Dr. CARLOS COSTA LOMBAERTS _ C

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k ANNO N. 24.

REDACTOR

Dr. CARLOS COSTA

A MAI DE FAMÍLIAr -

DEZEMBRO DE 1882

/W9 EDITORES

LOMBAERTS _ C

PALESTRA DO MEDICOXCVI

expiração consiste noestreitamento do peito,que pelo relaxamento dosmúsculos inspiradorestorna a tomar as suas pri-mitivas dimensões, quan-

do esta cavidade foi dilatada. Então, emvirtude de sua elasticidade, os pulmõesvoltam-se sobre si mesmos.

Assim os pulmões são activos na inspi-ração e passivos na expiração. A contrac-ção de seu tecido que vem em auxilio a suaelasticidade não bastaria para expellirtodo o ar que á inspiração fizera penetrarno seu interior. Os músculos das paredesthoracicas se contrahem para produzirem adiminuição da cavidade de thorax. Eiscomo este resultado é produzido. Os mus-culos inferiores do tronco são os primeirosa contrahirem-se e fixam as costellas infe-riores, as quaes tornam se um ponto deapoio para os músculos intercostaes inter-nos. Estes músculos se contrahem a seuturno e abaixam as costellas umas sobre asoutras, isto é, diminuem os diâmetros trans-versaes e antero-posteriores do peito. OaMxamento das costellas produz o achata-mento do ventre. Os órgãos abdominaesrecalcados para cima restabelecem a con-vexidade do diaphragma e diminuem asdimensões do peito, até que o ar introduzidopela inspiração tenha sido expellido para

Minhas Senhoras,

fora d'este órgão. Os pulmões, que se achamsuspensos na caixa thoracica, seguem emseu movimento de expansão as paredes dopeito e voltam-se sobre si* mesmos desde quecessam de ser dilatados pela inspiração doar. Da mesma maneira que distinguimostrês gráos na inspiração, distinguiremostrês gráos na expiração Io ordinária, 2°grande, 3o forçada.

A primeira se faz pelo relaxamento dodiaphragma, que retoma a sua convexidadee estreita o peito de cima .para baixo. Agrande expiração se faz pelo relaxamentodo diaphragma e dos outros músculos dothorax e pela elasticidade das costellas, deseus cartilagens e do esterno, que voltandoa seu lugar primitivo, estreitam a cavidadethoracica em todos os sentidos. A expiraçãoforçada é provocada pela contracçao detodos os músculos do abdômen e dos grossosmúsculos das costas. Dissemos que os mo-vimentos respiratórios não são submettidossenão em muito fraco limite á acção davontade,

Como a respiração se liga a uma necessi-dade vital, cuja não satisfação arrastariapromptamente a morte, a natureza poz estaíuncção sob a dependência dos nervos cha-mados pneumo-gastricos que funccionamindependentemente da vontade. Se se cortao tronco do nervo pneumo-gastrico a res-piração se perturba profundamente.

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186 A MAI DE FAMÍLIA

»

Porém o verdadeiro centro que preside árespiração se acha no bulbo rachidiano, istoé. na parte superior da medulla espinhal,situada na base do cérebro. Um animal cáemorto, fulminado quando se penetra uminstrumento picante no espaço que separa aultima vertebra occipital da primeira ver-tebra cervical. E' assim que se devem mataros bois nos matadouros.

Em um tempo dado quantas vezes respi-ramos? Admitte-se geralmente que ohomem adulto respira 18 vezes por minuto.Durante o exercido, a respiração se acce-lera. O numero dos movimentos respirato-rios diminue com a idade. Na criança éporém mais freqüente do que no adulto.O recém-nascido respira quarenta e quatrovezes por minuto. As crianças de um annorespiram trinta e cinco vezes por minuto.Na puberdade este numero é de vinte avinte e cinco.

