Elementos Basicos para a Quantiza» c~ ao Can^ onica de Campos Escalares e Vetoriais

106
Universidade Federal do Par ´ a Instituto de Ci ˆ encias Exatas e Naturais Faculdade de F ´ ısica Elementos B´ asicos para a Quantiza¸c˜ ao Canˆ onica de Campos Escalares e Vetoriais Fernando Sales Martins Nunes Trabalho de Conclus˜ ao de Curso Orientador: Prof. Dr. S´ ergio Vizeu Lima Pinheiro Bel´ em 2007

Transcript of Elementos Basicos para a Quantiza» c~ ao Can^ onica de Campos Escalares e Vetoriais

Universidade Federal do Para

Instituto de Ciencias Exatas e Naturais

Faculdade de Fısica

Elementos Basicos para a Quantizacao

Canonica de Campos Escalares e

Vetoriais

Fernando Sales Martins Nunes

Trabalho de Conclusao de Curso

Orientador: Prof. Dr. Sergio Vizeu Lima Pinheiro

Belem

2007

Elementos Basicos para a Quantizacao Canonica de Campos Escalares e Vetoriais

Fernando Sales Martins Nunes

Julgado em: 22 de 12 de 2007.

Conceito: Excelente.

Comissao Julgadora:

———————————————–

Prof. Dr. Sergio Vizeu Lima Pinheiro

Orientador

———————————————–

Prof. Dr. Marcelo Costa de Lima

Membro

———————————————–

Prof. Dr. Van Sergio Alves

Membro

Belem

Dezembro de 2007

i

Agradecimentos

Gostaria de deixar registrado neste trabalho o meu amplo agradecimento as pessoas que, de

alguma forma, contribuıram e/ou contribuem para minha formacao profissional e/ou pessoal.

Pessoas essas que ja faziam ou passaram a fazer parte de minha historia e que terao minha

humilde e eterna gratidao.

• E impossıvel se falar de fısica no Estado do Para, sem que mencionemos o nome “Jose

Maria Filardo Bassalo”. A este professor deixo um enorme agradecimento por ter sido

um dos pioneiros na tentativa de melhoria do curso ao qual dediquei parte destes ultimos

quatro anos de minha e por consegui sensibilizar uma geracao de profissionais que seguem

seu empenho, fazendo do curso de fısica um curso muito melhor do foi a pouco tempo atras.

A estes profissionais, que carregam arduamente o curso de Fısica em suas costas, deixo

registrada minha admiracao e gratidao, neste aspecto, agradeco a voces: Prof. Dr. Luıs

Carlos Bassalo Crispino, Prof. Dr. Sergio Vizeu, Prof. Dr. Marcelo Lima, Prof. Dr. Van

Sergio, Prof. Dr. Danilo Teixeira, Prof. Dra. Silvana Peres, Prof. Dra. Angela Klautau,

Prof. Dr. Sancleiton, Prof. Dr. Petrus Alcantara, Prof. Dr. Jorge Castineireas, Prof.

Dr. Elinei e Prof. Dr. Joao Felipe. Neste momento corro o grande risco de ser injusto

com alguem que, por ventura, esqueci de mencionar, porem mesmo numa Faculdade de

mais de 40 professores, tenho a triste certeza de que os possıveis injusticados sao uma

pequena parcela deste corpo docente, a essa minoria tambem registro minha gratidao e

admiracao.

• Agradeco ao Prof. Dr. Marcelo Lima por sua BOA VONTADE como professor, fato

este que torna acessıvel a todos seus alunos uma grande fonte de conhecimento, o que,

dentre outros motivos, o fazem ser um exemplo de profissional a ser seguido. Agradeco-lhe

tambem por algumas pequenas conversas e por seus longos discursos (em sala de aula e

fora dela) que, sem duvida, foram de muita importancia para minha formacao.

• Pelos bons e maus momentos que muito me ensinaram e pela rica convivencia, mais

ii

duradoura com alguns e menos com outros, agradeco a alguns colegas e amigos que fiz

durante o curso, dentre eles estao: Carlos Costa (Buja), Jonix Cardoso, Thiago Carames,

Jaime Filho, Emerson Benedito, Andreson Carvalho, Joao Paulo, Jonatas Maciel, Rodrigo

Ferreira, Debora Rodrigues, Itamara Campos, Wagner Pires, Camila Silveira, Penn Lee,

Leonardo Nascimento e Soraya Galdino. Pessoas estas que, em sua maioria, tive a opor-

tunidade de ter como companheiras de trabalho dentro do dinamico grupo PET-Fısica,

que por sua vez me deu a chance de ter uma formacao que julgo mais completa e que me

foi de essencial importancia.

• Agradeco ao professor, orientador e amigo Sergio Vizeu nao apenas pela orientacao neste

trabalho, mas tambem por sua amizade, pela prazerosa convivencia nestes ultimos 3 anos

e pelos varios ensinamentos que, por ele, foram a mim repassados, ensinamentos estes que

nao se detiveram apenas ao ramo da fısica e que me fizeram o ter nao apenas como um

exemplo de profissional, mas tambem como um exemplo de ser humano.

• Nao apenas de estudos vive um academico, mas tambem de amizade e diversao, e e devido

a esta amizade e a momentos ımpares de diversao e alegria, tanto dentro da universidade

quanto fora dela, que registro tambem meu agradecimento aos amigos Jaime Filho (Mano)

e Emerson Benedito (Cocota), sempre presentes em muitos dos bons momentos que tive

nesses ultimos anos e que, com certeza, estarao presentes nos que hao de vir. Tomo a

liberdade de agradecer nao apenas em meu nome, mas tambem em nome destes dois

amigos, a companheira Marialva da Serra, presente em muito destes grandes momentos

nos dando forca e coragem para enfrentarmos o duelo que e a vida.

• Agradeco a minha namorada Shirley Medeiros por seu essencial companheirismo, pela

encorajadora forca que sempre me deu, pelas longas conversas que tivemos, pelo seu

indispensavel apoio, pela sua eterna amizade, pelos nossos inesquecıveis momentos juntos,

enfim, por realmente fazer parte de minha vida, estando sempre por perto nos bons e maus

momentos que passei nestes ultimos dois anos. A esta pessoa deixo tambem meu muito

obrigado.

• E por fim deixo registrado meu eterno e terno agradecimentos a meus pais Jose Fernando

e Maria do Socorro, pela compreensao, pela oportunidade, pela amizade, pela confianca,

enfim, por tudo o que me ensinaram e me ensinam ate hoje. Pais que se fizeram de

alicerce para minha construcao, que me fizeram chegar ate onde cheguei, sem os quais

nao estaria aqui, superando mais uma importante etapa das muitas que virao e sem os

iii

quais nao poderia ter feito nenhum dos agradecimentos anteriores. A estas pessoas, que

vestem a camisa de pais como ninguem, registro minha eterna admiracao e meu muitıssimo

obrigado.

iv

Dedicatoria

Aos meus pais:

Jose Fernando e Maria do Socorro.

E ao meu irmao:

Fernando Bruno.

v

Resumo

Neste trabalho, faremos um estudo acerca do procedimento de quatizacao de campos escalares

e vetoriais, abordando para isso nao apenas o formalismo matematico envolvido no processo,

mas tambem alguns importantes conceitos presentes na teoria. Comecaremos pela quantizacao

da corda, o que nos remete quase que de maneira imediata a quantizacao de campos escalares

massivos, passando pelo campo eletromagnetico e terminando com a quantizacao do campo de

Proca, calculando tambem seus respectivos propagadores de Feynman.

vi

Abstract

In this work, we going to make a study of the quantization of scalar and vectorial field, using to

it not only the math formalism, but also any important concepts of the theory. First we going

to do quatization the string, that remit to scalar massive field quantization, passing by photon

field and finishing with Proca field, computing also yours respective Feynman’s propagator.

vii

Conteudo

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ii

Dedicatoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iv

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v

Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii

Introducao 1

1 A Quantizacao da Corda 4

1.1 O Formalismo Lagrangeano para Campos Classicos . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.2 A Quantizacao da Corda Nao-Relativıstica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1.2.1 Modos Normais da Corda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1.2.2 Aspectos Gerais para a Quantizacao de Campos e a Quantizacao da Corda 16

2 A Quantizacao de Campos Escalares 19

2.1 A Equacao de Klein-Gordon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.2 A Quantizacao do Campo Escalar sujeito a Condicoes de Contorno Periodicas . 21

2.2.1 O Operador Hamiltoniano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2.3 A Quantizacao do Campo Escalar Livre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3 A Quantizacao do Campo Eletromagnetico 38

3.1 O Campo de Maxwell . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3.2 A Quantizacao do Campo Eletromagnetico via Calibre de Coulomb . . . . . . . 40

3.3 A Quantizacao do Campo Eletromagnetico via Calibre de Lorentz . . . . . . . . 45

3.4 O Calibre de Lorentz e o Metodo de Gupta-Bleuler . . . . . . . . . . . . . . . . 48

4 A Quantizacao do Campo Vetorial Massivo 55

4.1 As Equacoes de Proca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

4.2 A Quantizacao do Campo de Proca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

viii

5 O Propagador de Feynman 65

5.1 O Propagador do Campo Escalar Massivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

5.2 O Propagador do Foton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

5.3 O Propagador do Campo de Proca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

Conclusao 78

A O Eletromagnetismo de Maxwell 80

B Os Vetores de Polarizacao 89

C Propriedades Matematicas da Funcao de Pauli-Jordan 92

Referencias 95

ix

Introducao

Um dos maiores saltos da ciencia em direcao a uma melhor compreensao dos fenomenos

naturais foi a construcao e a compreensao, no final do seculo XIX e inıcio do seculo XX, de

duas revolucionarias e polemicas teorias: A Relatividade Restrita e a Mecanica Quantica. Tais

teorias descrevem, respectivamente, sistemas que envolvem grandes velocidades, proximas a

velocidade luz, e sistemas que envolvem estrutras muito pequenas, da ordem da constante de

Planck. Porem, os “mundos” descritos por essas teorias foram considerados separadamente,

nos primordios de suas construcoes. Entao, como fica a descricao fısica da natureza que envolve

quantidades muito pequenas que se deslocam em altas velocidades?

Numa tentativa de responder a esta pergunta, surgiu, dentre outras, a Equacao de Klein-

Gordon. Tal equacao nao foi totalmente satisfatoria para a descricao de partıculas relativısticas

por apresentar inconsistencias conceituais a luz da Teoria Quantica. Devido a isso esta equacao

foi, de certa forma, abandonada para a descricao do mundo Quantico-Relativıstico ate o mo-

mento em que a solucao desta equacao foi interpretada como um campo associado a partıcula, e

nao como uma funcao de onda a esta. Surgiu assim, juntamente com o trabalho de Dirac na ten-

tativa de promover uma descricao relativıstica para o eletron, a chamada Teoria Quantica de

Campos, conhecida tambem como Processo de Segunda Quantizacao que, diferentemente

do procedimento de primeira quantizacao, ou quantizacao classica, na qual as quantidades quan-

tizadas eram as variaveis dinamicas. Aqui levou-se em consideracao a quantizacao dos proprios

campos responsaveis pela interacao, sendo estes as variaveis dinamicas a serem quantizadas.

Assim a equacao de Klein-Gordon passa a descrever campos cujas partıculas associadas a estes

sao ditas Bosonicas, com spin 0. O desenvolvimento desta teoria fez com que esta se tornasse

capaz de descrever outros tipos de campos, como, por exemplo, o Campo Vetorial, de spin

1, levando em consideracao, ou nao, o elemento de massa associada cada um destes campos,

ou partıculas se preferir. Uma descricao mais detalhada de alguns dos campos mensionados

anteriormente sera alvo desta monografia.

Comecaremos, logo no capıtulo 1, apresentando o formalismo Lagrangeano para campos

1

classicos, mostrando que este pode ser entendido como um sistema de infinitas partıculas muito

proximas. Apos feito isso buscaremos a solucao geral que descreve a corda vibrante e a quan-

tizaremos logo apos de apresentarmos ao leitor o princıpio da correspondencia.

No capıtilo 2, apresentaremos a quantizacao do campo escalar real, cuja dinamica e regida

pela equacao de Klein-Gordon. Este campo sera quantizado sujeito a condicoes de contorno

periodicas, o que e muito similar a quantizacao da corda, e posteriormente sera quantizado

quando livre no espaco.

No capıtulo 3, que tera como alvo a quantizacao do campo eletromagnetico, comecaremos

apresentando o campo de Maxwell, posteriormente quantizaremos este levendo em consideracao

duas importantes escolhas de calibres: o calibre de Coulomb e o calibre de Lorentz. Sendo que

este ultimo deve, indiscutivelmente, levar em consideracao a covariancia do espaco-tempo, o

que nos remete a considerar uma densidade de Lagrangeana modificada, escrita em termos de

um parametro ξ, como veremos.

No capıtulo 4 apresentaremos detalhadamente a quantizacao do campo vetorial massivo,

tambem conhecido como Campo de Proca. Comecaremos apresentando quem sao as equacoes

que regem a dinamica deste campo para, a posteriori, quantizarmos a solucao destas. Mos-

traremos ainda neste capıtulo que para garantirmos que o processo de quantizacao do campo

de Proca seja um processo covariante e necessario escreve-lo em termos da chamada funcao de

Pauli-Jordan. A partir disso, seremos capazes quantizar todos os campos ja apresentados nos

capıtulos 2 e 3, levando em consideracao nao apenas um deslocamento espacial, mas tambem

um deslocamento temporal, obtendo, assim, a quantizacao para operadores de campo e seus

momentos canonicamente conjugados, localizados em pontos arbitrarios no espaco-tempo.

Finalmente, no capıtulo 5, apresentaremos e calcularemos os propagadores de Feynman

para cada um dos campos ja quantizados no corpo deste trabalho, o que nos fornecera os

elementos fundamentais para a interpretacao quantica da teoria: a amplitude de probabilidade

de destruirmos num determinado ponto do espaco-tempo, uma partıcula criada num outro

ponto deste mesmo espaco-tempo.

A tıtulo de completeza tambem dispomos ao leitor um conjuntos de tres apendices que julga-

mos indispensaveis para o perfeito entendimento do trabalho aqui apresentado. Nominalmente

estes apendices sao: O Eletromagnetismo de Maxwell, no qual discutiremos aspectos fun-

damentais dessa teoria e sua representacao covariante; Os Vetores de Polarizacao, no qual,

como diz o nome, discutiremos alguns detalhes destes objetos e sua importancia nos proce-

dimentos matematicos necessarios para a quantizacao de campos; e, por fim, Propriedades

2

Matematicas da Funcao de Pauli-Jordan, no qual esta importante funcao sera discutida,

ressaltando, novamente como o nome ja indica, suas propriedades matematicas e sua relevancia

nos processos de quantizacao de campos.

3

Capıtulo 1

A Quantizacao da Corda

Neste capıtulo mostraremos, basicamente, que a nocao de campos classicos pode emergir

naturalmente de sistemas de muitas partıculas. Faremos ainda a quantizacao da corda nao-

relativıstica, ou seja, na corda a qual viajam ondas com velocidade v muito mais baixa que a

velocidade da luz. Mostraremos que a quantizacao da corda, em varios aspectos, e analoga a

quantizacao de campos classicos.

Para tanto, antes de implementarmos tal quantizacao, nos e conveniente desenvolver o

chamado formalismo Lagrangeano para campos classicos, tomando, basicamente, o limite de

passagem de sistemas discretos para sistemas contınuos.

1.1 O Formalismo Lagrangeano para Campos Classicos

Para nossa finalidade nos e conveniente considerar um sistema mecanico composto por N

osciladores acoplados. Sendo m a massa de cada uma das partıculas oscilantes, ligadas umas

as outras por uma mola de constante elastica k, e que na posicao de equilıbrio mantem uma

distancia a entre uma partıcula e outra imediatamente sucessora ou antecessora a esta. Tal

sistema possui um comprimento fixo l (Figura 1.1).

Figura 1.1: Osciladores acoplados.

Podemos encontrar a Lagrangeana[20], tambem deste sistema, efetuando a diferenca

L = T − V, (1.1)

4

sendo T a energia cinetica dada por

T =1

2

N∑

i=1

miqi2 (1.2)

e V a energia potencial dada por

V =1

2

N∑

i=1

k(qi+1 − qi)2. (1.3)

Logo, podemos reescrever a definicao (1.1), de acordo com as definicoes para as energias

cineticas e potenciais dadas, respectivamente por (1.2) e (1.3), como

L =1

2

N∑

i=1

[miqi2 − k(qi+1 − qi)

2]. (1.4)

Para encontrarmos as equacoes de movimento que regem este sistema basta que facamos a

substituicao da equacao (1.4) na Equacao de Euler-Lagrange, dada por

∂L

∂qi

− d

dt

(

∂L

∂qi

)

= 0. (1.5)

Calculando cada termo da ultima equacao, temos para o primeiro

∂L

∂qi

= −1

2

N∑

i=1

k∂

∂qn

(qi+1 − qi)2,

que aplicando a derivada, segundo a regra da cadeia, fica

∂L

∂qi

= −N

i=1

k(qi+1 − qi)∂

∂qn

(qi+1 − qi).

Note que ∂qi+1

∂qn= δn,i+1 e ainda ∂qi

∂qn= δn,i, assim

∂L

∂qi

= −N

i=1

k(qi+1 − qi)(δn,i+1 − δn,i) (1.6)

e ainda, para o segundo termo da equacao de Euler-Lagrange, temos

∂L

∂qi

=N

i=1

miqiδn,i,

que, portanto, conforme o segundo termo da equacao (1.5), vamos tomar sua derivada total no

tempo. Assim fazendo temos

d

dt

(

∂L

∂qi

)

=N

i=1

miqiδn,i. (1.7)

5

Logo, reunindo os resultados (1.6) e (1.7), temos que a equacao de Euler-Lagrange ficara na

forma

N∑

i=1

[k(qi+1 − qi)(δn,i+1 − δn,i) − miqiδn,i] = 0.

Calculando o produto explicitado na equacao acima e, apos feito isso, utilizando a pro-

priedade de filtragem da Delta, temos que

mqn + k(qn − qn+1 − qn−1 + qn) = 0, (1.8)

que e a equacao de movimento para a N -esima partıcula do sistema.

Para passarmos de um sistema discreto para um sistema contınuo, e necessario que facamos

simultaneamente, o espacamento entre as massas tender a zero, ou seja, a −→ 0, e o numero de

partıculas do sistema tender a infinito, ou seja, N −→ ∞, mantendo o comprimento l constante.

E ainda, na somatoria, fazer

N∑

i=1

−→ 1

a

∫ l

0

dx,

sendo que, na ultima passagem, foi tambem necessaria a introducao de um fator 1a

para que os

dois lados da igualdade sejam dimensionalmente consistentes. E, tambem, conveniente fazermos

a seguinte parametrizacao na coordenada qn

qn −→√

aq(x), (1.9)

sendo que x = na1 e que√

a foi introduzida de maneira que garanta que nosso resultado nao

apresente divergencias. Com isso podemos notar que

qn+1 −→√

aq(x + a). (1.10)

Substituindo (1.9) e (1.10) na equacao (1.8), teremos a equacao de movimento nao mais

parametrizada em “n”, mas sim em “x”, na forma

mq(x) = k[q(x + a) − q(x) + q(x − a) − q(x)].

Multiplicando e dividindo o segundo lado da igualdade por “a” e tomando o limite de

a −→ 0, temos

mq(x) = ka lima−→0

[

q(x + a) − q(x)

a

]

+ ka lima−→0

[

q(x − a) − q(x)

a

]

. (1.11)

1Com esta nova definicao para a variavel “x” podemos parametrizar qualquer qn+m; m = 0, 1, 2, 3..., logo:qn+m −→

√aq[(n + m)a] =

√aq(x + ma)

6

Em ambos os termos da ultima equacao podemos identificar a propria definicao de derivada,

daı podemos reescreve-la como

mq(x) = ka

[

∂q(x)

∂x|x+a −

∂q(x)

∂x|x−a

]

. (1.12)

Repetindo o mesmo procedimento para a equacao anterior, ou seja, multiplicando e di-

vidindo por “a” o segundo lado da igualdade, identificamos mais uma vez a definicao de derivada

de forma que chegamos a relacao

mq(x) = ka2∂2q(x)

∂x2, (1.13)

envolvendo uma segunda derivada nao apenas em “t” mas tambem em “x”.

Identificando que a velocidade da onda que se propaga nessa corda e dada por

v2 =ka2

m(1.14)

e ressaltando que de fato q = q(x, t), teremos

1

v2

∂2q(x, t)

∂t2− ∂2q(x, t)

∂x2= 0, (1.15)

da qual concluimos que o limite do contınuo para a equacao (1.8) e a propria equacao da onda.

Com o proposito de reescrevermos a equacao da onda de maneira compacta, definimos nesse

momento o D’Lambertiano, dado por

¤ =1

v2

∂2

∂t2− ∂2

∂x2, (1.16)

de maneira que a equacao da onda pode ser reescrita como

¤q(x, t) = 0. (1.17)

Para a Lagrangeana dada pela equacao (1.4), fazendo uso das relacoes (1.9) e (1.10), e

indentificando definicoes de derivadas no ultimo termo, teremos que

L =1

2

∫ l

0

[

m

(

∂q

∂t

)2

− ka2

(

∂q

∂x

)2]

dx,

de onde temos finalmente, usando (1.14),

L =1

2

∫ l

0

[

1

v2

(

∂q

∂t

)2

−(

∂q

∂x

)2]

dx, (1.18)

7

que e a Lagrangeana (1.4) escrita no limite do contınuo, ou seja, a Lagrangeana para a corda

classica.

Podemos notar na equacao (1.18) que seu integrando pode ser identificado como uma Den-

sidade de Lagrangeana, que por sua vez nos fornece a Lagrangeana quando a integramos em

todo espaco considerado, ou seja,

L =

∫ l

0

Ldx. (1.19)

Logo, comparando as equacoes (1.18) e (1.19) e, fazendo, por conveniencia, a substituicao

q(x, t) −→ ϕ(x, t) obtemos

L =1

2v2

(

∂ϕ

∂t

)2

− 1

2

(

∂ϕ

∂x

)2

, (1.20)

que e a Densidade de Lagrangeana para a corda vibrante.

De forma que suas energias cineticas e potenciais sao, respectivamente, redefinidas como

T =1

2v2

∫ l

0

(

∂ϕ

∂t

)2

dx (1.21)

e

V =1

2

∫ l

0

(

∂ϕ

∂x

)2

dx. (1.22)

Para que a equacao da onda dada por (1.15), na qual surge uma especie de covariancia entre

as coordenadas espacial e teporal, seja obtida diretamente da equacao de Euler-Lagrange, esta

ultima deve ser modificada de tal maneira que leve em consideracao a covariamcia observada.

