alta probabilidade de risco e alto impacto;

Baixa probabilidade de risco e alto impacto;

Alta probabilidade de risco e baixo impacto; e

Baixa probabilidade de risco e baixo impacto.

Dentro de cada quadrante, há cenários possíveis, onde no eixo das abcissas, em direção a seta, ocorre um aumento do impacto, enquanto no eixo das ordenadas, uma elevação da probabilidade de risco. O quadrante onde se cruzam a alta probabilidade de risco de um evento ocorrer com alto impacto, detém as situações mais críticas e que merecem maior atenção e ação. Em oposição, quando no quadrante é identificado um cenário de baixa probabilidade de risco e com baixo impacto, são situações com menor nível de criticidade.

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Riscos dos Desastres

Tempestades/Ciclones – A intensidade das tempestades e ciclones é apresentada na tabela 19, que depende da velocidade do vento. Usualmente estes eventos vem associados com precipitações intensas e stormsurge que afetam a parte costeira. Portanto, o efeito sinérgico destes eventos representa um impacto significativo na infraestrutura.

Na tabela 20 são apresentados tipos de ciclones e tempestades e uma classificação adotada neste estudo. Apesar das tempestades terem sido classificadas com impacto baixo, podem ocorrer tempestades importantes como a Desmond. As probabilidades adotadas para ciclones e enchentes são em função da ocorrência dos últimos 20 anos e pelas probabilidades das enchentes apresentada na tabela 20 e das precipitações correspondentes apresentadas na tabela 21.

Tabela 19: Escala Saffir-Simpson (SSHS)para furacões – Ciclones tropicais do Hemisfério Ocidental

(fonte: wikipedia12) e risco adotado neste estudo

Probabilidade Impacto Tipo Classificação Velocidade do vento Km/h

Alto Baixo Tempestade ou

depressão

Depressão ≤62

Tempestade 63-118 Baixo Alto Ciclones 1 119-153

2 154-177 3 178-208 4 209-251 5 ≥252

Tabela 20: Características do risco das enchentes em Beira

Probabilidade Impacto Tempo de retorno

Probabilidade de ocorrência em qualquer

ano %

Probabilidade de ocorrência em 20 anos

%

Quando é usado

Alta Baixo ≤ 5 anos 20 98,9 Projeto de microdrenagem

Médio2 Alto ≤ 10 anos 10 87,9 Projeto de macrodrenagem

Baixo Alto ≤ 100 anos 1 18,3 Delimita a área de inundação ribeirinha1

1 – Inundação ribeirinha é a que ocorre nas margens de rios médios e grandes rios; 2 Para efeito deste estudo a probabilidade foram consideradas altas.

A tabela 20 apresenta as precipitações máximas e sua duração para os diferentes tempos de retorno. Existe a tendência de chuvas maiores em cidades mais próximas dos trópicos e redução à medida que se distanciam, mas em regiões costeiras podem ocorrer riscos inerentes a costa que aumentam esta intensidade. A chuva de 90 mm/h para 10 anos e 1 h, é um indicador usado e mostra que em Beira as intensidades deste tipo de chuva (que afetam principalmente a drenagem

12 https://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_furac%C3%B5es_de_Saffir-Simpson

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urbana) possuem valor muito alto se comparado com algumas cidades dos trópicos em diferentes continentes13.

Tabela 21: Precipitação duração e tempo de retorno para Beira ( Planeje, Fase e Prosistemas,2013)

Duração Tempo de Retorno (anos) H 2 5 10 20 25 1 62,7 79,2 90,4 101,0 104,2 2 79,3 100,1 114,2 127,6 131,6 4 100,2 126,4 144,2 161,2 166,1 8 126,6 159,7 182,2 203,6 209,6

12 145,3 183,1 208,8 233,5 240,2 24 183,6 231,3 263,8 294,9 303,2

Para as tempestades e ciclones usualmente as precipitações associadas podem ser superiores

a 10 anos de tempo de recorrência. Por exemplo, na tempestade Desmond ocorreu da ordem de 275 mm em 24 h, que tem um tempo de retorno entre 10 e 20 anos. Os impactos também variam em função da duração, como no caso do ciclone Idai, que durou entre em 4 de março de 15 de março. Neste período com chuvas prolongadas o escoamento da área urbana demora para se esgotar.

No caso de erosão costeira, existe uma forte correlação com as tempestades e ciclones, já que o efeito do stormsurge que age sobre a costa está relacionado a estes eventos meteorológicos. Portanto, para estes eventos considera-se que existem uma alta frequência para episódios anuais que atuam sobre a costa e necessitam proteção. Também ocorrem para tempestades e ciclones, afetando em diferentes escalas a proteção costeira.

Para os terremotos houve poucos eventos nos últimos 20 anos, sendo assim foram considerados como eventos de baixa frequência ou probabilidade. Na tabela 22 é apresentada a escala Richter relacionada com o Impacto de Terremotos.

Tabela 22: Escala Richter de Terremotos e potenciais impactos1

Impacto adotado Escala Richter Efeito Baixo 3,5 a 5,4 Pouca percepção, Causa poucos danos Alto 5,5 a 6,0 Pequenos dados em prédios bem construída

e danos maiores em casas precárias 6,1 a 6,9 Impacto alto para grande densidade de

pessoas e num raio de 100km 7,0 a 7,9 Grandes impactos >8,0 Catástrofe

1 – fontes: sobiologia.com.br e If.usp.br

Na seca o principal impacto se relaciona com o abastecimento de água. Devido a fragilidade do abastecimento da cidade o impacto é alto quando ocorre. Os impactos adicionais se devem a quantidade de esgoto sem diluição na drenagem, que podem contribuir para a epidemias relacionadas com contaminação pela água como cólera e sintomas como diarreia. Na figura 40 é apresentado o desvio padrão com relação a média anual da precipitação para o período de 1976 a 2005, mostrando que existem 8 anos em 30 anos com chuvas com valores de 13,5% abaixo da

13 Maior valor obtido de um conjunto de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro (Brasil), Cidade do Panamá (Panamá), Accra (Ghana) e Daka ( Bangladesh)

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média e 3 anos em 30 anos com valores 27% abaixo da média anual (=1473 mm). Os anos mais secos deste período foram entre os anos de 1978 e 1982 e 1994 e 1995 desta série.

Biológicos

Os principais riscos biológicos identificados são das doenças vinculadas pela água como malária e cólera ou sintomas de águas contaminadas como diarreia ocorrem por contaminação orgânica da água proveniente da própria população, permitindo a transmissão de doenças.

A malária é uma doença provocada em áreas rurais e transmitida pelo mosquito em locais com lâmina de água onde não existem peixe para comer as larvas do mosquito. Esta contaminação ocorre até 100 m da fonte de água, mas também pode se transmitir por pessoas picadas por mosquitos. Normalmente ocorrem durante anos mais chuvosos, que produzem acumulação de água com pequena lâmina e sem peixes, mas é principalmente uma doença de área rural, com alguma contaminação na vizinhança das cidades. A cólera e a diarreia são devido a problemas no abastecimento da cidade e envolvem a melhoria das condições de abastecimento de água da cidade que não devem ser contaminadas por fontes inadequadas de coleta e tratamento de esgotos.

Figura 40: Variação de Precipitação anual em Beira (INAM, 2006).

A pandemia é um problema global de frequência baixa, mas tem apresentado um impacto significativo no funcionamento das sociedades globalmente. O principalmente impacto dos serviços é decorrência da limitação dos serviços externos que prejudica em parte a operação e manutenção dos subsistemas.

Matriz de probabilidade e impacto

Na figura 41 é apresentada a matriz de probabilidade e impacto com a classificação adotada aqui para os tipos de eventos. Os eventos considerados combinam as enchentes com diferentes

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tempos de retorno, associados ou não a tempestades e ciclones, secas e terremotos, concentrando-se em eventos relacionados com os desastres.

Os eventos identificados são os seguintes:

As enchentes frequentes com menos de 5 anos de tempo de retorno, usualmente representam impactos menores, abrangendo parte da cidade que ainda não possui infraestrutura de ruas, passeios e drenagem construída. Como a região possui muita retenção de água naturalmente, com lençol freático alto, há tendência de as áreas sem infraestrutura terem água retida por vários dias, desaparecendo apenas pela pequena infiltração e evaporação. Em bairros como a Chota que possui muita retenção, os impactos são importantes mesmo para pequenas precipitações máximas. Com o desenvolvimento dos Planos de Saneamento e Drenagem e sua implementação estes eventos deixam de produzir impacto.

Figura 41: Matriz de probabilidade de risco e impactos.

As enchentes ainda frequentes > 5 anos e ≤ a 10 anos ficam ainda dentro do nível de projeto da cidade14 e possuem frequência de 10% anual e 87,8% de ocorrer nos próximos 20 anos. Este tipo de inundação produz os maiores impactos. Usualmente o tempo de retorno de 10 anos representa o risco em os investimentos em controle de enchentes trazem os melhores benefícios se comparados com os custos. Como a cidade ainda não possui um Plano de Drenagem implementado em toda a cidade, somente parte do município (investimento fase1) está protegido. Na figura 33 é apresentada a área atingida de parte da cidade de Beira para 10 anos. Este risco é ainda considerado alto, com também alto impacto.

Para as enchentes maiores que 10 anos e menores que 100 anos normalmente ocorrem associadas a eventos de tempestades ou ciclones, agravando os impactos. Este tipo de evento tem um risco que varia da ordem de 1% a 10%15. Os eventos, com tempo de retorno de 100 anos, possuem risco de 18,2% de ocorrer nos próximos 20 anos. Usualmente o risco de 100 anos é

14 Quando o Plano de Drenagem estiver todo implementado. 15 Existem eventos ainda de impactos maiores, mas possuem um risco num ano qualquer inferior a 1%.

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utilizado para definição da área limite de gestão de inundação. Estes são os eventos mais graves em termos de impactos, mas não são frequentes.

Secas – Foi caracterizada a seca como um valor de precipitação 27% abaixo da média, que deve representar uma redução percentual maior na vazão devido ao efeito de elasticidade hidrológica16. Este impacto envolve a redução de disponibilidade hídrica dos rios de mananciais urbanos, aumentando o risco de contaminação da água no uso do abastecimento humano. Aumentam as fragilidades em períodos de estiagens, considerando as perdas da distribuição de água.

Terremotos – Foi incluído na matriz, mas não foi destacado na tabela abaixo, a estimativa do risco tem muitas incertezas e a sua frequência foi baixa, 10% de chance com potencial de dano em 50 anos (Schofield e Deprez, 2019).

5.2.4 Cenários

Os cenários identificados como combinação da matriz de risco (impacto e probabilidade), para desenvolvimento das ações estão relacionados na tabela 23 abaixo. São apresentados os riscos e os impactos. Estes são os cenários abordados nos itens de prevenção e remediação quanto ao funcionamento do SASB no atendimento dos serviços de Saneamento e Drenagem.

Tabela 23: Cenários da matriz de probabilidade e impacto Cenário Descrição Probabilidade Impactos principais

A Inundação com tempo de retorno ≤ 5 anos1

ALTA 20% num ano qualquer e 98,8 % em 20 anos.

BAIXO Inundação no Bairro Chota e áreas de expansão sem infraestrutura, com alagamento local

B Inundação com tempo de retorno > 5 e < 101 anos

ALTA 10% num ano qualquer e 87,8% em 20 anos. É a condição de projeto

para a drenagem

ALTO Esta probabilidade tem a maior relação benefício/custo. Para os locais que ainda não possuem

proteção o impacto é alto

C Inundação com tempo de retorno > 10 e < 100 anos e ciclone

BAIXA Entre 1 e 10% de

chance. Para 100 anos 18,2 % em 20 anos.

ALTO Grandes impactos sobre toda a

cidade, com duração de inundação e população atingida,

juntamente com ciclones. D Seca – Precipitação 27%

abaixo da média BAIXA

Ocorreu 3 vez nos últimos 20 anos

ALTO Falta de água para

abastecimento, risco de contaminação das fontes de água,

aumento de contaminação na drenagem e epidemias

16 A elasticidade hidrológica, mostra que uma variação percentual para baixo ou para cima na precipitação é amplificado na vazão devido ao efeito da redução dos dias chuvosos e aumento da evapotranspiração.

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5.3 RISCOS DOS SERVIÇOS DO SASB PARA OS CENÁRIOS

5.3.1 Identificação de riscos específicos

Nos cenários identificados de inundação, tempestades/ciclones e secas, os principais problemas que podem ocorrer no funcionamento dos sistemas de saneamento e drenagem são destacados aqui. Estes riscos foram selecionados de acordo com o impacto na população, impacto ambiental, em infraestrutura, logística e nos condicionantes de operação e Manutenção. Na tabela 24 são apresentados os cenários que podem ocorrer, relacionado com o funcionamento do SASB atendendo Saneamento e Drenagem.

Tabela 24: Relação dos impactos durante as enchentes e ciclones

Tipo Descrição População 1.Residência inundada ou sem acesso; 2.Água da drenagem contaminada impactando a população devido a

inundação; Ambiental 3. Impacto na qualidade da água dos sistemas de drenagem; Infraestrutura 4.Danos nas instalações administrativas do SASB; 5. Danos nos canais, comportas ou sistema elétrico;

6. Estragos na infraestrutura civil nas EEs, PBs e ETAR (exautores, telhados, janelas, portas, caixas, tubulações externas); 7. Avarias a infraestrutura elétrica/mecânica nas EEs, PBs e ETAR (equipamentos de remoção de lodo, lâmpadas, motores elétricos externos);

Logística 8.Falta de pessoal por estarem impactados pelo evento e falta de acesso ao trabalho;

9.Falta de transporte para pessoal para atuar na drenagem e/ou combustível;

10.Falta de equipamento para limpeza dos canais ou dificuldade de funcionamento;

11. Dificuldade de comunicação durante o evento; 12. Dificuldades com reposição de reserva de suprimentos para a ETAR; 13. Falta de comunicação com o prestador de energia elétrica para praticar o plano de contingência do sistema de esgotamento sanitário;

Operação e 14. Excesso de resíduo sólido na drenagem durante os eventos; 15. Excessos de resíduos no sistema de esgotamento sanitário;

Manutenção 16. Falta de energia, problemas com geradores das comportas, EEs e PBs;

17. Problemas mecânicos com o funcionamento das comportas; 18. Excesso de algas nas detenções; 19. Obstrução dos canais e comportas devido a resíduos devido aos

ciclones e tempestades, areia, entre outros; 20. Impacto na área costeira junto a Palmeira devido a erosão costeira

como obstrução, desestabilização da saída do escoamento ou obstrução com areia; 21. Inatividade de etapas de funcionamento da ETAR; 22. Ausência de material de emergência para configurações de tubulações de desvios provisórios em EEs e PBs.

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5.3.2 Saneamento

Analisando o impacto dentro dos componentes do sistema de Saneamento observa-se o seguinte:

Estações Elevatórias: Ambientalmente, as estações elevatórias operam com bombas submersíveis, portanto menos afetadas por inundações/alagamentos, visto que por característica, funcionam em meio ao efluente e sob um nível mínimo. Em uma situação de desastre natural com alagamento/inundação, existe a probabilidade de elevar os níveis máximos de projeto, contudo as bombas manteriam o funcionamento, a medida da disponibilidade de energia elétrica e ou gerador. Entretanto este último remete a um caminho crítico, visto que os PBs não possuem. Os quadros comando, estão protegidos da elevação das águas, ainda assim, pode ocorrer ocorrências por força maior, como a velocidade dos ventos dos ciclones que podem causar avarias.

Uma vulnerabilidade identificada é a dificuldade de fornecedor de manutenção das bombas, onde nas estações elevatórias as mesmas ocorrem em 2 pares, para que seja possível o atendimento de avarias em prazo estendido, para que não haja risco de uma segunda bomba avariar, sem que a primeira esteja consertada. A implicação de 2 pares por elevatórias, remetem a maior quantidade de equipamentos, portanto maior possibilidade de avarias. Na maior parte dos sistemas de saneamento, adequadamente atendidos pela manutenção, estes equipamentos ocorrem em 1 par, com exceção daqueles municípios com população flutuante em diferentes estações climáticas do ano, principalmente devido ao turismo.

Tubulações: Pela intrusão de águas externas ao sistema de esgotamento sanitário, ocorrem esgotos diluídos, assoreamento na rede e prejuízo aos microrganismos aeróbios e anaeróbios, que fazem a remoção das concentrações orgânicas e inorgânicas do esgoto na ETAR.

Em uma situação de maré alta, ou ocupação significativa da seção transversal das tubulações, as válvulas de maré não funcionam de forma adequada, ocorrendo a entrada de águas indesejáveis para dentro do sistema separador absoluto. Pela necessidade de renovação de 2/3 das redes, a tubulação antiga de concreto, possibilita o escape do esgoto bruto para o lençol freático, poluindo e contaminando, e ao mesmo tempo ocorrendo a infiltração para dentro do separador absoluto. Esta situação faz com que os PBs e EEs, funcionem em intervalos mais espaçados, elevando odores e tempos de detenção hidráulica do esgoto, superior ao recomendável nos poços das elevatórias.

Em AIAS (2019), é descrito necessidades de substituição ou reabilitação de tubulações de concreto com idade superior a 50 anos, com diâmetros entre 200 e 900 mm, pois ocorreu desde 2014, uma redução de 57% na vazão de esgoto de entrada na ETAR, situação devido a ataque químico ao concreto, vazamentos nas juntas, rachaduras, colapsos, em outros.

Quanto a reabilitação, considerando Shi et al. (2018, p. 443), é possível além do uso de resinas, com valor estimado em US$ 203/m, ou o uso de tecnologia em perfil de tiras de PVC rígido, empregadas internamente a tubulação em concreto para reabilitação, conhecido como SPR (Sewer Pipe Rehabilitation), onde em San Diego – EUA, em Sekisui (2020), obtiveram uma redução de custo com o emprego para tubulações entre 150 e 1000 mm, para 35% do valor de métodos convencionais e que também é usado na prevenção de terremotos, como mostrado na Figura 42, visto que Beira - MZ, de acordo com Schofield e Deprez (2019), possui 10% de chance de ocorrência deste evento com potencial de dano em 50 anos.

O custo em San Diego foi de US$ 497/m, mas que não gera menores impactos secundários em regiões densamente conturbadas. A substituição das redes de concreto danificadas também

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seriam uma opção, o valor seria de US$ 76/m (Shelter e Arcadis, 2019b). A reabilitação faria com que houvesse aumento no tempo de funcionamento das bombas das EEs e PBs;

Figura 42: Método de Renovação de Tubos de Esgoto (RTE) para diâmetros entre 250 e 1500 mm (adaptado de Takahashi, 2016)

Impacto de inundação sobre as instalações: Ainda que, ocorra população diretamente atingida pelas manchas de alagamentos e inundação sobrepostas com as sub-bacias hidrográficas, remetem que as EEs e PBs, não se encontram em zonas críticas, estando os PBs 01 a 06, próximos as áreas atingidas, igualmente a EE 04 e ETAR, embora ocorra prejuízo ao separador absoluto, pelo excesso de águas externas, originadas de precipitações intensas.