Em geral respira-se uma vez porquantoò coração bate quatro. O numero dos movi-mentos respiratórios cresce durante a febreem proporção directa da actividade anor-mal que adquire então a circulação dosangue. Accrescentemos que todos as cau-sas

"de exeitaeão physica ou moral activam

a respiração. Pelo contrario a attençâoque exige um trabalho de espirito diminueo numero das inspirações e das expirações,de sorte que é necessário de vez em quandotomar se largas inspirações para com-pensar a insuficiência das que precede-

ram. Durante a vigilia, a respiração se fazsem ruido algum; porém, si a respiração éforte e profunda, é accompanhada de ruidoque faz o ar passando pelos fossos nasaes epela bocca. O ronco que se produz algumasvezes durante o somno resulta do ruido quefaz a columna de ar expirado vindo que-brar-se de encontra ao véo de paladar. Oar penetrando nos pulmões produz umruido brando que se percebe applicando-seo ouvido ao peito, este ruido porém ou nãose escuta absolutamente ou é substituído>or outros diferentes nos casos de moles-ias dos bronchios e dos pulmões.

São estes em resumo os phenomenos me-canicos da respiração, a elles se ligam certosactos todos dependentes da maneira porqueentra o ar: assim o oi facção, o suspiro, obocejo dependem dos movimentos de inspi-ração; a tosse, o espirro, a phonação dosda expiração e o riso e soluço dos dous mo-vimentos associados.

Deveria agora tratar dos phenomenoschimicos da respiração, julgo porém muitodifficil este estudo para as pessoas que nãotem conhecimento preliminares de chimica,somente direi que as duas espécies desangue venoso e arterial, dependem do ar,isto é, o sangue venoso é o que ainda nãosoffreu a accão do oxvçeno do ar e o arte-rial é o sangue oxygenado e portanto osangue que nutre.

Carlos Costa.

HYGIENE DA .MULHER PEJADA

{Continuação do ??. 2ÍJ

Já dissemos e agora o repetimos: o exer-cicio é indispensável ás pejadas, exigênciaesta que a physiologia explica

"cabal-

mente: a circulação da mãi soffre mudan-ças muito sensíveis produzidas pelas neces-sidades do feto, cujo systema de nutriçãoreáde todo no sangue materno, mudançasessas que coincidem com os obstáculos que—ao curso do sangue—oppõem certas e de-terminadas compressões mecânicas exerci-

das pelo desenvolvimento do utero: poisbem : para combater taes inconvenientes, esatisfazer ás novas condições orgânicas emque se encontra o apparêlho circulatório, épreciso activar a circulação peripherica,o que só se conseguirá por meio do exercíciomuscular, principal excitante do movimentocapillar.

Quando procedendo de modo inverso amulher conserva-se inactiva, infiltram-se-

A MAI DE FAMÍLIA 187

lhe as extremidades, incham-lhe as veias dametade inferior do corpo, e vem por fim adyspnéa e suas incommodas conseqüências.Desde o principio, pois, da gestação, deve amulher passear, não em logares muito con-corridos, mas em paragens amenas, querecebam os benefícios do sol e do ar livre, eonde—expanclindo-se—o espirito se alegrecom o espectaculo de uma natureza risonha.

O Eio de Janeiro, por exemplo, offereceos pontos mais propícios a esses passeios eexcursões.

Vegetação esplendida e eterna,—zonasarenosas è quentes,—outras, argilosas esêccas,—logares centraes, onde o ar não con-tem humidade,—outros, á beira das grandespraias, onde se pode obter as vantagens deuma columna de ar moderadamente hu-mido,—dentro e fora da barra,—mansas epequenas enseadas que convidam aos pas-seios marítimos sem risco,—situações comverdes pomares de larangeiras, cujas floresembriagam os que passam,—-extensas mat-tas com pássaros das mais variadas cores,que attrahem o caçador,—várzeas matiza-das de transparentes lagos, em cujo espelhose miram as garças e esvoaçam as espanta-dicas marrecas,—por toda a parte, sombrae sol;—praças ajardinadas, campos comcascatas, jardim botânico, passeios públicos,musicas populares, e o que mais ainda—bonds e trens de ferro que conduzem a todosesses pontos, tornando o transito mais ba-rato e por conseguinte menos penoso. Tudoisso, porém, é baldado ; ninguém sahe decasa ! A educação egoista do brazileiroexige da mulher até o sacrifício da própriasaúde.

