CP ESPECIAL

274
DO HOMICÍDIO – Artigo 121.............................12 CONCEITO............................................ 13 OBJETO JURÍDICO..................................... 13 FIGURAS TÍPICAS DO CRIME DE HOMICÍDIO.............13 SUJEITO DO DELITO...................................13 ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.........................14 MEIOS DE EXECUÇÃO...................................14 HOMICÍDIO POR OMISSÃO – CONDUTA OMISSIVA............14 HOMICÍDIO E NEXO CAUSAL.............................15 HOMICÍDIO E ESTADO DE NECESSIDADE...................15 HOMICÍDIO E LEGÍTIMA DEFESA.........................16 ELEMENTO SUBJETIVO E NORMATIVO DO TIPO..............17 HOMICÍDIO DOLOSO.................................... 18 ELEMENTOS DO DOLO DO HOMICÍDIO:.....................18 HOMICÍDIO E ERRO DE TIPO............................18 HOMICÍDIO E ERRO DE PROIBIÇÃO.......................21 HOMICÍDIO E CRIME IMPOSSÍVEL........................21 HOMICÍDIO E CONCURSO DE AGENTES.....................22 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..............................24 HOMICÍDIO PRIVILEGIADO - § 1º.......................25 HOMICÍDIO QUALIFICADO - § 2º........................26 HOMICÍDIO CULPOSO- § 3º.............................29 HOMICÍDIO CULPOSO QUALIFICADO (§ 4º, 1ª PARTE). .................................................... 30 PERDÃO JUDICIAL - § 5º..............................32 PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO – ARTIGO 122.................33 INTRODUÇÃO.......................................... 33 OBJETIVIDADE JURÍDICA...............................33 NATUREZA JURÍDICA DA MORTE E DAS LESÕES CORPORAIS DE NATUREZA GRAVE.........................34 SUJEITOS DO DELITO..................................34

Transcript of CP ESPECIAL

DO HOMICÍDIO – Artigo 121.............................12CONCEITO............................................13OBJETO JURÍDICO.....................................13FIGURAS TÍPICAS DO CRIME DE HOMICÍDIO.............13SUJEITO DO DELITO...................................13ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.........................14MEIOS DE EXECUÇÃO...................................14HOMICÍDIO POR OMISSÃO – CONDUTA OMISSIVA............14HOMICÍDIO E NEXO CAUSAL.............................15HOMICÍDIO E ESTADO DE NECESSIDADE...................15HOMICÍDIO E LEGÍTIMA DEFESA.........................16ELEMENTO SUBJETIVO E NORMATIVO DO TIPO..............17HOMICÍDIO DOLOSO....................................18ELEMENTOS DO DOLO DO HOMICÍDIO:.....................18HOMICÍDIO E ERRO DE TIPO............................18HOMICÍDIO E ERRO DE PROIBIÇÃO.......................21HOMICÍDIO E CRIME IMPOSSÍVEL........................21HOMICÍDIO E CONCURSO DE AGENTES.....................22CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..............................24HOMICÍDIO PRIVILEGIADO - § 1º.......................25HOMICÍDIO QUALIFICADO - § 2º........................26HOMICÍDIO CULPOSO- § 3º.............................29HOMICÍDIO CULPOSO QUALIFICADO (§ 4º, 1ª PARTE).....................................................30PERDÃO JUDICIAL - § 5º..............................32

PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO – ARTIGO 122.................33INTRODUÇÃO..........................................33OBJETIVIDADE JURÍDICA...............................33NATUREZA JURÍDICA DA MORTE E DAS LESÕESCORPORAIS DE NATUREZA GRAVE.........................34SUJEITOS DO DELITO..................................34

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.........................34ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................35QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:...........................35CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..............................36FIGURA QUALIFICADAS.................................36

INFANTICÍDIO – ARTIGO 123.............................37OBJETIVIDADE JURÍDICA:..............................37SUJEITOS DO CRIME...................................38CONCURSO DE PESSOAS.................................38INFANTICÍDIO E ABORTO...............................38ELEMENTO TÍPICO TEMPORAL............................39ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................39MEIOS DE EXECUÇÃO...................................39QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA............................39CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..............................40CONCURSO DE AGENTES.................................40

ABORTO – ARTIGOS 124 à 128............................41CONCEITO............................................42ESPÉCIES DE ABORTO..................................42OBJETIVIDADE JURÍDICA...............................42QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA............................42FIGURAS TÍPICAS.....................................42SUJEITOS DO DELITO..................................43ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.........................43ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................43CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..............................44

AUTO-ABORTO E ABORTO CONSENTIDO – ARTIGO 124..........44FIGURAS TÍPICAS.....................................44CONCURSO DE PESSOAS.................................44

ABORTO PROVOCADO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE– ARTIGO 125..........................................44

CONCURSO DE CRIMES..................................45ABORTO CONSENSUAL- ARTIGO 126.........................45FORMA TÍPICA AGRAVADA (PARÁGRAFO ÚNICO).............46

ABORTO QUALIFICADO – ARTIGO 127.......................46FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS DO CRIME DEABORTO:.............................................46

ABORTO LEGAL- ARTIGO 128..............................46GENERALIDADES.......................................47FIGURAS TÍPICAS PERMISSIVAS DO ABORTO...............47

LESÕES CORPORAIS – ARTIGO 129.........................48CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA....................49SUJEITOS DO CRIME...................................49QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA............................49FIGURAS TÍPICAS.....................................50ELEMENTOS OBJETIVO DO TIPO..........................50ELEMENTO SUBJETIVO E NORMATIVO DO TIPO..............50MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA.....................50LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE- ARTIGO 129,CAPUT...............................................51LESÕES CORPORAIS DE NATUREZA GRAVE – ARTIGO 129§ 1º e 2............................................51TIPOS PENAIS DO CRIME DE LESÃO CORPORAL.............51

PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE.......................56PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO – ARTIGO 130...............57OBJETIVIDADE JURÍDICA...............................57FIGURA TÍPICAS......................................58EXPOSIÇÃO AO CONTÁGIO...............................58SUJEITOS DO CRIME...................................58ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.........................58ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................59

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA – (caput do artigo130)................................................59CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..............................59FIGURA TÍPICA QUALIFICADA- ARTIGO 130 § 1º..........59

PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE – ARTIGO 131......................................................60CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA....................60SUJEITO ATIVO DO CRIME..............................61ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.........................61ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO........................61QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA............................62CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..............................62

PERIGO PARA VIDA OU SAÚDE DE OUTREM – ARTIGO 132......................................................62CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA....................63OBJETO JURÍDICO.....................................63SUJEITOS DO CRIME...................................63ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.........................63ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................63QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA............................64CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..............................64

ABANDONO DE INCAPAZ – ARTIGO 133......................64CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA....................65QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA E SUJEITO DO DELITO........65ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.........................66ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................66CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..............................66FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS........................66

EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM- NASCIDO - Art.134...................................................67OBJETIVIDADE JURÍDICA...............................68

ELEMENTOS DO TIPO...................................68SUJEITO ATIVO.......................................68SUJEITO PASSIVO.....................................68CONCURSO DE PESSOAS.................................68ELEMENTO SUBJETIVO..................................68MOMENTO CONSUMATIVO.................................69TENTATIVA...........................................69FORMAS..............................................69AÇÃO PENAL E PROCEDIMENTO. LEI DOS JUIZADOSESPECIAIS CRIMINAIS.................................69

OMISSÃO DE SOCORRO – ARTIGO 135.......................70CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA....................71SUJEITOS DO DELITO..................................71ELEMENTO OBJETIVO...................................72QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA............................72ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................73CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..............................73FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS PELO RESULTADO -CP. ART. 135 parágrafo único........................73

MAUS TRATOS – ARTIGO 136..............................73CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA....................74FIGURAS TÍPICAS.....................................74SUJEITOS DO DELITO..................................74ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.........................74ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................74CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..............................75FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS - CP. ART. 136, §1º e 2º :...........................................75CONCURSO DE CRIMES E NORMAS.........................75

DA RIXA – ARTIGO 137..................................75CONCEITO:...........................................76

OBJETIVIDADE JURÍDICA...............................76SUJEITOS DO DELITO:.................................76ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.........................77QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA............................78MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA.....................78ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................78RIXA E LEGÍTIMA DEFESA..............................78FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 137,parágrafo único:....................................79

DOS CRIMES CONTRA HONRA...............................79GENERALIDADES PERTENCENTES A TODOS OS CRIMESCONTRA A HONRA......................................80OBJETIVIDADE JURÍDICA...............................80ELENCO DOS CRIMES CONTRA A HONRA..................80NATUREZA DO INTERESSE JURÍDICO......................80AFINIDADES E DIFERENÇAS ENTRE OS CRIMES CONTRAA HONRA.............................................81QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:...........................81SUJEITOS DO DELITO:.................................81MEIOS DE EXECUÇÃO...................................82ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................82CONSENTIMENTO DO OFENDIDO:..........................83IMUNIDADE PARLAMENTAR...............................83

CALÚNIA – ARTIGO 138..................................83SUJEITOS............................................84FIGURAS TÍPICAS.....................................84NÚCLEOS DO TIPO.....................................85ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO..........................85ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................85FATO DEFINIDO COMO CRIME............................85QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA............................85

FORMAS DE CALÚNIA...................................86MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA.....................86PROPALAÇÃO E DIVULGAÇÃO - ARTIGO 138, § 1º..........86CALÚNIA CONTRA A MEMÓRIA DOS MORTOS - ARTIGO138, § 2º...........................................86LIBERDADE DE CENSURA E EXCEÇÃO DA VERDADE...........86CASOS DO 3° DO ARTIGO 138:..........................87

DIFAMAÇÃO – ARTIGO 139................................88CONCEITO............................................89SUJEITOS DO DELITO..................................89CONDUTA TÍPICA......................................89ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................89QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA............................89MOMENTO CONSUMATIVO.................................90EXCEÇÃO DA VERDADE – ARTIGO 139 – parágrafoúnico...............................................90

INJÚRIA – ARTIGO 140..................................90CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA....................91SUJEITOS............................................91ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO..........................92QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA............................92MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA.....................92PERDÃO JUDICIAL - CP. ART. 140, § 1º...............93INJÚRIA REAL- ARTIGO 140, § 2º.....................93INJÚRIA QUALIFICADA (§ 3º)..........................94

DISPOSIÇÕES COMUNS DOS CRIMES CONTRA A HONRA..........95FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 141...........95CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DAANTIJURIDICIDADE- ARTIGO 142........................96RETRATAÇÃO – ARTIGO 143.............................97PEDIDO DE EXPLICAÇÃO EM JUÍZ- ARTIGO 144............98

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL.............100GENERALIDADES......................................100

CONSTRANGIMENTO ILEGAL – ARTIGO 146..................101CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................101FIGURAS TÍPICAS....................................101SUJEITOS DO DELITO.................................101ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO........................101QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................103ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO:........................103MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA:...................103FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 146 § 1º...................................................103NORMA PENAL EXPLICATIVA - ARTIGO 146, § 2º........103CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DE TIPICIDADE-ARTIGO 146, § 3º...................................104

AMEAÇA – ART. 147....................................105CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................105SUJEITOS DO DELITO:................................105ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO........................105QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:..........................105MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA....................106ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................106

SEQÜESTRO OU CÁRCERE PRIVADO – ARTIGO 148............107CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................107SUJEITOS DO DELITO.................................107ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO........................107ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................108QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................108CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.............................108FIGURA TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 148, § 1º...................................................108

TIPO QUALIFICADO PELO RESULTADO - ARTIGO 148,§ 2º...............................................108

REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO ARTIGO149..................................................109CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................109SUJEITOS DO DELITO.................................109QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................109CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.............................110

VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO – ARTIGO 150...................111CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................111CONCEITO DE DOMICÍLIO..............................111SUJEITOS DO DELITO.................................111CONCEITO DE CASA – ARTIGO 150, § 4º................113DEPENDÊNCIAS PROTEGIDAS ("CAPUT", PARTE FINAL)...................................................113NÃO SE COMPREENDEM NA EXPRESSÃO "CASA" -ARTIGO 150, § 5º...................................113ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO E NORMATIVO............113QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................114MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA....................114ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................114FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 150, § 1º...................................................114CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DEANTIJURIDICIDADE – ARTIGO 150, § 3º................115

VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA – ARTIGO 151.............117CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................117CORRESPONDÊNCIA....................................117SUJEITOS DO DELITO.................................118ELEMENTO OBJETIVO DO TIPO..........................118ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................118

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO.........................118QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................119MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA....................119SONEGAÇÃO OU DESTRUIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAARTIGO 151, § 1°, I................................119SUJEITOS DO DELITO................................119CONDUTA TÍPICA....................................119ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO........................119MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA...................119

VIOLAÇÃO DE COMUNICAÇÃO TELEGRÁFICARADIOELÉTRICA OU TELEFÔNICA - ARTIGO 151, § 1°,I..................................................120CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA.................120SUJEITO DO DELITO.................................120CONDUTA...........................................120ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO........................120ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO:.......................120MOMENTO CONSUMATIVO...............................120INTERCEPTAÇÃO DE CONVERSAÇÃO TELEFÔNICA...........120

IMPEDIMENTO DE COMUNICAÇÃO, INSTALAÇÃO OUUTILIZAÇÃO DE ESTAÇÃO DE APARELHO RADIOLÉTRICO.DISPOSIÇÕES COMUNS - ARTIGO 151, § 1°, III........122REVOGAÇÃO.........................................122

INSTALAÇÃO OU UTILIZAÇÃO DE ESTAÇÃO DE APARELHORADIOELÉTRICO - ARTIGO 151, § 1°, IV..............122DISPOSIÇÕES COMUNS - ARTIGO 151, § 2°, 3°e 4°...................................................123

CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL – ARTIGO 152...............124CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................124SUJEITOS DO DELITO.................................124CONDUTA............................................124

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................124MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA...................124

DIVULGAÇÃO DE SEGREDO – ARTIGO 153...................125CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................125SUJEITOS DO DELITO.................................125ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................126QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................126MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA....................126VIOLAÇÃO DE SIGILO PROFISSÃO § 1º - A..............126

VIOLAÇÃO DE SEGREDO PROFISSIONAL – ARTIGO 154........127CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................127SUJEITOS DO DELITO.................................127ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO........................127QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................128ELEMENTO SUBJETIVO DO DOLO:........................128ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO:........................128DANO...............................................128

FURTO – ARTIGO 155...................................129CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................129FIGURAS TÍPICAS....................................129OBJETO MATERIAL....................................130ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO.........................131CONDUTA............................................131ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................131QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................132MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA....................132CONCURSO DE CRIMES:................................132FURTO DE USO.......................................133FURTO NOTURNO – ARTIGO 155, § 1º...................133FURTO PRIVILEGIADO OU MÍNIMO – ARTIGO 155, § 2º...................................................134

FURTO DE ENERGIA– ARTIGO 155, § 3º.................135FURTO QUALIFICADO– ARTIGO 155, § 4º................135FIGURAS TÍPICAS DO FURTO QUALIFICADO..............136

FURTO DE COISA COMUM – ARTIGO 156....................141CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................141SUJEITOS DO DELITO.................................141ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................141QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................141MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA (mesmo dofurto):............................................141CAUSA ESPECIAL DE EXCLUSÃO DE ANTIJURIDICIDADE- CP. ART. 156 § 2°:...............................142

ROUBO – ARTIGO 157...................................143CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................143ROUBO POSSUI DUAS FORMAS:..........................143SUJEITOS DO DELITO:................................144OBJETOS MATERIAIS..................................144ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO.......................144QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................144CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.............................145ROUBO CIRCUNSTANCIADO – ARTIGO 157 § 2º............145CONCURSO DE CRIMES.................................148

EXTORSÃO – ARTIGO 158................................152CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................152SUJEITOS DO DELITO.................................152CONDUTA............................................152MEIOS DE EXECUÇÃO:.................................152ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO:.....................153ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO.........................153QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................153CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.............................153

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS - ARTIGO 158, 1º...................................................153TIPO QUALIFICADO PELO RESULTADO – ARTIGO § 2º...................................................153

EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO – ARTIGO 159.............155CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................155SUJEITOS DO DELITO.................................155CONDUTA............................................155ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO.......................155RESULTADO..........................................156QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................156CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.............................156TIPO CIRCUNSTANCIADO- ARTIGO 159 § 1º..............156FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS PELO RESULTADO-ARTIGO 159, § 2º...................................157DELAÇÃO PREMIADA – ARTIGO 159 § 4º.................157

EXTORSÃO INDIRETA – ARTIGO 160.......................158CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................158SUJEITOS DO DELITO.................................158ELEMENTO OBJETIVO DO TIPO..........................158QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................158CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.............................159ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................159

USURPAÇÃO – ARTIGO 161...............................160ALTERAÇÃO DE LIMITES – ARTIGO 161, caput...........160CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA..................160SUJEITOS DO DELITO................................160ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.......................160ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO......................160ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO........................161QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA..........................161

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA............................161QUALIFICADORAS – ARTIGO 161, § 2º.................161AÇÃO PENAL........................................161

USURPAÇÃO DE ÁGUAS – ARTIGO 161, § 1º, I...........161CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA..................161SUJEITOS DO DELITO................................161ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO TIPO..........161ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO........................162QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA..........................162CONSUMAÇÃO E TENTATIVA............................162

ESBULHO POSSESSÓRIO – ARTIGO 161, § 1º II..........162CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA..................162SUJEITOS DO DELITO................................162ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO.......................162QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA..........................163ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO......................163CONSUMAÇÃO E TENTATIVA............................163

SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS -ARTIGO 162...........................................164CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................164SUJEITOS DO DELITO.................................164ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO........................164ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................164ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO.........................164QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................164CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.............................165

DANO – ARTIGO 163....................................166CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................166SUJEITOS DO DELITO.................................166ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO........................166ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................167

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:..........................167CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.............................167FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 163,parágrafo único....................................167AÇÃO PENAL - ARTIGO 167............................168

INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM PROPRIEDADEALHEIA – ARTIGO 164..................................169CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA..................169SUJEITOS DO DELITO.................................169ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO........................169ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO.........................169ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................169QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................169CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:............................170AÇÃO PENAL - ARTIGO 167............................170

DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO ARQUEOLÓGICO OUHISTÓRICO – ARTIGO 165...............................171CONCEITO DE OBJETIVIDADE JURÍDICA..................171SUJEITOS DO DELITO.................................171ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO........................171ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................171QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...........................171CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.............................172AÇÃO PENAL - ARTIGO 167............................172

ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO –ARTIGO 166...........................................173CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................173SUJEITOS DO DELITO.................................173ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO........................173ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................173ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO.........................173

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.............................173AÇÃO PENAL - ARTIGO 167............................174

APROPRIAÇÃO INDÉBITA – ARTIGO 168....................175CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA...................175SUJEITOS DO DELITO.................................175ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO........................175ESPÉCIES DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA...................175COISAS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS- artigo 85 CC.:...................................................176ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO.........................176ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.........................176QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:..........................177MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA....................177FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 168, § 1º...................................................177FIGURA TÍPICA PRIVILEGIADA - ARTIGO 170............177

TIPOS ASSEMELHADOS À APROPRIAÇÃO INDÉBITA............179APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA – ART. 168 -A....................................................179CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES.........................179SUJEITOS...........................................179ELEMENTO SUBJETIVO.................................179CONSUMAÇÃO.........................................179TENTATIVA..........................................180FORMAS.............................................180CAUSA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE....................180PERDÃO JUDICIAL OU PENA DE MULTA...................180AÇÃO PENAL. PROCEDIMENTO. COMPETÊNCIA..............181

APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASOFORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA – ARTIGO 169, CAPUT.....................................................182

ESPÉCIES DE APROPRIAÇÃO ACIDENTAL:.................182APROPRIAÇÃO DE TESOURO - ARTIGO 169, PARÁGRAFOÚNICO, I...........................................182APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA - ARTIGO 169 -PARÁGRAFO ÚNICO, II................................183

DO HOMICÍDIO – Artigo 121

Homicídio simples

Art. 121 - Matar alguém:Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.

Caso de diminuição de pena

§ 1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevantevalor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo emseguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena deum sexto a um terço.

Homicídio qualificado

§ 2º - Se o homicídio é cometido:I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivotorpe;II - por motivo fútil;III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ououtro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigocomum;IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outrorecurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ouvantagem de outro crime:Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Homicídio culposo

§ 3º - Se o homicídio é culposo:Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Aumento de pena

§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se ocrime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ouofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não

procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitarprisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar deaplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprioagente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

CONCEITOHomicídio: destruição da vida de um homem praticada por outro(não fazem parte do conceito de crime: a violência e a injustiça).

OBJETO JURÍDICO Direito à vida

FIGURAS TÍPICAS DO CRIME DE HOMICÍDIO1) Homicídio Simples – matar alguém (CP. Art. 121 – Caput);

1 QUANDO O HOMICÍDIO SIMPLES É CRIME HEDIONDO: O homicídiosimples, tentado ou consumado, é delito hediondo somente quandocometido em atividade típica de grupo de extermínio, ainda quepor um só executor, nos termos do art. 1º, I, da Lei n. 8.072/90(Lei dos Crimes Hediondos), com redação da Lei n. 8.930, de 7-9-1994.

2 IRRETROATIVIDADE: as normas de direito material da Lei n.8.072/90 (arts. 2º, I e § 1º, tratando, respectivamente, daproibição de graça, indulto e anistia e do cumprimento da penaem regime fechado, e 5º, cuidando do livramento condicional),são irretroativas (CF, art. 5º, XL), não se aplicando aos fatosanteriores a 7 de setembro de 1994, data em que entrou em vigora Lei n. 8.930/94.

3 RETROATIVIDADE: as disposições de caráter processual penal daLei n. 8.072/90, concernentes à liberdade provisória com ou semfiança, apelação em liberdade e prisão temporária (arts. 2º, IIe § 2º, e 3º), são de aplicação imediata, incidindo sobre osprocedimentos em curso.

2) Homicídio Privilegiado - relevante valor moral, relevantevalor social, domínio de violenta emoção logo em seguida injustaprovocação da vítima. CP. Art. 121, § 1°;

3) Homicídio Qualificado - motivo torpe, fútil, veneno, fogo,asfixia, traição, emboscada, conexão com outro delito. CP. Art.121, § 2°;

4) Homicídio Culposo:1 simples CP. Art. 121, § 3°; 2 qualificado CP. Art. 121, § 4°;

5) Perdão Judicial - § 5°;

SUJEITO DO DELITOSujeito do Delito: não contém exigência de qualidade pessoal dosujeito ativo ou passivo – qualquer pessoa pode sê-los – Secometido contra Presidente da República, Senado, Câmara, Supremo– Lei de Segurança Nacional (Lei n. 7.170, de 14-12-1983, art.29). Cometido o delito contra vítima menor de catorze anos, incideuma causa de aumento de pena, nos termos do § 4º, 2ª parte, desdeque se trate de modalidade dolosa. Morte do feto durante o parto:configura homicídio ou infanticídio.

Homicídio Crime:A) COMUM: praticado por qualquer pessoa – não há legitimidade

especial de sujeito ativo;B) MATERIAL: de conduta, resultado, legislador define a

conduta – matar – menciona o resultado, exigindo a produçãodeste;

C) SIMPLES: só atinge objetividade jurídica única – direito avida;

D) DANO: exige-se a efetiva lesão do objeto jurídico;E) INSTANTÂNEO: atinge a consumação com a morte da vítima;F) FORMA LIVRE: admite qualquer execução.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO NÃO é crime de forma vinculada – admite qualquer meio deexecução.

MEIOS DE EXECUÇÃOMeios de execução do crime de homicídio:

1) Comissivo: dar tiros na vítima;2) Omissiva: deixar de alimentar uma pessoa para matá-la;3) Material: desferir uma facada na vítima;4) Moral: trama psíquico;5) Direto: trauma psíquica;6) Indireto: açula um cão contra a vítima.

HOMICÍDIO POR OMISSÃO – CONDUTA OMISSIVAHomicídio por intermédio de conduta: – negativa – omissiva –omissão não constitui causa do resultado – Omissão – não é causalmas normativa – A responsabilidade decorre da lei.Responde oagente quando executa uma conduta de fazer como quando deixa derealizar um comportamento que evitaria a produção do resultado.

A causalidade no crime de homicídio, não é formulada em face deuma relação entre a conduta de não fazer e a produção doresultado, mas entre este comportamento que o sujeito estavajuridicamente obrigado a realizar e omitiu – Responde peloresultado não porque o realizou pela omissão, mas porque não oimpediu realizando a conduta a que estava obrigado.

Para que o sujeito responda por crime de homicídio por intermédioda omissão é necessário que tenha o dever jurídico de impedir aprodução da morte da vítima – Teoria da omissão normativa– deverjurídico advém:

1 de um mandamento legal específico: regra composta pela leideterminando a prática do comportamento capaz de impedir aprodução de um resultado;

2 quando o sujeito de outra maneira, tornou-se garantidor da nãoocorrência do resultado: doutrina moderna não fala mais emdever contratual, pois essa posição pode advir de circunstânciaem que não exista vinculação obrigacional entre as partes.Relevante que o sujeito se coloque em posição de garantidor danão ocorrência do resultado.

3 quando uma conduta precedente determinou essa obrigação deimpedimento da produção de morte da vítima: sujeito pratica um

fato provocador do perigo de dano, tendo por isso a obrigação deimpedir a produção do resultado.

HOMICÍDIO E NEXO CAUSAL

RESPONSABILIDADE PENAL POR HOMICÍDIO: demonstração de nexo decausalidade entre a conduta e o resultado morte;

CP adotou a teoria da equivalência dos antecedentes: atribuirelevância causal a todos os antecedentes do resultado,considerando que nenhum elemento, de que depende sua produção,pode ser excluída da linha do desdobramento causal. Procedimento hipotético de eliminação: para saber se uma ação écausa do resultado, basta mentalmente, excluí-la da série causal.Se com sua exclusão o resultado de evento NÃO teria ocorrido, comoocorreu, no momento que ocorreu – é causa -.

CP Resolve nexo causal: Teoria da Conditio sine Qua non ouequivalência dos antecedentes.

Causa é a ação sem a qual o resultado não teria ocorrido –Restrição: superveniência de causa relativamente independente,exclui a imputação quando por si só, produziu o resultado, osfatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Condutas ou Condições ou circunstâncias que interferem noprocesso causal junto à conduta do sujeito – CAUSA.

1 CAUSA: preexistente – concomitante – superveniente - relativa ouabsolutamente - independente do comportamento do sujeito.

2 CAUSA: preexistente – concomitante – superveniente -absolutamente independente - há exclusão da causalidadedecorrente da conduta – responde pelos atos anteriores.

3 CAUSAS: preexistente e concomitante - relativamenteindependente - não excluem o resultado.

4 CAUSAS: supervenientes - relativamente independente - não éconditio sine Qua non do resultado.

HOMICÍDIO E ESTADO DE NECESSIDADE

ESTADO DE NECESSIDADE: é uma situação de perigo atual deinteresses protegidos pelo direito em que o sujeito para salvar umbem próprio ou de terceiro, não tem outro meio, senão destruir ode outrem.

ESTADO DE NECESSIDADE: - excludente de antijuridicidade – assim,embora típico o fato, não há crime de homicídio em face daausência da ilicitude.

ILICITUDE: requisito genérico do delito – sua ausência opera aprópria inexistência da infração penal.

O Estado de Necessidade pode ser desdobrado: 1) Situação de perigo ou situação de necessidade:

a) Perigo atual;b) Ameaça de direito próprio ou alheio;c) Situação não causada pelo sujeito;d) Inexistência do dever legal de arrostar o perigo.

2) Conduta lesiva (ausência de qualquer dos requisitos exclui oEstado de Necessidade.), fato necessitado, exige :

a) inevitabilidade do comportamento lesivo;b) inexigibilidade do sacrifício do interesse

ameaçado;c) conhecimento da situação de fato justificado;

Estado de Necessidade pode ser: 1- Próprio;2- Terceiro: não se exige qualquer relação com o agente;

Só pode alegar estado de necessidade quem não provocou perigo porsua vontade (o perigo provocado dolosamente).

Estado de Necessidade : não pode alegar – quem tem o dever legalde enfrentar o perigo - .

Estado de Necessidade: não deve existir outro meio de evitarperigo ao bem jurídico próprio ou de terceiros, se não praticar ofato necessário, deve haver proporcionalidade entre a gravidade do

perigo que ameaça o bem jurídico do sujeito ou alheio e agravidade da causa pelo fato necessitado.

Não há Estado de Necessidade – quando o sujeito não temconhecimento de que age para salvar um interesse próprio ou deterceiro.

Fato Necessário: requisito para que ocorra.

HOMICÍDIO E LEGÍTIMA DEFESA

REQUISITOS DA LEGÍTIMA DEFESA NO HOMICÍDIO (Ausente os requisitos,sujeito responde por homicídio):

1 agressão injusta, atual ou iminente;2 direito do agredido ou de terceiro, atacado ou ameaçado pelo

dano;3 repulsa com os meios necessário;4 uso moderado de tais meios;5 conhecimento da agressão e da necessidade da defesa – vontade

de defender-se.

Agressão Injusta: contrária ao ordenamento, ilícita. Se aagressão é lícita o homicídio não pode ser legítimo.A injustiça da agressão deve ser analisada objetivamenteindependente da consciência da ilicitude por parte do agressor.Comportamento deve representar objetivamente uma lesão ameaçadora- admite-se contra agressor inimputável.

Provocação do agredido não exclui a injustiça da agressão (se formera provocação e não agressão – não existe legítima defesa delegítima defesa).

Agressão injusta: - atual: que está acontecendo – iminente:prestes a ocorrer.

Não há legítima defesa – contra agressão passada, já ocorrida –legítima defesa é sempre preventiva.

Legítima Defesa – pode ser: 1 própria: o autor do homicídio é titular do bem jurídico

atacado ou ameaçado;

2 terceiro: visa, o homicídio defender direito de terceiro.

Qualquer bem pode ser protegido pela legítima defesa – pessoaisou impessoais - honra vida tranqüilidade.

Só ocorre a causa de justificação quando o homicídio é necessáriopara repelir a agressão. Simples defesa não constitui fatotípico.

Repulsa sua medida – deve ser encontrada em face do valor do bematacado ou ameaçado – deixará de ser necessário quando seencontrarem a disposição o procedimentos menos lesivos.

Erro ou Acidente: atinge pessoa diversa da pretendida – respondecomo se estivesse atingindo pessoa pretendida.

Requisitos de ordem objetiva e de ordem subjetiva: - o sujeitodeve Ter conhecimento da situação de agressão injusta e denecessidade de repulsa.

Moderação: requisito necessário – não se deve empregar o meioalém do que é preciso , caso contrário desaparece legítima defesae aparece o excesso culposo. (Excesso - doloso ou culposo –artigo 23 do CP).

EXCESSO:1- sujeito desde o início de sua conduta emprega meiodesnecessário ou imoderadamente um meio necessário (exclui alegítima defesa a partir do momento em que o agente pratica oexcesso).2- Emprega moderadamente o meio necessário, vai mais além agindoimoderadamente – excesso na legítima defesa.

Sujeito pode não ter querido o excesso: 1 Erro escusável invencível: erro que qualquer homem cometeria

nas mesmas circunstâncias – isento de pena – por ausência dedolo e culpa – erro de tipo

2 Erro inescusável vencível: erro que homem equilibrado nãodeveria cometer, advindo de imponderação, desatenção –sujeito responde por crime culposo – excesso de naturezaculposa.

Se o erro do sujeito decorre da sujeição dos requisitos normativosde uma causa excludente da ilicitude – erro de proibição.

HOMICÍDIO E ADULTÉRIO: ocorrência ou não de legítima defesa dahonra. Há duas orientações: 1ª) não existe legítima defesa;2ª) há legítima defesa;

ELEMENTO SUBJETIVO E NORMATIVO DO TIPO

HOMICÍDIO: formas dolosa e culposa.DOLO: vontade de caracterizar os elementos objetivos do tipo. Nohomicídio a vontade de concretizar o fato é matar alguém. Podeser:1 Direto: quando o agente quer a morte da vítima;2 Eventual: assume, o agente o risco de sua produção;

DOLO – de dano inclusive a tentativa – elemento subjetivo do tipoexige a sentença de efetivamente lesar o bem jurídico.

Formas Culposas:a) Consciente: culpa com previsão passa pela mente do agente aprobabilidade da vítima mas acredita que com suas habilidadesesta não ocorrerá.b) Inconsciente: culpa comum, com imprevisão de resultado.c) Própria: com imprevisão em que o sujeito não quer o resultado.d) Imprópria: com previsão o sujeito quer a produção do resultado,mas a prática, o fato por erro de tipo inescusável que exclui odolo, mas não a culpa. Na verdade temos um crime doloso apenadocom sanção de delito culposo.

HOMICÍDIO DOLOSO

DOLO: vontade de concretizar as características objetivas do tipo– no homicídio – concretizar o fato matar alguém.

O artigo 18, I do CP. Adota a teoria da vontade – não basta arepresentação da morte, exige-se a vontade de praticar a condutae de produzir a morte – ou assumir o risco de produzi-la.

ELEMENTOS DO DOLO DO HOMICÍDIO:

1. Momento Intelectual:2 Consciência da conduta e morte;3 Consciência da relação causal objetiva entre a conduta e a

morte;

2. Momento Volitivo:4 Vontade de praticar a conduta e de produzir a morte da vítima

Homicídio duas formas de dolo – direto ou determinado – ou -indireto ou indeterminado:

5 Alternativo – artigo 18, I – 1ª parte;6 Eventual – artigo 18, I – 2ª parte.

1- DOLO DIRETO: o sujeito visa ao resultado morte – dolo seprojeta na forma direta no resultado morte. Art 18, I,1ª parte;

2- DOLO INDIRETO: quando a vontade do sujeito não se dirigeprecisa e exclusivamente ao resultado morte – divide-seem – alternativo e eventual.

DOLO INDIRETO ALTERNATIVO: quando a vontade dosujeito se dirige a morte da vítima ou a outroresultado – ferir ou matar;

DOLO INDIRETO EVENTUAL: sujeito assume o risco deproduzir a morte, isto é, aceita o risco deproduzi-la – ele não quer a morte – senão seriadolo direto – prevê a morte da vítima e age. Avontade não se dirige ao resultado, mas a condutaprevendo que esta pode produzir aquele. Prevê queé possível causar o resultado – não obstantepratica o comportamento – Entre desistir daconduta e causar o resultado , prefere que esteproduza.

Observação: A quantidade da sanção – penal – pena abstrata – nãovaria segundo a espécie do dolo ou sua intensidade – a penacominada é a mesma.

HOMICÍDIO E ERRO DE TIPO

ERRO DE TIPO: Incide sobre os elementares ou circunstâncias dafigura típica do homicídio – faz supor a ausência de elemento oucircunstância da figura típica.

Em face deste erro não se encontra presente o elemento subjetivodo crime – o dolo - há desconformidade entre a realidade e arepresentação do sujeito que se conhecesse a realidade nãopraticaria a conduta.

ERRO DE TIPO: o dolo se : - evitável ou inevitável – pode osujeito responder por crime culposo.

ERRO DE TIPO NO HOMICÍDIO E SEUS EFEITOS:1. Essencial

7 Vencível: há exclusão do dolo , subsistindo a culpa;8 Invencível: exclusão do dolo e da culpa.

2. Acidental: irrelevante, subsiste dolo e culpa.

ERRO DE TIPO ESSENCIAL : versa sobre elementares ou circunstânciasda figura típica do homicídio. Falsa percepção impede o sujeito decompreender a natureza criminosa do fato – apresenta-se sob duasformas:

9 Invencível: escusável; não pode ser evitado pela normaldiligência, qualquer pessoa no lugar do agente incide emerro. Exclui o dolo e a culpa.

10 Vencível: inescusável; pode ser evitado pela diligênciaordinária, resultado de imprudência ou negligência – qualquerpessoa empregando prudência normal não incidiria em erro.Exclui o dolo, mas subsiste a culpa.

ERRO DE TIPO ACIDENTAL: versa sobre dados secundários do crime.Não beneficia o sujeito. Não versa sobre elementos oucircunstâncias do homicídio, incidindo sobre dados acidentais dodelito ou sua conduta executória – sujeito tem consciência docaráter ilícito da conduta – mesmo que não ocorresse sua condutaseria antijurídica.

Sujeito age com consciência do fato, engana-se a respeito de umdado não essencial ao homicídio, ou, quanto a maneira de suaexecução – não exclui o tipo do homicídio.

Erro acidental pode ser: A) Erro sobre pessoa – error in persona .Sujeito atinge umapessoa, supondo, tratar-se da que deseja matar – pretende matarcerta pessoa, vindo atingir outra inocente, pesando tratar-se daprimeira.É previsto pelo agente, nexo causal. Não exclui a tipicidade dofato homicídio. Não devem ser considerados os dados subjetivos davítima efetiva, mas sim da vítima virtual – que o agente pretendiamatar.

B) Erro na execução – aberratio ictus . Aberração no ataque desviode golpe, não exclui a tipicidade do homicídio – ocorre quando osujeito, pretendendo matar uma pessoa que se encontra do lado daoutra, vem ofender esta.

Aberratio ictus difere de Erro sobre pessoa , neste não háconcordância entre a realidade do fato e a representação dosujeito – supõe-se tratar de uma pessoa, quando na realidade éoutra. Naquele, não existe viciamento da vontade no momento darealização do fato, mas erro ou acidente no emprego dos meios deexecução do homicídio. Neste a pessoa visada sobre perigo de dano,que não ocorre naquele.

Aberratio Ictus: ocorre por acidente ou erro no uso dos meios deexecução – erro de pontaria, desvio da trajetória do projétil,desvio do golpe pela vítima, etc..

Aberratio Ictus: homicídio – resultado único ou resultado duplo.1 . Resultado único: morte (artigo 73 – 1ª parte - CP). Em facedo erro da conduta causal do agente, terceiro morre – sujeitoresponde por um só homicídio.Podem ocorrer duas situações com resultado único:

2 Terceiro sofre lesão corporal: tentativa de homicídio, alesão é absorvida;

3 Terceiro Morre: um só homicídio doloso consumado.

Tal como o error in persona os dados subjetivos da vítima efetiva,não são levados em conta, mas, sim, os da vítima virtual.

2 . Resultado duplo: morte e lesões (artigo 73 – 2ª parte - CP)Agente atinge a vítima virtual e a terceira pessoa – forma-se umaunidade complexa, aplica-se o princípio do concurso formal decrimes. Com uma só conduta comete dois crimes, solução dada pelocódigo, unidade da atividade criminal.Concurso ideal (formal) de crimes: (artigo 70 –CP) Quando o agentemediante uma só ação ou omissão pratica dois ou mais crimes,idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais graves das penas cabíveis,ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer casode 1/6 até a metade.

Assim pode ocorre, no aberratio ictus com resultado duplo:1 Morte dos dois – terceiro e vítima: homicídio doloso

consumado com aumento de pena;2 Morte da vítima e ferimento de terceiro: homicídio doloso

consumado com aumento de pena;3 Fere a vítima e terceiro: tentativa de homicídio com

aumento de pena;4 Mata a vítima e fere o terceiro: um só crime de homicídio

dolo, com aumento de pena.

É possível que o sujeito tenha previsto e aquiescido a morte doterceiro – dolo eventual - embora o concurso permaneça formal,aplica-se à pena a regra do concurso material as penas devem sersomadas, não há o acréscimo, aplicação cumulativa das penas – nãose pode falar em culpa em relação ao terceiro, mas em doloeventual.

É possível que o sujeito não tenha agido dolosa ou culposamente –em relação a morte ou lesão do terceiro - o resultado na vítimaefetiva não pode lhe ser imputado. Responde por homicídio outentativa em relação a vítima virtual. Caso contrário.Responsabilidade penal objetiva.

C) Resultado diverso do Pretendido – aberratio criminis oudelicti: desvio de crime, o agente quer atingir um bem jurídico, eofende outro de espécie diversa.

2 Aberratio Ictus: erro de execução – a persona in personam;Responde como se tivesse atingido a vítima virtual.

3 Aberratio Criminis: erro de execução – a persona in rem ou are in personam. Pune a título de culpa o resultado diverso dopretendido. Podem ocorrer vários casos:

o sujeito quer atingir coisa e mata pessoa – resultadopunido com culpa – homicídio culposo;

o sujeito quer matar pessoa e atinge coisa - tentativa dehomicídio – dano impunível, código não prevê modalidadeculposa para o crime de dano;

o sujeito atinge pessoa e coisa: - não há dano culposo -responde pelo crime, contra a pessoa;

o quer atingir coisa, destrói o objeto e mata pessoa: doiscrimes: dano e homicídio culposo em concurso formal.

4 Em caso de duplicidade de resultado agente pode Ter agido:dolo direto em relação a um e dolo eventual em relação aooutro, em face da produção dos dois resultados, responderápor dois crimes em concurso material.

ERRO PODER SER:1 ESPONTÂNEO: incide em erro sem a participação de terceiros;2 PROVOCADO: quando o sujeito a ele é induzido por conduta de

terceiros.a) Doloso – Provocação(determinação) dolosa: erro

preordenado pelo terceiro, este conscientemente induz osujeito a incidir em erro. O provocador ( terceiro)responde por homicídio a título de dolo.

b) Culposa – Provocação (determinação) culposa - : quandoterceiro age com imprudência, negligência e imperícia.Neste caso responde pelo homicídio praticado peloprovocado a título de culpa.

Responde pelo crime de homicídio – dolo e culpa – conforme oelemento subjetivo do induzimento.

POSIÇÃO DO PROVOCADO:1 Erro Vencível: não responde por dolo, subsiste a culpa;2 Erro Invencível: não responde por dolo ou culpa.

Se o sujeito e o terceiro agem dolosamente: ambos respondem porhomicídio doloso em face da participação.Se o provocador age com culpa e o sujeito com dolo: não há erroprovocado pois o sujeito incidiu em erro – não há participaçãoculposa em crime doloso – provocador: homicídio culposo – sujeito(provocado) : homicídio doloso.

HOMICÍDIO E ERRO DE PROIBIÇÃOERRO DE PROIBIÇÃO: incide sobre a ilicitude do fato, sujeito nãotem possibilidade de saber que o fato é proibido , sendo

inevitável o desconhecimento da proibição a culpabilidade ficaafastada, agente supõe lícito o fato do homicídio por eleconcedido.

ERRO DE PROIBIÇÃO – OCORRE:Erro de direito ou ignorância da lei: sujeito sabe o que faz, nãoconhece bem ou interpreta mal, a norma jurídica; O erro e aignorância impede que o sujeito possua a representação real daconduta não permite que tenha consciência da antijuridicidade deseu comportamento, conseqüentemente há exclusão da culpabilidade– acredita o sujeito estar praticando o ato dentro da esfera dalicitude. (Damásio: impossível erro de direito – no homicídioninguém pode afirmar que desconhece que matar alguém é crime).Exceção: caso em que o código exclui a culpabilidade com base noerro de direito, é no artigo 22 – obediência hierárquica, em que oexecutor do homicídio, que por erro de direito supõe a legalidadeda ordem.

Suposições errôneas da existência de causa de exclusão dailicitude não reconhecida juridicamente; É caso de erro deproibição, atenuador de pena se evitável. Assim, não responde pelocrime o sujeito que pratica o fato, acreditando que a ordemjurídica prevê uma causa de exclusão de ilicitude. Ex.: pai pensaque pode matar o estuprador de sua filha.

Discriminantes putativas sujeito supõe erradamente que ocorrecausa excludente de ilicitude; Ocorrem quando o sujeito levado aerro pelas circunstâncias do caso concreto ou sobre a ilicitude dofato, supõe agir em face de uma causa excludente da licitude.Supõe o sujeito por erro plenamente justificado encontrar-se emestado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento dodever legal e exercício regular do direito. – isenta o agente depena.Surgem as eximentes putativas, ou causas putativas de exclusão deantijuridicidade, combinação do artigo 20 §1° com os incisos doartigo 23 e com remissão aos artigos 24 e 25, do código penal.Eximentes putativas erro de tipo ou causas de exclusão daculpabilidade, quando invencível o erro.

Causas do artigo 23, excluem a ilicitude a incidência sobre elas,do erro as transformam, causas de exclusão de dolo e culpa seinvencível ou excludente da culpabilidade – erro de proibição.

EX.: agente acredita que se encontra face agressão injusta(inexistente na realidade) vindo a matar seu agressor – Supõe-sesituação de fato (suposição de agressão injusta) que se existisse(houvesse realmente a agressão) tornaria a ação legítima (haverialegítima defesa real – excludente de antijuridicidade). Não haviaagressão injusta, o fato cometido é ilícito. Mas houve erro detipo: invencível : exclui dolo e culpa - vencível: homicídioculposo.Se o erro não deriva da apreciação de um fato, mas de umrequisito normativo da excludente – ex.: injustiça da agressão –não se trata de erro de tipo mas de proibição inescusável,homicídio doloso, pena reduzida.

Discriminantes putativas no homicídio, estado de necessidadeputativo, legítima defesa putativa, estrito cumprimento do deverlegal putativo, exercício regular do direito putativo.O erro deve ser plenamente justificado pelas circunstâncias – sevencível: responde por homicídio culposo; - se invencível:exclui o dolo e a culpa.

HOMICÍDIO E CRIME IMPOSSÍVELCRIME IMPOSSÍVEL: verifica-se que o agente nunca poderia consumaro homicídio quer pela ineficácia absoluta do meio empregado, querpela absoluta impropriedade do objeto material (pessoa).

Casos de crime impossível: (ausência de tipicidade): 1 por ineficácia absoluta do meio: o meio empregado pela

própria, absolutamente incapaz de produzir a morte;2 por impropriedade absoluta do objeto pessoa: inexiste pessoa

sobre a qual deveria recair a ação, ou, quando sua situaçãoou condição, torna impossível a produção do resultado.

Para que ocorra Crime Impossível: é preciso que sejam absolutas aineficácia dos meios empregados, se relativa há tentativa.

Ineficácia Relativa do Meio: não obstante eficaz a produção doresultado, este não ocorre por circunstâncias acidentais. Ex.:desfecha um tiro contra a vítima, mas a arma nega fogo.

Impropriedade Relativa do Objeto:

2 Condição acidental do próprio objeto material neutraliza aeficácia do meio usado pelo agente. Ex.: cigarreira desvia oprojétil;

3 Presente o objeto na fase inicial da conduta vem, ausentar-seno instante do ataque. Ex.: agente dispara tiros no leito davítima, que dele saíra segundos antes.

Crime impossível: não constitui figura típica de homicídio, nãoenseja a aplicação da pena ou medida de segurança.

Ineficácia do meio ou impropriedade do objeto material dohomicídio: Absoluta: não há crime – artigo 17;Relativa: responde o sujeito por tentativa de homicídio.

HOMICÍDIO E CONCURSO DE AGENTESHomicídio: delito monossubjetivo – crime que pode ser cometido poruma só pessoa; excepcionalmente pode ser cometido por mais de umagente, surge o concurso de agentes : autoria, co-autoria e aparticipação.

AUTORIA: Autor do homicídio é quem realiza a conduta que seenquadra no núcleo do tipo – verbo “matar”.

TEORIAS SOBRE A AUTORIA:1 Restritiva: autor é somente quem pratica ação que se amolda

ao verbo “matar”- nosso CP. Adota essa teoria.2 2 - Extensiva : autor é quem dá causa a morte da vítima,

pouco importando que sua conduta se enquadra direta ouindiretamente na figura típica, por isso não há diferençaentre autoria e participação.

AUTOR: quem realiza o núcleo do tipo – matar.PARTÍCIPE: é quem sem realizar o núcleo do tipo contribui para amorte da vítima por intermédio de: induzimento, instigação e deauxílio secundário.

FORMAS DE CONCURSO DE AGENTES:

1- Co- autoria (propriamente dita): vários agentes praticam aconduta descrita pela figura típica. Essa conduta caracteriza pela

circunstância de que os cooperadores, conscientemente, conjugamseus esforços no sentido da produção das várias atividades. Co-autoria divisão do trabalho com nexo subjetivo, unificacomportamento de todos, cada um tem consciência de colaborar naobra comum.Não existe fato principal que acedam condutas acessórias, cada umcontribui com sua atividade na integração da figura típica,executando a conduta nela descrita objetivamente. Há diversosexecutores do tipo penal. Não é necessário que todos executem aconduta produtora direta da morte. Ex.: é co-autor que segura avítima.

2- Participação: os agentes não cometem o comportamento, negativoou positivo, descrito na norma penal incriminadora,mas concorrem de qualquer modo para a realização do homicídio.Conduta acessória de um fato principal;Participação propriamente dita – agente não pratica atosexecutórios do crime de homicídio, mas concorre de qualquer modopara sua realização, não comete a conduta descrita pelo preceitoprimário mas pratica uma atividade que contribui para a formaçãodo delito.Atos de participação: não integram elemento algum da realização dafigura típica, não sendo puníveis por si mesmos; sua punibilidadenão pode deixar de ser uma acessão do fato do autor ou doexecutor.O agente que participou só pode ser imputado condicionalmente,depende do principal.

Diferença entre autor e partícipe: o primeiro existe em razão dotipo que se amolda a sua conduta, segundo só se enquadra por forçade regra da ampliação pessoal.

Participação delituosa – ação – base: conceito de ação princípioda causalidade – participação não é o simples conhecimento daconduta criminosa mas contribuição à sua realização.

Ações do partícipe: ligados ao fato material pelo nexo dacausalidade física – não é suficiente para que a participaçãoexista – imprescindível elemento subjetivo – cada concorrente temconsciência de contribuir para realizar a obra comum.Não é necessário acordo de vontades, basta que uma vontade adira aoutra.

Elemento subjetivo de participação: necessário em relação aopartícipe, pode falhar ao Autor, este pode recusar a participação.A participação opera partícipe - autor.

Homogeneidade de elemento subjetivo – autor e partícipe - devemagir com dolo, se, houver Heterogeneidade, não haverá o concurso de agentes na modalidadede participação.

Não há:1 participação dolosa em crime culposo;2 participação culposa em crime doloso;3 homicídio culposo não admite participação – só co-autoria.

Inexistência do vínculo subjetivo entre os participantes – autoriacolateral.

AUTORIA COLATERAL: quando os agentes desconhecendo cada um aconduta do outro, realizam atos convergentes à produção da morteda vítima, mas que ocorre em face do comportamento de um só deles.Um responde por homicídio e outro por tentativa.

FORMAS DE PARTICIPAÇÃO: 1 Participação moral: fato de incutir na mente do autor, o

propósito criminoso ou reforçar o preexistente – determinação,induzimento, instigação.

2 Participação material: fato de alguém insinuar-se no processo decausalidade física –auxílio prestado na preparação ou execuçãodo delito ( corresponde a antiga cumplicidade ).

COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA:Participantes colaboram com consciência e vontade do mesmo fato ea culpabilidade de cada um deles deve referir-se ao acontecerpunível em seu conjunto, pelo excesso ou pela prática de crimemais grave responde somente o executor.Sujeito quis participar de um crime menos grave, sofre a penadeste, se, entretanto, lhe era previsível o resultado mais grave,a pena do delito menos grave e aumentada de metade.

AUTORIA INCERTA: dá-se quando na autoria colateral, não se apura aquem atribuir a produção do evento - CP. Não responde o problema.(Damásio: punir ambos por tentativa).

COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS:Tema do concurso de pessoas – não se comunicam as circunstâncias eas condições de caráter pessoal, salvo quando elementares docrime.Circunstâncias: elementos acessórios – acidentais que agregadosao crime tem função de aumentar ou diminuir a pena. Não interferemna qualidade do crime, mas, sim, afetam a sua gravidade –“quantitas delicti.”

Circunstâncias:1 – Objetivas: materiais ou reais: se relacionam com os meios emodos de realização do crime, tempo, ocasião, lugar, qualidade davítima.2 - Subjetivas : de caráter pessoal: só dizem respeito a pessoado participante sem qualquer relação com a materialidade dodelito, com os motivos determinantes , condições, etc...

REGRA QUANTO AS CIRCUNSTÂNCIAS DO HOMICÍDIO: 1 não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoal – de

natureza subjetiva – Em caso de co-autoria ou participação , oselementos inerentes a pessoa de determinado concorrente não seestendem aos fatos cometidos pelos outros participantes. Ex.:“A” pratica homicídio por relevante valor social, comparticipação de “B”, que desconhece essa determinante, não seaplica a “B” a causa de diminuição de pena.

2 Circunstância objetiva não pode ser considerada no fato dopartícipe , se não entrou na esfera de seu conhecimento. EX.:“A” aconselha “B” a praticar um crime, “B” o pratica com uso deasfixia – “A” partícipe não responde por homicídio qualificadose o meio de execução empregado por “B”(asfixia) não ingressouna esfera de seu conhecimento.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

HOMICÍDIO: consuma-se com a morte da vítima, admite a formatentada, quando o sujeito não alcança a consumação.

TENTATIVA DE HOMICÍDIO:1 IMPERFEITA ou TENTATIVA PROPRIAMENTE DITA: o processo

executório é interrompido por circunstâncias alheias avontade do agente. O agente não exaure todas aspotencialidades lesivas. Não chega a praticar todos os atos

de execução necessários a produção da morte porcircunstâncias alheias a sua vontade.

2 PERFEITA ou CRIME FALHO: a fase de execução é integralmenterealizada pelo agente, mas a morte não se verifica porcircunstância alheias a sua vontade - crime subjetivamenteconsumado em relação do agente que o comete, mas não o éobjetivamente em relação a pessoa contra a qual se dirigia.

Tentativa perfeita ou imperfeita: (essa distinção oferecerelevância no tema desistência voluntária e arrependimento eficaz)não recebem tratamento diferente , pela lei penal na aplicação dapena in abstrato – artigo 14 – parágrafo único CP. Na imposição dapena in concreto deve ser levada em conta – artigo 59 CP.

DOLO ESPECIAL: tentativa não o possui, dolo da tentativa o mesmodo crime consumado.

HOMICÍDIO admite:1 Desistência Voluntária: artigo 15 da 1ª parte: “o agente que

voluntariamente desiste de prosseguir na execução”; Consistenuma abstenção de atividade o sujeito cessa o seucomportamento delituoso;

2 Arrependimento Eficaz: artigo 15 da 2ª parte: “impede que oresultado se produza”. Quando o agente, tendo já ultimado oprocesso de execução do crime de homicídio, desenvolve novaatividade impedindo a produção do resultado morte.

Tentativa difere de Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz, pois naquele o agente é impedido ou interferem circunstânciasoutras independentes de sua vontade, fortuitas ou não fazendo-osuspender a pratica dos atos executivos.

Não obstante Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz oagente responde pelos atos já praticados.

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO - § 1º

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO: admite três figuras: 1 matar alguém impelido por motivo de relevante valor social;2 matar alguém impelido por motivo de relevante valor moral;3 matar alguém sob domínio de violenta emoção, logo após de

injusta provocação do ofendido;

No tipo não temos elementos ou elementares, mas circunstânciaslegais especiais ou específicas – dados eventuais não interfere naqualidade do crime, permanece o mesmo homicídio, mas na qualidadeda pena.

O homicídio privilegiado não é hediondo : só o homicídio simples,que pode conter o privilégio, que é hediondo. Quando cometido emconduta típica de grupo de extermínio, circunstância incompatívelcom as do art. 121, § 1º, do CP (relevante valor moral ou socialou violenta emoção logo em seguida a injusta provocação davítima).

Hipótese do concurso do agentes: tais circunstâncias sãoincomunicáveis entre os concorrentes.REDUÇÃO DA PENA: obrigação ou faculdade judicial. Há duasposições: 1ª) a redução é obrigatória, tratando-se de um direito do réu.; 2ª) é facultativa.

