Hinduísmo: Um Apelo Por Assistência

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RAVI GILL

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Por Silvano Barbosa

residenciais e alguns salões de eventos são evidên-cias disso, e por essa razão ele continua sonhando.

Nesta entrevista ele faz um apelo por assistên-cia aos membros, pastores e líderes da Igreja Ad-ventista do Sétimo Dia no Brasil.

Foco na Pessoa – Fale um pouco sobre o seu território.

Ravi Gill – A Associação Madhya Bharat é composta por dois grandes estados da Índia: Rajasthan e Madhya Pradesh. Há 150 milhões de habitantes nesta região, sendo 88,8 % hindus, 8,5 % muçulmanos, 1,4 % sikhs e 1,2 % jains. Estas pessoas vivem em 60 cidades, 83 distritos, 616 povoados e 97.362 vilas. Atualmente, te-mos um registro de 6.918 membros e 11 pastores or-denados, que se reúnem em 50 igrejas e 160 grupos.

Foco na Pessoa – Como você conheceu a mensagem da Igreja Adventista do Sétimo Dia?

Ravi Gill – Fui batizado quando tinha 14 anos porque estudava em uma das nossas escolas. Um pastor australiano, chamado Michael Stanley, me batizou num rio durante um acampamento. Ao lon-go dos anos em que estudei nesta escola, os pas-tores e professores nos ensinaram acerca da nossa mensagem. Quando aceitei a verdade sobre o sá-bado, não contei aos meus pais. Mas quando voltei para casa, Deus me ajudou e aos poucos eu pude transmitir a mensagem para eles.

Ravi Gill é o presidente da Associação Madhya Bharat da Igreja Adventista do Sétimo Dia, com sede em Jaipur, Índia. Ele começou o seu ministério em 1979 como pastor e professor da Es-cola Adventista de Sri Ganganagar, no estado de Rajasthan. Em seguida, serviu como pastor e diretor do Ministério de Publicações na cidade de Udaipur Kanbai. Nos quatorze anos se-guintes, o pastor Gill foi pastor, professor e vice-diretor da Escola Adventista de Roorkee. De 1999 a 2005, ele foi diretor da Escola de Lucknow. Desde então o pastor Ravi Gill é o presidente

da Associação Madhya Bharat. Ele graduou-se em Teologia pela Universidade Adventista de Pune, onde também obteve uma pós-graduação em História.

Conheci o pastor Ravi Gill numa recente visita à cidade de Jaipur. Naquele sábado, aconteceu um lin-do programa do Ministério da Mulher. Foi muito in-teressante ouvir a música local, observar as roupas típicas da região e participar do culto de adoração. Contudo, a parte mais surpreendente foi a conversa que tive com o pastor Gill, que começou após o culto, continuou depois do almoço e só terminou à noite.

Fiquei impressionado com a sua hospitalidade, cuidado e atenção, mas estas qualidades não são tão difíceis de serem encontradas na Índia. O que é realmente raro é a paixão que o pastor Gill tem pela missão da Igreja. Depois de mais de trinta anos de ministério, ele permanece atualizado, aberto a no-vas ideias e disposto a experimentar novas possibi-lidades, pois a sua força motriz é ver a mensagem sendo espalhada em sua região.

O pastor Ravi Gill também é um visionário, ele vê templos onde hoje há apenas terrenos baldios, água em abundância onde chove apenas poucas vezes por ano. Ele consegue ver funcionando ins-tituições que irão ganhar a simpatia das massas, ainda que a maioria dos seus membros recebam o equivalente a cinquenta reais por mês. Mas não confunda isso com ingenuidade. Ao contrário, ele sonha com os olhos abertos porque já viu outros sonhos se tornarem realidade. O complexo em que está localizada a Associação, a igreja da cidade, uma escola, um pequeno prédio com apartamentos


Sacerdote hindu explicando a um membro da igreja acerca da origem do templo dedicado ao Deus do sábado.

Foco na Pessoa – Por que você decidiu se tornar um pastor?

