Case "Fundo Vale e o mapeamento de sinergias na Amazonia"

22
Prêmio Von Martius de Sustentabilidade 2014 Mapa de Sinergias da Pan-Amazônia

Transcript of Case "Fundo Vale e o mapeamento de sinergias na Amazonia"

Prêmio Von Martius de Sustentabilidade 2014

Mapa de Sinergias da Pan-Amazônia

Prêmio Von Martius de Sustentabilidade

Edição 2014

Organização: Fundo Vale – Associação Vale para o Desenvolvimento Sustentável

Projeto:Mapeando sinergias pela sustentabilidade da Pan-Amazônia

Categoria:Humanidade

Índice

1. Resumo executivo2. Objetivos3. Sobre o Fundo Vale 3.1 Equipe e capacidade técnica 3.2 Parceiros e projetos

4. O Mapeamento das sinergias na Pan-Amazônia 4.1 Objetivos 4.2 Metodologia 4.3 Principais caracteristicas encontradas 4.4 Análise semântica

5. Produtos e resultados 5.1 Produto 1: Website com o “Mapa de Sinergias da Pan-Amazônia” 5.1.1 Resultados 5.2 Produto 2: Ferramentas para eficiência de conectividade 5.2.1 Resultados

4

1. Resumo executivo

Criado em 2009 como parte da Política de Desenvolvimento Sustentável da Vale SA, o Fundo Vale é um fundo de sustentabilidade com título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que atua em parceria com instituições da sociedade, públicas e privadas (atualmente 25 organizações), para promover o desenvolvimento sustentável e deixar um legado positivo e estratégico para as próximas gerações. Busca induzir, conectar ou multiplicar soluções transformadoras para as sociedades, mercado e meio ambiente.

Em quatro anos de operação, o Fundo Vale investiu aproximadamente R$ 95 milhões em 43 iniciativas agrupadas em três Programas:

• Monitoramento Estratégico: busca potencializar iniciativas de monitoramento e políticas de intervenção, com base na geração e uso de informação estratégica para a conservação dos recursos naturais, a redução da sua degradação e o desenvolvimento sustentável das populações locais

• Áreas Protegidas e Biodiversidade: visa promover a gestão integrada das áreas protegidas, em conexão e sinergia com as estratégias de desenvolvimento local, regional e nacional, de forma a demonstrar a sua contribuição para os territórios e garantir a sustentabilidade destas áreas e de seus povos.

• Municípios Verdes: apoia uma nova agenda de desenvolvimento sustentável dos municípios, com engajamento dos atores locais, conciliando gestão ambiental efetiva e economia local de base sustentável.

Além das parcerias de projetos focadas no desenvolvimento sustentável de diferentes territórios da Amazônia, a partir de 2012 o Fundo Vale ampliou seu escopo sua atuação e passou a desenvolver iniciativas de âmbito nacional, em temas complementares à sua atuação local:

• Matriz PSA Brasil, em parceria com a ONG internacional Forest Trends para fortalecer o mercado de Pagamento por Serviços Ambientais no país,

• Agenda Florestal Brasileira, conjunto de ações para fortalecer a inclusão do setor florestal na economia brasileira e o

• “Mapa de Sinergias da Pan-Amazônia”, pesquisa e ferramenta interativa de web criada para promover a sinergia entre centenas de organizações e pessoas que atuam pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia - programa que é o foco deste case.

O “Mapa de sinergias da Pan-Amazônia” é o mais completo levantamento sobre o perfil e o potencial de sinergia já realizado com as centenas de organizações e pessoas que atuam pelo desenvolvimento sustentável da Pan-Amazônia - Brasil e mais 7 outros países do bioma.

Este trabalho – que gerou um mapa interativo na internet e um estudo das potenciais sinergias entre estas organizações e pessoas – procurou ser o mais abrangente possível e trabalhou com informações coletadas em duas frentes de análise: 708 pessoas foram envolvidas e 81 websites foram analisados. As informações coletadas através de 350 questionários e 29 entrevistas conduzidas com o apoio das redes do Fundo Vale, Fundação Avina, Ashoka e Lead foram organizadas em um mapa interativo na internet que dá visibilidade ao que cada uma dessas organizações faz na Pan-Amazônia – o “Mapa de Sinergias da Pan-Amazônia”.