HOMICÍDIO PRIVILEGIADO - QUALIFICADO: Existem três posições: 1ª) a composição é impossível, de modo que a causa de diminuiçãoda pena não se aplica ao homicídio qualificado.; 2ª) o privilégio pode concorrer com as qualificadoras de naturezaobjetiva, mas não com as subjetivas.; 3ª) o privilégio exclui as qualificadoras objetivas, nos termos doart. 67 do Código Penal. De modo que, concorrendo uma dascircunstâncias do privilégio com qualificadora objetiva, o sujeitoresponde por homicídio privilegiado.

1) MOTIVOS DE RELEVANTE VALOR SOCIAL OU MORAL: Os motivos derelevante valor social ou moral estão previstos no art. 65, III,a, do Código Penal, como circunstâncias atenuantes. Aqui, olegislador as transformou em causas de diminuição de pena, em facedo que não incidem as atenuantes genéricas.

ESPÉCIES: 1 - O motivo de relevante valor social ocorre quando a causa dodelito diz respeito a interesse coletivo. 2 - O motivo de relevante valor moral diz respeito a interesseparticular.

ERRO DE TIPO: Se o sujeito, levado a erro por circunstâncias defato, supõe a existência da causa do motivo (que, na verdade,inexiste), aplica-se a teoria do erro de tipo (CP, art. 20), nãose afastando a redução da pena (i. e., o privilégio do homicídio).

2) EMOÇÃO VIOLENTA:O privilégio não se confunde com a atenuante genérica do art. 65,III, c, parte final, do Código Penal: no homicídio privilegiado, oagente se encontra sob o domínio de violenta emoção e há derealizar a conduta logo após a provocação da vítima; na atenuantegenérica, ele se encontra sob a influência da emoção, não exigindoo requisito temporal.

REQUISITOS DA FIGURA TÍPICA: 1º) emoção violenta; 2º) injusta provocação da vítima; 3º) sucessão imediata entre a provocação e a reação.

Provocação: É necessário que a vítima somente tenha provocado osujeito ativo. Se a provocação tomar ares de agressão, estaremosem face de legítima defesa, que exclui a antijuridicidade do fatodo homicídio, pelo que o sujeito não responde pelo crime, pode sercontra terceiro ou até um animal, não e necessário ser contra ohomicida, deve a provocação ser uma conduta injusta, capaz deprovocar violenta emoção.

Exige-se imediatidade entre a provocação injusta e a conduta dosujeito. De acordo com a figura típica, é indispensável que o fatoseja cometido "logo em seguida" a injusta provocação do ofendido.A expressão significa quase imediatidade: é indispensável que ofato seja cometido momentos após a provocação. Um homicídiocometido horas ou dias depois da provocação injusta não éprivilegiado.

ERRO DE TIPO: A errônea suposição de ter sido o sujeito provocadoinjustamente aproveita, aplicando-se os princípios atinentes àlegítima defesa putativa (CP, art. 20, § 1º).

HOMICÍDIO QUALIFICADO - § 2º 1) Motivos Determinantes: paga, promessa de recompensa,

outro motivo torpe ou fútil, (inciso I e II);

2) Meios : veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, outromeio insidioso e cruel de que possa resultar em perigocomum (inciso III);

3) Formas de Execução: traição, emboscada, dissimulação ououtro recurso que torne impossível a defesa do ofendido(inciso IV);

4) Conexão com outro Crime: fato praticado para assegurar aexecução ocultação a impunidade ou vantagem de outrocrime (inciso V).

PREMEDITAÇÃO: Não constitui circunstância qualificadora. Nemsempre a preordenação criminosa constitui circunstância capaz deexasperar a pena diante do maior grau de censurabilidade de seucomportamento. Muitas vezes, significa resistência à práticadelituosa. Entretanto, não é irrelevante diante da pena, podendoagravá-la nos termos do art. 59 do Código Penal (circunstânciajudicial).CONCURSO DE PESSOAS: As qualificadoras referentes aos motivosdeterminantes do crime são incomunicáveis entre os participantes. Desta forma, se os sujeitos A e B praticam homicídio, agindo oprimeiro por motivo torpe, desconhecido do segundo, só o primeiroresponde pela forma qualificada. Nos termos do art. 30 do CódigoPenal, as circunstâncias de caráter pessoal não se comunicam. Os motivos do homicídio constituem circunstâncias subjetivas: sãoincomunicáveis entre os sujeitos.Parentesco : não qualifica o homicídio – circunstância deagravante genérica.

CONCURSO DE QUALIFICADORAS: Motivo fútil e torpe ao mesmo tempo:inadmissibilidade.

CRIME HEDIONDO: O homicídio doloso qualificado, tentado ouconsumado, em qualquer de suas figuras típicas (incisos I a V do §2º do art. 121 do CP), é DELITO HEDIONDO.

A) MOTIVO TORPE (I)É o moralmente reprovável, demonstrativo de depravação espiritualdo sujeito. Torpe é o motivo abjeto, desprezível.Ex.: Homicídio deesposa pelo fato de negar-se à reconciliação; para obterquantidade de maconha; matar a vítima porque deseja interromper aprática de atos de libidinagem.

INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA: O inciso encerra forma de interpretaçãoanalógica, em que o legislador, após fórmula exemplificativa,emprega fórmula genérica. No caso, o enunciado exemplificativoestá nas circunstâncias da paga e da promessa de recompensa; acláusula final ou genérica está prevista no outro motivo torpe("ou por outro motivo torpe").

B) PAGA E PROMESSA DE RECOMPENSASão motivos torpes..

DISTINÇÃO: A paga difere da promessa de recompensa. Na paga, orecebimento é prévio, o que não ocorre na promessa de recompensa.Os dois sujeitos respondem pela forma qualificada: o que realizoua conduta e o que pagou ou prometeu a recompensa.

Obs.: responde qualificadamente quem executou e quem prometeu apaga.

C) MOTIVO FÚTIL CONCEITO: É o insignificante, apresentando desproporção entre ocrime e sua causa moral.

AUSÊNCIA DE MOTIVO: Há duas posições: 1ª) não se confunde com o motivo fútil. Se o sujeito pratica ofato sem razão alguma, não incide essa qualificadora, nadaimpedindo que responda por outra, como é o caso do motivo torpe. Éa nossa posição; 2ª) são equiparados.

EMBRIAGUEZ: Há três posições: 1ª) exclui o motivo fútil.; 2ª) não exclui.; 3ª) só exclui quando compromete completamente o estado psíquico

D) HOMICÍDIO COMETIDO COM EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO,ASFIXIA, TORTURA OU OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU DE QUE POSSARESULTAR PERIGO COMUM

Interpretação analógica: O Código Penal emprega uma fórmulacasuística inicial, referente ao emprego de veneno, fogo,explosivo, asfixia ou tortura. Afinal, emprega a fórmula genérica:meio insidioso, cruel ou de que possa resultar perigo comum.

Significa que estes meios devem ter a mesma natureza do conteúdoda parte exemplificativa.

1 MEIO INSIDIOSO: Existe no homicídio cometido por intermédio deestratagema, perfídia.

2 FOGO: Pode ser meio cruel ou de que pode resultar perigo comum,conforme as circunstâncias. O álcool (assim como a gasolina) éaltamente inflamável.

3 ASFIXIA: Pode ser mecânica ou tóxica. Asfixia tóxica pode dar-sepelo ar confinado, pelo óxido de carbono e pelas viciações doambiente. Os processos de provocação da asfixia mecânica são:enforcamento, estrangulamento, afogamento, submersão eesganadura.

4 TORTURA: É meio cruel. Pode ser física ou moral. A Lei n. 9.455,de 7 de abril de 1997, ao definir o crime de tortura, comina apena de oito a dezesseis anos de reclusão na hipótese deresultar morte (art. 1º, § 3º, 2ª parte). Trata-se de crimequalificado pelo resultado e preterdoloso, em que o primumdelictum (tortura) é punido a título de dolo e o eventoqualificador (morte), a título de culpa. Aplica-se no caso dehaver nexo de causalidade entre a tortura, seja física ou moral,e o resultado agravador. Ocorrendo dolo quanto à morte, sejadireto ou eventual, o sujeito só responde por homicídioqualificado pela tortura (art. 121, § 2º, III, 5ª fig.),afastada a incidência da lei especial. Se, entretanto, durante atortura o agente resolve matar a vítima, por exemplo, a tiros derevólver, há dois crimes em concurso material: tortura (art 1ºda lei nova) e homicídio, que pode ser qualificado pelo motivotorpe, recurso que impediu a defesa da vítima etc. Torturacontra criança, resultando morte dolosa: o sujeito responde porhomicídio qualificado pela tortura.Tortura contra criança,resultando morte preterdolosa: aplica-se o art. 1º, §§ 3º, 2ªparte, e 4º, II, da Lei n. 9.455, de 7 de abril de 1997.

E) HOMICÍDIO COMETIDO À TRAIÇÃO, DE EMBOSCADA, OU MEDIANTEDISSIMULAÇÃO OU OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL ADEFESA DO OFENDIDO (IV)INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA; O Código Penal, após fórmula casuística,usa fórmula genérica. A primeira está na menção à traição,

emboscada e dissimulação. Por fim, refere-se a outro recursoqualquer que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.Nesta hipótese, é necessário que o outro recurso tenha a mesmanatureza das qualificadoras anteriormente descritas.

1 TRAIÇÃO: Espécies: Pode ser física, como matar pelas costas, oumoral; exemplo de o sujeito atrair a vítima a local onde existeum poço. Tiros pelas costas.

2 EMBOSCADA Conceito: É a tocaia .

3 DISSIMULAÇÃO: Conceito e espécies: Ocorre quando o criminoso agecom falsas mostras de amizade. A qualificadora pode ser materialou moral. Pode ser:

o Material: caso de o sujeito se disfarçar para matar avítima.

o Moral: quando ele dá mostras falsas de amizade paramelhor executar o fato.

4 RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO:Requisito: É necessário que tais meios se assemelhem à traição,emboscada ou dissimulação. Surpresa: Qualifica o crime, desdeque tenha impossibilitado a defesa da vítima. Não basta que oofendido não espere o ato agressivo.Dolo eventual: Éincompatível com a qualificadora da surpresa.

F) HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA CONEXÃOOcorre quando cometido para assegurar a execução, a ocultação, aimpunidade ou vantagem em relação a outro crime. Conexão: É oliame objetivo ou subjetivo que liga dois ou mais crimes.

Espécies: 1ª) conexão teleológica; Conexão teleológica: Ocorre quando ohomicídio é cometido a fim de assegurar a execução de outro crime.Se o outro delito é considerado inexistente: Não subsiste aqualificadora

2ª) Conseqüencial; e Conexão conseqüencial: Ocorre quando ohomicídio é cometido a fim de assegurar a ocultação, impunidade ouvantagem em relação a outro delito. Na ocultação, o sujeito visa aimpedir a descoberta do crime. Na impunidade, o crime é conhecido,enquanto a autoria é desconhecida

3ª) ocasional. Conexão ocasional: Ocorre quando o homicídio écometido por ocasião da prática de outro delito. Há dois crimes emconcurso material.

Vantagem: Pode ser: 1 produto de crime – coisas adquiridas diretamente com o crime;2 preço de crime – paga ou promessa de recompensa;3 proveito do crime – toda e qualquer vantagem, que não seja preço

ou produto.

G) AUMENTO DA PENA EM FACE DA IDADE DO SUJEITO PASSIVO (§ 4º, 2ªparte)

Referência constitucional: Constituição Federal, art. 227, § 4º,que determina severidade na punição da violência contra a criançae o artigo 230 do mesmo estatuto, que assegura tratamento digno aoidoso.

Noção: Tratando-se de vítima menor de catorze anos de idade edoloso o homicídio, a pena é agravada de um terço, nos termos do §4º, 2ª parte, do art. 121 do CP, de acordo com redação trazidapela Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança edo Adolescente).

O mesmo descrito acima se dará quando a vítima for maior de 60anos, conforme o Estatuto do Idoso (Lei nº 10741/2003).

Natureza; Trata-se de circunstância legal especial de naturezaobjetiva e de aplicação obrigatória.

APLICAÇÃO: Incide somente sobre as formas dolosas do homicídio,seja o tipo simples, privilegiado ou qualificado. Requisitos:

1 Que a vítima seja menor de catorze anos de idade. 2 Que o homicídio seja doloso.

HOMICÍDIO CULPOSO- § 3º

Homicídio culposo na teoria finalista da ação: 1 Culpa: constitui elemento do tipo; elemento do tipo do crime de

homicídio – refere-se a inobservância do dever de diligência –

cuidado objetivo. Falta de cuidado objetivo: pratica de umaconduta causadora de resultado morte sem o discernimento eprudência que uma pessoa normal deveria Ter – a inobservância docuidado necessário objetivo é elemento do homicídio culposo.

2 Culpa: típica é toda conduta que infringe o cuidado necessárioobjetivo – tipo é aberto ao contrário do doloso não éprecisamente definido em face da diversidade de formas decondutas. Para estabelecer critérios de culpa: comparação dascondutas concreta do sujeito e a que teria uma pessoa modelo –surge a previsibilidade objetiva – cuidado necessário deve serobjetivamente previsível – imprevisibilidade objetiva exclui atipicidade.

3 Verificação da tipicidade: constitui indícios deantijuridicidade que pode ser afastada por suas causas deexclusão – legítima defesa – estado de necessidade.

4 Culpabilidade no homicídio culposo: decorre da previsibilidadesubjetiva – possibilidade do sujeito agir conforme o direitosegundo a circunstâncias do caso concreto. Mesmos elementos dodoloso: imputabilidade, potencial consciência deantijuridicidade, exigibilidade de conduta diversa. Observânciado dever genérico de cuidado – exclui a tipicidade do fato – aobservância do dever pessoal de cuidado – exclui aculpabilidade.

PREVISIBILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA DA MORTE CULPOSA:Previsibilidade: possibilidade de ser antevista a morte nascondições em que o sujeito se encontrava. Essa possibilidade éilimitada. Previsibilidade do que normalmente pode acontecer – nãodo excepcional extraordinário – deve ser examinada em face dascircunstâncias concretas em que o sujeito se colocou não seprojeta para um futuro remoto. Previsibilidade: deve ser presentee atual – nas circunstâncias do momento da prática da conduta.

Critério de aferição da previsibilidade:a) Objetivo: previsibilidade deve ser apreciada não do ponto devista do sujeito que pratica a conduta, mas em face do homem comumcolocado nas condições concretas – projeta-se no campo do tipopenal.

b) Subjetivo: deve ser vista as condições pessoais do sujeito.Não se pergunta o que o homem comum deveria fazer naquele

momento, mas sim o que era exigível do sujeito nas circunstânciasem que se viu envolvido – projeta-se na culpabilidade.

ELEMENTOS DO TIPO CULPOSO DE HOMICÍDIO – Elemento do fato típicohomicídio culposo: 1) Conduta humana voluntária – de fazer e não fazer;2) Inobservância do cuidado objetivo através da: negligência,imprudência ou imperícia;3) Previsibilidade objetiva do resultado – morte; 4) Inexistência de previsão do resultado – ausência – não previua morte;5) Resultado morte involuntária;6) Tipicidade.

1 IMPRUDÊNCIA: pratica de um fato perigoso – dirigir veículo,em rua movimentada, com excesso de velocidade;

2 NEGLIGÊNCIA: ausência de precaução ou indiferença em relaçãoao ato realizado – deixar arma de fogo ao alcance de umacriança.DIFERENÇA ENTRE IMPRUDÊNCIA E NEGLIGÊNCIA: na primeira aconduta é positiva, o sujeito pratica uma conduta que acautela indica que não deva ser realizada, a Segunda énegativa sujeito deixa de fazer alguma coisa que a prudênciaimpõe – algo imposto pela ordem jurídica.

3 IMPERÍCIA: falta de aptidão para o exercício de arte ouprofissão em face de ausência de conhecimento técnico oupratica ; esses profissionais no desempenho de suasatividades, venham a causar a morte de terceiros – deve serno mister de sua profissão – não se confunde com o erroprofissional.

ESPÉCIES DE CULPA NO HOMICÍDIO: 1) Culpa Inconsciente: a morte da vítima não é prevista pelosujeito embora previsível – Culpa comum – manifesta-se pelaimprudência, negligência ou imperícia;

2) Culpa Consciente: resultado morte é previsto pelo agente, queespera levianamente que não aconteça ou que possa evitá-lo – Culpacom previsão – previsão é elemento do dolo , mas excepcionalmentepode integrar a culpa em sentido estrito – Culpa consciente.Ex.: numa caçada sujeito vê um animal próximo de seu companheiro,percebe que, atirando na caça , poderá acertar o companheiroconfia na sua apontaria, acreditando que não virá a matá-lo –

atira e mata o companheiro – não responde por crime doloso – maspor homicídio culposo – sujeito previu o resultado levianamenteacreditou que não ocorresse. Culpa consciente difere de dolo eventual: neste o sujeito tolera aprodução do resultado este lhe é indiferente, tanto faz que ocorraou não – assume o risco de produzi-lo – naquele – o agente nãoquer o resultado não assume o risco de sua produção nem lhe étolerável ou indiferente. O evento lhe é representado (previsto)mas confia na sua não produção.Culpa consciente comparável a culpa inconsciente: em face da penaabstrata é a mesma para os dois casos.

3) Culpa Própria: (culpa comum) – resultado morte não é previstoembora seja previsível – o agente não quer o resultado, nem assumeo risco de produzi-lo.

4) Culpa Imprópria: (culpa por assimilação extensão ouequiparação) – resultado morte é querido pelo sujeito que laboraem erro de proibição inescusável ou vencível. Ex.: sujeitocansado de ser assaltado, posta-se de atalaia a espera do ladrão,um vulto penetra em seu jardim – levianamente – imprudentemente ounegligentemente – supões tratar-se do ladrão, acreditando estar emlegítima defesa de sua propriedade atira no vulto – mata-o -posteriormente prova-se ser terceiro inocente. O agente respondepor homicídio culposo. Observe-se que o resultado morte foiquerido – o agente realizou a conduta por erro de tipo – vencívelou escusável – pois se tivesse sido mais diligente teria percebidoque não se tratava de um ladrão – afasta-se o dolo mas subsiste aculpa.

GRAUS DE CULPA NO HOMICÍDIO: grave, leve e levíssima – penaabstrata não há distinção quantitativa da culpa – a pena cominadaé a mesma.

COMPENSAÇÃO E CONCORRÊNCIA DE CULPAS NO HOMICÍDIO: compensação deculpas incabível em matéria penal – a culpa do ofendido não excluia culpa do sujeito. Só não responde o sujeito pelo resultadomorte se a culpa foi exclusiva da vítima.

HOMICÍDIO CULPOSO QUALIFICADO (§ 4º, 1ª PARTE).

FIGURAS TÍPICAS

1ª) inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício; 2ª) omissão de socorro à vítima; 3ª) não procurar diminuir as conseqüências do comportamento; 4ª) fuga para evitar prisão em flagrante.

INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA DE PROFISSÃO, ARTE E OFÍCIO Ex.:motorista , dirigindo veículo, causa a morte de um transeuntedeixando de observar regra de trânsito; Não se confunde comimperícia, , na qualificadora o sujeito tem conhecimento da regratécnica, mas não a observa. Só é aplicável à profissional.

Imperícia: distinção: A inobservância regulamentar não se confundecom a imperícia, que indica inabilidade de ordem profissional,insuficiência de capacidade técnica. Na causa de aumento de pena,o sujeito tem conhecimento da regra técnica, mas não a observa.

Destinatário da causa de aumento de pena: Só é aplicável aprofissional, uma vez que somente nessa hipótese é maior o cuidadoobjetivo necessário, mostrando-se mais grave o seu descumprimento.

OMISSÃO DE SOCORRO: sujeito após atropelar a vítima, sem riscopessoal, não lhe presta assistência, NÃO responde por dois crimes,vindo ela a falecer ==> homicídio culposos + omissão de socorro==> Responde por homicídio culposo qualificado.

Aplica-se o princípio da subsidiariedade implícita, em que umdelito é descrito pelo legislador como circunstânciaqualificadora de outro. Suponha-se que motorista e passageiroestejam viajando de automóvel. O primeiro, por imprudência, vem amatar um transeunte , sendo induzido pelo segundo a fugirem dolocal, não prestando socorro à vítima, que vem a falecer -motorista responde por homicídio culposo qualificado pela omissãode socorro, o passageiro como NÃO se trata de co-autoria nohomicídio culposo, uma vez que não teve nenhuma interferência naconduta culposa do motorista, não participou do fatoatropelamento. O crime culposo não admite participação, massomente co-autoria.

Houve concurso de agentes somente no crime de omissão de socorro –a adoção da teoria unitária levaria à unidade de crime paraambos, trata-se de EXCEÇÃO pluralística do princípio unitário.Embora haja concurso de agentes, há dois crimes: o motoristaresponde por homicídio culposo qualificado pela omissão de socorre

e o passageiro, por crime de omissão de socorro qualificado pelamorte do terceiro.

O induzimento do passageiro, tornou-se irrelevante. Trata-se deproblema de co-autoria em qualificadora. O elemento subjetivo da qualificadora omissão de socorro, é odolo de perigo, a vontade livre e consciente de expor a vítima aperigo de dano ou após a conduta culposa que adveio a lesãocorporal, sob o efeito de tal perigo. Há duas condutas umainicial: culposa: produção da lesão e outra subseqüente, dolosa,consistente na omissão de socorro. Forma típica em que um crimeculposo tem qualificadora punida a título de dolo. Aqualificadora só incide quando cabível o socorro, a vítimafalecendo no momento do fato , impossível falar-se em exasperaçãoda pena.

Tratando-se de crime cometido no trânsito: Vide art. 304 do Códigode Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503, de 23-9-1997).

Cabimento: A qualificadora só incide quando cabível o socorro. Sea vítima falece no momento do fato, é impossível falar-se nacircunstância de exasperação da pena. Lesões leves, semnecessidade de assistência: não incide a qualificadora.

Vítima socorrida por terceiros: Há duas posições: 1ª) não subsiste a qualificadora. (dominante);2ª) subsiste a qualificadora. .

Morte instantânea: Impede a incidência da qualificadora.

Fuga à prisão em flagrante:1 Tratando-se de crime cometido no trânsito: Vide art. 305 do

Código de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503, de 23-9-1997).2 Perigo de linchamento: Não há qualificadora quando o sujeito

foge a fim de evitar linchamento. 3 Dolo: Exige-se a finalidade de fugir à prisão .

PERDÃO JUDICIAL - § 5º

Crimes observações:

É um instituto pelo qual o juiz , não obstante a prática de umdelito por um sujeito culpado, não lhe aplica a pena, levando emconsideração determinadas circunstâncias.

Amásia: Reconhecimento da medida, tratando-se de uniãoestabilizada há certo tempo. União estável (CF, art. 226, § 3º): Asolução, no sentido de o perdão judicial aplicar-se na hipótese de"companheiro", é correta, especialmente em face do instituto da"união estável", que equiparou o "companheiro" ao cônjuge (CF,art. 226, § 3º). Pai da companheira: Nesse caso, não se exigecertidão de casamento do réu com a filha da vítima.

HIPÓTESES EM QUE NÃO SE RECONHECEU O PERDÃO JUDICIALLesões corporais leves na esposa;1 Lesões leves no próprio agente;2 Morte da esposa: Inadmissibilidade de incidência do perdão

judicial;3 Esposa e filhos: Lesões graves neles e no condutor. CAUSA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE.A sentença que concede o perdão é absolutória ou condenatória - Seo juiz chega a conclusão de conceder o privilégio, deve condenaro réu e depois deixar de aplicar a pena, ou não condena, desdelogo deixando de aplicar a pena. A solução, à essas perguntasrefletem-se na questão da reincidência.

Há quatro orientações: 1) A sentença que concede o perdão é condenatória ,subsistindoseus efeitos quanto ao lançamento do nome do réu no rol dosculpados, e responsabilidade pelas custas processuais. Apenasextingue os efeitos principais (aplicação das penas e medidas desegurança); subsistindo os efeitos reflexos ou secundários. 2) A sentença que concede o perdão judicial é condenatória, maslibera o réu de todos os seus efeitos, entre os quais aresponsabilidade pelas custas e o lançamento do nome do réu norol dos culpados.

3) É absolutória a sentença que concede o perdão judicial.

4) A sentença que concede o perdão judicial é declaratória daextinção da punibilidade. Não é nem condenatória e nem absolutóriaé concessiva do perdão judicial : é declaratória da extinção da

punibilidade, tendo a mesma natureza de que reconhece qualquerdas causas previstas no art. 107 do CP.

Dámasio e STF: É condenatória a sentença que concede o perdão,que apenas exclui os efeitos principais - aplicação das penas emedidas de segurança - subsistindo as suas conseqüências reflexase secundárias, entre as quais se incluem a responsabilidadepelas custas, o lançamento do nome do réu no rol dos culpados.O perdão judicial constitui causa extintiva de punibilidade a serdecretada pelo juiz na própria sentença condenatória. O juiz deveefetivamente condenar o réu, somente deixando de aplicar a sançãopenal. Somente se perdoa quem errou. A simples concessão do perdãojudicial já significa que o juiz entendeu existir o delito. Ojuiz para conceder o perdão judicial, deve necessariamente passarpor conclusão preliminar: que o réu praticou um fato típico eilícito, ficando demonstrada a censurabilidade de sua conduta. Pergunta-se, qual a diferença entre a sentença absolutória econcessiva de perdão judicial - No primeiro caso o réu nãopraticou crime, no segundo caso houve a pratica de um crime. Nãoé possível perdoar quem não errou. Logo condiciona-se o perdãojudicial a prática de um crime de homicídio culposo. O efeitoúnico do perdão judicial: desnecessidade de pena. Ele só exclui aexigência de fixação e aplicação de pena. Os outros efeitossubsistem.

PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO – ARTIGO 122 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lheauxílio para que o faça:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio seconsuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa desuicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Parágrafo único - A pena é duplicada:

Aumento de pena

I - se o crime é praticado por motivo egoístico;II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, acapacidade de resistência.

INTRODUÇÃOO suicídio, sob o aspecto formal, constituiu indiferente penal, ouseja, a legislação não pune o fato como infração. Não figura constrangimento ilegal a coação exercida para impedi-lo nos termos do artigo 146, § 3°, II do CP. Significa que éabsolutamente legal o fato de não permitir que alguém tire aprópria vida.Suicídio não é crime, mas a participação nele é prevista comocrime

OBJETIVIDADE JURÍDICAProtege o direito à vida, para que haja crime é necessário queresulte morte ou lesão corporal de natureza grave. Não vindo avítima a morrer ou sofrer lesão corporal de natureza grave, não hácrime.

NATUREZA JURÍDICA DA MORTE E DAS LESÕES CORPORAISDE NATUREZA GRAVEParte da doutrina, considera a morte e as lesões corporais denatureza grave, constituem condições objetivas de punibilidade docrime de participação em suicídio.

Condições objetivas de punibilidade tem duas características:1) não se encontram na descrição típica do crime;2) encontram-se fora do dolo do sujeito.A morte e as lesões corporais de natureza grave constituemelementares do tipo, já que não se revestem das característicasacima.Neste crime, a morte e as lesões corporais de natureza gravedevem estar no âmbito do dolo do participante. Assim, constituemo tipo, não se revestindo dos caracteres das condições objetivasde punibilidade.

CONDUTA DA PRÓPRIA VÍTIMA:Na conduta de induzir ou instigar alguém a suicidar-se, ouprestar-lhe auxílio para que o faça, não haveria crime dehomicídio, no lugar de participação em suicídio-

Leva-se em consideração o ato próprio da vítima, que vem destruira própria vida.Se a vítima é de resistência nula- Se o sujeito induz alienadomental ou criança de tenra idade a suicidar-se, responde porhomicídio, uma vez que transformou a vítima em instrumento de suavontade criminosa. Para que haja delito de participação emsuicídio é necessário que a vítima tenha capacidade deresistência. Se a vítima é forçada, por meio de violência ou grave ameaça, aingerir veneno, ou a desfechar um tiro contra o próprio peito,vindo a morrer- O sujeito responde por homicídio, não há vontadeda própria vítima em morrer, mas há constrangimento do autor.É preciso que o ato material seja praticado pela própria vítima.(se o sujeito segura o punhal , contra o qual a vítima se lança.,há homicídio).Todos os casos em que o ato material de matar é praticado peloagente, pessoa que instigou, induziu, auxiliou, não há crime departicipação, mas sim homicídio.

SUJEITOS DO DELITONão é delito próprio, pode ser praticado por qualquer pessoa(sujeito ativo). É necessário que seja - Sujeito passivo: Qualquerpessoa, salvo se de resistência nula, caso em que há homicídio.determinada a pessoa a ser induzida ou instigada. Não há crime,na hipótese de o sujeito escrever um conto que leve os leitores aosuicídio.Participação: Pode ser moral ou material. Moral é a praticada porinduzimento ou instigação. Material é a realizada por meio deauxílio.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOParticipação em suicídio:

1. MORAL :a) Induzimento: incitar, incutir, mover, levar, faz penetrar na

mente da vítima a idéia de auto-destruição b) Instigação: a vítima já pensava em suicidar-se e esta idéia é

acoroçada pelo partícipe. A diferença é que no induzimento avítima nunca havia pensado em suicídio, na instigação, aintenção suicida já preexistia.

2. MATERIAL : auxílio secundário. Ex.: empréstimo de punhal,revólver, etc.. Significa uma participação material não moral.Auxílio por omissão: Não há. A expressão prestar auxílio para osuicídio é indicativa de conduta de franca atividade

Se o sujeito, primeiramente induz, e depois instiga a vítima asuicidar-se, responde por dois crimes- NÃO, é indiferente que oagente, induza, instigue e até auxilie a vitima a suicidar-se,responderá por um único crime.

Existe auxílio por omissão- NÃO, já que o CP. Emprega aexpressão “.....prestar .....” ou seja é indicativa de condutade franca atividade, não cremos (Damásio) existir participaçãoomissiva em suicídio. Mesmo que o sujeito tenha o dever jurídicode impedir a morte, ex.: caso do soldado que assiste passivamentea vítima a dar cabo da própria vida, não existe delito departicipação, em suicídio, por atipicidade do fato, podendo haveromissão de socorro.

Não é importante o tempo que medeie entre a conduta do agente e oato da vítima. Basta prova do nexo objetivo entre eles, para quese façam presentes os elementos objetivos do tipo.

Natureza jurídica da morte e das lesões corporais graves:Configuram elementares do tipo e não condições objetivas depunibilidade.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOO elemento subjetivo do crime de participação em suicídio, é oDOLO, tanto genérico ou específico. Genérico: vontade livre econsciente de induzir, instigar ou auxiliar. Específico: com aintenção da vítima se matar.(Damásio): NÃO acata esta divisão, dedolo genérico e específico, DOLO é ÚNICO, variando conforme adescrição do delito.

O CP. nesse crime exige além do dolo (vontade livre e conscientede induzir, instigar ou auxiliar), o que a doutrina denomina deelemento subjetivo do injusto, contido no cunho de seriedade, nosentido de que se exige a vontade real de que a vítima venha adestruir a própria vida. O sujeito em tom de brincadeira, podedizer a alguém que a única maneira de resolver seus problemas é

se matando, vindo a vítima a matar-se não responderá por delitoalgum.Não existe participação culposa em suicídio. A descrição típicanão faz nenhuma referência à culpa, assim nos termos do artigo 18,do CP., não há participação culposa em suicídio.

Conduta da própria vítima: Leva-se em consideração o ato davítima, que vem a destruir a própria vida. É característica dotipo que o ofendido execute um ato de que decorra,alternativamente, sua morte ou lesão corporal de natureza grave.Se o ato de destruição é realizado pelo próprio agente, respondepor delito de homicídio.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:1) Delito Material: exige efetiva lesão do bem jurídico;2) Crime Instantâneo: a participação em suicídio atinge a

consumação em momento determinado;3) Crime Comissivo: não há participação punível por intermédio

de conduta omissiva. Núcleos do tipo são os verbos: induzir,instigar e auxiliar, de franco comportamento positivo.

4) Crime de Ação Livre: admite qualquer forma de execução, salvoomissiva: palavra escrita, oral, gestos etc..

5) Conteúdo Variado ou alternativo: o tipos apresenta trêsformas: induzir, instigar e auxiliar. A prática de mais deuma maneira de execução não leva à pluralidade de crimes. Apena base poderá, entretanto, agravar-se em face de maiorcensurabilidade da conduta.

6) Delito Principal: não é acessória, como a receptação, quedepende de outro delito.

7) Crime Simples: uma vez que ofende dois bens jurídicosalternativos: vida ou integridade corporal;

8) Crime Plurissubsistente: não basta o induzimento, exige-se aprodução de resultado alternativo é duplo. Comportamentoinicial, contido no verbo induzir, instigar ou auxiliar; e aconduta final da vítima, dando cabo da vida ou sofrendo lesãocorporal de natureza grave.

9) Crime Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAAtinge a consumação com a morte da vítima ou com a produção delesões corporais de natureza grave.

A vítima tenta suicidar-se e vem a falecer: Pune-se o participantecom pena de reclusão de 2 a 6 anos.Da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave:Pune-se o fato com pena de reclusão de 1 a 3 anos.A vítima sofre lesão corporal de natureza leve em conseqüência datentativa de suicídio; O fato não é punível, assim, o CP, só puneo fato, quando ocorre lesão corporal grave ou morte da vítima,fora disso não há crime a punir. É atípico o fato se da tentativade suicídio resulta lesão corporal de natureza leve, ou se avítima não vem a sofrer de nenhuma lesão corporal

NÃO existe tentativa de participação em suicídio. É inadmissível.Trata-se de hipótese em que o legislador condiciona a imposição dapena à produção do resultado (morte ou lesão corporal de naturezagrave). A simples conduta de induzir, instigar ou prestar auxíliopara que alguém se suicide, não vindo a ocorrer o resultado morteou lesão corporal de natureza grave, não constitui crime.

FIGURA QUALIFICADAS

FIGURA TÍPICAS QUALIFICADAS DO CRIME DE PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO:1) Motivo Egoístico: Ex.: o sujeito induz a vítima a suicidar-separa ficar com a herança.

2) Menoridade da vítima: trata-se de menor de 18 anos e maior de14 anos. Se maior de 18 anos, aplica-se o caput do 122. Se avítima é menor de 14 anos , há crime de homicídio. Para chegar aessa conclusão devemos recorrer a interpretação sistemática. Noscrimes contra o costume, o legislador presume a violência quando avítima é menor de 14 anos, nos termos do artigo 224, a, do CP. Nocaso a presunção de violência é considerada em face de olegislador entender que não tem capacidade de consentimento omenor de 14 anos. Vimos que responde por delito de homicídio, osujeito que induz a pessoa de resistência nula a suicidar-se. Alémdisso, a menoridade penal cessa aos 18 anos, em face do quedetermina o artigo 27 do CP. Se a qualificadora se refere amenor, deve dizer respeito ao menor de 18 anos de idade.

3) Redução da capacidade de resistência da vítima: enfermidadefísica ou mental, idade avançada, etc.. Ex.: induzir ao suicídiovítima embriagada. A embriaguez deve apenas diminuir a capacidadede resistência da vítima. Se a embriaguez anula completamente atal capacidade, o sujeito comete homicídio e não participação emsuicídio. Há homicídio. Para que ocorra participação em suicídioé necessário que a vítima tenha capacidade de resistência.Tratando-se de alienado mental, de criança, a ausência de vontadeválida faz com que inexista o delito privilegiado (art. 123),cuidando-se de homicídio (autoria mediata). Se a vítima é forçada,por meio de violência ou grave ameaça, a ingerir veneno, ou adesfechar um tiro contra o próprio peito, vindo a morrer: Osujeito responde por homicídio. A razão está em que nessashipóteses a vítima não está causando a morte por vontade própria,mas sim diante do constrangimento do autor (autoria mediata).

HIPÓTESES VÁRIAS

1 - PACTO DE MORTE:Duas pessoas combinam duplo suicídio. A solução da existência departicipação em suicídio ou homicídio depende da prática de atoexecutório de um ou de outro crime, como veremos nas váriashipóteses seguintes:a) A e B trancam-se num quarto hermeticamente fechado. A abre atorneira de gás, B sobrevive. B responde por participação emsuicídio.b) A e B trancam-se num quarto hermeticamente fechado. B abre atorneira de gás e sobrevive. B responde por homicídio .c) A e B trancam-se num quarto hermeticamente fechado. Ambosabrem, em conjunto, a torneira de gás , não se produzindoqualquer dano, graças a intervenção de terceiro ambos respondempor tentativa de homicídio, uma vez que praticam atos executóriosde matar. A em relação a B, e B em relação a A.d) A e B trancam-se num quarto hermeticamente fechado. Se terceiroabre a torneira de gás, os dois se salvam, não recebendo lesãocorporal de natureza grave. A e B ficam impunes, o terceiroresponde por tentativa de duplo homicídio, uma vez que praticouato executório de matar.e) A e B trancam-se num quarto hermeticamente fechado. A abre atorneira de gás e B não. A responde por tentativa de homicídio. Bpor participação e suicídio.

2 – ROLETA RUSSA:O sobrevivente responde por participação em suicídio (a armacontém um só projétil, devendo ser disparada pelos contendorescada um em sua vez, rolando o tambor), o mesmo ocorrendo com dueloamericano (duas armas, estando uma só carregada; os sujeitos devemescolher uma delas).

3 – RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO:Se a vítima pretendendo matar-se com um tiro de revólver, erra oalvo e fere um terceiro, vindo a matá-lo. Responde por homicídioculposo.

INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,durante o parto ou logo após:

Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

O infanticídio não se trata de forma típica privilegiada dehomicídio, mas de delito autônomo com denominação jurídicaprópria. Mas doutrinariamente não deixa de ser forma de homicídioprivilegiado, em que o legislador leva em consideração a situaçãoparticular da mulher que vem a matar o próprio filho em condiçõesespeciais. É um crime definido em figura típica anormal, uma vezque na descrição temos não apenas elementares natureza objetiva,mas também elementos de natureza subjetiva contida na expressão“....sob influência do estado purperal ....” e na relação deparentesco.

CRITÉRIO DE CONCEITUAÇÃO LEGAL DO INFANTICÍDIO (sistemas legais deconceituação do infanticídio):1 Psicológico: revogado CP. de 1969 – o infanticídio é descrito

tendo em vista o motivo de honra. Ocorre quando o fato écometido pela mãe a fim de ocultar desonra própria.

2 Fisiopsicológico: CP. vigente – não é levada em conta a honoriscausa, o motivo da preservação da honra, mas sim a influência doestado puerperal.

3 Misto: Anteprojeto Nelson Hungria.

OBJETIVIDADE JURÍDICA:O objeto jurídico do crime de infanticídio é o direito a vida.Protege-se o Neonato, o que acabou de nascer; e o Nascente quemorto durante o parto.

SUJEITOS DO CRIMEAutora de infanticídio só pode ser a mãe , o fato deve sercometido pela mãe contra o próprio filho. Crime próprio, que nãopode ser cometido por qualquer autor. Exige qualidade especial dosujeito ativo. Isso não impede, entretanto, que terceiro respondapor infanticídio diante do instituto do concurso de agentes. Sujeito passivo: é o neonato ou nascente , de acordo com a ocasiãoda prática do fato: durante o parto ou logo após.

CONCURSO DE PESSOASHá três hipóteses: 1ª) a mãe e o terceiro realizam a conduta do núcleo tipo "matar"(pressupondo o elemento subjetivo específico); 2ª) a mãe mata a criança, contando com a participação acessória doterceiro; 3ª) o terceiro mata a criança, com a participação meramenteacessória da mãe.

Examinemos as três situações: 1ª) ambos matam a criança: se tomarmos o homicídio como fato,haverá a seguinte incongruência: se a mãe mata o filho sozinha, apena é menor; se com o auxílio de terceiro, de maior gravidadeobjetiva. Se considerarmos o infanticídio como fato, o terceirotambém deverá responder por esse delito, sob pena de quebra doprincípio unitário que vige no concurso de agentes; 2ª) a mãe mata a criança: o fato principal é infanticídio, a queacede a conduta do terceiro, que também deve responder por essedelito. Solução diversa só ocorreria se houvesse texto expresso arespeito; 3ª) o terceiro mata a criança, contando com a participaçãoacessória da mãe: o crime não pode ser de homicídio, uma vez que,se assim fosse, haveria outra incongruência: se a mãe matasse acriança, responderia por delito menos grave (infanticídio); seinduzisse ou instigasse o terceiro a executar a morte do sujeito

passivo, responderia por delito mais grave (participação nohomicídio).

INFANTICÍDIO E ABORTOInfanticídio, para assim sê-lo, deve ser praticado durante oulogo após o parto. Antes de iniciado o parto existe o aborto enão o infanticídio. Diante disso é necessário precisar em quemomento tem início o parto, que o fato se classifica como um ououtro crime de acordo com a ocasião da prática delituosa: antes doinício do parto existe aborto - a partir de seu inícioinfanticídio, o parto inicia-se com a dilatação do colo do útero;após vem a fase da expulsão, em que o nascente é impelido paraparte externa, vem a expulsão da placenta. Com a expulsão daplacenta esta terminado o fato. A morte do sujeito passivo: emqualquer das fases do parto, constitui delito de infanticídio.

INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERALESTADO PUERPERAL: é o conjunto das perturbações psicológicas efísicas sofridas pela mulher em face do fenômeno do parto. Não ésuficiente que a mulher pratique a conduta durante o período doestado puerperal. É necessário que haja uma relação de causalidadeentre a morte do nascente ou neonato e o estado puerperal. Essarelação causal não é meramente objetiva, mas subjetiva.Não há incompatibilidade entre a descrição típica do infanticídio– ART. 123 – CP – e o disposto no ART. 26 – CP – que trata dainimputabilidade e da semi-responsabilidade. Em conseqüência dascircunstâncias do parto, referentes à convulsão, emoção causadapelo choque físico etc., pode sofrer perturbação de sua saúdemental. É dispensável a perícia médica para a constatação doestado puerperal, visto que este é efeito normal e corriqueiro dequalquer parto. Não é suficiente que a mulher realize a condutadurante o período do estado puerperal. É necessário que haja umarelação de causalidade entre a morte do nascente ou neonato e oestado puerperal. Essa relação não é meramente objetiva, massubjetiva. O Código Penal exige que o fato seja cometido pela mãe"sob a influência do estado puerperal". Ausente, há homicídio.

Três hipóteses podem ocorrer: 1) Em decorrência do estado puerperal, a mulher vem a serportadora de doença mental, causando a morte do próprio filho,

aplica-se artigo 26, CP - exclusão da culpabilidade pelainimputabilidade causada pela doença mental;

2) Em conseqüência da influência do estado puerperal, a sofrersimplesmente perturbação mental , que não lhe retire a inteiracapacidade de entendimento e de autodeterminação – aplica-sedisposto artigo 26, parágrafo único – desde que prove tenha sidoportadora de uma perturbação psicológica patológica , como odelírio ou psicose, responde por infanticídio com a pena atenuada.

3) É possível que, em conseqüência do estado puerperal, a mulhervenha a sofrer uma simples influência psíquica , que não se amoldeà regra do - artigo 26 - neste caso responde pelo delito deinfanticídio, sem atenuação da pena.

Se o puerpério não causa nenhuma perturbação psicológica namulher, matando o próprio filho, pratica crime de homicídio

ELEMENTO TÍPICO TEMPORALImportante é o momento de sua ocorrência, já que deve ser cometidopela mãe, durante o parto ou logo após , e sob influência doestado puerperal. Se cometido em período diverso do previsto nalegislação penal, temos o homicídio, se antes do início do partotemos o aborto. Há também o delito de homicídio se o fato praticado durante oulogo após o parto, pela mãe, mas sem influência do estadopuerperal. O que se deve entender pela elementar “....logo após ...” oparto. Fica ele para analise do caso em concreto, entendendo-seque há delito de infanticídio enquanto perdurar a influência doestado puerperal.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOInfanticídio é somente punível a título de dolo, que corresponde àvontade de concretizar os elementos descritos no artigo 123.Admite-se a forma direta: em que a mãe quer precisamente a mortedo filho, e a forma eventual: em que assume o risco de lhe causara morte. Não há infanticídio culposo, já que no artigo 123, não se refere àmodalidade culposa. Artigo 18, parágrafo único.

Se a mulher vem a matar o próprio filho, sob a influência doestado puerperal, de forma culposa, não responde por delito algum– nem infanticídio, nem homicídio - Porém, se a mulher vem a matar o próprio filho, não se encontrandosob influência do estado puerperal, agindo culposamente, haverádelito de homicídio culposo.Motivo de honra: Não é elemento do tipo. Contra: RT, 581:291.

MEIOS DE EXECUÇÃOÉ o infanticídio, delito de forma livre, pode ser cometido porintermédio de qualquer meio de execução. São admitidos meiosdiretos e indiretos, comissivos e omissivos.Admite-se o infanticídio por omissão, é possível que a mãe venhaa cometer infanticídio por intermédio de uma conduta negativa.Não cabe a agravante do art. 61, II, "e", do Código Penal (crimecometido contra descendente)Uma vez que a relação de parentesco já faz parte da descrição dodelito de infanticídio (art. 61, caput). Não cabe a agravante do art. 61, II, "h", do Código Penal (crimecontra a criança)

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:1) Delito Próprio: só pode ser cometido pela mãe, admite-se

concurso de agentes.2) Delito Material: só se efetiva com o próprio dano.3) Delito Instantâneo: atinge a consumação com a morte do

neonato ou nascente.4) Delito Comissivo: cometido mediante uma ação, há

possibilidade de ser cometido por omissão;5) Delito Principal: independe de qualquer outro delito;6) Delito simples: atinge um bem jurídico, a vida do neonato ou

nascente;7) Delito de forma livre: admite qualquer meio de execução;8) Delito Plurissubsistente: exige-se a produção do resultado

sob determinada condição.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAO infanticídio atinge a consumação com a morte do nascente ouneonato. Crime material. Diante disso é possível a tentativa,

desde que a morte não ocorra por circunstâncias alheias à vontadeda autora. Se a criança nasce morta, e a mãe supondo estar viva, executa atosde matar – trata-se de crime impossível.

CONCURSO DE AGENTESPode ocorrer a hipótese de que terceiro venha a concorrer para aprática do crime, surge assim a questão ao participante doinfanticídio deve ser aplicada a pena cominada para este delito,ou para o delito de homicídio-Trata-se, como vimos, de crime próprio, somente pode ser a mãe aautora do fato descrito no tipo, assim como só o nascente ou oneonato, pode ser sujeito passivo, Essa qualificação doutrinárianão afasta a possibilidade do concurso de agentes.

Assim, quem concorre para á prática de infanticídio devesubmeter-se à sanção imposta. O fulcro da discussão se encontrana questão de comunicabilidade ou não da elementar referente à“...influência do estado puerperal...”. (Dámasio - Em face dasnormais penais reguladoras da matéria, entendemos que o terceirodeve responder por infanticídio. É certo e incontestável que ainfluência do estado puerperal constitui elementar do crime deinfanticídio).

Assim, nos termos da disposição, a influência do estado puerperal(elementar) é comunicável entre os fatos dos participantes.

Parte da doutrina, observa que o concorrente, para responderunicamente por infanticídio, deve Ter participação meramenteacessória na conduta da autora principal, induzindo, instigando ouauxiliando a parturiente a matar o próprio filho.

Mãe, sob influência do estado puerperal, mata outra criançasupondo tratar-se do próprio filho- Responde por delito deinfanticídio, infanticídio putativo, a falsa noção da realidadeaproveita a agente.

Mãe mata um adulto sob influência do estado puerperal, respondepor delito de homicídio.Ocultação de cadáver : Pode concorrer materialmente com oinfanticídio

ABORTO – ARTIGOS 124 à 128

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhoprovoque:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

Parágrafo único - Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestantenão é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental, ouse o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ouviolência.

Forma qualificada

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadasde um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados paraprovocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e sãoduplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido deconsentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representantelegal.

CONCEITOABORTO: é a interrupção da gravidez com a conseqüente morte dofeto (produto da concepção). É a privação do nascimento.A palavra abortamento tem mais sentido técnico que aborto, aquelaindica a conduta de abortar, esta indica o produto da concepçãocuja a gravidez foi interrompida.

ESPÉCIES DE ABORTOA) Natural: - não punível – interrupção espontânea da gravidez;

B) Acidental: - não punível – interrupção da gravidez porconseqüência de traumatismo. Ex.: abortamento devido queda.

C) Criminoso: CP. ARTS. 124, 125, 126, 127

D) Legal ou Permitido: O nosso CP., só permite duas formas deaborto legal ou permitido, o Aborto necessário ou terapêutico:empregado para salvar a vida da gestante ou para afastá-la de malsério ou iminente, em decorrência de gravidez anormal, desde quepraticado por médico. Aborto sentimental ou humanitário: em que agravidez resulta de estupro.

E) Aborto eugenésico ou eugênico, permitido para impedir acontinuação da gravidez quando há a possibilidade de que a criançanasça com taras hereditárias

F) Aborto social ou econômico é o permitido em casos de famílianumerosa, para não lhe agravar a situação social.

OBJETIVIDADE JURÍDICA A tutela penal é a da vida, a vida do feto. O feto não é pessoa, mas spes personae, é expectativa de entehumano, possui expectativa de direito. Para efeitos penais éconsiderada pessoa., tutela-se, então, a vida humana.No auto-aborto só há uma tutela penal, cujo o titular é o feto.No aborto provocado por terceiro, há duas objetividades jurídicas:uma o produto da concepção, outro a incolumidade física e psíquicada própria gestante.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA1) Crime Instantâneo: ocorre a consumação, em um só momento,esgotando-se aí;2) Crime Material: o tipo descreve a conduta de provocar e oresultado, a morte do feto, exigindo sua produção;3) Crime de Dano: uma vez que se consuma com a efetiva, lesão doobjeto jurídico (Não é crime de perigo); 4) Crime de Forma Livre: executado por qualquer meio de ação ouomissão: física, química, etc..

5) Crime Próprio: auto-aborto - exige da autora uma especialcapacidade penal, contida na condição de gestante (sujeito ativoqualificado). Embora seja crime próprio, responde por ele não sóa gestante, mas também o estranho que porventura dele participe.

FIGURAS TÍPICASTipos penais do crime de aborto1) Auto-aborto: CP. ART. 124, 1ª parte; Provocar aborto em simesma ou consentir que outrem lho provoque;

2) Fato de a gestante consentir que outrem lhe provoque oaborto: CP. ART. 124, 2ª parte; Provocar aborto em si mesma ouconsentir que outrem lho provoque;

3) Provocação de aborto sem consentimento da gestante: CP. ART.125

4) Provocação de aborto com o consentimento da gestante: CP. ART.126

5) Aborto qualificado pela lesão corporal grave ou morte dagestante: CP. ART. 127

6) Aborto legal:1 Necessário: CP. ART. 128,I2 Sentimental: CP. ART. 128,II

SUJEITOS DO DELITO No auto-aborto: a autora: é a gestante; Aborto provocado por terceiros: o autor pode ser qualquer pessoa;

SUJEITO PASSIVO: o feto. No aborto provocado por terceiro há doissujeitos passivos: o feto e a gestante..

Exige –se a prova de vida do sujeito passivo imediato, Gravidez:Precisa ser provada.;. A confissão da gestante não supre a faltada prova; nem simples indícios. A sua morte, em decorrência dainterrupção da gravidez, deve ser resultado direto dos meios

abortivos. . É imprescindível a comprovação da relação causal (CP,art. 13, caput).

Não importa o momento da provocação durante a evolução fetalA proteção penal do sujeito passivo ocorre desde a fase em que ascélulas germinais se fundem, com a resultante constituição doovo, até aquela em que se inicia o processo de parto.Fala-se comumente que o sujeito passivo é o feto, mas o códigonão distingue entre óvulo fecundado, embrião ou feto. É necessárioque o objeto material seja produto de desenvolvimento fisiológiconormal.Não há tutela penal específica na denominada gravidez molar, emque há desenvolvimento anormal do ovo (mola), e na gravidezextra-uterina, que representa um estado patológico. Não se exigeque o feto seja vital.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOÉ crime de forma livre, o núcleo do tipo é o verbo provocar (darcausa, produzir, originar), assim, qualquer meio pode serutilizado, comissivo ou omissivo, material ou psíquico., integra aconduta típica.Há os processo mecânicos que pode ser diretos ou indiretos.Qualquer que sejam os meios, é necessário que sejam idôneos àprodução do resultado – rezas, despachos, etc.., são absolutamenteinidôneos, conduzem ao crime impossível.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOAborto só é punível a título de dolo, vontade de causar a mortedo produto da concepção. Não existe aborto culposo como formatípica autônoma.O dolo pode ser direto e eventual: Direto: quando há vontade firmede interromper a gravidez e de produzir a morte do feto.Eventual: quando o sujeito assume o risco de produzir essesresultados.No aborto qualificado pelo resultado: o crime é preterdoloso: hádolo no antecedente, e culpa no conseqüente (lesão grave oumorte).

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAAtinge a consumação, o aborto, com a produção do resultado mortedo produto da concepção, em conseqüência da interrupção dagravidez. Irrelevante se o feto morreu dentro do útero da mãe oufora dele. Expulsão do feto: Não é necessária.

Admite-se tentativa quando, provocada a interrupção da gravidez ofeto não morre por circunstâncias alheias a vontade do agente.1 Se a gravidez não existe: Crime impossível (CP, art. 17). 2 Se o feto já estava morto: Crime impossível (CP, art. 17).

AUTO-ABORTO E ABORTO CONSENTIDO – ARTIGO 124

FIGURAS TÍPICAS A) Provocar o aborto em si mesma: por intermédio de meios

executivos químicos, físicos ou mecânicos, provoca em simesma a interrupção da gravidez, causando a morte do feto.

B) Consentir que outrem lhe o provoque: gestante prestaconsentimento no sentido de que terceiro lhe provoque aborto.

Se no crime de auto-aborto, na modalidade em que a gestanteprovoca o aborto em si mesma, admite concurso de agente - ==>Depende. É admissível a participação na hipótese em que oterceiro induz, ou auxilia de maneira secundária a gestante aprovocar aborto em si mesma. Se terceiro executa ato de provocaçãode aborto, NÃO será partícipe do crime do artigo 124, mas SIMautor do fato descrito no artigo 126.

Se ocorre morte ou lesão de natureza grave - ==> Partícipe doauto-aborto, além de responder por este delito, pratica homicídioculposo ou lesão corporal de natureza culposa, sendo inaplicável odisposto do artigo 127.Existe crime se a gestante provoca em si mesma o abortoterapêutico ou sentimental- ==> Tratando-se de aborto necessário(artigo 128, I) NÃO há CRIME, em face da exclusão deantijuridicidade (ela é favorecida pelo estado de necessidade doartigo 24) Se tratar-se de aborto sentimental , subsiste o delito,uma vez que essa disposição só permite a provocação do abortopor médico.

CONCURSO DE PESSOAS Há duas posições:

A) é admissível a participação na hipótese em que terceiroinduz, instiga ou auxilia de maneira secundária a gestante aprovocar aborto em si mesma.. Se, porém, o terceiro executarato de provocação do aborto, não será partícipe do crime doart. 124 do Código Penal, mas sim autor do fato do art. 126(provocação do aborto com consentimento da gestante);

B) o terceiro, ainda que atue como partícipe, induzindo,instigando etc., responde nos termos do art. 126 do CódigoPenal.