Devido a isso a equacao de Euler-Lagrange, ja em sua forma modificada (covariante), vem a

ser

∂L∂ϕ

− ∂µ

∂L∂∂µϕ

= 0, (1.23)

que e a equacao de Euler-Lagrange para campos classicos, onde os operadores ∂µ nada mais

sao do que derivadas covariantes, em relacao ao tempo e ao espaco. Como µ varia de 0 a 3,

adotaremos ∂0 como uma derivada parcial no tempo, ou seja,

∂0 =∂

∂t, (1.24)

e ainda ∂i, onde i = 1, 2, 3, como as derivadas parciais no espaco, ou seja,

∂1 =∂

∂x, ∂2 =

∂y, ∂3 =

∂z. (1.25)

8

De forma compacta esse operador pode tambem ser reescrito como

∂µ = (∂0, ∂i). (1.26)

A equacao (1.23) tambem pode ser obtida atraves do Princıpio Hamilton para campos

classicos, tal feito pode ser encontrado na referencia[10] deste trabalho.

Analogo ao tratamento da equacao de Euler-Lagrange para sistemas discretos, onde o mo-

mento generalizado e dado por

pqi=

∂L

∂qi

, (1.27)

podemos ainda identificar uma importante relacao que nos sera muito util, tal relacao e dada

por

π =∂L

∂∂0ϕ, (1.28)

considerando a densidade de Lagrangeana ja encontrada anteriormente, reduzimos esta ultima

equacao a

π =1

v2∂0ϕ (1.29)

que e o momento canonicamente conjugado ao campo ϕ, que descreve a corda vibrante.

1.2 A Quantizacao da Corda Nao-Relativıstica

Uma vez obtida a solucao do problema para a corda vibrante por meio da passagem ao

contınuo de um conjunto de osciladores acoplados e de suma importancia apresentar um metodo

consistente de quantizacao.

Aqui, ao fazermos a mudanca q(x, t) para ϕ(x, t), introduzimos a ideia de que o compor-

tamento da corda, ou melhor ainda, o comportamento de cada ponto constituinte da corda,

e dado pela funcao ϕ(x, t), que doravante chamaremos de campo, campo este, oscilante, que

anteriormente foi representado pela corda vibrante.

1.2.1 Modos Normais da Corda

Toda onda pode ser escrita como uma superposicao de ondas planas[10], inclusive a onda

que se propaga numa corda descrita, como vimos, por ϕ(x, t), logo podemos dizer que

ϕ(x, t) =∞

n=−∞

cnei(knx−wnt), (1.30)

9

na qual cada valor de n esta associado com cada modo normal de vibracao da corda, sendo cn

a amplitude da onda devido a cada modo normal de oscilacao. De acordo com as condicoes de

contorno periodicas impostas sobre a corda, efetivadas por extremidades fixas e comprimento

L, podemos definir

kn =nπ

L, (1.31)

como sendo o numero de onda que. Para tal caso, temos ainda que

wn = knv, (1.32)

conhecida como relacao de dispersao, essencial para que a equacao (1.30) seja de fato solucao

da equacao da onda, entendida tambem como a frequencia de oscilacao da corda (ou campo).

A equacao (1.30) represeta, basicamente, uma serie de Fourrier na forma exponencial[3] e

pode tambem ser escrita, reunindo todos os termos de dependencia temporal em ϕn(t), como

ϕ(x, t) =∞

n=−∞

ϕn(t)eiknx, (1.33)

assumindo que

ϕn(t) = cne−iwnt. (1.34)

Multiplicando toda a equacao anterior por eikn′x e integrando em x, temos que

∫ L

0

ϕ(x, t)e−ikn′xdx =∞

n=−∞

∫ L

0

ϕn(t)ei(kn−kn′ )xdx.

Porem, usando a representacao da Delta[10] dada por

∫ L

0

ei(kn±kn′ )dx = Lδn,∓n′ , (1.35)

obtemos que

ϕn(t) =1

L

∫ L

0

ϕ(x, t)e−iknxdx. (1.36)

Uma vez que a equacao (1.33) e construıda como uma superposicao de ondas planas, ela

obedece a equacao da onda dada por (1.17), ou seja,

¤ϕ(x, t) = 0, (1.37)

10

ou ainda, explicitamente

(

1

v2

∂2

∂t2− ∂2

∂x2

) ∞∑

n=−∞

ϕn(t)eiknx = 0,

na qual, aplicando as derivadas teporais e espaciais temos

∞∑

n=−∞

eiknx

[

1

v2ϕn(t) + kn

2ϕn(t)

]

= 0,

e usando (1.32), temos por fim

ϕn(t) + w2nϕn(t) = 0, (1.38)

que e a equacao tıpica do oscilador harmonico simples, cuja solucao geral[20] e dada por

ϕn(t) = ane−iwnt + bne

iwnt, (1.39)

sendo an e bn constantes que podem ser determinadas a partir das condicoes iniciais do problema

em questao.

Para que a solucao dada pela equacao (1.33) seja consistente com uma descricao fısica,

devemos garantir que esta pertenca ao conjunto dos reais fazendo

ϕ(x, t) = ϕ∗(x, t), (1.40)

de onde segue, segundo (1.33), que

∞∑

n=−∞

ϕn(t)eiknx =∞

n=−∞

ϕ∗n(t)e−iknx.

Substituindo n −→ −n no lado esquerdo da igualdade da ultima equacao e invertendo o so-

matorio vira

∞∑

n=−∞

ϕ−n(t)eik−nx =∞

n=−∞

ϕ∗n(t)e−iknx,

que tambem fara sentido se

k−n = −kn, (1.41)

o que nos leva a concluir que

ϕ−n(t) = ϕ∗n(t). (1.42)

11

Entao a solucao geral pode ser re-escrita, com base em (1.39), como

a−ne−iw−nt + b−ne

iw−nt = a∗ne

iwnt + b∗ne−iwnt. (1.43)

Comparando os termos nos dois lados da igualdade, concluımos que

w−n = wn (1.44)

e ainda{

a−n = b∗nb−n = a∗

n.(1.45)

Entao, substituindo (1.39) na equacao (1.33), temos que esta se dara na forma

ϕ(x, t) =∞

n=−∞

(ane−iwnt + bne

iwnt)eiknx,

ou ainda

ϕ(x, t) =∞

n=−∞

[ane(iknx−iwnt) + bne(iknx+iwnt)].

A condicao de realidade para a ultima equacao nos leva, novamente, a troca n −→ −n

no segundo termo da somatoria. Fazendo isso e levando em conta as relacoes (1.41), (1.44) e

(1.45), podemos re-escrever tal equacao como

ϕ(x, t) =∞

n=−∞

[ane(iknx−iwnt) + a∗

ne(−iknx+iwnt)]. (1.46)

Note na equacao (1.46), solucao classica para o oscilador harmonico simples, que os termos

somados sao de tal forma que um e o complexo conjugado do outro, fato este que nos garante

qualquer funcao (ou numero) pertejnca ao conjunto dos numeros reais[20].

Como o intuito deste capıtulo e a quantizacao da equacao (1.46), o primeiro passo neste cami-

nho e garantir que ela seja normalizavel, de maneira a garantir a interpretacao probabilıstica da

funcao de onda. Para isso nos e conveniente definir uma solucao dita ortonormalizavel escrita

como

un(x, t) = Dne−iwnt+iknx, (1.47)

sendo Dn uma constante de normalizacao que determinaremos a partir de entao. Para essa

funcao, dada por (1.47), temos que a derivada temporal sera dada por

∂0un(x, t) = un(x, t) = −iwnun(x, t), (1.48)

12

e ainda a derivada espacial por

∂xun(x, t) = iknun(x, t), (1.49)

que nos serao bastante uteis posteriormente.

Antes de proseguirmos com os calculos para a determinacao da constante Dn propriamente

dita nos e relevante calcular algumas integrais que nos serao de muita importancia para esse

feito. Vamos primeiramente obter as integrais de normalizacao para un e un′ , de maneira que∫ L

0

unun′dx =

∫ L

0

DnDn′e−i(wn+wn′ )t+i(kn+kn′ )xdx

= DnDn′e−i(wn+wn′ )t

∫ L

0

ei(kn+kn′ )xdx,

que, de acordo com a representacao da Delta dada por (1.35), a integral acima ficara∫ L

0

unun′dx = LDnDn′e−i(wn+wn′ )tδn,−n′ . (1.50)

Calculando tambem para u∗n e u∗

n′ , temos∫ L

0

u∗nu∗

n′dx =

∫ L

0

D∗nD

∗n′e

i(wn+wn′ )t−i(kn+kn′ )xdx,

e usando novamente a representacao (1.35), encontramos que∫ L

0

u∗nu

∗n′dx = LD∗

nD∗n′e

i(wn+wn′ )tδn,−n′ . (1.51)

E ainda, analogamente ao que foi feito acima,∫ L

0

unu∗n′dx =

∫ L

0

DnD∗n′e

−i(wn−wn′ )t+i(kn−kn′ )xdx,

∫ L

0

unu∗n′dx = LDnD∗

n′δn,n′ . (1.52)

Retomando o nosso atual proposito, o de encontrarmos o valor da constante de normalizacao

Dn, podemos reescrever a equacao (1.39) agora em termos das funcoes un(x, t), ou seja

ϕ(x, t) =∞

n=−∞

[anun(x, t) + a∗nu

∗n(x, t)]. (1.53)

A constante Dn tera sua forma final definida por criterios fısicos, mediante a Hamiltoni-

ana do oscilador. Para isso faremos uso das energias cinetica e potencial ja definidas para o

formalismo em que estamos trabalhando. Temos entao da equacao (1.21) que

T =1

2v2

∫ L

0

(

∂ϕ

∂t

)(

∂ϕ′

∂t

)

dx,

13

e nesta, de acordo com a relacao (1.48), que nos fornece as derivadas temporais da funcao un,

temos que

T =1

2v2

∫ L

0

[

∞∑

n=−∞

(−iwnanun + iwna∗nu

∗n)

∞∑

n′=−∞

(−iwn′an′ + iwn′a∗n′u

∗n′)

]

dx

na qual, organizando os termos, temos

T =1

2v2

∫ L

0

∞∑

n=−∞

∞∑

n′=−∞

(−wnwn′anan′unun′ + wnwn′ana∗n′unu∗

n′+

+wnwn′a∗nan′u∗

nun′ − wnwn′a∗na

∗n′u

∗nu∗

n′)dx,

que coerentemente com as relacoes (1.50), (1.51) e (1.52), toma a forma

T =1

2v2

∞∑

n=−∞

∞∑

n′=−∞

[−wnwn′anan′DnDn′Lδn,−n′e−i(wn+wn′ ) + wnwn′ana∗n′DnD

∗n′Lδn,n′+

+wnwn′a∗nan′D∗

n′DnLδn,n′ − wnwn′a∗na

∗n′Lδn,−n′D∗

nD∗n′e

i(wn+wn′ )]dx,

e usando nesta a propriedade de filtragem da Delta, ou seja

n

n′

fn,n′δn,n′ =∑

n

fn (1.54)

a penultima relacao fica

T =1

2v2

∞∑

n=−∞

(−w2nana−nDnD−nLe−2iwn + w2

nana∗nLDnD

∗nl+

+w2na

∗nanLD∗

nDn − w2na

∗na

∗−nLD∗

nD∗−ne

2iwn)dx,

e, por fim, arrumando os termos, podemos escrever que a energia cinetica e dada por

T =L

2v2

∞∑

n=−∞

(−w2nana−nDnD−ne

−2iwn + 2w2na∗

nan|Dn|2 − w2na

∗na

∗−nD

∗nD

∗−ne

2iwn)dx. (1.55)

Pela da equacao (1.22), podemos escrever a energia potencial, cuja forma inicial sera

V =1

2

∫ L

0

(

∂ϕ

∂x

)(

∂ϕ′

∂x

)

dx,

que de acordo com a equacao (1.49), que por sua vez nos fornece as derivadas espaciais da

funcao un, temos

V =1

2

∫ L

0

∞∑

n=−∞

∞∑

n′=−∞

(iknanun − ikna∗nu

∗n)(ikn′an′un′ − ikn′a∗

n′u∗n′).

14

Analogamente ao caso anterior, chegaremos na energia potencial dada por

V =L

2

∞∑

n=−∞

(k2nana−nDnD−ne

−2iwnt + 2k2na∗

nan|Dn|2 + k2na∗

na∗−nD

∗nD

∗−ne

2iwnt). (1.56)

Somando as energias cineticas e potenciais do problema em quastao, obtemos a Hamiltoni-

ana do sistema, ou seja

H = T + V,

de maneira que, de acordo com os resultados em (1.55) e (1.56), a Hamiltoniana fica

H =L

2

∞∑

n=−∞

{(

k2n − w2

n

v2

)

(ana−nDnD−ne−2iwnt + a∗

na∗−nD

∗nD∗

−ne2iwnt) + a∗

nan

(

k2n +

w2n

v2

)

|Dn|2}

,

na qual, finalmente, segundo a relacao de dispersao, dada por (1.32), temos que a energia total

do sistema, se reduzira a

H =∞

n=−∞

2w2nL

v2|Dn|2a∗

nan. (1.57)

Note que a constante Dn deve se ajustar de tal maneira que garanta que o lado direito da

ultima igualdade tenha dimensao de energia, entao, para isso conclui-se que

Dn =

v2

2wnL[γ], (1.58)

na qual γ e uma constante com dimensao de momento angular, assencial para que a igualdade

seja dimensionalmente consistente. Logo

H =∞

n=−∞

[γ]wna∗nan. (1.59)

Entao, a equacao (1.46), ja com o valor acima obtido para Dn, toma a forma final

ϕ(x, t) =∞

n=−∞

v[γ]√2wmL

(aneiknx−iwnt + a∗

ne−iknx+iwnt), (1.60)

que e a solucao geral para ondas que se propagam por uma corda sujeita as condicoes de

contorno periodicas especificadas no inıcio deste capıtulo.

15

1.2.2 Aspectos Gerais para a Quantizacao de Campos e a Quan-

tizacao da Corda

Para a quantizacao de campos, ou processo de segunda quantizacao, faremos uso do chamado

Processo de Quantizacao Canonica, que consiste, basicamente, na substituicao de variaveis

classicas dinamicas por operadores lineares no espaco de Hilbert.

Em sua forma classica, as variaveis dinamicas ϕ(x, t) e π(x, t), em termos do formalismo

Hamiltoniano, sao escritas como[15]

ϕ(x, t) =δH

δπ(1.61)

e

π(x, t) = −δH

δϕ, (1.62)

sendo π, como ja foi mensionado, e o momento canonicamente conjugado ao campo dado por

(1.29).

Essas grandezas no processo de quantizacao serao consideradas como operadores lineares,

logo, para desde ja designar isso, nos e conveniente denota-las como

ϕ(x, t) −→ ϕ(x, t)π(x, t) −→ π(x, t).

(1.63)

Uma outra importante questao para o processo de quantizacao e verificar se as grandezas

envolvidas sao complementares ou nao, ou seja, devemos verificar se as mesmas podem ou nao

serem medidas simultaneamente, para isso e importante verificar quais as relacoes de comutacao

que as mesmas satisfazem. Essas relacoes de comutacao quantica tem seus analogos classicos

nos Parentese de Poisson[20].

Do processo de primeira quantizacao[19], temos que

[pn, xn′ ] = −i~δn,n′ ,

[pn, pn′ ] = 0, (1.64)

[xn, xn′ ] = 0,

das quais podemos generalizar para campos e escrever, em tempos iguais, as relacoes de co-

mutacao

[π(x, t), ϕ(y, t)] = −i~δ(x − y)

16

[π(x, t), π(y, t)] = 0 (1.65)

[ϕ(x, t), ϕ(y, t)] = 0,

Note ainda que a Delta de Kronecker δn,n′ foi substituıda pela Delta de Dirac δ(x − y), ja que

deixamos sistemas discretos de distribuicao e passamos para sistemas contınuos, o que se deve

esperar de uma distribuicao de campo.

Coerente com o que foi feito ate entao, devemos tambem trocar as constantes an e a∗n por

operadores, ou seja, implementar a mudanca

an −→ an

a∗n −→ a†

n.(1.66)

Entao, diante de tais mudancas, a equacao (1.60), ja em sua forma de operador, fica escrita

como

ϕ(x, t) =∞

n=−∞

v[γ]√2wmL

(aneiknx−iwnt + a†

ne−iknx+iwnt), (1.67)

e a Hamiltoniana, agora denominada como operador Hamiltoniano cujo autovalor e a energia

total do sistema, fica

H =∞

n=−∞

wn[γ]a†nan. (1.68)

Lembremos agora que no formalismo quantico a grandeza com dimensao de momento an-

gular explicita no operador Hamiltoniano e o proprio ~, o qual faremos igual a unidade assim

como a velocidade da luz, segundo o chamado Sistema de Unidades Naturais, ou seja,

~ = c = 1. (1.69)

Uma vez feito isso, teremos finalmente que

ϕ(x, t) =∞

n=−∞

v√2wmL

(aneiknx−iwnt + a†

ne−iknx+iwnt) (1.70)

e ainda

H =∞

n=−∞

wna†nan. (1.71)

Perceba que a ideia de quantizacao canonica perpassa por um metodo, por um conjunto de

procedimentos especıficos e necessarios, e que a ideia de campo nada mais e do que uma funcao

que descreve o comportamento de uma oscilacao em cada ponto do espaco.

17

No proximo capıtulo explicitaremos quem sao os operadores an e a†n bem como as relacoes

de comutacao que os mesmos obedecem, mostraremos tambem a quantizacao de um campo

dito escalar, o que nos levara a resultados bastante consistentes com aqueles que ja encontrados

ate aqui.

18

Capıtulo 2

A Quantizacao de Campos Escalares

Nosso intuito neste capıtulo e quantizar o campo escalar real e massivo, campo este regido

pela chamada Equacao de Klein-Gordon que, por sua vez, surgiu como uma tentativa de ex-

tensao da Equacao de Schodinger para sistemas que levassem em conta nao somente a natureza

quantica, mas tambem a natureza relativıstica de um sistema qualquer.

Neste capıtulo tambem ja usaremos os recursos tecnicos/conceituais do Formalismo La-

grangeano para campos, introduzido por nos, em parte, no capıtulo anterior.

2.1 A Equacao de Klein-Gordon

A densidade de Lagrangeana que descreve a dinamica de campos escalares, reais com massa

m, e dada por[8]

L =1

2∂µϕ∂µϕ − 1

2m2ϕ2. (2.1)

Tendo em mente a Equacao de Euler-Lagrange para campos campos classicos, dada pela

relacao (1.23), e calculando cada termo desta, segundo a Lagrangeana dada acima, teremos

para o primeiro termo

∂L∂ϕ

= −m2ϕ, (2.2)

e ainda,

∂L∂∂µϕ

=1

2

∂∂µϕ(∂νϕ∂νϕ) − 1

2

∂∂µϕm2ϕ2,

note que o segundo termo da equacao acima sera nulo, uma vez que seu derivando nao depende

explicitamente das derivadas parciais do campo em questao. Assim sendo, calcularemos somente

19

a derivada explicitada no primeiro termo da ultima equacao, para isso introduziremos o tensor

metrico dado por

gµν = gµν = diag(1,−1,−1,−1), (2.3)

que abaixa e levanta ındices, logo

∂L∂∂µϕ

=1

2gαν ∂

∂∂µϕ(∂αϕ∂νϕ),

e aplicando a regra da cadeia para as derivadas

∂L∂∂µϕ

=1

2gαν

(

∂∂αϕ

∂∂µϕ∂νϕ + ∂αϕ

∂∂νϕ

∂∂µϕ

)

,

e como

∂∂αϕ

∂∂µϕ= δαν ,

temos ainda

∂L∂∂µϕ

=1

2gαν(∂νϕδαµ + ∂αϕδνµ),

que, usando a propriedade de filtragem das delta, fica

∂L∂∂µϕ

=1

2(gµν∂νϕ + gαµ∂αϕ).

Organizando os termos temos

∂L∂∂µϕ

= ∂µϕ,

e, finalmente, aplicando as derivadas ∂µ nesta ultima igualdade, obtemos

∂µ

∂L∂∂µϕ

= ∂µ∂µϕ. (2.4)

Reunindo os resulados (2.2) e (2.4) podemos escrever a equacao de movimento para o campo

escalar massivo dada por

(∂2 + m2)ϕ(x, t) = 0, (2.5)

conhecida como a Equacao de Klein-Gordon, onde

¤ = ∂µ∂µ = ∂2, (2.6)

20

que e o proprio operador D’Lambertiano definido agora segundo a notacao relativıstica.

Entendendo a ultima equacao como sendo uma equacao de onda, podemos inferir para esta

uma solucao do tipo onda plana dada por

ϕ(x, t) =∞

n=−∞

cnei(knx−wnt). (2.7)

Iremos impor condicoes de contorno para o campo em questao semelhantemente ao foi feito

para o caso da corda. Porem, para este caso, consideraremos o campo contido num certo volume

L3, sendo nulo o valor do campo na superfıcie deste cubo. Por mais que agora estejamos

interessados no caso tridimensional, proseguiremos com os calculos numa unica direcao, de

maneira que, apos isto, possamos fazer a generalizacao para o caso de tres dimensoes espaciais

sem maiores complicacoes.

Substituindo a solucao proposta em (2.7) na equacao de Klein-Gordon, temos

(

∂2

∂t2− ∂2

∂x2+ m2

) ∞∑

n=−∞

cnei(knx−wnt) = 0

ou ainda, ja tendo efetuado as derivadas indicadas nesta ultima equacao

∞∑

n=−∞

cnei(knx−wnt)(−w2

n + k2n + m2) = 0.

De onde concluimos que

w2n = k2

n + m2, (2.8)

relacao esta de extrema importancia, essencial para que a solucao (2.7) seja de fato solucao da

equacao de Klein-Gordon.

2.2 A Quantizacao do Campo Escalar sujeito a Condicoes

de Contorno Periodicas

De maneira similar ao metodo seguido no capıtulo anterior para a quantizacao da corda,

cujo campo e dado pela equacao (1.60), pode-se mostrar que a equacao que rege o campo em

questao e dado por

ϕ(~x, t) =∞

n=−∞

1√2wmL3

(anei~kn·~x−iwnt + a†

ne−i~kn·~x+iwnt), (2.9)

21

ou ainda, em termos da equacao (1.47), por

ϕ(~x, t) =∞

n=−∞

[anun(~x, t) + a†nu

∗n(~x, t)], (2.10)

sendo que as relacoes de comutacao que esta solucao, ja generalizada para tres dimensoes

espaciais, deve satisfazer, assim como seu momento canonicamente cojugado, sao dadas tambem

por (1.65).

Comparando (2.10) com a equacao (1.60), percebemos que a velocidade envolvida e a propria

velocidade da luz, usada aqui no sistema de unidades naturais. Sendo ainda que

~kn = (k1, k2, k3),~x = (x1, x2, x3),

(2.11)

uma vez que estamos considerando o espaco tridimensional.

2.2.1 O Operador Hamiltoniano

Mesmo de posse da tecnica ja desenvolvida no capıtulo anterior, aqui encontraremos a forma

explıcita do Hamiltoniano em questao desenvolvendo uma outra tecnica e explicitando sutilezas

de calculo ainda nao mostradas.

Comecemos pelo chamado Produto Escalar de Klein-Gordon[5], definido1 para dois

escalares ϕ1 e ϕ2, como

(ϕ1, ϕ2) = −i

∫ L3

0

ϕ1

∂ 0 ϕ∗2dx3, (2.12)

sendo

A↔

∂ 0 B = A∂B

∂t− ∂A

∂tB.

