especial do egrégio tribunal de justiça do estado de goiás

120
Procuradoria-Geral de Justiça - PGJ Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO Rua 23, esq. c/ Fued José Sebba. Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327 n ... r- •• r- m 00<o Or0< , JL . Ministério Publico Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás ///|\ excelentíssima senhora doutora desembargadora do órgão especial do egrégio tribunal de justiça do estado de goiás Tramitação sob Segredo de Justiça Dependência: Autos Judiciais n"316704-33.2016.8.09.0000 (201693167042) Procedimentos de Investigação Criminal n° 02/2016-PGJ c n° 08/2015-GAECO Denunciados: Marcelo Henrique dos Santos e Outros "As regras da experiência comum, que integram o iter do raciocínio jurídico discursivo, indicam que <> 'favor' será cobrado adiante, emforma de sujeição aos interesses políticos dos que o concederam". (Ministro Luiz Fux, trecho extraído do voto proferido no bojo da Ação Penal n" 470) O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu Procurador- Geral de Justiça, Subprocurador-Geral de Justiça e pelos promotores de Justiça, infra- assinados, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, com fulcro nos autos dos procedimentos de investigação criminal (PIC) n° 08/2015 - GAECO e n° 02/2016 PGJ. vem à presença de Vossa Excelência oferecer DENUNCIA em desfavor de: 1) Marcelo Henrique dos Santos. 2) Adair Antônio de Freitas Meira 3) Luiz Antônio Arantes Pag. 1/120

Transcript of especial do egrégio tribunal de justiça do estado de goiás

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. c/ Fued José Sebba. Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327 n ...r- •• • r- m 00<o Or0< , „ JL . Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

///|\excelentíssima senhora doutora desembargadora do órgãoespecial do egrégio tribunal de justiça do estado de goiás

Tramitação sob Segredo de Justiça

Dependência: Autos Judiciais n"316704-33.2016.8.09.0000 (201693167042)Procedimentos de Investigação Criminal n° 02/2016-PGJ c n° 08/2015-GAECODenunciados: Marcelo Henrique dos Santos e Outros

"As regras da experiência comum, que integram o iter doraciocínio jurídico discursivo, indicam que <> 'favor' serácobrado adiante, emforma de sujeição aos interesses políticosdos que o concederam". (Ministro Luiz Fux, trecho extraído dovoto proferido no bojo da Ação Penal n" 470)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu Procurador-Geral de Justiça, Subprocurador-Geral de Justiça e pelos promotores de Justiça, infra-assinados, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, com fulcro nos autos dosprocedimentos de investigação criminal (PIC) n° 08/2015 - GAECO e n° 02/2016 PGJ. vemà presença de Vossa Excelência oferecer DENUNCIA em desfavor de:

1) Marcelo Henrique dos Santos.

2) Adair Antônio de Freitas Meira

3) Luiz Antônio Arantes

Pag. 1/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd.A06. Lts. 15/25. Jardim Goiás, sala n° 327, r7!icl"7„ 0TZ;.n/->-r- ^ooo.oocoh i ti A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estado de Goiás

4) Francisco Afonso de Paulo.

5) Antônio Fernandes Júnior,

6) Lucas Vieira da Silva Meira,

7) Lívia Baylão de Morais.

8) Carlos Neuclimar Vieira.

SUMARIO

///|\

DOS REQUERIDOS p. OII - DOS FATOS TÍPICOS p. 03II - DOS FATOS TÍPICOS. EM MINÚCIA p. 06III - DOS TIPOS PENAIS E DOS DENUNCIADOS p. 109

III. I - DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E DO EMBARAÇO ÀINVESTIGAÇÃO DE INFRAÇÃO PENAL QUE ENVOLVAORGANIZAÇÃO CRIMINOSA p. 109

111.2 - DAS CORRUPÇÕES ATIVAS E PASSIVAS p. 111111.3 - DO PECULATO p. 113111.4 - DAS LAVAGENS DE DINHEIRO p. 115111.5 - DA DISPENSA INDEVIDA DE LICITAÇÃO E DA INOBSERVÂNCIA

DAS FORMALIDADES PERTINENTES À DISPENSA DALICITAÇÃO p. 117

IV - DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES p. 118V- DOS PEDIDOS p. 119

l

Pag. 2/120

\

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. c/Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, jJJJístJ]J PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d(J Estailo de GoiãS

I - DOS FATOS TÍPICOS

///I\

Extrai-se do incluso procedimento de investigação criminal que, do ano de 20IOaté a presente data, isto é, 03 de março de 2017, nas cidades de Anápolis/GO e Goiânia/GO,os denunciados Marcelo Henrique dos Santos, Adair Antônio de Freitas Meira,Luiz Antônio Arantes, Francisco Afonso de Paulo, Antônio Fernandes Júnior,Lucas Vieira da Silva Meira e Lívia Baylão de Morais constituíram e integraram,pessoalmente, organização criminosa estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão detarefas, ainda que informalmente, chefiada e comandada pelo denunciado Adair Antônio deFreitas Meira, com objetivo de obter, direta e indiretamente, vantagem de qualquernatureza, em especial vantagem pecuniária, mediante a prática de infrações penais, dentre asquais peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e dispensa indevidade licitação, cujas penas máximas são superiores a 4 (quatro) anos e para as quais houve oconcurso de funcionários públicos, mais precisamente, do promotor de Justiça MarceloHenrique dos Santos, do então reitor da Universidade Estadual de Goiás - UEG LuizAntônio Arantes e do, à época, gerente de contratos da UEG Francisco Afonso dePaulo, valendo-se a organização criminosa dessas condições para a prática das infraçõespenais.

Colige-se do caderno investigativo que, no mês de dezembro do ano de 2010, nacidade de Anápolis/GO, o denunciado Luiz Antônio Arantes, na condição de reitor daUniversidade Estadual do Estado de Goiás - UEG e no bojo procedimento administrativo n°201000020018282 - UEG, dispensou licitação fora das hipóteses previstas em lei, bem comodeixou de observar as formalidades pertinentes à referida dispensa, causando um prejuízo aoerário no montante de RS 10.000.000,00 (dez milhões de reais), que - até o dia 31 de janeirode 2017 - correspondiam, com juros e correção monetária, ao valor de RS 25.919.272,43'(vinte e cinco milhões novecentos e dezenove mil duzentos e setenta e dois reais e quarenta etrês centavos).

Exsurge, igualmente, dos presentes autos que, no mês de dezembro do ano de2010, na cidade de Anápolis/GO, os denunciados Marcelo Henrique dos Santos, AdairAntônio de Freitas Meira, Francisco Afonso de Paulo, Antônio FernandesJúnior e Lívia Baylão de Morais concorreram de qualquer modo para que o denunciadoLuiz Antônio Arantes dispensasse licitação fora das hipóteses previstas em lei, bem comodeixasse de observar as formalidades pertinentes à dispensa da licitação, assim beneficiando-se da ilegalidade e causando um prejuízo ao erário no montante de RS 10.000.000,00 (dezmilhões de reais), que - até o dia 31 de janeiro de 2017 - correspondiam, com juros e correçãomonetária, ao valor de RS 25.919.272,43 (vinte e cinco milhões novecentos e dezenove milduzentos e setenta e dois reais e quarenta e três centavos).

Depreende-se das inclusas peças de informação que, no dia 03 de janeiro do anode 2011, na cidade de Anápolis/GO, o denunciado Luiz Antônio Arantes, na condição dereitor da Universidade Estadual do Estado de Goiás - UEG, desviou dos cofres dessauniversidade pública estadual, a quantia de RS 10.000.000,00 (dez milhões de reais), que - atéo dia 31 de janeiro de 2017 - correspondiam, com juros e correção monetária, ao valor de RS25.919.272,43 (vinte e cinco milhões novecentos e dezenove mil duzentos e setenta e doisreais e quarenta e três centavos), em proveito próprio e alheio, especialmente em proveito da

Atualização e juros moratórios de R$ 10.000.000,00 de 03-Janeiro-2011 a 31-Janeiro-2017. Valor atualizado:R$ 25.919.272,43 (Valor Corrigido: R$ 14.982.238,40 / Juros: RS 10.937.034,03). \ /tV^X

Pag. 3/120

A•.,

V

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, jj^ist~0 púJíicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estatj0 je Goiás

///horganização criminosa da qual é integrante e, também, do denunciado Adair Antônio deFreitas Meira.

Igualmente, infere-se das provas inquisitoriais que, no dia 03 de janeiro do ano de2011, na cidade de Anápolis/GO, os denunciados Marcelo Henrique dos Santos, AdairAntônio de Freitas Meira, Francisco Afonso de Paulo, Antônio FernandesJúnior e Lívia Baylão de Morais concorreram de qualquer modo para que o denunciadoLuiz Antônio Arantes desviasse dos cofres da Universidade Estadual do Estado de Goiás -

UEG, a quantia de RS 10.000.000,00 (dez milhões de reais), que - até o dia 31 de janeiro de2017 - correspondiam, com juros e correção monetária, ao valor de RS 25.919.272,43 (vinte ecinco milhões novecentos e dezenove mil duzentos e setenta e dois reais e quarenta e trêscentavos), tudo em proveito próprio e alheio, especialmente em proveito da organizaçãocriminosa da qual é integrante e, também, do denunciado Adair Antônio de Freitas Meira.

Consta outrossim dos autos que, nos dias 13. 17 e 18 de janeiro do ano de 2011 e17 de dezembro de 2012, na cidade de Goiânia/GO, os denunciados Adair Antônio deFreitas Meira e Antônio Fernandes Júnior, na condição de membros da organizaçãocriminosa da qual são membors e no afa de ocultar, dissimular a natureza, origem,localização, disposição, movimentação e valores provenientes do crime de peculato, ocorridono dia 03/01/2011, na cidade de Anápolis/GO, bem como no intuito de obstaculizar orastreamento do dinheiro ilícito da organização criminosa e, por conseguinte, dificultar aidentificação dos membros dessa mesma organização criminosa, fizeram uso de várias contasbancárias em nome de diferentes pessoas jurídicas, em especial: no dia 13/01/2011,transferiram RS 9.990.000,00 (nove milhões novecentos e noventa mil reais) da conta n°1076-0, agencia 2981, da Caixa Econômica Federal, em nome da Fimcer Software Livre(CNPJ n° 03.652.447/0001-33), para a conta n° 022.872-1, agência n° 03600, Banco SafraS/A, em nome da Fundação Universidade do Cerrado - FUNCER (CNPJ n°03.652.447/0001-33); depois abriram, no dia 17/01/2011, a conta bancária n° 232556, agência3483, do Banco do Brasil, em nome da Rede Nacional de Aprendizagem Promoção Social eIntegração - RENAPSI (CNPJ n° 37.381.902/0001-25) e, na mesma data, transferiram osRS 9.990.000,00 (nove milhões novecentos e noventa mil reais) para a nova conta; naseqüência, no dia 18/01/2011, aplicaram o dinheiro em numa conta investimento; e, por fim,pulverizaram o dinheiro em várias contas bancárias de pessoas jurídicas diversas, destacando-se que, no dia 17/12/2012, RS 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) foram transferidos paraa conta n° 401293, agência 3483, do Banco do Brasil, em nome da empresa SagresAssociados S/A (CNPJ n° 05.112.094/0001-04) que, diga-se por oportuno, Adair Antôniode Freitas Meira e Lucas Vieira da Silva Meira são sócios proprietários.

Consta dos autos investigativos que, no mês de janeiro do ano de 2011, na cidadede Anápolis/GO, o denunciado Carlos Neuclimar Vieira, em documento público, maisprecisamente no parecer jurídico n° 541/2010, acostado às fl. 187-8, do procedimento n°201000020018282, da Universidade Estadual de Goiás - UEG, omitiu declaração que deledevia constar, e nele inseriu ou fez inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamenterelevante.

Subsume-se do caderno investigativo que, no mês de maio do ano de 2011, nacidade de Goiânia/GO, o denunciado Adair Antônio de Freitas Meira, mediante uma sóação, ofereceu e prometeu 10 (dez) vantagens indevidas, consistentes no pagamento de três

Pag. 4/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JvJTõistério PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estado de GojgS

///i\

passagens internacionais na classe executiva, de três inscrições para um congressointernacional, de três seguros viagem internacional e de hospedagem em hotel na cidade deLisboa/Portugal, sendo que só as passagens custaram RS 22.674,72 (vinte e dois milseiscentos e setenta e quatro reais e setenta e dois centavos), que - até o dia 31 de janeiro de2017 - correspondiam, com juros e correção monetária, ao valor de RS 55.799,49 (cinqüentae cinco mil setecentos e noventa e nove reais e quarenta e nove centavos)2, a funcionáriopúblico, mais precisamente, ao promotor de Justiça Marcelo Henrique dos Santos, paradeterminá-lo a praticar, omitir e retardar atos de ofício e, em conseqüência das vantagensoferecidas, o referido promotor de Justiça efetivamente praticou, omitiu e retardou atos deofício, bem como praticou atos de ofício infringindo seu dever funcional.

Extrai-se, do mesmo modo, dos elementos de prova acostados aos autos que, nomesmo mês de maio do ano de 2011, na cidade de Goiânia/GO, o denunciado MarceloHenrique dos Santos, mediante uma só ação, aceitou e recebeu para si, para sua esposa(Cristina de Carvalho Claudino Santos) e para sua filha (Mariane Claudino Santos), emrazão de sua função pública, qual seja, promotor de Justiça, 10 (dez) vantagens indevidas,consistentes no pagamento de três passagens internacionais na classe executiva, de trêsinscrições para um congresso internacional, de três seguros viagem internacional e dehospedagem em hotel na cidade de Lisboa/Portugal, sendo que só as passagens custaram RS22.674,72 (vinte e dois mil seiscentos e setenta e quatro reais e setenta e dois centavos), que -até o dia 31 de janeiro de 2017 - correspondiam, com juros e correção monetária, ao valor deRS 55.799,49 (cinqüenta e cinco mil setecentos e noventa e nove reais e quarenta e novecentavos), oferecidas e prometidas pelo denunciado Adair Antônio de Freitas Meira, e,em conseqüência das vantagens aceitas e recebidas, omitiu e retardou atos de ofício, bemcomo praticou atos de ofício infringindo seu dever funcional.

Denota-se, outrossim, dos autos que, no dia 22 de julho do ano de 2011, na cidadede Goiânia/GO, o denunciado Adair Antônio de Freitas Meira ofereceu e prometeuvantagem indevida, consistente no pagamento da quantia de RS 98.500,00 (noventa e oito mile quinhentos reais), que - até o dia 31 de janeiro de 2017 - correspondiam, com juros ecorreção monetária, ao valor de RS 237.646,66 (duzentos e trinta e sete mil seiscentos equarenta e seis reais e sessenta e seis centavos)3, a funcionário público, mais precisamente, aopromotor de Justiça MARCELO HENRIQUE DOS Santos, para determiná-lo a praticar, omitir eretardar atos de ofício e, em conseqüência da vantagem oferecida e prometida, o referidopromotor de Justiça efetivamente praticou, omitiu e retardou atos de ofício, bem comopraticou atos de ofício infringindo seu dever funcional.

Colige-se do caderno inquisitivo que, também, no dia 22 de julho do ano de 2011,na cidade de Goiânia/GO, o denunciado Marcelo Henrique dos Santos aceitou erecebeu para si, cm razão de sua função pública, qual seja, promotor de Justiça, vantagemindevida, consistente no pagamento da quantia de RS 98.500,00 (noventa c oito mil equinhentos reais), que - até o dia 31 de janeiro de 2017 - correspondiam, com juros ecorreção monetária, ao valor de RS 237.646,66 (duzentos e trinta e sete mil seiscentos equarenta e seis reais e sessenta e seis centavos), oferecida e prometida pelo denunciadoAdair Antônio de Freitas Meira, e, em conseqüência da vantagem aceita e recebida,

2Atualização e juros moratórios de R$ 7.558,24 de 02-Maio-2011 a 31-Janeiro-2017. Valor atualizado: R$ 18.599,83 (ValorCorrigido: RS 11.005,82/ Juros: RS 7.594,01). Total somado: RS 26.285.783,56. Tendo em vista que são três passagens: totalsem correção: RS 22.674,72; total com correção.3Atualização e juros moratórios de R$ 98.500,00 de 22-Julho-2011 a 31-Janeiro-2017. Valor atualizado: R$ 237.646,66 (ValorCorrigido: RS 142.303,39/Juros: R$ 95.343,27).

Pag. 5/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJ ^0^0^0 \\ ^^Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO ^J ^m ^m ^^k

Rua 23, esq. dFued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Ministério Público IGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] ÜQ Estado de GojáS i

omitiu e retardou atos de ofício, bem como praticou atos de ofício infringindo seu deverfuncional.

Consta dos autos que, no mesmo dia 22 de julho do ano de 2011, na cidade deGoiânia/GO, os denunciados Adair Antônio de Freitas Meira e Marcelo Henriquedos Santos, na condição de membros da organização criminosa da qual são integrantes e noafa de dissimular a natureza e origem dos valores provenientes do crime de corrupção,ocorrido na mesma data e na mesma cidade, adquiriram, com dinheiro em espécie, nomontante de RS 98.500,00 (noventa e oito mil e quinhentos reais), e mais um cheque emnome do denunciado Marcelo Henrique dos Santos, no valor de RS 50.000,00 (cinqüentamil reais), um veículo da marca Mercedes-Benz, modelo C 200 CGI AV, ano 2011, modelo2012, diretamente da concessionária Star Motors Comércio de Veículos LTDA, e, naseqüência, emplacaram (placa NKS-7349) o veículo em nome do denunciado MARCELOHenrique dos Santos.

Sobressai, ainda, dos autos inquisitoriais que, do dia 03 de janeiro do ano de 2011até a presente data, isto é. 03 de março de 2017, na cidade de Goiânia/GO, os denunciadosMarcelo Henrique dos Santos, Adair Antônio de Freitas Meira, AntônioFernandes Júnior e Lucas Vieira da Silva Meira, na condição de membros daorganização criminosa da qual são integrantes, ocultaram, e continuam a ocultar (crimepermanente), a localização, disposição e movimentação dos valores provenientes, direta ouindiretamente, da prática do crime de peculato, ocorrido no dia 03/01/2011, consistente nodesvio dos cofres da UEG da quantia de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), que - até odia 31 de janeiro de 2017 - correspondiam, com juros e correção monetária, ao valor de RS25.919.272,43 (vinte e cinco milhões novecentos e dezenove mil duzentos e setenta e doisreais e quarenta e três centavos).

Por fim, depreende-se do caderno investigativo que, nos dias 29 de novembro a05 de dezembro de 2016. na cidade de Anápolis/GO, o denunciado Marcelo Henriquedos Santos, por diversas vezes, nas mesmas condições de lugar, tempo, modo de execuçãoe dentro do mesmo plano global, embaraçou investigação de infração penal que envolvaorganização criminosa.

II - DOS FATOS TÍPICOS, EM MINÚCIA

Especificamente em relação a presente denúncia, ressalta-se que serão descritos, aseguir, somente os crimes investigados no bojo do Procedimento de Investigação Criminal(PIC) n° 02/2016 - PGJ, isto é, somente aqueles fatos típicos que contaram com a participaçãodo promotor de Jusitiça Marcelo Henrique dos Santos e que, concomitantemente, foramperpetrados no âmbito da Universidade Estadual de Goiás - UEG (CNPJ n° 01.112.580/0001-71) e da FUNCER / FUNSER. Crimes outros cometidos pela organização criminosa, sem aparticipação do promotor Marcelo Henrique, serão melhor esquadrinhados por meio do PICn° 08/2015 - GAECO, o qual desde já requer-se a remessa ao juízo de primeiro grau para finsde continuidade das apurações. Demais crimes, em tese cometidos pelo Promotor de JustiçaMarcelo Henrique, serão verificados c aprofundados em sede de novo procedimento deinvestigação criminal, instaurado a partir do desmembramento do PIC n° 02/2016 - PGJ.

Assim, extrai-se das provas colacionadas ao incluso Procedimento de Investigação

Pag. 6/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, !7V ♦Ã7„ £Z„nsi t* t i- o-, oò„i ocn- / i A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] ^ Estado de Goiás

///i\

Criminal (PIC) n° 02/2016 - PGJ que, ao longo no ano de 2010 até a presente data, nascidades de Anápolis/GO e Goiânia/GO, os denunciados Marcelo Henrique dos Santos,Adair Antônio de Freitas Meira, Luiz Antônio Arantes, Francisco Afonso de Paulo,Antônio Fernandes Júnior, Lucas Vieira da Silva Meira e Lívia Baylão de Moraisuniram-se em uma organização criminosa - estruturalmente ordenada e caracterizada peladivisão de tarefas, especializada no desvio e na apropriação indevida de recursos públicos - e,em conjunto, concorreram para a prática de crimes, cujas penas máximas são superiores a 4(quatro) anos.

De acordo com as provas coletadas, o líder da organização criminosa, bem como omentor de todo o ardil delituoso a seguir detalhado, sempre foi o denunciado Adair Meira,dirigente de várias entidades do terceiro setor e sócio proprietário de inúmeras empresasprivadas.

Conforme apurado, Adair Meira comanda - até hoje - seja como sócio, seja comopresidente, diretor ou administrador, as seguintes pessoas jurídicas: Fundação Pró-Cerrado -FPC (CNPJ n° 86.819.323/0001 -27), Fundação LMFC Educativa e Cultural (TV Três Marias)(CNPJ n° 04.079.355/0001-79), Fundação Pró-Cerrado (FPC) (CNPJ n° 86.819.323/0001-27), Sagres Associados S/A (CNPJ n° 05.112.094/0001-04), Big Vídeo Comunicação Ltda -ME (CNPJ n° 36.858.256/0001-81), Casa Verde Restaurante e Lanchonete Lida - ME (CNPJn° 04.591.890/0001-04), Garra Comunicações Ltda - ME (CNPJ n° 00.966.846/0001-80),Maternidade Adalberto Pereira da Silva (CNPJ n° 01.049.618/0001-09), SagresInvestimentos, Administração de Recursos Ltda (CNPJ n° 15.554.730/0001-01), Sagres -Sistema Cerrado de Comunicações Ltda (CNPJ n° 15.131.580/0001-23), TV Comunitária deAparecida de Goiânia Ltda CNPJ n° 08.243.657/0001-91), Viacão Águas Lindas Ltda (CNPJn° 01.322.939/0001-35), Emhamhu Agroindústria e Comércio Ltda - ME (CNPJ n°36.829.299/0001-39), Federação das Fundações Privadas do Estado de Goiás (CNPJ n°03.603.120/0001-71), Sagres Táxi Aéreo Ltda (CNPJ n° 01.539.425/0001-36) e Sales - SagresManutenção de Autos e Serviços Ltda - EPP (CNPJ n° 17.342.050/0001-50).

Outrossim, o denunciado Adair Meira foi, até 10 de maio de 2012, presidente docomitê de gestão administrativo-gerencial, na intervenção administrativa, promovida pela 9aPromotoria de Justiça da Comarca de Anápolis/GO, na Fundação Universitário do Cerrado -FUNCER / Fundação Universitária de Apoio Integral ao Ser -- FUNSER (CNPJ n°03.652.447/0001-33) e, até o ano de 2012, presidente da Rede Nacional de Aprendizagem,Promoção Social e Integração - RENAPSI (CNPJ n° 37.381.902/0001-25).

Atualmente, a Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração -RENAPSI é presidida pelo denunciado Lucas Meira, filho de Adair Meira. Mesmo assim,Adair Meira nunca deixou de integrar o conselho administrativo da referida rede.

Aproveitando-se justamente da confusão patrimonial, existente entre as referidasempresas privadas, com fins lucrativos, e suas entidades do terceiro setor, sem fins lucrativos,o denunciado Adair Meira, ao longo dos últimos 10 (dez) anos, camuflou e despistou aapropriação indevida de grandes somas de dinheiro público.4

AVejamos, como exemplo, as transcrições das seguintes ligações telefônicas interceptadas no curso da presente investigação:

Data Início: 16/02/2017 13:52:16

Data Término: 16/02/2017 13:56:24

Telefone: 62985571414 LÍVIA BAYLÃO DE MORAIS

Pag. 7/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, TT-JT? *TZ-_...._ __ „„.„ oco. , .. „ , Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

///i\

Conforme apurado, o denunciado Adair Meira, no desempenho de suasatividades lícitas e ilícitas, sempre contou com o seu braço direito, o denunciado AntônioFernandes, vulgo "Toninho". Ressalta-se que, "Toninho") além de ter desempenhado afunção de administrador-gercnte na FUNCER, no início da intervenção administrativapromovida pela 9a Promotoria de Justiça da Comarca de Anápolis/GO, também sucedeu, apartir de 10 de maio de 20125, o denunciado Adair Meira na presidência da referidainstituição e, atualmente, ainda ocupa o cargo da presidência.

Já na direção de suas principais empresas, bem como em cargos estratégicos, nosquais é exigida uma maior confiança, o denunciado Adair Meira fez uso de seu próprio filho,o denunciado Lucas Meira. Atualmente, Lucas Meira é sócio-administrador da Sagres Táxi

Interlocutor: 62991139277 ANTÔNIO FERNANDES JÚNIOR

Transcrição: LÍVIA XTONINHO:LÍVIA: "OI. TONINHO. NÃO EU QUE PEÇO. É O SEGUINTE, HOJE EU TÔ SEM FALAR COM WHATS APP PELASCIRCUNSTÂNCIAS, NÉ? MAS TÁ ÓTIMO. O QUE EU QUERIASABER É O SEGUINTE: A POSIÇÃO JURÍDICA DO ADAIR.NA FUNDAÇÃO A GENTE SABE, A GENTE ACOMPANHA. AGORA LÁ NA TV CERRADO. SE ELE QUISER VENDERESSES 50% PARA A SAGRES ENTÃO PODE. É DISSO AÍ QUE NÓS VAMOS TRATAR AGORA."TONINHO: "ZERO. NA LSMC ZERO. NA TV CERRADO ELE TEM 50%. É UMA EMPRESA. EXATAMENTE. ELE É DONO DE50%. MAS NA VERDADE ELE NÃO QUER VENDER 50% NÃO. ELE QUER VENDER INTEIRA.INCLUSIVE A PARTE DOSUZAMOR (?) E A SAGRES VAI PRA DENTRO DA RENAPSI."LÍVIA: "EU PRECISO FAZER TODA A CADEIA DIREITINHO DE TRANSFERÊNCIA PRA GENTE PODER TER NOÇÃO DECOMO NOS VAMOS DOCUMENTAR ISSO Al. ELE JA HAVIA FALADO ISSO CONOSCO LA ATRAS. DEPOIS DE UNS

MESES ELE CHAMOU TODO MUNDO E FEZ UMA REUNIÃO NA SALA DELE, DAVIDSON, EU A CLAUDINHA. VOCÊ TAVACOM O DAVIDSON: ELE DELEGOU AO DAVIDSON A TAREFA DE CUIDAR DESSA PARTE, SÓ QUE COM TODA ADISCRIÇÃO QUE ME É PECULIAR, LIGUEI E FALEI: "UAI DAVIDSON, VAMOS FAZER OU NÃO VAMOS? QUE DIA VAI SER?PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ" A REUNIÃO HOJE VAI ACONTECER NA EXCLUSIVA, EU VOU PARTICIPAR POR SKYPE. ENTÃO EU JÁQUERO ELENCAR, JÁ QUERO IR COM ESSAS INFORMAÇÕES. PRA GENTE JÁ ANDAR. O PAULO VAI PARTICIPAR.NINGUÉM TÁ SABENDO DISSO? NEM COMENTA. A FERNANDAVAI, MINHA SÓCIA, PORQUE EU FALEI PRO DAVIDSONQUE QUEM VAI BOTAR A MÃO É ELA, PORQUE ELA QUE FAZ CONTRATO. ELE NÃO FAZ, EU TAMBÉM NÃO FAÇO. NÃOÉ NOSSA PRAIA, ENTÃO... AÍ VAMOS ALINHAR O SEGUINTE: A TV CERRADO, QUE É AQUELA EMPRESA, AQUELASOCIEDADE, VAI PASSAR INTEGRAL, ASAGRES SISTEMA DE COMUNICAÇÃO, MAS EU TÔ FALANDO A SAGRES QUEÉ A EMPRESA DELE. ENTENDEU? COMPRA ESSA E AÍ A RENAPSI COMPRA A SAGRES. POR VIA DE CONSEQÜÊNCIACOM PATRIMÔNIO DE TELECOMUNICAÇÃO. ISSO ISSO. TEM MAIS ALGUMA OUTRA COISA?"TONINHO: "QUE EU TO LEMBRADO NÃO."LIVIA: "E A RÁDIO. COMO ESTÁ O NEGÓCIO DA RÁDIO?"TONINHO: "EU NÃO POSSO FALAR AGORA NÃO."LIVIA: "É NÉ? TÁ JÓIA ENTÃO. É PORQUE EU ACHO QUE ISSO IA ENTRAR TAMBÉM, SE EU LEMBRO DELE FALAR.SEGUNDA FEIRA EU TÔ AÍ. EU MUDEI MINHA IDA, EU VOU PARTICIPAR DA REUNIÃO 06 HORAS. VAI SER ÓTIMO. EUVOU COMBINAR COM O PEZINHO (?) PORQUE DA OUTRA VEZ ELE FOI NA MINHA MÃE. AÍ EU VOU COMBINAR COMELE, TÁ JÓIA? FICOU SEGUNDA FEIRAENTÃO. EU VOU CONTRA COM ISSO, MAS OS DETALHES AGENTE VÊAÍ."

Data Inicio: 16/02/2017 14:02:45

Data Término: 16/02/2017 14:04:33

Telefone: 62985571414 LIVIA BAYLÃO DE MORAISInterlocutor: 62991139277 ANTÔNIO FERNANDES JÚNIORTranscrição: LIVIAX TONINHO:LIVIA: "OI TONINHO, EU LIGUEI PRA TIRAR UMA SEGUNDA DÚVIDA. NAQUELA CONVERSA QUE A GENTE TEVE, ARENAPSI TAMBÉM VAI ADQUIRIR A SAGRES TAXI AÉREO?"TONINHO: "NÃO ESSE JA ACABOU. JA FOI VENDIDO. ONTEM. OUVIU? MAS VOCÊ NÃO OUVIU NADA. OUVIU SEMOUVIR."

LIVIA: "É MAS VAMOS TER UM PROBLEMINHA AÍ, PORQUE A TRANSFERÊNCIA FIO FEITA PARA ESSA PESSOAJURÍDICA ENTENDEU? ENTÃO A GENTE TEM QUE EQUCIONAR ISSO Al. PORQUE AO TEMPO DAS TRANSFERENCIASA IDÉIA ERA ESSA."

TONINHO: "POIS É MAS AGORA VAI PARA A SAGRES SISTEMA DE COMUNICAÇÃO.EMPRESA QUE TÁ PARADA, NÓSVAMOS REATIVAR ELA E VAI PRA ELA. VOCÊ LEMBRA DA SAGRES SISTEMA CERRADO DE COMUNICAÇÃO?"LIVIA: "LEMBRO AMOR DA MINHA VIDA, MAS NOS TEMOS TODO UM HISTÓRICO DE CNPJ, ENTÃO EU TENHO QUEJUSTIFICAR TUDO ISSO PRA TRÁS. POR MAIS DO QUE FAÇA DAQUI PRA FRENTE DE UMA OUTRA FORMA, MAS E OPASSADO? NÓS TEMOS AGORA QUE REGULARIZAR PASSADO."TONINHO: "POIS É, ENTÃO DURMA COM ESSE BARULHO"LIVIA: "ENTÃO OU VOU ORGANIZAR. EU NAÕ SEI DE NADA. EU SOU CEGA, SURDA. MUDA E MANCA (RISOS).ADORO!"

5 Vide o "Termo de Compromisso, autenticado, composto de uma (01) folha e datado de 10/05/2012" apreendido na RuaProfessor Roberto Mange, n° 29, Quadra 006, Lote 08, Centro, Anápolis - GO, cuja certidão do ANEXO VIII, dqPIC 02/2016 -PGJ, faz referência.

\

Pag. 8/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Sü-JS, dÃmi....o - • r- r-n oò^o 0rn< / i A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

///hAéreo Ltda, além de ter sucedido seu pai, a partir do dia 17/01/2014, na presidência daRENAPSI.

A organização criminosa chefiada por Adair Meira conta, ainda, com um braçojurídico, representado pela advogada Lívia Baylão. A referida advogada é a responsável pororientar, participar de reuniões e por confeccionar, de fato, a maioria dos documentossolicitados pela organização criminosa para o funcionamento dos esquemas ilícitos.

A denunciada Lívia Baylão integra também o quadro societário da MaternidadeDr. Adalberto Pereira da Silva, além de ser sócia do escritório Baylão de Morais e MarianoAdvogadas S/S (CNPJ n° 09268482000130) que, por sua vez, presta serviços às empresas esociedades criadas e administradas pelo denunciado Adair Meira. Consta dos autos, ainda, ainformação que Lívia Baylão, hodiernamente, é membro do "Conselho Deliberativo" daAssociação FUNDES: Fundo para o Desenvolvimento Social do Terceiro Setor (CNPJ n°07.321.491/0001-11).

Todavia, sem a participação de agentes públicos, com poder de mando suficientepara execução das manobras administrativas que se faziam necessárias, as atividades do grupocriminoso não poderiam ser bem sucedidas. Assim, estrategicamente, passaram a integrar aorganização criminosa os denunciados Luiz Arantes, reitor da Universidade Estadual deGoiás - UEG até o dia 10 de fevereiro ano de 2012, e Francisco Afonso, gerente de contratosda mesma universidade até o dia 04 de abril do ano de 2011.

Curial ressaltar, nesse ponto, que Luiz Arantes e Francisco Afonso já foramdenunciados pelo GAECO, no dia 13 de janeiro de 2013, pela prática dos crimes de peculato elavagem e dinheiro, no bojo de uma outra investigação, denominada operação "Boca doCaixa", na qual também se apurou desvios de verbas públicas no âmbito da UEG ocorridas,no entanto, no ano de 2006.6

Frisa-se, por oportuno, que o esquema criminoso desvelado na operação "Boca doCaixa" muito se assemelha com o ora investigado. Com efeito, na iminência do termo finalpara a qualificação dos profissionais da educação, nos moldes estabelecidos pela Lei n°9.394/1996 (estabelece as diretrizes e bases da educação nacional), pela qual até o final dadenominada "Década da Educação" somente seriam admitidos professores habilitados emnível superior ou formados por treinamento em serviço, o Sindicato dos Estabelecimentos deEnsino no Estado de Goiás - SINEPE/GO contratou a Universidade Estadual de Goiás - UEG

para ministrar cursos especiais de formação em licenciatura e de chancela dos respectivosdiplomas, que ficaram conhecidos sob a insígnia "Cursos de Licenciatura Plena Parcelada".

A avença entre o SINEPE/GO e a UEG resultou, então, em convênios e contratospelos quais a autarquia estadual, como contrapartida pelas aulas lecionadas, receberia osvalores advindos do pagamento de matrícula e mensalidade dos alunos ingressos nos cursosde graduação prestados por meio da parceria em testilha, arrecadados pelo SINEPE/GO.

Cabia à UEG então a indicação da conta bancária para depósito do montanteangariado com o adimplemento das mensalidades pelos estudantes. Assim, as contas bancáriasapontadas eram, por vezes, a gerida pela Fundação Universidade Estadual de Goiás - FUEG,mantenedora da UEG, noutras, pela Fundação Universitária do Cerrado - FUNCER, ou

Vide cópia da denúncia acostada às fl. 2.504, do PIC n° 02/2016 - PGJ.

Pag. 9/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JJ^jst~0 públic0Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] j. Estado de Goiás

///i\

qualquer outra conta bancária determinada pelo departamento financeiro do estabelecimentode ensino superior.

Naquele tempo, Luiz Arantes já exercia a função de reitor da UEG e FranciscoAfonso também já era o coordenador de contratos e convênios da UEG. Com a adesãoconsciente de outros indivíduos que também foram denunciados, o grupo engendrou um planono sentido de tirar proveito da falta de controle e do chocante amadorismo da gestão dospagamentos relacionados ao "Programa Parcelada". Assim, o grupo criminoso alterou a contahabitual de destino dos pagamentos efetuados pelo SINEPE para a conta da pessoa jurídica dedireito privado por nome de Instituto Brasileiro de Ensino, Pesquisa, Extensão e Tecnologia -IBEPET.

Na seqüência, os repasses de verbas do sindicato à UEG, diferentemente do queusualmente ocorria, foram creditados na conta bancária titularidade pelo IBEPET que, por suavez, se apropriou indevidamente dos valores transferidos. Era preciso, no entanto, dissimulara origem e a utilização desses montantes, como o fim de tornar lícitas suas origens. Foi nesseafã que os referidos denunciados optaram pela emissão de cheques do IBEPET e pelos saquesdos correspondentes valores na "boca do caixa".

Dessa maneira, o histórico criminoso dos denunciados Luiz Arantes e FranciscoAfonso, certamente influenciou Adair Meira no chamamento dos referidos, à época,servidores públicos para integrarem à organização criminosa.

Não bastava assegurar apenas a execução das manobras administrativas ilícitas noâmbito do Estado e da UEG, se fazia necessária também assegurar a impunidade dos membrosda organização crimnosa. Com tal desiderato, o denunciado Adair Meira coaptou o promotorde Justiça Marcelo Henrique para também integrar à organização criminosa. A participaçãode um promotor de Justiça visava, de uma só vez, dar aparência de legalidade e legitimidadeàs atividades ilícitas desenvolvidas pela organização criminosa, bem como assegurar que taisatividades não fossem alvo de fiscalização ou investigação.

Ressalta-se que Marcelo Henrique é titular da 9a Promotoria de Justiça deAnápolis/GO, promotoria esta responsável pela curadoria de fundações c entidades do terceirosetor na Comarca de Anápolis/GO.7

Dessa maneira, a organização criminosa, dirigida por Adair Meira, na prática dasinfrações penais, a seguir descritas, contou tanto com o concurso quanto valeu-se da condiçãofuncional de no mínimo três funcionários públicos, quais sejam: o promotor de Justiça

7Ainda sobre os servidores e ex-servidores do Ministério Público de Anápolis que de alguma forma estiveram vinculados àsentidades do terceiro setor, destaca-se a figura do investigado Mayke de Jesus Nogueira que, sem contrato formalizado, atuoucomo assessor jurídico voluntário da 9a Promotoria de Justiça e, ao mesmo tempo, foi membro do Conselho Fiscal e gerenteadministrativo do FUNDES. Nunca é demais lembrar que consta do caderno investigativo a informação (que foi confirmada pormeio da captação ambiental dos diálogos entre os servidores da 9a PJ de Anápolis) de que inúmeras reuniões, promovidaspelas entidades do terceiro setor de Anápolis/GO, foram realizadas no espaço físico da 9a Promotoria de Justiça da Comarcade Anápolis/GO e tiveram como representantes de seus interesses servidores do próprio Ministério Público, ligados aodenunciado Marcelo Henrique.

Já o investigado Joseval dos Reis, além de ser advogado e servidor público municipal (Gestor Hospitalar do FMS), esteve àdisposição da 9a Promotoria de Justiça de Anápolis/GO concomitantemente com o período em que exerceu as funções de 'Presidente do FUNDES e de superintendente administrativo do Hospital UniEvangélico Goiano - HEG A referida entidadehospitalar também era fiscalizada pelo promotor de Justiça Marcelo Henrique que, diga-se de passagem, é um dos diretores daFaculdade UniEvangélica.

Pag. 10/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJ ^0^0^V fc^Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO ^M ^t ^M ^^

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, \!f„-xtSn „?!?!„„ Ir> - • i- ^n oò^o ocn^ i -i A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estatlo de GoiáS I

Marcelo Henrique, o então reitor da UEG Luiz Arantes e o, à época, gerente de contratos daUEG Francisco Afonso.

Isto posto, didaticamente, pode-se afirmar que a organização criminosa supradescrita era formada por 05 (cinco) núcleos principais, quais sejam: "presidência", ocupadasomente por Adair Meira, "diretores", preenchida por Antônio Fernandes, Lucas Meira eLívia Baylão, "Assessoria Jurídica", lotada novamente e somente por Lívia Baylão, "falso/iscar, integrada pelo promotor de Justiça Marcelo Henrique, e "agentes públicos", compostapor Luiz Arantes e Francisco Afonso, que interagiam entre si e intercomunicavam-se,formando assim uma verdadeira cadeia criminosa, estruturalmente compartimentada ehierarquizada.

Especificamente sobre o esquema ardiloso, envolvendo tanto a UEG quanto aFUNCER e investigado no bojo do PIC n° 02/2016-PGJ, ressalta-se que tudo começou a serengendrado com o aliciamento do promotor de Justiça Marcelo Henrique no sentido de queele promovesse, através da 9a Promotoria de Justiça de Anápolis/GO, uma intervençãoadministrativa na FUNCER.

Diante da patente má fama existente em torno da FUNCER, buscava-se com aintervenção administrativa, a ser promovida pela 9a Promotoria de Justiça de Anápolis/GO,impregnar na fundação um pouco da credibilidade ministerial, de forma que futuras novascontratações com UEG fossem viabilizadas.

Não é demais recordar que o Órgão de Controle Interno da SEFAZ (atualmenteControladoria-Geral do Estado - CGE) já havia realizado inúmeras auditorias nos contratos econvênios celebrados entre UEG e FUNCER e, inclusive, já havia recomendado a nãoassinatura de novos negócios jurídicos pelas a referidas entidades.

No dia 18 de março de 2010, após alguns encontros8 entre os denunciadosMarcelo Henrique e Adair Meira, alguns inclusive no gabinete da promotoria e quasesempre do fim do horário de expediente e com a determinação de que os servidores dapromotoria fossem embora mais cedo9, Adair Meira, por meio de sua secretária Cláudia

8 Os próprios denunciados confirmaram a existência das reuniões, vejamos como exemplo, o seguinte trecho do interrogatóriodo denunciado Marcelo Henrique dos Santos:

"(...); que o interrogando se reuniu uma única vez com o então governador ALCIDES RODRIGUES para tratar do convêniofirmado entre a UEG e a FUNCER/FUNSER: que participaram da reunião ALCIDES RODRIGUES, LUIZ ARANTES. LIVIABAYLÃO, ADAIR MEIRA e um Procuradordo Estado, o qual não se recorda o nome; que nessa reunião já havia um objetodeterminado para o convênio, qual seja: a realização do programa "software livre"; que antes da reunião ADAIR MEIRA havialevado ao interrogando o conhecimento sobre a demanda existente na UEG pelo programa "software livre", bem como sobre aexistência de verba para sua realização; que ADAIR MEIRA por seu turno ficou sabendo dessa demanda e da disponibilidadede recursos do Estado, para esse fim, por meio do reitor LUIZ ARANTES; (...); que foi convidado por ADAIR MEIRA paraparticipar da reunião com o governador; que ADAIRjustificou o convite ao interrogando devido a intervenção em curso, masfato é que realmente ADAIR MEIRA poderia ter comparecido à reunião sem a presença do interrogando; (...); que. realmente,LIVIA BAYLÃO reportava ao interrogando parte das tratativas realizadas em torno do convênio a ser celebrado pela UEG eFUNCER/FUNSER; que LIVIA relatou ao interrogando que o trabalho foi feito em conjunto com o departamento jurídico daUEG; que não se recorda se se reuniu com a pessoa de CÉLIO CAMPOS, Secretário da Fazenda; que LUIZ ARANTES visitouo interrogando, provavelmente, acompanhado de CÉLIO CAMPOS: que não se recorda de ter se reunido com o SecretáriodaFazenda; que participoude uma ou outra reunião na sede da Promotoria com os técnicos da UEGpara tratar da celebração doconvênio entre UEG e FUNCER/FUNSER; que participavam das reuniões ADAIR, ANTÔNIO e LIVIA; que ANTÔNIO se faziamais presente por se tratar de questões executivas; (...)" (interrogatório de Marcelo Henrique dos Santos, realizado noMinistério Público, no dia 24/02/2017, fls. 2433/2440).

9 Os servidores da promotoria confirmaram as reuniões privativas, nas quais Marcelo recebia inclusive com, abraços AdairMeira, Lívia Baylão, Antônio Fernandes e Joseval e, na seqüência, mandava os servidores embora para suas casas. Vejamosalguns trechos desses depoimentos:

Pag. 11/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJ ^P^ÉP^fl ^kGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO ^ ^F ^ ^^

Rua 23, esq. dFued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Ministério Público IGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] do Estad0 úe GojáS I

Porto Leal, encaminhou a Guilherme Henrique Elias, ex-servidor da 9a Promotoria de Justiçade Anápolis e então presidente da FUNCER, um e-mail contendo a apresentação do plano deintervenção administrativa a ser efetivado na FUNCER.

Guilherme Henrique Elias, por seu turno, sobre o e-mail recebido de AdairMeira escreveu: "Mestre. Segue o esboço da apresentação do projeto da 'nova FUNCER' "e, no mesmo dia, o encaminhou ao denunciado Marcelo Henrique que, por sua vez, minutosdepois, também reenviou o e-mail à denunciada Lívia Baylão.

No corpo do e-mail enviado à denunciada Lívia Baylão, Marcelo Henriqueescreveu: "iniciei as articulações com Adair e Guilherme e entendo que é possívelestabelecermos algo muito interessante juntos, notadamente porque você está conosco".Mais do que um mero articulador, Marcelo Henrique se posicionou como se ele, AdairMeira e Guilherme Henrique já fossem os atuais e reais administradores da FUNCER10,meses antes da efetiva intervenção administrativa promovida pela 9a Promotoria de Justiça daComarca de Anápolis. A seguir o inteiro teor dos referidos e-mails (fls. 59/60-anexo VII-PIC02/2016-PGJ):

FW: Apresentação FUNCER-ANAPOLIS.zip

Guilherme Elias <oin eiias(n)riotmaii com>

TtiufSd3,. 18 Marcfi 2010 14 49 40

-in--r.fi-; ;-irtr.Mvrrrt-i.i I •••-.

Apresentação FUNCER - ANÁPOLIS hp

Mestre

Segue o esboço da apresentação do projeto "Nova Funcer".

G^nde abraço

Guilliei ire Elias

"(...) que Lívia Baylão, Antônio Fernandes, Joseval e Adair Meira possuíam livre acesso a 9a Promotoria de Justiça deAnápolis; que os referidos sempre chegavam na promotoria no final do expediente e, então, o Dr. Marcelo solicitavaaos servidores que fossem embora; que. por esse motivo, o depoente e os demais servidores não sabiam o que eraconversado por eles; (...) que Dr. Marcelo sempre apresentou ter uma amizade muito próxima com Adair Meira, que essaimpressão do depoente é extraída do modo com que Adair era recepcionado na promotoria pelo Dr. Marcelo, inclusivecom abraços; que a mesma proximidade era observava com a Lívia e "Toninho" (Antônio Fernandes); (...)".(Depoimento prestado no Ministério Público, no dia 23/02/2017, pela testemunha DAVISSON MORAIS MOREIRA, fls.2398/2400)

"(...) Que. mesmo quando o depoente estava lotado na 5a Promotoria de Justiça de Anápolis, era de seu conhecimento queAdair Meira. Lívia Baylão e Antônio Fernandes costumavam freqüentar o gabinete da 9a Promotoria de Justiça;(...)".(Depoimento prestado no Ministério Público, no dia 23/02/2017, pela testemunha FERNANDO HENRIQUE DE ARAÚJOLIMA, fls. 2392/2395)

"(...) 'que Lívia Baylão, Antônio Fernandes, Joseval e Adair Meira possuíam livre acesso a 9° Promotoria de Justiça de Anápolis;que os referidos sempre chegavam na promotoria no final do expediente e, então, o Dr. Marcelo solicitavaaos servidores quefossem embora (...)'o depoente confirmouque realmente isto ocorria; que os servidores estranhavam esse comportamento doDr. MARCELO, pois em regra ou o Dr. MARCELO ia embora mais cedo com os servidores ou saíam todos juntos daPromotoria; que o Dr. MARCELO demonstrava possuir intimidade com as pessoas de Adair Meira, Lívia Baylão, AntônioFernandes e Joseval; que o Dr. MARCELO inclusive os recebia com abraços; (...)".(Depoimento prestado no MinistérioPúblico, no dia 23/02/2017, pela testemunha CAIO CÉSAR DACOSTA DUARTE BORGES)

10O intento criminoso nas citadas tratativas torna-se ainda mais evidente pelo esforço demonstrado pelos denunciados emnegar as referidas articulações por parte do promotor de Justiça Marcelo Henrique. Sem saber que os promotores de Justiça,que realizavam seu interrogatório, já tinham acesso ao supracitado e-mail (do dia 18 de março de 2010), a denunciada LíviaBaylão de Morais mentiu de forma evidente:

"(...); que ADAIR lhe disse que MARCELO, promotor de justiça, havia convidado para compor um grupo a fim de reerguer áFUNCER; que ADAIR a convidouparafazer partedesse grupo; que a interroqanda não teve contato com MARCELO antesda intervenção; que só veio a ter contato com o MARCELO no ato da intervenção, quando a interroqanda foidesignada para compor a administração da FUNCER; (...)".

Pag. 12/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, [yjmisterio PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] do Estado de GoJáS

From: [email protected]: gu [email protected]: Apresentação FUNCER- ANÁPOLIS.apDate: Thu. 18 Mar 2010 10:30:47 -0300

Prezado Guilherme.

A pedido do Adair Meira. segue apresentação da FUNCER.

Grata.

Cláudia Porto

FW:Apresentação FUNCER-ANAPOLIS.zip

Marcelo Henrique OosSantos <mhennQuesantos:S)hotmaii corm

Thursda, 18Marcfi2010 17 45 10

It.ia sailâo <lr.i3@;mm3tf.oq3flas com :r>

Acresentac3o FUNCER-WPQUSac

From: mhenriquesantos3hotmail.com

To: livia!Jbmmadvogadas.com.brSubject: FW: Apresentação FUNCER - ANAPOLIS.zipDate: Thu, 18 Mar 2010 18:46:00 +0000

Querida preceptora Lívia,

///i\

Iniciei as articulações com o Adair e o Guilherme e entendo que é possível estabelecermos algo muito interessante juntos, notadamente porque você está conosco.Penso que esse projeto poderá ser melhorado emmuito, por tal razãolheencaminho. OGuilherme viajará no sábado, assim, vamos conversar até lá. Há coisasboas nesse processo todo, passando pelo estreitamento de nossas relações, porque não ficarei com saudades e aprenderei mais.

Fique com Deus.

Marcelo Henrique

Na seqüência, várias reuniões foram realizadas entre os denunciados LíviaBaylão, Marcelo Henrique, Adair Meira e Antônio Fernandes na sede da 9a Promotoria deJustiça de Anápolis", sempre com o pedido de que os servidores da promotoria fossemembora mais cedo para suas casas12. Enfim, no dia 02 de agosto de 2010, foi expedido o Ato

11 Os próprios denunciados confirmaram a existência das reuniões, vejamos como exemplo, o seguinte trecho do interrogatóriodo denunciado Marcelo Henrique dos Santos:

"(...); que o interrogando se reuniu uma única vez com o então governador ALCIDES RODRIGUES para tratar do convêniofirmado entre a UEG e a FUNCER/FUNSER; que participaram da reunião ALCIDES RODRIGUES, LUIZ ARANTES. LIVIABAYLÃO. ADAIR MEIRA e um Procuradordo Estado, o qual não se recorda o nome; que nessa reunião já havia um objetodeterminado para o convênio, qual seja: a realização do programa "software livre"; que antes da reuniãoADAIR MEIRA havialevado ao interrogando o conhecimento sobre a demanda existente na UEG pelo programa "software livre", bem como sobre aexistência de verbapara sua realização; que ADAIR MEIRA por seu turno ficou sabendo dessa demanda e da disponibilidadede recursos do Estado, para esse fim, por meio do reitor LUIZ ARANTES; (...); que foi convidado por ADAIR MEIRA paraparticipar da reunião com o governador; que ADAIRjustificou o convite ao interrogando devido a intervenção em curso, masfato é que realmente ADAIR MEIRA poderia ter comparecido à reunião sem a presença do interrogando; (...); que. realmente,LIVIA BAYLÃO reportava ao interrogando parte das tratativas realizadas em torno do convênio a ser celebrado pela UEG eFUNCER/FUNSER; que LIVIA relatou ao interrogando que o trabalho foi feito em conjunto com o departamento jurídico daUEG; que nãose recorda se se reuniu com a pessoa de CÉLIO CAMPOS. Secretário da Fazenda; que LUIZ ARANTES visitouo interrogando, provavelmente, acompanhado de CÉLIO CAMPOS: que não se recorda de terse reunido com o Secretário daFazenda; que participoude uma ou outra reunião na sede da Promotoria com os técnicos da UEGpara tratar da celebração doconvênio entre UEG e FUNCER/FUNSER; que participavam das reuniões ADAIR, ANTÔNIO e LIVIA; que ANTÔNIO se faziamais presente por se tratar de questões executivas; (...)" (interrogatório de Marcelo Henrique dos Santos, realizado noMinistério Público, no dia 24/02/2017, fls. 2433/2440).

12 Os servidores da promotoria confirmaram as reuniões privativas, nas quais Marcelo recebia inclusive com abraços AdairMeira, Livia Baylão, Antônio Fernandes e Joseval e, na seqüência, mandava os servidores embora para suas casas. Vejamosalguns trechos desses depoimentos:

"(...) que Livia Baylão, Antônio Fernandes, Joseval e Adair Meira possuíam livre acesso a 9a Promotoria de Justiça deAnápolis; que os referidos sempre chegavam na promotoria no final do expediente e, então, o Dr. Marcelo solicitavaaos servidores que fossem embora; que, por esse motivo, o depoente e os demais servidores não sabiam o que eraconversado por eles; (...) que Dr. Marcelo sempre apresentou ter uma amizade muito próxima com Adair Meira, que essaimpressão do depoente é extraída do modo com que Adair era recepcionado na promotoria pelo Dr. Marcelo, inclusive

Pag. 13/120

V

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, salan° 327, Mjnisteri0 p,jLj IiooGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estado de GojgS

///i\

n° 21/2010, da 9a Promotoria de Justiça da Comarca de Anápolis, que ordenou a 'intervençãoAdministrativa Provisória" na "Fundação Universitária do Cerrado - FUNCER".

