A TRANSFORMAÇÃO HISTÓRICA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE – CAMPUS DE CASCAVEL ANDREA CLARICE ZASTROW ANGELITA CATARINA DRESCH DANIELE FRANCHINI DELEMOS MARIA ELENA KOCH TALITA DA SILVA PINHEIRO THAINARA LUIZE THOMAS A TRANSFORMAÇÃO HISTÓRICA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL: DA UNE AOS GRÊMIOS ESTUDANTIS

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

UNIOESTE – CAMPUS DE CASCAVEL

ANDREA CLARICE ZASTROW

ANGELITA CATARINA DRESCH

DANIELE FRANCHINI DELEMOS

MARIA ELENA KOCH

TALITA DA SILVA PINHEIRO

THAINARA LUIZE THOMAS

A TRANSFORMAÇÃO HISTÓRICA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL: DA UNE

AOS GRÊMIOS ESTUDANTIS

CASCAVEL/PR

2014

ANDREA CLARICE ZASTROW

ANGELITA CATARINA DRESCH

DANIELE FRANCHINI DELEMOS

MARIA ELENA KOCH

TALITA DA SILVA PINHEIRO

THAINARA LUIZE THOMAS

A TRANSFORMAÇÃO HISTÓRICA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL: DA UNE

AOS GRÊMIOS ESTUDANTIS

Trabalho realizado para adisciplina de Sociologia daEducação do Curso dePedagogia, da UniversidadeEstadual do Oeste do Paraná.

Professora: Doutora AparecidaFavoreto.

CASCAVEL/PR

2014

RESUMO

INTRODUÇÃO

Movimentos sociais

Os movimentos sociais sempre existiram, porém no século XX

passaram a ter um papel importante na obtenção de direitos da

população, principalmente das minorias.

No Brasil, a partir da década de 1960 os movimentos

sociais proporcionaram uma grande contribuição à construção da

democracia brasileira. O movimento estudantil desempenhou o

papel de oposição em relação a ditadura militar instaurada no

país em 1964, conseguindo por meio das ações executas,

juntamente com outros movimentos, balançar as estruturas da

ditadura.

Entretanto, antes de nos dedicarmos a conceituar e

analisar o movimento já citado é necessário que o leitor tenha

claro o conceito de movimentos sociais, conseguindo

identificá-los e compreendê-los. Por este motivo faremos uma

breve explicação a respeito do conceito e das características

destes. Reconhecemos que está não é uma tarefa fácil, pois

tais conceitos muitas vezes nos parecem confusos ou até mesmo

complicados, podendo apresentar significados distintos a

partir da concepção pela qual se escolhe conceituá-los.

Os movimentos sociais são mecanismos utilizados pelos

cidadãos para que suas reivindicações sejam atendidas, de modo

que seus interesses coletivos sejam alcançados. Desta forma,

estes buscam conquistar direitos não disponibilizados pelo

Estado, sendo constituídos na corrente oposta a dominação e a

subordinação.

Os movimentos sociais objetivam buscar mudanças sociais de

acordo com sua proposta ideológica e com seus interesses. Por

este motivo Azevedo (2010) os define como tentativas coletivas

e organizadas que tem a finalidade de buscar determinadas

mudanças ou até mesmo estipular a possibilidade de construção

de uma nova ordem social.

São vários os componentes que caracterizam os movimentos

sociais. Estes são ações sócio-políticas constituídas por um

coletivo social que possui uma identidade em comum. Antes de

ingressarem no movimento os participantes (atores sociais) já

possuem uma realidade em comum que buscam mudar por meio

deste.

Também é característica do movimento social o fato da ação

coletiva dar-se em um espaço não-institucionalizado, criando

assim um campo político. É neste espaço que serão buscados os

interesses coletivos do grupo, de modo que estes sejam

alcançados. É importante ressaltar que o fato das ações do

movimento serem executadas em espaços não-institucionalizados

não faz dele algo desorganizado. O movimento social é a

execução da práxis, pois as ações envolvem o pensar e o fazer.

Movimento estudantil

O movimento estudantil foi resultante da manifestação da

vontade de mudanças da juventude, desejando não somente a

transformação educacional, mas de toda a sociedade da época.