Epidemia/Pandemia: Em uma situação de pandemia, onde o efetivo de pessoal operacional, pode ser reduzido, mesmo praticando o revezamento entre equipes, somado a uma situação extrema de desastre natural, poderiam haver agravantes como impossibilidade de limpeza de latrinas, desobstrução de postos de bombagem, manutenção em válvulas de maré, perdas de tampões das caixas de visita por efeito de empuxo.

Um Plano de Pandemias poderia trazer detalhamento de níveis de alerta e ações; coordenação e responsabilidades dos membros da equipe; operações essenciais; posições críticas e funcionários mínimos; treinamento cruzado e trabalho alternativo; proteção a vida dos empregados (vacinas, equipamentos de proteção individual, higiene, desinfecção de áreas, restrição de viagens); cadeia de suprimentos; recursos humanos e questões contratuais; plano de comunicação; delegação de autoridade; preparação individual e da família; treinamento e preparação.

Equipamentos: Na estrutura de equipamentos, se observou alguns caminhões de lavagem em alta pressão e sucção, onde o SASB poderia dispor de pelo menos um contrato para emergências de limpezas de desobstruções.

Considerando a avaliação de riscos, dentro das medidas preventivas e de remediação propostas, entende-se que as de curto, médio ou longo prazos, estão alinhadas ao tempo de resposta possível que o SASB ou outro serviço, possuiria como capacidade. Seria vago e irreal atribuir dias, semanas ou meses, mas se trata totalmente real, utilizar como métrica de prioridade e possibilidade, o curto prazo sendo implementado antes do médio e este anterior ao longo prazo, definindo com isto, uma sequência de trabalho.

5.3.3 Drenagem

Os principais riscos relacionados com o sistema de drenagem durante inundações envolvem: funcionamento do sistema de comportas na saída para o Mar, obstrução do sistema de

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drenagem, manutenção dos sistemas de escoamentos de entrada e saída das detenções e contaminação do sistema de drenagem.

Funcionamento do sistema de comportas em Palmeiras: Este sistema é usado para evitar que a água do mar entre para o sistema de drenagem interno e aumenta o nível de inundação na cidade com maré alta (devido a stormsurge ou variação natural). Assim estas comportas necessitam estar em condições de serem operadas. Existe um mecanismo que depende de energia, que em eventos mais extremos pode ficar sem fornecimento. A segunda alternativa é o uso de geradores. Existe o risco do(s) gerador(es) estar(em) com problemas, como já aconteceu. Na terceira alternativa existe a operação manual, que necessita um número maior de pessoas para operar, mas pode ocorrer um cenário mais desafiador se a comporta apresentar mal funcionamento e trancar.

Este sistema necessita um planeamento de prevenção e remediação para que o risco de falta de funcionamento seja muito baixo, já que o prejuízo para a cidade de seu mal funcionamento será uma grande área inundada, impactando muitas pessoas.

Obstrução do sistema de Drenagem: Os canais de drenagem obstruídos aumentam as áreas inundadas pela cidade, se acordo com a obstrução. Esta drenagem pode ficar obstruída pelo seguinte: (a) resíduos sólidos lançados pela própria população nas ruas e áreas de drenagem; (b) colapso de trechos da drenagem; (c) resíduos devidos as tempestades e ciclones.

Além disso, existem problemas relacionados com os serviços de Operação e Manutenção que são: (a) falta de um serviço adequado de limpeza de ruas e áreas públicas; (b) falta de limpeza dos canais de drenagem; (c) falta de funcionamento de equipamentos de limpeza durante os eventos.

Detenções: Os reservatórios de detenção são utilizados para receber o escoamento excedente da drenagem que não consegue escoar para o mar, evitando a inundação na cidade. Fluxo retido e escoado nesta detenção não pode ficar obstruído durante os eventos, pois a consequência é direta de inundar as áreas limítrofes aos canais. Seus sistemas de funcionamento de entrada e saída não podem ficar obstruídos.

Qualidade da água do sistema de drenagem: No início do período de enchente a rede de drenagem fica poluída pela lavagem das superfícies contaminadas e pelo esgoto que possa escoar para a drenagem. Esta contaminação preferencialmente deve ficar retida nas detenções para reduzir o seu impacto.

Quando a rede de drenagem possui muita carga de nutrientes de contaminação podem aparecer muitas algas, principalmente nos reservatórios. É importante a retirada das algas para evitar contaminação e obstrução do escoamento.

5.4. MEDIDAS PREVENTIVAS

Um Plano de Continuidade de Negócios deve conter todos os Planos e Projetos para a manutenção dos serviços na cidade de Beira. No diagnóstico do SASB foram identificados os riscos relacionados com eventos críticos, onde se verificaram várias vulnerabilidades que estão relacionadas com as suas condições de operação regular e vulnerabilidade a eventos críticos. As medidas preventivas previstas para minimizar estas vulnerabilidades são abordadas dentro destes níveis:

Condições Operacionais Normais: Existem várias vulnerabilidades relacionadas com a sustentabilidade econômica do SASB, organização, gestão de due diligence e a falta de cobertura dos serviços na cidade e a inexistência de uma drenagem que atenda

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condições de risco de projeto adequada. Estas vulnerabilidades estruturais são resolvidas ao longo do tempo por Planos e Projetos necessários para o SASB atender dentro da normalidade os serviços de Saneamento e Drenagem em Beira. Neste documento são apresentadas as recomendações sobre estes Planos e Projetos, mas não fazem parte desta atividade e entram como recomendações (ver capítulo 6 de conclusões de recomendações);

Condições de Emergência: se refere ao Plano de Contingência para atuar sobre os eventos de risco de desastres na cidade de Beira quanto a manutenção dos serviços de Saneamento e drenagem e seus impactos. No item anterior foram identificados os principais eventos críticos e os problemas específicos que podem ocorrer durante estes eventos. Este capítulo apresenta as medidas preventivas para reduzir a vulnerabilidade a estes cenários.

Neste item são apresentadas as medidas preventivas para atuar sobre os eventos críticos dentro de um Plano de Contingência, que são as seguintes:

P.1 Gestão do PCN – A implementação do Plano de Continuidade de Negócios necessita de uma organização mínima por parte de uma comissão e um presidente da comissão que coordena os trabalhos, de outros profissionais que podem incluir entidades locais como CMB e se possível nacionais. Esta atividade implementa a organização e consolida o PCN, as atribuições e o desenvolvimento do Plano de Implementação;

P.2 Recuperação das condições do SASB para atender emergência. Esta ação trata de colocar condições mínimas de atendimento do evento crítico em termos de pessoal, equipamentos e outros recursos;

P.3 Sistema de Alerta – O sistema de alerta envolve o desenvolvimento de procedimentos para acompanhamento dos eventos críticos hidrológicos/climáticos que colocam a cidade em risco e o alerta da população e interno ao SASB para a mobilização de recursos humanos para a chegada das inundações/tempestades e ciclones;

P.4 Mapeamento das áreas de risco: é necessário conhecer em detalhe as áreas que inundam, enquanto os Planos e Projetos não estiverem concluídos. O mapa de inundação, que pode estar disponível pelo INGC e INAM, é uma forma de entender dentro da cidade quais as áreas de risco para o cenário atual, em função das precipitações. Este é um instrumento de gestão do risco durante o evento. Com base na magnitude da precipitação estimada no sistema de alerta é possível saber as áreas que necessitarão apoio e alerta durante o evento.

P.5 Operação e Manutenção preventiva: programa de ação a ser desenvolvido no início do período chuvoso e de tempestades e ciclones com relação aos sistemas de saneamento e drenagem. Também envolvem os protocolos de alerta antes e durante os eventos;

P.6 Preparação Logística: são ações de revisão de preparação da equipe, funcionamento dos equipamentos, compra de combustíveis, recursos necessários para atender a comunidade e reduzir os impactos sociais. Esta preparação logística também envolve a obtenção de recursos para desenvolvimento das ações durante o período de risco. Esta ação geralmente é desenvolvida pelo INGC, mas o SASB deve estar em coordenação com ele, considerando que o sistema de drenagem está relacionado diretamente com as

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inundações. Neste caso, é necessário definir dentro da municipalidade a abrangência de apoio a comunidade.

P.7 Fluxograma e Treinamento: com o desenvolvimento do sistema de alerta, mapas, medidas preventivas de operação e manutenção preventiva e preparação logística, será necessário a atualização das etapas que foram previstas neste documento e o treinamento da equipe no uso destes elementos de forma integrada durante os eventos.

A seguir são definidas atividades a serem desenvolvidas dentro do Plano de Implementação do PCN. As metas foram definidas para serem atingidas dentro de um prazo. Entende-se como curto prazo: as atividades a serem desenvolvidas em até 1 ano; médio e longo prazo em até 2 anos

5.4.1.1 Gestão do PCN (P.1)

Objetivo: Recomenda-se que o SASB crie uma comissão com no mínimo quatro profissionais do SASB, um de cada departamento, com a designação de um presidente da comissão pelo diretor do SASB, que coordenará as atividades, podendo incluir membros do CMB e de instituições nacionais para um máximo de 7 pessoas na comissão. O objetivo remete também a comissão revisar e aprovar o Plano. Esta comissão fica responsável pelo seguinte:

Procedimentos de condição mínima:

(a) Avaliar a proposta do PCN desenvolvida neste estudo;

(b) Apresentar propostas de atualizações que se fizerem necessárias e colocar em discussão para a equipe do SASB e depois em audiência pública com a comunidade por meio de seus representantes. Estas discussões serão realizadas por reuniões técnicas buscando obter uma versão PCN para sua implementação;

(c) Apresentar a proposta do Plano para o CMB e receber suas recomendações, depois deste processo será obtida uma versão para desenvolvimento das atividades.

(d) Implantar a organização para atuar sobre os eventos e Plano de Comunicação e completar o fluxograma das etapas a serem seguidas durante os eventos (ver item 5.6);

(e) Praticar o Plano de Implementação do PCN;

(f) Acompanhar e monitorar as ações durante os eventos, avaliando o desempenho do plano de contingência e revisando onde for necessário.

Procedimentos de condição ótima:

(a) Colocar em discussão com equipe do SASB e representantes de outros atores que desempenham papel no saneamento e drenagem, MOPHRH, INGC, FIPAG, EDM, INAM, AURA, AIAS, ARA-Centro e CMB, com a criação de um comitê. Estas discussões serão realizadas por reuniões técnicas buscando obter uma versão atualizada do PCN;

(b) Apresentar a proposta do Plano para o CMB e receber suas recomendações, depois deste processo será obtida uma versão para desenvolvimento das atividades.

(c) Implantar a organização para atuar sobre os eventos e Plano de Comunicação e completar o fluxograma das etapas a serem seguidas durante os eventos (ver item 5.6);

(d) Praticar o Plano de Implementação do PCN;

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(e) Acompanhar e monitorar as ações durante os eventos, avaliando o desempenho do plano de contingência e revisando onde for necessário.

Meta e prazo: Criar a comissão em até 1 mês, desenvolver a avaliação e aprovação junto ao CMB em até 3 meses.

5.4.2 Recuperação do SASB (P.2)

Devido as dificuldades econômicas e estruturais do SASB, para atender os serviços regulares de saneamento e drenagem de Beira, é necessário desenvolver uma atividade anterior para criar um mínimo de capacidade para a entidade atuar sobre os eventos críticos.

Objetivo: O SASB necessita ter condições mínimas de espaço, gestão e equipamentos para atender a emergência. Esta atividade envolve revisar as condições atuais existente no SASB e verificar as necessidades e estabelecer em curto prazo as condições mínimas estruturais para atuar em emergência17. Com a experiência dos eventos recentes do pessoal do SASB com eventos críticos, deve-se fazer um questionário dentro do SASB de quais são as necessidades mínimas quanto a:

Procedimentos de condição mínima

(a) espaço situação despondo de mesa e computador conectado a Wi-Fi e 4G. O espaço situação é onde se tomam as decisões durante o evento;

(b) equipamentos e recursos mínimos para serem usados durante a emergência: pessoal com designação prévia de suas funções, com previsão substituição; geradores, veículos de transporte, equipamento para remoção de resíduos de diferentes tamanhos, combustível e equipamento de comunicação na sala de situação e móvel;

(c) Equipamento de informática para a sala de situação, com programas que permitam inserir informações espaciais sobre as condições da cidade, obter previsões meteorológicas dos centros internacionais e do país;

Procedimentos de condição ótima

(a) espaço seguro para a gestão e uma sala de situação. A sala de situação é onde se tomam as decisões durante o evento;

(b) espaço público que possa ser usado durante a enchente para abrigar pessoas que tem sua casa inundada ou sem acesso. Esta pode ser uma responsabilidade do INGC a ser discutido com o CMB de acordo com os recursos;

(c) equipamentos e recursos mínimos para serem usados durante a emergência: pessoal com designação prévia de suas funções, com previsão substituição; geradores, veículos de transporte, equipamento para remoção de resíduos de diferentes tamanhos, combustível e equipamento de comunicação na sala de situação e móvel;

(e) Equipamento de informática para a sala de situação, com programas que permitam inserir informações espaciais sobre as condições da cidade, obter previsões meteorológicas dos centros internacionais e do país;

(d) Seria conveniente a compra de drones (ou doação) para acompanhamento espacial das áreas afetadas e verificar as obstruções da drenagem com treinamento do uso. Esta pode ser uma demanda para doação internacional;

17 Devem ter em conta outras instituições governamentais para alcance do resultado, talvez o redirecionamento para o sector de saneamento de uma forma específica.

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Meta e Prazo: O desenvolvimento da atividade com o responsável e estimativa de custo deve ser preparado em três meses. Obter pelo menos 50% das necessidades dentro de 6 meses e o restante em até um ano.

5.4.3 Sistema de Alerta (P.3)

O sistema alerta envolve pelo menos o monitoramento das informações, um centro para recebimento das informações e processamento, chamado aqui de espaço situação ou sala de situação, mecanismo de comunicação com a população e o INGC e gestão de prevenção dos serviços do SASB. Tanto para o saneamento, quanto para a drenagem, o sistema de alerta está ligado as condições meteorológicas, sendo que para ambos, há as especificidades de prevenção no item 5.4.5 de operação e manutenção preventiva (P5).

Objetivo: Avaliar o evento com antecedência e usar esta informação para reduzir os impactos sobre os serviços e a população de Beira, minimizando os impactos. O sistema de alerta para o SASB necessita pelo menos o seguinte:

Procedimentos de condição mínima

(a) Como o SASB dispõe de limitação de recursos para a aquisição de equipamentos descritos posteriormente na condição ótima, para o procedimento de condição mínima, a utilização de um rádio é a recomendação para se iniciar o sistema de alerta para os demais rádios dispostos para as unidades de saneamento e drenagem.

(b) desenvolvimento de um protocolo de alerta com base nas informações que ficam disponíveis em função das ameaças. Geralmente, estes protocolos possuem vários níveis. Inicialmente são propostos os seguintes, que devem ser examinados e atualizados de acordo com a experiência passada e futura:

nível 1: Acompanhamento do tempo e clima e das variáveis previstas de precipitação e velocidade do vento ao longo do tempo. Este é o cenário de situação regular;

nível 4: Alerta 1 - Ameaça real, o evento está para ocorrer e deve ser superior a 10 anos de tempo de retorno, uma tempestade ou ciclone. Neste caso, a equipe deve estar a postos para atuar e se deslocar para os locais previsto para os subsistemas. Deve-se revisar todos os equipamentos de logísticas e identificação de pessoal.

Neste nível de alerta, a equipe deve-se preparar para a Remediação durante o evento, descrita mais abaixo.

Atualizar os mapas de inundação e áreas impactadas devido ao evento e comunicar o INGC.

nível 5: Alerta 2 – Iminente - O evento está dentro de 2 a 3 h com nível de risco superior a 10 anos. Toda a equipe deve estar preparada e revisados equipamentos, transporte, combustível etc.

Procedimentos de condição ótima

(a) uma sala com instalações, chamada de sala de situação, onde exista um computador com configuração tradicional e pelo menos duas telas, uma com mais de 70 polegadas para visualização em conjunto e discussão. O sistema deve reunir informações disponíveis no país e de centros de meteorologia e clima em tempo real em nível mundial com previsão de ventos e precipitação para Beira;

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(b) desenvolvimento de um protocolo de alerta com base nas informações que ficam disponíveis em função das ameaças. Geralmente, estes protocolos possuem vários níveis. Inicialmente são propostos os seguintes, que devem ser examinados e atualizados de acordo com a experiência passada e futura:

nível 1: Acompanhamento do tempo e clima e das variáveis previstas de precipitação e velocidade do vento ao longo do tempo. Este é o cenário de situação regular;

nível 2: Alerta 1 acompanhamento de evento– Este nível envolve apenas a ocorrência de um evento, sem uma magnitude definida. Quando está previsto um evento de precipitação, tempestade ou ciclone para Beira, é acionado o nível de inicial de alerta. A entidade entra em fase de acompanhamento frequente e a equipe que atua nos eventos é avisada, mas não é mobilizada;

nível 3: Alerta 2 – Ameaça – está sendo formado um evento que tem um risco igual ou superior a 5 anos de enchente e/ou depressões. A equipe do SASB é colocada em nível de alerta para atuar.

Neste nível de risco deve-se acionar as medidas preventivas de Operação e Manutenção e logística que podem ser executadas antes do evento quanto as instalações e os sistema de saneamento e drenagem;

Utilizar os mapas de inundações da magnitude prevista e avaliar as áreas mais prováveis de serem atingidas e avisar o INGC. De acordo com o risco previsto são identificadas as áreas mais vulneráveis as inundações e tempestades/ciclones, avaliando-se os apoios a serem fornecidos para a população destas áreas;

nível 4: Alerta 3 - Ameaça real, o evento está para ocorrer e deve ser superior a 10 anos de tempo de retorno, uma tempestade ou ciclone. Neste caso, a equipe deve estar a postos para atuar e se deslocar para os locais previsto para os subsistemas. Deve-se revisar todos os equipamentos de logísticas e identificação de pessoal.

Neste nível de alerta, a equipe deve-se preparar para a Remediação durante o evento, descrita mais abaixo.

Atualizar os mapas de inundação e áreas impactadas devido ao evento e comunicar o INGC.

nível 5: Alerta 4 – Iminente - O evento está dentro de 2 a 3 h com nível de risco superior a 10 anos. Toda a equipe deve estar preparada e revisados equipamentos, transporte, combustível etc.

Meta e Prazo: A curto prazo (três meses) será necessário disponibilizar o espaço situação ou a sala de situação com um computador com acesso de previsões de tempo e clima para a cidade de Beira. Estabelecer e revisar os protocolos com base na situação dos últimos eventos.

Num prazo de seis meses atualizar o sistema e a facilidade de observação das informações disponíveis e os protocolos. O comité deverá designar uma pessoa para gerenciar a emergência, quando ocorrer, preparar os protocolos de alerta e designar equipe mínima para atuação nas diferentes fases (ver item 5.6).

Revisar os procedimentos após a ocorrência de eventos com avaliação do desempenho e resultados das ações.