Crime do sujeito que induz, instiga a gestante a consentir naprovocação do aborto praticado por terceiro- ==> Responde pelocrime do artigo 124, 2ª parte, mas se emprestar qualquer auxíliona provocação do aborto, será partícipe do fato descrito noartigo 126.

ABORTO PROVOCADO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE –ARTIGO 125

Dissentimento da ofendida pode ser real ou presumido:1 Real: quando o sujeito emprega violência, fraude ou grave

ameaça;2 Presumida: quando ela é menor de quatorze anos, alienada ou

débil mental (CP, art. 126, parágrafo único).

Pontapé violento no ventre de mulher grávida: Há crime de abortoprovocado.

Homicídio de mulher grávida: Há crime de aborto provocado, desdeque consciente o sujeito da gravidez . Trata-se de dolo eventual.

CONCURSO DE CRIMES Quando ocorre grave ameaça ou violência como meios da execução daprovocação do aborto, existem dois crimes em concurso formal:aborto sem o consentimento da gestante e constrangimento ilegal(CP, art. 146).

Circunstância de a vítima encontrar-se grávida (CP, art. 61, II,"h", parte final): É inaplicável (art. 61, caput, deste Código).

ABORTO CONSENSUAL- ARTIGO 126

Hipótese em que o consenso prestado pela gestante constituielementar da descrição do tipo legal.Norma fala em consentimento, sinônimo de permissão, acordo,anuência.

Consenso não exclui o delito. Cuidando-se de hipótese deconsentimento inválido, irrelevante para excluir o crime doprovocador. Tratando-se de dupla subjetividade passiva, sãoindisponíveis os objetos jurídicos (vida do feto e da gestante eincolumidade física e psíquica desta). É necessário que a gestante tenha capacidade para consentir, nãose tratando aqui de capacidade civil. Neste campo, o direito penalé menos formal e mais realístico, não se aplicando as normas dodireito privado. Leva-se em conta a vontade real da gestante,desde que juridicamente relevante.

Se, ao contrário, a gestante NÃO é maior de 14 anos, ou alienadaou débil mental, ou seu consentimento obtido mediante fraude,grave ameaça ou violência, o fato é atípico diante da norma quedescreve o aborto consensual, adequando-se à definição típicado crime do artigo 125, nos termos do que preceitua o art. 126,parágrafo único

Terceiro pratica o fato incidindo em erro sobre o consentimento,sendo a hipótese plenamente justificada pelas circunstâncias,reputa-se cometido com o consenso da gestante.

Consentimento pode ser: verbal e expresso, ou não; resultante daconduta da gestante. É necessário que persista durante toda aconduta do terceiro. conhecendo a gestante o fato em suas basesintegrantes (fato material).

Se, não obstante o assentimento prévio, a gestante desiste deprosseguir antes de tornar-se eficaz a provocação, o terceiro nãocomete o crime de aborto consensual, mas sim o do artigo 125.

Embora o consenso constitua elemento subjetivo do tipo, a condutada gestante não é meramente subjetiva. Seu comportamento não ésimples omissão ou conveniência. Não permanece inerte, mascolabora ao menos com movimentos corpóreos. Não se omite, age Énecessário, porém, que sua conduta não se insira no processocausal da provocação, isto é, que não pratique o fato deprovocação do aborto, pois, se assim o fizer, será auto-aborto.

Aborto Consensual: 4 Forma Típica Simples – caput artigo 126.5 Forma Qualificada – parágrafo único, artigo 126.

Sujeito ativo do aborto consensual: é o terceiro – SujeitoPassivo: a gestante e o feto.

FORMA TÍPICA AGRAVADA (PARÁGRAFO ÚNICO)Gestante não é maior de 14 anos, ou alienada ou débil mental, osujeito responde por aborto cometido sem mo seu consentimento.Entenda-se alienada ou débil mental a vítima que se encontra nascondições do artigo 26 caput do CP. Isso porque a gestante, que édoente mental ou portadora de desenvolvimento mental incompleto ouretardado, não tem capacidade de consentir que outrem lhe provoqueo aborto. As expressões alienada e débil mental não se referem àgestante portadora de simples perturbação da saúde mental (CP,art. 26, parágrafo único). Neste caso, o sujeito continua aresponder pelo delito do art. 126.

Quando ocorre grave ameaça ou violência como meios da execuçãoda provocação do aborto, existem dois crimes em concurso formal:aborto sem o consentimento da gestante e constrangimento ilegal.Exemplo de fraude: dizer à gestante que único meio de ela nãomorrer é submeter-se à prática abortiva.Circunstância de a vítima encontrar-se grávida (CP, art. 61, II,"h", parte final): É inaplicável (art. 61, caput, deste Código).

ABORTO QUALIFICADO – ARTIGO 127

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS DO CRIME DE ABORTO:

1) Se resulta do aborto:A) lesão corporal grave em sentido amplo;B) morte da gestante.

2) Se resulta dos meios empregados na provocação do aborto:A) lesão corporal grave em sentido amplo;B) morte da gestante.

As formas qualificadas são aplicáveis exclusivamente aos crimesdescritos nos artigos 125 e 126. Não se aplicando ao artigo 124,já que em nossa legislação não se pune a autolesão.Trata-se de crime qualificado pelo resultado, de naturezapreterintencional ou preterdolosa. Pune-se o primeiro delito atítulo de dolo (aborto), o resultado é qualificador, pode sermorte ou lesão corporal de natureza grave à título de culpa.

Legislador prevê duas hipóteses:3 Há provocação do aborto e, em conseqüência , a vítima vem a

morrer ou a sofrer lesão grave.4 Sujeito emprega meios destinados à provocação do aborto, que

não ocorre, mas, em conseqüência, advém a morte da gestanteou lesão corporal de natureza grave.

Se sofre lesão corporal leve em conseqüência do aborto ou dosmeios empregados, o sujeito só responde por crime de aborto, nãorespondendo pela forma qualificada do artigo 127. O aborto, trazem si, as lesões corporais leves.

ABORTO LEGAL- ARTIGO 128

GENERALIDADESNatureza das causas: Excludentes da antijuridicidade.

FIGURAS TÍPICAS PERMISSIVAS DO ABORTO1) Aborto Necessário ou terapêutico - CP. ART. 128, I;2) Aborto Sentimental ou humanitário - CP. ART. 128,II;

Disposição não contém causas de exclusão da culpabilidade, nemescusas absolutórias, ou causas extintivas da punibilidade. Os

incisos do artigo 128, contém causas de exclusão deantijuridicidade. Diz o CP. “...não se pune o aborto...”, fatoimpunível em matéria penal, é fato lícito. Na hipótese deincidência de um dos casos do artigo 128, não há crime porexclusão da ilicitude.

ABORTO PRATICADO POR ENFERMEIRA: é crime? Depende, se for abortonecessário, em que não há outro meio de salvar a gestante, Nãoresponde por delito por estar acobertada pelo estado denecessidade, artigo 24 do CP. que exclui a ilicitude do fato.Se for aborto sentimental, a enfermeira responde pelo delito, umavez que a norma permissiva faz menção expressa à qualidade dosujeito que pode ser favorecido : deve ser médico. Se a enfermeiraauxilia o médico, responde por crime - ==> NÃO , não há comopunir alguém por um fato impunível, ,se o fato principal praticadopelo médico é lícito, a conduta da enfermeira não pode serpunível.

1) ABORTO NECESSÁRIO se não há outro meio de salvar a vida dagestante, e não para salvaguardar sua saúde, caso em que hádelito.

Se a gestante recusa-se a praticar o aborto necessário, o médicoassim o fazendo, NÃO comete crime algum, seu comportamento éabsolutamente lícito diante do estado de necessidade. Lesõescorporais resultantes de cirurgia: Não são puníveis.Árbitro da necessidade: Exclusivamente o médico. A intervenção nãodepende de autorização judicial, policial etc. Vide art. 54 e §§1º e 2º do Código de Ética Médica (Lei n. 3.269, de 30-9-1957).REQUISITOS: 1º) que a vida da gestante corra perigo; 2º) que não exista outro meio de salvá-la.

2) ABORTO SENTIMENTAL se a gravidez resulta de estupro e o abortoé precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, deseu representante legal.NÃO se pune o aborto sentimental, quando a gravidez é oriunda deestupro com violência presumida, o inciso II, do artigo 128 falaem estupro. Conforme o artigo 224, o estupro pode ser cometido porduas formas, violência física e violência presumida. O inciso II,do 128 fala genericamente em estupro, sem o distingui-lo. O aborto só é permitido em face de prévio consentimento dagestante. É possível, porém, que ela seja incapaz (menor, doente

mental etc.). Neste caso, exige-se o consentimento de seurepresentante legal.NÃO há de necessidade de sentença condenatória por estupro, ésuficiente prova concludente da existência do delito sexual.

Requisitos1º) que a gravidez seja resultante de estupro; 2º) que haja consenso prévio da gestante ou de seu representantelegalSe a gravidez resulta de atentado violento ao pudor, o médiconão responde por delito de aborto, aplica-se a analogia in bonampartem

Único árbitro da prática do aborto: É o médico. Deve valer-se dosmeios à sua disposição para a comprovação do estupro ou atentadoviolento ao pudor (inquérito policial, processo criminal, peças deinformação etc.). Inexistindo esses meios, ele mesmo deve procurarcertificar-se da ocorrência do delito sexual. Vide art. 54 e §§ 1ºe 2º do Código de Ética Médica (Lei n. 3.269, de 30-9-1957).Autorização judicial: Não é exigida pela norma não-incriminadora.Tratando-se de dispositivo que favorece o médico, deve serinterpretado restritivamente. Como o tipo não faz nenhumaexigência, as condições da prática abortiva não podem seralargadas.Audiência do Ministério Público ou da autoridade policial: Não énecessária. A norma não a exige.

LESÕES CORPORAIS – ARTIGO 129

Lesão corporal

Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Lesão corporal de natureza grave

§ 1º - Se resulta:I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30(trinta) dias;II - perigo de vida;III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;IV - aceleração de parto:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.§ 2º - Se resulta:

I - incapacidade permanente para o trabalho;II - enfermidade incurável;III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;IV - deformidade permanente;V - aborto:Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.

Lesão corporal seguida de morte

§ 3º - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agentenão quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Diminuição de pena

§ 4º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevantevalor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo emseguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena deum sexto a um terço.

Substituição da pena

§ 5º - O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir apena de detenção pela de multa:

I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;II - se as lesões são recíprocas.

Lesão corporal culposa

§ 6º - Se a lesão é culposa:Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.

Aumento de pena

§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer dashipóteses do art. 121, § 4º.§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAProtege o estatuto penal a integridade física e fisiopsíquica dapessoa humana.

SUJEITOS DO CRIME

Não é crime próprio, pode ser cometido por qualquer pessoa, não seexige, também , qualificação legal do sujeito passivo, deentender-se ser qualquer um o ofendido., salvo nas hipóteses doartigo 129, §§1°, IV, e 2°, V, em que deve ser a mulher grávida.Tratando-se de menor de catorze anos de idade incide uma causa deaumento de pena, nos termos do § 7º.

Autolesão: Não é punível em si mesma. Excepcionalmente, a condutapoderá constituir outra infração penal.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA5 É crime de forma livre pode ser cometido por qualquer meio. Em

relação a certos delitos, constitui a lesão corporal um delitoconsuntivo (princípio da consunção no conflito aparentes denormas), integrando o delito de maior gravidade que o absorve. Éo que ocorre com o homicídio, que necessariamente passa-se pelalesão corporal (delito progressivo).

6 Em relação a outros delitos, configura a lesão corporal delitosubsidiário (princípio da subsidiariedade implícita no conflitode normas aparentes) , é o que ocorre com todos os delitos nque têm violência física como meio de execução (Ex.: extorsão,constrangimento ilegal, esbulho possessório, etc.. ) ouqualificadora ( dano com violência à pessoa, etc...).

7 Trata-se de delito material: de comportamento e de resultado emque o tipo exige a produção deste. A Lesão Corporal seaperfeiçoa no momento em que há real ofensa à integridadecorporal ou à saúde física e mental do ofendido.

8 Crime de Dano : exige a efetiva lesão do bem jurídico, pode sercometido por ação (desfere soco na vítima) ou omissão (deixa deministrar medicamento com intenção de causar-lhe perturbaçãofisiológica).

9 Crime Plurissubsistente: não é suficiente a conduta do agente,é preciso que ocorra a lesão ao ofendido.

FIGURAS TÍPICAS1) Lesão corporal simples – tipo fundamental -

(doloso) CP. ART. 129 – caput;2) Lesão corporal privilegiada - CP. ART. 129§ 4ºe 5º

;3) Lesão corporal qualificada - CP. ART. 129 § 1º,

2º e 3º: são em regra preteritencionais oupreterdolosos, em que se pune a lesão corporal atítulo de dolo, e a qualificadora a título deculpa. Excepcionalmente, nos § 1° e § 2°, emalguns casos admite-se o dolo no antecedente e noresultado conseqüente. Não sendo nesse casopreterintencional, somente qualificado

4) Lesão Corporal Culposaa) simples - CP. ART. 129 § 6°;b) qualificada - CP. ART. 129 § 7°;

5) Perdão Judicial - CP. ART. 129 § 8°;

AUTOLESÃO: O CP. não pune a autolesão (ofender a própriaintegridade corporal ou a saúde). Poderá, excepcionalmente,constituir outro delito, como: aquele que se auto lesiona, com ofim de receber indenização ou valor do seguro; ou, simulaincapacidade física, que inabilite para o serviço militar.

ELEMENTOS OBJETIVO DO TIPOLesão corporal consiste em atingir a integridade corporal oumental de outrem. A lesão física é constituída de modificação doorganismo humano por intermédio de ferimentos, mutilações,equimoses etc. O dano também pode incidir sobre a saúde psíquicada vítima. Responde por delito único ainda que produza diversaslesões corporais no sujeito passivo.

ELEMENTO SUBJETIVO E NORMATIVO DO TIPOLesão Corporal: admite dolo, culpa ou preterdolo. . O tipo dolosoestá contido no caput. O tipo culposo está definido nos §§ 6º e 7º(formas simples e qualificada). Os tipos descritos nos §§ 1º e 2ºsão, em regra, preterintencionais, em que se pune a lesão corporala título de dolo e o resultado qualificador a título de culpa.Excepcionalmente, algumas formas típicas qualificadas de lesãocorporal admitem a figura do dolo no fato antecedente e no

resultado conseqüente. A lesão corporal seguida de morte, definidano § 3º, constitui crime preterintencional: a lesão corporal épunida a título de dolo e o resultado qualificador, a morte, atítulo de culpa. É admissível o dolo eventual.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVAA lesão corporal atinge a consumação com a efetiva ofensa àintegridade corporal ou a saúde física ou mental da vítima.

Admite a tentativa: quando o sujeito, apesar de empregar meioseficientes para causar o dano, por circunstâncias alheias à suavontade não consegue a consecução de seu fim. A dificuldade quepode ocorrer reside na dúvida, em alguns casos, a respeito daespécie de lesão desejada pelo sujeito, se leve, grave ougravíssima.

É possível tentativa de lesão corporal grave – abrangendo agravíssima – ex.: suponha, que o agente querendo amputar a pernade terceiro, dê o primeiro golpe de machado, ferindo-o, vindo aser interrompido por terceiro. STF admite a tentativa de lesãograve, ainda que a vítima não tenha sofrido qualquer dano.Pode ensejar dúvida em alguns casos, a respeito da espécie delesão desejada pelo sujeito. Na hipótese de o juiz aplicar oprincípio in dubio pro reo , condenando-o por tentativa de lesãocorporal de natureza leve.

Vias de fato e lesão corporal: distinção: Na lesão corporal osujeito causa um dano à incolumidade física da vítima, o que nãoocorre nas vias de fato. Assim, se o sujeito dá um empurrão navítima, responde pela contravenção; se lhe desfere um soco,ferindo-a, pratica lesão corporal. QUESTÕES VÁRIASCabe a prática de lesão corporal no estrito cumprimento do deverlegal, como nos casos da vacina obrigatória e de resistência aprisão, esses fatos são permitidos pelo direito, no caso deresistência à prisão, o autor age no exercício regular do direito.

Cabe lesão corporal no exercício regular do direito – é possível.

LESÃO CORPORAL POR OMISSÃO: admite-se, deixar de alimentar umacriança com o fim de perturbar-lhe a incolumidade fisiológica.

10 Lesão corporal: crime instantâneo, eventualmente de efeitospermanentes.

11 Em alguns casos , o legislador erige a tentativa de lesãocorporal, à categoria de crime autônomo. Como por exemplo, noscasos dos artigos 130 § 1° e 131 do CP.

LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE- ARTIGO 129, CAPUTApresenta duas formas típicas:

a) ofender a integridade física de outrem;b) ofender a saúde de outrem.

Para saber se uma lesão é de natureza leve, grave ou gravíssima.,devemos empregar o critério de exclusão, há delito de lesão levesempre que o fato praticado pelo sujeito não se enquadrar nadescrição do artigo 129 §§ 1° e 2°, que definem as lesões graves egravíssimas, respectivamente.

LESÕES CORPORAIS DE NATUREZA GRAVE – ARTIGO 129 § 1ºe 2º A descrição típica do § 2°, não tem nenhuma indicação marginal,como nos fatos previstos no § 1°, pelo que devemos entender que aslesões graves e gravíssimas estão descritas nos dois primeirosparágrafo do artigo 129 do CP. pelo que podemos classificar aslesões corporais de natureza grave em :

TIPOS PENAIS DO CRIME DE LESÃO CORPORAL1 Lesões Corporais Leves - CP. ART. 129 – caput2 Lesões Corporais Graves (sentido amplo):

o Lesões Corporais Graves (sentido estrito) CP. ART. 129§1º

o Lesões Corporais Gravíssimas De observar-se que aexpressão "lesões corporais de natureza gravíssima" nãoé legal, mas doutrinária. CP. ART. 129 § 2°;

LESÕES CORPORAIS GRAVES EM SENTIDO ESTRITO- ARTIGO 129 § 1º

São circunstâncias legais especiais ou específicas que,agregadas ao tipo fundamental previsto no caput do dispositivo,agravam a sanção penal.Os tipos penais prevêem crimes qualificados pelo resultado denatureza preterdoloso ou preterintencional.

Significa em princípio o legislador descreve delitos punidos comdolo em relação a figura típica fundamental (lesão corporal),ensejando a punição do resultado qualificador a título de culpaem sentido estrito.Assim, há misto de dolo e culpa: dolo no antecedente e culpa noconseqüente. Daí dizer-se que o delito que o delito épreterintencional ou preterdoloso., uma vez que o resultado vaialém da intenção do sujeito.Excepcionalmente: algumas das qualificadoras podem ser punidaspor dolo ou culpa.

Explicando: no caso do parágrafo §1° - , inciso I – o sujeito podeefetivamente querer (dolosamente) lesionar a integridade corporalda vítima com intenção de que permaneça incapacitada para asobrigações habituais por mais de 30 dias. Pode, entretanto, osujeito cometer lesão corporal (dolosamente), é dela decorrer apermanente incapacidade para as obrigações habituais por mais de30 dias (culposamente).Em face da norma penal incriminadora, não há diversidade decrime.

Concurso de pessoas: As circunstâncias previstas no § 1º do art.129 são de natureza objetiva. Em caso de concurso de agentes, sãocomunicáveis, desde que o fato que as constitui tenha ingressadona esfera de conhecimento do sujeito.

1) FIGURAS TÍPICAS DO CRIME DE LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE EMSENTIDO ESTRITO – Elemento subjetivo (dolo) e normativo (culpa)

A) INCAPACIDADE PARA OCUPAÇÕES HABITUAIS POR MAIS DE TRINTA DIAS(CP. ART. 129, § 1°, I) – (DOLO ou CULPA ) : Não se refere oEstatuto Penal especificamente ao trabalho do ofendido, mas asocupações da vida em geral. A ocupação habitual deve ser lícita.Relutância por vergonha: A relutância, por vergonha, de realizaras ocupações habituais por mais de trinta dias, não agrava o crimede lesão corporal. Exemplo: o ofendido deixa de trabalhar por maisde trinta dias em face de apresentar ferimentos no rosto. Trata-se

de ocupação concreta, não se exigindo que seja lucrativa por maisde 30 dias, não agrava o crime de lesão corporal. O prazo de 30dias deve ser contado de acordo com o disposto no artigo 10 doCP, incluindo o dia de começo. Natureza da ocupação: Não se refere especificamente ao trabalhodo ofendido, mas às suas ocupações.

Idade do sujeito passivo: É irrelevante para a existência dodelito. Pode ser uma criança de tenra idade. Crime qualificadocontra criança de 18 dias de idade.

Meretriz: Incapacidade para a ocupação habitual. Subsistência daqualificadora.

Retorno às ocupações com sacrifício: Subsiste a qualificadora.

Comprovação da qualificadora: A incapacidade deve ser provada porperícia médica "em tempo hábil". O conceito de "tempo hábil" tem sido apreciado de acordo com umcritério: 1º) rigoroso, segundo o qual, por exemplo, é imprestável o laudorealizado 37 dias depois do fato; 2º) liberal, pelo qual é admissível como prova o laudo realizadoalguns dias após o 31º a partir do fato. No sentido de que é imprestável o laudo realizado muito tempodepois do. Palavra da vítima, inexistindo laudo: não basta.

B) PERIGO DE VIDA (CP. ART. 129, § 1°, II) – (SÓ CULPA) :não se trata de perigo presumido, mas concreto, precisando serinvestigado e comprovado por perícia., sendo previsível aprobabilidade de morte em conseqüência da lesão corporal.Os peritos não devem fazer prognóstico, mas diagnóstico,manifestando-se sobre sua existência em qualquer momento, desde aprodução da lesão corporal até o instante do exame.Êxito letal: Deve ser provável e não meramente possível. Laudopericial fundamentado: Não basta a resposta "sim, houve perigo devida" ou "a vítima estava em coma". A fundamentação éimprescindível. PRETERDOLO: O tipo só admite o preterdolo: doloquanto à lesão corporal e culpa quanto ao perigo de vida (CP, art.19). Se o sujeito pratica o fato com dolo no tocante ao perigo devida, responde por tentativa de homicídio. Se o sujeito agindo compreterdolo no tocante ao perigo de vida, a vítima vem a falecer.

Responde, neste caso, o sujeito por lesão corporal seguida demorte.

C) DEBILIDADE PERMANENTE DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO (CP. ART.129, § 1°, III) – (DOLO ou CULPA): Membros superiores: braço, antebraço, mão. Membros Inferiores:coxa, a perna e o pé. São cinco os sentidos: visão, olfato,paladar, audição e tato. Função: é atividade de um órgão, como arespiratória, circulatória, secretora, reprodutora. Debilidade: é a diminuição da capacidade funcional. (Se há perda:§ 2º, III) Permanência: não significa perpetuidade, basta que sejaduradoura. No caso de órgão duplos, a perda de um constitui debilidadepermanente, a perda de ambos, configura-se o delito descrito no §2° , III.A perda de um dente só constitui debilidade permanente se causoudebilidade masticatória. A recuperação de um membro, por prótese,não faz desaparecer a qualificadora.

D)ACELERAÇÃO DE PARTO (CP. ART. 129, § 1°, IV) – (DOLO ou CULPA):ou seja antecipação de parto. Ocorre quando o feto, emconseqüência da lesão corporal produzida na vítima, vem a serexpulso antes do período determinado para o nascimento. Énecessário que o agente tenha conhecimento do estado de gravidezda vítima., se assim não o for, responderá por lesão corporal denatureza leve (se assim não o fosse, seria uma hipótese deresponsabilidade penal objetiva).

Essas circunstâncias, acima, são de natureza objetiva. Em caso deconcurso de agentes, são comunicáveis, desde que o fato que asconstitui tenha ingressado na esfera de conhecimento do sujeito.

2) LESÕES CORPORAIS GRAVÍSSIMAS – ARTIGO 129 § 2ºGuarda semelhança com os de natureza grave em sentido estrito. São circunstâncias qualificadoras e não elementares.Elemento subjetivo-normativo (dolo e culpa): Os tipos qualificadospelo resultado são punidos, em regra, a título de preterdolo.Salvo em relação à qualificadora do aborto.Tipos penais do crime de lesão corporal de natureza gravissíma:

A) INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO (CP. ART. 129, § 2°, I)– Incapacidade permanente é a duradoura, longa e dilatadapermanência: não significa perpetuidade. Configura-se, quando nãose possa fixar o limite temporal da incapacidade deve serconsiderada permanente. O trabalho é sentido genérico, Aqualificadora é aplicável quando o ofendido, em face de tersofrido lesão corporal, fica permanentemente incapacitado paraqualquer espécie de trabalho.Atividade laborial: Física ou psíquica

B) ENFERMIDADE INCURÁVEL - (CP. ART. 129, § 2°, II) – a incurabilidade da enfermidade pode ser absoluta ou relativa,bastando esta para configurar a qualificadora. A vítima não estáobrigada a submeter-se a intervenção cirúrgica arriscada a fim decurar-se da enfermidade. Neste caso, ainda que haja justa recusa,subsiste a qualificadora

C) PERDA OU INUTILIZAÇÃO DE MEMBRO SENTIDO OU FUNÇÃO - (CP. ART.129, § 2°, III) Perda é a ablação do membro ou órgão. Inutilização é a inaptidãodo órgão à sua função específica. (perda de um dedo, significadebilidade) Se o ofendido, em conseqüência da lesão corporal,sofre paralisia de um braço, trata-se de inutilização de membro.Se, em face da lesão corporal, perde a mão, cuida-se também deinutilização de membro. Entretanto, vindo a perder um dedo da mão,a hipótese é de debilidade permanente, por último, se vem a perdertodo o braço, há perda de membro

D) DEFORMIDADE PERMANENTE - (CP. ART. 129, § 2°, IV) Consiste no dano estético de certa monta, permanente, visível,irreparável e capaz de causar impressão vexatória. Requisitos dadeformidade que qualifica o delito de lesão corporal:1) que seja permanente;2) visível;3) irreparável;4) que cause um dano estético de certa monta;5) que seja capaz de causar impressão vexatóriaNão é somente a que se situa no rosto da vítima. É a deformidadeirreparável em si mesma, ou incurável pelos meios comuns, O CódigoPenal refere-se a tudo que desfigure uma pessoa, de formaduradoura e grave. Permanente, aqui, não significa simplesmenteduradoura. É a deformidade irreparável em si mesma, ou incurável

pelos meios comuns A vítima não está obrigada a submeter-se aintervenção cirúrgica a fim de afastar-se o mal da deformidade,mas se o fizer, desaparecerá a qualificadora, desde que destruídoos efeitos da deformidade.

O uso de prótese não faz desaparecer a qualificadora.Ocultação dadeformidade pelos cabelos: Não desfigura a qualificadora.Recomendação na perícia: Que seja fundamentada por fotografias.Vitriolagem: Lançamento de ácido sulfúrico na vítima: configurameio de execução da qualificadora

A lesão estética deve ser de molde a causar impressão vexatória.Assim, não obstante a deformidade, não qualificará o delito quandonão causar aos olhos de terceiro má impressão quanto ao aspectoestético do ofendido. A presença desse requisito depende do casoconcreto: sexo da vítima, condição social, profissão etc. Casos emque não se tem considerado a qualificadora: pequena cicatriz emhomem; perda de dente; perda de um pedaço da orelha de trabalhadorrural.

E) ABORTO - CP. ART. 129, § 2°, V – o elemento subjetivo-normativo da qualificadora é o preterdolo.Pune-se lesão corporal a título de dolo e o aborto a título deculpa. Se o sujeito age com dolo direto ou eventual quanto à interrupçãoda gravidez e conseqüente morte do feto, responderá por delito deaborto e não por lesão qualificada pelo aborto.Gravidez anterior: Precisa ser provada

É preciso que o sujeito tenha conhecimento da gravidez da vítima.Se o sujeito desconhecia o estado de gravidez da vítima, háhipótese de erro de tipo, excludente do dolo. Como o doloconstitui elemento subjetivo do tipo, não conhecendo ele agravidez da vítima, pratica Fato atípico.Se o sujeito sabe da gravidez e a lesa levemente, responde porlesão corporal qualificada pelo aborto.Se o agente conhecendo o estado de gravidez da vítima, aplica-lheuma grande surra responde pelos delitos de aborto e lesão corporalem concurso material.

Não xiste tentativa de lesão corporal qualificada pelo aborto-Não, se o sujeito agiu com dolo no tocante ao aborto, não seproduzindo esse resultado por circunstâncias alheias à sua

vontade, a hipótese é de tentativa de aborto e não de tentativa delesão corporal qualificada pelo aborto.

Qual a diferença dos tipos: artigos 127 e 129 § 2°, V do CP - ==>no primeiro o agente age com dolo quanto ao aborto e culpaquanto a lesão corporal, no segundo o agente age com o doloquanto a lesão e culpa quanto o aborto.

3) LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE – ARTIGO 129 § 3ºTemos aqui, o denominado homicídio preterintencional oupreterdoloso. Trata-se de crime qualificado pelo resultado, Mistode dolo e culpa. Pune-se o primeiro delito – lesão corporal – atítulo de dolo, o resultado qualificador – morte – deve resultarda conduta culposa do sujeito. É necessário que as circunstânciasdo caso concreto evidenciem que O agente não quis o resultado enem assumiu o riso de produzi-lo. Necessário que o sujeito NÃO tenha agido com dolo direto oueventual no tocante, à produção do resultado morte

O resultado qualificador é ligado ao delito-base pelo nexo decausalidade, objetiva, não prescindindo da relação subjetiva(imputatio juris). Se o resultado decorrer de caso fortuito ouforça maior, haverá solução de continuidade (imputatio facti),pelo que o agente responderá pelo primeiro crime (primumdelictum).Casos concretos: Soco: queda da vítima e fratura de crânio; golpede faca que secciona artéria; golpe na cabeça, paulada.

A lesão corporal seguida de morte não admite a figura datentativa. O resultado qualificador culposo não permite essafigura. Trata-se de circunstância objetiva, comunicável em casode concurso de agentes, desde que a morte tenha ingressado naesfera do conhecimento dos participantes.Agravante do art. 61, II, "c", do Código Penal; Aplicaçãoinadmissível .

Tortura de que resulta a morte de criança: Tratando-se de mortedolosa: o sujeito responde por homicídio qualificado pela torturacom pena agravada. Cuidando-se de morte culposa (preterdolo):aplica-se o art. 1º, §§ 3º, 2ª parte, e 4º, II, da Lei n. 9.455,de 7 de abril de 1997

4) LESÕES CORPORAIS PRIVILEGIADAS – ARTIGO 129 § 4º

Tipos penais de lesão corporal privilegiada

1) motivo de relevante valor social;2) motivo de relevante valor moral;3) fato cometido sob o domínio de violenta emoção, logo emseguida a injusta provocação do ofendido.

Trata-se de circunstâncias legais especiais ou específicas,denominadas causas de diminuição de pena. São subjetivas eincomunicáveis no caso de concurso de agentes.O disposto neste parágrafo (§ 4°) só é aplicável aos fatos dosparágrafos 1°, 2° e 3°. Tratando-se de lesão corporal denatureza leve (CP. ART. 129 – caput) aplica-se o disposto no §5°, I.

A redução da pena é obrigatória, não obstante o emprego da palavrapode. Desde que presentes as circunstâncias legais, o juiz estáobrigado a proceder à diminuição. A faculdade diz respeito aoquantum da redução.

5) SUBSTITUIÇÃO DA PENA (§ 5º) O juiz, não sendo graves as lesões,pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa: I - seocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II - se aslesões são recíprocas.Não sendo graves as lesões corporais, ao invés de aplicar a penade detenção, pode o juiz aplicar somente a sanção pecuniária.Isso ocorre quando o sujeito comete o crime de lesão corporal denatureza leve impelido por motivo de relevante valor social oumoral, ou sob violenta emoção logo em seguida a injustaprovocação do ofendido ou quando as lesões são recíprocas.A substituição da pena é obrigatória, desde que presente seuspressupostos.

No caso de reciprocidade de lesões corporais leves(II), váriashipóteses podem ocorrer:a) Ambos se ferem e um agiu em legítima defesa : absolve-se um ese condena o outro , com o privilégio;b) Ambos se ferem e dizem Ter agido em legítima defesa, nãohavendo prova do início da agressão: nesta hipótese, segundo nossoentendimento, ambos devem ser absolvidos.

c) Ambos são culpados e nenhum agiu em legítima defesa: devem osdois ser condenados com o privilégio.

Reincidência; Não impede o privilégio.Aplicação: Só à lesão dolosa.

6) LESÃO CORPORAL CULPOSA – ARTIGO 129 § 6º e 7º ;

A) APRESENTA UM TIPO SIMPLES - § 6°É irrelevante , na responsabilidade do sujeito que pratica lesãocorporal culposa, que seja leve, grave ou gravíssima. Na fixaçãoda pena deve o juiz levar em conta a gravidade do mal causadopelo sujeito. (ver homicídio culposo qualificado)

B) APRESENTA UM TIPO QUALIFICADO (aumento de pena em face da idadedo sujeito passivo) (§ 7º)Quando a vítima é menor de catorze anos de idade e dolosa a lesãocorporal, incide uma causa de aumento de pena. Deve ser acrescidade um terço. Inovação trazida pelo art. 263 do Estatuto da Criançae do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13-7-1990).Referência constitucional: Art. 227, § 4º, da ConstituiçãoFederal, que recomenda severa punição nos casos de violênciacontra criança.

Natureza: Trata-se de circunstância legal específica, denominadacausa de aumento de pena, de natureza objetiva e obrigatória.

Aplicação: Incide somente sobre as formas dolosas e preterdolosasdo delito (lesões corporais leves, graves e gravíssimas; simples,privilegiadas ou qualificadas).

Tempo do crime (CP, art. 4º): Cuidando-se de forma típicaqualificada pelo resultado, como a lesão corporal seguida deperigo de vida (tipo preterdoloso), deve ser considerada a data daconduta e não a da produção do resultado qualificador. Ocorrendo ocrime no dia em que a vítima completa a idade prevista nacircunstância, despreza-se a agravação penal.

Aumentada especialmente a pena, não se considera a agravantegenérica do art. 61, II, h, do Código Penal (delito cometidocontra criança).

Irretroatividade: Disposição mais severa, não tem efeitoretroativo, não incidindo sobre os delitos cometidos antes daentrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente.

7) PERDÃO JUDICIAL- ARTIGO 129 § 8º;Juiz pode deixar de aplicar pena se as conseqüências da infração,atingem o próprio autor de forma tão grave que se tornedesnecessária.(Ver homicídio culposo).

PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

GENERALIDADESOs crimes de periclitação da vida e da saúde, são delitossubsidiários em face do delito de dano. A subsidiariedade podeser expressa ou implícita.

1 EXPRESSA: descreve a infração de menor gravidade, expressamenteafirma a sua não aplicação, quando a conduta constitui delito demaior porte. Assim, o preceito secundário do crime de perigopara a vida ou saúde de outrem impõe pena de detenção de 3meses a um ano, “se o fato não constitui crime mais grave”.Trata-se de subsidiariedade expressa, uma vez que expressamentea norma incriminadora ressalva sua incidência na hipótese de ofato cometido pelo sujeito constituir crime mais grave, como,por exemplo tentativa de homicídio.

2 IMPLÍCITA: quando um tipo penal encontra-se descrito em outro,assim, o delito de menor gravidade funciona como elementar oucircunstância de outra figura típica. O delito de perigo para avida ou a saúde de outrem - CP. ART. 132, funciona comoinfração subsidiária em relação aos delitos descritos nosartigos 130 caput, 131, 133, 134 e 136 do CP.

Quando o crime subsidiário de perigo fica absorvido pelo delitode dano- Quando o sujeito age com dolo de dano e não com dolo deperigo. Excepcionalmente, porém, embora o sujeito tenha praticadoo fato com dolo de dano, constitua respondendo por crime deperigo. É o que ocorre com o que descreve o delito de perigo decontágio venéreo.

Se nas hipóteses de crimes de periclitação da vida e da saúde, osujeito age com dolo de dano e causa a morte da vítima- Respondepor crime de lesão corporal seguida de morte. Se o sujeito age com culpa: responde por homicídio culposo.

O elemento subjetivo dos crimes de periclitação da vida e dasaúde, é em regra, o dolo de perigo: o sujeito pretende produzirum perigo de dano ao interesse penalmente protegido.Pode ser direto ou eventual: Direto quando o agente pretende aprodução de perigo de dano. Eventual: quando assume o risco deproduzir tal perigo.

Dolo de dano: o sujeito quer a produção do efetivo dano.Dolo de perigo: sua vontade se dirige exclusivamente a expor ointeresse jurídico a um perigo de dano.

CRIME FORMAL: é aquele em que o tipo descreve o comportamento, masnão exige a produção deste. Crimes formais de dolo de dano osdefinidos nos artigos 130, § 1° e 131 do CP.

FORMAS DE PERIGO: a) Abstrato: é o presumido, advindo da simples prática da

conduta positiva ou negativa;b) Concreto: é o que deve ser provado;c) Individual: é o que atinge pessoa determinada;d) Comum ou Coletivo: é o que atinge um número indeterminado de

pessoas.

PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO – ARTIGO 130Perigo de contágio venéreo

Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer atolibidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber queestá contaminado:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.§ 2º - Somente se procede mediante representação.

OBJETIVIDADE JURÍDICAA saúde física da pessoa humana.

Trata-se de delito de perigo. Não é necessário o dano efetivo,basta a exposição ao perigo de dano.Entretanto, no artigo 130, § 1°, apresenta-se um crime formal comdolo de dano.

FIGURA TÍPICASA) Expor alguém por meio de relações sexuais ou qualquer atolibidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que se sabe estácontaminado;B) Expor alguém por meio de relações sexuais ou qualquer atolibidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que deve saberestar contaminado;C) Ter a intenção de transmitir a moléstia

EXPOSIÇÃO AO CONTÁGIOPode ocorrer:a) por meio de relações sexuais;b) por meio de qualquer ato de libidinagem;

Se o sujeito sabia que estava contaminado e assumiu o risco dacontaminação, responde por crime de lesão corporal seguida deperigo de vida.

Se o sujeito devia saber da contaminação, somente responde pelodelito de perigo de contágio venéreo em sua forma simples.

Ofendido consente nas relações sexuais, sabendo o risco decontaminação- Fato irrelevante para efeito de excluir aresponsabilidade penal do agente – há interesse social na nãoproliferação do mal.

Sujeito assume o risco, diante das circunstâncias, de transmitir adoença, sabendo estar infeccionada e não tendo a intenção decontágio- Responde pelo crime do artigo 130, caput, uma vez quea forma típica exige dolo direto, inexistente na hipótese.

Se o sujeito infeccionado, julga-se curado por afirmação médica epratica relações sexuais- Existe erro de tipo escusável,excludente do dolo e da tipicidade do fato.

Se o agente crê, estar contaminado, quando não está, trata-se decrime impossível.

Se o contágio se der por outro ato que não sexual: Em regra nãohaverá delito, salvo as hipóteses de incidência das infrações dosarts. 131 e 132, conforme o fato concreto.

OMISSÃO: é inadmissível.

SUJEITOS DO CRIME

SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa, homem o mulher;Pode ocorrer entre marido e mulher, havendo motivo para dissoluçãoda sociedade, baseado em conduta desonrosa e violação dos deveresdo casamento.QUALQUER PESSOA PODE SER SUJEITO PASSIVO, a prostituição de um dossujeitos não exclui o delito.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOPode ser cometido, o delito, por meio de relações sexuais ou atolibidinoso. Se o contágio se der por outro meio, aperto de mão,ingestão de alimentos ou utilização de objetos, em regra nãohaverá delito, salvo hipóteses de incidência das infrações dosartigos 131 e 132.

Verifica-se que o tipo penal exige contato corpóreo entre osujeito ativo e passivo. O crime pode ocorrer entre homens oumulheres entre si – a descrição fala “.....expor alguém....” .

A discriminação da definição de doença venérea, cabe a ciênciamédica O Decreto-lei n. 16.300, de 31 de dezembro de 1923, indicacomo moléstias venéreas a sífilis, a blenorragia, o cancro mole eo cancro venéreo simples. Entretanto, entendemos que adiscriminação das doenças venéreas não deve ficar a critério dalegislação, cabendo à ciência médica afirmar, caso por caso, aexistência de tal mal.

Se a vítima estiver imune ou já contaminada- Crime impossível porimpossibilidade absoluta do objeto.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPODiante do caput do artigo 130, exige-se dolo de perigo direto(está na expressão “...sabe que está contaminado...”) ou dolo deperigo eventual ( contido na expressão “....deve saber que estácontaminado...”). A pena para ambos é a mesma.Na hipótese do § 1°, artigo 130, o sujeito deve agir com dolodireto de dano. Crime formal com dolo de dano.

É o dolo de perigo direto ou eventual, segundo a doutrina. Odireto estaria na expressão "sabe que está contaminado". Oindireto se encontraria na expressão "deve saber que estácontaminado". Na verdade, são elementos subjetivos do tipo,distintos do dolo. O "sabe" indica pleno conhecimento da situaçãofática; o "deve saber" denota conhecimento parcial, incerteza,dúvida.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA – (caput do artigo 130)a) Crime simples: ofende um só bem jurídico – a saúde física doofendido;b) Crime Comum: pode ser cometido por qualquer pessoa, desde quecontaminada.c) Delito Instantâneo: aperfeiçoa-se no momento da produção doperigo abstrato;d) Crime de perigo: presumido ou abstrato, praticada a conduta ,presume-se o perigo, que não precisa ser demonstrado.e) Não admite forma omissiva: uma vez que o tipo exige que aconduta se expresse em relações sexuais ou qualquer ato libidinoso– por isso, também é de delito forma vinculada.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAConsuma-se com a prática das relações sexuais ou dos atos delibidinagem – possível a tentativa – ex.: sujeito pego prestes acometer o ato.

FIGURA TÍPICA QUALIFICADA- ARTIGO 130 § 1ºConsuma-se com a prática das relações ou do ato libidinoso, sendoadmitida a tentativa. O sujeito deve agir com dolo direto de dano.Cuida-se de um crime formal com dolo de dano. Se o sujeito efetivao contágio, o crime permanece o mesmo.Se com a intenção de transmitir a moléstia, contagiando oofendido, houve produção de um dos resultados dos §§ 1° e 2° doartigo 129. Há desclassificação para o delito de lesão corporal denatureza grave. Se houver morte- Responde o sujeito por lesãocorporal seguida de morte

Se o sujeito é portador de AIDS e consciente da natureza mortal damoléstia, realiza ato de libidinagem com a vítima, com intençãode transmitir o mal e lhe causar a morte , vindo ela a falecer –responde por homicídio doloso consumado.Trata-se de perigo presumido – juris tantum – admitindo prova emcontrário, como é o caso da imunidade.É possível o Concurso Formal entre o crime do artigo 130 e outrosdelitos.

PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE – ARTIGO131

Perigo de contágio de moléstia grave

Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave deque está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAProtege a vida e a saúde da pessoa humana. Delito formal comdolo de dano.Na verdade não é um crime de perigo, é um delito formal de condutae resultado em que o estatuto penal não exige a sua produção paraa consumação.

Denominado doutrinariamente de Crime de Consumação Antecipada.É suficiente que realize o ato com o fim de transmissão damoléstia grave. O crime se aperfeiçoa com a realização do atoexecutivo, independente da produção do resultado (contágio).Não é punido com dolo de perigo, mas com dolo de dano – dolodirigido ao contágio, que constitui lesão corporal (dano).

SUJEITO ATIVO DO CRIMESUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa contaminada por moléstia grave, seo agente supões estar contaminado e venha a praticar o ato, trata-se de crime impossível, o mesmo ocorre se o ofendido já estacontaminado. O OFENDIDO, também, pode ser qualquer pessoa.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOÉ preciso que, o sujeito, pratique o crime com a finalidade detransmitir a outrem moléstia grave de que se encontra contaminado,ato capaz de produzir o contágio. A moléstia deve ser grave econtagiosa. Compete a medicina dizer quais são as moléstias graves econtagiosas.

O sujeito pode empregar meios diretos ( contato físico, aperto demão, etc..) ou indiretos (xícara de café, utensílios, etc..) .

Sujeito que, por intermédio de conduta não sexual, pratica ato como fim de transmitir a outrem moléstia venérea Responde pelo delitode perigo de contágio de moléstia grave.

ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPOApresenta dois elementos:1) dolo;2) fim especial de agir – “com o fim de .....”

Crime só punível a título de dolo, só é admissível dolo direto dedano. Não responde pela infração o sujeito que pratica ato capazde produzir o contágio agindo simplesmente com dolo eventual, istoé, assumindo o risco de produzir o referido contágio. Não admiteculpa.Se houver intenção de matar a vítima por intermédio datransmissão da doença, responderá por homicídio tentado ouconsumado. Se agir com culpa: Homicídio culposo.Se praticando o ato não com dolo de homicídio realiza atotendente ao contágio, vindo a vítima falecer em conseqüência dacontaminação, responde por lesão corporal seguida de morte. Poresse crime responde, quem age com dolo eventual em relação aocontágio. Se o sujeito agir com culpa em relação a transmissão domal, o sujeito responderá por Homicídio culposo. Havendo, emdecorrência da transmissão do mal, enfermidade incurável, sujeitoresponde por lesão corporal gravíssima.

Se o sujeito agindo dolosamente consiga a transmissão da moléstiagrave, estamos diante do crime exaurido. Há crime exaurido: o fatoproduziu conseqüência (o contágio da moléstia grave) após omomento consumativo, que ocorreu com a realização do ato. Embora ocontágio de moléstia grave constitua lesão corporal, o legisladorentendeu de conceituar legalmente essa figura típica no capítulodos crimes de periclitação da vida e da saúde e não entre osdelitos de dano, salvo a ocorrência de lesão corporal grave ougravíssima.

Em face da conduta do agente , for criada uma epidemia, responderápelos delitos dos artigos 131, 267, em concurso formal conforme ocaso.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA1) Delito Formal: não exige a lesão do objeto material, basta arealização da conduta, tendente a transmitir o mal;2) Comum: praticado por qualquer pessoa;3) Simples: atinge a vida ou a saúde da pessoa humana;4) Forma livre: admite qualquer meio de execução;5) Instantâneo: consuma-se com a prática do ato capaz detransmitir a moléstia.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAConsuma-se com a prática do ato capaz de produzir o contágio.COMO DELITO FORMAL que é , não é necessário que se efetive ocontágio. Consumação é antecipada.

Quanto a tentativa há de ver-se se o crime é :6 Unissubsistente: perfaz-se com um único ato;7 Plurissubsistente: é o que exige mais de um ato para sua

perfeição. Nesse presente crime, não se admite a tentativa.

PERIGO PARA VIDA OU SAÚDE DE OUTREM – ARTIGO132

Perigo para a vida ou saúde de outrem

Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato nãoconstitui crime mais grave.

Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (umterço) se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorredo transporte de pessoas para a prestação de serviços emestabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normaslegais.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICATrata-se de um caso de subsidiariedade expressa. Após descrever opreceito primário, no preceito secundário, o legislador descreve“.....pena de detenção de 3 meses a 1 ano, se o fato não constituicrime mais grave.....” , crime mais grave pode ser homicídio,perigo de contágio de moléstia, abandono de incapaz, etc..

OBJETO JURÍDICO O direito à vida e à saúde da pessoa humana.

SUJEITOS DO CRIMEQualquer pessoa pode ser SUJEITO ATIVO, e PASSIVO. O tipo nãoexige nenhuma elementar especial. Não exige que entre ambos, sujeito ativo e passivo, haja relaçãode subordinação e assistência.O perigo iminente deve atingir pessoa certa e determinada,atingindo número indeterminado, o sujeito responde por crime deperigo comum.Duas ou mais vítimas: Entendeu-se inexistir concurso formal

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOVerbo expor: colocar a vítima em perigo de dano, A exposição podeser realizada por intermédio de conduta positiva ou negativa (açãoou omissão). Perigo deve ser direto e iminente. > Perigo direto é o que ocorre em relação a pessoa certa edeterminada. Se o perigo não é direto inexiste o delito do art.132, podendo haver crime de perigo comum > Perigo iminente: é o presente, imediato. > Trata-se de perigo concreto não presumido, deve ser demonstrado> Exposição: Pode ser realizada por intermédio de conduta positivaou negativa.

CONDUTAS QUE CONFIGURAM O DELITO: Agressão a motorista de ônibusem movimento; "fechar" voluntariamente o veículo de terceiro;abalroamento de veículo; disparo de arma de fogo em localhabitado; atirar perto da vítima ; atirar em aposento habitado;atirar em automóvel em movimento ; brincar com automóveis naestrada; disparar na direção de policiais para amedrontá-los;atirar na direção das vítimas; negativa de autorização detransfusão de sangue em parente por convicção religiosa;transportar trabalhadores nas laterais de carroceria de caminhãosem condições de segurança; autorizar o médico transfusão desangue não examinado

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPODolo de perigo. Pode ser direto ou eventual.

Direto: quando a vontade do sujeito se dirige precisamente aoperigo de dano;Eventual: quando o sujeito é indiferente que se crie o perigo àvida ou saúde de outrem;Não admite a modalidade culposa, o legislador não faz nenhumareferência.

8 Se a intenção do agente é destruir a vida da vítima,responderá por tentativa de homicídio.

9 Consentimento da vítima não exclui o crime – trata-se deobjetividade jurídica indisponível – vida ou saúde física emental.

10 Se ocorre dano à vítima o sujeito não responderá por crimede lesão corporal, já que as penas dos artigos 129 e 132 sãoidênticas.

11 Se a vítima vem a falecer em decorrência da conduta, respondepor homicídio culposo.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA1) Crime de perigo concreto: deve a vítima ficar submetida a umaefetiva da probabilidade de dano. O estado de perigo deve sercomprovado. Não é suficiente a prática de conduta, diante deladeve a vítima ser exposta a real probabilidade de dano2) Crime instantâneo: consuma-se com a produção de perigo;3) Crime de forma livre: admite qualquer meio de execução; Podeser realizado por ação ou omissão, sujeito age com dolo de perigo;4) Delito subsidiário: (subsidiariedade explícita): nos termosdo preceito sancionador, a norma incriminadora só aplicávelquando o fato não constitui crime mais grave. Ex.: tentativa dehomicídio.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAMomento consumativo: Ocorre com a produção do perigo concreto.Tentativa: Na forma comissiva, é possível, embora de difícilocorrência. Na modalidade omissiva, é inadmissível.

CRIME DE DISPARO DE ARMA DE FOGO: O disparo de arma de fogoconfigurava simples contravenção (art. 28 da LCP). Hoje, encontra-se descrito como crime no art. 15 da Lei n. 10826/2003. Se osujeito, em lugar público, com o disparo, expõe a incolumidade

física alheia a perigo de dano: aplica-se o art. 15 da leiespecial (delito mais grave); em local privado: incide o art. 132do CP. Vide o preceito sancionador do art. 132, que ressalva aocorrência de crime mais grave.

OFENDÍCULO QUE EXPÕE TERCEIROS A PERIGO DE DANO: O autor respondepelo delito do art. 132 do Código.

A lei n° 10741/2003 (Estatuto do idoso) tipifica em seu artigo 99,o fato, entre outros, de expor a perigo a integridade e a saúdefísica e psíquica do idoso (idade igual ou superior a 60 anos),impondo pena de detenção de dois meses a um ano e multa; se dofato resulta lesão corporal de natureza grave, a pena é dereclusão de um a quatro anos, se resulta em morte , reclusão dequatro a doze anos.

ABANDONO DE INCAPAZ – ARTIGO 133

Abandono de incapaz

Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilânciaou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscosresultantes do abandono:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Aumento de pena

§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:I - se o abandono ocorre em lugar ermo;II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutorou curador da vítima.III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAÉ interesse do Estado tutelar a segurança da pessoa humana. que,diante de determinadas circunstâncias, não pode por si mesmadefender-se, protegendo a sua incolumidade física. Trata-se de bemjurídico indisponível

O CP. prevê duas figuras que se assemelham: o abandono de incapaze exposição ou abandono de recém nascido. Pode se dizer que oprimeiro tipo é fundamental, enquanto o segundo é privilegiadopelo motivo de honra, entretanto, os dois crimes estão definidosem figuras típicas autônomas.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA E SUJEITO DO DELITOÉ CRIME PRÓPRIO DE PERIGO, pois é exigida legitimação, especialdos sujeitos, é de perigo pois dirige-se à produção de perigode dano à incolumidade pessoal da vítima.Só pode ser autor, quem exerce cuidado, guarda, vigilância ouautoridade em relação ao sujeito passivo.Sujeito passivo: é o INCAPAZ de se defender dos riscos doabandono, e estando sob a guarda, cuidado, vigilância ouautoridade do sujeito ativo.

Incapacidade: Não é a civil. Pode ser corporal ou mental, durávelou temporária, como no caso da embriaguez. Ébrio.

ESPECIAL RELAÇÃO DE ASSISTÊNCIACom qualificação de crime próprio, o abandono de incapaz, exigeespecial vinculação entre o sujeito ativo e o sujeito passivo,relação especial de custódia ou autoridade exercida pelo sujeitoativo. Deve existir relação especial de custódia ou autoridadeexercida pelo sujeito ativo em face do sujeito passivo Essarelação de custódia pode advir:

1) de preceito de lei;a) de direito público: Estatuto da Criança e doAdolescente,Estatuto do idoso, lei de assistência e alienados,etc..b) de direito privado: CC. ARTS. 1566,IV; 1634, 1741.

2) de contrato: enfermeiros, médicos, diretores de colégio; amas,chefes de oficina, etc..

3) de certas condutas lícitas ou ilícitas: o raptor ou o agentedo cárcere privado deve velar pela pessoa raptada ou retida; ocaçador que leva uma criança não a pode abandonar na mata; quemrecolhe uma pessoa abandonada tem a obrigação de assisti-la. quemrecolhe um ébrio tem dever de zelar pela sua segurança e bem-estar.

Esses casos, estão previstos no tipo penal sob a forma de:a) cuidado: assistência eventual; b) guarda: assistência duradoura;c) vigilância: assistência acauteladora;d) autoridade; pode de uma pessoa sobre a outra; Não havendo vinculação especial entre o autor e o ofendido, odever legal de assistência , conforme o caso o sujeito poderesponder pelo delito de omissão de socorro.Perigo: Concreto

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOO tipo do verbo é abandonar, no crime do artigo 134, o legisladorusa abandonar e expor, reside a diferença em que abandonar: édeixar a vítima sem assistência no lugar de costume., na exposiçãoo agente leva a vítima ao local diferente daquele em que lhepresta assistência. No crime do artigo 133 é indiferente que oagente abandone ou exponha. Daí concluímos, que para o CP, não hádiferença entre abandonar ou expor.Não obstante o abandono ou exposição, o sujeito passivo não sofrernenhum perigo, não haverá nenhum crime. O perigo do presenteartigo é concreto devendo ficar provado.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPODolo de perigo direto ou eventual. Necessário que o sujeito tenhaa intenção de expor a vítima a perigo concreto de dano à sua vidaou à sua integridade corporal. Dolo eventual: caso em que assume o risco de produzir um perigo dedano ao objeto jurídico.Tipo penal NÃO admite modalidade culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAConsuma-se o delito de abandono, desde que resulte de perigoconcreto á vítima. A tentativa é perfeitamente admissível na formacomissiva. Na omissiva, é inadmissível

Se o incapaz foge dos cuidados, não há de se falar em crime.Se o sujeito após o abandono, e conseqüente exposição ao perigo,reassume o dever de assistência não fica excluída a infração penalde perigo, uma vez já atingida a fase da consumação.