Por meio do Ato n.° 21/2010, assinado pelo denunciado Marcelo Henrique, foicriado o "comitê de gestão administrativo-gerencial", cuja presidência foi atribuída aodenunciado Adair Meira, sendo-lhe comissionado poderes para "adotar todas as providênciasnecessárias para o fiel cumprimento das atribuições inerentes a tal função", entre elas, "amovimentação de contas bancárias já existentes, a abertura de outras, se necessário, podendoainda firmar convênios e parcerias com órgãos da administração direta e indireta" (fl. 732 e1.103-21 do PIC n°002/2016-PGJ)13. A seguir algumas imagens de partes do referido ato (fls.1.106-vol. 06 do PIC n° 002/2016-PGJ):

001303 .-;o';:;r-

ttt\\íiWnüísKída •:i Iiicís M fetfi B

?'Pnnottrfo de Jmtka do tono de ftndpclWO-CURADORIA 01 HIKMtfB íASMMfiB DA (DflARCA Dl AHÂPOUS -

Inquérito Civil Público N° os/02

ATO N° 21/10

ACURADORIA DE FUNDAÇÕES EASSOCIAÇÕES BENEFICENTES DESTA COMARCA DE ANÂPOL1S-GO, por intermédio de seu 9'Promotor de Justiça, no uso de suas atribuições legais eprerrogativas funcionais,com fundamento nos arts. 66. do Código Civil, 58. IX. da Lei Complementar n. 25/98,2o He3= do Ato PGJ eCGMP n. 01/95. por este ato. DELIBERA OSEGUINTE:

(•••)

com abraços; que a mesma proximidade era observava com a Lívia e "Toninho" (Antônio Fernandes); (...)".(Depoimento prestado no Ministério Público, no dia 23/02/2017, pela testemunha DAVISSON MORAIS MOREIRA, fls.2398/2400)

"(...) Que. mesmo quando o depoente estava lotado na 5a Promotoria de Justiça de Anápolis, era de seu conhecimento queAdair Meira. Lívia Baylão e Antônio Fernandes costumavam freqüentar o gabinete da 9a Promotoria de Justiça; (...)".(Depoimento prestado no Ministério Público, nodia 23/02/2017, pela testemunha FERNANDO HENRIQUE DE ARAÚJO LIMA,fls. 2392/2395)

"(.-•) 'que Lívia Baylão. Antônio Fernandes. Joseval e Adair Meira possuíam livre acesso a 9a Promotoria de Justiça de Anápolis:que os referidos sempre chegavam na promotoria no final do expediente e. então, o Dr. Marcelo solicitava aos servidores quefossem embora (...)'O depoente confirmou que realmente isto ocorria; que os servidores estranhavam esse comportamento doDr. MARCELO, pois em regra ou o Dr. MARCELO ia embora mais cedo com os servidores ou saíam todos juntos daPromotoria; que o Dr. MARCELO demonstrava possuir intimidade com as pessoas de Adair Meira, Lívia Baylão, AntônioFernandes e Joseval; que o Dr. MARCELO inclusive os recebia com abraços; (...)".(Depoimento prestado no MinistérioPúblico, no dia 23/02/2017, pela testemunha CAIO CÉSAR DACOSTA DUARTE BORGES, fls. 2388/2389)

13 Digno de nota que, à época dos fatos, o denunciado Adair Meira respondia a inquéritos em razão da prática de atos deimprobidade administrativa. Adair Meira tornou-se, inclusive, na seqüência, nacionalmente conhecido em razão de seuenvolvimento nos escândalos envolvendo o então ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, acusado pela prática deinúmeras irregularidades e corrupções na dispensação de verbas para ONGs.

Pag. 14/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, , ... .,.,..r. •« • i- M 0^o ocn. i -i A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

///

RESOLVE:

Expedir o presente ato. determinando a instauração da Intervenção adminlstrativa-contábil na Fundação Universitária do Cerrado, com o escopo de se proceder à devida regularização da entidade; " j '-

Av. Senador Jotelourcnço Dbi,n.» 1S48 -2»andar, «Ia :0S- centro- AnapoBíTel. |n)62-3328-24S0 -Ramal»- 234-23S •a-malt 9anapolljrBmp.Boj:ov.b-

m

///l^001303^

P

VPiNMttÉ de Wfl da («Eflra de Jtaájsfii-CO-CURADORIA DE IUHDA(ÔU lKMk$ti DÃ ©MARCA Dl AHÃPOUS

Determinar quo tal intorvonçao seja acompanhadjppelo Asses-; £ ' jsoria Técnico-Contábil da Procuradoria Geral de Justiça, em consptáncia com oes-. ^tabelecido noATO PGJ 001/95 e pelo Código Civil Brasileiro; / 1B

o> i

Determinar que apresente Intervenção Administrativa Provi- *Jsória. leravigência até 31 de dezembro de 2010; ' i

> oo

Nomear comitê de gestão administrativo-gerencial. composto .

pelos seguintes componentes:

SR. ADAIR ANTÔNIO MEIRA. brasileiro, casado, empresário,domiciliado aAv. Hesquina com Rua 72. Parque da Criança -Jardim Goiás. Goiânia GO que PRESIDIRÁ OREFERIDO COMITÊ, sob omúnus ora explicitado, devendo adotar todas as providências necessárias para oHei cumprimento das atribui-çóes inerentes atal função, podendo exercê-las. com amplos poderes adm.mstral,vos egerenciais, podendo contratar edispensar empregados, especialmente os ,ne-rentes à correção contâbiMinanceira da entidade, conferindo-lhe poderes para movimentação das contas bancárias já existentes, eabertura de outras, se necessáno.podendo ainda firmar convênios eparcerias com árgaos da administrado d.reta eindireta, bem como com entidades privadas, dentro dos objetivos institucional ees-tatutários apropriados;

ORA. LIVIA BAYLÃO DE MORAIS, brasileira, advogada, do-mld.lada aAv. Jame. Cec.lio. 3.310. Ed. Office Flamboyant. Sala 702. Jardim Goias.Goiãnia-GO;

DR. JOSEVAL DOS REIS BRITO, brasileiro, casado, domiciliado àAvenida Senador José lourenço Dias. n.° 1648. 2° andar, sala 205 - CenUo.Anapolis-GO. na condição de ,epresen,an.e da Curadoria de Fundações eAssoaa-ções de Anápolis.

^flnt/lnUrEflcaPJJ&_n..lS4a-2.and,r.,a.3 205-cen<ro-An»pol

Pag. 15/120

h

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba,Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, r,linis}eiio públicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail; [email protected] do EstatJo de Gojas

///|\

001303001K57

///«sww» ree»

O bata te Cctai |

VPranílorifl de {aniio da (onuiro de Anápolis-H)-CURADORIA DF NiTOACÕB l ASSOCIAÇÓS DA COMARCA MAHÂP01U -

Expeça-se adevida requisição áCoordenação de-^poio Técni- • xbco-Periciat. adotando-se as demais providências decorrentes do atoará exarado.

Registre-se, Publique-se,Cumpra-se.

Expeça-se ato de clentificaçao aos n^rtbros do Conselho de j (Curadores da entidade fundacional, ao Reitor da Universidade Estadual de Goiás ej &demais interessados. I J

CURADORIA DE FUNDAÇÕES EASSOCIAÇÕES DA COMARCA DE ANÁPOLISAnápolis, 02 de agosto de 2010.

promotorCURADOR bEFUNDAÇÕES EASSOi ANÁPOLIS

o>

CD

Por meio do Ato n° 21/2010, o denunciado Marcelo Henrique também nomeouLívia Baylão e Joseval dos Reis Brito para integrarem, juntamente com o denunciado AdairMeira, o comitê de gestão administrativa-gerencial da FUNCER. Lívia Baylão, como jáexposto, era o braço administrativo-jurídico da organização criminosa.

Já o investigado Joseval dos Reis, além de ser advogado e servidor públicomunicipal (Gestor Hospitalar do FMS), esteve à disposição da 9a Promotoria de Justiça deAnápolis/GO concomitantemente com o período em que exerceu as funções de Presidente doFUNDES e de superintendente administrativo do Hospital UniEvangélico Goiano - HEG. Areferida entidade hospitalar também era fiscalizada pelo promotor de Justiça MarceloHenrique que, diga-se de passagem, é um dos diretores da Faculdade UniEvangélica.

Ainda sobre os servidores e ex-servidores do Ministério Público de Anápolis quede alguma forma estiveram vinculados às entidades do terceiro setor, destaca-se a figura doinvestigado Mayke de Jesus Nogueira que, sem contrato formalizado, atuou como assessorjurídico voluntário da 9a Promotoria de Justiça e, ao mesmo tempo, foi membro do ConselhoFiscal e gerente administrativo do FUNDES.

Vale lembrar que consta do caderno investigativo a informação (que foiconfirmada por meio da captação ambiental dos diálogos entre os servidores da 9a PJ deAnápolis) de que inúmeras reuniões, promovidas pelas entidades do terceiro setor de.

Pag. 16/120

.0

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

Ministério Público |do Estado de Goiás |

Anápolis/GO, foram realizadas no espaço físico da 9a Promotoria de Justiça da Comarca deAnápolis/GO e tiveram como representantes de seus interesses servidores do próprioMinistério Público, ligados ao denunciado Marcelo Henrique.

Com tal composição, a organização criminosa passou a ter total e irrestritocontrole no que tange a gestão da FUNCER. Em verdade, a intervenção operada pela 9aPromotoria de Justiça de Anápolis na FUNCER serviu, tão somente, para viabilizar o controleda referida fundação pelos membros da organização criminosa.14 A partir desse momento,todos os atos da FUNCER passaram a ser de responsabilidade do trio Marcelo Henrique,Adair Meira e Lívia Baylão.

Enfim, consolidada a intervenção na FUNCER iniciaram-se, então, ospreparativos para celebração de algum ato jurídico que viabilizasse a apropriação de verbasoriundas da UEG. A partir desse momento, entra em ação o núcleo dos agentes públicos daorganização criminosa, quais sejam: os denunciados Luiz Arantes, então reitor da UEG, eFrancisco Afonso, então chefe de contratos e convênios da UEG.

Os denunciados Luiz Arantes e Francisco Afonso, em conjunto com osdenunciados Marcelo Henrique, Adair Meira e Lívia Baylão, passaram, sem demora aprospectar meios formais que viabilizassem a transferência de grandes somas em dinheiro daUEG para a FUNCER.

Assim, no dia 19 de novembro de 2010, os denunciados Adair Meira e LíviaBaylão encaminharam o ofício n° 140/2010 - Comitê Gestor ao então reitor da UEG, odenunciado Luiz Arantes, no qual colocavam a FUNCER a "disposição para novas efuturasparcerias, na execução de projetos". Colacionamos a seguir o teor do referido ofício (fls.05/06-anexo X do PIC n° 002/2016-PGJ):

14 Nesse aspecto, destaca-se que os próprios interventores, quando ouvidos na presente investigação, não souberam declinaros motivos ou pormenorizar as razões da intervenção ministerial na FUNCER, vejamos:

"(...) que o motivo concreto da intervenção o interrogando não sabe dizer claramente; que na sua ótica pessoal, o interrogandoacreditava que o problema da FUNCER era o embate institucional da FUNCER com a nova gestão UEG; que após terassumido a direção do conselho interventor da FUNCER, e estando sob sua direção, foi firmado apenas um novo convênioentre FUNCER e UEG; (...)" (Interrogatório ADAIR ANTÔNIO DE FREITAS MEIRA, realizado no Ministério Público, no dia02/12/2016, fls. 1775/1781)

(...); que a FUNCER/FUNSER sofria problemas de gestão da Prof. Vera, e por isso, foi necessária a intervenção; que ointerrogando nunca ficou sabendo quais seriam os tais problemas; que, de fato, o interrogando só assinou os documentosrelacionados a constituição da comissão de intervenção e não praticou qualquer ato administrativo ou fiscalizatório em relaçãoã referida entidade; (...)" (Interrogatório JOSEVAL DOS REIS BRITO, realizado no Ministério Público, no dia 07/12/2016, fls. >1759/1761) \

(...); que já estava prestando serviços com a PRO-CERRADO e a RENAPSI; que soube das dificuldades da FUNCER pormeio /de ADAIR; (...); que quando passou a exercer função na FUNCER, a interroganda se deparou com um quadro bastante7complexo, de crise; (...)" (Interrogatório LIVIA BAYLÃO, realizado no Ministério Público, nodia 07/12/2016, fls. ÍÇ65/1869)

Pag. 17/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, .......r- •- • i- r«o oôrfi orrnn / •• A u MlIlISteriO PUOMCOGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

FUNCERPondaçio I ntvcnitárii do( errado

Anápolis, 19 de novembro de 2010

Ofício FUNCER n" 140/2010 - Comitê Gestor

Ref.: Parceria entre FUNCER e UEG

Senhor Reitor,$80002

///i\

A par de cumprimentar Vossa Excelência, a propósito do assunto cmreferência, servimo-nos do presenteexpedientepara, respeitosamente, informar-lheo quanto segue.

1) A FUNCER encontra-se, desde o mês de agosto do corrente ano, sobintervenção administrativa do Ministério Público do Estado de Goiás, porforça do Aton°021/1020, exarado pela91 Promotoria de Justiça de Anápolis -cópia anexa. Referido ato nomeou um comitê gestor para gerir esta Fundação,no sentido de promover uma readequação administrativa e uma reestruturarãoinstitucional, com a finalidade maior de que a FUNCER retome efetivamentea função de apoiar a Universidade Estadual de Goiás - UEG. quanto aoensino, à pesquisa, à extensão e aodesenvolvimento institucional.

Excelentíssimo Senhor

LUIZ ANTÔNIO ARANTESMagnífico Reitor da Universidade Estadual de Goiás - DEG (

ANÁPOLIS/GO

FUNCERrunrlnçãri l niuTMtâria iln Cirradu

.u

'PROTOCOi •\JKC •>

Feitas essas considerações, queremos, com o presente ofício, nos colocar àdisposição da UEG para novas c futuras parcerias, na execução de projetos que beneficiem acomunidade acadêmica, os pesquisadores, os servidores, e todos os demais colaboradores dessaUniversidade, de modo que FUNCER possa auxiliar a UliG na sua missão de promover o ensino, apesquisa e a extensão, c colaborar pom o desenvolvimento da educação, da cultura e da ciência noEstado de Goiás. <

V-}Adair Antônio de Freitas Meira

Presidente do Comitê Gestor

Lívia fta^laode MoraisMembro do Comitê Gestor

se 0003

Na seqüência, Marcelo Henrique, Luiz Arantes, Adair Meira e Lívia Baylão sereuniram com o então Governador de Estado, Alcides Rodrigues, em seu gabinete, no intuitode buscar tanto a liberação da verba por parte do Estado, quanto para combinar como seria

Pag. 18/120

oJ

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Ministério PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] do Estarj0 üe GoJãS

formalização de sua utilização.15

///hCom o sinal verde do Governador, Adair Meira e Luiz Arantes marcaram então

um almoço com gerente jurídico da UEG, o advogado João Bosco Adorno, com o fim detambém convencê-lo a participar do esquema criminoso. Na reunião foi falado a João Boscoque seria desenvolvido um programa de educação de trânsito pela UEG, com o suposto apoioda FUNCER. Diante do patente intento criminoso, o advogado João Bosco se recusouperemptoriamente a participar do esquema proposto e ainda alertou Luiz Arantes sobre asilegalidades existentes em relação a celebração do convênio almejado.16

Concomitantemente às reuniões que vinham ocorrendo, mais precisamente no dia06/12/2010, o denunciado Francisco Afonso, por ordem do denunciado Luiz Arantes efazendo uso do ofício n° 140/2010 - Comitê Gestor criou o procedimento administrativo n°201000020018282.17 A seguir o extrato de trâmite do referido "processo" (fl. 1.823-vol. 09do PIC n° 002/2016-PGJ):

Vide interrogatório de Marcelo Henrique dos Santos:

"(...) que o interrogando se reuniu uma única vez com o então governador ALCIDES RODRIGUES para tratar do convêniofirmado entre a UEG e a FUNCER/FUNSER; que participaram da reunião ALCIDES RODRIGUES, LUIZ ARANTES, LIVIABAYLÃO. ADAIR MEIRA e um Procurador do Estado, o qual não se recorda o nome; que nessa reunião já havia um objetodeterminado para o convênio, qual seja: a realização do programa "software livre"; que antes da reunião ADAIR MEIRAhavialevado ao interrogando o conhecimento sobre a demanda existente na UEG pelo programa "software livre", bem como sobre aexistência de verba para sua realização; que ADAIR MEIRApor seu turno ficou sabendo dessa demanda e da disponibilidadede recursos do Estado, para esse fim, por meio do reitor LUIZ ARANTES; que não pode afirmar com certeza se foi LUIZARANTES quem levou a necessidade ao conhecimento de ADAIR MEIRA, mas presume que sim; que pode ter sido alguém daestrutura de governo da universidade referida; que foi convidado por ADAIR MEIRA para participar da reunião com ogovernador; que ADAIR justificou o convite ao interrogando devido a intervenção em curso, mas fato é que realmente ADAIRMEIRA poderia ter comparecido à reunião sem a presença do interrogando; (....)" (Interrogatório do denunciado MarceloHenrique dos Santos realizado no Ministério Público, no dia 24/02/2017, fls. 2433/2440)

16 Vide depoimento da testemunha João Bosco Adorno:

"(...)Que no final do ano de 2010 o então reitor Luiz Arantes chamou o depoente para um almoço que, também, contou com aparticipação de um representante da Fundão Pró-cerrado; Que, mostrada a foto da pessoa de Adair Antônio de Freitas Meira(que acompanhará o presente termo) o depoente afirmou que tem quase certeza que é a pessoa que representou a FundaçãoPró-cerrado e que esteve no referido almoço; Que perguntado se outras pessoas participaram desse almoço, o depoente dissenão se lembrar ao certo se Francisco Afonso de Paulo, então gerente de contratos e convênios da UEG, também participou doencontro; Que, mostrada a foto da pessoa de Célio Campos de Freitas Júnior (que acompanhará o presente termo) o depoenteafirmou que acha que essa pessoa também participou do referido almoço, porém não tem certeza; Que a pessoa que acreditarser Adair Meira propôs a celebração de um convênio entre a UEG e Fundação Universitário do Cerrado - FUNCER, para apromoção de um programa de educação de trânsito; Que foi falado na reunião que havia cerca de dez milhões de reaisdisponíveis nos cofres do Estado e se não fosse utilizado o dinheiro ficaria para a próxima gestão; Que, segundo proposto noalmoço, a UEG celebraria um convênio com a Fundação Universitário do Cerrado - FUNCER que, por sua vez, receberia odinheiro transferido pelo Estado para a UEG; Que o depoente questionou aos presentes porquê que o dinheiro não eratransferido diretamente do Estado para a FUNCER; Que não se recorda qual a resposta foi dada, mas se recorda bem de terse posicionado contra a celebração do convênio; Que a pessoa que acredita ser Adair Meira foi apresentado ao depoente noreferido almoço como "alguém do governo" que já havia representado ou representava a Fundação Pró-Cerrado - FPC; Que,ao sair do referido almoço, o depoente acreditou que todos estavam convencidos a respeito da impossibilidade do dinheiro sairdo Estado para FUNCER, mediante celebração de um convênio entre UEG e FUNCER; (....)" (Depoimento no MPGO daTestemunha João Bosco Adorno, prestado no dia 15/02/2017, fls. 2256/2258)

17 Em depoimento no GAECO, o denunciado Lacerda Martins Ferreira, à época gerente do Departamento Financeiro da UEGconfirmou a criação do procedimento pelo denunciado Francisco Afonso: "(...); Que Francisco Afonso de Paulo era à épocagerente de contratos e convênios; Que foi Francisco Afonso o servidor responsável pela montagem do processo: (...)"(Interrogatório LACERDA MARTINS FERREIRA prestado no dia 06/12/2016, fls. 1850/1851)

O próprio denunciado Francisco Afonso confessou ter confeccionado o procedimento a pedido do então reitor Luiz Arantes.Vejamos: "(...); Que não se recorda ao certo a data, mas podendo afirmar que foino final do ano de 2010. o reitor da UEG, oSr. Luiz Antônio Arantes procurou o interrogando e solicitou a confecção da minuta do convênio objetoposteriormente da transferência dos dez milhões de reais da UEG par a FUNCER, ora sob investigação; (...)"(interrogatório FRANCISCO AFONSO DE PAULO, prestado no dia 09/12/2016, fls. fls. 1908/1910)

Pag. 19/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

<&\ Sislema

. Eletrônico

5 t P N 61 tíeProtocolo

201000020018282

parceria r.rirm; a ruNcut e a uec

Ongcm Destino

Trâmites por Processo

Data AuIubçAcv

Situação:06M2/2010

EM ANDAMENTO

///Ministério Públicodo Estado de Goiás

UEG/PROTOCOLO

UEG/PROTOCOLO

UEG / PROTOCOLO

11-12,70 tO UEG I PROTOCOLO

LIECGERCONT

UEG/GERCOHT

JEC'PROTOCOLO

CASACML / GPOOA

I : •:

I •:

;.'•••:,•

I IU!

FRANCISCOAF0N5O

"RANCI3COAFONSO

ULA

UONICAFARI

h

Para a abertura do procedimento foi, então, utilizado tão somente o já citadoofício n° 140/2010 - Comitê Gestor, bem como uma cópia do Ato n° 21/2010, da 9aPromotoria de Justiça da Comarca de Anápolis. O documento de abertura do procedimentonem sequer fazia referência ao objeto do convênio pretendido. Como já citado, o ofício doComitê Gestor apenas colocava a FUNCER a "disposição para novas efuturas parcerias, naexecução de projetos'".

O grupo criminoso teve, na seqüência, a geniosa idéia de criar um "programaestadual de formação e capacitação em software livre" a ser gerido pela FUNCER "a pedido"da UEG. O objeto do programa foi estrategicamente escolhido, pois diante de sua supostaamplitude e completa falta de concretude, a futura prestação de constas poderia ser facilmentefraudada. Desta forma, o Estado e a UEG estariam aptos a transferir grandes quantias àFUNCER que, por seu turno, serviria apenas de entreposto para a apropriação do dinheiropelas empresas e entidades pertencentes a organização criminosa, em especial, àquelaspertencentes a Adair Meira.

Ato continuo, o denunciado Luiz Arantes, na condição de reitor da UEG, tratoude todas as questões em tomo do referido convênio com o então Governador AlcidesRodrigues e com o promotor de Justiça Marcelo Henrique.18 Na seqüência, diversas reuniõesforam realizadas para acertar os detalhes do futuro convênio que, na verdade, tinha por escopotão somente desviar recursos pertencentes à UEG. Participaram das reuniões Luiz Arantes,Francisco Afonso, Antônio Fernandes e Lívia Baylão. Todos as tratativas e reuniões foramrealizadas com o conhecimento, consentimento e com a comunicação dos resultados aodenunciado Marcelo Henrique.19

Vide o interrogatório de Alcides Rodrigues:

"(...) Que no final do de seu mandato de Governador, no ano de 2010, foi procurado pelo então Reitor da UEG Sr. Luiz Arantes,para tratar de um convênio a ser celebrado entre a UEG e o Estado: Que, na reunião realizada, o Sr. Luiz Arantes informou quea execução convênio seria acompanhado pelo Ministério Público em Anápolis; Que não se recorda qual foi o objeto doconvênio informado por Luiz Arantes, no entanto era algo que beneficiaria a Universidade; Que na referida reunião não foiassinado qualquer documento; Que acredita que a citada reunião ocorreu após o pleito eleitoral do ano de 2010; Que, após areunião com o Luiz Arantes, ainda no ano de 2010, o interrogando se encontrou em uma solenidade, que não sabe informarqual era, com o Promotor Marcelo Henrique dos Santos e com o Sr. Luiz Arantes; Que nessa ocasião, Luiz Arantes estavaacompanhado do Promotor e comentou com o interrogando a respeito da celebração do convênio tratado em dias anteriores;Que não se recorda ao certo o que foi falado pelo Promotor, mas o seu comportamento era no sentido favorável ao convêniocitado por Luiz Arantes;; (....)" (Interrogatório no MPGO de Alcides Rodrigues, prestado no dia 22/02/2017, fls. 2312/2313)

1S O próprio denunciado Francisco Afonso confessou que Luiz Arantes já havia acertado todas as questões em torno doconvênio com o então Governador Alcides Rodrigues e com o promotor de Justiça Marcelo Henrique. Ainda segundo Francisco,os requeridos Antônio Fernandes e Lívia Baylão participaram ativamente das reuniões, bem como da confecção do termo dereferência do convênio, vejamos:

"(...); Que não se recorda ao certo a data, mas podendo afirmar que foi no final do ano de 2010, o reitor da UEG, o Sr. LuizAntônio Arantes procurou o interrogando e solicitou a confecção da minuta do convênio objeto posteriormente datransferência dos dez milhões de reais da UEG para FUNCER, ora sob investigação; Que, segundo Luiz Arantes, todas

Pag. 20/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JvJTnistériõ PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] ÚQ Estarj0 de GoiáS

///i\

Em especial, Lívia Baylão, na condição de membro da diretoria do conselhointerventivo na FUNCER, funcionou em todas as fases do convênio como longa manus dosdenunciados Marcelo Henrique e Adair Meira.20

Inclusive, no dia 08 de dezembro de 2010, Adair Meira solicitou ao investigadoJoseval Reis Brito uma reunião de urgência, para qualquer horário, com o denunciadoMarcelo Henrique. Segundo se deduz do e-mail enviado por Joseval Reis a MarceloHenrique, o denunciado Adair Meira inclusive deixou de viajar a fim de aguardar o referidoencontro. Colacionamos a seguir a íntegra do citado e-mail (fls. 59/60-anexo VII do PIC n°002/2016-PGJ):

as tratativas para o convênio já tinham sido realizadas com o Promotor de Justiça de Anápolis, com nome de Marceloe com o então Governador Alcides Rodrigues; Que Luiz Arantes solicitou ao interrogando que procurasse a advogadaLívia Baylão para tratar da questão; Que segundo Luiz Arantes, Livia Baylão teria sido indicada pelo Promotor deJustiça Marcelo para resolver a questão; Que o interrogando se reuniu com a Dra. Lívia e mais alguns funcionários dagerência de contratos da UEG; Que acredita ter realizado duas reuniões com a Dra. Lívia; Que após a primeira reunião umprimeiro rascunho do convênio foi repassado ao Sr. Luiz Arantes a fim de verificação de seu conteúdo; Que Luiz Arantesdevolveu o convênio com algumas ressalvas e então o interrogando realizou uma nova reunião com a Dra. Lívia; (...) Queacredita que Toninho participou da primeira reunião já referida; (...) Que. segundo sabe. Guilherme foi indicado pelo PromotorMarcelo para representa-lo na FUNCER: Que não sabe indicarqual era o cargo especifico que Guilherme exercia na FUNCER.mas sabia que ele era assessor do Promotor Marcelo; (...)" (interrogatório FRANCISCO AFONSO DE PAULO, prestado no dia09/12/2016, fls. 1908/1910)

Também segundo a denunciada Lívia Baylão todas as reuniões, sobre o citado procedimento, foram realizadas com asparticipações de Francisco Afonso e LuizArantes, e sempre contaram com a ciência do promotor de Justiça Marcelo Henrique,vejamos:

"(...); que ADAIR passou para a interroganda a existência dessa demanda; que a FUNCER viu na realização desse convêniouma chance de resgatar a relação FUNCER; que a interlocução entre FUNCER e UEG foi feita por ADAIR; que as tratativasdas quais a interroganda participou consistiam em consulta sobre a viabilidade jurídica do convênio; que houve reuniões comFRANCISCO AFONSO DE PAULO e LUÍS ARANTES, das quais a interroganda participou, relativas a esse convênio; quetambém ADAIR participou dessas reuniões; que nessas reuniões tratava-se de como o convênio iria se realizar; que ainterroganda não participoude reuniões com o DR. MARCELO, tendo por objetivo discutiras premissas do convênio, porém, oDR. MARCELO era comunicado de tudo relativo a esse convênio; que o termo de convênio foi feito pela UEG e a interrogandao leu e concedeu o seu aval jurídico para assinatura; queo convênio foi assinado bem no final de 2010;" (Interrogatório LÍVIABAYLÃO DE MORAIS, prestado no dia 07/12/2016, fls. 1865/1869)

20 O denunciado Francisco Afonso também confirmou o relevante papel da advogada Lívia Baylão em relação ao fraudulentoconvênio firmado entre UEG FUNCER e 9a Promotoria de Justiça de Anápolis/GO:

"(...); Que Luiz Arantes solicitou ao interrogando que procurasse a advogada Livia Baylão para tratar da questão; Quesegundo Luiz Arantes, Lívia Baylão teria sido indicada pelo Promotor de Justiça Marcelo para resolver a questão; Queo interrogando se reuniu com a Dra. Lívia e mais alguns funcionários da gerência de contratos da UEG; Que acredita terrealizado duas reuniões com a Dra. Livia: Que após a primeira reunião um primeiro rascunho do convênio foi repassado ao Sr.Luiz Arantes a fim de verificação de seu conteúdo; Que Luiz Arantes devolveu o convênio com algumas ressalvas e então ointerrogando realizou uma nova reunião com a Dra. Lívia; (...); Que acredita que Toninho participou da primeira reunião járeferida; (...)" (FRANCISCO AFONSO DE PAULO, prestado no dia 09/12/2016, fls. 1908/1910)

Nessa toada destaca-se a participação fundamental da advogada Lívia Baylão. A própria advogada, quando interrogada noMinistério Público, confirmou sua ativa participação na confecção do inconsistente convênio:

"(...); que ADAIR passou para a interroganda a existência dessa demanda; que a FUNCER viu na realização desse convêniouma chance de resgatar a relação FUNCER; que a interlocução entre FUNCER e UEG foi feita por ADAIR; que as tratativasdas quais a interroganda participou consistiam em consulta sobre a viabilidade jurídica do convênio; que houve reuniões comFRANCISCO AFONSO DE PAULO e LUÍS ARANTES, das quais a interroganda participou, relativas a esse convênio; quetambém ADAIR participou dessas reuniões; que nessas reuniões tratava-se de como o convênio iria se realizar; que ainterroganda não participou de reuniões com o DR. MARCELO, tendo por objetivo discutir as premissas do convênio, porém, oDR. MARCELO era comunicado de tudo relativo a esse convênio; que o termo de convênio foi feito pela UEG e a interrogandao leu e concedeu o seu aval jurídico para assinatura; queo convênio foi assinado bem no final de 2010" (Interrogatório LÍVIABAYLÃO, prestado no dia 07/12/2016, fls. 1865/1869)

Pag. 21/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

PROJETO UEG

Joseval Reis Brito <|Osevalbrito(g)riotmail com>

Wednesday. 08 Decemoer 2010 19 12:54

Dr Marcelo Henrique <mhennquesantos(S>riotmail com>

Ministério Público 1

do Estado de Goiás |

BOA NOITE,

O ADAIR DEIXOU DE VIAJAR, PARA UM POSSÍVEL CONVERSA COM O SENHOR AMANHÃ, QUALQUER HORÁRIO.TERMINEI CURSO, CERTIFICADO EM PUNHO, A TURMA DE ANÁPOLIS CONTA COM O MP PARA ARTICULAR AS REDES.SAÚDE E PAZ.JOSEVAL BRITO.

Ressalta-se, por oportuno, que convênio, apresentado no bojo do procedimentoadministrativo n° 201000020018282, desrespeitava as mais comezinhas exigências tanto daLei Estadual n° 16.920/2010, quanto das Leis Federais n° 8.666/93 e n° 8.958/94. Em apertadasíntese, os referidos diplomas legais estabeleciam, à época, como exigência para a celebraçãode um convênio, o seguinte: 1) prévio processo de dispensa de licitação; 2) comprovação dadotação orçamentária específica; 3) comprovação de que a pessoa que assinará o convêniodetém competência para este fim específico; 4) comprovação da regularidade fiscal eobrigacional da pessoa que assinará o convênio; 5) prévia aprovação de um detalhado planode trabalho que deveria contemplar, no mínimo, as seguintes informações: 5.1) justificativapara celebração do instrumento e caracterização dos interesses recíprocos; 5.2) metas a serematingidas; 5.3) etapas ou fases de execução; 5.4) plano de aplicação dos recursos financeiros aserem desembolsados; 5.5) cronograma das etapas ou fases de execução do objeto ecronograma de desembolso; 5.6) detalhamento das ações a serem implementadas; 5.7)orçamento devidamente detalhado em planilha; e 5.8) "justificativa da relação entre custos eresultados, inclusive para aquilatação da equação custo/benefício do desembolso a serrealizado pela Administração em decorrência do convênio".

E mais, à época, em se tratando de convênios, a referida legislaçãoperemptoriamente proibia (e ainda proíbe): 1) em qualquer caso, a contratação de objetosgenéricos, desvinculados de projetos específico; 2) trespasse ou cessão da execução do objetodo convênio; 3) alteração do objeto do convênio de forma a descaracterizá-lo; 4) a utilização,ainda que em caráter emergencial, os recursos para finalidade diversa da estabelecida noinstrumento; e 5) a não observância da legislação federal e estadual que institui normas paralicitações e contratos da administração pública, referentes à contratação de obras, compras eserviços.

Com efeito, no dia 10 de dezembro de 2010, sem que fosse observado qualquerdos requisitos do artigo 182 da Lei Estadual n° 16.920/2010, na seqüência do ofício n°140/2010 - Comitê Gestor, o então reitor Luiz Arantes encaminhou o Ofício/Gab n°788/2010 ao Governador, à época, Alcides Rodrigues, solicitando a assinatura no "Termo deConvênio celebrado entre UEG e FUNCER para execução do Programa Estadual deFormação e Capacitação em Software", no valor de 15 milhões, sendo 13,5 milhões de reaisdestinados integralmente à FUNCER. Nota-se que antes do referido oficio nada foi juntadoacerca do motivo ou da justificativa para a celebração do referido convênio. Em verdade,somente a partir do Ofício/Gab n° 788/2010 é que surge alguma referência em relação ao"programa estadual de formação e capacitação em software livre". Colecionamos a seguir [aíntegra do Ofício/Gab n° 788/2010 (fl. 19-anexo x do PIC n° 002/2016-PGJ):

Pag. 22/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

UNIVERSmADE ESTADUAL DE GOIÁSBR 153 n" 3105 - Campu.s- Anápolis - üO

CEP 75.132-400

Fone fax: (62) 3328- II79

Ofício/Gab N" 788/2010 Anápolis. 10 de dezembro de 2010.

///lMinistério Público Bdo Estado de Goiás |

Ao fixmo. Senhor

ALCIDES RODRIGUES FILHO

Governador do Eslado de Goiás

Goiânia - GO.

mi ooin

Excelentíssimo Senhor Governador,

Encaminhamos anexo Termo de Convênio cck-hrado entre UEG c FUNCER

pata execução do Programa Estadual de Formação e Capacitação cm Software, na qual

solicitamos de Vossa Excelência a assinatura no referido termo de convênio.

Contando com a atenção de Vossa Excelência, antecipamos nossos

agradecimentos.

Respeitosamente.

4&>Prof. Luiz Antônio Arantes

Reitor

\

Deveras, somente após o encaminhado do ofício ao Governador é que foiacostado, ao procedimento n° 201000020018282, um parco e insubsistente plano de trabalhoque, por sua vez, não trazia nenhuma informação concreta que justificasse o aporte davultuosa quantia de 13,5 milhões de reais para uma fundação que, diga-se de passagem, nãopossuía nenhum conhecimento a respeito da criação de "software livre". A descrição doprojeto era tão somente "implementar um programa de formação e de capacitação emsoftware livre, visando atingirpúblico dos mais variados níveis deformação educacional, noEstado de Goiás, promovendo desde a inclusão digitaldepessoas carentes até aformação deprofissionais em nível pós-graduado para operar sistemas em software livre". Já ajustificativa do programa era simplesmente: "O programa de Capacitação e Formação emSoftware Livre justifica-se na necessidade deformação e qualificação dos recursos humanospara o uso de novasferramentas tecnológicas abertas que levem à redução dos custos demanutenção da infraestrutura computacional e à melhoria da eficiência do serviço público".Por ser extremamente ilustrativo, colacionamos a seguir a imagem do conteúdo do referidoplano de trabalho (fl. 27-anexo X do PIC n° 002/2016-PGJ):

Pag. 23/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Ministérj0 púhjieoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] do Estado de Gojás

///|\TITULO DO PROJETO PERÍODO DE EXECUÇÃO

PROGRAMA ESTADUAL DF. FORMAÇÃO E Início: Dezembrode 2010; CAPACITAÇÃO EM SOFTWARE LIVRE

Término: Dezembro de 2011

IDENTIFICAÇÃO DO OBJETO

Implementar um programa de formação e do capacitação em software livre, visando atingirpúblico dos mais variados niveis de formação educacional, no Estado de Goiás, promovendodesde a inclusão digital de .pesspas_carentes até a formação de profissionais em niyel pós,-graduado para operar sistemas.em software livre, v

JUSTIFICATIVA DA PROPOSIÇÃO

O Programa de Capacitação e Formação em Software Livre justifica-se na necessidade deformação e qualificaçjq_dos recursos humanos para o uso de novas ferramentas tecnológicasabertas que levem à redução dos custos de manutenção da infra-estrutura computacional e àmelhoria da eficiência do serviço público'.

Mais absurdo ainda é o plano de aplicação dos recursos, totalmente genérico esem justificativa alguma para as despesas a serem realizadas (fl. 28-anexo X do PIC n°002/2016-PGJ):

Quadro 5 • Plano de Aplicação - (RS 1.000,00

NATUREZA DA DESPESA

CÓDIGO ESPECIFICAÇÃOTOTAL (R$) Executora

técnica (R$)Executora

Administrativa-

Financeira (RS)

Pessoa jurídica 4 500.000,000 450 000 00 4 050 000,00

Pessoa física 3 750 Ü00 00 375.000.00 3.375.000.00

Prestação de serviços 6750.000 00 675.000.00 6.075 000.00

TOTAL GERAL 15.000.000,00 1^500.000,00 ^ 13.500,00.00 ___

Não havia sequer, no plano de trabalho, um cronograma para a execução doprojeto e para a respectiva dispensação de verba (fl. 29-anexo X do PIC n° 002/2016-PGJ):

Quadro 6 - Cronograma de Desembolso - (RS 1.000,00)

UEG - EXECUTOR TÉCNICO

Dez/10

13.500.000,

00

Jan/11

X

Fev/11

X

Jul/11 Ago/11 Set/11

X X X

Mar/11

X

Abr/11

X

Ou t/08 Nov/11

X N

Mai/11

X

Dez/11

X

Jun/11

X

SC 0026

Outrossim, o artigo 185, inciso III, da Lei Estadual n° 16.920/2010 exigia, para acelebração do convênio, a "comprovação de que a pessoa que assinará o convênio detémcompetência para este fim específico", o que, além de não ter sido comprovado em momento

Pag. 24/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJ ^0^0^0 \\ ^^Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO ^T ^T^ ^^

Rua 23, esq. dFued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JJJjjjJJjJ Público EGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] ^ Estado de Q0jgS |

alguns nos autos n° 201000020018282, era público e notório falta de Know-how da FUNCERparaa execução do "projeto Software Livre".21

Enfim, o então Governador Alcides Rodrigues, somente com essas parcasinformações em relação ao "Programa Estadual de Formação e Capacitação em Software", nodia 10 de dezembro de 2010, à fl. 33 do procedimento n° 201000020018282, autorizou acelebração do respectivo convênio, porém condicionou sua eficácia a prévia "audiência eoutorga da Procuradoria-Geral do Estado". Observemos (fl. 36-anexo X do PIC n° 002/2016-PGJ):

Governo do Estado de Goias

PROCESSO Ns 201000020018232. versando sobre

autorização para o convênio que especifica.

SO.0033DESPACHO N2 '"3 / /2010 - Tendo em vista o

que consta dos autos, com fundamento no art. 47 da Lei Complementar n° 58,de 04 de julho de 2006, resolvo autorizar, condicionada sua eficácia à audiênciae outorga da Procuradoria-Geral do Estado, bem como à apresentação daPrevisão de Desembolso Financeiro no valor da despesa, devidamente liberadapela Superintendência do Tesouro Estadual da Secretaria da Fazenda, oConvênio a ser firmado, pelo prazo de 05 (cinco) anos, a partir da data de suaoutorga, entre o Estado de Goiás, por intermédio da Universidade Estadual deGoiás, e a Fundação Universitária do Cerrado - FUNCER -. com a anuência da9a Promotoria de Justiça de Anápolis - GO, que tem por objeto a execução doPrograma Estadual de Formação e Capacitação em Software Livre, devendo serrepassada, pelo Estado de Goiás à UEG. a quantia de RS 15.000.000.00 (quinzemilhões de reais), para o atual exercício, observadas as normas legaisaplicáveis à espécie.

?A Além da referida prova não constar dos autos n° 201000020018282, aos serem interrogados, Adair Meira, Lívia Baylão eAntônio Fernandes confessaram a falta de Know-how da FUNCER para a execução do "projeto Software Livre". Vejamos:

(...); que o convênio objeto da transferência ora em discussão tinha por escopo a aquisição de knovj-how para a criação de umprojeto piloto com a inteligência da UEG para a criação de softwares próprios, evitando-se assim o pagamento de licenças; quea FUNCER nunca criou softwares e nunca auxiliou na criação de softwares (...) que a FUNCER não chegou a formalizarnenhum desses contratos; que não foi feita nenhuma despesa relativa a essa convênio; (...) (Interrogatório ADAIR ANTÔNIODE FREITAS MEIRA. realizado no dia 02/12/2016, fls. 1775/1781)

(...); que a FUNCER não tinha know-how no desenvolvimento de software, mas acredita a interroganda que FUNCER teriamelhores condições para executar o projeto; que então caberia à FUNCER realizar todas as providências, contratos etc, paraa execução do objeto do convênio; que a FUNCER não realizou qualquer providência tendente à execução do objeto doconvênio; (Interrogatório LÍVIA BAYLÃO DE MORAIS, realizado no dia 07/12/2016, fls. 1865/1869)

(...) Que não foi feita nenhuma despesa referente ao convênio do software livre entre a UEG e a FUNCER/FUNSER; Que aFUNSER/FUNCER nunca trabalhou no desenvolvimento de qualquer tipo de software; Que não sabe indicar nenhum softwareque foi produzido pela UEG; Que o convênio celebrado entre a UEG e FUNCER/FUNSERvisava evitar e diminuira burocracia,facilitando a execução da atividade, tendo em vista que a FUNCER/FUNSER poderia realizar os contratos diretamente,enquanto a UEG necessitaria realizar procedimentos administrativos e licitatórios; Que a intenção da contratação daFUNCER/FUNSER, para a realização de software livre, não era de que ela própria criasse o software, mas sim de queviabilizasse a contratação de quem detinha o conhecimento (...); (Interrogatório ANTÔNIO FERNANDES JÚNIOR, realizado nodia 30/11/2016) xH^\ \^

Pag. 25/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, jJ]Jist~0 publicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] do Estado de GoiáS

///i\

À Procuradoria-Geral do Estado, para as providências

cabíveis.

Goiânia, IO de QMmm /Ie20l0.

Alcides Rodrigues

GOVERNADOR DO/ESTADO

Também sem maiores informações e sem a necessária manifestação daProcuradoria-Geral do Estado - PGE, no dia 27 de dezembro de 20IO (à fl. 73, doprocedimento n° 201000020018282), foi supostamente liberada a previsão financeira n°151817 para o pagamento do convênio.

No que tange a formalização do procedimento, em especial em relação à liberaçãodo seu aporte financeiro, diversas reuniões foram realizadas com o então Governador, Sr.Alcides Rodrigues, e o então Secretário de Finanças do Estado, Sr. Célio Campos de FreitasJúnior. Algumas dessas reuniões contaram, inclusive, com a participação do promotor deJustiça Marcelo Henrique, cuja presença visava dar legitimidade ou aparência de legalidadeàs tratativas criminosas.22

A ilicitude na celebração do convênio era de tamanha obviedade que o próprio, àépoca, Secretário de Finanças, Sr. Célio Campos, tentou barrar o andamento do projeto, antesque chegasse "a sua mesa".23

22 Interrogado no GAECO, o ex-secretário Célio Campos confirmou a realização das reuniões:

"Que à época realizou algumas reuniões com o então reitorda UEG. o Sr. Luís Arantes, e sua equipe; Que em uma dessasreuniões o Sr. Luis Arantes levou o Promotor de Justiça Marcelo Henrique Santos (foto mostrada nesse ato e quesegue anexa) para tentar dar legitimidade à liberação do referido recurso; Que no dia 30 de dezembro de 2010 conversou,não sabe se pessoalmente ou por telefone, com a pessoa de LuisArantes; Que LuisArantespediu ao interrogando que fizessea liberação do recurso no sistema SIOFNET; Que só liberou o recurso porque Luís Arantes pediu e porque o projetocontava com o respaldo do Ministério Público, representando pelo Promotor de Justiça Marcelo Henrique dos Santos;"(...) "Que as reuniões com Luís Arantes, inclusive a que contou com a participação do Promotor de Justiça MarceloHenrique, foram realizadas no gabinete do interrogando na SEFAZ;" (...) "Que, pelo menos uma vez. o Sr. Adair Meiraesteve com o Sr. Luís Arantes no gabinete do interrogando para tratar do referido projeto/processo;". (Interrogatório CÉLIOCAMPOS DE FREITAS JÚNIOR, realizado no dia 18//01/2017, fls. 2062/2064)

O próprio denunciado Marcelo Henrique quando interrogado no MPGO confessou ter se reunido com o Secretário CélioCampos, vejamos:

"(...)que naturalmente LIVIA BAYLÃO deveria dirimir as questões jurídicas, tendoem vista que ela era a advogada do comitê;que. realmente. LIVIA BAYLÃO reportava ao interrogando parte das tratativas realizadas em torno do convênio a ser celebradopela UEG e FUNCER/FUNSER; que LIVIA relatou ao interrogando que o trabalho foi feito em conjunto com o departamentojurídico da UEG; que não se recorda se se reuniu com a pessoa de CÉLIO CAMPOS, Secretário da Fazenda; que LUIZARANTES visitou o interrogando, provavelmente, acompanhado de CÉLIO CAMPOS; que não se recorda de ter sereunido com o Secretário da Fazenda; que participou de uma ou outra reunião na sede da Promotoria com os técnicos daUEG para tratar da celebração do convênio entre UEG e FUNCER/FUNSER;(...)" (Interrogatório Marcelo Henrique dosSantos, realizado no MPGO, no dia 24/02/2017, fls. 2433/2440)

23 Interrogado no GAECO, o ex-secretário Célio Campos declarou:

"Quese recorda que realmente desconfiou do projeto e da operação financeira, ora em comento; Que então procurou oGovernador e relatou a sua preocupação; que o Governador disse que não havia problema, pois o Ministério Públicoestava participando do respectivo programa; Que, mesmo assim, procurou o Procurador do Estado Dr. Anderson Máximo esolicitou que o projeto/processo fosse barrado antes de chegar ao interrogando; Que ficou sabendo posteriormente que oprocesso não haviasido barrado na PGE; Que entãoprocurou o Sr. Sinomil da CGE paraque este impedisseo andamento doprojeto/processo; Que, apesar dos esforços do interrogando, o processo continuou a andar a ponto de finalmente no dia30/12/2010 chegar à mesa do interrogando; Que o interrogando, mesmo desconfiado da operação, a autorizou tendo em vistaque o Ministério Público estava envolvido e que provavelmente o dinheiro não seria liberado, tendo em vista o horário da

Pag. 26/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, M. ... .,.,,.~ .- . ' c. ,;.- „,„, , .. A , Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

///l\

No entanto, a participação do promotor de Justiça Marcelo Henrique foideterminante tanto para a celebração do convênio com a FUNCER quanto para a liberação dorespectivo recurso financeiro, sem ele nem um nem outro teriam ocorrido.24

Somente após a aprovação do convênio e da liberação do recurso para a suaconcretização é que se fez juntar, às fls. 94-194, do procedimento n° 201000020018282, umprojeto conjunto da UEG com a FUNCER referente ao "Programa Estadual de Formação eCapacitação em Software Livre". O novo projeto, nada acrescentou no que tange a justificar oaporte de 13,5 milhões de reais para a FUNCER. Nenhum orçamento ou previsão de gastosespecíficos, em verdade, nenhuma perspectiva concreta de despesas foi acostada aoprocedimento n° 201000020018282, no intuito de justificar o custeio dos assombrosos quinzemilhões de reais, previstos para a execução do "Programa Estadual de Formação eCapacitação em Software Livre".

A necessidade e a pressa em dar ares de legalidade ao malfadado convênio foramtamanhas que alguns erros crassos foram cometidos na confecção e montagem do respectivoprocedimento. Por exemplo, o Despacho n° 1.604/2009, datado do dia 29 de dezembro de2009, fez referência em seu corpo ao processo 201000020018282, criado conforme jádemonstrado praticamente um ano depois, isto é, no dia 06 de dezembro de 2010, vejamos (fl.191-anexo X do PIC n° 002/2016-PGJ):

te

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIAS

Planejamento

DESPACHO ÍN°. 1604/2009

Processo 201000020018282 TZ

u_ç a.E

Conformedeterminação expressado SenhorOrdenadorde Despou. indkamuso códigoc descrição do programa. IÇM eraliaciO (SIGI-.M.AN). onde deve ser apropriadaenquadrada a despesapretendida, atendendo os objetivosprevistosno

Côdloo

(...)nj i •Mooa.oo-'

RS 4 I4M0M0

Anápolis! 29de de7emr.r0 de 2009 OUnversicSaíi Estada deGotas

N°. 1604/2009

00182822010000^

b,29 de dezembro de 2009

Em verdade, todos os documentos financeiros referentes ao convênio foramproduzidos no dia 29 de dezembro de 2010, inclusive, as respectivas notas de empenho foramconfeccionadas no referido dia. Nesse dia, o denunciado Francisco Afonso foi de Anápolis à

operação; (...) Que realmente a celeridadecom que o processo andou incomodouo interrogando;". (Interrogatório CÉLIOCAMPOS DE FREITAS JÚNIOR realizado no MPGO, no dia 18/01/2017, fls. 2062/2064)

24 O ex-secretário Célio Campos foi categórico:

"que só liberou o recurso porque Luis Arantes pediu e porque o projeto contava com o respaldo do Ministério Público,representando pelo Promotor de Justiça Marcelo Henrique dos Santos" (...) "que o fato de haver a participação doMinistério Público na realização do projeto pesou sobremaneira na decisão do interrogando de liberar o dinheiro". Nomesmo sentido declarou o senhor Nário Mota de Almeida, à época servidor do departamento financeiro da UEG: "ointerrogando ficou mais tranqüilo por saber que a FUNCER estava sob intervenção, com o acompanhamento doMINISTÉRIO PÚBLICO; que dessa forma o interrogando ficou mais tranqüilo, por haver p acompanhamento doMINISTÉRIO PÚBLICO, pelo promotor MARCELO".

Pag. 27/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJ ^f^P^f ^kGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO ^J ^J ^J ^^

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Süi-ílí dÜ!?í„„ Ir- •- • r- r-oon^oco. / i A u MltlISteriO PUDllCO HGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] ÚQ gstat|0 ,je Q0jáS |

Goiânia para buscar os autos que estavam de posse da Procuradoria-Geral do Estado - PGE. Oretorno de Francisco Afonso com o procedimento ocorreu após o horário normal deexpediente do departamento financeiro da UEG. Por essa razão, Luiz Arantes determinou aoentão Gerente Financeiro da UEG, Sr. Lacerda Martins Ferreira, que permanecesse até achegada do procedimento e que aviasse ainda naquela data os empenhos necessários para opagamento do convênio.

O procedimento retomou da PGE sem qualquer manifestação, condição estaexigida no citado despacho do à época Governador do Estado. Sr. Alcides Rodrigues, para acelebração do convênio e conseqüente liberação do recurso. Além de não constar, do processon° 201000020018282, o prévio parecer da PGE para a liberação dos recursos, o entãoProcurador-chefe da PGE apresentou ao Ministério Público, no curso da presente investigação,e-mail do Departamento de Documentação e Legislação da PGE atestando que não foiemitido, no ano de 2010, nenhum parecer da procuradoria em relação ao referido processo,vejamos (fl. 2.228-vol. 11 do PIC n° 002/2016-PGJ):

0602)7017

Zímbra [email protected]

Re: Solicitação de informação ~i~-

De : Gilvan Andrey de Assis Ramos <gilvan- Seg, 06 de Fev de 2017 11:[email protected]> ^4 anexos

Assunto : Re: Solicitação de informação

Para : Anderson Máximo de Holanda <[email protected]>

Bom dia.

Verifica-se, através do protocolo desta casa, que não há parecer nemdespacho relativo ao ano de 2010, exarados ao processo: 201000020018282. Noarquivo físico e digital deste departamento - DDL: Departamento deDocumentação e Legislação - consta apenas] os seguintes pareceres edespachos: Parecer:6258/2011; Despachos AG: 9318/2011, 5155/2012 e 602/2012que, seguem anexos, para verificação. Quaisquer esclarecimentos posteriores,estamos à disposição.