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5.4.4 Mapeamento das áreas de risco (P.4)

As áreas de risco são de inundações na cidade em função das precipitações na cidade e os impactos das tempestades e ciclones. No primeiro caso, os locais são definidos em função da intensidade da precipitação. Como os riscos de tempestades podem ser espacialmente aleatórios ou podem ter uma frequência espacial maior. No primeiro caso é possível espacializar os impactos com uso de um modelo hidrológico como os usados nos projetos em desenvolvimento na cidade. No caso das tempestades e ciclones, isto pode ser observado com o uso de modelos meteorológicos para avaliar a tendência de entrada destes fenômenos na área. Pode-se concluir que são totalmente aleatórios. No caso de existirem tendências espaciais predominantes, deve-se procurar desenvolver um zoneamento destas áreas e preparar o alerta para as pessoas que vivem na área.

Objetivos - Mapeamento das áreas de inundação da cidade de Beira em função da precipitação para diferentes tempos de retorno.

Procedimentos de condição mínima:

(a)Identificar em estudos anteriores mapas de inundações disponíveis em função da precipitação, principalmente nos estudos do Master Plan e nos de projeto das fases de melhoria da drenagem em curso;

(b) usar a experiência dos profissionais do SASB para mapear os locais de inundação dentro da cidade. Nesta fase deve-se marcar nos mapas os locais que frequentemente inundam;

Procedimentos de condição ótima:

(a)Identificar em estudos anteriores mapas de inundações disponíveis em função da precipitação, principalmente nos estudos do Master Plan e nos de projeto das fases de melhoria da drenagem em curso;

(b) usar a experiência dos profissionais do SASB para mapear os locais de inundação dentro da cidade. Nesta fase deve-se marcar nos mapas os locais que frequentemente inundam;

(c) Para cada área ou local entrevistar as pessoas da área que moram a mais tempo que possam melhor delimitar a área atingida, a frequência e a duração da inundação.

(c) Consolidar o mapa e atualizá-lo sempre que houver mais informações.

(d) Obter o mapa de 10 anos de tempo de retorno de estudos anteriores como Master Plan e atualizado com as novas obras. Com base na chuva de 10 anos, sabe-se para estas condições as áreas alagadas para este tipo de evento. Este tipo de mapa deve ser atualizado assim que novas obras forem concluídas18.

(e) Para a cheia de 100 anos provavelmente não existe mapa e pode-se incluir nos termos de referência dos estudos futuros obtenção do mapa que identifica o risco de inundações de grande magnitude considerando ou não as obras futuras.

Metas e prazo: A meta é obter um mapa de inundações frequentes que oriente os locais de risco de inundações em três meses (curto prazo). Obter ou preparar o mapa de 10 anos em até 1 ano e o de 100 anos em médio prazo.

18 Recomenda-se incluir no termo de referência das empresas ainda a serem contratadas os mapas de tempos de retorno dos eventos previstos.

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5.4.5 Operação e Manutenção Preventiva (P.5)

As atividades de operação e manutenção preventiva se referem aos dois subsistemas de Saneamento e Drenagem. Estas atividades envolvem a preparação para um ou mais eventos, minimizando a necessidade de ações durante os eventos.

Objetivo: Desenvolver as atividades necessárias para preparar os sistemas de Saneamento e Drenagem para os eventos críticos.

Procedimentos: Os procedimentos a seguir são realizados antes do período chuvoso e antes de cada evento previsto. As verificações são semelhantes, mas a preparação antes do período chuvoso é mais detalhada, pois existe mais tempo. Recomenda-se estabelecer um check-list para ser usado nos dois cenários abaixo. Também deve-se desenvolver um treinamento com verificação dos resultados.

(a) Preparação antes do período chuvoso. No mês anterior ao período chuvoso programar uma revisão completa da capacidade de funcionamento dos subsistemas, com destaque para o seguinte:

Condições de funcionamento da sala de situação, pessoal e equipamentos;

Recursos econômicos para ações de emergência;

Procedimentos de condição mínima

Sistema de drenagem

Limpeza dos canais e das ruas com relação todo o tipo de material sólido;

Limpeza de todos os canais, reservatórios, vertedores etc., retirando todas as obstruções existentes;

Testar o funcionamento das comportas, geradores, instalações elétricas em geral;

Revisar os veículos, equipamentos de uso para limpeza de canais e outros;

Sistema de Saneamento

Confirmação de prioridades entre EDM e SASB para restabelecimento de energia elétrica;

Testagem dos grupos geradores;

Limpeza do gradeamento em EEs e PBs;

Testar os grupos motor-bomba reservas de EEs e PBs;

Procedimentos de condição ótima

Sistema de drenagem

Limpeza dos canais e das ruas com relação todo o tipo de material sólido;

Limpeza de todos os canais, reservatórios, vertedores etc., retirando todas as obstruções existentes;

Testar o funcionamento das comportas, geradores, instalações elétricas em geral;

Revisar os veículos, equipamentos de uso para limpeza de canais e outros;

Avaliar e recuperar se necessários os recursos relacionados com pessoal, combustível e material de trabalho da equipe;

Avaliar as condições de escoamento de todo o sistema de drenagem.

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Sistema de Saneamento

Limpeza programada de fossas e latrinas;

Confirmação de prioridades entre EDM e SASB para restabelecimento de energia elétrica;

Testagem dos grupos geradores;

Limpeza do gradeamento em EEs e PBs;

Verificar a disponibilidade na ETAR de insumos para a desinfecção que atenda o tempo de desastre derivado de período chuvoso;

Verificar a limpeza e disponibilidade dos extravasores;

Testar os grupos motor-bomba reservas de EEs e PBs;

Postergar ao máximo o descarte dos lodos do reator UASB no período chuvoso e quando necessário, remover no máximo em 50% da zona de digestão;

Verificar o funcionamento adequado de ventosas e registros de descarga nas linhas de recalque;

Realizar o expurgo de linhas de recalque para remoção de areias;

Realizar limpeza nos trechos de redes coletoras crônicos de obstrução;

Certificar-se do período de vencimento do contrato de manutenção de bombas;

Na ETAR, uma minimização do caminho crítico, seria a adoção de um by-pass entre o tratamento preliminar e a câmara de carga, oportunizando um elemento de manobra que independa do reator UASB, conforme figura 43.

(b) Preparação antes de eventos críticos: A previsão meteorológica pode permitir um alerta de chegada de condições críticas de precipitação e ventos que levem a uma emergência. Nestas condições deve-se seguir um protocolo de preparação para o evento com o seguinte:

acionar o protocolo de atenção nível 2 para o acompanhamento do evento. Neste caso a frequência de acompanhamento do evento estabelecida é obedecida;

verificar o funcionamento dos equipamentos da sala de situação: energia, computadores, geradores, proteção contra ventos, entre outros necessários;

Estabelecer escala de funcionários com reserva para o funcionamento do alerta na sala de situação.

Procedimentos de condição mínima

Sistema de drenagem

Limpeza das ruas, calçadas e sistema de drenagem para evitar potencial obstrução;

Verificação das condições de escoamento dos canais, volume do reservatório e operacionalidade de comportas e vertedores;

Testar o funcionamento de equipamentos como sistema elétrico, geradores, equipamento usados em manutenção e veículos.

Sistema de Saneamento

Confirmação de prioridades entre EDM e SASB para restabelecimento de energia elétrica;

Testagem dos grupos geradores.

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Figura 43: Etapas do tratamento do esgoto sanitário na ETE de Beira, com proposta de prevenção por meio de by-pass entre o pré-tratamento e a câmara de carga (adaptado de Móron, 2104 e Jane, 2017)

Procedimentos de condição ótima

Sistema de drenagem

Limpeza das ruas, calçadas e sistema de drenagem para evitar potencial obstrução;

Verificação das condições de escoamento dos canais, volume do reservatório e operacionalidade de comportas e vertedores;

Testar o funcionamento de equipamentos como sistema elétrico, geradores, equipamento usados em manutenção e veículos.

Disponibilidade de recursos para os equipamentos como combustível e outros;

Avaliar as condições de escoamento do sistema de drenagem.

Sistema de Saneamento

Confirmação de prioridades entre EDM e SASB para restabelecimento de energia elétrica;

Testar o by-pass de isolamento dos Filtros Biológicos Percoladores;

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Verificar a disponibilidade na ETAR de insumos para a desinfecção que atenda o possível tempo entre o início e o fim da anormalidade crítica pós-desastre;

Testagem dos grupos geradores.

Metas e Prazo- Preparar os procedimentos de preparação dentro de três meses e/ou preferencialmente antes do próximo período chuvoso. Desenvolver uma avaliação no próximo período chuvoso de 2020/2021 e consolidar os procedimentos em curto prazo.

5.4.6 Preparação Logística para atendimento da comunidade (P.6)

A preparação logística para atendimento da comunidade envolve: a equipe para dar suporte para a comunidade, recursos, espaço para abrigar a população mais afetada, recursos de apoio. Esta é uma atividade de preparação para apoio da comunidade. Estas atividades são principalmente desenvolvidas pelo INGC da municipalidade, portanto deve-se avaliar a abrangência deste apoio ou a coordenação com o INGC quanto ao seguinte:

Alerta da chegada do evento e sua abrangência em função das informações disponíveis;

Quantificar a população atingida em função do mapa de inundação;

Estimativa da população a ser assistida durante o evento, duração necessária e sua vulnerabilidade.

Objetivo: Preparar uma avaliação da população atingida de acordo com os mapas de inundação e cenários de risco e identificar a demanda de recursos necessários para apoiar a comunidade.

Procedimentos de condição mínima:

(a) Relacionar os mapas de inundação e a população que ocupam as áreas a serem atingidas, buscando identificar a acessibilidade para as residências e a lâmina de água nas residências;

(b) Estimar a população atingida que necessita de apoio de acordo com o impacto e duração do evento;

(c) Preparar um cadastro de informações de apoio das redes de drenagem, de saneamento e os mapas de vulnerabilidade da população e do sistema.

Procedimentos de condição ótima:

(a) Relacionar os mapas de inundação e a população que ocupam as áreas a serem atingidas, buscando identificar a acessibilidade para as residências e a lâmina de água nas residências;

(b) Estimar a população atingida que necessita de apoio de acordo com o impacto e duração do evento;

(c) Preparar um cadastro de informações de apoio das redes de drenagem, de saneamento e os mapas de vulnerabilidade da população e do sistema.

(d) Preparar um Plano de apoio a população de acordo com a magnitude das enchentes como destacados nos itens anteriores.

Metas e prazo: Desenvolver os itens (a) e (b) em curto prazo (um ano) e o item (c) e (d) em médio prazo (2 anos).

5.4.7 Fluxograma e Treinamento (P.7)

Este conteúdo envolve complementações a este documento na medida que as outras atividades preventivas forem desenvolvidas e após cada evento.

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Objetivo: Revisar o fluxograma e o treinamento na medida que as atividades preventivas anteriores foram atualizadas e ajustar as etapas de atuação durante os eventos.

Procedimentos de condição mínima:

Revisar os procedimentos elaborados neste documento e complementar quando necessário, de acordo com novas informações e com os estudos desenvolvidos no Plano de Implementação.

Procedimentos de condição ótima:

Revisar os procedimentos elaborados neste documento no máximo a cada 2 anos e complementar quando necessário, de acordo com novas informações e com os estudos desenvolvidos no Plano de Implementação.

Metas e Prazo: A meta é manter o fluxograma e o treinamento da equipe atualizado para atuar nos eventos. O prazo deve ser de pelo menos em três mês após cada evento e dentro do Plano de Implementação nos seus últimos 2 meses.

5.6. MEDIDAS DE REMEDIAÇÃO

As medidas de remediação são adotadas durante e após a ocorrência do evento. Muitas destas medidas estão diretamente relacionadas com as medidas de prevenção, já que os impactos devem ocorrer sobre os mesmos sistemas.

As ações de remediação envolvem a etapa durante o evento e pós-evento. Na fase durante o evento o objetivo principal é de manter em funcionamento os serviços ou recuperá-los dentro de um prazo curto de tempo e apoiar o INGC quanto a remediar o impacto na população. Na fase pós evento, deve-se atuar buscando identificação dos impactos nos serviços, estabelecer as ações de recuperação do funcionamento dos mesmos e consolidar as informações para atualizar o Plano de Contingência para este tipo de evento.

Para cada um dos setores de funcionamento dos subsistemas é necessário identificar o máximo tolerável tempo de interrupção (RTO – Recovery Time Operational). Este tempo deve ser dimensionado para que as ações de recuperação devam ser preparadas para cada setor do sistema.

5.6.1 Durante o evento

A sala de situação acompanha o evento, com a previsão e desenvolvimento da sua ocorrência e o funcionamento dos serviços. Esta sala deve ter condições de monitorar o funcionamento dos principais componentes dos serviços de saneamento e drenagem durante o evento crítico. A seguir são destacadas as atividades de acompanhamento dos serviços de saneamento e drenagem. As atividades de remediação devem ser preparadas antecipadamente, para que seja possível o acompanhamento dos eventos e as remediações sejam efetivas. As ações de remediação durante o evento são destacadas a seguir de acordo com o subsistema.

R.1 Acompanhamento do funcionamento do Saneamento

Objetivo: Manter em funcionamento o sistema de saneamento de Beira com o mínimo de interrupção durante eventos de enchentes/ciclones.

Procedimentos: Durante o acontecimento do evento de calamidade, em um prazo imediato e em tempo real para a menor interrupção possível.

Alinhamento de contingência com o prestador de energia elétrica;

Reabilitação temporária da ETAR com primeira etapa;

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Disponibilidade dos geradores nas EEs e PBs.

Alinhamento de contingência com o prestador de energia elétrica: O SASB deve acionar o prestador de energia elétrica (Eletricidade de Moçambique, E.P.), para que, a partir de um plano de ação, articulado em conjunto com o CMB, estabelecer um alinhamento de contingência para o restabelecimento com maior brevidade de locais críticos, cita-se a bacia do PB 04 e seus sistemas de jusante, visto a presença de unidade de saúde. O acionamento de contingência deve ser em até 2 horas e as medidas da EDM em até 6 horas.

Reabilitação temporária da ETAR com primeira etapa: Para a estação de tratamento de esgoto, há possíveis combinações para uma reabilitação temporária de emergência, em caso de danos as instalações por desastres naturais.

Na figura 44, ocorre a priorização inicial, com o restabelecimento por meio sedimentação + desinfecção;

No fluxograma da ETAR da Beira, considerando a primeira etapa de reabilitação, a sedimentação poderia ocorrer no Reator UASB, com a aplicação da desinfecção na mesma unidade.

Figura 44: Em destaque o decaimento da DBO do esgoto tratado, em função da primeira etapa de reabilitação (adaptado de MILT, 2005 apud Hamada 2015)

Quanto mais fases de tratamento, maior é a eficiência do processo, com o decréscimo da DBO do esgoto tratado. Prioritariamente, um eventual dano a ETAR, o primeiro restabelecimento deve ocorrer no UASB. Inicialmente, com sedimentação + desinfecção, utilizando by-pass se necessário, o tempo máximo transcorrido deve ser de 3 horas.

Disponibilidade dos geradores nas EEs e PBs: Acompanhar as elevatórias e seus sistemas de bombeamento e geradores fixos inoperantes e preparar a disposição de gerador móvel para atender EEs e PBs prioritários para minimizar o dano.

Durante o evento e nas horas que se sucedem, as ruas são intrafegáveis;

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Deve-se dispor de pessoal para o atendimento da necessidade;

Para que estas condições sejam resolvidas durante o evento, é necessário que a operação das elevatórias esteja ligada a um supervisório, ou sistema de comunicação adequado com a sala de situação.

O tempo máximo de recuperação do funcionamento das EEs e PBs durante o evento, deve ser mínimo para evitar o agravamento por emissão de esgoto bruto pelos extravasores. Durante o ciclo de maré, se a interrupção ocorrer, haverá diluição do esgoto, transbordamento e contato físico com a população, podendo ocorrer surtos epidêmicos e doenças de veiculação hídricas. Portanto, o tempo de inoperação não deve passar de 24 horas para sistemas de bombeamento hierarquizados, como o PB 04, em bacia que está sujeita uma unidade de saúde.

Metas e Prazo: A meta é reduzir o risco de funcionamento do sistema operacional de saneamento, com preparação e simulação pelo SASB em 4 meses.

R.2 Acompanhamento do funcionamento da Drenagem

Objetivo: Manter em funcionamento o sistema de drenagem de Beira com o mínimo de interrupção durante eventos de enchentes/ciclones e outras interrupções.

Procedimentos: As atividades para manter em funcionamento se baseiam nos principais gargalos do sistema que são:

Operação das comportas no sistema Palmeira e do rio Chiveve e suas instalações;

Entrada e saída de escoamento do reservatório;

Obstrução dos canais abertos;

Obstrução na entrada nos condutos fechados.

Operação das comportas no sistema Palmeira. Estas comportas necessitam operar para evitar grande inundação dentro da área da fase 1 do projeto de drenagem em Beira. Uma falha destas comportas, seja mantida aberta ou fechada, acarretam grande inundação em Beira. Os problemas que podem ocorrer são:

Ação de terceiros - ato comissivo ou omissivo provocado pela conduta de agente externo, que não guarde conexão com a exploração da atividade desenvolvida pela prestadora do serviço e que não apresente qualquer possibilidade de controle por parte desta, tais como furtos de cabos, vandalismo, estes anteriormente citados controlados pelas inspeções rotineiras. Quanto aos desabastecimentos de energia elétrica (EDM), o gerador deve ter sido testado e estar em condições de operar ou como segunda alternativa um gerador adicional, que também deve ser testado antes do período chuvoso. A terceira opção para a falta de energia elétrica seria a operação manual;

No caso da operação manual é necessário um número adequado de pessoal, que deve estar preparado e com conhecimento para operação junto a comporta, não podem existir material sólido que dificulte a operação.

Caso ocorra a combinação desfavorável de todos estes cenários o SASB deve estar preparado com um equipamento para apoiar para remoção do material sólido.

Para que estas condições sejam resolvidas durante o evento, é necessário que o local de operação das comportas tenha um sistema de comunicação adequado com o espaço ou sala de

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situação, que independa do sistema de telefonia tradicional19, com câmeras localizadas junto aos locais que podem produzir obstrução. Se poderia utilizar o sistema de rádio que foi adquirido pata todas as comportas, porém que tiveram dificuldade com o uso das frequências.

O tempo máximo de recuperação do funcionamento das comportas durante o evento deve ser mínimo para evitar o agravamento das inundações, portanto devem ter priorização na preparação no evento de emergência. Durante o ciclo de maré, se a interrupção ocorrer quando a maré está alta, com a comporta aberta o aumento das inundações será significativo se for no período de vazões máximas. Portanto, o tempo de comportas sem mobilidade não pode passar de 6 horas e deve ter uma meta de no máximo 3 horas, com prioridade das ações para as comportas mais críticas de Palmeira e Maraza.

Entrada e saída de escoamento do reservatório (bacia de retenção da Maraza) - O reservatório é usado para receber o excedente de água enquanto os níveis de maré são alto, além da vazão superior a capacidade dos canais. Este reservatório deve funcionar de forma adequada durante estes períodos e nenhuma obstrução pode prejudicar a entrada e saída de volume de água deste reservatório. Junto ao sistema de entrada e saída de escoamento devem ser posicionadas câmeras que permita acompanhar o seu funcionamento e o SASB possa intervir se houver potencial e real risco de obstrução.

Neste cenário o fluxo de entrada e saída do reservatório não pode ficar obstruído, porque o sistema ficaria sem área de amortecimento para o excedente de volume de água. Portanto, neste caso o sistema não pode ficar obstruído por mais de 3 horas e deve estar totalmente recuperado em pelo menos 6 horas.

