Artigo ESUD

ESUD 2011 – VIII Congresso Brasileiro de Ensino Superior aDistância

Ouro Preto, 3 – 5 de outubro de 2011 - UNIREDE

FORMAÇÃO DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA ADISTÂNCIA: o desafio de implementar uma

dinâmica pedagógica capaz sobrepor os limitesda sala de aula virtual

Fernando Selmar Rocha Fidalgo1, Jacqueline de Castro Laranjo2,Aline Gabriele Pereira3

1UFMG/FAE/DAE/Escola de Gestores, [email protected]/FAE/DAE/Escola de Gestores, [email protected]

3UFMG/FAE/DAE/Escola de Gestores, [email protected]

Resumo: A proposta deste artigo é relatar a experiência deformação a distância implementada no curso de especializaçãoem Gestão Escolar do Programa Nacional Escola de Gestores daEducação Básica Pública do Ministério da Educação, oferecidopela Faculdade de Educação da UFMG. O curso está estruturadoem três eixos vinculados entre si: o direito à educação e afunção social da educação básica; políticas de educação e agestão democrática da escola e ainda, Projeto Político-Pedagógico e Práticas Democráticas na Gestão Escolar.Observando-se a necessidade premente de vencer as fronteirasespaciais e temporais no ensino o curso foi organizado em 400horas sendo um quarto destas cumpridas presencialmente emquatro momentos: para conhecimento da proposta do curso, paraa realização das atividades presenciais obrigatórias e doismomentos para a defesa do trabalho de conclusão de curso. Jáas atividades virtuais foram desenvolvidas no ambiente virtualde aprendizagem Moodle organizado através de cinco modelos



diferentes de turmas, de maneira a suprir as diferentesnecessidades de professores e alunos. Além disso, buscou-seuma flexibilização dos prazos de entrega das atividades, paraadequação ao ritmo de trabalho dos gestores e atendimentosconstantes nas dez cidades pólos distribuídas por todo oestado. Dos 400 alunos ocupantes das vagas disponíveisinicialmente 305 (76,25%) foram aprovados após a defesa doTrabalho de Conclusão de Curso (TCC). O índice de desistênciaapresentado no curso foi 14,50% e ainda 9,25% cursistas nãoobtiveram a pontuação mínima exigida em seus TCC’s, sendoreprovados. Estes resultados nos remetem a refletir sobre aspotencialidades pedagógicas da formação a distância.Palavras-chave: Educação a distância, formação contínua, gestão

escolar.

Abstract: The purpose of this paper is to report the experienceof distance learning implemented in the course ofspecialization in School Management of the National Program“Escola de Gestores da Educação Básica” of the Ministry ofEducation, offered by the Faculty of Education, UFMG. Thecourse is structured on three axes linked together: theright to education and the social function of basiceducation, political education and democratic management ofthe school and also Political-Pedagogical Project andDemocratic Practices in School Management. Observing theurgent need to overcome the spatial and temporal boundaries inteaching, the course was organized in 400 hours a quarter ofthese being met in person at four moments: aware of theproposal for the course, to perform the required activities and two moments for the defense of completion of course work.The virtual activities were developed in the virtual learning



environment Moodle, organized through five different types ofclasses in order to meet the different needs of teachersand students. In addition, we sought an easing of activitiesterm, to adapt to the work rhythm of the managers and constantcalls poles distributed in ten cities across the state. Of the 400 students occupying the vacancies initially, 305 (76.25%) were approved after the defense of the completion of coursework. The dropout rate presented in the course was 14.50%and 9.25% course participants still did not achievethe minimum score in their CBT's, being disapproved. Theseresults lead us to reflect on the pedagogic of distancelearning .

Palavras-chave: Distance education, Training, School Management

1. Introdução

O curso de Especialização em Gestão Escolar “Escola deGestores da Educação Básica”, ofertado na modalidade deEducação a Distância (EaD), integra um conjunto de políticasde formação promovidas pelo Ministério da Educação e Cultura(MEC), através da Secretaria de Educação Básica (SEB), emparceria com os sistemas de ensino, Universidades e entidades.O objetivo do curso é contribuir para a formação efetiva dosgestores das escolas públicas brasileiras que, segundo o CensoEscolar de 2004, possuíam apenas 22,96% de seus gestoresformados em cursos de pós-graduação lato sensu/especialização.Assim, buscou-se, através deste Programa, ainstitucionalização de uma política de formação nacional degestores escolares, baseada nos princípios da gestão



democrática, tendo por eixo a escola como espaço de inclusãosocial e da emancipação humana. (BRASIL, 2005).