Bom dia.

Verifica-se, através do protocolo desta casa, que não há parecer nemdespacho relativo ao ano de 2010, exarados ao processo: 201000020018282. Noarquivo físico e digital deste departamento - DDL: Departamento deDocumentação e Legislação - consta apenasj os seguintes pareceres edespachos: Parecer:6258/2011; Despachos AG: 9318/2011, 5155/2012 e 602/2012que, seguem anexos, para verificação. Quaisquer esclarecimentos posteriores,estamos à disposição.

Atenciosamente,

Gilvan Andrey de Assis RamosDepartamento de Documentação e Legislação - DDLTel: (62) 3201-6151

Contudo, no dia 29 de dezembro de 2010, o Controle Interno da SEFAZ lotado naUEG (atualmente órgão da Controladoria-Geral do Estado - CGE) já havia recebidodenúncias acerca da ilicitude do convênio ora em comento e, em razão disso., tentava de todas

Pag. 28/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, rTV «ÜT. DTÍ„„r- - • r- co^.onroí / i A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

///i\

as formas ter acesso aos respectivos autos. Em resposta às investidas do controle interno, sobàs ordens de Luiz Arantes, o denunciado Francisco Afonso "'colocou o processo debaixodo braço1 para impedirque o processo fosse para o controle interno". M

Conforme apurado, nem sequer haviam recursos específicos disponíveis para opagamento do convênio com a FUNCER e, por isso, foram utilizadas verbas de diversosoutros programas da UEG. Esse é o motivo pelo qual se fez necessário a confecção de váriosempenhos para se alcançar o valor de RS 10.000.000,00 (dez milhões de reais).26

25 O Em depoimento no GAECO, o servidor do Departamento Financeiro da UEG Nário Mota de Almeida, foi preciso nadescrição dos eventos ocorridos do dia 29 de dezembro de 2010, vejamos:

" (...); que no ano de 2010/2011 trabalhou como assessor da área financeira, assessorando LACERDA MARTINS FERREIRA;que LACERDA era o gerente financeiro da UEG; (...); que no dia do empenho relativo ao convênio com a FUNCER, o reitorLUIZ ARANTES determinou ao chefe do interrogando. LACERDA, que ficasse até mais tarde no trabalho, a fim de realizaresse empenho; que então LACERDA determinou ao interrogando que ficasse após o expediente, que se encerrava as17h; que o expediente já havia se encerrado quando FRANCISCO AFONSO DE PAULO chegou com o processo doconvênio, em mãos, e determinou ao chefe do interrogando que fizesse o empenho: que então o chefe do interrogandoo determinou que fizesse os empenhos; que o interrogando estranhou o valor do empenho, pois a folha total da UEGgirava em torno de 10 a 12 milhões, e o convênio era no valor de 10 milhões de reais; que não era comum a realização deempenhos dessa ordem; que esse convênio era totalmente atípico, pois no final do ano se empenham folha e despesasordinárias da instituições; que no caso desse convênio, em especial, houve rápida liberação do dinheiro, pois feito o empenho,a liquidação e pagamento forampraticamente imediatos, sem qualquerentrave; que o interrogando ficou muito contrariadocomo empenho, liquidação e pagamento do convênio, da forma como ocorreu, pois a própria folha de pagamento da UEG só foipaga no ano seguinte, ou seja, foi feito o pagamento do empenho do convênio, preterindo o pagamento da folha de pagamento;que após o empenho, as fases seguintes não foram submetidas ao controle interno, pois isso não até então obrigatório; que ointerrogando comentou com LACERDA a respeito desse empenho do convênio, mostrando-se preocupado, entretanto, ointerrogando ficou mais tranqüilo porsaberque a FUNCER estava sob intervenção, com o acompanhamento do MINISTÉRIOPÚBLICO; que dessa forma o interrogando ficou mais tranqüilo, porhavero acompanhamento do MINISTÉRIO PÚBLICO, pelopromotor MARCELO; que explica que no final do governo ALCIDES foram tirados os entraves que determinavam, após oempenho, o encaminhamento dos procedimentos para os órgãos de controle interno, antes da liquidação e pagamento: que asdotações orçamentárias usadas para a realização do empenho relativo ao convênio da FUNCER com a UEG não eramdestinadas a esse fim; que havia uma dotação da informática, que não era suficiente para fazer face ao empenho do convênio;que houve um aproveitamento de dotações orçamentárias para fazer frente ao empenho do convênio; que essas dotações jáestavam especificadas no processo: que o interrogandonão se lembra quais as dotações foram usadas, porém, o interrogandosabe dizer que essas dotações eram alheias ao objeto do convênio; que o correto, para fazer frente ao empenho do convênio,era providenciar uma suplementação orçamentária; que o interrogando sabe que RICARDO, do CONTROLE INTERNO,tentou obter o processo do convênio, porém, a REITORIA impediu que o processo fosse para o controle interno; queFRANCISCO foi a pessoa que, de forma figurada, "colocou o processo debaixo do braço" para impedir que o processofosse para o controle interno; que o interrogando soube que RICARDO foi pessoalmente atrás do processo, para leva-lo para o controle interno, antes do pagamento do empenho do convênio; que FRANCISCO buscou pessoalmente oprocesso na gerência financeira e o levou em mãos para o REITOR LUIZ ARANTES; que o pagamento do convênio foifeito e os servidores da UEG ficaram sem receber; que feito o empenho, o processo foi para a REITORIA; que caberia aoreitor liberaro pagamento, mediante uma senha própria; que essa liberação do pagamento só ocorre com liberação do CMDFpela SEFAZ. em Goiânia (após o empenho e antes da digitação da senha pelo REITOR); que com a mudança de governo,foram trocados os pró-reitores, inclusive, aqueles ligados a LUIZ ARANTES; que o interrogando assumiu uma gerência, peloprocesso de meritocracia, a GERÊNCIA DE CONTRATOS;". (Testemunha NÁRIO MOTA DE ALMEIDA, depoimento prestadono MPGO, no dia 07/12/2016, fls. 1854/1856).

26 Em seu interrogatório no GAECO, o então gerente do Departamento Financeiro da UEG, Lacerda Martins Ferreira, declarou:

" (...);Que nos 26 anos em que trabalha na UEG, o convênio software livre, objeto da transferência, ora sob investigação, foi omaior que o interrogando já viu: Que para poder pagá-lo a gerência financeira retirou verbas alocadas em diversasações/programas; Que, nà época, chamou muita atenção do interrogando o fato de que a Fazenda não ter repassado averba para pagamento da folha do servidores do mês de dezembro de 2010, no valor de R$ 10.848.459,95, conforme fazprova o documento que o interrogando solicitada a juntada neste ato e, por outro lado, ter viabilizado o pagamento doprograma de software livre com valor semelhante; Que a folha de pagamento dos servidores da UEG, de dezembro de2010, só foi paga no dia 18 de janeiro de 2011; Que após a confecção dos empenhos, pela gerência financeira, opagamento foi autorizado em Goiânia pela SEFAZ, como também faz prova o documento que o interrogando apresentaneste ato e solicita à juntada; Que as duas respectivas ordens de provisão financeiras do DUEOF n° 201011394 e n°201011395. ambas no dia 30/12/2010. comprovam que o pagamento foi autorizado pelo superintendente do tesouro estadual epelo secretário da Fazenda; Que. após as referidas autorizações, ainda no dia 30/12/2010, o reitorda UEG, com sua senhapessoal, efetuou a liberação do valor de dez milhões de reais para a FUNCER/FUNSER; Que. mesmo após todo esseprocedimento, a transferência efetiva do dinheiro pelo banco só poderia ocorrer no dia útil seguinte, isto é. no ano seguinte;Que. em regra, ocorrendo a quitação da ordem de pagamento no exercício seguinte o banco, necessariamente, deve realizaroestorno do valor transferido, pois essa era a norma expedida pela Secretaria da Fazenda; Que esse foi o único caso quinterrogando ficou sabendo de uma liquidação de ordem de pagamento no exercício seguinte e não no mesmoexercício; Que a única forma possível da ordem de pagamento ter sido liquidada, ainda no ano de 2010, seria mediante aapresentação manual da ordem de pagamento, devidamente assinada, na agencia bancária; (...)" (Interrogatório LACERDAMARTINS FERREIRA, realizado no MPGO, no dia 06/12/2016, fls. 1850/1851).

Pag. 29/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Minisleri0 Pubii(;([Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estarj0 rje Goiás

///|\Os extratos e os espelhos dos empenhos e das ordens de pagamento referentes aos

recursos repassados e, posteriormente, desviados, confirmam a referida cronologia dos fatos.Outrossim, para a liberação dos recursos, em todos os empenhos e transferências foinecessária a digitação da senha pessoal do então reitor da UEG, o denunciado Luiz AntônioArantes. Vejamos (fls. 1826-v/1.828-vol. 09 do PIC n° 002/2016-PGJ):

02/12/2016 Consultor sohciUcots d* PPI

Anrinmrnton

nc I ii.-lo por (PI : Mil. 99ú .6B9-89 \WRI(1 ICritérios

ubunl•!••••- Orçamentária: reitoria

Código Realização00027257DESPESAS COM O PROGRAMA DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO EM SOFTWARE LIVRE

Documento Dau

i

Valor Uata Situação Situação

Consultúi Solicitações de PP'

Consultar Empenho

'

• ,''r •'•'''• 1, •

•• :i -'.,i

1

Cicclor. você pode consultai o aniljww.vaptvupt.qoias.qov.br. Clique

SEPIAN c cm seguida selecione "C

tento tln eiiipenhn viu li

i 'Outros Serviços On-lnSUlta de Pagamento dr

Número do Empenho• ifl , ,ii •

NI "•i

Tido de Recurso/Grupo de. •

.

; PPT / DotaçíoNúmero da PDF

Número do ProcessoData cio Empenho'•• dalidode de LicitaçãoTipo/1 ormalidadeCódigo tio PatrimônioResolução do TCE

"

2010. G001.039.00073

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO CERRADO

147/0001-332010.60

unas, utensílios e Equipamentos Diversos1.441.300,00/1.841 ' . I151817

20100002001828229/12/2010Níio AplicávelOrdinário/Convênios10100

0/0

NÍExcepcionallxad 2 12/2010

Demonstrativo do Empenhoaldo do Empenho. Movimentação

( 0 lotai das Anulaçõesli] lotai dos Estornos

( -) Sniclo Cancelado. Liquidação(1) Valoi -i ! iquidai( + I I iquidado

. Movimentos

( + ) Valor Liquidadoilor Liquidado Anuladt

. Pagamentoslor a Paqar LiquidadoIdo Pago

- : a . •

• :- : •

( I ) Valor Estorno Anulações OP s( -) Valor das (itnas( l ) Valor Estorno das Guias

Pag. 30/120

Valor

1.441.300,00

'

0.000.00

0.00

0,00

I H.300,00

o

' o1.441

0,00I

/

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

Ministério Público Ido Estado de Goiás |

. Pagamento

(+) Saldo Pago( -) Empenhado a Pagar

Histórico

L.441.300,000.00

i

29/12/2010 1/;.13:23, incluído por CPI :300. 273.611-0*1 fLACERDAMART1NS LACERDA MARTINS FERREIRACritérios

dade Orçaoentéria: REITORIA

02/12/3016

Pfdeni de Pagamento

Beneln .

IPJ/NCE

orçamentáriarupo Despesa

EmpenhoFormalidade do ErrNúmero da CPNümpro do Rascunho

Originário da OP

Valor da

Valor Guia de Recol-

Estorno GuieValoi Anulaçãovaloi Estorno

1 goData da OP

11 / Data de tTipo Di IBan<

édito

Conta C•

Situaçãoredores

Pra^o de AplicaçãoN ii ro do Processo

Pare a rle EmpenhoN nero da PDF

Ordem de Pagamento

FUNDAÇÃO RRADO

2010.6001.19.364. 1.04.00

•1.4.91).'..'.. . ' 04 INVE JUMENTOS

Ordinário

Convênios

2010.6001.053.000

N/D

880.395,00

880. .

0,000,00

0,000,000,00

880.3!30/12/2010

341 - BANCO ITAU S.A .'046- tS PB UEG C/00000(1 I

i conõmlca ede > : u10760

Quitado30/12/2010

Nãoo

201000020018282

0

151817

Da mesma forma, a SEFAZ informou que a liberação dos recursos no âmbito dasecretaria ocorreu no dia 30 de janeiro de 2010, mediante aposição de senha pessoal do entãoSecretário de Finanças, Sr. Célio Campos21 (fl. 2.032 e 2.034-vol. 10 do PIC n° 002/2016-

27 Em depoimento prestado no presente procedimento, no dia 18/01/2/017, o ex-Secretário de Finanças Célio Campos,confirmou ter liberado o recurso: "Que o interrogando, mesmo desconfiado da operação, a autorizou tendo em vista queo Ministério Público estava envolvido e que provavelmente o dinheiro não seria liberado, tendo em vista o horário daoperação;"

Pag. 31/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, „,. ... „.,,.o - r- »n J., 0-0< , i A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

///i\

PGJ):

1

goiania i í'a;:ekja

ITAU - ANAPOI.I! PB I

" . 1 nrniTo. .: J

.086.j^ CRÉDITO

n I .-, tenta e seis mil, • -. -i. •• • ..

. 0

ESTADO DEGOIÁS ^SERVIÇO PUBLICO ESTADUAL

DUEOF • DOCUMENTO ÚNICO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA E FINANCEIRA

':•:;•!••. |' : . ' I

01C 2010 1139= 38.172,

• 04 " 1.086.395,

-super::;- rESOüRC .]

UNIVERSIDADE ESTADUAI DE GOIAS - UEG 01.112.58 '•' -71

ROD BR-153, 3105-FAZENDA BARREIRO DC MEIO AMAPlHISTÓRICO DA OPFRACAO

: . | ... •. , . .

:-.•••' . : irlC

' Lcit açá 5 d pa |ai • d recu I . para.- i • do pi (rama le rapi itaçê le • ddores era Softwan .

nin UEG FUNCE 1518 >, iOI N« 37. CR.

0341/04: Oi il

'.••••.

:•: .•;.... [J| ||

. II

- Ass. i ^Ass . de •_ i I •.I• ••• •:• via ríginal. á época '

.I-,.'

.

^ Visto do Chefe

V'18 Visto do Ordenador/fixeculor da Despesa

Pag. 32/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Uinistério Público EGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] do Esta[Jo de GoiáS

///|\

ESTADO DE GOIÁSSECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA

SUPERINTENDÊNCIA DO TESOURO ESTADUAL

• V. i

.a",

Memorando n° 0012 / 2017 - STEGoiânia. 13 de janeiro de 2017.

Da: Superintendência do Tesouro Estadual STEPara: Gabinete do Secretário da Fazenda - GSF

Assunto: Complementação de Informação - PIC n° 02/2016-PGF

Senhor Secretário.

Ao cumprimentá-lo. e em atenção ao Oficio n° 009/2017-GAECO,

informamos que não foi possível a identificação, em consulta direta no Sistema de

Programação e Execução Orçamentária e Financeira - Siofi, dos

servidores/autoridades que autorizaram as emissões das Ordens de Provisão

Financeira, notadamente os responsáveis pelas aposições das assinaturas nos

campos "46. Visto de Chefe" e "48.Visto do Ordonador/Executor da Despesa".

Diante disso, foi solicitado à Superintendência Central de Tecnologia

da Informação da Segplan, por intermédio do Oficio n° 002/2017-STE, a referida

identificação, que foi prestada no Oficio n° 014/2017-SUPEX/SCTI e no

Memorando N°002/2017-GPS/SCTI. da Gerência de Projetos e Sistemas

informando que os campos "46" e "48" se referem aos titulares da

Superintendência do Tesouro e do Secretário da Fazenda, á época. Sra Fernanda

Maria da Silva Faria e Célio Campos de Freitas, respectivamente.

Atenciosamente.

Oldair Marinho da Fonseca

Superintendente do Tesouro Estadual

Superintendência do Tesouro Estadual SIESecretaria de Estado da Fazenda - SEFAZ

Av Vereador José Monteiro, n° 2233, Selor Nova Vila. CEP 74 653-SOO. Goiânia - GoiásBloco "A" - Telefone 3209-2402 • Resp : DSP

Diante das dificuldades de ter acesso aos autos e das graves suspeitas quanto ailicitude do Convênio, a Superintendência de Controle Interno da SEFAZ (atualmente órgãoda CGE) expediu, ainda em 2010, o Memorando n° 079/2010-IFCON/GEAP/SCI, com arecomendação de que qualquer pagamento referente ao citado procedimento fosse suspens(até análise e respectiva manifestação da Superintendência de Controle Interno. Mesmo assim',\os pagamentos do convênio foram realizados. Foi inclusive o então gerente financeiro da

Pag. 33/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Minjsteriü Pui)lJ!,ríGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estatl0 de Goiás

///|\UEG, Lacerda Martins, quem recebeu e repassou o ofício da Superintendência de ControleInterno (atualmente CGE) à assessoria do denunciado Luiz Arantes (fl. 1.811-vol. 09 do PICn° 002/2016-PGJ):

•àb

\ o-ESTADO DE GOIÁS

Sscrotarla da Fazenda

Superintendência do Controle Inbemo

•?.-.\<-- /

Memorando n° 079/201 {Ml-CON/GEAP/SCl

De: Inspetoria do Controle interno na UEG

Para: Gerencia Fuinncei.-a ü^erds Mortin3 rcnc:ra.

Assunto- Requisiçíodo proresío n*20:000020018282

Senhor Geietite,

AnApolis. JC de Dezembro de 2010.

Vimc-s através deste, requisitar a V. S'. o processo r.c 20IO0OO20OI8282.

referente a Parceriaentre a Funccr c a UEG, nossermos de § 1* do urt.2odo Decreto Es^.idiuJ

nc 7 041/2010 c on Ktendimcr.to b Ordem de Serviço exarada pela Gerência de Ação

1'revenüvada Superintendência de ControleInternoda Secretariada Fazenda.

•' Solicitamos ainda, que qualquer pagamento rcíc-tatc ao processo supra seja

suipeajo a:é a análise e raanifcstacfio realizaria pela Supetintcadcr.ciade Controle Interno da

SEFAZ. estando sujeito es determinaçõesdo art. 5" do DecretoEstadual n*7.041/2010.

Atein-.io3arr.crur.

Gerência o> Ação Preventiva dabup«rir.tender.c'a deControle i-uerra, Rui llVMD -nUdOtodpLwkwta: TeUc-ra. 3» andar, sccr St*. Cts 7«015 508 -GcMfllt -Gai» -fene. t0riW>1f.^.^^,>ti

O denunciado Luiz Arantes, por sua vez, mesmo tendo conhecimento darecomendação no sentido de que não fosse realizada qualquer transferência bancária até aanálise do procedimento pelos auditores da SEFAZ, ignorou solenemente os apelos docontrole interno e, quase às 20 horas do dia 30 de dezembro de 2010, autorizou o pagamento àFUNCER28.

Em interrogatório no MPGO do Sr. Luiz Arantes:

"(...);que o interrogando foi informado antes da transferência do dinheiro, que já havia manifestação favorável da PGE; que nãoviu o referido parecer e nem sabe informar qual o Procurador do Estado teria confeccionado o documento referido; que soubeda recomendação do Controle interno para que fosse entregue procedimento para análise e até a conclusão da referida analisp>

Pag. 34/120 M

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

///lMinistério Público |do Estado de Goiás |

\

Assim agindo, o denunciado Luiz Arantes, na condição de representante legal daUniversidade Estadual do Estado de Goiás - UEG e no bojo procedimento administrativo n°201000020018282 - UEG, dispensou licitação fora das hipóteses previstas em lei, bem comodeixou de observar as formalidades pertinentes à referida dispensa, causando à época umprejuízo ao erário no montante de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais). Conforme jádemonstrado, os denunciados Marcelo Henrique, Adair Meira, Francisco Afonso, AntônioFernandes e Lívia Baylão concorreram para que Luiz Arantes dispensasse licitação fora dashipóteses previstas em lei, bem como deixasse de observar as formalidades pertinentes àdispensa da licitação.

Finalmente, o dinheiro do convênio foi transferido para a FUNCER. As operaçõesforam realizadas próximo às 20 horas do dia 30 de dezembro de 2010, isto é, após o términodo horário bancário e um dia antes do recesso bancário previsto parao dia 31 de dezembro.29

O dinheiro desviado30 da Universidade Estadual de Goiás - UEG, foi inicialmente

não fosse realizada nenhuma transferência bancária, no entanto, preferiu se respaldar no parecer da PGE, favorável àcelebração do convênio; que, por isso, apesar da recomendação do controle interno, autorizou, com sua senha pessoa atransferência da conta da UEG para a conta da FUNCER; que apesar de não ter visto o parecer da PGE, a informação doreferido parecer favorável foi repassado ao interrogando pelo Dr. Carlos Neuclimar; (...)" (Interrogatório no MPGO Luiz Arantes,realizado no dia 21/02/2017).

29 Quanto a transferência dos recursos para a FUNCER, a auditora da CGE Cristina Tamiko Nakano descreveu com riqueza dedetalhes as operações financeiras concluídas no apagar das luzes da gestão do então Governador Alcides Rodrigues, vejamos:

"(...); Que ao final do trabalho o auditor Ricardo expediu o memorando n° 079/2010-IFCON/GEAP/SCI requisitando asuspensão de qualquer pagamento ou transferência de recursos referentes ao citado convênio; Que o memorando foi reiteradopelo superintendente da CGE por meio do ofício n° 08/2011-SCI; Que apesar do memorando, o pagamento foi realizado entreàs 19:49h e 19:53h; Que com relação à movimentação bancária, explica que foram transferidos para a conta do plano detrabalho do convênio qual seja, Caixa Econômica Federal, agencia 2981, conta 1076-0, as seguintes quantias todas no dia30/12/10: R$ 282.990,00 (às 19:53h) - R$ 6.913.595,00 (às 19:49h) - R$ 880.385,00 (19:52h) - R$ 481.690,00 (19:50h) -R$ 1.441.290,00 (Às 19:52h) - que totalizou a quantia de R$ 9.998.227,35 já com desconto de R$ 28,50 da tarifa detransferência; Que os horários das transferências foram informados pelo Sistema de Programação e Execução Orçamentária eFinanceira do Estado - SIOFNET; Que no ano de 2011 chegou ao conhecimento da CGE que, apesar da recomendação e domemorando que proibia a transferência de qualquer quantia para a FUNCER. a quantia de R$ 10.000.000,00 (dez milhões) foitransferida à noite do dia 30/12/10, da conta da UEG para a conta da FUNCER, a CGE decidiu realizar nova auditoriaespecifica em relação ao citado convênio;"

30 O denunciado Adair Meira, apesar de tentar se justificar, acabou confessando o desvio do dinheiro quando interrogado,vejamos:

"(...) que no dia 13 de janeiro de 2011 os valores desse convênio foram transferidos para a RENAPSI; que o interrogando disseque se o dinheiro estivesse na conta da FUNCER, esse dinheiro seria bloqueadoparapagamento de dívidas alheias à situaçãoenvolvendo a restituição dos valores desse convênio; que quando foifeita a transferência de valores da UEG para FUNCER, jáhavia tido umbloqueio na contada FUNCER: que esse bloqueio era decorrente de dívidas trabalhistas no valor aproximado de14 MIL REAIS; que por orientação do jurídico da UEG e da PGE. se o valor do convênio ficasse na conta da FUNCER. tudopoderia ser bloqueado; que então, o interrogando foiorientado a transferir os valores paraa RENAPSI; que essa orientação foiverbal e informal, sem nenhum documento; que o interrogandoprocurouo jurídico da CEF, que lhe disse que esse bloqueio erajudicial; que o interrogando chegou a tratar desse assunto com o PROCURADOR GERAL DO ESTADO, RONALD BICCA e elelhe disse, informalmente, que os valores estavam sujeitos a bloqueio: que então o interrogando transferiu esses valores parauma conta específica para a RENAPSI. para uma conta específica no BANCO SAFRA; que o BANCO SAFRA iria cobraralgumas taxas e outras despesas, o que motivou a transferência dos valores para a CEFou para o BANCO DO BRASIL; queesses recursos ficaram na RENAPSI e ao longo desse tempo eles fizeram frente a várias demandas institucionais, vinculadasao convênio indiretamente; (...); que hoje as instituições envolvidas no processo desse convênio, tais como FUNSER.RENASPI e MATERNIDADE (DR. ADALBERTO PEREIRA DA SILVA) estão dispostas a devolveros valores; que o que impedea devoluçãoimediata é a existência de várias investigaçõese questionamentos em curso, tendoporobjeto esse convênio; queTONINHO já pediu para que o interrogando devolvesse o dinheiro para o cumprimento do TAC e o interrogando lhe respondeudizendo que enquanto houver essas investigações e questionamento, há dificuldade para a devolução desses valores; queTONINHO concordoucom essa resposta; (...);que a FUNCER nunca criou softwares e nunca auxiliou na criação de softwares.porém, a FUNCER possuía um amplo grupo de relações que representava a inteligência capaz de dotar o estado de Goiáscom a aplicação de software livre; (...); que a função da FUNCER, nesse convênio, seria de articulação, contratação etreinamento, para a execução do convênio; que a contratação se refere a experts, empresas; que a FUNCER não chegou aformalizar nenhum desses contratos; QUE NÃO FOI FEITA NENHUM DESPESA RELATIVA A ESSA CONVÊNIO;" (...)(Interrogatório ADAIR ANTÔNIO DE FREITAS MEIRA, realizado no MPGO, no dia 02/12/2017, fls. 1775/1781)

Odenunciado Antônio Fernandes Júnior, à época gerente da FUNCER (posteriormente tornou-se presidente dajundação),

Pag. 35/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, n...._.„.,_ M a^,o nrn< i •• A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

///i\

transferido para a conta-corrente n° 2981.003.00001076, da Caixa Econômica Federal, emnome da FUNCER SOFTWARE LIVRE (CNPJ n° 03.652.447/0001-33):

\/ CAIXAECONÔMICAFEOsRAl

GIRE I Emsilia - Gerencia de ; I ial de Retaguarda i agenciaSigik- i •' nrio

SSPN 507 B loco A - i • •IDAR - Asa Nori c70740-521 sília/DF

Wlíiaii ^T^HIBIHBÜi;:!;:

Ofício n°. 16254/21 li QIRET-SIGILOBrasília, I de >utubrode2016.

A SUA EXCELÊNCIA DR(A).MÔNICE DE SOUZA 3ALIANZACCARH • r"iANÁPOLIS - VARA DA FAZ,PÚB. ESTA >l KLav. CON roRNO ;:;i i setor centraj

CEP: 75020-010 -ANÁPOLIS/GO

ASSUNTO: OFÍCIO: 2072016PROC1 SSO: 3878712920153190006

Senhor (a) Juiz (a).

1. Em atenção ã solicitação cm epigr.i:. encaminhamos em anexo o estratobancário da conta rc!acionada:

IDENTIFICAÇÃO CONTA(Ô) PERÍODO

FUNCER SOFTWARE LIVRE ; 2981.003 D0( . I '6 tCNPJ36524470001 - 33

30.12.2010

22.04.2013

Colocamo-no:; ;t disposição para eventua • esclarecimentos.

Respeitosamente

também confessou o desvio dos recursos, vejamos:

" (...); Que, a partir do momento em que o dinheiro foi transferido para a RENAPSI, o interrogando passou a não ter maiscontrole do dinheiro; Que, apesar de ter sido firmado o TAC em 2012 para a devolução do dinheiro, a RENAPSI não atendeuaos pedidos do interrogando para que o TAC fosse cumprido; Que o presidente à época da RENAPSI era o Sr. Adair; Que,quando transferiu o dinheiro para a RENAPSI, Adair garantiu ao interrogando que o dinheiro estaria seguro e disponível paraquando fosse necessário, no entanto, Adair não cumpriu com sua promessa, isto é, não devolveu o dinheiro; (...)"(Interrogatório de ANTÔNIO FERNANDES JÚNIOR, realizado no MPGO, no dia 30/11/2016)

Até mesmo Lucas Vieira da Silva Meira, filho de Adair Meira, confessou que o dinheiro foi apropriado pela organizaçãocriminosa, não sabendo informar onde se encontra, vejamos:

" (...); Que desde que assumiu a administração da RENAPSI, no ano de 2014, o interrogando "tem a pré-disposição para fazervaler o acordo e devolver o dinheiro a partir de março ou abril do ano que vem"; Que elegeu a data de marco ou abril do anoque vem, porque no momento não tem a disponibilidade da quantia; Que não sabe dizer aonde se encontra o referido valor; (...)Que reafirma que não sabe aonde se encontra a quantia aproximada de dez milhões referente ao convênio firmado entre aFUNCER e a UEG, no final do ano de 2010; (...)" (Interrogatório de Lucas VIEIRA DA SILVA MEIRA, às fls. 1717/1719 do PIn° 002/2016-PGJ)

Pag. 36/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, ///l\.,,....,,. „_r.. Ministério Público

Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] ^ Estado de Goiás

Micael Fábio de Aitheida MacedoSupervisor de Fi tal E.E

G1RET Bjasílja - Sí lilojjgancário

Priscila CãTiJaslÇabri.. .nipo5 JesusGüQrdenadõTck1 , 'iil S.E

GIRET Brasil ia-Si| i'i Bancário• /

CAÊXA

FUNCER SOFTWARE .IV ..

30.NTA 2931.OCJ 0C0C1D"5 :

DATA OC h.iiüRICO VALC • '. O

03/01/2011 00034 i CREZ TED 282.9Í .•) c

03/01/2011 00034 1 •: : -CTED 6.913 b:'. • J c

03/01/2011 C00341 CREC TED 880.3c" z

03/01/2011 000341 c-:;:•: ied 481 :

03/01/2011 000341 C lEC TED 1441i- c

03/01/2011

04/01/2011

07/01/2011

10/01/2011

11/01/2011

13/01/2011

000054

•115371

000000

vCOOOO

• "'00,;

000110

T • . - '"OAST

PATRIM

D3 . BLV

C *EU BlOQ

DUR-.- ri ."RIM

12/01/2011 IvQQQgfcHvifrPSEM/01/2011

14/01/2011

14/01/2011

14/01/2011

17/01/2011

17/01/2011

20/01/2011

25/01/2011

07/02/2011

04/03/2011

04/03/2011

<003s:;

109735

100352

109735

10^165

104165

000054

000034

000000

000034

000034

DEVOlTEDDEVO.TED

TED

ENVIO TED

' TED

ENVIO TED

CRED AUTOR

MANUT cta

DEE • 'TOR.CRED AUTOR

MANU7CTA

0.9981

1 6,

1.69-

1.6S

10 003 2';

*^ ia13 28

1313 25: 00

13.23

13.26

13.25-: ..:

13

SAI l . CD

)

2b.l ..'.

7 I96 56 > i)

8.076:

8.558.66

9 999 9

9.989.92. •

1 69

1.69*5. ;

10.003:6

13.26

26.52? i8

39.78? 18

26 523

13.283

26 52

13.291.68

I

Na seqüência, no dia 13 de janeiro de 2011, o dinheiro foi transferido a mando deAdair Meira e de Antônio Fernandes para o Banco Safra, Agência n° 0036, Conta n°022877-1.

ço 1 £•

' 3^ f''

/ / Banco Safra SA Demonstrativo ConsolidadoRoeta^-Ot/. ieW4 si.ita.llt 2011/01/31

/^^ Nonw FUNDAÇÃO UNIV DO CERRADO•ó/kf, ^vvB«'.:JAN/2011Vont.: Limita:

AB-: 03600 Cont* W>.: 022.872-1Piai 001/002

. ^ Da Ia Omiileio Num.Occto. D4b-/Cr*d. Saldo*

31/12 CONTA CORRENTE 0,00

13/01 TRAN8F P/ C/l 9138856 9990.000,00-

13/01 TED D 000408 9990.000,00FUNCER SOFTWARE LIVRE 3.652.447/0001-33

13/01 CONTA CORRENTE 0,00I7/0Jl-TE|tóflív. 360093911 . 9990.^090,00-

17/01 TAR DOC/TEDPE88OAL37i3pi.;94âX.Ô001-25

000864 ' 18,95-17/01 TRWÍSF:iPSl4.g/á.,: 9*38856 SSÔO.QÜ^Bgfe.

Pag. 37/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, íylinistenü Pllh|icoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estado de GoigS

///i\

No dia da deflagração da operação, referente ao presente caso, batizada de"Quarto Setor", foi cumprido mandado de busca e apreensão, expedido pelo Gabinete daDesembargadora Elizabeth Maria da Silva, da Corte Especial do Tribunal de Justiçado Estado DE GOIÁS, no bojo dos autos n° 316704-33.2016.8.09.0000 (201693167042), naresidência do denunciado Antônio Fernandes, isto é, na Avenida Dr. Hermano, n° 303,quadra 65, casa 40, Condomínio Prive dos Girassóis, Jardim vitória, Goiânia/GO, e ao finalda diligência foram apreendidos documentos, anotações escreitas à mão e comprovantesbancários, todos referentes às operações financeiras que consolidaram o desvio e a ocultaçãodos valores provenientes da UEG, vejamos:31

ZJ& . HZZ

>3£

CL -jzzw-í

3. 33$ . 3.3.?, 35

31 Vide certidão constante às fl. 421-24 do ANEXO VIII, do PIC 02/2016 - PGJ

Pag. 38/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

Banco Safra S.A.

Av Paulista, 2iooCNPJ 58 160 789/0001-28

Nota de Negociação

///IMinistério Publico gdo Estado de Goiás |

ã^Tr,

FUNDAÇÃO UNIV 00 CCRRADO

Tino Opm.ie.jn íft NoM/SôrM AjAncia

VEmda 2292813 - Ar/l GO I an I a

:M thh

003.652.447/0001-33

; ai ! :•; . .!.1 -.. •;cama

: 913.885 (V CTA INVEST

Datcrlcio rja Operação

Dl.Ooeiaçio bb Vtnete. í*ra;o da»

13/01/20111 14/02/201l! 32: •

a Btula aj Kr.ioa o» l*ÇÍ0

••; •

IOF .'. ... £>..,..,., liquida

DeSOICM do hl.ilo o CWIÒdll

Emitonlg, ... |,i

CDB Dl DJ OVER j [UM SAJ RADM ETIP

13'0l/?0lllu/02/20ll

Ramunor. ÍJttv 'lonniiíi loiol

lÜl.OOVDruto ,; '•"• ' . \

r.nnrl.çÕP-. rir. Hc.níln Anlpcipjtln

Antot "ls>,1 Drula

Taxa Druta ao ano no : iiulo. base 252 tllas úteis

[sto documento r> inogociavm e lnii.in--.leii/oiO irnpcslo serí relido «e acoina com .1 loi. coderca aliciar o valor na liauidaçilc. orlnopaimsmeconsiderando 50 a* llfUUOUI dOCIOSCOfllOS do ínnr. cm luni,Au dui PIBIOI iln irsoalc. nos lrrmos daLegislação vlrjonta.Imnorlant» D«to'ão •»•*• lormelMadot rieslo Cocurnanlo. COmprOmiatOt dn utonprj ou conipia mo

e«.slcnlc>

•••r» vin leguran;* pagm* atravéí de -lcb'13 rir r.onie ou airare^ dr ct>rque nominativo eo Bento Seira5 A Nàe rc-. rr\pon^ah.lir«-™oi pn- cínvio rtc nnmrra'^n^ rwtrogue* ^nli outro 'ocnfl6 não cofpcnsjçio Co um ou rnii*. ctrptiuos receírrtos o-ou a insuticiOntra do tiinrios dispontveu, umcanta coironie. dctcwia o carceljn-snro IOUI da t0Ucaç>O sendo nuc cs ratOTM o.oniujirnunie•ccotidos seio devolvido* som uualanor lonilirnpnlo pelo «.ou valor original

SAC - Serviço de Atendimento ao Consumidor: 0800 'u 5'65 - nend'monro 24* iior jm.OIU cor íemanS.

Pag. 39/120

\

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

///lMinistério Público Ido Estado de Goiás j

Banco Safra S.A.

Av Paulista. 2100CNPJ 58 160 789/0001-2»

Cliente

FUNDAÇÃO UNIV Dü CERRADO

aVgtocia

GOIANiA

TipoOporação MS Noia/Silio Egi

C0M=RA Í2?98'''G-A09 jG

Descrição da Operação

Oi Operação OI Voncio

;y/oi ^oj11valor ••::• I

.,,....

|J».I

Nota de Negociação

cPi/Cr4i'j

003.652.^47/0001-33

Cernia iTído Uouidaeio

Í913.B8B 6+GTA INVEST.

Vjll)' 0»T4i^

0.991.293.01

2Í3Ü. 67rol Viiur Oi)uíj<,jo L.auida

9.990.994.340,00

içSo (In Titulo 0 Cir.ludi

Hotidimcnto Cu- loa ,iTltlito

| . !:. :..i

jllnnil.t

ÍDI - pVEB ; FINAL 1 SAFRABW " í -5i Emissio Oi Vgncta [Taxa St a.a Scmuner Nominal Toiãl pu•.3/01/701! U/07/7011 101.00-Bruto 9.990 i ofso. '.?&an

Condições cio Resgate Antccipailu. na o

Ot Re.-, Ania

a pariu ccTtcmunoiação "OX llesy Anlrc raaa Bula a a Tlcmuncraqã

.1 pjrlif de

Taxa !n ui d riu ano do tt.tulo, t'-'!í••-, 252 dias utéts

E-to documento c mogooaj-r*! « iituanal*'**!O tmpoito íb-b relido de acedo cem a le. pedendo alterar o vnlor da liquidação, pr.neipaimonlnCOniidarando l« as a'rquotai dec-cíecnte-. do iRRF. em lunçrio doi prarei de rc*y*'r. noi termoi oa

LcgiiiaçJo vigenteimportante Do.cão asm lormalUadOt neste documento, ccmpromiajos Sc reco-rp-J ou to«prj caio

exiatenissTara >.ua Misut.inça, paguO alravii du dóu-lo t" conta ou atravév clç choque neminalliro ao Danço Saíra£ ~ l.õo "05 rcr.non^aliilifamoi por desvio de numorinoi onlrosuffS sou oulra lorm»,A nào compnniacâo de um ou mais cheques recebidos cou n insuficiência de lundoi disponível! on>conta corrente determina o cancelamento toia' d,i •ptlciçto sendo nuc 05 vaiem ovpntueimentirpcetilüos ser ."o dOVOlVIGOS spm nuaiaucr rendimento pelo •seu valo' originai

SAC - Serviço do Atendimento ao Consumidor: DsOO 77J 575S atondimonio Mh poi d.a. Idias co' semana

Ouvidoria: .raio jâ Innhj03« 91 -- I8h t/rreio lon •

j-..',-!" li" •'' '.'}

ndo

FUNCERl mdi v. 1 !. 'i "iiin.1 do ( 1rradn

SAC

OFICIO Ne 012/2011 -Comitê de Gestão

Assunto: Transferência entre Contas

Prezado Senhor,

.:: I. atfltoItO/d) 0803 770 173D de To •> Gj ln:i

Ojjil

Anápolis, 10 de janeiro do 2011.

A par de cumprimentar V.S3., servimo-nos do presente

expediente para solicitar-lhe a efetivação da transação abaixo relacionada, a qualdeveráser realizada, impreterivelmente. no dia 13/01/2011 (quinta-feira).

Pag. 40/120

\

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

Ministério Público Ido Estado de Goiás |

Debito: Banco ' Agência / Credito: Banco / Agência IConta Conta

Valor (R$)

CAIXA (104)-2981/1076-0 SAFRA (422) - 0036 / 022877-1 9.998.150,00

7-0/3/ 9.998.150,00

Informamos que é imprescindível a impressão do comprovante da

referida transação.

Certos de podermos contar os bons ofícios de V.Sfl., despedimo-nes.

externando nossos cordiais cumprimentos e sinceros agradecimentos.

Atenciosamente,

\-

ADAIR ANTÔNIO DE FREITAS MEIRAPresidente do Comitê de GestãoRepresentante Legal

.' u,..^^IV«LH.'llM / /Representante L»§3i doCaynMGeae* o*

luTci(^oUfw»eis.urijdo(limo. SenhorSÉRGIO MARTINS PINHEIROGerente Geral da CAIXA -Agencia Araguaia

ANÁPOLIS -GO

• i . noe.29Cenuo- Aiiaponíliilp •'••.'• r.ori i •

C*nt»G«sie< a* [IICanadov

Como se observa, o ofício n° 012/2011 - do Comitê de Gestão, que determinou atransferência dos recursos da UEG para o Banco SAFRA, foi assinada tanto por Adair Meira,quanto por Antônio Fernandes.

O dinheiro foi, enfim, difundido em várias outras contas bancárias sob o controleda organização criminosa. Efetivamente, antes de desaparecer, o dinheiro passou pelasseguintes contas bancárias das empresas e entidades pertencentes ou ligadas a Adair Meira:SAGRES ASSOCIADOS S/A (CNPJ n° 05.112.094/0001-04), VIACÃO ÁGUAS LINDASLTDA (CNPJ n° 01.322.939/0001-35), REDE NACIONAL DE APRENDIZAGEM,PROMOÇÃO SOCIAL E INTEGRAÇÃO - RENAPSI (CNPJ n° 37.381.902/0001-25) eFUNDAÇÃO PRÓ-CERRADO - FPC (CNPJ n° 86.819.323/0001-27), vejamos:

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE GOIAS

"CENTRO DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL EINTELIGÊNCIALaboratório de Tecnologia Contra Lavagem (te Dinheiro - LAB.LDCSI MPGO

///EXTRATO DETALHADO -

Titulai: REDE NACIONALDE APRENDIZAGEMPROMOÇÃO SOCIAL E INTEGRACA(Investigado) CNPJ: 37.381.902 0001-25 Inicio Rei.: 13 05 2010 Fim Rei.: 05 06 20

Banco: BAHCO DO BRASIL

Ag 3493

C/C. 232556

Tipo' Coma Conente

Abeit. 13/05/2010

Encer- 05/O5/2O13

irBancc:001

inicio Mov.: 17/01/2011

FimMov.; 30704/2013

Saldo Inicial RS 0 00

SakíoFinal: R$0 00

E.trato (crédtcii. RS 20 335 394.56

Identficaoos RS 20 839.394,56 (100 00%]

Data Histórico Doe.

-:;-.• t=c trah3?£=eho» eletr osboh ccjmooqcowm

i8o1.c20i1 transferencia de saldo 00mo05ht3s72tSOiCCM TRAN:c==Es; i W0MOW00M8T4....... . . ;.,._._..., ...............

--'.•::•• t=;'.:-e=='.: - ::.i ••'- ff>4=.30000G4::a

;;.:•• -- • :- :£:--._ ..•••-- REC:: •.- '.....;:-•

Valor (RS) D'C CPFCIIPJ

í»oom,oo c ra:;«:ccci33

::••::::::

•M.ooooa

:-:::::

•uxa.x

:-:;•::::::;-

-•••.-:;:::;'

.:•..'.r. .:::,•

Pag. 41/120

Entrato (Oêbitosi RS 20 639 394 56

Identif cactos RS 20 664 394.56199.16% I

Home BenetOepo»

FU>CACAO UNW DO CERRADO

REHAPSI REDE FUNCER

REDEr»ACiC\AL;FFEr.D

REDE KACIOSAL DE APRENDIZAGEM RRCVOCAO SÓCIA;

BANCO DO BRASIS A

Bco Ao Conta

-;: :: ;:;-;

::• .-•-. :::;;:

001 3433 423)0

coi J4M 42JM

001 3433 MI0II23

Procuradoria-GeraldeJustiça-PGJGrupodeAtuaçãoEspecialdeCombateaoCrimeOrganizado-GAECO

Rua23,esq.dFuedJoséSebba,Qd.A06,Lts.15/25,JardimGoiás,salan°327,Goiânia,Fone:62-3243-8581/e-mail:[email protected]éiíW

SAOJECONTRARECIBO

TRANSFERENCIAONUNE

TRANSFERENCIAOUUNE

TARIFADESAQUECONTRAREdEC

TRAN3REPENC*ONLWE

TAFI=-iC=r.'iNUTENCAOCECOVA

:-":;::••r-s--•-:=:.;-..e::'ii=-^e:;:

04022011TRANSFERENCIADESALDO

OMMOIITP.iri;r==£r.ca

-...:•-=a>i3=E=E'.:•-'.--:-.::

3;0j2c1-iarpacemanutençãoceconta

34042c1'"-==-demanutencaoceconta.........Tf:i.........ijrj^^jQ

IWIC"TFANJFESEfiC-»

!4-rj4<201'TARIZAADANTADEPOSITANTE

;-:-.:•TBi'i:.p=RENC'A

ZTW^IITRANSFERENCIADE5AL00

2/C4C0"A^viSALDCCEVECCR

23042011TRAN3===ENCA

:::•.::-::-.:::::::=

omimhcoawoeowmoiicc==;=

:jc:;;--t=;-i:===e\:-:i:;.::•

33SI.2C11TAPUADEIWNUTENCACCECONTA

•:•.:••::;=:;

::!4:3ã3:c4j-;s112000.000051•20*4000104

V.'*iY.".Wliio.ooa.oGDoit::o»4000!04

;::::::-::.:-::;:-

occocococctccsi•«::::•:DC3í!2*4700C133

«ccticoccíiíws.oo0:::::::::::;

••--::::-::;:::::::::::;-::::-

cc:::::::::;-:::•::::::1c:ii;-õ»40co'34

:::•::;:::•*;::•:••a'Ko.oo:

:;j4j3ooco43!M10300.00303112004000104

!!:4Í300M«OI2>;0030.33::••.:-::::-

S«OJ:i30CO07571:::0..............

"-•::;::-:•:;::::y.:OS11200400013*

'-.--:-j:c;~y:;:::D::::::•;•

0333300003*5303•::::•:D

!'W3350040129::::::C5H23r40CC-34••-•-::::-:ir;xe.oo0031120WOO0104

3M35I3000077S2:::D:::::::::::;•

•::::;;::::::;::::::::••:::;::::-

00333OOOCC3»41«!6ro.o:c3Í3'Í333000127

00223043Í4Í3Í43•r:•:::•:037241002000125

:::::;::::3:-:ü7!350,00D:••::-::::-

oo»ojsa!73372I000.74S.H:•-••::::::;

::::::;•:;;..:::::••••;::::•;-

890SMI00Í3O544COCODX-~.X30333:'>'

•:-;:-::--:::;::::D::•::•::•:::::•;•

••-••;:::::::D373S'W:GK125

VO&gaKnaiz1101.0W.S4:••?;;:::::::

30104070030574730.00D:•;•::•:;.>:•;•::••:••

003000534073372450312.00Crs•,::::::;

450000.00

7JB1.3!:

:

•-•••>:::::•:!

:::::::::::•;• CC330351IC3443'

003X000003531:15778.ÍSc*ai}3:30oci:7

::::::::::-::l:"ff:::::::::::,

003*30334Í73372377330.03c3738150:000125

003530S34Í7S372:34;9*íc37381M:OO0i:5

00333000003331813:0030.330373*10020001»

82123070023J4733303D:•::.:::;::::•

00>»0534<7337:14ÍS500COc37351ÍO:OOOi:5

MinistérioPúblico

doEstadodeGoiás

saoresassociados3/a

saoresassociadoss/a

sac-resas3coadoss.'a

fimmcac-nryerscar*00cerrado

sã-.:::o=ra:i.s.a

:a:=e:-::::*::::»

:a3=e:-::::^:::

•--•=::••-.-:acosü*

saoresassociados3'a

banco00bra:.•:-

sagresassociadossm

bancocobrasj.sa

saore:*::::*::::-

saore:-::::-::::-

BANCOSÓBRASl.SA.

saoresassociados

pro-cerradoshoppingd=

renapsiredefuncer

sagresa::::-:::

renapsiredefuncer.fundação»ro-cerrad0

bancodobrás-3-

banco50brás".3a.

redenapsintegração

renapsi"eoepjncer

banco00brasilsa

reiup-iredefuncer

=f•-•.--:•.—:•=-:-

rendasceevpre3ttv03•juros

funcacaopro-cehraoo

::••••-=:.-==-:=e=a::e:ce:==:-

renapsiredefuncer

renapsiredefuncer

redenap3integração

bancodobrasil3a

renapsiredefuncer

CO!34J340I2SJ

00134S34012ÍJ

SOI34=3

::•3453*oi:s3

::•3433401203

:•:••3433SOI0II301I

::•3*3340I2M

::•3*33MI0II33H

::•3*3240IC93

::•3*33401293

::•S483I010I12D-1

:•:•3433401CS3

001343343M5I3

0013433:::;••

•:•:•34334012S3::•3*8323255"!

.:•3*32-.::.

OCI34=35010113011

001343350131'33-1

:•:•J443•::::•

::•34332323ÍS

0013433:OI3II30II

o:-3433:3-53<

0013433-:::.-•

•:•:•34333110344330

:•:•3*33-::::;:

:•:•3433»1007-•

:•:•3433:3C5:í

0013433;3255í

0013433433::;;

00134335010113011•.:••3433C32ÍS*

///MINISTÉRIOPUBLICODOESTADODEGOIAS

"CENTRODESEGURANÇAINSTITUCIONALEINTELIGÊNCIALaboratóriodeTecnologiaContraLavagemdeDinheiro-LAB.LD/CSI/MPGO

EXTF

Titular:REDENACIONALDEAPRENDIZAGEMPROMOÇÃOSOCIALEINTEGRACA(investigado)CNPJ:37.381.902/0001-25InicioRei.:11

BancoBANCODOBRASIL

Ag3483

C/C31000232556

TipoInvestimento

Abert18/01/2011

Encer29/D4/2011

DataHistórico

«/orjoiiTRANSFERENCIA...._..

a»licacaoem':c3í:e00/02/2011IRANSFERENCIA

::::;::•a^cacaoewc::=:•:•

11/02/2011::=f:=

11/03/2011CD&ROB

'4,02/2011TRANSFERENCIACE5*i-DO

i;':.•"!•COBVROB

li04/20MCD&RDB

1204'2011IRANSFERENCUCESALDO

27.D4.2011CDE--RDB

27.04/2011CCôWDS

27/04.-20IIrRANSFERENC'DE.:

N5Banco001

InicioMov1901/2011

FitnMov27/04/2011

SaldoIniaalRS0.00

SaldoFinalRS0.00

Extrato(créditos)

Identificados

RS14539.427.60

RS14539427,60(100.00%)

Extraio(débilos)R$14539427.(50

IdentificadosR$14539.427,60(100.00%)

Doe.Valor(RS)D/CCPF/CNPJ

WTJW2'::•:•::::C'"••:•::.•:•:•:-:

i,o:?:•-•.'.'500000.00D373HI902000I25

0022005364WG1345700000C•

::;:•::•::;-::-::-:•::::D)7MtS02000l2!

0O36O05346733721533500.00C373SI902000I25

ir•:•••".••:.12249.16C37381902000125

HJÍ0053467J3722CO0.749.I5DJ7M1902000I2S

0036005346733/22061000.00c3/38I9O2O00I25

00350053467337210065.54c3738IM2000125

COyjOOí346733722101055.64i••':•.'.•;:•-.•::•

::;-.]-470000.00c37381902000125

003500534673372IC612.60c373ÍI902OO0I25

•::::4:-íí::4Í0SÍ2.Í0DJ7MI»42O00Í25

MINISTÉRIOPÚBLICODOESTADODEGOIÁS///

CENTRODESEGURANÇAINSTITUCIONALEINTELIGÊNCIALaboratóriodeTecnologiaContraLavagemdeDinheiro•LAB.LD/CSI/MPGO

Titular:SAGRESASSOCIADOSS/A(investigado)

BancoBANCOCOBRASIL

Ag3-183

c/c401293

TipoContoConente

Abert24/03/2005

Encer31/12*899

WBanco001

IriiCioMov.02/01/2006Extra»(CrèflitOSI

FimMov18/03/2015Identificados

SaldoInicialRS26.358.67

SaldoFinalRS0.00

RS73926585,82

RS66782010.94(90.34%)

DESBLOQUEIODEDEPOSITO045341«2;0O3325;:::::::c

TRANSFERENCIAONLNE!:34;3MCCC4C2010.000.00C;?::;:::::;!

TRANCCERENCAONL'NE•:C23CfC375?Õ00.CO:•-•:::::•:'

TRANSFEREMC-0NINE:!I126000002121Ü.030.03D00073S47^<153

T"033330300121701-::::::::D:r>::-'-.::•:-*

EM=RE3T1W33*533936400O3SS437S.C7D:.:.::::::::•

TARIPADEDOCOUTEDa4i!;i3oc;e4foi74.;O..............

O-EOUECCWFENCACC:;..:::::::;•:!3534.03D

TMUFAOKIONCHEOUEFMl.3431.3070003^2459^1":::::-:-;•::•;-

DEPOSTOSLOOUEACO1CIAUTÜ.OWOOI793«fí332300.03

TED-=-•:-===•.:-ELETRCI3SCNaaeepaaixnNM.•:::::::C:•.:.•:-:::•::

TRANSFERENCIAONLME;!3453>:cc:::5:4000000.00D-••:::::•:;

TECTRANjFELETRDI3PONVELCCM00000I22O0!165.000.00D::..•.•::•:••;

Pag.42/120

Norn»Banaí/Depos

RENAPSIREDEFUNCER

RENAPSIREOE=UNCER

RENAPSIREDEFUNCER

RENAPSIPECEFUNCER

RENAPSIREDEFUNCER

RENAPSIREDEFUNCER

RENAPSIRECEFUNCER

RENAPSIREDEFUNCER

RENAPSIREDEFUNCER

-CEFUNCER

RENAPSIRECCrMCEÜ

RENAPSIREDEFUNCER

fiENARilP.EGEFUNC5S

BcoAgConta

•:•ms:

I»!J4?í

•:I

001345!

