A RELAÇÃO UNIVERSIDADE – EMPRESA: O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A...

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A RELAÇÃO UNIVERSIDADE EMPRESA: O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ADMINISTRAÇÃO ¹. Carolina Alves Martins Nogueira Graduada em Administração pela UNIRIO Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Antonio Rodrigues de Andrade, D. Sc. Professor Adjunto da UNIRIO Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro RESUMO Empresa e universidade são duas entidades geradoras de energia para a sociedade. De um lado as universidades gerando o conhecimento por meio de suas pesquisas e por outro as empresas, industrializando e transformando matérias primas em produtos úteis à humanidade. A relação tradicional entre empresa e empregado, vem sofrendo alterações ao longo das duas últimas décadas e muitos são os fatores atribuídos a esta mudança. Uma variedade de novas práticas de gerenciamento que se juntam às práticas tradicionais da relação tradicional ainda existente, motivada por um ambiente em transformação que essencialmente traz o mercado diretamente para dentro da empresa. Para que o acadêmico mantenha- se em contato com a realidade do mundo do trabalho foi criada a figura do Estágio Supervisionado pela Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, que define o estágio como o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo do estudante. O estágio integra o itinerário formativo do educando e faz parte do projeto pedagógico do curso. O presente trabalho avalia a importância do Estágio Supervisionado, notadamente no Curso de Administração como fator fundamental no desenvolvimento de futuros profissionais. O estudo, além da pesquisa bibliográfica, desenvolveu pesquisa de campo com aplicação de questionário entre os acadêmicos da UNIRIO Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. O estudo comprovou que a estrutura curricular do curso da IES está de acordo com as exigências das empresas contratantes, bem como o desenvolvimento do estágio vem sendo feito de acordo com o que a legislação prevê e corresponde à formação esperada pelos alunos bem como pela IES. PALAVRAS-CHAVE Estágio Supervisionado; Formação Profissional; Mundo do Trabalho ¹ Esta pesquisa foi desenvolvida com o apoio da FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro Fundação

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A RELAÇÃO UNIVERSIDADE – EMPRESA: O ESTÁGIO SUPERVISIONADO

E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE

ADMINISTRAÇÃO ¹.

Carolina Alves Martins Nogueira

Graduada em Administração pela UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Antonio Rodrigues de Andrade, D. Sc.

Professor Adjunto da UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO

Empresa e universidade são duas entidades geradoras de energia para a sociedade. De um lado as

universidades gerando o conhecimento por meio de suas pesquisas e por outro as empresas,

industrializando e transformando matérias primas em produtos úteis à humanidade. A relação tradicional

entre empresa e empregado, vem sofrendo alterações ao longo das duas últimas décadas e muitos são os

fatores atribuídos a esta mudança. Uma variedade de novas práticas de gerenciamento que se juntam às

práticas tradicionais da relação tradicional ainda existente, motivada por um ambiente em transformação

que essencialmente traz o mercado diretamente para dentro da empresa. Para que o acadêmico mantenha-

se em contato com a realidade do mundo do trabalho foi criada a figura do Estágio Supervisionado pela

Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, que define o estágio como o ato educativo escolar

supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo

do estudante. O estágio integra o itinerário formativo do educando e faz parte do projeto pedagógico do

curso. O presente trabalho avalia a importância do Estágio Supervisionado, notadamente no Curso de

Administração como fator fundamental no desenvolvimento de futuros profissionais. O estudo, além da

pesquisa bibliográfica, desenvolveu pesquisa de campo com aplicação de questionário entre os

acadêmicos da UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. O estudo comprovou que a

estrutura curricular do curso da IES está de acordo com as exigências das empresas contratantes, bem

como o desenvolvimento do estágio vem sendo feito de acordo com o que a legislação prevê e

corresponde à formação esperada pelos alunos bem como pela IES.

PALAVRAS-CHAVE

Estágio Supervisionado; Formação Profissional; Mundo do Trabalho

¹ Esta pesquisa foi desenvolvida com o apoio da FAPERJ - Fundação Carlos

Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro Fundação

1. INTRODUÇÃO

Empresa e universidade são duas geradoras de energia para a sociedade. De um

lado estão às universidades gerando o conhecimento por meio de suas pesquisas e por

outro lado, encontram-se as empresas, industrializando e transformando matérias-primas

em produtos úteis à humanidade. Contudo, parece que com o passar dos anos,

universidade e a empresa foram se distanciando uma da outra. No entanto, o

desenvolvimento somente ocorre em ritmo acelerado quando ambas trabalham em

sincronismo, somando suas energias para o aumento da produtividade e produzindo

sempre mais e melhor com menos recursos.