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADASCuida-se de tipo penal preterdoloso ou preterintencional: Sãocrimes preterdolosos (CP, art. 19). o fato principal do abandonoé punido a título de dolo de perigo, o resultado qualificador –lesão corporal de natureza grave – a título de culpa.

Figuras típicas qualificadas de abandono de incapaz

Lesão Corporal de Natureza Grave - CP. ART. 133 § 1º Morte -CP. ART. 133 § 2º

2 Lugar ermo - CP. ART. 133 § 3º , I : Pode ser habitualmentesolitário ou acidentalmente solitário, habitualmentesolitário, quer de dia, quer de noite. Para a caracterizaçãoda qualificadora é preciso que o local seja habitualmentesolitário, quer de dia, quer de noite Solidão pode serabsoluta ou relativa. Deve ser o local relativamentesolitário. Tratando-se de local absolutamente solitário, ofato constitui meio de execução de homicídio. Não há aqualificadora quando no momento do abandono o local, que éhabitualmente solitário, está freqüentado. Se em lugar queacidentalmente não está freqüentado, não há qualificadora.

3 Agente ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor oucurador da vítima - CP. ART. 133 § 3º , II: Exigecomprovação, não valendo a simples presunção Cônjuge: acircunstância de agravação não se aplica ao "companheiro" na"união estável" (CF, art. 226, § 3º).

4 Vítima de idade igual ou maior de 60 anos;

EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM- NASCIDO -Art. 134

Exposição ou abandono de recém-nascido

Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonraprópria:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

OBJETIVIDADE JURÍDICATutela-se a vida e a saúde do recém-nascido; sua incolumidadepessoal.

ELEMENTOS DO TIPOSão ações nucleares os verbos expor ou abandonar. Ambos significamdeixar o recém-nascido sem assistência, ao desamparo. O primeiroverbo exprime uma conduta ativa, o recém-nascido é removido dolocal onde lhe é prestada a assistência para outro diverso, em queesta inexiste; ao passo que o segundo exprime uma condutaomissiva: o sujeito ativo, sem remover a vítima para outro local,deixa de prestar-lhe a devida assistência. Trata-se aqui doabandono físico. Se o abandono for moral e não físico, poderáconstituir crime contra a assistência familiar (arts. 244 a 247).

A exposição ou abandono do recém-nascido deve criar uma situaçãode perigo concreto, a qual deve ser comprovada. Veja-se, então,que a incapacidade de autodefesa do neonato não gera uma presunçãoabsoluta de perigo.

SUJEITO ATIVOCuida-se de crime próprio. O sujeito ativo é a mãe, solteira,adúltera, viúva, que concebeu fora do matrimônio. A doutrinaadmite que o pai que abandone recém-nascido para ocultar incestoou relação adulterina possa ser sujeito ativo do delito de tel. Ahonra a ser preservada é a de naturezasexual, a boa fama e a reputação do agente. Se a pessoa fordesonesta ou de desonra conhecida ou se já concebeu ou foi paiextra matrimonium, não cabe a alegação de preservação da honra.Dessa forma, prostituta não pode ser sujeito ativo desse delito,devendo responder pelo delito de abandono de incapaz (CP, art.133).

SUJEITO PASSIVOÉ o recém-nascido, ao contrário do art. 133, que pode ser qualquerincapaz. Diverge-se, entretanto, na doutrina acerca do exatolimite de tempo em que o sujeito passivo se considera recém-nascido.

CONCURSO DE PESSOASO motivo de honra constitui elementar do tipo, de modo que oterceiro que concorrer para a exposição ou abandono de recém-nascido, pelo genitor, responderá como co-autor ou partícipe docrime em tela, em face da comunicabilidade daquela condiçãopessoal entre os participantes (CP, art. 30).

ELEMENTO SUBJETIVOÉ o dolo direto de perigo, consistente na vontade e consciência deexpor ou abandonar o recém-nascido, acrescido do fim especial doagente, de "ocultar desonra própria". Não se admite o doloeventual por ser incompatível com o especial fim de agir exigidopelo tipo penal. Se o motivo do abandono for a miséria, proleexcessiva, filho doentio etc., ocorre abandono de incapaz.

Observe-se que só haverá a possibilidade deste crime se onascimento infamante for sigiloso, uma vez que, sendo notório, oabandono do bebê não poderá "ocultar" um fato desonroso jádescoberto. Tal requisito, contudo, deve ser analisado de formamenos severa, não se podendo afastar o crime nos casos em que oconhecimento se limite a determinadas pessoas, em especial aospróprios familiares. Se houver dolo de dano, ou seja, se o agenterealizar o abandono com a intenção de causar a morte do neonato,responderá, se estiver sob influência do estado puerperal, pelodelito de infanticídio; ausente esse estado, pelo delito dehomicídio.

MOMENTO CONSUMATIVOConsuma-se o delito com o abandono, desde que resulte perigoconcreto para o recém-nascido. Trata-se de crime instantâneo deefeitos Permanentes. Isso quer dizer que o crime de exposição ouabandono de recém-nascido consuma-se em um dado instante (com aexposição ou abandono),mas seus efeitos perduram no tempo, independentemente da vontadedo agente, já que o resultado produzido pela conduta subsiste semprecisar sersustentado por ele.

Faz-se imprescindível para a consumação do crime em tela que oabandono acarrete uma situação de perigo concreto. Não seconfigurará o abandono quando o sujeito ativo deixa o ofendido emlocal onde, por merecer assistência, não sofrerá risco. Igualmenteinexiste o crime na hipótese em que o agente fique na espreita, noaguardo de que terceiros recolham o neonato.

TENTATIVAConforme estudamos anteriormente, no delito de abandono deincapaz, a tentativa é admissível nos crimes de perigo, desde queo delito seja praticado na modalidade comissiva, de modo a haverum iter criminis a ser fracionado.

FORMAS SimplesEstá descrita no caput.

QualificadaAs formas qualificadas do crime em estudo estão previstas nos §§1,1 e 29 do art. 134. São elas:

a) se do fato resulta lesão corporal de natureza grave (pena -detenção, de 1 a 3 anos);

b) se resulta morte (pena - detenção, de 2 a 6 anos). Cuida-se aqui dos crimes qualificados pelo resultado na modalidadepreterdolo. Há dolo de perigo no fato principal (exposição ouabandono do recém-nascido), há os resultados agravadores sãopunidos a título de culpa. Se presente o dolo de dano, o agentepoderá responder pelo delito de infanticídio ou homicídio,conforme esteja ou não sob influência do estado puerperal, ouentão pelo delito de lesão corporal qualificada, se presente oanimus laedendi.

CulposaNão há previsão da modalidade culposa. Entretanto, se o agenteabandonar culposamente o infante e sobrevier a sua morte ou aocorrência de lesões corporais, deverá ele responder pelos delitosde homicídio ou lesão corporal na modalidade culposa.

AÇÃO PENAL E PROCEDIMENTO. LEI DOS JUIZADOSESPECIAIS CRIMINAISTrata-se de crime de ação penal pública incondicionada, queindepende de representação do ofendido ou de seu representantelegal, e que está sujeito ao procedimento sumário (CPP, arts. 531a 540)298.Em face das penas previstas no caput (detenção, de 6 meses a 2anos) e no § 1° (detenção, de 1 a 3 anos), é cabível a suspensãocondicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95).

OMISSÃO DE SOCORRO – ARTIGO 135Omissão de socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo semrisco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválidaou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir,nesses casos, o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resultalesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA

APRESENTA FIGURAS TÍPICAS PRINCIPAIS E QUALIFICADAS:1) Figuras típicas fundamentais: caput da disposição;2) Figuras típicas qualificadas pelo resultado: descritas noparágrafo único do artigo 135.

TIPO FUNDAMENTAL DEFINIDO NO CAPUT APRESENTA DUAS FIGURAS:1) deixar de prestar assistência;2) não pedir socorro à autoridade pública;

Objetividade jurídica desse delito é a solidariedade que deveexistir entre os homens – obrigação jurídica genérica a que

estamos submetidos na convivência social.; protege a vida e aincolumidade pessoal do cidadão. NÃO protege outros bens.

Tratando-se de omissão de socorro no trânsito: Vide art. 304 doCódigo de Trânsito Brasileiro (Lei n. 9.503, de 23-9-1997).

Dever de prestação de assistência: Está implícito no próprio tipo("prestarás assistência, quando possível fazê-lo..."). Não precisaderivar de um negócio jurídico.

SUJEITOS DO DELITO

SUJEITO ATIVO: pode ser qualquer pessoa. Não necessita dequalidade pessoal, vinculação jurídica, bem como, vínculo entre oautor e o sujeito passivo (como no abandono de incapaz).

Dever de solidariedade pode ser:5 Genérico: imposto a todas as pessoas;6 Específico: exige vinculação especial entre os sujeitos:

pai, tutor, médico, enfermeira, etc.. Como ocorre nos crimesde abandono material, e abandono material;

Se o sujeito ativo for pai, tutor, médico, enfermeira etc. davítima: Haverá o crime de abandono de incapaz, do art. 133 doCódigo Penal, ou, conforme a hipótese, o de abandono material(art. 244) Se várias pessoas negam assistência, todas respondem pelo crime.Se são várias e uma apenas assiste a vítima, não fazendo asoutras, não há delito. Como se trata de obrigação penal solidáriao cumprimento do dever por uma delas desobriga as outras. Em facedisso, não há falar-se em omissão de socorro.Se a assistência deuma for insuficiente, as outras responderão pelo delito.

SUJEITOS PASSIVOS:a) criança abandonada; não se refere à criança perdida, mas sim àque foi objeto de abandono por parte da pessoa que devia exercer avigilânciab) criança extraviada; é a criança perdida.c) pessoa inválida, ao desamparo, d) pessoa ferida, ao desamparo

e) pessoa em grave e iminente perigo. Criança abandonada ou extraviada: Não é possível estabelecer umaidade-limite para a configuração do delito. A solução legaldepende do caso concreto, considerando-se que criança é aquela queainda não tem capacidade de vigiar a si mesma

ELEMENTO OBJETIVOASSISTÊNCIA GENÉRICA1) Imediata: existente no dever de prestação imediata de socorro;- o sujeito deve prestar assistência , desde que possível semrisco pessoal, a criança abandonada ou extraviada, ou a pessoainválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo.etc..Se o sujeito não tem condições de efetuar o socorro à vítima, devepedir o auxílio da autoridade.Só é punível a omissão de prestação de assistência quando osujeito pode agir “sem risco pessoal”. Ninguém está obrigado àprestação da assistência quando presente a possibilidade dde danofísico à própria pessoa.

2) Mediata: dever de pedir , naquelas hipóteses, ajuda àautoridade pública - deve pedir socorro a autoridade pública;

A pessoa que deve pedir assistência não tem a faculdade deescolher uma ou outra forma, isto é, não cabe àquele que encontraa vítima nas condições previstas na disposição penal escolherentre a imediata prestação de assistência e a solicitação desocorro da autoridade pública.

Não estão obrigados à prestação da assistência, presente o riscopessoal, mesmo aquelas pessoas que (artigo 24, § 1° CP.) nãopodem alegar estado de necessidade, como salva-vidas, o comandantedo navio, bombeiro, etc.. Neste casos não respondem pelo delitoem face da atipicidade do fato.

Risco for de terceira pessoa: sob a ótica da tipicidade –responde por omissão de socorro - já que a figura típica fala em“...risco pessoal...” , estará entretanto acobertada pelo estadode necessidade, que afasta a ilicitude de seu comportamento.

Tratando-se de risco patrimonial ou moral, não há exclusão docrime de omissão de socorro, é possível configurar-se estado denecessidade.

Conforme o caso concreto, o sujeito deve ao invés de prestarimediato auxílio à vítima, deve pedir socorro à autoridadepública. Este pedido deve ser imediato, não pode ser demorado,caso contrário, haverá omissão de socorro, não importa a forma depedir o auxílio.

Se o sujeito deixa de pedir auxílio à autoridade, por existirrisco pessoal - Dámasio - não existe delito, já que o tipolegal , descreve “....nos mesmos casos do tipo anterior....”( imediata prestação de socorro).

Se vítima recusar o socorro- Existe o crime: o objeto jurídico éirrenunciável.

O ausente responde pelo crime de omissão, quando é chamado aolocal para exercer o dever de assistência. Ex.: paciente telefonepara médico, relata seus males em face de grave moléstia, nãoobstante o médico tomando consciência do grave e iminente perigo,não vai prestar-lhe assistência. Para que isso ocorra énecessário que tenha plena consciência do grave e iminente perigoem que se encontra o sujeito passivo. Fora daí, não existe delitopor ausência do elemento subjetivo do tipo.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

1) Delito Omissivo próprio: caracteriza-se pelo simplescomportamento negativo do sujeito, que deixa de prestar ou pedirassistência. O tipo contenta-se exclusivamente com a condutaomissiva. Se após a omissão, ocorrem ferimentos na vítima ouesta vem a falecer, o tipo permanece o mesmo ou surgequalificadora.2) Crime de perigo: há perigo presumido nos casos de criançaextraviada , abandonada e pessoa inválida ou ferida, e aodesamparo.3) Delito Subsidiário: a omissão de socorro funciona comcircunstância qualificadora dos crimes do homicídio culposo e delesão corporal culposa.

4) Crime Instantâneo: a consumação ocorre no exato momento em quea vítima sofre o perigo presumido (abstrato) ou concreto.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOO elemento subjetivo do tipo do crime de omissão de socorro é dolode perigo, direto ou individual. O dolo deve abranger aconsciência da real situação de perigo em que se encontra avítima.

7 Dolo direto: sujeito quer o perigo de dano;8 Dolo eventual: quando assumi o risco de produzi-lo;9 Há também dolo de perigo quando o sujeito com sua conduta

negativa, assume o risco de manter o estado de perigopreexistente.

10 É necessário que o dolo abranja somente a situação de perigo.Havendo dolo no sentido da morte da vítima, por exemplo,haverá homicídio. Abrange a consciência da situação de perigoque envolve a vítima.

11 tipo NÃO admite a modalidade culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAAtinge a consumação no momento da omissão, em que ocorro o perigoconcreto ou presumido, conforme o caso. TENTATIVA: tratando-se de delito omissivo próprio, é inadmissível.Ou o sujeito presta ou não presta a assistência. A simplestentativa de deixar de prestar assistência já configura o crime.

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS PELO RESULTADO - CP.ART. 135 parágrafo únicoEstamos diante de crime preterintencionais ou preterdolosos.Omissão é punida a título de dolo, os resultados qualificadores,lesão corporal de natureza grave e morte, a título de culpa. Énecessária a comprovação de que a atuação do omitente evitaria aprodução desses resultados. Assim, inexiste a qualificadora .Se a morte era inevitável: não se aplica a agravação da pena:quando a morte resulta da lesão sofrida e não, normativamente, dafalta de pronta assistência.

Deve existir nexo causal normativo entre a omissão e o resultado.

MAUS TRATOS – ARTIGO 136Maus-tratos

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade,guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento oucustódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quersujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meiosde correção ou disciplina:

Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contrapessoa menor de 14 (catorze) anos.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA

OBJETOS JURÍDICOS: Protege a incolumidade pessoal. A vida e asaúde humanas.

FIGURAS TÍPICASFiguras típicas fundamentais descritas no artigo 136 caput,enquanto os §§ 1° e 2° definem os qualificados pelo resultadomorte, lesão corporal de natureza grave e em razão da idade..

SUJEITOS DO DELITOTipo penal exige especial vinculação jurídica entre os sujeitos.É preciso que a pessoa esteja sob autoridade , guarda ouvigilância do sujeito ativo, para fins de educação, ensino,tratamento ou custódia. Assim, NÃO é qualquer pessoa que pode ser sujeito ativo do delito.

SUJEITO PASSIVO: Da mesma forma NÃO é qualquer um que pode servítima de maus-tratos, mas exclusivamente aquelas pessoas que se

encontram sob a autoridade, guarda ou vigilância de outra parafins de educação, ensino, tratamento ou custódia

12 A mulher não pode ser vítima de maus-tratos do marido, já quenão está sob autoridade, guarda ou vigilância, para fins deeducação, ensino, tratamento ou custódia. deste. O maridopode responder por outro crime, v.g., lesão corporal.

13 Filho maior de idade: Não pode ser sujeito passivo.14 Filha de amásio: Não pode ser sujeito passivo.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOO crime pode ser executado de várias maneiras, a norma fala emprimeiro lugar em privação de alimentos: podendo essa serrelativa ou absoluta: para que ocorra infração penal, ésuficiente a

2 privação relativa de alimentos, nessa modalidade a infração épermanente. A privação absoluta pode constituir meio deexecução do homicídio.

3 Outra forma do tipo é a privação de cuidados indispensáveis– infração permanente.

4 Outra forma: referes-se a sujeição da vítima ao trabalhoexcessivo ou inadequado.

5 Por fim código faz referência ao abuso dos meios de correçãoe disciplina, pode ser violência física ou moral. Usarchicote; dar paulada; espancar ou surrar; colocar formigas nocorpo do aluno; esbofetear o rosto da aluna; acorrentar avítima ao pé da cama; surrar com uma cinta; bater a cabeça dacriança na parede. São elásticos os critérios e limites dodireito de corrigir os filhos. A correção não se confunde como espancamento. Entendeu-se não haver crime com lesão leve.Não se admite castigo corporal na escola.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOPunido a título de dolo de perigo, sendo inadmissível a formaculposa. Exigindo consciência do abuso

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA1) Crime Próprio: não pode ser praticado por qualquer pessoa

(exige-se especial relação jurídica entre as partes) porisso é próprio.

2) Crime de Ação Múltipla: tem na formulação típica, váriasformas de realização. A prática de mais de uma , nãoconfigura o concurso de crime, mas sim um único delito.

3) Crime Simples: o fato típico só atinge um bem jurídico: aincolumidade pessoal do ofendido.

4) Delito plurissubsistente: não basta o comportamento dosujeito, é preciso de que dele advenha perigo concreto dedano.

5) Crime Comissivo ou Omissivo: pode ser praticado por umaconduta positiva ou negativa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAA consumação ocorre com a exposição do sujeito passivo ao perigode dano. Perfeitamente admissível a figura da tentativa nasmodalidades comissivas. Não se exige dano efetivo

Emprego de meio de correção que não produz perigo: Não há crime.

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS - CP. ART. 136, § 1º e2º :Definem crimes preterintencionais ou preterdolosos. São formastípicas qualificadas pelo resultado, - lesão corporal grave oumorte. Sofrendo a vítima lesão corporal de natureza leve, osujeito responde pelo tipo fundamental, definido no caput dodispositivo

TIPO QUALIFICADO PELA IDADE DA VÍTIMA (§ 3º)Tratando-se de sujeito passivo menor de catorze anos, a pena deveser aumentada de um terço. Relação de parentesco como agravante(ascendência): Não-incidência da circunstância.Recomposição do autor com a vítima: Não exclui o delito.

CONCURSO DE CRIMES E NORMASHavendo lesão corporal leve, o crime do art. 129 do Código Penal éabsorvido pelo de maus-tratos. Cárcere privado como meio decorreção: é absorvido pelos maus-tratos.

NOVOS TIPOS PENAIS: O Estatuto da Criança e do Adolescente,instituído pela Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, criou novafigura típica criminal relacionada com os maus-tratos. Em seu art.232 descreve o fato de "submeter criança ou adolescente sob suaautoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento",impondo a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

DISTINÇÃO ENTRE MAUS-TRATOS E TORTURA (art. 1º e § 4º, II, da Lein. 9.455, de 7-4-1997): A distinção se faz diante do elementosubjetivo. Se o fato é cometido pelo sujeito para fins decorreção, censura ou reprimenda, havendo abuso, trata-se de crimede maus-tratos (crime comum). Não ocorrendo essa finalidade,realizado o fato somente para que a vítima sofra, cuida-se detortura (delito especial).

DA RIXA – ARTIGO 137Rixa

Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave,aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6(seis) meses a 2 (dois) anos.

CONCEITO:É a briga entre duas ou mais pessoas, acompanhada de vias de fatoou violências físicas recíprocas. Exige-se a participação de nomínimo, a participação de 3 pessoas lutando entre si. Ainda que umtenha morrido

Caracteriza-se pelo tumulto, do modo que cada sujeito age por simesmo contra qualquer um dos outros contendores.

Se existem duas pessoas lutando contra uma terceira, não há rixa.Dois de um lado, respondem pelos resultados produzidos noterceiro, serão sujeitos ativos de lesão corporal ou outro delito.

Não há crime de rixa, se dois bandos se digladiarem, praticandolesões corporais recíprocas. Há probabilidade de outro crime;quando isso ocorre, os de cada bando, sob o regime do concurso deagentes, respondem por lesão corporal ou homicídio.

INDIVIDUALIZAÇÃO DAS CONDUTAS: Mesmo fora da hipótese da notaanterior, ficando perfeitamente apurada a posição de cadaparticipante não há delito de rixa.

Existem três sistemas a respeito da punição da rixa quandoresulta de morte ou lesão corporal: a) da solidariedade absoluta: em caso de morte , todos osparticipantes da rixa respondem por delito de homicídio;b) da cumplicidade correspectiva: havendo morte todos osparticipantes da rixa sofrem pena que constitui média entre apena do autor e a sanção imposta ao partícipe;c) da autonomia: a rixa é punida por si mesma, independentementeda morte ou da lesão corporal produzida em alguns dosparticipantes ou em terceiro. Esse critério é adotado pelo CP.Apurando-se a autoria da morte ou da lesão corporal produzidadurante o entrevero, o autor responde pelo delito do artigo 121ou 129, em concurso material com a rixa, enquanto os outrosrixosos respondem pelo delito descrito no artigo 137.

OBJETIVIDADE JURÍDICAProtege a saúde, física e mental da pessoa humana. A ordempública não é objeto jurídico principal do delito de rixa –entretanto é tutelada por via indireta.

SUJEITOS DO DELITO:Rixa é crime de perigo, coletivo, ou plurissubjetivo ou departicipação necessária.. SÓ há delito quando três ou maispessoas se agridem reciprocamente. Trata-se de crime de concursonecessário, os rixosos são ao mesmo tempo sujeito ativos epassivos.

SUJEITOS ATIVOS: da rixa, são todos aqueles que se envolvem naprática de vias de fato ou lesões corporais recíprocas SUJEITOS PASSIVOS: são os mesmos rixosos . Assim, um rixoso porpresunção legal, com sua conduta expõe a vida e a saúde dosoutros em perigo abstrato de dano, sofrendo os efeitos docomportamento daqueles. Cada rixoso, atuando como sujeito ativo, étambém passivo em face da conduta dos outros

No número mínimo exigido para existência da rixa não importa quealgum dos rixosos seja inimputáveis. Desde que uma das pessoasseja imputável, é irrelevante a situação pessoal das outras.

Da mesma forma, não tem importância de um ou mais de um, dosparticipantes não ser identificado. É irrelevante, subsistindo odelito

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPONúcleo do tipo é o verbo participar – tomar parte, contribuir.

Sujeito pode ingressar na rixa, depois de iniciada ou dela sairantes de terminada – em ambos os casos responde pelo delito deperigo. Se nessa hipótese ocorrer morte ou lesões corporais denatureza grave - Devemos ver, se o resultado ocorreu antes de osujeito ingressar ou depois que ele saiu da rixa na rixa, nãoresponde pela morte ou lesões corporais de natureza grave.

Participação na rixa pode ser A) Material: ocorre por meio de vias de fato ou lesões corporais –por intermédio de violência física;B) Moral: decorre de induzimento ou instigação.Embora seja a rixa crime de concurso necessário ou coletivo,essa circunstância não impede o concurso de agentes namodalidade participação.

Irrelevante a natureza do motivo da rixa, em face de motivo deordem pública ou por interesse particular.

Uma altercação verbal violenta não constitui delito. O corpo-a-corpo não é imprescindível, a luta pode ser realizada por meio delançamento de objetos.

Rixa difere de crime multitudinário, naquele os sujeitos agem umcontra os outros, neste todos têm intenção comum, dirigida à umfim.

A Rixa pode surgir de duas formas:1) ex improviso: a rixa surge subitamente; 2) ex proposito: é proposital – combinada por três ou mais

pessoas;

Irrelevante a circunstância da imprevisão do fato, que pode serdeterminado ou não pela excitação ou exaltação repentina do ânimodos que brigam. O improviso é uma circunstância que pode ou nãoocorrer. E perfeitamente admissível a rixa preordenada (ex.:várias pessoa marcam um desafio). As condutas devem ser,necessariamente, desordenadas , cada um deve lutar com qualquerpessoa.

Se for reconhecida a existência de dois grupos antagônicos, quelutem contra si, NÃO há RIXA, mas lesão corporal ou homicídio.Agora se há combinação prévia e se prova que cada sujeito lutoucom qualquer outro, entendemos permanecer o delito de rixa.

Conforme, definição legal, não há rixa quando o sujeito intervémpara separar os contendores.. Responde, entretanto, pelo delitose, inicialmente tentando apaziguar, em momento posteriorparticipa ativamente da luta.

Diferença entre participação na rixa e participação no crime derixa: participação na rixa é a conduta de que intervém diretamentena luta. Existe participação no crime de rixa consiste naconduta de quem concorre , de qualquer modo para luta, instigando,acoroçoando, etc... Resultado do crime de rixa é o perigo de dano: no caso é presumidoe não concreto – a simples participação na rixa produz oresultado típico independentemente de qualquer conseqüênciaposterior.

As lesões corporais de natureza leve, não qualificam o crime derixa, somente as lesões de natureza grave, tornam qualificado odelito. Mas, entretanto, se descoberta o autor das lesõescorporais de natureza leve, o sujeito responde por rixa emconcurso material com o crime de lesões corporais de naturezaleve.

A tentativa de homicídio não qualifica a rixa, (as qualificadorassão: lesão corporal de natureza grave e morte). O disparo de armade fogo, também não qualifica o crime de rixa, descobrindo-se quematirou, responde por tentativa de homicídio, perigo para vida ousaúde de outrem ou contravenção de disparo de arma de fogo emconcurso material com a rixa.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

1) Delito de Concurso Necessário: plurissubjetivo ou coletivo,exige a participação de, pelo menos três pessoas, infração decondutas contrapostas. As rixosos agem um contra os outros.2) Crime de perigo abstrato: não exige demonstração da realidadedo perigo de dano – este é presumido de dano.3) Crime Instantâneo: consuma-se no momento da prática das vias defato ou violências físicas.4) Crime Simples: atinge um só bem jurídico, a incolumidadepessoal;5) Crime de forma livre: pode ser por intermédio de qualquer meiode execução ativa – NÃO admite a omissão.6) Crime Plurissubsistente: não se aperfeiçoando com ato único.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVAConsuma-se a rixa com a prática de vias de fato ou violênciasrecíprocas, instante em que há a produção do resultado, que é operigo abstrato de dano. O perigo de dano, que, no caso, épresumido e não concreto. Significa que a simples participação narixa produz o resultado típico, independentemente de qualquerconseqüência posterior

Como visto a rixa pode ser subitânea (surge de repente) oupreordenada.1ª ) Para os que consideram a subitaneidade elementoindispensável à caracterização do dano não há possibilidade detentativa. 2ª) Para os que entendem que a rixa pode surgir de duas maneiras,de forma preordenada ou de improviso, é possível a figura datentativa no primeiro caso (in proposito). Ex.: três pessoas

combinam uma briga, em que cada uma lutará com qualquer delas,suponhamos que a polícia intervenha no momento exato em que vaiiniciar-se a série de violências recíprocas. Existe tentativa.Nossa posição: a segunda.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOÉ o dolo de perigo, inexiste na hipótese de rixa simulada oujocandi animo. Neste caso, ocorrendo lesão corporal ou morte, osujeito responde por crime de lesão corporal culposa ou homicídioculposo.

Apuração da autoria de lesões corporais leves: Há concursomaterial entre esse delito e a rixa.

RIXA E LEGÍTIMA DEFESAA legítima defesa pode ocorrer antes ou durante a rixa. Suponha-se que duas pessoas agridam terceira, que se defendecausando um tumulto. Os dois respondem pela agressão, o terceiroestá acobertado pela legítima defesa. É possível que a legítimadefesa ocorra durante o entrevero. Quem participa dolosamente de rixa esta cometendo uma condutailícita. Assim se três pessoas estão se agredindo reciprocamente,o comportamento delas é antijurídico. Em face disso nenhuma delaspode afirmar que a sua conduta foi realizada em legítima defesacontra agressão injusta das outras , uma vez que seu comportamentotambém é injusto. Pode , em alguns casos, a legítima defesa serinvocada: três pessoas lutando por intermédio de vias de fato,quando uma delas empolga um punhal, nada impede que o sujeito quevai ser agredido repila esse comportamento por intermédio de umareação mais violenta capaz de impedir sua morte.

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 137, parágrafoúnico:A morte e a lesão corporal de natureza grave são punidas, emprincípio, a título de culpa em sentido estrito.Tentativa de homicídio: Não qualifica a rixa.

Em regra a rixa é qualificada pelo resultado é um crimepreterintencional ou preterdoloso, em que o primeiro delito (rixa)

é punido a título de dolo e o resultado qualificador (a morte ou alesão corporal de natureza grave) é punido a título de culpa

A expressão lesão corporal de natureza grave – abrange as graves(estrito senso e as gravíssimas), a lesão corporal de naturezaleve não qualifica o delito de rixa, assim como a tentativa dehomicídio. É indiferente que a morte ou a lesão corporal de natureza graveatinja um dos rixantes ou um terceiro, um apaziguador outranseunte.A ocorrência da morte ou lesão corporal de natureza grave podeser individualizada ou não: no primeiro caso todos responde porrixa qualificada – no segundo o autor da morte ou lesão corporalde natureza grave em concurso material com o delito de rixa.(rixa qualificada). Segundo nosso entendimento, apurando-se aautoria da morte ou da lesão corporal de natureza grave, deveria osujeito responder por homicídio ou lesão corporal de naturezagrave em concurso material com rixa simples, e não com rixaqualificada.

Autoria apurada de lesão corporal seguida de morte durante a rixa:Há duas posições: 1ª) responde pelo delito do art. 129, § 3º, do Código Penal, emconcurso com rixa simples; 2ª) há concurso material com rixa qualificada.

O rixante que sofreu a lesão corporal de natureza grave tambémresponde por rixa qualificada. O parágrafo único do artigo 137,não faz nenhuma distinção – todos que intervêm na luta , havendolesão corporal grave respondem pelo fato qualificado peloresultado, inclusive o autor da lesão de maior gravidade.

Lesão Corporal Leve apurada sua autoria, o autor responde porlesão corporal de natureza leve em concurso material com a rixasimples, não sendo individualizada a lesão corporal de naturezaleve, todos por rixa simples.

Autoria Incerta : todos prevêem e querem o resultado, nãopassando de mero acidente que o comportamento lesivo de um ,antes que o outro, tivesse causado resultado danoso à vítima. Naautoria incerta, todos prevêem e querem o resultado, não passandode mero acidente que o comportamento lesivo de um, antes que o deoutro, tivesse causado

NA RIXA QUALIFICADA, entretanto, não existe essa finalidade comum.Enquanto na autoria incerta todos os sujeitos pretendem a produçãodo mesmo resultado.Rixa Qualificada: não existe essa finalidade comum, , isso nãoocorre, uma vez que a morte ou a lesão corporal não integrava odolo de todos os rixosos.

Existe crime progressivo na rixa qualificada – NÃO a rixa não éelementar do homicídio ou da lesão corporal de natureza grave.

A rixa é qualificada se um estranho a ela mata um dos rixososquando de sua intervenção para separá-los, basta que a morte tenhanexo causal com o fato – rixa.

DOS CRIMES CONTRA HONRA

GENERALIDADES PERTENCENTES A TODOS OS CRIMES CONTRAA HONRA

OBJETIVIDADE JURÍDICA

Protege a honra, conjunto de atributos morais, físicos,intelectuais e demais dotes do cidadão, que o fazem merecedor deapreço no convívio social.

Honra pode ser:

1) Subjetiva: é o sentimento de cada uma respeito de seusatributos físicos, intelectuais, morais e demais dotes da pessoahumana. É aquilo que cada um pensa de si mesmo em relação a taisatributos. Sentimento que temos a respeito de nós mesmos.

a) honra-dignidade: é o conjunto de tributos morais do cidadão;Ex.: Chamar alguém de cafajesteb) honra-decoro: é o conjunto de atributos físicos e intelectuaisda pessoa; Ex.: chamar alguém de analfabeto; 2) Objetiva: é a reputação, aquilo que os outros pensam a respeitodo cidadão no tocante as seus atributos físicos, intelectuais,morais... Sentimento alheio incidindo sobre nossos atributos.

Honra pode, ainda, ser:

1) Comum: é a que diz respeito ao cidadão como pessoa humana;Chamo alguém de ladrão.

2) Especial ou profissional: é aquela que se relaciona com aatividade de cada um. Chamo alguém de mau comerciante

ELENCO DOS CRIMES CONTRA A HONRACrimes contra a honra:

HONRA OBJETIVA:2 Calúnia - CP. Art. 138: é a falsa imputação de fato descrito

como crime – sujeito atribui falsamente a terceiro a práticado delito.

3 Difamação - CP. Art. 139: é a imputação de fato ofensivo àreputação da vítima – o agente atribui a terceiro Terpraticado fato que não constitui delito, porém é ofensivo àsua honra-objetiva – reputação.

HONRA SUBJETIVA:Injúria - CP. Art. 140: é a ofensa a honra-dignidade ou à honra-decoro da vítima, sujeito não atribui a outrem a prática de fato,mas lhe atribui qualidade negativa, que diz respeito aos seusatributos, morais, físicos ou intelectuais.

Na calúnia e difamação o sujeito imputa a outrem prática defato, no primeiro caso (calúnia), definido na lei como crime, nosegundo caso (difamação) que macule sua reputação.

Na injúria não existe atribuição de fato, mas imputação dequalidade negativa da vítima.

NATUREZA DO INTERESSE JURÍDICOHonra é interesse jurídico disponível, assim, o consentimento doofendido retira a ilicitude do fato, excluindo o delito. Em facedesse objeto jurídico, a ação penal em regra é de naturezaprivada, excepcionalmente é pública.

AFINIDADES E DIFERENÇAS ENTRE OS CRIMES CONTRA AHONRA

Afinidade entre calúnia e difamação:1) ambas te atingem a honra objetiva;2) dizem respeito a fatos e não qualidades negativas da vítima;3) exigem comunicação a terceira pessoa para consumação.

Afinidade entre a difamação e a injúria1) ambas não se condicionam à falsidade de alegação desonrosa;

Somente na descrição típica da calúnia é que se exige a expressãofalsamente, assim não existe calúnia quando o fato imputado éverdadeiro (em regra).

Diferença entre calúnia e difamação:1) Calúnia diz respeito a crime;2) Difamação diz respeito a fato ofensivo.

Diferença entre difamação e injúria :1) Difamação fato ofensivo à reputação do ofendido; 2) Injúria não recai sobre fato, mas sobre qualidade negativa doofendido;

Diferença entre calúnia e injúria:1) Calúnia versa sobre fato criminoso;2) Injúria recai sobre a qualidade negativa da vítima;

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:Calúnia, difamação e injúria não são crimes de perigo, mas crimesde lesão jurídica.São crimes formais – descreve o comportamento e o resultado, porémnão exige sua produção, não é necessário, no crime de calúnia, porexemplo, que o sujeito consiga obter o resultado, que é o dano àreputação do sujeito, sendo suficiente que o comportamento seja demodo a macular a sua honra objetiva.

SUJEITOS DO DELITO:Não são crimes próprios ou de mão própria, os crimes contra ahonra, podem ser cometidos por qualquer pessoa.Quanto aos sujeitos passivos é necessário considerar a qualidadee condições de determinadas pessoas que podem levar o intérprete,quanto a dúvida do delito.

a) Há de questionar-se se os desonrados podem ser sujeitospassivo dos crimes contra a honra. Cremos que até mesmos osdesonrados podem ser vítimas de calúnia, difamação einjúria, desde que o fato atinja a parte ainda não lesada.

b) Quanto aos doentes mentais, entende Dámasio, que podem serobjeto de difamação injúria e calunia, está ultima geravacontrovérsia doutrinária, mas sabemos que o doente mentalpode cometer um crime, deixando somente de ser aplicada apena, já que a culpabilidade é pressuposto da pena, e não dodelito.

c) Os menores de 18 anos, também podem ser sujeitos passivos doscrimes contra a honra, a doutrina clássica discordava quantoa calúnia, mas relembramos novamente o que foi dito sobre aculpabilidade; o crime é um fato típico e antijurídico, podeser cometido pelo menor de 18, mas por ser inimputável, seráisentado da pena, poi a culpabilidade é pressuposto da pena enão requisito do crime. A existência do crime contra honra demenor, deve ser observada no caso concreto.

d) A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de crime contra ahonra:

e) Parte da doutrina ensina que ela não tem sentimento dedignidade própria, uma vez que é entidade abstrata; Os seus

diretores ou representantes é que podem ser lesados em suahonra, quando a ofensa a entidade os fira.

f) Outra parte, afirma que pode ser sujeito passivo dedifamação ou injúria, uma vez que possui patrimônioparticular e até mesmo honra própria;

g) Uma terceira corrente entende que a pessoa jurídica não podeser sujeito passivo de calúnia e injúria, uma vez que nãopode ser sujeito de crime (o que a calúnia pressupõe) e nempossui honra subjetiva (objeto jurídico da injúria),podendo, inegavelmente, ser vítima de difamação, em face depossuir reputação e boa-fama (honra objetiva).Dámasio segueessa última orientação, pois Calunia é a falsa imputação defato definido como crime, se caluniar é atribuir a alguém aprática de um crime, e somente o homem pode ser sujeitoativo de um crime, evidente que só ele pode ser caluniado.Desta maneira a imputação caluniosa dirigida à uma pessoajurídica se resolve em calúnia contra as pessoas que adirigem. O mesmo ocorre em relação ao crime de Injúria(tutela a honra subjetiva), a pessoa jurídica não possuiconsciência de seu valor moral ou social ou da própriadignidade e decoro. Assim o fato se resolve em ofensa àhonra subjetiva das pessoa que compõe seu núcleo unitário. Omesmo não ocorre com a difamação, já que esta não cuida deatribuir à pessoa jurídica a prática de um crime ou umaqualidade injuriosa.

h) Caluniar Presidente da República, Presidente do SenadoFederal, da Câmara dos Deputados, e do STF, constitui delitode segurança Nacional, desde que haja motivação política; separticular trata-se de crime comum.

i) A primeira vista, parece que o morto pode ser vítima doscrimes contra a honra (CP. artigo 138, § 2°), ocorre que oultraje à memória dos mortos se reflete nas pessoas deseus parentes que são os sujeitos passivos.

j) Para que ocorra um crime contra honra é necessário que aofensa se dirija à pessoa determinada, não constituindo crimecontra honra atribuir aos católicos, comunistas, etc... apecha de desonestos, uma vez que não exista pessoadeterminada. Há de se ver que se a pecha for dirigida

contra várias pessoas, que não constituam um grupohomogêneo, haverá tantos crimes quantas forem as pessoas.

MEIOS DE EXECUÇÃOPodem ser cometidos por intermédio de palavras escrita ou oral,gestos e meios simbólicos.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOÉ suficiente a simples consciência do caráter ofensivo daspalavras ou atos ou é também necessário que o sujeito aja comdolo de dano ou com animus diffamandi vel injuriandi, isto é oelemento subjetivo do injusto.

Há três correntes a respeito:1) exige-se a intenção de lesar a honra alheia – (dolo de dano,direto ou eventual); basta a consciência que tem o sujeito deque sua conduta é apta a expressar um menoscabo a honra objetivaou subjetiva da vítima.2) basta a consciência do caráter lesivo da expressão ouimputação, é necessário que o sujeito venha a intenção de causarum efetivo dano à honra objetiva ou subjetiva do ofendido ou queassuma o risco de produzir esse resultado.

3) o animus diffamandi vel injuriandi é um elemento subjetivo doinjusto, exigido implicitamente no tipo. A tipicidade da condutadepende da vontade do sujeito.

Para Dámasio, os crimes contra a honra possuem dos elementossubjetivos do tipo:a) o dolo próprio do crime: dolo de dano, que pode ser direto oueventual;b) o elemento subjetivo do injusto;

É insuficiente a simples consciência do caráter lesivo daimputação ou expressão. Assim, os crimes contra a honra possuem umdolo próprio, concretizado na vontade de materializar os fatosdescritos nos vários tipos penais. E que o sujeito tenha vontadede atribuir a outrem um fato definido como crime (calúnia) ou deatribuir a terceira a prática de uma conduta ofensiva à sua

reputação (difamação) ou de ofender a dignidade ou decoro dosujeito passivo (injúria).Admite-se o dolo eventual quando o sujeito ativo assume o riscode produzir a lesão à honra objetiva ou subjetiva do sujeitopassivo.Além do dolo, é necessário que o sujeito aja com o elementosubjetivo do tipo próprio de cada figura delitiva. Ele pode agircom seriedade ou não. No primeiro caso, existe crime, no segundonão.

Não há delito quando o sujeito pratica o fato com ânimo diverso:1) Animus narrandi: a intenção do sujeito é apenas narrar um

fato, descrevendo sem vontade tendenciosa, o que viu e ouviu;2) Animus criticandi: se dirige crítica justa e sincera, com

propósito de apenas ajudar o criticado;3) Animus defendendi: o caso em que o sujeito para defender um

direito, necessita cometer um fato que configura, em tese,delito contra a honra, não há ilicitude;

4) Animus retorquendi : na retorsão de injúrias , não háexclusão de elementos subjetivos do tipo. Neste caso podehaver perdão judicial;

5) Animus jocandi: a intenção de gracejar, desacompanhada davontade de ofender, exclui os elementos subjetivos própriosdo crime contra honra;

6) Animus corrigendi: vontade de corrigir, presente naadmoestação de pais e responsáveis a seus filhos e protegidos, constitui exercício regular de direito;

CONSENTIMENTO DO OFENDIDO:Delitos contra honra, tratando-se de objetividade jurídicadisponível, o consentimento do ofendido capaz tem relevância.Presente inexiste crime.Em regra, a ação é exclusivamente privada, permitindo-se aextinção da punibilidade pela renúncia do direito de queixa epelo perdão aceito.O consentimento do representante legal do ofendido, entretanto, éirrelevante, não excluindo o delito.

IMUNIDADE PARLAMENTARDiferem as imunidades parlamentares, das imunidades diplomáticas,aquelas constituem, em partes, causas funcionais de exclusão dapena e, em parte privilégios processuais, estas não excluem ocrime e suas conseqüências, apenas colocando seus titulares forada jurisdição penal do país onde estão creditados.

A imunidade parlamentar pode ser:a) Material.b) Formal.

CALÚNIA – ARTIGO 138Calúnia

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido comocrime:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, apropala ou divulga.§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

Exceção da verdade

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, oofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº Ido art. 141;III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foiabsolvido por sentença irrecorrível.

GENERALIDADES1) HONRA SUBJETIVA é o sentimento de cada um a respeito de seus

atributos físicos, intelectuais, morais e demais dotes dapessoa humana. É aquilo que cada um pensa a respeito de simesmo em relação a tais atributos.

2) HONRA OBJETIVA é a reputação, aquilo que os outros pensam arespeito do cidadão no tocante a seus atributos físicos,intelectuais, morais etc.

3) HONRA COMUM é a que diz respeito ao cidadão como pessoahumana, independentemente da qualidade de suas atividades.

4) HONRA ESPECIAL OU PROFISSIONAL é aquela que se relaciona coma atividade particular de cada um.

A CALÚNIA E A DIFAMAÇÃO atingem a honra objetiva da vítima(reputação). Na calúnia e na difamação, o sujeito atribui a outrema prática de fato. No primeiro caso, deve ser descrito em lei comocrime; no segundo, macular sua reputação.

A INJÚRIA ofende a honra subjetiva do sujeito passivo (ferindo ahonra-dignidade ou a honra-decoro). Já na injúria, não existeatribuição de fato, porém imputação de qualidade negativa davítima, que diz respeito a seus atributos morais, físicos ouintelectuais.

TUTELA É A HONRA OBJETIVA – REPUTAÇÃO.

CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA: DISTINÇÕES: Enquanto na calúnia existe imputação de fato definido como crime,na difamação o fato é meramente ofensivo à reputação do ofendido.Além disso, o tipo da calúnia exige o elemento normativo dafalsidade da imputação, o que é irrelevante no delito dedifamação, salvo na hipótese do parágrafo único do art. 139.Enquanto na injúria o fato versa sobre qualidade negativa davítima, ofendendo-lhe a honra subjetiva, na difamação e na calúniahá ofensa à reputação, versando sobre fato a ela ofensivo oucriminoso..

SUJEITOSSUJEITO ATIVO: qualquer pessoa;

SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa

FIGURAS TÍPICASA descrição da calúnia apresenta o seguintes tipos penais:

a) tipo fundamental - CP. Art. 138, caput;b) subtipos- CP. Art. 138, § 1°;

c) norma penal explicativa- CP. Art. 138, § 2°;d) norma penal de extensão - CP. Art. 138, § 3°;

NÚCLEOS DO TIPODescrição do tipo de calúnia contém verbos imputar (atribuiralguém a responsabilidade pela prática de algum fato), propalar (éo relato verbal) e divulgar (narrar algum fato por qualquer meio).

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPOCalúnia exige um elemento normativo, contido na expressão“falsamente”. É necessária que seja falsa a imputação formuladapelo sujeito. Se verdadeira, não existe crime de calúnia.

A falsidade da imputação pode recair:a) sobre o fato: o fato atribuído à vítima não ocorreub) sobre a autoria do fato criminoso: o fato criminoso ocorreu,sendo falsa a imputação de autoria;

Excepcionalmente, há uma hipótese em que, não obstante verdadeiraa imputação, inexiste crime de calúnia, ela está descrita noscasos do artigo 138, § 3°, CP. Como veremos posteriormente.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOÉ em primeiro lugar o dolo de dano. Pode ser direto, quando tema intenção de macular a reputação da vítima; e eventual: quandotem dúvida sobre a veracidade da imputação.Se o agente agindo de boa-fé, supõe erroneamente que é verdadeiraa imputação: existe erro de tipo, que incide sobre o elementonormativo do tipo “falsamente”, neste caso o agente não respondepor calúnia em face da atipicidade causada pela ausência de dolo.

FATO DEFINIDO COMO CRIMEPara configurar o delito de calúnia é necessário que o sujeitoatribua ao ofendido , falsamente a prática de fato definido comocrime – se contravenção não existe crime de calúnia, mas dedifamação.Não existe Calúnia – se chamar alguém de ladrão, pois não está seatribuindo nenhum fato, mas atribuindo uma qualidade negativa.Tratando-se de injúria. Na dúvida sobre ser o fato configurado

como calúnia, deve orientar-se pelo delito de menor gravidade –injúria.Não configura calúnia a imputação de fato inverossímil

FATO DETERMINADO: É exigido na imputação. Com indicação deautoria, tempo e lugar. Não se exigem detalhes. Deve permitir ainiciativa do Ministério Público.

Excesso do advogado: Por ele não responde o cliente.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

1) Crime Formal: a definição legal descreve o comportamento e oresultado visado pelo agente, mas NÃO exige sua produção, que é odano a honra objetiva da vítima – reputação.2) Crime Instantâneo: consumando-se em certo e exato momento, nãoé assim delito permanente;3) Crime Simples: a calúnia atinge sempre um só objetivojurídico: o direito a honra objetiva;4) Crime Comum: pode ser cometida por qualquer pessoa;5) Delito Comissivo: não pode ser praticado por omissão;6) Crime Unissubsistente ou Plurissubsistente: respectivamente:por via verbal e por escrito, interfere na possibilidade datentativa.

FORMAS DE CALÚNIACalúnia pode ser:a) inequívoca ou explícita; "fulano de tal é o sujeito que apolícia está procurando pela prática de vários estupros";b) equívoca ou implícita; "não fui eu que, durante muitos anos, meagasalhei nos cofres públicos";c) reflexa; dizer que um promotor público deixou de denunciar umindiciado porque foi subornado. O indiciado também é vítima decalúnia.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVAOcorre no instante em que a imputação chega ao conhecimento deum terceiro que não a vítima . Não é necessário que um númeroindeterminado de pessoas, tome conhecimento, suficiente que apenasUMA saiba da atribuição falsa.Calúnia verbal, não admite tentativa, o sujeito diz a imputação eo fato está consumado. Já a escrita admite tentativa, v.g. quandoa carta contendo a calúnia se extravia.

PROPALAÇÃO E DIVULGAÇÃO - ARTIGO 138, § 1º Propalar – relatar verbalmente;Divulgar: relatar por qualquer outro meio.Sujeito pratica fato com dolo direto de dano; O dolo eventual nãoé suficiente. O tipo exige o conhecimento da falsidade daimputação. O tipo fundamental do caput admite dolo direto oueventual (sujeito tem dúvida sobre a imputação), este subtipo éimprescindível que o sujeito tenha vontade direta de causar danoà honra alheia, conhecendo perfeitamente a falsidade daimputação.A transmissão à uma única pessoa, no caso do subtipo, configura odelito, pois esta única pessoa pode propalar para as demais.No subtipo, não se admite tentativa, ou conta o que ouviu ou nãoconta. A propalação e a divulgação são condutas do sujeito e nãoresultado do crime. A propalação e a divulgação não admitem atentativa. Ou o sujeito conta o que ouviu ou não conta. Naprimeira hipótese o tipo está perfeito; na segunda, não há condutajuridicamente relevante.

CALÚNIA CONTRA A MEMÓRIA DOS MORTOS - ARTIGO 138, §2ºO morto não é sujeito passivo do crime, sendo sujeitos passivos, ocônjuge , o ascendente, o descendente ou o irmão. São titulares daobjetividade jurídica do crime, que se reflete na honra dosparentes sobrevivos. Inexiste difamação ou injúria contra osmortos, não pode o artigo ser empregado extensivamente.

LIBERDADE DE CENSURA E EXCEÇÃO DA VERDADEAtividades podem ser públicas ou privadas. No primeiro caso, fala-se em honra pública, em face da função pública exercida pelohomem; no segundo caso é a honra privada, o homem frente as suasatividades particulares.

O sujeito pode livremente censurar o comportamento alheio denatureza pública ou privada - Existe , de forma absoluta, adenominada libertas conviciandi -A liberdade de censura não é absoluta mais relativa. Se absolutahaveria o caos.A legislação penal, disciplina a matéria, regulando os casos emque é admissível a censura do comportamento alheio.Não se admite a liberdade de censura, salvo na calúnia , poisexiste interesse na descoberta de um crime. Nas atividades públicas ou administrativas admite-se a liberdadede censura, salvo exceções legais.O CP. brasileiro, admitiu um sistema misto. Na calúnia admite-se a liberdade de censura a atividade públicae privada, salvo nos casos do § 3° do artigo 138 do CP.Na Difamação, é admissível a liberdade de censura SÓ quanto àatividade pública ou administrativa.

Na injúria não é admissível a liberdade de censura, inexiste nessedelito a imputação de um fato, mas sim de uma qualidade negativada vítima, sendo por isso inadmissível prova de verdade.Nos casos em que o CP. admite a prova da verdade (exceção daverdade), está admitindo a liberdade de censura.

Exceção da verdade (exceptio veritatis) é a prova da veracidadedo fato imputado. Para existir a calúnia é necessário que sejafalsa a imputação, como ocorre com o delito da calúnia. Assim,quando verdadeira a imputação, não existe crime de calúnia. Seprocessado por calúnia, que a imputação era verdadeira, o ofendidorealmente praticou o crime, deve ser absolvido por ausência detipicidade. Calúnia é a imputação falsa do fato descrito comocrime. Se a imputação não é falsa, mas verdadeira, inexiste taldelito por ausência de adequação típica. Mas nem sempre o réu podeprovar a verdade. Há casos que, pela sua natureza, não permitem aexceção da verdade. São os previstos no parágrafo 3° do artigo138.

TAXATIVIDADE: Os casos de exceção da verdade não podem serampliados.

CASOS DO 3° DO ARTIGO 138:INCISO I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada,o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível :em certos casos, a conduta do sujeito lesa interesse jurídico detal relevância que a ação penal deve ser iniciada sem manifestaçãoda vontade de qualquer pessoa, outras vezes a objetividadejurídica do crime corresponde ao interesse vinculadoexclusivamente particular, pelo que o Estado lhe outorga atitularidade da ação penal – ação penal privada.Em face da natureza da ação penal, somente a vítima ou seurepresentante legal tem o legítimo interesse de ver provado ofato, a fim de que seja condenado o autor da infração. Terceirapessoa não pode, de forma, alguma pretender a forma do crime.Suponha-se que Pedro calunie Antonio, imputando-lhe crime desedução contra Maria. Processado Pedro, na ação penal por crimede calúnia, NÃO pode argüir exceção da verdade pretendendo provarque realmente Antonio seduziu Maria. A vítima e seu representantelegal, preferiram silenciar, não oferecendo queixa e instaurando aação penal. Se Pedro pudesse na ação penal de calúnia provar aprática da sedução, anularia o princípio da disponibilidade daação penal de natureza privada. Se Antonio já tivesse sofridosentença condenatória irrecorrível pela prática da sedução. Nestahipótese, a exceção da verdade não estaria impedida.Não se admite a prova da verdade. A proibição visa a resguardar obom nome da parte ofendida por infração só punível mediante açãoprivada

INCISO II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadasno n. I do art. 141: O sujeito processado por calúnia cometida contra Presidente daRepública e Chefe de Governo Estrangeiro, e, não pode provar averdade, pretende que o CP. que terceiros não interfiram noexercício do cargo. No caso de Chefe de Governo Estrangeiro,constitui um respeito à essa figura. Cumpre observar que a calúniacontra o Presidente da República constitui crime contra aSegurança Nacional, descrito no art. 26 da Lei n. 7.170, de 14 dedezembro de 1983, desde que haja motivação política. Se particularo motivo, trata-se de crime comum. Assim, calúnia contra o

Presidente da República se resolve em delito contra a SegurançaNacional ou comum, sendo incabível a prova da verdade.

INCISO III – se do crime imputado, embora de ação pública, oofendido foi absolvido por sentença irrecorrível : o crimeimputado de ação penal pública ou privada, o ofendido pelo crimeda calúnia foi absolvido por sentença transitada em julgado, acoisa julgada impede a prova da verdade. Se a justiça , porintermédio de sentença irrecorrível, decidiu pela improcedênciada acusação, não pode o caluniador pretender demonstrar averacidade do fato. Se ocorreu a extinção da punibilidade emrelação ao crime anterior: a exceção da verdade é cabível, uma vezque não houve apreciação do mérito (o sujeito não foi absolvido).

DIFAMAÇÃO – ARTIGO 139Difamação

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Exceção da verdade

Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendidoé funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suasfunções.

CONCEITOProtege a honra objetiva – Reputação.

Difere da calúnia e da injúria. Na calúnia existe imputação defato definido como crime, na difamação o fato é meramente ofensivo

a reputação do ofendido. Além disso, exige a calunia o elementonormativo da falsidade da imputação, irrelevante para difamação.Já a injúria, o fato versa sobre a qualidade negativa da vítima,ofendendo-lhe a honra subjetiva, enquanto na difamação há ofensa àreputação do ofendido, versando sobre fato a ela ofensivo.