Em Minas Gerais o curso de especialização em GestãoEscolar ofertado pela Faculdade de Educação da UniversidadeFederal de Minas Gerais (FAE/UFMG) apresentou em sua primeiraturma indicadores que se destacaram como uma experiência desucesso para essa modalidade de ensino, dos 400 alunosocupantes das vagas disponíveis inicialmente 305 (76,25%)foram aprovados após a defesa do Trabalho de Conclusão deCurso (TCC) sendo que, destes 187 (61,31%) concluíram em 12meses e 118 (38,69%) em 18 meses. O índice de desistênciaapresentado no curso foi 14,50% e 9,25% cursistas nãoobtiveram a pontuação mínima exigida em seus TCC’s e foramreprovados.

O presente trabalho relata a experiência desta formaçãoprocurando expor as estratégias implementadas para superar odesafio de valer-se de uma dinâmica pedagógica capaz desobrepor os limites da sala de aula virtual. Assim, procura-seelucidar os fatores que corroboram para uma prática pedagógicaeficiente a partir dos aspectos teóricos, metodológicos etecnológicos do curso, além de apresentar o trabalho realizadopela equipe de professores com os cursistas, no qual se buscoupriorizar os recursos do trabalho colaborativo de construçãodo conhecimento com base na resolução de problemas, a fim dedesenvolver a capacidade crítica de avaliar, reunir eorganizar as informações mais relevantes para construir ereconstruir o cotidiano de práticas nas escolas em que atuamcomo gestores.

2. O curso e sua estrutura conceitual



Considerando o art. 206 da Constituição Federal de 1988(BRASIL, 1988) na qual se afirmam todos os parâmetros para seefetivar em práticas concretas no espaço da escola o princípioda educação como dever de Estado e direito do cidadão tendocomo pressuposto a gestão democrática do ensino, o curso deespecialização em questão em seu primeiro eixo trabalha com odireito à educação e função social da educação básica. Essastemáticas são desenvolvidas nas salas ambientes Fundamentos doDireito à Educação e Projeto Vivencial.

Na sala Fundamentos do Direito à Educação trabalham-se osprocessos que constituíram a educação como um direitouniversal; pressupostos teóricos e filosóficos quehistoricamente tem embasado este direito; a democracia; odireito a educação no Brasil, assim como conhecimentocurrículo e cultura escolar (BRASIL, 2005). No ProjetoVivencial, que se intercala ao longo do curso com todas asoutras salas ambientes, propõe-se um movimento de reflexãoteórico/prático entre os conteúdos e atividades executadas nasdemais salas com a realidade cotidiana das escolas, essemovimento é fundamental para a elaboração ou atualização doprojeto político pedagógico das escolas (BRASIL, 2005).

Melo (1999) analisando os programas oficiais de formaçãode professores da Educação Básica já apontava a necessidade dese compreender a formação em uma perspectiva social de formaque se possibilitasse oferecer respostas aos desafios docotidiano escolar, da contemporaneidade e do avançotecnológico. Nessa mesma perspectiva Zarate (2009) consideratambém que a formação em serviço, quer seja presencial ou adistância, supere a titulação e adote ações que sejam



comprometidas com uma formação profissional em uma perspectivade qualidade social.

O segundo eixo trabalhado no curso focaliza as políticasde educação e gestão democrática considerando os aportesjurídicos e políticos que devem amparar a educação e a escola,assim como os planos e programas então vinculadas a elas,tendo em vista a produção do conhecimento (BRASIL, 2005). Oconteúdo desta sala estimula uma postura investigativa queguia a aprendizagem para a compreensão dos princípios emecanismo da gestão democrática dentre elas as ações edecisões participativas e colegiadas.