Empresa e universidade se desenvolvem de forma mais acelerada quando ambas

se complementam, a universidade fornecendo o conhecimento ou tecnologia e a

empresa, financiando os custos das pesquisas e absorvendo os acadêmicos, graduados,

que devem ser o mecanismo para a disseminação do conhecimento científico nas

empresas. Investe-se muito na qualificação das pessoas em cursos de ensino superior, as

quais, quando formadas precisam ser novamente treinadas nas empresas para realmente

assumirem suas funções. O grande desafio do mestre educador é ensinar seus alunos a

aplicar o conhecimento acadêmico nas empresas.

Neste sentido estudará, em um primeiro momento, como os estágios contribuem

para a formação do profissional de Administração. Avaliará, segundo as Diretrizes

Curriculares do Curso de Administração, como os acadêmicos de administração

percebem a contribuição na sua formação na realização do estágio e, por outro lado, se

as empresas reconhecem na participação do acadêmico nas suas atividades de estagiário

se o conhecimento, habilidades e atitudes proporcionadas pelo curso correspondem às

suas expectativas.

Para tanto a pesquisa abordará a perspectiva do aluno do curso de graduação em

administração na sua formação profissional, bem como a perspectiva das organizações

quanto ao atendimento de suas necessidades pelos profissionais de administração

contratados. Se nas empresas contratantes os estagiários exercem funções para qual

receberam capacitação na universidade. Se as organizações que são facilitadoras da

relação universidade-empresa atendem as necessidades das empresas e dos estagiários.

Exemplificaremos a importância do estágio como peça fundamental de treinamento para

futuros profissionais, caracterizando-se como instrumento de grande relevância para seu

desenvolvimento prático e social dentro das organizações. Esperamos demonstrar o

papel do estagiário como agente capaz de contribuir com soluções para os problemas

enfrentados pelas organizações e todo o processo de interação estagiário – empresa.

2. ABORDAGEM TEÓRICA

Após passar longos anos na universidade o que os estudantes mais almejam é

conseguir ingressar no mercado de trabalho e alcançar a realização profissional. Porém

chegar ao ensino superior ainda está longe de ser garantia de uma colocação de destaque

no mercado. Mesmo após os longos anos são poucos os recém-formados que ainda

chegam totalmente preparados as empresas. A causa desta falta de preparo é devido às

salas de aula geralmente não conseguirem se aproximar das realidades das organizações

onde os alunos se tornarão profissionais. As universidades enfatizam a teoria o que

diferencia das necessidades das empresas que demandam uma capacidade de realização

prática por parte dos seus profissionais recém contratados.

O dinamismo do mundo corporativo impõe um ritmo acelerado e novas

exigência aos acadêmicos, entre elas estão: dinamismo, espírito empreendedor,

habilidade em trabalhar sob pressão, foco em resultados e espírito de liderança. O

mercado de trabalho valoriza estas e outras exigências ligadas a atitudes e

comportamentos que geralmente as universidades não trabalham com esse enfoque.

A distância entre a universidade e o mundo do trabalho está fazendo com que as

oportunidades de estágio sejam encaradas como estratégias dos estudantes para

ingressarem em mercado de trabalho.

Segundo Bennis e O’Toole (2005) a escola de administração perdeu o rumo e

contribui para que os problemas na relação empresa e empregado aconteça.

Prosseguindo, os autores apontam que por estarem concentradas demais na pesquisa

científica, as Universidades e, em particular, os cursos de administração, acabam por

preparar de forma inadequada seus alunos para o mercado de trabalho, deixando-os mal

preparados para lidar com questões complexas. Para Seggato e Sbragia (1996) apud

Andreassi (2007):

“enquanto a academia procura as empresas para obter

conhecimentos práticos sobre os problemas existentes, incorporar

novas formações aos processos de ensino e pesquisa, conseguir

recursos financeiros e divulgar a imagem da universidade, as

empresas, por sua vez, se interessam por pessoas altamente

qualificadas e pela possibilidade de resolver problemas técnicos que

geram necessidade de pesquisa, reduzir custos e riscos envolvidos em

processos de P&D, acessar novos conhecimentos desenvolvidos no

meio acadêmico e identificar alunos para futuro recrutamento”

(Andreassi,2005,p.39).