A difamação absorve a injúria

SUJEITOS DO DELITO1 Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo e passivo. Deve ser

determinada e identificada. Pode ser inclusive a pessoa jurídica2 Doentes mentais: Podem ser difamados.3 Memória dos mortos: Não há difamação contra ela. O disposto no

art. 138, § 2º, deste Código, que admite calúnia contra ela, nãopode ser aplicado extensivamente.

CONDUTA TÍPICAVerbo imputar – significa atribuir, no caso o sujeito afirma arealização de uma conduta, por parte do sujeito passivo, capaz demacular a sua reputação – honra objetiva.Deve ser fato determinado, não precisando ser pormenorizado.Narração vaga e indeterminada: não há crime ou existe injúria.Não pode ser criminoso, se o for haverá calúnia. Pode sercontravenção.Pode ser falso ou verdadeiro, , salvo na hipótese do funcionáriopúblico ofendido em razão de suas funções. o propalador(divulgador) também comete o crime de difamação, embora não trateo artigo. Imputações que constituem difamação: "Prática de sadismo contraanimais; dizer que a vítima tem "o costume de relacionar-sesexualmente com muitos homens".

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOÉ duplo – exige-se dolo de dano direto ou eventual, além dele,necessita-se um elemento subjetivo do tipo, que se expressa nocunho da seriedade que o sujeito imprime à sua conduta.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

1 Delito Formal: não exige para sua consumação a efetiva lesãodo bem jurídico, contentando-se com a possibilidade de talviolação. Basta que o fato seja capaz de macular a honraobjetiva da vítima. Não necessita do prejuízo.

2 Delito Simples: ofende um só bem jurídico – honra objetiva.3 Delito Comum: cometido por qualquer pessoa;4 Delito Comissivo: não admite forma omissiva, não há difamação

por omissão.5 Crime Unissubsistente: uma vez que se perfaz num só ato; Se por

meio escrito , cuida-se de crime plurissubsistente, que exigemais de um ato para sua realização. (escrito e tomada deconhecimento de seu conteúdo pelo destinatário).

MOMENTO CONSUMATIVOA difamação atinge o momento consumativo, quando um terceiro, quenão o ofendido, toma conhecimento da imputação ofensiva àreputação. FORMAL, a difamação não exige, para a sua consumação, aefetiva lesão do bem jurídico, contentando-se com a possibilidadede tal violação. Basta, para a sua existência, que o fato imputadoseja capaz de macular a honra objetiva. Não é preciso que oofendido seja prejudicado pela imputação. Tentativa inadmissível,quando o fato cometido oralmente, admissível por palavra escrita.

EXCEÇÃO DA VERDADE – ARTIGO 139 – parágrafo únicoA execeção da verdade somente é admitida se o ofendido éfuncionário público, e a ofensa é relativa as suas funções. Não exige a falsidade da imputação como ocorre na calúnia,irrelevante, que o fato seja falso ou verdadeiro.Excepcionalmente, entretanto, o legislador permite a prova daverdade quando se trata de imputação de fato ofensivo à reputaçãode funcionário público, desde que haja relação causal entre o fatoe a função pública.Fundamenta-se no resguardo da honorabilidade da função pública.Ë preciso que ao tempo da prova da verdade , a pessoa ofendidaesteja no exercício da função pública, caso contrário não seadmite a exceptio veritatis. Isso porque o parágrafo único serefere à permissibilidade quando o ofendido "é funcionário

público". Assim, o Código Penal exige contemporaneidade entre aprova da verdade e o exercício da função.

INJÚRIA – ARTIGO 140

Injúria

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente ainjúria;II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, porsua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além dapena correspondente à violência.

§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes araça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ouportadora de deficiência:

Pena - reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICADignidade é o sentimento próprio a respeito dos atributos moraisdo cidadão. Decoro é a honra subjetiva da pessoa, que constitui osentimento próprio a respeito a respeito dos atributos físicos eintelectuais da pessoa humana.

Assim: HONRA SUBJETIVA – divide-se em:1) Honra-dignidade ==> atributos morais;2) Honra-decoro ==> atributos físicos e intelectuais;

Na injúria não há atribuição de fato, mas de qualidade negativa dosujeito, NÃO se admite prova da verdade. Havendo dúvida a respeitode atribuição de fato ou de qualidade negativa, o intérprete devepreferir a injúria.

Injúria diferente de desacato, este exige a presença defuncionário público, sendo o fato realizado em razão e por ocasiãodo exercício da função. Ausente o ofendido no momento da práticadelituosa ainda que realizada em razão de sua função, o fatoconstituirá injúria qualificada. A injúria é absorvida pelodesacato e pela difamação.

SUJEITOSSUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.

SUJEITO PASSIVO: Pode ser cometida contra qualquer pessoa, desdeque tenha capacidade de compreensão do conteúdo da expressão ouatitude ultrajante.

MENORES: Podem ser injuriados, dependendo da capacidade decompreensão da expressão ou atitude ofensiva. É risível dizer quehá injúria no fato de alguém afirmar que um menor, de dois anos deidade, é desonesto.

PESSOA JURÍDICA: Não pode ser injuriada, resolvendo-se em crimecontra seus representantes. Na Lei de Imprensa pode.

Memória dos mortos; Não pode ser injuriada. O disposto no art.138, § 2º, deste Código, que descreve como delito a calúnia contraa memória dos mortos, não pode ser empregado extensivamente.

Doentes mentais: Podem ser injuriados. Por exemplo: chamar umdeles de "tarado". Isso depende, entretanto, de sua residualcapacidade de compreender a expressão ofensiva.

Expressões que configuram injúria: Chamar alguém de "ladrão";"farsante"; "salafrário"; "vagabundo"; "comerciante incapaz";"incompetente para o cargo"; "incapaz"; "ignorante"; "relapso",“hipócrita” "devedor relapso; "cornudo; "caloteiro";"incompetente"

Atitudes que configuram injúria: Despejar saco de lixo na porta doapartamento da vítima; afixar papel com expressões ofensivas naporta da loja da vítima.

Expressões e atitudes que não configuram injúria: Meramentedeselegantes; referência a alguém como "indivíduo de profissãoignorada"; impedir que um estranho entre nas dependências de umclube; beijo na face (não consentido); linguagem meramente vivaz;crítica sem ofensa.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOÉ punida a título de duplo elemento subjetivo: primeiramente dolode dano, direto ou eventual, consubstanciado na vontade de causardano à honra subjetiva da vítima. (honra-dignidade e honra-decoro)Dolo de dano não é suficiente para integrar o tipo, imprescindívelque o sujeito aja com denominado elemento subjetivo do tipo, queimprima com seriedade sua conduta. Algumas expressões trazemínsito o dolo de lesar a honra alheia (dolus in re ipsa). Aexpressão, por si só, é suficiente para retratar a intenção lesivado agente, sendo difícil demonstrar a ausência da vontade deofender. É impossível, por exemplo, não se tratando de atitudejocandi animo, chamar alguém de "canalha" sem consciência de que aexpressão atinge a sua honra subjetiva. Trata-se, entretanto, deuma presunção relativa, cabendo ao ofensor a tarefa de demonstrarnão ter agido com o dolo próprio do crime.

Dispensa de dano efetivo: Para que exista a injúria não énecessário que a vítima sinta-se ofendida. É suficiente que aatribuição de qualidade negativa seja capaz de ofender um homemprudente e de discernimento. Por isso, é delito formal com dolo dedano. O sujeito deseja ofender a vítima. Entretanto, para queexista, não é necessário que ocorra esse resultado. Basta apossibilidade de sua produção.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

1) Delito Formal: não é necessário que a vítima se sintaofendida, suficiente que a atribuição de qualidade negativa,seja capaz de ofender um homem prudente e de discernimento

2) Delito Comum: cometido por qualquer pessoa;

3) Delito Incondicionado: não estando subordinado a qualquercondição objetiva de punibilidade;

4) Delito de Forma Livre: praticado por qualquer meio deexecução;

5) Delito Instantâneo: a consumação não se protrai no tempo,ocorre quando o ofendido toma conhecimento da atribuição dequalidade negativa.

6) Delito Comissivo: perfaz-se com uma conduta de fazer. Aconduta omissiva, dificilmente ocorre na prática, sódoutrinariamente.

7) Crime de Impressão: o dolo do sujeito se dirige a produzirimpressão vexatória no ofendido;

8) Delito Simples: atinge um só bem jurídico – hora subjetiva –A injúria real, é crime complexo, ofende dois bensjurídicos: honra subjetiva e incolumidade física.

9) Delito Unissubsistente: se integra em um só ato; quando porescrito Delito Plurissubisistente: exige mais de um ato, (oescrito e a tomada de conhecimento de seu conteúdo injuriosopelo ofendido).

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVAConsuma-se com a tomada de conhecimento pelo ofendido daimputação de qualidade negativa, prescindível que o fato sejacometido em sua presença, pode saber por terceiro.Tratando-se de fato cometido na frente de funcionário público, emrazão de sua função, trata-se de desacato.Injúria cometida por meio escrito, admite TENTATIVA, por meioverbal não.NÃO admite prova da verdade.

PERDÃO JUDICIAL - CP. ART. 140, § 1º NATUREZA PENAL: As hipóteses de provocação de injúria e deretorsão constituem casos de perdão judicial. A sentença queconcede o perdão judicial é condenatória, somente livrando o réudos efeitos principais da condenação, subsistindo o lançamento deseu nome no rol dos culpados, pagamento das custas e demaisefeitos secundários da condenação penal (salvo a reincidência, nostermos do art. 120 do CP). O juiz deve efetivamente condenar oréu, livrando-o tão-somente da pena. Cuida-se de causa extintivada punibilidade (CP, art. 107, IX). Para o STJ, entretanto, a

sentença é meramente declaratória da extinção da punibilidade(Súmula 18).

O juiz pode deixar de aplicar a pena em dois casos:

a) quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente ainjúria (a expressão diretamente significa face a face, a partesdevem estar presentes).

b) no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria: Ofundamento do perdão se encontra no fato de que as partes seofendendo mutuamente , já se puniram. O termo imediata exige umasucessão instantânea de injurias. É admissível retorsão deinjúrias escritas. Quem inicia a discussão ofensiva não podealegar a retorsão Não há retorsão a ofensa passada Se a retorsãoconsiste em difamação: Só há retorsão de injúrias. Se o revideconfigura difamação o sujeito responde pelo crime do art. 139.

RETORSÃO OU PROVOCAÇÃO PUTATIVAS: É cabível o perdão judicial nocaso de retorsão ou provocação putativa, que ocorrem quando osujeito por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,supõe a provocação reprovável, injuriando o provocador, ou, nocaso da retorsão de injúrias, onde o sujeito pelas mesma razões,supõe vítima de expressões injuriantes, vindo a injuriar o supostoautor das expressões ofensivas. Aplica-se, por analogia, o artigo20, § 1° do CP

Embora empregue pode, o CP, trata-se de um direito do réu, e nãouma faculdade, no sentido de o juiz poder ou não aplicá-lo,segundo seu puro arbítrio. Desde que presentes as circunstânciasdo tipo, o juiz está obrigado a deixar de aplicar a pena.

INJÚRIA REAL- ARTIGO 140, § 2º Consiste em violência ou vias de fato, que pela sua natureza oupelo meio empregado, se consideram aviltantes.Pode ser cometida por intermédio de violência (lesão corporaltentada ou consumada, em qualquer de suas formas: leve, grave ougravíssima.) ou vias de fato (deve-se entender todocomportamento agressivo dirigida a outrem, desde que dele nãoresulte lesão corporal). Quando o sujeito comete injúria real empregando vias de fato,estas são absorvidas pelo delito de maior gravidade.

Quando a injúria é cometida por meio de lesão corporal o sujeitoresponde por dois crimes em concurso material: injúria real elesão corporal.É o que determina o preceito sancionador da injúria real: “Pena:detenção, de três meses a um ano , e multa , além da penacorrespondente à violência” (grifo nosso).Trata-se de hipótese deconcurso formal, em que se considera, na fixação da pena, oprincípio do concurso material. (CP, art. 70, 2ª parte).O emprego de vias de fato ou violência, por sua natureza ou pelomeio empregado, deve ser aviltante. Exemplos de vias de fato ou violências desonrosas por suanatureza: bofetada; rasgar o vestido de uma mulher; levantar assaias de uma senhora; arrancar um fio de barba de um velho comintenção ultrajante; cavalgar a vítima; virar o paletó do ofendidopelo avesso; pintar o rosto de alguém com piche, bater em alguémcom um rebenque; atirar-lhe excremento (Nélson Hungria).

ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO: Os mesmos do caput (dolo e intençãode humilhar).

INJÚRIA QUALIFICADA (§ 3º)Preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem: O art. 2º daLei n. 9.459, de 13 de maio de 1997, acrescentou um tipoqualificado ao delito de injúria, impondo penas de reclusão, de uma três anos, e multa, se cometida mediante "utilização deelementos referentes a raça, cor, religião ou origem".

ELEMENTO SUBJETIVO: Além do dolo próprio da injúria, consistentena vontade de ultrajar, o tipo requer a consciência de que osujeito está ofendendo a vítima por causa de sua origem, religião,raça etc.

DISPOSIÇÕES COMUNS DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Disposições comuns

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, sequalquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governoestrangeiro;II - contra funcionário público, em razão de suas funções;III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite adivulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora dedeficiência, exceto no caso de injúria

Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa derecompensa, aplica-se a pena em dobro.

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 141 OFENSA À HONRA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (I) - I - contra oPresidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiroOfensa à honra do Presidente da República – calúnia ou difamação –constitui crime de Segurança Nacional, desde que haja motivaçãopolítica e lesão real ou potencial aos bens jurídicos inerentes àSegurança Nacional. (Lei n. 7.170, de 14-12-1983, arts. 1º, 2º e26). Ausentes esses dois requisitos, cuida-se de crime comum,incidindo a causa de aumento de pena (ou a Lei de Imprensa). Ainjúria, com ou sem motivação política, constitui delito comum,ensejando a agravação da pena.A expressão Presidente da República, não deve ser tomada emsentido estrito, sendo conveniente que interprete-se abrangendoa figura do Primeiro Ministro.

Delitos contra a honra do vice-presidente da República, dosministros de Estado, governadores de Estado, do Distrito Federalou de Territórios: São punidos de acordo com o Código Penal ou a

Lei de Imprensa (CP, arts. 138 a 141; Lei n. 5.250, de 9-2-1967,arts. 20 a 23). Quando se cuida de crime comum, aplicável o CódigoPenal, incidem os arts. 138 (calúnia), 139 (difamação) e 140(injúria). Tratando-se de crime de imprensa, a calúnia, adifamação e a injúria se encontram descritas nos arts. 20 a 22 dalei especial, agravadas as penas quando cometidas contra ospresidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e do SupremoTribunal Federal (Lei n. 5.250/67, art. 23, I).

Crime contra a honra de órgãos ou entidades que exercem autoridadepública: O fato só é punível quando praticado por meio da imprensa(Lei n. 5.250/67, arts. 20 a 22, e 23, III). Não se encontradescrito no Código Penal nem na Lei de Segurança Nacional.

Ofensa à honra de Chefe de Governo Estrangeiro, com ou semotivação política , configura delito comum, com aumento de pena.

CRIME CONTRA FUNCIONÁRIO PÚBLICO, EM RAZÃO DE SUAS FUNÇÕES (II) -II - contra funcionário público, em razão de suas funçõesOcorre, quando o ofendido é funcionário público, desde que hajarelação de causalidade entre o fato e o exercício da função.Difere do desacato, na medida que neste a ofensa é praticada napresença do ofendido (funcionário público). Já a Segundaqualificadora, é praticada em sua ausência.Tratando-se de fato da vida privada do funcionário público: nãoincide a causa de aumento de pena.Não há razão para a majorante quando a ofensa é irrogada emmomento em que o ofendido não é mais funcionário público, emboraem razão da função que exercia.

CRIME COMETIDO NA PRESENÇA DE VÁRIAS PESSOAS (III) - na presençade várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação dacalúnia, da difamação ou da injúria. Exige-se no mínimo que sejamtrês, não ingressando no cômputo no ofendido e o co-autor oupartícipe. Para ser computada é preciso que a pessoa tenhacapacidade de entender a ofensa. Desta forma, não podem ingressarno cômputo os surdos, cegos, loucos e crianças, desde que nãotenham, no momento do fato, condição de entender o seu caráterofensivo à honra do sujeito passivo.

MEIO DE FÁCIL DIVULGAÇÃO DA OFENSA (III) - na presença de váriaspessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, dadifamação ou da injúria.

O Código também pune mais severamente, por fato cometido por meioque facilite a divulgação da calúnia, difamação e injúria (cinema,rádio, televisão, jornal, etc..)Se praticado o fato mediante execução comum, e posteriormente pelaimprensa, é delito comum e único. Quando, entretanto, cometido ofato por meio comum, e reiterado pelo sujeito através da imprensa,há dois crimes.

VÍTIMA MAIOR DE 60 ANOS OU PORTADORA DE DEFICIÊNCIA (EXCETUA-SE AINJÚRIA) (IV):a agravação só incide se o sujeito sabia da idade ouda condição do sujeito passivo. Em se tratando de injúria,observa-se o disposto no art. 140 § 3°.

PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA (PARÁGRAFO ÚNICO). Se o crime écometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a penaem dobro.Por fim deve ser aplicada em dobro se a calúnia difamação einjúria são cometidas mediante paga ou promessa de recompensa. Noprimeiro caso o fato é praticado após o sujeito ter recebido odinheiro ou qualquer vantagem, no segundo: o comportamento érealizado com o fim da obtenção da vantagem – nesta hipótese nãose exige o efetivo pagamento, basta que o fato seja cometido comsua finalidade.

Exclusão do crime

Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parteou por seu procurador;II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística oucientífica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar oudifamar;III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, emapreciação ou informação que preste no cumprimento de dever doofício.

Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria oupela difamação quem lhe dá publicidade.

CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE-ARTIGO 142Aplica-se à injuria e a difamação, EXCLUI-SE A CALÚNIA , uma vezque nesta hipótese tem o Estado o interesse de descobrir a práticade crimes.EFEITO: Não há crime de injúria ou difamação por ausência deilicitude.

1) IMUNIDADE JUDICIÁRIA Em primeiro lugar é necessário que a ofensa seja praticada emjuízo, na discussão da causa contenciosa, voluntária ouadministrativa. Pode ser oral (alegações em audiência, debates nojulgamento do júri etc.) ou escrita (petição, alegações, razões derecurso etc.). É necessário que a ofensa seja praticada em juízo,na discussão da causa contenciosa, voluntária ou administrativa.Assim, deve exigir-se nexo de causalidade entre a ofensa e osdebates.

Partes são o autor, o réu, o chamado à autoria, o assistente, olitisconsorte, o terceiro prejudicado que recorre, os interessadosno inventário, etc.. Procurador é o advogado, solicitador e oprovisionado. O MP. embora formal também é parte. O tipopermissivo não faz nenhuma restrição quanto a pessoa ofendida.Não há imunidade quando a ofensa é feita fora do processo.(exemplo: no recinto do fórum).

IMUNIDADE PENAL (MATERIAL) DO ADVOGADO: A Constituição Federal de1988, em seu art. 133, tornou o advogado "inviolável por seus atose manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei".Concedeu-lhe a imunidade penal judiciária (material), semelhante àdos parlamentares (CF, art. 53, caput). Vide art. 7º, § 2º, da Lein. 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da Advocacia e da OAB).Trata-se da causa de isenção profissional de pena, com efeitoextintivo da punibilidade (da pretensão punitiva). Significa quenão responde por eventuais delitos contidos em seus atos emanifestações orais e por escrito (petições, razões, debatesetc.), como a calúnia, a difamação, a injúria e o desacato. Impedeo inquérito policial e a ação penal. Exige-se estreita relaçãoentre a eventual ofensa e o exercício da profissão (defesa de umdireito). A indenidade não pretende liberar abusos, tanto que adisposição constitucional a impõe "nos limites da lei. Inquéritos

policiais ou ações penais em andamento: deve ser declarada aextinção da punibilidade.

2) IMUNIDADE LITERÁRIA ETC.Não constitui injúria ou difamação a opinião desfavorável dacrítica literária, artística, ou científica, salvo quando hinequívoca intenção de injuriar ou difamar. Uma crítica prudente,seja de natureza literária, artística, ou científica, não trazem si o cunho da ilicitude. É comportamento absolutamente normalque escapa à esfera da punição legal.

3) IMUNIDADE FUNCIONAL Não há conduta ilícita no conceito desfavorável emitido porfuncionário público, em apreciação ou informação que preste nocumprimento do dever de ofício. Por exemplo: a autoridadepolicial, no relatório do inquérito policial, dá informações arespeito dos péssimos antecedentes do indiciado.. São funcionáriospúblicos: os deputados, prefeitos municipais; magistrados;senadores; vereadores. Não é funcionário público: a testemunha.

VEREADORES: A Constituição Federal de 1988, em seu art. 29, VI,concedeu-lhes a imunidade parlamentar penal (material): sãoinvioláveis por suas opiniões, palavras e votos no exercício domandato e na circunscrição do Município. No sentido de que setrata de imunidade material. Cuida-se de causa funcional deisenção de pena, semelhante às causas extintivas da punibilidadedo art. 107 do Código Penal. Ela extingue a pretensão punitiva.Impede o inquérito policial e a ação penal. Significa que osvereadores não respondem pelos delitos de opinião, como a calúnia,a difamação e a injúria. Exige-se que o fato seja cometido noexercício do mandato, i. e., que tenha estrita relação com oexercício da função. No concurso de pessoas, não se estende aoterceiro. Da combinação dos arts. 29, VI, da Constituição Federal,e 142, III, do Código Penal, resulta o seguinte, tendo em vista anatureza jurídica das causas: tratando-se de difamação e injúria,há exclusão da ilicitude, incidindo o Código Penal; cuidando-se decalúnia, não se aplica o Código Penal e sim a ConstituiçãoFederal. No primeiro caso não há crime; no segundo, há, poréminexiste a pretensão punitiva.

Retratação

Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente dacalúnia ou da difamação, fica isento de pena.

RETRATAÇÃO – ARTIGO 143Retratar-se significa desdizer-se , retirar o que foi dito,confessar que errou.Em regra , a retratação do sujeito não têm relevância jurídica,funcionando somente como circunstância judicial na aplicação dapena.(CP, art. 59, caput). Excepcionalmente, o estatuto penal lheempresta força extintiva da punibilidade. Nos termos do art. 107,VI, extingue-se a punibilidade pela retratação do agente, noscasos em que a lei a admite. Um deles está previsto nodispositivo. Não é caso de absolvição

Excepcionalmente o estatuto lhe empresta força extintiva dapunibilidade.

A RETRATAÇÃO SÓ É CABÍVEL NA CALÚNIA E NA DIFAMAÇÃO SENDOINADMISSÍVEL NA INJÚRIA. Na calúnia e na difamação incidem sobre imputação de fatoatribuído pelo ofensor ao ofendido, conduta definida como crime(calúnia) ou ofensiva à sua reputação (difamação).Assim importa a vítima que o ofensor se retrate , negando que elapraticou o fato imputado. Na injúria não há imputação de fato, masatribuição ao ofendido de qualidade negativa, ofensiva à suahonra subjetiva. Em face disso a retratação do ofensor retirandoa qualidade negativa atribuída à vítima, não importa a esta, masao contrário, pode ainda mais macular a sua dignidade e decoro.Ex.: se o ofensor chama a vítima de ignorante, afirmandoposteriormente que é sábio, não repara o dano, podendo causar danomaior.

Retratação: nos crimes de difamação e calúnia só é possível quandose trata de ação penal privada, uma vez que no artigo 143 fala em“querelado”, réu na ação penal privativa do ofendido.

Expressão “antes da sentença”, significa, antes do juiz proferir asentença , não se tratando de decisão irrecorrível, admite-se aretratação até o momento anterior a sua publicação. É precisoque seja cabal, abrangendo tudo o que foi dito pelo ofensor.

Trata-se de circunstância subjetiva e incomunicável em caso deconcurso de agentes. NÃO depende de aceitação da vítima.

Deve ser incondicional e Unilateral:

Concurso de crimes: Por exemplo, calúnia e difamação, a retrataçãosó aproveita em relação ao delito a que se refere.

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia,difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações emjuízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dásatisfatórias, responde pela ofensa.

PEDIDO DE EXPLICAÇÃO EM JUÍZ- ARTIGO 144Pode ocorrer que o sujeito manifeste frase em que não se mostrecom evidência a intenção de caluniar, difamar ou injuriar,causando no intérprete quanto à sua significação. Neste casoaquele que se sente ultrajado pode, ao invés de requerer ainstauração do inquérito policial ou iniciar a ação penal, pedirexplicações ao ofensor.

NÃO É CABÍVEL: 1) quando o fato imputado se encontra acobertado por causa

excludente da ilicitude (CP, art. 142) ou extintiva dapunibilidade (decadência etc.).

2) quando as expressões são claras, de fácil compreensão, nãocausando dúvida a respeito da existência objetiva da ofensa.

3) quando não há ofensa.

RESPONSABILIDADE PELA OFENSA: A redação do dispositivo éimperfeita. Sua segunda parte dá a entender que se o pretensoofensor se recusa a dar explicações em juízo, ou as dáinsatisfatórias, o juiz pode condená-lo no processo do pedido.Isso, porém, não ocorre.O pedido de explicações em juízo segue o rito processual dasnotificações avulsas. Requerido, o juiz determina a notificaçãodo autor da frase para vire explicá-la em juízo. Fornecida aexplicação, ou no caso da recusa, certificada esta nos autos, ojuiz simplesmente faz com que os autos sejam entregues aorequerente. Com eles, aquele que se sentiu ofendido podeingressar em juízo com a ação penal por crime contra a honra ourequerer a instauração do inquérito policial. Deve-se notar que ojuiz não julga a recusa ou a natureza das explicações. Havendo

ação penal, é na fase do recebimento da queixa que o juiz, à vistadas explicações, irá analisar a matéria, recebendo a peça inicialou a rejeitando, considerando, inclusive, para isso, asexplicações dadas pelo pretenso ofensor.

O pedido não interrompe nem suspende o prazo de prescrição. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procedemediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violênciaresulta lesão corporal.

Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro daJustiça, no caso do n.º I do art. 141, e mediante representação doofendido, no caso do n.º II do mesmo artigo.

AÇÃO PENAL – ARTIGO 1456 Nos crimes contra a honra, difamação calúnia e injúria, em regra

a ação é privada. Excepcionalmente, de ação penal pública. 7 Se da injúria real, previsto no artigo 140 § 2°, resulta lesão

corporal , a ação penal é de natureza pública incondicionada.

Quando o crime é cometido contra o funcionário público, em razãode suas funções, Há duas posições:1ª) a ação penal é pública, não sendo admissível a queixa, salvo asubsidiária.

2ª) admite-se a legitimação alternativa do Ministério Público oudo ofendido, mediante queixa.

Ofensa a funcionário público, em razão de suas funções, quando jádeixou de exercê-las: Ação penal privada.

Ofensa a funcionário quando no exercício da função: demissão ==> Aação penal subsiste pública condicionada à representação. Não hátambém repercussão no plano da competência.

OS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

GENERALIDADES

Dos artigos 146 a 154 – define os crimes contra a liberdadeindividual, que se perfazem somente com a lesão desse objetojurídico, independentemente de qualquer resultado ulterior.Significa que a existência do delito, se exaure com a lesão aliberdade individual, não sendo imprescindível que, em face docomportamento do sujeito, venha a ser lesado outro objeto jurídicode titularidade do particular. Se isso ocorre, o estatuto penalprevê forma qualificada ou concurso material de delitos.A objetividade jurídica desses crimes é a liberdade jurídica,considerada como faculdade de realizar a conduta de acordo com aprópria vontade do sujeito, sem a existência do obstáculo. Os crimes contra a liberdade são subsidiários. Isso quer dizer queingressam na definição legal de outros delitos, como acontece noroubo, extorsão, estupro, atentado violento ao pudor e rapto.Assim, como, exemplo, crime de constrangimento ilegal (artigo146, CP), funciona como elementar do delito de estupro.Nos crimes contra a liberdade pessoal, o CP. protege a liberdadede autodeterminação, de locomoção e livre disposição de sipróprio.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL – ARTIGO 146

Constrangimento ilegal

Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, oudepois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade deresistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela nãomanda:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

Aumento de pena

§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para aexecução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego dearmas.§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes àviolência.§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:

I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento dopaciente ou de seu representante legal, se justificada por iminenteperigo de vida;II - a coação exercida para impedir suicídio.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAO estatuto penal protege a liberdade de autodeterminação."Ninguémserá obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão emvirtude de lei" (CF, art. 5º, II).

Trata-se de crime subsidiário.: Constitui outras infrações penais,como as dos arts. 213, 214, 158, 161, II, e 219 do Código Penal,ficando absorvido

CONCURSO DE CRIMES: Com o roubo: há concurso material quando aimposição não tem a finalidade de assegurar a detenção do bem ou aimpunidade do. Várias vítimas: há concurso formal.

FIGURAS TÍPICASApresenta uma figura típica no caput da disposição, e um tipoqualificado no § 1°, uma norma penal ou explicativa, contida no §2°, e causas da exclusão da tipicidade no § 3°.

SUJEITOS DO DELITOQualquer pessoa pode ser sujeito ativo do constrangimento ilegal.Todavia, tratando-se de funcionário público, sendo o fatocometido no exercício da função, responde pelo delito descrito noartigo 350 do CP, ou, conforme a hipótese, por crime de abuso deautoridade. (Lei n. 4.898, de 9-12-1965).

Quanto ao SUJEITO PASSIVO É INDISPENSÁVEL que possua capacidadede autodeterminação, que significa liberdade de vontade. Assim, não há o crime quando o fato é praticado contra criança oulouco, desde que a idade e a situação mental não permitamliberdade de autodeterminação.

Crime contra a Segurança Nacional: Atentar contra a liberdadepessoal dos Presidentes da República, do Senado Federal, da Câmarados Deputados ou do Supremo Tribunal Federal (Lei n. 7.170, de 14-12-1983, art. 28).

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOPara que haja o crime de constrangimento ilegal, necessária ailegitimidade da pretensão do sujeito ativo , e que não tenhadireito de exigir da vítima o comportamento almejado. Tratando-sede pretensão legítima ou supostamente legítima, há o crime, sefor o caso, de exercício arbitrário das próprias razões.A ilegitimidade pode ser absoluta ou relativa:

1) ABSOLUTA: quando o sujeito não têm faculdade alguma deimpor ao sujeito passivo o comportamento ativo ou passivo.Ex.: exigir que a vítima beba aguardente;

2) RELATIVA: quando não é proibida a pretensão do comportamentoativo ou passivo, porém não tem o sujeito ativo direito deempregar a violência ou grave ameaça para consegui-lo. Ex.: opagamento do precium carnis .

3) Se o comportamento da vítima puder ser exigido porintermédio de ação judicial, haverá delito de exercícioarbitrários das próprias razões.

O sujeito deve impor à vítima uma conduta certa e determinadaNexo de causalidade entre a conduta do sujeito e o comportamentoda vítima: É exigido.

Núcleo do tipo do constrangimento ilegal: é o verbo constranger,que significa compelir, coagir, obrigar.Sujeito para realizar o tipo, pode empregar violência , graveameaça ou qualquer outro meio capaz de reduzir a resistência doofendido.

Violência pode ser:1) Própria: quando há emprego de força física;2) Imprópria: quando há emprego de qualquer outro meio, comohipnotismo, a narcotização, embriague pelo álcool; Violência pode ser:1) Física : vis corporalis : emprego de força bruta;2) Moral : vis compulsiva : emprego de grave ameaça;

Violência pode ser:1) Direta ou Imediata: empregada contra a vítima;2) Indireta ou Mediata: empregada contra coisa ou terceira pessoaligada ao ofendido.

AMEAÇA: é a prenunciação da prática de mal dirigido a alguém Paraque sirva de meio de execução do constrangimento ilegal, énecessário que seja grave. É preciso que essa prenunciação sejaverossímil , iminente e inevitável.A ameaça não exige a presença do ameaçado, pode ser levado aoconhecimento da vítima por meio de escrito ou por recado verbal.No crime de ameaça – (CP. ART. 147) – o prenúncio deve incidirsobre mal injusto e grave. No crime de constrangimento ilegal, omal prenunciado deve ser simplesmente grave, não precisando serinjusto. Assim pode alguém responder por constrangimento ilegalmuito embora seja justo o mal anunciado ao sujeito passivo.

AMEAÇA pode ser:1) Direta: quando se dirige o mal prenunciado ao sujeito passivo;2) Indireta: quando o mal prenunciado é dirigido a um terceiro,como por exemplo um parente do ofendido.

No constrangimento ilegal, emprega interpretação analógica :“ ....reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade deresistência...” O emprego de tais meios deve ser sub-reptício, semviolência. Se a vítima é obrigada a embriagar-se mediante forçabruta ou grave ameaça, não estamos em face do emprego de“qualquer outro meio” , mas diante da violência física ou moral.

Não existe constrangimento ilegal, se o sujeito quer evitar que avítima pratique um ato imoral, desde que esse ato imoral sejaproibido por lei. Ocorre que o crime consiste em obrigar oofendido, mediante violência ou outro meio de execução, "a nãofazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda". Nahipótese, o sujeito está constrangendo a vítima "a não fazer o quea lei permite", uma vez que o ato é simplesmente imoral e nãoproibido. Só não há crime quando o constrangimento visa aimpedir ato proibido, pela lei. Assim, reponde porconstrangimento ilegal quem, mediante violência impede outro deentregar-se a pederastia.

Vítima compelida a dar fuga ao agente em seu automóvel: Constituiconstrangimento ilegal e não seqüestro, em face da ausência deelemento subjetivo próprio..

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

1) Delito Material: de conduta e resultado, em que o estatutopenal exige a produção deste.2) Delito instantâneo: consumando-se em certo e exato momento,ocorre no instante em que a vítima faz ou deixa de fazer algumacoisa. 3) Pode ocorrer de Forma eventualmente Permanente: o ofendidoconstrangido pelo sujeito ativo, permanece durante períodojuridicamente relevante realizando o comportamento por eledesejado.4) Delito Subsidiário: (subsidiariedade implícita): oconstrangimento ilegal, constitui elementar de vários tipospenais: roubo, extorsão, estupro, atentado violento ao pudor.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO:Só punível a título de dolo, abrange o conhecimento dailegitimidade da pretensão e o nexo da causalidade entre oconstrangimento e a conduta do sujeito passivo. Exige-se outro,uma vez que a conduta é realizada com o fim de que a vítima nãofaça o que a lei permite ou faça o que ela não determina.O motivo do agente é irrelevante.NÃO há constrangimento ilegal culposo.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA:Consuma-se o constrangimento ilegal no momento em que a vítima fazou deixa de fazer alguma coisa.Trata-se de delito material em que pode haver fracionamento dasfases da realização, o constrangimento ilegal admite figura detentativa, desde que a vítima não realize o comportamento desejadopelo sujeito por circunstâncias alheias à sua vontade. Suponha-se que a vítima, não obstante a grave ameaça, não faça o que eledeseja – trata-se de tentativa de constrangimento ilegal.

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 146 § 1ºO constrangimento ilegal contém duas qualificadoras:

1) quando, para execução do fato, se reúnem mais de 3 pessoas(mínimo de 4 pessoas);

2) quando há emprego de armas na realização da conduta, as armaspodem ser:

a) Próprias: instrumentos destinados a ataque ou defesa;(de fogo, punhais, bombas, facões etc.);

b) Impróprias: não são fabricadas com finalidade deataque ou defesa, mas tem pode ofensivo; (machados,facas de cozinha, tesouras, navalhas etc.).

Para que incida a qualificadora é necessário que a arma sejaempregada, admite-se, entretanto, se o porte da arma é ostensivo,empregado com propósito de infundir o medo no sujeito passivo.

Em face das qualificadoras, devem ser aplicadas cumulativamente eem dobro. Significa que o juiz não pode aplicar isoladamente apena de detenção ou de multa. É obrigado a impor as duas, fixadasem dobro.

NORMA PENAL EXPLICATIVA - ARTIGO 146, § 2º Além das penas cominadas ao autor do constrangimento ilegal,aplicam-se as correspondentes à violência.Significa que se o sujeito pratica constrangimento ilegal ferindoa vítima, deve responder por dois crimes por dois crimes emconcurso material: constrangimento ilegal e lesão corporal leve,grave ou gravíssima.

CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DE TIPICIDADE- ARTIGO146, § 3ºTrata-se de causas excludentes da tipicidade do fato e NÃO deantijuridicidade. O presente parágrafo diz: “ não se compreendemna disposição.....” , que define o constrangimento ilegal. se osfatos não se encontram compreendidos na norma penalincriminadora, SÃO CONDUTAS ATÍPICAS. Antes de essescomportamentos serem ilícitos, ocorre a atipicidade, diante dainadequação à norma de incriminação

INTERVENÇÃO MÉDICA OU CIRÚRGICA (I) a intervenção médica oucirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representantelegal, se justificada por iminente perigo de vidaA vítima é constrangida a submeter-se a intervenção médica oucirúrgica, mesmo sem consentimento da vítima ou de seurepresentante legal, desde que a intervenção ou a cirurgia seja

determinada por iminente perigo de vida. Trata-se de hipótese deestado de necessidade (excludente de tipicidade).

IMPEDIMENTO DE SUICÍDIO (II): a coação exercida para impedirsuicídio.Embora não constitua ilícito penal, o suicídio não deixa de serconduta antijurídica. Assim, impedir, mediante violência ou graveameaça, que uma pessoa pratique ato antijurídico Não constituiconstrangimento ilegal a coação exercida para impedir que alguémse suicide. Assim impedir, mediante violência ou grave ameaça,que uma pessoa pratique ato antijurídico não pode constituirconstrangimento ilegal. Estado de necessidade de terceiro, elevadoà categoria de causa excludente da tipicidade.

AMEAÇA – ART. 147

Ameaça

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualqueroutro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA Objetividade jurídica é paz de espírito, a tranqüilidadeespiritual;

Ameaça se diferencia do constrangimento ilegal. Neste o agentebusca uma conduta negativa ou positiva da vida. Naquele pretendesomente atemorizar o sujeito passivo.O delito de ameaça é subsidiário em relação a outros crimes ,funciona como elementar das descrições típicas dos crimes deroubo, extorsão, estupro. Seguido de lesão corporal, fica por estaabsorvido

SUJEITOS DO DELITO:Não é delito próprio, pode ser qualquer um o SUJEITO ATIVO. QuantoAO SUJEITO PASSIVO é preciso que tenha a capacidade deentendimento. Estando fora da tutela penal a pessoa jurídica, acriança e o louco. O sujeito deve ser determinadoConstitui crime contra a Segurança Nacional, ameaçar Presidente daRepública, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, ou doSTF.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPONúcleo do tipo verbo ameaçar – significa prenunciar – o crimeconsiste em anunciar a vítima a prática de mal injusto e grave,consistente num dano físico, econômico ou moral. Se o mal é justo,como v.g., protestar um título, ou despedir um empregado relapso,etc.. não há delito.Presença do sujeito passivo: É dispensável

Questão da exigência de prenúncio de mal futuro: Há duas posições:1ª) o crime de ameaça exige prenúncio de mal a ser executado nofuturo, não o configurando a ameaça de mal a ser realizado nocurso da contenda.; 2ª) no delito de ameaça o mal pode ser atual ou futuro

AMEAÇA PODE SER:1- Direta: endereçada ao sujeito passivo;2- Indireta: dirigida a terceira pessoa, ligada á vítima, como,por exemplo, intimidar a mãe, por um mal ao filho.3- Explícita: quando manifesta às claras;4- Implícita: Ex.: para solucionar esse problema, não temo ir paracadeia;5- Condicional: Ex.: vai apanhar se repetir o que disse;

A ameaça deve ser séria e idônea à intimidação. Deve ser capaz deintimidar a generalidade dos homens

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:1) Crime Formal: descreve a conduta e o resultado visado pelosujeito, a intimidação do ofendido; para consumação não hánecessidade que a vítima se sinta ameaçada – suficiente que o

comportamento do sujeito tenha condições de atemorizar um homemprudente e de discernimento.2) Delito Subsidiário (subsidiariedade implícita): ameaça integrao conceito legal de vários crimes, funcionando como elementar.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVAConsuma-se no instante em que o sujeito passivo toma conhecimentodo mal prenunciado. Admissível a tentativa, de ameaça por meioescrito.Dano: É dispensável (crime formal). Vítima que não dá o menor crédito à ameaça: Há entendimento nosentido da inexistência de crime.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOA ameaça só é punida a título de dolo, consistente na vontade deintimidar o sujeito passivo.

QUESTÃO DA EXIGÊNCIA DE ÂNIMO CALMO E REFLETIDO: Há duas posições:1ª) a ameaça exige ânimo calmo e refletido2ª) não há exigência de ânimo calmo e refletido. O estado de iranão afasta o delito.

QUESTÃO DA AMEAÇA DO ÉBRIO: Há duas posições: 1ª) a embriaguez afasta o crime de ameaça. 2ª) a embriaguez não exclui o delito de ameaça.

AMEAÇA NA COBRANÇA DE DÍVIDA: Configura crime contra as relaçõesde consumo (art. 71 da Lei n. 8.078, de 11-9-1990). A ação penal épública incondicionada.

SEQÜESTRO OU CÁRCERE PRIVADO – ARTIGO 148Seqüestro e cárcere privado

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcereprivado:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.§ 1º - A pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos:

I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente oumaior de 60 (sessenta) anos;II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casade saúde ou hospital;III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias.

§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza dadetenção, grave sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAProtege o legislador, por intermédio da incriminação, a liberdadede ir e vir.

SUJEITOS DO DELITONão são crimes próprios, podem ser cometidos por qualquer pessoa,entretanto, se funcionário público cometer durante o exercício desua função, o crime pode ser outro, como abuso de autoridade,abuso de poder, etc..Quanto ao sujeito passivo, alguns autores entendem, que como oobjeto jurídico é a locomoção, estão fora da tutela penal aspessoas que não podem exercer a faculdade de ir e vir; osparalíticos, os doentes graves, etc.. Dámasio: não faz distinçãonenhuma quanto ao sujeito passivo, tenha ele ou não liberdade delocomoção, assim um doente grave pode ser encarcerado ouseqüestrado.Constitui crime contra a Segurança Nacional, praticar seqüestro oucárcere privado contra o Presidente da República, do SenadoFederal, da Câmara dos Deputados, ou do STF (Lei n. 7.170, de14-12-1983, art. 28).O consentimento do ofendido exclui o criem,desde que tenha validade. Determinadas causas podem excluir a antijuridicidade do fato.Ex.: prisão em flagrante delito, internação de enfermos mentais,etc..

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOPode o crime ser cometido mediante seqüestro ou cárcere privado. Distinguem-se:

1) No seqüestro: embora a vítima seja submetida à privação dafaculdade de locomoção, tem maior liberdade de ir e vir,

pode o sujeito prender a vítima em uma chácara, fazendaetc...

2) No cárcere privado: a vítima vê-se submetida à privação deliberdade num recinto fechado.

3) Difícil distinguir a existência de seqüestro ou cárcereprivado. Isso é irrelevante., pena igual nas duas hipóteses.

Crime pode ser cometido mediante duas formas de execução:a) Detenção: levar a vítima num automóvel, e prendê-la numquarto;b) Retenção: impedir que a vítima saia de determinada casa.

Há exercício arbitrário das próprias razões, absorvido o cárcereprivado

Duração da privação de liberdade: Há três posições: 1ª) é irrelevante para a consumação do delito, devendo serconsiderada somente na dosagem da pena. É a nossa posição; Aduração da privação da liberdade do sujeito passivo é irrelevantepara tipificação do fato, considerada somente para dosagem da pena2ª) exige-se que a privação da liberdade perdure por temporazoável, uma vez que, sendo momentânea, há só tentativa.; 3ª) não há delito quando a vítima permanece a mercê do sujeito portempo inexpressivo.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOPunido somente a título de dolo, consistente na vontade de privara vítima de sua liberdade de locomoção. Havendo finalidadeatentatória à Segurança Nacional, o fato passa a constituir delitoespecial. (crime contra a Segurança Nacional - Lei n. 7.170, de14-12-1983, art. 20).

4 Finalidade de receber vantagem: Há extorsão medianteseqüestro (CP, art. 159).

5 Seqüestro de mulher honesta para fim libidinoso: Há crime derapto (CP, arts. 219 a 221).

6 Finalidade de correção: Há crime de maus-tratos (CP, art.136).

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

1) Delitos Materiais: uma vez que o tipo descreve a conduta e oresultado, exigindo sua produção;2) Delitos Permanentes: a lesão do objeto jurídico perdura notempo; enquanto perdurar a lesão a liberdade de locomoção.3) Delito subsidiário (subsidiariedade implícita): integrandooutros delitos como elementares, meios de execução da extorsãomediante seqüestro, plágio.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAConsuma-se no instante em que a vítima se vê privada da liberdadede locomoção, delito permanente perdura a consumação enquanto oofendido estiver submetido à privação de sua liberdade delocomoção. A tentativa na forma comissiva é admissível. Quando aomissão constitui o meio executório, a tentativa é impossível.Dar liberdade à vítima: Não exclui o delito.

FIGURA TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 148, § 1º 1) A primeira hipótese não pode ser interpretada extensivamente,

de forma que não incide na hipótese de ser o ofendido pai oufilho adotivo, padrasto ou genro do sujeito ativo. Nem ao"companheiro" na "união estável" (CF, art. 226, § 3º). Paique seqüestra filho: Desobedecendo a ordem judicial: há sódelito de desobediência

2) *Na Segunda hipótese a maior quantidade objetiva do fato levao legislador a agravar a sanção penal. O prazo deve sercontado de acordo com o artigo 10 do CP.

TIPO QUALIFICADO PELO RESULTADO - ARTIGO 148, § 2ºNo caso acima, por maus-tratos devemos entender a condutaagressiva do sujeito que produz ofenda física e moral , ao corpoou saúde da vítima, sem causar lesão corporal. Se essa ocorre, háconcurso material entre seqüestro ou cárcere privado e o delitode lesão corporal leve, grave ou gravíssima. O concurso é com oseqüestro simples

A circunstância “...natureza da detenção...”, diz respeito aosaspecto material da privação da liberdade da vítima, como amarrá-la numa árvore, colocá-la em lugar úmido.

REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO ARTIGO149

Redução a condição análoga à de escravo

Art. 149 – Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quersubmetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quersujeitando-o a condições deflagrantes de trabalho, quer restringindo, porqualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com oempregador ou preposto:

Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da penacorrespondente à violência.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem:I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte dotrabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apoderade documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim deretê-lo no local de trabalho.

§ 2º - A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:I – contra criança ou adolescente;II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ouorigem.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAObjeto jurídico: A liberdade em todas as suas formas deexteriorização.

Define o artigo acima o delito de plágio. Plágio é a sujeição de uma pessoa ao domínio de outra. Não se trata de submeter a vítima à escravidão. O texto legalrefere-se a "condição análoga à de escravo": ao fato do sujeitotransformar a vítima em pessoa totalmente submissa à sua vontade,como se fosse escravo. O tipo não visa uma situação jurídica, massim um estado de fato.

Consentimento do ofendido é irrelevante, uma vez que a situação deliberdade do homem, constitui interesse preponderante do Estado.

CONSUNÇÃO: O crime do art. 149 absorve o do art. 148 (delitoprogressivo).

SUJEITOS DO DELITOQualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo de plágio.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO:É punível a título de dolo, consistente na vontade de exercerdomínio sobre outra pessoa, suprimindo-lhe a liberdade de fato,embora permaneça ela com a liberdade jurídica.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 1) Delito Comum: o plágio pode ser praticado por qualquer pessoa,não exigindo o tipo nenhuma referência pessoal;2) Delito Simples: o tipo protege o direito à liberdade; 3) Crime Comissivo: não admitindo a modalidade omissiva;4) Crime Permanente: a lesão jurídica perdura no tempo;5) Crime Material: exige a produção do resultado visado pelosujeito ativo; qual seja, a efetiva redução da vítima a condiçãosemelhante à de escravo.6) Crime de Forma Livre: admite qualquer forma livre, admitindoqualquer forma de execução material.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAMomento consumativo: Ocorre quando o sujeito reduz a vítima acondição análoga à de escravo.Tentativa: É admissível.

Constrangimento de trabalhadores a serviços pesados: Proibição dedeixarem o local sem antes saldar seu débito.: Desnecessidade demaus-tratos

Liberdade parcial de movimento da vítima: Não exclui o delito.

VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO – ARTIGO 150Violação de domicílio

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contraa vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou emsuas dependências:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou como emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, além da penacorrespondente à violência.

§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido porfuncionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância dasformalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ouem suas dependências:

I - durante o dia, com observância das formalidades legais, paraefetuar prisão ou outra diligência;II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime estásendo ali praticado ou na iminência de o ser.

§ 4º - A expressão "casa" compreende:I - qualquer compartimento habitado;II - aposento ocupado de habitação coletiva;III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerceprofissão ou atividade.

§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva,enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA

PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DOMICÍLIO: CF . ART. 5°, XI;

A incriminação da violação de domicílio não protege a posse enem propriedade. O objeto jurídico é a tranqüilidade doméstica.Tanto que não constitui crime a entrada ou permanência em casaalheia desabitada. A incriminação da violação de domicílio nãoprotege a posse nem a propriedade.

Há diferença em casa desabitada e ausente de moradores: quandoausente seus moradores subsiste o crime de violação de domicílio,porém, inexiste o delito na hipótese de casa desabitada. (observe-se que o objeto jurídico é a paz doméstica. Isto ocorre porque naprimeira hipótese existe a possibilidade de lesão do objetojurídico. Entretanto, estando a residência desabitada, não sepodendo falar em tranqüilidade doméstica, não há o fato típico. Naviolação de casa desabitada poderá existir o delito descrito noart. 161 do Código Penal, que define a usurpação.

CONCEITO DE DOMICÍLIOO CP. não protege o domicílio definido pelo legislador civil. Olegislador procura proteger o lar, a casa, o lugar onde alguémmora, como a barraca do saltimbanco ou campista, o barraco dofavelado ou o rancho do pescador. Tutela-se o direito ao sossego,no local de habitação, seja permanente, transitório ou eventual.

SUJEITOS DO DELITO

QUALQUER PESSOA QUE PODE SER SUJEITO ATIVO de violação dedomicílio, não se trata de crime próprio ou de mão própria.

SUJEITO PASSIVO É O TITULAR DO OBJETO JURÍDICO – tranqüilidadedoméstica. – o titular do jus prohibendi, do direito de admissãoou de exclusão de alguém em sua casa. Pode ser uma pessoa em relação à qual os outros habitantes dacasa estão subordinados; como podem ser várias pessoas, habitantesda mesma casa, vigendo entre elas o regime de igualdade ousubordinação; assim, podemos dizer que há um regime de igualdadeou de subordinação.

REGIME DE SUBORDINAÇÃO: tratando-se de uma residência familiar, éo pai o titular do jus prohibendi; na comunidade privada hátambém um superior e subordinados, pensionatos, colégios, etc..em que todos estão subordinados ao diretor ou ao reitor. Nestecaso, o pai, diretor ou reitor funcionam como sujeitos passivos.Na ausência do detentor do jus prohibendi, este passa para um deseus subordinados ou dependentes. No regime de subordinação, osdependentes ou subordinados têm direito de inclusão ou de exclusãocom respeito às dependências que lhes pertencem . Assim, na casa

de família, os titulares do direito de exclusão ou de admissão sãoo marido e a esposa. Entretanto, os filhos têm também direito deadmitir ou de excluir terceiros nas dependências a elespertencentes. Este direito não elimina o direito dos pais quanto atodas as dependências da casa. Desta forma, se o pai ingressar noquarto de algum dos filhos, não comete o delito, ainda que o façacontra a vontade do ocupante. O patrão tem o direito de penetrarno quarto da empregada, desde que para fins lícitos e morais,ainda que contra a vontade dela. No caso de conflito entre avontade dos chefes da casa e a dos demais ocupantes, prevaleceaquela. Assim, os demais habitantes da casa, sejam filhos,empregada ou terceiro, podem admitir ou excluir alguém dasdependências que lhes são destinadas, desde que não entrem emconflito com os chefes da família, caso em que a vontade destes(pai e mãe) deve prevalecer para fins penais

* REGIME DE IGUALDADE: como ocorre nas repúblicas de estudantes,todos os moradores são titulares do direito de admitir ou excluiralguém. Marido e esposa: encontram-se em regime de igualdade (CF,art. 226, § 5º). Quando o direito de admitir ou de excluir alguémna casa se reparte entre vários titulares em igualdade, surge aquestão do conflito de autoridades horizontais. Pode ocorrer quenuma república ou num condomínio alguém permita a entrada deoutrem. Outro morador, ou outro condômino, não permite a admissão.Quando se trata de condomínio, cumpre observar que nas partescomuns, como átrios, corredores, jardins, enquanto aberto oedifício, qualquer um tem o direito de entrar. Entretanto, quandofechado, existe a violação de domicílio na hipótese de a entradanão ser autorizada. Se um dos condôminos autoriza a entrada, naausência de consentimento de outro, aplica-se o princípio de quemelhor é a condição de quem proíbe: melior est conditioprohibentis. Restará ao violador, que agiu de boa-fé, demonstrarnão ter praticado o fato com dolo.

Esposa que na ausência do marido permite o ingresso do amante naresidência, NÃO responde pelo crime.

Se o dono da casa alugada penetrar na residência do inquilinocontra a sua vontade, cometerá o crime de violação de domicílio, olegislador não protege a posse direta e nem a propriedade, mas sima tranqüilidade doméstica.

Violação de domicílio e outros crimes: casos em que ela subsiste:Há três situações: 1ª) a violação subsiste quando constitui fim em si mesma ou existedúvida a respeito da verdadeira finalidade do sujeito; 2ª) quando é ato preparatório de outro crime; 3ª) quando há desistência voluntária (CP, art. 15). Violação de domicílio e outros crimes e situações: casos em queela não subsiste, quando funciona como meio executório de outrodelito, como roubo, crimes sexuais, adultério, constrangimentoilegal e ameaça Nesses casos, o delito-fim absorve o delito-meio.Quando o sujeito foge de perseguição policial.

CONCEITO DE CASA – ARTIGO 150, § 4º

QUALQUER COMPARTIMENTO HABITADO (I)A referência não é desnecessária. Tem a finalidade de evitardúvida de interpretação a respeito da proteção de determinadoscompartimentos, como o quarto de hotel, a cabine de umtransatlântico, a barraca do campista, quartos de hotel, quartosde motel, quarto de hospital.

APOSENTO OCUPADO DE HABITAÇÃO COLETIVA (II)O inciso II é redundante, em vista do conteúdo do inciso I.Casatambém compreende o compartimento não aberto ao público. Conclui-se que compartimento aberto ao público não é protegido pela lei,como Museus, Cinemas, Bar, Loja, Teatro, etc....

COMPARTIMENTO NÃO ABERTO AO PÚBLICO, ONDE ALGUÉM EXERCE PROFISSÃOOU ATIVIDADE (III)Compartimentos não abertos ao público, onde alguém exerceprofissão ou atividade, consultório do dentista, médico, advogado,etc.., esses locais podem possuir uma parte aberta ao público,como a saleta da recepção, onde as pessoas podem entrar e ficarlivremente. Os compartimentos onde se exerce a profissão, quemneles ingressar sem consentimento do dono, cometerá a violaçãode domicílio. Não merecem a proteção a hospedaria, a estalagem, ou qualquerhabitação coletiva, enquanto aberta, observando-se que merecetutela do legislador penal o aposento ocupado na habitaçãocoletiva.

