Organização da Assistência ao Paciente com Dengue em Situações de Epidemia

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Organização da Assistência ao Paciente com Dengue em Situações de Epidemia Dr. André Ricardo Ribas Freitas Médico Epidemiologista Mestre em Clínica Médica, Doutor em Epidemiologia Div. Dengue e Chikungunya CVE/SES-SP Depto Vigilância em Saúde SMS/Campinas Prof. Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic

Transcript of Organização da Assistência ao Paciente com Dengue em Situações de Epidemia

Organização da

Assistência ao Paciente

com Dengue em

Situações de EpidemiaDr. André Ricardo Ribas Freitas

Médico Epidemiologista

Mestre em Clínica Médica, Doutor em Epidemiologia

Div. Dengue e Chikungunya CVE/SES-SP

Depto Vigilância em Saúde – SMS/Campinas

Prof. Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic

“Un buen administrador de salud es capaz de

salvar más vidas durante una epidemia de

dengue que los médicos e intensivistas.”

DR. ERIC MARTÍNEZ TORRES

IPK – HABANA, CUBA

Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public

Health 20(1), 2006

http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v20n1/31727.pdf

“Esto se debe a que el tratamiento individual de

cada enfermo no puede aplicarse

adecuadamente si no está enmarcado en un

conjunto de medidas organizativas y de

capacitación que deben ejecutarse en cada

hospital o centro de atención primaria.”

DR. ERIC MARTÍNEZ TORRES

IPK – HABANA, CUBA

Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public

Health 20(1), 2006

http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v20n1/31727.pdf

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

RNAssv

M

E

C

Estrutura do Vírus da Dengue

10 genes:

3 estruturais C, E, M

7 não estruturais: NS-1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B, NS5

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Virus da Dengue

Vírus RNA, gênero flavivírus; família flaviviradae

4 Sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4

Todos sorotipos podem causar doença grave

Imunidade permanente ao sorotipo que causador da doença

Mas predispõe a casos mais graves aos outros sorotipos

Circulando os 4 sorotipos no Estado de São Paulo a possibilidade de reinfecção aumenta muito

A proporção de casos graves tende a aumentar a cada nova epidemia

Dengue no mundo -1999

Áreas infestadas por Aedes aegypti

Áreas com transmissão de dengue

Dengue no mundo - 2005

Dengue no mundo -2008

WHO, 2009. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control- New edition, November 2009.

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Países que relatam casos de dengue

para OMS e total de casos

WHO, 2009. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention

and control -- New edition, November 2009.

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

86 88 90 92 94 96 98 00 02 04 06 08 10

Ho

spit

aliz

açõ

es

Cas

os

pro

váve

is

Casos notificados

Internações

DENV1

DENV3

DENV2

Epidemias localizadas

Circulação de DENV com epidemias em várias regiões

Casos graves em crianças

Casos de Dengue and hospitalizações

Brasil, 1986-2010

DENV1

?

Den

v1

Den

v 2

Den

v 3

Den

v 4

Hospitaliz

ation

Report

ed c

ases

Hospitaliz

ações

Caso

snotificados

Fonte: Ministério da Saúde

Infecção pelo vírus DEN10.000

Assintomática9.000

Sintomática1.000

Indiferenciada500

Febre do

Dengue400

Febre Hemorrágica do

Dengue100

sem choque com choque1 - 2

sem hemorragia com hemorragia

Classificação antiga da Dengue*

*Classificação modificada por:

Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control. WHO, 2009. New edition, nov/2009

Espectro Clínico da Dengue

.Sem sinais

de alarmeCom sinais de

alarme

A B

Dengue sem e com

sinais de alarmeDengue grave

• Extravasamento plasmático grave

• Hemorragia grave

• Comprometimento

grave de órgãos

Fonte: WHO/TDR, 2009 e SVS/MS, 2013

Classificação clínica

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Dengue

Sintomas por ordem de frequência:

Febre

Cefaléia

Mialgia e artralgia

Prostração

Alteração no paladar

Dor retrorbitária

Anorexia

Náuseas e vômitos

Rash (20 a 30%, tardio)

Manifestações hemorrágicas

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Apresentações atípicas

Encefalite

Meningoencefalite

Mielite

Miocardite

Hepatite

Outras

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Febre Hemorrágica da Dengue

(em desuso)

Manifestações hemorrágicas e

Contagem de plaquetas (<100,000/mm3) e

Aumento na permeabilidade capilar

aumento de hematócrito (20% ou mais) ou

hipoalbuminemia ou hipoproteinemia ou

derrame pleural ou ascite

Dengue haemorrhagic fever, WHO, 1997, Geneva.