A formação tida como um meio de fazer frente às crescentesdemandas de atualização profissional é uma preocupaçãomanifestada por Tardif (2002), uma vez que tanto em suas basesteóricas quanto em suas conseqüências práticas osconhecimentos profissionais são evolutivos e progressivos enecessitam, por conseguinte, de uma formação contínua econtinuada. Para este autor, considerar o contexto do saber éfundamental, afirmando ser impossível compreendê-lo fora doâmbito dos ofícios e profissões, sem relacioná-lo com oscondicionantes do trabalho. Sendo assim, para que a utilizaçãode qualquer recurso contribua de maneira significativa noprocesso de ensino aprendizagem é preciso que o gestor saibautilizá-lo, é essencial que ele tenha a oportunidade deaplicá-lo de forma adequada transformando o conhecimento emhabilidade.

A proposta do terceiro eixo é proporcionar o instrumentalque permita aos gestores lidar com o planejamento,monitoramento e a avaliação durante a elaboração do ProjetoPolítico-Pedagógico amparados nas políticas educacionais quebuscam qualificar os currículos e melhorar o desempenho dos



estudantes (BRASIL, 2005). Dessa forma busca-se ampliar areflexão de conceitos e práticas fundamentais à gestão escolardemocrática, para o enfrentamento dos desafios presentes nagestão do cotidiano das escolas públicas

A formação dos gestores para uma ação mais eficaz naimplantação da gestão democrática em suas escolas emunicípios, proposto nos documentos oficiais, ainda nãoconseguiu possibilitar a real transformação desejada, ou seja,ainda não foi plenamente aceita e contemplada pelos sistemasmunicipais de educação, nos quais ainda persiste uma lógicaequivocada de gestão democrática. A formação dos gestoresainda precisa servir de instrumento para a mudança efetiva.Faz-se necessário assim, repensar essa formação a distânciacomo instrumento capaz de preparar os gestores para atuarem deforma competente através da perspectiva transformadora dagestão democrática.

3. O acolhimento virtual e presencial do cursista: eis o desafio

Já em 1999, Levy ressaltava que as tecnologias mudariamprofundamente os rumos da educação e formação, construindonovos modelos de espaço de conhecimento mais abertos econtínuos, que pudessem se reorganizar de acordo com osobjetivos e contextos dos diferentes sujeitos. Entretanto adificuldade de alguns estudantes da educação virtual em lidarcom o computador é apontada por Teles (2009) como um dosproblemas centrais vivenciados pelos professores dessamodalidade e ainda um empecilho ao seu desenvolvimento.



Problematizando essa questão Pretto e Riccio (2010), empesquisa realizada sobre a formação continuada de docentes doensino superior e sua relação com a Educação a Distância,apontam que muitos desses docentes que buscam a formação emcursos online, ainda que curiosos e desejosos de participar,se encontram barrados pelo despreparo em lidar com astecnologias da informação e comunicação. Ainda que tenham ocostume de utilizar o computador, alguns deles também seenvolvem nessa modalidade de formação, seja como estudantes oudocentes, sem ter o conhecimento necessário para se apropriardas possibilidades trazidas pelas redes tecnológicas demaneira intensa.

Para se alcançar resultados realmente produtivos em cursosofertados a distância, assim como em cursos presenciais, épreciso que se balize sua efetiva necessidade e que seconheçam suas contribuições nas determinadas aplicações que sedeseja fazer. Isto significa que o curso necessita atender arequisitos indispensáveis para o gestor planejar com qualidadea sua prática profissional. Considerando-se como apontaMiranda; Prado (2009) que tanto em EaD quanto em outrasmodalidades de educação, há desafios que envolvem acomplexidade do trabalho, desafios estes relacionados aquestões didático-pedagógicos e a especificidade doconhecimento em sua articulação com os recursos tecnológicos.

Nesse sentido o ambiente do curso foi preparado de forma apossibilitar ao gestor (que passaremos a nomear de cursista)um espaço de interação, colaboração e aprendizagem bastanteflexível. O curso teve a duração de 400 horas sendo estasdivididas entre ¼ presenciais e ¾ virtuais, sendo estasúltimas distribuídas da seguinte forma: uma sala ambiente comduração de 40 hs (Introdução ao Ambiente Moodle e ao Curso), 3



salas ambientes com 60 hs (Fundamentos do Direito à Educação,Políticas e Gestão na Educação e Planejamento e Práticas deGestão Escolar), duas salas ambientes de 30 hs (OficinaTecnológica e Tópicos especiais – Conselhos Escolares e Saúdena Escola) e uma sala ambiente com duração de 120 hs (ProjetoVivencial) na qual os cursistas elaboram ou re-elaboram oprojeto político pedagógico das escolas que é simultânea àtodas as outras salas ambiente, permanecendo aberta até ofinal do curso, cada sala ambiente corresponde a umadisciplina do curso.