O estagiário ingressa na empresa com conhecimento, contudo com uma grande

carência de prática. Um melhor ajustamento entre a universidade e a empresa provoca

custos com cursos e treinamentos para ajustar o perfil de seu profissional.

A Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, define o estágio como o ato

educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à

preparação para o trabalho produtivo do estudante. O estágio integra o itinerário

formativo do educando e faz parte do projeto pedagógico do curso.

O estágio supervisionado no curso de Administração tem como preocupação

principal possibilitar ao estudante o contato com a realidade organizacional, conhecendo

e participando dos processos organizacionais de modo a complementar sua formação

profissional.

A lei nº 4.769, em seu artigo 2º, alínea b, define os campos de trabalho do

bacharel em Administração: A atividade profissional de Administrador será exercida,

como profissão liberal ou não, mediante: [...] b) pesquisas, estudos, análise,

interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos

campos da Administração, como administração e seleção de pessoal, organização e

métodos, orçamentos, administração de material, administração financeira,

administração mercadológica, administração da produção, relações industriais bem

como outros campos em que esses se desdobrem ou aos quais sejam conexos.

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, 1998 consta, em seu

artigo 82 que os sistemas de ensino estabelecerão as normas para realização dos estágios

dos alunos regularmente matriculados no ensino médio ou superior em sua jurisdição."

No curso de Administração, o estágio supervisionado é regulamentado a partir da

Resolução MEC/CNE no.1, de 02 de fevereiro de 2004, que institui as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Administração, e dispõe , em seu

Artigo 3º., que o curso de Graduação em Administração deve ensejar como perfil

desejado do formando, capacitação e aptidão para compreender as questões científicas,

técnicas, sociais e econômicas da produção e de seu gerenciamento, observados níveis

graduais do processo de tomada de decisão, bem como para desenvolver gerenciamento

qualitativo e adequado, revelando a assimilação de novas informações e apresentando

flexibilidade intelectual e adaptabilidade contextualizada no trato de situações diversas,

presentes ou emergentes, nos vários segmentos do campo de atuação do administrador.

O Estágio Supervisionado em Administração, conforme Artigo 7º. da mesma

Resolução, é um componente curricular que visa consolidar o desempenho profissional

desejado ao perfil do egresso e a IES tem a responsabilidade de regulamentá-lo e

operacionalizá-lo atribuindo critérios, procedimentos e mecanismos de avaliação.

Em relação às competências e habilidades que o curso de graduação em

Administração deve possibilitar formação profissional, as diretrizes curriculares

conforme a Resolução nº 4, de 13 de julho de 2005, no artigo 4º esclarece que o egresso

do curso deve revelar, pelo menos, as seguintes competências e habilidades:

I - reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente,

introduzir modificações no processo produtivo, atuar preventivamente, transferir e

generalizar conhecimentos e exercer, em diferentes graus de complexidade, o processo

da tomada de decisão;

II – desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional,

inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou

intergrupais;

III- refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção, compreendendo sua posição

e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento;

IV - desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e

formulações matemáticas presentes nas relações formais e causais entre fenômenos

produtivos, administrativos e de controle, bem assim expressando-se de modo crítico e

criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais;

V - ter iniciativa, criatividade, determinação, vontade política e administrativa, vontade

de aprender, abertura às mudanças e consciência da qualidade e das implicações éticas

do seu exercício profissional;

VI - desenvolver capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência

cotidianas para o ambiente de trabalho e do seu campo de atuação profissional, em

diferentes modelos organizacionais, revelando-se profissional adaptável;

VII - desenvolver capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em

organizações; e

VIII - desenvolver capacidade para realizar consultoria em gestão e administração,

pareceres e perícias administrativas, gerenciais, organizacionais, estratégicos e

operacionais.

O estágio supervisionado possibilita que o estudante, mesmo antes de concluir o

curso, conheça o seu atual perfil e, na medida em que os resultados do estágio forem

sendo verificados, interpretados e avaliados, reconheça a necessidade de aprimoramento

da aprendizagem, possibilitando, assim, uma nova orientação teórica-prática, que lhe

garantirá o exercício profissional para atender as demandas das instituições sociais.