Simmons et al., N Engl J Med

2012;366:1423-32.

Esquema geral da

fisiopatologia da

dengue

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Dengue: definição de suspeito (SVS/MS, 2014)

Suspeito

Pessoa que viva ou tenha viajado nos últimos 14 dias para área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha a presença de Ae. Aegypti, que apresenta febre, usualmente entre 2 e 7 dias, e apresente duas ou mais das seguintes manifestações:

Náusea ou vómitos;

Exantema;

Mialgias, artralgia;

Cefaleia, dor retroorbitria;

Petéquias ou prova do laço positiva;

Leucopenia.

Também pode ser considerado caso suspeito toda criança proveniente ou residente em área com transmissão de dengue, com quadro febril agudo, usualmente entre 2 a 7 dias, e sem foco de infecção aparente.

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Dengue com sinais de alarme:

(SVS/MS, 2014)

É todo caso de dengue que apresenta um ou mais dos seguintes sinais de alarme:

Dor abdominal intensa e contínua, ou dor a palpação do abdome;

Vômitos persistentes;

Acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, pericárdico);

Sangramento de mucosas;

Letargia ou irritabilidade;

Hipotensão postural ou lipotímia;

Hepatomegalia maior do que 2 cm (abaixo do RCD)

Aumento progressivo do hematócrito.

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Dengue Grave: definição

(SVS/MS, 2014)

É todo caso de dengue que apresenta um ou mais dos seguintes resultados:

Choque devido ao extravasamento grave de plasma evidenciado por taquicardia, extremidades frias e tempo de enchimento capilar igual ou maior a três segundos, pulso débil ou indetectável, pressão diferencial convergente ≤ 20 mm Hg; hipotensão arterial em fase tardia.

Sangramento grave, segundo a avaliação do médico (exemplos: hematêmese, melena, metrorragia volumosa, sangramento do sistema nervoso central);

Comprometimento grave de órgãos tais como: dano hepático importante (AST o ALT>1000), sistema nervoso central (alteracãoda consciência), coração (miocardite) ou outros órgãos, ex: acumulação de líquidos com insuficiência respiratória

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Exame clínico objetivo: (diagnóstico

diferencial e sinais de gravidade)

Anamnese buscando ativamente Sintoma de outras doenças (diagnóstico diferencial)

Sinais de alarme dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, hipotensão postural ou

lipotímia, sonolência ou irritabilidade, sangramento em mucosas (gengivorragia, epistaxe, metrorragia, melena)

Dados vitais: P. A.* (deitado ou sentado e em pé)

Pulso e temperatura

Estado geral

Hidratação

Perfusão

Prova do laço

Sinais de outras doenças (diagnóstico diferencial)

*ATENÇÃO: hipotensão postural (PA sentado - PA em pé ≥ 20 mmHg) ou estreitamento

da pressão de pulso (PAS- PAD ≥ 20mmHg, hipotensão (PAS ≥ 90mmHg em adultos)

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Prova do laço

Insuflar o manguito entre a PA

sistólica e a diastólica,

deixando:

5 minutos adultos

3 minutos em crianças

Contar o número de petéquias

em um quadrado de 2,5 cm de

lado, no local com maior

concentração, positivo se:

> 20 em adultos

>10 em crianças

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Exames complementares I:

hemograma

Exame básico para manejo de paciente com suspeita de dengue

Pode ser feito o hemograma simplificado em casos onde a suspeita clínica é apenas dengue Hb, Ht, global de leucócitos e plaquetas (mais rápido)

Recomendado para todo paciente com suspeita (obrigatório em todos pacientes com fator de risco ou com prova do laço positivo)