Ravi Gill – Quando eu estava no tanque batis-mal, o pastor Michael Stanley me perguntou o que eu faria na vida e eu respondi que seria um minis-tro de Deus.

Foco na Pessoa – Com 14 anos?Ravi Gill – Sim, com 14 anos, e depois de 34 anos

no ministério eu ainda tenho paixão pelas pessoas e quero compartilhar o amor de Jesus.

Foco na Pessoa – Que tipo de oposição a Igreja tem enfrentado em seu país?

Ravi Gill – A oposição que sofremos está basi-camente relacionada à diferença ideológica do hin-duísmo em relação a nós. Recentemente, um novo governo foi estabelecido e pode-se dizer que eles não gostam de cristãos, do nosso estilo de vida ou de nada relacionado a nós. Eles são muito orto-doxos e não querem que ninguém entre e mude a cultura deles. Ainda assim, acredito que podemos alcançar estas pessoas através da mensagem de saúde. Esta é uma das melhores formas de pregar-mos o Evangelho aqui.

Talvez tenhamos que adotar a cultura deles para que possamos alcançá-los. Talvez não use-mos uma gravata nem saiamos para pregar. Po-demos usar a mesma vestimenta que eles estão usando e alcançá-los onde estão seguindo o mé-todo de Jesus, para que tenhamos uma chance de compartilhar a nossa mensagem.

Para vencermos a oposição, é preciso nos li-vrar das diferenças culturais para que possamos nos misturar com eles. O cristianismo é visto como uma religião estrangeira que compete com a reli-gião local. Além disso, eles também não sabem re-almente o que o cristianismo é de verdade e o que Cristo pode oferecer a eles. É dentro deste contexto que temos que finalizar a obra.

Foco na Pessoa – Quais são alguns dos desafios que vocês estão enfrentando para proclamar a mensagem?

Ravi Gill – Aqui não temos muitas igrejas. Além disso, também não temos muitos materiais de apoio para alcançarmos as pessoas. A maioria dos materiais que temos estão em inglês. Gostaríamos de traduzir os materiais da Igreja e entregá-los na forma de folhetos ou livros. Também não temos muitas instituições nas quais os nossos filhos pos-sam ser educados. Quando os educarmos na igre-ja local, a Igreja vai se tornar mais forte. Quando não treinamos os nossos membros leigos e seus filhos de maneira adequada, nos enfraquecemos e a Igreja falha especialmente por não cuidar dos jo-vens, que são a coluna vertebral da Igreja.

Ainda há outro ponto acerca do qual precisa-mos refletir. Eu me sinto envergonhado de lhe contar isso, mas não há pastores suficientes em nossa região. Precisamos de pastores. Precisa-mos de obreiros. Mesmo que todos os obreiros do sudeste da Ásia viessem para esta região, ainda haveria a necessidade de mais pastores.

Aqui em Jaipur, temos mais de 4 milhões de ha-bitantes e apenas uma igreja, e ainda há quase cem mil vilas que precisam ser alcançadas. Mais uma vez, tenho vergonha de falar isso, mas muitos dos

Adepto ao hinduismo fazendo o ritual diário.


jovens que se formam em nossa universidade em Pune vão trabalhar em call centers, como técnicos em Sistemas de Informação, na área de Tecnologia, e a Igreja não é capaz de retê-los. Esse é um dos motivos da escassez de obreiros e pastores.

Começamos na sede da Associação um seminá-rio para o treinamento de membros leigos que fun-cionou por dois anos, mas infelizmente ele foi fecha-do por falta de recursos.

Foco na Pessoa – Além da carência de pastores, quais são as outras necessidades que há nesta região atualmente?

Ravi Gill – Vou enumerar algumas:1. Profissional – Precisamos educar e treinar os

nossos pastores e professores;

2. Financeira – Considerando que os membros desta região são pobres demais para proporciona-rem todos os recursos necessários, é essencial bus-carmos ajuda no exterior;

3. Escolas – Precisamos de escolas para fortale-cermos a coluna vertebral da igreja local. É essencial educarmos os filhos dos membros da igreja e dos de fora. São eles que levarão a obra até o fim;

Complexo onde estão situados a sede da associação, a igreja, a escola, os apartamentos e as salas para a realização de eventos.