001348331000232556

0013483310O02J255";

001345!:

0013483310002325W

00134333IOO-323255*

00131Í33I00023.*.V

00134S331009233W..J4S3;;:•::;:•-

EXTRATODETALHADO-C

CNPJ:05.112.094/0001-04InicioRei.:24/03/2005FimRei.:31/12/9999

Extrato(deoitas)R$73.952944.49

MemiUcadoaR$67i893ii.7i(yo.85%)

REDENACIONALDEAPRENDIZAGEMPROMOÇÃOSOCIAL

REDENACIONALDEAPRENDCAOEUPR0UOCAOSOCIALRENATAUARTWMCELIUERA

SAGRESASSOCIADOS

AMCR-CAÇOES

BANCODOBRASILSA

;........

.;.;;:i>.-:..:-:_-:-

REDENACIONALDEAPRENOIZAC.EMFROAIOCAOSOCIAL

VIACÃOA3UA5UNOASLTDA

OCI3433-:;::

:•:•3433232S2ICCIII2Í:1:1o

".'f71I43S

::•34332000080021

:•:•3433MI0H33H

•::110003

::•3433fD•:•'':''

--.-!7103W7

""•3433232S2I

IO«30::•45?

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq.d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, iV1mjslerJ0 púüücoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do ísiaúo áe GoigS

///|\Titular: SAGRES ASSOCIADOS S/A nvestigado) CNPJ: 05.112.09470001-04 Inicio Rei : 17/12/2012

Representante: ADAIR ANTÔNIO DE FREITAS MEIRA CPF: 280.486.011-68 Inicio Rei : 06/05/2014

Representante: ADAIR ANTÔNIO DE FREITAS MEIRA CPF: 280.486.011-68 Inicio Rei : 18/12/2012

Banco Banco Daycoval S/A N" Banco 707

Ag: Inicio Mov.: 17/12/2012 Extrato (créditos). RS 8.849 179,94 Extrato (débitos) RS 8 843 476.30

C/C. 114399 Fim Mov.: 02'03/20l5 Identificados RS 4 179 138.92 (47,23%) Identificados RS 4 612 909.82 (52,13%)

Tipo. Conta Corrente Saldo Inicial RS 0.00

Abert.: 7/12/2012 Saldo Final RS 703.64

Encer

Data

17/12C012

HiMôrico Doe. Valor (RS)

;::::::::

D •:

:

CPF/CNPJ

:;i::í4300104

Nome BenefOepos Bco Ag

SAGRES ASSOCIADOS 001 3483

Conta

4012Sted-c=e: -: -: --:-'

17/12/2312 APLICAÇÃO i- '• : - ::: ::::: O

«/04C013 -e:: "edito IS3S4TJ 156.470.92 : CS11209400OIQ4 SAGRES ASSOCIADOS 001 3*53 40129

IW34C0'3 TRANSF CONF AUT -•• :- 156.470.92 D 01322939000135 VIACAC ÁGUAS LlílOAS LTDA 707 1 -!;--:;-

0S--05-2013 TARIFA OE MANUTENÇÃO DE C/C UC-10313 70.00 D

:= :-•;:•: tarifa OE MANUTENÇÃO DE C/C U010413 70.CO D

:- :•• 2013 TARIFA DE MANUTENÇÃO DE CfC U020S13 70.00 D

:: :-:;:•: RESGATE 5225217 3CO.964.7S :

0MIK013 TARIFA OE MANUTENÇÃO DE C/C U0201I3 60,00 O

08/05/2013 TARIFA DE MANUTENÇÃO OE CC U010213 70.00 D

OMS'2013 TED D 1565155 ;c: ::: :: D 05113094000104 SAGRES ASSOCIAOOS S/A 151 3433 401293

0WIWO13 TAR DOC / TED PESSOAL 5CO3000 86.75 O

03/06/2013 TARIFA DE MANUTENÇÃO DE C/C 9213512 70 00 O

01/07/2013 TARIF A DE MANUTENÇÃO DE C/C 9223659 70 M D

:• V: 2313 TARIFA DE MANUTENÇÃO DE CC •:: •:.- --:: D

:::::•' TARIFA DE MANUTENÇÃO OE CA3 9220326 70 00 O

01/10C013 tarifa DE MANUTENÇÃO DE CC 923102! 70.00 O

01/11/2013 TARIFA DE MANUTENÇÃO DE CC 9222S38 -;:: O

O:/12231! TARIFA DE MANUTENÇÃO DE C/C s::::33 70.00 O

:. :••;:•• i

:: 3I-20I4

rTeSCATE

TRANSF CONF AUT

311*087

7103*07

154.497.4»

íj ::: ::

:

D :.:-300US -•:::-YlACAO ÁGUAS UNOAS LTDA 707 1

20/01/2014 TARIFA DE MANUTENÇÃO OE CC U020111 70.00 D

22O1/2014 TARIFA RENOVAÇÃO CADASTRO 2233109 SOO.CO D

03/02/2014 IOF ADICIONAL 9900234 0.09 D

oj.o:/:oi4 JR SALDO DE.EDOR 9*000:: 1.21 O

0*02/1014 RESC-ATE : • •••:;• 301 455 5-3 c

04/020014 TEDO ;:•/' 300.000 00 D :-:••:::-::.•'.: SAGRES ASSOCIADOS S/A 151 3453 401

04/02C014 TAR OOC / TED PESSOAL wooooo 86.75 D

04/0 MO 14 JR SALDO DEVEDOR 9E00022 0.38 D

04/02C014 TAR ADTO DEP U220I14 64.13 O

04/o:co 14 TARIFA DE MANUTENÇÃO DE CC .:. .-i 70.00 O

18/0242014 RESC-ATE «215239 159873.18 :

•mbcom TRAN J« CONF AUT 710» 607 159 000.00 D VUCAO ÁGUAS UNOAS LTDA 707 1 -•-.--:-.-

20.02/2014 TARIFA DE E".TRATO MOOOOC 8.30 O

2OO2<2014 TARIFA INFORMES DIFERENCIADOS :: ••:! •••*. IZ D

05/0*2014 Tarifa DE MANUTENÇÃO DE CC RZ30I2 70:: D

•• :: ;: - «e: :•-•£ 531SWS 155.744.61 :

Conforme se extrai da quebra do dados bancários efetivada no presente caso, odenunciado Adair Meira, na condição de membro da organização criminosa da qual é lider eno afa de ocultar, dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação evalores provenientes do desvio de recursos da UEG, ocorrido no dia 30/12/2010 - 03/01/2011,bem como no intuito de obstaculizar o rastreamento do dinheiro ilícito da organizaçãocriminosa e, por conseguinte, dificultar a identificação dos membros dessa mesmaorganização criminosa, fez uso de várias contas bancárias em nome de diferentes pessoasjurídicas, em especial: no dia 13/01/2011, transferiu RS 9.990.000,00 (nove milhõesnovecentos e noventa mil reais) da conta n° 1076-0, agencia 2981, da Caixa EconômicaFederal, em nome da Funcer Software Livre (CNPJ n° 03.652.447/0001-33), para a conta n°022.872-1, agência n° 03600, Banco Safra S/A, em nome da Fundação Universidade doCerrado - FUNCER (CNPJ n° 03.652.447/0001-33); depois abriu, no dia 17/01/2011, a contabancária n° 232556, agência 3483, do Banco do Brasil, em nome da Rede Nacional deAprendizagem Promoção Social e Integração - RENAPSI (CNPJ n° 37.381.902/0001-25) e,na mesma data, transferiu os R$ 9.990.000,00 (nove milhões novecentos e noventa mil reais)para a nova conta; na seqüência, no dia 18/01/2011, aplicou o dinheiro em numa containvestimento; e, por fim, pulverizou o dinheiro em várias contas bancárias de pessoasjurídicas diversas, destacando-se que, no dia 17/12/2012, RS 4.000.000,00 (quatro milhões dereais) foram transferidos para a conta n° 401293, agência 3483, do Banco do Brasil, em nomeda empresa Sagres Associados S/A (CNPJ n° 05.112.094/0001 -04).

Após a transferência dos RS 10.000.000,00, tendo em vista que a PGE não haviaemitido o parecer jurídico favorável, conforme exigido pelo ex-Governador AlcidesRodrigues, o denunciado Luiz Arantes determinou que Francisco Afonso convencesse ogerente jurídico da UEG, Dr. João Bosco Adorno, a confeccionar, com data retroativa, um

Pag.43/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] d0 Estado de Goiás [

///|\

parecer jurídico favorável ao convênio. O advogado João Bosco se recusou a confeccionar oparecer solicitado por Luiz Arantes e, por isso, foi exonerado da UEG.32

O decreto de exoneração de João Bosco Adorno foi publicado no Diário Oficialno dia 26 de janeiro de 2011, vejamos (fl. 2.481-vol. 12 do PIC n° 002/2016-PGJ):

DECRETO DE 26 DE JANEIRO DE 2011.

0 GOVERNADOR DO ESTADO DE GOIÁS, no uso de suas

atribuições constitucionais, com fundamento nos arts. 136, § 1e, inciso II. alínea "a ,

14, 15 e 16, inciso II. da Lei ti- 10.460, de 22 de fevereiro de 1988, resolve:

1 - exonerar o pessoal mencionado no Anexo I deste Ato dos

correspondentes cargos em comissão nele especificados, dos órgãos e entidades

ali discriminados,

II - nomear, a partir de 26 de janeiro de 2011, o pessoal

relacionado no Anexo II deste Decreto para. em comissão, exercer os cargos ali

discriminados, todos integrantes da estrutura básica da Secretaria de Gestão

e Planejamento.

IJJ - nomear, a partir de 26 de janeiro de 2011, HUMBERTO

TANNÚS JÚNIOR. CPF/MF n9 167.058.231-00, JOSÉ DUARTE DOS SANTOS,CPF/MF ri9 1259.993 201-78, e JOÃO RIBEIRO DE CASTRO CPF/MF ir1154.612.111-00,

para, em comissão, exercerem os cargos de Presidente do Conselho Regulador,

CDS-2, Conselheiro, CDS-4. e Chefe de Gabinete. CDS-5, respectivamente, todos

da Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS, cm

Goiânia. 2S de /\ÍAT\Ja/1£) de2011, 123'' da República

MARCONI FERREIRA PERILLO JÚNIOR

ANEXO I

32 Vejamos os seguintes trechos do depoimento de João Bosco, prestado no Ministério Público:

(...); Luiz Arantes chamou o depoente para um almoço que, também, contou com a participação de um representante daFundação Pró-cerrado; (...);Que a pessoa que acreditar ser Adair Meira propôs a celebração de um convênio entre a UEG eFundação Universitário do Cerrado- FUNCER, para a promoção de um programa de educação de trânsito; (...); Que não serecorda qual a resposta foi dada, mas se recorda bem de ter se posicionado contra a celebração do convênio; (...); Que logodepois da reunião o depoente saiu de recesso pela Universidade, isto é, esteve ausente da Universidade aproximadamente dodia 20 de dezembro de 2010 ao dia 01 de janeiro de 2011; Que, ao retornar do recesso, já no ano de 2011, foi procuradopor Francisco Afonso de Paulo para confeccionar um parecer jurídico que seria juntado no procedimento do convêniofirmado entre UEG e FUNCER; Que o depoente disse a Francisco que já havia explicado para Luiz Arantes que acelebração do convênio não era correto juridicamente; Que, na seqüência, Francisco Afonsa afirmou que o dinheiro,inclusive, já havia sido transferido para a FUNCER e por isso se fazia necessário a confecção de um parecer jurídicofavorável para ser juntado ao procedimento; Que, por isso também, o parecer jurídico precisaria ser confeccionadocom data retroativa; Que era comum a confecção de documentos com datas retroativas nessa época na UEG; Que odepoente, então, se recusou a confeccionar o referido parecer jurídico; Que Francisco Afonso, então, mandou odepoente conversar o reitor Luiz Arantes; Que o depoente foi até a sala de Luiz Arantes e comunicou que não faria oparecer jurídico solicitado; Que, inclusive, relembrou Luiz Arantes que havia recomendado verbalmente a não celebração doconvênio; Que, diante da negativa do depoente em confeccionar o parecer jurídico. Luiz Arantes o comunicou que serianecessário exonera-lo; (..) Que o depoente pediu a Luiz Arantes que lhe dessa umas férias vencida antes de ser fazer suaexoneração; Que o pedido do depoente foi aceito por Luiz Arantes; (..) Que Dr. Carlos Neuclimar Vieira nem mesmopertencia ao quadros do departamento jurídico da UEG; Que acredita que tiveram que chamar o Dr. Carlos Neuclimarporque nenhum outro advogado do departamento jurídico da UEG se sujeitou a confeccionar o parecer jurídicosolicitado por Luiz Arantes e Francisco Afonso; (...)" (Termo de depoimento de JOÃO BOSCOADORNO, às fls. 2256/2258)^

Pag. 44/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, salan° 327, r/linistêrio PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] (J0 Esta(j0 de g0jãs

///i\

loko bosco adorno

OTAVIOA1X

IVAN l*A*OUS

VI 1»S 135.551-11

JOÃO BOSCO ADORNO

• ritf NTE O» «UIIKMl JUWOCA COAMr

da uMvtnsoAM rsiACuAi oc goa»

CCRTNTe or "PROGRAMAÇÃO C [LAaOlÃÇAÕc«i»AeNTAm ourr. pa secreta;»* rc GESTtCE PLANEJAMENTO

X-0V-3O11

Diante da recusa de João Bosco Adorno em ceder aos pedidos e às ameaças daorganização criminosa, Luiz Arantes e Francisco Afonso encomendaram o parecer jurídico -favorável ao convênio e com data retroativa - ao advogado e servidor da UEG, oradenunciado. Carlos Neuclimar Vieira. O referido parecer foi juntado às fls. 187-8, doprocedimento n° 201000020018282, vejamos (fls. 2.147/2.148-vol. 10 do PIC n° 002/2016-PGJ):

wm POLUAS. i&{VISTO _£_

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIAS

Asscssoria Jurídica

BR 153, Km 98 - Zona Rural

Fone: (62) 3328-1167 E-mail: [email protected]

Parecer no 5^j_/2010.Interessado: Gerência de Contratos e Convênios.

Assunto : Minuta de Convênio a ser celebrada entro a UEG eFUNCER.

A Gerência de Contratos o Convênios, solicita-nos um parecersobre a minuta do Convênio a ser celebrado entre a Universidade

Estadual de Goiás e a Fundação Universitária do Cerrado - FUNCER,o qual tem por objeto a execução do Programa Estadual de Formaçãoe Capacitação en Software Livre, em atendimento ao disposto noartigo 9<1 da Lei n° 16.920/2010, anexando cópia da mencionadaminuta, bem como o Plano de Trabalho, os documentos constitutivose outros.

E o relatório.

Inicialmente mister se faz menexonar o que dispõe na nossaCarta Magna sobre a Autonomia Universitária.

(...)

Pag. 45/120

tf>

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

S//|\Ministério Público Ido Estado de Goiás \

Ressaltamos ainda que o convênio sob a análise esta de acordocom o artigo 185 da Lei n. 16.920/10.

A míngua de legislação estadual que regule o assunto,eutilizando-se do principio da analogia, é oportuno ressaltar aexistência de lei federal que ampara o relacionamento dasuniversidades públicas federais e suas fundações de apoio. Trata-se da Lei 8.958/94, regulamenta pelo Decreto 7.423/10. Referidalei dispõe que as fundações apoio visam dar suporte a projetos deensino, pesquisa, extensão e do desenvolvimento institucional,cientifico e tecnológico das universidades apoiadas, podendo afundação de apoio gerir administrativa o financeiramente taicprojetos.

Após a análise sugerimos que seja anexada a documentação dorepresentante legal do convenente.

Do aspecto legal, nada há a impedir a celebração do presenteconvênio.

Após a juntada da documentação, dê-se prosseguimento ao feito.

É o nosso entendimento, smj.

Anápolis, 29 de dezembro de 2010

-Caxios—5eucr±nrar Vieira—Asaessur-3*urIaICO"

O denunciado Carlos Neuclimar, nem sequer integrava a gerência jurídica daUEG e só foi nomeado, no dia 10 de maio de 2011, para ocupar o cargo vago por JoãoBosco Adorno, vejamos (fl. 2.487-vol. 12 do PIC n°002/2016-PGJ):

DECRETO DE 10 DE MAIO DE 2011.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE GOIAS, no uso Ce suas

atribuições constitucionais, nos termos dos arts. 14, 15 e 16. nciso I', da Lei

tf 10.460, de 22 de ;evereiro de 1988, resoVe nomea' o pessoal especificado no

quadro abaixo para, em comissão, exercercs cargos ali discriminados, todosda

Universidade Estadual de Goiás-UEG:

NOMEAR

nonfl RAMOS FFusrw»

*HA CR SIIKAFEITFR Pf!l>«

lACERZAMARThSFníBr BA

PR*MJH> F»llMAMfli[X^C*nFt«5IHCl>MJ«CE

CSÜ"HY»S BARWi* C*SI«0 «LAOC

FRANKROO*S*T:5tA

fj«l O* KTIir.l IMM1VIF»»

• [r:',;..,'HMÍw'i„ £0117/1

CARGO

n= = ;Tr DF MK~..FOD? 'O/ACOO—r.Ho.ôc.*:*

szrc".t oz cem *o nc rc$s>ac

CcH>— jí PLANr.lAAtCí-C E F WIÇAS

"iO?rrfiEr!Cr,n»-i«;ic

3=R£VTE CEPÍS-GPAG_AÇA0

íÇnLslcrítílts^iAo

r,~i\rt-.xr inmn.-n

SUPERVWWC'

CPF.MF Nfi

*3»7- ' fOl -S*

*C0 IC7ÍO'«

<£\.U7UT4-

371J-3T72W

837 1C41S'-73

0WIB6»! >•>

ia, lu dePALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS, em

tràxk) da 2011. 123* da República.

MARCONI FERREIRA PERILLO JÚNIOR

Pag. 46/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, !V|ims{crin públjroGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estaij0 ,je GojáS

///|\jCARLOS KEUCUMAfl V1F1RA

Para piorar, somente após a transferência dos recursos do convênio para aFUNCER é que foi acostado aos autos n° 201000020018282 uma via do convênio assinadapelo então Reitor da UEG, Luiz Arantes, pelo à época representante legal da FUNCER,Adair Meira, e inusitadamente pelo próprio promotor de Justiça Marcelo Henrique.j3 Comoúnica testemunha do referido negócio jurídico, o denunciado Francisco Afonso, à épocagerente de contratos e convênios da UEG, assinou o documento (fl. 206 do PIC n° 02/2016 -PGJ).

Por dedução lógica, se o parecer jurídico - assinado pelo denunciado CarlosNeuclimar - foi confeccionado após a transferência dos recursos para a FUNCER, o termo doconvênio, que só poderia ser assinado após a emissão de um parecer jurídico favorável,também só foi firmado após consolidação do desvio dos recursos da UEG, isto é, somente noano de 2011.

Diferentemente do que constava na minuta (não assinada) do termo de convênio,constante às fls. 17-22, do procedimento n° 201000020018282, que previa a assinaturatambém do Governador de Estado, no termo de convênio assinado, o referido campo foisuprimido e o então Governador Alcides Rodrigues não assinou o documento. Em verdade,nenhuma autoridade assinou o convênio em nome do Estado de Goiás (ti. 209-anexo X doPIC n° 002/2016-PGJ):

33 Nem é preciso ressaltar o quão estranho é o fato de um promotor de Justiça assinar um convênio entre dois entes estranhosao Ministério Público. Para piorar, em seu interrogatório, prestado ao Ministério Público, o denunciado Marcelo Henrique dosSantos declarou que nem sequer havia analisado o procedimento do convênio, nem mesmo sabia o que concretamente seriafeito com os recursos do convênio, vejamos:

"(...) que o interrogando não chegou a analisar o processo existente na UEG relativo ao convênio celebrado entre UEGe FUNCER/FUNSER: que concretamente não sabe indicar gual era a justificativa ou a finalidade do emprego do valorde 15 (guinze) milhões de reais no convênio gue foi firmado entre UEG e FUNCER/FUNSER: gue não pode apontaratividades concretas que seriam realizadas, primeiro porque não teve acesso ao processo do convênio, segundo, pornão ter conhecimento técnico suficiente para análise e, terceiro, porque isso era um assunto de gestão e governançanão afeta ao Ministério Público; (...); que o interrogando não sabia da existência do recurso antes/durante a intervenção; queapós a intervenção, o interrogando soube da disponibilidade do recurso, por meio de ADAIR; (...); que, à época, aFUNCER/FUNSER não possuía expertise para a realização do programa, porém contrataria pessoas, profissionais capacitados,aquisição de equipamentos; que os regimes são burocráticos e, que as fundações de apoio existem para fomento; que oprojeto começaria a ser desenvolvido e que a própria universidade apoiada indicaria para a comissão/equipes quais os locaisestratégicos, as base; que o plano de trabalho não foi feito porque o planejamento seria realizado posteriormente pelauniversidade e obedecendo o interesse da apoiada; (...); que não se recorda a data exata na qual o termo de convênio foilevado para a coleta de assinatura do interrogando; que o convênio foi assinado antes do fim do mandato do então governadorALCIDES; que não tinha conhecimento quando da assinatura do convênio que o valor já havia sido repassado para aFUNCER/FUNSER; (...)" (Interrogatório Marcelo Henrique dos Santos, realizado no Ministério Público, no dia 24/02/2017, fls.2433/2440).

Pag. 47/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, TT-^TT^ a, • ,•o - r- m J^ oro^ ; i A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

titW

E por estarem assim justas e acordadas, foi lavrado o presente Termo de Convênio,em 04 (quatro) vias de igual teor c forma que. lido e achado conforme pelasparticipes, vai por elas assinado, para que produza Iodos os efeitos de direito, napresença das testemunhas abaixo identificadas.

Anápolis, .2 9 de dezembro de 2010.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DEGOIÁS -UEGLuiz Antônio Arantes

Reitor

ERSITKRIA do ceiFUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO CERRADO ! I í i R

Adair Antônio de Freitas Meira

Representante Legal

Ú9' PROMOTORIA DE JUSTBCA l1>A}fííMARCADE ANÁPOLIS-GO

Marcelo Henrique dos Santos

Promotor Curador de Fundações de Direito Privado c Associações Beneficentes

2)«~ Xpuvy3oSTOtpflfegôptTBa.w

TESTEMUNHAS:

D

Nome:

CPF:

Nome: fyvt%v(<c^ /2£b/u££? fr-fT^^-xJ

rrrNCEA Au Piol Rcbtí-toMímge. ><> VHd • i-V i I ••-..!..<. <!.. : ^r.-Cl- f.piS.|p •.•..•..-.• Ii.r-: C"Qrq I» mi

Digno de nota, ainda, que a publicação do extrato do convênio só foi determinadano dia 12 de janeiro de 2011, isto é, após a transferência dos recursos (tis. 231 e 237-anexo Xdo PIC n° 002/2016-PGJ):

AUTORIZAÇÃO 005/2011/GERAI-IC

Da: Gerência de Contratos e Convênios Acadêmicos

Para: Diário Oficial do Estado de Goiás*

#

Pag. 48/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, MinistPrio [>ul3ííooGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] dQ Estado de GoiáS

///|\Autorizamos a publicação do Extrato de Convênio celebrado entre a UEG e a

FUNCER. na próxima edição do Diário Oficial do Estado de Goiás, conforme documentos em

anexo.

Anápolis. 12 de janeiro de 2010.

Erancisvo Afonso de Paulo(irrcnlf di Cnnlrali* r <i>mrniu\ Aradfmícii

v UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS• GeScAFjc Autarquia Estadual, criada pela Lei n° 16.272/08.

V CNPJ: 01.112.580/0001-71

GERÊNCIA DECONTRATOS F. CONVÊNIOS ACADÊMICOS

EXTRATO DE CONVÊNIO

Processo rV 201000020018282

Objeto Original: Estabelecer a parceria entre a UEG e a FUNCER naexecuçãodo PROGRAMA ESTADUAL DEFORMAÇÃO E CAPACITAÇÃOEM SOFTWARE LIVRE.

Partes: Univorsoade Estadual oe Goias - UEG. CN^J n.01 112.580/0001-71 e a FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO CERRADO -=UNCcR CNRJ n. 03.652 447:0001-33

Valor Global: RS 15 000 000,00 (quinze mi.hôcs de reais)Valor do Repasse: R$ 13 500000,00 (treze mihões e quinhentos mireais) que a UEG lrans'enra a FUNCERData de Assinatura da modificação: 29/12/2010Vigência: Inicio - 29/12/2010- ; Fim - 28/12/2011Sujeição a Legislação Vigente: Le' n' 16 920/10 e. no que couber, a Lein° 8666/93 e suas alterações pôster ores

Gerência do Contratos e Convênios Acadêmicos. 12 de janeiro de2011.

Francisco Afonsrfdo^PauloGerente de Contratos o Convênios Acadêmicos

<0"&

Diante desse estado de coisas, a Superintendência de Controle Interno - SEFAZ(antigo nome da Controladoria-Geral do Estado) expediu o já citado Memorando n°079/2010-IFCON/GEAP/SCI, bem como o ofício n° 08/2011-SCI e, posteriormente, oRelatório n° 1/2011-SCI-CGE (fl. 79-94 do PIC n° 002/2016-PGJ), de 11 de fevereiro de 2011,todos determinando a suspensão da execução do convênio e, no caso do último documento,recomendando à Reitoria da UEG que solicitasse à FUNCER a suspensão cautelar de toda amovimentação financeira dos recursos relativos ao mencionado convênio.

Somente após a consumação do desvio dos recursos da UEG para a FUNCER éque o denunciado Luiz Arantes, no intuito de despistar a sua participação no esquemacriminosa, bem como de se eximir de qualquer responsabilização, deu formalmente, atravésdo Ofício/Gab n° 079/2011, conhecimento do disposto no Ofício n° 08/2011-SCI aodenunciado Adair Meira. O ofício foi recebido, no dia 10 de fevereiro de 2011, pelo própriodenunciado Adair Meira, vejamos (fl. 240-anexo X do PIC n° 002/2016-PGJ):

Pag. 49/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, .,....„ Dl-lh,ipn~ - • r- oo o^o nm- i -i A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

///IN

• mur.aerciuu

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁSBR I53 Quadra Área Km 99- Campus - Anápolis - GO

CEP 75 132 903

Fone fax: (62)3328-1179 (ínMnctc da Reitoria

Ofício/Gab N° 079/11 Anápolis, 09 de fevereiro de 2011.

Ao Senhor

ADAIR ANTÔNIO DF. FREI IAS MEIRAInterventor

Fundação Universitária do Cerrado - FUNCERAnápolis-CiO

- t

'..wntRA'1'- \

Senhor Interventor,

Informamos a VossaSenhoria que em atendimento ao Oficio nr- 008/2011 da

Superintendência de Controle Interno, o qual segue anexo para conhecimento,

suspendemos temporariamente a execução do Convênio celebrado no dia 29 de dezembro

de 2010. o qual tem por objeto a execução do Programa Estadual de Formação e

Capacitação em Software Livre.

Oportuno esclarecer que a suspensão do presente instrumento ocorrerá até a

conclusão das atividades de auditoria realizada no Convênio em questão.

Colhemos o ensejo para reiterar votos de estiina e consideração.

Atenciosamente.

âtíProf. Luiz Antônio An

Assinatura do investigado Adair

Antônio de Freitas Meira

Posteriormente, a Controladoria-Geral do Estado - CGE emitiu o Relatório n.°02/2011-SCI-CGE, recomendando a anulação do malsinado convênio por considerar aexistência de "vício de origem na formalização do procedimento e na execução orçamentáriae financeira, em descumprimento aos ditames da Lei Estadual n° 16.920/2010; Lei n.°8.666/93, Instrução Normativa n.° 01/97-STN e Portaria Interministerial MP/MPF/MCT n.°127/2008" (fl. 101-5 do PIC n° 002/2016-PGJ).

Entre as críticas apresentada pela CGE, vale destacar as seguintes: que a despeitodas recomendações da CGE, que sugeriam rompimento das relações contratuais, conveniais e jparcerias entre UEG e FUNCER, a Universidade optou por realizar o convênio com a referidaFundação; em que pese a recomendação para a suspensão de pagamento da avença, a

Pag. 50/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JJJTnistériõ Público fjGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d0 gg^ado de Goiás

transferência de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) ocorreu mesmo assim, "no dia30.12.2010, às 21h00min"; a inconsistência no Termo de Convênio, o qual não mencionavavedações de aplicação dos recursos financeiros ou mesmo a obrigatoriedade da aplicação dossaldos dos recursos financeiros em cadernetas de poupança de instituição financeira oficial; aRealização de deduções financeiras injustificadas e em desacordo com o Plano de Trabalho,de valor creditado na conta específica do convênio na Caixa Econômica Federal; o Termo deConvênio não especificava o prazo para prestação de contas ou sua periodicidade, bem comonão determinava as condições para a liberação dos recursos da avença e, ainda, não justificavaa necessidade do aporte inicial, em parcela única, no valor de R$ 12.500.000,00 (doze milhõese quinhentos mil reais); irregularidades diversas na elaboração do Plano de Trabalho; oconvênio foi utilizado parar burlar licitação, uma vez que desnecessário para ocumprimento do objetivo do programa a participação de intermediários ou terceirospara auxiliar a UEG em procedimentos que são de sua inteira responsabilidade ecompetência.34

Enfim, nenhum serviço foi prestado pela FUNCER e o dinheiro simplesmente foidesviado, ocultado e apropriado pelos membros da organização criminosa.35 A nova gestãoestadual, que assumiu o poder no ano de 2011, passou então a fazer gestões e reuniõesvisando a devolução do dinheiro. No entanto, a FUNCER, a 9a Promotoria de Justiça,representada pelo denunciado Marcelo Henrique, e o então reitor da UEG, Luiz Arantes, pormotivos óbvios, se opuseram a devolução do numerário aos cofres públicos.36

Na seqüência, o denunciado Marcelo Henrique, em vez, de desempenhar suafunção de promotor de Justiça e exigir a devolução dos recursos à UEG, aceitou as ofertas devantagens indevidas feitas por Adair Meira, consistente no pagamento de três passagensinternacionais, de ida e volta, na classe executiva, de três seguros viagem internacional e de

///I\

34 A auditora Cristina Tamiko Nakano, quando ouvida no Ministério Público, no dia 29/11/2016, relatou as principais ilegalidadese irregularidades detectadas pela auditoria da CGE no convênio firmado entre UEG e FUNCER:

"(...); Que a CGE identificou as seguintes irregularidades no convênio: 1) não manteve o recurso na conta especifica doconvênio, 2) no termo de convênio não fazia menção às vedações de aplicação dos recursos financeiros e da obrigatoriedadede aplicação do saldo em caderneta de poupança, 3) diferenças de valores que foram descontados da conta sem justificativa, 4)descumprimento de dispositivos da Lei Estadual 16.920/10, 5) não informada a justificativa da quantia transferida, 6) omissãode cláusulas essenciais e obrigatórias para formalização de convênio, 7) termo de convênio não especificou prazo paraprestação de contas, bem como a sua periodicidade 8) termo de convênio não especificou as condições para liberação dosrecursos 9) justificativapara necessidade do aporte inicial, 10) não observância da necessidade de realização de licitação, 11)que o objeto do convênio previa atividades as quais a própria UEG poderia desempenhar sem a necessidade de interpostasentidades; (...)"

35 Os próprios denunciados Adair Meira, Lívia Baylão e Antônio Fernandes, quando interrogados, confirmaram a nãorealização de qualquer tipo de serviço pela FUNCER:

"(...); que a FUNCER não chegou a formalizar nenhum desses contratos; que não foi feita nenhuma despesa relativa a esseconvênio;" (...) (Interrogatório de ADAIR ANTÔNIO DE FREITAS MEIRA, no dia 02/12/2016, fls. 1775/1781)

"(...); que a FUNCER não realizou qualquer providência tendente à execução do objeto do convênio;" (Interrogatório de LÍVIABAYLÃO DE MORAIS, realizado no dia 07/12/2016, fls. 1865/1869)

"(...) Que não foi feita nenhuma despesa referente ao convênio do software livre entre a UEG e a FUNCER/FUNSER; (...);"(Interrogatório de ANTÔNIO FERNANDES JÚNIOR, nodia 30/11/2016)

36 O próprio denunciado Adair Meira confessou que, logo no início de 2011, o novo Secretário de Finanças lhe solicitou adevolução do dinheiro, vejamos:

(...) "que após mudança do governo ALCIDES para governo MARCONI, com a assunção do secretário JOSÉ CARLOSSIQUEIRA houve uma reunião em que se exigiu a restituição do dinheiro; que essa reunião ocorreu em janeiro ou fevereiro de2011, ou seja, logo nos primeiros meses do novo governo;" (...) (Interrogatório ADAIR ANTÔNIO DE FREITAS MEIRA,realizado no dia 02/12/2016, fls. 1775/1781)

Pag. 51/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

Ministério Público |do Estado de Goiás |

hospedagem em hotel na cidade de Lisboa/Portugal, sendo que só as passagens da famíliacustaram à época RS 22.674,72 (vinte e dois mil seiscentos e setenta e quatro reais e setenta edois centavos).

De fato, apurou-se que, mesmo após o desvio da vultosa quantia, o denunciadoMarcelo Henrique viajou para Europa, mais precisamente para Lisboa, com sua mulher,Cristina de Carvalho Claudino, e sua filha, Mariane Claudino Santos, a fim de participar deum seminário, tudo pago pelo denunciado Adair Meira, através da RENAPSI, entidadecriada e presidida por Adair Meira, que recebeu parte do dinheiro desviado da UEG.

A mando de Adair Meira, Waléria Wenceslau, à época secretária da FundaçãoPró-Cerrado - FPC, providenciou as passagens, os seguros viagem e o hotel para MarceloHenrique, Cristina de Carvalho Claudino, Mariane Claudino Santos, Lívia Baylão, RenataMartin Miceli Meira e Adair Meira.37

Antes de viajar, Marcelo Henrique confessou para ao investigado Joseval dosReis já ter ciência em relação ao desfalque do dinheiro da UEG. Marcelo teria inclusiverevelado que a FUNCER já estaria planejando forjar uma nova destinação pública para odinheiro desviado38.

A Polícia Federal foi oficiada e confirmou a viagem em conjunto do referidogrupo (fls. 1.950/1.951-vol. 10 do PIC n° 002/2016-PGJ):

37 Ouvida no Ministério Público, a testemunha Waléria Wenceslau confirmou ter adquirido, à época exerceu a função desecretária da Fundação Pró-cerrado, as passagens, as inscrições para o congresso, os seguros viagem e o hotel para osdenunciados Marcelo Henrique dos Santos, Cristina de Carvalho Claudino, Mariane Claudino Santos, Lívia Baylão de Morais eRenata Martin Miceli Meira e Adair Antônio de Freitas Meira, tudo às expensas deste último. Vejamos partes do depoimentoprestado:

(...); Que em fevereiro, março ou abril a FPC foi convidada para participar de um evento na cidade de Lisboa; Que nesseperíodo, não sabe informar o porquê, o Sr. Adair estava sem secretária e, por isso, a depoente prestou auxilio na questão daviagem a Lisboa; Que a mando de Adair a depoente comprou, inicialmente, as passagens, o hotel, traslado e as inscrições parao evento para as seguintes pessoas: Adair e Lívia Baylão; Que, logo depois, Adair Meira determinou à depoente que tambémprovidenciasse as passagens, o hotel, traslado e as inscrições para o mesmo evento para o Dr. Marcelo Henrique Santos,Promotor de Justiça de Anápolis, bem como para a sua filha e esposa; Que acredita que também participou da viagem aesposa do Sr. Adair Meira, a Sra. Renata; Que acredita ter repassado todas as informações, por e-mail, ao Dr. Marcelo; Queacredita ter adquirido também seguro viagem aos referidos viajantes; Que, na verdade, a secretária de Adair Meira sempre foi aSra. Claudia Porto; Que o Sr. Adair só possuía uma secretaria que era a Sra. Claudia Porto; Que não sabe informar o contatotelefônico nem o endereço da Sra. Claudia Porto; Que a referida viagem para Lisboa durou cerca de uma semana; Que quemescolheu o hotel para as referidas pessoas foi a própria depoente, no entanto, não se recorda se foi o hotel do evento ou umoutro hotel; (...) (depoimento da testemunha WALÉRIA SANTOS WENCESLAU, prestado no dia 02 de dezembro do ano de2016, às 10:59 horas, fls. 2166/2167)

38 Vejamos o seguinte trecho do interrogatório de Joseval Reis:

(...); que no primeiro trimestre de 2011, o Dr. Marcelo Henrique relatou ao interrogando que a CGE havia feito um bloqueio doreferido recurso e teria recomendado a devolução de eventuais quantias transferidas; que essa conversa ocorreu no mês defevereiro ou março de 2011; que segundo o Dr. Marcelo a FUNCER estaria articulando para que o dinheiro fosse empregadoem atividades de tratamento de dependentes químicos e reforma da estrutura física da UEG; (...)" (Interrogatório JOSEVALDOS REIS BRITO prestado no Ministério Público, no dia 1°/12/2016, fls. 1759/1761)

Pag. 52/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Ministerio Pu]líjcoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estado de GojáS

SERVIÇ O PÚBLICOFEDERALMJ - POLÍCIA FEDERAL

NÚCLEO DE INTELIGÊNCIA POLICIAL - N1PSR PF GONão informado.. Goiânia GO. CEP 00000-000

Telefone: - http. W.r.vpf.govbr

Oficio n° 10002 2016-NTP SR PF GO

///|\

Goiânia. 05 de dezembro de 2016.

A Suas Excelências os Senhores

MÁRIO HENRIQUE C. CAIXETAe JUAN BORGES DE ABREVPromotores de JustiçaMinistério Publico do Estado de Goiás

Goiânia GO

Assuuto: Encaminha Informações

Referência: Oficio n. 1233 2016 - GAEC O (PIC n. 02.2016 - PGJ)Caso responda este Oficio, indicar expressamente o Processo u° 0S295.30-T5S 2016-33

Senhores Promotores de Justiça.

Cumprimentando-os cordialmente, em atendimento ao Oficio n. 1233 2016 - GAECO.encammho as inforaiaçòes requisitadas, na forma da tabela abaixo:

PassageiroSaida - Aeroporto - Voo -

Companhia Aérea

Entrada - Aeroporto - \ oo -C ompanhia Aérea

Marcelo Henrique dos Santos21 05 2011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP0170PRT - TAP Pomigal

2S05 2011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP4175 PRT - TAP Pomigal

Cristina de Carvalho Claudmo

Santos

21 052011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP0170PRT - TAP Pomigal

2S 05 2011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP4175'PRT - TAP Pomigal

i

Mariane Claudmo Santos

21 05 2011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP0170 PRT - TA? Portugal

2S05 2011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP4175 PRT - TAP Pomigal

Lívia Baylão de Morais21 05 2011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP0170PRT - TAP Pomigal

2S 05 2011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP4175/PRT - TAP Pomigal

Adair Antônio de Freitas Meira

21 05 2011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP0170PRT - TAP Pomigal

2605 2011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP0173 PRT - TAP Pomigal

Renata Martin Miceli Meira

21 05'2011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP0170PRT - TAP Pomigal

2605 '2011 - Aeroporto JK Brasília

Voo TP0173 PRT - TAP Pomigal

Pag. 53/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

éiilMinistério Publico B

do Estado de Goiás |

seüal

Atenciosamente.

ROMVLO TEIXEIRA CAVALCANTE

Delegado de Policia FederalChefedoNTPSRPFGO

Representante Regional da INTERPOL

Documento assinado eletronicamente por ROMULO TEIXEIRA CAVALCANTE, Delegado(a) dePolícia Federal, em 05/12/2016, às 17:16, conforme horário oficial de Brasília, com fundamentono art 69, § 19, do Decreto ne 8.539, de S de outubro de 2015.

Aautenticidade deste documento pode ser conferida no site http://sei.dpt.gov.br/sei/confciadoi externo.php?acao=documento conferir&id orgao acesso externo=0,

informandoo códigoverificador 0938722e o códigoCRC D3DF0CE1.

\

Na seqüência, a empresa aérea TAP também foi oficiada e confirmou o embarqueconjunto dos denunciados, vejamos (fls.1.968/1.951-vol. 10 do PIC n° 002/2016-PGJ):

:i i

<

:

TAPPORTUGAL

São Paulo, 15 ele dezembro de 2016

À PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA - PGJ

GRUPO DF ATUAÇÃO ESPECIALDE COMBATE AO CRIMEORGANIZADO - GAECO

RUA 23, ESQUINA COM A AV. JOSÉ SCDDA, QND.06, LTS.15/25, SALA 327

JARDIM GOIÁS, GOIÂNIA/GO

CEP: 74.805-100

ASSUNTO: OFÍCIO N° 1242/2016-GAECOREE : PIC n. 02/2016-PGJ

Ilustríssimos Srs. Drs. Promotores Walter T. Linzmaycr Otsultn e Juan Borges de Abreu

Em atenção ao OFÍCIO N° 1242/201G-GAECO, A TAP informa que os passageiros estavam nos voesmencionados no ofício.

Todos os passageiros estavam em -lasse executiva, com passagens adquiridas pela GAP NET viagens ETURISMO LTDA, e os valorespagos pelosbilhetes, bemcomo a forma cc pagamento,seguem na tabela abano:

PASSAGEIRO N° BILHETE VALOR PAGO FORMA DE PAGAMENTO MEIO DE AQUISIÇÃO

ADAR MEIRA 047-28420620C2 R5 8.003,48 CC VISA

TURISMO LIDA

RENATA MEIRA 047-2642001797 Ri 8.582,46 DINHEIRO GAP NET VIAGENS E

IUR1SMO LIDA

LIVIA MORAIS C:7-2!M2062001 Ri 7.55B.24 DINHI IRO GAP NET VIAGENS V

TURISMO LTDA

MARIANE SANTOS 047-28'12062000 k: 7.558,24 DINHEIRO GAP NET VIAGENS E

TURISMO LTDA

Cl'.:SI [NA SANTOS 047-2842001799 RS 7.558,24 DINHEIRO GAP NET VIAGENS E

TURISMO LTDA

MARCELO 5ANT05 047-2842001798 R$7.558,24 DINHEIRO GAP NET VIAGENS E

TURISMO LTDA

Cumpre informarque todos os documentos referentes aos valores pagos, bem como a ferma de pagamento eoutras informações, encontram-se em anexo.

Pag. 54/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, „,.,. . _......r> «- i r- »„ J„ „c„, i ti A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

tttwSendo o que se cumpria para n rromento, aproveitamos esta oportunidade para enviar os melhores

cumprimentos e subscrevemo-nos.

*ft\* Seção <Jb ProtocoloAutos Aamimslralivoj 201G00549139

Procedimento de GMtia Adironiflralrva

"raocclr.' E.pertçJo

Envo(vido(»i "ao nalugai iinieresMci

18/12/2018 • 11 51

A empresa TAP encaminhou, outrossim, os extratos das reservas das passagensque, por sua vez, confirmaram que todas elas foram adquiridas no dia 02 de maio de 2011, pormeio da consolidadora (empresa que intermedia a venda de passagens aéreas das companhiasaéreas para as operadoras e agências de viagens) GAP NET VIAGENS E TURISMO LTDA,vejamos (fls. 1.969/1.976-vol. 10 do PIC n° 002/2016-PGJ):

l'9'èiGabriel Pereira Bacchin /

From: Roberto Neubern Choueke

Sent: quinta-feira. 15 de dezembro de 2016 12:23To: Gabnel Pereiro Bacchin

Ce: Bruna Ambrósio Chimenti

Subject: FW: OFÍCIO 1242-201&-GALCO ; PROCURADORIA GERAI. DE JUSTIÇAAttachments: OFICiO PROCURADORIA GERAL - TAP.pdf

Gabriel,

Bilhetes emitidos pelo iata :

PV 0F1 ICE PROFILE

AMADEUS DFFICE tü - SYNB2212M AMID - 116352

:ía'::c:;al system office id - IA/GYNB2212M

OFFICE IDENTIFICATION

CIN*IATA NUMBEF - 5751&963 - PRIKARYeco- :al.l center ...•:• i :e - kõ

:. .:•• • - GA1 ':: NS SM -••-••AD1'ADDRESS ] - 1MM .... . :

AD2*ADDR£SS J - CE! : LU5-AD3*CTTY ::A::r - ' ;::;•

CRP*C0RP0RA7E IMPLANT- •• •'- - -\ :N1CTK-COUNTRY NAME - BRAZIL

pho*phon: i r:m-\f'.y -_:i-.'ü .2; ir:-:PH2*PKONE SECONDARY - ::• NE

FAX-FAX PRIMARY - MONE

FA2'FAX SECONDARY - MONE

EML*EMAIL ADDRESS - •

OOH*OPENING KOURS " - VA'.): OPEN ALL DAYT(2) : 01 EN ALL DAY

)>

') primeiro foi pago com cartão visa , e os demais bilhtes com pagamento cash

Att.

Roberta Choueke

Gerente Central de vendas | Brasil

Sales Center Managor | Brazil

E-mail: rchouekeffitaD.Dt

Tel:+55 11 21311265

Passageiros: 03CO-21060GO

Agentes de Viagens: 0300-2107070

Pag. 55/120

Procuradoria-GeraldeJustiça-PGJGrupodeAtuaçãoEspecialdeCombateaoCrimeOrganizado-GAECO

Rua23,esq.c7FuedJoséSebba,Qd.A06,Lts.15/25,JardimGoiás,salan°327,Goiânia,Fone:62-3243-8581/e-mail:[email protected]

MinistérioPúblicoIdoEstadodeGoiás|

D2HAY11

'::-.--.*•:.—.''-.

0:"A.;i

"-"EfíATA».'R5

D2MAV11

MORAISl•••-••I•

•Z3T-3E2S:-L

---•:--..-.-T^TT^TT-,3

,-••.•.••-*:.i":'nv..G.y.t.-vr.'.:•

:•!•-•:••-

:'.'•:-:•-;•:•:••••

muaomr!Clc*OU4;

I'

1 lt:-

F

1í::'i!

._.-.:..*::U:C:H.rciC;-f«'t ••:-....

!

"•.«-c.-t

v--130Q•*|<oc!

.....| -"111'•••

|ÍI0M>hntftic3Mr'a»-,.<u«,£.-.-..tS*r

n™^-)

f•,.--•-.-.•

-•••--.-.-.::.ri'i•..2]

•Inu«ii-•••..-....

••-.••••riy<r.-Cm»I»".'.'•-•:..i.•:.-:••-•,,..,-WifeA

r.iit.!•-••.

:;itnc<-

ao

.•I••.-.'•

rrr«rr.:.::;••.•rrpr|•««

•>••••;»••!-»—ri-1

13r-r..•.••

o-'•'••.

ti!rr-i.•-l..::•..••.'••>

f=t

l-T

:v.

i-oi»!/'•

—3

J

li177^t:,.:.•17IÍÍTFTTJTTc.•••

Pag.56/120

Procuradoria-GeraldeJustiça-PGJGrupodeAtuaçãoEspecialdeCombateaoCrimeOrganizado-GAECO

Rua23,esq.dFuedJoséSebba,Qd.A06,Lts.15/25,JardimGoiás,salan°327,ST^EÜdÃmi*.o-•i-„0n^ocoH;iAuMinistérioPublicoGoiânia,Fone:62-3243-8581/e-mail:[email protected]^EstadodeGoiás

///

.•••-•n

>.au-Q^V~z.>::í•

;•.-'-n

•;.-'.TC^"CR:'•.-'••

.

;.•.•.:;.£*'..i::í.0UR

mtXUl-PvrgeFac&Wb_I_2L

ItfcP.-A'POCTVOAt,

10r~r

:.•ti:.:

.^••''mrr-irr™?-

TA».r*PfomvOAi

I•:.-..-»v-v•i

:ji::;x:::•;:31

..-••'.!..,.•

tiivinv•

||-••:.'|aso!•I

••••<-13

J

II—:rlH

:;»i>ic:.«í.'.ii:;v......i\:>::..-•..

i'.i.j'.H.-in-T

"cwcMtgcneiaa-iirn-•..-.••

ST|fã*»|=<:p15"I""*

-Il_*J

|W.WtC".i»l100»u>Am".li;*:

J'MtlHllldoai

J"":

:-.;..--•..

1::•.,.,.:.:',;1

_JCssrj•1J

«":-.•::.-

0CKK^

'

fcrtCod••

I-i-I-í

Pag.57/120

:•••:•;•.•-,.

h

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JvíTfíístério PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] dQ Estado de Goiãs

///i\

Conforme apurado, a GAP NET, na condição de empresa consolidadora, apenasintermediou a venda das referidas passagens aéreas para a operadora de turismo VIAGGIARETOUR OPERATOR.39 Inclusive, o cartão de crédito informado, especificamente, na comprada passagem aérea de Adair Meira era de propriedade do sócio administrador, à época, daempresa VIAGGIARE, Sr. Rogério Vaz Fagundes Nascimento (CPF n° 516.456.021-68),conforme informado pelo próprio Banco Itaú Unibanco S.A, vejamos (fl. 2.327-vol. 11 doPIC n° 002/2016-PGJ):

Ilustrissimo(a) Senhor(a):

Ref.: Oficio n° 081/2017-GAECO, datado de 08/02/2017.PIC n° 02/2016-PGJ

Reportamo-nos aos termos contidos no expediente em referência,mediante o qual Vossa Excelência requisita a esta Instituição que informe a titularidadedo cartão de crédito da bandeira visa n° 4075050140494540, código de verificação 6867.

39 Vejamos os depoimentos dos funcionários e ex-funcionários da GAP NET e da VIAGGIRARE que confirmam a triangulaçãona compra das passagens da companhia aérea TAP:

"Que a depoente já trabalhou na empresa VIAGGIARE TourOperator (CNPJ 07.875.525/0001-10)do ano de 2008 ao ano de2013; (...); Que realmente a VIAGGIARE comprava passagens aéreas da consolidadora GAP NET; Que se recorda da viagemrealizada pelo senhor ADAIR e um grupo de pessoas, em maio de 2011, para a cidade de LISBOA; Que se recorda que foiJOYCE quem fez a referida venda; (...) Que se recorda que JOYCE adquiriu as passagens através da GAP NET e que, emvirtude do alto valor das passagens, a Sra. CLAUDIA NISHI teve que alterar o limite de crédito para compras de passagensaéreas da VIAGGIARE com a GAP NET; (...) Que no caso da referida compra sabe informar que o pagamento para aVIAGGIARE foi realizado à vista por uma das empresa Adair; (...) Que acredita que o cartão de crédito n° 4075 0501 40494540 (cód. de autorização 006867), constante "tkts" às fl. 1.971 do PIC n° 02/2016 - PGJ, fosse de um donos da VIAGGIARE.do Helton ou do Rogério; Que era muito comum na VIAGGIARE ocorrer o pagamento à vista pelo cliente de alguma passageme na seqüência, um dos proprietários, passar o seu próprio cartão de crédito para angariar pontos ou milhas ou gerar um maiorvolume e caixa;" (Depoimento prestado pela testemunha CAROLINA MODESTO DOAMARAL, no dia 20/01/2017)

"Que a depoente já trabalhou na empresa ViaggiareTourOperator (CNPJ 07.875.525/0001-10)de fevereiro do ano de 2011 atéagosto de 2012; Que já conhecia Adair, pois "cresceu com as filhasdele"; (Primeiro depoimento da testemunha JOYCE ALVESCOELHO DA COSTA)"(...) Que se recorda das compras das passagens para LISBOA, no ano de 2011. inclusive, que o hotel reservado foi um cincoestrelas; Que, no entanto, não se recorda ao certo o nome do referido hotel; Que, pelo que se lembra, Adair sempre pagava aVIAGGIARE por meio de cheques ou transferências bancárias; Que as passagens aéreas realmente foram compradas atravésda GAP NET, com recebimento por meio da VIAGGIARE e posterior repasse desta para a GAP NET; (...)" (Segundodepoimento da testemunha JOYCE ALVES COELHO DA COSTA, prestado no dia 17/01/2017)

"Que o depoente trabalhou na empresa VIAGGIARE VIAGENS E TURISMO LTDA de setembro de 2006 a junho de 2012; ;Que a VIAGGIARE era considerada uma "operadora" no ramo de turismo e adquiria as passagens aéreas por meios dasempresas chamadas de "consolidadoras" (...) Que, quanto a viagem realizada pelo senhor ADAIR e um grupo de pessoas, emmaio de 2011, para a cidade de LISBOA, recorda-se, apenas, que as passagens aéreas foram adquiridas por meio da GAPNETe que houve a participação da "Claudinha" na compra das referidas passagens; Que "Claudinha" é, na verdade, a senhora"CLAUDIA NISHI" da GAP NET; (...) Que confirma que o cartão de crédito n° 4075 0501 4049 4540 (cód. de autorização006867), constante "tkts" às fl. 1.971 do PIC n° 02/2016 - PGJ, era realmente da VIAGGIARE; Que era muito comum naVIAGGIARE ocorrer o pagamento à vista pelo cliente de alguma passagem e na seqüência, um dos proprietários, passar o seupróprio cartão de crédito para angariar pontos ou milhas ou gerar um maior volume e caixa (tendo em vista que o pagamentodo cartão era parcelado ou com trinta dias e o cliente já havia pagado à vista);" (Depoimento prestado pela testemunhaDALVAIR ANTÔNIO DASILVA, no dia 19/01/2017);

"Que trabalha na empresa GAP NET VAGENS E TURISMO LTDA há dez anos; Que atualmente é gerente comercial da GAPNET em Goiânia/GO; Que em 2011 possuía o cargo de supervisora na referida empresa; Que a GAP NET é considerada uma"consolidadora" no ramo de turismo e até hoje só atende "agências" e "operadoras" de turismo no que tange a vendapassagens aéreas; (...) Que era muito comum ocorrer no ramo de turismo o pagamento à vista pelo cliente de alguma,passagem e na seqüência, um dos proprietários da respectiva "operadora" passar o seu próprio cartão de crédito para angariar/\pontos ou milhas; (...) Que Adair Meira era um passageiro habitual; Que as passagens de Adair eram sempre compradas pelai \VIAGGIARE que, por sua vez, adquiria as passagens da GAP NET; (...) Que não sabia quais eram as empresas que pagavam^--por essas viagens, pois os pagamentos eram feitos pela VIAGGIARE; (Depoimento prestado pela testemunha CLALjpi/>'SAORI NISHI no Ministério Público, no dia 18/01/2017)

/^

Pag. 58/120 Y

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

Ministério Público 3do Estado de Goiás E

Em atenção ao respeitoso oficio, cumpre-nos informar a VossaExcelência que localizamos os dados ora solicitados, conforme descrições abaixo:

-» ROGÉRIO VAZ FAGUNDES NASCIMENTO, CPF 516.456.021-68.