Reforça suspeita de dengue (podendo ter uso como instrumento de vigilância)

Classifica risco do paciente e monitora evolução

Aumenta a segurança do profissional e do sistema

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Platelets x 10³/mm³

Le

uco

cy

tes x

10

³/

mm

³

4003002001000

12000

10000

8000

6000

4000

2000

0

S 1472,35

R-Sq 18,5%

R-Sq(adj) 18,2%

Regression

95% CI

95% PI

Leucocytes count versus Platelets count (Fitted Line Plot)LEUCmin_1 = 1934 + 10,93 PQTmin_1

Pearson

correlation=0,43

P-Value<0,001

Alteração no hemograma de pacientes com

dengue não complicada

Days of symptoms

Pla

tele

ts x

10

**

9/

L

10987654321

260

240

220

200

180

160

140

120

100

150

95% CI for the Mean

Platelets counts versus Days of symptoms (Interval Plot)

Days of symptoms

Le

uco

cy

tes x

10

**

6/

L

10987654321

6000

5500

5000

4500

4000

3500

3000

2500

3500

95% CI for the Mean

Leucocytes counts versus Days of symptoms (Interval Plot)

Hematological and clinical evaluation of a cohort of 345 acute

Dengue-3 infection patients during 2002 outbreak in Campinas

- SP - Brazil

Freitas ARR, et al. First Pan-American Dengue Research Network

Meeting, 22-25 July 2008.Days of symptoms

He

ma

tocri

t (%

)

10987654321

46

44

42

40

38

36

95% CI for the Mean

Hematocrit versus Days of symptoms (Interval Plot)

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Atenção!

A plaquetopenia isolada

Não significa gravidade

Sim, aumenta o risco para agravamento

Não modifica a classificação clínica

O Ministério da Saúde recomenda internação para

observação nos casos < 20.000 pqt/mm³ mesmo sem

repercussão clínica*

*Dengue : diagnóstico e manejo clínico – 4. ed. 2013

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Exames complementares II:

a critério clínico

Dosagem de albumina e proteínas totais (deveria ser mais utilizado)

importantes marcadores de perda de plasma

deve estar disponível nas UBSs e/ou UPAs

US abdominal (derrame pleural, ascite e espessamento na parede da vesícula)

Rx torax (derrame pleural)

Perfil hepático (pode haver discreta alteração de AST/ALT com bilirrubinas normais)

Coagulograma (só está alterado em casos complicados)

Perfil renal

Glicemia

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Lembrar de outras doenças!

Hemograma:

Leucocitose com desvio à esquerda

Desvio à esquerda sem leucocitose (FMB)

Fenômenos hemorrágicos sem plaquetopenia

AST/ALT > 500

Alterações significativas de bilirrubinas

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História natural da dengue

WHO, 2009. Adaptado de: Yip WCL. Dengue haemorrhagic fever:

current approaches to management. Medical Progress, October 1980.

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Exames específicos e rotina da vigilância

Notificar todo suspeito de dengue

Exames específicos devem ser feito de acordo com a recomendação da Vigilância Epidemiológica:

Até 3º dia (Pronto-Socorros, Unidades-Sentinela e Áreas com Transmissão)

Antígeno NS-1

Isolamento viral (identificação do sorotipo)

Após 6º dia:

Sorologia ELISA: IgM (rotina)

Teste rápido IgG/IgM (resultado em 15 minutos)

Os exames específicos não devem nortear a conduta clínica

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Princípios do Tratamento

Hidratação (oral ou venosa)

Iniciar o mais rápido possível, independentemente do

local de atendimento

Se oral orientar muito bem e fracionar

Orientação para pacientes e familiares

Monitoramento dos sinais de agravamento (em casa

ou internado)

Sintomáticos

Analgésicos e anti-térmicos (paracetamol ou dipirona)

Somente se necessário: anti-eméticos e anti-histamínicos

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Perguntas Básicas para Classificação Inicial:

A DENGUE É DINÂMICA

É suspeita de dengue? => A

Há tendência a sangramento de pele ou fator de risco? => B

Há sinais de alarme? => C

Há sinais de choque? => D

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Classificação: Grupo A (azul)