Foi um dos primeiros movimentos socais a dialogar efetivamente

com a sociedade brasileira, que principalmente durante a

década de 1960, o via como um instrumento capaz de mobilizar a

população e ser o porta-voz de seus maiores desejos e

preocupações. Desta forma, o movimento estudantil conquistou

visibilidade e ganhou a credibilidade do povo brasileiro a

partir de suas lutas.

A identidade crítica do movimento foi capaz de atrair

diversos estudantes que se identificavam pelo anseio de

contestação social e transformação. Os estudantes que

ingressavam no movimento advinham de uma mesma realidade: um

Brasil regido pela ditadura militar. Realidade que acabou por

intensificar ainda mais a identidade do movimento e de seus

militantes.

O movimento estudantil sempre foi e ainda é um movimento

plural, pois se expressa por meio de vários grupos que acabam

por se potencializar no cotidiano da condição estudantil.

Desta forma agrega participantes de outros movimentos, bem

como participantes de partidos políticos, ou até mesmo aqueles

que não possuem nenhum tipo de vinculo partidário.

Movimento cultural e movimento estudantil

As manifestações culturais das décadas de 1960 e 1970

refletiam a imagem de uma época de grande contestação social.

A juventude brasileira buscava mudanças políticas e sociais,

pregando ideais revolucionários em prol da liberdade.

Influenciados pelos movimentos culturais de outros países os

jovens brasileiros se engajaram na luta por uma sociedade com

outros padrões sociais.

Este movimento cultural foi de estrema importância para o

movimento estudantil, pois o segundo consequentemente,

incorporou elementos do primeiro por compactuar com seus

ideais de transformação social e de luta pela democracia e

aquisição de direitos.

A criação da UNE e o auge do movimento estudantil

A União Nacional dos Estudantes - UNE foi fundada em 11 de

agosto de 1937, na Casa do Estudante do Brasil, no Rio de

Janeiro. Foi resultado de um grande movimento estudantil em

defesa da criação de uma entidade que congregasse todos os

estudantes universitários na discussão das grandes questões

nacionais, portanto foi criada com a finalidade de

sistematizar e tentar organizar o movimento estudantil. Esta

representou a unificação dos estudantes na criação de uma

entidade máxima, legitimamente reconhecida.

Surgiu às vésperas do sistema autoritário do Estado Novo,

o que, de inicio, significou determinado controle do Estado,

do governo sobre suas atividades, que foi rompida após a

Segunda Guerra Mundial. O primeiro presidente oficial da

entidade foi eleito em 1939, sendo escolhido o gaúcho Valdir

Borges.

Os primeiros anos da UNE acompanharam a eclosão do maior

conflito humano da história, a Segunda Guerra Mundial. Os

estudantes brasileiros tiveram uma ação política fundamental

durante esse processo, opondo-se desde o início ao nazi-

fascismo de Hitler e pressionando o governo do presidente

Getúlio Vargas a tomar posição firme durante a guerra. Os

militantes do movimento entraram em confronto direto com os

apoiadores do fascismo, que buscaram maior espaço para essa

ideologia no país.

Em 1942, durante o conflito, os jovens ocuparam a sede do

Clube Germânia, do Rio de Janeiro, tradicional reduto de

militares nazi-fascistas. E no mesmo ano o presidente Vargas

concedeu o prédio ocupado do clube para que fosse a sede da

UNE oficializando-a como entidade representativa de todos os

universitários brasileiros, pelo Decreto-Lei nº4080.

Durante a década de 1950, as atividades da UNE se

reestruturaram, entrando em uma nova fase de sua história. O

movimento estudantil vivenciava então um processo de

politização, discutindo temas de interesse nacional. Mas a

UNE, também se interessou por temas diretamente ligados a

educação, sendo grande defensora da escola pública nos debates

de que participou ao longo da discussão sobre a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional, aprovada em 1961.A participação da UNE na vida nacional não se restringiaaos temas pertinentes à educação, mas envolvia tambémtemas diretamente ligados ao desenvolvimento econômico epolítico do país, como a defesa dos interesses da classetrabalhadora, o combate ao colonialismo, a defesa dasoberania do país, da auto-determinação dos povos daAmérica Latina, da consolidação das conquistasnacionais, como a Petrobrás, das riquezas minerais, adiscussão da remessa de lucros, da industrialização dopaís e outros temas de interesse nacional. A UNE seinteressava também pelas questões sociais, lutando pelapromoção da justiça social, pela distribuição maisigualitária da renda nacional, pelo direito à greve,pela participação dos trabalhadores nos lucros, pela co-gestão operária. Defendia a implantação das reformas debase, incluindo a reforma agrária, questão crucial para

o país cuja discussão já vinha se arrastando há anos nasuniversidades, nas igrejas e nos mais diversos fóruns emvários Estados brasileiros. (AZEVEDO, 2010, pg. 9).