5

O mapa permite acesso interativo para facilitar o trabalho de dirigentes e agentes sociais, formadores de opinião, gestores de politicas públicas, promotores e investidores privados de 10 Estados brasileiros e 7 países do bioma. Acessando o mapa - http://www.sinergiapanamazonia.org.br/ - qualquer pessoa pode escolher uma região e identificar imediatamente quem está operando ali em 45 dimensões ambientais, sociais, economicas e culturais; qual o potencial de sinergia de experiência; qual o foco dos beneficiados entre 28 segmentos específicos de públicos-alvo e também quem pode ceder expertises específicas.

A pesquisa também realizou uma reflexão baseada nos conceitos de inteligência de redes, com análise semântica e de dados, que permitiu mapear fluxos de conectividade e interação entre as organizações. Desta maneira, além de informar quem está fazendo o que, como, onde e quando, o “Mapa de Sinergias da Pan-Amazônia” também permite que o Fundo Vale, como gestor de programas e investidor, possa atuar no sentido de incrementar e valorizar relações sinérgicas entre os players.

Uma segunda rodada desta pesquisa para atualização do estudo está sendo conduzida neste primeiro semestre de 2014 pelo Fundo Vale em parceria com a ARA - Articulação Regional Amazônica, uma rede social com 51 reconhecidas instituições e seus aliados, que operam em sete países da Amazônia continental.

6

2. Objetivos

Com o mapeamento de sinergias pela sustentabilidade da Pan-Amazônia o Fundo Vale buscou tornar mais eficiente seu investimento e qualificar sua capacidade de gestão, porque os produtos resultantes seriam não só o mapa das sinergias (Produto 1), o recenseamento das práticas dos atores (saber quem está fazendo o que nos territórios de atuação), mas também uma ferramenta de gestão (Produto 2), para conhecer as motivações, as relações e o fluxo de informações entre esses atores. Assim, os objetivos do mapeamento de sinergias pela sustentabilidade da Pan-Amazônia são três:

• Identificar e mapear o trabalho das pessoas e organizações que atuam em prol do desenvolvimento sustentável do bioma amazônico em áreas (Dimensões) que permitam intercâmbio e colaboração. Ao final do processo foram definidas Dimensões Temáticas (45 temas de meio ambiente, sociedade, economia e cultura), Públicos Beneficiados (28 segmentos) e Expertises (24 habilidades)

• Identificar e mapear as relações de conectividade entre estes atores no contexto da rede de relações entre eles, em termos de dinâmicas de influência, centralidade de atores, distância entre participantes, pontos de confluência e gargalos, padrões de liderança, distribuição e muitos outros elementos que no contexto de metodologias de Análise de Redes Sociais significam “Nós” (os individuos de uma rede) e “Links” (as relações entre os individuos)

• De posse das análises quantitativa (recensamento) e qualitativa (relações de conectividade),

planejar ações pontuais para promover eficiência nos investimentos e gestão do processo e com isso fortalecer a atuação dos diversos atores no bioma Amazônia.

7

3. Sobre o Fundo Vale

Criado pela Vale SA em 2009, o Fundo Vale é um fundo de sustentabilidade sem fins lucrativos, com título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que atua em parceria com diversas instituições da sociedade, públicas e privadas, para promover o desenvolvimento sustentável e deixar um legado positivo e estratégico para as próximas gerações. Busca induzir, conectar ou multiplicar soluções transformadoras para as sociedades, mercado e meio ambiente.

Em quatro anos de operação, o Fundo Vale investiu aproximadamente R$ 95 milhões em 43 iniciativas agrupadas em três Programas:

• Monitoramento Estratégico: busca potencializar iniciativas de monitoramento e políticas de intervenção, com base na geração e uso de informação estratégica para a conservação dos recursos naturais, a redução da sua degradação e o desenvolvimento sustentável das populações locais

• Áreas Protegidas e Biodiversidade: visa promover a gestão integrada das áreas protegidas, em conexão e sinergia com as estratégias de desenvolvimento local, regional e nacional, de forma a demonstrar a sua contribuição para os territórios e garantir a sustentabilidade destas áreas e de seus povos.