As horas mais convenientes para os pas-seios, são—no inverno—das oito da manhãem diante; e das 6 ás 9 e ao cahir da tardena estação calmosa.

O passeio á noute não convém nunca ;por mais calor que sintamos durante o dia,a noute é sempre humida, e a humidade esempre inconveniente, a pejada.

Deste moderado exercício, que não iráaté a fadiga, e regularmente prolongadotanto quanto baste para que sua influenciase estenda a todo o corpo, não pôde eximir-se a mulher seja qual for a sua constitui-ção e época da prenhez.

E' verdade que nas ultimas semanas, e

— em alguns casos —até mesmo desdea metade do periodo da gravidez, a mulhersente-se pesada,cora os movimentos tolhidosnão podendo caminhar por espaço de ai-gum tempo sem que sinta a urgente necessi-dade de descansar; esta circumstancia,porem, não deve ser pretexto para sus-pender os passeios; faça-os do mesmo modo, Imas por lugares em que possa encontrarassentos á disposição ou ainda mesmo le-vando comsigo uma cadeira : não faltam nocentro da cidade jardins com todas as com-modidades; e na roça, sombrios arvoredosque—n'este abençoado paiz—não perdemnunca a sua folhagem.

Algumas senhoras, principalmente naprimeira larriga, soffrem de um incom-modo que as priva do exercício activo.Mesmo de mais perfeita saúde,e não cansandofacilmente apoz alguns momentos de exer-cicio, sobrevem-lhes na parte inferior dascostas ou nas cadeiras uma dôr tão forteque impossibilita-as de dar mais um passoe si se esforçam para o fazer, ou tratamde dominar esse estado, são acommettidasfreqüentemente de syncopes, que —feliz-mente—cedem logo que se sentam.

Sou o primeiro a confessar que — n'al-guns casos apresentam-se estes accessos tãorebeldes que obrigam-n^s a mandar sus-pender por algum tempo os passeios, parade novo continual-os mais tarde, e gradual-mente; sendo, porém, tambem certo que —muitas vezes—vence-se facilmente esseobstáculo tendo apenas a pejada o trabalhode ligar-se com uma faxa que lhe compri-ma moderada e methodicamente a parteinferior das costas e as cadeiras, mantendoao mesmo tempo firme o abdômen; essepequeno cuidado que tâo pouco custa, dis-põe-n'a no emtanto a proseguir com o seuexercicio quotidiano, tão útil quanto ne-cessario.

Desde que a mulher sente-se pejada deveabster-se em absoluto da dansa, do salto eda carreira; em sumraa, de todos os mo-vimentos bruscos e violentos.

Não serve de objecção a este preceitodizer que muitas mulheres se dedicam atrabalhos excessivamente penosos durantetoda a gestação, e que outras — taes comoas dansarinas e as amazonas dos circosolympicos — bailam e exercitam a equita- '

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1S8 A MAI DE FAMÍLIA

ção, até os últimos mezes, sem soffiei n-

commodo de maior conseqüência. __tes

factos são verdadeiras excepções, e — comotaes não invalidam a regra geral.

A immunidade, que essas mulheres apre-

sentam, devem-n'a principalmente ao na-

mi todas ellas - mais ou menos - toram

educadas desde muito tenras n essa conti-

nua gymnastica, que não affecta absoluta-mente ò seo organismo, representando n ellas

talvez menos fadiga uma noute de bailadoou de espectaculo, quen'uma senhora de

bôa sociedade meia hora de exercício. Aindaassim, eu não aconselharia a essas artistasa proseguirem nos seos trabalhos visto comoo que ordinariamente o habito evita, pro-dul-o quando menos se espera o abuso ;,ese por ventura as necessidades da viciaobrigam talvez a estes taes excessos nuncaos sanccionará a sciencia.