Os movimentos de contracultura influenciaram muito o

movimento estudantil durante a década de 1960, ocasionando uma

maior radicalização do movimento. A arte passou a ser, para

grande parte dos estudantes, uma forma de contestar e de

ironizar o regime militar. Muitas das canções criadas na época

propunham a reflexão sobre o momento que a sociedade estava

enfrentando, transformando-se em hinos de contestação para a

juventude que se encontrava descontente com a ditadura

militar.

No ano de 1961, o presidente do Brasil Jânio Quadros,

renunciou. Os militares queriam impedir a posse do vice,

comunista, João Goulart, mas obedecendo à Constituição, este

assumiu. Em seguida, por haver um receio em relação ao seu

governo, devido à ameaça comunista, o sistema passou de

presidencialista para parlamentarista.

No ano de 1962 a UNE, juntamente com um grupo de

intelectuais, criou o Centro Popular de Cultura, que ficou

conhecido como CPC, tendo como integrantes vários líderes

estudantis. Este centro tinha como objetivo a criação de uma

cultura popular, que contestasse a cultura vigente no país e

propusesse a arte como forma de revolução.

Em 1963, ocorreu um plebiscito para definir o sistema de

governo. Venceu o “não” ao parlamentarismo e João Goulart, ou

Jango, como era chamado, assumiu a presidência. Já em 1º de

abril de 1964, devido à tensão política que reinava no

momento, aconteceu o golpe militar e os militares assumiram o

poder, e toda a movimentação dos estudantes manifestada

através da UNE foi interrompida, ocorrendo também o brutal

fechamento do CPC.

A partir daí, surgiram os atos institucionais, os AI-5,

decretos que tinham validade sem aprovação de nenhum órgão

legislativo. Neste momento, os estudantes, já visados pela

repressão, tinham que agir na clandestinidade, assim como a

UNE, que continuou a existir nas sombras da ditadura, em firme

oposição ao regime marcado por revoluções culturais e sociais

em todo o mundo. Ela protestava contra o regime político no

país, a ditadura militar, reivindicava mais verbas para a

educação, sobretudo para o Ensino Superior e protestava também

contra a privatização do ensino.

Nos anos seguintes, a ditadura torturou e assassinou

estudantes como a militante Helenira Rezende e o presidente da

UNE, Honestino Guimarães, perseguindo e executando durante o

período da clandestinidade da entidade.

Nesta mesma década o movimento estudantil teve seu auge,

começando a ganhar forma e força de representação junto aos

estudantes, mais especificamente em 1968, quando manifestações

dos estudantes ocorreram em protesto contra diversas ações

repressivas do governo em relação a eles. Nas manifestações,

os estudantes buscavam se fazer ouvir, bem como lutar por seus

direitos, como, por exemplo, por melhores condições de ensino.

Mas após o regime militar a força foi se perdendo, foi

enfraquecendo, mudança atrelada a "volta da normalidade" no

cenário político do país.

Ainda em 1968, ocorreram manifestações e a morte de um

estudante, culminando na passeata dos 100 mil, além de greves

constantes. Com o regime militar, os sindicatos rurais, os

movimentos sociais e operários, bem como os metalúrgicos,

participaram de várias paralisações e greves. Devido à

efervescência política do período, surgiram mobilizações de

diversas classes sociais e houve um crescimento dos movimentos

sociais..

Como já citado a UNE participou ativamente da vida

política do país, um de seus objetivos mais relevantes era a

aprovação pelo governo federal de uma reforma universitária,

que já vinha sendo discutida há vários anos e acabou sendo

sancionada em 1969.

Finalmente em 1978 o governo passou para as mãos do

general João Baptista de Oliveira Figueiredo e verificou-se

maior abertura política, juntamente com o aprofundamento da

crise econômica.