Com a definicao acima, calcularemos algumas importantes relacoes para as funcoes un, ja

generalizada para o caso tridimensional, no qual L → L3 e dx → dx3. Comecando por (un, u∗n′),

temos

(un, u∗n′) = −i

∫ L3

0

(un∂0un′ − ∂0unun′)dx3,

que, conforme (1.48), fica

(un, u∗n′) = −i

∫ L3

0

(−iwn′unun′ + iwnunun′)dx3,

1Esta definicao decorre naturalmente da condicao de normalizacao imposta sobre os campos, para o caso emque existe um fluxo de corrente de probabilidade atraves da superfıcie que define um volume L3 qualquer.

22

ou ainda

(un, u∗n′) =

∫ L3

0

(wnunun′ − wn′unun′)dx3,

= (wn − wn′)

∫ L3

0

unun′dx3,

que, usando a equacao (1.50), fica

(un, u∗n′) = (wn − wn′)DnDn′e−i(wn+wn′ )tL3δn,−n′ ,

que segundo (1.44) fica

(un, u∗n′) = 0. (2.13)

Calculando ainda (un, un′), analogamente ao caso anterior, temos

(un, un′) = −i

∫ L3

0

(un∂0u∗n′ − ∂0unu

∗n′)dx3,

= −i

∫ L3

0

(iwn′unu∗n′ + iwnunu∗

n′)dx3,

= (wn + wn′)

∫ L3

0

unu∗n′dx3,

que de acordo com a equacao (1.52), fica na forma

(un, un′) = (wn + wn′)DnD∗n′L

3δn,n′ ,

que devido a (1.54), fica

(un, un′) = 2wnL3|Dn|2,

como as funcoes un sao ortonormais entre si, temos para isto que

Dn =1√

2wnL3, (2.14)

que e justamente a constante de normalizacao, encontada de maneira imediata partindo da

definicao do produto escalar de Klein-Gordon. Logo

(un, un′) = δn,n′ . (2.15)

Para explicitar a forma dos operadores an e a†n, em termos do campo ϕ(~x, t), vamos aplicar

na equacao (2.10), pela esquerda, por

−i

∫ L3

0

un′

∂0 dx3,

23

assim fazendo temos

−i

∫ L3

0

un′

∂0 ϕdx3 =∞

n=−∞

(

−ian

∫ L3

0

un′

∂0 undx3 − ia†n

∫ L3

0

un′

∂0 u∗ndx3

)

.

Note nesta ultima, que podemos identificar o produto de Klein-Gordon, dado por (2.12),

definido agora para as funcoes un e u∗n, assim

−i

∫ L3

0

un′

∂0 ϕdx3 =∞

n=−∞

[an(un′ , un) − a†n(un′ , u∗

n)].

Entao, segundo as relacoes (2.13) e (2.15), temos

−i

∫ L3

0

un′

∂0 ϕdx3 = −∞

n=−∞

a†nδn,n′ ,

ou ainda

a†n = −i

∫ L3

0

un

∂0 ϕdx3. (2.16)

Efetuando agora a multiplicacao do operador

−i

∫ L3

0

∂0 u∗n′

pela direita de (2.10), temos

−i

∫ L3

0

ϕ↔

∂0 u∗n′dx3 =

∞∑

n=−∞

(

−ian

∫ L3

0

un′

∂0 u∗ndx3 − ia†

n

∫ L3

0

u∗n′

∂0 u∗ndx3

)

,

=∞

n=−∞

[an(un′ , un) − a†n(un′ , u∗

n)],

que, analogamente ao caso anterior, se escrevera na forma

an = −i

∫ L3

0

ϕ↔

∂0 u∗ndx3. (2.17)

Com isso, podemos encontrar algumas relacoes de comutacao importantes que an e a†n

obedecem. Vamos comecar introduzindo as seguintes notacoes:{

ϕ(~y, t) = ϕ′

π(~y, t) = π′,

Entao, para a relacao [an, an′ ], temos

[an, an′ ] = anan′ − an′ an,

24

que segundo (2.16) e (2.17), fica

[an, an′ ] = −∫ L3

0

ϕ↔

∂0 u∗ndx3

∫ L3

0

ϕ′↔

∂0 u∗n′dy3 −

∫ L3

0

ϕ′↔

∂0 u∗n′dy3

∫ L3

0

ϕ↔

∂0 u∗ndx3

=

∫ L3

0

∫ L3

0

[(ϕ′↔

∂0 u∗n′)(ϕ

∂0 u∗n) − (ϕ

∂0 u∗n)(ϕ′

∂0 u∗n′)]dx3dy3.

Usando o produto escalar de Klein-Gordon, temos

[an, an′ ] =

∫ L3

0

∫ L3

0

[(ϕ′∂0u∗n′ − ∂0ϕ

′u∗n′)(ϕ∂0u

∗n − ∂0ϕu∗

n) − (ϕ∂0u∗n − ∂0ϕu∗

n)(ϕ′∂0u∗n′ − ∂0ϕ

′u∗n′)]dx3dy3,

que segundo as derivadas temporais das funcoes un, dada por (1.48), fica

[an, an′ ] =

∫ L3

0

∫ L3

0

[(iwn′ϕ′u∗n′ − π′u∗

n′)(iwnϕu∗n − πu∗

n) − (iwnϕu∗n − πu∗

n)(iwn′ϕ′u∗n′ − π′u∗

n′)]dx3dy3.

Multiplicando os fatores da equacao acima e, apos isso, identificando nesta as relacoes de

comutacao, temos

[an, an′ ] =

∫ L3

0

∫ L3

0

(wnwn′ [ϕ, ϕ′]u∗n′u

∗n + iwn′ [π, ϕ′]u∗

nu∗n′ + [ϕ′, ϕ]u∗

n′u∗n + iwn[ϕ, π′]u∗

nu∗n′)dx3dy3,

na qual, considerando as relacoes dadas por (1.59), resulte

[an, an′ ] = i

∫ L3

0

∫ L3

0

[−iwn′δ(~x − ~y) + iwnδ(~x − ~y)]u∗nu∗

n′dx3dy3

= (wn′ − wn)

∫ L3

0

∫ L3

0

δ(~x − ~y)u∗n(~x, t)u∗

n′(~x′, t)dx3dy3.

Usando a propriedade de filtragem da Delta de Dirac[3][4], dada por

f(a) =

∫ x

x0

f(x)δ(x − a)dx, (2.18)

temos que

[an, an′ ] = (wn′ − wn)

∫ L3

0

u∗nu∗

n′dx3,

teremos portanto, de acordo com a relacao (1.44), que

[an, an′ ] = (wn′ − wn)L3DnDn′e−i(wn+wn′ )tδn,−n′ ,

levando novamente em conta (2.18), temos que

[an, an′ ] = 0. (2.19)

25

Para a relacao [a†n, a

†n′ ], vem que

[a†n, a

†n′ ] = a†

na†n′ − a

†n′ a

†n.

Sabendo que[19]: (AB)† = B†A† e (A + B)† = A† + B†, podemos escrever

[a†n, a

†n′ ] = (an′ an)† − (anan′)†

= (an′ an − anan′)†

= ([an′ , an])†.

Logo, de acordo com a ultima relacao de comutacao (2.19) obtemos

[a†n, a

†n′ ] = 0. (2.20)

Nos falta ainda obter a regra de comutacao para [an, a†n′ ], para isso facamos

[an, a†n′ ] = ana

†n′ − a

†n′ an,

que, de acordo com (2.16) e (2.17), fica

[an, a†n′ ] = −

∫ L3

0

ϕ↔

∂0 u∗ndx3

∫ L3

0

un′

∂0 ϕ′dy3 +

∫ L3

0

un′

∂0 ϕ′dy3

∫ L3

0

ϕ↔

∂0 u∗ndx3,

e ainda

[an, a†n′ ] =

∫ L3

0

∫ L3

0

[(un′∂0ϕ′ − ∂0un′ϕ′)(ϕ∂0u

∗n − ∂0ϕu∗

n) − (ϕ∂0u∗n − ∂0ϕu∗

n)(un′∂0ϕ′ − ∂0un′ϕ′)]dx3dy3,

na qual, calculando os produtos da relacao acima, identificamos algumas relacoes de comutacao

importantes entre os operadores de campo e os momentos cononicamente conjugados a eles, de

modo que podemos escrever esta como

[an, a†n′ ] =

∫ L3

0

∫ L3

0

(iwn[π′, ϕ]un′u∗n + [π, π′]un′u∗

n + wn′wn[ϕ, ϕ′]un′u∗n + iwn′ [π, ϕ′]un′u∗

n)dx3dy3,

que, segundo as relacoes de comutacao dadas por (1.65), fica

[an, a†n′ ] = (wn + wn′)

∫ L3

0

∫ L3

0

δ(~x − ~y)un′u∗ndx3dy3,

e que de acordo com (2.18), temos

[an, a†n′ ] = (wn′ + wn)

∫ L3

0

u∗nun′dx3,

26

e com a relacao (1.45), ja substituindo o valor da constante de normalizacao Dn, chegaremos

em

[an, a†n′ ] =

(wn′ + wn)

2wnL3L3δn,n′ ,

da qual, analisando seus valores para n = n′ e n 6= n′, podemos escrever

[an, a†n′ ] = δn,n′ . (2.21)

Entao, as relacoes de comutacao obedecidas por an e a†n podem ser reunidas em um conjunto,

segundo cada par de operadores, dadas por

[an, an′ ] = 0,

[a†n, a

†n′ ] = 0, (2.22)

[an, a†n′ ] = δn,n′ ,

que, por sua vez, da suporte para a relacao dada em (1.65) entre os observaveis ϕ e π, que sao

as quantidades fısicamente relevantes para o nosso problema.

Vamos agora analisar o chamado Tensor Energia-Momento θµν [18], que para o campo

em questao e dado por

θµν =∂L

∂∂µϕ∂νϕ − gµνL

que de acordo com a igualdade ∂L∂∂µϕ

= ∂µϕ, ja encontrada anteriormente segundo a relacao

(2.4), fica

θµν = ∂µϕ∂νϕ − gµνL, (2.23)

e uma vez que, agora, a densidade de Lagrangeana e dada por (2.1), temos

θµν = ∂µϕ∂νϕ − gµν

(

1

2∂λϕ∂λϕ − 1

2m2ϕ2

)

, (2.24)

que e uma forma mais explicita do tensor energia-momento para o campo aqui considerado.

Este tensor e um elemento fundamental para a relatividade e, portanto, para a teoria de

campos. Trata-se de uma grandeza que e conservada, obtida e definida atraves do Teorema

de Noether [8], que relaciona simetrias do espaco-tempo com leis de conservacao de grandezas

fısicas, de maneira que para cada simetria do espaco-tempo ha uma grandeza fısica conservada.

27

O tensor energia-momento e a grandeza fısica conservada que reune, como diz sua designacao,

tanto energia quanto momento.

A componente θ00 do tensor acima e a densidade de energia. Podemos entao encontar a

Hamiltoniana do campo fazendo

H =

∫ L3

0

θ00dx3, (2.25)

que e a quantidade conservada na caixa cubica quando e implementada uma translacao tem-

poral.

Para o caso especıfico da densidade de Lagrangeana que estamos analisando, temos

θ00 = (∂0ϕ)2 − 1

2[(∂0ϕ)2 + ∂jϕ∂jϕ − m2ϕ2],

e ainda

θ00 =1

2(∂0ϕ)2 +

1

2(∂jϕ)2 +

1

2m2ϕ2. (2.26)

Calculando explicitamente as derivadas desta ultima equacao, segundo o campo dado por (2.10),

temos que

∂0ϕ =∞

n=−∞

iwn(a†nu

∗n − anun), (2.27)

e ainda

∂jϕ =∞

n=−∞

ikn(anun − a†nu

∗n). (2.28)

Com isso a densidade de energia pode ser reescrita como

θ00 =1

2

∞∑

n=−∞

∞∑

n′=−∞

[−wnwn′(a†na

†n′u

∗nu∗

n′ + anan′unun′ − ana†n′unu

∗n′ − a†

nan′u∗nun′)+

−knkn′(a†na

†n′u

∗nu∗

n′ + anan′unun′ − ana†n′unu

∗n′ − a†

nan′u∗nun′)+

+m2(a†na

†n′u

∗nu

∗n′ + anan′unun′ − ana

†n′unu∗

n′ − a†nan′u∗

nun′)],

ou, organizando os termos conforme a estrutura de a, a†, un e u∗n, temos

θ00 =1

2

∞∑

n=−∞

∞∑

n′=−∞

[(m2 − wnwn′ − knkn′)a†na

†n′u

∗nu∗

n′ + (m2 − wnwn′ − knkn′)anan′unun′+

28

+(m2 + wnwn′ + knkn′)ana†n′unu∗

n′ + (m2 + wnwn′ + knkn′)a†nan′u∗

nun′ ].

Substituindo este ultimo resultado na equacao (2.25), teremos, basicamente, que calcular in-

tegrais das funcoes un e seus complexos conjugados u∗n. Daı, levando em conta os resultados

obtidos em (1.50), (1.51) e (1.52), obtemos

H =∞

n=−∞

[(m2 − w2n − k2

n)a†na

†−nD

∗nD

∗−ne

2iwntL (2.29)

+(m2−w2n−k2

n)ana−nDnD−ne−2iwntL+(m2+w2

n+k2n)a†

nan |Dn|2 L+(m2+w2n+k2

n)ana†n |Dn|2 L].

Entao, de acordo com a relacao (2.8) e a constante de normalizacao dada por (2.14), obtemos

H =∞

n=−∞

1

2(a†

nan + ana†n)wn, (2.30)

que, como [an, a†n] = 1 ⇒ ana

†n = 1 + a†

nan, fica

H =∞

n=−∞

wn

(

a†nan +

1

2

)

. (2.31)

que representa a energia total de infinitos osciladores harmonicos.

Aplicando o operador Hamiltoniano no estado |n〉, temos

H |n〉 = E |n〉 (2.32)

na qual o autovalor da energia, segundo resultados ja conhecidos de acordo com a fısica

quantica[7], e dado por

E =∞

n=−∞

wn

(

n +1

2

)

, (2.33)

e segundo atribuicoes de um novo operador, cujo autovalor e o numero de quanta presente em

seu autoestado, definiremos este como Operador Numeral, que e escrito como

N = a†nan, (2.34)

de forma que

N |n〉 = n |n〉 . (2.35)

Antes de proseguirmos com nossa analise a respeito do operador Hamiltoniano, nos e con-

veniente entendermos um pouco mais acerca dos operadores an e a†n, tais como suas relacoes de

29

comutacao com o operador numeral, e o resultado obtido na aplicacao deles, separadamente,

no estado |n〉. Neste sentido, vamos obter

[N , a] = [a†a, a]= a†aa − aa†a

= (a†a − aa†)a= [a†, a]a= −a,

(2.36)

e ainda

[N , a†] = [a†a, a†]= a†aa† − a†a†a

= a†(aa† − a†a)= a†[a, a†]= a†.

(2.37)

Fazendo a aplicacao de (2.36) sobre |n〉, segue que

[N , a] |n〉 = −a |n〉(N a − aN) |n〉 = −a |n〉

N a |n〉 − an |n〉 = −a |n〉N a |n〉 = (n − 1)a |n〉 ,

(2.38)

de maneira que podemos entender que a atua em |n〉 de forma a retirar deste um quanta de

energia, e por esse motivo, e chamado de Operador Aniquilacao.

Chamando |m〉 = a |n〉, podemos reescrever (2.38) como

N |m〉 = (n − 1) |m〉 , (2.39)

e considerando que a relacao (2.39) seja uma equacao de autovalor, o estado |m〉 sera dado por

|m〉 = C |n − 1〉 , (2.40)

sendo C um numero qualquer a ser definido e introduzido aqui de tal maneira que garanta

a generalizacao do resultado obtido ate entao. Efetuando o produto escalar entre a equacao

(2.40) e sua correspondente dual, temos que

〈n| a†a |n〉 = 〈n − 1|C∗C |n − 1〉 ,

e notando nesta ultima expressao que a†a e a definicao do operador numeral, que por sua vez

atuara diretamente sobre o estado |n〉 de acordo com (2.35), assim sendo podemos encontrar

que

C =√

n. (2.41)

30

Entao, podemos escrever

a |n〉 =√

n |n − 1〉 , (2.42)

que de maneira analoga ao que fizemos para encontrar a relacao (2.42), comecemos por fazer

[N , a†] |n〉 = [a†, a†] |n〉(N a† − a†N) |n〉 = a† |n〉

N a† |n〉 = (n + 1)a† |n〉 ,

(2.43)

e podemos entender que a† atua em |n〉 de forma a fornecer um quanta de energia ao oscilador

harmonico, e e denominado, por esse motivo, de Operador Criacao.

Prosseguindo, ainda analogamente ao caso anterior, encontraremos agora o valor de uma

constante C ′ utilizando o mesmo argumento feito para a obtencao de C. Assim fazendo obtemos

C ′ =√

n + 1, (2.44)

de onde segue que

a† |n〉 =√

n + 1 |n + 1〉 . (2.45)

Com isso podemos obter qualquer estado |n〉 fazendo sucessivas aplicacoes do operador a†

no estado |0〉, ou seja, de forma geral temos

|n〉 =(a†)n

√n!

|0〉 , (2.46)

sendo |0〉 o estado do vacuo que representa um estado com o menor conteudo possıvel, seja de

energia, seja de partıculas. Essas operacoes sao definidas apenas para n ≥ 0, com a seguinte

ressalva

a |0〉 = 0, (2.47)

pois assim, garantimos que o produto escalar entre os autoestados aqui considerados sejam

positivos definidos e a nao possibilidade de destruicao de partıculas onde elas, a princıpio, nao

existem.

Medindo o autovalor de energia do vacuo, temos que

H |0〉 = E0 |0〉 , (2.48)

sendo E0 o autovalor de energia desse estado, que de acordo com a relacao (2.33), sera dada

por

E0 =∞

n=∞

1

2wn (2.49)

31

Nesta ultima equacao vemos que o vacuo apresenta, em virtude da somatoria sobre todos

os modos normais, uma energia infinita. Para contornarmos isso, iremos propor, para este

caso, o denominado Ordenamento Normal que, basicamente, remove termos divergentes que

surgem eventualmente quando se tem produtos entre operadores calculados num mesmo ponto

do espaco. O ordenamento normal se justifica uma vez que, experimentalmente, o que se mede

sao diferencas de energia, nao a energia absoluta do sistema. Desta maneira torna-se necessario

escolher um estado diante do qual todas as diferencas de energia sao computadas, um estado de

referencia, que denominamos de vacuo. O ordenamento normal estipula, basicamente, a ordem

com que os operadores devem ser aplicados de forma que nao resultem em divengencias.

Para melhor entendermos tal ordenamento, reescreveremos a solucao (2.10), ja encontrada

anteriormente, como

ϕ(~x, t) = ϕ(+) + ϕ(−), (2.50)

na qual ϕ(+) esta associado com a parte de criacao de partıculas e ϕ(−) com a parte de

aniquilacao. O ordenamento normal entre dois operadores ϕ(~x, t) e ψ(~y, t), sendo este escrito

de maneira semelhante a relacao (2.50), e definido como [9]

: ϕ(~x, t)ψ(~y, t) := ϕ(+)ψ(+) + ϕ(+)ψ(−) + ψ(+)ϕ(−) + ϕ(−)ψ(−), (2.51)

de maneira que nao apresente a dificuldade mensionada ao tomarmos o limite de ~x tendendo

para ~y. De forma mais pratica, essa operacao consiste em reescrevermos os operadores de tal

forma que as partes de aniquilacao venham apos as partes de criacao. Logo, aplicando este

ordenamento na equacao (2.31), teremos que

: H :=∞

n=−∞

1

2: (a†

nan + ana†n) : wn,

de onde vem que

H =∞

n=−∞

wna†nan, (2.52)

nos fornecendo o operador hamiltoniano conforme o ordenamento normal.

Como o que realmente nos importa e a variacao da energia e nao seu valor absoluto, bus-

caremos no vacuo uma boa referencia para trabalharmos. Aplicando a equacao (2.52) no estado

de vacuo, teremos

H |0〉 =∞

n=−∞

wna†nan |0〉 ,

32

e daı tiramos que

E0 = 0,

o que e um bom ponto de referencia para trabalharmos com a energia, uma vez que o valor

absoluto que encontraremos para esta sera sua propria variacao se considerarmos o vacuo como

tal ponto de referencia.

2.3 A Quantizacao do Campo Escalar Livre

Proseguiremos agora com a quantizacao do campo escalar livre, o qual, diferentemente do

que foi feito ate entao, nao esta sujeito a condicoes de contorno. O campo em questao tambem

e regido pela equacao de Klein-Gordon, para este proporemos a seginte solucao[9]

ϕ(~x, t) =

dk3Nkei~k·~xak(t), (2.53)

sendo Nk uma constante de normalizacao a ser determinada. Esta solucao segue a mesma

estrutura daquela proposta em (1.33) e na qual se distingue pela soma contınua sobre todos os

momentos ~k.

Substituindo a equacao (2.53) na equacao de Klein-Gordon (2.5), teremos

(

∂2

∂t2−∇2 + m2

) ∫

dk3Nkei~k·~xak(t) = 0,

aplicando as devidas derivadas espaciais e temporais no integrando da solucao, vira que

dk3Nkei~k·~x¨ak(t) + ~k2

dk3Nkei~k·~xak(t) + m2

dk3Nkei~k·~xak(t) = 0,

e arrumando os termos, temos que

dk3Nkei~k·~x[¨ak(t) + (~k2 + m2)ak(t)] = 0.

Sendo que, desta ultima equacao, tiramos que

¨ak(t) + (~k2 + m2)ak(t) = 0, (2.54)

e ainda

w2k = ~k2 + m2, (2.55)

onde surge uma relacao entre a massa do campo e a energia relativıstica.

33

A solucao da equacao diferencial (2.54) podera ser escrita como

ak(t) = a(1)k e−iwkt + a

(2)k eiwkt, (2.56)

e, analogamente ao que foi feito anteriormente, de acordo com a condicao para termos uma

solucao fısica, chegamos a conclusao que

a(2)k = [a

(1)k ]†. (2.57)

Entao a equacao (2.53) fica na forma

ϕ(~x, t) =

dk3Nk(akei~k·~x−iwkt + a

†ke

−i~k·~x+iwkt), (2.58)

e o momento canonicamente conjugado ao campo, conforme (1.30), sera dado por

π(~x, t) = i

dk3Nkwk(a†ke

−i~k·~x+iwkt + akei~k·~x−iwkt). (2.59)

Como ja nos referimos anteriormente, a†k e ak sao os operadores de criacao e aniquilacao

que satisfazem as relacoes de comutacao mostradas em (2.22). Os operadores ϕ(~x, t) e π(~x, t)

satisfazem as relacoes de comutacao que surgem de acordo com o princıpio da correspondencia

(dadas para tempos iguais), relacoes estas essenciais para a determinacao da constante Nk.