A pejada não pôde montar á cavallo, nemdeve sahir de carro. Vê-se logo que o pri-meiro conselho é em absoluto; o segundo,tem suas excepções, pois é elle sempre to-leravel quando o carro é de boas molas e

commodo, não caminhe com muita veloci-dade, e roda por lugares planos, arenosos,ou pelo menos bem calçados, de modo anão produzir abalos, como se dá geralmentenor melhor que seja o vehiculo, nas ruasdas nossas principaes cidades, e mesmo nasda Corte, offerecendo por essa razão pessi-mas condições sôb o ponto de vista da se-

gurança e comodidade das pejadas. Se amulher tiver restricta necessidade de sahir,deve substituir a almofada do carro porum assento elástico, d'esses que se enchemde ar ou mesmo de arame com molas; íracorecurso, na verdade, mas que em todo ocaso attenuará os effeitos dos balances e dosboléos.

Esses inconvenientes tornam-se sempremais perigosos nos primeiros mezes da

gestação, nos quaes mais facilmente provo-cara o aborto; depois dos três primeirosmezes, os passeios ou viagens de carro saomais incoramodas que perigosas.

Dr.. Pires de Almeida.

(Contíniia).

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A EDUCAÇÃO DA MULHER

XXXVIII

Quanto aos corpos gordurosos, acerescenta o

espirituoso autor, a saliva e o sueco gástriconão tem acção sobre elles. « — E' mais longe,

no intestino que se opera sua digestão. Três

novos operários — a bilis, o súcco pancreaticoe o sueco intestinal são os continuadores do

trabalho jâ começado pela saliva e o sueco gas-tricô; passam-o em revista, completam, termi-

nam, concluem-no, que a elles incumbe a partedaemulsão e coacçâo dos corpos gordurosos».

*

O modo de preparar os alimentos influe pode-* _.oramentena digestão. Assim é que a carne as-

r. .¦¦ '';¦>' ¦ ¦ '(¦¦'.

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sada ou grelhada é mais fácil de digerir que a

cosida; esta ultima deixa na agua que a cosinha

todos os suecos ou princípios nutritivos, ficando-

lhe apenas uma massa filamentosa sem sabor e

sem aroma O melhor cosido não vale, nem em

paladar nem em substancia, um pedaço de ros-

bife ou uma costella de grelha.As carnes chamadas pretas, como a de vacca

e a de carneiro, são sempre muito mais fortes

que as chamadas brancos taes como a vitella.

a gallinha e outras aves semelhantes.Entre os vegataes alimentícios, os mais na-

trientes são os grãos das plantas chamadas legu-

minosas, como o feijão, o guando, a lentilha e a

A MAI DE FAMÍLIA 189

fava; todavia o principio nutritivo dessa alimen-

tação não corresponde a mais que uma bem di-

minuta parte do peso total que se ingere.

E' preciso que os legumes sejam sempre bem

cosidos, principalmente quando nâo largam com

facilidade a casca em água fervendo.

A melhor alimentação é a mixta, isto é, a que

se compõe alternadamente de carne, peixe, ovos,

e legumes; mas como nem sempre os recursos

permittem essa variedade, o melhor será usar

dos alimentos com que mais bem se dâ o esto-

mago.Os temperos são úteis mas com certa medida;

elles produzem nos órgãos que fornecem o sueco

gástrico, uma excitação favorável à exsudação

desses suecos, e por conseqüência activam a di-

gestão. A pimenta, o sal, o vinagre, a cebola, a

mostarda e outros semelhantes devem ser usados

mas com moderação.No uso dos excitantes taes como a pimenta e

a mostarda, principalmente deve-se ter a maior

cautela; o sentido do gosto se embota pouco a

pouco e exige bem depressa maior porção desses

condimentos, e assim crescendo toca-se ao apo-

gêo da irritabilidade, isto é: -á inflammação

dos intestinos seguida de uma debilitação rápida

dos órgãos digestivos.

** *

O leifc é uma bebida tão agradável e refrige-

rante quão fortemente nutritiva; é o alimento

exclusivo das creancinhas cuja bocca se acha

ainda desguarnecida dos órgãos da mastigação.