Igreja Adventista de Jaipur.


4. Hospitais e Clínicas – Há milhões de pesso-as em nossa região totalmente ignorantes quanto as leis da saúde, higiene e prevenção de doenças. A nossa mensagem de saúde criará uma consciên-cia sobre esses princípios e promoverá uma saúde melhor às massas. Seria apropriado termos clínicas nesta região para promovermos saúde e higiene;

5. Centros de Educação Infantil – Este é um meio precioso de entrarmos em muitos lares com a Pa-lavra de Deus e a mensagem de saúde;

6. Centros de Educação de Adultos – Eduque uma mulher e você educará a família inteira;

7. Bibliotecas – Colocará a literatura adventis-ta ao alcance das pessoas e elas terão fácil acesso aos tesouros contidos em nossos livros;

8. Literatura em línguas locais – Permitirá que as massas tenham acesso à nossa mensagem. Acima de tudo, há grande necessidade de impressão da Bíblia em hindi e marwari para que possamos comprá-las a um baixo preço para fazermos distribuição gratuita;

9. Água potável – Doenças resultantes de água contaminada são um grande problema em Rajasthan.

A provisão de água potável será uma benção para as comunidades. Além disso, Rajasthan é uma área em que chove esporadicamente e as mulheres têm que caminhar longas distâncias para buscar água. A insta-lação de bombas de mão será uma benção para elas;

10. Transporte – Precisamos alcançar as pes-soas em áreas remotas desta região. Ter pelo me-nos dois carros com tração 4x4 facilitará a nossa ida a estas áreas com a mensagem do Evangelho. Isso também nos dará tempo que pode ser utiliza-do para outros objetivos;

11. Máquinas de lavar para o evangelismo – Este projeto é um passo para alcançar as massas. As pessoas vão ter suas roupas lavadas e passadas enquanto participam de eventos que exporão a Pa-lavra de Deus;

12. Indústrias de Pequeno Porte – Fábricas para a produção de cestas, corte e costura, confec-ção de potes, pesca, produção de pão, entre outras, proverão oportunidade de trabalho para os mem-bros da igreja e interessados.

Foco na Pessoa – De que maneiras a Igreja no Brasil pode ajudar esta região?

Alunos da Escola Adventista de Madurai.


Ravi Gill – Vocês podem nos ajudar trazendo equipes de obreiros para atuarem transmitindo a mensagem de saúde, fazendo seminários bíblicos e estabelecendo ou trabalhando em clínicas. Fica-remos felizes em recebê-los. Venham e vamos unir nossas mãos para fazermos a obra. Eu apelo para que vocês se levantem e venham porque há grande necessidade em toda esta região. Precisamos de um grande hospital, de instituições, precisamos que a nossa literatura seja traduzida, impressa e distribuída, precisamos continuar o nosso seminá-rio bíblico para membros voluntários.

Venham treinar nossos pastores, líderes e membros voluntários por três ou seis semanas, ficaremos muito felizes de tê-los aqui. Se vocês tiverem algum programa sobre saneamento ou alguma literatura que mostre como o Evangelho pode ser pregado através deste meio, vocês são mais do que bem-vindos aqui para compartilhar a suas ideias e qualquer ajuda que estejam dispostos a compartilhar conosco.

Eu ainda apelo para que vocês venham e nos ajudem construindo igrejas, que são memórias do Deus verdadeiro em toda esta região. Nós não te-mos recursos suficientes e a grande maioria dos nossos membros são muito pobres, fazem parte

da classe trabalhadora, e tudo o que ganham mal dá para sobreviverem. Mesmo assim eles são fiéis, mas o que eles dão não é suficiente para atender às nossas necessidades. Há milhões e milhões de pessoas aqui. Precisamos construir igrejas, não uma, mas centenas, milhares de igrejas, mas isso só será possível com a ajuda de Deus através de todos vocês.

Escola Adventista de Madurai.

Membros da alta casta (Brahmin) participando do culto de sábado na igreja de Jaipur.