Facamos entao, usando (2.58) e (2.59), o comutador

[π(~x, t), ϕ(~y, t)] = i

dk3Nkwk(a†ke

−i~k·~x+iwkt + akei~k·~x−iwkt)

dk′3Nk′(ak′ei~k′·~y−iwk′ t + a†k′e

−i~k′·~y+iwk′ t)+

−i

dk′3Nk′(ak′ei~k′·~y−iwk′ t + a†k′e

−i~k′·~y+iwk′ t)

dk3Nkwk(a†ke

−i~k·~x+iwkt + akei~k·~x−iwkt).

Apos multiplicarmos os fatores da ultima equacao e, identificando nesta alguns comutadores ja

conhecidos, temos

[π(~x, t), ϕ(~y, t)] = i

dk3Nkwk

dk′3Nk′{[a†k, ak′ ]e−i(~k·~x−~k′·~y)+i(wk−wk′ )t+

+[a†k, a

†k′ ]e

i(~k·~x+~k′·~y)+i(wk+wk′ )t + [ak, ak′ ]ei(~k·~x+~k′·~y)−i(wk+wk′ )t + [a†k′ , ak]e

i(~k·~x−~k′·~y)−i(wk−wk′ )t},

e finalmente, usando as relacoes (2.22), temos

[π(~x, t), ϕ(~y, t)] = −i

dk3Nkwk

dk′3N ′k[δ

3(k − k′)e−i(~k·~x−~k′·~y)+i(wk−wk′ )t+

+δ3(k − k′)ei(~k·~x−~k′·~y)−i(wk−wk′ )t],

34

que, segundo (2.18), fica

[π(~x, t), ϕ(~y, t)] = −i

dk3Nkwk[e−i~k·(~x−~x′) + ei~k·(~x−~y)].

Como uma das representacoes da Delta de Dirac e dada por[4]

δ3(~x) =1

(2π)3

ei~k·~xdk3, (2.60)

teremos que

[π(~x, t), ϕ(~y, t)] = −iN 2kwk2(2π)3δ3(~x − ~x),

e quando levamos em consideracao a relacao de comutacao ja exibida anteriormente em (1.65),

conclui-se que

Nk =1

2wk(2π)3. (2.61)

Entao, o operador campo e seu momento canonicamente conjugado podem ser escritos como

ϕ(~x, t) =

dk3[akuk(~x, t) + a†ku

∗k(~x, t)], (2.62)

e

π(~x, t) = i

dk3wk[a†ku

∗k(~x, t) − akuk(~x, t)], (2.63)

sendo

uk(~x, t) =ei~k·~x−iwkt

2wk(2π)3. (2.64)

Note nas expressoes obtidas acima que ao submetermos um campo livre a condicoes de

contorno, como foi feito anteriormente, estamos basicamente trocando[9][13]

dk3

(2π)32

→∞

n=−∞

1

L3. (2.65)

Ja para o operador Hamiltoniano, da mesma maneira que encontramos anteriormente, este

sera dado por

H =

θ00dx3, (2.66)

ou ainda, substituindo nesta a componente θ00 de (2.24), temos

H =1

2

[(∂0ϕ)2 + (∂jϕ)2 + m2ϕ2]dx3, (2.67)

35

logo, substituindo nesta ultima equacao do campo dado por (2.62) e suas respectivas derivadas

temporais e espaciais, dadas por (2.27) e (2.28), multiplicando os fatores desta e arrumando

seus termos, temos

H =1

2

dx3

dk′3

dk3[(−wk′wk − |~k′||~k| + m2)a†k′ a

†ku

∗k′u

∗k+

+(−wk′wk − |~k′||~k| + m2)ak′ akuk′uk + (wk′wk + |~k′||~k| + m2)a†k′ aku

∗k′uk+

+(wk′wk + |~k′||~k| + m2)ak′ a†kuk′u∗

k].

Calculando agora as integrais em ~x presentes em cada termo da ultima relacao comecando

pela integral da funcao uk, dada por (2.64) e de seu complexo conjugado u∗k′ . Assim, ja orga-

nizando alguns termos, temos∫

dx3u∗k′uk =

1

(2π)3

dx3 1√2wk′

1√2wk

ei(wk′−wk)tei~x·(~k−~k′),

que de acordo com (2.60), fica

dx3u∗k′uk =

δ3(~k − ~k′)√2wk

√2wk′

ei(wk′−wk)t. (2.68)

Calculando agora para u∗k′ e u∗

k, temos∫

dx3u∗k′u

∗k =

dx3 1√2wk′

1√2wk

ei(wk′+wk)te−i~x.(~k+~k′),

que analagamente ao caso anterior, fica

dx3u∗k′u

∗k =

δ3(~k + ~k′)√2wk

√2wk′

ei(wk′+wk)t, (2.69)

e ainda para uk e uk′ , de onde vem∫

dx3uk′uk =

dx3 1√2wk′

1√2wk

e−i(w′

k+wk)tei~x.(~k+~k′),

que fica como

dx3uk′uk =δ3(~k + ~k′)√2wk

√2wk′

e−i(wk′+wk)t. (2.70)

Com as relacoes (2.68), (2.69) e (2.70), podemos mostrar, concordando com (2.18), que

H =1

2

dk3

2wk

[(−w2k + |~k|2 + m2)a†

−ka†ke

2iwkt + (−w2k + |~k|2 + m2)a−kake

−2iwkt+

36

+(w2k + |~k|2 + m2)a†

kak + (w2k + |~k|2 + m2)aka

†k],

e finalmente, segundo a equacao (2.55), teremos

H =1

2

dk3

2wk

2w2k(a

†kak + aka

†k), (2.71)

que apos considerarmos para esta o produto ordenamento normal, a mesma fica

H =

dk3wka†kak, (2.72)

que e o operador Hamiltoniano para o campo escalar livre, similar ao caso anterior, onde tal

operador e dado por (2.52).

37

Capıtulo 3

A Quantizacao do Campo

Eletromagnetico

Apresentaremos agora a quantizacao do campo eletromagnetico nao massivo que, por sua

vez, tem um nıvel de complexidade um tanto maior do que ja foi feito anteriormente para

o caso do campo escalar. Para este caso sera necessario impormos uma escolha de calibre.

Tal procedimento ficara mais claro no decorrer deste trabalho, onde quantizaremos este campo

tanto via calibre do Coulomb quanto via calibre de Lorentz. Aqui tambem teremos a implicacao

fundamental da polarizacao, que e discutida pormenorizadamente no texto, alem de termos

dedicado um Apendice para bem trata-la matematicamente.

3.1 O Campo de Maxwell

E possıvel mostrar que o campo eletromagnetico e descrito pela densidade de Lagrangeana[8][10]

L = −1

4FµνF

µν − jµAµ, (3.1)

na qual Fµν e o chamado tensor de Maxwell, Aµ o quadri-potencial e jµ a quadri-densidade de

corrente .

No vacuo, onde sao nulas as distribuicoes de cargas e correntes, ou considerando ainda que

o campo nao interage com nenhuma fonte de carga, teremos simplesmente

L = −1

4FµνF

µν . (3.2)

Onde o tensor de Maxwell pode tambem ser dado por[10]

Fµν = ∂µAν − ∂νAµ, (3.3)

38

cujos elementos sao componentes dos campos eletrico e do vetor inducao magnetica. Logo, a

densidade de Lagrangeana, escrita em termos de (3.3), fica

L = −1

4(∂µAν − ∂νAµ)(∂µAν − ∂νAµ). (3.4)

Substituindo a equacao (3.4) na equacao de Euler-Lagrange dada por (1.23), considerada

agora para o campo Aµ, esta ficara

∂L∂Aσ

− ∂β

∂L∂∂βAσ

= 0. (3.5)

Calculando termo a termo dessa expressao, teremos, para o primeiro termo, que

∂L∂Aσ

= −1

4

∂Aσ

[(∂µAν − ∂νAµ)(∂µAν − ∂νAµ)],

note nesta ultima equacao, que a funcao que sera derivada nao depende explicitamente do

campo Aσ, mas sim das derivadas deste, entao

∂L∂Aσ

= 0. (3.6)

E ainda, para o segundo termo, temos

∂L∂∂βAσ

= −1

4

∂∂βAσ

[(∂µAν − ∂νAµ)(∂µAν − ∂νAµ)],

que, segundo o tensor metrico, pode ser escrito como

∂L∂∂βAσ

= −1

4

∂∂βAσ

[(∂µAν − ∂νAµ)(gµηgνγ∂ηAγ − gνρgµϑ∂ρAϑ)],

sendo o tensor metrico gµν , a metrica de Mikowski dada por (2.3).

Utilizando-se da regra do produto para derivadas e atentando ainda que

∂∂µAν

∂∂βAσ

= δµβδνσ, (3.7)

podemos escrever que

∂L∂∂βAσ

= −F βσ, (3.8)

portanto, aplicando ainda a quadri-divergencia ∂β, temos

∂β

∂L∂∂βAσ

= −∂βF βσ. (3.9)

Entao, de acordo com os resultados (3.6) e (3.9), a equacao de Euler-Legrange dada por

(3.5), fica

∂µFµν = 0, (3.10)

39

que corresponde as leis de Gauss e Ampere, ou seja, corresponde, respectivamente, a

∇ · ~E = 0 (3.11)

e

∇× ~B =∂ ~E

∂t, (3.12)

que, complementadas com as equacoes contidas em

∂[σFµν] = 0, (3.13)

que sao, respectivamente, a Lei de Faraday e a Lei do monopolo magnetico, explicitamente

dados por

∇× ~E = −∂ ~B

∂t(3.14)

e

∇ · ~B = 0, (3.15)

constituem as chamadas equacoes de Maxwell no caso em que ρ e ~j sao nulos[12].

3.2 A Quantizacao do Campo Eletromagnetico via Cali-

bre de Coulomb

Em concordancia com a equacao (3.10), em termos de (3.3), esta pode ser escrita como

∂µ(∂µAν − ∂νAν) = 0,

ou ainda de acordo com (2.6) como

¤Aν − ∂ν∂µAµ = 0. (3.16)

Para ν = i, na equacao (3.16), temos que

¤Ai − ∂i(∂0A0 − ∂iA

i) = 0. (3.17)

Impondo sobre esta ultima o calibre de Coulomb dado por

∂iAi = ∇ · ~A = 0, (3.18)

40

e escolhendo A0 = 0, conhecida como Calibre Temporal, a equacao a ser resolvida se reduzira a

¤Ai = 0, (3.19)

ou seja, a equacao da onda, cujo o pontencial vetor Ai e solucao. Note ainda que ao escolhermos

o potencial escalar igual a zero (ϕ = Ao = 0), podemos obter o campo ~E atraves da relacao

~E( ~x, t) = −∂ ~A

∂t= −∂oA

i, (3.20)

e ~B atraves de

~B(~x, t) = ∇× ~A(~x, t) = εijk∂jAk~ei. (3.21)

Analogamente ao que foi feito para o campo escalar livre, podemos propor como solucao

para a equacao (3.19), uma equacao do tipo

~A(~x, t) =

dk3~εkei~k·~xak(t), (3.22)

sendo ~εk o vetor de polarizacao da onda, que atribui o carater vetorial para o potencial ~A.

Tomando o divergente de (3.22), temos

∇ · ~A =

dk3∇ · ~εkei~k·~xak(t),

que, em coordenadas cartezianas, se escrevera na forma

∇ · ~A =

dk3

(

i∂

∂x+ j

∂y+ k

∂z

)

· (iεx + jεy + kεz)ei(kxx+kyy+kzz)ak(t),

ou ainda

∇ · ~A =

dk3

(

εx

∂x+ εy

∂y+ εz

∂z

)

ei(kxx+kyy+kzz)ak(t),

que, ao tomarmos as derivadas espaciais da funcao exponencial, fica

∇ · ~A =

dk3(εxkx + εyky + εzkz)ei~k·~xak(t),

e ainda

∇ · ~A =

dk3~k · ~εkei~k·~xak(t).

Como, por construcao, este potencial vetorial deve satisfazer a escolha de calibre de Coulomb

dada por (3.18), desta ultima equacao concluimos que

~k · ~εk = 0, (3.23)

41

que nos garante que o vetor de polarizacao e perpendicular ao vetor de onda, e ainda que o

calibre de Coulomb surge como uma condicao de transversalidade para o campo. Logo, podemos

associar dois estados de polarizacao linearmente independentes, ou seja

~ελk ; λ = 1, 2. (3.24)

de onde concluimos que

~ελk · ~ελ′

k = δλλ′ . (3.25)

Assim, ja considerando os graus de liberdade para a polarizacao, teremos que a solucao

geral para a equacao (3.19) sera dada, analogamente ao caso do campo escalar, por

~A(~x, t) =

dk3

2wk(2π)3

2∑

λ=1

~ελk(akλe

i~k·~x−iwkt + a†kλe

−i~k·~x+iwkt), (3.26)

para o qual e valida a relacao de dispersao w2k = ~k2, dada, analagamente ao caso do campo

escalar nao massivo, por (2.55), fazendo nesta m = 0. Sendo ainda que os operadores de criacao

e aniquilacao satisfazem as seguintes relacoes de comutacao

[a†kλ, ak′λ′ ] = δλλ′δ(~k − ~k′),

[akλ, ak′λ′ ] = 0, (3.27)

[a†kλ, a

†k′λ′ ] = 0.

Tomando agora o tensor energia-momento dado por

θµν =∂L

∂∂µAσ

∂νAσ − gµνL. (3.28)

Substituindo em (3.28) as equacoes (3.2) e (3.8), esta ficara como

θµν = −F µσ∂νAσ +1

4gµνFαβF αβ, (3.29)

de onde a componente θ00, referente a densidade de energia, e dada por

θ00 = −F 0σ∂0Aσ +1

4FαβF αβ. (3.30)

De acordo com (3.3), podemos escrever F0σ = ∂0Aσ − ∂σA0. Como para este calibre estamos

trabalhando com A0 = 0, teremos que F0σ = ∂0Aσ, assim a equacao (3.30) fica

θ00 =1

4FαβF αβ − ∂0Aσ∂0Aσ.

42

Sabemos que os ındices α, β e σ variam de 0 a 3, porem, segundo o valor que escolhemos para

A0 podemos afirmar que as unicas contribuicoes relevantes para o segundo termo da ultima

relacao sao aquelas calculadas para σ = 1, 2, 3, que nao se anularao. Entao, de acordo com

(3.20), temos que

θ00 =1

4FαβF αβ + ~E2.

Explicitando os termos somados em α no primeiro termo desta ultima equacao, teremos

θ00 =1

4(F0βF 0β + FiβF iβ) + ~E2,

e ainda para β

θ00 =1

4(F00F

00 + F0jF0j + Fi0F

i0 + FijFij) + ~E2 i, j = 1, 2, 3.

Como F 00 = F00 = 0 e observando que os elementos F 0i e F0i sao as componentes do campo

eletrico1, temos que

θ00 =1

4(− ~E2 − ~E2 + FijF

ij) + ~E2,

ou ainda

θ00 =1

2~E2 +

1

4FijF

ij. (3.31)

Note ainda que Fij e F ij sao as componentes do vetor inducao magnetica do tensor de

Maxwell. De acordo com (3.3), temos

θ00 =1

2~E2 +

1

4(∂iAj − ∂jAi)(∂

iAj − ∂jAi)

=1

2~E2 +

1

4(∂iAj∂

iAj − ∂iAj∂jAi + ∂jAi∂

jAi − ∂jAi∂iAj).

Antes de proseguirmos com o calculo de θ00, tomemos o quadrado da equacao (3.21), ou

seja

~B2 = (∇× ~A)2 = εijkεilm∂jAk∂lAm,

sendo εijk e εilm os tensores de Levi-Civita, que obedecem a propriedade

εijkεilm = δjlδkm − δjmδkl, (3.32)

1Podemos ratificar tal afirmacao conhecendo a forma matricial de tensor F µν , para isso veja o Apendice A

deste trabaho.

43

daı temos que

~B2 = (∇× ~A)2 = ∂lAm∂lAm − ∂lAm∂mAl.

Logo, comparando ~B2 com a ultima equacao para θ00, esta ficara como

θ00 =1

2( ~E2 + ~B2), (3.33)

com isso o operador Hamiltoniano se escrevera na forma

H =1

2

( ~E2 + ~B2)dx3. (3.34)

Substituindo (3.26) nas equacoes (3.20) e (3.21), encontraremos os campos eletricos e o

vetor inducao magnetica, que, ja escritos em funcao de (2.64), sao, respectivamente, dados por

~E(~x, t) =

dk3

2∑

λ=1

iwk~ελk(akλuk − a

†kλu

∗k) (3.35)

e

~B(~x, t) =

dk3

2∑

λ=1

ik~ελk(akλuk − a

†kλu

∗k). (3.36)

Logo substituindo (3.35) e (3.36) em (3.34), temos que

H = −1

2

dx3

dk3

dk′3

2∑

λ,λ′=1

[~ελk · ~ελ′

k′(wkwk′ + |~k||~k′|)×

×(akλakλ′ukuk′ + a†kλa

†kλ′u

∗ku

∗k′ − a

†kλakλ′u∗

kuk′ − akλa†kλ′uku

∗k′)],

que, de acordo com as equacoes (2.68), (2.69) e (2.70), que relacionam as integrais entre as

funcoes uk e u∗k, fica

H = −1

2

dk3

2wk

2∑

λ,λ′=1

[ελk · ελ′

−k(w2k − |~k|2)akλa−kλ′e−2iwkt + ελ

k · ελ′

−k(w2k − |~k|2)a†

kλa†−kλ′e

2iwkt+

−ελk · ελ′

k (w2k + |~k|2)a†

kλakλ′ − ελk · ελ′

k (w2k + |~k|2)akλa

†kλ′ ].

De acordo com a relacao de dispersao w2k = |~k|2 e com (3.25), vem

H =1

2

dk3wk

λ,λ′

δλ,λ′(a†kλakλ′ + akλ′ a

†kλ),

44

de onde, usando (2.18) e ja organizado os termos segundo o produto ordenamento normal, ou

seja, arrumando os operadores de criacao e aniquilacao de tal forma que o primeiro anteceda o

segundo, temos

H =

dk3wk

2∑

λ=1

a†kλakλ, (3.37)

que e o operador Hamiltoniano para o caso aqui explorado, ou seja, para o campo eletro-

magnetico quantizado segundo o calibre de Coulomb.

Podemos ainda observar que ao considerarmos este campo num cubo de volume L3, sujeito

a condicoes de contorno periodicas, teremos uma solucao analoga ao caso explorado na seccao

2.2 deste trabalho, e assim sera possıvel perceber que tal solucao tera a forma[13]

~A(~x, t) =∞

n=−∞

2∑

λ=1

ελn√

2wkL3(anλe

i~k·~x−iwnt + a†nλe

−i~k·~x+iwnt) (3.38)

tendo os devidos cuidados com o vetor de polarizacao ελn.

3.3 A Quantizacao do Campo Eletromagnetico via Cali-

bre de Lorentz

Tomando novamente para este caso a densidade de Lagrangeana dada pela equacao (3.2),

onde o momento canonicamente conjugado ao campo Aµ e dado por

πµ =∂L

∂∂0Aµ

= −F 0µ, (3.39)

podemos perceber que a componente temporal deste sera nula (π0 = 0). De onde concluimos

que o fato da densidade de Lagrangeana nao depender explicitamente de ∂0A0 nos leva a uma

aparente inconsistencia que, a princıpio, nos impede de procedermos com o processo de qua-

tizacao canonica neste calibre, pois com isto estamos afirmando que A0 nao possui um momento

canonicamente cojugado a ele. Uma primeira tentativa de contornarmos tal resultado seria con-

siderar A0 = 0 (o que foi feito na seccao anterior), porem como no formalismo covariante todas

as componentes de Aµ devem ser tratadas no mesmo “pe de igualdade”, tal feito se torna

inconsistente com nossa proposta, a de quantizacao covariante.

Para nos mantermos consistentes, faremos uso de uma sugestao dada por Fermi que consiste

basicamente numa densidade de Lagrangeana modificada dada por[8]

L = −1

4FµνF

µν − 1

2ξ(∂αAα)2, (3.40)

45

onde ξ e um parametro que pode assumir valores inteitos.

Esta equacao deve ainda nos levar a resultados que concordem com a teoria classica para

este calibre, o que nos leva a concluir que

¤Aµ = 0, (3.41)

quando impomos o calibre de Lorentz, dado por

∂µAµ = 0, (3.42)

na equacao (3.16).

Substituindo a equacao (3.40) na equacao de Euler-Lagrange dada por (3.5), teremos que

calcular, basicamente, derivadas do segundo termo da equacao (3.40) uma vez que as derivadas

do primeiro termo ja foram calculadas anteriormente na seccao 3.1, logo calculando cada termo

da equacao de Euler-Lagrange, temos

∂L∂Aγ

= −1

4

∂Aγ

(FµνFµν) − 1

∂Aγ

(∂αAα)2 = 0, (3.43)

uma vez que na densidade de lagrangeana, dada por (3.40), nao ha dependencia explıcita do

campo Aµ, mas sim de suas derivadas.

O outro termo da equacao de Euler-Lagrange nos leva a

∂L∂∂βAγ

= −1

4

∂∂βAγ

(FµνFµν) − 1

∂∂βAγ

(∂αAα)2.

O primeiro termo desta tambem ja foi devidamente calculada na seccao 3.1. Ja para o segundo

termo, introduziremos o tensor metrico com o objetivo de baixar o ındice do termo que sera

derivado e proseguiremos com a operacao naturalmente, assim, temos, utilizando tambem (3.7),

que

∂L∂∂βAγ

= −F βγ − 1

∂∂βAγ

(gαρ∂αAρ)2

= −F βγ − gβγξ∂αAα.

Portanto

∂β

∂L∂∂βAγ

= −∂βF βγ − ξ∂γ∂αAα. (3.44)

Entao a equacao de Euler-Lagrange ficara como

∂βF βγ + ξ∂γ∂αAα = 0,

46

ou ainda, em termos de (3.3), como

∂β(∂βAγ − ∂γAα) + ξ∂γ∂αAα = 0.

Ja que estamos trabalhando com ındices mudos, podemos escrever esta ultima equacao na

forma

¤Aµ − (1 − ξ)∂µ∂αAα = 0. (3.45)

Note ainda que, atraves da equacao (3.39), podemos mostrar que o momento canonicamente

conjugado ao campo sera

πµ = −F 0µ − ξg0µ∂αAα, (3.46)

cujas componentes espaciais sao dadas por

πi = ∂iA0 − ∂0Ai, (3.47)

e a temporal por

π0 = −ξ∂αAα, (3.48)

ambos diferente de zero, conforme nosso intuito.

Embora a equacao (3.40) seja valida para todo valor inteiro de ξ, para simplificarmos os

calculos escolheremos ξ = 1, tal escolha e conhecida como calibre de Feynman ou de Fermi,

com isso percebemos que o operador de campo em questao satisfaz a equacao da onda, ou seja,

¤Aµ = 0, (3.49)

cuja solucao, analoga ao calibre de Coulomb, apresenta quatro estados de polarizacao linear-

mente independentes: λ = 0 relativa a uma polarizacao do tipo tempo e λ = 1, 2 e 3 relativas as

polarizacoes espaciais, sendo que λ = 1 e 2 dizem respeio aos estados de polarizacao transversais

e λ = 3 ao estado de polarizacao longitudinal, de acordo com nossa escolha de base.