O leite da vacca é o que mais se aproxima,

pela sua riqueza em principios assucarados, do

leite da mulher, o de carneira, e o de cabra são

muito mais carregados de elementos gordurosos,e por isso mesmo mais difficeis de digerir,

O leite, pelos seus principios calmantes e ado-

cicados convém sobretudo ás pessoas, cujos or-

gãos respiratórios estão em mau estado, e tam-

bem é muito útil ás fraquezas de estômago e af-

fecções nevrálgicas acompanhadas de falta de

somno.As pessoas sujeitas a indigestões devem evitar

o leite bem como as lymphaticas ou aquellas a

quem a medicina aconselha um regimen tônico,

do mesmo modo é elle inconveniente aos que se

entregam a uma vida activa e trabalhos pesados*A água é a nossa principal bebida e segura-

mente a mais innocente e a mais saudavel,postonão seja própria para restaurar as forças e notempo calmoso excite demasiadamente a transpi-ração, tem comtudo a vantagem de nos deixaro espirito sempre livre, de não alteral-o, comoo fazem as bebidas alcoólicas.

As águas carregadas de calcareos ou barro,

que como vulgarmente se diz talham o sabão

são péssimas para a saúde, o mesmo se dà com,

as águas mal ventiladas como a das cisternas e

poços cobertos.No verão deve-se procurar beber pouca água,

quando a sede fôr demasiada e obrigue a recor-

rer a ella freqüentemente, pode-se moderar a

seceura bebendo-a em pequenas quantidadescom algumas gottas de vinagre.

As bebidas fermentadas usadas com modera-

ção, produzem no organismo uma excitação fa-

voravel, reanimam as forças abatidas, dão côr

áepiderme, são finalmente de muito proveito,

principalmente ás pessoas que se entregam a

exercícios fatigantes.O vinho é uma excellente bebida, simples ou

com a água, tomado principalmente ao jantar ;em jejum ou fora da comida é mais nocivo queútil.

São terríveis os eífeitos do uso immoderado

das bebidas alcoólicas. As funeções do estômago

se pervertem, o appetite desapparece, as forças

se abatem, a intelligencia se enfraquece e pertur-ba-se. A loucura ou a morte esperam em breve

os desgraçados que se entregam a medonha e

aviltante paixão da embriaguez.

A roupa interna a que geralmente se chama

—branca—, costuma ser de Unho ou de algodão.

O Unho mais suave, não apresenta as asperesas

do algodão que irritam a pelle e produzem pe-

nosas comichões; mas. por outro lado o algodão

preserva melhor que o liuho das variações brus-

cas da temperatura; infiltrado do suor deixa-o

evaporar-se mais lentamente que o liuho, e por

esse modo impede os súbitos resfriamentos,

causa continua das constipações.

Para as pessoas que transpiram facilmente, ao

¦ - ;-"i-

190 A MAI DE FAMÍLIA

menor exercicio, e a quem essa predisposiçãoenfadonha torna mais sensível ao frio; o uso

de colletes de flanella é muito salutar; bem

como as cintas dessa mesma fazenda aquellas

que são sujeitas a freqüentes dores no ventre.Não nos esqueçamos de que é bem perigoso ti-

rar-se o chapéo e o manto em que se está envol-vido, ao ar livre, principalmente quando se está

suando ; e que também não é muito conveniente #

desembaraçar-nos dos vestuários de lã usados

no inverno logo aos primeiros núncios do verão.Uma hygiene bem entendida deve proscrever

o vestuário apertado que embaraça a circulaçãodo sangue, o funccionamento dos órgãos respira-torios, e que até dá origem ás aneurismas e algu-mas vezes apoplexias.

O uso dos colletes, já o dissemos e tornamos arepetir, acarreta gravíssimos males. Quando osapertam muito, comprimem as costas e o peito,produzem a compressão do coração, o enfraque-cimento dos pulmões, o engorgitamento do fl-

gado e tantas outras enfermidades, cujo catalogobastaria para amedrontar aquellas que, à custade seu próprio bem estar, não trepidara em con-trafazer a obra da natureza.