Diante disso, o papel do Estágio Supervisionado, em termos de importância para

a formação de competências do administrador, torna-se essencial para que este

profissional adquira o saber ir além do prescrito, não se reduzindo, a saber, executar

tarefas pré estabelecidas.

As competências do administrador estão associadas a uma visão da organização

em sua totalidade e não apenas em atividades e tarefas isoladas. As diretrizes

curriculares para o curso de Administração, bem como o modelo da competência

apontam para a necessidade de uma formação profissional que considere os

conhecimentos práticos aliados a um pensamento reflexivo, crítico e transformador. O

estágio supervisionado deve ser viabilizado, então, como um instrumento que permiti a

mobilização das competências para agir frente a uma situação profissional, dentro de

um contexto particular.

O estágio curricular em administração é um momento no qual o acadêmico se

depara com situações do mundo real das organizações e tem a possibilidade de praticar

os conhecimentos obtidos em sala de aula, verificando, testando, experimentando as

ferramentas e instrumentos da administração.

Sabendo da grande importância de uma boa relação entre a universidade e a

empresa para uma boa inserção do estagiário nas empresas, bem como sua base teórica,

a seguir trataremos da pesquisa de campo realizada através de questionários aplicados

tanto aos estagiários como aos supervisores.

3. PESQUISA DE CAMPO

a) Metodologia

O estudo foi conduzido com uma pesquisa quantitativa. A razão disto é descobrir

quantas pessoas de uma determinada população compartilham uma característica ou um

grupo de características, com isso gerar medidas precisas e confiáveis que permitam

uma análise estatística, visando identificar, avaliar e propor melhorias no processo de

qualificação do profissional de administração, enquanto estudante universitário,

contribuindo para a uma formação profissional e cidadã por meio de uma maior

integração com o mercado de trabalho, as empresas e a sociedade em geral.

Para a obtenção de dados foram aplicados questionários com perguntas

estruturadas de múltipla-escolha de forma correspondente e igualitária entre os que

foram aplicados aos estagiários e consequentemente aos seus supervisores.

A pesquisa tem como universo os estudantes de Administração da Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro. Essa escolha foi devido à dificuldade de possuir

dados das empresas de alocação de estagiários que por regra estabelecida dentro das

mesmas e por questões de segurança, não divulgam o universo de empresas cadastradas

em seu sistema. Com essa dificuldade de possuirmos um universo representativo,

decidimos apostar na abordagem do novo curso de Administração da Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro para que assim chegássemos ao objetivo do projeto

e tirássemos conclusões se o curso está atendendo as expectativas tanto dos alunos

quando das empresas.

A partir dessa decisão do universo da pesquisa partimos para amostra no qual a

pesquisa foi realizada que foram os alunos devidamente matriculados no 5º período e

que estivessem estagiando

Definida a amostra, o questionário foi testado e desenvolvida a pesquisa de

campo. O uso do questionário foi aplicado de forma satisfatória com os alunos que estão

estagiando, ou seja, essa amostra representa 33% dos alunos matriculados no 5º período.

Gráfico 1: Relação de Desenvolvimento de Estágios

b) Resultado

Em atendimento ao objetivo geral do presente trabalho e, analisando-se a lista de

Habilidades e competências do administrador, observa-se que as habilidades mais

desenvolvidas pelos alunos são a Capacidade de Expressão Oral e Escrita (100%),

juntamente com Capacidade de Aproveitamento de Experiências e Adaptação a

Mudanças (100%), em seguida Atitudes Pró-ativas e Aquisição de Valores Éticos Para o

Exercício da Profissão (90%). As habilidades menos desenvolvidas referem-se à

Reflexão e Atuação Crítica Sobre a Esfera da Produção (70%), Capacidade Para

Realizar Consultoria em Gestão e Administração (60%), em seguida Capacidade Para

Elaborar, Implementar e Consolidar Projetos em Organizações (40%).