Logo, analogamente ao resultado apresentado em (3.26), temos que

Aµ(~x, t) =

dk3

3∑

λ=0

εµ(k, λ)(a†kλuk + akλu

∗k). (3.50)

Efetivando o processo canonico de quantizacao teremos que o campo em questao satisfara

as seguintes relacoes de comutacao para tempos iguais, de forma analoga ao que fizemos em

(1.65), segundo o princıpio da correspondencia

[Aµ(~x, t), πν(~y, t)] = igµνδ3(~x − ~y),

47

[Aµ(~x, t), Aν(~y, t)] = 0, (3.51)

[πµ(~x, t), πν(~y, t)] = 0,

sendo que, segundo a relacao (1.30), temos

πµ(~x, t) = i

dk3wk

3∑

λ=0

εµ(k, λ)(a†kλuk − akλu

∗k). (3.52)

Note nas equacoes (3.50) e (3.52) a presenca de quadri-vetores de polarizacao εµ(k, λ) que

satisfazem a relacao dada por

εµ(k, λ)εµ(k, λ′) = gλλ′ , (3.53)

ou seja, os vetores de polarizacao formam um sistema ortonormal quadri-dimensional.

3.4 O Calibre de Lorentz e o Metodo de Gupta-Bleuler

Calculando a relacao de comutacao entre o operador campo Aµ e o operador ∂µAµ temos

[∂µAµ(~x, t), Aν(~y, t)] = [∂0A

0 + ∂iAi, Aν(~y, t)],

ou ainda, segundo a propriedade [A + B, C] = [A, B] + [B, C][19], reescrevemos esta ultima

como

[∂µAµ(~x, t), Aν(~y, t)] = −[π0(~x, t), Aν(~y, t)] + ∂i[A

i(~x, t), Aν(~y, t)],

e levando em conta as relacoes dadas por (3.51), temos que

[∂µAµ(~x, t), Aν(~y, t)] = igν0δ3(~x − ~y) 6= 0. (3.54)

Note que para que a relacao de comutacao calculada anteriormente fosse nula, ou o operador

∂µAµ(~x, t) teria que ser nulo ou este teria que comutar com Aµ(~x, t). Como, segundo o resultado

encontrado acima, ambos os operadores nao comutam e como estamos lidando com um campo

Aµ(~x, t) 6= 0, este resultado nos faz concluir que o operador de campo nao satisfaz o calibre de

Lorentz como no caso classico, ou seja,

∂µAµ 6= 0, (3.55)

de maneira que possa se dizer que o processo de quantizacao canonica nao e compatıvel com

o calibre de Lorentz. A solucao dessa incongruencia sera discutida posteriormente, por hora

vejamos em que a escolha desse calibre implica, a princıpio, para o operador Hamiltoniano.

48

Para encontrarmos o operador hamiltoniano nos e conveniente reescrevermos a equacao

(3.40) ja levando em consideracao o valor unitario para o parametro ξ. Escrevendo este em

termos de (3.3), temos

L = −1

4(∂µAν − ∂νAµ)(∂µAν − ∂νAµ) − 1

2(∂αAα)2,

que, ao multiplicarmos os termos, fica

L = −1

4(∂µAν∂

µAν − ∂µAν∂νAµ − ∂νAµ∂

µAν + ∂νAµ∂νAµ) − 1

2(∂αAα)2.

Nesta ultima relacao, note, dentro dos primeiros parenteses, que alguns termos se assemelham,

como estamos trabalhando com ındices mudos, podemos agrupar estes de tal forma que a

Lagrangeana pode ser escrita como

L = −1

2∂µAν∂

µAν +1

2∂µAν∂

νAµ − 1

2∂µA

µ∂νAν , (3.56)

sendo ∂µAµ∂νA

ν = (∂αAα)2, escrita de tal forma que explicite os fatores envolvidos no produto

em questao.

Com o intuito de reescrevermos os dois primeiros termos da equacao (3.56), calcularemos a

derivada ∂µ[Aν(∂νAµ) − (∂νA

ν)Aµ], que segundo a regra do produto, dar-se-a por

∂µ[Aν(∂νAµ) − (∂νA

ν)Aµ] = ∂µAν∂νAµ + Aν(∂

ν∂µAµ) − (∂µ∂νA

ν)Aµ − ∂νAν∂µA

µ,

usando o tensor metrico, baixaremos alguns ındices do segundo e do terceiro termo do resultado

acima, com isso

∂µ[Aν(∂νAµ) − (∂νA

ν)Aµ] = ∂µAν∂νAµ − ∂νA

ν∂µAµ + gνρAν(∂ρ∂µA

µ) − gµσAσ(∂µ∂νAν),

observe que os ultimos termos se cancelam, logo

∂µ[Aν(∂νAµ) − (∂νA

ν)Aµ] = ∂µAν∂νAµ − ∂µA

µ∂νAν .

Desta forma, (3.56) podera ser reescrita como

L = −1

2∂µAν∂

µAν +1

2∂µ[Aν(∂

νAµ) − (∂νAν)Aµ].

Sendo o segundo termo a quadri-divergencia que, por sua vez, nao dara contribuicao para nossos

propositos, pois com o uso do Teorema de Gauss, podemos escolher uma superfıcie na qual o

campo se anule. Como estamos trabalhando com o campo livre, tal superfıcie se encontra no

infinito, portanto a densidade de Lagrangeana que dara contribuicao sera apenas

L = −1

2∂µAν∂

µAν . (3.57)

49

Logo, de forma analoga aos calculos ja efetuados para o campo escalar e para o campo

eletromagnetico via calibre de Coulomb a densidade de energia, partindo-se de (3.28) para o

presente caso, sera dada por

θ00 = −πµπµ +1

2∂µAν∂

µAν .

Explicitando as componentes temporais e espaciais de ∂µ, teremos

θ00 = −πµπµ +1

2∂0Aν∂

0Aν +1

2∂jAν∂

jAν ,

que, segundo a definicao do momento canonicamente conjugado (1.30) e o fato de que ∂j = −∂j,

fica

θ00 = −πµπµ +1

2πµπµ − 1

2∂jAν∂jA

ν ,

ou ainda,

θ00 = −1

2πµπµ − 1

2∂jAν∂jA

ν .

Aplicando a derivado ∂j no campo (3.50) teremos, ja em termos das funcoes uk, que

∂jAµ = i

dk3k

3∑

λ=0

εµ(k, λ)(akλuk − a†kλu

∗k). (3.58)

Analogamente ao que ja foi visto na seccao anterior, para a obtencao do operador hamil-

toniano, partindo de uma relacao similar a (2.66) e com o auxılio das relacoes (2.68), (2.69) e

(2.70) podemos mostrar que

H = −1

2

dk3wk

3∑

λ,λ′=0

εµ(k, λ)εµ(k, λ′)(a†kλakλ′ + akλa

†kλ′), (3.59)

que de acordo com (3.53) ficara como

H = −1

2

dk3wk

3∑

λ,λ′=0

gλλ′(a†kλakλ′ + akλa

†kλ′). (3.60)

Como as unicas contribuicoes relevantes para esta ultima dar-se-ao para λ = λ′, correspon-

dendo a diagonal principal do tensor metrico, e ja impondo sobre esta o ordenamento normal,

concluımos que

H =

dk3wk

3∑

λ,λ′=0

(−gλλ)a†kλakλ, (3.61)

50

ou ainda, explicitando a somatoria, temos

H =

dk3wk(−a†k0ak0 + a

†k1ak1 + a

†k2ak2 + a

†k3ak3), (3.62)

de maneira que e possıvel notar que para este caso os operadores de criacao e aniquilacao criam

e aniquilam fotons relativos a quatro diferentes tipos de polarizacao, sendo que a polarizacao

do tipo tempo traz um problema de norma negativa que analizaremos a partir de agora.

Analogamente ao caso discreto, onde

akλ |0〉 = 0; ∀ k, λ, (3.63)

e ainda

|nkλ〉 =(a†

kλ)nkλ

√nkλ!

|0〉 , (3.64)

de onde vemos que para criarmos, a partir do vacuo, um unico foton, devemos ter

|1kλ〉 = a†kλ |0〉 . (3.65)

A ultima relacao pode ser escrita, tomando o limite para o contınuo, como

|1kλ〉 =

dk′3Fk(k′)a†

k′λ |0〉 (3.66)

sendo Fk(k′) uma funcao “distribuicao de densidade” que descreve o quao proximos estao os

varios estados possıveis para criacao ou aniquilacao de partıculas (foton) com numero de onda

k. Tal funcao obedece ainda a relacao[6]

dk′3|Fk(k′)|2 = 1. (3.67)

Para encontrarmos a norma do estado dado por (3.66), devemos fazer

〈1kλ|1kλ〉 =

dk′3

dk′′3Fk(k′)Fk(k

′′) 〈0| ak′λa†k′′λ |0〉 (3.68)

que de acordo com

[a†kλ, ak′λ′ ] = gλλ′δ(~k − ~k′),

[akλ, ak′λ′ ] = 0, (3.69)

[a†kλ, a

†k′λ′ ] = 0,

51

que nos da as relacoes de comutacao entre os operadores de criacao e aniquilacao para o caso

aqui explorado[9]. Mais especificamente de acordo com o primeiro comutador deste ultimo

conjunto de equacoes, temos que (3.68) pode ser escrita como

〈1kλ|1kλ〉 =

dk′3

dk′′3Fk(k′)Fk(k

′′) 〈0| (a†k′λak′′λ − gλλ)δ

3(~k′, ~k′′) |0〉 ,

como o valor esperado 〈0| a†k′λak′′λ |0〉 = 0 segundo (3.63), teremos

〈1kλ|1kλ〉 =

dk′3

dk′′3Fk(k′)Fk(k

′′) 〈0| − gλλδ3(~k′, ~k′′) |0〉 ,

que concordando com (2.18), fica

〈1kλ|1kλ〉 = −gλλ

dk′3|Fk(k′)|2 〈0|0〉 ,

que de acordo com (3.67), temos, finalmente, que

〈1kλ|1kλ〉 = −gλλ, (3.70)

na qual percebemos que a norma para o estado de 1 unico foton, em λ = 0, e negativa, o que

impossibilita uma interpretacao probabilıstica para a teoria, interpretacao essa, fundamental

para a fısica quantica. Tal resultado nos conduz ainda a um valor de energia negativa para o

estado de polarizacao referente a λ = 0 no quadi-vetor de polarizacao εµ(k, λ).

Com o intuito de contornarmos esse problema, voltemos a impossibilidade do calibre de

Lorentz dada pela equacao (3.56), para esta, afirmaremos que num sub-espaco do espaco de

Hilbert, representado por |ψ〉, o valor esperado da equacao (3.56) satisfara o calibre de Lorentz,

logo

〈ψ| ∂µAµ |ψ〉 = 0, (3.71)

ou seja, o valor medio de ∂µAµ devera ser nulo quando calculado neste sub-espaco.

Escrevendo o operador de campo, por simplicidade, como

Aµ(~x, t) = Aµ(+)(~x, t) + Aµ(−)(~x, t), (3.72)

onde Aµ(+)(~x, t) e Aµ(−)(~x, t) estao relacionados, respectivamente, aos operadores de aniquilacao

e criacao, sendo ainda que

[Aµ(+)]† = Aµ(−). (3.73)

Ao impormos a relacao matematica

∂µAµ(+) |ψ〉 = 0, (3.74)

52

que por sua vez tera como correspondente dual a equacao

〈ψ| ∂µAµ(−) = 0, (3.75)

podemos, enfim, escrever que

〈ψ| ∂µAµ |ψ〉 = 〈ψ| ∂µA

(+) |ψ〉 + 〈ψ| ∂µA(−) |ψ〉 = 0. (3.76)

A equacao (3.74), que garante a ultima igualdade, e a chamada condicao de Gupta-

Bleuler. Outra importante observacao que podemos fazer a respeito desta condicao pode ser

obtida explicitando esta, ou seja

dk3

2wk(2π)3eiwkt−i~k·~x

3∑

λ=0

kµεµ(k, λ)akλ |ψ〉 = 0, (3.77)

que explicitando os termos da somatoria, fica∫

dk3

2wk(2π)3eiwkt−i~k·~x[kµε

µ(k, 0) + kµεµ(k, 1) + kµε

µ(k, 2) + kµεµ(k, 3)] |ψ〉 = 0.

Como, para este caso, kµεµ(k, 1) = kµε

µ(k, 2) = 0 e ainda kµεµ(k, 0) = −kµε

µ(k, 3) [9], temos∫

dk3

2wk(2π)3eiwkt−i~k·~xkµε

µ(k, 0)(ak0 − ak3) |ψ〉 = 0. (3.78)

Veja que para que a relacao acima seja de fato nula, temos que garantir que

Lk |ψ〉 = (ak0 − ak3) |ψ〉 = 0, (3.79)

cuja correspondente dual e dada por

〈ψ| L†k = 〈ψ| (a†

k0 − a†k3) = 0, (3.80)

que representa uma relacao entre os foton relativos a polarizacao escalar λ = 0 e os foton

relativos a polarizacao longitudinal λ = 3, de onde podemos concluir ainda que

ak0 |ψ〉 = ak3 |ψ〉〈ψ| a†

k0 = 〈ψ| a†k3,

(3.81)

o que nos remete, tomando o produto escalar entre as relacoes contidas em (3.81), ao resultado

〈ψ| a†k0ak0 |ψ〉 = 〈ψ| a†

k3ak3 |ψ〉 . (3.82)

Com isso, ao calcularmos, por fim, o valor esperado para o operador Hamiltoniano dado por

(3.63), encontramos que

H⟩

=

dk3wk 〈ψ| (−a†k0ak0 + a

†k1ak1 + a

†k2ak2 + a

†k3ak3) |ψ〉 ,

53

ou ainda, de acordo com (3.79), que

H⟩

=

dk3wk

2∑

λ=1

〈ψ| a†kλakλ |ψ〉 ,

que tem basicamente a forma

H =

dk3wk

2∑

λ=1

Nkλ, (3.83)

sendo Nkλ o operador numeral ja definido por nos anteriormente em (2.34).

Com o desenvolvimento que viemos fazendo desde (3.61) ate a equacao (3.83), com o auxılio

do metodo de Gupta-Bleuler dado por (3.74), nos foi possıvel perceber que os estados de

polarizacao logitudinal e escalar nao contribuem para o calculo da energia, o que e consistente

com medidas experimentais onde apenas fotons transversais sao observados. Estes estados, os

de polarizacoes logitudinal e escalar, surgem unicamente do desenvolvimento matematico que

seguimos, sendo descartados por argumentos fısicos no decorrer da teoria.

54

Capıtulo 4

A Quantizacao do Campo Vetorial

Massivo

Para uma melhor descricao das interacoes fracas e de grande importancia um melhor en-

tendimento da fısica que rege o campo vetorial massivo, tambem conhecidos como campo de

Proca. A quantizacao deste tipo de campo sera alvo de nosso estudo neste capıtulo fazendo

algumas comparacoes com o caso estudado no capıtulo anterior onde a massa do campo vetorial

(campo eletromagnetico) era tida como nula.

4.1 As Equacoes de Proca

Ja considerando nula as distribuicoes de cargas e correntes, a densidade de Lagrangeana

que descreve um campo vetorial massivo e dada por[8][9]

L = −1

4FµνF

µν +1

2m2AµA

µ (4.1)

sendo Aµ um campo real e neutro, Fµν o tensor de Maxwell ja apresentado no capıtulo anterior

e m a massa da partıcula mediadora desta interacao.

Substituindo a Lagrangeana (4.1) na equacao de Euler-Langrage, equacao (3.5), e calculando

cada termo desta, teremos, ja utilizando o tensor metrico, que o primeiro sera

∂Aσ

(

m2 1

2AµA

µ

)

= m2 1

2

∂Aσ

(gµρAµAρ),

no qual podemos notar que para o calculo do primeiro termo da equacao de Euler-Lagrange

dada por (3.5) so sera relevante o segundo termo de (4.1), uma vez que o primeiro desta nao

apresenta dependencia explicita dos campos Aµ, e sim, segundo (3.3), apenas de suas derivadas.

Assim sendo, segundo a regra da derivada do produto e recordando que ∂Aµ

∂Aν= δµν , a ultima

55

equacao pode ser escrita como

∂Aσ

(

m2 1

2AµA

µ

)

= m2 1

2(gµρδµσAρ + gµρδρσAµ),

que, por fim, utilizando a propriedade do tensor metrico e da Delta, temos

∂Aσ

(

m2 1

2AµA

µ

)

= m2Aσ,

que e o primeiro termo da Equacao de Euler-Lagrange.

Para o segundo termo da Equacao de Euler-Lagrange teremos que calcular, basicamente, a

derivada do primeiro termo de (4.1), uma vez que somente este apresenta dependencia explicita

das derivadas do campo Aµ. Assim sendo, para este calculo podemos utilizar um resultado ja

calculado anteriormente em (3.9).

Logo, reunindo o resultado de (3.9) com o resultado encontrado na ultima equacao acima,

temos que a equacao de movimento para o campo Aµ e dada por

∂µFµν + m2Aν = 0, (4.2)

ou, em termos explicitos do campo, segundo (3.3), como

¤Aν − ∂ν(∂µAµ) + m2Aν = 0, (4.3)

que sao as chamadas Equacoes de Proca, equacoes que regem a dinamica do campo vetorial

massivo.

Tomando a quadri-divergencia ∂ν da equacao (4.3) e de acordo com (2.6), temos

∂µ∂µ∂νA

ν − ∂ν∂ν(∂µA

µ) + m2∂νAν = 0,

e lembrando que µ e ν sao ındices mudos podemos perceber os dois primeiros termos da ultima

equacao se cancelam mutuamente, e desta forma temos

m2∂νAν = 0.

Uma vez que m2 6= 0 concluimos finalmente que

∂νAν = 0. (4.4)

Desta forma notamos que, contrariamente ao campo eletromagnetico, o campo de Proca satis-

faz de maneira imediata a condicao de Lorentz, o que nos permite reescrever a equacao (4.3)

simplesmente como

(¤ + m2)Aν = 0, (4.5)

56

ou seja, todas as componentes de Aµ satisfazem a equacao homogenea de Klein-Gordon. Com

isso percebemos que a solucao da equacao (4.5) pode ser obtida de maneira analoga ao que ja

vinhamos fazendo ate entao, salvo algumas observacoes que serao destacadas no decorrer deste

capıtulo.

4.2 A Quantizacao do Campo de Proca

Para darmos inıcio ao processo de quantizacao do campo Proca comecemos por encontrar

o momento canonicamente conjugado a este, que sera dado, de acordo com (3.39), por

πµ = −F 0µ. (4.6)

Segundo a forma matricial do tensor de Maxwell (veja apendice A), podemos notar que as

componentes temporais e espaciais de (4.6) sao dadas, respectivamente, por

π0 = 0πi = Ei.

(4.7)

Neste ponto, assim como no capıtulo anterior, vale ressaltar que a componente temporal do

campo nao possui um momento canonicamente conjugado a ele, nao sendo possıvel, portanto,

apresentar uma relacao de comutacao entre essas grandezas. Porem, neste caso, podemos dar

conta do campo A0 usando as equacoes de movimento que o campo satisfaz, ou seja, a variacao

de A0 sera regulada por essas equacoes, que, quando calculadas de acordo com a equacao (4.2)

para ν = 0, temos que

A0 = − 1

m2∂iE

i. (4.8)

Sendo assim, seguindo o protocolo da quantizacao canonica, podemos impor as regras de

comutacao para tempos iguais entre os observaveis, dadas por

[Ai(~x, t), πj(~y, t)] = [Ai(~x, t), Ej(~y, t)] = iδijδ3(~x − ~y),

[Ai(~x, t), Aj(~y, t)] = 0, (4.9)

[πi(~x, t), πj(~y, t)] = [Ei(~x, t), Ej(~y, t)] = 0,

e promover a variavel dinamica, descrita pela equacao (4.8), para a categoria de operador, de

maneira que podemos escrever

A0 = − 1

m2∂iE

i. (4.10)

57

Para as quantidades Ai e A0, usando a equacao anterior para A0, temos ainda a seguinte relacao

de comutacao

[Ai(~x, t), A0(~y, t)] =

[

Ai(~x, t),− 1

m2∂jE

j(~y, t)

]

,

e como a derivada ∂j e em relacao a ~y ela pode ser retirada de dentro do comutador, assim

como o termo − 1m2 , sendo possıvel escrever a equacao anterior simplesmente como

[Ai(~x, t), A0(~y, t)] = − 1

m2∂j[A

i(~x, t), Ej(~y, t)],

que, usando a primeira das relacoes (4.9), fica

[Ai(~x, t), A0(~y, t)] = − 1

m2∂iδ

3(~x − ~y), (4.11)

e ainda para as relacoes entre campos A0, calculados em tempos iguais, temos finalmente

[A0(~x, t), A0(~y, t)] = 0. (4.12)

Note nestas ultimas relacoes que as componentes do campo Aµ sao tratadas separadamente,

nao mantendo assim a ideia de covariancia, uma vez que as componentes espaciais e temporais

do campo de Proca foram separadamente quantizadas. Com o intuito de contornarmos tal

incongruencia e necessario redefinir algumas das relacoes de comutacao ja explicitadas.

Porem, antes disso, e conveniente escrevermos a solucao geral da equacao de movimento

(4.5) que, de acordo com a decomposicao em ondas planas e ja considerando apenas os tres

graus de liberdade das variaveis dinamicas independentes, sera dada por

Aµ(~x, t) =

dk3

3∑

λ=1

εµ(k, λ)(akλuk + a†kλu

∗k), (4.13)

ou, explicitando as funcoes uk, dadas por (2.64), podemos ainda escreve tal solucao como

Aµ(xµ) =

dk3

2wk(2π)3

3∑

λ=1

εµ(k, λ)(akλe−ikµxµ

+ a†kλe

ikµxµ

), (4.14)

sendo

kµ = (k0, ~k),xµ = (t = x0, ~x),

kµxµ = wkt − ~k · ~x,

(4.15)

tendo as tres bases de polarizacao definidas convenientemente por[9] (Veja Apendice B)

εµ(k, 1) = (0,~ε(k, 1)),

58

εµ(k, 2) = (0,~ε(k, 2)), (4.16)

εµ(k, 3) =

( |k|m

,k

|k|k0

m

)

.

Consideremos agora, diferentemente do que vinhamos fazendo ate entao, a relacao de co-

mutacao entre os campos Aµ(xµ) e Aµ(yµ) nao apenas em pontos, mas tambem em tempos

diferentes. Daı vira, utilizando (4.14), que

[Aµ(xµ), Aµ(yµ)] =

dk3

2wk(2π)3

dk′3

2w′k(2π)3

3∑

λ,λ=1

εµ(k, λ)εν(k′, λ′)[(akλe−ikµxµ

+ a†kλe

ikµxµ

×(ak′λ′e−ik′

µyµ

+ a†k′λ′e

ik′

µyµ

) − (ak′λ′e−ik′

µyµ

+ a†k′λ′e

ik′

µyµ

)(akλe−ikµxµ

+ a†kλe

ikµxµ

)].