Com sinais do enfraquecimento do regime militar, ao final

dos anos 70, a UNE começou a se reestruturar. Em 1979,

aconteceu em Salvador a reconstrução da entidade,

reivindicando mais recursos para a universidade, defesa do

ensino público e gratuito e o pedido de liberação de

estudantes presos no Brasil.

Caras pintadas

Caras pintadas é a designação criada pelos meios de

comunicação para designar os adolescentes que participaram do

movimento do impeachment, onde tinham seus rostos pintados

pelas cores da bandeira verde e amarelo, simbolizando o

patriotismo dos jovens, usavam camiseta preta para representar

á oposição ao então vigente presidente Collor. A maior parte

dois estudantes pertencentes ao movimento eram de classe

média, estudantes secundários ou universitários, isto deriva

porque as manifestações se davam em dias úteis, favorecendo a

participação de jovens que não trabalhavam.

Este movimento ocorreu em um período de tempo de 1989 á

1992. O seu surgimento ocorreu em 1989, onde pela primeira vez

adolescentes entre 16 á 18 anos puderam participar da vida

política do país depois de sua radicalização durante á década

de 70, sendo um direito garantido pela Constituição em 1988 e

exercido no ano seguinte. Durante as eleições os jovens se

viam divididos no voto, entre Luis Inácio Lula da Silva e

Fernando Collor, mas apesar disto sua grande maioria deu

preferência a Collor pelas suas propostas de tendência juvenil

de buscar o novo, a modernização do país.

O movimento dos caras pintadas teve a sua raiz neste

pleito eleitoral, com a vitória de Collor, e suas atitudes

governamentais, os jovens perceberam que ele apenas

representava a velha política tradicional de favorecimento e

corrupção, deixando os jovens com um sentimento de traição. Ao

passar de seu mandato surgiram as primeiras denúncias de

corrupção, e com o sentimento de engano perante os jovens o

movimento pelo impeachment surge. Desta maneira, não ocorreu

apenas uma traição ao indivíduo, mas ao grupo de jovens e a

toda a nação brasileira.

Este movimento traz em si embargada toda uma tradição das

lutas de gerações anteriores. A sua eclosão ocorreu através da

influência dos meios de comunicação de massa. Entretanto, nem

sempre toda publicidade esteve a favor do movimento, pois

ocorria a manipulação da mídia pelo governo, como é o caso da

folha de São Paulo que publicou contradições contra Collor e

se tornou alvo da ira do governo, com perseguições políticas,

em contrapartida outras emissoras estavam a favor do governo o

favorecendo e recebendo benefícios em troca.

De acordo com Eugênio ( 1994) os primeiros passos do

movimento do impeachment foram pouco enfocados pela mídia,

porém quando este começou a tomar mais força a mídia começou a

dar mais enfoque a ele mostrando as grandes manifestações, sob

pena de cair no descrédito da opinião pública. Assim, os meios

de comunicação foram de grande importância para a ampliação e

consolidação do movimento, influenciando diretamente os

jovens, formando a opinião publica a favor das manifestações.

Com a grande influência da mídia, o então presidente

Collor acuado pelas denúncias de corrupção fez um apelo

público aos seus eleitores, pedindo que saíssem em um domingo

vestidos de verde e amarelo as ruas, ocasionando a sua

contradição. Entretanto, ao invés disto, as ruas foram tomadas

por manifestantes vestidos de preto exigindo o fim do governo

Collor, aumento ainda mais o poder do movimento.

A Une recebeu grande apoio da mídia, que funcionou como um

elemento aglutinador dos estudantes, aumentando seu prestigio,

e os colocando em evidência para todo o país. Mais de 20 mil

estudantes participaram de uma passeata em 25 de agosto de

1992, estes aderindo como seu hino a música “Alegria Alegria”

gravada por Caetano Veloso.

Os jovens além de buscarem o impeachment, também tinham

em suas bandeiras a critica à política educacional, as

privatizações, ao desemprego e ao sistema previdenciário.

Por meio deste movimento a UNE tentou recuperar a sua

história e suas lutas. Porém quando os objetivos foram

alcançados o movimento se dissolveu, deixando uma grande

herança histórica.