• Municípios Verdes: apoia uma nova agenda de desenvolvimento sustentável dos municípios, com engajamento dos atores locais, conciliando gestão ambiental efetiva e economia local de base sustentável.

Estes Programas são realizados em um contexto de territórios de atuação, que atualmente são 10: Bacia do Rio Negro, Acre, Sul do Amazonas, Rondônia-Mato Grosso, Leste Paraense, Corredor Xingu, Corredor Tapajós, Escudos das Guianas, Estuário do Rio Amazonas, Bioma Amazônia – veja a imagem abaixo. O Fundo Vale promove o desenvolvimento territorial a partir de novas formas de relacionamento e iniciativas que sejam decisivas para a transformação positiva da localidade, construindo coletivamente soluções para conciliar economia, sociedade e natureza.

Territórios de atuação

O Fundo Vale trabalha o desenvolvimento territorial a partir de novas formas de relacionamento e iniciativas que sejam decisivas para a transformação positiva da localidade, construindo coletivamente soluções para conciliar economia, sociedade e natureza.

8

3.1 Equipe e capacidade técnica

Para priorizar a capacitação, mobilização e transformação das comunidades e territórios de atuação, a equipe do Fundo Vale é formada por uma pequena equipe de gestão com 12 pessoas na sede da organização, no Rio de Janeiro, que gerencia e mobiliza os recursos humanos especializados alocados pelas organizações parceiras (veja abaixo) que, no conjunto somam mais de 90 profissionais diretamente envolvidos nas 30 iniciativas em realização.

Estes mais de 100 profissionais tem larga experiência de operação em campo na Amazônia e são especialistas em áreas do conhecimento como engenharia florestal, ecologia, economia, agronomia, antropologia, geoprocessamento, biologia, sociologia, geografia, geopolítica, administração, comunicação e direito ambiental. Cerca de 70% desta equipe possui pós-graduação, mestrado ou doutorado.

3.2 Parceiros e projetos

Parceiros

O Fundo Vale atua por meio de parcerias com organizações que são referências internacionais em sustentabilidade, com destaque para sua reputação, presença de campo e resultados efetivos na agenda socioambiental brasileira.

A Rede de Parceiros do Fundo Vale oferece especialistas de qualidade superior, com experiência comprovada de campo no bioma amazônico, que operam com interação e sinergia.

9

Esta estrutura de parcerias opera em uma rede de cooperação e intercâmbio e é integrada por:

• ARA - Articulação Regional Amazônica• Amigos da Terra – Amazônia Brasileira • ECAM - Equipe de Conservação da Amazônia• FVA - Fundação Vitória Amazônica• Fundação Avina• FRM - Fundação Roberto Marinho • Forest Trends• Grupo Faro • IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil• IFT - Instituto Floresta Tropical• Imaflora - Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola • Imazon - Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia• ISA - Instituto Socioambiental• Iniciativa Amapá • IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas• Idesam - Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas• ICV – Instituto Centro de Vida• Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)• TNC – The Nature Conservancy • Rede GTA – Grupo de Trabalho Amazônico• SPRP - Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas • Saúde & Alegria• Instituto Peabiru

Rede de Parceiros do Fundo Vale: uma rede de cooperação e intercâmbio conectados por ideais comuns.

10

Projetos em realização

Em quatro anos de operação o Fundo Vale investiu em 43 iniciativas com duração entre 12 a 36 meses, dos quais 15 já foram concluídas e 30 estão em realização:

1. Fortalecimento Suruí2. Cotriguaçú Sempre Verde3. Pecuária Integrada de Baixo Carbono em Alta Floresta4. Café em Agrofloresta5. Xingu Ambiente Sustentável II6. Desenvolvimento Local Sustentável no Sul do Amazonas7. Governança Florestal na BR-1638. Almerim Sustentável II9. Certificação de Origem (Terra do Meio II)10. Produção e Mercado de Cacau com Responsabilidade Socioambiental11. Fundamentos econômicos para uma pecuária de menor impacto na Amazônia12. Calha Norte Paraense13. Eco-Polos Amazônia XXI14. Ordenamento socioambiental da Bacia do Rio Xingu15. Paragominas, Modelo de Agropecuária Verde16. Formando Lideranças no Rio Negro para o Futuro da Amazônia17. Semeando Sustentabilidade em Apuí Fase II18. Fortalecimento da Gestão Territorial no Marajó19. Construção do Protocolo Comunitário do Amapá20. Apoio ao Desenvolvimento Territorial Integrado em