DEPENDÊNCIAS PROTEGIDAS ("CAPUT", PARTE FINAL) CP. Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente,ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casaalheia ou em suas dependências... A proteção penal estende-se,também, as dependências do domicílio, jardins, alpendres, etc..,desde que estejam fechados ou haja obstáculos de fácil percepçãoimpedindo a passagem.

NÃO SE COMPREENDEM NA EXPRESSÃO "CASA" - ARTIGO150, § 5ºNÃO MERECEM PROTEÇÃO PENAL A HOSPEDARIA, A ESTALAGEM OU QUALQUEROUTRA HABITAÇÃO COLETIVA, ENQUANTO ABERTAUm hotel, enquanto aberto, não pode ser objeto material deviolação de domicílio. Fechado, merece a proteção penal. Merece atutela do legislador o aposento ocupado da habitação coletiva,como o da pensão ou hotel. Desta forma, enquanto o hotel, duranteo período em que permanece aberto, não pode ser objeto material deviolação de domicílio, o mesmo não ocorre com o quarto ocupado poralguém.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO E NORMATIVONúcleo do verbo entrar e permanecer, a permanência pressupõe aentrada lícita. CRIME DE FORMULAÇÃO TÍPICA ALTERNATIVA

Entrando ilicitamente na residência alheia e nela permanecendo, osujeito não responde por dois delitos, mas por infração única.

Para existência da infração penal, é irrelevante que o sujeitorealize a conduta que se enquadre num ou vários verbos.

É necessário que a entrada ou permanência seja realizada contra avontade do dono(elemento normativo do tipo). Havendo consentimentoexpresso ou implícito , o fato é atípico.

ENTRADA E PERMANÊNCIA:

1) FRANCAS – DissentimentoA) EXPRESSO: manifesta a vontade de excluir o sujeito ativo;B) TÁCITO: fatos anteriores que demonstram claramente a intençãode o titular não admitir a entrada do sujeito;

2) ASTUCIOSAS OU CLANDESTINAS – Dissentimento Presumido: NaClandestinidade o sujeito que penetra na residência alheia àsocultas. O sujeito pode permanecer clandestinamente, terminada afesta um dos convidados se esconde. Na astuciosa ex.: sujeitoativo se veste de carteiro; O sujeito pode permanecerastuciosamente, o sujeito finge-se de doente para permanecer nacasa.No dissentimento presumido a falta de vontade anuente do titularé deduzido daquilo que normalmente acontece, forma de ficção, nãotem fundamento dados reais; o dissentimento tácito é evidenciadopor fatos concretos

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA1) Crime de mera conduta: não trata de delito formal, nemmaterial- somente define o comportamento do sujeito, semreferência a qualquer resultado. O tipo penal não descrevequalquer conseqüência da entrada ou permanência. RESULTADO: emmatéria penal, é a modificação do mundo externo pelocomportamento.

2) Delito Instantâneo: na modalidade entrar;Delito Permanente: na modalidade permanecer;Se o sujeito entra e permanece não responde por dois crimes, maspor um só.

3) Não se trata de crime subsidiário, uma vez que a violação dedomicílio e os delitos que a absorvem não há subsidiariedade nemexpressa nem implícita. Cuida-se, no conflito aparente de normasde crime consunto; delito que pela aplicação da princípio daconsunção, fica absorvido por outro de maior gravidade. Assim, ofurto intra muros absorve a violação de domicílio.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVAConsuma-se com a entrada ou permanência. É preciso que a entradaseja concreta., necessário que o sujeito entre de corpo inteiro nacasa da vítima. A permanência para constituir delito é necessárioque dure um tempo juridicamente relevante. Admissível atentativa na modalidade permanecer; suponha-se que o sujeitopretenda permanecer na casa da vítima, sendo colocado para fora,após permanecer certo tempo. (parte da doutrina contrária).

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOSó punível a título de dolo, vontade de concretizar as elementarescontidas no tipo penal. Deve abranger o elemento normativo“contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito”. O erro de tipo, que incide sobre as elementares do crime, exclui odolo, em conseqüência, NÃO há tipicidade do fato, inexistindocrime. É o caso do sujeito que, por erro, entra em casa alheia,achando ser sua.

EMBRIAGUEZ: Há duas posições: 1ª) exclui o dolo (se completa); 2ª) não exclui.Ingresso em casa alheia para refugiar-se da polícia: Ausência dedolo.

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 150, § 1ºNoite é o período de completa obscuridade, em face da ausência daluz solar. Deve ser deixado ao arbítrio do juiz, que deve analisara existência da qualificadora diante do caso concreto.Conceito de noite é diferente na qualificadora da violação dedomicílio (o fato deve ser cometido durante o período deescuridão completa), da de repouso noturno (cometido no períodoem que as pessoas se recolhem para o repouso) como circunstânciaexasperadora da pena do crime de furto. Violação de domicílio à noite, durante um baile: Inexistência daqualificadora.

Lugar Ermo local despovoado onde rareiam as habitações, só háqualificadora quando o local é habitualmente ermo, e nãoocasionalmente ermo.

Emprego de Violência: trata-se somente de violência, excluída agrave ameaça, a violência que se trata é a física, e não a moral,ela pode ser empregada tanto contra a coisa, como a pessoa(legislador não restringiu o conceito, então, não cabe aointérprete restringir) A circunstância diz respeito ao emprego de força física, nãoabrangendo o emprego de violência moral.

Quanto ao emprego de armas: veja-se o que foi dito no tocante aessas circunstâncias na forma qualificada do constrangimentoilegal.

CP. ART. 150, § 2°: Essa qualificadora é aplicável ao fato simples, descrito no caputda disposição, bem como, as condutas qualificadas previstas no §1°.

CP. ART. 150, § 3°: CASOS LEGAIS são os previstos no § 3° do artigo 150, assim desdeque o sujeito realize a conduta fora das hipóteses permitidasnos incisos I e II, do parágrafo citado RESPONDE POR VIOLAÇÃO DEDOMICÍLIO QUALIFICADA.

CP. ART. 15 § 2º : Inobservância das Formalidades Legais: a lei prevê a legítimaentrada de funcionário público em casa alheia para efetuardeterminadas diligências. Estas são legalmente previstas edeterminadas segundo princípios que não podem ser desobedecidos(penhora, arresto, seqüestro, etc..).Abuso de Poder: quando o funcionário público, agindovoluntariamente, se excede no cumprimento do dever legal. Épossível que o funcionário público execute a penhora, por exemplo,inobservando as formalidades legais. Nesse caso, responde pelaforma qualificada

ABUSO DE PODER (§ 2º) Ocorre quando o funcionário público, agindovoluntariamente, se excede no cumprimento do dever legal

CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DE ANTIJURIDICIDADE –ARTIGO 150, § 3ºOs fatos previstos na disposição são lícitos , uma vez que olegislado não usa a expressão “não constitui crime”. Estamos emface de uma causa excludente de antijuridicidade.

Durante o dia: prisão ou outra diligência (I)Durante o dia o funcionário público pode entrar ou permanecer emcasa alheia, ou em suas dependências, para realizar qualquerdiligência, seja de natureza policial, fiscal ou administrativa,

Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia, ou emsuas dependências, durante o dia para efetuar a prisão. desde queseja por determinação judicial (CF, art. 5º, XI). Sem esta, éimpossível, salvo com o consentimento do dono. O Código Penal serefere ao fato cometido "durante o dia". Em face disso, não élícita a entrada ou permanência em casa alheia, ou em suasdependências, durante a noite, para efetuar diligência, a não serque algum crime ali esteja sendo cometido ou em caso de desastreou prestação de socorro (CF, art. 5º, XI). Não constitui crime aentrada ou permanência em casa alheia, ou em suas dependências,durante o dia ou a noite, para efetuar prisão em flagrante (CF,art. 5º, XI). Seja crime ou contravenção.

É lícita a entrada ou permanência em casa alheia, mesmo em face dodissentimento do morador, no caso de ocorrência de desastre (CF,art. 5º, XI).É lícita a entrada ou permanência em casa alheia, a qualquer horado dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ouna iminência de o ser. O CP. se refere à prisão em flagrante porprática de crime de contravenção. É lícita a entrada oupermanência em casa alheia, mesmo diante da ausência deconsentimento do morador, para a prestação de socorro a alguém(CF, art. 5º, XI).

Não há violação de domicílio quando o fato é cometido em estado denecessidade, legítima defesa e exercício regular do direito.

VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA – ARTIGO 151

Violação de correspondência

Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada,dirigida a outrem:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Sonegação ou destruição de correspondência

§ 1º - Na mesma pena incorre:I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, emboranão fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói;

Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica

II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utilizaabusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida aterceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas nonúmero anterior;IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, semobservância de disposição legal.

§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviçopostal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do §1º, IV, e do § 3º.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICABem jurídico protegido é a liberdade da comunicação do pensamento.Tratando-se de espionagem que importa a segurança nacional. Deaplicar-se os arts. 13 e 14 da Lei n. 7.170, de 14 de dezembro de1983 (Lei de Segurança Nacional).

SUBSIDIARIEDADE: Trata-se de crime subsidiário. Desde que cometidopara fim particular, desclassifica-se o fato para outro delito.Dessa forma, se a violação de correspondência servir como meio deexecução da subtração de valores, o autor responderá por furto.

CORRESPONDÊNCIACorrespondência, carta, bilhete, telegrama, etc.. É necessário quea correspondência esteja fechada, em face da exigência legal.

Não configura o delito a leitura de carta cujo o envelope seencontra aberto. Quando isso acontece, o remetente, de formatácita, renúncia ao interesse de resguardar o seu conteúdo deconhecimento de terceiros.

Código protege a correspondência, independente da violação dosegredo – aqui legislador não protege o segredo. Isso significaque o legislador não resguarda o segredo, mas exclusivamente odireito que tem o cidadão de transmitir o seu pensamento sem aintromissão de terceiros.

Correspondência pode ser particular ou oficial. Necessário que acorrespondência seja atual , não constitui crime a devassa decarta perdida há dezenas de anos , dirigida por altapersonalidade a outrem.

É preciso que a carta tenha destinatário específico, não há crimeem carta dirigida ao povo, eleitores, etc..Não importa a língua em que a correspondência esteja contida.

SUJEITOS DO DELITOQualquer pessoa pode ser Sujeito Ativo, desde que não seja oremetente ou destinatário.

CRIME DE DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA: SUJEITOS PASSIVO são aomesmo tempo o REMETENTE OU O DESTINATÁRIO.Enquanto a correspondência não chega as mãos do destinatário,pertence ao remetente. Enquanto isso não ocorrer, qualquercomportamento do remetente ou constitui ilícito administrativo ouindiferente penal. O falecimento do remetente ou do destinatário,bem como sua ausência, não exclui a infração penal.

ELEMENTO OBJETIVO DO TIPONúcleo do tipo é o verbo “devassar”- tomar conhecimento.

Tratando-se de correspondência por palavra escrita, não énecessário que o violador leia a correspondência, basta que tomeconhecimento de seu conteúdo.

Forma da devassa: Pode ser feita por qualquer meio. O sujeito podeconhecer o conteúdo de uma carta apalpando o que existe em seuinterior, como dinheiro, olhe contra a luz de uma lâmpada, etc..Em regra, a devassa é feita por intermédio da abertura da carta.Nada impede, porém, que o sujeito aja de forma diferente, comocolocar a carta contra a luz de uma lâmpada para conhecer-lhe oconteúdo

MENSAGEM EM CÓDIGO: O tema é discutível. Cremos que a soluçãodepende do caso concreto. Como o fato típico consiste em o agenteconhecer o conteúdo da correspondência, pode ocorrer que, aindaque em código, o sujeito venha a ficar sabendo do assunto que

remetente e destinatário estão tratando. Ex.: toma conhecimento deque A e B estão se correspondendo em mensagens secretas.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOCrime punível a título de DOLO, vontade livre e consciente dedevassar a correspondência alheia., abrangendo o conhecimento dailegitimidade da conduta. O erro de tipo exclui a tipicidade do comportamento – quando osujeito abre correspondência de terceiro, supondo própria – ficaneste caso excluída a tipicidade.

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPOA FIGURA TÍPICA possui um ELEMENTO NORMATIVO contido na expressão“indevidamente”. Para que o fato seja típico, é necessário que osujeito não tenha direito à tomada de conhecimento dacorrespondência . Em determinadas hipóteses, a violação épermitida pelo ordenamento jurídico, caso em que não há falar-seem infração penal. A Lei n. 6.538, de 20 de junho de 1978, em seuart. 10, determina não haver crimes nas seguintes hipóteses:

1) abertura de correspondência endereçada a homônimo, comendereço igual (caso que, na verdade, é exemplo de erro detipo);

2) suspeita de a correspondência conter material sujeito aimposto, proibido ou não declarado, realizando-se a aberturana presença do remetente ou destinatário;

3) impossibilidade da restituição ao remetente ou da entrega aodestinatário, abrindo-se a correspondência antes de serinutilizada.

A Constituição Federal, em seu art. 5º, XII, diz "ser inviolávelo sigilo da correspondência", sem abrir exceção. Não obstante,entendemos que não há garantias constitucionais absolutas, podendoa legislação ordinária abrir-lhe exceções. Exemplos: o curadorpode ler carta dirigida ao doente mental; o pai pode ler umacorrespondência dirigida à filha menor. O tema, porém, édiscutível.

O marido pode ler a carta dirigida a mulher, já que há comunhão deinteresses, de intimidade entre os cônjuges, sendo a vida em comumo dever de ambos os cônjuges.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA

1) Crime comum: pode ser cometido por qualquer pessoa;2) Crime simples: atinge um só bem jurídico – liberdade decomunicação de pensamento;3) Crime de dupla subjetividade passiva: tem dois sujeitospassivos; o remetente e o destinatário;4) Crime instantâneo: consuma–se no momento da tomada deconhecimento do conteúdo da correspondência, esgotando-se aí alesão jurídica.5) Delito comissivo: Não admite omissão;6) Delito de mera conduta: o tipo não faz referência a nenhumefeito do comportamento.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVAOcorre com a tomada de conhecimento do conteúdo dacorrespondência.: Tentativa: É admissível.

SONEGAÇÃO OU DESTRUIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA ARTIGO151, § 1°, I

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICACRIME AUTÔNOMO: O legislador emprega outro núcleo do tipo e incluinovas elementares. Não se trata de um tipo privilegiado ouqualificado de violação de correspondência.

Protege a manifestação do pensamento transmitida por intermédiode correspondência.

SUJEITOS DO DELITOPode ser praticada por qualquer pessoa, menos o remetente e odestinatário da correspondência. Crime de dupla subjetividadepassiva; tem por sujeitos passivos e o destinatário.

CONDUTA TÍPICA2 Apossar de correspondência e sonegar ou destruir.

3 Apossar: significa apoderar-se, para o fim de sonegá-la oudestruí-la.

4 Sonegar quer dizer desviar alguma coisa de sua destinação. 5 Destruir: é danificar, inutilizar a correspondência, de modo

que ela perca sua destinação especial;

CORRESPONDÊNCIA: É necessário que seja alheia. É irrelevante queesteja aberta ou fechada. NÃO responde pelo crime o remetente e o destinatário.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPODolo, vontade livre e consciente de apossar-se da correspondênciaalheia, abrangendo o conhecimento da ilegitimidade da conduta.Exige-se um segundo elemento subjetivo do tipo: “para sonegá-laou destruí-la”.NÃO prevista a modalidade culposa.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVACRIME FORMAL, consuma-se com o simples apossamento dacorrespondência, não sendo necessário que o sujeito sonegue ou adestrua. Admite forma tentada.

AGRAVANTE GENÉRICA: Prevalecendo-se o sujeito do cargo ou havendoabuso de função, ocorre uma circunstância agravante genérica,ficando a cargo do juiz o quantum da exasperação da pena (Lei n.6.538, de 22-6-1978, art. 43).

Ação penal pública condicionada.

VIOLAÇÃO DE COMUNICAÇÃO TELEGRÁFICA RADIOELÉTRICAOU TELEFÔNICA - ARTIGO 151, § 1°, I

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAProtege a correspondência transmitida pelo telégrafo, com ou semfio ou mediante conversação telefônica.

SUJEITO DO DELITOOs mesmos que vimos, no item anterior.

CONDUTASão os verbos divulgar, transmitir ou utilizar.

2 Divulgar: é relatar o conteúdo de correspondência a um númeroindeterminado de pessoas;

3 Utilizar: é usá-lo para qualquer destinação;4 Transmitir: é narrar o conteúdo a terceira pessoa.

Não é necessário que um número indeterminado de pessoas tomeconhecimento do conteúdo da correspondência, basta a um sóterceiro para existir o delito.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOFato punível a título de DOLO, vontade livre e consciente deconcretizar os elementos objetivos do tipo.Na modalidade utilização de comunicação telegráfica ouradioelétrica é necessário que pratique o fato abusivamente.Trata-se de elemento subjetivo do tipo. Sem que o sujeito pratiqueo fato com a consciência do abuso, não há tipicidade em suaconduta.

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO: Está contido na expressão "indevidamente": semelhante ao caput.

MOMENTO CONSUMATIVOConsuma-se o delito com a divulgação, transmissão ou utilizaçãoabusiva. Trata-se de delito material – Admissível a figura datentativa.

INTERCEPTAÇÃO DE CONVERSAÇÃO TELEFÔNICADa mesma forma como se atribui à legislação ordinária a tarefa dedescrever os fatos que configuram crime de violação de comunicaçãotelefônica, lhe é concedida a de disciplinar os casos em que seadmite a interceptação. Por isso, seguindo a orientação de outraslegislações, o art. 1º da Lei n. 9.296/96 permite, em determinadoscasos (art. 2º), a interceptação telefônica, prevendo aautorização judicial como causa excludente da tipicidade. E o art.10, descrevendo o tipo legal, contém elementos normativos que

restringem a incriminação. De modo que não são alcançados pelanorma penal os fatos em que o sujeito age licitamente, autorizadopela justiça.

O crime de interceptação telefônica não se encontra mais descritono art. 151, § 1º, II, parte final, do CP, e sim no art. 10 da Lein. 9.296/96, com a seguinte redação: "Constitui crime realizarinterceptação de comunicações telefônicas, de informática outelemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorizaçãojudicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão,de dois a quatro anos, e multa". Prescinde-se, na análise dodelito, do Código Brasileiro de Comunicações (Lei n. 4.117, de 27-8-1962).

O crime de violação de comunicação telefônica, ao tempo em que eradescrito no art. 151, § 1º, II, parte final, do CP, somente seaperfeiçoava com a divulgação, transmissão ou utilização abusivada conversação, consumando-se nesse momento A simplesinterceptação não constituía crime, sendo indispensável a difusãodo conteúdo da comunicação. O tipo do art. 10 da Lei n. 9.296/96,recuando no tempo a incriminação, perfaz-se com a simplesinterceptação, independentemente de posterior divulgação.

O tipo protege a liberdade da comunicação telefônica, funcionandoo CP como sancionador da CF. O legislador tutela a privacidade: odireito de o cidadão comunicar-se privativamente pelo telefone comalguém, sem interferência de terceiro (sem que terceiro ouça aconversação ou dela, de alguma forma, tome conhecimento). É umdireito a ser exercido com exclusividade, constituindo ilícitopenal a indevida interferência de terceiro.

Sujeito ativoNa primeira parte da norma incriminadora, que descreve ainterceptação, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo (crimecomum). Na segunda figura típica, que define a quebra de segredo,o delito é próprio, só podendo ser cometido por quem tem obrigaçãode guardar o sigilo: juiz de direito, promotor de justiça,delegado de Polícia, defensor, agente da concessionária de serviçopúblico, escrivão ou escrevente (art. 7º desta lei). Nesse caso, ocrime do art. 10 absorve o delito de violação de sigilo funcional(CP, art. 325).

Sujeitos passivos

Os interlocutores, i. e., os pólos da comunicação telefônica(crime de dupla subjetividade passiva). Havendo consentimento deum dos sujeitos passivos, subsiste o delito.

Condutas típicas.Configura delito o fato de quem, sem autorização judicial ou comobjetivos não autorizados em lei, realiza interceptação decomunicação telefônica, de informática ou telemática, ou quebrasegredo de justiça referente à diligência (arts. 1º, caput, e 8º,caput, da lei).

Realizar a interceptação significa ouvir a conversação ou gravá-la. Cuidando-se de mensagem transmitida via Modem, quer dizer delatomar conhecimento, lê-la, vê-la (desenho) ou captá-la.No caso de "linhas cruzadas", não tendo o ouvinte fortuito"realizado a interceptação", inexiste crime, salvo se, percebendoo fato, continuar tomando conhecimento da comunicação.Configura também crime "quebrar segredo de justiça", i. e.,revelar que a conversação de alguém está sendo objeto deinterceptação telefônica. Não confundir com a divulgação desegredo e a revelação de segredo profissional (CP, arts. 153 e154), em que o sujeito conta a terceiro fato que deveriapermanecer a coberto do conhecimento alheio.

Interceptação telefônica, escuta telefônica e gravação clandestina(ou lícita).Na interceptação telefônica há três protagonistas: doisinterlocutores e o interceptador, que capta a conversação semconsentimento daqueles. Na escuta temos dois interlocutores e uminterceptador, sendo certo que só um daqueles tem conhecimentosdos fatos.Na gravação clandestina há só dois comunicadores, sendo que umdeles grava a conversação. A lei n° 9296/96 só é aplicável as duasprimeiras.Sendo admitida como prova a gravação efetuada por um dosinterlocutores.

Elemento normativo do tipo.A ausência de autorização judicial configura elemento normativo dotipo Integrando o tipo, a falta de autorização judicial, antes derefletir-se no campo da antijuridicidade, elimina a tipicidade dofato, excluindo o próprio crime. O comportamento penalmenterelevante, ensinava Heleno Cláudio Fragoso, "depende da

transgressão de normas a que a incriminação do fato se refere eque devem ser necessariamente consideradas pelo juiz paraestabelecer a tipicidade do comportamento do agente".

Elementos subjetivos do tipo.O primeiro é o dolo, vontade de interceptar a comunicaçãotelefônica ou quebrar o segredo de justiça. O tipo exige outro,contido na exigência de que o sujeito realize o fato para finsdiversos dos estabelecidos pela lei (investigação criminal ouprova em processo penal).

Momento consumativo.Ocorre no instante em que o sujeito está iniciando a gravação daconversação ou começa a ouvi-la. Tratando-se de mensagem oudocumento transmitidos via Modem, quando principia a captá-los oudeles tomar conhecimento. Havendo divulgação do conteúdo dacomunicação não surge delito novo, tratando-se de simplesexaurimento, salvo eventual crime de calúnia, difamação etc.Qualificação doutrinária Trata-se de crime de mera conduta, perfazendo-se com o simplescomportamento do sujeito, independentemente de qualquer resultado.

Tentativa.É possível na hipótese de o sujeito vir a ser surpreendido nomomento em que vai começar a ouvir a conversação ou gravá-la; ou acaptar ou tomar conhecimento da mensagem ou documento transmitidosvia Modem. A tentativa pode também ocorrer na quebra de sigilo,desde que por escrito (carta extraviada), tal como nos crimescontra a honra. Na quebra "verbal", contudo, é inadmissível.

Irretroatividade da norma.A disposição do art. 10, descrevendo nova modalidade de crime, umavez que pune, ao contrário da legislação antiga, a simplesinterceptação telefônica (novatio legis incriminadora), não temefeito retroativo, sendo inaplicável aos fatos cometidos antes de25 de julho de 1996 (CF, art. 5º, XL; CP, art. 2º, parágrafoúnico).

IMPEDIMENTO DE COMUNICAÇÃO, INSTALAÇÃO OU UTILIZAÇÃODE ESTAÇÃO DE APARELHO RADIOLÉTRICO. DISPOSIÇÕESCOMUNS - ARTIGO 151, § 1°, III

REVOGAÇÃOO art. 151, § 1º, IV, do Código Penal foi substituído pelo art. 70da Lei n. 4.117, de 27 de agosto de 1962 (Código Brasileiro deTelecomunicações), com redação do Decreto-Lei n. 236, de 28 defevereiro de 1967: "Constitui crime punível com a detenção de 1(um) a 2 (dois) anos, aumentada da metade se houver dano aterceiro, a instalação ou utilização de telecomunicações, semobservância do disposto nesta lei e nos regulamentos".

Impedir significa interromper por qualquer meio a comunicação, énecessário que a conduta do sujeito seja indevida ou abusiva,fora daí, há comportamento atípico.

INSTALAÇÃO OU UTILIZAÇÃO DE ESTAÇÃO DE APARELHORADIOELÉTRICO - ARTIGO 151, § 1°, IVA definição do crime possui elemento normativo, contido naexpressão “sem observância do disposto nesta lei e nosregulamentos”. Se o sujeito instala ou utiliza estação ou aparelhoradioelétrico, com observância da disposição legal, não comete odelito por ausência de tipicidade. Aparelho de baixa potência: Semprobabilidade de dano: não há crime

DISPOSIÇÕES COMUNS - ARTIGO 151, § 2°, 3°e 4° As penas aumentam-se de metade se há dano para outrem. Essa formaqualificada hoje se encontra definida no art. 40, § 2º, da Lei n.6.538, de 22 de junho de 1978, que dispõe sobre os serviçospostais. O dano pode ser econômico ou moral. Pode ser causado aodestinatário, ao emitente ou a um terceiro.

Se o sujeito comete o crime com abuso de função em serviçopostal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico. Tratando-se decrime definido na Lei n. 6.538, de 22 de junho de 1978, havendoabuso de função ou prevalecendo-se o sujeito do cargo, a pena será

agravada (art. 43). A lei não diz de quanto a agravação. Deentender-se ficar a critério do juiz o quantum de agravação,revogado o § 3º do art. 151 do Código Penal, que impunha a pena dedetenção de um a três anos. É necessário que o sujeito cometa ofato abusando da função específica que exerce. Fora daí, nãovigora a qualificadora, ou a agravante, como, por exemplo, quandoa violação de correspondência é praticada pelo faxineiro e nãopelo carteiro.

SOMENTE SE PROCEDE MEDIANTE REPRESENTAÇÃO, salvo nos casos do §1º, IV, e do § 3º. A AÇÃO PENAL É PÚBLICA CONDICIONADA ÀREPRESENTAÇÃO, salvo nas hipóteses de instalação ou utilização deestação ou aparelho radioelétrico e de abuso de função, casos emQUE É PÚBLICA INCONDICIONADA.

Tratando-se de crime de dupla subjetividade passiva, arepresentação pode ser exercida pelo remetente ou pelodestinatário.Se um deles remetente ou destinatário, consente na violação,subsiste o delito- Entende-se que o consentimento de UM dosujeitos passivos, NÃO exclui o delito. Se um consente e o outronão, na da impede que este exerça o direito de representação, umavez que o delito subsiste.

CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL – ARTIGO 152

Correspondência comercial

Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimentocomercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar,subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAProtege a liberdade de comunicação de pensamento transmitida porintermédio de correspondência comercial

SUJEITOS DO DELITOTrata-se de crime próprio, o Sujeito Ativo: só pode ser pessoaespecialmente determinada pelo legislador, que, no caso, é o sócioou empregado de estabelecimento comercial.Sujeito passivo: é a pessoa jurídica, no caso, o estabelecimentocomercial.

CONDUTASujeito que no todo ou em parte, desvia, sonega, subtrai ousuprime correspondência, ou revela a estranhos seu conteúdo.Desviar, é desencaminhar, sonegar, esconder, etc.. – dar aterceiro conhecimento do conteúdo da correspondência.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOSó punível a título de dolo, sendo necessário que o sujeitopratique o fato com um elemento subjetivo do tipo específico,contido na expressão “abusar”. Que tenha consciência de que estáabusando de sua condição de sócio ou empregado de estabelecimentocomercial ou industrial.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVAConsuma-se o crime com a efetivação das condutas desviar,sonegar, subtrair ou suprimir a correspondência, ou revelar àestranho seu conteúdo – admite-se tentativa.

DIVULGAÇÃO DE SEGREDO – ARTIGO 153 Divulgação de segredo

Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documentoparticular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário oudetentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas oureservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas deinformações ou banco de dados da Administração Pública:

Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.§ 1º - Somente se procede mediante representação.

§ 2º - Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a açãopenal será incondicionada.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAA objetividade jurídica é o resguardo de fatos da vida cujoconhecimento pode causar dano a terceiro. Protege o segredo. Emoutros artigos do CP, protege o segredo, mas de maneirasecundária.

SUJEITOS DO DELITOSujeito Ativo: do delito é detentor ou destinatário do segredo.Trata-se, assim, de crime próprio. O fato não pode ser cometidopor qualquer pessoa.

É necessário que a confidência tenha sido manifestada aodestinatário ou ao detentor por intermédio de documentoparticular ou de correspondência confidencial. Claro que fica forada descrição típica a narração do segredo por intermédio de meiooral.

Sujeito Passivo: é aquele que pode sofrer dano em conseqüência daconduta do sujeito. É preciso que a divulgação “....possa produzirdano a outrem....”. Esse outrem é o sujeito passivo do delito.Pode ser o remetente, o destinatário ou terceiro qualquer.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO

Divulgar é narrar alguma coisa a um número indeterminado depessoas.

NÃO HÁ CRIME quando o sujeito relata o segredo, de que soube porintermédio da correspondência confidencial ou documentoparticular, a uma só terceira pessoa, não importa a forma denarração, pode narrar o segredo pela imprensa, televisão, rádio,palavra ao público etc.

Pode haver outro delito, de acordo com a finalidade da conduta:violação de sigilo funcional (CP, art. 325), violação de segredoprofissional (art. 154), crime contra a Segurança Nacional (Lei deSegurança Nacional, arts. 13 e 21), crime militar (CPM, art. 144),violação de segredo de fábrica (Dec.-Lei n. 7.903/45, art. 178, XIe XII) etc.

Necessário que o segredo esteja contido em documento particularou correspondência confidencial.Não é punível a divulgação do segredo conhecido oralmente. Issoporque o dispositivo fala em divulgar "conteúdo de documentoparticular ou de correspondência confidencial, de que o sujeito édestinatário ou detentor". É necessário que a confidência tenhasido manifestada ao destinatário ou ao detentor por intermédio dedocumento particular ou de correspondência confidencial. Diantedisso, fica fora da descrição típica a narração de segredo porintermédio de meio oral.

Tratando-se de documento público, não há esse delito, podendoocorrer outro (ex.: violação de sigilo funcional – CP.ART.325).Quando a correspondência não é confidencial, também inexiste afigura típica.

A natureza confidencial da correspondência fica a critério doremetente. É necessário que a correspondência contenha umsegredo, que consiste no fato que, pela sua natureza, deve ficar acoberto do conhecimento de terceiro.

Crime de divulgação de segredo contém ELEMENTO NORMATIVO previstona expressão “....sem justa causa...”, a divulgação só éincriminada quando o sujeito ativo não tem justo motivo para aprática do fato.Exemplo de justa causa: consentimento do interessado, comunicadoao judiciário de crime de ação pública, dever de testemunhar em

juízo, defesa de direito ou interesse legítimo, comprovação decrime ou sua autoria etc.

Efeito penal da justa causa: Exclusão da tipicidade do fato

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOSó é punível a título de dolo, que consiste na vontade livre econsciente de divulgar a alguém o conteúdo da correspondênciaabrangendo o conhecimento da ilegitimidade do comportamento, desua qualidade confidencial e da probabilidade de dano a terceiro.NÃO ADMISSÍVEL A FIGURA CULPOSA.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIACrime Formal: consuma-se no momento da realização da conduta,independente da produção de qualquer resultado Não é necessárioque a divulgação cause prejuízo econômico ou moral a terceiro.Tanto que o CP usa a expressão “cuja divulgação possa produzirdano a outrem”.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVAConsuma-se no momento em que o sujeito narra o segredo a um númeroindeterminado de pessoas. A tentativa é admissível.

VIOLAÇÃO DE SIGILO PROFISSÃO § 1º - AVisa a norma a proteção do segredo em relação à administraçãopública e particularmente as informações sigilosas da PrevidênciaSocial. Trata-se de norma penal em branco à medida que remete aolegislador a responsabilidade de definir quais as informaçõessigilosas ou reservadas.Não há exigência de sujeito ativo específico. O sujeito passivoserá sempre o Estado. O elemento normativo do tipo encontra-se naexpressão “sem justa causa”. Havendo razão o fato é atípico.Momento consumativo ocorre no instante em que o sujeito ativonarra o segredo um número indeterminado de pessoas

VIOLAÇÃO DE SEGREDO PROFISSIONAL – ARTIGO 154 Violação do segredo profissional

Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciênciaem razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelaçãopossa produzir dano a outrem:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICACP. protege o segredo profissional, O dever de guardá-lo não éabsoluto. Há casos em que uma pessoa quer se torne confidente deum segredo, em razão da função, ministério, ofício ou profissão,tem obrigação legal de resguardá-lo do conhecimento público.

Isso ocorre nas hipóteses de um doente vir a revelar à seu médicodoença grave e contagiosa, o criminoso confessar a seu advogadoa autoria do crime, dono de um cofre revelar segredo aoserralheiro.

SUJEITOS DO DELITOSujeitos ativos do crime são os confidentes necessários, pessoasque recebem o conteúdo do segredo, em razão de função, ministério,e ofício. Assim são chamados porque, em razão de sua atividadeespecífica, normalmente tomam conhecimento de fatos particularesda vida alheia.

1. Função: incumbência de determinada pessoa, em face da lei,imposição judicial ou contrato, remunerado ou não. Exemplos:função de tutor, curador ou de depositário judicial

2. Ministério: é a incumbência determinada por uma situação defato e não de direito; Exemplos: sacerdote, irmã de caridadeetc.

3. Ofício: é a atividade eminentemente manual;4. Profissão: é toda e qualquer forma de atividade. habitual,

exercida com fim de lucro

O crime de violação de segredo profissional diz respeito aatividade privada. Se tratar-se de atividade pública – cometidapor funcionário público:1) o agente pode responder pelo crime do artigo 325;2) pratica o delito do artigo 326;3) o fato constitui um irrelevante penal;

Alguns profissionais possuem necessariamente auxiliares, nadaimpedem a existência do crime se praticam a revelação, uma vezque estariam tomando conhecimento do segredo em razão doexercício de profissão.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPONúcleo do tipo é o verbo revelar: contar o segredo a alguém, nãoexige que um número indeterminado de pessoas tome conhecimento dosegredo, basta que o agente conte o segredo a um terceiro e odelito está perfeito. O meio de revelação não importa, se escritoou oral.Exige o nexo de causalidade entre a ciência do segredo e oexercício das atividades enumeradas. É necessário nexo causal entre o exercício da função, ministério,ofício ou profissão, e a ciência do segredo.

Modo de conhecimento do segredo: Não importa. Tanto faz que oconfidente necessário saiba do fato por escrito, como oralmente,ou de outro modo, como, por exemplo, compulsando um documento.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA1) Crime Próprio: só cometido por determinadas pessoas, quetomam conhecimento de segredo em razão da função, ministério ouofício.2) Crime Formal: não é necessário que se produza o resultadoprevisto no tipo, qual seja, o dano a outrem. O que importa é que“pode” o segredo causar dano.

ELEMENTO SUBJETIVO DO DOLO:Fato só punível a título de dolo, que consiste na vontade livre econsciente de revelar o segredo, abrangendo o conhecimento dailegitimidade da conduta e da probabilidade de dano a terceiro.Nas condições objetivas descritos no tipo.Inexiste figura CULPOSA.

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO:A revelação do segredo profissional só é típica, quando realizada“sem justa causa”, que constitui elemento normativo do tipo.Não há tipicidade do fato por ausência do elemento normativo nashipóteses de consentimento do ofendido (artigo 269), estado denecessidade e exercício regular do direito.Quanto ao consentimento do ofendido, de ver-se que em certos,casos de lei não o admite como justa causa para a revelação. Ex.:Estatuto da OAB.

DANOÉ indiferente que a possibilidade de dano atinja um interessepúblico, privado, patrimonial ou moral. É necessário que sejainjusto.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVACONSUMA-SE no momento em que o sujeito revela a um terceiro oconteúdo do segredo. Quando o crime é praticado por meio derevelação escrita, a figura da tentativa é admissível.

FURTO – ARTIGO 155

Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante orepouso noturno.§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisafurtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outraque tenha valor econômico.

Furto qualificado

§ 4º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se ocrime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada oudestreza;III - com emprego de chave falsa;IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se asubtração for de veículo automotor que venha a ser transportado paraoutro Estado ou para o exterior.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAProtege dois objetivos: a posse, abrangendo a detenção, e apropriedadeA objetividade jurídica imediata do furto é a tutela da posse(exteriorização dos direitos da propriedade); de forma secundária, protege a propriedade (conjunto dos direitos inerentes ao usogozo e disposição dos bens). É necessário, porém, que a Ex.: ladrão que furta ladrão, existefurto, só que o sujeito passivo do segundo fato não é o ladrão,mas, sim, o dono da coisa.

FIGURAS TÍPICAS

1. TIPO SIMPLES - FIGURA TÍPICA FUNDAMENTAL - ART. 155 –CAPUT;

2. TIPO PRIVILEGIADO - FURTO MÍNIMO OU DE COISA DE PEQUENOVALOR ART. 155 - § 2°;

3. TIPO QUALIFICADO - ART. 155 - § 1° e § 4° e § 5°.

SUJEITOS DO DELITOQualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de furto – SALVOO PROPRIETÁRIO. Não existe furto de coisa própria, enquadrado noartigo 155, o legislador fala em subtração de “.....coisa alheiamóvel.....” . Participação posterior ao furto: Sem que tenha havido acordoprévio, não constitui o crime e sim receptação ou favorecimento.

Ladrão que furta ladrão: Há crime, sendo o proprietário o sujeitopassivo do segundo fato.

Não se trata de delito próprio, NÃO traz nenhuma especificação arespeito da qualidade do autor.Se o sujeito estava na posse ou na detenção da coisa respondepelo delito de apropriação indébita.

SUJEITO PASSIVO: é a pessoa física ou jurídica, titular da posse,incluindo a detenção ou a propriedade.

OBJETO MATERIALÉ a COISA MÓVEL. Tratando-se de veículo automotor, aplica-se o §5º.

HOMEM VIVO, não pode ser objeto material de furto, pois não écoisa. ( pode ser seqüestro ou cárcere privado ou subtração deincapaz, conforme o caso).

CADÁVER: em regra não pode ser objeto material de furto (crimecontra respeito aos mortos), excepcionalmente se o cadáverpertence à uma faculdade de medicina, pode ser objeto material defurto.

A res nullius (coisas de ninguém) e a res derelicta (coisaabandonada), não pode ser objeto material de furto. Não existecrime, pois não há objeto material. Conforme o artigo 155 do CP, énecessário que seja “.....coisa alheia móvel.....” , coisaabandonada nunca foi de ninguém, nunca teve dono. No caso da resderelicta o sujeito apanhado com a coisa responde por crime deapropriação indébita de coisa achada Nas duas hipóteses, nãoexiste crime porque não há objeto jurídico nem o elementonormativo coisa "alheia". O abandono da coisa não se presume,devendo ser provado

A coisa deve ser móvel, estão fora os bens móveis, veja-se,entretanto, que constituem móveis as apólices da dívida públicaoneradas com a cláusula de inalienabilidade, materiaisprovisoriamente separados de um prédio para nele mesmo sereempregarem, os navios e as aeronaves, não obstante afirmar olegislador civil que são imóveis. Para o Código Penal,entretanto, devem ser considerados bens móveis.

Coisa tombada: Sua subtração configura furto e não o crime do art.165 do Código

Os direitos não podem ser furtados, entretanto podem ser objetode furto os títulos que o constituem. Podem ser furtados os minerais, o solo e os semoventes;

Subtração de fios telefônicos: Pode configurar, conforme o dolo ea motivação do sujeito, crime contra a Segurança Nacional, furtoou delito do art. 265 do Código Penal.

Frutos de árvore: Podem ser objeto material. Árvores: Podem sersubtraídas.

Desfalque patrimonial: É elemento objetivo do tipo, sendoimprescindível a demonstração do dano patrimonial efetivo.

É necessário, que a coisa móvel tenha valor econômico, nãoconstitui fato punível objeto de ínfimo valor que não tenharelevância jurídica sua subtração. Entretanto, não tendo grandevalor econômico, os objetos com valor afetivo, podem ser objeto defurto.FURTO DE BAGATELA: Casos em que não se reconheceu crimediante da insignificância da lesão jurídica: furto de uma caixinhade ovos; furto de ramas de mandioca; subtração de folhas depalmeira; verdura de horta; subtração de alguns livros "singelamelancia"; um pedaço de queijo; cédula de um real ; um bonéusado . um pano de prato; duas maçãs. Há, entretanto, posição nosentido de que o furto de bagatela constitui crime, atuando opequeno valor do objeto material somente na fixação da pena

Coisa que só tem utilidade para quem a detém: Pode ser objetomaterial de furto.

Subtração de talão de cheques: Há duas posições: 1ª) entende-se não haver furto, salvo se assinados em branco; 2ª) há furto: Subtração de talão de cheques para cometer estelionato: Há duasposições: 1ª) só há estelionato, ficando absorvido o furto; 2ª) só há furto, funcionando o estelionato como fato posteriorimpunível

FURTO FAMÉLICO (EM ESTADO DE NECESSIDADE): Não há crime pelaexclusão da ilicitude. Sujeito que apresenta acentuada tendência

para o crime: não se reconhece a excludente. A alegação de pobrezanão aproveita. Alegação de desemprego: não aproveita. Necessidadenão se confunde com precisão. A necessidade exige prova cabal. Nosdias atuais, de crise financeira, exige menor rigorismo naapreciação. Requisitos: 1º) que o fato seja cometido para saciar a fome ou satisfazernecessidade vital; 2º) que seja o único e derradeiro recurso; 3º) que haja subtração de coisa capaz de diretamente contornar aemergência

FURTO EM SEPULTURA: Há duas orientações: 1ª) há delito dos arts. 210 ou 211, inexistindo furto uma vez queos objetos materiais não pertencem a "alguém"; 2ª) há furto, absorvido o delito do art. 210

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO A qualidade de ser alheia a coisa constitui elemento normativo dotipo. Sem essa elementar, ou o fato será atípico ou constituíraexercício arbitrário das próprias razões. A subtração de coisaprópria, fora da hipótese de configurar esse delito contra aadministração da justiça, não é infração penal

É necessário que no processo existam elementos no sentido de que acoisa pertencia a alguém. Não é preciso identificar oproprietário ou possuidor. Imprescindível entretanto, que sedemonstre que a coisa era de alguém. Não se demonstrando: não hácrime.

Não há crime quando o sujeito supõe que a coisa foi abandonada.Tratando-se de coisa perdida (res desperdita), o fato seráapropriação indébita

ERRO DE TIPO: Não sabendo o sujeito de que se trata de coisaalheia, supondo-a própria, existe erro de tipo, excludente dodolo. Como o dolo constitui elemento subjetivo do tipo, a suaausência opera a atipicidade do fato. Diante disso, o erro de tipoexclui o crime (CP, art. 20, caput). Da mesma forma, não há delitoquando o sujeito supõe tratar-se de res derelicta.

IRRELEVÂNCIA DO MOTIVO: Não se deve confundir o elemento subjetivodo tipo do furto com motivo da realização do crime. O motivo é

anterior, enquanto o elemento subjetivo do tipo constitui fimposterior do sujeito. É totalmente irrelevante para a existênciado delito o motivo que levou o sujeito à realização criminosa,seja vingança, fim de lucro, capricho, superstição, fim amorosoetc. Proveito econômico. Se, entretanto, o sujeito, com asubtração, quer fazer justiça pelas próprias mãos, não há furto esim o delito do art. 345 deste Código

Embriaguez voluntária: Não exclui o delito. Subtrair veículo a fim de safar-se de perseguição após práticadelituosa: Entendeu-se inexistir crime de furto.

CONDUTAO núcleo do tipo é o verbo: subtrair : significa tirar, retirar.O APOSSAMENTO PODE SER Direto: quando o sujeito pessoalmente, subtrai o objeto material;Indireto: quando o sujeito se vale, por exemplo, de animaisadestrados para realização da subtração;

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOElemento subjetivo do furto é o DOLO, vontade de concretizar oselementos objetivos do tipo, contidos na expressão “..subtraircoisa móvel...” . É necessário que a vontade abranja o elementonormativo “ ...alheia...” supondo-a própria, existe erro de tipo,excludente do dolo . Como o dolo constitui elemento objetivo do tipo, sua ausênciaopera a atipicidade do fato, exclui o crime. O furto, além do dolo, exige outro elemento subjetivo do tipo,denominado, também, de elemento subjetivo do injusto, contido naelementar “...para si ou para outrem....”, que indica oassenhoreamento definitivo da coisa, animus furandi (intenção deapoderamento definitivo). Para que exista furto não é suficienteque o sujeito queira usar e gozar da coisa por poucos instantes.

Não se deve confundir o elemento subjetivo do tipo do crime dofurto, com motivo de realização do crime, o motivo é anterior,sendo irrelevante. Intenção de brincadeira: Exclui o furto, cumprindo ao brincalhãoprovar esse animus . Não é lícito brincar com a propriedade

alheia, havendo entendimento de que o fato "é conduta reprovável,quer sob o ângulo penal, quer sob o prisma da simples moralidade".

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIACrime Material: descreve o comportamento e o resultado visado peloagente;Crime Instantâneo: o momento consumativo ocorre em dado instante;

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVAO FURTO atinge a consumação no momento em que o objeto material éretirado da esfera de posse e disponibilidade do sujeito passivo,ingressando na livre disponibilidade do autor, ainda que este nãoobtenha a posse tranqüila, ainda que por breve tempo

Em regra, a consumação exige deslocamento do objeto material.Isso, porém, não leva à conclusão de que o transporte da coisaseja imprescindível à consumação do crime Consuma-se o crime nomomento em que a vítima não pode mais exercer a faculdadeinerentes a sua posse ou propriedade, instante em que o ofendidonão pode mais dispor do objeto material, ainda que não hajadeslocação material da coisa. É possível, assim, que o furtoatinja a consumação numa cela de prisão, sendo o objeto subtraídode um preso por outro

Consuma-se no instante em que a vítima não sabe onde se encontrao objeto material, está consumado o furto. Ex.: empregada engoleuma pérola que pertence à sua patroa ==> embora permaneça naresidência, o objeto já saiu da esfera da disponibilidade davítima, consumando-se o furto.

Devolução do objeto material em melhor estado: Não exclui odelito.

A tentativa é admissível, ocorre sempre que o sujeito ativo nãoconsegue , por circunstância alheia à sua vontade, retirar oobjeto material da esfera de proteção e vigilância da vítima,submetendo-se à sua própria disponibilidade. Suponha-se que o punguista , desejando subtrair bens da vítima,coloque a mão no bolso desta. Duas hipóteses podem ocorrer:

a) a vítima havia esquecida a carteira em casa: trata-se de crimeimpossível, não há tentativa punível;b) ladrão põe a mão no bolso direito, quando a carteira seencontra do lado esquerdo: responde por tentativa de furto.

CONCURSO DE CRIMES:O furto admite o concurso material, formal e o nexo decontinuidade.

FURTO EM CONCURSO MATERIAL: O furto pode existir em concursomaterial com outros delitos. se o ladrão penetra na casa da vítimae lhe subtrai bens, além de praticar estupro, responde por doisdelitos, furto e estupro, em curso material.

FURTO EM CONCURSO FORMAL: É possível que o furto concorraformalmente com outro delito. suponha-se que o sujeito parapenetrar em uma joalharia, venha explodir a parede, matandoterceira pessoa. Responde por dois delitos, homicídio e furtoqualificado, em concurso formal.

FURTO E O NEXO DE CONTINUIDADE: conforme as circunstânciasconcretas; de acordo com posição vencedora de nossos tribunais; oCP, adotou quanto ao crime continuado a teoria objetiva pura,segundo o qual é deduzido “dos elementos constitutivosexteriores da homogeneidade” . Assim, a existência do nexo decontinuidade no furto, depende unicamente das condições objetivashomogêneas exigidas no artigo 71: “condições de tempo, lugar,maneira de execução e outras semelhantes”.

Se a pós o furto o ladrão vende a res furtiva, como sendo de suapropriedade, a terceiro de boa-fé, responde por furto eestelionato. Conforme a teoria do antefactum e postfactumimpuníveis, existe dois crime, furto e estelionato, já que não seaplica essa teoria quando não obstante interceder entre os doisfatos relação de meio a fim (crimes conexos) , trata-se de ofensaa bens diversos, ou do mesmo bem, mas pertencentes a pessoadiversas.

No exemplo o furto tem por objeto jurídico a posse e apropriedade da res subtraída de seu titular, e o estelionato, aposse e a propriedade do dinheiro pago pelo adquirente de boa-fé.

Não se pode dizer que o estelionato é um postfactum impunível,uma vez que essa espécie de progressão criminosa exige menorgravidade da conduta subseqüente em face da anterior, e o furtosimples é menos apenado que ele, como o delito mais grave –estelionato – pode ser absorvido pelo delito menos grave – furtosimples;

Não é certa a consumação do furto pelo estelionato, não seria ofurto um antefactum impunível, uma vez que nos parece que sãodiversos os sujeitos passivos do delito.A jurisprudência não aceita essa tese, da existência de doiscrimes, faz-se processo de furto, questão de política criminal.

FURTO DE USO É a subtração de coisa infungível para fim de uso momentâneo epronta restituição. Não constitui crimeFURTO DE USO: Há duas posições: 1ª) constitui crime; 2ª) não há crime. Para que inexista delito, entretanto, há necessidade de que osujeito devolva o objeto material nas mesmas condições em que seencontrava ao tempo da subtração. Não o devolvendo no mesmo localda subtração e nas mesmas condições, há furto, como nos seguintescasos: veículo destruído em acidente, abandono do veículo em lugardiferente e distante. Além disso, é preciso que o sujeito devolvao objeto material imediatamente após cessada a alegada necessidadede sua utilização (pronta restituição).

FURTO NOTURNO – ARTIGO 155, § 1ºREPOUSO NOTURNO: Não há critério fixo para conceituação dessacausa de aumento de pena. Tudo depende do caso concreto, a serdecidido pelo juiz é o período em que, à noite, as pessoasrecolhem para descansar; difere de à noite na violação dedomicílio.

Tudo depende do caso concreto, a ser decidido pelo juiz. ( repousonoturno em São Paulo, e no interior, configuram-se diferentes).

O fundamento da qualificadora reside na circunstância da maiorfacilidade de que pode obter o sujeito quando pratica o furto emaltas horas da noite.A qualificadora do repouso noturno exige dois requisitos:a) que fato da subtração seja praticada em casa habitada;b) que seus moradores estejam repousando no momento de subtração;

Furto em casa comercial: entende a posição não havercircunstância. Furto na rua: não incide a circunstância. Furto emquintal: não se aplica a causa de aumento. Furto de automóvelestacionado na rua, durante o período de repouso noturno: incide acausa de aumento de pena.

Furto em garagem de residência: Há duas posições: incide a causade aumento de pena:

A qualificadora do repouso noturno SÓ É APLICÁVEL AO FURTOSIMPLES, - artigo 155 – caput - , não se estendendo ao furtoqualificado do artigo 155 - § 4°.

FURTO PRIVILEGIADO OU MÍNIMO – ARTIGO 155, § 2ºA redução não se aplica à multa , esta deve ser fixada nos termosdo artigo 60.

O privilégio pode incidir sobre o crime consumado ou tentado:Exige dois requisitos:

A) QUE O CRIMINOSO SEJA PRIMÁRIO: é o não-reincidente, não só é osujeito que não foi condenado ou está sendo ou está sendocondenado pela primeira vez, como o que tem várias condenações ,não sendo reincidente; Réu tecnicamente primário: É o que tem condenação anterior comtrânsito em julgado, embora não seja reincidente. Sobre o tema depoder a pena ser atenuada nos termos do privilégio.Réu favorecido pela "prescrição da reincidência" é primário REQUISITOS PESSOAIS: Existem duas posições a respeito do assunto:

1) o estatuto penal, ao prever o benefício, só exige duascircunstâncias: que o criminoso seja primário (circunstância

subjetiva) e que a res furtiva tenha pequeno valor(circunstância objetiva).

1. Outras circunstâncias, objetivas ou subjetivas, inclusive osmaus antecedentes do agente (salvo a condenação anterior) oua sua má personalidade, não impedem o privilégio;

2) o privilégio, de acordo com a orientação jurisprudencialdominante, a que nos filiamos, não exige somente que osujeito seja primário e que a coisa seja de pequeno valor. Seassim fosse, estaria criado um direito ao condenado primárioque praticasse subtração mínima, ainda que tivesse mápersonalidade e péssimos antecedentes. O privilégio tem porfundamento princípios de política criminal, visando àindividualização da pena, e, assim, evitando que o sujeitoque envereda pela primeira vez no campo do atentado aopatrimônio alheio encontre sérios obstáculos à suarecuperação social. Se, na dosagem da pena, o estatuto penaldetermina ao juiz a apreciação de circunstâncias judiciaisreferentes aos antecedentes, à personalidade do agente, àintensidade do dolo , ao motivos, às conseqüências do criem eoutras semelhantes – artigo 59 - está a indicar claramenteque deve entrar no exame desses dados para aplicação doprivilégio.

APLICAÇÃO AO FURTO QUALIFICADO: Há duas posições: 1) o privilégio é aplicável às formas típicas simples (caput) e

qualificadas (§§ 1º e 4º).; 2) o benefício só incide sobre o tipo simples e qualificado pelo

repouso noturno (caput e § 1º); não se aplica ao § 4º.. Essaorientação foi adotada pelo Superior Tribunal de Justiça.

B) COISA DE PEQUENO VALOR: Há várias posições: 1ª) considera o salário mínimo como teto para o pequeno valor doprivilégio, estabelecendo o confronto ao tempo da prática docrime. O critério, entretanto, não deve ser apreciado com rigidez(alguns cruzeiros a mais não impedem o benefício; 2ª) leva em consideração a estimativa do pequeno valor em funçãodas posses da vítima; 3ª) afirma não haver regra rígida para o reconhecimento do pequenovalor da coisa subtraída, ficando o privilégio a critério dojulgador; 4ª) o parâmetro é um décimo do salário mínimo vigente ao tempo dofato:

Apreciação do benefício: valor da coisa e montante do prejuízo.Há várias posições: 1ª) ao pequeno valor da coisa furtada não se equipara o pequenoprejuízo resultante do crime. Leva-se em conta o pequeno valor doobjeto material ao tempo da prática do furto, desprezando-se odesaparecimento ou diminuição do prejuízo efetivo Essa posiçãoadmite abrandamento: em casos excepcionais, de acordo com apersonalidade do réu, a equiparação é possível; 2ª) o pequeno ou inexistente prejuízo equipara-se ao pequeno valorda coisa furtada.

A devolução do objeto furtado e a reparação do dano são dados queo juiz deve apreciar sob a ótica da personalidade do agente,demonstrativo de seu comportamento após a prática delituosa.No furto, cuida-se de valor do objeto material: no estelionato, deprejuízo decorrente da conduta.Os conceitos são diversos embora possam aparecer intimamenteligados pelo laço de efeitos. Essa diversidade leva a soluçõesdiferentes, no furto mínimo tem-se em vista o objeto material – noestelionato não. No Estelionato levou em conta o montante da lesão material, amedição no furto, entretanto, recai sobre o próprio objetomaterial, que deve ser de pequeno valor.