Foco na Pessoa – Que tipo de missionários seriam mais úteis em sua região: pastores, pro-fessores, profissionais liberais ou membros vo-luntários?

Ravi Gill – Todos são necessários, toda ajuda aqui é bem-vinda. Mas eu acredito que a obra de Deus não será completa sem a participação e o apoio de membros voluntários. Se eles vierem para a nossa região, trarão recursos, estabelecerão ne-gócios e, ao mesmo tempo, poderão compartilhar a fé. Também precisamos de pastores e professores para treinarem o nosso povo em relação à espiritu-alidade, pregação bíblica, aconselhamento familiar e muitos outros temas.

Foco na Pessoa – Quais serão os maiores de-safios que os missionários enfrentarão para po-derem ser eficazes na Índia?

Ravi Gill – Primeiro será necessário enfrentar o clima. No verão é muito quente (estava 48°C neste dia), e no inverno é bem frio. Além disso, obviamen-te existe o desafio de aprender a língua local. As di-ferenças culturais também são uma realidade, por exemplo, a comida. Ao mesmo tempo, posso citar missionários que vieram para esta terra e foram capazes de superar estes desafios, aprenderam as línguas locais e alcançaram as pessoas em suas comunidades. Tenho certeza de que, à medida que vocês vierem, Deus os ajudará, vocês se acostuma-rão e nós vamos continuar avançando. Deus prove-rá e vocês serão capazes de enfrentar este clima. Estaremos aqui para apoiá-los.

Foco na Pessoa – Se houverem pastores no Brasil dispostos a servirem aqui como distritais, trabalhando lado a lado com os pastores locais, sob a liderança da associação local, você real-mente acredita que isso funcionaria e eles se-riam uma grande ajuda para esta região?

Ravi Gill – Sim, será uma grande ajuda para a nossa associação e, obviamente, estamos aqui para apoiar a todos. Estamos aqui para caminhar

Líderes do Ministério da Mulher na Igreja Adventista deJaipur.

Lavanderia pública em Mubai. Programas de saneamento são uma das maiores necessidades na Índia.


O pastor Silvano Barbosa é o editor da revista Foco na Pessoa. Graduou-se em Teolo-gia no IAENE em 1998 e concluiu o mestrado em Teologia Pastoral no UNASP, em

2010. Atualmente está cursando PhD em Missão e Ministério na Andrews University. Foi pastor distrital por cinco anos nas associações Paulista Leste e Mineira Sul. Também atuou no sul de Minas como Secretário Ministerial e departamental de Publicações por três anos. Em seguida, serviu por quatro anos como departamen-tal de Ministério Pessoal e Escola Sabatina nas associações Norte Paranaense e

Paulista Central. É casado com a enfermeira Lea Sampaio, com quem tem dois fi lhos, Davi e Liz.

SILVANO BARBOSA

com vocês. Estaremos nas reuniões para traduzir ou para fazer o que for necessário. Nós estaremos juntos, como um time. É claro que haverá algu-mas difi culdades como a língua, mas logo vocês aprenderão, e se vocês vierem aqui para trabalhar e nos ajudar, serão uma benção para a comuni-dade. Talvez tenhamos que construir uma nova instituição para elas. Talvez tenhamos que abrir uma clínica, talvez Deus nos ajude a construir um grande hospital e, quando elas souberem disso e forem benefi ciadas, teremos a oportunidade de alcançá-las.

Foco na Pessoa – Que mensagem você enviaria àqueles no Brasil que podem tornar isso possível?

Ravi Gill – Meus irmãos e irmãs do Brasil, eu quero dar as boas-vindas a vocês aqui em nossa associação. Nesta região ainda há milhares de po-voados e vilas que não conhecem a Jesus. Eu apelo que vocês se levantem e deem o seu coração, o seu tempo, os seus recursos e tudo o que puder para que possamos fi nalizar a obra e Jesus volte logo.

Deus abençoará o nosso esforço conjunto. Va-mos ser um instrumento e um canal de justiça nas mãos do Todo-poderoso!

Ritual de adoração num templo dedicado a Krishna.

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