Obstrução de Canais abertos – O acompanhamento principal deve ocorrer sobre os principais canais que escoam a vazão para o mar. Os canais como Ao, A1 e A2 devem se manter desobstruídos durante os eventos e é conveniente verificar a disponibilidade de câmera e a viabilização de inspeções durante o evento, dentro das possibilidade e fora de risco para o pessoal. Para isto, alguns equipamentos de desobstruções devem ser mantidos de forma estratégica em locais próximos de onde se observou grandes obstruções nos eventos anteriores.

A obstrução dos canais pode ocorrer em trechos onde existem menor ou maior quantidade de fluxo. Os principais eixos que relacionam o escoamento de saída nas Palmeiras e o reservatório são os mais importantes. Estes trechos devem ter o mínimo de obstrução para permitir o uso da reservação e evitar a inundação. O nível de obstrução pode ser pequeno, mas quando a obstrução reduz em mais de 50% a vazão não pode ficar obstruído por mais do que 6 horas.

Obstrução da entrada de condutos – Normalmente durante enchentes intensas existe a tendência de obstrução de bueiros com material sólido, fazendo com a área vizinha inunde. Os serviços de drenagem da cidade devem mapear com antecedência estes locais para que durante os eventos de inundações isso sejam limpos durante o evento, evitando maior impacto.

Estas condições representam efeitos localizados e deve-se procurar ter uma equipe para apoio e limpeza de bueiros durante os eventos, visando a evitar a inundação localizada. Este tempo de recuperação pode ser mais elástico, mas deve-se procurar evitar que as áreas fiquem inundadas por mais de 12 horas.

19 O PCMC comprou rádios para todas as comportas, deve-se verificar as condições de funcionamento.

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Meta e Prazo – A meta é reduzir o risco de funcionamento do sistema operacional da drenagem, produzindo inundações superiores que a de projeto. Preparação e simulação destes processos dentro de 4 meses e preparação permanente antes e durante os eventos

R.3 Acompanhamento das áreas impactadas

Objetivo: identificar as áreas impactadas durante a ocorrência dos eventos, reportando a sala de situação, que consolida as informações e apoia o INGC.

Procedimentos: O acompanhamento do evento é realizado tendo como base a sala de situação e um sistema espacial de identificação preliminar das áreas atingidas consolidada num programa com base de informações de campo.

As informações podem ser obtidas pelos meios seguintes:

Informações testemunhadas pelos habitantes e funcionários do SASB e informadas por telefone ou outro meio de comunicação. A preparação desta ação envolve criar uma rede de pessoas como líderes comunitários, que informarão as condições de inundação durante a ocorrência. Neste caso, seria necessário mapear estas pessoas quanto a localização de sua residência, estabelecer o meio e o protocolo de comunicação;

Uso de drones (quando for viável em função dos ventos e distância);

Sobrevoo e/ou imagens que podem estar disponíveis, entre outros.

A sala de situação deve estar preparada e treinada para receber estas informações e manter mapeado os impactos.

Estas informações são importantes para conhecer os impactos durante o evento. Com base nos protocolos de ação sobre os problemas mencionados acima os funcionários devem estar preparados para atuar quanto ao funcionamento da drenagem e apoiar com informações ao INGC sobre as áreas atingidas. Neste caso, avaliar se as áreas atingidas se referem a condicionantes de mal funcionamento de drenagem e/ou condições superiores a de projeto.

Metas e prazos – A preparação desta atividade com o maior número de componentes que permita o maior conhecimento possível dos impactos durante o evento. O prazo esperado é dentro de de até três após o evento. Esta atividade pode ser aprimorada, de acordo com as condições particulares encontradas em Beira e suas principais dificuldades. Portanto este processo deve ser aprimorado ao longo do tempo.

5.6.2 Após o evento

Após a ocorrência do evento é necessário recuperar a regularidade dos serviços e apoiar o INGC na recuperação quanto aos impactos produzidos durante o evento. As etapas são as seguintes:

Identificação dos impactos e sua recuperação nos serviços de saneamento e drenagem;

Avaliação dos impactos de inundação na cidade e a capacidade do sistema de drenagem;

Consolidar as informações para atualizar o Plano de Contingência para este tipo de evento;

Revisão das ações do SASB pós evento, avaliando o quê e como melhorar para as próximas situações críticas (procedimentos operacionais padrão, formações e outros).

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R.4 Identificação dos impactos nos serviços de saneamento e drenagem

Objetivo: Após o evento é realizado um inventário dos impactos ocorridos nos sistemas de saneamento e drenagem e definidas as medidas de remediação, para colocar estes sistemas em funcionamento como antes do evento.

Procedimentos: Durante a situação de crise, a prioridade da reabilitação de emergência é o restabelecimento o mais rápido possível dos sistemas de esgotamento sanitário, quanto as suas condições de descarga, remediando possíveis desastres secundários. Pode-se planejar as ações de acordo com o fluxograma da figura 45.

Figura 45: Fluxograma de planeamento de ações de remediação (adaptado de Shi et al., 2018)

O inventário dos impactos sobre o sistema de Saneamento envolve o seguinte:

Verificação da situação de todas as etapas de tratamento da ETAR;

Disponibilidade do sistema de bombeamento das EEs e PBs;

Configuração de tubulações de desvios provisórios em EEs e PBs, obstruídos ou avariados;

Disponibilidade imediata de dotação orçamentária para danos estruturais;

Verificação da situação de todas as etapas de tratamento da ETAR: Durante um ciclone a ETAR pode estar sujeita a diversas avarias, sistemas elétricos e dosadores expostos, sistema mecânico dos filtros biológicos percoladores, infraestrutura, outros. Conforme a dificuldade enfrentada, ações devem ser retomadas para restabelecer o tratamento. A partir do funcionamento em caráter emergencial com sedimentação + desinfecção, que deve ser reabilitado nas primeiras horas, conforme descrição em item anterior, havendo a necessidade de reabilitar, uma segunda e terceira etapa (figura 46), deve-se aplicar:

Em segunda etapa, sedimentação + tratamento biológico simplificado + desinfeção;

Em terceira etapa, tratamento biológico + sedimentação + desinfecção.

A aplicação da combinação, é função da qualidade do esgoto tratado que se deseja, da capacidade suporte do corpo hídrico receptor, dos odores que poderiam ser gerados, se a localidade é turística, entre outros. Em uma segunda etapa de reabilitação, como existe um by-

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pass com capacidade para isolar os filtros biológicos em caso de dano, o esgoto primário poderia ingressar nos decantadores secundários, para uma nova etapa de sedimentação, logo seria uma variação da segunda etapa, com sedimentação + desinfecção + sedimentação.

Na terceira etapa, entraria em funcionamento o(s) filtro(s) biológico(s), estabelecendo em conjunto com o UASB, o tratamento biológico, seguido da sedimentação nos decantadores secundários e na sequência desinfecção com hipoclorito de sódio.

Figura 46: Em destaque o decaimento da DBO do esgoto tratado, em função da segunda e terceira etapas de reabilitação (adaptado de MILT, 2005 apud Hamada, 2015)

Configuração de tubulações de desvios provisórios em EEs e PBs, obstruídos ou avariados: Devem ser identificadas as elevatórias e poços e bombagem que podem não estar funcionando por obstruções e avarias. Em Shi et al (2018), a investigação começa no sétimo dia, a reabilitação no oitavo, sendo completada em caráter emergencial, para o menor impacto ambiental, em até 30 dias.

Caminhões de emergência para lavagem de alta pressão e sucção de lodos: Para as redes coletoras de esgoto separador absoluto, há necessidade da disposição de caminhões de emergência para a lavagem de alta pressão e de sucção de lodos. O caminhão pode ser adquirido, como due diligence próprio do SASB, realizando serviços gerais de limpeza de fossas/latrinas e outros, ou licitado para a disposição de emergência, com garantias do fornecedor do equipamento.

Disponibilidade imediata de dotação orçamentária para danos estruturais: Como a maior parte do sistema de esgoto está enterrada, os estragos causados pelo ciclone Idai foram limitados às estações de bombeamento e à estação de tratamento de águas residuais. Houve danos à infraestrutura civil (exaustores, telhados, janelas, portas, caixas, tubulações externas), à infraestrutura elétrica / mecânica (equipamentos de remoção de lodo, lâmpadas, motores elétricos externos) e à infraestrutura do escritório (computadores, impressoras),

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totalizando USD$ 98,496 (Shelter e Arcadis, 2019b), portanto, se entende como o valor mínimo de remediação para a recuperação da infraestrutura após a passagem de um ciclone.

O inventário dos impactos sobre o sistema de Drenagem envolve o seguinte:

Canais de Escoamento: Diagnóstico dos canais de escoamento quanto a obstrução e efeitos sobre a suas condições da seção de escoamento e manutenção dos taludes. Preparar um relatório com os trechos impactos quanto a obstruções e alteração do canal, quantificar os trechos e planejar a remedição com as condições do SASB em tempo e pessoal e/ou estimar a especificação para contratação dos serviços de remediação.

Rede de Condutos: Identificar se existem bueiros e redes de condutos obstruídas logo após o evento e identificação de mal funcionamento de trechos que podem ter produzidos inundações na cidade. Planejar a desobstrução da rede de condutos para os trechos previsto.

Provavelmente este tipo de ação é realizado dentro do SASB com seu pessoal, mas é necessário avaliar o tempo necessário de pessoal e equipamentos, o que representa um custo de manutenção.

Reservatório de Detenção: avaliar as condições de acúmulo de material sólido dentro da detenção, funcionamento dos sistemas de escoamento de entrada e saída. Verificar os impactos e a necessidade de recuperação do sistema, principalmente sobre alteração importante no volume disponível. Também aqui devem ser orçados os custos de remediação e planejado a sua execução dentro de um prazo curto, em função de recorrência de eventos em período chuvoso.

Sistema de Comportas: avaliar as condições do sistema de comportas considerando os aspectos de funcionamento das mesmas, quadro de energia, geradores e avaliar a operação do sistema durante o evento. Planejar a recuperação de qualquer elemento que esteja avariado ou que necessita de limpeza para funcionamento normal.

Para todas as avaliações e remediações é necessário definir o custo da avaliação e da remediação, mesmo que seja realizado dentro do SASB, prazo planejado e depois o prazo no qual foi executado. Estes elementos fornecerão dados para serem incorporados nos custos de O & M do SASB para o PCN.

Metas e Prazo – Os procedimentos para avaliação e definição da remediação devem ser desenvolvidos com antecedência e preparadas as planilhas adequadas para estas avaliações. Nesta atividade devem ser incorporadas a experiência dos últimos eventos. Esta atividade é recomendável sua preparação para os próximos 6 meses.

R.5 Avaliação dos impactos de inundação na cidade e a capacidade do sistema de drenagem

Objetivo: Após a ocorrência das inundações em Beira será necessário avaliar o comportamento do evento e seus impactos. Esta verificação envolve o seguinte: (a) os modelos usados para previsão estão adequados? (b) Quais são as fortalezas e limitações do sistema de drenagem atual, considerando gestão, operação e manutenção do SASB.

Procedimentos: Obter os dados do evento quanto a precipitação, preferencialmente a variação da precipitação dentro do dia, nos dias do evento. Esta é a informação usada no modelo precipitação-vazão, para determinar o escoamento na rede de drenagem. Usar o modelo para

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reproduzir o evento20 e verificar com as informações disponíveis de impacto. Isto permite melhor entender os processos e impactos.

Com base nestes resultados e na avaliação das áreas atingidas verificar se os projetos implementados estão atendendo os riscos projetados, ou seja, se as obras executadas e planejadas serão suficientes para atender os cenários de projeto e quais são os impactos adicionais, quando ocorrerem. Esta avaliação permitirá também avaliar potenciais medidas adicionais para redução de risco. Para esta atividade a equipe do SASB deve estar treinada para uso do modelo.

Para esta atividade, recomenda-se a instalação de dois pluviógrafo na cidade e transmissão telemétrica das observações. Este tipo de equipamento permite uma melhor gestão da informação durante eventos de cheia e projeção das áreas impactadas.

Metas e prazos: A meta é o SASB possuir o modelo precipitação-vazão da cidade de Beira funcionando no seu computador e ter disponíveis os dados de pluviógrafo em Beira. O produto desta atividade será um relatório avaliando o evento com os seguintes itens: Descrição da ocorrência, procedimentos de alerta e prevenção adotados, descrição funcionamento dos serviços e os eventuais problemas, impactos sobre a cidade de Beira, conclusões e recomendações. Esta atividade pode ser desenvolvida até 3 meses após o evento.

R6 - Consolidar as informações para atualizar o Plano de Contingência

Objetivo: Esta atividade é usada para reunir todas as informações sobre o evento e atualizar o PCN quanto aos procedimentos adotados visando aprimoramento das respostas aos eventos.

Procedimentos: As atividades aqui envolvem:

Usar a precipitação ocorrida e verificar a área atingida e os dados das atividades anteriores

Reunir todos os dados de impactos e custos para remediação das atividades anteriores; Verificar quais foram a ações realizadas e os problemas encontrados durante o evento,

quanto a remediação durante este. Avaliar se estas ações foram adequadas e quais mudanças devem ocorrer para reduzir o impacto dos serviços e para a sociedade;

Apresentar recomendações de atualização dos procedimentos, caso sejam necessárias e os prazos previstos.

Metas e prazos: A meta é a redução dos impactos com aprimoramento das ações. Esta atividade deve ser preparada pelo menos em 3 meses após o evento. Não faz parte deste evento, mas de ações posteriores.

5.6. FLUXOGRAMA DE AÇÕES

O fluxograma de ações tem como objetivo ter claro a organização para atuar sobre o evento e os passos que a entidade deve desenvolver para remediar os impactos, estabelecendo a logística de atuação.

No item seguinte é apresentada a organização funcional para o SASB durante os eventos e o contato externo ao SASB durante o evento. Nesta organização são apresentadas as funções dos membros da equipe durante o período de emergência. No item seguinte são apresentados os meios de comunicação entre as pessoas com definição dos telefones e instrumentos de contato entre membros da equipe, lembrando que em períodos de emergência, a energia é um dos recursos que

20 O SASB e a gestão do Banco Mundial devem procurar obter uma versão do modelo usado pelos projetistas para determinar o escoamento na rede de drenagem em Beira, usados nos projetos anteriores

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costuma faltar. No terceiro item deste, são apresentadas as etapas de ação para serem desenvolvidas durante a emergência.

5.6.1 Organização

A organização do SASB para atuar sobre os eventos críticos é apresentada na figura 47. A direção do SASB e seu conselho define o comitê de acompanhamento da emergência e seu presidente e responde ao CMB - Conselho Municipal de Beira. O CMB gerencia com o INGC as condições de emergência em toda a cidade de Beira, enquanto, o SASB atua sobre a emergência de seus serviços. Considerando que as principais emergências para o SASB tem sido as enchentes, as suas ações devem estar em estreita relação com o INGC, pois esta usará informações do SASB para melhor entender os impactos e apoio a comunidade.

Figura 47: Fluxograma de gestão da emergência

A coordenação dos eventos de crise é do presidente do comitê que atuará diretamente na sala de situação. Esta sala recebe informação dos monitoramentos disponíveis na internet e local sobre o evento e os impactos. Os grupos de ação foram divididos em Logística, Drenagem, Saneamento e Planeamento e Avaliação. Dentro de cada grupo haverá uma pessoa designada como responsável para atuar durante o evento. As atividades de cada grupo são apresentadas a seguir. Em cada área a seguir definida, haverá um responsável durante o evento designado pelo diretor do SASB, com base na orientação do presidente do comitê de emergência e dos responsáveis pelos departamentos:

Logística: atua garantindo a disponibilidade de pessoal, equipamentos, transporte, combustível e geradores para atuar durante o evento. As demandas são obtidas junto ao pessoal responsável pelos subsistemas de Drenagem e Saneamento, com o apoio do Planeamento;

Drenagem: atua garantindo a operacionalidade do sistema de drenagem em todos os seus elementos. Neste caso deverá existir uma mínima de coordenação entre os subsistemas de drenagem: sistema de comportas, reservatório e drenagem de canais e condutos. Esta

Direção do SASB

Conselho do SASB

CMB

Presidente do comitê do PCN

comitê do PCN Defesa Civil

Sala de situação

Comunicação Externa

Logística (DAF)

Drenagem (DOM)

Saneamento (DOM)

Informações

Planejamento e Avaliação (DPP)

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organização e ação deve procurar ser preparada anteriormente para se colocada em ação durante o evento.

Saneamento: deve garantir a operacionalidade da rede coletora de esgoto, estações elevatórias, postos de bombagem, linhas de recalque, ETAR e suas etapas de tratamento e emissário. Além disto, atuar na coleta, transporte, destinação final e tratamento dos sistemas individuais de fossas e latrinas, que devem obrigatoriamente ocorrerem anteriormente a situação de crise.

Planeamento e Avaliação: este é o grupo que deve atuar coletando informações e verificando o funcionamento do plano de contingência, avaliando seus resultados e preparando o relatório do ocorrido. Este relatório deverá apresentar as fortalezas e as limitações das ações. Para cada problema identificado, deve ser proposto uma medida corretiva, envolvendo, se for o caso a atualização do PCN.

A implantação desta organização está dentro da Atividade P.1 Gestão do PPCN do Plano de Prevenção, apresentado no item 5.4.1.

5.6.2 Comunicação

O plano de Comunicação envolve dois tipos diferentes: com organizações externas ao SASB e dentro do SASB. A comunicação com organizações externas envolve: a identificação de entidades de governo, ONGs, organizações comunitárias e meios de comunicação que devem ser atualizados durante os eventos.

As entidades de governo podem receber informações e apoiar as ações de emergências, como do governo nacional sobre emergência de eventos extremos e locais como o INGC. Deve-se estabelecer um mecanismo de comunicação que possa ser realizado rapidamente.

Existem ONGs locais e externas. As locais, juntamente como as associações de comunidade, podem apoiar a comunicação com a população durante os eventos. Deve-se procurar estabelecer um canal de comunicação de informações destes eventos para transmitir informação sobre o alerta e para receber informações sobre os impactos que ocorrem durante os eventos.

Estabelecer o padrão dos Boletim de informação a ser emitido durante os eventos. Este padrão deve conter no mínimo (este conteúdo pode ser definido em conjunto com o INGC ou CMB, ou específica do SASB) apresentado na tabela 25. A periodicidade do Boletim deve ser diária, enquanto o evento não chega e quando a sua ocorrência, estar previsto para menos de 24 horas, deve ser a cada 6 ou 12 h.

A comunicação interna envolve estabelecer a infraestrutura mínima de comunicação dentro do organograma da figura 50. Nesta organização a sala de situação é o local de centralização de informações, onde os setores de logística, Drenagem, Saneamento e Planeamento devem ter comunicação. Onde também deverá estar o coordenador das ações de contingência. Também, a partir deste local, que serão produzidos o boletim e trocado informações com exterior do SASB. Deverão ser identificados todos os telefones e mecanismos de comunicação com todas as entidades e disponibilizados num manual para uso durante o evento.