Outro tanto devemos também dizer, ainda queas conseqüências sejam menos funestas, do usodo calçado .apertado, que alem de ser a causaprincipal dos callos, incommodo tão enfadonhoquão doloroso, produz também outros males demaior importância.

*

O aceio é a principal condição da saúde.—Este preceito quasi tão velho como o mundo, eque muitas religiões, sobre todas as do Oriente,transformaram em lei pratica é de uma verdadeincontestável.

Nossa pelle é uma sede continua de transpi-ração, que traz á superfície pelos innumeros porosdo corpo uma matéria viscosa dissolvida emágua, esta evaporando-se deixa sobre a pelle oprincipio que mantinha em dissolução, que fôrmauma espécie de verniz gommoso, ao qual seadhere a poeira, que por toda a'parte se levantaem torno de nós; de tudo isso resulta uma espe"cie de crosta que irrita a epiderme, provoca co-michões, e produz bulbos oudartros, embaraçam

a transpiração e, por conseqüência, a expulsão

que por esse meio faz o corpo dos elementos quelhe são nocivos; d'ahi uma serie de enfermidadesmais ou menos graves.

A lavagem freqüente com a água fria daspartes mais expostas ao tempo como a cara, opescoço e as mãos, e com água quente todo ocorpo pelo menos uma vez ao dia, é de absolutanecessidade, tanto mais indispensável quantamais abundantes são as transpirações.

O sabão e o sabonete de amêndoas ajudammuito a dissolver o verniz gorduroso que se.adhere á pelle.

Bom é precavermo-nos contra o emprego decertos cosméticos, principalmente destinados a.tingir o cabello; os saes minéraes que geralmente*entram em taes composições têm influenciasobre o couro cabelludo, e essa má influencia vaeás vezes bem longe. As nevralgias violentas, asparalysias e até mesmo desarranjos mentaes,podem ter por origem essas malfadadas prepa-rações.

Quanto ás pommadas destinadas a fazer renas-cer 0 cabello, essas produzem tanto effeito comoa de uma panacéa applicada a um maneta,com ofim de fazer vir outro braço em lugar do perdido.

Algumas vezes, no entanto,a queda dos cabel-los é produzida por uma febre cerebral ou ty-phoide, então as raizes não estão destruídas enesse caso raspando-se simplesmente a cabeçaobtem-se o desejado resultado, sem lançar mãodesses remédios apregoados por pomposos an-núncios ou grandes cartazes.

O tartaro que se acumula nos dentes altera-lhe o esmalte e o polido, predispondo-o paraa carie.

Contra esse mal não valem as águas divinas^massas japonezas nem pó chinez, com tantasegurança, como a água pura e uma boa escova.

As dores de dentes devidas a carie augmentamcom as bebidas quentes; os banhos tepidos ecompleta abstensão das bebidas alcoólicas con-tribuem muito para abrandal-as; o emprego doscauterios, como o creòsoto e as essências decravo, limão e outras, entorpecem a dor ó ver-dade, mas destroem os dentes, fal-os cahir empedaços.

Felix Ferreira.

A MAI DE FAMÍLIA 191

QUADRO SYNOPTICODE

EDUCAÇÃO E INSTRUCÇÃO COMPLETAS ACOMPANHANDO O HOMEM DESDE A INFÂNCIA ATÉ OEXERCÍCIO DE UMA PROFISSÃO DEFINITIVA

(continuação do n. 23)

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Olptos e matérias da educação e instrucção

Fhysica

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Todos os exercidosprecedentes, e, paraos moços accrescen-tar a esgrima. Asmocas devem apren-der* a talhar e pre-parar a roupa deseu uso.

Caçada e pesca. Pas-seios a cavallo. Asmoças dirigem sue-cessivamente as va-rias oecupações earranjos da casa,iniciando-se com aeconomia domes-tica.