Identificação:

Febre há menos de 7 dias sem foco definido

Ausência de FENÔMENOS HEMORRÁGICOS (prova do laço

negativas), HEMOGRAMA SEM ALTERAÇÕES

SIGNIFICATIVAS, SEM FATORES DE RISCO

Ausência de SINAIS DE ALARME

Ausência de SINAIS DE CHOQUE

SINTOMAS ASSOCIADOS À DENGUE

mialgia,

protração

cefaléia e dor retroorbitária,

alteração do paladar,

diminuição do apetite,

exantema

escassez de sintomas respiratórios

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Colher hemograma* com retorno em 24

horas em pacientes do GRUPO A

Recomendado para todos suspeitos de

dengue

*Hemograma pode ser simplificado: Hb, Ht, leucocitos totais e plaquetas.

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Conduta terapêutica (GRUPO A)

Hidratação oral (60-80ml/kg/dia, pelo menos 1/3 com

soro de reidratação oral)

Bem orientada e fracionada para facilitar adesão e evitar

esquecimentos ou rejeição

Sintomáticos (paracetamol ou dipirona)

Orientação sobre Sinais de alarme para paciente

e seus familiares

Observação em casa + reavaliação no primeiro

dia sem febre

Hemoconcentração (hmg) Reclassificação

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Classificação: Grupo B (verde)

Idem GRUPO A, QUALQUER um dos seguintes achados:

Ausência de SINAIS DE ALARME

Ausência de SINAIS DE CHOQUE

Prova do laço positiva

Petéquias

Presença de fatores de risco

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Alteração do hemograma ou

tendência hemorrágica: Grupo B

FATORES DE RISCO

Classificação: Grupo B - verdeSuspeita de dengue, com sangramento de pele ou prova do laço

negativa, sem sinais de alarme e sem alterações hemodinâmicas.

Idosos > 65 anos Crianças < 2 anos Gestantes

Classificação: Grupo B - VerdeSuspeita de dengue, com sangramento de pele ou prova do laço

negativa, sem sinais de alarme e sem alterações hemodinâmicas.

FATORES DE RISCO

DiabetesHipertensão arterial

Outras doenças

crônicas

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Grupo B (verde): conduta

Hemograma simplificado de urgência (resultado no

mesmo dia)

Obs: se inviável ter resultado na UBS no mesmo

dia, encaminhar para Pronto Atendimento.

Tratamento:

Adultos: 80 ml/kg/dia, sendo 1/3 do volume

administrado em quatro a seis horas como isotônico

Crianças: oferecer soro de reidratação oral (50-100

ml/kg em 4 horas).

Se necessário, hidratação venosa

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Grupo B (verde): conduta com resultado do

hemograma

Sem hemoconcentração:

retorno em 24 horas para reavaliação clínica-

laboratorial e orientação quanto à hidratação e

SINAIS DE ALARME

Com hemoconcentração:

encaminhar a uma Unidade de Saúde com

possibilidade para observação e repetir hemograma

após hidratação

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Parâmetros de hemoconentração

Paciente com hematócrito aumentado em mais

de 10% acima do valor basal

Na ausência deste, com as seguintes faixas de

valores:

crianças: > 42%

mulheres: > 44%

homens: > 50%

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

PRINCIPAIS SINAIS DE ALARME:

dor abdominal intensa e contínua,

vômitos persistentes,

hipotensão postural ou lipotímia,

sonolência ou irritabilidade, (principalmente em crianças)

sangramento de mucosa

aumento do hematócrito,

queda abrupta de plaquetas,

Outros sinais de alarme:

diminuição da diurese,

diminuição repentina da temperatura,

desconforto respiratório.

hepatomegalia dolorosa

Grupo C (amarelo) Paciente sem alteração

hemodinâmica com qualquer SINAL DE ALARME

Dor abdominal

intensa e contínuaVômitos persistentes

Grupo C - amareloSINAIS DE ALARME EM DESTAQUE

Grupo C - amareloSINAIS DE ALARME EM DESTAQUE

Lipotímia / Hipotensão postural /

(variação da PA sentado/deitado -

em pé ≥ 20mmHg)

Sonolência ou irritabilidade

Grupo C - amareloSINAIS DE ALARME EM DESTAQUE

Sangramento de mucosa

Aumento repentino

hematócrito ou queda

abrupta de plaquetas

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Conduta: Grupo C (amarelo)

Fase de expansão (Iniciar antes da transferência)

hidratação IV imediata: 20 ml/kg/h em duas horas, com soro fisiológico ou Ringer Lactato.