Deve-se revisar as possibilidades de uso de rádio de comunicação, celulares com uso de satélite, telefone comum e celulares. Deve-se procurar ter pelo menos um aparelho que permita a comunicação que independa da energia e de serviços de tradicionais de celulares, já que neste tipo de evento, existe forte possibilidade de estarem fora de contato.

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Tabela 25: Conteúdo mínimo do boletim de informação durante o evento Itens Descrição Título relaciona ao evento Descreve o nome do evento previsto Data do boletim Horário que foi emitido Quando o intervalo provável de tempo que poderá atingir Beira

Resumo do evento Breve descrição do que se conhece sobre a ameaça: tipo

do evento, potencial intensidade (vento ou precipitação) e situação atual (informações meteorológicas)

Prováveis Impactos Em função da magnitude prevista, pode-se avaliar as áreas mais atingidas de inundação da cidade em função das vulnerabilidades existentes.

Precauções para a população uma descrição sobre as recomendações que a população pode fazer para minimizar seu risco.

Precauções para instalações do SASB

Verificações de prevenção para o SASB

Este Plano de Comunicação deve ser implementado na atividade P.1, descrita no item

5.4.1, junto com a gestão a ser implementado pelo SASB para a contingência. O relatório sobre o evento previsto a ser elaborado pelo Planeamento e Avaliação deve ser enviado ao comitê de gestão e aprovado neste e no SASB.

5.6.3 Etapas

As Etapas aqui apresentadas no fluxograma da figura 48, envolvem as ações durante o evento, utilizando-se do sistema de alerta, atuando do planeamento previstos nos itens R1 e R2 de remediação. As medidas preventivas são executadas antes.

Este sistema atua obtendo as informações do evento para avaliar os impactos e visando na recuperação mais rápida possível do funcionamento operacional dos subsistemas do SASB. As etapas são sintetizadas no diagrama figura 48.

5.7. TREINAMENTO

Para o presente PCN, a equipe do SASB será treinada quanto aos elementos dispostos e para a atuação nesses eventos.

O treinamento sobre o PCN envolve o conteúdo elaborado dentro deste documento e estruturado segundo o resumo apresentado na tabela 26. Este treinamento se refere ao conjunto do PCN quanto aos seus objetivos, políticas, definição dos riscos, medidas e remediação.

No primeiro capítulo são apresentados os conceitos fundamentais do PCN e suas características e metodologia. No segundo capítulo é o diagnóstico do SASB com base nas informações dos capítulos 2 e deste relatório. No terceiro capítulo são apresentados os conceitos sobre os riscos, matriz de risco e os principais riscos relacionados com o Saneamento e Drenagem como descrito nos itens 5.2 e 5.3 deste relatório. No quarto capítulo são apresentadas e discutidas as medidas de remediação previstas, suas metas e prazos. No quinto capítulo são apresentadas as medidas de remediação e discutidos as metas e prazos. Nos capítulos seguintes 6 e 7 resumem o fluxograma, organização, comunicação, monitoramento do PCN e no capítulo 8 são apresentadas a discussão da implementação do PCN e no capítulo 9 as Conclusões e recomendações com discussão do Plano e ações ao longo do tempo.

97

Será necessário atualizar o treinamento a ser desenvolvido para o PCN para as ações de emergências, quando as informações desenvolvidas nas atividades de Previsão P1 a P7 forem completadas no Plano de Implementação. Assim serão produzidas novas informações e existirão meios e protocolos consolidados, permitindo atualizar estes procedimentos posteriormente a entrega do PCN.

Este tipo de treinamento envolve a simulação de um cenário real de um evento de emergência. Esta atividade foi prevista na fase de implementação do Plano de Prevenção (item 5.4).

Figura 48 Etapas do processo de atuação nos eventos

MONITORAMENTO

DO TEMPO

Acompanhamento do evento na sala de situação

Seguir os níveis de alerta Monitorar os equipamentos:

energia, ETAR, comportas Informações por comunicação de

rádio e fones

PREVENÇÃO AO

EVENTO

Verificação preventiva dos equipamentos: Saneamento e Drenagem;

Equipe de manutenção mantida em alerta

Comunicação frequente com a equipe e setores operacionais

REMEDIAÇAO

DURANTE O EVENTO

REMEDIAÇÃO APÓS

EVENTO

Reparo emergencial de equipamentos de saneamento;

Desobstrução da rede de drenagem e comportas;

Recuperação de energia Comunicação frequente com a

equipe e setores operacional

Identificação dos impactos nos sistemas;

Planejamento e execução da recuperação dos sistemas de saneamento e drenagem;

Consolidação das informações sobre o evento;

Recomendações de aprimoramento

98

Tabela 26: Conteúdo do Treinamento

Título Descrição Tempo (h)

1.Conceitos e Estruturas do PCN

Definição, objetivo, estrutura e documentos sobre o Plano de Continuidade de serviços

1

2.Diagnóstico do SASB

Diagnóstico da entidade quanto a sua organização, recursos de pessoal e equipamentos, econômico e financeira e os serviços de saneamento e drenagem. Identificação das condições que limitam os serviços e a necessidade de colocar em funcionamento a regularidade dos serviços

2

3.Riscos: Identificação e Avaliação

Identificação dos principais riscos nos quais estão sujeitos os serviços do SASB, estimar os riscos e estabelecer uma matriz de relação entre probabilidade e impacto para selecionar os riscos mais importantes para fazerem parte do PCN no estágio em que se encontra o SASB

2

4.Medidas de Prevenção

São as medidas que necessitam ser preparadas para reduzir o impacto dos eventos de emergência. Estas atividades envolvem a construção de uma gestão para o PCN, recuperar condições de funcionamento do SASB, para que possa ter um Plano de Contingência em condições mínimas de funcionamento, um sistema de alerta, mapas de inundação, operação e manutenção preventiva e a logística de apoio a comunidade.

3

5.Medidas de Remediação

Estas medidas envolvem atuar durante o evento, com medidas de remediação para recuperar os serviços que possam estar danificados e medidas após o evento que recuperam as condições pré-existente de funcionamento dos serviços.

3

6.Comunicação e Etapas

Este componente do PCN trata de definir com quem se comunicar, quando se comunicar, como se comunicar e o fluxo deste processo durante o evento, de forma a que as ações sejam as mais eficientes e com menor tempo de recuperação dos serviços.

1

7.Monitoramento e Revisão do PCN

O monitoramento envolve o acompanhamento do PCN nos diferentes eventos que ocorrerão e sua atualização proposta para um período inicial de 3 anos e depois a cada 5 anos.

1

8.Plano de Ação O plano é a distribuição no tempo das medidas de implementação do PCN, permitindo que as preventivas e de remediação, seja possível de serem utilizadas quando ocorrer o próximo evento. O SASB necessita se preparar com o desenvolvimento das medidas preventivas e sua preparação para atuar sobre as medidas de remediação e atualização das informações.

1

9. Conclusões e recomendações

Síntese do apresentado e discussão com a equipe do SASB 2

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5.8. MONITORAMENTO E REVISÃO

O monitoramento previsto nesta fase do estudo é o de revisar o Plano de Continuidade de Negócios ao longo do tempo para permitir sua atualização e aprimoramento. Esta revisão envolve o seguinte:

Condições de atuação na emergência do SASB – neste documento foram identificadas limitações na capacidade de atuação do SASB na manutenção dos serviços e mesmo falta importante de cobertura de serviços. Foi prevista uma medida inicial de recuperação destas condições. Estas condições devem ser revisadas neste processo.

Riscos selecionados para a preparação e remediação no PCN – Foram selecionados os eventos relacionados com enchentes e velocidade do vento que ocorreram frequentemente nos últimos anos. No monitoramento podem ser identificados outros riscos que não foram aqui elencados. Além disso, na medida que a cobertura dos serviços avança, aumentam as responsabilidades de manutenção deles. Este aspecto deve ser revisado neste monitoramento;

Medidas de Prevenção e Remediação – As medidas previstas foram identificadas como um processo de preparação para atuar na emergência e podem ser atualizadas, à medida que o sistema de prevenção e a recuperação da capacidade de funcionalidade do SASB aumenta. Com a implementação de uma gestão de due diligence da entidade o sistema de alerta e as medidas de remediação poderão ser atualizados para ampliar a ação nos eventos;

Treinamento – Sempre que houver atualização do PCN será necessário desenvolver um treinamento com as novas capacidades para o pessoal do SASB.

Fluxograma de atuação – Toda e qualquer modificação dos processos no PCN exigirá a revisão do fluxograma de atuação do SASB durante os eventos. Além disso, resultados de funcionamento da equipe durante os eventos passados permitirá o entendimento deles para a busca da eficiência e obtenção de resultados.

Foi previsto na organização da atuação dos eventos críticos que o Departamento de Planeamento atuará coletando informações e avaliando a atuação do SASB durante os eventos de emergência, buscando identificar sua fortaleza e limitações de forma a buscar o aprimoramento ao longo do tempo. Portanto, os relatórios destes eventos serão a fonte de informação que permitirá identificar o ocorrido e desenvolver propostas de revisão do PCN.

Considerando que a curto prazo, várias das atividades previstas para serem desenvolvidas de medidas de prevenção devem ocorrer, recomenda-se a revisão do PCN dentro de no máximo 3 anos e depois periodicamente a cada 5 anos.

5.9. PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO

O Plano de Implementação ou Plano de ação, envolve a distribuição no tempo das ações previstas. Esta distribuição foi definida por medidas de curto prazo, médio prazo e longo prazo. O curto prazo para o PCN é de 1 ano, médio e longo prazo 2 anos.

As medidas que foram previstas são: Preventivas (item 5.4) e de Remediação (item 5.5). As atividades de remediação são organizadas antecipadamente, para que possam ser colocadas em práticas durante o evento. As atividades mais urgentes que permitem criar condições para atuar na emergência, mesmo que precariamente, são as de curto prazo e as ações que podem ser

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desenvolvidas em mais tempo, ficaram em médio e longo prazo e devem aprimorar a atuação nestes eventos.

Na tabela 27 é apresentado um cronograma de ações dentro do total de dois anos, representados por 12 períodos bimestrais. Este Plano deve ser revisto, considerando a viabilidade das ações neste prazo.

Em curto prazo estão as ações, que envolvem a preparação para a próxima temporada de eventos críticos com a Gestão do PCN, estabelecendo-se a organização e distribuição das tarefas, de acordo com a organização e as atribuições para a equipe que atuará nestes eventos.

Esta gestão deve desenvolver a recuperação das condições do SASB para atuar nos eventos críticos, com a sala de situação e equipamentos de informática para a mesma e sua organização, além dos elementos básicos previstos dentro do componente de Operação e Manutenção.

A preparação também envolve ao desenvolvimento de R1 e R2 que é se preparar para atuar nos eventos dentro dos sistemas de drenagem e saneamento.

A atividade de mapeamento é essencial para entender e apoiar a população quanto aos riscos dos eventos de inundação. Esta, vai além no curto prazo, pois este mapeamento inicialmente é obtido com informações e entrevistas e depois com o uso de modelos que aprimoram estas informações e permitem levantar as áreas e a população atingida, que irá apoiar a atividade de apoio logístico à população, juntamente com o INGC. Este processo não se extingue a curto prazo e deve ser continuadamente aprimorado.

As atividades restantes do Plano de Remediação devem ser realizadas após cada evento e fazem. Neste Plano de Implementação o SASB deve estar preparado do ponto logístico para atuar nestas atividades durante e após os eventos.

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Tabela 27: Cronograma das atividades do PCN21 Atividade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Curto Prazo P1 Gestão do PCN P2 Recuperação P3 Sistema de Alerta P5 Operação e Manutenção P7. Fluxograma e Treinamento R.1 e R.2 Acompanhamento do funcionamento do Saneamento e Drenagem

Médio e Longo Prazo P4 Mapeamento das áreas de risco

P6 Preparação Logística

21 Estes prazos devem ser revistos pelo SASB com base nas condições e cumprimento

102

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105

ANEXO A - TERMO DE REFERÊNCIA PARA UM PLANO DIRETOR DE DRENAGEM

O texto abaixo é de um termo de referência preparado por Carlos E M Tucci em 2007 para o Ministério das Cidades e ajustado para a cidade de Campo Grande, Brasil. A fonte deste documento é a Prefeitura Municipal de Campo Grande. Este texto foi anexado aqui para apoiar a preparação do termo de referência para um futuro Plano de Drenagem para Beira.

1. INTRODUÇÃO

O Programa Drenagem Urbana Sustentável objetiva promover a gestão sustentável da drenagem urbana dirigida à recuperação de áreas úmidas, à prevenção, ao controle e à minimização dos impactos das inundações. Sua concretização se dá com a implantação de medidas de controle estruturais e não-estruturais articuladas com as políticas de desenvolvimento urbano, de uso e ocupação do solo e de gestão de bacias hidrográficas.

2. OBJETIVO O objetivo do Plano de Águas Pluviais de xxx é dotar o município de subsídios técnicos e

institucionais que permitam reduzir os impactos das inundações no município e criar as condições para uma gestão sustentável da drenagem urbana.

O Plano será fundamentado nos seguintes princípios:

Abordagem interdisciplinar no diagnóstico e na solução dos problemas de inundação;

Bacias hidrográficas como unidades de planejamento;

Soluções integradas à paisagem e aos mecanismos de conservação do meio ambiente;

Soluções economicamente viáveis que apresentem relações benefício/custo adequadas;

Excesso de escoamento superficial controlado na fonte, evitando a transferência para jusante do aumento do escoamento e da poluição urbana;

Redução dos impactos, sobre o sistema de drenagem, provocados por novos empreendimentos;

Incorporação desses princípios na cultura da administração municipal, principalmente nos setores diretamente responsáveis pelos serviços de águas pluviais;

Institucionalização desses princípios incorporando-os na legislação municipal, em especial no Plano Diretor do Município em fase de reformulação;

Horizonte de planejamento de xx anos, correspondente ao ano xx.

3. CARACTERIZAÇÃO E ABRANGÊNCIA

Descrever o município e a área de abrangência do Plano)

4. FUNDAMENTOS

A gestão das águas pluviais é realizada através do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais, cuja estrutura é apresentada na A1, onde se destacam os seguintes componentes básicos:

Política de Águas Pluviais

Medidas não-estruturais e estruturais

Produtos

Programas

Informações.

As informações levantadas para o desenvolvimento do Plano são: cadastro da rede pluvial; bacias hidrográficas e suas características físicas; dados hidrológicos: precipitação, vazão e sedimentos; Plano

106

Diretor Urbano, Plano Municipal de Esgoto Sanitário, Resíduos Sólidos e sistema de Gestão Urbana.

A política do Plano se baseia no seguinte:

Princípios e objetivos do controle das águas pluviais;

Estratégias de desenvolvimento do plano como a compatibilidade entre os Planos preparados para a cidade;

Definição de cenários de desenvolvimento urbano e riscos para as inundações;

Figura A1 - Componentes Básicos do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais

O Plano contempla um grupo de componentes integrados que possibilitam a abordagem completa do problema das inundações

Princípios

Os princípios do desenvolvimento de um programa sustentável de águas pluviais, abordados sinteticamente no item 2, são detalhados a seguir:

a) Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais faz parte do Plano Diretor do Município. A drenagem faz parte da infra-estrutura urbana, portanto deve ser planejada em conjunto dos os outros sistemas, principalmente o plano de controle ambiental, esgotamento sanitário, disposição de material sólido e tráfego;

b) O escoamento durante os eventos chuvosos não pode ser ampliado pela ocupação urbana da bacia, tanto num simples loteamento, como nas obras de macro-drenagem existentes no ambiente urbano. Isto se aplica a um simples aterro urbano, como a construção de pontes, rodovias, e à implementação dos espaços urbanos. O princípio é de que cada usuário urbano não deve ampliar a cheia natural;

c) Plano Diretor de Drenagem deve contemplar as bacias hidrográficas hidrográficas sobre as quais a urbanização se desenvolve. As medidas não podem reduzir o impacto de uma área em detrimento de outra, ou seja, os impactos de quaisquer medidas não devem ser transferidos. Caso isso ocorra, deve-se prever uma medida mitigadora.

Estudos Especiais

Treinamento

Monitoramento

PROGRAMAS

Princípios

Objetivos

Estratégias

POLÍTICA

Plano de Ação por Bacia

Manual

Gestão

Regulamentação

PRODUTOS

INFORMAÇÕES

Cadastro da drenagem e uso do solo atual

Dados hidrológicos

Plano Diretor Urbano e Ambiental

Planos de esgotos e de resíduos sólidos

Gestão urbana e legislação

Medidas Não-Estruturais

Medidas Estruturais

MEDIDAS DE CONTROLE

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d) O Plano Diretor de Drenagem deve prever a minimização do impacto ambiental devido ao escoamento pluvial através da compatibilização com o planejamento do saneamento ambiental, controle do material sólido e a redução da carga poluente nas águas pluviais que escoam para o sistema fluvial interno e externo à cidade;

e) O Plano Diretor de Drenagem urbana, na sua regulamentação, deve contemplar o planejamento das áreas a serem desenvolvidas e a densificação das áreas atualmente loteadas;

f) O controle deve ser realizado considerando a bacia como um todo e não em trechos isolados;

g) Os meios de implantação do controle de enchentes são o Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais, as Legislações Municipal e Estadual e o Manual de Drenagem. O primeiro estabelece as linhas principais, as legislações controlam e o Manual orienta;

h) O controle permanente: o controle de enchentes é um processo permanente; não basta que se estabeleçam regulamentos e que se construam obras de proteção; é necessário estar atento às potenciais violações da legislação na expansão da ocupação do solo das áreas de risco. Portanto, recomenda-se que:

- Nenhum espaço de risco seja desapropriado se não houver uma imediata ocupação pública que evite a sua invasão;

- A comunidade tenha uma participação nos anseios, nos planos, na sua execução e na contínua obediência das medidas de controle de enchentes.

i) A educação: a educação de engenheiros, arquitetos, agrônomos e geólogos, entre outros profissionais, da população e de administradores públicos é essencial para que as decisões públicas sejam tomadas conscientemente por todos;

j) É essencial uma gestão eficiente na manutenção de drenagem e na fiscalização da regulamentação.

Objetivos

Os objetivos, mencionados no Item 2, são detalhados a seguir.

O Plano Diretor de Águas Pluviais tem o objetivo de criar os mecanismos de gestão da infra-estrutura urbana relacionado com o escoamento das águas pluviais e dos rios na área urbana. Este planejamento visa evitar perdas econômicas, e a melhorar as condições de saúde e do meio ambiente da cidade, dentro de princípios econômicos, sociais e ambientais definidos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.

O Plano Diretor de Águas Pluviais tem como meta buscar:

Planejar a distribuição da água pluvial no tempo e no espaço, com base na tendência de ocupação urbana compatibilizando esse desenvolvimento e a infra-estrutura para evitar prejuízos econômicos e ambientais;

Controlar a ocupação de áreas de risco de inundação através de regulamentação;

Convivência com as enchentes nas áreas de baixo risco.

Os condicionamentos urbanos são definidos dentro âmbito do Plano Diretor Urbano. No entanto, devido a interferência que a ocupação do solo tem sobre a drenagem existem elementos do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais que são utilizados para regulamentar os artigos do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.

Medidas Não-Estruturais

As medidas não-estruturais são as seguintes:

a) Legislação e regulamentação sobre o aumento da vazão devido a urbanização e a ocupação da área de risco de áreas ribeirinhas;

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b) Gestão dos serviços urbanos relacionados com as águas pluviais.