Gráfico 2: Habilidades e Competências Desenvolvidas na Realização do Estágio

Supervisionado

Conforme pode ser observado no Gráfico 2, os fatores referentes ao

Reconhecimento de Problemas, Proposição de Soluções e Participação no Processo

Decisório e ao Desenvolvimento do raciocínio lógico, crítico e analítico com base em

ferramentas quantitativas não apresentaram diferenças significativas. Consideraram-se,

para estes cruzamentos, os seguintes fatores: área e ramo de atuação, tipo de

organização, carga horária semanal, tempo de atividade da empresa, porte da empresa

(número de funcionários).

O desenvolvimento das competências relativas à Capacidade de expressão oral e

escrita, Capacidade de aproveitamento de experiências e adaptação a mudanças,

Atitudes pró-ativas e aquisição de valores éticos para o exercício da profissão obtiveram

resultados expressivos na pesquisa, refletindo a importância do Estágio Supervisionado.

Em situação menos favorável, Reflexão e atuação crítica sobre a esfera da produção,

Capacidade para realizar consultoria em gestão e administração, Capacidade para

elaborar, implementar e consolidar projetos em organizações.

Deste modo, mesmo aquelas competências que possuíram resultados menos

expressivos em termos de aproveitamento tiveram menção de contribuição para o seu

desenvolvimento, o que mostra que o Estágio contribui para o desenvolvimento das

habilidades e competências previstas nas diretrizes curriculares.

Depois de verificar as competências e habilidades que são desenvolvidas a

próxima etapa foi verificar do ponto de vista do estagiário o nível de intensidade que as

habilidades e competências são desenvolvidas no estágio.

Gráfico 4: Reconhecimento de problemas, proposição de soluções e participação no

processo decisório

Reconhecimento de problemas, proposição de soluções e participação no

processo decisório teve como julgamento somente duas categorias quanto ao nível de

intensidade atribuído pelo estagiário: Bom e Muito bom. O que mostra que as empresas

as quais os estagiários fazem parte se mostram flexíveis e receptivas quanto a essa

habilidade. Já quanto ao nível de satisfação atribuído pelos supervisores os mesmo

classificaram como bom e muito bom confirmando a conclusão tirada pelos estagiários.

Gráfico 5: Capacidade de expressão oral e escrita

Capacidade de expressão oral e escrita: a grande maioria caracterizou essa

habilidade como Muito Bom, dois alunos classificaram como bom e um como

deficiente, o que mostra que as empresas trabalham e esperam que os estagiários

executem essa habilidade. Quanto à satisfação dessa habilidade os supervisores a

classificaram como bom e muito bom, ou seja, os estagiários que desenvolvem essa

habilidade tem uma receptividade grande nas empresas.

Gráfico 6: Reflexão e atuação crítica sobre a esfera da produção

Reflexão e atuação crítica sobre a esfera da produção, quanto aos estagiários que

desenvolvem essa habilidade classificaram como regular e bom, o que podemos tirar a

conclusão de que as empresas não desenvolvem muito essa habilidade, aquelas que

desenvolvem essa habilidade classificaram entre bom e muito bom, se mostrando

satisfeito aos que desenvolvem.

Gráfico 7: Raciocínio lógico, crítico e analítico com base em ferramentas

quantitativas

Raciocínio lógico, crítico e analítico com base em ferramentas quantitativas,

recebeu classificação: regular, bom e muito bom. A maior parte classificou como bom o

que condiz com a satisfação dita pelos supervisores que a grande maioria considerou

como bom, ou seja, o que o estagiário acredita está desenvolvendo os supervisores se

mostram satisfeitos quanto a receptividade dessa habilidade.

Gráfico 8: Atitudes pró-ativas e aquisição de valores éticos para o exercício da

profissão

Atitudes pró-ativas e aquisição de valores éticos para o exercício da profissão: é

a capacidade de se antecipar a situações, necessidades e problemas futuros. Adquirir

ética perante a sua profissão é uma habilidade considerada. Os estagiários classificaram

a maioria como bom suas atitudes e valores o que corresponde à satisfação da empresa

quanto a essa habilidade, no qual a grande maioria classificou como bom.

Gráfico 9: Capacidade de aproveitamento de experiências e adaptação a mudanças

Capacidade de aproveitamento de experiências e adaptação a mudanças: quanto

a intensidade essa habilidade recebeu classificação entre bom e muito bom, ou seja, os

estagiários aproveitam ao máximo as experiências vividas na empresa e possuem grande

capacidade de adaptar as mudanças. A resposta pode ser percebida através da avaliação

da satisfação feita pelos supervisores que se mostraram muito satisfeitos com a

capacidade de aproveitamento de experiências e adaptação de mudanças.