Unidades de Conservação da Amazônia21. Fortalecimento da tomada decisão para gestão

sustentável de florestas e território a partir do monitoramento remoto e mudanças do uso do solo

22. Matriz PSA Brasil: Iniciativas Brasileiras de Pagamentos por Serviços Ambientais

23. Alternativas econômicas e capacidade para conservação e desenvolvimento sustentável na Amazônia Brasileira - ECAM

24. Caminhos para Gestão Integrada - Unidades de Conservação e Planejamento Socioambiental Regional

25. Apoio ao Desenvolvimento do Manejo Florestal Comunitário e Familiar em Florestas Públicas da Amazônia Brasileira

26. Contribuições para a agenda da sustentabilidade brasileira: consolidação dos mecanismos de compensação ambiental, planejamento integrado da água e, conservação e uso sustentável da biodiversidade

27. Consolidação da Articulação Regional Amazônica28. Ordenamento Territorial no Sul do Amazonas -

SULAM II29. Fortalecimento Institucional do Amapá30. Fortalecimento de Cadeiras Produtivas Corredor Xingu

O açaí é um dos produtos florestais não madeireiros que tem sua cadeia produtiva

incentivada no contexto dos projetos do Fundo Vale no bioma amazônico

11

4. O mapeamento das sinergias na Pan-Amazônia

4.1 Objetivos Com o mapeamento de sinergias pela sustentabilidade da Pan-Amazônia o Fundo Vale buscou tornar mais eficiente seu investimento e qualificar sua capacidade de gestão, porque os produtos resultantes seriam não só o mapa das sinergias (Produto 1), o recenseamento das práticas dos atores (saber quem está fazendo o que nos territórios de atuação), mas também uma ferramenta de gestão (Produto 21), para conhecer as motivações, as relações e o fluxo de informações entre esses atores. Desta maneira, os objetivos do “Mapa de Sinergias da Pan-Amazônia” são três:

• Identificar e mapear o trabalho das pessoas e organizações que atuam em prol do desenvolvimento sustentável do bioma amazônico em áreas (Dimensões) que permitam intercâmbio e colaboração. Ao final do processo foram definidas Dimensões Temáticas (45 temas de meio ambiente, sociedade, economia e cultura), Públicos Beneficiados (28 segmentos) e Expertises (24 habilidades)

• Identificar e mapear as relações de conectividade entre estes atores no contexto da rede de relações entre eles, em termos de dinâmicas de influência, centralidade de atores, distância entre participantes, pontos de confluência e gargalos, padrões de liderança, distribuição e muitos outros elementos que no contexto de metodologias de Análise de Redes Sociais significam Nós (os individuos de uma rede) e Links (as relações entre os individuos)

• De posse das análises quantitativa (recensamento) e qualitativa (relações de conectividade), planejar ações pontuais para promover eficiência nos investimentos e com isso fortalecer a atuação dos diversos atores no bioma Amazônia.

4.2 Metodologia e processo Como vem investindo de maneira estruturante no bioma Amazônia, o Fundo Vale queria entender se havia, efetivamente, processos colaborativos na Pan-Amazônia (bioma amazônico no Brasil e outros 7 países), ou seja, qual o grau e extensão de redes colaborativas, e como poderia tornar mais eficiente seu processo de gestão. A motivação de uma pessoa para colaborar com outra(s) é decidida por valores ou interesses compartilhados. Em uma rede colaborativa, pessoas estão conectadas não em torno de uma idéia ou ideal, mas sim em torno de um objetivo comum – e colaboração exige confiança e acontece em vários niveis, como mostra o primeiro quadro da página seguinte.