Regulamentação da drenagem urbana: uso de regulamentação para controle da drenagem urbana para os locais a serem desenvolvidos tanto em nível de novos loteamentos como na densificação, que envolve a aprovação de obras em áreas já loteadas.

Regulamentação das áreas ribeirinhas: este componente trata da definição das zonas de passagem da inundação e das zonas de regulamentação quando existirem.

Medidas Estruturais

As medidas estruturais envolvem o Plano de cada sub-bacia urbana destacada da sua geografia de fluxo, além de medidas estruturais de proteção contra inundações ribeirinhas, quando for o caso.

A definição das bacias hidrográficas urbanas é a primeira ação do Plano quanto às medidas estruturais. Esta definição se baseia numa sub-divisão de rios que escoam para um grande sistema (lago, rio, reservatório ou estuário), os escoa para fora dos limites da cidade. Considerando que para cada sub-bacia será elaborado um Plano, admite-se que as mesmas não deverão exportar impactos, mas representam características de interferências entre si através do escoamento. Uma mesma macro-bacia urbana pode ser sub-dividida quando isto for necessário em função do seu desenvolvimento e tamanho. A estrutura do plano de bacia é apresentada na Figura A2.

Figura A2 - Etapas de um Plano de Sub-Bacia

No sistema de gerenciamento por sub-bacias hidrográficas, cada sub-bacia tem um plano específico.

Dados de Entrada: o conjunto de dados de entrada necessário aos estudos de alternativas estruturais do Plano são os seguintes: (a) Características urbanas atuais características físicas: como geologia, tipo de solo e topografia; (c) Hidrologia: dados de precipitação para o estabelecimento da curva de Intensidade-Duração-freqüência e eventos com precipitação e vazão para ajuste dos modelos hidrológicos; (d) cadastro da rede pluvial construída; (e) seções naturais representativas dos rios da área urbana de interesse.

Caracterização dos Sistemas e Definições: este módulo envolve as definições de projeto relacionadas com: (a) cenários de análise, atuais e futuros; (b) risco de projeto, equivqlente ao tempo de retorno adotado; (c) divisão das bacias hidrográficas em sub-bacias hidrográficas e discretização das mesmas para simulação; (d) calibração do modelo e definição dos parâmetros de simulação.

Simulação e escolha das alternativas:

DADOS DE ENTRADA

Características daocupação urbana

atual e futura

Característicasfísicas: geologia,

tipo de solo,vegetação e clima.

Hidrologia:precipitação e vazão

das bacias

Topografia, cadastroda rede de pluvial,macrodrenagemnatural e construída

Rede de esgotocloacal, sistema de

limpeza urbana

Cenário dedesenvolvimento

urbano

Riscos de projeto

Definição de sub-bacias de

planejamento

Discretização decada sub-bacia edo sistema dedrenagem

Escolha demodelo

hidrológico

Ajuste e/ouestimativa dosparâmetros dosmodelos

CARACTERIZAÇÃO DOSSISTEMAS E DEFINIÇÕES

Simulação dacapacidade atual

da drenagempara o risco de

projeto

Definições dasalternativas

estruturais doControle dos

impactos

Simulação dasalternativas

Avaliaçãoeconômica das

alternativas

Seleção daalternativa

Verificação

Avaliação doimpacto para

condiçõesacima doprojeto

SIMULAÇÃO E ESCOLHA DASALTERNATIVAS

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Capacidade do sistema existente: análise das condições de escoamento na rede, determinando a capacidade de escoamento em cada seção definida para a rede de drenagem discretizada na bacia. Nesta fase, já é possível identificar os locais críticos devido a variabilidade da capacidade de escoamento que geralmente ocorre nas áreas urbanas. É comum existirem seções com menor capacidade de escoamento a jusante do que montante de um trecho.

Simulação das condições atuais de urbanização e futura da rede de escoamento pluvial para os cenários atuais e futuros. Nesta simulação é possível identificar as seções ou trechos críticos onde a capacidade existente não permite escoar a vazão simulada.

Definição das alternativas de controle: formulação das possíveis medidas de controle através do seguinte: (a) identificação em campo dos possíveis locais para reservatórios de detenção; (b) avaliação dos volumes disponíveis em função das cotas; (c) trechos que podem ser ampliados e seus condicionantes.

Para determinar a combinação ótima o planejador poderá verificar as alternativas disponíveis: (a) redução do escoamento superficial através de medidas na fonte (geralmente para futuros cenários); (b) detenções em locais em que existem áreas disponíveis ou mesmo em locais enterrados quando as abertas não forem possíveis; (c) ampliação da capacidade de escoamento do sistema.

Simulação das alternativas: simulação das alternativas selecionadas, verificando a sua eficiência para os diferentes cenários. São definidos vários lay-out com as modificações físicas que controlem as inundações existentes.

Avaliação econômica das alternativas: levantamento dos custos de implementação das alternativas e escolha da alternativa de projeto e plano de ação para implementação das medidas

Verificação do projeto para condições do risco maior que o adotado no projeto: Considerando que tenha sido escolhido, por exemplo, o tempo de retorno adotado para o projeto, é necessário que o plano da sub-bacia avalie os impactos que ocorrerão na drenagem para riscos maiores que 10 anos, propondo medidas preventivas para os diferentes locais mais críticos.

5. DIRETRIZES BÁSICAS

O Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais deverá ser elaborado em conformidade com os objetivos e princípios descritos no itens 2 e 4 deste Termo de Referência, atendendo às seguintes diretrizes básicas:

Os ante-projetos das medidas de controle estruturais serão elaborados, no que couber, em conformidade com as Normas Técnicas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;

A Contratada deverá manter em suas dependências, espaço para receber os integrantes da Comissão de Fiscalização da Prefeitura de Campo Grande e os consultores do Ministério das Cidades que farão o acompanhamento dos trabalhos;

Para o acompanhamento dos trabalhos serão realizadas reuniões sistemáticas quinzenais na Prefeitura de Campo Grande com a participação do Coordenador Geral e membros da equipe da Contratada envolvidos com as atividades em curso. Caso sucedam acontecimentos relevantes justificáveis, a Prefeitura poderá convocar, a seu critério, reuniões extraordinárias com a contratada.

Ao final de cada fase a Comissão de Fiscalização fará uma avaliação dos resultados do trabalho. A avaliação será encaminhada para a Contratada que, quando for o caso, deverá proceder aos ajustes, alterações ou complementações solicitadas pela Comissão;

A Contratada deverá valer-se basicamente dos dados constantes de trabalhos existentes ou de outras fontes dignas de crédito. Todo dado utilizado deverá ter sua fonte perfeitamente identificada. Caso encontre lacunas, a Contratada deverá prever a maneira de preenchê-las, seja

110

buscando outras fontes, seja adotando hipóteses simplificadoras. No segundo caso, a contratada deverá propor uma forma de se obter esses dados no futuro e aferir as hipóteses adotadas;

Os procedimentos metodológicos adotados deverão ser claramente indicados e sempre justificados. Quando diferentes resultados se destinarem à comparação, a obtenção dos mesmos deverá ter homogeneidade metodológica;

No caso de ser necessária a adoção de hipóteses e considerações simplificadas, as mesmas deverão ser convenientemente explicitadas e justificadas;

É indispensável para elaboração dos estudos, o conhecimento de todos os trabalhos, existentes ou em execução, que tenham correlação com os objetivos do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais;

As proposições do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais deverão ser compatíveis com os demais planos e programas existentes ou em elaboração que, de alguma forma, se relacionem com o trabalho;

A Contratada deverá ter sempre presente, as restrições de ordem técnica, legal e político-administrativa existentes, tais como os limites municipais, as áreas de preservação ambiental, a jurisdição de cada órgão e a competência das demais entidades que tenham relação com o problema.

6. ATIVIDADES

Para a elaboração do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais de Campo Grande deverão ser cumpridas as atividades descritas a seguir. Caso julgue importante, a Proponente poderá propor atividades adicionais para aprimorar o Plano, desde que sejam mantidos os objetivos, princípios e diretrizes deste Termo de Referência.

6.1 Consolidação do Plano de Trabalho

O Plano de Trabalho Consolidado consistirá na formalização do planejamento dos trabalhos e norteará a condução dos trabalhos do início ao fim. Nesse documento serão consolidados os termos da Proposta e definidos detalhes sobre a condução dos trabalhos, envolvendo:

Esclarecimento de possíveis dúvidas e eventuais complementações de assuntos de interesse, que não tenham ficado suficientemente explícitos neste Termo de Referência e na proposta da Contratada;

Confirmação dos componentes da equipe da contratada e respectivas funções;

Apresentação da equipe de acompanhamento e fiscalização da Prefeitura;

Procedimentos para o fornecimento de dados da Prefeitura e demais entidades envolvidas;

Formas de documentação das atividades e padronização de documentos;

Formas de comunicação entre a Contratada e a Contratante;

Procedimentos de avaliação periódica e outras questões relativas ao bom andamento dos trabalhos;

Agendamento das reuniões sistemáticas de acompanhamento e outros eventos relacionados ao desenvolvimento do Plano Diretor de Drenagem;

Consolidação do cronograma. O Plano de Trabalho Consolidado deverá necessariamente refletir o consenso sobre essas questões entre a Contratada, a Contratante e demais agentes envolvidos.

A apresentação do Plano de Trabalho Consolidado será feita em um relatório específico. Uma vez aprovado o relatório, o Plano de Trabalho deverá ser apresentado formalmente à equipe da Prefeitura e aos agentes interessados em um seminário a ser organizado especialmente para esse fim. Esse evento marcará oficialmente o início do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais. O relatório do Plano de Trabalho Consolidado conterá:

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Descrição detalhada das atividades e sub-atividades;

Estrutura hierárquica das atividades;

Rede de precedência;

Cronograma de Gant com destaque às datas-marco de entregas de produtos parciais;

Equipe envolvida e organograma, incluindo a equipe da Prefeitura, consultores do Ministério das Cidades e representantes das demais entidades envolvidas no trabalho;

Formas de comunicação;

Normas para a codificação de documentos;

Programação dos seminários com a data prevista e os temas básicos a serem abordados;

Procedimentos para a conclusão dos trabalhos: revisões finais, arquivamento, avaliação final, produção de artigos para publicação, divulgação do Plano e desmobilização da equipe.

Durante a elaboração do Plano de Trabalho Consolidado, deverão ser identificadas e iniciadas as atividades que podem ser executadas em paralelo e que não afetam o planejamento, tais como referentes à coleta de dados e base cartográfica.

Sempre que, durante os trabalhos, for reconhecida a necessidade de mudanças significativas de rumo em relação ao planejamento inicial, o Plano de Trabalho deverá ser revisado e formalmente reapresentado.

6.2 Preparação das Bases Cartográficas

Sempre que possível os dados e informações coletadas, bem como os produtos gerados nas demais atividades do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais, deverão ser armazenados e tratados em bancos de dados georreferenciados utilizando tecnologias de geoprocessamento (Sistemas de Informações Georreferenciadas).

Nesta atividade será preparada a cartografia básica de referência para os planos de informação (layers) georreferenciados dos diversos temas que serão abordados na elaboração do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais. Esta atividade compreenderá:

Montagem de base cartográfica digital, abrangendo todo o município de Campo Grande, a partir da composição do levantamento aerofotogramétrico existente da área urbana do Distrito da Sede, escala 1:10.000, com as cartas do levantamento sistemático do IBGE, escala 1:50.000;

Obtenção de imagem de satélite recente, com resolução mínima compatível com a escala 1:50.000; georreferenciamento e classificação supervisionada da imagem de satélite com a identificação das diversas categorias de uso do solo.

6.3 Levantamento de Dados e Informações

Os dados básicos que deverão ser levantados para a elaboração do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais são descritos a seguir. Outros dados poderão ser necessários em função de especificidades da metodologia a ser adotada pela Proponente. Neste caso, esses dados adicionais deverão ser relacionados e descritos na Proposta.

6.3.1 Características Físicas das Bacias hidrográficas e do Sistema de Macrodrenagem

- Cadastro do sistema de macrodrenagem na área urbana abrangendo os córregos do Município. A definição exata dos trechos a serem cadastrados deverá levar em consideração os dados necessários para os diversos cenários que serão estudados neste Plano.

A precisão do cadastro deverá ser compatível com a precisão dos demais dados de entrada dos modelos de simulação. Em princípio deverão ser levantadas e niveladas seções transversais a pelo menos cada 100 m, intercaladas de seções nos pontos de mudança de declividade, ao longo dos rios. O cadastro da macrodrenagem deverá incluir também todas as singularidades que possam afetar o escoamento, tais como: transições, estreitamentos bruscos (como os que existem em algumas pontes) e desemboques.

Os trechos críticos do sistema secundário, que drenam as áreas sujeitas a inundação, também

112

deverão ser cadastrados.

O cadastro deverá abranger ainda o levantamento de reservatórios, lagos e represas que interfiram no escoamento. Neste caso poderão ser utilizados dados secundários fornecidos pelos operadores dessas unidades, complementados por levantamentos de campo.

Os cadastros e nivelamentos deverão ser georreferenciados ao mesmo sistema de referência da base cartográfica.

- Traçado do sistema de microdrenagem. O sistema de microdrenagem não precisará ser cadastrado em detalhes, com exceção dos trechos críticos citados acima. Deverá ser indicado em planta somente o traçado da rede existente.

- Levantamento de dados pluviométricos e equações de chuvas intensas de postos da região; tratamento dos dados, análise de sensibilidade e determinação dos padrões de chuvas intensas a serem adotados para o Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais.

- Reservatórios e lagos artificiais: localização, curvas cota-volume e cota-vazão. Para a determinação deste último parâmetro, se já não houver dados disponíveis, deverão ser cadastradas as estruturas de descarga;

- Cartas geológicas e pedológicas do município;

- Mapeamento detalhado dos pontos críticos de inundação associando, quando possível, os níveis de água de cheias com as respectivas freqüências;

- Mapeamento dos pontos críticos de instabilidade geotécnica (áreas frágeis) susceptíveis à erosão e escorregamento pela ação das cheias;

- Levantamento de dados censitários e mapeamento das densidades demográficas por setor censitário;

- Levantamento dos prejuízos e ônus causados à população e à administração pública pelas inundações. Se possível relacionar custos com níveis de inundação e frequência;

- Mapeamento das áreas livres que podem ser utilizadas para a implantação de sistemas de detenção, retenção ou retardamento do escoamento com preferência às áreas públicas sem construções;

- Outros dados de interesse.

6.3.2 População

- Populações urbanas e rurais, por distritos, segundo os censos demográficos do IBGE;

- População por setor censitário, segundo o Censo de 2000;

- Planta com a delimitação dos setores censitários de 2000;

- Estudos de evolução populacional existentes, tais como os desenvolvidos para os planos diretores de esgotos e de abastecimento de água.

6.3.3 Legislação e Sistema Institucional

- Levantamento e mapeamento da legislação de uso do solo e de preservação ambiental, pertinentes ao Município de Campo Grande, em nível municipal, estadual e nacional.

- Identificação das linhas de financiamento para a concretização das propostas do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais.

- Descrição do sistema institucional de gestão atual das águas pluviais de Campo Grande.

6.3.4 Programas de Educação Ambiental e Participação Comunitária

- Levantamento dos programas de educação ambiental em curso no município.

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- Levantamento das organizações sociais, comunitárias, entidades de classe e demais agentes potencialmente participantes dos fóruns de discussão do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais.

6.3.5 Planos, Estudos e Projetos Existentes e em Desenvolvimento

- Levantamento e avaliação de planos e projetos existentes, e em desenvolvimento, que tenham alguma interface com o sistema de drenagem, tais como: Plano Diretor de Esgotos, planos viários, projetos de drenagem, grandes empreendimentos aprovados ou em aprovação, planos de ampliação do sistema de abastecimento de água e Plano Diretor do Município.

6.3.6 Diagnóstico Ambiental Analítico das Bacias Hidrográficas

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Este item consiste na elaboração do diagnóstico ambiental das bacias hidrográficas do município, refletindo a completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, de modo a caracterizar a situação ambiental da área. Espera-se como resultado um diagnóstico integrado que permita a identificação dos impactos já existentes nas bacias hidrográficas, e que considere no mínimo:

Meio Físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes atmosféricas;

Meio Biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras ou ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente e unidades de conservação;

Meio Sócio-econômico – o uso e ocupação do solo, o uso da água e a sua sócio-economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência da sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. Para tanto, deverão ser processadas as informações abaixo relacionadas, devendo as mesmas, quando couber, ser apresentadas em planta planialtimétrica em escala compatível e também através de fotografias datadas, com legendas explicativas das bacias hidrográficas.

Delimitar as áreas das bacias hidrográficas;

Demonstrar as ocupações e usos incompatíveis com a legislação incidente (Municipal, Estadual e Nacional) e, em especial, com as áreas de interesse ambiental, mapeando as restrições às ocupações;

Caracterizar o ecossistema aquático, tais como: hidrografia, enquadramento do corpo d’água e ambientes;

Identificar os equipamentos urbanos existentes e relacioná-los com a demanda a ser gerada pelo adensamento populacional das bacias hidrográficas;

Apresentar a compatibilização da infra-estrutura básica existente no local, tais como: fornecimento de energia elétrica, pavimentação, fontes de abastecimento d'água e redes de esgoto, contemplando o enquadramento de corpo d’água receptor;

Apresentar dados demográficos contemplando a população total;

Apresentar o cenário atual do sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos;

Caracterizar uso e ocupação atual do solo, com representação em escala mínima 1:10.000;

Caracterizar as condições climáticas (velocidade, direção e predominância dos ventos, pluviometria e temperatura);

Caracterizar áreas de vegetação nativa e/ou de interesse específico para a fauna e flora;

Apresentar o percentual de cobertura vegetal por bacia, espacializando a cobertura arbórea e gramínea;

Identificar as áreas com declividade superior a 30% em cada bacia hidrográfica;

Identificar as áreas potenciais de ocorrência dos processos erosivos e assoreamento;

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Apresentar descrição dos demais aspectos relevantes e suas informações cartográficas, utilizando-se de escalas compatíveis com o nível de detalhamento requerido. As informações necessárias à elaboração do diagnóstico ambiental deverão ser obtidas a partir de dados secundários, e complementadas por levantamentos de campo, quando se justificar. IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS Este item visa a identificar e espacializar os impactos ambientais existentes e instalados nas bacias hidrográficas através da identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando:

Os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes;

A distribuição dos ônus e benefícios sociais, decorrentes de impactos tais como: conflitos de uso e ocupação do solo e de água, alteração no regime hídrico superficial e subterrâneo, supressão da cobertura vegetal, interferência com infra-estrutura existente, erosão e assoreamento.

Os impactos ambientais deverão ser identificados através de uma matriz para cada bacia hidrográfica, ou outra metodologia apropriada, considerando a facilitação do seu entendimento.