Sendo o que nos cumpre, aproveitamos a oportunidade paraapresentar a Vossa Excelência as nossas cordiais saudações.

Atenciosamente

ITAÚ UNIBANCO HOLDING S.A.

p.p. ***&CLAUDIA CARDOSO

OAB/SP n° 52.106

Às vésperas da viagem, a secretária Waléria providenciou até mesmo o seguroviagem para todos do grupo de Adair Meira. Vejamos os e-mails trocados entre odenunciado Marcelo Henrique e a secretária Waléria, no qual aquele informa os seus dados,de sua filha e de sua esposa para fins de emissão dos seguros viagem (fls. 59/60-anexo VII doPIC n° 002/2016-PGJ):

8°Fundaçóes da CPLP | Cascais - 25 de Maio

Waléria Wenceslau <'.valeria'.venceslau(5)fpc orq br>

T:

Thursday. 19 May 2011 11 51 32

mrienriQuesantos@hotmail com

Caro Dr. Marcelo,

Nesse email você recebe a versão final da programação do evento.Já confirmei a presença de todo o grupo no jantar de encerramento.

Abs,

Waléria Wenceslau

Assistente Executiva

Fundação Pró-Cerrado

From: CPF <cof(S>cof.org.pt>

Date: Tue. 17 May 201115:56:20 +0100

To: 'CPF' <[email protected]>

Subject: 8? Encontro de Fundações da CPLP | Cascais - 25de Maio

DE FUNDAÇÕESDA CPLP

MAIO 252011

ENTRO

ORTUGUÊS[ FUNDAÇÕES

>HlJ

Pag. 59/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, ... . .. . ........r* - ti- r-^ oò^o ornn / -i A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

///|\From: "Joyce Coelho \\\\ VIAGGIARE TOUR OPERATOR" <|oyce.coelho(S)viagEiare.com.br>Date: Thu. 19 May 201114:02:25 -0300

To: waléria Wenceslau <walenav/ence;lauf3fnc.ore.br---

Subject: Seguro Viagem LISBOA //VIAGGIARE

Boa Tarde Walenaü

Segue orçamento abaixo do seguro viagem, que é exigido pelo pais por parte do tratado.rico no aguardo da confirmação para confirmar o serviço.Pavor mandar nomes completos, data de nascimento,endereço completo com CEP. RGe CPF e telefone de contato referente a cada passageiro.

FW: RES: Seguro Viagem LISBOA //VIAGGIARE

Waléria Wenceslau <walenawencesiauiS>fpc org br>

Frida,\ 20 Ma, 201109 00 53

mhenriQ.ues3nto5!S>hotmail com

INÍCIODACOBERTURA TÉRMINODACOBERTURA SUPER

21/05/2011 28/05/2011 USS 75.00

BUDGET

USS 50,00

Olá Dr. Marcelo,

irei emitir os seguros para todos da viagem, como conversei com Adair. Por favor, me passe os seguintes dados seus. da sua esposa e da sua filha.Preciso com uma certa urgência para ter tempo hábil pro seguro.

Obrigada,

Waléria Wenceslau

Assistente Executiva

Fundação Pro-Cerrado

RE: RES: Seguro Viagem LISBOA //VIAGGIAREMarcelo Henrique dos Santos <mhennquesantosíâ)hotmaii com>

':

Frida/. 20 May 2011 10 59 59

•\,ilfrirv,\rnç---M-': "Ir" • " "

Cara Waléria,

Obrigado mais uma vez por sua presteza, seguem as informações solicitadas:

Marcelo Henrique dos Santos, CPF: 296215501-49; identidade: PGJ 303/92- Ministério Público; Nascimento:23-06-62;

Cristina de Caravalho Claudino Santos, CPF: 624340477-34; Identidade:4357963/SSP-G0; flascimento:09-05-60;

Mariane Claudino Santos, CPF: 027046971/08; Identidade:4357942-2; Nascimento:05-02-88;

Endereço: R. Senador Alfredo Masser, 401, Apto. 701-A, Edifício Cremona, Vila Santana, CEP: 75113-640;

Telefones de contatos: 62-33245926 e 9974-1374- Agostinho Vieira e Marlene Vieira.

J

Pag. 60/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

///l\Ministério Público

do Estado de Goiás

8°Fundações da CPLP | Cascais - 25 de Maio

Waléria Wenceslau <'.valeriawenceslauiS)fpc org br>

Senttime Friday.20May2011 12:53.18

Baylão - Advogada" <liYia(S>Dmm3dvociad3S com or> Marcelo Henrique dos Santos <mhenriques3ntos(5)hotm3il com>

Olá!

O seguro de viagem já está pronto de posse do Adairassim com as demais informações importantes para o evento.

Segue o último email recebido da organização do encontro.

Boa viagem e abraços a todos,

Waléria Wenceslau

Assistente Executiva

Fundação Pró-Cerrado

RE: 8oEncontro de Fundações da CPLP | Cascais - 25 de MaioMarceloHenrique dos Santos <mhennquesantos@hotmail com>

Fflday. 20 May 201123:41:01

'•'•'3l;ri3 Frocrrrãlo -.'..ilrri.i.VrncrSlsu^lr: •'•". t-

Waléria,

Mais umavez muito obrigado por tudo,vocêfoi fantástica em nossofavor na organização geral,sem seu apoio seriacomplicado encaminhar tudoda forma como se deu.

Deuste abençoe, valeu.

Abraços.

Marcelo Henrique

Conforme exposto, no e-mail do dia 20 de maio de 2011, enviado aosdenunciados Marcelo Henrique e Lívia Baylão, às 12:53:18 horas, Waléria foi muito claraao informar que tudo estava sendo providenciado pelo denunciado Adair Meira, inclusive,que o seguro viagem já estava pronto e "de posse de Adair, assim como as demaisinformações importantes para o evento". No e-mail anterior, enviado no mesmo dia, às09:00:58 horas, Waléria escreveu, inclusive: "irei emitir os seguros para todos da viagem,como conversei com Adair'". Não havia dúvidas que tudo estava sendo custeado por AdairMeira.

Oficiada, ainda, a empresa EASY SEGURO VIAGEM, que à época dos fatoschamava-se ISIS ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNACIONAL, esta confirmou, por seuturno, a aquisição dos seguros viagens pela empresa VIAGGIARE e encaminhou cópias dasrespectivas apólices em nome dos denunciados (fl. 1.954-vol. 10 do PIC n° 002/2016-PGJ):

Pag. 61/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued JoséSebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, salan° 327, Ministério PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estarj0 ^e Goiás

///

São Paulo, 12 de dezembro de 2016

Oficiou. 1234/2016- GAECO

Aos Ilustríssimos Senhores Promotores VValter e JuanGrupo deAtuação Especial deCombate aoCrime Organizado -GAECORua 23, esqcoma Av. Fued JoséSebba, Qd 06, Lts 15/25,Sala 327.Jardim Goiáis, Goiânia -CEP 74.805-100

Assunto: Resposta requisita informaçãoPIC n. 02/2016 - PGJ

Prezados Senhores

Informamos queaspessoas citadas compraram apenas EASY seguro viagem (antigo ISISassistência médica internacional) conosco comintermédio da agência Viaggiare Tour Operator.As apólices seguem anexas aessa carta. Aagência efetuou o pagamento via boleto para estaempresa, sendo assim não temos conhecimento emrelação à forma depagamento entrecliente c agência e de outrascompras que possam ter ocorrido.

Qualquer dúvida, estamos a disposição.

Atenciosamente

JoséCarlos Victor/Sergio Hauer Sa/itos JúniorPresidente , /

'jfSA

A quebra do sigilo bancário comprova a transferência do dinheiro, diretamente dacontata bancária da RENAPSI para a empresa de turismo VIAGGIARE, um dia após acompra das passagens aéreas, em valor compatível com o total das passagens, alémobviamente do lucro da referida empresa de turismo (fls. 132/133-anexo V do PIC n°002/2016-PGJ):

REDE NAC APREND PROM SOC E INTEG (investigado)

MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO DE GOIAS

///——i

Tllular|REDE NAC APREND PROM SOCE INTEG llnvesuflado)Bytx C-l*-ECC*KMCi F=C£RA:. IP &3-KO: 10-

Tço.

-bert

Erc«

Corta Corrente

FriMo. UV02V201S

5j.55lr.c-3l RS-tC 57173

OaaoFrv* RJ 3~ 2.18

RS 17:455.50374

RS Í4;=Í4I5 6«(ÍJ64'4:

EXTRATO DETALHADO - CASO 026-MPGO.000090-60Base pesquisada: Analise

CNPJ: 37.381.502 0001-25 Inicio Rei.: 21 00 1009 Fim Rei.

E.t-oto 15-oiofi RS 17; 190623 3S

idertrleaMs RS t.6.933 393-12 (8! J5Si

ftfcj IRSl PC CPf CNPJ II..-H.? B*"rfD?|K^

Pag.62/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

///l\

03/05/2011

03/05/2011

m/rw?ni 1

ir»:*•VM

270*11

:::••

aa::;;:<

:-:>-

I«4|7•M7n

•«!«......

IM1Í3

:'.-•

::• •

20!it

PAG FONE

ENVIO TED

nnr/TPn in.

: K3i'üKKie>

ma :

:*i~~ . " :;:<":::*•; KJTTT lAt WIX Cí 'C0U E OkWC•:::::: . :-::,::::::• fe;e\»c*pf£'.: «:v :: :£•.-=:•

«TKCC D :•:;;::::::• f=:e\í: *pfe'.~ ==:v:^cs iteo

•;: n

3.20 D

!X -

:k:;; C

•::::: ':•:;:::::•:: REOEHM :•.-. i==E'.r

:4:cc 0 12227704000110 MON ç* OUVftftA CW2C3C

• »!t n 0 •:::rro4«0!so u;-< CA OUVEM CitCOiC

:»soo cc

• :::x

- •:;•.:::::•:• fe:=w: -===•.: ==:v :::; :"-,

BM>:

!í'C- c

•'7!;cj c

SS44IS» c ::; ;::::::•:- = ..:-:-: -=: :e==.::

'ü:!K 9:•::::;: 0 :•:,;:;::::: =í:sm:4P=::C'==:v ::;e •.-=:•

224 CO•

:.!•':::::; •£TIT j- íve=ces: = uecc«:

303 00 0 :::•-:-:::;: U2"ie* w»c»=:íS5•:::: 0 I223J70M001M udHCAemtmACtmcito::::: 0 J3042JJJI7I1I! racho, dos ;4%7;3 a.ves

: .:::;: : :-:;•;•:::::•:! fede '^c ípsekj «cw :cc E Niea

V

;;c:k

• ÜIE!

•.:•::40; r

ÜOCCCC 0 t-57ü;!CX"0 I VIA30UflfVU3£

roa;;

;: cc: cc

!í!(C V

Ministério Público

do Estado de Goiás

•54 SM KCCCCÍirc

Mi J4SS 42200'04 1973 J0CC"í!»

•14 ií'! icc:-;-.;-

5i J4il 4220J

:. rs. ::•*•.:•—.

04 4 Ti; 3CC00'4T(7

54 4>; MCO0MTI7

:t: iccoc:ü!7

57! ::::--?•;;:-•

!4I tU 5-'ie!4

•i.i:í2Eti=it= :.-r : =

• ;%=í',: ve\-:.v.-: sro

-: ::=.::•-£•:

FfcAUOADETTWHSí CCC DEMT TfWNSr rti"

•-; :^~:,.r ve'.-: '.,:::~:

--: -i=E\; v:-.-: v=::-:

s-S^-ceç^CíjETO

»oto c€ s4.couet0

- i.4_:íce"»4i:; :•:•:•: :-

POTO CE 5iCO'jETC

UCMOMAOOEfJlOQUETãP370 CE 8iCOjé70

.:.:.:-: :ee.::.=-:

;:--::: e=:::

-: E" ::•.-- :

--- -^-e- : vi'.": :••: :•:

Císrrc :e convênioP07I :£ eiCWiSTC

-«.«•a.=E'.2:ve!.-:'u=:;--

7«|S4.(lEtOVENTC.lU»C370

. ..:•:-:::í.:..e:.

POTO DE BiOCETC.:. :i:í::ee.::.et:

OOCUWCHTOSXKK =e:',=E3* .;vu..i.PQT03 HVSS3SS

P!>T;3r>rvE=M3PATOSC .==:::

POTOIC .£=:::poros wversos

UOUBACAO CE 6'-C-3LíETO• :::.'•:•.-: c- :-e=e:'.'e=».

potss HVER303

797.59 D

59.000.00 D

7 ^n nVIAGGIARE VIAGENS E TURIMO LTDA

Digno de nota, que o denunciado Marcelo Henrique, sua esposa e sua filha nãoeram nem mesmo palestrantes ou presidentes de mesa no referido seminário e, tampouco, asempresas de Adair Meira tiveram alguma participação na organização do evento. A filha e aesposa do denunciado Marcelo Henrique nem sequer se inscreveram para participar docongresso, foram realmente a passeio para Lisboa.40

40 O próprio denunciado Marcelo Henrique Santos confessa que esteve no congresso apenas como ouvinte e que sua filha eesposa foram para Lisboa apenas passear, vejamos:

" (...) que já viajoujunto com ADAIR, no evento da comunidade européia e países de língua portuguesa na parte de fundações;que já encontrou ADAIR em outros eventos, a exemplo em São Paulo; que no evento de Portugal, viajou ADAIR, RENATA, aesposa do interrogando, sua filha e LIVIA BAYLÃO; que essa viagem de Portugal justifica-se pelo convite para o eventoreferido, para discussões em torno do objetivo do milênio; que na citada viagem todos os citados foram juntos, mas nãoretornaram juntos; que as referidas pessoas e o interrogando se hospedaram no mesmo hotel; que solicita a juntada doconvite da CEBRAF, que organizou e realizaram os pagamentos relacionados às despesas de viagem; que solicitou que asdespesas de sua esposa e filha fossem pagas também, tendo em vista que o interrogando não cobra por suas

palestras; que ressalta que já levou sua esposa e filha a outros eventos, como um congresso de contabilidade; que não sabeespecificar quem arcou com as despesas da viagem de Portugal; que não sabe efetivamente de onde saiu opagamento dessas despesas; que apenas participou, auxiliou a coordenar a mesa do evento em Portugal; que nãopalestrou no evento; que não se recorda com quem coordenou a mesa; que, na verdade, foi feita uma mesa de debatescom várias pessoas na qual o investigado participou; que, à época, o interrogando não se recorda de ter pedidoautorização ao PGJ para ir ao exterior, tendo em vista que estava de férias; que quanto às despesas do interrogando, comoalimentação, foram custeadas pelo próprio interrogando; que não se recorda para quem passou seus dados para fins deserem realizados todos os trâmites necessários para sua viagem; que a esposa e a filha do interrogando nãoparticiparam do evento; que foram realmente a passeio; que o congresso durou cerca de 4 (quatro)/5 (cinco) dias; que ficoupouco mais tempo do que isso em Lisboa; (...)" (Interrogatório Marcelo Henrique dos Santos realizado no Ministério Público,no dia 24/02/2017, fls. 2433/2440)

A esposa do denunciado Marcelo Henrique dos Santos, a Sra. Cristina de Carvalho Claudino Santos, confirmou que foi àLisboa somente a passeio e que seu marido nem sequer palestrou no evento, vejamos:

"(...); que no ano de 2011, em momento que seu marido estavade férias, este recebeu um convite para participar de um evento V.

Pag. 63/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

Ministério Público 1do Estado de Goiás |

Vejamos os dados quanto a divulgação do evento, extraídos no dia 06/12/2016,diretamente do site http.V/www.cpf.org.pt/pa^inas/24/encontros-de-funclacoes-da-cplp/5/(fls. 1.933/1.936-vol. 09 do PIC n° 002/2016-PGJ):

09H00

09H15

10H00

11H00

11H30

NCONTRODE FUNDAÇÕESn-A TPI DlDESENVOLVIMENTOun ^rLr £^STfNTAB|U0ADE

0 PAPEL DAS REDES E PARCERIAS

MAIO 252011

(TODAS iBALHO rERÃO LUGAR NOHOTEl MIKAGIM)

ABERTURA OFICIAL

EMÍLIORUIVILARPRESIDENTE!CENTRO PORTUGUÊS DE FUNDAÇÕES| PORTUGALMANUEL GOMES CORREIA

PRESIDENTE|IPAD-INSTITUTODEAPOIOAO DESENVOLVIMENTO! PORTUGAL

CONFERÊNCIA ABERTURAAS REDES COMO FACTOR DE DESENVOLVIMENTO DASFUNDAÇÕES

VÍTOR BORGES

PRESIDENTE! FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO EINTERCÂMBIOS INTERNACIONAIS! CABO VERDE

ATRAVÉS OA SUA EX=ERIÊNClA. QUER GOVERNATIVA. QUER NO DECURSO DA CRIAÇÃO OA FUNDAÇÃO AQUE PRESIDEO ORADOR UDOU 0; PERTO COM A PROBLEMÁTICA DAS REDES. A PARTILHA DESSA EXPERIÊNCIA E O OSeATEEM70RNO DO PERCURSO=£RMIT1SÃ0 ENQUADRAR O TEMA DO ENCONTRO.

SESSÃO DE TRABALHO

ACTUALIZAÇÃO DO RELATÓRIO COMPARATIVO DE PROGRESSO DAS"METAS DEDESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO"

na cidade de Lisboa; que ao dizer que seu marido, MARCELO HENRIQUE, foi ao evento a trabalho, quis dizer que ele foi paratratar de evento de fundação; que não sabe informar quem olhou hotel, traslado, passagens, seguro-viagem para acitada viagem; que fizeram em conjunto a referida viagem, a interroganda, seu marido, sua filha e as pessoas deADAIR MEIRA, RENATA e LIVIA; que todas as referidas pessoas viajaram em avião da companhia TAP, em classeexecutiva; que não se recorda o nome do hotel em que se hospedaram, mas pode afirmar que era um hotel próximo aoaeroporto, simples e limpo; que seu marido, MARCELO HENRIQUE, não palestrou no referido evento, mas acredita queele tenha composto alguma mesa representando o Brasil; que a interroqanda e sua filha MARIANE não participaram doevento; que permaneceram em Lisboa por volta de 5 (cinco) a 6 (seis) dias; que no referido período seu maridoMARCELO HENRIQUE encontrava-se de férias do Ministério Público do Estado de Goiás; que não sabe informar quempagou os custos de hotel, traslado, passagens e seguro-viagem; que pode afirmar que não foram usados os cartões decrédito de seu marido e sua família para pagar as referidas despesas; que, no entanto, usaram cartão de crédito próprioparapagar despesas relacionadas à alimentação e lazer; (...)" (Interrogatório Cristina de Carvalho Claudino Santos realizado noMinistério Público, no dia 24/02/2017, fls. 2403/2405)

De igual forma a filha do denunciado Marcelo Henrique dos Santos, a Sra. Mariane Claudino Santos, vejamos:

"(...); que não prestou atenção que a referida viagem foi feita em vôo, na classe executiva; que não se recorda o nome do hot<o qual se hospedou em Lisboa; que não participou do evento com seu pai na cidade de Lisboa; (...)" (Interrogatório MarianeClaudino Santos realizado no Ministério Público, no dia 24/02/2017, fls. 2419/2420)

Pag. 64/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de AtuaçãoEspecial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n°327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

///IMinistério Público |do Estado de Goiás B

13H00

Organização

NARCISO MATOSDIRETOR EXECUTIVO! FUNDAÇÃO PARA ODESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE! MOÇAMBIQUE

EM 2009. AQUANDO DO 6«ENCONTRO. EM STOME EPRÍNCIPE. AFOC APRESENTOU UM ESTUDO SOBRE AS METAS DEDESENVOLVIMENTO 00 MILÊNIO NOS PAÍSES DA CPLP. VOLVIDOS DOIS ANOS IMPORTA ANALISAR AEVOLUÇÃO DESTEESTUDO NUMCONTEXTO OECRiSE FINANCEIRA EECONÔMICA GLOSAI

Apoios

;ÜfiJÍB COOPERAÇÃO•!•••" PORTUGUESA

IPADBFA OBPI

14H00 SESSÃO DE TRABALHO

AS REDES NO MOVIMENTO FUNDACIONAL

FERNANDO ROSSETTI

SECRETÁRIO-GERAL| GIFE| BRASIL

IRENE NETOPRESIDENTE C.A.|FUNDAÇÃO AGOSTINHO NETO|ANGOLAANATONI

DIRETOR EXECUTIVO | FORD FOUNDATION | BRASIL

ANA NETO

ADMINISTRADORA! FUNDAÇÃO ESCOM| ANGOLARUI ESGAIO

EM REPRESENTAÇÃO DO CENTRO EUROPEU DE FUNDAÇÕES

O DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES DAS FUNDAÇÕES CARECE. FREQÜENTEMENTE. OE TRABALHO EM REDE. OQUE ÉFACILITADO PELA INTERMEDIAÇÃO DAS DIFERENTES ORGANIZAÇÕES QUE AGRUPAM AS FUNDAÇÕES. QUER ANÍVEL NACIONAL QUER A NÍVEL INTERNACIONAL IMPÕE-SE. POR ISSO. UM CONHECIMENTO ADEQUADO DESSASFORMAS OEORGANIZAÇÃO E00 SEU MODO DE FUNCIONAMENTO

15H30

16H00 WORKSHOP 1:

ASBOAS PRÁTICAS DAS FUNDAÇÕES EAS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO

NELSON SAVIOLI

SUPERINTENDENTE EXECUTIVO|FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO! BRASILELISABETE CARAMELODIRETORA COMUNICAÇÃO | FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN | PORTUGAL

OTRABALHO OAS FUNDAÇÕES TEM DE ASSENTAR. EM ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO DELINEADAS EM FUNÇÃO DOSOBJECTIVOS EDA MISSÃO DE CADA INSTITUIÇÃO. VALORES COMO A3ERTURA. TRANSPARÊNCIA EPRESTAÇÃO DECONTAS SÃO FUNDAMENTAIS PARA QUALQUER ESTRATÉGIA EFICAZ OE COMUNICAÇÃO. É POIS NECESSÁRIOAPROPRIAR ESTA FUNÇÃO NO TRABALHO QUOTIDIANO DAS FUNDAÇÕES TENDO EM CONTA OS MECANISMOS MAISRECENTES DE COMUNICAÇÃO E DE RELACIONAMENTO COM OSDIFERENTES INTERESSADOS NAS ACTIVIDADES DASFUNDAÇÕES.

18H00

19H00

WORKSHOP 2:

PLANE AM ENTO E NETWORKING

JOÃO WENGOROVIUS MENESESCONSULTOR! ASSOCIAÇÃO TESE |PORTUGALMACAME BRUHANE MACAMEDIRECTOR EXECUTIVO!FUNDAÇÃO LURDES MUTOLAI MOÇAMBIQUE

O PLANEAMENTO DAS ATIVIDADES £ INSTRUMENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO OAS ACTIVIDADES DE CAOAFUNDAÇÃO. NA GESTÃO QUOTIDIANA E NO DESENHO DE PROGRAMAS í ESSENCIAL APROVEITAR O SA3ER-FAZEREXISTENTE. NÃO SÓ EM CADA FUNDAÇÃO, MAS TAMBÉM NO CONJUNTO DO MUNDO FUNDACIONAL COMOAPROVEITAR A VASTA REDE OE CONTACTOS INSTITUCIONAIS E PESSOAIS PARA MELHORAR O PLANEAMENTO E ATOMADA OE DECISÕES? COMO APERFEIÇOAR OPLANEAMENTO NO CONTEXTO OAS MELHORES PRÁTICAS DO SECTORFUNDACIONAL'

ENCERRAMENTO

DOMINGOS SIMÕESPEREIRASECRETÁRIO EXECUTIVO IC.P.UP.

PATRÍCIA VIEGAS NASCIMENTO

VOGALlCENTRO PORTUGUÊS DE FUNDAÇÕES!PORTUGAL

Pag. 65/120

\

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, jvfjUistériõ PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estado de Gojás

(...)

///i\

As fundações decidiram manifestar o seu agradecimento âs entidades que contribuíram para o

Encontro - IPAD. BPI e BFA-. cujo apoio financeiro permitiu a participação de mais fundações noEncontro, bem como a CPLP. na pessoa do seu Secretário Executivo. Domingos Simões Pereira,

pelo apoio institucional, e ao Centro Europeu de Fundações, que propiciou às fundações

participantes do 8o Encontro a assistência ã sua 22.a Assembléia Geral Anual e Conferência.

O próximo Encontro de Fundações da CPLP terá lugar em Cabo Verde, em 2012, a convite da

Fundação Infância Feliz.

Cascais. 25 de Maio de 2011

Ressalta-se que, durante a viagem, o denunciado Marcelo Henrique recebeu ume-mail do investigado Joseval Reis, no qual esse, após perguntar sobre a nomeação de Mayke,informava que só havia permanecido no conselho da FUNSER em razão da amizade existenteentre eles (fls.59/60-anexo VII do PIC n° 002/2016-PGJ):

Joseval Reis Bnto <)Osevalbnto@hotmail com>

05/26/2012 03.22:59

Para Dr Marcelo Henrique <mhenriqiiesantosi5)hotrnail com-

Dr. Marcelo,bom dia !

1-Serviços de Hemodiálise: Segunda - Feira as 14 h José Luiz vai ao gabinete para nos apresentar as declarações liberandoos alvarás provisórios dos serviços de hemodiálise e se possível precisamos terminar a elaboração dos tac's dos serviços.O José Luiz estará deixando a função e precisamos resolver esta situação antes da saída do mesmo.

2-Marcar data para realizarmos a pintura no gabinete.

3- Só fiquei no Conselho da FLiNSER pela nossa amizade.

4-Definir se vamos fazer os serviços de marcenaria no gabinete.

5-Como ficou a situação Mohan ?

6-Tudo certo quanto a nomeação do Maike ?

7-Qual o próximo passo quanto ao encaminhamento dos usuários paras as casas de recuperação?

Bom final de Semana.

Saúde e Paz !

Joseval dos Reis 3nco

Gerente AcLiii.rii3Cra.C-v:

(62) 3099-9032 / 3099-9144

Er.ail: : :;evil'cr;t: 3r.:r.-.ail. çç-

Hospital Evangélico Goiano

O denunciado Marcelo Henrique respondeu o e-mail, agradecendo Joseval einformando que tudo estava certo em relação a nomeação de Mayke (fls.59/60-anexo VII doPIC n° 002/2016-PGJ):

Pag. 66/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq.d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Ministgrj0 públicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estado de Gojás

///

Re: diversos

Marcelo Henrique dos Santos <mhenriquesantos@hotmail com>

rempo de envio 05/26/2012 09.02:31

P3ra Joseval Reis Brito <iosevalsrito©riotmail com-

Obrigadomeu innão, os Tacs estào prontos resta definirquem assinará pelo Governo Com o Mayke tudo certoalunos em 2012 O pessoal do Mohan estava tratando com o prefeito após eu ter falado com ele Para as casas dno Viva Vida, o Weslev me ligou, mas ainda não tem alvará. Graça, Paz, Saúde e Bem!'

Todavia, as vantagens indevidas pagas ao denunciado Marcelo Henrique não selimitaram tão somente ao pagamento de viagem ao exterior na classe executiva, segurosviagem e hotel. Extrai-se do caderno inquisitivo que o denunciado Marcelo Henrique aceitoua oferta de vantagem indevida feita por Adair Meira, consistente no pagamento da quantia deRS 98.500,00 (noventa e oito mil e quinhentos reais), para fins de intensificçação de suaatuação em favor da organização criminosa.

No ata de dissimular a natureza e origem dos valores provenientes da vantagemindevida prometida anteriormente, Adair Meira entregou os R$ 98.500,00 (noventa e oitomile quinhentos reais), em espécie, diretamente da concessionária Star Motors Comércio deVeículos LTDA, representante à época da Mercedes Benz em Goiânia, como parte dopagamento do veículo marca Mercedes-Benz, modelo C 200 CGI AV, ano 2011, modelo 2012,adquirido por Marcelo Henrique.

O referido veículo foi vendido, na verdade, por RS 148.500,00 (cento e quarenta eoito mil e quinhentos reais) e, desse montante, Adair Meira pagou, em espécie, a quantia deRS 98.500,00 (noventa e oito mil e quinhentos reais).4I Marcelo Henrique, porsua vez, teveque arcar apenas com o valor de RS 50.000,00 (cinqüenta mil reais).42

O pedido do referido veículo, datado do dia 22/07/2011 e confeccionado pelovendedor Rodolfo Jorge Bellomi, confirma a operação realizada (fl. 2.085-vol. 10 do PIC n°002/2016-PGJ):

41 O vendedor Rodolfo Jorge Bellomi, da empresa STAR MOTORS, ã época revendedora da marca Mercedes Benz emGoiânia/GO, foi categórico em afirmar que o veiculo comprado por Marcelo Henrique foi pago porAdair Meira, vejamos:

"Que trabalhou como vendedor na empresa Star Motor de outubro de 2003 a julho de 2012; Que se recorda de ter vendido,pela Star Motors, um carro Mercedes C200 para a pessoa de Marcelo Henrique Santos; Queo veículo Mercedes foi pago àvista; Que se recorda que uma partedo pagamento foi feito em dinheiro em espécie; Que apesar do carro ter sido vendidopara a pessoa Marcelo Henrique, quem fez o pagamento foi a pessoa de Adair Meira; Que se recorda bem da pessoade Adair Meira porque ele pediu que o depoente indicasse alguns clientes para a empresa do seu filho, que no momentonão se recorda o nome; Que, no entanto, se recorda no nome desta empresa, qual seja SAGRES; Que, mostrado nesse ato,uma foto (que acompanhará o presente termo) da pessoa de Adair Meira o depoente confirma que foi ele mesmo quem fez opagamento do veículo; (...)" (Primeiro depoimento prestado)

Que conforme combinado em seu primeira oitiva apresenta neste ato o pedidoe a respectiva nota fiscal referente a venda daveículo Mercedes citado em seu primeiro depoimento; Que, conforme consta do documento ora apresentado, o veículo C200,ano 2011/2012, foi solicitado no dia 22/07/2011; Que a nota fiscal foi faturada no dia 23/07/2011; Que. tendo em vista estasinformações, acreditaque o carro estava a pronta entrega; Que, inclusive, consta do pedidoque o veículo era a pronta entrega;(...) Quetem certezaque parte do pagamento foi feito em dinheiro, em espécie, e que a Mercedez foi paga pela senhorAdair Meira; Que não se recorda especificamente de quanto foi pago em dinheiro, mas pode afirmar com convicçãoque uma parte do pagamento foi 'em espécie'" (Segundo depoimento prestado pela testemunha Rodolfo Jorge Belomi, nodia 25/01/2017)

42 Frisa-se, mais uma vez, que, quando ouvido no Ministério Público, o denunciado Adair Meira negou ter celebrado qualquertipode negócio jurídico com o promotorde Justiça Marcelo Henrique dos Santos.

Pag. 67/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

S//|\Ministério Público |do Estado de Goiás &

Star MotorsPEDIDO Star Motors Comercio de Veículos Ltdn

Av S-1 nu20 Setor Bsla Vista - Goiòma -Go - CEP 74 823-310 - Tel /Fax (G2)3231 4233 - [email protected] br

Insc CNPJ 00 163 640,'O00M2-lnsc Estadual 10 209 914-3

NOME (.'A^CELO HENRIQUE DOS SANTOS

LNJ RUA SENADOR ALFREDO NASSER 401 ED CREMONA APT 701-A CEP

BAIRRO" VILA SANTANA CIDADE ANÁPOLIS ESTADO GO

fONE 62-3311-4772 FAX 62-9294-1897 DATA NASC. 23/06/1962

CPF/CNPJ 296 215.501-49 RG'INSC EST =GJ30392 3ATAEMSSA» OSG MPGO

E-MAIL niarceloMenrnque

NOVO ( USADO I ESPÉCIE _:-u:üu

MARCA MERCEDES-BENZ MODELO C-200 CGI ANO.MOOFIO 2011/2012

COR PRETO COMB GAS MOTOR 1 fí 1B4CV

CHASSI

\'DROS IPORTAS I' OTAÇÃO

ITEM ITEM

VEICULO BÁSICO ANTECIPADO ;i 50 .... 00

OPCIONAIS A VISTA

FINANCEIRA

FRETE/SEGURO CONSÓRCIO

SUB-TOTAL LEASING

ACESSÓRIOS SUB-TOTAL

CARRO USADO

IOIAL1S NA ENTREGA /FATURAMENTO RS 98 500.00

ÍOTA ?-, IOTAL RS 148 503.00

LICENCIAR SIM ( NÀO( ) DESPACHANTE

SEGURO SIM ( NAOí CORRETORA/CIA

PREVISÃO DE ENTREGA Dl.-* IMEDIATA HORA LOCAL:

EMPLACAMENTO POR CONTA DA STAR MOTORS COM ESCOLHA

7^-T5

i S.-.-iCCHOcfacoco.tio 43to.-dc-.cr.Sooorcçocj Sur UoioriCorrt-fCJOCc VcojIos Um . em vijoi ri aasado faluanenro2PratO dB cnliea.i uanxi ndiuiiio c Wtnmdo c BSUO ccnrurnoçju ounao siimpre dependera deuiinciiiiima doliBfic.iç.lo pela D.-wnW Chryrlcr rto Bra-.ii. pcr.'ii.il<j,-isft nou.vnçiorti} Oo voicoo dopaisi '••• ", .1 i t'i. I •• ; i!- .• i , ;>• ,: - . ; r; | .!-> I r. . :. - i! ••••• . :..ii::- \.r "i-

3N*lupOtete -!• j i •.-...--íIl' venda ~iose concrefczar. pordfsstorvsa ouo^islque' ou!ro motivo alocado p*L> compíadw. f«-iíc-o 50X( omjwcma porceiKc) dova«faosinal o mulo depcrdaie Concn p«e-I •; • 'cembo»opdo?emto» <• despesas.neomdoi onu»ouiios. «piclesincorrido* tom j ronr.uijçúo oo pedwo M laortconta ounomu representante despesasecumo» umnuirM m lespesn g

•i- le rofruncüçòo o outiu:»

a rnuLü ne antecipaçãoE sinal, o cliente pagou neste ato c dg ACOROO COU recibo que lhe roí entregue

AIMPORTÂNCIA OE RS CORRESPONDENTES A

Star Molors Comércio de Veículos 1 Ida

VENDEDOR DATA AUTORIZO O FATURAMENTO NAS CONDIÇÕESACIMA

RODOLFO 22/07/11

CLIENTE

A empresa STAR MOTOR encaminhou, ainda, cópia da nota fiscal do referidoveículo e os comprovantes de depósito dos respectivos valores (fls. 2.090, 2.098, 2.099 e2.097, respectivamente -vol. 10 do PIC n° 002/2016-PGJ):

~ •

Ao Egrégio Ministério Público do Estado de Goiás.

Goiânia. 25 de ianeiio de 2017.

Ret: Resposta ao Ofício n° 034/2017 - GAECO

^

Pag. 68/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, MjnjSt(jrj0 púülirnGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] ÚQ ís-aúo úe Goiàs

///i\

A par de cumprimentar os nobres representantes do Parquet estadual,servimo-nos do presente expediente para prestar esclarecimentos acerca doPIC n° 02/2016 PGJ. no que tange especificamente ao veículo l/M. BENZC200CGI. chassi n° WDDGF4JW6CA538181. nos termos que segue:

1 - A aquisição do veículo foi em comento, cuja nota fiscalencontra-se anexo, se deu da seguinte forma:

a) R$ 98.500.00 (noventa e oito mil e quinhentos reais^m espécjeVa datade 25/07/2011; ^

b) F.$ 50.000.00 (cinqüenta mil reais) atravétjSe cheqü^b vista, na data de25/07/20II.

2 Conforme expresso na nota fiscal, o veiculo foicomercializado sem alienação e reserva de domínio.

3 - Comunicamos ainda que não houve contrato de compra e

venda, em virtude da negociata ter sido paga ò vista, e sem gravame dedomínio bancário.

Nos colocamos à inteira disposição deste Parquet. para toda e qualquerinlormação que se Fizer necessária.

Alt,.

\$mt-STAR MOTORS COMERCIO DE VEÍCULOS LTDA.

Dr. Murillo OliveiraAdvogado

OAB/GO 32.062

Star Motors

tMaVhlJ leVfa (M| IMMÍJÍ-fisttnwGOJClP «s/i HO)

DEPOSITO EU -JiíiríEíKü ?8.5 '- M

[0E&7 93744645L E507Ü (

VJ

Pag.69/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, jjj^jst™rj0 púh|íruGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] ^ Esta(j0 je Gojás

'Comp Ujnno AoOrcij OV Cl Conta n'001 0324> 7 8 400.036-0

ÊEB sn asa /fl iPague por esto •• *>^-cBoquo• quanll» d»/ r\-t~ C XANT

O Sório Chocuo n« C3

7 001 0O111Ü

TULOlh V —

STAR jViQTÕRSCom. de Vete. Ltdali Jü^ái^L

«UPCUS .oaooaon0o324-nsimu» ia k otzEuma ::

X00fl/03

Chnrçtie EspoclalAp»-m&Q _

à^kLa lirstCLt oe, vwriíft

CPT W6 215 501-41 ül 3* 92 UB00OKtlHA K CtfiVSLIO OAUQIIIO SANTOS[PT «3*0.477-34 DlJ357962 S5P GO:. i',ic "••;.••••••.-: :•'.•;? r :/l . r.

íV-yüi k

500^032^69 BSBaQ&ft&SS* .SOTWKOOOSSCISifl'

i . ! ' .' :. . -- •.•-.-. ":. . ..• ,. . : i. ' 3 '• • •

.' i :

; MLOR - CREDITA Ü Vi CO^JÚt»—CSitSüSia^. :.••

i/67 C DEPOSITO tJJ 23> />•'• ' • •"

• !• ' n' ( ' • ^

///i\

enisvos «clmi.

l\u

DESTINATÁRIO / REMETENTE

DATA DA EMISSÃO

23/07/2011NOME / RAZÃO SOCIAL

MARCELO HENRIQUE DOS SANTOS

;mos de s/u\on>its comercio de vaalos ltda os pri «uras a instantes da ki >ta piscai

Sta

DANFEDOCI mi:sh>

u \n iMimmii \

Pag. 70/120

DATA DA ENTRADASMDA

25/07/2011

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

///IMinistério Público I

do Estado de Goiás |

UIH.M.H.l LOSLTIM

-l.O

moforsf HinntMri.coa.bi

S1"AH MOTORS! JMERC\\i 1,19QD S Isi lll.LA VISTA

CKPHS23-3I0

(M2)32SM2J3/

. •. .i. • ;•' .'.«

I.OIAM

281-121

MM .11.

H.IIHÔMCA

-EMKADA rrl-SMIM '—>.« 6202

sillll. l

mi MA I de :

I02d991!3

VD.MERCADí RIASI IST.TRiBUTAMA•

iimiuiii>_«i«iI

MAKCLLO IH.NRIOLi: 1XJS SANTOS

Ri A Sl.\A|:"í< M ["Ki-nON ••-:.K-i"! AIM "'»; \

Anápolis

VI. SANTANA

iiavi ;: v.i tio

5X11 0700 ItM 100001125S10I""11 004203

l\m.;llt.nli .1 UlcnlKlll IÍCI '• ; IU I Íh \m i :.-:...i... * •• ftf/poiial ouno vle dlAiHOiludon

, iõii cõíi i urpwi

1521101924 >596 23/07/2 I I I'

00 163.WÜI 10 • 12

705M" II

iH ilhn

296.215 501-49

•.' . ••••••••• •

23 07 •'' ' I

75113-640 25 073011• •

1:00.00(62)3311-4772

I :í'07'20!l 98.500,00- 2 25/07/201150.000.00

i mi i iiioiiiMrmii

MO*DOK»H

o.ou

0.00 •0.00

IIUWOHTADOll l VULl'MI'.1K\N'>wmi>uu>OfIM

::.!'•

.. •• ..•;«. miv. nMir I.AH

0.00«.( lt».i:i».TS««lMf|i

Vauhuiv

Ü.UÜ

1,00 (1,110

•;.l ' ,.. I ; .

•..<>:> • " •'•• ' •

LIS 500.00. • . • , •"

U,00 . • 148.500.00

l.v '. • '• •

. ...

oI 505.0110 i 505.000

,oo5ii.iiDi ros wnvicoi

VIU nu-. •.

M»«C» MIHIIU vlllV•i i • i : I ' w.-. \-\ • : . :

. . • .i . •

CM m iiii hassi woboniwcajiiiiiM ii t r • • OV I!IENAVA-i

Irol£-.c:AsiiK |MC%.•.':'

DATADl !'• »lLOCAI in MOOEIANEIMIMPOSTO RETIDOXOI rERMOSDO..-. rovniD> . ECRETO ••: '

VEICULO NOVOMARCA MERCEDES-BENZ

MODELO C 200 CG1 AVANO/MOD ....: 2011/^012

CILINDROS ACOMBUSTÍVEL GASOLINA

COR PRETOCHASSI . WDDGF4JW6CA538I8IMOTOR ,..: 271.860-30.233015RENAVAN 109686

LOTAÇÃO 5POTÊNCIA NBR: 184 CVNUMERO Dl II10906198DATA Dl 15/06/2011LOCAL Dl : RIO DE JANEIROIMPOSTO RETIDO NOS TERMOS DOANEXO VIII DO DECRETO 4852/97

\

Os dados bancários da empresa SAGRES ASSOCIADOS S/A, cujo administradoré o denunciado Adair Meira, revelaram a realização do saque da quantia de R$ 100.000,09^

Pag. 71/120 vA. »

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

Ministério Publico E

do Estado de Goiás £

\

(cem mil reais), no dia 19/07/2011, quatro dias antes da data da venda do veículo, qual seja22/07/2011, uma sexta-feira. Vejamos (fls. 132/133-anexo V do PIC n° 002/2016-PGJ):

SAGRES ASSOCIADOS S/A

^IS.-LLsr.io o•UIUCO CO ESTACO OE GOIAS

TltularjSAORES ASSOCIADOS S Ajln-»»1ig»oo|

rtciltx CQOISW. LantiluMani RtrilutSMU

i u. • •• -i • Rsosm i • •

v»tiln« R1000

•i::: -;^.r.7,U......... j.i

19/07/2011 SAQUE CONTRA RECIBO 100 000.00 D

EXTRATO DETALHADO - CASO 026-MPGO-000090-60• Alt ; - •. ; i i : I Arllit*

CNM: 05.112 094.0001 -04 Inicio Ntl.: J40J.J005 Fim *t\: 11/128999

. .11 i

Já os extratos bancários do denunciado Marcelo Henrique e de sua famíliaatestaram que não houve saque de qualquer quantia relevante ou elevada o suficiente, emqualquer momento, antes da aquisição do referido veículo. E mais: a movimentação bancáriade Marcelo Henrique revelou que ele aplicava todos os seus numerários recebidos, inclusivelicença prêmio, em conta poupança e que, da referida aplicação, não houve qualquer saque emespécie.43

43Acontardo dia 01 de janeiro de 2010 até o dia 25 de julho de 2011, o denunciado Marcelo Henrique hodiernamente sacouduas, três e, raramente, quatro vezes, pormês, quantias em regra baixas de R$ 150,00 a R$ 650,00, valores compatíveis comdespesas ordinárias e domésticas de qualquer família de classe média. No referido período, de mais de um ano e meio.Marcelo Henrique efetuou um único saque de RS 12.310,78 (nodia 22/04/2010), um saque $3.520,39 (nodia 29/04/2010), umsaque de RS 2.500,00 (no dia 08/01/2010), doze saques de R$ 1.000,00 (um mil reais) e doze saques de valores entreR$ 700,00 (setecentos) e 800,00 (oitocentos reais).

Aquebra do sigilo bancário desmontou a versão defensiva apresentada pelo denunciado Marcelo Henrique Santos, que foi aseguinte:

" (...) que em 2011 adquiriu um veículo Mercedes-Benz, pago com um cheque do próprio interrogando no valor deR$ 50.000,00 (cinqüenta mil) reais e o restante em dinheiro, aproximadamente R$ 98.000,00 (noventa e oito mil) reais; que ointerrogando pagou em dinheiro porque havia recebido verbas de 2010 (licenca-prêmio. eleitoral, outros valores dafaculdade) e é uma prática da família ter dinheiro em espécie: que recebe os valores citados em conta-corrente; que ointerrogando e sua espo+sa sãomuito conservadores quanto aos investimentos: que o dinheiro utilizado na compra do veiculoestava guardado na casa do interrogando em Anápolis/GO; que não possui cofre em sua residência: que poucos dias antesda compra do veículo esteve na concessionária com a pessoa deADAIR MEIRA: que se recorda deter encontrado com ADAIRMEIRA e sua esposa em restaurante em Goiânia/GO; que na ocasião o interrogando também estava com sua esposa; queentãoforam até a concessionária em conjunto; queo encontro comADAIR MEIRA no restaurante nãofoiplanejado, foi casual;que voltou à concessionária outras vezes para olhar o carro antes decomprá-lo; que deu o cheque deR$ 50.000,00 (cinqüentamil) reais para "segurar' o negócio; que acredita ter entregue o dinheiro em outra oportunidade, alguns dias depois; queacredita queestava de férias no referido período; que no dia em que foi à concessionária com ADAIR MEIRA as esposas osacompanharam; que no ano anterior comprou um veículo C3 para sua filha e pagou por meio de TED (transferência eletrônica)diretamente de sua conta para a concessionária Liberte, em Anápolis/GO; que o veículo foi comprado na concessionáriaLiberte, emAnápolis/GO; (...)" (Interrogatório Marcelo Henrique dos Santos realizado noMinistério Público, nodia24/02/2017)

Além do extrato bancário infirmar a versão apresentada pelo denunciado, ele próprio se contradiz ao dizer que comprou umoutro carro, no ano anterior, na cidade onde mora, mediante emprego de TED (Transferência Eletrônica). No entanto, o carrocomprado em uma outra cidade, o denunciado portou quase cem mil reais em espécie para pagar o veiculo. Pueril acreditarque um servidor público que recebe todas suas verbas em conta-corrente, sacaria os valores do banco para guardar em baixodo colchão, já que em sua casa nem sequer havia cofre.

Aesposa do denunciado Marcelo Henrique dos Santos, a Sra. Cristina de Carvalho Claudino Santos, confirmou que em seu ,interrogatório que na sua casa não havia cofre: "(...); que a interroganda não possui cofre em sua residência; (...)"(Interrogatório Cristina de Carvalho Claudino Santos realizado no Ministério Público, no dia 24/02/2017, fls. 2403/:!405).

Pag. 72/120

•-j

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n°327, Milljsterio púb,icoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estafj0 jje GojáS

///|\A partir de então, Marcelo Henrique intensificou a sua atuação funcional em

favor do grupo criminoso.44 No entanto, contra a vontade dos denunciados, logo após atransferência do dinheiro à FUNCER, a CGE passou a acompanhar de perto o caso. Assim,face a firme atuação da CGE e diante das fortes suspeitas de corrupção em torno do convêniofirmado com a FUNCER, com a iminência de tornar-se público o desfalque milionário doscofres da UEG, os denunciados Adair Meira e Marcelo Henrique, no dia 20 de outubro de2011, sem que nenhuma das providências demandadas pela CGE fossem atendidas,encaminharam ao Governador do Estado de Goiás Marconi Perillo o ofício n.° 400/2011 -

Comitê de Gestão, com papel timbrado da FUNCER, propondo, sem justificativaobjetivamente declinada, que os valores transferidos em razão do convênio celebrado com aUEG fossem redirecionados para o desenvolvimento do "Programa de FortalecimentoInstitucional e Adequação Física da Universidade Estadual de Goiás" (fl. 300-1 do PIC n°002/2016-PGJ).

O aludido chefe do governo estadual, no rosto do ofício n.° 400/2011 - Comitê deGestão, exarou despacho "urgente!!" e, em seguida, autorizou o pedido, mediante a condiçãode que sua legalidade fosse examinada pela Procuradoria-Geral do Estado. Vejamos (fls.2.299/ 2.300-vol. 11 do PIC n° 002/2016-PGJ):

IFUNCERV iw.aó.,1-

crício rr<ico/;oii - Comhi á* G«*i3o

Assumo: SpfJr.it.líüojto Autorização

Excelentíssimo Senhor Governador

ÁT^UMh

Anápolis. ?odoOutubro do?oi iun.is.ii ots ! <

to A I.!.. :.t

a põrc* cumpr.rr.emer vEU scrome nos c preser.tejíxped.ente „/'esclarecer e solicitar o quanto segue

t44 Conforme narrado pela testemunha Nário Mota de Almeida:

"(...); que o interrogando assumiu uma gerência, peloprocesso de meritocracia, a GERÊNCIA DE CONTRATOS; que assimque assumiu essa gerência, LUIZ ARANTES falou com o interrogando para mudar o objeto do convênio, fazendo um aditivo;que o interrogando se negou peremptoriamente a mudar o convênio, pois o correto era a FUNCER devolvero dinheiro; que ointerrogando, seguindo aquilo que o CONTROLE INTERNO havia recomendado, exigiu da FUNCER a devolução do dinheiro,porém, a FUNCER se recusou a devolver; que os pedidos de devolução do dinheiro foram formalizados inúmeras vezes, porofício, tanto pelo gerente, que era o interrogando, como também pelo reitor HAROLDO REIMER; que passaram a havertratativas envolvendo a SEGPLAN e o promotor MARCELO HENRIQUE, para quehouvesse aditivo do convênio, possibilitapdò^à FUNCER que gastasse o dinheiro; (...)" (Depoimento prestado pela testemunha NARIO MOTA DE ALMEIDA^jiofdia07/12/2016, fls. 1854/1856)

Pag. 73/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, ... . .. . .,,.,...rs -a • i- oo oó^n am* , •, A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] ^ Estado de Goiás

///|\AFUNCER celebrou com a UEG um convén.o Pora 0Desenvolvimento do

Programa Estadual do Formação e Capacitação em Software Livre, no valor de Rs10.000.000.00 (dez m.lhões de reais). Ocorre que, depois O p,:,5õdo blgum tempo „„celebração do referido convênio, foi diagnosticada a premente necessidade de reestruturarãofísica c Institucional daquela universidade, de modo que a FUNCER propõ- quc seadesenvolva perante , UEG um Programa do Fortalecimento Institucional eAdequação Física da Universidade Estadyal de Ceiár: UEG, rçdjsficjcapadj? - v•!- ííde£ositddju2el.ijJiGJ_Fl)NCÇBj^r atividade,

Outrossim, Informamos que tais proposições decorrem de tratativas ed.álogos entro oatual Comitê Gestor da Funcer eo Ministério Público Estadual, por meio da9» Promotoria de Justiça da Comarca de Anápolis - Curadoria de Fundações e Associaçõesque juntos acordaram sobre as novas perspectivas ecaminhos Bserem trilhados pela Funcer,no cumprimento de sua missão de Apoio Institucional ao Ensino» ã Pesquisa ea Extensão dáUniversidade Fstadual de Goiás.

Garantindo o papel da Funcer Junto á UEG, através deste pleito, esteInstituição se compromete com a conquista de novos recursos, para ampliar ainda mais ocrescimento e fortalecimento dasações cia UEG, junto à Comunidade Goiana

Sem mais para o momento, agradecemos estendendo os nossos maissinceros votos e consideração

Exmo. Senhor

MARCONI FERREIRA PERILLO JÚNIORD.D. Governador do Estado de Goiás

SOIÂNIA - GO

(tom.

Av Professor Roberto M.inçje ?9 Or.lro - An.-.poWCO CCP 76113-630 f-o^c/r^ ,^,j0a<> \* 15Site htio/^-wiurv,.. 0.<;rv f m*d luoce,@fuoce,ft,obI ' "C

w .' »-•'' V \

íi FUNCERI 1.11.1.1,'-." I IIK(| Vljli.l l|,l ( In „!„

Atenciosamente,

AOAIA ANTÔNIO DLhRElTAS MCIRAPresidente rio Comitê Gestor da Funcer

Dr. Marcelo Hcnriqpfrdos_SénÍoS\Promotor dmvustiça l 0 J

Curador de Fundações e Associaçõcstíe Anápolis

Sem que um real fosse restituído, o promotor de Justiça Marcelo Henrique e odenunciado Adair Meira pleitearam que o dinheiro fosse revertido para um "Programa de

Pag. 74/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

Ministério Público sdo Estado de Goiás |

Fortalecimento Institucional e Adequação Física da Universidade Estadual de GoiásUEG", sob supervisão de um dos envolvidos no milionário desfalque, isto é, o então reitorLuís Arantes. Para piorar, a nova destinação almejada ao dinheiro previa (apenasformalmente) a realização direta pela FUNCER de bens materiais e de serviços (diga-se depassagem que não foram sequer discriminados) para UEG, o que é expressamente vedado pelaLei n° 8.666/93, pois o referido diploma legal, expressamente, exige a realização de disputapública para a aquisição de bens e serviços, concebidos em conjunto ou isoladamente, quesuperem o valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).