Reavaliação clínica e de hematócrito em 2 horas (após a etapa de hidratação).

Repetir fase de expansão até três vezes, se não houver melhora do hematócrito ou dos sinais hemodinâmicos.

Se resposta inadequada após as três fases de expansão = conduzir como Grupo D.

Se resposta adequada readequar volume para manutenção (cuidado com hiperhidratação)

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Classificação: Grupo D (vermelho)

Paciente com QUALQUER dos seguintes SINAIS DE CHOQUE:

Pressão arterial convergente (PA sist - PA diast ≤ 20mmHg)

Extremidades frias e cianóticas

Pulso rápido e fino

Enchimento capilar lento (> 2 segundos)

Hipotensão arterial (só aparece no choque descompensado)

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Conduta: Grupo D (vermelho)

Hidratação EV imediata inicial*:

Soro Fisiológico 0,9% ou Ringer:

20 mL/Kg em até 20 min repetir até 3 vezes se necessário

* Iniciar antes da transferência

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Conduta: Grupo D (vermelho)

Com melhora hemodinâmica (PA em 2 posições, débito urinário e pulso): adequar volume infundido para reposição

de perdas (cuidado com hiperhidratação).

Internação hospitalar: reavaliação clínica a cada 15 a 30 minutos, hematócrito cada 2h até estabilização

Conduzir como grupo C

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Sem melhora hemodinâmica fase

inicial de hidratação

Hematócrito aumentando: Infundir plasma ou albumina ou colóide sintético

Hematócrito diminuindo: investigar sangramento e colher coagulogramaCom sangramento importante

Transfundir concentrado de hemáciasCorrigir coagulopatia se presente

Sem sangramento investigar hipervolemia, insuficiência cardíaca

congestiva tratar com diminuicao da infusao de

liquido, diureticos e inotropicos.

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Indicação de internação*

Presença de sinais de alarme.

Recusa na ingestão de alimentos e líquidos.

Comprometimento respiratório

Plaquetas< 20.000/mm³ independentemente de manifestações hemorrágicas.

Impossibilidade de seguimento ou retorno à unidade de saúde.

Co-morbidades descompensadas como diabetes mellitus, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, uso de dicumarínicos, crise asmática etc.

Outras situações a critério clínico.

*Dengue : diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança. 4. ed. – Brasília :

Ministério da Saúde, 2013.

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Critérios de alta

Estabilização hemodinâmica durante 48 horas

Ausência de febre por 48 horas

Melhora visível do quadro clínico

Hematócrito normal e estável por 24 horas

Plaquetas em elevação e acima de 50.000/mm³

Derrames cavitários Em regressão

Sem repercussão clínica

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Protocolo de conduta: pontos chave

Sintomas do paciente e vulnerabilidades preexistentes

PA em 2 posições

Prova do laço se necessário

Pesquisa de sinais de alerta

Coleta de hemograma para pacientes indicados

Hidratação adequada para todos os pacientes

Na alta:

Agendar retorno sempre no 1º dia sem febre ou antes se necessário

Orientação sobre: sinais de alerta e hidratação

No retorno: reavaliação completa (incluindo PA em 2 posições)

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Pressupostos clínico-epidemiológicos da

dengue

Doença capaz epidemias com grande número de casos

Grande quantidade de casos de menor gravidade demandando

poucas tecnologias (hemograma e hidratação)

Poucos casos de maior gravidade demandando internação em leitos

comuns (3-5%) e ainda menos demandando leitos de UTI (<<1%)

Avaliação de risco dos casos clínicos simples e já está bem

estabelecida (quatro perguntas)

Sazonalidade muito bem definida permite arranjos logísticos

específicos para períodos epidêmicos (que dura 2 ou 3 meses)