Os impactos ambientais, depois de identificados, deverão ser avaliados, através de um quadro de avaliação qualitativa, de acordo com os seguintes atributos:

• quanto à natureza: positivo ou negativo; • quanto ao prazo de ocorrência: curto, médio e longo prazo; • quanto à espacialidade: localizado ou disperso; • quanto à duração: permanente ou temporário. PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS MITIGADORAS

Neste item deverão ser explicitadas as propostas de medidas que visem minimizar os impactos adversos identificados. Estas medidas deverão ser apresentadas e classificadas quanto a:

Sua natureza: preventiva ou corretiva;

O fator ambiental a que se destina: físico, biológico ou sócio-econômico;

Prazo de permanência de sua aplicação: curto, médio ou longo prazo;

Responsabilidade por sua implementação: proprietário, poder público ou outros;

Impactos adversos que não possam ser evitados ou mitigados. PLANOS DE ACOMPANHAMENTO (MONITORIZAÇÃO)

Descrever os planos de acompanhamento a serem adotados para o monitoramento dos impactos positivos e negativos, identificando os fatores e parâmetros a serem considerados.

6.4 Formulação de Cenários

Os cenários formulados nesta atividade deverão possibilitar a avaliação da eficiência das medidas de controle propostas, otimizar as soluções e fornecer elementos para o Programa de Drenagem a ser desenvolvido na fase final do Plano.

Em princípio deverão ser estudados os cenários descritos abaixo. No decorrer dos estudos a Contratada poderá propor outros cenários que julgue interessantes e que possam contribuir para o aprimoramento do Plano.

Cenário Atual, no qual será estudado o impacto da urbanização atual sobre o sistema de drenagem existente. As simulações deste cenário deverão representar, na modelagem, as situações caracterizadas no diagnóstico;

Cenário Tendencial, no qual será estudado o impacto da urbanização futura sobre o sistema de drenagem existente. Este cenário representará a tendência de aumento dos prejuízos provocados

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pelas inundações considerando-se a expansão da mancha urbana sem a implantação das medidas de controle propostas no Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais. Fornecerá elementos para os estudos de benefícios quando for aplicada a metodologia dos custos evitados;

Cenários Alternativos de Planejamento, que representarão os efeitos das diversas alternativas de controle estudadas no Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais.

Cenário Proposto que, dentre os Cenários Alternativos de Planejamento, será o que apresentar maior eficiência considerando-se os critérios de melhor relação benefício/custo e de menor impacto ambiental.

Os estudos dos cenários futuros deverão ser precedidos de estudos demográficos que estimarão as populações de Campo Grande, desde 2006 até o horizonte do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais, ano 2026.

Os resultados dos estudos demográficos serão apresentados em planos de informação do banco de dados georreferenciado contendo os seguintes elementos:

Limites da área urbanizada atual com a distinção das diferentes faixas de densidade;

Limites das áreas urbanizadas projetados para os anos 2016 e 2026, com a distinção das diferentes faixas de densidade;

Distribuição espacial da população atual (2006) e futura (2016 e 2026);

Índices de impermeabilização atuais (2006) e futuros (2016 e 2026).

Os limites da área urbana atual poderão ser obtidos de imagens recentes de satélite ou a partir das fotografias aéreas que compõem o sistema da Prefeitura, conhecido como Geomorena.

A expansão da mancha urbana poderá ser avaliada considerando as projeções dos estudos demográficos, os novos loteamentos aprovados ou em fase de aprovação, e os limites de ocupação (umbrais de expansão) definidos pela legislação de uso do solo.

As densidades de urbanização poderão ser inferidas a partir da classificação supervisionada das imagens ou aerofotos, cruzando-as com as densidades demográficas projetadas a partir das densidades dos setores censitários, apuradas pelo IBGE.

Os índices de impermeabilização poderão ser determinados a partir da relação área impermeável / densidade demográfica, obtidas das imagens ou aerofotos e populações dos setores censitários. Opcionalmente poderão ser usadas curvas propostas em literatura especializada, desde que ajustadas às condições específicas de Campo Grande.

6.5 Diagnóstico e Prognóstico das Inundações

Nesta atividade será estudado o impacto da urbanização atual e futura sobre o sistema de drenagem existente (cenário Atual e cenário Tendencial).

O diagnóstico deverá apontar com precisão as causas das inundações que acontecem em Campo Grande, abrangendo: áreas de risco, contornos e cotas das linhas de inundação, trechos críticos, singularidades do sistema, eventos pluviométricos críticos e custos dos prejuízos causados pelas inundações.

O diagnóstico deverá também apresentar a análise da legislação de uso e ocupação do solo em vigor, como também do sistema atual de gestão da drenagem, identificando as posturas legais mais impactantes e os gargalos institucionais.

O prognóstico mostrará o comportamento futuro das inundações sem a implantação das propostas do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais.

Os contornos e cotas das linhas de inundação atuais e prognosticadas deverão ser relacionados com os respectivos tempos de recorrência e prejuízos. A partir dessas relações deverão ser traçadas curvas risco x prejuízos que servirão para avaliar os custos esperados das inundações futuras.

116

6.6 Otimização das Medidas Estruturais de Controle

Para o estudo das medidas estruturais e sua otimização, deverão ser utilizados, como ferramentas, modelos matemáticos de simulação.

A modelagem abrangerá os trechos críticos identificados no diagnóstico.

Para os distritos de Rochedinho e Anhanduí, o Plano deverá propor medidas de preservação e de controle não-estruturais.

A modelagem abrangerá duas etapas básicas:

a) Preparação do Modelo

- Escolha do modelo de simulação, com preferência aos modelos de uso livre. Deverá ser analisada a viabilidade e a conveniência da utilização de modelos hidrológico-hidráulicos ou modelos hidrodinâmicos;

- Definição dos critérios e parâmetros de simulação, abrangendo: método de cálculo de transformação chuva-vazão, tempo de concentração (em função do nível de urbanização e impermeabilização), precipitações críticas (tempo de recorrência, duração, intensidade e distribuição espacial) e parâmetros para a determinação dos volumes de escoamento em função do tipo de ocupação das bacias hidrográficas e das características do solo natural.

A definição do parâmetro Tempo de Recorrência, deverá ser precedida de uma análise de sensibilidade de riscos, benefícios e custos.

- Calibração ou ajuste dos parâmetros com base nos eventos passados, de forma que o modelo represente, com precisão aceitável, os cenários que serão estudados.

b) Simulação de Cenários

Nesta etapa serão simulados os cenários descritos no Item 6.4.

- O modelo deverá ser ajustado ao Cenário Atual de forma a representar com razoável precisão as inundações diagnosticadas;

- Para cada Cenário Alternativo de Planejamento deverão ser avaliados os custos esperados dos prejuízos produzidos pelas inundações. Estes custos serão considerados como custos evitados nas análises de benefício/custo. Os custos de implantação e manutenção das obras poderão ser inferidos a partir de curvas de custos obtidas do pré-dimensionamento de obras de diversos portes e padrões, aferidos com os custos de obras similares implantadas em outras localidades. O Cenário Proposto resultará do Cenário Alternativo que apresentar melhor relação benefício/custo e atender às restrições urbanísticas e ambientais previamente estabelecidas.

- As áreas destinadas às obras de amortecimento de vazões deverão ser preferencialmente selecionadas entre as áreas livres identificadas na fase de levantamento de informações.

- Para os cenários planejados deverão ser avaliados os efeitos das medidas não-estruturais voltadas ao controle do uso do solo. Com este procedimento pretende-se demonstrar quantitativamente a eficácia dessas medidas e, assim, incentivar sua implementação.

- Para os casos onde a redução das inundações provocadas pelo extravasamento da macrodrenagem depende da implantação de medidas de controle em sub-bacias hidrográficas secundárias, cujos sistemas de drenagem não tenham sido abrangidos pela modelagem, deverão ser impostas vazões de restrição. Estas vazões correspondem às vazões máximas que essas sub-bacias hidrográficas poderão gerar sem que a capacidade do sistema principal seja superada. Portanto deverão ser atendidas nos projetos de obras secundárias de drenagem, não contempladas diretamente pelo Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais e deverão ser incluídas no rol de medidas não-estruturais;

Como resultado desta atividade deverá ser definido o Cenário Proposto, com a relação e caracterização das

117

obras a serem implantadas por sub-bacia de planejamento.

6.7 Levantamentos Complementares de Campo

Os levantamentos complementares consistirão nos levantamentos planialtimétricos cadastrais das áreas onde serão implantadas as medidas de controle estruturais definidas no Cenário Proposto. A precisão dos levantamentos será compatível com as escalas dos anteprojetos.

Nos casos em que a estimativa de custos das obras depender de uma avaliação geotécnica mais profunda, deverá ser programada uma campanha de sondagens e ensaios geotécnicos, que será providenciada pela Prefeitura, sem ônus para a Contratada.

6.8 Anteprojetos das Medidas Estruturais de Controle

O nível de detalhamento dos anteprojetos será compatível com o nível de planejamento. Os anteprojetos serão utilizados para a previsão de áreas a serem reservadas para as medidas de controle (as quais deverão ser incluídas nas medidas não-estruturais como de uso público prioritário) e para a elaboração de orçamentos estimativos que servirão de referência para o planejamento da implantação dessas medidas que fará parte do Programa Municipal de Drenagem.

Os anteprojetos deverão conter:

Relatório descritivo e justificativo;

Memoriais de cálculo;

Desenhos de implantação, terraplenagem, estruturas, paisagismo e demais informações: plantas, cortes e detalhes;

Quantitativos e orçamentos;

Especificações básicas.

6.9 Proposição de Medidas de Controle Não-Estruturais

As medidas de controle não-estruturais serão apresentadas tanto para as áreas urbanizadas de Campo Grande como para os distritos, tendo, portanto, abrangência municipal. Deverão englobar propostas para:

Controle do uso e ocupação do solo a serem incorporadas pelo Plano Diretor do Município;

Reformulação do sistema de gestão considerando-se as características do sistema proposto;

Obtenção de recursos através de repasses, financiamentos e tributação específica;

Legislação voltada ao manejo das águas pluviais e controle de impactos decorrentes do desenvolvimento municipal;

Bases para um programa de educação ambiental;

Criação de parques lineares ao longo das várzeas de inundação natural ainda não ocupadas;

Criação de parques nas cabeceiras dos rios principais para proteção dos rios contra assoreamento e proteção da qualidade da água;

Instalação de um Sistema de Monitoramento de Chuvas, composto de Estação Meteorológica, Medidores e Sistema de Divulgação, para alerta de Chuvas Intensas.

Outras propostas pertinentes.

6.10 Análises Benefício-Custo

As estimativas de custos das obras serão elaboradas em dois níveis, dependendo da fase dos estudos:

Para os estudos de alternativas, nos Cenários Alternativos de Planejamento, poderão ser utilizadas curvas de custos, conforme já mencionado.

Para o Programa Municipal de Drenagem, deverão ser utilizados os orçamentos dos anteprojetos. Neste caso deverão ser considerados, além dos custos de implantação das obras, os valores presentes dos custos de manutenção e operação, assim como dos custos indiretos relacionados às medidas não-estruturais propostas.

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Os benefícios deverão ser avaliados por um dos métodos abaixo. Para uma melhor aferição dos resultados, os dois métodos poderão ser aplicados, a critério da Contratada.

Método dos custos evitados, onde se considera que os benefícios são equivalentes aos danos evitados pela implementação das medidas de controle;

Método da disposição a pagar que considera os benefícios como iguais a valorização das propriedades beneficiadas.

Uma vez determinados custos e benefícios para as diversas situações estudadas no Plano, serão calculadas as relações benefício/custo e taxas internas de retorno para o horizonte de 20 anos.

6.11 Elaboração do Programa Municipal de Drenagem

O Programa Municipal de Drenagem será o instrumento de planejamento para a implantação das medidas propostas no Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais, sendo fundamental para a obtenção de recursos e para a revisão do Plano Diretor Municipal. O Programa Municipal de Drenagem será elaborado dentro dos princípios, objetivos e diretrizes deste Termo de Referência abordando os seguintes temas:

Metas e prioridades;

Regulamentação do Plano Diretor do Município nos artigos relacionados com a drenagem urbana;

Plano de Ação, contendo:

- Proposta para a gestão da Implementação do Plano, com a avaliação do sistema de gestão atual, definição das entidades que serão envolvidas nas ações previstas; procedimentos para fiscalização das obras, aprovação de projetos - considerando a nova regulamentação -, operação e manutenção da rede de drenagem e áreas de risco e fiscalização do conjunto das atividades;

- Definição das fontes de recursos e de financiamento.

Etapas de implantação das medidas de controle com a definição do sequenciamento de ações no tempo e espaço relacionadas com o plano de cada sub-bacia.

Cronograma físico-financeiro;

Avaliação dos benefícios esperados para cada etapa do Programa.

Programas Complementares de médio e longo prazo a serem desenvolvidos após a conclusão do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais, abrangendo:

- Complementação do cadastro da rede de drenagem; - Monitoramento; - Estudos complementares necessários ao aprimoramento e detalhamento do Plano; - Manutenção; - Fiscalização; - Divulgação, interação com a comunidade e educação.

O Programa Municipal de Drenagem deverá ser apresentado em um conjunto de relatórios organizados da seguinte forma:

Um relatório geral, contendo a síntese do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais e o detalhamento das ações de abrangência municipal.

Um relatório para cada sub-bacia, com as ações específicas, propostas para cada uma, dentro do conceito de planejamento por sub-bacia abordado neste Termo de Referência.

6.12 Divulgação do Plano e Discussão com a Comunidade

A compreensão e a aceitação da comunidade das medidas propostas são fundamentais para o sucesso do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais.

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Com esse objetivo deverão ser organizados seminários para divulgar os trabalhos realizados e estimular a participação dos agentes interessados. Deverão ser realizados ao menos três seminários:

No início dos trabalhos onde serão apresentados os responsáveis pela elaboração do Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais e o Plano de Trabalho Consolidado;

Na fase de estudos de alternativas, após o diagnóstico, quando serão apresentadas as principais alternativas estudadas;

Na conclusão da minuta do Plano, quando serão apresentadas as medidas de controle propostas.

A infra-estrutura para a realização dos seminários (sala, projetor, som, etc.) será providenciada pela Prefeitura.

Após o último seminário, em função das propostas dos participantes, poderão ainda ser feitos ajustes a serem incorporados na edição do relatório final do Plano.

7 PRODUTOS

A precisão dos produtos a serem apresentados será compatível com as escalas de trabalho adotadas. Para efeito de avaliação prévia, com base na cartografia disponível e na precisão que se pretende alcançar, sugerem-se as seguintes escalas de trabalho. Essas escalas poderão ser modificadas no decorrer dos estudos, em comum acordo com a equipe de acompanhamento da Prefeitura.

Área urbanizada do 1º Distrito (Centro): escala 1:10.000

Demais áreas do município: escala 1:50.000

Plantas gerais das bacias hidrográficas: escala 1:50.000

Seções transversais e singularidades cadastradas: escala 1:100 ou 1:200

Ante-projetos - plantas: escala 1:500

Ante-projetos – seções e perfis: escalas entre 1:50 e 1:200

Ante-projetos – detalhes: escala a ser definida em função do tipo de detalhe 7.1 Banco de Dados Georreferenciado

O banco de dados georreferenciado, produzido no Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais, deverá conter as seguintes informações:

Limite municipal e limites dos distritos;

Hidrografia, limites das bacias hidrográficas e sub-bacias hidrográficas;

Sistema viário principal;

Limites das zonas definidas na lei municipal de uso do solo e áreas de preservação, ou com restrições de uso;

Parques e áreas verdes;

Uso do solo com destaque para as concentrações urbanas, distribuição espacial da população (densidades demográficas) e dos níveis de impermeabilização para os anos 2006, 2016 e 2026;

Carta obtida da interpretação das cartas geológicas e pedológicas do município com o mapeamento das diversas tipologias hidrológicas de solo;

Mapeamento dos parâmetros hidrológicos de escoamento superficial;

Localização das seções e singularidades cadastradas;

Áreas de risco atual de inundação e futuras, segundo o diagnóstico e a modelagem de cenários;

Localização das medidas estruturais de controle propostas;

Áreas de preservação propostas;

Outras informações de interesse para o planejamento das intervenções definidas no Plano Diretor de Drenagem de Águas Pluviais.

7.2 Relatórios Na tabela A3, a seguir, estão relacionados os produtos a serem entregues. O conteúdo dos relatórios deverá ser compatível com as atividades a que correspondem, conforme especificadas neste Termo de Referência.

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Os prazos de entrega deverão atender ao cronograma apresentado no Item 9. Para o recebimento dos produtos os relatórios pela comissão de fiscalização da PMCG os mesmos deverão ser antes apreciados em reunião ordinária ou extraordinária do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano – CMDU e pelo Grupo Técnico (GT) designado pelo chefe do executivo municipal através de Decreto Municipal. Tabela A3: Relação de Produtos

Código Relatório

PTC Plano de Trabalho Consolidado

R 1 Dados e Informações Coletadas e Definição da Base Cartográfica

R 2 Formulação de Cenários, Diagnóstico e Prognóstico das Inundações

R 3 Estudo de Alternativas e Medidas de Controle Estruturais

R 4 Medidas de Controle Não-Estruturais

R 5 Diagnóstico Ambiental Analítico das Bacias hidrográficas Hidrográficas

R 6 Levantamentos Complementares de Campo

R 7 Anteprojeto das Medidas de Controle Estruturais

R 8 Análises Benefício-Custo

R 9 Programa Municipal de Drenagem

R 10 Manual de Drenagem Urbana

R 11 Banco de Dados Georreferenciados

R 12 Síntese das atividades de divulgação do plano

RMA 1 a 8 Relatórios Mensais de Andamento c/ a síntese das atividades realizadas em cada mês

8 PREÇO DE REFERÊNCIA

9 PRAZO E CRONOGRAMA DE DESEMBOLSO

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ANEXO B – ESTUDO DE CONCEPÇÃO (EC) DE SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

A seguir é apresentada o sumário de um estudo de Concepção de um sistema de esgotamento sanitário

1. CARACTERIZAÇÃO 1.1. Área de estudo

1.1.1. Mapa de localização 1.1.2. Principais vias e estradas de acesso 1.1.3. Clima 1.1.4. Topografia, relevo e geologia 1.1.5. Bacia hidrográfica

1.2. Uso e ocupação do solo 1.2.1. Análise do Plano Diretor Municipal 1.2.2. Identificação de áreas protegidas ou com restrição de ocupação 1.2.3. Uso e ocupação atual do solo

1.3. Aspectos sociais e econômicos 1.3.1. Atividades econômicas 1.3.2. Caracterização do mercado de trabalho e mão de obra disponível 1.3.3. Distribuição de renda 1.3.4. Indicadores sócio – econômicos

1.4. Sistema de infraestrutura e condições sanitárias 1.4.1. Esgotamento sanitário

1.4.1.1. Índice de cobertura 1.4.1.2. População atendida 1.4.1.3. Índices de atendimento com coleta e tratamento 1.4.1.4. Volume coletado 1.4.1.5. Volume tratado 1.4.1.6. Coleta 1.4.1.7. Transporte 1.4.1.8. Tratamento 1.4.1.9. Disposição final

1.4.2. Resíduos sólidos 1.4.2.1. Índice de cobertura 1.4.2.2. População atendida 1.4.2.3. Índices de atendimento com coleta e tratamento 1.4.2.4. Volume coletado 1.4.2.5. Volume tratado 1.4.2.6. Coleta 1.4.2.7. Transporte 1.4.2.8. Tratamento 1.4.2.9. Disposição final