Patente que os denunciados, por meio do ofício n.° 400/2011 - Comitê de Gestão,buscaram tão somente, primeiramente, postergar ou evitar a descoberta do desvio do dinheiroe, em seguida, criar uma forma de forjar a devolução do dinheiro, seja por meio da falsaaquisição de bens e serviços, seja por meio da aquisição de bens e serviços já existentes, sejapor meio do superfaturamento dos bens e serviços que seriam adquiridos e realizados.

Nesse mesmo período, as auditorias realizadas pela CGE, em especial a"Irregularidade na formalização e execução de convênio com a FUNCER, resultando emprejuízo ao erário da ordem de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), transferidos às2Ih00min., do dia 30-12-2010" já eram de conhecimento e, inclusive, objeto de investigaçãojunto a 11a Promotoria de Justiça, Promotoria Justiça de Defesa do Patrimônio Público, dacomarca Anápolis. Não por outra razão que, no dia 09 de novembro de 2011, a promotora deJustiça em substituição perante 11a Promotoria de Justiça de Anápolis, Dra. Irmã PfrimerOliveira, em conjunto com os promotores de Justiça Simone Disconsi de Sá Campos,coordenadora do CAO Educação, e Umberto Machado de Oliveira, à época coordenador doCAO Patrimônio Público, formularam representação, por escrito, ao Governador MarconiPerillo solicitando o "afastamento temporário do Magnífico Reitor da UniversidadeEstadual de Goiás, Sr. Luiz Antônio Arantes, até o estabelecimento da normalidadeadministrativa na referida instituição de ensino", visando a "apuração aprofundada dosfatose apresentação de completo relatório". Vejamos algumas passagens da referida representação(fl. 2.210/2.222-vol. 11 do PIC n° 002/2016-PGJ):

Ministério Public

rin Fit.irin iíp fini.v;

EXCELENTÍSSIMO GOVERNADOR DO ESTADO DF. GOIAS, MARCONI

FERREIRA PERILLO JÚNIOR

. .«CD!»

45 O próprio denunciado Marcelo Henrique, em seu interrogatório, reconheceu que a FUNCER não poderia realizar obras,vejamos:

"(...); que realmente não poderia ser usada a verba para a construção de espaços fisicos até porque conflitaria com oobjeto do estatuto da fundação: (...)" (Interrogatório Marcelo Henrique dos Santos realizado no Ministério Público no dia ,24/02/2017. fls. 2433/2440).

46 Qual outra justificativapara a estranha relutância na devolução do dinheiro? Qual o motivo do especial interesse eo dinheiro por meios outros que não o depósito do próprio numerário? Obviamente, se o dinheiro estivesse em cai:transferi-lo de volta para a UEG ou para o Tesouro estadual.

Pag. 75/120

i devolver

i, bastaria

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, rviínistérío PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] àQ £Sta(j0 ^e Q0jás

///

em face do Magnífico Reitor da Universidade Estadual de Goiás,

senhor Luiz Antônio Arantes. pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS:

Em cumprimento ao mister que lhe foi imposto pela Lei n.°

17.257 2011. artigo ~c. vjl". a Conlroladoria Geral do Estado realizou diversas

auditorias na Universidade Estadual de Goiás - UEG, através das quais levantou uma

série de irregularidades descriminadas no Relatório de Auditoria de Gestão.

O documento eiiado foi a base de Instrução Técnica n.° 0183 da

Coordenação de Fiscalização Estadual, do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, em

(...)

M.MW,».,. I'i .11| i, l-, E5T.DK) Dl COUS

T\v Srn J.,«el.oufrtip<l>uMi IWÍ.CEP • ! UNAPOUS-COF 1:;-:i-:!-N«:«i:;./:;4v;:m;í,- IJ2S-2«W4»$iF««ni

f £.0*'

Principais irregularidades relatadas:

1- Ciastos com publicidade em ano eleitoral e em período e valores

vedados pela Legislação Eleitoral (Lei n° 9504/97 e Decreto Estadual n°7l31/2010);

2 - Irregularidade na formalização e execução de convênio com

a FUNCER, resultando em prejuízo ao erárioda ordem de RS 10.000.000.00 (dez

milhões de reais), transferidos às 21h00min.. do dia 30-12-2010:

(...)

Pag. 76/120

h

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq.d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Ministérj0 Púh|icoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] do Estarjo de Goiás

///i\

"Os controladores internos da Conlroladoria Gerai do Eslado

foram investigar a instrumentalização deste convênio, em auditoriade conformidade, produzindo o Relatório n" 01/2011 (fl. 59) e oRelatório Conclusivo n" 02/2011 (fl. 74) que. depois de

enumerarem uma série de irregularidades, concluíram que

"referido convênio entre a UEG e FUNCER foi utilizado para

"burla de procedimento licitaiório". fazendo uma serie derecomendações, entre elas a anulação do convênio., a devolução

dos RS 10.000.000.00 (dez milhões/, corrigidos e a instauração de

tomada de contas especial para identificação dos responsáveis.

(...)

1- Que seja recebida da presente representação, decretando-se o

afastamento temporário do Magnífico Reitor da Universidade Estadual de Goiás. Sr.

Luiz Antônio Arantes. até o estabelecimento da normalidade administrativa na referida

instituição de ensino:

2 - Seja nomeado um interventor para apuração aprofundada dos

fatos e apresentação de completo relatório no prazo de 60 (sessenta) dias. que poderá

ser estendido em caso de necessidade.

Nestes lermos.

Pede Deferimento.

Anápolis. 09 de novembro de 2011. '

Shnone Ríscunsrdi-Sa-C.ainpo.s

Promotora de Justiça

Coordenadora do CAOEDl ICACÂÍ)

Irmã Pr-Mner Oliveira

Promotora de Justiça

m substituição na 11" PJ de Anápolisv

ímberto Machado de Oliveira

Promotor de Justiça

Coordenador do CA0PP

Conforme consta dos autos, o Sr. Nário Mota de Almeida, na condição de novogerente de contratos da UEG, no lugar de Francisco Afonso, requisitou por ofício o extratobancário das movimentações e aplicações referentes à conta corrente do convênio da UEGcom a FUNCER. Em resposta, o denunciado Antônio Fernandes enviou, por e-mail, somente

Pag. 77/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq.d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, [vlin;3tcn(, Pl!h!jroGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d0 Estad0 de Gojás

///i\

uma tabela de excel contendo uma falsa demonstração de aplicação e movimentaçãofinanceira, tudo no intuito de camuflar a apropriação dos recursos ocorrida ainda no início doano. Apresentamos a seguir o citado e-mail e respectiva planilha (fls. 245/246-anexo X doPIC n° 002/2016-PGJ):

Zintbra https://maü

Zimbra

uBg.br/zimbra/h/p iiUmessêrjfiWNra1

g»co»@u*gbr

• ron:siie -

APLICAÇÃO SOFTWARE LIVRE

De: TONINHO-PC c FUNCER <»nlnhusghotmailcoin> Ter. 22de Nov Be2011 16:34Assunto: API.ICAÇAOSOFTWARE LWKE .*>, max0

Para : gecoafujucg br

Adoioir. boa tarde

Segue anexo can 3 piamPa dos valotusolial^ados Dc'n npiieaçaofinanceira, a jeiem utilidades no adiü«í doConvênio.

Mullo obnqaaoCualquerCuvica nslou a disposiçãoAbraço.Moita oai.

Anlônio rornand(ir. Júnior

Toninho

(062 9113 9277)

T TABELA 2 UEG «ls«•-•-• 15 KB

CONVÊNIO SOFTWARE LIVRE

PeríodoDias cie

AplicaçãoValor

ColaçSono Mis

Taxa

CD1

Rendimento

Mensal

Rendimento

Diário

ValorAuferido

in/i:'20 io 1/1/2011 2 111.000.0110,00 0.927151% 97.00% 0.899336% 0.029978% 5.995.58

1/1/2011 1/2/2011 31 10.005.995.5S 0.860593% 97.00% 0.834775% 0.027826% 86J 11.82

1/2/2011 1/3/2011 28 10.092.307,40 0.842429% 97.00% 0.817156% 0.027239°,» 76.971.91

1/3/2011 1M/20 II 31 10.169.279Jl 0.918852% 97.00% 0.891286% 0.029710% 93.658.65

1/4/2011 1/S/2011 30 10.262.937.97 0.838801% 97.00% 0.813637% 0.027121% 83.503.06

1/5/2011 1/6/2011 31 10346.441,03 0.985267% 97.00% 0.955709% 0.031857% 102.177.93

1/6/2011 1/7/2011 30 10.448.618,96 0.952666% 97.00% 0.924086% 0.030803% 96.554,23

1/7/2011 1/8/2011 II 10.545.173.18 0.966597% 97.00% 0.937599% 0.031253% 102.167,16

1/8/2011 1/9/2011 31 10.647.340J5 1.072384% 97.00% 1.010212% 0,034674% 114.446.80

1/9/2011 1/tO/2011 .50 10.761.787.14 0.939789% 97.00% 0.911595% 0.030587% 98.103.95

1.10.201 1 l/l 1/2011 51 10.859.891,119 0.880742% 97.00% 0.854320% 0,028477% 95.870.80

l/l 1/2011 23/11/2011 22 10.955.761,89 0,880742% 97.00% 0.854320% 0.028477% 68.637.97

JUROS: 955.761.8'»

Valor total a ser aplicado do aditivos RS I0.9f 5.761.89

Ainda no bojo do procedimento n° 201000020018282 e sobre a solicitação feitapelos denunciados Adair Meira e Marcelo Henrique, no sentido de alterar o objeto doconvênio da UEG com a FUNCER, os autos foram então encaminhados à Procuradoria-Geraldo Estado para fins de análise do pleito. O Procurador do Estado Antônio Flúvio de Oliveira,acertadamente, no dia 12 de dezembro de 2011, manifestou-se pela inviabilidade naalteração do objeto do convênio.47 O parecer do Dr. Antônio Flávio de Oliveira foi acatado,

47 Por serpertinente, ressaltamos osseguintes trechos do Parecer n° 0006258/2011 (fl. 277-81 dos autos n° 2010000,20018282)do Procurador do Estado Antônio Flávio de Oliveira:

Pag. 78/120 P

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

///lMinistério Público Ido Estado de Goiás jjj

\

em seguida, isto é, no dia 23 de dezembro de 2011, pelo Procurador-Geral do Estado, Dr.Ronald Christian Alves Bicca, em seu Despacho "AG" n° 009318/201148.

Não aceitando a clara e direta manifestação da PGE, o denunciado Luiz Arantes,pouco antes de perder a condição de reitor da UEG, no dia 19 de janeiro de 2012, formuloupor meio do Ofício/Gab n° 032/2012 (fl. 285-6 dos autos n° 201000020018282) um pedido dereconsideração ao próprio Procurador-Geral do Estado.49

(...) "2. O objeto de ajustes firmados pelo poder público, inclusive por atenção ao princípio constitucional da publicidade, que sedesdobra no princípio da transparência, deverá ser certo e inalterável durante a sua vigência." (...)."Caso se admitisse a alteração do objeto de ajustes, sejam contratos ou convênios, ter-se-ia absoluta incerteza quanto ao queseria realizado ao final, pois a todo momento seria possível a modificação dos objetivos a serem atingidos, acarretandoverdadeiro caos à sociedade, quanto aos seus anseios, e informação do princípio da publicidade e da transparência, isso paranão falar daqueles da legalidade, moralidade e eficiência."

(•••);"6. Feitas estas considerações passa-se a responder a cada uma das perguntas formuladas:Pergunta 'a': 'é possível fazermos a mudança do objeto do convênio, ou faremos novo convênio?'R.: Apenas se a alteração em questão estiver relacionada com a diminuição ou acréscimo dos objetivos propostos, pois deoutro modo implicaria em violação às leis orçamentárias, bem como aos princípios da publicidade e da transparência.Pergunta 'b': 'é necessário que o dinheiro hoje depositado em conta da FUNCER retorne aos cofres da UEG ou poderá serredirecionado diretamente?'R.: Não tendo ocorrido a aplicação dos recursos repassados nos objetivos propostos no convênio, os valores deverão serrestituídos ao ente repassador, acrescidos dos rendimentos que teve durante todo o período em que esteve à disposição doconvenente.

Pergunta 'c': 'quanto às adequações físicas (obras) na universidade, é necessário a interveniência da AGETOP, ou a FUNCERpoderá fazê-las diretamente?'R.: A realização de convênio, assim como qualquer ajuste firmado no âmbito da Administração Pública, deve observar, além dalegislação própria àquela modalidade de ajuste, outras relativas ao próprio funcionamento da Administração que integra. Dessemodo, não é licito que se valha de convênio com o intuito de burla à legislação existente, por exemplo, para determinar queobras públicas devam ser realizadas sem a interveniência da AGETOP (...)".

48 O parecer do Dr. Antônio Flávio de Oliveira foi acatado, em seguida, isto é, no dia 23 de dezembro de 2011, pelo Procurador-Geral do Estado, Dr. Ronald Christian Alves Bicca, em seu Despacho "AG" n° 009318/2011, com os seguintes acréscimosrelevantes:

(...)"3. Inicialmente, convém referir que quaisquer alterações efetuadas em convênio por meio de termos aditivos devem serconcretizadas dentro da vigência do ajuste. Na hipótese, referida vigência expira em 29 de dezembro de 2011, de modo quetodos os trâmites necessários à efetivação de qualquer aditivo teriam de ser finalizados até essa data"."4. Importa observar, entretanto, que a alteração pretendida, embora não tenha sido detalhada,1 não denota mera mudançaquantitativa, mas sim impactos qualitativos no próprio objeto do ajuste (sua natureza), o que levaria à descaracterizaçao doconvênio, situação esta que não é admitida no ordenamento jurídico pátrio" (...)."7. Quanto aos recursos não utilizados no convênio findo, deverão ser devidamente ressarcidos à entidade repassadora - naforma do §6° do art. 116da Lei n° 8.666/93 - impondo-se ainda a prestação de contas relativa aos recursos que eventualmentetenham sido utilizados".

(...)"11. Além disso, consta no estatuto da FUNCER (fl. 58 e seguintes) que seu objetivo é apoiar o ensino, a pesquisa, a extensãoe o desenvolvimento institucional da UEG de forma a colaborar com a educação, a cultura, a formação de recursos humanos eo progresso da ciência no Estado de Goiás e no Brasil. Como se vê, não se amolda nesse leque finalístico a realização deobras, de modo que não haveria maiores justificativas para a escolha da entidade por parte da Administração, caso se tratassede ajuste cujo objeto escapasse à finalidade institucional da FUNCER..(...)."

119 Nesse ponto chama a atenção a incongruência nas escusas apresentadas pelo denunciado Luiz Antônio Arantes, em seuinterrogatório, vejamos:

"(...) que somente a padirdo dia 26/10/2011, após receberuma ordem do governador Marconi Perillo, com o seguinte teor: "AoSr. LUIZ ANTÔNIO ARANTES. Reitor da Universidade Estadual de Goiás - UEG. para providências.". é que o interrogandoresolveu pedir a FUNCER que devolvesse os recursos transferidos; (...); que não se lembra de ter feito pedido dereconsideração ao Procurador-Geral do Estado com relação ao posicionamento da PGE contrário à alteração do objeto doconvênio firmado entre a UEG e FUNCER; que mostrado ao interrogando o oficio/Gab n° 032/2013, do dia 19 de janeiro de2012, no qual o interrogando requer ao Procurador-Geral do Estado Ronald Christian Alves Bicca a reconsideração doconvênio firmado entre a UEG e FUNCER. bem com a o redirecionamento do objeto para a reestruturação física do convênio, ointerrogando acredita que a assinatura aposta no documento é realmente sua, no entanto, não se recorda de tê-loconfeccionado: que acredita ter reformulado a opiniãocontra a alteração o convênio da FUNCER em função da determinaçãodo governador Marconi Perillo, já citado em linhas recuadas; que perguntado o interrogando, por que insistiu na mudança doobjeto do convênio firmado entre a UEG e FUNCER , tendoem vista que o governador havia autorizado a referida mudança"após exame legal" e, na seqüência, a PGE havia emitido parecercontrário à referida mudança, o interrogando acredita quetalvez o parecer da PGE não tenha chegado ao seu conhecimento; (...)" (Interrogatório Luiz Antônio Arantes realizado

Pag. 79/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Minjstérj0 públicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] ÚQ EstaiJo de Goiás

///i\

Na ordem dos documentos colacionados aos autos n° 201000020018282, às fls.287-90, foi juntado ainda o ofício n° 397/2011 - Comitê Gestor, pleiteando a reconsideraçãodo Relatório Conclusivo n° 002/2011-SCI/CCE, da CGE, que recomendou a anulação doconvênio firmado entre UEG e FUNCER. O referido pedido, assinado mais uma vez pelosdenunciados Adair Meira e Marcelo Henrique, foi direcionado ao então Procurador-geraldo Estado de Goiás, Ronald Christian Alves Bicca, e recebido na PGE, no dia 26 deoutubro de 2011, isto é, antes da emissão do parecer n° 0006258/2011 (fl. 277-81 dos autosn° 201000020018282), do Procurador do Estado Antônio Flávio de Oliveira.

Os denunciados Adair Meira e Marcelo Henrique requereram, além da reversãoda anulação do convênio firmado entre FUNCER e UEG, o seguinte, ipsis litteris: "b) orecurso repassado à FUNCER seja mantido com ela; c) se promova, por meio da assinaturade um termo aditivo, a relifieação das inconsistência e impropriedades verificadas, tendo emvista que o prejuízo decorrente da anulação do convênio, conforme sugerido pelaConlroladoria Geral do Estado, é infinitamente maior do que a manutenção do ajuste". Umaminuta do novo convênio, com o nome "CONVÊNIO QUE ENTRE SI CELEBRAM A UEGE A FUNCER PARA A EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE FORTALECIMENTOINSTITUCIONAL E ADEQUAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DEGOIÁS", foi acostado logo após o ofício n° 397/2011 - Comitê Gestor.

Em mais uma tentativa de falsear a realidade e assim de enganar a sociedade, fez-se acostar após o ofício n° 397/2011 - Comitê Gestor, bem como da respectiva minuta denovo convênio, às fls. 299-302 dos autos n° 201000020018282, uma planilha com adiscriminação de inúmeras obras e seus respectivos valores a serem realizadas pela FUNCERno âmbito da UEG, em troca da devolução do dinheiro em si. A falta de pudor dosdenunciados é de fato assustadora, pois novamente nenhuma justificativa em relação aosvalores ali indicados foi apresentada. Pior ainda, nenhuma especificação individualizada foifeita em relação a cada uma das obras informadas. Vejamos, exemplificativamente, uma parteda referida tabela (tis. 305-anexo X do PIC n° 002/2016-PGJ):

^Ordem Ação Unidade Universitária Total

2 - LABORATÓRIOS (FUNCER)149

Aquisição de laboratórios Crixás RS 100.000,001S« Aquisição de Laboratórios Pirenópoüs RS 100.000.00

16° Aquisição de Laboratórios Ipameri RS 100.000,00172

Aquisição de Laboratórios Iporá RS 100.000.0018? Aquisição de Laboratótios ESEFEGO RS 300.000.0019» Aquisição de Laboratórios Palmeiras RS 200.000.0020-'

Ministério Público, no dia 21/02/2017):

Pag. 80/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, r/linjsíerio Pub|jC0Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] do Estado de GoiãS

///|\RS 200.000,00

21°Aquisição de Laboratórios São Luiz de M. Belos RS 100.000,00

TOTAL PARA AQUISIÇÃO DE LABORATÓRIOSRS 1.200.000,00

Ordem AçãoTotal

3- Atividades de Apoio a Cultura e Comunicação22"

Rádio e TV Educativa RS 300.000,00

TOTAL DAS AÇÕES: R$ 10.740.000,00

O Estado, aparentemente, se deixa ludibriar facilmente, pois em sentidototalmente oposto ao que já havia manifestado, o então Procurador-Geral do Estado RonaldChristian Alves Bicca (posteriormente afastado do cargo por ocasião da deflagração daOperação Monte Cario), no dia 30 de janeiro de 2012, exarou o Despacho "GAB" n.°000602/2012 (fl. 302-4 do PIC n° 002/2016-PGJ) autorizando a celebração de novo convêniocom a FUNCER. Segundo o Despacho "GAB" n.° 000602/2012 "c/ peculiaridade no novoajusta estaria na utilização, parra sua consecução, do valor já depositado em conta daFUNCERR pela UEG" (...) "embora não se trate de situação usual, não se vislumbra, nasolução proposta, lesão ao interesse públicoprimário". Mas ao fim do despacho, o MinistérioPúblico, representado pela figura do promotor de Justiça Marcelo Henrique mais uma vezfoi utilizado para respaldar as ilegalidades a serem praticadas: "Recomenda-se, contudo, quetoda a operação seja devidamente fiscalizada pelo Ministério Público estadual (9aPromotoria de Justiça da Comarca de Anápolis), interveniente em ambos os feitos, atuandocomo custos legis de modo a conferir legitimidade e segurança ao processo, especialmenteno toca à fiscalização da correta aplicação dos recursos na finalidade pública pretendida(...)". Vejamos a referida citação no corpo do próprio despacho (fls. 306/308-anexo X do PICn° 002/2016-PGJ):

V

l.siado ele Goiás

Prociiradoria-Üenil do EstadoGabinete

[tapera• li* r-i/Ai ... •

U. i^20!00002001»2K2

CNIVKKSIPADI-: ESTADUAI 1>l GOIÁS

PARCERIA

'• • s

Processo n"

Interessado

Assunto

000602DESPACHO "(.Air ii.' j'21112. !. lnu.i •••. de pedi.

de reconsideração do entendimento exarado no DespachoAO n"'>"> 1X20i! (Ik " ' s -

Pag.81/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued JoséSebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, salan° 327, MjniSterin riiIiIit-oGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] ÚQ Estaa;0 de GoJáS

///|\1. Pretende-se. conforme documentação acostada aos auto;., .i celvnraçiio

de novo convênio cmrc as mesmas partes d", convênio anterioi (Universidade i •. h

Goiás - UEG - e Fundação Universitária do Cerrado - FUNCER), mas com ih* n nbicui .•

reestruturação física da universidade, com o aproveitamento dos recujrsos já repa-ssad•••.•

I undaçfto p.>r ocasiãodo ajuste prctóriio.

(...)9. Recomenda-se, contudo, que toda a operação seja devidamente

fiscalizada pelo Ministério Público estadual (9* Promotoria de Justiça da Comarca de

Anápolis), interveniente cm ambos os leitos, aluando como custos legls de modo a conferir

legitimidade e segurança ao processo, especialmente no que toca á fiscalização da correta

aplicação dos recursos na finalidade pública pretendida. Paralelamente, seria também salutar a

fiscalização da Controladoria-Gcral do listado.

(...)

i?'rCC •"'~VÍ ......

Estado de Goiás: •• uradoria-Oeml • • • •....

Gabinete

000301

12. Sublinhe-» ainda que n Mtraçfto du AGETOP no comem,, .,,limmdn ven, como providencia necessária para resguarda. ,* tem»., do Decreto estad.ial ní>.«>46 :>»>'>

!3. Vale referir, re: fim. que de>c ser feito n .. «,,:,:• .objeto du novo coma,,.. <•:,. finalidades institucionais da li \CHR cabendo • Pi im«, ,interveniente aluar no tenttdii .Io promover as eventuais adequações necendri.* •.-.••. iobjeto do convento, seja nu ato constitutivo da fundação

14. Orientada a matéria, restiluam-sc i\s autos .', I niversidade I ludual de(ioias

Gabinete do Procurador-Geral do Estado, em Goiânia ''• : de janeu •.'•• \ '

l , U \1'jf.iinUl Chnstian \lves BiccaProcurador-Geral do ! natio''

Nessa mesma época, a organização criminosa arquitetou a alteração do nome daFUNCER para FUNSER, no intuito de desvinculá-la dos fatos passados que estavam sendoapurados pela CGE e pela IIa Promotoria de Justiça, de defesa do patrimônio público, daComarca Anápolis/GO. Assim, com o parecer da PGE, supracitado, e com o novo nome, aFUNSER renasceria de sua má fama provocada especialmente pelo desvio dosR$ 10.000.000,00 (dez milhões) de reais.

O novo plano parecia transcorrer perfeitamente até que, no âmbito da UEG, onovo reitor, professor Haroldo Reimer, assumiu o lugar do denunciado Luiz Arantes e,apoiado pela CGE, passou a questionar as tratativas em torno do novo convênio com aFUNSER (antiga FUNCER). O novo reitor passou a exigir os extratos bancários dos recursosdestinados a FUNCER/FUNSER. Em especial, no dia 15 de março de 2012, o novo reitorencaminhou à FUNSER (antiga FUNCER) o Ofício/Gab n° 116/12, no qual fezexpressamente tal exigência, vejamos (fl. 313/314-anexo X do PIC n°002/2016-PGJ):

Pag. 82/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

///fMinistério Público R

do Estado de Goiás |

U',sw —*rHGOVERNO DE, \ Ü^QfK J

GOIASmi MviK.síiuoE.isi.u>i'\i nccoús

BR l5'Cu»JriAmKm»-C"ann,'. - AalpAtoGOCEr7« li; «01

K-ncíi» («)3JJi 1179 .n'(i:o':««itj:iuv

Ofício/Gab N* 116/12 Anápolis. 15 de março de 2012.

An Senhor

ADAIR ANTÔNIO MEIRAPresidente da FUNCER

Prc/.adn Senhor.

Em atenção ao Ofício n° 400.2011 -CGE'OAB, oriundo da Controladoria-

Gcral do Estado, cujoteorrctère-se ao convênio firmado entre a Universidade Estadual de

Goiás - UEG c n Fundação Universidade do Cerrado (FUNCER) (autos n°

201KJ00O40O5697). sirvo-me do presente para determinar que nos apresente, ate a data dodia 19 de março de 2012, segunda-feira próxima, no máximo ale às 17:00 horas, prazoeste improrrogável, os extratos bancários com a devida autenticação bancária, da conta

que recebei: o recurso doconvênio emcomento, comas devidas correções monetárias.

Salientamos que o não atendimento da presente determinação ensejará nainstauração de Tomada de Contas Fspecial nos termos da Lei.

Oportunamente, ressaltamos que. naqualidade de membro natodo Conselho

Curador, conforme previsto no Bit. 13. inciso 1. do Estatuto da fundação l.niversitaria do

Cerrado FUNCER. a qual estabelece as atribuições inerentes ao ao cargo, cumulada comosartigos 14. inciso XIII e 35$2: doreferido Estatuto, osquais nos conferem a autonomiapara requerer a documentação retro.

lnlormamos ainda a Vossa Senhoria, que lendo em vista que a Fundação

Ir

O) O

og.

£5

iís

Justiça, conforme comprovante que segue anexo a es:c. estaremos impedidos deformalizar novos instrumentos de natureza contratual, convenial cde parceria junto com aFUNCER. atéquese regularize as pendências existentes.

Universitária do Cerrado - FUNCER. encontra-se inadimplente junto ao Ministério da 6-ÍLIC in B

<2

,i^P^Ressaltamos que a solicitação em apreço visa atender a Douta

Controladoria-(ieral do Estado, que exigiu que os extratos bancários solicitados sejamemitidos porsistema deautomação bancária deInstituição financeira.

consideração.São estas para o momento e na oportunidade, renovo protesto de estima

Pag. 83/120

\

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JvnHistérÍo PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] do Estado de Goiãs

Atenciosamente.

JAs^kProt Dr. Haroldo Reimcr

Reitor

//m

Com idêntico teor, foi encaminhado o Ofício/Gab n° 132/12 ao investigadoJoseval dos Reis. Os extratos bancários referentes ao convênio firmado com a FUNSER

(antiga FUNCER) foram requisitados, pelo novo reitor, por pelo menos três vezes, sem quequalquer resposta fosse dada.

O novo reitor Haroldo Reimer foi então chamado, pelo denunciado MarceloHenrique, para uma reunião na 9a Promotoria de Justiça de Anápolis/GO. O denunciadoMarcelo Henrique, então, utilizando-se de sua função pública e, especialmente, da influênciaque o cargo de promotor de Justiça lhe proporcionava, tentou convencer o novo reitor aaceitar que o dinheiro desviado pela FUNSER (antiga FUNCER) "fosse revertido para umprograma de combate às drogas", a ser gerido pela própria FUNSER (antiga FUNCER). Oprofessor Haroldo Reimer foi firme em exigir, contra a vontade do promotor, a devoluçãoimediata do dinheiro à UEG. O papel, por parte do promotor de Justiça, em defesa daFUNSER (FUNCER) ficou bastante evidente para todos que participaram da reunião.30

50 Vejamos o seguinte trecho do depoimento do professor Haroldo Reimer, prestado na sede do Ministério Público:

"(...). que enquanto exerceu o cargo pro tempore realizou uma reunião, no dia 03 de abril de 2012, com o promotor de JustiçaMarcelo Henrique dos Santos, titular da 9a Promotoria de Justiça de Anápolis; que participaram dessa reunião a professoraEliana Maria França, o gerente jurídico da UEG Karlos Matias Oliveira, Antônio Fernandes (representante da FUNSER) e umapessoa que não se recorda o nome; que a reunião foi realizada a pedido do próprio promotor Marcelo Henrique; que nareferida reunião o promotor apresentou a proposta de que o dinheiro fosse revertido para um programa de combate àsdrogas; que a proposta apresentada pelo promotor foi refutada veementemente pelo depoente; que na reunião odepoente insistiu que os recursos deveriam retornar imediatamente à universidade; que saiu da reunião com a sensação deque o referido promotor de Justiça estava de fato fazendo a defesa da FUNSER; que inclusive houve um mal-estar entre odepoente e o referido promotor, em razão da veemência com que foi recusada pelo depoente a proposta de novaaplicação dos recursos; que o depoente exigiu do promotor que atuasse como um defensor da sociedade e auxiliasseno retorno do numerário aos cofres da UEG (...)" (depoimento da testemunha HAROLDO HEIMER, prestado no MinistérioPúblico, no dia 08/02/2017)

Segundo narrado também pela testemunha Nário Mota de Almeida, o promotor de Justiça Marcelo Henrique foi realmenteinsistente na defesa da FUNSER (antiga FUNCER) e, a todo momento, solicitava que os recursos fossem gastos pela própriaFUNSER (antiga FUNCER). Ainda de acordo com Nário, o investigado Joseval dos Reis teria participado da reunião. Atestemunha Nário, inclusive, ficou muito decepcionada com a postura do promotor de Justiça Marcelo Henrique, "pois sabiaque tanto o convênio, como a execução deste, eram lesivos ao interesse da UEG". Vejamos um trecho do depoimento dareferida testemunha:

"(...); que em 2012 houve uma reunião no Ministério Público de Anápolis, presidida pelo promotor MARCELO, em que esteinsistia que os recursos do convênio fossem gastos pela FUNCER, mediante um aditamento do convênio; que promotorMARCELO dizia que tinha que ajudar a FUNCER; que o promotor MARCELO dizia que tinha que ajudar a FUNCER selevantar; que nessa reunião estiveram presente, pela UEG, o interrogando, o professor HAROLDO REIMER, aprofessora ELIANA FRANÇA; que também estava presente um advogado da FUNCER, chamado JOSEVAL DOS REISBRITO; que a reunião era presidida e conduzida pelo promotor MARCELO; que o promotor MARCELO era incisivo einsistente no aditamento do convênio, para que a FUNCER gastasse o dinheiro; que o interrogando ficou muitodecepcionado com a conduta do promotor MARCELO, pois sabia que tanto o convênio, como a execução deste, eramlesivos ao interesses da UEG; que as tratativas relativas ao convênio deixaram a esfera e local e passaram a ser realizadasna SEGPLAN, em Goiânia; que o interrogando se compromete a trazer, ainda nesta data, cópia digital de todo o procedimentorelativo ao convênio, bem como informações do SIOF-NET, relativo à liquidação desse convênio; que a FUNCER não erahabilitada, e nem preparada, para executar o objeto do convênio; que antes da celebração desse convênio, já haviarecomendação expressa da CONTROLADORIA INTERNA DA UEG para não celebrar convênios com a FUNCER; que essarecomendação foi fruto da auditoria feita em 2009. (Declarações prestadas pela testemunha NÁRIO MOTA DE ALMEIDA, noMinistério Público, no dia 07/12/2016, fls. 1854/1856)O próprio denunciado Marcelo Henrique dos Santos confessou, em seu interrogatório, seu posicionamento em fayor daFUNCER, vejamos:

Pag. 84/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

Ministério Público |do Estado de Goiás £

O investigado Joseval dos Reis, na condição de represente da FUNSER (antigaFUNCER), também participou da referida reunião, em que o denunciado Marcelo Henriqueassumiu a defesa da organização criminosa diante do novo reitor da UEG.5l

Surge, nesse momento, mais uma jogada estratégica do grupo criminoso e,novamente, entra em ação o denunciado Marcelo Henrique tanto na condição de Promotorde Justiça quanto de membro da organização criminosa. No intuito de evitar a prestação decontas pela FUNSER (antiga FUNCER) à UEG, conforme diuturnamente exigido pela CGE e,também, pelo novo reitor da UEG, o professor Haroldo Heimer, bem como de evitar quefosse reivindicada a devolução imediata do dinheiro desviado, os denunciados arquitetaram acelebração de um Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta -TAC, a ser firmado somente entre FUNSER (antiga FUNCER) e a 9a Promotoria de Justiça deAnápolis/GO. Uma minuta do referido TAC foi, inclusive, acostada ao procedimento n°201000020018282, bem na seqüência dos ofícios da UEG que exigiam da FUNSER (antigaFUNCER) o envio dos extratos bancários referentes à verba repassada para o convênio doprograma de "Software livre".

Pela proposta do TAC, o dinheiro seria, falaciosamente, revertido 50% para umprojeto de "Revitalização da UEG" e 50% para um "Programa Estadual de Enfrentamento aoCrack e outras drogas". Novamente nada foi apresentado que justificasse a nova destinação dodinheiro, bem como o aporte da vultuosa quantia. A proposta apresentada, outrossim, ia deencontro com a vontade já manifestada pela UEG, através de seu novo reitor. 52

"(...) que quando HAROLDO REINER assumiu o cargo de reitor/interventor o interrogando o chamou para reunião naPromotoria; que nesta reunião HAROLDO se posicionou no sentido de que o dinheiro fosse restituido integralmente àUEG; que o interrogando não tinha interesse na modificação do objeto; que o interrogando marcou a reunião com HAROLDOREINER no sentido de mostrar qual era a intenção do atual governo e das possibilidades existentes, dentre elas apossibilidade de nova destinação dos recursos; que, inicialmente. 50% para investimento na estrutura da UEG e 50%no projeto de enfrentamento às drogas; que perguntado se as referidas destinações não fugiriam ao objeto daFUNCER/FUNSER, o interrogando respondeu gue essa era a vontade do governo naquele momento; (...) que essainformação de que era interesse do governo estadual a destinação de parte da verba da UEG foi repassada ao interrogandopor ADAIR MEIRA; (...)" (Interrogatório Marcelo Henrique dos Santos realizado no Ministério Público, no dia 24/02/2017, fls.2433/2440)

51 Vejamos o seguinte trecho do depoimento da testemunha Nário Mota de Almeida:

"(...); que em 2012 houve uma reunião no Ministério Público de Anápolis, presidida pelo promotor MARCELO, em que esteinsistia que os recursos do convênio fossem gastos pela FUNCER, mediante um aditamento do convênio; que promotorMARCELO dizia que tinha que ajudar a FUNCER; que o promotor MARCELO dizia que tinha que ajudar a FUNCER se levantar;que nessa reunião estiveram presente, pela UEG, o interrogando, o professor HAROLDO REIMER, a professora ELIANAFRANÇA; que também estava presente um advogado da FUNCER, chamado JOSEVAL DOS REIS BRITO; que a reuniãoera presidida e conduzida pelo promotor MARCELO; que o promotor MARCELO era incisivo e insistente no aditamento doconvênio, para que a FUNCER gastasse o dinheiro; que o interrogando ficou muito decepcionado com a conduta do promotorMARCELO, pois sabia que tanto o convênio, como a execução deste, eram lesivos ao interesses da UEG; que as tratativasrelativas ao convênio deixaram a esfera e local e passaram a ser realizadas na SEGPLAN, em Goiânia; que o interrogando secompromete a trazer, ainda nesta data, cópia digital de todo o procedimento relativo ao convênio, bem como informações doSIOF-NET, relativo à liquidação desse convênio; que a FUNCER não era habilitada, e nem preparada, para executar o objetodo convênio; que antes da celebração desse convênio, já havia recomendação expressa da CONTROLADORIA INTERNA DAUEG para não celebrar convênios com a FUNCER; que essa recomendação foi fruto da auditoria feita em 2009. (Declaraçõesprestadas pela testemunha NÁRIO MOTA DEALMEIDA, no Ministério Público, no dia 07/12/2016, fls. 1854/1856)

52 O próprio denunciado Marcelo Henrique dos Santos reconhece, em seu interrogatório, gue o TAC não observava osinteresses da UEG, mas sim os interesses de Adair Meira, vejamos:

"(...) que quando HAROLDO REINER assumiu o cargo de reitor/interventor o interrogando o chamou para reunião naPromotoria; que nesta reunião HAROLDO se posicionou no sentido de que o dinheiro fosse restituido integralmente àUEG; que o interrogando não tinha interesse na modificação do objeto; que o interrogando marcou a reunião com HAROLDOREINER no sentido de mostrar qual era a intenção do atual governo e das possibilidades existentes, dentre i elas apossibilidade de nova destinação dos recursos; que, inicialmente, 50% para investimento na estrutura da UEG e 50% noprojeto de enfrentamento às drogas; que perguntado se as referidas destinações não fugiriam ao objeto da FUNCER/FÜNSE

Pag. 85/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

Ministério Publico

do Estado de Goiás |

\

Mais espantoso, a minuta do TAC apresentada não previa sequer a cominação demulta em caso de não cumprimento do avençado. Pior ainda, os valores deveriam serdepositados na conta do FUNDES, entidade também controlada pelos denunciados.

O investigado Joseval dos Reis Brito revelou ter sido, no ano de 2012, convidadopelo promotor de Justiça Marcelo Henrique para presidirou compor a diretoria executiva doFUNDES, tendo em vista que o fundo seria "reativado". O denunciado Marcelo Henrique,na verdade, preparava o fundo para receber parte do dinheiro desviado da UEG e, dessa forma,mantê-lo pormais tempo sob o controle daorganização criminosa.53

Joseval, por seu turno, naquele mesmo ano (2012) convidou o tambéminvestigado Mayke de Jesus Nogueira para também fazer parte do FUNDES.54

Assim, a par da patente vedação da Lei n° 8.429/92 (que proíbe qualquer tipo detransação em casos de atos de improbidade administrativa), no dia 15 de junho de 2012, foifirmado um Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta - TACentre a FUNSER, nova designação da FUNCER, e o Ministério Público. No acordo foiestipulada, a pedido da PGE, uma multa diária no importe de RS 1.000,00 (mil reais) em casode descumprimento do avençado. Fugindo da normalidade, o TAC foi assinado, tão somente,pelos denunciados Antônio Fernandes e Marcelo Henrique, sem qualquer outra assinaturade representante por parte da UEG ou do Estado, vejamos (fl. 2500-vol. 12 do PIC n°002/2016-PGJ):

CLÁUSULA 5" - Fica eleito o Foro da Comarca de Anápolis - Goiás, para

dirimir quaisquer dúvidas decorrentes deste TERMO DE COMPROMISSO.

RESPONSABILIDADE E AJUSTAMENTO DE CONDUTA, com renúncia de qualquer outro.

E, para que tal compromisso possa surtiros seus jurídicos e legais efeitos

foi lavrado o presente termo que, após lido e achado conforme, vai devidamente assinado

pelos Ajusfàntés supramendonados, o qual foi digitado por mim (•Qivhum ^Uwy

^VforWr.r) \§Á<iÚ^'^ .assessor jurídico e secretário do Procedimento Administrativo

em epít _L

o interrogando respondeu que essa era a vontade do governo naquele momento; (...) que confirma que fez o TACsomente com a FUNCER/FUNSER no dia 15 de junho de 2012; que a destinação de parte dos recursos previstos no TACpara UEG, decorreu não da vontade da UEG mas sim do governo estadual: que essa informação de que era interessedo governo estadual a destinação de parte da verba da UEG foi repassada ao interrogando por ADAIR MEIRÃ; (...)"(Interrogatório Marcelo Henrique dos Santos realizado no Ministério Público, no dia 24/02/2017, fls. 2433/2440)

53 Vejamos o que declarou Joseval dos Reis Brito:

"(...); que no ano de 2012, o Dr. Marcelo convidou o interrogado para exercer a presidência ou diretoria-executiva do FUNDES;que Dr. Marcelo disse que queria que o fundo fosse reativado e estendeu o convite ao interrogado e outras pessoas paracompor a diretoria;que o Dr. Marcelo convidouas pessoas de Vitor, da Fundação Frei João Batista Voguei, Lidio, da FundaçãoJoão do Oliveira, Vander, da Associação Educativa Evangélica, Dra. Lívia Baylão, todos para compor a diretoria; que Mayke deJesus Nogueira também integrou a diretoria a convite do Dr. Marcelo; (...)" (Interrogatório JOSEVAL DOS REIS BRITO,realizado no Ministério Público, no dia 1°/12/2016, fls. 1759/1761)

MVejamos o que declarou Mayke de Jesus Nogueira: "(•••)'• que por volta do ano de 2012, o interrogando foi procurado pelosenhor Joseval para que participasse da gestão do FUNDES; (...)" (Interrogatório MAYKE DE JESUS NOGUEIRA realizado no.Ministério Público, no dia 1°/12/2016, fls. 1759/1761)

Pag. 86/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. c7 Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Minjstérj0 pfibJicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] áQ ístzúo de Goiás

///|\

elo

PROMOTOR nEi J

ÇFerwmdesPRESIDENTE FUNSER

Temeroso em estar se expondo demais na defesa da organização criminosa, odenunciado Marcelo Henrique, poucos dias depois da assinatura do TAC, tentou convencero então Procurador-Geral de Justiça, Benedito Torres Neto, a assinar um novo TAC com aFUNCER prevendo, dessa vez, a destinação de parte dos recursos para o programa interaçãodo Ministério Público do Estado de Goiás. O denunciado Marcelo buscava, como forma de seproteger, envolver a PGJ no planoorquestrado pelaorganização criminosa.

Nem no e-mail enviado ao Coordenador do Centro de Apoio Operacional dosDireitos Humanos e do Cidadão - CAODHC, nem na minuta de TAC encaminhada anexa aoreferido e-mail, o denunciado Marcelo Henrique revelava a existência já de um TAC, firmadosomente entre a 9a PJ de Anápolis e a FUNSER, vejamos (fls. 2.334/2.342-vol. 11 do PIC n°002/2016-PGJ):

#£t&A>,.

[email protected] ____vv,

\ f.uw+ Tamanho da fonte ;

^\*: c. 3

TAC FUNSER

De : MAURÍCIO AGEBRIM <[email protected]>

Assunto: TAC FUNSER

Para : ARTHUR J J MATTAS <[email protected]>

Dr. Arthur.

Sex, 29 de Jun de 2012 10:29

$\ anexo

Encaminho, no anexo, minuta de TAC elaborada pelo colega Marcelo Henrique dos SantOS, da Comarca de Anápolis, paraavaJiacflo por pane daAssessoria e apreciação por parie do Dr. Bcnediio Torres Nclo.

SnlieiltO que. numa leitura rápida, nâo ha como vincula- aaplicação de parle da >crha no Programa bUcrAcflO, posto que estenuo lem por escopo aexecução de políticas pública;., mas. lâo somente, amobiliwçào de uma rede de serviços na área daprcicnçBn wi uso, tratamento, rccbilitaçAo ercinscrçio social do usuário ccombate eo tranco de drogas, cujo Termo deAbertura constn do scgirinte endereço: hltp://«wv.mp.go.gov.br/portaJvvcb'hiv'5'J'iiocs/progrirTi3_intcracao_-_icrmo_de_abcrtura_-_ussinado.pdl

Atenciosamente.

Mouricio Alexandre GcbrimPromotor de JustiçaCoordenador do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos c do Cidadão - CAODHC

QtuAjl. /*.

Pag. 87/120

Avn t-rO rru-

•/

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, fviínistprtn públicaGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] ÚQ Estarj0 úe GoiãS

CnP:74805-100

ÓLMinistério Público do falado de Goiás LLLyrjjQÍhCX -At -Centro de Apoio Operacional dns Direitos Humanos cdo Cidadão -CAODHC *Rua 23esquina com Avenida Fued JoséSebba Qd. 06.1.ts. 15/24 . sala 323. Jardim GoiásGoiânia -Goias í~\ a . O ~J ^0/2-Fones: (062)3243-8200/8201/8203 w \r)LPjjVULf± . £>.*•**-'Fax:(062)3243-8199Correio nictrónico: caodhifTmp.go.gov..brSite: vwwv.mp.go.gov.br/porialv*:b'41 AttlÂLJOSSjlQCOt] MOUOS

fl>romwr t»eJustiçaftsremr AdiciaL^lkQ da EfíJ

*Aot0rruó. ,

De: "MARCELOH SAN10S"<marcclo.lKnriquc©np.go-sov.br>P.-tra: "MAURÍCIO AGLBRJM"<magcbrim©iipgogov.br>Fjiviadas: Quarta-feira.30 de Maiode 2012 9 52:18Assunto: Re: Viagem Salvador

Caro amigo Maurício.

Segue minuta, conforme acertadn. pnjHsuas considerações e avaliação junto aoPGJ.

Fiquena 1'ozi fone abraço.

Marcelo Ilenriq-.ic Origem:Ministério Público

ru Minuta TAC-FUNSER.doc

LB 180 KB

«Urtrttrta Pablko •do btadode Co-ói |

9a Promaiorw deJimi«i do Comarca de

CURADORIA DE FUNDAÇÕES EASSOQACÓIS DAis-60

DE AHAPOUS

M\\

TERMO DE COMPROMISSO,RESPONSABILIDADE E AJUSTAMENTO DE

CONDUTA

Celebradoperonleo Ministério Púhlico do Eilado de Goias - 9" 1'romoinni deJustiça, noscxpiestos lermos do parágrafo I*do artigo 127.dnconsliluicJtafctícrül. artigo 6fi doCódigo Civil Brasileiro, artigo I*c inciso i.<. dourtigo 58da lei complementar estadual «• 25 de o de julho de I9RS An. 7* dlI.MMu/90

MINUTA

Pag. 88/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

Ministério Público Edo Estado de Goiás £

Aos XX dias do mês de maio do ano de dois mil e doze. (descrição

dos ajustantes O Governo de Goiás, ou a Secretaria... Representado(a) por...) e a

FUNSER, Fundaçáo Universitária de Apoio Integral ao Ser, por seu Presidente, Sr. Antônio

Fernandes Júnior, doravante denominadas AJUSTANTES CELEBRAM com o

representante do Ministério Público do Estado de Goiás, representado pela 9a Promotoria

de Justiça de Anápolis, o presente TERMO DE COMPROMISSO, RESPONSABILIDADE

E AJUSTAMENTO DE CONDUTA, com fundamento do artigo 5o, § 6o, da Lei Federal N°

7.347, de 24 de Julho de 1985;

>

>

(-)

CLÁUSULA 3* - Resta ajustada entre os Interessados a destinação

dos valores devolvidos, de maneira prioritária, em conformidade à seguinte deliberação:

0 50% (cinqüenta por cento) para serem empregados no projeto

de REVITALIZAÇÃO da UEG, notadamente, nas estruturas físicas

da ESEFEGO;

D 50% (cinqüenta por cento) a serem destinados ao PROGRAMA

ESTADUAL DE ENFRENTAMENTO ÀS DROGAS E AO

PROGRAMA INTERAÇÃO, constante do Plano Geral de Atuação

do Ministério Público do Estado de Goiás 2012/13; tais destinações

Origem:Ministério público

** IA-. -6-

poderão ser objeto de celebração de novos convênios, ou

parcerias, com entidades cujos objetivos se relacionem com os

projetos acima citados, a fim de otimização da aplicação de tais

recursos.

CLÁUSULA 5' - Em caso de descumpnmento de qualquer das

cláusulas, fica estipulada a multa diária, no importe de R$1.000. 00 reais, a ser destinada

proporcionalmente ao Conselho Estadual de Educação e ao Conselho Estadual de

Saúde, cujos valores deverão ser utilizados em proveito de ações relacionadas ao

CONTROLE SOCIAL;

CLÁUSULA 6o - Fica eleito o Foro da Comarca de Anápolis - Goiás,

para dirimir quaisquer dúvidas decorrentes deste TERMO DE COMPROMISSO.

RESPONSABILIDADE E AJUSTAMENTO DE CONDUTA, com renúncia de qualquer

outro.

E, para que tal compromisso possa surtir os seus jurídicos e legais

efeitos foi lavrado o presente termo que, após lido e achado conforme, vai devidamente

assinado pelos Ajustantes supramencionados. o qual foi digitado por mim (Davisson

Morais Moreira) , assessor jurídico e secretário do Procedimento

Administrativo em epígrafe

Pag. 89/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23. esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Ministério PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estari0 de Q0jáS

///i\

O Coordenador do CAODHC, Dr. Maurício Alexandre Gebrim, de pronto, já semanifestou contra a celebração do TAC, afirmando que "saliento que, numa leitura rápida,não há como vincular a aplicação de parte da verba no Programa Interação, posto que estenão tem por escopo a execução de políticas públicas, mas, tão somente, a mobilização deuma rede de serviços na área da prevenção ao uso, tratamento, reabilitação e reinserçãosocial do usuário e combate ao tráfico de drogas". Na seqüência, o assessor da Procuradoria-Geral de Justiça, Dr. Arthur José Jacon Matias, emitiu parecer contrário a assinatura do TAC,com a seguinte conclusão: "Isso posto, opino pela impossibilidade de destinar os valoresdevo/vidos pela Fundação Universitária de Apoio Integral ao Ser (FUNSER) ao ProgramaInteração, gerenciado pelo Ministério Público do Estado de Goiás, razão por que manifestooposição à celebração do Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento deconduta, cuja minuta se encontra às fls. 3/9". Como último ato, o Procurador-Geral de Justiçaacatou o parecer de sua assessoria jurídica e se recusou a participar do TAC proposto pelodenunciado Marcelo Henrique.

Quase um ano depois, sem maior justificativa, mais precisamente, no dia 22 demarço de 2013, o TAC (celebrado em 15 de junho de 2012) foi revogado, sem ser executado esem serem adotadas quaisquer outras providências cabíveis. Inclusive, no que tange àfiscalização do cumprimento do TAC, houve apenas uma solicitação de devolução integraldos valores do convênio, tendo como resposta - da FUNSER (antiga FUNCER) - ainformação do seu não cumprimento e, na seqüência, o indecoroso pedido de devolução dosvalores em 120 meses.

Enfim, no dia 4 de abril de 2013, o promotor de Justiça Marcelo Henriquecelebrou um novo "Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta" -TAC com a FUNSER (antiga FUNCER), UEG, Estado de Goiás (representado pelaProcuradoria-Geral do Estado), com a interveniência da Secretaria de Estado de Gestão ePlanejamento - SEGPLAN, a fim de que houvesse a devolução atualizada dos valorestransferidos em dezembro de 2010, pasmem, em generosas 12 parcelas, cujo montante seriade somente R$ 12.899.227,20 (fl. 344-58 do PIC n°002/2016-PGJ).55

O novo TAC foi assinado pelos denunciados Marcelo Henrique e por AntônioFernandes, além do Reitor da UEG, professor Haroldo Reimer, o Procurador-Geral doEstado, Alexandre Eduardo Felipe Tocantins, e o Secretário de Estado de Gestão ePlanejamento. Vejamos (fls. 414/414-v-vol. 03 do PIC n° 002/2016-PGJ):

55 Digno de nota que os TACs, celebrados entre FUNSER (antiga FUNCER) e o Ministério Público, este representado nos atospelo denunciado Marcelo Henrique, visando a devolução do dinheiro à UEG, não poderiam nem sequer ter sido celebradossegundo o que dispõe o artigo 17, §1°, da Lei n° 8.429/92, vejamos: "é vedada a transação, acordo ou conciliação nasações de que trata o capuf. (Interrogatório MAYKE DE JESUS NOGUEIRA)

Pag. 90/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

Ministério Público Ido Estado de Goiás |

f HltóC t' í—

?' Pr»)tlwvi de !bjiHi ti •• vim* it írii/ofo-Gü- oiummDi nmjfà imu ;y.mcnuki pe miras -

E. para que tal compram , ossa surtir o? seus jurídico? e legais

efeitos, fci lavrado o presente termo que. após l.do e achaco conforme, vai devidamente

5S£inado pelos AJUSTANTES supramencionaüoõ. o qual foi digitado ppr mim, Davisson

MoraisMoreira,assessor jurídico e secretario d-: ProcedimentoAdministrativo em epígrafe

ALEXANDRE EDUARDO FELIPE TCCANT^o***^PRO0URADOR-GER \l DO ESTA|D0 .

IARLjÍdE ESTADO DE ÜL6TÃÜ EPLANEJAMENTOGiUSEPPE VECCI

'tA,

SECRETÁRiOJ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS - UEG

HAROLDO REIMER

REITORr-.