Movimento estudantil e suas interligações com a

mídia e os recursos públicos

No ano de 2007, foi lançado pelo governo federal o livro

Direito à Memória e à verdade, formulado por Otávio Luiz

Machado. O autor buscou a história da ditadura militar

brasileira, e a ligação com os ex-militantes estudantis,

anistiados políticos, familiares e entidades ligadas aos

direitos humanos. O fez através de entrevistas com pessoas que

participaram deste período negro da ditadura militar, sendo

possível esta reconstrução histórica com recursos de

entrevistas, pois registros daquela época são raros devido a

censura e repressão ditatorial da época.

Foi possível através de encontros com militantes

estudantis, com gestos de solidariedade destes, com a coleta

de mais de 300 entrevistas e 10 mil cópias de documentos fazer

a reconstituição histórica do movimento estudantil brasileiro.

Com as informações obtidas foi possível fazer a publicação de

livros, CDs e vídeos que mostram fatos históricos marcantes

que ocorreram neste período de muita dor.

Para a realização de entrevistas com ex-militantes do

movimento estudantil a UNE precisou utilizar recursos

públicos, tendo como parceiras a Rede Globo e a Petrobrás.

Entretanto ao solicitar a Rede Globo que abrisse espaço para a

gravação das entrevistas a emissora cortou muitas destas,

deixando apenas algumas serem gravadas, perdendo-se assim

alguns fatos importantes da história mo movimento, apagando

registros de autores importantes do movimento estudantil

daquela época.

Desta forma, Machado (2007) questiona o silêncio da Une em

relação a estes cortes feitos pelos seus patrocinadores. Para

o este tal falta de posicionamento poderia estar ligada aos

milhões de reais recebidos dos cofres públicos, o que acabou

por comprometer a credibilidade ou não desta entidade, fazendo

com que esta se tornasse um alvo da atenção da mídia.

A crise do movimento estudantil

O movimento estudantil vem passando por uma crise de

representatividade na atualidade, que pode ser observada na

pouca ação e expressividade entre os estudantes. Os militantes

manifestam descontentamento com relação ao movimento, pois

este não este não possui mais as mesmas as ações efetivas de

antes. Houve um esgotamento das práticas políticas, por este

motivo os estudantes vêem a necessidade de se realizar uma

reestruturação das formas tradicionais de fazer política.

Nos últimos anos ocorreu um grande distanciamento entre os

estudantes e a entidade (UNE). Segundo estes a UNE “aparelha”

o movimento estudantil, não formulando alternativas de modo

que os estudantes possam intervir de maneira efetiva.

Atualmente são poucos os estudantes que se identificam com

o movimento, pois há a falta de um elo de identidade que faça

a mediação entre o ideal do movimento estudantil e as

aspirações dos estudantes.

Outra crítica feita pelos militantes com relação ao

movimento estudantil e, consequentemente a UNE, é com relação

ao fato da hierarquização dentro da entidade. A forte

institucionalização acaba por causar uma rigidez na dinâmica

do movimento, fazendo com que as possíveis experiências

positivas que poderiam ocorrer sejam bloqueadas.

Parte considerável dos militantes do movimento encontra-se

ligada a partidos políticos, o que para a entidade é uma das

causas do distanciamento que ocorreu entre esta e os

estudantes. Por este motivo, na tentativa de reconquistar a

representatividade, a UNE tem apostado em um movimento com a

união de forças políticas, recriando a tese de um movimento

estudantil unitário e apartidário, diante disso tem utilizado

o slogan “A UNE é união, não é partido não”.

A sociedade brasileira mudou muito nos últimos 20 anos, e

a forte presença do neoliberalismo causa grande desanimo aos

estudantes que não vêem mais o movimento como algo que tenham

a capacidade de romper com as barreiras da sociedade atual.

Tais barreiras não permitem que os estudantes percebam que o

desempenho individual de cada um deles encontra-se ligado às

questões de conjuntura política que necessitam ser analisadas

de forma coletiva.

O ideário do movimento estudantil atual

Em tese o movimento estudantil atual possui três ideias

principais, estando os dois primeiros diretamente ligados ao

movimento e a UNE: a reestruturação da entidade e o

alargamento das temáticas no interior do movimento, que se

expressa por meio de lutas amplas, porém setorizadas. O

terceiro ideal refere-se à luta pela educação, principalmente

em defesa das universidades e contra o neoliberalismo,

resgatando assim um pouco do ideário clássico do movimento

estudantil.