Efetuando os produtos explicitados acima podemos identificar neste resultado algumas relacoes

de comutacao para os operadores de criacao e aniquilacao. Desta maneira a ultima equacao

pode ser escrita como

[Aµ(xµ), Aµ(yµ)] =

dk3

2wk(2π)3

dk′3

2w′k(2π)3

3∑

λ,λ=1

εµ(k, λ)εν(k′, λ′){[akλ, ak′λ′ ]e−i(kµxµ+k′

µyµ)+

+[akλ, a†k′λ′ ]e

−i(kµxµ−k′

µyµ) + [a†kλ, ak′λ′ ]ei(kµyµ−k′

µyµ) + [a†kλ, a

†k′λ′ ]e

i(kµxµ+k′

µyµ)},

que, de acordo com as relacoes de comutacao para os operadores de criacao e aniquilacao dadas

por (3.69), a relacao de comutacao entre os campos Aµ(xµ) e Aµ(yµ) fica

[Aµ(xµ), Aµ(yµ)] =

dk3

2wk(2π)3

dk′3

2w′k(2π)3

3∑

λ,λ=1

gλλ′δ3(~k − ~k′)×

×εµ(k, λ)εν(k′, λ′)[ei(kµxµ−k′

µyµ) − e−i(kµxµ−k′

µyµ)].

Segundo (2.18) e como as unicas contribuicoes nao nulas para a ultima igualdade dar-se-ao para

λ = λ′, em virtude da diagonal principal do tensor metrico, teremos que

[Aµ(xµ), Aµ(yµ)] = −∫

dk3

2wk(2π)3

3∑

λ=1

εµ(k, λ)εν(k, λ)[eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)].

Como para o caso do campo de Proca temos que[9] (Veja Apendice B)

3∑

λ=1

εµ(k, λ)εν(k, λ) = −(

gµν − 1

m2kµkν

)

, (4.17)

59

e o comutador que estamos calculando tera a forma

[Aµ(xµ), Aµ(yµ)] = −∫

dk3

2wk(2π)3

(

−gµν +1

m2kµkν

)

[eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)].

E possivel reescrever esta ultima relacao de comutacao de tal maneira que o integrando

desta seja composto apenas das exponenciais nesta existentes. Para tanto vamos resolver a

derivada ∂µ∂ν [eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)] e, ja utilizando o tensor metrico, temos

∂µ∂ν [eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)] = gµβgνρ∂β∂ρ[eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)],

que ao aplicarmos a primeira derivada, em ∂ρ, fica

∂µ∂ν [eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)] = gµβgνρ∂β[ikµ

∂xµ

∂xβeikµ(xµ−yµ) + ikµ

∂xµ

∂xβe−ikµ(xµ−yµ)],

na qual ∂xµ

∂xβ = δµβ . Segundo a propriedade de filtragem da Delta, a ultima relacao fica

∂µ∂ν [eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)] = gµβgνρ∂β[ikβeikµ(xµ−yµ) + ikβe−ikµ(xµ−yµ)].

Aplicando agora a derivada ∂β de forma analoga ao que fizemos para a derivada ∂ρ, teremos

∂µ∂ν [eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)] = −gµβgνρ[kβkρeikµ(xµ−yµ) − kβkρe

−ikµ(xµ−yµ)],

desta forma, colocando kβ e kρ em evidencia e levantando seus ındices com o auxılio do tensor

metrico, temos a igualdade

∂µ∂ν [eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)] = −kµkν [eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)].

Logo, usando a expressao acima na relacao de comutacao [Aµ(xµ), Aµ(yµ)], que vinhamos cal-

culando, obtemos que

[Aµ(xµ), Aµ(yµ)] = −∫

dk3

2wk(2π)3

(

−gµν − 1

m2∂µ∂ν

)

[eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)],

ou ainda

[Aµ(xµ), Aµ(yµ)] =

(

gµν +1

m2∂µ∂ν

) ∫

dk3

2wk(2π)3[eikµ(xµ−yµ) − e−ikµ(xµ−yµ)].

Sabendo que[20]

sin θ =eiθ − e−iθ

2i, (4.18)

a nossa relacao de comutacao ficara

[Aµ(xµ), Aµ(yµ)] = i

(

gµν +1

m2∂µ∂ν

) ∫

dk3

(2π)3

sin kµ(xµ − yµ)

wk

.

60

Introduziremos agora a chamada Funcao de Pauli-Jordan definida como[9]

∆(xµ − yµ) = −∫

dk3

(2π)3

sin kµ(xµ − yµ)

wk

. (4.19)

Concluımos entao que o comutador [Aµ(xµ), Aµ(yµ)] pode ser escrito na forma

[Aµ(xµ), Aµ(yµ)] = −i

(

gµν +1

m2∂µ∂ν

)

∆(xµ − yµ). (4.20)

A funcao de Pauli-Jordan obedece a algumas importantes propriedades, tais como:

E impar no argumento

∆(xµ − yµ) = −∆(yµ − xµ). (4.21)

E nula quando calculada em tempos iguais, ou seja,

∆(xµ − yµ)|x0=y0 = 0. (4.22)

Sua primeira derivada temporal calculada em tempos iguais e dada por

∂0∆(xµ − yµ)|x0=y0 = −δ3(~x − ~y). (4.23)

E solucao da equacao homogenea de Klein-Gordon, logo

(¤ + m2)∆(xµ − yµ) = 0. (4.24)

Entao, de acordo com a equacao (4.20), percebemos que o processo de quantizacao tambem

e covariante para campos vetoriais massivos, uma vez que a funcao de Pauli-Jordan e um

invariante de Loretz[8][9]. E ainda, de acordo com as propriedades da funcao de Pauli-Jordan

podemos perceber que as relacoes (4.9), (4.11) e (4.12) sao casos especiais que surgem de

maneira imediata da relacao de comutacao covariante dada por (4.20), quando consideramos

esta para tempos iguais. Esta mesma consideracao, para as relacoes de comutacao, pode ser

feita para outros campos, como o campo escalar e o campo de Maxwell, por exemplo. Diante

disto podemos escrever uma relacao de comutacao para campos escalares[8][9] dada agora na

forma

[ϕ(xµ), ϕ(yµ)] = i∆(xµ − yµ), (4.25)

e para o campo eletromagnetico[9], no calibre de Lorentz, como

[Aµ(xµ), Aν(yµ)] = −igµνD(xµ − yµ), (4.26)

61

sendo que D(xµ − yµ) e a propria funcao de Pauli-Jordan, com a ressalva de que aqui ela esta

definida para campos vetoriais cuja massa e nula, por isso, por questao de notacao trocamos ∆

por D. E no calibre de Coulomb teremos

[Ai(xµ), Aj(yµ)] = iPij⊥ D(xµ − yµ), (4.27)

na qual

Pij⊥ =

(

δij −∂i∂j

∇2

)

, (4.28)

que e o denominado Operador Projecao Transversa[9].

Para obter agora a relacao de comutacao entre os operadores Aν(yν) e suas derivadas, ou

seja, entre ∂µAµ(xµ) e Aν(yν), teremos simplesmente que calcular

[∂µAµ(xµ), Aν(yν)] = ∂µ[Aµ(xµ), Aν(yν)],

que de acordo com (4.20), fica

[∂µAµ(xµ), Aν(yν)] = −i∂µ

(

gµν +1

m2∂µ∂ν

)

∆(xµ − yµ).

Introduzindo a derivada ∂µ no parentese e levantando seu ındice gracas ao tensor metrico, temos

[∂µAµ(xµ), Aν(yν)] = −i

(

∂ν +1

m2∂µ∂

µ∂ν

)

∆(xµ − yµ),

que ao identificarmos nesta o D’Lambertiano, dado por ∂µ∂µ, e colocando 1

m2 ∂ν em evidencia,

ficaremos com

[∂µAµ(xµ), Aν(yν)] = − i

m2∂ν(¤ + m2)∆(xµ − yµ),

que de acordo com (4.24) fica, finalmente, na forma

[∂µAµ(xµ), Aν(yν)] = 0.

Como Aν(yν) 6= 0, de acordo com a ultima relacao nota-se que faz sentido que ∂µAµ(xµ) = 0,

ou seja, diferentemente do campo eletromagnetico explorado na seccao 3.3, o campo de Proca

satisfaz de maneira imediata a condicao de Lorentz, dada por (3.42), uma vez que a funcao de

Pauli-Jordan satisfaz a equacao homogenea de Klein-Gordon dada por (4.24).

Como no momento a nossa intencao e encontrar o operador Hamiltoniano, partiremos no-

vamente da componente θ00 do tensor energia-momento, dado por

θ00 =∂L

∂∂0Aµ

∂0Aµ − L.

62

O primeiro termo desta ultima equacao pode ser reescrito de acordo com a equacao (3.39) e o

segundo termo de acordo com a equacao (4.1), desta maneira, temos

θ00 = −F 0µ∂0Aµ +1

4FµνF

µν − 1

2m2AµA

µ,

que, explicitando a somatoria contida nos dois primeiros termos e efetuando o produto do

terceiro termo, temos

θ00 = −F 0i∂0Ai +1

4(F0jF

0j + F0iF0i + FijF

ij) − 1

2m2(A2

0 − ~A2),

e ja que F00 = F 00 = 0, e sabendo ainda que F0i e F 0i sao as componentes do campo eletrico,

temos que

θ00 = − ~E · ∂0Ai +1

4(−2 ~E + FijF

ij) − 1

2m2(A2

0 − ~A2).

Note nos resultados (3.31) e (4.32), bem como nos calculos efetuados entre essas duas equacoes,

que FijFij representam o vetor inducao magnetica, que dar-se-ao de tal forma que a ultima

equacao fica

θ00 = − ~E · ∂0~A − 1

2( ~E2 − ~B2) − 1

2m2(A2

0 − ~A2), (4.29)

e como sabemos ainda que ~E = −∇A0 − ∂0~A, teremos que

θ00 = − ~E · (− ~E − ∂0~A) − 1

2( ~E2 − ~B2) − 1

2m2(A2

0 − ~A2),

na qual, efetuando o produto escalar do primeiro termo e agrupando os termos em comum,

podemos escrever

θ00 =1

2( ~E2 + ~B2) + ~E · ∇A0 −

1

2m2(A2

0 − ~A2).

Usando ainda a propriedade[17]

∇ · (ϕ~F ) = ∇ϕ · ~F + ϕ∇ · ~F , (4.30)

na qual ϕ e ~F sao, respectivamente, campos escalares e vetoriais quaisquer, podemos reescrever

o segundo termo da ultima equacao para θ00 de tal forma que esta ficara na forma

θ00 =1

2( ~E2 + ~B2) − A0∇ · ~E + ∇ · (A0

~E) − 1

2m2(A2

0 − ~A2).

Ao integrarmos a expressao anterior em todo volume e usando o Teorema de Gauss podemos

descartar o terceiro termo da ultima equacao, baseados na ideia de que no infinito os campos

se anulam, e assim, apos alguma algebra, obtermos

θ00 =1

2( ~E2 + ~B2 + m2 ~A2) − A0∇ · ~E − 1

2m2A2

0,

63

que de acordo com (4.8) fica, finalmente, como

θ00 =1

2

[

~E2 + ~B2 +1

m2(∇ · ~E)2 + m2 ~A2

]

, (4.31)

que e a expressao para a densidade de energia.

A partir do resultado anterior podemos encontrar o operador hamiltoniano integrando a

densidade de energia em todo o espaco, ou seja

H =1

2

dx3

[

~E2 + ~B2 +1

m2(∇ · ~E)2 + m2 ~A2

]

., (4.32)

que, ao proseguirmos com calculos[9], analogamente com os que foram feitos para encontrar os

operadores hamiltonianos dos campos explorados anteriormente, tais como os campos escalares

e eletromagneticos, podemos mostrar que tal operador fica, em sua forma final, dado por

H =

dx3wk

3∑

λ=1

a†kλakλ, (4.33)

que e o operador Hamiltoniano do Campo de Proca, cuja somatoria vai de 1 a 3, referentes as

variaveis independentes discutidas na seccao 4.2 deste capıtulo.

64

Capıtulo 5

O Propagador de Feynman

E sabido que para se descrever detalhadamente um sistema de muitos corpos, mesmo ainda

no contexto fısica classica, necessitamos conhecer a posicao da partıcula no decorrer do tempo,

ou seja, para cada partıcula precisamos conhecer ~r(t). Ja no caso teoria quantica precisamos

conhecer a funcao de onda dependente do tempo, ou seja, ψ(~r, t), que representa a amplitude

de probabilidade de encontrar a partıcula em uma certa regiao do espaco. O propagador e o

objeto que promove tanto a evolucao temporal quanto espacial de funcao de onda, ou seja, e o

propagador que nos fornece a funcao de onda em um certo instante e em uma certa regiao do

espaco, quando esta e conhecida numa outra regiao e instante.

Os propagadores de Feynman, no ambito da Teoria Quantica de Campos, sao entendidos

como sendo amplitudes de probabilidades de se obter processos fısicos especıficos envolvendo

interacoes nesta teoria[14].

5.1 O Propagador do Campo Escalar Massivo

O propagador de Feynman, dentro da teotia quantica de campos, e definido como[11]

i∆F (xµ − yµ) = 〈0|T (ϕ(xµ)ϕ(yµ)) |0〉 , (5.1)

sendo que T denota o Produto Ordenamento Temporal, que organiza os campos na forma

T (ϕ(xµ)ϕ(yµ)) = θ(x0 − y0)ϕ(xµ)ϕ(yµ) + θ(y0 − x0)ϕ(yµ)ϕ(xµ), (5.2)

ou seja, que organiza temporalmente a maneira pela qual os campos se propagam.

Substituindo (5.2) em (5.1), obtemos que

i∆F (xµ − yµ) = θ(x0 − y0) 〈0| ϕ(xµ)ϕ(yµ) |0〉 + θ(y0 − x0) 〈0| ϕ(yµ)ϕ(xµ) |0〉 , (5.3)

65

que de acordo com (2.50) toma a forma

i∆F (xµ − yµ) = θ(x0 − y0)[〈0| ϕ(+)(xµ)ϕ(+)(yµ) |0〉 + 〈0| ϕ(+)(xµ)ϕ(−)(yµ) |0〉+

+ 〈0| ϕ(−)(xµ)ϕ(+)(yµ) |0〉 + 〈0| ϕ(−)(xµ)ϕ(−)(yµ) |0〉]+

+θ(y0 − x0)[〈0| ϕ(+)(yµ)ϕ(+)(xµ) |0〉 + 〈0| ϕ(+)(yµ)ϕ(−)(xµ) |0〉+

+ 〈0| ϕ(−)(yµ)ϕ(+)(xµ) |0〉 + 〈0| ϕ(−)(yµ)ϕ(−)(xµ) |0〉],

na qual podemos notar que em alguns termos temos a aplicacao

ϕ(+)(xµ) |0〉 =

dk3ukak |0〉 , (5.4)

que de acordo com a equacao (2.47), que fornece o valor do operador aniquilacao aplicado no

estado de vacuo, teremos que

ϕ(+)(xµ) |0〉 = 0, (5.5)

cuja correspondente dual e dado por

〈0| ϕ(−)(xµ) = 0. (5.6)

A mesma analise e valida para o campo calculado em yµ, desta forma, a definicao inicial

para o propagador se resume na forma

i∆F (xµ − yµ) = θ(x0 − y0) 〈0| ϕ(+)(xµ)ϕ(−)(yµ) |0〉 + θ(y0 − x0) 〈0| ϕ(+)(yµ)ϕ(−)(xµ) |0〉 . (5.7)

Assim, baseados na expressao anterior, podemos entender fisicamente o propagador de Feyn-

man como sendo a soma de duas Amplitudes de Probabilidade, de maneira que o primeiro termo

e a amplitude de probabilidade de uma partıcula ser criada no ponto ~y e no instante y0 para

ser aniquilada no ponto ~x e no instante x0, sendo x0 maior que y0. Ja o segundo termo nos

fornece a amplitude de probabilidade para a criacao de uma partıcula no ponto ~x e no instante

x0 e desta ser aniquilada no ponto ~y e no instante y0, sendo y0 maior que x0.

Reescrevendo (5.7) ja levando em consideracao os valores explicitos dos termos do campo

em questao dado por (2.62), teremos que

i∆F (xµ − yµ) =

dk3

2wk(2π)3

dk′3

2wk′(2π)3[θ(x0 − y0)e

−i(kµxµ−k′

νyµ) 〈0| aka†k′ |0〉+

+θ(y0 − x0)ei(kµxµ−k′

νyµ) 〈0| aka†k′ |0〉].

66

Considerando a relacao de comutacao entre os operadores de criacao e aniquilacao para o

campo escalar ja apresentada por nos dada por

[ak, a†k′ ] = δ3(~k − ~k′),

de onde vem que

aka†k′ = δ3(~k − ~k′) + a

†k′ ak,

podemos reescrever a ultima relacao para i∆(xµ − yµ) na forma

i∆F (xµ − yµ) =

dk3

2wk(2π)3

dk′3

2wk′(2π)3[θ(x0 − y0)e

−i(kµxµ−k′

νyµ) 〈0| [δ3(~k − ~k′) + a†k′ ak] |0〉+

+θ(y0 − x0)ei(kµxµ−k′

νyµ) 〈0| [δ3(~k − ~k′) + a†k′ ak] |0〉].

Como ak |0〉 = 0 e levando em conta (2.18), teremos que

i∆F (xµ − yµ) =

dk3

2wk(2π)3[θ(x0 − y0)e

−ikµ(xµ−yµ) + θ(y0 − x0)eikµ(xµ−yµ)],

ou ainda, explicitando os produtos do tipo kµxµ, temos

i∆F (xµ − yµ) =

dk3

2wk(2π)3[θ(x0 − y0)e

i~k·(~x−~y)−iwk(x0−y0) + θ(y0 − x0)e−i~k·(~x−~y)−iwk(x0−y0)].

Trocando, no segundo termo, ~k −→ −~k, esta ultima assume a forma

i∆F (xµ − yµ) =

dk3

2wk(2π)3ei~k·(~x−~y)[θ(x0 − y0)e

−iwk(x0−y0) + θ(y0 − x0)eiwk(x0−y0)]. (5.8)

Antes de proseguirmos com o calculo do propagador propriamente dito nos sera de muita

relevancia abrir um breve parentese sobre integrais complexas, que podem ser calculadas por

meio do Teorema do Resıduo[3][4], como por exemplo a integral∮

c

f(z)dz = ±2πi∑

j

Resf(zj), (5.9)

na qual o resıduo calculado e obtido por

Resf(zj) =1

(m − 1)!lim

z 7−→zj

{

d(m−1)

dz(m−1)[f(z)(z − zj)

m]

}

. (5.10)

Escolhendo o contorno de integracao apropriado, podemos mostrar que as quantidades

1

2wk

e−iwk(x0−y0)

67

e

1

2wk

eiwk(x0−y0),

no propagador que vinhamos calculando, sao os resıduos da integral complexa dada por

dk0ek0(x0−y0)

k20 − w2

k

= −2πi∑

j

Resf(wj), (5.11)

sendo ±wk os polos da funcao localizados no eixo dos reais do plano complexo k0. Ja as funcoes

θ(x0−y0) e θ(y0−x0) sao introduzidas de tal forma que garatam que os resultados encontrados

nao divirjam ao tomarmos o limite de ik0 −→ ∞ (quando fechamos o contorno de integracao

por cima) e quando tomamos o limite ik0 −→ −∞ (ao fecharmos o contorno de integracao por

baixo).

Substituindo (5.11) em (5.8) no nosso propagador teremos

i∆F (xµ − yµ) = −∫

dk3

(2π)3ei ~k·(~x−~y)

dk0

2πi

e−ik0(x0−y0)

k20 − w2

k

,

logo,

∆F (xµ − yµ) =

dk4

(2π)4

e−ikµ(xµ−yµ)

k20 − w2

k

, (5.12)

e, de acordo com (2.55), a equacao (5.12) fica na forma

∆F (xµ − yµ) =

dk4

(2π)4

e−ikµ(xµ−yµ)

kµkµ − m2. (5.13)

Como os polos desta ultima integral encontram-se no eixo real do plano complexo, uma

pratica comum nesses casos e deslocar o polo, ou seja, move-lo de uma distancia a −→ 0 deste

eixo, assim sendo teremos que

∆F (xµ − yµ) =

dk4

(2π)4

e−ikµ(xµ−yµ)

kµkµ − m2 + ia. (5.14)

Substituindo (5.14) no equacao de Klein-Gordon, temos que

(∂2 + m2)∆F (xµ − yµ) =

dk4

(2π)4

(−k2 + m2)e−ikµ(xµ−yµ)

kµkµ − m2

= −∫

dk4

(2π)4e−ikµ(xµ

−yµ) ,

que e uma das representacoes da Delta de Dirac, logo

(∂2 + m2)∆F (xµ − yµ) = −δ4(xµ − yµ), (5.15)

68

de onde concluımos que o propagador e uma das formas da funcao de Green para a equacao de

Klein-Gordon nao-homogenea.

Note que ao resolvermos a equacao (5.15), utilizando o metodo da Transformada de Fourier [3][4],

chegaremos novamente no valor explıcito do propagador obtido em (5.14). Para isso, definire-

mos antes a transformada de Fourier para ∆F (xµ − yµ) como

={∆F (xµ − yµ)} := ∆F (kµ). (5.16)

Sendo assim, (5.15) fica

={∂2∆F (xµ − yµ)} + m2={∆F (xµ − yµ)} = −={δ4(xµ − yµ)}, (5.17)

e como sabemos que ={∂2∆F (xµ − yµ)} = −k2∆F (k) e ainda ={∆F (xµ − yµ)} = 1, entao com

o polo ja deslocado teremos que (5.17) sera dado por

∆(k) = − 1

kµkµ − m2 + ia, (5.18)

que e o propagador do campo escalar massivo, definido agora no espaco dos k′s.

5.2 O Propagador do Foton

De forma similar ao que foi feito na seccao anterior obteremos o propagador do foton ou, se

preferir, do campo eletromagnetico. Podemos encontrar este propagador a partir da definicao[9]

iDµνF (xβ − yβ) = 〈0|T (Aµ(xβ)Aν(yβ)) |0〉 , (5.19)

sendo que DµνF , por questao de notacao, designa o propagador do campo vetorial nao massivo.

Assim reescrevendo (5.19) substituindo o valor do campo Aµ, temos

iDµνF (xβ − yβ) =

dk3

2wk(2π)3

dk′3

2wk′(2π)3

3∑

λ,λ′=0

εµ(k, λ)εν(k′, λ′)×

×[θ(x0 − y0)e−i(kβxβ−k′

βyβ) 〈0| ak′λ′ a

†kλ |0〉 + θ(y0 − x0)e

i(kµxµ−k′

νyµ) 〈0| akλa†k′λ′ |0〉].