A metodologia utilizada foi a de inteligência de redes, que permite avaliar uma série de aspectos em uma rede, a partir da análise semântica e de outros dados. Assim, além de informar quem está fazendo o que, como, onde e quando, o “Mapa de Sinergias da Pan-Amazônia” também permite que o Fundo Vale, como gestor de programas, possa incrementar e valorizar as relações sinérgicas entre os players.

12

A análise semântica das relações em uma rede permite conhecer distribuição de relações, dinâmicas de influência, gargalos em relações, centralidade de atores, densidade da rede, distâncias, entre outros.

O processo começou com o envio de um questionário para organizações integrantes da base de dados do Fundo Vale, ampliado por listagens das redes da Fundação Avina, Fundação Ashoka e Lead e seus contatos. Desta forma foram contactadas e receberam questionários 708 pessoas, com a obtenção de 350 respostas. Num segundo momento foram realizadas entrevistas em profundidade com 29 pessoas e analisados 81 websites das instituições que atuam no bioma.

A partir disso foi feita uma análise semântica das informações, considerando as Ego-redes (redes ligadas a uma pessoa, do ponto de vista dessa pessoa) e Meta-redes (redes de Egos), como a análise das Redes Sociais, com seus “Nós” (o ator na rede) e “Linhas” (as relações de cada ator na rede).

13

Avaliando-se todos os elementos entre Nós e Linhas no contexto da análise semântica destas relações, é possivel se chegar a desenhos de redes ligando-se a redes, como a imagem acima exemplifica, onde pequenas redes de cores específicas se relacionam com outras redes e assim sucessivasmente, dentro de uma grande Meta-Rede.

4.3 Principais características encontradas

No estudo foram avaliados os diversos elementos das redes de relacionamentos na Pan-Amazônia e identificadas as seguintes características principais:

Densidade: é a relação entre o total de vínculos presentes com a quantidade de vínculos possiveis; por causa das dimensões territoriais no caso da Pan-Amazônia se apresentou muito baixa, construída sobre 708 pessoas e 806 links

Distância: é o número mínimo de links necessários para conectar dois individuos (Nós) em uma rede. Nesse estudo a distância média foi de 8,2, um número que indica baixa conectividade, inversamente proporcional ao potencial colaborativo da rede.

Centralidade: é a localização de um Nó na rede, determinada por dois fatores principais: a quantidade de links que a ligam a outros Nós e também a quem está conectada.

14

Mobilização da rede: foram avaliados três arquétipos capazes de movimentar uma rede em sua totalidade - Hubs, Pulsetakers e Gatekeepers, apresentados a seguir.

* Hubs são indivíduos diretamente conectados com muitos outros, indispensáveis no fluxo de informações porque tem alta centralidade.

Capacidade de Influência: em redes a capacidade de uma pessoa influenciar outra se dá em função do interesse ou confiança e por aspectos de mobilização, como mostra o quadro ao lado

O estudo mostrou a existência de poucos Hubs com alta capacidade de influência, o que resulta em um fluxo de informações muito pobre.

15

* Pulsetakers são individuos que tem maior número de conexões indiretas na rede; são conectados com todos na rede pelo número mais curto de caminhos; são pouco visiveis, mas vêem tudo.

* Gatekeepers são individuos que conectam diferentes partes da rede e controlam fluxos e contatos para pontos especificos da rede. Como exercem controle, podem ser gargalos ou multiplicadores de informações.

4.4 Análise semântica

Em linguística, análise semântica relaciona estruturas sintáticas (frases, orações, parágrafos) entre si, procurando identificar sentidos e mensagens em contextos linguisticos, elementos culturais e elementos da fala figurativa.

O estudo mostrou uma baixa presença de Pulsetakers, concentrados em sua grande maioria no núcleo mais denso da rede e distribuídos em pequenos clusters controlados por Gatekeepers. Essa caracteristica indica que a pouca colaboração existente se dá em pequenos grupos de afinidade.

O estudo mostrou a existência de muitos Gagekeepers influentes, o que fragmenta a rede e baixa o fluxo de informações, especialmente porque também foi percebida baixa presença de Hubs.