FUNDAÇÃQ4.INIVERSITÁRIA DF APOIOAO SER - FUNSER

vANTÔNIO FERNANDES JÚNJORREPRESENTANTE LEGAL

MARCELO HENRK^JEfDOS BÃrÍT^OS[PROMOTOR DE JUSTIÇA

Ainda no intuito de proteger a organização criminosa de eventual persecuçãopenal, o denunciado Marcelo Henrique enviou uma cópia do novo TAC à 1Ia Promotoria deJustiça de defesa do Patrimônio Público da Comarca de Anápolis, no intuito de barrar aapuração cível - sobre os fatos envolvendo a FUNSER (antiga FUNCER) - que estava sendorealizada naquela promotoria. No ofício Marcelo informa: "considerando a existência deInquérito Civil Público sob a responsabilidade de V. Ex., em desfavor da UEG, queapura evento análogo ao tratado noutro nesta Curadoria, e tendo em vista a elucidaçãoda questão por meio de Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de

Conduta - TAC", vejamos (fls. 415-vol. 03 do PIC n° 002/2016-PGJ):

S\

Pag. 91/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba,Qd. A06, Lts. 15/25. Jardim Goiás, sala n° 327, r,1 inist£: ri oPublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] do Estadode Gojás

///i\

000612

MhüflMa hJHIiodo tMflia deCílii |

9" Promotoria de Ma da.Comarca de Anópolis-GO .-CURADORIA Dí RIHDÍ(ÕBTASS0ÜA(ÔD DA COMARCA Dí AHÀPOUS -

fc 000551

Oficion" 041/13.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROMOTORMarcelo Celestino

DD. Promotor de JustiçaMinistério Público do Estado de GoiásNESTA

ASSUNTO: Encaminhamento deDocumentação.

Anápolis, 15de abril de2013.

Exmo. Senhor Promotor,

Apar de cumprimentá-lo econsiderando aexistência de InquéritoCivil Púb-ico sob a responsabilidade de V.Ex *, em desfavor da UEG. que apuraevento análogo ao tratado noutro nesta Curadoria, etendo em vista aelucidaçãoda questão por meio de Termo de Compromisso. Responsabilidade eAjustamentode Conduta -TAC. encaminho-lhe cópia do mesmo para apreciação eadoção dasprovidências cabíveis.

Ao ensejo, renovo protestos da mais elevada estima e distinta

consideração.

Atenciosamente.

Màfçelo Henrique dósPROMOTOR DF. JUSTICE

Cantos

Insistindo no intento de dissimular a apropriação dos recursos oriundos UEG, aorganização criminosa providenciou o pagamento da primeira parcela do acordo ainda no mêsde abril de 2013. No entanto, nenhuma outra parcela foi paga. Chama a atenção a facilidadecom que o pagamento foi feito, vejamos (fls. 415.v-vol. 03 do PIC n° 002/2016-PGJ):56

56 Em menos de vinte dias a primeira parcela do novo TAC foi paga. Por óbvio, se o dinheiro não tivesse sido desviado e se ointento na celebração do convênio não fosse desde o inicio a apropriação dos valores, certamente a restituição total aos cofresestaduais já teria ocorrido.

Pag. 92/120 >

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, iviinístério PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estado d£j Gojás

///|\

: fjOOO

GoiánUi, 22 úe dbríl de 2013.

A

CAIXA ECONÔMICA FEDKRALAg.: 2981 •

Ali: Sérgio M. Pinheiro

l'ir/.tKlci Gerente,

úlIXft UtfiOHHA ifitfttlBOWU- !8« íViWla •'-'Dftin:." ,n-;;n j H>.4n ''• »':. lf>URHiNfti • ííwi r«SU or«! » •"•:" i:pi.

iiwttwmii lü Dtfv i .«:h nôf • W-Wi

MtflRJA.f'JNlií iKeilUAiifi *M* >U* mi .-.!:.: •• •NOK: Ir'. PiMAl-PRuG IVDEWiMIABÜHJHSíR HrtltítHí;

Vfll.OK IljtAí.VflLOK nitüO: Mu< " tf'-. f3}.í-M

ipl.v rj.iv.«i-. -.'. '.,,• i- -., . •.,.• :. ^ •• ••

W r.M/í. oó*n' •:.'{i BHl|Uu.i-t«:<- :• ft'Xfr iWW '" i"i

Wi.u • .li .1 'J' • •••

.'a Vjj Vij Jy C1 l«s"»t»i

Venho solicitar <. rrcinsier&icid no valor de RS 1.074.935,60 (Um milhão, setenta

c quatro mil, novecentos c trinla e cinco reais o sessenta centavos) tio i'onUi

corrente n." 1016-7, nesta agencia, de titularidade tÁa FUNSER - Fundação

Universitária de Apoio Integral au Ser, CNPJ 03.652.447/0001-33, para a conta

295-9, Agencia 4204 - Op 06, Tesouro Estadual - Pai/ Programa Especial.

\tondos«imonu\vJ

\/JI •

IUbi*.^

vv' ça-t--!• I Ul^rfl

í» • A ! ' ' '^ Aptiqnio Fernandes Júnior'

FUNSER

Mesmo não tendo sido paga nenhuma outra parcela do novo TAC, o denunciadoMarcelo Henrique só resolveu propor a execução cível, no dia 22 de maio 2015, e isso

Pag. 93/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, ivifnistérío PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Estado de GoJás

///i\

somente após tomar conhecimento que a Procuradoria-Geral do Estado - PGE já haviaproposto, no dia 05 de março de 2014, uma ação de cobrança em face da FUNSER.

Isto é, somente após mais de cinco anos da apropriação dos recursos da UEG, bemcomo mais de dois (três anos se considerado o primeiro TAC) anos depois de configurada ainadimplência da FUNSER (antiga FUNCER), é que o Promotor de Justiça MarceloHenrique dos Santos, que, pela 5a cláusula do TAC, se comprometeu a "fiscalizar o retorno,devidamente corrigido, da integralidade dos valores destinados ao Programa Estadual deFormação e Capacitação em Software Livre, cuidando para sejam efetivamente cumpridas asobrigações pactuadas neste termo", resolveu ajuizar ação de execução contra a FUNSER,ressalta-se, mais uma vez, após a Procuradoria do Estado já ter feito o mesmo praticamenteum ano antes (fl. 416-29 do PIC n° 002/2016-PGJ). Em verdade, os TACs firmados pela 9aPromotoria de Anápolis com a FUNCER nunca foram efetivamente fiscalizados pelodenunciado Marcelo Henrique, pois também realmente nunca tiveram a finalidade derestituir ao erário o dinheiro desviado.57

Frisa-se, por oportuno, que até o final do ano de 2010, ano da intervenção levada aefeito pelo denunciado Marcelo Henrique na FUNCER, esta entidade apresentavamensalmente os extratos de suas contas bancárias, tudo registrado em um livro diário. Após odesvio dos recursos advidos da UEG, não mais foram apresentados os extratos bancários.58Vide certidão constante às II. 421-24 do ANEXO VIII. do PIC 02/2016 PGJ

Por todos os atos já praticados e pelas respostas dadas em seus interrogatórios, osdenunciados Marcelo Henrique, Adair Meira, Antônio Fernandes, Lívia Baylão e LucasVieira, na condição de membros da organização criminosa, insistem no ocultamento doparadeiro dos RS 10.000.000,00 (dez milhões de reais) desviados da UEG.

O denunciado Lucas Vieira, em especial, ocupa desde o dia 17 de janeiro de 2014o cargo de presidente da RENAPSI, além de ser o atual administrador da SAGRESAssociados S/A, e, ao ser interrogado, no Ministério Público, no dia 30 de novembro de 2016,sobre a localização do dinheiro, afirmou apenas que "desde que assumiu a administração da

57 Vejamos os seguintes depoimentos dos servidores da 9a Promotoria de Justiça de Anápolis:

"(...) que Dr. Marcelo orientou o depoente a afirmar que o TAC foi trabalhado na Promotoria por eles; que no entanto o TAC jáchegou pronto apenas faltando colher as assinaturas; que ressalta nunca ter trabalhado em nenhum TAC envolvendo aFUNCER/FUNSER; (...); que realmente Dr. Marcelo nunca efetivamente fiscalizou os TACs firmados entre a promotoriae a FUNCER/FUNSER; que o depoente e os demais servidores não conseguiam entender o porquê do Dr. Marcelo nãoexecutar os TACs não cumpridos pela FUNCER/FUNSER; (...) que, quanto à passagem extraída da interceptaçãoambientalna qual o depoente afirma que Adair deu ou daria um cala boca em alguém, explica que entende que o cala boca seriadirecionada ao próprio Dr. Marcelo no sentido de que ele não executasse o TAC firmado entre promotoria e aFUNCER/FUNSER; que estranhava ao depoente e aos demais servidores da promotoria o fato do Dr. Marcelo nuncaquestionaronde estariam os R$ 10 milhões transferidos pela UEG à FUNCER/FUNSER;". (Depoimento prestado no MinistérioPúblico, no dia 23/02/2017, pela testemunha DAVISSON MORAIS MOREIRA, fls. 2398/2400)

"(...) Que quando foi firmado o TAC com a FUNCER o depoente ainda não estava trabalhando na 9a Promotoria; Que, noentanto. Davisson comentou com o depoente que o TAC já chegou na promotoria pronto: Que todos sabiam que o TAC era"mentiroso", pois o seu objeto não seria de fato fiscalizado; Que o TAC serviria apenas para justificar uma falsaatuação da Promotoria; Que a fiscalização do TAC se resumia em enviar um ofício à FUNCER perguntando como seencontrava o andamento do cumprimento do TAC; Que as respostas dadas pela FUNCER sempre eram evasivas e mesmoassim o TAC não foi executado até o ano de 2015 (...) Que somente após a PGE propor ação de cobrança em face daFUNCER. é que o Dr. Marcelo resolver propor a execução do TAC firmado entre a Promotoria e a FUNCER: Queficou sabendo\que Dr. Marcelo pediu a extinção da ação proposta pela PGE e. inclusive, procurou a Juíza Monice para tentar convencê-la dareferida medida; (...)".(Depoimento prestado no Ministério Público, no dia 23/02/2017, pela testemunha FERNANDOHENRIQUE DE ARAÚJO LIMA, fls. 2392/2395)

58Vide certidão constante às fl. 464-7 do ANEXO VIII, do PIC 02/2016 - PGJ

Pag. 94/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JJJirférto públicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] *. Esta(j0 de Q0jáS

///i\

RENAPSI, no ano de 2014, o interrogando 'tem a pré-disposição para fazer valer o acordo edevolver o dinheiro a partir de março ou abril do ano que vem '". Perguntado porque elegeu omês de março e abril, respondeu simplesmente que "elegeu a data de marco ou abril do anoque vem, porque no momento não tem a disponibilidade da quantia". Por fim, disse que "nãosabe dizer aonde se encontra o referido valor". •

Já o denunciado Adair Meira insiste em desculpas vazias no sentido de nãoefetivar a restituição do dinheiro ao erário, bem como de não informar o seu paradeiro. Ao serinterrogado, no Ministério Público, no dia 30 de novembro de 2016, Adair exculpou-sedizendo "que hoje as instituições envolvidas no processo desse convênio, tais como FUNSER,RENASPI e MATERNIDADE (DR. ADALBERTO PEREIRA DA SILVA) estão dispostas adevolver os valores". Na seqüência, a par de ter confessado ainda manter o controle de todasas empresas e entidades, culpou o Estado pela não devolução dos recursos, dizendo que: 'V;que impede a devolução imediata é a existência de várias investigações e questionamentos emcurso, tendo por objeto esse convênio; que TONINHO já pediu para que o interrogandodevolvesse o dinheiro para o cumprimento do TAC e o interrogando lhe respondeu dizendoque enquanto houver essas investigações e questionamento, há dificuldade para a devoluçãodesses valores; que TONINHO concordou com essa resposta".m

Quanto a localização do dinheiro desviado, destaca-se que, no dia da deflagraçãoda operação, referente ao presente caso, batizada de "Operação Quarto Setor", foramapreendidos R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), em espécie, na casa do denunciado AdairMeira. No pedido de restituição6I da referida quantia, os advogados do denunciadoinformaram que o dinheiro apreendido pertencia a Rádio Clube de Goiânia S/A, depropriedade de Adair, e seria utilizado em acertos trabalhista da Radio. No entanto, osmesmos advogados, ao instruir o pedido, apresentaram um extrato bancário que revelou, queno mesmo dia do suposto saque do dinheiro, isto é, 20 de fevereiro de 2017, a RENAPSI, cujoatual presidente é o denunciado Lucas Meira, transferiu a soma de RS 175.000,00 (cento esetenta mil reais) para a conta bancária da Rádio Clube de Goiânia S/A. Assim, a própriadefesa evidenciou que os membros da organização criminosa, em especial Adair Meira,continuam ocultar e a usufruir do dinheiro desviado da UEG.

Outrossim, a organização criminosa, chefiada por Adair Meira, pelo menos até o

59 Configura o crime permanente de lavagem de dinheiro, conforme previsto no artigo 1o da Lei n° 9.613/1998: "Ocultar oudissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes,direta ou indiretamente, de infração penal". Vejamos o teor do interrogatório do denunciado Lucas Vieira da Silva Meira:

" (...); Que desde que assumiu a administração da RENAPSI, no ano de 2014, o interrogando "tem a pré-disposição para fazervaler o acordo e devolver o dinheiro a partir de março ou abril do ano que vem"; Que elegeu a data de marco ou abril do anoque vem, porque no momento não tem a disponibilidade da quantia; Que não sabe dizer aonde se encontra o referido valor; (...)Que reafirma que não sabe aonde se encontra a quantia aproximada de dez milhões referente ao convênio firmado entre aFUNCER e a UEG, no final do ano de 2010; (...)" (Interrogatório de Lucas Vieira da Silva Meira realizado no Ministério Público,no dia 30/11/2016).

60 Vejamos o seguinte trecho do interrogatório do denunciado AdairAntônio de Freitas Meira:

" (...); que hoje as instituições envolvidas no processo desse convênio, tais como FUNSER, RENASPI e MATERNIDADE (DR.ADALBERTO PEREIRA DA SILVA) estão dispostas a devolver os valores; que o que impede a devolução imediata é aexistência de várias investigações e questionamentos em curso, tendo por objeto esse convênio; que TONINHO já pediu paraque o interrogando devolvesse o dinheiro para o cumprimento do TAC e o interrogando lhe respondeu dizendo que enquantohouver essas investigações e questionamento, há dificuldade para a devolução desses valores; que TONINHO concordou comessa resposta;; (...)" (Interrogatório de Adair Antônio de Freitas Meira realizado no Ministério Público, no dia 02/12/2016, fls.1775/1781).

61 Vide pedido de restituição às fls. 389/393, anexo VIII, vol. II, do PIC n° 02/2016 - PGJ.

Pag. 95/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JvJTnístériõ PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] áQ gsta(j0 jje GojáS

///i\

dia da deflagração da "Operação Quarto Setor", isto é, no dia 21 de fevereiro de 2017,continuava a funcionar em pleno vapor.62 No dia 16 de ferreiro de 2017, os denunciadosLívia Baylão e Antônio Fernandes foram flagrados ao telefone, discutindo a respeito daconfusão patrimonial existente entre as empresas e as entidades pertencentes a Adair Meira,bem como tramando a forma de formalizar a transações e os negócios jurídicos existentesentre elas. Pelos diálogos captados, percebe-se claramente que os denunciados estãodissipando e, também, ocultando o patrimônio da organização criminosa. Lívia Baylão,inclusive, brinca com acerca de sua falsa ignorância a respeitos dos negócios escusos daorganização criminosa, dizendo: Eu sou cega, surda, muda e manca (risos). Adoro!"63

62 No dia 16 de ferreiro de 2017, Adair Meira foi inclusive flagrado ao telefone prometendo pagamento (possivelmente com odinheiro que foi apreendido no dia da operação em sua residência), nitidamente escuso, a uma pessoa ainda não identificada.Vejamos as transcrições das respectivas ligações telefônicas interceptadas no curso da presente investigação:

Data Início: 16/02/2017 09:35:34

Data Término: 16/02/2017 09:36:51

Telefone: 62999712046 ADAIR ANTÔNIO DE FREITAS MEIRAInterlocutor: 6135914522

Transcrição:ADAIR XHNI

ADAIR: "ALÔ!"HNI: "OI NEGÃO! "ADAIR: "OPA! TUDO BEM?

HNI: "BELEZA CARA."

ADAIR: EU VOU TE LIGAR TÁ BEM!HNI: "AGORA, VOCÊ RETORNAAGORA? "ADAIR: "EU NÃO, EU VOU TE RETORNAR EM MEIA HORA".HNI: "É SÓ PARASABER, TÁ FIRME AQUELE NO CARNAVAL?"ADAIR: "TÁ! TÁ FIRME SIM, TA ENCAMINHADO VIU?TE CONFIRMO AÍ.HNI: "HAN?"

ADAIR: "TE CONFIRMO AÍ. VOCÊ CHEGOU DOS ESTADOS UNIDOS QUANDO? "HNI: "CHEGUEI TERÇA FEIRA."ADAIR: "VOCÊ NÃO TAVACOM SEU CELULAR? "HNI: "É PORQUE ELE ESTRAGOU O CHIP."ADAIR: "ENTÃO PÕE LOGO ESSE CHIP AÍ, QUE EU TE FIZ UMA PERGUNTA IMPORTANTE LÁ. "HNI: "ENTÃO EU POSSO CONFIRMAR NÉ! "ADAIR: "PODE!"HNI: "É QUE EUTÔ DEVENDO UMA PARTICULAÇÃO AQUI"ADAIR: "PODE, PODE OLHARAÍTÁ! "HNI: "TÁ!"ADAIR: "UM ABRAÇO. "

63 Vejamos as transcrições das respectivas ligações telefônicas interceptadas no curso da presente investigação:

Data Início: 16/02/2017 13:52:16

Data Término: 16/02/2017 13:56:24

Telefone: 62985571414 LIVIA BAYLÃO DE MORAISInterlocutor: 62991139277 ANTÔNIO FERNANDES JÚNIORTranscrição: LÍVIA XTONINHO:LÍVIA: "OI, TONINHO. NÃO EU QUE PEÇO. É O SEGUINTE, HOJE EU TÔ SEM FALAR COM WHATS APP PELASCIRCUNSTÂNCIAS, NÉ? MAS TÁÓTIMO. O QUE EU QUERIA SABER É O SEGUINTE: A POSIÇÃO JURÍDICA DO ADAIR.NA FUNDAÇÃO A GENTE SABE. A GENTE ACOMPANHA. AGORA LÁ NA TV CERRADO. SE ELE QUISER VENDERESSES 50% PARAA SAGRES ENTÃO PODE. É DISSO AÍ QUE NÓS VAMOS TRATARAGORA."TONINHO: "ZERO. NA LSMC ZERO. NA TV CERRADO ELE TEM 50%. É UMA EMPRESA. EXATAMENTE. ELE É DONO DE50%. MAS NA VERDADE ELE NÃO QUER VENDER 50% NÃO. ELE QUER VENDER INTEIRA.INCLUSIVE A PARTE DOSUZAMOR (?) E A SAGRES VAI PRA DENTRO DA RENAPSI."LÍVIA: "EU PRECISO FAZER TODA A CADEIA DIREITINHO DE TRANSFERÊNCIA "PRA GENTE PODER TER NOÇÃO DECOMO NOS VAMOS DOCUMENTAR ISSO Al. ELE JA HAVIA FALADO ISSO CONOSCO LA ATRAS. DEPOIS DE UNS

MESES ELE CHAMOU TODO MUNDO E FEZ UMA REUNIÃO NA SALA DELE. DAVIDSON. EU A CLAUDINHA. VOCÊ TAVACOM O DAVIDSON: ELE DELEGOU AO DAVIDSON A TAREFA DE CUIDAR DESSA PARTE, SÓ QUE COM TODA ADISCRIÇÃO QUE ME É PECULIAR, LIGUEI E FALEI: "UAI DAVIDSON, VAMOS FAZER OU NÃO VAMOS? QUE DIA VAI SER?PÁ PÁ PÁ PÁ PÁ" A REUNIÃO HOJE VAI ACONTECER NAEXCLUSIVA, EU VOU PARTICIPARPOR SKYPE. ENTÃO EU JÁQUERO ELENCAR, JÁ QUERO IR COM ESSAS INFORMAÇÕES. PRA GENTE JÁ ANDAR. O PAULO VAI PARTICIPAR.NINGUÉM TÁ SABENDO DISSO? NEM COMENTA. A FERNANDA VAI, MINHA SÓCIA, PORQUE EU FALEI PRO DAVIDSONQUE QUEM VAI BOTAR A MÃO É ELA, PORQUE ELA QUE FAZ CONTRATO. ELE NÃO FAZ, EU TAMBÉM NÃO FAÇO\NÃOÉ NOSSA PRAIA, ENTÃO... AÍ VAMOS ALINHAR O SEGUINTE: A TV CERRADO, QUE É AQUELA EMPRESA, AQUELASOCIEDADE, VAI PASSAR INTEGRAL, ASAGRES SISTEMA DE COMUNICAÇÃO, MAS EU TÔ FALANDO A SAGRES QUEÉ A EMPRESA DELE. ENTENDEU? COMPRA ESSA E AÍ A RENAPSI COMPRA A SAGRES, POR VIA DE CONSEQÜÊNCIACOM PATRIMÔNIO DE TELECOMUNICAÇÃO. ISSO ISSO. TEM MAIS ALGUMA OUTRA COISA?" . X $

Pag. 96/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECORua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd.A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,

Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

iiilMinistério Público |do Estado de Goiás |

%

O líder de toda a organização criminosa continua a ser Adair Meira, todos osmembros da organização criminosa continuam ligados a ele, inclusive, continuam a mantercontato com ele. Na ligação telefônica, interceptada no dia 21/02/2017, às 12:08:01 horas,Lívia Baylão informou à sua interlocutora: "eu sei que você acompanha as demandas darádio 730 e hoje, quem está à frente da Rádio 730 é o Adair Meira, que está à frente dasfundações com as quais eu trabalho, então estou diretamente ligada a ele também". Atémesmo o denunciado Luiz Arantes, fora da UEG desde o ano de 2012, continua a mantercontato com Adair Meira.64

Outrossim, conforme observado no dia dos cumprimentos dos mandados de buscae apreensão, bem como pelas conversas telefônicas interceptadas, a maioria das empresaspertencentes à organização criminosa, na verdade existem apenas de fachada, merosinstrumentos de viabilização da apropriação dos recursos públicos transferidos para asentidades do terceiro setor criadas e geridas por Adair Meira.

Nesse sentido, a SAGRES ASSOCIADOS S/A não possui efetivamente nem sede,nem funcionários. O endereço da sede da empresa na verdade é a residência, no Brasil, dosdenunciados Adair Meira e Lucas Meira, vejamos (fl. 346-anexo VIII do PIC n° 002/2016-PGJ):

Procedimento de Investigação Criminal n*002/2016-PGJAutos Judiciais: 201693167042

CE RI I DA O

TONINHO: "QUE EU TÔ LEMBRADO NÃO."LIVIA: "EA RÁDIO. COMO ESTÁO NEGÓCIO DARÁDIO?"TONINHO: "EU NÃO POSSO FALAR AGORA NÃO."LIVIA- "É NÉ? TÁ JÓIA ENTÃO. É PORQUE EU ACHO QUE ISSO IA ENTRAR TAMBÉM, SE EU LEMBRO DELE FALAR.SEGUNDA FEIRA EU TÔ AÍ. EU MUDEI MINHA IDA, EU VOU PARTICIPAR DA REUNIÃO 06 HORAS. VAI SER ÓTIMO. EUVOU COMBINAR COM O PEZINHO (?) PORQUE DA OUTRA VEZ ELE FOI NA MINHA MÃE. AÍ EU VOU COMBINAR COMELE, TÁ JÓIA? FICOU SEGUNDA FEIRA ENTÃO. EU VOU CONTRA COM ISSO, MAS OS DETALHES AGENTE VÉ AÍ."

Data Início: 16/02/2017 14:02:45Data Término: 16/02/2017 14:04:33Telefone: 62985571414 LIVIA BAYLÃO DE MORAISInterlocutor: 62991139277ANTÔNIO FERNANDES JÚNIORTranscrição: LIVIA X TONINHO:LIVIA: "OI TONINHO, EU LIGUEI PRA TIRAR UMA SEGUNDA DÚVIDA. NAQUELA CONVERSA QUE A GENTE TEVE, ARENAPSI TAMBÉM VAI ADQUIRIR A SAGRES TAXI AÉREO?"TONINHO: "NAO ESSE JA ACABOU. JA FOI VENDIDO. ONTEM. OUVIU? MAS VOCÊ NAO OUVIU NADA. OUVIU SEMOUVIR."LIVIA- "É MAS VAMOS TER UM PROBLEMINHA AÍ. PORQUE A TRANSFERENCIA FIO FEITA PARA ESSA PESSOAJURÍDICA ENTENDEU? ENTÃO AGENTE TEM QUE EQUCIONAR ISSO Al. PORQUE AOTEMPO DAS TRANSFERENCIASA IDÉIA ERA ESSA." _ . .TONINHO: "POIS É MAS AGORA VAI PARA ASAGRES SISTEMA DE COMUNICAÇÃO. EMPRESA QUE TA PARADA. NOSVAMOS REATIVAR ELA E VAI PRA ELA. VOCÊ LEMBRA DA SAGRES SISTEMA CERRADO DE COMUNICAÇÃO?"LIVIA- "LEMBRO AMOR DA MINHA VIDA, MAS NOS TEMOS TODO UM HISTÓRICO DE CNPJ, ENTÃO EU TENHO QUEJUSTIFICAR TUDO ISSO PRATRÁS. POR MAIS DO QUE FAÇA DAQUI PRA FRENTE DE UMA OUTRA FORMA, MAS E OPASSADO? NÓS TEMOS AGORA QUE REGULARIZAR PASSADO"TONINHO: "POIS É, ENTÃO DURMA COM ESSE BARULHO"LIVIA: "ENTÃO OU VOU ORGANIZAR. EU NAÕ SEI DE NADA. EU SOU CEGA. SURDA. MUDA E MANCA (RISOS).ADORO!"

64 Vide certidão constante às fl. 440-1 do ANEXO VIII, do PIC 02/2016 - PGJ

Pag. 97/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327.Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

///BMinistério Público Kdo Estado de Goiás |

Certifico c dou fé que. no dia 21 de fevereiro de 2017. as íí- h_J5 . não

cumpri o MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO expedido polo Gabinete da

Desembargadora Elizabeth Mariada Silva.da Corte Lspeeial do Tribunal de Justiçado Estadode

i íoiás. no bojo dos amosjudiciais n"316704-33.2016.8.09.0000 (201693167042). no endereço

Rua J-32. n" 95. Quadra n 61. Lote 09-E. Selor Jaó. Goiânia. Estado de Goiás, sede da empresa

SagresAssociados S/A, pelo seguinte motivo:

A..i'kJ± /.C- i O-o-v*-- l*-^~* Ç?C^>

A3.-->-•f/-t>/ CY^vJ. C) „iU-.^ jÁs-'W^-_.l-Ji. _• --.- •/••,>: >-> <>'' • -

",-<y^y _.:.-

P J> â ' 4- • '

(^ ^-t y^yg ./tí(^-Nv-• • .' • • - ') i

"'••.

() referido é verdade •.•dou le.

Goiânia. 21 de fevereiro de 2017.

(autor/da certidão)

\

Portão de entrada que supostamente seria da>a SAGRES ASSOCIADOS:

O local, na verdade, é a residência de AdairMeira:

Vista da sacada do quarto de Adair Meira para oportão de entrada que seria supostamente daempresa SAGRES:

Os documentos da SAGRES foram localizados

em um único armário:

Pag. 98/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

Os documentos da SAGRES foram localizados em um quarto desocupado

Ministério Público Sdo Estado de Goiás £

Já a VIACÃO ÁGUAS LINDAS, por seu turno, encontra-se abandonada, semqualquer funcionamento, vejamos (fls. 320-anexo VIII do PIC n° 002/2016-PGJ):

Procuradoria-Cernl de Justiça - PGJ(impo rir Aluaria Especial rioCombate ao Crime Organizado - CAF.CO

Rua 23. esq. rj Fued Josí Sebba. Qd. A06. lis. I5'25. JardimGotas, sala n*Í2'. Goiânia. Fone:62-3243-8381 /e-mail. gaccoórmpBo.nip.hr '"IMlnltterlo Público •

doEsUda di Golli |

AUTO CIRCUNSTANCIADO DE BUSCA E APREENSÃO

Pag. 99/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, rviinistcrio PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] do Estad0 úe GojãS

///i\

Aos 2}> dias do mês de fevereiro do ano de 2017, na cidade de Águas Lindas deGoiás/GO. às & h JO . em cumprimento ao mandado de busca e apreensãoexpedido pelo Gabinete da Desembargadora Elizabeth Maria da Silva, da CorteEspecial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, no bojo dos autos judiciais n°316704-33.2016.8.09.0000 (201693167042), efetuamos, com as devidas formalidadeslegais, após a exibição e leitura do mandado, diligências de busca e apreensão naAvenida Águas Lindas, s/n°, Quadra n° 52, Lote n° 1319/1320, Bairro ChácarasQuedas do Descoberto, Águas Lindas de Goiás, Estado de Goiás. Como resultadodas buscas foram apreendidos os seguintes documentos/objetos/ equipamentos: .

^ >u»~ Ou sAt~ Jji4^L^yB As cer\ n^U. or* avtw» fa

a. \/;^uJ, A«u** LvJacx r &**9Xy B^

LvhUq )

^ Oi^ie OVJJr^ti tâ J)_BP <^__^vU-*Ami -» W-Ajtog^ Lw)aysjfc A^OtWfr L jL^CuWWEQt^U 8*4vi^U ^Xw Mii^w>Cfi At

ü

A-B-C-D

N^S6 Aff**

—C6núttíC>-

Pag. 100/120

á**fo^

C^> ^ÍL

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

Ministério Público I

do Estado de Goiás £

\

E mais, na ligação telefônica, do dia 16/02/2017, às 13:52:16 horas, Lívia Baylãoconfessou que a organização criminosa fez uso, em especial, da Sagres Associados comoempresa de fachada. No curso da ligação interceptada, a denunciada revelou: "A SAGRES vaipra dentro da RENAPSI... aí vamos alinhar o seguinte: a TV cerrado, que é aquela empresa,aquela sociedade, vaipassar integral, a Sagres Sistema de Comunicação, mas eu tôfalando aSagres que é a empresa dele. Entendeu? Compra essa e aí a RENAPSI compra a SAGRES,por viade conseqüência com patrimônio de telecomunicação."

No mesmo dia, na ligação realizada às 14:02:45 horas, foi a vez de AntônioFernandes confessar a utilização das empresas de fachada pelo grupo criminoso. Emdeterminado momento da conversa "Toninho,, disse à Lívia Baylão: "não esse já acabou. Jáfoi vendido. Ontem. Ouviu? Mas você não ouviu nada. Ouviu sem ouvir." Lívia Baylão, ainterloeutora, retrucou: "é mas vamos ter um probleminha aí, porque a transferência foi feitapara essa pessoajurídica entendeu? Então a gente tem que equacionar isso aí. Porque aotempo das transferências a idéia era essa.". "Toninho", então, explicou, arrolando mais umaempresa de fachada a ser utilizada pela organização criminosa: "pois é mas agora vai para aSAGRES sistema de comunicação. Empresa que tá parada, nós vamos reativar ela e vai praela. Você lembra da SAGRES sistema cerrado de comunicação?" 66

Em outra ligação interceptada, no dia 17/02/2017, às 12:44:22, AntônioFernandes revelou que o seu salário percebido na FUNSER também é fictício. Por óbvio que

Vejamos as transcrições da respectiva ligação telefônica nas notas anteriores.

Vejamos as transcrições da respectiva ligação telefônica nas notas anteriores.

Pag. 101/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Ministério PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] ÚQ Estado de GojgS

///i\

o grosso de sua remuneração vem da divisão dos lucros da organização criminosa e não dosholerites da fundação. No curso da ligação monitorada, 'Toninho" pede a sua secretariaFernanda que confeccione um contracheque, com as seguintes orientações "cinco epouquinho, cinco duzentos e pouquinho, você escolhe aí, você faz os descontos, eu quero quevocê imprime, saneie e me mande por e-mail, como se fosse um documento mesmo,entendeu?".67

Por fim, depreende-se do caderno investigativo que, nos dias 29 de novembro a05 de dezembro de 2016. o denunciado Marcelo Henrique, por diversas vezes, nas mesmascondições de lugar, tempo, modo de execução e dentro do mesmo plano global, aindaembaraçou investigação de infração penal que envolve organização criminosa.

Realmente, no curso da presente investigação, em especial com o emprego daescuta ambiental, autorizada judicialmente, foi possível flagrar o denunciado MarceloHenrique obstruindo ou, no mínimo, embaraçando a instrução do feito.

Em que pese apenas alguns poucos diálogos terem sido captados em relação aodenunciado Marcelo Henrique, que compareceu em sua promotoria apenas durante oito diasdurante o monitoramento, foi possível registrá-lo orientando e instruindo as testemunhas edenunciados que seriam ouvidos no bojo dos procedimentos de investigação criminal n°02/2016-PGJ e n° 08/2015-GAECO.68

Mais precisamente, no dia 29 de novembro de 2016, dia em que o secretário e oassessor da 9a PJ de Anápolis, respectivamente, Fernando Henrique de Araújo Lima e

67 Vejamos o resumo da respectiva ligação telefônica interceptada no curso da presente investigação:

Data Inicio: 17/02/2017 12:44:22

Data Término: 17/02/2017 12:45:36

Telefone: 62991139277 ANTÔNIO FERNANDES JÚNIORInterlocutor: 62991229800

Resumo:

ANTÔNIO X FERNANDA - ANTÔNIO diz que precisa de um grande favor dela e pergunta se ela lembra que ela fez umcomprovante de renda pela FUNSER, com um contracheque e pergunta se ela pode fazer outro para ele referente ao mês dejaneiro de 2017. FERNANDA responde que pode fazer e pergunta o valor. ANTÔNIO diz que pode fazer no valor de "cinco epouquinho, cinco duzentos e pouquinho, você escolhe ai, você faz os descontos, eu quero que você imprime, saneie e memande por e-mail, como se fosse um documento mesmo, entendeu? Em pdf para eu poder passar para a pessoa". FERNANDAdiz que na hora que voltar do almoço fará e enviará.

68 Os servidores da promotoria confirmaram a referida obstrução. Vajamos alguns trechos desses depoimentos:

"(...) que realmente Dr. Marcelo Henrique Santos passou orientações para o depoente, Fernando e Mayke antes dos seusdepoimentos prestados no presente procedimento; que Dr. Marcelo orientou o depoente, Mayke e Fernando a comoresponder as perguntas que seriam feitas pelos promotores do GAECO; que, cita como exemplo, a orientação dadasobre o TAC firmado entre a promotoria e FUNCER/FUNSER; que Dr. Marcelo orientou o depoente a afirmar que o TACfoi trabalhado na Promotoria por eles; que no entanto o TAC já chegou pronto apenas faltando colher as assinaturas;que ressalta nunca ter trabalhado em nenhum TAC envolvendo a FUNCER/FUNSER; (...)". (Depoimento prestado noMinistério Público, no dia 23/02/2017, pela testemunha DAVISSON MORAIS MOREIRA, fls. 2398/2400)

"(...)Que realmente o Dr. Marcelo Henrique dos Santos orientou o depoente e Davisson a como se podarem e o que responderpor ocasião de seus depoimentos que seriam prestados no presente procedimento; Que o Dr. Marcelo Henrique entregou,na ocasião em que fez as referidas orientações, cópias do presente procedimento e sua defesa apresentada naCorregedoria que. segundo o promotor, os depoimentos dos servidores não poderia destoar do depoimento prestado naCorregedoria; Que foi faladoque os depoimentos deveriamser "alinhados" ao depoimentoprestado na Corregedoria; (...) Queos servidores da 9a Promotoria sempre sofreram assédio moral por parte do Dr. Marcelo e por isso o temiam; Quejustifica as inverdades declaradas em seus dois primeiros depoimentos, tendo em vista que o depoente tinha o temorque o Dr. Marcelo, ao tomar conhecimento das declarações, promovesse alguma retaliação; Que o fato de o Dr.Marcelo ter sido afastado da Promotoria de Justiça traz maior segurança ao depoente para prestar seu depoimento napresente data: Que a padir deste ato o depoente se compromete a dizer toda a verdade sobre os fatosinvestigados ".(Depoimento prestado no Ministério Público, no dia 23/02/2017, pela testemunha ^FERNANDO HENRIQUE ÒEARAÚJO LIMA, fls. 2392/2395)

Pag. 102/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

Ministério Público fldo Estado de Goiás |

\

Davisson Morais Moreira, foram notificados para serem ouvidos como testemunhas, odenunciado Marcelo Henrique, além de instruir seus servidores a como se portarem e o queresponderem, entregou um material escrito, em especial sua defesa à Corregedoria, para queeles estudassem e se preparassem para asoitivas que seriam realizadas nos próximos dias.69

Em determinado momento da orientação o denunciado Marcelo Henrique disse,ipsis litteris, aos seus subordinados: "vocês têm que ter cuidado com as perguntas que elesvãofazer. Perguntas capciosas. Peguem para vocês isso aqui para lerem com calma sobre apossível transação". O servidor Fernando, na seqüência, lê a resposta no papel que lhe foientregue pelo promotor de Justiça: '"discricionariedade do membro'. Aí qualquer dúvida agente vê e conversa com o Dr. para termos um alinhamento".

No dia 30 de novembro de 2016, o denunciado Marcelo Henrique continuou ainstruir seus servidores quanto aos depoimentos que prestariam no curso da presenteinvestigação. Em determinado momento, o denunciado Marcelo Henrique orienta qualresposta deve ser dada caso seja feita alguma pergunta sobre o TAC firmado com a FUNCER,ipsis litteris: "se perguntarem sobre o TAC você responde que trabalhamos juntos nisso, jádecidimos a propor uma ação envolvendo as promotorias de patrimônio e fundações enaquele mês de abril, o Murilo da PGE da SEGPLAN, ligou dizendo que haviam firmadoum TAC. Foi aí que eles resolveram fazer a devolução daquelaforma. Isso é um detalheimportante. Até porque eu já tinha desistido. Tínhamos feito o primeiro, não deu certo,revogamos. Nos dias que antecederam o ajuizamento da ação que eles lá, maisespecificamente o Murilo Menezes... tem os contatos dele aqui? E amigo, agora é arrumarsoluçãopra essa dor de cabeça aí."70

69 Colacionamos a seguir a transcrição de um trecho da orientação repassada por Marcelo a seus servidores:

PROMOTOR: "e ai, como estão as coisas? TODO MUNDO NOTIFICADO AÍ?"FERNANDO: TODO MUNDO!!"

(•••);PROMOTOR: "TO PENSANDO EM DAR UMA COPIA AO MIKE."[PROMOTOR EXPLICAOS PAPEIS QUE FORAM XEROCADOS DO PIC]PROMOTOR: "ADAIR NOMEADO, ALCIDES AUTORIZOU. VOCÊS TEM QUE TER CUIDADO COM AS PERGUNTAS QUEELES VÃO FAZER. PERGUNTAS CAPCIOSAS. PEGUEM PARA VOCÊS ISSO AQUI PARA LEREM COM CALMA SOBRE APOSSÍVEL TRANSAÇÃO. A PERGUNTA QUE ELES VÃO FAZER: 'PORQUE FOI PROPOR AÇÃO DE EXECUÇÃODEPOIS'."FERNANDO: "DISCRICIONARIEDADE DO MEMBRO. AÍ QUALQUER DÚVIDA A GENTE VÊ E CONVERSA COM O DR.PARA TERMOS UM ALINHAMENTO. SE ELE ME PERGUNTAR SOBRE ACELEBRAÇÃO DO TAC, EU NÃO TAVA AQUI, EUTAVA NA QUINTA."

PROMOTOR: "ELES VÃO PERGUNTAR SE HOUVE ALGUMA SUSPEITA DE VANTAGEM. ESSE NEGÓCIO AQUI NÃO TÁFÁCIL NÃO VIU. ENVOLVENDO VOCÊS AÍ QUE ME CHATEIA MESMO."(...).FERNANDO: "O MIKE VAI SER OUVIDO NA QUINTA TAMBÉM, NE?"PROMOTOR: "TAMBÉM."(momento inaudível)[PROMOTOR SAI DA SALA].(...).

70 Colacionamos a seguir a transcrição de um trecho da referida conversa, vejamos:

[PROMOTOR ENTROU NA SALA][PROMOTOR NARRA AAUDIÊNCIA OCORRIDA NO CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DEGOIÁS.]PROMOTOR: "SE PERGUNTAREM SOBRE O TAC VOCÊ RESPONDE QUE TRABALHAMOS JUNTOS NISSO, JÁDECIDIMOS A PROPOR UMA AÇÃO ENVOLVENDO AS PROMOTORIAS DE PATRIMÔNIO E FUNDAÇÕES E NAQUELEMÊS DE ABRIL, O MURILO DA PGE DA SEGPLAN, LIGOU DIZENDO QUE HAVIAM FIRMADO UM TAC. FOI AÍ QUE ELESRESOLVERAM FAZER A DEVOLUÇÃO DAQUELA FORMA. ISSO É UM DETALHE IMPORTANTE. ATÉ PORQUE EU JÁTINHADESISTIDO. TÍNHAMOS FEITO O PRIMEIRO, NÃO DEU CERTO, REVOGAMOS. NOS DIAS QUE ANTECEDERAM OAJUIZAMENTO DAAÇÃO QUE ELES LA, MAIS ESPECIFICAMENTE O MURILO MENEZES... TEM OS CONTATOS DELEAQUI? ÉAMIGO, AGORA ÉARRUMAR SOLUÇÃO PRA ESSA DOR DE CABEÇA AÍ."[FERNANDO E PROMOTOR MARCELO HENRIQUE CONVERSAM SOBRE A DATA QUE FERNANDO CHEGOU AOGABINETE. FERNANDO FALA QUE NÀ ÉPOCA EM QUE O TAC FOI CELEBRADO ELE NÃO ESTAVA NA PROMOTORIA.].

Pag. 103/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JvJTnistérlõ PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] d0 Estado de Gojás

///i\

O denunciado Marcelo Henrique, visivelmente, determinou a seus subordinadosque mentissem em seus depoimentos. Como já exposto, o TAC foi confeccionado pelaorganização criminosa e não contou com a participação de servidores da promotoria. Ademais,momentos antes de Marcelo Henrique entrar da promotoria e orientar seus servidores amentirem, o servidor Caio César da Costa Duarte Borges, na frente de Fernando e Davisson,declarou com todas as letras: "0 TAC chegou pronto lá. Só colocar o nome. Eu recebia,Juntava...

A obstrução na presente investigação, no entanto, não se limitou somente àorientação dos servidores da promotoria, no dia 30 de novembro de 2016, o investigadoMayke de Jesus Nogueira compareceu na sala da 9a promotoria para ajustar suas versões comas do promotor de Justiça Marcelo Henrique. No diálogo captado, o próprio MarceloHenrique confessou ter orientado também outras testemunhas, além dos já citados servidoresda promotoria. Em determinado instante, o denunciado Marcelo Henrique advertiu Mayke.Fernando e Davisson que: "vocês não podemfalar que vocês têm essa peça". Referia-se aosdocumentos entregues por ele próprio para seus subordinados no intuito de instruí-los ao quefalar nos depoimentos que seriam prestados nos próximos dias. Logo em seguida determinoua Mayke: "esse assunto aqui você nãosabe". 12

PROMOTOR: "TAMBÉM."(momento inaudível)[PROMOTOR SAI DA SALA].

04

7' O servidor Davisson Morais Moreira, confirmou a falsa orientação em seu último depoimento:

"(...) que realmente Dr. Marcelo Henrique Santos passou orientações para o depoente. Fernando e Mayke antes dos seusdepoimentos prestados no presente procedimento; que Dr. Marcelo orientou o depoente, Mayke e Fernando a comoresponder as perguntas que seriam feitas pelos promotores do GAECO; que, cita como exemplo, a orientação dadasobre o TAC firmado entre a promotoria e FUNCER/FUNSER; que Dr. Marcelo orientou o depoente a afirmar que o TACfoi trabalhadona Promotoria por eles; que no entanto o TAC já chegou pronto apenas faltando colher as assinaturas;que ressalta nunca ter trabalhado em nenhum TAC envolvendo a FUNCER/FUNSER; (...)". (Depoimento prestado noMinistério Público, no dia 23/02/2017, pela testemunha DAVISSON MORAIS MOREIRA, fls. 2398/2400)

Vejamos, também, a transcrição do diálogo:FERNANDO: "VOCÊ ACHAQUE O SAI ILESO DE TUDO ISSO?"DAVISSON: "ACHO QUE NÃO."CÉSAR: "O TAC CHEGOU PRONTO LÁ. SÓ COLOCAR O NOME. EU RECEBIA, JUNTAVA..."(...).

72 Transcrição:

[MIKE ENTRA NA SALA.]PROMOTOR: "MIKE, JÁ ALMOÇOU?"

PROMOTOR: "NOVIDADES. NA SEXTA FEIRA O CAIO VAI SER OUVIDO, UM GERENTE DE PLANEJAMENTO DA UEG.ESSE CARA ESTEVE AQUI COM A GENTE ALGUMAS VEZES, NÃO SEI. TENTARAM NOTIFICAR O RUTÊNIO EM UMACOMARCA NÃO SEI DA ONDE, GUILHERME ELIAS."MIKE: "ATE O ADRIANO FOI CHAMADO? EU ENCONTREI A MULHER QUE É APAIXONADA PELO SENHOR NAENTRADA..."

PROMOTOR: "TEM QUE TOMAR CUIDADO COM O EDVALDO (?)"MIKE: "ELE NEM CONHECE MINHA CARA, CONHECE?"PROMOTOR: "CONHECE. ELE DEVE TER TIRADO FOTO DA SUA CARA."

(•••);PROMOTOR: "VOCÊS NAO PODEM FALAR QUE VOCÊS TEM ESSA PEÇA."ASSESSORES: "QUE PEÇA, DR.?"MIKE: "O RELATÓRIOTAVALENDO PORQUE VEIO PRA CÁ."PROMOTOR: "ESSE ASSUNTO AQUI VOCÊ NÃO SABE."MIKE: "EU NÃO TENHO NADA PRA CONTRIBUIR NESSE TREM."

FERNANDO: "A INVESTIGAÇÃO É ISSO AÍ. ATÉ MENCIONAM UMA SUSPOSTA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. ÉISSO QUETEMOS QUE PENSAR PRA FAZER UM ALINHAMENTO."PROMOTOR: "ELES VÃO PERGUNTAR: HOUVE ALGUM TIPO DE FAVORECIMENTO? SE VOCÊS PERCEBERAM ALGUM

Pag. 104/120 K

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JJJJist™0 púb7iC0Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

///l\do Estado de Goiás

Já no dia 05 de dezembro de 2016, o denunciado Marcelo Henrique confessouter orientado ainda o investigado Joseval dos Reis Brito: "estrategicamente, foi bom na sextafeira. Na quinta vocês foram lá. A gente conversou com o Joseval tranqüilo, até pra passaressa visão, pra ver o que tá acontecendo".

A interferência do denunciado Marcelo Henrique na investigação, sem sombrade dúvidas, impediu que as testemunhas por ele orientadas revelassem fatos importantes aosinvestigadores. Assim, apesar de não ter revelado em seu depoimento, no dia 28 de novembrode 2016, Davisson contou ao Fernando e à assessora Ana Luíza, da 1Ia PJ de Anápolis, que:"sabe os 10 milhões? Ouvi, pescamos que o advogado (inaudível) do Adair. Eu tava ládentro né? Eu tava indo atender a agenda, uma pessoa falou que o advogado dele tá dearranjo com o Adair sobre os 10 milhões, parece que é o mesmo advogado." Na seqüênciaFernando acrescentou: "a Wilsilene, a Wila que mora no Pará, falou pra mim que veio essesdias aqui em Anápolis e conversou com não sei quem da Funcer, aí a pessoa falou que os10 milhões tá na contadofilho do Adair. A história é essa que rola".13

FAVORECIMENTO? VIAGENS? ELE GANHOU PRESENTES?"

FERNANDO: "ELE RECEBEU DINHEIRO?"

(...).MIKE: "EU ACHO QUE O CÍCERO VAI VIR ACOMPANHAR O JOSEVAL."PROMOTOR: "ELE SABE DA SITUAÇÃO TODA. NAQUELA PRIMEIRA DEFESA AGENTE BURILOU E ELE ACOMPANHOU.SABE A INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL, FALTA DE DOLO. ELE TEM TODO O MATERIAL QUE EU ESCREVI. EU ACHO QUEELES VÃO BATER NA TECLA DA CIÊNCIA OU NÃO DE VOCÊS DE COMO FOI FEITO O TAC, SE TIVE VANTAGEM, SEELES VINHAM AQUI, SE SABEM SE EU ME REUNIA COM ELES LÁ, NHÉ NHÉ, SE SABE SE GANHEI PRESENTE. SEDERAM ALGO PARA A PROMOTORIA..."

PROMOTOR: "A CREUZA: "AH!!!" EU FALEI CREUZA, VOCÊ SABE ALGO DE FUNDAÇÕES? NÃO! VOCÊ NEM TEM QUESABER O QUE É OU O QUE NÃO É!"FERNANDO: "MIKE, SE ELES PERGUNTAREM DE VOCÊ AQUI, VOCÊ ERA VOLUNTÁRIO."MIKE: "EU TINHA PEDIDO DEVOLUNTÁRIO NO MP. NÃO TINHA NORMATIZAÇÃO INTERNA NOMP."PROMOTOR: "TEM QUE TER COERÊNCIA."MIKE: "EU FUI ESTAGIÁRIO CONCURSADO COM ATIVIDADE DE VOLUNTÁRIO. QUANDO SAIU NORMATIZAÇÃOINTERNA EU LEVEI MEUS DOCUMENTOS."

FERNANDO: "SETIVEREM PERGUNTADO DE REMUNERAÇÃO?"MIKE: "EU TENHO EMPRESA, FERNANDO. TENHO CNPJ, EMPRESA, CERTINHO. EU FAÇO SITE, TENHO ATIVIDADENORMAL."

FERNANDO: "EU TO TE PERGUNTANDO SÓ PARAALINHAR MESMO. EU TO SÓ ME PREVACENDO UÉ."PROMOTOR: "ALINHAR NÉ? PORQUE UMA COISA QUE VOCÊ NÃO SABIA E PODE SER QUE ATÉ PERGUNTEM... EUTAVA LEMBRANDO QUE NÓSTRABALHAMOS NUMA PETIÇÃO, EU E ASANDRA, SEMANAS ANTES DE SER FIRMADO OTAC DE 2013. FIZEMOS UMA MINUTA E O MURILO DA SEGPLAN LIGOU DIZENDO: OS CARAS ESTIVERAM AQUI COM O

GOVERNADOR, FECHARAM O ACORDO E TÔ LIGANDO PRA TE AVISAR."MIKE: "EU VOU FALAR QUE NÃO SEI. VOU FALAR A VERDADE UÉ. AGORA EU QUERO SABER PORQUE ESTÃO MEINVESTIGANDO. QUAL O TIPO PENAL?"

DAVISSON: "SE ME PERGUNTAR EU VOU FALAR QUE O MIKE TAVA AQUI COMO VOLUNTÁRIO. PRONTO. SE QUISERSABER MAIS PERGUNTA PRA ELE."

[PROMOTOR SAI DA SALA.](...).DAVISSON: "TEORICAMENTE, PARA ELES, A GENTE NAO SABE DE TUDO ISSO, EU ACHO. EU, VOCÊ E O (INAUDÍVEL).QUEM TA ENVOLVIDO DIRETAMENTE NÃO FALA."