1.4.3. Drenagem urbana e manejo de águas pluviais 1.4.3.1. Índice de cobertura 1.4.3.2. População atendida 1.4.3.3. Índices de atendimento com coleta 1.4.3.4. Equações de chuva para projeto 1.4.3.5. Caracterização geral

1.4.4. Saúde 1.4.4.1. Mortalidade infantil 1.4.4.2. Ocorrência de internamentos e mortes por doenças de veiculação hídrica

1.4.5. Sistema Viário 1.4.6. Energia Elétrica 1.4.7. Sistema de abastecimento de água existente

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1.4.7.1. Descrição e fluxograma do sistema existente 1.4.7.2. Manancial 1.4.7.3. Captação 1.4.7.4. Adutoras 1.4.7.5. Estações elevatórias 1.4.7.6. Reservatórios 1.4.7.7. Redes de distribuição 1.4.7.8. Ligações prediais

2. DIAGNÓSTICO DO SISTEMA EXISTENTE 2.1. Área atendida 2.2. População atendida 2.3. Regularidade do esgotamento sanitário por setor 2.4. Esgoto “per capita” e por economia 2.5. Número de ligações e geração per capta 2.6. Tratamento dos resíduos gerados 2.7. Identificação e análise crítica dos estudos, projetos e planos existentes que possam interferir no

estudo 3. ESTUDO DE ALTERNATIVAS

3.1. Estudo populacional e demandas 3.1.1. Estudo de população fixa e flutuante 3.1.2. Sistematização e avaliação de dados censitários e dos estudos populacionais existentes 3.1.3. Análise econômica do município 3.1.4. Definição da área de alcance do projeto 3.1.5. Definição da projeção de população a ser adotada e sua distribuição na área de projeto 3.1.6. Estudo de demandas de esgoto 3.1.7. Geração “per capita” ou por economia, tendo como base os consumos medidos de

água, efetuando a projeção da evolução desse parâmetro 3.1.8. Análise da geração e sua distribuição nas categorias residencial, comercial, pública,

industrial e especial 3.1.9. Coeficiente de variação das vazões (K1 e K2), quando possível, levando-se em

consideração as gerações da área em questão 3.1.10. Índices de atendimento no período de projeto

3.2. Estudo de corpo hídrico receptor 3.2.1. Histórico dos despejos no corpo hídrico receptor na região em análise 3.2.2. Levantamento sanitário da bacia incluindo interpretação de análises físico-químicas e

bacteriológicas das águas da região em estudo 3.2.3. Uso e ocupação atual do solo e tendências futuras ou outros tipos de interferências que

possam afetar o corpo o(s) local(is) recebedores do efluente 3.3. Formulação das alternativas 3.4. Estimativa de custo das alternativas

3.4.1. Data base 3.4.2. Planilhas de orçamento 3.4.3. Memorial de cálculo de orçamento 3.4.4. Estimativa de custos de implementação das medidas 3.4.5. Custos operacionais e de manutenção 3.4.6. Custos de desapropriações

4. CONDIÇÃO DE VIABILIDADE TÉCNICA-ECONÔMICA-AMBIENTAL 4.1. Análise técnica 4.2. Análise econômica 4.3. Análise ambiental 4.4. Comparação técnica, econômica, ambiental 4.5. Justificativa da alternativa adotada como paradigma

123

ANEXO C– LEVANTAMENTO DE DUE DILIGENCE

A seguir é apresentada o sumário da metodologia de levantamento de due diligence de Saneamento e Drenagem

1. LEVANTAMENTO DE ITENS 1.1. Levantamento individual 1.2. Levantamento amostral

2. ESTADO DE CONSERVAÇÃO

2.1. Item servível 2.1.1. Novo 2.1.2. Bom estado 2.1.3. Estado regular

2.2. Item inservível 2.2.1. Recuperável 2.2.2. Ocioso 2.2.3. Antieconômico

3. CONCILIAÇÃO

3.1. Físico x Contábil

4. VALORAÇÃO DOS DUE DILIGENCE 4.1. Valor novo de reposição 4.2. Depreciação 4.3. Valor de mercado em uso 4.4. Índice de aproveitamento 4.5. Valor de base de remuneração

124

ANEXO D – PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS REGULATÓRIOS

A seguir é apresentada o sumário para procedimentos contábeis e regulatórios

1. MATRIZ CONTÁBIL REGULATÓRIA 1.1. A Demonstração do Resultado

1.1.1. Receita bruta de serviços, deduções da Receita, abatimentos, impostos incidentes sobre a receita 1.1.2. Receita líquida de serviços, custo das vendas e serviços prestados e o lucro bruto 1.1.3. Despesas comerciais, despesas gerais e administrativas, outras despesas operacionais e o resultado do serviço 1.1.4. Despesas financeiras, deduzidas das receitas financeiras 1.1.5. Lucro ou prejuízo operacional, receitas e as despesas não operacionais 1.1.6. Resultado do exercício antes do imposto de renda e da contribuição social e as provisões para esses encargos tributários 1.1.7. Participações de debêntures, de empregados e administradores, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa 1.1.8. Lucro líquido ou prejuízo do exercício e o seu montante por ação do Capital Social

1.2. As principais considerações a respeito dos itens de custos e despesas que merecem destaque são as seguintes

1.2.1. Custo dos serviços prestados 1.2.1.1. Devem contemplar os gastos relacionados diretamente às operações

e/ou alocados proporcionalmente à participação nas referidas operações, sendo os principais os seguintes: Pessoal, Materiais, Serviços de Terceiros, Depreciação e Outras

1.2.2. Despesas Comerciais 1.2.2.1. Devem contemplar as Despesas com Pessoal de Vendas, Marketing,

Comissões, Propaganda e Publicidade, Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa, Cobrança, etc

1.2.3. Despesas Gerais e Administrativas 1.2.3.1. Devem contemplar gastos pagos ou incorridos relacionados com a

gestão ou direção da empresa, representando várias atividades gerais que beneficiam todas as fases do negócio social. Devem ser considerados nessa natureza os gastos com Honorários da Administração, Salários e Encargos do Pessoal Administrativo, Despesas Legais e Judiciais, Materiais de Escritório, Depreciação de Due Diligence Imobilizados utilizados nas atividades administrativas, Despesas de Viagem de pessoal administrativo, etc

2. DISCRIMINAÇÃO PERIÓDICA AO REGULADOR 2.1. Balanço patrimonial societário e regulatório

2.1.1. As diferenças entre o Balanço Patrimonial Regulatório e o Societário referem-se ao registro dos bens necessários a prestação dos serviços públicos regulados no Due Diligence Imobilizado/Intangível quanto ao critério de depreciação/amortização referente a esses bens

2.2. Demonstração do resultado no período

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2.2.1. A composição da Demonstração do Resultado do Exercício discriminará, no mínimo, aos seguintes critérios

2.2.1.1. Receita Bruta dos Serviços: total das receitas 2.2.1.2. Impostos, Taxas, Contribuições e outras deduções da receita: impostos

e abatimentos sobre a receita 2.2.1.3. Receita Líquida: diferença entre (2.2.2.1) e (2.2.1.2) 2.2.1.4. Custo dos Serviços Prestados: registro dos gastos relacionados

diretamente à operação e/ou alocados proporcionalmente à participação nas operações: pessoal, gastos com veículos, depreciação, entre outras

2.2.1.5. Lucro/Prejuízo Bruto: diferença entre (2.2.1.3) e (2.2.1.4) 2.2.1.6. Despesas Comerciais: registra os gastos com pessoal da área de venda,

marketing, comissões sobre vendas, propaganda e publicidade, provisão para créditos de liquidação duvidosa, etc.

2.2.1.7. Despesas Administrativas: gastos, pagos ou incorridos, pela direção ou gestão do prestador de serviços, e se constituem de várias atividades gerais que beneficiam todas as fases do negócio ou objeto social. Incluem-se nessa natureza gastos como honorários da administração (diretoria e conselho de administração), salários e encargos do pessoal administrativo, despesas legais e judiciais, materiais de escritório e depreciação de due diligence imobilizados utilizados pela administração, etc.;

2.2.1.8. Outras Despesas/Receitas Operacionais: engloba resultado da avaliação de investimento pelo método de equivalência patrimonial, dividendos e rendimentos de outros investimentos, amortização de ágio ou deságio de investimentos, etc.

2.2.1.9. Despesas/Receitas Financeiras: Despesas - juros pagos ou incorridos, descontos concedidos, comissões e despesas bancárias, correção monetária, variação cambial etc.; e Receitas - descontos obtidos, juros recebidos ou auferidos, receitas de títulos vinculados ao mercado aberto, receitas sobre outros investimentos temporários, prêmio de resgate de títulos e debêntures, etc

2.2.1.10. Resultado Operacional: apurado pela soma (ou dedução) de (2.2.1.5) e de (2.2.1.6) a (2.2.1.9)

2.2.1.11. Outras Despesas/Receitas não Operacionais: inclui ganhos e perdas na alienação de investimentos, provisão de perdas prováveis na realização de investimentos, resultados na alienação de bens do imobilizado, etc.

2.2.1.12. Lucro ou Prejuízo antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social: apurado pela somatória (ou dedução) de (2.2.1.10) e (2.2.1.11)

2.2.1.13. Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o lucro do exercício e diferido apurados com base nas disposições legais e tributárias, conciliadas, quando aplicável, com os princípios e normas contábeis específicos

2.2.1.14. Participações e Contribuições: as participações de debêntures, de empregados e administradores, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa

2.2.1.15. Lucro Líquido ou Prejuízo no Período e/ou Exercício apurado pela soma (ou dedução) de (2.2.1.9), (2.2.1.13) e (2.2.1.14)

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2.2.1.16. Lucro Líquido ou Prejuízo por Ação: lucro/prejuízo apurado (o) dividido pelo número de ações representativas do Capital Social (o prestador deverá incluir em nota explicativa específica, demonstrando detalhadamente o cálculo do lucro por ações, por classe de ações, com o cálculo dos dividendos pagos e/ou provisionados no exercício)

2.3. Demonstração das mutações do patrimônio líquido 2.3.1. Para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo no início e no

final do período, demonstrando-se separadamente as mutações decorrentes: (i) do resultado líquido; (ii) de cada item dos outros resultados abrangentes; e (iii) de transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário, demonstrando separadamente suas integralizações e as distribuições realizadas, bem como modificações nas participações em controladas que não implicaram perda do controle

2.4. Fluxo de caixa 2.4.1. Referente às entradas e saídas de caixa e equivalente de caixa. Em suma, a

Demonstração do Fluxo de Caixa deve apresentar os fluxos de caixa durante o período, classificados por atividade operacional, de investimento e de financiamento. Ainda, deverá ser abordado no fluxo de caixa

2.4.1.1. Itens extraordinários ao exercício 2.4.1.2. Juros e dividendos 2.4.1.3. Imposto sobre a renda 2.4.1.4. Investimentos em subsidiárias, associadas e joint ventures

(empreendimentos conjuntos) 2.4.1.5. Aquisições e vendas de subsidiárias e outras unidades de negócios da

empresa 2.4.1.6. Transações que não envolvem numerário 2.4.1.7. Componentes de caixa e equivalentes à caixa 2.4.1.8. Outras divulgações (disclosures), incluindo os comentários da

Administração, os saldos de caixa e equivalentes à caixa, mantidos por ela, que não estejam disponíveis para uso pelo grupo

2.5. Notas explicativas 2.6. Demonstração do valor adicionado 2.7. Plano plurianual de investimentos e demonstrativo de execução

2.7.1. O Plano de Investimentos base para o ciclo tarifário em vigência deve ser atualizado conforme sua realização, e sua apresentação deve garantir que os investimentos sejam identificados de acordo com o município, o serviço prestado e a origem do recurso.

2.8. Demonstração da aplicação dos recursos financeiros 2.8.1. A aplicação dos recursos financeiros deve se dar de forma a permitir a identificação

dos seguintes itens 2.8.1.1. Município 2.8.1.2. Composição dos recursos 2.8.1.3. Serviço prestado 2.8.1.4. Fonte do recurso 2.8.1.5. Natureza do due diligence 2.8.1.6. Atividade

2.9. Relatório referente aos indicadores da delegação 2.9.1. Os indicadores de interesse regulatório deverão ser classificados de acordo com a

natureza informativa, a ser

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2.9.1.1. Indicadores Econômico-Financeiros: Indicadores de liquidez, Indicadores de endividamento, Indicadores de margem e retorno, Indicadores do imobilizado

2.9.1.2. Indicadores Operacionais: Indicadores operacionais de água, Indicadores operacionais de esgoto

2.9.1.3. Indicadores Sociais 2.10. Inventário dos bens da delegação

2.10.1. A relação dos bens inerentes à prestação dos serviços regulados pela AURA deverá ser atualizada anualmente, registrado conforme o município de delegação, o serviço/sistema, a natureza do due diligence, a data de registro, o valor aferido e a depreciação.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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ANEXO E – ÍNDICE DE REPOSICIONAMENTO TARIFÁRIO

Itens de referência para índice de reposicionamento tarifário - IRT

1. Resumo Executivo 2. Introdução

2.1 Aspectos legais e definições preliminares 2.2 Periodicidade da Revisão Tarifária 2.3 Estrutura Tarifária 2.4 Remuneração de Investimentos

3. Metodologia 3.1 Receita Total Anual Requerida – RR 3.1.1 Custos dos Serviços Anual - CS

3.1.1.1 Custos e despesas operacionais – DEX 3.1.1.2 Depreciações, Provisões e Amortizações - DPA 3.1.1.3 Remuneração Adequada da Base de due diligence regulatória – Rad 3.1.1.4 Custo médio Ponderado do Capital – WACC 3.1.1.5 Serviços indiretos

3.1.2 Tributos Incidentes sobre a Receita - TR 3.1.3 Créditos de Tributos Incidentes sobre a Receita - CTR 3.1.4 Demonstração da Receita Total Anual Requerida - RR

3.1.5 Receita Unitária Média Requerida – RUMR 3.1.6 Demonstração da RODI Verificada 3.1.6.1 Receita Unitária Média Verificada – RUMV

4. Índice de Reposicionamento Tarifário - IRT 5. Considerações Finais

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ANEXO F – LIMPEZA PROGRAMADA DE FOSSAS E LATRINAS

A seguir é apresentada o sumário para Projeto de limpeza programada de fossas e latrinas

1 Introdução 2 Objetivos 3 Glossário 4 Fundamentação da tecnologia 5 Sobre o Serviço de Limpeza de Fossa Séptica

5.1 Caracterização do serviço 5.2 Justificativas

6 Descrição do serviço 6.1 Notificação 6.2 Vistoria 6.3 Adequações do sistema individual 6.4 Limpeza e destinação

7 Fiscalização das Soluções Individuais 8 Política de Consequências

8.1 Vistorias 8.2 Limpezas

9 Sobre os custos do serviço 9.1 Custos Diretos do Serviço

9.1.1 Custos Operacionais 9.1.2 Divulgação/Educação Ambiental 9.1.3 Investimentos

9.1.3.1 Amortização dos Investimentos 9.1.3.2 Remuneração dos Investimentos

9.2 Custos Indiretos do Serviço 9.3 Tributos 9.4 Fundo para Solução Individual 9.5 Incentivo 9.6 Subsídio

10 Proposta de Precificação 11 Encaminhamentos 12 Referências

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ANEXO G – PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO (PMSB)

Itens de referência para plano municipal de saneamento básico (PMSB)

Apresentação 1. Introdução 2. Objeto 3. Objetivos 4. Política de saneamento básico no município

4.1. A diferença entre política municipal de saneamento básico e PMSB 4.2. Aprovação do PMSB

5. Etapas de elaboração do PMSB e respectivos produtos 6. Elaboração do PMSB: escopo das atividades

6.1. Formação dos comitês do PMSB: executivo e de coordenação 6.2. Elaboração da estratégia de mobilização, participação social e Comunicação 6.3. Construção do diagnóstico técnico-participativo

6.3.1. Caracterização territorial do município A. Caracterização da área de planejamento B. Breve caracterização física do município C. Caracterização socioeconômica do município: perfil demográfico, estrutura territorial e Políticas públicas correlatas ao saneamento básico

C.1. Perfil demográfico do município C.2. Estrutura territorial do município C.3. Políticas públicas correlatas ao saneamento básico

C.3.1. Saúde C.3.2. Habitação de interesse social C.3.3. Meio ambiente e gestão de recursos hídricos C.3.4. Educação

D. Desenvolvimento local: renda, pobreza, desigualdade e atividade econômica E. Infraestrutura, equipamentos públicos, calendário festivo e seus impactos nos serviços de Saneamento básico

E.1. Energia elétrica E.2. Pavimentação e transporte E.3. Cemitérios E.4. Segurança pública E.5. Calendário festivo do município

6.3.2. Quadro institucional da política e da gestão dos serviços de saneamento Básico

A. Indicação das principais fontes sobre as políticas nacionais de saneamento básico B. Apropriação da legislação e dos instrumentos legais que definem as políticas nacional, Estadual e regional de saneamento básico C. Mapeamento da gestão dos serviços de saneamento básico no município D. Mapeamento dos principais programas existentes no município de interesse do Saneamento básico E. Existência de avaliação dos serviços prestados F. Levantamento da estrutura atual de remuneração dos serviços

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G. Identificação junto aos municípios das possibilidades de consorciamento H. Patamar de aplicação dos recursos orçamentários no saneamento nos últimos anos I. Levantamento das transferências e convênios existentes com o governo nacional e com o Governo estadual em saneamento básico J. Identificação das ações de educação ambiental e mobilização social em saneamento e nível de investimento

6.3.3. Serviço de esgotamento sanitário A. Descrição geral do serviço de esgotamento sanitário existente no município B. Identificação e análise das principais deficiências referentes ao sistema de esgotamento Sanitário C. Indicação das áreas de risco de contaminação e das fontes pontuais de poluição por Esgotos no município D. Análise crítica dos planos diretores de esgotamento sanitário da área de planejamento, quando houver E. Identificação de principais fundos de vale, corpos d´água receptores e possíveis áreas para locação de ETE F. Balanço entre geração de esgoto e capacidade do sistema existente na área de Planejamento G. Verificação da existência de ligações clandestinas de águas pluviais ao sistema de Esgotamento sanitário H. Estrutura organizacional responsável pelo serviço de esgotamento sanitário I. Identificação e análise da situação econômico-financeira do serviço de esgotamento Sanitário J. Caracterização da prestação dos serviços segundo indicadores

6.3.4. Quadro resumo e analítico do diagnóstico do PMSB 6.4. Elaboração do prognóstico: cenário de referência para a gestão dos Serviços, objetivos e metas, prospectivas técnicas 6.5. Proposição de programas, projetos e ações do PMSB

6.5.1. Quadro 3: propostas do PMSB 6.6. Metodologia para hierarquização das propostas do PMSB

6.6.1. Quadro4: aplicação da metodologia para hierarquização das propostas do PMSB 6.7. Programação da execução do PMSB

6.7.1. Quadro 5: programação da execução do PMSB 6.8. Indicadores de desempenho do PMSB

7. Considerações finais 8. Anexos

Anexo 1: equipe técnica mínima do comitê executivo Anexo 2: estrutura geral de um regimento interno para o comitê de coordenação Anexo 3: elementos para apresentação de relatórios