DIREITO DO RÉU : Embora o Código Penal empregue a expressão"pode", a aplicação do privilégio, desde que presentes as suascircunstâncias, é obrigatória. Não se trata de simples faculdade,no sentido de poder o juiz reduzir (ou substituir) ou não a pena.É um direito do réu. A faculdade diz respeito ao quantum dadiminuição e à conveniência da substituição da pena. ATENUAÇÃO DAPENA: O juiz, em face do benefício, pode substituir a pena dereclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços ouaplicar somente a pena de multa. Nada impede que, substituída areclusão pela detenção, a diminua de um a dois terços.

Aplicação ao § 5º: Inadmissibilidade.

Pena pecuniária: A redução não se aplica à multa. Esta deve serfixada nos termos dos arts. 59 e 60 do Código Penal.

Crime continuado: Na continuação, o pequeno valor deve serconsiderado em relação a cada delito e não em face do total dosobjetos subtraídos.

FURTO DE ENERGIA– ARTIGO 155, § 3º

Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra quetenha valor econômico (mecânica, radioatividade, térmica.Ligação clandestina: Desvio de eletricidade antes de passar pelomedidor é furto permanente (Ex.: uso de "chupeta nos fios, do ladode fora do medidor, continuado. Se emprega fraude alterando omedidor, existem duas posições: 1ª) há estelionato; 2ª) há furto:

FURTO QUALIFICADO– ARTIGO 155, § 4ºConstituem circunstâncias legais especiais ou específica e nãoelementares – dispositivo DEFINE UM TIPO QUALIFICADO e não umdelito autônomo (importante no tema de concurso de agentes).

PLURALIDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS: Só uma qualifica o delito. Tem-seentendido que a outra qualificadora serve de agravante comum. Paranós, a pluralidade de qualificadoras interfere na dosagem da penacomo circunstância judicial.

FIGURAS TÍPICAS DO FURTO QUALIFICADO

1)VIOLÊNCIA CONTRA OBSTÁCULO À SUBTRAÇÃO DO OBJETO MATERIAL : DESTRUIR significa subverter, desfazer o obstáculo, Rompersignifica: abrir brecha . A violência deve ser empregada pelo sujeito antes ou durante atirada, mas nunca depois de consumado o furto. Damásio, entende,que a violência contra obstáculo qualifica o furto quandoempregada antes, durante ou depois de tirado o objeto material,mas sempre antes da consumação do crime. É necessário que osujeito pratique a violência contra obstáculo, a violência quantoa coisa subtraída, não qualifica o furto.

CONCEITO DE OBSTÁCULO: Pode existir naturalmente ou serpredisposto pelo homem com finalidade específica: evitar o furto.Não o qualifica a violência empregada contra obstáculo que existepara o uso normal da coisa, ou quando é um acessório necessário

para uso do objeto material. Só há a qualificadora nos casos emque o sujeito pratica violência contra alguma coisa que foipredisposta ou aproveitada pelo homem para a finalidade especialde evitar a subtração.O obstáculo podes ser: 1) de natureza ativa : armadilhas, alarmas, etc..2) de natureza passiva; muro, paredes, cofres; etc..

Obstáculo inerente ao próprio objeto material: Há três posições: 1ª) não incide a qualificadora quando a violência é realizadacontra obstáculo inerente ao próprio objeto material; é precisoque seja exercida contra obstáculo externo à coisa 2ª) a qualificadora é aplicável à violência de obstáculo inerenteao objeto material da subtração; não é necessário que lhe sejaexterior; 3ª) há a qualificadora da violência contra obstáculo inerente àcoisa; exige-se, entretanto, que haja destruição consumada nosentido da subtração.

Natureza da qualificadora: Cuida-se de CIRCUNSTÂNCIA OBJETIVA ECOMUNICÁVEL em caso de concurso de agentes, desde que o seuconteúdo haja ingressado na esfera de conhecimento dosparticipantes.Perícia: É necessária

2)ABUSO DE CONFIANÇA Trata-se de circunstância subjetiva do tipo, o sujeito deve Terconsciência de que está praticando o fato com abuso de confiança.Exige dois requisitos:A) que o sujeito abuse da confiança nele depositado peloofendido;B) que a coisa esteja na esfera de disponibilidade do sujeitoativo em face dessa confiança;

A confiança pode já existir ao tempo do fato ou Ter sidopropositadamente captada pelo autor. Não é suficiente a simplesrelação de emprego doméstico para que o fato seja qualificado peloabuso de confiança.

É necessário que haja entre sujeito ativo e passivo um a realtraço subjetivo capaz de gerar confiança, e por isso passível deabuso. É necessário que a relação de confiança tenha sido causanecessária de prática delituosa.

Diferença de abuso de confiança que qualifica o furto e o abuso deconfiança que constitui elementar do crime de apropriaçãoindébita- Neste o agente tem posse desvigiada do objetomaterial, no furto o sujeito não tem a posse do objeto material,que continua na esfera de proteção, vigilância e posse de seudono. Empregado que subtrai objetos materiais do local de trabalho: Háduas posições: 1ª) não comete furto qualificado pelo abuso de confiança, mas simfurto simples com a agravante genérica das relações domésticas, decoabitação ou de hospitalidade (art. 61, II, f). Isso porque aqualificadora exige um especial vínculo de lealdade ou defidelidade entre o empregado e o patrão, sendo irrelevante, por sisó, a relação empregatícia.; 2ª) há furto qualificado.

FRAUDE Meio enganoso de iludir a vigilância do ofendido e permitir maiorfacilidade na subtração do objeto material.

Diferença entre a fraude que qualifica o furto e a fraude queconstitui o estelionato (CP, art. 171, "caput"): No furto a fraudeilude a vigilância do ofendido, que por isso, não temconhecimento de que o objeto material está saindo da esfera de seupatrimônio e ingressando na esfera na disponibilidade do sujeitoativo. No estelionato a fraude visa a permitir que a vítimaincida em erro. Por isso, voluntariamente se despoja de seus bens,tendo consciência de que eles estão saindo da esfera de seupatrimônio e ingressando na esfera de disponibilidade do autor.

Sujeito que se apresenta como motorista e leva o automóvel: Éestelionato e não furto.

Sujeito que se apresenta a lava-rápido como encarregado daretirada do veículo, paga a conta e dele se apropria: Háestelionato e não furto mediante fraude.. Se o veículo vem a sertransportado para outro Estado ou para o exterior: aplica-se o §5º deste artigo.

Sujeito que ilude a vítima, fazendo com que saia do veículo,fugindo com ele: Há duas orientações:

1ª) é furto mediante fraude e não estelionato; 2ª) é estelionato e não furto qualificado pela fraude.

4) ESCALADA Significa assaltar com uso de escada, subir a algum lugar. É oacesso a um lugar por meio anormal de uso. como, v. g., entrarpelo telhado, saltar o muro etc.

Salto sobre obstáculo ou pequena altura: Não há a qualificadora. Ato de execução: A escalada configura ato executório e nãopreparatório do furto..

Características do meio executório: Há duas posições: 1ª) basta que o sujeito tenha penetrado por via imprópria deacesso ao local de furto ; 2ª) não basta a utilização de via imprópria de acesso, sendonecessário que o sujeito empregue destreza ou esforço fora docomum . Por isso, é preciso esclarecer a altura superada pelosujeito.

Subida em poste para furto de fio elétrico: Não-incidência daqualificadora.

Entrada pela janela: Há duas situações: 1ª) janela rente ao solo: não incide a qualificadora; 2ª) janela alta, exigindo esforço físico: incide a qualificadora.

Exigência de perícia: Há duas posições: 1ª) exige-se prova pericial; 2ª) como a escalada nem sempre deixa vestígios, a perícia não énecessária, podendo a qualificadora ser provada por outro meio.

5) DESTREZA : É a habilidade capaz de fazer com que a vítima não perceba asubtração; É a denominada punga dos batedores de carteira. Não seconfunde com o arrebatamento de inopino.a) se há violência contra pessoa: trata-se de roubo;b) se há violência contra a coisa (ex.: rompimento de alça debolsa), há furto qualificado pela violência;

Se o agente é pressentindo pela vítima, existe tentativa de furtosimples ou tentativa de furto qualificado pela destreza-

a) Se o agente se deixa pressentir pela vítima ou por terceiro,demonstrando assim a inabilidade (ausência da própria natureza dacircunstância legal específica), reponde por tentativa de furtosimples: Constituindo a destreza especial habilidade do sujeito,capaz de evitar a percepção da vítima, se ela se apercebe dasubtração não ocorre a qualificadora, uma vez que a própriainabilidade impede a consumação do crime;

b) responde por tentativa de furto qualificado. O que caracterizaa circunstância qualificadora é o meio empregado, que existe persi, independentemente da habilidade ou canhestrismo do agente e dosucesso da conduta;.

Tentativa como circunstância impeditiva da qualificadora: Discute-se a respeito de haver tentativa de furto qualificado mediantedestreza. Há duas orientações: 1ª) a tentativa exclui a destreza; 2ª) a circunstância de a subtração ser tentada não afasta aqualificadora.

6) CHAVE FALSAÉ todo o instrumento , com ou sem forma de chave, destinado aabrir fechaduras. Se a chave é encontrada na fechadura, não há furto qualificadomas, furto simples. Se o sujeito ardilosamente apanha a chave verdadeira , trata-sede furto qualificado por fraude, e não por chave falsa, já que amesma é verdadeira. Não podemos considerar falsa a chaveverdadeira (princípio da tipicidade). Não se pode ler verdadeiroonde está escrito falso.

Ligação direta para fazer o veículo funcionar: Há duas posições: 1ª) há furto simples; 2ª) há furto qualificado.

7) CONCURSO DE PESSOAS Exige-se pelo menos duas pessoas, sendo irrelevante que uma delasseja inimputável, não é preciso que as duas ou mais pessoasestejam presentes no local da subtração. Suponha-se o caso do mandado, em que o sujeito “A” determina a“B” a prática da subtração, “A” fica em sua casa, enquanto “B” vaifurtar a casa da vítima, (Dámasio entende ser furto qualificado).

O CP. descrevendo a qualificadora fala em “.....crime cometidomediante duas ou mais pessoas...” NÃO diz subtração cometida, oraentre nós, comete crime quem de qualquer modo, concorre para a suarealização. De maneira que o partícipe também comete crimes.

Furto cometido por quadrilha: Respondem os sujeitos por quadrilha(CP, art. 288) e furto simples, excluída a qualificadora.

Falta de identificação do co-autor: Não impede a qualificadora.

Absolvição do co-autor: Conforme o fundamento da absolvição, ooutro responde por furto simples. Havendo, porém, prova dapluralidade de agentes, a absolvição de um não impede aqualificadora em relação ao outro.

Vínculo psicológico entre os participantes: Há duas posições: 1ª) é imprescindível à qualificadora. Mas não se exige acordoprévio; 2ª) é prescindível, bastando o número exigido de participantes..

8) FURTO DE VEÍCULO QUE VENHA A SER TRANSPORTADO PARA OUTRO ESTADOOU PARA O EXTERIOR (§ 5º) - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8(oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha aser transportado para outro Estado ou para o exterior

Nova figura típica de furto qualificado: Não se trata de causa deaumento de pena e sim de forma típica qualificada, à semelhançadas tradicionais figuras do § 4º do art. 155 do CP, uma vez que anorma comina o mínimo e o máximo da pena detentiva.

Requisitos: 1º) que o objeto material subtraído seja "veículo automotor"; 2º) que venha a ser transportado para outro Estado ou para oexterior.

Significado da qualificadora "que venha a ser transportado paraoutro Estado ou para o exterior": Haverá, no mínimo, duasposições: 1ª) qualifica-se o crime quando o objeto material, durante a fasede execução da subtração ou depois da consumação, esteja sendo outenha sido conduzido na direção de outro Estado ou para oexterior, não se exigindo que haja transposto os limites estaduaisou nacionais;

2ª) a incidência da circunstância exige que o veículo tenhatransposto os limites do Estado ou do território nacional. Deacordo com essa orientação, a pena não é agravada se, v. g., osujeito vem a ser surpreendido, tendo a subtração ocorrido noEstado de São Paulo, nas proximidades da fronteira paulista dadivisa com Minas Gerais, para onde se dirigia; ou perto dafronteira brasileira com o Paraguai, para onde pretendia levar oautomóvel.

Convém observar que não devemos confundir a consumação do furtocom a concretização do fim visado pelo agente, i. e., o efetivotransporte do veículo para outro Estado ou para o exterior, quequalifica o crime. Dessa forma, o momento consumativo do delitonão está condicionado à consecução da finalidade pretendida.Assim, podem ocorrer duas hipóteses: 1ª) o sujeito consuma o furto durante o transporte do veículo paraoutro Estado ou para o exterior; 2ª) já ultrapassada a fase da consumação, o automóvel vem a sertransportado para outro Estado ou para o exterior. A qualificadoraincide nos dois casos, desde que o objeto material tenhatransposto os limites do Estado de origem ou do territórionacional. É a orientação do Ministério da Justiça em comunicado àDivisão de Prevenção do Crime e Justiça Criminal das Nações Unidas(Viena),. Realmente, a presença do verbo vir já tem o sentido deconseqüência, finalidade, razão pela qual alguns teóricosconsideram redundante a locução ("vir a" + infinitivo). Na lei, aexpressão "ser transportado", tratando-se de veículo automotor,contribui para a existência de progressão espacial, conduzindo osléxicos à afirmação unânime de exigência de conseqüência,consecução da finalidade. Como diz Luiz Antonio Sacconi, "a açãotraduz um resultado" (Nossa gramática, cit.).

Componentes: O transporte, nos moldes do tipo, de partes deveículo não qualifica o delito. O Projeto de Lei n. 73, de 1993,de iniciativa do Presidente da República, que agravava as penas dareceptação na hipótese de "veículo motorizado", estendia aincriminação a seus "componentes" (art. 180, § 1º, I, d).

ELEMENTO SUBJETIVO: É necessário que o autor da subtração (co-autor ou partícipe) saiba que o veículo está sendo transportadopara outro Estado ou para o exterior.

CONCURSO DE PESSOAS: Quem concorre para o transporteextralimites, seja executor, co-autor ou partícipe, responde pelaqualificadora, desde que essa circunstância tenha ingressado naesfera de seu conhecimento (CP, art. 30). Quem intervém no fato,psicológica e materialmente, somente depois de consumada asubtração, responde por receptação (art. 180, caput).

Veículo subtraído que vem a ser vendido várias vezes, acabando porser transportado para outro Estado ou para o exterior: O autor dasubtração não responde pela qualificadora, desde que não hajaingressado na esfera de seu conhecimento

CONTRATO EXCLUSIVO DE TRANSPORTE: Se o sujeito é contratadosomente para transportar o veículo, que sabe furtado, para outroEstado ou para o exterior: responde por receptação dolosa (art.180, caput).

Repouso noturno: A qualificadora do § 5º exclui a do § 1º (furtode veículo durante o período de repouso noturno).

FURTO PRIVILEGIADO: O benefício do art. 155, § 2º, é inaplicávelà forma qualificada do § 5º, uma vez que o objeto material,veículo automotor, jamais será de valor igual ou inferior aosalário mínimo.

PENA PECUNIÁRIA: Ao criar o § 5º, a Lei n. 9.426/96 esqueceu-se decominar a pena de multa. E não se diga que a agravação ocorresomente em relação à reclusão, subsistindo a multa do caput. Note-se que a lei não diz que "a pena de reclusão é de três anos", esim que "a pena é de três anos de reclusão". Não houve esseesquecimento em outros dispositivos com nova redação (arts. 157, §3º, e 180, caput e § 1º). De modo que o crime de furto de veículoautomotor não enseja a aplicação de multa. A norma, de conteúdobenéfico, é retroativa em relação aos furtos de veículos, nascondições da nova figura típica, anteriores à vigência da Lei n.9.426/96

Irretroatividade: O dispositivo do § 5º, por ser mais gravoso doque a lei anterior, é irretroativo, não atingindo os furtos deveículos, cometidos com a circunstância do transporte, anterioresà vigência da lei nova.

FURTO DE COISA COMUM – ARTIGO 156

Furto de coisa comum

Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou paraoutrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.§ 1º - Somente se procede mediante representação.§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valornão excede a quota a que tem direito o agente.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA

OBJETOS JURÍDICOS: A propriedade e a posse (legítimas).

A incriminação reside em que o sujeito seja, condômino, co-herdeiro ou sócio. Assim refere-se ao condomínio, herança esociedade.Condomínio: é a propriedade em comum exercida por dois ou maisindivíduos simultaneamente; Chama-se também, co-propriedade e osproprietários, são consortes, condôminos ou co-proprietário.

Herança: é a universalidade dos bens como objeto de sucessãouniversal. É o conjunto dos bens que o homem deixa ao morrer. Sociedade: é as reunião de duas ou mais pessoas que mediantecontrato, se obrigam a combinar seus esforços ou bens paraconsecução de um fim comum.Nesses casos, o direito do sócio, herdeiro ou condômino é limitadopelo direito dos outros.

SUJEITOS DO DELITOCRIME PRÓPRIO, só pode ser cometido por: condômino, co-herdeiro ousócio. Como a lei apenas fala em “sócio”, não fazendo distinçãoquanto à sua natureza, é irrelevante que a sociedade sejalegalmente constituída ou de fato. Essa qualidade é comunicávelem caso de concurso de pessoas.Sujeito Passivo: é que detém legitimamente a coisa. Pode ser ocondômino, co-herdeiro ou sócio ou um terceiro qualquer Se adetenção é ilegítima, não há delito de subtração de coisa comumpor ausência de tipicidade. Se a coisa estava na posse do sujeitoresponde por apropriação indébita.SÓCIO: Não distinguimos sócio de sociedade com personalidadejurídica de sócio de sociedade de fato. Para nós, como a leiapenas fala em "sócio", não fazendo qualquer distinção quanto àsua natureza, é irrelevante que a sociedade seja legalmenteconstituída ou de fato

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOPunível somente a título de dolo, que consiste na vontade deconcretizar os elementos típicos objetivos descritos nadisposição. Exige-se outro elemento subjetivo do tipo: “...para siou para outrem...”.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIAÉ delito próprio, simples, plurissubsistente, de forma livre,comissivo e instantâneo.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVA (mesmo do furto):Consuma-se o crime no momento em que a vítima não pode maisexercer a faculdade inerentes a sua posse ou propriedade, instante

em que o ofendido não pode mais dispor do objeto material, aindaque não haja deslocação material da coisa.A tentativa é admissível, ocorre sempre que o sujeito ativo nãoconsegue , por circunstância alheia à sua vontade, retirar oobjeto material da esfera de proteção e vigilância da vítima,submetendo-se à sua própria disponibilidade.

CAUSA ESPECIAL DE EXCLUSÃO DE ANTIJURIDICIDADE - CP.ART. 156 § 2°:Não se trata de insenção de pena, na verdade a norma penapermissiva diz que “....não é punível a subtração....” ; fatoimpunível em matéria penal é fato lícito, note-se que olegislador NÃO diz que não é punível o agente, mas sim que não épunível a subtração – trata-se em face disso de subtração lícita –temos então uma causa de exclusão de antijuridicidade e NÃO deinsenção de pena. O benefício exige dois requisitos:1) que a coisa comum seja fungível: coisa ser fungível ou nãodepende de sua natureza e não da intenção do sujeito ativo dofato, pode, entretanto, ocorrer, fungibilidade em razão do acordode vontade das partes;2) que seu valor não exceda a quota a que tem direito o sujeito;não excluirá o crime, quando se escolher a melhor parte do objetomaterial.

ROUBO – ARTIGO 157Roubo

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediantegrave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquermeio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa,emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar aimpunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e oagente conhece tal circunstância.IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a sertransportado para outro Estado ou para o exteriorV - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sualiberdade.

§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é dereclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além da multa; se resultamorte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo damulta.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICACrime complexo em que o CP. protege a posse e a propriedade, aintegridade física , vida a saúde e a liberdade individual.

ROUBO POSSUI DUAS FORMAS:1) Roubo próprio: Artigo 157 - caput ; É o fato de o sujeitosubtrair coisa móvel alheia, para ele ou para terceiro, mediante

grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, porqualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência2) Roubo Impróprio Artigo 157 - § 1°, (ou por aproximação):Ocorre quando o sujeito, logo depois de subtraída a coisa, empregaviolência contra a pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar aimpunidade do crime ou a detenção da coisa para ele ou paraterceiro

A diferença entre um e outro encontra-se no momento em que seemprega a violência contra a pessoa ou a grave ameaça. Quando issoocorre para que o sujeito subtraia o objeto material, há roubopróprio. Quando porém, logo depois de subtraída a coisa, emprega aviolência ou a grave ameaça , a fim de assegurar a impunidade docrime ou continuar na sua detenção , para ele ou para terceirocomete roubo impróprio. A diferença se encontra na expressão "logodepois de subtraída a coisa" (§ 1º). Com esses termos, o CódigoPenal não indica a consumação do furto, mas simplesmente a"tirada" da coisa. Assim, quando o sujeito pratica a violência emsentido amplo, antes ou durante a subtração, responde por roubopróprio. Quando, entretanto, logo depois de apanhada a coisa,emprega violência ou grave ameaça, comete roubo impróprio

Assim:1) praticada a violência antes e durante a subtração ==> ROUBOPRÓPRIO2) praticada a violência ou grave ameaça depois de apanhado acoisa ==> ROUBO IMPRÓPRIO.

Se consumado o furto, empregue violência o agente, contra a pessoaa fim de continuar na detenção do objeto material ==> NÃO HÁ ROUBOPRÓPRIO OU IMPRÓPRIO ==> mas sim, furto consumado e delito contraa pessoa.

Roubo difere de furto qualificado pela violência, naquele aviolência é cometida contra a pessoa, e neste contra a coisa.

ROUBO DE USO: Há duas posições: 1ª) constitui crime. Assim, configura delito de roubo o fato de osujeito subtrair um veículo, mediante violência em sentido amplo,para a prática de outros assaltos.; 2ª) não configura roubo, podendo subsistir constrangimento ilegal;

Alegação de estado de necessidade: Não é admissível em face daprática de roubo, principalmente quando o sujeito emprega arma.

Roubo privilegiado: Inexiste, inaplicável o § 2º do art. 155deste Código..

SUJEITOS DO DELITO:Qualquer pessoa pode ser SUJEITO ATIVO do delito, não se prevêcapacidade específica.SUJEITO PASSIVO em regra, é o titular da posse ou da propriedade,excepcionalmente ocorre a hipótese de dois sujeitos passivos: umque sofre a violência ou grave ameaça , e o outro, titular dodireito de propriedade.

MEIOS DE EXECUÇÃOO fato é praticado mediante grave ameaça ou violência a pessoa oudepois de havê-la por qualquer meio reduzido a impossibilidade deresistência. A violência característica do roubo pode ser:1) própria: emprego de força física – lesão corporal ou vias defato2) imprópria : qualquer outro meio – exceto a grave ameaça –emprega um outro meio de conteúdo idêntico a grave ameaça ouviolência a pessoa. Ex.: embriaguez, narcótico, etc..

Pode ainda ser:1) imediata: contra o titular do direito de propriedade ou posse;2) mediata: contra um terceiro;

Por, último, pode ainda ser:1) física – emprego de vis absoluta;2) moral – emprego de vis compulsiva;

Arrebatamento de inopino, configura crime de furto. Ex.: caso doarranque de correntinha pelo trombadão, entretanto, se a violênciaé contra pessoa há roubo.

OBJETOS MATERIAISOBJETOS MATERIAIS: A pessoa humana e a coisa móvel. Tratando-se deveículo automotor, aplica-se o § 2º, IV.

ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPORoubo só punível a título de DOLO – elemento subjetivo do tipo.Possui outro elemento subjetivo – “...para si ou paraoutrem ...”; demonstra a necessidade de intenção de possedefinitiva.Assim, NÃO há delito de roubo quando o sujeito não age com afinalidade de assenhoramento definitivo da coisa móvel alheia. No parágrafo 1° do artigo 157. Temos o roubo impróprio, que exigeoutro elemento subjetivo do tipo, “...afim de assegurar aimpunidade do crime ou detenção da coisa para si ou paraterceiro...”

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA1. DELITO MATERIAL: descreve a conduta e o resultado, exigindo asua produção;2. INSTANTÂNEO: consuma-se no momento em que o objeto materialsai da esfera de disponibilidade da vítima, ingressando na dosujeito – roubo próprio - . O impróprio se consuma no instante emque o sujeito emprega a violência contra pessoa ou grave ameaça.3. COMPLEXO: integra-se de outros fatos que também constituemdelito, como o furto, a lesão corporal, a ameaça e oconstrangimento ilegal.4. FORMA LIVRE: admite qualquer forma de execução;5. DANO: exige a efetiva lesão do bem jurídico;6. PLURISSUBSISTENTE: se perfaz em um único ato, onde o sujeitopratica a violência e subtrai o objeto material.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA1 ROUBO PRÓPRIO ("caput"): atinge a consumação nos mesmos moldes

do crime de furto – quando o sujeito consegue retirar da esferade disponibilidade da vítima, ainda que não haja possetranqüila. : STF: "o roubo se consuma no instante em que oladrão se torna possuidor da coisa alheia móvel, não sendonecessário que ela saia da esfera de vigilância do antigopossuidor "O roubo próprio admite a tentativa. Tentativa deroubo próprio ("caput"): Ocorre quando o sujeito, iniciada aexecução do tipo mediante emprego de grave ameaça, violênciaprópria ou imprópria, não consegue efetivar a subtração. Nãoexige o início de execução do "subtrair" e sim da prática daviolência.

2 ROUBO IMPRÓPRIO consuma-se no momento em que o sujeito empregaa violência contra pessoa ou grave ameaça. Não admite a figurade tentativa. Ou consuma-se a violência ou não, neste último,permanece o furto tentado ou consumado.

3 Deve se observar que a violência deve ser empregada logo depoisde subtraída a coisa, exige-se uma quase absoluta imediatidadeentre a tirada da coisa e o emprego da violência ou graveameaça. Se o sujeito meia hora depois de subtraído o objetomaterial, reage não se trata de roubo impróprio, mas sim defurto consumado em concurso com crime contra pessoa.

4 Sujeito prestes a iniciar a subtração da coisa vem a sersurpreendido, frustrando-lhe a tirada, emprega violência ougrave ameaça contra a vítima, não há de se falar em delito deroubo, pois a violência deve ser empregada antes, durante oudepois da tirada, no caso frustrou-se a tirada, assim deve osujeito responder por tentativa de furto e crime contrapessoa, em concurso material.

5 Sujeito deve empregar violência contra pessoa ou grave ameaçalogo depois de subtraída a coisa. Isso exige quase absolutaimediatidade entre a tirada da coisa e o emprego da violência ougrave ameaça. Se o sujeito, meia hora depois de subtraído oobjeto material, vem a ser surpreendido pela polícia e reage,não se trata de roubo impróprio, mas de furto consumado emconcurso com o delito contra a pessoa.

6 Observe-se que parte da doutrina acha que não cabe a violênciaimprópria (ex.: uso de hipnose, narcótico...) no caso de rouboimpróprio, quando a violência é posterior a tirada, segundoDámasio, nada obsta.

ROUBO CIRCUNSTANCIADO – ARTIGO 157 § 2º

APLICAÇÃO: Caput e § 1º.

Aplicação das circunstâncias do § 2º aos tipos qualificados do §3º: A pena cominada antes da Lei n. 9.426/96, na hipótese de roubocom lesão corporal de natureza grave, era de cinco a quinze anosde reclusão. Questionava-se a possibilidade de as causas de

aumento de pena do § 2º recaírem sobre o roubo com lesão corporalgrave e o latrocínio. Prevalecia o entendimento de que nãoincidiam, recaindo somente sobre as formas simples do rouboprevistas no caput e no § 1º. Não se aplicando, tínhamos aseguinte situação: 1ª) se o agente, empregando arma, ferisse gravemente a vítima, nãoconfigurando o fato tentativa de homicídio, sofria a pena mínimade cinco anos de reclusão (§ 3º, 1ª parte); 2ª) se, entretanto, utilizasse arma somente para infundir temor,sem causar ferimentos, a pena mínima era de cinco anos e quatromeses de reclusão, i. e., quatro anos pelo roubo próprio ouimpróprio e um ano e quatro meses pelo emprego de arma (§ 2º). Ofato de maior gravidade (roubo com lesão corporal de naturezagrave) era apenado menos severamente do que o de menor lesividade(roubo com emprego de arma).

A Lei n. 9.426/96, elevando a pena mínima do roubo com lesãocorporal grave para sete anos, sanou a falha da legislação. Assim,hoje, as penas são as seguintes: 1ª) roubo com emprego de arma, concurso de pessoas etc.: reclusão,no mínimo, de cinco anos e quatro meses, além da multa (art. 157,§ 2º); 2ª) roubo com lesão corporal de natureza grave: reclusão, nomínimo, de sete anos, além da multa. O § 2º continua impedido deser aplicado ao § 3º. Não há, entretanto, a falha da lei anterior.

Pluralidade de circunstâncias: decidiu o TJSP: 1) Havendo uma circunstância (emprego de arma ou concurso depessoas): aumento de 1/3 sobre a pena-base. 2) Duas circunstâncias: "o aumento deve ficar entre o mínimo e omáximo estipulado, ou seja, em 2/5".

1) EMPREGO DE ARMA Fundamento da circunstância: Há duas posições: 1ª) maior perigo que envolve o meio executório (critérioobjetivo): a razão da circunstância reside na maior probabilidadede dano que resulta do emprego de um revólver, de um punhal etc.Diante disso, é indispensável que a arma apresente idoneidadeofensiva. Assim, não agrava pena do roubo o emprego de armadescarregada, defeituosa etc. É a nossa posição; 2ª) leva-se em conta o maior poder de intimidação do meioexecutório (critério subjetivo). . A Súmula 173 do STJ adotou o

critério subjetivo: "No crime de roubo, a intimidação feita comarma de brinquedo autoriza o aumento de pena

Infração de porte de arma: Fica absorvida.

O porte ostensivo, por si só, não serve como qualificadora,podendo incluir-se na grave ameaça. não configura a causa deaumento da pena, uma vez que o CP. fala em “...emprego dearma...”, exigindo seu uso efetivo. Diante disso é preciso que amesma apresente a idoneidade ofensiva.

Arma defeituosa: Há duas posições: 1ª) subsiste a causa de aumento da pena; 2ª) não subsiste.

Emprego de revólver da própria vítima, encontrado no local doassalto: Incide a causa de agravação especial da pena.Arma descarregada: Há duas posições: 1ª) não há a causa de aumento da pena. É a nossa posição; 2ª) o crime de roubo é agravado.

Simulação de porte de arma: Há duas posições a respeito dacircunstância de o sujeito, com a mão sob as vestes, simular queestá empunhando uma arma: 1ª) há roubo agravado; 2ª) não incide a circunstância:(STF). É a nossa posição.

Simples afirmação de porte de arma: Não agrava o crime

Emprego de arma por um dos co-autores: A circunstância alcança atodos, desde que dela tenham conhecimento. Ainda que não sejaidentificado quem a usou ou somente um dos agentes a tenhautilizado.Peça ornamental assemelhada a arma: Entendeu-se configurar arma,agravando a pena.Constituem armas: Revólveres, espingardas, punhais, facas etc.Faca de cozinha. Garrafa, Estilete.

Chave de fenda: Há duas posições: 1ª) constitui arma; 2ª) não constitui.

Ausência de apreensão da arma: Não impede o reconhecimento dacausa de aumento de pena.

2) CONCURSO DE PESSOAS (§ 2º, II- se há o concurso de duas ou maispessoas)Qualifica também o roubo, o concurso de duas ou mais pessoas, nãonecessário que estejam presentes ao local do fato, sendosuficiente a concorrência de mais de uma pessoa na práticadelituosa. Não se exige a identificação de todos os co-autores.Pode haver divisão de tarefas: um assaltante acossa a vítima;outro a despoja de seus bens; um terceiro permanece de sentinela.Concurso de duas pessoas, sendo uma delas inimputável: Subsiste acausa de aumento de pena

Absolvição de um dos co-autores: efeito quanto ao outro: Há duasposições: 1ª) não desaparece a circunstância do concurso de pessoas; 2ª) a circunstância fica excluída.

3) SERVIÇO DE TRANSPORTE (§ 2º, III- se a vítima está em serviçode transporte de valores e o agente conhece tal circunstância)Não importa a natureza do valor, pode ser dinheiro, jóia, etc..Exige-se que o sujeito esteja a serviço de outrem, não se aplicaa qualificadora no caso da vítima que traz consigo a coisaprópria como o motorista de praça. A circunstância exige elementosubjetivo do tipo, uma vez que só ocorre quando o sujeito temconsciência de que a vítima está em serviço de transporte devalores.

4) ROUBO DE VEÍCULO AUTOMOTOR (§ 2º, IV se a subtração for deveículo automotor que venha a ser transportado para outro Estadoou para o exterior)Nova causa de aumento de penaNão se trata de forma típica qualificada, uma vez que a norma nãocomina o mínimo e o máximo da pena detentiva.

Requisitos: 1º) que o objeto material roubado seja "veículo automotor"; 2º) que venha a ser transportado para outro Estado ou para oexterior.Veículo automotor: Abrange aeronaves, automóveis, caminhões,lanchas, jet-skis, motocicletas etc.

Elemento subjetivo: É necessário que o autor do roubo (co-autor oupartícipe) saiba que o veículo está sendo transportado para outroEstado ou para o exterior.

Concurso de pessoas: Quem concorre para o transporte extralimites,seja executor, co-autor ou partícipe, responde pelo fato com penaagravada, desde que a circunstância tenha ingressado na esfera deseu conhecimento (CP, art. 30). Quem intervém no fato, psicológicae materialmente, somente depois de consumado o roubo, responde porreceptação (art. 180, caput). Contrato exclusivo de transporte: E se o sujeito é contratadosomente para transportar o veículo, que sabe roubado, para outroEstado ou para o exterior: responde por receptação dolosa (art.180, caput, deste Código).

Concurso de causas de aumento de pena: É tranqüilo o entendimentode que, ocorrendo pluralidade de causas de aumento de penaprevistas na Parte Especial, o juiz aplica somente uma,funcionando as demais como circunstâncias agravantes genéricas ousimplesmente judiciais. Ora, o crime de roubo de veículoautomotor, geralmente automóvel, ainda que para transporte paraoutro Estado ou para o exterior, normalmente é cometido comemprego de arma e mediante concurso de pessoas (art. 157, § 2º, Ie II). Diante disso, o novo tipo surtirá pouco efeito prático, umavez que esse delito, na maioria das vezes, já terá a pena especialmente agravada pela natureza doinstrumento utilizado (arma) ou pela forma de execução (concursode pessoas), atuando a espécie do objeto material (veículoautomotor) e o transporte como meras circunstâncias judiciais, umavez que não estão descritas no art. 61 deste Código, sem aimportância que a Lei n. 9.426/96 lhes pretendeu emprestar.

5) SE O AGENTE MANTÉM A VÍTIMA EM SEU PODER, RESTRINGINDO SUALIBERDADE

RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DO SUJEITO PASSIVO: A Lei n. 9.426, de 24de dezembro de 1996, acrescentou ao roubo uma causa de aumento depena na hipótese de o agente manter "a vítima em seu poder,restringindo sua liberdade". Ex.: o assaltante constrange a vítimaa retirar dinheiro de várias caixas automáticas de bancos; mantém-na seqüestrada por várias horas depois de consumado o roubo com afinalidade de assegurar o proveito do delito. O tipo admitirávárias interpretações, uma vez que a jurisprudência tem entendido

haver um só crime quando o seqüestro funciona como meio deexecução do roubo, absorvido por este, ou quando o agente mantém osujeito passivo em seu poder contra a ação policial.

No caso em que a privação da liberdade da vítima ocorre após asubtração, há duas orientações no sentido da pluralidade decrimes: 1ª) existem dois delitos em concurso material;2ª) há concurso formal.

Como a Lei n. 9.426/96 não faz distinção quanto à presença deseqüestro na fase de execução ou após a consumação do roubo,poderá haver caso em que incida só a causa de aumento de pena,quando o correto seria a responsabilidade do agente por doiscrimes em concurso. É a hipótese, v. g., de o sujeito, após asubtração, tendo empregado arma, manter a vítima em seu poder porvários dias. De acordo com a lei nova, literalmente interpretada,a pena mínima é de cinco anos e quatro meses de reclusão, a mesmaabstratamente cominada para o roubo com emprego de arma. Oseqüestro fica quase impune, uma vez que funcionará como simplescircunstância judicial de exasperação das penas. Realmente, oroubo, em regra, é cometido com emprego de arma e concurso depessoas, causas de aumento de pena. De modo que a existência demais uma circunstância, qual seja, o seqüestro da vítima,apresenta-se como mera circunstância judicial (art. 59 desteCódigo), tendo em vista que a privação da liberdade do sujeitopassivo não se encontra legalmente prevista como agravantegenérica (art. 61 deste Código). Em suma, a interpretaçãosimplesmente literal do texto conduz, em certos casos, à quase-impunidade do seqüestro. Daí entendermos que a nova circunstânciadeve ser aplicada da seguinte maneira:

1. seqüestro cometido como meio de execução do roubo oucontra a ação policial: incide o art. 157, § 2°,afastado o concurso de crimes;

2. seqüestro praticado depois da subtração (sem conexão coma execução ou com a ação policial): concurso de crimes.

Essas qualificadoras não se aplicam aos fatos descritos no § 3°,incidindo sobre as formas de roubo próprio e impróprio. Não seaplicando ao latrocínio. Entendimento jurisprudencial.

CONCURSO DE CRIMESSe o sujeito assalta várias pessoas, subtraindo bens apenas de umapessoa sofrendo as outras grave ameaça, há um único delito, omesmo ocorrendo quando rouba bens que pertencem aos componentesde uma mesma família.

Há um crime ou vários quando o sujeito, num só contexto de fato ,mediante violência ou grave ameaça, subtrai bens de váriaspessoas- Neste caso há concurso formal de crimes, segundo o qual o sujeitoque num contexto de fato, pratica violência ou grave ameaçacontra várias pessoas, produzindo multiplicidade de violaçõespossessórias, inadmissível a tese de delito único. Caso contráriohaveria também delito único, na hipótese, do sujeito mediante umsó comportamento, desfechar tiros de revólver em várias vítimas,matando-as.No roubo múltiplo, praticado num só contexto de fato, comviolações possessórias várias , o agente dirige sua conduta contratodas, realizando as subtrações em relação a cada uma,considerada isoladamente. A cada uma das vítimas correspondemviolência ou grave ameaça e lesão patrimonial. Não se pode dizerque se configura delito único, configurando-se CONCURSO FORMAL DEDELITOS.

Segundo o mesmo artigo 70, há o concurso formal, quando o sujeitomediante uma só ação ou omissão pratica dois ou mais crimes,assim, quando o agente assaltando duas ou mais pessoas num sócontexto temporal, empregando violência ou grave ameaça, esubtraindo bens de cada uma , realiza um só comportamento,entretanto esse unidade de condutas em face de a multiplicidade deatos dirigir-se contra o patrimônio de cada um das vítimas,constitui pluralidade de crimes. Havendo tantos crimes, quantosforem as violações possessórias. Então, o agente com uma só (ação)conduta, pratica dois ou mais roubos. Segundo o artigo 70, 2ª parte, afirma que se o comportamento édoloso e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,o concurso permanece formal, aplicando-se entretanto a pena doconcurso material. Nos roubos praticados num só contexto, não resta dúvida que aconduta é dolosa, os crimes concorrentes, entretanto, não resultamde desígnios autônomos.

Por exemplo: o sujeito pode estuprar com dupla finalidade:satisfazer o instinto sexual e transmitir doença venérea a vítima,de que está contaminado, com uma só conduta, realiza dois fins; aconduta externa é considerada única. O elemento subjetivo não podeser considerado “unitário”, em face da diversidade de finalidade.O roubo múltiplo é cometido num só contexto temporal, ao contrárioo sujeito é levado a praticar um só fato, a conduta externa emboraconstituída de vários atos de submissão das vítimas,subjetivamente é uma só.

ADMITE-SE O ROUBO CONTINUADO.: A reforma penal de 1984, nostermos do art. 71, parágrafo único, do Código Penal, passouexpressamente a admitir a continuação nos delitos de roubo. Nosentido da possibilidade de roubo continuado

Roubo e seqüestro: a) antes da Lei n. 9.426, de 24 de dezembro de 1996 (vide

art. 157, § 2º, V, deste Código, com redação dessalei).Se o seqüestro (ou cárcere privado) funciona comomeio de execução do roubo, fica absorvido por este.Ocorre também absorção quando o sujeito mantém a vítimano local como garantia contra a ação policial. Épossível, porém, que o sujeito, depois da subtração doobjeto material, prive a vítima de sua liberdade. Nessecaso, há três posições:

1) há dois crimes, em concurso material; 2) há concurso formal ; 3) só há o crime de roubo.

b) na vigência da Lei n. 9.426/96).1) Constrangimento ilegal como meio executório do

roubo: Fica absorvido por este.2) Ameaça como meio executório do roubo: Fica

absorvida por este.3) Roubo acompanhado de estupro: Há concurso material

de crimes.

6) ROUBO QUALIFICADO PELA LESÃO CORPORAL GRAVE (§ 3º, 1ª PARTE)A expressão lesão corporal de natureza grave indica as lesõesgraves em sentido amplo, descritas no artigo 129, §§ 1° e 2°. Alesão pode ser produzida no titular do direito de propriedade ounum terceiro que venha a sofrer a violência física.. Trata-se decrime qualificado pelo resultado em que o roubo é punido a títulode dolo, enquanto as lesões graves admitem, em regra, dolo ou

culpa (preterdolo). Vide art. 19 deste Código. A qualificadora dalesão corporal de natureza grave é aplicável ao roubo próprio eimpróprio. Produzindo-se lesão corporal de natureza leve (CP, art.129, caput), é absorvida pelo roubo, subsumida na elementar"violência" (art. 157, caput e § 1º).

Autor que sofre lesão corporal grave: Não incide a qualificadora,que só ocorre quando é causada no sujeito passivo ou terceiro.

Co-autor que sofre lesão corporal grave: Não ocorre aqualificadora, que só incide quando é causada na vítima outerceiro, há, entretanto, precedente jurisprudencial em sentidocontrário.

LESÃO GRAVE E SUBTRAÇÃO PATRIMONIAL TENTADA: Há duas posições: 1ª) o sujeito responde por tentativa do crime do art. 157, § 3º,1ª parte ; 2ª) há crime consumado. De acordo com a segunda orientação, se o sujeito emprega armaincide a agravação da pena prevista no art. 157, § 2º.A lesão corporal de natureza leve, é absorvida pelo roubo,subsumida na elementar “...violência..”, assim quem ferelevemente a vítima não responde por dois delitos.

7) LATROCÍNIO (§ 3º, 2ª PARTE)A segunda parte do § 3°, prevê o latrocínio, que é o fato dosujeito matar para subtrair bens da vítima, a morte pode serdoloso ou culposa.

Trata-se de crime considerado hediondo, sujeitando o autor aseveras conseqüências penais e processuais penais (vide Lei n.8.072, de 25-7-1990). É CRIME COMPLEXO.

SUJEITO PASSIVO: Detentor do objeto material, seja ou nãoproprietário, ou o terceiro que arroste o sujeito. Morte de co-autor: vide nota específica.

Momento consumativo: Ocorre com a morte da vítima .Tentativa: É admissível nas mesmas condições do homicídio. É o queocorre, v. g., quando o assaltante, agindo dolosamente, disparavários projéteis contra a vítima, errando o alvo. Há tentativa delatrocínio ainda que a vítima tenha sofrido lesão corporal denatureza grave, desde que tenha agido com dolo de matar

DOLO E CULPA: A morte pode ser dolosa ou culposa. Isso significaque o sujeito pode agir dolosa ou culposamente no tocante aoresultado morte (CP, art. 19). Se o sujeito sabia que o comparsaestava armado: responde pela morte.

De acordo com o art. 9º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990,que dispôs sobre os delitos hediondos, a pena é agravada de metadequando a vítima se encontra nas condições do art. 224 do CódigoPenal, a saber: 1º) não é maior de catorze anos; 2º) é alienada ou débil mental, e o sujeito conhecia essacircunstância; 3º) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência. Trata-se de causas de aumento de pena de natureza objetiva e deaplicação obrigatória, incidentes somente sobre as formas do § 3º.Não obstante sua natureza, devem estar abrangidas pelo dolo dosujeito, não se admitindo responsabilidade agravada pela suasimples ocorrência, como vem entendendo a jurisprudência aointerpretar o art. 224 do Código Penal. Dessa forma, não basta,por exemplo, que a vítima seja menor de catorze anos de idade ouque não possa, por alguma outra causa, oferecer resistência. Énecessário que essas circunstâncias se encontrem na esfera deconhecimento do autor, admitindo-se o erro de tipo escusável (CP,art. 20). Quanto à menoridade da vítima, deve ser considerada adata da conduta e não a da produção do resultado morte, aplicando-se a teoria da atividade, nos termos do art. 4º do Código Penal(tempo do crime). Assim, ocorrendo a subtração violenta antes de avítima completar os catorze anos de idade e vindo a falecer depoisde seu aniversário, incide a agravação da pena. Agrava-se, também,a pena quando o fato ocorre no dia em que o sujeito passivocompleta os catorze anos de idade. Aumentada a pena, despreza-se aagravante genérica do art. 61, II, h, do Código Penal (crimecometido contra criança). No tocante à deficiência mental davítima ou à presença de causa impeditiva de resistência, remetemoso leitor à nossa apreciação do art. 224, alíneas b e c, do CódigoPenal. O acréscimo de metade impõe um limite à pena abstrata, deacordo com o art. 9º da Lei n. 8.072/90: "respeitado o limitesuperior de trinta anos de reclusão". Estranhamente, conforme ocaso, o mínimo e o máximo da pena são iguais. Suponha-se que osujeito cometa latrocínio contra menor de catorze anos de idade. Apena é de reclusão, de trinta a quarenta e cinco anos (de vinte atrinta anos, mais a metade). A pena abstrata, obedecida a

exigência de limite, é uma só, não tendo mínimo e máximo: trintaanos de reclusão. Assim, o juiz está impedido, na sentença, deimpor pena superior a essa. Entendemos que o legislador, aoempregar a locução "respeitado o limite superior de trinta anos dereclusão", por tratar nos arts. 6º e 9º de cominação de penas, nãoestá cuidando da hipótese do art. 75, § 1º, do Código Penal, quese refere à sua execução, mas sim impondo um limite legal aomáximo abstrato

As várias posições podem ser assim, sumariadas:

1) Quando o sujeito pratica homicídio consumado e subtraçãopatrimonial consumada, responde por latrocínio consumado. Peloprincípio da especialidade , a norma que descreve o latrocínio éespecial em relação à que define o homicídio qualificado pelaconexão teleológica ou conseqüencial – artigo 121, § 2°, V – que égenérica. A norma genérica tipifica qualificadoras referentes àcircunstância de o agente praticar o homicídio (crime-meio) a fimde assegurar a execução, a ocultação , a impunidade ou vantagem“de outro crime” (crime-fim), que pode ser qualquer um, menos asubtração patrimonial especializante, uma vez que neste caso seaplica a norma específica descrita do latrocínio. O latrocínio sópode dizer consumado quando o homicídio e a subtração patrimonialse consumam. Pacífico no STF e TJSP.

2) Quando o homicídio é tentado e a subtração é tentada , repondepor tentativa de latrocínio. É a orientação pacífica do STF eTJSP.

3) Quando o homicídio é tentado e a subtração é consumada.Divergência doutrinária, STF, não se pronunciou, Dámasio,tentativa de latrocínio. Nelson Hungria tentativa de homicídioqualificado.

4) Quando o homicídio consumado e subtração patrimonial tentada,várias são as hipóteses:a) tentativa de latrocínio: com fundamento na lição de FredericoMarques, deve o agente responder por tentativa de latrocínio, emface da unidade complexa que constitui esse delito. b) Homicídio qualificado e tentativa de roubo simples, em concursomaterial: Não encontra apoio doutrinário. c) Responsabilidade por latrocínio consumado: Carrara: dizia: “queo latrocínio é um delito perfeito, embora o culpado, depois de

matar a vítima, não tenha podido consumar o furto”. O CP. nãoexige a efetiva subtração para que haja latrocínio consumado, umavez que emprega a expressão “...se resulta morte....” ; ora se ofato produz a morte da vítima, é típico e consumado diante dafigura do artigo 157, § 3° - 2ª parte. Súmula 610 do STF.: : "Hácrime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que nãorealize o agente a subtração de bens da vítima".d) Responsabilidade por homicídio qualificado: responde porhomicídio consumado e tentativa de subtração patrimonial, respondepela conexão teleológica ou conseqüencial consumada. Posiçãominoritária.

EXTORSÃO – ARTIGO 158Extorsão

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e como intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, afazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com empregode arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no§ 3º do artigo anterior.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAPrincipal – objetividade jurídica – é a inviolabilidade dopatrimônio. CRIME COMPLEXO, fusão de várias figuras típicas, tempor objetos jurídicos a vida, a integridade física, atranqüilidade de espírito e a liberdade pessoal.

Assemelha-se ao roubo em face dos meios de execução, Que são aviolência física e a grave ameaça. A EXTORSÃO é imprescindível ocomportamento da vítima (o apoderamento do objeto material dependeda conduta da vítima), enquanto no roubo ele é prescindível (nãotem nenhuma importância no mundo jurídico). No sentido de que noroubo há subtração e na extorsão, tradição

Há pontos de semelhança com o constrangimento ilegal: Cp. Art.146. Em ambos, o sujeito emprega a violência ou grave ameaça

contra a vítima, no sentido que faça ou deixe de fazer algumacoisa.

A diferença está que no constrangimento ilegal o sujeito ativodeseja que a vítima se comporte de determinada maneira, sempretender com isso obter indevida vantagem econômica. Naextorsão, ao contrário, é realizado com objetivo expresso de obterindevida vantagem econômica.

SUJEITOS DO DELITOCRIME COMUM, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo. Seé funcionário público, comete extorsão e não concussão. É possível a hipótese de dois sujeitos passivos: um sobre o qualrecai a violência e o outro que faz ou deixa de fazer ou toleraque se faça alguma coisa. E até de três: terceiro que sofre oprejuízo patrimonial.

CONDUTANúcleo do verbo constranger – compelir, coagir , o sujeito coage avítima mediante violência em sentido amplo, pretendendo que faça ,o tolere que se faça ou deixe de fazer alguma coisa.

MEIOS DE EXECUÇÃO:São a violência física ou moral, estudadas no delito de roubo.NÃO previu, o legislador, a violência imprópria, consistente noemprego de qualquer meio para vencer a resistência da vítima, comomeio executivo do fato.Os meios devem ser aptos a intimidar.Critério de apreciação da ameaça: Não é objetivo e sim pessoal,verificável caso por caso, levando-se em consideração ascircunstâncias pessoais dos sujeitos do delito.

Extorsão contemporânea ao roubo: É possível que o sujeito, depoisde subtrair bens da vítima, force-a a uma conduta, como entregarum objeto ou emitir um cheque. Há, sobre o tema, quatroorientações: 1ª) há um só delito, o de roubo; 2ª) há dois crimes em concurso material; 3ª) existe crime continuado;

4ª) há concurso formal.

ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO:O primeiro é o DOLO, vontade de concretizar os elementosobjetivos da figura penal. Outro elemento subjetivo do tipo,contido na finalidade de obtenção de vantagem econômica – “...como intuitu de....”, ausente esse elemento subjetivo do tipo, o fatoconstituirá constrangimento ilegal.

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO A finalidade do sujeito é a obtenção de indevida vantagemeconômica – o elemento normativo esta contido na expressão“indevida” – se tratar-se de vantagem devida, o fato é atípicodiante da inexistência do elemento normativo – passando aconstituir exercício arbitrário das próprias razões.A vantagem deve ser econômica: se moral, haverá constrangimentoilegal.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIADELITO FORMAL e não material, descreve a conduta e o resultado,não exigindo a sua produção; O resultado visado pelo agente é a indevida vantagem econômica.Note-se que se fala em intuitu, assim é necessário que o agenteconstranja a vítima com tal finalidade, não sendo necessário queefetivamente obtenha a vantagem.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAAtinge a consumação com a CONDUTA TÍPICA imediatamente anterior àprodução do resultado visado pelo sujeito, assim, é ocomportamento descrito pelo tipo imediatamente anterior àprodução desse resultado é a conduta da vítima, que faz ou deixade fazer alguma coisa prescindindo-se da obtenção da vantagem.Logo, consuma-se o delito no momento típico anterior, qual sejaquando da conduta do sujeito passivo. Note-se que às vezes osujeito visa, dentro do tipo, a mais de um acontecimento. É o queocorre na extorsão: ele deseja inicialmente a conduta da vítima;mas quer mais: a vantagem. A modificação do mundo exterior que

interessa para efeito de resultado é a última prevista no tipo.Havendo mais de um resultado no tipo, interessa o último paraefeito de caracterizar o crime como material ou formal. De maneiraque a obtenção da vantagem, no delito de extorsão, situa-se nafase de exaurimentoSúmula 96 do STJ: "O crime de extorsão consuma-seindependentemente da obtenção da vantagem indevida".

A figura da tentativa é perfeitamente admissível. Ocorre quando osujeito passivo, não obstante constrangido pelo autor porintermédio da violência física ou moral, não realiza a condutapositiva ou negativa pretendida por circunstâncias alheias à suavontade. No sentido de que há tentativa quando, não obstante aconduta da vítima constrangida, o sujeito não obtém o proveito:STJ.

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS - ARTIGO 158, 1º Aplica-se aqui, o mesmo que foi dito no § 2° E § 3° do artigo 157.

TIPO QUALIFICADO PELO RESULTADO – ARTIGO § 2ºVide notas ao art. 157, § 3º, deste Código. Trata-se de crimehediondo, sujeitando o autor a severas conseqüências penais eprocessuais penais (Lei n. 8.072, de 25-7-1990). Encontrando-se avítima nas condições do art. 224 do Código Penal, a pena éacrescida de metade, nos termos do art. 9º da lei citada.

EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO – ARTIGO 159

Extorsão mediante seqüestro

Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.§ 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se oseqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ouse o crime é cometido por bando ou quadrilha.

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 20 (vinte) anos.§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) anos.

§ 3º - Se resulta a morte:Pena - reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos.

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que odenunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terásua pena reduzida de um a dois terços.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAA objetividade jurídica imediata é a inviolabilidade dopatrimônio, secundariamente tutela a liberdade de locomoção. Trata-se de delito complexo, em que a um tempo o legisladorprotege dois bens jurídicos: um referente ao patrimônio e outroconcernente à liberdade pessoal.

NATUREZA: Trata-se de crime considerado hediondo, sujeitando oautor a severas conseqüências penais e processuais penais (Lei n.8.072, de 25-7-1990). É delito eventualmente permanente.

SUJEITOS DO DELITONão é crime próprio, mas COMUM, qualquer pessoa pode ser sujeitoativo ou passivo, pode ocorrer a hipótese de dois sujeitospassivos, um que é seqüestrado e outro a quem se dirige aintenção de o sujeito obter qualquer vantagem como condição oupreço do resgate.