73 Transcrição:

DAVISSON: "O DR. TÁ UM SACO. SABE PORQUE? AQUELE ROLO DA FUNCER. NO PROCEDIMENTO VÃO DECLARARSUPEIÇÃO. SUSPEIÇÃO OU IMPEDIMENTO?"FERNANDO: "SUSPEIÇÃO."DAVISSON: "ELE FALOU: "NÃO VAMOS DECLARAR SUSPEITO NÃO, SANDRINHA!""FERNANDO: "VOCÊ LEMBRA QUE A BETH DEU ESSE NÚMERO DO PROCEDIMENTO PARA O DR ELISEU OLHAR?"ANA LUIZA: "ELE FOI LÁ OLHAR E ACONSELHOU. E DIZ QUE VAI PEDIR INFORMAÇÕES."DAVISSON: "AÍ FICA MANDANDO A GENTE FAZER A DEFESA!!"FERNANDO: "EU, ANA LUIZA, EU!! ELE TEM UM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA QUE ELE CONTRATOU. POR QUE NÃOPEDE O ESCRITÓRIO?"ANA LUIZA: "ELE NÃO QUER PEDIR. ELE NÃO QUER DECLARAR."FERNANDO: "21 LAUDAS. TÁ BONITO DEMAIS AQUI A ATA, E TAL. VOU BAIXAR AQUI E VOU TE MANDAR. ATA DAREUNIÃO. REUNIÃO 827. AQUI TEM UM NÚMERO. VOCÊ QUER ELE? ANA LUIZA, ISSO É ÓBVIO. ISSO AQUI MUDADIRETAMENTE AS DEFESAS DELE, PORQUE TIPO ASSIM, SE HOMOLOGA, TUDO CERTO. EU REALMENTE ACHO QUENÃO DEVE HOMOLOGAR. CADÊ OS 10 MILHÕES? ANA LUIZA, ISSO AQUI EU FIZ. EU FIZ O ARQUIVAMENTO. VOC

Pag. 105/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, rT^JX dÜí»,,rs •* • f- M m,0 orn- i -i ^ u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] ^ Estado de Goiás

///i\

No dia seguinte os servidores comentaram a respeito de uma desavença passadaentre os denunciados Marcelo Henrique e Adair Meira. Davisson perguntou: "quando foiaquele aniversário do Dr. Marcelo que só foi chamado eu e o mike?". Fernando, respondeu:"lá no restaurante? Eu tava lá na quinta ainda. Foi 12 ou 11. ". Davisson, então, completouseu raciocínio: "foi lá que eles tinham brigado. Eles estavam brigados já. Sabe o que acho?Que o Dr. começou a cobrar do Adair e o Adair deu um cala boca nele. Esse Adair é picagrossa, filho."1A

No mesmo dia, o assessor Davisson revelou no curso da escuta ambiental que opromotor de Justiça Marcelo Henrique - efetivamente - nunca fiscalizou o convênio firmadoentre UEG e FUNCER, tampouco o cumprimento do TAC da promotoria com a FUNCER.Disse mais: que o TAC só foi executado pelo promotor após a Procuradoria do Estado já o terfeito primeiro.75

LEMBRA DISSO? QUANDO EU FIZ O ARQUIVAMENTO, ELE PEGOU E OLHOU PARA A DRA. SANDRA, ELA NEM TAVA DELICENÇA AINDA. AÍ ELA FOI E FALOU: "VAMOS HOMOLOGAR". AÍ MANDOU, BELEZA. COMO QUE HOMOLOGA UMTREM DESSE. ANA LUIZA? NÃO TEM JEITO. CADÊ OS 10 MILHÕES? É SIMPLES, É OBVIO. SE O CARA TÁ SENDODENUNCIADO, ELE MESMO MANDA ARQUIVAR O PROCEDIMENTO? QUE BONITO!! E ELE TÁ BRAVO, BRIGOU COM ADRA. SANDRA SEXTA FEIRA E ELATODA DO LADO DELE: "EU NÃO VOU DEIXAR, EU VOU RESPONDER!".DAVISSON: "SABE OS 10 MILHÕES? OUVI, PESCAMOS QUE O ADVOGADO (INAUDÍVEL) DO ADAIR. EU TAVA LÁDENTRO NÉ? EU TAVA INDO ATENDER A AGENDA, UMA PESSOA FALOU QUE O ADVOGADO DELE TÁ DE ARRANJOCOM O ADAIR SOBRE OS 10 MILHÕES, PARECE QUE É O MESMOADVOGADO."FERNANDO: "AWILSILENE, AWILA QUE MORA NO PARÁ. FALOU PRA MIM QUE VEIOESSES DIAS AQUI EMANÁPOLISE CONVERSOU COM NÃO SEI QUEM DAFUNCER, AÍ A PESSOA FALOU QUE OS 10 MILHÕES TÁ NA CONTA DO FILHODO ADAIR. A HISTÓRIA É ESSA QUE ROLA."ANA LUIZA: "QUANDO A GENTE QUEBROU O SIGILO DELE NÃO TINHA NÃO. A GENTE CONSEGUIU A QUEBRA DELE."(...)

A referida conversa dos servidores da 9a PJ de Anápolis, acerca do pedido de arquivamento do procedimento administrativorelativo ao TAC da FUNCER/FUNSER, que foi protocolado pelo denunciado Marcelo Henrique no Conselho Superior do MPGO,continuou no dia seguinte, observemos:

FERNANDO: "tô indignado."DAVISSON: "eu entendo, porque uma prova assim (inaudível) e chega lá e por pra homologar...tô lutando aqui. O que eu faço?Eu tenho que conseguir homologar esse inquérito. Eu penso que ajuda muito ele na hora de se defender na corregedoria. Aíele vai falar: "como assim? O CONSELHO homologou".FERNANDO: "por isso que o conselho, que é inteligente e não é bobo, não quer homologar, porque para eles é prática.Justamente porque tá errado, entende? MAS QUE ELE É SUSPEITO, ISSO É FATO, ENTENDE? COMO NÃO?"(...)

7,1 Transcrição:

FERNANDO: "O TAC NÃO TEM TANTA COISA. AS TRATATIVAS FEITASQUE A GENTE DESCONHECE NÉ?"DAVISSON: "ISSO AQUI JÁ TINHA? BANCO SAFRA?"FERNANDO: "NÃO. TINHA NÃO. A GENTE SABE DO BANCO SAFRA PELA ANA. ELE NUNCA COMENTOU COM AGENTE."

DAVISSON: "FOI POSSÍVEL CONSTATAR QUE A QUANTIA DE 9 MILHÕES E 900 MIL FOI DEPOSITADA NA CONTA DAFUNCER FOI TRANSFERIDA PARA UMA CONTA CORRENTE DO BANCO SAFRA ABERTA EM 10/01/2011. E A FUNCER

ABRIU A CONTA NO BANCO SAFRA UM DIA DEPOIS DA TRANSFERÊNCIA DO VALOR. HOUVE UMA TED EM FAVOR DAPESSOA DE DIREITO PRIVADOCHAMADA RENAPSI QUE ESTÁ EM NOME DE LUCAS MEIRA, FILHO DE ADAIR."DAVISSON: "QUANDO FOI AQUELE ANIVERSÁRIO DO DR. MARCELO QUE SÓ FOI CHAMADO EU E O MIKE?FERNANDO: "LÁ NO RESTAURANTE? EU TAVA LA NA QUINTAAINDA. FOI 12 OU 11."DAVISSON: "FOI LA QUE ELES TINHAM BRIGADO. ELES ESTAVAM BRIGADOS JÁ. SABE O QUE ACHO? QUE O DRCOMEÇOU ACOBRAR AMONTARIA PRO ADAIR DAR UM CALA BOCA NELE. (inaudível) ESSE ADAIR É PICA GROSSA,FILHO."

(...)76 Vejamos a transcrição:

FERNANDO: "o problema é que se perguntar do DR MARCELO e se ele fez isso. Eu vou falar que é uma pessoa simples, uma 'pessoa reta, que nunca vi e nem presenciei nada. Aí vai e conta, que conversa é essa, se você desconfiava, etc?"DAVISSON: "fala assim: "uai são só conversas entre nós, meras especulações, não tinha nenhuma prova, não tinha nada e agente só achava estranho porque ele não prestou conta e ninguém prestou conta desses 10 milhões e ele tentou resolver viaadministrativa - eu tenho o número do TAC queele fez para TENTAR receber - E NÃO FOI PRA FRENTE. DEPOIS pAAÇÃODE COBRANÇA QUE O ESTADO PROMOVEU QUE ELE ENTROU COM AEXECUÇÃO.'"

Pag. 106/120V

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

///lMinistério Público I

do Estado de Goiás |

\

No dia seguinte, 30 de novembro de 2016, o servidor Davisson confirmou que odenunciado Marcelo Henrique se utilizava dos servidores da promotoria para preencher asvagasnos conselhos das entidades por ele fiscalizadas.76

Ainda no mesmo dia, os servidores comentaram que o denunciado MarceloHenrique havia protegido a pessoa de Antônio Fernandes Júnior, vulgo "Toninho","gerente" (cargo de conselheiro diretor nos anos 2010 e 2011), presidente e representantelegal da FUNCER/FUNSER. Segundo os servidores da 9a PJ, "Toninho" enriqueceu "do diapara noite" nessa época.77

No dia 02 de dezembro de 2016, após já terem prestado seus depoimentos, osservidores da 9a PJ, em diálogo monitorado, confirmaram que a sede do MP em Anápolis erautilizada pelas fundações e entidades do terceiro setor e que, eles próprios, já haviam recebidogratificações financeiras por ajudar nos eventos das referidas entidades.78

70 Vejamos a transcrição:

FERNANDO: "10 MILHÕES NÉ? EU NEM TRABALHAVA AQUI E JÁ TINHAM ME CONTADO. O GUILHERME ELIAS ERAASSESSOR DO DR E O NOME DELE TAVA NESSES TREM DA FUNCER. DEVE SER POR ISSO QUE ELE FOI CHAMADO.

ME FALARAM QUE NÀ ÉPOCA ESSE GUILHERME MONTOU UMA EMPRESA PARA DISTRIBUIR 1500 MARMITAS PORDIA PARA A FUNCER. DIZEM QUE ELE CONSEGUIU ISSO."

CÉSAR: "AÍ TAMBÉM EU JÁ SEI, O GUILHERME ME FALOU, QUE QUANDO SAIU DAQUI ENTROU DE SÓCIO NUMAEMPRESA LÁ NO DAIA, EMPRESA DE MARMITA. O GUILHERME É ESPERTO. JÁ OUVIA FALAR DO GUILHERME."FERNANDO: "ELE É MALANDRINHO."[CÉSAR ASSENTE.]CÉSAR: "O PAI DELE É DONO DO MERCADO AQUI. EU OUVI FALAR QUE ELE ERA ESTAGIÁRIO AQUI NO FÓRUM ETRABALHAVA COM O MILTON, QUE ELE MEXIA COM COMPUTADOR. EU TAVA AQUI NÀ ÉPOCA MAS NÃO SEI DENADA."

DAVISSON: "O RAFAEL ROCHA UMA VEZ FOI DA DIRETORIA DO FUNCER."

FERNANDO: "A MAIORIATRABALHAVA AQUI. O MARCELO FAZIACONVÊNIO."DAVISSON: "AQUI ENTRE NÓS... EU ACHO ERRADO O QUE O DR. FAZIA DE COLOCAR ASSESSOR, SERVIDOR,SECRETÁRIO DENTRO DE FUNDAÇÃO QUE ELE TEM OBRIGAÇÃO DE FISCALIZAR. CADÊ A IMPARCIALIDADE?"

77 Vejamos a transcrição:

CÉSAR: "O NEGOCIO É QUE O DR MARCELO FEZ ESSE TAC, O POVO NÃO PAGOU O DINHEIRO E ELE NÃOEXECUTOU. AQUELE TONINHO, AQUELE CARA FICOU RICO DO DIA PRA NOITE. O TONINHO CHEGOU NUM CERATTOSPORT. MAS ASSIM, QUE O DR PROTEGEU ELE, O DR PROTEGEU."FERNANDO: "NÃO PAGOU? FUCK. EU ACREDITO QUE O DR NÃO GANHOU DINHEIRO NENHUM COM ISSO, MASGANHOU MORAL COM ESSA GALERA... "DAQUI TRÊS, CINCO ANOS EU APOSENTO E AÍ VOCÊ ME ARRUMA UMAASSESSORIA DE FUNDAÇÃO, COM SALÁRIO DE 15, 20 MIL". PODE UÉ. ELE TEM MUITO TEMPO QUE TÁ FAZENDO ONOME DELE NA PARTE DE FUNDAÇÃO. EU PENSO QUE SEJAISSO QUE ELE TENTOU."CÉSAR: "AMANHÃ VOCÊS DISCUTEM E ME FALEM. EU ACHO QUE LÁ NA FUNCER TEVE MUITO ROLO MESMO. AGENTE SABE QUE A FUNCER FOI CRIADA COMO UM CABIDE DE EMPREGO."

78 Vejamos a transcrição:

CAIO: "ELES FALARAM: "QUEM PAGOU A VIAGEM? PODE FALAR A VERDADE, ELE FOI COM A ESPOSA E A FILHA, NÃOFOI?" AÍ EU PEGUEI E FALEI QUE FOI. NA HORA MEU CORAÇÃO ATÉ DOEU. EU OUVI FALAR QUE TEVE DESVIO DEVERBA NA FUNCER, O QUE O DR. MARCELO FEZ FOI INTERVENÇÃO. PERGUNTOU DO GUILHERME: "O GUILHERMEÉ DA FUNCER?" EU FALEI QUE ERA E QUE DEPOIS PASSOU A SER DO MINISTÉRIO PÚBLICO. O GUILHERMEACUMULOU ASSESSOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DA FUNCER. NÀ ÉPOCA O SALÁRIO DELE DOBROU. ELE NÃOTINHA O CARGO DE ASSESSORIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. O DR MARCELO DEIXOU ELE ACUMULAR AS DUASFUNÇÕES. ELES PERGUNTARAM: "OS ASSESSORES QUE PASSARAM NA PROMOTORIA CUMPRIAM HORÁRIO?" EUFALEI QUE CUMPRIAM, TINHAM CONHECIMENTO EM DIREITO. AÍ ELES FALARAM: "O JOSEVAL NÃO VINHA AQUI NÃONÉ?" EU FALEI QUE COMO AGENTE NÃO, ELE PASSAVA APÓS O EXPEDIENTE, APÓS TRABALHO EXTERNO.(-) . .CAIO: "ELES PERGUNTARAM: "E COMUM TER REUNIÃO DE FUNDAÇÃO AQUI?" EU FALEI QUE NAO ERA COMUM NAO.PISOU NA BOLA DEMAIS, NÉ? FUNDAÇÃO DENTRO DESSE MP."ANA LUIZA: "A FUNDES TEM O MESMO ENDEREÇO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. O PROBLEMA É QUE A IMPROBIDADE,POR EXEMPLO, O ÔNUS DA PROVA NÃO É BÔNUS. EU TENHO A CÓPIA DO SITE FALANDO QUE TINHA UM CURSOAQUI DENTRO."CAIO: "E SERVIDOR DE FUNDAÇÃO QUETRABALHAAQUI? TEM PROBLEMA ISSO?"ANA LUIZA: "É CLARO QUE TEMI! COMO VOCÊ TRABALHA NA PROMOTORIA DA SAÚDE E TRABALHA NA EVANGFl ICA?NÃO EXISTE."

Pag. 107/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, .„•-,•• „•„•r, .. . r- „n ' ,„ „,„, , .. J, , Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

///|\Ademais, os servidores Fernando e Davisson, foram ouvidos na condição de

testemunhas e, visivelmente, mentiram em seus primeiros depoimentos prestados no bojo dopresenteprocedimento.79

Clarividente que os servidores da 9a PJ possuíam conhecimento de informaçõesrelevantes para a investigação que, no entanto, acabaram sendo sonegadas por eles durante asoitivas realizadas, em razão da clara interferência do denunciado Marcelo Henrique.

DAVISSON: "ESTÃO QUEBRANDO OS SIGILOS. SABE O QUE EU PRECUPEI? A GENTE RECEBEU NÉ?"FERNANDO: "MAS A GENTE TRABALHOU NO SEMINÁRIO."

79 Por certo, perguntado aos servidores Fernando e Davisson se já haviam participado ou integrado de qualquer formafundação ou associação, ambos foram categóricos em dizer que não, vejamos:

"(...) que não integra e nunca integrou nenhum conselho de qualquer associação ou fundação, nem mesmo como suplente; (...)que nunca permitiu ou anuiu que seu nome fosse utilizado para compor qualquer conselho ou órgão de fundação, associaçãoou outra pessoa jurídica; (...)". (Depoimento da testemunha DAVISSON MORAIS MOREIRA, prestado no dia 01 de dezembrodo ano de 2016, às 10:00 horas, fls. 1748/1750)

"(...) que não integra o conselho de nenhuma fundação ou associação; que não permitiu que qualquer dado pessoal seu sejautilizado porqualquer fundação ou associação; (...)". (Depoimento da testemunha FERNANDO HENRIQUE DE ARAÚJO LIMA,prestado no dia 01 de dezembro do ano de 2016, às 11:20 horas, fls. 1756/1757)

No entanto consta do PIC 02/2016 - PGJ um documento que atesta justamente o oposto, vejamos (fl. 1.767-vol. 09 do PIC002/2016-PGJ):

Fl INDES

001669

E"OC(T^3 ^ ÍC3C Cl *-» „..

BsmxJslnrtesAnJoc» EiüúoacGcvj

:i? nati-m

,L;^\

TERMO DE POSSE • DIRETORIA ASSOCIAÇÃO FUNDESBIÊNIO 2015/2018 /

Tbtto « pc-rs ei ma.i ASWCIACAOjnfiiríC fARADKCNVCIV.MDITO 00 TEÍCtRO^eCfOR FUNDES)0137'49UX01.M. iw»»0» ny<a xOoCl«u »J»»«('t !br3eiix*-»'4cc*v5G.pvj0r*'*e2CiV2Gift

ríííí •>

(...)

CW.K1U1X1SS

sr. smm u-tr-ra

í MS!7)fJI-<i

Pru [*r»rte íct~*t rowa Mfcren*** c» fncirtrt»o» Ccrtcto teiie»*!Coftwf-J Fncil q£o\

M-m-anH/o. ti ASSOCIAÇÃO FUHDO PARA O KKNVOtWIBffO 00 TERCEIRO SETOR l/UÍCTÓESI. CNPJ07J2149UM0t-lt, ren !Me Ruj JcJj Otarra. CjMM 80,Wl li, &'*'•> <i* lojrdt. Ari»p»rH!0. w* o <•**>

JOI5W8 0M«™(vl*ldorlui1lD?AnO5T0DE?í15ATÉ1?r>EAG03T0DEK1l

U3 nemtxs ocajc S4crr»^»3a c ímwjci Mvn ru An»->t*?ta Getel Ejywí-iíHa i

imum iUO. aosisunv«sk lu>;í>-<. oinMI»b omifrenmoccr;KcH.r tttrmte oElUt.tl Seta'ti t-ll*X -\'

Confirmando que os servidores Fernando e Davisson mentiram em seus depoimentos, o denunciado Mayke de Jesus, quandointerrogado, afirmou categoricamente; "(...); que procurou Fernando Henrique de Araújo Lima e Davisson Morais Moreira, noano de 2015, na porta da sede do Ministério Público e solicitou que eles integrassem o conselho fiscal da FUNDES, nacondição de suplentes, tendo ambos concordado e assinado de livre e espontânea vontade o termo de posse - DiretoriaAssociação Fundes - Biênio 2015/2018, exibido neste ato e acostado às fl. 1.454/1.455 dos autos do PIC 02/2016-lPGJ (...

Pag. 108/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

III - DA DEFINAÇÀO JURÍDICAS DOS FATOS TÍPICOS

Ministério Público Ido Estado de Goiás |

III.l - DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E DO EMBARAÇO A INVESTIGAÇÃODE INFRAÇÃO PENAL QUE ENVOLVA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Antes da Lei n° 12.850, publicada no dia 05 de agosto de 2013 e com vigênciadesde 19 de setembro de 2013, a eonduta perpetrada pelos denunciados enquadrava-seperfeitamente na figura típica prevista do art. 288 do Código Penal (quadrilha ou bando).

Embora a associação seja estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão detarefas, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem econômica, mediante aprática de infrações penais, cujas penas máximas, em alguns crimes, superam a 4 (quatro)anos, a legislação penal, antes da vigência da Lei n° 12.850/13, não distinguia para fins detipificação uma associação sem contornos de organização criminosa de uma mera associaçãocriminosa, com menor espectro.

Porém, no caso em tela, como os denunciados permaneceram associados durante avigência da nova lei penal, opera-se imperiosamente a sua aplicação, ainda que a norma sejamais severa80. Isso porque a associação era (antes da vigência da Lei) e persistiu (já navigência da nova lei) estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, comobjetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem econômica, mediante a prática deinfrações penais cujas penas máximas, em alguns crimes, como no caso do art. 317 do CódigoPenal; artigo 333, caput e parágrafo único, do Código Penal; art. 312 do Código Penal; art.89 da Lei n°8.666/93; e artigo Io, caput e §4". da Lei n° 9.613/98; são superiores a 4 (quatro)anos.

De acordo com a Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal "A lei penal maisgrave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior àcessação da continuidade ou da permanência". Outrossim, trata-se de crime permanente "etem-se por cessada a sua permanência com o recebimento da denúncia" (STJ, HC n°123.763, j. 03/09/2009).

Ad agurmentandum tantum, as interceptações telefônicas autorizadasjudicialmente, efetivadas na véspera e após a deflagração da operação "Quarto Setor"demonstraram cabalmente a persistência da atividade a organização criminosa.

Por derradeiro, o denunciado Marcelo Henrique dos Santos incorreu, ainda, nocrime tipificado no artigo 2o, §1°, da Lei n" 12.850/2013, cuja tipicidade é a seguinte: "nasmesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação deinfração penal que envolva organização criminosa".

A lei não faz qualquer distinção de quem pode ou não ser o sujeito ativo do crimeprevisto no artigo 2o, §1°, da Lei n° 12.850/2013, o que leva a conclusão que inclusive o ^,investigado por organização criminosa pode, em tese, ser responsabilizado pela conduta de À"embaraçar a investigação de infração penal que envolva organização criminosa".

80 Súmula n° 711 do STF: "Alei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência éanterior à cessação da continuidade ou da permanência". \

Pag. 109/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JJJUist~0 púbicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] ÚQ Esta(Jo de Goiãs

///i\

Digno de nota que outros tipos penais, sem maiores controvérsias doutrinárias ejurisprudenciais, também criminalizam a conduta dos investigados e dos réus em sede dapersecução penal em curso, podendo ser citado como exemplo:

1. denunciação caluniosa (CP, Art. 339. Dar causa à instauração de investigaçãopolicial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa,inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém,imputando-lhe crime de que o sabe inocente);

2. fraude processual (CP, Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça,com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade,parte, ou qualquer outra pessoa quefunciona ou é chamada a intervir emprocesso judicial, policial ou administrativo, ou emjuízo arbitrai);

3. coação no curso do processo (CP. Art. 347 - Inovar artificiosamente. napendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar de coisaou de pessoa, com o fim de induzir a erro ojuiz ou o perito);

4. evasão mediante violência contra a pessoa (CP, Art. 352 - Evadir-se outentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurançadetentiva, usando de violência contra a pessoa);

5. desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito (CP.Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de quefoi suspenso ou privado por decisão judicial);

6. ocultação de cadáver (CP, Ari. 211 - Destruir, subtrair ou ocultarcadáver ou parte dele);

7. falsidade ideológica (CP, Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte,documento particular ou alterar documento particular verdadeiro);

8. resistência (CP, Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, medianteviolência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quemlhe esteja prestando auxílio:);

9. desobediência (CP, Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionáriopúblico);

10. desacato (CP. Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício dafunção ou em razão dela);

11. tráfico de Influência (CP. Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter,para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto deinfluirem ato praticado por funcionário público no exercício da função);

12. Corrupção Ativa (CP, Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida afuncionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato deoficio); etc.

Todos os citados crimes podem e devem ser imputados a qualquer investigado queincorra nas referidas condutas típicas. A razão é simples, a Constituição Federal veda tãosomente que o investigado seja compelido, contra sua vontade, a produzir prova contra simesmo.

De fato, Magna Carta, em seu artigo 5°, inciso VXIII, apenas determina que"LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado". Dando concretude a esseprincípio constitucional, o Código de Processo Penal, com a alteração dada pela Lei n°.10.792/2003, passou a prever o seguinte: "Art. 186. Depois de devidamente qualificado e

Pag. 110/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, JJjJljSt~0 públicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] (Jo Estatj0 $e Goiás

///i\

cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciaro interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lheforem formuladas".

Jurisprudencialmente e doutrinariamente, o direito ao silêncio evoluiu para odireito a não autoincriminação, vejamos: "O privilégio contra a autoincriminação. garantiaconstitucional, permite ao paciente o exercício do direito de silêncio, não estando, por essarazão, obrigado a fornecer os padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial queentende lhe ser desfavorável" (STF, HC n. 83.096, relatora Ministra Ellen Gracie, DJU de12.12.2003). Mas é só, não existe em nosso ordenamento jurídico um direito ou qualquer tipode imunidade ao investigado para o cometimento de crimes, sejam eles vinculados ou não aosfatos investigados.

Enfim, entender que o crime tipificado no artigo 2o, §1°, da Lei n° 12.850/2013não é aplicável ao membro da organização criminosa, seria o mesmo que autorizá-lo acometer qualquer um dos crimes supra elencados ou, mesmo, outros crimes mais graves,como homicídio, lesão corporal grave etc.

III.2 - DAS CORRUPÇÕES ATIVAS E PASSIVAS

O crime de corrupção ativa, descrito no artigo 333 do Código Penal, consiste emoferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,omitir ou retardar ato de ofício.

Já o crime de corrupção passiva, descrito no artigo 317 do Código Penal,encontra-se tipificado da seguinte forma: solicitar ou receber, para si ou para outrem, diretaou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

Ambos os crimes são considerados formais, nos quais a consumação independe doresultado. Sobre o tema não há divergências nem na jurisprudência nem na doutrina.Trazemos à baila, a título ilustrativo, um trecho do voto do Ministro LUIZ FUX, extraído doacórdão da Ap. 470/MG, do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL:

CORRUPÇÃO PASSIVA, ATO DE OFÍCIO E"CAIXA DOIS"Ao tipificar a corrupção, em suas modalidades passiva (art. 317, CP) e ativa(art. 333, CP), a legislação infraconstitucional visa a combater condutas deinegável ultraje à moralidade e à probidade administrativas, valoresencartados na Lei Magna como pedras de toque do regime republicanobrasileiro (art. 37, caput e § 4o, CRFB). A censura criminal da corrupção émanifestação eloqüente da intolerância nutrida pelo ordenamento pátrio paracom comportamentos subversivos da res pública nacional. Tal repúdio étamanho que justifica a mobilização do arsenal sancionatório do direitopenal, reconhecidamente encarado como ultima ratio, para a repressão dosilícitos praticados contra a Administração Pública e os interesses gerais queela representa. Consoante a legislação criminal brasileira (CP, art. 317),configuram corrupção passiva as condutas de "solicitar ou receber, para si oupara outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes deassumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de talvantagem". Por seu turno, tem-se corrupção ativa no ato de "oferecer ouprometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a

Pag. 111/120 l

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd.A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected]

ÍÍÍ\Ministério Público Ido Estado de Goiás |

\

praticar, omitir ou retardar ato de oficio" (CP, art. 333).(...).Assim 6 que, se o agente público solicita vantagem indevida em razão dafunção que exerce, já se configura crime de corrupção passiva, adespeito da eventual resposta que vier a ser dada pelo destinatário dasolicitação. Pode haver ou não anuência do terceiro. Qualquer que seja odesfecho, o ilícito de corrupção passiva já se consumou com a merasolicitação de vantagem. De igual modo, se o agente público recebeoferta de vantagem indevida vinculada aos seus misteres funcionais,tem-se caracterizado de imediato o crime de corrupção ativa por partedo ofcrtantc. O agente público não precisa aceitar a proposta para que ocrime se concretize. Trata-se, portanto, de ilícitos penais independentese autônomos. Essa constatação implica, ainda, outra. Note-se que emambos os casos mencionados não existe, para além da solicitação ouoferta de vantagem indevida, nenhum ato específico e ulterior porqualquer dos sujeitos envolvidos. A ordem jurídica considera bastantesem si, para fins de censura criminal, tanto a simples solicitação devantagem indevida quanto o seu mero oferecimento a agente público. Eque tais comportamentos já revelam, per se, o nítido propósito detraficar a coisa pública, cujo desvalor é intrínseco, justificando oapenamento do seu responsável.Um exemplo prosaico auxilia a compreensão do tema. Um policial que, paradeixar de multar um motorista infrator da legislação de trânsito, solicita-lhedinheiro, incorre, de plano, no crime de corrupção passiva. O agente públicosequer necessita deixar de aplicar a sanção administrativa para que o crimede corrupção se consume. Basta que solicite vantagem em razão da funçãoque exerce. De igual sorte, se o motorista infrator é quem toma a iniciativa eoferece dinheiro ao policial, aquele comete crime de corrupção ativa. Oagente público não precisa aceitar a vantagem e deixar de aplicar a multapara, só após, o crime de corrupção ativa se configurar. Ele se materializadesde o momento em que houve a oferta de vantagem indevida paradeterminá-lo a praticar, omitir ou retardar ato de oficio.Isso serve para demonstrar que o crime de corrupção (passiva ou ativa)independe da efetiva prática de ato de ofício. A lei penal brasileira, talcomo literalmente articulada, não exige tal elemento para fins decaracterização da corrupção. Em verdade, a efetiva prática de ato deofício configura circunstância acidental na materialização do referidoilícito, podendo até mesmo contribuir para sua apuração, masirrelevante para sua configuração. Um exame cuidadoso da legislaçãocriminal brasileira revela que o ato de ofício representa, no tipo penalda corrupção, apenas o móvel daquele que oferece a peita, a finalidadeque o anima. Em outros termos, é a prática possível e eventual de ato deofício que explica a solicitação de vantagem indevida (por parte doagente estatal) ou o seu oferecimento (por parte de terceiro). E mais:não é necessário que o ato de ofício pretendido seja, desde logo, certo,preciso e determinado. O comportamento reprimido pela norma penal éa pretensão de influência indevida no exercício das funções públicas,traduzida no direcionamento do seu desempenho, comprometendo aisenção e imparcialidade que devem presidir o regime republicano.(...).Em síntese: o crime de corrupção passiva configura-se com a simplessolicitação ou o mero recebimento de vantagem indevida (ou de sua!promessa), por agente público, em razão das suas funções, ou seja, pelasimples possibilidade de que o recebimento da propina venha a influi)

Pag. 112/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq.d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, Ministérj0 públicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: gaeco(

///|\saia" **'• Ministério Público Impgo.mp.br do Estado de Goiás |

na prática de ato de ofício. Já o crime de corrupção ativa caracteriza-secom o simples oferecimento de vantagem indevida (ou de sua promessa)a agente público com o intuito de que este pratique, omita ou retarde atode ofício que deva realizar. Em nenhum caso a materialização do ato deofício integra a estrutura do tipo de injusto.(...) Como já exaustivamente demonstrado, a prática de algum ato deofício em razão da vantagem recebida não é necessária para acaracterização do delito. Basta que a causa da vantagem seja atitularidade de função pública. Essa circunstância, per se, é capaz devulnerar os mais básicos pilares do regime republicano, solidamenteassentado sobre a moralidade, a probidade e a impessoalidadeadministrativa. De qualquer sorte, ainda que despiciendo seja o ato deofício, as regras da experiência comum, que integram o iter doraciocínio jurídico discursivo, indicam que o "favor" será cobradoadiante, em forma de sujeição aos interesses políticos dos que oconcederam. Por isso, é mesmo dispensável a indicação de um ato deofício concreto praticado em contrapartida ao benefício auferido,bastando a potencialidade de interferência no exercício da funçãopública. A comprovação da prática, omissão ou retardamento do ato deofício é apenas uma majorante, prevista no § 2° do art. 317 do CódigoPenal. (...)" (trecho do votoproferidopelo Ministro Luiz Fux no Acórdão daAp. 47O/MG do Supremo Tribunal Federal - páginas 1518/1524 de 8.405) -grifos nossos.

Assim, o crime de corrupção ativa se consuma tão somente com o oferecimentoou com a promessa da vantagem indevida e, da mesma forma, o crime de corrupção passivase consuma com a simples aceitação da vantagem indevida oferecida ou prometida.

III.3-DO PECULATO

A tutela jurídica da moralidade e da probidade administrativas também se refletena legislação infraconstitucional pela tipificação do peculato como ilícito criminal. Consoanteo magistério de Damásio de Jesus, a aludida figura típica consubstancia:

"modalidade especial de apropriação indébita cometida por funcionário públicoratione officii. É o delito do sujeito que arbitrariamente faz sua ou desvia, emproveito próprio ou de terceiro, a coisa móvel que possui em razão do cargo, seja ciapertencente ao Estado ou a particular, ou esteja sob sua guarda ou vigilância".(JESUS, Damásio E. de., Direito Penal, v.4. Parte especial: Dos crimes contra aadministração pública, 9. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 119-122).

O bem jurídico protegido pela norma incriminadora é a confiança pública noescorreHo e impessoal desempenho dasfunções estatais, justificando o apenamento daquelesque, subvertendo essas finalidades, desviem ou apropriem-se de dinheiro, valor ou qualquerbem cuja posse lhes tenha sido atribuída em razão do exercício de munus publico*1. Nessesentido, o saudoso professo MlRABETE discorria "sendo o crime de peculato um crime contraa Administração Pública e não contra o patrimônio, o dano necessário e suficiente para asua consumação é o inerente à violação do dever de fidelidade para a mesma administração,associado ou não ao patrimonial"

O caput do artigo 312 do Código Penal criminaliza a conduta caractefizadora do

Extraído do voto do Ministro Luiz Fux. proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")

Pag. 113/120 X^

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327,Goiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected]

///lMinistério Publico I

do Estado de Goiás |

\

peculato, que pode assumir duas distintas modalidades, quais sejam, peculato-apropriação e opeculato-desvio. O peculato-apropriação configura-se quando o funcionário público apropria-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posseem razão do cargos2.

Opeculato-desvio, por seu turno, caracteriza-se quando o agente estatal imprimeà coisa destinação diversa da exigida ou esperada, em proveito próprio ou de outrem**. Deacordo com o Supremo Tribunal Federal: "o proveito a que se refere a lei tanto pode sermaterial como moral, auferindo o agente qualquer vantagem ainda que não de naturezaeconômica" Note-se que, nesta hipótese, o núcleo da conduta típica é o desvio de finalidadeno emprego da coisa, cuja destinação in concreto passa a diferir daquela para a qual foiconfiada, em proveito do próprio agente do Estado ou de terceiro84.

Em ambas as hipóteses, é relevante destacar que "o dinheiro, a coisa ou o bemapropriado ou desviado não precisa ser público para que o crime de peculato se configure.Em verdade, o relato normativo é de clareza meridiano ao reportar-se a 'dinheiro, valor ouqualquer outro bem móvel, público ou particular'".

E nesse exato sentido a remansosa jurisprudência da SUPREMA CORTE, cujosacórdãos, há pelo menos três décadas, já registram a desnecessidade da naturezapública dobempara a configuração do crime de peculato*5:

EMENTA. Penal. Peculato. Dinheiro apreendido e, em seguida, apropriadopor agentes policiais, no exercício da função. Delito configurado, já que,para a realização do tipo do art. 312, caput, basta a posse da coisa em razãodo cargo, ainda que a sua propriedade seja de particular. (HC n° 56.430-SP,rei. Min. Décio Miranda, Segunda Turma, DJ de 07.11.1978, p. 8824 - semgrifos no original).

EMENTA. Peculato. Configuração. Irrclevância de serem particulares osbens apropriados ou desviados, desnecessidade de previa prestação de contas.Habeas corpus denegado. (HC n° 56.998, rei. Min. Xavier de Albuquerque,Primeira Turma, DJ de 08.06.1979, p. 115 - sem grifos no original).

Outra conclusão relevante para a presente causa é a de que o crime de peculatose confisura ainda que o desvio de finalidade ocorra de forma escamoteada ou disfarçada.

É o que se dá quando o agente público emprega dinheiro, bens ou valores sob sua possecom a justificativa formal de satisfazer necessidade de interesse público, sendo que, sob oângulo material, acabampor satisfazer interesseparticular, próprio ou de terceiro***.

Daí se concluir que a forma pode, em um primeiro momento, camuflar arealidade, mascarando o desvio da finalidade subjacente ao emprego de dinheiro, bens ouvalores cuja posse tenha sido confiada a agentes estatais. Aliás, uma análise mais detida dalegislação penal brasileira revela que dificilmente o peculato-desvio caracteriza-se de plano,pelo emprego direto e imediato de recursos sob custódia estatal em proveito particular,próprio ou de terceiros. Caso isso ocorra, configura-se o peculato apropriação*1.

82 Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")83 Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")84 Extraído do voto do Ministro Luiz Fux. proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")85 Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")80 Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")87 Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")

Pag. 114/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, jjjjjist~0 públicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d(J Esta(Jo de GojáS

///i\

Em verdade, no peculato-desvio comumente nota-se uma aparência de

regularidade, traduzida na pretensa realização do interesse público, seguida da sua efetiva econcreta subversão, representada pelo desvio em proveito particular, próprio ou de terceiro.**

Por fim, saliente-se que nessa modalidade de crime funcional o reconhecimentoda coautoria não exige prova cabal do acordo prévio entre os agentes, sendo bastante quefique demonstrada a consciência de todos os envolvidos, quanto ao ilícito cometido, e de quecooperavam em uma ação comum, tendente ao desvio da verba pública. Nesse sentido,colacionamos o seguinte precedente*9:

HABEAS CORPUS. CRIMES DE RESPONSABILIDADE E DE USO DE

DOCUMENTO FALSO. PRETENSÃO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PORFALTA DE JUSTA CAUSA. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. 1 - A

alegação de que o paciente não tem qualquer relação com a sociedade Said SalomãoCalçados e Confecções Ltda.. responsável pela emissão da nota fiscal apontada nadenúncia como falsa, é matéria que não desponta com a nitidez que imprimem osimpetrantes, demandando, na verdade, cotejo de material probatório, inviável de serrealizado na via estreita do habeas corpus. 2 - Não é de ser acolhido o argumentode que os crimes de responsabilidade previstos no artigo 1" do Decreto-Lei n"201/67 somente são imputados a Prefeito Municipal, haja vista que esses delitostambém admitem coautoria e participação de terceiros estranhos à funçãopública. 3 - A afirmação de que não existe irregularidade na nota fiscal emitida pelasociedade Said Salomão Calçados e Confecções Ltda. exige acurado exame fático-probatório, operação cujo momento adequado é o do julgamento do mérito da açãopenal, quando serão analisadas todas as provas produzidas sob o crivo docontraditório. 4 - Habeas corpus denegado. (STJ, Sexta Turma, HC 200500563894,Relator: Paulo Gallotti, 29/06/2009).

III.4 - DAS LAVAGENS DE DINHEIRO

No ata de "ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,movimentação ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime" (art. 1°, caput, daLei 9.613/98) "de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins" (art. Io, I, daLei 9.613/98) e/ou "praticado por organizações criminosas" (art. Io, VII, da Lei 9.613/98),bem como dificultar a identificação dos membros e o rastreamento dos lucros da organizaçãocriminosa, os denunciados fizeram uso de dinheiro em espécie, de negócios dissimulados e deinúmeras contas bancárias.

Pedimos vênia, mais uma vez, para reproduzir, como se nossas fossem, as sábiaspalavras do Ministro Luiz Fux90. "A dissimulação ou ocultação da natureza, origem,localização, disposição, movimentação ou propriedade dos proveitos criminosos desafiacensura penal autônoma, para além daquela incidente sobre o delito antecedente, tal comoocorre com a ocultação do cadáver (art. 211 do Código Penal) subsequente a um homicídio -não se opera a consunção de um crime pelo outro. Em sede doutrinária, o entendimento éidêntico',?

"Com relação ao concurso de crimes, o entendimento é de que há concurso materialcom o crime antecedente. Então, o agente que pratica o crime de lavagem de

88 Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")89 Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")90 Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")'" Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")

Pag. 115/120

V

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued JoséSebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, salan° 327, Ministério PúblicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] do Esta[)0 de Q0|ás

///i\

dinheiro oriundo de atividade criminosa responde em concurso material pelo crimede lavagem e pelo crime antecedente que deu origem criminosa aos bens, valores oudireitos. Essa não seria uma hipótese de progressão criminosa, porque a autonomiados crimes está expressa na própria lei." (BALTAZAR JÚNIOR. José Paulo. Crimes

Federais. 5a ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. p. 594)

"Não se pode exigir da acusação a demonstração de que os recursos retirados deum mecanismo de lavagem de dinheiro eqüivalem, com exata perfeição, aos bens de origemcriminosa injetados na economia regular. E que o dinheiro lícito e o ilícito não reagem comoágua e óleo".

"Bens fungíveis que são, uma vez reunidos em uma mesma economia, ficaimpossível dissociar qual a parte advinda da atividade delituosa. Afinal, é exatamente nestatarefa de gerar a impossibilidade de distinção que reside a atividade de lavagem".

"O elemento intencional necessário para a tipificação do delito em comento é odolo senérico, isto é, a vontade consciente e dirigida à realização de uma ou algumas dasfases da lavagem de dinheiro. RüDOLEO TiGREMâIA, tecendo considerações sobre o art. Ioda'Lei n° 9.613/98, lembra que:"93

"[a]os moldes da lei portuguesa que inspirou o dispositivo, não se exige qualqueroutro elemento subjetivo (dolo específico da doutrina tradicional) ou especial fim deagir, como requer, por exemplo, o tipo de 'branqueamento' da legislação francesa (...)e, no Direito brasileiro, na receptação ou no favorecimento" (MAIA. Rodolfo Tigre.Lavagem de dinheiro - Lavagem de ativos provenientes de crime - Anotações àsdisposições criminais da Lei n. 9.613/98. 2a ed. São Paulo: Malheiros, 2007. p. 89).

"Não se reclama que o órgão acusador comprove o elemento anímico, sob penade se lhe incumbir de um mister impossível, verdadeira prova diabólica. Exatamente nointuito de evitar a impunidade, a segunda das quarenta recomendações do Grupo de AçãoFinanceira sobre a Lavagem de Dinheiro (GAFI), organismo internacional que estabelecepadrões e desenvolve e promove políticas de combate a essa espécie de criminalidade,indica:',94

"Os países deveriam assegurar que: a) A intenção e o conhecimento requeridos paraprovar o crime de branqueamento de capitais estão cm conformidade com as normasestabelecidas nas Convenções de Viena e de Palermo, incluindo a possibilidade de oelemento intencional ser deduzido a partir de circunstâncias factuais objectivas"

"Deveras, basta, para o reconhecimento do dolo, ainda que na sua modalidadeeventual, que se comprove que, pelas condições materiais em que praticado o delito, hámotivos suficientes para se inferir que o agente desejava ocultar ou dissimular a natureza,origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade do numerário, em relação aoqual, também pelas circunstâncias objetivas dos fatos provados, conclua, o magistrado, que oréu sabia ou devia saber serproveniente, direta ou indiretamente, de crime".9

.96Conforme já decidiu a Suprema Corte:

92ldem93 Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")MExtraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")95 Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")9fi Extraído do voto do Ministro Luiz Fux, proferido no bojo da Ação Penal n° 470 (caso "Mensalão")

Pag. 116/120

,

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, umJT^L n""T?i«,„_...,_ ,. '.. .cn, ,, A u Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] j Estado de Goiás

///i\

"O dolo eventual compreende a hipótese em que o sujeito não quer diretamente arealização do tipo penal, mas a aceita como possível ou provável (assume o risco daprodução do resultado, na redação do art. 18, I, in fine, do CP). (...) Faz-seimprescindível que o dolo eventual se extraia das circunstâncias do evento, enão da mente do autor, eis que não se exige uma declaração expressa do agente"

(HC 97252, Relator(a): Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, julgado em 23/06/2009).

Portanto, "não é necessário um conhecimento exato sobre a procedênciacriminosa dos bens, capitais ou valores" (Luiz Regis Prado, Direito Penal Econômico, RT,366). No campo do direito comparado, a jurisprudência norte-americana, através da doutrinada 'cegueira deliberada' {'willfull blindness doctrine'), há muito tempo, admite expressamenteo dolo eventual no crime de lavagem de dinheiro97.

Arrematando a questão probatória quanto ao crime de lavagem, Eugênio Pacelliensina:

"Em relação especificamente à prova da existência do dolo, bem como de algunselementos subjetivos do injusto (elementos subjetivos do tipo, já impregnado pelailicitude), é preciso boa dose de cautela. E isso ocorre porque a matéria localiza-seno mundo das intenções, em que não é possível uma abordagem mais segura. Porisso, a prova do dolo (também chamado dolo genérico) e dos elementos

subjetivos do tipo (conhecidos como dolo específico) são aferidas pela via doconhecimento dedutivo, a partir do exame de todas as circunstâncias jádevidamente provadas e utilizando-se como critério de referência as regras deexperiência comum do que ordinariamente acontece". (Eugênio Pacelli deOliveira, Curso de Processo Penal, Lumen Júris, p. 295).

De acordo com o ex-Ministro Carlos Ayres Britto, em seu notável voto,proferido no curso do julgamento do "Mensalão" (Ação Penal n° 470): "os mecanismos maisdisseminados de lavagem de dinheiro envolvem o uso de interpostas pessoas para a comprade bens lícitos, para a abertura de contas e posteriores depósitos bancários, para asimulação de negócios jurídicos etc. A própria Convenção de Palermo (internalizada peloDecreto n° 5.015/2004) define essa forma de ocultação e de transferência de bens e valorescomo o núcleo-duro da lavagem de dinheiro".

III.5 - DA DISPENSA INDEVIDA DE LICITAÇÃO E DA INOBSERVÂNCIA DASFORMALIDADES PERTINENTES À DISPENSA DA LICITAÇÃO

O crime de dispensa indevida de licitação está bem redigida no artigo 89 da Lei n°8.666/93, vejamos:

Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar

97 O Juiz Federal Marco Falcão Critsinelis, em seu artigo intitulado "Confisco Criminal", de 05/05/2010, in: http://cemadv.com.br.explica: "Por outro lado. há o bom exemplo da jurisprudência node-americana. que através da doutrina da 'cegueira deliberada'('willfull blindness doctrine). admite expressamente o dolo eventual no crime de lavagem. A jurisprudência node americanasobre a vjillful blindness doctrine è significativa em relação a crimes de lavagem de dinheiro, podendo ser citados a tituloilustrativo: a) United States v. Rivera-Rodriguez, 318 F.3d 268 (1st Cir. 2003); b) United States v. Lally. 257 F.ed 751 (8thCir.2001); c) United States v. Oberhauser. 284 F. 3d 827 (8th Cir. 2002); d) United States v. Werí-Ruiz. 228 F. 3d 250. 258 (3dCir. 2000); e) United States v. Cunan, 152 F.3d 29 (1st Cir. 1998); f) United States v. Bornfield. 145 F.3d 1123 (10th Cir. 1998); g)United States v. Long. 977 F.ed 1264, 1270-71 (8th Cir. 1992); h) United States v. Jensen. 69 F3d 906 (8th Cir. 1995); i) United,States v. Prince, 214 F3d 740 (6th Cir. 2000); j) United States v. Fuller. 974 F2d. 1474 (5th Cir. 1992); k) United States v. 'Rockson. 104 F.3d 360, 1996 WL 733945 (4th Cir. 1996); e I) United States v. Ortiz, 738 F.Supp. 1394, 14001990). A referência aos casos e os resumos ora expostos foram extraídos de U.S. Depadment of Justice. Crirífinal Division;Asset Foríeiture and Money Laundering Section. Federal Money Laundering Cases., p. 19-20".

Pag. 117/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd. A06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327, HTV ,ZT„ d^mí™rs r- . r- r^n r,XAr, ncn. , , A u MlílISteriO PUDIICOGoiânia, Fone: 62-3243-8581 /e-mail: [email protected] d Et d d Gjá

///hde observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamenteconcorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ouinexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.

O referido tipo penal visa assegurar a exigência legal de licitar. De fato, licitar é aregra que vigora em nosso ordenamento jurídico, devendo ser dispensada ou declaradainexigível apenas em casos arrolados taxativamente por nossa legislação, sempre em estritaobservância aos preceitos e fonnalidades estatuídos no texto legal.

Ressalta-se, outrossim, que o delito ora em tela é classificado doutrinariamentecomo de mera conduta. O crime se concretiza não só com a dispensa indevida da licitação,mas também com a inobservância das fonnalidades exigidas para a referida dispensa. Quantoao dolo especifico, exigido por parte da jurisprudência, no sentido de comprovar a intençãodos agentes envolvidos no crime em causar prejuízo ao erário, está mais do que comprovadonos presentes autos que a organização criminosa buscava apropriar-se dos recursos da UEG,sem qualquer contraprestação de serviços públicos. De fato, os recursos públicos da UEGforam desviados e apropriados, gerando um prejuízo ao erário em valor atualizado superior avinte milhões de reais.

IV - DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES

Diante o exposto, as condutas dos denunciados enquadram-se nos seguintes tipospenais:

1) Marcelo Henrique dos Santos, artigo Io, §1°, c/c artigo 2°, §4°, inciso II,ambos da Lei n° 12.850/2013; artigo 89, c/c artigo 84, § 2o, ambos da Lei n°8.666/93, c/c artigo 29 do Código Penal; artigo 312, caput, c/c artigo 29,ambos do Código Penal; artigo 317, caput, § Io, do Código Penal; artigo 317,caput, § Io (10 - dez - vezes), c/c artigo 70, ambos do Código Penal; artigo Io,caput e §4°, da Lei n° 9.613/98 (02 - duas - vezes), c/c artigo 69 do CódigoPenal; artigo 2o, §1°, da Lei n° 12.850/2013; todos c/c artigo 69 do CódigoPenal;

2) Adair Antônio de Freitas Meira, artigo Io, §1°, c/c artigo 2o, §3° e §4°,inciso II, ambos da Lei n° 12.850/2013; artigo 89, c/c artigo 84, § 2o, ambos daLei n° 8.666/93, c/c artigo 29 do Código Penal, artigo 312, caput, c/c artigo 29,ambos do Código Penal; artigo 333, caput e parágrafo único, do Código Penal;artigo 333, caput e parágrafo único (10 - dez - vezes), c/c artigo 70, ambos doCódigo Penal; artigo Io, caput e §4°, da Lei n° 9.613/98 (04 - quatro - vezes),c/c artigo 70 do Código Penal; artigo Io, caput e §4°, da Lei n° 9.613/98 (02 -duas - vezes), c/c artigo 69 do Código Penal; todos c/c artigo 69 do CódigoPenal;

3) Luiz Antônio Arantes, artigo Io, §1°, c/c artigo 2o, §4°, inciso II, ambos daLei n° 12.850/2013; artigo 89, c/c artigo 84, § 2o, ambos da Lei n° 8.666/9artigo 312, caput, do Código Penal; todos c/c artigo 69 do Código Penal;

Pag. 118/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23. esq. c/Fued José Sebba. Qd. A06. Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala n° 327. ... . . „.,,,„r- - • r- ei rtnA* oro-, i i -«, u MiniSteMO PubllCOGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de GoiãS

///i\

4) Francisco Afonso de Paulo, artigo Io, vjl". c/c artigo 2°. $4°. inciso II.ambos da Lei n" 12.850/2013: artigo 89. c/c artigo 84. £ 2". ambos da Lei n"8.666/93. e/c artigo 29 do Código Penal: artigo 312. caput, c/c artigo 29.ambos do Código Penal: todos c/c artigo 69 do Código Penal:

5) Antônio Fernandes Júnior, artigo l°. §1°. c/c artigo 2". §4°. inciso II,ambos da Lei n" 12.850/2013: artigo 89. c/c artigo 84. £ 2". ambos da Lei n"8.666/93. c/c artigo 29 do Código Penal: artigo 312. capui. c/c artigo 29.ambos do Código Penal: artigo 1°. caput e §4°, da Lei n° 9.613/98; todos e/eartigo 69 do Código Penal:

6) Lucas Vieira da Silva Meira, artigo Io. §1°. c/c artigo 2", §4°, inciso II.ambos da Lei n° 12.850/2013: artigo Io, caput c §4°, da Lei n° 9.613/98: todosc/c artigo 69 do Código Penal:

7) LÍVIA BAYLÂO DE Morais, artigo 1". §1°, e/c artigo 2". ^4". inciso II. ambosda Lei n° 12.850/2013: artigo 89?c/e artigo 84. $2o, ambos da Lei n° 8.666/93.c/c artigo 29 do Código Penal: artigo 312. caput. c/c artigo 29. ambos (\oCódigo Penal; todos c/c artigo 69 do Código Penal; e

8) Carlos NEUCLIMAR Vieira, artigo 299, parágrafo único, do Código Penal.

V-DOS PEDIDOS

Assim sendo, o Ministério Público do Estado de Goiás oferece denúncia, em

desfavor de MARCELO HENRIQUE nos SANTOS, ADAIR ANTÔNIO DE FREITAS MEIRA, LUIZAntônio Arantes, Francisco Afonso df Paulo, Antônio Fernandes Júnior. LucasVieira da Silva Meira. Lívia Baylào de Morais f Carlos Neuclimar Vieira, e requer ainstauração do devido processo penal-constitucional. observando-se o rito do artigo 4" cseguintes da Lei n" 8.038/90 e do Regimento Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça.

com a imediata notificação dos denunciados e a conseqüente designação de sessão para orecebimento da denúncia, designação de data para oitiva das testemunhas abaixo arroladas,realização dos interrogatórios dos denunciados e, por fim. que seja proferido o competenteacórdão condenatório.

Rol de Testemunhas;

RICARDO BORGES DE REZENDE

NARIO MOTA DE ALMEIDA.

CRISTINA TAMIKO NAKANO.

Pag. 119/120

Procuradoria-Geral de Justiça - PGJGrupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO

Rua 23, esq. d Fued José Sebba, Qd.A06, Lts. 15/25. Jardim Goiás, sala n° 327, ^ELlJEL a7Z;,nr» •£. • i- oo oó^o oco^ .li A u. Ministério PublicoGoiânia, Fone: 62-3243-8581 / e-mail: [email protected] d Estado de Goiás

• HAROLDO REIMER,

• ELIANA MARIA FRANÇA CARNEIRO.

ANDERSON MÁXIMO DE HOLANDA.

• CELIO CAMPOS DE FREITAS JUNIO.

• RODOLFO JORGE BELLOMI,

• WALERIA SANTOS WENCESLAU,

CLAUDIA SAORI NISIII,

JOYCE ALVES COELHO DA COSTA,

CAIO CÉSAR DA COSTA DUARTE BORGES

FERNANDO HENRIQUE DE ARAÚJO LIMA

DAVISSON MORAIS MOREIRA,

iiíW

Goiânia. 03 de março de 2017.

WALTER T. LINZMAYER OTSUKA

Promotor de Justiça - GAECO

Pag. 120/120

/MÁRIO HEtygJ

Prctó

JUAN BORGES DE ABREU

PixWiotor de Jbtstiça - GAECO