16

Através da análise semântica a pesquisa encontrou 23 categorias de temas comuns entre os resultados do grupo dos entrevistados e os resultados da análise dos websites das organizações. Veja abaixo as respostas dadas pelos entrevistados com os questionários (em vermelho) e pelo que foi encontrado nos sites (em azul).

Além destas 23 categorias de temas comuns aos dois grupos, a análise dos websistes institucionais das ONGs encontrou outras quatro Categorias de temas não verbalizadas pelos entrevistados:

• empoderamento sócio-regional e conservação; • incentivo ao agronegócio e serviços de geotecnologia; • ações de restauração e ações de pesquisa; e • ações de etno-zoneamento e articulação de redes.

A partir da análise detalhada das respostas e tendências, a pesquisa chegou a algumas conclusões, conforme ilustradas no quadro da página seguinte.

17

18

5. Produtos e resultados

5.1 Produto 1: Website com o “Mapa de Sinergias da Pan-Amazônia”

A pesquisa permitiu identificar e mapear o trabalho das pessoas e organizações que atuam em prol do desenvolvimento sustentável do bioma amazônico em 10 Estados brasileiros e em 7 países da Pan-Amazônia. Para facilitar a pesquisa e o intercâmbio de informações, as respostas foram organizadas em tres grandes áreas: Dimensões Temáticas, Públicos Beneficiados e Expertises e colocadas em um mapa interativo na internet - http://www.sinergiapanAmazônia.org.br/.

Resultados

O mapa permite acesso simplificado e qualificado e vem sendo útil para dirigentes e agentes sociais, formadores de opinião, gestores de políticas públicas, promotores e investidores privados. Acessando o mapa qualquer pessoa pode escolher uma região e identificar imediatamente quem está operando ali em 45 Dimensões ambientais, sociais, econômicas e culturais; qual o potencial de sinergia das experiências; qual o foco dos Beneficiados entre 28 segmentos específicos de públicos-alvo e também quem pode ceder alguma das 24 Expertises identificadas.

Veja a seguir os principais elementos de consulta do mapa.

Territórios cobertos no Brasil - 10: Estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Exemplo de pesquisa: mapa de parte do Estado do Amapá com os ícones das Dimensões, Públicos beneficiados e Expertises

Dimensões Temáticas - 45:

12 Dimensões Ambientais: Agricultura sustentável, biodiversidade, conservação, energia, manejo sustentável, mecanismos de desenvolvimento, OGM (organismos genéticamente modificados), pecuária sustentável, reciclagem de residuos sólidos, serviços ambientais, uso do solo e uso e conservação da água.

15 Dimensões Sociais: Acesso a bens e serviços fundamentais, desenvolvimento urbano, educação, fortalecimento comunitário, habitação, inclusão digital, inclusão pelo esporte, juventude, minorias étcnicas, participação cidadã, proteção de direitos, população marginalizada, regularização fundiária, saúde e trabalho escravo.

12 Dimensões Econômicas: Acesso a serviços financeiros, acesso ao mercado de trabalho, cadeias de valor, capacitação profissional, comércio justo, cooperativismo, empreendedorismo, estratégias econômicas multisetoriais, extrativismo, geração de renda, sistemas financeiros alternativos e tecnologias de produção agropecuária.

Exemplo de pesquisa: mapa de localização de projetos de Cadeias de Valor no bioma amazônico brasileiro. Do lado direito é possível ver a lista das organizações atuantes

6 Dimensões Culturais: Artes gráficas, patrimonio histórico, preservação cultural, turismo comunitário, artesanato e música.

Públicos beneficiados - 28: Academia, afetados por construcão de barragens, agricultores, catadores, crianças e adolescentes, coletores, empreendedores, GLTB, idosos, indígenas, moradores de rua, mulheres, negros, organi-zações socioambientais, órgãos de governo, pecuaristas, pescadores, políticos, população rural, população urbana, portadores de HIV, profissionais da educação, quilombolas, ribeirinhos, sem terra, sem teto e usuários abusivos de álcool ou drogas.