O ambiente virtual de aprendizagem utilizado foi o Moodle,software livre, desenvolvido em 1999 por Martin Dougiamas eadaptado pela equipe do Programa Nacional Escola de Gestoresda Educação Básica do Ministério da Educação para apoio esuporte ao processo ensino aprendizagem através da internet.Segundo (ALVES, BARROS, OKADA, 2009) o Moodle é um espaço decolaboração em que estão dispostos recursos através do quaisse pode intercambiar saberes, experimentar e criar estratégiaspara coordenar, comunicar e administrar o curso.

Assim entre as ferramentas usadas para apoiar, organizar esubsidiar as ações da coordenação utilizou-se uma disposiçãoestratégica das turmas no ambiente do curso. Foram criadascinco modelos diferentes de turmas no ambiente. Um modelo noqual todos os professores e cursistas de todos os pólos foraminseridos e podiam interagir entre si trocando informaçãosobre o andamento do curso, nela foram disponibilizados osrecursos de fórum e chats para circular os avisos e troca dedados mais gerais sobre o curso e sobre o trabalho nos pólos(Turma Informações Gerais). Essa turma é o ponto de encontrode todos os integrantes do curso. Outro modelo semelhante àturma Informações gerais, no qual foram inscritos apenas os



alunos egressos do curso (Turma Formandos da Escola deGestores) que assim permanecem em contato com os colegas e coma equipe de professores. O diferencial deste modelo é ainserção do recurso base de dados para possibilitar a trocarmateriais entre eles, fazendo o relato das experiênciasimplementadas nas escolas após o curso de especialização. É oponto de encontro dos nossos ex-alunos.

Os outros três modelos de turma são iguais em relação aosrecursos que possuem sendo elas as 12 turmas do curso, a turmaMatriz e a turma Recuperação, entretanto estas são diferentesem relação aos objetivos a que se destinam conforme seexplicita a seguir. Há 12 turmas no curso, nas quais os alunosestão distribuídos de acordo com a cidade a que pertencem,considerando a proximidade com as 10 cidades pólos de MinasGerais onde o cursista pode buscar atendimento presencial(Almenara, Belo Horizonte, Betim, Contagem,Cláudio/Divinópolis, Coronel Fabriciano/Ipatinga, Frutal,Montes Claros, Três Corações e Viçosa). Nestas sedisponibilizam todo o conteúdo específico a cada sala ambientedo curso, a biblioteca geral e específica para cada salaambiente com material de apoio para os alunos, os espaços pararealização das atividades virtuais, bem como as ferramentas decomunicação usadas pelos professores e alunos trocareminformação, como os fóruns para grupos de discussãoespecíficos por assunto, fóruns para elaboração de trabalhoscoletivos, wikis para edição coletiva de textos, chats parainteração síncrona, mensagens individuais, perfil para osparticipantes do curso, diário de bordo para relatarem atrajetória pessoal, seus avanços e dificuldades no curso, oenvio de tarefas e base de dados para postagem das atividades,enfim toda a materialidade necessária a formação durante arealização do curso.



Na turma Matriz estão inseridos apenas os professores eela serve ao mesmo tempo de laboratório para o professoracessar como aluno e realizar as atividades do curso paraentender as dificuldades e dessa forma poder orientar melhor oaluno na execução dos passos da tarefa, como também, espaço deformação contínua e interação da equipe de professores. Nesteespaço as dúvidas em relação ao conteúdo do curso sãodiscutidas como os professores coordenadores das salasambientes, além das estratégias pedagógicas a seremimplementadas para ajudar os alunos com dificuldades emrelação ao conteúdo e forma de realizar as atividades. Aequipe trabalha colaborativamente neste espaço,disponibilizando informações sobre ações e estratégiaspedagógicas implementadas nas turmas que produziram bonsresultados. Também se discute os processos de avaliação dasatividades e o andamento do cronograma do curso.