Os ideais citados aqui são considerados, de certa forma,

uma construção ideal ou um modelo daquilo que os militantes

almejam conseguir por meio da participação do movimento

estudantil. Entretanto, estes não são discutidos de forma

igualitária, pois cada grupo que atua dentro do movimento

privilegia uma ou outra temática, o que causa disputa no

encaminhamento das pautas a serem priorizadas e discutidas.

Os estudantes vêem questionando a realidade das

universidades, principalmente das públicas, discutindo a

respeito do financiamento e da qualidade destas. Para os

militantes a universidade brasileira, assim como o movimento,

está passando por uma crise de representação e legitimidade.

Estes reivindicam uma universidade que seja pública, de

qualidade e democrática. No interior do movimento também tem

se discutido a luta contra a atual política econômica gera

menos qualidade de vida, gerando uma carência de serviços

básicos.

Grêmio Estudantil

Em 1985 foi sancionada a Lei n° 7.398, por ato do poder

legislativo, possibilitando novamente o funcionamento dos

Grêmios Estudantis, como entidades autônomas de representação

dos estudantes, assegurando aos mesmos o direito de participar

e se organizar em Grêmios.

O Grêmio Estudantil é uma organização, onde os

participantes desse grupo são os estudantes. Essa organização

representa e defende os interesses dos alunos que buscam

melhorias para o espaço escolar que frequentam. Os estudantes

participam do grêmio dando sugestões, argumentando e criando

possibilidades, tanto na comunidade quanto no ambiente

escolar.

Através do Grêmio Estudantil os alunos têm a oportunidade

de participar das atividades da escola, como campeonatos e

projetos, de expor suas opiniões e ideias quando necessário,

lutar pela melhoria da qualidade de ensino e da escola,

trazendo assim benefícios e possibilitando que os estudantes

participem da transformação de algo que será ou está sendo

melhorado.

Os jovens que fazem parte dessa organização desenvolvem

uma atividade política, que busca integrá-los com a comunidade

e com a escola. Uma das primeiras oportunidades de

participação na sociedade fornecida aos jovens é justamente

proporcionada por meio do Grêmio Estudantil, pois estes podem,

inclusive, dar opiniões e sugestões na administração da

escola. Sendo assim essencial trabalhar com os diretores,

coordenadores e professores, para que o Grêmio possa atuar em

prol da comunidade e da escola.

O Grêmio não é uma organização burocrática que toda

escola deva obrigatoriamente ter. Aliás, a sua criação

pressupõe que já exista, no âmbito escolar, um ambiente

adequado isso, com uma educação voltada para a construção da

cidadania, com a participação e o entendimento de serem os

alunos sujeitos sócio-históricos e culturais, que participam

do processo educacional, sendo capazes de tomar iniciativas,

de agir, de usar conscientemente sua liberdade, de assumir

responsavelmente compromissos, que aprendem e se desenvolvem

nas relações sociais.

O pressuposto básico é o de que aquilo que os alunos

pensam, dizem e fazem é importante tanto para eles, que

desenvolvem competências sociais, como para a escola, que

avança na vivência de princípios democráticos. Dentro desse

entendimento, o Grêmio Estudantil se estrutura no interior da

escola não como oposição, mas como partícipe, como uma

agremiação que se posiciona frente aos problemas que a afetam

e afetam a comunidade em que a escola está inserida.

O Grêmio pode dar importante contribuição no sentido de

proporcionar o envolvimento dos alunos, ajudando-os a pensar a

escola em seu conjunto, desenvolvendo lhes o senso de

pertence, o compromisso com alguns valores e princípios, bem

como a reflexão e posicionamento frente aos problemas da

atualidade. Pode constituir-se, ainda, num veículo de

desenvolvimento cultural, cívico e social. Tais possibilidades

requerem necessariamente que a escola, direção, professores e

demais profissionais estejam abertos ao diálogo, assumindo sua

parcela de responsabilidade na discussão democrática com os

alunos, entendendo que a construção de um Grêmio efetivo

demanda tempo, incentivo, apoio, credibilidade e confiança nas

inúmeras possibilidades de ações criativas.