Procedendo da mesma forma que fizemos no caso do campo escalar, considerando as relacoes

de comutacao para os operadores de criacao e aniquilacao para este campo, dadas por (3.27),

e a propriedade (2.18), temos que

iDµνF (xβ − yβ) = −

dk3

2wk(2π)3

3∑

λ=0

gλλεµ(k, λ)εν(k, λ)×

69

×[θ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ) + θ(y0 − x0)e

ikβ(xβ−yβ)],

que segundo a relacao (B.12) pode ser escrito na forma

iDµνF (xβ − yβ) = −gµν

dk3

2wk(2π)3[θ(x0 − y0)e

−ikβ(xβ−yβ) + θ(y0 − x0)eikβ(xβ−yβ)]. (5.20)

Pode-se notar que a integral explicitada em (5.20) ja foi identificada (5.13), sendo que

devemos ter o cuidado de perceber que, para este caso, temos m = 0 na relacao (2.55) e que

podemos escrever (5.12) lembrando que agora esta encontra-se multiplicada pelo fator −gµν .

Assim fazendo podemos escrever que

DµνF (xβ − yβ) = −gµν

dk4

(2π)4

e−ikβ(xβ−yβ)

kβkβ

, (5.21)

ou ainda, ja deslocando o polo, teremos

DµνF (xβ − yβ) = −gµν

dk4

(2π)4

e−ikβ(xβ−yβ)

kβkβ + ia. (5.22)

De onde identificamos, com base no que foi feito na secao anterior, que

DµνF (kβ) = − gµν

kβkβ + ia, (5.23)

que e o propagador do foton no espaco dos k′s.

Uma analise mais completa deste propagador, ou seja, uma analise que nao fixa nenhum

valor para o parametro ξ pode ser encontrada na referencia[9] deste trabalho, tal analise nos

leva ao resultado

DµνF (kβ) = − gµν

kβkβ + ia+

ξ − 1

ξ

kµkν

(kβkβ + ia)2, (5.24)

que por sua vez nos remete a (5.23) ao fixarmos ξ = 1, umja vez que os resultados encontrados

nesta seccao foram obtidos de acordo com esta escolha para o parametro ξ.

5.3 O Propagador do Campo de Proca

Similarmente ao que vinhamos fazendo nas duas primeiras seccoes deste ultimo capıtulo, o

propagador do Campo de Proca pode ser calculado de forma explıcita a partir da definicao[9]

i∆µνF (xβ − yβ) = 〈0|T (Aµ(xβ)Aν(yβ)) |0〉 , (5.25)

que segue, com a substituicao do campo para Aµ, para

i∆µνF (xβ − yβ) =

dk3

2wk(2π)3

dk′3

2wk′(2π)3

3∑

λ,λ′=0

εµ(k, λ)εν(k′, λ′) (5.26)

70

[θ(x0 − y0)e−i(k′

βxβ−kβyβ) 〈0| ak′λ′ a

†kλ |0〉 + θ(y0 − x0)e

i(k′

βxβ−k′

βyβ) 〈0| akλa

†k′λ′ |0〉],

que, de acordo com as relacoes de comutacao para os operadores a e a†, mostradas no capıtulo

anterior, tambem como nos casos das duas ultimas seccoes, temos

i∆µνF (xβ − yβ) =

dk3

2wk(2π)3

3∑

λ=0

εµ(k, λ)εν(k′, λ′)[θ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ)+

+θ(y0 − x0)eikβ(xβ−yβ)],

ou ainda, segundo a relacao (4.17), esta ultima relacao sera dada por

i∆µνF (xβ − yβ) = −

dk3

2wk(2π)3

(

gµν − 1

m2kµkν

)

[θ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ)+ (5.27)

+θ(y0 − x0)eikβ(xβ−yβ)],

na qual percebemos o proprio propagador do campo escalar dado na forma de (5.8), porem

existe uma relevante diferenca: o esperado termo de massa.

Com o proposito de reescrevermos a integral cujo integrando apresenta o termo − 1m2 k

µkν ,

partiremos de

χµν = −∂µ∂ν [θ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ) + θ(y0 − x0)e

ikβ(xβ−yβ)], (5.28)

onde as derivadas ∂µ e ∂ν atuam na variavel xβ.

Resolvendo (5.28), comecaremos baixando os ındices das derivadas parciais com o auxılio

do tensor metrico, ou seja,

χµν = −gµαgνρ∂ρ∂α[θ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ) + θ(y0 − x0)e

ikβ(xβ−yβ)],

que, de acordo com a regra do produto para as derivadas, fica

χµν = −gµαgνρ∂ρ{∂α[θ(x0 − y0)]e−ikβ(xβ−yβ) + θ(x0 − y0)∂αe−ikβ(xβ−yβ)+ (5.29)

+∂α[θ(x0 − y0)]eikβ(xβ−yβ) + θ(x0 − y0)∂αeikβ(xβ−yβ)}.

E ainda, prosseguindo com os calculos necessarios, fica

χµν = −gµαgνρ∂ρ{∂α[θ(x0 − y0)]e−ikβ(xβ−yβ) + θ(x0 − y0)(−ikβ)

∂xβ

∂xαe−ikβ(xβ−yβ)+

71

+∂α[θ(x0 − y0)]eikβ(xβ−yβ) + θ(x0 − y0)(ikβ)

∂xβ

∂xαeikβ(xβ−yβ)},

de onde podemos identificar a Delta

δµα =

∂xβ

∂xα. (5.30)

Assim, distribuindo os tensores metricos nesta ultima soma e ja utilizando a propriedade de

filtragem de (5.30), temos

χµν = −∂ρ{gµαgνρ∂α[θ(x0 − y0)]e−kβ(xβ−yβ) − ikαgµαgνρθ(x0 − y0)e

−kβ(xβ−yβ)+

+gµαgνρ∂α[θ(y0 − x0)]ekβ(xβ−yβ) + ikαgµαgνρθ(y0 − x0)e

kβ(xβ−yβ)}.

Note que ao aplicarmos o quadri-gradiente ∂α nas funcoes θ(x0−y0) e θ(y0−x0) so teremos con-

tribuicao para α = 0, pois as funcoes aqui mencionadas so apresentam dependencia temporal,

logo

χµν = −∂ρ{gµ0gνρ∂0θ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ) − ikαgµαgνρθ(x0 − y0)e

−ikβ(xβ−yβ)+

+gµ0gνρ∂0θ(y0 − x0)eikβ(xβ−yβ) + ikαgµαgνρθ(y0 − x0)e

ikβ(xβ−yβ)}

A derivada da funcao Teta de Heaviside e a propria Delta de Dirac[3], ou seja

δ(x) =dθ(x)

dx.

Concordando com esta ultima, temos, tambem, que

δ(x) = −dθ(−x)

dx.

Assim sendo

χµν = −∂ρ[gµ0gνρδ(x0 − y0)e

−ikβ(xβ−yβ) − ikαgµαgνρθ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ)+

−gµ0gνρδ(x0 − y0)eikβ(xβ−yβ) + ikαgµαgνρθ(y0 − x0)e

ikβ(xβ−yβ)].

Analogamente, distribuiremos o quadri-gradiente ∂ρ dentro do colchete, assim sendo, teremos

χµν = −gµ0gν0δ′(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ) + ikρg

µ0gνρδ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ)+

72

+ikαgµαgν0δ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ) + kαkρg

µαgνρθ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ)+

+gµ0gν0δ′(x0 − y0)eikβ(xβ−yβ) + ikρg

µ0gνρδ(x0 − y0)eikβ(xβ−yβ)+

+ikαgµαgν0δ′(x0 − y0)eikβ(xβ−yβ) + kαkρg

µαgνρθ(y0 − x0)eikβ(xβ−yβ),

ou ainda, levantando os ındices usando o tensor metrico, temos

χµν = −gµ0gν0δ′(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ) + igµ0kνδ(x0 − y0)e

−ikβ(xβ−yβ)+

+igν0kµδ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ) + kµkνθ(x0 − y0)e

−ikβ(xβ−yβ)+

+gµ0gν0δ′(x0 − y0)eikβ(xβ−yβ) + igµ0kνδ(x0 − y0)e

ikβ(xβ−yβ)+

+igν0kµδ′(x0 − y0)eikβ(xβ−yβ) + kµkνθ(y0 − x0)e

ikβ(xβ−yβ),

que, organizado os termos, fica

χµν = kµkν [θ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ) + θ(y0 − x0)e

ikβ(xβ−yβ)]+

+i(gµ0kν + gν0kµ)δ(x0 − y0)[e−ikβ(xβ−yβ) + eikβ(xβ−yβ)]+

−gµ0gν0δ′(x0 − y0)[e−ikβ(xβ−yβ) − eikβ(xβ−yβ)].

Desta forma podemos reescrever o primeiro termo do lado direito desta ultima equacao, de

acordo com (5.28), assim temos

kµkν[

θ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ) + θ(y0 − x0)e

ikβ(xβ−yβ)]

=

= −∂µ∂ν [θ(x0 − y0)e−ikβ(xβ−yβ) + θ(y0 − x0)e

ikβ(xβ−yβ)]+ (5.31)

−iδ(x0 − y0)(gµ0kν + gν0kµ)

[

e−ikβ(xβ−yβ) + eikβxβ−yβ]

+

+gµ0gν0δ′(x0 − y0)[

e−ikβ(xβ−yβ) − eikβxβ−yβ]

.

73

Explicitando (5.27), teremos esta como

i∆µνF (xβ − yβ) = −gµν

dk3

2wk(2π)3[θ(x0 − y0)e

−ikβ(xβ−yβ) + θ(y0 − x0)eikβ(xβ−yβ)]+

+

dk3

2wk(2π)3

1

m2kµkν [θ(x0 − y0)e

−ikβ(xβ−yβ) + θ(y0 − x0)eikβ(xβ−yβ)].

Substituindo (5.31) nesta ultima relacao para o propagador de Proca, temos

i∆µνF (xβ − yβ) = −gµν

dk3

2wk(2π)3[θ(x0 − y0)e

−ikβ(xβ−yβ) + θ(y0 − x0)eikβ(xβ−yβ)]+

− 1

m2∂µ∂ν

dk3

2wk(2π)3[θ(x0 − y0)e

−ikβ(xβ−yβ) + θ(y0 − x0)eikβ(xβ−yβ)]+

−i1

m2

dk3

2wk(2π)3δ(x0 − y0)(g

µ0kν + gν0kµ)[e−ikβ(xβ−yβ) + eikβ(xβ−yβ)]+

+gµ0gν0 1

m2

dk3

2wk(2π)3δ′(x0 − y0)[e

−ikβ(xβ−yβ) − eikβ(xβ−yβ)].

Identificando nos dois primeiros termos desta ultima equacao o propagador escalar dado por

(5.8), poderemos reescrever esta, ja em funcao deste propagador, como

i∆µνF (xβ − yβ) = −i

(

gµν +1

m2∂µ∂ν

)

∆F (xβ − yβ)+

−i1

m2δ(x0 − y0)

dk3

2wk(2π)3(gµ0kν + gν0kµ)[e−ikβ(xβ−yβ) + eikβ(xβ−yβ)]+ (5.32)

+gµ0gν0 1

m2δ′(x0 − y0)

dk3

2wk(2π)3[e−ikβ(xβ−yβ) − eikβ(xβ−yβ)].

Podemos reescrever os integrandos dos dois ultimos termos da equacao (2.41) numa forma que

ja nos e familiar mostrada em (5.8), trocando ~k −→ −~k, implicitos em (5.32), vem daı que

i∆µνF (xβ − yβ) = −i

(

gµν +1

m2∂µ∂ν

)

∆F (xβ − yβ)+

−i1

m2δ(x0 − y0)[e

−iwk(x0−y0) + eiwk(x0−y0)]

dk3

2wk(2π)3ei~k·(~x−~y)(gµ0kν + gν0kµ)+ (5.33)

74

+gµ0gν0 1

m2δ′(x0 − y0)[e

−iwk(x0−y0) − eiwk(x0−y0)]

dk3

2wk(2π)3ei~k·(~x−~y).

Percebemos que no segundo termo desta ultima equacao, a presenca de um tensor de segunda

ordem que representaremos por Sµν , ou seja

Sµν = (gµ0kν + gν0kµ). (5.34)

Calculando cada termo de (5.34), podemos junta-los numa matriz que sera dada por

Sµν =

2wk k1 k2 k3

k1 0 0 0k2 0 0 0k3 0 0 0

. (5.35)

Com isso, para calcularmos o segundo termo de (5.33), teremos que considerar cada termo de

(5.35). Assim sendo, notamos ainda que a unica contribuicao nao nula dar-se-a para o termo S00

desta matriz, uma vez que ao considerarmos as componentes espaciais desta, seremos levados

a calcular algumas integrais do tipo

dk3

(2π)3~kei~k·(~x−~y),

que nao darao contribuicao diferente de zero, ja que o integrando e uma funcao ımpar integrada

em todos os valores de ~k. Com isso, concluimos que o termo em questao, ja calculado para

todos os termos de (5.35), pode ser reescrito de tal maneira que (5.33) ficara como

i∆µνF (xβ − yβ) = −i

(

gµν +1

m2∂µ∂ν

)

∆F (xβ − yβ)+

−igµ0gν0 1

m2δ(x0 − y0)[e

−iwk(x0−y0) + eiwk(x0−y0)]

dk3

(2π)3ei~k·(~x−~y)+

+gµ0gν0 1

m2δ′(x0 − y0)[e

−iwk(x0−y0) − eiwk(x0−y0)]

dk3

2wk(2π)3ei~k·(~x−~y),

que segundo a representacao da delta de Dirac dada por

δ3(~x − ~y) =

dk3

(2π)3ei~k·(~x−~y),

fica na forma

i∆µνF (xβ − yβ) = −i

(

gµν +1

m2∂µ∂ν

)

∆F (xβ − yβ)+

75

−igµ0gν0 1

m2δ(x0 − y0)δ

3(~x − ~y)[e−iwk(x0−y0) + eiwk(x0−y0)]+ (5.36)

+gµ0gν0 1

2wkm2δ′(x0 − y0)δ

3(~x − ~y)[e−iwk(x0−y0) − eiwk(x0−y0)].

Antes de prosseguirmos com este calculo, vejamos quem e a primeira derivada temporal da

delta dada por δ′(x0 − y0). Para isso, comecemos por escrever a integral

I =

∫ x2

x1

δ′(x − a)f(x)dx, (5.37)

chamando

u = f(x) −→ du = f ′(x)dx dv = δ′(x − a)dx −→ v = δ(x − a).

Segundo o metodo das Integrais por Partes, onde∫ x2

x1

udv = uv|x2x1

−∫ x2

x1

vdu, (5.38)

a integral (5.37) sera dada por∫ x2

x1

δ′(x − a)f(x)dx = f(x)δ(x − a)|x2x1

−∫ x2

x1

δ(x − a)f ′(x)dx, (5.39)

de acordo com a definicao da delta, esta so nao e nula para x = a, entao o primeiro termo

do lado direiro desta ultima equacao sera nulo, uma vez que este esta sendo calculado em dois

pontos que nao coencidem com a sigularidade, logo a (5.39) fica na forma∫ x2

x1

δ′(x − a)f(x)dx = −∫ x2

x1

δ(x − a)f ′(x)dx,

que assim faz sentido a relacao dada por[9]

δ′(x − a)f(x) −→ −δ(x − a)f ′(x). (5.40)

Entao, o ultimo termo de (5.36) podera ser reescrito de tal forma que esta equacao sera

dada por

i∆µνF (xβ − yβ) = −i

(

gµν +1

m2∂µ∂ν

)

∆F (xβ − yβ)+

−igµ0gν0 1

m2δ(x0 − y0)δ

3(~x − ~y)[e−iwk(x0−y0) + eiwk(x0−y0)]+ (5.41)

+igµ0gν0 1

2m2δ(x0 − y0)δ

3(~x − ~y)[e−iwk(x0−y0) + eiwk(x0−y0)].

76

E ainda, compactificando as deltas explicitas na ultima equacao, poderemos reescreve-la como

i∆µνF (xβ − yβ) = −i

(

gµν +1

m2∂µ∂ν

)

∆F (xβ − yβ)+

−igµ0gν0 1

m2δ4(xβ − yβ)[e−iwk(x0−y0) + eiwk(x0−y0)]+ (5.42)

+igµ0gν0 1

2m2δ4(xβ − yβ)[e−iwk(x0−y0) + eiwk(x0−y0)].

Entao, o propagador do campo de proca toma a forma

i∆µνF (xβ − yβ) = −i

(

gµν +1

m2∂µ∂ν

)

∆F (xβ − yβ) − i

m2gµ0gν0δ4(xβ − yβ). (5.43)

Uma observacao importante a ser feita e que o segundo termo do propagador acima,

aparentemente, quebra a covariancia de Lorentz, uma vez que neste esta sendo considerado

que x0 = y0. Porem este termo nao e relevante uma vez que o mesmo e cancelado no de-

senvolvimento da Teorida de Perturbacao[9][11]. Uma outra maneira de lidarmos com ele

e simplesmente omitindo-o[11], uma vez que do ponto de vista fısico este nao dara nenhuma

contribuicao.

Temos tambem, finalmente, que de acordo com a forma explıcita de ∆F dado por (5.14),

podemos tomar sua derivadas, como indicado em (5.43), e escreve-lo como

∆µνF (k) =

−(

gµν − 1m2 k

µkν)

kβkβ − m2 + ia− 1

m2gµ0gν0. (5.44)

ou seja, o propagador de Feynman para o Campo de Proca no espaco dos k′s.

77

Conclusao

Exploramos neste trabalho o metodo da quantizacao canonica de alguns campos importantes

que surgem no contexto da Teoria Quantica de Campos. Vimos, primeiramente, que a ideia de

campo surge de uma distribuicao de quantidades discretas quando estas tendem ao contınuo

numa determinada regiao. Assim fazendo, fomos capazes de mostrar que este limite ao contınuo

de um conjunto de osciladores acoplados tem a dinamica regida pela propria equacao da onda,

cuja solucao foi quantizada. Percebemos na quantizacao dos campos escalares, quando sub-

metidos a condicoes de contorno periodicas, que estes apresentam um comportamento similar

com os encontrados como solucao no processo de quantizacao da corda.

Ao quantizarmos o campo eletromagnetico livre percebemos a necessidade de impormos

sobre este uma escolha de calibre, seja o Calibre de Coulomb ou o Calibre de Lorentz. Sendo

que, neste ultimo, fez-se necessaria a consideracao de uma densidade de Lagrangeana modi-

ficada para mantermos a consistencia com a proposta de quantizacao covariante. Com isso

constatamos que a escolha do calibre de Lorentz, contrariamente ao que ocorre com o calibre

de Coulomb, implica em dois novos graus de liberdade para a polarizacao do campo em questao,

sendo estes eliminados por argumentos fısicos mediantes as inconsistencias que eles trazem para

a teoria, esta eliminacao e feita lancando-se mao do Metodo de Gupta-Bleuler. Assumindo

a condicao imposta por esse metodo fomos capazes de mostrar que o campo de Proca satisfaz a

escolha de calibre de Lorentz, concluindo assim que quando falamos no campo eletromagnetico,

estamos falando, tambem, num campo que apresenta apenas 2 graus de polarizacao, ambos

transversais.

Mostramos que, motivados por um processo de quantizacao aparentemente nao covariante

para o campo de Proca, tanto os campos escalares quanto os campos vetoriais adimitem um

processo de quantizacao dito covariante, sendo para isso necessaria a definicao de uma funcao

invariante chamada de Funcao de Pauli-Jordan. Com esta mostramos que as quantizacoes

que vınhamos efetuando anteriormente (para tempos iguais) sao apenas um caso particular de

um processo de quantizacao mais geral, escrito em termos deste invariante.

78

Por fim, obtivemos o propagador de Feynman para varios campos importantes, concebendo

que, no contexto da Teoria Quantica de Campos, o propagador deve ser entendido como sendo a

Amplitude de Probabilidade de ocorrencia de processos de criacao e aniquilacao de partıculas a

partir do vacuo quantico ordenados temporalmente, e representando a propagacao da interacao

entre campos em pontos diferentes no espaco-tempo.

79

Apendice A

O Eletromagnetismo de Maxwell

Neste apendice faremos uma pequena apresentacao da Teoria Eletromagnetica, nos de-

tendo, com maior atencao, as proprias Equacoes de Maxwell e suas representacoes atraves dos

pontenciais escalares e vetoriais e as liberdades de escolha de calibre concernentes a estes po-

tenciais. Feito isso vamos apresentar as equacoes fundamentais do eletromagnetismo em sua

forma covariante, definida em termos do Tensor de Maxweel-Faraday.

As Equacoes de Maxwell

A teoria eletromagnetica e descrita, basicamente, pos dois vetores: o vetor campo eletrico

~E e o vetor inducao magnetica ~B; sendo estes solucoes das equacoes de Maxwell, dadas por

∇ · ~E = ρ, (A.1)

∇ · ~B = 0, (A.2)

∇× ~E = −∂ ~B

∂t, (A.3)

∇× ~B = ~j +∂ ~E

∂t, (A.4)

sendo estas, respectivamente, a Lei de Gauss, a Lei do Monopolo Magnetico, a Lei de

Faraday e a Lei de Ampere[17]. Tais equacao estao escritas segundo o sistema de unidades de

Lorentz-Heaviside, onde omitimos os termos 4π presentes nas equacoes de Maxwell quando

escritas segundo o sistema de unidades Gaussianas[17], e ainda, fizemos nestas ultimas c = 1,

de acordo com (1.69).

80

As densidades de carga ρ(~x, t) e de corrente ~j(~x, t) sao as fontes do campo, relecionadas

entre si por

~j = ρ~v, (A.5)

sendo que o fato destas distribuicoes nao aprecerem nas equacoes (A.2) e (A.3) dao a essas

a denominacao de equacoes homogeneas de Maxwell, enquanto as outras sao ditas nao ho-

mogeneas.

As equacoes de Maxwell admitem ainda uma equacao da continuidade dada por

∂ρ

∂t+ ∇ ·~j = 0, (A.6)

sendo que esta equacao remete a um importante princıpio fısico: o princıpio da conservacao da

carga.

Temos ainda que os campos ~E e ~B derivam de potenciais escalares ϕ(~x, t) e vetoriais ~A(~x, t),

conforme as relacoes

~E = −∇ϕ − ∂ ~A

∂t(A.7)

e

~B = ∇× ~A, (A.8)

substituindo estas duas ultimas na equacao (A.4), teremos que

∇× (∇× ~A) = ~j +∂

∂t

(

−∇ϕ − ∂ ~A

∂t

)

.

Como para um campo vetorial qualquer ~F , temos a propriedade[17]

∇×∇× ~F = ∇(∇ · ~F ) −∇2 ~F . (A.9)

temos

∇(∇ · ~A) −∇2 ~A = ~j −∇∂ϕ

∂t− ∂2 ~A

∂t2,

que, ao agruparmos as funcoes cujo operador gradiente esta nestas aplicado, temos

∂2 ~A

∂t2−∇2 ~A = ~j + ∇

(

∇ · ~A +∂ϕ

∂t

)

.