Gráfico 10: Capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em

organizações

Quanto a Capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em

organizações, conforme pode ser observado no Gráfio 10, essa habilidade quanto ao

nível de intensidade recebeu classificação entre: muito deficiente, regular, bom e muito

bom, o que mostra a divergência entre as empresas quanto essa habilidade. Umas

desenvolvem com maior intensidade e outras não. Entre aqueles que desenvolvem as

empresas se mostram muito satisfeitas.

Gráfico 11: Capacidade para realizar consultoria em gestão e administração

Capacidade para realizar consultoria em gestão e administração: grande parte dos

estagiários que desenvolvem essa habilidade a classificaram como regular, ou seja, a

dificuldade dos estagiários de desenvolverem essa habilidade. Já as empresas se

mostram muito satisfeitas com aqueles que desenvolvem.

Gráfico 12: Habilidades e competências desenvolvidas pelo administrador

Através da análise deste gráfico podemos tirar as seguintes conclusões: a maior

parte das habilidades estão sendo desenvolvidas pelos estagiários entrevistados umas

coisas mais intensidade do que as outras. Capacidade de aproveitamento de

experiências e adaptação a mudanças é a habilidade que mais está sendo realizada e com

alto nível de intensidade, encontra-se também entra aquelas que possuem o maior nível

de satisfação dos supervisores, diferente da Capacidade para realizar consultoria em

gestão e administração no qual possui o menor nível de intensidade de realização, o que

podemos confirmar verificando no gráfico que mede o nível de satisfação dos

supervisores no qual se comprova que por ser uma habilidade com menor nível de

intensidade de realização possui também o menor nível de satisfação dos supervisores

entre todas as habilidades e competências pesquisadas. Atitudes pró-ativas e aquisição

de valores éticos para o exercício da profissão também mostra uma ação conjunta onde

ela tem um nível de intensidade de realização grande juntamente com um nível de

satisfação relatado pela maioria dos supervisores.

Gráfico 13: Avaliação feita pelos supervisores

Gráfico 14: Avaliação feita pelos estagiários

1- A orientação que você recebeu no início do seu estágio foi:

Quanto à avaliação feita pelos estagiários a maioria considerou a orientação

entre excelente e muito bom, onde ao chegarem às empresas tiveram um bom

treinamento e dúvidas esclarecidas, comparando com a avaliação feita pelos

supervisores a grande maioria classificou entre muito bom e bom, pois os mesmos

acreditavam que poderiam ter dado uma atenção maior e um treinamento melhor.

2- As atividades do Plano de Estágio foram na área de estudo:

Grande parte considera que as funções que executam estão ligadas a área de

estudo, porém existiram estagiários que mostraram que não são todos que estão na

mesma situação, ou seja, executam tarefas que não são referentes ao que o curso de

Administração os preparam tais como: organizar papéis, tirar xerox entre outros. Porém

entra em contradição com a avaliação feita pelos supervisores, na qual os mesmos

classificaram somente entre excelente, muito bom e bom, mostrando que para eles os

estagiários exercem funções dentro da área de estudo, mas isso não é 100% verdade

como vimos na avaliação feita pelos estagiários.

3- Quanto à adequação ao curso de Administração que frequenta o Plano de

Estágio estabelecido foi:

Através da avaliação feita pelos estagiários a maioria considera o plano de

estágio estabelecido adequado ao curso que frequenta correspondendo às expectativas

esperadas dos supervisores, pois os mesmos também em maioria classificaram entre

excelente, muito bom e bom.

4- Sob o ângulo de capacidade profissional o estágio foi:

A capacidade profissional está atrelada ao fato se o estagiário está conseguindo

realizar certa atividade com eficiência, com isso podemos verificar no gráfico que sim,

pois a maioria classificou entre excelente e muito bom. Atendendo assim as

expectativas dos supervisores que só classificaram entre excelente e muito bom, porém

como ilustra o gráfico de avaliação dos estagiários alguns classificaram também entre

bom e pouco bom o que mostra que alguns estagiários podem estar tendo dificuldades e

os supervisores não estão percebendo.