Os tempos atuais requerem o envolvimento dos jovens

nas questões e demandas que hoje se apresentam – há, na

escola, um espaço que deve ser ocupado pelos estudantes,

onde eles possam, exercendo sua cidadania, colaborar e

melhorar a sua comunidade. O Grêmio Estudantil pode

constituir-se laboratório de ricas experiências

socializadoras, promovendo e aglutinando, como

representação estudantil, ações que expressem os anseios e

interesses dos alunos, participando da construção de uma

escola de qualidade.

A escola tem muito a ganhar com a organização de um

novo Grêmio que valendo-se das lições da história e

integrado a uma proposta pedagógica, de cuja construção

este também participa, assegurando o diálogo com o

coletivo da desta, redimensionando as relações que no

âmbito da escola se processam, resgatando, ao mesmo tempo,

a preocupação social do jovem e seu compromisso para com

os interesses da maioria da população e para com os de sua

própria categoria.

Na época da Ditadura Militar os estudantes lutaram

pelos seus direitos, o resultado de muitas lutas foi à

conquista pela atuação do Grêmio Estudantil nas escolas,

pois os alunos tinham consciência da importância que este

representava no ambiente escolar. Entretanto, nos dias

atuais o Grêmio perdeu sua força, pelo fato de apenas

algumas escolas apoiarem o mesmo, fazendo assim com que

poucos alunos conheçam e participam da ação do Grêmio

Estudantil

Considerando que durante as conquistas passadas

muitos jovens perderam suas vidas em busca de seus

direitos no Grêmio Estudantil, os jovens de hoje em dia

precisam dar maior atenção ao que já foi conquistado e

continuar essa luta para mostrar que suas opiniões também

são importantes na escola e na sociedade, para que isso

aconteça a escola precisa saber da grande valia que esse

movimento pode ter para os estudantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização desta pesquisa, concluímos que os

indivíduos atuam através dos movimentos sociais reivindicando

seus direitos e buscando conquistar novos espaços em toda a

sociedade.

O movimento estudantil é resultado de lutas e

reivindicações dos estudantes vindas de muito tempo, pela

busca de melhoria e transformações tanto na área educacional,

como em toda a sociedade.

A atuação do movimento estudantil foi ainda é de extrema

importância para que possamos construir uma definição

identitária com relação à categoria estudantil enquanto agente

político e transformador. Sendo assim este movimento pode ser

considerado um importante campo de atuação e formação política

entre os jovens estudantes, apesar do fato deste não ser mais

exclusivo em termos de expressão política juvenil.

Por meio do Grêmio Estudantil, ou seja, a organização

dos estudantes dentro do campo educacional, os alunos têm a

oportunidade de participar, dando suas opiniões e sugestões

para a melhorar o ensino da escola. Entretanto, podemos

perceber que houve um enfraquecimento do Grêmio Estudantil se

o relacionarmos ao passado, onde os estudantes tinham

interesse e participavam com mais frequência do movimento, com

o objetivo de reivindicarem seus direitos como alunos.

Atualmente o Grêmio não está tão evidente assim, pois há

muitas escolas que vêem o mesmo como um problema e não apóiam

essa organização. Este tipo de atitude faz com que,

consequentemente, os jovens não tenham mais tanto acesso ao

Movimento Estudantil, deixando assim de ter interesse em

participar do mesmo. Os poucos que participam, por falta de

experiência, muitas vezes não sabem como proceder e como se

estrutura o Grêmio Estudantil, ocasionando assim em

dificuldades ao organizar este grupo.

Dentro do Movimento Estudantil, surgiu a União Nacional

dos Estudantes (UNE), como entidade máxima dos estudantes e

legalmente reconhecida. Na qual eram discutidos, além das

questões educacionais, temas de interesse nacional. Esta por

várias mudanças durante a história, tendo mais destaque a

partir dos anos de 1960, com o golpe da Ditadura Militar.

Pode-se dizer que atualmente, a atuação do Movimento

Estudantil está sem forças, pelo fato de poucos estudantes se

identificarem com o movimento, pois a maioria não o vê como

algo de representação, que possa transformar a realidade

educacional do país, porém em alguns lugares onde se tem a

atuação do movimento, este continua a questionar a qualidade

da realidade educacional.

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