É possível identificar a gravidade da situação alguns meses

antes do período mais crítico

EXEMPLO:

dengue em Campinas (2008-2010)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2009

2010

média 10 anos

Limiar endêmico

90% dos casos ocorrem

entre fevereiro e maio

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Exemplo: Campinas

1

10

100

1000

10000

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Núm

ero

de c

aso

s (l

og)

2007

limiar endemico

média

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Exemplo: Estado do Rio de Janeiro

100

1000

10000

100000

Núm

ero

de c

aso

s(l

og)

2007*

2008*

média histórica

limiar endêmico

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Pontos-chaves da organização da

assistência

Eixo paciente:

Chegada

Conduta interna

Hemogramas (envio e chegada)

Encaminhamento

Retornos

Eixo vigilância

Notificações

Sorologias

Eixo suprimentos e RH:

Impressos

Materiais de consumo e permanente

Equipe com quantitativo suficiente e capacitada

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Pontos chave na resolutividade da

Linha de cuidados

Capacitação de equipe mutiltidisciplinar

Disponibilidade e agilidade no resultado do

hemograma

Hidratação VO sempre (soro de reidratação

oral) e EV se necessário

Acolhimento com classificação de risco pela

equipe de enfermagem

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Alguns aspectos sobre as capacitações

sobre manejo

Incluir equipe multidisciplinar, treinamentos diferentes:

Médicos e Enfermeiros

Profissionais de enfermagem de nível médio

Agentes de saúde e de controle de vetores

Devem incluir estratégias para participação de

médicos

Podem transmitir todo de conteúdo em pouco tempo

A inclusão de fluxos permite estruturar a rede de

cuidado

O cuidado inclui monitoramento, retornos, orientações...

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Atendimento da dengue na atenção Básica:

Níveis de resolutividade

Nível 1 (~65%) até paciente A: recursos necessários

Acolhimento pela equipe de enfermagem com classificação de risco (pulso, temperatura, PA em duas posições e prova do laço)

Atendimento médico

Soro oral e sintomáticos

Desejáveis: coleta de hemograma para resultado após 1 dia, hidratação EV (aumenta resolutividade)

Nível 2 (~90%) até paciente B: idem mais

Hidratação EV por 12 horas

Coleta de hemograma com resultado no mesmo dia

Nível 3 (>97%) paciente C: idem mais

Funcionamento 24 horas

Hemograma com resultado na mesma hora

Exames de bioquímica, coagulograma e imagem

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Componentes da Linha de cuidados:

rede padrão

Unidades de Saúde da Família

Unidades Básicas de Saúde convencionais

Unidades de Pronto Atendimento - UPA (24 horas)

Hospitais

Laboratórios

Regulação

Pré-hospitalar móvel/SAMU

Vigilância epidemiológica (trabalho integrado, informações para tomada de decisão)

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Componentes da linha de cuidado:

rede de apoio extra em períodos epidêmicos

Realização de hemograma simplificado Apenas Hb, Ht, global de leucócitos e plaquetas

Agiliza muito o resultado

Permite colocação de máquinas nos próprios PAs ou UBSs

Mudança na logística de transporte de amostras e resultados (moto-boy, email, SMS, fax, telefone...)

Hospitais-Dia (DST/Aids)

Policlínicas e ambulatórios podem ser adaptados como “dengários”

Leitos de observação em Unidades Básicas 12 ou até 24 horas

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Organização dos fluxos entre as Unidades

Definir e pactuar responsabilidades de cada

nível de acordo com a realidade local

Aplicação de protocolo de Manejo Clínico

Definição de atividades para cada uma das

das Unidades de Saúde e das categorias

profissionais envolvidas

Critérios objetivos para encaminhamentos de

pacientes para unidades de referência

Critérios objetivos para alta dos pacientes

Instrumentos de integração entre serviços (ex:

Cartão Dengue, referência contra-referência)

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Reorganização dos fluxos dentro

das Unidades de Saúde

Abertura de uma “porta de entrada” específica

Atendimento imediato com classificação de risco

Definição de atividades para cada uma das das categorias

profissionais envolvidas

Atendimento pela enfermagem antes da consulta médica:

Verificação de sinais de alarme, PA em duas posições

Coleta do hemograma

Outras categorias

Preenchimento da notificação

Disponibilização de Soro de Reidratação Oral e orientação sobre

importância da hidratação na sala de espera

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Planejamento

Insumos

Medicamentos Soro para hidratação venosa, Sais de Reidratação Oral...