5- A orientação técnica recebida durante o estágio foi:

A avaliação feita pelos estagiários sofreu certa mudança daquela feita no início

do estágio. Agora a classificação ficou entre excelente e bom, o que pode estar

acontecendo é que depois das orientações iniciais os supervisores acreditam que não

precisam repassar mais nada para os estagiários deixando que os mesmos se adéquem a

empresa, pois na avaliação feita pelos supervisores percebe-se que a maioria classificou

entre excelente e muito bom a orientação dada durante o estágio contradizendo um

pouco com a avaliação feita pelos estagiários.

6- Como classifica o desempenho/contribuição do estágio para a empresa:

O gráfico de avaliação dos estagiários mostra que eles acreditam contribuir

bastante para a empresa, e que o seu desempenho de certa forma também oferece

crescimento para a empresa. Essa avaliação pode ser confirmada no gráfico de

avaliação dos supervisores que só atribuíram a esse tópico excelente e muito bom, o que

demonstra que os estagiários estão atendendo as expectativas das empresas com a

realização do seu estágio.

7- As atividades que você desenvolve estão de acordo com as descritas no Termo

de Compromisso do Estágio:

As atividades que os estagiários estão desenvolvendo estão de acordo com o

Termo de Compromisso tanto na visão deles como na visão dos supervisores.

8- As atividades desenvolvidas na empresa exigem níveis de conhecimento

adequados ano/semestre:

Maior parte dos entrevistados consideraram que as atividades que desenvolvem

estão adequadas ao ano/semestre que se encontram, porém tiveram estagiários que

classificaram como ruim esse tópico o que podemos tirar conclusões que existem

estagiários realizando tarefas que exigem certo conhecimento de determinadas matérias

de períodos diferentes do que se encontra o que pode diminuir seu desempenho.

9- Como avalia o andamento do estágio:

Nas duas avaliações esse tópico mostrou a maioria avaliando entre excelente e

muito bom, ou seja, a maior parte dos estagiários está realizando atividades sem muitas

dificuldades de acordo com as suas opiniões e dos supervisores. Porém existem

estagiários que classificaram entre bom e pouco bom mostrando incoerência com a

avaliação feita pelos supervisores, novamente os estagiários podem estar tendo algum

tipo de dificuldade que não estão sendo vista pelos supervisores.

10- Com relação à formação oferecida pelo curso no desempenho das atividades de

estágio pode-se considerar:

O curso de Administração da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

está atendendo as expectativas das empresas quanto à formação dos estagiários como

podemos verificar na avaliação feita tanto pelos supervisores como pelos estagiários.

4. COMENTÁRIOS FINAIS

O Projeto Universidade - Empresa visa analisar a relação entre a universidade e

a empresa com uma perspectiva de ampliar a atuação da universidade na geração de

alternativas para a melhoria de desempenho das organizações, bem como, ter a

participação da empresa no fornecimento de informações para que o ensino e demais

atividades acadêmicas, como pesquisa e extensão, se desenvolvam com condições de

fornecer aos egressos condições de atenderem os requisitos e demandas do mercado de

forma satisfatória.

Neste sentido, o estudo avaliou como os estágios supervisionados contribuem

para a formação do profissional de Administração. Avaliou, segundo as Diretrizes

Curriculares do Curso de Administração, como os acadêmicos de administração

percebem a contribuição na sua formação na realização do estágio e, por outro lado, se

as empresas reconhecem na participação do acadêmico nas suas atividades de estagiário

se o conhecimento, habilidades e atitudes proporcionadas pelo curso correspondem às

suas expectativas.

A pesquisa abordou a perspectiva do aluno do curso de graduação em

administração na sua formação profissional, bem como a perspectiva das organizações

quanto ao atendimento de suas necessidades pelos profissionais de administração

contratados. Concluiu que, em ambos os casos, o curso de Administração da

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro está atendendo as expectativas das

empresas quanto à formação dos estagiários e os estágios vêm contribuindo para o

desenvolvimento dos acadêmicos com relação a sua formação profissional.

Por ter sido limitada em termos da amostra utilizada, o estudo carece de uma

aplicação de maior abrang6encia em termos de IEs`s, Empresas e acadêmicos

consultados, desta forma sugerimos o desenvolvimento de novos estudos aprofundando

o tema e ampliando sua aplicação.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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