Segundo Mill (2006), o trabalho docente na EaD secaracteriza por ser dividido entre uma equipe colaborativa,configurando um trabalho chamado por ele de polidocência. Emsua pesquisa, diversos teletrabalhadores docentes evidenciarama importância das trocas de saberes nos ambientes virtuaispara se evitar o sentimento de solidão. As tecnologias deinformação e comunicação, apesar de possibilitarem acomunicação, não a estimulam, por isso, esse intercâmbio deconhecimento depende, em grande parte, da iniciativa do grupoou mesmo de cada trabalhador.

Por fim, a outra turma que segue o mesmo modelo destas é aTurma Recuperação na qual são inscritos os alunos que nãoconseguem finalizar as atividades das salas ambiente em tempohábil, pois neste curso leva-se em consideração a necessidadede flexibilização dos prazos de entrega das atividades uma vez



que seu público alvo são gestores da educação básica que emsua totalidade trabalham 40 horas semanais ou mais. Assim,para atender a especificidade do público alvo optou-se portransferir os alunos que não conseguiram postar as atividadesem tempo hábil temporariamente para uma turma na qual pudesseminserir a tarefa em atraso e assim recuperar as atividadesperdidas das salas ambientes já finalizadas em sua turma deorigem. Nesta sala os alunos recebem atendimento pelosprofessores que compõe a assessoria pedagógica do curso. Assimque finalizam a atividade retornam para a turma de origem.

A busca pela qualidade na EaD deve ser, segundo Loyolla(2009), obsessiva e contínua, sendo o suporte ao aluno deessencial importância. Este é tido pelo autor não apenas comoum suporte tutorial atento, mas também algo deresponsabilidade daqueles que criam e operam os cursos adistância, para que sejam oferecidos aos alunos todos osrecursos que possam ajudá-los a desenvolver seu processo deaprendizagem.

No que se refere ao atendimento presencial a distribuiçãodos pólos foi estratégica de forma que atendesse às demandasdos cursistas e ao mesmo tempo privilegiasse cidades quedispusessem de laboratórios de informática de fácil acesso edisponíveis, nos quais os professores assistentes pudessemrealizar os plantões de atendimento semanais. As informaçõesforam disponibilizadas no ambiente virtual de aprendizagem comas respectivas formas de contato com o professor (email,mensagens via ambiente ou telefone) e indicação de local ehorário de atendimento. Sempre que necessário foramdisponibilizados recursos financeiros para viagem dosprofessores de turma às cidades pólos para encontros com oscursistas para trabalhar conteúdos específicos ou ainda



realizar orientação para a elaboração do trabalho de conclusãode curso.

Além disto, foram realizados encontros presenciaiscentralizados na FAE/UFMG para todos os cursistas. No primeiropresencial com duração de 20 hs foram realizadas palestraspara exposição da proposta curricular do curso e apresentaçãodas regras institucionais para conhecimento dos cursistas.Neste presencial foram iniciadas as atividades da primeirasala ambiente “Introdução ao Curso e ao Ambiente Virtual” emoficinas nos laboratórios da faculdade. No segundo presencial,foram realizadas palestras, debates e oficinas de trabalhovinculadas às disciplinas do curso. Ao final das oficinas oscursistas realizam as atividades avaliativas presenciaisobrigatórias relacionadas a um conteúdo específico de cadasala ambiente. Um componente interessante deste segundopresencial é que os alunos das turmas virtuais são misturadosde forma aleatória a fim de proporcionar uma nova interaçãoentre os grupos de alunos das diferentes turmas. Dessa formaos alunos tiveram a oportunidade de trocar experiências comoutros cursistas de pólos diferentes e assim conhecer aconjuntura da educação municipal no Estado de Minas Gerais. Noterceiro encontro presencial, oferece-se uma nova oportunidadepara os alunos que faltaram às atividades presenciais doencontro anterior e por isso não realizaram as avaliaçõespresenciais, mas o foco principal são as defesas dos Trabalhosde Conclusão de Curso (TCC) e a solenidade de formatura dosalunos concluintes nessa primeira etapa. Ainda assim, há umquarto encontro presencial no qual os alunos remanescentes docurso têm a oportunidade de defender seus TCCs e finalizar ocurso.