Serviço militar oumarítimo duranteeste anno. Aperfei-çoar-se nos exerci-cios physicos, estu-dar bem as mano-bras no mar ou osexercicios militares.

A

Moral

Relações moraes dohomem com a so-ciedade. Deveres eresponsabilidade.Sentimentos da per-fectibilidade.

Conhecimento domundo; prudência,espirito de conduta.Deesjo de merecera approvaçao, aconsideração, a es-tima.

Obediência, di9cipli-na; sciencia do man-do. Preservativoscontra os mãos cos-tume.

Intellectual

Alem dos passeiosinstructivos,estudara historia da Idademedia; fazer com-posições em prosa eem verso, nas variaslínguas aprendidas.Rever toda a geo-graphia.

Historia moderna,economia politica,influencia do com-mercio, das scien-cias, artes, civilisa-ção, legislação ereligião sobre cadapovo em particulare sobre a hnmani-dade em geral.

Aperfeiçoamento nasmathernaticas; es-tudar a theoria e apratica do attaque eda defeza das pra-ças; tomar noçõesêxactas dos váriosramos da arte daguerrs., lêr as me-morias militaresmais afamadas.

Emprego do

tempo para cada

dia.

Maisou menos comodurante o 15° anno.

Com poucas modifi-cações, o empregodo* tempo é distri-buido como no annoanterior.

O emprego do tempoé subordinado aosdeveres, mas o queresta deve ser uti-Usado conforme osprincipios dos an-nos precedentes.

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EXPLICAÇÃO DA FOIiHA DE MOLDES

Distribuída com o presente numero aos nossos assignantes da Ia edição

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FACE

Paletó para menino de 6 a 10 annos

Este paletó é de panno leve cor de café com

leite. O chalé é de veludo ou pelúcia cor de

castanha. Abotôa-se o dianteiro de alto a

baixo com sete botões. As três costuras são

arqueadas de maneira a tornar o paletó justoao corpo. O comprimento éde4cents. abaixo

do meio da coxa. As mangas de largura media

rematam-se com alto canhão de veludo ou

pelúcia cor de castanha. Botões e alamar comagulheta cor de palha.

N. 1. Dianteiro. — N. 2. Costas. — N. 3.Parte superior da manga. — N. 4. Parte in-ferior da manga. — N. 5. Chalé.

Menina de 2 a 3 annos

Vestido de setim de lã cor de rosa. O dian-teiro é franzido na gola e na cinta. Cinto elaço de chamalote. Renda crua pelo dianteiro,e$i folho na beira da saia e nos punhos.

N. 6. Dianteiro. — N. 7. Costas. — N. 8.Parte superior da manga. — N.. 9. Parte in-ferior da manga. — N. 10. Parte franzida dodianteiro.

Calça de flanella para criança de 3 a 4 annos.

Uma tira bordada em recorte, de igual

fazenda, prega-se na parte inferior, fixada(ra,V.

n'umatira de 32 cents.N. 11. Dianteiro.—N. 12. Parte trazeira.

— N. i3. Dianteiro do cós. — N. 14. Costasdo cós. — N. i5. Tira para a parte inferiorda calça.

VERSO

Corpinho de bico pcura menina de 9 a 10 annos

Este corpinho é de cachemira. Orna-secom fichú de pelúcia. As mangas justas têmcanhões de pelúcia.

N. 16. Dianteiro. — N. 17. Quartinho. —

N. 18. Costas. — N. 19. Parte superior da

manga. — N. 20. Parte inferior da man-

ga. — N. 21. Collarinho-fichú do corpinho.

Vestido de forma ingleza para meninade 4 a 6 annos

Este vestido é de cachemira. O dianteiro éde veludo, bem como a guarnição dos bolsos.Saia de pregas. Alamares de seda.

N. 22. Dianteiro. — N. 23. Quartinho. —

N. 24. Costas. — N. 2.*>. Parte superior damanga. — N. 26. Parte inferior da manga.

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PBEÇO ANNUAL COM FIGURINO

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TYPOGRAPHIA LOMBAERTS E COMP., RUA DOS OURIVES 7

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