81

Neste ponto e de grande relevancia frizarmos que existem uma infinidade de pares (ϕ, ~A)

que geram ( ~E, ~B). Por conveniencia podemos escolher esses potenciais de tal forma que

∇ · ~A +∂ϕ

∂t= 0. (A.10)

Tal relacaos se da por uma escolha de calibre denominada Calibre de Lorentz, que nos remete

a

∂2 ~A

∂t2−∇2 ~A = ~j, (A.11)

da qual notamos que o potencial vetorial e solucao da equacao da onda nao homogenea.

Uma outra escolha de calibre que tambem pode ser feita tomando ∇ · ~A = 0 e conhecida

como Calibre de Coulomb que por sua vez pode ser util em diversas circunstancias.

Como existem uma infinidade de pares de (ϕ, ~A) que geram ( ~E, ~B), podemos tomar outros

pares (ϕ′, ~A′) relacionados a (ϕ, ~A) da seguinte forma

ϕ′ −→ ϕ − ∂Λ

∂t(A.12)

e

~A′ −→ ~A + ∇Λ, (A.13)

nas quais Λ = Λ(~x, t) e uma funcao escalar qualquer que tambem satisfaz o calibre de Lorentz[16].

Esta mudanca para novos potenciais e denominada Transformacao de Padrao ou Liberdade

de Calibre do Eletromagnetismo[16].

As Equacoes de Maxwell na sua Forma Covariante

Nao e nosso principal objetivo mostrar que de fato as equacoes de Maxweel admitem uma

representacao covariante, tal feito pode ser encontrado de forma mais detalhada na referencia

[12] deste trabalho. Contudo, tomando isso como verdade temos que as distribuicoes de carga

ρ e de corrente ~j relacionadas entre si como

jµ = (ρ,~j), (A.14)

denominada quadri-corrente eletromagnetica, que, por sua vez, gera um campo da forma

Aµ = (ϕ, ~A). (A.15)

82

chamado quadri-potencial eletromagnetico.

Note ainda que as liberdades de calibre dadas pelas equacoes (A.11) e (A.12) podem ser

escritas nesta forma como

A′µ −→ Aµ − ∂µΛ, (A.16)

e que de acordo com as equacoes (A.7) e (A.8), se nota que os campos ~E e ~B sao obtidos a

partir das derivadas dos potenciais, logo esperamos que os campos estejam escritos em forma

covariante de alguma maneira que envolvam as derivadas destes quadri-potenciais, com isso

definimos o chamado Tensor de Maxwell-Faraday, dado por

Fµν := ∂µAν − ∂νAµ, (A.17)

que e antissimetrico. Logo vem daı que

Fµν = −Fνµ. (A.18)

Encontraremos agora a forma explıcita do tensor de Maxwell sendo que, para isso, e im-

portante encontrarmos os componentes covariantes da equacao (A.15) que, segundo o tensor

metrico, pode ser reescrita como

Aµ = gµνAν = (ϕ,− ~A), (A.19)

sendo gµν denominado de Tensor Metrico de Mikowski e dado explicitamente por

gµν = gµν =

1 0 0 00 −1 0 00 0 −1 00 0 0 −1

, (A.20)

que tem como uma de suas funcoes, a propriedade de “levantar” e “baixar” ındices de grandezas

tensoriais como foi feito, por exemplo, em (A.19).

Para µ = 0, calcularemos a equacao (A.17) fazendo ν = 0, 1, 2, 3 tendo em vista a equacao

(A.18). Logo teremos:

Para ν = 0:

F00 = ∂0A0 − ∂0A0,

que fica

F00 = 0. (A.21)

83

Para ν = 1:

F01 = ∂0A1 − ∂1A0,

como 1 designa a componente x, bem como 0 a componente temporal, temos

F01 = −∂Ax

∂t− ∂ϕ

∂x,

que sao as componentes x do gradiente de ϕ e a derivada temporal da componente x do campo

~A, assim

F01 =

(

−∇ϕ − ∂ ~A

∂t

)

x

,

que segundo (A.7), fica

F01 = Ex. (A.22)

Analogamente teremos para ν = 2:

F02 = ∂0A2 − ∂2A0,

que fica

F02 = Ey. (A.23)

E finalmente para ν = 3:

F03 = ∂0A3 − ∂3A0,

de onde vem

F03 = Ez. (A.24)

E usando (A.18) encontraremos ainda que

F10 = −Ex

F20 = −Ey

F30 = −Ez.

(A.25)

Note a partir da propria definicao do tensor de Maxwell que os componentes deste para µ = ν

sao nulas, portanto proseguiremos com os calculos unicamente para µ 6= ν.

Assumindo agora µ = 1 e variando ν, teremos, de forma analoga ao que fizemos ate entao,

as seguintes relacoes:

84

Para ν = 2:

F12 = ∂1A2 − ∂2A1,

F12 = −Bz. (A.26)

Para ν = 3:

F13 = ∂1A3 − ∂1A3,

F13 = By. (A.27)

De onde concluimos, devido a propriedade de antissimetria do tensor de Maxwell, que

F21 = Bz

F31 = −By.(A.28)

E finalmente as contribuicoes nao nulas que ainda nos resta calcular virao ao assumirmos

µ = 2 e ν = 3, logo

F23 = ∂2A3 − ∂3A2,

F23 = −Bx. (A.29)

Portanto,

F32 = Bx. (A.30)

Entao, de acordo com as relacoes que vao de (A.21) ate (A.30), podemos escrever o tensor

de Maxwell em sua forma matricial como

F µν =

0 Ex Ey Ez

−Ex 0 −Bz By

−Ey Bz 0 −Bx

−Ez −By Bx 0

, (A.31)

sendo que as componentes contravariantes deste sao dadas por

F µν = gµρgνβFρβ, (A.32)

85

logo

Fµν =

0 −Ex −Ey −Ez

Ex 0 −Bz By

Ey −Bz 0 −Bx

Ez By Bx 0

, (A.33)

na qual podemos notar que este e um tensor antissimetrico (como ja visto antes) cujos elementos

sao as componentes dos campos vetoriais ~E e ~B.

Pela propria construcao do Tensor de Maxwell-Faraday percebemos que esse tensor satisfaz

as relacoes diferenciais dadas na forma

∂[σFµν] = 0, (A.34)

na qual as equacoes homogeneas de Maxweel estao contidas nesta ultima relacao. Para mostrar-

mos isso facamos primeiramente (σ, µ, ν) = (0, 1, 2), daı escrevemos que

∂0F12 + ∂2F01 + ∂1F20 = 0,

e como ja identificamos todas as componentes do tensor Fµν , esta ultima sera reescrita como

−∂Bz

∂t+

∂Ex

∂y− ∂Ey

∂x= 0,

ou ainda

∂Ey

∂x− ∂Ex

∂y= −∂Bz

∂t. (A.35)

Uma vez que o rotacional, em coordenadas cartezianas, de uma funcao vetorial qualquer ~F , e

dado por[17]

∇× ~F =

(

∂Fz

∂y− ∂Fy

∂z

)

x +

(

∂Fx

∂z− ∂Fz

∂x

)

y +

(

∂Fy

∂x− ∂Fx

∂y

)

z, (A.36)

e seu divergente por

∇ · ~F =∂Fx

∂x+

∂Fy

∂y+

∂Fz

∂z, (A.37)

podemos identificar na relacao (A.35) a componente z do rotacional do campo ~E, assim sendo

(∇× ~E)z = −(

∂ ~B

∂t

)

z

. (A.38)

Agora, para (σ, µ, ν) = (0, 1, 3), teremos que

∂0F13 + ∂3F01 + ∂1F30 = 0,

86

que de maneira analoga ao caso anterior, ficara como

(∇× ~E)y = −(

∂ ~B

∂t

)

y

. (A.39)

Do mesmo modo para (σ, µ, ν) = (0, 2, 3) teremos

(∇× ~E)x = −(

∂ ~B

∂t

)

x

, (A.40)

e ainda, para (σ, µ, ν) = (1, 2, 3) vem que

∂1F23 + ∂3F12 + ∂2F31 = 0,

de onde segue

−∂Bx

∂x− ∂By

∂y− ∂Bz

∂z= 0.

Portanto, segundo a relacao (A.37), temos

∇ · ~B = 0. (A.41)

Da qual concluımos que as relacoes contidas em (A.34) carregam consigo as equacoes (A.2) e

(A.3).

Ja as equacoes nao homogeneas estao contidas em

∂µFµν = jν . (A.42)

Para mostrarmos isso, calcularemos esta relacao para ν = 0, 1, 2, 3 fixos e variando µ.

Para ν = 0:

∂0F00 + ∂1F

10 + ∂2F20 + ∂3F30 = j0.

De onde, de acordo com o tensor F µν e com (A.37), teremos que

∇ · ~E = ρ. (A.43)

Prosseguindo com os calculos para os outros valores de ν = 1, 2, 3, encontraremos para ν = 1 a

seguinte relacao

(∇× ~B)x =

(

~j +∂ ~E

∂t

)

x

. (A.44)

87

Resultado similar aos que podemos encontrar para ν = 2, 3, de maneira que somos levados a

concluir que as equacoes (A.1) e (A.4) estao contempladas em (A.42).

Ao considerarmos a ausencia de fontes, ou seja, que

jµ = 0, (A.45)

teremos

∂µFµν = 0, (A.46)

o que, por sua vez, nos remetara, de maneira analoga ao que vinhamos fazendo ate entao, ao

resultado

∇ · ~E = 0 (A.47)

e

∇× ~B =∂ ~E

∂t. (A.48)

Embasados no que foi explorado ate entao podemos concluir que a Teoria Eletromagnetica

de Maxwell adimite uma representacao tensorial covariante, logo a mesma se trata de uma

teoria invariante perante uma transformacao de Lorentz. Isso significa que dado um observador

no referencial S, que caracteriza completamente o campo eletromagnetico por F µν e jν , e um

outro observador S’, que se move em relacao a S, e que caracteriza completamente o mesmo

campo por F ′ µν e j′ ν , temos que ambos utilizarao da mesma lei do eletromagnetismo para

descrever este campo.

Assim, para S teremos

∂µFµν = jν

∂[σFµν] = 0,(A.49)

e para S’ teremos

∂µF′µν = j′ν

∂[σF′µν] = 0.

(A.50)

Temos ainda que as escolhas de calibre mensionadas anteriormente podem serem escritas

neste formalismo como

∂iAi = 0, (A.51)

denominado Calibre de Coulomb, e ainda

∂µAµ = 0, (A.52)

denominado Calibre de Lorentz.

88

Apendice B

Os Vetores de Polarizacao

Desde o Capıtulo 3 nos deparamos com os chamados vetores de polarizacao, importantes

para a descricao dos campos vetorias. Explicitaremos agora algumas sutilezas que sao de

relevancia para o seu melhor entendimento, bem como para uma melhor nocao de como estes

vetores sao definidos para os casos massivos e nao massivos.

Para a construcao dos vetores de polarizacao εµ(k, λ) comecemos por mostrar a relacao de

ortonormalidade[9] que tais vetores devem satisfazer, e que e dada por

εµ(k, λ)εµ(k, λ′) = gλλ′ . (B.1)

Para o caso do campo vetorial massivo escolheremos uma estrutura para os vetores de

polarizacao de tal forma que os seus dois estados de polarizacao transversais podem ser dados

por

εµ(k, 1) = (0,~ε(k, 1))εµ(k, 2) = (0,~ε(k, 2)),

(B.2)

nos quais os produtos escalares entre tais vetores e kµ, sao dados por

kµεµ(k, 1) = kµε

µ(k, 2) = 0 (B.3)

e ainda

~ε(k, i) · ~ε(k, j) = δij. (B.4)

O estado de polarizacao εµ(k, 3) e construido de maneira que coincida com o vetor de onda

~k, logo

kµεµ(k, 3) = 0. (B.5)

89

Com o intuito de encontrarmos explicitamente o estado de polarizacao εµ(k, 3) calculemos

a relacao de ortonormalidade (B.1) para λ = λ′ = 3, logo, de acordo com a componente g33 do

tensor metrico, temos

εµ(k, 3)εµ(k, 3) = −1. (B.6)

Note que o estado εµ(k, 3) tem que apresentar uma estrutura de tal forma que garanta a condicao

de normalizacao dada por (B.5). Assim sendo, construiremos este estado de polarizacao como

εµ(k, 3) =

(

|~k|m

,~k

|~k|w

m

)

. (B.7)

A equacao (B.7) garantira a condicao (B.6) ja que, da relacao w2k = k2 + m2, podemos

encontrar que

k2

m2− w2

m2= −m2

m2= −1. (B.8)

Note que a equacao (B.7) ja nao e bem definida para m → 0, o que nos sugere uma outra

construcao para o caso de campos vetoriais nao massivos.

Calculando a relacao (B.1) agora para λ = λ′ = 0, de acordo com a componente g00 do

tensor metrico, temos

εµ(k, 0)εµ(k, 0) = 1, (B.9)

assim sendo, a estrutura para este estado de polarizacao se dara como

εµ(k, 0) =1

mkµ. (B.10)

Efetuando agora o produto escalar entre εµ(k, 0) e kµ, temos

εµ(k, 0)kµ =1

m(w2

k − ~k2),

que de acordo com w2k = k2 + m2, fica

εµ(k, 0)kµ = m. (B.11)

De posse desses resultados encontrados ate entao, que nos dao uma estrutura mais explicita

para os estados de polarizacao, reescreveremos a relacao (B.1), que usando o tensor metrico

para baixarmos o ındice µ, ficaremos com

gµνεµ(k, λ)εν(k, λ′) = gλλ′ ,

90

que, multiplicando ambos os lados da igualdade por εν(k, λ), teremos

gµνεµ(k, λ)εν(k, λ′)εν(k, λ) = gλλ′εν(k, λ),

que, concordando com a propria relacao (B.1), fica

gµνgλλ′εµ(k, λ) = gλλ′εν(k, λ),

e multiplicando agora por εµ(k, λ′)

gµνgλλ′εµ(k, λ)εµ(k, λ′) = gλλ′εν(k, λ)εµ(k, λ′),

que ficara como

gµνgλλ′gλλ′

= gλλ′εν(k, λ)εµ(k, λ′),

como, segundo a relacao (A.20), gλλ′ = gλλ′

, e de sabendo ainda que gλλ′gλλ′

= δλλ′ , utilizaremos

a propriedade de filtragem desta, e assim teremos

gµν = gλλεν(k, λ)εµ(k, λ), (B.12)

que pode ainda ser escrita como

gµν = g00εν(k, 0)εµ(k, 0) +

3∑

λ=1

gλλεν(k, λ)εµ(k, λ).

Como g00 = 1 e gλλ = -1 para λ = 1, 2, 3, e utilizando ainda a equacao (B.10), temos

gµν =1

m2kµkν −

3∑

λ=1

εµ(k, λ)εν(k, λ),

ou ainda

3∑

λ=1

εµ(k, λ)εµ(k, λ) = −(

gµν − 1

m2kµkν

)

. (B.13)

Ja para a construcao dos estados de polarizacao para o campo vetorial nao massivo, comeca-

riamos definindo os estados de polarizacao transversais que seriam dados, tambem, pela relacao

(B.2). Veja nas equacoes (B.7) e (B.10) que a obtencao dos estados de polarizacao longitudinal

e escalar nao sao tao imediatos quanto os estados de polarizacao transversal. Como para o caso

nao massivo o que nos tras resultados fısicos sao apenas os fotons transversais, nao exploraremos

este caso para os outros estados de polarizacao uma vez que os mesmos sao automaticamente

eliminados por argumentos fısicos. Uma discussao mais detalhada sobre estes argumentos pode

ser encontrada na referencia[9] desta monografia.

91

Apendice C

Propriedades Matematicas da Funcao

de Pauli-Jordan

Neste apendice mostraremos que a funcao de Pauli-Jordan, introduzida na seccao 4.2 deste

trabalho, satisfaz algumas propriedades de suma importancia para que percebamos que as

relacoes de comutacao entre os operadores de campo, calculadas em pontos arbitrarios do

espaco-tempo, se remetem as relacoes de comutacoes calculadas para tempos iguais, sendo

estas um caso particular de relacoes mais gerais.

A funcao de Pauli-Jordan pode, tambem, ser escrita como[9]

∆(xµ − yµ) = −∫

dk3

(2π)3

sin[kµ(xµ − yµ)]

wk

, (C.1)

sendo que na propria estrutura da equacao (C.1) pode-se perceber que esta e uma funcao ımpar,

ou seja, que

∆(xµ − yµ) = −∆(yµ − xµ). (C.2)

Reescrevendo a equacao (C.1) na forma

∆(xµ − yµ) = −∫

dk3

(2π)3

sin[wk(x0 − y0) − ~k · (~x − ~y)]

wk

, (C.3)

que, calculada em tempos iguais, e dada por

∆(xµ − yµ)|x0=y0 = −∫

dk3

(2π)3

sin[−~k · (~x − ~y)]

wk

.

Como a funcao senoidal e ımpar, temos ainda

∆(xµ − yµ)|x0=y0 =

dk3

(2π)3

sin[~k · (~x − ~y)]

wk

,

92

que, de acordo com[20]

sin θ =eiθ − e−iθ

2i,

ficamos com

∆(xµ − yµ)|x0=y0 =

dk3

(2π)3

ei~k·(~x−~y)

2iwk

−∫

dk3

(2π)3

e−i~k·(~x−~y)

2iwk

.

Trocando no segundo termos desta ultima relacao ~k −→ −~k, temos, finalmente, que a funcao

de Paulin-Jordan e nula quando calculada em tempos iguais, ou seja, que

∆(xµ − yµ)|x0=y0 = 0. (C.4)

Calculando agora a primeira derivada temporal (em relacao a x0) de (C.3), temos

∂0∆(xµ − yµ) = −∫

dk3

(2π)3cos[wk(x0 − y0) − ~k · (~x − ~y)],

que para tempos iguais e levando em consideracao que a funcao cosseno e ımpar, e dada por

∂0∆(xµ − yµ)|x0=y0 = −∫

dk3

(2π)3cos[~k · (~x − ~y)],

que, de acordo com[20]

cos θ =eiθ + e−iθ

2,

pode ser escrita como

∂0∆(xµ − yµ)|x0=y0 = −∫

dk3

(2π)3

ei~k·(~x−~y)

2−

dk3

(2π)3

e−i~k·(~x−~y)

2,

na qual, trocando, novamente no segundo termo, ~k −→ −~k, temos

∂0∆(xµ − yµ)|x0=y0 = −∫

dk3

(2π)3ei~k·(~x−~y),

que e uma das representacoes da Delta de Dirac, logo

∂0∆(xµ − yµ)|x0=y0 = −δ3(~x − ~y). (C.5)

E, por fim, um outro resultado importante a ser obtido dar-se-a ao aplicarmos na funcao de

Pauli-Jordan o operador ∂µ∂µ + m2. Fazendo isso e ja usando o tensor metrico, ficamos com

(∂µ∂µ + m2)∆(xµ − yµ) = (gµν∂µ∂ν + m2)∆(xµ − yµ). (C.6)

93

Calculando o primeiro termo desta ultima equacao, utilizando para isso a representacao (C.1),

temos

∂µ∂µ∆(xµ − yµ) = −gµν∂µ∂ν

dk3

(2π)3

sin[kµ(xµ − yµ)]

wk

,

aplicando ainda o quadri-gradiente ∂ν no integrando da relacao acima, temos

∂µ∂µ∆(xµ − yµ) = −gµν∂µ

dk3

(2π)3

wk

δνµ cos[kµ(xµ − yµ)],

que pode ser escrita como

∂µ∂µ∆(xµ − yµ) = −gµν∂µ

dk3

(2π)3

wk

cos[kµ(xµ − yµ)].

De maneira analoga ao caso anterior, aplicaremos o operador ∂µ, assim

∂µ∂µ∆(xµ − yµ) = gµν

dk3

(2π)3

kνkµ

wk

sin[kµ(xµ − yµ)],

que, segundo o tensor metrico, fica

∂µ∂µ∆(xµ − yµ) =

dk3

(2π)3

kµkµ

wk

sin[kµ(xµ − yµ)]. (C.7)

Substituindo (C.7) em (C.6), temos

(∂µ∂µ + m2)∆(xµ − yµ) =

dk3

(2π)3

kµkµ

wk

sin[kµ(xµ − yµ)] −∫

dk3

(2π)3

m2

wk

sin[kµ(xµ − yµ)]

ou ainda

(∂µ∂µ + m2)∆(xµ − yµ) =

dk3

(2π)3

(kµkµ − m2)

wk

sin[kµ(xµ − yµ)].

Como kµkµ = w2

k − ~k2 e sabendo ainda que w2k = ~k2 + m2, temos, finalmente, que

(∂µ∂µ + m2)∆(xµ − yµ) = 0, (C.8)

ou seja, a funcao de Pauli-Jordan e solucao da equacao homogenea de Klein-Gordon.

94

Bibliografia

[1] ALVES, V.S.S., Notas de aula do curso de Metodos Matematicos para a Fısica Teorica,

UFPA, 2006.

[2] BASSALO, J.M.F., Eletrodinamica Quantica, Editora Livraria da Fısica, 2006.

[3] BASSALO, J.M.F., Metodos da Fısica Teorica II, Editora Universitaria UFPA, 1989.

[4] BUTKOV, E., Fısica Matematica, Editora LTC, 1988.

[5] CARAMES, T.R.P. Consequencias Quanticas e Relativısticas da Compacidade do Espaco,

Trabalho de Conclusao de Curso, UFPA, 2007.

[6] DAS, A.,Proceedings of the seventh MRST meeting, ed. A. Das 1985.

[7] EISBERG, R.; RESNICK, R.,Fısica Quantica, Editora Campus. Das 1974.

[8] GOMES, M.O.C.,Teoria Quantica dos Campos, EDUSP, 2002.

[9] GREINER, W.; Reinhardt, J., Field Quantization, Editora Springer, 1986.

[10] GROSS, F., Relativistic Quantum Mechanics and Field Theory, Editora Wiley Inter-

science, 1993.

[11] ITZYKSON, C.; ZUBER, J.B.Quantun Field Theory, McGraw-Hill International Edi-

tions, 1985.

[12] LIMA, M., Introducao a Relatividade Especial, Ainda nao Publicada, UFPA.

[13] MANDL, F.; SHAW, G., Quantum Field Theory, Addison John Wiley, 1993.

[14] MATTUCK, R.D.,A Guide to Feynman Diagrams in the Many-Body Problem, Dover

Publication, 1976.

95

[15] PASSOS, E.M.R., Aspectos Basicos Sobre a Quantizacao Canonica do Campo Eletro-

magnetico, Trabalho de Conclusao de Curso, UFPA, 1999.

[16] PIZA, A.F.R. de Toledo, Mecanica Quantica, EDUSP, 2003.

[17] REITZ, J.R.; MILFORD, F.J.; CHRISTY, R.W., Fundamentos da Teoria Eletro-

magnetica, Editora Campus, 1982.

[18] RYDER, L.H., Quantum Field Theory - Second Edition, Editora Cambridge, 1996.

[19] SAKURAI, J.J., Modern Quantum Mechanics, Addison-Wesley Publishing Company,

1994.

[20] SYMON, K.R., Mecanica, Editora Campus, 1971.

[21] VIZEU. S., Notas de aula do curso de Mecanica Quantica, UFPA, 2006.

96