CONDUTA Núcleo do tipo é o verbo seqüestrar, nos termos do artigo 148,existem duas formas do sujeito privar a vítima de sua liberdade delocomoção: seqüestro ou cárcere privado – sendo assim possível aextorsão mediante cárcere privado, já que o CP. empregou aexpressão seqüestro em sentido amplo. (Abrange o cárcere privado).Confecção de bilhete ameaçador tendente ao crime: configura atopreparatório

Como se distingue do seqüestro ou cárcere privado (CP, art. 148):A intenção, tendente a que o sujeito obtenha, para ele ou paraterceiro, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate, éque diferencia o delito de seqüestro ou cárcere privado do crimedo art. 159. A inexistência desse elemento subjetivo do tipo oleva a responder por delito previsto no art. 148 do Código Penal

ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPOÉ o dolo, vontade livre e consciente de seqüestrar a vítima , ocrime exige outro elemento subjetivo do tipo, contido naexpressão “...com o fim de obter para si ou para outrem...” ,qualquer vantagem , como condição ou preço do resgate; é o quediferencia o delito de seqüestro ou de cárcere privado. Ainexistência desse elemento subjetivo do tipo o leva a responderpelo delito do artigo 148.

RESULTADOO legislador emprega a expressão “..indevida vantagemeconômica ....” no crime de extorsão (CP. ART. 158), na extorsãomediante seqüestro fala o legislador em “...qualquervantagem...”,

Entende-se essa vantagem como qualquer vantagem mesmo, devida ouindevida, econômica ou não. Se exigirmos que a vantagem sejaeconômica e indevida, como ocorre na extorsão, não estaremosdiante da tipicidade do fato, uma vez que o Código Penal fala em"qualquer vantagem", não a especificando. Se o agente não exigequalquer vantagem, com o seqüestro ou cárcere privado, não incorreno artigo 159, mas sim no crime do artigo 148.

Vantagem devida: Tem-se entendido que há exercício arbitrário daspróprias razões (ou constrangimento ilegal) em concurso com odelito de seqüestro.Condição ou preço do resgate: A expressão "condição" se refere afato que o sujeito pretenda seja praticado pela vítima a fim deque liberte o sujeito passivo. O preço é o valor dado pelo autor afim de que libere o ofendido.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIATrata-se de crime permanente, cuja a consumação se alonga notempo – enquanto a vítima estiver submetida à privação de sualiberdade de locomoção, o crime estará em fase de consumação.Delito complexo, resultando da fusão da: extorsão e do seqüestroou cárcere privado.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Se consuma nos mesmos termos do seqüestro. Consuma-se com aprivação da liberdade de locomoção da vítima, exige-se um tempojuridicamente relevante. . Não se exige a obtenção da vantagem(crime formal). O momento consumativo não ocorre com a entrega doresgate. Libertação da vítima em face do insucesso da exigência:Não há desistência voluntária e sim delito consumado.Possibilidade de a vítima libertar-se: Não exclui o delito

Tentativa admissível – não consegue seqüestrar a vítima com afinalidade específica.

TIPO CIRCUNSTANCIADO- ARTIGO 159 § 1º 1) Diz respeito à circunstância do seqüestro durar mais de 24horas – já que assim causa maior lesão ao direito de locomoção doofendido;

2) Quanto a menoridade, menor de 18, em face do maior alarme etemor causado à família; Se o sujeito passivo é menor de dezoitoanos de idade, a pena é agravada, nos termos do § 1º. Se a vítima,entretanto, não é maior de catorze anos, não se aplica o § 1º esim o art. 9º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispôssobre os delitos hediondos, devendo a pena ser acrescida demetade, respeitando o limite superior de trinta anos de reclusão.Para tanto, é preciso que o dolo do sujeito tenha abrangido aidade da vítima (dolo abrangente), admitindo-se o erro de tipo(CP, art. 20). Cometido o delito na data do aniversário do sujeitopassivo (catorze anos), impõe-se a agravação da pena (não é maiorde catorze anos de idade). Leva-se em conta a data da conduta, nostermos do art. 4º do Código Penal (tempo do crime). Assim,ocorrendo o seqüestro antes de a vítima completar os catorze anosde idade, vindo a falecer em conseqüência do fato depois de seuaniversário, a pena do tipo qualificado (§ 3º) é acrescida demetade. Neste caso, despreza-se a agravante genérica do art. 61,II, h, do CP (delito cometido contra criança). A idade da vítimaseqüestrada tem relevância na classificação típica do fato: 1º) se tem dezoito anos de idade ou mais, aplica-se a pena do tipoem que o fato incidiu, sem alteração; 2º) se é menor de dezoito anos, porém maior de catorze, aplica-seo § 1º, salvo a incidência dos §§ 2º ou 3º;

3º) se a vítima é menor de catorze anos, ou está completando essaidade na data do crime, incide o art. 9º da Lei n. 8.072/90,agravando-se a pena de metade.

3) No caso de bando ou quadrilha, não é a simples reuniãoocasional de mais de três pessoas que faz surgir a qualificadora.É necessário que quatro ou mais indivíduos tenham-se reunido paraprática de delitos em geral.

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS PELO RESULTADO- ARTIGO159, § 2º Enquanto no roubo e na extorsão o Código se refere a essesresultados, morte e lesão corporal grave, advindos do emprego deviolência, aqui o CP. fala que devem derivar “do fato” , assim éirrelevante que a morte ou a lesão corporal de natureza graveseja resultado da violência física ou dos maus-tratos causadospelo autor à vítima, é necessário que seja praticado no“seqüestrado” , já que as qualificadoras devem decorrer “dofato”.Se ocorrer a morte, não só do seqüestrado, mas do sujeito passivoda lesão patrimonial, ex.: o pai da vítima, haverá concurso dedelitos e não o tipo qualificado pelo resultado.

DELAÇÃO PREMIADA – ARTIGO 159 § 4ºDe acordo com o § 4º, mandado acrescentar ao art. 159 pelo art. 7ºda Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispôs sobre osdelitos hediondos, se a extorsão mediante seqüestro for praticadapor quadrilha ou bando, o co-autor que denunciá-lo à autoridade,facilitando a libertação do sujeito passivo, terá sua penareduzida de um a dois terços. Exige-se que o crime tenha sidopraticado por quadrilha. Assim, a delação não aproveita quandocometido por apenas dois ou três seqüestradores. A expressão "co-autor" foi empregada incorretamente pelo legislador, que desejoureferir-se a qualquer participante da quadrilha (co-autor oupartícipe). A denunciação diz respeito ao crime e não ao bando (aexpressão "denunciá-lo" está ligada ao "crime"). Não basta asimples delação, exigindo o tipo a efetiva libertação da vítima.Trata-se de uma causa de diminuição de pena de caráterobrigatório, variando a redução de acordo com a maior ou menorcontribuição do sujeito para a libertação do seqüestrado. De

natureza material, a norma que a prevê tem efeito retroativo, nostermos do art. 2º, parágrafo único, do Código Penal.

EXTORSÃO INDIRETA – ARTIGO 160

Extorsão indireta

Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando dasituação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminalcontra a vítima ou contra terceiro:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAProtege a propriedade e a liberdade de autodeterminação.

SUJEITOS DO DELITOSUJEITO ATIVO: é quem exige ou recebe, como garantia de dívida ,documento que pode dar causa as procedimento criminal; não écrime próprio qualquer um pode ser autor do fato. SUJEITO PASSIVO: primeiramente quem entrega o documento ao sujeitoativo, pode ocorrer entretanto a duplicidade de sujeitos passivos:um que entrega o documento, e outro contra o qual pode seriniciado o procedimento criminal.

ELEMENTO OBJETIVO DO TIPOPossui dois núcleos: exigir, receber .EXIGIR: reclamar, obrigar. Sujeito impõe a vítima, como condiçãoda entrega da prestação em dinheiro ou qualquer valor; o documentoque pode dar causa a procedimento criminal contra ela ou terceiro.RECEBER: é a própria vítima que entrega ao sujeito comogarantia da dívida, nesta última hipótese, a iniciativa cabe aoofendido, que entrega o documento incriminador.

Exige que o sujeito abuse da situação financeira da vítima,requisito indeclinável do tipo de existência de uma situação

angustiosa do ofendido. É requisito a existência de uma situaçãoangustiosa do ofendido, que o faz, premido pela necessidade,entregar, como garantia da dívida, ao sujeito ativo, o documentoilícito.

É necessário que o documento, público ou particular, possa darcausa à instauração de um procedimento criminal (ação penal)contra alguém.(cheque sem fundos, documento falso, confissão daprática de delito etc.).Não é necessário que o procedimento criminal tenha início,suficiente que o documento possa dar causa a tal iniciativa.

CHEQUE SEM FUNDOS: Há duas posições: 1ª) subsiste a extorsão indireta ainda quando emitido comogarantia de dívida, pós-datado ou assinado em branco.; 2ª) não há crime:.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIANa conduta de EXIGIR o CRIME é FORMAL, o fato se perfaz com asimples exigência, independentemente de o sujeito ativoefetivamente dar procedimento criminal contra alguém.Na conduta de RECEBER o CRIME é MATERIAL, exigindo a efetivaentrega do documento.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVANo núcleo - EXIGIR - atinge a consumação com a simplesexigência, independentemente de qualquer resultado ulterior. Se ocomportamento é realizado verbalmente, não há possibilidade detentativa, se por escrito é doutrinariamente possível. No núcleo – RECEBER - atinge a consumação com a efetiva entregado documento ao sujeito ativo. Tentativa é perfeitamenteadmissível.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOÉ punível somente a título de DOLO – vontade de exigir ou receber,como garantia de dívida, determinado documento, exige, além deste,outro elemento subjetivo “...abusando da situação de alguém...” .Necessário que o sujeito tenha consciência de que está abusandoda situação financeira aflitiva do ofendido.

USURPAÇÃO – ARTIGO 161

Alteração de limites

Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinalindicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, decoisa imóvel alheia:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.§ 1º - Na mesma pena incorre quem:

Usurpação de águas

I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águasalheias;

Esbulho possessório

II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou medianteconcurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, parao fim de esbulho possessório.

§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a estacominada.§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência,somente se procede mediante queixa.

ALTERAÇÃO DE LIMITES – ARTIGO 161, caput

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAO CP. protege a posse e a propriedade dos bens móveis.

SUJEITOS DO DELITOSUJEITO ATIVO: só pode ser proprietário do prédio contíguo àqueleem que é realizada a alteração de limites. SUJEITO PASSIVO: é o proprietário ou possuidor do imóvel em quea conduta típica é realizada. Possuidor indireto.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO A conduta típica consiste em suprimir (fazer desaparecer) oudeslocar (tirar do lugar) tapume, marco ou qualquer outro sinalindicativo de linha divisória. causando confusão ou dúvida quantoaos limites do imóvel . Ausência de risco de confusão: exclui ocrime .7 Tapumes: são cercas vivas, arames farpados, etc..8 Marcos: são sinais de pedra, madeira, cimento, etc..9 Colocação de marco novo: Não configura delito (falha da lei). 10 Muro divisório de prédios urbanos: Entendeu-se inexistir delito

em sua alteração.

ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPOPunível somente a título de dolo, consistente na vontade desuprimir ou deslocar, exige, entretanto, outro elemento subjetivodo tipo, contido na expressão “.. para apropriar-se, no todo ouem parte, de coisa imóvel..”. Assim, não basta que o agente aja com dolo, é necessário,também, a finalidade específica de apropriar-se no todo ou emparte de imóvel alheio.

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPOO tipo exige elemento normativo, contido na expressão“..alheia..” , evidente que não há fato típico quando se trata deimóvel próprio.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIACrime Formal: o tipo descreve a conduta (suprimir ou deslocar) e oresultado (apropriação total ou parcial do imóvel alheio), nãoexigindo sua produção (que efetivamente se aproprie). Crime deconsumação antecipada.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAConsuma-se com a efetiva supressão ou deslocamento de tapumes,marcas, etc.., não sendo necessário que alcance seus objetivo.Tentativa é admissível, desde que o sujeito não consiga suprimirou deslocar, por motivos alheios à sua vontade.

QUALIFICADORAS – ARTIGO 161, § 2º SE O AGENTE USA DE VIOLÊNCIA: Se o agente usa de violênciafísica, ocorrendo lesão corporal responde por dois delitos emconcurso material – alteração de limites e lesão corporal leve,grave ou gravíssima. O mesmo ocorre quando empregando violência , vem matar alguém.Se realizada a conduta somente com vias de fato, não sofrepunição autônoma.

AÇÃO PENAL 11 Se a propriedade é particular e não há emprego de violência, a

AÇÃO PENAL É DE NATUREZA PRIVADA.12 Se a propriedade é pública ou há o emprego de violência, a ação

é pública incondicionada.

USURPAÇÃO DE ÁGUAS – ARTIGO 161, § 1º, I

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAO CP. protege a inviolabilidade patrimonial imobiliária, no queconcerne à utilização do uso e gozo das águas, que são pelo CódigoCivil consideradas imóveis pelo Código Civil, quando nãomobilizadas

OBJETO MATERIAL: As águas enquanto imobilizadas. Se mobilizadas,sua subtração constitui furto.

SUJEITOS DO DELITOQualquer pessoa pode ser sujeito ativo da usurpação, SUJEITOPASSIVO é quem sofre o dano em face do desvio ou represamento.Possuidor indireto

ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO TIPOO tipo possui dois verbos – desviar (significa mudar o rumo docurso da água) e represar (significa impedir que as águas corramnormalmente) . As águas podem ser públicas ou particulares.

O crime só é punível a título de DOLO – vontade de desvias ourepresar as águas. Exige-se outro elemento subjetivo do tipo:“...em proveito próprio ou de outrem...”, assim inexiste atipicidade do fato, quando o sujeito realiza a conduta por outromotivo, como o de vingança e não para obter proveito próprio ou deterceiro.

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPOO advérbio “..alheias..”, constitui elemento normativo do tipo, seas águas desviadas ou represadas são próprias, inexiste atipicidade dos fatos.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA1) Crime Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa;2) Crime de Dano: exige a efetiva lesão do bem jurídico –inviolabilidade patrimonial imobiliária;3) Crime Simples: atinge um só interesse jurídico – direito àutilização e gozo das águas –

4) Crime Instantâneo: consuma-se no momento do desvio ou dorepresamento, eventualmente, perdurando esses estado, setransforma em permanente.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAConsuma-se com o efetivo desvio ou represamento das águas alheais,indiferente, se o sujeito consiga o efetivo proveito próprio ou deterceiro. Admite-se tentativa.

13 SE O AGENTE USA DE VIOLÊNCIA: Se o agente usa de violênciafísica, ocorrendo lesão corporal responde por dois delitos emconcurso material – USURPAÇÃO DE ÁGUAS e lesão corporal leve,grave ou gravíssima.

14 O mesmo ocorre quando empregando violência , vem matar alguém.15 Se realizada a conduta somente com vias de fato, não sofre

punição autônoma. 16 Se a propriedade é particular e não há emprego de violência, a

ação penal é de natureza privada.17 Se a propriedade é pública ou há o emprego de violência, a ação

é pública incondicionada.

ESBULHO POSSESSÓRIO – ARTIGO 161, § 1º II

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAObjeto Jurídico imediato: é a posse do imóvel – Secundariamente:protege outros objetos jurídicos: tranqüilidade espiritual e aincolumidade física de quem se acha na posse. No sentido daproteção à propriedade.

SUJEITOS DO DELITOSUJEITO ATIVO pode ser qualquer pessoa, exceto o proprietário, umavez que diz o texto: “...terreno ou edifício alheio..” .SUJEITO PASSIVO é o possuidor do imóvel. (proprietário,arrendatário, locador etc.). Possuidor indireto.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPONúcleo do tipo é invadir (penetrar), é necessário que a invasão sedê:

1 - com violência a pessoa ou grave ameaça: 2 - mediante concurso de mais de duas pessoa: exige-se no mínimo4 pessoas – uma que invade e mais três – (Três pessoas: não há ocrime) não é preciso que todos estejam presentes no local dofato. O CP. não tutela a simples turbação da posse, sendonecessário que pratique o fato com o fim “..de esbulhopossessório..”, que realize o comportamento com o intuitu deespoliar o sujeito passivo no exercício da posse do imóvel.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIACrime formal ou de consumação antecipada, o resultado visado peloagente é o esbulho possessório. Não é necessário que consigaespoliar. Suficiente que invada com essa intenção.

ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO Só punível a título de DOLO - , consistente na vontade de invadir,com violência ou grave ameaça ou mediante concurso de mais deduas pessoas, terreno ou edifício alheio. Há outro elementosubjetivo do tipo: “..para o fim do esbulho possessório...”.Exige-se assim que o sujeito realize a conduta com um fimdeterminado: o de excluir o sujeito passivo do exercício da posse,submetendo o imóvel à sua disponibilidade.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAConsuma-se com a conduta invadir. Admite-se a tentativa, desde quenão consiga entrar no terreno ou edifício.Litígio sobre o imóvel: Tem-se entendido: a) exclui o delito; b) não exclui 5 SE O AGENTE USA DE VIOLÊNCIA: Se o agente usa de violência

física, ocorrendo lesão corporal responde por dois delitos emconcurso material – ESBULHO POSSESSÓRIO e lesão corporal leve,grave ou gravíssima.

6 O mesmo ocorre quando empregando violência , vem matar alguém.

7 Se realizada a conduta somente com vias de fato, não sofrepunição autônoma.

3 Se a propriedade é particular e não há emprego de violência, aação penal é de natureza privada.

4 Se a propriedade é pública ou há o emprego de violência, a açãoé pública incondicionada.

SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS -ARTIGO 162

Supressão ou alteração de marca em animais

Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio,marca ou sinal indicativo de propriedade:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAOBJETOS JURÍDICOS: CP. tutela a posse e a propriedade dossemoventes.

SUJEITOS DO DELITONão se trata de delito próprio, qualquer um PODE SER SUJEITOATIVO; SUJEITO PASSIVO: é o proprietário do animal.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPONúcleos são os verbos : suprimir (fazer desaparecer) e alterar(tornar irreconhecível) o sinal indicativo de propriedade.

1 Marca: sinal de ferro ou substância química;2 Outro sinal indicativo: argolas nos chifres, focinho, etc..3 Gado: refere-se a animais de grande porte: bois, cavalos,

etc..4 Rebanho: animais de pequenos portes: carneiro, porcos, etc..

Marcar animal desmarcado (por falha da lei) NÃO constitui delito,já que o tipo penal exige que o objeto material apresente“..marca ou sinal indicativo de propriedade..”. Não é necessárioque estas marcas ou sinais estejam registrados.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOSó punível a título de dolo, consistente na vontade de suprimir oualterar, necessário que o sujeito tenha a consciência de que asupressão é indevida – como também que, também, tenha intenção decausar dúvida a respeito da propriedade do animal. O erro de tipoexclui o dolo

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPOEstá contido no advérbio "indevidamente". É preciso que asupressão e a alteração sejam ilegítimas. Se o sujeito, adquirindoum rebanho, suprime a marca, colocando a sua, não responde pelodelito. Trata-se de supressão lícita.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIADelito Formal: é irrelevante que o sujeito, com alteração ousupressão de marca consiga efetivamente causar dúvida a respeitoda propriedade do animal.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAConsuma-se o crime com a simples supressão ou alteração da marcaem animal – suficiente que assim o faça em um só animal. Admite-sea tentativa.

DANO – ARTIGO 163

Dano

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Dano qualificado

Parágrafo único - Se o crime é cometido:I - com violência à pessoa ou grave ameaça;II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fatonão constitui crime mais grave;III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresaconcessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista;IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para avítima:Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa, alémda pena correspondente à violência.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICANão aparece somente, o dano, como crime contra o patrimônio, emoutras disposições funciona como elementar ou qualificadora. Oânimo de lucro não é essencial à existência do crime, podendo,por vezes, aparecer. Tutela o CP. a propriedade das coisas móveise imóveis.

SUJEITOS DO DELITOQualquer pessoa pode ser SUJEITO ATIVO, exceto o dono da coisa.Pode ser o condômino da coisa comum, salvo se, fungível a coisa, oprejuízo não excede o valor da sua parte.SUJEITO PASSIVO é o titular do direito de propriedade da coisamóvel ou imóvel.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOFormas da conduta: Ação ou omissão

Três são os núcleos do tipo:1) Destruir: significa demolir, desfazer, subverter a coisa;2) Inutilizar: a coisa perde a finalidade a que se destinava;quer dizer torná-lo imprestável, inútil, ainda que parcialmente.3) Deterioração: perde, a coisa, parte de sua utilidadeespecífica.

Pode ser cometido por meio de ação ou omissão.

O sujeito pode empregar meios mediatos (não há contato físico como objeto material) ou imediatos (existe o contato físico com oobjeto material). indica arruiná-lo, estragá-lo, causando-lhe umamodificação para pior.

Fazer desaparecer a coisa é um fato atípico. Ex.: soltar animal depropriedade alheia, fazendo com que suma, não se destruiu,inutilizou ou deteriorou-se a coisa. Lacuna da lei.

Dano insignificante: inexistência de crime: Por aplicação dateoria da insignificância (crime de bagatela), há entendimento nosentido de que inexiste delito de dano quando a lesão material éde pequena monta

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOSó punível a título de dolo, vontade livre e consciente dedestruir, inutilizar ou deteriorar a coisa. Dano culposo é fato.

Discute-se doutrinariamente se é necessária a finalidade decausar prejuízo à vítima ou ser suficiente que o sujeito tenhavontade de destruir, inutilizar ou deteriorar a coisa Há duasposições:1ª) o crime de dano exige o chamado dolo específico, quecorresponde à vontade de causar prejuízo;2ª) o delito de dano se contenta simplesmente com o dolo, vontadede destruir etc., não exigindo o denominado "dolo específico"

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:1) Crime Material: de conduta e resultado, em que o tipo exige aprodução deste;2) Delito Simples: o dano só lesa um interesse jurídico – apropriedade das coisas móveis e imóveis;3) Subsidiário: funciona como elementar ou qualificadora de outrosdelitos. (subsidiariedade implícita);4) Instantâneo: consuma-se no momento em que há efetiva lesão doobjeto material;5) Comissivo ou Omissivo: pode ser cometido, tanto por ação, comopor omissão;6) Forma Livre: admite qualquer meio de execução.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAConsuma-se com o efetivo dano (seja ele total ou parcial) aoobjeto material. Admite-se tentativa.

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 163, parágrafoúnico

INCISO I E II: PELA EXECUÇÃO I - com violência à pessoa ou graveameaça; II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, seo fato não constitui crime mais grave;: Diz respeito ao emprego de violência física ou grave ameaça. Nãoé necessário que use esses meios contra o titular dapropriedade, pode empregar violência física ou moral contraterceira pessoa ligada ao proprietário. Se empregando violênciafísica contra pessoa causando-lhe lesão corporal, responderá pordois crimes em concurso material; dano qualificado e lesãocorporal leve, grave ou gravíssima.Pode ser anterior ou concomitante à execução. As vias de fato sãosuficientes. Se a violência é conseqüência do dano: não se aplicaa qualificadora. Deve ser empregada com a finalidade de realizaçãodo dano Se a violência não se relaciona com o dano: o crime ésimples.

INCISO III: PELA QUALIDADE DA COISA: - contra o patrimônio daUnião, Estado, Município, empresa concessionária de serviçospúblicos ou sociedade de economia mista

Diverge a jurisprudência a respeito do fato de preso que danificacela com o fim de fugir: 1 Para uma posição: responde por dano qualificado, entendem que o

dano não exige o dolo específico. Posição minoritária. Dizem quepara o dano não exige qualquer elemento subjetivo ulterior,bastando tão somente destruir, inutilizar ou deteriorar a coisa,sem uma finalidade específica. Posição minoritária.

2 Para Segunda corrente: não responde o preso por delito de danoqualificado, quando para fugir danifica a cela, considera-se quenecessita do famigerado dolo específico, ausente na conduta dopreso. Dizem que a fuga não é crime, e o dano como meionecessário para sua realização não é considerado como crime.Tanto que fuga mediante violência contra a pessoa é crime.

INCISO IV – 1ª PARTE - por motivo egoístico ou com prejuízoconsiderável para a vítimaPelo motivo: não é qualquer sentimento pessoal que qualifica ofato, necessário que o sujeito aja com finalidade de conseguir uminteresse posterior de ordem moral ou econômica. A vingança não éconsiderada.

INCISO IV – 2ª PARTE - por motivo egoístico ou com prejuízoconsiderável para a vítima:Pela gravidade objetiva do prejuízo da vítima: para que ocorraessa qualificadora é necessário que o sujeito tenha praticado ofato com a intenção de causar maior prejuízo à vítima. Deve serconsiderado em relação à economia do sujeito passivo.

3 Se o sujeito empregando violência, causa a morte da vítima, oulesões corporais, responde por crime contra pessoa e por danoqualificado , em concurso material.

4 O dano simples e o qualificado no inciso IV, são crimes de AÇÃOPENAL PRIVADA.

5 Os demais, são de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.

AÇÃO PENAL - ARTIGO 167Regras da ação penal nos crimes de dano (arts. 163 a 166)1ª) se o sujeito simplesmente destrói, inutiliza ou deterioracoisa alheia, cometendo o fato típico fundamental do crime de dano(CP, art. 163, caput), a AÇÃO PENAL É EXCLUSIVAMENTE PRIVADA.; 2ª) o mesmo ocorre quando o sujeito pratica crime de danoqualificado pelo motivo egoístico ou com prejuízo considerável

para a vítima (CP, art. 163, parágrafo único, IV). Nesta hipótese,a AÇÃO PENAL É EXCLUSIVAMENTE PRIVADA; 3ª) nos outros casos, a AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA.

INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EMPROPRIEDADE ALHEIA – ARTIGO 164

Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia

Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, semconsentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo:

Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAProtege a posse e a propriedade do imóvel rural ou urbano,cultivado ou não.

SUJEITOS DO DELITOO SUJEITO ATIVO pode ser qualquer pessoa, salvo o proprietário doimóvel, o SUJEITO PASSIVO é o proprietário do imóvel.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOOs núcleos do tipo são os verbos Introduzir (fazer penetrar) eDeixar (abandonar). 2 No primeiro, o DELITO É COMISSIVO o sujeito tem a iniciativa de

introduzir os animais.3 No segundo o DELITO É OMISSIVO, os animais entram livremente na

propriedade e o sujeito, entretanto, não os retira.

A expressão “...animais...” está empregada como gênero, já quebasta a entrada de um só animal para a realização do tipo.É necessário que do fato resulte prejuízo efetivo ao sujeitopassivo. Propriedade alheia: Pode ser terreno rural ou urbano.O prejuízo não constitui condição objetiva de punibilidade, maselementar do tipo. Assim a inexistência do prejuízo leva àatipicidade do fato.

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPOÉ a expressão “...sem consentimento de quem de direito...”.Presente o consentimento o fato é atípico.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOÉ o DOLO – vontade de introduzir ou deixar animais em propriedadealheia. NÃO HÁ FORMA CULPOSA.O dolo do sujeito NÃO deve abranger a vontade de provocar oprejuízo, se assim o for, há desclassificação do fato para o crimede dano comum (artigo 163).

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA1) Crime Material: exige a efetiva lesão do objeto material, porisso é crime de dano e não de perigo;2) Simples: atinge um só bem jurídico, a posse ou propriedade doimóvel;3) Comum: pode ser cometido por qualquer pessoa;4) Instantâneo: atinge a consumação com a descrição total ouparcial do objeto material, desde que resulte em prejuízo.5) Comissivo e Omissivo: no primeiro caso – quando o agenteIntroduz, no segundo caso quando o agente deixa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:Consuma-se com a danificação total ou parcial da propriedadealheia, com prejuízo patrimonial.Trata-se de crime cuja a punibilidade e existência estãocondicionadas à produção do efetivo prejuízo. Não havendo

prejuízo decorrente da entrada ou abandono de animais, o fato éindiferente ao Direito Penal. Prejuízo e dano inerente à conduta: O Código se refere a prejuízoe não a dano inerente à introdução ou abandono de animais empropriedade alheia. Se referisse ao normal prejuízo decorrente daentrada ou do abandono de animais, seria supérflua a referênciafinal do tipo.Inadmissível a figura da tentativa. Trata-se de crime cujapunibilidade e existência estão condicionadas à produção deefetivo prejuízo. Não havendo prejuízo decorrente da entrada ouabandono de animais, o fato é indiferente ao direito penal. Diantedisso, é inadmissível a figura da tentativa.

AÇÃO PENAL - ARTIGO 1671ª) se o sujeito simplesmente destrói, inutiliza ou deterioracoisa alheia, cometendo o fato típico fundamental do crime de dano(CP, art. 163, caput), a AÇÃO PENAL É EXCLUSIVAMENTE PRIVADA.; 2ª) o mesmo ocorre quando o sujeito pratica crime de danoqualificado pelo motivo egoístico ou com prejuízo considerávelpara a vítima (CP, art. 163, parágrafo único, IV). Nesta hipótese,a AÇÃO PENAL É EXCLUSIVAMENTE PRIVADA; 3ª) nos outros casos, a AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA.

DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO ARQUEOLÓGICOOU HISTÓRICO – ARTIGO 165

Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico

Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pelaautoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ouhistórico:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

CONCEITO DE OBJETIVIDADE JURÍDICAFundamento legal: Constituição Federal, art. 216; Decreto-Lei n.25, de 30 de novembro de 1937, e Lei n. 3.866, de 29 de novembrode 1941.

Protege a inviolabilidade do patrimônio artístico arqueológico ouhistórico nacional

SUJEITOS DO DELITO1 Qualquer pessoa pode ser SUJEITO ATIVO, inclusive o

proprietário.2 Sujeito passivo: em primeiro lugar é o Estado; titular do

tombamento; em segundo lugar, tratando-se de coisa particular, oproprietário.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPONúcleo do tipo são os verbos – destruir, inutilizar ou deteriorar.A conduta do sujeito deve recair sobre a coisa tombada pelaautoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológicoou histórico. Podem ser públicos ou privados.Tombar: é inventariar, arrolar.É possível que os bens tombados pertençam à União, Estado ouMunicípio. Quando isso ocorre, aplica-se somente o art. 165 doCódigo Penal, e não o art. 163, parágrafo único, III.Considera delito contra o patrimônio nacional a destruição oumutilação de monumentos arqueológicos ou pré-históricos,arrolados os seguintes: as jazidas de qualquer natureza, origeme finalidade, que representam testemunhos da cultura dospaleoameríndios do Brasil. Assim a destruição, inutilização oudeterioração deles será o crime do artigo 163, III – se nãohouver registro. Se houver registro tratar-se-á de crime previstoneste artigo (artigo 165).

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOPunível a título de DOLO - consistente na vontade de destruir,inutilizar ou deteriorar coisa tombada por autoridade pública, odolo deve abranger a consciência de que a coisa é tombada. Havendoerro de tipo, não sabendo o sujeito que a coisa é tombada,responde por dano comum (artigo 163).O fato não é punível a título de CULPA.

ERRO DE TIPO: Não sabendo o sujeito que o objeto ou o imóvel étombado, responde por dano comum (art. 163).

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIAÉ delito comum, simples, de dano, material, comissivo ou omissivo,de forma livre e instantânea.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAConsuma-se com o efetivo dano (seja ele total ou parcial) aoobjeto material.Admite-se tentativa.

AÇÃO PENAL - ARTIGO 1671ª) se o sujeito simplesmente destrói, inutiliza ou deterioracoisa alheia, cometendo o fato típico fundamental do crime de dano(CP, art. 163, caput), a AÇÃO PENAL É EXCLUSIVAMENTE PRIVADA.; 2ª) o mesmo ocorre quando o sujeito pratica crime de danoqualificado pelo motivo egoístico ou com prejuízo considerávelpara a vítima (CP, art. 163, parágrafo único, IV). Nesta hipótese,a AÇÃO PENAL É EXCLUSIVAMENTE PRIVADA; 3ª) nos outros casos, a AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA.

ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO – ARTIGO 166

Alteração de local especialmente protegido

Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto delocal especialmente protegido por lei:

Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAFUNDAMENTO DA INCRIMINAÇÃO: Art. 1º, § 2º, do Decreto-Lei n. 25,de 30 de novembro de 1937: "Equiparam-se aos bens a que se refereeste artigo e são também sujeitos a tombamento, os monumentosnaturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar eproteger pela feição notável com que tenham sido dotados pelanatureza ou agenciados pela indústria humana".

CP. protege a inviolabilidade do patrimônio, no que diz respeitoaos sítios paisagem que mereçam proteção legal.

SUJEITOS DO DELITOQualquer pessoa pode ser SUJEITO ATIVO, inclusive o proprietário.SUJEITO PASSIVO: em primeiro lugar o Estado, titular do interessede proteção do local, em segundo lugar tratando-se de coisaparticular o proprietário.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPONúcleo é o verbo alterar modificar desfigurar. Alterar, semlicença da autoridade competente, o aspecto de local especialmenteprotegido por lei. Objeto material: É o aspecto de localespecialmente protegido.

PROTEÇÃO LEGAL: Pode ser dada por intermédio de tombamento peloServiço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Pode,também, consistir em "classificação" feita pelo Ministério daAgricultura.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOÉ O DOLO, sendo atípica a conduta realizada com culpa. Énecessário que o sujeito tenha consciência de que o local éespecialmente protegido pela autoridade competente.

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO"Sem licença da autoridade competente." É preciso que o sujeitotenha consciência de que está cometendo fato sem permissão daautoridade pertencente ao Serviço do Patrimônio Histórico eArtístico Nacional ou ao Ministério da Agricultura. Havendopermissão, o fato é atípico.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVAMomento consumativo: Ocorre com alteração do local especialmenteprotegido. Tentativa: É admissível.

AÇÃO PENAL - ARTIGO 167Regras da ação penal nos crimes de dano (arts. 163 a 166)1ª) se o sujeito simplesmente destrói, inutiliza ou deterioracoisa alheia, cometendo o fato típico fundamental do crime de dano(CP, art. 163, caput), a AÇÃO PENAL É EXCLUSIVAMENTE PRIVADA.; 2ª) o mesmo ocorre quando o sujeito pratica crime de danoqualificado pelo motivo egoístico ou com prejuízo considerávelpara a vítima (CP, art. 163, parágrafo único, IV). Nesta hipótese,a AÇÃO PENAL É EXCLUSIVAMENTE PRIVADA; 3ª) nos outros casos, a AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA – ARTIGO 168

Apropriação indébita

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou adetenção:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Aumento de pena

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu acoisa:

I - em depósito necessário;

II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICAO CP. protege: o direito patrimonial.

SUJEITOS DO DELITOSUJEITO ATIVO: Quem tinha a posse ou a detenção. Pode ser o sócio,co-herdeiro ou co-proprietário. Se for cometido por funcionáriopúblico comete crime de peculato .SUJEITO PASSIVO: Quem sofre o prejuízo Em regra é o proprietário.Em certos casos, pode ser o possuidor (usufrutuário, credorpignoratício etc.).

Em todas as hipóteses de apropriação indébita existe relaçãoobrigacional entre duas pessoas. Para saber quem é o sujeitoativo é necessário verificar quem tinha a posse ou detenção.Para saber quem é o sujeito passivo é necessário verificar qualera a outra pessoa da relação obrigacional.

Se trata de compra e venda, com valor ainda não recebido: sujeitopassivo é o vendedor; com o valor já recebido: é o comprador; setrata de doação, é o donatário; empréstimo: o proprietário; merotransporte: o proprietário; locação: o proprietário.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPONúcleo do tipo é o verbo “apropriar-se” – fazer sua a coisaalheia.

Tendo o sujeito a posse ou a detenção do objeto material, em dadomomento faz mudar o título da posse ou da detenção, comportando-secomo se fosse dono.

ESPÉCIES DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA1. apropriação indébita propriamente dita: Nela existe comissão.O sujeito realiza ato demonstrativo de que inverteu o título daposse, como a venda, doação, consumo, penhor, ocultação etc2. negativa de restituição: O sujeito afirma claramente aoofendido que não irá devolver o objeto material

É necessário que o sujeito ativo esteja na posse ou detenção dacoisa alheio móvel.

Assim, num contrato de locação, o locatário exerce a posse direta,enquanto o dono permanece com a indireta. O art. 168 do Código Penal trata da posse direta, que pode ocorrernas hipóteses de locação, mandato, depósito, penhor, usufruto,gestão de negócios etc.

Critério para se saber quando o sujeito tinha a posse ou adetenção da coisa alheia móvel: É preciso verificar se a hipótesese adapta às normas dos arts. 487 e 497 do Código Civil, quetratam da detenção. Não havendo adequação típica, cuida-se deposse direta.POSSE DIRETA: É sempre desvigiada e pode ser:1º) interessada: existe interesse do próprio sujeito ativo dodelito, como é a hipótese da locação.2º) não interessada: existe benefício só do terceiro, como nomandato.

DETENÇÃO: formas1ª) vigiada; o fato passa a constituir furto. Ex.: suponha-se queum leitor em uma biblioteca, , coloque um livro sob o paletó e seretire, trata-se de detenção vigiada, responde por furto.2ª) desvigiada. Só há apropriação indébita na detenção desvigiada.Ex.: suponha-se que o livro seja entregue para consulta em casa eele o venda a terceiro. Responde por apropriação indébita.

É necessário que a posse ou a detenção seja de origem lícita, i.e., que não tenha sido obtida com violência, erro, clandestinidadeetc. Caso isso ocorra, responde o sujeito por outro delito. Posseobtida mediante fraude: há estelionato

COISAS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS- artigo 85 CC.:

As coisas fungíveis dadas em depósito ou em empréstimo, comobrigação de restituição da mesma espécie, qualidade e quantidade.Excepcionalmente, entretanto, a coisa fungível pode ser objetomaterial. É a hipótese de o sujeito entregar ao autor coisafungível para fim de que a transmita a terceiro ou a ostente navitrina de uma loja. Dinheiro a ser entregue a terceiro.

Casos em que a negativa da restituição não constitui delito: Arts.644, 664, 681, 708 do Código Civil, que regulam o direito deretenção. Art. 1.009, que trata do direito de compensação. Nestashipóteses, não há delito em face de o sujeito agir no exercícioregular de um direito.

Apropriação indébita de uso: Não é crime.

A existência do crime não está condicionada à prévia prestação decontas e interpelação judicial. Excepcionalmente, conforme o casoconcreto, são necessárias, como nas hipóteses de administração,compensação de créditos, prestação de contas, gestão de negóciosetc. Venda de objeto que o ladrão deixou para guardar:Existem duas soluções: 1 Se o sujeito sabia que a coisa era furtada, responde pelo delito

de receptação (CP, art. 180, caput, 1ª parte). 2 Se não sabia, pratica apropriação indébita. Na última hipótese,

sujeito passivo é o dono da coisa e não o ladrão.

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPOÉ necessário que a coisa móvel seja "alheia" (elemento normativodo tipo). Tratando-se de coisa "própria", o fato é relativamenteatípico, podendo haver outro delito. O fato pode ser cometido pelosócio, co-herdeiro ou co-proprietário.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOÉ o dolo, vontade livre e consciente de o sujeito se apropriar decoisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção. O dolo deveser contemporâneo com a conduta da apropriação.

Se o sujeito já recebe a coisa a título de posse ou detenção, comfinalidade de apropriar-se dela, responde por estelionato; é odenominado ab initio.

QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:É um delito comum, simples, instantâneo, material e comissivo.

MOMENTO CONSUMATIVO E TENTATIVANa apropriação indébita propriamente dita o delito se consuma como ato de disposição. No instante em que o sujeito se comporta comodono, invertendo o título da posseNa negativa de restituição o crime atinge o momento consumativoquando o sujeito se recusa a devolver o objeto material.

Tentativa é admissível na hipótese de apropriação indébitapropriamente dita.É impossível no caso de negativa de restituição. Ou o sujeito senega a devolver o objeto material, e o delito está consumado, ouisso não ocorre, não havendo conduta típica.

FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS – ARTIGO 168, § 1ºO DEPÓSITO pode ser:1) VOLUNTÁRIO: 2) NECESSÁRIO:O necessário se classifica em: a) legal Tratando-se de depósito necessário legal, duas hipótesespodem ocorrer: 1 Se o sujeito ativo é funcionário público, responde por delito de

peculato (CP, art. 312).2 Se o sujeito ativo é um particular, responde por apropriação

indébita qualificada, nos termos do art. 168, parágrafo único,II, última figura (depositário judicial). Assim, não se aplica adisposição do n. I.

b) miserável; O parágrafo único, I, quando fala em depósitonecessário, abrange exclusivamente o depósito necessário miserávelc) por equiparação Tratando-se de depósito necessário porequiparação, não aplicamos a qualificadora do "depósitonecessário", mas sim a do n. III do parágrafo único (coisarecebida em razão de profissão).

.

CRIME QUALIFICADO PELA QUALIDADE PESSOAL DO AUTOR:A figura doliquidatário foi abolida pela Lei de Falências. Trata-se deenumeração taxativa, que não pode ser interpretada extensivamente.A figura não se refere ao sujeito que desempenha função pública.Neste caso, responde por peculato.

CRIME QUALIFICADO PELO OFÍCIO, EMPREGO OU PROFISSÃO: Não ésuficiente a simples relação empregatícia. É necessário que osujeito esteja na posse ou na detenção do objeto material porcausa do emprego.

FIGURA TÍPICA PRIVILEGIADA - ARTIGO 170Conforme o artigo 170, à apropriação indébita aplica-se odisposto no artigo 155, § 2°. Significa que se o criminoso éprimário e é de pequeno valor, o juiz deve substituir a pena dereclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terço ouaplicar somente a pena de multa. Não se trata de simples faculdade a aplicação do privilégio. Sepresentes as circunstâncias legais, o juiz está obrigado a reduzirou substituir a pena.

REQUISITOS:1º) que o criminoso seja primário; É o que tem condenação anteriorcom trânsito em julgado, embora não seja reincidente. Vide nota aoart. 63. Sobre o tema de poder a pena ser atenuada nos termos doprivilégio, há duas posições: 1ª) pode: 2ª) não pode: Réu favorecido pela "prescrição da reincidência" (CP, art. 64, I):É primário.

Requisitos pessoais: Existem duas posições a respeito do assunto: 1ª) o estatuto penal, ao prever o benefício, só exige duascircunstâncias: que o criminoso seja primário (circunstânciasubjetiva) e que a res furtiva tenha pequeno valor (circunstânciaobjetiva). Outras circunstâncias, objetivas ou subjetivas,inclusive os maus antecedentes do agente (salvo a condenaçãoanterior) ou a sua má personalidade, não impedem o privilégio 2ª) o privilégio, de acordo com a orientação jurisprudencialdominante, a que nos filiamos, não exige somente que o sujeito

seja primário e que a coisa seja de pequeno valor. Se assim fosse,estaria criado um direito ao condenado primário que praticassesubtração mínima, ainda que tivesse má personalidade e péssimosantecedentes. O privilégio tem por fundamento princípios depolítica criminal, visando à individualização da pena, e, assim,evitando que o sujeito que envereda pela primeira vez no campo doatentado ao patrimônio alheio encontre sérios obstáculos à suarecuperação social

2º) que a coisa seja de pequeno valor. Há várias posições:1ª) considera o salário mínimo como teto para o pequeno valor doprivilégio, estabelecendo o confronto ao tempo da prática docrime. O critério, entretanto, não deve ser apreciado com rigidez(alguns cruzeiros a mais não impedem o benefício):;2ª) leva em consideração a estimativa do pequeno valor em funçãodas posses da vítima 3ª) afirma não haver regra rígida para o reconhecimento do pequenovalor da coisa subtraída, ficando o privilégio a critério dojulgador

Direito do réu: Embora o Código Penal empregue a expressão "pode",a aplicação do privilégio, desde que presentes as suascircunstâncias, é obrigatória. Não se trata de simples faculdade,no sentido de poder o juiz reduzir (ou substituir) ou não a pena.É um direito do réu. A faculdade diz respeito ao quantum dadiminuição e à conveniência da substituição da pena.

Apreciação do benefício: valor da coisa e montante do prejuízo -Há várias posições: 1ª) ao pequeno valor da coisa furtada não se equipara o pequenoprejuízo resultante do crime. Leva-se em conta o pequeno valor doobjeto material ao tempo da prática do furto, desprezando-se odesaparecimento ou diminuição do prejuízo efetivo Essa posiçãoadmite abrandamento: em casos excepcionais, de acordo com apersonalidade do réu, a equiparação é possível 2ª) o pequeno ou inexistente prejuízo equipara-se ao pequeno valorda coisa furtada

1 Pena pecuniária: A redução não se aplica à multa. Esta deve serfixada nos termos dos arts. 59 e 60 do Código Penal.

2 Crime continuado: Na continuação, o pequeno valor deve serconsiderado em relação a cada delito e não em face do total dosobjetos subtraídos .

TIPOS ASSEMELHADOS À APROPRIAÇÃO INDÉBITA

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA – ART. 168- A

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuiçõesrecolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:

I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importânciadestinada à previdência social que tenha sido descontada depagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada dopúblico;II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenhamintegrado despesas contábeis ou custos relativos à venda deprodutos ou à prestação de serviços;III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivascotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pelaprevidência social.

§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara,confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ouvalores e presta as informações devidas à previdência social, na formadefinida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. § 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente ade multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:

I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes deoferecida a denúncia, o pagamento da contribuição socialprevidenciária, inclusive acessórios; ouII – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, sejaigual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suasexecuções fiscais.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARESTrata-se de crime omissivo puro.A lei faz referência ao prazo e à forma pelos quais a contribuiçãodeverá ser repassada. Trata-se, portanto, de norma penal embranco, que dependerá para a sua efetiva aplicação de definiçõescontidas nas leis previdenciárias.

SUJEITOSSujeito ativoCuida-se de crime próprio. Somente pode ser praticado por aqueleque tem o dever legal de repassar à Previdência Social ascontribuições recolhidas dos contribuintes. A lei também se refereao prazo convencional.Sujeito passivoÉ o Estado, em especial o órgão da Previdência Social, que é oresponsável pelo recolhimento das contribuições.

ELEMENTO SUBJETIVOÉ o dolo, consistente na vontade livre e consciente de recolher ascontribuições e não as repassar à Previdência Social.

CONSUMAÇÃOConsuma-se no momento em que se exaure o prazo legal ouconvencional assinalado para o recolhimento das contribuições.

TENTATIVAA tentativa é inadmissível, uma vez que se cuida aqui de crimeomissivo puro.

FORMAS SimplesEstá prevista no caput.

Figuras assemelhadasO § 1°- do art. 168-A,I a III, prevê outros tipos penaisassemelhados. A conduta tipificada no caput tem a finalidade depunir o substituto tributário, que deve recolher à previdênciasocial o que arrecadou do contribuinte e deixa de fazê-lo (videart. 31 da Lei n. 8.212/91). Já as figuras descritas no § 1ºdestinam-se ao contribuinte-empresário, que deve recolher acontribuição que arrecadou do contribuinte.

PrivilegiadaEstá prevista no art. 170 do Código Penal. Incide sobre as figurassimples e assemelhadas acima mencionadas.

CAUSA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADEPrevê o § 2°-: "se o agente, espontaneamente, declara, confessa eefetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores epresta as informações devidas à previdência social, na formadefinida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal". ALei n. 9.249/95, em seu art. 34, previa a extinção da punibilidadequando o agente promovesse o pagamento do tributo ou contribuiçãosocial antes do recebimento da denúncia.

A jurisprudência aplicava analogicamente o referido artigo aoscrimes previdenciários. Com o advento da Lei n. 9.983/2000, énecessário que o agente, espontaneamente, confesse e preste asinformações devidas à previdência social, bem como efetue opagamento das contribuições, importâncias ou valores antes doinício da ação fiscal, na forma definida em lei ou regulamento.Dessa forma, haverá a extinção da punibilidade se as contribuiçõesforem pagas antes do início da ação fiscal, e não mais antes dorecebimento da denúncia. Indaga-se o que se entende por início daação fiscal. O art. 168-A, nessa parte, possui conteúdo maissevero que o art. 34 da Lei n. 9.249/95, não podendo, portanto,retroagir. Caso o pagamento se realize após o início da açãofiscal e antes de oferecida a denúncia, poderá incidir o §3°(perdão judicial ou pena de multa). Se realizado após ooferecimento da denúncia, mas antes do seu recebimento, incidirá o

art. 16 do CP (arrependimento posterior). Finalmente, se ele forefetuado após o recebimento da denúncia, incidirá a circunstânciaatenuante prevista no art. 65 do CP.

PERDÃO JUDICIAL OU PENA DE MULTAPrevê o § 3°- do art. 168-A: "é facultado ao juiz deixar deaplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente forprimário e de bons antecedentes, desde que":a) Tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes deoferecida a denúncia, o pagamento da contribuição socialprevidenciária, inclusive acessórios (inciso I). Nessa primeirahipótese será cabível o perdão judicial ou pena de multa se opagamento das contribuições, inclusive acessórios, se der após oinício da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, aocontrário do que ocorre no § 2°. Uma vez oferecida a denúncia, opagamento realizado antes do seu recebimento poderá configurar oarrependimento posterior (CP, art. 16).b) O valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, sejaigual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento desuas execuções fiscais (inciso II). “Atualmente o limite para onão-ajuizamento de execução fiscal pela autarquia previdenciária éde R$ 5.000,00, conforme MEMO/INSS/PG/N. 36/1988. Débitos de atéR$ 5.000,00, portanto, dão ensejo ao perdão judicial ou aplicaçãounicamente da multa. Porém, não todos. Se o valor dos débitos nãoexcede a R$ 1.000,00, é o caso de se aplicar o princípio dainsignificância (...). Atualmente, aliás, o valor se alterou paraR$ 2.500,00, consoante a MP 1.973-63, de 29-06-2000”.

AÇÃO PENAL. PROCEDIMENTO. COMPETÊNCIATrata-se de crime de ação penal pública incondicionada e que segueo procedimento comum ou ordinário (CPP, arts. 304 a 405 e 498 a502).Os crimes contra a Previdência Social são de competência daJustiça Federal, uma vez que compete a esta processar e julgar "ascausas em que União, entidade autárquica ou empresa públicafederai forem interessadas" (CF, art. 109, 1). Como é cediço, ascontribuições sociais são repassadas para os cofres da União.

APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASOFORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA – ARTIGO 169,

CAPUT

Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza

Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder porerro, caso fortuito ou força da natureza:

Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.Parágrafo único - Na mesma pena incorre:

Apropriação de tesouro

I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou emparte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;

Apropriação de coisa achada

II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ouparcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidorou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15(quinze) dias.

O CP. protege o direito patrimonial.

1 Sujeito ativo: Qualquer pessoa, não exige qualidade pessoalespecial.

2 Sujeito passivo: Proprietário do objeto material.

Elemento subjetivo do tipo: É o dolo, contido na vontade deapropriar-se de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, casofortuito ou força da natureza. O dolo deve ser contemporâneo, ouseja, deve coexistir com a conduta da apropriação. Se, desde oinício, o sujeito age com dolo de dano, responde por estelionato.Denominado de dolo ab initio. Ex.: assim se alguém percebe que ocarteiro lhe está entregando objeto que pertence a terceiro ,incidindo em erro, silenciando e recebendo o objeto material,responde por estelionato e NÃO por apropriação indébita.

ESPÉCIES DE APROPRIAÇÃO ACIDENTAL: 1ª) apropriação propriamente dita; o sujeito realiza uma condutacomo se fosse dono do objeto que veio ao seu poder por erro, casofortuito ou força da natureza.2ª) negativa de restituição: nega-se a restituir o objeto que veioindevidamente ao seu poder.

Tipo privilegiado (art. 170): O único benefício outorgado pelodispositivo é a diminuição da pena de detenção de um a doisterços. Note que, de acordo com o furto mínimo, o juiz pode:

a) substituir a pena de reclusão pela de detenção; b) diminuir uma ou outra de um a dois terços; c) aplicar somente a pena de multa.

As hipóteses a e c são inaplicáveis aos subtipos de apropriaçãoindébita. Isso porque nestes delitos o Código Penal não impõe penade reclusão. Além disso, a multa já é prevista como sançãoalternativa (preceito secundário do art. 169, caput).

APROPRIAÇÃO DE TESOURO - ARTIGO 169, PARÁGRAFOÚNICO, I Objeto jurídico: a inviolabilidade patrimonial.

1 Sujeito ativo: Qualquer pessoa. – quem se apodera da parte quepertence ao dono do prédio;

2 Sujeito passivo: Proprietário do local (prédio, fazenda etc.)onde é achado o tesouro.

Encontro casual: Para que haja apropriação de tesouro é necessárioque ele tenha sido encontrado casualmente. Fora dessa hipótese, ofato constitui furto.

Em que consiste o crime: O encontro do tesouro, por si só, nãoconstitui delito. A conduta ilícita é a posterior apropriação, notodo ou em parte, da quota pertencente ao dono do terreno etc.

Hipóteses diversas: Nos termos do Código Civil, o depósito antigo de moeda ou coisaspreciosas, enterrado ou oculto, de cujo dono não haja memória, sealguém casualmente o achar em prédio alheio, dividir-se-á porigual entre o proprietário deste e o inventor (art. 1264). Assim,se for casual o encontro do tesouro, deverá ser dividido em partesiguais entre o proprietário do terreno e o inventor. Se quem acharfor o senhor do prédio, algum operário seu mandado em pesquisa, outerceiro não autorizado pelo dono do prédio, a este pertencerá porinteiro o tesouro (art. 1265). Por fim, deixa de considerar-setesouro o depósito achado, se alguém mostrar que lhe pertence.

Elemento subjetivo do tipo, consumação e tentativa: Semelhantesaos da apropriação indébita-tipo.

APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA - ARTIGO 169 -PARÁGRAFO ÚNICO, II

Objeto jurídico: A inviolabilidade patrimonial.

1 Sujeito ativo: Qualquer pessoa.2 Sujeito passivo: É o proprietário da coisa perdida.

Coisa alheia perdida: Quem a encontra tem a obrigação de restituí-la ao legítimo proprietário ou possuidor ou de entregá-la àautoridade competente. Não o fazendo, responde por crime deapropriação indébita.

Diferença entre coisa perdida e abandonada: Na última hipótese, osujeito se despoja do direito patrimonial, passando a coisa a serde ninguém. Neste caso, sendo ela achada por terceiro, não

responde por apropriação indébita. Só há crime na hipótese decoisa alheia perdida.

Simples encontro do objeto material perdido: Não configura odelito. Este consiste em o sujeito dele se apropriar.

Elemento subjetivo do tipo: Igual ao da apropriação indébita-tipo.É o dolo, que deve abranger o conhecimento de que se trata decoisa perdida. Exige-se o propósito de não restituir o objetomaterial. Culpa: não há crime.

Momento consumativo e tentativa: Iguais aos da apropriaçãoindébita-tipo: vide notas ao art. 168 deste Código, com a seguinteobservação: não se consuma antes do prazo de quinze dias, salvoalienação, consumo etc.

Autoridade competente referida no tipo: Judiciária ou policial(CPC, art. 1.170).

Coisa esquecida: Há duas posições: 1ª) existe crime de furto ; 2ª) há apropriação de coisa achada .

Prazo de quinze dias: Se, dentro dele, o sujeito: a) alienou o bem encontrado: consumou-se o delito; b) tentou descontar o cheque encontrado: consumou-se o crime c) a Polícia apreendeu o objeto material: não se consumou o delito(RT, 589:353). Antes de escoar-se: não há crime, salvo exceções.Coisa abandonada pelo ladrão: Há duas posições:1ª) é coisa perdida, havendo apropriação indébita de coisa achada2ª) não é coisa perdida, havendo furto.

Cheque perdido e achado pelo sujeito: Que o desconta com terceiro,dizendo que o recebeu: há apropriação indébita de coisa perdida enão estelionato

https://www.google.com.br/#q=a+provoca%C3%A7%C3%A3o+injusta+art+121+1o+caracteriza+agress%C3%A3o