4. As atividades do Curso: modelagem pedagógica e avaliação

O modelo e o método pedagógico utilizado em cada salaambiente, embasado na teoria construtivista, foi organizado deforma a proporcionar ao cursista a visão do que seria estudadoem cada unidade do curso e quais os objetivos deveriam seralcançados em cada conteúdo. Procurou-se determinar comodeveriam se organizar para executar as atividades quer sejaindividualmente, em dupla ou em grupos e ainda foramrelacionadas nas instruções quais ferramentas seriamnecessárias ao desenvolvimento da atividade. Outra preocupaçãofoi com o dimensionamento do tempo que os cursistas teriampara ler o conteúdo da sala ambiente e para realizar asatividades e com a qualidade das mesmas. Assim também, desde aprimeira sala ambiente os cursistas foram orientados arealizar as atividades acadêmicas dentro das normas adotadaspela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) paratrabalhos científicos, no intuito facilitar a realização dotrabalho de conclusão de curso.

Desta forma o cronograma foi organizado de maneira que oscursistas tivessem duas semanas para ler o conteúdo dadisciplina e depois uma semana para realizar cada uma dasatividades propostas. Cada sala ambiente tive no mínimo trêsatividades virtuais avaliativas, com exceção da sala de“Introdução ao Curso e ao Ambiente Virtual” que teve dez e a“Oficina Tecnológica” que teve duas,. O curso foidisponibilizado no formato HTML como página web apresentando oconteúdo geral da sala ambiente, os objetivos e as atividadesobrigatórias e complementares. Foram disponibilizados tambémarquivos de vídeos, textos em pdf para leitura obrigatória e



complementar nas bibliotecas de cada sala ambiente, organizadacomo uma base de dados. As atividades foram organizadasutilizando-se as ferramentas de envio de arquivo único, offline,base de dados e fóruns. Durante o curso buscou-se realizar umtrabalho no qual o aluno pudesse apropriar-se das informações,construir o conhecimento, interagir nos espaços de troca eaplicar os conhecimentos construídos.

Também aconteceram chats baseados na dialética entre ateoria e a prática, valorizando também a prática profissionalcomo momento de ampliação do conhecimento, por meio dareflexão, análise e problematização dessa, e o reconhecimentodo conhecimento tácito, presente nas soluções que osprofissionais encontram em ato. Cabe ao currículo do curso deespecialização projetado, portanto, propiciar odesenvolvimento da capacidade de refletir, oferecendoperspectivas de análise, para que os gestores escolarescompreendam os contextos históricos, sociais, culturais,organizacionais e de si próprios como profissionais.

O aluno foi sempre estimulado a realizar as atividadesavaliativas dentro do prazo previsto e após a correção dasmesmas pelos professores era dada a oportunidade de refazer otrabalho para as avaliações que apresentassem umaproveitamento abaixo de 60%. Para os que estivessem entre 60%a 85% são pontuados aspectos relevantes para melhoria nospróximos trabalhos e para os alunos cuja atividade atingiram85% a 100% do aproveitamento esperado são destacados osaspectos da atividade que primaram pela excelência. SegundoLoyolla (2009), é importante ressaltar a necessidade vital deque haja um planejamento detalhado das regras, prazos e formasde comunicação a serem utilizados no decorrer do curso, demaneira a evitar que os alunos se sintam frustrados ou



ansiosos em função da propriedade assíncrona desta modalidadede educação, principalmente para aqueles em seu primeirocontato com ela.

A partir da segunda edição do curso foram estabelecidoscritérios claros de avaliação a fim de evitar incoerências ecomparação por parte dos alunos sobre a avaliação realizadapelos professores das diferentes turmas assim foramconsiderados 15% dos pontos para formatação dos trabalhosconsiderando a sua adequação as normas ABNT para trabalhoscientíficos. O objetivo era familiarizar os cursistas comestas normas desde o início do curso para facilitar a escritafinal do Trabalho de Conclusão de Curso. A avaliação doconteúdo desenvolvido na atividade foi avaliada com 75% dospontos distribuídas de acordo com o conteúdo da introdução,desenvolvimento e conclusão da atividade assim como suaadequação ao que foi solicitado. Por fim os 10% restantes dospontos da atividade foram destinados para a avaliação dasreferências utilizadas na realização das atividades do curso.

Considerando-se que na abordagem construtivista deeducação, a aprendizagem acontece na interação entre sujeitos(professores cursistas) e entre estes sujeitos com os objetos(conteúdo do curso), ao propor situações desafiadoras para oaluno, de forma a fazê-lo repensar a realidade à sua volta ebuscar novas soluções para os problemas apresentados,desperta-se o interesse intrínseco por sua própria ação(MIZUKAMI, 1985). Durante o curso os cursistas são levados aresolver atividades diretamente relacionadas a sua práticacotidiana e para isso utilizam dados levantados a partir desua própria rotina.