19

Exemplo de pesquisa: mapa de localização de públicos beneficiados. Do lado direito é possível ver a lista das organizações atuantes em cada segmento de público pesquisado

Áreas de expertise – 24

Atendimento médico, capacitação e formação, certificação da produção, comunicação e campa-nhas, desenho de estratégias, engajamento intersetorial, facilitação de encontros, fomento de redes, gestão de crises, gestão de recursos, gestão organizacional, georreferenciamento, influên-cia em políticas públicas, inteligência de redes, mediação de conflitos, mobilização de recursos, mobilização social, monitoramento por satélites, organização de eventos, pesquisa e diagnósticos, produção audio-visual e de publicidade, rastreamento de madeira, sistematização e gestão de conhecimento e financiamento de atividades.

Exemplo de pesquisa múltipla, de dimensõeses sociais, ambientais e econômicas. Do lado direito é possível ver a lista das organizações atuantes em cada dimensão

20

5.2 Produto 2: Ferramentas para eficiência de conectividade

A metodologia de análise semântica baseada nos conceitos de inteligência de redes, mostrou que existe baixa conectividade dentro da rede, o que é inversamente proporcional ao potencial colaborativo desejável entre os agentes que atuam na região. Esse cenário é altamente restritivo para uma cultura de inovação, na medida em que conhecimento e informação são controlados e tratados de forma restritiva no contexto da rede – e diminui os reultados finais do esforço o Fundo Vale na região.

Resultados

O diagnóstico identificou que, para reverter este quadro, seria importante incentivar ações coletivas e com focos pontuais para a produção e disseminação de conhecimentos, e também fortalecer as redes já existentes, como as resumidos abaixo:

• Aumentar a mobilização para construir relações de confianca, que são mais perenes.• Movimentar a rede para objetivos comuns.• Trabalhar em torno de temas que gerem conexões – o que fortalecerá a periferia da rede.• Oferecer informação e conhecimento de forma dinâmica, fazer a informação circular para

diminuir o controle e centralização (aumentar os Hubs).• Aumentar e fortalecer a capacidade das redes menores existentes dentro da grande rede.• Planejar a continuidade da pesquisa, numa segunda etapa, para garantir maior legitimidade e

participação de quem atua no bioma.

Entre as iniciativas já em curso pelo Fundo Vale para aumentar a conectividade dentro da rede, e com isso melhorar a eficiência da gestão do Fundo Vale sobre seus investimentos e fortalecer sua atuação na Pan Amazônia, estão: • A criação de espaços de colaboração entre os parceiros como forma de estimular um modelo com

maior sinergia, tais como: - a organização de uma “feira de trocas” nos Encontros de Parceiros. - a criação de uma lista de discussão online para troca de conhecimentos. - a proposição de ações conjuntas.

• A participação desde o início da construção de uma nova rede de relacionamentos técnicos na região – a Rede de Capacitação da Amazônia (Recam) - criada em 2013 com o objetivo de fortalecer os processos de capacitação com foco no fortalecimento dos municípios e da gestão ambiental.

• Investimento em iniciativas que extrapolem os grupos formais já existentes e possam unir pessoas em torno de temas ou causas específicas, como por exemplo aquelas baseadas nas tendIencias encontradas na pesquisa, em relação à pergunta “qual será o futuro da Amazônia?”: - empreendedorismo de base florestal provendo atividade econômica a partir da “árvore de pé” - convergência de ações para multiplicar resultados - economia da biodiversidade, com a valorização das espécies de flora e fauna - visão integrada, com a redução de fronteiros geo-políticas - fortalecimento do capital social – com educação, capacitação e uso de tecnologias

21

Outro grande resultado que está sendo aproveitado pelo Fundo Vale na gestão dos projetos é uma mudança na metodologia da segunda edição da pesquisa que está sendo iniciada neste primeiro semestre de 2014. Em vez de endereçar a pesquisa para as organizações, o trabalho agora está sendo focado nas pessoas, porque o estudo de 2012 mostrou também que quem move (ou desarticula) a colaboração são as pessoas – e uma prova disso é que quando elas trocam de organizações, levam consigo suas redes de relacionamentos e contatos.

As organizações são veículos, mas quem faz acontecer a conectividade são as pessoas.

Mais informações:

Sobre o case aqui apresentado: http://www.sinergiapanAmazônia.org.br/#

Sobre o Fundo Vale: http://www.fundovale.org/

22