Analgésicos e antitérmicos

Anti-histamínicos, anti-eméticos...

Outros materiais (tubos de coleta, abocath...)

Equipamentos Esfigmomanômetros, estetoscópios, cadeiras de hidratação...

Impressos que qualificam e agilizam o trabalho

Hemograma (dimensionamento da necessidade)

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Enfermeiro no enfrentamento da

dengue

Capacitação da equipe

Planejamento

Organização de Fluxo

Triagem e qualidade do atendimento

Ações de vigilância

Monitoramento dos casos

Orientações sobre hidratação e sinais de alarme

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Pontos-chaves da assistência de

enfermagem Organização dos fluxos internos e orientações:

Fluxo do paciente da porta (entrada) até a porta (saída) Acolhimento com classificação de risco (ACR)

PA em pé e sentado Prova do laço Coleta do hemograma Hidratação Consulta médica de acordo com prioridade

Notificação e registro para cobrar coletas e resultados de sorologias

Orientações sobre hidratação e sinais de alarme

Organização dos fluxos externos Fluxo do hemograma e sorologias

Monitoramento da chegada dos resultados e convocação dos pacientes com exames alterados

Encaminhamento e monitoramento dos pacientes encaminhados ou com exames alterados

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Organização de fluxo, triagem e

qualidade do atendimento

Acolhimento com qualificação de risco

Priorização de casos

Criação de segunda porta

Mudança dos fluxos de atendimento

Fluxo de solicitação de exames de hemograma

Fluxo de vigilância (notificação, sorologia...)

Orientações sobre hidratação e sinais de alarme

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Ações de vigilância

Notificação

Envio

Fluxos

Convocação de faltosos...

Indicação e coleta de sorologia (IgM)

Indicação e coleta de NS-1, RT-PCR

Monitoramento dos indicadores e mudança de

critérios das indicações dos exames

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Monitoramento dos casos

Dados vitais

Cartão dengue

Resultados de hemograma

Convocação de pacientes

Exames alterados

Faltosos

O futuro do paciente é

decidido antes que

ele chegue à UTI.

Um pequeno nº de recursos

empregados a tempo

salva vidas com um

baixo custo.

CARTÃO DENGUE

Este pode ser impresso na unidade de saúde

•Qualifica a assistência e orienta o paciente

•Permite monitoramento e integração de

diferentes serviços

•Pode ser usado como receituário

Outros impressos

Receituário pré preenchido Prontuário

Dr. André Ricardo Ribas Freitas – CVE, DEVISA e SLMANDIC Campinas

Considerações finais

Mortalidade por dengue pode e deve ser evitada na atenção básica adequação de fluxos

implantação de protocolos

criação de rotinas diferenciadas a serem implantadas em situações de epidemias

Avaliação de óbitos deve ser rotina para todos os casos na lógica do evento sentinela

Utilizar mais dados clínicos e epidemiológicos locais nos conteúdos de capacitação

Criação de indicadores que possam reconhecer precocemente epidemias (ex: diagrama de controle)

MANUAIS DE DENGUE:

Manejo Clínico e Organização da Assistência

http://portal.saude.gov.br/portal/arq

uivos/pdf/diretrizes_epidemias_den

gue_11_02_10.pdf

http://whqlibdoc.wh

o.int/publications/2

009/978924154787

1_eng.pdf

http://bvsms.saude.gov.br/b

vs/publicacoes/dengue_ma

nejo_adulto_crianca__4ed_

2011.pdf

http://www.prefeitura.sp.go

v.br/cidade/secretarias/upl

oad/chamadas/diretrizes_

para_a_organizacao_dos_

servicos_de_atencao_a_s

aude_em_situacao_de_au

mento_de_casos_ou_de_

epidemia_de_dengue_138

9634901.pdf

OBRIGADO!

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