Quer-se aqui enfatizar a interação como elementocatalisador para a construção do conhecimento. Não uma



interação determinística, de objetivos fechados, comdesenrolar previsto por antecedência. Mas uma relaçãoque valoriza o diálogo, a negociação, a cooperação,enfim, a transformação mútua. (PRIMO, 2001, p.13)

Nessa perspectiva de cooperação mútua, o professordesempenharia o papel de “provocador”, enviando questões quepudessem desequilibrar as certezas do estudante, motivando adiscussão de temas de interesse para sua prática, promovendoum ambiente de cooperação, negociação e construção coletivado conhecimento. Como resultado deste trabalho pode-seobservar nos relatos dos cursista ao final do curso como osconhecimentos apreendidos durante o curso foram importantespara suas carreiras profissionais e mesmo vida pessoal como sesentiram motivados para continuar os estudos investindo emnovas perspectivas.

5. Considerações finais

Em artigo sobre a interação em ambientes educacionaismediados por computador, Primo (2001) ressalta o risco de quea internet pode simplesmente ser ferramenta para se“tecnologizar” uma educação que valoriza apenas técnicas decontrole, reprodução e transmissão de conhecimentos, que nãopermite ao estudante possibilidades de debate econtextualização, ocultando uma visão behaviorista da educaçãoatravés de uma falsa interatividade. Segundo ele, para que oensino a distância seja realmente revolucionário, precisajustamente diminuir essa distância através da interação.

Assim, tem-se buscado, no Curso de Especialização em



Gestão Escolar ofertado pela Faculdade de Educação da UFMG,buscar todas as possibilidades de tornar a formação realizadapor esses gestores, algo que realmente represente umaexperiência de aprendizado e de mudança de visão da educação.Sendo assim, para manter a coerência entre a visão democráticada educação apresentada no conteúdo do curso e sua modelagempedagógica, temos buscado estratégias para tornar o curso umambiente no qual esses gestores encontram um espaço paradiscutirem os desafios e angústias de sua profissão, mas quetambém encontram relatos de experiências de sucesso que podemrepetir e/ou adaptar. Procura-se assim uma formação na qualprofessor e cursista possam estabelecer uma relação deproximidade nem sempre física, mas sem dúvida, de compreensãoe respeito mútuo.

Sem nunca esquecer que estamos lidando com pessoas que,ainda que com uma jornada completa de trabalho, um salário nemsempre gratificante e todas as já conhecidas dificuldadesenfrentadas pelo sistema público de ensino brasileiro, mascomprometidas com sua profissão e que querem melhorar, queremaprender para estabelecer um diferencial de qualidade em suasescolas. Precisam assim diante de suas dificuldades para lidarcom o ambiente virtual de flexibilidade para adequar suarotina diária com a nova demanda de leituras e atividades docurso. Para isso são necessárias estratégias que possibilitemsegundas oportunidades (Turma recuperação) e prazos maiores,além é claro de uma constante injeção de motivação eincentivos através de mensagem, fórum ou telefone.

Assim, nossa experiência busca implementar uma dinâmicapedagógica capaz sobrepor os limites da sala de aula virtualnum esforço por preparar um ambiente acolhedor, buscando asmais diversas estratégias para dar credibilidade a formação a



distância na qual o aluno se sinta parte de uma turma com umprofessor sempre ¨presente¨ para atender as suas dificuldadese interagir com eles. Unindo o presencial e o a distância, oestudo individual e em grupo, permitindo que cada cursistasiga seu ritmo, ao seu tempo. Para que os professores sesintam próximos entre si, possam trocar dúvidas e experiênciasque tenham alcançado bons resultados; para que os alunostambém se sintam próximos, possam ver realidades tãodiferentes das suas e possam, através dos artigos, vídeos,palestras e oficinas, ver sua prática com outros olhos etentar melhorá-la cada vez mais.

Enfim, a busca é permanente por formas de adequar aomáximo o curso à realidade e às expectativas dos gestoresatendidos, que nenhum deles se sinta perdido ou distante dealguma maneira e que a maior parte conclua o curso com umaexperiência real de uma educação mais democrática.

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